A Face Oculta Da Mente

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JNVESTIGA<;AO

A FACE OCULTA DA MENTE

terbury, Edward White BENSON, funda a "Cambridge Ghost Society". A Sociedade logo fracassa ... Em 1860 MYERS e SIDGWICK pretcndem examinar diversos mediuns, mas logo ficam dcsanimados ante tanta fraude. As, pacientes .investiga~oes nao ofcrccem quaisquer garantias, ncm para eles mesmos. Seus metodos de investigac.ao ncstcs dificilimos temas logo lhcs parcccm deficicntes. Na Quimica, na Fisica, a materia nao engana. 0 inconseicntc do homcm, objeto de investiga~ao para se poder csi udar estes fcnamenos, frauda inurn eras vezes com uma precisao assombrosa, com urn talento que supera todo o imaginavcl. Os maiores e mais experimentados sabios podem scr cnganados com habilidade suma. A pessoa mais honesta no consciente, pode ser a maior trapace.ira em qualquer maJ1ifcstagao do seu inconsciente. 0 inconsciente engana, nao s6 aos observado11es, mas tambem ao proprio conscicnte. Sao fraudes involuntarias, inconscicntcs e incocrcivcis. Em 1819, depo.is de ter constatado a necessidade de se cstudar scriamcntc OS fenamCllOS chamados espiritas, 0 '·Dialectial Society" de Londrcs nfto chega a publicar os trabalhos do ComiiC. Por fim, depois de 1870, urn s{1bio bern conhecido no campo da Quimica, William CROOKES, comunica as observac.ocs que, durante var.ios anos, fez sabre OS prodigios realizados por uma das irmas FOX, Catharina, e pelo mais famoso dos mediuns varoes, Daniel Dunglas HOME 16 • Estas sao a'S primciras observagoes serias e sistematicas, com intengao cientifica, sabre os fenamenos do espir.itismo 16 - CROOKES, William: "Experimental investigation on psyc·hic force", Londres, Gillman, 1811. Traduc;ao francesa: "Nouvelles experiences sur la force psychique", 2.a ed., Paris, Librairie des Sciences Psychiques, 1878. Tradugao espanhola: "La fuerza psiquica", Barcelona, Mancri, s. d. Do mesmo autor: "Researches on the phenomene of Spiritualism", Londres, 1874. Tradugao francesa: "Recherches sur les phenomenes du spiritualisme", Paris, Leymarie, 1878.

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moderno, embora com muitissimas falhas. Nao em vao eram as primeiras investigagoes num campo dificilimo. "Society For' Psycbi1cal RetSiearcb"

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Dcvcriam passar ainda mais treze anos, 62 desde o nascimcnto do espiritismo, para que surgisse a primeira sociedadc de investigac.ao. Foi em 1882 17 • Os mais destacados investigadorcs colaboraram com a Sociedade. As duas publ.icac.ocs pcri6dicas da Socicdadc, "Proceeding" e "Journal'', recolhcm milharcs de casos constituindo o acervo mais importantc c cri l:crioso dos fcnamcnos "misteriosos".

I~ogo funda-sc uma filial da ''Society for Psychical Re. search" nos Estados Unidos, a "American Society for Psyehical Research", c no decorrcr dos anos, em varios paiscs, apar('ccm socicdadcs scmelhantcs 1H. Celebraram-sc j;'t alguns Congressos Intcrnacionais 1'>. N as na<.:ocs mais cultas, os mais dcstacados cicntistas tem-sc 17 -

A inidativa parl.iu de William BARRET, de Dublin, c de

J. HOMANES, fnmln.ndo-se em Lonclrcs a "Society for Psychical Re-

searc,h". Seu primeiro presiclente foi Henri SIDGWTCK, seg-ninclo-o na 'presiclc~ndn. s1wessivamcntc Balfolllr STEVVAHT, William CROOKI!~S. Willi:lm .JAMES, A . .T. BALFOUR ... 18 -- "Parapsycholog-y Foundation", de New York; o "Barapsydwlqg-y Laboratori", da Universichtde Duke, de Durham, na Carolina do Norte, famoso pclos atuais trabalhos de RHINE; "L'Institut Metapsichique International", de Baris, do que foram presidentes os famosos RICHET e OSTY, fumlado pelo nao menm.; famoso Dr. GELEY em 1919 com a ajuda econumica de .Jean MEYER e reconhecido como de utilidade publica; a "Associazione Raliana Scicntifica di Metapsiehica", de Como; 1a "Soeieta Italiana de Parapsicologia", de Roma, reconhecida pelo Estaclo; "II Centro di Studi Par.apsicologici", de Bolonha; o "Comite Belgue pour !'Investigation Scientifique des PhenoJnenes Reputes Paranourmaux", etc. 19- Congressos Internacionais de Conaghem, em 1921; Vars6via, em 1923; Paris, em 1927; Atenas, em 1930; Oslo, em 1935; Utrecht, em 1953; Saint .Paul de Vence, em 1954, Oambridge, em 1955; Abadia de Royaumont em 1956 ...

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A FACE OCULTA DA MENT.E

Outros names menos freqlientes sao "Psicologia Supra-· normal", "Psicologia Transcendente", "Estudo do Mediunismo", ''Psicologia Desconhecida", etc. Hoje, sem que se tenha logrado perfeita uniformidade, prevalcce o nome de "Parapsicologia" para designar a ciencia contempor3:nca, desde 1934 especialmente, com a nova oricntac;ao rcocbida ap6s a publica<;ao do primeiro livro de RHINE~\ rc.scrvando-se o nome de "Mctapsiquica" ~ts investigac;ocs ma.is antigas. Foi o mesmo RHINE o inccntiva.dor dcsta tendcncia ao definir a Parapsicologia como uma "Ml'tapsfquica experimental e cientifica".

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UMA

Ap6s arduos trabalhos, a ciencia parapsicol6gica cneontrou por fim seu caminho e e reconhecida e respeitada como cicncia de vanguarrla. 0 reconhecimento "oficial" como cicncia data de 1953, do Congresso Internacional de Parapsicologia, de Utrecht. Nessa mesma data e Universidade surgia a prime.ira catedra de Parapsicologia, regentada pelo Dr. W. H. C. TENHAEFF. Posteriormente foram multiplicando-se as cadeiras universitarias de Parapsicologia nos: paises mais adiantados.

A investigaqiio dos fenomenos amisteriosos'' do homem sempre interessou a certos grupos e destacados sabios. Mas a -investigaqiio sistematica e com intenqiio cientifica so comer;ou em 1882 com a chamada Metapsiquica. Em 1934, reformando-se e aperfeiqoando-se OS metodos nasce a Parapsicologia. A partir de 1953 as conclusoes da Parapsicologia siio oficialmente reconhecidas como cientificas.

25 - RHINE, J. B.: "extra-sensory perception", Boston, Bruce Humphries, 1934, e Boston, B. S. P. R., 1934.

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Definic;::ao CIENCIA

NOVA

Nem de mais nem de menos.- A ciencw do mistc~rio. - Tcntativa de defini<;iio.

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A dcfinic;ocs tfto ~mpla_s que parccem qucrer incluir dcntro r1a Paraps1cologm todo o saber humano. Esbts dcfinic;ocs :rdutam-se por si mcsmas.

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"A Parapsicologia estuda as func;ocs psiquicas ainda nao incorporadas def.initivamentc ao sistema da Psicologia." Segundo csta dcfinic;ao, bastante difundida. a Parapsicologia nao seria mais do que a f6rc;a de choque da Psicologia, uma avancada na invcstigac;ii.o de fcn6menos hoje mais ou menos obscuros. No mom0nto em que todos estes fenomenos f6ssem entendidos pcla Ps.icologia ou, em ultimo termo, pela Psiquiatria, etc., a Parapsicologia ja nao teria mais razao de ser. Esta definic;ao e parte da verdade. IH1 fen6menos que podem. durante algum tempo, ser considera:dos, como parapsicol6gicos, extraordinarios, obscuros. e passar depo.is a ser pouco menos do que de dominio p{1blico. E o que aconteceu com 0 hipnotismo, considerado em epocas antigas como fenomeno "oculti
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A FACE OGULTA DA MENTE

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fen6meno natural e ate vulgar. Mas ha fen6mcno.s, como a telepatia, que, mcsmo quando cientificamcnV::! comprovada, continuara scmprc scndo fcnomcno pnrapsicologico pelo seu caratcr csscncial de fenomeno a margcm da Psicologia normal ou patologica.

Omitimos outras definigocs de maior ou menor difusao entre os parapsic6logos, mas tambem incompletas.

Outras dPfiniGocs sao bern mais amplas, mas tambem parciais, limitadas: "A Parapsicolog.ia cstnda todos os fatos nos quais a vida c o pensamento se manifcst:Fscm por fcn6mcnos aparcntement'c inexplicaveis" (BOII{,AC), ou "e 11m ramo da Psicologia que trata de fen6menos mentais e scu comportamento nos casos que parecem exigir princip.ios ainda nao aceito.s" (RHINE).

Robert AMADOU, represcntando o sentir mais geral dos metapsiquicos c parapsicologos, da em diversos lugarcs da magnifica obra "La Parapsycholog.ic" defini«6es bern mais a...'Tiplas. Por excmplo: "0 fim da Parapsicologia e a constata«ao e a cxplica<~ao de fatos dcsconccrtantes, estranhos, misteriosos, cnj<m earactl~rcs dcfwricntador<'s podcm agnipar-sc na vasta categoria, profundamentc hcter6clita, do oculto pcrccptivcl, das expcl'iuncias m{tgieas, do maravilhoso empir.ico. Sobre (~:::tcs fatos, a Paraprdeologia qucr pronuuciar o veredicto da ciCneia. Sua ambic;rio nio c mcnos ncm mais modesta". 0 lema dos cstudos que, sob a dirc«ao de Robert AMADOU, lcvarn-sc a cabo na "'l'our Saint Jacques", podc-sc considcrar como outra dl'f.ini<;fto de Parapsicologia: •'Ricn de ce qui est Ctraugc nc nom; e:~t Ctrangcr". Como sc ve, ua.o no:; limitamm;, como fazcm alguns autores, aos fenf>ml•nos chamaiquicm; t~ parapsic6logos c suposta a historia c finalidade dcsla invest.igagao. Segundo a exprcssao de Robed AMADOU: "nada daquilo que 6 cstranho e estrangciro para nos"' sc, possivclmcnte, e rcsultado de faculdade:s humanas.

Em a'-i'ini«O.es como estas, ah~m das expressocs: inex1Jlicav'el, ain.la niio aceitos, do que falamos antes, incluise o elemento: mental, pens amenta, vida. Entao qualquer fen6meno do espiritismo, da demonologia, dos milagres, qualquer fenomeno, enfim, capaz de apresentar uma controversia sobre seu carater extraterreno. seda por este mesmo fato excluido do estudo da Parapsicologia, por nao oferec8r certeza, a primeira vista, de seu carater mental, da vida humana, do poder do pensamento. Em definitivo, s6 os naturalistas dcclarados poderiam ser parapsic6Iogos em mu.i.tos casas, para nao dizcr em todos. Os fenomenos parapsicolbg-icos, porem, sempre estiveram envolvidos em interpret:u~oes das mais contradit6rias e mistcriosas, mas geralmente de car£ttcr "mis.tico". Ser.ia o caso, porventura, de sc cstudar primeiro se tais fenomenos eram ou nao mentais, vitais, do pensamento? Entao tcriamos o parapsic61ogo estudando uma materia que nao sabe ainda sc lhc pcrtence ... Dcver-se-ia espcrar que outras c1encias determinassem o car:J.i,cr mental ou vital de dcterminados fenomenos, para so mtiio cstudit-los o parapsic6logo? Afirmar isto seria o mesmo que ignorar a origem desta ciencia, que nasceu precisamente para investigar se estes fenomenos "misteriosos" existiam de fato, e, em caso positivo, se superavam na realidade as for«as da natureza, ou ainda quais os fenomenos que superavam e qua.is os que nao superavam estas forgas. Os fenomenos mentais e vitais, por com:eguinte, nao sao a unica materia de estudo paraps.icol6gico.

0 campo

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muito que investigar

0 campo em que a Parapsicologia trabalha e imenso. As vezes tratar-sc-[t de aparcntes incorpora«oes: urn suposto endemoninhado, urn ''desencarnado" que parece falar por boca de urn "medium"... Outras vezes sera preciso estudar, ao menos como investiga«ao previa, urn suposto milagre, ou os poderes extraordinarios que se atribuem a urn feiticeiro, a urn faquir, a urn bruxo. Nao raro a cicncia "tradicional" fica surpresa perante o anunc.iar de fatos que hao de suceder depois de 20, 30, 100 anos, quando era "impassive!" preve-los por vias normais, e ve que os fatos comprovaram os proguosticos; ou perante adivinhagoes de fatos sucedidos a mi-

DEFIHI('hO

Niio ignoramos que a Parapsicologia tambem estuda e tern fe.ito experiencias com animais e com plantas. Mas, ao menos por cnqnanto, a maioria dos estudos que se fizeram com animais e plantas foram para fazer luz sobre fenomenos do homem. Robrrt AMADOU, dcpois de ter incorporado implici1a mentr• na sua definiGfta a "Parapsicologia animal", acresecnta nnma nota: "Nosso cstudo, nao obstante, scrft consagrado exelusivamcnte i1. "ParapH.icoloo-ia humana" ~. E sintomfttico. o Contudo, sr qnisrrmos induir os animaiH e plantas nas smts manif<'st:H:ocs "misteriosas" como objcto da Par::lpsicolog-ia, no fim da nossa defin.ic;ao podcmos substituir o tcrmo '•humanas" pPla <'Xpr<'Sf;i'i.o "dos SCTCS 1JiVOS destc m.Undo". 811 hlin hamos a exprrsHfto "d6slc mundo", que na. nossa dcfink;i'i.o c·sUt implicita no ti'~rmo "humanas". A este rcspeito cHc:r<'V<' com mnito aci'~rto AMADOU: A cxpressao "oeste mulHln", "repcmsa por i ntC'iro nnma hipl>teHc~ que bern se pode dwmar a tr~oria g<'ral da Parapsicolog.ia. Parcc<~ fora de d{Ivida Ql!P a hipl>tcsl' n;as <'sUi.o <'m rel:u;i'io com o <'Spirito humano (di'~ste mundo. nil.o dos '•cksl'IH:arnaclos"!). Sc algum estagio posterior da investigac;il.o rPqnPrcsse ontro invcstigador, o mctafisico, a aprN:ia<;i'i.o cla conclusa.O d(~stc lllt.imo na.o SC'ria do cmnpo do parapsid)logo c:omo tal""'. 0 parcntese e nosso.

N ossa defini!.:ao

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Propomos uma defin!gao a titulo de orienta<;ao .

A Pampsicologia e a cwncia qne tern por objeto a eonstatat;;iio e analise dos fenumenos lt primeira vista inexplicaveis, mas possivclmente n~snltatlo de facnldades httmanas. Alguns e2darecimentos: usamos o nome "ciencia" <' H~io o U~rmo "disciplina" ou algum equivalente. A Parapsi-

cologia e cicncia em qualquer sentido em que tomemm; a pal:tvra. Assim, e e""!lerimental em muitos aspectos, e ncsse scntido se equipara a, Fisica ou a Biologia. E rigorosa <~m suas argumentagoes, e nesse sentido co.incide com a Filasofia. Mas alguns afirmam que s6 seria ciencia se em todos os fenomenos estudados fosse experimental e todas suas expcricncias pudessem ser repetidas com cxito igual em iguais circunstfmc.ias. S<> sc tom[tssemos o conceito de ciencia ncste scntido tao rcstrito c incxato a que a Parapsicologia nao sc'ria cicneia ... "A prinwira vista inc:rplicdvel": esta inexplicabilidade apan'nic dos fc~n6mcnos podc scr dcvida a sua estranheza, que OS faz distar do UOHSO C;omum julgam<~nto, OU a SUa apan•ntl~ cont:ntdic.;iio aos JH'<•ssupostos dcntifieos fundamentadol::l ou comuml'ntl' aceilol::l. "POi>SZVClmcntc TCSUltado": nao afirmamos que, de fato,

s<~mprc dcrivem das faeuldades humanas, nem qw~ seja obri-

gat{>ria a eonstata<;iio previa de que derivam delas. "Faculdades lwmanas": em todos esscs fenomenos ha urn homcm, mesmo que scja considcrado bruxo, fe.iticeiro, medium, endemoninhado ou santo. . . Ou, ao menos, ha uma tcstcmunha, como, por cxcmplo, uma adolescente numa "casa assombrada". Sempre intervem o homem quando menos para comprovar ou testemunhar. Ha, pois, a possibilidade (como notamos no item anterior) fi,c que o fcnomcno se dcva ao homem, a forgas "ocultas" l talvez de atua~ao a dis tan cia) do homem.

Cicneias limitrofPs ~I

Como S<' v(~, a Parapsicologia tern muitos pontos de contato com outras ci(mcias. Como aut<"~ntica cicncia, na.o s6 ni'io contrad.iz outros ramos do saber, mas os prcssupoe, dClcs se serve e com elcs colabora. Concrci izarci nnm sl> excmplo: suponhamos uma cura extraordin<1r.ia, ilwxplidwcl ao mcnos i't primeira vista. Varios ramos da ciCncia, nao apcnas a Parapsicologia, cstao interessados no assunto. DPve o medico, em primeiro lugar, 2 --- AMADOU, Hobert: "La Parapsychologie", Paris, Dcnoel, H[t tradu<;iio cspanhola: "La Parapsicologia", Buenos 1\ i1·•·s, Pai7. :~ A1viADOU, Robe1t: o. c., pUg. :~l.

19fH, pag. 45.

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Hiperestesia direta

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ACUIDADE DOS NOSSOS SENTIDOS I

Assornbrosa acnidade qne podem alcnn(ar as rwssns sen.'w.<;oes. Espernnr;n pant as pessoas qne perclc~rant a.lgum ()rgfio dos sentidos. -- Os cegos podem ver sem olhos.

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INI<~GAVIj~L que alguns ra
adivinhos, m<:~diuns, <>1<~., e mesmo p<'ssoas comuns, ohtem cxito no conh<~cinwnto de "coisas oeultas". Pomofl de parte agora os lrtH{lH's, a.c; easualidadcs, sugcst6es ... ; Rb tra.tamos das ''adivinha<~oes" autcnticas. Todos estes prodigios de "aparcneia paranormal'' chegam, de fato, a ser paranormais, extra-scnsoriais, devido a uma faculdade capaz de conhecer sem o auxilio dos sentidos? A

1percep~ao hip~restcsi<'.a

Hiperestesia (de hi per c.c s6b11e; cstesia = sensac;ao) significa exaltac;ao da sensac;ao. Hiperestesico e quem capta e pode manifestar estimulos minimos. As pessoas que manifestam com alguma freqliencia este fenomeno e por extensao outros fenomenos extraordinario-normais, sao chamados "sensitivos" (reservando-se o nome de "metagnomos" para os que manifestam fen6menos paranorma.is).

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A FACE OCULTA DA MENTE

HIPERESTICSIA DIRETA

dulares, .antigos ou recentes nos sensitivos ( ou metagnomos) o que pode ser significativo se Ievarmos em conta a especial rela<;ao epigastrio-medula espinhal. Os "magnetizadores" deram especial importancia a esta reglao. Alguns misticos sentiram enorme calor no epigastria durante ou ap6s OS extases. Os hindus em geral, e OS yoguis em particular, considcram de capital importancia o plexo solar ("chakra umbilical" ou "manipura chakra") como sede do "prana"' i. e, a vitalidade ou faculdades normais, extraordina!I'io-normais ou paranormais, usando nossa nomenclatura. Os pscudo-possessos do espiritismo, da demonologia, da bruxomania, freqiientemente afirmam, como vim~s, qu; _sentem o "intruso" na boca do estOmago e os que se creem VIbmas de feitic::;cr urn pacto com o demonio ou com os espiritos, cngolissem o papcl do "contrato". As faculdades parapsicol6gicas "tern sua sede no epigi'1strio c no plexo solar" chegou a concluir GoRRES em 1837 19.

melhos. A importancia da captac:
Olnrt;r'o~

pf;T.JI:TIN, por excmplo, descrcvc uma. sonftrnbukt hipn( rel="nofollow">tica que reconhceia pclas ponta.s dos dcdos o sabor de v{trias substii.ncias: biseoitos, carnciro a.ssado, carne de va.ca. cozida, pii.o de leitc. . . Estudou e dcscrcve casos de pcssoas que nii.o ouviam pclo onvido mas ftaziam-no quando sc Illes Russurrava palavra.s nas pontas
Ma9 basta o que dissemos a respe.ito da visao, nao preci:samos nos deter na hiperestesia de outros sentidos. Os fenomenos de hiperestesia durante o sonambulismo hipn6tico poder-nos-iam explicar certos casos de sonambulismo durante o sono natural. Regra geral, quando urn

17 bis - F ARIGOULE, L.: "La vision extraretinienne et le sens paroptique", Paris, Nouvelle Revue, 1920. SObre as observa~;5es e eotperiencias de hoje sobre a visao "para-6ptica" ou "dermo-6ptica"' no "Life International" de junho de 1964 se fez uma resenha muito satisfat6ria. 18 - Pliti"ltTIN, J. H. D.: "L'Electricite animale", Lyon, 1.803.

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0 que succdc com o senti do da v1sao ( voltando :ao tema), sucede com os outros sentidos, constituindo o paraouvido, o para-olfato ...

E a prop6sito deste caso de leitura pelo epigastria, permita-se-me uma digressao. A importancia do epigastria deve ser destacada em Parapsicologia. A hiperestesia e espccialmcnte freqiicnte nesta regHio do corpo. Tanto que ja chamou, em epocas passadas, a atengao dos fil6sofos, mais do que outros tipos de hiperestesia. KANT e HEGEL, por exemplo, falam da "leitura pelo estomago". Sabe-se quantos pseudo-possessos acreditam ouvir vozes ou sentir o "demonio" ou o "espirito", etc., no estomago. Tem-se constatado freqiientemente a existencia de lesoes ou traumatismos me-

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1 9 - GoRRES: "Die Christliche Mystik", Regensburg, 1837. N6s dtamos da ed. francesa, trad. por ST. FOI, Charles: "La mystique :livine, naturelle et diaboliqu.e", Paris, 1854-1862, tomo III, pag. 347.

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A FACE OCULTA DA MENTE

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sonambulo caminha com os olhos fechados por lugares conhecidos, e porque a memoria inconsciente guarda com todo o detalhe as distancias, obstaculos, etc. Mas em certos casas, os sonambulos caminham com os olhos fechados por lugares desconhecidos e obscuros ou por lugares conhecidos mas evitando obstaculos novas. A explica<;ao nestcs casas nao pode ser a memoria, mas a hiperestesia da escassissima reflcxao luminosa, do reflexo sonoro, da reflexao do ar ... Muitos conhccimcntos "extraordinarios", "inspirac;oes", "pressentimentos", etc., tern origem na hiperestesia. Uma cspera1nc;a para os cegos Em Bangkok (Tailandia) uma equipe de cientistas sob :1. dircc;ao do dr. Rhun Vichit SUKHAKARN esta tratando dr controlar a chamada "visao para-optica" para que os privados da vista possam ver sem empregar os olhos. Tra ta-s•' na realidade de aproveitar a hiperestesia. 0 unico avan<;o poderia ser 0 intento de sistematizar o ex:ercicio. 0 hipnotismo aumenta a concentrac;ao e a confianc;a, a fim de conseguir a m<.'nifesta<;ao da hiperestcsia mais rapidamente. As experiencias come<;aram quando um viajante expos a um medico de Bangkok as teorias s6bre a hiperestesia que ouvira de um velho mange budista tailandes. Em Bangkok procuram que sc manifeste a DOP nas mac;as do rosto, com o que se dara a imprcssao de que de fato os ccgos "vccm", porquc voltam a cabcc;a para o objeto. Mas, por cnquanto. por propria confiss:-w do Dr. SUKHAKARN "nossas experiencias so conseguiram exito com sujeitos muito jovens e aptos para a hipnose".

Somos capazes de perceber, por meio• dos nossos sentidos ( ao menos inconscientemente), estimulos minimos e inclusive de u exagera-los". Esta extraordinaria capacidade de sensa<;;iio chama-se, tecnicamente, "hiperestesia".

1. ·

Emissao hiperestesica

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EXPRESSAO MiMICA INCONSCIENTE DO PENSAMENTO

0 corpo publica os segredos da alma. Pensamos ate com os pes. - Possivel fnndamento sensorial de muitas adivinha(6es do pensamento.

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MA pcrgunt~ se impoc pclo scu interesse pratico. Ser[t que os scnt1dos podcm captar o pensamento de outra pessoa? Diretamcntc, e clara que nao, porquc u pcnsamento em si e algo imatcrial, que cscapa aos sentidos. Mas indiretamcnte, nao podera ser captado 0 pcnsamento? Esta pergunta, de enorme transccndencia, pode substituirse por esta outra: o pensamento humano se traduz em algum sinal fisiologico, externo, embora minima? Se assim for, logo aparcce a possibilidade de que por hiperestesia ~c:;e possa indiretamente captar o pensamento humano. . . Seria o que chamamos "hipercstesia indircta do pensamcnto". Ha no homem sinais externos, fisiol6gicos, correspondendo ou acompanhando aos atos psiquicos? (Pais tomamos a palavra "pensamento" em representa~ao de todos os atos psiquicos). primeiros passos da investig~ao A descoberta cientifica dos movimentos involuntarios e inconscientes correspondentes as ideias foi acolhida na cien-

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DA MENTE

ato psiquico, consciente ou inconsciente, normal, extraordinarlo-normal ou paranormal, tern seu reflexo inclusive epidermico, espccialmente em determinadas zonas particulares pr6prias para tal ato psiquico, zonas que ele chamou "piacas" ou "campos". As experiencias sao numerosissimas. :mste fato viria a confirmar, inclusive elevando-o a alta potcncia, o que ja antes afirmava o Dr. KLAUDER, de Filadelfia: "Esta fora de toda duvida que a pele e urn importante 6rgao de expressao, comparavel aos olhos na expressao das emo~ocs" 13. Outros tipos de "emissoes" fo,ram tambem observadas e demonstradas 14 • Mas basta o ja dito. E provavelmcnte ha "emissoes" que ainda desconhecemos ...

Cumberlandismo

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ADIVINHA<;AO POR CONTATO

Animais que respondem ''inteligentemente". - Certas pessoas ((to-cam" o pensamento alheio. - Experiencias cientificas.

A Psicologia moderna e a Parapsicologia formulam a existencia e extensiio dos movimentos involuntarios e inconscientes que acompanham toda ideia ou imagem, seaundo a Lei de BAIN: ((Todo fato psiquico determ~·t•.l um reflexo fisiol6gico e esse reflexo se irradia por todo o corpo e cada uma de suas partes". E m,{tltiplo o reflexo fisiol6gico externo dos atos psiquicos. Podemos, pois, dizer qne pensamos, qne sentimos, imaginamos, com todo o corpo, traindo nossas experiencias internas por mais secretas que as acreditemos.

V

IMOS no capitulo anterior que todo ato psiquico tern a sua exprcssao caracteristica em sinais externos, embora minimos. Vimos que ecrtas pcssoas manifcstam assombro:-Ja hiperestesia, eapaz de captar, inclusive como que aumen1ados, minimos e:;timulos. Parcce que todos. inconscicntcnwnte ao menos, seriamos hipcrestes.ieos. Todos inconsci<·ntemente podcriamos pcreeber o reflcxo fisiol6gico dos Jwnsamentos de outra pessoa. Dessas bases surge uma conclusiio 16gica: captando por hiperestesia os reflexos fisiologicos do pensamento de outra 1'' ·ssoa, pode-se captar, indiretamente, o mesmo pensamento pm· secreta que seja, contanto que o "pensante" esteja em Jll"<'!Wil<:;a do "adivinho'', OU peJo ffiCUOS naO a eXCCSSiVa dis1;1111:ia. Desta maneira nao precisaremos ~ecorrer ao paranornr:rl, ao extra-sensorial, para explicar tais "adivinha<;oes". l•~m 1908, Ernest NAVILLE lan~ava a ideia: "Creio que I • "lo l"<momeno psiquico tern seu correspondente fisiol6gico, ,. aclrnito. que urn sabio ideal conhecedor de toda a psicoJ.,;:ra e Wda a fisiologia ... poderia ler como num livro aber0

13 - KLAUDER: "Psychogenis aspects skin diseases", em "Journal of nervous and mental disease", vol. 84, setembro, 1936. 1,1 - - Veja-se por exemplo o excelente artigo de LERNER, Marcelo: "Sugesti6n e Hipnose a' trav~s del concepto de psicoplasia", em "Acta Hipnol6gica Latinoamericana", man;o, 1960, pags. 38 ss.

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A FACE OCULTA DA MENTE

CUMBERLANDISMO

paJavras como objeto da atividade tele;r:atica. Eu esco.Jhin dentre elas a que eu pensaria intensamente. 0 sujeito dcveria dizcr qual era a palavra cscolhida por mim.

83

Osip FELDMAN, por excmplo, chegou a tal perfei<;ao no curnberlandismo consciente, que podia, inclm;ive em experiencias piiblicas de Ilusionismo (scm truque), captar o pensamento de um expcctaclor atraves de vari:as pessoas ignorantes do que se devc1·ia "adivinhar". Tudas essas pcssoas estavam unidas pelas maos.

Noutras experienci•as apresentava ao sujcito vinte paIavras que ele lia uma s6 vez em voz alta. Ap6s a leitura escrevia iHe as palavras que tinha lido e retido na mem6ria, esforc:;ando-se mesmo paPa Iembrar. Dentre as palavras csquecidas cu escolhia ruma como objeto da transmissao".

Experiencias dcste tipo de cumberlandismo "em L" nao sao excessivamcnte raras entre os profissionais do palco. Deveriam, porem, ser mais rcpetidas em laboratorio. Se_ o fato -se confirmasse, a explicaGao parecc que ser1a a segumte: as pessoas interpostas captariam s6 inconscientement_{! as ideias do "pensante" (inconscientcmcnte todos somos hrperestesicos) e transmitiriam os s.inais inconscientementf• captados. Osip FELDMAN, no fim da "corrente", os ~n­ terpretaria c os faria conscientcs. FELDMAN tern mmta fama no mundo dos ilusionistas.

Nas ex;r:cricneias, ABRAMOWSKI segurava a milo do sujcito. Com a mesma tecnica realizou transmissoes cumbcrlandisticas de dcsenhos ou de movimento dos dcdos.

Sabre 324 cxpcr.icncias obteve exito em 156, qua.se 50 r;;,, inexplicavcl pelo simples acaso. Nem e preciso scmprc que o operador fa<;a csfor<;o ou sc tcnha cxercitado em captar os sinais inconscicntcs. Podem-se tambem captar inconscientcmcntc, o que nos intercssa especialmente do ponto de v.ista da "adivinha<;ao''. 0 operador pode inclusive executar a<;oes inconsciente e automaticamente. Diversos tipos de experieneias tem-se feito. Talvez uma das mais faceis de repetir seja a de fazer que uma pessoa, boa sensitiva, completamente distraida, falando de outras coisas que a absorvem, fa<;a alguma a<;ao que por cumberlandismo se lhe sugira. 0 "sujeito" da experimentagao, tendo operado como urn automata, nao sabera dizer, ao ser perguntado, nada do que realizou. Hipnotizado, porem, its vezes lembrara tudo o que se lhe fez realizar automatica c inconscientemente 15. Embora nos capitulos 22 e 23 falaremos da "adivinha<;ao" do pcnsamento inconsciente, devemos aludir aqui a um tipo especial de cumberlandismo. Em quase todos os fenomenm; parapsicologicos de conhecimento encontramos o que poderiamos chamar mecanismo indireto ou "em L" ou "a tres" ou "por procura<;ao": o "adivinho" capta no consulente o que o proprio consul•ente sabe, de ordinaria so inconscientemente, de outra pessoa ou de urn objeto externo.

Outro tipo de cumberlandismo "em L" ou "a trcs", que tambem prccisaria de mais expericncias de laboratorio para •Ser confirmado, e 0 experimcntado, entre outros, pelo Dr. BOIRAC. Urna llisth·ica "lia", SP-g'Hran!]O nrn•a mrto de BOJRA(', urn Iivr·o s(Jbrc o qual BOIRAC ;r:as~ava as pontas do~ dcdos rr;.

Seria hiperestesia direta (visao para-optica, "dermooptical perception") em BOIRAC e a histerica interpretaria o que captava em BOIRAC por cumbcrlandismo sobre o pensamento inconsciente. A "adivinhac;ao" do pensamento inconsciente excitado por outros tipos de hiperestcsia direta tern sido amplamente comprovada, como veremos no capitulo 23. Digrcssoes praticas 0 cumberlandismo, como se ve, pode dar preciosas indicagoes aos mediuns espiritas, na hipersensibilidade do transe. A corrente ou cadeia que os espectadores formam em algumas sessoes, seria o veiculo pelo qual o interessado cstaria

15 - GRAS SET, J.: "L'ocultisme bier et aujourd'hui. Le Merveilheux prescientifique", 2.a ed., Montpellier, Coulet, 1908 (l.a ed., Paris, Masson, 1907) pag. 123.

16 -

BOIRAC, Emile: "La Psichologie inconnue", Paris, Alc•an,

1 !I 12 ( l.a ed., 1908), pags. 252, 264, 271.



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84

A FACE OCULTA DA MENTE

manifestando ao inconsciente do medium as ideias a comunicar. Muitas revelaGoes, das feitas por urn hipnotizado, por exemplo, podcm •cxplicar-se perfeitamente por cumberlandismo. scm neccssidadc de recorrer a conhecimentos naranormais. . . Urn dos primciros passos que se costuma dar, para dcscnvolv•cr a ''lucidc7." nos hipnotizados, e precisamente puro cumberlandismo. 0 hipnotizado, para diagnosticar uma doenGa, por exemplo, poe as maos sabre a fronte do consulcnte ou. rwg-ando C'ntrc as suas uma mi'\.o do paciente percorl'e lentamentc os mcmbros com possibilidade de cstarcm ·docntcs. Por cumbPrlnndismo node urn "adivinho" fa7.cr obscrvaq:oPs sohrf' 0 f'Stado fisiolflg-ico, caraJer, tendcncias, passaoo dinico imPdhto P inclusive futuro iminf'nte, isto C, aquClc cujas causas j{t cstiio ag.inrlo no org-anismo. Pclas cammq antes indicaclas, os manmlis de hipnosc previnem o hinn6log-o princiniantf' a nii.o finr-sc mnito naqui1o que o hipnoti7.ado rPvPlc sohrP a ontra n<'ssoa com a qual esta em contato. Freaiientemcntc nao rlir{t ma.lH do Qnc aquilo que esta mesma pessoa pensa de si propria, talvez erradamente 17.

Hiperestesia i ndireta

8

LEITURA SENSORIAL DO PENSAMENTO

As pessoas que aveem" o pensament:o. Crianras prodigiosas que sabem tudo sem estudar. - Famosas experi.encias cla Russia.

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NTERESSA-NOS cspccialmcntc a ''adivinha«ao" scm contato. Pode-:"(\ a certa diHtfmcia, captar a linguagem fisiologica minima, i. C, OS rcflcxos extcrnos da .ideia, de modo que se poHSa, indiretamcntc, como que "ver" o pr~n­ samento de outra pcssoa?

Os reflexos fisiol6gicos externos do pensamento de uma pessoa podem ser sentidos por outra, havendo contato corporal. Por este meio pode-se conhecer o pensamento mesmo de outra pessoa. Isto, porem, niio quer dizer que todos os sinais sejam transmitidos precisamente poT contato.

.E possi:vcl. Ate mcHmo para aprcscntaG6cs no palco. Seria isso urn "cumbcrlandi·~·mo sem contato". E pod e-sc ehegar a extremos maravilhosos, como o ilu:oinnista MARION, por excmplo.

Este fenomeno da u adivinhat;;iio por contato.'' chama-se tecnicamente cumberlandismo.

MARION observava nestes casos as minimas modifica!;6es inconscientes na marcha do espectador que se tinh•a prestado a experiencia.

17 - Veja-se, por exemplo, JAGOT, Paul Clement: "Magnetismo, Hipnotismo, Sugestao", Sao Paulo, Mestre Jou, s. d., pag. 167.

MARION encontrava os objctos escond.idos pelos espectad.ores mcsmo quando a testemunhrt que inconscientemente o dirigia sc escondia dcntro de uma c.aixa, s6 aparecendo os pes.

0 Dr. SOAL (urn dos melhores investigadores da r.1odPma Parapsicologia) estudou detidamente as provas realizad::~s por MARION. SOAL chegou a conclusao de que, niio obstante as maravilhosas provas, MARION nao possuia

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A FACE OCULTA DA MENTE

Com certas tecnicas pode-sc aumentar essa repercussao fisiologica. Essa ressonancia ou repercussao seria em definitivo o que nos chamamos hipcrcstesia, peroep<;ao inconsc1ente dos sinais. Scria uma hipcrcstes.ia cutanea, que sc viria a acresccntar a hipcrcstesia visual, aud.itiva. . . Por muitos caminhos o reflexo fisiol6gico das ideias de outra pessoa passaria a nos ou as pcssoas presentes. E como tais reflcxos se identificam com a ictc.ia, como ideia e rcflcxo sao apenas dois aspectos difercntes de urn s{J fenomeno, comprecnder-se-a que, se inconscicntcmente sao rcproduzidos em nos esses reflexos fisiol6gicos de outra pcssoa, tambem teremos captado a ideia inconscicntcmcntc. Sc, com tecnicas especiais, ou pelo treino cspontftnco ou provocacto, ou em circunstancias especia.is esta rcsson:mcia c aumentada em ccrtas pcssoas, compreender-sc-:1 porque, nessas pessoas, o que so era "adivinha«ao" inconscicntc podc fazcr-sc conscientc. Nos scnsitivos, este exagcro, esta p;umagem do inconscientc ao consciente, e mais freqi.icnte, ou ate regular.

HIPERESTESIA INDffiETA

fundamento as suas observa«6es, quando afirma que o que na ~ealidade sucede na quase totalidade dos casos e que 0 sonambulo capta, indiretamente, 0 pensamento consc.iente ou inconsciente do obscrvador presente. Uma experiencia facil, inspirada no livro de JULIO MARIA 22 , tem comprova.do in1imcras vezes que a hiperestesia indireta do pcnsamcnto e ma.is facil e freqliente que a telepatia. Os lcitorcs podcm repctir a experiencia com facilidade.

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Sc •a mu adivinho, medimn, radicstesisla, etc., se aprcsenta uma scri<' de pergunlas eseritas e guanlndas num envelope, o "adivinho", com algnrna frcqiieneia, sera eapaz de dizer o eontelulo do envelope. l\fas se nfw fomos n6s mesmos que escrevenws as fra~a's dos envelopes, 1nas urn amigo que no-las envion por correio ( •~ is!.o c mai8 seguro do que n enb·ega pessoul pnra >W evitar l<}da a hipcrcsteHia. inconscicnte em n6s), comprovarcmos que st") raJ"lH:c;imanwnte, e :-;6 nmito bons "adivinhos" scrfw capa;,cs de di:.mr-nos o eouteltdo do envelope.

Em primeiro Ingar d.eve-se destacar a importancia da hipcrestesia indireta do pensamento. Ela e muito mais freqliente que a tclcpatia ou qualquer outro fenomeno paranormal, extra-sensorial. Ja PUYSEGUR, urn dos primeiros investigadores do hipnotismo, advertia os hipnotiza:dores contra 0 crro de considcrar como telepatia muitos atos que nao o sao, tanto que chcgou PUYSEGUR a afirmar exprcssamente que ''era crro pensar que, por meio de urn sonambulo (hipnotizado) clarividente, se pudesse adivinhar o pcnsamento de uma pessoa ausente, pois o unico que se obtinha em tais ocas.ioes era inspirado inconscientemente pclo proprio observador" 21. PUYS:EGUR exagera e erra ao nao admitir a possibilidade da telepatia, mas esta certo, e so para isso tinham

Esta experi(~ncia, ou semelhantes, provam perfcitamente que no primeiro easo, .i. c., quando a consulta e feita pela propria pessoa que csercvcu, e mais Htcil ae,ertar, por tratarse de hiperestesia indir.cta do pcnsamcnto. Mas no segundo caso onde nao pode haver sin;;tis inconsc.icntes, os acertos sao mais dificcis c raros por tratar-sc de telepatia ou conhecimento extra-sensorial. Muitas vczes e o espcctador que se trai a si mesmo, ao consultar a urn "adivinho" ou nas sess6es medilmicas. 0 medium ou "adivinho" nao sabe mais do que aquila que o consulente lhe diz na linguagem dos sinais inconscientes e involuntar.ios. 0 estado de transe do medium, ou de delirio, narcotismo, histeria em que entram natural ou artificialmente muitos "adivinhos", ajuda :evidentemente a hiperestesia. Por outra parte, a corrente de certa.s sess6es espiritas favorece a hiperestesia do pensamento de tipo cumberlandismo. Cumberlandismo e HIP em geral, combinadas, podem, e claro, chegar a limites insuspeitados em pessoas especialmente "dotadas" e especialmente treinadas.

21 - Citado por SILVA MELLO, A. da: "Misterios e realidades dllste e do outro mundo", Rio de Janeiro, J. OUmpio, 1949, pag. 232.

22 JULIO MARIA: "Os segredos do espiritismo", 4." ed., Petr6polis, Vozes, 1950, pag. 186.

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A FACE OGULTA DA MENTE

nao 0 sabia, mas ai esta o medico hipnotizador que o sabe e que deseja que o hipnotizado confirme suas teorias de regressao da idade ate aqueles estados iniciais da vida. As conseqliencias praticas que poderiamos tirar do que chamamos "hipercstesia indireta do pensamento" sao numerosissimas.

Pantomnesia Os reflexos fisiol6gico•s ou sinais corrcspondentes a todos nossos atos psfquicos siio sentidos pelas pessoas qne sc encontram presentes. Provavelmente todas as pesso•as presentes captam e interpretam, ao menns ineonscicntcmente, esses sinais externos O'U reflexos, e a partir deles se interpreta ou capta o pensamento que os motivou. A este fenomeno de a adivinha~iio" sensorial chamamos "hiperestesia indireta do pensamento" (HIP). Uma grande maioria das (( adivinha<:;O'es" niio siio paranormais, mas simplesmente HIP.

9

0 INCONSCIENTE SE LEMBRA DE TUDO

Lembrou-se do que mra quando bebe. Um analfabeto aprende abras literarias ScJ de onvi-las uma vez. - Gra~as a memoria do inconsciente recupera-se uma fortuna. - 0 nosso inconsciente niio esquece nada.

0

FIL6SOFO DF:LBOEUF f1onhon que no patio da casa encontrara dnas Iagartixas enterradas na neve e rigidas

pelo frio. Tomou-as, aqueceu-as nas maos e colocou-as numa greta do muro. Dcpois colocou ao !ado delas umas ervas que

Ia

cresclam. Ainda em sonho pronunciou o nome da planta:

"Asplenium ruta muralis" (sic). 0 nome se lhe apresentou como algo familiar. DELBOEUF nao se Iembrava de quase nenhum dos nomes tecnicos das plantas apreendidos na epoca de estudante. Como, pois, era possivel aquele conhecimento tecnico? Ap6s 16 anos encontrou casualmente a explica<;ao: em casa de urn amigo encontrou urn pequeno album de f!Ores secas, no qual estava escrito, por sen pr6prio punho: "Asplenium ruta muraria". 0 mesmo DELBOEUF o escrevel"'a muito tempo antes, depois de consultar urn botAnico. DELBOEUF

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A. FACE OCf.Jl,TA. /lA

deflapnrccc, a mcnina, <'m Iugar de voltar para

MENTE

ctl.i'Hl.,

TELEPATIA E CLARIVIDll:NCJA

corre

0 primeiro a usar a palavra "telepatia" foi, ao que parece, o Dr. W. H. MYERS em 1883, quando observava os casos de conhecimento de aparencia paranormal recolhidos pela S.P.R. de Londres e publicados no livro citado. Telepatia significa, a rigor, etimologicamente, "sofrimento a distancia": MYERS comprovou que era por ocasiao de acontecimentos tristes que, com mais freqiiencia sucedia o conhecimento de aparencia pa:ranormal. Mas logo a palavra "telepatia" se tomou no sentido mais geral de "sensa<;:ao a distancia, percep<;:ao a distancia". Prevalecera, quase que inconscientemente, o conceito de que a telepatia era a percep~ao a distancia do pensamento de outra pessoa. 0 Dr. MYERS a definia assim: "a t:r:ansmissao de impressocs de qualquer genera entre urn cerebra t' outro, indl'pendc>nt:<>mcntc de toda a via sensorial rceonheeida".

em procura de urn medico. A mcnina ni\o podo dar multos dctalhcs ao medico, por-

quo a mae, na rcnlidade, esta.va em pcr·feito estnrlo de sat1dc e nnqucle momenlo, deveria estar aw;cnlc de cmm. Mas !he conta a visilo e o convcnce a ir c~om ela ate n easa. 0 medico vai, mnis p:u·a tn1nqililizar a menina do que por ontnt coisu. Chcgn.m C~tliTOIHio c Pnc·.onlr·n.m o pai na porta, muito tranqiiiJo. () pili c•sl!':lllhll a dH•g:ula do medico, l1o apressacJn, e pcl'gunta o que se pas:;n. "F: a rnamrl.e", responde a 1ncnina c eoncln?. J>ni c mc'dieo ao qun.t'l.o ahunclonrulo. I ,ii, cxatnmentc como tinhn vislo c dcscTit o a nwninn., en eontram. a mfte, clPiladrt no chfw, o Jc~nc;o de r<'ncla pc~rto. A pobre senhcwa tiulm sofriclo lllll :Lt.n.quc~ c·anliac•o. 0 m6cllco cleclarn. que, sc nfto t.ivesse C'hPgado imecliatamcnt.c', o descnlac~c teria. si!lo fatal.

~ _Supomos que o ca!'lo tenha sido h<'m ob~wrvado. Seria autenbco conhecimento psig-:l.mico. Foi clarividl'mcia ou telepatia.? Clarividt~rwi:t

{· o c:onlwcinwnto psig·;'unieo ck co.isas

o~je~ivas, fisic.;as: no easo, a men ina ter:ia "visto", ;L dis-

tan em, ~ reahdade m0sma do quarto abandonado, a mae u:sf~lectda~ ? !cn~o de r<'nda no chao. . . Em contraposi~ao a clarividcncta csta a t:clepatia. A telepatia consiste em ~onhccer nao diretamcnte a rcalidadc fisica, mas o ~onte_udo _de um ~to psiquico, subjetivo: os pensamcntos, Imagtnaqoes, scntimentos ou desc•jos duma pessoa. A menina tcria conhccido o pensam0nto ( consciente ou inconcicntc) que a mae tinha do seu cstado, lugar em que cstav~, . et~e. Conhecimento dirPtam0nt0 do ato psiquico, e so mdirctamcntc da realidade fisica objeto dcste pensamento. A clarividcncia (~ dcsignada hoj0, a proposta do Dr. RHINE, .com a sigla PC (pura clarividcncia), e a telcpatia co~ ·3; stgla PT (pu;a telcpatia). Am bas as siglas foram ofictahzadas no "Coloquio Intcrnacional de Utrecht". E muito freqiientc ver confundidas a clarividencia e a telepatia nos livros dos nao especialistas. Outros autores, ao contrario, scmpre fazcm questao de disting-uir,

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J{t alguns autores da epoca da Metapsiquica chegaram exprcssamcnte ao conceito de telcpatia como conhecimento do pensamento; por excmplo, o Dr. Chrurles RICHET 2, o mais famoso metapsiquico. Mas claro esta que a expressao de RICHET, assim como as de outros muitos autores mais ou menos especialistas, d'C que a telcpatia fazia so referencia ao pensamento nao e cxata. Seria reduzir dcmais o ambito da telepatia. Seria telcpatia qualquer conte{rdo dos utos do espirito de uma pessoa, diretamente conhecido por via paranormal, como pcnsamentos, imagens, sofrimentos, lembran<;:as, estado de espirito, etc. E por isso que pouco antes definiamos a telepatia como "a percep~ao paranormal do conteudo de urn a to psiquico". A transm'issao do pensamen to ou a adivinhac;ao do pensamento e s6 urn aspecto da telepatia, nao abrangendo todos os tipos de telepatia.

A telepatia e o vulgo Em todos os tempos existiu crenga de que o homem, ou certos homens, tinham o poder de conhecer os mais profundos segredos dos seus semelhantes, de conhecer os atos 2 -

RICHET, Chal'ies: "Traite de Metapsychique", 2.a ed., Pa-

ris, Alcan, 1923, pag. 791.

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