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DEMOGRAFIA

A CIENCIADA POPULA~Ao J. MANUEL NAZARETH

J. MANUEL NAZARETH

DEMOGRAFIA A CIENCIA DA POPULA~Ao

~

EDITORIAL PRESENCA

r I

INDICE CONSIDERA~OES PREVIAS ..............................................................................................

11

CAPITULO I - A CrENCIA DA POPULA~AO: A PROGRESSNA MATURA~AO DA COMPLEXIDADE DO SED OBJECTO DE ESTUDO ........................................

15

Introdu<;;ao ................................................................................................ ,............................... 1.1. As primeiras reflexoes sobre a populayao. ..................... ... ............... .... ..... ..... ..... .......... 1.2. A questao da populayao no seculo XVIII e a emergencia da Demografia como ciencia 1.3. A importancia do pensamento de Malthus na emergencia da ciencia da populayao ... 1.4. Malthusianismo, neomalthusianismo e as reacyoes ao pensamento malthusiano ... ..... 1.5. A transiyao demognifica ................................................................................................ 1.6. 0 objecto de estudo da Demografia .............................................................................. 1.7. Dnidade e diversidade da Demografia .......................................................................... A Demografia Hist6rica .......... ........... ..... ..... .......... ....... ....... ..... ... ......... .......... ..... .......... Os Estudos de Populayao ou Demografia Social.......................................................... As Politicas Demograticas ....................... :..................................................................... A Ecologia Humana ....................................................................................................... 1.8. A metodologia da Demografia ......... :............................................................................

15 16 22 26 34 40 43 47 49 54 57 60 66

CAPITULO II - A EXPLOSAO DEMOGRAFICA: UM VELHO PROBLEMA COM NOVAS DIMENSOES ........................................................................................

70

Introduyao :............................................................................................................................... 2.1. A populayao antes do aparecimento da escrita ............................................................. 2.2. Os primeiros dados numericos de interesse demogratico ............................................. 2.3. A Antiguidade: do crescimento ao primeiro «mundo cheio» ....................................... 2.4. 0 nascimento do Ocidente Medieval e 0 declinio da populayao ................................. 2.5. A recuperayao demogratica do Ocidente Medieval e 0 aparecimento de um segundo «mundo cheio» .... ..... .......... ........................................... ....................... 2.6 A peste negra ................................................................................................................. 2.70 modelo demogratico do Antigo Regime ................................................................... 2.8 0 crescimento da populayao na Europa Ocidental e 0 terceiro «mundo cheio» ......... 2.9 A evoluyao da populayao nas restantes partes do mundo ......... .......... .......... ................

70 71 73 75 78 80 85 86 90 96

7

I I

2.10 A explosao demogr:ffica: urn fen6meno novo ou urn velho problema com novas caracterfsticas? .............................................................................................

98

CAPITULO ill - ASPECTOS INICIAIS DE UMA INVESTlGA<;::AO EM ANALISE DEMOGRAFICA: OS RITMOS DE CRESCIMENTO E A ANALISE DAS ESTRUTURAS DEMOGRAFICAS ........................................... 101 Introdw;:ao ................................................................................................................................. 101 3.1. Volumes, ritrnos de crescimento de uma popula9ao e densidades ............................... 102 1.0 TRABALHO pRATICO RESOLVIDO:

volumes e ritrnos de crescimento da popula9ao ........... 105

3.2. As estruturas demogr:fficas ............................................................................................ As pirfunides de idades .................................................................................................. . As rela90es de masculinidade ............................................................... , ........................ Os grupos funcionais e os fndices-resumo .................................................................... o envelhecimento demogr:ffico ......................... :............................... ,...........................

108 109 113 114 118

2.° TRABALHO pRATICO RESOLVIDO: pirfunides de idades, rela90es de masculinidade e fndices-resumo ............................................................................................................ 121

CAPITULO IV - OS SISTEMAS DE INFORMA<;::AO DEMOGRAFICA E A ANALISE DA QUALIDADE DOS DADOS ........................................................ 126 Introdu9ao ............................................................................................................................... . 4.1. Os sistemas de informa9ao demogr:ffica ...................................................................... . Os recenseamentos da popula9ao ................................................................................. . As estatfsticas demogr:fficas de estado Civil ................................................................ . Outros sistemas de informa9ao demogr:ffica .............................................................. .. 4.2. A analise da qualidade da inform~ao ........................................................................ .. A Rela9ao de Masculinidade dos Nascimentos .......................................................... ..

go t:~: ~: ::;{~d~d~·:::::::::::::::::::::::::~:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

126 128 128 133 136 138 138 140 142 142 143 145 145 146

Indice Combinado das Na90es Unidas .................................................................... .. A Equa9ao de Concordfulcia ........................................................................................ . 4.3. 0 ajustamento dos dados imperfeitos .......................................................................... . o metodo das medias m6veis ...................................................................................... .. o metodo das Na90es Unidas para ajuste de grupos quinquenais .............................. . o metodo das Na90es Unidas para a passagem de grupos decenais a grupos quinquenais .............................................................................................. .. 146 o metodo de Sprague para estimar os efectivos por idade a partir dos grupos quinquenais ........................................................................................... . 147

3.° TRABALHO pRATICO RESOLVIDO: analise cia qualidade dos dados dos sistemas de informa9ao demogn'ifica ........................................................................................... 149

CAPITULO V -

OS PRINCIPIOS DE ANALISE DEMOGRAFICA ................................ 160

Introdu9ao ................................................................................................................................ 160 5.1. 0 Diagrama de Lexis ..................................................................................................... 161

8

5.2. Principios Gerais de Analise Demognifica.................................................................... o «estado puro» eo «estado perturbado» ..................................................................... Acontecimentos renovaveis e acontecimentos nao renovaveis ..................................... Analise transversal e analise longitudinal .............. ........ ........ ........ .......... ............ ......... 5.3. Principios de analise longitudinal................................ ........ .......................... ................ 5.4. Principios de analise em transversal.............................................................................. 5.5. Conc1usao .......................................................................................................................

163 163 164 164 165 171 178

4.° TRABALHO pRATICO .RESOLVIDO: os principios de analise demografica ........................... 179

CAPITULO VI -

ANALISE DA MORTALIDADE ............................................................ 188

Introdu9ao ................................................................................................................................ 6.1. As Taxas Brutas de Mortalidade enquanto medidas elementares da mortalidade geral 6.2. 0 principio da estandardiza9ao: 0 metoda da popula9ao-tipo .......... :........................... 6.3. As medidas de mortalidade em grupos especificos ...................................................... As medidas de mortalidade infantil ................. :.............................. ,.............................. A mortalidade por meses ............................................................................................... A mortalidade por causas de morte ...... ........ ...................................... .......... ................. 6.4. 0 principio da transla9ao: a constru9ao das tabuas de mortalidade ............................. 6.5. Metodos indirectos de medida da mortalidade - 0 caso especifico das tabuas-tipo de mortalidade................................................................. ................... ............................ 6.6. Conc1usao .......................................................................................................................

188 190 194 197 197 201 203 203 210 213

5.° TRABALHO pRATICO RESOLVIDO: analise da mortalidade ..................:............................... 214

CAPITULO VIl- ANALISE DA NATALIDADE, FECUNDIDADE E NUPCIALIDADE 222 Introdu9ao ..... .............. ......... ..... .................. .... ................ ...... ........ .... ............ ..... ..... ............ ..... 7.1. As taxas brutas enquanto medidas elementares de analise da natalidade e da fecundidade ... ......................................................................................................... 7.2. Tipos particulares de natalidade e fecunc4dade ........ .................................. .................. A fecundidade por idades e por gropos de idades ........ .......... ............ .......... .......... ...... A fecundidade dentro do casamento ............................................................................. A fecundidade fora do casamento........ .......... ........................ ............ .......... ................. A natalidade por meses ............................................ .......................................... ............ 7.3. 0 principio da estandardiza9ao .. ,.................................................................................. 7.4. 0 principio da transla9ao ............................................................................................... 7.5. Analise da nupcialidade e do div6rcio: as taxas brutas enquanto medidas elementares de analise ................................................................................................... 7.6. Processo de supera9ao das lirnita90es das taxas brutas na analise do fen6meno nupcialidade .................................................................................. ................................. o principio da estandardiza9ao ........ ............ .......... ............ ................................ ........... o principio da transla9ao ...... ................ ........ .......................... ....................................... A estimativa indirecta da impcialidade pelo metodo de Hajnal ........ .......... ............ ..... 7.7. Conc1usao .......................................................................................................................

222 223 229 230 230 231 231 232 237 238 241 241 241 244 245

6.° TRABALHO pRATICO RESOLVIDO: analise da natalidade, da fecundidade e da nupcialidade ............................. .............................................................................. 246

9

CAPITULO

vrn -

ANALISE DOS MOVIMENTOS MIGRATORlOS ............................ 253

IntrodUl;;ao ................................................................................................................................ 8.1. Os metodos directos de amUise dos movimentos migrat6rios ...................................... 8.2. Os metodos indirectos de amUise dos movimentos migrat6rios ................................... A equa9ao de concordfulcia ........................................................................................... Os metodos da popula9ao esperada.... ... ... .... ............ ..... ..... ............................ ..... ..........

253 255 257 258 260

7.° TRABALHO pRATICO RESOLVIDO: analise dos movimentos migrat6rios ............................ 262 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 269

10

"-

CONSIDERA<;OES PREVIAS A Demografia, evoluiu de uma problematica inicial bastante simples e facil de delimitar, uma r~posta cientifica a urn con' unto de ~lQes ..r.elaG.iooaQa.s..GAro..a " ~ __~s P.?..£.lL~£q~s hJl.:m"illJ.~s - demos (0 povo ou a populas;ao) e graphein (escrever) - _para u~a cr~~f!.b:~I~jgi!.@.,<~,J:;.omplwdade..dec",ar,eas",~ .~jg"~,!!W!~~.,s~g",£eE~~~~",~~.g,$!!,~,~j,~"~;~J?,r.~,,S~,§'~l' . As tecnicas e os metodos multiplicaram-se, em particular na segunda metade do seculo xx, 0 objecto alargou-se a guestOes que ultrapassam a simples desCli!fa~ de uma dinamica de pOEulas;oes humanas, a intervens;ao no funcionamento do sistema econ6mico e social deixou de limitar-se apenas a execus;ao de determinados aspectos das poHticas demograficas. Caracteriz~:.oje~~~1~El~~i~~,,~2~.2I<;l~tl}tl:lP~~JllQ=~"~~!.,E~.22Yl~&~.q,

~~~i#~~;~1r~Si~:I:t~t~~~~~~~i!iit~:::~;i~~~~ ~?~ dl.~~~t&£"~EL~"§Q~j~l,"l!y~~,g~~f~I!Q"ft~,QiQ~.m!S9-,pglmll!9iQnaL,t).o,ap:ilii~llte.s.aQ

alguns ~os in~..nQ§".~~~"~,9",,~".~m,~gI!:~,,§~.E~cl\?",i1J~~:[email protected] ..)JmIL!:~SJlQS,!;!; ou, no minimo, uma colaboras;ao. Esta diversidade de problemas de que se ocupa actualmente a ciencia da populas;ao nao teve como consequencia, como seria de esperar, a quebra da sua unidade inicial. A Demografiae umasQ,.~A.&."_d4,.~d.it.~~~ia.liQS!ges, ou seja, todos os ramos perdem a sua originalidade sem a referencia constante a urn micleo de base. Nao pode haver uma perspectiva demografica de analise de urn determinado problema social sem 0 dominio das suas tecnicas fundamentais, sem 0 conhecimento da sua forma especifica de olhar 0 sistema sociaL E do micleo basico de conhecimentos identificadores da especificidade da Demografia que se ocupa 0 presente trabalho, ao procurar urn equilibrio entre a componente te6rica da ciencia da populas;ao e a componente instrumental e tecnica. E verdade que com a evolus;ao observada nas ultimas dezenas de anos, em particular no meio universitano, 0 campo problematico aumentou consideravel11

T I

mente, 0 que teve como consequencia mais visivel a procura de uma fundamentac;ao te6rica e factual das divers as componentes que integram 0 seu objecto de estudo. Os trabalhos sobre 0 pensamento demograiico, a hist6ria da populac;ao e a sua distribuic;ao espacial, a diversidade da demografia em geral e as politicas demograficas e familiares passaram de raros a abundantes. Porem, a Demografia ao procurar dar resposta, no seu complexo processo de investigar;ao, a alguns dos grandes problemas sociais contemporaneos, ultrapassou as limitar;6es do sistema social, procurou ter em considerar;ao a dinamica das interacr;6es bio-culturais e passou a tomar em considerar;ao, de uma forma progress iva, a nor;ao de ambiente quer em termos de causas quer em termos de consequencias dos fen6menos, aproximando-se assim de uma visao ecol6gica e sistimica dos problemas. Sabemos que l1ao e QQssiyeLtr~ar...cgIDpr~Gi§~Q_il~_JrQnl\
a. ter,para.111uitas,.Jr\
va!2r 4e.1!!e!tsWO - a fanu1ia, por exemplo, e estudada por varias disciplinas, mas existe apenas uma forma de se analisar a fanu1ia numa perspectiva demografica e essa forma passa necessariamente pelo conhecimento mais ou menos aprofundado da analise demografica. A importancia do cOJltJib.uJ,:.Q..~ base [email protected] na al!ill..i.s~e_d.Q.s_gr.aD.cI.es..poo.-­ ..2!~m..~=.§gct~is COn~9.Lfu:1~os_lJ!!Tap::g;~i!".9~_sist~mfUQ£ll!1~J:inge_.yarias..-ar.eas

cientificas que vao desde as ciencias econ6micas e as ciencias da conduta as cien~cias-da vida, pas sando pelos recentes dominios directa e indirectamente ligados a gestao da informac;ao e do conhecimento. Para q,ue a Demografia contilJne a progte_diLcill!J...o_disJipli:a.a..cienti:fica.,.-torua-se Jl~ces§illio que e1a cOllsolide e.aprQ.:f.u.nde..o_dominio dos instrurn~Jlt9.S...cie.utific..QS de

.1

1

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r I

analise, pois s6 assim teremos um~ Fonstante reformulagao cientffica.dos I2r9ble.:.. mas demograficos. Porem, este aprofundamento s6 tern sentido se for acompa- nhado do rigor na medi<;ao que caracteriza a pratica desta disciplina cientffica, mas necessita tambem que os horizontes das suas preocupa<;oes sejam alargados a novos domfnios. Em todo 0 caso tem-se passado . .!!lUitas _v:ez~s para 0 extremo oposto, ou seja, confunde-se a Rarte instru~f£ rel="nofollow">1D_QJ.Q.cj..Q..Q.~QgJ:,4.fi9,Q· J£..
~.9rpai1~~Cieda~,,-

Iniciamos a experiencia pedag6gica destas materias no. infcio dos anos 70 e publicamos 0 primeiro trabalho fruto dessa experiencia em 1988 - Princfpios e Metodos de Analise Demografica. . Quase dez anos depois, procedemos a uma primeira grande revisao de fundo e public amos urn novo trabalho mais te6rico e menos tecnico - Introdw;ao it Demografia - Teoria e Pratica. Pelo carninho, ocupamo-nos de alguns temas especfficos - Envelhecimento da Populac;ao Portuguesa e Explosao Demografica e Planeamento Familiar - e participamos em dois grandes projectos colectivos de caracter prospectivo - Portugal: 0 desafio dos anos noventa e Portugal: os proximos vinte anos. A forma<;ao academic a e as publica<;oes cientfficasem Demografia, em Portugal bern como na maior parte dos paises do mundo, passaram de raras a abundantes. Porem, nos anos 90, integrados numa rede europeia (Certificado Internacional de Ecologia Humana) surgiram os primeiros Mestrados em Ecologia Humana na Universidade de Evora e na Universidade Nova de Lisboa. No Instituto Superior de Estatfstica e Gestao de Informa<;ao da Universidade Nova de Lisboa, em particular no Mestrado em Gestao de Informa<;aq, foi criada uma variante em Sistemas de Informa<;ao Geogrmca, Demografica e Ambiental tambem integrada no Certificado Internacional de Ecologia Humana. Novas gentes, oriundas das mais divers as areas cientfficas, apareceram para debater e investigar novos temas, aproveitando as tecnicas da dinfunica das popula<;oes humanas. A sua experiencia profissional e a integra<;ao das perspectivas da Demografia, Gestao de Informa<;ao, Sistemas de Informa<;ao Geogrmca, Ambiente e Ecologia Humana encontraram neste cruzamento de saberes uma nova resposta as suas preocupa<;oes cientfficas, profissionais e pessoais. o trabalho que agora se apresenta pretende dar continuidade ao projecto ensino e investiga<;ao sobre a dinamica das popula<;oes humanas, iniciado nos anos 70, sistematizando os conhecimentos adquiridos no estudo dos fen6menos gue, sendo

bioI6gi~.E~2!ig$md.,~Q.TI:~lP~full1~,LIE21iflsi~~~§"Jli~,(;!.2,J!i~rtQ9 S .ne.J~

.

f1adt;"~_nQ. .1Wlj:)~n~~m.~$cX~~,!Q.,,,9JJs\,~oJ:Qcd~

A experiencia adquirida, 0 estudo continuado da aplica<;ao de urn modelo de aprendizagem a diversos nfveis e tipos de ensino, a acumula<;ao de teses de dou13

'

toramento e de mestrado, a influencia estrategica da Ecologia Humana e dos modemos Sistemas de Informa<;ao Demogr:ifica, bem como as sugestoes recebidas, levaram-nos, quase dez anos depois, a proceder a segunda grande revisao de fundo e a publicar, assim, um novo trabalho intitulado: Demografia - A Ciencia da PopulQl;do.

14

CAPITULO I A CIENCIA DA POPULA<;XO: A PROGRESSIVA MATURA<;XO DA COM~LEXIDADE DO SEU OBJECTO DE·ESTUDO Introdu~ao

Apesar de a preocupas;ao com os problemas da populas;ao remontar a Antiguidade, a Demografi.uQWo c.iencia i!P.J<~arece na segunda metade do seculo ]CYru. Ate esta altura, as preocupas;6es com a problematic a populacional surgem quase sempre sob uma perspectiva filos6fico-doutrinal. Do ideal de estacioparida~.

a ~ef!;s!J.Et:~s~~~t.m~tQ,-RgRYli1£i9»ru".~m.~:~.WI;-~t,9_<1i..

!~,;~!~~~~,~re:~~~~,~,.9H~,"2.2~~"~tg,4,iL~"S~}J,)J2~~.f~Qd~h~f!,.,~m,e~~ Cl~nCl,fi!::!a .Q01?.,ll~~.

No presente capitulo apresentamos, de forma sintetica, 0 modo como foi amadurecendo ao longo dos seculos a consciencia das grandes quest6es directaou indirectamente ligadas aos aspectos quantitativos da dinfunica populacional. Durante os seculos XVII e xvm ocorre pro.gressivamente uma viragem importante na forma de tratar os problemas da populas;ao: a Demografia emerge como ciencia. Quem foram e 0 que disseram os homens que transformaram em ciencia um conjunto de problemas que nos aparecem relatados nos prirneiros documentos escritos? Qual e realmente 0 objecto de estudo da Demografia? Por que nao existem escolas de pensamento demognifico a semelhans;a do que se passa nas ciencias econ6micas e sociais? Quais sao as grandes teorias e os grandes problemas de Demografia na epoca contemporanea? Por que e que a Demografia e simultaneamente una e divers a? Quais sao as grandes divis5es da ciencia da populas;ao actual? Estas sao algumas das quest5es que iremos analisar neste capitulo introdut6rio.

Objectivos do capftulo I

• Identificar as principais fases da constituis;ao da Demografia como ciencia • Conhecer 0 pensamento dos primeiros dem6grafos 15

• • • •

Conhecer as principais caracterfsticas do pensarnento malthusiano Identificar as principais fases e a importancia da teoria da transi9ao demografica Identificar os aspectos fundarnentais do objecto de estudo da Demografia Compreender a razao pela qual a Demografia actual e simultanearnente una e divers a • Identificar as principais etapas da metodologia da Demografia

1.1. As primeiras reflexoes sobre a

popula~ao .-,

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Os primeiros ~cJjJ:Q_s...Q)!<1~_.el}~9Qt[~lllQs)!I.gp,n$JJ!g~m~!l.10_s..Jl~lqg!l0 a que hoje ~marnos pe~~"~p~!!!g.g~illQg:~:@£gX~mQQ.tam AAQt.ig!!iQ.:a~e revelarn a existencia de uma certa preocupa9ao com 0 crescimento da popula9ao. A Ilfada e a Odisseia apresentam-nos, em geral, os deuses com familias numerosas. 0 Antigo Testamento fala-nos na necessidade de um aumento da popula9ao - crescei e ' multiplicai-vos (Genesis 1.22). A passagem desta preocupa9ao populacionista, a uma reflexao mais coerent~ e ______ ... ,.."'".,=."....... . . .".,,_"...."'_..... ,___ ._ .. ,_-'-_." . . ....... .• ... sistematlca~s~6-avam~<;Q!!.1!.ar na Gr:t~ill...da .E.1?.Qf.fLCJasSLGfL.~-,J}~viliza!;;aQ grandes fil6sofos (Platao e Arist6teles) e urn historiador (Polfbio) concedciam particular aten9ao ao problema da popula9ao na antiga Grecia. ~ demograllsp.artilha (Chaunu, 1990). - Para tomaFpossivel este ideal de estacionaridade, Platao defende a_e~istencia ~njun.tQ de medidas-qm: llisam pJ:ole.ger...a,.;faJ1ia.-ass.egUI:~a.tJ;aJlsmiss.aQ,. ~!erra. ,ll: . . uE!-~~S!~m;g,~ps.". . ~O,D$Q@ty p .YQhn:p.~,da.,popula9ao,,,~,,~a,~,£QllQi­ I~§,~:so~6iniC;(J.s~§~"S,9ciais.,dQ"J.;J;lQmento. Acredita, assim, que e possivel ao poder legislativo intervir, no sentido de procurar manter constante 0 volume da popula~ao da sua cidade ideal. 0 risco pdo ex~~~cres.cimentQ..da...p.QPula9.ao...xesQ.L\cia"s.e ~!I:~e~~.~~_~~~?,d~.1;lJ.?1!.i~~~~,,~~1lJ:c~R
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16

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o direito a vida e apenas reservado as criancas belas e saudaveis. Para os que nao pertenciam a esta categoria, Pl~!ao defende 0 recurso a ~~posixao e ate ill;esmo a elimina<;.:ao dos recem-nascidOs deficientes, 0 que faz com que este filosofo seja conslaei::aao, para alguns especiallstas aaRistoria da Popula<;.:ao, cQ!!!O 0 verdadeiro pai do eugenismo (Russel, 1979). ·····-..~w _.,~,,_""',. •••

-

~i..~-Ari~s (384-322 a. C.) ~§.tao J!!.1&1.Q".P!22fLl!l~§._g_Q".s.!?~~1:l] Platao. E mais realista ao pensar que a preocupa<;ao fundamental e a de el).CO.ntrar §iiiiiUmerQ estayel d§ h,apitames. Esta procura de estabilidade !1~0 imR.licaAe~i§­ tencia de urn mimero fi~~l!~1>i!~!~~~.S:.2£l2<,~£911t~S!~"l}.
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~..-u..j'.-.<.f,.:,',of..,~~'r~,~,,;.;J~""~'-:;."""'._'"''''''''';''''''.~~''''''''J",'~""""""'''''''_'"''''OM\\._",''~''''~~

~~~.RQssuir W.!~~iQ~g~..4~"!1Q,§~!Xf!~~QJL9,,,~fi!1!!fT ~S~IlQ.o

~~~E?-= d~}~lilh~~J2g!_~Zl~~~~,~~~~.~!~!~~,B~~~~,,~,~~1.I~~~!~~!!!,,~~gM~~~~~!J~

~~!~~~~?}~1E2J?3!E:;t
observa<;.:ao: «A Grecia sofre de uma diminui<;.:ao de procria<;.:ao e de uma falta de homens tal que as cidades estao despovoadas; as pessoas hoje gostam do fausto, do dinheiro e da pregui<;.:a a urn myel tal que nao se querem casar, ou quando se casam nao querem faillllia; no maximo tern dois filhos a fim de os deixar ricos e de os educar no luxo.» (Chaunu, 1990). Os romanos nao sao filosofos como os gregos. Sao militares e juristas que analisam os problemas populacionais numa optic a pratica, ao sabor dos acontecimentos ..Q,.p~Q.~J]]iliLa,r»,£s:J~£~,d!,~~!~!l~,~~,"\i2."~ll~lml>.~£i2:. e~.~gW11!!lL?_lltitu~... 122Rulacionista. N a pratica, os legisladores romanos limitat,qrn-se a. elabora£ao..de l.7is g1!£.proc.!1sa:'~H!L~!ill.g!.!,,~.~~e o1;ti~&.tiyo (distribui<;.:ao gratuita de terras as farnflias com mais de tres filhos, puni<;.:ao do adulterio, limita<;.:oes em materia de heran<;.:a para os celibatarios). Apesar desta abundante legisla<;.:ao os resultados positivos alcan<;.:ados foram bastante magros, porque nem sempre ao rigor formal das leis corresponde urn rigor nos costumes. 17

Globalmente, E.ode 0s ~rm~ q~~r.:~~ui~ade as questoes relacionadas

1

~1l1~£~R12!§lUL .yg~~.m£!lJfr!m~ntt;~1!nS!l.ll;aclas lluma Rerspectiva politica e ~Q£fi~l. :&-J9-g£!~~,

dominada pelo pensamento cristao, a perspectiva foi bern diferente. !:g,i,.,s!~mi~1tm-~,~~~91~,~~. Tres grandes pens adores destacaram-se por entre os demais na amilise de problemas que, nos dias de hoje, sao 0 objecto de estudo da Hist6ria da Popula9ao ou da Hist6ria do Pensamento Demognifico: Santo Agostinho (345-430), Sao Greg6rio (540-604) e Sao Tomas de Aquino (1235-1274). ~Rjp,ig,!9, 9.C:E~~!t~E11~ill~ nao se preocupou com os interesses da cidade terrestre. Preocupado com a salva9ao individual, limita-se a privilegLa,Li!S virtu£l~ ~:st~~,~~~~.. 5~H",s:~E!>. !~t9· Contudo, 0 extr~~:a;~s'..p.sii~"~.QLill"\y!!illl~i§.~ (que faziam a apologia da castidade absolutal~,§,ll.'~2s (que defendiam algurna tolerancia sexual)_<2~~am..,algr,ej,a.,;:)'..GlatitiG.:;g);L~,,1ElJ?Q~i9ao. Esta clarifica~~ consistiu na def~~.~_Y!!2.U!Q£..tili-ll~19=~da Yig.!LSQ.!lJ:5?!!l.ill~j:iY~; ~orel1!' ao admi.. ~e:r;tl..9E~_~.~m,~oItiLQ.?"S..p.essQas..e....i.ncapaz...de...pxatic.aJ;.Se.melhan.te.,as.cetismo..,~d~f\'1Jl;: ~lgB~lm~.nt.e..Q~.Yill.£~"si5L£,e.~~m..~EtQI",5!~~~sl~.que~~stc)"§.tilJ,,,illdis.s,olli¥cl,.t<.J~QllJlg.i1

Sao Jer6nimo sintetiza, numa pequena e magnifica frase, esta posi9ao ao afirmar: «Se a contempla9ao povoa 0 paraiso, 0 casamento povoa a terra.» (Russel, 1979). E nesta linha de pensamento que e preciso situar as atitudes de §...aul~Q (345-430) ~cl~..sj"Q"Qr.~gQJ;iQ (540-604) ao defende~~m que £s~samepto un~ ;napd()_ -Tu~p,ar.agerar :fi]bos, Apoiando-se principi.o crist~..!l:a,igl!.al.d~ ta das pessoas, recusam a visao gregade~~~'iiviliza¥.~9....qy.alli;'lJb;:.fl (eugenismo). O;espeffi)'peTavlCl:anumanli,COlljugado com a recusa de urna civiliza9ao qualitativa, leva-os a defender ~ car~gr~~52~do~~~,~~!2z a ~£I~,L:gMl!~.~o~Q,Pl:.Q&J;ia..

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~g,,9,£~,~~~[~~.~I~~f.gt~,,~~.2E!2'7,.l2~&Q£qm9,,qY.iJ,~qJJ.~!:,.~G~~Qc,t~J),q~,:t!t~"&!JimjJm;.

9Jl.llsl,§£im¥!l~9s. Retoma-se, assim, a atitude populacionista dos primeiros tempos, havendo a preocupa9ao de afastar as motiva90es de ordem econ6mica. A fome, a guerra, ou qualquer outro cataclismo que se abata sobre a humanidade e considerado urn acidente que nao pode por em causa a confian9a na providencia divina. No fim da Idade l\:1~~~:!.~~~~jn!~I~gl;g~lf"QmE(,~!l,~~QP~l.~ji~~,."s,gQJ:~ s!.e~Jlipg"d~t~m!~UllQ~!!?_c!e,.eSti,l:~,(;l.::l4~JJ"!.unl!!!gJtJnQLqJ,,,J:5f.fQ~~,~...<;'~ S.~2~~2,i.J:lf.en!i<::i<;U2".5:,il2,~~S>r1;9;r~S2nD~c;e ,o,y-~JQ.r9"<;>c,e!i!?~tP.J~ljgiQS,Q,,. 0 pensamento de Sao Tomas eretomado e desenvolvido pelos escolasticos que procuram subordinar a pr6pria vida econ6mica e social a doutrina. Cada individuo tern direitos e deveres, e preciso dar ao trabalho a sua dignidade, 0 crescimento da popula9ao e urn favor divino, 0 casamento e sagrado e 0 celibato (com excep9ao do religioso) e condenavel. o grande merito de Sao Tomas de Aquino e dos escolasticos reside no facto de terem rompido com a indiferen9a relativa as questoes econ6micas e sociais que tinham adoptado os te610gos da Alta Idade Media. Porem, a existencia de urn compromisso entre a doutrina crista e a ordem material ira ser posto em causa com o Renascimento. Assim, numa primeira fase, a doutrina crista e bastante indiferept~Js"g,).!~s.tQ.e.$ l~La.£!9l)::tdas'"c·o~·ap9pill!!~~0 ~ 0 crescei e muliipiicai~v~s e ~ntendid;~'omo ide e ensinai todas as na90es. Numa ~g.?nd::!as~~~"d,~~~~~~~"y,8l2L..£!Q... S.~~~~I1t?,.. ~§Jl~9R~,1~ILG~m2.,.§!lgm:};~~~_~£~~~!:.i~9!C!i".g9~e~2g,"~,gWjHE,~2:,,~?Si~-

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~p.~ia de .uT!F?;"!!:!i:!!:!i!!J:'!!:I!J!Si1.(JJrllJ'£4fa.r;i:i.a,,q.,UIJJITj,iQr;9,{Jb a qual pode ser conside.,!ada como moderaq,!!}I'!ente.12!!.l2.1!Jacio.JJ.i§.LG;,;. Com 0 infcio dos tempos modern.os2.s,§,.i.
~~~i2~~f?EEioralII~riI9.§'!§~~J23!~~!!!RJ]£9$~~tY~~~!l!;..i~]iA<'w;"

de preocupac;oes pOiiticas eec:£!}2!IY£Sl§. Vma serie de grandes transformac;oes esta ... . . associada a emergencia dos tempos modernos: a intelectual do Renascimento, a geografica das Descobertas, a material da aparic;ao do livr~, a politica do aparecimento dos estados modernos. As atenc;oes passam a concentrar-se menos no transcendente e mais no imanente. l'rocura descobrir-se a forma ml.!i§..A9¥.9uada .g~ organiz~ .~.~.§..ocieda9~ ~ .de~~YiYer,1,J1~!h,Q[,*>ooyj£e,,,,!~£!::.~~~. ", -- E nesta linha de ideias e acontecimentos que se deve interpretar 0 culto do ideill mercantilista pela rT"ueza,"as's-ocladcni"vaionza9[o"do'Estado':"A"Iortlliia"d~~'~"~~""""""",,,,~,,.~ ~q,,-, ,:tr"_-"'-t..,,,~,,:,,\,:,;~,?_ " '.-"~~;,-,, ,: ..~ ,-'I" ..,",·•..•"'~;.:',(I',~~ ':~:;~':,: t'};'~,.,l.Al;.!!.~:.· J~'.',w~:r,'I.,":1':I;J;:' 't~":1I.·:.·1" :".~., .,C:;;': ~.':n:1,,f~'~.'!\17,~•.;.:o;r;;::r.-::.~!~~ .si.3E,!~"~I._~,(;U~~J]S].e.n,.g~L:¥r9.1yxrt~"gxJ~~pgr:t;~~P~.~,)p:lp4~~,;:tl}yf,t1.~~jsl;;t4~"sl.~,,;w;y,:,f;§~ :9.9Jort.~11~~.~pml~K~x."i1," .~£9Q()Ni:~.: •..1,<~~i,§!.~"(l.st~"..4~;."1;':,'t!:,§..~{'!;~~.. ts~!~_"L'?;l?
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Neste contexto, nao e de admirar que2- doutrina de ip.,sEir~tiJis.ta. seja considerada, no seu conjunto~~~£i~~..\ll,fr~. Este populacionismo e defendido por um conjunto variado de pensadores que explicitam vanas reflexoes interessantes sobre a populac;ao, aceler8UDo 8S.sim...P~.... £Q!).duzir ao aparecimento da Demogra,fia, CPJIl9. cieu,~ , N~·;~~rcan:tiHsmoitaJ.lano'exlStem·tr€;·g;ande;pensadores com reflexoes particularmente relevantes sobre a populac;ao: Maquiavel (1467-1527), Campanela (1568-1639) e Botero (1540-1617). Maquiavel, apesar de 0 seu pensamento ser globalmente considerado como mercantilista, nao aceita todas as ideias que caracterizam esta corrente de pensamento, nomeadamente no que diz respeito ao principio de que 0 Estado e forte quando favorece 0 enriquecimento dos cidadaos. Porem, ao defender 0 !?£!lto de vista de que uma :e..~pulaC;ao numer~2~ r~E9.~...Q..JlJJ£t~J:AQ...llrin£ip~J~.d_o12ta '!!!!l~ ~tu.d.e...cl.ar.amellte...J2QPJJkGi.Ql!i.sJgj" . ~ela elabor@:_,_~Lf:Y.lli!:am~tQ.~_JllQ~,2E.~~'_~~~~'~~~M?".:!!~pic2.' desenvoly~!).i2. idc:,i~.~~1:!g~!l!f~,~_JnQi1:Q. ,Im~~!,m~~w,<;li:L~.,,5!~~Rla.m..9. Em certa' mea1da, ...J:§!.Qma...a-discussaQ"dQs..as.pe.c:tQ.s",q]laljtalj:M.Q,~~O, ao afrrmar que as relac;oes sexuais consistem em unir mulheres belas com homens robustos ....I.as~~m,::,J,. igualmente '.@~._~,~c.!~!1h£l~Jig9,".!~nWL<::b'!~Q~.<:l() ... :n.J!.,.JP.elhoria. .das_es.p~.Gi~~LC.qQiQ~,,,,,y,, cavalar e tanta negligencia no desenvolviInento da espe~i~hl.l:!n@,~:., "?-

",,~,c1~er!AQtg[p,...uID.a.:,pQpiJi:a~ao~.:ilumeiQs~d~i~,~~i.p.iiiR~J6PJ.~Q£1l,R.~.9~

j3s,tili!Q... Para que tal seja possivel,~!!Si~Q,Ji~l1.yplY.imento"da.,agncultw:a",."d..a.. ~Il:~li~y:t~Y1:l.~tyer~i1J£~9o~~L~!~,~,2fi~f£~,~ Mostra-se contrano as ideias gue defendem _a nc:~de da ~.B?
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, --

. Bodin (1530-~~L! urp_~9:~2!2,_~,"!!.r.!l~.fQ!"£QA~~l!.t()ricl.a,de do rei: Elabora algumas anaIises interessantes sobre a popula<;ao do seu pais, desenvolvendo uma tese que se resume numa simples frase: Nao.e.Jfi§1fLn:1aiOUJ.fJ.lJ&1£L.JiJ:LQJJ,.e...as..h.a:.. ..!!2:!!s. U mao p.2£?1~os,"~c~l1<5mico_s muito desiguais. - "" , - -",--, "'..-.--"~ "'~

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~'-"" 0 m~rcantilimo_de_.B..QQjn.. ,~,MQntf.m:~,§ti~J),JQLnil.p:r,~ti9'!·JI\~.!~rillli6..~<;l.Q...p.o.r ~?,I£~r,:t.:.lRi:tlAs.tJ:Qcl~sfi.l1<m<;a§(:k,L-gt§)S;JY, no periodo 1661'a 1683. ~Jl!~".p_Q!iti,<;.Q. d~en~~,_,fP!mel!1Q.",4a41QPJ!la¥.~.<;t,,£9,m_!LNg]Jm~l11Q_Q~.,q)}"~,._,~,~Fx...t.Jayg,~~¥'~lJk "palan~a"de .pagamentos, ~~yg.r~S"e,!l9:~ ..il:,~ J'!;!llflj.::t~l1EI.P:~r.2~,a,~" ~_l:l.}~gr.l:!:~!£: Para estimular a imigra<;ao, facilita as naturaliza<;oes, da privilegios aos imigrantes e torna diffcil a emigra<;ao. No que diz respeito ao estfmulo das familias numerosas, publica leis importantes: os contribuintes que se casam antes dos 20 anos sao isentos de impostos ate aos 25 anos, os que se casam aos 21 anos sao isentos de impostos ate aos 24 anos, os pais de 12 filhos vivos legftimos ficam isentos para sempre de qualquer imposto, os membros da nobreza que tenham mais de 10 filhos tern direito a uma pensao. yauban (1633-17072 lll"econiza um po:e..l:l:!~0.£r.l~~m9,m!!iLI!!.~1. E um antecessor das ideias que se iraQ desenvolver no seculo XVIII, ~2<.££~.~3!:=~r~~~ ,grandeza de um monarca nao se mede pelo mimero dos seus subditos. E J29Qu'lacionista"ao _®fefiQEL1jlIe:a:fli1ta:lIe:j5~QP1ila~§Q':':~T:i:.JiiaiQi.de1gra~~L,q~e-p.,Qde... !S0nt~~~E~?!c~I!l2",.>R~@~:§t;.mQq~I;;tg.Q:J1Q._pr~cis.3X.qlJ~,Q.v9Imnenao .~. s.ll:fiyie:n~~ e que ~.!!ecessario que os subditos sejam felizes, em particular os que pertence.!ll ·'~s classes~iD1eiiores. reinado- de'l.,ufsXIV, 'teridoa c6nsci6n~ ·ciad~deseqiillffino que existe entre 0 montante dos impostos e as necessidades das pessoas, P!2R~~_~_~E!~~_~g.g~j)1:n?Q§tQLqlJ_~at~.nuem.>a~}l1jll~ti<;~s,_.de.JoJlI1:?:~ melhorar a capacidad~de, 1:J:'~l;>?J]:;tQ,~",::l._aJ')'JXl~ntar.a PQPUla<;;lo. Vauban ficou conhecido nahist6ria do pensamento demografico nao s6 pelas estimativas que elaborou (estima em 25 mil 0 numero maximo de habitantes que a Fran<;a pode ter), como por ser 0 inventor dos refens..eam~t£§., ~~>.~~~~>,~.,~!~P.2~~Ra,rll~.~"§,Y..~ importanc,!~~,~nJ_lld.e_,utilidade__para..a •.administxa~i;lp: .~ao.. e ,PQ~~JY~l"g~m..,;~l))1a" lla9110 sem se sab~ro nlimero excacto, de,habitantes-"a:s.ua._profiss§D, .religiaQ".e~ c6ndi~6esde vida. '.,' Na Inglaterra, ~,m~rcantilis.mo•.toma-um.aspecto. diferente do . me.Fs'aFl-til-ism.'(')" t!fln~eSe'·<16'-:rnji~i!ntilismo,.ita1iano. E menos homogeneo e evolui ao longo do tempo. Nesta evolu<;ao nao existem apenas aspectos formais. Existem questoes de fundo que deram origem ao aparecimento de duas correntes~"1§';'11Q.mn.ciill~,

Nos'"i1ft1mo's-anos'do

20

~popu~on~~da.f.Qill.o u~3Jia,yel,

entre tantas outras, ~sisJema ,So.:

~ p~s~_~~~"£<2Eul~!~~~.£'~~?El-2)"ll!~~~.s.~t:lt~_.~lJ1si-p];Qpg~..,_£.a(;),.@s prim6rOios_.da . cl.em9gIm(l..£i..~:ntif1.Ga..

- ..~" Na ..prim~~~~~l2:~!~..1l~.2_~!!fSm!r..~ID.9._~JlJl1..1;!.Q];mill£.iQ!1i~mQ<~imJ:~c;1lte, lll,~~

autOres . que def~:tl"4~m.::!.~x~§t~:RGic:j.g~1llJ). ..~q;q,i.l:(btiQ.<~nge...(I. . p.Qp.~la~n_e..Os,Iec.lJ.J;S.QS.

,,(Thomas' More, Francis Bacon, Thomas Hobbes).

Thomas More (1478-1535), ao estudar as causas da miseria do seu pais, pen:ili. ~ue ~sJ!! ..L
92JliY£l.s!!!$.

Denuncia as reservas dos proprietarios da terra, ergue-se com vigor contra a extensao da criac;ao de cameiros (cameiros carnivoros que devoram os homens, ao reduzirem as superficies das terras cultivadas), SQnsidera que a base gE.. cidades sao as fanuJ!,~L~
=~.§l,~:~~.s"~~ftn:dT
Francis Bacon (1561-162'§ilL~£.Q!li~ ulJ.Lcre.~.f..Lme!1trLg.UQII!!..l.§..£.~g.siQ!11!n(lQ::.", lw.@,te~qualitati:vo~. e ~'!1!!?JP.s§"JjgQJ?,~s".( 15 8 8-1679Lc~on..f5?!1.ttl!.!!ii.&!J..(l§.~:'!tyn¥,Qi~ ~9R!1f!?Ei9.,e,Htr~.~,J?_QRHl~¥~9,.f),()~.,[~Gqr~o.s. P~~~g.J.gL~uil1P».i?.L!!~.§.­

"

~ario

um e~f~Q..PJ.Q.Qlli:iY.Q,..£2g!~1l,9!9.B-2..f2Q§"l!ID.9..".IfSill§.Q}L~m,i...g;ra£aQk,Jim~GilSQ.. A linha fundamental do seu pensamento pode ser resll:rllldi-na sua famosa frase: 0 homem e lobo do homem. Contudo, se ~J~Ures fI.1QsQf~","L1}gles~s.,_~~l!£.~IJ.~~~I}!~!m~H~J?E~~JlR~~ com 0 eguilfbrio entre 0 .crescjm.~.I1tQ..g~...P.Qp;gJ.q~. aQ.J~".o.s,. I.ecurs.Q.s, !!2,,,§~£1112Ji:Yl!, algo de novo . ocorre. ~lggl~!~g~":_Jl,:O~mQgrme..Gome.c;a,i!.cl~oQ.s.".s~.H~. .l2.ti~i!:..Q§. p~s§2'L~Q1ml~1~ncii." .-- Aparecem nomes como William Petty.. John Gr~~!.l"d .H~l!~Y, 9u~ comegam a considerar que os prolJlem~§~ Qll:,PQPJJla9aQ.. \1eY~:gl ~E!r..,@'i:lJi§,SJ.JJ,Q.s...>e IDedf.SI~§~imento .Q....a...p.Q.p_ulac;ao....ser."um"bem,_p~.~i9»...Q jI-_Mender. Nao e de admirar tal facto. A populac;ao progredia muito 1entamente, era constantemente ameac;ada pelas crises e era necessario proteger 0 comercio dos extremo~ 0 ~C:;_l!:r.~g_tgl:!~Ig.

21

prfncipes com urn exercito numeroso, 0 qual s6 seria possivel com uma populac;ao numerosa. S6 ~SJ!JQ.1C.xm"g . . grY.~<;~'wYll!Q.
1.2. A quesHio da populac;ao no seculo XVIII e a emergencia da Demografia como ciencia Os primeiros aI1.Q_u!9...!~.'!J.2.2:c.Y!!L~~2..,.~.~~£,t~!i!i~gg.~,_p_OLl.una,dimim:t.~!£~~ J~glJlllll.<;;aona.maioLPart~. dos.p::t$sei'\ eur9P~~.§;.. ?ste declinio teve· como efeito 0 revigorar da atitude populacionista. ~.§.~g!lns!~_rg~i~~~gSi_S~ ..~¢c~.12.7.~a.,§,".~.
de ex,istencia mel11Qra,m e. o .. n.pmero de habitantes aumenta . em qU:'ls,e!OclQs . 'o.s.

·£~!s~s.~l.lr9P~t:\~. Na Franc;a, por exemplo, a'popuia9~o"passa'de"n~ 0ui9 milh6es

de habitantes para 26 ou 27 milh6es no momento da Revoluc;ao. N a ausencia de' informac;ao estatistica suficiente e de boa qualidade, alguns autores da epoca sobrestimaram a relativa provis6ria diminuic;ao da populac;ao que se observou, em particular na Franc;a, no inicio do seculo XVIII, devido aguerra e a miseria nos campos. E verdade que 0 inquerito TQ..illlda
e

I:::fs__

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siefendict.~~ fu.~.9L~MontesQ.l,lk1L~_Jl_a.1Dgla.1f:ll:!L.PQ_LWalla..c~. Pens~_.9E~_~!:!:

,e.2pulaC;,aQdo J!l1ll!Q.Qll}:L1:n.~m!l;LQ£!1!!:i:ll!nent~. d~~c.l~,q1JJ~.Q .g9v~mo. ve1e.p.elaexisten. cia de uma prosperidade gel}~r.~l!?';i:lc.l~. Alem dis so, §~tacoJ;lvic.to_ da existencia de llni-pode~ .~9, ipsi1llt?"de~ p~ocriac;ao que. faz duplicqr . a ~specie llumana.•.eJ)l",c1!.Q.a. gerac;ao. Nestes termos, ..!t..S~!.~,~!r,Slf~.~.}}~,9,c;Iesp()vo?JIl urn paistantQ ql,lll,l1~qse., iilia.giri~E~r.92,~_9~.~!l.~!iJ:lt.9,~~.t!0l}l:~~2,f~7.,P?,Y9.~de novo. ~012.11~89a9 r5!gl!la~$.e.. pelo nivel de subsistencia. Vma diminuic;ao da produc;ao s6 por si reduz de uma "-rnaneil-a de habitantes, enquanto que cataclismos, tais como as guerras e as epidemias, tern apenas uma incidencia limitada. Este ponto de vista, ou seja, 0 de quSqg~l9.!!f?IJ?.9J2!:!la<;~().. !e.!l:c;I~_J2ara.- .l!ffi Ill.ax..it:noql,l~_e...det~nnirlado..p~la quantidade de alirnen1.QsJQiJfI,mMn:t.d.efendidQ.,pox-outrQS..aQto)"~s~clm;ante...Q,"se.c.ulQ, ~VIII, em particular porJ
cteclsrvao"n:iimero

22

~om 0 esonorpi~1Lg~.,2ti&~[l~jr,!~~4,E!§>:lJs~,sh~s!cc~~~nqp,( t9_aQ:12~1),~ ,!=?~ ~. yai s~..s2!l~i.~~~e,::~~S~~"S,:~~&~?,~_~?"4~K~J:l4~r () P?n,tocie vista do glleq~~ homens se multiplicam eoIllo os ratos 4~~4~ qu~tenhamm~io,s ,ely, suq§i~t~p.c:i,~: ·Por6m;'O"que'toma""este''autor original e 0 fado de'tomar em considerar,;ao factores a que hoje chamamos de socio16gicos. E verdadequ~p-POPJl-~;:t~aQ~.C:9114i.-c;io!!'~Q~. E~~~ ,RE?~~~!~=,g~_,E!~i2§..?.~.,§1l!?~J~,!§gS~;::m~~',i~mMm,,~,.pre"c:i~o, t~r ,,~l}l ,£S!nt,§\;••2,., moao de vida e os, hd,bit()s,§()cjais,:, os homens de alimentar,;ao frugal podem mul· tipE·car:se'·mais~;:apidai.ente 'do que os que exigem uma alimentar,;ao abundante

e variada. 2J?!:2g!-:~~§2 ,gs>"l'_e.~~~sJ_¥.:)~.~" S!YW~1lS~S>,t~r.r?-a.,!~H£~Hsi~~~L,E~c!,~zir: ,erdade e d~. feIiC11ade~d~s ·llOm_~ns. Mirabeau t.illJl.b~q.u.\{~QPa.-do..s,eUJ~mpQ".se"e,s,ta

i~.~~~E~~~~~£g~,~~~.~~~l!~~J!~S~p~~L,§",~L,§~SM~!}.s,t~",g~,~qgti£)±lt~~~; ,9,.~~~?,. ~ ...£,.~

consumo demasiado de um pequeno r;uimero .de hap!!.1iIltes. S6 0 progresso. <;ill. penriitir~fvatonza:tas'-ferraseaumentarapopula~ao. Esta visao verdaderramente optfillistacfa""rera~~o ~lltreapopU1~oe~a'subslstencia, subjacente ao pensamento de Mirabeau, como alias ao de todos os outros fisiocratas como Quesnay (1694-1774) e Necker (1732-1804), resurne-se na seguinte frase: 0 maior bem sao os homens e, em seguida, a terra. Finalmente, sem procurannos ser exaustivos, existe um conjunto de autores que durante 0 seculo XVIII, ao explicitarem a ideia da progressao aritrnetica, da progressao geometrica, do equilibrio entre a popular,;ao e os recursos, como e 0 caso de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), William Godwin (1756-1836), Adam Smith (1732-1790), Benjamin Franklin (1706-1790), Stewart (1712-1780), Young (1741-1820), anunciam 0 aparecimento de Malthus e da Demografia como ciencia. A patemidade da palavra D~m,Qg:r.afjJt_,,~~,,~mge.r<:lLa,!ribuida, aA~hille Guillard. Em 18-55-pubiicou-uma'obra intitulada Elementos d~ ;;:;;-'O~Demografia Comparada (Guillard, 1855). Curiosamente, no prefacio, 0 autor pede desculpa ao leitor pela fraqueza de ter cedido as exigencias do seu

agnciiiiiira

"Estat(stzca 'Hum-a: 23

editor. As exigencias consistiram em Achille Guillard, por raz6es comerciais, ter sido obrigado a alterar 0 titulo inicialmente previsto para esta obra - Estudos de Demografia Comparada. A£alayra pemografi~ fez assi.m...a-SJ.ULa~p-ublica c!e.uma formaatribulada" em mel!dQ§ c:losefl,11Q_X:JX,."~_9..,~,~Q~!~da a Estatistica. '-""'Porem, muito antes deste curioso acontecimento ja a cie~~El-da'popuia9ao tinha dado os seus primeiros passos. Estes primeiros passos consistiram em considerar os temas populacionais como interessantes em si, sendo por isso passiveis de tratamento cientifico. 0 acento t6nico comeva a deixar de seI~ex~lll§!Ya.r!!~!!!~P.Q§.tQ ml.,q!§~!l.s§a(). das vantage.n~~jJl.Gpn'lenielltes,do,.crescimento"da,pop.ula9ao,nQ_~CJ..l!k )ibrio ,entre . a 'p0pu1~W}i9.e.,.QS .recurs,os, ,Q,u.aindana ~:lis.Gl!§§,~Q~dgs,consequen~jas~9~ S~t!0s. !,\~pectos, qul:!lit~qy:c>~,e.., q,l!~nli.t1!l!YQs .g~uma"popllla9iiQ. 0 que P~91L~~ ,i~P2r:t:ll}I~ JQ!,,:;tJ~rocura de um~.~!.gis:.~q,,!ig~!'~.§.Q~..9.l!jJ.QJUIl!e.. bQj.~.~(~l1.~m..am.9.§~ ffigyimentos e.,o.~ u,mi:l ];>.Qp.ul1wao. E, a fase dos aritmetic()s polfti~Q$: ,-' Filliarn ,Petty (1623~i687) foi. 0 primelrcii'jIJ,yentarotern1Q, 'c~jo' conteUdo piocu;;~~;(pllciiar logo no pref;ido' da 'sua obra' intitulada il!.i1l!1ili.ft::-_fg,WJs;/£. «0 metodo que emprego ainda nao e muito vulgar... cons{ste em expriririr 'em termos numericos, pesos e medidas, em servir-me unicamente dos argumentos dados pelos sentidos, em considerar exclusivamente as causas que tem bases visiveis na natureza ... » (Dupaquier, 1985) ...Ag:~y§.~.,Qll.i!pli,ca9ao,deste,.metodo.•.W'.•~tt;y~ Eroc~~~ conhec~!".9l~.t~!iYSl:!!!~J:!t~J?§ .. wg"iIIle12tQ§ ,.4!l. p()pul a 9ao . Porem, foi John Graunt (1620-1674) quem verdadeirament~ e~~~eveu 0 primej; IQJt¥x~5!.~.Ar!lill{!i££l !,olftic~.intitulado· Observar;6es naturais e po[(ticas feitas atraves das Listas de Obitos (Vilquin, 1977). Elabora uma auten*.a me!qs!ol2.W. s~~!!:!ill~.~.i,: constr6i tabuas de mortalidade com base nos arrolamentos publicados semanalmente, a partir do seculo XVI, arquitecta diversos indices interessantes como, por exemplo, a rela9ao entre os nascimentos e os 6bitos. Procura investigar as causas dos 6bitos e estima 0 volume da popula9ao de Londres em cerca de 384 mil habitantes, enquanto a maior parte dos seus contemporaneos pensa que esta cidade teria uma popula9ao de vanos milh6es de habitantes. ~dmund Halley (1656::L~~z.~~.t.r5~.!l9.rp~!!lat~l!.l:~!i£.2~j2ijgg!!lmWJ!;Ulm.ch;)s primeiros cien.ti~t::!,~.
Esta visao do mundQ•.~<:!~~.f!.§.lniciada por W. Petty, J. Graunt e E. Halley, aos-quaIS podemos juntar outros nomes como Mathew Hale (1609-1676), Gregory King (1648-1712), Charles Davenant (1656-1714), John Arbuthnot (1667-1735), William Kersseboom (1691-1771), v.ai.cleseIlvolyer~~eJTI.\!ij;Qrapidamellte"dur.afl~ §§9p192cYIIL No entanto, os trabalhos realizados por Buffon, Sussmilch, Bemnoulli, Simon e Moheau consolidam de uma forma decisiva 0 trabalho pioneiro de W. Petty, J. Graunt e E. Halley. !3...Yt:f9~n (1707 -1788), E?:~!~:r!1a!~c9 e, ~~t51!f~):i.s21 traduz os trabalhos matematicos de Newton (1643-1727) e, enquanto director dos jardins do rei, interessa-se pela biologia e pelo desenvolvimento das especies. ,!21!:£Usil~tresJej~fllllcl:jJJ}eIJ,l~~§".9.f.l 24

f~cundidad51A!!i.!.nel: a fecu~,diclade ,e inversl:l.I?J.~.nt~. prqporcional a .cIil11~Il~aiL gg ,animall 0~~E~~~~n~~cip~ii!2~jU1'!~c.vlin9§ .. exs:~d~,co miJ:rlero. ~e. nasCirne.I1tg§ Jemininos~_~~~Lq.Qm.e..~.!!.f-~£i!Q._q~.s. e-especit:S,aumenta,.a .fecund,idad,e. Contudo, e na hist6ria natural do homem que encontramos vanos ensinamentos importantes para a consolida<;:ao do pensamento demognifico numa perspectiva cientifica. ,...;;A....... "••obser,. _... __ va<;:ao mais, curiosa reside na rela<;:ao~.ntreadllr:a9a()cl(),cre.s~imento de urn apiIIla1 e a sua longe'Vrdllife: 0 desenvolve=sedurante dais ou tr8sanos vlve de &5ze"anos;ctliomem desenvolve-se fisicamente durante cerca de dezoito anos e pode viver ate aos cern anos. E precisamente a partir deste ultimo aspecto, ou seja, da verifica<;:ao que 0 homem morre em qualquer idade, que the surge a ideia de construir uma tibua de mortalidade em termos cientificos. Como, na epoca, os seguros eram elaborados a partir das tibuas dos 6bitos dos clientes, Buffon apercebe-se da existencia de uma veracidade duvidosa por dizer respeito a uma popula<;:ao muito particular - a popula<;:ao dos rendeiros. Como alternativa constr6i tibuas a partir de uma amostra mais ampla (vanas par6quias de Paris e da Borgonha) e utiliza uma metodologia bastante pr6xima da actual. Consegue ~ol~a:_que se teIJl u~~. pos~~jlig~.~~~~E..1_£l~~J" ..1~>~~!!~r.a!1te~"d~~ ..~c,~.().~._,cl.t!,.idad~ ..e.9u~.~,~~I?~_r~~~~ ~~~ (este termo nao e empregue por Buffon) ~"de, ~~, ~m~t CaJspla,~gllllo a,qu.e. .~.Ji

-clio

'e

c'erca'

~ot~.s!illIT\~mQs_q:u.QdeJ;).te§."c!stm9!1.~H4::l(;le.~,.pr2c~q,e"a,}~Stimativas,.cl.8.:,I£8~~~~1~4~",.

infantil (Dupaquier,1985) . •~'" johann Peter ~q,§,~mikh (1707-1767), em a Ordem Divina (Hecht, 1984), levou a efeito urn conjunto de anaIises demogrificas notiveis. Partindo dos registos paroquiais de Brandeboutg, el~)l<2~~~!L~iY~~.,1.~J?'21'E.!a,9.qQ_"P?I:~,-<:tgru~~1a, S2pStr9l £~.!~Q.l!a d~o.LtalW.ade""-£§.J£.~illj~.~.J~lg,¥,Q,~~... e1.1tre,,,nascirnentos, ".c.as.aJJ).c:rJ.Il§" e 6bitos. Elabora van as observa<;:6es interessantes como, por exemplo, 0 facto de os 6bIt~s passarem por urn minimo cerca dos 15 anos. Porem, 0 seu objectiv~ e claramente teol6gico, ao Ejirm"ru:..9..uJi..Q,12Qyg~q.m~PJQJI(l,J~rLL.s<.,@~,~"Qr.cjf!mJd!1!irHI.s.t<,m.~ifesta.. qe.ya,n~§l9~a_s, l~p.r.W?~ 1~Y.l?:t~"~.tr9-y~~~(t~,r.~l(l,.<;:,§,.!L,~P,1X~,QA,J));!'~.Gim!
Daniel Bernoulli (1700-1782), medico e matemitico, e 0 autor do teorema sobre alei ,dospequenos numeros. No caso especifico da emergente ciencia da ""_

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p~pt{1;9a:od~"'umaImEort~irte'C2~~ao !2..~Jl§.~tti~Qa~sru~ la na_".u.-.._,...,."' mortalidade enos efectivos sobrevivt;nte.s. ..........:;,:. , . !lerre ~jmQn,.m.&LqJles de L;;!.w.,~l1 (17 49-1827), rg&~iti.£Q_~.~§.y6I1omQ"esl~ ~~. ~,~,?!~S:.~9. . ~~i. s.,tYI).!e,.~!1.q-~Jl...~§!m!!!gm,~Ligi!ge...§ . ~,~.J.l1Qn;:iliftl,l.f!..e., tendo construido uma tibua de mortalidade semelhante a de Buffon. Finalmente, Moheau (1745-1794) publicou em 1788 uma obra intitulada Investigac;i5es e Considerac;i5es sobre a PopuZac;ao da Franc;a. Sepett:y, Graunte Halley sao refenmciados,coJ:llo,os,iniGiadoJes da..ati,tude,cientific';·e;;·i~l~9~9"ip~p~f~~'ip: ~]:[4IiI::y;djny,~nt,:tJ:i.ltglf1y.t;a"n.emQgrafia"~MQhe. a:u.~s.GJ.e.xt;,,,g,primei};Q-",tJ.l,l.1f1QQ.,9~.., ~~!!:~.~~~~1}Rf}~a. M~h~,~~. pm~,,,g.2~.Jg<;;1Q1?~ p&:a,.,;:I"Jeo.g'L~,!(gYJl~:lQ_Jlm."m~!2.12, i~~~:::~...: ,.~ ,fay,()r~:",~1.~93l,~rn~E~R,,~1l:. g~g~l~<;:~0, C2!!tim!~grgg.9,!;l~1§.s.Qi~ ~_~~. ,~e,~~~~~!.::i~~H1Q"9,~;,,g.,!Xt,§_~~LSl.o.,.. 1T~Q,:Y.hQ,_p~11~~ .. flJ:le,,~"R2£J:l!~£~2<J?<2.2~,.,~~r, , ~~tj9~"~~!~,S~H2i8~8~,,§.~,,.~91g~ des~e q~~,~~"~" e!!S
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25

bastante cntico em rela~ao aos costumes da sua epoca. Consciente do poder dos ~ircufos~preveiitiVo§ que limitani a natiUidaa.e:"cc§.den~-'£2.~ggr a restri9aQ. ~w...I1as,cimentQs e denuncia a sua generaliza~ao nas classes dirigentes. Porem, em finais do seculo XVIII, na sequencia de todo este conjunto de ideias e metodos, que surgiram em tome da problematic a populacional, um acontecimento particularmente importante vai marcar 0 desenvolvimento da Demografia como ciencia da popula~ao - Malthus publica 0 seu Ensaio sobre 0 Prindpio da PopuZar;;ao.

1.3. A importancia do pensamento de Malthus na emergencia da ciencia da popula~ao

Thomas- ~obert ~1.tI:ill.§.,.n.::l,§_<;:~l,l.,~mJ7.,.QeEe.Y~t~i(Q.Jl~..lI(i6.."p-~J1o_d_~G.J.tilfol:d (Surrey). Era filho de Daniel Malthus, espfrito culto que aderiu as ideias de Godwin, Voltaire, Rousseau e Condorcet. Fez os seus estudos em Claverton, Nottingham, e depois em Cambridge. Apos os estudos, recebeu as ordens e tomou-se vigano da Igreja Anglicana de Albury, em 1796. E nesta altura que reage violentamente contr~~~, ig~l?-1i.,QQ,".§.~1L"p.lli.a~!ID.w~J)..s_gQX_eJJJ.~~~ill~LOS ilulllinfldqs, POs~_I:QQ.gi!!._~_gIJJn~"£Q.i~,~,.~~1!~l!!.t~?;?-.~IltQflUJ,,daMda=,~sp-~,Q!~~,JJJ!m£l.lli!:· Se exists<

!ii!§~D~,._(),~ni~~.E~~~~~o ~.!1:i~!~.~a~_~£_S!~§S!m~11!SLg.a.:,pgE~le.9,~2~~,,"~,mf:!b-.£ti~ ~j2I.Q.gE.!i"yi~~~~ ..~~, ~~I,i,s~l,h)f,(l".

Em 1798, publica um livro que nao tem 0 nome do seu autor e que a posteridade ira conhecer pelo nome de Ensaio sobre 0, ~rindpir(da PppuJa(;i!:o,~ Em 1803, aparece uma segunda edi~ao, ja'~assiii~ada"com' 0 nome'do imtor, na qual algumas das conc1usoes da primeira edi~ao sao abandonadas. As edi90es sucedem-se, 0 que demonstra 0 interesse por esta obra. A 3. a edi~ao surge em 1806, a 4.a edi~ao em 1807, a 5. a edi~ao em 1817 e que foi a ultima revista pelo autor. Em 1805 e nomeado professor de Historia e de Econonria Polltica no Colegio da Companhia das fndias Orientais. Durante 0 resto da sua vida continuou a trabalhar nas sucessivas edi~oes do seu ensaio e publicou outras obras, nomeadamente os Prindpios de Economia Polltica. Morreu com uma crise cardfaca em 1834. Tal como dissemos anteriormente, em 1798, Malthus publica, sem mencionar 0 nome, um livro intitulado ~£"~£?:.~,,,q,.,r.rirl(;fpi()., da Pg!?u,lar;;.,O:p - como afecta o futuro progresso da Humanidade, com notas sobre as especuZar;;oes do senhor Godwin, do senhor Condorcet e de outros escritores. Trata-se de llll).J~YI9l?qh~wibQ b~s~?-92".~!!U!Q£.l!Jl1,e.nta~.aQ,IDuitQ ..sYmm;:t..~ _t!eoriS€l. ~q1f~ ,nfQYWJL!JllLa.urentiCQ ~§.~andalo, 0 livro faz escandalo devido a uma das suas teses: ~J§.§jS1;.~fj.~,~.a.Q.s.. pobre~~~~~"~E~J'5~riQ,.,1!ill:!:I: ~Q§.m!:!~!~ip!ic~r .s~mq~",529..!!§2Iar, Tambem escandaliza devido a forma como a tese e apresentada. Um simples paragrafo desencadeia uma grande indigna~ao num mundo onde emergiam os ideais da igualdade, do socialismo e da solidariedade entre as classes oprinridas: «ll!!Lh()Jl!~!1Lque.nasce..num :rg~!2g2.j2>£Il.Rq9Q, . s.~."nao_lhe~e~PQssi:veL obter,dos.~sel1S",pais,os "1J!~iQ§,,,g!=?,.§'l,l]:>siste.n7 cia. ,. ese, a ,§ocied::tdenao, teAL, Ilecessid,ade_JtQ._s,e.JJ..Jr1!Q~lQQ.. _n[<,:>-1:err.u!i~ilQ..a r~sl~..§I;-illiIli.!!lli....l?9f1:e dJi. alimen~ao _e estLll mai,§,. No grande banquete da

26

natureza, nao existe talher disponivel para ele, a natureza diz para ele se ir embora e nao tardara a executar esta ordem salvo se recorrer a compaixao de alguns convivas do banquete. Se estes se apertam para dar lugar, outros intrusos se apresentarao reclamando os mesmos favores. A noticia de que existem alimentos para todos enche a sala de numerosas pessoas. A ordem e a harmonia da festa sao perturbadas, a abundancia que reinava anteriormente transforma-se em fome, a alegria dos convivas e aniquilada pelo espectaculo da miseria e da penuria que reinarao em todas as partes da sala e pelos clamores inoportunos daqueles que estao furiosos por nao encontrarem os alimentos que lhes tinham prometido.» (Vilquin, 1980). A controversia que 0 paragrafo do banquete gerou nos saloes elegantes da epoca foi de tal forma importante que fez passar para segundo plano os aspectos mais interessantes da sua obra. Indiferente ao sucesso do seu livr~, Malthus continua a fazer novas investigac;oes de forma a aprofundar as teses principais do seu

Prindpio da Popular;ao. . Em 1803, publica uITl~noya~<:lic;aQdesse ensaio,assinado com ? sell nome, mas""quee"
• 0

volume aumentou consideravelmente - enquanto que na primeira edic;ao tinhamos urn volume de 396 paginas, contendo cerca de 50 mil palavras, na segunda edi<;ao temos urn volume de 604 paginas com cerca de 200 mil palavras; • como a mud~a do titulo indica, ja nao se trata apenas de uma simples ~x osi ~~oda 'le( d~' infeliCJ.daae;··mas"·ae~"'·ro-·or·sollt'oes·=··lnimita-i'ioaDs • 0

§9I;~£i~i~~~i~9.:s~~~gt9'i~~~2~]fi11iYp'~]9g_S.~~~~~t~"iq:f; mento.

a b& ~~~!:.~a. .~'!H~~§!:~~~;...Sl"".g:g~%g~m9!l§t1;iaJ),,,i!1!~~§'~.Jl~h,~ (3. em 1806, a

4.a em 1807, 5. em 1817, 6. em 1826 ... ) IE:as, a ~~!J!~;':,~2!£~2,,£J~~12iW,,}lit~m J1!l1d~entJl<:lQ.»~.m,.U!!m~w(),§~~.,. ,.9P~~,J;X!Io~2,~~"g~~g:tl~~~.~~ ,~~~m.,l~jtl!!,',~~,

Talvez toda a polemic a gerada em tome do conteudo e do verdadeiro sentido das diferentes edi<;oes estivesse resolvida se, como sugere J. Dupaquier (Vilquin, 1980), Malthus tivesse chamado Ensaio apenas a primeira edic;ao, uma vez que a 27

1 partir da segunda edis;ao 0 que se tern e urn Tratado do Prindpio da Popula~ao com pequenas varia<;,:6es formais entre esta ultima e as quatro seguintes revistas em vida por Malthus. Em todo 0 seculo XVIII, tanto na Inglaterra como na Fran<;,:a, existe urn autentico turbilhao de ideias sobre toda a especie de quest6es: popula<;,:ao, cereais, pobreza, luxo, igualdade, liberdade. Nao e assim diffcil encontrar precursores do seu pensamento mas, uma vez que 0 pr6prio autor reconheceu a sua dependencia em relas;ao a determinados nomes, e interessante apreciarmos 0 conteudo dessas ideias. ~ores gue influenci¥-.@!JY1a1thu:Lill~~:t:Y~DL~}:!Ll?19mkl}tos diferentes

gg ,t~IllPo:. • existem autores que provocaram 0 ensaio - Godwin e Condorcet - a tal ponto que, na 1. a edis;ao, os seus nomes sao mencionados; • no prefacio da 2.a edi<;,:ao Malthus esclarece que, na 1.a edis;ao (1798), utilizou apenas os materiais que tinha asua disposis;ao no campo, ou seja, as obras de . David Hume, Robert Wallace, Adam Smith e.Richard·Price; • na 2.a edis;ao, utiliza as obras fundamentais de Montesquieu, Franklin, Stewart, Young e Yownsend. Analisemos, em primeiro lugar, 0 pensamento dos autores que provocaram 0 ensaio: • Godwin (1756-1836) - as ideias deste fil6sofo, tal como as de Condorcet, ;-;nstituem urn acto de fe na pelfei<;,:ao"hurli'aii'i, n2Jlf()~esE>~;u:~a.jg!!~lQ~g~~ ,nodes1:~~opac#lc9' d~ilossa~spec;ie; para Godwin,"~u~~~~~~~~1?S recer .~12E<~Kl,l!,93l:dl Qrut~lidade, a ignorancia.,.e.,. a. ,duras;aQ._,d~_,:YigJl1lllIll£Q!wa , fazendo, assim com, que 0 ,homem tendapara.. afelicidad~; nesta linha de racioCinio~,'uma CJ.uest~o necessariamente emerge: nao havera urn crescimento excessivo da populas;ao inerente a este estado de felicidade? Q()sl,w.i!l..Pensou no problema e responde ant~cipadamente a eventuais critic as dizendo que, em primeiro lugar, ~,RQPllll1s;ao s~ ,~d!lpta aos",m~i()s.~,s,~5~~~~(),g;[!fic;a PQrqw:~ ,]?QQe,.fril!( 12~
pulacl0~al e~.!!.m"p.rQbl~mi!Jol!g!!1mdg,.PQm!Je"J),.e;~p~9i,~ .,bl!.IDi:J.!1ll,~~!1.C,Q!!g;,~

~~~~~>~9~e.>~5',"~'!?~
9:.~~ggricultlITa;..,a,perspe.c_ti~a_d~.Y~LgP.l!:IIla,P.~<:l\tQ,S<)l,Mgb:" Q,Jjwit~,dos",me,iQs

gi3 subsistenci~ pao 9_3,Ssllsta., RQXg!J.~, !!9 Jl1.tYt9 ,l!£().p.!I:~.S~J'Qa,(), . .r~~~~~~,,~.., I??pula<;,:ao. 28

Para resQonder a estes dois autores ..9ue provocaram 0 Ensaio, Malthus, na l.a e(fi~ao, inspira-se fundamentalmente ern quatro autores:---~~"----~-'--~' ~~~.

-

-

,.

_.,

.,-,-

-~"""'=:':;;;'''::''''=~'"'''''='""",,=..:...<::::n::'''''"''-'':''':::;:="'''''''''''''''''''h'''_'''':'-'!.'';'''_·'-''

• David Hume (1711-1776) -

para este filosofo existeuma enOnne caQ,aci-

~~~~i~g[~~.,.~~s.",I>~p!lI.~~,~~~., ~.~y{~g,.~~c;:S!i?I(IQ.-sL~~m~Jlig":4i=r2R~!i~:i£

lias colonias e a capacidade de recuper(l~ao a segu.ir,a,"uJ!l:,.(l~§fl.§.1X~; aguanJ:i:. .. .. _,·.,'., . .. ' , ..•. ,-,., ,'" , de "meios de.~sten.gi~","(!lm~9.Q~tac-ulQ...JlQ.."qllaL\laL.e.J::I)];)~~1.,e* Y~ s~,l2rQ!ill£~.,.gQ§J1Q!!!~n§~ D. Hume e optirnista ao pensar que lfIQ)).2,!ll governo e 9apa.zg~ .fa.~e): "al}glentar o~ meios de subsistencia, nao defendendo opoiito<'d;;",vTS'ta"d~'que'6 "preciso travar'C; instintodeieprodu~ao e que 0 crescimento da popula~ao e a origem de todos os males, ao contrano de Malthus, que e pessirnista ao afirmar qUCl..Q..unico re!!!eQ.iQ~e "oAcm:!iJ;l.iQ,d,Q instinto',E.E}~~..Y.,~~".~~2-~9LJ!St~"gQY~m.Q>~,!}~.Qg"Q,9.Q~J:~~.J; • ~o1:>ert.~!l~.~.~ (1694-1771) d~~E~,~!g.~i,~§"l:Q!ltr~a.,s:,~s,,;:d~": D,,,,,J.:!gm,,U.9. afirrnar que as popula~6es erarn maisnuIller(),~asl,1,ol?asslldO.,p'0~ql!~,.9R~<~ ="'I'~~"'"

aa:oe _<

"_'<:'';':;I''':'_'''''''':r~".~"" •• , .... '''.t;,._,,~,r''''':''.'''''~'::;! ·.~A.'·.~',;:.~:.-'<.r"."~.'

~.:'

~

S-~1.2.l":§,§ili[~pIQt~z'A~:'Q:li:(I:p::1i~:hf~lr@£9~~. ,9~()u:qnm!g<~§~,§~,Q~ID-,l,i$,~aG~t~

ri£!.$!?e.R9.§.,;giod~m~s.; procura igualmente demonstrar qual seria 0 crescipopula~ao

se ela dependesse unicamente da sua tendencia para a ou seja, se os governos afastassem todos os obstaculos; ~?cpUl:i!~" assim, aJ§.~iJlA~J2!£g~e:~sao ~.Q!Pi~,£!"g~~~~:E~"::~,,.~~J~g~~~9-1?$a­ mento de, Malthus, bern cOll1Q, ~id~ia, !ie, que}!m~" sociedade igualitfuia,S.Q:t:r..£( a'~caIDlllhc;"da'per(fi§~o"devid~'I'~epiodu9io "cies'cQntroiaaa: 4:O:s ~hoIJ1eJJ,s.~ Y=~d< avareza'da'tetTa';-anteS"de''MaItllus''; des'envolve icleias cOlltrarias as de (1o(fwiil'e'c'oi;:ct"Orcet; MliJltpB,La.P~P,~,L9,,,9~Q£:m:~,.v~!£J~:lS.~,Q,"g~,"!y§\U~,So~~,nJL~ que este problema so ocorrera num futuro longinquo; SjiUIfi' tr /23:"1'790) ·~~!'y]!·'a:$ii[ffi1£i:[~.~tgd~Q!gdu!2rj~; terroga-se~ce;rcc:lgae.tl:i§~~nG~~ de Ulnadup4ca~a,0 dapoPllla¥ao cada 25 anos

mento da

multiplica~ao,

Wallace'

• Edam'

Ila§~Q.£~;"::qq::pJdQJ),a,EufQpa~aJD~,Q",!9g~t~e~;' ~ eij?fica~~:&29d~"I¥.ii;:

_~R~i~t~s.!~"!:l~.cl]J~!9§,,,,de..s.J!!?.§,t§!~QS!~,,,~1?E!12~.~~; g~£\;,Ad~,,"[~~!9,,4 escassez de meios de subsistencia 'agrava a mortalidade infantil das classes

lnf~r{Qi:~S:'T~~i~*sH[9:PQ~11~Y9'R~~~M~illi~~)"',~ ,'~~~;nc:Qr:aj~Q. ~~s~~~tg'ii~

que, paralelamenteao .instinto,de reprodu~ao,existe 0 instinto de poupan9a e

4~rp.elhoriad.a~",.C:QI14i~Oes,de,vida, (o!'staculo Er~y~n~vo de ¥3itlili0;¥~~~~: ~prendeu c,om Adarr:L,$mitb..a,.ide.ia..Q~,..Ql,l.2)j£i!.£"~Q.~~,PQI!1!ll;l,~i~U!,.1l.nL..r.i!!E:2

r,~.l?j£!g.~9cl!~!1.c!Q",9.~,cr~GJHSQ&_.,§,~Q~,~!:mn<;!1ll,1!es, ~,i,£t~l~A,@,",Ell,l~~oo~~R~.~~.~ §~m2~gl!fu:,a.~1!it>~.!lt&~~l!),,,@,Q.g.,gj§.t~.Ulll~.lU§Jlti.sitl1£i~,,"q~,,}!1~!g§,,-~,~",iQ~i£t c!~"~q1Jilio;rip'",~ntre'··PQPllla,~.aQ~e.,,mei,Qs,.q£i.~~,1!·lJ:~i§t~,u£ia;

• Richard Price (1723-1791) e importante nao pelas ideias mas pela inforrna~ao numerica sobre 0 crescimento da popula~ao americana que Malthus utilizara ern divers as passagens do seu Ensaio,

29

Em sintese, antes de Malthus ja se pensava que uma populaC(ao, submetida a influencia unica do .i~sti~to'de reproduc;:ao,' duplica"cad~ 25, 20 ~u15-anos:-que­

~t~iIi:~~~~iiRC~P~~-.d~~p;Qd,u~ii:_~~a_quanticlacle4e _~liIIlf!1l!Q~.~p1;ic.~~ntfE~~~c9D;l,;~

panhru:.~s~e cJ:".e.~.<::imel1,to pOPlllacional, que existem ol:>s!liCl,llQ~.q)l~ . P,Qq~m.fLjll~!~,.~S 1?~-~~~~~~ . ~g_,I~J~'_~1r-cle.rec:L!rsos. disponiveis. M~ltlJ.El' aproveitando todas estas ideias dispersas, e original pela ligac;:ao que estabelece entre todas elas, pela forc;:a~ 2r£s!~,~0. S
E neste contexto que e justo reconhecer a importancia de Malthus, nao s6 em ter chamado a atenc;:ao para a importancia da populac;,:ao no funcionamento da sociedade como 120r ter dado um C,,?~ttiP2:!!9..,
Obstaculos que se opuseram ao crescimento da populac;:ao no mundo menos civilizado e nos tempos passados Cap. I Exposic;,:ao do tema; relac;,:ao entre 0 crescimento da populac;:ao e a alimentac;,:ao Obstaculos gerais a populac;:ao Cap. II Obstaculos a populac;,:ao em estado menos elevado na sociedaCap. III de humana Caps. IV a XIV Obstaculos em vanos povos mais primitivos Livro II - Obstaculos a populac;:ao nos diferentes estados da Europa modema Caps. I a X Obstaculos em diversos estados Cap. XI A fecundidade dos casamentos Cap. XII Efeitos das epidemias nos registos de nascimentos, 6bitos e casamentos Cap. XIII Consequencias gerais inerentes a este estado de coisas Livro III -

Os diferentes sistemas ou expedientes que foram propostos ou que influenciam os males produzidos pelo Principio da Populac;:ao Cap. I a III Os sistemas igualitanos Cap. IV A emigrac;,:ao

30

F"

Caps. V a VII Cap. Vill Cap. IX Cap. X Cap. XI a XII Cap. Xill Cap. XIV

A lei dos pobres o sistema agricola o sistema comercial Os sistemas agricola e comercial combinados Questoes de exporta<;:ao e importa<;:ao Como 0 crescimento da riqueza nacional influencia dos pobres Observa<;:oes gerais

0

destino

Esperan<;:a para 0 futuro de curar ou atenuar os males consequentes do Princfpio da Popula<;:ao Cap. I A obriga<;:ao moral e a obriga<;:ao imposta de praticar esta virtude A influencia que a obriga<;:ao moral teria na sociedade Cap. II . Cap. ill o unico meio possivel de melhorar a situa<;:ao dos pobres Exame de algumas objec<;:oes Cap. IV Consequencias do sistema proposto Cap. V Cap. VI a VII Efeito sobre a liberdade civil do conhecimento da principal causa da pobreza Plano proposto para abolir gradualmente as leis dos pobres Cap.Vill Que fazer para corrigir as opinioes erradas sobre a popula<;:ao Cap. IX A caridade Cap. X Caps. XI a XII Exame dos diversos pIanos propostos para melhorar 0 destino dos pobres; pIanos de Owen e Curven; a influencia das caixas de poupan<;:a Necessidade de elaborar os princfpios gerais do assunto que Cap. Xli temos vindo a tratar Esperan<;:as razoaveis que se podem conceber para melhoria Cap. XIV da. situa<;:ao social Livro IV -

Livro V -

Apendice contendo a refuta<;:ao das principais objec<;:oes e resumo da obra

Se ordenarmos de outra forma 0 conteudo desta obra, simplificando a linguagem, temos as seguintes areas tematicas:

--

~

• . • • •

.

Inquerito sobre os obstaculos ao crescimento da popula<;:ao Teoria do Princfpio da Popula<;:ao e problemas dela derivados Solu<;:ao do problema Critica das falsas solu<;:oes

Destas quatro grandes areas tematicas. apenas .n()s. interessam hoje .o~ .llH,!1!!9..§ trespon~os, visto 0 primeiro aspecto ter' apenas'"iiill'lnteress"e"lllst6rTc61inas q;le-a]ud'a:" no entanto, a compreender melhor 0 rico e variado pensamento de Malthus). 31

Assim, 0 fundamental sobre a atitude cientifica de Malthus em rela<;ao apopula<;ao encontra-se concentrado nos capitulos I e II do Livro I e no capitulo I do Livro IV e pode ser sistematizado em tomo de tres eixos fundamentais: PPR!llar;4o.. e subsistencia, obstdculos e remedios. ,- -'. - ....-- ~ ~-Q~~~t~-~~~primeiro dos eixostematicos da obra de Malthus - R£l?.,l!lf!.f,gp",f,,,, s.Jf:I?_~~!.rl:.f!a.~Malthus distingue duas leis antagonicas: ~. lei da popula<;ao que. cresce em progressao geometrica (1,2, 4, 8, 16,32:-:.) e a disii6-sisiinClaque-creS-" 'ceemprogressao arttm~tj.Gfl.jl,.2,;), 4, 5, .6 ..-.).Paii·Maltlius-a-i"eldi-popUia9io fOrinulada nos seguintes t;,r;:uo;:·'c/iAaiiJo a populaqiio niio econtrolada, duplicq todos os 25 anos, crescendo de per{odo~mper:.(q4i:iggJiii(jii}jiP]T~Jii.Qg[~J.­ Saog~ometrica, enquanto que os recursos tem-iendinciaa crescer segundo uma progr~~siio aritmetica. . . - " ,_.co._ ..__..··____. ___ .. -- ..... -~

pOdeser

--"Bsta visao simples e catastrofica necessita de uma resposta a duas quest6es fundamentais que estao intimamente associadas: 0 que e:urna populayao nao con~ .twl~Q.a:LQJ!~l.~. Q. Iitrp.o,J:llal.!l?-u~~~l}lQ__ge_G:tes.cjm~ut.Ql Em rela<;ao a primeira questao, 0 pensamento do autor e muito pouco claro na 1. a edi<;ao. E necessario aparecerem as edi<;6es posteriores para se perceber urn pouco mais. S6 a "Q.artir da 2.a e
=-

Por outro lado, e ~.!2..~~_.:m_~.2~A:~~.¥J?~.t~1~.n.c;"t~LM~.1.!hl::t~JJ~oj£zn~nhB.: rna investiga<;ao preliminar sobre a agricultura antes de exprimir a su,al~i de cres, Ciment() dos ~nJ~ios de sUlJsist~ncia - nas concii96es'mals i'av~r~~ci;:;-p;odU:~io 'd~ irieios de subsistencia pode, no maximo, aumentar uma quantidade igual a produzida na epoca inicial ou sej a, se em 1700 se produz 1 (e a popula<;ao e igual a 1), em 1725 produz-se 2 (a popula9ao e igual a 2), em 1750 produz-se 3 (a popula<;ao e igual a 4), em 1775 produz-se 4 (a popula<;ao e igual a 8), em 1800 produz-se 5 (a popula<;ao e igual a 16) ... ~j.~, u~~tenQ~nGi~ . gJ.l.~.,"ggilllt2"o!!lff!~g t~m2Jl 2_assa, mais afastaoy.()JllJ.ple.d_a.ppp:ula<;ap dQ VCllume do~.J~,GJ1.rS.OS. M~Jfu.l!s ..l:lQ.mi.t~qlle- poss.am..ex.istit:,iactores. -quefQntr;gj,.~m~~J'yj"\t~,,I!~,L?,\I*xiJ?,. tais como a utiliza<;ao de novas terras, a importa<;ao de produtos alimentares e 0 progresso tecnico, ~
32

sejam uma solu<;ao ... e passado 0 seculo XIX e olhando para 0 seculo xx sabemos hoje como Malthus nao se enganou. Quanto ao segundo dos eixos tematicos - os obstacuZos a() cres(:imento da popuZac;ao - coexistem dois tipos de. classifica~o nas sucessivas edi<;oes do en~saio. Na edi<;ao de 1798, Malthus apenas admite 2 vicij) eAmisenA; a partir de 1803, junta urn terceiro obstaculo - 3- obIjgaxao lJlQra!. Quanto ao vicio, e dificil compreender 0 seu pensamento. Em todo 0 caso, Malthus"siisti1).g:!!f_Q.Qi~.tiILq~.Q!:<,..Y.i£t9S: ?_Y!S~(),lJS!.~s~.!iog~£9 (celibato sem respeitar as regras da castidade) >~.Q"YiQi9:n9"S~~~lJg~P!Q (infanticidio, aborto, metodos antic oncepcionais, instabilidade das unioes e adulterio). guanto a miseria, §f5t~~Q.§.ngJQ1:)11.!l!ll_c;9P.j.ill),tQ.g~J:~~tQr,,~~g1:'\~J~Y~m'!,. ~2!1~~!.~~illfl.. Os agentes mais importantes sao os que estao ligados a insuficiencia dos meios de subsistencia -~1E.~~§...s.lima,§'!",!!:.1:lQ~lh9S,J?~1.JS?§'8~,,-~gl};~.rr~. Por ultimo, .!.2!?!.~Q.",moral. Malthus entend~. guest1):rat~uiQ",,c.clibAto..,.em_ .£9n junto som ~ C:::tstidag~J?ro~~~~E!;~"~:,!.t§~(),...~om.s:,l}JQ, ..t1D1,JIl!I<. §~,~£a.l?,1l:?2}~",'1E.;;. mentar uma faJll.I1ia. Em 1798, Malthus afirma que 0 celibato conduz necessaiia~e~t~ ~~~ci~E~ 1803, ja 0 reconhece como urn obstaculo preventivo que nao conduz necessariamente ao vicio. A que seria devido esta mudan<;a? Talvez porque na primeira edi<;ao do ensaio procurasse desacreditar Godwin e s6 a partir da segunda edi<;ao do ensaio come<;a a ter preocupa<;oes verdadeiramente cientificas. Mais ainda, deseja para todos os homens, em nome da moral, 0 cumprimento desta obriga<;ao moral porque 0 vicio conduz ainfelicidade. Contudo, "¥aUhu~ullip .acre..d.!!?,Jl~~~QshQwen~ .s~jmn. §llfic;i.~:nt~rg~!!,te. Y~Qsg~" parapraticar a .obriga£~().mQ!al. Esta falta de convic<;ao tern uma influencia dcteiTIiinrultenaatitude de MaIihus em rela<;ao aos remedios que preconiza. ~ cado diante de duasop<;oes ___ procurar 0 equilibrio entre a pOPllla9ao e,a.subsis., ~nci~1'"~!~Ji,~f~~i~~,4~··nli:rr;~f9::(f~§.~§.aP.:1~~tos~1l.pehl· fil11ita<;ao dos nascimento$, no inte~i<2!. d£s~~~n!<:L;;:::;'().l?!ll"pela prilIleira. S~nte em 1817,compreende .0 remedio preconizado por Conclorcet, ouseja, a limita<;~o dos nascimentos por metodos contraceptivos e adopta u~a nova, cla,ssificas:1P"':"2R~!.~S.lJ12.§"JIl.f,X~~~"J:g§ ~~~~.~~im~n!.Q~.,=._2t>.rig.a:£~.o._.g}~r:~1.,e. Yf~ioJ e,,,p,,~_,2,!?JS~SH1~,,"~, ~tiv()~~~~_~!!!!E:!!..~I~LaS-,n1:lfl£~~jAnll~c;.i9-::t~(JI1i~~rt~) . Quanto ao terceiro dos eixos tematicos - !2M/~mM:ifJ,g - ~~l.th!!~.Q..b.~tJ.~ _~~~ar_gll~g. \IniGO r~m¢dio.qu~JJ,~q_pr:~JJlgi.c;l!. nem~, fe:Jjc;.if!l:J:Q~.JnQt1!~..w..::!.feJici.

d1:l(i.e.!llaterialea, obrig~£aOl1l()ml. Mas, antes de analisarmos este remedio, vejamos

'0 que'6 quese elltende por ~alsos r~me9ios» Sl~~§~~~~~~ g~~~~g:~~c«~,"~"~~i~
• os sistemas iguaZitarios - sao os preconizados por Godwin e Condorcet, os quais:'~Maiilius cnhca severamente por nao resolverem

0

problema funda-

mental;

• a"!l[lig1;,a.r;iJ.o. - em 1798 nao acredita nesta solu<;ao mas, em 1817, ja afirma que pode trazer algum consolo sem, contudo, resolver a questao formulada no seu principio da popula<;ao; • .E-)~i 4g~J2t?.lzrJ:}, - ~1.~.Et,,~Q,JllP_f~y.SQ,L.~~~RWi.9__c!&. :mjseria; urn aumento na procura sem que aumente em para1elo a produ<;ao 33

provoca necessariamente uma alta de pre90S ... esta alta de pre90s vai fazer com que muitos que viviam do seu trabalho sejam obrigados a recorrer a assistencia ... 0 que representa um factor de multiplica9aO dos pobres; acresce ainda 0 facto de esta lei encorajar a prolifera9ao dos mais I!S?c~ssitados, uma vez que estes nfu)"'encontrara:o-raz6es~p~a retaTdar~o'c;;:;anlent;:'~'-6' neste contexto que e escrita uma frase que provoca um esdindalo quase igual a frase do banquete - «ospobres nao tem 0 direito a viver» nao J2.2I_culJW,.,.das classes mais abastadas:nem"devido-ki 'filita de claDvtcl~iifi~g:9~g9Y~m9~aL ,~~~'y@o'purae S!~m~~.ms<~jt,~s.Q4.sS~z.QP~,m..Yig.~; no entanto, a medida que as edi90es vao sendo revistas, Malthus atenua a sua posi9ao .inicial admitindo ate, na ultima edi9ao, alguma caridade publica e privada;

• cres~.!Yrl:ert!~.4Q'§'.1JJ~jg§._t;l,UJl12sistil1G.iCJ, - ~~1hll,~,.,~§lnit~,ggM"l!1!LP,~,~"tifQ,,€(. i~~~~~~~~~9P..l~tQ.~§fb,gJ;<J.9as, ~QS .seus produtos rn
~~.S,911tE.i.1Q:P~q.ue..eme-Fg~a..sQl~.da..obriga9ao. moral . ,comQ . .s~QQQ.1!.»JJi£.a A riqueza do pensamento de Malthus nao reside assim nas suas expressoes provocat6rias, nem tao pouco na originalidade das suas ideias, nomeadamente na solu9ao do casamento tardio que preconiza. A..1iguezg~dQ..s..e.J.l."pJ::l!~ !!!~.tgreside na forma como soube sintetizar e articular um conjunto de i~~i~~SU~,!?.. ~,§tavam dispers,as e ~em articula9 ao entres~, b~.~omSU1~Ll!n-lm~tQ1LillE!ill!~Jl~,§" £2.El!l,~s:oe~ p.~~~~, an.Engil:jJlQQ, ,!s. s.iw ~ ~m~!g~!!cil1.cl.'! De~og!:::t:fillcorq..qSi~D£i~.; ~~Q . J2Qs~iY~l.

1.4. Malthusianismo, neomalthusianismo e as reaq;oes ao pensamento malthusiano Nos ultimos anos da vida de Malthus, ou mais precisamente em 1822, I;rancis, Place publica um livro intitulado I!ustrar;oese Provas do Princfpip 4flJ!gl!1:f:l1J.r;ii.rk. tRussel, 1979) no qual defende uma posi9aO intermedia nas teses queQPQ~m.QQd~ a MalfulJ$. .., .fr?tPc:;js..RJa,S:~~Ill,aJtlllls.iano ao aceitar 0 Principio da Popula9~0: «Quando os trabalbadores da industria e do comercio se tomam demasiado numerosos, os salarios serao reduzidos e a condi9ao desses trabalhadores nao sera melbor do que ados escravos.» (Russel, 1979). Mas nao e totalmente malthusiano, na medida em que.. nao ·,.,...,,w;.. ~~~~.~.~~~[~? c()m os melOS defendidos por Malthus: A sobjr;ii9rtfip. r;qr!§.t~t§",~JJl limitar 0 numero de casamentos' (0 casamento nas idades jovens conduz a felicidade), 'ina's'em limi~'a~q)u;tijje!:.r::tJe.JJ£lSf,i1!1:.e..rttos. no. interior do. ca.sament~. ~_'''-'''''''f~,~",,,,\_.".:r:-.J!., ___ .'''''''''·''C'''

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,ou seja, a limita9ao dos nascimentos. C. K,no~!oI1 publica, em 1832, urn livro i.!ltj~l!La,g2.E~~10S daFilosofja eq1J~ ~()ns;'lg:rl;l
,,,;I..;.':!f'fr"-~····

34

e

Progressivamente aceite pelos intelectuais, 0 neomalthusianismo ira beneficiar de uma grande publicidade na sequencia do processo contra Charles Bradlaugh e Annie Besault, em 1877, acusados de terem encorajado a edi~ao em Londres dos Frutos da Filosofia. Em tres meses venderam-se 125 mil exemplares, 0 que demonstra 0 grande interesse que esta obra suscitou. Tal como apareceu, a doutrina malthusiana era essencialIDlmte consY..rva90;t:~ na medid~"~~-.d,~ferial~!'J?~pJ.iQit.amSlPl~_9.J?912t9."Q.~"Yi~t'!;_~~~s?§~l2.£ill~§~§,JI~ balhagops. A miseria era uma consequencia da tendencia destas classes a uma multiplica~ao sem controlo. Talvez por esta razao um certo tipo de pensamento conservador se tenha apropriado destas ideias. ~2,>~~~_.~J?oiaq,"p~n~ill!1~llt.Q",!le.Qm;;tlth)J.$.il!!1Q"P,~lle.tI:.Q1L£Q!1:LUDl ~rJ~_",§}}£~§so. :S~~~~=a},:~~.S~~~Y,~~~"~",Rl!~g!I,~"~ifl:,,..Q~~g.1!~mr...~G.am.e,wPJ!J:fL.£.\!l!Mg» ,e .. encorajar~!!-~~gr.~y~,~~Q,~.;YJ~!1.1I.e$z,>, Mas Rosa Luxemburgo e Clara Zatkine defenaeram'Tdelas oposias ao afrrmarem que «0 mimero e um factor decisivo na vit6ria do proletariado porque s6 sendo numerosos e que se toma 0 poder». (Russel, 1979). Com 0 fim da Primeira Guerra Mundial, seguido da crise econ6mica dos anos trinta, este debate de ideias entra em esquecimento na Europa ou, mais propriamente, no eixo entre Paris e Londres e passa para os Estados Unidos onde e bem aceite. Foi 12reciso eS,Eerar pelo fim, da Segunda Guerra Mundi~l para que ,,~~c, 0 Birth. .w.I~_"""~~"""""'~I'!':·,'\'!:::"i"lIiL'''''''·'''''''H'''}4l:>''l'","",,~~~~~ ......o:-I'''h''''·'i'~"'"""""W~""-""I.""""~'''''''''''''''''·.'''''''''-:r.~!"",:,t ,:::;'1;,'_',.',i:·"r,~ ",,",,";: ",' ~-.~, """~" "r'c"" ,}"'

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9:!!trol perd~s~~~~~.ES>~IE:E2H.~!l!~}.~~~!_~o~~,S! ,~_~~"tP~~~!9,~,~~,~~,£r2ir~~~iXal:I\~n!~i' nUIll clirei!? full<.l?J:nel1~~I,d~~, p~~sqas llter~!I,l9s JiJh(),~ .qu~qll~rep:l.. ~"qg~4Q"qUlSe.~1TI: .. Q1~.f[fh,,~£~t~91}r911~tqfIlllt7.~,~,~m ljpJJ,U~",l:JJlllJi,,'1$....··· Da Limita9iio dos Nascimentos passou-se para 0 Planeamento Familiar. Porem, enquanto a maturidade das ideias em tome da sequencia Malthus-Malthusianismo- Neomalthusianismo-Limita~ao dos N ascimentos-Planeamento Familiar nao chegou ao fim, ou seja, enqu t 9, J?ao s,~,~~n,c:~~~.l.2.tie.s~..2.. direito ao Planeamento Familiare direito t'und~~Pt~.,,£l];M?,,~~l~,,P~1il,J}l¢J!k9-.M

um

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OpiiiiO€~~~::sar~9!Ei:[€2I6'g~S§;" 'a_0§?es":f§:}~ii~~£!.2-~lth.y.§'~p.9"o,,§MS~~!?,:;

ram-se durante os seculos XIX e XX. - Qj~§..~~~~£aI~j~~d~~si~.!p:~!!Q!:!§i~~,t~m.wll:J33R!~.§E (1767-1832) 0 seu principal representante ao constatar que, a natureza multiplicou os germens aa vida comlimap~? I~r,~~~,=9J~r~~~i;Sl1!1::s'enrm:
~~~~~~"~~.:~~~P~e.:uill,;,. il~I?eE~<.le,.,.v~~so,a~,.lllafs.~q q~e,~Htici~l}l~J?'N~,"m!§~'~,;~§J2-¢£j~,

liumana continue. As destrul~5es vlOlentas Impedem constantemente a prohfera~ao excessivadosseres vivos e 0 homem nao escapa a esta lei universal. Porem, 0 instinto da previdencia que 0 caracteriza da-lhe a possibilidade de escapar aos males que atingem os animais. 0 homem tem possibilidade de regular 0 mimero de

35

nascimentos em funs,:ao dos recursos disponfveis, 0 que faz imperfeitamente, visto que todos os anos, mesmo nas nas,:oes mais pr6speras, uma parte da populas,:ao morre devido a carencias vanas. !~a_L1L,§.~_~g,~.!:LQ~?~,?!l.~,~,s,t~,~!!L~I!S.2E~t~~ ~m~§_~l?951£
'ciutrosbens

c9rnoo"·vesiu1i1o,

S9mo,.S9n~~SlM~I?:si~,Q,£1~sli!JiQ,~gg"ni!tqAclad.~. Durante 0 seculo

XX

a escola liberal fraI!~.§,~t2i~§'!Et.~~,PI9g~,~iY.~§Jll~Qf!§...

~§.~tm-g.lth);\,§isn"!s, e no fim do seculo esta consumada a separas,:ao com os restan-

tes pensadores liberais. Dois grandes pensadores destacam-se por entre os demais - Dumont e Durkheim. ~£!I..~~mt (1849-1902)~?Esta!~~.~.~,s.~~~S~~,~~.~~~_~J?2~i£,~Q~ntte"9,gxy,~Si.-;. mento da popuias,:ao e 0 desenv,0Iviment()Q9jg9Iyfduo? porgu~ O~t;~~llrs.o§ limitado's"C;u"servempara'"()'consumo'Indlvrdilal ou para 0' cor;s~~o' familiar.

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36

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,-• homem ao aSI1ir.aLa subir !1l!.£scallL~2,Sl.?l, segundo um processo que necessariamente exige despesas e sacriffcios, so 0 pode fazer com manifesto prejuizo das fanulias numerosas. As crian9as nao poCIem "_"",-"",,.,,'-"l':"'''''''''_''·'''''''·'' sulhiWcra.1ment~~tr:Q§~IUi1iOc;; ....... ." . _ . ~-sagfarem uma parte importante do seu rendimento a instru9ao ea educas,:ao. A'Tiffiitaacni6~nlasciment6f sur'e' assim ~o':ne.c:essfuia 9 '.' ,...... " " .... ~ ...=,=~~.=K"="",, . . "."., ..corriouma" ""~. ". ,...."., ..,. "".",."coridi . __,,,,.-,.,,1;;,'... ,... ""' ....., p qu~ 'osaClU1fospossam"'ascender socialmente e para que, simultaneamente, as crian9as tenham uma educa9ao melhor. Dumont chama a este..J?rocesso de movimenta9ao na estrutura social a capilaridade social:"que~'se· malllfe'sta'partfcularmente nass()c,iedades democrallcas que combinamaigi:iiil.CraOe'socia:lcom' a 19u~lCi~4~:~cQ~6mr£~ --'!>a:raEi:lliie-burkhehn-tnr58~r'911ruiil'dos"fun:dadoresda" sociologia cientifica, a exr:.~n~~o. .?,:=t.£~~~.~O]]fj["rmT.ii!fiadipoiuma:miidau9.a::qUiilit.atlia:-:d~~Qge3ad~O .~~~I?-.!Q..QQ_ygh!lI!e.e.cll:t. cle.~s.!cl(lde dapoPlJ.~a9ao traduzem -.s~,~~ralI?:ente... na ext~~sa2..9:3,~ gida.desfavorecend()~se as~im a divisao do trabalho. A competi9ao i-a iuta pela vida no seio de uma sociedade sao tantO" maisvivas quanta maisa popula9ao se toma densa. As pessoas so en<::()ntrarllsolu9a() para as sl;'f
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37

estrutura econ6mica da sociedade liberal e nao a penuria de bens alimentares. Em ultima analise,!:. 0 ~~~pe:,_'£~1?i.!.~Q.~!!l~,Cll,l,e..,~J':~SP-Qns,ayeLp~lQ_-~kY~<:lQ _J:!g~.Eg~.1t. g~s,ewprega,q9s, porque obriga os empresanos a aumentarem 0 capital fixo em detrimento do capital circulante que serve para remunerar os trabalhadores. Sg,Y1.s (1820-1895) ~ Lenine (1870-1924) t~~~~,~~Y1P-l~eil'~LIE.uit.£'pr6.~j~~~,_.~~",.~~~]" ~ao acrescentariao praticam.e?~ nada de novo ao_a~~~~p_ que 0 .malthuslanlsmo e uma d_outrin~~_e.,~~1~.~.Se.,cl1.l1:g1Q~_ c()n!ra. o~ tI:lll?am:lg:Q~~s. Talvez o"aspeCiC;'iiiaIs'interes'sai1i"do-seu pensamento resida na associa<;;ao do pessimismo malthusiano a decadencia da burguesia, que esta inquieta em rela<;;ao ao futuro porque sabe que a sua posi<;;ao de classe dominante tem os dias contados. A posi<;;ao dos anarquistas em rela<;;ao ao problema da popu1a<;;ao varia com os dci§2,Ulllt.2.res . A:. ~~~,?'I,-P~.~j-~!~~. ~-e:-~"~ !~~_C~~~~="~i.rii~~I~~~~--~~~-'~~~il_gente­ mente abundante§ 1?era,.:llir:!}eptar.~JQt~1iQ!lde__da_1?"~p_l!!a.<;;~C>.eql,l~, ?:"El!~§t~o da popula9iof~m:'i~$Q.:proble;:nl:l.. No entanto, encontramos vanos textos com posi95e~;=manlfe'stamente neomalthusianas. Sao posi<;;6es muito pouco fundamentadas, quer cientificamente quer doutrinalmente, e nao apregentam, em geral, argumentos com elementos novos. William Vogt introduz as primeiras pr.e?S~Ea.s:.(j~s dec,1'lKaSter eco,16gico de llm.a fo~ma,is conslsteiiie-:'aoanrmarque-aexplora<;;ao agricola e florestal do globo se fii~~",f91me.~~~~.9~iS~,~~,g~~90iitr,b1~~~:·'.Odevashi."'a: 'terra, cultivando"~a sistematicamente e sem precau<;;ao, fazendo com que os recursos alimentares comecem a ser insuficientes face a uma popula<;;ao que nao para de crescer. Foi com base nas suas investiga<;;6es sobre este tema que .~lJ;_~S~?l}--:;;jj"rIJ:,~g,,]lJ:!1!J.rJ()~p.!LO:.tQm,f! n..2. m..1;!!!:.~o ·1}.;.R8si9,~~) ,Qo"a,gr6p.9JJ1Q,f:ra,p._G~$ ,Rene..DllJ;Xl9rit ¢Wyi1Q"se.rn.e.lhant~\ apenas iiiferindo da anterior pela inclusao mais explicita da componente ambiental. Recusa uma civiliza<;ao baseada no consumo e e contra 0 crescimento descontrolado da popula<;;ao por aumentar a polui<;;ao e delapidar as riquezas existentes. N a mesma linha de preocupa<;;6es temos !2sue ,de c.~§..1t.Q.,&.-q.Re.,e,~cQn~idegO,Q l,l,ij! ~!ltimal!h~s.i,~2~£9,t,~s:f~.1.}Q~rl'l:. !9~ilt_Cl\!yp:ao.¢ () ~(Ccesso. 9~p'QPyl1'!9a:g g\!x"g~r.~",~ lome mas. 0 inverso. A~3Ji!!9il!§~glj;J;n~JltaLes.~timulam o"j,ns.tinto-se-xuaJ"e..allmetktama7ecinidiaaa:e,.das,·p.QPllla~oes: «Os bens alimentares na mesa do pobre sao escassos mas 0 seu leito e fecundo.» Josue de Castro verificou que os paises de maior fecundidade sao os de menor consumo de proteinas e que inversamente os de menor fecundidade sao os de maior consumo de proteinas. Consequentemente, o excessivo crescimento da popula<;;ao nao se resolve com a limita<;;ao dos nascimentos, mas com 0 aumento do consumo de proteinas nos paises pobres, 0 que implica um maior desenvolvimento econ6mico e social (Russel, 1979). o debate sobre as quest6es do excessivo crescimento da popula<;;ao e, no entanto, admiravelmente enriquecido e sistematizado durante 0 seculo XX com Alt~g,,,,,:, §~~ As dezenas de obras importantes que publicou, em particular na segunda metade do seculo, nao perrnitem reduzir a riqueza do seu pensamento a meia duzia de frases simplistas nem tao pouco e possivel examinar a importancia de todo 0 seu legado cientifico. Escolhemos apenas as tematicas que, em nosso entender, sao as mais relevantes nao s6 pela profundidade com que foram tratadas nas sucessivas obras que foram publicadas como pela actualidade que ainda hoje tem.

hornem:

38

o primeiro

grand~.Jema_esta

relacionado com

complexo de analises feito acerca do tema 0 _~£!!:.!!f.£"~1:.9:J2.,91!}:i?f!:/i!,2. 9.".:e;s._~",,".,._ .. ~:.1~~,_,~.,,.. ".,,,",.,.,,,~"....,.,....lJ? ..,.... ...... .. . . , ." p p. .... ..... '. ." ~: :'.'" e~~~"!'Lp'gp!::l,1!i~.~
~x:-a~:~@_~.§1ill>§,t~.s~i.I~i~~6:ai~&,.gi:i~,isse,gVt:il!Uc.(} be1ll7y,stp,r:·gYl)er:ili~~q9..da·po~· P1l1fic;~.o. ~~.g!ljJfutiQ4:[email protected];!,~pf{n~.J;!2:my~J!~Sn2!2.g~:f2b~9~.m.~!~~

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~~'J~~~~i~~j,~S!~~2,?".•~'§R$.~W~.£>s, objectivos esses que nunca podem par em causa a' ordem ambiental, social e econ6mica em que se insere a populac;ao. 9utra gra,nde te!2~~.x,~~~i~,1~~J22PJ1!~28~Ul~",-~~

:~£~]o~g~.,.~Sg!:l,q~,~.5l~:,R,9.RRL~~I~~~:~,,~~,,~s~~~,.!!~ ~?!!.1P~!9;/t~e"!§iY9,;p,~g,yjJ!h'k

que mms tarde sepassou a chamar a nova Ecologla Humana. Flcaram celebres as siiis'an~fises'do';equiifunocpopufa9:~O~re2tirsorcoID'~b~s~ ',{}~~£.~m"1~:§,,9~1<21?2§,1.,,m};I;§1~,~P?:,~~R~291~m!tt,gg,!:2.~;~J?-~~.8~t,-, siveis, osJQ.Q.o~ yaQ,,,f.Q..m~.m19,,,.~2.!1l:l:§,2."2~~.t?g~li.meptq:> < s~rn. t.99:!EJlg.~~S~P~taf:~I,~P;!ii contrando assim 0 crescimento 6ptimo qu.e9§,p,~lJlJ.i,tY~illlJ.star)lQ c:ry~cilIlento
«~4!rnen.t~P-:QmY&G;. '~m:Wigu~g~ll.l:'~~t1l~1~3?s·so~;ij1Illdor~s·.:pr$:m:o~:s6~P8~"· g~is.tir..se...o.s...pIoduto.res.~nao..iorem.exterminados.,e

.Qs .•.£():nsuJni<:l()1:~~ . SY£JIll.4~.;.:.39

rios so podem existi!se na() houver consumo

exc~ssivo

dos consurnidores pri-

_n:.~~(niina'O~9ue~~i£::i~ijiJ~~~~@t,~,-~S~,~_~-gyi~~~,£~J?'£P£i~9aS?_~u~~i!2

3!eisQ~51:Y_~!:t!nsiwpl~sequilfbrio entre popula~ao~, ~llp~jst~l!~ic~' ~9£i!it'!i2. entre os. ~i:Y,~r:~9~,=~~.t:;lJJ:~l}to~d,a 9.
unidade espacial. Finalmente, 0 nome de Sauvy ficou para sempre ligado a explica~ao de urn dos maiores ,dilemas com que no~ debatemos no moment~ actua~ - ~~~S~~./}}:!_:. ~rlX~;;& ~: E verdadeql!e, os PaIses nao pode~_c!~~~ermdefjnlclal)l~J)t~pgrql!~n~~-"" existc:~~~rioT~oes-ae- alirn:entas:aO e ~pfeIlta,i~ p~,~_q~~,!,~:L~~()~!~9a. Logo, s~\tm,,,, pass pode' cresc'er maisl emj~~J;>r~:t!.W,2LJ2N~~g,-,~Il¥.Yll1~Y£.im,entQ"g~:m,9.g~§!g.Q.... ou seja, ver-olrninuirprc;g;essivamente a importancia da sua juventude e aumentar em contrapartida a importancia das pessoas com mais idade. Por varias vezes Sauv);: demo~tr0.!:L'!:te illlS.J2.Q.!!1Q~.a~,'§Q.£~Qi.!9~illi!i§",,~A. ~icl.~~i~l!!. !9Q~§J!,~ip.giclas P9T,ys~e Pr:9,S~~~g.~~~~~~~~~~~l~~~!?'L maS mais do que as suas demonstra~6es matematicas foi a «festa» que ficou para todo 0 sempre para ilustrar 0 sentido das grandes op~6es a tomar.· Se numa festa eXlstirem 18 rapazes e 10 raparigas, existem duas maneiras de encontrar 0 equilfbrio: ou se mandam para casa 8 rapazes ou se convidam 8 raparigas. ~~pJ.im~iE9.,cc:t,§Q, ~_~~~nci.a,:se. 0, e~c,~~~~~_~~_~~1?e.le~~:~~_9. __ec9Eg~!!9_ al}!ig9__e.2r.e.P,~ll:-_~~E.?_~i~~~~e Ii.ara ~.s._consequencias do envelll~ciITle_~~o; n()~egll!l~o ~l:lso.'._~x~s.t~UlIla del1~l1~~.a Eas~,.£,~~nci~~, p~£9y!a~~~ ._, urn n9. vo. ,~gllgi!Jr~o;.._~ IJE~Para-se ....~ .~oci~~~d_t?;"PM9:,,"~ ,cons~9.lJ~l.1<::ja~~o£r~scil!le.]]Jo (;;auvy, 1976). E neste contexte que tqdos os povos est~o confrontados com urn dos maiores dilemas da historia da humimidade: crescer ou envelhecer?

nao

1.5. A transic;ao demografica

Sem termos procurado ser exaustivos na analise que elaboramos nos pontos anteriores, julgamos ter demonstrado a existencia de urna grande riqueza de ideias na historia do pensamento demografico. No entanto, na epoca ~QJ.1t~!1lporanea, do~~ grandes conjuntos teoricos agrupam a maior parte das principais correntes de pensamento:-O-piimetfoconjlinto e 0 malthusianismo em sentido lato. 0 segurido .ea teqria da transi~aq demografica. ' ,-' No espfrito dos defensores desta teoria, 0 conceito de transi~ao demognifica significa a passagem de. urn, estado de equilfbrio, em 'que a mortalidade e a fecundidade tern elevados nfveis, para urn outro estado de equilfbrio, em que a mortalidade e a fecundidade apresentam baixos nfveis, na sequencia ou paralela-,. ~ente a urn processo de moderniza~ao; " Foi Leon l3:,:i~iE,9,~t~~ em 1929 e Warren Th()Il}pj>gn em 1930 que empregaram, pelap!iITleira vez, aexpressao «rey:olu~ao 9.~1I!ogr~ficN>. Em 1934, Landry desenvarve as ideias fundamentais desta teoria no seu livro A RevoluC;iio Demogrdfica que e hoje considerado como urn classico. COITl Frank Notestein, a«r:evolu~ao demografica»u;ansforma-se em «transi~ao deD10gra;fica»,'exPl:essaoque hoje e a,mars correntemente utilizada. 40

s

A transi~ao demognifica e urn modelo de leitura das grandes transforma~6es demografiEasque'ocorreram au'que estao aocorrer na epoca contemporanea. Co- . 'me~oupof'serumhl6deI6de analise dastransf()rma~6es demograficas da Europa, mas. rapidamenteadquiriu uma v2ca~ao.pl~!l~ti.t:i1l.' Apesar de existirem variantes' "lnteressantes'Cde~"aufor-para-'auti:ir-e'de' existirem algumas critic as a determinados aspectos da teoria (sobretudo quando esta e formulada numa linguagem muito do gmatica e detalhada), .,!,~~,1S:~SLdeIJlQm::~Ji~~L~,.~9.~S,i1~ra~~ "~.9.!!1:() ..~,!!l,~O,S;l!!Q;, delos te6ricos mais importantes da Demografia. a .feona "cra~ttansi9a9 "'deriioghlfj:~a, tQdos. ospafses ja passaram og ter~o"depassar por quatrof"ases de evolu~ao: .. " - , ,.'

"-" "Segundo .':-.:r._,"-,!,

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l.a fase - do «quase-equilfbrio» antigo ou de «pre-transi~ao» caracterizada ',.: .'--;:'pelaexistentiifdeilhl:a morialidade elevada euma feGunQ~Q~cle igll~: mente elevada;-anecessidadede umadescendencia numerosa e uma consequeriCia da existencia de mas condi~6es sanitanas, 0 que implica a existencia de uma mortalidade elevada, 0 crescimentollat~1.:: ,nlldllPopula~ao e muito reduzicio; " . ,2.a fase - 'do declfnio da mortalidacle como consequencia de umamelhoria generalizada das condi~6es de higiene e de saude; 0 myel de fecundidade mantem-se inalterado e existe uma consequente acelera~ao do . ,," crescimento natural da popula~ao; 3. a fase..:-::- do declfruo da fecundidade como consequencia de uma nova atitude , . .face avida apoiada porrneios modemos deinterven~ao na fecundidade; mortalidade continua a declinar embora a urn ritmo mais moderado e 0 crescimento natural da popula~aodir.ni:n~i.u Ae illtensidade; ~~~e - ~()~~}1~p9:~!!10.~!lt!~JJ.nULmQt1!ili,c1,ade com baixQ§ qiveis e uma fecunQidade igualmente1:>lrixll; 0 cr~sciIllento natural da popula~ao tendepara zen~. .. , '. .

a

ntos leias doi§, penuUdo

,modelo, oU..seja."aP;a.X6s da

:afica ~ e a 1 que

.. ·"""Atot~iid'~de.'d~sp~fses desenvolvidos enc0J:ltr~-~e nil ultimafaseclatrans~S?~()., deriiografi,Qii eein algup:s pafs¢s'desenvolvldo's.'a:t6 j ~. ~e'.:~ptro:unuma fase a que .seo come90u a chaw,ar~se dep6s-transi9ao, devido aofact() de 0 seu mvel de fecun~
alela~. .

;aratr1, iesen-

:rafica Qlu~ao

)je ea.

Q§... ,gif~J;:ent({.S.,pafses"do.,mu,n4o.,poQemc,~§,$jm<,§J~l;".£QWR.~1ls!2~.,.2,~~~.n~~,.",~~e slJa..,si~lJ;:tS?,~o,{a"c:y",a,9PX9f~~§9,<;l~"tr~11~"~.9"~,o.

~~!.a1ig!g~ ,E2,~,.£ills.<;,s"C)myi~§ ,,4~,
(declfnlodafecundidade)'-'

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... " .. "..

",.,.=-

e

o'secllio xx, sob 0 ponto de vista demografico, foi urn seculo onde, 0 )lOmem., ap~encieua' controlaro se~destino.O fatalismo rllilemhio que se abatla sobre a sua vida'biol6gica foi da~clo'lugar a ac~ao humana e a livre escolha. 0 homem, depois de ter conseguido dominar a morte, a qual foi atirada para as idades mais avan~adas, acabou por dominar a vida escolhendo 0 numero de filhos segundo os seus desejos (Chesnais, 1995). 41

A transi<;ao demogn'ifisa come<;ou nos pafses mais a"§lp':9~.flg§_Jt~Ji~'!QlliL!12..-

~,~,~~~Th~,~y,fii3i~.~~~? ,~mortalid,ad,? come<;()u a declillar n~wa fot;m",ltgQg§i.~~E.!~ ,S9_111t~y~~a. <~ll):~~~d~ 9~e.~?s~£~2X,il:!?-~gs,do secul.()~~
40 35 30 25 20 15 10

Figura 1 - A transi9ao demognifica

No entanto, apesar desta evolu<;ao, asNa<;5es Unidas trabalham,no presente momenta ,com urn cenmo ,de estabiliza:9ffo'Cia--popufa~§:0 a volta de dei: a doz~ rillihares de mil~ao de habitantesa superffcie da terra ewrneados do pr6ximoseculo '(em vez dos qUlnze ou vinte milh~es de milhao admitidos em cenmos anteriores). Na realidad~~_~!~ngeJ:;lfi;LP~§'9-Q9-_.Q~~volu<;ao da popula<;ao mllncli,aL~p2n.t~..~£!!LlJJ­ mente P~?L uma situa9ao em que.,a 'paiiJ.r.·.~~~r!le,~~9~]9~~~.~~1~0,_si: ~qWit~ 9,.i,D,~~i9 '~"3~IE-J?'~~S~~2.o.,qu.~g()nduzira a um cle9.l~pi8J?rggE~§siY9.,qa, popJ!l~£~Q: 0 numero total de nascimentos, que era de 110 milh5es em 1960-1965, atingiu 140 rnilh5es em 1990-1995 e diminuira para 120 milh5es no perfodo entre 2010-2015. A moderniza<;ao demografica, impulsionada pelo declfnio da mortalidade, come<;ou nos pafses mais desenvolvidos do mundo europeu e teve, posteriormente, a sua difusao nos pafses menos desenvolvidos. 0 efeito ~2~~Uf2g~Sl!!!i9.,Q~J;t::I,,Qt:!c:l,E,Qi1
·.§,~.R~~~J,~AQ.,.9.lJ.~_El."tr!!!!~~~~Q . <:l~m9gr@9.~i:rrj<::i~.£!QQ~~)1te.,.Q"seu,:pl'@Ges-. sonos paises menos des~nvolvidos: + 1,3% no periodo 1940-1950, valores de cres2% ate 1990, inicio da reduc;ao do crescimento populacional a partir de 1990 com valores ja inferiores a 2% ... :t'{Qs paises desenvol~ vidos, depois do crescimento motivad,opelo ~
"cuneii.io"aIiuatill6cliosupenores'a-

no

1.6. 0 objecto de estudo da Demografia Depois desta breve analise te6rica sobre a evoluc;ao da problematica populacional atraves dos tempos chegou 0 momento de precisar 0 conteudo do objectoe da pratica da demografia cientffica nos dias de hoje. Ja dissemos que apesar de a preocupac;ao com os problemas da populac;ao remontarem a Antiguidade, a !?emografia como ciencia apenas apar~~Y.g!lnda metade do seculo XyIII. ~ esta altura, as nmQ.9.!!R.~QJ<s..,£Qm••a__px_Qbl~m~tif.a._.PQQ!!l\!.9iQ.l1ru"''"~lt::!!'~£~ID~ ~.e_c;.tiya...mais..JilQ&6flca.,e,.-".doutrinal_do -, que.. ,cieFli~f+i
s,e_quencia.de ..uma,.tendenGia,de..pensam~ll~.Q,.H...l!k.

"E~~s.~~Jig_~!!L<;'Q.:r.t_$,!_Q."~rqr"Qs".problemas,"ljgados".a."populas.:,aQ_c"omoj,Qt~.t~'§.~,~~",s:,m. ~b." "ql!~~"inven1illL..Q._llillQ..£<.~_em.o.grafia...CQmp.arad3>z" Neste autor, encontrarnos a seguinte defi~ao 5k.Q.~m.Qgr~fl~: "~~E:n::t .s~ntido. . .arnplo"abr.ange"ka.his.t.6riq"J)g1t!.l1lJ

.

e social da. . e.~p_~.si~.b]Jm;ma~.em..sentido.,restrito;.abrange..o-,conhecim~.n!o matema-

ti~o'4g~,RQp.»Js!'~Qe.ii,_,c;Ig'~~~ml!§'JQQY.tmeJ}!Q"s"ge):ais.._d.p"s.eRestado,fisico~,i~tere~i~

m...QJJ!l..» (Guillard, 1855). Este autor teve 0 cuidado de fixar, logo a partida, com relativa precisao, 0 c_onte~9_:fu~eJJ,.taLda.D.emog:mti~("Q,GonhecimemQ m.ate,mati£SL~a~.J2~m!I.~£§~§,_QQ§,,"~"~!;!~:mQ'yjm~lJtQ.§_.e.,.» Mas tambem abriu 0 caminho a 43

Demografia Social ao falar em « ... intelectual e moral ... » e aDemografia Hist6rica ao falar em ~~ ... hist6ria natural da especie humana ... ». V arias defini~6es apareceram posteriormente. Pensamos ser imitil inventariar essas defini~6es porque, embora variando em alguns pormenores, evoluiram ate a Segunda Guerra Mundial para uma 6ptica mais restritiva. A defini~ao de Huber no seu Curso de Demografia e de Estatlstica Sanitaria (Chevalier, 1951) culmina esta tendencia: «Demografia e a aplica~ao dos metodos estatfsticos aOJ:.s1Qdo_das..po.pn..,. la~6es ou, mais genericamente, ao estudo das colectividades humanas.» Talyez esta. preocupa£ao (fe rigor qUalltitativ~nha ~[~l!~£~J?i1p~ig~~,4amente se afirmas.~,~<;;'Qm£Lsi~a. Mas 0 facto de se ter desenvolvido fora das universidades, tambem fez com que a sua problematica tenha sido substancialmente reduzida. Landry, em 1945, no seu Tratado de Demografia, e dos primeiros dem6grafos a tomar consciencia desta questao: «Estamos de acordo em pedir aDemografia que considere, em primeiro lugar, os aspectos quantitativos; e:xiste assim uma Demografia quantitativa cujo objectivo essencial e 0 estudo dosmovimentos que se produzem numa popula~ao, acompanhado dos resultados desses movimentos; mas tambem existe uma Demografia qualitativa que se ocupa das qualidades dos seres humanos ... esfor~ando-se, no entanto, por submete-Ios a medida.» Retoma-se, assim, a dimensao qJlaJitativa, dimensao essa que nao mais deixara de se desenvolver e que vai ter como con sequencia 0 aparecimento de diversos ramos em Demografia. Consciente desta situa~ao, Mouchez, no seu livro Demografia publicado em 1964,~!p-a Demografj.AJ!las deillQgra:fu.s gue tern e~_=comu.m....c.er1as_pLe.o.CJlfl.a9,.6.esr Q .qJle..d.lLa,Q_s,e..Q,§"Sjy.QQ.."U1!J minim o.-de.. UJl.idad~. »

o desenvolvimento da Demografia como ciencia fez com que nas ultimas dezenas de anos se mUltiplicasse 0 numero de obras publicadas. Infelizmente, nem em todos os trabalhos existem preocupa~6es de caracter epistemol6gico. E com imensa dificuldade que encontramos, em autores responsaveis pela publica~ao de importantes manuais universitarios, urn capitulo dedicado a questao do objecto e do metoda da Demografia. Sem pretendermos ser exaustivos, vejamos as principais defini~6es de Demografia que encontramos nos manuais e dicionarios especializados: • no Dicionario DemQgrafico da Uniao Intemacional para 0 Estudo Cientifico da Popula~ao encontramos a seguinte defini~ao: «Demografia e a ciencia que ,!SI!LJ2or objectiv~ ~ estudo cientifico das popula-Si6es humanas no que dTz E~J;lliito.lL.sl.J,fl."Qi1JJJ~JlS.ao~tlJl:.a"...~91U(;ao e caracteristicas gerais, analisada~i]2alm~ille dQ...p..o.n1Q_d.e~.ris.ta..quantitatiy'o.» (Henry, 1981); • no Dicionario de Demografia~. Petersen (4 volumes) aparece-nos a seguinte defirii9ao: ~~AJ2~m9gr.illi~Lp..ode..s.er....defiJ,liGa-€lR'J:-oooJ.'lt.i:cl6-~ S~!l!!gQJ~!Q; a 12_~~~imelltO_.da_p.Qpma~,a.o_=e_U)1l,

~~~o aut2-c£I!:!!.Elado, _E2,P..,.~_tp-~~~~~~!~~~9~2 _m€lAL211_E!~nQL:ttl(a~ f,:~~e, mortalidlt£~~,~,~~tmtu.r_€l:._Q.QU'£~E,~~~,_,.£L ~rafia

Social,

all

....

'

J

Estudos de Popula~ao, juelD; anaJises onde a populac;ao tern em conta factores sociais, economicos, P9liticos, geograficos e biologicos.» (Petersen, 1986); • para G. Wunsch e M. TgmQle: «Demografia e 0 estudo da populas;~o,_d.o...s.e.u aumento atraves dos nascimeD1QL~,.Lrui~q!~§",Q~~§"y~.QimiJ.1.l;t.i&.iiQ.&tJ;:~.s_QQs ...2!?~...Qs emiro:..antes; num contexto mais vasto, a Demografia e igualmente ~".~§tRg,Q".QJi§.giferent~§"!:J~!E!!P!!l~!!!~s.,,,4~",~~.~!!gx,e.J?5?P,l!I~g!Q!1~ e~Q.Q~~d~ . 12~S!§'.J2PP,JJlac;ao,.nQ,mundo"qlleJl.os,m.d~j.a.» (Wunsch e Termote, 1978); • em Shryock e J. Siegel encontramos a seguinte definic;ao: «Como na maior parte das ciencias, a Demografia pode ser definida em sentido restrito e em sentido lato; 0 senudo restrito e a Demografia Formal, que se p:(eocupa com questoes como a dimensao, a distribuic;ao, a estrutura e a mudanc;a das populac;oes; em sentido amplo, inclui outras cax..aclerist;cas tais como as etui.c.as.....as... sociais e as e.£onomkas.» (Shryock e Siegel, 1976); • 'em-S~stem igualmente ~g~fini~Qes..d.~QKrafia: «A DemQgrm~ Pura ou Analise,.Q~m,QgL@ql, que e uma contabilidade de homens ... '~ 1;?emografia a~!~~,kCJJ!~~~l}~~g,~"ESt~~£§Jl~~~~"ld&:§,Jt1i!y-(lt;t..5
~l~.i~~~irl~~~~~.i~"}~~Qjm.§~.~da, .pr~.$.~m~,.~~f\ltw:a,,(.Q~­

.

&'~iL~12!rl&~JiS~J",i:l,R~.~,~Il£l8 ,~s'.~im"£QJAo~JJffia,, cienci.a,.,U;aR.s4is€-i:?linar~t-Q.; n~~~9",rp."Q~Qg§",m.~t.9.,cl""Q!?"'»

(Poulalion, 1984); • em Catherine Rollet tambem encontramos algumas reflexoes interessantes sobre 0 objecto da Demografia: «0 objecto da Demografia e a sucessao das gera90es, a durac;ao da vida humana, as relac;oes do homem com a n.g,tJlr.e7~ as relac;oes entre os hO~.E9~~!Luma_IE..~'§~I£W...P!9..Rria oc..up.a.s~ problemas mais importantes da vida s:ID.J1.Q-<::ie.dade... - .Jl.-X,e.pmd_u~Q,.Jl... }~gevidade, as disl?~d~¥,~-soSI~1!,~~~£i~2!~'» (Rollet, 1995); • Lassonde formula 0 objecto de estudo da Demografia em termos completamenteoriginais: «A J2E9Nem",illi.ca daJ:le~~emde.,s~_c..Qmpleta.m~ r~!?EE-~!l'l.~a;j~"Il~o,,~~ .tr~ta c:le.Pl'Yc:!§~.c()lRe~9!9t!gi\Q=~;timll~fJQ",9iiL~.91~,~Q Q~.e9];:>;l!.l.a9ao,!l0s r~~u!,~os,~~s,.d~:ref1e<;:ti.LSQbre"as.conseq:u.encias".e,tica~d.e..

45

1.!!ll mllndo pmlOado com quase dez mjlhares de milhaQ...£Le habitgnte~ (Lassonde, 1996); • Vinllesa reto1J1.A......:Uiv.h;:LQ\!s...defiDi~"Q~_$...~~ill!§.1i~..L ao ...@!!!l~u~ a Demo~ ~!:~1EE ..£2m2.2l?j,~,~!,~ .. ~_~,~!~.q?"Q~...,EgJ?1!!~.9~0 entendendo por popu1a<;:ao «urn conjunto de indivfduos que tern uma dimensao tempor~~~g:u.~.2.<::J:!Pam d~1~~~;ila2.:1"~E~~9Q;~,~...4.im:~g~~9.~~B?:p?r~!:'iIE£}ica: :u-iIl~" ~~~~~~~~~P.!i,!-.q~~J~~:ult.a.,da...capacidade.que.o..homem,temd~ sg!?r.:~y!y~r,.if~ ..§.~~Q.~U~i.Le,d.e.. S.~..i!.grllpar.;.. a dimensao.,espacia.LeJ,lID elem.e:P1Q.fl!1J.q!1.m~ntal12ara s~","S9_1J1p,J;e.e.:Qd~!:wa,.. eyolu<;:ao .~das.",es.trutur:as .. $.oGi,qj.~ •. 5)_~.QllQm!se.~,..J!rJ:?~»· (Vinuesa, 1994); • finalmente em Weinstein encontramos 0 retomar de uma antiga tradi<;:ao de acento tonico no rigor tecnico ao afirmar <~a cres~ent~...£Q.:qJ.1'!~2fI.Q1!:Q~Lq~ ci.e_d.
urn

"os"dem6grafos

Em face do exposto, verificamos sem dificuldade que, neste conjunto de defini<;:aes, com uma maior ou menor varia<;:ao formal, existem muitos elementos convergentes. Numa optica restrita e inequfvoca a sua area de traballlO: ~:u.elP.,Qgrafia tern por objecto 0 esmdo cientificQ.~Q.Ill;tJ.9.~.~.Q. Mas como clarificar com objectividade o'qu£ se'eirteiiae'pOr-um «estudo cientffico da popula<;:ao» ~~.2~!!!§..D~c!~.r,..!Lru.q­ defini<;:ao aprofundada de. I?e:.Il!9gr!lfi~Lc.QmpOl1a..cinco.,cleI:rJ,et),to&,.:fund.ao.l...~ai§: ._ _ _ ... _, .... --,"""" ..............",.......... . "=-~_.:..

~ .c.~ .• ~'. -

• em primeiro lugar, nao se analisam pesS,Qas iscladas mas conjllntos d~ pessoas delimitadas espacialmente e com urn significado $ocial (urn continente, urn pais, urn distrito, uma Nut, urn concelho). Esta analise e feita o.b.s..eryandQ, !p-edin<;lo .~.9~,$.£Le.Yw..d_Q_a.dime.n.s..[Q...a..e.s.trutura.e a distrib~espacial deS&@. ~njunto de pessoas, A dimensao significa 0 volume da populac;ao (x milh6es' de habitantes);jLestrutura significa a sua reparticao por subconjuntos especificos (x solteiros, y casados, z viuvos e divorciados ou ainda x jovens, y adultos ~osos); a distribuicao diz' respeito a SIll! rswm:ti~Q..Jl.Q...e~o. t\.Q..<;'@.i.wJ= .1~!estres elementos chama-se 0 estado da popula!;:ao;= • em segundo lugar~iitffico da popll1a<;ao nliQ S@ pode eCUf>EI1 apenas dn aspwo estMico, ou seja, descrever os aspectos especificos mencionados num determinado momenta do tempo;.!3JUbem se deve preocupar em _saber guais sao as I]1udans;:as ocorridas nos eler:u.e..ntO.s-q..lle-.Carac.tetiZaJlLQ. ~ da popula<;:ao e qual a intensidade e direc<;:ao d~ssas mudan~; • em terceiro lugar, analisa os factores, ou as variaveis d.eJJJ.Qgr.;ifi.cas Q...Qe....s.iill. ~sponsaveis pel as yariaQaes oco:gid~.
46

em

sintes..e..-o.-estado._da..p.op.u,l~t-eff.l:-l:l..~m:Ynada-dim€}n,,",

sao, estrutura~_qiSt:JjQlli£ao ~~l'acial~ porgue nes§.£?,~de~~e.s2!l­ tecem nascimentos, 6bitos e rnigra<;oes; •~;;;:~'quartofligar;"[CI?:em:ografia'1apbJ.fu,JLe_OC,upa _d_os__~f~i!'~~LQ.l!~~G.li_dLl!nm_ das variaveis demog:aficasCtem~nos~spectos globai.~,e..!strutura~A~_E..Q1lli.l~.;, 9~0,"bemcomo~aos'efdtos Inversos;porexelllplQ: iri!eressa:.~e p,()r_s-':lQ~r.§l!~~ , 'que-ponto'uiIi"'aumento 'na.C· natalidade inodifica eStruturalmeniea:pO.pl:lla<;.~9c '. " , ' ou em gue ~~4icl2J:lm!!~d_~~~_estru,!Ural d~ ]2P.£ula£!2~.r.¥il\'(~JU~di,; .tiE..e9~ e,:?1ll:9ao ~~~~~'}l~ad.,e,; • fmalmente, em quinto lugar?_::t,D,emogr;:i:6,a,Jambem.se_pIe.o.cupa,.cm:.tl"quesi6es J~!l:!£!2.!ladas cqnLl:!§,st~l~f.!!1!p-.?J:l!~.§ .clos. c9rnp()rtarn~n~()s ..demografi9Qs~e,.G,Q,J;)l Gl.~_ssm§,~gg~gSi~~.4~"~yp!l:lS_~Q",<:l, "",.",,,.~.,, .... , . _ •• ,., •• _ _

.,. .• c

• • •, . . .

1.7. Unidade e diversidade da Demografia Atendendo a natureza do seu objecto de estudo, certosaspectos da Demografia passaram a ter denornina<;oes especificas. Com 0 desenvolvimento da investiga<;ao e da interdisciplinaridade, certas tematicas passaram tambem a ter um desenvolvimento relativamente aut6nomo, sem deixarem de pertencer a ciencia demografica. Come<;ou assim, a existir uma Demografia Formal ou Analise Demograficlb onde se analisam arenas as v.ariavei.s delJlog@fi£l!.~=QwWentes (volume, estrutura ~~Jl~Q§..§.~) fL,as variaveis deW.Qgraficas....independentes (natalidade, mOr: .lalidade e ~~). Atendendo, porem, a crescente complexidade dos metodos e das tecnicas empregues pela Analise Demografica, y¥.ilis__cfu.Qp,liulis foram gQ.; l!hillldo autonornia dentro deste ramo da D..!m().~~a: Colheita dos Dado.,~ D..ema-

8!Efif.9.§.1 Analise Demo8.!1Jica com daci9§jrtp'.Q11mJetQbJ:.:C[li.!£ffJes Demograticas, ~j'§i:-das.~§es, .Anali§g,.4..q,_Ee.C.Zf,fl,did.a,c1g,.,.;,17;ldJiS,.~-da,JY.up,eialidad& Quando se consideram as rela~6es ent~ as variav_ei§.Jk.l!!Q£;raficas $ as ,Xariav.§.ics..£<£o;I;\QmiG.~t~....§Q£iais,

outras culmwifi) biol6g.iGas,...ambieIltais,.JJ.)JJl!....d.~tmnilli.Q.

.ill2.W,mto. (l\Lt~l1.!l;!,Q=$UIgeW,_Q~, ..e.~tud..C!s4eJ:JP[!1f.Za£«().ov . . a~p~lJ1Q.g1JJfi.q_So((jpL !a.tllQ¢.nLQ,J~S!ll..cl~S,~RYQlvirn..ento"',c.Qmt
logia da Popula£iio, a P~/£!21Qgir;ut.gJ:'Q121l,l9l;gg,,,lJ,.E.c.O)O.g.(qJi..:lJllJll£Jq.,(1 Pr.££l2.£ctiva..

as quais rapidamente ganharam uma certa autonornia.

Q.1,lt~~~~]2J;,~$S;;l.,.ganb,Q,U";iRtQnOJlli.a,....a,,,paPir, d£l .•fjm=~da ..,S,~ Q..ll~u!!Ml),)l.di:;t,l,.JQ.La..1l~q.ii.Q~lti~.ru;-a, gue tem como objeQtiYQ fllU da ,

_~ntaJ..1l~~,!;p_dl:ts__e__ asJecmc,~da"An.aIis.e.11emo.grifica,...ao..,.gs,~

.£££'l!!i!~oe~_QQ..Q.~o, I~~~l!! ..'Cl:~1f.9.d/!:§..J2!!!}08E4ftc.Es.~~_~~~envol':..~ram,..aQ procurarem analisar e sistematizar os fund::trneptos teQricps da,ciepSia cia pOPI!; ~Ia9·~O:clal1d.Q,~~12~,d~TrefeVo-ao-pensamento delllogr~fj:fo. Finalmente, temos as

pg)(ti;ds...D.emo.g.r4ti~ai.
~$ili.c,.QS",

Nem todos os ramos tem um desenvolvimento igual nem nos parecem ser de igual importancia. Sao raros os paises que atingiram um nivel de desenvolvimento

47

que permita a existencia de todos os ramos mencionados em separado ..gmgeral,as" em seis gran des ,~~;!~~qis,ciplinares.:

1!f~r:~Ilt~~«:pemQgrafias>~. aparecem. agrupadas

~A.1J:4Zi§ej2~f!Jqgnific:qL.a.!Lf!()j§_fr;/5e§l2!~'!l!!X!.4flcas e a Pr9~£tJ:.~, a DemQKfIJii,C). l!!~Jqricf1,.~SJ!:§tIIJ:!oscle"p()pu)qr;,gpQ.Ll..D~'!lQg!gfict,Social, as Polfticas /2~'!!:!!xrgfifl1~

~ea

EcologiaijU"/;rtC1IJ-.t;!,'-----

""'-<'-

,

.-'

I . I

A Demografia caminhou, assim, da unidade inicial, onde a sua problem
-'-"'1

te}~_gQ_t.lJ.tUl.Q,.

Em senti do lato, a DemQgrafia....e_llQl~ull,ltentica])iQIQgia..s.QciaLa..Q estudar os . moyim,eIltQs profundos gue afectam a sociedade: a vida, 0 amor, a morte, as migras;6es. Contudo, e errado pensar que 0 desenvolvimento da Demografia quebrou a sua unidade inicial. A QSimQ.gri!fi,a_t~l,1Jlla~6, ~ar das diferentes eSEecialidades, ou sej a, ~()<:l0s. 0..8.. I
Assim, em primeiro lugar,~m2grafges.t!J..d..a...c.Qllj.untQS..de..p.es.s.Qas .tendg em c.,£.ntall~~le.!ll.eJlt9.§..del!12.graficos..(Analise Demo grafica2. Posteriormente inserimos outros elementos mais abrangentes: 0 social em sentido lato (EstudQS de Po~~~De~-;ff;S0CJ:ai5~as po ula 6es do-'~do-(i5;;;:~grafia Rist6rica), 0 ambie.nt~m'£2lQg!~Jlqm'1n~, 0 ilturo .r!1:9.i~g~6es. D~m.QgrMicJ!,s.L.J. refle,o: ~(QQJlJ,r.i.u)~.sJJ~JQ,QgI@is:as 2...~ a aq;a9 (Politicas. DemograficasL A Demografia e assim uma ciencia~so(jii1jl1ifiiiw7iiiar..diJ..e;P£xao...e..de..~ Saber se pelo facto de a Demografia ser uma ciencia social instrumental, de reflexao e de acs;ao teremos uma ciencia social original e algo a que e dificil dar uma resposta. Numa certa pel:spec!i.Y£h~~.J?"~mQgt:;:tfiit,~jg!l;:JJ9:J9,Q!l:,S,f!LQlJ11:as-cifuc.i.as.. sociais, villQ ter urn objecto especifico de estudo, se ,Q~m...que..e.lU.1ermQs»globais..o. --• "==.="_, ................:..........,.""-.... ,~"'4'l~""""-<=_"""'.""~.O>~.,~~:~.~'""""_•.,,:~....,~= ,. . ,•... ',.~,eu_'?!i~£.to sti~ig.!1,~L~gi!,?;§,9,~!r~~_ 3.~gE.~~~ .s~9.gLa.i.§:.,.
Mas, ~ma,opt[a~pec~a, a.Dem?~~~.!~P,?,~.~,~ 9,~j~c.t2g,e.,~§!!!g.0 es~

.siflcQdemasiadoJ?~w..9.y'iUi@:9.,2,,'fi~ilI:!iip.I~~
~-'''''-'''-~'''''''"''''<='''''''''''''''-

48

todas as Olltras. Pierre Chau,Du, privilegiando as rela90es entre a Demografia e a Historia escreve: «Quer se trate de dura9ao quer se trate de espa90, e evidente que e 0 Homem que procuramos, 0 Homem que a Demografia nos oferece face a si proprio, face a sucessao das gera90es; de todos os casamentos entre as ciencias humanas e a Historia, nenhum e tao importante. A Demografia e a mais central, a mais importante das cien.£,ias do Hom~. Qualguer cienciabumana sem..uma po derosa base demogf?fic~ nao e.. ~~9Ee urn f!agi! casteL~.~: ~B.,g;toria.se nao recorre a Demo~!LP..JiY.::!:E-1.i..9...m.\11h.QI...ins.trw::o.ento_de...an~....» (Chaunu,

T9"90).

---

Para que a Demografia continue a progredir como disciplina cientifica, toma-se necessario queela consolide e aprofunde 0 domfnio dos instrumentos cientfficos de analise, que os utilize para fins explicativos. So assim teremos uma constante reformula9aO cientifica dos problemas demograficos de ontem e de hoje. Em todo o caso, muitas vezes, passa-se para 0 extremo oposto, ou seja, confundir a parte instrumental com 0 todo demografico. ]bdo 0 fe<jl.!!p-~I!!2_~£1!ll!.QQ.=~,~~!ig9j)~Q,.M I?~m.o£!.a.fi!Lnao~ck.1'~iJ...~.APj:H.§£l2~pca. 0 rigor dos seus m6todos nao deve fazer com que passe para seg,2,ndo plano a sua natureza autentica: se~ c®...'2ia social de rail; bioJ.6.gk.a. ~.J.oiL~~!E~!}Q..Uj,~Qg!:@Q.~ . natali
A Demografia Hist6rica AEesar de nao existirem Q~ficuldaQ~,L~!!!."9&fillir~D.J')mQgr.':ljj,~",.9J1}.Sl'§!1lQ_naQ, _acontece com a Demografia I:Iist.6Jica. Krantow e Van de Walle (Guillaume e Possou, 1970) definem Demografia Historica como a «aplica9aO dos metodos da analise demografica a dados recolhidos no passado com fins nao demograficos ou, pelo menos, com objectivos diferentes dos que tern a Demografia nos dias de hoje». Em L. Henry encontramos uma defini9ao menos metodologica: «Em sentido lato, a Demografia Historica estuda as popula90es do passado, proximo ou longinquo, em rela9aO as quais nao dispomos de informa90es estatisticas, ou entao dispomos de uma informa9aO insuficiente.» 0 mesmo autor precisa posteriormente 0 seu raciocfnio: «A Demografia Historica ocupa-se das popula90es do passado em rela9ao as quais dispomos de fontes escritas; quando estas fontes faltam, 0 estudo das popula90es antigas toma 0 nome de Paleodemografia.» (Henry, 1981). Poderiamos apresentar outras defini90es. No fundamental nao se afastam substancialmente das que apresentamos anteriormente. Todas elas sao bastante incom-

49

pletas por nao responderem a varias questoes importantes como, por exemplo: ate onde vao as popula~oes do passado? Nao existirao metodos especificos da Demografia Hist6rica que sejam diferentes dos da Demografia e da Hist6ria? Estas e outras objec<;oes tem sido sistematicamente levantadas as principais defini~oes existentes. A grande dificuldade em encon):1:¥..J:!.@~~fj.ll~9!~austiya e uma cons~encia de a sua problematic a estar sempre em expansao. A...!!1ultiplica.;..

~ao ~asinve~t~~~£~::.~E2~liE~
L~!!LtrJl.lgdgsJJU.JJ1\!._tl~J."~tlS!.G.tiy.~...li~..Q.YIIl:Qg@fia fij§t6ri<;:,\l· Nao admira, pois, 0 facto

de se ter abandonado a procura de novas defini~oes e de se ter optado por clarificar o sentido da sua originalidade. Assim, a origin~~~de. da ,!?~!ll0~:.llla,JIi~t6ri.£a ~id.~_I!Q,~_~uil1~

"

• nao ter estatisticas feitas; • as fontes que utiliza nao terem sido elaboradas.-c_o.ro....ohj.e.cti.w.s...demografjcQS; • 0 tratamento de§.§~~fQQ.tes t~LQ~Q,Q._Q..~!!L..a.Q.."ap_aI.ecime.n1Q..d.e...ll.QY.os ~

,

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-----~

II; 'I

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dose-de-no~~;-tecni9~ -.,., . ..... ...

'1, 'I" 1 I'

,..."

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Antes de precisarmos 0 conteudo da Demografia Hist6rica, atraves da analise dos debates que deram origem a sua crescente autonomia, achamos que era importante proceder a distin~ao entre Demografia Hist6rica, Hist6ria da Popula~ao e Paleodemografia. A Hist6ria da Populacao naQ e JIm ramo da DemQg~a. E um ramo ..Q.aJlis..t6.: .!ia. Eiiquanto a Hist6ria da .Popula~ao Erocura .reflectit§~J~~.QSl~~.~:li:!stell!~ ~~~£'!~ta.2.5L~.22s movime!l!.9~,2.~ula~oes dQ pa.s.s..aQp, ~. D_E
permite analisar fontes diferentes das escritas. Estas fontes sao, em geral, constitui... __ ~,""':'>'====s...~=.:::7"-="~-;;:::;:.=~=.r=_=

50

=-::l"';''''o:::T.>"'''''',,,,",,,~=~~~~.<'·-'''''

das por material antropo16gico e argueol.ogtco (esqueletos e epitafios), materj& !2Ponimico (nomes de lugarest~22ri~f.2!:!!l~oe§. paleog'yogrgj.~ (condi<;oes climaticas). Os primeiros estudos paleodemograficos foram realizados na antiguidade utilizando-se para 0 efeito material arqueologico. Alguns epitafios que chegaram ate nos conservam ainda informa<;oes respeitantes ao sexo e a idade. Karl Beloch (Ross, 1982), em 1886, come<;ou por explorar a informa<;ao de 1831 em epitafios de tres regioes italianas e construiu indicadores de esperan<;a de vida. VaDOS investigadores seguiram 0 seu exemplo. Harkness (Ross, 1982), em 1896, alargou a investiga<;ao a idade no casamento. Posteriormente, os demografos come<;aram a interessar-se por estes problemas e a reconhecer a sua importanciit para uma correcta elabora<;ao da historia da popula<;ao. Willcox, em 1937, escreve urn ensaio metodologico respeitante ao calculo da esperan<;a de vida no Imperio Romano. Valaoras publica, no ano seguinte, urn estudo sobre a esperan<;a de vida na Grecia Classica. Porem, a medida que outras investiga<;oes se' realizam, 0 acento tonico come<;a a deslocar-se da analise dos epitafios para a analise dos esqueletos, na linha do trabalho pioneiro de Pearsos, em 1902, sobre as mumias do Egipto. Em 1950, Dublin, Lotka e Spiegelman resumem as primeiras grandes conclusoes obtidas. Em 1960, os arqueologos passam a reconhecer em pleno a existencia da Paleodemografia atraves da publicacaQ..d~d.Qj.~_cal?i!Yl.9'§' sobr~".t§1.~lemJb ~ Eor HO\'yelis e Y:tlqis ml..dJ2lj£il:/;ijl2~J.PLMtf1Q.J1Q§•...QygllJjj,Q~ (Ross, 1982). As monografias, os artigos e os capitulos multiplicam-se. Em 1976 e em 1983 aparecem dois importantes livros que consagrarri definitivamente este ramo da Demografia Historica: Demografia Antropol6gica e Demografia Arqueo16gica (Hassan, 1981). Retomemos a questao da evolu<;ao da autonomia da Demografia Historica enquanta ramo da Demografia. A preocupa<;ao em quantificar as quest6es relacionadas com as popula<;oes do passado ja vern de longa data. A Historia da Popula<;ao era uma especie de ciencia auxiliar abandonada aos eruditos locais e aos curiosos. P. Goubert fornece-nos uma excelente descri<;ao dessa situa<;ao: «De vez em quando urn historiador interrogava-se sobre quantos habitantes teriam existido em tal cidade ou em tal pais, consultava uma fonte impressa, raramente 0 arquivo, recolhia ao acaso urn ou outro numero; na provincia, os registos paroquiais serviam dominantemente para elaborar genealogias.» (Dupaquier, 1985). ~os [email protected]!~_§~~~~~da G~l!~~~~~~.~.JlJlU?.2!!iEDJ.2..w~,Y_w.~§.i~£:j;QJ:e.s_cQ­ ~~_Sq!!-!~E~,..Q~§!:,9_~_~~s:jJgo~Il!~ul9:"Il~mqg!:~tt~~11~1.idS~ como ramo au-

tonomo da Demografia: Landry publica, em 1945, 0 seu Tratado de Demografia; em 1946, A. Sauvy lan<;a a revista Population; urn ana depois aparece em Inglaterra uma outra revista intitulada Population Studies; ainda em 1946, Meuvret publica urn trabalho que vira a ficar famoso, As crises de Subsistencia e a Demografia da Franr;a no Antigo Regime (Dupaquier, 1984); P. Aries come<;a a explorar as novas vias da Historia das Mentalidades ao publicar Hist6ria das Popular;oes Francesas e das suas Atitudes perante a Vida desde 0 Seculo XVIII (P. Aries, 1948); M. Reinhard, em 1949, publica a sua Hist6ria da Popular;ao Mundial de 1700 a 1948 (Reinhard, 1949). 51

Mas 0 que verdadeirarnente se pas sou de novo foi 0 a12areciID_~l1tJLQQ......l1le.tQ.do... £i¥ffi.ffi~~~do .E~~~..££n~~~!l19ao das fanulias », llL'lentado gll~~§<~,.~!pult~~ !!l~1~J?2£R;.,Q£>.ll2W~;.,,!!.~L, • P. Goubert, ao estudar a J2.Ql!ulacao de Ameqil, entre 1656 e 1735, ~bora uma ficha para cada casamento, completa-a com a ~_@~~AO~~[~gi§tQLQ.Q§ 6bitos; e~~~~~!i:~~!l:}!!~~~'!- 0 s~?S2:.~~ta q~Ji~12tismo,J19~l!1:~~~~~.~_a.§ep~­ ra e data do casamento;

.r.lleI.JiY:i~;:a;do ·~s:!rab.J!lh9.§~_P.'oD_Q.~_I1JJ"b.Ji~~,~,m./~J;nj!,~Q,td2~ um.:tr~balho

intitulaqo Umariquezadpngg!Jifiq[!f!SqH~Sidp,,:.O§
(jjjjgjR.;" • P. (Joubert reage violentamenten.um.axtigo.Gom"oseguinte.tltqj,o --,.,Uw,{J..= 'r:f:flJff:!/J~4f;mQgrdfi.~q.em. . ~:;:Rlo!9:£iip,:".p~J.?,gtsJ9c~paEOJ]}!,iqis".,f).,Q_.q}lJll.!~y-,~~~ serias duviclasac~rca daspo~~!l?ilisIa~~s.cios dll,qos e cOIl;si§,~ra-9_.m¢J!?~ ut6pico ..

,i '

R9is allos depois, L. Henry eM. Fleury publicarn Dos Registos..JJl[Q!1yiaiLiJ

l!J§.Jgi;;tJa~P!2Pjj~7roe~Mamtar({eAl'idlise

e de

Explora£~o...AQ_J1$.1(J4QJ;ivJl

1!fJi8Q, (Fleury e Henry, 1956). Trata-se de urn guia pnitico e n~q,_ge urn t!;.~qQg_d.e. QeI!).ografia, Hist6ric~. N_~.,§B£l:.sss§'!}.c:La2_0 metod9 da rec.o!!Wtu.i£iQ",Jle.~J
"':;"---~"--------~"';""'-.

.

'

.. '

...~

• primeira etapa - classificam-se em separado os tres ti os de ficha,s (uascimentos, casarnentos e 0 1tOS e repetem-se as fichas dos casamen1Qs a yermeTho~~a as indica\(oes referentes arnulher; • se~~da et!}pa - ~ons~hi~1os~~~~,2~,~~~~1'"~~.,~~~~,a,s!~Ul~J.~.~9~q~ial j~!!!~gQ,:.§~JlldiQ!g.§"g~J~&l.£g§.gH2.S~£~J>J?l?,illlllUl";""

• ~:"cei!~pa - !E.~E"~E~~~,~~".E§;J?,,~~,,~Jl.2f.rjQUl\L~~tgS\.Ji9Jm,~,Q,~ todas as informa\(oes res,l!eitantes a cada homem casado e resl?,ectiva....,mulher _._ Tlio caso de ser urn novo casamento deve abrir-se uma ficha distinta para a uniao anterior); . • Sl!arta et,epa - preenchi~~I]!2...<1,~,J~~e-i~!£!!~e famf~(a coI? as info~es J;!!sp,yi!a!lt~s, a<;?s filE2~:"c0!!l~ys~ng&:§,~p~~g~H§t.~.~mentQ§ ~.

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I

A precisao, Q. detalhe, a forma pnitica como_ foi redigido este m"!!l~, faciljJ;aram a leitura e a compr.e.ellsao deste.JJ.Q~lQ=init.o.d.Q. Noerit~uficiente, uma vez que os fndices estatfsticos que se podiam construir entraram em colisao com 0 que era tradicional fazer em Hist6ria da Popula\(ao. Na epoca predominava a analise transversal, ou seja, indicadores que resultarn da combina\(ao dos dados dos recenseamentos com os dados do estado civil. Como rararnente se dispoe destas duas fontes em simuWmeo, os investigadores come\(aram a preferir a analise longitudinal. Apesar da,jlletodolo~y!log£ao d9§.!~~is!2~J?~~29~~,a.:i~,.!~".fi£e£l'£" ~g~,~t<:tg~~f!lltaY.a.~exempIQ~pJ:.atico=d~"ap.~,S!~Q~§§.§~."~~l?mpJQ . §!1mil,L~.mJ218 52

com A populaqao de Crulai, par6quia normanda; estudo hist6rico. Foi com este exemRlo prati£g,.gy§~§~.gs:.llq£!~.g_W.ttgQ~~.s..Q,!2§.t1NiS;ao das :(:ym1ias. A vantagem da clareza e da uniformidade impediram-nos de ver alguns defeitos do metodo e nao permitiu 0 desenvolvimento de outros caminhos, caminhos esses que existiam em potencia. Na sua tese sobre Beauvais e os Beauvaisis, P. Goubert, juntou capftulos de Demografia Historica com capftulos de Historia Economica e Social. Como teve urn sucesso consideravel, esperava-se que servisse de modele aos historiadores. Tal nao aconteceu. 0 metoda de L. Henry impos-se de tal forma que 0 proprio P. Goubert acabou por recomenda-lo aos seus alunos. Foi em vao que P. Chaunu e P. Goubert tentaram alargar a curiosidade dos seus alunos para novos horizontes. Em sfntese, 0 grande sucesso do <2Retodo de Henry'»pdeye-se a tres Lactores fundamentais: • ao caminho tra9ado pelo metoda - os dividendos sao grandes e 0 risco e bastante limitado; --. . ..~.--. .. .~-~--.--~. .' . -,

• ~.~[aE~~~.~£ . l:!!~.!().~()"e ..~?s,~a~~Ii.~tqll~,.~~.g1iJi?~w-,..• g9!~lJliv.i!o~, qualidade e a compara9aO dos

r,~sultados;

•-~ig~i:la~l;" 4~ i~~~~!!:&~9~§~sue·~~~!!~~~!!!:~l?~.~§_~,~~,~...9~~!~!~"~J?~~,~~.~~;., Em 1973, P. Goubert fez uma notavel sfntese dos progressos obtidos em 25 anos de investiga9aO: «A seguran9a que nos dao as listagens interminaveis de numeros ... deram uma imagem de rigor cientffico como nao acontece em outros dominios da Historia.» Indica ainda aquilo que vira a ser urn dos grandes desenvolvimentos posteriores: « ... nem sempre as monografias se preocupam com a qualidade dos dados ... por exemplo, vanas vezes tern side afirmado que a mortalidade infantil aumentou no seculo xvrn quando 0 que aconteceu foi a melhoria no registo dos obitos infantis.» (Dupaquier, 1985). Mas este problema tambem nao escapou a Louis Henry. 0 Manual de Demografia Hist6rica, aparecido em 1967, ocupa~se dessa questao apresel1tando, pela primeira vez, urn manual de tecnicas de analise em Demografia Historica. . ..E9L~~.~i.1E:."~1!~,,~~,. . !?~~~BE3l;~~",:I:Ii~.~<sti~.~kEJ~iL££<>9.l},~=g,l}..aLqJJ.<:tINPJl1r9,._~~.iful,c,jg, ~s.ial"m~~.19m.21LP.~i£YIill1!}£!!1.~~!~n~tL~=q,lde}lg,!,!;9FLQ£~,,~t~£h~§· A Demografia Historica deixou de ser uma gencia al!.JilliN.!~si.9..u~1.=I?.m:~~~~Qf~ g,.ue se all.!Q.nomiza com..metod.Q.~tecIJ.ic:~!2mj.~~?difsa:~!1tes eta.s ~utras ciencil!,s, inclusive da proJ2,ria Dem.9.gLq.:Ii~. Esta grande especificidade da Demografia Historica muitas vezes e ignorada pelos investigadores que se dedicam a este ramo cientffico. Em muitos trabalhos abundam simples listagens de dados brutos, ou conclus6es de caracter duvidoso, conduzindo necessariamente a conclus6es muitas vezes precipitadas e ate mesmo erradas. Urn exemplo muito conhecido desta situa9aO e a questao das «crises de subsistencia». Foi uma teoria particularmente divulgada por P. Goubert em Beauvais e Beauvaisis: «A verdadeira crise demografica resulta de acidentes meteorologicos (em geral urn Verao pluvioso) num determinado contexte economico e social; as colheitas foram medfocres e 0 pre90 dos cereais (em particular do pao) aumenta; os rendimentos, nao acompanhando os pre90s, fazem com que os pobres procurem 53

I

alimentos de qualidade duvidosa e aparecem as epidemias, sobretudo de caracter digestivo, que se propagam atraves dos mendigos e dos viajantes ... » Em 1963, P. Chaunu e R. Baehrel come<;am a levantar serias reservas a esta interpreta<;ao dos factos: « ... muitas vezes observamos 0 aumento simuWineo dos pre<;os e da mortalidade por razoes que se ignoram.» (Dupaquier, 1984). Com 0 grande numero de investiga<;oes realizadas 0 sucesso da equa<;ao «crises de subsistencia = crises de mortalidade» entrou em declfnio."E.~istem crises de mortalidade ~ g!!~)e!ill~~~Qg9...sri.§es~Qti,§yQ§i£.~0at..J(i~y';~J.:$~, Porem, toda esta polemica teve 0 merito de chamar a aten<;ao para a problemcitica da Demografia Hist6rica. Historiadores tornaram-se dem6grafos, dem6grafos tornaram-se historiadores, economistas e soci610gos tambem se tornaram historiadores e dem6grafos. Destes cruzamentos nasceram vanas obras de inegavel interesse e que abriram novos carninhos. Em 1972, quando a Sociedade de Demografia Hist6rica comemorou 0 seu 10. 0 aniversano, algo estava incontestave1mente comprovado - uma . nova disciplina e urn novo ramo da Demografia tinha nascido. R~:;t 9E~JQ§"~~~~p"Q§,§i'{y,t.Q"sl~~~n:Y91y.~Il1~~~g!:.~fl..~J:Jist9rica>-J:nim~ £H~<:>t!s.p1l9ode ternPo,.dois fac:t()r~s for
.

fOrn~,S~u~ co~i??peiirctte'c]lc}l;'~·a~Nova llisi6riac.ontribui~

co:iil osfutt~:s,~~'y~g~

~~2P.q~i,tiYista, como, por~:lC~rrll?lo,o r~t()IB:~Aa§fontes. Infel!zm~n,te, nos anos 70,

passou-se para 0 extremo oposto. Por exemplo, procurou determinar-se 0 objecto de estudo de uma investiga<;ao em fun<;ao das facilidades em quantificar ou em informatizar. A resposta nao se fez esperar. Come<;aram a aparecer acusa<;oes de que se quer reduzir 0 campo da Hist6ria ao utilizar fontes que sao estruturalmente qualitativas. Descobre-se, assim, 0 interesse do qualitativo: das medias passa-se ao tipol6gico, das adi<;oes as equa\(oes, dos sistemas aos modelos. P. Aries foi 0 grande pioneiro desta nova maneira de pensar: « ... parti dos dados demograficos para passar as realidades que e1es ocultam; destas realidades das atitudes perante.a vida, a idade, a doen<;a, a morte, os homens de outros tempos nao gostavam de falar, ou ate nao eram deles conscientes; a analise das series numeric as fazem aparecer modelos de comportamento ate agora inacessfveis e clandestinos; assim, a mentalidade aparece sempre no fim de uma analise das estatisticas demograficas.» (Aries, 1991). Foi neste contexte que emergiram alguns dos novos carninhos da Q~mQgr::t.fi.~. ffi§tqJjca actl,la,l:. analisar oprogresso da instru<;ao atraves .~~,.fr~g1!§n£@ dg§,.,~.§.§jn~tm.as,; cQmpr~~l}cl~~~l. sexlJalidade,a.lib~.t:Qa4e_ctO:; ~~tl1m~,,~=~j!!!.g11imJJ;.l1lJ!~'§2ffi!9Igt,l}JtQ~.1l-§Jjs.h;:t%,cl,Q~t,~as.aJ1l.s'!niq§_~,gQ.§J)~,§.QW..m1;Q~ ~~~~~,,~ J?}:~ti~~,x~ggi.osl±::ttray~.s@ e;'(plora<;ao do moyi.r!]o~!!!9.~~?E~1 dos ,£,~s~~ntos e dos nascir:n~ntos; explorar a existencia de crises de mort.aliclaQ~.~!!.­ y.~,s

de

urI,Ul

simples'contagem dos 6bitos,

..,

Os Estu.tJ:0s dr:..,!:..?!!u!'!:f!!? ,o.uJ!~mogra./jfl_ Social Conforme dissemos anteriormente, existe uma total convergencia de opinioes em rela<;ao ao objecto de estudo da Demografia. Quando passamos deste myel global para 0 myel dos diversos ramos surgem algumas dificuldades. Na Demografia

54

!'2rm~J 0~,b12~lis~J2~E]..2graf!,£§h",J12.vlQ..,Q.~g,e)!L.9brigat6riQ 12ara se poder

estudar ~~!l~Ll:!!!Lflilll"QutLQ.s.J:amo.s,"Jemo)i~,!LJ,!$.s,encia"ffidor_saber-Qe~

§~t~,,~~QJ=1~§.i<::o~Q~,J;?s:.m9gr@a.,..tem,. c,ontomQs.,clarameI;l,tS'-.ji.~fiI:t~c!ftS"",Q~;yidp=l1Q., variadoe ~ofi~tica4()c()Ilj:u..Il!09YJlletqq9s,eJ¢CIli~asq!le,4~senvolveu ter.2.~mritLdo obteiie'suitados com grande solidez cientfji<;:..a. , - ' .... -- , ,..~,,~ o mesmo nao acontece com a Demografia Hist6rica. Se, a partida, parecia que o seu campo sena de faal deTI'iiritas;ao (talvez por se confundir com a Hist6ria da Populas;ao), Lmedida que a in.\r.e.s.tiga~rQgrm...S1!Igj,ra.w,..difi.~des em cJ~li­ ~i:...£amR9 .QE,.Yl~~~..,•.Q~,t<:l:~

.!2£~~U!~.Q"g£<mQ.g];afi~Qs_s~o"",\ltiliz;!l.dQ.s,.,pm:;a.".e~plic;.;:g"Q.~.,PJ;Ql:?!.~m,9:"~~,.s.t~Ip..2grJ1iSg§~,,,.a

55

I.

i .!i

influencia dos nfveis de rendimento ou dos estilos de vida no nivel de fecundidade; a influencia do tabagismo e da situa9ao profissional no nivel de esperan9a de vida. Mas, tambem e possivel uma segunda aproximacao. Os factor~ demognlficos sere~"~ana..~ei~ iI?-_q~J?~!:l.~~l!!~~.£li~e)(£!icativas de variaveis na~~~Y~S:!:!otflx•.£l_ll.gtgEJ:1:1!9,.~d~.~l?rqn4,qy.'£.P..MiQ.~ ravelmente!:l!l_tQgQLa,~._~0~~,.~~~~~le:';~2...~~Q•.•pa,S~~g.Qh~~~~~.J!~s progressos observacios beneficlarem. es.sencIalniente. OS Jovens, benefiqgrp."g~J~. Eias pessoas mais idosas. £stas duas evolu9oes, quando se cruzam. proYOCillIl uma acel~~£ao do envelhecimJlli~mQgJjftco ou, mais precisamente, uma diminui9ao da importancia relativa dos jovens na sociedade e um aumento progressivo da importancia da terceira Idade, da quarta Idade, da quinta Idade ... colo cando a sociedade perante delicados problemas econ6micos e sociais diffceis de resolver. As migra90es podem. ate~ar o,!-l aUI~~.!eLillng£Lm~!.s_~1.eA..P...tQ.;; ~s. Numa ouira perspectiVa, a =actual s'itua9ao demografica dou.ids.es desenvolvi~9.!L.PIOV.2£~ ..!!!!L~~~!llu~g.(L9S?§s€.~ CiUedO lado suI do Mediterraneo encontramos as maiores taxas-·de··c-fe&Gim~F1tGl Observ;d~-;-~~'-il'lomento"aauar'-'" .'" ...... ....... ...... . . ---pc;r[m, ~~'~f~ltos'd~evoi~9ao demografica do Jll!m_d.o_.iiG1!!.ql nao t~m~"~p.~..R~ ~1:J~c~?~~_~~E.!~~i:?,~. Novos 'probTemas quaTItativos come9aram a aparecer. 0 progresso da biotecnologia, em particul~ ..:1120_~!2gi.g~<1~...<1~_"st~!~ffi!ilJ.f)L.Q=s.ex0.ae-a ~S'"cen.t~.~~P~9;~g~iIT~fVe69~ao·al~G±i·~nQ . ,embriao~hUlllanO~il:l.-.Ute,J:.o"..cr;iam. novas potenci~lidades cujos. efeitos sao ainda mal conhecidos. As. tecIlicas de. pm: cna.9ao· arflUciars§:C;·slls'ceptiveis de pertlirbar a n09ao deindi;;:dlt;.~.{ie.iamiJ.j,a, afa.stancto -aj)essoa·aa~ suas' raizes .bio16giCas, dando-se cada vez mais.import~ncj,~ ao"pareniescosQciaLdoqu~ aos la90s desangue. A multiplica9ao de divers os. tipp~ "'~~ . farruli.~._e. o,,!'!:mne.o.tQ.dQ ..lllJ.Jll.ero dediyQrci()s.S?<1~j!lhQs. for<J.do cas.amento~ tamb€mlevantam novos desafios a sociedade actual .. A.ns><;?p defarrulia.e..cada-.¥ez mills c6111piex~,fll!i
e

56

Assim, sem pretendermos ser exaustivos, podemos dizer que as grandes preocupac;oes dos Estudos de Populac;ao".nos cliasde hoje,si;io as,§_eg~iJ:~ies: - -. -. . " ~' .

.-:"''''-~-.

..

:as causas e as co~~,.gllfu!..cias do declinio da natalidade; • os efeitos das migrac;oes int~~,§~~~~!~rE~§"'Q2l.i~~ma_ d~mQgt@2~; • ~9nseguencias @1!!Qg!:@.<;:~"§,,~_s.QGiai~ggJl!t.~LQQ!2t!IL!'LmQ!!~; • ~s~~_l!~L~£!~~e..,~§P£gial f~£f?_till2I1e; • os efe~tos do Rr~grt?~20 c~nti:~lS2D~,,~,q!;lgQJ~?c!=!~P?~~So; • a problematic a da defesa, e da estrategia f~ce as mutac;oes . da se,guranc;a . .._,_·,=_ ~i~fiGg~;~~"-~"~'~.~,~~"·,~,·~_,", _~~_s__ ~,..~""~~,_>·",~-~",-·

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As Pol(ticas Demograficas

o crescimento ou a diminui£ao de um~.J?.QILu.!~~~Q"~i!Q_~nss:JJ,at.uraLe_,migrat6rio_nela.exisieDl~~_QlL§§.j,~", sao a conseguencia ~,~9:E:~!~hg~~;<;!~'I,-~~"ill2!1~ts!~d~ ~~c!Q§,_mQY!!!!~,m2~J11i~t~.2ti2s. Qobjec~te6rico de qualquer politic a demognifica consiste, fundamentalmente, na orientac;ao desses movlmentos, ou seja, em actuar sobre os model~ (ou sobre os efectivos) tendo em conta determinados objectiv~s econ6rn,i£9§~.,S9ciais. Se gllerym.Q~,J1Cele.~~~i.!!9::,~~~p_QPiii1i:Cf9: P~?~~~:,~~~Ii~~Ls!!~2!_!!!r-=,~~~jg~S (6bitos, emigrantes) ou aumentar as~~ntr~~s1riascimentos, imigrantes). InversaIl).ente, s§.. queremos diiilliiuITo-ritIDode ~,im.eJltQ_pLQ.~YI_~S.§..:;~ ..!!!!m~lltg.~~as (6bitos, emigrantes) ou diminuir as e_ntr:,!q:i$, (nascimentos, imigrantes). Esta ideia de~actu:arsob;~·~~oviPlento demognifico, a fim de que este se adapte aos imperativos econ6micos e sociais, e uma preocupac;ao de muitos paises. Mas, ate que ponto esta preocupac;ao se traduziu na existencia de autenticas politicas demognificas? Quando examinamos 0 conteudo da~a!l_d~_~_S:QIlf~reltc:i~§jJ!t~ma~..iQJ;!ills."fll!~, desOe 0 fim da Segunda Guerra, Mundial, reunem em, cada dez, llno,s_ os _
r

A Conferencia de 12!!£..~_m:~...de.J.914"tev.e..a"originalidade. d~.1!m_gDlp,Q,impor­

t~nte de l?~~,~~p?_~!es,~p_oia~,
iiii1aVantagem para.

""'BSte"grupo

57

£rescime~to de~~c?, ~~s de uma~.~~~:_~~2~~!<:>._~~~_~~qJ,i9l!§"Q~_,R@n.~.(;J,;;, ~Jor3J:!l-!-rr~,

como condi9ao essenci'ar-pani haver desenvolvimento. Estavamos assim perante duas posi90es claramente distintas onde a fundamenta9ao de caracter politico dominava: os «ne0lll:~!glU.§!anos>~~_l!!.e..~~~~~~.Q.~smtrol() dq p.QPl!l::).~ao e o factor _ t!ss~l1cial para um processode desenvolvimento; os ~ela,prime.ir&_;y;ez, os responsaveis dos diferent~.s._.list!!.<;ios:!p-..EPbr2L'!Qmi1iI~,pgL9-m:nitW-d{!Q~L..ffi!.e OcO'iltrolo do crescimento demografico e uma necessidade fuI1ctlWl,~l1.t;;tLQ~,~q.uak riifs,'se}a'quaf fo;o~~;nf~~l d~"d~s'~~vorvrmento.'Ai6' ;~ delegados dos pafses ~africallos, que normalmente se opunham a este principio basico de interven9ao devido a baixa densidade demogratica de alguns paises, subscreveram este ponto de vista. _0 del:~ate...£Qn£'?.I].,!l2.~,~~~};rJ.aj§.,J1rnSaber, porque.e que ,certos paise~".QIl§~­ guiram controlar com eficacia 0 seu cresciment() demografico enquant() noutr()§ paises tem'-havido maior dificuldade. Compreende-se, assim, porque e que as dis~ cussoes 0 documento aprovado abandonaram os «velhos termos» deste tipo de debates e as aten90es s~Q!!.9_~.IltIill"~nO pap!s.,~,,;:j.J-Ul1.a,:;l:o-ilise rigorosa dos factos. As posi90es irredutfveis dos'anos 70 deram lugar a um dialogo aberto entre 0 Norte e 0 SuI e, em Setembro de 1994, pela primeixl! vyzneste tipode conferenGias,.jnternaci-0~ mus, os 179 delegados participanteseos} ()gsery:adores da.Conferencia, Oficial.,sub~screverafu 'iiriiProgramii de Acgao com 15 principios e 16 C:l!pitp.loSQI)Q~...s..e_ explicitam um conjunto de recomenda90es concretas que devernorientar Q$ futuw£... 'R!ogramas politicos em materia de popula9ao. ~~J2()ssjY~Lq~..~ 114QP-9ao.de.urn docum~to com e"s!~~caracteristicas trav_e a t~11(:I~I!<::!':l:.,g.:t:te __~~_tJE.~?:.observado ncrs"

ou

guer

e

II

,;~-'.---

58

ultimos anos para as polfticas sectori~s 4~~c:lwaJl:l.tl!!'~:Z:::t~~e,E.!-Qg[@c:a,(Q()liticl'ls",ck ~deemigra~ao,'ae~t~.~~~iDi:l~f9.Q~),e.,.se..,reJQn:te~~u:litnensaQ",s,Qci::tl.gl0,balql!~~

i~!~~[eii!j:iic:9 _4~§i,pii§~r.

Neste contexto, achamos que seria importante apresentar resumidamente 0 conteudo do ~~~~,~_~9£.~Q~g.p:r,QYadQ.,em 1994. JIQJ=~()JPopuli, 1994): • 0 Capitulo I faz 0 historial das Conferencias Internacionais de Populac;ao e dos grandes temas analisados; • 0 Capitulo IT enuncia os principios directores do documento, clarificando que cada pais aplica 0 Plano de Acc;ao de acordo com a sua legislac;ao, as suas prioridades em materia de desenvolvimento, as suas convicc;5es re1igiosas, os seus valores eticos, 0 patrim6nio cultural da sua populac;ao e tambem conforme aos Direitos do Romem universalmente reconhecidos: o prindp.io n~o L.declar.a..(}lJ~Qs".seres_h!JmqpQ~ }lasC:,ern. ~ivres .. ~~ i.~~~."ym_4ignidade e.direitQse.qlJeJeJ;ll.dir,eitp, ~. :vida, ,~.gl?e!rd(i~e e a seguranc;a i n d i v i < ; l u a l ; ' . "".,~"' - o'~.~E~ke!~~~:,:?",~g~~,g!!:~_!2g2H~mg4:~~t().,::tdesenvolver ao maximo ,as,~ ~1!"!§"PQtencialidades ; o prindpio n.o 3 declara que 0 direit9,.::tO desenvolvimento e urn direitq ~~~~~!?-~~~L~.g~~"}~;R~~~~9_~",,h~m~,~.,~~y~,~~.t~.11() cel1tro dode,,s~~,;: _q,£'r.:!~g!£l~!2:,~j"Jl,~f~!lg£<,,~,jg.u.ald.aQ~,.dQs,~.ex()s e .l1e!irnin(i9~()~<:1,e,~()<J~,s a~ ~,sle ,xiQl~ncia. ~de

que .as"mulher.es s.ao. v:itimas; prindpio n.o 5 declara.
...£..£!i'1f{Pl~UJ·,~"{L
fac;ao ~~~.!1e.S~.~~t4~g.~~". l!a,§.ap1:,u,~i§ge.ra,c;.5e,s" que . na.o,po.de.l:J.ip9t~£¥ .qJi!t!lJ:Q "§.ovas ge..r..a¥.ii\t,s.;" . o £,rincfpio. n.o 7 ..Ef~2Ei~1'-.,3s.QQP~:(ac;.aQ_int~mi!ciQ.!laLpJ!ri!_.s
• 0 Capitulo III reconhece qt:t.t': a persist~.!ls:i~.4~J?-9.!>!"~~:l.generalizada e. a exist€nCia de graves desiguaidactesentre- grupos sociais e entre sexos -t~m-·iiilla grande iilfhiencianos comp6itamentosaemograficos; faz:'se apelo a umapoi'o ~econoniic6 especffico·paraos·pafses em desenvolvimento e aos paises em transi<;ao; • 0 Capitulo IV R~g~.l:!Q~.Pfli~~$pm-l!-.elimiugr as. cl~.$igualda,des exi.ste;t1t~~_ ~Il':'" TreosnomenSe as .mulheres; • 0 Capitulo V pede para que sejam elaboradas politicas farniliares que contribuam~para a estaolhdade daTailiiha, tendOem contaoseu-caracter polim6i1'iC"O," em particular (, riu~e~o"cresc~;;te"de falllilias monoparentais; • 0 Capitulo YJ esta divididQ.em..cincQs.ec<;Qes;.:[ecllr:tdidade, mortaliqage ~ cresc'lmento da popula<;ao; crian<;as e ~dolescentes; 0 envelhecimentodeW2;grillco; as culturas regionais; os deficientes - pedindo aos govemos que tenham em considera<;ao a incidencia dos factores demograficos no desenvolvimento da protec<;ao da saude e da educa<;ao dos jovens, que elaborem sistemas de seguran<;a social que assegurem uma maior solidariedade entre as gera<;6es e que defendam os direitos dos deficientes e das minorias etnicas; . • 0 Capitulo VII tamhem.,..e.S11LiliYiclido"§l!U~tll£9...~~Q.~_~_~£c;<;_6es:~~g.etis.~,; pl.a.neamento familiar;doen<;as . sexualmente. tr~!1srnissiyeis; sex.yalidade; . ?:d.2:..~ lescentes; • 0 Capitulo VIII diz respeito a saude ea soprevivencil:l,clas crian<;as; • '0 Capitulo IXencara ()fenomeno urbano como sendo inerente ao desenvolvi~~ mentoeconorr.uco e social e convida os paises a adoptarem estrategias que favoree;'am 0 crescimento das pequenas e medias aglomera<;6es urbanas, bern como das regi6es rurais; • ~,S.~£itu!~2L~~,~Jlll:~l:J:.s,i,tl,la£~0,.~9srnigrantes oficiaise da.ndestinos e pede aos govemos para estudarem as causas profundas das migra<;6es, para co operarem entre. si no sentido de~el~9E.arem~~_i!l..!~g£~~~g,J::gm1?E!!~[~J:ll~_;x:en._()fo­ bia e 0 racismo;

• 0 Capi.~1o.~C~JJ:Pl:?:gu~.g,fll:c;FoI.l!l~is.ilD:P2~@!~)~9desenyolvjmento=dma­ ver~-a edg':i.~Q~~ .:1,. I:u.t .l!.£9!ltrli 5~ ..al}~f~lJ.~!t~mQ;

• os Capitulos:~g.~LJ£YItr~Ja,m.dequest6es mais genericas, como a coopera<;ao. tecnoI6gica~'a coopera<;ao intemacional ealguns .ollP:Qsasp.e.ctos .praticos. de i1llFe~enta:<;ao do Plano de Ac<;ao. i,.

A Ecologia Humana I"

'. i I

Ii dissemos que a D~mografi:l e uma ciencia social com algumas dualidades interessantes. Antes de mais e umi ciencia social de raiz biol6gica: os dois grandes fee n6menos demograficos - a natalidade e a -rriortalidade - sao nlall~fest~<;5~s s6ciQ;z,.~, -=ciirturais de processos biol6gicos, ou seja, a Demografia estuda fenomenQLque, sendo biologicos na origem, sofrem profundas modifica<;6es quand9inseridos na~ ~()~~edade. Em sentido restrito, a Demografia procura compreendercorp.o~t.9.ue 0

60

estado da popula£ao s~~J:D.QQ.ifiQ£Lg:trfl.ve~ Q~r@g~:rtt.e,_prIeO_~Upg~S5! _COIl!_l!~_~l!u-=. ...::----,,--------.,-- " -. . sE:~._e ~s. consequeIlci~~~_
-

In§:ri!£~"~~I~9Pufa~o. ___._

Ora, na amilise destas causas e consequencias mais abrangentes, encontramos urn complexo muito diversificado de variaveis: economicas, sociais, psicologicas, morais, politicas, biologicas, historicas. A De~'
u~~ perspe~tiv~sistemica, aproximando~~assim~i
o termo «ecologia» foi utilizado pela primeira vez pelo bi610go alemao Ernest Haeckel, em 1869, e deriva da palavra grega «Oikos» que significa «casa» ou «lugar onde se vive», mas so nos principios do seculo xx aparecem os primeiros manuais de indole cientifica. Por defini<;ao, ~colggl
aaapia9ao em

~~!_~_~~._ ~bi~I1~~: ~A~;E-~~~~"~~1,LW~ ,gj~p-<;!~_.9.11e.l:lti!iza j:eGnicl1~ .!':.m~t.elil!is

retlrados de. outras areas clentlficas n0Ineadamentle, dl1 Biologia, <;la (}eografia, Cli~_~!£~~~~a:-~Hldr~gi-afii;~Qs~~~9g~iii{~;;3!e91~gla~ O~stllcio . de§tl!~cieJlcia-.>e centrado no sis.t~r:rtEc_C.Q!l§Jitill.dQ,"p.elo,,,conj.unto<. de_.ser:esvivos e· nosdiferente.s CO..mP'QR"@'~:dQ_seuambiente, ffsico·(agua,· atmosfera,.soJo), bern ..como nas . sua§ in~tell!.¥,9,es~,

... Sao conhecidas actualmente no globo terrestre cerca de urn milhao e meio de especies animais e 500 mil especie vegetais. Na Biosfera vivem os animais e os vegetais e esta compreende a atmosfera ate uma altitude de cerca de 15 mil metros, o solo ou a litosfera ate a algumas dezenas de metros de profundidade, as aguas doces e as camadas superficiais das aguas marinhas formam a hidrosfera. Na sua evolu<;ao conceptual surgem tres ramos da E,Gci.Q..gia..cientifiGa: a'ye~ tal, a animal e a humana. Embora com desenvolvimento em momentos distintos, a ldentidade de pontos de vista, a utiliza<;ao de urn vocabulario comum e de metodologias semelhantes dao lugar a emergencia da Ecologia_G.er..aI,....-l}a.,qlia1-.,e~ identificado. urn copjlllJ.to..de..ideiasJundamentai&..que.estruturam ,tado, pensameIkf9.~~S2f§ii,s2:~mQ~mo, sendo comuns a todas as divis6es que foram surgindo durante todo 0 seculo xx. (Acot, 1988):

°

61

• cada ~~~_,::,i~~ocupa. uJ:?1e~paC;9_l1Q_q.JJf!.Lenq)Jl_1TILt\;Ld.Q.f!.q]JilQ_ ..QLq1I~Ul~~.r~~ __~g~cespas:qtcl~~!g!!~d2-P..2~§"f6topg (bios de vida, e topos de lugar); • ~_~~~~i.maJ. nao()~~pa~~Ila()_l1.ll!a par.teeJoBiqtoP9_e;m que.yive"isto.~1C.upat:. ~quilo a que se.chamao Nicho Ecol6gico, ou seja, uma porc;ao do seu Bi6topo, ~~,~.~!~~~5:."2;¥,~~~~£.~.yivo.~ ..~iy.ei1C:1.oe.Jg£OIll!lrg~~c:l_~S,,- a este conjunto de ammalS, vegetals e illlcroorgamsmos chama-se Bzocenose; • () ,conj:tLnto de Biocenoses e de Bi6topos constituem'o.Ec;~e1nacuj()sJ.jmi­ tes sio" IIl.ais ou menos arbitnmos, fazendo-se normalmente coincidir com graIldes alteraC;5es do melo C()~o: por exemplo, da floresta para 0 prado, da agua para a terra firme; ·"E.m_.[qQss(.rr.ema..impl:LQl! . f!. £ir.cJ!!i!£~() de, materias e de, energia para. as a£tivi-

d~de~9-osot:ga.l1i§1l)o§,_ ca.d.gj(Js.trojfcqi;- vulgarmentecoDliecl~~§.,p_~r~~~~tcias ~!i.irie.l1tg[e..s""as quais sao SOIls(itufdas por prod'itt~re's(vegetais ou organismos

autotr6ficos, capazes de fabricar alimento a partir de substancias inorganic as simples)'_,£R!J§'f!;!'Ji.~£~~s (animais ou organismos heterotr6ficos que ingerem outros organismos ou partfculas de materia org3:nicatc:u:i~c.:Q.~f!9.!~Jbac­ terias e fungos, tambem eles organismos heterotr6ficos); -qr!1"l;£PJ~~§.tg.rp.p... apresenta-se como um organismovivo que respira, alimenta-se, cresce, aJJ:?$;" "durece, mon-e,' cieseqllilibra-se, especializa-se (muitos indivfduos de, pouc~" especies ),()u generaliza~~e (muiia.s especies com poucos indivfduos~;- , • ao ecossistema. totaJ. terrestre denomina-se Biosfera;

• ?,_~~.~.s.~~~~s:~.~."~~irl""~~§~lu..i:~~~l}I9§~E~~¥t;:~,~~prt1,1S:.iP.i¥§-. s~.Q.3~,,!F9.1B.~"~~

oU'quantidade de materia organica que comp5e 0 Ecossistema e 0 Flux2..de, ~~fgl.~. que 0 Ecossistema recebe; <,2_pE.m~~~L~~s£aI~q-_.(,£,Q~s pro~~toE~_~.pri~~!2~,1£!~E~~~.2,~".g~~,"C:~12~~J:J?: . ~~l1ergja" s(),ll:ir~ .~., p1il1:ix.do.s.,quai.s se estabelecem diversos nfveis tr6ficos consecutivo§ (herbivoros e carnfvoios};"ofltixo~e'efi~rgiacoiri}Jortaflux6s de materia - a energia captada pelo Ecoss'istema'dlsslpa-se nos diversosDiveistr6ficos,"'de maneira irrecuperavel, ~~~_~~r~*~2.-C;,Q!ltri.P.,Q~. ,-g~~£!'~J:,~gmf~slg,m..-"--"~-~-'-'-.'''--'''''-"'"''''''--''''.'''-'-.'-_ ..:~\

~~ ;.--.--"'~--.-

Apesar de, nos nossos dias, a §S91ggi.;:tl~L1!nLq!?jecJ~.~~,,~~_~:t!.g5U?JN.9•.~J2!ecj~,g. .5:.9~~~[. [email protected]~..,!:;i~JJ.c:ia..s.mais" complexas e"abr,angeJ;lt~spdQ"g1!~.~oc:!.l~C:8:r,r~.,.~~

a sua divisao ern ramos tlIaiS. es.e~cializados no sentido de tomar 0

seu estudo rnais

srmplese-'ope~ati:;~":-bas' mriitasfoMasque eXlstem para coJiside~ai-a Ecol;gia,'" sobrevivem, desde 0 infcio do seu estabelecimento como ciencia, duas divis5es classicas: a:,CI/.l/Q::ecplogiae asineecologia. Naturalmente que esta, como todas as outras tentativas de dividir a Ecologia em sectores (0 primeiro criterio de divisao foi 0 topografico, ao dividi-Ia em ecologia da floresta hUmida, ecologia do deserto, ecologia dos lagos ... ) e apenas uma separac;ao te6rica, como um meio util para facilitar a analise e a compreensao de cada campo de estudo.

62

Eoi Sbroter,(Acot, 1988) que em 1896£1:tQ.l,!..Q.!.~Jlfl.~~£QlQgi£J1.§!"i!<;l..~~i.g:. nar a parte da Eco10gia qu~ . e~tu~~~~"influ?llci.Cl.~
sere's vlvosaOiii""cio

e"nao'iK-" ' . '

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oIt§,. gUtr(),srs.~re,§,:.

A influencia do ambientee be1E~:tp~!s.,.tmp2~~!TIe,~~(,L!;I()me,m"gQ .q]le,.n~_,QlJ.g"!,s especies animais:-omaaascallsCls a.p()J:ltip16gic,a.,hfltfl:rotr,6fka" c.~£~1,.,2~'£2!!B:!}1~E~,.S:2:m.w~~,~2~,,,~ns~.siq, c~P,3,:z .. 4e,.sri,~,,}~,l!!._~~.nt,~_~99P~trlligQ.. Este ambiente construido e de grande complexidade porque nele se integram elementos muito diversos como a habita<;ao, os transportes, as comunica<;oes, 0 trabalho, a organiza<;ao social, os valores. ~ (Lamy, 1996) ~~~~s:oe~_Bome:tp!Am!li~ute._de...imperfeitas..e""" incorrectas. Imperfeitas porque as mesmas se caracterizam por uma mistura de usa eco;;;~;;;<;ao. Pouco correctas, pela evidencia manifesta a cada dia, de fen6menos como a polui<;ao do ar, da agua, dos solos ... dos crimes, das doen<;as sociais e degenerativas, da desigualdade na distribui<;ao da riqueza. Estas e muitas outras questoes, ate entao perten<;a das ciencias sociais, forani ganhando uma crescente importancia no pensamento eco16gico nas ultimas decadas do seculo xx, ~~~
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63

Na Ecologia Humana intervem todos os factores bi6ticos e abi6ticos que interferem na ecologia das plantas e dos animais, no entanto as dualidades Homeml /~nimal eculturalnatureza defrontam-se com 0 facto de 0 Homem na()_~~~as urn individuo biol6gico ou psicOSSQciaJ" mas -urriatotaJ.id-ade"«bio~pslco-social». ". .Como refere Buttel (Kormondy, 1998): «Hina exlst6nc{a humanaiiiii-a-dualidade, que levou ao surgimento de uma ciencia social dedicada a questoes ambientais. Esta dualidade traduz-se em, por urn lado, homem pertencer a reserva viva da biosfera terrestre e, por outro lado, ser criador de ambientes sociais unicos. Desta dualidade res salta a necessidade das rela~oes entre Biologia e Sociologia, pelo que a Ecossociologia vern pesquisar todas as questoes que surgem desta dualidade.» Em 19~L.jLdiY.e.rsidAd~...Q..~co!!lJ?Qlj:~rp,~Il1os humanos no espa~o e as diferentes re.~pgstas sociais e culturais ao meio e queint~res"sarii·aos·primeiros ec61ogo's ,,',,'.,,~.~ humanos. Barrows identifica a Ecologia Humana como uma componente da Geografla em 1925, Bernhard apresenta uma classifica~ao de ecossistemas, onde se distinguem factores biossociais e psicossociais, iniciando a visao actual da Ecologia Humana. Na decada de 30, a «escola de Chicago» centra as preoc'upa~oes na interac~ao dos grupos humanos em meios geognificos distintos e subestima a importancia do ambiente fisico, dando mais relevo ao ambiente social. Em 1936 com o trabalho de Ezra Park, «Ecologia Humana», cresceu 0 entusiasmo por esta area. Park parte do cc)nc~[t(E:I~lillstacra «Mape-Ii existencia», como principio 9tdenador 'e" regulador-da vIda, atraves do qual se regula.o numero de organistIlos~~"iy.os, se controla a sua distribui~ao e se mantem 0 equilibrio da natureza, ,atJilJyj:Qg.Q~gtc.~ dade humana dois Iliveis basicos, 0 bi6tico e 0 cultural. Park,Burgess e Mackensie foram6"sjYrini6iros a apli2arem aoestUdo" dascomunidades humanas os esquemas te6ricos basic os da ecologia vegetal e animal (Young, 1983). Na perspectiva de !3r!c e dos seus ..c~~eg~~_~~_~~~~!a de..~hi:cago,a..E.s~lggllb Humana era .Y!Il m~tQdo .~UJ).rGQnjlinfQ"a_econhe.cimeIltos e~sen~iaispar:.a~o""e.s.tud_Q -Cientifico dos problemas sociais e uma disciplina basica para todasi!S ct~.Q"cias_ sociais:A Ecologia Humana fica reduzlda ~ -condl~ao de uma componente da Socio16gia. " A partir dos anos 50 da-se urn novo impulso te6rico na Ecologia Humana para o qual contribufram decisivamente os trabalhos de Quinn e Hawley. Segundo QuiIln, a Ecologia Humana e urn campo especializado de. analise sociol6gica que"-investiga: os aspectos subs()ci~s (pi6ticos), tanto espaciais ~11!Q ftindorii:tis, que surgem da interac~ao entre oHomeme 0 meio ambiente; a.natur~.;.. zi! e forma dosprocessos,atraves dos quais surge e se altera a estrutura SQciaL.. Neste sentido, uma estrutura ecol6gica e a comunidade com uma determinad;;t . dis.tribui~ao no espa~o eCOmUIIl3. divisaofuncional do trabalho. ="""git~ll~~!~Y, a F:c9Jo.gi~ HUrnana e uma abordagem holfstica gl1,()rK?:DJ:Z;?'~.~Q" apnivelmacro do estudo das organizas:oes humanas. Rl:l1!~cl()pressupostQ darwinianQ da '~~iut"a "peli"existencia», da necessidade de adaptas:ao ao meio~ Esta luta teIll ,de ser colectiva e nao individual IaZelld'o:""ass'1m:;do"coriceitoae~coml:midade:~o 'cotic~it~:;' -:ctrave~Qateoi1.-a:"'·A"esi:iUiu~a"Qa'" comunldade i concebida ,como -organizas:ao_"de a~~ioa
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portancia do meio aJll!>!entE!~,~c!<1,§!l(ijllt~r9:<::~J!g_<::QIIl~~m:mllla,~aQ"surge_a . idei.a,i!~ orgarii~'l~aQ=-' ,,.. . ,--, Nao existe EcologiaJlllIIla.naS§.l!1Jl,QP.!!l;;l,~.~o, dado 9ue a adapta~ao .~e realiz~ medianteUma"oriaciz~ao, ~-~~;ta 0 que conta s§:o~aspropriedadescte' g~p~'.

Aiillporranc~_~~~~g~~~~~~9i)§d~·s~fcO~ii~ld~lia~·.·~ili~ailas pe;~pe~tlvas::.~.·:~~tan~:

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ca (conJunto de fun~6es ~ rel~~i)~s) I:!..adinamiq:l (processo de adapta~ao a um meiQ ~ambleii:tefque'correspondem as perspectivas da. organiza~ao social e a importanci51 equilfbiio, equilibrio esse que e sempre. inst3vel, dado qUe~a popl!la~ao est~. s:empreabertaao, meio" Na mesma linha de Hawley esta Q,UCQ,Il. Para este, 0 conceito [email protected]_ da Ecologia Human(i§ g,g~"t:~9~sistema, que.,e.. . constiwJdQ PQr,~quatto.elementos.: poRii~9.K?~M.~~m!:?.~!lt.e,Te,Gnologia.e,.Or.ganiza~ao. Ducan estuda detalhadamente as inter-rela~6es entre eles. Na sua perspectiva, a popula~ao tem sempre de viytr num meio ambiente determinado, na sua interacS~.~9gLQji.i~rQ, a~Q()pii!~9~~tadQP­ ta uma detenllinada grganizaQap,l'Si£i.al· (f~i1~,E!<;()l).9:rpi~(l,PQlitica,,};eligiQsa);,ec, como' proCIli:!~~~sa inter§f£!Q.§ill~~aJ:e~J1Q1Qgia. .Q(ijustaJIlent.o de uma popula~ao ao seu .meiQ,_J:!.~Q.-t~Wll,~l!lS!d.Q,.g~.J:
a

de ser vista como um capftulo de uma ciencia ou a sfntese de todas as ciencias ou ainda 0 estudo das areas marginais de todas as ciencias. E definidacomo 0 §.studo das relar;oes, em tempo e espar;o,ent~e(l especiehurl1,aYJa eas outras componentes TpEo,£~Ti~~·lq~"'i~9~~}~t,fi1;q . 4~q,~"~.~EaJ:.t~. i~t~ir'"afli.?·O 'se~ 'obje~tivo e .conhecerq-:. forma como as popultl£,oes hUlrzanas concebern, u,~am e G.jectam 0 ambiente, l?~m cpmo.!2J.iRlLd?rgipOs.yg§.':,e~ist~',;i~ias.;nZl4gu£g$ocorridasno'aw~ieniebiol6gic(~b social e czj{tural.

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Ao definir-se Ecologia Humana, como 0 conjunto da interac~6es entre as popula~6es e 0 ambiente, toma-se evid~:gJ~,".1!'Jle.f~s,sjqaqe,.. de.,UlUa.,maior._p:recis.ao

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~obre 0 ~()nceijo~~eml?i~l!te, vl"~!~,q~~~,.E~r~~P£.~q.,m\~\gJ1QDlxmJ~m,~91?r~}?gH¥~

e 2..3gp:ki§m~.~_£9:J1~i4eJ.a,cla.lu.rid_@'!!={At!i1, [email protected]. 0, principal ponto qe,. 2a:rg~11,p"~~qJlaJqlJe{,3!l.~li~,~sol:>r,~.~.s,r~1~s:ge,~.!:I()Il,le.:m~Ambie.Ate.. Historicamente, 0 conceito de ambiente, tem vindo lentamente a ser mais amplo e abrangente. Desde 0 concelto primmo de ambiente sinonimo de natureza e de protec~ao natural, no qual 0 Homem era considerado um ser independente do ambiente que 0 rodeava, ate ao conceito que inclui outros aspectos do ambiente humano, tais como factores sociais, naturais, culturais, economicos ... foi percorrido urn longo carninho evolutivo, resultando desta mudan~a, a emergencia de uma perspectiva holfstica que integra estas caracteristicas num todo. A Ecologia desempenhou um papel chavea~r~.~l>.m.t.?!. ::tn()~~~uk amlJi~rrtti /nat~:i1i.gi~:artii~~:aij'~·9~h.Qi1ie.::rl1 ~'!llosfiou~que 0" ambiente nao era so desordem ,.,.",",!'~__ Jl":~~

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65

e passividade. 0 ambiente tornou-se uma totalidadecomplexa eo. Homem, _d~. abertci:"c0inrefa~6es"de"autonoillia'e ~~endSriCia orgariizadoras' face..~leSS(3. airi~i~~te. -XcOriferericiade EsiocoInlo:' de 1972, consideroii-o"conceito de ambiente valorizado pela componente humana do patrim6nio hist6rico e cultural, quando se refere « ... a dupla dimensao do meio, compreendendo, tanto as componentes naturais do planeta, como os espa90s modificados pelo homeill». (Lamy, 1996). Q~SQnS~~!Q,cleam~iente passouassirnaabranger os elementos fisicos, quimicos, bio16gicos,tanto' naturalS' comoartificla1s';"bemcomg: os"organicos e &:s inQ!g~J:licos. Mais ainda, passou a. inclll1r iambemo:"Hom~w, I)~S . ~uas form:l~ de organiza9ao da sociedade, n,as intyr~relasoes existentes.ep.a sua capaci"daQ~"4~:"!i:'iiii~forma9~o' do meio. fisico envolvente. A. grande versatilidade eco!§-' gica do Homem, beneficiando da . suacapacidade~CuiiuraCaHeroii" a'()rIginal ilfdio humano, sendo pertinente interrogl:U:'-se sobre a eapacidade de adapta9a9 ffsica e comportamental aSl1ovas'cQn2ii~6es~pi~nt~is.6ra: justamente"~ desafio a capacidade' daadapta9ao que se pode situar a problematic a 'do desenvolvimento sustentavel. Perspectivando 0 seu estudo de uma forma global e interactiva com os diferentes ambientes que interagem com 0 Homem, desde o ambiente fisico, quimico ou bio16gico, ate aos ambientes socio16gico, eco16gico, cultural, tecnico e espiritual. E neste contexto que ~n (Kormondy, 1998) de:qne ,EcJl)Qg!.~.!!l:LlP.:fill.i1_'29~n~

enflcracfe""is'olada,""tornou:se'num" SIstema"

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nhecerquesemdhante"'evoiri~ao"

no'"pensamento" eco16gico vern ao encontro das

novas tendencias que se tern manifestado nos ultimos anos na ciencia da popula9ao.

1.8. A metodologia da Demografia ,:t;.,"""',"""" ---·..........."-\l'' ' .... _~ "', - ,,", ~"._,,'J"'~ , "" ,._.,•.• ~_~...

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66

de explica9aO, quer nos diversos ramos da Demografia quer na atitude global que este tipo de problemas implica. Em termos pnlticos ~2Ciste, assim, u~~__rp.~!£,~~,~g~~~~1£~£f£~!l=~~l:\n,@§§ )

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Demognl~~~s.2.1p.EgL€l.!QQQ,S_2E;11:rglJl~IIl:a§4ir~c!~ 0lljncfu:t:!~taJ:lle!:l!e.E~a,s.igl},il:~g~

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A EXPLORA~AO, Analise dos Sistemas de Informal(ao Demografica Analise da Qualidade da Informal(ao ,!..

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A PROBLEMATICA ~''''Diagramade~L~ici~~''

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67

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NATALIDADE ) MORTALIDADE ~ MIGRA<;::OES L -_ _----=-__--'

CRESCIMENTO DEMOGRAFlCO

CRESCIMENTO TOTAL POPULA<;::AO NO FIM DO PERiODO - POPULA<;::AO NO INiCIO DO PERIODO

CRESCIMENTO ENTRE RECENSEAMENTOS (NASCIMENTOS - DBlTOS) + (IMIGRANTES - EMIGRANTES)

CRESCIMENTO ENTRE RECENSEAMENTOS CRESCIMENTO NATURAL + CRESCIMENTO MIGRATDRIO

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DIMENSAO

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} I NATAlJDADE f-. } I MORTALIDADE f-.

CRESCIMENTO DEMOGR.AFlCO

} I MIGRA'~ES f-.

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CADA FENDMENO DEMOGRAFlCO PODE VARIAR DEVIDO A TRES TIPOS DE FACTORES: A DIMENSAO (ex.: quanto maior a populas;ao, mais 6bitos), 0 NlVEL (ex.: quanto melhores forem as condis:6es sanitanas, menos 6bitos) E A ESTRUTURA (ex.: quanto mais envelhecida

68

e uma populas;ao, mais 6bitos)

3." Nive! de

-t AMBIENTE -t ~

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NATALIDADE -t MORTALIDADE -t EMIGRA<;AO ~ IMIGRA<;AO -t MIGRA<;OES INTERNAS

-t

Expl~ CRESCIMENT0-t NATURAL

CRESCIMENTO MIGRAT6RIO -t

VOLUME ESTRUTURA DISTRIBUI<;AO -t ESPACIAL

AMBIENTE

o AMBIENTE ACTUA A MONTANTE DO SISTEMA DEMOGRAFrCO o SISTEMA DEMOGRAFrCO ACTUA NO AMBIENTE

DIN.AMICA DAS POPULA<;OES

Caracterizagao Social e Hist6rica

PROSPECTIVA DEMOGRAFICA

Caracterizagao Eco16gica

PLANEAMENTO ESTRATEGICO GRAFICO

~S

TIPOS DE

o NlvEL ~

(ex.: (ex.: quanto

69

CAPITULO II A EXPLOSAO DEMOGRAFICA: UM VELHO PROBLEMA COM NOVAS DIMENSOES IntrodUl;ao

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!

i

A primeira Historia da Populac;iio Mundial foi elaborada por Marcel Reinhard em finais dos anos 50. Este livro pioneiro e totalmente refundido e desenvolvido cerca de vinte anos depois num trabalho conjunto do autor com Andre Armengaud e Jacques Dupaquier. Esta ultima versao da lfistQ.,.~a_dfLPQPuJq£4o MundiaL publicada pela primeira vez em 1968, apesar de ter tide varias_edi~6es St;m ffiQdifiEa~6es substanCi8.i.s, continua a, ser a obm mals- completa que se conhece sobre. a ~volu~ao da popula~ao mundial desde as primeiras, ci"iliza~6es ateaoseculo xx, Posteriormente, nos ultimos vinte anos, outros trabalhos im[JOrtantes foram realizados na dupla perspectiva da longa dura~ao e da globaliza~ao da informa~ao. Alguns autores prosseguiram na linha de investiga~ao original, continuando preocupados com a evolu~ao numeric a da popula~ao mundial, integrando os novos conhecimentos obtidos pela Paleodemografia e pela Demografia Historica em diversas regi6es do mundo. Pierre Chaunu, em Un Futur sans Avenir - Histoire et Population (1979) e, posteriormente, em Trois millions d'annees: quatre-vingts milliards de destins (1990) elabora, numa optica de longa dura~ao, um complexo modele interpretativo da evolu9ao da popula9ao mundial com particular incidencia na popula9ao da Europa; Colin McEvedy e Richard Jones em Atlas of World Population History (1978) apresentam, por pafses e regi6es, estimativas de evolu9ao da popula~ao desde as origens ate ao seculo xx; Jean-Noel Biraben, em 1979, escreve urn importante ensaio intitulado Essai sur I' evolution du nombre des hommes; Massimo Livi-Bacci, em 1992, na linha de investiga9ao interpretativa de Pierre Chaunu, publica A Concise History of World Population. Nestes ultimos anos, a abundancia de informa~ao acumuladapela in,:,~stiga~1io iOide tal Ionna importante-' em Fnm9a e Inglaterra) quecome90u _::t"" optar-se pela elabora~ao de historias de popula~ao por pafses. As duas obms fundamentais nesta linha de pensamento sao, no presente momento, The Population

(em particular

70

:l )

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History of Eng land, 1541-1871 - A Reconstruction publicado, em 1981, por E. A. Wrigley e R. S. Schofield e a Histoire de Ia Population Fran<;aise, publicada em quatro volumes por Jacques Dupaquier, em 1988. Noutros paises europeus vanos trabalhos deste tipo ja foram publicados ou estao em vias de publica~ao, parecendo que cada vez mais se opta por um caminho que se baseia em conhecer ein'profundiQ~Q~_gJui.if.q~l)le,Lpaises,_I~gi.Q~S_Oll¢J.J()cas.para,posteriorment~_.s~_re.tomar ..o cam.inho_da.globalid.adee_dalongadura~ao. Um bom exemplo e 0 recente trabalho sobre a Europa elaborado por Jean-Pierre Bardet e Jacques Dupaquier, intitulado Histoire de la Population de l'Europe. Qualquer destas duas perspectivas tem vantage,Ils. ,ejIlc9nve,niente,s.:ApresenJm: uma evolu~aoglobal,- da popu~a.~a,o:~semei~ii1}Jlificararealidade. de '- um p~s e sem "lde:iitiflcar.a.scausas'ctas' diver~a.sdinamicas populacionais' encontradas, tem 0 ris~~­ . de retirar a pratica demQ grafic:a uma das suas caracteristicas essenciais - ,2,. ggQL .S~eJnedJs.~~; p~lo C~Etr~~,,~_e_p!ivilegiarmoso_rigor_?a analise das. dinamicas... de.mograficas_ ~§pecjii9_s. ge:ump.ais, comma,nifesto prejuizo da compreensao e d~ ~iritel})ret~~~o dasgrap
a [l

Objectivos do Cap(tulo 1I

I.

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a d

• Conhecer os principais dados quantificados da evolu~ao da popula~ao mundial; • Conhecer as principais caracteristicas da evolu~ao demografica da Europa; • Compreender 0 modo de funcionamento do modelo demografico do Antigo Regime e as razoes do seu desaparecimento; • Conhecer os grandes modelos de evolu~ao da popula~ao; • Identificar as razoes que fazem da «Explosao Demografica» um problema antigo com novas dimensoes.

2.1. A popula«;iio antes do aparecimento da escrita

e

n

Se 0 processo da hominiza~ao e mais longo do que inicialmente se julgava, 0 Romem acabado tem quase a origem imaginada pelos nossos antepassados. Para que exista 0 Romem verdadeiramente acabado nao basta 0 aparecimento da posi~ao vertical, da vida em acampamentos, da utiliza~ao do fogo. 0 Romem verdadei-; '. ramente acabado surge coma. consciencia de si, dos outros, da dura~ao, no seio de 71

uma «vivencia urbana». Por outras palavras,o Homem verdadeiramente HOIl1~!!1 .:comes;a com.a conscl€nciadaduras;aoatray6s da morte. Se 0 tempo se mede, a . duras;ao vive-se e J~sta .consciencia. da duras;a(U~niaparecidono. Sapiens Sapiens_~ l!0 Sapiens NeanderthalceL~~..nlllelrasciOii(Ies:-cercade-30ril separam 0 -pnmeiro tilmulo da pri~~ira cidade, 0 primeiro Homem verdadeiramente Homem, face a duras;ao e a morte, do primeiro Homem totalmente Homem numa rede de comunicas;oes, com um milhao de semelhantes.~erca de 30 mil anos medeiam en!r.e.o Homem comes;ado e 0 Homem acabad(). --.'-----.'.-~.----.~-~,~.~,'.-~~" ...--

m;-os

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I

Um aspecto essencial para se compre~ll~er 0 EQ!!!£!e.~xgEQ~~sJ'o da hominiza<;lio_e a cpnsciencia .4e.. que 0 Homem t(!m du,asmemQrias: a biolog!£a (que se inscreve na dupla espiral do codigo genetico) e a c~!!!::lral (®~.C?.dis!i1lg!!e_cly_to!iQs_Q.S ouE"..Q.s _~irna.is). Todos os progressos fundamentais sao aqueles que tendem a aumentar 0 rendimento datransmissao da memoria cultural e esta transmissao do saber faz-se atraves dos longos contactos entre pais e filhos. Que sabemos nos da dinamica pO~l!l~c!()!!:l.l q2~."pIiIl!.t?i!gs!~l!lP£~?_::r29.Q~g§ historiadores especializadOsnesteperfodo f~am da existencia de p~guenosgruP£~~ "'os Australopithecus nao'tenain ultrapassado urn foral de '1 00 illila viver em conjunto (Chaunu, 1979); para Mc Evedy e Jones nao teriam ultrapassado os 70 mil e_e_ £.Q....l.1l.9~P~~C!!P~J:l1Q cio If..oTnoJi:re..~t1!-s. .9.1!~ s«jni9l! J! gr.apg~ e~Q~~i!0 e~9.~ da .PoPll14s;~0 (Mc Evedy e Jones, 1978) . . Uma das caracterfsticas lllais iPlPQrtantesdesta~pocaj~,adjspe.rsiio>. A veloc.:idade e a extens~o 'dessadispersao ~!@!£Q!!c!i~i.Qnadas pordois, factor~s fY-I!c!~I!l~J}­

~is:

0

dima'·~a·~~pt[d~Q.~~§::B9Ji~m~!!L~plorai ~s y~tllg~~~.~~~~~~~£~~a.I"_Qs

inconvenientesqll.~r.~sultav
desse clillla. DUrante milhoes de anos a errancia do§ c'as;adores-colectores nomadas foi limitada pelas condi90e~_~.H!l}ateri,c.as. Enquanto llfu)souberam fabricar utensilios, constrUlr abngos--oufazer vestuano estavam a merce dos elementos. 0 fQgQ,jnye:gt.9-Q9_ou de§cob~l1Q...p-dQ.. HQmQj:i;r~_Cll1.s.,.l.QLU1n Q2~ .eletllentos_maisjmportaptes Ila, l:u1~. dO.HQ.Ill£.J:ILR~la_sQ.br~yiy~t.!cia. A sobrevivencia do Homem de Neanderthal testemunha essa capacidade do pre-historico em se adaptar, mas tambem atesta a importancia do fogo na sua vida quotidiana. QHo._IEem de Neanderthal sabia fazer vestufuiQ COIl].p"~l~~,.g~ §:Ilim~§LUJiljzava...2.. fog.2 para se aquecer e para a iluminas;aq, inven,touf9rmasC
"para~~u~~~~~s~ai ~1~~~~~'r~~~f;;t~~~!~~~$q~:g~,s~:!~;;~~f~~~'~~ gelo se produziu, mas esses seres, que ja se sabiam adaptar a tal situas;ao, foram capazes de sobreviver nestas condi90es desfavoraveis. Com 0 ultimo recuo do gelo, ret0E!.~~~.~"~,~""g!:!g~?:s;9~s~mA~!"~£~!Q.. !l..9J1Q.:r:te. Supos-se, durante muito tempo, que os cas;adores que seguiam os animais em direcs;ao ao norte tinham deixado a Europa Ocidental despovoada. Sabemos hoje, que tal nao aconteceu. Hq!!y_e.~­ p~~popula90es que foramfl,c;an<:ig .!1~I~!~gl!..arda e. ,9.!!e.~§tiQ.!!~2Jj.Eem da§.,culturas ~m~soliticas . Com a persegui9a9 dac.~s;~ ~era_?5:0 rric!.0.a, P~~§Ilg~.lJl PllTa.. o,~.Q.1?:tj1l.e.!1!~

72

americano em divers as vagas,

Q.~que

QQQ!11i~0!lal ~~ lndips aille~c:an~s.

expli-fa, em principio, a grande densidade '- -- - ----- - -' ----~. ~=-

"No Mesolitico, as enormes fiorestas obrigam 0 homem a E~~ar .~~!,!~.I~i6~ beira dos lagos, dos rios e do mar. Os utensilios sao adaptados a novas utilizac;6es: aparece 0 ~a~hado'de pedia~pa;~ abaier-i[v()res-e'irafiiiHiara'ni'a7ferra;-a-ca9apasSaa ser feita com 0 arco e a fiecha, aprende-se a pescar. A vegetac;ao era rica em frutos e raizes, e os mares, agora sem gelo, possibilitam a sua explorac;ao. Troncos de mores foram transformados em canoas e 0 peixe comec;a a fazer parte da alimentac;ao. _,L\,pa$$~g~m,.~m)ltw!L~nQs,~dp_quas_enadapc:g-
o prin;l,ei1;9 mill;1ag ,(12 000 anos a. C.), co!p.cide CO!:rL,0,.£l-p,_9!-esim,~n!2_'Q~~l2m gr~.nQ~, daconsciencia da passagem, dC). !ep:l,:p9.,._Qa__lingllag~m. Com 0 Homem ~al?,!ldo .S?§l~~a" a Jei"4i1~rri2~r&~~.,,:::,?, ..?E~~~.~~~,~to. El!l,~~J~§'!2:M1: ~riodo anteriQ!..=.l!.prtm~!I~_~~p.E.11':!m.=.~jAll.m~,hllm~n!sla,q~ "qu,e, e@~rg,e. Mas, =£J:!9m~p~. aca&~ 9.l!ando '~_,l11em6ri~ .cll:~tl!I~l ~!iI2g;~."..£,,_~,~H.cEl~P£' ao" domin~ 0 _~bi~~~~_.9,~e.?'.9,:~~,~'~~q!:l?:e,~t!F?P:g9.",P!W!t~§=~ fln(m",ill§.: Esta muta~ao teni 0~orriQ9.Jl..o"::M.ectiQ. Qri.~!1te,~. data .de 2000-.
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2.2. Os primeiros dados numericos de interesse demogratico

N '2-~Y?to anti~o existen:.2~f~!:.~E-~~~g£;:~,Ym.,(~S,~n~~~.~!l,~,g'll!e"E~~()~!~ dinastia, ,cerca de 3, mil anos antes da nossa era. Tambem ~xistem

a primeira

..:irQia.:s..::s:O:Oie::a:.eiiSie:nci~~,4~~~~i£~Il§.YiIA~.ntQ~' bi~:~ais, ,Il'a'-~_eg'~?~~=<~~~~~F~:,~.= 73

anuais na se.z.ta , s!§Eigg~])l1_®.I...£lecimtl~§.~nL~4,~9Ll!1:~,2~!?cY~,~~~~~!!~~' T2.Q.~ esta documenta9ao tinha objectivos fiscais e militares e desapareceu, existindo -apenas"aIgumas"lndlca9Ses "car~Cier"Hieranoque'possibilitam estimativas. ~ tas estimativas, apontando para a existencia deumapopula9ao de 7 a 8 milhOes .~~'h~fItMi~sw·(aoque 'corresponde ll:midensidade de mills 'de200'hi:tbi"iantes pm 2 km ) ip':dica~~!lo.s .gY§.«9.Yl:l1,~,dp:t'Tgo ,~raJ9.rtern.eIltepovoad() e sujeito a algumas crises de aljmenta9ao. o Egipto. deixou~no~. imimeras4~scri90es de fomes seguidas .de doen9as qu~ provocavam urn arimento da mortalidade e tamb6m urn declfnio. ~a .fecundidadf Este declfnio da fecundidade po de encontrar'lima primeira ~J9?lic;;,~9aQ oa.,esteriJi:,... fisio16gico. Tambem pode estar associado ~~Q. Q~" contracep9ao'que Til eraconheCida nesta importante civiliza9ao (goma arabic a, amuletos, ~leitamento prolongado). ~:ti~_M!.~fugLl!,~.1!g~s~" E:~~' Porem, apesar da abundancia de informa90es numeric as respeitantes ao volume da popula9ao (cerca de 600 mil homens com mais de 20 anos" urn ano depois da safda do Egipto e urn milhao e trezentos mil no tempo de David), os mimeros na Bfblia tern apenas urn significado simb6lico. Na realidade, a existencia de uma popula9ao de 5 milhoes no tempo de David (igual a popula9ao da Mesopotamia) e dificil de admitir, tendo em conta a dimensao do espa90 e a riqueza do solo. 6..s:~.E:,ct.~!i~~~."~.a.~~"~~,~~~~~s,~~~~~~~!~ £9.:::9, sol:~.5!J?,on1&g~>Yi$t.~_d~Ulogr.
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ainda das investigas;6es em curso. Porem,~~~j~§;t;!:;L9i.Y~r§!'!1~.!!~ rel="nofollow">..~:xjst~m,~!gy!!.§... elementoSC(mlUl!rguerra, crises demortalidade motivadas pelas fornes, conheci-

~ieIl~()s4~:fgii!ii~~p,s;,~~:~~~_ex!~ie:nfr~'1e:gr.~d~s,migrZt<;67 S . !.~gr~fji4i {~ill:~~~fs::ll}~~s"sy~~~gilll9X?:P!Pl~o~~llis18&~hc~~Nf~Hq'?P'£;g?1~~~~,s~,,~~~~cT-~c~",~

2.3. A Antiguidade: do crescimento ao primeiro «mundo cheio»

o facto de as ciencias matematicas teremtidoUlIldesenyolvimentomuito~gran:

~~31.Qr~~1~~~~LS.J:l:l'q:q]1e,n,:e~ia:ciVlli~a9~0;'i'li1f~rr;~~i~-~~~6ricadeveria, ?erE:Ql!:t1da.r:tte. !!!f.yJl.:m)'S1l!!~,,!~Lu~SLl:)££m,~£~, e apenas tem side possivel proceder a estimativas a partir de informas;6es dispersas. A importancia daescrayatl;t,ra,]la popt:llaS;~Q, total, all,menta .a probabilidade <,l~ erio .P0.~J~~Kf~~~f~I!,£::4,2is~m~l?9~~e,Il~()s: gemograficps. OS,escravQs' nao ei~p< consi~EsI£~.. ,~!.Z:!l:~~A,~,",£g¥r~,}?£)~,X~~~Ils.Y@1~I,l-1O~ (com ex.ceps;ao do recenseamento de 310 que se refere a urn total de 400 mil) ~1iJlh§!m-Jl,m!~gLm"e,-Qep:l,Q~, ~uit2J?;g:t;iS),l1!¥" (0 casamento e a procrias;ao raramente eram autorizados). As consequencias de uma crise de mortalidade podiam ser compensadas por uma guerra bern sucedida e dar a ilusao que os efeitos do movimento natural da populas;ao nao eram importantes. Na realidade'~1£,~2,nHI!t~I9-,~~,,~S,~E~~9,~,!29,~~ .E9IE£~n: s~i9.~~.,g()" y()lll,IIle. da, pop:ula,s;&oc:ausada pelamorta~,c.Iad~ sem ser neces~ sana umaumento §ignificativo do mimero denasciwentos.

--urn"

~Etro'~~ie~tiiV!1~~~!iigL:,p~~, se.- ,c:ompreev4~J:.GQnw . JllnGi,<:>g~y~ ,11 ~stema del1!Qg!ill!f.Q,Aq.~QI§,S!,,~,,~,~g,"!l~,~,~~~92~~ (imigras;ao no perfodo pre-

-helenico e emigras;ao do seculo VIII ao seculo VI a. C.), se bern que 0 volume desses movimentos migrat6rios e as causas que os motivaram sejam muito dificeis de explicar. Em Atenas, 0 mimero maximo de cidadaos do sexo masculino, com mais de 18 anos, teria side de 30 mil no infcio do ~eculo V a. C. e de 21 mil em 310. Esta diminuis;ao da populas;ao teria sido uma consequencia dos efeitos da peste de 430-427 a. C., da emigras;ao e da guerra.~. ~~ll!~!;,",e~,~tJE1.l?,£~~E~~ge..s.sigt~!l­ to demografico importante,e~ca1:>a com lllJldechnio da sua PQl?ula,£ao. No total, a significa ter Grecla teaa'aHiigido"li"m'm~l;r;:o"de' 'l'illlTh6ef; de'hii6itantes; existido uma densidade global de 35 habitantes por W. Tambem dispomos, nas divers as fontes escritas que chegaram ate aos nossos dias, de algumas informa~6e§.Ji.o\'Ly~,e~~eJ!!R!)ll.:?:,~J~lj~~~,sl~.gf~s:i,f (Reinhard, Armengaud, Dupaquier, 1968):

a'que

• a concubi!l~g~m.~g ,qlltorizada para 0.JP.~id.~ CJ,?~~,1J~2., t~:::~~~!?Ji!l.12~_<.?E ..9~~. tiY~,~.~.~,. .l:lP~!L~:§..r.q:RID~£lc~,; • 0 casamen!o tt@Gl,G9ffi.9fJ.1ll fomecer.crians;,asl~gitimas_~!!L~~,~!2Jr~~~
·

75

• a contracepqao nao era ignQradfl; abaridono a' exposiqao, ge ,c:ria,Il~a,s,!{r<;l);Q, . ill;ltQti:z;",dos (urn poeta 'c<5ii:llcc;'cliz'-iios que «urn filho educa-se sempre, mesmo quando se e pobre, uma filha expae-se mesmo quando se e rico»); . • ~J:n Espar):a, 0, eugenismo regia a educ.a~aodos filhos, ~HasameIlto.e .,.~,~ criaqao. (segundo Plutarco urn homem de merito pode pedir a urn marido a sua mulher «para semear como num terreno fertil e ter belos filhos»).

e

• '0' aborto, .0

Os. romanos eram muito orgulhosos, dos, seus conhecimentos sobre a populaqaQ: 'O'~iilo~re~e~se~iAent()'e-illes'de~i40 ea s~~ reaii~a~~ocorrie~()U'no seculo' v~ antes d~";ossa"eTa'e' ano 73. Os recenseamentos, ao serelTI e~sencialmente concebidos para fins fiscais e milit'!lfes.~1iJgIdos":a'~pos -~~PS~ QP~Qi~i.p_9i:1!il~s.~9. faLfacto, asspciado}Lgrande,.variaqao do,territ6rio, tern difi, . c1:lIt~,do as. estimativas. da,.. e:v:oI1l9~9,A~"1l.pJmlfk£'~9••J,9-t?;~ (Reinhard, Armengaud, Dupaquier, 1968). Beloch elaborou uma estimativa de repan:iqao da populaqao para o Imperio Romano no inicio da era crista: 23 milhOes na Europa, 19 milhOes e meio na Asia e 11 milhOes e meio na Africa. :§our;dQILdistil!gue tre§..,~riodo§.,na Hist6ria ~_popula£.~J..9'!p"e!l~: 9~,P..~E£~? da c~nguista,,(264- 31 anos a. C. k9..u.§ teria, .d~sp()'y()a,4o ,.o. InuIlc:l0 mediterraneo . . ~~:rg,1:J.;:ge;r. g",~1!DJe,nto ,eqllivalente; ~.PJlli,. ~£''11qlJ£f.S31 a. C. a 192) mfJ:!;~g.9_p~~,~~gQAqJlistas.,deAugus.tQ,epo.~t~riormente P9~ ,~,1?~demias 1" ' , '" . Ap~sar de dispormosde abunClimteslnforma96es, que perrnitiram elaborar estimativas sobre a evoluqao do total da populaqao nas divers as regiaes do Imperio, a grande dificuldade e~Elt,~!:p.r.:etar ().~_,r.:~~l:!IE!9:Q~.~fuIl<:talIl,~l1!,a,lm~.llk...a,_J!lesma:" vanaqOes espaciais de cada uma. das regiaes no tempo. Apesar desta dificuldade, parece ili6hiverdiIvidas que a 'popula9aO-comefouidimlnuir'significatlvam~nte ~ partir do· secuio ' ill" dariossiera' devido'ao "6feitocoi:ri6inad6 .de varios factor~s

prolongou:se"at6'ao' ,

,

as:

(Chaunu; 199():' .-'-

"

".-.

. "---

• as crises de mortalidade . (a «peste antonina» e a mais bern conhecida ~p"3i-eceu em 166; atinge Roma em 172 e fez-se sentir ate 180 deixando atras de si urn assinalavel rasto de destruiqao); • ~~.J~Ip.~,S (entre 250 e 270 dispomos de descriqaes de sucessivas fomes com efeitos importantes no aumento da mortalidade); • a 1_~!!1.!!"!'£~2",g2~,}1a.:~S!:r!!~!l!Qs; nao e possfvel encontrar informaqaes quantificadas mas, ao explorarmos os autores classicos que descreveram os costumes desta civilizaqao, encontramos autores como Petronius onde se afirma que «ninguem quer farm1ia nem educar crianqas, porque se alguem tern a infeliz ideia de ter herdeiros legftimos nao sera nunca convidado para os banquetes e festas, nao tern nenhum dos prazeres da vida e vivera na obscuridade vergonhosa; pelo contrario, aqueles que nao sao casados e nao tern parentes pr6ximos sao acumulados de honras»; • a. importancia dos escravos e 0 regime particular a_q!J.e,s,~ encontravam sub~etid()s (naolhes ~nl peirrntido''a c~~a.mento~-a reprodu~ao).---~~ ~--.--.:....-

76

..-,.-\-

Na Grecia,a popula<;ao cresceateao seculoy edepois declina ate quase ao Sy11 IJtQriza,dos (um poeta total' ciesapW~fimYntQ'enquanto.,civiliza~·~o;: P-Or . raz0es.aparentemen1e""dif~r~n1~~:.~ o quando se e pobre, ~um espa<;o terpp()ral mais longo, 0 mesmo acontece ao Imperio Romano a P.,artir do seculo II da nossaera.·... .."". ... . . . . , . . . . . ....'--==-

~HasaJJ1ento ea1?[~.; ." ..... ~;ut~c)iP.:i2jEi!~i~£~y.iE~.~.£2~.~~~~()_p<:l~~~.~r ~~~1l:l~i~9:m~nJ~j!!stifi5~~~J~.!~

pedir a um marido a p~stes,foIlle,s,.glJerras,.eln:vaspes (Chaunu, 1979). ~segurar a protec<;ao da mulher ~ e da crian~a constituLlJm.~Q§..g1;>j~s:tt~~£§,Jl:lQg!!w:~gt~§,s!~,"9,~i!92~~~..;~,~~"I.~~ belos filhos»). £~.2...m!~J>!~~sobE~YiY.~r. Uma das razoes do reduzido crescimerito demognifico ~ntQs sobrea popula- do periodo Paleolitico foi a necessidade de errancia das tribos. As grandes errancias come90u no' seculo'v a que eram obrigadas as tribos faziam aumentar a mortalidade, em particular ados seamentos, ao serem recem-nascidos. 0 aparecimento da agro-pastoricia fez diminuir as grandes migra}i1doragrupos '~~p~; <;oes. Uma maior sedentariza<;ao tem como efeito imediato poupar vidas humanas, 10territ6rio, tem difi; em particular as da mulher gravida e da crian<;a, criando-se, assim, condi<;oes para ~inhard, Armengaud, a existencia de um grande crescimento da popula<;ao. ~an,te u~gran@~p.erio_dQode._tempo_acAn.tiglJidasl~¢neQ!(~i~a.po _~~~1l:l~d'1 ;ao da popula<;ao para ~uropa, 19 milhoes e ~2&; No mundo do agora e do forum 0 .Romem e suficientemente numerOso :)£ue qe§.,~riPd
.

d~i1io ).-----~--"

77

,

......

.E!!!!!!!Sl.2,,91t£~£ienc~q.],.le<~Q,.Wl.un.dp_t<$.t~fJwiQ:~, ..a,~ntigllid~g~,. ~mJr-ao......

si~a2~() pa.ga.J:l~S111:()P~a..P9i~!ian;~l]19?, S9!5?~a.:,~e no. extremolimite cl~.clesill~e~y,§;.

~""cpn,ti.nll~,~SU!~,,-,~XSi!l:mr~,hR~lWf.li

2.4. 0 nascimento do Ocidente Medieval e

0

declinio da

As invasoes barbaras acabam por desmantelar

popula~ao

ojAtr~g!.Llnundo

da Antiguida_q~"..,q'.lRSIQ.Q[<2.~~~gem aoapa;~to do Ocidente-M~_d.ie'y'al. ~ d t1_ ,govo urn acon!~i@~p.t9_Q~mQgIJfi,cO ..g!l~,.g~t~rr.ni1la.~._,
motivadas por n:1'is colheitas, ~te~a.s.;?~ss!i!:Q~ti£9c§..9g~qlltLQJ,pgtix_Q~~[!Jalguer, ti~~­ li-m incilad(;o's'poy§s'a'C§llis..il!e~:~~Ao estudar os cemiterios, a Paleodemografia veio confirmar 0 reduzido v.QJJJIDAJ1e.s.ti1S..J)Jigta~s, apesar da grande amplitude espacial e temporal que tiveram: os Visigodos nao teriam sido mais de 100 mil, os Vandalos quando chegaram a Africa seriam cerca de 80 mil, os Ostrogodos sao estimados tamb6m em cerca de 100 mil, os Lombardos teriam tide no maximo urn total de 70 mil pessoas (Fossier, 1982). Nao ocorreu,' assim, nenbuma «invasao etnica», arrasando tudo a sua pas~. ~llLC.asns,QS h3rharos DaO passatam-de...pequeIl.QS...gillpos isolado8, J!Q.~0 dps. xencjdp..§." desenraizados por terem perdido a patria de origem e com medo de desaparecerem. Provavelmente, teria sido 0 r©ceio ~esapareci­ ~~~~lL2.§..QstrQgQg9s e os Lombardos a-pJ:.QibiJ:.eJlLO_u's"'Q..d.e armas...aas ~~ggQQQ§_~Qlic~tl.rn..L:rn~P..r.Qy.ei:tQ_PI,QP.!:iQ>."J)J)1a.lei.r.QJD~

Rmibia,Qs casa!Jle.Rt9~bQs. Np_entant.9",-@~QVoS CQ1)JO os Francos, Bavaros, Anglo-Saxoes e Celtas que, ao conservar cont;}£..tQS com a regiao de origem, -normalmente pOT via maritima, ~.£U!1 permaneptemente os seus efectivos e permaneceram no es,ea90 ocu,eado misturando-se com QLpg.YOS nele existentes . (Fossier, 1982). Estas migrac;oes nao estao assim ligadas a urn excesso de popula9ao na regiao de Origem mas, pelo contrano, ao declinio populacional existente no mundo antigo. o papa Z6simo afirma, no seculo v, que «a populas.;ao baixou de tal forma em tantas provincias que os Barbaros foram chamados ... a tal ponto que os nomes dos lugares mudaram». (Reinhard, Armengaud, Dupaquier, 1968). 78

'fr Dispomos hoje de bastantes elmneniOs sabre as canseq.uencias deste longo as redeLg.LctQ.munic~aQ, a organiza91io mODetacia e coIDercial foram t;,Q.t91mente destruidas, os campos forlillLi!l?and.9~nad..Q§....;U,yga das populac5es pro-

_process~:

-Y.2£Q1l..A.§.§gl~~ de..JD~o-de-olU:,
Para alem da desorganizac;:ao da economia e da administrac;:ao, urn outro factor veio acelerar 0 declinio_ga ~~. O_c.hu.q.ue eIM6mif::o dOll secuici:S:i.

~E.IOCa!.~~~~.E:~~.R~E~!~~?~~.,c;~nce!!-!;.~!~2,~$L~2.Y.S"SQJr..Q~_~JlQ,$ rg.e"~,~i;l§.,gr:Mq~§.J;?~~t~~~Qf-U~~}:i9,_9.q: .• 4!~.~.:,.§?~:ii~htaillRlj.(;t~Q.,Jl~..lb::~r,\!ID,,,R,.qfl,P,~~ m:.>rJ!-'~§m~PJY,!~.>q, .q)l~ .J::-~§.!ay,f);~Qi1"g);deN,,@tigg,

Sabemos muito pouco sobre as primeiras epidemias: 0 primeiro ciclo de pestes apareceu em 66, 166 e 180-192. 0 segundo ciclo comec;:a com a peste justiniana no ano de 542 e termina em 767. 0 terceiro ciclo durani de 1346 ate ao fim do seculo xvrn. ,.Q.§~g)!!l5!2.,stsl2..~~J?~~!~s.!.j,tm~!}:lp!.,~p!lh~S!g~•. ~.,~,~_!:UJll'l:~2.7.. .~.9£~!1E~. w.ngfl.•J:l1~i,~. o declinio demognifico. A peste e assinalada, em primeiro lugar, na Eti6pia, em 54Ciiti~g~'~Alex'andi-ia, a Palestina e a Sma 'em 542. No ano. de 543 atinge a baCia do Mediterraneo e em cerca de dois seculos (541-767) foram identificados 20 grandes fluxos de pestes, 18 dos quais atingiram 0 Oriente ell 0 Ocidente (Biraben, 1975): • }?c_primt:!1m Jlgxo de.. Peste., {a justiniana)Joi .de.taljmporta..n.c.4t.. gq~.-.Jl1ll,it9p" historiad.Q~~~y~~m~9~s_te~t~G.tQ""a."<;8w;.a,~~mil:l~£I~."tr~£'~~,,~J:~~,Qll.gJ}J,§~~. justiniana; este fluxo de peste actua no interior do oriente e na orla costeira do

oc{dente;

(558-561) ILaJj:e ds_.Qlli~tiIl9,P.l9-n.~..assa..o-O.es.te..da., !!~li~~ ..w.!~_m\litQ."~~~gJlclO V~de~
0 9~to fl-uxgs (580-582 e 588-591) ~~~"-9,l!,~,,,~,.~~!~~~~ centro da Italia, GaJia e, Espanha; . • o...s.~MQ,Jl~., (599-6002)!.ti.p'-.g.~,~i~U!.!t!lli~.~.¥n~£..£..,rtmtt.. e, 0, ~£5lent~; • 9~..s.~timQJ1~0 (608) ~iP~!.'lli.~ill!l~!!1~"G9!!§1.~Qf1la...e..R.Qma; • 9_Qi~al:~ (618)~~.•Jjmit~Q,Q,.~.C;ml§!~g!ll~; • QQ.,J1onq J!!!~Q..§..t¢_~'o~.,¥ig¢sim.o (628 a 633; 639 a 640; 654; 669 a 673; 684 a 688; 694 a 700; 704 a 706; 716 a 718; 725; 733 a 734; 740 a 751 e 763 a 767) • 0

guarto e

(tg.9-,S!t~if

~£;;§.~.lJ.}Jl~l1,Q:YQ~c~i,clQ,. _.e$s.encialmente",Qri~taJ..":,uma,,,Y~hqJle..~emy,.,fQi

a»J1gi§~'?_l!-l?~~~~~,~JI:~~s""am~];t~.h. A traject6ria das pestes segue as redes de cOIDunicagoes e naa admira assim ~ tenha partido do oriente. E com 0 acentuar do dec1fnio populacional que os espac;:os vazios criados fazem diminuir a intensidade da peste. ~s, nao sao apenas factm:es... . como a desorganizas_ao econ6mica e..Q.ill2.are_cim~ento das pestes~'lcis.p.o.r._ . .est~.de.diniQ d.ap..QPula<;ao. A c!i~.~s:~~E~~esras,:o agdc;;.Qla....acidenteAJlleJ;l:<'OJ:olQgic_Qs. e.9.l!p.f:U:f(e<.i m ep.,t9 . Qe .. ~m:.g§jp,Y~.fiQ~§.):l.S~!~tillP:. '!;,~~~S::P'J),twEist~1~=1l..L9SYQ.~Q..Qg .espa<;o._e...Y.arias.J:e.gi6.esiicaDLpratic.amente.."d~sp.o,'ySladi:!S. 79

2.5. A recupera~ao demogratica do Ocidente Medieval e segundo «mundo cheio»

0

aparecimento de um

.9 seculo VII marca~. para a maior ,!2arte do,t1J.llitq,rieg2I~LQ~.J22£ul~9.a:.o.,.;_0 E012to ,,~~s baixo.~£_"d,~s!i~!?",~~,~,£&.~.~QS.~".~':ll9£~!l (Biraben, 1979):

• 31 milh5es de habitantes em a. D. 1 • • • • • •

44 30 22 22 28 30

milh5es milh6es milh6es milh6es milh6es milh6es • 49 milh6es • 74 milh6es

de de de de de de de de

habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes

em em em em em em em em

200 500 600 700 900 1000 1200 1340.

A rede de comunicag6es encontrava-se cQllJpJetamente_des.tmida-us_c.amp..us• .~1?~donas!~~s.1",.a,;X9,!»~..~,.;'LmJs§[i1!.L~i~~J~9r t!-'E,a.:: £~e; Porem, neste mundo mediterranico arruinado, onde existem duas zonas de rel~.ms-p-eridade (0 Imperio Bizantino a Este e 0 mundo controlado pelos arabes a SuI), a ocorrencia de alguns acontecimentos importantes vao dar origem a urn~o groces§
• a interpenetragao entre 0 Mediterraneo e 0 mundo barbaro tern como resultado .ll.N~1P-elhor alimentaQao~ -~ •. -----.~-• ~~9~~~._tem ,1!miL.ggricJ!lW..r.a..mill.tQj.tin..eJ;ant.c)''£Q.m...g!:m!
. • ~, ap~~.si!P~n!Q.,.ii~£h.~.E,~m.edie'y,al..e-da.roJa£.l!Q~:tri~J1.qlc!a~suLUIr~~,~ c!~p~~~y!"~aJ?t1~$E.ty,~,~m jS~,2,~"£UP-l!~£i1.t~ • a existencia ~e urn.!! 2.§..S~. dil,ll,jtica §'yo,r~,:eL. psta altera£ao da tendencia da evolu9ao da popula£ao come£ada numa regifu2 com uma extensao com cerca de 200 mil km2, situada entre 0 Reno e a Flandres l es.tende-se a todos os espa!t0s verdes 40 mundo cristao. De urn mundo em ruinas, com urn povoamento em descontfnuo, comega a surgir urn novo mundo de povoamento continuo. Nao se trata de urn repovoamento dos pequenos espagos pr6ximos das montanhas, como tinha acontecido no passado com a Grecia e a Italia, mas de uma nova ocupa9ao do espa90 em centenas de @lhar de km2 , em povoamento ~n1iilll.Q.,. i

pepois de urn maximo, que se estima eill44:~...§e h~~§.~cjo da era crista (atingido num espago localizado fundamentalmente a suI e a este), da ~7sSTo".!22.§.2,~£uIQ§..YlUU:.l!!....a_POIlli!~&l2~:!:!r2Q~~,~U1lID~J(~§1lq,gQ".4e..JI!!..a.1:r.9:i

~i~.£5L§.~~u,19.§,..cQ.me_g,a>ar.e.cup.erat.QS.e£e.Gti.¥QS.p.erdidQs,.dw:aut~~Q"1l~Ji9_d0_de~d,~.Gli!!io

p,Sm!!li!,QQUal. Esta tendencia Eara 0 crescimento demogrffico vai-se afrnnando,

gradualmente, a medida que se come~am a consolidar as estmturas medieyais e acelera-se a partir do seculu..xr. Em 1086, em Inglaterra, quando Guilherme, 0 Conquistador, encomenda 0 «Domesday Book», a popy!a£ao ultra];!assa ja urn milhao de habitante». Rouve, portanto, urn triplicar da populas;ao num espaco de cinco seculos (Wrigley, Schofield, 1982), apesar de ter existido }!.malI..w..6ria )jQlfnta e perturbada. A-.~~!U1jpJi~jlJ~ em cin£,2 seculos: suce~e-se u!llir:iRlk9L...W doi.§..§§culos e m.~i9. No..i§£ulo xIX>~g,.p..Q.p.ulag.[Q.ating.~~_tr.~s .IIl:ilh5e.~.d.e..h.abit..aj).; . t.~!,=em cerca de 150 mil km2, 0 que implica uma densidade de 20 a 25 habitantes por km2 (valor muito pr6ximo do observado no continente europeu - 30 a 35 habitantes por km2). Reinhard estima que a cE.Jt~d~~~J~g.rl~.1iy~.§~~., .•\~;l;rL,nQQ""J!mJ..Qj:~tde .6.U•.ll1i.lb...~!k..alm.as (Chaunu, 1990). E uma pOE~~l!iQJmpgjQEQwalJ.Q ~<7-do...te.oit6Jio e que esta distribufda da seguinte forma: Fran~a >.. )

Italia Penfnsula Iberica Rolanda Inglaterra Suf~a

Pafses escandinavos Alemanha Po16nia

. ;'.

15 8,5 8,3 1,1 3,3 0,6 0,6 6a8 1,3

milMes milMes milMes milMes milhoes milhoes milhoes milhoes milhoes

de de de de de de de de de

habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes habitantes

o centro deste mundo come~a a estar de novo bloqueado, enquanto a periferia continua a crescer devido a reduzidos contingentes populacionais. S6 a Franga tern 30% da popula~ao em 5% do territ6rio das duas cristandades (a latina e a oriental). ~este Rerfodo de.~<1f~.l}si£~!&U2m:.Q.m:a.~,.... .de..admitir,=.que,,,,a,,contracep~aQ,?oe,,;,Q a.bortg"J"~J:g,~l,x!l.l'.: (Chaunu, 1990):

e.

• existe uma oposi~ao eD.tr~uJ.ma.,j~lite",q:u.e_p.J:atic~
QUADRO 1 desde

0

Evolu-;;ao da popula-;;ao mundial, por regioes, inicio da Era Crista ate 1850 (em milhoes de habitantes) 400

China IndiaJPaquist1iolB angladesh SW Asiatico Jap1io Resto Asia Europa (s/ URSS) «URSS» Norte de Africa Resto de Africa America do Norte America Central e SuI Oceania Total mundial

19 30 42 1 3 19 13

10 7 1 7 1 153

200

0

200

400

500

600

700

800

900 1000 1100

40 70 60 25 32 49 44 56 48 56 83 55 46 45 32 33 37 50 43 38 40 48 52 47 46 45 41 32 25 29 33 33 28 1 2 2 4 5 5 4 4 4 4 5 4 5 5 7 8 11 12 14 16 19 24 25 31 44 36 30 22 22 25 28 30 35 14 12 13 12 11 11 10 10 11 13 15 14 14 16 13 11 7 6 9 8 9 8 9 12 14 18 20 17 15 16 20 30 30 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 8 10 9 11 13 14 15 15 13. 16 19 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 225 252 257 206 ··207 . '208 206 224 222 253 299

1200 1250 1300 1340 1400 1500 1600 1700 1750 1800 1850 1900

China IndiaJPaquist1iolBangladesh SW Asiatico Jap1io Resto Asia Europa (s/ URSS) «URSS» Norte de Africa Resto de Africa America do Norte America Central e SuI Oceania Total mundial

124 112 83 70 70 84 69 83 100 107 74 95 27 22 21 22 19 23 7 9 10 10 9 10 31 31 29 29 29 29 49 57 70 74 52 67 17 14 16 16 13 17 8 9 8 9 8 9 40 49 60 71 60 78 3 3 3 3 3 3 23 26 29 29 36 39 2 2 2 2 2 3 400 411 431 442 375 461

110 150 220 330 435 145 175 165 180 216 30 30 28 28 31 11 25 26 25 30 33 42 53 61 68 89 95 111 146 209 22 30 35 49 79 9 10 10 10 12 104 97 94 92 90 3 2 3 5 25 10 10 15 19 34 3 3 3 2 2 578 680 771 954 1241

415 290 38 45 78 295 127 43 95 90 75 6 1634

Fonte: (Biraben, 1979); (LeBrass, 1985).

• a moral do casal foi formulada em termos muito rigorosos por Santo Agostinho mas, ao myel dos comportamentos concretos, a pres sao social exige apenas a observancia de urn minimo de regras:!,~.!el~i?!:s. se2Cu~~~!~_m ser no !.~~§8m,~Ol~!~2,~iir~i~ll~.1lt.Q.JlJ,.Y.smQ,.,Q'§ mai§ huwil; 2.~J.~.~."~~J?,!;lL~~~~'::!!.a,E.J?.!.~Si£,a~~~a.,~~~.!ll.@J;.Q...d.q §l@ funSCao p~Qm;,a;

·,,,illi,,X~gr~2n,~§X~§IDJix~~~9.1!~.IU:Q.~JlJll!:.y,gYl
cao do calendano

l~urgico

nunca foram rigorosamente aplicadas:,.

..

~~~»~ aQ_c;Q,1Jstatar a a,iS,~llCia deuID a;um.e1JiQ..,.$jgo,ifj,; ~Q...~..QpJJla~.aQ.~a,partiJ;."clo,..anCl,.lOOO.,-J,ulga"e,star~f~,g.~_illU:OIlQ.!0es lLru;:;;LO

82

aparecimento deuma no;::a~lac~ ~~v:i!!a, ou seja, d~ uma no~a wentalidade gue.35 traduz n~ ~.t~c;ia",cla.$,egW1da,.c~,Qns.ciencia"ile"ull).-,,~~ungQ..£hSi.i9.i> (Dupaquier, 1988): • Joao XXII na Gallia Christiana escreve, a prop6sito da crias;ao das dioceses de Lavaur, Mirepoix, Rieux e Sarlat, « tendo em conta 0 facto de 0 mimero de habitantes crescer desmesuradamente ... a diocese de Toulouse tern tanta gente que ja nao e suficiente urn linico pastor ... »; • os pais nascidos no ana 1000 tern por agregado familiar uma media de 3,5 filhos, enquanto que os pais nascidos em 1075 tern 5 ou 6 filhos. Tamb6m pierre Chaunu (Chaunu, 1990) gefende a ideia de Que se esta perante urn «segundq p1undo cheio», uma vez que 0 «primeiro mundo cheio» ja tinha ocorrido na Antiguidade. Seja qual for 0 ponto de vista, nao t:estam hoje dlividas que hQl!.~Y_l!m~gIi.Q~:l~;~GLe'§.Gi11lY1!tQ=Q1;l,. ,p.o.pAula~Q,.,atti".a.Q.,,"all<:gh9im~!!!9_~:t''l,",P~ N~u~, ~~

Este crescimento da popula~ao, ao preencher os espas;os vazios, conduziu a impossibilidade fisica de criar novas. unidades familiares de e~lora~aQ ~~.£.qla. Como a explorac;,:ao a:gricc,[i=§~:::"~9i11iinde-co~o~a~Q.iaw.iliU ~.~!lto pressup6e, sim~alleap~nt~~.,AS~;J,Si§.!§!l9ia",.g~ ..Hm.J,~~.~"g~g!!lJU~!l?I2!~ ~.~g~f.y'ei~. E preciso esperar por «sapatos de defunto» para se ter uma casa e uma exploras;ao. Urn lar matrimonial s6 se funda em syb.s.tiJJ.li¢~ qytro lar desfeito pela mort~ Existe ja uma numerosa documentas;ao sobre este perfodo em diferentes paises europeus, mas a grande referencia continua a ser 0 trabalho pioneiro de Hajnal (Chaunu, 1990) sobre os «English Poll Tax Records», de 1377, que nos fornece uma analise bern documentada sobre este perfodo de transis;ao: • existem no seculo XIV muitou.~.,eJ:.~~~ll£2~ (a inversao desta situas;ao s6 se da no seculo XVIII e sobretudo no seculo XIX); Milhoes de habitantes

300r-r---------------------__________________ 250 200 150 100

1000

Figura 2 - Evolw;:ao da

popula~ao

1100

mundial (400 a. C. a 1100)

83

• a popula9ao feminina no eriodo ll1lb.~.rtirio~c.om,J:D.ais,~de-l5..an.os.rQJl
i§1l£I~!2i:!i~~=~i"[email protected]·~iiit~i1QrEa4Q~:~~:p~~~~;d9S-p~i-q~;~·e:t9~Qg.

~ta diferen9a ~ntre ger~96es l?!0vo~aq~~liL~as.~~!1!£,!~st.~2."s.~:!2,§!itui lentamente a escolha de linhagem pela escolha individual. 0 retardar da idade do casa'"illento foi umarespos"fauri,icae"origiiiiCcfeum''Inundo que se julgava cheio e que tinha na mem6ria colectiva a recessao demografica ocorrida a partir do seculo n. A espera do casamento deixa d~v,~~J~J.!l12QJ!1,Q!19~fl~"f[U~~.rE.<;gQ~PID:.~J?J.lss_ar.a ser ~llgL!~IQJ22,A~",];!m EFjlzeL~lJt£tidQ.; Uma vez aceite a dificil aventura da continencia fora do casamento, os laicos cristaos mostram-se mais exigentes em rela9ao aos clerigos e em rela9ao a si pr6prios. Por outro lado, .f2i possivel oJ:>ser:var 91!~"§,;ti~te" !!m;l_~.~!!:~it~gQII~l~M~ o recuo da idade do casamento e 0 declfnio da ilegitimidade. A continencia tomar-se-a urn vrilOfTaofiiiiClaniental que se cheg~~!!to ,de ser devorante e obsessixa. b- Eedagogia do controlO'ClOSimpuIsos2_~Jf:'::t-.~~~R~~S.~,~ estar l~,~a, a, pma ~specie ~tor~l da vi~~..E.2!P0PE~E~::!£~"9~m-.::t:,,~J!!2I1~. S6 com 0 seculo XIX, conforme iremos ver, embora respeitando a continuidade das ideias surgidas no seculo XIV, se encontrara urn modelo menos ascetico, modelo esse que ainda comanda a nossa maneira de viver no presente. ~~

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-

Milh6es de habitantes

r-I------'---'--------"---"----'-------'-----,------,,-__'_'_"__'_'___'____~___,

1800 1600 1400 1200 1000 800 400 200

o

ill 1

1900

Figura 3 -

84

Evolu~ao

da

popula~ao

mundial (1200 a 1900)

T I

2.6. A peste negra

Ap6s vanos seculos de anseucia (nao existiam pestes na Europa Ocidental desde 0 ano 767), este novo cicl
• em meados de 1348, todos os 12ortos go AJ1~"u-e,s.ta.Q....c;,Qruamil:!,ildQ.s..-9-ti!1,; . gind2J2d,9 0 mundo cris.t~P.;, • _122...:tim-~g~J.~:t§,",!.£giLiLE);<m~a"e,lngJaterra.cestao"CQlltaminadas; • em 1349 sao os p£rtos go=m,m:~m~ • l!Qlll!Lde 11.1.2. E$lli.~tt~llQj!!!e,ri2J:~da.§,Jerrasl' da_E:u"rqpa d9.NOJ;i;!,!,;,. 85

• ~].?9~~n.~.?s p~rt()s do Baltic.o;

·~~ill.I~~L~.J"~.?~.JWU£~!!l~.ft.gllR~)~l§~!.~ITi!lLPO"0~~~§~4~_~()lqI1i::l•.~9:ll;.I~}i~·

De 1347 a 13.52,.QS 1 :oojJhQ.~.-d~da.cristaudad.e.latin~dicaw.contNl!!.~ dos,- avaliando-se 0 numero de mortos em cerca de 20, milh6~s . 'num ,espa~o, de '~~I,~K()s:fratrcamente umter90 da p6pula~~o-do' rny.ll£Q~sp~tio iqL·~~ig,uil;:d~.

~;d**~~~~
·

~_pesJe .terp;E?,.lJl..P.ri..1J1rim.lug.ar,..p~~i1Q.glob\!lde ~imiJ!"lg.].lm.grande n~

._~~~da§., h1Lrn~s, mas, em s~.mLll~21.!!.gm:z.l!l~ta .9~_'\!ln~ J2DJ.l~mlllt()R¥!i£~:

.actua Erincil?almeE.!~E.~M~Ees e, em geral, ~.2.. ~Qfl))};\Qn,a,~ur.n.lllgar..dep-ois~e...1&l; .g.i~i.l1!f!Q,Q..•meJade...da.PQ.p~. Em seculo e meio passou-se de uma densidade que rondava os 35 a 40 habitantes por km2 para uma densidade de 20 a 25 habitantes por km2 . Em geral, sem entrarmos nos aspectos especfficos dos diferentes paises, podemos afmnar que 0 s.ec;ulo xIVe;:tprimeil:a_meta<:le~do..se.c.u1o_.xY--..fofam..ep{)Gas..de S~c~2~,~S[~!"('''''''''"''''" _ _ ...""",,,,, ...,.... ...,,,._.,.. \."., ".,,,.n..,-:.;,,,c.,, •• • ';',-..., "'''~_''''''''''.OM.""."","

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2.7.0 modelo demogratico do Antigo Regime ~ Tr~ug.£_oLessenciais

caracterizam.§:. evolu£ao global da

p..Qp.ul.a¢o...d.~­

,g~nte ~~eu ,~ntigo Re&.L~: 0 crescimento mod~rado da Eop~l,~£,ao d~

2Q mjJhq.tt.§..D.oj.nicio do

s~ para 111 milhQ~~!!l£ill!.~ do ~,m

~g!!~J2r.~L4~,£I~~£~m~nl9.J29,.R!l.J,~!£i2!l~L9.S~§'!Q!1~ggJ?'~1l:!~,£tis~s."de,mottalidade.e.as sti§~,~de.suhsjsJ:eJlci.aJLivi -Bacci,

1992). As crises de mortalidade tern duas fases: a fase daM~te (embora iniciada no seculo xlve particularnient;rrrt~~-;; nos"s6cul;;XV-;-XVI):il!:.~~~~i~.§,~Ei1~!!,li,.!S

...~~.~~,1..illl~§.~v.~,~!~B.~~~~£.,!~s:15U!~,~]g,y$~,£2!?:!~e.~£~E~'

Y~91',.§.l!rJ:Q§,. g~..R.~,§J~",.,~1?jg~mi;:t.§,.g,ti§~§_,4,~. ,$Jlb.si~.t~l1£ifL~.,g~~F!~~ .pr()~l:1,:zAr~

f.~£ll.9'§.£9JlSid<:1J.,;[email protected]"'yQ1U01e"PQPlJJilQj.Ql)al, ~d~."2".~9.El~I}S9."s!9:,s!i.sc~.~ mortalid~f1e?~§I?QPlJlf!.c;_6.es .repunham os,..efectiyos_perdidos, atr,aye,~.Q~ 11,IIl· Cl,J~~,c.i&fe"iito llU~!.rrl\lm.Q~SllQO. A mortalidade seria, assim, simultaneamente urn fac.;. tor regul~OJ;' e um f~r~~ destLl e.p,~ .L,ggQ_Q!l"w

........

'

86

.£2EI!!!ts;;ao "~j:L,~P~§'~.~l~~.,l!n;J,",9~rmiM,dg~, fL1J;lJ?!!lhn~!l~,!2,,~.,~£la£ao £~l2:~1~,~.2~~.,1,o~iaiso~~~~~,n~~~~rW-J1-~nl!.,~~.xJQ1~n£.!a. Q~,G~Q"fj.£,:;t~~Ul~tJ,U;;;y'­

,,,.!llent~, aR~I!£ . E.:P;~.,~§.1~ffi~~;,~pL1~mi~~~~~$P~n:~§" Alguns historiadores da popula<;ao tiveram uma visao mecanicista das socieda-

de,s.)~l!£l~~s~!l~S!~~~£9SJ!~ol%?"l?/~Q§,~_~m,qH~_.Q~x.~rs!~sl~ig~~:iiilli4~Ylj~

fen6meno mortalidade (LeRoy Ladurie, 1966; Pierre Goubert, 1960): «A grande culpada e a morte; ja nao se esta no tempo em que uma popula<;ao, ainda pouco numerosa, possa aumentar as suas formas de subsistencia e crescer rapidamente; 0 aumento progressiv~ da popula<;ao vai saturando pouco a pouco os territ6rios, a subsistencia e 0 emprego; 0 progresso demogra:fico vira-se contra si pr6prio e devora os seus pr6prios filhos.» Porem, esta visao mecani~~~~~.~~!~L~~~Y_~,$"~",~~",~~l~~~£'~,~Q£~~~

1~!!!,~~ ~~l];9.grlfj.s<;?,1f221!llfgQ~&'1l!te, que £..~£t~n,?;~,QLI}.2§§9L\fiaL~.Q,ll~JJ,;

.Y91,~1}1yllt,9...£t~~!l~-WP.gt
~eiro.l..no final ~,?J..!~1Q,.Jl2J~~~ar...,~>=~~~~~.2=,~~g1.l.~

!!!iQ1oe~~~!?_~,g,!?"@Q§L~,l:1!is ,2q~.JIl.~Lilljm.~J+J9,c;l,Q,$.~aume.tltaL~st_c.ul.o.,;p..ar.a

'l-,L~1~oe~LY~~22.,RE!P=~t~~!h;.~.}~J~!:lllg~,l}Sj!!.,~,.r,eaginf!ge!!:,9,~£il~~,~Q_J:lo§"pr~£P"$2» (Dupaquier, 1979). A hip6tese de_"um ~~~~!9..~~_~~i
.~~~oi~~~~~~:~?~6~~frf~~s~P'i~~&frb~ta&~~~,~~Ii{b"~fl{a;d~?N~~~~~~~i.~i

~IEJ~fl2el reg);lJ~~~~.~~,_~~~~9.~,,~,~, .Luis~y, .~~~~i~.s. .4.~;;~2J~:~~~~r.g~J~I~{~;~~~"

cia as,regioes densamente29voada~. Thlfacto'tambem nao foi ainda possivel de'monstrar em tod~ os trabaih~s fcitos nos diversos paises europeus. As crises de subsistenc.llLnful..p..ar.e.c_eJll.."e.s.tar".ap1as.,a.,de,s.emp~nhar_o...pap~el.£k me~anismo r~~no ,.S~~~r e~S~,~~~£,_§..~.Q2'£1.!1~S;,~0. 1al m~canis~!.upo~ ria aind~ a existencia de ~~a .E~ti22LsL~~4~.,s:ic::J.icl!,.g,~_gll~.s~Q~m.g!UglL.~XU)~;i!iI<1 ~~.2!lSI£~_~" exis~tll~ia. Mais ainda, se ~~~~,~,~~,~f?~~;~ELX~~!!B;~P:l~".9.Jl!:g£~2§J1. ~ de adapta2~?,~?.}?:i.y~1,~~J?,9l?,}~~~<;ag__
'S1ense

Anos

6bitos

Baptismos

Casamentos

1691 1692 1693 1694 1695 1696

223000 208500 247100 396100 176600 151500

188700 192 200 186600 142900 176300 214200

40200 43500 33600 31900 50400 49900

87

o ana de 1694 e urn ano decrise·democtaJidade (alias, ja come~ada nos ultimos meses de 1(93). No ana da crise, os 6bitos quase duplicarn,em rela~aoaos anos anteriores, engual}~ nascimentos .,f;.21. casllJ!l~nt9~,.A~tIc;gllz.emC~f,1~i.Q~.M1;; y'~Je. passado 0 ano de crise, 0 n~mero de na~ch!!~J).t.os!'lu,lJlenta pmgressjy.a..mente e os efectivos perdidos sao recuperados. Este aumento nao e devido a uma :ilicra~ao-dO'S-comportameIitOsprocrladores:rnas sim a uma altera~ao dos nfveis de nupcialidade. Apesar do desaparecimento de uma parte importante das pessoas em .klade de sas":r.,~.s~1B2rt~rr~id~I~p~~ii~i~ifo:p()~lti\~osob~e:iIl~pd;:tlicf~4~; em vezde enfraquecer o~in~mismo da popula~ao, pelo contrano, estimula-o n~ ~medlda' em gue 'rejuvenesce a estrutur~~ .. . '.. . . '. E verdade que estes casamentos nao tern todos 0 mesmo significado.As:Q§~ de mortalidade, ao separ.§lT muito~ «.&.s.gj.b.....y;ai m.u1tiplic.ar..o..nUme.r:o.;de..Y.iliv..Q.s~~@ yjQy.'!~,~.P.!
I

Consequentemente, .2~~..£2J,IlJI(ee.nd~.o.EEu~n.~s.£im~I)J()q.a",s.~~.lIJJ'!),!r.1'!:,§' ou seja, esta recupera~ao dO~._!l~E~!9S ~c!9?.9.~~...~!-E~_s!i~~c. ~.~~~~Eti~~l;?,,~~!~.C.,~,~e.~!?). Os res~ltados obtidos tern demonstrado que a llegltllmdade e a ausenCla de rela~6es seXUalS fora do casamento .d~am-9l.tg\?,m::L~2~L~~~~c}L,;:eri~~es: e~~~!~E~~i6~=~~~~.~t£e,l~{~~ s~~!:l~!~,,~o.r~.,~.(), ~~~,~l!!:~.!l.t9,.~ aj1.~g!t:ip»g~£~~~Jj,o.,In~q.u.~nles (embora sej a importante verificar 0 que se entende por ilegitimidade) e exi~!~!2~,.9.,Il9:~,,~,,~E}-J2grt~£ia ~'~~ATe"!~~,~~,,s."o~~!:~~l~,,!9!!.E,
88

falar e~"s~li1?~W.f9fx~c!q,,~,",t~w,Hpr~9: os jovens eram privados do direito a ter ~s sexuais enquanto nao tivessem um peculio suficiente para se estabelecerem. §e os pais fossem djzirnados...p.OL.ll!lla crise demo:r.1illidade~ a «heI~a» ficava ~sti&...~~C!i§:RQ!!ivel e....9.§j,Qy.ens,.PQdiam.Q.~.e. g_~_m.9!i~_~OS pais que desencadeia. todo 0 processo

de. dina_~:;::_a£'~\;u;lEt:Q_QPJ!,o J~.~_~: Ulll casaCcom ~cer2a-ae·o-crnqueniacanos:-JKTnfeculliiO-~··rsub'stitufdo por um jovem casal que noutras circunstancias teria de esperar mais uns anos. Uma crise de mortalidade faz. din:p.~~jgack. m§di§l d~am~Jl!~_~l!leIt!LQ, numero_de. nascimentos e rejuvenes<;:e a..p.QP!lla~. Na ausen<;:iade crises, constitui-se um «exercit(u:l.~r~serva»derapaz~s._~)::~mi'\.. •. •... . .'.-.:.:;::::"_,,.1; ~ll~2,,~~~~E~r.~, ~aJ(~lP:e~~~~I'£~~~~_~~~parasec.a_~.ar:ell1.. Logo que surge uma crise de mortalidade~" ficam disponiveis alguns lugares e os elementos do «exercito de reserva» avanc;:am em primeiro lugar. ~Y~!lS celibatanos co~­ ~f~."~~IE..~.!B.Y~E~~~~g<2_. §!£E~..):J:J:Sltri.P.l.Q!!i~, '?~j.~..Kl!P:c;:,~9~~Ea )lde.perm!!ix~j. sociedade a man~~l},~~S!,_~~~g~§,~fgQ9pll,c:;a,~ .. d~.J:)a,s.~?,.s,Qm,.l}JE.y£!l}~~.meis OuIileilos ~.<':>l}1!~te. Consequentemente, a_i~,aQ~_ m~<:li::t. QOc<::_::l,~,:1JIl,~nt.o",~QJ~i'!i~9J, aumenfaa:1ecundidade sem revoluci()l!arc9. Lc2,§1:lIrn(3~,. Se a c~!Q.g~.J1.Oy&sc.~xplQ.­ raQaes fosse-lIvre rou~asuaalvfsaoposs{vel) .~~e~p'~n,.sc~9.<:l~l:D-9gxAgc~_~ei~ati~Jie ser momentanea e controlada. Porem, nas estruturas economicas e sociais do AntiRegime, 0 numero de explorac;:aes variava muito lentamente: """'''''..,.",.,....,.,''''~_..~.<'\L.'.' _,,_, .. ' '.,-'-·'--','-....,,".·,..;,·"O;~-,""-~~_.,.......-.:'_.r"'_ ~".;":.,:-;~

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• J!!!.la grande parte das terras era al.~~~.~~.~ .. ~..~"t.~y~,,E~,~:!E,~9.>S ~_!l0~[~,~~-.~,~s!2 s!~LO; esta c6nceritra~acnisseguiava'aos proprietanos rendimento, tranquilidade e seguranc;:a; • ~randeJ:g~Q.~~ d9.~ ca@l?9E-~~§~§.,~r~L12r.Ql?!i_~'!~~.~~c!~l!,~~,?J:i114sgVlas£qn§,;;.. titufdas por uma ~~~,~ .,~,.~~~.£,~g!:l~n9,,!~l!.~,1l()~El)J!!Q.Qjff<::e.is, .
da vida economica e social. Se numa farm1ia diversos filhos conseguissem chegar a idade adulta, '~~;adific[r'ou ate mesmo impossivel, estabelecerem-se todos. Se a farm1ia fosse pobre, os filhos normalmente partiam para a cidade para encontrar trabalho. Se a farm1ia fosse mais abastada, 0 pai tentava estabelecer alguns como comerciantes ou em pequenos oficios mas, a longo prazo, 0 patrimonio tenderia a pulverizar-se caso as descendencias continuassem a ser grandes. ~~, s.ociedaderural do Antigo Regime tinha, assim, uma tendencia a prpduzir, a1!eV~S do mecanismQ auto~regulador,cinco consequendasimportantes: criadagem, celibato for~ado, errancia, mengiciqg~~m,i,g~c;:10. Compreende-se, deste modo, como 0 numero de fogos variava lentamente. E ao myel dos agregados familiares que funciona, efectivamente, este mecanismo auto-regulador e se articulam a economia, a sociedade e a populac;:ao. o povoamento e. func;:ao nao som§pJ~,..';las aptidaes naturais e das cQIJ,.<:lk.§e~_ de ..~ubsls"tSnci~~,~~~!~b6~ ~~.s~es~~e§ (lgJ:~~s=~"d~s~r~la~()~~ ._d,i:P~9,q~¥~9. cllj~

89

I!

origem seperd~ no tempo e~"~uja v~a£fu?~ muito !~. E..§taco!!..s.E~!!c;i~§~p'~r1!1~­

-n8nC1aexclul.·a·no9~od~-irogres,s() . So1?g,RQI1JQ9:~"yt~ta~9:~p:l9gt@yQ fc:l~~,pollca varia~ao- do'illiiriiKQ-elf<, fQgos ~

~------E certo qlJ.~ nesta sociedade «bloqueada» se podem, por vezes, observar variac,.;oes. Mas estas variac,.;oes so ocorrem em circunstancias bem precis as. ~_~J?!i!lleirQ. _~_&~:_.~~,"~~s.?_c!~}!l1.y.~r._l:l~,~c.
de

numerode fog(is'a,uD:;:enta; TIlYJ:l:()~",9~P~I!g~Ilte das·estrutuias._aii~a.s~~~J2&~_~

artesaos podiam multiplic;ar~s~ mais,r:apiqa.Ille.nte; nos agregados onde e~istiam

-~ojporac,.;oes funcionandq COrnX({gP;ls )Jgi
belecer-se. sem uma.longa aprendizageIIl (Q .qUe Ihe retarda.v;:t .()c~SmneE~2Lmas, nocal!lpo,.QQ.
~

-~

'

Wr:ll-,s,

Neste contexto, E9~"g"~m-J2Q§,,,i~~m~i9"jI).~q!!~,t:ti_~i:zggQs,, 0 p:r:01:>lema~gas .tJ-,llJ].~.:,. c,.;oes e~~_~~_~ ..~~!l?:2gf@ge.~Q~2j..e ,Q!'!!lh~ .ups. me.smos...termo.s_..q).l,~=p,J,:rUl~~ agrlc()J_~J?~ro». ES~!!2!!}t~2~i~dag~J~",'p.QP.1!!~~~g.. m1ic]Jlam-se. a pm niveLdif:eLeP=_ te:"E-na sequencia da emergencia deste tipo de acontecimentos que se vai registando ~m toda a Europa Ocidental, nos seculos XVIII e XIX, a destruic,.;ao do mecanismo auto-regulador que tinha funcionado durante seculos e que e 0 principal elemento caracterizador da demografia do Antigo Regime.

2.8. 0 crescimento da popula";3o na Europa Ocidental e

.lliil

0

terceiro «mundo cheio»

2.S:E~~~imentC:~~J?~!!!~9!2,~!l.~.. ~_~gllnd~Jn~t~d.~. 4Q.s~culo .J,CVIII, ~JJ:rnf~nQm~1l9 europeuque llItrapassa.o.. quadro. . .d.as.,r.egioes..,.industrializadas e q1!~"Jl~..Q"JlQde ser explicado por uma ~evoluc,.;ao agricol~. A revoluc,.;ao econoInica foi uma hipotese de trabaJiicique' oao "se"confInnoii:"'O' mesmo nao aconteceu com a existencia de progressos lentos, mas significativos, na luta contra a morte: .~~.~p~ran\=a..de...:cidaaumepJa, 11 mo:r:t~lidaelejlJ,fa;:ttUcli.mj,p'ui,.a mortalidade"estival..das.. c'rian<;,as..1amhem Cihnmui., .....

Tambem nos podemos interrogar por que razao ~~a!J,i~mp_.. r~gulador: ..q..ue. func,ionava..com eficacia,na. recuper:ac,.;ao . ,dos,efecti:vos-'J?eFdidQs.,..nao.iunciQUOJL..e.Dl s~ptid9 inve.rsp. Porque nao foi ele capaz de liInitar 0 crescimento do seculo xvrn, depois de ter sido acelerador na crise dos seculos XVI, XVII e primeira parte do seculo xvrn? Porque, oJul}£ig:!l~rn~nt.9,,,cle.st~~i,st~ml1_.l:>~seava~se .naconstanc;ia. d?mim~r9 de. {ogQS e nao, na ,~stabilidade 'da pOPlllac,.;ao.tqtaL

90

r I

I !

As crises de m0!1~li4~,d~,,,.aQ_esJi;Q)J!1::u.:eI1L.Q~.£~e~9imento,. levam a sub~tituir

os casars-m:~i~=~~TI1g,§J?s)r,"sq§~,s.roa,is.,j.ovens.~em,cpl~:r;.;;:.:~pPJii:£:~,~cfe1~~uiiala;~":"' =K"estrUtura'demognmca dos fogos deixa de ser a mesma... a fecundidade aumenta e a crise acaba por se transform1rrnumaute~tico «bab~ill;~proiong; j!Q.; A longo prazo, este ~saby::boom;>poae'tomar propor~6es importantes comua entrada no mercado matrimonial de efectivos, cada vez mais numerosos. Se uma crise de mortalidade nao vem ate~I3!.~~.it~§_~feitos, o sistema auto~~eguladornIo

e. c~~~.J~H~~~"iE£Qllli?J'i~~-1tQ.LClli~,iR~ii~i:fiiiif.!Q:ili:,s2iri~js~1~r~~9i

Com a inercia propria dos fenomenos demognificos sera preciso esperar muitas dezenas de anos para que uma populac;ao reencontre um novo processo de equilibrio. Assim, e possivel esquematizar 0 arranq~~.~~<,>gr~tLS2..1~"£}!r2E.~~g9S!~!11~.L da seguinte forma (Dupaquier, 1979):' 1. a etapa (1650-1750,): as p0I>H!~92~s" ~l:l~lp:~!~fla~ .~crises<.peri6dic~~4~cJ!J.9rt.a;; ~5U>j)Jm;L~Lf1ill£iQiJ.:ai.,em.plenQ.,o..mecanismo..auto.J:egula.d,Qr; este mecanismo, ao fazer aumentar de intensidade a nupcialidade, proporciona a existencia de estruturas de idades muito jovens; 2.a etapa (s£[unda J:Y&@_g._clQ..s.~cJJlQ.XYIg:): os acidentes, sendo menos frequen- tes, associados a um certo ~esso te:.~i:? da. ~~ig~, ~i.~~!;l~m.,.~,.,. mortalidad.E~~.§:J~,"9...P1!l~~.~p~,aumen1a; "mas, omecani§lA<2_r~g,llJa,ggr, que tililla1Uncionado bem numa direcc;ao, revelou::se ineflcaz i:HLclii:ei~a,Q"im(e]::, sa; mais ainda, este mecanismo terrtu~iQ:aii,gmd~~A.~:UQ.s.-des..tinos §vidj,lais ~~~9s.i5?Q~s 9!:uiERqt~Efl:sl~,S!.iJ;l}in:m~m",. . ,~.Jg!:J:g~,):n.~gii!,.Jk) casarne!1~Q."ill:!m~llt.a.,,,.Q.s,iQ;Y~J:!.H~m..,g~l!gf!Y~~~mgis .. c!itiSl}!4.;:tg~§~!p .,e.§1a9.~.; Tecer~~; a industria nascente passll a dispor de u:rn:~ reseD:a delIl~Q~
abUnd;:intee"a"bmX-o'pre~o;'·'as·iens5iL~99!~,~,31Ym~!J.j:Ml.e,apar.ecem~cQ1iti1...

t2[
L

).

3~~P~,.(EJj1p,~iIa"Il;)#,ade.,dol.secu.hXJX) ~LIL~~t&~~="1.Q_12~JmitiJ;, f~e,t, baixar a isIade do casam~n!Q"h~lgn~J:tQ,_Q.t~~J;;im,~WQ.,d~JJJQ,gJ;;.,®gg; ~l!&gr~.: ~~.,!?~~".£..5!E,tr(),J~cl<;[email protected]~);a,~-:.se._JQ.mmdo_c.a,da....v.:e~s,..i,m,f>@f-, tante; 4.a e"t~pa, (segunda metade do secula XIX): ~cl;!2.~:P,2J!~i~a"gS<,_~,sQQi!l,QP",a urn grande prggr~..s,!W-da..me.dicina.~,~das","C;Qll.cIic;l),es_de.$gi~g,~",~"S£lR"Q~. acaba de _Y,e;~£2m,Q}l!~<;:s:!!t§mQ,.,a,lltQ",:r~gYlg,c!Q.r; com 0 aumento da durac;ao de~vida dos pais, as jovens gerac;6es camponesas perdem a esperanc;a de se estabelecerem com uma idade razoavel; nao lhes resta mais do que escolher entre 0 celibato definitivo ou 0 exodo para sHios mais ou menos longinquos (como operanos, funcionanos, militares ou colonos).

5} sistema auto-regul~~0.E. do Antigo Reg~me de~2grafico. £!.eparou os c~ .nhos ~~~.S~~~g.~!!l~!l.!9_e.-, si!JJ..lJltaIl~~!!te....slll~lU:U....i£i~.£!&A,Q....,.l1!.~~Q£i~!Lq...U§. o fez nascer. Tal aconteceu, porque as suas capacidades de travag!!!L~,emj,ll~xiQ;­ r'ei'a~J:le~~leJ:ac;.ao. A sociedade, na sequencia de divers as crises de mortalidade, tinha fabric ado uma estrutura apta a reagir a essas crises. Quando as crises come-

gam a ser mais espagadas e menor a sua intensidade, comegou a manifestar-se 0 problema inverso. Mas, as sociedades nao tinham experiencia deste novo problema. ~ inercia.especificadpsJenomenos demo~s, conjugada com a inerdap'r612ria~_ d~~nt\J.l!Q51de, ~~p~~ ,ipevitavel ad~s.tnIi.g.?:~.d,e.,JJm.sistema.notaveLqu.e".p_~ tili a.. civilizagao ern.~qll~libJjg durant~van()$s~cu~gs:, ..----- -. ,.... - ocident<.tlyiver ....•-.- .... - " . ~.-.-:..~." ~

--.-~

--,

--'" .-

INDUSTRlALIZA<;AO

l SUPRESSAO DE EPIDEMIAS EDEFOMES

l PROGRESSO TEeNIeO E SOCIAL MELHORIA DAS eONDI<;OES DE HIGIENE E SAUDE

DIMINUI<;AO DO NlvEL DE MORTALIDADE

IEXPLOSAO DEMOGRAFICAI

Figura 4 - A destrui9ao do modelo demognifico do Antigo Regime e a explosao demografica

,llil I'i

Em sintese, a grande mutac;ao nao resultou de urn m..Q.g~lo..simpli~t1!_q~-PJ~MS s.2.U§iQy.I~,9~~,"~f~KQs.dixecto.s-e..iucfu:e-G.tQs.Jla.s~~Q!J.JU.9g.e.s~.dsL~.l'l)icle (modelo simplificado na figura 4), E~~..
92

T i[

ALGUM PROGRESSO TECNICO

ESTRUTURAS DE POPULA<;:Ao CADA VEZ MAIS JOVENS

OUTROSFACTORES

l' ARRANQUE INDUSTRIAL

PROGRESSO TECNICO E SOCIAL:

DECLfNIO IDADE MEDIA DO CASAMENTO

MELHORIA DAS CONDI<;:OES . DE HIGIENE E SAUDE

AUMENTO DOS NASCIMENTOS

DIMINUI<;:Ao DOS OBITOS

J; EXPLosAo DEMOGRAFrCA

I

Figura 5 - A destrui9ao do modelo demognifico do Antigo Regime e a explosao demogn'ifica

habitantes) e termina no seculo XIV (74 milh5es de habitantes); a popula9aQ quase quadruplica - novo «mundo cheio»; • 0 periodo das grandes crises de mortalidade, em que as popula95es europeias sofrem algumas oscila95es no volume populacional, onde 0 mecanismo auto-regulador que caracteriza 0 sistema demogratico do Antigo Regime esta a funcionar em pleno; globalmente, a popula~ao europeia tern urn crescimento moderado (entre 1340 e 1800 0 total de habitantes duplica ao passar de 74 milh5es para 146 milh5es de habitantes); • a partir de 1750, a medida que a destrui9ao do sistema demografico do Antigo Regime se consolida, destrui9ao essa que variou significativamente de pais para pais, come9a 0 grande crescimento da popula9ao europeia (146 milh5es em 1800, 295 milh5es em 1900, 341 milh5es em 1920, 385 milh5es em 1940, 448 milh5es em 1960, 484 milh5es em 1980);_-Y~M,~'£'1l~~~C:;l1l9=~,.m~i9. a popula«ao eur.op.ei..a....tri.pJic.Qu...ap~e.s~d.e estEll: DO G.wtro de d.1l.as..,gr.aDd~ guerras_m-IDldiais....e..d.a.grande-Grise..ec.on6mic.a...dO,s_@Jls..,3.Q.; este crescimento -dapopula9ao no continente europeu foi de tal ordem que ultrapassou os limites da propria Europa; a E~~':2!tg1h. Eela,!er,c,ei~av,e: ~a sua his!o~.E-;, a est~_ssmfr9Pta.91!...<;'Q!!WJlll..~<.tlJ,l,l,1;ld,O-ch~~ &.~~~~~.cAcmlsJ~IlQLas his.toIG. ~s excepcionai S,~~\l:ag.a.de.emigJ:a~o,mC.om.uma.an1pli.da,o.,s.e.m..px.ece~ 93

QUADRO 2 Evolu~ao

da

popula~ao

mundial no periodo 1900-2025

Milhoes de habitantes

1900 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1994 1995 2000 2025

China IndiaJPaquist1iolBangaladesh SW Asiatico Jap1io Resto Asia Europa

415 290 38 45 78 295 127 43 95 90 75 6

«URSS»

Norte de Africa Resto de Africa America do Norte America Central e Sui Oceania

Total mundial

444 309 39 48 126 341 146 43 97 117 91 8

493 343 43 54 139 372 160 49 108 135 109 9

558 388 48 61 157 385 188 51 125 146 131 11

578 443 55 69 239 395 180 52 167 167 164 13

606 573 110 84 311 448 192 64 193 200 212 15

774 699 198 96 320 462 243 87 266 228 283 19

923 871 359 102 388 484 266 118 354 247 360 24

1192 1155 484 125 436 728 157 543 290 470 28

1219 1180 485 125 442 729 162 558 293 481 28'

1288 1365 544 128 505 727

1455 1821 697 121 682 722

188 673 323 540 32

267 1022 387 690 42

1634 18092014224925223008 3675 4496 5607 5702·63147907

Nota: A dissolu9ao da URSS em 15 estados independentes, em 1991, teve importantes consequencias na publica9ao dos dados dos principais organismos intemacionais. As Na90es Unidas, numa primeira fase, adoptaram a designa9ao «former URSS», atendendo ao facto de a URSS ser uma regiao com % do espa90 em territorio asiatico e com uma popula9ao predorninantemente europeia. Posteriormente, em 1994, as Na90es Unidas criaram a «nova ordem geogrilica», repartindo os 15 pafses da «former URSS» por quatro grandes regioes: • ASIA OCIDENTAL (Armenia, Azerbeijao, Georgia) • ASIA DO SUL CENTRAL (Casaquistao, Turquemenistao, Quirgizstao, Uzbequistao, Tajiquistao) • EUROPA DO NORTE (Estonia, Latvia, Litufulia) • EUROPA DE LESTE (Bielomisia, Russia, Moldavia, Ucrfulia) Fonte: (Biraben, 1979); (LeBrass, 1985); Population Reference Bureau.

~J!..~WmS?!l1.~~r.lID!~",Q".sef.Y19.~~~~m,,~i.r~£~~9_~.a.m~1isa

c!£.

N"m1f, cuja popu1a<;:ao passou de 5 milhOes em 1800 para 90 milh6es em

1900 e para, praticamente, 325 milhOes de habitantes no final do seculo xx; • finalmente, a ultima fase do crescimento europeu e a que ocorre a partir de 1994; a popula<;:ao europeia, que estava com tendencia para estabilizar a volta dos 500 milh6es de habitantes, devido a integra<;:ao da quase totalidade da popula<;:ao da «URSS» na Europa, aumenta entre 1994 e 1995 para cerca de 730 milhOes de habitantes; as novas projec<;:6es, corrigidas por este importante acontecimento, apontam para uma estabiliza<;:ao da sua popula<;:ao, no final dos primeiros vinte e cinco anos do seculo XXI, a volta de 722 milh6es de habitantes.

:Iil' , !

Esta expansao privilegiada foi a expressao numeric a de uma dupla revolu<;:ao, cujos beneficios foram, durante muito tempo, reservados apenas a menos de urn ter<;:o da humanidade: explosao ou revolu<;:ao demognifica, n~ma. 12.rim.,eira f~ ~<::y!Q9..:;t.9_.~feit()".cQnj.un~ineiit(i:crQ~p.lIro~rQ-~~·~i}~iiJm~ll,tQ,~~~ d;:djroi!!ui£~ 94

T I

Milhoesde habitantes 8000 7000

C[~--=

__------------:-------.

6000 5000 4000 3000 2000 1000

2000

2025

Figura 6 - Evolu<;:lio da popula<;:lio mundial (1800 a 2025)

s s a

do nlimerg,de 6bito,s; numa segunda fase, a rev()lu~9..J(f..QnQm!£a tQQ10U possiv~l. uma nova ruptura do . eguihQJjQ_,PQP!:lta,~a..Q{!:~CJ,II:S9~(Q_p(ogresso_cientifico_,e..tec.JJico ,E§~!iig&~::~w:,si~~2im~gtQ,~£Qnqrn,iSQ_qlJ,~__a£2-Ip.J?}!@QgJ~,at~:qltr.a,p~S~Q!l.9~9~ .fihi~~t£tqfi_.~~~~i~cb!m!apflt/\f). _d1,l~s_gJ.:and~s"g1JelXaS 11Jl\!1qi;ti~u~__~_G_r.i~~~~9()n9mi~ dos _aQ9s~Q_eR:r:@Qm::;;rn",sigIlificatiYosteriormente a esta data, apesru: ,~~,~~£abx.:J1gom~,~,,.,§.~_,gguill~ Se~~da GuelXa. Mup-(Ji.~1~"i~L~!l:!!:!fl1!Ji~.iliLg§.~~~~d.~!B£~r~fiE() .~l!r.()pe~,,~s~g~~l~ti;. .~!;~!~LflJ.!12.~m}~,!l,t~!!£~H!2~pe!g_~l~£!iIl!9."J!,\'l,)l-a,ta,li_
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n Figura 7 - Evolu<;:lio da popula<;:lio da Europa (1800 a 2025)

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aumento pontual que em nada parece vir alterar a ideia de estabilidade de uma populal(ao que, no pr6ximo milenio, tera cerca de 740 milh6es de habitantes.

2.9. A evolw;ao da popula«;ao nas restantes partes do mundo

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o continente asiatico...g~....nQ inicio da !l.~~_e.r.tli1!p.a .!.:!ill~J2Q]mlaQao estimada em cerca. . ae'"'rrCrmilh6esde habitantes, s6,c.Ql1g~g.lJ"e.,sI::gl2.licar a sua populal(ao por VoTta-dO'" seculo" xliC iiii:ura""erg', 9.~e-atl~g; ,cer~~" cl~.l.Q.Q" rojlh~ d;hibitaiites. o ritmo~de evolul(~ofoi bastante iento. Quando tudo indicava.que se iria ter uma evolul(ao muito semelhante a observada no continente europeu, observa-se urna grande quebra no ritmo de crescimento da populal(ao que dura sensivelmynte tres seculos. Sabemos que este declin~~~ dei~~.~!..~~tar .~~~2cia29",~.9_,e:R2.geu do maior imperio criaao pelos n6madas_~::t_A.si.~~.e!}~~L::~~.()JIl!p~rtQ..(l~D_~)lgis Khan ou"o Imperio Mongol, que atinge 0 seu apogeu em 1300. As cara~te.r:i~tiQ...as deste imperio desempenham um ,"papel' imnortante .... ...... " .. ' .. ___ ..• ...:...._t::._,.. ...__na .__ .. evolul'aodemogr:ifica da Asia . Enquanto n6madas que eram, pf()curaln.exterrpJAaIa.clas.s,f!.9Q~"a.g[ic:uH.9:r.ks.,.m~~ ~naua popula9ai5'e~aesiiUindoosseus,trabalhos,de irrigal(~Q,do$cam,l?os,.J?,~ como a maior parte das grandes cidad~s e dos mercados. . 0 declinio da populal(ao foi, portanto, devido ao efeito das guerras, mas tambem uma consequencia da passagem de uma situal(ao de elevada densidade de ocupal(ao agricola para uma baixa densidade populacional, normalmente associada a situal(6es onde predomina a pastoricia. 9?m 0 fim doJJ!!12~.JiQ ~ngol ~S9.m 0 inicio dos impeJj.os.MingiJ50",Q)_e~M~.hJ!...(JJ5j.Ql,J:etoma;st:_deJ.lo.¥.O...CLc:.am.iJlb..o_ ...~.icre~cime~~o p()PQ,li!GiQQqJ., .. As regi6es mais determinantes na evolul(ao do continente asiatico sao a China e 0 conjunto IndiaJPaquistaolBangladesh. No entanto, atendendo a grande importancia numeric a da Asia no contexto da populal(ao mundial, explicitamos tambem a evolul(ao do Sudoeste Asiatico (que engloba paises como a Indonesia, as Filipinas, a Tailandia e 0 Vietname) e.o Japao. ~ a China,. sa~eIl!~que,~o=~~~l!;,~~~!E!l~~t~~, l~~,rni1h~essI.~,E~~t~, iniciando posteriormente um longo processo de declirrio P9P1l111~L
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crista (70 milh5es de habitantes), e s6 no infcio dQ..§'~flllo_,.KYlJLa..sua_p.QPJllg.~ ··uftrapassa.o volume atingido em f20r ,".' ~p~r~~~a~~a:ci~icia-~~~.!nd~ ~!~~E£~~lltQ.P9P1l1~cjW}~Jq~L~hi!l'l: 415 mil1i5es em 1900, 5i8~1950, 1289 milh5es em 2000, cerca de 1450 miIh5es no fim dos primeiros 25 anos do pr6ximo seculo. o subcontinente indiaJ:l:2(fns!ta,E§tgllist~Q,Bangladesh)Jernuma,.~Y
~~tQ.ft~.A§i~~pAdicJ;t,laL.Q,.].ap.ao_S.6.=.ga.nha,.,.uma,"e~pJ:e,S.$.~o.)l)Jm~~

signm£!l.tiy;;t-,-~!1.QS.9!l1~:1Q:,Q...;1§i§.ti.~,Q,..QJlI§J!t~Q,.§.~£glo~. Assim, em 1995, dos cerca 'de 3500 riIh5es de habitantes da Asia 125 miIh5es pertencem ao Japao, 485 miIh5es pertencem ao Sudoeste Asiatico, 2400 milh5es pertencem aos dois grandes conjuntos populacionais anteriormente comentados e 442 miIh5es de habitantes pertencem ao resto da Asia. Quanto ao continente african~Laf1f,lI!.a,r..9E~~stim!Lt.M'!Jl~.9i.§: mundos distintos: 0 do Norte de Africa eo mundoao SuI do Sahara. A agricultura difunde-s~ ;ieste contin~nte cerca de-70~osa.C~·ooEglptO, ~ que faz com que 3000 anos a. C. existisse uma populac;:ao estimada em urn milhao de habitantes, centrada praticamente no Nilo e praticando a agricultura, enquanto que, no resto do continente, nao existem mais do que bandos de cac;:adores-colectores sem conheci-' mentos agrfcolas. g_c~e,.~C:~!!?-~!2~9J~nt~.
razao~, qt;t!!.~g2.Et;~ac;:ao, ~~E!;,~~,.s:~~~~,c!~,,§'7..,!W1h2.~§~~mJ~gg.1?!"!~_JQ;,..l,!lj;.

~~snLl&.~.Q, 12-cO:t;!,.2.!~~~~ZJi~"R9J2El¥;,i~al, causada pelo tratico de escrav~s e
97

l!PP9Et:322~~~,gue a 12S!~~s;!q" tot~ ~nui p~a~:t:ml_g2-,arto, 1~"(:!~L~~{cjWD.inio.. quase tOj:~d.ec!rnPOrt,!J:J,t~s.,gi,yiliza¥~Q~i'~~Qiii.Q~iQP~:illk~s_,~~_a."d.o_s..Azte.c_as (10 mi-

1:IiOeSde habitantes em 1600,

15 milhoes em 1750, 19 milhoes em 1800)_ As popula<;oes amerfndias nao estavam, ao contnrrio das ~
certos.n~fcr6bl()s:ey0fr:~iMii~u.EiaaiiiqiJ1ta~[~"g~'a~<e;:~~!~rp?~ciE-~mente a~ayes d~

variola:'S6em meadosdo' seculo XIX se atinge urn valor de~34 milhoes de habitan-

Tes"(Valor praticamente igual ao atingido em 1500). A partir desta data, 0 modele de crescimento e muito identico ao africano (75 milhOes em 1900, 131 milhOes em 1940,212 milhOes em 1960, 540 milhOes em 2000) prevendo-se, no entanto,~gue;!.. diminuiyao do ritmo de crescimento, observ~90 ,!l.()"s_,YI!!DlQ~uUlo.s<Jgy.e_aJUlJaesta_biliz~~~£_'!~~~'li'i,J?Qgil~~~§3~~~,p~~§~~~1~~£i~~~_~9§,2QQ}m!h2~§,<de.h~2it3J1tes em

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2.10. A explosao demogratica: urn fenomeno novo ou urn velho problema com ~ , novas caracteristicas? Que ensinamentos podema's tirar desta caminhada, atraves do tempo e do espa<;0, levada a efeito neste capitulo? A primeira grande conclusao a que chegamos e a de que ~~Q£y'P,l!~,?'9>"c'PlJLQ.. «excessivo numero de habitantes» nao e urn fenomen
p-C;ianea; .

«f~bricar hOJJ:leIls~>, .,PE~&f~Dl~!L~"El~m2rt?:Et:111:us~Le=£0}1.s~rY:'lf
tempo possivel em vida. 0 que impediu os homens do Paleolltico de cresceremfoi aObriga~ao deerrdncla das tribos em territ6rio de ca~a. A implanta~iio da agri-

cultura e da pastor(cia tem como consequencia mais vis(vel uma melhor protec~iio da mulher gravida e da crian~a.

o pr~d~'?~~~_~~m~l]l9P~ "9UJt1:lr~ ,sobre .a meJ?1oJ:ia ,lJi01ggt~;L,P~~]~ Homero tomar~se, nurnerosot..~,J.?-LIlQI).JQ_,qgy~n1:[e 0 inicio e 0 fiP1clo)~Te,QlittSQ .P::ts~s,~"~~,J"J?3~!:!!JQJmJp,QyS .Jyt;a~~e" a,Antigui~acle, durante grandyp~~cl
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seculo VII a populac;:ao d~_a acentuadamente. Am~~_9.Y£.~.~, consoli~aIlla§,o estruturas m~s, a ~e~,!~S,~2,"Y£!~~.~~,!lC:>Y()_~!l1:~ 5)~~~~~os(j?<;~~~si:. mento, apesar de ter existido uma hist6ria violenta e perturb ada. Em 1300, 0 ocidente cristao ja tern urn total de 60 milh6es de almas, ou seja, uma populac;:ao superior a do Imperio Romano em apenas 40% do territ6rio. 0 cen1!:~~(I~,~l~.I:rl@do come<;a, de novo, a estar bloqueado eemerge urn novo «mundo' cheio». Mas,,::t ".i~~l?9.s'i~"~cIesta'"vez~fol"d~~'iliturezA':~i#~~~t~:ret3rda~se a idade do casamynto, :Este .. sistema, a que a escola inglesa chama «new pattern», funcionou ate a, revq!ll£~()j!l:qu.:;;!r!al, tendo sobrevivido as mais duras provas. D~ante as maIsdl'=--' versas crises de mortalidade, este sistema soube recuperar os efectivos·perdidos.e,
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mente uma atitude hostil it vida que teve como consequencia um longo perfodo de declfnio populacional; 0 mundo cristiio, em transiqiio da epoca medieval para a epoca moderna, respondeu atraves de um sistema unico e original que permitiu a estabilizaqao do crescimento demogrdfico (ou a existencia de um crescimento populacional moderado), que so foi destrufdo pelo complexo de factores normalmente associados it revoluqiio industrial. Se a explosao demografica nao e urn fen6meno inteiramente novo, que caractediferente-s apresenta nos dias dehoje? '------- ... - .......-.-----'-.

_ri~ticas

A primeira grande diferen9a reside no facto de, globalmente, a h\l!Ilanidad~1J.P§' aparecer no. secu.!().",~.,.gj:v:i.cji4gj. . YIll,ggi~J)IQcos."c,QlllpletameI;lte,diferentes ·u.m.,g,p, oiifio:-o''bioco'dos paises subdesenvolvidos on4e secoIJ,centra 80%dapopula9~0 mundiaCcomum·cresani~nfo·-ii~flifa:ra~uai"m6dio'q{i~-cii~ga-quaseaos. 2%.., ~IIl~ mortaiidal:l~ inf®tlL~ieY~4a: ,eiev~da$perceiitigens:'-deJoV€BS,baixas percentagens 9:·~.74~iQs ellm J?NB per . capita que !ar:arnepte., ultrapassaos· 3 mild61ares; . pele. contrano,no bloco dos pafses desenvolvidos.t~mos.2Q.%,g::t.PQP:ula~ao.mundial,-um" -cresciment§-'nafiifaTpra"ticamente.!gual:azero,.uma mortalidade.cinfantilreduzida,biUxas percentagens' de jovens," eIevadas percentagens.de idoo0&·-e-·um-PNB-per capita que e quase vinte. vezes . superior. A existencia destes dois grandes conjuntos populacionais, de caracterfsticas opostas e de convergencia lenta, mostra ser impossfvelfalarmos, nos dias de hoje, de um problema chamado «populaqiio mundial». A popula<;ao IIllln<:liaJ,,~<;lli.alm~.nte,e.Q r1?~llit~qQde UlUa adic;:ao sernjnteresse, q1,le tende.a oGultar arealidadeconcreta a que s,~~<{!Jf'gQlJno seCl;llo XX: n.uW.mllnQo te9tic:~mellteglQb.aJ~xistemdQisg(Up.Qs..p_o.p_1,l-,laS!Sm1l:isc()lllpletarnente distintos, teIldp cada urn os seuspr9PJi.os>PfQj:1lemas. Se a primeir~_ggl1:g~ ..~li(eEeI!9:;!_Q~_~!~.....119y'Q_~~1J),un@"cheiQ>~"e"a,.di¥isao"ern,~g2tg . -.... -. . . . .

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grandes blocos, a segunda grande diferen9a e aunidade 4ecQntl:lg~m:..n_Q.pJ"il:nci.J:e­ ~~m)Ind9 ~heio;> aunidade de coniag~in (Q~_inIlb.iQjQ9~iPJci9__ a9_fim do Neolftico passou-se de 1 a 30 milhoes); 110 segundo<~IIluIl_<:l0_c:h~i()>>,)lunidade de_<::.()!l!~gW passou a ser as centenas de iniIhao (closeculo VII ao seculo XIV, a popula9ao mundial passou de 208 para 442 milhoes); no terceiro «Illun!,(iJ!..Wdade. de contagem pas sou a ser 0 milhar de milhao'~o-piimeiromilhar de "l1lilhaO_i:llill~ em meados do seculo XIX, 0 segundo em 1930, 0 terceiro em 19~0, 0 q~~Q~1!.a decada de 70, 0 quinto na dec ada de 80, 0 sexto no final da decada de 90...... ) . A terceira diferen9a consiste na unidade de tempo utilizada na an3J.{se~ N as primeiras duas situa90es, a contagem e feita~IJ)s~_c]J.IQs(se a popula9ao ~;di'af6 estimada em 252 milh6es no inicio da nossa era e 578 milhoes em 1600 foram precisos dezassete seculos para que a popula9ao duplicasse), ~J.:.n9~~s,,
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