Gastronomia Mineira

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Relatório da Gastronomia Mineira 2015 Coordenação Agostinho Patrus Filho (ALMG) Secretaria-Executiva Anderson Rocha (BH Conventions & Visitors Bureau/CDL-BH) Flávio Dornas (Associação Mineira de Gastronomia – AmiGa) Marcelo Wanderley Alves (MW Negócios) Márcia Martini (ALMG) Marina Simião (Ícone Gestão, Treinamento e Consultoria) Mônica Alencar (SEBRAE-MG) Vani Pedrosa (SENAC-MG /Santuário do Caraça) Proposta editorial: Márcia Martini Diagramação e produção: Ana Catarina Cizilio Revisão dos textos: Flávia Barros Créditos das fotos utilizadas neste relatório: Acervos da Secretaria de Estado de Turismo (Fotógrafos: Xará e Sérgio Mourão), da Abrasel-MG e demais instituições parceiras e apoiadoras da FGM

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Relatório da Gastronomia Mineira 2015

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ÍNDICE Apresentação / Coordenador da FGM - Deputado Agostinho Patrus Filho ............................................................................... 6 Introdução / Secretaria-Executiva da Frente da Gastronomia Mineira ....................................................................................... 8 Trabalho Coletivo em Prol da Gastronomia / Marina Pacheco Simião ........................................................................................ 9 EVENTOS ................................................................... 14 Festival Internacional de Araxá .................................15 Comida di Buteco ........................................................ 22 Expocachaça ................................................................ 26 Festival Fartura ............................................................ 30 INSTITUCIONAIS ....................................................... 35 BELOTUR....................................................................... 36 CDL................................................................................. 42 CODEMIG ...................................................................... 46 INDI................................................................................. 53 SEDA............................................................................... 57 SINDBUFÊ...................................................................... 61 PESQUISAS ............................................................... 70 ABRASEL....................................................................... 71 Rosilene Campolina.................................................... 86 Marcos Mercarejo Netto............................................ 92 UNA................................................................................ 98 Vani Pedrosa................................................................ 103 PROJETOS ................................................................ 111 Minas à Mesa.............................................................. 112 Vinhas Gerais.............................................................. 117

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temas básicos da constituição de uma frente de trabalho evoluíram não só para a necessária formação de uma identidade, como também para a construção de um planejamento estratégico. Elegemos a coordenação, instalamos a secretaria-executiva e criamos três grupos de trabalho para tratar das temáticas priorizadas pelo coletivo: a Identificação, Valorização e Proteção dos Produtos e Modos de Fazer Tradicionais de Minas Gerais; a Defesa da Gastronomia Mineira, por meio da estratégia Advocacy, e a Promoção da Gastronomia Mineira. Diversos eventos gastronômicos receberam o apoio institucional da Frente. Em alguns deles estivemos presentes, consolidando nossa marca e divulgando os nossos propósitos. Entramos para as redes sociais, vitrine compartilhada das nossas demandas e conquistas. A divulgação do nosso trabalho fez com que ampliássemos a quantidade de membros, recebendo, a cada reunião mensal, novas e qualificadas adesões.

APRESENTAÇÃO

A Frente da Gastronomia Mineira nasceu a partir da constatação de que o setor gastronômico de Minas desenvolvia inúmeras atividades – todas de grande relevância – mas, muitas vezes, de forma desconexa. Observou-se que, ao articulá-las em um trabalho em rede, não só melhores resultados poderiam ser colhidos, como possibilitaria uma significativa economia de recursos financeiros e humanos.

Enfim, nascemos, crescemos e amadurecemos. Muitas etapas foram vencidas nestes dois anos. Vale ressaltar que a nossa configuração é de frente, rede, coletivo, portanto, sem personalidade jurídica, o que faz com que todo o trabalho desenvolvido seja colaborativo e voluntário. São pessoas que emprestam seu tempo, sua força de trabalho, sua criatividade e determinação à causa da gastronomia, muitas vezes em detrimento dos seus afazeres pessoais e profissionais, e sem qualquer remuneração.

Em maio de 2013, surgiu, então, a proposta de organizar um grupo que reunisse representantes de instituições públicas, privadas e do terceiro setor, formadores de opinião, empreendedores, profissionais e pesquisadores do tema, enfim, todos aqueles que têm interesse ou participação na cadeia gastronômica. Nascia, assim, a Frente da Gastronomia Mineira, com o objetivo de unir esforços em prol da valorização, preservação e promoção da culinária de Minas.

Estamos aqui porque acreditamos no potencial que a gastronomia tem de unir os mineiros e de fortalecer a nossa identidade cultural. Estamos aqui porque o esforço mútuo acelera a pavimentação da estrada que nos leva a consolidar Minas como o estado da Gastronomia.

São quase dois anos de trabalho árduo e profícuo. As discussões iniciais sobre

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É com a certeza de que, embora tenhamos feito muito até agora – ou até mesmo por causa disto – nossos desafios serão ainda maiores, especialmente em um cenário de crise que parece não poupar nenhum setor. Contudo, estamos preparados para responder a eles.

“Vale ressaltar que a nossa configuração é de frente, rede, coletivo, portanto, sem personalidade jurídica, o que faz com que todo o trabalho desenvolvido seja colaborativo e voluntário”.

Neste cenário, já era hora de reunir o vasto conhecimento a que a Frente tem acesso por meio daqueles que integram o setor gastronômico de Minas, para consolidá-los num só lugar. Assim, é com desmedido orgulho que entregamos aos mineiros este trabalho – colaborativo, como todas as nossas ações – que reúne uma série de artigos, alguns de cunho institucional, outros relacionados à pesquisa na área da gastronomia, assim como abordagens sobre os mais importantes eventos gastronômicos desenvolvidos em nosso Estado, além de projetos acadêmicos e empíricos.

“Estamos aqui porque acreditamos no potencial que a gastronomia tem de unir os mineiros e de fortalecer a nossa identidade cultural”.

Quero agradecer aos membros da FGM e demais entidades que contribuíram na elaboração deste relatório. Espero que o apreciem e que este seja apenas o primeiro exemplar de uma iniciativa que, tenho certeza, em muito somará à construção e à consolidação da memória da nossa gastronomia mineira, um dos nossos maiores bens, parte imprescindível do nosso patrimônio e da nossa história. Deputado Agostinho Patrus Filho Coordenador da Frente da Gastronomia Mineira

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INTRODUÇÃO Com menos de dois anos de atividade, a Frente da Gastronomia Mineira já conta com a participação dos mais diversos setores que compõem a cadeia produtiva da gastronomia, configurando-se como uma das instâncias mais representativas do setor gastronômico de Minas. Tendo em vista a consistência das atividades que vêm sendo realizadas pelo grupo e a oportunidade indeclinável de oferecer ao Estado e ao País, de maneira inédita, um relatório temático de gastronomia, é que surgiu a proposta deste trabalho. O Relatório da Gastronomia Mineira 2015 proporciona ao leitor uma visão do cenário atual, a partir da perspectiva de pessoas e instituições que integram o setor. O objetivo, além de servir de insumo à pesquisa e ao aperfeiçoamento de políticas públicas, é obter conclusões acerca das iniciativas que estão sendo desenvolvidas, visando à integração e ampliação de resultados. O primeiro bloco do Relatório apresenta dados de quatro importantes festivais gastronômicos. Neles, fica demonstrado o potencial de desenvolvimento da gastronomia mineira, por meio da realização de eventos socioeconomicamente sustentáveis. Os números mostrados são a comprovação inconteste de que os mineiros prestigiam os festivais tradicionais e estão abertos à experimentação de novas iniciativas, gerando uma cadeia de valor que movimenta o setor industrial e de serviços, além de gerar um número significativo de postos de trabalho. A segunda parte do Relatório espelha a visão de instituições – públicas e privadas – sobre programas, projetos, ações e políticas públicas voltadas à promoção, proteção e defesa da gastronomia mineira, no âmbito das suas atribuições. Aqui, o desafio imposto é estabelecer complementaridade entre as iniciativas apresentadas, buscando pontos de convergência para um maior aproveitamento dos recursos humanos e financeiros utilizados. O terceiro bloco traz pesquisas bibliográficas e empíricas sobre diversos temas ligados à gastronomia. Aspectos como o histórico da comensalidade mineira, o cenário atual do setor da alimentação fora do lar, destinos e atrativos gastronômicos, consumo sustentável e soberania alimentar são abordados aqui. Essa parte é de fundamental importância para a concretização dos objetivos do Relatório. É nela que os atores responsáveis por planejar e executar ações que visam o desenvolvimento da gastronomia mineira vão coletar os insumos para a tomada de decisão. Por fim, o Relatório apresenta três projetos em busca de suporte financeiro. Eles são apoiados pela Frente da Gastronomia Mineira devido à relevância das temáticas e ao grande potencial de contribuírem para promover a gastronomia de Minas. Por serem projetos autorais, o Relatório faz uma apresentação genérica, cabendo aos interessados o contato com os proponentes para um maior detalhamento. Secretaria-Executiva da Frente da Gastronomia Mineira

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Porém, nas últimas décadas, a humanidade está passando por mudanças radicais no que diz respeito à forma de interagir com seu semelhante, com os demais seres vivos e com o próprio ambiente que nos cerca. As tecnologias trouxeram uma nova realidade, avanços na saúde, redução de distâncias e principalmente, a geração e acesso à informação de forma instantânea com o advento da internet, trazendo uma era de conexão constante. Em contraponto, a percepção de ter-se alcançado o auge em tecnologia e conhecimento, trouxe uma percepção quanto a uma espécie de esgotamento de recursos, especialmente naturais, mas também humanos e/ou financeiros, que está levando a sociedade em geral a repensar atividades e atuações.

TRABALHO COLETIVO EM PROL DA GASTRONOMIA

Em um mundo em que tudo está ao alcance de todos, em que todas as atividades trazem consigo uma forte presença de competitividade e disputa, a competição torna-se algo intrínseco ao dia-a-dia de profissionais, empresas, instituições, etc. A demanda por resultados, objetivos, metas em detrimento à uma constante escassez de tempo, recursos sejam humanos ou financeiros, traz uma constatação, que parece contraditória, mas verdadeira. É preciso cooperar para que de fato se logre os melhores resultados em torno das mais simples atividades até à gestão das mais distintas esferas de atuação, como temas de consumo de água, alimentos, atividades em saúde, desenvolvimento de países e territórios, etc.

Marina Pacheco Simião Turismóloga, mestranda em Economia Criativa, Gestão Cultural e Desenvolvimento, membro da Secretaria Executiva da Frente e sócia da Ícone Gestão, Treinamento e Consultoria

“Toda força será fraca, se não estiver unida.” Jean de La Fontaine “Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.” Dalai Lama “Se precisas uma mão, recorda que eu tenho duas.” Santo Agostinho

O jargão “A união faz a força” nunca esteve tão presente no dia-a-dia como tem sido nas últimas décadas. O ser humano demanda trabalho coletivo desde sempre. Foi de maneira coletiva que foram alcançadas as principais mudanças e evoluções da sociedade. Afinal de contas, não foi de forma isolada que o homem deixou de ser nômade para fixar-se nos territórios, nem quando foram desenvolvidas as primeiras cidades, realizadas as descobertas dos novos territórios, a revolução industrial, os avanços tecnológicos. Ou seja, perceber a necessidade da ação conjunta é algo intrínseco ao ser humano, seja para o bem ou para o mal.

Desta maneira, novas formas de desenvolvimento, que prezam pela ação coletiva, com resultados compartilhados, tornam-se cada vez mais presentes. Conceitos como crowdfunding, crowdsourcing, desenvolvimento de redes, economia colaborativa, co-working tornam-se cada vez mais constantes e passam a fazer parte do dicionário empresarial, governamental e também, educacional.

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Crowdfunding

Economia Colaborativa

Crowdfunding ou financiamento coletivo, trata basicamente de recorrer à sociedade para que uma proposta ou projeto de interesse coletivo seja financeiramente apoiado. Apesar do termo ter sido cunhado por volta de 2006, foi a partir de 2008, quando a última grande crise econômica impactou diversos mercados, que tornou-se mais evidente. A proposta consiste em apresentar, através de uma plataforma virtual, um projeto para que pessoas que se identifiquem com ele possam contribuir para a sua realização. Hoje, encontram-se iniciativas que vão desde edição de livros, produção de filmes, passando por projetos de pesquisa de novos produtos e materiais, iniciativas para combate à fome, defesa da fauna e flora, entre tantos outros.

Também despertada em função da crise de 2008, a economia colaborativa ou economia compartilhada, é uma forma de repensar negócios e atividades a fim de promover, em tempos de dificuldade, novas formas de gestão de empreendimentos, atividades e ações, trazendo novos serviços, criando novos mercados e gerando novas cadeias de valor. Baseada principalmente no uso compartilhado de produtos e serviços, mas também possibilitada pela troca de conhecimentos, iniciativas e ações, gerando também novas formas de relação. São exemplos de produtos que seguem esta linha, os serviços ofertados por empresas que promover o compartilhamento de veículos, a oferta de hospedagem em residências de particulares, como também a troca de serviços como, ensino de aula de idiomas em troca de aulas de ginástica.

Crowdsourcing Crowdsourcing é um termo que também foi criado por volta de 2005 e que iniciou-se como uma forma de compartilhar tarefas tediosas ou complicadas, mas que trasladou para ser uma forma coletiva de desenvolvimento de conhecimento e produtos. Assim, designa a ação de um número inexato de pessoas que, de forma voluntária, dedicam parte de seu tempo à auxiliar no desenvolvimento de novos produtos, sistemas e pesquisas. Visto como uma forma de ganhar tempo e otimizar recursos para desenvolvimento de projetos diversos, é também uma maneira de disseminar conhecimento e promover ações de maior proximidade à públicos de interesse. São exemplos de iniciativas de Crowdsourcing a plataforma de informações wikipedia, o navegador Firefox, entre outros.

Networking e Trabalho em Rede Nada mais do que trabalhar de forma conjunta e conectada com outras instituições, o trabalho em rede consiste na atuação conjunta de diversos atores em prol de um mesmo setor ou uma mesma causa. Exprime o conhecimento do setor de atuação, seus gargalos e a busca por melhorias conjuntas, sem eliminar os diversos posicionamentos e alcance de diferenciais frente ao mercado e clientes. De qualquer maneira, seja a linha ou formato seguido, basicamente significa desenvolver atividades em coletivo, em prol do coletivo. O que para tal exige novas formas de se relacionar e de se comprometer. O desenvolvimento destas linhas passa por questões como, empoderamento, motivação, participação, mediação, reciprocidade, reflexão e claro, comprometimento. Participar de uma experiência colaborativa dá a oportunidade de compartilhar conhe-

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cimento e informação, fortalecer um determinado setor ou atividade, otimizar recursos, a partir do momento que se dividem os esforços, e ofertar algo novo, melhorado a partir do esforço integrado.

ção de rede de saneamento básico, realização de cursos e atividades de formação, entre outros. A atividade turística em Minas Gerais é marcada principalmente pelo turismo cultural, sendo as cidades históricas como Diamantina, Ouro Preto e Tiradentes alguns dos destinos de maior referência. Em Belo Horizonte o turismo de negócios e eventos se destaca apresentando uma capital pujante e acolhedora que mescla os benefícios de metrópole, porém, ainda com ares de interior. Nas pesquisas realizadas pela Secretaria de Estado de Turismo a gastronomia se destaca como uma das principais imagens do estado, seja pelo queijo, pão de queijo, café ou cachaça, o turista que vem à Minas Gerais busca por sua gastronomia.

Minas Gerais e o Trabalho em Rede Minas Gerais é um estado atento à inovação e que procura se adaptar às mudanças e aos novos cenários. No que diz respeito ao trabalho em rede, por exemplo, é destaque no setor de turismo ao criar, em 2001, seu próprio processo de regionalização do território estadual através da instituição dos Circuitos Turísticos Mineiros, que “abrigam um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sociais e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável, consolidando uma identidade regional. O trabalho destas entidades se dá por meio da integração contínua dos municípios, gestores públicos, iniciativa privada e sociedade civil, consolidando uma identidade regional e protagonizando o desenvolvimento por meio de alianças e parcerias.”2 O processo mineiro foi uma das principais referências para a criação do Programa Nacional de Regionalização, instituído pelo Ministério do Turismo.

Desde então, a partir de 2012 o estado de Minas Gerais vem trabalhando em prol do setor, buscando criar ainda mais conexões entre a cadeia produtiva da gastronomia e as atividades turísticas do estado que se posicionou como “O Estado da Gastronomia”. Dentre as diversas iniciativas, podem ser citadas ações de internacionalização da gastronomia mineira através da participação de Minas Gerais no Madrid Fusión 2013, Gastrofestivais na Argentina e Uruguai, participação na Feira do Livro de Frankfurt e na Feira do Livro de Paris com o apoio à edição do livro de gastronomia “Le Brésil de Minas Gerais – Gastronomie et tourisme.”

A atuação em rede permitiu que as regiões alcançassem melhores resultados na atividade turística, proporcionou a aproximação de gestores públicos, empreendedores e entidades do setor para que o turismo fosse cada vez melhor estruturado. A atuação conjunta permitiu a realização de melhorias de infraestrutura para os municípios que compõem as regiões e que, de forma individualizada, não seriam alcançadas, como por exemplo, a melhoria de rodovias de acesso, instalação de rede de saneamento básico, rea2

Além disso, foi realizado o Projeto Minas Criativa que abarcou estas atividades, que culminou na criação da Superintendência de Gastronomia de Minas Gerais, primeiro estado a ter um setor específico para tratar o tema no âmbito da gestão pública.

Fonte: http://www.turismo.mg.gov.br/circuitos-turisticos/informacoes-administrativas

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Porém, para desenvolver um setor como este, marcado pela diversidade de atores, instituições e elos da cadeia produtiva, não basta apenas a intervenção de órgão público, mas sim, o entendimento de que gastronomia é um setor estratégico para o desenvolvimento de Minas Gerais e de suas diferentes regiões.

Por ser uma cadeia produtiva extensa e bastante diversa, apresenta demandas por vezes contrárias e por isso, a atuação conjunta e em prol de um objetivo único é ainda mais importante. O grupo não possui uma formalidade jurídica visto que seu maior interesse é atuar de maneira a promover as ações de seus participantes, de maneira à evitar sobreposições e proporcionando interação de atividades similares e/ou complementares e todos os envolvidos participam em caráter voluntário.

Neste cenário, foi concebida e criada a Frente da Gastronomia Mineira. Um conjunto de pessoas que representam as mais diversas instituições de ensino, empreendimentos, órgãos de governo, associações e entidades do terceiro setor vinculados direta ou indiretamente ao setor gastronômico.

Composto por entidades como as Secretarias de Estado de Turismo, Cultura e Agricultura, Abrasel, CDL, Instituto Estrada Real, Universidades, organizadores de eventos entre outros, promove interações através de redes sociais e reuniões realizadas de forma regular.

A Frente da Gastronomia Mineira no atual cenário Lançada em maio de 2014, a Frente da Gastronomia Mineira está próxima de completar seu segundo ano3 e desde seu início preconizou a realização de atividades no âmbito da cooperação e do trabalho em rede.

Composto por um grupo que se dedica à sua secretaria executiva, com a coordenação dos encontros, divulgação de informações e ponto de referência para os demais, promove também o debate mais setorial a partir da formação de 03 grupos temáticos.

A Frente da Gastronomia Mineira se configura como um coletivo de pessoas que tem como interesse comum a valorização, promoção e fortalecimento da Gastronomia Mineira. Inspirada em outros exemplos encontrados no mundo, como a APEGA – Associação Peruana de Gastronomia e a Sopexa, Agência de marketing internacional para promoção de produtos franceses e a Euro-toques, coletivo europeu para a promoção dos produtos artesanais e sazonais dos países do bloco da Comunidade Europeia.

O primeiro deles o grupo denominado Identificação, Valorização e Proteção dos Produtos e Modos de Fazer Tradicionais de Minas Gerais. O segundo, o grupo Advocacy, defesa da Gastronomia Mineira. E por fim, o grupo de Promoção da Gastronomia Mineira. Apesar de não ter uma formalidade jurídica, a FGM desenvolve suas ações de maneira estruturada e regular, incentivando a participação coletiva e a troca de experiências e conhecimentos.

Sua criação veio para sanar a crescente necessidade dos atores do setor de terem um espaço de conhecimento, debate, compartilhamento de ideias e informações e principalmente, de aproximação. 3

O grupo teve, ao final de 2014, o desenvolvimento de seu primeiro plano estratégico, coordenado pelo Sebrae/MG que

Fonte: http://www.fgmg.com.br

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culminou com a proposição de ações macro coordenadas pelos grupos de trabalho citados a partir de um Coordenador Geral que se tornou o porta-voz do grupo junto à futuras iniciativas, tais como, a proposição de ações e projetos para o Governo Estadual e Governo Federal.

O grupo também se organizou para o desenvolvimento do Relatório da Gastronomia, o agrupamento de variados artigos que envolvem a temática para promover ainda mais o setor e disseminar o conhecimento gerado por seus parceiros, do qual este artigo faz parte.

Ao final de 2014 a Frente tinha representações dos mais diversos setores e entidades como: Sebrae/MG, Setur/MG, CDL/MG, Senac e Sistema Fecomércio, AMIGA, Abrasel/MG, produtores, chefs de cozinha, pesquisadores e muitos empreendedores do setor. O ano de 2015 foi marcado pelo avanço das ações e maior projeção do grupo, que vem ganhando cada vez mais adeptos, sejam profissionais, empreendedores, pesquisadores e representantes de instituições públicas e do terceiro setor.

Para 2016 surgem novos desafios que vão desde questões tributárias, passando por aspectos técnicos ao posicionamento e promoção do setor. Porém, a atuação coletiva deste grupo tem todos os atributos para continuar fazendo a diferença para o setor e para o desenvolvimento estratégico do estado de Minas Gerais. •

No ano em questão, foram realizadas reuniões mensais, além da participação do grupo em diversas iniciativas como as comemorações referentes ao Dia da Gastronomia Mineira, celebrado em 5 de julho de 2015, como participações em eventos e o apoio para maior projeção e regulamentação do setor, com a aprovação do Projeto de Lei 1.618/2015 que gerou a Lei Nº 21.936, de 23 de dezembro de 2015 que institui a Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia4 que dá os primeiros passos para o desenvolvimento de políticas públicas para o setor, fazendo de Minas Gerais o primeiro estado brasileiro a ter uma política de desenvolvimento específica para o setor.

http://consumocolaborativo.cc/diretorio/sites/cat/alimentacao

Referências http://consumocolaborativo.cc/entendendo-a-economia-colaborativa-e-economia-compartilhada/

http://tedxtalks.ted.com/video/TEDxULg-Lisa-Lombardi-Coworking;search%3Acoworking http://consumocolaborativo.cc/diretorio/sites/cat/alimentacao http://www.instituteforgovernment.org.uk/sites/default/ files/publications/Collaborative%20working.pdf http://wiki.douglasbastien.com/images/e/e9/From_competition_to_collaboration_in_public_service_delivery_-_A_ new_agenda_for_research.pdf http://nynordiskmad.org/fileadmin/webmasterfiles/PDF/ Ny_Nordisk_Mad_Low.pdf http://www.culinary-tourism.com/en/site/summary “Towards an integrated crowdsourcing definition” Journal of Information Science, April 2012, vol. 38 no. 2, pp. 189200

Com certeza essa foi uma das maiores vitórias do grupo que apoiou diretamente o desenvolvimento e a divulgação da proposta, fazendo com que o apoio das diversas entidades participantes fosse diferencial para sua aprovação e agora, sua futura execução.

Open Innovation: Researching a New Paradigm. Oxford: Oxford University Press, 2006. ISBN: 0-19-929072-5. http://hbrbr.com.br/como-erguer-uma-empresa-colaborativa/ http://www.aiim.org/What-is-Collaboration#sthash.c3x3pMoX.dpuf

Disponível em: http://jornal.iof.mg.gov.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/156738/caderno1_2015-12-24%201.pdf?sequence=1 4

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EVENTOS 14

GASTRONOMIA DE ARAXÁ, CULINÁRIA TÍPICA FORMADA PELOS SABERES E SABORES DE SUA HISTÓRIA zinho de Sacramento, e dos fazendeiros que chegaram e fundaram a “Freguesia de São Domingos de Araxá”, atraídos pela pastagem e pelo sal proveniente de suas águas minerais na engorda do gado, novos ingredientes foram introduzidos nas receitas que caracterizaram a comida caipira, como é conhecida hoje. É dessa época a origem dos seus famosos queijos e das sobremesas que fazem a fama de Araxá como “Cidade Doce”.

ARMANDO DE ANGELIS Idealizador e promotor do Festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Araxá.

A gastronomia é uma parte muito importante nos hábitos e costumes de Araxá. Sua introdução na cultura local iniciou há cerca de quatro séculos, quando os índios que se instalaram no território formado entre os rios das velhas (hoje Araguari) e o Quebra Anzol, que se denominaram Arachás (“aqueles que habitam lugar alto onde primeiro se avista o sol”). Da cultura indígena foi herdado o gosto pelos alimentos provenientes dos frutos, da caça e da pesca, além das técnicas de produção da farinha.

Após abrigar o mito Dona Bêja, que por sua influência trouxe de volta para Minas a jurisdição do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a “Vila de São Domingos de Araxá” se tornou cidade e cresceu, atraindo inúmeras famílias de brasileiros de outras regiões e imigrantes, especialmente os italianos, espanhóis e portugueses, árabes, sírio-libaneses e tantos outros povos que trouxeram novos hábitos alimentares, ingredientes e sabores.

Os escravos negros que formaram o Quilombo do Tengo Tengo na vizinha Ibiá, que mantinham convivência pacífica com os índios Arachás, ajudaram na construção da culinária regional com a introdução de alguns temperos, ensopados, o uso do verde em suas refeições, entre outras heranças gastronômicas.

Após servir na engorda do gado pelas propriedades do sal de superior qualidade encontrado junto às fontes de uma área de abundante caça, suas águas foram reconhecidas como curativas e rejuvenescedoras, atraindo visitantes de toda espécie. No Barreiro, como era conhecida essa área, foram construídos balneário, pensões e hotéis, que mais tarde foi revigorado com a edificação do Grande Hotel, suas Termas e o seu Parque, considerado na época como a maior e mais completa estância hidromineral do continente.

Os homens brancos – bandeirantes paulistas e tropeiros –, que passaram a caminho de Goiás pelos “Sertões da Farinha Podre”, hoje Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, na época do domínio dos índios e negros, contribuíram com a formação da culinária regional introduzindo alimentos preparados para longas viagens, como a carne seca, o toucinho, o feijão tropeiro e a farofa. A partir da fixação dos mineradores de ouro que fundaram o “Arraial do Tabuleiro”, hoje Desemboque, no município vi-

Com o advento do turismo, Araxá abrigou a alta gastronomia internacional, que in-

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15 anos, o projeto foi retomado após as adaptações necessárias para os novos tempos. Através de parceria e sociedade com Agenor Lemos Junior, viabilizamos em 2007 o Festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Araxá.

corporou e se adaptou muito bem aos ingredientes de sua típica culinária, criando, assim, uma comida diferenciada pela cumplicidade da simplicidade de sua cozinha com o requinte e a sofisticação dos pratos servidos nos melhores restaurantes do mundo.

2007 – PRIMEIRA EDIÇÃO: Local: Pátio externo, galeria e salão azul do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá Período: 20 a 23 de setembro

Já conhecida pela qualidade do seu queijo, pelas delícias dos seus doces e pela mesa requintada do Grande Hotel, a diversidade cultural inserida na cozinha caseira de Araxá rompeu fronteiras e se projetou nacionalmente a partir da publicação das 3 edições de coletâneas de receitas reunidas por Fernando Braga no livro “Araxá Põe a Mesa”.

Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Ouro Minas Grande Hotel de Araxá, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, Prefeitura Municipal de Araxá, ABRASEL – MG, SESI e SENAC. Na área externa do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá foi montada uma grande tenda com palco para apresentações do Jazz Festival, tendo ao seu entorno tendas gastronômicas, espaços especiais para o Clube da Cozinha de Araxá, que apresentou pratos típicos regionais – “Destrincho do Porco”, “Paelha Caipira” e “Velório do Boi”. Os workshops e oficinas gastronômicas em tenda especial, onde foram apresentados os seguintes temas: “Culinárias Brasileira e Francesa” – chef Alexandre Figo, “Culinárias Argentina e Chinesa” – chef Donisete Damasceno, “Culinárias Italiana e Mexicana”– chef Adriano dos Santos , “Culinária Internacional Contemporânea” – chef Ivo Faria, e “Doces de Araxá” – Vó Lourdes. Houve, ainda, degustações de vinhos e cachaças, além de cursos de educação alimentar pelo SESI.

Na década de 80, empresários, amantes da gastronomia se reuniram e fundaram o Clube da Cozinha de Araxá com o objetivo de resgatar receitas praticadas nas fazendas, romarias, nas festas religiosas e cozinhas caseiras de seus conterrâneos, algumas publicadas no livro “Melhores Receitas do Clube da Cozinha de Araxá”.

O Festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Araxá Em 1992, tive a ideia precursora de realizar um festival cultural e culinário das delícias de Araxá, ao qual batizei de “Trem Gostoso – Festival de Araxá”, cujo projeto previa a montagem de uma grande praça entre o Grande Hotel e suas Termas, com estandes de artesanatos típicos, mostras de artes plásticas e degustação de sua famosa gastronomia, acompanhada por espetáculos musicais com artistas locais e regionais.

Na galeria do Grande Hotel foram montadas bancas para livraria, onde houve os lançamentos dos livros “Arte Culinária de Chistophe Bessse” e “Mexidos ou Mexidinhos...?”, de Agenor Lemos Junior, bancas de artesanatos, doces, queijos, cachaças e produtos culinários. Exposições de artes plásticas – “Arte de Araxá”,

Com importantes apoios o projeto ganhou força, mas foi interrompido pelo fechamento para reforma e restauração do Grande Hotel e suas Termas, que perdurou por quase uma década. Passados

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Caldos”, de minha autoria. Nas artes plásticas, exposição de pinturas “Sabor com Arte” sob curadoria de Lucia Castanheira e exposição comemorativa dos 50 anos da passagem da Seleção Brasileira por Araxá antes da conquista do primeiro título como campeã mundial de futebol. Os shows musicais estiveram a cargo de Elaine Fiora, Banda Divinil, Sandra de Sá e Banda Vil Metal, Grupo Vi Voz, Clube do Choro, Pepeu Gomes e Banda Vil Metal, Beja Jazz e Samba Três.

e fotos antigas – “História de Araxá”. No Cine teatro foi realizado o lançamento do filme “Expresso Araxá” e apresentação do grupo de dança do SESI Minas. No palco apresentaram: Vi Voz, Bejazz e Orquestra de Violas, Derico & Sindicato do Jazz, Juarez Maciel e Grupo Muda, Swiss College Dixie Band, Divinil, All Star Jazz Band e Orquestra de Câmara do SESI Minas. No salão de festas do Grande Hotel foi realizada uma apresentação especial de Ed Mota.

Nos workshops e oficinas gastronômicas: “Culinária Cubana – Delícias de Fidel” - chef Sula Santana, “Culinária Latina, Sabores de México e Chile” - chef Marta Autran, “Tropeiros e Bandeirantes na Formação da Gastronomia Regional” - chef Maurício Lopes, “Culinária Internacional Alemã” - chef alemão Heiko Grabole, “Tecnologia Espanhola com Ingredientes Brasileiros” - chef Marta Autran, “Culinária Internacional Contemporânea” - chef francês Yves Pinard, “Coqueteis – Aprendendo a Fazer” - barman Adair Gomes das Silva, “Doces de Araxá I” - Vó Lourdes, “Turismo Gastronômico Integrado” - chefs Graziela Milanes, Marta Autran, Sula Santana, Maurício Lopes e Lucia Helena Soares, “Culinária Internacional Tailandesa” - chef Marcos Sodré, “Harmonização de Vinhos Brasileiros com a Comida Regional” - chefs Marta Autran, Sula Santana, Graziela Milanesa e Lucia Helena Soares, “Doces de Araxá II” - Dona Joaninha, e “Culinária Italiana” - chef Ivo Faria. No mesmo espaço houve ainda palestra – a “Formação da Culinária Regional do Sudeste Brasileiro” - professor Ricardo Maranhão, e degustações de cervejas artesanais, vinhos e espumantes.

No salão azul do Ouro Minas foram realizados 3 festins: “Culinária Internacional Contemporânea” – chef Ivo Faria, “Culinária Italiana” - chef italiano Luciano Boseggia e “Culinária Francesa” - chef suíço Christophe Besse. No sábado, o Ouro Minas promoveu na orla de sua piscina uma feijoada especial pelo chef Marcelo de Paula. 2008 – SEGUNDA EDIÇÃO: Local: Pátio externo, galeria e salão azul do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá Período: 28 de maio a 1º de junho Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Ouro Minas Grande Hotel de Araxá, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC, SESC e Universidade Anhembi Morumbi. Na sua segunda edição, mantendo a mesma estrutura funcional e o mesmo local, o Festival de Araxá estabeleceu parceria cultural com o curso de gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi e com o consulado da Argentina em Minas Gerais, que apresentou no Cine Teatro os filmes “Histórias Mínimas”, “El abrazo partido”, “Plata Quemada” e “ El Bonaerense”, e um espetáculo do tango clássico argentino. Nessa edição foram lançados os livros “As 100 melhores receitas do Clube da Cozinha de Araxá” e “Sopas, Cremes e

O Clube da Cozinha de Araxá apresentou o “Carneiro no Buraco”, “Destrincho do Porco”, “Peixada do São Francisco”, “Paelha Caipira” e o “Velório do Boi”.

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Nesta edição o festival inovou ao apresentar festins duplos. Na quinta feira, “Culinária Internacional Contemporânea” - Chef Ivo Faria, e “Encontro de Culturas Gastronômicas” - chefs Francisco Rebelo, Sula Santana, Maurício Lopes e Marta Autran. Na sexta feira, “Culinária Internacional Italiana” - chef Sergio Arno, e “Culinária Internacional Tailandesa” - chef Marcos Sodré. No sábado, “Culinária Internacional Francesa” - chef Yves Pinard, e “Culinária Internacional Contemporânea Alemã”, chef alemão Heiko Grabole. Ainda no sábado, almoço festim com o chef Marcelo de Paula na orla da piscina do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá.

rinho e Bossa Nova, Happy Feed Jazz Band, Nicolau Sousbeck e Seu Violino Mágico, Banda Divinil, Samba 3 e Todos Nós, um encontro livre de músicos de Araxá. Nos workshops e oficinas gastronômicas foram apresentados: “Culinárias Caribenha e Portuguesa” - chef José Carlos Rodrigues de Souza, “Cozinha Oriental” - chef Akira Ideriha, “Sabores de Minas” - chef Eduardo Avelar, “Culinária da América do Sul”, “Sobremesas” e “Cozinha Contemporânea e Novas Tendências” chef Ronnie Peterson, “Culinária Internacional Francesa” - chef Marc Le Cornec, “Doces de Araxá” – doceira Marcia, “Culinária Internacional Espanhola” - chef Montse Estruch, “Culinária Internacional Italiana” - chef Vittorio Cerritelli, “Doces de Araxá” - Dona Joaninha, e “Culinária Contemporânea Italiana” - chef Ivo Faria. No mesmo espaço foram realizados 2 mesas redondas – “Produtos Brasileiros na Culinária Internacional” e “Doces Artesanais”, com a participação de vários chefs e jornalistas gastronômicos, além das degustações de cervejas artesanais mineiras e vinhos.

2009 – TERCEIRA EDIÇÃO: Local: Pátio externo, galeria e salão azul do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá Período: 27 a 31 de maio Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Ouro Minas Grande Hotel de Araxá, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC e SESC. Na terceira edição do Festival de Araxá foi realizada uma pré-abertura com um workshop preparativo – “Mise em Place”, sob o comando de professores do curso técnico de hotelaria do SENAC, e um festim exclusivo para convidados especiais – “Reinventando a Culinária Mineira”, sob o comando do chef Eduardo Avelar.

O Clube da Cozinha de Araxá novamente marcou presença com o “Festival do Cordeiro”, “Festival Paelha Caipira” e com o seu tradicional “Velório do Boi”. Os festins ocorreram sob o comando do chef italiano Vittorio Cerritelli – “Serata Italiana”, da chef espanhola Montse Estuch – “Uma Noite no El Cingle”, e do chef francês Marc Le Cornec – “Vive la France” . Ainda, festim almoço no Ouro Minas Grande Hotel - “Feijoada Mineira” pelo chef Marco Aurélio Soares.

Nas artes plásticas, exposição das artistas Sandra Lemos, Berenice Valverde, Regina Albergaria, Simone Mourão, Beth Fiche, Cibele Versiani e Eliane Ottoni. No Cine Teatro, apresentação dos filmes “A Festa de Babete”, “Chocolate” e “Sabor da Paixão”. As apresentações musicais estiveram a cargo de Alan Tannus e Banda, Carona Brasil, Banda Peixe Vivo, Vi Voz, Rivers Boat’s Jazz Band (USA), Regra 3 – Cho-

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2010 – QUARTA EDIÇÃO Local: Pátio externo, galeria e salão azul do Tauá Grande Hotel Termas Conventions de Araxá Período: 17 a 20 de junho Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Tauá Grande Hotel Termas Conventions de Araxá, SENAC, SESC, IMA e EMATER.

Porco” e “Velório do Boi”. Os festins ficaram a cargo de Ivo Faria e Eduardo Avelar – “União dos Saberes e Sabores de Minas”, Jefferson Rueda – “A Cozinha do Pomodori” e Emmanuel Bassolei – “Culinária Francesa no Brasil”. 2012 – QUINTA EDIÇÃO: Local: Pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto Período: 21 a 24 de junho

Sob nova direção, o Grande Hotel mais uma vez foi palco do Festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Araxá. Na sua galeria, feira de artesanato, produtos gastronômicos, livraria, com noites de autógrafos de Beatriz Rosa - “Coisas da Cozinha”, de Mirian Cerruti - “Coqueteis com Cachaça e Delícias Brasileiras com Cachaça” e livros de Emmanuel Bassolei. Exposição de artes plásticas – “Pelos Caminhos de Minas”, das artistas Sandra Lemos, Berenice Valverde, Beth Fichez, Regina Albergaria e Simone Moura.

Patrocínio cultural: CBMM e Vale Fertilizantes - Apoios e parcerias: Fundação ACIA (Associação Comercial e Industrial de Araxá), FCCB, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC, SESC e Wäls. Diante da não realização da edição de 2011, em razão de divergências conceituais e operacionais com o novo arrendatário do Grande Hotel, o festival foi inteiramente remodelado e transferido para o pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto, antiga Estação Ferroviária de Araxá. Nesse espaço foi montado uma grande tenda com palco, cercada por tendas gastronômicas, além das tendas de cobertura das áreas de artesanatos e produtos culinários, salão de workshops e oficinas, salão de festins e cozinha com visibilidade para o público, wine bar, Clube da Cozinha de Araxá e Praça das Massas.

No palco: Beja Jazz, Banda do Síndico (ex-Vitória Regia), Alan Tannus, os Tião e Banda Divinil, Ausier Vinicius e Grupo Pedacinhos do Céu, Bossa Violada, Zé da Velha e Silvério Pontes, Sargent Peppers, Daniela Spielmann Trio, Toninho Horta, Dip Six, Vi Voz e Os Arachás. Nos workshops e oficinas gastronômicas: Donizete Damasceno - “Sabores do Salmão”, Eduardo Avelar – “Culinária das Geraes”, Mirian Cerruti – “Delícias da Cachaça”, José Carlos – “Culinária Mexicana”, Maria Emilia de Oliveira – “Cozinha de Fusão 1 e 2”, Helga de Andrade – “Delícias do Café”, Henrique Pires – “Cervejas Belgas – Ingredientes e Estilo” e Vó Lourdes – “Doces de Araxá”. Ainda, o concurso da EMATER e IMA “Melhor Queijo Minas – Etapa Araxá”, e degustações de vinhos, cervejas artesanais e cachaça. No Clube da Cozinha de Araxá: “Rebordosa do Cordeiro”, “Destrincho do

Na antiga plataforma do trem, a exposição de artes plásticas “Sagrados Sabores de Minas – Terrois Gastronômicos” das pintoras Berenice Valverde, Beth Fiche e Sandra Lemos. No pátio, artes cênicas com o grupo Grüne Sdat – “Folclore Alemão”, e Grupo Camaleão – “Dança de Rua”. Foi ainda lançado o livro de Wainer Ganzarolli Ferreira - “Receitas Mineiras da Vó Cília”. No palco, apresentações de Jorge Vinis e seu Chorrinho, Bêjazz, Mississipi Jazz Band, Helton Silva Jazz

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Septeto, Hermeto Pascoal, Jazz Guitar, Bossa Violada, New Samba Jazz, Big Band do Palácio das Artes, Bosquinho e Leonídio, Quarteto Romã, Orleans Street Jazz, Donny Nichilo, Orchestra Big Time, Cezar Braga Jazz & Bossa e Chorando na Janela.

No palco: Bêjazz, Cia do Choro, Danny Vincent, Wagner Tisso em Trio, Leonído, Bosquinho e Oswaldinho, Mississipi Jazz Band, Big Band Blues e Afins, Bocato, Igor Prado & Sugaray Rayford, Nota Certa Jazz Quinteto, São Paulo Ska Jazz, Orquestra Viva, Banda Sinfônica Pe. Clóvis e Grupo Chorando na Praça.

Nos workshops e oficinas gastronômicas: Daniela Narciso – “Cozinha das américas”, Gustavo Miazzo – “Cozinha Inglesa”, Thiago Moeda, Marcelo Abbondanza e Ivan Santinho – “Confit e Conservação Caipira” e “A relação entre Queijos Mineiros e Franceses”, Cecília Rosa – “Doces”, Paulo Henrique Maneira – “Cozinha Regional de Araxá com Técnica de Vanguarda” e Manoela Leblon – “Cozinha Ligth’. Degustações de vinhos e cervejas artesanais mineiras, mais o Clube da Cozinha de Araxá com “Galinhada a Moda Dona Bêja”, “O Destrincho do Porco”, “Palha Caipira” e o “Velório do Boi”.

Os workshops e oficinas gastronômicas ficaram a cargo dos chefs: Paula Dugherof – “Tendências e Receitas com Café”, Igor Martins, Manoela Leblon e Vinicius Rojo – “Cocção de Carnes em Baixa Temperatura”, “Técnicas de Mixologia para Drinks Brasileiros”, “Queijos Brasileiros – Diferentes Formas de Utilização na Cozinha de Tendência” e “Aplicações de Técnicas de Vanguarda na Cozinha Mineira” e Beto Amaral – “a Briga por uma Panna Cotta Perfeita”. Além das degustações de queijos, vinhos, cervejas artesanais e cachaça, o Clube da Cozinha de Araxá apresentou a “Rebordosa de Cordeiro”, “Leitão da Canastra com Tutu Tonto”, “Paelha Caipira” e o “Velório do Boi”.

Os festins ficaram a cargo dos renomados chefs franceses residentes no Brasil: Laurent Suaudeu, Erick Jacquin e Claude Troisgros.

Os festins estiveram a cargo das chefs: Bel Coelho, Janaína Rueda e Nádia Haron.

2013 – SEXTA EDIÇÃO: Local: Pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto Período: 6 a 9 de junho

2014 – SÉTIMA EDIÇÃO: Local: Pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto Período: 24 a 27 de julho

Patrocínio cultural: CBMM e Vale Fertilizantes - Apoios e parcerias: Fundação ACIA (Associação Comercial e Industrial de Araxá), FCCB, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC, SESC e Wäls.

Patrocínio cultural: CBMM e CEMIG Apoios e parcerias: Fundação ACIA (Associação Comercial e Industrial de Araxá), FCCB, Prefeitura Municipal de Araxá, SENAC e Wäls.

Com a mesma infraestrutura, a sexta edição do Festival de Araxá apresentou a exposição de artes plásticas “Simplesmente Mulher’, de Sandra Lemos, Regina Albergaria, Simone Mourão e Beth Fiche, e os espetáculos do Araxá Dance Club, com seus deficientes físicos em cadeiras de rodas, e Comida dos Astros.

A sétima edição do festival comemorou os 70 anos do Grande Hotel de Araxá e os 90 anos do Copacabana Palace, que participou com os seus chefs à frente dos festins. A carreta do SENAC esteve sob o comando dos seus chefs nas oficinas

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gastronômicas. Nas artes cênicas, espetáculos de Circus & Circus e Araxá Dance Company. No palco, apresentações musicais de: maestro Bruno com “Nossa Música no Coreto”, Nota Certa Jazz Quinteto, Bêjazz, Big Band Blues e Afins, Igor Prado & Willie Walker Band, Acordes Araxá, Pablo Fagundes & Marcos Moraes, VJ Trio & Vanessa Jackson, Paulistana Trio Jazz & Tony Gordon, Grupo Vozes, Vi Voz, Happy Feet Jazz Band, Vil Metal Band, Chorando na Praça, Orquestra Viva e Banda Sinfônica Pe. Clóvis.

Vinnis, Oncalô, Marcos Paiva & Vanessa Moreno, Corporação Musical Lira Santo Antonio e os Arachás.

Na carreta do SENAC oficinas gastronômicas com seus chefs instrutores - Thiago Ávila, Aldei Oliveira e Donisete Damasceno, e dos chefs convidados - Manoela Leblon e Luiz Fernando Gregório. No salão dos festins, degustações de cervejas especiais e vinhos. O Clube da Cozinha de Araxá apresentou: “Chocalhando o Galinheiro – Frango de Araxá”, “Velório do Boi” e “Paelha Caipira”.

Os festins, com paladar italiano, estiveram sob o comando dos chefs Tássia Magalhães, Renato Carioni e Carlos Bertolazzi.

Os festins ficaram sob o comando dos chefs do Copacabana Palace Hotel – Paulo Henrique Maneira, Itamar Araújo e Rafael Hidaka.

A carreta do SENAC esteve presente nas oficinas gastronômicas sob o comando do chef Donisete Damasceno. No salão de festins foram realizadas degustações de cervejas artesanais mineiras e vinhos, enquanto que o Clube da Cozinha de Araxá apresentou o “Frango de Araxá com Quiabo e Angú”, “Tropeiro do Cerrado” e “Velório do Boi”.

O Festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Araxá institucionalizou ainda mais os “Saberes e Sabores de Araxá”, contribuindo com a melhoria de qualidade dos pratos servidos nos restaurantes locais e influenciando a gastronomia regional das Gerais.

2015 – OITAVA EDIÇÃO: Local: Pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto Período: 17 a 20 de setembro Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Fundação ACIA (Associação Comercial e Industrial de Araxá), FCCB, Prefeitura Municipal de Araxá, SENAC e Wäls. A última edição do festival apresentou a exposição fotográfica “Olhares de Araxá” e os espetáculos de dança da Cia Valentina de Teatro e Araxá Dance Company. No palco, Bêjazz, Nota Certa Jazz Quinteto, Grupo Latinoamérica, Charanga Pop, Tarcísio Moura Blues e Afins, Choro de

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“A diversidade cultural inserida na cozinha caseira de Araxá rompeu fronteiras e se projetou nacionalmente”

COMIDA DI BUTECO 5. Realização da sessão de fotos dos petiscos concorrentes; 6. Captação de parceiros estratégicos e patrocinadores; 7. Realização do planejamento de mídia e negociação com os veículos de comunicação; 8. Visita aos botecos participantes com os patrocinadores e parceiros estratégicos; 9. Oferecimento de cursos de capacitação e treinamento de forma gratuita aos botecos participantes em parceria com instituições de ensino; 10. Realização de reuniões de trabalho junto aos botecos participantes, patrocinadores e jurados (técnicos, gastrônomos, chefs de cozinha, nutricionistas, especialistas no assunto, jornalistas); 11. Realização de ação de divulgação exclusiva voltada para imprensa; 12. Execução do concurso durante 31 dias; 13. Apuração dos votos; 14. Realização de eventos de premiação; 15. Entrega de resultados.

Maria Eulália Araújo

Criado em 2000, na cidade de Belo Horizonte, o Comida di Buteco surgiu como uma promoção da Rádio Geraes FM. Em sua primeira edição contava com 10 participantes nas diferentes regiões da cidade, movimentando, naquele ano, um público de aproximadamente 20 mil pessoas. O Comida di Buteco, que está em sua 16ª edição, inova ao ser o primeiro concurso nacional que elege o melhor boteco da cidade, por meio de um resgate dos valores regionais, o que alavanca a autoestima dos botecos e cumpre seu papel de valorizador da culinária de raiz. Ao descobrir bares familiares que tem na base da sua cozinha ingredientes e produções locais e ao incentivá-los com ingredientes regionais, o Comida di Buteco fortalece a valorização da regionalidade. Ano a ano o concurso foi ganhando relevância no contexto nacional da gastronomia e entretenimento, colocando Belo Horizonte no radar dos turistas apaixonados por roteiros ligados à culinária.

Por sua abrangência e dinâmica que promove a criação e resgate de novas receitas todos os anos, o concurso tornou-se um importante estímulo do fazer culinário regional, assim, natural e diretamente, pode-se dizer que o Comida di Buteco contribui para a consolidação da cozinha brasileira como patrimônio imaterial, na medida em que explicita talentos e histórias regionais e traz público, crítica e imprensa para validarem conjuntamente essas performances.

As etapas para realização do concurso se dividem da seguinte maneira: 1. Visita aos botecos indicados pelo site, redes sociais do concurso, e indicações; 2. Realização do Comitê responsável pela definição dos botecos que serão convidados a participar; 3. Convite aos bares selecionados, sendo feita a adesão e assinatura do regulamento; 4. Elaboração e entrega das receitas concorrentes por parte dos bares;

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Potencial de comercialização turística Por todas as características apresentadas, o projeto possui enorme potencial para roteiro turístisco a ser comercializado por operadoras e agências. As caravanas, realizadas pela produção como contrapartida aos patrocinadores, são exemplos bem sucedidos de como o público tem interesse em fazer da prática da visitação aos botecos um roteiro de entretenimento e fruição gastronômica. Já são incontáveis as “caravanas” realizadas pelo público em geral, fornada tanto por belo-horizontinos, como por pessoas de outros Estados e cidades. Em 2015, foram apurados pelas cédulas de votação recolhidas pela Vox Populi, a presença de 16 mil turistas nos botecos participantes de Belo Horizonte.

Expansão Em 2008, o concurso foi expandido e começou a ser realizado em outras localidades, além de Belo Horizonte. Em 2015 foi realizado em 20 cidades brasileiras, gerando nas demais cidades a mesma performance socioeconômica vivida em sua cidade de origem. Ainda em 2015 o Comida di Buteco inova ao chegar a todas as regiões do Brasil, tornando-se de fato o maior concurso nacional de cozinha de raiz e sendo realizado com mais de 500 botecos participantes nas cidades: Minas Gerais: Belo Horizonte, Montes Claros, Uberlândia, Juiz de Fora, Poços de Caldas; Estado de São Paulo: São Paulo capital, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Campinas; Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Recife, Salvador, Fortaleza, Belém e Manaus.

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Sua força como plataforma de desenvolvimento social

Dinâmica Ele é, em essência primária, um concurso que elege o melhor boteco da cidade, através da avaliação, in loco, de público e jurados, das categorias – melhor tira-gosto, higiene, temperatura da bebida, atendimento. O público corresponde a 50% do valor da votação e jurados 50%. O Instituto Vox Populi faz a apuração dos votos. A cada edição, 20% da base é desclassificada, gerando uma renovação anual da mesma, o que exige que o concorrente nunca se acomode e que novos estabelecimentos sejam descobertos.

A missão do Comida di Buteco é transformar vidas através da cozinha de raiz – o boteco como extensão de sua casa, assim com os resultados do novo e volumoso fluxo de clientes proporcionado pelo concurso, estes acabam retornando ao longo do ano, provocando a geração direta de emprego e renda e a transformação de vidas e dos negócios. Assim, ele impacta economicamente a cidade como um todo, dá visibilidade nacional e internacional aos botecos e à cidade, como acontece em Belo Horizonte. Com aumento de público nos estabelecimentos, faz-se necessário a contratação de mais mão de obra específica, contribuindo, assim, para ampliação de empregos e envolvimento dos profissionais do setor gastronômico na região.

Durante o período de votação uma campanha de comunicação estimula o público a visitar os participantes, para provar e dar as notas. Esse fluxo de pessoas eleva de 40 a 300% o faturamento dos estabelecimentos, impactando toda a cadeia produtiva, do boteco ao fornecedor.

Qualificação: antes do início do concurso os estabelecimentos recebem, gratuitamente, cursos de qualificação e melhores práticas em alimentos e bebidas, e atendimento. Nesse sentido, não apenas os estabelecimentos são beneficiados, como mais profissionais ligados à área estarão envolvidos na causa.

Perfil dos botecos participantes Os estabelecimentos convidados a participar não pertencem à redes ou franquias. O dono está envolvido em todas as etapas do seu negócio e muitas vezes outras pessoas de sua família também trabalham no local. Denomina-se esse pequeno comércio de “boteco espontâneo”, que nasce sem muito planejamento e vira plataforma de sustento de uma ou mais famílias.

Valor compartilhado O boteco não paga para participar, mediante suas características ele é convidado a compor a lista de concorrentes. Visto isso, acredita-se que todos estes fatores movimentam uma corrente do bem que começa pelo boteco, revelando histórias através das receitas, passando pela sociedade, que se apropria do concurso na medida em que ressalta valores culturais da região. Inclui, ainda, patrocinadores, que investem no concurso por acreditar na força de sua causa, chegando aos parceiros estratégicos (mídia, Instituições de ensino), que também

A partir da visibilidade proporcionada pelo concurso, resultado da exposição gerada pela imprensa e o aumento no fluxo de clientes, os donos destes estabelecimentos começam a se atentar para fatores que vão além da qualidade da comida, como a higiene e o atendimento, provocando uma melhoria relevante na prestação deste serviço no setor como um todo.

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acreditam na causa e contribuem para a sua propagação e fortalecimento. Chega, ainda, ao poder público, que auxilia na facilitação de processos de legalização e orientação dos estabelecimentos e, por fim, o Comida di Buteco, que executa e gerencia o concurso. Essa corrente do bem começa a girar a partir do momento em que os botecos retornam à sociedade o que receberam através do concurso: geração de emprego, mais impostos, se transformando em embaixadores de marcas patrocinadoras e de parceiros.

um dos maiores desafios é a captação de patrocinadores e parceiros estratégicos que acreditem e invistam no projeto. Além disso, conta-se com a contratação de assessoria de imprensa, elaboração de um plano de mídia (rádio, mídia exterior, jornal e televisão) e estabelecimento de parcerias com os principais veículos de comunicação da cidade, sendo possível consolidar cada vez mais a cozinha de raiz e valorizar os botecos espontâneos, de modo que estes se transformem em vetores de desenvolvimento socioeconômico e cultural da cidade.

Seu legado à culinária brasileira

Botecos espontâneos transformados pelo projeto consolidam-se e se tornam importantes equipamentos culturais e turísticos da cidade, atraindo novos turistas interessados em conhecer e experimentar os sabores da cozinha de raiz durante e após o fim do concurso. O Comida di Buteco promove um circuito urbano de bares, fazendo com que os próprios moradores da cidade e os turistas descubram e redescubram bairros, ruas e avenidas através dos endereços dos botecos.

Conforme o regulamento, desde a primeira edição do concurso, os participantes ttêm que criar novas receitas ano a ano. Assim, a cada edição, o cardápio da cozinha de raiz brasileira ganha mais de 500 novas receitas, oriundas de invenção ou de resgate de receitas de família. Em 16 anos são mais de três mil receitas que se tornaram vedetes e muitas inspiram até mesmo os chefs da alta gastronomia que começaram a entender e enaltecer o valor dessa cozinha. O Comida di Buteco, assim como o carnaval e os maiores eventos do país, imediatamente após o término de uma edição, inicia-se o planejamento para próxima. Após a visita aos botecos indicados, seleção e convite, os bares desenvolvem e entregam as receitas antes do período de fotos. Os temas podem ser livres ou estabelecidos de acordo com um estudo realizado pela organização do evento, levando em conta também as sugestões do site e redes sociais, o que permite que os donos dos botecos se sintam incentivados a desenvolver petiscos que resgatem a cozinha de raiz, sem perder a criatividade. A seleção dos botecos acontece por meio de um processo, no qual os estabelecimentos pontuam de acordo com determinadas características. O Comida di Buteco entende como um dos fatores mais importantes o dono estar 100% à frente do seu negócio, pois assim é possível revelar histórias de pessoas que fazem do boteco sua vida. Para isso,

Devido às transformações ocasionadas pelo concurso, muitos estabelecimentos que estão à beira da falência, ou que a família algumas vezes não se envolve por não acreditar, acabam tendo uma nova chance. Assim, o que se percebe é a elevação do status do dono do boteco, o que potencializa a permanência dos mesmos e que faz com que os botecos sejam passados de pais para filhos. Realizado o planejamento de mídia e negociação com os veículos de comunicação é possível trabalhar, por meio de uma divulgação ostensiva, junto ao público, patrocinadores e jornalistas o conceito de que o boteco é um lugar democrático, e, assim, por meio desta divulgação, consegue-se com que diferentes públicos tenham acesso à gastronomia de qualidade. Por fim, a realização do Comida di Buteco em 20 cidades simultaneamente, envolvendo mais de 500 bares, é a principal metodologia para atingir o objetivo principal do projeto. •

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Os números do evento confirmam seu sucesso: • 19 anos de atividades; • 25 Edições já realizadas; • Dois milhões de visitantes; • R$ 80 milhões gerados em mídia espontânea; • 138 mil m2 de estrutura montada; • 86 mil empregos gerados; • R$ 250 milhões em negócios gerados (Feira e pós-Feira); • A Maior Feira do Agronegócio da Cachaça do Mundo. A importância da Expocachaça na divulgação e promoção da cachaça transcende as fronteiras de Minas Gerais e seu perfil setorial de referência do agronegócio foi reconhecido pelo Governo de Minas, que a convidou para ancorar a SuperAgro Minas, um evento das cadeias produtivas do agronegócio, criado em 2005 e realizado até 2013.

EXPOCACHAÇA: A VITRINE MUNDIAL DA CACHAÇA José Lúcio Mendes Ferreira Diretor-presidente da Expocachaça e Brasilbier

Ao longo desses anos de realização, a Expocachaça vem cumprindo um importante papel neste segmento, reunindo, anualmente, toda a cadeia produtiva do agronegócio da cachaça e, desde 2005, uma nova cadeia produtiva: da cerveja artesanal, com a incorporação da BrasilBier ao desenho do evento. Mais uma cadeia produtiva de produtores artesanais de bebida.

“Nada se compara ao perfume do sucesso!” - Elizabeth Taylor

A epígrafe de Elizabeth Taylor se ajusta como uma luva ao sucesso da Expocachaça, Feira e Festival Internacional da Cachaça, evento pioneiro criado em 1998, com 19 anos de atividades ininterruptas e 25 edições já realizadas. A Feira é considerada a maior e a mais conceituada vitrine do agronegócio da cachaça, a bebida nacional do Brasil por Decreto Federal, patrimônio cultural de Minas Gerais por Lei e produto turístico tangível.

Para o diretor-presidente da Expocachaça e da Brasil Bier, José Lúcio Mendes Ferreira, é muito gratificante ver a Feira consolidada como evento de referência do setor e que já teve duas edições anuais, em Belo Horizonte, no Expominas, e em São Paulo, no Mercado Municipal Paulistano - O Mercadão, e cumprindo seu papel de apoiar o produtor da bebida artesanal da cachaça e de cerveja.

A Expocachaça foi a principal responsável pela visibilidade atingida e pelo status de destilado nobre e bebida de grife, retirando a cachaça do gueto a que esteve relegada por muitos anos, dando promoção e divulgação à bebida nos mercados interno e externo.

Da Expocachaça já participaram milhares

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de marcas de cachaça que hoje ocupam vitrines no Brasil e no exterior, tendo servido de palco para inúmeras tomadas de decisões que ajudaram a resolver problemas que afetam o desenvolvimento do setor e contribuíram para a mudança de conceitos e de paradigmas a respeito de nossa bebida mundial, a cachaça.

Expocachaça traduz a similitude entre as antigas feiras, dos mascates, das trocas, da Idade Média e do Renascimento, que sobrevive nos bazares e nas ruas de diversos países com suas nuanças, suas festas, cores e nomes que representam toda uma cultura.

Diversas pesquisas realizadas pela organização do evento, entre elas as de 2009 e 2010, desenvolvidas pela Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte – Belotur –, indicaram que mais de 68% dos turistas entrevistados na Feira vieram especificamente para participar do evento e cerca de 30% de seu público é de turistas de cerca de 200 municípios de Minas, de outros estados do Brasil e do exterior e ficam de 2 a 4 dias na cidade, aumentando a estacionalidade turística do município. Seja no caminhar atrás da banda do Orlando Russo, nos intervalos dos shows, seja na grande praça gastronômica, com seus 2.000 assentos e seus restaurantes e bares, ou nas diversas manifestações culturais, a feira é uma grande festa onde todos ganham - consumidores, negociantes, pesquisadores, produtores. A cidade que se quer internacional e que no período da feira se transforma na Capital nacional da Cachaça e na Vitrine Mundial da Bebida Oficial do Brasil: a cachaça, conquistando a atenção de toda a mídia nacional e internacional.

No Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável de Belo Horizonte (PDITS-BH), contratado pela Belotur à Fundação João Pinheiro, na página 8 do Sumário Executivo, está escrito: Dos 19 atrativos identificados como de maior atratividade em Belo Horizonte, um conjunto de 12 se configuram como mais consolidados e que tem maiores possibilidades de crescimento de forma sustentável, entre eles está a Expocachaça. A satisfação gerada junto ao público ficou registrada em 1.265 formulários da pesquisa realizada pela organização da Feira em parceria com a Revista Viver Brasil e Correios, também em 2009. Opiniões como: “excepcional, fantástica, impecável, fina, elitizada, nota 1.000, imperdível, maluca, adorável, feira de negócios, a melhor do Brasil, parabéns, extremamente organizada”, entre tantas outras, indicam o acerto de desenho e formato do evento.

E o sucesso do evento está na sua concepção de Feira e Festival com uma proposta aberta a novos expositores e uma programação mais eclética e complementar, em que negócios, lazer, entretenimento, gastronomia, turismo, cultura e espetáculo interagem e convivem harmonicamente, dando o molho necessário para o encantamento do público, o sucesso na comercialização de produtos e a visibilidade junto à mídia.

O clima de feira e festival que permeia a Expocachaça traduz a similitude entre as

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21 de maio dia estadual da CaChaça de Minas Gerais 13 de setembro: dia nacional da Cachaça

230

minas gerais

produz

7

de litros de cachaça por ano

da cadeia produtiva da cachaça bilhões de reais

milhões

Quantidade de álcool cachaça vodka vinho cerveja

40%

o que essa produção* representa em relação à população Brasileira?

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cachaça

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40

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4

SE CONSIDERADA APENAS A POPULAÇÃO DE 18 A 59 ANOS

5%

PRODUÇÃO ANUAL POR BEBIDA

10,5

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quase 117 litros/brasileiro

1,4 bilhão

13,3 bilhões

de litros por ano

do total produzido é

exportado

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mircroempresas

França - 4% Portugal - 8% Espanha - 4% Itália - 4%

Bolívia - 10% Paraguai - 9%

Uruguai - 3% Argentina - 3%

Chile - 3%

são paulo

Exportação

14

pesquisa do centro de indústria de são paulo coloca a cachaça

milhões de litros exportados em

2011

o setor gera mais de

600

como produto que mais tem a

(2010)

OutrOs países - 20%

8

milhões de litros exportados em

2012

o setor gera mais de

mil empregos diretos e indiretos no

Brasil

240

Linha de tempo da Cachaça

A companhia geral do comércio passou a ter o monopólio da venda de bebidas alcoólicas da colônia

marcas

99%

de litros por ano

eua - 6%

o maior produtor é

Uma lei proibiu o consumo da cachaça, os portugueses temiam a concorrência para a bagaceira, uma aguardente produzida a partir do bagaço de uva

mil

Alemanha - 30%

são paulo, rio de janeiro, pernamBuco, ceará, minas gerais, paraíBa

1647

produtores

Exportada para mais de 60 países

Os estados brasileiros que destacam na produção:

1635

mil

1%

* Dados referentes à produção de 2011

12%

cara Brasileira.

movimento anual

1659

1661

A coroa portuguesa emitiu novamente uma ordem para proibir o comércio de aguardente

A rainha regente de Portugal, dona Luísa de Gusmão, libera a fabricação de cachaça no Brasil

1994 A cachaça foi definida como produto cultural do Brasil

mil empregos diretos e indiretos em

minas gerais

2012 Os Estados Unidos reconhecem a cachaça como produto tipicamente brasileiro, facilitando sua exportação

Fonte: CBRC - Centro Brasileiro de Referência da Cachaça

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Para finalizar, a importância da Cachaça pode ser avaliada pela Pesquisa de opinião encomendada pelo Centro de Indústria do Estado de São Paulo, para saber qual é o produto que tem a cara do Brasil, que indicou em primeiro lugar o Petróleo da Petrobrás, em segundo a CACHAÇA e em terceiro o Café. A cachaça é, sem dúvida, o produto que mais tem a cara brasileira, e esse reconhecimento veio através do decreto federal de dezembro de 2001 que a colocou como a bebida oficial do Brasil, protegendo o uso das expressões “Cachaça” e “Caipirinha”.

“Ao longo desses anos de realização, a Expocachaça vem cumprindo um importante papel neste segmento, reunindo, anualmente, toda a cadeia produtiva do agronegócio da cachaça e, desde 2005, uma nova cadeia produtiva: da cerveja artesanal”.

Em Minas Gerais, Lei estadual de janeiro de 2007 transformou o “Processo de Produção da Cachaça de Alambique” em Patrimônio Cultural Imaterial. Mais recentemente, a Colômbia, os Estados Unidos e o México reconheceram a cachaça como produto típico e genuinamente brasileiro, abrindo espaço para o reconhecimento da cachaça em todas as aduanas do mundo. • Para saber mais sobre a Expocachaça, visite o site: www.expocachaca.com.br e o facebook.com.br/expocachaca “A riqueza mineral é o fundamento dos fortes impérios. Mas só a agricultura cria as pátrias pacíficas, só ela fixa o homem à terra pelo interesse e pelo amor.” (Autor desconhecido)

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tronomia transforma. E o Projeto Fartura, com todos os seus produtos e iniciativas, colabora para esta transformação.

O NEGÓCIO DA GASTRONOMIA

O Festival que virou uma plataforma de gastronomia

Um fato sobre o qual ninguém mais tem dúvida: gastronomia é cultura. E, mais do que isso, é também negócio, geração de trabalho e renda e, potencialmente, desenvolvimento territorial.

Idealizado em 2014, por Rodrigo Ferraz, com base nos resultados do Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes (do qual é diretor desde 2009), o FARTURA é um grande projeto da gastronomia brasileira que envolve pesquisas, viagens, eventos e canais de comunicação. Esse conteúdo é a base de informações para a realização dos demais eventos, e para a composição dos canais de comunicação: webséries, filmes, documentários, programa de rádio, livros e conteúdo para redes sociais.

Os dados provam: segundo um estudo realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), em 2012, a gastronomia representava 19,9% do PIB brasileiro - só em Minas Gerais, onde se encontra a base do Projeto Fartura, são concentradas 12,4% das indústrias de alimentos e bebidas do país. Para setor, os números são bastante otimistas. Em 2013, segundo a Abia Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA), 32,9% do consumo alimentício da população foi feito fora de casa. Para 2014, a projeção foi melhor ainda, 38%, com boas perspectivas de crescimento para os próximos anos, segundo especialistas.

Composto pela Expedição Fartura Gastronomia, Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, Festival Fartura Fortaleza, Festival Fartura BH, Festival Fartura Porto Alegre e Festival Fartura São Paulo, o Projeto Fartura é um grande projeto de promoção e desenvolvimento da gastronomia nacional. Com o objetivo de promover a cadeia produtiva gastronômica a partir da reunião e integração de produtos, produtores, chefs, indústria, mercados e apreciadores da boa cozinha, o que torna o Projeto Fartura o principal projeto de gastronomia em desenvolvimento no país.

Chefs, produtores, restaurantes, ingredientes e receitas ganham espaço e vêm promovendo uma revolução na gastronomia brasileira, além de despertar, cada vez mais, o interesse do público. Os eventos dedicados ao tema vêm crescendo ao longo dos anos e tornam-se a vitrine deste setor, bem como oportunidades para promover experiências e interação entre a cadeia produtiva e consumidores. A gas-

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Expedição Fartura Gastronomia

gastronomia do mundo, na categoria Culinary Travel, pelo Gourmand World Cookbook Awards, considerado o “Oscar” da literatura gastronômica. Em 2015 o Volume II também ficou em segundo lugar no Gourmand World Cookbook Awards 2015, porém, na categoria Sustentabilidade, sendo a primeira vez que uma coleção brasileira é agraciada por dois anos consecutivos na premiação referenciada como a mais importante da literatura gastronômica.

Uma viagem que busca conhecer toda a cadeia produtiva da gastronomia no Brasil e forma a base curatorial do Projeto Fartura. Durante os festivais, todo o conhecimento adquirido nas viagens é disseminado através de palestras, apresentações de chefs e produtores e amostras de ingredientes. Este conteúdo também é transformado em filmes, programas de rádio, livros e conteúdo para as redes sociais que podem ser acompanhados durante todo o ano.

O documentário também venceu o Prêmio de Melhor Obra de até 30 minutos, na 1ª Mostra de Ensaio de Sabores Audiovisuais (MESA), durante o Evento Rio Gastronomia 2014.

O documentário e o livro, ambos nomeados Expedição Brasil Gastronômico, antigo nome da Expedição Fartura Gastronomia, são resultados do Projeto e apresentam esta história. Em 2014, o Volume I do livro venceu o Prêmio Jabuti, na categoria Gastronomia, e também foi eleito o segundo melhor livro de gastro-

Festivais Os Festivais são a grande vitrine de todo o projeto. Os eventos apresentam os resul-

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Tiradentes recebeu, no período de 21 a 30 de agosto de 2015, o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, que, há 18 anos, potencializa a histórica cidade mineira. O Festival, que faz parte do Projeto Fartura, levou à cidade grande variedade de atividades gastronômicas, permitindo aos visitantes desfrutar da riqueza do conteúdo gastronômico do Brasil e movimentou a economia local.

sultados das pesquisas realizadas durante as viagens da Expedição Fartura Gastronomia e possibilitam a interação de produtores, chefs e empreendedores, clientes e visitantes que, além de experimentar, passam a descobrir o potencial da diversidade cultural e econômica da gastronomia brasileira.

FESTIVAL FARTURA FORTALEZA 19, 20 e 21 de junho de 2015

O Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes se baseia na pesquisa realizada pela Expedição Fartura Gastronomia, que já percorreu mais de 60 mil km por 21 estados e o Distrito Federal, mapeando regiões, produtos, produtores, chefs e tradições culturais de cada lugar.

Fortaleza foi a primeira cidade a receber o Fartura em 2015. Em três dias, oito mil pessoas passaram pelo evento e puderam conferir uma intensa programação gastronômica, musical e cultural, onde os visitantes degustaram menus especiais produzidos para o Festival e feitos com ingredientes tipicamente brasileiros.

Em 2015, o evento contou com a participação de, aproximadamente, 350 profissionais de gastronomia, responsáveis pela realização de mais de 200 atividades gastronômicas, entre aulas, jantares e restaurantes na praça, espaços de exposição e comercialização de produtos, além de 70 atrações artísticas, contabilizando mais de 40 mil visitantes na cidade.

Estiveram presentes 110 profissionais de gastronomia que realizaram 95 atrações gastronômicas. Foram 50 apresentações artísticas em três palcos.

FESTIVAL CULTURA E GASTRONOMIA TIRADENTES 21 a 30 de agosto de 2015

O Festival movimentou mais de 35 milhões de reais em negócios e reciclou mais de 10 toneladas de materiais.

Desde a primeira edição, em 1998, o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes transformou-se em um marco para a cidade. O evento movimentou a economia e a comunidade local, contribuindo para o crescimento nos serviços de restaurantes, pousadas, bares e lojas em mais de 300% em 10 anos, de acordo com dados do IBGE. E em 2009, esses serviços já representavam 50% do PIB da cidade. Hoje, Tiradentes possui 7 restaurantes estrelados no Guia 4 Rodas, mais do que muitas capitais do país, ocupando, junto com Recife, o quinto lugar no ranking de cidades com mais restaurantes estrelados.

Um dos principais objetivos do Festival foi, a partir do conteúdo gerado pelas pesquisas, promover a cadeia produtiva gastronômica, resgatando o prazer de sentar à mesa e celebrar a gastronomia. Exemplo disso foi a participação de produtores mineiros de doces, cachaça artesanal e café apreciados pelo grande público e apresentados a empresários de hotéis, pousadas, supermercadistas do Brasil e bares e restaurantes de Tiradentes, a fim de gerar novos negócios.

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A oferta de roteiros gastronômicos complementou novas opções para os turistas, que puderam conhecer um pouco mais sobre o cenário da cidade de Tiradentes e seu entorno. Fora oferecidas atividades que envolvem pequenos produtores e empreendedores da região, beneficiando um número maior de pessoas durante a realização do evento. Uma das possibilidades foi a visita a um dos alambiques mais antigos do Brasil, localizado em Coronel Xavier Chaves, a 22 Km de Tiradentes.

Bacco, chefs e sommeliers foram acompanhados por um pequeno grupo de pessoas no preparo de pratos e harmonizações especiais.

Intercâmbio Inédito entre Festivais Outra novidade desta edição foi o intercâmbio entre as cidades de Tiradentes e Mougins, na França. Cidades que compartilham, além do amor pela cultura e pelas artes, a valorização da gastronomia local, incentivando chefs e pequenos produtores. Realizado na cidade francesa desde 2006, o Festival L’Etoile de Mougins, evento internacional de gastronomia, foi protagonista de uma parceria inédita com o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes.

Os restaurantes da cidade de Tiradentes também abriram as portas para os participantes do Festival ao ofertarem cardápios especiais pelo período do evento, através da iniciativa do Tour Gastronômico. A cada ano, o número de participantes aumenta, sendo um deles o Restaurante Viradas do Largo, da chef Beth Beltrão, classificado com uma estrela no Guia 4 Rodas.

A presença, em Tiradentes, de uma comitiva francesa, composta pelos chefs Xavier Burelle (Hôtel de Mougins), Laela Mouhamou (La Brasserie de la Méditerranée), Emmanuel Ruz (Lou Fassum) e Serge Chollet (Le Moulin de Mougins), marcou o início deste intercâmbio. Dentre as diversas atividades, os chefs assinaram dois dos jantares exclusivos no restaurante Pacco & Bacco, sendo dois chefs por jantar: Xavier Burelle e Laela Mouhamou e Serge Chollet e Emmanuel Ruz. Os chefs franceses também ministraram algumas aulas durante o Festival.

Os jantares, uma das principais atrações do Festival, foram ampliados. Esse ano, foram 16 jantares assinados em 4 restaurantes locais. Os chefs Rubens Beltrão, do Via Destra, Rodolfo Mayer, do Angatu, Rafael Pires, do Pacco & Bacco, e Tanea Romão, do Kitanda Brasil, foram os anfitriões de chefs como Manu Buffara, de Curitiba, Rafa Costa e Silva, do Rio de Janeiro, Rolland Villard, do Rio de Janeiro, entre outros.

A segunda parte do intercâmbio aconteceu em setembro quando os chefs mineiros, Fred Trindade (Trindade – Belo Horizonte), Leo Paixão (Glouton – Belo Horizonte), Ivo Faria (Vecchio Sogno – Belo Horizonte) e Rodolfo Mayer (Angatu – Tiradentes) representaram o Festival na 10ª edição do festival gastronômico francês.

Com quase todos os estados brasileiros já explorados pela Expedição Fartura Gastronomia, houve um rico conteúdo compartilhado com os visitantes. Por isso, em 2015, dois novos espaços foram apresentados ao público: o Espaço Aulas Senac foi duplicado, nomeado “Norte” e “Sul”, e ofereceu diversas aulas gratuitas, ministradas por chefs e profissionais de todo o país ligados à gastronomia; no Espaço Experiência, no Restaurante Pacco e

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Gastronomia combinada com arte e música

Chefs, produtores e demais convidados que vêm ao Festival são identificados através da Expedição Fartura Gastronomia, uma viagem para o mapeamento da cadeia produtiva gastronômica brasileira. Para 2015, o Festival traz produtos de Norte a Sul do Brasil. De acordo com o diretor geral do evento, Rodrigo Ferraz, a proposta é mostrar a relevância cultural e econômica destes produtores e cozinheiros descobertos durante as viagens pelo país.

Dentro da proposta do Festival, de valorizar o prazer de sentar à mesa e celebrar a gastronomia, o evento apresentou uma rica e variada programação cultural. A 18ª edição contou com 70 atrações artísticas. No repertório musical, Yamandu Costa, convidou o Jazz Cigano Quinteto para se apresentar no evento. A Orquesta Ouro Preto, com interpretações de canções da banda The Beatles, e o premiado bandolinista Hamilton de Holanda também estiveram presentes. Entre as atrações cênicas, opções para as crianças, como a interpretação da história O Pequeno Príncipe, pelo Grupo Girino, e o Folclore do Mestre André, pela Cia. Candongas, completaram a programação.

Além da gastronomia, a música também foi celebrada no Festival Fartura BH. Nos dois dias, passaram pelo palco artistas como a banda Mustache e os Apaches e o bandolinista Hamilton de Holanda. As artes cênicas também tiveram representantes, como a Cia. Calangus Circus e o Coletivo Nopok que apresentaram o espetáculo “No Pocket – Um espetáculo para todos os bolsos”, utilizando as charlas clássicas, a música, a dança e a comédia física na criação de gags e cenas cômicas. •

FESTIVAL FARTURA BH

03 e 04 de outubro de 2015 O Fartura BH propõe a valorização da gastronomia nacional, com a união de chefs e produtores de vários estados brasileiros, resgatando o prazer de sentar à mesa e celebrar a gastronomia em um importante complexo cultural e arquitetônico de Belo Horizonte, a Praça José Mendes Júnior, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Nos dias 3 e 4 de outubro, Belo Horizonte se transformou, pela segunda vez, na capital brasileira da gastronomia. Mais de 130 profissionais de gastronomia de 15 estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, estiveram reunidos no Festival Fartura BH. O evento contou com espaços dedicados à venda de comida e bebida, cursos e degustações: Foram mais de 110 atrações gastronômicas, além de vasta programação artística, com 32 músicos de renome e grupos de arte cênica.

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INSTITUCIONAIS 35

A influência portuguesa, por sua vez, virá de forma mais definitiva com a chegada das famílias dos colonizadores, de suas esposas, que então trazem novas receitas, louças e impõem toques de requintes nas mesas mineiras.

SABORES E SABERES DE MINAS

No século XVIII, os habitantes das Minas Gerais aprenderam a aproveitar ao máximo todos os recursos alimentares disponíveis, pois com o enorme afluxo de pessoas em busca do ouro, faltavam alimentos.

BELOTUR – Diretoria de Marketing – Departamento de Estudos Mercadológicos Divisão de Formatação de Produtos e Roteiros

A gastronomia mineira é dotada de heranças históricas, de simbolismos e de rituais característicos que lhe conferem um valor além do nutricional. Dentre as comidas regionais do Brasil, a mineira é uma das que mais se destaca no cenário nacional. Formada por influências indígenas, portuguesas e africanas, está sempre presente nos festivais gastronômicos, feiras de comidas típicas, dentre outros eventos, bem como nos estabelecimentos de alimentação.

Como consequência, a comida desse período resultou, especialmente, da coleta, da caça e da pesca, das roças deixadas por índios e bandeirantes e das hortas e criações de quintal. As técnicas de conservação do alimento tinham grande importância e a farinha de milho ou de mandioca, as carnes conservadas na própria gordura, salgadas ou secas, eram fundamentais para as viagens e para as mesas no dia a dia.

Visitar Belo Horizonte significa ser seduzido não só por seu exuberante cenário e oferta cultural, mas também pela culinária mineira, que é um atrativo à parte. A diversidade gastronômica da capital mineira ultrapassou as suas fronteiras e hoje agrada os paladares mais sofisticados.

Os tropeiros faziam longas viagens abastecendo as capitanias, sobretudo as minas. As tropas enfrentavam estradas precárias, salteadores, intempéries, tornando o abastecimento difícil e de alto custo. Daí a importância das culturas de quintal, de subsistência, que foram se formando para resolver as crises de abastecimento e o problema da fome. Os tropeiros carregavam sua própria cozinha, cozinhavam o feijão e comiam-no com torresmo e farinha, seguido de rapadura ou melado, chá ou café.

Falar da história da culinária mineira é falar das próprias origens de Minas Gerais. A descoberta do ouro, entre os anos de 1694 e 1700, faz surgir os primeiros povoados que originaram as cidades de Mariana e Ouro Preto.

O cardápio mineiro sofreu ainda influências dos mais variados povos imigrantes que em Minas Gerais fizeram suas adaptações, substituições e misturas de ingredientes, dando um toque especial à comida mineira e diferindo-a das demais do Brasil. Assim, o apetitoso cardápio mineiro é fruto de uma rica e diversificada

Portugueses, colonos, índios e escravos, juntos, germinaram as raízes da cultura e da culinária de Minas, que possui sabor universal se feita com o saber de suas tradições. Possui, é verdade, por razões históricas, uma predominância dos hábitos e sabores afro-indígenas, sendo

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Produtos, pratos e ingredientes típicos de Minas Gerais

herança cultural dos diversos povos que, ao longo da história, vieram se integrar à sociedade mineira, em diferentes regiões do Estado.

Cachaça Mineira A relação de Minas Gerais com a cachaça vem desde o século XVIII. É sobre essa base histórica, econômica e social que repousa a liderança mineira na cachaça de alambique. A bebida foi considerada Patrimônio Cultural e Imaterial de Minas Gerais e é uma das mais fortes referências simbólicas do Estado e importante produto de exportação e consumo.

BELO HORIZONTE: A SÍNTESE DA GASTRONOMIA DE MINAS GERAIS Conhecida como a “Capital Nacional de Botecos”, Belo Horizonte é considerada um importante polo gastronômico por possuir, em média, 12 mil estabelecimentos do ramo (bares, restaurantes e semelhantes), e é conhecida por ofertar a seus visitantes e moradores uma noite eclética, com programação variada em todos os dias da semana, com opção para todos os gostos e bolsos.

Em Belo Horizonte a cachaça artesanal pode ser saboreada de várias maneiras nos melhores bares e restaurantes da cidade. Além disso, é possível adquiri-las em lojas especializadas, principalmente no Mercado Central, e ainda conhecer seu processo de produção em um dos alambiques turísticos. Grandes produtores estão localizados na Região Metropolitana de Belo Horizonte, responsável pelo escoamento e distribuição dessa produção e pela atração de compradores do Brasil e do exterior.

O tradicional circuito boêmio se concentra no bairro Santa Tereza e no centro da capital, enquanto bairros como Savassi, Funcionários, Anchieta, Sion, Mangabeiras, Prado, São Bento, Lourdes, Serra e Santa Efigênia também oferecem excelentes opções gastronômicas. Outros bairros que se destacam pela noite agitada são o Santo Antônio, onde se localizam alguns bares tradicionais, e o São Pedro, com cafés, restaurantes, pubs, bares com pista para dança e choperias. Destaque também para a região da Pampulha, que conta com estabelecimentos de diversos tipos, inclusive com clima de fazenda.

A cachaça se apresenta também como uma forte aliada dos prazeres da mesa, atribuindo aos pratos típicos da cozinha mineira um sabor especial, garantindo no calendário anual de eventos da cidade a tradicional Expocachaça, evento pioneiro, que é a maior e mais importante vitrine do setor.

Aproveite também Belo Horizonte para conhecer os diversos festivais gastronômicos da cidade, ocasiões em que os bares e restaurantes oferecem petiscos e pratos exclusivos a preços promocionais. Viver a noite de Belo Horizonte é ter uma experiência singular.

Cervejas artesanais em Belo Horizonte A capital brasileira dos bares mostra sua mais nova e emergente vertente: a produção de cerveja artesanal. Uma característica marcante na produção em Belo Horizonte é a grande diversidade na oferta de estilos de cerveja. Minas Gerais ocupa hoje o segundo lugar em volume de produção e número de cervejarias artesanais do país. Vinte e cinco empresas estão cadastradas no Ministério da Agri-

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cultura em Minas Gerais, sendo 11 delas localizadas na Grande Belo Horizonte. Dos 120 estilos existentes no mundo, 55 já são reproduzidos por aqui. Todos os meses, cerca de um milhão e cem litros saem dos tanques mineiros.

dos os mineiros. Nada melhor que um pão de queijo quentinho acompanhado do café fresco e uma boa prosa à mesa. E Belo Horizonte é também a terra desse maior produto de exportação da culinária mineira. Hoje o pão de queijo é exportado congelado para a América Latina, Estados Unidos, Portugal, Itália e Japão.

Uma prova da qualidade das cervejas produzidas em nossa região é a grande quantidade de prêmios que as microcervejarias mineiras vem recebendo recentemente em concursos internacionais de cerveja.

Queijo O queijo Minas é um dos mais importantes produtos da gastronomia mineira. Metade de todo o queijo que o brasileiro consome – 3,4 kg per capita/ano – vem de Minas Gerais . Portanto, o queijo de Minas integra as riquezas do estado. O preparo artesanal insere os queijos mineiros entre os melhores do país.

Aliado a isto, Belo Horizonte e região têm se notabilizado pela crescente oferta de bares e restaurantes especializados em cervejas artesanais, beersommeliers e academias, contribuindo com a difusão da cultura cervejeira e consequente aumento de mercado.

Doce de Leite Uma conhecida e importante sobremesa da nossa culinária é o doce de leite, que pode ser consumido em pasta ou em tabletes, e possui uma grande aplicação nas receitas. Em Minas Gerais a tradição de se consumir o doce de leite é uma forma dessa manifestação, que faz parte da memória social e de nossa construção histórica. É como uma linguagem da nossa cultura.

Café Minas Gerais detém o título de maior produtor nacional de café. O Estado é responsável por aproximadamente 50% da safra brasileira. O café é o principal produto de exportação do agronegócio mineiro – cerca de 52% da safra brasileira é mineira e corresponde a 66,5% da exportação total, chegando a mais de 60 países do mundo.

Seu consumo é significativo, tanto que é produzido em escala industrial por quase todas as empresas beneficiadoras de laticínios no Brasil, e, principalmente no estado de Minas Gerais, a produção artesanal é comercializada por pequenas marcas.

No Brasil, como em outros países, o costume de tomar café tem muitas vezes um cunho “ritualístico”. Mais forte, mais suave, instantâneo, expresso, orgânico, descafeinado, gourmet. O café é praticamente uma unanimidade. Em Belo Horizonte o grão pode ser degustado nas inúmeras cafeterias da cidade, concentradas principalmente na região da Savassi, na Zona Sul da capital.

São também produtos importantes: goiabada, feijão tropeiro, torresmo, frango com quiabo, ora-pro-nobis, canjiquinha com costelinha, frango ao molho pardo, doce de compota, leitão à pururuca, vaca atolada, pamonha, tutu de feijão, quitandas, couve manteiga, linguiças artesanais, pimenta biquinho e taioba.

Pão de Queijo O cheiro de pão de queijo no assado no forno à lenha remete à infância na casa da avó está presente na memória de to-

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SUGESTÃO DE ROTEIRO

tes que inspiram o gosto das fazendas mineiras ou o Circuito Gastronômico da Pampulha.

UM DIA DE VIVÊNCIA GASTRONÔMICA EM BELO HORIZONTE

CERVEJAS E CACHAÇAS ARTESANAIS, E TAMBÉM DELICIOSOS TIRA-GOSTOS

Experimentar a tradicional culinária mineira, sintetizada por Belo Horizonte é aproveitar a atmosfera da cidade que acorda cedo para passar café e assar os tradicionais pães de queijo.

1º Dia: Minas Gerais ocupa hoje o segundo lugar em volume de produção e número de cervejarias artesanais do país com rótulos premiados internacionalmente. Uma característica marcante na produção em Belo Horizonte e seu entorno, é a grande diversidade na oferta de estilos de cerveja. Uma prova da qualidade das cervejas produzidas em nossa região é a grande quantidade de prêmios que as microcervejarias mineiras vêm recebendo recentemente, o que as credenciam estarem dentre as melhores cervejas em qualidade do mudo.

No primeiro momento do dia, o visitante pode tomar um delicioso café da manhã com uma tradicional broa de milho ou um pão de queijo caseiro em um dos cafés da cidade, desfrutado com um belo “dedo de prosa” comum em nossa Capital. Após o Café Tradicional, o turista poderá seguir sua jornada ao Mercado Central. Um lugar marcado por suas cores, aromas e cultura. Além de ser bem recepcionado, é comum experimentar as histórias locais nos famosos corredores do Mercado. O almoço poderá ser feito no próprio Mercado, que conta com várias opções de comidas típicas e também as tradicionais preparadas de forma bem caseira. De sobremesa, sugerem-se os famosos doces mineiros e a degustação de uma cachaça da roça.

Na capital mundial dos Botecos, visite a Rota das Cervejarias Artesanais para conhecer o processo de produção, as técnicas de torrefação do malte, bares e lojas especializadas em cervejas especiais. Os roteiros contam ainda com café da manhã cervejeiro, almoço harmonizado e, ao final do passeio, é oferecido o “ajantarado” cervejeiro.

Em continuidade ao passeio, para conhecer mais da história de Belo Horizonte, o turista é convidado a mergulhar nos cafés dos museus tradicionais, que abrigam paz e tranquilidade em um só local.

À noite, aproveite para conhecer os bares e restaurantes da cidade em um agitado movimento que anima todas as regiões da cidade. Viver a noite de Belo Horizonte é uma experiência singular.

O passeio já está chegando ao final. No entanto, a cidade está apenas despertando para a sua vida noturna. Várias opções de festas e muita diversão, destacando a boemia do Bairro Santa Tereza e os restaurantes da região Centro Sul da cidade.

2º Dia: A relação de Minas Gerais com a cachaça vem desde o século XVIII. Em Belo Horizonte, a cachaça artesanal pode ser saboreada de várias maneiras nos melhores bares e restaurantes da cidade. Além disso, é possível adquiri-las em lojas especializadas e ainda conhecer seu processo de produção em um dos alambiques turísticos. A cachaça é também uma forte aliada aos prazeres da mesa,

Para quem escolher passear no Conjunto Arquitetônico Modernista da Pampulha, uma boa opção é conhecer os restauran-

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Mercado Distrital do Cruzeiro É considerado um dos melhores pontos de convivência de Belo Horizonte e um ponto turístico. Além de hortifrutigranjeiros, carnes, vinhos, especiarias e utilidades domésticas, o Mercado promove Feiras de Artesanato e diversificados eventos culturais.

agregando aos pratos típicos da cozinha mineira um sabor especial. Reserve um dia para conhecer um alambique turístico no entorno de Belo Horizonte, desfrute de suas paisagens naturais, conheça o processo de produção da cachaça artesanal e deguste produtos derivados da cachaça.

Feira dos Produtores Um verdadeiro centro de compras popular: hortaliças, frutas, carne e até mesmo tecidos e serviços de barbearia podem ser encontrados na Feira dos Produtores.

À noite, aproveite para conhecer um tradicional restaurante de comida típica mineira. ROTAS TEMÁTICAS

ALGUNS EVENTOS DE GASTRONOMIA DE BELO HORIZONTE

Visitar BH é motivo perfeito para conhecer as rotas gastronômicas temáticas, como a Rota das Cachaças Artesanais; das Cervejas Artesanais; dos Bares; dos Cafés; da Comida Típica; dos Mercados; e a mais famosa, a Rota Noturna (By night).

Nota Importante: Os eventos listados abaixo podem ter suas datas e periodicidade alteradas. É importante salientar que, em razão da diversa oferta em Belo Horizonte, novos festivais e eventos gastronômicos poderão surgir/extinguir na cidade.

Festival Cultural Gastronômico Cachaça Gourmet (Janeiro/Fevereiro), Restaurante Week (Março e Agosto), Festival Botecar (Abril), Comida di Buteco (Abril/Maio), Expocachaça e Brasil Bier (Maio), Festival Gastronômico Brasil Sabor (Maio/Junho), Circuito Aproxima, Beer Chef (Agosto/Setembro), Circuito Gastronômico da Pampulha (Setembro a Novembro), Mixbeer – Festival de Cervejas Especiais, GastroPark BH, Harmonize – Bebida, Comida e Amor, Gastronomia na Praça, Mineirão Gastrô, Festival Fartura, dentre outros.

As rotas guiadas são realizadas de forma personalizada por agentes e operadores, com guias especializados e bilíngues. Já a modalidade autoguiada pode ser conferida através da ABRASEL. (www.mg.abrasel.com.br)

ATRATIVOS EM DESTAQUE Mercado Central Com mais de 400 lojas - um dos pontos comerciais mais procurados de Belo Horizonte - o Mercado Central recebe todos os dias da semana um público que consegue unir suas compras ao lazer e à diversão, percorrendo os corredores temáticos como o dos queijos, doce, artesanato, ervas, raízes, artigos religiosos, e as praças, como a da feijoada e a do abacaxi. Os bares das entradas laterais lotam nos finais de semana, quando se transformam em ponto de encontro para moradores da capital mineira e turistas.

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CURIOSIDADE

BIBLIOGRAFIA

MINAS GERAIS TEM O DIA DA GASTRONOMIA Pela sua importância, foi instituído o dia 5 de Julho como o dia da gastronomia de Minas Gerais, através do PROJETO DE LEI Nº 3.606/2012. Em todos os municípios de Minas Gerais, é possível saborear quitutes e quitandas feitos por mãos habilidosas, cujos segredos são repassados de geração em geração, por pessoas que se revezam nos fazeres de cozinhas centenárias, transformando a culinária mineira em um diferencial para quem visita o Estado. •

ABDALA, Mônica Chaves in Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano XLII - N º 2 - Julho-Dezembro de 2006. MOREIRA, Antônio Carlos. História do Café no Brasil. São Paulo: Panorama Rural; Magma Editora Cultural, 2007. OLIVEIRA, Simão. La importancia de La Gastronomía en el Turismo Inn Compilación de Gastronomia. Centro de Investigaciones y Estudios en Turismo. Buenos Aires, 2007. Disponível em:

FICHA TÉCNICA Prefeitura Municipal de Belo Horizonte | Prefeito: Márcio Araujo de Lacerda, Vice-Prefeito: Délio Malheiros Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A – Belotur | Presidente: Cláudia Pedrozo, Diretora de Marketing: Danielle Morreale | Chefe Departamento de Estudos Mercadológicos: Ana Gabriela Baêta | Chefe da Divisão de Formatação de Produtos e Roteiros: Flávia Werneck | Responsáveis Técnicos: Flávia Werneck e Neuma Horta.

COLABORADORES Belotur – Diretoria de Programas de Desenvolvimento do Turismo, ABRASEL – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais, SINDBEBIBAS – Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais,

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o desenvolvimento social e econômico da cidade. Ao atuar junto com parceiros de diversas instâncias relacionados ao turismo, a entidade deseja ampliar o potencial turístico de Belo Horizonte. Para isso, o Conselho de Turismo da CDL/BH tem participação expressiva em ações, eventos e projetos do setor turístico em Belo Horizonte com objetivo de identificar oportunidades e contribuir para o desenvolvimento do comércio. Além disso, a entidade se orgulha de trabalhar em parceria com o BH Convention & Visitors Bureau (BHC&VB) – instituição não governamental, sem fins lucrativos e referência mundial no turismo que visa promover e valorizar a imagem de Belo Horizonte como importante destino de turismo de negócios – e que atualmente é presidido pelo vice-presidente da CDL/ BH, Anderson Rocha.

A FORÇA DO TURISMO PARA A ECONOMIA LOCAL Bruno Falci Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH)

Vocação natural da cidade, os setores de comércio e serviços são responsáveis por 70,87% do Produto Interno Bruto (PIB) de Belo Horizonte. O turismo também é outro segmento que vem se destacando na economia da capital. Sendo assim, uma boa oportunidade aparece: trabalhar o varejo belo-horizontino para que ele se torne um forte atrativo turístico, capaz de gerar mais empregos e renda.

E é por acreditar na força do turismo como propulsor da economia mineira que a CDL/BH apoia projetos como o “BH aos Olhos do Mundo”, que busca atrair mais eventos internacionais para a capital. A entidade também se faz presente nos principais eventos que movimentam a economia local. Para 2016, por exemplo, o nosso desejo é que Belo Horizonte aproveite ao máximo as oportunidades de negócios que irão surgir com as Olimpíadas.

Afinal, os setores de comércio e serviços formam um importante elo da cadeia produtiva do turismo, à medida que são os responsáveis por prestar os serviços ao turista, agregando valor à economia e à sua experiência na capital mineira.

Quando a gastronomia vai bem, o comércio vai bem Minas Gerais é um estado único. Exala cultura, possui um rico patrimônio histórico e encanta a todos com suas montanhas e cachoeiras. Nosso potencial turístico é fortíssimo. Mas, ano após ano, um atrativo vem se destacando, a gastronomia mineira.

Neste sentido, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) assume papel de articulador e propositor de soluções para o setor empresarial e está sempre presente nos projetos que possam contribuir não só para o comércio, como também para o desenvolvimento

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“Surpreendente e extremamente saborosa. Elogios são poucos para descrever os encantos da gastronomia mineira.”

a gastronomia mineira valoriza os ingredientes regionais e se torna símbolo de tradição, com seus modos de fazer e sabores. O famoso queijo minas e sua produção artesanal, por exemplo, são patrimônios imateriais do Estado. Nosso café é motivo de orgulho. Se Minas Gerais fosse um país, seria o maior produtor mundial de café. E nossa cerveja? Somos lembrados por muitos como a “Bélgica Brasileira”, pela qualidade da produção cervejeira. Impossível também não citar a cachaça e os pratos típicos mineiros.

precisa colocar em prática políticas públicas que promovam, apoiem e potencializem o setor. O ambiente precisa ser propício para todos. As oportunidades precisam chegar até os pequenos agricultores, empresários e empreendedores.

Surpreendente e extremamente saborosa. Tais elogios são poucos para descrever os encantos da gastronomia mineira que fascinam turistas brasileiros e estrangeiros. Exemplo disto é que 22% dos turistas que vêm a Minas Gerais têm na gastronomia a principal imagem do Estado, segundo dados de 2012 da Secretaria Estadual de Turismo.

É preciso facilitar a distribuição e comercialização dos produtos estaduais, valorizando a produção artesanal que enaltece as marcas da gastronomia mineira frente aos demais produtos do mercado. Ganhos importantes já foram conquistados. Um exemplo disso é que em 2015 comemorou-se o primeiro ano da Frente da Gastronomia Mineira, que está fazendo valer a importância econômica, social e cultural do setor e tem levado para a mesma mesa de debates diversos atores da comunidade gastronômica, do poder público e da sociedade civil em busca de novas perspectivas.

Mas a gastronomia vai além do que se imagina, ela envolve muito mais do que o preparo de receitas. E os números falam por si. Em 2014, Minas Gerais recebeu um fluxo total de 24 milhões de turistas, injetando cerca de R$ 16,7 bilhões na economia do Estado. Deste valor, 29,2% foram destinados ao setor de hospedagem, 20,5% para o setor de compras e 20,2% para o setor de alimentação. Tais dados representam a força da cadeia produtiva do turismo, em que a gastronomia e o comércio integram.

Mas o setor pode ir além. E a CDL/BH não mede esforços, pois sabe que isso é possível. A gastronomia mineira pode contar com a parceria da entidade para que esse nome se torne cada dia mais forte nacional e internacionalmente. Pois quando a gastronomia e o turismo vão bem, o comércio vai bem e manter esse norte é um dos nossos principais ideais.

Gerador de emprego e renda, a CDL/BH sabe da importância do turismo e, principalmente, da gastronomia para o desenvolvimento econômico mineiro. Mas os desafios do setor são muitos. Por isso se faz necessário o envolvimento dos diversos atores para a construção de um setor cada dia mais forte. Mais que só idealizar, o poder público

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Somando forças para desenvolver a gastronomia mineira

Fundada em maio de 2014, a FGM conta com a participação da Secretaria de Estado de Turismo, do Sebrae Minas, da Secretaria de Estado da Cultura, da Abrasel, da Fecomércio Minas além do apoio de profissionais e formadores de opinião ligados à gastronomia mineira e instituições de ensino. Em prol da gastronomia mineira, a FGM prossegue para seu segundo ano. Muitas reuniões já foram realizadas, diversas metas foram traçadas e vários objetivos alcançados.

A gastronomia mineira tem um horizonte de oportunidades a seguir, mas para que esta premissa se torne realidade é preciso reunir esforços em prol da defesa, valorização e promoção do setor nos mais diversos âmbitos. Um dos desafios do setor que precisa ser vencido é a burocracia que inviabiliza, dificulta, paralisa e impede um maior desenvolvimento da gastronomia mineira. Só para se ter uma ideia disso, a comercialização interestadual do queijo da Serra da Canastra, um dos ícones da nossa culinária estadual, só foi liberada em 2013. O que revela a falta de diálogo e de conhecimento do poder público com os processos de produção artesanal.

Unanimidade entre as entidades é que a gastronomia estadual precisa ser reconhecida, mas antes é preciso valorizar pessoas e instituições que lutam por este objetivo. E foi isto o que a Frente da Gastronomia Mineira fez em 5 de julho de 2015, na sede CDL/BH. Na ocasião, foi realizada uma reunião extraordinária em comemoração ao primeiro ano da FGM e também ao Dia da Gastronomia Mineira, onde instituições e personalidades que contribuíram com a valorização da cadeia gastronômica estadual foram homenageadas.

É preciso também criar políticas de apoio aos pequenos agricultores, empresários e empreendedores além de abrir linhas de financiamento que fomentem a produção da gastronomia mineira com seus produtos e modos de fazer, contribuindo assim com o desenvolvimento econômico dos pequenos, médios e grandes municípios. Além disso, é preciso proteger o setor dos impactos causados por alguns projetos de leis que oneram os negócios e sufocam a produtividade. É preciso lutar pela garantia do tratamento diferenciado para os pequenos negócios. É preciso reclamar, pedir e cobrar do governo em suas três instâncias, municipal, estadual e federal, condições favoráveis para o desenvolvimento das empresas mineiras. E foi para romper com barreiras como essas que a CDL/BH, instituições públicas e privadas se uniram para a criação da Frente da Gastronomia Mineira (FGM).

Figura 1- Presidente da CDL/BH, Bruno Falci discursa na Assembléia Legislativa de Minas Gerais

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E em 2015, as principais reivindicações do setor chegaram até à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). No dia 18 de agosto, o presidente da CDL/BH, Bruno Falci, debateu, junto com outros atores da mesa gastronômica, mecanismos de incentivo à gastronomia. As principais ações propostas para tornar Minas o melhor destino gastronômico brasileiro foram o aperfeiçoamento da legislação envolvendo a gastronomia, além da criação de políticas públicas que facilitem a atuação dos pequenos produtores e empreendedores.

Essas são apenas algumas das inúmeras conquistas que a gastronomia alcançou em 2015. E para 2016 as projeções são ainda mais otimistas. Pois, certamente, a Frente da Gastronomia Mineira vai dar continuidade a sua forte atuação para agregar, ainda mais, valor à marca Minas Gerais. •

Outra grande conquista do setor, também em agosto de 2015, foi o anúncio da reforma de um importante espaço da culinária de Minas, a Casa da Gastronomia. O prédio, localizado na Rua da Bahia, no bairro de Lourdes, região Centro-Sul de Belo Horizonte, integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade. Segundo o secretário de Estado de Turismo, Mário Henrique Caixa, o recurso disponível para restauração do espaço é de R$ 1,2 milhão.

- Portal da Secretaria de Turismo de Minas Gerais (www.turismo.mg.gov.br) acessado em 29 de dezembro às 10h07.

Bibliografia - Portal Observatório do Turismo (www.minasgerais.com. br/observatorioturismomg) Acessado em 29 de dezembro de 2015 às 11h15.

Figura 2 - Secretário de Estado de Turismo, Mário Henrique Caixa, anunciou no dia 3 de agosto de 2015 a reforma da Casa da Gastronomia

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O Edital previa que eventos gastronômicos com realização prevista até o fim de 2016 poderiam ser selecionados para receber investimento de até R$250 mil cada. O concurso também incluiu a seleção de projetos para a realização de eventos de Food Truck em cidades da Estrada Real. Conforme previsto, foi contemplado um projeto por região gastronômica, com o valor total solicitado. Como os custos indicados não atingiram o montante do investimento de R$ 1,5 milhão, disponibilizado pelo Governo de Minas Gerais por meio da Codemig, foi possível beneficiar ainda mais iniciativas. Foram avaliados critérios como viabilidade da execução, abrangência, inovação, envolvimento de profissionais e produtos da região, participação de chefs, público estimado, estrutura física, estratégias de comunicação e comercialização, tradição do evento e acessibilidade.

MINAS DE TODAS AS ARTES: FOMENTO DA CODEMIG À GASTRONOMIA INTEGRA AÇÕES DO PROGRAMA DE INCENTIVO À INDÚSTRIA CRIATIVA Marco Antônio Soares da Cunha Castello Branco Diretor Presidente da Codemig

De forma pioneira e estratégica, o Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), lançou em 22 de agosto de 2015 o Minas de Todas as Artes — Programa Codemig de Incentivo à Indústria Criativa. A ação inédita busca fomentar o desenvolvimento de novos negócios que gerem empregos, renda e riquezas para o Estado. Até o fim de 2018, serão investidos mais de R$ 20 milhões em iniciativas de valorização de variados segmentos, como Gastronomia, Audiovisual, Design, Moda, Música e Novas Mídias.

A seleção de projetos de fortalecimento e fomento dos festivais gastronômicos tem o objetivo de potencializar a cadeia produtiva gastronômica em Minas Gerais e contribuir para a movimentação do fluxo turístico regional e nacional, além de reforçar o posicionamento do Estado como um destino turístico gastronômico de referência no País.

Entre as primeiras iniciativas do Programa, destaca-se o lançamento do Edital de incentivo à Gastronomia, com apoio da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (Setur). O período de inscrições foi de 27 de agosto até 19 de outubro. Ao todo, 12 projetos foram contemplados, beneficiando todos os territórios gastronômicos do Estado: Cerrado, Espinhaço, Rios, Central e Mantiqueira.

1. Codemig ativa a cadeia produtiva da Gastronomia: apoio aos produtores para divulgação e comercialização dos seus produtos em eventos do segmento A tradicional e celebrada culinária mineira passou a ganhar este ano mais sabor de desenvolvimento, com a nova frente de ação da Codemig em prol do fomento

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à Indústria Criativa no Estado. Em junho, a Empresa e a Secretaria de Estado de Turismo levaram produtores mineiros para a capital cearense, Fortaleza, onde ocorreu o Projeto Fartura, realizado pelo Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes. A iniciativa, realizada de 19 a 21 de junho, buscou promover e desenvolver a gastronomia nacional, ao reunir e integrar produtos, produtores, chefs, indústria, mercados e apreciadores da boa cozinha.

do que muitas capitais do País, ocupando, junto com Recife, o quinto lugar no ranking de cidades com mais restaurantes estrelados. O festival já recebeu, desde o início, chefs de 18 países, como Espanha, França, Itália, Argentina, e viabilizou mais 160 festins e 77 mil pratos servidos nos jantares, envolvendo mais de 5.500 profissionais. Além disso, recebeu lançamentos de livros sobre o tema, exposições e exibições de vídeos. O festival integra o portfólio de eventos realizado pelo Projeto Fartura.

Para esse encontro, a Codemig viabilizou a participação de cinco empreendimentos mineiros: Cachaça Dona Beja (Araxá), Café das Amoras (Nepomuceno), Doces da Christy (Ponte Nova), Doces Joaninha (Araxá) e Unique Cafés (Carmo de Minas). Segundo a diretora de Fomento à Indústria Criativa da Codemig, Fernanda Medeiros Azevedo Machado, o evento também constituiu uma oportunidade para ampliação da rede de contatos, prospecção de novos clientes e geração de negócios com redes de supermercados locais, bares, restaurantes e até mesmo o setor hoteleiro do Estado do Ceará.

Para além dos restaurantes e das mesas dos grandes chefs, a cadeia produtiva da gastronomia envolve também matérias-primas, pequenos produtores, indústrias, redes de distribuição e comércio. Somando-se todos esses setores, tem-se a expressiva participação de 18% no PIB brasileiro. Alinhada com a Setur, a Codemig passou a contribuir, então, para a promoção da gastronomia como vetor de desenvolvimento econômico de Minas Gerais, além de consolidar a identidade do povo mineiro a partir de suas tradições e aspectos histórico-culturais. 2. Codemig valoriza eventos gastronômicos de Minas Gerais: patrocínio e apoio a diversas iniciativas em prol do desenvolvimento O apoio da Codemig a diversos eventos de estímulo à Indústria Criativa integra o plano de ações estrategicamente estruturado em benefício do desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais. Entre as variadas iniciativas que receberam o suporte da Codemig em 2015, estão o Festival Cultural, Gastronômico e Turístico Brumadinho Gourmet, o Projeto Fartura e o Mineirão Gastrô. Dessa forma, a Empresa promove a associação de seu nome a ações de visibilidade, credibilidade e importância para o Estado.

Em agosto, no Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, a Codemig novamente valorizou a cadeia produtiva da gastronomia, com a apresentação de estande próprio no qual produtores mineiros foram convidados a expor seus produtos. O evento de Tiradentes, cuja primeira edição foi em 1998, transformou-se em um marco para a cidade. O encontro movimentou a economia e a comunidade local, contribuindo para o crescimento nos serviços de restaurantes, pousadas, bares e lojas em mais de 300% em 10 anos, de acordo com dados do IBGE; em 2009, esses serviços já representavam 50% do PIB da cidade. Atualmente, Tiradentes possui 7 restaurantes estrelados no Guia 4 Rodas, mais

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A iniciativa que deu origem a essa plataforma é o mencionado Festival Cultura Gastronomia Tiradentes, considerado atualmente como um dos mais importantes eventos de cultura do País e um dos mais propulsores do desenvolvimento cultural, turístico e econômico de Tiradentes e região. Ao longo de suas 18 edições, o Festival ofereceu mais de 4 mil atividades culturais gratuitas, alcançando diretamente mais de meio milhão de pessoas.

O Brumadinho Gourmet exerce papel preponderante na promoção do turismo em Casa Branca, distrito mineiro de Brumadinho. Seu objetivo é divulgar a culinária local, as riquezas artísticas e culturais, além dos pontos turísticos de Casa Branca. Sua sétima edição ocorreu entre 4 e 7 de setembro, no Espaço Gourmet. O acesso ao local, que dista 30 quilômetros de Belo Horizonte, é fácil e bem sinalizado. A edição 2015 contou com a participação de músicos, artesãos, dançarinos, atores, quitandeiras, doceiras, chefs conceituados, apreciadores, bons produtos e grandes marcas. Constitui uma autêntica festa da cultura e da gastronomia de raízes mineiras. O evento atraiu participantes da região e turistas de Minas Gerais e outros estados. Entre as atividades propostas, destacaram-se: oficinas com chefs renomados; festins; oficinas de arte; feira de artesanato e produtos da terra, forno e fogão a lenha; encontro de grupos folclóricos e de manifestações culturais; atrações circenses; apresentações de artes cênicas, dança e teatro; shows musicais.

Em 2015, o Festival Cultura Gastronomia Tiradentes passou a se chamar Fartura Tiradentes, sendo parte da grande plataforma Fartura, que conta, ainda, com o Festival Fartura BH e com duas novas edições: Fartura Fortaleza (CE) e Fartura Porto Alegre (RS). Todos os eventos são realizados em praça pública, sendo amplamente abertos à comunidade. Em Belo Horizonte, o evento foi realizado nos dias 3 e 4 de outubro, na Praça José Mendes Júnior, contando com shows de música instrumental e apresentações de artes cênicas. Trata-se de uma relevante iniciativa para a Indústria Criativa mineira. O evento aquece diversas cadeias produtivas, nos segmentos de gastronomia, música e artes, incentivando seu desenvolvimento. Pela sua relevância, a Codemig apoiou a realização do evento na capital mineira e cedeu patrocínio de R$50.000,00, subsidiando a programação musical e gastronômica e as atividades de formação do Fartura BH.

Para a Codemig, o evento, já consolidado e com alto nível de visibilidade, é uma vitrine de marcas e produtos, que contribui para o fortalecimento da Indústria Criativa mineira. O encontro aquece diversas cadeias produtivas, nos segmentos de gastronomia, música e artes, incentivando seu desenvolvimento. Pela importância e pela tradição da iniciativa, a Codemig, como empresa voltada para o fomento ao desenvolvimento econômico do Estado, apoiou sua realização e concede à iniciativa um patrocínio de R$19.950,00.

Já o Mineirão Gastrô constitui um evento gastronômico voltado aos apreciadores de culinária e ao público em geral, com a presença de dezenas de restaurantes e food trucks. Sua sexta edição está programada para dezembro no estacionamento descoberto G1 do Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, com entrada

Por sua vez, o Projeto Fartura, realizado pela Arte Projeto Promoções, é uma plataforma de eventos culturais com foco na gastronomia brasileira, na música instrumental e nas artes cênicas.

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gratuita e acessibilidade completa, esperando alcançar 20 mil pessoas. Estarão presentes 25 food trucks, oito food bikes e seis restaurantes da capital. Os pratos serão comercializados a preços populares.

produção. O material também mostrará os pratos dos food trucks e restaurantes participantes. Para o entretenimento do público, estão programados, ainda, apresentações artísticas (musical e circense) itinerantes; espaço kids; praça para prática de esportes e brincadeiras.

A iniciativa já é referência na gastronomia mineira, pelo padrão de qualidade e pelo sucesso de crítica de público. Com periodicidade mensal, proporciona a troca de experiências, saberes e sabores, em um ambiente agradável, propício à socialização e ao intercâmbio gastronômico e cultural entre os participantes.

A entidade realizadora é a Pomar Cultural, atuante no mercado mineiro desde 2003, no ramo de realização de eventos, consultoria e prestação de serviços voltados à mobilização de incentivos fiscais. O Governo de Minas Gerais e a Codemig acreditam que o evento fomenta a Indústria Criativa mineira, ao realizar o encontro entre ofertantes e demandantes, além de contribuir para a geração de capital e renda. A iniciativa também fortalece a região da capital como polo de culinária mineira, possibilita a formação de plateias e propõe uma opção saudável, segura, confortável e culturalmente enriquecedora para os cidadãos. O patrocínio à iniciativa é da ordem de R$15.000,00.

O evento contará com a presença de dez microprodutores mineiros, que desenvolvem um importante papel para a manutenção e a preservação do patrimônio histórico imaterial de Minas Gerais: a tradição da produção, em menor escala, de especiarias consideradas únicas e de grande qualidade na região. Com essa iniciativa, os produtores poderão conhecer, comercializar e difundir produtos tradicionais e especiarias mineiras. O projeto, além de atrair olhares para os microprodutores, viabilizará ações em parceria com o Sebrae, que oferecerá uma feira de negócios gastronômicos, e o Senac, que levará ao local seu restaurante-escola. Tudo isso possibilitará o intercâmbio entre os participantes, incluindo chefs e estudantes de gastronomia, gerando-se um ambiente de aprendizagem e profissionalização.

3. Gastronomia na ponta do dedo: Governo de Minas Gerais e Codemig lançam aplicativo turístico O Governo de Minas Gerais lançou em outubro duas novidades que contribuem para ampliar ainda mais o potencial turístico do Estado e sua projeção como indutor do desenvolvimento: o aplicativo Visite Minas Gerais e o novo portal Minas Gerais (www.minasgerais.com.br). A Codemig investiu no desenvolvimento do Visite Minas Gerais, um aplicativo moderno, dinâmico e interativo, repleto de imagens, fotos, vídeos e breves textos explicativos. Pode ser acessado em smartphones, tablets e computadores, mostrando, por exemplo, diversas belezas naturais, riquezas históricas e delícias gastronômicas do Estado. Pelo aplicativo, o usuário pode fazer um tour virtual, percebendo a grande variedade de recursos minerais, a força da indús-

Todas as ações são pensadas de forma a incentivar a divulgação e a comercialização de importantes produtos mineiros, colaborando para o desenvolvimento das cadeias produtivas gastronômicas. Será criado o Guia Mineirão Gastrô Movimente-se, contendo informações sobre o evento, os microprodutores presentes e seus produtos, especificando os ingredientes e suas diferenciadas técnicas de

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tria mineira e de seus Distritos Industriais e as riquezas do campo, com produção de grãos, soja, milho, arroz, feijão, cafés de qualidade internacional, florestas de eucalipto para carvão vegetal e celulose, frutas e hortaliças e cana, bem como a pecuária para a produção de carne e para a indústria de laticínios.

nador Fernando Pimentel e contribuiu para a projeção do Estado no cenário internacional, divulgando seu novo modelo de governança e desenvolvimento. Além disso, destacou relevantes iniciativas em variados segmentos, como gastronomia, design, tecnologia e moda, evidenciando oportunidades de negócio e turismo e posicionando Minas Gerais como referência para investimentos estratégicos, no setor da economia criativa, por exemplo.

A seção especialmente dedicada à gastronomia oferece harmonizações e destaca queijos, doces, café, cervejas artesanais, cachaças e comida mineira, além de águas minerais, representadas pela mundialmente premiada água Cambuquira. O aplicativo está disponível no site www.managana.org/visitminasgerais.

O Estado integrou o Pavilhão Brasil, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) sob a coordenação de uma Comissão Interministerial presidida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Na semana dedicada à divulgação de Minas Gerais na mostra global, os visitantes puderam degustar a água mineral Cambuquira, mundialmente premiada, e conhecer mais sobre os diferentes tipos de café, doces, geleias, licores, cachaça, própolis, mel e pão de queijo. Por meio do Projeto Imagem, azeites, vinhos e produtos tipicamente mineiros estiveram entre as atrações, em uma ação conjunta entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a Exportaminas (unidade de comércio exterior da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O evento também contou com a presença do coordenador do Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, Rodrigo Ferraz, e dos chefs Ivo Faria, Pablo Oazen e Frederico Trindade, além do chef revelação do Senac, João Victor Moura da Costa Ribeiro.

Já o portal Minas Gerais (www.minasgerais.com.br) traz, além de informações sobre o Estado, opções diversificadas de destinos e roteiros. Na seção “O que fazer”, por exemplo, são listadas variadas atrações para quem está interessado em natureza, gastronomia, bem-estar e cultura. Eventos e galeria com belas fotos também compõem o site, além de um ambiente que destaca os parques. Os usuários podem, ainda, acessar o blog existente. O novo portal é uma iniciativa do Governo estadual. 4. Gastronomia mineira ganha projeção internacional com a Semana de Minas Gerais na Expo Milão A Expo Milão 2015, grandiosa exposição universal que reuniu mais de 140 países na Itália, recebeu a Semana de Minas Gerais em Milão. Entre os dias 12 e 18 de outubro, diversas ações gastronômicas, culturais, empresariais, diplomáticas e comerciais foram promovidas pelo Governo do Estado de Minas Gerais, em parceria com a Codemig e outros parceiros.

A Expo Milão ocorreu entre maio e outubro, tendo como tema “Alimentando o Planeta, Energia para a Vida”. Nesta edição, a previsão de público foi de 20 milhões de visitantes em um espaço de 1 milhão de metros quadrados. Além de

A missão mineira no terceiro maior evento mundial teve a participação do gover-

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países e empresas, participam da exposição mundial a sociedade civil e organizações internacionais, como a ONU e a União Europeia. Trata-se de um evento sustentável, tecnológico e temático, focado em seus visitantes, que puderam vivenciar uma experiência única sobre o tema da nutrição, em uma viagem por alimentos e tradições de povos de todo o mundo. A mostra global é realizada a cada cinco anos em diferentes cidades do planeta, desde 1851, como plataforma para o diálogo internacional sobre temas e avanços relevantes para a humanidade.

Entre as ações da Coordenadoria, inclui-se a proposta de criação da Casa da Gastronomia. O local servirá muito mais do que ponto de divulgação desse bem imaterial mineiro, que é a culinária. Agregará conhecimentos, eventos, demonstrações, receitas da alta gastronomia com os ingredientes e pratos típicos, de raiz, além de difundir a difusão e a troca de experiências da arte e do saber referentes a aromas e sabores. Além disso, Minas Gerais conta com o site www.gastronomiamg.com.br, que abriga informações sobre gastronomia mineira, receitas, notícias e eventos. Nele há um espaço para cadastro dos empreendimentos de gastronomia, bem como apoio à tradução de cardápios. A Setur-MG também é membro da Frente em Defesa da Gastronomia Mineira, criada em maio do ano passado e composta por instituições públicas e privadas, especialistas, empresários e integrantes da sociedade civil, constituindo uma instância para propor, discutir, incentivar e implementar ações em defesa da gastronomia do Estado.

5. Minas Gerais, gastronomia e turismo Em 2015, a Fundação João Pinheiro foi contratada pela Codemig visando à elaboração do Plano Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável do Turismo em Minas Gerais. No trabalho, está sendo dado destaque para a gastronomia, conectando a cadeia gastronômica à demanda turística. Também será elaborado um Diagnóstico da Gastronomia, para análise de informações, dados e indicadores a serem levantados sobre a gastronomia em Minas Gerais, considerando os diagnósticos prévios existentes, com foco na agricultura e no turismo. A realização do Plano está prevista para 2016 e possibilitará o direcionamento das ações para o fortalecimento da gastronomia mineira, incluindo a identificação de novos produtos e a definição de estratégias para inserção no mercado.

Outra associação que recebe apoio da Setur é a Associação Mineira de Gastronomia (AMiGa), criada no segundo semestre de 2014. Trata-se de uma entidade multidisciplinar, formada por profissionais, amantes e admiradores da culinária mineira, com a finalidade de fomentar o turismo por meio da gastronomia, além de gerar renda e valorizar a agricultura e o produto local.

Desde 2014, a gastronomia adquire status de Coordenadoria, dentro da estrutura da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais. O segmento é tratado como política pública, abrangendo ações articuladas nas áreas econômica, social, turística e cultural. Com isso, sua gestão ganha maior autonomia, agilidade e intensidade, como vetor de desenvolvimento.

4. A Indústria Criativa A Indústria Criativa constitui a cadeia produtiva composta pelos ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade e capital intelectual como insumos primários. As quatro grandes áreas criativas podem ser classificadas em segmentos como:

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Publicidade, Arquitetura, Design e Moda (na área criativa do Consumo); Expressões Culturais, Música, Artes Cênicas e Patrimônio e Artes (na categoria Cultura); Editorial e Audiovisual (Mídias); e Pesquisa & Desenvolvimento, Tecnologias da Informação e da Comunicação e Biotecnologia (Tecnologia).

“Para além dos restaurantes e das mesas dos grandes chefs, a cadeia produtiva da gastronomia envolve também matérias-primas, pequenos produtores, indústrias, redes de distribuição e comércio”

Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro traz um panorama da Indústria Criativa no Brasil. Em 2013, eram 251 mil empresas, um crescimento de 69,1% em relação a 2004. O setor mostra um avanço também em relação ao PIB: em 2013, a Indústria Criativa representou 2,6% do total de riquezas produzida no Brasil (R$ 126 bilhões). Estima-se que a Indústria Criativa gere mais de 890 mil empregos formais no País. Em Minas Gerais, os empregos gerados na Economia Criativa dividem-se em segmentos como pesquisa de desenvolvimento (21%), arquitetura (15%), publicidade (11%), TIC (11%), design (10%), moda (8%), audiovisual (6%), editorial (5%), biotecnologia (4%). O segmento audiovisual mineiro, por exemplo, inclui produção, editorial, música e fornecedores técnicos, ao passo que as chamadas expressões culturais abrangem artesanato, gastronomia, artes cênicas, música, produção independente e representação comercial. •

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ESTRADA REAL APRESENTA OS SABORES E CAMINHOS DE MINAS GERAIS Desde que foi criado, há 16 anos, o Instituto Estrada Real (IER) trabalha para promover a atividade turística e gerar bons negócios no circuito que, na era colonial, transportou riquezas de Minas - ouro e diamantes – para os portos do Rio, de onde eram levados para a Europa. Hoje, três séculos depois, a demanda gerada por milhares de visitantes é capaz de movimentar mais de 50 setores econômicos, o que representa um enorme potencial transformador para as dezenas de cidades que compõem o caminho. Mas como pensar em Estrada Real e não lembrar dos sabores e aromas da gastronomia? Por isso, o Instituto Estrada Real apresenta uma saborosa novidade aos apreciadores da boa comida e, obviamente, dos belos caminhos da maior rota turística do país: o projeto Terroirs Estrada Real. A iniciativa do IER tem como objetivo unir os festivais e produtos gastronômicos ao longo da rota turística em um circuito único, além de resgatar e valorizar toda a tradição dos sabores da Estrada Real. “Todos os eventos já acontecem separadamente. A estratégia é agrupá-los e desenvolver formas de divulgação e promoção facilitando e incentivando o turismo vivencial nos diversos Terroirs ao longo da Estrada Real. Queremos atrair os viajantes tendo como foco a gastronomia”, explica Daniele Teixeira, coordenadora do projeto.

Para implementar a ideia, o Festival de Gastronomia de Carranca, funcionou como experimento para implantação da iniciativa. O evento, que ocorreu entre os dias 16 e 19 de julho, resumiu um pouco o fascínio dos viajantes de todos os cantos pela variedade de iguarias na maior rota turística do país. O festival foi o primeiro a integrar o projeto e teve como atrações: shows musicais, degustações, apresentações teatrais, além de variados pratos da cozinha mineira. E para receber os milhares de visitantes que foram até a cidade, os restaurantes e pousadas ofereceram cardápios especialmente elaborados para a ocasião, que foram desde a culinária mineira tradicional até pratos inspirados na gastronomia internacional. Segundo dados do IER, 42,5% dos turistas que viajaram até o município neste período, foram motivados pelo evento gastronômico. E não para por aí. O projeto também pretende “chancelar” os produtos típicos presentes ao longo da rota com o selo do Terroirs ER. “A ideia é que licenciemos iguarias de qualidade, para que possamos divulgá-las para os turistas”. Já foram identificadas pelo IER cerca 50 cidades com potenciais produtos a receberem o selo. Atualmente, o Instituto Estrada Real já trabalha com oito produtos licenciados. Des-

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se total, seis estão diretamente ligados à gastronomia, como é o caso do Café 3 Corações, Pão Oratório, Goiabada da Christy, Cerveja Artesanal Falke Bier e Cachaça Prazer de Minas. Além, é claro, do famoso Queijo do Serro.

Muita história, muito sabor

O Queijo do Serro resgata toda a tradição gastronômica presente ao longo da Estrada Real. Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2008, a receita tricentenária faz parte da cultura e da história de Minas. Durante o lançamento da parceria em agosto deste ano, entre a Cooperativa do Serro e o Instituto Estrada Real, o presidente do Sistema FIEMG e do IER, Olavo Machado Junior, ressaltou que o principal objetivo da ação é, através da gastronomia, levar benefícios e bons negócios para todas as comunidades da ER, por meio de geração de emprego e renda. “Precisamos criar oportunidades para que o cidadão mineiro e brasileiro tenha orgulho daquilo que estamos fazendo no país. Será ainda melhor se fizermos isso com que o que temos de melhor, que é a gastronomia, aqui representada pelo Queijo do Serro”. Machado Junior destaca ainda que a Estrada Real representa um enorme potencial econômico para nosso estado. “Voltamos a colocar a Estrada Real em evidência, pois acreditamos nas possibilidades que ela oferece pra Minas Gerais, seja no turismo, na indústria ou gastronomia”, acrescentou.

Toque real

Se o Queijo do Serro prima pelo cuidado e carinho na hora de sua produção, ele não é o único produto chancelado pelo Institu-

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to Estrada Real com essas características. Os apreciadores de boas bebidas também não ficam atrás. São os casos da Cerveja Artesanal Falke Bier Estrada Real e da Cachaça Prazer de Minas Estrada Real. Tudo começou no quintal de casa. Em uma panela, Marco Falcone, proprietário da cervejaria artesanal Falke Bier, produziu sua primeira cerveja artesanal, em 1988. Nesse tempo, Falcone adquiriu técnica e permaneceu durante um ano fazendo a bebida na panela. Sua última produção data de março de 1989, feita para a festa de aniversário do filho. Depois, por conta da mudança de seu fornecedor de malte e levedura para o exterior, Falcone fechou sua “fábrica”. Em 2000, Marco foi enviado à Alemanha a trabalho. Lá, experimentou as cervejas alemãs e se entusiasmou com o sabor, que achou parecido com as que ele produzia. Durante quatro anos, Marco retornou ao país todos os anos, e aproveitou para estudar e projetar sua própria cervejaria. Nessas viagens, o cervejeiro fez vários cursos e estágios em outros países, como Bélgica e Dinamarca. Em 2004, com seus irmãos Ronaldo e Juliana, Marco fundou a cervejaria Falk Bier. Em agosto de 2008, foi firmada a parceria com a Estrada Real, que logo deu frutos. Foram lançadas duas cervejas: Estrada Real IndiaPale Ale, e, em 2010, a cerveja Weiss Estrada Real (cerveja de trigo). A marca ainda possui mais cinco rótulos próprios, alguns alusivos às belezas pertencentes ao maior roteiro turístico do país, como o Ouro Preto, Falke Diamantina, Falke Villa Rica, além de FalkeVivrepour Vivre. Ainda neste ano, a fábrica planeja lançar mais dois rótulos da cerveja com a chancela Estrada Real e, em 2016, há planos de

expansão para o exterior. Para Marco Falcone, a parceria combinou a qualidade do seu produto à importância do destino turístico. “Por conta da Estrada Real a nossa cerveja é bem reconhecida”, completa.

A Prazer de Minas produz vários tipos de cachaça, e desde o início de sua produção, todas envelhecidas em barris de carvalho europeu. Os produtos têm uma linha de envelhecimento de 2 a 10 anos.

Prazeres de Minas

A marca está presente em todos os estados, aeroportos, delicatessens e lojas especializadas no Brasil. Para o produtor Euler Chaves, a iniciativa foi positiva. “A parceria é uma ação interessante de divulgação, pois permite que a Prazer de Minas esteja atrelada a uma marca consolidada em Minas Gerais que é a Estrada Real. Além disso, permite que o roteiro aproveite a forte presença de nossa marca no estado”, garantiu.

Viajar pela Estrada Real é um prazer quase indescritível, pois há belas paisagens, natureza estonteante e boa gastronomia que se misturam de maneira inigualável. E é com essas sensações que a Cachaça Prazer de Minas Estrada Real se apresenta para os viajantes, desbravadores e apreciadores da boa cachaça. Criada em 1999, mesmo ano de fundação do IER, em Esmeraldas, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a bebida já se diferenciava da concorrência, pois a produção contava com um processo moderno para a época, que utilizava fermentação com leveduras selecionadas. Logo, a produção passou a ser envelhecida em barris de carvalho europeu e após dois anos, a Prazer de Minas começou a ser comercializada. Desde 2009, uma parceria especial com o Instituto Estrada Real fez com que todas as garrafas trouxessem a estampa da marca Estrada Real.

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GASTRONOMIA, MINAS GERAIS E O TURISMO poucas, rica, aconchegante e com uma maneira única, que conta a história deste importante Estado.

Nathália Farah Laranjo Coordenadora de Gastronomia Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais

Minas Gerais respira turismo, a mesa mineira, “onde sempre cabe mais um” é a maior marca da hospitalidade do povo mineiro, que acolhe diferentes gostos e interesses. Há várias possibilidades que atendem diversos tipos de turistas, aventura, história, cultura, religião, gastronomia, bem estar.

Minas Gerais situa-se geograficamente em um espaço privilegiado no território brasileiro, pois é fronteira com Estados de grande projeção econômica, política, histórica, cultural e turística e, como esses, se destaca em atrativos turísticos onde a paisagem de rara beleza, a história, a cultura de seu povo se impõem no cenário nacional. Seus encantos se revezam entre o artesanato, a arte barroca, a arte moderna, a música, a religiosidade, o folclore. Soma-se a esses a comida mineira apreciada pelos turistas que “não a esquecem jamais” colocando o Estado num patamar, como poucos, no quesito gastronomia.

Por isso, pensar o turismo é pensar no lazer, vários autores consideram o lazer como um fenômeno característico das modernas sociedades urbano- industriais. Um dos mais importantes estudiosos do tema, Nelson Marcelino (1983) afirma que o lazer teve início como esfera própria e concreta, a partir da Revolução Industrial, em decorrência dos avanços tecnológicos que acentuaram a divisão do trabalho, oportunizando numa nova situação histórica, em que o progresso tecnológico permite alcançar maior produtividade com menos tempo de trabalho. Neste

Minas Gerais abriga 80% do patrimônio brasileiro protegido como Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO, com as cidades Ouro Preto e Mariana. Não tem mar, mas os parques naturais são inimagináveis, as manifestações culturais riquíssimas e a gastronomia como

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sentido, o lazer surge como resposta às reivindicações sociais pela distribuição do tempo liberado do trabalho, como se fosse apenas para reposição de energias.

leitoa à pururuca, à cachaça, os frutos do cerrado, o pão de queijo e o café. É uma infinidade de pratos e sabores, produtos e histórias.

Apesar dos estudos sobre o turismo terem duas linhas de pensamentos, uma relacionada ao ócio, deslocamento motivados pelas guerras, enfermidades, etc, ele realmente se concretiza na Revolução Industrial, visto que os deslocamentos tinham como intuito, o lazer, o descanso.

Hoje, a novidade na nossa produção, são as cervejas artesanais, mais uma motivação para os turistas que querem conhecer as produções gastronômicas. Chamada da Bélgica brasileira, Minas Gerais conta com 30 fábricas de cervejas, dentre elas 24 microcervejaria.

Segundo a OMT – Organização Mundial de Turismo, a atividade turística relacionada ao volume de negócios é igual ou até mesmo supera a das exportações de petróleo, produtos alimentícios ou automóveis. O turismo tornou-se um dos principais agentes no comércio internacional, e representa, ao mesmo tempo, uma das principais fontes de rendimentos para muitos países em desenvolvimento. Este crescimento vai de mãos dadas com uma crescente diversificação e concorrência entre os destinos.

De janeiro a dezembro, festas tradicionais, encontros gastronômicos e festivais são realizados em diversas cidades dos 853 municípios. Milho, pequi, vinho, queijo, biscoito, carne, banana, jabuticaba, ora-pró-nobis, café, cachaça: tudo é motivo de festa e inspira uma comemoração, que atrai grande número de visitantes. Enquanto produto turístico ou atrativo turístico, a gastronomia no turismo, não só se fortalece no aspecto das necessidades humanas, mas também de aproximar as pessoas, as culturas de um povo, que seja em sua religiosidade, etnia, produtos típicos, aproveitar o que solo de cada lugar tem a oferecer, capacidade de atravessar fronteiras, contribuir e influenciar na cultura alimentar de cada região, de acordo com as adaptações que dela ocorre.

Como já dito, Minas Gerais tem tamanha diversidade, que a gastronomia, seguido às tendências de hoje, pode ser a grande chave para o desenvolvimento e aumento de fluxo de turistas para o Estado. Já se tornou referência para o turista nacional e internacional. Em todos os 853 municípios mineiros, existe a possibilidade de provar dos quitutes e quitandas feitos por mãos habilidosas, de gerações que se revezam nos fazeres de cozinhas centenárias, transformando a culinária em um diferencial para quem visita o Estado.

A gastronomia é uma arte, o qual quem executa e quem aprecia, estão em perfeita harmonia e, por isso, não é fácil compreendê-la como apenas a oferta de um alimento, pois nela está contido o cotidiano e a história de quem a criou.

Através dos sabores de Minas, é possível passear por suas diversas regiões. Tamanha a riqueza, ao se pensar na gastronomia mineira, é impossível não fazer jus ao feijão tropeiro, ao tutu à mineira, à dupla queijo com goiabada, ao frango com quiabo, ao doce de leite, ao torresmo, à

Com a globalização temos uma modificação da oferta turista, caracterizada pela homogeneização e pela instabilidade, produzidos pela modernidade e pelo capitalismo, onde o demandante desta

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segmentação é o pós-turista1. A literatura mais recente já aponta uma retração da demanda por “pacotes padronizados”, enquanto cresce a procura por destinos considerados “exóticos”, para que o turista possa vivenciar com significado e autenticidade o local visitado. (TRIGO, 1993 apud ARAUJO e FILHO, 1999).

racterizada nas localidades, sobre forte demanda, no anseio de se tornar a gastronomia como uma nova possibilidade de mercado e oferta turística, correndo-se o risco de perder as reais características, os modos de fazer, desconectando os sentidos originais. Para Schluter (2003, p. 70):

Apesar de a alimentação ser algo necessário à sobrevivência, na verdade, não são tão novas e sim pouco exploradas. Sem dúvida alguma, a gastronomia pode ser sem duvida alguma a identificação de um povo, nela consta-se a histórias, os hábitos e costume, dessa maneira, Schluter (2003, p. 32) diz que:

A gastronomia como patrimônio local está sendo incorporada aos novos produtos turísticos orientados a determinados nichos de mercado, permitindo incorporar aos agentes da própria comunidade na elaboração desses produtos, assistindo ao desenvolvimento sustentável da atividade.

A identidade também é expressa pelas pessoas através da gastronomia, que reflete suas preferências e aversões, identificações e discriminações, e, quando imigram, a levam consigo, reforçando seu sentido de pertencimento ao lugar de origem. Dessa forma, vai-se criando uma cozinha de caráter étnico, explorada com muita frequência no turismo para ressaltar as características de uma cultura em particular.

Divulgar a gastronomia e o turismo, por mais que esteja atrelados, em especial no turismo é algo praticado e a gastronomia algo para se usufruir representada pelos seus “donos” e valorizada enquanto fator de expressão cultural dos povos e sendo mais uma opção de atrativo turístico. Analisar as possibilidades não é fácil, parte do princípio de se entender características diferentes, a história e os porquês de cada localidade, ou destino, as tradições dos grupo e suas diferenças relacionadas à gastronomia, retornando até a satisfação alimentar do ser humano, apenas como necessidade de sobre-

Em contraponto, se a gastronomia é para o turista um atrativo a mais, é importante analisar com o olhar critico a oferta massiva dos pratos típicos de forma desca-

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vivência e sua posterior evolução para chegar às diferenças atuais, aos rituais de integração e prazer que a gastronomia nos proporciona, sendo até uma “válvula” de escape para o stress da vida urbana. Deve-se compreender também que a gastronomia por si só não é capaz de se tornar um atrativo turístico cultural, ela deve acompanhar a tradição quanto ao preparo de seus alimentos, para a manutenção da identidade de um povo e favorecendo a ideia de pertencimento. Para o turista atual, não é apenas a degustação que o atrai para um destino, mas, também, a possibilidade de conhecer a matéria-prima local e o modo de fazer, esse último item é, muitas vezes, mais importante e atrativo porque através dele se tem uma demonstração e possíveis vivências dos modos de fazer, degustação e até mesmo aquisição de algum produto, agregando valor à produção.

“A gastronomia como patrimônio local está sendo incorporada aos novos produtos turísticos orientados a determinados nichos de mercado, permitindo incorporar aos agentes da própria comunidade na elaboração desses produtos, assistindo ao desenvolvimento sustentável da atividade”.

Em nota sobre a Gastronomia, o Ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, diz: “Ela é uma das bases da estrutura do turismo, com potencial para atrair viajantes dos mais variados perfis”. Os gastos com alimentação já estão entre as principais despesas dos turistas brasileiros, atrás apenas do transporte, de acordo com a última pesquisa do Ministério do Turismo. Com os fatos relacionados, a gastronomia está presente e é valorizada na atualidade. Em Minas Gerais, ela já faz parte da história, aliás, conta a história do povo mineiro. Neste cenário, é válido o desafio de se atuar sem, de forma alguma, perder as tradições e somá-la ao turismo como gerador de renda e entrada de divisas para o Estado.

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A GASTRONOMIA COMO EIXO DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO das mais importantes do Brasil e do mundo. Essa culinária nasceu não apenas da diversidade dos biomas, mas da estrutura social e da regionalização cultural que cada território apresentou ao longo de sua constituição. A miscigenação e integração de diferentes povos e nacionalidades presentes em Minas Gerais como população negra, tropeiros, bandeirantes, emboabas, indígenas e povos de origem europeia traz a cada um destes territórios uma constituição de relação com a terra, à água e por sua vez a forma de alimentar e utilizar o ambiente vivido. Sem dúvidas, também por uma histórica diversificação econômica, desde a época do ouro, café e nas últimas décadas a urbanização, em especial, da região metropolitana e grandes cidades como Montes Claros, Uberlândia, Governador Valadares, Juiz de Fora e cidades do Vale do Aço, constituíram de uma migração interna de mineiros e seus costumes por estas regiões, levando diferentes formas de alimentação e valorização da culinária.

Glênio Martins Secretário de Estado de Desenvolvimento Agrário – SEDA

Resumo O presente texto apresenta a gastronomia como eixo de desenvolvimento agrário. A Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia Mineira tem sua consonância com a mineiridade e suas estruturas econômicas, sociais e culturais presentes na ruralidade e nas relações sociais diversas no território do Estado.

Portanto, os costumes e tradições regionais trazem também no Estado de Minas Gerais diferentes territórios gastronômicos com características específicas, como, por exemplo, o frango com ora-pro-nóbis na Região das Vertentes, o pequi no Norte de Minas e o pão da terra pela manhã no Mucuri.

Introdução O Estado de Minas Gerais, diferente de outros estados da federação, tem uma enorme diversidade que tange a sua identidade socioambiental, cultural e econômica. Composto por três biomas – mata atlântica, cerrado e caatinga –, Minas possui uma potencialidade na fauna e flora que, historicamente, evoluiu em cores e sabores, fazendo da culinária do Estado uma

Este encontro de práticas alimentares e esta tradição de sabores nas diferentes regiões trouxeram para Minas Gerais duas características fundamentais ao Estado. A primeira é de que a ruralidade promoveu a característica cultural e culinária dos mi-

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neiros, resultando em diferentes formas de alimentação, mas também de cuidado e cultivo da terra. A segunda característica é a de que estas tradições culinárias locais e regionais constituem uma marca importante (senão a mais importante) forma de perceber o Estado mineiro no Brasil. Marco regulatório e a gastronomia O conceito da gastronomia está na relação entre ciência e arte culinária, o desafio concreto de buscar o entendimento alimentar e nutricional, mas antes destas perspectivas a relação do sujeito com o alimento e sua história fazem da gastronomia um conceito vivo e cotidiano. A recente lei estadual que institui a Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia fundamenta-se na oportunidade de diversificar o turismo, a sustentabilidade ambiental, a garantia de segurança alimentar e nutricional, a singularidade e autenticidade da gastronomia local, bem como a conservação das tradições e a identidade do território. de diversificar o turismo, a sustentabilidade ambiental, a garantia de segurança alimentar e nutricional, a singularidade e autenticidade da gastronomia local, bem como a conservação das tradições e a identidade do território. Esta fundamentação traz princípios importantes que, para além de uma relação

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econômica, estabelece valores culturais e sociais importantes entre os sujeitos e os alimentos, desconstruindo uma lógica de alimentação de mercado que valoriza a grande escala e o alimento ultra processado. A Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia, proposta pelo Deputado Estadual Agostinho Patrus Filho, e sancionada pelo governador Fernando Pimentel, conserva em seu entendimento de alimentação e nutrição a valorização de Povos e Comunidades Tradicionais e a criatividade cotidiana de um diverso catálogo de receitas e preparo. Dentre os planos estaduais que dialogam diretamente com o desenvolvimento agrário poderíamos destacar o Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS) e o Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (PESANS). Este marco regulatório dialoga e fortalece, antes de outras questões, um Estado que culturalmente se identifica com sabores e diversidade alimentar. Segundo o Perfil da Agricultura Familiar baseado nos dados do Censo Agropecuário de 2006, Minas Gerais, além de ter a segunda maior população rural do país, tem 79% dos seus estabelecimentos rurais de agricultores familiares. Estes agricultores representam uma diversidade de produção desde a mandioca até laticínios

laticínios e hortifrutigranjeiros.

O avanço da agricultura empresarial propicia reflexões não apenas sobre o modo de produção agrícola, mas como este avanço impacta na diversificação alimentar, na toxicidade dos alimentos e dos rios e na opressão cultural, em especial aos povos e comunidades tradicionais pertencentes aos territórios nos quais existe a especulação da terra.

Os estabelecimentos da agricultura familiar estão em todos os territórios do Estado e é importante ressaltar que prezam pela diversidade da produção alimentar, pela preservação ambiental e pelo cuidado com a água e a mata ciliar. Este cuidado parte do princípio de que o meio ambiente é uma riqueza necessária aos agricultores familiares.

Segundo o Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, a diminuição dos espaços tradicionais e de cultura alimentar local afeta ainda mais a diversidade e a soberania alimentar.

Os agricultores familiares estão, em sua formação cultural, integrados em suas crenças, valores morais e religiosos. São quilombolas, indígenas, vazanteiros, geraizeiros, caatingueiros, apanhadores de flores-vivas, entre outras atividades produtivas e integradas à dinâmica viva do território.

Entende-se por soberania alimentar o seguinte conceito: “A soberania alimentar é o direito dos povos de decidir seu próprio sistema alimentar e produtivo, pautado em alimentos saudáveis e culturalmente adequados, produzidos de forma sustentável e ecológica, o que coloca aqueles que produzem, distribuem e consomem alimentos no coração dos sistemas e políticas alimentares, acima das exigências dos mercados e das empresas, além de defender os interesses e incluir as futuras gerações” (MALI, 2007 / PESANS, 2012).

Outro aspecto importante é que apesar de serem quase 80% dos estabelecimentos, estes estão concentrados em menos de 30% de área total. O gráfico abaixo exemplifica a relação estabelecimento versus espaço geográfico, que traz à cena pública uma preocupação nas características e no conceito de desenvolvimento agrário que, por sua vez, pode modificar a relação gastronômica de Minas Gerais.

É necessário perceber que o desenvolvimento agrário constitui da valorização das formas de que mulheres e homens pensam e valorizam do espaço rural e a cultura alimentar e nutricional.

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Desafios do desenvolvimento da gastronomia e da agricultura familiar O fortalecimento da agricultura familiar é eixo para a gastronomia mineira, assim como a gastronomia mineira entende a agricultura familiar como estratégia para a consolidação de seu desenvolvimento.

Referências MINAS GERAIS; Lei 21.156/2014 Dispõe sobre a Política Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável e Agricultura Familiar e dá outras providências. Belo Horizonte, 2014 MINAS GERAIS; Lei nº. 15.982/2006. Dispõe sobre a Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável e dá outras providências. Belo Horizonte, 2006 Perfil da Agricultura Familiar de Minas Gerais, Governo do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014

Para ampliar o entendimento sobre a agricultura familiar, em 2015 foi criada a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, também com o objetivo de fortalecer a Política Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, onde ambos contribuem para o Desenvolvimento da Gastronomia em Minas Gerais. O ato de alimentar deve ser encarado como política pública desde sua produção até o consumo. As relações educativas e comunicativas referente a escolha dos alimentos, a valorização de produtos como o Queijo Minas Artesanal, a cooperação técnica com o movimento SlowFood Brasil e mesmo o entendimento de ciclos de desenvolvimento (social, produtivo e econômico) do desenvolvimento agrário possibilita trazer ao Estado de Minas Gerais uma condição ímpar de sua história. O avanço dos marcos regulatórios, o alinhamento conceitual e o ordenamento político e administrativo podem possibilitar à gastronomia um eixo de desenvolvimento agrário, sendo este o mais importante dos eixos para o desenvolvimento da agricultura familiar no Estado de Minas Gerais.

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segue verbalizar o resultado pretendido neste evento, sendo este o momento em que o atendente comercial precisa traduzir, através da emoção do cliente, tudo que deve conter neste evento especial, para que o grande sonho seja construído e conquistado. A partir deste momento, tudo fica mais fácil, porque a relação se torna um laço de amizade. A cumplicidade entre as partes faz com que tudo dê certo por meio de uma luz divina.

O PAPEL DOS BUFÊS NA GASTRONOMIA MINEIRA João Evangelista A. T. Filho Presidente do SINDBUFÊ

O tempo, a evolução tecnológica e a exigência de um público sedento por novidades, fizeram com que as festas se transformassem em grandes eventos, e, em muitas vezes, mega eventos. Sendo assim, os bufês se adaptaram à nova realidade, aprimorando, inovando, criando, evoluindo, a partir do momento em que seu cliente determinou que para os sonhos não há limites.

Os bufês, em sua essência, são empresas criadas por mulheres visionárias, que perceberam no ovo, produto básico das receitas e um dos símbolos da vida, a possibilidade de criar empresas, de gerar empregos, de transformar insumos básicos em receitas de sucesso, sempre deliciosas, herdadas de suas matriarcas. Com certeza, estas matriarcas orgulhosas só tinham a intenção de repassar os seus conhecimentos e nem imaginavam que a próxima geração já perceberia a possibilidade de transformar as folhas de anotação em edições de receitas assinadas por bufês de sucesso.

Hoje, em qualquer tipo de evento, outros segmentos estão presentes: decoradores, floristas, fotógrafos, serviço de filmagem, segurança, manobrista, DJ, audiovisual, cerimoniais, animadores, garçons, cumins, maitres, sommelier, etc. Todos trabalhando no mesmo objetivo: a construção e concretização dos sonhos em realidade, que marcará a vida das pessoas para sempre.

As conhecidas quitandeiras dos bairros começaram com pequenos aniversários de crianças e, assim, foram se revelando para o mercado como a grande opção dos clientes para investirem em festas de maior porte. Em pouco tempo, estas iniciativas individuais tomaram um formato jurídico, surgindo, assim, empresas de um novo segmento, os bufês. Não resta dúvidas de que este ramo de atividade é dos mais difíceis de ser administrado, tudo tem que dar certo no dia e na hora, sem margem de erro.

A estrutura dos bufês mudou: Comercial, RH, Administrativo, Financeiro, Produção, Compras, Logística de Distribuição são áreas que compõem estas empresas. Independente de um organograma, em cada empresa observa-se a preocupação de adaptação e adequação às mudanças constantes do mercado. Contudo, é fato que os bufês, independente da necessidade de crescerem de forma estruturada, nunca deixaram de atender os pequenos eventos, e, até mesmo, as pequenas encomendas que os fizeram

O desejo dos clientes se tornou a fonte inspiradora de excelência no trabalho. O cliente procura um bufê com o intuito de comemorar mais um grande momento de

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conhecidos no mercado.

Os bufês têm consciência de que, há mais de 70 anos, participam dos momentos festivos de todos os mineiros, seja no âmbito particular, bem como no corporativo, o que os motiva, dia-a-dia, a criar, atualizar, inovar e pensar com o sentido de empreendedorismo para continuarem a merecer a confiança dos mineiros, ou de qualquer cliente de outros Estados.

Os bufês, há mais de 70 anos, afirmam aos seus clientes que seja qual for a necessidade, o desejo, o sonho, eles sempre estarão prontos a atendê-los no dia e hora que melhor lhes convier.

A CRIAÇÃO DE UM SINDICATO

O SindBufê é uma entidade sindical, organizada sem fins lucrativos, constituída para fins de coordenação, proteção e representação legal da categoria econômica das empresas que prestam serviços de alimentação para eventos, recepções, coquetéis e banquetes.

O principal objetivo do SindBufê é fortalecer as empresas de bufê de Belo Horizonte e Região Metropolitana, promovendo a representatividade e a legalidade das empresas do segmento, assessorando novos associados na regulamentação de suas empresas para que possam unir forças e ideias aos nossos propósitos. Criar um centro de desenvolvimento técnico e profissional para a formação e a reciclagem de profissionais para os bufês é um grande desafio que vai priorizar o primeiro emprego para pessoas que demonstrarem aptidões para atuar no nosso segmento.

Um grupo de quinze empresas, antes unidos através de uma associação, perceberam que, pela particularidade da atividade relativa a eventos de uma gama tão variada, seria necessário a criação de um sindicato próprio, a fim de garantir sua representatividade direta, em órgãos públicos, sejam eles municipais, estaduais ou federais.

A CRIAÇÃO DO SELO DE QUALIDADE

Este momento é extremamente especial para as empresas que se unem para buscar a qualidade e o reconhecimento do segmento mais importante da gastronomia nacional, se assim nos permitem denominar.

O SindBufê proporciona aos bufês a possibilidade de mostrarem ao mercado a busca constante em assumirem, cada vez mais, o seu espaço no mundo da gastronomia. A união de empresas do segmento visa, prioritariamente, beneficiar toda a sociedade. A percepção de união sempre leva à confiança dos clientes que estão em volta observando e aguardando o momento de serem atendidos.

Com o terceiro ano de lançamento do SindBufê, várias vitórias foram alcançadas, sendo que a maior delas foi a criação do SELO DE QUALIDADE, movimento que vem ao encontro direto do interesse dos consumidores deste segmento, os nossos clientes.

Belo Horizonte está se transformando em um grande centro de turismo de negócios, além de entretenimento, com a realização de eventos de grande porte. Se os investimentos na melhoria da infraestrutura da cidade estão sendo feitos para atrair mais e mais eventos, cabe aos bufês corresponder com atitudes que venham a dar sustentabilidade aos investidores e às empresas que precisam destes serviços.

Todos os esforços do segmento se concentram em buscar a melhor forma de atendermos os sonhos dos nossos clientes. Para isso, é necessário alertar sobre as fragilidades que são flagrantes neste setor, problemas que são comuns em qualquer área, e que é mais uma razão para não nos

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fecharmos em um pequeno grupo. Estamos certos que o segmento não pode sobreviver e ganhar destaque desta forma. O SindBufê não discrimina nenhuma empresa do segmento, independente do seu porte, estamos procurando em cada ação buscar a participação daqueles que ainda não fazem parte deste grupo, principalmente incentivando aqueles que ainda não fizeram a opção de buscar a legalização necessária.

SindBufê.

O SELO DE QUALIDADE foi criado com o apoio de uma das maiores empresas de alimentação do mundo, a BRF, que trata a qualidade como fator fundamental para o seu desenvolvimento, e que pode ser uma forma de sensibilizar outros empresários do nosso segmento sobre a importância deste sindicato.

Para conquistar a confiança dos clientes atendendo as normativas técnicas desenvolvidas para o nosso segmento, precisamos investir em empresas prestadoras de serviço que se tornam parceiras, nos apoiando na sustentação dos nossos princípios fundamentais que é o de chegar à excelência demonstrando o máximo de qualidade, a exemplo: o controle de pragas, a saúde dos colaboradores, a qualidade na produção, o aprimoramento da atividade de cada setor e um sistema integrado que dê credibilidade e agilidade nas operações, como muitos outros.

O Sindbufê tem desenvolvido atividades com os seus associados que alertam sobre a importância do conhecimento da origem do produto adquirido de seus fornecedores, o seu armazenamento na empresa, e os processos de transformação, que passam por várias etapas até chegar aos eventos, onde os sonhos vão ser transformados em realidade.

Recebemos, no evento, uma empresa do ramo no mercado de São Paulo com grande vivência e reconhecimento profissional, mantendo uma gestão que procura vender qualidade, inovação, criatividade, e um conceito diferenciado na forma de servir. Sobretudo neste momento, ficaram reforçadas a tendência e possibilidade de troca de ideias e experiências, reafirmando a visão de que o mercado está aberto para todos os empresários conscientes do seu papel na representação da gastronomia nacional de bufês.

Para os nossos clientes, que são a razão maior do crescimento constante das empresas deste segmento, garantimos que vamos sempre reforçar, com essas ações, a confiança que eles precisam ter para contratar seus eventos, baseado na lisura, ética, profissionalismo, transparência e clareza nas negociações.

A participação das escolas de gastronomia nos serviços oferecidos no evento representou o sucesso de algumas tentativas que já fizemos, procurando buscar a aproximação destas entidades ao nosso segmento. Precisamos mostrar aos alunos que trata-se de um setor muito promissor e carente de mão de obra especializada. No lançamento do SELO DE QUALIDADE ficou bem explícita nossa busca contínua por qualidade e excelência, fato que será sempre cobrado de todos os associados, como propósito maior de existência do

Aos órgãos para os quais compete a fiscalização sistemática do nosso segmento, cobrando normas específicas para funcionamento e a legalização cada dia maior das empresas que atuam no mercado, pedimos o máximo de proximidade possível com o sindicato, fortalecendo, desta forma, a concorrência leal no mercado e o reforço da percepção de confiança que cada uma destas entidades transmite aos clientes, que são cada vez mais conscientes dos seus direitos.

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Dentro deste princípio fica claro que os verdadeiros donos dos nossos negócios e que levam à longevidade das empresas são os nossos clientes. São eles que nos mantêm no mercado, garantindo o resultado das empresas, e que, consequentemente, nos permitem garantir o emprego de cada colaborador, um dos fatores fundamentais para a dignidade do ser humano.

Aos nossos governantes que apostam no crescimento do turismo de negócios e entretenimento no Estado de Minas Gerais, fica o nosso compromisso de crescermos juntos, oferecendo, através da área da gastronomia de bufês, a sustentabilidade necessária para atendimento de quem precisar dos nossos serviços.

A VALORIZAÇÃO DOS COLABORADORES COM A CRIAÇÃO DO PRÊMIO DE FUNCIONÁRIO PADRÃO

O prêmio de funcionário padrão das empresas associadas ao SindBufê reconhece que o sucesso das empresas do nosso segmento está diretamente ligado ao empenho e dedicação de cada colaborador. São eles que, verdadeiramente, conhecem a empresa e seu funcionamento diário e cabe a cada gestor a percepção de que devem ouvi-los sempre. Não existe quem sabe mais do que ninguém e não existe aquele que seja melhor do que o outro, o importante é somarmos em um conjunto de interesses comuns para levarmos estas empresas ao reconhecimento do mercado.

Através de um critério rigoroso para a seleção, definido pelo sindicato, cada associado deveria criar sua forma de avaliação interna, que levaria a indicação de um funcionário denominado padrão por empresa. O sindicato anunciou que os colaboradores de cada empresa são a verdadeira razão do desenvolvimento e o consequente reconhecimento dos clientes. Cada associado precisa ter plena consciência de que não é dono de nada, eles representam um negócio de muita responsabilidade, que os levam a viver em um clima diário de ansiedade e tensão. Vivemos em um país em que não se sabe como vamos acordar no dia seguinte, qual será a nova dificuldade que o governo vai nos impor, justamente por sermos sempre penalizados pela denominação de empresários.

As empresas contratam seus colaboradores, mas cabe a cada um a permanência e manutenção no cargo, somente o comportamento profissional é que pode levar a continuidade na empresa ou ao desligamento de cada funcionário. Quando definimos os critérios para eleger um funcionário padrão, procuramos nos certificar que os itens exigidos podem ser atendidos por todos, basta que queiram ser um exemplo profissional.

Mas o que nos leva a continuar nesta caminhada é a determinação e o dom de servir. Coube a nossa atividade participar diretamente da vida das pessoas e das empresas em geral, marcando a todos com serviços praticados com excelência, não medindo esforços para retribuí-los, transformando os grandes sonhos em realidade, fato que não aconteceria sem os colaboradores, que somam esforços com os gestores para que seja atingido este propósito.

As empresas que estão dispostas a vender excelência precisam deixar claro para cada colaborador o que elas esperam dos seus desempenhos, sem que esqueçam das suas próprias responsabilidades, que passam pela definição da meta, objetivos e valores da empresa, até a definição clara da descrição de cada cargo, o que leva

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os colaboradores a poderem praticar, de forma bem transparente, toda relação de itens descritos para a classificação do funcionário padrão. Dessa forma, são criados os líderes, que devem ser disseminadores da cultura da empresa para cada colega de trabalho, sabendo que vão ser cobrados, remunerados, premiados e, por fim, reconhecidos.

O QUE BUSCAMOS HOJE PARA A GASTRONOMIA DE BUFÊS A gastronomia é o principal assunto do momento. Exemplo disso é que mídia descobriu um canal de sucesso para atrair a atenção do público em geral. A ser considerado como um fator de sobrevivência, até ser tratada da forma mais sofisticada possível, a alimentação sempre será uma preocupação mundial. O SindBufê está participando das várias iniciativas de entidades voltadas ao desenvolvimento da gastronomia mineira, a exemplo da Frente da Gastronomia Mineira e do projeto Belo Horizonte aos Olhos do Mundo, que tem conseguido unir todos os segmentos e entidades governamentais ligadas à área da gastronomia, turismo e entretenimento, tratando dos seus interesses comuns e convergindo ao desenvolvimento de estudos, leis e normativas que venham a resguardar, entre tantas áreas, o reconhecimento da nossa gastronomia. O SindBufê sempre tratou da importância de todas as empresas ligadas ao segmento. Todas começaram pequenas e quase sempre em fundo de quintal, por isso, nosso mercado, certamente, não seria atendido sem o somatório das iniciativas de todos estes empreendedores. Não excluímos os que ainda não estão legalizados, ao contrário, para estes existe uma porta aberta que vai procurar demonstrar que o

caminho para a legalidade é curto, trazendo maior segurança para seus clientes e a igualdade de condições em relação aos concorrentes. Estas empresas irão receber, assim, uma identidade e, desta forma, o setor vai crescer e se tornar mais reconhecido. O sindicato vai atuar de forma incansável pela formalização das empresas do segmento. Nossos clientes merecem e precisam contar com este trabalho. Quantos somos, quem somos, do que precisamos, para onde vamos? Para estas questões, somente a união das empresas do segmento pode responder. Os problemas das empresas são comuns, mas a representatividade não é a mesma enquanto não existir a participação de todas as empresas do segmento. É preciso anunciar ao mercado que, uma a uma, as empresas estão assumindo o seu lugar dizendo sim ao desenvolvimento do segmento de bufês, acreditando na longevidade com sustentabilidade. Os exemplos têm demonstrado que a nova geração de cada família empreendedora tem assumido os seus negócios, desta forma, o amanhã seguro depende das ações de hoje. A marca SindBufêDay foi criada para se tornar o símbolo dos eventos específicos da categoria. Sua primeira versão, GESTÃO E QUALIDADE, foi um grande sucesso, somando o interesse de fornecedores e empresas do segmento de bufês com o apoio de Sebrae-MG. Outros eventos irão acontecer e o próximo será o primeiro voltado à apresentação da gastronomia de bufês de Minas Gerais. Somos pioneiros no Brasil e vamos demonstrar, a nível nacional, que praticamos a melhor e mais diversificada gastronomia de bufês deste País, porque concentramos em nosso sindicato empresas imbuídas do desejo de crescer de forma sólida e organizada. •

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sificação econômica fez com que fosse gerado um crescimento que fez o Estado alcançar a terceira posição de riqueza diante dos outros estados brasileiros. Desde seu início, até os dias atuais, o INDI atua no auxílio para que empresas se instalem no Estado. O Instituto tem como objeto social a elaboração e execução de estudos, projetos, planos e ações voltados para o desenvolvimento econômico. Dentre os principais serviços prestados sem ônus para os empreendedores destacam-se: provisão de informações sobre demografia, geografia, economia e sociedade mineira; e informações específicas para instalações de empreendimentos fornecidas pelas equipes especializadas em diversos setores econômicos. Também oferece assistência ao investidor para que possa entender o funcionamento das políticas públicas e a utilidade das instituições. Além disso, auxilia na implantação do empreendimento juntamente com outros parceiros, principalmente com as instituições ligadas ao ambiente de desenvolvimento econômico.

ATUAÇÃO DO INDI PARA AUXÍLIO À GASTRONOMIA MINEIRA Autor: Davyson Demmer Guimarães Barbosa Analista de Promoção de Investimentos

Introdução O Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais teve origem no ano de 1968. Naquela época o nome era Instituto de Desenvolvimento Industrial e tinha as atividades voltadas principalmente para a atração de indústrias para Minas Gerais. Nos anos 60, os técnicos do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e das Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG) se uniram para criar uma instituição voltada para o atendimento às empresas interessadas em instalarem unidades produtivas em Minas Gerais. A infraestrutura de geração elétrica propiciada pela CEMIG e os financiamentos articulados pelo BDMG foram importantes para oferecer aos investidores o apoio necessário para instalarem seus empreendimentos no território mineiro (GARCIA; DOYLE, 2010).

Além de apoiar indústrias, em 2005, o INDI teve sua nomenclatura alterada para Instituto de Desenvolvimento Integrado, pois intensificou o trabalho com outros setores, como os que estão ligados à agricultura e serviços. A agropecuária é importante para fornecer alimentos para a culinária e o setor de serviços é aquele ligado diretamente à gastronomia como a instalação de hotéis, restaurantes, recebimento de turistas e desenvolvimento de eventos que, com certeza, serão espaço para receber possíveis eventos gastronômicos em Minas Gerais.

Durante a década de 70, Minas Gerais recebeu investimentos em diversos setores que diversificaram a estrutura produtiva do Estado. Destacam-se indústrias de setores como metalurgia, siderurgia, automobilística e de alimentos. A diver-

O Instituto tem voltado sua atenção para o estímulo à competitividade das empre-

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sas mineiras, para que possam produzir de maneira a concorrerem com outras organizações brasileiras ou estrangeiras. Para que as empresas mineiras possam se tornar mais competitivas, o INDI busca intensificar o apoio a projetos estratégicos para que possam realizar inovações que proporcionem um melhor posicionamento das empresas dentro da economia mineira e nacional.

Estado da perspectiva cultural (PAULA, 2000). O Estado se especializou na produção de leite e ficou conhecido, junto com São Paulo, como a República do Café com Leite, durante a chamada República Velha. A indústria de laticínios se desenvolveu e forneceu leite para diversas produções no Estado. Derivados do leite são ótimos exemplos de especialização em Minas Gerais, como queijo, doce de leite, requeijão e o famoso pão de queijo.

Nos dias atuais em que o Brasil passa por um período considerado por alguns especialistas como de desindustrialização, é importante que o INDI trabalhe intensivamente para que auxilie um novo tipo de indústria, ou seja, aquelas que respeitem as novas complexidades ambientais e sociais e que apresentem formas inovadoras de produção.

Outro grande exemplo da gastronomia mineira é uma bebida que faz parte da cultura brasileira: a cachaça. Em Minas Gerais existem muitos produtores que fazem uma bebida que é reconhecida como de elevado padrão de qualidade, dentro e fora do Brasil (CARVALHO, 1988).

Da gastronomia mineira

Os exemplos citados são pequenas amostras do potencial de Minas Gerais diante da gastronomia. O INDI e outras instituições perceberam que podem aproveitar mais desse ambiente gastronômico para auxiliar indústrias criativas que podem se desenvolver no Estado.

A culinária mineira já apresenta um reconhecimento internacional. O que instituições como o INDI fazem é, apenas, trabalhar para que seja divulgada a arte gastronômica mineira em mais lugares e que possa atrair a atenção de cada vez mais pessoas. Assim, os consumidores poderão conhecer sabores produzidos há séculos e que proporcionaram prazer à degustação de várias gerações de mineiros, brasileiros e estrangeiros (FRIEIRO, 1966).

Desde 2014, o INDI participa da Frente de Gastronomia Mineira (FGM), cujo objetivo é reunir esforços em prol da defesa, valorizar e promover a gastronomia mineira nos mais diversos âmbitos. O INDI participa mensalmente de reuniões que preparam ações, que vão desde atividades junto aos eventos gastronômicos no Estado, fora dele, em âmbito nacional e internacional, como a inserção de produtos e profissionais mineiros junto aos setores gastronômico, turístico e cultural. Esse é um trabalho conjunto de diversas instituições, como Fecomércio, Belotur, CDL/BH, Secretaria de Estado de Cultura, Secretaria de Estado de Turismo e outros órgãos públicos e privados. Dentre as ações acordadas destacam-se a

“Das crises de fome do século XVIII surgiu o aproveitamento dos alimentos disponíveis. E da busca por melhor aproveitamento, chegou-se à variada e farta, simples e sofisticada cozinha mineira” (ROCHA, s.d., p.81). As raízes da modernidade de Minas Gerais carregam a tradição da culinária de uma terra que teve que se reinventar para introduzir novos sabores que são ao mesmo tempo mineiros e brasileiros e que identificam o

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participação da FGM em festas, encontros gastronômicos e exposições como a que ocorreu na ExpoMilão, em outubro de 2015, na Itália.

podem ser destacados o auxílio à Ambev, Grupo Salinas e empresas fabricantes de sucos como Bela Ischia e Tial. Essas empresas acabam auxiliando como fornecedoras de produtos para enriquecer a gastronomia mineira. O ambiente gastronômico de Minas Gerais é certamente um excelente espaço para desenvolver uma diversificada indústria criativa em torno da tradição gastronômica que o povo carrega há séculos. Esse ambiente deve ser aproveitado de forma que possa atrair diversos empreendedores que queiram realizar investimentos no Estado. A gastronomia é um patrimônio cultural do Estado e faz com que sejam atraídas pessoas interessadas em explorar as diversas possiblidades de desenvolvimento oferecidas.

Apoio do INDI A atuação do INDI para impulsionar a gastronomia ocorre de forma direta e indireta, uma vez que desde seu início se voltou para a atração de empreendimentos que favoreceram o desenvolvimento industrial de Minas Gerais. Dentre os projetos que contaram com auxílio do INDI para instalação em Minas Gerais podem-se destacar laticínios como Itambé e Porto Alegre, produtores de cervejas artesanais, como auxílio na elaboração do Decreto Estadual nº 46.392, de 27 de dezembro de 2013, que mudou regras de ICMS para as cervejarias.

O INDI, como membro da Frente de Gastronomia Mineira, busca incentivar as indústrias criativas e, certamente, a gastronomia será um diferencial competitivo do Estado para que possa se diferenciar como um local que possa receber investimentos e buscar o desenvolvimento sustentável.

Também pode ser destacado o apoio a frigoríficos, como JBS e Minerva, produtores de aves como Agrogen, fabricantes de chocolates como Barry Callebaut e Kopenhagen e diversos outros alimentos, como Bem Brasil, Ferrero, Forno de Minas e Pandurata Alimentos. Além das empresas que fornecem alimentos também devem ser destacadas as empresas que de uma forma indireta acabam favorecendo a expansão da gastronomia mineira, como os produtores de equipamentos para cozinha. Destaca-se o apoio à fabricante de fornos Prática ou de refrigeradores como a Panasonic.

Considerações finais A gastronomia mineira é muito importante para que possa ser utilizada como diferencial competitivo de Minas Gerais. A tradição da comida mineira, juntamente com as excelentes bebidas, apresenta um grande potencial para gerar mais riqueza e valor.

Dentre as empresas que desenvolvem produtos relacionados à produção de café podem ser destacados apoio à Cooxupé, Nestlé e Três Corações. Dos produtores de leite e derivados podem ser destacados auxílio na implantação da Danone, Itambé e Porto Alegre. E entre as bebidas

Interessante para Minas Gerais seria buscar uma ou mais cidades que possam participar da rede de Cidades Criativas da UNESCO, no quesito gastronomia e outros da economia criativa. Isso seria importante para que elevasse a gastronomia mineira a um maior nível de re-

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reconhecimento internacional e aumento da cooperação com outras cidades para que possam trocar experiências e ideias. “Assim, é possível afirmar que a gastronomia se introduz na Cidade Criativa, não só por ser um recurso cultural, mas também por poder ser um recurso econômico criativo através da reinvenção de tradições” (MARTINHO, 2012, p.71).

Referências bibliográficas

Poderiam ser indicadas cidades que já apresentam movimentos interessantes na gastronomia como Sabará, que tem festas de produtos típicos como jabuticaba e ora-pro-nobis ou Tiradentes, que tem um festival anual. Também poderiam ser consideradas cidades especializadas em bebidas como a cachaça em Januária ou Salinas. Essas e outras cidades poderiam se juntar a outros municípios brasileiros da rede da UNESCO como Belém e Florianópolis, ou internacionais como Bergen (Noruega), Burgos (Espanha) ou Tucson (EUA).1

MARTINHO, Ana Sofia Pacheco. A gastronomia como ferramenta para uma Cidade Criativa: Projeto de uma Cooking Factory. Lisboa, FAUTL, 2012.

CARVALHO, Murilo. Cachaça, uma alegre história brasileira. São Paulo, Caninha 51, 1988. FRIEIRO, Eduardo. Feijão, angu e couve. Ensaio sobre a comida dos mineiros; Centro de Estudos Mineiros, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 1966. GARCIA, João Carlos Vitor; DOYLE, Fábio Proença (Organização). INDI memória 1968-2010. Belo Horizonte, INDI, 2010.

PAULA, João Antônio de. Raízes da modernidade em Minas Gerais. Belo Horizonte, Autêntica, 2000. ROCHA, Tião. O sabor de Minas Gerais. Revista Textos do Brasil n° 13: Sabores do Brasil, Brasília, Itamaraty, s.d. Disponível em http://dc.itamaraty.gov.br/imagens-e-textos/ revista-textos-do-brasil/portugues/revista13-mat12.pdf

“O INDI, como membro da Frente de Gastronomia Mineira, busca incentivar as indústrias criativas e, certamente, a gastronomia será um diferencial competitivo do Estado para que possa se diferenciar como um local que possa receber investimentos e buscar o desenvolvimento sustentável”

Identificar e auxiliar na potencialização da gastronomia mineira, além de outros setores econômicos, é o trabalho do INDI e de outras instituições que buscam o desenvolvimento econômico, social e ambiental de Minas Gerais, para que possa se aproveitar do excelente ambiente gastronômico. Isso contribui para gerar valor, riqueza, bens comercializáveis, aumento do turismo e acima de tudo a elevação da matriz cultural mineira para que possa ser mais conhecida diante do Brasil e outras regiões do mundo. •

A relação completa das cidades criativas da Unesco podem ser encontradas no seguinte endereço: http://www.unesco.org/ new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/belem_salvador_and_santos_become_part_of_unesco_creative_cities_network/#.VnPrrrYrIdU

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PESQUISAS 73

RESUMO-ANÁLISE: PESQUISA DE CONJUNTURA ECONÔMICA DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR Pesquisa realizada trimestralmente, sendo: 1ª rodada: Analisou o 4º trimestre de 2014 em relação ao 3º trimestre do mesmo ano. As respostas foram coletadas entre 15/02 e 15/03; 500 empresários, em todo o Brasil, participaram. (sugestão: frases mais curtas são mais fáceis de serem interpretadas quando se passa muitos dados, principalmente envolvendo números. Substituição do “e” pelo “;”) 2ª rodada: Analisou o 1º trimestre de 2015 em relação ao 4º trimestre de 2014. As respostas foram coletadas na primeira quinzena de maio e 697 empresários, em todo o Brasil, participaram. Faturamento: Enquanto no 4º trimestre de 2014, todas as regiões do Brasil (com exceção do Sudeste) apresentavam crescimento, o que encontramos no 1º trimestre de 2015 é uma queda generalizada. Importante observar que a maior parte desta queda deve-se a uma sazonalidade histórica, na qual o primeiro trimestre do ano apresenta uma redução média de 6% em relação ao último trimestre do ano anterior. No primeiro trimestre de 2015, a média nacional de faturamento teve uma redução de 8,39% em relação ao último trimestre de 2014. Considerando-se (Considerando) o fator da sazonalidade história, entende-se que a queda real foi na ordem de 2,39%.

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Segurança nos estabelecimentos Três em cada dez bares ou restaurantes declarou ter sido assaltado pelo menos uma vez nos últimos três anos. E a cada 20 estabelecimentos, um declarou ter sido assaltado mais de três vezes neste mesmo período.

Vale ressaltar que o comportamento do setor apresenta variações quando comparamos diferentes regiões e estados. O Nordeste, por exemplo, apresenta um quadro de estabilidade em relação ao faturamento, enquanto o Sudeste aponta queda superior à média nacional, na casa dos 3%.

Previsões anuais

Quadro de pessoal: A estabilidade no quadro de pessoal observada no último trimestre de 2014 deu lugar à redução deste no primeiro trimestre de 2015. A média nacional, comparando os dois períodos, é de 4,5% de redução.

Quadro de Pessoal O pessimismo em relação ao quadro de pessoal foi uma característica comum dos dois períodos analisados. Mas é possível observar que esse sentimento vem perdendo força neste primeiro trimestre, pois houve redução da expectativa de corte no quadro de pessoal. Possivelmente este empresário esteja levando em consideração que o custo de manutenção de uma mão de obra qualificada é menor do que a dispensa de funcionários e sua recontratação quando necessário.

Ticket médio Observou-se que o ticket médio manteve uma tendência de estabilidade. Apesar de uma leve alta ter sido registrada no último trimestre de 2014, houve redução proporcional no 1º trimestre de 2015. Cerca de 60% dos respondentes declararam ter mantido seu ticket médio estável nos primeiros três meses do ano.

Ambiente de Negócios e visão do próprio negócio A previsão do ambiente de negócios sofreu uma leve melhora ao se comparar o 4º trimestre de 2014 e o 1º trimestre de 2015: 31% dos empresários entrevistados na 2ª rodada da pesquisa responderam acreditar na estabilidade dos negócios este ano em relação à 2014, contra 23% dos que participaram na 1ª rodada. Como consequência desta melhora de humor, embora ainda pessimistas, os empresários do setor reduziram as suas previsões de queda no faturamento, de 8,4% para 6,38%.

Rentabilidade No primeiro trimestre deste ano, sete em cada 10 empresas declararam ter rentabilidade entre 0% a 10% - dentre essas, metade aponta rentabilidade inferior à 5%. Esses dados contradizem uma rentabilidade média histórica de 10%, verificada em períodos de economia mais favorável. Investimentos Diferente do que se poderia esperar, o setor de alimentação fora do lar permanece investindo. Nos períodos avaliados (último trimestre de 2014 e primeiro trimestre de 2015), quatro em cada 10 empresários declararam realizar investimentos nos negócios, em ordem superior a 15% do faturamento.

Vale destacar que a visão destes mesmos empresários sobre o próprio negócio é bem mais otimista, com queda estimada em apenas 1%, o que pode indicar que o mal humor apurado em relação ao macro cenário possa mais uma influência do ambiente externo do que da realidade vivenciada do próprio negócio.

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PESQUISA DE CONJUNTURA ECONÔMICA DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR: PARCERIA ABRASEL E FISPAL

FATURAMENTO Como foi o seu faturamento no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro) em relação ao 3º trimestre/14 (julho a setembro)? A média nacional teve um crescimento de 3,33%

Como foi o seu faturamento no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em relação ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro)? A média nacional teve uma redução de 8,39%

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FATURAMENTO POR REGIÃO Como foi o seu faturamento no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro) em relação ao 3º trimestre/14 (julho a setembro)? A média nacional teve um crescimento de 3,33%

Como foi o seu faturamento no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em relação ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro)? A média nacional teve uma redução de 8,39%

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QUADRO DE PESSOAL O seu quadro de pessoal no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro) em relação ao 3º trimestre/14 (julho a setembro)? A média nacional teve uma redução de 0,05%.

O seu quadro de pessoal no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em relação ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro): A média nacional teve uma redução de 4,50%.

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TICKET MÉDIO O valor do seu ticket médio por cliente no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro) em relação ao 3º trimestre/14 (julho a setembro): A média nacional cresceu 1,04%.

O valor do seu ticket médio por cliente no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em relação ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro): A média nacional reduziu 0,82%.

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RENTABILIDADE Qual foi a sua rentabilidade no 1º trimestre/15 (janeiro a março)?

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INVESTIMENTO Sua empresa realizou investimentos no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro)? A média nacional de todos que realizaram investimento em relação ao faturamento foi de 18,19%.

Sua empresa realizou investimentos no 1º trimestre/15 (janeiro a março)? A média nacional de todos que realizaram investimento em relação ao faturamento foi de 15,19%

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RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Quantas reclamações trabalhistas você teve nos últimos 12 meses? E qual o valor médio pago ao reclamante? 4o trimestre/14

5o trimestre/15

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SEGURANÇA NOS ESTABELECIMENTOS Sua empresa foi assaltada nos últimos três anos? Quantas vezes? 4o trimestre/14

5o trimestre/15

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PREVISÃO - QUADRO DE PESSOAL Qual é a sua previsão de quadro de pessoal comparando 2015 com 2014? 4º trimestre/14

A média nacional tem previsão de redução de 4,35%

1º trimestre/15

A média nacional tem previsão de redução de 2,15%

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PREVISÃO - AMBIENTE DE NEGÓCIOS Na sua opinião, o ambiente de negócios do setor em 2015 em comparação a 2014 será: 4º trimestre/14

A média nacional prevê uma piora de 8,40% 1º trimestre/15

A média nacional prevê uma piora de 6,38%

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PREVISÃO - FATURAMENTO NOMINAL Sua previsão de faturamento nominal (em reais) comparando 2015 com 2014 é de: 4º trimestre/14

A média nacional tem previsão de crescimento de 0,14% 1º trimestre/15

A média nacional tem previsão de redução de 1,23%

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Caracterização do setor de Alimentação Fora do Lar

Números do setor de Alimentação Fora do Lar no Brasil

O setor de alimentação fora do lar - AFL, ou Food Service configura-se como o maior canal de distribuição de alimentos ao consumidor final, através do qual os estabelecimentos distribuem os produtos ou preparam as refeições para o consumo fora do lar. Segundo a ABIA (2011), o setor de alimentação fora do lar é bastante amplo: abrange sub-canais de distribuição, que podem ser divididos em dois grupos.

• Cerca de 1.000.000 de negócios • 26% do dollar food1 • 2,7% do PIB brasileiro1 • 6.000.000 de empregos¹ • Corresponde a quase 35% do PIB do Turismo1 • Emprega 53% da mão-de-obra do setor de turismo2 • Um dos maiores empregadores do país, com cerca de 6 milhões de empregos

O primeiro grupo contempla toda a rede de serviços públicos que engloba os canais governamentais como postos de saúde, hospitais, presídios e merenda escolar. Estes se caracterizam-se por não perseguir lucro com a atividade de distribuição ou preparação dos alimentos.

Estes números podem ser explicados pelo fato desta atividade ter como principal característica a dispersão geográfica, pois tende a acompanhar o crescimento e a distribuição espacial da população.

O segundo grupo compreende a rede de serviços privados, que também podem ser classificadas em dois sub-grupos. O primeiro sub-grupo contempla as instituições privadas que auferem lucro com a distribuição ou preparação dos alimentos, nos quais estão lanchonetes, bares, restaurantes comerciais, as cadeias de fast food, delivery, rotisserias, restaurantes de hotéis, restaurantes de empresas ou refeições coletivas, padarias, confeitarias, sorveterias e chocolaterias. O outro sub-grupo de serviços privados engloba as instituições que oferecem o serviço de alimentação como parte de um serviço mais amplo, como por exemplo os postos de saúde e hospitais; e catering aéreo e de transportes.

• Principal atividade geradora de ascenção sócio-econômica1 • Setor com alto potencial de geração de renda e emprego a baixo custo • Recolhimento de impostos diretos e indiretos superior à participação relativa no PIB ABIA - Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação 2 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2000 1

A Pesquisa de Orçamentos Familiares POF do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE analisa a composição dos gastos e do consumo das famílias brasileiras. Entre maio de 2008 e maio de 2009, segundo as classes de rendimento, aferiu que a família brasileira gasta, em média, R$2.134,77 por mês, valor ligeiramente inferior ao seu rendimento médio mensal, que é de R$2.641,63. Das despesas de consumo da família brasileira, a alimentação representa o segundo item de maior importância, com 19,8% dos gastos totais, superada apenas pelo

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item habitação, com 35,9%. Uma análise mais detalhada das despesas com alimentação revela que no período da pesquisa anteriormente citada, dos R$421,72 destinados pelas famílias, em média, para este item, R$290,39 são gastos com alimentação no domicílio (68,9%) e R$131,33, com alimentação fora do domicílio (31,1%). Analisando as Pesquisa de Orçamentos Familiares anteriores pode-se acompanhar a evolução dos gastos da família brasileira com alimentação fora do lar : 2003: 24%; 2005: 25%; 2006: 26%; 2009: 31,1%.

Números do setor de Alimentação Fora do Lar em Minas Gerais • 105.598 empresas. • Mais de 630.000 empregos diretos. • Movimentação financeira em torno de 22 bilhões de reais a cada ano. ²

Números do setor de Alimentação Fora do Lar em Belo Horizonte • 18.613 empresas.¹ • Mais de 112.000 empregos diretos. ² • Movimentação financeira em torno de 4,5 bilhões a cada ano. ² Mais informações: www.abrasel.com.br www.abraselmg.com.br

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CONSUMO CONSCIENTE E SOBERANIA ALIMENTAR: UM DIREITO, UMA CONQUISTA

Rosilene de Lima Campolina – Centro Universitário UNA Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local pelo Centro Universitário UNA e professora dessa Instituição.

Resumo Os alimentos produzem os recursos biológicos necessários à manutenção da vida, sendo a alimentação considerada um direito humano. Na atualidade, a produção de alimentos tem sido motivo de várias discussões, pois de um lado encontram-se grandes corporações produzindo a agricultura das monoculturas e do outro, os pequenos produtores rurais, com produtos de subsistência. A agricultura de monocultura provoca o desequilíbrio da natureza e a redução da biodiversidade. Somados a isso, estão disponíveis no mercado produtos in natura que concentram alto grau de agrotóxicos e transgênicos. Neste caso, obser-

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observa-se também as grandes empresas na comercialização dos produtos, sendo estas responsáveis pelas relações que permeiam a produção, o processamento, a distribuição e o consumo final dos alimentos. Em contrapartida, percebe-se a iniciativa de pequenos produtores, que produzem alimentos com uma perspectiva de rotatividade de culturas e o manejo adequado do solo de forma a se garantir o equilíbrio ambiental e um produto com índices de agrotóxicos reduzidos. Em adição, nota-se que a população ingere mais produtos industrializados e processados, sendo que frutas e hortaliças são, muitas vezes, desconsideradas no cardápio diário. Os hábitos alimentares tradicionais têm cedido espaço para um novo paradigma alimentício, o da alimentação fácil e rápida. Este artigo, através de uma pesquisa bibliográfica, se dedica ao estudo da soberania alimentar, enquanto direito humano para a manutenção da vida. Procura-se ampliar o conceito de soberania alimentar aliado ao consumo consciente e à gastronomia sustentável de forma que possam emergir práticas inovadoras e saudáveis para a manutenção da qualidade de vida e para o equilíbrio alimentar da população. Em complementação, conscientiza-se a sociedade sobre a importância da preservação ambiental e do desenvolvimento local das comunidades. Introdução De acordo com a OMS, Organização Mundial de Saúde (2012), o Brasil apresenta redução da desnutrição em função da melhoria dos indicativos de pobreza. Mas, em oposição, os índices de sobrepeso, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e outras têm aumentado nos dias atuais. Isso ocorre em função da mudança dos hábitos alimentares. Neste sentido, vislumbra-se que a população brasileira tem feito escolhas nutricionais erradas para a consolidação de hábitos salutares.

Diante desta crise do sistema alimentar, é primordial garantir e promover a soberania e a segurança alimentar de toda população. O caminho para se estudar e melhorar esta crise é investir no diálogo entre os vários setores produtivos, sejam grandes empresas do agronegócio, produtores rurais, conselhos de políticas públicas, população rural e agroextrativista e outros.

dações de áreas de baixo relevo, secas severas em regiões semiáridas, calor excessivo, a utilização sistemática de agrotóxicos e outros que comprometem a produtividade agrícola. Em contraposição a este processo de industrialização da agricultura emerge o conceito de soberania alimentar e da agroecologia. Por meio de iniciativas que aplicam a ciência agroecológica alicerçada em conhecimentos indígenas e tradicionais, milhares de pessoas estão demonstrando que é possível melhorar a segurança alimentar conservando os recursos ambientais e mantendo-se a biodiversidade.

A proposta é conscientizar a sociedade para o exercício e para a garantia da soberania alimentar. Em adição, promove-se o desenvolvimento local e a preservação ambiental por meio de processos produtivos sustentáveis que respeitem os ciclos biológicos em consonância com a preservação da biodiversidade e da qualidade de vida.

A agroecologia baseia-se na aplicação de conceitos e princípios ecológicos ao manejo dos ecossistemas sustentáveis. Procura-se garantir e melhorar a qualidade produtiva do solo, com o objetivo de se produzir plantas sadias, que debilitem as pragas e insetos sem a utilização de agrotóxicos. Muller (2010) argumenta:

Soberania Alimentar O sistema agrícola de produção segue a tendência de um setor orientado para a exportação, com monoculturas que contribuem para o aumento da renda do país para a compra de bens estrangeiros. Mas este tipo de agricultura industrial causa uma variedade de problemas econômicos, ambientais, sociais, e outros. Destacam-se, também, os impactos negativos na saúde da população e na qualidade dos alimentos. No lado financeiro, percebe-se o endividamento de pequenos agricultores.

Durante séculos as agriculturas dos países em via de desenvolvimento construíram-se sobre os recursos locais de terra, água e outros recursos, bem como sobre as variedades locais e o conhecimento indígena, que nutriram biológica e geneticamente as diversas explorações camponesas com uma solidez e uma resistência incorporada que lhes ajudou a se adaptar a climas que mudam rapidamente, bem como a pragas e doenças. (MULLER, p. 56, 2010)

A pressão industrial da agricultura é pensada em favor da globalização e das práticas neoliberais, estimulando a produção de transgênicos, de agrocombustíveis que modificam o processo produtivo agrícola, causando a destruição dos ecossistemas e provocando riscos no sistema de produção de alimentos.

De acordo com o autor, a criatividade dos agricultores tradicionais oferece para a agricultura modelos que promovem a biodiversidade e prosperam sem produtos químicos, garantindo a produção do solo durante todo o ano. Trata-se de manejar o solo e a produtividade em diversas formas nos campos elevados, nos terraços, na policultura e outras técnicas de plantio para se garantir a biodiversida-

No que ser refere aos impactos ambientais, são notórios os aumentos das mudanças climáticas, que incluem inun-

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dos alimentos são uma questão de sobrevivência popular e nacional. Portanto, a soberania alimentar significa ter acesso aos alimentos e também o direito das populações de produzi-los. Confirma-se a ideia de que a produção alimentícia é que garante a sobrevivência dos povos.

de, as práticas agrícolas sustentáveis e o desenvolvimento local das comunidades. De acordo com Altieri (2010) a produtividade e a sustentabilidade das paisagens rurais podem ser otimizadas com métodos e com a ciência agroecológica, de maneira que se forme a base da soberania alimentar. A soberania alimentar, neste contexto, é compreendida como o direito de cada região se manter e desenvolver sua capacidade produtiva alimentícia. A soberania alimentar defende o acesso dos agricultores à terra, às sementes, à água, com o foco na autonomia produtiva visando o desenvolvimento local. A partir desta prática, os camponeses, os indígenas e a população rural permaneceriam como guardiães da diversidade biológica e genética planetária.

De acordo com Altieri (2010), o conceito de soberania alimentar significa que cada comunidade, cada município, cada região, cada povo tem o direito e o dever de produzir seus próprios alimentos. Por mais dificuldades naturais que houver, em qualquer parte do nosso planeta, as pessoas podem sobreviver e se reproduzir dignamente. Dessa forma, a produção e distribuição de alimentos fazem parte da soberania de um povo. Esse conceito de soberania alimentar se contrapõe à política da agricultura industrial e das empresas transnacionais. Os governos devem adotar medidas protecionistas para a agricultura familiar, preservando a economia e o desenvolvimento local na medida em que mantém a qualidade produtiva do solo.

De acordo com Silva (2009), a partir da década de 1990 difundiu-se o conceito de segurança alimentar. Esse conceito foi constituído com o intuito de garantir que todas as pessoas tivessem o direito assegurado à alimentação. Assim sendo, caberia aos governos a implementação de políticas públicas que garantissem o acesso das pessoas aos alimentos, pelo menos àqueles necessários à sobrevivência.

A soberania alimentar aponta uma concepção fundamental para fortalecer a visão de mundo favorável a uma democratização econômica, social, ética dos setores produtivos da agricultura. Na Conferência Mundial de Soberania Alimentar, realizada em Mali (2007), a partir da Declaração de Nyéléni definiu-se que a soberania alimentar é o direito dos povos a alimentos nutritivos e culturalmente adequados, acessíveis, produzidos de forma sustentável e ecológica, e seu direito de decidir seu próprio sistema alimentar e produtivo.

Em 1996, a Via Campesina2, no contexto da Cúpula Mundial sobre a Alimentação (CMA) realizada em Roma pela FAO, insere um novo debate sobre a soberania alimentar. As organizações camponesas e em especial as delegadas mulheres que defendiam a ampliação do conceito de soberania alimentar. Elas argumentam que o alimento não pode ser considerado uma mercadoria, mas, sim, um direito humano. A produção e a distribuição dos

A Via Campesina é um movimento social internacional de camponeses e camponesas, pequenos e médios produtores, mulheres e jovens do campo, indígenas, camponeses sem terra, e trabalhadores agrícolas. É representativo, legítimo e com identidade que vincula as lutas sociais dos cinco continentes. O movimento da Via Campesina foi fundado em 1992, e caracteriza-se como uma organização que defende a soberania alimentar. 2

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De acordo com essa declaração, a soberania alimentar dá prioridade para as economias locais e aos mercados locais e nacionais, e legitima o poder dos camponeses como praticantes da agricultura familiar, da pesca artesanal e do pastoreio tradicional. A declaração legitima a produção alimentar, a distribuição e o consumo sobre a base da sustentabilidade ambiental, social e econômica como ponto de partida do processo produtivo.

da terra. Outra questão é a implantação dos princípios da agroecologia no sistema produtivo, de forma que se mantenha a produtividade local e regional em níveis que garantam a oferta de produtos para a população. Do ponto de vista social, devem ser estabelecidos fóruns e debates públicos sobre a soberania alimentar, garantindo a ampla participação de todos os setores produtivos na construção de uma gestão dos processos produtivos de alimentos que possua a identidade nacional e atenda as demandas populacionais, contribuindo para o pleno desenvolvimento do País. Somados à estas ações, a sociedade deve adotar práticas de consumo consciente de forma que se mantenha a capacidade produtiva e garanta-se a biodiversidade em todas as regiões.

A partir da Via Campesina, percebe-se que o direito de decidir o que produzir e como plantar, como organizar a distribuição e consumo de alimentos foi materializado. No caso brasileiro, diversos fatores impedem a concretização da soberania alimentar. Dentre estes, destaca-se o modelo de produção tecnológico com a prática da agro industrialização. De acordo com a Declaração de Brasília (2013):

Consumo consciente Dados da Organização Mundial de Saúde (2012) apontam que a população aumentou as taxas de sobrepeso. Isso significa que existe um número crescente de pessoas que tem acesso aos alimentos e que são estimuladas ao consumo excessivo. O resultado é o aumento da obesidade e doenças a ela associadas, como infarto, derrame, hipertensão e alguns tipos de câncer. Em contrapartida, existem milhares de pessoas que não têm acesso aos alimentos necessários à sobrevivência.

A fome e a pobreza não são produtos da casualidade, senão de um modelo que viola o direito à vida digna das pessoas e dos povos, acrescentando a subordinação da mulher, explorando seu trabalho e inviabilizando sua contribuição social, econômica e cultural. (BRASÍLIA, p.8, 2013) Nota-se que a liberalização econômica, como uma estratégia para em que industrializa a agricultura e retira o pequeno produtor do campo produtivo. Com as monoculturas, os ecossistemas são afetados, causando impactos ambientais irreversíveis e o aumento da pobreza e da falta de recursos no campo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2012), todos os países têm condições climáticas e físicas para produzir alimento suficiente para as suas populações, de maneira sustentável, sem agredir o planeta.

Para a promoção da soberania alimentar no território brasileiro é fundamental a implementação de políticas estruturantes no meio rural e no sistema produtivo agrícola do País. De acordo com Muller (2010), é primordial a execução de uma reforma que democratize a posse e o uso

A produção de alimentos vem gerando grandes impactos ao meio ambiente, principalmente pelo uso de insumos agrícolas altamente poluentes, pela devastação de grandes áreas naturais para o

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plantio e pela extração desordenada de recursos já escassos e que podem chegar à extinção, ações que não levam em conta a sustentabilidade do planeta.

de e o bem-estar da humanidade dependem da convivência com a natureza. De acordo com Freire (1989), a educação sozinha não transforma a sociedade, e sem ela tampouco a sociedade muda. Com isso, a formação do sujeito ecoalfabetizado exige a participação de vários setores sociais, elaborando e construindo estratégias que viabilizem o desenvolvimento desta nova sociedade. Neste aspecto, destaca-se a práxis educativa como fator primordial para a implementação de ideias que considerem a realidade local respaldadas nos ideários de uma sociedade mais solidária e participativa.

De acordo com Silva (2009), adotar novas posturas é primordial, pois as pequenas atitudes podem gerar as grandes mudanças. Desta forma, evitar o desperdício de produtos dentro de casa, no trabalho e também em locais públicos já é um bom começo. Com isso, haverá mais alimentos à disposição no mercado e os preços sofrerão redução e se tornarão mais acessíveis à população. Além disso, o acesso aos alimentos permitirá uma perspectiva mais digna de sobrevivência para toda a população.

Considerações finais A prática da soberania alimentar exige a participação de vários setores, sejam estes produtivos, políticos, econômicos e outros. A soberania alimentar defende o direito de todos à alimentação, mas também a capacidade de produção do alimento respeitando-se a biodiversidade planetária, o equilíbrio ambiental e as tradições culturais das comunidades.

De acordo com Petrini (2009) é fundamental adotar algumas atitudes como fazer uma lista prévia de compras baseada em produtos sazonais e da época de acordo com a produtividade local. É importante verificar os rótulos e validade dos produtos, como uma forma de se informar sobre os valores nutricionais e condições de armazenamento destes. Outra prática é selecionar pratos mais nutritivos utilizando o que está disponível no mercado.

Enfim, o desafio máximo é incrementar o investimento na agroecologia e difundir os projetos que já demonstraram ser bem sucedidos para milhares de agricultores. Isto gerará um impacto significativo nos rendimentos, na segurança alimentar e no bem-estar ambiental de toda a população. Somados a isso, faz-se necessária a formação da população para a adoção de práticas conscientes de consumo e para uma alimentação de qualidade e redução do desperdício de alimentos.

De acordo com Capra (2006), uma pessoa ecologicamente alfabetizada é capaz de identificar os ecossistemas e a biodiversidade planetária, reconhecendo os fatores que interferem e contribuem tanto para a manutenção quanto para a extinção da vida no sistema terrestre. Destes fatores pode-se citar: as taxas e as tendências do crescimento populacional, a extinção das espécies, a perda do solo cultivável, o desmatamento, a desertificação, a poluição hídrica, a exaustão dos recursos, etc. Além disso, o autor explicita que a alfabetização ecológica pressupõe numa compreensão de qual o lugar que o ser humano ocupa na história evolutiva da vida, e na compreensão de que a saú-

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Referências bibliográficas ALTIERI, Miguel. Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar. REVISTA NERA, ANO 13, Nº. 16, JANEIRO/JUNHO DE 2010. CAPRA F. et al. Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix; 2006. Declaração da Conferencia Especial para la Soberanía Alimentaria, por los Derechos y por la Vida. Brasília, 10 y 13 de abril de 2008. Apoyo del Comité Internacional para la Soberanía Alimentaria – CIP (Coordinación Regional América Latina y el Caribe). Conferência que antecedió a la 30ª Conferencia Regional de la FAO. Declaração de NYÉLÉNI. Foro Mundial por la soberania Alimentaria. Nyéléni, Selingue, Malí. 28 de febrero de 2007. Extraído de Brasil. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2013). Fome Zero: Uma história Brasileira. Brasília, DF, Assessoria Fome Zero, 3 vol., vol. 3 p. 144 a 156. FAO. Food Agriculture Organization. https://www.fao.org.br/ publicacoes.asp Acesso em: 10 de nov de 2013. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 19 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. MULLER, Fernanda. Maior parte da expansão agrícola ocorreu às custas das florestas tropicais, in CarbonoBrasil, Mercado Ético, 03 de setembro de 2010. PETRINI, Carlo. Slow Food: princípios da nova gastronomia. Trad. de Renata Lúcia Botina. São Paulo: Editora Senac, 2009. SILVA, José G. No fundo do poço da crise tem mais fome. São Paulo, Valor Econômico, 16 de julho 2009.

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comunidades por ela envolvidas. Numa terra onde sempre se reverenciou o sagrado, o ora-pro-nóbis com nome relativo ao religioso acabou por sagrar-se como um ícone da cultura local.

GASTRONOMIA NA SERRA DE SABARABUÇU: O ORA-PRO-NOBIS NETTO, Marcos Mergarejo Doutor em Geografia / UNESP/Rio Claro/SP [email protected]

INTRODUÇÃO

No vale do rio Sabará, na lendária Serra de Sabarabuçu, atual Serra da Piedade, encontra-se o povoado de Pompéu, onde se realiza anualmente o festival de ora-pro-nóbis. No distrito de Mestre Caetano, município de Sabará/MG, em meio à paisagem montanhosa recortada por seus vales, de onde delineia-se um visual encantador, e enigmático. A montanha vista do fundo do vale sempre deixará a imagem do desconhecido, do que há por detrás daquele ou do outro recorte, transbordante do rio, da serra e das lendas que remontam ao período colonial. Assim, é a relação entre o imaginário da paisagem montanhosa e a culinária mineira, marcante e reconfortante, aliando à resistência local, a oportunidade, o afeto ao lugar e à tradição, marcados pela religiosidade, como um patrimônio imaterial e cultural. Desta forma, a Geografia do Sabor, por meios de valores culturais e mesmo econômicos pode apontar para formas concretas de sustentabilidade das

Segundo Gratão (2012, p. 36) “o sabor é essência impregnada de todas estas dimensões que envolvem a paisagem. Memória que brota da Terra manifesta do e no imaginário. Paisagem que resguarda a memória; se guarda expressa e revela.” Assim, partiu do conhecimento, da experiência e da intuição de Dona Maria Torres o que atualmente acontece em Pompéu, no festival gastronômico. Gratão (2012, p. 36) salienta que “a paisagem é ela, uma extensão, uma relação entre o lugar e o homem que nela habita – que está nela.” Numa história singular, a receita de Dona Maria foi completada com marrecos, posteriormente com frangos e costelinha de porco, sabiamente combinados ao ora-pro-nóbis, gerando uma receita marcante e por certo mais uma a contribuir para a formidável culinária mineira. Esse saber vem da habitação na paisagem, com a qual interage e compõe sua lembrança, seus sentidos e significados, sua “essência geográfica”, no dizer de Gratão (2012), encontrando também sua fonte de existência. No universo de dona Maria Torres, a paisagem familiar, a casa, o quintal, a cozinha, as verduras, tudo isso envolvido pela montanha que decora o horizonte. No restaurante contiguo à casa, o aroma que percorre o ambiente e seduz o visitante, em meio ao tilintar dos copos e pratos, o bater dos metais, o vaivém das panelas desperta e liberta o prazer de comer. As cores dos alimentos tornam o mosaico alimentar, ainda mais apetitoso, provocando alegria e satisfação. Oliveira (2012, p. 28) afirma que: “a experiência gustativa envolve, além do sabor, o cheiro, o som e a cor.” Com isso a autora salienta que se evoca a memória, o imaginário e a identidade; a essência da vida. Beber e comer: alimentar-se! Segundo Claval (2007, p. 255): “não há terreno de

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análise mais fascinante para os geógrafos.” Para Claval o relacionamento ecológico do homem com seu ambiente, exprime-se diretamente no consumo alimentar, com os grãos, os legumes, as frutas, a carne e os laticínios das terras cultivadas ou das pastagens, ou fruto de colheitas; a pesca ou a caça, resultando na apropriação efetuada na fauna e/ou da flora natural.

muito utilizado como cerca viva, por causa dos espinhos, e pouco explorada comercialmente, embora se reproduza na maioria dos solos. Segundo Fonseca (2011), o que se conta é que o ora-pro-nóbis há muito era consumido pelos moradores. Como ele nascia principalmente por sobre os muros da igreja, era “furtado” enquanto o padre rezava a ladainha do “ora-pro-nóbis” (rogai por nós) e dele não podia tomar conta, apesar de proibir sua colheita. Daí, a planta ficou conhecida como a hora do “ora-pro-nóbis”. Depois de colhida, seria preparada para o almoço. O autor afirma que ora pro nobis é uma frase em latim nem sempre facilmente assimilada. Por isso, pode ser comum encontrar derivações dela, sendo por vezes chamada lobrobó ou orabrobó.

A SERRA DE SABARABUÇU

A serra resplandecente que os indígenas em sua língua chamavam Itaberabuçú, ou Taberabuçú, mais comumente Sabarabuçú passará a ser, por todo o século XVIII, o alvo das mais arrojadas expedições sertanistas. Com o nome atual de Serra da Piedade, a mesma Sabarabuçu está indiscutivelmente ligada às lendas das minas de prata e ouro, que desde o final do século XVI incentivaram os aventureiros mais arrojados.

O ora-pro-nóbis é protéico e muito utilizado na medicina popular, mas é na culinária que a verdura pontifica. O frango caipira com ora-pro-nóbis é prato tradicional da culinária mineira, servido cotidianamente nas cidades históricas do Estado, como Diamantina, Tiradentes, São João Del-rei e Sabará, onde anualmente há um festival da hortaliça, dando valor novo ao ora-pro-nóbis e um sabor de novidade, não olvidando que o aproveitamento do lugar, por meio das atividades de coleta exige um saber fazer, um conhecimento, uma cultura.

A planície não foi tão vasta, a montanha não foi tão alta, mas o homem superou seus planos e sua escala e, ainda que tarefa extenuante, o homem venceu a montanha. Pelo fato de localizar-se na região onde teve início o povoamento de Minas Gerais e, estar na mais importante região produtora de ouro, a Serra da Piedade, a Sabarabuçu tornou-se um importante marco para todos que por ali passavam desde o século XVII. É um marco geográfico e histórico para Minas Gerais e Brasil, onde, atualmente, o aspecto dominante é o religioso, através do santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira do Estado de Minas Gerais, tombado pelo IPHAN em 1956.

O FESTIVAL GASTRONÔMICO DE ORA-PRO-NÓBIS DE POMPÉU, SABARÁ/MG

O ORA-PRO-NÓBIS

A história do festival do ora-pro-nóbis é, no mínimo, curiosa. Dona Maria Torres, moradora de Pompéu e conhecida por seus dotes culinários, um belo dia recebe uma visita inusitada, que alterou os destinos daquela família e do povoado. O saber culinário de Dona Maria, sem dúvida, é fruto de sua memória e experiência, pela qual construiu sua existência, ao lado de sua família. Para Tuan (1983, p. 9): “expe-

O nome ora-pro-nóbis, do latim ora pro nobis, resposta de uma ladainha religiosa, significando “rogai por nós”. A planta apresenta-se na forma arbustiva ou trepadeira, intensamente armado de acúleos (espinhos), e pertencente à família das cactáceas (Peireskia aculeata), que se caracteriza pela presença de nítidas folhas suculentas. Com flores de cor rosada ou branca, os frutos são pequenas bagas amarelas e insípidas. O ora-pro-nóbis é

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riência é um termo que abrange as diferentes maneiras através das quais uma pessoa conhece e constrói a realidade.” O autor salienta que essas maneiras são variadas e alcançam os sentidos de forma direta ou indireta, apontando para o olfato, o paladar e o tato, sem dúvida inerente à culinária. A grande escola de Dona Maria Torres foi sua vida de trabalho para cuidar da família e Tuan (1983, p. 10) ensina que: “a experiência implica a capacidade de aprender a partir da própria vivência.” Silas Fonseca, filho de Dona Maria, relata com riqueza de detalhes toda essa história em um livro de sua autoria. Segundo Fonseca (2011, p. 77), veio bater à porta de Dona Maria Torres um cidadão argentino de nome Hernandez, acompanhado de sua família, solicitando que Dona Maria lhes preparasse um almoço. O que foi feito e, com o que se regalaram, incluindo a sobremesa com o tradicional queijo e um bom doce caseiro. Passaram a frequentar a casa de Dona Maria, cada vez mais amiude e sempre traziam algum “agrado”. Coisas, a título de participação nas despesas do almoço e da estadia. Certo dia, Hernandez propôs à Dona Maria que criassem marrecos no sítio, que seriam consumidos ao longo do tempo, quando frequentassem o sítio. Hernandez acrescentou que bancaria a alimentação dos marrecos e, assim, seria sua contribuição ao almoço dominical. Meio relutante, Dona Maria aceitou a proposta e, na semana seguinte, uma camionete abarrotada de caixas de papelão com cerca de 1.500 marrequinhos foi descarregada no sítio. Foi um desespero só, mas a animação de Hernandez era estupenda, comparecendo toda semana com ração e medicamentos para os marrecos. Entretanto, passado algum tempo, Hernandez não apareceu mais e permaneceu sumido, até que foi encontrado em precária situação financeira. Bateu o desespero!

A ração, quando tinha, era pouca e os marrecos reclamavam o dia inteiro e emagreciam. Outras formas de alimentá-los foram experimentadas e passaram a valer moeda de troca, até para passagem de ônibus. Cada comadre que visitasse Dona Maria não saia sem um casal de marrecos em cada mão. Assim, foram reduzidos à metade. Então, nas palavras de Fonseca (2011), a Providência Divina quis que dona Maria fosse convidada a instalar uma barraca de tira-gosto, na praça de Sabará, durante o 1º Festival da Cachaça de Sabará, em 1986. Inicialmente, desorientada sobre o que fazer, quase desistiu do convite, quando se lembrou dos marrecos e do ora-pro-nóbis em grande fartura que havia em seu sítio, então concluiu: “Ora-pro-nóbis com marreco!” Então, mãos à obra! Segundo Claval (2007, p. 275), o ato de cozinhar é submeter um ou vários gêneros alimentares a transformações químicas. Misturar esses ingredientes depende da habilidade e experiência de quem conduz essas modificações, em geral induzidas pelo calor, pela fumaça e pelo frio, ou seja, no conhecimento necessário para proceder às misturas e vigiar o cozimento. Para Fournier (2009, p. 161), a cozinha é uma soma de técnicas, um conjunto de regras, uma afirmação de uma identidade cultural, aproveitando para nutrir-se do que o ambiente ao redor possa oferecer, ou pelas exigências do padrão de consumo alimentar existente. Tudo isso se resumia no conhecimento que Dona Maria Torres dispunha e colocou em prática. Acrescente-se a isso o fato que Fournier (2009, p. 161) afirma que a cozinha se tornou de tal forma complexa que: “em vão buscaríamos, em todo o mundo contemporâneo, uma cozinha que não seja fruto de um cruzamento de culturas.” O que, no caso brasileiro, poderia ser chamado de

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um sincretismo culinário, a saber, a fusão das cozinhas europeia, indígena e africana. Dona Maria, talvez, não acreditando em si própria, levou apenas trinta marrecos preparados com ora-pro-nóbis no 1º dia, nada sobrando. No sábado e domingo, a barraca de Dona Maria permaneceu lotada, sendo vendidos nos dois dias cerca de quatrocentos marrecos, não havendo tempo para preparar mais. A originalidade do prato foi o ponto alto da festa e Dona Maria recebeu muitos elogios, também pelo sabor da iguaria. Não acreditar em si própria provavelmente fosse parte da insegurança advinda dos problemas pelos quais passava para administrar as contas da família. Para tanto era necessário arriscar, aventurar-se no desconhecido e experimentar o incerto, assim como Tuan (1983, p. 10) exprime: “experienciar é vencer os perigos.” Todavia, arriscar costuma ser perfeito, pois a vitória fica com melhor sabor, mais saudável. Para o autor, o indivíduo é compelido a repetir o risco e enfrentar novamente o perigo, para se tornar um experto, no fundo é uma paixão, talvez possa ser também uma necessidade, mas como salienta Tuan, a paixão é um símbolo de força mental. Dessa forma, como afirma Fonseca (2011, p. 82), o nome da família foi honrado e limpo, com o pagamento de todas as despesas. Restando pouco mais de cem marrecos no quintal, os mesmos passaram a ser alimentados com esmero, para aguardar o próximo festival, que seria o Festival Cultural de Sabará, para o qual o prefeito da cidade pessoalmente convidou Dona Maria com seu original: “marreco com ora-pro-nóbis”. Entretanto, neste festival, não havia marreco suficiente para atender à demanda, apelando então para os frangos, que não fizeram menor sucesso.

Começava a se delinear todo um processo de construção cultural. Segundo McDowell (1996, p. 161): “cultura é um conjunto de ideias, hábitos e crenças que dá forma às ações das pessoas e à sua produção de artefatos materiais, incluindo a paisagem e o ambiente construído.” Assim, a partir do antigo hábito do consumo de ora-pro-nóbis na alimentação, estaria para iniciar uma mudança de comportamento que influenciaria sobremaneira o culto gastronômico já existente em Sabará. Para Claval (2007, p. 63), “a cultura é a soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos valores acumulados pelos indivíduos”. Assim o autor complementa que a cultura é transmitida por herança, por gerações sucedâneas, também não é imutável e se transforma, principalmente sob o efeito das iniciativas ou inovações, que vez por outra florescem. A utilização do ora-pro-nóbis contagiou e passou a ser prato obrigatório em todas as festividades. Com isso, Pompéu também entrou no mapa da gastronomia sabarense e, nos fins de semana passou a haver um grande afluxo de famílias em busca do famoso ora-pro-nóbis com marreco. A família se reuniu e reformaram um cômodo que havia ao lado do secular moinho d’água que havia no sítio. Nascia o restaurante “Moinho D’Água”, onde se reunem nos fins de semana, centenas de pessoas. Ali a sensorialidade gustativa acontece em sua forma mais natural, no comer. Todos queriam degustar o ora-pro-nóbis com frango ou costelinha e ouvir a história de “Dona Maria dos Marrecos”. Em nome do ora-pro-nóbis, outros restaurantes surgiram em Pompéu e a fama do povoado foi aumentando até que em 1997, o então prefeito de Sabará compreendeu a importância desse movimento e convidou Dona Maria Torres e a comunidade de Pompéu para serem parceiras

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na criação do Festival do Ora-pro-nóbis de Sabará. Assim, no primeiro fim de semana de maio daquele ano, o festival foi realizado, com resultados além do esperado. Hernandez sumiu e, talvez nem sonhe com o que provocou com seus marrecos, ou seja, ter sido o responsável pelo processo que culminou com o festival. O grande protagonista desta história é aquela verdura de folhas verdinhas e suculentas chamadas de ora-pro-nóbis que: “desfila o seu sucesso absoluto nos palcos da gastronomia mineira.” (FONSECA, 2011, p. 82). Montanari (2008, p. 66) afirma que: “a centralidade das verduras é uma das características dominantes da cozinha popular.” Segundo o autor, as comidas pobres por excelência são as polentas e as sopas de cereais inferiores e de legumes, sobretudo pela necessidade de encher a barriga e garantir a sobrevivência diária. Entretanto, se o ora-pro-nóbis não fosse uma “boa” comida, certamente não estaria disseminada como um tradicional ingrediente comestível, assim como a taioba, a serralha, a mostarda, a couve, a capiçova, o cansanção, dentre outras verduras. Daí salientar o que Montanari (2008, p. 95) afirma: “o órgão do gosto não é a língua, mas o cérebro, um órgão culturalmente (e, por isso, historicamente) determinado, por meio do qual se aprendem e transmitem critérios de valoração.” Com significativo incremento na economia do povoado, o festival, ainda que ocorra uma vez ao ano, constitui a principal fonte de renda de todas as entidades sociorreligiosas e esportivas de Pompéu, através de movimentos de barraquinhas franqueadas por ocasião do evento. Pompéu foi fundado nos primeiros anos do século XVIII pelo sertanista José Pompéu. Fica à margem direita do Rio Sabará e sua população habita corredores de casas ao longo das estradas circundantes às co-

linas, bem como ao longo do leito do rio Sabará, afluente direto do rio das Velhas. Fonseca (2011, p. 93) afirma que: “pela sua localização geográfica, pela exuberância do seu paisagismo e pela vocação comunitária do seu povo, Pompéu é considerado um dos bairros com o melhor índice de qualidade de vida em Sabará.” Para Tuan (1980, p. 111): “o apego à terra do pequeno agricultor ou camponês é profundo. Conhecem a natureza porque ganham a vida com ela.” No caso de Pompéu, necessariamente a população não é camponesa, mas exerce um enorme afeto para com a natureza, procurando conhecê-la em suas particularidades locais, pois dali retira parte de sua subsistência, bem como constrói o seu bem estar, o bem viver.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A montanha e o vale delimitam o lugar e povoa a imaginação dos viventes, pelas lendas de imensas riquezas em ouro e pedras preciosas que abrigaria a serra de Sabarabuçu. A paisagem está constituída para que a cozinha simples e tradicional de Sabará estabeleça a ligação entre o homem e a natureza, evocando a famosa culinária mineira. Gratão (2012, p. 34), afirma: “o sabor se põe à mesa em forma de paisagem - extensão da Terra”. Assim complementa: “não é o ato simples de comer que desperta o (nosso) interesse pelo sabor, mas o sentido da paisagem. O sentido de enraizamento que ela carrega no valor à Terra.” (GRATÃO, 2012, p. 37). Importa sim, o que a lembrança desperta, não importa qual seja o alimento. Presumivelmente, o ora-pro-nóbis é encontrado em qualquer parte do país. Mas o Festival Gastronômico do Ora-pro-nóbis de Pompéu, em Sabará/MG, lhe concedeu destaque tornando-o uma cultura, apelando ao imaginário que aquela verdura se encontra em Pompéu, não em outro lugar.

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Esse verdadeiro culto à gastronomia do ora-pro-nóbis incrementou a economia local, fazendo com que o povoado tenha grande função em torno dos restaurantes, que recebem um extraordinário público, principalmente nos fins de semana. Outros eventos, como o Festival da Jabuticaba e da Cachaça, acabam por manter o imaginário do sabor em Sabará, tornando o município, atualmente, mais conhecido pelos eventos gastronômicos, do que pelos seus belíssimos monumentos históricos, como a Igreja N. Sra. do Carmo, a Igreja de N. Sra. do Ó, a Igreja N. Sra. da Conceição, as ruinas inacabada Igreja de N. Sra. do Rosário, dentre outros monumentos do período colonial, dignos representantes do barroco mineiro. De qualquer forma, o sentimento religioso se mantém extremamente forte. A começar pelo próprio nome da planta, que remete a uma oração. Ademais, não é segredo que a população sabarense é fortemente influenciada pelas festas religiosas, com o ponto alto na Semana Santa, além do dia de Santo Antônio, no povoado de Roça Grande. Porém, se os monumentos históricos não mais convencem o turista a frequentar Sabará, a oportunidade turística gerada pelos festivais gastronômicos tem sido uma boa solução econômica para a população sabarense, em que pese ao segundo plano que se mantém relegada a indústria do turismo, ainda que com esse riquíssimo patrimônio material e imaterial.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos a Maria Torres e Silas Fonseca pelas entrevistas e disponibilidade.

REFERÊNCIAS CLAVAL, Paul. Geografia Cultural. Tradução de Luíz Fugazzola Pimenta e Margareth de Castro Afeche Pimenta. 3ª edição. Florianópolis: EDUFSC, 2007, 453 p. FONSECA, Silas, O Pompéu do Ora-pro-nóbis. Sabará: Estrela da Manhã, 2010, 111 p. FOURNIER, Dominique. A Cozinha da América e o Intercâmbio Colombiano. In: GRATÃO, Lucia Helena Batista. Sabor e Paisagem à Luz de Bachelard. Revista Geograficidade, v. 2, n. 1, Verão 2012, p. 30-41. McDOWELL, Linda. A Transformação da Geografia Cultural. In: GREGORY, Derek, MARTIN, Ron e SMITH, Grahan (Orgs.) Geografia Humana: Sociedade, Espaço e Ciência Social. Tradução: Mylan Isaack e revisão técnica Pedro Geiger. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1996, 310 p. (159-188) MONTANARI, Massimo. Comida Como Cultura. Tradução de Letícia Martins de Andrade. São Paulo: SENAC, 2008, 207 p. OLIVEIRA, Lívia. Introdução: O Estudo do Sabor pela Geografia. Revista Geograficidade, v. 2, n. 1, Verão 2012, p. 27-29. TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. Tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1983, 250 p. TUAN, Yi-Fu. Topofilia, Um Estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio Ambiente. Tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1980, 288 p.

AGRADECIMENTOS Agradecimentos a Maria Torres e Silas Fonseca pelas entrevistas e disponibilidade. REFERÊNCIAS CLAVAL, Paul. Geografia Cultural. Tradução de Luíz Fugazzola Pimenta e Margareth de Castro Afeche Pimenta. 3ª edição. Florianópolis: EDUFSC, 2007, 453 p. FONSECA, Silas, O Pompéu do Ora-pro-

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PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E ALIMENTAR DOS CONSUMIDORES DO MERCADO CENTRAL DE BELO HORIZONTE Isabelle Patrícia Amaral Ferreira, Larissa Nascimento Sales, Maria Marta Amancio Amorim Discentes do Curso de Nutrição do Centro Universitário UNA/Belo Horizonte; Docente do Curso de Nutrição e de Gastronomia do Centro Universitário UNA/Belo Horizonte.

Resumo O Mercado Central de Belo Horizonte agrega hábitos e costumes não somente dos habitantes da cidade, mas um pouco de história e identidade do Brasil. O artigo objetivou caracterizar o perfil sociodemográfico e alimentar dos consumidores do Mercado Central. Foram realizadas 218 entrevistas junto aos consumidores do Mercado com perguntas contendo dados sociodemográficos e alimentares. A maioria das pessoas que frequenta o Mercado é natural de BH, mulheres, classe de renda D. Dentre os produtos alimentícios mais comprados no mercado, se destaca o queijo minas artesanal. Palavras chave: mercado central, hábitos alimentares, queijo minas. Introdução Um dos pontos turísticos mais populares de Belo Horizonte, o Mercado Central, fundado em 1929, é, para os belo-horizontinos, um grande marco histórico e cultural, que exerce grande influência nos hábitos alimentares dos mineiros (FILGUEIRAS, 2006). Ele agrega hábitos e costumes não somente dos habitantes de Belo Horizonte, mas um pouco da história e identidade do Brasil. Lojas evocam lembranças dos utensí-

lios utilizados nas casas mineiras, como panelas antigas, tachos de ferro, dentre outros (MORAIS, 2004). Além desses produtos, encontram-se queijos, uma grande variedade de temperos, como pimentas de várias cores e sabores diferentes, além de verduras, frutas e mercearias que vendem diversos produtos alimentícios. Os restaurantes procuram oferecer alimentos típicos e de tradição, porém com adaptações gastronômicas para a contemporaneidade, não rompendo, assim, tradições passadas de geração a geração da culinária mineira (MORAIS, 2004). A comida típica mineira representa o passado e está presente no futuro, sendo formada por vários significados, aspectos políticos, lembranças familiares e específicas que facilitam compreender os hábitos alimentares dos mineiros (NETTO, 2012). Segundo Morais (2014), a culinária de um povo se constitui de técnicas para definir uma origem, dada sua penetração nos diversos meios e classes sociais, sendo assim uma linguagem de fácil acesso e entendimento para as pessoas. Os hábitos alimentares são referenciados pelos valores culturais, convívio social, dados sociodemográficos e clínicos. Na atualidade, as pessoas procuram por uma alimentação que seja prática, conciliando o preço acessível ao fácil acesso (BRASIL, 2004). Com a intenção de conhecer os consumidores que frequentam o Mercado Central, esse trabalho objetivou-se

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caracterizar seu perfil sociodemográfico e alimentar. Material e métodos Elaborou-se um questionário para avaliar o perfil sociodemográfico e alimentar dos consumidores do Mercado Central de Belo Horizonte, que foi aplicado nos dias 11 a 14 de abril de 2015. Foram elaboradas perguntas contendo dados sociodemográficos e alimentares: tipos de produtos comprados, hábitos alimentares, como são realizadas as refeições, frequência e motivos que levam os consumidores a frequentar o Mercado.

em afazeres domésticos, como a atividade de fazer compras para o ato de cozinhar. No Mercado encontra-se grande variedade de produtos alimentícios, utensílios como panelas e produtos de limpeza. A presença masculina, 92 (42%) pode ser justificada pelo hábito de reunir-se com os amigos após o trabalho nos bares, uma das atrações do Mercado (COSTA, 2006).

Resultados e discussão Foram entrevistadas 218 pessoas, sendo que 90% são naturais de Belo Horizonte (BH), 8% são da Região Metropolitana e 2% são turistas que visitam o Mercado para conhecer a tradição e história do local. A grande maioria dos belo-horizontinos frequenta o Mercado devido ao seu fácil acesso, localizado no centro da capital mineira. O Mercado evoca boas lembranças para os belo-horizontinos ou turistas, que mantêm uma relação de afeto com o local (NETTO, 2012). O Mercado Central é um dos principais pontos turísticos de Belo Horizonte (FILGUEIRAS, 2006), um lugar que é visitado por pessoas que moram em todos os lugares do País e do mundo, e, principalmente, por pessoas que moram aos seus arredores que percorrem os labirintos para as compras diárias de casa (COSTA, 2006). Na Tabela 1 são apresentadas as características sociodemográficas, como faixa etária e renda dos consumidores do Mercado Central de Belo Horizonte. Nota-se que a superioridade da presença feminina, 126 (58%) pode ser justificada pela significativa participação da mulher

Dos 218 entrevistados, 93% possuem entre 21 e 50 anos, sendo que 74% estão entre 30 e mais de 50 anos. A baixa frequência de pessoas abaixo de 20 anos pode estar relacionada à falta de atrativos próprios para esta faixa etária, como jogos eletrônicos, aparelhos celulares, roupas e acessórios. Percebe-se com clareza que os lojistas optaram pelo público adulto, pois não há espaço atrativo para as crianças, que são levadas para um passeio familiar com os pais e se deslumbram mais no setor dos animais (COSTA, 2006). O maior número de entrevistados foi o pertencente à classe D (de 01 a 03 salários mínimos), com 37%, e a classe C (de 03 a 05 salários mínimos), com 34%. Os outros 29% foram pertencentes das classes E, com 18% (até 01 salário mínimo), B com 8% (de 05 a 15 salários mínimos) e

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classe A, com 3% (mais de 15 salários mínimos). Independente da classe social, todos frequentam o Mercado Central, pois há uma grande variedade de produtos com qualidade e custo acessível, o que dá identidade e aproximação das pessoas ao Mercado, conferindo-lhe a qualidade desse espaço diversificado (NETTO, 2012). Na Tabela 2 é ilustrada a frequência e o motivo da frequência, além do local das refeições dos consumidores do Mercado Central de Belo Horizonte. Diariamente, 11% de mulheres e 9% de homens visitam o Mercado. Já para os visitantes semanais o percentual entre ambos os sexos é de 30%, dado que poderá estar relacionado à facilidade de acesso ao mercado e à variedade de produtos encontrados em um mesmo local (FILGUEIRAS, 2006). Para os visitantes mensais, o grupo masculino representa um total de 10%, quanto às mulheres o percentual é 20%, fator que pode estar relacionado ao fato de as mulheres se responsabilizarem pelos afazeres domésticos e compras de casa (COSTA, 2006). O percentual de pessoas que visitam o mercado anualmente são 20%, independente do sexo, provavelmente por terem um sentimento de fidelidade e tradição pelo Mercado (COSTA, 2006).

A pesquisa revela, ainda, que 48% dos entrevistados, independente do sexo, faixa salarial, faixa etária, visitam o Mercado devido à herança cultural, ligada ao local que é reconhecido como patrimônio cultural de Belo Horizonte. O ambiente do Mercado também atrai pontos de encontros entre amigos, espaço de lazer entre familiares, totalizando 13% (COSTA, 2006). Já outras pessoas optam em frequentar o local devido ao fácil acesso, localizado no centro de Belo Horizonte. A localização central e o preço acessível são os fatores que mais atraem as mulheres ao mercado, que possui percentuais maiores em relação aos homens. Os dados ainda revelam que devido à correria do dia-a-dia, as pessoas realizam suas refeições em diversos lugares ao longo da semana. Há quem tem a oportunidade de realizar no próprio aconchego do lar, não abrindo mão de uma refeição mais caseira, sendo 40% dos entrevistados; outros 36% dos entrevistados realizam suas refeições nas ruas, devido à correria do trabalho diário. Outras 32%, independente do sexo, realizam suas refeições no próprio trabalho. Há pessoas que realizam suas refeições em faculdade, perfazendo um percentual de 3%. Há aqueles que recorrem ao Mercado à procura de uma refeição “feita na hora” e com um toque mineiro, sendo um total de 4%, de ambos os sexos. Dentro o diversificado e abrangente mundo dos sabores e de tradição do Mercado Central, observou-se que os produtos mais adquiridos pelos consumidores são os queijos, frutas, temperos e verduras, como demonstrados na Figura 1.

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Dessa forma, 49% dos homens e 39% das mulheres vão ao mercado à procura de queijo. Segundo Netto (2012), o Mercado Central de Belo Horizonte tem como característica sua diversidade de produtos e a oferta de alimentação, se tornando referência no cotidiano da população belo-horizontina. Entre os produtos disponibilizados, destaque para o Queijo Minas Artesanal, independente de sua denominação, este é continuamente consumido por seus frequentadores. O queijo é utilizado para produzir o pão de queijo, que está presente até mesmo durante as refeições e não apenas acompanhando o desjejum ou lanche. O Estado de Minas Gerais é reconhecido por ser o mais tradicional produtor de queijos do País, tendo como destaque secular o Queijo Minas Artesanal, que é produzido em propriedade agrícola por meio do leite cru, em conformidade com a tradição cultural e histórica de Minas Gerais, apresentando consistência firme, de sabor e cor única, livre de conservantes e corantes (NETTO, 2012). Esse queijo é considerado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais patrimônio imaterial, popular e tradicional, constituindo a identidade do Estado. É destaque em vendas e tem maior procura no Mercado, que possui 29 queijarias (NETTO, 2012).

A produção de laticínios e a fabricação do famoso queijo Minas iniciou-se com as grandes fomes ocorridas em 1698, 1700 e 1713, quando os mineiros voltaram aos seus povoados de origem para caçar e lavrar as terras, iniciando-se a agricultura voltada para gêneros de subsistência e expandindo-se a criação de gado, principalmente no Sul de Minas (FRIEIRO, 1966). Ao final da década de 80, surgiu a primeira marca do produto industrializado no mercado mineiro, para logo em seguida ganhar o mercado nacional, e, posteriormente, o internacional (OLIVEIRA, 1999). Este estudo revelou que 31% e 24% dos homens e 22% e 20% das mulheres frequentam o Mercado para comprar frutas e verduras, respectivamente. Quanto aos temperos, os percentuais são de 20 para homens e 26 para mulheres. As pimentas com suas variedades de cores enriquecem o Mercado Central, sendo as mais procuradas a biquinho, dedo de moça e malagueta. As pimentas comercializadas no mercado são advindas do Norte de Minas e da Região Metropolitana (NETTO, 2012). Dos consumidores, 27% dos homens e 16% das mulheres buscam doces. Segundo Netto (2012) os doces consumidos no Mercado Central são de característica pastosa, moída ou em caldas, apresentando diversos ingredientes como a goiaba, a banana, o mamão, o limão, a laranja da terra, a abóbora e o leite dentre outros. Os mineiros sempre foram apreciadores de doces. Estes eram preparados com rapadura ou açúcar escuro tais como o de leite, envolvidos em palhas de milho, os de cidra, limão e laranja, a brevidade, o pé-de-moleque, a queijadinha, a mãe-benta e o arroz-doce. Nos guarda-comidas nunca faltou a compoteira de melado, que se comia com farinha de milho ou queijo (FRIEIRO, 1966).

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queijo (FRIEIRO, 1966). Dos entrevistados, as carnes e peixes são consumidos por 14% das mulheres e 12% dos homens. O hábito de comer carne fresca se generalizou em Minas Gerais. Hoje pouco se come de carne seca, pois encareceu muito (FRIEIRO, 1966). Com as carnes se preparam os pratos típicos, expostos no fogão à lenha dos restaurantes mineiros, tais como: feijão tropeiro, tutu à mineira, frango com quiabo e angu, costelinha de porco com canjiquinha, bambá de couve e leitão à pururuca. Dentre os consumidores, 14% das mulheres e 3% dos homens buscam por produtos integrais. As oleaginosas são consumidas por 20% dos homens e 18% das mulheres. Somente 1% dos homens e 3% das mulheres que foram entrevistados frequentam o Mercado em busca de roupas/artesanato, 2% dos homens e 0,79% das mulheres procuram por animais. Atualmente, os segredos da culinária mineira correm rapidamente de uma região para outra, eliminando fronteiras. Por isso hoje come-se praticamente tudo em quase todos os lugares, o que vem provocando uma verdadeira revolução na gastronomia. Ao mesmo tempo em que muitos chefes de cozinha buscam inspiração na culinária de povos diferentes, outros estão pesquisando e fortalecendo a cozinha regional com valorização dos costumes, hábitos e sabores mineiros (LEAL, 1998). Conclusão A maioria das pessoas que freqüenta o Mercado é natural de BH, mulheres, classe de renda D e C. O Mercado Central atrai visitantes não somente para obter produtos, mas em especial ao bem estar que o ambiente proporciona às pessoas.

Não é um local buscado somente para fazer compras, mas é uma fonte de lazer para a população belo-horizontina e os turistas que ali frequentam e ficam maravilhados com a riqueza que tal ponto turístico oferece. Dentre os diversos produtos encontrados, o que ganha maior destaque em vendas é o Queijo Minas Artesanal. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: Acesso em: 14 abr. 2015. COSTA, J. E. Mercado Central de Belo Horizonte: a convivência entre iguais e diferentes. Belo Horizonte, 2006 (Dissertação de mestrado do. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais). Disponível em: Acesso em: 15 mai. 2015 FILGUEIRAS, B. Do Mercado popular ao espaço de vitalidade: o Mercado Central de Belo Horizonte. UFRJ, 2006. (Dissertação de mestrado do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Disponível em: Acesso em: 26 abr. 2015. FRIEIRO, E. Feijão, angu e couve. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1966. LEAL, M.L. M.S. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1998. MORAIS, P. Culinária Típica e Identidade Regional. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. Disponível em: Acesso em: 25 abr. 2015. NETTO, M. M. O Mercado Central de Belo Horizonte: entre queijos e sabores. Revista Geograficidade, v. 2, n.1, 2012. Disponível em: Acesso em: 15 mai. 2015. OLIVEIRA, F.A. Perfil do queijo minas curado destinado à fabricação de pão de queijo. Belo Horizonte: 1999. 125 p. (Dissertação de Mestrado em Ciências de Alimentos. Faculdade de Farmácia. Universidade Federal de Minas Gerais).

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ça-Roma e a Paris das luzes. O primeiro eixo, Florença-Roma, se encontra sobre a influência da corte papal e dos Médicis que cultuavam carnes pesadas, seus faisões emplumados, repletos das especiarias vindas do oriente. Paris, porém se centrava no açúcar, nas massas delicadas, nas pequenas porções e em alguns ingredientes exóticos do Novo Mundo que mostravam os novos perfumes iluministas, sementes para a grande revolução na gastronomia: a Nouvelle Cuisine.

“CATA AQUI, CATA ACOLÁ”COMER EM MINAS GERAIS NOS PRIMÓRDIOS DO BRASIL

Vani Maria Fonseca Pedrosa Pesquisadora do Santuário do Caraça e Especialista em Pesquisas Gastronômicas do SENAC-MG

A publicação do Cozinheiro Nacional em 1889 sofre influência da tendência da Europa naquela época: o Iluminismo, com que se buscava o aprimoramento das técnicas e a sistematização dos processos produtivos, mudanças que atingiam todos os setores da sociedade. Naquele contexto, não seria através da Coroa Portuguesa ainda arraigada nos ideais do descobrimento que o Iluminismo iria atingir suas colônias, principalmente a que mais lhe interessava, por ser a mais rentável: o Brasil. O pós-extrativismo brasileiro do início do século XVII vê surgir uma sociedade baseada nas monoculturas, no mercantilismo e na exploração do trabalho escravo, como principais atividades geradoras de capital. Esta sociedade, inicialmente alheia às inovações das técnicas produtivas ligadas à alimentação que se desenvolviam na Europa, ainda se encontrava atrelada aos antigos processos e costumes trazidos de Portugal, que muitas vezes se tornavam difíceis ou até impossíveis de serem usados; seja pelo clima, pelo solo, ou pela instabilidade da vida familiar nesta sociedade. O que tornava mais fácil buscar o alimento na natureza do que no cultivo. Sobre este momento Gilberto Freyre escreve:

Resumo No final do século XIX, o Brasil vivia a abolição, a república, a decadência de sua sociedade patriarcal e o surgimento de uma classe burguesa. Inserido neste contexto social e político, a Editora Garnier publicou no Rio de Janeiro, em Portugal e na França a 3ª edição completa do livro Cozinheiro Nacional (1889). Em todo o livro, o autor apresenta receitas da época, além de hábitos, cardápios e comportamentos à mesa, conforme a moda europeia. O livro parte do princípio de que os insumos nativos do Brasil deveriam corresponder ao seu insumo similar na Europa; assim, a as receitas europeias poderiam ser executadas com os ingredientes nacionais sem perda de qualidade, garantindo seu reconhecimento e divulgando o insumo nacional, o que favoreceria o desenvolvimento de uma culinária independente, tipicamente brasileira. Mas este objetivo não se cumpriu, seguindo sob muitos aspectos um caminho contrário a estas expectativas.

“O português no Brasil teve de mudar quase radicalmente seu sistema de alimentação, cuja base se deslocou do trigo para a mandioca; o seu sistema de lavoura, onde as condições físicas e químicas do solo, tanto quanto as de temperaturas, não permitiram que fosse o mesmo doce trabalho das terras portuguesas”

(Freyre, Casa-Grande e Senzala, p.111)

Sem as mesmas condições de subsistência de seu país de origem, os portugueses

Paralelo a isto, a Europa dos séculos XVIII e XIX vive uma transição entre o eixo Floren-

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precisaram buscar soluções criativas que se tornaram básicas para a alimentação nos primeiros anos do Brasil. O conhecimento do índio mesmo que rudimentar, foi uma delas; foi ele que no início da colonização ajudou os portugueses com seus produtos e técnicas. “Cultivavam os tupis o milho (abati) de preferência, ao qual se pode na verdade dar o nome de trigo americano, porque era base da alimentação selvagem. Além do milho, plantavam também a mandioca, o aipi, a batata doce (jatyuca), o cará. Várias espécies de abóbora (gerimú) a banana (pacoba), o mandobi, que dizemos amendoim. Os alimentos eram simples, mas variados. Não era usado o sal como condimento, mas, assando a carne, o peixe ou qualquer fruto ou raiz, mostravam apreciar a cinza como um succedaneo. Nenhuma caça ou peixe comiam cru.” (Sampaio, Thodoro, O Tupi 1928, p.104, 105). Gilberto Freyre vai além de Theodoro Sampaio, ao comentar, após descrever algumas técnicas de preparo de vários pratos indígenas, utilizando principalmente a mandioca:

“A culinária nacional - seja dito de passagem - ficaria empobrecida, e sua individualidade profundamente afetada, se se acabasse com os quitutes de origem indígena: eles dão um gosto à alimentação brasileira que nem os pratos de origem lusitana nem os manjares africanos jamais substituiriam”

(Freyre, Casa Grande e Senzala, 1952, p. 263)

Além do índio, o negro foi outro que forneceu ao português, uma diversidade de produtos e técnicas; ele foi o responsável por superar muitas, das dificuldades encontradas pelos colonizadores, trazendo novos insumos da África, como o feijão e a palmeira produtora do óleo de dendê, dentre outras. Era deles também a mão de

a mão de obra para o cultivo, a colheita e o preparo, sempre tocada a chibatadas, foram eles que aprenderam com o índio a encontrar alimento no mato; foi assim, catando aqui e acolá, que foram descobertos inúmeros produtos nativos comestíveis, principalmente verduras e frutas que, com o passar do tempo foram sendo incorporadas à dieta do brasileiro, como é o caso remoto da beldroega, conhecida como “salada de negro” no Brasil colônia; os carurus, o ora-pro-nóbis e as urtigas foram acrescidas à alimentação do Brasil colonial. Até o século XVIII, no Brasil, o problema era o que comer e não como comer. E aquele, definitivamente, não era o momento europeu em que o iluminismo dava o tom. Ao contrário, desde o século XVI, era contra a rusticidade de técnicas que o Iluminismo e a nova cozinha europeia se opunham. As novas receitas europeias foram difundidas e aclamadas em banquetes de reis e rainhas, cercadas pelos aforismos do professor Brillat-Savarin e de outros teóricos que tentavam transformar a glutonaria medieval na nova arte de comer: “O destino das nações depende essencialmente da maneira como elas se alimentam.” (Savarin,Brillat, Cozinheiro Nacional,1889, p. 6) Longe do processo de renovação vivido na Europa, a comida brasileira se estabelecia com a formação de seu povo, o que acontecia lentamente por fatores muito mais profundos do que o mero encontro das três raças que a resultaram. A formação da culinária de uma nação passa por um caminho complexo, é um processo contemporâneo de si mesmo, sujeito, como qualquer processo evolutivo, às suas necessidades e às diversas formas de influências externas. Como ressalta a fala de Spengler:

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qualquer processo evolutivo, às suas necessidades e às diversas formas de influências externas. Como ressalta a fala de Spengler: “uma raça não se transporta de um continente a outro; seria preciso que se transportasse com ela seu meio físico” (Freyre, Casa Grande e Senzala, 1952, p. 86) Ignorando estes aspectos, e inserido neste momento de influência Iluminista, o Cozinheiro Nacional apresenta a preocupação em sintonizar a cozinha do Brasil com o que acontecia na Europa, sem se preocupar em aprofundar e aperfeiçoar o conhecimento das técnicas da própria culinária brasileira, bem como o melhor uso dos seus produtos. Em lugar disto, publica em seu prólogo uma lista com as correspondências entre os insumos europeus e seus similares brasileiros; o que, segundo o autor, possibilitaria a utilização dos ingredientes nacionais nas receitas europeias e vice-versa, sem perda de qualidade; com isto ele esperava ter o reconhecimento do valor da culinária do Brasil na Europa, demonstrando um pensamento simplista e pouco aprofundado. “É tempo de que o país se emancipe da tutela europeia debaixo da qual tem vivido até hoje; é tempo que ele se apresente com seu caráter natural, livre e independente de influências estrangeiras, guisando a seu modo os inúmeros produtos de sua flora e fauna” (Cozinheiro Nacional, 1889, p. 2) Nessa lista, o autor faz uma sugestão para substituições de verduras e legumes, onde as espécies europeias na época, difíceis de serem encontradas, ou até desconhecidas da população brasileira, poderiam nas receitas serem substituídas pelas espécies nativas, sem prejuízo em seu sabor final.

Produções Brasileiras Abóbora D’Água e xuxu Mangaritos, cará, cará do ar, baratinga Mandiocas Palmitos, talos de inhame, talos de taioba, umbigo de bananeira, gariroba Amendoim, sapucaias, castanhas do Pará, mindubirana Bananas Brotos de samambaia, grelos de abóbora Jiló Serralha Beldroega Salsa Alho Pinhões Labaça Carapicus, orelha de pau Lobo-lobo, jurubeba, quiabo, ora-pro-nóbis Mangaritos Mamão, croá Jacatupé, batata doce Pimentas comarí Tomates Laranja azeda Cebolas de cheiro Folhas de borragem Conserva de pimentão Gengibre

Produções Europeias equivalentes Pepinos, abóboras Cenouras Batatas Alcachofra

Amendoas, nozes e avelãs Maçãs Aspargos Beringela Escarola Barba de bode Echalote Alho porró Castanhas Azeda do Reino Cogumelos Nabos Tubaras Melão Beterraba Pimenta da Índia Uvas verdes Limão Ciboullet Mostarda Alcaparras Raiz forte

Fonte: Cozinheiro Nacional, 1889, p. 3.

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É interessante observar, que o acontecido foi o contrário do que era pretendido com o Cozinheiro Nacional. Em lugar de os habitantes do Brasil, divulgarem seus ingredientes nativos e aprimorarem as formas de prepará-los em substituição ao seu similar de origem europeia, passou-se a usar no Brasil muitos dos equivalentes europeus que no início do século XX, por fatores distintos, passaram a ser cultivados de forma comercial, superando as espécies nacionais consumidas principalmente nos centros urbanos. Outro objetivo pretendido pelo livro, o de divulgar os produtos e a culinária brasileira na Europa, também não foi alcançado. Fato compreensível, visto que durante a transformação de conceitos e aprimoramento de técnicas vividas no período iluminista, apresentar uma culinária primitiva e “verdadeiramente brasileira” como pretendia o Cozinheiro Nacional era no mínimo contraditório. Levar a rusticidade de uma culinária em formação para onde se buscavam técnicas preciosas, artísticas, quase arquitetônicas, que criassem a elegância das pequenas porções, a suavidade adocicada dos sorvetes, chocolates e macarrons. Seria apresentar o oposto ao paladar refinado e a perfeita arte de bem receber; premissas que pouco ou nada tinham a ver com o Brasil colonial e escravocrata, onde as escravas, as mulatas e as senhoras portuguesas à beira de fogões a lenha viviam a labutar entre caças, capados, verduras e o que mais tivessem em mãos para suprir a falta de alimentos do Brasil colônia. Onde os nativos indígenas se alimentavam quase que exclusivamente do que encontravam pelo caminho: “Descendo o rio Paranapanema, em 1886, encontrei sobre um lagedo, à margem do rio, abundantes cascas de laranjas, assadas, despojos de uma refeição, apenas terminada de uma família selvagem, que assim usava o fogo para tornar mais to-

lerável o sabor amargo daquelles bellíssimos frutos amarellos.” (Sampaio, Theodoro, O Tupi 1928, p. 106) Estas laranjas amarelas eram cidras as quais Theodoro Sampaio se refere como sendo descritas desde 1518. De 1500 até a data da terceira edição do Cozinheiro Nacional, ainda eram os produtos encontrados na natureza os principais ingredientes da alimentação dos Brasileiros. Vejamos como exemplo carnes, e sua frequência nas receitas do livro. São ao todo 1096 “receitas” à base de carne. Destas, 117 são de vacas, 96 de porcos, 89 de frangos, 112 de aves domésticas, 104 de vitelas, 109 de carneiros, 70 de peixes de água doce, 96 de peixes de água salgada e crustáceos e 303 de animais silvestres como: preás, esquilos, gambás, cotias, irara, onça, tamanduá, lontra, ariranha, paca, queixada, caititu, caxinguelê, lagarto, tatu, pombas, perdizes, araras, papagaios, periquitos, veados, macaco, jacu, anu, inhuma, tanajura, quati, cobras, rãs, perdizes e canários. No total das 850 receitas para preparo de carne, em média 10% corresponde a cada tipo de animal doméstico citado, contra mais de 30% de animais silvestres, o que demonstra baixo índice de animais criados para abate. Vejamos uma das receitas para preparo de carne citada no livro “Cobras, lagartos e rãs refogados” “Corta-se uma cobra em pedaços, refogam-se com duas colheres de gordura e uma cebola picada; polvilha-se uma colher de farinha de trigo, e uma xícara d’água, sal salsa e pimentas e um pouco de nós moscada rapada; deixa-se ferver perto do fogo, até cozer, tendo incorporado o molho, com duas gemas d’ovos, desfeitas em um cálice de vinho, e serve-se”. (Cozinheiro Nacional, 1889, p. 42)

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Como podemos ver por esta receita, as técnicas de preparo do livro se apresentam incompletas: não se fala na forma de corte nem a preparação inicial da carne, que difere, e muito, para cada um dos animais sugeridos, que foram tratados como iguais nesta preparação. Se seguirmos as receitas à risca jamais conseguiremos um preparo adequado. Mesmo assim o Cozinheiro Nacional tem hoje seu reconhecimento no que foi sua grande, e verdadeira contribuição não foi, sem dúvida, seu objetivo principal e sim o registro de com quais insumos o brasileiro se alimentava, a informação de quais técnicas europeias ele já dominava. Além de nos fornecer outras informações estatísticas reveladoras sobre este momento. Um dos dados que chama a atenção, no livro se refere às receitas à “moda”, nele encontramos 26 receitas à francesa, 24 receitas à italiana, 22 receitas à inglesa; as outras não passam de três de cada região, país ou cidade; no entanto, apresenta 46 receitas à mineira ou com referência a Minas Gerais. Com isto podemos concluir que já em 1889 a culinária mineira já era registrada como um expoente na culinária brasileira. Na maioria das vezes o autor segue usando receitas europeias, apenas substituindo nelas algum ingrediente europeu pelo similar nacional, como no caso da receita citada acima, onde se utiliza de um ingrediente estrangeiro, a farinha de trigo, rara na época, no início do refogado, usando-a como forma de encorpar antecipadamente o molho, além do uso do vinho no preparo o que é uma técnica francesa de cocção. Na verdade, o que aconteceu foi que o Cozinheiro Nacional, acabou por sugerir um universo de afrancesamento, com pouca base técnica, quando, sem os esclarecimentos devidos, misturou ingredientes locais com técnicas estrangeiras, deixando em segundo plano o aprimora-

mento das técnicas indígenas, africanas e portuguesas, que no Brasil se complementavam para dar origem à verdadeira culinária brasileira. Naquele mesmo ano (1889), o Cozinheiro Nacional foi publicado na França e em Portugal, sem que isto tornasse os produtos brasileiros da referida lista, mais conhecidos, naqueles dois países, como era pretendido pelo livreiro. Nesta época, a participação do Novo Mundo neste processo se restringiria ao consumo de gêneros exóticos como o açúcar, o cacau e o abacaxi, itens brasileiros, que sustentavam o exotismo, velha Europa. Mesmo que não fosse vindo de Portugal, mesmo que tardio, o Iluminismo chegaria ao Brasil trazido pelas mãos da burguesia. Seja com o rush aurífero, com a industrialização ou com o comércio, uma nova parcela da população detinha o capital no Brasil. Esta população tinha os meios e com estes meios queria as luzes e os luxos que brilhavam na Europa. Era essa demanda que o Cozinheiro Nacional tentou suprir, principalmente usando a desenvolvida culinária de Minas Gerais, que nesta época já detinha características particulares marcadas por independência de ingredientes e completude de técnicas e produtos como: queijos, fermentados e receitas características. Em outros pontos do Brasil a influência europeia chegou rápido. Já em 1920, apenas trinta anos depois da publicação em questão, produtos estrangeiros como a batata e o tomate já eram produzidos e consumidos em uma escala muito superior à de alguns produtos nacionais. O que fica claro na publicação de 1920 do Dr. Ezequiel de Silva Brito Os Vegetaes, Sua Vida e Sua Utilidade, onde a forma de produção da batata inglesa já é citada de forma diferenciada a do mangarito, mandioca, batata doce e dos carás dentre outras espécies

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nacionais que o Cozinheiro nacional divulgava como substitutos destes produtos em 1889. “No fim de 3 a 4 meses a cultura da batata americana está em condições de amadurecimento completo, prompta para a colheita, o que se reconhece pelas folhas que murcham e seccam. Colheita, plantio e lavras devem ser feitos a machinas, hoje muito aperfeiçoadas. Pelas análises da batata verifica-se que a sua composição é rica sobretudo em amido. Além das tuberas, as folhas do Mangarito e da Tayoba, são utilizadas como legume delicioso e muito nutritivo. Entre as substância nellas contidas, sobressaem o mangará-gluten, na razão de 2,190%. segundo a análise de Peckolt, especialmente na variedade roxa, que é mais rica em reservas nutritivas que branco.” (Brito, Os Vegetaes, Sua Vida e Sua Utilidade, 1921, p.19,108) Souza Brito não descreve nenhum tipo de produção agrícola que sugira uma escala comercial quando se refere ao mangarito e à taioba ou a outras produções nacionais, a não ser a do milho, que naquela época já se tonara reconhecido como alimento industrial e já havia sofrido aprimoramento de produtividade, principalmente pelos Estados Unidos, desde que o levaram do México. Os produtos de uso exclusivo dos brasileiros não despertavam interesse para produção em escala, voltada para a exportação e o comércio. Mesmo assim seja por tradição, seja pelas propriedades nutritivas e curativas, muitos deles continuavam a ser produzidos na agricultura de subsistência e nos quintais, pelo Brasil a fora; outros se perderiam para sempre. Apesar de as análises nutricionais do Dr. Souza Brito apontarem a superioridade nutritiva e de sabor de muitos dos nossos vegetais nativos, eles não resistiram aos

hábitos, às técnicas e à padronização do consumo ditado pela Europa, seguida no século XX pelos Estados Unidos, que exportavam seu Way of life para o mundo, principalmente para os chamados países em desenvolvimento onde a sedução da facilidade dos produtos industrializados, e o baixo custo dos produtos geneticamente modificados se tornaram mais atraentes economicamente. Hoje, auxiliados por um tempo em que se buscam novos paladares, em que o progresso a todo custo passa a ser questionado como fator de detrimento da própria espécie humana, o passado do Brasil e principalmente de Minas Gerais se torna, uma terra fértil, “ouro de aluvião”, com milhares de espécies esquecidas, desconhecidas ou pouco exploradas, prontas para serem estudadas, cultivadas e lançadas em um mercado mais maduro, que não se sustenta mais sem a diversidade, um mercado que adquire um novo potencial de consumo, onde produtos originais e exclusivos, ou com formas produtivas sociais e sustentáveis, adquirem valor e mercado diferenciado. No cenário atual, Minas Gerais continua a ser um baluarte para a gastronomia brasileira na medida em que guarda em sua culinária tradicional as técnicas e ingredientes originais que contam nossa história gastronômica, onde os produtos da preciosa lista do Cozinheiro Nacional, não ficaram registrados apenas no prólogo do livro. Um testemunho desta história é o Santuário do Caraça em Catas Altas, MG, onde muitas das espécies que foram vistas e registradas em 1816, pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, resistiram ao tempo e ao descaso, protegidas pelo Santuário e seus cuidadores.

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No Caraça, o queijo artesanal, os fermentados os pães e quitandas, frutas, farinhas, verduras, legumes, chás, plantas medicinais, antigas técnicas de preparo e receitas arcaicas foram preservadas já por 240 anos, por mãos de diversas gerações, e nunca deixaram de ser usadas diariamente, convivendo pacificamente com a modernidade. Aqui elas vivem para que não esqueçamos qual é a verdadeira comida brasileira. •

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, Ezequiel C. de Souza. Os Vegetaes, Sua Vida e Sua Utilidade. Cayeiras, SP: Ed. Proprietária, 1921.182 p.(Melhoramentos) CARRATO, José Ferreira. As Minas Gerais e os Primórdios do Caraça. São Paulo, SP: Ed. Nacional, 1963. 463 p (Brasiliana; v. 17) CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do Folclore Brasileiro. São Paulo, SP: Martins, 1956, v. 2. COZINHEIRO NACIONAL ou coleção das melhores receitas das cozinhas Brasileiras e europeias. 3. Ed. aum. Rio de Janeiro, RJ; B. L. Garnier, 1889 498 p. ilus. DALLA BONA, Fabiano. A arte de comer no século das luzes na Palermo de Dacia Maraini. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC [11. 2008: São Paulo, SP] [ Anais...]. São Paulo, SP: USP, 2008. p. 57. FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. 7. Ed. Rio DE Janeiro, RJ: J Olympio, 1952. 486 p. ilust. (Documentos brasileiros: 36) FREYRE, Gilberto. Sobrados & Mucambos: decadência do patriarcado rural no Brasil. São Paulo, SP: ED. Nacional, 1936. 405 p. ilust. (Brasiliana, série 5ª; biblioteca pedagógica brasileira: v.64) SAMPAIO, Theodoro. O tupi: Na Geografia Nacional. Salvador, Bahia: Sessão Gráfica de Aprendizes de Artífice, 1928. 352 p.

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PROJETOS 113

MINAS À MESA A comida mineira é famosa no País inteiro. Comida de tropeiro, de boteco, de quintal, de vó: comida de afeto. MINAS À MESA atravessa as montanhas para registrar o universo da gastronomia mineira e o que existe ao seu redor. MINAS À MESA é um projeto em busca de patrocínio: através de uma série de episódios documentais exploraremos a temática e os desdobramentos da formação da cultura alimentar mineira. Diferentemente do que se vê em programas relacionados à gastronomia, os 13 capítulos não têm foco direto em receitas culinárias, mas na síntese de aspectos culturais, filosóficos, sociológicos, geográficos e econômicos que rondam a comida mineira. A proposta visa aumentar a visibilidade e a percepção de nossa cozinha, dando ímpeto ao produto turístico que ainda não tem o reconhecimento que merece. Dessa forma, a premissa da série é ir ao encontro de personagens para conhecer sua história e entender qual sua relação com o universo da gastronomia mineira. Sob o viés econômico, pretendemos demonstrar que gastronomia também é

negócio: investimento, mercado, retorno; os turistas contemporâneos — também chamados de turistas de segunda geração — estão dispostos a pagar pelo valor que as experiências gastronômicas oferecem, pois elas são a porta de entrada para a cultura local, e em um turismo cada vez mais vivencial, é fundamental proporcionar ao visitante os meios de conectar cultural local e global, criando narrativas em torno do alimento. Assim, a descoberta da gastronomia mineira pode ser uma aventura inesgotável: enquanto algumas regiões buscam atrair o turista por suas cozinhas monoétnicas, Minas recepciona os visitantes com uma cozinha de múltiplas influências. Isso porque a gastronomia mineira é um microcosmo da brasileira, sendo o meio geográfico e a síntese cultural das influências recebidas ao longo do processo civilizatório. Do ponto de vista social, demonstraremos que a gastronomia é o retrato do ethos do povo mineiro, e que os costumes e traços comportamentais podem ser facilmente identificados na comensalidade local, que supera, em muito, o naturalismo do

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ato de comer. As refeições mineiras são impregnadas de sentimento de identidade, sendo ela, talvez, o mais consistente dos ícones simbólicos do instinto de mineiridade. Dentro da premissa de que uma gastronomia só é atrativa para o turista se for atrativa para a sua própria população, a coesão social e o orgulho cívico do mineiro em relação à sua gastronomia fazem dela o cartão de visitas para quem procura vivenciar a cultura local. A gastronomia mineira passa atualmente por um processo de expansão, com várias e relevantes ações realizadas tanto por instituições governamentais quanto pela iniciativa privada. Existe um interesse generalizado em fazer da gastronomia uma pauta econômica e política, na intenção de alcançar um maior desenvolvimento do setor, ainda em processo evolutivo. Alguns avanços já aconteceram nesse sentido, como a criação da Frente da Gastronomia Mineira, a participação recorrente de Minas em feiras nacionais e internacionais, o reconhecimento de novos talentos, a criação de festivais gastronômicos que, cada vez mais, despertam o interesse de empreendedores, turistas e da comunidade local, além da incorporação da gastronomia no portfólio das políticas governamentais. A iniciativa legislativa de criação de uma política pública específica para o desenvolvimento da gastronomia, consubstanciada pelo Projeto de Lei Estadual no 1.618/15, em tramitação, pode fazer de Minas o primeiro Estado brasileiro a ter uma regulação legal para o setor gastronômico.

com o objetivo de ampliar o conhecimento de pessoas que se interessam pela temática, contribuir na área da pesquisa acadêmica e prática, além de trazer benefícios ao estado, pois a série unirá a marca da gastronomia mineira ao desenvolvimento socioeconômico do Estado. O projeto possui 12 subtemas que dão conta de toda a linha evolutiva da cultura alimentar mineira: influência indígena, portuguesa e africana na gastronomia mineira; gastronomia de seminário; gastronomia e fé; produtos e produtores; damas; chefs; gastronomia tradicional e contemporânea; gastronomia e arte; territórios gastronômicos; mapeamento gastronômico da Estrada Real; festas e festivais e, para finalizar, o boteco. A série é destinada a todos os mineiros e não-mineiros que se interessam pela formação da cultura alimentar mineira, pesquisadores, acadêmicos e turistas que queiram conhecer o nosso estado sob o viés da gastronomia. O repositório de registros, imagens e depoimentos proporcionado pela série documental servirá, também, para auxiliar as agências públicas na tomada de decisões de novas ações para o setor e no aprimoramento de ações em curso. A pesquisa anterior à visitação dos locais escolhidos e elaboração dos roteiros será realizada a partir de literatura relacionada ao tema, disponível nas fontes bibliográficas, relatos e referências visuais.

Mesmo com todos os avanços, o setor ainda apresenta um enorme déficit quando se trata de registros audiovisuais, ou seja, é extremamente raro encontrar material fílmico que mostre ao espectador a dimensão histórica da nossa cultura alimentar, abordando aspectos que vão além da elaboração de receitas. Nesse sentido, a série MINAS À MESA será produzida

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COMER EM MINAS Este episódio – o primeiro a ser exibido – pretende ser a síntese da série MINAS À MESA, por apresentar, em narrativa sucinta, todos os subtemas que serão trabalhados nos 12 capítulos. Funcionará como um teaser, instigando o espectador a acompanhar o aprofundamento das temáticas nos capítulos subsequentes. Nesse sentido, o primeiro episódio é uma colcha de retalhos e o fio condutor da linha do tempo da formação cultural alimentar mineira, que tem visibilidade a partir do século XVIII (período da mineração e do processo de povoamento de Minas Gerais), até os dias atuais, com a apresentação da comida mineira contemporânea ou “novelle cuisine mineira”. O espectador será convidado a viajar por um túnel do tempo, onde práticas alimentares portuguesas, africanas e ameríndias entram em processo de fusão, dando origem a uma estética caipira, da qual a cozinha mineira vem para se tornar um dos maiores expoentes. A contribuição de colonizadores, escravos e nativos será retratada em três aspectos distintos: 1) a comida de seminário, símbolo da comensalidade europeia, com forte influência sobre a elite da sociedade mineira em meados do século XVIII; 2) a comida de senzala, que apresentará adaptações de ingredientes e uso de técnicas culinárias de matriz africana, usadas pelos cativos para reproduzir pratos típicos do seu contexto cultural; 3) a culinária indígena que, por ser a nativa, tornou-se base para as transformações trazidas pelas influências africana e portuguesa, com destaque para a utilização de seus produtos e utensílios.

O processo de crioulização a que foi submetida à cultura alimentar mineira ao longo de sua formação histórica será abordado para compreender a relação de convivência existente hoje entre a cozinha tradicional e a cozinha contemporânea. As novas expressões culinárias de Minas serão evidenciadas e explicadas à luz da evolução do processo civilizatório vivido pela sociedade mineira. Artífices da cozinha mineira contribuirão para o diálogo dialético entre resistência e modernidade, mostrando o impacto da crioulização também no ofício de cozinheiro. Cozinheiros e cozinheiras contarão a trajetória evolutiva da praxis gastronômica mineira, por meio de depoimentos próprios ou de seus contemporâneos, e de relatos históricos de pesquisadores. A influência da fé no modelo alimentar mineiro será analisada por meio de manifestações culturais adotadas por vários rituais religiosos em Minas, os quais ajudaram a preservar tradições alimentares ao longo do tempo. Bebidas e comidas símbolos de cultos religiosos serão inventariadas e explicadas à luz de sua importância na caracterização da dieta alimentar do mineiro ao longo da história. Eventos gastronômicos de diferentes dimensões, mas igualmente icônicos para a formação identitária da gastronomia mineira, bem como para a sua projeção além das fronteiras do Estado, serão abordados com enfoque especial na movimentação da cadeia produtiva local. O impacto de festas e festivais gastronômicos na capital e no interior será esquadrinhado para caracterizar a sua relevância para o desenvolvimento socioeconômico local. A Estrada Real – maior rota turística do Brasil, com mais de 1.600 km de extensão, passando por 199 municípios de três estados de Minas Gerais – terá a diversidade

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da sua gastronomia mapeada, de forma a reproduzir o processo de fusão que originou a cozinha caipira, ainda praticada pelos habitantes da maioria das localidades em suas práticas alimentares. A relação de poder estabelecida entre quem cozinha e quem come permeará todo o processo de mapeamento para evidenciar as representações sociais pelas quais passou e passa a gastronomia mineira. O primeiro episódio da série MINAS À MESA também irá analisar a gastronomia mineira não só como manifestação cultural per se, mas também como temática utilizada por outras modalidades, tais como cinema, teatro, artes plásticas, literatura e música. Por ser relacional, assim como as artes, a gastronomia também se presta a diferentes interpretações, o que caracteriza uma referência móvel, que permite abordar a mudança cultural e social de um povo. A abordagem transversal da gastronomia nas artes mineiras, com sua consequente projeção no imaginário coletivo nacional, será explorada para explicar a construção dos arranjos culturais específicos existentes em Minas, que se diferenciam de outras culinárias de matriz caipira. As regiões mineiras e suas identidades gastronômicas serão apresentadas a partir da classificação geopolítica que lhes foram atribuídas pelo pesquisador Eduardo Avelar, baseada em aspectos naturais, socais e culturais. São o que se pode chamar de terroirs mineiros, estudo mais consistente encontrado em pesquisa preliminar para representar o verdadeiro estuário de múltiplos afluentes culinários de Minas. Produtos e produtores mineiros serão apresentados a partir do aspecto de dissociabilidade simbiótica com que muitas vezes são conhecidos. A ligação do produto ao produtor é prática costumeira em Minas Gerais, ocupando muitas vezes o

espaço de marcas comerciais. Processos de sustentabilidade modernamente adotados em alguns clusters gastronômicos também serão considerados, para evidenciar a preocupação existente com a preservação de ingredientes autóctones e de métodos de plantar/colher/fazer tradicionais. Por derradeiro, o episódio tratará de uma das instituições que melhor representa o referencial gastronômico mineiro: o boteco. Espaço de interação por excelência, onde alegria, tristeza, namoro, reunião familiar ou profissional convivem harmoniosamente, o boteco mineiro reflete o costume local de se reunir em torno de uma mesa para compartilhar emoções. Acima de tudo, os botecos são locais acessíveis a todos os públicos. Seu caráter democrático permitiu a construção de uma das mais singulares representações de identidade cultural, merecendo reportagem do jornal The New York Times, no ano de 2007. Os caminhos que levaram à construção sociológica do boteco como locus de lazer e de tomada de decisões em Minas Gerais – evoluindo, inclusive, para a criação de um neologismo local para designar a atividade tão presente na vida dos mineiros: botecar – serão analisados à luz de elementos antropológicos e sociológicos da formação cultural, encerrando a série com o que o mineiro tem de mais genuíno. O primeiro episódio da série documental MINAS À MESA vai beber da fonte do que foi desenvolvido nos outros episódios, mas também vai contar com a exclusividade de um fio narrativo sintético da formação cultural alimentar, conduzido por pesquisadores e chefs. Dessa forma, COMER EM MINAS é uma isca que traz ao espectador o gosto do universo da gastronomia mineira e um panorama do que será apresentado nos próximos 12 capítulos da série.

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BIBLIOGRAFIA 1- PARÉS, Luis Nicolau. O Processo de Crioulização No Recôncavo Baiano (1750-1800). Afro-Ásia, 33 (2005), 87-132. 2- ABDALA, Monica Chaves. Receita de mineiridade: a cozinha e a construção da imagem do mineiro. Uberlância: Edufu, 1997. 3- “Sabores da tradição”. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, n.1, jul/dez. 2006, pp.118-29. 4- BRILLAT-SAVARIN, Jean-Anthelme. A fisiologia do gosto. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 5- CÂMARA CASCUDO, Luís da. História da alimentação no Brasil (1967). Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1983. 6- CHRISTO, Maria Stella Libanio. Fogão de Lenha. São Paulo: Vozes, 1977. 7- DÓRIA, Carlos Alberto. Formação da culinária brasileira. São Paulo: Três Estrelas, 2014. 8- FRIEIRO, Eduardo. Feijão, angu e couve. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1966. 9- MAGALHÃES, Sônia Maria de. A mesa de Mariana. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2004. 10- NUNES, Maria Lucia Clementino. História da arte da cozinha mineira por Dona Lucinha. Belo Horizonte: Ed. da autora, 2001. 11- RENAULT, Delso. Chão e alma de Minas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. 12- www.institutoestradareal.com.br 13- www.territoriosgastronomicos.com.br 14http://www.nytimes.com/2007/10/28/travel/28next. html?_r=0 15- http://www.agnesfarkasvolgyi.com.br/site/ 16- Série Chef’s Table, Netflix

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VINHAS GERAIS: UMA IDENTIDADE CULTURAL E ENOGASTRONÔMICA PARA O POLO VITICULTOR DE MINAS GERAIS, BRASIL Projeto FIP INSTITUCIONAL apresentado por: Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo Departamento de Geografia PARTICIPANTES COORDENAÇÃO Dra. Flávia Magalhães Freitas Ferreira -Deptº de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação INTEGRANTES Dra. Mariana Guedes Raggi -Deptº de Geografia Dr. Edmundo de Novaes Gomes -Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo Ms. Rosilene Martins -Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo

INTRODUÇÃO O Projeto Vinhas Gerais foi idealizado pelo sommelier Renato Costa e pela gastrônoma Slow Food Nella Cerino, ambos proprietários da Allegro Vivace Vinhos, em coautoria com a equipe da Culinária para Convivência, empresa que pretende difundir a culinária como ferramenta de transformação pessoal e relacionamentos interpessoais, em suas mais diversas nuances. A convite dos idealizadores, passa a in-

tegrar a equipe professores e alunos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, com o objetivo de se reunir, no interior da academia, duas pontas bastante específicas da missão da Universidade: a pesquisa e a extensão. Para que isto seja alcançado, o Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo, o Departamento de Geografia e a Vice-Reitoria juntam suas forças para, a partir do Fundo de Incentivo à Pesquisa Institucional (FIP) da PUC-Minas, construírem um programa de práticas investigati-

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vas cujo objetivo maior é produzir, a partir da definição das identidades culturais do território mineiro, a divulgação e o desenvolvimento do Turismo Enogastronômico na região do sul de Minas Gerais. Para isso, o projeto também quer caracterizar e conferir a Identidade Vinhas Gerais ao polo nacional de vinhos produzidos em Minas Gerais, a princípio, jogando seu foco para a região Sul, a fim de classificar produtos e marcas como vinhos finos ou de mesa, e certificar periodicamente os produtores e os rótulos por sua qualidade. A este trabalho de pesquisa e certificação, soma-se outro de igual importância: o de divulgar a cultura do vinho no Estado, promovendo-o turística, cultural e comercialmente. Nesse sentido, serão identificados e catalogados os produtores sul-mineiros de vinho, seus principais rótulos e a descrição das características peculiares capazes de lhes conferir identidade regional. Finalmente, serão detalhadas estratégias voltadas para a divulgação da Identidade Vinhas Gerais. A principal delas, que quer ser iniciada já com este FIP, será decisiva para que este trabalho ganhe repercussão não apenas em Minas, mas também na mídia especializada nacional e internacional. Trata-se da execução das tarefas iniciais que darão origem à edição de um livro sobre a cultura do vinho no Estado, abordando a história da produção de uvas viníferas e definindo um catálogo em que estejam relacionados os produtores e rótulos certificados com a Identidade Vinhas Gerais. Para que tais objetivos sejam melhor compreendidos, é necessário conhecer, ainda que de maneira preambular, um pouco da história da cultura da uva e do vinho em Minas, o que será feito logo a seguir. Além disso, é indispensável informar que este FIP nasce alinhado com o Movimento Slow Food, que tem conquistado espaço significativo na mídia mineira, e apoiado por instituições como os Comitês dos Italianos no Exterior (COM.IT.ES) e a Frente da Gastronomia Mineira.

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UM POUCO DE HISTÓRIA Em Minas Gerais, a viticultura data de 1860. Tradicionalmente havia dois polos produtores: um com cultivares europeias para o mercado de uvas finas de mesa, localizado na região de Pirapora, e outro em Andradas e Caldas, com cultivares americanas, para vinificação de vinhos comuns e elaboração de suco e uva de mesa. Entretanto, o manejo convencional da cultura em regiões de clima tropical impossibilitava a obtenção de uvas viníferas de qualidade, já que ocorria a coincidência do final de maturação e colheita com os altos índices pluviométricos e altas temperaturas do verão (dezembro a fevereiro), o que levava à diluição de açúcares, redução da síntese de polifenóis e aumento da incidência de doenças fúngicas. Aliado a isso, as temperaturas elevadas, junto com a baixa amplitude térmica, dificultam a concentração dos compostos fenólicos essenciais para dar cor, estrutura e estabilização aos vinhos (Amorim et al., 2005). É sabido que, para a elaboração de vinhos

finos, a qualidade da matéria-prima utilizada é indispensável, sendo esta característica diretamente influenciada pelo material genético, pelas técnicas de cultivo e pela combinação dos fatores “clima-solo” durante o desenvolvimento e maturação da uva, o chamado terroir. Um dos maiores desafios da viticultura brasileira é identificar regiões onde existam condições climáticas ideais para o bom desenvolvimento da Vitis vinífera, espécie de videira exclusivamente utilizada na produção de vinhos finos.

da colheita também ocorria nos meses de janeiro e fevereiro, momento de maior precipitação pluviométrica. Entretanto, os estudos realizados no município de Três Corações, região cafeeira do Sul de Minas Gerais, mostraram que a cultivar Syrah apresentou boa adaptação quando o ciclo foi transferido para os meses de janeiro a julho, permitindo a colheita no período seco (Amorim et al., 2005) (Favero, 2008).

Na tentativa de desenvolver tal trabalho em Minas Gerais, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em experimento comandado pelo pesquisador Murillo Albuquerque Regina, e o médico Marcus Arruda, proprietário da Fazenda da Fé, em Três Corações, realizaram, em 2001, o primeiro ensaio experimental da dupla poda focado em cultivares viníferas. Dois anos mais tarde, obteve-se o primeiro resultado do projeto: o vinho produzido na Epagri, de Santa Catarina, uma vez que a Vinícola Experimental da Epamig ainda não havia sido reformada.

A técnica da dupla poda consiste em imprimir uma produção extemporânea na videira, permitindo a colheita das uvas em julho, com melhores índices de maturação, através da poda e quebra de dormência artificial das gemas. A inversão da colheita por meio da dupla poda vale para toda a região Sudeste do País. Para o Nordeste, ela é inviável devido ao clima quente. No Sul, o problema é o contrário. Nesse sentido, Favero et al. (2008) tratou de aspectos agronômicos, juntamente com algumas respostas fisiológicas, de videiras, cv. Syrah, conduzidas em ciclo de outono-inverno, entre janeiro e julho, onde o foco das avaliações centrou-se nas indagações sobre a viabilidade da produção extemporânea em vinhedo não-irrigado.

Motivados pelo fato de que as condições climáticas encontradas no inverno no Sul de Minas Gerais assemelham-se àquelas das melhores regiões produtoras de vinho do mundo (dias ensolarados, baixas temperaturas à noite e pouca chuva), a partir de 2004 pesquisadores da Epamig começaram a estudar a possibilidade de se trabalhar com cultivares europeias (vitis vinífera) na região do sul de Minas Gerais, em clima do tipo temperado quente, a uma altitude entre 800 e 900 metros. Em parceira com a Fazenda da Fé, realizaram uma série de experimentos com cultivares europeias, visando validar o manejo da dupla poda. Dentre as cultivares testadas, a Syrah foi a que melhor se adaptou à mudança do ciclo da planta. No Sul de Minas, assim como na maioria das regiões vitícolas do País, o período

A pesquisa foi realizada nos anos de 2005 e 2006 e os índices de produtividade e qualidade de frutos obtidos em duas safras permitiram afirmar que a alteração do ciclo de produção da videira Syrah, para um ciclo de outono-inverno

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entre janeiro e julho, onde o foco das avaliações centrou-se nas indagações sobre a viabilidade da produção extemporânea em vinhedo não-irrigado. A pesquisa foi realizada nos anos de 2005 e 2006 e os índices de produtividade e qualidade de frutos obtidos em duas safras permitiram afirmar que a alteração do ciclo de produção da videira Syrah, para um ciclo de outono-inverno em vinhedo não-irrigado, é viável para a região em estudo. As vantagens dessa alteração do ciclo resumem-se, principalmente, na possibilidade de se obterem uvas com teores de maturação e sanidade bastante superiores àqueles obtidos em uvas da mesma cultivar em ciclo de verão, contribuindo positivamente para a melhoria da qualidade do vinho. Assim, com a possibilidade de se produzir uvas de qualidade pelo manejo de dupla poda, a vitivinicultura torna-se uma alternativa rentável para os produtores de café da região do Sul de Minas Gerais, podendo ser perfeitamente encaixada nas áreas mais baixas das fazendas, que geralmente não são utilizadas pelo fato de o café ser extremamente sensível às geadas.

Portanto, as possibilidades enológicas para a elaboração de vinhos finos são bastante variadas. A Epamig desenvolve experimentos em rede que visam avaliar o comportamento agronômico de diversas cultivares de videiras em diferentes regiões do Estado, tais como nas cidades de Cordislândia, Caldas, João Pinheiro, Pirapora, Diamantina e Três Corações. Em cada uma dessas regiões optou-se por um elenco de cultivares que poderá exprimir o potencial enológico regional, buscando-se sempre a elaboração de um determinado tipo de vinho que possa exprimir alguma identidade regional (Tonietto et al., 2006). Em Minas Gerais, a viticultura voltada para a elaboração de vinhos concentra-se predominantemente na região Sul do Estado, principalmente nos municípios de Caldas (altitude 1130 m) e Andradas (altitude 920 m).

O potencial das uvas colhidas na região possibilita a produção de vinhos finos tintos de qualidade, com bom equilíbrio entre o teor alcoólico e a acidez, encorpados e com possibilidade de estágio em barricas de carvalho, agregando maior valor ao produto final.

Minas Gerais apresenta uma grande variedade de condições climáticas em seu território, contrastando o clima quente e seco da região Norte com as condições de temperaturas mais amenas e precipitações mais abundantes e distribuídas das regiões montanhosas do Sul. 122

A tabela a seguir apresenta os produtores mineiros de vinho identificados até o momento, com seus respectivos cultivares e a definição do ciclo da uva (vindima no verão ou no inverno). Os projetos citados de Pirapora e João Pinheiro não existem mais, os parreirais foram desfeitos e as propriedades vendidas. A situação atual do projeto de Diamantina necessita ser investigada. Este FIP, como já se mencionou, pretende investigar a situação dos produtores relacionados na região do Sul de Minas.

BUSCANDO UMA IDENTIDADE Nesse sentido, o problema motivador deste projeto é tentar entender o potencial do território mineiro como polo vitícola brasileiro, contrastado à falta de certificação da importância cultural, turística e enogastronômica do Estado de Minas Gerais. Muito há o que se fazer em relação à divulgação deste território, e, por consequência, dos produtores vitícolas e dos vinhos de alta qualidade ali produzidos. Somado a isso, destaca-se a tendência do brasileiro em valorizar mais os produtos

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Slow Food. A filosofia do Slow Food é baseada na convicção de que a dimensão local respeita as exigências locais. Agindo desta maneira, Minas pode atuar em escala local, tornando-se também defensora de uma dimensão de consumo que prega ideias mais coerentes com as perspectivas necessárias para um desenvolvimento consciente e sustentável, como exige o mundo contemporâneo. E atuar em escala local significa, acima de tudo, fazer uma economia local. Isso é possível no âmbito da produção de alimentos, da sua distribuição ou das escolhas de consumo que são feitas. O que este projeto quer investigar são as circunstâncias que, na esfera da enogastronomia, surgem da produção do vinho no Sul de Minas Gerais, no sentido de fazer com que simples ideias possam se tornar realidade transformadora.

JUSTIFICATIVA Pode-se afirmar que este projeto concentra sua principal justificativa na promoção que o simples fato de investigar a produção do vinho e da gastronomia a ele alinhada irá gerar no Estado de Minas Gerais. Sem dúvida, tal contribuição servirá para valorizar social, turística e culturalmente a ideia de “territorialidade mineira”. Nesse sentido, Vinhas Gerais virá também para resgatar, a partir da valorização das paisagens do Sul de Minas Gerais, a tradição cultural de sua população, fato de suma importância para a reafirmação da sua economia e da sua história. O turismo tem, assim, papel fundamental no processo de reconhecimento e valorização dessas tradições, ampliando e potencializando as peculiaridades e individualidades regionais.

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Além disso, é preciso salientar o compromisso com a ideia de ampliar o enorme potencial do território mineiro como polo vitícola brasileiro, contrastado à falta de certificação da importância cultural, turística e enogastronômica do Estado de Minas Gerais. Com já se disse aqui mesmo, há bastante o que fazer em relação à divulgação deste território e, consequentemente, de seus produtores vitícolas e dos vinhos aqui produzidos. Nesse sentido para que esse projeto possa obter os resultados esperados é fundamental consolidarmos a parceria entre o Turismo e a Geografia na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. A valorização do conhecimento ambiental atrelado às peculiaridades culturais presentes na região potencializará e divulgará as possibilidades das atividades turísticas do Estado. É esse diálogo entre esses dois campos do saber que fomentará e fortalecerá o caráter interdisciplinar na academia, trajetória e compromisso da Universidade. Finalmente, é necessário mencionar uma justificativa prática para Vinhas Gerais: os trabalhos iniciais que este FIP fomentará no sentido de se produzir um livro sobre o assunto investigado.

OBJETIVOS PRINCIPAIS • Estabelecer e descrever os elementos que compõem a Identidade Vinhas Gerais; • Criar a Identidade Vinhas Gerais com base nos elementos escolhidos; • Estabelecer os mecanismos adequados para a divulgação da Identidade Vinhas Gerais. SECUNDÁRIOS • Buscar apoio dos produtores vitícolas para a construção da Identidade Vinhas

Gerais, principalmente para a confecção do livro Vinhas Gerais, que contará a história da cultura do vinho e da produção de uvas viníferas para a produção de vinhos no Estado; • Buscar instituições parceiras que tenham interesse na divulgação da Identidade Vinhas Gerais; • Estabelecer cronograma de ações a serem tomadas para a criação e a divulgação da Identidade Vinhas Gerais; • Coordenar as atividades relacionadas à criação e à divulgação da Identidade Vinhas Gerais.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Como já foi possível perceber, este projeto que busca o apoio do Fundo de Incentivo à Pesquisa da PUC-Minas tem como uma de suas características mais decisivas a interdisciplinaridade. As áreas envolvidas são, no mínimo, três: a do turismo, a de estudos envolvendo a questão do território e, como não poderia deixar de ser, da enogastronomia e viticultura. No que se refere ao turismo, será determinante partir de autores como Mário Carlos Beni e Mário Petrocchi, que enfocam o tema a partir de suas definições mais estruturais, e passar por pesquisadores como Doris Ruschmann, que investiga criteriosamente, dentre outras questões, a da sustentabilidade, essencial para o desenvolvimento desta pesquisa. Outros pontos serão certamente percorridos nesta área, como o de roteiros, o de base local, o do marketing e o de planejamento interpretativo. Aqui, nomes como o de Alexandre Panosso Netto, Stela Maris Murta, Luiz Gonzaga Godói Trigo, Silvana Pirillo Ramos, Miguel Bahl, Philip Kotler, Adyr Balastreri Rodrigues e Ana Fani Alessandri Carlos serão decisivos para o entendimento das questões levantadas. Para fazer a melhor leitura da enogas-

tronomia e da viticultura, a revisão de autores como Favero e Carbonneau são essenciais. A geografia e suas questões relativas ao território serão melhor compreendidas a partir da leitura de Fernanda Sanches, Maria Cristina Rocha Simão, Rogério Haesbaert e, com não poderia deixar de ser, do clássico Milton Santos.

METODOLOGIA O desenho metodológico que se propõe a seguir quer ir além do próprio FIP, definindo ações, como se poderá perceber, que partirão da pesquisa para a extensão, de maneira a viabilizar a Identidade Vinhas Gerais em suas mais diversas perspectivas. Nesse sentido, vale salientar os seguintes pontos: GERAL • Revisão bibliográfica para resgatar o processo de ocupação do Sul de Minas; • Trabalho de Campo: reconhecimento geográfico da região e construção de referencial teórico de pesquisa. ESPECÍFICOS Metodologia para a Criação da Identidade Vinhas Gerais • Estabelecer critérios para a seleção dos produtores vitícolas que serão convidados a participar da Identidade Vinhas Gerais e, posteriormente, para a sua certificação periódica para inclusão no Catálogo Vinhas Gerais; • Elaboração de carta-convite aos produtores vitícolas selecionados para adesão à Identidade Vinhas Gerais; • Edição de um livro sobre a cultura do vinho no Estado de Minas Gerais, com ISBN; • Paralelamente, elaboração do Catálogo Vinhas Gerais (online, periodicidade a ser determinada, com ISSN).

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• Proposição de Rotas Turísticas Vinhas Gerais, como experiências enogastronômicas (roteiro e programação nas vinícolas). Metodologia para a Divulgação da Identidade Vinhas Gerais • Realização de encontros com dirigentes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e da Secretaria Municipal Adjunta de Relações Internacionais, visando à divulgação do território mineiro como produtor de vinhos no mercado regional, nacional e internacional, a começar pela Itália, que tem especial interesse pela divulgação da cultura do vinho. • Realização de encontros com dirigentes do COM.IT.ES (Comitês dos Italianos no Exterior), com vistas à divulgação da cultura do vinho em território mineiro. • Realização de palestras em Universidades e Cursos de Gastronomia no Brasil e na Itália, para a divulgação do território mineiro como destino enogastronômico diferenciado. • Participação no Festival Tipicitá (www. tipicita.it), Itália, provavelmente em março de 2017, para a apresentação da culinária mineira harmonizada com rótulos mineiros, com ênfase na apresentação das técnicas de cultivo de vinhas viníferas especialmente desenvolvidas para o território de Minas Gerais. • Realização de roteiros enogastronômicos subsidiados (Rotas Vinhas Gerais) com formadores de opinião (sommeliers, chefs, jornalistas e blogueiros), em parceria com os produtores e as prefeituras locais. • Estabelecer estratégias para a divulgação do livro, do catálogo de produtores de vinhos finos e do vídeo institucional.

RESULTADOS ESPERADOS São resultados esperados deste projeto: • Promover o reconhecimento do território mineiro como polo produtor vitícola no Estado de Minas Gerais, no Brasil e no exterior, iniciando pela Itália. • Certificar periodicamente os produtores de vinhos finos de qualidade, permitindo que novos rótulos passem a integrar o Catálogo Vinhas Gerais, ao mesmo tempo que descredencia rótulos que, por ventura, não tenham mantido a qualidade esperada. • Reconhecer as Rotas Vinhas Gerais como destinos enogastronômicos com destaque regional, nacional e internacional, especialmente para estudantes de gastronomia e apreciadores amadores e profissionais do vinho. • Conceituar as Rotas Vinhas Gerais, e os rótulos dos produtores integrantes do Catálogo Vinhas Gerais, como serviços e produtos diferenciados para reconhecer e presentear personalidades, clientes VIP e funcionários de destaque. • Introduzir rótulos mineiros que pertençam ao Catálogo Vinhas Gerais nos principais restaurantes e delicatessens de Belo Horizonte e, futuramente, incluir as principais cidades do Estado e do País. Vale lembrar que não faz parte do escopo deste projeto, como não poderia deixar de ser, comercializar os rótulos dos produtores que constituem a Identidade Vinhas Gerais.

EQUIPES Caracterizando sua perspectiva interdisciplinar e institucional, poder-se-ia dizer que este FIP possui dois tipos de equipe específicos. A primeira, de professores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. A outra de profissionais e docentes de outras instituições. Vamos a ambas.

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EQUIPE PUC-MINAS

• Profª Dra. Flávia Magalhães Freitas Ferreira, do Departamento de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação e Coordenadora do Projeto: idealizadora, fundadora e Sous Chef da Culinária para Convivência, idealizadora e coautora do Projeto Vinhas Gerais, juntamente com a Allegro Vivace Vinhos. Responsável pela organização das atividades da equipe, pela interlocução das diversas áreas do conhecimento relacionadas ao projeto, pela proposição de metodologias para o cumprimento das diversas etapas e pela atualização contínua do projeto a partir de propostas de desdobramentos que venham a ocorrer, tudo sob o rigor acadêmico esperado para a garantia da qualidade do projeto Vinhas Gerais, graças à sua formação (mestrado/doutorado) e experiência acadêmicas. • Profª Dra. Mariana Guedes Raggi, do Departamento de Geografia: possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000), graduação em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1991), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003) e Doutorado em Geografia na Universidade de São Paulo (orientadora: professora Dra. Rita de Cássia Ariza Cruz). Atualmente é professora de Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Ensino de Geografia, Teoria da Geografia e Geografia Urbana. Coordenadora do Laboratório de Prática de Ensino de Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Coordenadora de Pesquisa em Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Coordenadora de Geografia do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID PUC Minas/CAPES. Coordenadora de Geografia do Projeto da Escola Integrada (Projeto: Meio ambiente e cidadania). • Prof. Dr. Edmundo de Novaes Gomes, Coordenador Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo: jornalista, publicitário, mestre em Literaturas de Língua Portuguesa; doutor em Artes Cênicas. É também ficcionista e dramaturgo. • Profª Ms. Rosilene Martins, integrante do Colegiado do Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo: possui Graduação em Turismo e Especialização em Planejamento Turístico pelo Centro Universitário Newton Paiva. Mestre em Turismo e Meio Ambiente pelo Centro Universitário UNA. Professora Assistente IV no Curso de Turismo - Bacharelado e Tecnólogo - da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atuando nas áreas de ensino e extensão. Integrante do Núcleo Docente Estruturante do Curso Superior de Tecnologia em Gestão em Turismo da PUC-MINAS. Integrante do Banco de Avaliadores de Instituições e de Cursos de Graduação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, Sinaes, MEC/Inep. Integrante do Banco Nacional de Itens, na elaboração de itens para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para a área de Turismo. Elaboradora de provas para os cargos de Turismólogo e Tecnólogo em Turismo em concursos públicos no Estado de Minas Gerais. Produtora de conteúdo de cursos na área de Turismo e Educação na modalidade EAD. Membro do Conselho Municipal de Turismo de Belo Horizonte. • Dois estagiários a serem selecionados: um do Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo e outro do Curso de Geografia.

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EQUIPE EXTRA PUC-MINAS

É importante reiterar que os profissionais relacionados a seguir não possuem qualquer tipo de vínculo empregatício com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e já faziam parte deste projeto antes mesmo de que ele concorresse ao Fundo de Incentivo à Pesquisa da PUC-Minas. Todos eles compõem a Equipe Allegro Vivace Vinhos e a Equipe Culinária para Convivência, organizações regionais cujo principal trabalho é o reconhecimento da gastronomia, da viticultura e da produção de vinhos como atividades de importância relevante para a sociedade, o turismo e a cultura a local. A eles, é bom lembrar, também se junta a Dra. Flávia Magalhães Freitas Ferreira, que coordena este FIP. • Renato Costa: sommelier, idealizador do Projeto Vinhas Gerais, responsável pelas degustações guiadas do vinho mineiro e interlocução com profissionais dessa área, bem como pelas palestras e workshops sobre vinhos. • Nella Cerino: gastrônoma Slow Food, idealizadora do Projeto Vinhas Gerais, responsável pela divulgação dos produtos mineiros e sua articulação com o Movimento Slow Food, bem como por palestras e workshops relacionados à gastronomia e ao território mineiro. • Tatiana Magalhães Torres, idealizadora, fundadora e Chef da Culinária para Convivência, coautora do Projeto Vinhas Gerais, responsável por todas as dinâmicas (palestras / aulas) relacionadas à culinária mineira, desde à escolha do cardápio e ingredientes, até à forma de preparo e de servir. • Cláudio Parreiras Reis, designer gráfico e artista plástico, PUC Minas PUC Minas, coautor do Projeto Vinhas Gerais, responsável pela coordenação do registro documental das Vinhas Gerais por meio de fotografias, filmagens e desenhos, bem como pela interlocução com outras áreas das Artes que retratem a mineiridade, tais como a música e a história oral. • Ildelano Ferreira e Silva, com pós-graduação em Negócios, coautor do Projeto Vinhas Gerais, responsável por prospectar, receber e avaliar oportunidades de negócio que surjam a partir do Projeto Vinhas Gerais.

ORÇAMENTO O orçamento para este FIP Institucional é de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Este valor será dividido da seguinte maneira: Pagamento de Bolsas dos 2 estagiários R$ 9.600,00 Outras rubricas RS 10.400,00

CRONOGRAMA Fevereiro de 2016 Início dos trabalhos Março de 2016 Primeira Visita Técnica ao polo viticultor do Sul de Minas Julho de 2016 Segunda Visita Técnica ao polo viticultor do Sul de Minas Outubro de 2016 Terceira Visita Técnica ao polo viticultor do Sul de Minas Fevereiro de 2017 Apresentação dos Resultados da Pesquisa e Prestação de Contas.

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REFERÊNCIAS AMORIM, D. A.; FAVERO, A. C.; REGINA, M. A. Produção extemporânea da videira, cv. Syrah, nas condições do sul de Minas Gerais. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 327-331, ago. 2005. BARTHOLO, R.; SANSOLO, D.G.; BURSZTYN, I. Turismo de Base Comunitária diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Editora Letra e imagem, 2009. BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 10 ed. São Paulo: Senac, 2010. BOULLÓN, R.C. Planejamento do espaço turístico. Bauru: EDUSC, 2001. CARBONNEAU, A. Aspects qualitatifs. In: TIERCELIN, J.R. (Ed.). Traité d’ irrigation. Paris: Lavoisier, 1998. p. 258-276. DELOIRE, A.; CARBONNEAU, A.; WANG, Z. P. ; OJEDA, H. Vine and water : a short review. Jounal International Des Scienes de la Vigne et Du vin, Bordeaux, v. 38, n. 1, p. 1-13, jan./ mars. 2004. ELIZA Bianchini Dallanhol, HERNANDA Tonini. Enoturismo. Editora Aleph. 2012 FAVERO, A. C.; AMORIM, D. A.; MOTA, R. V.; SOARES, A. M.; REGINA, M. A. Viabilidade de produção da videira ‘SYRAH’, em ciclo de outono inverno, na região sul de Minas Gerais. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 3, p. 685-690, set. 2008. GIOVANNI Seabra (Org.). Turismo de Base Local: identidade cultural e desenvolvimento regional. João Pessoa: Universitária, 2007. GINESTAR, C.; EASTHAM, J.; GRAY, S.; ILAND, P. Use of sapflow sensors to schedule vineyard irrigation. II. Effects of post- verasion water deficits on composition of shiraz grapes. American Jounal Enology and Viticulture, Davis, v. 49, n. 4, p. 421-428, 1998. HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. KLIEWER, W. M.; DOKOOZLIAN, N. K. Leaf area/crop weight ratios of grapevines: influence on fruit composition and wine quality. American Journal Enology and Viticulture, Davis, v. 56, n. 2, p. 170-181, 2005.

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