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Antônio Houaiss ELEMENTOS DE

BffiLIOIDGIA

Outros títulos da coleção

Encadernação: História e Técnica Zelina Castello Branco Livro Sobre Livros Nélson Palma Travassos Próximo Lançamento

A História do Livro Úrsula Katzenstein

• Latino-Americanos - CEBELA AISS - Biblioteca

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ELEMENTOS DE BIBLIOLOGIA

ANTôNIO HOUAISS !Da Academia Brulleira)

ELEMENTOS DE BIBLIOLOGIA

Reimpressão fac-similar

EDITORA HUCITEC em convênio com o INSTITUTO NAOIONAL DO LIVRO FUNDAÇÃO NACIONAL PRó-MEMóRIA São Paulo, 1983

Direitos de publicação adquiridos pela Editora de Humanismo, Ciência e Tecnologia ''Hucitec" Ltda., Rua Comendador E,duardo Saccab, 342-344 04602 São Paulo, Brasil . Telefone: (011)61~19. Capa de Luis Diaz.

CIP-Brasil H83e

Houaiss, Antônio, 1915Elementos de bibliografia I Antônio Houaiss. - São Paulo : HUCITEC ; [Brasilia] : INL. Fundação Nacional Pró-Memória, 1983. Reimpressão fac-similar . Bibliografia .

1. Artes grãficas 2. Editoração 3 : Livros 4. Preparação de originais (Autoria) I. Instituto Nacional do Livro . ll. Titulo. 17 . CDD :655 18. :686 17. e 18 . :001.552 17 . e 18. :808 .02 CCF/ CBL/ SP-83-0661 CDU:655

lndices para catálogo sistemático (CDD): Artes do livro 655 (17. ) 686 (18. ) 2. Bibliologia 655 (17.) 686 (18.) 3 . Editoração 808 . 02 (17. e 18 . l 4 . Livros :· Comunicação 001.552 (17 . e 18.) 5. Livros : Editoração : Artes gráficas . 655 (17. l 686 (18.) 6. Preparação de originais : Técnicas de autoria e editoração 808.02 (17. e 18.) 1.

A memória de Malvina minha mãe

De tudo fica um pouco um pouco. Não está nos livros. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

DUAS PALAVRAS Estes Elementos de Bibliologia foram publicados, pela primeira vez, em 1967, em edição própria do Instit·uto Nacional do Livro, gestão do escritor Augusto Meyer, seu primeiro e maior diretor. Ainda não fora introduzido o sistema de ct:redições, koje cobrindo, praticamente, todas a., atividades editoriais do órgão. Sob esse .~is­ tema reaparece agora, dezesseis anos depois, esta notável obra de pesquisa e de erudição de Antônio Houaiss, em convênio com a Editora H ucitec, de São Paulo. Não se trata, porém, a rigor, de uma reedição, mas de uma reimpressão fac-similar, qUJe reproduz, intocado, o texto da primeim. Mencione-se, contudo, com.o item editorial novo, a nota pré'l/ta que o autor escreveu especialmente para esta reimpressão. Que se exclua, pm·ém, por circunstancial, esta nota do atual diretor do INL, com propriedade intitulada. "Dttas Palavras". Evidentemente, em seus aspectos extratextuais, esta reimpressão dos Elementos de Bibliologia foi alterq.da_, com a substitu1"ção, pelas da Editora Hucitec, das características de editoração da edição do INL. As normas de co-edição preservam, nos C()nvênios com o INL, as peculiaridades gráficas de cada edito-ra. Afinal o livro co-editado é um produto da editora, ao qual o INL se associa apenas para efeito de viabilização operacional. A mtmeração das páginas segue a edição original, em dois volumes, parantida a ordem respectiva de cada volume, que aqui se somam num -único. Velko amigo de Antônio H ouaiss, e seu colega n4 Academia Brasileira de Letras, o direto-r do INL considera um privilégio pode1· participar desse importante acontecimento editorial qtte· se assinala com a reimpressão dos Elementos de Bibliologia. Eles ago-ra se colocam, com maior abrangência de divttlgação, ao acesso dos leitores, seja nas livrarias, seja nas bibliotecas públicas que compõem a rede mantida em todo o país com a colaboração bibliográfica e técnica do Instituto Nacional do Livro. Manteve--se na reimpressão d.a obra, comoo seria óbvio, o magistral prefácio de Thiers Martins Moreira, realmente indispensá-

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ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

veZ para um conhecimento pormenorizado e amplo deste livro sua$ origens, seu desenvolvimento, S'U4 realização. Ao mesmo tempo, é um depoimento humano de extraordinário valor, uma página de afeto emparelhado com uma profunda e desinteressad-a admiração. HERBERTO SALES

Diretor do INTJ

NOTA

PR~VIA

DESTA REJ::MlPRESSAO

Há alguns anos esgotado este livro, tenho sido solicitado a preparar-lhe uma. segunda edição - aventura que não podia correr de novo, tamanhos foram os cuidados que vários profissionais amigos tiveram de pôr na sua boa composição e revisão, condições indispensáveis, no caso de um livro desta natureza, para que poSBa circular idoneamente. A Editora de Humanismo, Ciência e Tecnologia - HUCITEC Ltda. aceitou a boa ·proposta, a saber, uma reimpressão fac-similar (ainda que, desse modo, subsistam na ortografia os diacríticos eliminados por lei de 1971) . Com isso, meus escrúpulos ficaram atendidos. Esta reimpressão mantém todas as características da impre~o original, salvo em páginas preliminares e no fato de que as tábuas da matéria que precediam cada um dos dois volumes primitivos foram eliminadas, mantendo-se neste tomo agora único apenas a tábua final, que em verdade acumula as duas· outras. Possa o livro, nesta reimpressão, continuar a merecer a boa acolhida que teve da crítica e dos seus principais leitores e usuários - os bibliólogos, bibliógrafos, bibliotecários, biblioteconomistas, tipógrafos, compositores, impressores, editores, editoradores e amantes e artistas e profissionais dos livros em geral. Rio d~ Janeiro, 25 de outubro de 1982. ANTONIO HoUAISS



PREFACIO

A CAUSA DO PREFACIO O trabalho que ora o Instituto Nacional do Livro edita e o Sr. Antônio Houaiss escreveu tem suas raízes na tentativa de um outro bem menor, previsto para a Casa de Rui Barbosa, quando da organização do seu Centro · de .Pesquisas. A isso o autor generosamente se refere em suas Palatvras prwias. E assim se expiica que seja eu quem faça êste prefácio, atendendo ao que, generosamente também, pediu o Diretor daquele Instituto. E se, dêsse modo, o .assunto é da história dêstes Elementos de bibliologia, que marcarão ponto alto na cultura nacional de linha erudita, especialmente na universitária de letras, vamos dar os fatos que estão naquelas raízes e os motivos que os criaram. Assim foi: com o objetivo de dar à Casa de Rui Barbosa uma projeção maior, o seu Diretor obteve a constituição de um Centro que ali funcionasse tràbalhando sôbre matéria jurídica e de linguagem, os dois títulos que mais se destacam no renome de seu patrono. Como se sabe, ao lado da lição política e do papel histórico, a figura de Rui Barbosa permanece como o grande mestre do direito, sobretudo o público, e como autoridade da língua portuguêsa, não só em sua arte de escrever, como nos estudos que fêz e na constante tarefa de enriquecê-la. Ora, um Centro científico que sob seus antigos tetos elaborasse monografias, fizesse publicações de várias naturezas, deveria estar à altura dos propósitos para que fôra criado. Para tal, um dos problemas seria o do cuidado das ·suas edições, nas qua:s, com segurança, se refletisse o conhecimento das ciências da língua, das técnicas e possibilidades de impressão, e nas quais se mantivesse um critério uniforme e fundamentado em seus preceitos normativos, a partir dos têrmos de uma fôlha de rosto ao pormenor de uma citação, de uma sigla, de uma abreviatura, de uma referência, de uma minúcia ortográfica. Estávamos diante dos problemas assim colocados em n06110 espírito, sobretudo em mim que dirigia as pesquisas, quando o Sr. Antônio Houa:ss, por circunstâncias de sua vida profissional, foi pôsto a serviço da Casa de Rui Barbosa. Já o conhecíamOs da vida universitária, onde, no seio dos estudos superiores de letras que mal se iniciavam no Brasil, êle, môço, se destacava entre os novos que abriam os caminhos. da filologia.. e traziam

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ANTÔNIO

HOUAISB

para o seu campo a preocupação de novas áreas de seu domín?o Lembro-me de que a primeira vez que ouvi seu nome, foi enun . ciado por San Tiago Dantas, então Diretor da Faculdade Nacional de Filosofia, que me propunha que publicasse, numa coleção que a Faculdade iniciava e depois se interrompeu, o . trabalho que o jovem estudante de letras fizera de restauração textual e análise crítica de um escrito do Padre Anchieta. Foi em 1942. Talvez em 1943. Depois a carreira diplomática o absorveu. E ali, no Itamarati, coube-lhe a preparação, creio ·que em 1947, do Ma;nual de Serviço do MiniStério das Relações Exteriores, que conhecemos. Obra de destinação burocrática, onde, no entanto, o propósito da ordem sistemática, o cuidado na apresentação, o escrúpulo nos textos, todo o zêlo de quem prepara um livro confirmava. o universitário que sabia que o livro, qualquer que seja, é uma unidade . que exige acabamento e obedece a princípios que, se abandonàdos, com mais dificuldade se comunica com o leitor e, se é de consulta, prejudica o encontro ·da informação que se pretende dar. E é claro que o Sr. Antônio Hoúaiss já então era conhecido, não só por causa dêsses dois elementos a que me refiro: um texto de Anchieta e um manual de serviço. Nos meios culturais, sua presença se vinha impondo. Nitidamente se configurava o eRpecial;sta, sabendo e amando o que sabia. Ora, se trazia tais títulos e nós estávamos diante do problema de assegurar aquela uniformidade em nossas edições, pedimos-lhe que elaborasse, para o Centro de Pesquisas, o que então chamávamos N armas para a preparaç-ão de textos e publicações. Queríamos coisa bem simples, ainda que complexa nas ciências que a fundamentassem, à semelhança do que conhecíamos de universidades e instituições européias, como as normas de Oxford e do Conselho de Investigações Científicas de Madrid. Começávamos a trabalhar com textos de lei, de jurisprudência, de crítica, de prosadores antigos e modernos, e trabalhávamos, também, com estudos e textos medievais, o que agravava a solução de critérios normativos para as edições. A idéia o seduziu e, prontamente, o vimos iniciar os arranjos para o que iria fazer. Mas, para seu espírito, nenhum problema se isola, e logo se dilata e se encadeia com outros, ·sobretudo com os que estão próximos e· sujeitos à sua crítica. Fixar normas para tratamento de textos, e discipEna científica e estética de publicações, importava não só matéria de natureza filológica, como conhecimento dos meios todos que são possibilidades do livro. E vimos, daí em d!ante, sôbre uma das mesas do Centro de Pesquisas, em pouco tempo, avolumarem-se trabalhos, gráficos, densa bibliogt"a:fia, desenhos, catá~ogos de tipos, exemplos de marca de papel e de suas côres, fôlhas dobradas em

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doze, em oito, em dezesseis, em quatro. Preocupava-se, simultâneamente, com o liwo e com a preparação do original que dá a base tipográfica, e ia até ao estudo dos recursos novos da máquina de ~rever, em confronto com os antigos dos manuscritos e das formas caligráficas. Nesse pequeno dilúvio de coisas técnicM, apareciam as notas de linguagem, as de observação de um fenô meno lingüístico e, sobre11Jdo, os cuidados com a apresentação textual, assunto em que iria torn&r-ile mestre incontestável entre nós. A êle se deve, aliás, a difusão, em língua português&, d<> têrmo ecdótica, isto é, ciência ou arte que orienta o conhecimento e a crítica do texto que à máquina ou à mão se escreve, ou queimpresso já foi e que agora se vai editar. 'É, pois, daí, disso que acabo de contar, que resultam 0!1 Elementos de bibliologia, . obra que, evidentemente, s6 tem, de comum com o esboçado trabalho antigo, êsse pequeno . traço histórico, que deixo registrado pela importância do livro que a êle se prende. O AUTOR DOS ELEMENTOS O Sr. Antônio Houaiss, se já era a pessoa indicada para o trabalho que não se concluiu ali, na CMa de Rui Barbosa, hoje · possui autoridade tão acrescida que, antecipadamente, assegura ao leitor o mérito dêstes Elementos de b~'bliologia. Veja-se a rápida enumeração que vou fazer de algumas de suas obras, somente daquelas que conheço e tenho. Em 1959 nos dá a Tentativa de descrição do sistema vocálico do português culto M 4rea dita .carioca, obra de segura ciência no ca:q~.po da fonética. Não sou; um conhecedor de tão particular matéria, mas creio que qualquer leitor poderá, com facilidade, concluir que essa Tentativa é mais do que uma tentativa. 'É uma contribuição fundamentada ao estudo de um rico fenômeno de linguagem na área que maior poder tem de irradiar influências no falar brasileiro. 'É nesse mesmo ano de 1959 que publica a Introdução ao texto crítico das Mem6rias p6st1tmas de Brás Cubas. O trabalho fixa, em definitivo, os critérios de crítica textual que se hão de adotar para a edição não s6 das Memórias, como de tôda a obra de Machado de Assis. Também aí, como sempre, há a segurança na observação dos fatos, metódica disciplina na sua distribuição e, para cada norma, o fundamento assente nas ciências da língua e no princípio máximo de fidelidade possível Aquilo que o autor deixou como sua vontade de criação artística. No ano seguinte,

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HOUA.I88

1960, reúne num pequeno livro, sob o título Seis poetcu e um problema, vários trabalhos de interpretação e crítica de alguns

de noBSos ·maiores ·poetas, antigos e · atuais. Qualquer dêles nos .diz da sensibilidade do Sr. Antônio Houai88 para surpreender o poeta e o poético, e vê-los através de uma minuciosa visão da linguagem, do ritmo, das ima~ns, dos pequenos fenômenos do estilo. É livro que 11e enquadra plenamente nas concepções, hoje dominantes, d~ análise da criação literária. E desejo destacar neBSe livro o estudo sôbre poesia concreta. Quando o concretismo poético começou a aparecer em exemplos e eiQ teoria estética nas páginas do Jornal do Brasil e em outras publicações, aqui e em São Paulo, a violência renovadora com que o movimento se apresentava provocou ora perplexidade ora o intenso desejo de melhor se conhecer o que era essa a.rte do verso que decompunha a palavra, tinha prazer em seu esfacelamento e tentava uma mensagem profundamente contrária à tradição poética existente. Valorizaram-se os grandes ou pequenos espaços em branco e os recursos tipográficos, o ritmo das manchas e uma musicalidade, se música vai aí bem, onde a nota isolada era mais importante do que a melodia. Pois bem, o trabalho do Sr. HouaiBS, escrito na mais acesa fase de discussão da ousada escola, constitui a melhor coisa que conheço de enquadramento teórico e de observação sob um ângulo profundo de ciência e compreensão crítica daquilo que os poetas e teóricos do conc~:etismo desejavam criar e doutrinavam para que se cri&88e. Aliás, os concretistas e o Sr. Antônio HouaiBS parecem, por vêzes, perteneer a uma mesma atitude do espirito em relação à arte, uns fazendo, outro criticando, mas todos atentos à palavra, ·atentos à sintaxe, atentos ao fonema, ate~tos à visualidade material, atentos ao espaço e aos ritmos formais dentro dêle. A arte para êles não resulta do esperà.do e querido sõpro da criação. É um analisar, um decompor, um tirar da .min6.cia a idéia mais alta onde se encontra a unidade do enteB'dimento. Bom livro êsses Seis poetcu e um problema. Ficará na bibliografia do Sr. Antônio Houaiss, como ficará entre os bons trabalhos diBSo que andamos chamando de Nova Critica. Um P9Uco nessa mesma linha, embora em padrão menor de critério de estudo, é a Crítica avulsa, publicada em 1961. M estão reunidas críticas feitas na imprensa diária, imjeitas, portanto, às leis de limitação ou de informação que o jornalismo exige. Mas em qualquer delas há a observação erudita e a com-preensão do fa.to literário. E já que falo de seus trabalhos, devo citar duas publicações, de objetivo didático, pois pertencem A coleção. Nossos clássicos, da Editora Agir: Silva AlvorengiJ poesia e Augusto dos Anjos- poesia. Em ambos os livros, sobre-

a

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tudo no .de Augusto düs Anjos, as suas notas revelam, como seria fatal, o especialista do problema dos textos, o crítico, e o conhecedor dêsse intrincado mundo das coisas da linguagem. ~ para se destacar, também, a sua obra de tradutor. Cito aqui somente, como disse, as que conheço e tenho : O negro na literatura brasileira, de Raymond Sayers, 1958; Do Lat·im ao português, de Edwin B. Williams, 1961 e, Ultimamente, Ulisses de James Joyce. No UUsses, em verdade, o Sr. Antônio Houaiss recria uma obra de arte. Dá em língua portuguêsa, com o mesmo sentido literário, aquilo que, em inglês, é a obra de J oyce. ~ a mesma a técnica de narrativa e são os mesmos, em línguas diversas, aquêles jogos de palavras e frases. Tradução, evidente_mente, trabalhosa e difícil, 'pois J oyce ama a sobreposição e a mistura dos planos de criação e das imagens, e não foge à sedução de deixar livre certo automatismo do processo criador. Nesse mundo novelístico e de captação da realidade tão existenCial, onde o rápido entendimento lógico fAcilmente nos escapa, o Sr. Antônio Houaiss se impregna de sua realidade literária e traz, para a língua portuguêsa, o que em língua inglêsa se encontrava como técnica do dizer aquilo que, não raro, se perde nas incertas camadas do subconsciente. E é preciso que se diga, ainda, quando se olha em panorama a contribuição do Sr. Antônio Houaiss aos estudos literários e de linguagem no Brasil, que é imenso o seu trabalho nas reuniões dos especialistas, como, por exemplo, no Primeiro Congresso Brasileiro da Língua Falada no Teatro, que houve na Baía, em · 1956 ; no Simpósio de Filologia Românica, havido em minha Faculdade, em 1958, e no Congresso Brasileiro de Dialectologia e Etnografia, em 1958 também, em P~rto Alegre. A edição da obra de 'Lima Barreto, em 17 volumes, aparecida em São Paulo em 1956, tem no Sr. Antônio Houaiss um dos responsáveis pelo estabelecimento dos textos e . por muitas de suas notas. OS ELEMENTOS thste trabalho é, ao mesmo tempo, uma obTa didática e crítica. Com êle se aprende a /(J'g)etf" e se amplia o conhecimento do livro, desde o original ao tomo impresso. Um largo caminho por que o Sr. Antônio Houaiss leva o leitor, ou melhor: leva o estudioso. Diante das provas já paginadas que tenho em minha frente, em face dê~es dois volumes e dos seus onze capítulos, onde ciência e observação de minúcias técnicas se encÕntram, visando a um mesmo e níti4o fim, compreendo que trabalho tão amplo e sério

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ANTÔNIO

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decorre do reconhecimento do lugar dominante que o livro impresso ocupa hoje na form&ção da cultura, na sua divulgação e até na própria criação literária que, de algum modo, se sente condicionada por aquilo que lhe dará sua forma final. A imensa área que o livro progressivamente toma, seja no ga.bi~ete dos eruditos, seja no seio das massas, até em suas camadas mais incultas, o tornam o grande instrumento e fato material mais poderoso no campo das idéias e nas formas de transmitir a emoção duradoura. É o veículo. Certa é, pois, a atitude que lhe dá · O tratamento que sua responsabilidade exige. O próprio têrmo bibliologia que aquj se adota, já conhecido mas de uso não muito corrente, deve agora difundir-se para que se fixe a compreen~ão de que há um logps para o livro e não só uma grafia enumerativa. Um dos principais resultados do trabalho do Sr. Houaiss, o que se decantará dos outros mais particulares, será êsse que faz do livro, êle próprio, objeto de conhecimento, talvez mesmo o fundamento de uma futura teoria do livro, quando, do que agora se tem como norma ou juízo · crítico, surgirem os princípios e as fórmulas mais gerais. Faço um prefácio e não uma crítica, mas não ppsso omitii· a impressão que me deixam êsses Elementos de btoliologia. A obra revela a cultura do autor, a inteligência e objetividade com que trata matéria nova entre' n6s, pelo menos nova na maneira com qu~ é encarada, mas revela, tiunbém o amadurecimento do meio nacional que, pelo menos aí, não se pode chamar subdesenvolvido. Desejo advertir o leitor· que, por acaso, êste prefácio leia, e· que não seja um conhecedor da maneira de escrever do Sr. Antônio Houaiss, que deparará, freqüentemente, palavras a que não está habituado. É que o Sr. Houaiss as usa sob a carga de seus elementos de formação. Sente-se que êle busca para o significante (uso o têrmo que se fêz corrente na ciência da linguagem) uma contextura formal que corresponda a valôres de um entendimento nítido. Para êle, o · vocábulo existe não P,Sra a indispensável comunicação com o leitor, mas para que se forme uma noção precisa do · que se quer dizer. Dêsse modo se incorporará na língua portuguêsa uma série de têrm~ indispensáveis ao entendimento preciso das coisas e conceitos relacionados com o escrever, e com · o livro. e sua fábrica. Da obra resulta uma terminologia bibliológica, por vêzes nova e, por vêzes, com o sentido mais rigoroso do que já era antigo. Rio de Janeiro, outubro de 1966. THIERS MARTINS

MoBEIBA.

PALAVRAS

PR~VIAS

Escusa ressaltar que o presente trabalho, embora aparentemente amplo, é em verdade lacunoso - por deliberação e por omissão. Livro sôbre o livro, o que a respeito há de técnicas, artesanias e bibliografia ultrapassa as possibilidades de domínio por parte de uma s6 pessoa. Dêsse modo, o objetivo subjacente num trabalho desta natureza - a codificação possível de normas sôbre a feitura de livros e a indicação de caminhos quando não os havia antes .:.... deveria ser atingido colegiadamente, contri- . buindo cada co-autor com a soma de seus conhecimentos e experiência para cada parte nêle versada. A elaboração de uma obra colegiada é, entretanto, não apenas onerosa, senão que laboriosa e lenta - acrescendo, talvez, que, se um tentame assim não repontou em nosso meio, será porque devamos ter ainda ensaios, parciais ou globais, prévios : que êste seja um dos primeiros. ~ste livro nasceu de uma fase de trabalhos do autor quando à disposição da Casa de Rui Barbosa, pelos ·idos de 1958. Quase ultimado, circunstânci&s de vida do autor o obrigaram a diferir sua publicação indefinidamente; solicitado que foi por outras t9brigações, algumas das quais no exterior. Dois amigos, que tanto estimularam o autor na execução da tarefa naquele então - Américo Jacobina Lacombe e Thiers Martins Moreira -, que sofram receber público agradecimento aqui. E que Augusto Meyer e Crisanto Martins Filgueiras - a cujos cuidados devo a ressurreição do projeto e sua ultimação _:_ me permitam juntar o seu àqueles dois nomes, num comum agradecimento. E por fim quero agradecer a Mamede de Souza Freitas o esfôrço da revisão, em que pôs tanta. competência. e zêlo, bem como a. Oswaldo Farias de Souza a. mestria. com que acompanhou o feiçoamento tipográfico do livro. · Rio de Janeiro, agôsto de 1966.

A. H.

I VOLUME

DO ORIGINAL

CAPÍTULO

I

CORRELAÇÃO DO ORIGINAL COM A TIPOGRAFIA 1.

CONCEITO DA . CORRELAÇÃO

Para que um futuro livro se apresente com as características tipográficas desejáveis - dentro das. disponibilidades técnicas existentes numa situação concreta -, deve o seu autor preparar ou presidir ao preparo da cópia destinada à leitura e composi~ão por parte do tipógrafo-compositor com tal precisão convencional, com tal rigor, legibilidade e compreensibilidade, que a correlação entre a cópia e o futuro livro seja uma e uma só, prefigurada e predeterminada na cópia. 1.0.0.1 O conceito de autor, no caso em aprêço., deve ser tomado em sentido amplo, abarcando também o de diretor-do-texto ou editor-do-texto. Com estas duas expressões, designar-se-ão neste livro os ·conceitos expressOs em inglês por chief editor e editor, opostos a publisher. A êste último corresponde, normalmente, em francês éditeur, em espanhol editor, em italiano editore, em portugriês "editor" - mas nestas quatro línguas românicas, tomadas a mero título de exemplo, também os vocábulos citados englobam, não raro, a área !J(lmântica do inglês editor. Neste livro, "editor" fica, p()is, restrito ao seu sentido usual de pessoa sob cuja responsabilidade, geralmente comercial, corre o lançamento, distribuição e venda · em grosso do livro, ou de instituição, oficial ou não, que, com objetivos comerciais ou sem êles, arca com a responsabilidade do lançamento, distribuição e, eventualmente, venda do livro. A relação supra poder-se-ia acrescentar "compilador", "organizador" e palavras afins, que, se não· implicam o cuidado de estabelecer o texto, não merecem referência para o problema vertente (cf. LEMA, s.v. editor, "english index") . 1.1 DA CORRELAÇÃO Dessa maneira, a tarefa tipográfica será incomparàvelmente menor e facilitada; e tempo e trabalho dedica-

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ANTÔNIO

HOUAISS

dos a provas e revisões sucessivas muito diminuídos ( cf. 220-231; MELC, s.v. copy writing).

JENN:,

1.1.1 Inteligibilidade do original - É mister que o autor ou diretor-de-texto ou editor-de-texto - compreenda que entre êle e o leitor intermedeia uma série :Qlaior ou menor de profissionais, que vão emprestar ao seu trabalho o concurso de seus conhecimentos, experiência, sabedoria, técnica e operosidade. E que, por isso, a cópia que merecer sua aprovação para ser transformada em livro deve encerrar tais características que - pelo menos tipogrAficamente - possa ser compreendida fácil e imediatamente pelos profissionais por cujas mãos vai transitar, até fazer-se livro propriamente dito, ainda que a substância nocional dela seja tão obscura ou hermética, que só o autor e Deus a percebam. 1.1. 2 M anuseadores do original - Abstraindo dos trabalhadores que fizeram as máquinas, os instrumentos, as tintas, os papéis, os locais, abstraindo dos trabalhadores graç.as aos · quais as matérias-primas - ainda brutas, ou já semi-elaboradas, ou elaboradas - se tornariam máquinas, instrumentos, tintas, papéis, locais; tomando, em· suma, como já existentes em prévia ao início da feitura do livro os elementos materiais que lhe irão dar forma - o autor, ou diretor-de-texto ou editor-de-texto, do livro deve pensar em alguns dos seguintes profissionais, muitos dos quais, se não todos, irão lidar com a sua cópia, direta ou indiretamente: co-autor, colaborador, conselheiro, auxiliar; secretário, pesquisador; esten6grafo, dactilógrafo; editor, leitor editorial, cbnselheiro editorial; chefe de oficina, tipógrafo-compositor, tipógrafo-corretor, tip6grafo-paginador; revisor; impressor; costurador, capeador - sem contar artistas e técnicos gráficos outros, desenhistas, ilustradores, indiciadores ... (cf. ENCF, 18·14-15 a 18·16-2). 1.1. 3 V ias do original - Sendo, destarte, grande a cadeia humana que lida com a cópia destinada à impressão, o mravio ou perda dela, em parte ou no todo, é uma con~ncia que sempre deve ser levada em consideração. Importa, .po'r conse·guinte, que da cópia destinada à impressão exista sempre, pelo menos, uma segunda via, em tudo igual à outra, para cobr!r aquêle risco eventual. E ninguém melhor do que o autor, ou diretor-de-texto ou editor-de-texto, é o guardião indicado dessa via, enquanto ela se fizer possivelmente . nec~ria, na fase de feitura do livro. 1.1 . 4 01uJ..rda do original - Terminado o livrp, verificada a sua perfeita - ou quase - correlação dêle com a cópia privilegiada - valendo, como se viu, a primeira tanto quanto a ou

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as outras -, poderá ela dormir o remanso das coisas que atingiram sua finalidade, pelo menos sua finalidade imediata. Mas nela - assim como no original propriamente dito, manuscrito ou dactilografado - perduram eventualmente valôres históricos, sociais, lingüísticos, filológicos, estilísticos, bli.ográficos, psicológicos, grafológicos, grafoscópicos, e outros, pelo menos para os pósteros. É sempre possível que se trate de material de que, num futuro, a humanidade não se venha a interessar. Mas, por . maior que· seja a sua humildade para com o futuro, um criador é sempre, potencialmente, matéria de interêsse futuro. Por isso, não há destino Inais honroso para um original ou uma daquelas cópias, ou ambos, do que . a chamada - assim ou equivalentemente - seção de manuscritos das bibliotecas públicas de pesquisa, cujo padrão, no Brasil, por seu acervo, pelas preciosidades · que encerra e pelo muito que deve merecer, é a Biblioteca Na. cic;mal, no Rio de Janeiro, sem embargo de outras que existem no país, como a Municipal, da cidade de São Paulo. Como, entretanto - e com razão -, o entesouramento nesses locais presume um julgamento histórico de valor, as casas editaras deveriam chamar a si, sempre, a guarda de uma dessas cópias preferentemente aquela com que · trabalhou .:- até que num futuro essas coleções possam ter aquêle destino. 1.1. 5 Arquivo de originais - Com efeito, não se deve esquecer que no Brasil, conforme prática que se está universalizando, os editôres tendem a arquivar no seu acervo patrimonial a cópia sôbre a qual se fêz o livro. ~sses acervos tendem a crescer de· valor documental com o ·passar dos anos, cumprindo aos editôres nacionais ter sempre em conta a possibilidade de os doarem a entidades oficiais, quando a mensagem dos seus editados cair no domínio público. O problema do espaço de guarda, nas condições modernas, vai sendo superado, como se verá oportunamente na parte competente dêste livro. 1.1. 6 Precisão CO'MJencional - A precisão convencional da cópia destinada à impressão presume, antes, a elaboração definitiva ou quase - da obra. Quando a · elaboração definitiva da obra inteira, dada a sua extensão, não é possível senão ao cabo de vários anos, deve ela ser precedida de um planejamento geral e particular tão preciso, que suas diversas e sucessivas partes levadas à impressão possam ser tratadas como futuros livros autônomos, harmônicos entre si no seu plano. Uma cópia, por melhor que seja, se traduz um estado de espírito provisório por parte do autor, ou diretor-de-texto ou editor-de-texto, · uma cópia nessas condições é, justificadamente, o horror dos editôres e muito par-

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as outras - , poderá ela dormir o remanso das coisas que atingiram sua finalidade, pelo menos sua finalidade imediata. Mas nela - assim como no original propriamente dito, manuscrito ou dactilografado - perduram eventualmente valôres históricos, sociais, lingüísticos, filológicos, estilísticos, Mográficos, p!Úcológicos, grafológicos, grafoscópicos, e outros, pelo menos para os p6steros. É sempre possível que se trate de material de que, num futuro, a humanidade não se venha a interessar. Mas, por . maior que · seja a sua humildade para com o futuro, um criador é sempre, potencialmente, matéria de interêsse futuro. Por isso, não há destino In.ais honroso para um original ou um~ daquelas cópias, ou ambos, do que . a chamada - assim ou equivalentemente - seção de manuscritos das bibliotecas públicas de pesquisa, cujo padrão, no Brasil, por seu acervo, pelas preciosidades · que encerra e pelo muito que deve merecer, é a Biblioteca Na. cic;mal, no Rio de Janeiro, sem embargo de outras que existem no país, como a Municipal, da cidade de São Paulo. Como, entretanto - e com razão -, o entesouramento nesses locais presume um julgamento histórico de valor, as casas editaras deveriam chamar a si, sempre, a guarda de uma dessas cópias preferentemente aquela com que · trabalhou '- até que num futuro essas coleções possam ter aquêle destino. 1.1. 5 Arquivo de originais - Com efeito, não se deve esquecer que no Brasil, conforme prática que se está universalizando, os editôres tendem a arquivar no seu acervo patrimonial a cópia sôbre a qual se fêz o livro. ~sses acervos tendem a crescer dé. valor documental com o ·passar dos anos, cumprindo aos editôres nacionais ter sempre em conta a possibilidade de os doarem a entidades oficiais, quando a mensagem dos seus editados cair no domínio público. O problema do espaço de guarda, nas condições modernas, vai sendo superado, como se verá oportunamente na parte competente dêste livro. 1.1. 6 Precisão co-nvenci0'1&6l - A precisão convencional da cópia destinada à impressão presume, antes, a elaboração definitiva ou quase - da obra. Quando a · elaboração definitiva da obra inteira, dada a sua extensão, não é possível senão ao cabo de vários anos, deve ela ser precedida de um planejamento geral e particular tão preciso, que suas diversas e sucessivas partes levadas à impressão possam ser tratadas como futuros livros autônomos, harmônicos entre si no seu plano. Uma cópia, por melhor que seja, se traduz um estado de espírito provisório por parte do autor, ou diretor-de-texto ou editor-de-texto, · uma cópia nessas condições é, justificadamente, o horror dos editôres e muito par-

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ticularmente dos tipógrafos. É que autores, diretores-de-texto ou editôres-de-texto tais não vacilam em trocar palavras, . alterar a redação, cortando, acrescentando, invertendo; e a decorrência mínima é que, assim, se tumultua a composição tipográfica já feita, com recorridos para mais ou para me:r;tos, que não raro repercutem na paginação, em uma, duas, três páginas, e, algumas vêzes, na própria página capitular seguinte, conforme fôr o estágio da re·VIsao. Uma mera troca de palavras, de número de letras substancialmente diferente, pode acarretar a recomposição de duas, quando não de três ou mais linhas; e, o que é pior, de linhas já compostas eventualmente corretas. Ora, nova composição é nôvo risco de se filtrar nôvo êrro - o que significa, na prática, voltar de nôvo à estaca zero. Se "errare typographicum est ... ", como diz ANoat THtRIVE, glosando um apotegma conhecido {ENCF, 18·16-2), propiciar, ensejar, como que forçar o ·ê rro tipográfico é não apenas diabólico, é índice de irresponsabilidade para com · · a própria obra. 1.1. 7 Original precário - É, aliás, pelo consabido descuido com que, no Brasil màs não apenas nêle, se preparam as cópias destinadas à impressão, que nos contratos modernos que ligam editôres e editados ou· editan.dos vêm cláusulas que proscrevem aos últimos o arbítrio de alterarem o texto fornec!do, se não impender razão de fôrça maior (cf. UNWI). 1.1. 8 Original perfeito - Não é, por conseguinte, descabido tudo que venha a transformar-se em desejar, como preliminar livro, que - em sendo possível - seus originais se feiçoem de tal arte, que a cópia destinada à impressão seja, idealmente, perfeita.

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1. 2 RECURSOS MANUSCR'ITORES 0 material sôbre O qual se manuscreve oferece possibilidades diversas. Sem remontar ao passado - dos tijolos de argila, dos diversos tipos de ardósia, . dos papiros, dos pergaminhos -, no mundo presente a questão gira tão-sômente em tôrno do papel: (a) mais ou menos fôsco, mais ou menos transparente, mais ou menos liso, mais ou menos absorvente, a ponto de ser ou não h·radiador da tinta; (b) de formatos variáveis; (c) de "manchas" variáveis, em branco, com linhas-guias impressas, interlineado, pautado, quadriculado, numerado em colunas verticais e em espaços horizontais. Quem manuscreve profissionalmente, com vistas a um livro futuro, deve previamente, de acôrdo com os seus pendores e as possibilidades reais oferecidas pelo seu meio e a êle accessívéis, examinar aquelas questões, pois o tt:abalho de escrever - no sentido mais meclnieo

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possível - pode transformar-se em operação penosa para o manuscritor, se não são examinados, em função de suas aptidões ópticas e de seu temperamento e hábitos psicológicos, aquêles aspectos - ainda que tenhamos de admitir os . que escrevem, inclusive, sôbre o joelho ou nas prisões Mas a questão, como sempre, não é apenas individual. Todo êsse exame prévio pode impor-se por um passado individual vicioso e seu resultado se integrará numa rotina, que a qualquer momento pode ser corrigida, se o manuscritor perder alguns minutos num auto-exame devido. O que, porém, importa é que seu manuscrito possa, ao cabo, ser lido, e ser lido com relativa facilidade - não apenas pelo manuscritor, já que nesse terreno cumpre sempre atender ao lado social. 1.2.1 Traçado dos manuscritos- No traçado dos manuscritos há tendências ou dom:nâncias culturais, nacionais, periódicas, individuais. Os tratados e compêndios de .paleografia, assim como, accessôriamente, os de grafoscopia e grafologia (cf. DAIN, OOHE e FEVR) mostram, por exemplo, (a) que os traçados dos manuscritos ocidentais - para nos atermos só ao Ocidente -, dentro de sua diversidade através dos tempos, revelam constâncias de uma como cultura pré-nacional - o carolíngio, o lombardo e tantos ·mais têm denominadores comuns que os distinguem, em cada espécie (monumental, uncial, cursiva), dos medievais dos séculos imediatamente anteriores ao advento da imprensa, pode~do-se, em suma, periodizar perfeitamente tais denominadores comuns ou tais estilos caligráficos ou meramente quirográficos; e isso de ·tal modo que, ao cabo, seja possível, em muitos casos, presumir com pequena margem de êrro quando um manuscrito foi vazado; (b) que, ainda assim, há tendências "nacionais" cedo manifestadas, isto é, antes da estruturação das nacionalidades modernas, tendências hoje tão bem caracterizadas, que se pode identificar a nacionalidade (ou mais precisamente a formação cultural naciOn!J.l) dos manuscritores, sobretudo contemporâneos; (c) que, dentro de um só país ou uma só nação, é possível, também, escalonar no tempo os denominadores comuns dos manuscritos, · na sua evolução, sem contar, em não poucos casos, os fatos de regionalização; e ( d) que não são raros os casos em que, por cotejo, se possa afirmar com quase segurança, na base de tão-sõmente dois manuscritos (um dos quais sabidamente autêntico), por meio de técnicas grafoscópicas ou grafológicas, se o outro manuscrito é ou não de tal manuscritor. 1. 2 .1.1 Feição particular dessa problemática é a que se refere à América. Quanto à América espanhola, dispõe-se já agora,

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de bom guia ( cf. MILL), pendendo algo semelhante para as co!sas da América portuguêsa. 1. 2 .1. 2 Os documentos falsos são questão conexa, que interessa ao campo da historiografia e, sob o aspecto textual, à filologia lato sensu (cf., sôbre a questão dos falsos, em particular na arte e na história, ouYG). JosÉ_HoNÓRIO RoDRIGUES, em obra metodológica capital para a história do Brasil, trata de vários aspectos da questão ( cf. RODR). ÂFONSO ÂRINOS DE MELO FRANCO discute excelentemente um problema particular de falso na história moderna do Brasil (cf. FRAN). 1.2.2 Material manuscritor- Assim como importa o material sôbre o qual modernamente se escreve - o papel -," importa também o instrumento com que se escreve - lápis, caneta, lápistinta, lapiseira, caneta-tinteiro, lápis-tinteiro, caneta esferográfica, estilográfica; doces, meio-doces, duros; finos, meio-finos, grossos; flexíveis, ·rígidos - de cuja eleição pode decorrer maior ou menor rendimento físico e maior ou menor eficácia. . . mental. J:unte-se a isso a natureza da tinta - fluida, semifluida, pastosa; azul, azul-negra, vermelha, verde, e também a cadeira, a escri· vaninha ou mesa, o cinto, o sapato, o cachorro amigo, a gata do vizinho, o barulho ambiente ... 1. 2 . 3 Caracteres manuscritos - Pequenos vezos pessoais, com um mínimo de atenção, podem aumentar notàvelmente a legibilidade, ou diminuí-la, do manuscrito. Há uma sistemática que, observada, é caminho p.a ra aquilo. Os caracteres manuscritos na história da escrita assim como contemporâneamente, o que continua a ser história - ou são traçados um a um, isoladamente, · o que diminui o rendimento e torna · a operação saltitante e demorada, ou são escritos por meio de ligações. Essas ligações se fazem graças a pequeninas extensões do traçado final do caráter anterior para o tr.açado inicial do caráter seguinte, ambos iritravocabulares. De um modo geral, os manuscritos de tôdas as épocas evitam 'os traçados necessAriamente autônomos, desde que, abandonando o caráter monumental ou uncial, entrem no cursivo prõprillmente dito: note-se que dá trabalho - figurado ou real pôr os pingos nos ii, como o corte horizontal da barra oblíqua (ou vertical) do t é um problema resolvido diferentemente de manuscritor ·a manuscrito'r. São, nesse sentido, verdadeiros obstáculos à eficácia do rendimento do manuscrito em caracteres latinos aplicados à ortografia portuguêsa: (a) os acentos gráficos J J 'I I - ); (b) as letras i, j e t; (c) pelas confusões que podem gerar entre si as letras, dentre outras, n e u; k e k (con-

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fusão em franca desmoralização, pelo raro emprêgo atual da primeira : letra rara, via de regra, letra clara) ; m e n (o que pode em certos manuscritos tumultuar trlplicemente : m, e u) ; e e i (quando se omite o pingo do segundo) ; g e j (quando se omite o pingo do segundo) e, sobretudo nos finais de vocábulos, a. e o, seguidos ou não de -s (letra freqüente, via de regra, confusão corrente) - tudo isso sem falar dos vezos pessoais dos traçados. A história da leitura tipográfica consigna, por deficiências manuscritas daqueles e outros tipos, que aumentam de porte . quando combinadas ou acumuladas, exemplos de falsas palavras, que constituem tropeços correntes nos trabalhos de diplomática e ecdótica: "duas" pode ser lido "almas";. "pllgar" pode ser lido " pojar" ou " jogar". Escusa exemplificar, que haveria demasiadas abonações para isso. Se a ligação é uma necessidade imposta pela eficácia, a não ligação, n?!l sinais de pontuação, seria uma vantagem que deveria ser cultivada, já que, na avassaladora maioria dos casos, a pontuação corresponde a uma pa~ maior ou menor, no débito rítmico-melódico-re.s piratório e r que não T - no próprio débito da mentação, em~ra haja que pense com notável antecipação ao que está escrevendo, o que é causa consabida de omissões e saltos nos manuscritos autógrafos_

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Se o manuscrito pode ser fonte de leituras indeseja1 . 2. 3 .1 das, pode-o em dupla direção: na acima apontada, em que há deformação do corrente pelo corrente; e numa inversa, que consiste em transformar o inusitado em corrente, como a lição camoniana "Ci pião africano" transformada. em "Capitão africano" ou como a deliberada formação neológica de .VALEBY LABBAUD "insuination" lida pelo tipógrafo "regularmente" ·como "insinuation"· (MABI, 1256). 1.2.4 Caligrafia - Nas escolas, a prática eventual da caligrafia deveria ser acompanhada de conselhos sistemáticos tendentes a valorizar, mais do que qualquer aspecto pretensamente belo ou bonito ou estético, a regularidade do traçado, com vistas a · conseguir que (a) os caracteres diferentes sejam traçados sempre distintiva e jamais confundivelmente; (b) as ligações sejam econômicas e jamais objeto de floreios, que tampouco devem sobrecarregar os caracteres de traços supérfluos, e (c) os sinais de pontuação sejam sempre isolados e nítidos. 1 . 2. 5 Ligatura.s - Também de grande antiguidade __:. revela-o a história da escrita - são as ligaturas, isto é, reduções da escrita de fim de palavras freqüentes ou mesmo de vocábulos frequentes. As ligaturas exerceram um papel capital como fonte

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das notas tironianas, para lembrar o caso de que se or~gmaram, por vias diversas, os vários sistemas taquigráficos e estenográficos contemporâneos. Mas, adquirido o vêzo da ligatura, ·tendem elas de tal modo a avassalar os manuscritos que, como no passado e mesmo para os coetâneos dêsse passado, os transformam quase em enigmas não figurados. As ligaturas, cujo estudo importa tanto em paleografia, são um mal necessário, inclusive como origem das reduções - abreviações, abreviaturas, siglas, signos - , mal que na medida do possível deve ser evitado nos manuscritos contemporâneos. E tudo isso sem falar da falsa ligatura, a do rabisco longo final apenas modulado, com que se evita, em verdade, o traçado dos Caracteres de um vocábulo. 1.2.6 Autor manuscritor - O manuscritor - como autor potencial - , ao rascunhar seus livros in fieri, tem, como é natural, todos os direitos a todos os arbítrios. Ao manuscrevê-lo. porém, . para a dactilografia ou - •hipótese progressivamente evanescente - para a tipografia, deixa, em boa moral, de tê-los. Como o uso ab'llSivo do cachimbo entorta a bôca, deveria em qualquer caso diminuir o abuso e examinar problemas como os aqui aflorados, a fim de penitenciar-se e lucrar pessoalmente e coletivamente. 1. 3 DECÚNIO DO MANUSCRITO Alegar-se-á - com razão plauSÍVel em parte - que a operação de manuscrever está em vias de desaparecimento. Como no passado clássico e medieval estadistM eminentes podiam ser "iletrados" mas cultos, mercês de seus secretários letrados, escribas, num futuro pode-se antecipar o culto "auditivo", em função da "máquina auditivo-falanteimpressora-leitora". É pôr o carro adiante dos bois com uma antecedência demasiada. É certo, com efeito, que o manuscrito em muitos casos está sendo substituído já pela dactilografação direta, · já pela indireta, pelo ditado. O fato, porém, está preferencialmente circunscrito à vida burocrática e administrativa - pública e privada ( come~cial, industrial, de serviços). Mas ainda aí, via de regra, às formas ou fórmulas verbais mais ou menos padronizadas. · Até que o homem culto se libere da necessidade de formular seu pensamento em função ·de um instrumento que pigmente com o traçado de seu manuscrito a superfície br~nca do papel, muitas facilidades poderão sobrevir, ainda que accessíveis ao bôlso de todos, sem que logrem a universalização suspeitada com certa precipitação. Convenha-se, entretanto, em que·, por sua enorme afinidade psicológica e mesmo manual com a operação de manuscrever - por aparentemente estranha que pareça a afirmativa - , a dactilografia pode, aos poucos, ir desbancando ou divj.

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dindo a supremacia da operação ·manuscritora profissionalizada. Com efeito, há já não poucos escritores que, de posse de um roteiro - indicação de t6picos para desenvolvimento -, podem vazar seus escritos diretamente à máquina de escrever. Outros podem ir além e - com roteiro ou sem êle - ditar a máquina!! registradoras de som sua mensagem. Tais máquinas, geralmente acionadas por energia elétrica, gravam em fitas de fibra sintética ou em fios nietAlicos os sons de um modo geral e, ipso facto, os fone~ da cadeia falada, apresentando, comparativamente às técnicas ligadas ainda ao disco de matéria plást!ca, a superioridade de serem de manejo rápido e simples, portáteis, e de poderem, por sobregravação, apagar automAticamente a mensagem antes gravada e reter a nova. São em geral chamadas dictafones ou magnetofones e têm a favor de si, também, a vantagem de poderem, num rôlo de fita ou fio de pequenas dimensões, armazenar um ditado, em cadência normal, de meia a duas horas, consoante a rotação que se lhes imprimi!. 1.3.1 Magnetofones- Nas condições atuais do Brasil são um instrumental de máxima importância, dentre outros fins, para a coleta ou recolha do nosso material oral folclórico e dialectol6gico, sobretudo com o uso de pilhas sêcas, que liberam tais máquinas das assimetrias de correntes elétricas em uso no país, permitindo, ademais, a gravação em pontos em que ainda não há energia elétrica instalada. Embora tais gravações não ofereçam por ora características de alta fidelidade - hoje s6 obtidas em estúdios de gravação em condições especiais de acústica - são elas de enorme utilidade para aquêles fins, e o serão em breve futuro mais ainda, com os aperfeiçoamentos técnicos que irão certamente recebendo. E são-no, com mais razão, para os autores fecundos e facundos ou liberados da operação manual e digital de escrever - operação, entretanto, que no adulto, em lugar de ser obstáculo, · 6, por seu ritmo mecânico, um estímulo, tão condicionada pode estar sua psicologia ao processo ( cf. KELC, s.v. recordings). 1.3.2 ''Civtlil:ação escriÜI" - Seja como fôr, nas condições presentes de nossa evolução e tanto quanto se possa antecipar, a matéria ditada e gravada tem, depois, de ser transformada em matéria escrita - já pelo próprio autor, já por profissionais específicos -, o que nos leva, de nôvo, ou ao manuscrito ou, mais provAvelmente, à dactilografia. A automatização do circuito fala-registro- (tradução) -audição, embora já nos planos técnicos prospectivos da humanidade, wm existir, presume,· ainda, para cabal eficácia, a resolução de tais e tantos problemas de eletrônica, cibernética, fonética, fonologia, que é melhor não so-

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nhar por ora com sua difusão, ainda que o sonho possa ser eventualmente realizado mu!to em breve e a tenhamos ao alcance dos usos práticos (cf. LOCK, 313-317). Isso, porém, não desbancará a "civilização· escrita", 'vale dizer, o livro e seus associados, os jornais e as revistas, antes a estimulará por um largo perfodo ainda, probabillssimamente. 1. 4 RECURSOS DACTILOGRÁFICOS Todo dactilógrafo capaz ê senhor dos recursos de sua máquina de escrever. E .ser dactilógrafo capaz, para si mesmo, é aprendizado de curtíssima duração a esfôrço. O autor - e na medida do necessário o diretor-detexto ou editor-de-texto - devé também sê-lo, em certa medida pelo menos, no que tange às possibilidades da máquina de escrever, para facilitar a tarefa do dactilógrafo e não lhe pedir o que não lhe é dado realizar com a sua máquina. Essen~ialmente, os caracteres de uma máquina de escrever ou correspondem ao romano - redondo com predomínio de retas verticais, com ou sem cerifas - ou correspondem ao itálico - redondo con:t predomínio de retas oblíquas do superdestro ao soto-sini.s tro - , de modo exclusivo : não há, normalmente 1 máquina de escrever que conjugue romano com itálico, nem, menos ainda, com negrito. Cada modêlo ou série de máquinas de escrever, de determinada marca, tem para os seus caracteres determinado corpo, que pode variar, em geral, entre seis a doze pontos tipográficos. Seu tablado - definido quanto ao desenho e ao número de caracteres - apresenta uma ordem completa de .letras minúsculas, outra de maiúsculas, uma outra de algarismos arábicos e uma variedade, mais ou menos rica, segundo o porte da máquina (de escritório, de contabilidade, meio-portátil, portátil), d~ letras com sinais diacríticos, de diacríticos autônomos e de sinais de pontuação e outros. ~ óbvio que cada caráter não corresponde a uma só tecla ; ao contrário, a cada .tecla correspondem dois caractere@. Uma última possibilidade de variação é representada pela fita bicolor, com o que o original dactilográfico pode ser escrito, uniforme ou alternativamente, em prêto (ou azul) e em vermelho - recurso, entretanto, . que tem· contra 11i o fato de que, nas cópias a papel carbono, a alternância não se reproduz. Dentre os sinais autônomos da máquina de escrever exerce pape] relevante o travessão sotoposto (via de regra ocorrente na pressão da maiúscula do algarismo arábico "6"). Com a repetição do travessão sotoposto, contínua ou alternativamente, se obtém a linha sublinhada contínua ou espacejada. A máquina de escrever dispõe também de aspas dúplices (que também pode suprir a falta, quase geral, do trema) e do apóstrofo, que pode funcionar como aspas simples. Algumas, por

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fim, dispõem de asterisco e de alguns signos matemáticos beis, especiais, que não possam ser supridos pelos outros res. Sumàriamente, são êsses os recursos disponíveis máquina de escrever, com os quais deve ser figurado o dactilográfico (cf. MELe, s.11. typewriter).

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1. 4.1 Tablados - Os tablados das máquinas de escrever, baseados nos caracteres latinos, são apresentados em bases nacionais e numa base geral dita universal - base ·esta que sofre algumas alterações e adaptações consoante o sistema ortográfico a que se destina. A base universal tem como princípio a freqüência do uBo dos caracteres. ficando os mais batidos em posição privilegiada com relação ao traquejo digital. Com o tablado universal adaptado às características da ortografia portuguêsa, mesmo nas obras de erudição em que ocorram citações ou transcrições em espanhol, galego, catalão, basco, francês, provençal, italiano, sardo, rético, romeno, inglês, alemão, sueco, norueguês, finlandês, danês, flamengo - não se esgota a lista ·-, se pode obter razoável satisfação, que se estende, ainda, aos casos mais normais de transliteração dos caracteres hebraicos, árabes, cirílicos, gregos, sanscríticos - não se esgota a lista (cf., por exemplo, CARV).

1. 4. 2 Tábuas e afins - O uso da máquina de escrever para a organização de tábuas, tabelas, quadros em geral, estatísticos e afins, exige uma pequena adaptação ou especialização técnica do dactilógrafo, aprendida, entretanto, na sua rotina profissional. Para trabalhos constantes dêsse gênero, há máquinas de escrever de carro maior ou máximo, bem como outras, quase especializadas ou especializadas, assim como para fins contábeis e actuariais. 1. 4. 3 Pauta dactilográfica - Consoante a uniformização que se venha a desejar quanto ao cabeçalho, margens, parágrafos, citações, ou biasta o recurso ao tabulador, ou se criam pautas especiaiB - pauta de página capitular, pauta de página ordinária - , com as quais . a tarefa de obedecér à uniformização se faz mais fácil. Essas pautas são empregadas proveitosamente sobretudo em trabalhos normalizados e na chamada padronização oficial. Desta é bom exemplo a seguida pelo Ministério das Relações Exteriores ( cf. MINI, s.v. "pauta dactilográfica"). 1. 5 RECURSOS TIPOGRÁFICOS Tipografia é a arte de compor e imprimir livros - no amplo sentido da palavra - por meio de caracteres móveis ou processos afins, portadores; em última análise (na civilização ocidental e grande parte da humana) dos ingredientes vocabulares da linguagem verbal. As fases para gerar o livro em condições de atingir a sua finalidade normal

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imediata, que é a le:tura, são as seguintes, claramente distintas - presumido pronto o seu original - : a) a composição, scüicet, tipográfica, (b) a impressão e (c) o revestimento. 1. 5 .1 Tipo - Dentre os recursos tipográficos, cumpre, preliminarmente, saber· o que é um tipo. Trata-se, originalmente, de um caráter móvel, autônomo, via de regra a representar uma letr~, com cujas combinações sucessivas se formam sílabas, vocábulos, frases, parágrafos, textos. Sua estrutura - no passado, inclusive de madeira - hoje em dia é de uma liga metálica, cujos componentes podem entrar em quantidades variáveis ( cf.. ECTA1 s.v. tipografia). A nomenclatura das partes de um caráter móvel ou tipo é meio de descrevê-lo; grosso modo, trata-se de um pequeno paralelepípedo, cujas sés faces têm as seguintes . características: a) face inferior ou base - chamada normalmente "pé", com um sulco reentrante de face lateral a face lateral, chamado 11 ranhura"; b) face superior, onde se localiza, em relêvo, a "letra" ou o "sinal tipográfico" propriamente ditos; essa "letra" ou "sinal tipográfico" tem uma "face" ou superfície superior, que recebe a cutícula de tinta graças à qual se faz a impressão sôbre o papel; o relêvo é determinado por excisão, cuja altura se chama "ôlho"; êsse "ôlho" ou relêvo formador da "letra" ou "sinal tipográfico" apresenta extremidades em linha vertical, chamadas "rebarbas", enquanto as extremidades em linha horizontal, quando moduladas, se chamam "cerifas", "remates", "ápices", "filêtes", "rabiscos" (cf. PORT, s.v. remate); na face superior do caráter móvel, sôbre a qual se assenta a "letra" ou "sinal tipográfico" em relêvo, ficam alguns campos livres: os campos livres superior e inferior constituem os "ombros", de tal modo que um "ombro" inferior de um tipo mais o "ombro" superior de um tipo que lhe seja sotoposto formam a distância branca entre duas linhas de tipo, distância chamada "entrelinha" ou "branco interlinear"; os campos liwes esquerdo e direito se chamam "avizinhamento", de tal modo que um "avizinhamento" direito de um tipo mais o "avizinhamento" esquerdo do tipo que se lhe segue formam o "branco interliteral" - que, por outros motivos adiante explicados, nem sempre é regular e uniforme; o campo livre interno que aparece em certas letras, como o, b, c, d, e e tantas mais, é chamado "centro" ou "vazio" ; c) face posterior, lisa, sem quaisquer outras características j

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d) face anterior, que via de regra apresenta um sulco ou dois, ou mais, paralelos no sentido horizontal, a altura variável de fundição a fundição, mas constante em cada fundição, sulco denominado "corte", "crã" ou "toque", graças ao qual, na composição manual, o tip~grafo-compositor, pelo tato, sabe em que posição deve ser colocado o tipo, a fim de que alguns não o sejam às avessas - invertidos ou deitados - , assim como serve para distinguir, no mesmo corpo, as diversas famílias de uma mesma caiXa tipográfica ou de uma mesma fonte; fundições há que colocam o "corte" na face posterior; e) faces laterais, iguais, geralmente lisas, eventualmente com um furo de face lateral a face lateral, de altura e profundidade constantes em cada fundição, denominado "furo de guia". 1.5.2. Desenho das letras - Quanto ao desenho das letras, de um modo geral, nos caracteres móveis das línguaS européias ou sob sua inflpência ou irradiação, po.dem-se figurar idealmente quatro paralelas horizontais, um tetragrama, das quais as duas do centro dão a média da grandeza das letras, cada uma · das quais tende a ocupar aí um quadrado ideal i mas certas letras b, à, f, h, k, l, t - apresentam uma "haste" ou "cabeço" que se dirige para a linha superior do tetragrama ideal, enquanto outras - g, j; p, q, y e em certos desenhos z - apresentam uma "cauda" que se dirige, contràriamente, pMa a linha inferior do tetragrama ideal ( cf. coHE, 95-96). 1.5 .3 Medidas do tipo - No conjunto, o paralelepípedo do tipo ou caráter móvel tem a base, chamada "tronco" ou "árvore", e, superpostas, a "letra" ou "sinal tipográfico"; a medida que vai do "pé" à "face" da "letra" ou "sinal tipográfico" chama-se "altura" ou "altura do tipo", e a que vai da face anterior à face posterior "fôrça do corpo" ou simplesmente "corpo" (cf. KABT, 67-68 i PRAT, 71 i ENCF, 18· H•-4 i ECTA, S. V. tipografia; AREZ, S.VV. varia; liEDE, s.vv. passim; MELe, s.v. type). 1. 5. 4 Feição gráfica geral do livro - Para a caracterização da feição gráfica geral de um livro, é indispensável fixar, logo de início, certos critérios, que deverão prevalecer constantemente durante a sua feitura tipográfica. 1!::sses critérios são quanto (a) à eleição do corpo ou corpos da composição, (b) concomitantemente, à família, gênero e desenho, e (c) à adoção do padrão da "mancha" ou, quando não desta, da largura da linha, ficando a altura da mancha para determinação posterior. 1. 5. 5 Corpos dos tipos - A fôrça do corpo, ou corpo simplesmente, de um tipo é, como se viu, a distância entre a face

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anterior e a posterior de um tipo ou caráter móvel. Isso postula, como é lógico,, um padrão mensurativo, que não é o metrológico decimal "universal", mas um próprio aos usos tipográficos, redutível - é óbvio - ao citado. 1. 5. 5.1 No início da tipografia, os fundidores - q-qe eram em geral os próprios tipógrafos - não se preocupavam muito com a uniformidade dos tipos, quanto à altura e à fôrça do corpo. Mesmo até o século XVIII a nomenclatura das medidas tipográficas foi flutuante, cabendo aos tipógrafos franceses a primeira tentativa de racionalização da matéria, com os nomes de PIERRESIMON FOURNIEB (1712-1768) e FRANÇOI8-AMBROISE DmOT (17301804). O primeiro em 17!37 - , tendo em conta os caracteres empregados em várias obras impressas, estah-eleceu a primeira escala de pontos tipográficos, cuja unidade foi o "cícero", o corpo 11 com que se compusera, em 1469, em Veneza, as Epistolae ad familiares, de CfcERo. O "cícero" figurava na classificação em décimo lugar, pois havia tipos de corpo 3, 4, 6, 7Yz 8, 9,. 10 e 11, havendo uma série de superiores. DIDOT - em 1757 - modificou o sistema, adotado o "cícero" de 12 pontos, que é o que hoje ainda é assim conhecido, como unidade tipográfica fracionária do pied-de-roi, medida de comprimento então legal em França: 6 pontos tipográficos correspondem a uma linha, como medida de comprimento, 6 cíceros a uma polegada e 72 cíceros a um pé-de-rei - donde 12 pontos Didot equivalerem a 13 pontos Fournier. Mas o fato é que o ponto tipográfico continuou sendo a unidade mínima tipográfica de mensuração ( cf. MART, 30; LARO, s.v. Didot e 1J'01trnier, Pierre-Simon). 1.5.5.2 O ponto tipográfico corresponde a mm 0,376 ou a 0,013837' - havendo, por conseguinte, menos de três pontos num milímetro e cêrca de 72 numa polegada. Pode ser equiparado ao

milímetro no sistema métrico decimal, no sentido de que o milímetro é um décimo do centímetro e o ponto tipográfico é um duodécimo do cícero: o sistema mensurativo tipográfico é, pois, duodecimal. Modernamente, o número de pontos tipográficos do corpo de um tipo é o melhor meio de designá-lo, mas a tradição nomenclatora do tempo de DIDOT perdura. :eJ fácil, com recurso dos locais abaixo citados, levantar um quadro da nomenclatura e suas corresp·ondências, em seis línguas. Quanto à portuguêsa se verá que, tal como se divulgou entre nós, há acintosa influência da origem francesa, patenteada pelas formas vocabulares puramente francesas ou híbridas - franco-portuguêsas ( cf. ENBR, s.v. printing; ECTA, s.t•. tipografia; EESP, s.v. tipografia; AREZ, passin'l; PORT, S.V. corpo; CHAU, passim).

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1 . 5. 5. 3 A partir do corpo 18, os co,rpos maiores são para uso nos rostos ou, preferentemente, nos impressos de propaganda, cartazes, cabeçalhos e manchetes de jornais. ~sses corpos podem ser fundidos até 144 pontos - doze cíceros. EntTetando, considera-se desaconselhável fundir em liga metálica tipos de corpo superior a 72 pontos. Reversivamente, os corpos abaixo de 6, t:xclusive, são preferentemente usados em livros de pequeno formato ou de dupla coluna, até os liliputianos ou anões. 1. 5. 5 . 4 O número de pontos tipográficos da fôrça ·do corpo (ou, simplesmente, corpo de um tipo) faz que os tipos sejam, cada vez mais, apenas citados como "tipo corpo 1'', "tipo corpo 2", "tipo corpo 3", "tipo corpo n". Mas, assim como um tipo corpo 12 tem doze pontos - 12 X 0,376 = mm 4,513 -, semelhantemente se pode fazer a redução de qualquer corpo ou dispor-se de um quadro já elaborado. Entretanto, por meio de uma "régua tipográfica" ou "tipômetro", que também pode ser da feição de uma trena, essas reduções podem ser fàcilm.ente obtidas, assim como quaisquer correspondências de corpo a corpo ; trata-se de uma espécie de duplo-decímetro, geralmente metálico, com escalas longitudinais, em em, 2 pontos, 8 pontos, 10 pontos, 12 pontos, 48 ·pontos- variam os critérios-, com as quais se podem, inclusive, medir os corpos já impressos. ~. assim, possível também reduzir a milímetros ~s pontos tipográficos;' e, sabendo-se a relação 12 pontos = 0,45 (ou, mais rigorosamente, 0,451, ou, mais rigorosamente ainda, 0,4513), se obtêm centímetros: seja uma composição vertical de 42 linhas de 12 pontos cada uma: 42 X 0,45 = 18,90; a coluna terá em 18,90, quase em 19 ou m 0,19 (cf. ECTA, s.v. tipografia,; MELe, s.v. type mea.surefMnts). ·

1. 5. 5. 5 Para identificar o corpo de uma composição tipográfica, basta o ôlho experimentado dos artistas e artífices grAficos. Para os que não o têm, o tipômetro é o elemento por excelência. Traçam-se duas linhas horizontais e paralelas que passem exatamente pelas extremidades das letras com cabeça e com cauda; o espaço entre as duas linhas - medido pelo tipômetro - indica o corpo ; e, se a linha divisória dos cabeças coillcide com a linha divisória das caudas das letras superiores, é que a composição não tem entrelinhas especiais, mas a ordinária dos próprios tipos ( cf. »ABT, 33). Destarte, usualmente, um corpo 6 equivale a dizer "corpo 6/6" ou "corpo : ", isto é, que o ôlho do tipo é de corpo 6 montado sôbre um tronco ou árvore de tipo de corpo 6; pode, eventualmente, ser "corpo 6/8" ou corpo :, isto é, o ôlho ser de corpo 6 montado sôbre um· tronco ou árvore de corpo 8 - o que supõe a existência, no parque ou fo:J?-te tipográfica, de tipos

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assim fundidos; mas a mesma indicação serve para designar que os tipos de corpo 6 foram entrelinhados a mais com brancos de 2 pontos tipográficOoS (cf. M:ART, 29-33). 1. 5. 5. 6 Como se vê, pois, a unidade de medida tipográfica, o ponto, serve de base de mensuração para tipos, espaços em branco, interliterais e interlineares, assim como para outros usos tipográficos - linhas, enfeites, signos, sinais (cf. ECTA., s.v. tipografia). 1. 5. 5. 7 As fundições tipográficas - com seu corpo técnico em que entram desde operários metalúrgicos qualificados atá desenhistas especializados com alto grau de cultura bibliológica segundo uma tradição que remonta às origens da tipografia moderna - suprem as casas impressoras de parques tipográficos, parques constituídos de fontes tipográficas - isto á, de "caixas" de tipos. Essas caixas .variam de pêso, em função do corpo dos seus tipos. Uma caixa de determinado corpo tem determinado pêso global, mas o que importa 6 a distributividade dos seus caracteres móveis, segundo relação determinada pela freqüência de ocorrência média de cada um dêles. Essa relação á, via de regra, função do número de "AA" - com o que se fixa o número de unidades de cada letra, sinal tipográfico, entrelinhas e outras espécies de brancos e enfeites; cada caixa, ademais, além do gênero predominante, tem unidades de outras famílias, variando, destarte, de riqueza maior ou menor de recursos, segundo as disponibilidades da fonte. As tipografias, de regra, lançam mão de várias caixas, com duas ou mais fontes mais ou menos ricas conjunto êsse que constitui o seu parque tipográfico. As impressoras bem organizadas fazem, periõdicamente, uma edição do seu "catálogo", em que são apresentados, classüicadamente, todos os recursos do seu parque tipográfico. Destarte, para trabalhos de alta complexidade gráfica, a preliminar, na elaboração de uma cópia destinada à impressão, é saber, mercê do catálogo, de que recursos se pode dispor - para nessa base se estabelecer a correlação cópia-versão impressa. As fundidoras, por sua vez, têm também - e com mais razão - seu catálogo, ·discriminando, inclusive, as formas de pedido, as interdependências de certas uni• dades e a possibilidade de fundirem sob encomenda certos caracteres desejados (cf., por exemplo, M:ERG, SOCI, BAUE, I'UNT). Há, excelentes fundidoras nos Estados Unidos da América, na Alemanha, na Grã-Bretanha, na França, na Itália, sobretudo para os caracteres latinos e gregos, assim como na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e Tchecoslováquia, para os cirílicos, latinos e gregos. Mas nesses países o avanço tecnológico lhes permite fundir quaisquer caracteres, em quaisquer alfabetos - sânscrito, he-

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braieo, árabe, gueze ( etiópico), chinês, japonês adaptações nacionais dos alfabetos gerais.

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e em quaisquer

1.5.5.8 Na composição manual a "caixa" é, via de regra, um tabuleiro dividido em compartimentos ou escaninhos ou cai.~otins, de tamanhos variáveis. O princípio geral que rege a fixação do tamanho dos caixotins, e a localização dos caracteres móveis em cada um dêles, é o da freqüência de uso de determinado caráter: quanto maior fôr ela, tanto maior deve ser o caixotim e tanto mais ao alcance econômico da pinça ou dedo do tipógrafo-compositor deve estar. O tabuleiro, em regra; é dividido em duas partes: uma, para as minúsculas, os sinais de pontuação, algarismos e os brancos - é a chamada "caixa baixa"; a outra, para as maiúsculas ( versais e versaletes), algumas letras acentuadas de pouco uso e outros sinais de pouco uso - é a "caixa alta". Até o IIOOulo XIX, a caixa alta era geralmente dividida em 98 compartimentos, enquanto a caixa baixa o era em 53; os da caixa alta, em geral, eram do mesmo tamanho e, no ·que se refere à disposição· das letras, iam elas, quase sempre, em ordem alfabética, separadas as versais .dos versaletes (cf. ECTA, s.v. tipografia; liART, 60). Hoje em dia, há caixas adaptadas - dentro dêsses princípios gerais - aos alfabetos nacionais, variando o número de caixotins de 111 a 154. Nas origens da composição manual, os caixotins parece terem sido do mesmo tamanho, provàvelmente em ordem alfabética a colocação dos tipos - havendo, já pelo correr do século XVII, provàvelmente, sido feitas as . primeiras inovações, que terão sido consolidadas, na feição ainda vigente, por PIEBRESIKON FOUBNIER, com que foi costume chamar o sistema universal de caixa tipográfica (cf. MELC, S.V. oase; JENN, 45-48; POBT, I.V. caixa; liART, 59-65; ECTA, S.V. tipografia). 1.5.5.9 No que se refere às caixas tipográficas, cumpre ainda referir certa nomenclatura usual até hoje em dia, nas tipografias que delas fazem uso: a "caixa cega" é um tabuleiro sem caixotins, com os tipos de raro uso à disposição das necessidades eventuais; a "caixa de sinais" é um caixotim, em certas caixas, destinado aos signos, sinais, abreviaturas e símbolos de uso cientifico; a "caixa de sobras" ou "gaveta(s) de sobras", em verdade gavetas de reserva de tipos excedentes das necessidades imediatas de uso, também chamada "caixa de sortes" ou "caixa de sortimento"; "caixa dos espaços", caixotim onde são colocados brancos interlineares ou espaços interliterais, de corpos diversos ; "caixa perdida", seção direita da caixa alta, com dois ou mais caixotins, destinada a conter as letras acentuadas e os sinais de pouco uso ( ABEZ, passim; POBT, s.v. caixa) .

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1. 5. 5 .10 Segundo uma usança tradicionalizada, quando o tipógrafo-compositor está encarregado da composição de um original, coloca~o - ficam de lado os vezos individuais - perto da caixa alta, via de regra, e, retendo de memória um certo número de vocábulos, vai apanhando os tipos ou caracteres m6veis, um a um, com a pinça ou com seus dedos, e colocando-os, na mesma ordem, no "componedor" -barra de metal de comprimento médio de em 30, por cêrca de em 6 de largura, com rebôrdo num extremo da extensão longitudinal por um dos lados, e outro rebôrdo, no outro extremo, m6vel, que fixa a medida de extensão da linha, arbitrada para a composição. Entre cada vocábulo insere o branco intervocabular correspondente e, terminada a linha, "justifica-a", isto é, intercala, perto dos brancos intervocabulares, brancos mais finos, para que a linha ocupe a justa extensão adotada. Dessa maneira, pode ir compondo, de um s6 turno, diversas linhas no componedor, até que êste, cheio, é desembaraçado sôbre a "galé", ou "galera", ou "galeota" - quando pequena -, retângulo formado por uma prancha de madeira ou de metal, com uma esquadria ou rebôrdo em dois lados, formando ângulo reto, ou em três lados. As linhas compostas num componedor são as "tomadas", que, reunidas, constituem o paquê - que no passado, teoricamente, se compunha de mil tipos e que, no presente, é não mais do que um conjunto de linhas compostas, que são "amarradas" ou "atadas", efetivamente atadas a barbante; segundo técnica especial para não se desfazerem ; e sôbre o qual se "tira" a primeira "prova". O "paqueteiro" - isto é, o gráfico habilitado a atar os paquês - armazena-os depois no "paqueteiro", armário ou estante onde ficam aguardando, à medida que prossegue a composição, seu destino. Durante a · composição, os tipos, por vêzes, sobem, alçam, alceiam, e com o "abaixador" comprimem-se os mesmos para baixo, ou, ao revés, baixam, e então opera-se inversamente. 1. 5. 5 .11 Tôdas as fases e recursos da composição manual são, com o advento das máquinas compositoras, mecanizados, hoje em dia. As máquinas reservam, na sua estrutura, os tipos - substituindo as caixas - e pinçam automàticamente os tipos, ordenando-os, fundindo-os um a um - monotipia - ou linha a linha linotipia -, justificando-os previamente, substituindo assim o tipógrafo-compositor pelo monotipista ou linot!pista, que, como seu antecessor, lê o original, mas, em lugar de retirar da caixa as unidades, bate-as no teclado da máquina, que procede ao restante trabalho de criar as linhas. Dêsse momento em diante, isto é, a partir da feitura dos paquês, as duas sor~es de atividade

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confluem . e passam a ter igual evolução na feitura do livro. Dêsse modo, a composição manual tende progressivamente a confinar-se aos centros impressores mais pobres ou, polarmente, aos trabalhos de alto requinte gráfico, para pequenas tiragens de gra;nde luxo e preço, da adoração dos bibliômanos, mai:s do que dos bibliófilos. 1. 5. 5 .12 Cumpre-nos, ainda, saber que a altura dos tipos que deve ser a mesma em cada parque ou pelo menos em cada fonte tipográfica - é variável. Duas são as mais consagradas na imprensa ocidental, a altura francesa, de 62 pontos, fixada já desde o tempo de FRANÇOIS-AMBROISE DIDOT, e a altura anglo-norte-americana, ou "inglêsa-americana", de 63 pontos, ha· vendo, porém, várias outras, adotadas em diferentes países. A situação presente de adoção da altura dos tipos, pelos países que usam dos caracteres latinos e gregos, é aproximadamente a seguinte ( cf. ECTA1 S.V. tipografia; ENBR, S.V . printing j MANI; MART, 31) : r altura Didot, ou fran-1 cesa, dita normal, 62,66 pontos = mm 23,566

1)

\ 2)

altura Fournier, 62,92 { pontos mm 23,677

3)

l

4)

=

J

l Bélgica

r altura italiana, 66 pon- { tos

= mm

24,877

altura anglo-norte-americana, 62,03 pontos = mm 23,318

l

Alemanha, Espanha, França, Grécia, Portugal, Suíça, Suécia, Turquia, em parte na Áustria, na Itália, na América latina, sobretudo no Brasil

r

l

Holanda e em parte na Itália Inglaterra, Estados Unidos da América, países de língua inglêsa ou de predomínio anglo-norte-americano, parte da América )atina, inclusive seção no Brasil.

1. 5. 6 Estilos dos tipos - Assentada a noção de corpo de um tipo e as suas conexões imediatas, impõe-se-nos fixar a de família, gênero e desenho dos mesmos, como segunda condição para a eleição da feição gráfica de um livro (v. 1. 5 .4, supra). Exemplário in concreto pode-se obter nos diferentes capítulos editados por PAUL A. BENNET, Books anà Printing, A Treasury for Typopkiles (cf. BENN). 1 ; 5. 6 .1 Pelo tempo da invenção dos caracteres móveis ocidentais, o manuscrito europeu - a atividade editorial de então estava em franco processo de renovação. As idéias artísticas,

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literár!as, científicas do Renascimento, derivadas da herança clássica greco-romana, formuladas em latim e em grego, vinham sendo transmitidas em belos manuscritos de tradição carolíngia, e os escribas e scriptores, os copistas, em breve se acostumaram não apenas a "copiar" os aut6grafos ou os ap6grafos, mas a reproduzir-lhes mimeticamente até o traçado do manuscrito. Daí resultou o manuscrito neocarolíngio, que se consolida provAvelmente em Florença - o centro econômico e culturalmente mais avançado da Europa no tempo, foco de uma burguesia mercantil empreendedora e de vocação dominadora e universalista. Nela, Nzccow NICCOLI, célebre humanista, dirige, por 1425, uma escola de copistas, ensinando-lhes um manuscrito muito nítido, redondo, de fato uma versão revista e melhorada do carolíngio do século IX. Essa letra gozou de grande favor nos círculos letrados florentinos e europeus, e já nos meados do século XV um grupo · de cultos e eruditos, artistas e nobres, apaixonadamente interessados na cultura e civilização clássicas, praticou-a. A letra que intermediaria entre a carolíngia e a neocarolíngia foi por êles reputada negra, pesada, grossa, angulosa e pouco nítida - pouco conveniente, pois, à divulgabilidade que os novos tempos impunham -, e por isso lhe deram o epíteto pejorativo de "g6tica" - isto é, bárbara. Dessa forma, a neocarolíngia - a Zittera · antiqw.r. ou antiqua pura e simplesmente, como passou a chamar-se - foi aceita nos manuscritos seculares, vindo, com o tempo, a invadir os eclesiásticos e administrativos. Ora - como sempre acontece no uso do traÇado, que de regra apresenta uma dúplice (digamos, uncial ou de aparato, e cursiva ou corrente) quando não uma tríplice estilização (monumental ou uncial, dois níveis de aparato, e cursiva ou corrente) (cf. COHE, 91-97) - durante séculos o g6tico fôra formal ou informal; do mesmo modo se fêz com relação à littera antiqua, formal para os textos importantes e informal para os de uso col'rente - origem do "romano" e do "itálico" atuais, respectivamente. Pela época de GuTENBBBG, por conseguinte, os manuscritos em uso na Europa eram-no (a) na velha versão chamada "g6tica" ou (b) na nova, Zittera GMiqua, ·chamada pelos seus adeptos, de um ponto de vista digamos cultural, "humanística", veículo que era do Humanismo renascentista; e esta humanística ou littera antiqua, como a anterior g6tica, se dicotomizava em romana e itálica ( cf. ENBR, s.tl. prin.ting type; STEI, 29-37) . 1. 5. 6. 2 A letra g6tica dicotomizada - denominador comum dos manuscritos da baixa Idade Média européia (séculos I.X a XV) - desde o século XIII, pelo menos, já apresentava caracte-

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res diferenciados, "nacionais", conforme fôsse usada na Alemanha, na França, na Inglaterra, na Espanha, em Portugal, e essa diferenciação perdurava, enquanto a humanística dicotomizada já avassalava a Itália. Era essa em linhas gerais a situação "caligráfica" na época da i~venção 4os caracteres móveis na Europa. Sem diséutir a prioridade d.a invenção dêsses caracteres - se do holandês CosTER, se de JoBANN GuTENBEBG, de Mogúncia (al., ing. Mainz, fr. Mayence) -, o que se deve reconhecer é que o objetivo da imprensa foi reproduzir, o mais fielmente possível, os manuscritos : é a chamada época dos ·incunábulos, dos livros cujos tipos imitavam tão mais ou menos bem os manuscritos, que, .a olhos inexpertos, por vêzes, é difícil saber qual seja a sua forma de impressão. Há, dentre outras, uma bela monografia sôbre incunábulos ilustrados que imitam os manuscritos, na passagem do manuscrito ao livro impresso, pelo erudito editor LEo S. OLSCBKI ( cf. OLSC). . Ora, como a tradição gótica era ainda a que perdur,.va maioritàriamente, foi natural que os primeiros tipos fÔSBem de desenho gótico. Isso não impediu que desde os primeiros textos de GUTENBEBG fôssem êles, embora ainda angulosos, mais finos e proporcionados, qualidades que se positivaram cada vez mais nos seus impressos subseqüentes; aliás, mais tarde, na linha do itálico, produziu êle um texto impresso também excelente - o De induZ.. gentia - segundo a inovação italiana. Mas à Igreja coube a primazia de ser a fundidora e negociante dos melhores caracteres móveis góticos de aparato. ~ que, paralelamente com a divulgação das obras seculares .clássicas, processava-se o incremento e multiplicação, em . número bem maior, de obras sacras, produção em série de saltérios, breviários, rituais, livro-de-horas. Se a principal oposição entre os caracteres góticos e os humanísticos era a grossura e angulosidade daqueles em relação a êstes, o fato é que os góticos trpicos, ao entrarem nt: Itália, foram, ao influxo das novas correntes caligráficas, pouco a pouco sendo arredondados e afinados. ~ o que se patenteia desde o início da atividade de CoNBAD SWEYNBEIJ( e de ARNOLD P ANNABTZ no mosteiro beneditino de Subiaco, perto de Roma, já em 1464: êsses dois alemães usaram de um tipo realmente intermédio do gótico e do humanístico cursivos. Outros alemjies, emigrando para o sul através do atual Tirol austríaco, encaminharam-se para Veneza e também imprimiram em caracteres "góticos arredondados". Quatro anos depois da impressão de um LACTÂNCIO em letra kumanistica, foi fundida em Veneza uma outra que já merece, positivamente, o nome de humanística do ponto de vista tipográfico, uma pura "romana". Essa letra foi primeiro usada em 1469 por

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dois alemães que vieram de Speier, na Renania, e foi tão bem traçada que é por assim dizer moderna, aos nossos olhos atuais. De fato, com JOHANN e WENDELIN DE SPEIER entramos em contato com o livro moderno - embora a fôlha de rosto e outras partes · ou pormenores extratextuais devessem ainda vir a ser desenvolvidos e consolidados. ~sse romano, entretanto, foi antes usado na própria Alemanha, por AooLF Ruscu, de Estrasburgo, em 1464. E, se seu exemplo tivesse sido seguido; a Alemanha teria conl.l8grado o triunfo do gótico, de GuTENBERG, SENSENSCHMIDT e STUcHs, com um triunfo romano não menos, quiçá mais expres sivo. Dessa maneira, Veneza, com os DE SPEIER, ficaria com a primazia de centro impressor, se um ano depois sua letra não fôsse superada pelos tipos do francês NxcuoLAs JENSON, tão elegantes e legíveis que as autoridades em tipografia não vacilaram em considerá-los os mais bem talhados até então; seu romano foi muito copiado na Itália e somente vinte e cinco anos depois apareceu um rival que lhe pôde fazer concorrência ( cf. ENBR, S.V. printing type; STEI, 51-66). 1.5.6.3 Entretanto, em 1495, fundava-se em Veneza uma tipografia cuja reputação se destinava a crescer enormemente. ALDus MANUTIUS lWMANus, seu fundador, era a um tempo erudito e negociante ~ mais do que tipógrafo, cujos problemas enfrentou sempre em função das ·suas dominantes espirituais. Sua paixão era a erudição clássica, e devotou-se, por isso, à impressão de iné. ditos gregos e latinos. Seu mérito, como tipógrafo, é controvertido, pois certos críticos · lhe chegam a desconhecer qualidades primárias no particular. Seus tipos, inspirados nos manuscritos gregos, são, com efeito, um pouco sobt"ecarregados de floreios e ligações desnecessários ou pouco funcionais ; e o seu prestígio teria contribuído para perpetuar uma caixa baixa defeituosa de caracteres gregos. Mas não há dúvida de que os seus romanos são muito menos censuráveis do que os seus gregos ou itálicos. E o dizer-se que seu mérito lhe advém antes do talho do que do desenho não procede, pois nesse particular os de JENSON são considerados justamente superiores, ainda que as maiúsculas dêste tivessem uma desnecessária ·falta de unidade (cf. ENBR, s.v. printing type; MART, 229-236). 1. 5. 6. 4 A impr~ssão aldina começou com uni. Erotema.ta, que CONSTANTINUS LASCARIS lançou em março de 1495, cujas maiúsculas reaparecem depois, no mesmo ano, em combinação com umas minúsculas que são de primeira importância histórica. A fonte inteira aparece primeiro num opúsculo, De A.etna, dum dos mais preeminentes humanistas do tempo, PIETRO BEMBO, mais tarde

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cardeal. As maiúsculas do Erotemata, embora bem desenhadas, eram por demais mal talhadas para combinar agradAvelmente com a bela caixa baixa já obtida. Os tipos do De Aetna representam apenas um primeiro estágio. ALDus M.ANUTIUS reteve-os para o Diário de ÂLEXANDRE BENEDICTUS, em 1496. Em junho de 1497 editou a obra de um médico veneziano, NICHOLAUS LEONICENUS, intitulada De · epidemia, que era composta nos mesmos tipos em corpo menor. Não se trata de dizer que eram tipos perfeitos: o 'L' é inferior em desenho ao de JENSON e o 'G' quase tão feio, mas os tipos revelam de fato uma apresentação muito equilibrada, que teria ganho muito se o tipógrafo-compositor que os manejou fôsse particularmente hábil. ~sses tipos tiveram nova oportunidade de uso em 1500, nas preliminares de um fólio policiano de quinhentas ou mais páginas, compostas no corpo Bembo. Nas preliminares em aprêço, uma epístola de recomendação é composta em caixa baixa Bembo, aliada a uma nova série de maiúsculas mais largas. Os fatos parecem indicar que --:- não como alguns que~e­ riam, a saber, que ÂLDUS MAll
1. 5. 6 . 5 Em 1500, a oficina de ÂLDUS MANUTIUS talhava o caráter móvel por êle denominado cancelleria, ingl. ckancery, fr. ckancellerie, port. "chancelaria", que aos poucos foi sendo denominado "itálico", ing. italic, fr. italique, esp. itálico. Não se tratava, do ponto de vista do desenho, de letra muito satisfatória, mesmo para redução a tipo metálico; não menos de 68 ligações foram nela contadas ~os primeiros volumes de sua estante de clássicos, para os quais ALDus especificamente a destinou. Foi fundida pelo mesmo FRANCESCO (GRIFFI) DA BoLOGNA -'-- donde o seu sinônimo de "grifo", que é, pois, uma adaptaçflo do apelido do fundidor e não de "grifo" como sublinhado ou m.a rca sotoposta pela pressão da unha (gr. g,.Ypkos) - que já talhara os tipos do De Aetna. Por causa dos baixos preços e da novidade dos clássicos aldinos, os tipos em que foram impressos lograram uma quiçá não merecida reputação, do que resultou, apesar das proteções legais de que quis rodeá-los ÂLDUS MANUTIUs, sua cópia e

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imitação por vários impressores italianos, inglêses, holandeses e franceses. Se seu mérito artístico é pequeno - reconhecem os entendidos - , funcionam com muita economia, a qualidade fundamental a que visava ALI>us para a difusão dos autores clássicos a baixo preço. As deficiências caligráficas dos itálicos aldinos são ostensivas, quando cotejadas com os que foram desenhados em Roma por um impressor da Chancelaria vaticana, Luoovmo .ABRiaHI, dito VICENTINo, e impressos pelo ourives BARTHOLOMJ!lO DEI RoTBLLI, de Perúsia. A fama do itálico aldino decorre da prioridade no tempo, mas o itálico de AmuaHI é muito melhor de desenho, mais grácil, mais legivel e foi de influência mais duradoura. A forma do itálico hoje em dia empregada em conexão com o oZd face provém de .ABRiaHI. A extensão do uso dos tipos itálicos talhados segundo o modêlo de .ARluaJ:{I preparou sua utilização pelos impressores de Paris, RoBERT EsTIENNE e SIKON DE CoLINES. Um cotejo do itálico de CoLINES remonta a sua origem diretamente ao de .ABRiam (cf. ENBB, s.v. prin.ting type). 1. 5. 6. 6 GABAKoND, ao idear o seu romano, tinha evidentemente diante de si o De Aetna como modêlo, e os trabalhos de .ABRiam, quanto ao itálico. · E os artifices e artesãos do seu tempo uniram êsses dois tipos originalmente independentes numa fonte única, do que proveio a tradição de haver numa só fonte romanos e itálicos. ~sses desenhos franceses são a origem dos oZd facu ou old styles inglêses, espanhóis, portuguêses - cuja introdução na Inglaterra foi com JoHN DAY e que ficou sendo característico dos impressos inglêses, através dos trabalhos de VOSKENs, V.A.N DYCK e CASLON, até o advento de BABKERVILLE e dos desenhistas modernos. . Se os primeiros tipos de GARAMOND foram ou não · por êle desenhados ou em colaboração com GEOPFBEY ToaY é questão aberia, embora a hipótese de colaboração seja credenciada por autoridades. A bela Bíblia in folia (1532) de RoBERT EsTIBNNBS, cuja elaboração tipográfica deve ter levado entre três a quatro anos, revela talvez o mais inteligente uso dessa fonte. O tipo Garamond rApidamente se projetou e em curto prazo repercutiu nas tipografias de Veneza e Florença. Destarte, pelos meados do sécuio XVI o Garamond lograra alijar o desenho veneziano, que, como se viu, se origina dos dois DE SPEIEB e dos de JENSON, GUILLAuME LB B,, discipulo de GABAMOND, entre 1541 e 1550 estêve em Veneza e sem dúvida forneceu tipos franceses aos impressores venezianos. E foi outro francês, RoBERT GBANJON, que talhou, para uma nova oficina ligada à Santa Sé, numerosos caracteres orientais e romanos, inspirados nos moldes de GABAMOND,

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numa estada de vários anos em Roma, a co~vite do papa GREGÓRIO · XIII. Mas o itálico remonta ao de .AimrGHI, via de regra. GA.BAJIOND fêz pelo menos um ensaio com tipos deliberadamente copiados dos itálicos aldinos e imprimiu com êles três ou· quatro livros por 1545, que parece agradaram ao gôsto do tempo. O itálico, em realidade, já desde então tende a ser reservado para as matérias preliminares, para a citação e para a ênfase. Observe-se também que, por 1540, a caixa alta das fontes itálicas são inclinadas, enquanto as de .Aimlom e de EsTIENNES são verticais (cf. ENBB, s.v. printing typ6; J(A.BT, cap. VIII; aTEI, 37-76). 1. 5. 6. 7 Dos meados até o fim do século XVI poucas inovações ee acusam no desenho dos tipos. Os bons êxitos da impressão italiana se localizam ·entre 1470 e 1520; os da francesa, entre 1525 e 1550. CHBISTOPHE PLANTIN, de Antuérpia, trabalhando com tipos de GA.BA.KOND e de GBA.NJON, conseguiu um certo núme.ro de obras elegantes ;. e, embora sua arte possa ter sido superestimada, sua BibZia poZygZottica é uma notável realização a um tempo de erudição e de tipografia. Nada contribuiu para o romano ou para o itálico. E como o A.mbito de variedades dos tipos estava asfixiado. pelas características dos incunábulos - reprodução tanto fiel quant~ possível dos manuscritos medievais ou, sobretudo, renascentistas, ·ideal apenas ·revolucionado por GAllÃKOND - , a hegemonia tipográfica se transferia para Paris, e o seu desenho fêz f6 durante cento e cinqüenta anos, quase inalteradamente. O skulo XVII não fêz ~ais do que reproduzir seus tipos e os dos EsTIENNES, geralmente com certa perda de beleza excetuando CHBISTOPHEB VA.N DYox, um fundidor-talhador de cunha que, como franco-atirador na profissão, trabalhou em Am.sterdão para diversas fundidoras, talhando tipos menos importantes para a história da tipografia do que os de GAllÃKOND, mas por certo mais belos - caso não singwar de letra calcada sôbre um prot6tipo que supera o pr6prio prot6tipo. Dessa forma, o desenho de GA.BA.KOND estava sendo aperfeiçoado já, primeiro, por RoBEBT GBA.NJON, já, em seguida, por CHBISTOPHEB VA.N DYox (cf. ENBB, S.tJ. prinfiflg fype; KA.BT, 244-254). 1. 5. 6. 8 A reputação dos tipos holandeses está intimamente ligada a VA.N DYox, sobretUdo porque seus tipos foram usados pelos ELZJlVIBES. As edições dessa famosa firma de Leyden não têm a importância das obraS do século precedente, mas seus tipos são inegAvelmente mais del!cados de desenho e de técnica. Outros cunhadores como BABTHOLOKEW VOSXENS e seu irmão Dmox contribuíram para o renome da fundição holandesa, enquanto a artesania inglêsa, por causa de uma legislação repressiva, existia

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ANTÔNIO

HOUAISS

apenas precàriamente; na Inglaterra os livros eram anunciados como sendo impressos com tipos holandeses. MoxoN considerou os tipos de VAN DYCK os melhores e fêz uma fonte de desenho semelhante. Quando, em 1660, o bispo FELL chamou a si o encargo de obter tipos para uso da tipografia da Universidade de Oxford, foi para a Holanda que de pronto volveu as vistas. Seu agente, THOMAS MARSHALL, procurou cunhas e matrizes dos VosKENS, mas não os logrou obter de VAN DYCK. E com o século XVIII se chega aos tipos chamados "modernos", em que BoDONI passa a desempenhar o papel principal. GIAMBATTISTA BoooNI, de Parma, era um inovador, mas não criou -como em geral se supõe - a cerifa "moderna", porque a mesma cerifa, delgada e magra, se encontra em códices escritos trezentos anos antes do seu nascimento. Algumas letras modeladas segundo manuscritos dêsse tempo, as de DA LIGNAMINE, possuem cerifas magras e não angulosas, embora mais pesadas. A cerifa delgada e magra aparece nas cópias de vários mestres-copistas venezianos, por exemplo, a lettera antiqua tonda, desenhada por G. A. T AGLIENTE, como a revelam outros livros italianos e franceses. A cerifa "moderna" é, de fato, apenas um pormenor renascentista esquecido, contemporânea da cerifa pequena, atarracada e angulosa, que se encontra no tipo Bembo ( cf. ENBR, s. v. printmg type ; MART, 238-240 e 243-244). 1. 5. 6. 9 Quando a então mais importante instituição impressora, a Imprimerie Royale, se estabeleceu no Louvre em 1640, por determinação de RrcHELIEU, seus tipos eram talhados sucessivamente segundo os originais vieux style de GARAMOND, de Bt e GRANJON. Entretanto, sob Lufs XIV, aprovou-se a criação de um nôvo parque, com fontes totalmente novas para os romanos e itálicos, que seria reservado exclusivamente às oficinas tipográficas do Louvre. O projeto foi sancionado em 1692, e uma comissão de técnicos foi nomeada pela Académie Royale des Sciences para estudar a feitura de uma letra romana perfeita. O presidente da comissão, JAUGEON, incorporou os resultados dos estudos num vasto relatório, em que se preconizava uma fonte do romano tradicional disciplinado em rígidos desenhos geométricos a régua e compasso. As letras da comissão a que presidia J AUGEON eram delineadas numa área com não menos de 2 400 quadrículas. A estrada real para uma romana perfeita era, teoricamente, matemática, mas, quando PHILIPPE GBANDJEAN entrou na execução das cunhas, executou a tarefa com ampla margem de independbcia, seguindo de preferência seu cr~tério visual. O romtm du roi Louis XIV, como foi chamado (l nôvo desenho, comparado com

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DE

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o romano de GARAMOND, mostra um contraste mais definido entre os ramos grossos e os finos, é ma!s regular e melhor na sua justificação. As diferenças gerais mais importantes se relacionam com a condensação da forma e a novidade da cerifa. Pela primeira vez esta aparece em tipo na variedade fina, magra, não angulosa. No tôpo do cabeço dos romanos em caixa baixa "b", "d", "i", "j", "k", "1" a cerifa extravasa em ponta para os dois lados. Uma feição interessante do itálico de GRANDJEAN é o seu distanciàmento da forma vieux style da caixa baixa do "b", que deriva de modificação da maiúscula quadrada romana conhecida como uncial. Talvez não se tenha observado, em geral, ·que a caixa baixa do "h", de GARAMOND e de CASLON, remonta a uma tipo do quatrocentos, enquanto a de GRANDJEAN é contemporânea de Lufs XIV (cf. BTEI, 120-121).

1. 5. 6 .10

O roman du roi exerceu, inevitAvelmente, grande influência. Mas a ação dos fundidores foi em grande parte impedida pelo decreto que proibia as suas contrafações. O recurso de FoURNIER foi de estreitar as proporções de suas letras e modificar ligeiramente a cerifa. Suas modificações no itálico podem ser vistas no espécime de delicado f6lio oblongo publicado em 1742. Embora o monop6lio real do roman du roi fôsse salvaguardado pela ação penal contra sua reprodução pelos comerciantes fundidores, as vantagens de um corpo estreito foram logo compreendidas, e os métodos .de GRANDJEAN foram seguidos pelos holandeses ( cf. STEI, 121). 1. 5. 6 .11 J. M. FLESHMAN talhou uma nova série para os ENSCHEDES, de Haarlem, entre 1730 e 1768; cêrca de vinte dos seus alfabetos foram em letras alongadas, de linhas finas cerifas finas. FouRNIER as copiou. como o admitiu em sua descrição do gôsto tipográfico holandês. Quando BoDONI começou a imprimir, usou dessas e de outras letras e ornamentos de· Fou&NIER . .Mais tarde, fêz suas pr6prias versões e mais tarde ainda talhou variedades ·em que os contrastes entre o fino e o grosso eram acentuados. Há muito que aprender no cuidado de impressão e no senso de estilo tipográfico de BODONI, e sua influência foi merecida e devida na Europa, pelos fins do século XVIII. Pela mesma época, FRANÇOIS-AMBROISE DIDOT, fundador de uma grande dinastia de impressores, editôres e fabricantes . de papel, experimentava tipos talhados nos moldes de GRANDJEAN e de Louis LucE, cunhadores e talhadores das primeiras letras condensadas, na lmprimerie Royale. A Inglaterra, morosa no seguir as inovações, continuava com as fontes de CASLON e BASKERVILLE. Os tipos que WILLIAM CASLON, o velho, talhou entre 1720 1726

e

e

.,

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HOUA~SS

foram e são excelentes expressões do olà face proveniente de ALnus MANUTIUS. Os tamanhos "inglês", pica e "breviário" foram notAvelmente bem talhados. Alguns dos corpos maiores fundidos por WILLIAH CASLON, o segundo do nome, eram pelo menos agradáveis, embora cada corpo acima do two-line pica contenha mais de um caráter mal planejado. CASLON conseguiu, por sem dúvida, belas letras, na base de modelos holandeses, que manifestamente teve diante de si. Mas a JoHN BABKEBVILLE cabe o privilégio da iniciativa própria - sendo seu romano uma letra aberta, legível e expressiva, de muita individualidade, ainda .que o &filado itálico que tomou para companheiro na mesma fonte fôsse menos feliz. Os tipos de BASKERVILLE, não obstante, não lograram especial bom êxito ao seu tempo ; mas BoDONI · e os DIDOTS admiravam sua impressão e papel. Mais tarde, porém, a influência dos tipos de BASKEBVILLE começou a irradiar-se na Inglaterra, do que são testemunhos os caracteres de FaY e WILSON. Um dos CABLONs, separado da firma paterna, fêz também uma letra semelhante à de BABKERVILLE : tipos redondos, embora com contrastes diminutos entre os finos e grossos, continuam a tradição do olà face; mas a graça e a precisão do corte refletem o "moderno" de GRAND.JEAN. Comparativamente, BABKEBVILLE era mais impressor e CAsLON mais desenhador-fundidor (cf. STEI, 138). 1.5 . 6.12 O primeiro DIDOT, como se viu, que se engajou em tipografia foi FRANÇOIB-AKBROISE (1730-1804), que dirigiu a imprensa oficial francesa durante um certo tempo e a quem a Europa deve seu sistema de pontos tipográficos de mensuração. Seus tipos de faces leves foram gravados pelo fundi dor W Al"LARD e marcou um avanço sôbre FoURNIER e Booom na linha dos desenhos de GRANDJEAN. Seus filhos e sucessores retrabalharam seus tipos, tornando-os mais estáveis, mais magros e mais condensados (cf. M:ART, 254-257; STEI, 121). 1. 5. 6.13 Os tipos inglêses "modernos" podem ser inicialmente encontrados nos livros de Wn.LIAM: BuLM:ER (1758-1830), da Imprensa Shakespeare - bem ajuntados, estreitos, de linhas finas, com a cauda arredondada do "R" maiúsculo (que jamais ocorre nos estilos old face autênticos), preferido por GRANDJEAN, BASKERVILLB e BoooNI. Tais tipos foram fundidos por Wn.LIAJ( MARTIN. Depois de BULMER, apareceram diversos desenhos, sempre de linhas finas. Desde a época de CAXTON, a Inglaterra dependeu dos tipos estrangeiros, holandeses e franceses. O primeiro tipo inglês que repercutiu no exterior foi um "gordo grotesco" de THORNE, produzido de 1800 a 1803, provocando reação favorável na França, Alemanha, Holanda. A própria Imprime-

ELEMENTOS

DE

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rie Nationale encomendou a THORNE, já em 1804, um desenho semelhante. Os tipos Bodoni engordaram, em conseqüência, nos corpos maiores, e em Paris as impressoras começaram a ser su· pridas de Didots gras, em lugar de maigres. Depois de · THORNE - a partir de 1803 - sobreveio um fluxo heterogêneo de desenhos gordos e magros. Com a expansão industrial britânica, houve também a venda de suas máquinas impressoras e dos seus tipos, que começaram a invadir o mundo, mas com padrões pouco credenciáveis de desenho, pelo menos entre 1820 e 1860, com exceção dos do editor WILLIAM PrcKERING e seus impressores, os WHITTINGHAMS, com desenhos "modernos" e old faces. O retôrno a padrões con.dignos foi lento. Em 1846, realça-se o trabalho de um ·erudito e impressor, Lours PERRIN, de Lyon, que talhou os tipos desde então denominados Renaissance, segundo o modêlo das inscrições latinas, tão abundantes em sua cidade natal, a Lugdunum dos romanos. O romano caixa baixa assémelha-se ao de CASLON, mas o itálico, derivado de GRANDJEAN e FoURNIER, ganha em elegância, por haver-lhes PERRIN incluído umas maiúsculas floreadas. Os elegantes impressos de PERRIN nesses caracteres augustauz deram a êstes importância notável na França, e em Paris foram copiados por BEAUDOmE, que lhes chamou, arbitràriamente, "Elzevir", desde então o nome aplicado na Europa a todos os old faces. As maiúsculas de BEAUDOmE, importadas pela Chiswick Press quando dirigida por WHITTINGHAM e WILKINS, são ainda hoje usadas na Inglaterra com o nome de Lyons capitals (cf. ENBR, s.v. printing type). 1.5.6.14 O chamado movimento de Orlord na Igreja Anglicana, as novelas de W ALTER SCOTT, o medievalismo e os pré-rafaelitas abriram o caminho para o advento da obra de WILLIAM MoRRrs, poeta e artesão. Conseguiu êle imprimir seu Roots o/ the M()Untain (1889) com uma velha fonte da Chiswick Press, talhada por WILLIAM HowARD em 1858, dando, porém, ao livro feição gráfica tão pr6pria que os tipos, inclusive, pareciam originais. MORRIS, como tip6grafo ao menos, era um medievalista, que admirava os velhos impressos, com o que seus tipos eram arcaizantes; julgava o romano de JENSON o melhor e sôbre êle calcou uma fonte, o goUlen type. Ensaios subseqüentes seus foram alternados com de outros desenhistas, fundidores e gráficos que, remontando muitas vêzes às origens dos tipos ou mesmo aos manuscritos, criaram uma galeria de fontes vária, expressiva, multiforme, colocando a Inglaterra em primeira plana no movimento gráfico. Movimentos semelhantes, em breve, se manifestavam na

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Alemanha e nos Estados Unidos - cabendo a êste país a posição pioneira e hege19ônica ainda hoje no que tange, pelo menos, aos corpos muito grandes, para usos da propaganda em geral ( cf. ENBR, S. V. pf'inting type; 8TEI1 217-220; DEVI, passim). 1. 5. 6 .15 Os primeiros tip6grafos que aparecem na Península Ibérica são alemães ( cf. VIND). Mas, enquanto na França e na Itália souberam guardar por algum tempo traços da origem na sua arte, nas Espanhas e em Portugal cedo se curvaram à originalidade e peculiaridade locais. Iniciando com caracteres romanos, retornaram ao g6tico, na tradição dos manuscritos peninsulares. E, embora a economia de sua arte em grande porção dependesse do patrocínio eclesiástico, em breve compunham em vernáculos, em número superior de livros aos em latim. Os principais centros impressores foram Valênc!a, já. a partir de 1473, Barcelona, 1475, e Saragoça. Castela, em verdade, foi, no particular, tributária de Aragão. E um dos traços diferenciais da tipografia das Espanhas com relação à de Portugal foi que naquelas foram muitos os grandes centros impressores : além dos citados, podem ser referidos Burgos, Salamanca, Alcalá de Henares, Sevilha, Madrid. Em Lisboa, já em 1495 aparece a arte tipográfica, onde pela primeira vez em português 'se vai imprimir em quatro volumes a tradução da Vita Christi, que o Centro de Pesquisas da Casa de Rui Barbosa reeditou, sob os cuidados de AuGUSTO MAGNE, reedição em que se reproduz em fac-símile a impressão original em tipo· g6tico, de três corpos, importados da Alemanha (cf. CART, XVI et passim). Mas é quase certo que a primazia tipográfica cabe, em Portugal, a Leiria, já em 1465, segundo a exaustiva demonstração de AMDICO CoRTEZ PINTO ( cf. PINT, 488-490). Digno de nota 6 que até 1492 as impressões na Península Ibérica em hebraico são em número considerável, quase ombreando com as em latim e em vernáculos (sTEI, 66-70). O fato é que a arte tipográfica espanhola e português& não perdeu em brilho através dos tempos, chegando a produzir obras de grande merecimento, dentre outros com JOAQUfN !BARRA, no século XVIII (cf. VIND; KART, 244). E certa tradição manuelina vem sendo tenazmente defendida em Portugal, com produções que, embora algo carregadas de floreios, enfrentam um honroso cotejo com o que de melhor se possa querer, inclusive no equilíbrio e sabedoria das fontes. 1. 5. 6 .16 O conspecto hist6rico relativo aos caracteres m6veis tipográficos no Ocidente, embora sumário, como acima resumido (ver 1. 5. 6 .1 a 1. 5. 6 .15), permite-nos estabelecer o seguinte

ELEMENTOS

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quadro genealógico de sua formação, até a obra do primeiro DIDOT, pois a partir de então a matéria é por demais múltipla para poder ser considerada esquemàticamente : tradição manusoritora latina

livro manuscrito [. . . a.C. a c. a6e. XV]

(omcl&l~.....,.., - ·

r

gótico

Carolingeo [sk. V VDI}

(séc. VIII -

XVI

neocarolfngeo aiemão francês normando lombardo [renascimento italiano) [littera anliqua - .humanfatiQc&] [Connal] e [informal]

.l

incuntbulos [séc. XV até · 1470]

[romano) SPSIRel (1469) SWEYNHEIIl

e

JENSON (1470r

·PAIOfAll'l'l:

caracteres gótico-romanos)

[romano] [itálico) · ALDus MANunus (1495) [1500]

livro moderno [14iO, àls vêzes mais tarde,aosn~

l 7GB! G.ARAKON»

dias}

Bol>ti

["moderno' ')

GBANDJE.t.Jr

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I

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Gtm:NI\ERG CosTER

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[séc. XV}

XVI

fJ

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HOUAISS

1. 5. 6 .17 Compreende-se, assim, como e por que se desenvolveram, através de uma necessidade expressional crescente, de uma tendência à sistematização e racionalização, e, dentro dêsses limi~ tes, de uma liberdade de criação individual, as famílias, os gêneros e os desenhos das letras tipográficas. As finalidades do uso, consagração e perpetuação, distinguindo o moninnental, do uncial, do cursivo, são a origem, embora difusa, das maiúsculas - monumentais e unciais - e das minúsculas - cursivas - , de um lado; e, ainda dentro dessas determinantes, das versais e dos versaletes - maiúsculas - . A cada fixação, porém, os imperativos cotidianos do uso obrigavam sempre a uma nova duplicação: uma escrita formal, caprichada, vertical, arredondada; e uma escrita ligada, contínua, deitada, informal - originaram o romano e o itálico, respectivamente. Mas, grosso modo, o romano e a sua complementação ou variante, o itálico, destinguiam-se do g6tico, por ser êste, a par com mais anguloso e florido, mais gordo, mais negro. Ora, a pr6pria evolução do romano nos dá a chave de que &te tanto tendeu para as linhas grossas quanto para as linhas finas, em que se fixou : essa possibilidade diferencial implícita e a recordação das características do g6tico permitiram, assim, a consolidação do terceiro gênero - negrito. Destarte, podemos, já agora, definir uma letra tipográfica (a) por sua família, (b) por seu gênero, (c) por seu desenho e ( d) por seu corpo : a)

b)

c)

por famflia

por gênero

por desenho

(

(

maiúsculas ou capitais

2)

minúsculas

1)

romano, dito também redondo, normal itálico, dito também grifo negrito, dito também normando, gótico

2) 3) 1) 2) 3) 4)

5) 6) n) ( 1

2 3

d)

por corpo

veraaia { veraaletea

1)

4 5 6

7

Garamond Bodoni aldino Didot elzeviriano Baskerville

ELEMENTOS

DE

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1. 5 . 6 .18 As dificuldades de uma classificação conspectiva dos diferentes desenhos de tipos são notórias. Mesmo os entendidos especializadamente o reconhecem. Um exemplo é a confissão de V. P. VIcTOR-MicHEL, em delicioso livrinho, tratando tão-somente dos romanos (VICT, 69-70): Que eu saiba, as grandes famílias de caracteres são : as antíquas, mais correntemente chamadas grotescas, as mais simples de tôdas; as egípcias, letras de linhas barradas horizontal e uniformemente, quase sempre sem diferença de espessura nas linhas ; as elzevires - que levam o nome deformado de uma grande família de tipógrafos do século XVIII, os Elzevires -, letras que são formadas por seções de linhas grossas e finas; as didots, das quais se pode aproximativamente dizer que estão para as elzevires como as egípcias estão para as antíquas . acrescentando considerações outras sôbre as que êle chama famílias, que correspondem, na nossa nomenclatura, aos gêneros. Já DANIEL MELcHEB e NANCY LABBICK, em utilíssimo manual, enfrentam de forma prática, por funcional, para fins usuais, o problema da classificação, nos seguintes têrmos (MELe, 343): Os tipos variam às centenas segundo os desenhos, tamanhos e pesos, mas é possível classificá-los grosso modo como segue: tipos de texto romanos finos velho estilo com cerifa cerifa redonda

versus versus vers'I,I.S versus versus versus

tipos de anúncios itálicos grossos modernos sem cerifa cerifa quadrada.

1. 5. 6 .19 Escusa ressaltar que o parque tipográfico de nenhuma tipografia do mundo, assim como os catálogos de nenhuma fundidora do mundo, oferecem tôdas as combinações possíveis de tipos. Ao contrário, há limitações espontâneas, por necessárias, já que não há limites para tais combinações e já que semelhante riqueza de recursos se transformaria em pletora irracional da arte tipográfica, pela infinita variedade que se apresentaria de livro para livro, o que quebraria o mínimo de ordem, economia e comunicabilidade que há nas obras humanas com destino social, sem falar nos ônus sociais que daí adviriam.

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AN T ÔN I O

H O U AI S S

1 . 5. 6. 20 Uma boa fonte tipográfica em geral tem · caracteres -disponíveis de quatro corpos, digamos, 6, 8, 10 e 12 : se a composição corrida á em corpo 8, as notas e as citações - quando estas deverem ter contraste material de corpo - serão em corpo 6 ; · se a composição é em corpo 10, as notas poderão ser em corpo 6 e as citações em corpo 8 ; se a composição é em corpo 12, as notas poderão ser em corpo 10 ou 8, digamos 8, e as citações em corpo 10 ou 8, digamos 10. Uma boa fonte tipográfica é de um e s6 um desenho, quaisquer que sejam as famílias, gêneros ou corpos nela representados, desenho denominado - modernamente - ao arbítrio das emprêsas fundidoras de tipos; êsse arbítrio, não obstante, é parcial, pois em bom número de casos os nomes, com serem tradicionais, remontam às características principais do desenho da tradição tipográfica . . Uma boa fonte tipográfica manual tem, em geral, versais, versaletes e minúsculas, as primeiras e as últimas imperativamente; e ·as versais, via de regra, apresentam-se em dois gêneros, em romano e em itálico, podendo também ooorrer em negrito, enquanto os versaletes via de regra são apenas em romano, podendo, contudo, sê-lo também em itálico e, mais raramente, ainda também em negrito, enquanto as minúsculas são em romano, itálico e negrito, as duas primeiras imperativamente. 1.5.6.21 Nas condições da composição mecânica mais· correntes, vale dizer, com linotipos ou monotipos, a variedade que uma fonte manull'l pode oferecér, quando rica, raramente pode ser ombreada por fontes mecânicas. Na prática, as linotipos existentes entre nós são de duas espécies de fontes : (a) . fontes com grifo, isto é, as que, além dos versais e dos romanos, ademais dos versaletes, oferecem itáli~os; (b) fontes com .negrito, isto é, que não dispõem de versaletes, pois as matrizes dêstes são substituídas pelas de negritos. 1. 5. 6. 22 Misturadoras são as máquinas linotípicas, raras ainda no Brasil, por sua complexidade de manejo e conservação, que podem compor numa mesma linha os grifos - e portanto os versaletes - com o negrito. 1. 5. 6. 23 Os teclados de uma monotipo permitem que se trabalhe, à escolha, (a) com itálicos e versaletes, ademais dos versais e romanos, (b) com itálicos e negritos, ademais dos versais e romanos. Mas em quaisquer dos dois casos pode-se suprir o gênero que falta por processo semimanual - trabalhoso, aliás -

BLEKBNTOS

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que consiste em produzir os tipos desejados nas monotipos de um teclado e enxertá-los com os de outro teclado. 1. 5. 6. 24 Ao observador atento não terá escapado que se poderia pensar em outras combinações, como, por exemplo, versais, versaletes e itálicos em negrita, ou versais e versaletes em itálico - mas salvo exceção eventual, sobretudo em linhas isoladas, para subtitulação, não se cogita dêsses tipos. Salvo quando a matéria é por sua natureza mais 1 . 5. 6. 25 bem representada por rica variedade de tipos, os autores devem ter presente que (a) um livro será tanto mais fácil e fielmente composto quanto mais recorrer a um só desenho, um só corpo, um só gênero e duas famílias - versais e romanos; (b) um livro, num segundo grau de exigência, pode r.ecorrer a um só desenho, dois corpos (um, via de regra, para notas), dois gêneros (romano e itálico), e a três famílias; (c) entretanto, melhor será, na medida do possível, que o negrito seja evitado, pelo menos no corpo do texto propriamente dito, dos textos paragráficós. 1. 5. 6. 26 Cumpre, todavia, com relação aos gêneros, ressaltar que, além do romano, do itálico e do negrito, há muitos outros, para fins tipográficos quase sempre não livrescos ou, no máximo, episõdicamente livrescos; com efeito, as fundidoras, nos seus catálogos, freqüentemente oferecem, para fins diversos, caracteres imitantes do manuscrito dito inglês, caracteres imitantes dos dactilográficos, caracteres g6ticos propriamente ditos (isto é, tais como· fixados na tradição manuscritora medieval post-carolíngia e não neocarolíngia, encetada por ULFILAs, de que derivaram os tipos m6veis de GuTENBERG e em cuja linha se fixou o alfabeto latino enxertado de traçados gregos e rúnicos Usado entre os alemães, via de regra segundo larga variedade de desenhos) (cf. OOBE, 75-76), assim como uma ampla galeria de caracteres de dispZa1J, de desenhos fantasiosos e caricaturescos. 1. 5 . 7 Nomenclatura dos desenhos - Já agora poderíamos falar dos desenhos dos tipos - sôbre cujas origens já se tratou supra, de 1.5.6.1 a 1.5.6.14 -. A. nomenclatura, com efeito, hoje em dia, segundo as fundidoras, representa uma conciliação de três tendências: (a) o respeito da tradicional, (b) a inovação, quando não arbitrária, puramente comercial e (c) a necessidade de uma sistematização descritiva. A. êste último respeito, é muito expressivo o critério seguido pela Società Nebiolo, fundidora de tipos, fabricante de máquinas tipográficas e xilográficas, de Tu-

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rim, na Itália. Compulsando-se o extrato de seu catálogo (soOI, passim), vê-se que cada desenho, a par de nomes próprios mais ou menos. expressivos por seu conteúdo gráfico tradicional -:Quirinus, Neon, Cicogna, Landi, Nilo, Semplicità, Fluidum, G.B. Bodoni, Orlando, Normandia, Paganini, Tiziano ... - , é descrito por uns quantos epítetos particularmente visuais ou plásticos, como tonda (redonda), ckia.ra (clara), nonnale (normal via de regra correspondendo a romano), nera (negra), corsiv a ( cursiva, via de regra correspondendo a itálico), neretta (negrinha), strettissima (estreitíssima), microscopica, ombrata (sombreada), linear, stretta (estreita), nerissima (negríssima), sem falar em locuções também fortemente descritivas. Já no catálogo da Cia. Lanston do Brasil, S.A. ( KEBG, passim), distribuidora no Brasil dos tipos e material tipográfico conhecidos em geral sob o título "monotipo" ou suas variantes nacionais, os epítetos ocorrem com menos freqüência, havendo, entretanto, ocorrência de nomes tradicionais e de nomes inovadores - Alternate Gotkic, Franklin Gotkic, Ckeltenkam Bold Ez. Cond., &ns Serif, Bodoni, Ultra Bodoni, ]Jroadway, Goudy, Stymie, Ben Franklin, Cusking Old Style, condensed, bold, · ligkt, medium, Bookman. . . -. Já no catálogo da firma Bauersche Giesserei, de Frankfurt sôbre o :Meno, Alemanha (BAUE, passim) as três tendências nomenclatoras se misturam- Weiss-Antiqua, Weiss-Kursiv Einfacke Versalien, Halb 7 fette W eiss·Antiqua, Bodoni-Antiqua, Corvmus mager, Sckneidlef"Mediaeval, Baskerville-Antiqua, Noblesse, Futura ... -, E no catálogo de uma fundidora brasileira, Manig Manufatura Industrial Gráf:ca S.A. (KANI, passim), também se repetem as características · das três tendências em aprêço - grotesca meio-preta estreita, grotesca gorda apertada, medieval, medieval grifo, romano grifo, Bodoni, moderno normal. . . - Escusa aumentar a lista. 1. 5. 7 .1 Por êsse motivo, julgamos de melhor alvitre - em lugar de estabelecer uma longa lista de nomes de desenhos, segundo as fundidoras, com as respectivas caracterizações e descrição- tratar da matéria do ponto de vista de sua funcionalidade na própria composição tipográfica, tendo em vista certas constâncias ou certas referências gerais - as características comparativas dos desenhos, em suma. Isso não obstante, vão alguns nomes de desenhos, extraídos de locais vários; pela quantidade, embora a coleta tenha sido limitadíssima, pode-se ter uma idéia da nomenclatura sem limites usada modernamente, o que obsta a qualquer sistematização por êsse lado. E note-se, ainda, que os nomes vão

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sem os adjetivos, muitos também arbitrários, com que podem ser acompanhados: Adtype Albertua Alternate Antiqua Arco na Azuré Barnum Baskerville Bastone Bell Bembo Ben Franklin Beton Bodoni Bodonia Bookman Brasil Broadway Caslon Centaur Centenário Century Cheltenham Chisel Cicogna Clearface Cochin Corvinus Cushing Ehrhardt Elisabeth Etrusco Excelsior

Filigrana Fluidum Fournier Fournier-le-jeune Franklin Futura Garamond G.B. Bodoni Gill Sane Gladiola Globe Goudy Grotesca Hastile Hi dalgo Imprint Ionic Kabel Kennerley Landi Lombardic Lyons Mediaeval Medieval Mênfis Moderno Mundial Monotype Stylus Monza Moreau-le-jeune Narciso Nilo Neon

Noblesse Normandia Old Style Orlando Ornata Orphid Paganini Perpetua Philadelphia Plantin Plate Powell Quirinus Resolut Rochester Romano Ronde Rondine Sane Serif Schneidler Scotch Semplicitl Sirena Stéphanie Stylescript Stymie Symphonie Times Tiziano Ultra Bodoni Veltro Walbaum

1. 5. 8 Funcionalidade dos desenhos - São as características comparativas - correlativas ou oponenciais - dos desenhos dos tipos o que importa ter sempre presente, em face das disponibilidades de um parque tipográfico, para a eleição do desenho adequado a um livro. A êsse respeito, as características principais são as seguintes (cf. SIKO, 12): a) a largura das letras; b) as medidas do ôlho em relação ao corpo ; c) o sombreado do traço do ôlho; d) o comprimento da cauda e do cabeço das letras; e) as medidas das versais ; f) o pêso ponderai óptico da carga de negro de cada ôlho de tipo;

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g)

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o floreio ou a secura de seu desenho, particularmente a presença ou não de cerifas.

1. 5. 8 .1 ·Ainda que do mesmo corpo, o comprimento total das letras do alfabeto, medidas uma após outra, varia, de fonte para fonte. ~ que os padrões de medida de um tipo são fixos com relação à sua altura e à sua profundidade, mas não com relação A sua largura. Essa variação permite que varie o número de letras - e, pois, de vocábulos - que podem normalmente ser impressas numa linha determinada, independentemente de quaisquer necessidades de "justificação", tipogràfieamente falando. Trata-se, portanto, de uma característica importante do desenho dos tipos, pois ê ela que pode condicionar a rejeição ou a aceitação de uma séri~ de desenhos, em função, de um modo geral, do tamanho da página e, nesta, da mancha, mas sobretudo em função de largura ou comprimento da linha, particularmente nas composições de duas, três ou mais ·colunas por página. ~ nesse sentido que se fala de fontes largas, médias, estreitas, estreitíssimas. A letra que dá, por si só, a melhor idéia da largura dos caracteres de uma fonte é o "m", havendo fontes em que um "m" pode ser quase o dôbro de largura do "m" de outra fonte - ambos do mesmo corpo (cf. IIDW, 12-13). Está-se aí em face da chamada largura "m ". 1. 5. 8. 2 Se, num mesmo corpo, os olhos variam de dimensões s6 com relação à largura, segue-se que, no mesmo corpo, em determinada área, cabe igual número de letras, ressalvada a variação da largura. Entretanto, o efeito visual não ê o mesmo. Se o ôlho dos tipos de uma fonte comporta vazios e avizinhamentos, superior e inferior, generoso, mercê da espessura das curvas e retas e cerifas do desenho, decorrentemente a legibilidade será maior ou menor. Numa composição cerrada, os desenhos leves, pesados, brilhantes, negros, negríssimos, gordos ou magros permitem diferente legibilidade. ~ assim que, em função das margens, dos brancos intervocabulares médios, dos brancos seguintes aos pontos e dos brancos interlineares e interparagráficos, a escolha do desenho poderá ser decisiva, para obter o maior rendimento de legibilidade. Os .pontos de referência, no particular, para dar a medida do ôlho em relação ao tipo, são os seguintes: para a sua largura, como vimos supra, o "m"; para a altura, o "x" chamada altura "x" - já que esta letra, sem cabeço nem cauda, é a que mais idealmente se aproxima, pelo cruzamento de diagonais, do quadrado ideal médio dos desenhos de uma fonte, dentro do conceito das quatro paralelas ideais que guiam a estruturação dos caracteres manuscritos ou móveis (v. supra 1.5.2). Decor-

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rência disso, uma fonte pode ser eventualmente (a) larga no seu desenho, mas estreita no seu corpo ; (b) larga de desenho e de corpo; (c) estreita de desenho e estreita de corpo, e (d) estreita de desenho mas larga de corpo - características que influem capitalmente no contraste prêto-no-branco de uma mancha de página ( cf. smo, 18 ; COHE, 96) . 1. 5 . 8. 3 Por sombreado do ôlho entende-se o contraste entre as seções (retas ou curvas) finas e as seções (retas ou curvas) grossas do traço do desenho da letra, nos seus contornos essenciais, contrabalançados pelo vazio de branco inten;to ao ôlho. Quando as seções grossas predominam em sentido vertical, a composição dos tipos com tais desenhos sem brancos interliterais fica carregada de negro ; quando as seções grossas e finas não acusam predominância· no sentido vertical ou horizontal, a distribuição da massa do negro já se toma por assim dizer natural; .enquanto, por fim, quando o traço é predominante ou exclusivamente fino, no sentido vertical e horizontal, a intercàlação de brancos interliterais pode acarretar o aparecimento de veios de brancos, ditos lagartos ou caminhos-de-rato, que desequilibram a mancha da página, estriando-a de sulcos, dividindo-a em campos desiguais e não funcionais, quebrando-lhe, em suma, a unidade visual que lhe é própria. As considerações acima são feitas em função do romano; tratando-se do itálico, os princípios são os mesmos, em função dos sentidos oblíquo e horizontal; tratando-se dos negritos, a decorrência natural é que o seu uso extenso como que pede a contrapartida inteligente do uso de bxancos interliterais e de brancos intervocabulares ad hoc (cf. SIHO, 16) . 1. 5. 8. 4 Como vimos, normalmente, nas maiúsculas, há cinco letras com cauda - "g", "j", "p", "q" e "y" - e sete ·com cabeço - "b", "d", "f", "h", "k", "1" e "t" (v. supra 1.5.2). O cabeço e a cauda, dentro da distribuição do desenho das letras nas quatro linhas paralelas ideais, fazem que a franja branca superior e a franja branca inferior sejam menos freqüentemente ocupadas de traços, enquanto a franja branca média o seja continuamente, ou quase. Daí decorre que, ordinAriamente, o próprio desenho dos caracteres determine uma entrelinha natural entre duas linhas de uma coluna. Se o cabeço e a cauda, num desenho dado, são particularmente longos, a entrelinha parece maior, se não o são, parece menor, e, reversivamente, as letras de altura "x" parecem menores no primeiro caso e maiores no segundo. Se a impressão visual é essa - como de fato é e é facil compreender - sua aplicação é óbvia, em função do tamanho da página, da

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mancha, das dimensões da linha, do corpo - havendo um jôgo de compensações, ipso facto, muito lógico. Por exemplo, se se trata de um livro de página pequena, com mancha enquadrada dentro de margens relativamente grandes, o que torna a mancha particularmente pequena e assim também a linha, é justo que o corpo do tipo seja pequeno, digamos 8 ou 10; em contraposição, num tipo assim e com a economia do branco que as dimensões estão a determinar, é justo que se eleja um desenho estreito ou médio, nunca largo, para que nessa linha haja a possibilidade de entrarem uns quantos vocábulos inteiriços e a necessidade de partição vocabular - que gráfica e, quiçá, psicológica e õpticamente é um mal - seja limitada ou reduzida; mas um desenho estreito ou médio pediria, compensatoriamente, brancos interliterais - que no caso em aprêço seria contraproducente - ou um desenho em que os traços verticais não fôssem predominantemente grossos; por fim, se a coluna planejada para a mancha supuser um número relativamente grande de linhas, para maior rendimento de cada mancha, é justo que o desenho escolhido . seja de cabeços e caudas longos, a fim de que a entrelinha natural dispense o interlineamento por brancos interlineares especiais, que iriam anular a economia desejada ( cf. SIMO, 16). 1. 5. 8. 5 De um modo geral, os caracteres móveis de altura "x" são de meia fôrça do corpo; destarte, no corpo 12, por exemplo, via de regra as letras de altura "x" - "a", '"c", "e", "m", "n", "o", "r", "s", ·"u", "v", "z" - têm seis pontos; as letras com cabeço ou cauda têm três quartos da fôrça do corpo, seja, na hipótese considerada, oito pontos. As versais - as maiúsculas típicas - são, via de regra, das dimensões de três quartos da fôrça do corpo, com sua massa distribuída como as letras com cabeço. Alguns desenhos, porém, infringem, nas versais, para menos êsse princípio, a fim de, presuntivamente, obterem maior homogeneidade ; é que, com efeito, dentro daquela ortodoxia, as capitais, reunidas, parecem discrepar para mais do corpo das letras minúsculas correspondentes. Dêsse modo uma das decorrências mais lógicas disso é a de procurar - quando se trate de livro em que, com freqüência, se deva lançar mão de vocábulos, expressões ou linhas compostas, na mancha, com versais ....:.... um desenho cujas capitais sejam ligeiramente menores do que as letras com cabeço; caso contrário, as versais como que saltam, gritam na mancha. ~sses desenhos são, por isso mesmo, preconizados

para bibliografias, catálogos, certos tipos de livros com .averbação por versais, certos dicionários (cf. sn.w, 17).

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1. 5. 8. 6 Pôsto de lado o fato de que, segundo as var:edades individuais, há leitores que preferem os tipos mais negros e outros os menos, pôsto ainda de lado o fato de que as crianças,. via de regra, propendem para os tipos mais negros - importa-nos precisar o conceito de mais ou menos negro e de como se pode obter o mais negro e o menos negro. Num mesmo corpo dado, digamos 12, a mesma letra, digamos "a", tem uma área total de negro do seu traço - retas, curvas, cerifas - diferente segundo seja o desenho; e,. ainda, dentro do mesmo desenho, essa diferença pode ser mais ou menos acentuada pela grossura relativa do seu traço - daí os caracteres gordos, os leves, os negros, os negríssimos. Pode-se, pois, mensurar a carga "absoluta" de negro de um tipo dado: n mm2 . • • ~sse dado, em si, pouco ou nenhum valor tem, senão em função dos brancos que o rodeiam, brancos "naturais", isto é, que .decorrem da composição ordinária e cerrada da fonte a que pertence, ou brancos "especiais", isto é, que decorrem da interposição de brancos interliterais, intervocabulares, interlineares, interparagráficos, paragráficos, marginais, entradas à esquerda, entradas à direita. Se, pois, determinada composição possa parecer demasiado negra, há recursos para minorar essa demasia, havendo-os também para o reverso. Um princípio, porém, parece existir que oriente, do ponto de vista do cansaço 6ptico, a matéria: é o de que, quanto menor fôr o corpo, menos carga de negro relativa deve haver, e, pois, quanto maior fôr o corpo, mais carga de negro relativa pode haver. É a mediania da "consciência visual da leitura" - essa segunda natureza a que aderem os hábitos dos homens feiçoados aos e pelos livros desde a infância - que continua sendo a medida da carga de negro menos exaustiva ou cansativa e - talvez por isso mesmo - mais estética, a menos que se busquem efeitos contrários (cf. SIMO, 17). 1. 5. 8. 7 É ainda a consciência visual da leitura, e o seu cortejo de hábitos, e a fôrça da hist6ria e da produção passada exemplar, que levam os artistas gráficos - guardadas as possíveis equivalências de dois desenhos de mesmo corpo e de aproximativamente iguais resultantes ou soluções para a feitura do plano de um livro - a desejarem os de feição tradicional, ou os de feição moderna, ou os de feição fantasiosa. Um raciocínio exclusivamente impessoal, objetivo, não hist6rico, pode fàcilmente propender para o conceito de que as cerifas são absolutamente excrescentes, não funcionais, inúteis, quiçá onerosas ou cansativas para os olhos. Entretanto, para a universalização dos desenhos sem cerifas há obstáculos contínuos, inclusive quanto à legibilidade, legibil~da­ de que, contudo, s6 pode ser rigorosamente aferida quando se leva o

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em conta que estão incorporados os dois elementos - a cerifa e a não-cerifa - ao patrimônio mental da consciência visual. De um modo geral, obtém-se o efeito sugestivo do arcaizante, em artes gráficas, com tipos com cerifas marcadas, de traço mais ou menos de igual espessura, sem falar de capitulares, subcapitulares e vinhetas e iluminuras e molduras ; obtém-se o efeito sugestivo do moderno com tipos com cerifas, de traço contrastante entre suas seções finas e grossas, ou com tipos sem cerifas, de traço sem contrastes - o que, porém, de fato já havia no passado da tipografia, embora de raro uso, o chamado "grotesco"; obtém-se efeito inovador com caracteres de desenho audacioso, em que certos princípios rotineiros são deliberadamente violados, ainda que a pretexto de uma observação mais exata das origens - e o exemplo por excelência é o desenho Peignot, de CABBANDRE, e a fundamentação que lhe é dada. . . ( cf. KARL; DEVI; JENN, 447-453 ; CABB, "Introduction"). 1.5.9 MMtcha - Cumpre-nos conhecer, já agora, os padrões de mancha. Por mancha, entender-se-á o complexo impresso geralmente em negro sôbre a superfície geralmente branca do papel, dentro, êste último, do formato ou dimensões do livro. Dessa tentativa de definição decorre a necessidade de fixar as noções adiante. Para efeitos da resolução dos problemas da mancha, admitamos que o papel já tenha sido escolhido e que o formato já tenha sido fixado. 1.5.9.1 O problema da .mancha é, essencialmente, o problema do prêto-no-branco. Interferem na caracterização . dessa função prêto-no-branco os seguintes elementos : a) os gêneros, famílias e desenhos dos tipos; b) os brancos interliterais; c) os brancos intervocabulares; d) os brancos interlineares; e) os brancos interparagráficos; f) os brancos paragráficos; g) os brancos capitulares; h) os brancos subcapitulares; i) outros brancos seccionais; j) a colocação das ilustrações; k) a colocação das notas; I) as margens. 1. 5. 9. 2

Ao estudar os desenhos dos tipos em tôd.as as suas Tariedades e em sua longa e interessante história, há o

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perigo de superestimar os tipos como problema central da impressão dos livros, ante os quais todos os outros aspectos paasam a ter importlncia secundária dis, com razão, BBBNA.BD H. tando, logo a seguir:

N:.wDIGA.TB

(N:.wD, 43), ac~­

Entretanto, a maneira pela qu&l os tipos são usados importa ainda maia do que ·o seu desenho. Um livro pode ser razoAvelmente bem impresso em qualquer tipo que seja leglvel e nio aliene do texto a aten~ do leitor, por algo estranho ao seu aspecto usual ou por algum pormenor de sua· fei~ geral. De outro lado, uma página bem montada com o maia recomendável dos tipos pode deixar de agradar, pode mesmo provocar repulsa, se composta e impressa sem cuidado. Para obter boa impressão, 6 miater compor e impor bem as páginas, o que, maia· do que qualquer outra coisa, empresta qualidade e boa aparência ao livro impresso · conceitos êsses que reputamos particularmente válidos para as condições brasileiras, em que o problema da escolha do tipo fica na · maioria dos casos relegado a uma sele~ entre poucos desenhos diferentes- pouquidade que, nem por isso, justifica o mau (tipogrAficamente falando) livro. 1. 5. 9. 3 Examinando os elementos referidos em 1. 5. 9 .1, que interferem na função prêto-no-branco caracterizadora da mancha, consideremos, por ora, apenas as margens. São elas, numa pãgina, a margem superior, a margem inferior ou rodapé ou base, a margem externa (direita nas páginas de numeração ímpar~ esquerda nas de numeração par) e.a margem interna (esquerda nas pãginas de numeração ímpar, direita nas de numeração par). As margens constituem a moldura branca da mancha, e êsse conceito de moldura aproxima o problema do enquadramento de desenhos, gravuras, certas obras plásticas de superfície, fotografias. Em ambos os casos · - o plástico e o gráfico, que 6 um aspecto daquele -, . respeitando-se ·certas proporções, procura-se pôr em evidência óptica e psicológica a parte pigmentada. E segundo um ritmo visual que quiçá provenha de bã.bitos adquiridos, da consciência visual a que já tivemos oportunidade de nos referir, uma primeira observaçio se depreende : a de que, se a margem superior tiver a mesma área branca que a margem inferior, a mancha (como o quadro, a fotografia, o desenho, a gravura) fica "caída", "pesa",

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"tomba" - noutros têrmos, a equivalência matemática das áreas brancas superior e inferior acarreta um desequilíbrio óptico e psicológico da mancha. Por êsse motivo, tradicionalmente, observa-se que .a mancha vem sendo enquadrada dentro de margens superior e inferior de áreas diferentes, a primeira sensivelmente menor que a segunda. A origem, pelo menos tipográfica, dessa fixação talvez seja puramente mecânica: é que nos primeiros tempos, ao pé da mancha, vinha um reclamo ou registro, consistente em palavra ou parte de palavra impressa após a última linha, para estabelecer conexão com a linha inicial da página seguinte ; e o reelamo ou registro era incluído na estimação da área da mancha, do · que decorria um campo branco visualmente maior na margem inferior, pois a linha do reclamo ou registro era mínima. A observação tem tantos mais visos de procedência quanto mais se verifica que, no passado como no presente, para o cálculo da mancha devem ser levados em conta o cabec;o da página assim como sua numeração - quer colocada em cima, quer embaixo da página. Não pareceria lógica, de outro lado, a razão por que a margem interna sempre foi menor do qut> a externa ; invoca~ ram-se sempre três explicações: (a) a de que a externa era mais larga para que o manuseio e folheamento das páginas do livro não viesse a deteriorar ou atingir ·a mancha - o que seria uma explicação racional para uma larga mancha externa, mas não explica a assimetria da medida para com a interna; (b) a de que, originalmente, a margem externa era maior para ~obrir as necessidades de cortar as aparas, em novas encadernações do livro ; (c) a de que, originalmente, não houvera a intenção da assimetria, que era mera decorrência da costura das fôlhas e da ·encadernação do livro. Coube . a WILLIAx MoRRia a melhor explicação para o fato: a "mancha" tS uma unidade composta de duas manchas, noutros têrmos, tipogràficamente (e óptica, e psicol6g.ica, e esteticamente) o enquadramento da mancha sempre foi feito como se se tratasse da parte de uma unidade maior, o prêto-nobranco de duas páginas abertas, par à esquerda, ímpar à direita: dentro dêsse conceito mais funcional, com efeito, vê-se que as duas páginas constituem um corpo único dicotômico, com uma raia branca vertical intermédia (as chamadas margens internas) (cf. SDIO, 21; NEWD, 43-51). I. 5. 9. 4 Dessa forma, a superior deve ser menor do que a inferior, mas não tão pequena que não comporte a pressão doa dedos do leitor sem que invada o campo da mancha - o que pode, a longo prazo e a várias leituras, deteriorá-la - , quando está lendo as linhas finais da página ; a raia central, ou margens

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internas, deve ser menor do que as margem& externas, já que duas páginas abertas (par à esquerda e ímpar à direita) funcionam como uma unidade e já que nas margens externas den haver campo para. folheamento e manipulação, aem que se ofenda a mancha, ·e deve, adema:s, haver recursos para guilhotinamento eventual em caso de encadernação ou reencademação, assim como para anotações do leitor - hábito que tem a seu faTor séculos de tradição e que, metódico, não injuria o lino. A margem inferior deve, por fim, ser suficientemente ampla para que a manipulação e a pressão dos dedos do leitor, durante a leitura, se possa fazer sem invadir a mancha. Em têrmos proporcionais, e a título puramente indicativo, se a raia central tem a medida · 10 (de uma unidade ideal), a margem superior será equilibradamente entre 11 a 12, a externa entre 13 a 14 e a inferior entre 15 a 16 - para os livros de médio e grande formato. Mais sumária e menos exata, a indicação seguinte também pode senir de guia para uma página isolada, par ou ímpar: do branco total reservado para as margens, dois quintos cabem à superior e à interna, e três quintos à externa e à inferior. A matéria, ~omo quer que seja, comporta latitude para TBriações de gôsto pessoal, mas as tentativas modernas para quebrar essa como ortodoxia das proporções das margens têm sido malogradas ( cf. sr:u:o, 21; NEWD, ·3-51; ENBR, S.V. typograpky; ECTA, S.V. tipografia). 1. 5. 9. 5 Quando a mancha comporta notas marginais - em nrdade, notas laterais - , estas se integram na medida da mancha, devendo o cálculo ser feito a partir das medidas externas das notas marginais. O que se dá com estas, dá-se, aliás, com quaisquer elementos impressos integrados regularmente na mancha de determinados livro. :---· e é a partir dessa regularidade global que devem ser calculadas ás manchas. Quanto a essas notas marginais, importa também ter presente que o l:mite vertical externo de sua própria coluna pode ser ligeiramente irregular. 1. 5.10 Provas tipográficas - Como vimos ( 1. 5 supra.) as fases do trabalho tipográfico podem ser distribuídas pela composição, impressão e revestimento. A composição, por sua vez, compreende duas operações complementares e interpenetradas: (a) a composição stricto se'ltSu e (b) a prova, entendendo-se por composição stricto se·n.su o agrupamento dos tipos em seqüência tal que reproduza o original cuja composição se tem em vista. Na medida em que se avança na composição, os paquês, que vão sendo ac:umulados em estantes ou paqueteiros, vão sendo objeto de

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' provas. Tira-se uma prova esparzindo-se tinta de impressão sôbre o paquê e obtendo-se uma impressão provisória em papel de prova. ~ primeira prova é objeto de uma primeira revisão, do que decorre a correção do paquê segundo as determinações dessa revisão, do que decorre uma segunda prova, para uma segunda revisão, compor~do o processo n correções sucessivas. 1. 5 .10 .1 A revisão consiste, essencialmente, no cotejo do original com a prova, e da anotação, nesta, por meio de signos convenciona:s adequados, daquilo em que a prova discrepar do original, não o reproduzindo fielmente. Quando o processo de correção da · composição, por meio de provas e revisões, já vai avançado, intervém a fase da paginação, ou redução dos paquês a unidades com um número determinado de linhas ou com uma determinada medida de coluna. Colaboram, fundamentalmente, nesse processo os seguintes trabalhadores: o chefe de oficina. o tipógrafo-compositor - na composição manual, ou de tipos pinçados um a um na caixa tipográfica - ou monotipista ou linotipista - na composição mecânica da monotipo ou da linotipo, respectivamente -, o tipógrafo-paginador e o revisor, bem como, em certos casos. o auxiliar de revisor ou leitor-revisor. 1. 5 .10. 2 O chefe de oficina, de posse do original - e conforme forem as diretrizes ma~ ou menos precisas que recebe do editor ou, se fôr o caso, do autor -, estabelece-lhe a guia, a saber, indica as características tipográficas a que deve 'Obedecer o tipógrafo-compositor, monotipista ou linotipista: corpo (a), gênero ( s), famfiia (a) , desenho (a) dos tipos ; tamanho das linhas, da coluna, das margens especiais, d~ entradas, dos parágrafos, das gargantas, características dos títuios, subtítulos, notas, legendas etc. 1. 5.10. 3 O tipógrafo-compositor, ou compositor simplesmente, compõe efetivamente, isto é - e repitamos -, no processo dito manual apanha ou pinça tipo a tipo, espaço a espaço, da caixa tipográfica, em que se acham, e vai ordenando-os no componedor, formando uma, duas, três, n linhas, que vão sendo dispostas na galé. No processo mecânico, da monotipia ou linotipia, o tipógrafo-compos!tor chama-se monotipista ou linotipista; e é comparável a um dactilógrafo, com qualificações especiais; fica séntado em face de um tablado, semelhante ao de uma máquina de escrever com maior complexidade e maior número de teclas, cada uma das quais corresponde via de regra a duas famfiias de tipo ou a dois sinais tipográficos; e opera por pressão dessas teclas, encarregando-se a máquina, quase instantâneam~nte, de p~ceder

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. à fundição do tipo e sua colocação na seqüência batida das teclas, com o que se forma a linha de tipos autônomos ou independentes - monotipia - , ou a fundição dos tipos todos, juntos, de uma linha, com o que se formam as linhas de tipos fundidos numa s6 unidade - Iinotipia - . Em ambos êstes casos, também, as linhas são agrupadas, depois, sôbre a galé em colunas verticais - os paquês. 1. 5.10. 4 O tip6grafo-paginador, ou pa,ginador simplesmente, encarrega-se, de regra, do material já .composto, daí em diante, até a imposição, sendo sua tarefa diferenciada. Num primeiro estágio, amarra, com técnica tradicional, as colunas verticais de linhas . dispost!lS na galé, a fim de poder transportá-las, sem empastelá-las, para lugares de guarda, adequados, os paqueteiros. E obtém, com espar:Zimento de tinta sôbre a composição já feita, com escôva ou rôlo, a primeira prova, que se destina, como se viu acima, à primeira revisão. Retomada .essa- prova ao seu poder, com as correções assinaladas pelo revisor e recompostas pelo compositor, procede o paginador às correções indicadas, pinçando na composição manual ou de monotipia cada um dos tipos errados e enxertando em substituição os tipos corretos, e, na composição -de linotipia, pinçando tôda a linha em que se assinalou um único êrro que fôsse e enxertando; em substituição, tôda a linha de nôvo composta · e presumivelmente correta. Ato · ·contínuo, obtém segunda prova, para segunda revisão, e assim sucessiva·mente. Quando, nessa sucessão, a prova, retomada do reTisor, já se apresenta prAticamente limpa, isto é, isenta ou quase isenta .de erros assinalados, o paginador procede à partição das colunas verticais de núinero arbitrário de linha& em colunas verticais de número fi:.i:o de linhas ou de medida vertical fixa - a coluna da mancha - segundo o critério adotado · na guia, atendendo à diferença que existe entre as páginas capitulares e as páginas ordinárias, assim como ao fato de que, idealmente, a página ordinária que antecede uma .página capitular deve ser de . número par. Pelo processo já descrito, obtém as$im a enésima prova, p:r:imeira prova de página, para a qual o revisor deve atentar para quanto à disposição se referir preferentemente, sem, porém, · deixar de fa,zer mais uma revisão do material composto. 1D que, conforme fôr o processo de composição, alguns tipos ou algumas linhas podem ficar acima ou abaixo do nível ou superfície comum, o que acarreta uma impressão carregada ou leve em setores assi.métricos da página - com a decorrência de que uns tipos parecem em negritos ou borrados e outros parecem pobres de tinta.

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O levantamento ou abaixa~ento dêsses tipos, assim como o ajustamento do conjunto por meio de alças e barras no estôjo em que se emolduram, é que se chama alçamento ou alceamento. N~ medida em que a precisão mecânica e instrumental tem progredido na factura dos meios tipográficos, os problemas de. alceamento (a palana tem também curso em técnic!l de enc-adernação, noutro sentido) vêm diminuindo de importância, sendo possível sua eliminação em breve futuro. · É de presumir que, estojada, a página por compor esteja limpa de "pastéis", "gralhas", "gatos" ~u "piolhos" têrmos da linguagem especial da tipografia que, genericamente, significam êrro tipográfico e, especificamente e respectivamente, (a) inversão de sílabas, vocábulos, linhas ou parágrafos ; (h) presença indevida de letras ou sinais tipográficO'Il ; (c) erros de composição por troca de sinais ou tipos, e (d) parasitismo gráfico consistente na repetição indevida de sinal, letra, sílaba, vocábulo, linha ou treçho (cf. AREZ, s.vv. citt.).

1. 5.11 Impressão - A impressão, propriamente dita, não se faz, porém, da matriz de página uma a uma. É que as máquinas impressoras, de um lado, comportam o conjugamento, num grande estôjo único, de diversas páginas por imprimir, e, de outro lado, as fôlhas de papel têm de regra · dimensões muito maiore.'i do que as de uma página de livro. E, consoante fôr o formato ou. tamanho dêste, isto é, as dimensões do livro e, pois, da página, em lugar de se cortar a fôlha nas dimensões da página, agrupam-se, ao contrário, tantas matrizes de páginas quantas puderem ser impressas, de unia s6 vez, sôbre uma face de fôlha de papel - o que se chama imposição. 1. 5 .11.1 A impressão 'tato sensu supõe, por ·conseguinte, duas fases: (a) a imposição, e (b) a impressão propriamente dita. 1. 5 .11. 2 A imposição, como já esboçamos, é função do tamanho ou formato do livro e do papel. Escusa dizer que o formato do livro é que deveria determinar a e~olha das dimensões do papel, mas, nas condições do mercado brasileiro, muitas vêzes é o contrário que se dá. A imposição consiste, essencialmente, em dispor as matrizes da página, no prelo ou estôjo da máquina impressora automática, em seqüência e ordem tais que, feita a impressão l,lnma face e na outra do papel, e dobrado êste suces'>ivamente ao meio, novamente ao meio o já dobrado e assim por diante, a sucessão numérica das fôlhas se faça correta e exatamente. Concomitantemente, ao estojar as matrizes para a impressão, é feita a fixação das medidas das margens da mancha,

por meio de barras móveis, de nínl inferior ao dos tipos, é óbvio.

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·1. 5 .11. 3 .A justa imposição presume alguns cuidados : (a) a numeração das páginas deve ser feita de .tal modo que - caso não sejam os números colocados em cima ou embaixo da linha ideal nrtical central da mancha - devem êles ficar à direita, · em cima ou embaixo, da mancha, quando ímpares, e à esquerda· quando pares; (h) a disposição das faces deve ser tal que no ·nrso do rosto de n. 0 1 fique o n.0 2, no verso do rosto n.0 3 fique' 1 par· o n.0 4, no veno do rosto de ~.0 n ímpar fique o n. 0 n (cf. zoTA, s.11. tipografia). E, remontando à tradição original da tipografia, note-se que, via de regra, na primeira página de cada caderno, ou fólio, ou fôlha de impressão, ocorre um número, eha<-· mado aSBinatura, têrmo de referência ainda hoje para a dobragem das fôlhas, o agrupamento dos cadernos e o revestimento ·do livro:

+

1. 5 .11. 4 Terminada a imposição das páginas para a impressão numa fôlha, nas suas duas faces - em duas operações, que presumem, de permeio, a secagem da pr:meira face, ou numa só operação, consoante fôr o tipo de máquina impressora disponível - a multiplicação se fará ràpidamente, acumulando-se as fôJ.hu já impressas para subseqüente dobragem, agrupamen110l, cmstur111 (ou grampeagem, ou colagem) e revestimento. 1. 5 .12 . Formato ou tamanho - O formato ou tamanho do livro estêve, desde as origens da tipografia, em estreita relação de interdependência com a fôlha de papel de elaboração manual. Informa AMÍ:RIOO CoaTEZ PINro (PINT, 18, nota 1): O molde em que se faziam as fôlhas do papel pr:mitivo era constituído de um tabuleiro com um fundo formado por uma rêde quadrangular. Uma série de fios de arame, muito finos e encostados uns aos outros, era fixada de espaço a espaço por outtos arames de latão, pel,"pendiculares aos primeiros que se iam inserir aos lados do, caixilho: a "frasqueta" acrescentando

(PINT,

19, nota 2) :

Mergulhava-se êste tabuleiro na tina, para colher a massa de papel. Em seguida, comprimia-se a massa com a "tampa" de encontro à rêde metálica - o "tear". A água escorria por entre os fios de latão que ficavam marcados na pasta, formando as "vergaturas", contidas de espaço a espaço pelos arames perpendiculares: os "pontusais". Ao meio do tear colocava-se, muitas vêzes, um desenho feito de arame, que deixava na fôlha a "marca de água" ou "filigrana" (filu.m, granum) -

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ANTÔNIO

BOUAISS

esclarecendo, por fim, logo a seguir: Pelo dispositivo das filigranas, vergaturaa e pontusais se reconhece o número de f6lhas do caderno: 4J Pontusais verticais com a filigrana ao meio in jólio. 4J Pontusais horizontais com filigrana ~ dobra in 1/4. 4J Pontus&is verticais com f,i.Jigrana ao cimo - m 1/8 e assim sucessivamente. 1 . 5 .12 .1 A produção dos f6lios ou fôlhas, porém, não propendeu· para ·uma padronização dimensiva, ocorrendo, ao con:tririo, desde cedo, tendência para as medidas mais variáveis, de acôrdo com o produtor. Tal . estado de coisas não melhorou com a mecanização da produção papeleira e do papel contínuo ou em rôlo (cf., por exemplo, WURZ, cOLL) .; de8tarte, ao mesmo tempo que certos papéis se tomavam notáveis por sua qualidade e se impunham por seu nome ou por sua marca de água, impunha-se a necessidade de saber em que medidas eram ou podiam .ser disponíveis, fazen!lo-se, assim, aos poucos, acompanhar de uma sôbre-indicação dimensiva. O Congresso do Livro, realizado -em março de 1917, em Paris, sem abolir a nomenclatura tradicional arbitràriamente adotada p.elos fabricantes, prescreveu a obrigatoriedade da sôbre-indicação, que, aliás, já se vinha fazendo imperativa; concomitantemente com a de pêso para determinado número de fôlhas - geralmente a resma -, pêso que é, por sua vez, uma indicação aproximativa da espessura e eventual transparência do papel; colateralmente, foram sendo usados epítetos descritivos para o · polimento da superfície, áspero, liso, macio; para a luminosidade da superfície, fôsco, luminoso; assim como para a matéria-prima de que eram feitos, linho, sêda, algodão, celulose de madeiras, de vegetal em geral. A resolução do Congresso do Livro foi seguida, porque correspondia às vantagens da indústria e do comércio papeleiros, e, nos países que não adotavam ou não adotam o sistema métrico decimal, a sôbre-indicação pass~u a s~r feita por êsse sistema e pelo nacional de cada país produtor (cf. EEBP, s.-v .. tatMno,na). 1. 5 .12. 2 Isso não obstante, a caracterização 'do papel livresco continua a ser um ·problema que vem d~afiando os esforços da raéionalizaÇão. ~.. que, ·para . efplf:os de tal caracterização, interfe-

ELEMENTOS

DE

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53

rem elementos de várias naturezas, (a) comerciais e industriais, e (b) tipográficos, pelo menos, sem .falar de muitos outros aspectos técnicos ou estéticos sugeridog pelo problema. Ássim, são indicações importantes, consoante o ponto de vista, (a) a matéria-prima de que é feito - linho, sêda, algodão, celulose vegetal, pastas mistas; (b) a nomenclatura tradicional com elementos de cotação mercantil; (c) as dimensões · de superfície ; ( d) a espessura da fôlha, em função do seu· pêso ; (e) a transparência da fôlha; (f) a sua aspereza, (g) a sua luminosidade; (h) o grau de rapidez de absorção da tinta e de sua secagem definitiva; (i) sua resistência à torção, à fricção, à fratura e ao corte; (j) sua umectabilidade, e - sem esgotar nem de leve a questão - (k') sua inalterabilidade, e (1) sua durabilidade. Apenas na Alemanha se tentou, muito parcialmente aliás, enfrentar os problemas da racionalização relacionados com a produção e consumo livrescos do papel. ~sses motivos são bastantes para que nos limitemos a essas referências, quanto ao particular · do papel (cf. LEKA, 114; EESP,

s.v. tamOifto,fia).

1.5.12.3 Para, de certo modo, orientarem-se os interessados na questão, vem-se divulgando a prática de indicar, na justificativa da tiragem ou no colofão dos livros, o nome do papel em que são impressos, se de produção manual ou mecânica. E uma comissão britânica, encarregada de investigar a durabilidade dos diversos tipos de papel, che~ou - por 1930 - à conclusão de que s6 eram "perenes", capazes de "atingir imortalidade prática", os feitos de puro linho ou de trapos de algodão (cf. NEWD, 101). 1. 5 .12. 4 Os desenhos de carga leve de negro, via de regra, pedem papéis mais absorventes; em' oposição,. os menos absorventes são mais indicados para os desenhos pesados e pejados de negro. O mais indicado papel para o livro corrente não ilustrado ~ o flexível, espêsso, maleável, odoroso, claro, sem ser ofuscante. ·A escolha do papel para livros ilustrados é condicionada pelo tipo· da ilustração, que o pode .requ~rer mais sensível, mais absorvente, mais polido, mais brilhante. Quando as ilustrações são kors texte - fora do texto - o problema consiste em conjugar o papel adequado a estas que não grite, que não se divorcie do papel destinado ao texto (cf. BIKO, 85). 1.5.12.5 Nas fases do trabalho de impressão de um livro, o tamanho da fôlha de papel teve e tem grande importância porque, conforme forem êle e as dimensões da mancha e, correlat-amente. da vâgina, a imposição se fará de tal sorte · que numa

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HOUAISS

fôlha se obtenham duas, quatro, seis, oito, doze, dezesseis, n páginas impressas - o que dá o formato do livro. Mas como desde o início da tipografia as fôlhas não tiveram dimensões rt>gulare!l; desde sempre a denominação de formato não correspondeu necessàriamente a determinadas dimensões. Dêssc modo, o "formato tipográfico" não coincide com o "formato bibliográfico", que melhor se diria "tamanho bibliográfico" ou, como se verá adiante, quiçá melhor e mais preciso ainda "tamanho bibEoteconômico ". Está já claro que a palavra "formato" corresponderia mais exatamente a noções como a de "livro francês" (que propende, por tradição, para o formato quadrado visto da capa), a de "livro inglês" (retangular alongado no sentido Tertical), a de " atlas" (retangular alongado no sentido horizontal), enquanto a palavra "tamanho" corresponde ·a noções expressas em têrmos dimensivos de um sistema de mensuração qualquer. 1. 5 .12. 6 O formato t!pográfico é, em geral, subdividido em dois grupos: (a) os formatos regulares e (b:) os formatos Irregulares: a)

b)

formatos regulares

formatos irregulares

in in ia in in in

I

in in in in in

1

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2 4 8 16 32 64

páginas páginas páginas páginas páginas páginas

6 12 24 36 48

páginas páginas páginas páginas páginas

em que, no in pl4no, o fólio, de fôlha inteiriça, recebe numa face a impressão de uma página ímpar e no verso dela a impressão da página par seguinte em numeração; no in folio há o in plano· dobrado ao meio, donde quatro faces ou quatro páginas; no in 4. 0 há o in fol;i,o dobrado ao meio, donde oito faces ou oito páginas;. no in 8. 0 há o in 4. 0 dobrado ao meio, donde dezesseis faces ou dezesseis páginas; no in 16. 0 há o in 8. 0 dobrado ao meio, donde· trinta e duas faces ou trinta e duas páginas; no in 32. 0 há o .in. 16. 0 dobrado ao meio, donde sessenta e quatro faces ou sessenta e quatro páginas. Já no in 3.0 há o in folio dobrado em três. bandas iguais razão por que se chama, também, tríptico, com seis faces ou páginas; no in 6. 0 há o in 3. 0 dobrado ao meio, donde doze faces ou páginas; no in 12. 0 há o in 6. 0 dobrado ao meio,.

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DE

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donde vinte e quatro faces ou páginas; no in 18. 0 há o in 6. 0 dobrado com a técnica do trípt!co, donde trinta a· seis faces e ou páginas; no in 24. 0 há o m 12.0 dobrado ao meio, donde -quarenta.· e oito faces ou páginas. A leitura das indicações da nomenclatura dos formatos tipográficos 6 vacilante em português, havendo duas tendências : (a) uma, antiga, em que os ordinais são lidos à latina, embora na pronúncia tradicional - quarto, octavo, deoimo sexto, tf'igesimo secundo; tertio, sexto, duodecimo, decimo oeta.vo (em ablativo) ; (b) outra, posterior, em ordinais portuguêses, ou em cardinais para os acima de oitavo, donde u in quarto", uin oitavo", ui~ décimo sexto" ou uin dezesseis", ut11.. trigésimo segundo" ou ui,.. trinta ·e dois" etc. 1.5.12.7 O "formato bibliográfieo" ou melhor, "tamanho bibliográfico", ou melhor ainda, "tamanho biblioteconômico", é um conceito que decorre daa necessidades bibliográficas, primeiro, e biblioteconômicas, depois, com que, por formato, ou melhor, tamanho, se· pudP-BSe ter uma indicação dimensiva precisa ou &pro:J:imativamt'UtA precisa, não apenas para a classificação, mas sobretudo para a identificação e para a locaPzação (problemas d.e espaço) dos livros, já que a referência ao formato tipográfico do livr.o podia despistar ou desorientar os não iniciados, visto que, consoante forem as dimensões do f6lio, bem pode ocorrer um in 4. 0 que seja menor, se de determinado f6lio relativamente pequeno, do que nm in 8. 0 , de outro tipo maior de papel. A resolução do problema ainda não foi atingida, por vários motivos, em que pesam (a) o fato de se querer estabelecer uma relação dimensiva entre os formatos tipográficos e os tamanhos bibliográficos, e (b) o fato de não se ter chegado a um acôrdo quanto a se as dimensões devt>m referir-se às da mancha ou às da pág!na ou às do revestimento, nos dois últimos casos havendo o problema a mais de se ter de saber, previamente, ante determinado livro, se suas páginas on revestimento não foram recortados ou diminuídos do seu tamanho primitivo ou original. Até onde os critérios tipográficos podem servir de ponto de referência para a solução da questão, importa ter em conta (a) que o formato jamais foi indicação dimensiva precisa, não devendo, por conseguinte, sua nomenclatura ser assoc:ada à do tamanho bibliográfico; (b) as medidaa da mancha sempre tiveram tanta importância quanto as da págiÍla, na gênese de cada livro, embora as primeiras sejam perduráveis no livro, enquanto as segundas podem sofrer reduções, em reencadernações sucessivas, sem qne a missão ou finalidade do livro em aprêc;o cesse ou deixe · de funcionar. A resolução talvez venha, efetivamente, a · ser esta: indicação. prec!sa das medidas da man-

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ANTÔNIO

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cha de página inteira (isto é, não capitular, ou subcapitular, ou antecapitular), seguida, entre parênteses, das dimensões precisas da página, quando se tiver certeza de que ela não foi redwlida, cortada, amputada, guilhotinada; ou seguida, entre colchêtes, das dimensões precisas da página que se suspeitar ou de que se tiver cerieza de que foi aparada (cf. EESP, S.V. tamaiio,fia). 1.6 NORMAS PARA A CORRELAÇÃO Nos parágrafos anteriores, procurou-se dar uma idéia, sintética mas o menos deformada possívél, do conjunto de recursos, manuscritores, dactilográficos e tipográficos, de que se dispõe para se poder estabelecer uma correlação entre (a) o manuscrito e a dactilografia, como transição para a impressão tipográfica; (b) o manuscrito e a tipografia e (c) a dactilografia e a típografia. Pode-ae, mesmo, excluir a correlação (b) referida, já que na primeira, (a), o manuscrito deve ser apresentado ou representado em condioõea tais que, faltando a poBSibilidade de dactilografá-lo,- estar6. êle em condições de "ser tipografado. Impor-se-ia, em contrapartida, estabelecer uma quarta - que será, pois, a terceira - eorrelac;io, a que pode existir entre a tipografia e a tipografia, o que se elucidará linhas adiante. 1.6.1 Correlações e guias - Nas· correlações, hi uma ~rie de indicações que podem ser feitas ou deixar de o eer, ji que na guia da oficina tipográfica constarão elas, caso j6. nlo ettejam na cópia por imprimir. A guia, destarte, cujo modêlo ou critério varia de tipografia para. tipografia, de chefe de oficina para ehefe de oficina, de tipógrafo-chefe para tipógrafo-chefe, de mestre gráfico para mestre gráfico, a guia 'pode, por con~eguinte, encerrar elementos obrigatórios e .outros facultativoa - e eer&o facultativos os que já estiverem explícitos na cópia por imprimir. São êles, entre os de uma e outra espécies: a) os corpos dos tipos, não s6 para as p&rtel extratextuais - a saber, as preliminares (sobrecapa, capa, lombada, ante-rosto, rosto, prefácio) e as finais (índices, colofão) - , maa também para as diferentes partes textuais (composição corrida, citações, notas) . ($Upra 1.5.5 a 1.5.5,12); b) as famüias, os gêneros e os desenhos dos tipos, quando ·não estiverem indicados na cópia por imprimir, cumprindo, en- · tretanto, ressaltar que i88o é, incontestAvelmente, da competência primacial do autor, ou diretor-de-texto, ou editor-de-texto, ou do ~ditor (supra 1. 5 . 6 a 1. 5 . 8 . 7) ; c) os padrões da mancha, com medida das linhas e du colunas; co~ medida das margens; com medida dos branoos ee-

ELJ!lHENTOS

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57

peciais se os houver (interliterais, intervocabulares, interlineares, interparagráficos, paragráficos) ; com localização das notas (de rodapé, marginais, finais); com localização das ilustrações e reserva de brancos especiais para as mesmas, quando fôr o caso; com medida das páginas capitulares, das subcapitulares e dos brancos seccionais, quaisquer, se os houver (supra, para parte da matéria, 1.5.9 a 1.5.9 . 5); d) as dimensões e localização das letras capitulares e subcapitulares e mesmo pontuais, se fôr o caso. Evolução da guia - Escusa ressaltar que, nas oficinas, 1 . 6. 2 a guia, via de regra, não se estabelece, íntegra e definitiva, desde o primeiro momento. Correspondendo suas indicações a todo o processo tipográfico da composição ao revestimento do livro, e havendo ao longo dêsse processo pontos permanentes de interações, conflitos e ajustes - trabalho tipográfico e revisão, trabalho tipográfico e direção editorial, trabalho tipográfico e autoria, ademais dos entrecruzamentos interativos de revisão e direção editorial, revisão e autoria, direção editorial e autoria -, as indicações da guia vão-se fixando gradativamente, na ordem das prioridades das tarefas. Mas, dentro do "estilo" tipográfico da oficina - estilo condicionado pela aptidão técnica do seu pessoal e pelos recursos tipográficos disponíveis - há uma como guia ideal, cujos dados vão sendo determinados ao longo do processo acima referido.

1.6.3 Indicações na guia- O fato é que, na guia, indic·ações como "1. 18 c.", "c. 8/10", "n. c. 6", "§ 2 c.", "cap. 5 1.", "subcap. 3 1. ", "[barra vertical à esquerda de uma parte do original] 5 c.", e assim muitas outras, podem significar, numa oficina, respectivamente: "linha de 18 cíceros", "corpo 8 com entrelinha 10", "notas em corpo 6", "os parágrafos iniciam com 2 cíceros de branco na margem inicial", "as letras capitulares medem 5 linhas de texto", "as letras subcapitulares medem 3 linhas de texto", "onde houver indicação de barra vertical à esquerda de uma parte da c6pia por imprimir deve-se fazer composição entrada de 5 cíceros". Note-se a freqüência da palavra tradicional "cícero", que; como vimos, corresponde a 12 pontos ·tipográficos ; a área quadrada de 12 pontos tipográficos de lado é chamada "quadratim", palavra que também é muito usada para os mesmos fins, geralmente indicada por "q". 1.6.4 S'mbolos de correlação do man.uscrilo - No original manuscrito, diversos símbolos indicam os elementos da correlação manuscrito-dactilografia:

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a) um sublinhado sob letra, vocábulo, frase, linha, parágrafe, trecho, significa que a matéria deverá &er composta em itálico; h) dois sublinhados significam que a matéria den iiCr composta em versalete ; c) três sublinhados significam que a matéria deTe ser composta em versa! ; d) um sublinhado de linha . quebrada ou sinuosa significa que a matéria den ser composta em negrito; . e) . o comb!natário far.e-6. pela combinação dos símbolos acima referidos; f) uma barra vertical, à esquerda do manuscrito, abarcando um número preciso de linhaa, com indicação, mais à esquerda 'de, por exemplo, "c. 8" significa que a matéria barrada deve ser composta em corpo 8, presumindo-se, pois, que a composição vem sendo feita em corpo que não 8; se, dentro do campo barrado~ houver, no início, I e, no fim, I, compreender-se-á que os dois verticais referidos limitam a matéria barrada; g) duas barras verticais, à esquerda do manuscrito, abar· eando um número preciso de linhas, com indicação, mais l ~ querda de, por exemplo, "5 c!' ou "8 q.", significam que a matér :a l>arrada deve ser composta com margem reentrante, à esquerda, de cinco cíceros ou cinco quadratins; se, dentro do campo barrado, houver, no início, 1·e, no fim, I, compreender-se-á qu~ os traços verticais referidos lim:tam a matéria barrada; h) se o processo anterior se faz à direita - realce material desaconselhável, ver-se-á no lugar próprio, adiante - a reentrância se fará por êsse lado ou margem; i) se os dois processos anteriores se conjugam, a composição será feita em meio da mancha, distante cinco quadratins à esquerda e cinco à direita da margem ordinAriamente seguida até então; j) um círculo ou ovóide, ·dito cartucho, em tôrnq de letra, sílaba, vocábulo, linha, trecho, com repetição de círculo ou ovóide na margem (não necessAriamente do mesmo tamanho ou formato), dentro do qual se inscreve uma orientação, significa que o dactiló~rt"afo ou o tipógrafo deve respeitar a indicação marginal; k) um sublinhado por meio de linha pontilhada significa que o local pontilhado, ainda que estranho, ainda que errad{), ainda que anômalo, deve ser respeitado ;

ELEMENTOS

DE

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I) um sublinhado descontínuo, por meio de sucessivos tra·cinhos horizontais, significa que o local assim sublinhado den -ser dactilografado ou impresso com o "grifo alemão". 1.6.4.1 Exemplifiquemos com o trecho seguinte: Neg,~s condições, no presente manuscrito composto

no corpo 10, salvo indicação em contrário-- com desenho

~rt!Y ~

da

fundidora

~ ~

muito

.

capri~sendo

chosamente, cerehrina.mente, mesmo, estão ....... s; fcit.a.s quase tôda.s as indicações acima referidas, com

=

~

alguns combinatórios possfvcis, para melhor ilustrar a

~ 6í)Iicaç~ da

convenção, convenção que tem a seu

favor o fato de, nas suas linhas essenciais, vir sendo seguida há muitas décadas não apenas na tradição

\!!!!-

tipogrMica. luso-brasileira, mas ocidental, quiçá.

~

O presente espécime ficará pressão -

delicio~amente

monstruoso, et pottr cause,

já que é tipicamente ad hoc!... Brederodes

E~t-anásio

permita-se-me a ex-

Jnvoçar autoridades, como

ou Facund-º

Boa-M~,

é de

nenhuma valia para os. nossos objetivos presentes. 1. 6. 4. 2

Eis a resultante tipográfica; dispensada a transição dac.tilográfica eventual, do trecho anterior:

Ne.,Sa$ condiÇões, no

PRESENTE

manuscrito composto

·no corpo 10, salvo indicação em contrário- com desenho B o do n i, da fundidora N e b i·o lo, ·muito CAPRI-

CHOSAMENTE, cerebrinamente, mesmo, estão sendo feitas quase tôdas as indicações acima referidas, com alguns combinatórios possíveis, para melhor ilustrar a

60

A.NTÔ ;t HO

BOUA.IBB

'aplicação' da convenção, convenção que tem a seu favor o fato de, nas suas linhaà essenciais, vir sendo seguida há muitas

d~cadas

nio apenas na tradição

tipográfica luso-brasileira, mas ocidental, quiçá UNI-

VERSAL. O presente espécime ficará pressão -

permita-se-me a ex-

deliciosamente monstruoso, et pour caUle,

já que é tipicamente ad hoc!... Invocar autoridades, como B.REDERODES EUTANÁSIO

nenhuma

valia

ou F ACUNDO

BoA-MORTE,

é de

para os nossos objetivos presentes.

1. 6. 4. 3 Escusa frisar que, no manuscrito, se poderá, em se tratando de original de complexa factura gráfica, adotar pautapadrão: tratar-se-á, em verdade, tão-somente, de critérios fixos para (a) iniciar páginas capitulares, ·a n centímetros, fixos, do limite superior de fôlha-padrão, enquanto as páginas não-capitulares, ou ordinárias, iniciarão quase no cabeço da página; e semelhantemente para quaisquer seccionamentos da obra; (b) deixar amplas margens laterais, onde possam caber quaisquer orientações para a dactilografia ou para a tipografia; (c) respeitar sistemA-ticamente um tipo de branco paragráfico, digamos, a cinco centímetros da margem esquerda; de brancos interparagráficos, digamos, com saltar em branco o espaço correspondente a uma linha em branco; (d) manter uma entrelinha regular, com branco bastante para até quádruplo sublinhado·; (e) seguir, unitàriamente, uma medida de reentrância para as citações e transcrições que a merecerem, medida de reentrância A esquerda, ou A direita, ·ou de ambos os lados, reservando, dentro da reentrância A esquerda, uma reentrância ainda maior para os parágrafos internos das citações ou transcrições, digamos, sete e dez centímetros, respectivamente; (f) atentar na rígida observância das regras de referência, citação, remissão, transliteração, redução e outras, geral ou especialmente adotadas, a fim de resguardar no manuscrito a máxima coerência e harmonia. · 1. 6. !J Símbolos de correlação da dactilogtafia - Segundo o roteiro adotado para os símbolos de correlação do original manuscrito, a cópia dactilográfica pode, pràticamente, encampar a

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DE

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61

todos, por meio dos seus recursos próprios, já sumàriamente descritos antes (supra 1.4 a 1. 4. 3). Com efeito, examinando os símbolos preconizados em 1. 6 . 4 para o manuscrito, vê-se que : a) o itálico pode ser representado por uma linha contínua sotoposta (obtida, de regra, pela pressão reiterada da tecla 6 com posição de maiúscula) ; b) o versalete pode ser representado por duas linhas contínuas sotopostas; c) o versal pode ser irepresentado por três linhas sotopostas; d) o negrito pode ser representado, já pelo rebatimento dos caracteres com forte pressão (o que é muito pouco aconselhável, pela possível rápida deterioração dos tipos, fita e tambor da máquina de escrever), já pelo manuscrito sotoposto de linha quebrada ou sinuosa; e) o combinatório exige, decorrentemente, uma fase dactilográfica (linha ou linhas contínuas sotopostas) e o adendo manuscrito (linha qnebrada ou sinuosa); · f) a mudança de corpo tem de ser indicada como se para o manuscrito ; g), h) e i) as reentrâncias são operações ordinárias de uso do tabulador e/ou de pauta; j) as indicações marginais, por meio de círculo ou ovóide, são como se para o manuscrito; k) a indicação de respeito do original dactilográfico pode ser feita por uma linha pontilhada sotoposta, o que exige manobra de giro do tambor com liberação dêste do entrelinhador automático e que pode acarretar düiculdades de recolocação do papel na linha devida, ou melhor será feita como se para o manuscri~ .; 1) o ".rrifo alemão" pode ser feito com o espacejador ou pela linha sotoposta descontínua, isto é, com pressão alternativa do espacejador - o que só é aconselhável quando não haja possibilidade de ser ambíguo o símbolo, pois poderá ser tomado como ind:cação de grifo para as letras com a linha sotoposta; nesta última hipótese, a operação deverá ser como se para· o manuscrito. 1. 6. 5.1 Escusa ressaltar que, no trabalho dactilográfico, em se tratando de cópia de factura gráfica complexa, múltiplas vantagens são obtidas, tais e tantas, aliás, que se torna quase obrigatória a preparação da cópia por imprimir em vias dactilográficas. Dentre essas vantagens, ressalta a de se obter mais de uma cópia, por meio do papel carbono, o que dá imediata satisfação à conveniência de se dispor sempre de uma cópia de reserva da obra que se vá imprimir. Além disso, mercê do fato de que o entre-

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linhador automático da máquina de escrever pode ser calibrado para um espaço simples de entrelinha, para dois espaços, para três e, consoante o porte da máquina, para quatro e mais espaços; de que o· espacejador, e o teclado, avança o carro de uma unidade .exata de medida; de que, nas máquinas de médio para grande porte, sempre se dispõe de um tabulador, com uma ou mais teclas .correspondentes, tabulador que permite fixar rigidamente quantas medidas marginais fixas se ·queiram à esquerda (a ordinária, a paragráfica, a de citação ou transcrição, a paragráfica interna à citação ou transcrição, a de colunas outras na trama do texto) ; mercê de todos êsses recursos, é incontestável que os serviços prestados pela máquina de escrever se patenteiam, em determinad&s condições, como indispensáveis ou insubstituínis. ReleTa mesmo ponderar que certas operações mais trabalhos&s, como o 'tríplice ·sublinhado sotoposto para a obtenção de versais, não é necesslirio .já que as máquinas de escrever dispõem de uma série de Tersais, geralmente em romano, de modo que suas versais, com linha contínua sotoposta, equivalerão a versais em itálico; com duas linhas sotopostas, a nrsais em negrito. Ter-se-á, também, observado que não se preconiza, para fins tipográficos,' o uso da fita bicolor, pelo simples - mas fundamental - fato de que somente o ori-ginal dactilográfico pode gozar dos benefícios da dupla côr, o que exigiria uma notação especial de equivalência nas cópiu. 1. 6. 5. 2 Quaisquer, porém, que sejam as Tantagens de uma -cópia dactilográfica para a impressão tipográfica, tai~ como evi·denc:adas linhas acima, é' do manuscrito honesto, coerente e harmonioso, que decorrerá a possibilidade de rígida observância dos signos de referência, citação, remissão, transliteração, redução e outros, geral ou especialmente adotados em obras destinadas à impressão. O uso inteligente dos recursos dactilográficos possildita a consecução de aspas simples (por ineio do apóstrofo, geralmente em posição de maiúscula da tecla do n.0 8), a consecução de aspas duplas próprias ao teclado (em geral na posição de maiúscula da tecla do n. 0 2), sem' falar nos parênteses, nas barras ·ou traços oblíquo, vertical e horizontal ( trnessão), no hífen ou traço de união, e nos combinatórios possíveis, mercê do espaço simples obtido por avanço ou recuo do giro do tambor na entrelinha da medida simples. 1. 6 . 6 SímbQlos de correlação tipográfica - Bem pode ocorrer que, como editor-de-texto ou diretor-de-texto, possa alguém aproveitar material impresso precedentemente, para a preparação de uma nova edição, se. possível atualizada nos seus aspectos extralingiiísticos, se possível expungida de erros, defeitos, falhas e

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imperfei~ões

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tipográficos anteriores. Se fôr disponível êsse texto impresso para ser sacrificado em aras de um bom trabalho, a operação poderá ser muito s!mplificada com dois· exemplares, cujas páginas sejam coladas em fôlhas bTancas, deixada, de preferência, ampla margem à direita, outra menor à esquerda. Na da direita, então, indicar-se-ão as correções e modificações cabíve!s, os símbolos e as oonvenções anteriormente propostos. Casos haverá, porém, em que, de preferência, se usará de círculos ou ovóides ou cartuchos, como de regra repetidos à direita e em cujQ centro se inscreverão, abreviadamente mas sistemàticamente -- "V" por -ver sal ; "v" por versalete; "r" por romano ou redondo ; "i" por itálico; "n" por negrito; e os combinatórios - " Vi" por wr&al itálico; "vi" por versalete itálico etc. Outra parte da tarefa consistirá 110 uso dos sinais de revisão, tratados no lugar próprio dêste livro; mas cumpre, desde já, para êsses efeitos, lembrar que - como se trata de indicações para uma composição tipográfica totalmente nova - mu:tos dos signos .de revisão podem ser pura e simplesmente dispensados de indicação marginal, desde que a corr~ã.o na mancha fique explícita, sem ambigüidade possível.

• - 1.•

v.•

CAPÍTULO

II

QUESTõES COMUNS AOS DIFERENTES ORIGINAIS 2.

DOS ORIGINAIS Do passado remoto até a alta Idade Média - depois do advento da escrita entre os homens, há cêrca de 6 000 anos ( cf. OOBB, 7-8) não restam originais manuscritos do próprio punho do autor, isto é, os autógrafos, nem escritos por outrem, mas que tenham merecido sua aprovação pessoal, o que valeria por autógrafo (cf. KAAS, 1). A partir do fim da Idade Média, os autógrafos vão sendo, em número crescente, preservados para a posteridade. Depois da difusão relativa da máquina de escrever, nos centros que sofrem mais diretamente o influxo dos avanços tecnológicos industriais, há uma tendência progressiva para fazer base do autógrafo um texto dactilográfico, sobretudo naqueles autores que são dactilógrafos de si mesmos. 2 .1 A PRODUÇÃO DO ORIGINAL Em quaisquer casos, porém, a obra escrita não é, de regra, vazada numa primeira e única demão. O ajustamento entre o pensamento exato procurado por ensaio e êrro, por aproximação sucessiva., por autocrítica permanente, e a forma verbal desejada é, em cada autor, produto de um processo que, quase sempre, atravessa duas ou mais fases de formulação, ressalvados os raros casos de autores de primeira e única demão, ou de escritos históricos de única demão, por fôrça das contingências ou conjunturas que os determinaram - incluindo-se nesta categoria um número não pequeno de escritos de natureza íntima, diários, às vêzes memórias, e um largo montante do material epistolográfico. 2.1.1 R~es prévias Embora freqüentes vêzes tenham grande valor, como ~abedal formativo informativo, os manuscritos correspondentes às demãos anteriores àquela que foi ou teria sido

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reputada definitiva pelo autor não têm a mesma significação do manuscrito definitivo. Essas Tedações prévias, consoante . sua legibilidade, compreensibilidade, extensão e completude em relação ao manuscrito definitivo, recebem nome de "apontamentos", "borrões", "notas", "anotações", "rascunhos", "primeira ( segunda, terceira, enésima) redação (provisória) do autógrafo (original)". 2 .L 2 Atttógrafos - Cumpre, porém, sempre distinguir autógrafo (e também tudo quanto seja redação prévia) de autor morto do d.e autor vivo. O autógrafo de autor morto, inédito ou édito - e, se édito, quer em vida, quer após a morte do autor merece um tratamento pelo menos mais respeitoso do que o autógrafo de autor vivo, já que êste está em condições, a . qualquer momento, em situações normais, de defender a integridade do seu escrito ou da sua mensagem. O autógrafo de autor vivo poderá constituir sempre - enquanto vivo o autor - uma redação pré-definitiva, mesmo se publicado. O mais que poderá acontecer, em certos casos, é que os estudos históricos, críticos, exegéticos, heurísticos, hermenêuticos, estilísticos, Engüísticos - filológicos, em suma- possam distinguir, entre duas ou mais fases ou feições da elaboração da obra, duas ou mais situações de espírito criador, que se completem, aperfeiçoem, contradigam, não se harmonizem, entrem em divergência e conflitos - o que, aliás, pode ocorrer também com redações suces'sivas on retocadas de autor morto; mas tais escritos e seu estudo, se por mais não valessem, valem como caracterizadores de uma evolução espiritual documentada dentro da trama mental de uma época ou momento histórico coletivo. 2 .1. 3 "Edição definitiva" - O fato é que, em tôdas as literaturas modernas, são freqüentes as obras de autor vivo, em primeira, segunda, terceira, enésima edição, que trazem menção de "edição definitiva", ou "texto definitivo", ou equivalentes - o que traduz um compromisso do autor para consigo mesmo e para com o seu público e o que servirá de excelente guia, na posteridade, para o tratamento crítico de sua obra, se ela o merecer ... 2. 2 AUTORES vxvos O autógrafo de autor vivo é, por conseguinte, acima de tudo um documento de valor potencial, ·Sujeito .ao arbítrio do . tratamento do próprio autor. Isso, contudo, não impede que, na versão definitiva - ou pensada até aquêle momento como tal - , o autor possa dar-lhe uma feição que o seu .co-autor, ou seu secretário, ou seu auxiliar, ou seu colaborador, ou - sobretudo - seu dactilógrafo possa compreendê-lo em sua

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plenitude e com o menor esfôrço possível. Destarte, apresentá-lo com generosas margens à esquerda e à direita, em entrelinhamento regular e largo, ademais de uma grafia, não se dirá calígráfica, mas claramente inteligível, é, senão um dever; uma vantagem para o próprio autor, que assim ganhará tempo, já que sua releitura na revisão demandará pouco esfôrço, visto que as achegas pela dactilografia do autógrafo ter-se-ão feito em função· de matéria bem entendida e bem compreendida. 2. 2 .1 Consciência autoral - Nesses casos, o que se poderia>. esperar, particular e enfàticamente, é que o autor fôsse não · apenas consciente da substância do seu escrito, mas também da· forma do mesmo ~ quer-se dizer, da forma lingüística; e, assim, em lugar de relegar a questão ortográfica, a pontuação, as múltiplas dúvidas quanto ao sincretismo vocabular, ao critério de· um revisor, com tinturas ou com apurado conhecimento dêsses. problemas, melhor fôra que êle mesmo tivesse suas op!niões e · convicç(ies firmadas a respeito, que seriam fàcilmente observadas de um manuscrito limpo. A questão não deve de modo nenhum. ser considerada de somenos importância. A realidade é que, através de escritos que traduzissem mais fielmente as caracterís-ticas substanciais e formais da criação literária, melhor se consignariam os fatos coletivos da língua - em sua fonética, fonolo-. gia, morfologia, sintaxe, vocabulário, ritmo, melodia, estilística -, assim como os traços dó estilo de uma língua, de uma época, de uma corrente, de um autor; e não apenas os fatos evolutivos a<> longo de determinado lapso de tempo, pura e simplesmente, mas: também as vacilações e flutuações individuais e coletivas, a luta entre o velho e o nôvo, a interpenetração do popular e do erudito, no momento mesmo dessa dinâmica social. E assim tantos outros fatos importantes seriam consignados, fatos que hoje em dia já são ou não são estudados, mas que poderão servir de documentação ·para tantos e tão aprofundados estudos futuros - estudos de capital importância para o conhecimento, domínio e aperfeiçoamento do instrumento de comunicação e expressão por excelência · dos homens entre si, vale dizer, a linguagem falada e, pois, a escrita, nas suas diversas formas objetivas, as línguas, e, em cada uma destas, nas suas diversas diferenciações temporais, sociais, geográficas, individuais. . . ' 2. 2. 2 "Correção" do original - Mas na . prática atual, sobretudo no · Brasil, raro é o original por imprimir que não sofra o crivo de um corretor - não o revisor tipográfico, mas corretor da "língua" do autor, na. ortografia, pontuação, colocação, formas vocabu1ares, sintaxe, concordância regência, que sei mais. . . Não

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me refiro, está claro, à solução dos problemas que o autor a si · mesmo propõe, cuja resolução pode depender de consultas a pessoas que, aos seus olhos, sejam idôneas ou recomendáveis, visto que viver é aprender. Refiro-me a essa "correção" compuls6ria, que decorre de pressupostos rígidos no que se refere aos. fatos de linguagem, quando não aos fatos estilísticos. OLIVEB SIKON relembra, no seu ótimo livrinho, Introductio"" to Typography, um conceito de THEODORE Low D:E VINNE que vem a prop6sito (smo, 2) : É crença hoje em dia, como o era nos tempos de MoxoN, o primeiro escritor inglês sôbre a técnica da impressão, que é dever do tipógrafo obviar às negligências do escritor conceito bem mais moderado, como se vê, do que o nosso de corretor, que aliás vive vida discreta. pois o autor via de regra tem consciência de culpa e procura sonegar essa: sua importante colaboração. ANDRÉ THÉRIVE, por sinal, ressalta o papel capital do coNetor, numa outra estrutura social (ENcF, 18·16-2): Sabe-se que a colaboração entre escritores e impres· sores é talvez menos estreita hoje do que na idade clássica. . . Paradoxo T Não. . . Nossos antepassados tinham uma ortografia muito fantasista, mesmo os autores geniais; desprezavam aparentemente com razão as grafias arbitrárias que se entronizaram em nossa língua. E, ademais, êles contavam com os impressores para porem seu texto em condições convenientes, em uniforme regulamentar, se esta metáfora militar cabe. Basta lembrar o papel capital que desempenhava o corretor antes do século XIX. Hauria êle, aliás, seus títulos de nobreza da própria tradição. Desde o século XV os impressores eram forçosamente a um tempo artesãos e eruditos, como sucessores, de resto, dos empresários da cópia manuscrita, os quais foram, fa. talmente também, latinistas, graduados universitários, clérigos. O mais antigo nome conhecido dessa corporação 6 o de P. PRIELis, de Mogúncia, que corrigiu o Psalterius benedictinus de 1459, impresso por FusT e ScHOEJ'li'D, concorrentes de GuTENBERG; e numerosos dignitários eclesiásticos figuram nos anais da correção nos tempos dos incunábulos : deviam estabelecer o texto, no sentido científico da palavra, em suma, escolher uma espécie de vulgata definitiva. Encontraram-se,· nos acervos das grandes bibliotecas, manuscritos que tinham sido prepa-

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rados para a composit;ão, na Alemanha, na Inglaterra, na Frant;a. Nada mais comovedor do que manusear êsses documentos de uma profissão venerável, em que intelectualidade e a técnica se unem mais visivelmente do que alhures.

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Em contraposit;ão, exemplares de provas córrigidas são muito raros para todo o período anterior ao século XIX. Possuem-se, entretanto, obras inglêsas assim, que ~emontam a 1626 ; .as correçoes nelas são feitas com grafita ou a lápis vermelho. Sabe-se o bastante para aÍU'mar que a correção se tornou uma profissão desde fins do século XVI. Essa profissão alimentou, nos seus, inícios, escritores notáveis'; na França, AMYOT, GUI PATIN, SuABD, MICHELET, PROUDHON nela se amamentaram. Essa profissão pode . ser qualificada de auxiliar natural da profissão literária. · 2. 2. 3 Corretor - A longa citação deliberadamente longa, por tão instrutiva e por tão polemizável - merece-nos alguns comentários: (a) o corretor a que se refere, na época dos incunábulos, era na verdade um dos antepassados do editor-de-texto, moderno, imbuído hoje das técnicas da ecd6tica, que se feiçoaram desde antes, passando pela experiência de então; (b) o corretor do texto de autor moderno, sem vinculações profundas de amizade com o autor, pode dar ao seu texto um máximo de colorido impessoal, o que o desriatura necessAriamente; (c) o corretor, na citação, por vêzes s~ identifica eom o revisor, que, êste sim, é um profissional umbilicalmente ligado às profissões . literárias criadoras. Não deixa de comover, de outro lado, a referência final a alguns revisores eminentes, tornados grandes escritores franceses, e vêm-nos, inevitAvelmente, à lembrança casos semelhantes entre n6s, os de MAcHADO .DE Assis, GRACILIANO RAMos, EDUARDO FRIEmo ... 2 .2.4 Man1ucrito definitivo - Se o manuscrito não é - em autor vivo - mera fase de elaboração da obra, mas a versão definitiva - ou pelo menos pensada como tal -, deve ser vazado numa s6 face de cada fôlha. A tradição brasileira para a fôlha - genericamente falando ~ é o chamado formato-ofício ou papelpfício ( 327 x 220 mm aproximadamente), formato, aliás, menos freqüente em outros países, onde inclusive a poupança de papel determina dimensões menores. A fôlha pode ser em branco ou entrelinhada; ocorre ·mesmo quadriculada, nas redações de re-

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vistas e jornais mais categorizados ou mais ricos. ~ que a quadriculação é feita de tal modo que, com facilidade, se pode calcular o número de letras dactilográficas empregadas no original e, assim, do número de letras, palavras, linhas· que lhes podem corresponder, em determinado corpo tipográfico, o que importa muito para a feitura do "espelho" ou da "boneca" do· jornal ou revista - espelho ou boneca que, na lingúagem da imprensa, no ato de realizá-los sôbre o estôjo da máquina impressora automática, se diz "retranca". Essa técnica poderia ser, com enormes vantagens, usada para dactilografação das cópias por imprimir - como se compreende pelo que vai dito e se compreenderá melhor quando se tratar de páginas capitulares ou seccionais ímpares do livro 1'n fieri. 2.2.5 Características materiais do manuscrito - No original manuscrito, em sua versão definitiva, visar-se-á fundamentalmente à le~ibilidade pelo maior número possível de pessoas - -o que constitui uma contraprova dessa qualida4e. Em conseqüênc:a, em princípio, devem ser evitados: a) borrões, rasuras, inserções, acresCimos, glosas, interlineainentos e quejandos que possam dificultar a leitura do dactilógrafo e muito mais ainda a leitura do tipógrafo-compositor; b) omissão de indicações precisas sôbre o seccionamento da obra; c) espaços em branco, intralineares, interlineares, interseccionais, sem função explícita. 2. 2. 6 Legibilidade - É óbvio que, com procurar ev;tar tais características negativas, não se preconiza um respeito passivo disso. Há excelentes manuscritos com tais defeitos, mas que perduram como excelentes, porque a condição precípua ficou resguardada - a legibilidade relativamente fácil. 2. 2. 7 Indicaçõe6 . no manuscrito - Correlatamente, no original manuscrito, em sua versão definitiva, devem ser respeitadas as seguintes características: a) haver indicações precisas quanto à paragrafação e ao lieccionamento da obra; quanto ao uso das maiúsculas; quanto à pontuação; quanto ao emprêgo de reduções; quanto ao sistema de remissivas, notas, citações, referências; b) em havendo espaços em branco, não explicitamente funcionais,· preenchê-lol!l de círculos, ovóides ou cartuchos, de preferência a lápis - se possível com côr que realce - , dentro dos quais se fará menção do seu destino ou finalidade, v.g., "s~m valor", "deixa~ n entrelinhas ein branco", "a página seguinte

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continua aqui" etc.; · quando o círculo, ovóide ou cartucho não comporte, por ser sua área pequena, tais indicações, repeti-los marginalmente, à direita, de preferência maiores, e inscrever a indicação adequada ; o uso do óbelo supre muitos dos fins !ndicados. · 2. 2·.8 Revisão final do manuscrito - Consideradas as ind:cac;ões anteriores, o manuscrito, antes de ser dactilografado1 ou~ mais importantemente ainda, antes de ser tipografado, deve ser objeto de cnidada releitura, para que tôdas as convenções de correla<}ão ma,nuserito-dactilografia - se fôr o caso - ou da correlação manuscrito-tipografia sejam caracterizadas com rigor e adequação. 2. 3 AUTORES KORTOS Os autógrafos de autor morto e os apógrafos - cópias de cópias que se remontàm sucessivamente, em princípio, até o autógrafo, supérstite ou perdido - de copista morto merecem, em teoria, os mesmos cuidados e respeito, ainda que de valia diferente: são material que' pertencem à história e cuja intangibilidade e inadulterabilidade devem ser preservadas. A publicação moderna, atual, de tais escr:tos constitui, quando se visa à fided:gnidade e à fidelidade, o problema central da ecdótica e das técnicas e ciências afins. Não se justificam, dêsse modo, a título nenhum, por piedoso, moral, eufêmico que seja o pretexto, quaisquer que sejam as razões invocadas ou invocáveis, adjunções. ao próprio documento, de esclarecimentos, retoques, avivamentos, glosas, rasuras - ainda que os móveis disso sejam os mais honestos e apa:rentemente legítimos. A preliminar mesma para que o manuseio de tais documentos seja facultado a quem quer que seja é que $..sse quem ·quer que seja estej~ imbuído dessas noc;ões. 2. 3.1 Recuperação dos autógrafos e a.pógrafos - Se semelhante autógrafo ou apógrafo está em vias de perder-se, esfarinhando-se, ou deteriorando-se sua legibilidade, urg;rá, tão-somente, submetê-lo a um tratamento que, entretanto, deve ser pre, cedido de uma providência capital: esta consiste - no estado em que se encontre o documento - em reproduzi-lo, por processos mecânicos, em fac-símile, por meio de uma das diferentes técnicas fotográficas, após o. que poderá ser êle submetido ao tratamento preconizável, ou conveniente, ou possível. Obra notável e por muitos títulqs pioneira vem realizando o Istituto di patologia dei libro "Alfonso Gallo", de Roma, inclusive com a d;fusão do seu Bolletimo (cf. ISTI). 2. 3. 2 Pttblica9iio de autógrafos e apógrafos - Dada a intangibilidade do autógrafo ou apógrafo de autor ou copista morto, ao se cuidar de sua impressão em livro, deve-se (a) manuscrevê-lo

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de nôvo, com os requisitos convencionais da correlação manuscrito-tipografia, e/ou (b) dactilografá-lo, com os requisitos convencionais da correlação dactilografia-tipografia. As duas fases, aliás, coexistem modernamente ainda, como já o vimos, salvo os raros casos em que o autor e os raríssimos em que o editor-detexto dactilografam diretamente a cópia autorizada, dispensando a operação do manuscrito. 2.4 ·REPRESENTAÇÃO GRÁFICA - A criação literária - seja de que natureza fôr, cientüica, técnica, didática, artística -, vazad& em linguagem, presume, além dos problemas de mentação e for· mulação no contexto social, os de representação num texto gràficameute inteligível. Nesse texto se corporifica a formulação que interativamente exprime a mentação. 2.4.1 Problemas textuais genéricos - Seja vivo o autor, seja morto, o texto de obra sua apresenta, quando se destina à impressão, para ser transformado em livro, problemas comuns aos textos em geral - sua ·representação ortográfica, sua pontuação e o uso de várias outras convenções de vária natureza, que, consuetudinàriamente ou normalizadamente, se incorporam aos hábitos, costumes, regras gráficas de nossa tradição cultural e, de um modo mais amplo, da tradição cultural da humanidade. 2. 4. 2 Solução dos problemas ~ . ~ases problemas comuns, assim como os critérios convenientes para resolvê-los, são suscitados sempre pelas necessidades (a) de inteligibilidade e (b) de economia - determinando a primeira um esfôrço de explic!tação no sentido de superar as Íimitações que a realidade viva do pensamento e da fala encontram na representação gráfica, e determinando a segunda uma redução de recursos, dentro das possibilidades cognitiva..c:;, técnicas e científicas, do tempo e part!cularmente da tipografia, tudo a fim de que a eficácia gráfica seja obtida com o menor dispêndio relativo de trabalho e energia. 2. 5 ORTOGRAFIAS - Cada língua que atinge o estágio escrito fonético lato sensu se rege por um sistema ortográfico ___:. sistema fixado, via de regra, por uma convenção tácita imposta e elaborada pela tradição, ou sistema estruturado por uma convenção explícita por meio de especialistas, nominalmente lingüistas e filólogos, particularmente ort6grafos - especialidade que, a ser idônea, presume um conhecimento genér!co satisfatório- dos. diversos ramos da ciência da linguagem. Seguindo observações luminosa.s de MARCEL COHEN (cf. OOHE, 83-90) e apoiando-nos ainda, dentre outros, em trabalhinho de M. ILINE e nos compêndios de JAMES G. FfVRIER e de I. J. GELB (cf. ILIN, passim; FEVR, passim, e GELB, passim), podemos falar :

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a) na idade ortográfica de uma língua, se comparado o seu sistema ortográfico, num determinado momento, com a pr6pria língua que representa, donde decorrerem: 1) ortografias jovens, isto é, de línguas que, não tendo . sido escritas anteriormente, recebem um certo sistema de escrita que condiz essencialmente com as suas necessidades atuais - ortografias jovens que podem ser consideradas novas, se seu sistema é organizado de maneira original, por fôrça das necessidades e sobretudo com um número de letras suficientes - tal o caso do armênio moderno - , ou que podem ser consideradas gastas, se se serve de material escrito de outra língua, com a conservação, ainda · que parcial, de hábitos ortográficos dessa outra língua - tal o caso de quase tôdas as línguas românicas, quando da forte latinização (e, por essa via, helenização) que sofreram em tôrno e a partir do século XVI; · 2) ortografias velhas ou envelhecidas, quando, malgrado a evolução da pronúncia de uma dada língua, são mantidos os caracteres e suas combinações em conformidade com o estágio anterior dessa língua - tal o caso do francês e do inglês modernos ; 3) ortografias rejuvenescidas, quando, sentidos os inconvenientes de uma ortografia velha ou envelhecida, se muda radicalmente de caracteres ou de sistema - tal o caso do turco, que adotou modernamente os caracteres latinos, tal o caso, muito mais revolucionário ainda, do chinês, que, saindo de um estágio fono-ideográfico complexo, está transitando rApidamente para a universalização dentro de suas fronteiras dos caracteres latinos -, ou então, com os mesmos caracteres, se reforma o sistema tal o caso do espanhol, do italiano e do português modernos; 4) ortografias fora do tempo, das línguas mantidas em sobrevida - ordinAriamente chamadas línguas mortas - , cuja pronúncia se faz segundo os valôres fonéticos dados aos seus caracteres pelos vernáculos dos que as pronunciam - tal o caso do latim, objeto de estudos que lhe reconst!tuíram aproximadamente a pronúncia - ou en:tão das línguas que desapareceram totalmente e cuja ressurreição artificial decorre da decifração de inscrições documentais supérstites - tal o caso do egípc.io antigo; sôbre a reconstituição da pronúncia do latim há umas

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poucas obras entre nós, de alto valor, que dão plenitudede satisfação para quem quiser pôr-se em dia com a matéria; além do trabalho pioneiro de VICENTE DE SousA,. são tôdas elas de autoria de ERNESTO FARIA ( cf. FARA,. FARE, FARI 1 passirn); b) nas enfermidades ortográficas e sua correção, tendo em. vista que nenhuma escrita, mesmo a fonética dos especialistas,. representa tudo o que se pronuncia ou tudo o que é significativo· em amplo sentido numa língua dada, donde decorrem: 1) ortografias deficientes, isto é, de línguas em que· nem tôdas as voga!s ou consoantes ou alguns dos seus. modos são grafados, deficiência de que os indivíduos fa-· lantes têm consciência - tal o caso do árabe para as; vogais, ou do inglês para a acentuação intensiva dos: vocábulos; 2) ortografias completadas, isto é, aquelas que, estando nas condições anteriores, são objeto de complementações, via de regra por eruditos - tal o caso do árabe· e do hebraico, com notação das vogais breves, para a leitura do Corão e da Bíblia, e para o ensino; ou do latim e· do grego, com notação didática e filológica das quantidades vocálicas, complementos que passam às vêzes à categoria de reformas, tal o caso dos acentos gráficos gregos,. generalizados a partir do século VII d. C. ; c) nas ortografias em relação com a fonologia e a fonética, atendendo ao fato de que os alfabetos são essencialmente fonológicos, isto é, seus caracteres notam os fonemas significativamente d!ferenciais, não os apenas auditivamente diferenciais; quando, no· curso de evolução de uma língua, os seus sons se modificam, o Talo r dos caracteres muda decorrentemente ; se a modificação de um som ligado a uma letra se verifica, numa língua dada, universalmente, a relação . absoluta não muda, mas muda a relativa; se, porém, o sóm ligado a uma letra se modifica s6 em determinadas situações ou posições, a mesma letra pode vir a representar dois ou mais sons, o que é um traço de envelhecimento das orto-· grafias, tal o caso típico do "s" latino, seguramente com um só·· valor fonêmico e aproximativamente com um só valor fonético· (no período de maior estabilização do latim padrão, o chamado latim clássico), letra que, entretanto, em português tem pelo• menos dois valôres fonêmicos - como em sábio e asa - e vários· valôres fonéticos - como, na área carioca (que aproximatinm.ente-

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.coincide com a pronúncia padrão do português de Portugal), com quatro valôres, a saber, sábio, asa, êste, êsmo; de observações dêsse tipo, podem-se reconltecer sistemas ortográficos fonologizantes e sistemas ortográficos foneticizantes; d) em elementos intelectuais das ortografias, elementos ouiros ligados não à mera representação dos sons ou fonemas, o que :se verifica : 1) com ortografias etimologizantes, geralmente em ortografias envelhecidas - tal o caso do t no francês port -, ou mesmo em ortografias parcialmente rejuvenescidas - tal o uso distintivo em português do j e g antes de e e i; do ch e x; do ç, ss e s antes de a, o e 1t; do s, c e ss antes de e e i; 2) · com ·ortografias gramaticais, com letras não pronunciadas, mas que servem para indicar valôres gramaticais, geralmente flexões, tal o caso da grafia das formas verbais francesas em que, via de · regra, o "-s" ("s" final) representa a segunda pessoa do singular, só pronunciado eni certas ligações vocabulares; e) nas relações da fonologia com a ideografia, que determi·naram a escrita autônoma dos vocabulos, cujas partes iniciais e fina:s muito freqüentemente se embebem nas finais e iniciais dos vocábulos contíguos, o que determina heterografias para os casos ·de homofonia, ainda que tais heterografias se justifiquem em razões etimologizantes - como no francês sain:, saint, sein, seing, ceint, ou no português cento e sento; f) no traçado da frase, o que determinou o aparecimento ·dos signos de pontuação, ainda geralmente sentidos como insuficientes; g) na utilização do material para as grafias, o que determina a formulação de desenhos numa ortografia nova, ou o -aproveitamento do material caduco de ortografia anterior, tal o caso do 4 'j", oriundo do "i" latino, tal também o caso do "u" e do "v" oriundos do "u" (consonântico e vocálico) latino, tal a:nda o do "h" latino, aproveitado em mais de uma língua românica para, nos chamados dígrafos, representar um som distinto românico; h) na influência da ortografia sôbre a pronúncia, o que determinou, nas ortografias velhas etimologizantes, o aparecimento de sons já inexistentes em certos vocábulos, tal o portugÚês fl euama, digno e um sem-número de probabilíssimas restaurações na pronúncia do português do Brasil, sob a influência ortográfica ( cf. HOUE, pa.ssim) ;

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i) no grau de comodidade das ortografias, em que são elementos ponderais .para o fácil manejo e difusão a natureza do traçado, a tendência a uma transcrição fonetizante - ficando num extremo a escrita arábica, sobretudo para as lfnguas não semíticas, como o persa e o turco, e noutro extremo o espanhol e o italiano, e a meio caminho, numa ala, o francês e o inglês, na outra, o português ; j) nas condições de emprêgo das ortografias, em que tendências democratizantes ou aristocratizantes militam no sentido da fonetização ou da etimologização. 2. 5.1 Orlografia fO'nética "stncto seMU" - Um sistema ortográfico que reproduzisse a realidade e~Xpressa oralJ:nente, um sistema ortográfico fonético, enfim, é ideal que ainda ·não pôde ser atingido - e não o será tão cedo - pela humanidade, não apenas para fins de transcrição científica, mas sobretudo para fins comuns de comunicação escrita. É que, por trás da maior ou menor riqueza de sinais que semelhante transcrição exigiria, haveria, nas condições objetivas das línguas hoje etn dia faladas pela humanidade, o problema da diferenciação delas na sua extensão geográfica, nas suas camadas culturais, nas suas classes sociais, e, mesmo, ~as variantes de realizações fônicas individuais - o que aoorretaria, em última :análÍise, a pé,rsonalização da transcrição fonética, noutros têrmos, a quase obliteração do proceSSQ social da comunicação, e tudo isso sem levar em conta o elemento tempo, a criar ·a moldura evolutiva para tôdas aquelas diferenciações. Considere-se, também, segundo o depoimento au· torizado de · MARcEL CoBEN ainda, que, s6 de lfnguas prôpri~ mente ditas, há hoje eni dia na humanidade cêrca de três mil, das quais cêrca de vinte e cinco faladas cada uma por mais de dez milhões de indivíduos, e das quais apenas entre vinte a quarenta com tradição escrita e literatura de certa monta para o patrimônio cultural, documentado literalmente, da humanidade ( ef. OOBO, 336 ; KEIL, pasmn). 2. 5. 2 Orlogro.fia& -út~ - Se, de um ponto de vista, essa realidade parece válida, de outro ponto de vista, já não f9nétieo, já não apenas fonológico, mas fonético-fonológico, à diversidade referida acima se superpõe outra realidade, que é a oonscimcia comum de grandes coletividades, as culturalizadas ao influxo da conserva gráfica ( cf. GABA, 187 ; suo:, passim) de que certas variedades fonéticas têm um valor circunstancial, pelo menos nUDi dado momento histórico~ e de que subjazem a uma outra de valor mais genérico. Essa a razão por que qualquer língua pode ter

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D 1!1 . B I B L I O L O G I A

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um sistema ortográfico mais ou menos simples, se atenta a complexidade fônica de cada uma. 2 .6 ORTOGRAFIA PORTUGU~SA 0 problema ortográfico em língua portuguêsa foi, em linhas gerais, objeto de uma sistematização tradicional até fins do século XIX, quando se esboçaram as primeiras tentativas de racionalização ou sistematização conve.ncional' explícita, que culminaram, no que tange ao Brasil, com o chamado acôrdo ortográfico de 1943 - consubstanciado no Peque-no vocabulário ortográfico da. Ung'UQ. porluguêsa, da Academia Brasileira de Letras ( cf. ACAD). Não nos interessa aqui discutir os aspectos técnicos dessa sistematização; os vícios profundos que a crivaram de düiculdades cotidianas quase insuperáveis, e certos traços típicos de bizantinismo, mandarinismo ou aristocratismo que a feiçoaram. Representa, apesar de tudo, um p8880 à frente, que deve ser preservado para uma futura simplificação mais racional, simplificação que poderá levar décadas, não importa, · mas que virá fatalmente. 2. 6 .1 A ~tuação brasileira - As normas que informam o Pequeno vocabulário ortográfico da Ungua porluguêsa, da Academia Brasile!ra de Letras, de 1943, são as que se encontram atualmente em vigor - por fôrça da Lei n.0 2 623, de 21 de outubro de 1955. ~sse vocabulário fof preparado em virtude de sugestão, de janeiro de 1942, do então ministro da l!lducação e Saúde, GusTAVO CAPANEHA, tendo ti~o por base o Vocabulá.rio, da Academia · das Ciências de Lisboa, de 1940 ( cf. ACAL). As instruções para a .Órganização do vocabulário de 1943 foram aprovadas unânimemente pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agôsto do mesmo ano, encontrando-se na presidência da agremiação José CARLOs DE MAcEDO SoARES. Terminada a sua elaboração, o vocabulário tomou-se oficial em 30 de maio de 1944, por fôrça de comunicado da Secretaria da Presidência da República, daquela data - Diário Oficial, de 1.0 de junho de 1944 -, "até que a definitiva solução da matéria, depois de mútuo entendimento das duas Academias, possa ser estabelecida". Em 18 de janeiro de 1944, pelo Decreto n.0 14 533, o govêrno brasileiro determinou a aplicação oficial obrigatória da convenção ortográfica assinada em Lisboa pelos dois países 29 de dezembro de 1943, convenção que determinava, na sua cláusula II:

a

As Altas Partes Contratantes obrigam-se a estabelecer, como regime ortográfico da língua português&, o que resulta do sistema fixado pela Academia Brasileira de

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Letras e a Academia das Ciências de Lisboa, para organização do respectivo vocabulário, por acôrdo entre as duas Academias em cuja conformidade o Brasil env:ou a Lisboa uma comissão de membros da Academia Brasileira de Letras, ·com o fim de elaborar com a Academia das Ciências de !Jisboa as bases definitivas da ortografia da língua. Pelo Decreto-Lei n. 0 8 286, de 5 de dezembro de 1945, foi aprovado o acôr.~o resultante dos tràbalhos da Conferência Interacadêmica de Lisboa - em que a delega~ão · brasile!ra era composta dos acadêmicos PEDRO CALMON, Um RIBEIRO CouTo e 0LEG ..\.aro MARIANO e um especialista, Josf DE SÁ NuNES, sendo composta a delegação portuguêsa (pelo menos com um grande filólogo, o último designado) por GusTAvo CoRDEIRO RAMos, Josf MARIA DE QuEIRÓs VELOSO, Lufs DA CuNHA GoNÇALVES e FRANCisco D.-t Luz REBÊLO GoNÇALVES. Em 1947, em obediência ao artigo 3.0 do citado decreto-lei, a Academia Brasileira de Letras, em colaboração com a Academia das Ciências de Lisboa, publicou um vocabulário ortográfico "resumido", ·para ser utilizado provisoriamente, isto é, até a ultimação do vocabulário ortográfico da língua portuguêsa, previsto na cláusula II da mesma .Convenção. Estabelecia o mesmo decreto-lei, em seu artigo 5.0 , que , o Ministério da Educação e Saúde baixaria oportunamente portaria sôbre a obrigatoriedade do vocabulário "resumido", portaria que não. chegou a ser baixada, continuando, assim, em vigor, o Vooabttlário de 1943, anterior ao acôrdo interacadêmico. O projeto da Câmara dos Deputados, de n.0 395, de 1952, vetado pelo . presidente da República e, depois de mantido pelo Congresso Nacional, tornado Lei n. 0 2 623, de 21 de outubro de 1955, "restabelece" o sistema ortográfico do Vocabulário de 1943 e revoga o Decreto-Lei n.0 8 286, de 5 de dezembro de 1945, tendo, por conseguinte, dois alcances : (a) retirar da alçada do ministro da Educação e Saúde a competência de tornar obrigatório o uso dêste ou daquele vocabulário, (b) revogar a vigência dos resultados da Conferênc!a Interacadêmica de Lisboa. Essa lei, pelo seu artigo 2.0 , reza, porém: Art. 2.0 - O sistema referido no artigo anterior vigorará até que seja dado cumprimento ao artigo II da Convenção Ortográfica assinada em Lisboa, pelo Brasil e · Portugal, em 29 de dezembro de 1943 sendo de notar que essa lei reconhece como em vias de observância a convenção firmada em Lisboa na data referida. Entretanto,

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essa Convenção não entrou nunca na plenitude de sua fôrça jurídica no Brasil, por ter sido posta errôneamente em vigor por Decreto n.0 14 533, de 18 de janeiro de 1944, que não era instrumento hábil. Tanto é assim que foi encaminhada a Mensagem n.0 312, de 20 de julho de 1948, ao Congresso Nacional, acompanhada de exposição de motivos do ·então ministro das ·Relações Exteriores, RAUL FERNANDES, para o fim expresso de que fôssem observadas as disposições constitucionais brasileiras, que condicionavam a sanção da Convenção a prévio pronunciamento do Congresso Nacional, pronunciamento que impende até hoje. Na situação presente, por conseguinte, verifica-se que o Brasil (a) segue as normas do PequB'OO vocabulário ortográfico da língua porluguêsa, da. Academia Brasileira de Letras, de 1943 ; (b) reconhece a Convenção Ortográfica entre o Brasil e Portugal fir· mada em Lisboa a 29 de dezembro de 1943; essa Convenção, entretanto, ainda não foi objeto de sanção do Executivo, por não a ter, até agora, promulgado o Legislativo ; mas a determinação de reconhecê-la em tempo hábil, por parte dêsse corpo legislativo, estã explícita na expressa menção que lhe faz a Lei n.0 2 623, de 21 de ·outubro de 1955, que situa nos têrmos atuais a matéria. Não violou, nessa conformidade, o Brasil nenhuma convenção, acôrdo ou tratado, já que não se ultimou entre n6s a processação legislativa necessária. Nem parece pretender violar, antes pelo contrário, já que é de seu ânimo confessado observar a Convenção firmada em Lisboa. Mas é óbvio, também, que o espírito vigente condiciona a sua aprovação e entrada em vigor à elaboração e ultimação do vocabulário ortográfico da língua portugu&a, que lhe dará corpo definitivo, não podendo, para tal fim, ser invocado o Vocabulário "resumido", que não estava previsto nos seus têrmos. 2. 6. 2 Razões de discrepâncias - Para cabal orientação, cumpre ponderar que é na elaboração e processação do vocablolário previsto pela Convenção acima referida que se encerra a aceitabilidade, por parte da opinião pública brasileira, leiga e especializada, da mesma Convenção, já que até a data a consubstanciação dos tê~os da citada Convenção em um "Acôrdo Ortográfico", da Conferência Ortográfica Interacadêmica, de Lisboa, em 1945, tem merecido contínuas objeções dos meios competentes e dos meios interessados - editôres, industriais e comerciantes do livro, autores, jornalistas - brasileiros. A unificação de vistas no respeito permitirá, assim, a desejada oficíalização - e mais que isso, unificação relativa - de uma ortografia comum aos dois países, caminho para uma unificação ortográfica da língua comum. Essa

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unificação, ao que parece, deve basear-se em alguns pressupostos, já hoje inalienáveis, dos brasileiros ( cf., a propósito, MONT; GONC; HOUA, 75): a) a lí~gua português& não é propriedade dos portuguêses e empréstimo aos brasileiros; é um patrimônio comum de ambos ·os povos e de todos os que dela façam uso; b) em conseqüência, nas relações de dependência entre o fato ortográfico e o fato fonético da pronúncia, não pode prevalecer o padrão falado português - do chamado "eixo Lisboa Coimbra" - nem um eventual padrão falado brasileiro, que lhe é necessàriamente discrepante (cf. BmL); ao contrário, o fato ortográfico ou se diferenciará nesses casos ou, o que seria infinitamente mais correto, será um denominador comum que sirva a ambas as realidades faladas como padrão, sem trair a · nenhuma delas; c) é imperativo que a eiva de classificação, de aristocratismo, tão característica na preocupação de distinções ditas etimológicas, seja tanto quanto possível banida das cogitações a exemplo do passo pioneiro dado pela própria Academia Brasileira de Letras, na sua, hoje mais do que nunca sentida com tal, memorável simplificação ortográfica de 1907 (cf., por exemplo, MONT, 18-22). 2. 6. 3 O sistema vigente - O estágio de sistematização tradicional da ortografia pot:tuguêsa pode ser grosso modo subdividido em dois períodos: o chamado "fonético", que abarca as produções escritas em português dos seus primeiros monumentos literários propriamente ditos, pelos inícios do século XIII, até o século XV inclusive; e o chamado "pseudo-etimológico" ( cf. siLv, 14 e 24), que vem desde então até as primeiras convenções ortográficas explícitas, nas quais sobrelevam nomes de filólogos e ortógrafos eminentes, como os de ANICETO nos REIS GoNÇALVES VIANA, JosÉ LEITE DE VASCONCELOS, em Portugal, e, no Brasil, ainda que injustamente esquecido, o de MEDEIROs E ALBuQUERQUE, de rara intuição para os aspectos cruc:ais do problema. Mas, tal como se acha a questão ortográfica no Brasil, é o chamado acôrdo de 1943 que deve ser e vem sendo observado - para tudo o qut> se refere ao estágio atual de desenvolvimento da língua e para tudo o que dêle fôr aplicável, sem violência d~ realidade lingüística, aos estágios anteriores da língua. 2. 6. 4 Formas optativas - Dado que o estágio atual da língua não é, porém, uniforme, quiçá mesmo fonolôgicamente, e dado que há ainda como e por que ·optar preferencialmente, o

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sistema ortográfico em causa permite ao autor eleger entre duas - ou três, ou quatro ou mesmo n - formas a de seu uso habitual ou a de sua seleção estilística. 2. 6. 4.1 11l assim que são legitimas dualidades como as referidas na mera amostragem adiante, sôbre as quais, em consciência própria, o autor deveria eleger (supra 2.2.1), muitas das quais averbadas no Pequeno vocabulário ortográfico da Ungva porluguêsa, da Academia Brasileira de Letras, e outra.CJ tantas arbitrária, injusta, indevida, inexplicàvelmente omitidas - u dualidades que vão antecedidas do sinal + : abaeatuaia aba!adoaro

+ +

+ + +

+ + + + + + + + + + + + + + + + + +

abaf abajeru abaré abdome abatocar abecoinba aberém aberinjelado abetarda abexim abóbora aboborinba abrazõ absenteismo absentefsta abside absinto abutua açaf acantodáctilo acant6pterix ação aceder acelga acepção acessão acessar acessibilidade acessimal acessfvel acesstvo acesso acessório acessual acidência acidentação acidentado

-

abacatuia aba!adoiro (omitem-se os demais exemplos do sincretismo ou/oi) abaim abajiru avaré abdômen (e o sincretismo -e/en) abotocar avecoinha abarém abrinjelado avetarda abexi abobra abobrinha ambrazõ absentismo absentista absida absintio butua açaim acantodátilo (omitem-se os demats exemplos do sincretismo -t/-ct-) acantoptérige acção acceder celga accepção accessão accessar accessibilidade accesstmal accessfvel accessivo accesso accessórto accessual accidência accidentação accidentado

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+ + +

+ + + + + + + +

+ +

+ + +

+

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acidentalidade acidentaliamo acrobata acropata acrópode actinosquisto acutibóia acutipum adaga adaptabilidade adaptação adaptado adaptativo adaptável ademanea adenópata adenosclerose advocacia advocatório advocatura aerofone aerograma aerópode &flechado &flechar afleumado afleumar

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accidentalidade accidentalismo (omitem-se oa demais exemplos do sincretismo -cc/-c- e ct;/-t;-) acróbata acrópata acrópodo actinocisto acutirnbóia acutipu daga adatabilidade adatat;ão adatado adatativo adatável adernães adenopata adenoesclerose advogacia advoga tório advogatura aerofono aerogramo aerópodo afrechado &frechar afleugrnado afleugrnar

2. 6. 4. 2 Com a exemplificação, que está longe de ser exaustiva, mesmo até o último verbête arrolado, "afleumar" - numa rápida consulta na ordem alfabética -, o ·que se tem em vista é inculcar no autor ou editor-de-texto ou diretor-de-texto a noção de que a realidade lingüística, mesmo quando contra ela militem razões aparentemente lÓgicas e filológicas, deve - se amparada por uma fôrça de tradição ou por uma larga radicação nos usos cultos ou populares - ser aceita ou pelo menos não ser passivamente rejeitada, porque a rejeição se faça recomendar pela imponência da autoridade. E nisso n~a vai de desrespeito ao trabalho alheio, tanto mais que na crítica procedente está uma das condições para o aperfeiçoamento do trabalho coletivo. Alguns exemplos podem, muito menos numerosos, ser 2. 6.4. 3 invocados para sincretismos múltiplos (supro 2. 6 .4 .1) : + abanheérn +abóbada + aeromoto + afegane

- avanheérn - abanheenga - abóbeda -abóboda - aerernoto - aerimoto -afegão - afegã - afgane -

avanheenga abóveda - bóveda afgão

-

exemplos colhidos até o último arrolado em 2. 6. 4.1 supra.

afgã

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2. 6. 4. 4 Cabe ao autor, melhor do que a ninguém, escolher a forma, dentre os sincretismos, que mais seja adequada à sua expressão ; ou, consoante as circunstâncias de sua formulação, eleger aqui uma delas, adiante outra - sobretudo nos casos em que reproduz o discurso direto de personagens de níveis sociais, culturais, regionais diferentes ou de tensões psíquicas ocasionais. 2. 6. 4 . 5 A prática freqüentemente seguida por autores vivos brasileiros - já de ·obras de criação literária, já de obras de criação científica, técnica ou didática - de deixarem essas opções ao critério de um corretor ou revisor, embora justificável como mostra de impotência pessoal de superar uma pequena dificuldade, é, entretanto, lamentável, porque quase sempre obscurece a luta viva de que é palco o vocabulário, a fonologia, a morfologia, a sintaxe, a semântica, a estilística de uma língua na sua contínua tendência à organização de um sistema idealmente coerente sobretudo quando se atente ao fato capital de que a lexiografação e canônica gramatical têm sido, principalmente entre n6s, estabelecidas por normas nem sempre autênticas ou cientificamente fundamentadas. A prática lexicográfica, por exemplo, tende, em cuos de sincretismos e equivalentes, a assumir, entre duas ou mais formas, uma atitude francamente preferencial, a ponto de, sob alegações muitas vêzes cerebrinas ou subjetivistas, proscrever uma ou mais formas em liça. ~ essa prática lex,icográfica arbitrária que tem criado "erros" freqüentes e, em lugar de ordenar, desordena o processo lingüístico. 2. 6. 4. 6 Essa, ainda, a razão por que se afigura monstruosa a hipótese de "tradução" ou "adaptação" de· obras escritas em "brasileiro" ao "português", ou vice ...versa. Os que assim o fazem, ou com isso concordam, contribuem para o empobrecimento expressionai da língua, nas suas infinitas potencialidades. 2. 6. 4. 7 Se, com relação a autor vivo, é recomendável inculcar o hAbito da escolha ou eleição pessoal das variedades possíveis dos eincretismos, com relação a autor morto j~ não se trata apenas disso, mas de verdadeiro dever de respeitar a forma - e, pois, a substância - do escrito transmitido à posteridade. O editorde-texto, ou diretor-de-texto, a quem incumba a tarefa de preparar o texto de um autor morto, não pode, em boa razão e lógica (a) nem alterar as 'formas encampadas pelo escrito, ainda que francamente "erradas", (b) nem unificar a flutuação de formas de um mesmo vocábulo .:...._ a não ser quando, de modo incontroverso, possa provar que se trata de um dos múltiplos processos de deformação ocasional, mecânica, incidental, acidental, e ainda

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assim quando possa, para o caso concreto, dar cabal justificativa para a sua correção. Em lugar oportuno dêste livro, trataremos mais detidamente dêsse assunto ( capp. III, IV e V). 2.6.4.8 Dentre as variedades atuais de sincretismo vocabular, é recomendável que se atente para os dos tipos seguintes - sincretismos para os quais, felizmente, o chamado acôrdo de 1943 não adotou um critério optativo ou coercitivo preferencial, no que fêz muito bem, pois a rigor são variedades em luta que não comportam por ora uma determinação ou fixação arbitral, cabendo, pois, aos autores optarem por "sua" forma e aos editôres-de-texto, ou diretores-de-texto, respeitarem a forma "do autor" : a) os· sincretismo& em que a dualidade ou a multiplicidade formal dos vocábulos decorre do fato de êstes terem sido introduzidos na língua por via erudita, havendo, assim, pelo menos uma forma que mais se aproxima do eruditismo original e outra que já está mais consentânea com· a adaptação que tais vocábulos vêm sofrendo aos padrões fonéticos e fonológicos mais gerais ou correntes da língua: isso se verifica, sobretudo, com vocábulos dos tipos 'relacionados em 2. 6. 4 .1, a que acrescentamos, ao acaso, alguns exemplos mais :

+ + + + + + + +

gastrintestinal gastrenterite , faringeo faringea esquimó cisto xisto xis toso tireóide orquidea ruptura aspecto

gastrointestinal gastroenterite faringeu faringéia esquimau quisto esquis to esquistoso tiróide orquidéia rutura aspeto

b) os sincretismos regionais, regionalizados ou "nacionais" do tipo ou I oi: "oiteiro I outeiro"; "matadouro I matadoiro", "cousa I coisa", "ouro I oiro" - ou do tipo "quer I quere", ou do tipo "muxirão I mutirão I muxirom I inutirom I muxirum I butirão", "Capibaribe I Capiberibe", "Tietê I Tieté", "sapê I sapé", "tiê I tié", "mendubi I mindubi I mendubim I mindubim", "lua I luma I lua"; c) os sincretismos históricos, isto é, de vocábulos que Ja tiveram ·uma forma hoje em dia geralmente abandonada - pelo menos na língua literária - em favor de outra forma, que via de regra representa uma evolução da anterior ou uma restauração

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da anterior nos moldes de sua forma erudita, tipo "üa I uma", "prougue I prouve I prazeu ", "jougue I jouve 1 jazeu" ; "dino : dign<~", "sino I signo", "malino 1 maligno". 2.6.5 Fatoa e11enci
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guinte realidade, experimentada por nós em ·mais de uma circunstância: as três ortografias românicas que foram rejuvenescidas por fôrça de uma convenção explícita são as do espanhol, do italiano e do português. Apreendida a convenção ortográfica de cada uma delas, verifica-se o seguinte: a um ditado - pronunciado segundo o padrão ortoépico, vale dizer, o do espanhol comum com base no castelhano, o do italiano comum com base no toscano-romano e o do português comum com base no conímbrigolisboeta ou com base no padrão do Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no Teatro (Salvador, de 5 a 12 de setembro de 1956 - cf. BmL) - o indivíduo escrevente pode, na prática, deixar de cometer êrro em espanhol, cometê-los em baixíssima porcentagem em italiano, mas não deixa de cometê-los em português, nos pontos (digamos assim) de estrangulamento da nossa ortografia, pontos a que se refere o parágrafo que estamos considerando. 2.6.6 Fatos gráfíoo-morfol6gicos - Do "êrro puro" de ortografia se desliza, fàcilmente, para o "êrro gráfico-morfológico" - tomada "morfologia" lato stnctoque sen.su -. Assim é que, em quase todos os pontos da extensão da língua português&, há certas flutuações ou oscilações que, se dentro do sistema fonológico particular de uma área ou de uma seção social não têm valor oponencial, dentro do sistema fonológico geral da língua o têm ; destarte, cumpre atentar rigorosamente na distinção entre tais fonemas oscilantes ou flutuantes (cf. HOOA, 4.2.4 a 4.2.12): a) emprêgo disthitivo de "e" e "i" pretônicos: emigrar, imigrar, digladiar, degladiar, denigrir, denegrir, imissão, emissão, privilégio ; b) emprêgo distintivo de "en" ("em") e "in" ("im"): encarnado, incarnado,. encanto, indivíduo, empório, entus!asmo, imperador; c) emprêgo distintivo de "o" e "u" pretônicos: jabuti, jaboti, jaboticabal, jabuticaba!, tomate, sinusite ; d) emprêgo distintivo de "on" ("om") e "un" ("um") pretônicos: comprimento, cumprimento, compadre, acompanhar; e) emprêgo distintivo de "e" e "i" postônicos: crânio, idôneo, oxigênio, consentâneo ; · f) emprêgo distintivo de "o" e "u" postônicos: óbolo, discóbolo, glóbulo, amêndoa, fátua ; g) emprêgo distintivo de "e" e "ei": bandeja, caranguejo, primeiro, beijo, inteires, peneira ; h) emprêgo distintivo de "o" "ou": pôde, soube, estouro, estouramos.

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2.6.6.1 Do "êrro gráfico-morfológico" se desliza fAcilmente para o êrro decorrente de cacoepias, dialectalismos, rusticismos - cacografias, em geral - , assim como para as ultracorreções - quando uns e outros não são voluntá~s ou para fins aà hoc - ; mas, em casos tais, o que é mister e dispor de um conhecimento mínimo da língua falada e escrita. Um jôgo de vocabulários, dicionários e exposições sistemáticas das dificuldades ortográficas é de uso recomendável com a freqüência possível e na ocasião mesma da dúvida (por exemplo, ACAD, KONT, GONC, I'EBB). 2. 6. 7 Tratamento ortográfico d{)s textos - Em se tratando de texto de autor morto, porém, as dificuldades de estabelecimento da boa lição e da boa simplificação ortográfica vão em crescendo, na medida em que aumenta o número de anos da morte do autor. De autor morto contemporâneo, poder-se-á dizer que oa problemas, no particular, são semelhantes aos de autor vivo, com a única diferença de que falta o árbitro em causa própria para dirimir as dúvidas e fazer as opqões possíveis. Se o autor está morto há poucas decadas, seja um AFoNso HENBIQUBS DE Lnu BABBETo (t 1922), um JOAQUDl MABu MAcHADO DE Assis ( t 1908), já não há, em certos casos, como optar; no primeiro, por exemplo, num mesmo livro (ou manuscrito), numa mesma página, numa mesma intervenção coloquial da mesma personagem, flutuam as formas coisa, C()'IUIGj impossível nêle, por ora, saber se, ao escrever "didáctica", pronunciava "didáctica" ou "didática", já que ambas aà formas eram e são válidas; impossível saber se pronunciava "inquérito" . ou "inqüérito"; no segundo, embora incomparAvelmente mais disciplinado nos seus escritos, dúvidas semelhantes assaltarão inevitAvelmente um editor-de-texto que queira fazer obra honesta, escrupulosa e perdurável. Em EUCLIDES DA CUNHA (f 1909), em RUI BARBOSA (f 1923), em VICENTE DE CABVALHO (f 1924), em AUGUSTO DOS ANJOS (f 1914) - para não alongar demasiado a lista - os problemas dêsse tipo se multiplicam. 2. 6. 7 .1 Tais problemas - que aumentam, como se disse, na medida em que a morte do autor ocorreu mais recuada no tempo - constituem um dos objetos centrais da critica dos textos, crítica textual, ou ecdótica, . que modernamente se orienta, eiD prin~ipio, por duas coordenadas fundamentais: a) quando, de um texto, se têm duas ou mais versões mais ou menos autorizadas, o texto que se estabelecer ou o será de acôrdo com a versão ·mais autorizada, qual a revelada pela estemátiea, ou o será de acôrdo com a versão provAvelmente mais autorizada, de tal modo que o texto estabelecido não deve, voca-

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tivamente, jamais constituir uma nova versão combinada das outras, versão que nunca terá existido, ainda que para isso se possam arrolar argumentos de vária natureza; b) quando, num texto, ocorrem formas e estruturas tais que sua simplificação ortográfica ou ordenação metódica e unificada não se possa fazer seguramente - isto é, asseverar que então era como agora - , devem-se manter tais formas ou estruturas tais como aparecem no texto objeto da crítica, de maneira conservadora. 2. 6. 7. 2 · Exigindo a ecdótica uma preparação filológica geral altamente satisfatória e uma experiência particular muito séria, seria de todo recomendável que os editôres-de-texto improvisados (e vai êste epíteto sem nota pejorativa, mas apenas como expressão das contingências do nosso meio, cujos centros de ensino superior não produziram ainda um número bastante de profissionais daquele tipo e cujos centros editoriais ainda não compreenderam cabalmente a importância primacial dessas questões) se imbuíssem, pelo menos, da idéia de que existem os problemas e não se fizessem levianamente árbitros dos seus editados - o que tem acarretado o aparecimento, entre nós, de impressos que melhor fôra nunca tivessem vindo à luz pública, tão indignos são de fé ou confiança. 2. 6. 7. 3 Simplificação ortográfica de textos - De um modo geral, é mais fácil - no que tange à grafia - indicar os. fatos, nos textos de autores mortos, que podem sem risco ser objeto de simplificação ortográfica, do que aquêles que não o podem, senão após um crivo atento de filólogo. A vista de semelhante princípio, cabe perguntar, então, se não seria mais prudente reprodt:.zir o texto tal como se acha no autor. Com efeito, em se tratando de impresso de autor morto, cuja reedição se cogite fazer, ou bem se edita segundo os preceitos da ecdótica, ou bem se edita fac-similarmente, vale dizer, por meio de uma das técnicas de réprodução fotográfica, isto é, em que não haja nova composição tipográfica. Ocorre, contudo ainda, ponderar que às vêzes não se trata de edição, mas de citação; nesses casos, ou se cita criticamente, isto é, com o crivo ecdótico, ou se cita diplomàticamente, isto é, com a reprodução idealmente ipsis litteris do texto citado. 2. 6. 7. 4 Reprodução diplomática - A reprodução diplomática de um texto íntegro é, hoje em dia, fortemente desaconselhada como se verá no local próprio dêste livrinho -, salvo quando, eventualmente, se trate de texto de tal modo complexo e obscuro, que o mínimo, isto é, a contraprova de. sua inteligibilidade ime-

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diata, é o que se objetive. Em não havendo tal rara circunstância, impõe-se, did.ática, normativa e cientificamente, a simplificação, com a observância e o respeito dos fatos da língua na sua essencial historicidade. · 2. 6. 7. 5 Indicações para a simplificação - Podem, sem risco, ser 'objeto de simplificação ortográfica, em textos escritos no período pseudo-etimol6gico da língua (supra 2. 6. 3) : a) as letras consonânticas dobradas, salvo, entretanto, os "nn" e os "mm", os "cc" ("cç"), e os "rr" e os "ss"; no primeiro caso porque podem representar fonemas ou segmentos fônicos distintos, e nos dois últimos porque representam fonemas distintos de "r" e "s"; são, pois, simplificáveis sem vacilação "bb", "dd", "fl", "gg", "11", "pp", "tt"; para os "nn" há a possibilidade de o primeiro "n" ser índice de nasalidade da vogal anterior, tal o caso, v.g., de con.nosco, isto é, "cõnosco", de en.n.astrar, isto é, "énastrar"; para os ."mm", mesmas circunstâncias, v. g. emmalar> isto é, "émalar"; para os "cc" ("cç") ocorre a possibilidade de o primeiro "c" ser também pronunciado, t•.g. access6rio, isto é, "acess6rio/akcess6rio"; e, enquanto em casos tais o complexo problema de saber a realidade da pronúncia de semelhantes letras consonânticas dobradas através dos tempos não fôr resolvido em língua portuguêsa, é de tôda a prudência não proceder à simplificação, salvo fundamento concreto, num escrito, num autor, numa época, que a justifique numa palavra dada ( cf. HOOA, passim) ; b) os chamados dígrafos helenizantes - "ph", "th", "rh" - , que nunca representaram na língua fonemas distintos dos representados por "f", . "t" e "r", respectivamente; quanto ao dígrafo .helenizantt! "ch", pode, eventualmente, haver dúvidas, já eom vocábulos de origem grega '- por exemplo, "chisto" pode ser "xisto", ou "quisto" ou "cisto" num texto dado -, já com palavras de origem outra - por exemplo, em certo tempo, Anchieta, dúvida já hoje dirimida em favor de "ch x"; c) o "k", que sem receio, conforme o caso, pode ser substituído por "c" ou "qu", em não se tratando de vocábulo que mereça o tratamento de realce material de estrangeirismo ; d) o "y", que sem receio pode ser substituído por "i", salvo em estrangeirismo& que mereçam o tratamento de realce material eorrespondente; e) o "w", que pode, conforme o caso, ser substituído por "v" ou "u" - o que, por isso mesmo, já postula certa reserva crítica, embora sua ocorrência seja moderna e de valor quase incontroverso - v.g. wa~sa, que o será seguramente por "valsa", e assim wagon., por "vagão", se se tiver certeza de que, no caso

=

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concreto, a representação ·não deva ser, eventualmente, wago-n, isto é, a de uma pronúncia aproximadamente estrangeira", ou "vagon" ou "vagom" (equivalente a "vagõ"), como intermediária de "vagão" atual; ou v.g. wau ou wano, que sem dúvida, se no original não mereça realce material de estrangeirismo, pode ser representado por "uau". 2. 6. 7. 6 Constituem, reciprocamente, pontos de dúvida sôbre os quais o editor-de-texto deve madurar duas vêzes antes de proceder à simplificação ortográfica os relacionados em 2 . 6 . 4 .1, 2.6.4 . 3, 2.6.4.8, 2.6.6, 2.6.7. 2. 7 PONTUAÇÃO Conexo com o problema ortográfico é o da pontuação. A hist6ria da pontuação revela ( cf. coHE, 25, 32, 41, 66, 88, 89, 99, 109), no mundo ocide~tal (o sânscrito, por exemplo, apresenta caracteres diferenciais de evolução), uma lenta conquista. Num primeiro estágio - ap6s um período de total continuidade das notações e/ou das letras intervocabulares ou intravocabulares, da direita para a esquerda, , da esquerda para a direita, bustrofédon (combinação das duas direções anteriores), de cima para baixo, em círculo, em espiral -, separam-se por um ponto, colocado na linha de base, em meio ou em cima da· altura das letras, sistemàticamente, os vocábulos (ou então o fim dêstes é caracterizado por desenho diferencial de sua letra final), até que, em lugar do ponto em aprêço, apareça pura ~ simplesmente uma grande conquista- o espaçó branoo funcional. Num segundo estágio, principiou-se a distinguir, de nôvo, por um ponto em altura variável, a separação do que corresponde grosso modo à noção atual do parágrafo. Terceiro estágio é o dos gramAticos, fi16logos, glosadores alexandrinos, que principiaram a intercalar signos de pausa respirat6ria, numa aproximação do débito declamat6rio do texto, se lido - época a partir da qual, aliás, a pontuação moderna em esbôço se fêz acompanhar, nos manuscritos, de símbolos de atenção, de matéria importante, de matéria secundária, de matéria ·que poderia (e até mesmo, em certos casos, "deveria") deixar de ser lida, de matéria que não deveria originalmente pertencer ao texto (possivel ou seguramente uma glosa), de matéria que por sua eventual dificuldade e importância devia ser lida e relida ( cf. EESP, s.v. lib,.o). Tais efeitos, modernamente, ou não são consignados (pois que o homem culturalizado vem progressivamente tomando consciência, como segU.nda· natureza, da grafosfera) ou o são por meio de realces materiais na composição tipográfica, isto é, nas famflias, nos gêneros e nos corpos dos tipos. A tradição medieval - ora continuando, ora não (caso em que não pontuava, mas via de regra separava muitos

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vocábulos, salvo via de regra os proclíticos e os enclíticos) - deunos o sistema iniciado pelos alexandrinos, e o Renascunento se limitou a herdar, em linhas essenciais, os principais signos de pontuação modernos, embora empregando-os num sentido progressivamente lógico-gramatical, enquanto antes se fazia preferentemente subordinado ao perfil melódico da cadeia falada e às pausas respiratórias mais nítidas. 2. 7 .1 Po-ntuação em português - DuARTE Nuli."'ES oo Lão, por exemplo, em 1576, diz em sua Ortografia da língua porluguêsa (LIAO, 74v.-75r.) : E os pontos que neste tempo se usam, no partir e dividir as cláusulas, assim na escritura de mão, como na estampada, são três .se [ilicet]. vírgula, coma, cólon que teem estas figuras. Vírgula Coma Cólon E a diferença que há entre êstes três pontos é, que a vírgula se põe, e faz distinção, quando ainda não está dito tal cousa, que dê sentido cheo, mas somente descansa para dizer mais. O segundo se põe, quando está ·dito tanto, que dá sentido mas fica ainda mais para dizer, para perfeição, e acabamento da sentença. O qual ponto se chama coma, que quer dizer cortadura. · O terceiro se põe, quando temos cheia a sentença, sem ficar dela mais que dizer. E chama-se cólon, que quer dizer membro. 2 . 7 .1.1

E o mesmo tratadista diz, na sua obrinha (LIA.o, 76v.) : Além dêstes pontos, que servem de demarcar as cláusulas, há outros mais para outros efectos, cujas figuras são as seguintes: Interrogativo

T

Admirativo

Hffeo. Aateriaoo

·Parllgrafo

§

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Parêntesis

{)

Braquia

Meio clrculo

Divido

Ápioés

Ângulo

• v /'...

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explicando a seguir os seus usos - no que se vê, em parte, a continuação da tradição medieval de copistas e glosadores, que se embebe, claramente, na alexandrina e bizantina (supra 2.7). 2. 7. 2 Coordenadas da pontuação porluguêsa - Desde o Renascimento, porém, se manifesta a tendência de condicionar a pontuação a duas coordenadas, às vêzes coincidentes, às vêzes não: a do débito rítmico-melódico-respiratório e à da sistemática lógico-gramatical; dessa forma, em função da predominância da primeira coordenada, se vêem sujeitos separados por vírgula do predicado ; e em função da predominância da segunda, a tendência à vírgula sistemática antes da conjunção "e" (ou "&"), ou da palavr.a "que", a primeira quer em função de conectivo oracional, quer não, quase nunca coincidindo - no que é possível muito provAvelmente presumir - com o débito rítmico-melódicorespiratório, e a segunda quer como conjunção, quer como pronome, em que aquela coincidência ora se daria ora não. ~sse sistema .perdura, prAticamente, até fins do sé2. 7. 2 .1 culo XIX, com c.aracterísticas de uso individual por vêzes assinaláveis, embora desde o advento em Portugal da influência da gramaticalização de Port-Royal principiassem a aparecer certos princípios proscritores, isto é, antes negativos que positivos, na sua formulação. · · 2. 7. 2. 2 Modernamente, a sistematiza«;)ão da pontuação se vem tentando no sentido de racionalizar, conjugadamente, na medida do possível, aquelas duas coordenadas. Nessa formulação, feita em grande parte em função dos conceitos de "prótase" e "apódose", eminentemente retóricos e declamatórios, há sempre, subjacente, o fato de que o uso dos sinais de pontuação está ligado a uma intonação (ou, como quer ACAD, "entonação") ascendente ou descendente, embora essa into nação e sua pausa.· correspondente possam apresentar diferenças quantitativas, de sinal, quando diferentes ou mesmo quando iguais. 2. 7. 3 SiM:Í$ de pontuação - Exaustivamente, são os seguintes os sinais de pontuação usados em português, nos nossos dias: ( 1) ( 2) ( 3)

( 4) ( 6)

vfrgula ponto-e-vfrgula ponto a) ponto (simples) b) ponto-parágrafo c) ponto final dois pontos travessão a) de abrir b) de fechar

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() parênteses a) de abrir b) de fechar ( 7) colchêtes [] a) de abrir b) de fechar ( 8) reticências ( 9) ponto de interrogação ? (lO) ponto de exclamação ( 6)

euja característica comum fundamental é a de notarem, concomitantemente, uma pausa (maior ou menor), uma intonac;ão (ascendente, desoondente, ascendente-insistente, 8$Cendente-descendente) e, por vêzes, uma mudança geral da intensidade, quando não da altura, do segmento da cadeia falada. De lado ficam duas categorias de sinais, por vêzes considerados juntamente com os sinais de pontuação: (a) os sinais diacríticos, isto é, anotações literais para imprimirem· valor fônico diferente do usual a uma letra - os chamados acento agudo (' ), graye ( ,), circunflexo (.... ), o trema ( •• ), a cedilha sob o "c" ("c;"), o til("') , em cuja categoria, entram, a rigor, os "dígrafos diacríticos" ("rr", "ss", "ch", "Ih", "nh") e um "dígrafo tradicional" (o "qu" antes de "e" e "i"), assim como, em certos casos, o hífen ou traço de união (-) ; (b) os símbolos de estruturação tipográfica, para convenções bibliográficas, bibliol6gicas e tipográficas, o principal dos quais é o hífen na partição vocabular final da linha, sendo que, contudo, também podem exercer aquelas funções, dentre outros, o travessão, os parênteses, os colchêtes, as reticências, o ponto de interrogação, o ponto de exclamação, os dois pontos, o ponto e a vírgula. Os sinais diacríticos e os sÍII\bolos de estruturação tipográfica não são aqui considerados, mas no lugar próprio dêste livro. 2. 7. 3 .1 Pode-se considerar eixo nodal da sistemática da pontuação português& moderna o jôgo oponencial da vírgula contra o ponto - a primeira equivalente à concomitância de uma pausa menor, com uma intonação ascendente e com um não impedimento lógico-gramatical, e o segundo equivalente a uma pausa maior, com uma intonac;ão descendente e um imperativo lógico-gramatical. Alterado qualquer um dos três fatôres dos elementos oponenciais, cai-se no campo do emprêgo de outro sinal de pontuação ou no campo do não emprêgo de sinal de pontuação. 2 . 7. 3. 2 O impedimento lógico-gramatical acima referido pode ser assim enunciado : não se separam por sinal de pontuação os elementos sintàcticamente necessários e mutuamente dependentes,

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se êles se sucedem em ordem direta, isto é, não enfática, não oponencial ao ordinário, ao correntio, ao despojado .de matiz afetivo. Destarte, (a) formulado o sÜjeito, segue-se o predicado; entre ambos não deve, se nessa ordem e sem intercalações ou elementos parentéticos, haver sinal de pontuação: "eu vou", "o Senhor Francisco Amaro Fernandes de Abreu Castanhede Cunha e Bueno assinou"; (b) formulado o verbo, segue-se seu objeto necessário; entre ambos não deve, se nessa ordem e sem intercalações de elementos parentéticos, haver sinal de pontuação: "vimos o espetáculo", "assistimos à cena", "estávamos vendo o grandioso espetáculo", "vínhamos procurando assistir aos jogos olímpicos", "forneci os elementos solicitados ao encarregado". Duas decorrências do exposto são as seguintes: (1) se a ordem dos elementos sintácticos necessários não fôr a consuetudinária, ordinária, habitual, não enfática, direta, mas ao contrário indireta, enfática, ocasional, excepcional, dessa ordem poderá não decorrer pontuação correspondente - "vou eu", "assinou Francisco Amaro" (se a intenção do autor é não consignar pausa e intonação ascendente), ou poderá, ao contrário, decorrer pontuação correspondente "vou, eu", "vamos, nós", "assinou, Paulo" (se a intenção do autor é consignar pausa e intonação ascendente); (2) se houver intercalações ou elementos parentéticos entre os elementos sintácticos necessários, essas intercalações ou elementos parentéticos poderão ser ou não consignados por um jôgo intercalativo ou parentético de pontuação, dúplice (correspondente ao abrimento da intercalação ou el~mento parentético e ao seu fechamento), segundo haja pausa e intonação ascendente corres~ondente - "eu hoje vou" ou "eu, hoje, vou", "Paulo com entusiasmo declarou ontem os seus sentimentos" ou "Paulo, com entusiasmo, declarou, ontem, os seus sentimentos". Podemos, já agora, examinar os casos mais correntes de uso dos sinais de pontuação na boa prática moderna (isto é, naquela que melhor traduz os fatos de ritmo, cadência, intonação de um trecho escrito), quando não há razões estilísticas de base afetiva que rompam os princípios canônicos - casos em que se entra no campo da estilística da pontuação. 2. 7. 4 Elementos normativos de pontuação - A canônica da pontuação pode ser haurida nos compêndios sistemáticos da língua, que raro discrepam modernamente entre si (o que dá uma medida do alcance de convenção a que se chegou), embora sejam por vêzes omissos quanto ao tratamento exaustivo da questão. Nem nos aventuraríamos a fazê-lo aqui, pois desbordaríamos dos nossos objetivos ( cf., por exemplo, ALis, CUNH, LIMA, LIMO, MACI,

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passim). Vejamos, entretanto, graduadamente, uma esquematização dos aspectos fundamentais do cânon (em aditamento ao que vai dito supra 2.7.3.2)'. NASC, OITI, PASS, PERE, RIBE,

2 . 7 . 4.1 Uma série de elementos gramaticais de igual valor e função, coordenados entre si, apresenta-se assim : ____ e ____ (a)--sendo cada linha sfmbolo de qualquer elemento lingüfstico, qualquer e mesmo, como valor e funçio tsubstantivo, ou adjetivo, ou pronome, ou verbo, ou advérbio, ou oraçio de igual natureza; o primeiro como sujeito, ou como objetor ou corno apOsto etc.; o segundo como adjunto limitativo, ou explicativo etc.; o terceiro •.. ): é o que se chama uma 41 série normal" (conceptualme~te, qualquer deBSaB séries pode ser g~ativa-ascendente, descendente,· asceodente~escendente, particularizante, generalizante,- ou nio gradativa, isto é, desordenada, caótica, gradaçio ou nlo-gradaçio cujo emprêgo é matéria da estilfstica). Essa série pode, porém, vir em seqüência chamada asSindética (assfndeton): - (b) - - -

ou em seqüência chamada polissindética {Polissfndeton): (c) ____ e ____ e ____ e ____ e - - - polissfndeton que, por sua natureza, retoma ao esquema (b) ante1·ior, càbendo-lhe, em c-onseqüência, enfAticamente, a disposiçio: _ _ _ ,e _ __ (d) _ _ _ ,e _ _ _ ,e _ _ _ ,e disposiçlo que - é óbvio, pois é ·enfática - é menos usual. Se, porém, os elementos em série têm vfrgulas internas (uma, duas, . três, -n), autolilàticamente as vfrgulas separat6rias dos elementos em série transitam para ponto e· vfrgula: (a') ..-1.--'--

, ' . , e

devendo também observar que (a) está para (a') assim eomo (b) está para {b'), a saber: (b') _......_.___

assim como (c) está para:

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(c')

-:........t-,

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e-....!...-, e _:........;_,e . . . , e _ _,__

assim como (d) está para; (d')

___;:......t- ;

e

--L-- ;

e ---''--"- ; e .....;.........:......_,__; e _ _.__

2 . 7 . 4. 2 Tomada qualquer uma das séries acima consideradas (digamos a mais simples _l_, ~,.,.....L_, _ L e _L_), podemos admitir que entre os elementos seriados sejam interpolados ou incluídos paren~ticamente elementos estranhos à série (digamos entre _1_ e _ L , e entre _a_ e _4_) o que - .O á que as interpolações ou elementos parentéticos são indicados por dupla vírgula., a de abrir e a de fechar, v. supra 2. 7. 3. 2)- teôrica.mcnte daria o seguinte esquema: __!__.,,_L_,_2_,_L,

i

,-!.-e

5

esquema que, entretanto, se reduz (pela fusão das vfrgula.s dúplices) a:

_L,_._._,

_2_, _ L , _L, , i _ e

5

mas esquema de tal natureza eventualmente ambígua que, modernamente, é wbstitufdo por um dos dóis seguintes: (e)

_1_-

(f) _I_

__i_-,__!_,___!_-......!,_-, _L. e

LU, -L,

_3_

L!...J,

_L

e

5 _5_

em que a opção corresponde, via de regra, em (e), a um elemento parentético ou interposto que deve, na eventual elocução da cadeia escrita, ser dito na mesma intensidade e altura do resto da cadeia falada, e, em (f), a um elemento parentético ou interposto que deve, na eventual elocução da cadeia escrita, ser dito em intensidade e altura diferente (via de regra menor e mais baixa) do resto da cadeia falada. 2. 7. 4. 3 Se, normal~ente, nas suas funções separat6rias ou parentéticas, a vírgula, o ponto-e-vírgula, o travessão e o parêntese - bem como o colchête, que, emparelhado, corresponde, na função de pontuar, a parênteses dentro de -pa.rênteses- aio acompanhados de intonação ascendente, também o são, normalmente, os dois pontos, com a conotação subjetiva discriminatória do enunciado anterior, bem como as· reticências como reticências, isto é, como suspensão subitânea, de incompletude, da cadeia falada ... e escrita. De intonação ascendente ainda é a exclamação, mas com uma sílaba de acento insistente, variável no segmento fônico

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segundo seja o vocábulo de valor: "quém dera!", "quem déra!"; "peguemos as armas, companhéiros !"; "peguemos as ármas, companheiros!"; "peguémos as arma~, companheiros!". 2. 7 .4 .4 O ponto de interrogação se caracteriza, marcadamente, pela modulação típica da cadeia falada, com seu perfil · melódico ascendente-descendente - correspondente ao suspensivo da incompletude (ascendente), que por parte do indivíduo falante não tem resposta, pois, de sua parte, está terminada a enunciação (descendente). Não confundir, é óbvio, com as chamadas interrogações indiretas, que são, conceptualmente, confissões assertivas de desconhecimento com volição de conhecimento; compare-s<> "qual é o seu nomef" com "quero saber qual é o seu nome" . 2. 7 .4.5. Normalmente, pois, há um só sinal de pontuação de típica intonação descendente, de completude assertiva (afirmativa ou negativa) de seção da cadeia falada: é o ponto. Em verdade, porém, três sinais de pontuação exercém essa função, sendo que o ponto, por si, é trlplicemente distinguido. Ao cabo, a distinção é tipicamente lógica: a) ponto final - a intervenção é definitiva, sem acréscimos outros; b) ponto-parágrafo - supõe uma nova ordem de idéias; c) ponto simples- supõe um enlace de idéias corroborantes; d) ponto-e-vírgula (fora das funções de intonação ascendente, vistas supra) - supõe um enlace estreito de idéias completas; e) dois pontos - supõe o coroamento assertivo de uma enunciação analítica assertiva, como, por exemplo, no início dêste número. 2. 7. 4. 6 Os autores vivos lucrariam - dada a latitude que há para os usos e vezos pessolris - com seguir as indicações acima, em proveito da própria inteligibilidade e da coletivá. E representa aspecto mais atinente à estilística e à estética do verso a questão suscitada depois de certos poetas modernos - SriPBANB MAu.n:ad principalmente - de se os versos deveriam ser ou poderiam deixar. de ser pontuados . canônicamente. :9, porém, ponto pacífico que - se não intervém intuito de deliberada construção anfibol6gica, ambígua, supersugestiva ou difusa, ou, noutro extremo (e, no caso, os extremos se tocam), concretista e pseudoconcretista, com todo o seu cortejo de postulações metalingüísticas - a pontuação não pode senão contribuir para a eficácia da vivência do verso.

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2. 7. 5 Critica textual e· pontuação - Nos textos de autores mortos, a questão da pontuação se propõe em têrmos diferentes aumentando, como já. vimos, a dificuldade, na medida em que está recuada no tempo a sua morte. A preliminar ecdótica, porém, é a eleição motivada de um dos dois seguintes critérios extremos: (a) ou se segue a pontuação do autor através do aut6grafo, ou do copista, através de . apógrafo, ou de edição autorizada, segundo os casos, (h) ou se pontua à moderna, segundo as possibilidades existentes para os autores vivos. 2. 7. 5 .1 A pontuação original não parece, a certos editôresde-texto, dever ser seguida, porque (a) varia, de autor para autor, numa mesma fase da língua; (h) varia no tempo; (c) nem sempre apresenta uma feição sistemática apreensível, e (d) não parece, via de regra, encerrar indicações, lingüísticas, filológicas, hermenêuticas·, de maior monta. Nessas condições, não há como e por que segui-la, devendo, ao contrário, adotar-se a pontuação moderna, que pelo seu caráter sistemático facilitará. a inteligibilidade do texto e a intelecção do contexto. Na verdade, a tarefa de modernizar uma pontuação nem é operação simples, nem deixa de encerrar graves riscos, pois é notório o fato de que não poucas passagens textuais diversificam de sentido, consoante seja a pontuação que se lhe der. Ora, numa edição crítica, quer se adote a pontuação original, quer se modernize a pontuação, o essencial é que as passagens daquele tipo sejam elucidadas ou, pelo menos, discutidas, para que a edição crítica seja merecedora do nome. Isso tudo equivale a dizer que essa circunstância nem favorece nem desfavorece um dos dois critérios oponenciais. 2. 7. 5. 2 Outros editôres-de-texto propendem a seguir a pontuação original, sob a alegação de que (a) a variedade, de autor para autor, até no mesmo autor, através dos tempos, é elemento que, embora não aproveitado ainda para aprofundadas pesquisas filológicas, deve encerr.a r algum valor indicativo de alcance particular e, por via de conseqüências, de alcance geral; (h) a conexão que sempre houve entre ·a pontuação e o jôgo rítmico-melódico-respiratório poderá., quiçá., permitir que algbm dia os estudos filológicos venham a elucidar a evolução do ritmo, da melodia, da cadência, de marcha da expressão falada, conjunto de fatos êsse que se sente não ser estranho de modo nenhum à evolução geral de uma língua, como condicionado e condicionante dessa evolução. Ora, no momento em que se descobrir a metodologia capaz de interpretar o "arbítrio" da pontuação do passado para a elucidaeão dos fatos acima referidos - nesse momento as edições crí-

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ticas em que se adotou o critério da modernização da pontuação não terão, no particular, nenhuma ou quase nenhuma valia. /

2 .7.5.3 Em suma, a questão se cifra, essencialmente, em saber se numa pontuação dada há um fato de valor lingüístico fundamental ou não o há - equiparável aos dígrafos helenizantes ou equiparável ao problema dos grupos consonânticos, para estabelecermos uma analogia com a questão ortográfica, tal como se examinou neste livro. 2. 7. 5 . 4 O autor destas linhas, pessoalmente, tem posição definida e crê que a pontu~ção original deve, em princípio, ser respeitada - porque nos textos do passado, qualquer que seja a elucidação que dos mesmos se puder atingir, sempre há algo de nôvo por elucidar, interpretar, descobrir, particularizar, generalizar, não s6 em caráter restrito a: um texto dado, mas também em caráter extensivo à língua, seu sistema de valôres e evolução dêsse sistema. 2. 7. 5 . 5 Qualquer que seja, porém, a posição ou o critério do editor-de-texto no particular, deve êle sempre indicar as normas que o nortearem, explicitando (a) se modernizou no todo a pontuação, a tal ponto que se dispensa de distinguir os sinais do original dos por êle colocados ; (b) se modernizou parcialmente a pontuação, distinguindo, assim, os sinais originais dos que o não são, ou vice-versa; (c) se respeitou a pontuação original, discutindo os poucos lugar~s em que não o fêz; (d) se respeitou integralmente a pontuação original, discutindo as passagens obscuras que decorrerem dêsse respeito integral, e (e) se respeitou, pura, simples e integralmente, o original sem comentar. Todos êsses critérios, justificando-se ou não, motivando-se ou não, decorrem, em verdade, da situação do texto original, no que tange ao particular da pontuação, pois há (a) textos sem nenhuma pontuação, (b) textos com pontuação precária em face da moderna, (c) textos com pontuação excessiva em face da moderna, (d) textos com pontuação satisfatória em face da moderna, (e) textos com passagens correspondentes aos diversos tipos anteriores. 2. 7. 5. 6 Prudencialmente, o editor-de-texto que se sentir inabilitado para enfrentar ·o problema deve optar sempre pelo respeito integral da pontuação original, se a houver, discutindo, se fôr o caso, os pontos obscuros; em não a havendo, poderá simplesmente consignar o fato e pontuar, com menção, no lugar adequado do livro, dessa circunstância, v.g., "o texto apresenta-se sem nenhuma pontuaÇão no original, cabendo ao editor-de-texto a responsabilidade da pontuação".

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2. 8 MAIÚSCULAS Conexo, ainda, com o sistema ortográfico é o do emprêgo das letras maiúsculas. Cabe, liminarmente, considerar que, por maiúscula, designa os o caráter em capital que se distingue dos caracteres minúsculos. Se um texto fôr vazado em minúsculas - romanas, itálicas ou negritas - as maiúsculas poderão ser as capitais da caixa alta correspondentes, em versais ou em versaletes, preferentemente as primeiras; se, porém, um texto fôr vazado em versalete, as maiúsculas o serão em versal ; se ainda, o texto todo fôr vazado em versais - a chamada composição (ou ·impressão) lapidar -, as maiúsculas poderão sê-lo em subcapitulares ou então em: versais de corpo ligeiramente maior. 2.8.1 Tendências de uso - O emprêgo .das maiúsculas como realce material para caracterizar nomes próprios ou noções eminentes é já encontrável na tradição alexandrina - e de certo modo, num remoto passado anterior, desde o realce material dos cartuchos, que na escrita hieroglífica egípcia foram os predecessores dêsse emprêgo - para caracterizar um emprêgo foneticizante dos caracteres ideografantes ( cf. COHE, passim; CLEA, 29). Sem rigorosa observância a norma alexandrina foi seguida na Idade Média e no Renascimento tomou feição quase definitiva, perdurando até hoje. Os códices medievais iluminados, requintando o desenho das letras capitulares, foram estendendo êsse realce, em dimensões menores, para as subcapitulares - e porque nem sempre paragrafavam - para as letras paragráficas, realce que, também, apresentava, às vêzes, iguais desenhos e floreios para as iniciais de nomes próprios. O sistema do emprêgo das maiúsculas acabou por ser resolvido diferentemente em línguas diferentes ocidentais, havendo dois extremos de solução: a do alemão, que adotou as maiúsculas para todos os substantivos, comuns ou próprios, e o da maioria das outras línguas, que as adotam aparentemente para os nomes próprios apenas. 2. 8. 2 Problemas de normalização - A questão - ainda que aparentemente sem importância - encerra inúmeros problemas para uma cabal sistematização e normalização, podendo-se assegurar que através dos escritos da língua se flutuou sempre entre uma tendência ao excessivo uso das maiúsculas - que atinge seu auge nos escritos oficiais, áulicos, palacianos ou reverentíssimos - e uma tendência à sua quase proscrição .. ou extrema limitação, como nos códices medievais profanos. Nos manuscritos e impressos em vida de Rm BARBOSA - e no caso não refletem, no uso pessoal dêsse brasileiro, senão uma das duas tendências de seu tempo - intitulativos como "supremo tribunal federal" vão em

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minúscula, por serem visivelmente associados a outros intitulativos da mesma natureza na nomenclatura vigente ao tempo, como "supremo tribunal militar": eram duas espécies do mesmo. gênero que só se d:stinguiam pelo último epíteto. 2. 8. 3 Ma·iúsculas e nomes próprios - Não é demais, preliminarmente, lembrar que o emprêgo das maiúsculas como elemento diferencial das minúsculas é um realce material que não está ligado apenas à identificação dos chamados nomes próprios. Ao contrário, podemos reconhecer três ordens de emprêgo das maiúsculas: a) emprêgo situacional na cadeia escrita; b) emprêgo convencional para fins ·científicos, técnicos e afins; c) emprêgo notacional dos chamados nomes próprios e afins. 2.8 .3.1 O emprêgo situacional das maiúsculas independe das palavras como significante e/ ou significado. A ocorrência das maiúsculas se dá ou deixa de dar-se por fatos externos. É assim que ocorrem maiúsculas : · a) no início dos escritos; b) depois de ponto ; por vêzes · depois de outros sinais de pontuação, como as reticências, o ponto de interrogação, o ponto de exclamação e até os do!s pontos; c) nas intervenções coloquiais do discurso direto, cada uma antecedida de um travessão (ou de aspas de abrir, menos habitualmente, entre nós, em língua portuguêsa) ; d) nos inícios de versos, segundo períodos, fases, autores. 2. 8. 3. 2 O emprêgo convencional das maiúsculas para fins científicos, técnicos e afins ocorre, por exemplo: a) quanto à classificação científica, em zoologia, botânica, antropologia; b) em reduções de vária natureza; c) em normas bibliológicas e tipográficas. 2 . 8. 4 Emprêgo notacional - O emprêgo das maiúsculas notacional dos nomes próprios e afins constitui o terceiro campo de uso das maiúsculas. tlsse uso, antes do mais, exige uma conceituação de "nome próprio". No respeito caberia um aviso prévio quanto à sua complexidade, lembrándo a opinião de MABCEL CoHEN, a um tempo sôbre maiúsculas e nomes próprios ( COHE, 98-99): A coexistência das formas maiúsculas e minúsculas em grego e em latim fêz introduzir o emprêgo das maiúsculas na escrita minúscula, com dois valôres diferentes:

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O· primeiro é para distinguir certas categorias de palavras: em francês atual, os nomes próprios (Pierrt! [Armando, Rosa], pierre [armando, rosa]); em francês de outros tempos (até o século XVIII), tambéin certos substantivos como Religião (o que não permite a separação conseqüente dos nomes próprios). O segundo · valor é de pontuação : maiúsculas iniciais de frase e iniciais de versoopinião que deveríamos, entretanto, contra-regrar com a larga bibliografia que sôbre a questão dos nomes próprios poderia ser arrolada, em parte aproveitada por EuGENIO CosERIU, para um problema afim, no seu artigo "El plural en los nombres propios", que se conclui assim (cosE, 15) : . . . Em conclusão, a opostçao um-muitos é, sem dúvida, demasiado simples e insuficiente, sobretudo porque não permite distinguir a unidade da unicidade e da unidimensi<malidade ( ... ) . Sem embargo, ela não é nem "popular" nem "arbitrária", se se entende que: (a) a unidade e a unicidade do designado pelo nome próprio não são a unidade e a unicidade dos objetos naturais; (b) os nomes próprios são palavras e não meras palavras; (c) com respeito ao apelativo, o nome próprio é um nome de outra ordem. 2. 8 .4 .1 É de tôda a conveniência trazer a cotejo o conceito que subjaz nos substantivos comuns ou apelativos em oposição ao que subjaz nos substantivos ou nomes próprios. Limitemo-nos, tentativamente, à noção genérica de, por exemplo, "homem": dentro dela, podemos incluir noções como "ferreiro", "atirador", "inglês", "médico", "escritor", "ladrão", etc.; em qualquer dêsse& casos mesmo que não associemos à idéia de "ferreiro" um ferreiro determinado que . conheçamos, mesmo que não conheçamos um ferreiro, a noção "ferreiro" convém à noção "homem" acrescida, aquela, de uma noção particularizante, de tipo social, profissional; igual raciocínio serve para cada caso. Admitamos, agora, nomes como "Paulo", "Pedro", "Antônio", "João", "Severo", "Gaudêncio" etc.; em qualquer dêsses casos, mesmo que não associemos à idéia de "João" um João nosso conhecido, mesmo que não conhecêssemos um João, a noção "João" convém à noção "homem", não lhe acrescentando - sem o conhecimento objetivo e concreto de um João determinado e concreto - nenhuma outra

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noção particularizante ou generalizante. Noutros têrmos, "ferreiro", além de ser um significante com significado, é um significado que provém de uma abstração de nossa experiência cognitiva em face da variedade objetiva cognoscível, no nosso caso, no campo da vida social, profissional; mas em "João" o significante só tem significado enquanto ligado à noção "homem" (= ser humano) ; dentro de uma língua, se eu disser, em lugar de "ferreiro", outro nome como "dentista", "carrasco" etc., a relação muda; mas não . muda se um "João" não fôr "João", mas sim "Joaquim", "Francisco", "Fernando". No easo, no apelativo, o significante é signo e símbolo ; no próprio, o significante é índice ou indicador, isto é, está em função aproximativamente dêictica. O fato é que o nome próprio se aproxima do Ifronome, na sua função indicadora, distinguindo-se também dêste, porém, pois o pronome é, em verdade, um dêictico pejado de relações gramaticais, já que de regra enlaçado com as pessoas gramaticais, dêictico que continua como tal ainda que anafórico ( cf. CAMA, s. vv. nmne, substantivo, pranome e dêixis). 2.8.5 Maiúscuws na onomástica- O emprêgo de maiúscula é sistemático na onomástica ou onomatologia - parte da lexicografia que trata dos nomes ou substantivos próprios por oposição aos nomes ou substantivos comuns -. Importa, porém, considerar que nos onomásticos compostos os elementos intermediários da categoria geral das partículas (artigo, preposição, conjunção e partículas propriamente ditas) ficam em minúscula (cf. use, NASA, e WEBS). 2. 8. 5 .1 Os principais tipos de antropônimos - nomes próprios designativos individuais, atribuídos a um ser humano, humanizado ou equiparado a ser humano, vivo, morto, existente, existido, imaginado, admitido, suposto, encoberto - são os seguintes: 1) prenome, que no coloquial e na linguagem distensa se diz pura e simplesmente nome - o primeiro dos antropônimos que, numa família atual que usa da língua portuguêsa como vernáculo, distingue civilmente um membro dos demais - Carlos, Júlio, Túlio, Washington, Francisco, Paulo, Saul, Saulo, Tancrecinda, Laudite, Dix-Huit, Otávio, Tomás, Jefferson, Fuad, Georges, Jorge, V era, Sônia, Sandra, Leonardo etc. ; (os romanos do período real e dos primeiros tempos da república usavam pro:vàvelmente de dois nomes, nas classes altas, como se pode presumir das listas de reis, e de um só nome, nas classes humildes. Nas classes altas, a partir dos fins do século IV a. C., prevaleceu o uso de três nomes, o praenomen, o nomen ou nomen gentilicium,

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e o cognomen, o nome da consangüinidade em ordem patrilinear - Caius Iulius Caesar, Marcus Tullius Cícero. Pelo fim do império, a generalização do signum - o que, entre nós brasileiros, pode às vêzes equiparar-se ao apelido, às vêzes à alcunha, às vêzes ao hipocorístico - acarretou tumulto e decadência do sistema anterior: As mulheres e os escravos geralmente eram designados pelo praenomen, seguido, quando necessário, do do homem de quem dependiam - pai, marido, senhor. Os libertos geralmente guardaram seu praenomen original, adotando seu nomen como cognomen e interpondo o nomen dos seus senhores como nôvo nomen. Nas adoções, processo semelhante foi seguido, após uma fase em que o cognomen era transformado em adjetivo - Scipio Aemilianus. Importa ter presente, para a questão, a patria potesta& no que vai de história, propriamente dita, romana, como evolução do conceito e da instituição hoje conhecida como "família" [cf. OXFO, s. vv. names e patria potestas; THOM, especialmente de pp. 58-86] ) ; 2) sobrenome, também designado em contextos tensos no Brasil como nome ou apelido - o segundo dos antropônimos na moderna família brasileira e portuguêsa ; pode, em verdade, ocorrer como segundo e terceiro, designando, nesse caso, a vinculação de parentesco matrilíneo e patrilíneo, respectivamente, no Brasil, sendo o último, civilmente, o mais importante, último mais importante, também, entre portuguêses, franceses, italianos, inglêses, norte-americanos e u~p. sem-número de ocidentais, inclusive os soviéticos e povos de democracia popular; entre espanhóis, quando a dualidade acima referida ocorre (com extensão na maioria dos. hispano-americanos), vem, via de regra, na ordem inversa, o patrilíneo antes do matrilíneo - Monteiro, Ferreira, da Graça, dos Santos, da Silva, Abreu, Barata, Figueira, sem contar os compostos de dois, três e mais vocábulos; 3) cognome, que, na família romana, corresponde ao atual nosso sobrenome p.atrilíneo, é, em linguagem· literária e não raro jornalística, hoje em dia usado entre nós como o era entre os romanos o signum (também chamado agnomen, português "cognome", empregado na linguagem da historiografia como correspondente formal e semântico do agnomen), vale dizer, comó antropônimo que se ·agrega em geral nobilitativamente a nome genérico de alguém, com redução dêste ao mero prenome - Manuel, o Venturoso; Filipe, o Belo; Ricardo Coração de Leão; João sem Terra; Henrique. o Navegador; por extensão, é possível denominar cognome a certos adjetivos que modernamente se vêm agregando ao nome. genérico para distinguir homônimos de uma linha

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sangüínea - Neto, Sobrinho, Filho, Júnior (Jr., jr.) (neste último respeito, há preconceitos puristas entre os de língua portuguêsa, . que vêem nesse uso galicismos ou anglicismos formais e semânticos e, . digamos mesmo, institucionais; em verdade, é uma nova forma de prosá pia noblilitante de caráter quase universal; os nossos puristas preferem, nesses casos, que ao nome genérico se siga vírgula, ap6s a qual, em minúscula, tal tipo de cognome; ainda não atingimos, no particular, o perfeccionismo das "dinastias" plutocráticas norte-americanas, que já têm até Henry Ford III e quejandos) ; 4) alcunha, ou, entre n6s, mais comumente designada como apelido ou vulgo ( êste último provindo do emprêgo em ablativo, como latinismo, na linguagem do aparelho judicial e depois policial), no fundo um tipo de cognome (como conceituado acima) de caráter v!a de regra pejorativo - Trinca-Fortes, Sete-Dedos, Mão-Ligeira (em regra, também, a alcunha é sucedânea integral do nome genérico) ; 5) hipocorístico, também entre n6s dito apelido, cognome de curso via de regra familiar ou de grupo, via de regra carinhoso, via de regra de estrutura morfol6gica infantilizante - Zé, Zezé, Zuzé, Zeca, Mimi, Tintim, Tontom, Nonô, Vavá, Lelé, Cazuza, Cazuquinha, J uca, Chico (e Xico) etc. ; · 6) patronímico, originalmente, em português, cognome patrilíneo, hoje sem êsse v.alor, que é lembrado apenas pela erudição, hoje tornado !'m.erot sobr~nome He~ues, 'Sancbies, Peres, Pires, Vasques, Alves,. Nunes, Fernandes, Alvares, Rodrigues (como se vê, já hoje, entre n6s os patronímicos não existem, salvo em formas populares tais como "João do Francisco" em que "do Francisco" se refere ao pai de "João") . Os nomes que designam não apenas filiação ou descendência, mas também linhagem, tais como "atrida" [de Atreu], "pelida" [de Peleu], "afonsino" [dinastia portuguêsa], "aglábidas" [dinastia islâmica], "antoninos" [dinastia romana], são em verdade Vividos em português normalmente como adjetivos, podendo, pois, ser usados como substantivos, mas em ostensiva situação de nomes comuns, que recebem maiúscula apenas por realce técnico em linguagem da historiografia, mas ainda aí de forma pouco constante [ cf. ACAD, XXII; do tipo "João do Francisco", "Maria do João", há muitos outros, já não "patronímicos", mas "possessivos" apenas, relação marido-mulher, mulher-marido, mulher-filho [a] -mãe etc.] ) ; 7) antonomásicos ou antonomásticos, que, conforme a própria definição da antonomásia como figura de ret6rica, é a substituição de um nome antroponímico por um nome ou locução nominal apelativa, mas usados por fôrça de consagração via de

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regra nobilitante, e empregados já absoluta já apositivamente a Águia de Haia, o Marechal de Ferro, o Flagelo de Deus, o Patriarca da Independência etc. ; a antonomásia, sem fôrça de consagração tradicional, normalmente é empregada como recurso eventual de retórica sem letras maiúsculas ; 8) pseudônimos, nomes presuntivos, não raro originalmente criptônimos, para substituir, evitando-o e omitindo-o, o nome civil, por motivos de segurança pessoal ou de grupo, por repugnância ao nome civil, por timidez, por outras circunstâncias comparáveis - Lênin (Lênine), Stálin ( Stáline), Mólotov (Molotov), Marques Rebêlo, Tristão de Ataíde, Stendhal, Voltaire, George Sand, Antonil, João do Rio; 9) criptônimos, que, via de regra, estão no caso anterior, sem que se tenha, com o tempo, revelado ou identificado a pessoa que estava por trás; usados já p'ela própria pessoa para velar-se ou por autores para, via de regra nos romans à clef ou produções equiparáveis - s~tiras, críticas, humor -, velarem personalidades que caracterizaram a seu modo ; há problemas criptonímicos notáveis ao longo da história literária e artística - William Shakespeare, Critilo, Thomas a Kempis ( cf., por exemplo, para êste e o número anterior, CAsx, s. vv. anonymous anà pseudonymo-us Ut eroture). 2. 8. 5. 2 Se, nas suas linhas essenciais, o emprêgo das maiúsculas, nos antropônimos em português, não apresenta maiores dificuldades, há contudo diversos aspectos particularizados que podem acarretar dúvidas; por exemplo : a) nos substantivos comuns compostos, em que um ou al- · guns dos seus componentes são originalmente antropônimos; as disposições ortográficas do chamado acôrdo de 1943 ( cf. ACAD, XLII-XLIII) determinam que, quando formam unidade semA.ntica, devem ser escritos com minúsculas "joão-de-barro", "maria-rosa" (palmeira); "maria-vai-com-as-outras"; b) nos antropônimos de largo curso metafórico, em que a transposição metafórica já não é vivida com · a consciência do valor histórico original - "mecenas", "tartufo", "sósia" (neste caso, o gênero, de originalmente masculino, passou a comum de dois, "o sósia", "a sósia"; também "o anfitrião", "a anfitriã/ anfitrioa"). · 2. 8. 5. 3 .os astrônimos, enquanto designativos de unidades autônomas do cosmos, são, em verdade, nomes apelativos, substantivos comuns, pois em verdade gozam das características dêstes nas suas relações de significante e significado; mas, atendendo à singularidade absoluta com que se apresentam no universo, sio

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equiparados aos nomes próprios, razão por que vão grafados com maiúscula - Órion, Escorpião, Abutre, Cruzeiro do Sul, Aldebarão (Aldebarã), Vésper, Marte, Netuno (Neptuno), Júpiter; deve-se, entretanto, observar que a maiúscula deixa de ter razão de ser: 1) no emprêgo analógico - "as luas que giram em redor de Saturno", "os milhões de sóis que há no universo"; "as vias lácteas do cosmos"; 2) nos que são mentados em função de seu aspecto epifenomenal, nos seus efeitos, nas suas características apenas sensuais ao observ.a dor - .particularmente (quiçá apenas) "terra", "lua" e "sol" ("a lua despontava", "o sol estava abrasador", "a terra girava indiferente aos sofrimentos dos homens"); 3) nos designativos astronômicos de grandeza por meio de caracteres gregos - "alfa do Cruzeiro do Sul", "beta do Escorpião." etc. 2. 8. 5. 4 Os bibliônimos são os intitulativos particulares a cada título editorial; a matéria se torna objeto de convenções bibliológicas, biblioteconômicas, bibliográficas e afins, e é considerada em lugar próprio dêste livro. 2. 8. 5. 5 . Os cronônimos são os nomes indicativos de seções do tempo; são, normalmente, substantivos comuns na sua relação de significante e significado. Mas na prática há tumulto no emprêgo de sua notação : a) o emprêgo das maiúsculas é quase de rigor quando pejado de caráter técnico, sobretudo na linguagem da historiogra· fia lato sensu - Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea, Renascença (Renascimento), Oitocentos, Setecentos, Seiscentos, Quinhentos, Quatrocentos, Trezentos, Duzentos (e italianismos afins), Quinhentismo, Seiscentismo, Setecentismo ( Septecentismo), Oitocentismo ( Octocentismo) ; tratase, pois, de emprêgo não necessário, quando em linguagem distensa, e obrigatoriamente não necessário, quando em linguagem figurada - "era a verdadeira renascença (era o verdadeiro renascimento) da ourivesaria", "naquele lugarejo de Goiás vivia-se uma plena idade média", "no Brasil coexistem a idade antiga, a média, a moderna e a contemporânea"; b) o emprêgo das maiúsculas é em geral observado nas periodizações técnicas Cinozóico, Mesozóico, Paleozóico, Cambriano, Cretáceo, J uráss~co, Permiano, Siluriano, Alpino, Armoricano, Caledoniano, H uroniano ; Eufuísmo, Conceitismo ( Conceptismo), Classicismo, N eoclassicismo, Parnasianismo, Romantismo, Arcadismo ; entretanto, fora das rigorosas circunstâncias técnicas,

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em que .sua conceituação se faz quase unívoca, não há por que seguir êsse uso, mormente quando se trata de adjetivos qualificativos - "era uma bela bacia cretácea", "êsses terrenos permian
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demônias, saturnais, bacanais, sete de setembro, quinze de novembro, carnaval, quaresma, semana santa, ramadã. 2. 8. 5. 7 Os hierônimos são os chamados nom~ sagrados, tanto certos heortônimos, do ponto de vista de cada religião, quanto, sobretudo, as entidades ou sêres que são objeto da adoração. Natividade, Assunção, .Ascensão," Natal, Como heortônimos Ressurreição, Hégira, Ramadã - já foram antes considerados nada obstando a que se grafem tais vocábulos com minúscula. Como nomes sagrados de sêres ou entidades, nesses casos se equiJeová, Alá, Deus; param, vAlidamente, aos antropônimos Cristo, Jesus Cristo, Abraão, Moisés, Maomé (Maamede, Mafoma, Mafamede), Buda, Lao-tsé, Zaratustra (Zaratrusta, Zaratrustra, Zoroastro). Nas religiões duais, com o princípio polar do bem e do mal, pode haver incoerência quanto ao emprêgo dos hierônimos negativos - diabo ou Diabo. O princípio deve ser coerente, apenas ocorrendo que, na antropomorfização, pode prevalecer o caráter monoteísta - Deus - ou politeíSta - deus, deuses, deusa, deusas - , e, reciprocamente, monodemonológico - Diabo, Arimã, Asrael, Exu -, ou polidemonológico- diabo, com seus múltiplos eufemismos e disfemismos - diabo, dianho, diogo, capeta, cão. . 2 .· 8. 5. 8 Os etnôninos são os chamados, também, nomes pátrios, étnicos, raciais, gentílicos. São, estruturalmente; adjetivos em português, pois apenas em alguns casos revelam morfologia eventualmente diferencial entre o 11ubstantivo e o adjetivo "judeu (judia)" em face' de "judaico(a)", "arameu/araméia" em face de ''aramaico(a)", "caldeu/ealdéia" em face de "caldaico (a)". Arbitràriamente se procura distinguir entre os de grandes extensões territoriais ou políticas dos de pequenas extensões, regionais, locais, citadinos (cf. ACAL, XXIII). Embora flutuante na tradição da língua, o uso vem predominando das minúsculas ' e, por sua natureza,. é uso consentâneo com a melhor direção, razão por que deveria ser preferido, em quaisquer situações, mesmo em linguagem técnica. Afim é o designativo dos glossônimos - portugu&l, francês, inglês, espanhol, italiano, árabe, hebraico, latim, grego, alemão, eslavo, ·eslavônieo, báltico, hitita, tocariano, sânscrito, japonês, chinês", ritico, romanche, valáquio, romeno; húngaro, gueze etc. 2.8.5.9 Os hagiônimos são de duas ordens - uns, verdadeirO. antropônimos (por conseguinte, com a grafia conforme com êstea) - José, 'J oio, Francisco, Lúcia, Madalena, Ana, Maria etc., conforme nômina· do hagiológio predominantemente cristio ;

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outros, nomes comuns, designativos da hierarquia canônica - são (santo), santa, beato(a), bem-aventurado(&). Não intervindo razões reverentes, doutrinárias, afetivas, não há por que grafar com maiúscula os últimos, quando antecedem os primeiros - são João, são LucaS, são Mateus, santo Tomás, santo Antônio, santa Ana (mas Santana), são Tiago (mas Santiago); beato Ludolfo, beata Cristina, beata Jesuína; bem-aventurado Paulo, bem-aventurada Joaquina. Os angelônimos - a meio caminho, se assim se pode dizer, entre os hierônimos e os hagiônimos - estão em situação precisamente igual - arcanjo Miguel. · 2. 8. 5 .10 · O mitônimos são os nomes designativos dos deuses das religiões não monoteístas, principalmente grega e romana, mas, por extensão, daquelas outras que participam do lendário, populário, exemplário e folclore, como heróis, semideuses, .deuses, espíritos, duendes, gnomos, fôrças, potências etc. Quase sempre, se não que sempre, antropomorfizados, total ou parcialmente, se enquadram no tràtamento típico dos antropônimos - Zeus, Júpiter, Juno, Géia, Cronos, Saturno, Urano, Apolo, Hermes, Mercúrio; Siegfried; Ormuzd, Arimã; Xiva; Exu, Ogum; Saci, Negrinho do Pastoreio, Iemanjá, Iara etc. Como os antropônimos, mais particularmente, como certos hierônimos, podem ser vividos oomo substantivos comuns - saci, iara. 2. 8. 5.11 Não há que considerar · os prosônimos, já que equivalem, rigorosamente, aos cognomes e antonomásticos considerados IUpra em 2.8.5 .1. 2. 8. 5 .12 A designação dos animais se faz, em português, .por substantivos comuns, com as características fundamentais de sua relação de significante e significado - cabra, porco, boi, tOuro, vaca, cão, cadela, cachorro, zebra, hipopótamo, unicórnio, búfalo, búbalo, ovelha, carneiro, leão, tigre, pantera, lince, galo, galinha, tizio, curió, quero-quero, perdiz, tucano, pardal, beija-flor etc. Alçados ao convívio humano, alguns são objeto de tratamento hominizado, entram, então, na categoria de verdadeiros antropônimos e, como os homens, com ~omes próprios tradicionais ou consuetudinários, consoante as coletividades - Fiel, Bonito, Faceira, Alvarado, Arisco, Raio, Chispa, Conjurado, Tilinca, Rebeca, LOt, Veneza. Nas práticas turfistas, nas_ criações de animais de raça, em que se operam verdadeiros registros civis e genealógicos, pode-se mesmo falar em prenomes e sobrenomes zooriímicos - com tôdas as características antroponímicas. E alguns zoônimos de caráter antroponimicóide, como certos antropônimos ( v.g. "Mecenas"), passam a nomes comuns (v.g. "bichano"). O mecanismo de qualificação antroponimicóide vai além, verificando-se, mesmo,

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com certos instrumentos, v.g. "Durandal", com certas pedras, v.g. "Caaba", "Bendengó", com certos engenhos, v.g. "Zoé" (a primeira pilha atômica dos J oliots-Curies), "Zeta" (a primeira pilha termonuclear inglêsa), e assim com muitos outros objetos, instituições, circunstâncias, instrumentos, momentos da e . na vida social (cf. MAÇA). 2. 8. 5 .13 Os topônimos são verdadeiros nomes próprios. Poder-se-ia, incidentemente, falar nas idades da antroponímia, dentro de cada língua, por influências histórico-culturais. Sob o influxo do cristianismo triunfante, não poucos nomes antroponímicos novos nasceram, que estavam vinculados estreitamente ao vocabulário comum vivo e corrente ao tempo - Deodato, Renato, Deusdedit. E na base de quase tôda antroponímia se pode ver a fonte comum, a ponto de os gregos os haverem distinguido em antropônimos teofóricos - que vinham ou provinham de nomes de deuses - ou antropônimos ateus - que vinham ou provinham de profissões, de virtudes pessoais, de qualidades morais, de nomes locativos. O mesmo se pode dizer · com relação aos topônimos, sendo que um vínculo os une em comum, que é o fato de que antropônimos e topônimos - num caso, na sucessão das gerações, noutro, na evolução do local - subsistem ainda qu,e as razões objetivas que determinaram sua eleição não subsistam - meros índices dentro de um gênero ou de uma espécie que são. Não seria baldado tentar distinguir diferentes tipos de topônimos ( cf. NASA; WEBS):

a) corônimos, nomes de países, de continentes, de regiões, de Estados, de províncias, de cantões, de divisões administrativas quaisquer - Brasil, Europa, França, Asia, Oceania (Oceâ.nia), Africa, Suíça, Confederação Helvética, índia, Paquistão, Estados Unidos da América, Estados Unidos Mexicanos, México, Estados Unidos Colombianos, Colômbia, Pará, Ceará, Maranhão, Savóia, Alta Savóia ; b) nesônimos, nomes de ilhas - Madeira, Marajó, Chipre, Cerigo, Cagarras, Grande, Sardenha, Córsega, Sicília, Ceilão, Java; c) orommos, nomes de montes, montanhas, maciços, cordilheiras - Apeninos, Alpes, Andes, Himalaia, Gaurizâncar, Pamir, Bandeira, Rochosos, Altai; d) politônimos, nomes de cidades - Paris, Londres, Rio de Janeiro, São Paulo, Madri (Madrid), Berlim, Moscou (Moscova), Cantão, Xangai ; e) potamônimos, nomes de rios - Amazonas, Nilo, Loira (Loire), Mississípi, Tejo, Mondego. Guadalquivir (Guadalquibir), Tigre, Tibre ;

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f) limnônimos, nomes ' de lagos Titicaca, Santa, Azul, Lemano (Lemamno), de Genebra, dos Quatro Cantões, Vitória, Ontário; g) crenônimos, nomes de fontes - Hipocrene, dos Amôres; , h) eremônimos, nomes de desertos - Sàara, Gobi, Atacama, da Arábia; i) talassônimos, nomes de oceanos e mares - Mediterrâneo, Báltico, Jônio, Egeu, Tirrênio, Adriático, das Antilhas, Atlântico, Pacüico, 1ndico, Morto ; j) outros - a península do Peloponeso, a península Itálica, a península Ibérica, o estreito de Gibraltar, o estreito de Behring, o planalto Brasileiro, o planalto Central, a fossa de Sonda, a depressão do mar Morto. · 2.8.5.14 Se, nas suas linhas essenciais, o emprêgo das maiúsculas, nos antropônimos em português, não apresenta maiores dificuldades, há contudo dive~os aspectos particularizados que podem acarretar dúvidas, por exemplo : a) nos substantivos comuns composios, em que um ou alguns dos seus componentes são originalmente topônimos; as disposições ortográficas do chamado acôrdo de 1943 ( cf. ACAD, XLIIXLIIIJ) determinam que, quando rormam 'unidade semântica, devem ser escritos com minúsculas - "pinho-do-paraná", "águade-colônia"; trata-se de aplicação do mesmo princípio que faz escrever "damasco" (para o fruto), "xantungue" (para o tecido); entretanto, o critério é algo ' lasso, pois, por momentos, a "unidade semântica" que se quer é algo ambígua, quando, por exemplo, em "pinho-do-paraná" se pensa a um tempo no objeto e na sua procedência, que justificaria também "pinho do Paraná" tal como "pinho de Riga" (v. supra 2.8.5.2); b) nos nomes dos acidentes geográficos que antecedem os topônimos, quando tais nomes de acidentes não se incorporam ao topônimo. propriamente dito: "o cantão de Genebra", a "cidade de São Paulo", a "ilha da Madeira", os "montes Apeninos", o "rio Amazonas", a "fonte dos Amôres", o "cabo Verde", o ·"planalto Brasileiro", o "planalto Central"; mas "a Bahia", "o Havre", a "ilha do Cabo Verde", o "rio da Ribeira de Iguape", "o município do Monte Aprazível", a "localidade de Monte Belo"; c) · nos topônimos, ainda, há que observar que, sendo adjetivo qualificativo, s6 êste fica em maiúscula - o "planalto Brasileiro", os "montes Apeninos", o "planalto Central"; se, porém, se tratar de designativo oficial, passa a maiúscula - a "ilha do Cabo Verde", embora o "cabo Verde", a "localidade de Monte

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Belo", embora o "monte Belo" (mas não, é 6bvio, em "Monte Belo", se se entende a braquilogia de "localidade Monte Belo"); d) nos epítetos dos topônimos, bem como em preposições que os relacionam no espaço, bem como nos adjuntos que lhes delimitam a extensão ocasional em que são tomados, tais elementos.ficam em minús
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ocidente", "médio oriente", "médio oc!dente", "oriente remoto", "oriente próximo", "próximo oriente", "remoto oriente". São objeto de disposição explícita do chamado acôrdo ortográfico de 1943 (cf. ACAD, XLV), que prescreve o emprêgo da maiúscula "quando designam regiões" e de minúscula "quando designam direções ou limites geográficos"; trata-se, como se vê de pronto, de uma distinção tão sutil, que não há como observá-la com sistema; com efeito, quando se diz, aproveitando o exemplo abonador do lugar citado, "o falar do Norte é diferente do falar do Sul", deve-se, pela prescrição, usar de maiúscula; mas dever-se-á escrever "o falar do norte do país é diferente do falar do sul do país" ou "o falar do Norte do país é diferente do falar do Sul do país" f E já então, como "limites" ou "direções", como grafar "os limites do Norte do país" ou "os limites do norte do país"f Do mesmo modo, lavrariam dúvidas quanto às chamadas regiões e sub-regiões: se "Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Centro, Centro-Sul, Centro-Oeste, Centro-Leste" devem ser, por serem "regiões", grafados com maiúscula, pois são substantivos, como grafá-los em emprêgo apositivo ou adjetivado - "região Norte, região Sul, região Centro-Oeste"f Mas se em lugar de "região" se empreguem sinônimos ou equivalentes, "faixa", "banda", "zona", "marca", "ponto", "território", "área", usar-se-á de maiúscula - "faixa Norte", "banda Oriental", "zona Centro-Leste" f Trata-se, como se vê, de um recurso ordinário da língua portuguêS& - provAvelmente de quaisquer línguas -. A :realidade, pura e simples, é que nada obsta a que - sem nenhum prejuízo da inteligibilidade e com vantagem de ganhar em coerência - tôdas essas palavras sejam sistemAticamente usadas com minúscula, salvo, bem entendido, quando se integrem num topônimo típico - "Rodésia do Sul", "República Oriental do Uruguai", "África Ocidental Francesa", "União Sul-Africana", "União Centro-Americana". 2. 8. 5 .17 Os intitulativos compreendem uma grande série de designações particularizantes e individualizantes, nio raro, em face dos códigos legais das nações organizadas, protegidas contra quaisquer imitações, como no caso de marcas de fábrica, títulos de patentes, marcas de comércio e afins. Alguns tipos são os seguintes: a) intitulativos de instituições de ensino, de pesquisa, de serviços oficiais, de departamentos administrativos: Colégio Pedro li (Colégio de Pedro 11), Faculdade Nacional de Filosofia, Universidade do Brasil, Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Casa de Rui Barbosa, Centro de Pesquisas da Casa de Rui Barbosa,

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Serviço de Assistência aos Menores, Ministério da Educação e Saúde, Ministério da Justiça e Neg6cios Interiores, Departamento Administrativo do Serviço Público, Conselho Nacional de Pesquisas, Organização das Nações Unidas, Organização dos Estados AmeriCanos; p) intitulativos de estabelecimentos comerciais, industriais, artesanais, agrícolas, de serviço: A Barateira do Catete, Ao Garôto do Mercado, A Favorita, A Imperial, Companhia Fluminense de Tecidos Sociedade Anônima, Indústria Reunidas Francisco Matarazzo, Companhia Siderúrgica Nacional, Granjas Modêlo União; Serviços Gerais· de Propaganda Sociedade Anônima; c) intitulativos de periódicos, em circulação ou já fora de circulação, assim como de livros em geral; intitulativos de poemas, contos, capítulos, seções de obras ; intitulativos de artigos, colaborações, contribuições - matéria tôda essa que é tratada em lugar próprio dêste livro ; d) intitulativoli de obras de arte - pintura, escultura, arquitetura, música etc. - a Gioconda, a Mona Lisa, o Laocoonte, as Cenas da Vida Boêmia, a Perséfone, o Galo de Ouro; nestes casos, há duas ordens de denominação, a dada pela tradição ou, em certos casos, pelo própr:o autor, fora de qualquer seqüência sistemática indicativa da produção, quando se trata, via de regra, de verdadeiros intítulativos, e a que caracteriza a produção numa ordem qualquer, sistemática, em geral uma descrição técnica; no primeiro caso, a maiúscula é de ri~or, o Angelus, o Béijo, a Maternidade ; no segundo caso, o melhor critério é o uso da minúscula - mancha n. 0 1, croquis 192, sinfonia em dó menor, opus 47, dita Heróica etc. ; · e) intitulativos de coisas singulares, objetos de culto, admiração, estranheza e valia, quando vistas na sua singularidadE.' · e unicidade, a Caaba, o Bendeng6 (Bendeg6, Bedengó), o diamante Azul, o diamante Cruzeiro do Sul, a locomotiva Baronesa ; f) intitulativos de produtos agrícolas, industriais, marcas de fábrica, de comércio, enquanto não entrados no curso corrente como apelativos: meias Olga, alimentos Peixe, um Baccara, um Rozenthal, um Havilland, um Cadillac, mas "maizena", "oodaque", "gilete", "fordeco ". 2 . 8.5.18 a) Nos)ntitulativos há um tipo de flutuação quanto ao emprêgo das maiúsculas: é quando, integrando-o, é êle antecedido de artigo ou de substantivo comum designativo · de sua espécie: "fui à Favorita" ou "fui a A Favorita"; "escreveu um artigo no Globo" ou "escreveu um artigo em O Globo"; "citou um verso dos Lusíadas" ou "citou um verso de Os Lu.síadaa'';

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"entrou nas lojas Americanas" ou "entrou nas Lojas Americanas"; "procurou a Oficina Mecânica Mimosa do Andaraí" ou "procurou a oficina mecânica Mimosa do Anda.raí"; ''foi destacado para servir no encouraçado Minas Gerais" ou "foi destacado para servir no Encouraçado Minas Gerais". O emprêgo das maiúsculas, em tais casos, deve respeitar o intitulativo tal como adotado efetivamente pelo intituladores -autorizados (autores, govêrno, proprietários etc.) . b) Outro tipo de flutuação é o que decorre de intitulativos administrativos efetivamente comuns, partes normais de um todo maior, como; no serviço público, "divisão do pessoal", "divisão do material", "departamento administrativo" e assim outros; o emprêgo quase sistemático da maiúscula na correspondência oficial não dl've ser têrmo de referência, porque, como vimos, um dos traços típicos dêsses escritos é o emprêgo quase abusivo de maiúsculas; fora, pois, dessa correspondência oficial ou de situações equiparáveis, não há como observar semelhante emprêgo, sobretudo em obras de arte literária. O critério da singularidade é, porém, difícil, numa unidade nacional como o Brasil, pois que, enquanto se pode falar num só "Ministério da Guerra", "Ministério das Relações Exteriores" e de muitas "divisões de peBBoal", "divisões do material", "departamentos jurídicos", se poderá, também, em âmbito estadual, falar de uma só "Secretaria de Finanças", que, porém, em âmbito federal, serão· várias. 2. 8. 5 .19 Os axiônimos, considerados lato sensu, são palavras ou locuções de reverência e hierarquia social, havendo que distinguir entre as foBBilizadas ou estereotipadas e 8s ocasionais. Como processo de tratamento interlocucional, é, via de regra, inicialmente indireto (referência a um dos atributos ou qualidades vistos, presumidos ou incensados de um interlocutor para o outro), tornado, pela constância do emprêgo, direto, mas guardando, em muitas línguas, o traço de sua origem indireta na morfologia verbal e na pronominal que lhe correspondem (cf. couo, 175-176). Na língua portuguêsa são ainda hoje. freqüentemente usados nas relações oficiais, oficiosas, eclesiásticas, comerciais e mundanas (vestígio de arcaísmo estrutural não democrático na nossa sociedade) - vossa excelência, vossa senhoria, vossa eminência, vOBBa alteza, vossa magnificência, o senhor, a senhora dona -:-, a,lguns dos quais origin~ram, inclusive, verdaderi.as formas pronominais - você, vossemecê, vancê, nhor, nhô, seu, sinhá, sa -, além de duas outras originalmente de vocativos latinos - dom . e dona. Traço de seu largo uso estereotipado é o fato de que desde ·cedo foram objeto de reduções, verdadeiras abreviaturas, e traço do

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caráter reverente e hierárquico com que foram - e em muitos casos ainda o são - empregados é o uso das maiúsculas que os vêm acompanhando, . e!Jlbora as formas contractas apresentem a tendência ao uso não abreviado e com minúsculas, equiparando-se aos demais pronomes pessoais. A normalização do emprêgo das maiúsculas é naturalmente tumultuada por duas ordens de razão: a mostra, ainda, de reverência e de eminência, e o fato de que freqüêntemente são usadas em discurso direto para com o interlocutor eminente (ou presuntivamente tal, ou oficialmente tal), não raro na epistolografia, que, como a linguagem oficial, quando cerimoniosa, é eminentemente abusiva do emprêgo de maiúscula. Nessas condições: a) fora das razões arroladas supra in fine, não há por que grafar com maiúsculas os axiônimos do tipo "vossa senhoria", "vossa majestade", "vossa excelência", "vossa alteza", "vossa paternidade" etc.; b) não há tampouco por que grafar com maiúsculas as formas pronóminadas- você, o senhor, seu, sa; c) nem as formas de reverência indiretas - sua excelência, suas majestades, suas altezas, sua paternidade, sua santidade. 2. 8. 5. 20 Há ainda uma ampla galeria de nomes ou locuções axionímicas, que se empregam absoluta ou ·anteposit!vamente, que dispensam maiúscula, não intervindo reverência: a) hieronímicas: "onipotente" ( "omnipotente"), "redentor", · "salvador" ; b) hagionímicas: "são", "santo", "santa", "arcanjo", "anjo", "beato", "bem-aventurado"; c) eclesiásticas : "padre", "frei", "frade", "irmão", "irmã" "abade", "abadêssa", "cônego", "papa~; d) nobiliárquicas: "rei", "duque", "conde", "marquês", "barão", "visconde", "baronete"; e) dignitárias: "cavaleiro", "comendador", "grã-cavaleiro", "mestre"; · f) culturais: "acadêmico", "decano", "deão"; g) profissionais: doutor, bacharel, licenciado, JUIZ, desembargador, corregedor, ministro, cônsul, secretário, embaixador, deputado, senador, vereador, conselheiro, presidente, professor, escriturário, dactilógrafp, servente, almoxarife, diretor, diretorgeral, operário, contramestre, mestre, oficial, chefe, subchefe, assistente, aspirante, cabo, soldado, sargento, tenente, capitão, coronel, general, marechal, generalíssimo, marechalíssimo, almirante, guarda-marinha, capitão-de-mar-e-guerra, capitão-de-fragata, almirante-de-esquadra, brigadeiro, brigadeiro-do-ar.

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2. 8. 5. 21 Ligados ainda aos axiônimos, há uma série de adjetivos, que com êlea mantêm correlação: "excelentíssimo" para . "vo~ excelência" (e "sua excelência"), "ilustrí88imo". (para "vossa· ilustridade", "vossa ilustração", "sua ilustridade", "sua ilustração" e, hoje em dia, para "vossa senhoria~', "sua senho-· ria"), "digníssimo", "meritíssimo" - que, de regra, são uaadoa ou não com, maiúscula, consoante o sejam ou não os substantivos eom que se relacionam. 2. 8. 5. 22 Por convicções lógica, afetiva, moral, religiosa, doutrinária e afins, quaisquer substantivos, quaisquer adjetivos substantivados, quaisquer locuções substantivas podem vir empregados com maiúsculas (ressalvadas as partículas - artigos, preposição, conjunção -, que ficarão com minúsculas) . O chamado acôrdo de 1943 explícita alguns casos : (a) o dos "nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos, nacionalistas" (AO~D, XLIII) ; (b) o dos "nomes que designam artes, ciências, ou disciplinas, bem como nos que sintetizam, em sentido elevado, as manifestações do engenho e do saber" (ACAD, XLIII); (c) o dos "nomes de fatos históricos e importantes, de atos solenes e de grandes ' empreendimentos públicos" (ACAD, XLIV-XLV) ; ( d) o dos "nomes comuns, quando personificados ou individuados, e de sêres morais ou fictícios" (AcAD, XLV); (e) o das 'palavras que, no estilo epistolar, se dirigem a um amigo, a um colega, a uma pessoa respeitável, as quais, por deferência, consideração ou respeito, se queira realçar por esta m~meira" ( ACAD, XLVI). 2. 8. 5. 23 A braquilogia é um processo metafórico pelo qual UU1 designativo locucional pode ser feito por um dos seus elementos apenas; consoante o caráter objetivamente concreto de uma situação lingüística, como é sabido, um simples "vou" pode significar, concretamente, "vou amanhã às duas horas, de terno prêto e camisa branca, com oitocentos cruzeiros no mínimo, para dar um passeio com você à ilha de Paquetá, onde ficaremos até segunda-feira, para voltarmos na barca das dez da manhã'', desde que, no desenvolvimento da situação lingüística concreta configurada, tôdas as condicionantes de resposta foram formuladas e, a88im, encampadas na afirmação de "vou". Por um exemplo como êsse, quisemos tigurar os casos correntios em que, na linguagem falada ou escrita, se trata de "instituto", de "centro", de "Flor", de "Ferreira" - "vou ao instituto", "estarei no centro", "dançaremos :no Flor", "venderei ao Ferreira" - , quando, na interlocução, indivíduos falante e ouvinte mentani, respectivamente, por hipótese, "Instituto Soroterápico de Campinas", "Centro Espírita Amor e Verdade", "Flor do Abacate Recreativo das

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Viçosas de Irajá", "Silva, Santos, Ferreira & Cia.". . . O chamado acôrdo de 1943, sem explicar o caso, subentende-o na exemplificação que acompanha uma de suas disposições (ACAD, XLV, 12:0 ), com exemplos do tipo "Moro na Capital", "os habitantes da Península", prescrevendo, como se vê, pelo menos em certos ·casos, o uso de maiúscula. Trata-se, em verdade, de um dos pontos de maior flutuação ou dúvida no emprêgo de maiúsculas. ~ que, com dizer, por hip6tese, "trabalho no ministério das cinco às seis", tanto pode ficar subentendido "trabalho no local para que estou designado, ou onde sirvo como funcionário público, das cinco às seis", quanto "trab&lho no Ministério x das cinco às seis". Se se admitir uma correlação entre a maiúscula da expressão in extenso e . a braquil6gica, obviamente deverei optar por "trabalho no Ministério das cinco às seis"; mas um trecho como êste - "Ela ·morava ·na ·rua das Acácias. A ma era, em verdade 7 florida de maricás, de cabo a rabo" - , de nôvo se tumultuou o processo de correlação, pois, ditado o trecho a vinte pessoas, de variados níveis culturais, nenhuma grafou a passagem "a rua era" com maiúscula, embora, nove o fizessem com maiúsculas para "na Rua das Acácias", pois que imbuídas da disposição, a respeito, do chamado acôrdo de 1943. Em compensação, ditado o trecho "vou ao Centro, descerei na Lapa, atravessarei o Passeio Público e darei uma volta pela Avenida até a Praça Mauá", nove grafaram "Centro", todos, grafaram "Lapa", um s6 grafou "passeio Público" mas também "praça Mauá" · (tem princípios coerentes com J1 noção de topônimos tal como figurada supra 2. 8 . 5 .14, letra b) e "avenida", e nove grafaram "Avenida". Como amostragem, o campo é mínimo, mas já permite fazer uma idéia das dificuldades. Um princípio de constância se pode depreender nas braquilogias eventuais : a maiúscula da expressão in extenso se transfere para a braquilog!à, se esta se baseia num vocábulo que nocionalmente não é afim l6gico com o seu emprêgo braquil6gico ocasional; destarte, para a hip6tese de um intitulativo como "Flor do Abacate Recreativo das Viçosas do Irajá", a braquilogia em "Flor", em "Viçosas", .em expressões como "vou dançar no Flor"', "vou dançar no Abacate" ou "vou dançar na Viçosas" foi sempre grafada, experimentalníente, com maiúscula; já em "vou dançar no recreativo", houve vacilação. Em "Instituto Soroterápico de C!lmpinas", houve vacilação em "trabalho no instituto", mas não (!Dl "trabalho no Soroterápico". Em "Ministério das Relações Exteriores", houve vacilação em "trabalho no ministério", mas não em "trabalho no R,elações Exteriores". Em "Companhia Andorinha de Viação", houve vacilaçãe em "sirvo na companhia",

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mas não em "sirvo na Andorinha" ou "sirvo na Viação" . .Em "Discurso do método" não houve vacilação em "leio ultimamente o Discurso". Em ·" Sociedade Anônima de Armazéns Gerais", houve vacilação em "trabalho na sociedade anônima", em "trabalho nos armazéns gerais", mas não em "trabalho na Armazéns Gerais". Há. esbôço de preferência definida pelo emprêgo das maiúsculas nas braquilogias usuais, se, no pensamento do indivíduo falante, prevalece a noção de singularidade com intenção de unicidade. Com efeito, perguntados por que escreveram "vou &C\ Centro" - aqui no Rio de Janeiro -, .a resposta foi de que se tratava de único "centro" do Rio; por que escreveram "darei uma volta pela Avenida", a resposta foi de que se tratava da avenida Rio Branco ou avenida Central, ela e tão-sõmente ela. Já em "ela morava na rua das Acácias ; a rua era", a resposta foi de que em "a rua era" se tratava de descrever um logradouro no seu aspecto físico, independentemente do seu nome. Em não havendo, pois, a noção de singularidade com unicidade, mas prevalecendo, tão-somente, o conceito genérico, a tendência predominante é para o uso das minúsculas. 2 . 8 . 5. 24 Notar-se-á, por fim : a) que nos usos experimentais, instrumentais, lúdicos e artísticos para fins expressos, o não-uso das maiúsculas, ou das minúsculas, ou o seu uso às avessas, ou contra as normas e expectativas, é recurso ad hoc, sempre lícito; b) que em certas sistemáticas especializadas o preconizar-se o uso das maiúsculas em certas situações não acarreta o mesmo emprêgo para fins não especializados - assim, se em antropologia, se recomenda "os Mawé" (maiúscula e ausência do signo de plural), a recomendação nada tem que ver com o uso normal na língua de "os maués", como "os boror6s" ou "os bororos" (contra o especializado "os Bororo"); c) incidentemente, que o plural é normal nos nomes próprios e nos antecedidos de maiúsculas, de um modo geral - os Brasis (como país, não como nativos), os Portugais, os Dantes Alighieris, os Williams Shakespeares, os Gustaves (ou Gustavos) .F lauberts. 2. 9 REDUÇÕES Sempre conexo com a questão ortográfica é o problema do emprêgo das reduções das palavras ou expressões de uso freqüente geral ou particular. O fato de êsse fenômeno ocorrer em ful!ção da freqüência do uso de certas palavras acarreta, automàticamente, a circunstância de que essas reduções possam fazer-se necessárias ou úteis em dcterminad~ obras, mas

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não noutras. Ademais, atravês dos tempos, certas pal11.vras que foram freqüentes deixaram de o ser, de modo que há reduções de valor histórir.o e outras de valor presente e atual. Na palcografia, por exemplo, ocorrem reduções em número considerável, que hoje em dia, na maioria dos casos, têm curso limitadíssimo ou nenhum, salvo, é 6bvio, no estudo de sua técnica; em compensação, no mundo moderno, é impossível ignorar que "m" é "metro" ou "metros", que "em" é "centímetro" ou "centímetros". e rm língua portuguêS& que "V." pode significar "vocês", qu<' "V .l\1. ·· significa "vossa majestade" ou "mercê", que "V. A." significa "voF.sa alteza", que "p." ou "pág." significam "página", f'JIH? "v." pode significar "verso", ou "veja", ou "volume" ete. 2. 9.1 Co?&ceito de redução - Na sistemática dêste Evro, todos os fenômenos de t:epresentação literal parcial dos vocábulos - por exemplo, "p." por "página''-; de representação literal-algarfsmica - por exemplo "em•" por "cen~etro (s) cúbico(s)" -; de representaçlo pictogrMica realista -por exemplo <íi). por "casa" - ; de repreaentaçlo picto-ideográfico-simb61ica - por exemplo "t" por "morte", "morto", "falecido", "falecida" -; de repreaentaçlo convencional cientffica - por exemplo, "~", que na técnica da zoolog~ indica individuo do sexo masculino --., todos êsaes recursos são denominados "reduções". 2. 9. 2 SISTEMÁTICA DAS REDUÇÕES As reduções SE'rão aqui consideradas conforme os grupos seguintes (alternarPmos o elemento - grafia com o elemento - gra·m a, indicando com o primeiro o processo e com o segundo um caso concreto de realização do processo; o adjetivo subjetivo correspondente a ambos será rm gráfico):

r 2)

braquigrafiaa

3)

4)

6)

reduções

ideografias

{ 6)

7)

'8)

abreviações abreviaturas siglas acrografias sim bolos signos sinais ideogramas mistos

2. 9. 2 .1 As abreviações são reduções literais, geralmente de uso circunstancial, variáveis de obra para obra, de autor para autor. Na medida em que se tornam de uso geral, entram na

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categoria das abreviaturas. Apresentam, · et;n comum, a característica de refletirem as flexões, se de palavras flexionadas, e estão enlaçadas ao sistema de uma lingua - já, entre nós, a · português&, já. a latina, por fôrça de tradição. As siglas são reduções literais via de regra de intitulativos, sobretudo bibliônimos, baseadas nas letras iniciais de cada um ou de alguns dos componentes do intitulativo a que se referirem ; revestem a forma de acrografias quando não são reduções apenas de letras iniciais, mas de sílabas iniciais, que podem combinar-se com letras iniciais. Os símbolos braquigráficos são ainda reduções literais, autonomizados, por convenção, das flexões das palavras a que se referem. Entre as reduções ideográficas - verdadeiros ideogramas - distinguimos os signos, representações gráficas de conceitos,. de ações ou de significações, dos sinais, representações gráficas de signos que por sua vez se ligam a conceitos, ações ou significações. Os ideogramas mistos são signos acompanhados de letras ou algarismos. Escusa relembrar que, de um modo geral, as braquigrafias . - e seus respectivos braquigramas - são literais e se referem ao sistema ortográfico de uma lingua dada, enquanto as ideográ.ficas - e respectivos ideogramas - não são literais (pelo menos nuclearmente) e se referem ao sistema ideológico geral dos homens eulturalizados, independendo das ortografias nacionais. 2. 9 . 3 Abreviações - As abreviações, como vimos, são reduções braqÚigráficas - braquigramas - de valor circunstancial, variável de obra para obra, de autor para autor, em função da freqüência de certos vocábulos empregados, reduzidos por economia, em geral. Se se consultarem as listas de abreviações que antecedem, de regra, as enciclopédias, diçionários, glossários, vocabulários, obras técnicas gerais e afins, ver-se-á que, segundo a sua natureza - historiografia, lingüística, ciências naturais - , variam as palavras ·abreviadas. Há, entretanto, no passado histórico das abreviações praticadas em português - e no ocidente de base gráfica latina, em geral - alguns princípios constantes dentro de cada sistema de abreviações de cada obra : 1.0 ) evitam-se abreviações iguais para vocábulos diferentes, pois, caso contrário, haveria ambigüidade; 2.0 ) abrevia-se econômicamente e não por amor da abreviação ; noutros têrmos, usar da abreviação "pag." por "pago" é algo sem sentido, pois tipogrà.ficamente, ao menos, compor "pag." é o mesmo que compor "p~"; 3.0 ) abreviam-se palavras freqüentes no corpo da obra, pois de outra forma a abreviação pode tornar-se obscura ou incompre-

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ensS:vel, além. de ser quase nula a economia que decorre de uma abreviação muito episódica. 2. 9. 3 .1 Em português, as normas abreviantes podem ser depreendidas da prática abreviante e de certas observações já com tendências s!stemáticas (ACAD, XLVII, 53); essas normas abreviantes são, .essencialmente, as seguintes: 1.0 ) o ponto (.) indica o local em que ocorre a abreviação, por exemplo, "p." quer dizer "p ( ágina)" ; 2.0 ) se, porém, além dêsse particular, ocorria a inclusão do elemento final do vocábulo abreviado, êsse era adj~ido superpostamente; por exemplo, "s.r" ou "S.r", de "s(enho)r" ou "S(enho)r"; "obr.do", "obr.g.do", de "obr(iga)do" ·OU "obr(i)g (a)do"; "am. 0 " ou "am.10", de "am(ig) 0 " ou "am(i)IO"; "cap.am" ou "Cap.am", · de "·cap(it)am" ou "Cap(it)am" (na grafia, em certo tempo, "capitam", do atual "capitão") ; 3.0 ) no primeiro caso, de regra, o plural era indicado pela duplicação da última ou única consoante grafada; assim o plural de "pag." era "pagg.", de "seg." era "segg.", de "p." era "pp.", de "v." era "vv."; no segundo caso, porém, a flexão de plural ou de feminino era explicitada na terminação, donde "s.ru" ou "S.ru"; "obr.dos", "obr.du"; "am.ru", "am.ros". 2.9.3.2 De uma forma como "s.r" ou "S.r" transitou-se para "sr" ou "Sr" - porque ou houve má leitura do ponto, pingado displicentemente, pois que em condições não ordinárias (já que não indicativo de intonação .descendente com pausa), ou porque os tipos menores para superposição já eram sotopostos na matriz pela barrinha (em verdade, o segundo membro da alternativa deve ter decorrido da adoção do exposto no primeiro membro) ; intermediàriamente, houve (e há ainda) formas como "s.r" ou "S.r". A realidade, por~, é que, modernamente, as letras superpostas são geralmente evitadas em tipografia, primeiro, porque os parques tipogrl.ficos no Brasil são em geral de fabricação estrangeira; segundo, · porque a superposição de letras via de regra exige manobras especiais por parte do linotipista ou do monotipista; terceiro, porque os tipos superpostos, de uso muitíssimo restrito, determinam caracteres móveis ou matrizes especiais em disponibilidades tipográficas que, no Brasil, podem ser dedicadas a matrizes de valor funcional mais importante; quarto, por fim, porque, do cotejo com as línguas mais conhecidas e divulgadas tipogràficamente entre nós, se segue a observação rótineira da quase inexistência de caracteres superpostos, que é o que se verifica, regularmente, em francês e inglês, e com visível esporadicidade em espanhol e italiano. Daí, podemos afirmar que j~

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estejam quase consagradas entre n6s abreviações do tipo "sr." ou "Sr." que foram, por vêzes, antecedidas por abreviações do tipo "s.r" ou "S.r". Tudo leva a crer que igual evolução se deu em francês, inglês, espanhol, italiano, no particular. A resolução, porém, se fêz diferentemente: em inglês, por exemplo, tanto ocorre a forma "Mr." (cf., por exemplo, HONB, l.tl . mister) quanto a forma "Mr" (cf., por exemplo, FOWL, 1.t1. mister), com os correspondentes phirais "Messers", e "Messrs"; em francês, mtmlieur se abrevia "M.", me11Íe1M's "MM.", enquanto madame, "M-" ou "Mme", meltdamu, "Mma" ou "Mmes" e mad.emoiselle, "WJe" ou "Mlle", mesdemoiselle1, "M11e•", "Mlles" (cf. LARO, s.v. abréviations). O uso do ponto em meio à abreviação é, modernamente, de todo estranho e ocasional ; a superposição da parte final do vocábulo é contra-indicada, nas condições tipográficas . :vigentes em conformidade das tendências geralmente manifestadas hoje em dia; o emprêgo do ponto depois de abreviaçõep estruturadas com a parte final do vocábulo abreviado, embora divulgadíssimo, é quase injustif!cável, a não ser para caracterizar a abreviação como tal;< atendendo, entreta.nto, neste particular, ao fato de que a abreviação não deve 8er um despistamento, mas apenas uma economia para o 6bvio e freqüente, optamos decisivamente pela proscrição do ponto em tais casos. Damos, assim, a seguir, os princípios que podem - na base do exposto e fundamentado servir como normas para a abreviação em português : 1.0 ) devem-se abreviar palavras em função da freqüência de seu uso numa obra e do · seu caráter preferencialmente técnico; a maiúscula ou minúscula inicial do abreviando se .t ransfere · à abreviação ; 2.0 ) se a abreviação fôr por suspensão ou corte de elemen~ gráficos, inclusive a parte final do vocábulo, deve ela teruÍinar por J)C?nto: "ree.". por "recurso", "fig." por "figura", "est." por "estampa", "mod." por "modêlo"; 3.0 ) se a abreviação fôr por corte ou suspensão de elementos apenas internos do abreviando, não haverá uso do ainal de pontuação, mas em contraposição se deverá evitar emprestar à abreviação caráter de vocábulo. autônomo ou qualquer homofonia com voeábolo, existente e não abreviado, da língua: "reqte", por "requerente", "reqto", por "requerimento", "acdo" por "aeôrdo", "acdão", por "acõrdão"; 4.0 ) as abreviações de vocábulo composto por justaposição, com hífen, guardarão o hífen; das locuções, perífrases, circunl6quios que não tenham hífen, não o terão ; mas em quaisquer casos os elementos da composição deverão ser abreviados na conformi·

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dade dêstes princípios, como se fôssem vocábulo autônomos, salvo no particular adiante referido: "g-m", por "guarda-marinha", "ang.-sax." por "anglo-saxão"; 5.0 ) note-se que os vocábulos autônomos via de regra não têm abreviação terminada por vogal (embora haja um que o seja por uma só vogal, "a.", por "assinado", cujo plural é "aa.", por "assinados"); entretanto, nos casos anteriores. os elementos componentes podem ser abreviados por uma só vogal : "u. t.c. ", por "usado (usa-se) também como", "a.-s.", por "anglo-saxão" r alternativa, ver o número anterior) ; 6.0 ) · as abreviações de palavras nominais comportam, quando necessária, a indicação de ·número e, conforme o caso, a indicação de gênero; o plural de abreviação terminada por ponto se fará pela duplicação de sua· última e ou única letra - que, regular e normalmente também, é uma consoante (salvo o indicado no número anterior) ; o plural das abreviações terminadas pela parte final do vocábulo se fará. como se o ·mesmo não tivesse sido abreviado: "seg.jsegg.", por "seguinte/seguintes", "p./pp. ", por "pãgina/pá.ginas", "vol./voll.", por "volume/volumes"; "obrdo/ obrdos", por "obrigado/obrigados"; o gênero indicar-se-á só nestes últimos casos, isto é, quando a abreviação fôr com a parte final do vocábulo: "obgda/obgdas", por "obrigada/obrigadas"; 7.0 ) os vocábulos de quatro letras ou menos só deverão ser objeto de abreviação se puderem, sem ambigüidade, ser reduzidos a uma s6 letra seguida de ponto: "v.", por "verjvejajvêde"; 8.0 ) se a abreviação, para que se evite a ambigüidade, não se possa fazer senão com ás duas letras finais, que serão substituídas por ·um ponto, nesse caso convém não abreviar, pois que o princípio da economi!'- será insignificante, já que de um s6 tipo gráfico. 2. 9. 3. 3 Dada a distinção - no fundo, arbitrária, mas útil aqui adotada entre abreviação e abreviatura, cujos princípios abreviantes são os mesmos, vão relacionadas, a seguir, apenas umas qU&I).tas abreviações, colhidas em algumas obras que, por sua natúreza, fazem delas uso. A exemplificação - longe de exaustiva, o que seria impossível - visa a mostrar que, de regra, os eritérios acima são, até certo ponto, da tradição. Deve-se ter em conta que cada abreviação se enxerta numa série de palavras abreviadas, dentro do mecanismo abreviatório de w:na certa obra ; ora, se esta, por acaso, lida com um número reduzido embora freqüente de palavras abreviandas, nada obsta a que as suas abreviações sejam mais contractas ainda em casos tais, critério

um

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ANTÔNIO

HOUAISS

que não é o do exemplário a seguir, que tem feição digamos enciclopédica, quer dizer, de obra que usa de um rol considerável de abreviações (foram fontes FREI, MAGN, ACAD, ACAL, OONc, AULE, ECBB, FERR) :

abreviaDdo abecedário abissfnio ablativo abreviação abreviatura absolutamente absoluto abstracionismo abstração academia acadêmico academi ( ci) amo acepção (aecepçio) acusativo acústica adágio adaptação adjetivo adjetivo biforme adjetivo de doia gêneros adjetivo de doia gêneros e dois números adjetivo feminino adjetivo uniforme administração administração romana administrador admiração admirador advérbio advérbio de afirmação advérbio de confirmação advérbio de designação advérbio de dúvida advérbio de exclusão advérbio de lugar advérbio de modo advérbio de negação advérbio . numeral advérbio de quantidade advérbio de tempo advocacia aeronáutica aerostática aerovia aférese afluente

eomo na fonte abc. abissfn. abl. abrev. abrev., abr. abaol. aba. abatr. abatr. Acad. acad. academ. acep. ( accep.)

ac.· acúat. ad. adapt. adj. ab. adj. 2 gên. ad. 2 gAn. 2 núm. adj. fem. au. adm. adm. rom. admatrdor admr. admrdor adv. adv. af. adv. conf. adv. deaign. adv. dúv. adv. excl. ai., adv. lug. am., adv. mod. adv. neg. adv. num. adv. quant. at., adv. temp. Adv. aer~m.

aeroat. Aer. afér.

~-

abreviaçio abc. a bis. abl. abrev. abr. abaolnte absol. abstramo abatr. acad. acadêm.· acadamo acep. (accep.) ac. acúst. (adágio) adapt. adj. adj. bif. adj. 2 gên.

adj. 2 gên. 2 núm. adj. fem. adj. unif. adm. adm. rom. admdor admir. admirdor (admirador) adv. adv. af. adv. conf. adv. deaign. adv. dúv. adv. excl. adv. lugar adv. modo adv. neg. adv. num. adv. quant. adv. tempO advoc. aeron. aerost. (aerovia) afér. a fi.

ELEMENTOS

abreviando aforismo africano africanismo afro-lusitano afro-lusitanismo aglutinaçio agrário agricultura agrimensura agrologia agronomia alatinado albanês alemio alentejano alfabeto alfabeto arábico alfabeto cirflico alfabeto grego alfabeto hebraico alfabeto latino alfaiataria algarismo algarvio álgebra algoritmo almanaque alopatia alpinismo alquilaria alquimia altanaria alteração alternação altitude altura alto-alemio alusão literária alusivo alveitaria alvenaria americano americanismo anais análise anarquismo anatomia anglicismo anglo-saxão animal anônimo antecedente antigo antigo alto-alemão

DE

BIBLIOLOGIA.

como na fonte afor. afr. afr. afrolua afrolus. agi. agr. agr. agrim. agroI. agron. alat. alb. ai. alt. alf. alf. aráb. alf. cir. alf. gr. alf. hebr. alf. lat. alfaiat. alg. alg. álg. alg. Alm. Alop. alpin. alquil. alq. altan. alter. altern. alt. alt. alt. ai. alua. lit. alus. alveit. alven. am. am.

an. Anál. anarq. anat. angl. a.s. anim. anôn. antee. ant. ant. alt. ai.

abre'ria~lo

afor. afr. afrsmo afro-lua. afro-lussmo agi. · agr.

agric. agrim. agroI. agron. alat. alb. ai. alentej. alf. alf. aráb. alf. cir. alf. gr. alf. hebr. alf. lat. alfaiat. algar. algv. álg. algor. alm. alop. alpin. alquil. alq. altan. ai ter. altern. altit. alt. a.-al. alusão lit. alus. alveit. alven. amer. amersmo an. anál. anarqsmo anat. angl. a.-s. (animal) anôn. antec. ant. · ant. a.-al.

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ANTÔNIO

abreTiando antiguidade antiquado antiquário antologia antônimo antonomásia antropografia antropologia antroponimia antropônimo antropônimo feminino antropônimo masculino anual anuário apêndice apicultura aplicado aportuguesamento aproximadamente aquavia árabe arábico aracnideo aram eu aramaico arboricultura arcaico arcaismo arcebispado arcebispo. arciprestado areipreste argentino aritmética aritmologia armaria armênio arqueologia arquidioeese arquipélago arquitetura arquitetura hidráulica arquitetura militar arquitetura naval arquivo arte decorativa arte dramática arte militar artesanatos artigo artigo definido artigo indefinido artilharia artístico

HOUAISS

como na fonte antig. antiq. antiq. Antol. antôn., ant. antonom. antropogr. amtrop. antropon. antropôn., antr. antr. f. antr. m. an. anu. ap. apic. apl. aportg. aprox. Aq. ár. aráb. Aracn. ara. aram. arboric. arcai c. are. Arceb. areeb. Á:J:Cip. areip. arg. arit. Aritmol. arm. arm. arqueol., arq. Arquid. arquip. arquit. arquit. hidrául. arquit. mil. arquit. nav. arq. art. dec. art. dram. art. mil. Artes. art. art. def. art. ind. artilh. art.

abreTia~io

antig. antiq. (antiquário) antol. antôn. antonom. antropogr. antropol. antropon. antropôn. antropôn. fem. antropôn. masc. (anual) (anuário) apênd. apic. apl. aport. aproxnte (aquavia) á r. aráb. aracn. (arameu) aram. arboric. are. arcamo arcebd. arceb. arcipd. arcip. arg. aritm. aritmol. arm. (arm~nio)

arqueol. arquid. arquip. arquit. arquit. hidr. arquit. mil. arquit. naval arq. arte dec. arte dram. arte mil. artesan. art. art. def. art. indef. artilh. artist.

ELEMENTOS

abreviando aruaque ascetismo asiático ásio-lusitanismo ásio-lusitano assembléia . assimilação assistência associação astrologia astronimia astrônimo astrônimo feminino astrônimo maac:ulino astronomia atividade ativo atletismo atmosfera atômico átomo atualidade aumentativo austral australiano austrlaco automobilismo automóvel auxiliar avenida aviação avicultura axiônimo bacteriologia baixo latim balanço balística báltico belas-artes bengali berbere bíblico bibliofilia bibliograf"J& bibliologia bibliônimo feminino bibliônimo masculino biblioteca bibliotecnia biblioteconomia bimensal biodinimica biofísica biogênese

DE

BIBLIOLOGIA

como na fonte aru. ascet. as. asolus. asolus. Assem. asa. Assist. Assoe. AstroI. astronfm. astr. astr. f. astr. m. astr., astron. Ativ. at. atl. atm. atôm. át. atual. a um. austr. austral. austr. autom., auto. auto., autom., aux. a v. av., aviaç. avie. ax. bact., bacter. b. lat. bal. balfst., bal. bált. bel. art. beng. berb. bfb. Bibliof. bibliog. bibliol. bibl. f. bibl. m. bibl. bibliot. bibliotec. bimen. biodin. Bioffs. Biogên.

abreviação (aruaque) ascet. asiát. ásio-lussmo ásio-lus. assemb. assim. assist. assoe. astrol. ( astronimia) astrôn. astrôn. fem. astrôn. masc. astron. ativ. at. atlet. atm. atôm. át. atualid. aum. (austral) austral. austr. automb. autom. aux. aven. a v. avie. axiôn. bacteriol. b. lat. bal. balfst. bált. b.-artes beng. berb. bfbl. bibliof. bibliogr. bibliol. bibliôB. fem. bibliôn. masc. bibliot. bibliotec. bibliotecon. bim. biodin. bioffs. bio~ên.

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abrmando biogenético biogeografia biografia biologia biometria bioquímica biotaxia biotipologia birrelativo bispado bitransitivo boêmio boletim boliviano bordado bort~al

borguinhão botânica brasileirismo brasileiro bretão brigadeiro britânico budismo búlgaro burlesco burocracia caderno · ea!re calco grafia cálculo caldeu caldaico calendário caligrafia calorimetria calvinismo ei.mara canadense canalizaçio cantaria capital capitalismo capitão capítulo capixaba cardeal caribe carpintaria cartaginês cartografia castelhano casuística catalão

HOUAISS

como na fonte biogen. Biogeog. biogr. biol. biom. Bioqufm. Biot. biotipo!. birrel. Bisp. bitr. boêm. bol. boliv. bord. bor. borg. bot. br., bras. br., bras., bra11il. bret. brig. brit. bud. Wlg. burl. bur., buroe. Cad. ca!. calcog. Cálc. cald. cald. cal., Calend. calig. calor. Cal v. Câm. can. Canal. Cant. cap., C. Capit. cap. cap. capix. card. car. carp. cart. cart. cast. casufs. cat.

abreriaçio biogen. biogeogr. biogr. biol. biom. bioquím. biot. biotipo!. birrel. bispd. bitrans. (boêmio) bol. boliv. bord. bor. borg. bot. bras. br. (bretão) brig. brit. bud. Wlg. burl. buroc. cad. (eafre) calcogr. cálc. (caldeu) cald. cal. caligr. calorim. calvin. eâm. canad. canaliz. cant. c. capit. capt. cap. capix. card. car. carp. eart. cartogr. cast. casufst. cat.

ELEMENTOS

abreviando catálise catálogo catarinense categoria catolicismo católico catóptrica causal causalidade causalismo cavalaria cearense céltico cênico central cerâmica chancelaria chapelaria chileno chinês chulo chulismo cibernética ciclismo cigano ciências cinegética cinema cinematografia cingalês circulo cirurgia citação citologia classicismo clássico climatologia clínica código código de águas código civil código comercial código de contabilidade código militar código de minas código penal código de processo cognome coleção colégio coletivismo coletivo colombiano comandante

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como na fonte catai. cat. catar. categ. Catol. catól. Catóp. caus. causal. causal. cav. cear. célt. cên. centr. cer., cerâm. chance!. chapel. chil. chi.n. chul. chul. Ciber. Cid. cig. ciênc. cin. cinem. cinem. cing. círc. cir., cirurg. cit. Citol. Clas. clás., cláss. Climatol. cHn. cód., C.

c. Ág. c. c.

C. Com., cód. com. C. Cont., cód. cont. C. Mil. C. M. cód. pen. cód. pro~. cogn. col. Col. Colet. colet. colomb. com te.

abreviação (catálise) cat. catarin. categ. catelic. catól. catÓpt. (causal) causalid. causal. cav. cear. célt. cên. (central) cerâm. chance!. chapel. chil. (chinês) (chulo) chul. cibern. cicl. cig. ciênc. cineg. cin. cinematogr. cing. circ. cir. (citação) cito!. classmo clás. climatol. cHn. cód. cód. águas cód. civil cód. com. cód. cont. éód. mil. cód. minas cód. penal cód. proc. cogn. col. (colégio) coletsmo colet. colomb. com te

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ANTÔNIO

abreviando combinação combinatório combustão combustível comendador comércio comercial comparativo complemento composto comprimento comum comunicação comunismo concani conceito concretismo cônego confederação confeitaria conferência confluêntia conguês conhecimentos conjugação conjunção conjunção adversativa conjunção causal conjunção comparativa conjunção concessiva conjunção conclusiva conjunção condicional conjunção consecutiva conjunção coordenativa conjunção copulativa conjunção disjuntiva conjunção final conjunção integrante conjunção subordinativa conjunção temporal conquiliologia conselheiro conseqüente consoante constituição constitucionalista construção contabilidade contemporâneo contração copulativo coreografia corografia correção, correição

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como na fonte Comb. comb. comb. comb. comend. com. comere. comp. compl. comp. compr. com. comunic. Com. cone. cone. Concret. côn. Confed. confeit. conf. confl. cong. conhec. conj., conjug. conj. conj. adv. conj. cau. conj. comp. conj. cone. conj. concl. conj. cond. conj. coDB. conj. coord. conj. cop. conj. disj. conj. fin. conj. int. conj. sub. conj. temp. conquiliol. consel. conseq. cons. Const. const. constr. cont. cont. contr. cop. coreog. corog. corr., correi.

abreviação combin. combinat. (combustão) combust. comdor com. comere. compar. compl. comp. compr. (comum) comunic. comsmo (concani) cone. concret. côn. confed. confeit. conf. confl. (conguês) coDhec. conjug. conj. conj. adven. conj. causal conj. compar. conj. conces. conj. concl. conj. condic. conj. consec. conj. coord. conj. copul. conj. disj. conj. final conj. integr. conj. subord. conj. temp. conquiliol. conselh. conseq. cons. const. constta constr. cont. contemp. · contr. copul. coreogr. corogr. corr.

ELEMENTOS

abreviando correios correspondência corrupção (corrução) corruptela ( corrutela) cosmogonia cosmografia cosmologia costa-riquenho (costaricense) costura criminologia cristalografia cristandade cristianismo crônica cronologia cronometria cronônimo feminino cronônimo masculino culinária cultura cutelaria (cutilaria) dactilografia . dactiloscopia dadaísmo dasimetria dasonomia dativo declinação decoração decreto defectivo definição definido definitivo · democracia demografia demonstra tivo departamento depreciativo derivação derivado desembargador desembocadura desenho desinência desportos desusado determina tiv o dialectal (dialetal) dialectologia dialética dialeto dicionário

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BIBLIOLOGIA

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como na fonte cor. corresp. corr. corr. cosmog. cosmog. Cosm.

abreviação cor. corresp. corrup. (corrução) corrupt. ( corrut.) cosníog. cosmogr. cosmoI.

c. riq. cost. Crim. crist. Crist. Cristian. crôn. cron. cronom. cron. f. cron. m. cul., culin. Cult. cutel. (cu til.) Dactilog. Dactilos. Dad. dasim. Dason. dat. decl. Dec. de c. def. defin. def. definit. Democr. demog. dem. Dep. deprec. der. der. Desemb. desemb. · desen. desin. despor., desp. des., desus. det. diaI. dialect. dialét. diaI. di c.

costa-riq. (costa-ric.) cost. criminol. cristalogr. cristand. cristian. crôn. cronol. cronom. cronôn. fem. cronôn. masc. culin. cult. cutel. · (cu til.) dactilogr. dactilosc. (dadaísmo) dasim. dason. dat. decl. decor. dec. defect. defin. def. definit. democr. demogr. dem. dep. deprec. deriv. der. desemb. desemboc. (desenho) de siri. desp. desus. determ. dialect. ( dialet.) dialectol. dialét. dial. di c.

134 abreviando didática düerente diminutivo dinamarquês dinâmica diocese dióptrica diplomacia diplomática direito direito administrativo direito canônico direito civil direito comercial direito constitucional direito consuetudinário direito corporativo direito criminal direito eclesiástico direito fiscal direito internacional direito parlameqtar direito penal direito politico direito processual direito romano discurso disaertação dissilábico dissflabo dissimilação distribuição distrito diversões diversos divulgação documentação documento do~tica

dogmatismo doméstico dominicano domfnico dórico dramático dravfdico dualidade dualismo duriense eclesiástico eclético ecologia economia economia polftica

ANTÔNIO

HOUAISS

como na fonte didát. dü. dim., dimin. din.,dinam. din., dinam. Dioc. Diópt. dipl. diplom. di r. dir. adm. dir. can. dir. civ. dir. com. dir. const. dir. consuet. dir. corp. dir. crim. dir. ecl. dir. fisc. dir. intern. dir. parl. dir. pen. dir. pol. dir. proc. dir. rom. di se. diss. diss. diss. diss. distr. distr. div. div. div., divulg. Docum. doc. dogm. dogm. dom. dom., domin. dom. dór. dram. drav. dualid. dual. dur. ecl., ecles. ecl. eco}. econ. econ . . pol.

abreviação didát. dü. dimin. dinam. dinâm. dioc. diópt. dipl. diplom. dir. dir. adm. dir. can. dir. civil dir. comere. dir. const. dir. consuet. dir. corp. dir. crim. dir. ecles. dir. fiscal dir. intern. dir. parl. dir. penal dir. pol. dir. proc. dir. rom. di se. dissert. dissiláb. dissíl. dissim. distrib. distr. divers. di v. divulg. doeum. doc. dogmát. dogmsmo dom. dom in. domín. dó r. dram. drav dualid. dual. dur. ecles. ecl. ecol. econ. econ. pol.

, ELEMENTOS

abreviando economia rural edição edifício educação efeméride egipcio elemento elemento adjuntivo elemento adverbial elemento antroponimico elemento articular elemento ·de composição elemento nominal elemento participial elemento protético elemento substantivo elemento toponimico eletricidade ele (c) trodinâmica ele(c)trologia ele(c)trometria ele(c)trônica ele (c) troterapia eliptico embriologia emigração empírico empirismo emprêsa encíclica enciclopédia enciclopedismo energética energia engenharia enologia ensino entomologia epigrafia epístola equatoriano equitação equivalente ergologia erudito escandinavo escocês escolar escolástir.a escrito ~tor

escultura esgrima eslavo

DE

BIBLIOLOGIA

como na fonte econ. rur. Ed. ed., edif. ed., educ. efem. egip. el. el. adj. el. adv. el. antr. el. art. el. comp. el. nom. el. part. el. prot. el. subst. el. top. eletr. ele(c)trodin. ele(c)trol. ele(c)trom. ele(c)trôn. ele (c) trot. elipt. embrio!. emigr. empir. empir. Emp. encicl., enc. encicl. Encicl. energét. Energ. eng. enol. ens. entorno!. epig., epigr. epist. eq., equat. equit. equiv. ergo!. erud. escand. escoe., esc. esc., escol. Escol. escr. escr. escult. esgr. esl.

abreviação econ. rural ed. edif. educ. efem. egíp. el. el. adjunt. el. adv. el. antropon. el. art. el. comp. el. nom. el. partic. el. protét. el. subst. el. topon. eletr. ele(c)trodin. ele(c)trol. ele(c)trom. ele (c) trôn. ele (c) trot. elípt. embriol. emigr. empir. empir. empr. encicl. encicl. enciclsmo energét. (energia) eng. enol. ens. entorno!. epigr. epist. equat. equit. equiv. ergo!. erud. escand. esc. (escolar) escolást. escr. (escritor) escult. esgr. esl.

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. 136 abreTiando eslavônico eslovaco esloveno espanhol especial especialmente espécie especificação espeetrografia espeleologia espiritismo espiritualismo estação estadismo estadista estado (Estado) estado-maior estática estatistiea estenografia estereografia estética estoniano estrada estrada de ferro estrangeirismo estran~eiro

estratégia estremenho estudante ética etimologia etiópico étnico· etnografia etnologia etologia eufêmico eufemismo eufônico eufonia euforia exclamação . exclamativo excursionismo exército experiência exoerimental exploração explosivo exportação exnressão expressionismo extenSão

ANTÔNIO

HOUAISI't

como na fonte e si. eslov. eslov. esp. esp., espee. especialm. esp. especif. espectrogr. espeleol. espirit. espiritual. est. estad. estad. e. (E.) e.-m. estát. estatist. estenog. estereogr. estét. eston. estr.

e. f.

estrangeir. estrang. estratég. estrem. estud. ·ét. etimol. · etióp. étn. etnogr. etnolog. etol. eufêm. eufem. eufôn. eufon. eufor. exclam. exclam . excurs. ex., exérc. exp., Exp. exp., exper. explor. ·~xplós.

export. expr. expression. ext.

abreviac;ão eslav. eslov. (esloveno) esp. espec. especnte (espécie) especif. espectrogr. espeleol. espirit. espiritual. est. estad. (estadista)

e. (E.) e.-m. estát. estatíst. estenogr. estereogr. estét. eston. estr. e. f. estrangeir. estrang. estrat. estrem. estud. ét. etimol. etióp. étn. etnogr. etnol. etol. eufêm. eufem. eufôn. (eufonia) (euforia) exclam. exclamat. excurs. exérc. exper. experim. explor. explos. export. expr. . expresslon. ext.

ELEMENTOS

abreviando extensivo extrativo extrato fábrica faculdade falcoaria familiar farmácia farmacologia farmacopéia fauvismo (fulvismo, fovismo) federação federal feminino feminismo· fenicio fenomenalismo fenômeno ferrovia feudalismo figura figurado figurativismo figurativo filatelia filologia filosofia finanças finlandês fiscal fiscalidade fisica fisiocraeia fisiocratismo fisiologia fitografia fitologia flamengo flexão flexionai, flexivo florestal floricultura fluminense fluvial folclore fonética fonologia forense forma forma adverbial forma nominal forma paralela forma verbal

DE

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como na fonte ext. extrat. extr. fáb. fac. fale., falcoar. fam. farm. farmac. farmac. Fauv.

abreviação extens. extrat. extr. fáb. fac. fale. fam. farm. farmacol. farmacop. fauv. (fulv., fov.)

fed. fed. f., fem. fem., Fem. fen. fenom. fenôm. fer. Feud, feu. fg., fig. figur. figurat. figurat. filat. fil., filol. fil., filos. fin. finl. fisc. fisc. fis. fisioc. fisioc. fisiol. fitog. fitol. flam. flex. flex. Fl. flor. flum., flumin. fluv. Folcl. fon., fonét. fon., fonol. for. f. f. adv. f. nom. f. paral. f. verb.

feder. fed. f em. femsmo fen. fenom. fenôm. (ferrovia) feud. fig. figd. figurativ. figurat. filat. filol. filos. f in. finl. (fiscal) fi se. fis. fisiocr. fisiocrat. fisiol. fitogr. fitol. flam. (flexão) flex. (florestal) flori c. fiumin. fluy. fole. fonét. fonot.

ror. fm.

rm. ad\ fm. nom. fm. parai. fm. verbal

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138 abreviando formação formação portuguêsa formulário fortificação fóssil fotoanálise fotografia fotometria francês franco frase frenologia freqüentativo fundição futebol futebolismo futurismo futuro futuro do conjuntivo futuro do indicativo gaélico galicismo galvanismo gaul~s

genealogia gênero geodésia geografia geologia geometria germânico germanismo gerúndio ginástica ginecologia giria

gíria de ciganos gíria de ladrões gliptografia gliptologia gliptoteca glossário glótico glotologia gnomônica gótico govêmo gráfico grafologia grafoscopia gramática grande gravura grego

ANTÔNIO

HOUAISS

como na fonte form. form. port. form. fort. fós. fotoan. fot., foto.

fotom. fr. franc. f., fr. frenol. freq. fund. fut., futeb. futeb. Futur. fut. fut. conj. fut. ind. gaél. gal. galv. gaul. gen., geneal. g ., gên. geod. geo., geog. geol. geom. germ. germ. ger. gin. ginec. gír. gir. cig. gir. lad; gliptog. gliptol. gliptot. gloss. glót. glotol. gnom. gót. gov., Gov. gráf. graf., grafo!. grafosc. gram. grd. grav. gr.

abreviacão form. form. port. formul. fort. fós. fotoanál. fotogr. .f otom. fr. (franco) (frase) frenol. freq. fund. (futebol) futeb. futur. fut. fut. conjunt. fut. indic. gaél. gal. galv. (gaulês) geneal. gên. geod. geogr. geol. geom. germ. germsmo ger. ginást. ginecol. (giria) giria cig. giria lad. gliptogr. gliptol. gliptot. gloss. glót. glotol. gnomôn. gót. gov. gráf. frafol. grafosc. gram. gde grav. gr.

ELEMENTOS

abreviando grego bizantino grego moderno groenlandês guarani guatemalteco (guatemalense) guinéu (guineense) guzarate habitante hagiografia hagiologia hagiológio hebdomadário hebraico (hebreu) helmintologia heortônimo feminino heortônimo ma.aculino heráldica herpético herpetografia herpetologia hibridismo hfbrido hidráulica hidrografia hidrologia hidrometria hidrostática hidroterapia hierônimo hierosolimitano higiene hindustani hipiatria hfpico hipismo hipnoterapia hipnotismo hipoeorfatico hipótese hipotético hispano-americano histologia história história antiga história bfblica história contemporânea história eclesiástica história moderna história natural história sagrada historiografia holandês homeopatia

DE

BIBLIOLOGIA

como na fonte gr. biz4 gr. mod. groen. guar. guat. guin. guz. hab. hag., Hagiog. hag., hagiol. hagiol. hebd. hebr. helmin. heort. f. heort. m. her., heráld. herp. herpet. herpetol. hibrid. hfbr. hidr., hidráal. hidrog. hidrol. hidrom. hidrost. hidrot. hier. hier. hig. hind. . hipiat. hfp. hip. hipnot. hipnot. hipoe. Hip. hip. hisp.-amer. histol. Hist. Hist. Ant. hist. bfb. H. Cont. hist. eeles. ' H. Mod. h. n., hist. nat. H. Sag. historiog. boi. bom.

abreviação gr. biz. gr. mod. groenl. guar. guatem. guin. guz. hab. hagiogr. hagiol. ( hagiológio) hebd. hebr. helmintol. heortôn. fem. beortôn. masc. heráld. herpét. . herpetogr. herpetol. hibrid. hfbr. hidrául. hidrogr. hidrol. hidrom. hidrost. hidrot. hierôn. hieroaolim. hig. hind. hipiat. hfp. hip. hipnoter. hipnot. hipoeo~.

hipót. hipot. hisp.-amer. 'hiato}. hist. hiat. ant. hist. bfbl. hist. contemp. hist. ecles. hiat. mod. hist. nat. hist. aagr. Historiogr. h oi. homeop.

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ANTÔNIO

abreviando homofonia homografia homônimo hondurenho (hondurense) horticultura hotentote hotentotismo húngaro iatismo ibérico ibero iconografia ictiologia · idiotismo idolatria (idololatrill) igreja ilusionismo ilustração imigração imperativo imperfeito imperfeito do conjuntivo imperfeito do indicativo imperial impessoal importação imprensa impressionismo impropriamente incoativo inculto indefinido indeterminado indianismo indiano fndio indo indonésio indostano (industano) indumentária indústria infantil infantilismo infinitivo infinitivo pessoal infinito infixo influência informação inglês inseparável instituição instituto

HOUAISS

como na fonte homof. homog. hom., homôn. hond. hort., hortic. hot., hotent. hot. húng. Iat. ibér. ib. iconog. ictioloszia idiot. idol. ( idolol.) I., igr._ ilus. 11., il. imigr. imper. imperf. imp. conj. imp. ind. imp. impess., impes. import. impr. Impres. imprõp. inc. inc. ind., indef. ind., indet. indian. indian. fnd. ind. ind., indon. ind., indost. in dum. indús. inf., infan. infant. inf., infin. inf. pesa. inf. inf. infl. inform. ing. insep. inst. Inst.

abreviação homof. homogr. homôn. hond. hortic. bot. hotsmo húng. iat. ibér. (ibero) iconogr. ictiol. i.diot. idol. ( idolol.) igr. ilusion. il. imigr. imper. imperf. imperf. conjunt. imperf. indic. imp. impes. import. impr. impression. imprõpr. incoat. inc. indef. indet. indian. (indiano) (fndio) (indo) indon. indost. (indust.) in dum. indúst. (infantil) infant. infinit. infinit. pes. · infin. .inf. infl. inform. ing. insep. instit. inst.

ELEMENTOS

abreviando insular integralismo intensivo internacional interamnense interjeição interjeição exclamativa interjeição vocativa interrogação interrogativo intransitivo inusitado invariável invenção investigação iraniano iraquiano irlandês ironia irônico irregular islamita islandês, islandense israelita italianismo italiano itálico ítalo jamaicano japonês jardinagem javanês, jau jesuitismo joalheria jôgo jornal jornalismo judeu (judaico) judaísmo jurídico jurisprudência laboratório laborterapia lapão (laponês, lapônio) lapidário latim latim bárbaro latim científico latim hipotético latim vulgar latino latitude latoaria legislação

DE

BIBLIOLOGIA

como na fonte ins. Integr. intens. intem. interamn. interj. interj. excl. i~terj. voc.interrog. interr. intr. inus. inv. inv., invenç. invest. iran. iraq. i ri.

ir., iron. irôn. irr., irreg. islam. isl., island. isr., israel. it., ital., italian. it., ital. it., itál. it. jam., jamaic. jap. jard. jav. (jau) jes. joalh. jôg. jorn., J . jorn. jud. jud. jur. jur., jurisp. · Lab. Labor. lap. . lap., lapid. lat. · lat. bárb. lat. cient. lat. hip. lat. vulg. lat. lat., latit. latoar. Legisl.

abreviação ins. integr. intens. internac. interamn. interj. interj. exclam. interj. voe. interrog. interrogat. intrans. inus. invar. inv. investig. iran. iraq. irl. (ironia) irôn. irreg. islam. island. isr. italian. ital. itál. it. jamaic. jap. jardin. jav. (jau) jes. . joalh. (jôgo) j.

jorn. jud. judsmo jur. jurispr. laborat. labort. lap. lapid. lat. lat. bárb . . lat. cient. lat. hipotét. lat. vulgar (latino) latit. (la toaria) legisl.

141

142

ANTÔNIO

abreTI&Ddo

legislativo leitura letio (leto, letonh, letanio) libanh' ligação ÜJ\gu&

linguagem ling(lfstiea liquido literal literalidade literatura litografia litologia lituano (lituinio, lituanenae) liturgia liturgia eat6liea livraria livro local loeuçio logaritmo lógica lombardo longitude lugar lundêa lusitanismo lusitano luso luta máçonaria madeirense magia· magnetismo maia que perfeito maidac:ula

malabárieo, malabar malaeologia malaiala · malaio malgaxe manufatura maometano mapuehe · máquina maquinofatura maranhense marata marcenaria marchetaria marginal

HOUAISS

como na fonte leg. leit. let.

leg. leit. let.

lib. lig. Ung. ling. ling., lingflfst. Uq. lit. liter. lit., liter. litog. litol lit.

lib. lig. (lingua) ling. lingflfst. Uq. (literal) literal. lit. litogr. litol. lituan.

liturg. lit. eat. Livr. liv., livr., I. loe. loe. log.

(liturgia) liturgia eat6L livr. (livro) (local) loe. logar.

16g.

16g.

Iomb. long. lug. lund. lusit. lua. lua. lut. maçon. mad., madeir. mag. magn:, magnet. m. q. perf. maidse. mal., malab. Malaeol. malai. mal. malg. manuf. maomet. map. máq. maquinof. maranh. mar. mare. mareb., marehet. marg.

Iomb. long. (lugar) (lundês) lusit. lua. (luso) (luta) ma!;OD. madeir. (magia) magnet. m. q. perf. maiúse. malab. malaeol. (malaiala) mal. malgaxe manuf. maomet. map. máq. maquinof. maranh. (marata) mareen. marehet. marg.

ab•evia!;io

ELEKENTOS

abre\'iando marinha marnotllgem mamotos marroquino martinicano marxismo masculine matemática matéria materialismo ma to-grossense mecânica mecanografia medicina medicina legal médico médio alto alemão memorandum (JI!.emorando) memória memorial mensal mercado mercúrio meridiano meridional metafísica metafórico metáfora metalurgia metátese meteorologia metrificação métrica metrologia mexicano microbiologia microfotografia micrografia micrologia micrometria microscopia microscópico militar mineração mineral mineralogia minhoto minúsculo misticismo místico mitologia mitônimo D\itônimo feminino

DE

BIBLIOLOGIA.

como na fente mar. mam. mam. marr. martin. marx. m., mase. mat., matem. mat. Material. matogros. mee., mecân. mecan. med. med. leg. méd. m. alt. al. Memo.

mar. mamot. (mamotos) marroq. martin. marx. masc. matem. mat. material. mato-gros. mecân. meeanogr. med. med. legal méd. m. a.-al. memor.

mem. mem. mens. merc. Mere. mer., merid. merid. metaf., metafís: metaf. metáf. met., metal. met., metát. meteor. metr. 0 metrif. métr. metroI. mex., mexic. mierob., microbiol. microf. microg. microI. microm. microse. microscóp.

mem. (memorial) (mensal) merc. (mercúrio) (meridiano) merid. metafís. metafór. metáf. metalur. metát. meteo rol. metrif. métr. metroI. mex. microbiol. mierofot. microgr. microI. microm. microsc. microscóp.

mil.

mil.

Miner. min. min., miner. mi. min\is. miat. mfat. mit., mitol. mit. mit. f.

miner. (mineral) mineral. minh. minúsc. mist. mist. mitoI. mitôn. mitôn. fem.

abre\'iaçlo

143

144 abreviando mitônimo masculino mobiliário modernamente modernismo moderno modo monografia montaria moral moralidade moralismo morfema morfologia movimento municipio municipal museologia museu música nacional nacionalismo napolitano natação naturalismo nauatle náutica nazismo navegação navegação fluvial navegação marítima neerlandês negativo neo-árico neoguinéu (neoguineense) neologia neologismo neozelandês nepalês neutro nicaragüense nigeriano nome nome próprio nominativo nórdico normando · normalização normativo . norueguês noticiário numeral numismática obras públicas

ANTÔNIO

HOUA.ISS

como na fonte mit. m. mob. mod. mod. mod. mod. mon., monog. mont. mor. mor. mor. morf. morf. mov. mun. mun. mus. mus. mús. nac. nac. nap. nat. nat. nau. náut. naz: nav. nav. fluv. nav. mar. neerl. neg. neo-ár.

abreviaçio mitôn. masc. mob. modnte modsmo mod. (modo) monogr. mot. (moral) moralid. morsmo morf.

neoguin. neol. neol. neozel. nep.

neoguin. neol. neolog. neozel. nep. (neutro) nicarag. niger. (nome) nome pr. nom. nórd. norm. normal. normat. nor. notic. num. numism. obras pób.

n.

nicar., nicarag. nig., niger.

n. n. pr. nom. nórd. norm. normal. normat. nor., norueg. Notic. num. numism. Obr. Púb.

~orfol.

mov. mun. munic. museol. (museu) mús. nac. nacsmo nap. nat. natur. (nauatle) náut. naz. nav. nav. fluv. nav. marlt. neerl. neg. (neo-árico)

BLEKENTOS

abrce'riaDdo obsoleto obstetrfeia oceanografia ocidente oculista ocultismo odontoiogia oficial offeio ofidismo oftalmologia oligarquia oneologia onomástica onomaiopéieo onomatopéia óptica oratória ordem ordinal ordiilário organismo organizaçio organogenia oriental origem original originário ornitologia orografia ortografia ortográfico ortopedia otorrinolaringologia ourivesaria paganismo palavra paleograf"Ja paleontologia panamenho pan-americaniamo paquiatano (paquistanês, paquistanenae) paraense paraguaio paraibano paranaense parlamentar parnasianismo parônimo partiefpio partfeula passado p&SiiVO

DE

BIBLlOLOGIA

COIJIO na fonte obsol. obst. Oeean. ocid. oeul. . ocult. Odontol. of. of. ofid. oft., oftalm. Olig. oneol. onom., onomáat. onom., onomatop. onom., onomat. 6pt. Orat. ord. ordin. ordin. org. organiz. organog. or. or., ori«. orig. orig., origin. omit., omitol. orog., orogr. ortog., ortogr. ortog., ortogr. ortop. otorrino. ouriv. Pag. pal. paleog., paleogr. paleont. pan., panam. pan-amer.

paq. par., paraens. parag. paraib. paran. parl. pam., pamas. parôn. part., partie. part. pa81. pass.

ab.-~~iaçio

obsol. obstet. oceanogr. ocid. ocul. oeult. odontol. of. (offeio) ofid. oftalmol. olig. oneol. onomáat. onomatop. onomat. 6pt. orat. (ordem) ord. ordin. org. organiz. organog. or. (origem) orig. origin. omitoI. orogr. ortogr. ortográf. ortop. otorrin. ouriv. pag. pal. paleogr. paleontol. panam. pan-amer. paq. par. parag. paraib. paran. parl. pamas. parôn. partie. part. pass. (passivo)

145

146 abrnia11do patologia patronímico patrônimo paulista paulistano :pedagogia ·pediatria pedologia pejorativo jlequeno perfeito perífrase pernambucano persa perspectiva perspectivism11 ;peruano peru via no pescaria pessoa pessoal petrografia piauiense pintura pirotecnia pirotécnica piscicultura planejament11 plebeísmo plural poesia poética, poético polaco (polonês) política, político população popular porto-riquenho (portoricense) português positivismo possessivo pouco usado povoação povoado prático precedente predicativo prefixo pré-hist. preposição prepositivo prescrição presente presidente

ANTÔNIO

HOUAISS

abreviação patol. patron. patrôn. paul. paulist. ped., pedag. ped., pediat. ped., pedol. pej. perf. perff. pem., pemaab. pen. penpeet. perspeetiT. per. peru v. pese. pess. pess. petr., petroi'. piaui., piauien. pint. pirotec. pirotéc. pise., piscic. Planej. pleb. pl. poes. poét. pol. polít. pop. pop.

como na fonte patol. patron. pa.trôn. paul. paulist. pedag. pediat. pedol. pej. peq. perf. perff. pemamb. (persa) perspect. perspectiv. per. peruv. pese. (pessoa) pess. petrogr. piauien. pint. pirotec. pirotéc. piscic. plnej. pleb. pl. (poesia) poét. pol. polít. popul. pop.

porto-riq., porterr. port. Posit. possess., poss. p. us. pov. pov. prát. prec., preced. pred. pref. P. Hist. prep. prep., prepos. presc. pres. Pres.

porto-riq., porto-ric. port. posit. poss. p. us. pov. povd. prát. preced. pr.edic. pref. pré-hist. prep. prepos. presc. pres. presid.

peq.

J:LEJrllllNTOS

abreviando previdência primitivo principal privativo problema problemático precesso produção professor profissão profissionalismo pronome pronominal propaganda proposição próprio prosódia prosônimo prostético prótese protestantismo protético protocolo provençal provérbio província provincial provincianismo psicanálise psicologia psicogonia psiquiatria publicação qualificativo quantidade quantitativo questionário quichua· · quimbundo quimica quinzenal quinzenário quiromancia racional racionalismo racismo radical radicalismo rádio radioatiVidade radiodifusão radiografia radiograma radiologia

DE

BIBLIOLOGJA

como na fonte Previd. prim., primit. princ. priv. Probl. problem. proc. prod. prof., Prof. profiss. profission. pron. pronom. propag. propos. pr. pros. prosôn. prost. prót. Protest. protét. prot. prov. prov. prov. pro v. prov. psic., psican. psic., psicol. Psicogri. psiq. pub., public. qual., qualif. quant. quantit. quest. qui. quimb. quím. quinz. quinzen. quirom. r a c. racion. rac. rad. rad. Rd. radioat. radiodif. radiogr. radiog. radiol.

abreviaçio previd. primit. princ. priv. probl. problem. proc. prod. prof. profis. profission. pron. pronom. propag. propos. pr. pros. prosôn. prostét. prót. protest. protét. pro toe. prov. provb. prove.. provinc:. prov~smo•

psican. psicol. psicogn.. psiquiat.. public. qualif. quant. quantit;.. quest. (quíchua) quimb. quím. quinz. quinzen. quirom. rac. racional (racismo) rad. radical. (rádio) radioat. radiodif. radiogr. radiog. radiol.

147

148

ANTÔNIO

HOUAISS

abreviando radiotecnia radiotéénica racü·o terapia

como na fonte radiotec. radiotée. radiot.

raro

·r.

realidade realismo reciproco reciprocidade redução referência referente reflexivo, reflexo reformismo regência região regimento regionalismo registro relatividade relativo relatório religião relojoaria remo repartição repertório reportagem república restritivo. resultado retórica retrospectiv<.. reversivel revista rio-grandense do norte rio-grandense do sul rodésio rodovia românico romano romeno (vide rumeno) · roteiro rumeno runl ruralismo russo rústico salinas sânscrito sapataria secretaria secretário sectarismo seleção

real. real. redp. reeip. red. ref. ref. refi. Ref. r. reg. reg., regim. region. Reg. rei., relat. rei. rei., relat. Rei., rei. reloj. rem. rep. repart. repert. report. rep., Rep. restr. result. retór. retrosp. revers. rev. rg. n. rg. s. rod. rod. rom. rom. rom. rot. rum. rur. rur. rus., russ. rúst. sal. san., sânsc. sap., sapat. sec., secr. sec., secr. sect. sei.

abreviação radiotec. radiotéc. radioter. (raro) realid. real. recip. recip. red. ref. refte refi. reform. reg. (região) regim. region. rg. relativ. rei. relat. relig. reloj. (remo) repart. repert. report. repúb. restr. result. retór. retrosp. revers. rev. rio-gr. n. rio-gr. sul rod. (rodovia) român. rom. (romeno) rot. rum. (rural) rural. (russo) rúst. sal. sânsc. sapat. secr. secret. sect. sei.

ELEMENTOS

abreviando semântica seminário semítico semitismo sentido sericultura (sericicultura sergipano serralharia (serralhe-ria) serviço setentrional (septentrional) siberiano siderografia siderotécnica siderurgia significação silaba silogismo silvicultura simbólico simbolismo símbolo simbologia singular sinônimo sintaxe síntese sirfaco sírio sistema situado socialismo sociedade sociologia sólido soviético subafluente subjuntivo substantivo sueco sufixo sul-africano sul-americano sulista superfície superior superlativo suplemento surrealismo tabela táboa tailandês

DE

BIBLIOLOGIA

como na fonte sem., semânt. sem., semin. sem. (semít.) semit. sent.

abreviação semânt. sem in. sem. (semít.) semit. sent.

seric. ( sericic.) serg.

seric. ( sericic.) serg.

serr., serralh. serv.

serralh. serv.

set., setent. sib. siderogr. siderotéc. sider. sign. sfl. silog. silvic. simb. simb. simb. simbol. sing., sg. sinôn. sint. sínt. sir. sír. sist. sit. social.

setent. (septent.) sib. siderogr. siderotéc. si der. sign. síl. silog. silvic. simból. simbol. símb. simbol. sing. sinôn. sint. sint. si r. (sírio) sist. sit. social.

soe.

soe.

sociol. sól. sov., soviét. subafl. subj. subst. sue. suf. sul-af. sul-amer. sul. superf., sup. sup. superl., supl. surr. tab. táb. tail.

sociol. sól. soviét. subafl. subjunt. subst. (sueco) suf. sul-afr. sul-amer. sul. superf. sup. superl. supl. surreal. tab. (táboa) tail.

149

150 abrevia noJo ·taíno tâmul tanoaria taquigrafia tática tauromaquia taxidermia tchecoslovaco teatro tecelagem técnica tecnografia tecnologia telefone telefonia telégrafo telegrafia telecomunicações telemetria televisão temperatura teologia terapêutica teratologia terminação terminologia têrmo território têxtil tibetano tinturaria tipografia tiragem titulo tônico tópico topografia topologia toponimia topônimo toxicologia toxiologia trabalhismo trabalho tradicional tradicionalismo tradução tráfego transitivo transjordano trasmontano tratado tribuna! tribulos

ANTÔNIO

HOUAISS

como na fonte taí. tâm. tanoar., tan. taquigr. tát. taur., taurom. Taxid. tchec. teat. tec., tecei. téc., técn. tecnog. tecnol. tel., telef., tele. tel. tele!. telégr. telegr. telecom. telem. T·.v., telev. temp. teol. terap., terapêut. terat., teratol. term. termin., termin.oi.

t. terr., territ. tê:rt. tib., tibet. tint. tip., tipogr. tir. tit. tôn. tóp. topog., topogr. topoI. topon. topôn. toxicol. toxiol. trabalh. trab. tradic. tradic. trad. trá!. trar..s. transj. trasmont. trat.

Trib. trib.

abreviacã., (taíno) (tâmul) tanoar. taquigr. tát. taurom. taxid. tchec. (teatra) tecei. técn. tecnogr~

tecnol. teI. telef. telégr. telegr. telecom. telem. telev. tem per. teol. terap. teratol. term. terminoJ. (têrmo) territ. (têxtil) tibet. tint. tipogr. tir. tft. tôn. tóp. topogr. topoI. topon. topôn. toxicol. ·toxiol. trabalh. trab. tradic. tradicsmo trad. tráf. transit. transj. trasmont. trat. trib. (tributos)

ELEMENTOS

abrnisndo trigcnom~tria

trimestral trimestre trivial tropical tunisiano tunisino tupi-guarani turco turismo ucraino ucraniano unidade uniforme universal universidade urbanismo urbanista urbano urologia uruguaio usado utilidade utilitarismo utópico utopismo vademeco (vademecum) valão vari~o

variante vasconço vaticano vegetal velocidade venatório ·veneziano venezuelano ( venezolano) voerbal verbalismo verbête verbo vernaculismo vernáculo verossimilhança versificação veterinária vidraria vinicultura viticultura vocabulário vocalismo vocativo vogal

DE

BIBLIOLOOIA

como na fonte trigon. Trim. trim. triv. trop. tunis.

151

Util. utóp. Utop. vad. val. var. var. vase. vat. vcg. vel. '\;en. venez. vencz.

abreTiacão trigonom. trimest. trim. triv. trop. tunis. tun. tupi-guar. (turco) tur. ucr. ucran. un. unif. uni v. univers. urbsmo urban. urb. urol. urug. us. utilid. utilit. utóp. utop. vadm. (valão) var. (variante) v a se. vat. veg. vel. venat. venez. venezuel. ( venezol.)

verb. vet·bal. verb., Verb. v., verb., vb. Vem. vem. veross. versif. vet., veter. vidr. vinic. vitic. Voe. voe. voe. vog.

(verbal) verbal. verb. vb. vemsmo vem. veros. versif. veterin. vidr. vinic. vi tie. voe. voes mo vocat. (vogal)

~mis.

tupi-guar. Tur. tur., turism. ucrain. ueran. un. un., unif. uni v. univ., Univers. Urb. urb. urb. urol. urug. us.

utn.

152 abrevianclo v olataria vuleinico vulgar xenofobia xerografia xilogravura xintofsta zende zoologia zootecnia zootécnica

ANTÔNIO

HOUAISS

eomo aa fonte volat. vulc. vulg. xenof. xerog. xilog. Xin. zend. zo., zool. zootec. zootéc.

abreviaclo volat. vulc. (vulgar) xenof. xerogr. xilog. xint. (zende) zool. zootec. zootéc.

2. ~. 4 Abreviaturas - Os princípios que parecem reger as abreviaturas são prAticamente os mesmos que os das abreviações, como vimos supra. Distinguimo-las tão-somente porque as abreviaturas são formas como que fossilizadas e de emprêgo genêric~ tão tradicionalizado, que, embora possam acarretar ao leitor ou autor desprevenido certas dificuldades para a sua eventual compreensão, isso não se justifica entre os que estejam, de certo modo, afeitos ao manuseio, uso e jôgo dos livros. Os caracteres tradicionais mais típicos nas abreviaturas são, do ponto de vista lingüístico, o fato de que não poucas se referem a palavras ou expressões latinas; do ponto de vista tipográfico, o fato de que nelas se faz amplo uso de tipos superpostos, que as práticas abreviantes modernas tendem a proscrever cada vez mais, por comodidade e por economia. Não seria demais reconhecer .que dentre as abreviaturas seria possível grupar (a) as que, com raízes na tradição manuscritora medieval, que foi altamente abreviadora, são reduções de palavras ou expressões latinas e, por isso mesmo, de curso geral no ocidente, independentemente dos vernáculos; (b) as que, ligadas aos usos sociais classificat6rios e aristocráticos, se enlaçam de um modo ou de outro com os axiônimos, com . expressões axionímicas ou com torneios hierárquicos, nobiliárquicos, dignitários. inclusive das profissões ligadas às classes dirigentes; (c) as ligadas às linguagens especializadas, como a comercial, a forense, a náutica, a musical, e assim sucessivamente. Na impossibilidade de esgotar a~ abreviaturas de curso. corrente em obras em português, na impossibilidade, ainda, de grupar em quadros sistemáticos exaustivos as abreviaturas, passamos a relacionar, a seguir, uinas quantas abreviaturas, segundo afinidades temáticas mais ou menos marcadas: ( 1) abreviaturas axiol6gicas, compreendendo as relacionadas com as fórmulas de tratamento, os títulos nobiliárquicos, profissionais, eclesiásticos e afins, e as ideologicamente associadas; (2) abreviaturas autorais, de palavras latinas exclusivamente, que antecedem os nomes de autores de obras dP

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

153

arte, na idade moderna, a partir do momento em que o anonimato de regra desapareceu; (3) abreviaturas bibliológicas, que se relacionam com as técnicas de remissão, indicação, seccionação, anáfora, dêixis, na estruturação de uma obra escrita; (4) abreviaturas comerciais, industriais e afins (e ·algumas esportivas) ; ( 5) · abreviaturas crononímicas, relacionadas com a referenciação a tempo e s.o calendário; (6) abreviaturas forenses, judiciárias, tabelioas, áulicas, cortesãs, eufêmicas (e algumas institucionais) ; (7) abreviaturas médicas, farmacológicas e posológicas; (8) abreviaturas musicais, na sua totalidade de origem italiana, mas de curso pràticamente geral ·n as línguas ocidentais; ( 9) abreviaturas náuticas mais correntes, pois que a terminologia própria comportaria muito mais, de curso restrito; (10) abreviaturas teatrais, tão-somente as relacionadas com a referência à marcação do cenário. Insistamos em que não poucas, em cada grupo acima, po. deriam ser agregadas e que, ademais, não poucos grupos outros poderiam ser juntados, parecendo-nos, p9rém. que o principal aí está. Excluímos, deliberadamente, uma imensa galeria de valor restritamente paleográfico, isto é, sem utilidade corrente nos dias de hoje, que poderá ser haurida em tratados ou compêndios dessa técnica (cf., por exemplo, CAPP, GRON, MALL, MILL, MILM). Notarse-á, ainda, que não poucas abreviaturàs são totalmente homográficas para palavras ou expressões diferentes, no campo de amostragem que se segue, amplo aliás; a ambigüidade ou confusão decresce, chegando a desaparecer completamente, na medida em que, em cada obra que faz uso de determinadas abreviaturas, seu uso necessàriamenie se confina a um daqueles grupos ou se reduz a um número limitado. Ademais, para obviar às possíveis confusões, o texto e o contexto em que se inserem as abreviaturas são elementos de elucidação ou clarificação (foram fontes FREI, KAGN, ACAD, ACAL, AULE, ECBR, FERR, LARO, CASX, ENBR, ECTA, EESP, LEMA, HILL, MILM, OXFO, WEBS, WEBT, WEBU).

2 .9 .4 .1 A.B.

Adv", Adv.• A.M. A.M.

Abreviatu-ras axiol6gicas Artium Baeealaureu~ bacharel de artes, bachacharel em artes; expressão criada em latim medieval, universitário, segundo molde geral fre~ qüente para indicação de graus de formatura de cursos superiores; hoje em dia viva sobretudo entre povos de lingua inglêsa advogado Artium Magister, mestre de arte, mestre em artes; ver BUprG A.B. Ave Maria; expressão e abreviatura ligadas l igreja católica

154

ANTÔNIO

A.M.D.G. B.A. Brllo, Bar. Bel

B. Lit. B.M.V. Brig•, Brig.• B.V.M. Cap.••. Cap. Cap. CGrv. Cap. Fr.· Cap. M. G. Cav•, Cav.• C.B. Cde, C.de Cdes~,

C,dessa

Cel Ch.B. Ch.M.

Cem••, Com.••• Côn•., Côn• Cont.. , Cont!••

D.

D.•, D•, Da, Da. DD. Des .., Des!•• D.G. D.G. D. Lit. D.•, D•, Dr, Dr. D.• M.

D.N.S. D.••, D.. , Dra, Dra. D.•

D.V.

E.E.M.P.

HOUAI S S

Ad maiorem Dei gloriam, para a maior glória•. de Deus; lema da Sociedade de Jesus Baccalaureus Artium; o mesmo que A.B., q. v. . barão bacharel Baccalaureus Literarum (Litterarum), bacharel de letras, bacharel em letras; ver supra A.B Beata Maria Virgem, Beata Maria Virgo; ver · supra A.M.2 brigadeiro o mesmo que B.M.V, q.v. capitão capitão de corveta capitão de fragata capitão de mar e guerra cavaleiro Chirurgiae Baccalaureus, bacharel em cirurgia;: ver supra A.B. conde condessa coronel o mesmo que C. B., q.v. Chirurgiae Magister, mestre de cirurgia, mestre· em cirurgia, também C.M.; ver supra A.B. comendador cônego contador dom, às vêzes também dona; digno dona dignissimo desembargador Dei cratia, pela graça de Deus, graças a Deus;· ver supra A.M.2 Deus guarde; ver supra A.M.2 Doctor Litterarum, doutor de literaturas, doutor· em literaturas; ver supra A.B. doutor doutor em medicina Deus Nosso Senhor; ver supra A.M.2 doutôra Deus, como latinismo, e assim Deus Deo uolente, em querendo Deus, se Deus quiser;· ver supra A~M.2 enviado extraordinirio e ministro plenipotenciário.. (na atual carreira de diplomata do serviço p11- . blico brasileiro U dois gêneros de funções, a diplomitica e a consular, para as quais, em principio, os seus ocupantes podem ·s er designados~ . quando em função no exterior; a hierarquia é . a seguinte: terceiro secretário [função diplomática] ou cônsul de terceira classe, vice-cônsul; segundo secretário [função diplomática] ou· cônsul de segunda classe, cônsul adjunto ou, eventualmente, cônsul; primeiro secretário [fun-. ção diplomltica] ou cônsul de primeira classe,.

ELEMENTOS

:-E.E.P. Emb., Emb•• Em.•, Em• Em."'•, Em•• Eng.•, Eng• Ex.•, Ex•, Ex c.• Ex.••, Ex••

F.D. G.••, G•', Gen. G.de Of., Gele Of. G.M., g .m., g.-m. G.P. h.c.

:H.J.S., H.I.S.

I.H.S., J.H.S.

II."··, n··

I ma c.•, Imac• I.N.R.I., J.N.R.J.

J.C. ..J.D., I.D. .-.J.M.J. Jf!, J•, Jr, Jr. .J.•, J• L.••, L••, Lic.•• Litt. D., D. Litt.

DE

BIBLIOLOGIA

155

cônsul ou, eventualmente, cônsul adjunto; ministro de segunda classe [função diplomática] ou cônsul-geral, e; por fim, ministro de primeira classe, dentre os quais são comissionados embaixadores. Os ministros são ditos "ministros plenipotenciários", distintivamente, mas quando no exercício de chefia de missão diplomática, "enviados extraordinários e ministros plenipote-nciários"). ·embaixador extraordinário e plenipotenciário, designação usada em chefia de missão diplomática Embaixador Eminência Eminentíssimo engenheiro excelência .excelentíssimo fidei defensor, defensor da fé; diversos reis e imperadores assi~ se disseram; hoje ainda o da Grã-Bretanha general grande oficial guarda-marinha Gloria Patri, glória ao pai, isto é, Deus; ver supra A.)l.2 honoris causa, por motivo de honra, por causa honorífica; abreviatura que pode acompanhar títulos como A.B., M.A. e outros, quando conferidos por motivos politicos ou reconhecimento de saber alto ou específico por universidades a quem não freqüentou os seus cursos regularmente hic jacet sepultus (sepulta), hic iacet sepultus (sepulta), aqui jaz sepulto(a), sepultado(a); abreviatura corrente, em certo período, em início de epígrafes f!lDerárias, sobretudo cristãs Jesus hominum saluator, Jeaas hominam aalvator, Jesus, salvador dos homens; ver supre~ A.M.2 ilustríssimo imaculada, em relação à mãe de Jesus; nr .supre~ A.M.2 . lesua Nazarenus Rex ladaeorum, Jesus Nazarenas Rex JudEOrum, Jesus Nazareno rei dos judeus; inscrição que teria sido superposta à cruz em que foi crucificado Jesus Jesus Cristo: ver suprCI A.M. Juris Doc:tor, luria Doctor, Jurum Doctor, lurum Doctor, doutor de direito, em direito, doutor de direitos, em direitos; ver supra A.B . Jesus, Maria, José; ver supra A.M.2 junior, iunior, júnior, o mais jovem jub

·

licenciado Litterarura Doc:tor, Doctor Litterarum, doutor de, em letras; ver supra A.B.

156 LL.B.

ANTÔNIO

BOUAISS

Legum Baeealaureus, bacharel de, em leis; ver .upra A.B.

LL.D. M.; MM. M.•t, Mat M.B. M.D. M•, M• Ml!•, M.l!•; M.eea Mil•, Mlle

MM. Mme, Mme Mona. Mr., Mr; Messers Mrs., Mra M.R.P.M. Mus. B.

Mus. D. N.P. N.R.P. N.S. N.S.• N.S.P. N.SS.P. P.•, pe Ph.B. Ph.D. P.M. Rev.••, Rev•• Rev.•, Rev• R.I.P.

R.P. S.; SS. S.A.; SS.AA. S.A.C.; SS.AA.CC. Sae.•• C. J. S.A.F.; SS.AA.FF. S.A.I.; SS.AA.II. S.A.S.; SS.AA.SS. S.A.R.; SS.AA.RR. S.B.; Se. B. S.D.; Se.D.

Legum Doctor, doutor de, em leis; ver aupra A.B. francês monsieur, senhor; messieurs, senhores marechal Medieinae Baeealaureus, bacharel de, em medicina, ver supra A.B. Medieinae Doctor, doutor de, em medicina; ver aupra A.B. mestre, mestra marquês, marquesa francês mademoiselle, senhorita meritissimo francês madame, senhora monsenhor inglês mister, senhor; é o plural inglês mistress, senhora muito reverendo padre mestre; ver supra A.M.Z Musieae Baeealaureus, bacharel de, em música; ver supra A.B. Musieae Doctor, doutor em, de música; ver aupra, A.B. nosso padre; ver aupra' A.M.2 nosso reverendo padre; ver supra A.M.Z Nosso Senhor, em relação a Jesus; ver aupre~ A.M.2 Nossa Senhora, em relação à mie de J esús; ver supra A.M.2 nosso santo padre; ver aupra A.M.Z nosso santissimo padre; ver aupra A.M.Z padre PhiJosophiae Baeealaureua, bacharel de, em filosofia; ver aupra A.B. Philosophiae Doctor, doutor de, em filosofia; ver supra A.B. padre mestre; ver aupra A.M.2 reverendissimo reverendo requieseat in pac:e, repous., (descanse) em P'-Z; geralmente em fim de epigrafes funerárias cristãs reverendo padre são; santos sua alteza; suas altezas sua alteza eristianissima; suas altezas eristianfssimas Sacratíssimo Coração de Jesus; ver aupra A.M.2 sua alteza fidelissima; suas altezas fidelissimas sua alteza imperial; suas altezas imperiais sua alteza sertmíssima; suas altezas serenissimas sua alteza real; suas altezas reais Sc:ientiae Bac:c:alaureua, bacharel de, em ciência; ver supra A.B. Sc:ientiae Doctor, doutor de, em ciência; ver aupra A.B.

ELEMENTOS

S. Ex.•; SS. Ex ... S. Ex.• Rev.m•; SS. Ex... Rev.mao S.G.; SS.GG. S.H.; SS.HH. S.ll. ma; SS.Il. ma S.J.D.; S.I.D.; Se. J.D.; Se. I.D. S:M.; Se. M. S.M.; SS.MM. S.M.I.; SS.MM.II. S.M.F.; SS.MM.FF.

Sór., s.·· S.P.; SS. PP. S.•, S•, Sr, Sr.; S...., Sree, Sres, Sres. S. Rev.•; SS. Rev.•• S. Rev.••; SS. Rev.••• S .. •, Sr••, s.•• ss. S. S.; ss.ss. s.s., s.s.•; ss.ss., ss.s ... SS.C.M. S.T.D.; Sc.T.D.

DE

BIBLIOLOOIA

157

sua excelência; suas excelências sua excelência reverendíssima; suas exce1ências reverendíssimas sua graça, sua grandeza; suas graças, suas grandezas sua honra; suas honras sua ilustríssima; suas ilustríssimas Sc:ientiae Juridicae (laridicae) Doctor, doutor em, de ciência jurídica; ver supra. A.B. Scientiae Magister, mestre de, em ciência; ver supra A.B. sua majestade; suas majestades sua majestade imperial; suas majestades imperiais sua majestade fidelfssima; suas majestades fidelfssimas sóror sua paternidade; suas paternidades senior, o mais velho, quando posposto ao nome do indivíduo; senhor, quando anteposto; respectivos plurais para a segunda significação sua reverência; suas reverências sua reverendíssima; suas reverendíssimas senhorita santíssimo sua santidade; suas santidades sua senhoria; suas senhorias

Santíssimo Coração de Maria; ver eupra, A.M.2 Sacrae Theologiae Doctor; Scientiae Theologicae Doctor; doutor de, em teologia sacra; doutor de, em ciência teológica; ver supra A.B. S.T.L.; Sc.T.L. Sacrae Theologiae Licentiatus; Scientiae Theologicae Licentiatus; licenciado de, em teologia sacra; licenciado de, em ciência teológica, ver supra A.B. s•·, s.••, sta., sta santa s••, s.••, Sto., sto santo T.te, Tte, Ten. tenente Tte. Cel, T.te C.el tenente-coronel Virgem, ver suprCII A.M.2; e também você viúva v.•, v· vossa alteza; vossas altezas V.A.; VV.AA. V. Caride; VV. Caricift vossa caridade; vossas car~dades Vde, V.de visconde Vdeoaa, V.dviscondessa V. Ex.m•; VV.Ex.••• vossa excelentíssima; vossas excelentíssimas V. Ex.•; VV. Ex... vossa excelência; vossas excelências vossa graça; vossas graças V.G.; VV.GG. vossa honra; vossas honras V.H.; VV.HH. vigário Vig•, Vig.•, Vig. v.n.m•; vv.n.mu vossa ilustríssima; vossas ilustríssimas Virgem Maria, Virgo Maria; ver supra A.M.2 V.M. vossa majestade; vossas majestades V.M.; VV.MM. V.Mag.•; VV.Mag.•• vossa magnificência; vossas magnificências

v.

158

A N T ÔN I O

vmcê, vmcês V.M.ci!; VV.Mcês V.P.; VV.PP. V.Rev.•; VV.ReT.. V.Rev.••; VV.Rev.•u

v.s. v.s., v.s.•: vv.ss., vv.s... v.S.II"'", v.s.· li."'"; VV.SS.II"' .., vv.s.·· li .....

H O U A I S· S

Tosmecê(s); vossemecê(s) Tossa ' mercê; vossas mercês vossa paternidade; Tossas paternidades vossa reverência; vossas reverências vossa reverendíssima; vossa reverendissimas vossa santidade vossa senhoria; vossas senhorias vossa senhoria ilustríssima; vossas senhorias ilustríssimas

Abre11iaturas autorais 2.9.4 .2 aetate, na idade de; inscrição com que os pin. aet., aetat. tores, de preferência, indicavam em que idade se achava o retratado; às vêzes aet. s11a, seguida de um numeral, vale dizer "na sua idade de x anos" composuit, compôs, em algumas partituras mu· comp.' sicais antigas · delineauit, delineaTit, "desenhou", seguido do dei.', dei. nome do autor • t • pinxit, "pintou" pmx. , px. t , pmx. sculpsit, "esculpiu" se.', scul., sei. • scripsit, "escreveu" scrps.', scp.'

2.9.4.3

Abreviaturas bibliológica,s ·

a, a., (a), (a.)

aa, aa., (aa), (aa.) A.; AA. ab init. ad. fin. ad inf., ad infin. ad init. ad loc. ai. ap.

br. cet. par.

assinado(a) assinados(as) autor; autores ab initio, a partír do inicio, desde o infçio (apa· rece, verifica·se, ocorre determinado fato refe· rido com a abreviatura) ad finem, até o fim ad infinitum, até o infinito, inumeràvelmente ad initium, no infcio, logo no inicio ad locum, ao lugar, para o lugar alias, aliter, por outras (palavras, maneiras, mo· dos), de outro modo (maneira) apud, em, de entre; emprega-se fundamental· mente quando se dão as referências de um con· ceito, noção, citação, hauridos não diretamente na fonte, mas em autor ou fonte intermediária, com dupla finalidade, a) de honestidade, es· crú pulo científico, ~) de ressalva por eventual malversação do conceito, noção, citação, malver· sação que correrá à conta da fonte intermediária; . é óbvio que o recurso se torna legítimo .somente quando a fonte primeira é de certo modo inacces. sível brochura ceteris paribus, sendo iguais (semelhantes, equi· valentes) as outras coisas

ELEMENTOS

cf.

cit. eit.; eitt. cód. -eon., cont., contr. ep. dele.

DE

-ed.

E., EE. -e.g.

et

al

d al

159

confer, confere, confira, verifique; o uso bibliológico mais correto é o de empregar essa abreviatura antes de referências bibliográficas quando não são feitas em função de citação, mas do livre aproveitamento das idéias ou palavras indicadas no lugar da fonte; se, ao revés, se trata de citação, nesse caso as referências bibliográficas devem vir, geralmente entre parênteses ou em rodapé, sem serem antecedidas de nenhuma abreviatura remiflsiva citação citatus, citata, citatum, citado, citada, citado (neutro); citati, citatae, citata, citados, citadas, citados (neutro) ·códice contra, contra, em oposição (para estabelecer cotejo ou confronto· opositivo, oponencial, não correia ti v o ou associa ti vo) compara, compare, coteje, confronte; é abreviatura de palavra portuguêsa sucedânea de cf., q.v., com a mesma função deleatur, apague-se, destrua-se, elimine-se; indicação hoje rara, supérstite em revisão num sím:Qolo q, ou lj - para. indicar que determinado tipo composto deve ser elimi.nado na correção tipográfica edidit, ediderunt, editou, editaram, em sentido não editorial, mas ecdótico, isto é, daquele que se encarregou de preparar e presidir ao cuidado científico de fixar o texto ou coordenou a fixação de um texto coletivo; quando o responsável é um só, emprega-se ed.; quando dois ou mais, seria de esperar edd., cujo emprêgo é cada vez mais raro. edição editor, editôres, como equivalente de editorador, editoradores exempli gratia, por exemplo, por amor do exemplo (isto é, da clareza, da concretizàção do que se vinha expondo teoreticamente; em português via de regra vem entre duas vírgulas) et alii, et aliae, et alia, e outros, e outras, e outros (neutro); associa-se a "etc." e "et cat."; mas et al. indica que se suspende a enunciação de uma série de elementos que se presumem desconhecidos do leitor, mas cujo conhecimento não parece ao autor lhe seja necessário; "etc." indica que se suspende a enunciação de uma série !fe elementos presumivelmente do conhecimento do leitor; e et cat. indica suspensão de uma "multidão", de um "bando" de elementos secundários, dai, desprezíveis, noção consentânea com o .matiz que "caterva" já possuía em latim et alibi, e em outro lugar (que o autor desconheça ou queira silenciar)

a,

ed., edd.

BIBLIOLOGIA

160 etc.

et eat. et seq.; et seqq.

ex. ex. f., fo., f.•, f•; ff. fos.,

f.••, f••

f., fl.; ff., fs., fls. fase.; fascc., fases. f.r., f•r•

fs. f.v., f-v• ib., ibid.

id.

ANTÔNIO

HOUA.ISS

etcetra, etcétera, forma por assim dizer aportuguesada (e .por isso sem grifo) do latim et coeteri, et coeterae, et coetera, e os outros, e as outras, e os outros (neutro); ver supra et al.l et caterua, et caterva; ver supra et ai. 1 et sequens; et sequentes, et sequentia; e o segttinte; e os seguintes {masculino ou feminino) e os seguintes (neutro); às vêzes se usa de et seq. também como et seqq. exemplo exemplo, em exemplo, por exemplo f6lio; f6lios fôlha; fôlhas fascículo; fascículos fólio recto, fólio reto, isto é, a face ou pagoma impar · atual de uma fôlha, quando estas eram numeradas por fólio, só na primeira face, a impar, quando então a remissão a essa face tinha de ser da maneira em causa · fac-sfmile f6lio verso, a face par do f6lio; ver supra f.r. ibidem, isto é, no mesmo lugar, lugar como indicativo apenas da obra, quando seguido de número outro que o anteriormente referido após a citação anterior da obrs, lugar como indicativo da obra e da página, quando não se segue nôvo número idem, o mesmo, isto é, autor antes referido; se a indicação fôr id. ib. ou id., ib. é porque se trata do mesmo autor e de sua mesma obra antes referidos; id. usa-se também, sobretudo cometeialmente, como equi\ralente de "d0 ", q.v.

id. q.

idem quod, isto é, "o mesmo que" referido a coisa no singular (trata-se de gênero neutro e segundo a tradição não se emprega para autores); cf. id.

i.e. i.é. imp.

id est, isto é (emprega-se entre virgulas) isto é (emprega-se entre vírgulas) imprimatur, imprima-se; despacho ou sanção de autoridade censora competente para permitir a impressão de obra; hoje ainda vigente em certas situações eclesiásticas incognJto, de forma não conhecida, como desconhecido infra, abaixo, quer dizer, em local da obra que ainda está por ser lido in loeo, no lugar, nesse mesmo lugar linea; lineae; linha, linhas; tanto para as impressas em prosa, quanto para as em verso, e também em manuscritos livro liber, livro

incog. inf. in loe. L; IL

1., 1•, J.•, liv. L., lib.

ELE M E N TOS

l.e., loe. eit.

lit. loq.

L.Q. mem. ms, ms., Ms, Ms., MS mBB, m88., Mss, Mss., MSS rns, Ms, ms., MS. rnss, Mss, rns11., MSS.

N. do A. n.b., N.B. n.b., N.B. N. do E.

n., n°, n. 0 , n!1, N° N. Obs.

N. da R. non seq.

N. do T. ob.

ob. cit. Obs.; obss.

DE

-~

I B L I O L.O G I A

161

loco eitato, em ablativo, no lugar citado, loeus citatus, em nominativo, lugar citado; emprega-se quando, citando-se passagens sucessivas de um mesmo autor (id.) numa mesma obra (ib.), já não se faz mister isso, mas tão-somente a indicação da página; em ocorrendo, a seguir, a mesma página, cabe o emprêgo da abreviatura em causa litteraliter, literalmente, o mesmo que ipsis litteris loquitur, disse, vale dizer, o personagem de que antes se vinha tratando; abreviação ocasional em obras teatrais impressas, ocorrente nos códices lege, quaeso, "lê, peço-te (ó leitor)"; marcação de interêsse em códices; usada em epistolografia, no passado memento, memento, lembrete manuseriptus, manuscrito, códice, autógrafo, apógrafo manuscripti, manuscritos, códices, autógrafos, apógrafos (a forma do singular também é usada pelo plural, quando não é imperativa a distinção) manuscrito manuscritos (a forma do singular também é usada pelo plural, quando não é imperativa a distinção) nota do autor nota bene, o mesmo que note bem nota do editor (tanto como ed. como editorador) número ou numero, numerus (só empregado quando antecedendo algarismo); corno flexão gramatical, a abreviação corrente é "núm." nihil obstat, "nada obsta (do ponto de vista doutrinai ou censório), a que se imprima ou circule a obra''; antecedia, e às vêzes antecede, o processo implícito na abreviatura imp., q.v. nota da redação non sequitur, não segue, obra em publicação fascicular, parcelada, ou então periódico que deixa de circular em meio; pode-se usar também, para fim equivalente, quando, de um periódico, se sabe. a data de início de circulação, mas ignora-se a data de cessação: "non seq. c. 1932", "não prossegue cêrca de 1932" nota do tradutor obiit, morreu; em verbêtes biográficos sintéticos, quando não se trata de cristãos (para os quais é tradição antepor na data de morte uma t), pode-se usar de outra convenção ou da abreviatura em causa o mesmo que op. cit., "obra citada" observação; observações

162

ANTÔNIO

o.d.e., O.D.C., ou o.d.c., O.D.C. op. cit.; opp. eitt.

o m. q p., pag.; pp., pagg., ow p., pág; pp., ps., págg., pags. p. ex.

P.P.S. P.S. ·q.e.d.; Q.E.D.

q.v.; qq.v.

rad. se. .s.d., s/d w.d. seg.; segs., segg. aeq.; seqq.

11n. s.p.

BUP.

n/d

HOUAISS

offert, dicat, conse(a)crat; oferece, dedica, consagra; em geral, em dedicatória impressa de um livro opus citatum; opera citata; obra citada; obras citadas; recapitulemos: 1) referência a autor imediatamente antes citado, id.; 2) e com a mesma obra, id. ib.; 3) mas na mesma página citada, apenas loc. cit.; 4) já no caso vertente, o autor é referido no texto, de modo que a remissiva, em lu6rar de reportar-se a ib., se se tratar da mesma obra antes citada, reporta-se a op. cit., que, se fôr no mesmo local (página), poderá ser op. cit. loc. cit. ou op. loc. cit.; as abreviaturas em causa foram referidas, no inicio, em nominativo, mas podem ser interpretadas em ablativo, respectivamente opere citato, na obra citada, e operibus citatis, nas obras citadas o mesmo que; ver supra id. q. pagina; paginae, ou págin11, páginas por exemplo post post scriptum, depois do que foi escrito depois ; é a segunda anotação a seguir a post scriptum, escrito depois de terminado um escrito (carta, a1·tigo, livro) quod erat demonstrandum, o que se queria demonstrar, vale dizer, fecho de. coroamento de uma demonstração, arrazoado,· tese, resolução cujo desenlace se antecipara quod uide (quod vide); quae uide (quae vide), o qual se veja; os quais se vejam (no lugar competente) o pronome relativo fica no singular, isto é, q., quando a remissiva se refere a um vocábulo único ou expressão única; se se trata de duas unidades, o pronome relativo, no plural, é indicado por qq. radix·, raiz scilicet, a saber, saiba-se, é lícito saber, convém saber, abreviatura explicativa que via .de regra vem entre vírgulas sem data sine die, sem dia, isto é, sem fixação de data para nova convocação, nova reunião e afins seguinte; seguintes sequells (masculino, feminino ou neutrQ), seguinte; sequentes (masculino ou feminino), sequentia (neutro), seguintes sem lugar nem data sine .p role, sem filhos, sem àescendentes diretos consangüíneos de primeiro grau; em verbêtea biográficos sintéticos supra, acima; emprega-se oponencialmente a inf., q. v.

E L E H . E N TOS

•.v.; s. vv.

t.; tt., ts. a.s., u.sup.

V., v., vid. T., Til.

...... vv.

v., vv. T.g.

viz.

v.l., vv.ll. v<', vo., v.•

voL, voll. vol.; vols., v oli. vos: pop.; voe. pop.

v. s., v. sup. X., x.

2.i.4.4 ad vai.

B/L

DE

B I 13 L I O L O G I A

163

sub uoce (sub voce); sub uocibus (sub Yocibus): sob o verbête (que é em seguida à abreviatura indicado), sob os verbêtes (que são em seguida à abreviatura indicados), isto é, "para compreensão, maiores esclarecimentos, complementação de conceitos, verificação, veja-se o que se di:ll sob o verbête x, sob os verbêtes x, y, z" tomo; tomos ubi supra, lugar acima mencionado, no lugar acima indicado; oponencialmente, mais raro, u.i., u.inf., ubi infra, lugar abai.'Co indicado uide (vide), uidete (videte), vê, vêde; daí, veja veja-se, vejam uersus (versus), contra, para estabelecer cotejo contrastante; · ver .upra· con. uersus (versus), uersi (versi); verso, versos (de poemas), abreviatura seguida do número do verso verso, versos, como acima uerbi (verbi) gratia, por amor da palavra, por exemplo; equivale a e;g. hoje em dia, embora rigorosa distinção· queira que em v.g. os exemplos sejam palavras isoladas, em e.g., expressões, casos e equivalentes uidelicet (videlicet), convém ver, vale conhecer, a saber, saiba-se; emprega-se como se., q.v., mas é, hoje em dia, sobrewdo freqüente entre os de língua inglêsa; a forma decorre de abreviatura paleográfica com ligatura nria (uaria) lectio, uariae (variae) lectiones, lição vária, lições várias; "lição" em sentido ecd6tico, ·como variante textual verso, isto é, face (atualmente) par de um fólio, de uma fôlh~ apenas numerada no recto; ver supra f.r. uolumen (Yolumen), uolumina (volumina), volume, volumes volume; volumes uox (vox) populi; uoce (voce) populi; a voz do povo, na voz do povo, isto é, segundo a tradição oral, consuetudinàriamente, em opinião geral, segundo fama, conforme clamor uide (vide) supra, vê, veja acima indicação de autor anônimo; usa-se, também, quando há mais de um, Y. ou y., Z. ou z. e combinatórios, X.Y., X.Z., X.X., Y.Z., Y.X., Y.Y., etc.

AbreviaturAs comerciais, industria,is e a;fins acl aalorem (valorem), pelo valor, segundo o valor, isto é, estimação, ponderação, tributação, taxação percentual que se faz na base do valor venal bill of lading, nota de embarque

164

ANTÔNIO

c/ c/c C.G.S.

c••,

C... , Cia., Cia

C.I.F. Col.o, Col• Cx., Cx, ex., ex

D., D

d/ d., d d/d dz. d/v

F.O.B.

G/P

H., H, Her H.P.

K.O. lb. Ltd.~

L.. , L ... , Ltda

m/a m/c m/d m/o m/p n/c n/o n/s o/ p/ p/, p" P.B. pg. P.L. rs.

s/ S.A. s/f s/o T.S.F. V/

BOUAISS

com, conta conta corrente centímetro-grama-segundo, abreviatura indicativa de pesos e medidas segundo as unidades referidas companhia, na indicação de firmas comerciais, industriais e afins inglês cost, insurance and freight, custo, seguro e frete, compreendidos nos preços por que sio vendidas as mercadorias colégio caixa dever, deve, como abreviatura contábil dias denarius, dinheiro, isto, penny, pence dias de data dúzias(s) dias de vista inglês free on board, livre a bordo, isto é, as mercadorias ficam fora da responsabilidade do vendedor a partir do momento que êste as faz colocar a bordo d<> navio em que deverão ser transportadas . ganhos e perdas, como abreviatura contábil haver, como abreviatura contábil inglês horse-power, fôrça de . cavalo, vale dizer, cavalo vapor, c.v. inglês knock out, na linguagem do esporte (box), pôsto fora de combate latim libra, abreviatura inglêsa para a librapêso; plural lbs. limitada, na razão social de organizações comerciais, industriais e afins meu aceite minha conta meses de data minha ordem · meses de prazo nossa conta nossa ordem nosso saque ordem por para pêso bruto pago, pagou pêso líquido réis seu, sua, seus, suas sociedade anônima, na razão social de organizações comerciais, industriais e afins seu favor sua ordem telefonia 11em fio; telegrafia sem fio vosso, vossa, vossos, vossas

ELEMENTOS

2 . 9.4 . 5.

.A.C. A.D. a. H. A.H. ad int. A.M.

a.m. A.U.C, A.V.C.

d.C.

E.C. fi.

G.M.T. jan.

BIBLIOLOGIA

165

A.breviatunu crononímicas

a.C., A.C.

b.i..d.

DE

antes de Cristo (evite-se a segunda forma da abreviação, A.C., q.v.) 8/llno Ohristi, no ano de Cristo, isto é, na era cristã anno Domini, no ano do Senhor, isto é, na era cristã antes da Hégira, na cronologia muçulmana anno Hegirae, no ano da Hégira, isto é, na era islâmica ad interim, interinamente, no ínterim anno mundi, no ano do mundo, isto é, na cronologia que conta os anos a partir do dia da criação do mundo, segundo exegese biblica ante meridiem, antes do meio-dia, na indicação de horas da manhã anno urbe condita ou ab urbe condita, 'no ano da fundação da cidade' ()U 'da fundação da cidáde'; subentenda-se sempre a indicação, antes, de um número, na cronologia romana, sendo a urbs a cidade de Roma bis in di e, duas vêzes ao dia; geralmente empregado em receitas médicas no passado ainda relativamente recente cirea, cêrca, em tôrno de, por volta de (e segue-se determinado ano) depois de Cristo, isto é, o mesmo que A.C. ou A.D. era cristã floruit, floresceu; nos relatos biográficos sintéticos e ,em situações afins, emprega-se a abreviação seguida de indicação de determinado ano para localizar no tempo o período em que o biografado atinge o auge de sua atividade ou em que está em atividade madura Greenwich nieridian time, tempo (hora) do meridiano de Greenwich janeiro - nas reduções dos nomes dos meses, há que distinguir algumas tendências, ao longo da história, em português; quando se trata de datação: 1.0 ) no período arcaico, o uso de abreviações dos nomes latino!! dos meses, de início, depois dos nomes portuguêses dos meses; 2. 0 ) no período moderno da língua, o uso de abreviaturas como '7••••, •g•ro•, •9•ro•, •x•ro•, uso que cedo se revelará contraditório, quando se passa a empregar algarismos romanos, em que X será 'outubro' enquanto •x•ro• era dezembro; 3.0 ) contemporâneamente, o uso, já de algarismos romanos, já de algarismos arábicos; de início, entre duas barras oblíquas, a primeira, antecedida de número indicativo do dia, a segunda, seguida de número indicativo do ano; mais tarde, sem proscrição das barras oblíquas, mas

166

p.f. p.m. p.p. pro temp. prox. q.i.d. qs.i.d. séc. • s.i.d. s.n. temp. t.i.d. •lt. 2.9.4.6

.......

a/c, A/C

B.F. c.c. doc., does. e.c.f.

E.D.

E.H. E.M.P.

E.R.

E.R.M.

O.K.

P .E.F.

ANTÔNIO

HOUAISS

alternando como essa prática, uso do número indicativo do mês entre dois travessões ou dois traços de união. Acrescentemos que, hoje · em dia, sobretudo para fins bibliográficos se cogita de normalizar abreviaturas dos no~es dos meses numa base triliteral, a) já seguida de ponto - jan., fev., mar., abr., mai., jun., jul., agô., set., out., nov., dez., b) já sem ponto jan, fev, mar, abr, mai, jun, jul, agô, set, out, nov, dez, e) já com os radicais latinos, para alcance generalizado além dos vernáculos - Ian (Jan) (de Ianuarius), Feb (de Februarius), Mar (de Martins), Apr (de Aprilis), Mai (de Maius), Iun (Jun) (de lunius), Iul (Jul) (de lulius), Aug (de Augustas), Sep (de September), Oct (de Oetober), Nou (Nov) (de Nouember), Dec (de Deeember) próximo futuro (referido a mês) post meridiem, depois do meio-dia, para a indicação das horas do dia, as ·da · tarde, por oposição a a.m., q.v. próximo passado (referido a mês) pro tempore.. para o tempo em que fôr oportuno, para o tempo que convier proximo [mense], no próximo mês quater in die, quatro vêzes ao dia; ver BUpra b.i.d. quinquies in di e, cinco vêzes ao dia; ver supra b.i.d. século sexties in di e, seis vêzes ao dia; ver BUpra. b.i.d. sine die, sem dia, na indicação de nova reunião, convocação, de adiamento, transferência, sem dia prefixado ainda tempore, no tempo, ao tempo de, q•~ando de ter in di e, três vêzes ao dia; ver supra b.i.d. ultimo [mense], no mês passado

Abreviaturas forenses, ;udiciá.ria.s etc. aos cuidados ad . muitos annos, por muitos anos, em felicitações votivas boas festas confere, conforme documento, documentos é cópia fiel espera deferimento em mão, em mãos em mão própria, em mãos próprias espera resposta espera receber mercê norte-americanismo, inglês presumlvelmente ali correet, tudo correto, tudo bem por especial favor

ELEMENTOS

P.E.O.

P.F.

p.f.v. P.J. P.M. P.R.

Q.G. R.

R & I; R. & I. R.S.V.P. s.e.o., S.E.O. s.f.f. s.m.j., S.M.J. S.P. S.P.Q.R. s.r., s/r, S.R., S/R S.V.P.

v.

v.s.f.f. X.P.T.O. W.C. 2.9.4.7

R.

u.e. "ll.i.

2.9.4.8.

accel. adag. and. crese. D.C. decrese. di•. f. f f.

m.f. mod. p.

p.f.

BIBLIOLOGIA.

167

por especial obséquio por favor por favor, volte · pede justiça prefeitura municipal popalas romanas, povo romano quartel-general rex, regina, rei, rainha rex et imperator, regina et imperatrix, rei eimperador, rainha e imperatriz répondez, s'il vous plait, respondei, por favor salvo êrro ou omissão se faz favor salvo melhor juizo serviço público senatua popalasqae romanas, o senado e o· povoromano sem residência s'il vous plait, por favor visto, vista, vistos, vistas volte, se faz favor · excelente, magnifico, sem par (presumivelmente,. 'Cristo', parcialmente, em caracteres latinos transliterados do grego) inglês water closet, para latrina

Abreviaturas médica.s, farmacológicas,

ãã ad lib. q.l. q.s. quant. suff. q.v.

DE

posológica•

aná, em partes iguais ad libitum, à vontade, a gôsto quantum libet, quanto queira, quanto se queirlt quantam satis, quanto satisfaça, baste quantum sufficit, quanto baste, quanto sejlt suficienw quantum uis (vis), quanto queira recipe, recebe, toma uso externo uso interno

Abreviatura• musica.ú accelerando, acelerando adario, lenta, docemente andante, andante, crescendo, crescendo, em crescendo da eapo, do inicio, repita-se a partir do iniciO> decreacendo, decrescendo, em decrescendo diminaendo, diminuindo forte; forte fortiuimo, fortissimo forte, meio forte •ederato, moderado, moderadamente piano, docemente piu forte, mais forte

••zo

168

ANTÔNIO

pizz. pp. rall

'J)izzicato, mordiscado pianissimo, dulclssimamente rallentando, ficando progressivamente mais vagaroso ritardando, ficando progressivamente mais lento em relação a sforzando, imprimindo progressivamente mais fôrça sostenuto, sustido, mantido staccato, estacado, com parada súbida tremolo, com tremor, trêmulo

rit. sf. sost. stac. trem. 2.9.4.9

Abreviatura.. náutica.s

BB,B.B. bm. BV, B.V. . s.o.s., s.o.s. pm.

sv, s.v. 2.9.4.10

D. lD.A.

D.B. E.

E.A.

E.B. F. N.N.

HOUAISS

bombordo baixamar barlavento inglês save our soul, quiçá também save our ship, salve nossa alma, -salve nosso navio, em apêlo de socorro preamar sotavento

.4.breviatunu teatraiB direita direita alta direita baixa esquerda esquerda alta esquerda baixa fundo nemo, ninguém, vale dizer, figurante geralmente mudo, sem valor de fala ou de marcação

2 .9 .5 Siglas e abreviaturas - As siglas, no sentido restrito em que se emprega aqui êsse vocábulo, são reduções braquigráficas literais, braquigramas consistentes das letras iniciais do abreviando, locucional ou circunloquial. O abreviando, em geral, são intitulativos, oficiais ou oficiosos, nacionais ou internacionais, de emprêgo freqüente ou prestigioso, que, ademais, se caracterizam por serem, quase sempre, materialmente longos, extensos, com o que sua repetição tanto nos textos quanto na elocução se faz enfadonha, cansativa, antieconômica e até fonte de confusão. Estão entre os intitulativos também os bibliônimos, títulos de livros ou de p eriódicos de consulta e referência freqÜ!lnte, de emprêgo presumível em trabalhos escritos desta ou daquela natureza, obras, em suma, cujo conhecimento é de supor nos leitores de trabalhos tais. O crescente emprêgo das siglas - e de suas decorrencias - é traço inelutável da organização do mundo moderno, por duas (pelo menos) razões fundamentais: pela neces-

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

169

sidade, por meio da sigla, de criar um "sinal" eficaz e de certo modo mais dir~to para designar instituições cujos intitulativos são necessàriamente longos e, por isso, incômodos para se tornarem populares e para poderem ser localizados no sentido concreto ou referenciados com facilidade - circunstância, aliás, que está na base de uma das mais vetustas siglas, S. P. Q. R., senat.US populusque romanus, por imperativos epigráficos, imperativos epigráficos que determinam, em verdade, na epigrafia de · todos os tempos e de tôdas as línguas o emprêgo das reduções, inclusive no mundo moderno; e pela necessidade, por meio da sigla, de obter um sucedâneo do intitulativo que, nas organizações internacionais, sobretudo, possa funcionar como "palavra", independentemente dos vernáculos, como é o caso, por exemplo, · de "Unesco", que hoje em dia se usa como tal em pelo menos tôdas as línguas de alfabeto latino, sem sequer se romontar, nas mais das vêzes, ao seu "étimo", que é "United Nations Educational Scientifie and Cultural Organization", ou como- mais longe ainda- foi o caso de "radar", "radio detection and ranging" (digamos " detecção e enquadração pelo rádio"), originalmente uma como sigla, como se vê. Embora fenômeno relativamente recente no mundo contemporâneo, a generalização do processo de siglação se fêz quase ínstantâneamente, malgrado protestos de certos inconformes puristas, que viam nisso uma tumultuação da inteligibtilidade. E, porque houvesse generalização, com ela houve um fenômeno paralelo de capital importância: a estruturação da sigla em s:labação -possível, como se fôsse vocábulo normal da língua - assim, "C. G. T. " (" Confédération générale du travail"), _pitada por ser uma das primeiras siglas de uso . corrente em língua francesa que vieram a ser vividas pelo povo francês como "palavra", em breve passou a ser cégété, donde cégétiste; do mesmo modo "P .R.P." ("Partido Republicano Paulista"), na chamada república velha passava em breve a ser "perrepê", donde "perrepista", "perrepismo". Essa potencialidade de a sigla poder estruturar-se como vocábulo era, em breve, consciente e deliberadamente explorada pelos criadores circunstanciais dP. siglás, que, calcando-se no princípio de que o concurso das letras que formam a sigla pode ser pronunciado como vocábulo com estrutura silábica da língua ( cf. CAKA, s.v. aerografia), em breve procuravam tal efeito de propósito; assim, quando entre nós se criou a Superintendência da Moeda e do Crédito, do Banco do Brasil, sua sigla, em lugar de ser " S . M . C." (cuja fortuna silábico-v6cabular .poderia vir a ser algo como smec, esmeque, semecê, semece ou mesmo essimecê, essiemicê), foi deliberadamente fixada em "Su-

170

ANTÔNIO

HOUAISS

moc" (vale dizer, "Superintendência da Moeda e do C,rédito"). Da sigla, pois, com sua potencialidade vocabular, é que se origina a aerografia, na acepção restrita em que êsse vocábulo é tomad0o neste livro - redução consistente da junção da primeira sílaba de cada vocábulo de um todo locucional- tipo "Mesbla", "Mestre& Blatgé". Dado o passo, entrava-se, qu11se concomitantemente, em hemiacrografias, meias acrografias, misto de sigla e aerografia - tipo "Varig", "Viação Aérea do Rio Grande do Sul", com o• fim expresso de formar estrutura vocabular (e no estudo que, n<> respeito, se vier monogràficamente a fazer em língua portuguêsa·,. e quiçá em qualquer língua, não será de estranhar que se venha. a verificar que, não raro, os forjadores de estruturas vocabulares tais se comprazem em dar a elas um certo sabor "internacional" ... para prestígio das mesmas). Seria, já agora assim considerado O· conjunto do problema, ocioso e inútil, na exemplificação que limitad'issimamente - se dá a seguir, viéssemos a separar as siglas, das acrografias, das hemiacrografias. O exemplário as mistura de· propósito. Pendem, entretanto, dois (pelo menos) problemas o de sua representação gráfica e o de sua grupação. 2. 9 . 5 .1 Partindo de um tipo como "M. R. E . " ("Ministério das Relações Exteriores"); não se vê como melhor representá-lo que por "M. R. E." mesmo, já que com tal tipo de sigla não se chega, não se chegou ainda à vocabulização : ninguém diz senã() "ministério das relações exteriores" em lendo-a, se tanto "emeerre-é". Dessa sigla típiça se transita para o padrão "Unesco'~,. no outro pólo, que ninguém diz senão "unesco" mesmo, não raro ignorando as palavras originais que motivaram a sigla. Já no padrão hemiacrográfico "Sumoc", a grafação, fora da que foi dada, é equívoca, porque em "SUMOC" não haveria razão para o "U" e o "O" (ademais da circunstância de que o uso da composição lapidar é inconveniente no jôgo do prêto-no-branco quando a. fonte não é de versal de fôrça de corpo ligeiramente menor do que a altura máxima do cabeço das minúsculas), e em "SuMoC" criar-se-ia um padrão extemporâneo e inusitado (justificável apenas em acrografias ·alfabetizantes "visuais" para fins exclusiva-. mente remissivos). Do exposto, poder-se-ia chegar às convenções. seguintes: 1.0 ) nos impr~os oficiais, não há como seguir aenão O· padrão oficial, que, no Brasil, não raro vem sendo regulado naprópria lei que cria a entidade, como, para só citar um exemplo,.. se dá com "C.N.Pq."- Conselho Nacional de Pesquisas; 2. 0 ) fora dêsses casos, poder-se-ia

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

171

1)

observar o processo da siglação sempre, nas siglas stricto sensu, mesmo quando se tivesse vulgarizado, generalizado o processo da sua pronúncia vocabulizada: T.V.A., U.D.F., U.B., P.D.C., P.S.B., e tamhém U.N.E.S.C.O., D.A.S.P., admitindo. porém, se de pronúncia vocabulizada, isto é, com estrutura silábico-vocabular, a alternativa gráfica UNESCO, DASP (se possível, do ponto de vista tipográfico, com versal-versalete, se a ·fonte . comportar - UNEsco, DASP, SAMDU); 2) observar o· processo de vocabulização nas acrografias típicas e · hemiacrografias - Varig, Sumoc, Cacex, com, se tanto, a alternativa do versal-versalete VARIG, SuMoc, CACEX; (observe-se, porém, que o uso do . versal-versalete, neste como no caso anterior, se faz contra-indicado, se êsse · jôgo de famílias tipológicas fôr o escolhido para . realce material dos antropônimos abonados no texto impresso, como é a prática seguida neste livro, por exemplo) ;

3. 0 )

não se deve silenciar o fato de que os princípios supra da parte do usuário r.elativo conhecimento original das siglas e .ácrografias (e hemiacrografias), mas afina~ de contas é exigência que condiz com e é inerente a todo processo de apren.dizado. 2. 9. 5. 2 Para comodidade de exemplificação, não se separarão, ,aqui, como já se disse, as siglas das acrografias (e hemiacrografias). Insistamos, ainda (e não nos cansemos de fazê-lo), que ,a lista da exemplificação é limitadíssima (exauri-la, mesmo que nos confinássemos a umas poucas ljnguas do ocidente, é tarefa. impossível) (cf. FROE). Os grupos temáticos a seguir, para relativa coerência de busca, são: (1) de intitulativos do serviço público brasileiro e afins, (2) de alguns bibliônimos (com a ressalva, ~esde já, de que a matéria será ainda considerada neste livro, com relação aos problemas de normalização bibliológica) ; (3) de intitulativos de organizaÇões internacionais e alguns estrangeiros ; 4) de .alguns ~ronônimos, e ( 5) de partidos, associações, princípios, firmas e afins. exi~m

172 2.9.5.3

ANTÔNIO

HOUAISS

De intitulativos do se.rviço público brasileiro e afins

A.M.A.N., Aman B.B., B.B.S.A. B.N.D.E. Cades, Cades C.A.P.E.S., Capes Cemig C.I.O.R.M., Ciorm C.N.E. C.N.I. C.N.P. C.N.Pq C.I.S., Cis Cofap C.P.O.R. D.A.S.P., Dasp D.F.S.P. D.N.E.R., Dner · D.N.O.C.S., Dnocs D.O.P.S., Dopa E.F.C.B. E.F.L. 'E.F.S. E;F.S.-J. E.M.F.A., Emfa F.A.B., Fab . F.E.B., Feb Frimiaa I.A.A. I.A.P.B. I.A.P.C. I.A.P.E.T.C. I.A.P.I, Iapi l.A.P.M. I.B.C. I.B.G.E. I.H.G.B. I.N.E.P., Inep I.P.A.S.E., Ipase I.R.B. I.S.E.B., Iseb M.Aer.

Academia Militar de ·Agulhas Negras Banco do Brasil, Banco do .Brasil So~iedade Anônima Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Campanha de Aperfeiçoame'!'lto do Pessoal do Ensino Superior Campanha de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Secundário Centrais Elétricas de Minas Gerais Centro de Instrução de Oficiais de Reserva da Marinha Conselho N acionai de Energia Confederação N acionai da; Indústria Conselho N acionai de Petróleo Conselho Nacional de Pesquisas Comissão do Impôsto Sindical Comissão Federal de Abastecimento e Preços Centro de Preparação de Oficiais da Reserva Departamento Administrativo do Serviço Público Departamento Federal de Segurança Pública Departamento Nacional de Estradas de Rodagens Departamento N acionai de Obras contra as Sêcas Divisão da Ordem Política e Social Estrada de Ferro Central do Brasil Estrada de Ferro Leopoldina Estrada de Ferro Sorocabana Estrada de Ferro Santos-Jundiai Estado-Maior das Fôrças Armadas Fôrça Aérea Brasileira Fôrç_a Expedicionária Brasileira Frigoríficos de Minas Gerais Sociedade Anônima Instituto do Açúcar e do Álcool Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados de Transporte e Carga (a pronúncia vocabulizada é contra a sigla - iapeteque) Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos Instituto Brasileiro do Café Instituto Brasileiro. de Geografia e Estatística Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado Instituto de Resseguros do Brasil Instituto Superior de Estudos Brasileiros Ministério da Aeronáutica

ELEMENTOS

M.E.C. M.F. M.G. M.J.N.I. M.M. M.R.E. M.S. M.T.I.C. M.V.O.P. P.D.F. Petrobrás S.A.M.D.U., Bamda S.A.P.S., Ba.~

8eac 8esl U.B. U.D.F.

DE

BIBLIOLOGIA..

173

Ministério da Educação e Cultura Ministério da Fazenda Ministério da Guerra Ministério da Justiça e Negócios Interiores Ministério da Marinha , Ministério das Relações Exteriores Ministério da Saúde Millistério do Trabalho, .Indústria e Comércio Ministério da Viação e Obras fóblieaa Prefeitura do Distrito Federal Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência Serviço de Alimentação ida ' Previdência Social Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Serviço Social do Comércio Serviço Social da Indústria Universidade do Brasil Univenidade do Distrito Federal

2.9.6.4.

As siglas biblionímicas - de livros e periódicos - são em número vultosíssimo, nas ciências, técnicas e artes do mundo contemporA.neo. E têm~ ao revés · das outras, uma finalidade primacialmente bibliológica, destinando-se, primacialmenté~ · à leitura silenciosa, sendo, pois, fundamentalmente "visuai~"; além disso, destinam-se acima de tudo à economia, da parté do autor e da tipografia. Por fim, quase sempre, além de set:'em destinadas a um público essencialmente especializado, faz~m-se acompanhar (não tanto em artigos de revistas especializ~;~á.as), no próprio livro em que· são usadas, de um índice de decifração (digamos assim), geralmente associado às obras referenc~adas no mesmo. Tudo isso lhes dá um caráter algo diferencial', em relação às outras siglas, acrografias (e hemiacrografias). E porque, apesar de tudo, não pequeno tumulto tem advindo das reduções dêsse tipo, a I.S.O. (International Standardization Organization), e sua afiliada brasileira, a A. B. N. T. (Associação Brasileira de No rmas .Técnicas), aquela em âmbito internacional, esta no nacional, vêm estudando um código de abreviações de títulos de periódicos, a fim de que a matéria possa enveredar por um caminho de racionalização que a possa fàzer menos caótica e sobretudo menos arbitrária, de autor para autor, de corpo redatorial de revista especializada para corpo redatorial de outra revista especializada. E . êsse código- esperemos- deverá ser o pioneiro de um código dé abreviações de títulos de livros. Vai, assim, a seguir um pequeníssimo exemplário de siglas e acrografias (e hemiacrografias) de bibliônimos :

174

ANTÔNIO

HOUAISS

'C IA 'CIE CIL CI Sem ·CPL CMG 'CML ·CSEL

Corpus Corpus Corpus Corpus Corpus Corpus Corpus Corpus

DELP

Dicionário etimológico da língua portuguêsa, de Antenor Nascentes Epicorum graeeorum fragmenta (1877), ed. G. Kinkel Fragmente der griechisehen Historiker (1923), ed. F. Jacoby Fragmenta historicorum graecorum (1841-1870), ed. C. Müller Fragmenta philosophorum graecorum (18601881), ed. F.W.A. 'Mullach Geographici graeei minores (1855-1861), ed. C. Müller Inseriptiones graeeae ( 1873-) Inscriptiones graecae ad res romanas pertinentes (1906-) · Monumenta Germaniae historica Papyri graecae magicae, ed. Karl Preisendanz, 2 voll., 1928-1931 Poetae lyrici graeci (1882), cd. T. Bergk Poetae la tini minores (1879-1883), ed. E. Baehrens, revista parcialmente por F. Vollmer

inscriptionum atticarum (1825-) inscriptionum etruscarum (1893-) inscriptionum latinarum ( 1863-) inscriptionum semiticarum (1881-) poetarum latinorum (1894-1920) medicorum graecorum ( 1908-) medicorum latinorum ( 1915-) scriptorum ecelesiast"icorum latinorum

(1866-)

'EGF FGrH FHG FPG GGM lG lGRom MGH PGM PLG PLM

(1911-1935)

PMH PW

Portu_galiae monumenta historica • A. Pauly, G. Wissowa e W. Kroll, Real-Encyelopadie d. klassisehen Altertumswissenschaft

"REW

Romanisehen Etymologischen Wõrterbuch, de W. Meyer Lübke Supplementum epigraphicum graecum ( 1922-) Studi e materiali di storia delle religioni ( 1925-) Tragicorum graeeorum fragmenta ( 1889'2), ed. A. Nauck Victoria County History

(1893-)

SEG SMSR TGF

·vcu

2.9.5.5 De intitulativos de organizações internacionais e estrangeiras

"B.I.T. 'C.E.P.A.L., Cepal

Eeoaoe F.A.O.

F.B.I. ·G.A.T.T., Gatt t .C.A.O., lcao 1.L.O., Ilo

Bureau International du Travail Comissão Econômica para a América Latina, Comisión Económica para la América Latina Economic and Social Council Food and Agriculturai Organization Federal Bureau of Investigation General Agreement on Tariffs and Trade lntemational Civil Aviation Organization Intemational Labour Organization

ELEMENTOS

I.R.O., Iro I.T.O., Ito I.T.U., Itn M.I.T. M.V.D. N.A.T.O., Nato N.K.V.D. · O.E.A. O.E.E.C. O.I.R. O.I.T. O.N.U., Onn O.T.A.N., Otan R.A.F., Raf R.A.A.F., Raaf R.I.T., Rit S.E.A.T.O., Seato T .A.S.S., Tass U.N. U.N.O., Uno U.N.I.C.E.F., pnicef U.N.R.R.A, Unrra 2.9.6.6

DE

BIBLIOLOGIA

175

International Refugee Organization International Trade Organization International Telecommunications Organization Massachusetts Institute of Technology Ministertsvo Vnutrennikh Del North Atlantic Treaty Organization Narodnyi Komissariat Vnutrennykh Del Organização dos Estados Americanos Organization for European Economic Cooperation Organização Internacional de Refugiados Organização Internacional do Trabalho Organização das Nações Unidas Organização do Tratado do Atlântico Norte Royal Air Force Royal Australian Air Force Repartição Internacional do Trabalho Southeast Asia Treaty Organization Telegraphnoye Agentsvo Sovyetskovo Soyuza United Nations United Nations Organization United Nations Interilational Children's Emergency Fund United Nations Relief and Rehabilitation Admi· nistration

De alguns corônimos

a) brasileiros, com algumas abreviaturas administrativas, segu,ndo o padrão fixado pelo Inst:tuto Brasileiro de Geografia e Estatística: D., DD. M., MM. T., TT.

c.,

CC.

E., EE. E.U.B. AL, AL. AM, AM. BA, BA. CE, CE. ES, ES. GB, GB. GO, GO. MA, MA. MT, MT. MG, MG. PA, PA. PB, PB. PR, PR. PE, PE. PI, PI.

distrito, distritos município, municipios têrmo, têrmos comarca, comarcas Estado, Estados Estados Unidos do Brasil; EE.UU.B. foi a abreviação de passado relativamente recente, marcada a flexão de n1imero Alagoas, Amazonas Bahia Ceará Espírito Santo Guanabara Goiás Maranhão Mato Grosso Minas Gerais Pará Paraiba Paraná Pernambuco Piauí

176

ANTÔNIO

HOUA1SS

Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Santa Catarina São Paulo Sergipe Acre Amapá Rondônia Rio Branco Fernando de Noronha

R.J, R.J.

RN, RN. RS, RS.

se, se.

SP, SP. SE, SE. AC, AC. AP, AP. RO, RO. RB, RB. FN, FN.

b) estrangeiros (quase todos os Estados do mundo moderno estão, de poucas décadas a esta parte, adotando, para os nomes de suas unidades político-administrativas, siglas fortemente sinté· ticas, sobretudo por necessidades postais, administrativas, de telecomunicações; arrolá-las seria um nunca acabar; menção basta: os interessados poderão colhê-las preferentemente em guias · de organizações postais de cada país ; a lista é imensa. Dão~e alguns exemplos apenas, aguardando a fixação que, para as Nações Unidas, cujo número supera de cento e trinta unidades, se está em vias de processar, em caracteres latinos, para fins de teleeo· municações, turismo, automobilismo e outros): Benelux C.H., CH E.U.A. E.U.C. E.U.M. G.B. N.L. R.D.A. R.D.P. R.S.S.F.R. U.F. U.R.S.S., Ursa U.S.A. 2.9.5.7

Belgium, Nederland, Luxenbourg Confederação Helvética (Confoederatio Heluetiea) Estados Unidos da América Estados Unidos Colombianos Estados Unidos Mexicanos Grã-Bretanha Nederlands (Pafses Baixos, Holanda) República Democrática Alemã República Democrática Polonesa (Polaca) República Socialista Soviética Federativa Russa União Francesa. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas United States of America

De partido•, IUiociagõn, princípúJ•, firmu e afim

A.A.A. A.A.B.B. A.B.C. A.B.C. A.B.N.T. A.F.L. A.M.A. A.P.R.A, Apra A.S.C.E. A.S.M.E.

Automobile American Association Associação Atlética do Banco do Brasil Argentina, Brasil e Chile American Broadcasting Company Associação Brasileira de Normas Técnicas American Federation of Labor American Medicai Assoctiation Associação Peruana Revolucionária Autêntica American Society of Chemical Engineers American Society of Mechanical Engineers

ELEMENTOS

B.B.C. B.O.A.C C.B.D. C.B.S. C.G.T. C. I. O. D.A.R. I.P.A., lpa I.R.F.M. I.S.O., Iso K.L.M. M.B.S. M.R.P. N.B.C. N.D. N.E.P. N.S.D.A.P. P.A.A. P.C.B. P~C.U.S.

P.D.C. P.E.N. (Club) P.O.T. P.R. P.R.P. P.S.B. P.S.D. P.S.P. P.S.T. P.T.B. P.T.N. S.E.D. U.D.N. U.M.E., Ume U.N.E., Une Varig V.A.S.P., Vasp

DE

BIBLIOLOGIA

177

British Broadeasting Corporation British Overseas Airways Corporation Confederação Brasileira. de Desportos Columbia Broadcasting System Confédération Générale du Travail Congress of Industrial Organizations Daughters of the American Revolution InternatioBal Phonetic Association Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo International Stándardization Organization Kominlijke Luchtvaart Maatschapp;r voor Nederland en Kolonien N.V. Mutual Broadeasting System Mouvement Républicain Populaire National Broadcasting Company New deal Nova economia polftica Nationalsozialistische Deutsche Arbeitpartei Pan-American Airways Partido Comunista do Brasil Partido Comunista da União Soviética Partido Democrata Cristão Poets, ,Playwriters, Editors, Essayists and Novelistas (lnternational Association of -) Partido de Orientação Trabalhista Partido Republicano Partido de Representação Popular Partido Socialista Brasileiro Partido Social Democrático Partido Social Progressista Partido Social Trabalhista Partido Trabalhista Brasileiro Partido Trabalhista Nacional Sozialistische Einheitpartei Deutschlands União Democrática Nacional União Metropolitana de Estudantes União Nacional de Estudantes Viação Aérea do Rio Grande do Sul Viação Aérea de São Paulo

2. 9. 6 Símbolos - Os símbolos braquigráficos são, essencialmente, abreviações, mas fixadas por convenções explícitas de valor geralmente internacional - uma de cujas decorrências é a regu· lamentação de todos os aspectos materiais dêsses símbolos. :til o que se verifica, por ex~mplo, com o sistema métrico decimal, que, regulamentando as "abreviaturas" de suas unidades, propende por lhes emprestar características de verdadeiros símbolos liter&d ou algarismo-literais, a fim de liberá-los das contingências dM ortografias, morfologia& e hábitos abreviantes de língua para líllgua. Dessa forma, não se disputará em "km" quanto ao fato (a) de ser "abreviado" com· k, ainda que a palavra já seja tão português&, quanto francesa, quanto inglêsa, quanto espanhola, quanto

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ANTÔNIO

HOUAISS

alemã, quanto ... ; (b) de não ser seguido de ponto (.), quando, em abreviaturas e abreviações dêsse tipo, tôdas as línguas explicitamente citadas deveriam usar dêle no caso vertente ; (c) de não ter jamais indicação de plural, ainda que comporte não apenas a noção. mas possua inclusive o morfema de plural. Por mera disposição didática, convém lembrar que semelhantes símbolos braquigráficos podem ser literais e mist9s, incluindo, nestes, os usos em que às letras se combinam algarismos ou signos científicos outros que não literais. 2. 9. 6 .1 Símbolos metrológicos - A Comissão de Metrologia, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, na realização da lei de metrologia - Decreto-lei n. 0 592, de 4 de agosto de 1938 -, haurimos os principais símbolos metrológicos do quadro de unidades legais no Brasil e observados, no essencial, em todos os países que adotam oficialmente o sistema métrico decimal ( cf. OOMI). Das grandezas, unidades, nomes, múltiplos e submúltiplos, escolhemos tão-sõmente uns poucos, que possam ter curso não especializado, remetendo o eventual interessado nas particularidades e definições às publicações especializadas : ampere(s) ampere(s)-hora angstrom(ns) ing1o1lo(s) reto(s) are(s) atmosfera(s) caloria(s) candela(s) eavalo(s)-vapor eentiare ( s) eentígrado(s) eentigrama ( s) eentilitro(s) eentimetro(s) eentimetro(s) cúbico(s) eentimetro(s) por segundo eentimetro(s) quadrado(s) eoolomb(s) tlecagrama(s) tleealitro ( s) tlecâmetro(s) decâmetro(s) quadrado(s) deeastéreo(s) deeigrado(s) tlecigramo(s) decilitro ( s) deeimetro(s) declmetro(s) cúbico(s) deefmetro(s) quadrado(s)

A Ah A

.

r

a atm cal cd c. v. ca cgr cg cl em cm3 ern./s cm2

c

dag dal dam dam2 dast dgr

dg dl dm dm3 dm2

ELEMENTOS

DE

decimilimícron(8 ou -e8) deci8téreo ( 8) dia(8) dina(8) dioptria ( 8) erg(8) por segundo e8teno(s) estéreo(s) farad(8) fot(s) frigoria(s) grado(s) grama(s) grama(s)-fôrça grama(s) por metro cúbico grau(s) ou grau(s) sexagesimal(is) grau(s) Celsius grau(s) Kelvin hectare(s) hectolitro ( s) hectograma(s) hectômetro ( s) hectômetro ( s) quadrado ( s) henry (henries) hora(s) joule(s) por segundo ou watt(s) litro(s) lúmen(8 ou -es) lux megadina(s) megajoule(s) megohm(s) metro(s) metro(s) cúbico(s) metro(s) de coluna d'água metro(s) por minuto metro ( 8) por segundo metro(s) por segundo ao quadrado metro(8) quadrado(s) metro(s)-quilograma(s)-fôrça microampere(s) microhm(s) micromicron (s ou -es) mfcron(s ou -es) micro-radiano(s) microvolt(s) milha(s) maritima(s) internacional(is) miliampere ( s) miligrado(s) miligrama(s) mililitro ( s) milimetro(s) milimetro(s) cúbico(s) milimetro(s) de coluna de mercúrio

BIBLIOLOGIA

179

dm14 dst d ou da dyn di Oll d erg/s stb st F f fg g 011 gr g

gf g• ou g

g/mJ

o

°C ou o

OK

ha hl hg hm bm2 H h J/s ou W 1 lu lux Mdyn MJ

MO

m mJ m d'água m/min m/s m/s2 m2 m.kg ou m.kg• m.kgf ou m.kg. JA.A ).1.0 J.LI.'

14 JA.rd J.A.V M mA mgr mg ml mm mmJ mm de mercúrio

180

ANTÔNIO

ROUAJSS

milimetro(s) quadrado(s) milimicron(s ou -es) · milivolt(il) minuto(s) (de ângulo) minuto(s) (de tempo) newton(s) ohm(s) piezo(s) ou esteno(s) perímetro quadrade quiloampere(s) quilocaloria(s) quilograma(&) quilograma(s)-fôrça por centfmetro quadrado .mJograma(s)-fôrça por metro cúbico ..Uograma(s)-metro(s) quadrado(&) IIUilogrâmetro ( s) IIUilogrâmetro(s) por segundo quilojoule(s) quilômetro(s) qm1ômetro(s) cúbico(s) qnilômetro(s) por hora quilômetro(s) quadrado(s) quilovolts (a) quilowatt(s) quilowatt(s)-bora :radiano(s) :radiano ( s) por segundo adiofot(s) radiolux JIOtação(ões) por minuto JPOtação ( ões) por segundo 1eg11ndo(s) (de ângulo) segundo(s) (de tempo) atilb(s) tonelada ( s) tonelada(s)-fôrça vela(s) internacional(ais) volt(s) watt(s)-hora watt(s)-segundo weber(s)

mm2 ml'

mV



m ou min N ~

pz kA kcal kg kgf/cm2 ou kg*/cm2 ou kg/cm2 kgf/ml ou kg*/ml ou kg/ml kgm2 kgfm ou kg*m ou kgm kgfm/s .ou kg*m/s ou kgm/s kJ km kml km/h . km2

kV kW kWh rd rd/s rdfot rdlux r.p.m r.p.s



a ou seg sb t tf ou

t• ou t

v

v

Wb Ws Web

2.9.6.2 Caberia, com relação ao . assunto, lembrar os têrmos de resolução da citada Comissão de Metrologia sôbre o modo de escrever os números e os símbolos (cf. COMI): 1) deve ser empregada exclusivamente a vírgula para separar a parte inteira da parte decimal dos números ; 2) a parte inteira dos números deve ser separada em classes de três algarismos, da direita para a esquerda ; na parte decimal essa separação far-se-á da esquerda para a direita ; em ambos os

ELEME~TOS

DE

BIBLIOLOGIA

181

casos tal separação poderá ser feita pelo uso do ponto ou de um pequeno intervalo. Tanto a vírgula como o ponto deverão ficar sempre na mesma linha horizontal em que o número está escrito. A recomendação relativa à separação em classes de três algarismos não é necessAriamente aplicável aos números reunidos em tabelas ou quadros; 3) não acrescentar ponto abreviativo ~o símbolo composto já previsto no quadro ; 4) não usar a letra "s" junto de um símbolo como sinal de plural; · 5) os símbolos representativos das unidades não devem ser· escritos em forma de expoentes e sim na mesma linha horizontal em que o número está escrito. Excetuam-se os símbolos das unidades de temperatura, de tempo e das unidades sexagesimais · de ângulo; 6) quando o valor numérico de uma grandeza apresentar parte fracionária, o símbolo da unidade respectiva não deve ser intercalado ~ntre a parte inteira e a parte fracionária do número, mas deve ser levado imediatamente à direita desta parte fracionária; esta recomendação não se aplica à representação de importâncias em dinheiro nacional, cujo símbolo, de acôrdo coin o Decreto n. 0 4. 791, de 5 de outubro de 1942, deve preceder ao número indicativo da importância 7 e, ilustrando essa resolução, papel avulso distribuído pela Comissão de Metrologia citada junta alguns exemplos. de: como se deve escrever 37,2 1.291,253.47 ou 1291,253 47 25m 80 kg 3 atm 134,289 tn 5• to• 7" ou 5h 10 m 7s 15 12' 14' 14 16 18,2" 50, 350 g 0,25 g 50 cmJ 2mm 120 mm2 96 A ou 96 ampéres 12 kg ou 12 quilogramas 40 km/h (para exprimir velocidade)

como não se deve escrever 37.2 1291,25347 ou 1291.25347 25 m. ou 25 mts 80 kgs 3.... -134,.. 289 5" 10' 7" 15° 12.. 14" 14 16' 18" 2

sog, ·ssó

0,25 gr 50 cc ou 50 c/c 8 m/m 120 mmq 96 amp. ou 96 amps 12 quilos 40 kms.

2. 9. 6. 3 Porque os símbolos aqui tratados se ligam essencialmente a unidades legais brasileiras relacionadas com o sistema métrico decimal, não seria ocioso transcrever a abreviatura de uni-

182

ANTÔNIO

HOUAISS

dades inglêsas imperiais e norte-americanas, já que ainda são muito extensivo, oferecendo, destarte, alguma utilidade de seu conhecimento geral (cf. JAPO, passim):

curso

a c. ae. ft. bbl. . B.T.U. bu. eh. eu. ft. eu. in. eu. yd. dr. av.

dr. ap.

dry pt.

dry qt. dwt. fi. dr. fi, oz. f),, se, ft. ft. p. min.

gal. gi. gr.

H.P.-h. in. lb. av. lb. tr. ln, tn. lq. pt. lq. qt. m. min. m. p. h.

n. m. oz. av. oz. tr. pdl. pk. pt. qt. se. ap. sh. tn. sq. ft. sq. in. sq. m. sq. rd. S'q. yd. yd. yd. p. sec.

acre(s) acre-foot (feet) barrel(s) of petroleum British thermal unit(s) bushel(s) ehain(s) eubie foot (feet) eubic inch(es) eubic yard(s) dram(s) avoirdupois drachm(s) apothecary dry pint(s) dry quarter (s) penny weight troy fluid dram(s) fluid ounee(s) fluid seruple(s) foot (feet) foot (feet) per minute gallon(s) gill(s) grain(s) horse-power-hour (s) inch(es) · pound(s) avoirdupois pound(s) troy long · ton(s) Iiquid pint ( s) liquid quarter(s) mile(s) minim(s) mile(s) per hour nautieal mile(s) ounee(s) avoirdupois ounce(s) troy poundal(s) peek(s) pint(s) quarter(s) scruple(s) apothecary short ton(s) square foot (feet) square ineh(es) square mile(s) square rod(s) square yard(s) yard(s) yard(s) per second

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

183

2.9.6.4 Símbolos da rosa quadrantal ejou da circular -Afim, ·ainda, com os símbolos ideográficos são certas convenções fixadas para adoção geral - tal, por exemplo, a de indicação internacional da orientação astronômica . ·,pelos pontos cardeais. Preliminarmente, observe-se que os quatro símbolos fundamentais em alfabeto de base latina são: N - para norte; S - para sul; E - para este; e W - para oeste. A forma este alterna, em português, com leste, e esta é a geralmente adotada na marinha, militar e ·civil, brasileira. 11'::sses símbolos podem, em conseqüência, ser também representados por N, S,:·L · e O, mas vêm progressivamente entre nós prevalecendo os símbolos inicialmente referidos, com curso pràticamente internacional. Os principais símbolos, tanto da rosa quadrantal quanto da rosa circular, são os seguintes ( cf. EESP, s.v. rosa) : N

norte

1 N -NE

norte quarto para nordeste

4 NNE 1 NE - N 4 NE 1 NE- E

4 1 NW-W 4 NW

nor-nordeste nordeste quarto para norte nordeste nordeste quarto para leste (este) noroeste quarto para oeste noroeste

1

NW-N

noroeste quarto para norte

4

NNW

nor-noroeste

1

N-NW 4 ENE 1 E-NE 4

norte quarto para noroeste

E

leste (este)

lés-nordeste (és-nordeste) leste (este) quarto para nordeste

1

E· -

SE

leste (este) quarto para sueste (sudeste)

4

ESE

lés-sueste (és-sudeste)

184

ANTÔNIO

BOUAISS

1

SE -

E

sueste (sudeste) quarto para leste (este)

4

SE

sueste (sudeste) 1

sueste (sudeste) quarto para sul

SE - S 4 SSE

su-sueste (su-sudeste)

1

S - SE 4 S

sul quarto para sueste (sudeste} sul

1

sul quarto para sudoe.s te

S - SW 4 SSW

su-sudoeste

1

sudoeste quarto para sul

SW - S 4 SW

sudoeste

1

SW - W 4

sudoeste quarto para oeste

~

oeste 1

W - NW 4 · WNW WSW

oeste quarto para noroeste oés-noroeste oés-sudoeste

1

W - SW 4

2. 9. 6. 5

oeste quarto para sudoeste

Símbolos de elementos químico&

actínio alumínio amerlcio antimônio argônio arsênico vide arsênio arsênio astatinio bário bercélio vide berquélio berquélio berílio bismuto boro bromo cádmio cálcio califôrnio cálio vide potássio

Ac AI Am Sb

Ar As At

Ba Bk :H6 Bi B Br Cd

Ca

Cf

ELEMENTOS

carbono cério césio chumbo cloro cripto cromo cobalto cobre colúmbio vide nióbio cúrio disprósio -elnstêinio enxôfre érbio escândio estanho estíbio vide antimônio estrôncio európio férrnio ferro flúor fósforo frâncio gadolínio gálio germânio háfnio hélio hidrargírio vide mercúd0 hólmio hidrogênio índio indium vide índio iôdo iridio · itérbio i trio lant:inio lítio lutécio magnésio manganês manganésio vide manganês mendelévio merc11r1o mollbc1ento nátrio vide sódio neodimio néon vide neônio neônio neptúnio níquel nióbio

DE

BJBL10LOG1A

c

Ce <.,s Pl Cl

Kr Cr Co Cu Cm Dy

Es

s

Er Se Sn Sr Eu Fm Fe F p Fr Gd Ga Ge Hf

He Ho H In I Ir Yb y La Li Lu Mg Mn

Mv Hg Mo Nd Ne Np Ni Nb

1&5

186

ANTÔNIO

nitrogênio no hélio ósmio ouro oxigênio paládio platina plutônio polônio potássio praseodímio prata promécio vide prométio prométio · protactínio rádio rádium vide rádio radônio rênio ródio rubídio rutênio samário selênio silicio sódio súlfur Wde enxôfre tálio tantálio tântalo vide tantálio tecnécio telúrio térbio titânio tório túlio tungstênio urânio vanádio volfrâmio vide tungstênio xênio zinco zircônio

HOUAISS

N

No Os

Au

o

Pd

Pt Pu

Po K Pr

Ag Pm

Pa

Ra Rn Re Rh Rb

Ru

Sm Se Si

Na Tl Ta

Te Te Tb

Ti Th Tm

w u

v

Xe Zn Zr

2. 9. 7 Signos - Como vimos, os signos não são neste livro tomados como braquigramas, isto é, como reduções por meio de letras, mas ideogramas, isto é, reduções ideográficas, não raro estilizações ou simplificações de primitivos pictogram·as. ·Isso se vê perfeitamente com os signos de zodíaco u8ados em astrologia no passado e, ainda hoje, em astronomia. Os signos do zodíaco são, até o século XV, freqüentemente representados por verdadei·

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

187

ras pictografias. Relacionam-se, a seguir, alguns signos que na tradi~:ão tipográfica tiveram ou têm ainda algum uso, consoante as ciências, artes, ou técnicas a que se liguem. 2. 9. 7 .1 Signos astronômicos - Os principais signos astronômicos são os seguintes (cf. EESP, s.v. signo): 4J)

zodiacaia:

rr· ~

:n: ® lJ 1l1 '"""'

11\. jlf

}.7

= *à

o

Ó'

Ariea

Ta~ Gemmioea Oaneer

-

port. Bode port. Touro

-

.Port. port. port. port. port. port.

Gêmeo~

Câncer ou Caranguejo Leão Virgo Virgem Libra Balança Scorpio Escorpião Saggitariua - port. Sagitário ou Frecheiro Capricomius . - port. Capricórnio Aquariua - port. Aquário Piseea - port. Peixes Conj'Únção de doia astros

Leo

quadratura de dois .astros, isto de 90"

é,

sua longitude difere

oposição de dois astros, isto é, sua longitude .difere d~. 180" n6 ascendente nó descendente

b)

designativos dos corpos celestes:

0
~

Sol Lua Mereório

~

Vênus

ô

Tem

cf'

Marte

21.

Jápitei' Saturno

'f?

w

*

~

Nep~o

estrêla cometa

o .! ~ ~

o

• )

Juno Vesta

Cerea Palas Urano Lua nova

®

Quarto ereacente Lua cheia

CI

Quarto minguante

188

ANTÔNIO

2.9.7.2

HOUAISS

Signos tipográfico-bibliol6gicos

Alguns sig_nos tipográficos perduram ainda que remontam à tradição manuscritora medieval, em cujos c6dices apareciam com funções várias. Através dos incunábulos, não poucos foram sendo usados para fins outros que os primitivos, como signos acess6rios de pontuação, como realces materiais, como lembretes de valor textual ou como, por fim, signos de remissivas. Além dos referidos em 2. 7 .1.1 supra, relacionemos mais os seguintes ( cf. EESP, s.vv. libro e signo) : 1) * ·*-~ asterisco

-

a) figurava, nos c6dices, em passagens em que se acreditava haver alguma omissão de vulto; b) usado, depois, como remissiva recíproca do texto ao

rodapé e vice-versa, para notas, .um, dois, três, quatro ou mais; c) usado em metrologia (v. 2 .9 .6.1, wpra); á) usado, em lingüfstica, para indicar formas hipotéticas, isto é, não documentadas por escrito ou em coleta dialecto16gics.; vai, nesses casos, ante e superposto à forma hipotética; e) usado em documentação para indicar o lug~;~.r do timbre, carimbo ou sêlo, nas referências, impresso aos autógrafos; . j) usado, por vêzes, em verbetes biográficos para ,anteceder' data. do nascimento; g) usado em convenções próprias ou ad 1wc em livros de vária natureza; 2) -

-

6belo ou obelisco ·a) servia, nos c6dices, para indicar palavras ou frases aparentemente repetidas sem razão ou para indicar passagens, intercaladas ou não, cuja falsidade parecia ser. noi6ria; b) usado, posteriormente, como equivalente de indicador (ver 3, injra);

3)

..- - indicador ou índice (fndex) provável variante do anterior, s6 da tradição tipográfica: relativamente moderno, US$.do como remissivo ou lembrete para chamar especial atenção para lugares outros-da obra em que se trate mais amplamente da matéria;

ELEMENTOS

4)

DE

BIBLIOLOGIA

189

~

- 6belo ou obelisco pontuado servia, nos c6dices, para designar passagens de cujo respeito havia dúvida quanto a se devia, ou· não, ser suprimida, por ser ou não glosa ou interpolação;

* --+

asterisco-óbelo (asterisco-obelisco) ou 6belo-asterisco (obelisco-asterisco) ~mpregava-se, nos c6dices, para indicar versos que deviam estar fora de sua provável posição original;

5)

--;.. ..:..:.. - lemnisco anotava passagens, em c6dices das Sagradas Escrituras, explicadas ou traduzidas no mesmo sentido, isto é, sem discrepância de exegese, por· intérpretes da.~ mesmas; 6)

7)

Y. - antfgrafo marcava, em c6dices das Sagradas Escrituras, passagens de· que se conheciam versões de sentido diferente ou discrepante; 8) p- Y'lr - parágrafo a) colocado, nos c6dices, depois de um ponto (quandv o havin.) e antes de um trecho, estabelecia sua separação do trecho anterior - o que, nos incunábulos, ocorre, depois sob a forma de mudança de linha com a sua antecipação e por fim como mudança de linha e sua omissão - deixado em branco, porém, o lugar que lhe devia corn!sponder (origem do atual branco paragráfico); b) usado, em tipografia, como indicativo de remissão reciproca do texto ao rodapé da página, como um dos vários recursos alternativos do asterisco nessa função; c) usado, em tipografia, como indicativo de seções de um todo: 9) , '( -, - positura ~u pontusal

colocado, nos c6dices, em certos casos, como elemento oponencial complementar do parágrafo, para indicar o término do mesmo, o que equivalia, a rigor, a n6vo parágrafo; 10) ....:.. - criia figurava, nos c6dices, à margem de passagens que, por sua obscuridade, não haviam logrado interpretação conveniente;

190

ANTÔNIO

HOUAISS

11) ) - antissigma nos c6dices, entre dois versos, indicava que a ordem provável dêstes devia ser inversa; 12) > - diplo indicava, nos c6dices de escritos eclesiásticos, p8.888.gens citadas das Escrituras; 13) .... - diplo truncado indicava, nos c6dices, as diferentes intervenções das personagens nos diálogos dramáticos, origem do travessão coín a mesma função nos impressos tipográficos; 14) ceráunio indicava, nos. c6dices, como supérfluas, extensas passagens de versos; 15) ~ - cresfmon chamava atenção, nos c6dices; sôbre um ponto qualquer importante; 16) cB - frôntis advertia, nos c6dices, que se lesse com detimento a passa. gem, por ser de diffcil inteligência; 17) T - Ancora inversa a) chamava atenção, nos c6dices, para passagens-part.icularmente notáveis, no que se confundia, em parte, com o cresúnon; b) usado, depois, em tipografia, para· remissio reciproca, do texto ao rodapé- e vice-versa, nae notas; c) usado em técnicas náuticas pam signo de portos ou de navegabilidade, já.· nessa .forma, . já na seguinte; 18) Ancora .

*{- -

l . . :._

a) indicava, nos c6dices, passagens repugnantes ou inoportunas, escatológicas, imorais, obscenas, inadequadas; b) usado, depois, em tipografia, para. remissão recíproca do texto ao rodapé e vice-versa, nas notas; c) usado em técnicas náuticas como o anterior; 19) 3 r - coroa, coroni8 nos c6dices, marcava ordinàriamente o fim da obra: "finis coronat opus".

Y

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

191

~ - versículo indicava, nos escritos sagrados, sobretudo biblicos, os versículos; 21) ~ 1\ - responso indicava, nas litanias, nas antffonas, no cantochão, os responsos; 22) • ~ cris~ (dita, também, cruz de Malta) a) servia, em tipografia, para remissão recfproca de notas, do texto ao rodapé, e vice-versa; b) servia, também, para indicar o batismo, em certos verbetos biográficos; _23) t - cruz a) -serve, -em tipografia, para remissão reciproca de notas,

20)

j

do texto ao rodapé, e vice-versa; b) serve, também, para anteceder a data de falecimento, em certos dicionários ou enciclopédias, nos verbetes biográficos; 24) t - adaga. servia, em tipografia, para remissões recfprocas, do texto ao rodapé, nas notas; variante da cruz, .uprca; 25) f - adaga dupla ou dupla adaga mesma função, com figuraçlo distintiva, da anterior; 26) t - cruz dupla (dita, também, cruz de Lorena) mesma função, oom figuração distintiva, da anterior; 27) Jt--+ - seta variante do óbelo, do pbnto de vista tipográfico (em verdade, parece que o 6beló é nio mais que uma estilizaçio da seta); função indicativa; 28) > - Angulo maior a) indica que a unidade à esquerda é maior do que a da direita, em matemáticas; b) em etimologia, que a unidade à esquerda origina a da direita, ou é forma anterior (no tempo) desta; 29) < - Angulo menor a) indica que a unidade à esquerda é menor do que a da direita, em matemáticas; · b) em etimologia, tem a mesma função que o Angulo maior, . invertidas as posições do originante e do originado;

192

A N T ÔN I O

·u

OU A I S S

30) Obs.: Outros signos - aproveitados, por exemplo, da notação matemática, da notação musical - podem, eventualmente, ser usados para fins tipográficos e bibliológicos, quando então o autor que dêles faz uso estabelece em sua obra a convenção. adeqmida. Ademais, sempre, obviamente, ter em conta que um semnúniero de signos é hoje em dia empregado em cada técnica cuja exposição impressa exige economia e eficácia. 2 . 9 .8 Sinais -Na acepção restrita em que está sendo usado o vocábulo "sinal" neste livrinho, deveriam ser aqui estampados, a título de exemplificação, alguns dos mesmos. São êles, de regra, vinculados com as convenções de sinalização rodoviária,. com a sinalização semafórica visual - cromática e luminosa - , co·m as sinalizações navais, militares, aeronáuticas e outras. Daí, descambaríamos para os sistemas de telecomunicações, com as suas conexões criptográficas. Dado, entretanto, seu caráter por demais especializado, fica aqui .s ua ~era constância, remetendo-se o leitor para obras técnicas ou mesmo enciclopédias modernas, que são satisfatórias, sob certos particulares (v., por exemplo, ENBR, s.vv. railways e signal commtmication). 2 .10 ALGARISMOS E NÚMEROS Ainda afim e conexo com a questão ortográfica é a do uso dos algarismos e números. Como é sabido, na tradição · ocidental perduram e coexistem dois tipos principais de algarismos - o romano e o arábico. A Bua denominação é fiel às origens. Os números podem sempre ser escritos literalmente por extenso, mas ordinàriamente se usa dos algarismos, que são, essencialmente, notações ou signos ideográficos, legíveis em línguas diferentes diferentemente (cf. COBE, 101) . . 2 .10 .1 Algarismos - Os algarismos romanos, de que nos servimos ainda em certos casos, correspondem a um tipo de notação sistemática mais primitiva. O sistema baseado no valor posicional já havia sido compreendido pelos babilônios e, independentemente, pelos maias, por exemp1o. ~ Sua pedra de toque de relativa perfeição foi-lhes dada pela invenção do "zero", que podia ocorrer em qualquer lugar em que faltassem determinadas unidades. Tudo leTa a crer que os primeiros a se servirem cabalmente dêsse sistema posicional foram os hindus; em seguida, adotaram-no os árabes nos primeiros séculos da Hégira, de forma que já era corrente entre êles pelo século IX; transmitiram-no para a Europa, em que se generalizou tardiamente, . pelo século XIV em d,iante ( cf. oou:E, 102). Mas enquanto os algarismos do sistema romano guardam os caracteres formais de suas origens, por sua vinculação com o alfabeto latino, o sistema de algarismos arábicos

ELEMEN'rOS

DE

BIBLIOLOGIA.

193

sofreu uma adaptação sensível na sua figuração ocidental. Eacusa lembrar os signos ideográficos (l!Ue são usados nos dois sistemas: a) romano·- I - V - X - L - C- M; b) arábico1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - o. 2 .10. 2 Os sistemas _:__ Dada a avassalltdora superioridade do sistema árabico, cuja eficácia se patenteou sobretudo no cálculo e nas operações matemáticas numéricas definidas, é possível tentar uma sistematização dos seus empregos prefennciais, limitando-nos a enunciar os casos em que a tradição vem continuando a preferir os algarismos romanos, com o que, implicitamente, se esclarece e campo de emprêgo dos algarismos arábicos. Embora nos eaaoa adiante relacionados haja por vêzes episódicas discrepâncias no emprêgo do sistema arábico com os números cardeais ou com os ordinais, o fato é que se usa mais geralmente na nossa tradição do sistema romano nos casos seguintes, cuja observância, · por isso mesmo, preconizamos : . a) na numeração dos "livros" (como seccionamento de uma · obra), "seções", "capítulo" e "números" (como seccionamento jurídico); b) na indicação da seqüência nominal, no tempo, de reis, membros de famílias nobres, papas, patriarcas, altos dignitárioa e. . . membros de dinastias plutocráticas norte-americanas; c) na indicação de séculos, tendo como eixo o nascimento ~ Cristo, de Maomé e assimiláveis. 2 .10. 3 Algarismos romOIMs - Com relação ao sistema de algarismos romanos, note-se que há discrepâncias, de origem remota, para a figuração de certos números, tal o caso de "quatrO", que tanto pode vAlidamente ser representado por "IIII" como por "IV"; observe-se, também, que os inglêses e os norte-americanoa, pelo menos, preferem a primeira figuração, enquanto os "latinos" e alemães a segunda, modernamente; note-se, ainda, que os primeiros usam tanto da série com minúsculas - i, ii, iü, iiii, v, vi, vii, viii, viiii, x etc. - , quanto da série com maiúsculas - I, 11, III, IIII, V, VI, VII, VIII, VIIII, X etc. - obtendo, assim, variedade para efeitos de realce material ou para efeitos de seecl.onamento, enquanto nos outros povos ·os usos adscrevem-se u maiúsculas. Com relação à ordem "século I/ I século", "século XV /XVI século", "século XX/XX século", não há, em português, como optar, pois ambas se justificam, aí havendo tão-sõmentt que levar em conta a seguinte particularidaide de leitura: nos romanos de I a X é de regra, aí, lê-los em ordinal, qualquer que seja a ' ordem ; assim, "século I I I século" ler-se-á "século primeiro I primeiro século" e do mesmo modo até "sécul•

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X I X século", "século décimo I décimo século"; a partir do romano X, exclusive, conforme fôr a ordem, ler-se-á em ordinal ou eardinal; assim "século XI, XII, XV, XX" lê-se "século· onze, doze, quinze, vinte", enquanto "XI, XII, XV, XX século" se lê "décimo primeiro (ou undécimo), décimo segundo (ou duodécimo), décimo quinto, vigésimo século". 2 .10. 4 Algarismos arábicos - Com relação ao jjÍstema arábico 6 de notar que : ·· a) a técnica numerol6gica prescreve o uso da vírgula separat6ria entre a parte inteira e a parte decimal; estas, por sua vez, da vírgula. para esquetda, no primeiro caso, e de vírgula para a direita, no segundo caso, preconiza a separação das ordens em classes de três algarismos, separação que pode ser indicada já por um ponto já por um branco e espacejamento; esta última disposição pode deixar de ser observada nos números indicativos de cronologia, com eixo no nascimento de Cristo, da Hégira de Maomé, ou equivalentes, a saber : 1 956 d. C. ou 1. 956 d. C. ou 1956 d. C. ; 1 325 d. H. ou 1. 325 d. H. ou 1325 d. H. ; b) nos quadros estatísticos e em colunas numéricas, tanto a vírgula quanto o ponto podem ser omitidos, se o cabeçalho que es encima define ou previne a constância de sua posição; essa «lisposição, mais moderna, visa a evitar a superposição da vírgula Jtormal ou invertida, que costumava ocorrer até muito tempo (10'546 ou 10'546), pois com isto não se evitava o estreitamento cio branco interlinear ; c) lei ou praxe, no que tange às moedas, fixa sua indicação e separação de suas ordens; para o cruzeiro o símbolo é Cr$ e suas partes se indicam assim: Cr$ 3 545 674,60 ou Cr$ 3.545.674,60, enquanto para os d6lares •arte-americanos se faria U. S.$ 3,545,674.60 ou US.$ 3 545 674.60; d) por praxe também é de observar que, nos impressos de qualquer natureza, a figuração dos números, em função de quaisquer ~nidades, não seja partida ; destarte, um número como, por exemplo, 10.437.594 (ou 10 437 594), se ocorrer em fim de linha onde não aaiba todo inteiro, êsse espaÇo insuficiente deve ·, ser pontilhado ( ...... ) (melhor, tipogrAficamente, ·será recorrer de modo que se evite o pontilhado) e o número todo inteiro transposto para a linha seguinte; se o número fôr antecedido do símbolo de · IIIUa unidade, êsse símbolo poderá, entretanto, ficar separado do •úmero (Cr$ . .. .. I 10.437.594,00) (a barra oblíqua anterior indica a muda:i:t.ça de linha).

2.10. 5 Algarismos em geral - Com relação aos números em geral, isto é, figurados por algarismos romanos ou por algarismos

E L ' E H B N TOS

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B I B L I OL OGI A

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arábicos, obse:r;ve-se que é de uso prático evitar tais figur&ÇÕel e escrevê-los por extenso, palavra por palavra: a) .quando a figuração numérica devesse ocorrer em inicial absoluto ou ap6s ponto; b) quando a figuração numérica é de aproximação, a saber, "três mil e poucos" e não "3.000 e poucos" ou "3 mil e poucos; c) quando a figuração numérica é de estimativa, a saber., "o número da ordem de quatro mil e duzentos e cinqüenta" e nãe "o número da ordem de 4.250", salvo em cronologia, quando se porá, por exemplo "por volta de 1600, aconteceu· o fato" ou "e. 1.600" e não por extenso. Ortografia e morfologia dos n-úmeros 2 .10. 6. Escusa lembrar que, no escrever o número por extenso, palavra por palavra : a) é dispensável o emprêgo do hüen; b) é dispensável o emprêgo de qualquer sinal de pontuação intermédio; c) deve-se usar adequadamente do "e" conjuncidnal, cujaa regras, no caso, são as seguintes : 1)

dentro de cada classe, cada ordem deve ser, se existir verbalmente, antecedida de "e": "435" serão "quatrocentos e trinta e cinco"; "405" serão "quatrocentos e cinco"; 2) entre as classes não haverá "e", a saber., "7 .437. 950. 430" serão "sete biliões quatrocentos e trinta e sete milhões novecentos e cinqüenta mil quatrocentos e trinta"; se, porém, as classes não tiverem ordens expressas verbalmente, a última classe sem ordens será antecedida de "e", a saber, "1.550.600.700" serão "um bilião quinhentos e cinqüenta milhõell seiscentos mil e setecentos", ou "12. 700.000. 000" serão "doze biliões e setecentos milhões"

e escusa, ainda, lembrar que as formas ortográficas e morfológicas seguintes são de respeitar, nos numerais, consoante seja e original (coloca-se em primeiro lngar a forma preferível, por mais correntia, no Brasil, quando de emprêgo preferencial e nãe alheio, se não impender razão em contrário) : 1) 2) 3) 4) 5)

dois, dous catorze, quatorze dezesseis, dezasseis dezessete, dezassete dezoito, dezóito

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6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) 15) 16)

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dezenove, dezanove cinqüenta, cincoenta milião, milhão bilião, bilhão trilião, trilhão quatrilião, quatrilhão quintilião, quintilhão sextilião, sextilhão septilião/setilião, septilhão/setilhão octilião/oitilião, octilhão/oitilhão nonilião, nonilhão (alternando, em t6das as formas referidas, os radicais "novi-" com "noni-")

observando-se que entre a classe dos "milhões" e dos "biliões" tem havido, modernamente, a tendência, pelo menos no Brasil, de incluir a dos "milhares de milhões", para conformar a esta com o francês milZiard e o inglês milliard, ficando o nosso "bilião" a corresponder ao francês biUion. e ao inglês billio'fl.. 2.10. 7 Ordinais - Escusa, ainda, lemlilrar que os ordinais em português têm figuração de abreviatura, consistente na ·. superpoaição à direita de 0 , a, 01 , . ., assim, ou com barrinha horizontal por baixo (os ordinais são flexionáveis, normalmente, em gênero e número). Por pobreza evetrtual dxl parque tipográfico, tem-se generalizado o uso dos ·ordinais abreviados sem a superpoaiçio em aprêço, numa tendência comum, como vimos, às abrevia~ e abreviaturas. Escusa lembrar que na leitura dos ordinais jamais se usa do "e" conjuncional intermédio; e que a figuração abreviada; no texto, é de ·valor fundamentalmente técnico e de precisão matemática, razão por que em obras essencialmente discursivas seu cabimento é mínimo, salvo, por acaso, em historiopalia, quando se fala de "34.a legislatura", por exemplo, quando eaberia perfeitamente também "trigésima quarta legislatura", mesmo em título de capítulos. Escusa, ainda, lembrar as formas dos ordinais em português : primeiro primeira primeiros primeiras 2•) segundo (omitem-se as flexões, iguais às anteriores, daqui por diante) . 3•) terceiro 4•) quarto 5•) quinto &•) sexto 7•) sétimo 8") oitavo 9•) nono to·> décimo 1") 1") t••) 1.. )

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11") 12") 13") 20") 21") 30") 32") 40") 43") 50") 54") 60") 70") 80") 90") 100") 200") 300") 400") 500") 600") 700") 800") 900") 1000") 2000")

1 ooo·ooo·> 3 ooo ooo•) 1000 000 000")

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décimo primeiro, undécimo décimo segundo, duodécimo décimo terceiro · vigésimo vigésimo primeiro trigésimo trigésimo segundo quadragésimo quadragésimo terceiro qüinquagésimo, quinquagésimo qüinquagésimo (quinquagésimo) quarto sexagésimo septuagésimo octogésimo nonagésimo centésimo ·ducentésimo tricentésimo quadringentésimo qüingentésimo ( quingentésimo) seiscentésimo septingentésimo octingentésimo nongentésim~

milésimo segundo milésimo. milionésimo terceiro milionésimo bilionésimo

devendo-se notar, com relação aos ordinais: a) que a pronúncia da sua terminação foi, entre eruditos, flutuante [ézimu] ou [ésimu], mas hoje tende avassaladora para a esperável [ézimu] ; . b) que têm curso vivo os ordinais até "décimo", nas seriações de volumes, de séculos, de reis, de andares, mas não de dinastias ; a questão, àliás, como vimos, flutua quanto à posição do numeral, pois se anteposto, sempre é lido como ordinal. Fracionários Os fracionários decimais já vimos 2 .10. 8 como devem. ser representados, assim como a posição devida da vírgula, v.g. 12 437,573 42 - cuja leitura é "doze mil quatrocento~ e trinta e sete (unidades inteiras) cinqüenta e sete mil trezentos e quarenta e dois centésimos milésimos". As ordens fracionárias, pois, são indicadas por décimo, centésimo, milésimo, décimo milésimo, centésimo milésimo, milionésio, décimo milionésimo, centésimo milionésimo, bilionésimo, décimo biljonésimo etc. Tratando-se de fracionários ordinários, usa-se do símbolo - ou I para indicar a fração, v.g. 1 ou 2/13, em que a segunda disposição, para certos fins tipográficos ocasionais, é melhor por não

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exigir algarismos de corpo menor ou, caso contrário, entrelinhamanto especial. A leitura dos fracionários se faz por meio de um provável sufixo substantivado "avo(s)" após o denominador, lido o numerador e o denominador como números cardinais, v. g. "dois treze avos", "23/47", "vinte e três quarenta e sete avos" etc .. salvo, entretanto, os denominadores de 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 10, 100, 1 000, 1 000 000 e múltiplos decimais exatos ·superiores, que podem ser lidos quanto ao denominador, assim: 1/2 3/2 2/3 1/4 2/6 3/6 4/7 6/8 7/9 9/10 10/11 10/12 32/100 2/1000 326/2 000 100/1 000 000

um meio, meio três meios dois terços um quarto dois quintos três sextos quatro sétimos cinco oitavos sete nonos nove décimos dez onze avos dez doze avos trinta e dois centésimos dois milésimos trezentos e vinte e cinco dois mil avos cem milionésimos

ocorrendo, porém, a possibilidade, para evitar eventual figuração por parte de outrem de fração decimal em lugar de fração ordinária, a leitura com avos em casos como os admitidos acima, v.g. "cem um milhão de avos", para corresponder à. figuração 1001 1 000 000, pois se dito "cem milionésimos" poderia ser 0,000 100. 2.10.9 · Multiplicativos - Escusa, ainda, por fim, lembrar a existência, na língua, dos chamados numerais multiplicativos duplo/dôbro, triplo, quádruplo, quíntuplo, séxtuplo, séptuplo, 6ctuplo, nônuplo, décuplo, cêntuplo e certas formas analógicas, Tíntuplo I vigíntuplo, trigíntuplo, quarêntuplo I quadragíntuplo, cinqüêntuplo I qüinquagíntuplo etc. (segundo sejam os radicais derivantes portuguêses ou latinos), que não têm figuração simbólica nem abreviaturas, . assim como de coletivos numéricos, substantivos ou adjetivos, v.g. com radicais de "dia", "mês", "ano". ou não: centúria, qüinqüêndio, decêndio, decendiário, mensal, semestral, semestrário, qüinqüenário, cinqüentenário, centúrio, milenário, centenar, milhar etc.

CAPÍTULO

III

TRADIÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO ESCRITA 3.

DOS IMPRESSOS Os livros - uma vez impressos - têm var1a fortuna. As vêzes, caem de tal modo no gôsto dos leitores ou correspondem de tal modo às necessidades dos consumidores, que sua reimpressão ou sua reedição se· torna muito freqüente ; às vêzes, são de tal modo infelizes, que jamais lograni uma segunda edição ou mera reimpressão ; mas, em certo número de casos, conseguem obter, de tempos em tempos, uma nova edição. Na tradição livreira do Brasil, ainda não é hábito distinguir rigorosamente a reimpressão ila reedição, e êsse fato se deveu, em grande parte, à circunstância de que, não logrando . os livros grande procura, isto é, grande tiragem, com o seu complemento natural, que seria o seu rápido esgotamento, raro ocorreu ao editor guardar as matrizes com que pudesse reproduzir novos exemplares com identidade total de características tipográficas. A guarda das matrizes, monotípicas ou linotípicas, supõe a paralisação eventual de um capital, representado pelo metal que poderia, fundido, ser aproveitado para composição de outro livro, e supõe locais de guarda - o que se traduz por despesas e por lucros cessantes, que só aleatõricamente poderiam vir a ser compensados, se o livro. em causa viesse a demandar novas· e rápidas tiragens sucessivas. 1!lsse mal, modernamente, vai, porém, sendo superado, com novas técnicas de guarda da composição, graças a matrizes econômicas (papel, cartão, papelão, plástico, fitas perfuradas, magnéticas e afins) que ocupam mínimo espaço. Tal inovação té·cnica, aliada à circunstância de que as matrizes em causa comportam correções, revisões e mesmo melhora, materializa a possibilidade de podermos, em futuro não remoto, atingir o "livro perfeito", não do ponto de vista da substância ou de sua feição estética, sempre variável ao sabor do avanço do conhecimento e da evolução do· gôsto, mas "livro perfeito" do ponto de vista da correlação do original com o impresso. Prevalece, em conseqüência, no Brasil, a reedição do livro, quando a há, razão por que, nos raros casos

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de reimpressão se fala também, entre nós, de reedição, ao passo que em livros da língua inglêsa são freqüentes menções em seqüência, para um livro, como estas: fírst impression, second impression, tkird impression, second edition, reprintend in (data), reprinted in (data), tkird edition revised and enlarged etc.; em francês: premiere édition, réimpressiO'n en (data), deuxieme édition, réimpression en (data) ... troisieme édition refondue et re, maniée etc., ocorrendo também, sobretudo em francês, o hábito de indicar aditivamente ou meramente o número de milheiros de reimpressão. ACUMULAÇÃO DE ERROS Os livros - salvo quando não 3 .1 logram reimpressão ou reedição - sofrem de uma contingência que a técnica moderna apenas agora principia a habilitar-se a superar, como vimos acima; essa contingência consiste em que o número de erros tipográficos - que pode ser maior ou menor na primeira edição (e não há livro que não tenha erros tipográficos, por mais perfeito que seja!) - tende a aumentar com as reedições. Em breve, o texto de uma reedição qualquer pode deixar de merecer fé, pelo menos para certos fins, não é fidedigno em suma, a não ser para os leitores de folheio em diagonal ; já o leitor "vertical" pode sentir-lhe os deslizes, que são mais patentes para o leitor "horizontal" e mais ainda para o leitor "vocabular", o "silábico", o "literal"... ~ em conseqüência dessa contingência que se postula o problema dúplice da fidedignidade e da fidelidade textual. Com efeito, quando a interpretação de um texto, de um excerto, de uma passagem, de um vocábulo, de uma vírgula, pode ser a chave para a elucidação de um pormenor que, por seu alcance, pode repercutir na visão ··de conjunto que se tem de um problema, uma mera vírgula, uma omissão ou deformação vocabular e, com mais razão, uma adulteração, uma lacuna, uma alteração do texto são de enorme relêvo e importância. Daí, para o filólogo, para o historiógrafo, para o exegeta, ·para o hermeneuta, para, em suma, o cientista, o erudito, o culto, o sábio, o ésteta, a necessidade imperativa de lidar com textos fidedignos e fiéis. Daí, também, o aparecimento de lima ci~cia e técnica da edição-de-texto, a chamada, modernamente, ecdótica, com suas particularidades de hermenêutica e de exegética. 3 .1.1 Edições-de-texto no Brasil - Cabe, liminarmente, consignar ·àqui um·a realidade conjuntural brasileira; se nos países de alta tradição cultural a disponibilidade de textos fidedignos e fiéis é ainda pequena relativamente, o fato está, no Brasil, em situação muitíssimo mais precária, podendo-se afirmar, sem sombra de êrro, que entre nós nem a velha ecdótica - salvo eventual-

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mente com FRANCISCO DE ADOLFO VARNHAGEN, ALFREDO DO V ALE CABRAL e JoÃo CAPISTRANo DE Â.BREU (não sem razão homens de sentido historiográfico) ( cf. RODR) - nem a nova - salvo com SousA DA SILVEIRA ( cf. ABRE ; ABRF; MAGA) e CELSO FERREIRA DA CuNHA (ef. cuNA, cuND, cUNF) - produziram seus frutos sistemáticos. Ao contrário, Ultimamente entre nós não poucos têm sido os autores, mortos ou vivos, reeditados em obras de conjunto ou em coleta de esparsos, mas sem a mais remota preparação intelectual específica por parte dos editôres-de-texto. Há •honrosas exceções e, a mero título ilustrativo, sem pretender esgotar listas, lembremos MANUEL BANDEIRA (cf. DIAs), AURfLio BuARQUE DE HOLANDA FERREIRA ( cf. LOPE), AUGUSTO MAGNE ( cf. CART), DARCY DAMASCENO (cf. PENA), ADRIANO DA GAMA KuRY (cf. BARB), NIEL AQUINO CAssEs (cf. CASY), ANTÔNIO HouAiss (cf. DIAT, ANJo), bem como o trabalho entre de nós de M. RoDRIGUES LAPA (cf., por exemplo, LAPE). Merece também realce, pelo montante e complexidade relativa da tarefa, a edição das obras de LIMA BARRETO (cf. BARR), em dezessete volumes, feita sob a organização de FRANCISCO DE Assis BARBOSA, com a colaboração de ANTÔNIO HouAISS e MANUEL CAVALCANTI PROENÇA, mas com as ressalvas críticas formuladas no prefácio do XI volume, em que o principal responsável do texto mostra até onde a edição é fidedigna e onde é fidedigna e fiel. Na prática, em sum.a, quase todos os autores brasileiros e portuguêses que merecem ser reeditados merecê-lo-iam sob critérios críticos, ecdóticos, mormente os de porte para a história cultural nacional, como, sem exaurir lista, MANUEL BoTELHO DE OLIVEIRA, NuNo MARQUES PEREIRA, SEBASTIÃO DA RocHA PITA, MANUEL DE SANTA RITA ITAPARICA, ANTÔNIO JosÉ DA SILVA, DOl(lNGOS CALDAS BARBOSA, CLÁUDIO MANUEL DA COSTA, JOSÉ BASÍLIO DA GAMA, FRANCISCO DE MELo FRANOO, MANUEL INÁCIO DA SILVA ALVARENGA, JosÉ DA SILvA LisBOA, ANTÔNIO PEREIRA DE SouSA CALDAs, JosÉ BoNIFÁCio DE ANDRADA E SILVA, FRANcisco DE SÃo CARLOs, FRANCisco DE MoNTE ALVERNE, Jost DA NATIVIDADE SALDANHA, MANUEL ÜDORICO MENDES, FRANCISCO SOTERO DOS REis, JoÃo FRANCisco LISBOA, DoMINGOs Jost GoNÇALVES DE MAGALHÃEs (salvo para com os Suspiros poéticos e saudades, editados por SousA DA SILVEIRA, cf. MAGA), MANUEL JosÉ DE ARAúJo PôRTO ALEGRE, Â,NTÔNIO FRANCISCO DUTRA E MELO, ANTÔNIO PEREGRINO MAciEL .MoNTEIRO, ANTÔNIO GoNÇALVES TEIXEIRA E SouSA, FRANCISCO ÜTAVIANO DE ALMEIDA RosA, JosÉ MARTINIANO DE ALENCAR, BERNARDO .JOAQUIM DA SILVA GUIMARÃES, JOAQUIM MANUF.L DE MAcmo, Luís NICOLAU F AGUNDES V A.ItELA, CAsTRo ALVEs, Az.ufsiO DE AzEYEDo: EucLIDES DA CuNHA ( cf. CARP). Isto

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sem referir, por exemplo, os verdadeiros casos complexos, como o de GREGÓRIO DE MATO$, . cuja futura edição crítica provàvelmente constitui o mais belo problema de . ecdóÜca brasileira, com ·os para cêrca de catorze apógrafos supérstites, segundo creio possuir CELSO FERREIRA DA CuNHA: oxalá a tarefa seja empreendida, n() que, de um lado, será o que se aventurar auxiliado pelos trabalhos apologéticos em geral do poeta brasileiro e, de outro lado, · pelos restritivos, como o d~ SfLvm JÚLIO ( cf. JULI), muitas de cujas restrições, se despojadas do azedume com que são feitas, ·ajudarão à tarefa da crítica de atribuição, preliminar fundamental para o ulterior esfôrço de ·estabelecimento do texto. · 3 .1 .1.1 É provável que a consciência de que necessitamos já nesta altura de nossa evolução cultural de textos fidedignos e fiéis, de um lado, e de que, infelizmente, de outro, não dispomos de editôres-de-texto em qualidade e quantidade hábeis, seja a razão de havermos em muitos casos seguido a melhor solução. A melhor solução foi a das reedições fac-similares, dentre as quais-, pelo vulto e oportunidade da obra, cabe ressaltar o Dicioflá.rio da língua portuguêsa, de ANTÔNIO DE MoRAIS SILVA, por iniciativa de LAUDELINO FBEIRE (cf. SILQ), após a qual saíram por iniciativa da Acadeinia Brasileira de Letras e depois por iniciativa do Instituto Nacional do Livro outras tantas. reedições fac-similares (cf., por exemplo, ABRA CASA), sem contar a reedição fac-similar da Constituição d{)s Estcuks Unidos do Brasil, promulgada a 24 d& fevereiro de 1891 ( cf. CONG). 3 .1. 2 Erros, 6bvios e latentes - A acumulação de erros num texto decorre da verificação empírica de que não há livro sem êrro tipográfico, 6bvio ou latente. O limite entre um tipo de êrro e o outro é difuso e flutuante, mas os casos extremos são perfeitamente característicos, consoante os períodos da língua, ou a escola literária, ou o autor. É êrro óbvio - caracterizada que seja a tensão lingüística geral de um autor · - uma forma como preguntar, que nouiro autor, noutra época, pode ser não apenas justa, mas a "correta"; é êrro 6bvio, qualquer que seja o autor ou a época, uma forma como lwvro ·ou como ·reduçãos, salvo, no segundo caso, se se tratar de forma tJd h.oc ou de escrito circunstancial de escriba semiliteratado - o que confirma o asserto. Os erros latentes, porém, são muito mais difíceis de vislumbrar e localizar, pois podem apresentar feições graduadas: · (a)' pode ocorrer que a forma ou ·o esquema considerados sejam em si cor·retos, conio, por exemplo, "êles digladiavam-se", quando na realidade o autor quisera "êles se degladiavam", o que s6 se poderá apurar do cotejo com a fonte autorizada; (b) pode ocorrer que a

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forma seja, à luz de certo cânon gramatical, "errada", quando o autor a quis exatamente assim, isto é, divergir consciente ou inconscientemente do cânon, como, por exemplo, quando um poeta diz "se a amada pedir-te uns vel'ISOs tristes"; (c) pode ocorrer que a forma considerada seja correta e clara, mas contra o contexto, como, por exemplo, quando o texto oferecer "êle se parece comigo" onde o contexto pediria exatamente "êle não se parece comigo" ... Escusa ensarilhar hipóteses de erros latentes, que se caracterizam muitaa vêzes por não parecerem erros .. . (cf. KARI). 3 .1 . 3. Correr;~ e ctWreção de erros - Latentes ou óbvios, os erros tipográficos de um livro já impresse mas não fmalizado, quando localizados em tempo pelo autor ou pela revisão, são freqüentemente objeto de um erra.tum (ou de uns errata, ou de uma 'errata') na própria edição. Na reedição, é elementar que a errata seja levada em linha de conta; se, porém, não figurar impressa, é de presumir - salvo os óbvios, flagrantes e gritantes - que os erros pasSarão para a segu11.da edição, acrescidos dos erros próprios a esta; numa terceira edição, a tranAJDissão de erros será cumulativa, acrescida, em -n edições, de um nôvo fator de · adulteração do texto: o arbítrio com que serão "corrigidos" pelos l"evisores os erros reais e os imaginários, sem consulta da primeira edição ou do original, se existir. Em breve, um texto em edição comercial corrente é, a priori, merecedor de tôdas as reservas, e qualquer observação de pormenor deve, se baseada em tais te,:xtos, ser precedida de uma preliminar: vale a pena fazer a observação ou não será melhor antes verificar se o local em causa é tal como consta na edição I .Generalizada, como deve ser, essa dúvida sistemática, éompreende-se de pronto a dificuldade de trabalhar com tal texto, salvo se; ao cabo de -n verificações, se puder concluir que, a posteriori., tal edição merece fé. · 3.1.4 . Te:dos e erros - Um texto pode ser - correntemente - reputado bom ou mau. Por mau - numa gradação que vai do péssimo ostensivo, por visíveis incoerências internas e externas, ao mau latente, em que à primeira vista não se podem depreender suas adulterações - entende-se o texto que se distancia do original, ou da primeira edição, ou da edição autorizada, sem a chancela do autor. Já o bom texto seria o fidedigno e o fiel - duas noções que, embora :qlUito próximas, se devem distinguir, dentre outras razões, pela impóssibilidade freqüente de ambas as qualidades poderem coexistir; nas condições históricas da transmissão ~ herança literária. Fidedigno é o texto que merece fé, con. fiança e respeito, porque foi estabelecido com rigorosa observância das características · encerradas no manuscrito, ou no original, ou

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na edição príncipe, editio princeps, ou em edição autorizada. Fiel é o texto que, pelo menos, não tendo sido estabeiecido com rigorosa observância daquelas fontes, :por hnpedimento desta ou daquela natureza, o foi com rigorosa observância de edição anterior, da qual há plausíveis razões para lhe supor qualidades de fiel, quando não · d~ fidedigna. É óbvio que, se ao menos a fidelidade de uma edição fôsse obtida com relação a uma anterior, a cadeia progressiva de erros que daí decorresse ·seria truncada de um · elo, o que seria a garantia de um número consideràvelmente menor de erros acumulados, sobretudo num país como o nosso, em que â maioria dos livros publicados logra um número restrito de reediÇões. 3. 2 cRiTicA TEXTUAL ou ECDÓTICA A ecdótica, por consegl;l.inte, cuida da edição-de-texto, em grau de complexidade decreseente que vai do passado ao presente, de autor morto a vivo. Sua problemática pode escalonar-s~ nas seguintes fases : 1.0 ) na prilneir.a fase, cuida-se da estemática, isto é, do estabelecimento do seu estema ou classificação genealógica das versõés do texto· segundo as cópias, impressões ou edições que · teve; 2. 0 ) na segunda fase, estabelecido o · estema, quando não se caracteriza incontroversamente o manuscrito autógrafo original ou definitivo, obtém-se o protótipo ou, melhor, arquétipo (na tradição manuscrita), ou . a edição de base (na tradição impressa), devendo-se notar que, neste caso, existindo a edição príncipe única em vida do autor, esta é, via de regra necessária, a edição de base; se, poréin, houver duas ou mais editiones principes, o problema se torna mais delicado, pois ou elas correspondem a duas ou mais gestações conceptuais de certo modo autônomas da obra, ou a duas ou mais fases distintas de sua apresent~ão, servindo de típicos exemplos os problemas relacionados com as obras de TOBQUATO TAsso, Gerusalemme Liberata e Gerusalemme Conquistata. 3. 0 ) numa terceira fase, fixado o protótipo ou arquétipo, ou a edição de base, pode-se, então, tratar do estabelecimento do texto, estabelecimento de que decorre, na grande maioria dos casos, a necessidade de um aparato crítico que justifique as soluções seguidas pelo editor-de-texto, ademais da enunciação dos princípios críticos gerais que o norteiam nessa tarefa, aparato crítico que não raro ultrapassa os problemas meramente lingüísticos e invadem os históricos lato sensu, institucionais, morais, · culturais, e são por isso mesmo, explanados nesse aparato ou em seções anexas ao aparato.

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3. 2 .1 Estabelecimento de texto - O estabelecimento do texto é, pois, a um tempo um problema de ecdótica, de hermenêutica 'e de exegese. É impossível, em princípio, estabelecer um texto que não seja totalmente compreendido pelo editor-de-texto, ainda que alguns aspirem a uma como objetividade mecânica na operação ou ainda que êsse grau .de compreensão possa ser aprofundado por outrem. Dessa forma, a inteligência de um texto Stl logra por um crivo : a) de tôdas as particularidades do texto, para que eventualmente qualquer uma dessas particularidades sirva de lição para qualquer outra do mesmo texto; b) de tôdas as particularidades e generalidades do contexto - no que, inclusive, a história, a erudição ·em geral, a geografia, a filologia, as idéias coetâneas, os ideais coetâneos, do autor, da, sua geração, do país, da nação, do mundo, até o seu tempo, do passado, possam trazer suas luzes ; c) dos textos alheios anteriores e contemporâneos do autor, na dupla operação (a) e (b) acima configuradas; d) destarte, na base do protótipo ou arquétipo, ou da edição de base, é factível volver o mais verossimilmente possível ao original ou à .edição príncipe ideal. 3. 2. 2 A crítica textual no passado - As mais antigas edições críticas, ao menos no âmbito da cultura européia, são as dos poetas gregos pré-helenísticos, feitas pelos críticos alexandrinos, ZENÓDOTO, ARISTÓFANES DE BIZÂNCio, ARISTARCO. Seus trabalhos incidiram preferentemente sôbre os poemas homéricos, com textos não anotados, mas acompanhados de signos que exprimiam dúvida quanto à autenticidade da tradição ou que remetiam ao co:. mentário, comentário que encerrava indicações sôbre os manuscritos de que os críticos se haviam servido e sôbre as lições que haviam adotado. A recensio se fazia segundo critérios internos, as emendas não eram acolhidas no texto, a tendência era puramente conservadora; entretanto, os versos reconhecidos como ~ão autênticos eram transcritos no texto, embora com signos indicativos de não autenticidade. Um trabalho grandioso de crítica do texto foi empreendido, sôbre a Bíblia, por outro alexandrino, no século III. ORfoENEs. Os métodos alexandrinos foram transportados para Roma, inicialmente por VARRÃO, o reatino, e depois, na época imperial, por PROBO. JERÔNIMO aplica os métodos de ORfGENES à Vulgata, representando, pelo amor do livro, um dos marcos básicos na evolução moderna dêste, inclusive no seu ideal normalizador (cf. ARNS). Signos críticos se encontram semelhantemente em manuscritos medievais. A época carolíngia, na Idade

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Média, conhece também a ·recensão de textos; mas os meios de · que dispõe não lhe permitem verdadeiras edições críti~s. Avizinha-se, entretanto, disso o exemplar da Regula sancti Bemdicti. Os próprios humanistas pouco superam nesse respeito os doutos carolíngios ( cf. PA.SQ) • 3. 2. 3 A crítica textual moderna - A edição crítica no sentido moderno progride a partir do século XVI, com estudos sôbre a Bíblia grega e latina, de eruditos principalmente franceses. Mas o fundador do método que teve curso em tôda a idade moderna foi KA.RL LACHMA.NN (1793-1851), cuja obra-prima, no particular, é o conhecido prefácio à sua edição de LucRÉCIO, de 1850 ( cf. LUCR). As características do método de LA.cHMANN são : ( 1) a elaboração dos conceitos de recen.sio e emtmdatio; (2) a elaboração · do conceito de arquétipo; (3) o sistema de agrupar geneticamente os manuscritos por meio dos erros comuns; ( 4) o procedimento mecânico na reconstrução do arquétipo, sob o fundamento de determinadas concordâncias; ( 5) a eliminação dos manuscritos suspeitos de interpolação; (6) a tentativa de reconstruir, por considerações diplomáticas e por testemunhos externos, a história e 8 fortuna de um texto. o pressuposto do método de LACHMA.NN era o da transmissão, da tradição restrita e prevalentemente mecânica, como seria a daqueles difíceis escritores e poetas latinos tratados preferentemente por LA.cHKA.NN, como PBOPÉRcro, CATULO, TmuLO, GENÉSIO, TERENciA.No MAURO, BIBruo, AVIANO, GA.Io : e especialmente LucRÉCIO. Mas o próprio LAcHKA.NN COmpreendeu que O seu método não seria aplicável a um texto não transmitido digamos mecânicamente, mas sim através de recensões antigas, como o do Nôvo testamtmto, e assim havia acenado com todo um outro método já a partir de 1824. Mas . neste particular não teve LA.cHKA.NN continuador durante muitos anos, pois ao contrário foi a lição do seu prefácio de LuCRÉciO que exerceu poderosa influência não s6 entre germanistas, mas também entre romanistas ( cf. PABQ). 3. 2. 4 A crítica textual atual - Os metódos da edição crítica progrediram lentamente. ~ de data relativamente recente a superação do preconceito contra os códices interpolados, já que, como se pôde verificar, êstes podiam conservar, e conservaram, tradições . genuínas, que com o seu abandono poderiam ser perdidas. As publicações de catálogos, de fac-símiles, maiores facilidades de transporte, maior liberalidade das bibliotecas públicas e privadas na concessão de fotocópias e microfilmes, possibilitaram uma exploração mais ampla da tradição com menor consumo de tempo. E só recentemente tamQém - graças àqueles recursos

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- se pôde ver que a própria tradição do início da Idade Média de textos gregos e latinos, que parecia una, mecânica, derivava de fato de contaminações, de recensões. · Fundamental, a tal respeito, é a moderna edição da H isto ria ecclesiastica, de EusÉBIO ( cf. EUSE), assim com os trabalhos e estudos de HENRI QuENTIN (cf. QUEN). Nos textos dessa natureza, a linha ordenadora do crifério tem sido. cada -vez mais interna, por meio da lect1·o difficilior e do usus scribenâi, embora também se socorra, como não podia deixar de ser, de circunstâncias culturais e reais ligadas ao texto e af) contexto. E - para não 11ermos demasiado omissos neste rápi " e.sbôço como que histórico da crítica textual - aqui caberia d ... · a palavra a HENRI QuENTIN (QUEN, 9), citando os têrmos introdutórios do seu prefácio: A ecdótica é a parte da crítica relativa ao estabelecimento e à edição dos textos. Nela geralmente não se vê senão uma arte exercida com mais ou menos virtuosismo pelo editor, conforme possua êste mais ou menos conhecimentos, faro e habilidade técnica. O objetivo dos P!esentes Ensa·ios é de dar um método, mais positivo e, se ouso dizer, mais científico às suas primeiras fases: a elassificação dos manuscritos e a reconstituição do texto do arquétipo. A arte vem em seguida, quando o estado do arquétipo é tal que lhe são necessárias correções para atingir o texto presumido original. Ou melhor, é o lugar de uma outra eiência: a dos erros e de sua ~ênese, a que Loms HAVET consagrou seu Ma.n1tel de critique verbale. Meus Ensaios, bem mais modestos, não repetem essa última obra: sua tarefa termina exatamente onde o Manuel começatênnos a que juntaríamos, do mesmo, o seguinte ( QUEN, 27) : Pareceria que a crítica de edição seja uma arte que não necessita de ser aprendida. De fato, ela não é ensinada senão nas conferências práticas do Senhor J OSEPH BÉDIER, no Colégio de França. A paleografia, a diplomática, a 0ronologia, a gramática, a. filologia, tôdas as ciências úteis ao editor, são objeto de ensino, mas, quando se trata de fazer sair dos manuscritos antigos um texto contido em um certo número dentre êles e de escolher entre as diversas lições que apresentam, os guias passam a falt«r ou quase isso; cada um deve ser seu próprio mestre e fazer suas experiências. Trata-se de uma grave lacuna na ciência crítica.

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3. 2. 5 A crítica verbal - A melhor elabora~ão de crítica verbal - no que se refere, particularmente, ao latim, mas com alcance, por sua técnica, não apenas ao grego, -senão que a quaisquer línguas de tradição escrita - continua sendo a de Loms HAVET, no seu indispensável Manuel de critique verbale appliquée aux textes latins (cf. HAVE), do qual diz MAAS, de forma concisamente lapidar, ser "obra fundamental, mas as louváveis partes teóricas estão dispersas num amontoado de exemplos ociosos e inoportunos" (MAAS, XV). Essa opinião é sentida como tanto mais exata quando se procura tentar dar as linhàs nodais do trabalho de HAVET. Considerando, entretanto, seu caráter aplicado ao latim, procuraremos, linhas adiante, ressaltar tão-sõmente aquêles aspectos teóricos da crítica verbal que têm alcance genérico, para não apenas qualquer tradição manusctita, mas também para a tradição impressa - já que um denominador de base psicofisiológica comum subsiste ou subjaz nos erros, enganos e atos falhados que, em essência, geram, no campo da tradição daquela ordem, as causas e os objetivos da crítica verbal. A crítica verbal tem sua razão de ser - sublinhemo-lo mais uma vez desde o início - no fato de que qualquer tradição, manuscrita ou impressa, necessAriamente acarreta, gera, gesta, enseja, propicia erros, de vária natureza e de causas várias - estas ligadas à pessoa do copista, ou do tipógrafo-compositor, às suas condições de trabalho, ao estado de apresentação do que se copia ou compõe. O fundo do método da crítica verbal é a reconstituição hist6rica da transmissão do texto, da tradição do texto, desde o autógrafo, geralmente perdido (pois caso contrário a crítica verbal pequena ou nenhuma razão de ser teria), até os manuscritos ou impressos existentes (cf. HAVJJ, 3). A necessidade da crítica verbal estabelece-se sem refutação pela existência de variantes - isto é, lições diferentes de uma palavra, de uma passagem, de um local do texto, pois que na ·tradição manuscrita dois apógrafos de um mesmo texto jamais coincidem exatamente, se se toma em consideração de cotejo uma extenaão do mesmo mais ou menos grande ( cf. HAVE, 11). 3_.2.5.1 Em presença _das variantes, a tarefa da crítica verbal não é a mesma, impondo-se, de regra, um critério resolutor na base, em grande parte, do estema; entretanto, se êste não tiver sido sobejamento estabelecido, pode acontecer que: a) as variantes dão, cada uma, um sentido admissível caso em que a crítica verbal, mantendo-se dubitativa, consiste em eleger a mais antiga, se fôr possível fixar sua ascendência, ou, não o sendo, em motivar a preferência do ed:tor-de-texto em função de crítico verbal;

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b) u~a variante, preferida pelos editôres-de-texto anteriores, se revela, à luz de novas noções filológicas, de difícil aceitação - razão por que (1) será necessário apontar a dificuldade· e suas causas, (2) coonestar, motivadamente, outra variante e· ( 3) optar por esta ; c) uma variante, preferida pelos editôres-de-texto anterio-· !'e@, vem a ser contrariada por outra variante descoberta poste-· riormente, que é verossimilmente pior - razão por que se deverá· (1) fundamentar a inaceitabilidade da "nova" variante, (2) ve-· rificar se ela, eventualmente, não dá indício de uma variante· hipótetica, conjetura}, se combinadas as duas atestadas, (3) tentar explicar a variante "nova" inaceitável, para evitar certo grau de incerteza que; caso contrário, perdurará na variante aceita;: d) as variantes são complexas, tudo aparentando que elas deverão ser combinadas entre si para a obtenção de uma lição· compósita oriunda de lições diferentes - razão por que a lição· compósita será fundamentalmente suspeita, ainda que admissível;: e) nenhuma das variantes é admissível, o que leva via deregra à solução antes citada, de uma lição de.preendida das .variantes inadmissíveis, lição que será suspeita, ainda que aceitável;. f) as passagens sem variantes podem, entretanto, não ser· satisfatórias; mesmo que todos os apógraf0s concordem quanto a uma passagem, é possível admitir perda de ramo ou ramos da tradição - impondo-se, assim, correções necessàriamente conjeturais, independentes de cotejo de variantes (inexistentes), na base da teoria dos erros possíveis; êsse raciocínio fundamenta-se também para com a tradição fundada num só e único apógrafo (cf. HAVE, 11). 3.2.5.2 ·A diversidade de variantes permite que sejam graduadas desde as obviamente erradas - .erradas em relação ao autor, à obra, ao tempo, à língua -até as provàvelmente erradas ou provàvelmente certas. De todos os modos, o critério de valor em relação às variantes não é um critério normativo geral de significação e referência permanentes, antes um critério necessAriamente ·flutuante ou contingente em face daquelas coordenadas - obra, autor, língua, tempo. Podem-se, genericamente, confundir os têrmos "variante". e "êrro" - confusão que funciona em dois. sentidos: (a) ou bem se despoja a palavra "êrro" do conceit()o oponencial de "correto", (b) ou bem se impregna o vocábulo "variante" de um conceito flutuante e gradativo, em que se inclui, Potencialmente, desde o obviamente errado até o provàvelmente certo, original, isto é, do autor. Dentre as variantes há, pois, uma ou algumas seguramente erradas. A certeza de que existem

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-erros é que leva ao critério, de um lado, de eleger a variante admissivel, isto é, a presuntivamente não errada ou a verosslmÜmente menos errada, ou, de outro lado, de criar uma forma outra, não documentada, proveniente tão necessàriamente quanto possível do cotejo de tôdas as variantes, quando tôdas são inadmissíveis, ou do cotejo mesmo de uma tradição única, sem variante, por conseguinte, . oom as variantes potenciais que .ge inserem no texto único, isto é, como se êste fôsse variante de um protótipo ou arquétipo que, sendo hipoteticamente de determinada forma admissível, essa .forma seria tal que poderia originar a forma inadmissível documentada na tradiÇão única. A conjetura, variante conjetura! ou forma conjetura! é, também, portanto, noÇão flutuante, que ·engloba desde uma variante admissível elegida dentre várias variantes, até, de permeio, a variante conjetura!, não documentada, oriunda do cotejo de tôdas as variantes, documentadas mas inadmissíveis tôdas, ou do cotejo da tradição única, tomada esta como uma, documentada, dentre variantes <mtras, não documentadas, de um protótipo ou arquétipo inÜ:erior de que a variante única poderia ser oriunda. Afora 1t critério pura e simplesmente conservador do texto, que consiste em aceitar uma tradição sem sôbre ela exercer nenhuma dúvida, todos os demais critérios são conjeturais: (a) conjetura!, se se suspeita a existência de erros, sem assinalá-los; (b) conjetura}, se se suspeita a existência de erros, ·assinalando-os ; (c) conjetura!, se se assinalam os erros, dando-lhes a forma admissível, . mais ou menos eivada de suspeição. Filosoficamente, .a conjetura textual bem fundada é tão legítima quanto qualquer conjetura de qualquer ciência histórica, que não possa obter contraprova objetiva experimental, 11enão no aleatório achamento posterior da contraprova, que, não existindo em época em que foi formulada a conjetura, -vem posteriormente confirmá-la, o que tem freqüentes vêzes ocorrido. ·Ademais, a conjetura formulada com o rigor desejável se insere com absoluta eficácia · dentro de um conjunto que em muitos outros aspectos não é conjetura], dando-nos, pois, margem 8 um limite de certeza incerta que macula percentualmente o todo de margem relativamente pequena de êrro provável - o êrro provável que pode existir (e para isso é levado em linha de -conta) mesmo nas ciências e técnicas exatas e experimentais. Por fim, importa lembrar que, em favor da conjetura, milita 8 circunstância de que é ela sempre uma aproximação relativa da verdade, que o avançÓ do coiihecimento vai, pelos caminhos mais inesperáveis, aperfeiçoando. ConTém ainda ter em linha de conta que a própria tradição, por sua natureza mesma, na leitura de

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um apógrafo para. a escritura de um nôvo apógrafo; é conjetura!, num processo mais ou menos lúcido, mais ou menos inconsciente, de copiar compreensiva ou mecânicamente ( cf., sôbre certos respeitos, HAVE, 17-23). Sôbre a questão puramente vocabular de emprêgo da palavra "êrro" no contexto acima, é ilustrativo considerar como, para fins de documentação, JAMES D. MAcK e R<JBERT S. TAYL<>R fixaram o seu verbête (cf. MACK, s.v. êrro): ~rro [Error]. Computadores. O montante de perda de precisão numa quantidade; a diferença entre uma quantidade exata e sua aproximação calculada. Os-. erros ocorrem em métodos numéricos ; Os enganos ocorrem em programas, codificações,. transcrições de dados e no operar ; . Os enguiç~~,> [malfunctions] ocorrem nos eomputadores.

3. 2. 5. 3 Os apógrafos apresentam erros porque os copistas; cometem enganos, que passam, via de regra, a ser fontes dé dificuldade na compreensão dos textos. Os livros apresentam erros porque os tipógrafos-compositores - ~ após êles os revisores, e após êstes os tipógrafos-corretores - cometem enganos, .que passam, via de. regra, a ser fontes de dificuldade na compreensão dos textos. A crítica verbal cabe apontar tais erros. para impedir falsos julgamentos de estética, moral, história,, . língua, falsos procedimentos técnicos, cientüicos, artesanais .. .. Apontando.. os erros, a crítica verbal pode · aspirar a corrigi-los .. Só uma crítica utilitária cultiva as · correções em face de um critério absoluto de valor: edições gramático-normativamente cor.re-tas, para fins ditos didáticos, edições truncadas ou expurgadils; . para fins ditos morais - crítica utilitária que pode t er suat função, embora contestável, mas de provável pequeno valor cienttífico •. Quando a ·crítica verbal formula uma conjetura, procura, nessa· formulação, o máximo de coerência · interna, de rigor lógico e· histórico, de modo que a conjetura possa ter caráter necessário. O caráter necessário de uma conjetura pode, entretanto, ser ape-nas meio caminho para uma conjetura posterior mais necessária, t!Ubseqüente, apresentando; assim, a marca de tôda · verdade cientüica, que se insere como relativa no quadro de uma ver.dade· absoluta de que os homens se aproximam relativa mas continua-mente. O ·a parato crítico em geral se limita a indicar o êrro· presumido e a correção admissível correspondente, subentendendoa exposiçã_o minuciosa ·da dificuldade, deixando-a. à capacidad~

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-do leitor - salvo quando a dificuldade é de tal modo irregular -que precise de ser objeto de explicação mais explícita. ~sse 'Subentendimento decorre do pressuposto de que o leitor · esteja de ~erto modo a par dos gêneros principais possíveis de erros . e -dificuldades. A presunção de êrro varia segundó os espíritos ·o que é um fato irremediável em face da natureza humana ou da natureza das obras humanas. Mas o essencial por considerar é -que há indícios de erros. Se se trata de um indício único, a presunção de êrro é restrita, pode se tanto ser verossímil; se há vários indícios, de certo modo convergentes, de êrro, indícios , que podem ser raciocinados como concordantes, essa concordância poderá fornecer um elemento objetivo de critério, passando o êrro à categoria de verossímil. O crítico verbal deve, por conseguinte, se possível, procurar vários indícios para um êrro presumido, em lugar de apoiar-se num único. E, segundo o texto seja em prosa ou em verso, a obtenção dos indícios é, via de regra, menor ou maior, já que a linguagem do verso é tão reciprocamente apoiada nos seus valôres, que, de regra, um êrro em verso apresent~t mais de um indício, mesmo no chamado libremetrismo ou nos versículos ditos de estrutura bíblica. Ademais, importa considerar que em se tratando de um indício único concordante em vários · a pógrafos ou edições de presumível filiação independente, como o venha a revelar a estemática ·- bem pode tratar-se, aí, de engano ou êrro do próprio autor, engano ou êrro que deve ser objeto de nota do crítico, mas jamais de uma correção conjetura!. Erros dessa natureza são em geral produto de cruzamento, de citação ode memória, de precipitação, de citação de textos inidôneos e :assim por diante, mas integram-se no texto e contexto do original, são partes intangíveis. Dentre os indícios de erros de copistas e ·de tipógrafos, podem ser arrolados os seguintes principais : a) deformações verbais e frásicas, vale dizer, aparecimento ·de formas ou fra11es aparentemente inexistentes, até o momento nistórico em que se localiza o autor, ou a obra, ou ao. longo de tôda a história da língua, deformações que não se fundamentam no dialectal, no lúdico, no deliberado, no intencional - aspectos ·êsses que quase sempre são revelados pela própria tensão estilística do texto e do contexto; b) seqüências interditas, vale de regra dizer, · cacofônicas, independentemente de qualquer noção de sentido ou de gramática, ·senão que de equívoco ou de estética, em sentido restrito à fono1ogia; ês.se tipo de êrro só se indicia como tal na base de universal (ou quase) prática em contrário no autor, na obra ou na língua ·de ao tempo, pois o cacofônico é eminentemente arbitrário -

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como hoje em dia (sobretudo entre nós) ainda quando se eomprazam· certos pseudoerítieos literários em apontá-lo e verberá-lo; e) . erros factuais, do tipo "Reno" (nome do . rio) por "Remo" (nome de um dos dois fundadores míticos de Roma), quando ocorrem em circunstâncias em que se tornem inadmissíveis, se· gundo seja o autor; d) vícios de sentido ou de sintaxe, como quando ocorre, segundo a tensão da linguagem, em determinado autor ou obra, "facun,do" em lugar de "fecundo", ou vice-versa (e assim um número indefinido de paronímias), ou como quando de consecuções temporais totalmente infundadas, de discordâncias gritanti!s, para as quais não militem eventuais razões de sentido ( syllepses, ad synesem) ; e) vícios de estilo, eomo obscuridades, disparates, assimetrias sintácticas, ilógjcas ou inusitadas, sobretudo segundo o autor ~u a obra,~ aÍms; f) vícios métricos, rítmicos, rímicos ou rimáticos, prosódicos, licenças extemporâneas, sobretudo segundo o autor c;ni a obra, e afins; g) disposição, ordem, seqüência insólitas, indícios êsses que se corroboram como veementes presunções .de êrro na medida em que se apresentam com maior ou menor riqueza de variantes, segundo as linhas estemáticas autônomas, o que via de .r egra converge para um ponto de estrangulamento do texto mecânicamente transmitido de forma igual em cada linha mas diferente entre si (porque não compreendido) ou conceptualmente "corrigido" pelôs copistas na tradi~ão manuscrita e os tipógrafos na tradição impressa (cf., sôbre vários respeitos,' HAVE, 25-97). · 3. 2. 5. 4 Dentre duas ou mais variantes, optar por uma variante é supor (a) que a lição de determinado apógrafo é errônea (o que · se indicia, já de si, pelas variantes), (b) que a lição de determinado · outro apógrafo é a correção admissível ou conveniente para a erronia. Quanto à lição que se rejeita, cumpre procurar metodicamente os indícios. de êrro que a ela se aplicam e, se possível, a concordância dêsses indícios. Quanto à lição que se aceita, cumpre verificar se ela acarreta o desaparecimento de todos os indícios de êrro. que maculavam a outra lição, verificando, ao mesmo t<'mpo, se a lição aceita não leva a outros indícios de êrro. Partindo de um crivo binário, pôr-se-ia de um lado uma varianté - a preferencialmente di~;;cutív.el - e de outro a(s) outra(s) e assim, sucessivamente, uma a uma, contra a variante discutida, afastando-s~ destarte as variantes ostensivamente inarl-

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miss1veis. O resíduo de variantes, ao cabo, se limita a (quase sempre) duas possíveis, ainda assim de diferentes graus ·de admissibilidade, consoante êste ou aquêle indício de êrro que perdure; escolhida a do texto, por mais verossímil, o aparato crítico· não deverá deixar de consignar a ou as outras residuais ( ef. HAVE, 98-100). 3.2.5.5 Descoberta a área do êrro, pouco a pouco, por aproximações, se localiza o mesmo o mais exatamente possível. Erros há que se cometem e se corrigem na mais completa - d~gamos - inconsciência; são os que, embora existam, não se vêem numa leitura correntia, normal, feita ainda que não raro duas e mais vêzes, por duas ou mais pessoas ; são de regra os que se praticam por verdadeiros lapsos da pena - lapsus calami - e suas variantes atuais, os lapsos dactilográficos e os l~rpgos tipográficos, lapsos do dedo - lapsus digiti. Tais erros, assim como são cometidos, assim também podem ser corrigidos, na tradição manuscrita ou na tradição impressa - porque, pelo fato mesmo de que se pode ler o que não está, a rigor, escrito, também se pode escrever ou compor o que, a rigor, está "sendo" lido. A realidade, porém, é que tais tipos de erros óbvios no geral não . são freqüentes, precisamente porque podem ser corrigidos· por quem quer que sej"a, desde que o manuscrito ou o impresso tenha sido. feito com relativo cuidado - o que é a regra, em ambos os casos, 'Salvo quando se trate de ·c opista ou tipógrafo canhestro, inábil ou incapaz. Por essa circunstância, os etros dignos dêsse nome apresentam, em geral, as características da dificuldade - na compreensão e na correção. Os indícios para a localização do êrro fluem em grande parte da dificuldade de compreensão e da existência de variant~s (cf. HAVE, 101-108). 3. 2. 5. 6 A tradição manuscrita e a impressa merecem, a pt-iori, uma tal dose de confiança, que a natural decorrência seja a de que, no conjunto, um· texto, mesmo mau, comporta razoável compreensão glol:al. A verdade é que, nas condições da tradição, os textos vêm comportando análises cuidadosas de gramáticos, estilistas, metricistas, historiadores, exegetas, hermeneutas, os quais têm podido dêles depreender constâncias, princípios, coerências, lógica e documentalidade. (a) Daí a regra geral em face de u1n texto, do ponto de vista dos erros: supor-se-lhes um mínimo - antes nenhum do ·que um, antes um do que dois, antes dois do que três etc. (b) Decorrentemente, supor-se-á no êrro antes um simples do que um complexo. (c) Portanto, um êrro para cuja gestação se encontre explicabilidade é mais admissível do que um êrro que

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BIBLIOLOGIA.

possa - não sendo do tipo de lapso ----, parecer gratuito. ( d) E: porque qualquer êrro tende a obscurecer o texto - muito natu-: ralmente tende a provocar nôvo ou novos erros, não raro próximos, às vêzes distantes, mas quase sempre conexos ; assim, pois, · doi$. erros sucessivos, próximos ou distantes, deverão ser examinados de tal' modo que a explicabiEdade de um possa ajudar a do outro,. sendo um dêles em grande parte explicável pela explicabilidafie do outro - embora isso não se verifique necessàriamente, porque nada impede que sejam erros autônomos (cf. HAVE, 109-112). 3. 2. 5. 7

A crítica verbal - na autorizada opinião de J.JOUis-. que vimos resenhando - não considera propriamente conjetura!, mas simplesmente interpretativa, (a) a pontuação, que· de regra não é, jamais, de. origem antiga, salvo, para a prosa,, na separação de versículos; (b) a separação de certas palavras. vale dizer, uma nova separação de palavras, já que freqüentes vêzes, sobretudo na escrita· lapidar ou na epigráfica, os vocábulos não apresentam brancos intervocabulares; (c) o emprêgo das maiúsculas, com o que se pode mudar um substantiYo comum em próprio, ou vice-versa (cf. HAVE, 113-118). Essa opinião em que são concordantes, de modo geral, os filólogos especialistas em línguas clássicas - deve, entretanto, merecer custódia, no que se refere à tradição impressa, e com mais. razão na medida em que esta se aproxima de nós, como em outros locais Qêste livrose discute. 3. 3 O PROBLElU DA ECDÓTICA. 0 problema da ecdótica é; essencialmente o mesmo; quaisquer que sejam as culturas e ~s. línguas. ·Entretanto, .há especifiaidades que permitem separar, na tradição humana, a tradição ocidental de cunho europeu. E esta, por sua vez, comporta uma periodização em quatro unidades,. pelo menos, a saoor: (a) o problema ecdótico clássico (grego e la tino) ; (b) o problema ecdótico medieval; (c) o problema ecdótico moderno, e d) o problema ecdótico contemporâneo. Repitamos : é óbvio que a essência e a finalidade da ecdótica são as. mesmas, mas a complexidade, as técnicas e os conhecimentos necessários, diferentes, daí a periodização. É natural, ainda, que a essência e a finalidade da ecdótica se .apliquem, de um lado, às línguas e literaturas· ex,tremo-orientais, médio-orientais ou próximo-orientais, do passado como do presente, como é natural, ainda que se apliquem, mutatis m1ttandis, à publicação do material folclórico ou popular - embora, neste caso, ocorra considerar oproblema sob um ângulo diferente, como se discute em lugar próprio dêste livro. HAVET,

216

ANTÔNIO

HOUAIS~

3.3.1 Estemática Na doutrina da relação de depE:'ndência dos manuscritos (e, similarmente, na de dependência das ediÇões de um livro), doutrina que é já hoje geralmente denominada estemática, têm importancia capital os erros cometidos de cópia a cópia, nos apógrafos (e, similarmente, de edição a ·edição de um determinado livro). As pesquisas sôbre os erros vinham, em g~­ ral, sendo feitas em tôrno a dois pontos: (a) como e por que nascem os erros dos copistas e (b) quais poderiam ser eliminados num texto crítico - a crítica verbal. A estemática, entretanto, se limita a verificar a existência das variantes ou discrepâncias - ditas não raro naqueles casos "erros", o que presume a noção do "certo", que é o que precisamente se procura caracterizar ~ com tais discrepâncias procura estabelecer o estE:'ma ou árvore genealógica dos apógrafos, ou impressões e edições de um texto . .3. 3 .1.1 Como os geólogos se servem de expressão técnica "fósseis-guia" para porem em evidência as petrificações características dos estratos de determinadas periodizações geÔlógicas. também na estemática se vem divulgando - graças à sistematização moderna de PAUL MAAS, cujas linhas serão' aqui estreitamente seguidas no particular ( cf. :r.r.us) - a denominação das variantes ou discrepâncias como "erros-guia", "erros diretivos" ou error( es) significati1t1tS (ui). 3. 3 .1. 2 A dependência de um testemunho para com outro não é, de regra, demonstrável diretamente, mas apenas através da exclusão de sua independência. É, pois, em geral, demonstrável direlamente somente (a) a indepêndencia de um testemunho para com outro; (b) a conexão de dois testemunhos entre si contra um terceiro. · '3. 3 .1. 3 A dependência de um testemunho ( B) para com um. outro (A) é demonstrável por meio de uma discrepância de A contra B que seja de tal natureza que - por tudo .quanto se · possa saber pelo estado da crítica conjetura! no ·tempo intercorrido entre A e B - não pôde ser eliminada por conjetura naquele lapso de tempo. Tais discrepâncias .podem chamar-se 'erros sepafativos" ou errores separatiui.

4

3.3.1.4 A conexão entre dois testemunhos (B e C) contra um terceiro (A) é demonstrável por meio de uma discrepância comum aos testemunhos B e C que seja de tal natureza que,· por tôdas as probabilidades, B e C não puderam incidir naquela discrepância que lhes é comum independentemente um do outro. Tais discrepâncias podem ser ch!lmadas "erros conjuntivos" ou ~rrores conittnctiui.

ELEKENTOS

DE . BIBLIOLOGJA

217

:3.3 .1. 5 Dessa forma, os errares significatiui, subdivididos nos ·dois tipos essenciais, errares separatitti e errares caniunctíui, são elementos aplicáveis para a constituição dos principais tipos de estema.

:3. 3 .1. 6 · Se, por exemplo, se dispõe de dois apógrafos de um ·mesmo texto, ·denominando, arbitràriamente, um de A e outro de B, o respectivo estema pode, hipoteticamente, ser um dos três tipos seguintes:

(a)

r B

(b)

(c) a

B

1

A

A

/\

(arquétipo perdido)

B

(compreendendo-se que a seta indica, sempre, que o elemento anterior é tão-somente anterior na genealogia, mas não necessàriaEente na cronologia, isto é, no tempo de feitura do apógrafo, nem de modo nenhum necessàriamente aquêle de que direta ou indirei.amente se origina o segundo). 3. 3 .1. 7 1.0 ) Se se encontra um errar separatiutts de A contra B, fica excluída a hipótese (b) ; se se encontra um errar separatiutt! de B contra A, fica excluída a hipótese (a). Se se encontrarem, cumulativamente, um errar separatiuus de A contra B e um de B contra A, ficam excluídas as hipóteses (a) e (b), e só :assim, indiretamente, demonstrada a hipótese (c), que deve ser adotada. 2.0 ) Se B é manifestamente mais recente do que A, não é mister um errar separatiuus de B contra A para excluir a hipótese (b). 3.0 ) Se se acha um errar sepa.rotiuus de B contra A mas nenhum de A contra B, então é de presumir, para testemunhos ·de uma certa extensão, que nos achamos em fase da hipótese (a). 4. 0 ) Para testemunhos de menor extensão, contra a presun. ·ção acima, perdura a probabilidade, ainda que pequena, de se estar em fase da hipótese (c), graças a quaL se poderia presumir -que entre a e A talvez houvesse um errar separatitms contra B.

·a. 3 .1. 8

1.0 ) Se os testemunhos de que se dispõe são três, o número de hipóteses estemáticas sobe a vinte e dois. Em ta.l ·caso, preliminarmente, deve-se procurar ~ seguindo o processo anteriormente descrito ....:..._ se um dos três testemunhos é a fonte ·de um dos dois ou ·de ,mn:bos os outros. Se um dêles fôr .a fonte

218

ANTÔNIO

HOUAISS

de outro, por exe:q~.plo, A -+ C, êstes dois funcionarão como a. un!dade A dos estemas referidos em 3. 3 .1. 6 supra. Se, porém, um dêles fôr a fonte de ambos os outros, achamo-nos em presença de uma das duas hipóteses seguintes: (b)

(a) A

A

1\O

t

B

Í\(apógralo perd;do)

B

C

c para deeidir entre os ' dois tipos cumpre Yer f'C há um errar· coniunctimts de B e C (o que presume. a fonte li) . contra A, ou se não há, o que nos leya à hipotese (a). 2. 0 ) Se se puder d«.>monstrar que nenhum dos três testemunhos é á fonte de um outro, restam dezoito das Yinte e duas h!póteses possh·eis (isto é, seis nas quais um. testemunho é fonte de nm dos dois outros, e doze nas quais um testemunho é fontede ambos os outros), e restam as seguintes quatro hipóteses: (b)

(a) a Â

a

/ 13

1\q

B

1\B

13

1\ (d)

(e)

a

13

1\c

a

A

/l"'B C·

1\B

A

3. 3 .1. 9 Para decidir entre êsses quatro tipos, cumpre ver se se pode localizar um error coniwnctiuus de ~ois dos testemunhos contra um terceiro - o que leva às hipóteses (a.) e· (c) - ou não

E L E){ E :>l· T OS

OE

219

B I BL JOLOGI A

- o ·que leva à hipótese (d) -. Mas êsse ert·or coniu·n ctitws deve ser também, concomitantemente, um error separatiuus; porque, ·se fôr de tal natureza que pudesse ter sido eliminado pela crítica conjetura!, em tal caso não poderá ser eliminada a hipótese (d). 3. 3 .1.10 É, por vêzes, conveniente introduzir no estema pon'tos do texto ou "passos diretivos", em que se encontram os errores significatiui. Se, por exemplo, se está em face da hipótese (a) 'supra, obtém-se o seguinte estema:

a

3/ '\4

Â/

'\..{J

2/ "\..1

."\..

/

B -em

C

·que~

1 - indica erro r separatiuus de c contra B, para excluir C+ B; 2 - indica et·ror separatiuus de B contra C, para excluir

B -+ ·c ; 3-

indica erro1· scparatitms de A contra f' (= B A

+

C),

par.a .excluir

Á

1

fJ

/\O

B

4 - indica error coniunctiu1ts, que é ao mesmo tempo error separatiuus, de f' (= B C) contra A, para excluir

+

220

ANTÔNIO

HOUAISS

3 . 3. 2 Testemunhos múltiplos - Se ie têm quatro testemunhos. (A., B, C e D), em conseqüência da inclusão de D no .estema anterior, ocorre verificar se D participa de um dos quatro errores significatiui ou não. Se, por exemplo, participa do error sepa- . ratúws de A. contra ~. em tal caso cumpre ainda verificar ma~s exatamente, conforme o procedimento já descrito, a relação de D para com A.. Se D não participa de nenhum dos quatro errnres significatiui, então deve ser examinada a relação de D para com a. Neste caso, D pode ser: (1) fonte de a, (2) igual a a ou (3) derivar de a independentemente de A. e ~. assim, alternativa e exclusivamente:

a

a

A /I" f3 D

/'\..

B

y

1\

A

C

I\

D

/3

I\ B C

3.3.2.1 Se D é manifestamente mais recente que A., B e C, então ficam excluídas as duas primeiràs possibilidades referidas. s1tpra. Para decidir entre as duas últimas hipóteses configuradas no mesmo local, cumpre verificar se há um error coniunctiuuscom valor de error separntiuus de A. + ~ contra D, ou não. 3 . 3. 3 Se se dispõe de quatro testemunhos, o número dos tipos· estemáticos . possíveis é de úuzentos e cinqüenta; no caso de cinco testemunhos, é de cêrca de quatro mil, e assim por diante, em. progressão mais ou menos geométrica ( cf. lUAS, 53-60). 3 .4 ESTEMÁTICA IlllPRESSA As liçoes da estemática expostas. supra são, como se pode compreender, cabíveis para tudo .quanto· se refere à tradição manuscrita - através dos apógrafos - , desde o advento da escrita e, particularmente, no mundo ocidental, desde· os clássicos até o fim da Idade Média. 3. 4.1 - pelo aspecto embora

A partir da tipografia, o problema estemático reveste· aumento de documentação e dos testemunhos ---:- um ligeiramente diferenciado, via de regra menos difícil,. por vêzes complexo. ·

3.4.2 Na estemática editorial - isto é, por meio de livros via de regra não se dispõe do . manuscrito: de um lado, quantoaos do passado, quase sempre se acha êle perdido; quanto ao

ELEMENTOS ' DE

' BIBLIOLOGIA

221

presente atual, quase sempre é êle substituído pelo original daetilográfico, em que a operação da dactilografia ou é do próprio autor ou de profissional a que se encomenda a tarefa. Quer se disponha do manuscrito, . quer de seu sucedâneo pelo original l;lactilográfico, o tipo estemático é relativamente simples, via de regra (designando por A, B, C etc. as sucessivas ed~ões ou reimpressões datáveis do texto) :

3. 4. 3 Ocorrem, porém, hipóteses mais complexas de tlStemas: como, por exemplo, quando o ms gera a edição príncipe A e esta, por motivos vários, é objeto de uma contrafação "perfeita"· (ilusoriamente) como se fôra A mesmo, inclusive na datação (se a houver); dessa dualidade, em que a príncipe .chamamos A e a. eontração A', podem gerar-se duas linhas estemáticas, enquanto não ficarem evidenciadas as discrepâncias de A e A' e a prioridade e fidedignidade de A, período em que as unidades de cada uma dessas linhas poderão ser confrontadas e determinar uma edição contaminada das duas tradições, até que se volte à boa tradição, por via diplomática, fac-similar ou crítica - do que tudo pode dar conta o seguinte estema hipotético:

A• (ediçlo prlncipe)

A~'\A'~(contrafaçlo

do prlncipe)

///f\

•. - / IIDp

Dp(~içio

j i

Fa ( ediçlo /

B' \_C' .

D

dtplom,tiao) .

,.•

facsimilar)

A"(ediçlo

\ temi nada)

B"

\

./

ar.

c"

C? (edição I crltica) í

i

.Cr

\

•....

Fa (edição facsi'7'ifar da contrafetta)"

c~

w

:222

ANTÔNIO

HOUAISS

sem contar eventuais edições (em quaisquer das linhas, pura ou contrafeita) didáticas, expurgadas etc., nem as traduções, das diferentes linhas.

·a.4 .4

Entretanto, os fatos estemáticos editoriais mais correntes são os figurados em 3 .4. 2 supra ou o seguiu te (em que hâ, é óbvio, figurações hipotéticas de história externas ao estema teórico) :

ms

~

( odiçio prlncipe)

fJ . I

( ~undo odiçio perdid.)

(.;

( morrou

I D

(caiu om doml~lo público)

I E

oautor)

;.\ o·

I H

(odiçio comercio!, m•)

I J (boa edição, gerol·

! "

mente criticl)

I

'

'3.4.5 Estabelecimento do texto - Para o bom estabelecimento de um texto, é óbvio que, à vista do estema depreendido pelas características extrínsecas das edições, se deve: a)

ver se existe o manuscrito ou o texto original;

b) recorrer, em existindo, à edição príncipe (que é o caso normal) ou às edições príncipes (que é caso episodicíssimo) ; c) recorrer às edições em vida do autor, observando, porém, <JUe a última destas, ·se revista, ou refundida, ou aprovada pelo .autor, é a mais fidedigna em princípio para o estado geral e particular do texto ; se não revista ou não feita sob suas vistas, deve-se recorrer à príncipe ou à mais próxima da príncipe - em -faltando esta - . -3.4. 5.1 Para o estabelecimento de edição crítica, ademais dos cuidados acima preconizados, se deve levar sempre em conta, em ·existindo, o manuscrito, já que a edição príncipe - se existiu -

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLO ·GIA

223

pode encerrar diserepâncias originais que o manuscrito elucide, salvo os casos· correntíssimos de alterações oriundas da própria revisão das provas da edição pelo autor. Além disso, numa edição crítica, tôdas as edições em vida são de cotejo .e referência necessários, devendo sê-lo, também, inclusive as traduções que em vida do autor se fizeram de sua obra, com sua aprovação. Quando, porém; intermedeia entre a edição crítica e o autógrafo, ou apógrafo, ou edição adotado como base para a edição crítica, um ·Jai'go J.apsa de tempo tal que a intelecção do texto e do contexto da obra possa oferecer dificuldades para o editor-de-texto, o coteja e referência a tôdas as edições e traduções e citações disponíveis da obr.a p6dem oferecer uma ajuda capital para o estabelecimento do texto.

3.4.5.2 O estabelecimento do estema de um livro pode, porém, por vêzes, revelar-se pràticamente impossível pelas meras características extrínsecas da obra - ou porque as edições não são datadas, ou porque os exemplares supérstites são faltos da fôlha de rosto ou dos locais da obra em que se poderia concluir de imediato quanto à sua sucessão relativa no tempo. Em tais casos, o estema por estabelecer-se é objeto, êle também, de uma análise intrínseca da obr.a, na base de suas características gráficas, ortográficas ou tipográficas, e gramaticais, léxicas, estilísticas, em que os erros, melhor, as discrepâncias dessa natureza são pontos de referência capitais p.ar.a o estema, para a genealogia ou, em último ~aso, para a cronologia das edições, cabendo encarecer que o estema genealógico é o preferencial, . só se devendp recorrer apenas .ao cronológico (que está implícito no anterior nias não o esgota), quando não -é possíYel- por não se dispor, por não se conhecerem ()U por se saberem perdidas edições intermediári~s. '3. 4. 5. 3 É fáeil compreender que o estema de certas. obras é de dificílimo estabelecimento, tal o caso para com Os l1uiadas, de Luís de Camões, em que há duas edições príncipes - com ·uma, probabillssimamente, contrafeita - , uma linha "pura" em que diversos elos estarão provàvelmente perdidos, uma linha ... impura" (pela príncipe contrafeita) em que terá ocorrido também a perda de elos intermediários, uma linha contaminada das . duas linhas anteriores, além de edições conjeturais, isto é, cujo texto foi "eorrigido" por mera presunção do editor-de-texto; ademais o estema de Os lusíadas apresenta edições expurgadas, ~dições didáticas mais ou menos idôneas, e, modernamente, edições

224

ANTÔNIO

HOUAISS'

fac-similares, das duas príncipes, e edições críticas, eom texto pela provável verdadeira, tudo sem contar o sem-número de traduções, totais ou parciais, já feitas do poema em muitas línguas de cultura no mundo inteiro. Em grau menor - ·no âmbito da língua portuguêsa - outros exemplos complexos de estabelecimento estemático podem ser citados. 3.4.5.4 A estemática, com suas ·regras essenciais, é têrmo de referência importante para o estabelecimento idôneo dos textos e para a valorização da editoração entre nós - ·que já se inicia ·do acervo de capital significação, sob muitas aspectos ideológicos e lingüísticos, do material folclórico stricto semu (tradiçio oral) e do material folclórico lato aen.su (tradição escrita, popular, popularesca). Aqui, porém, o problema apresenta uma complexidade de natureza diferente: as variantes "textuais" podem, eventualmente (é presunção do autor destas linhas), muitas vêzea, se não quase sempre, traduzir uma progressiva adaptação do "texto" - ainda que de criação individual - à linha de preferências ou necessidades sociais, entrando assim cada vez mais a refletir o gôsto ou incorporação de elementos que mais se ajustem à expressão dêsse gôsto e dessas idéias ( cf. ALKE; OARN ; sm1; cABE; CASI).

3.4.5.5 Nesse sentido, uma discoteca repl."esentativa das músicas e letras populares, populescas, populizadas, por exemplo, é um documental de valor excepcional, pela linguagem, pelas melodias, pelos ritmos; mas o enorme acervo não gravado, encontrável nos folhetos de "modinhas" ou "jornais de modinhas" constitui seu complemento natural; e, nessa direção, a coleta de ritmos, melodias e letras do cancioneiro brasileiro - desafios, emboladas, recitativos,. aboios, cantilenas, rondas, preces, mezinhas verbais, breves, exorcismos, fórmulas eneantatórias, e afins - , nas suas variantes locais, intertemporais, regionais, nacional, passa a ser uma das tarefas capitais da etnologia e dialectologia brasileiras, cujo encetamento em moldes sistemáticos e cientüicos é um dos objetivos do maiS alto alcance para o conhecimento de nossa formação histórica, ideológica, mental, lingüística, emocional, estética, e chave, inclusive, para uma política cultural, lingüística, agrária, urbana. Denão menor - de igual importância - é o en~rme repertório representado pelos folhetos em prosa e em verso da chamada literatura de cordel dos "cantadores" e "historiadores" (cf. CASE, OASI) cujo baricentro está no nordeste brasileiro, cujas irradiações repercutem em quase todos os pontos de território brasileiro, para

ELEMENTOS

DB

BIBLIOLOGIA

225

um público leitor subliteratado ·de milhões de indivíduos, que semultiplicam, se considerado o público ouvinte iliteratado. 3 ; 4 . 5. 6 Ás variantes - no caso da tradição oral - assim como as edições - no caso da tradição literária de cordel - podem e devem merecer, de um lado, um tratamento textual como preconizaao aqui (com as características específicas eventuais que a prática viva fôr inoT&ndo ou impondo).

C.\PÍTULO

IV

TEXTOS CLÁSSICOS 4..

FONTES

Não se dispõe de .a utográfos dos clássicos gregos ou latinos,. nem de apógrafos que tenham sido diretamente confrontados com o original, mas apenas de cópias que derivam do original por intermédio de um número desconhecido de cópias intermédias e por isso mesmo de uma segurança mais ou menos duvidosa. o ebjetivo da . ecd6tica é estabelecer um texto que se avizinhe o mais possível do original - é o que se chama a constitutio textus ("constituição ~o texto" ou· mesmo "reconstituição do texto"). 4.0.1 Um ditado, urna cópia alheia, revistos pelo autorf têm em princípio, o mesmo valor · de um manuscrito do próprio punho do autor. 4. O. 2 Um texto original é, conforme fôr o caso, transmitido aos pósteros ou não - há tradição ou não há tradit;ão. Se trans. mitido, a preliminar é saber como se verificou a tradição - é o que se chama recensio ("recensão", como conceito ecdótico, que não deve ser confundido com "recensão", conceito de crítica, noticiário ou informação literários relacionados com o aparecimento de um livro). Depois deve-se examinar se essa tradição, tal como . Vjlrificada pela recensi9, deve valer como original __: é ·o que se chama examinatio ("exame"); se se verificar que não vale, deve-se procurar reconstituir o original por conjetura, por crítica conjetura} - é o que se chama diuinatio ("conjeturação") -, ou devem-se ao menos localizar os pontos em que provàvelmente houve dano, deformação, deterioramento ou equivalentes, na tradição. 4.0.3 No passado, a ecdótica se dividia em duas operações fundamentais: a da recensio (tal como referida supra) e em seguida - excetuados os casos em que a recensio chegasse à conclusão de que a tradição era sã, ou não era sanável - a da emendatio, isto é, a da correção dos danos, def(!rmações, deterioramentos ou equivalentes. E a emenàatio podia ser feita exclusivamente pela diuinatio (tal como referida supra) ou então pela

228

ANTÔNIO

HOUAISS

selectio, isto é, pela escolha das passagens ou locais reputados mais corretos no cotejo de dois ou mais testemunhos considerados de igual valor estemático. CÓDICES A recensão pode ser fundada sôbre um s6 4 .1 testemunho - o codex unicus - ou sôbre mais de um testemunho. No primeiro caso, a recensão consiste na descrição e na decifração o mais exatas possíveis do testemunho '\Ínico; no segundo caso, a recensão é um trabalho muito mais delicado, mas eventualmente mais fecundo.

4.1.1 Todo testemunho deriva de um testemunho anterior, de uma fonte ("fonte" no con,ceito ecdótico, isto é, de testemunho anterior ; se os testemunhos são, por hipóteses, A + B + C - ... + n, o testemunho C tem como fonte o testemunho B, o testemunho B tem como fonte o testemunho A; "fonte" é, pois, conceito ecdótico que não deve ser confundido com o conceito de crítica das fontes, isto é, das obras, passagens, locais sôbre ou em função dos quais uma obra se ergueu ou nelas se inspirou). Essa fonte pode ter sido conservada ou perdida; no primeiro caso, a fonte conservada tem não raro o valor de codex unicus. privilegiado ; no segundo caso, o testemunho existente pode permitir ou não a reconstituição do testemunho perdido, da fonte. Se é possível a reconstituição do testemunho perdido, da fonte, essa recQnstituição ou só se faz com a ajuda do testemunho existente ou se pode fazer sem a ajuda do testemunho existente porque haja outros ou outros que melhor permitam a reconstituição. Torna-se, assim, evidente que um testemunho é sem valor testemunhal, se êle depende exclusivamente de um outro testemunho conservado ou reconstruído sem a ajuda do testemunho em causa. Se se chega, com relação a tal testemunho, a demonstrar Í$80, o testemunho deve ser pôsto de lado - é o que se chama eliminatio codicum descriptorum ("eliminação de códigos descritos"). 4.1.2 Se após a eliminação dos códigos elimináveis - codices eli'min.andi -, perduram ainda diversos testemunhos, em tal caso achar-nos-emos em face de ramificação da tradição. Essa ramificação pode ter-se dado apenas com o fato de uma fonte haver derivado duas ou mais cópias ; os ramos de uma tradição assim formada patenteiam-se em testemunhos conservados já sem ramificações ulteriores, já com outras ramificações - ramificações secundárias. . A fonte com que começou a primeira ramificação se chama arquétipo. O texto dêsse arquétipo é imune de todos 09 erros nascidos depois da ramificação ; por isso se avizinha do original mais do que quaisquer outros testemunhos. Se se chega,

ELEMENTOS

D 'E

BIBLIOLOGIA

229

pois, a reconstituir o texto do arquétipo perdido, avizinha-se notAvelmente do original perdido. O alcance de atribuir a um exemplar nessas condições o valor de arquétipo é incontestável e nada .há que acrescentar no respeito. Não se deve, por isso, dar valor de arquétipo a nenhum outro elo da tradição entré o original .e as cópias conservadas, qualquer que seja a importância dêsse elo em determinadas circunstâncias. 4.2 PRESSUPOSTOS FUNDAMF:NT.US Como fundamento para a constituição do estema e do arquétipo há os pressupostos de que; a) as cópias posteriores à primeira ramificação da tradição . mantenham sempre, cada uma, somente uma linha de tradição, um dos ramos- noutros têrmos, o copista· não "contaminou", não fundiu numa s6 os ·.dois ramos da tradição ; b) de outro lado, eada copista, a sabendas ou não, se distancia de sua fonte - isto é, comete erros próprios, seus, exclusivos. 4. 2 .1 Sob tais pressupostos em geral: . a) pode-se demonstrar com segurança a relação de dependência de todos os testemunhos co~ervados e o número e a posição de tôdas· as ramificações intermédias supérstites ; b) pode-se reconstruir com segurança o texto do arquétipo em todos os lugares discrepantes (salvo exceções motivadas por causas particulares), se a ram~ficação originária (isto é, provinda do arquétipo por reconstruir-se) é pelo menos tríplice; c) pode-se reconstruir o texto do arquétipo somente naqueles lugares em que não se tenha de escolher entre mais do que duas lições ou variantes (salvo exceções motivadas por causas particulares) , se a ramificação originária (isto é, provinda do arquétipo por reconstituir-se) é apenas dúplice. 4. 2. 2 Ocorrendo considerar os testemunhos A e. J (e não K), ambos de idade diversa e de natureza diversa (manuscritos, estampas, estratos, paráfrases, citações, imitações, traduções etc.) e nenhum dos 'dois dando expressamente notícia de sua fonte, o estema pode ser de uin tipo complexo como o da página 230. a) se o testemunho J revela todos os erros de um outro conservado, F, e ademais ao menos um que lhe seja próprio, em tal caso J deve derivar de F. Leve-se em conta, contudo, que algumas vêzes se pode demonstrar a dependência de um testemunho para com outro conservado ainda que somente sob o funda.mento de uma passagem singular do texto e isto no caso em que a condição exterior do texto na fonte conservada seja evidentemen,te a causa do êrro particular da cópia derivada; por exemplo,

230

ANTÔXIO

HOUAISS

x

(original)

II I

/a

_,/~"''';"( Â

JJ

p

(arquético)

\'

(D)

\ Y (subarquético)

K

"-cl

I ' ·. . . . 1G/I"' H '·,I E

E

P

J

se um dano mecânico do texto da fonte levou ao desaparecimento de letras ou grupos de letras que também faltem na cópia derivada, sem outros motivos exteriores ; ou ainda se· na cópia derivada há falta de uma linha que quebra a unidade lógica etc. ; ou ainda se se pode preCisar a idade da escrita, já que a cópia tem . de ser posterior à fonte ; b) se dois testemunhos G e H mostram em comum, em face de todos os outros testemunhos, erros particulares, mas ademais dêsses erros particulares comuns aos dois um dêles apresenta ao menos um êrro que lhe · seja próprio,· exclusivo, em tal caso ambos devem derivar de uma fonte E, da qual os demais testemunhos conservados não d
ELEMENTOS

DE

B.IBLIOLOGIA

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I) por meio da concordância. de dois quaisquer dos testemun:hos A, B, C (D) ; II) por meio do acôrdo de qualquer um dêsses testemunhos com y ; e somente se A, B, C (D) dissentem todos entre si e com y· é que o. texto de e será duvidoso;. por isso, tôdas as lições particulares de A, B, C, (D), E, ~ (e naturalmente também as de F, G, H, I) são em geral sem valor para a restituição de li e y ; d~Tem, pois, ser eliminados eliminatw Zectionum singularium ·(""eliminação das lições singulares"); d) fica daí claro que, ainda que depoi!l .de li e y tivesse ocorrido um número qualquer de ramificações secundárias ulteriores, poderia ser com -igual segurança estabelecida a relação de dependência, o estema dos testemunhos, e assim restituídos os textos de li e y ;

e) outro é o caso para a restituição de a ; Se a tradição de a se dividiu apenas em fi e y e li e y concordam entre si, em tal caso o seu texto comum também o é de a; mas se não concordam, cada uma das duas lições, já a de fi, já a de y, pode ser a de a: dão-'!le variantes ou discrepâncias, dentro da metodologia aqui indicada, sôbre as quais não há como eleger. Os textos reconstituídos que encerram variantes sobre as quais não se pode eleger preferencialmente podem ser chamados subarquétipos; f) com igual segurança se poderia reconstituir a, se das linhas de li e y · fôsse, para cada uma, conservado um s6 representante, digamos A e J - pois êstes seriam os que encerravam as variantes. Haveria, entretanto, uma deterioração essencial se · numa passagem do texto já alterado de fi e y se produzissem outras alterações, no curso ulterior da tradição, ou se, ao contrário, em · ·J vie'-se à luz uma corruptela mais tardia numa passàgem do texto , alterado de li, mas ainda são de y ; g) o mesmo se daria se, por exemplo, fôssem conservados · apenas A, E e J. Se E e J concordassem entre si contra: A, A e y ( E e J) seriam os que encerravam variantes. Se concordassem . entre si A e J contra E, ou A e E contra J, em tais casos as lições isoladas seriam sem valor. Somente se· A, E e J divergissem entre si é que nã(t poderi~m ser restituídos .nem y nem a, com os meios aqui deseriios. Deve-se então procurar, por meio das subvariantes E e J, a lição de y , de tal modo que o testemunho reconstituível y venha a ficar em relação a A como variante de valor igual do ponto de vista da recensão;

=

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h)

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se, porém, ficassem conservados, por exemplo, somente

A e B, ou E e G, ou G e H, em tais casos poder-se-iam reconsti-

tuir somente OS testemunhos iniciais de linha ~' OU y OU E; e relativamente a cada um dêsses testemunhos iniciaia de linha, cada dois testemunhos conservados para cada um daqueles seriam encerradores de variantes; i) até o presente não se tem um têrmo de referência para estabelecer quantos graus intermediários da tradição existem entre os diversos pontos das ramificações e quantos não existem entre os últimos e os testemunhos conservados: o fato é, de outro lado, de certo modo irrelevante; salvo nos casos considerados em f) supra.

4. 2. 3 Se a, ademais daa ramificações de ~ e y , se ramifica ainda em K (ou mesmo em outros ramos mais), em · tal caso o texto de a será restituível pelo acôrdo de dois daqueles ramos. Somente se os três (ou mais) ramos divergirem entre si, ou se r. acôrdo de dois puder decorrer do fato de que tenham incidido em igual êrro independentemente um do outro, é que o texto ode a será duvidoso. Análogo será o raciocínio para com a restituição de ~. se não se conservarem nem y nem K. 4 .3 A CONTAKINAÇÃO Se o pressuposto (a) referido mais acima em 4. 2 não se verifica, isto é, se cada copista contaminou :a sua cópia por haver recorrido a mais de uma fonte de tradição diferente, em tal caso, no campo de tais contaminações, a eliminatio se torna dificílima, como impossível. 4. 3 .1 A contaminação se revela no fato de que, por um lado, o testemunho contaminado não apresente erros particulares à fonte principal de que derive, pois que o copista, para sanar tais erros, recorreu a outra fonte subsidiária, e, por outro lado, apresenta erros particulares àquela fonte de que não depende essencialmente. Se, por exemplo, de três cópias conservadas ~. y , K -, ora ~ e y têm um êrro comum contra K, ora K e ~ têm-no contra y, ora K e y têm-no contra ~. em tal ca.c;o fi; y e K estão contaminados entre si, e suas lições isoladas, que em condições normais são sem valor, tornam-se tôdas variantes presumh•eis para a restituição de a. 4. 3. 2 Não é necessário imaginar que a contaminação seja oriunda do fato de que um copista tenha diante de si duas fonte" e reproduza, contaminando-os, ora o texto de uma, ora o da outra. Na maioria dos casos o fato teria tido a seguinte origem: num manuscrito - que chamaremos F' - vêm anotadas, à margem ou nas entrelinhas, lições divergentes de um outro, que não é a fonte

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ode F e que chamaremos A; o copista, ria "reprodução" do nôvo - que será J - seguirá ora a lição primária ora a secundária (marginal, interlinear) de F. Se, em seguida, Â e F' se perdem, ·então as relações de dependência de J já não serão claras, porque .J mostrará tanto erros particulares de ô (mas não todos os erros ·de &) , quanto erros particulares de ll (mas não todos os erros de fi). 4.3.3 Até um certo ponto, há alguma garantia contra a ·contaminação, se uma obra se continua em diferentes ·ramos de tradição sob nome mudado, de modo que os ramos da forma primária já não sejam acessíveis aos diferentes ramos da forma secundária. Ademais, as deteriorações evidentes; especialmente lacunas, são também transmitidas ulteriormente em linha reta, malii dificilmente por contaminação; em tais erros particulares, a relação primária de dependência poderá freqüentemente demonstrar-se verossímil. 4. 3. 4 Se o pressuposto (b) referido em 4. 2 não se verifica e assim um testemunho não se distancia da sua fonte, em tal caso a relação dêsse testemunho para com a sua fonte e para com as restantes cópias derivadas dela freqüentemente não se pode estabelecer. Se, por exemplo, F, ao copiar 11, não cometeu nenhum êrro próprio, em tal caso não se pode decidir se J remonta a ô através de F' ou independentemente de F'. Se, pois, apenas F' e .J são conservados, em tal caso J torna-se o presuntivo encerrador de variantes, enquanto, se não pudermos ver claro .no estado de ·coisas, deveremos eliminá-lo sumàriamente. Tôdas as suas lições particulares, por conseguinte, deverão ser sujeitas à examinatio, ;ainda que possam em verdade ser simples erros particulares. isso mostra ·a importância que possa ter o fato de encontrarem-·se provas positivas para a dependência de um testemunho para com O\}tro conservado. 4. 3. 5 Há outros casos não típicos. Se um copista. corrige um êrro de sua fonte precisamente por conjetura, sem declará-lo ex·pressamente, em tal caso pode parecer que essa correção tenha d·e. pmdido de uma outra fonte ou que tenha contaminado o seu texto eom essa outra fonte. As lições justas que possam ser localizadas ]lOr conjetura não podem, por conseguinte, ser postas em campo contra uma elimiMtio que se apóie em outros argumentos. Diferenciar o que o copista poderia ter corrigido (ou erratio) por eonjetura do que o que não teria sido por conjetura cabe à examinatio das variantes presuntivas. 4. 4 RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA As relações de dependências dos apógrafos dos clássicos não estão ainda em grande parte investigadas de modo definitivo tal que poosam dispensar os fre-

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qüentes casos em que a contaminação não deixe esperar um resultado satisfatório. 4.4 .1 A' recensão, pois, de regra leva a um único códice con-servado, ou a um arquétipo que se pode restituir com segurança em todos os pontos, ou a duas fontes com ''ariantes conservadas· ou restituíveis, que dão fé .quanto ao texto do arquétipo somente· se concordam entre si, mas não se divergem. Se prescindirmos' por ora da última hipótese (ver 4.7), deve-se examinar a tradição· unitária dos outros casos, para ver se é original. 4.. 5 TR.unçio UNITÁRIA Dêsse exame, depreende-se que a tradição é (a) ou a melhor que se possa conceber, (b) ou equivalente a outra imaginável, (c) ou pior do que outra imaginável,. mas ainda assim tolerável, (d) ou intolerável.

4. 5 . 1 No primeiro dêsses quatro casos, a tradição deve ser considerada como original, no último como corrompida, nos dois intermédios se pode ou se deve ficar em dúvida. Naturalmente, o critério do bom e do mau, em relação a êsse exame, não pode ser absoluto ; no que se refere à forma, é decisivo o estilo da obra; no que se refere ao fundo, . o presumível conhecimento da matéria (ou o modo de ver) do autor. No que se refere ao conteúdo, o filólogo, muito freqüentemente, não pode fazer mais do ·que recorrer ao auxílio de outros ramos do conhecimento, disciplinas especiais etc. ; no que se refere ao estilo, a responsabilidade· é tôda sua, .e durante tôda a vida deverá esforçar-se continuamente e por todos os modos para aguçar o seu senso estilístico, ainda que deva reconhecer que a vida inteira de um· homem não baste para chegar a um perfeito assenhoramento dêsse campo. 4. 5. 2 Se o arquétipo de uma obra inteira se revela completamente imune de deteriorações, pode ocorrer que seja o original, isto é, a ramificação pode ter derivado do próprio original. MA.As confessa não conhecer nenhuma obra, qualquer que seja a sua extensão, de clássico, para a qual se possa contar com essa possibilidade ; e para os .escritos mais breves acrescenta que nada se ganha com ela. 4. 5. 3 · Se a tradição se revela corrompida, deve-se tentar saná-la por meio da conjetura - diuinatio. Essa tentativa conduz (a) ou a uma evidente emenda, (b) ou a mais de uma hipótese de emendas mais ou menos iguapnente satisfatórias, (c) ou, porém, a reconhecer que o san~amento conjetura! não é possível - a cr1tx • .

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-4.5.3.1 A conjetura típica consiste na .emenda de uma ano:malia. Ora, há anomalias que o autor procurou .deliberadamente .ou que se permitiu pura e simplesmente, enquanto há outras que ieão oriundas de deteriorações. O pressuposto da conjetura é, por conseguinte, o de que a anomalia não tenha sido deliberada ou .do próprio autor. Se fôr êste o caso, comparar-se-á a anomalia .com outra muito notável ou se compararão em conjunto anomalias .de menor importância. Mas como se procederá para com as :irregularidades de pequena monta f 1!: natural que com relação a ·isso muitas dúvidas perdurem; mas em casos semelhantes as dúvidas ,.serão eliminadas por via conjetural - que em tais cMos se torna o pressuposto de si mesma - e na base das seguintes considerações: nenhum escritor cria uma anomalia pelo amor da anomalia; ~ta será, ao contrário, conseqüência do fato de que êle parecia .dizer algo de tal modo particular que a norma lingüística não lhe bastava ; se se pode, por conseguinte, demonstrar que lhe teria .sido possível exprimir de modo normal e sem dispêndio maior de esforços o que a tradição revela de módo anormal, em tal caso .a anomalia se fundará, verossimilmente, numa deterioração tex·tual. Ou ao menos fundamentará a questão de saber por que o escritor evitou a expressão normal, e, enquanto tal questão perdurar .sem resposta satisfatória, o texto continuará d'uvidoso. Por oposição, o grande valor de muitas conjeturas "supérfluas" consiste em que permitem reconhecer por que o escritor evitou a expressão normal. Na examinatio, dever-se-iam formular de nôvo tais conjeturas, caso já não tivessem sido antecipadas. Se o editor-de-texto havia pensado - "o escritor déve ter escrito assiui", ou se havia pen.sado - "o escritor deveria melhor ·ter escrito assim" -, isso tem relátivamente escassa importância. O essencial é que a pesquisa · seja estimulada, tenha recebido freqüentemente um impulso de.cisivo, e isso de modo o mais exaustivamente atento. -4.5.3.2 Deve-se, porém, cuidadosamente distinguir entre ano,malia e singularidade : o que é isolado como singularidade é por si mesmo isento de suspeição. . < 4.5.3.3 Não emendável - ou (o que do ponto de vista do 'lllé-todo tem quase o mesmo valor) emendável sõmente com a ajuda ·.de um caso singularmente- feliz - é o texto não apenas fortemente .deteriorado, mas até ainda o que revela uma anomalia usada intencionalmente pelo autór, ou ainda qualquer expressão rara ou distante do uso comum <JUe revista certa obscuridade. Ora, já que precisamente as anomalias, particularidades e equivalentes são especialmente expostas . a deteriorações ou raramente se pode ex.cluir delas sejam uma deterioração, não é difícil compreender que

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a impossibilidade de chegar a uma conjetura evidente não. pode· ser decisiva em face da mera presunção de uma deterioração. 4.5.4 Conjeturas - Entre as várias conjeturas que possallh ser formuladas pelo crítico textual, deverá mere<:er eleição aquelac que melhor atente ao estilo e ao conteúdo; em segundo lugar,. aquela por meio da qual se explica mais fàcilmente a origem d81 deterioração. Para decidir quanto à segunda, à que melhor ex-. plica a origem da deterioração, devem-se ter presente : a) os erros que podem ser esperados, no trabalho dos co-. pistas, do ponto de vista da psicologia geral, por exemplo, a tri-Tialização; razão por que, de regra, se deve pre.f erir a lectiodifficilior; b) as deteriorações que se notam com mais freqüência numamesma tradição ; c) as deteriorações que são mais fàcilmente presumíveis, sob. fundamento de outras considerações, no tempo que intermedeia entre o original e o arquétipo - história da tr81dição do autor· em causa, história geral da tradição, história da língua, · da es-crita, da ortografia, da filologia, da técnica editorial, da artelibrária, da cultura etc. 4. 5. 4.1 A motivação dos erros supostos por di'tllinatio tem na. crítica textual um papel notável, mas ainda assim secundário. Ocasião para semelhante motivação se oferece somente se se deve· escolher entre várias conjeturas mais ou menos equivalentes quanto.. ao est!lo e ao conteúdo, ou se se trata de decidir entre conjetura e crvx. O objetivo principal - que é de estabelecer o que é tolerável ou o que é solicitado pelo estilo e pelo conteúdo - ·não. se fundamenta apenas pelo reconhecimento da verossimilhança deum êrro. ~ que, ademais disso, uma lição pode estar longe de· ser falsa s6 pelo fato de que não se possa achar uma explicaçãosatisfatória do êrro presumível na tradição; é que os erros, se-gundo sua natureza, são apreciáveis tão-sõmente num . complexo, num todo contextual, não nos seus casos singulares, já que sedeve levar em conta a tendência de difundir e multiplicar os. erros. Nenhum êrro é tão impossível quanto possa ser necessária_ uma lição, mesmo uma lição que seja encontrada pela diuinatio. 4. 5. 4:.2 Em verdade, a experiência ensina que diferentes espécies de êrro ocorrem com freqüência variável; por isso, 'em casos de dúvida, é vária a sua verossimilhança. Mas para julgar, caso. a caso, quais erros podem ser considerados como mais prováveis, não se possui ainda um critério seguro. A coleta de exemplos deque até hoje se dispõe limitou-se a citar documentos para c81d&.

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classe singular de erros, de cuja possibilidade, aliás, Ja não perdura dúvida;· mas tais classes e seus exemplos não oferecem nenhuma idéia da diversidade de freqüência e, sobretudo, não revelam o principal: a classe de erros para a qual não se dispõeainda de exemplos. 4. 5 . 4. 3 · Para poder e9tabelecer mais sólidos fundamentos nesse terreno, dever-se-ia compilar, por época, por gêneros literários, por regiões paleográficas, um exemplário de todos os erros particulare!!!, ordenados segundo suas espécies e classes, e fundados no testemunho de que se tivessem conservado as fontes _de sua linhagem - cujas lições particulares vêm, por isso mesmo, e com razão, geralmente omitidas nas edições críticas; depois, dever-se-ia passár aos erros particulares daqueles testemunhos cujas fontes' de linhagem fôssem J:estituíveis seguramente por meio da recensio ;· só em última instância seriam alegados aquêles erros cujas fontes de linhagem se devessem exclusivamente à selectio ou à diuinatio. 4. 5. 4. 4 Particularmente desejável seria um exemplário dêsse tipo no que tange às interpolações - a saber, para aquelas deteriorações l.extuais, via de regra insertas no texto, que não derivam do cansaço psicológico e fisiológico do copista, mas sim da sua deliberada vontade de reconstituir o original alterando conscientemente a tradição, sem, porém, declará-lo, e sim também da determinação de apresentar como original um texto falsificado. Tais deteriorações são particularmente perigosas, porque um text() que se erga sôbre elas com freqüência é dificilmente demonstráTe! como corrompido - enquanto o .cansaço do copista ordinAriamente leva a incoerências e contra-sensos óbvios; de outro lado, nos textos em que se demonstra a manipulação interpoladora, muitas ·outras passagens que eventualmente não tenham sido objeto de manipulação passam a ser olhadas com suspeição ; a conseqüência ~ que a atétese ou o método de expungir as interpolações de um texto - se revela, ao cabo, cômoda, e por isso falsa e arbitrária. ~ que em qualquer original há lugares que, sem dúvida, poderiam merecer suspeita ou pelo menos a demonstração de lfU& não fôssem indispensáveis. Destarte, surgem os mais espinhosos problemas da crítica textual. A hist6ria da interpolação está estreitamente ligada à da falsificação de obras inteiras - história, aliás, _que está ainda por ser escrita. 4.5.4.5 Se um arquétipo- ou Uin codez _unicus --:• restituíd() por meio de testemunhos que remontam a uma mais antiga ramificaÇão, deve ser, por certas características, capitulado como encerrador de variantes ou simplesmente como codez descriptus, em

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tal caso as espécies de êrro que podem ser evidenciadas nessas características devem ser também presumidas nos lugares em que por acaso não ocorram. Disso depi'eende-se:. o grande valor das citações, quando estas remontam a ·.uma ramificação mais antiga. 4. 5. 4:.6 De outro lado, pode ocorrer a necessidade de coleta e agrupamento de todos os erros particulares de um coiex d~s­ cripttts, com o objetivo de ter uma idéia de seus presumíveis erros particulares para aquêles casos em que o mesmo testemunho seja ·encerrador de variantes ou codex Ulnicus. Na verdade, por seu meio podem-se conhecer apenas os estratos de erros mais recentes. 4.5.4:. 7 Torna-se, pois, importante, em determinadas circunstâncias, estabelecer a idade do arquétipo restituído, a fim de que não se tomem em consideração deteriorações que, por seu · caráter, -são verossímeis apenas para uma data posterior à do arquétipo. 'Ü arquétipo deve ser mais antigo do que a mais antiga variante que possa ser datada - e não apenas mais antigo do que a idade ·do mais antigo encerrador de variante; mas deve ser mais re.cente do que a idade da deterioração mais recente que possa ser datada. 4.6 VALOR DO MÉTODO - Que grau de segurança se pode esperar conseguir com a examinatio, particularmente por meio da .diuinatio! Uma conjetura pode ser confirmada ou ao menos .apoiada pelo acôrdo de todos os especialistas - conceito difícil ·de delimitar -, ou por novos argumentos que escaparam ao autor ·da conjetura, ou pela descoberta, sobrevinda mais tarde, de um testemunho que representa um ramo da tradição suspenso em idade anterior à do arquétipo - salvo se a lição dêsse testemunho possa ser também devida a conjetura; uma conjetura pode, :ao revés, ser refutada ou com a demonstração de que a tradição era sã, ou por meio de uma lição melhor, por sua vez achada por meio da diuinatio ou de testemunhos de tradição mais antiga posteriormente vindos à luz. As últimas décadas da ecdótica :achegaram um grande número de confirmações e refutações, mas falta ainda uma obra que evidencie o progresso metódico obtido neste campo. Tal obra seria de grande utilidade, porque -embora tenha sido confirmada a agudeza crítica de muitos editôres-de-texto pelas pesquisas posteriores aos seus trabalhos - as :Surprêsas que a descoberta de quase todos os papiros acarreta, mais ainda as profundas discrepâncias das edições mais autorizadas, mesmo quando a tradição não sofre modificações, não são ~m atestado de que o grau de segurança da examinatio no seu

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conjunto. seja muito elevado. Não poucas vêzes os mais competentes editôres-de-texto, mesmo nos textos mais lidos, deixaram escapar deteriorações, suspeitaram injustamente de uma tradição si, aceitaram uma conjetura errada como segura restituição do original, rejeitaram uma emenda justa. A questão consiste em saber se a origem de tais erros dos editôres-de-texto foi devida sõmente à atenção pouco concentrada nos casos singulares, ou se se está em face de defeitos do próprio método. Em geral, a M.us - cuja proficiência no particular estamos seguindo pari passu lhe parece que os editôres-de-texto propendem muito freqüentemente a conjeturas que pressupõem profundas deformações do texto (deformações, por isso, não sanáveis) e, de outro lado, são muito inclinados a passar em branca nuvem sôbre as lacunas da tradição ou da vulgata, porque não se conseguiu ainda superá-las de modo evidente. Ambos os fatos se devem ao temor de confessar que não se obteve ainda um resultado plenamente satisfatório. Mas o que apresenta como seguro o que é inseguro distancia-se do objeto da ecd6tica mais do que o que confessa suas dúvidas. O primeiro necessita, em verdade, de menos palavras para explicar-se, mas sua brevidade é enganadora; o segundo, com igual brevidade, assevera sua dúvida. E assim, entre as duas posições opostas, s6 uma terceira maneira de apresentar os fatos é a adequada à realidade, que é a dúvida. É evidente que tais fatos ocorrem em todos os campos de pesquisa, e o exame demasiado escrupuloso da probabilidade pode, afinal, sufocar o germe do progresso. Mas os testemunhos, como fundamento de qualquer pesquisa filológica, deveriam ser tratados de tal modo que reinasse a maior clareza possível quanto ao. grau de segurança que lhes fôsse atribuído. Naturalmente, é muito menos científico en~ cobrir uma dificuldade de um texto do que conjeturar-lhe uma emenda ainda que injusta. É que qualquer conjetura provoca eventual refutação . ou discussão, graças ao que sempre se melhorará a inteligência da passagem, impondo-se, assim, as melhores conjeturas; entretanto, e. deterioração que não é indicada compromete .a idéia que do conjunto estilístico se possa ter : quem desconhece uma conjetura justa expõe-se acima de tudo ao labéu de injusto ou de invejoso ; quem teme dar um texto não seguro, melhor fará se se ocupe sõmente de autógrafos. 4. 7 TIW>Içlo BINÁRIA Em uma tradição de dois ramos (ou duas linhas), a recensão freqüentemente. leva a duas variantes (v. 4.5). A e2:ammatio deve, por conseguinte, estabelecer se uma das duas ou nenhuma é original.

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4. 7 .1 Caso típico é quando uma das duas variantes . se pode explicar como êrro que pressupõe como lição do arquétipo a outra variante. Em tal caso essa lição do . arquético, achada pela selectio, é base para uma ulteriQr exammatio. 4. 7 .1.1 Decide-se, segundo os pontos de vista referidos em 4.5.4, qual espécie de ârro é principalmente presumível, num encerrador de variante ; apenas deve-se levar em conta que, entre o lapso de tempo que decorre entre o original e o arquétipo, deve inserir-se o lapso de tempo que decorre entre o arquétipo e o encerrador . de variantes. 4. 7. 2 Casos atípicos são os seguintes: a) ambas as variantes podem ser interpretadas como erros que se fundamentem numa mesma lição do arquétipo. Em tal caso. essa lição do arquétipo, que se deve achar ·por êrro da diuinatio (a combinatio), 6 base para ulterior examinatio. ~te ca8o não se pode chamar típico, porque se pode apresentar sOmente quando uma passagem do texto que at6 o arqu6tipo se mantivera sã (pois de outra forma a lição do arquétipo não poderia ser obtida por meio da diuinatio), foi diversamente deformada em ambos os ramos; b) não se pode achar nenhuma lição graças à qual se possam explicar ambas as variantes. Em tal caso, a restituição do original é duvidosa, mesmo se o seu texto, obtido por meio de selectio ou de diuinatio, satisfaça inteiramente tanto o estilo quanto o conteúdo, e explique a origem de uma das variantes. :Bl que a variante cuja origem continua obscura pode remontar a uma lição melhor, do original, que não tenha ainda podido achar-se por meio da diuinatio. Deve-se ainda ter em conta a polisibilidade de uma dupla redação do original; deveriam, pois, ter sido contaminadas as duas redações no arquétipo ; e) com relação a uma variante se apresentam duas subvariantes (ver 4.2.2 g); em tal caso, antes · de tudo não se pode acolher entre as três lições, mas apenas entre a lição do portador de variante conservado e a lição do segundo encerrador de variante recomtituída por meio das subvariantes. A lição original por achar por meio da selectio ou diuinatio deve em tal caso ser obtida de modo que se torne inteligível o original das trêf;r. lições atestadas na sua relação de dependência estabelecida por meio da

recensio. 4. 7. 2 .1 Por mais diversos que sejam os encerradores de variantes entre si, a selectio deve processar-se caso a caso; nenhuma variante deve ser rejeitada sem e:ume. O pressuposto do reco-

BLE.Y:ENTOS

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nhecimento de um testemunho como encerrador de variante é, como vimos, o de que não encerre pelo menos um êrro em comum com o outro encerrador de variante ; mas se um encerrador de variante conserva por si só, ainda que num s6 lugar, o texto original, deve-se presumir a mesma possibilidade em tôdas as lições que lhe são particulares. 4. 7 . 2. 2 Da mesma maneira que as variantes, devem ser examinadas as variantes presuntivas que aparecem no campo de relações incertas de tradição (v 4.3 e 4.3 . 4), e semelhantemente devem ser examinadas as variantes de .uma tradição de dois ou mais ramos, nos casos em que todos os testemunhos divergem entre si (v. 4.2.3). 4. 7. 3 O método de exame das variantes acima referido é hoje em dia predominantemente usado em ecd6tica, mas tem vigência faz não muito tempo. Antes, ou se seguia a vulgata (o assim chamado tea;tus receptus), sem preocupação das qualidades do testemunho; ou se seguia o maior núinero de testemunhos, sem levar em conta o fato de que, entre cem manuscritos ap6grafos que remontam a um s6 ap6grafo, êste tem mais autoridade que os cem e êstes cem não têm mais autoridade do que um s6 que não remonte àquele único ; ou se seguia o mais antigo, o mais completo, o mais bem tratado caligràficamente, como se não todos os copistas pudessem errar. Isso era absolutamente arbitrário e já não se lhe procura dar uma justificação metódica. O êrro de tratar o codea; optimus como se fôsse codex wnicus não está, entretanto, ainda superado ; todavia, êsse êrro é freqüentemente de pequena monta, pel!> fato de que o codex optimus em última análise se revela pelo codex unicus. 4. 7. 4 Os métodos ecd6ticos - que se apresentam em vias de aperfeiçoamento contínuo - são estreitamente afina dos métodos da crítica histórica das fontes. Mas, enquanto a tradição literária remonta a um original que é da mesma natureza de todos os testemunhos, enquanto, ademais, é um manuscrito, na tradição histórica, ao revés, está o evento, o acontecimento, que por sua natureza colide com a tradição escrita e se acha alterado ou adulterado já no primeiro testemunho, não poucas vêzes a sabendas do próprio testemunhante. E enquanto o organismo fechado das obras literárias, cujos elementos componentes todos podem ser sentidos como necessários, pode sobreviver por milênios sem graves danos, especialmente no revelar uma cultura que condicionou essa obra de arte, no evento histórico, ao revés, sobrevive apenas, subtraída à dúvida, geralmente a parte mais bruta e ostensiva, por vêzes nem esta. ·

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4. 7 .4 .1 É ilustrativo também confrontar os métodos da arqueologia, que reconstrói uma obra de arte perdida por meio de cópias, ou então os métodos da .pesquisa literária ou folclórica, que procura a redação originária de um motivo. Mas em nenhuma disciplina o caminho é tão claro e o objetivo se pode atingir com tanta segurança como- na ecdótica, na crítica do texto dos clássicos e, com mais razão, dos autores pós-clássicos. 4.8 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Para a apresentação do material, gráfica, tipográfica, de uma edição crítica de clássico grego ou latino - e de quaisquer autores, mutatis mutandis -, podem ser observadas as seguintes normas gerais; quanto ( 1) ao prefácio, (2) ao texto, e (3) ao aparato crítico. 4. 8 .1 O prefácio deve : a) descrever todos os testemunhos, mesmo os excluídos, mesmo os que possam ser levados em consideração apenas em alguma passagem singular; e, de maneira mais completa, os testemunhos principais - os codices unici, os encerradores de variantes; b) pôr evidência, preferentemente por meio de um estema, a relação entre si, e deixar clara essa relação de dependências com a citação de alguns erros particulares característicos; c) delinear a qualidade do arquétipo e dos encerradores de variantes, na base de uma classificação das corrupções, segundo suas espécies ; d) mondar a matéria de tôdas as incertezas ortográficas sem conteúdo lingüístico e de tôdas as influências dialetais não originais. No texto devem ser assinalados: 4. 8. 2 a) os acréscimos conjeturais por meio de < >; b) as exclusões (atéteses) conjeturais por meio de { ) · · · ·

ou ~ . ~i c) as meio de [ d) as zadas, por

complementações, nos casos de danos mecânicos, por ]; determinações não sanáveis mas que podem ser localimeio de t.

4.8.2.1 Nos textos latinos, podem ser indicadas as modificações conjeturais de palavras ou de parte de palavras por meio do grifo ou itálico. 4. 8 . 2 . 2 A distinção entre < > e [ ] é essencial. O primeiro feixe de signos indica por si que a lacuna é fundada em conjetura, o segundo, que uma lacuna testemunhada é preenchida em relação com sua extensão. O mesmo feixe [ ] pode usar-se no caso em

E L E

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E X T O S

DE

BI BL I O GR A F I A

que a tradição revele expressamente que no seu original havia uma lacuna. O mesmo feixe [ ] , por fim, pode ser adotado para a atétese, quando não se trate de seções manuscritas danificadas mecânicamente. 4. 8. 3 No aparato crítico, que deve localizar-se sob o texto e em estreita relação de dependência com o estampamento do texto, devem ser indicados : a) tôdas as discrepâncias para com o arquétipo, quando estas já não estiverem· indicadas no próprio texto; b) tôdas as variantes rejeitadas - inclusive as de grafia e escritura, não porque estas possam ser tomadas em consideração para a constituição do texto, mas para chamar a atenção do leitor sôbre o fato de que .:nesse ponto não se funda sôbre o arquétipo, mas sôbre uni grau inferior de tradição ; c) as subvariantes que não sejam elimináveis; d) as lições concordantes entre si de mais de dois encerradores de variantes, no caso em que êstes tenham sido rejeitados

em favor· de outro encerrador de variante; se a lição aceita no texto deve ser considerada como conjetura do encerrador de variante aceito, nesse .caso deve o fato ser indicado como tal ; e) as dúvidas quanto à justa lição do texto. 4. 8. 3 .1 · O aparato crítico deve ser pÕsto sob o texto em atenção às exigências e necessidades tipográficas e especialmente ao formato dos livros. :Mais cômodo, para clareza, era o uso dos copistas da antiguidade e medievais, que usavam para êste fim a margem externa dos c6dices. Poder-se-ia, com efeito., tentar o formato de álbum oblongo nos casos particularmente apropriados, por exemplo, na tragédia grega, mas naturalmente apenas para as observações mais importantes. 4. 8. 4 Em complemento ao considerado acima, devem ser levadas em conta as seguintes normas particulares. No caso em que haja anotações na tradição acréscimos, decréscimos ou alterações temporâneas, juntadas ou desaparecidas de importantes ramos da tradição - , deve-se levá-lo em conta nas modificações que acarreta no texto e no aparato crítico. Se o arquétipo, por causa das mutações, fica mais alto no estema, em tal caso o que era arquétipo passa a encerrador de variante ou mesmo ap6grafo de grau inferior, e conforme fôr isso deverá. assim ser ·êle tratado no aparato crítico - eliminação das subvariantes etc. Se, ao contrário, pelas mutações, o arquétipo ficar colocado em grau inferior do estema - pelo desaparecimento de um encerrador de va-

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riante -, em tal caso, conforme a circunstância, se deverá acolher os testemunhos até então eliminados. 4.8.4.1 As lições seguramente elimináveis não devem ser re7 feridas no aparato crítico. Quanto às variantes presuntivas, o melhor será acolhê-las em um apêndice. 4. 8. 4. 2 Se as variantes, combinações e conjeturas rejeitadas são mais ou menos de igual valor às aceitas, em tal caso as aceitas devem ser realçadas materialmente - com o grifo alemão ou grifo espacejado. 4.8.4.3 Ocorre ainda referir o uso de pôr junto às conjeturas o nome de seu autor. Mas· a justiça e a 16gica exigem que de igual modo sejam mencionados os que tornaram inteligível o texto transmitido ou os que pela primeira vez tenham preenchido seus claros. Na verdade, dever-se-ia fazer uma e outra coisa com um critério rigoroso de seleção; de outra parte, em certas circunstâncias, dever-se-ia juntar uma breve justificação. Por exemplo, as modificações verificadas apenas por causa do metro deveriam ser indicadas como tal, pois que nos aparatos críticos isso em geral não é ressaltado. O objetivo de tornar inteligível o texto constituído na 4. 8. 5 base da recensio e da examinatt"o, por meio da separação dos parágrafos, dos versos, da pontuação, das iniciai.s maiúsculas etc., pertence ainda ao campo da ecd6tica, formando parte da mterpretatio, cujo escopo é svjeito às modificações do tempo e em quaisquer casos não pode ser sujeito a normas fixas como as do estabelecimento crítico do texto. ORIENTAÇÃO BmLIOORÁFICA MllHlU A bibliografia clás4. 9 sica 6 imensa e objeto de publicaçõetr especializadas, havendo coleções de autores gregos e latinos, dos diferentes períodos, algumas já famosas, que consagram as respectivas editôras pelo escrúpulo gráfico com que são publicadas. Nessas coleções se vê ao vivo a aplicação dos métodos ecd6ticos aos autores clássicos, constituindo alguns prefácios verdadeiros guias para a matéria. Dado o caráter deliberadamente elementar dêste capítulo - pois a preparação de textos críticos clássicos no Brasil está ainda longe de poder ser cogitada de forma sistemática -, limitamo-nos a ·sugerir ao leitor a consulta de manuais mais acessíveis, como o dicionário clássico da Oxford e o conhecido manual de estudos de LAURAND ( cf. OXFO; LAUR), cujas indicações bibliográficas são assaz satisfatórias para o não especialista, permitindo-lhe, ademais, em querendo-o, indicações para progressivo aprofundamento dos problemas específicos.

CAPÍTULO

v

TEXTOS MEDIEVAIS 5.

CóDICES MEDIEVAIS No que se refere à (a) leitura e (b) disposição editorial de um texto medieval - preferentemente português -, dispomos, já hoje, de um bom guia geral e particular em obra de SERAFIK DA SILvA NETO, editada pela Casa de Rui Barbosa (cf. siLv), cujas indicações serão extratadas, glosadas e por vêzes discutidas linhas adiante, mas com a recomendação ao leitor de prévia consulta à mesma· obra e de cotejo com as recomendações, complementares ou suplementares a ela, aqui feits,s. Importa-nos, preliminarmente, considerar alguns aspectos relacionados com os manuscritos medievais portuguêses. Como frisa SERAFIM DA SILVA NETO (SILv, 21) : Tão escasso é o repertório de textos medievais portuguêses, que raro é aquêle de que dispomos de mais de um manuscrito. ·Estão nesse caso o Orto do espôso, O castelo perigoso, de que conhecemas dois códices, os Diálogos de São Greg6rio - de que possuímos três, e as crônicas de FERNÃO LOPES, das quais possuímos vários manuscritos, embora· nem todos do mesmo valor.· Não me refiro aos manuscritos da Regra de São BefJ-to, porque é muito possível que correspondam a versões independentes. Além disso, é preciso ter na devida c01ita que muitos dêsses manuscritos únicos são apógrafos tardios, isto é, cópias de cópias muito posteriores ao original. A maioria, no entanto, compõe-se de cópias do séc. XV, mas de manuscritos anteriores - embora um ou outro tenha che· gado até nós em cópia moderna, como é o caso do Livro de montaria, de D. João I, hoje apenas conhecido por um apógrafo do século XVII. 5 .1 PRINCfFIOS ESTEMÁTICOS - As considerações acima levamnos autoinàticamente a três conclusões principais, relacionadas C'Om os princípios estemáticos :

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1.0 ) a inexistência de autógrafo - na quase totalidade dos casos da documentação manuscrita medieval .:.._ induz-nos a abandonar a pretensão de remontarmos ao original da obra, via de regra perdido, mas permite-nos trabalhar ou com o codex wnicus, ou a eleger, quando a cronologia claramente o permite, o codex optimus, ou a tentar remontar ao arquétipo; 2.0 ) os apógrafos, embora datáveis por circunstâncias externas - material gráfico lato sensu empregado ( códice, tinta, datação, reconhecimento coetâneo ou posterior idôneo, história literária) -, deverão ser objeto de uma datação interna, isto é, baseada na própria estrutura lingüística e estilística, de tal maneira que um posterior, quanto ao tempo em que tenha sido copiado, possa encerrar características formais de uma linhagem anterior; 3.0 ) a constituição do arquétipo só poderá ser idônea se rigorosamente baseada numa genealogia que permita, por meio dos errores significatiui, a certeza de sua constituição; em perdurando dúvida, evitar-se-á sua constituição, pois esta redundará no estabelecimento de um texto que seguramente nunca existiu, devendo-se, assim, trabalhar sôbre o codex optim.w, que deverá ser, a um tempo, caracterizado por sua maior antiguidade e, se possível, completude. 5 .1.1 Disponibilidade dos códices - Se até antes do advento das técnicas de reprodução mecânica, a edição-de-texto medieval no Brasil era uma tarefa .difícil, por não se dispor, via de regra, dos apógrafos senão através de cópias modernas · (manuscritas ou dactilográficas, e, pois, sujeitas à adjunção de novos erros modernos), já hoje em dia êsse óbice não perdma. Destarte, semelhante tarefa só se justifica quando o editor-de-texto brasileiro dispõe de reprodução fac-similar de to-:l<Js os apógrafos conheeidos, para em sã consciência poder firmar seus critérios ecdóticos, oom relação a determinada obl"a. Semelhante e:D~ncia não é impossível de ser preenchida. Cabe ainda a SERAFill DA SILVA NETo a primeira tentativa de tombamento bibliográfico dos códices medievais em língua portuguêsa, muitos dos quais, entretanto, diz êle (SilfV, 55): terão escapado à nossa pesquisa; e muitos mais decerto se escondem avaramente nas bibliotecas portuguêsas, cuja imensa riqueza ainda não foi integralmente explorada. 5 .1. 2 Leitura dos códices - Importa-nos, ainda, relembrar que a tarefa do editor-de-texto medieval português supõe uma preparação filológica altamente idônea, preparação a que não é

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estranha, de modo nenhum, grande habilidade de leitura paleográfica. Para isso, é de todo o interêsse que o editor-de-texto se compenetre da natureza possível, provável e habitual de erros de leitura paleográfica. A êsse respeito, SElU.Fill DA SILVA NETO expõe, com exemplificação, alguns aspectos que devem permanentemente estar presentes ao espírito do editor-de-texto, capitulando tais erros em (a) erroa devidos à má compreensão de letras, (b) erros devidos a desconhecimentos de fatos lingüísticos, (c) erros devidos a ignorância de siglas e .abreviaturas, ( d) salta-bordões, (e) erros devidos à má separação das sílabas ( cf. siLv, 27-36). 5 .1. 3 Crltioa 'Verbal - Mas assim como há erros devidos à leitura atual por parte do editor-de-texto, há erros nos próprios textos, devidos ao trabalho de cópia, do autógrafo para apógrafo, ou de ap6grafo para ap6grafo. A correção de semelhantes erros deve ser objeto, mais do que qualquer outra operação ecdótica medievalística, de seguro faro filol6gico, de cuidado extremo, impondO-se sempre que o aparato crítico· faça dela a menção mais explícita possível. ·Quando se trata de códice único, PII!Sas correções são de muito difícil fundamentação, devendo o editor-de-texto reservar-se a um mínimo possível de correções, s6 ousando-as quando haja razões de interpretatio sobejas e altamente convincentes; mas mesmo que não ouse corrigir, deve sempre o aparato crítico consignar as dúvidas concernentes a passagens que possam parecer erronias dêsse tipo. Em se tratando, porém, de vários códices ou da restituição de um arquétipo, dada a existência de têrmos ou elementos de comparação nas variantes, as correções dêsse tipo tornam-se, via -de regra, mais plausíveis, embora se deva sempre evitar o escolho d!l constituição do texto que jamais existiu. A tradição ecdótica do passado, sobretudo firmada no estabelecimento do texto da Bíblia - cuja complexidade é imediatamente compreensível, pela variedade de línguas interferentes (hebraico, grego, latim e vernáculos), pela multiplicidade de versões em cada uma das línguas interferentes -, a tradição ecd6tica do passado, com relação aos erros dos copistas, foi consolidada no fim do século XVIII por JoHANN JACOB GRIESBACH (1745-i812) e pode servir de indicações, mutatis muta-ndis, ao editor-de-texto medieval português - considerado, naturalmente, o que, sôbre crítica verbal, já dissemos. Vão elas, em tradução nossa, segundo a versão francesa que lhes dá Ib:NRI QUENTIN (QUEN, 30-31): Quando nos achamos em presença de lições diferentes sôbre um mesmo passo, escreve GRIESBACH, é necessário antes examinar cada lição em si mesma, para julgar de

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sua bondade intrínseca, depois considerar a gravidade e o jôgo de acôrdos dos testemunhos que, cada um de seu lado, oferecem lições rivais. A bondade intrínseca de uma liçãa· decorre primeiro do fato de que ela concorda com os hábitos do autor, suas idéias, seu estilo, seu fim, e também das circunstâncias exegéticas ou históricas do caso; reconhecemo-la também pelo fato de que ela permite explicar fàcilmente as outras lições que não provenham, no fundo, senão de erros ou de más correções de que ela é o ponto de partida. São essas as ·suas características fundamentais ; mas h.á várias outras circunstâncias que, bem observadas, podem permitir o discernimento da boa lição : 1)

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a lição mais curta, a menos que ela não tenha testemunhos antigos, deve ser preferida à lição mais longa; a lição mais difícil e mais obscura é melhor do que a lição mais clara, que o copista compreende fàcilmente ; · a lição mais dura vale mais do que aquela graças à qual o texto flui sem tropeços; a lição mais rara deve prevalecer sôbre aquela a que se está geralmente habituado; as lições enfáticas são suspeitas; igualmente, as lições pias; se uma lição parece à primeira vista dar sentido falso, mas no fundo, ap6s exame, dá sentido justo, deve ser preferida ; entre várias lições de um mesmo passo, a que favorece demasiado claramente a doutrina ortodoxa é por isso mesmo suspeita; a · lição que repete uma palavra ou uma idéia vizinha é inspirada por essa vizinhança e não tem valor; igualmente, o produto do homeotelêuton; entre várias lições, a melhor é a que explica melhor a origem de tôdas as outras; é necessário rejeitar as lições que sugerem · glosa; as que se explicam pelos comentários patrísticos ou pelas notas dos escoliastas ; as que aparecem pela primeira vez nos leccionários; as que, enfim, têm por fonte a versão latina.

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5. 2 TIPOS DE EDIÇÃO Cabe, ainda, discutir o tipo de texto que pode ser oferecido à leitura moderna. Sem remontar à história dêsses tipos, lembramos que, nas condições técnicas e culturais contemporâneas, a leitura de um texto medieval (e clássico, e qualquer - manuscrito ou já impresso) pode ser reproduzida : a) por meios mecânicos, ditos fac-similares, na base em geral do princípio da fotografia - é a "edição fac-similar" ;· b) por meio de nova composição tipográfica, que reprodua, eom absoluta (é o desejo subjacente) fidedignidade, o texto sôbre o qual se trabalha, isto é, que se quer editar - é a "edição diplomática"; c)· por meio de nova composição, que, respeitando fidedigna e fielmente o texto que se quer editar, o submeta a um crivo crítico seguindo os critérios e métodos ecdóticos, a fim de que, a um tempo, (a) se respeite a essência lingüística lato sensv do texto e (b) se apresente êsse texto liberto de excrescências extralingüísticas, de modo que sua inteligi.bilidade e intelecção sejam as mais exatas e incontroversas possíveis ....... é a "edição crítica". 5. 2 .1 Adeq'UMU'fio dos tipos de eà4ção - SERAFIM DA Sn..u NETo discute o alcance da chamada "edição diplomática" nestes têrmos (sn..v, 21-22) : Hoje, em virtude dos progressos técnicos da fotografia e da reprodução fac-similada, a transcrição puramente diplomática é um atraso, pois com ela ficamos sempre na estrita dependência do critério e da perícia do editor, que, no entanto, pode ler mal e não compreender algumas palavras. Nesse particular há edições más, pôsto que diplomáticas, como a de Bulaão e Josafá, devida aos cuidados de G. VASCONCELOS .ABREU (1898). Por. outro lado, em muitos passos, as edições meramente diplomáticas são deficientes e imperfeitas, já que as tipografias modernas são incapazes de reproduzir certos sinais medievais. Com o atual progre'sso da tknica só se justifica a edição diplomática quando ela vem do lado da fac-símile. Dessa maneira o leitor pode acom~ !J>anhar e policiar a leitura - o que, todavia, mais parece um exercício paleográfico do que um-a tarefa de caráter filológico. Achamos muito razoáveis, por isso, estas ponderações do Professor JosEPH 'M. PIEL:

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"Em nosso entender, uma edição de um texto hterário quatrocentista não pode nem deve ser concebida como exercício da paleografia, com reprodução servil de todos os pormenores gráficos, casuais ou individuais, de quem redigiu ou copiou o códice, trabalho de que um filólogo nunca se poderá, aliás, desempenhar tão bem como uma máquina fotográfica" (Livro dos Ofícios, Introdução) opinião que é, também, a doutrina consagrada pelas normas de transcrição de textos, organizadas pelo Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha ( cf. OONS): Carece de utilidad la edici6n paleogr!fiea total, pesada para la eomposici6n en la imprenta y suplida ~ta­ joS&D}ente eon la reproducci6n fotomecániea del manuscrito o de la parte pertinente a êl. 5. 2 .1.1 Não obstante a autoridade citada e as em que se abona, convém, entretanto, abrir uma exceção de cabimento para a edição diplomática, nas condições da conjuntura cultural brasileira. Essa exceção se cifra no seguinte: entre uma edição diplomática, que exige tão-somente (o que não é pouco, aliás) uma boa leitura paleográfica, e uma edição crítica, que exige aprofundado conhecimento filológico, há situações em que melhor será aquela do que esta - em não sendo possível a reprodução facsimilar. Aquêles autores, pois, que, por necessidade de documentação, deverem citar excertos longos, passagens, locais de textos medievais portuguêses que ainda não tenham sido objeto de edição crítica, e que, por se haverem especializado noutros campos de saber, não puderem, pelo rigor de seu espírito crítico . decidir sôbre o estabelecimento crítico de tais excertos longos, passagens, locais, melhor será que recorram, então, ao critério diplomático. ~ óbvio que esta restrição redunda em apoio integral do ponto de vista de que se faz porta-voz SERAFIM DA SILVA NETo no lugar acima referido - pois lá, como ficou explícito, se cogita de edição íntegra de um texto medieval. Uma segunda exceção de cabimento para a edição diplomática pode ocorrer: é quando, precisamente, a leitura em si mesma paleográfica é que é objeto de controvérsias, nos casos em que autógrafo, ou apógrafo, é tão obscuro ou tão corrompido que a preliminar é a validade absoluta da própria leitura que lhe é proposta. Em semelhante caso, é óbvio que a impressão lado a lado do texto fac -similRr, dR ediç.ão

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(ou leitura) diplomática é o critério que se recomenda, necessAriamente, salvo se a reprodução fac-similar já tiver sido feita em obra suposta de fácil acesso e consulta. Problema outro é a critério que reprodução fac-similar de raridade venerável guiou I. S. RÉVAH na sua bela edição de Ropicapnefma.• de JoÃo DE BARROS (cf. BABS). Na medida, porém, em que os textos medievais portuguêses forem, progressivamente, sendo esgotados por edições críticas, idôneas, melhor será. sempre citá-los segundo sua versão crítica, tarefa prévia do filólogo, oferecida ao uso do historiador, do cientista em geral, do culto, em suma, para fins culturais. 5. 3 TEXTO c&fTrco Para o estabelecimento de um texto crítico, devem-se levar em conta as seguintes ordens de fatos de crítica verbal e de interpretação, pelo menos: (a) critério geral de seu tratamento; (b) critério particular do seu tratamento ortográfico ; (c) critério particular do seu tfãtamento de pontuação ; (d) critério normativo de figuração dos' critérios anteriores. 5. 3 .1 · Critério geral de tratamento O critério geral de tratamento de um texto medieval transmitido por autógrafo ou apógrafo presume os seguintes princípios ( cf. SILR, 25; RODR, 591-593): 1.0 ) o texto não deve, do ponto de vista lingüí$tico, omitir nada,. nem encerrar nada que nêle não esteja explícito ou implícito; 2. 0 ) tôdas as características materiais dos apógrafos, formato, tinta, mão, mutilações,· corrupções devem ser indicadas em lugar adequado; 3. 0 ) um sistema rígido e fixo de indicações relacionadas com os fólios, reto e verso, com as suas colunas, deve ser adotado; 4.0 ) um sistema rígido e fixo de indicações relacionadas com acréscimos ou cortes críticos deve ser adotado. ' 5.3 .1.1 O segundo princípio supra pode entrar já. no aparato crítico da edição, já. nas notas críticas, já no prefácio, conforme fôr mais expedito. O terceiro e quarto princípios devem ser observados no próprio texto crítico, podendo-se seguir as seguintes normas (estando ou . não o texto crítico impresso ao lado do facsímile do autógrafo ou de apógrafo de base) : a) as mudanças de f6lio ou de face serão indicadas por duas barras verticais - li -, seguidas, se na impressão do fac-símile não o houver, necessàriamente de um jôgo de colch.êtes, .dentro dos quais deverá. ocorrer "f. n v." ou "f. n r.", assim [f. n v.) ou [f. n r.] (entendendo-se por n o número de f6lio);

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as mudanças de colunas serão indicadas por uma barra vertical - I - i se não houver senão uma colnna, a mudança de fólio ou de face poderá ser indicada por uma só barra vertical; b) os acréscimos conjeturais deverão ser intercalados entre < > i as exclusões conjeturais deverão ser intercaladas entre { }, ; as exclusões homeotelêuticas deverão ser intercaladas entre [Ç ~; os acréscimos decorrentes de completações orinndas de outras fontes ou apógrafos que não o de base deverão ser intercalados entre [ ] ; as deterioraçõeS ou mutilações, não sanáveis por . acréscimos do tipo < > ou do tipo [ ] , deverão ser assinaladas por meio da t, convindo fazê-la seguir de uma linha pontilhada que guarde, no impresso tipográfico do texto crítico, a relação de distância que existe no texto manuscrito, salvo quando a extensão da mutilação ou da deterioração fôr W que, por economia, melhor se fará indicando-a entre colchêtes antecedidos da t, assim- t [faltam n linhas] - o u - t [falta um fólio] -. ~ óbvio que, se o aparato crítico ou o prefácio puderem dar conta, clara e seguramente, dêsses fatos, em sendo êles pouco numerosos num texto crítico, tal expediente dispensará as indicações no texto; se, porém, houver a constância no prefácio, o local que corresponda, no aparato crítico, aos fatos deverá receber uma remissiva ao prefácio. 5.3.2 Critério orlográfico - O critério particular de tratamento ortográfico vem sendo diversamente adotado pelos editôres-de-texto em língua português& mais credenciados. Partindo do princípio fundamental de que o revestimento literal das palavr&~~ assume a um tempo um valor fonético-fonológico, de um ladb, e, de outro, está. sujeito a injnnções tradicionalizantetl de tipo pseudo-etimológico, vêm os filólogos mais abalizados de nossa língua di,vidindo a ortografia português& em duas fases principais, uma · que vai até os fins do século XV, de predominância fonético-fonologizante, e outra que vai dos inícios do século XVI até o advento da atual simplificação ortográfica, pelos inícios do ~éculo XX, de predominância pseudo-etimologizante. Em ambas as fases, porém, há um laivo excrescente, por vêzes arbitrário, de grafismo ou de etimologismo, que comporta lima nítida simplificaçll.o, com a condição - fique bem claro - de que essa· simplificação não traia os fatos propriamente lingüísticos implícitos no revestimento literal. Para a adoção de um critério particular (ou de critérios particulares, segnndo as épocas) de tratamento ortográfico que poBB& servir a quaisquer textos portugu&les, falta-nos ainda um estudo exaustivo da história da ortografia, ou

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meramente da grafia, portuguêsa, desde os seus primeiros testemunhos ·aos nossos dias - história que, por sua vez, teria que estar. necessà.riamente vinculada à história da pronúncia portuguêsa, empreendimento que apenas agora se inicia de forma satisfatOriamente sã com as pesquisas de I. S. RÉVAH, sem fazer menção dos trabalhos de GoNÇALVES GUIMARÃES e outros, sôbre a pronúncia português& no século XVI, a muitos títulos hoje superados. 5. 3. 2.1 Caberia, aqui, uma honrosa menção ao critério seguido por ÜSKAR NoBILINO na sua edição de As cantigas de D. Jo01n Garcia de Guilkade (cf. NOBI), o qual discute com feliz detimento o padrão ortográfico que adotou para a sua edição crítica e que por isso mesmo deve ser consultado. Preferimos, entretanto, por apresentarem seu critério de forma sistemática, transcrever os seguidos pelos filólogos JOSEPH M. PIEL (cf. PIEL) SEBAFIM DA SILVA NETO (cf. siLR), Lufs FILIPE LINDLEY CINTRA ( cf. CINT) e CELSO FEBBEmA DA CUNHA (cf. CUND). Esclareçamos, desde já, que, ao transcrever o critério dos filólogos referidos, achamos de melhor alvitre não lhes separar os assuntos; destarte, serão transcritos englobadamente os que se relacionam com o particular ortográfico, assim como com o da pontuação e com o do que denominamos critério geral. 5.3.2.2 O Sr. JOSEPH M. PIEL fixa assim o critério que seguiu no estabelecimento do texto do Livro dos ofkimt (PIEL, XXXVIII - XL) : No estabelecimento 'do texto seguimos um critério que, por aehá-lo razoável e não termos encontrado melhor, já adoptámos em duas outras publicações deste gênero 1, e que consiste em reduzir a um mínimo, para quem consultar o livro, as dificuldades de ordem puramente exterior e material do manuscrito, aliando a êste procedimento um máximo de fidelidade quanto à essência de linguagem do original. Em nosso entender, uma edição de um texto literário quatrocentista não pode nem deve ser concebida como exer~ício
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de autores antigos têm hoje um número de leitores tão reduzido, isto em grande parte se deve ao aspecto rebarbativo que apresentam, com o seu aparato hiper- e, não raro, pseudocientífico, que faz desanimar ·O estudioso mais beni. intencionado. Por êste motivo, o primeiro cuidado que tivemos foi de intervir racionalmente na pontuação, com pontos, vírgulas, ponto-e-vírgulas, aspas, pontos de exclamação e de interrogação, hífenes e parênteses, sinais que são da nossa inteira responsabilidade. No manuscrito usou-se, prAticamente, só de pontos, colocados a meia altura das linhas, e caldeirões, que mantivemos 1,1a medida em que se justificam e auxiliam a inteligência do texto. Qualquer intervenção nossa, que não seja de o;rdem meramente gráfica, afetando o próprio texto ou a linguagem, vai sempre caracterizada como tal. O que figura entre parênteses ( ) são letras e palavras que, em nossa opinião, devem ser suprimidas; o que vem abrangido por colchetes [ ] , aquelas que propomos sejam acrescentadas, ou substituídas a outras. Tivemos o escrúpulo de intervir no texto o mais parcimoniosamente possível, e s6 quando ist~ nos parecia absolutamente indispensável, tendo o leitor sempre a possibilidade de conferir a lição sugerida com aquela do manuscrito, que vem reproduzida em nota. Inútil será dizer que fixámo's o texto, tendo o original latino constantemente à vista, ao qual nos referimos freqüentemente nas notas para facilitar a compreensão da versão portuguesa.1 Os asteriscos, disseminados no texto, marcam o princípio de um novo fólio (recto e verso), os números romanos impressos à margem remetem para a numeração moderna dos capítulos do original latino, permitindo encontrar rApidamente, para confronto, dois passos correspondentes. Nem os fólios, . nem os capítulos do manuscrito apresentam numeração própria. Também o índice é acrescento nosso. 1 Devido àa dltlculdadea do momento, não noa pudemo• procurar a ediçio de C. ATZDT, Jl. Tu"' Ckero"'- .teriptG quae mat~H1"Uftt om"CG Fase. f8: · •De Oflk«a" 'terum f'eoog". C. At.nrt (juntamente com De Vtrlutnnu, recogn. O PLASBDO) Llpala, B. G. Teubner, 1982, tendo corrido 1 edição de CH. A.PPUHN, na coleçio C~ GarMer (juntamente com De Settectute • De Am~tto), que reproduz o tflltto dado por HI:!NB, Berlim 1885.

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Devido à falta de elementos de comparação, não foi possível dedicar a nossa atenção ao problema de saber até que ponto a divisão dos capítulos da versão portuguesa obedece a uma antiga, usada em manuscritos latinos · do tempo de D. Pedro. No que toca às outras intervenções, são as seguintes as normas adotadas: 1.8 Separaram-se as. palavras, que no manuscrito vêm juntas, menos quando a segunda é enclítica : ahusarnça - a. h usança; oque - o que ; entoda idade - em toda idade, etc., mas seguensse, poderssea, todoUos, etc., grafias em que não julgámos conveniente separar os diferentes elementos por meio de hífen. No primeiro caso, mantemos as duplas consoantes, que são frequentes a seguir ao artigo : arrepublica - a rrepublica; alluxuria - a lluxu.ria; ~ooretes - .a Ssocretes; af!Qf'ça - a !força. 2.• Em nomes próprios sul;lstituímos as iniciais minúsculas por maiúsculas. Na sua transcrição, adoptámos o critério de manter lapsos gráficos que, por serem sistemáticos, deviam pertencer ao ms. latino, como Temostides por Temútocles, e Sophedem por 86focles. Também não normalizámos a grafia, quando através dela se reflecte ou pode reflectir uma tendência fonética do português, como em 86cretes, por 86crates. a.a Desdobraram-se todas as abreviaturas, que não são, aliás, numerosas, correspondendo às normalmente usadas em c6dices contemporâneos. 4.8 Substituíram-se as letras u e i por v e j, respectivamente, quando aquelas grafias indicam estas consoantes: ouujndo - ouvindo. 5.8 Introduziram-se acentos agudos e circunflexos em fo1111as. cuja acentuação pode oferecer .dúvida, ou que fàcilmente se confundem com hom6nimas : dévello "develo", fkesse "fez-se", f'equéresse "requere-se", desvairasse "desvaira-se", dôbrezes, pl. de dôbrez "duplo", móveo "move-o", terrá - fut. de teer, etc. Tem a mesma finalidade o apóstrofo, p. ex. em d'obrar "de obrar", sem o qual pode haver confusão com dobrar. 6.8 O til foi substituído por n. e m, quando está de facto por estas consoantes, não representan. do apenas um timbre nasal da vogal : tãto - tanto; tépo tempo . Recorremos a caracteres apropria·dos e fundidos de propósito, para reproduzir as vogais duplas nasaladas ii, õo, ãa, uu e ée: víir, mamidõoe, mãaos, algüus, bies.

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7.• Não nos arrogámos, evidentemente, o direito de intervir em grafias . etimolôgi!lamente não justificadas. Lembraremos ainda que o h tem frequentemente a função de marcar o hiato : soU(W,kos "soltou-os", Mme.key "nomeei", crekudo "crido", ou de dar corpo a uma palavra, quando reduzida a uma única vogal: ki "ai" (na usadíssima expressão hi ha)l, ku "onde", ke "é". 5.3 .2.3 SERAFIM DA SILVA NETO fixa assim o critério que seguiu no estabelecimento do texto dos Diálogos de São Greg6rio (BILR: VIII-IX): Na transcrição seguimos estas normas, que nos parecem mais a propositadas à edição de textos ·medievais : 1 - substituir as letras u e i, quando em função consonântica, por v e j ; 2 - separar as palavras que no manuscrito vêm juntas; assim, transcrever alluxuria por a lluxuria, e-ntoda por en toda; 3 - escrever os nomes próprios com letra maiúscula; 4 - desdobrar as abreviaturas; 5 - com parcimônia, introduzir acento!!! agudos e circunflexos, sempre que isso puder evitar confusões ·e dúvidas; 6 - respeitar religiosamente as formas lingüísticas, não modernizar, em nenhum caso, qualquer JXJ'lalvf'.a; 7 - pontu!f.r o texto, paragrafar por traços nos diálogos; 8 - respeitar, salvo os casos aqui referidos, a grafia medieval; deve manter-se o y, os f! -, rr - -, ss - iniciais; os- ll finais de sílaba (vj. LEITE DE VASCONCELOS, Opúsculos, I, págs. 350-1); qua-, lJU(J-, {l'I.UJ-, guo - , em veguada, quomo, quaderno, etc.; 9 - no tocante às vogais nasais - caso muito melindroso e complexo - somos de opinião que, nos textos não posteriores ao século XV, deve respeitar-se rigorosamente a grafia medieval e manter-se, portanto, o til, em escritas como tépo, viho, testemõiko, etc.; com relação às vogais duplas nasaladas (ãa, eé, etc;) é aconselhável colocar o til entre ambas. · 5. 3. 2. 4 Lufs FILIPE L!NDLEY CINTBA fixa assim o eritério que seguiu no estabelecimento do texto da Crómca geral de Espanha de 1344 (ciNT, DXLV-DXLVI) : 1 Ocorre nada menos de quatro vílzea a aegulr no flm do 1• cap. do 2' livro.

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1) Desdobrei as abreviaturas. Não pus em itálico as letras desdobrad~, visto que as abreviaturas que aparecem. tanto no c6di e L como na maior parte da extensão de P, são, como ti~ ocasião de dizer, dos tipos mais correntes em manuscrito.s da época. S6 as que emprega o copista 3 do segundo c6dice são de tipo menos vulgares. Nos casos em que alguma abreviatura podia oferecer dúvidas quanto à sua resolução, reproduzi-a em nota. 2) Mantive a grafia das nasais tal como se encontra nos c6dices. Há grande vacilação da parte dos escribas, nos casos de vogal simples nasalada, quanto ao emprego do til ou de vogal seguida de consoante nasal e, neste último caso, quanto ao emprego de m ou n : não se pode determinar uma preferência por uma ou por outra forma. Atendendo a êste facto e a que o til representa em qualquer posiÇão nasalação da vogal, mesmo quando, em determinadas situações, além dessa nasalação, representa uma consoante nasal seguinte, decidi mantê-lo onde o encontrava. Nos casos de vogal dupla, em que os manuscritos apresentam normalmente o til sobre as duas vogais e, excepcionalmente, sobre a primeira ou sobre a segunda, emprego o til entre as duas vogais 91. 3) · Substituí u por v e i por j, quando em função de consoantes, e v por u e j por i, quando em função de vogais, tendo em vista a simplificação da leitura e atendendo a que nenhum. prejuízo de aí advém para o valor linguístíco do texto. 4) Usei maiúsculas para os nomes pr6prios. 5) Seguindo uma norma que a Academia Portuguesa de Hist6ria decidiu aplicar a todas as suas publicações de textos, reduzi a simples as abundantes consoantes duplas iniciais do manuscrito. 6) Separei as palavras que vêm unidas no c6dice ; ·mantive no entanto as enclíticas ligadas à palavra t6nica, a . cujo acento se subordinam, como é uso constante dos copistas, evitando deste modo o emprego do hífen. Mantive unido à palavra seguinte o d da preposição de nos usos de elisão consagrados pela ortografia actual : deste, daquele, daqui etc. Separei-o com um ap6strofo nos outros casos: d;Espa.nha. Separei também por um ap6s-

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(91) Nu citações que fiz do texto da Cr6n,ca neste volume de Introdução, tive, por dificuldades tlpogré.flcaa, de substituir o til entre as vogais pelo til sobre a primeira vogal.

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trofo todas as outras palavras em que, pelo contacto na frase com uma palavra seguinte iniciada por vogal, se deu a elisão de vogal final (por exemplo : entr'ambas). 7) Pontuei e abri parágrafos, procurando interpretar com fidelidade o texto e tomando a responsabilidade dessa interpretação. Usei da vírgula, do ponto, dos dois pontos, do ponto e vírgula, dos pontos de interrogação e de exclamação e do traço. Nos manuscritos só se usa, como disse, o ponto e o ponto e vírgula invertido. Empreguei abundante pontuação, pensando deste modo facilitar a compreensão do texto e torná-lo mais acessível e vivo a leitores modernos. 5. 3. 2. 5 CELSO FERREIRA DA CUNHA fixa assfm o critério que seguiu no estabelecimento do texto de O cancioneiro de Martin Codax (cuND, 37-38): 1.0 Eliminamos tôdas as particularidades gráficas dos códices que se não relacionam com a pronúncia das palavras, pois, como diz muito bem ALBERTO ClJIARI, "solo gli inesperti possono credere di fare una edizione crítica, lasciando scrupulosamente grafie antiquate. . . . non sapendo distinguere cio che e fatto puramente grafico, da non rispettarsi, da cio che e fatto propriamente fonetico e che va rispettato"3. 2.0 Desenvolvemos tôdas as abreviaturas dos códices. 3.0 De acôrdo com a gramática e o sentido, isolamos os vocábulos conglomerados e juntamos os elementos da mesma palavra quando desunidos. 4.0 Suprimimos o h- de 'M, hir81J e hu. 5.0 Empregamos as letras ramistas j e v onde se encontram i e u simbolizando aquelas consoantes. 6.0 Ligamos por hífen os pronomes mesoclítícos às formas verbais de que dependem e tamhém o artigo eZ à palavra re-y. 7.0 Indicamos por apóstrofo a elisão vocálica, bem como a perda do -s de formas verbais, assimilado a Z- do artigo Zo. 8.° Conservamos aglutinadas as combinações do, eno, no e na, que já no século XIII não se separavam. 3. La 6cU.ewne criUct~. In POCLLT [Problemi 6d ori6ntamentj critlci di Zingua 6 di Z6tteratura italiana] , II [ T6cnicCJ 6 t6oriCJ Z6tterCJriCJ. a cura de G. Gll'l'l'o, A. CHIAJU, B. MJOLIORINI, M. FUBINI, V . Pm!NICON•, Mllano, 11M8], p . 145.

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9.0 Usamos maiúsculas não s6 nos casos em que a pontuação anterior as exige, mas também no topônimo Vigo e nome Deus. · 10.0 Adotamos um sistema de acentuação semelhante ao atual. 11.0 Pontuamos à moderna. sobriamente, mas sem prejuízo das características tonais do enunciado. 12.0 Damos ao i somente o valor de vogal, deixando ao y o de semivogal. Assim, escrevemos mia, irmana, etc., mas ba.ylava, wey, etc. 13.0 Resolvemos em o a vogal velar reduzida em sílaba final, que também se representava por u 1• 14.0 Não havendo distinção ·quanto à nasalidade final, que or~ é expressa por m, ora por n, ora por ti l, uniformizamo-la em -n, para evitar as grafias -am e -em que, hoje, simbolizam respectivamente o ditongo -iWJ átono e o ditongo -éy (ou -ãy, em certas regiões de Portugal). 15.0 A nasalidade mediai, indicamo-la de acôrdo çom os hábitos modernos : por m, quando a vogal moderna antecede as consoantes p e b, e por n, quando precede outr$8 consoantes. 16.0 Escrevemos nk e lk, conforme a lição de B e V, e não nn e n, como está no PV, pela evidente vantagem daquelas grafias (de origem occitânica), introduzidas em fins do século XIII no ooidente peninsular, sôbrll as últimas, não raro causadoras de ambigüidades2• 17.0 Por constarem do aparato crítico das cantigas as variantes dos manuscritos e a justificação de nova leitura, julgamos desnecessário indicar por colchêtes os elementos introduzidos no texto e por parênteses os que dêle foram eliminados. 5. 3. 2. 6 O mero cotejo dos critérios acima transcritos põe de manifesto certas discrepâncias. Em verdade, essas discrepâncias (a) ou bem decorrem da especificidade do texto para o qual o critério foi fixado, (b) ou lrem decorrem da diferença ou interpretação do valor literal lingüístico ou extralingüístico. Por exemplo, (a) no primeiro caso, pôde CELSO FERREIRA pA CuNHA 1 . Quanto ao pronome átono da 1• pesaoa do plural o PV [Per· gamlnho Vlndel] e1111lna que a boa leitura no teatto de .MC [Martln Codax] 6 Ma e, não, t&ua, como alguna Interpretaram o " doa apógratoa Itallanoa. 2 . Cf. Mlchaells [Carolina - de Vasconcelos], OA [OancroMiro da Ajuda], I , p. XXVII; BFB [Remata de Filologta Bapaftola], ll, p . 266.

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- superando tôdas as dificuldades inerentes ao emprêgo das maiúsculas em português - fixar seu emprêgo nas palavras "Vigo" e "Deus" ou-depois de ponto, e pontos de exclamação e interrogação, porque em tôdas as sete cantigas de Marlin. Codax s6 ocorrem aquêles dois nomes próprios - mais nenhum - e porque, quanto ao mais, se cifra ao uso canônico atual ligado à pontuação ; (b) no segundo caso, discrepam as autoridades citadas em múltiplos pontos, dois dos quais relevantes: a representação da nasalidade e as letras dobradas iniciais. Partindo, porém, do princípio fundamental de que o revestimento gráfico pode ser · simplificado, atualizado, modernizado, desde que não altere, adultere, subverta ou traia os fatos lingüísticos intrínsecos de um texto r tentamos, a seguir, um critério para a leitura .e a edição dos textos medievais portuguêses, no que toca à sua grafia: I - o uso das vogais, em princípio, deve ser integralmente respeitado, salvo ocasional, incidental e totalmente assistemático êrro de copista, de tipo lapnu calami, lapso que, entretanto, deve ser referido no aparato crítico; destarte: a) as vogais orais simples iniciais, acentuadas (tônicas) ou não acentuadas (átonas), não devem ser neui substituídas nem uniformizadas; a substituição, entretanto, deve ser sistemáticamente feita quando ocorrem em função vocálica as letras ramistas v- e j-, e o 1h que deverão ser representados, respectivamente, por u- (em lugar de v-) e i- (em lugar de j- ou 11-) ; a flutuação ocorre sobretudo entre e- e i- (j-, y-), de um lado, e o- e u- (v-), de outro lado, flutuaÇão que, malgrado o critério de Lufs FILIPE LINDLEY CINTBA (ciNT, DXLIII), pode encerrar a chave para a elucidação do problema de caracterização dialectal das vogais pretônicas do português do Brasil, pelo menos, e possivelmente de outras regiões do domínio dialectal português; quanto a aparentes flutuações do tipo entre •I antre, pelo I polo e equivalentes, é obvio que não deve haver alteração ou uniformização ; b) as vogais orais simples mediais não devem tampouco ser substituídas ou uniformizadas, quer quando acentuadas, quer quando não acentuadas,· salvo no que tange às letras ramistas; c) as vogais orais simples finais, acentuadas -QU não acentuadas, não devem ser substituídas nem uniformizadas, salvo no que tange às letras ramistas ; d) as vogais orais dúplices, iniciais. mediais ou finais, em princípio, acentuadas ou não acentuadas, não devem ser reduzidas a simples; entretanto, a ocorrência usual ou episódica de form~s vocabulares com vogais dúplices já representadas regular e ordi-

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nàriamente no ap6grafo por for~as vocabulares correspondente<;~ com vogais simples pode comportar simplificação, desde que o aparato crítico consigne o fato; e) os ditongos, crescentes ou decrescentes, deverão, · em princípio, comportar uniformização ; destarte, se no ap6grafo ocorreram duas formas - kirei e kirey, por exemplo - gráficas, nada mais natural do que a ·simplificação; caso. particularmente . importante, porém, é o da linguagem de ritmo fixo, especialmente no verso, quando então se deverá, eventualmente, distinguir o i- do y-, aquêle em função vocálica, êste em função semivocálica ou semiconsonântica: destarte, mka, mia ou mya poderá resolver-se já como mia - dissilàbicamente - já como mya - monossilàbicamente ; raciocine-se igualmente para com os ditongos decrescentes; f) as vogais nasais simples, acentuadas ou não acentuadas, em quaisquer posições, apresentam, ao longo do período do português arcaico, três flutuações típicas na representação da nasalidade, ora por til - vio -, ora por m - tempo -, ora por n - tenpo - ; sub jazem, pelo menós, duas questõ~ capitais por elucidar nessas representações : primeiro, a de saber se a nasalidade era seguida de um prolongamento consonântico e, segundo, a de saber, em havendo êsse prolongamento, se êste se · assimilava ao ponto de articulação da consoante seguinte, noutros têrmos, se êsse prolongamento consonântico, em havendo, seria bilabial (representável por m.) ou línguo-dental (representável por n); perdurando, como perduram, essas dúvidas, cuja elucidação poderá permitir de futuro critério simplificador e uniformizador (assim como, eventualmente, o esclarecimento da diferença do · regime nasal nas diversas áreas dialectais portuguêsas), tudo milita em favor da mais estrita observância da representação das nasais; se, porém, não houver regularidade manifesta, ou mesmo preferência definida, em cada vocábulo considerado isoladamente num ap6grafo, será admissível •a uniformização, devendo, porém, o critério uniformizador constar explicitamente das edições, com menção, se possível, a cada caso, no aparato crítico, das discrepâncias; g) as vogais nasais dúplices, acentuadas ou não acentuadas, via de regra são, com relativa regularidade, representadas pelo til sobreposto a meio de ambas as vogais ; é o critério que deve ser seguido na edição crítica, embora importe reconhecer a necessidade de fundir tipos especiais para tal fim; se, porém, o ap6grafo fôr regular já no uso do til sôbre a primeira vogal, já

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no seu uso sôbre a segunda, nada obstará a que essa regularidade seja respeitada - devendo constar do aparato crítico as eventuais discrepâncias ; h) os ditongos nasais se regulam, via de regra, pelo seu respeito puro e simples, tal como aparecem nos ap6grafos, pois via de regra é sôbre a vogal base do ditongo ~ue vem o til; se, porém, êste vier regularmente sôbre o meio das duas ou sôbre ambas, bastará representá-lo com o til sobreposto a meio; II - O uso das consoantes, entretanto, comporta algumas simplificações e regularizações sistemáticas, ressalvados os casos 'de lapsus calami; destarte : i) as consoantes simples, iniciais, mediais ou finais não devem ser modificadas ; j) as consoantes dúplices iniciais podem ser ísistemàticamente simplificadas, pois tudo nos autoriza, já hoje, a crer que sua duplicação antes decorria da conglomeração da escrita e do esfôrço de distinguir o traçado delas mais do que o revelar quaisquer matizes fonéticos diferenciais; sua simplificação deve fazer-se também quando ocorriam como mediais, em conseqüência de escrita conglomerada com uma palavra proclítica; k) as consoantes dúplices mediais também podem ser sistemàticamente simplificadas, salvo, é óbvio, nos casos de -ss- e -rr-; não há no período arcaico, salvo exceção ocasional, -oo- ou -cç-, que poderiam postular dúvidas quanto à pronúncia; quanto ao -R- (erre maiúsculo mediai - ou inicial - para indicar o equivalente de -rr- ou r-),· não há por que respeitá-lo, devendo ser transcrito já por -r- (honRa), já por -rr- (coRo) ; quanto aos -ll-, cumpre sempre atentar, conforme o ap6grafo, se se trata de simplificáveis a -l- ou de transcrição equivalente a -lh-, que deverá ser a seguida; o equivalente se dirá de -nn-; quanto aos -mn-, nas raras ocorrências, convém mantê-los, pois - coerente com o princípio (f) supra - o primeiro -m-. pode ser (quase sempre é) sinal de nasalação da vogal anterior ; 1) as consoantes dúplices finais podem, sem vacilação, ser simplificadas, pendendo eventual dúvida quanto aos raros casos de -ll, respeitáveis eventualmente; m) os grupos consonânticos, isto é, duas ou mais consoantes diferentes sucessivas efetivamente pronunciadas na mesma sílaba, quer iniciais, quer mediais (não os há finais), não comportam simplificaçâo ; n) os dígrafos - duas consoantes que represeniam um só fonema· - são normalmente ch- ou -ch-, lh- ou -lh- e nh- ou -nh-, além dos referidos em (k) supra; o primeiro, ch- ou -ch-, deve

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sistemAticamente ser respeitado, pois jamais se confunde, no período, COm X- OU -X- (e, em OCOrrendo semelhante confusão, deve ela ser respeitada, pois se tratará de indícios primeiros da transição de [c] para [s] ; caso, porém, se queira "restaurar" a gr~fia, deve o aparato crítico, indispensàvelmente, consignar o particular) ; o segundo, th- ou -lh-, deve também ser respeitado, servindo também para a transcrição de ll- ou -ll- com êsse valor, conforme (k) supra; o terceiro, nh- ou -nh-, deve também ser respeitado, servindo também para a transcrição de nn- ou -nncom êsse valor, conforme (k) supra; nos dois últimos usos, ou se faz menção do critério no prefácio, ou se faz a cada caso no aparato crítico da edição, conforme fôr mais cômodo, vale dizer, conforme fôr sistemática ou não a representação dos fonemas tais no apógrafo ; o) quanto a u- ou -u- com valor consonântico, deve ser representado por v- ou -v-; i- ou -i- com valor consonântico, por jou -j-; v- ou -v- com valor vocálico · deve ser representado por u- ou -u-, e j-. ou -j- ou -Y- com valor vocálico, por i- ou -i-; de tudo, mera menção no prefácio da edição crítica; p) o regime das maiúsculas deve ser modernizado, se pos· sível segundo um cânon coerente; q) os números, figurados em algarismos arábicos ou romanos, devem ser respeitados nessa figuração, explicando-se, em nota, se fôr o caso, as eventuais dificuldades de interpretação; os romanos, ainda que em caracteres minúsculos no apógrafo, podem ser tipografados em versais ou, se fôr o caso, em versaletes ; r) as abreviaturas e abreviações, os signos, de um modo geral, as reduções, devem ser desfeitas; os casos dubitativos, se desdobrados, deverão no aparato crítico ser objeto de figuração, podendo-se, porém, deixá-los como tais no texto, justificando-se em .nota a razão · da manutenção e a dúvida que a determinou; s) o h- ou -h-, em função de mero encorpamento (hi, hu) e de hiatização ( soltouhos; sem o -h- poderia ser soltouos, que poderia 11er lido solto-vos ou soU ou-os), pode ser sistemàticamente proscrito, impendendo, porém, respeitá-lo nos casos duvidosos; em contrapartida, às formas que hoje postulam, pela convenção ortográfica vigente, h- ou -h-, se no apógrafo ocorrem sem êle, sem êle devem ficar : ·a ver, omé; t) as conglomerações gráficas - todallacousas, entOdavida -, as aglomerações de proclíticos - acerteza - , ou de enclíticos - fezelhe - podem ser sistemàticamente desfeitas, segundo a separação vocabular atual, desde que não comportem deformação

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do fato lingüístico; assim, em tôda vida, mas todaku cousas, a certeza, feze-lke; há uma alternativa: separar tão-somente as palavras acentuadas - tôda vida -, as proclíticas às palavras acentuadas - a certeza, em tôda vida - , mas não as enclíticas a formas verbais - fezelke- ; . u) usar do hífen tão-somente para as enclíticas (e mesoclíticas) às formas verbais, como critério único sistemático, se se adotar a separaÇão das enclíticas; não abrir quaisquer exceções, nem para el, salvo se ocorrer no próprio ap6grafo (o que não será de esperar) o hífen; seu outro uso será na partição vocabular, de fim de linha tipográfica, que se poderá fazer segundo o cânon atual, caso não se postule problema de divisão silábica, pois então deverá ser evitada a partição vocabular de fim de linha, com a "justificação" (para mais ou para menos) tipográfica; v) o ap~trofo deverá ser usado s6 para fins distintivos, a saber, em formas que poderiam, ser mal interpretadas: d'obrar (no ap6grafo, dobrar), para distinguir de dobrar; e tais casos devem ser mencionados no aparato crítico ; x) as formas estropiadas, quando sistemáticas ou predominantes, deverão ser respeitadas; quando casuais, poderão ser corrigidas, se forem típicos lapsus calami ou lapBUS mentis explicáveis, o que será· mencionado no :aparato crítico; os estabelecimentos de textos de base arquetípica pressupõem a correção de tais formas, segundo os cânones ecd6ticos, quando fundada; y) os dígrafos qu- (e -qu-) e gu- ( -gu~), quando representarem, incontroversamente, um s6 fonema, respectivamente [k] e [g], deverão seguir a norma ortográfica atual: quer, segue, mas sigo (por siguo) e fico (por fiquo); se, porém, houver dúvida quanto à pronúncia de então, v.g., quaderno, auguada, deverá ser mantida a forma do ap6grafo ;

z) a acentuação gráfica poderá conformar-se ao cânon ortográfico vigente, mas com tresdobrada vigilância, pois duas ordens de adulterações lingü.ísticas podem advir de seu uso indiscriminado ou pouco prudencial, a saber; primeiro, não serão poucos · os casos de modificação de timbre de certas vogais tônicas, de modo que tanto o acento agudo quanto o circunflexo poderão, inadvertidamente, ser colocados sôbre vogal então de timbre fechado ou aberto, respectivamente, podendo tampém ocorrer eventual inconveniência no uso do trema, a indicar pronúncia de u (em qu-, gu-, ou -qu- ·ou -gu-) em que tenha ocorrido restauração tardia sob influo gráfico ; segundo, não serão raros os casos em

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que a acentuação gráfica diferencial - tipo reboco/rebôco constituirá um anacronismo, um verdadeiro procronismo, pois que o uso da diferenciação se postularia a rigor dentro da sincronia, o que exigirá do acentuador verificar se o vocábulo oponenciado ao acentuado existe ao tempo em que se coloca o texto.

5. 3. 2. 8 Com relação à pontuação e - decorrentemente seccionamento do texto (partes, livros, capítulos, parágrafos; unidades poéticas, versos, disposição estrófic.a.), o critério fundamental é respeitar, na medida do possível, as indicações do apógrafo. Estas, via de regra, são parcas, limitando-se, freqüentes vêzes, às partes, livros, capítulos, de um lado, e a unidades pOéticas (poemas, cantigas, canções), de outro lado, no período arcaico. Em conseqüência, cabe ao editor-de-texto proceder ao resto: de um lado, paragraf.ar, de outro, ver as unidades estróficas, os versos, e, em ambos os setores, de prosa e de verso, proceder à introdução de vírgulas, pontos e vírgulas, pontos, pontos de interrogação, de exclamação, travessões dialogais, travessões parentéticos, parênteses, reticências e o mais. Quando, porém, o apógrafo encerrar aspectos característicos do ponto de vista da pontuação, elucidativos para a ''cadeia melódica ~ rítmica do texto, será de tôda a
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5. 3. 3 .1 Dois padrões principais de disposição editorial · devem ser considerados : (a) quando se estampam o fac-símile do a pógrafo (ou de um incunábulo) e o texto crítico, (h) quando se dá, tão-somente, o texto crítico. No primeiro caso, ou o fac-símile é estampado htdo a lado com o texto crítico, ou o é antes, ou o é depois; dos três critérios escusa ressaltar a vantagem (com a correspondente dificuldade) do estampamento lado a lado. 5. 3. 3 . 2 Os elementos seccionais, pois, de uma edição erítica compreendem as seguintes partes: a) prefácio, ou introdução, ou nota prévia, ou concomitantemente; uma das três unidades apenas, quando a matéria que deve servir de explicação ao leitor é reduzida; duas a três unidades, consoante fôr a extensão da explicação. Sendo esta longa, o prefácio, de regra, historia as circunstâncias externas do tentâmen editorial e, de regra, consigna os agradecimentos do editorde-texto às entidades e pessoas que lhe e_m prestaram o concurso de seu apoio, amparo, estímulo ou colaboração; a introdução, subdividida em tantas partes quantas forem necessárias - uma du quais pode ser o equivalente do conteúdo da nota prévia, que, assim, desaparece como unidade .própria -, dá, necessAriamente, a história do .autógrafo ou dos apógrafos, sua localização, suas características formais, materiais e intrínsecas, as fontes de elaboração do texto-crítico, o critério editorial para a restituição ou estabelecimento do texto ; a nota prévia, em ocorrendo, via de regra lle limita a um de vários valôres de que se . componha a obra, e nela se recapitulam ou se consignam certos fatos gerais · ou particulares diretamente relacionados com o volume; h) o texto crítico, que deve ser acompanhado de seu aparato crítico; o aparato crítico, por sua vez, ou bem se constitui de um só corpo, ou bem de vários corpos - consoante fôr sua extensão e a natureza das notas que encerre - ; essas notas, se forem exclusivamente ecdóticas, isto é, se consignarem apenas as variantes e justificarem sumAriamente a . lição crítica, poderão reduzir-se a um corpo; se, porém, forem longas, poderão ser distribuídas em subunidades próprias, segundo um plano sistemático; em ambos os casos, o ideal será que tais notas fiquem no rodapé do próprio texto crítico ou venham após cada. unidade seccional do texto-crítico, tal o critério seguido por CELso FERREIRA DA CUNHA, que na obra invocada ( cf. CUND) faz estampar, após cada uma das sete cantigas de MARTIN CODAX, o aparato crítico subdividido em (a) classificação, (h) manuscritos, (c) variantes dos manuscritos, (d) lição crítica e (e) traduções.,

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c) decorrências sistemáticas da ediçlo crítica, tais como glossário, vocabulário, dicionário do texto-crítico, gramática, estilística, história literária, material êste subdividido em tantas unidades próprias quantas forem as conveniências determinadas pela exposição metódica e ordenada dos fatos; d) bibliografia ; e) siglas e abreviaturas; f) índices; importando, porém, quanto às três últimas ordens de fatos ( d, e, f), levar em consideração o que a respeito se diz no lugar próprio dêste livro.

CAPÍTULO

VI

ORIGINAIS MODERNOS PORTUG~S MODERNO Os fil6logos ligados ao estudo da língua portuguêsa reconhecem com certo unanimismo que o estado lingüístico da mesma, na transição do século XV para o XVI, sofre uma alteração quantitativa e qualitativa substancial, que permite separá-la em período arcaico, até fins do século XV, e período moderno, a partir do século XVI. A alteração quantitativ~ é essencialmente ca.. racterizada pela incorporação maciçamente crescente de vocábulos de proveniência erudita, preferentemente latinismos no início, em breve helenismos, e g.alicismos e espanholismos,. mais tarde anglicismos, sem citar incidências de outras origens. No que se refere aos latinismos, o processo - mais ou menos geral em tôdas as línguas românicas e mesmo não românicas, mas de cultura nacional ocidental - chegou a tal ponto, que, num dado· momento, como que ficou implícita na mente dos escritores e dos culturalizados a noção de que, potencialmente, todo o vocabulário latino era transferível para o da língua portuguêsa, mediante adaptações mínimas aos padrões morfol6gicos portuguêses. :&se - e o das outras origens também - afluxo vocabular, na medida em que se divulgava na língua escrita, se tomava potencialmente popular. E a disseminação de vários dêsses originalmente eruditismos na linguagem coloquial dos centros urbanos iria violentar os padrões fonéticos da língua, precipitando o processo da pr6pria deriva na transição do período arcaico para o moderno e na caracterização dêste. Destarte, além de certas alterações qualitativas da deriva mesma da língua, assistiu-se à subversão dos padrões fonéticos,' dos morfol6gicos e dos sintácticos, sem falar nas variedades estilísticas potencializadas e .· r,ealizadas com êsses elementos qualitativamente novos. No plano-fonético, divulgaram-se ritJDQs voca,bulares pouco freqüentes anteríormente - a não ser com a adjunção de vocábulOs encliticos às formas verbais -, tais os proparoxítonos ; principiaram a aparecer novos grupos consonânticos, próprios e impr6prios, êste últimos, aobretudo, represen-

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tando verdadeira inovação estrutural, com um número considerável de consoantes implosivas at.é então desconhecidas na língua - digno, apto, abdicar, pacto, adscrever, afta, amnésia, hífen, ritmo, fixo; no plano morfológico - além da síncope do [d] das desinências número ·pessoais verbais, que, com ditongações decorrentes, já era fator· de diferenciação na transição em aprêço -, inovaram-se padrões de formação de gênero, número e grau, mormente nas formas sintéticas do adjetivo e de tipos eruditos no substantivo, sem contar a disseminação de umas quantas preposições e locuções prepositivas, conjunções e locuções conjuntivas; introduziram-se formas, para os numerais, eruditas, nos próprios cardinais, nos ordinais, nos multiplicativos, nos fracionários ; no plano sintáctico, a um tempo, verificaram-se novas inversões, por vêzes violentas, novas concordâncias e regências, presidindo, muitas vêzes, a essas modificações um critério predominantemente lógico-gramatical, com arbitrárias, . às vêzes, proscrições de torneios sintagmáticos e sintácticos afetivos ou de relações subjetivogramaticais. A expansão ultramarina português& coroaria, por fim, êase processo, com a adjunção de novos conceitos, objetos e coisas e os nomes originais que os designavam nas línguas em contacto demográfico, malgrado á separãção geográfica entre elas existente (cf. VASD, SILT, WILL, DUNN, DIIS, COUT, ALIP, passim, entre outros). 6 .1 EDIÇÕES CIÚTICAS DE AUTORES MODERNOS - :Qsse quadro, sumaríssimo, explica o estágio ortográfico divulgado na língua português& a partir do século XVI - em que, à tendência fonetizante anterior, se sucede a tendência pseudo-etimologizante. Neste livro, já foram considerados os aspectos fundamentais da questão ortográfica e os critérios que devem presidir ao estabelecimento ortográfico dos textos críticos modernos, entre o século XYI e os nossos dias. O estabelecimento de textos críticos de autores modernos, embora encerrando as peculiaridades dos textos medievais, não pode ser considerado fácil ou de secundária importância. Aliás, há, é óbvio, uma gradação diferencial segundo a cronologia: assim, um texto crítico de um FRANCisco DE SÁ DE MIRANDA, de um Luís DE CAMÕES, no século XVI, de um ANTÔNIO VIEIRA, um GREGÓRIO DE MATos, no século XVII, de um TOMÁS ANTÔNIO GoNZAGA, um CLÁUDIO MANuEL DA CosTA, no século XVIII, de um CASIMIRO DE ABREU, de um MARTINS PENA, no século XIX, de um EucLIDES DA CuNHA, um LIMA BARRETO, no século XX, não apresenta as mesmas peculiaridades e as mesmas dificuldades. Nada mais ilustrativo, destarte, do que ver como se desencumbem da tarefa do estabelecimento de texto, crí-

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tico ou simplesmente idôneo, conhecedores eminentes da língua como CAROLINA MrcHAELIS DE VASCONcELOs, AuGusTo EPIFÂNio DA SILVA DIAs, JosÉ MARIA RoDRIGUES, HERNÂNI CIDADE, ÂNTÔNIO SÉRGio, I. S. RÉVAH, Luís FILIPE LINDLAY CINTRA, MANUEL RoDRIGUES LAPA, ou SousA DA SILVEmA, CELSO FERREmA DA CuNHA, ÂURÉLIO BUARQUE DE HOLLANDA FERREIRA, DARCY DAMASCENO, citados ao acaso dentre representativos. Â propósito, tarefa crítico-bibliográfica de louvável importância seria proceder ao levantamento das obras já publicadas em português sob critérios ecdóticos ou idôneos, a partir de 1900 por exemplo, quando se pode considerar como relativamente consolidada a moderna concepção crítica textual. ~sse tombamento, se feito êle também criticamente, seria de extrema utilidade. para o feiçoamento de uma escola brasileira de crítica textual, de que estamos tão necessitados. Faltando, infelizmente, guias sistemáticos de boa ini· ciação na matéria, suficientemente genéricos, impõe-se o recurso aos de língua estrangeira, do tipo de CHAUNCEY SANDERS ( cf. SAND) OU de BOWERS FREDSON ( cf. FRED). Ótimo balanço geral da. questão é feito por EDWARD B. HAM, cuja bibliografia crítica final é excelente (cf. HAME).

6 .1.1 Estemát-ica - O trabalho ecdótico para autores do século XVI para cá apresenta, do ponto de vista estemático, as seguintes situações principais: (a) há o manuscrito autógrafo da obra, (b) há a editio princeps (ou, acaso, editiones principes para uma só obra), não subsistindo o manuscrito, (c) não há os dois elementos anteriores. 6 .1.1.1. Quando há, supérst!te, o manuscrito, podem ocorrer três hipóteses, (a) a ideal, em que, além do manuscrito, há a editio princeps e edições em vida do autor e após sua morte; (b) a excelente, em que há o manuscrito e edições em vida, e (c) a boa, em que há o manuscrito e edições póstumas. O estema consistirá, em todos êsses casos, em partir da origem, o "ms", como base do texto por estabelecer, importando, porém, capitalmente o cotejo de editio princeps, na primeira hipótese, assim como das edições em vida: . § que, não raro, na impressão da princeps e, não raro ainda, nas subseqüentes, vivo o autor, êste se permite - o que lhe é direito inalienável - alterar a versão manuscrita sôbre as provas tipográficas. O trabalho crítico deve partir do pressuposto de que a melhor versão da obra se encerra nas concordâncias lingüísticas e estilísticas dessas peças, importando, para as discrepâncias, duas ordens de critérios: o manuscrito, depois a princeps, por fim as edições em vida apresentam-se, sucessivamente, em grau de prioridade para as variantes tipográficas tí-

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picas, enquanto, para as conceptuais, nocionais e estilísticas. a prioridade parece, via de regra, dever ser concedida em ordem inversa: no primeiro caso, subsana-se ao princípio de que não há impressão tipográfica e nova composição tipográfica sem adjunção de erros tipográficos; no segundo caso, respeita-se o princípio de que ao autor assiste o direito de melhorar, do seu ponto de v~sta, a sua mensagem. Em ambos os casos, porém, os fatos externos à obra - os biográficos do autor, os históricos do im})ressor, a conjuntura da época (censura, sanção, fraude, contra~ fração) - podem subverter a ordem de _prior!dade. Nestas condições, o aparato crítico deve levar em conta as discrepâncias conceptuais e nocionais, e discuti-las motivadamente, para ·a adoção de um padrão. Na segunda hipótese, em que há o manuscrito e edição ou ed!ções em vida, mais o conhecimento histórico da perda da princeps, se pode ser levado, do cotejo do manuscrito com as edições em vida, a restituir a princeps, na sua lição arquetípica, ou bem se pode ser levado ao critério anter!or, em que o elo da princeps não é levado em conta, pura e simplesmente, no estabelecimento do texto, mas tão-sõmente na motivação do aparato crítico. Na terceira hipótese, em que há o manuscrito e lpenas edições p6stumas, dificilmente se poderá - sobretudo nas condições editoriais da língua português& - chegar à restituição do arquétipo, salvo exceção felicíssima, devendo assim o manuscrito servir de base para o estabelecimento do texto e podendo as edições póstumas - estabelecido o seu estema - servir para a motivação do aparato crítico. 6 .1.1. 2 Quando não resta o manuscrito, o autógrafo da obra, podem ocorrer também três hipóteses: (a) a excelente, pois se conta com a princeps e edições em vida; (b) a boa, em que se conta com a edição princeps e póstumas, e (c) a razoável, em que se conta imicamente com a pri~ps. Em tôdas as três hipóteses, a base para a constituição do texto crítico é, necessària.mente, a edição príncipe; mas, na primeira, as discrepâncias nacionais e conceptuais podem ser subsanadas pelas edições em vida, o mesmo ocorrendo com certos erros tipográficos; e, na segunda, elementos para . a boa interpretação crítica são não raro propiciados pelas edições póstumas, que podem servir, pois, como moth·ação para o aparato crítico; na terceira, o editor crítico se atém, necessàriamente, ao texto único. Se em princípio se pode (ou deve) dar prioridade à edição príncipe, trata-se, em verdade, ie princípio não mecânico, pois sua prioridade tempóral não significa, necessAriamente, prioridade qualitativa : ao contrário, o

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exame interno das edições em vida (inclusive a príncipe) pode, aliado à história externa e biográfica, levar o editor-de-texto a uma edição em vida outra, que tanto poderá ser a segunda,· como a terceira, como a enésima, como a última. Há, por fim, a situação em que não se conta nem 6 .1.1. 3 com o manuscrito, nem com a edição príncipe. A edição em vida, via de regra, merece prioridade, combinada com as considerações conjeturais acima expendidas. Se, porém, não há edição em vida, o estema das póstumas dará o critério informador do texto constituído, critério em que, via de regra, o estema acaba por militar pela mais antiga edição póstuma, embora não necessàriamente, pois eventualmente a mais antiga em data pode não remontar a uma fonte mais antiga. 6 .1.1. 4 Cumpre, nas condições da estemática para as obras impressas, levar em extrema consideração uma possibilidade: a de que existà um texto i~presso, de edição príncipe ou de ediçãG em vida do autor, por êste revista, texto impresso revisto que pode, ocasionalmente, não ter vindo à luz em forma de nova edição; e, complemento da hipótese anterior, cumpre levar em extrema consideração, como base de texto por constituir, a edição em vida que leva a menção de "definitiva" ou equivalente por parte do autor. 6. 2 EDIÇÕES CIÚTICAS E EDIÇÕES FIÉIS Nas condições das obTas escritas depois do século XVI, é costume procurar-se uma distinção entre aquelas que devam ser editadas com fins extralingüísticos daquelas que o devam com fins lingüísticos - compreendendo-se neste conceito (o que oponencialmente esclarece aquêle} as obras que, ademais de sua mensagem conceitual e significativa. · estética ou estritamente cognitiva, são editadas com rigor tal, que seus elementos constitutivos possam servir de fundamentação, exemplificação, abonação e sustentação de fatos lingüísticos e de hipóteses, teorias e doutrinas filológicas. Com relação às obras anteriores ao século XVI, a distinção parece modernamente ser ociosa: as dificuldades críticas que encerram são de tal natureza, que, em sendo o seu editor-crítico um filólogo, seu texto deverá ser seguramente bom para fins extralingüísticos; em sendo o seu editor-crítico não filólogo, será êle possuído de espírito científieo bastante para apelar para o concurso de um filólogo. Como, porém, a partir do século em causa, o acervo do material publicável aumenta progressivamente de monta, bem pode ocorrer ou que as vantagens comerciais ou que as urgências da documentação exijam sua publicação sem a prévia constituição do texto crítiClO

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6·. 2·.1 Textos fiéis e textos fidedignos - Ora o texto crítico, o texto fiel, se caracteriza pelo processo de seu estabelecimento e de sua motivação : além da recensão, do estema, da colação, da interpretação. encerra o aparato crítico, sem falar da introdução, em que se fixam os critérios gerais e especiais, em havendo-os. Isso, além do rigor científico com que é de presumir seja feito, é trabalhoso, moroso e, pois, dispendioso. Economia e urgência podem, por conseguinte, determinar edições de textos posteriores ao século XVI em que a totalidade das normas ecdóticas não sejá observada. Quais são aquelas que podem ser legitimamente dispensadas, sem que, contudo, cesse a validade científica, a fidedignidade da publicação T A resposta é alternativa: (a) ou bem se reproduz, ipsis litteris, o texto, segundo a estampação fac-similar (modernamente ainda - e por muito tempo - justificável) ou a composição diplomática (com os riscos e as contra-indicações já vistas para êste último critério), (b) ou bem se estabelece um texto idôneo, fidedigno, porém sem a totalidade do rigor ecdótico. 6.2.1.1 Tal texto idôneo, fidedigno - não propriamente crítico -, deve basear-se nos seguintes princípios: 1.0 ) deve ser calcado sôbre um único exemplar-fonte - que a história externa do texto determinará pura e simplesmente como base; 2.0 ) deve ter uma indicação prévia do critério que presidiu ao seu estabelecimento, critério em que se porão de manifesto quais as regras ecdóticas que foram observadas e quais deixaram de o ser; 3.0 ) dispensará o aparato crítico indicador de variantes e discrepâncias, mas poderá encerrar um sucedâneo dêsse aparato, para o fim informativo fundamental que orientar sua publicação, com a indicação, se fôr o caso, das variantes de formulação que possam dar margem a interpretação diferente do texto estabeleeido, do ponto de vista conceitual e nacional. 6.3 COMISSÃO MACHADO DE ASSIS - A 8 de setembro de 1958 ·o Consultor Geral da República, A. GONÇALVES DE OLIVEIRA hoje membro do Supremo Tribunal Federal - , dirigia ao presidente da República, JusCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA., parecer referente aos direitos autorais da obra de MAcHADO DE Assis, eoncluindo que caíra a mesma em domínio público. Reconhecida pública e notoriamente a baixa qualidade editorial com que a çande obra vinha sendo posta no mercado ledor brasileiro, foi eonstituída, por recomendação do presidente da República, no Ministério da Educação e Cultura, a Comissão Machado de Assis,

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com o fim de consolidar o seu texto. Criada a Comissão por portaria de 19 de setembro de 1958, vem ela trabalhando desde então, havendo sido baixada a 19 de julho de 1965 nova portaria ministerial que amplia o âmbito de atividades da Comissão a quaisquer escritores da língua portuguêsa que, a critério da Comissão, mereçam ter o seu cânon textual estabelecido criticamente. Se várias entidades culturais brasileiras, públicas ou privadas, se propunham tarefa assemelhável, a Comissão Machado de Assis pôde ter continuidade até os dias de hoje. E, embora até agora s6 haja publicado um volume da coleção machadiana projetada - o VI, Memórias póstumas de Brás Cubas, em 1960 (cf. ASSI) - já pôde (.a ) estabelecer o melhor corpo de doutrina sôbre edição crítica de autor moderno da língua, extrapolável, mutatis mutandis, a quaisquer outros escritores do período moderno e contemporâneo do nosso domínio lingüístico, e (b) preparar cêrca de catorze volumes, que não viram a luz por ora apenas por dificuldades financeiras. 6. 3 .1 Sob inspiração da Comissão Machado de Assis, além do volume acima citado, foram também tornados públicos (1) ReltJ... tório da Comissão MlUhado de Assis, que historia a vida da Comissão até março de 1959 (cf. COMA), (2) a Introdução M texto crítico das Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, de ANTÔNIO HOUAISS (cf. HOOA), (3) a Introdução a.o texto crítico do Quincas Borba, de Machado de .Assis, de ANTÔNIO Josi CHEDIAK ( cf. CHED), ( 4) um Plano do Dicionário das obras de Machado de .Assis, de ANTÔNIO HouAiss (cf. noou), sem contar estudos e pesquisas inéditos de importância de J. GALANTE DE SousA, mimeografados, e os que oportunamente serão publicados integrando os volumes regulares da coleção projetada. 6. 3. 2 Atendendo a que o segundo dos trabalhos citados acima constitui o padrão que serviu de base para os trabalhos da Comissão Machado de Assis; constituindo êle uma súmula de princípios ecdóticos modernos ap.licáveis a qualquer texto de valGI' lingüístico e literário comparável no âmbito da língua portug:uêsa na feição assumida .no Brasil, parece ao autor dêste livro .bom alvitre reproduzi-lo na íntegra, tal como foi apresentado à .comissão Machado de Assis - reprodução que se faz desacompanhada do texto mesmo a que se refere, porque o que se tem em vista, no caso vertente, é antes dar um exemplo concreto de critério informador de um texto crítico. A minúcia de remissões, embora não verificáveis contra o texto omitido, serve para mostrar como uma introdução, quando exaustiva, pode .aliviar de muito o aparato crítico de um texto dado.

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UMA APLICAÇÃO CONCRETA -

Eis a introdução em causa.

6.4.1.1 O texto das Memórias Póstumas de Brás Cubas• foi estabelecido do cotejo das edições a seguir referidas, antecedida eada uma da sigla remissiva que para ela se adota: A -

Memorias Posthumas de BrM Cubas, folhetim, na Revista Brasileira, Rio de Janeiro, tomo UI, 15 de março de 1880, pp. 353'372; tomo IV, 1.0 de abril de 1880, pp. 5-20; tomo IV, 15 de abril de 1880, pp. 95-114; tomo IV, 1.0 de _m aio de 1880, pp. 165-176; tomo IV, 15 de maio de 1880, pp. 233-242; tomo IV, 1.0 de junho de 1880, pp. 295-305; tomo V, 1.0 de julho de 1880, pp. 5-20; tomo V, 15 de julho de -1880, pp. 125-138; tomo V, 1.0 de agôsto de 1880, pp. 195-210; tomo V, 15 de agôsto de 1880, pp. 253-272; tomo V, 1.0 de setembro de 1880, pp. 391401; tomo V, 15 de setembro de 1880, pp. 451-462; tomo VI, 1.0 de outubro de 1880, pp. 5-17; tomo VI, 15 de outubro de 1880, pp. 89-107; tomo VI, 1.0 de novembro de 1880, pp.· 193207; tomo VI, 1.0 de dezembro de 1880, pp. 357-370; tomo VI, 15 de dezembro de 1880, pp. 429-439; B - Memorias Posthumas d6 Braz Cubas, por Machado de Assis, Rio de Janeiro, Typographia N:acional, 1881; C - Memorias Posthumas de Braz Cubas, por Machado de Assis, Terceira Edição, Rio de Janeiro, H. Gamier, Livreiro Edit01·, 71, Rua do Ouvidor, 71 e 6, Rua dos Saints-Peres, 6, Paris; D - Memorias Posthumas de Braz Cubas, por Machado de Assis, da Academia Brasileira, Quarta Edição, H. Garnier, Livreiro Editor, 71, Rue Moreira-Cezar, 71, Rio de Janeiro, 6, Rue . des Saints-Peres, 6, Pariz; F - Collecção dos Autores Celebres da Litteratura Brasileira, Memoria11 Posthumas de Braz Cubas, por Machado de Assis, da Academia Brasileira, Livraria Gamier, 109, Rua do Ouvidor, 109, Rio de Janeiro, 6, Rue des Saints-Peres, 6, Paris; G - Collecção .dos Autores Celebres da Litteratura Brasileira, Memarias Posthumas de Braz Cubas, por Machado de Assis, da Academia Brasileira, Livraria Garnier, 109, Rua do Ouvidor, 109, Rio de Janeiro, 6, Rue des Saints-Peres, 6, Paris; O - Obras de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, W. M. Jackson Inc. Editôres, Rio de Janeiro, São Paulo, Pôrto Alegre.

(•)

Anteprojeto apresentado por Antônio Houaiss, como . membro

da subcomisBão . integrada por êle mesmo, ANTONIO Jos& CHEDIAK, cm.so :FIIJulBnlA .OA CUNHA e Josf: GALANTII DI: SOUSA, à Comissão de Machado

de Assis, instituída por portaria do Ministro da Educação e Cultura, de 483, de 19 de setembro de 1958, e composta de AUSTRIXliSILO Dll ATAlDJ:, Joá RENATO SANTOS PERII:IRA, ÁNTÕNJO CANDIDO Dll MELO E SOUSA, ANTOND HOUAISS, ANTONIO Jos& CHEDIAK, AUGUSTO MIIYIIIl, Aua&uo BUAilQUII Dll HOLLANDA FI:RRBIRA, BARRiri'O FlLHO, BRITO BROCA, CIIILBO FERREIRA DA CUNHA, CIRO DOS ANJOS, EuGitNJO GoiiiiS, J. GALANTII Dll SOUSA, Josi SllllilXO l.KAL, L"OCIA MlOUII:L PII:RII:IRA, MARCO AUÚLIO Dll MOURA MATOS, M.úuo GONÇALVES Jlll MATOS e PII:RJXJRINO J ú NIOR, D•

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6. 4 .1 . 2 A é, ·incontroversamente, a primeira edição absoluta, mas não em livro, sim na Revista Brasileira, do Rio de Janeiro, tomos referidos supra, de 15 de março a 15 de dezembro de 1880, em dezessete folhetins. 6. 4 . 1. 2 .1 A impressão é em corpo 10 pequeno~ linhas de 222 pontos aproximativamente, cada coluna de mancha completa com 37 linhas - o que dá um predomínio do sentido vertical na mancha dito geralmente formato inglês. Nos cabeçotes há, nas páginas pares, "Revista Brasileira", nas páginas ímpares, "Memórias Posthumas", sendo a numeração nos cantos superiores externos de cada página. Cada folhetim foi - como se pode depreender · da numeração citada supra - cuidadosamente iniciado em página nobre, vale dizer, ímpar, com abertura de branco amplo, o que tudo revela a preocupação de permitir que os leitores viessem a fazer, .ev:entualmente, separatas, que, reunidas e encadernadas, dariam uni volume íntegro. Como, porém, alguns f
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tara. ~sse · alguém deve ser "G. CAMPISTA", cuja assinatura está ao alto da segunda guarda, recto, letra e tinta que se reiteram freqüentes vêzes no corpo do volume, em anotações geralmente de cotejo com a quarta edição, que é de 1899 : o manuscrito dêsse anotador deve ser de pouco depois, em tôrno da primeira década do século. 6. 4 .1. 3 B é, incontroversamente, a primeira edição em livro, embora a segunda como publicação. 6.4.1.3.1 É a m~ma composição de A, com apresentação diferente no geral e modificações no particular, o que autoriza a. reputá-la segunda redação pública - embora convenha relembrar que sem alterações ou modificações substanciais. As características tipográficas são as · apontadas supra, 6. 4 .1.1, visto tratar-se da mesma composição. Entretanto, a mancha difere, pois a coluna vertical 6 de 30 linhas, o que aproxima o volume do formato francês, embora não se trate de um típico carré, . dada a curteza da linha. Enquanto na impressão de A os capítulos não abriam necessAriamente página, nesta abrem, par ou ímpar, conforme o término do anterior. O cabeçote é "Memorias Posthumas de Braz Cubas", mas não ocorre nas páginas capitulares. O volume tem um índice in fine, em corpo 8, cujas páginas são numeradas à romana; a última destas é destinada a uma errata, que acusa êrro igual ao de A, no mesmo local da composição. Além do índice e do cabeçote, há também, como composição nova, os títulos dos capítulos e a numeração das páginas, que se faz, ainda, como em A, nos cantos superiores externos. 6.4.1.3.2 Embora mesma composição que a de A, a impressão foi objeto de maiores cuidados, precedida, como dissemos, de retoques na redação. As principais alterações são as seguintes, em relação a A : 1) introduz a dedicatória (1) • 2) elimina a epígrafe (7); 3) altera a composição ou a redação em: 9, 14, 18, 21, 30, 75, 78, 87, 88, 91, 102, 103', 104, 160', 246, 248, 272, 274, 276, 295, 316, 318, 319, 320, 322, 324, 327, 352, 435, 459, 478, 485, 487, 490, 491, 492, 493, 500, 569, 601, 604, 625, 63E!, 654, 684, 702, 706, 714, 723, 725, 726, 781, 808, 814, 819, 893, 897, 899, 900, 901, 940, 942, 943, 945, 946, 951, 952, 961, 971, 975, 991, (•) M remiMivas em n6meros inteiros da série natural são para os parágrafos do texto critico do romance, bem como para a parte correapondente do aparato, Mtampado em rodapé.

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992, 995, 1002, 1006, 1018, 1019, 1022, 1025, 1033, 1041, 1042, 1047, 1048 - alterações essas que são de extensão e importância diversas••. Dentre elas, porém, há inclusive cortes de capítulos inteiros, tudo consignado no rodapé. O exemplar de B de que se lançou mão para o 6 .4 .1. 3. 3 cotejo é do acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, à qual é oferecido autõgrafamente pelo autor. O papel, infelizmente, é de qualidade inferior ao de A., está amarelecendo e tende a partir-se com facilidade a qualquer dobra. 6. 4 .1. 4 C traz impressa a declaração de terceira edição, computando, pois, como primeira a da RevisttJ Bra.sileirtJ. 1ll que o pr6prio autor define a situação desta edição no pr6logo a ela destinado e que, por circUnstâncias ainda não esclarecidas, nela não figurou, mas sim na q,uarta, com uma contradição ostensiva, lá. ~sse pr6logo diz: A -primeira edição destas Memórias póstumas de Bráa Cubas foi feita aos pedaços na Revista Brasileira, pelos anos de 1880. Postas mais tarde em livro, corrigi o texto em vários Jogares. Agora que tive de o rever para a terceira edição, emendei ainda alguma cousa e suprimi duas ou três dúzias de linhas. Assim composto, sai novamente à luz esta obra que alguma benevolência parece ter encontrado no público.

Trata-ae, com efeito, (a) da segunda composição tipográfica, (b) da terceira redação pública, (c) da terceira impressão, (d) da terceira edição e publicação. A composição e impressão, já agora, são de Paris, como se vê do colofão a páginas 387: "Paris. Typ. Garnier Irmão~ 6, rua dos' Saints-Peres. - 447. 7.96.", sendo os dois últimos números, como é sabido, os indicativos do mês e ano da impressão, isto é, juiho de 1896. Trata-se, também, de ( .. ) :1!: dispensável, em principio, compulsar um exemplar de .A. e outro de B para estabelecer, 11 poateriorl, o cotejo em e&Wia. Basta. consultar o aparato nos números indicados e examinar as inscrições de variantes que estiverem sob a sigla A, única e tão-aomente - isto é, pela lição que B alterou, a qual llção A, já não constando do texto critico, consta, por isso mesmo, do aparato. Analoglcamente, a sigla B sõzinha ou as combinações de siglas que tlv•em B, mas não ·edições posteriores - isto 6, B, ou A, B - dão os textos inovados por O. A sigla C sozinha ou as combinações de siglas que tiverem C, mas não edições posteriores - isto 6, C, ou .A., B, C, ou .A., C, ou B, C - dão os textos inovados por D. A sigla D sozinha ou as combinações de siglas que tiverem D, mas não edições posteriores -~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

.A., D, ou C, D - dão os texto!! que seriam Inovados por B; não constituindo E, porém, elemento de nolll& colação, supomos [E] -+ 11'.

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um corpo 10, mas de ôlho maior que o de A + B, razão por que a entrelinha é mais fechada. O comprimento da linha é ligeirissimamente menor, -pois é de cêrca de 220 pontos, e a coluna é de 31 linhas. Com margens menores em todos os sentidos que B, inclusive com brancos reduzidos nas páginas capitulares, é um típico exemplar econômico do tempo. O cabeçote é, salvo nas páginas capitulares, onde não ap.arece, o mesmo - "Memorias Posthumas de Braz Cubas" - e a numeração é no canto superior externo. O volume não contém errata. Enquanto entre A e B há um número ponderável 6. 4 .1. 4.1 de retoques na redação, mas sobretudo de cortes, entre B e C há modificações que, não sendo quantitativamente iguais, são superiores qualitativamente, no fundo e na forma - até onde se pode falar nesses têrmos dicotômicos. ' Essas modificações, deve. mos antecipá-lo, já aqui, são também definitivas, visto como D, que é a última edição em vida do autor, as .encampará quase totalmente, com um mínimo de alterações. Mais de quinze anos eram passados da primeira redação, o autor pudera aferir criticamente o mérito do romance, a edição -ne varietur poderia ser pensada - é o que explica o prólogo para ela, que historia externamente o livro, em poucas palavras, p11ólogo de .· que -citamos, supra, uma passagem. O título dêsse prólogo, aparecendo como vai aparecer apenas na quarta edição, vai ser modificado neSBa conformidade, mas só aí, guardando, no corpo, a íntegra da redação original, em que o autor explícita - "Agora que tive de o rever para a terceira edição ... " - terceira edição a cujo respeito não cabe especular, pois as duas anteriores estão bem claramente referidas no mesmo prólogo. Enviada, quiçá, com a última prova, a recomendação de inseri-lo na edição que se revia, terá escapado, ou a urgência comercial terá determinado deixá-lo para depois, visto como já então deveria estar no ânimo dos editôres guardar a composição dessa edição para as futuras - o que efetivamente aconteceu. 6. 4 .1. 4. 2 Essa hipótese - essa· certeza, digamos - é corroborada veementemente pelo fato de que C, no seu índice, a páginas 383, diz, logo no início : "Prólogo da terceira edição ..... . VII". E a página VII- melhor, a fôlha VII/VIII - das partes preliminares da edição em causa até hoje não foi vista ou localizada em nenh_um exemplar de C. 6.4.1.4.3 · Nova composição, pois, e com retoques importantes, porque exprimem a maturidade literária do autor, convém rela':!ionar aqui os parágrafos em que se verificaram: 5, 6, 9, 11,

E L E M E N T OS

D~

B I BL I OL OGI A

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13, 14, 19, ~1, 24, 25, 26, 28, 29, 30, 43, 45, 47, 52, 58, 64, 70, 74, 75, 87, 88, 89, 92, 95, 96, 98,· 100, 103, 103', 104, 112, 115, 117, 129, 131, 132, 133, 135, 141, 144, 147, 161, 169, 172, 177, 189, 200, 201, 202, 203, 207, 211, 212, 215, 220, 221, 222, 224, 233, 238, 239, 241, 242, 245, 250, 261, 278, 280, 281, 289, 290, 291, 293, 3()1, 310, 311, 312, 313, 315, 318, 321, 322, 326, 327, 328, 332, 334, 337, 338, 339, 346, 349, 352, 356, 372, 373, 376, 378, 382, 386, 395, 399, 400, 401, 402, 403, 407, 415, 423, 424, 428, 431, 432, 433, 434, 437, 439, 441, 448, 449, 452, 453, 454, 457, 461, 466, 468, 470, 471, 472, 479, 490, 493, 495, 500, 502, 504, 522, 525, 533, 535, 537' 541, 544, 548, 552, 562, 565, 566, 577, 594, 601, 606, 607, 609, 611, 614, 62"5, 630, 631, 633, 635, 637, 639, 640, 644, 648, 650, 651, 653, 654, 655, 657, 661, 669, 672, 684, 685, 686, 695, 697, 698, 703, 706, 711, 712, 714, 718, 719, 724, 733, 734, 737, 738, 739, 745, 746, 747, 749, 750. 751, 753, . 754, 757, 759, 762, 764, 770, 776, 778, 781, 786, 787, 792, 794, 795, 797, 799, 801, 806, 807, 809, 810, 816, 820, 824, 832, 844, .. 845, 848, 850, 854, 855, 856, 857' 859, 868, 869, 883, 887, 889, 891, 893, 896, 897, 898, 900, 901, 902, 903, 909, 911, 912, 913, 914, 918, 919, 927, 928, 929, 931, 932, 934, 936, 938, 940, 941, 942, 943, 951, 952, 954, 955, 957, 962, 965, -968, 969, 971, 972, 974, 975, 978, 988, 989, 991, 992, 997, 998, 999, 1000, 1009, 1014, 1016, 1017, 1018, 1019, 1023, 1027, 1031, 1033, 1035, 1037, 1039, 1045. Nova composição, se de um lado o trabalho estilístico pôde fazer-se, sendo respeitado pelos compositores, de outro - fatalidade da tradição manuscrita ou impressa -, nov01 erros e erros novos aparecem. Nos lugares acima referidos vão, de um modo geral, as diferenças - voluntárias ou não .- que aparecem em C em face de A + B. 6.4.1.4.4 O exemplar de C de que se lançou mão para o trabalho de cotejo é do acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. De mau pa.pel, amarelece e é quebrável nas dobras. 6. 4 .1. 5 D também traz explícita a sua edição, quarta. Como C, sua datação está no colofão da página 387: "Pari~. - Typ. Garnier Irmãos, 6, rue des Saints-Peres. - 379.7. 99", sendo, como se disse acima, os dois últimos números indicativos do mês e ano da impressão, isto é, julho de 1899. Nesta é que vem impresso o "Prólogo da quarta edição", que, em verdade, se destinaria à terceira, conforme consideramos em 6.4 .1.4.1 a 6.4.1.4.2, .supra. Trata-se de (a) uma reimpressão da segunda composição tipográfica, (b) da quarta redação pública, (c) da quarta impres-

282

ANTÔNIO

BOUAISS

são, e (d) da quarta edição e publicação. Tôdas as características: tipográficas da sua composição original, consideradas em 6.4.1.4,. cabem para esta, inclusive nó não contar com errata. Os retoques de O + D são, tipográfica e lingüis6. 4 .1. 5 .1 ticamente, em número muito reduzido, confirmando a asserção de que o ânimo autoral defintivo já estava atingido em O - ver 6 .4.1. 4.1, supra. 6. 4 .1. 5. 2 Importa, isso não obstante, consignar as principais poucas modificações trazidas a D em relação a O : 5, 112, 282, 399, 599, 778, 871, 889, 913. Escolhida, que foi, D como texto de base, por ter sido o último em vida do autor, mas caracteriZado como foi, o ânimo autoral definitivo em O, cumpre examinar se a tradição O + D não detei'iorou o texto, de modo que devamos, agora, lamentar a escolha de D como texto de base: Sendo J) mera reimpressão da composição de O, importa ver que tipos variantes se verificam entre ambas; e estas, acima localizadas, são as seguintes : 1) no parágrafo 5, O diz "achar nêle", êrro tipográfico que D corrige para "achará nêle"; 2) no parágrafo 112, O diz . "minha família en ter", êrro tipográfico que D corrige ; 3) no título do capítulo XXVIII, cujo primeiro parágrafo é o 282, O diz "Contanto que" (sem reticências), que D corrige para "Contanto que ... "·; 4) no parágrafo 285, O (seguindo Á e B) põe "O Conse. lheiro Dutra; não conheces", que D p,assa para "O Conselheiro Dutra, não conheces", lição esta que não parece constituir ·correção deEberada; 5) no parágrafo 399, O (seguindo Á e B) põe "e o colocam em cima, e o traspassam", que D passa, corrigindo fundamentalmente, para "e o colocam em cima e traspassam"; 6) no parágrafo 599, O (seguindo a boa lição de A e B) tem "de ter saído. A baronesa", lição que, por acidente de manipulação dos paquês tipográficos, passa, com perda do ponto, a "de ter saído A baronesa"; 7) no parágrafo 778, O diz "em diálogo como o embrião", que D corrige para "em diálogo com o embrião" ; 8) no parágrafo 871, O divide a palavra "super-/fina" em fim da linha, tal como é indicado pela barra oblíqua; mas a sílaba fi inicial de linha está de pernas para o ar, o que D cor· rige;

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

283

9) no parágrafo 889, C adultera lição característica de A e do vocabulário do romance, alterando uma táctil e gustativa "tenrura de carnes !" para uma eufêmica "ternura de carnes! ", adulteração que D corrige; 10) no parágrafo 913, C adultera (caindo involuntAriamente num precioso caso dialectal que aqui não pode, de modo nenhum, ser assim considerado) A e B, pondo "logo adiente", que D corrige devidamente para "adiante"; e 11) no parágrafo 954, C, adulterando a tradição A + B, deforma o texto, pondo "ou, por outra, explicou-o", que D, coerentemente, corrige para "explico-o". Vê-se, assim, que das onze variantes entre C e D, há, pelo <menos, nove correções necessárias, contra uma duvidosa, a do parágrafo 285, e unia lição adulterante, a do parágrafo 599, fe. lizmente, esta, do tipo de êrro tipográfico óbvio. A crítica interna confirma, no caso do romance em aprêço, .a exatidão do critério de se haver, por motivos de história externa, -escolhido a última edição em vida do autor, D, como a do texto de base. Tratando-se de composição manual de tipos soltos, ou de composição em monotipo, as duas únicas que comportam o êrro con· signado no parágrafo 871 de C, o uso dos paquês de página per· mitiu, na reimpressão de D - o que irá ocorrer, antecipemos, -com P e G - , a queda de um ou outro sinal, que geralmente -deixa pequenos brancos característicos do vazio, sobretudo em fins certos casos, houve - como de linha · ej ou fim de página. nos exemplos acima aduzidos - nova composição de linha ou, pelo menos, nova ajustagem de página, para a boa imposição, o que se vê, por exemplo, com mais clareza nas páginas 385 a :387, do índice. Além da substituição do colofão, na página 38, há um apertamento no título do capítulo XC, na página 385, em D, contra C, do mesmo modo que o número do caderno - 22 - fica mais junto da mancha. ·6 .4 .1. 5. 3 O exemplar usado na colação pertence ao acervo ·da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 6.4.1.6 F e G são a composição de C, através da versão por .esta assumida em D. Se E• efetivamente existe, não tendo sido tomada em linha de conta, aqui, pode, entretanto, explicar algu-

--+· B

Em

<•> De fato, existe. :S: o que se verificou, tão pronto terminado o trabalho presente. Tratá-se de um exemplar da propriedade do Senhor Joú Sl:aulo LBAL, cuja fôlha de rosto é absolutamente igual à de P .e de G, ver 6.4 .1 .1, aupra. O colofão, entretanto, como é natural, é

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ma adulteração veja-se bem, adulteração - de F, que as ex. plica de G. A importância de E, entretanto, não é grande, jé que representa um elo da tradição de C, mas um elo post mortem· at~tctoris, para o qual, sabidamente, não ficou recomendação de errata (que aliás teriam repercutido em F + G). 6.4.1.6.1 F traz em seu colofão, a páginas 387, "Imp. A. Dersé, 9, rue Edouard-Jacques, Paris, 5-21", isto é, maio de 1921. Trata-se, como se vê, de nova tipografia, mas que terá tido apena!l função estr!ctamente impressora (e os trabalhos subseqüentes), pois a composição é, sem remota sombra da mais longínqua ·d úvida, a de C ·+ D. 6.4.1.6.2 G traz em seu colofão, a páginas 387, "Imp. d'Edi· tions, 9, r. Edouard-Jacqnes. Paris France. 9-24", isto é, setem. bro de 1924. A mesma observação feita supra cabe aqui, com relação à função da tipografia. 6. 4 .1. 6. 3 Concordantes entre ·si pràticamente em tudo salvo acidente de manejo dos paquês -, discordam muito ligeira· mente do elo anterior, D. Um dos traços diferenciais mais ostensivos - porém externos - é que F e G têm nova fôlha de rosto, bem como nova numeração dos cadernos, no canto inferior esquerdo, quando ocorre. diferente: "Paris. - Typ. Garnier Irmãos, 6, rue des Saints-Perea. 301.1.1914" isto é, janeiro çle 1914 (e "1914" por extenso); comparar com 6.4 . 1. 6 .1 e 6.4 .1 .6.2, supra. AB características da impreSBão foram cotejadas, nos pontos principais, com os dois elos em que se insere êste E, a saber, o anterior, D, e o posterior, F. E se depreende que IJJ continua a tradição de D - herdando as correções e os defeitos de sua origem, isto é, os apontados em 6 . 4.1.5.2, .upra, noa parágrafos 5, 112, 282, 285, 399, 599, 778, 871, 889, 913 e 9M. Ao mesmo tempo no que se refere aos caracteres adulterantes de pequena monta que até então reputáramos especifico& de F -+ G nesta introdução - E fica entre ambos os elos em que se insere, isto é, ora apresenta a igualdade E F em algumas lições, ora apresenta a igualdade D E em outras lições. Com efeito, E é igual a D, formando a continuidade a + D + E, no parágrafo 762 (referido npra em 6 . 4 .1 . 7 .1), enquanto é igual a F, formando a continuidade divergente de D seguinte: E -+ .F ~ G, no parágrafo 850 (referido, também, em 6 . 4 .1. 7.1 .upra), bem como no parágrafo _90, referido em 6 . 4.3.2 .1 . Seja como fôr, porém, a situação de E, é ela intermediária, o que a faz estar, inapelàvelmente, ou em D (e, eventualmente, também em 0) ·ou em F {e, eventualmente, também em G). E, sendo como é, aBBlm, o seu achamento posterior à colação não altera a validade desta no mais mínimo pormenor, salvo por ·absurdo - de que aqui . não se cogita.

=

=

ELEMENTOS

DE BIBLIOLOGIA

285

6. 4 .1. 6. 4 Os exemplares de P e G usados na colação perten. cem ao Senhor J. GALANTE DE SouSA. 6.4 .1. 7 No que se refere às Memórias Póstumas de Brás Cubas, por conseguinte, a suspeição de infidelidade que eiva cer· tas edições Garnier - suspei~ão por vêzes apriorística, porque a composição foi feita em Paris - não tem cabimento, pois que tôdas as edições em causa são de uma e única compos1çao, C, feita com alterações fundamentais da redação, reiteradas, em menor quantidade, sobretudo do ponto de vista da revisão, em D, vale dizer, em duas oportunidades da· vida amadurecida de MACHADO DE Assrs, .em 1896, cêrca de quinze anos depois da primeira publicação, e em 1899, cêrca de dezoito anos depois. As edições F, de 1921, e G, de 1924, são, pois, tão valiosas quanto aquelas, salvo pormenores de pequena monta, que aparecem sempre no aparato crítico e que não são, aqui e agora, indicados, por irrelevant'es. 6. 4 .1. 8 O é, como vimos, uma das edições de W. M. J ackson Inc. Editôres. Trata-se, explicitamente, de composição e impressão novas, a fiar-nos de declaração no rodapé do verso da fôlha de rosto: Composto e impresso na Gráfica Editora Brasileirs Ltda., à rua Luís Gama, 185 - São Paulo, Brasil, em 1955..

Mas também pode ser que, em verdade, se trate, malgrado aquela declaração, de reimpressão de uma edição anterior, de 1953, adiante referida como N. Tanto no verso da fôlha de rosto de O, quanto no de N, consta o seguinte: Tanto a fidelidade do texto do presente livro como a sua forma vernácula, fixada pelo cotejo das mais autorizadas edições, são da responsabilidade de Ary de Mesquita.

declaração que não isenta a edição - referimo-nos particularmente a O - de falhas substanciais tanto de concepção do que seja o trabalho de cotejo das "mais autorizadas edições", quanto do que seja "forma vernácula". Além disso, há falhas outras, umas de revisão pura e simples, outras decorrentes de uma fixação de critério lingüístico• essencialmente errônea para: os nossos tempo - em que o princípio mais grave foi o de ter procurado a "melhor" lição, às vêzes no autor, às vêzes na língua ( !), o que empresta à edição uma fisionomia imobilista, falseando a essência da historicidade da linguagem de MACHADO DE Assrs, como fenômeno cambiante, vacilante às vêzes, flutuante quase

286

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BOUAI88

sempre, da expressão de uma personalidade. Nem didàticamente se justificaria - se por didático se quer coonestar a falsificação deliberada dos fatos - o critério ou os critérios indicados. Essa edição, não obstante, na qualidade de instrumento de trabalho, foi também objeto da colação, como não podia deixar de o ser, porque oferecia a obra em causa pela primeira vez na ortografia vigente entre n6s. 6.4.1.8.1 O aparato crítico que se estampa no rodapé desta edição não consigna senão uns poucos pontos - e, isso mesmo, assistemàticamente - em que O diverge das edições anteriores. Não foi, nem devia ser, nosso intuito evidenciar as deficiências dos elos da tradição do romance depois da morte do seu autor, noutros têrmos, não · podia interessar-nos maiormente uma edição que não explicitava sua origem - sobretudo quando esta não era complexa - nem indicava seus critérios. O cotejo, nesta, mesmo, a ter sido feito, foi epis6dico, incidente, para casos concretos e determinados. A origem de O, aliás, se pode . estabelecer como sem cotejo segundo o estema seguinte :

o~--{; isto é, O provém de um exemplar de F ou G•, apenas, por dois erros diretivos comuns que excluem a consulta a A, B, C, e D. ~sses erros são os seguintes : (•) A loealimçio de E - como dito na nota de rodapé anterior torna inconcussa esta auerção. Com efeito, enquanto no pad.grato 8líO a distribuição das siglas, com o achamento de E, p1U188. a ser: A,B "oferecia trinta contos, o Vtegas exigia" C,D "oferecia trinta contos, Viegas exigia" E,F,G "oferecia trinta contos Viegas exigia" O "oferecia trinta contos. Viegas exigia" podendo O, por conseguinte, ter aldo feita sôbre ou E, ou :B', ou G, já no parágrafo · 762 a dlatrtbulçio paua a ser: A,D "por que tem de resolver-ee na lama, ou no sangue, ou nas lágrimas '!" C,D,E "porque tem de resolver-se na lama, ou no sangue, ou nas lágrimas '!" :B',G "porque tem de reaolver-ee na lama ou no sangue, ou nas lágrimas '!" O "porque tem de resolver-se na lama ou no sangue, ou nas lágrimas '!" o que mostra, já. agora, a exclusão de E também, deixando-nos, sem apêlo, como origem do O ou F ou G .

ELEMENTOS

1)

DE

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BIBLIOLOGIA

no parágrafo 762 :

A.,B "oferecia trinta contos, o Viegas exigia"

C,D "oferecia trinta contos, Viegas exigia" F, G "oferecia trinta contos Viegas exigia" "oferecia trinta contos. Viegas exigia"

o

2)

no parágrafo 850:

A, B

"por que tem de resolver-se na lama, ou ou nas lágrimas T" C, D "porque tem de resolver-se na lama, ou no nas lágrimas T" F, G "porque tem de de resolver-se na lama ou ou nas lágrimas T" o "porque tem de resolver-se na lama ou no nas lágrimas.

no sangue, sangue, ou no sangue, sangue, ou

enquanto há um terceiro êrro que, filiando aparentemente O em C, se revela, entretanto, de tipo autônomo, pela possibilidade in· terna de coincidir, autônomamente, com a lição de C, deformando acidentalmente a boa lição que estava restaurada em D e daí em F e G, mas que, pela associação com os dois exemplos anteriores, temos de supor em F ou G apenas; é no parágrafo 889: A, B

"Que "Que D, F, G "Que O "Que

O

requinte requinte requinte requinte

de de de de

temperos! temperos! temperos! temperos!

que que que que

tenrura ternura tenrura ternura

de de de de

carnes!" carnes!" carnes!" carnes!"

6. 4 .1. 8. 2 Em O praticaram-se sistemáticas deformações lin· güísticas: além da inesperável deliberação de grafar oi quanto sincretismo houvesse do tipo ou I oi na língua, no tempo, no autor ou na obra; além de modernizar e fixar a flutuação das pretônicas e I i, o I u, em I im, om I um ; além de fazer desaparecer certos grupos consonânticos de possível pronúncia ao tempo, enquanto mantinha outros porque hoje pronunciados (não necessàriamente por todos, no Brasil ; e muitíssimo menos em Portugal), incide em deslizes outros, dois dos quais já verberados de público, o do parágrafo 9, em que "cláusula" se transforma em "clausura", e o do parágrafo 9'80, mais grave ainda, em que uma reflexividade se transforma em ação transitiva, com alterar um "Quis arrancar-me" - algo egoístico, se se quiser - num "Quis arr.ancá-lo" - muito altruístico, se se quiser, de Brás Cubas para com Quincas Borba.

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G.4.1.8.3 Precisamente porque O é edição . post mortem e sem maior idoneidade, . o aparato crítico desta edição não podia, sob pena de ficar muito atravancado, dar senão uma pequena amos. tragem das alterações sofridas pelo texto. E adotou um critério misto de amostragem: (a) foi sistemático, não omitindo nenhuma alteração, no que se refere ao sjncretismo do ditongo ou I oi, em que, por exemplo, a palavra cousa(s), que ocorre como ta] muitas dezenas de vêzes, ocorre como coisas apenas duas vêzes interjectivamente, o que lhe é a explicação estilística imediata mas é em O sistemàticamente e01:Sa(s), em que, por exemplo, a palavra dous, que ocorre como tal muitas dezenas de vêzes, ocorre como dois apenas uma vez, mas em O é sistemàticamente dois; ('b) foi assistemático, omitindo freqüentíssimas vêzes os fatos, para outras alterações. 6 .4 .1. 9 Ordenando cronologicamente as edições do romance segundo o levantamento de J . GALANTE DE SousA na sua Bibliografia de Machado de Assis, até uma edição mais, a aqui designada como O, indicamos lateralmente as siglas que lhes corres. pondem, pondo, entretanto, em grifo aquelas que entraram na colação para esta edição crítica : 188018811896189919141921192419371943 1944 19461946195019531955-

A B

c

D E F G H I J K L M N

o

6. 4 .I. 9.1 Importa, antes do mais, considerar o conceito de redação, para os fins críticos presentes. Além de significar a operação de pôr em linguagem, por escrito, determinada substân. cia mentada, significa, ademais, cada fase por que um texto passa, com solução de continuidade temporal, até atingir a demão final com que se apresenta à posteridade; essas fases representam, na intenção do autor, aperfeiçoamentos ou aprimoramentos, de conjunto ou de pormenor. Assim, a primeira fase, de elaboração, bem como cada uma fase de aperfeiçoamento ou aprimoramento,

ELEMENTOS

DE

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em relação à anterior, com solução de continuidade temporal, constitui o que é, aqui, chamada uma redação. E esta é redação pública quando foi impressa. As Memórias Póstumas de Bníl Cubas tiveram, destarte, além da redação constituída pelo ma. nuscrito, não pública, as seguintes redações públicas: ms+A +B+C +D

6 . 4 .1. 9 . 2 Essas redações bem como as edições do romance foram, entretanto, objeto de apenas algumas composições tipo. gráficas, a saber, A, C, H, I, L, N•. A já foi objeto de descrição, bem. como C, ambas em 6.4.1.1, supra. H é a primeira composição, impressão e edição de W. M. Jackson Inc., Editôres. I é uma edição dos Cem Bibliófilos. L é uma edição do Clube do Livro e N é a primeira edição de W . M. J ackson Inc., Editôres, em · ortografia ora vigente entre nós, conforme já foi dito, no lugar devido, em 6. 4 .1. 8, supr.a.. As edições referidas estão devidamente descritas na parte competente dêste volume (3 .1.1 e seguintes). Há, pois, seis tradições de composição, própria ao que "tudo deixa crer, seja: A +B 1) primeira tradição 2) 3) 4) 5)

6)

C+ D + (E) + F H+J+ K +M

segunda tradição terceira tradição quarta tradição quinta tradição sexta tradição

+

G

I • L

N+O

Entre essas tradições, podem-se - porque estudadas aqui - estabelecer algumas conexões (marcadas ~ em horizontal ou ver~ tical) : A + B

+

+

C +

D

+

(E) +

+ +

G

t

N+O

I

mas ficando sem conexões : 1)

F +

a terceira tradição : f

+ J + K + M ; 2) a quinta tradição:! +

~

L.

H

6 .4 . 1. 9. 3 É fácil compreender que est.a edição crítica continua o estema linear da primeira tradição, de modo que a poderíamos estabelecer, chamando a esta P, da seguinte conformi~ dade: ms + A + B ( 0)

(0)

+

+ C + D [ +

(E) + F+ G l

Para N e O, ver as ressalvas de 6.4.1.8, 814-pra. Segundo se declara no seu prefácio, foi baseada em D.

+ P

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~ estema linear poderia ser compreendido, entretanto, como

um somatório em que em P se acumulassem, ao arbítrio dos editôres-de-texto, as lições dos elos anteriores, ou (quando não 8e acumulassem) se excluíssem ou se contaminassem também a êsse arbítrio. Na verdade, com êsse estema linear, quer-se dizer que em A se acham as características do manuscrito, com mais ou com menos as características superimpostas pelo autor e com mais ou com menos as características decorrentes dos acidentes da composição; em B se acham as de A, com mais ou com menos as superimpostas pelo autor e com mais ou com menos as decorrentes dos acidentes de reimpressão; em C se acham as de B, com mais ou com menos as superimpostas pelo autor e com mais ou com menos as decorrentes dos acidentes da nova composição; em D as de C, nas condições observadas, e assim sucessivamente. Para, entretanto, ficar definido o caráter não contaminado do texto crítico estabelecido, melhor seria figurar seu estema simplesmente usim:

A-+B+-+C-+D++P isto é, a primeira tradição (A -+ B) serviu, pelo seu elo àperfei~oado (B), à segunda tradição, aperfeiçoada no seu conjunto (O + D), a qual, também pelo seu elo aperf~içoado (D), serviu de base à atual edição. 6. 4. 2.1 A base geral estabelecida para o tratamento crítico do texto dêste romance é a mesma que se adotou para os nove romances de Machado de Assis. Essa base crítica geral é a seguir estampada, entre 6.4 .2.2 e 6.4.2.14. 6.4.2.2 No fundamental, tôdas as obras do autor publicadaa em vida têm seu perfil estemático perfeitamente caracterizado, aegundo um estema linear do tipo : ms

+

P

+

S

-+

T

+ ...

em que o primeiro membro - o manuscrito - em grande número de casos está perdido. A adoção do texto de base para o estabelecimento crítico será a mera eleição de um dos membros supérstites, 4fUalquer, que apresente razões de prioridade: a) já por fatos de cronologia externa incontroversos, aliados a circunstâncias de história interna que provem ter sido o membro aquêle que melhor corresponde ao ânimo autoral; b) já pelo cotejo interno das lições textuais, caso a crono. logia não possa ser seguramente estabelecida, de par com a caracterização do melhor ânimo a.u toral.

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6. 4. 2. 2 .1 Obtido, naquelas condições, o texto de base, seri êle, necessàriamente, cotejado : a) com o manuscrito ou os manuscritos, se os houver; b) com tôdas as demais edições em vida; c) com algumas edições póstumas, totais ou parciais, que particularmente se recomendaram pelo tratamento textual, se M houver; d) com as traduções mais idôneas, nos casos de dúvidas de interpretatio, caso a8 haja dêsse tipo. 6.4.2.2.2 Com relação às obras publicadas em vida mas nãe estruturadas em livro, o estema linear se repete: ms+P+ ...

em que o primeiro membro - o manuscrito -, como no case anterior, em grande número de casos, se não que na quase totalidade, está perdido. A adoção do texto · de base para o estabelecimento crítico será a mera eleição de u~ dos membros supérstites, nas condições anteriores, cumprindo, entretanto, desde o início, ponderar quanto à possibilidade de não haver senão P. 6 .4. 2 . 2 . 3 Nestas condições, e resumindo, o texto de base, em. princípio, tanto poderá ser um manuscrito quanto uma das edições em vida, importando que a eleição seja fundada: a) já em fatos da história externa que habilitem a certeza de que a tradição, o membro em causa, era a preferida do autor ou foi aquêle em que melhor sentiu a forma melhor de sua comunicação ; b) já, nos casos em que tôdas as tradições mereceram oa cuidados pessoais do autor, do cotejo interno das . variantes e diferenças das lições textuais. 6.4.2.3 Uma vez eleito o texto de base: a) êste será o da edição crítica, observadas as normas p~ conizadas nestas instruções ; b) seu aparato consignará tôdas as variantes textuais em cotejo; c) o aparato consignará os pontos efetivamente obscuros ou duvidosos quanto à intelecção, tentando elucidá-los, . por abonações internas abundantes e cronologicamente estabelecidas, ou por conjecturas fortemente verossímeis, ou por interpretatio. A elucidação fica a critério do editor-crítico, mas conjectura ou inlerpretatio será discutida em comissão. Em qualquer caso a modificação textual básica só poderá ser incorporada, ao texto esta-

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belecido definitivamente, por aprovação da comissão, devendo o aparato conter minuciosa, ainda que concisa, explicação do fato e suas circunstâncias ; d) tôdas as interpretações de caráter luxuoso, erudito, tau. tol6gico, sinonímico, remissivo ou ilustrativo que não foram imperativamente determinadas .ou motivadas por variante, falha, omissão, lacuna, diferença, êrro tipográfico ou lapsus calami 6bvios, incoerência ostensiva nã.o estética, serão excluídas da edição crítica e seu aparato - devendo, se tanto, poder constar do glossário, da gramática e do esbôço de estilística objetiva que da obra se fizerem ; e) as formas inusitadas, arcaizantes, inovantes, pessoais mais freqüentes, de época, contrárias aos cânones vocabulares, morfológicos ou sintácticos mais consabidos não serão objeto de nenhuma referência no aparato crítico, nem mesmo a de sic, já que tõdas deverão ser discutidas ou no glossário, e/ou na gramática, e/ou n~ esbôço de estilística objetiva que da obra se fizerem estudos à parte que a comissão recomendará a membros seus ou a especialistas convidados ; f) tratando-se, pois, do autor que é, a "atualização" lingüística não terá acolhida nem no texto nem será discutida no aparato. 6. 4. 2. 4 O texto estabelecido deverá, destarte, respeitar nodal, fundamental, essencial e ativamente a realidade lingüística - e tudo o que dela decorre na comunicação - criada pelo autor, de tal modo que em nada seja ela desnaturada. A versão textual estabelecida deverá necessàriamente : a) simplificar o revestimento gráfico, da ortografia, do texto de base, mas de tal arte que não se traia nenhum fato lingüístico propriamente dito, subjacente na ortografia que se simplifica; dêsse modo, todos os valôres realmente diferenciais, bem como todos os valôres potencialmente diferenciais de fatos lingüísticos que existam por baixo da ortografia original devem ser respeitados e, por conseguinte, nos casos duvidosos, ainda insanáveis ou não superáveis, também ; b) corrigir os chamados erros óbvios, isto é, aquêles que, numa paráfrase da fórmula do crítico verbal Loms lliVET, são erros em que e leitor mediano não atenta, numa leitura espontânea, tão óbvia é a lição verdadeira que não está impressa ; c) conservar tôdas as formas duvidosas, desde que passíveis de uma interpretação satisfatória, ainda que algo inverossímil. 6 .4. 2 .4 .1 tido~

Tudo isso de tal modo que o texto crítico estabele-

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a) seja uno e verdadeiro, isto é, não decorra da combinação de · duas ou mllis tradições, de um lado; e corresponda, efetivaJilente, ao ânimo final do autor, de outro lado; b) seja histórico, isto é, fiel ao fato de que, .embora de autor moderno, é um documentário de uma fase de uma evolução · lingüística, com peculiaridades de um lapso de vida e de lapsos de tempo dentro dessa vida; c) seja, em suma, textualmente, fidedigno e fiel, para todos os fins - lingüísticos; estilísticos, estéticos, morais, históricos .. 6. 4. 2.4. 2 O editor-crítico deverá, por conseguinte, dentre outros, ter sempre presentes alguns princípios de base, ·tais como: a) qualquer simplificação não deve, a título nenhum, trair forma, valor ou .função lingüística, seja esta evidente ou potencial; b) em casos duvidosos, deve optar pela lição conservadora, isto é, aquela que permita duas interpretações ou mais e não apenas uma, que o editor-crítico supuser, subjetivamente, a verdadeira ou melhor; c) o conceito de êrro óbvio (fundamentalmente tipográfico, na tradição impressa, e de lapsus calcmi, na tradição manuscrita) só será acolhido quando outro não couber, incontroversamente, caso em que o texto crítico estabelecido terá em seu aparato, sempre, a constância do fato e suas circunstâncias. A seccionação do texto base será respeitada, nos seus 6. 4. 2. 5 capítulos, parágrafos e quaisquer outras divisões; nas suas estrofes e disposições de versos. 6. 4. 2. 6 Embora em tradições manuscritas antigas a pontuação possa ser, legitimamente, reputada um problema de interpretatio, cabendo, .assim, ao editor-crítico adotar a que possa fundamentar melhor, no caso do autor em aprêço se está em pólo oposto. Destarte, se a pontuação é interpretatio, nenhuma in- · terpretatio pode ser melhor do que a do próprio autor. Seguirse-á, assim, a sua, embora, com menção do fato e suas circunstâncias no aparato-, possam ocorrer casos de êrro óbvio, o principal dos ·quais; em textos de jornais e revistas, é a perda, por queda, da vírgula em ·fim de linha composta em caixa móvel. 6. 4. 2. 7 · A separação vooabular do autor é, no essencial, atualíssim&. Nos pontos em que discrepar, será respeitada. Não entra neste particular a divisão silábica de ·fim de linha tipográfica, que será atualÍzada segundo os ,cânones ortográficos vigentes, ao sabor das circunstâncias da composição.

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6.4.2.8 A ortografia será simplificada, em harmonia com o ·sistema vigellte entre nós. TFata-se, porém, de simplificação ativa, em que devem pn-yaleOOl' os princípios e não as averbações do vocabulário oficial, averbações notoriamente tendentes a um ·fixismo e imobilismo vocabulares, válidos, talvez, como preceptiva presente, ·mas de todo em todo infundados para uma vivência histórica dos textos do passado, ainda que de passado recente. 6.4.2.8.1 Não comportarão, por conseguinte, vacilação, simplificações ortográficas em que se procure distinguir : a) emprêgo do j e do g; b) emprêgo do ck e dó x; c) emprêgo do ss, c e ç; d) emprêgo do k- e nos derivados prefixais; e) emprêgo do s e z. 6. 4. 2. 8. 2 Deverão, entretanto, ser objeto de respeito : a) emprêgo da pretônica e/i (tipo degZadiar/digZadwr, denegrirI denigrir, previlégio/ privilégio) ; b) emprêgo da pretônica em(en)/im(in) (tipo informar/ e'fl.{ormar, emperador/imperador); c) emprêgo do o/u pretônicos (tipo jabotijjabuti, sinusite/ sinosite) ; d) emprêgo de om(on)/um(un) pretônicos (tipo comprimento/ cumprimento) ; · e) emprêgo de e/ ei (bandeija/bandeja, caranguejo/carangtteijo, inteires/interes) ; f) emprêgo de o/ott (espocar/espoucar, espoco/espouco, pôde

/povile); g) h)

emprêgo de e/i postônicos (crâneo/crâ'fl.io); emprêgo de o/11, postônicos ( discóbulo I discóbolo).

6 .4. 2. 8. 3 Podem, sem risco, ser simplificadas : a) as letras consonânticas dobradas, salvo, entretanto, (1) os"""" e mm, os cc e cç, e (2) os rr e ss. No primeiro caso, porque podem representar fonemas ou segmentos fônicos distintos, e no são, segundo, porque representam fonemas distintos de r e pois, simplificáveis sem vacilação bb, dd, ff, gg, ZZ, pp, tt. Para os n'fl. há a possibilidade de o primeiro n ser índice de nasalidade da vogal anterior, tal o caso, v. g., de ennastrar; para os mm, mesma circunstância, v. g., emm.al.ar; para os cc e os cç, ocorre a possibilidade de o primeiro c ser pronunciado. Enquanto, em casos tais, o complexo problema de saber a realidade da pronún-

s;

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cia de semelhantes letras consonânticas dobradas não fôr resolvido, é de tôda a prudência não proceder à. simplificação, salvo fundamento concreto que a justifique numa dada palavra; b) os chamados dígrafos helenizantes - pk, tk, rk - , que nunca representaram na língua fonemas distintivos dos representados por f, t e r (ou rr), respectivamente; quanto ao ck (como dígrafo helenizante), podem, eventualmente, ocorrer dúvidas por exemplo, sckisto (xisto ou quisto ou cisto ou esquisto) ; c) o k, que sem receio pode ser substituído por c ou qu, conforme o caso, em não se tratando de vocábulo que mereça o tratamento de realce material de estrangeirismo ; d) o y, que sem receio pode ser substituído por i, salvo em estrangeirismo que mereça o tratamento de realce material cor· respondente; e) o 10, que pode, conforme o caso, ser substituído por v ou u - o que, por isso mesmo, já pQstula certa reserva crítica, embora a sua ocorrência seja moderna e de valor quase incontroverso. 6.4.2.8.4 Os estrangeirismos - que não devem ser confundidos com citações ou alusões em língua· estrangeira, citações ou alusões que, consoante os casos, merecerão tão-sõmente o realce material do jôgo de aspas - os estrangeirismos aparecerão, como recurso vocabular, ou sucedâneo de deficiência vocabular da língua, ou matização semântica, em grifo, mesmo que assim não .estejam no texto de base, não devendo, a título nenhum, ser aportuguesados, se razões ponderáveis em contrário não ocorrerem. Se os estrangeirismo& estiverem impropriamente grafados, segundo a ortografia do tempo da língua estrangeira em causa, poderão ser corrigidos, de tudo havendo menção no aparato crítico. 6. 4. 2. 9 O emprêgo das letras maiúsculas conformar-se-á com o texto de base. Ressalve-se a observação concernente às reduções. 6. 4. 2 .10 As reduções serão desdobradas, salvo quando o texto tiver caráter tecnicista. Neste ·caso, serão elas conformadas às convenções universais, dêsse caráter, ou às convenções nacionais, se as houver. 6. 4. 2 .11 Atentar-se-á particularmente no respeito passivo do emprêgo da chamada crase. Fenômeno particularmente significativo de certos matizes ortoépicos brasi1eiros, em que lavram preconceitos gramaticais inúmeros, melhor será assumir, em face dêle, uma atitude conservadora, em .lugar de procurar uma uni-

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formidade e coerência que nenhum autor brasileiro do período do autor parece consignar. O editor-crítico será particularlssimamente atento às 6 .4. 2.12 formas vocabulares sincréticas, não as alterando. no seu substrato formal, a nenhum título, ainda quando os dicionários e vocabulários sejam omissos. Não se procurará, de modo nenhum, coerência ou sistemática no particular, ainda que em locais muito próximos (tipos cousa/ coisa, bacatuaia/abacatuia, aberém/ aba.rém, absenteúta I absentista, gastroalgia I gastralgia, absinto f abrintio, acessível/accessível, acepç!io/ aceção/ accepção/a.cceção, apoftegma I apotegma/ apoftema, adaga/daga, afleumado/afleugmado, · faringeo jfa.ringeu, rupt1traj rutura, aspectof aspeto). 6. 4. 2.13 A acentuação gráfica conformar-se-á ao sistema orto~:ráfico vigente entre nós, proscritos, entretanto, todos os acentos que, já indicativos da sílaba acentuada, já de seu timbre, possam ser objeto de controvérsias com relação ao tempo ou ao autor. Estas bases gerais, estabelecidas a priori, deverão ser 6 .4. 2 .14 objeto de periódicas alterações, no sentido de serem progressivamente particularizadas, ao sabor do desenvolvimento da tarefa de estabelecimento do texto crítico, em face das ocorrências concretas. As subcomissões de trabalho de tal estabelecimento deverão p~­ riõdicamente reunir-se, por motivação de uma delas, nesse sentido. Atingido um certo número de alterações, a critério dessas subcomissões, a comissão deve;rá ser convocada para tomar conheci· mento das alterações convencionadas, a fim de aprová-las ou impugná-las. 6. 4. 3 .1 Nas precárias condições em que se acham, ainda, os estudos históricos da língua portuguêsa, de um modo geral, no seu período moderno e contemporâneo, e da língua português& no Brasil, a partir do século XVI ; nas precárias condições em que, também, se acham os estudos da língua literária, sobretudo no Brasil, não havia - como vimos - o que décidir, quanto a certos fatos. A realidade mesma é que serão as edições como esta que irão carrear, pouco a pouco, os elementos factuais necessários a estudos mais ou menos conclusivos, mormente para o período · da língua que vai do .século XVI aos nossos dias, num crescendo de obscuridáde, quanto aos séculos XVIII e XIX. Destarte, a comissão achou de imperativa necessidade lançar mão das soluções suspensivas propiciadas pela lição chamada conservadora, em inúmeras situações do texto crítico ora estabelecido. Com isto, o cânon fuachadiano que se inicia poderá vir a assumir uma feição diferente da que tem agora, neste primeiro volume. ~ que a

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lição conservadora só se justifica - é mesmo imperativa - enquanto não se obtém internamente a opção crítica, distintiva, preferencial. Essa opção poderá vir a ser propiciada, na medida em que se aprofundar a pesquisa analítica da ob-ra, inclusive na .sua . historicidade. Algumas observações, entretanto, devem ser · feitas para a melhor compreensão do conceito de lição conservadora. 6 .4. 3 .1.1 As seguintes ordens de fatos principais de dificuldades parecem dever ser vencidas para que se consiga a resolução de uma série de dúvidas suscitadas pelo problema do estabelecimento do texto do autor: (a) sua linguagem não apresenta, de modo nenhum, uma fisionomia uniforme, estável ou coerente; decorrência do seu caráter eminentemente criador, decorrência de ser expressão, veículo e instrumento de um psiquismo solicitado por múltiplas camadas sociais, culturais, profissionais, decorrência de seu convívio com tôdas as fases literárias da língua, decorrência de sua convivência com indivíduos de áreas as mais diferenciadas do português do Brasil, e de Portugal - de onde provinha uma das mais prestigiosas criaturas do seu cotidiano, a partir de certo momento de sua vida, DONA CAROLINA - , essa linguagem é flutuante num mesmo tempo, é diferenciada através dos tempos, modifica-se, varia; seria insensato procurar, destarte, uma forma preferencial, ainda que existente, para adotá-la com a proscrição das formas concorrentes : procurar - repitamos sempre - uniformidade em situação assim configurada é dar uma visão imobilista, estática, parada, de uma linguagem que, por certo, se diversificou consideràvelmente; (b) grande criador literário, quantitativa e qualitativamente, grande esmiuçador do seu instrumento de expressão, grande estudioso do mesmo, é natural que êsse instrumento, ao longo de mais de quarenta anos de aperfeiçoamento e perfectibilização, tenha encerrado tendências que se entrechocavam violentamente num tempo e através dos tempos - tendências arcaizantes contra tendências inovadoras, tendências lusitanizantes contra tendências brasileirizantes, tendências eruditas contra tendências populares, tendências à observância passiva das regras puristas contra tendências da libertação dessas ·regras; de nôvo, tudo isso milita contra ·a posse, vivência e domínio de expressão e de linguagem com feição uniforme, incontroversa, definida, optada, razão por que nada mais natural é do que admitir que no autor conviviam elementos lingüísticos sincréticos e formas díspares concomitantes, sobretudo quando o conceito da norma e do cânon gramatical se fazia mais e mais purista, exigente e peador das possibilidades lingüísticas, mormente para fins de criação

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literária; (c) escrevendo a partir de um momento em que o romantismo ainda florescia até um momento em que o regionalismorepontava, atravessando, pois, um período de realismo-parnasianismo, MACHADO DE Assis sai de um período de características lingüísticas algo indisciplinadas para um período em que a gramaticalização da língua chega a atingir o bizaBtino e o cerebrino i nesse longo período há uma larga tarefa de pesquisa da língua literária por fazer, em relação aos padrões praticados e os teoricamente admitidos, prática e teoria que se vão gradativamente mudando no interregno da vida útil do autor: o conhecimento· dêsses padrões está por fazer, ainda, de forma satisfat6ria, de modo que certas características de época, do autor, de lapso de· tempo na vida do autor, s6 poderão ser mais bem percebidas e apreendidas e compreendidas na medida em que tais padrões fo-· rem sendo estudados. 6 .4. 3 .1. 2 Numa conjuntura lingüística e literária como a· delineada assim, o estabelecimento de um texto crítico do autor, com absoluta idoneidade, exigiria condições que s6 gradualmente· serão preenchidas: (a) em lugar de se estabelecer o câ.non cronologicamente, com tôdas as variantes válidas, desde o primeiro tra-balho literàriamente considerável até sua última produção foi-se ob-rigado a aceitar a divisão da tarefa, e sofrer os riscos de· sua publicação parcelar, o que significa que, ao meio ou ao cabo· dos trabalhos, a comissão venha a reconhecer que outras soluções poderiam ter sido tomadas para as dúvidas pendentes ou perdurantes i (b) em lugar, de ·outro lado, de procurar estabelecer o cânon poético antes do da prosa, câ.non aquêle que deveria pre-sumivelmente dar a chave para um sem-número de dúvidas vocabulares quanto aos aspectos fonéticos e fonol6gioos - foi imperativo adotar um planejamento de trabalho em que, também, seensejasse uma fase de adestramento dos colaboradores nas tarefas. da edição crítica dês te tipo i (c) em lugar, por fim, de principiar a editoração propriamente dita ao cabo de tôda a tarefa feita foi-se obrigado a aceitar os riscos da publicação gradual, à medida. que fôssem sendo aprontados os volumes, o que os eiva, inevità-· velmente, de uma forte dose de perfectibilidade, não apenas a perfectibilidade intrínseca a tôda obra de homem, senão que a perfectibilidade que a pr6pria comissão poderia imprimir aos seus pr6prios trabalhos, se acumulados os elementos de convicção para,. apenas ao fim, estabelecer as soluções. 6. 4. 3 .1. 3 A êste último respeito, entender-se-á bem o alegadose se considerar que está nos planos da comissão dicionarizar exaustivamente tôda a obra de MACHADO DE ASSis; que está nos.

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seus planos levantar sua gramática, em tôdas as particularidades possíveis; que está no seu plano, inclusive, proceder a alguns, pelo menos, estudos estilísticos relativamente exaustivos, na base do material carreado naquela conformidade. É claro, de outro lado, que se estas Mem6rias Póstumas de Brás Cubas viessem, no estado em que se acham, ante os leitores, neste volume, a entrar em quarentena, para que, ao cabo do trabalho conjunto, se voltasse e elas, .a fim de . dirimir as dúvidas com que são ora oferecidas ao público - é claro que, nestas condições, seriam elas estampadas ~om as características melhores que a comissão lhes poderia imprimir. Mas isso seria, também, diferir, no tempo, o lançamento dos volumes, com os riscos que tal decisão encerra. Ademais, nm ponto importante milita em favor da publicação parcelar imediata. É que, assim, serão propiciadas as melhores oportunidades para que se exerça nma crítica fecunda aos trabalhos da comissão, ~rítica que, em última análise, s6 poderá ter repercussão benéfica sôbre o conjunto da tarefa. Esta razão é, destarte, tão ponderável, que ela s6 por si bastaria a sobrelevar às demais em contrário. S6 assim, repitamos, tôda. a erudição crítica brasileira e estrangeira poderá ir trazendo suas luzes, permitindo, assim, que a obra venha a beneficiar-se do esfôrço não apenas dos integrantes da comissão.

6.4.3.1.4 Tais, em conjunto, as .razões que determinaram a adoção consciente, por parte da comissão, da chamada lição conservadora, em todos os casos em que a crítica textual fôsse controversa, duvidosa, equívoca, insegura, optativa, ambígua. Uma versão textual conservadora não é um texto diplomático, que supõe a reprodução ipsis verbis litterisque, com as mesmas palavras e letras, ou quase, da edição de- base (na tradição impressa) ou dos autógrafos - os escritos do próprio punho ou os escritos aprovados com os próprios olhos do autor - ou dos apógrafos as cópias alheias dos autógrafos. Uma versão textual conservadora deve, necessAriamente, (a) simplificar o revestimento gráfico, a ortografia, do texto-fonte, mas de tal arte que não se traia ·nenhum fato lingüístico propriamente dito, subjacente ou superjacente na ortografia que se simplifica; dêsse modo, todos os valôres ·realmente diferenciais, bem como todos os valôres potencialmente diferenciais de fatos lingüísticos que existiam por baixo e por cima da ortografia original devem ser respeitados e, por conseguinte, nos casos duvidosos, o mesmo critério se seguirá, e com maior razão ; (b) corrigir os chamados erros óbvios, isto é, aquêles que, como já o lembramos acima, numa paráfrase da fórmula de LoUis HAVET, são erros em que o leitor não atenta,

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numa leitura espontânea, tão óbvia é a lição verdadeira que nü está impressa; (c) conservar tôdas as formas duvidosas, desde que passíveis de uma interpretação satisfatória, ainda que algo inverossímil. 6.4. 3 .1. 5 O presente texto crítico beneficia-se, por conseguinte, dos recursos da lição conservadora. O critério é triplicamente justo, parece-o à comissão : (a) a lição conservadora, encerrando a potencialidade de duas ou mais interpretações para 08 valôres lingüísticos nela conservados, sugere também a disputa, discussão crítica em tôrno da necessidade de ser ela seguida, a cada caso ~oncreto ; isso promoverá, espera-o a comissão, uma intensificação de certas pesquisas em certas direções e sôbre certos assuntos concretamente sugeridos · pelos textos de certos· autores que inserem sua atividade criadora precisame~te numa fase importante de nossa formação e evolução literárias, que, exatamente, encerram certas obscuridades, do ponto de vista de sua história ; (b) a lição conservadora constitui, por si mesma, uma direção para a coleta sistemática de todos os dados que, a respeito, puderem ser respigados no autor, sendo, por isso, um . momento de solução suspensiva nos trabalhos da comissão, solução que, ao cabo, poderá ser no sentido de confirmar a forma da lição conservadora, ou infirmá-la; confirmando-a, a lição conservadora deixará de ser conservadora, ipso facto, pois a confirmação deverá ser excludente de tôdas as potencialidades liJigüísticas menos uma ; infirmando-a, a infirmação levará a outra lição crítica, com outra fol'ma; (c) a lição conservadora, sendo aquela que corresponde a um revestimento gráfico cumulativo de diferentes potencialidades, é também a lição definitiva quando o cumulativo é intrínseco ao valor lingüístico usado no texto. Duas palavras finais sôbre êsse conceito crítico6 . 4. 3 .1. 6 textual tão necessário aos trabalhos, nesta altura de seu desenvolvimento. A lição conservadora é, essencialmente, a versão textual original, atualizada ou modificada criticamente apenas naqueles particulares cujas atualização ou modificação externas, gráficas, extrínsecas sejam incontroversas e - tanto quanto se possa antecipar -, incontroversíveis como lição conservadora. Controvérsia - e controvérsia desejável, no caso - será a de que tal lição conservadora concretamente não tenha razão de ser, porque tais e quais fatos militam por uma solução determinada não conservadora. Onde puder haver dúvida quanto aos valôres lingüísticos propriamente ditos de um revestimento gráfico, nesse caso o revestimento gráfico deverá ficar respeitado. :Qste, precisamente, não quer definir uma opção, pelo contrário, define a ausência -

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provisória - de opção. Por exemplo, mantida a versão textual de producção, com essa lição conservadora quer-se, precisamente, dizer que não se opta entre (a) produção sem o grupo consonântico [ks] ou (b) produção (com o grupo, consonântico em aprêço). O que se quer, com isso, é reconhecer o princípio essencial da .historicidade, da individualidade e da personalidade que existe no fenômeno social da linguagem - e das línguas, e de uma língua -, cuja norma, com isto, não se quer impugnar, desconhecer, invalidar, menosprezar. A norma, ao contrário, emerge, nessas condições, como necessidade da própria luta da individualidade e personalidade dentro da historicidade. A norma passa, também, a ser o ponto de referência implícito para a aferição do funcionamento do fenômeno lingüístico no plano literário, por seu sistema, que se equilibra e concretiza como língua e como fala, como língua e como discurso, como língua e como estilo. Todos os casos de lição conservadora são, por conseguinte, dúvidas não dirimidas pela comissão neste estág!o dos seus trabalhos, dúvidas perdurantes, em suma. A comissão nutre a esperança . de que, se não tôdas, pelo menos a grande maioria dessas dúvi9-as serão dirimidas no correr dos seus trabalhos - para o que apela, . inclusive, para os estudiosos que não a integram. Por essa razão, acha imperativo relacionar todos os casos dessa natureza existentes no texto crítico que ora apresenta, á. fim de que, de futuro, qualquer solução de qualquer dúvida aqui consignada possa ser adotada, sem maiores tropeços para a sua localização, por parte de quantos quiserem beneficiar-se do presente texto crítico eruditos, críticos, estilistas, professôres, editôres, lexicógrafos, estudiosos e leitores em geral. G.4. 3. 2 Com relação à pontuação, seguiu-se, fielmente, a prescr1çuo do critério geral, enunciada em 6.4. 2. 6. E' seguiu-se porque aquela recomendação se revelou absolutamente procedente. Matéria que merece ser estudada longamente, para fins de · aprofundamento do sistema rítmico da prosa de MACHADO DE Assrs, a sua pontuação, entretanto, é atualíssima, no sentido de que se exerce onde o cânon geral da pontuação hoje vigente o autoriza, .ao mesmo tempo que deixa de exercer-se onde também o cânon em causa lhe faculta a opção. No jôgo dêsse equilíbrio entre o obrigatório e o facultativo e o optativo, a pontuação do autor assume aquela feição pessoal que todos os observadores lhe reconhecem. Mas esta edição propicia .a vantagem aos estudiosos de lhes oferecer tôdas as variantes entre as diversas edições válidas das Memórias póstuma-s de · Brás Cubas, variantes que revelam, numa primeira aproximação, notável evolução de hábitos

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entre a tradição A + B e a tradição C + D, evolução que, suspectivamente, pode dar a chave de certos aspectos do sistema rítmico-melódico pessoal do autor. Aqui nos permitimos chamar atenção para os seguintes lugares do texto crítico relacionados com o problema da pontua~ão, lugares que, por excepcionais, representam precisamente pontos de fratura da regularidade : 1) § 190 : "olhando para a porta, vi na calçada, três dos correeiros"; normalmente, o autor observa a não separação por vírgula do ob:jeto direto posposto ao verbo : observa também, facultativamente, a intercalação entre verbo .e objeto direto por dupla vírgula; destarte, dentro do sistema que segue, seria de esperar "vi. na calçada, três dos correeiros" ou, comó corrigiu O, "vi na calçada três dos correeiros"; não se tratando de ocorrência única do tipo, achou-se prudente seguir a lição conservadora, pois alterá-la seria optar por uma solução das possíveis soluções rítmicas; 2) 194: "o capitão, que junto à amurada, tinha os olhos fitos"; a lição é sem variante e mesmo O a respeitou; a separação do sujeito do verbo, mesmo havendo intercalação, por uma só vírgula é episódica no texto, mas ocorre, razão por que se respeitaram os exemplos, em lição conservadora; 3) 235: "soluçava a pobre senhora apertando-me ao peito"; as or~ões reduzidas de gerúndio funcionam, ao que parece, no seu sistema de pontuação, como verdadeiros advérbios, ficando-lhe, destarte, aberta a possibilidade rítmica e melódica de inserir uma pa.usa com entonação ascendente - "soluçava a pobre senhora, apertando-me ao peito" - ou não fazê-lo; o autor, quando não o faz, é que, de regra, a oração reduzida de gerúndio é de ação concomitante com a da or~ão .a que se refere; 4) 249: "e se não chegares a entendê-la, podes concluir que"; a interpretação canônica é de que a conjunção e é o conectivo pertencente à or~ "podes concluir"; destarte, a inclusão da oração condicional deveria aparecer marcada por dupla vírgula, a final, lá posta, e uma anterior, após o e; a omissão parece ser do autor, numa tendência a observar o fato rítmico e melódico mais do que a convenção lógico-gramatical; 5) 321: "logo que esgotámos, o último gole"; A e B não trazem a vírgula, o mesmo acontecendo em O, mas por resolução autônoma, é de supor; trata-se da separa~ão do verbo do . objeto direto, mas sem elemento intercalado ; a vírgula é tão ostensiva e clara na tradição C+ D +F' + G, que sua continuidade não foi, pelo menos, objeto de sanção negativa do autor, que se exerceu nessa tradição nuns poucos casos;

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6) 335: 11 Ora aconteceu, que, oito dias depois": a vírgula entre o verbo e a conjunção integrante, sem elemento intercalado, não se enquadra na generalidade do sistema do autor; ·importa, -entretanto, lembrar que o capítulo "O caminho de Damasco" é, pelo menos no início, de sabor bíblico, o que explica aquela pontuação não diremos arcaizante, mas arcadizante; 7) 349: 11 mas a doença e uma velhice precoce, destruíramlhe a flor das graças"; está-se, aparentemente, em face de caso comparável ao (2) supra; importaria, entretanto, considerar aqui ~ valor incontroversamente expressivo desta pontuação; 8) 378: "stigmada pelo mesmo flagelo, que devastara o rosto da espanhola"; geralmente & autor observa a distinção melódica e lóg:co-gramatical entre as orac.:ões adjetivas explicativas, que põe entre vírgulas, e as restritivas, em que não .o faz - isso como enunciação genérica; há episódicas inobservâncias, mas sensivelmente não acidentais, senão que expressivamente deliberadas; 9) 4)36 : "mas veio um dia, em que; estando a rumiD.ar êsses e outros pontos obscuros de filosofia, atinei"; ver o caso (8) supra;

10) 458: "Mas se fôsse rico, o meu dever fica.ra o mesmo"; ver o caso ( 4) supra; 11) 642 : "exclamou a boa dama alçando as mãos para o te cto" ; ver o caso ( 3) supra; 12) 646: "e, depois de o· despedir, chorou muito"; é a lição de C+ D, proveniente de uma de A + B "e depois de o despedir chorou muito", que corroboram ambas o mecanismo, quando regular, apontado em (4) supra; 13) 664: "depois veio a mim, que estava sentado, deu-me pancadinhas na testa, com um só dedo, a repetir ; - Isto, isto ; e eu não tive remédio senão rir também"; é a lição de A, B, C, D, F, G; O interpreta, mais verossimilmente, pondo do~s pontos depois de "repetir"; 14) 708: "replicou êle daí a um instante. - E depois de outro silêncio: - Seja como fôr"; o primeiro travessão é inusitado, nes!!a função no autor; talvez chegue a ser, no respeito, um caso único no romance, hápax de pontuação no romance; nada impediria, pois, que fôsse trocado. por ponto (pois tal troca, em qualquer caso, não redundaria em modificação do valor da pausa nem da entonação aí existente); ver, também, o número (14) f'm 6 . 4.3.2.1, infra; 15) 733: " por motivo que só lhe disse, a ela, pedindo-lhe"; ·~mas em suma, é motivo poderoso para mim"; o primeiro exemplo t em como variante, em A + B, "por motivo que só disse a ela",

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variante que explica a forma enfática do texto definitivo ( expressão talvez de um diálogo interior do autor, respondendo a objeção de si mesmo); o segundo exemplo é comparável ao caso (10),· supra; 16) 738: "~ste era o caso do Lôbo Neves com o acréscimo da dúvida e do terror de haver sido ridículo",· exemplo que provém de uma lição anterior, de A + B, em que havia ponto e vírgula depois do nome próprio; como ficou, é segmento fônicovisual inusitadamente longo no autor, pelo menos nesse romance; a razão provável é que tivesse trocado o ponto e vírgula por vírgula, tendo esta ido de cambulhada; a vírgula, aí, satisfazendo o lado visual, satisfaria também a marcação da entonação ascendente no trecho final da pr6tase, inicial da apódose; 17) 753: "Ela era menos escrupulosa que o marido: manifestava claramente as esperanças que trazia no legado, cumulava"; é lição que provém de A + B, em que, em. lugar dos dois pontos, ocorre ponto e vírgula; a mudança da pontuação no caso serve para mostrar - a mero título de ilustração em meio a vários outros - a equivalência rítmico-melódico dos dois sinais, mais a diferença de valor psicológico entre os dois, do ponto de vista visual ; 18) 753: "a palavra doce, a mesma fraqueza física dão à. acção lisonjeira da mulher, uma côr local, um aspecto legítimo"; a pontuação aí, do ponto de vista do cânon lógico-gramatical, é violentada pelo menos no . não incluir a primeira vírgula do ele-. mento intercalado entre "dão" e "uma côr local"; mas, se se admitir a entonação ascendente depois do sujeito, normal dada a sua extensão, nesse caso a pontuação é, aí, predominantemente, senão que exclusivamente, rítmico-melódica : "a palavra doce I a mesma fraqueza física I I dão à acção lisonjeira da mulher I uma côr local I um aspecto legítimo "-"; 19) 809 : "eu fujo ao Damasceno que me espreita ali da porta do camarote"; seria o caso apontado em (8) e (9), supra; aqui, no entanto, ou a função explicativa é óbvia ou a função restritiva é deliberadamente suscitada para fins de humor ou ironia; 20) 845: "Mas depois f que ia acontecer em casa de Virgília f matá-la-ia o marldo f espancá-la-ia f encerrá-la-ia T expulsá-la-ia T"; o exemplo é perfeita amostragem de um traço muito do autor, no regime do uso das letras maiúsculas, depois do ponto de interrogação, mormente se se leva em conta a variante de A+ B em que a pergunta depois de "Virgília" é formulada com uma inicial maiúscula; é, assim, claro que o autor pode distinguir

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três níveis de interrogação extensa: (a) "Mas depois, que ia acontecer em casa de Virgília, matá-laqa o marido, espancá-la-ia, encerrá-la-ia, expulsá-la-ia f"; (b) é o do exemplo do caso vertente; (c) "Mas depois f Que ia acontecer em casa. de Virgília f Matála-ia o marido f Espancá-la-ia f Encerrá-la-ia f Expulsá-la-ia f"; o veio expressivo potencialmente distintivo é evidente, embora o poder expressivo decorra de textos e contextos; 21} 847: "Se êle estiver em casa não entro"; é associável ao caso (3), supro, no sentido mais amplo de que as orações adverbiais são potencialmente tratadas como advérbios, cuja separação fica, assim, optativa, condicionada a fatos expressivos; 22) 855: "~sse puxar e empuxar de cousas opostas, desequilibrava-me"; é, também, fato associável ao caso (7), supro, por semelhança, e ao caso (18), supra, por contraste; 23} 897: "todos os sentimentos belicosos, são os mais adequados à sua felicidade"; é lição que tem variante, 'de A + B, sem vírgula; .é associável ao caso (22),· supro; 24) 900: "essa predisposição, é que constitui a base da ilusão humana''; enquanto o caso (23) supra ocorre em discurso direto de Quincas Borba, êste, em situação comparável, é de discurso indireto, ou, melhor, de discurso indireto aparente, também de Quincas Borba - em situação demonstrativa dos méritos do Humanitismo, com certo calor e cer:ta ênfase magistral; 25) 1001 : "O Ministério, não s6 lhe parecia excelente" ; discurso indireto em que a argumentação sôfrega do personagem - o Cotrim - é expressa com ênfase; é o caso (24) BUpro, que remete ao (22) e (23) supra; 26) 1012: "Não esqueças que, sendo tudo uma irradiação de Humanitas, o benefício e seus éfeitos, são fenômenos perfeitamente iguais" ; é discurso direto de Quincas Borba, nas mesmas condições de (24) supra; 6. 4. 3. 2.1 Porque conexo principalmente com os fatos de transmissão tipográfica da pontuação, nas condições do trabalho em caixa m6-rel ou em monotipo, e porque antecipados em 6. 4. 2. 6, in fjM, são a seguir referidos, como ilustração, os casos consignados de acidente de fim de linha, já na tradição A + B, já na tradição O + D + (E) + F + G:

1) § 5: O traz "achar nêle", contra a lição de  + B e do contexto; D corrige para a boa lição "achará nêle", correção que consiste em inserir o á no branco vazio de fim de linha ; não se trata de questão de pontuação, é claro, mas de fim de linha em geral;

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HOUAISS

2) 19: A e B trazem "bom caráter I meu pai", indicando barra oblíqua fim de linha onde falta a vírgula; a boa lição, entretanto, não foi restaurada conjecturalmente, mas na base da ~le"C + D; 3) 90: em F'+ G, "a um bispado ... verdade, um bispado"; 'contra a li«:ão "a um bispado... É verdade, um bispado"; o É caiu precisamente em fim de linha e de página, deixando o branco que lhe corresponde vazio ; 4) 135: "os rapazes. Era filha"; em C + D + F' + G o ponto não aparece, em fim de linha; 5) 272 : · A + B "Mata-cavalos" (em meio de linha) ; C + D + F' + G "Mata-/cavalos" (em fim de linha, que se marca com a barra oblíqua); O "Matacavalos" presumível má leitura tipográfica daquela divisão; a boa leitura advir ia de uma divisão do tipo "Mata-l-cavalos"); 6) 318: A, B "imediatamente desço I ainda que"; no loeal barrado, fim de linha, falta a vírgula, restaurada a partir de C; · 7) 324 : "para não lhe pergun/ tar" ; o local barrado é fim de linha onde falta o traço de união; S) ~4: "ficar com a prata; eu· ia dizer"; F' e G não têm o poato e vírgula, que caiu em fim de linha ; ~) 435: "alguma cousa, corria", A, B não trazem a vírgula, em fim de linha; 10) 435: "algum trabalho novo, e eu dizia-lhe"; O não traz a vírgula, que coincide com o fim de linha, mas note-se que B, embora reimpressão de A, corrige a omissão ; a êste ;respeito, ver 4.39; 11) 599 : "o que era, falavam, olhavam" ·; na tradi~:ão iniciada em C, a segunda vírgula falta, mas em fim de linha; 12) 609: na tradição' A + B, A traz "fugirmos, insinuei", contra B "fugirmos, insinue"; mas o i falta em fim de linha, com o branco correspondente vazio; 13) 706: A + B "interrupção, por que eu andava"; lição divergente da tradição de C, com "porque"; esta é preferível, porque naquela a palavra está dividida em "por I que" em fim de linha, fim em que teria, eventualmente, caído o traço de união, come em(7) supra; 14) 708: A, B, C, D, F, G "replicou êle daí a um instante - E depois de outro"; apesar de tratar-se de duas composições tipográficas, iniciadas em A e C, respectivamente, coincidem em terminar, apertada, a linha em "instante - ", podendo, assim, a .falta de ponto correr à conta, aí, dêsse fim de li;nha; o que ex;a

ELEMENTOS

J>licaria o caso

an~malo

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BIBLIOLOG 'IA

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comentado no número (14) de 6.4.3.2,

sttpra;

15) 806 : em .A as três primeiras linhas dêsse parágrafo terminam por "com I aventu- I afinal"; em B, o l que termin~ a . terceira se deslocou para a primeira, de modo que as três primeiras passaram a terminar por "comi I aventu- I afina"; 16) 991: .A "espirituais; e I conquanto a minha"; no lugar indicado por barra, fim de linha, falta a vírgula ; B pôdeincluí-la (não esquecer que A + B), porque a linha em causa era folgada ; 17) nesse mesmo parágrafo 991, há uma lição da tradiçãoiniciada e~ C - "E, chapéu, na cabeça, bengala, sobraçada" - · que tem ~ma vírgula visivelmente louca; adiante há outra liçã0o - "Porquanto o facto da morte limita" - com falta, em face de· A, B, de1 vírgula depois de "Porquanto", falta em fim de linha; o' tipo móvel, caindo, foi pôsto sôbre o paquê a que pertencia, algo folgado, para depois ser devidamente localizado; e entrou onde não devia ... ; 18) o leitor é convidado a ver, também, lls observações que, sôbre f:m de linha, ocorrem em 812, 871, 900 e 998. Como previra o critério geral, em 6 .4. 2. 7, a separa6 . 4. 3. 3 ção vocabular do autor é, no essencial, atualíssima, havendo, entretanto, a recomendação de que fôsse respeitada onde discrepasse. A comissão acha procedente o critério porque está convencida. · de qne ainda não se tiraram as ilações que podem decorrer df'· um estudo sistemático da separação vocabular, do ponto de vi~ta . histórico, comparativo e estilístico, para o aprofundamento dos ; problemas rítmicos e, eventualmente, melódicos na língua. Mo-dernizar os pontos em que MACHADO DE Assrs não é atual pode · signifillar. por acaso, a escamoteação de elementos factuais para aquêles tipos de estudo, no autor. ·Seguiu-se, portanto, a lição· conservadora, salvo observação em contrário, o que se verifica com as palavras abaixo relacionadas, acompanhadas dos locais em -que ocorrem: ' 1) 2) 3) 4) 6) 6) 7) 8) 9)

afim (conjunção): 713, 826; amor-próprio: 861; amor-paixão: 951; anjo-cantor: 479; anti-asmáticas: 768; anti-gregos: 868; anti-hig~ênicos: 963; beija-flor: 334; bem-aventurança: 340 (ver, entretanto, a explicação noo aparato); 10) bem-estar: 632;

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A N T Ô N 1'0

11) 12) 13) 14) 16) 16) 17) 18) 19) 20) 21) 22) 23) 24) 26)

26) 27) 28) 29) 30) 31) 32) 33) 34) 36) 36) 37) 38) 89) 40) 41) 42) 43) 44)

H OU AI S S

bom tom: 919; capitão-mor: 786; castelo-feudal: 24; cõr de rosa: 604, 912; de certo: 49, 66, 334, 927; de mais: 233, 842; de vagar: 639, 963; embaixo: 622; em quanto: 67, 220, · 496, 622, 898; enquanto: 74, 167, 187 (não se esgota a exemplificação); guarda-sol: 917; hade: 478, 821, 822: (adotamos "há-de"); heide: 826: (adotamos "hei-de"); há de: 910, 1011; juiz de fora: 118; Jogar-comum: 2392; meio dia: 696, 814; mil réis: 466; obra-prima: 998; papa-fina: 786; pé-rapado: 786; porque (= por que): 66, 72, 110, 120, 121, 166, 197, 233, 816, 827, 366, 432, 468, 494, 4962, 694, 669, 660, 670, 706, 720, 721, 729, 816, 848, 860, 8662, 982, 1012; por que: 324, 366, 487, 942, 943 (nio se esgota a exemplificação); sargento-mor: 226; segunda-feira: 886; semi-demência: 1042, 1048; se nio ( = senio) : 72 (não se esgota a exemplificaçio) ; senão: 133, 811, 8442 (nio se esgota a exemplifieaçio); sexta feira: ·8; sub-gregos: 868; têrça feira: 98; Ursa-Maior: 269; ventrfloco-cerebral: 946; vira-volta: 814.

6.4.3.4 A parte relativa à ortografia prõpriamente dita para continuarmos a glosa das seções do critério geral, que no caso são as de 6.4.2.8, 6.4.2.8.1, 6.4.2.8.2, 6.4.2.8.3, 6.4.2.8.4, 6.4.2.9, 6.4.2.10, 6.4.2.13 - oferece alguns aspectos que merecem referência aqui. 6.4.3.4.1 CoJil relação ao tópico 6. 4. 2. 8 .1, notemos alguns exemplos: a) 489: "tachava", que provém de um "taxava", e~ A, B, C, D, F, G; trata-se de distinção sabidamente semi-histórica, a rigor distinção de hom6fonos para fins semânticos; essa distinção parece não ser de MACHADO DE AssiS; esclareçamos: o vocabulário de MACHADO DE AssiS comportava, com uma s6 forma, as

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duas noções semânticas básicas de "manchava" e de "impunha lcobrava] taxas, emolumentos"; b) xícara : 852, 972 (no original "chícara") ; c) "musulmano": 938 e 1037; não foi, logicamente, grafado "muçulmano"; no primeiro exemplo, tanto a tradição de A + B quanto a de a + D traziam a mesma forma, a adotada no texto crítico; no segundo exemplo, a tradição de A+ B trazia "mussulmano", que a e derivados corrigiram para "musulmano"; nada autoriza a supor gratu!dade nessa preferência; cêrca de quarenta anos antes e cêrca de quarenta anos depois, GONÇALVES Das e LIMA BARRETO grafavam - quando não sistemAticamente, pelo menos preferentemente - "musulmano", que cremos ser grafia e pronúncia galicista, com o -s- intervocálico- sonoro•; d) o grupo intervocálico -se- bem como o grupo -'zc- merecem extremo cuidado no tratamento crítico porque parecem, ambos, essencialmente dois latinismos gráf.icos ; como seqüências fônicas, a linguagem popular talvez não possua, em nenhuma situação (nem mesmo intervocabular), em nenhuma parte e em nenhum · nível, uma sibilante surda seguida de outra sibilante surda, salvo, com relativa modernidade, no português padrão de Portugal, em que formas como nascer, descer são pronunciadas, figurativamente, nas-cer, àes-cer (com decorrências conhecidas do tipo, figurativamente, naz-cer, àez-cer, . bem como nazer, dezer); no Brasil, tanto quanto até agora se saiba, êstes últimos fatos não existem; no plano da linguagem culta tampouco, sendo de regra reputados hiperurbanismos, ou, se quiserem, ultracorreções formas como, figurativamente, nas-cer, des-cer (que, entre nós, na área carioca, pelo menos, assumem, pela determinação "cultista", formas como nais-cer, deis-cer) . Presuntivamente, o padrão português é um refazimento, uma restauração por influência gráfica, podendo o fenômeno vir a ter curso também no Brasil ; exatamente por êsse motivo, é da maior necessidade observar a grafia adotada pelos autores. GoNÇALVES Das grafa, por exemplo, freqüentemente n.acer, em que se deve, está claro, ver uma indicação inconcussa de pronúncia. MACHADO DE AssiS, entretanto, neste romance, desde A (1881), observa fielmente a grafia latinizante (sem que se possa, nem remotamente, daí supor que sua pronúncia marcasse duas sibilantes surdas sucessivas). Ponto importante para a história da pronúncia padrão do Brasil e de Portugal, a fiel observância da grafia originária, nesses casos, é achega que 0 ( ) Grafamoe, entretanto, "muçulmano", em 897, porque provém, Eem variante de A, B, C, D , F , G "mussulmano", sintoma de provável flutuação de pronúncia.

310

ANTÔNIO

HOUA!::H:>

poderá contribuir para o esclarecimento dessa particularidade;: '1'ão, em conseqüência, exemplos, em c6pia relativamente abundante, embora não exaustiva, da prática de MACHADO DE Assr~ com os grupos gráficos intervocálicos em causa (os verbos vão no infinitivo ; os nomes vão, quando possível, no masculino singular) : 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10)

11) 12) 13) 14) 15) 16) 17) 18) 19) ·20) 21) 22) 23) 24) 25) 26) 27) 28) 29) 30) 31) 32)

desvanecer: 183; acrescer: 233, 963, 992; acrescentar: 113, 236, 332, 452, fi54, 577, 654, 746, 749, 798, 913, 930, 960, 967, 969, 1000, 1025; acréscimo: 7382, 802; adolescência: 104; ascetismo: 852; crescer: 992, 472, 820, 870, 899; crescimento: 472; Damasceno: 914 et passim; descer: 140, 169, 187, 294, 295, 296, 313, 3182, 329, 331, 332, 336, 338, 399, 712, 7443, 759, 787, 855, 858. 901, 916, 9552; descida: 318, 328, 335; discernir: 280, 851; efervescência: 995; excelente: 452, 1039; excelso: 437; excêntricos: 172; excepção: 848, 957; excepcional: 614, 981; excepto: 786, 787; excitado: 536, 565', 587; excitar: 106, 897; fascinação:· 270, 613, 654; fascinar: 68, 1742, 569; florescer: 18 (mas A - B "floreceu"); lascivo: 69, 340, 487; nascença: 323; nascer: 89, 103, 109, 145, 472, 85S, 896, 899;· obscenidade: 104; rejuvenescência: 956; renascença: 238; rescendente: 236; víscera: 899.

6.4. 3.4. 2 Com referência ao tópico &. ..4. 2 .&.2,. notemos, também, alguns exemplos, o primeiro dos quais o fato de não se ter achado de modo nenhum relevante lingiüsticamente, na fase da língua, na área e no autor, a distinção gráfica entre -o e -u átonos finais, entre -e e -i átonos· finais donde' havermos desconsiderado. casos como "tribu", tornado "tribo" (438), e "quasi", tornado "quase" (passim) : a) com relação à flutuação da pretônica e/i, malgrado certa tendência a ver nela apenas um sintoma1 d'e fustabilidade gráfica

J!!LEliENTOS

DJ!I

BIULIOLOGIA

311'

quo traduzisse, essencialmente, luta de convenções ortográficas,. há razões para supor que, quando não na totalidade dos casos, por certo em um grande número dêstes a flutuação em causa· tem raízes mais profundas, ·embebendo-se em um ou mais dos. seguintes motivantes: (a) opos!ção entre a convenção ortográfica· tradicional, praxista, consuetudinária, e a pronúncia real; (b) con-. comitância de dois tipos de pronúnc:a, uma inovante e outra arcaizante; (c) concomitância de dois tipos de pronúncia, a tradicio-. nal transmitida oralmente e a "restaurada" sob a influência da. representação gráfica; (d) concomitância de uma. pronúncia culta . contra uma pronúncia popular, aquela quase sempre mais próxima da representação literal, sobretudo porque nela prevalecem feixeS< do oposição baseados, fonolõgicamente, na distinção do tipo "emigrar/imigrar", "deferir/diferir"; tais concomitâncias, que se manife.otam num indivíduo, podem, entretanto, ser expressão de con-. vicções ou .tendênc!as de grupos dentro da deriva fonética popular da área ou da língua; destarte, apesar de que, do ponto de· vista da história da língua no seu aspecto macroscópiro, muitas das flutuações consignadas tenham tido sua opção já no século XVI, quando não antes, aqui são mantidas, pois pode tratar-se de arcaísmos populares de pronúncia da área ou inovações eruditas por restauração gráfica, ou concomitâncias dêsse ou dos· outros tipos acima referidos. Eis os principais casos e sua exemplificação : · l) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) 15) 16) 17) 18) 19) 20) 21) 22)

11e (conjunção condicional ou integrante): 734, 897, 955, . 1039; adeante: 3, 108, 221, 233, 312, 464, 781;· adeantar: 133; adiante: 400, 751, 913, 914; adiantar: 352, 424; antecipado: 986; ' anticipação: 372; anticipar: 20, 794; ceremônias: . 209, 1017, 1045; creação: 142, 278, 895; r.reado: 436; creador: 316; creadora: 901; crear: 77, 737; creatura: 103, 145, 278, 328, 343 (creaturinha), 472~. 655, 801, 875, 980, 1012, 1048; criado: 192, 695, 1030, 10332; criança: 115, 147, 625; desegual: 23, 988, 1018; deante: 825, 842, 848; diante: 94, 514, 802; edade: 43, 77, 220, 303, 430, 644, 753, 778, 914, 929·,. 943, 961, 1013; egreja: 93, 106, 489, 896, 975;

312

AN TÔN IO

23) 24) 26) 26) 27) 28) 29) 30)

H OU AI SS

egual: 4, 30, 57, 77, 439, 452, 611, 684, 746, 781, 869, 887, 1006; egualar: 28; egualdade: 45; egualmente: 812, 869, 897; igualmente: 855, 932, 941; peor: 25, 118, 134, 327, 3732, 594, 639, 687, 845, 961, 982, 1036, 1039; proereação: 440; sequer: 58, 191.

sem contar casos como "Virgília" (passim), "Virgflio", que jamais flutuam no autor (e quiçá no tempo, parecendo a forma diver· gente um eruditismo latinista recente) ; b) as considerações feitas em (a) supra quanto à flutuação eji pretônica podem também ser feitas quanto à flutuação em ( en) /im (in) pretônica, embora, neste caso, s6 se consigne o exemplo de "impertigados" (1033), divergente da norma atual; c) as considerações feitas em (a) supra podem, também, ser feitas, mutatis mutandis, à flutuação das pretônicas o/u, cujo exemplário é o seguinte no texto do romance : 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7)

8) 9)

borborinhar: 811; borborinho: 115, 941; engolir: 335, 472; engulidas: 490; engulir: 992; joeundo: 73; logar(es): 2, 7, 102, 234, 238, 2392, 264, 265, 313, 395, 489, 786, 819, 991, 1012, 1047; lugares: 768; supitado: 954.

d) as considerações feitas em (a) supra podem, também, ser feitas, mutatis mtttandis, para com a flutuação om(on)/um ( un) pretônica, emborà neste caso os exemplos sejam em número reduzido: 1) 2) 3)

comprimento (= cumprimento): 312, 376, 869; comprimentar: 835; cumprimentos: 452 (ver também o aparato), 648;

e) com relação ao t6pico 6 .4. 8. 2 do critério geral 8Up1'a, importa, aqui, considerar um caso, lá consignado sob a alínea (f); é o da alternância, às vêzes documentada, de ou/o já pretônicos, já tônicos; no romance que nos ocupa, não há casos dessa natureza, nem mesmo do verbo "poder", cuja terceira pessoa do singular no pretérito perfeito é sempre "pôde", sem discrepância: 28, 89, 113, 143, 155, 310, 395, 669, 1008. Conexo com êsse

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA.

313

exemplo - embora foneticamente subordinado aos considerados em (c) supra, - há um caso de "Podera não!" (518); f) com relação ao mesmo tópico supra referido, ·alínea (g), ·que se refere à flutuação de e/i postônioos, os exemplos consignados no roma'nce são a seguir citados; essa flutuação s6 deve representar di.tinção de pronúncia entre bem falantes, mas é de convir que, eJDbora não observada freqüentemente pelos poetas do parnasianismo, era, ainda assim, considerada por alguns rima imperfeita; essa simples consideração já atesta a necessidade de preservar as formas em que se verifique aquela flutuação : 1) 2)

erlneo: 768; eseárneo: 74, 190, 327;

convindo, entretanto, ressaltar que num ponto MACHADO DE AssiS não encampou, no romance, a flutuação, então (e ainda) muito encontradiça, nos casos do sufixo -iam>/-eano: 1) 2)

eesariano: 143, 386; horaeiano: 197, para cotejo;

g) com relação_ ao mesmo tópico supra. referido, alínea (h), há um único exemplo que consignar : "mágua" ( 383). 6.4.3.4.3 Nas observações relac!onadas com o vocalismo do romance, conviria acrescentar, aqui, as que incidem sôbre o -vnas seqüências gráf_icas que, qui, gue, gui. Prudencialmente, são elas grafadas sem o trema, embora tudo faça crer que algumas delas teriam êsse -1t- pronunciado: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14)

arguir: 5772, 927; consequência: 174, 813, 848, 898; consequentemente: 963; eloquência: 88; eloquente: 964; ensanguentada: 918; frequência: 810, 927; · frequentar: 467; frequente: 614, 963; redarguir: 56, 104, 419; tranquilamente: 11, 57, 541, 853; tranquilo: 77, 326, 394, 657, 744, 809; tranquilizar: 536; · tranquilidade: 802, 1014.

6. 4. 3. 4. 4 Com relação ao consonantismo, a que se refere o tópico 6. 4. 2. 8. 3 e alíneas, do critério geral supra, poucas obser-

vações há, aqui, por fazer :

314

ANTÔ:~no

HOUAISS

a) apesar de o critério geral recomendar. espec!al cuidado. na simplificação dos -mm- e dos -nn-, não se achou, subseqüentemente, indispensável respeitar tal preceito, visto como, nos casos:' nrtentes, abaixo relacionados, o m ou o ·n comportam ou não a. na!!alização da vogal anterior; por êsse motivo, os quatro vocábulos. dêste texto crítico, sôbre os quais poderia haver dúvida, vão a segu!r indicados com os lugares correspondentes: 1)

2) 3)

4)

comigo: 8, 25, 28, 77, 110, 143, 14-t, 152, 165, 1722, 176, 182, 193, 200, 207, 224, 255, 264, 294, 312, 315, 3162~ 325, 335, 359, 373, 431, 432, 453, 454, 467, 469, 487, 493,. 526, 545, 593, 645, 6522, 693, 708, 712, 725, 754, 786, 846,. 869, 920, 943, 1032, 1047; emagrecer: 648, 853; conosco: 562, 672, 708; enegrecer: 629.

b) no que se refere ao consonantismo há que acrescentarainda uma lista de interpretações : 1) 2) 3)

c)

o mesmo ocorrendo com o chamado s- impuro: 1) 2) 3)

4) 5)

d)

prorromper: 683; regímen: 220; verosímil: 316 (aparato).

Smirna: 334; Spinoza: 718; stática: 895; stigmada: 378; stoicismo: 782.

o mesmo ocorrendo com consoantes finais: 1) 2) 3) 4)

Bagdad: 190; Jacob; 7475, 7492, 7513; Job: 76; Madrid: 135.

6. 4. 3. 4. 5 Com relação ao tópico 6. 4. 2. 8 . 4 do critério geral .supra, que se refere ao realce material dos estrangeirismos, observemos que a prática seguida pelo autor no romance em causa & de dar-lhes grifo - tratamento consentâneo, aliás, com as recomendações preferíveis, hoje em dia. Note-se, porém, que seguindo a norma do próprio autor, preferimos hão dar a marca de estrangeirismos a certos axionímicos, quando acompanhados do antropô~ nimo a que se referem, tal o caso com "lady" ( 942). Sôbre O· grifo, de um modo geral, notar-se-á que MACHADO DE AssiS lhedá os valôres usuais de caracterizador do estrangeirismo, de em-. fatizador e de caracterizador de carga emotiva muito fbrte soõre- .

ELEJLENTOB

DB

BIBLIOLOGIA

315

o conceito ( 472, 482, soa; 561, 584, 638, 640, 753, 848, 854, 895, 900, 927, 942, 954, 971, 1033, 1047). Todos os casos em aprêço ~oincidem com os usos atuais, de um modo ~eral. 6. 4. 3. 5 As reduções não merecem considerações maiores, aqui, em atenção ao tópico 6. 4. 2 .10 supra. As de vocábulos portuguêseí> foram desdobradas, conforme o preceito, mantido o regime original das letras maiúsculas, o que determinou formas como- "Don.a ". "Dom", "Senhor", "Senhora", "Do:utor" e afins. Sôbre uma abreviação francesa, houve vacilação original, que foi uniformizada - M e Mr ( 887, 888), de monsieur. Acrescentemos o desdobramento de "São", "Santo", salvo num caso, em que se hesitaria quanto a se "São Tomás" ou "Santo Tomás". A localização de tais fatos é muito expedita, consultando-se o aparato, que ·os põe em evidência. 6. 4. 3. 6 Com relação ao tópico 6. 4. 2 .11 do critério geral supra, reconhecer-se-á, com efeito, que no romance em aprêço o regime da chamada crase atinge tal equilíbrio que é, priltica·mente, atual em tudo, salvo pormenor de monta secundária. Destarte, por exemplo, enquanto "a sós" é ortodoxo em dois casos ( 684, ·747), não o é num, "à s6s" (544), que foi por isso considerado despiciendo. Irrelevantes são, também, certos usos episódicos ( 653). 6. 4. 3. 7 Capital para caracterizar o texto crítico ora oferecido ao público é o critério que se adota para com os chamados grupos consonânticos impróprios. Sua pronúncia, ao influxo da ortografia, foi restaurada em um sem-número de casos, enquanto em outros terá sofrido simplificação, do tempo do autor ao atual. Nessa conformidade, é efetivamente arbitrária, por ora, qualquer atitude que não seja mais ou menos sistemática - com base em lição conservadora. A própria chavé proporcionada pelas rimas, em poeta como l!ACHADO DE Assis, não esgota a matéria, por duas razões principais: primeiro, porque as palavras em rima são em número muito reduzido, comparadas com aquelas ~;ôbre as quais pode pender dúvida; segundo, porque nada impede que em certos casos, mesmo de rima perfeita, se esteja em face de um sincretismo potencial. A metodologia para a caracterização da pronúncia de tais grupos consonântiéos em cada período da língua literária ainda não está firmada. Mas nada impede que o venha a ser, sobretudo se se considerar que há certas tendências organizadoras, além da geral, ou seja a de proscrever tais grupos, na medida em que a palavra que o encerrava penetra. no uso popular )ntensivo ou correntio. Uma dessas tendências organizadoras é a do tratamento uniforme, em princípio, dos mesmos elemt>ntoe mórf!cos; outra, a dos mesmos grupos consonânticos; Enquanto,

316

ANTÔNIO

HOUAISS

por exemplo, o radical dign se estabiliza na língua nessa forma erudita refeita, o grupo consonântico -mn- tende a confinar-se a. umas poucas palavras de curso restrito de origem grega ( mnemônica, amnésia) ; nas latinas, como coluna, solene, e mesmo latinizadas, como hino, não há por que vacilar na simplificação, salvo se se tratasse de neologismo recentíssimo ao tempo do autor, tal o caso de ômnibus, que se fortalece porque o radical-prefixo omncontinua sincrético ainda hoje ( onipotentejomnipotente, onisciente/omnisciente). Vão, pois, relacionados, a seguir, com 08 lugares de ocorrência, os principais, se não que todos os casos. Notar-se-á que em não poucos se verifica uma coincidência com o padrão ortogrãfico preconizado pelo chamado acôrdo de 1945 ; mas, ao passo que por êsse acôrdo, pelo menos na pronúncia padrão portuguêsa, se quer indicar timbre da vogal anterior ao grupo consonântico, na notação aqui adotada se tem em mira resguardar a eventualidade de duas pronúncia.~ sincréticas, com o grupo consonântico ou sem êle, ou de uma delas: 1) 2) 3) 4)

abjeeção: 431, 513; abjeeto: 528; abaorpçio: 1037; aeção: 169, 242, 469, 546, 602, 753, 812, 817, 927, 980, 1012; 5) acceitar: 851; 6) accender: 1017; 7) accentuar: 219, 971; 8) accesso: 7602, 762, 775; 9) aceitar: .759 (com um a6 c em A, B, C, D, F, G); 10) activar: 807; 11) actividade: 870; 12) acto: 233, 4612, 810, 8132, 10102; 13) actor: 810; 14) actual: 958, 967, 998, 1006; 15) adjeetivo: 1152, 7462; 16) adop~r: 3, 5, 7, 823; 17) adoptado: 964; 18) afeetaçio: 383, 734, 1001; 19) afeeto: 110, 147, 281, 870; 20) afectuosamente: 493; 21) afectuosa: 712; 22) aflicção: 544, 969, 1025; 23) aflicta: 726, 820, 1004, 1015; 24) aflictivo: 71, 681; 25) ajuntamento: 615; 26) anecdota: 23, 1042, 467 (notar, af, a divido silábica tipográfica), 770, 819, 941; 27) anti-asmáticas (de "anti-astbmaticaa"): 758; 28) asma (de "asthma"): 600, 746, 756; 29) aspecto: 45, 71, 541, 753, 845; 30) assignar: 143, 900; 31) assignatura : 988;

ELEKENTOS

82) 38) 84) 86) 36) 37). 38) 89) 40) 41) 42) 43) 44) 45) 46) 47) 48) 49) 60) 51) 52) 53) 54) 55) 56) 57) 58) 59) 60) 61) 62) 63) 64) 65) 66) 67) 68) 69) 70) 71) 72) 73) 74) 75) 76) 77) 78). 79) 80) 81) 82) 83) 84) 85)

Dl!l

BIBLIOLOGIA

317

auunto: 903, 919, 966; atraeçio: 496; augmentar: 62, 932; baptismo: 697; baptizado: 93; baptizar: 93; ealónia: 946, 961; caluniosa: 964; captar: 940; eaptiveiro: 133, 496; eaptivar: 1362; earácter: 19, 468, 747, 927; característico: 854; circunspecto: 318; coleetor: 10185; coluna: 5, 759; concepção: 794, 901, 1037; condigna: 807; eonducçio: 57; conflicto: 734, 777; conjectura: 625; eonjuncção: 653; conjuncto: 382;· conjunto: 490; construcção: 764; eontracção: 805; contractiva: 895, 1037; contaeto: 115, 805; contemptor: 101; contracção: 634; contricto: 169; convicção: 392, 785, 1012, 1019; correcção: 161; correcta: 988; correctamente: 463; danoso: 928; deducção; 274, 869; deductivamente: 1012; defuncto: 3, 246, 256, 776, 804; defunto: 4, 72, 31, 49; delicto: 118; desconjuntados: 746; diccionário: 638; direcção: 236, 238, 479; directo: 1006, 1047; direetamente: 858; distincçio: 482, 938; distracção: 818, 819; dito: 8, 19, 104, 112, 224, 261, 671, 813, 917, 943, 953, 1018; efectiva: 234; efectivamente: 77, 209, 222, 529, 686, 868, 941, 965; Egipto: 23; enigmática: 1007; erecta: 310, 963;

318

ANTÔNIO

86) 87) 88) 89) 90) 91) 92) 93) 94) 95)

96) 97) 98) 99) 100) 101) 102) 103) 104) 105) 106) 107) 108) 10!)

110) 111) 112)

113) 114) 115) 116) 117) 118) 119) 120) 121) 122) 123)

124) 125) 126) 127) 128) 129) 130) 131) 132) 133) 134) 135) 136) 137) 138) 139)

HOUAISS

escripto: 5, 7, 23, 131, 221, 4522, 869, 952, 1042; Escriptura: 335, 828; escripturar: 491; esculptura: 713; espectáculo: 9, 25, 71, 742, 76, 201., 207, 242, 849, 852, 916, 931, 958, 9802, 982; estructurK: 768; estupefacção: 129., 242, 662; estupefacto: 58, 898; exacta: 478; exactamente: 320; excepção: 848, 957; excepcional: 614, 981; excepto: 786, 787; extincção: 9, 991; facto: 812, 813, 870, !27, 938, 963, 978, 1010, 1031; fictício: 753; fluctuar: 24, 496; fructas: 115, 640; fructo: 782; funcção: 639, 897; funccionário: 113; ignaro: 892; impugnar: 965; inaccessivel: 811; incógnito: ·794; indignação: 798, 801, 816, 974; indigno: 963; indirecto: 1006; inducção: 869, 969; infracção: 106, 897, 951; ininterrupto: 640; inspeetor: 88; insecto: 828; instincto: 350; instinctiva: 855, 954; intacto: 117; interrupção: 706, 971; jactanciosa: 785; juntinhas: 808; junto: 43, 2til, 839; juntura: 88; lucta: 855; luta: 8972, 940; lutar: 977, 980; manuscripto: 901, 1042; Rocturno: 137; objecção: 726, 898, 981, 1019Z; objecto: 77, 608, 779, 940, 963, 971, 980; objectar: 710; practicar: 19, 1010; producção: 435; producto: H, 18, 871; projectar: 794; projecto: 193, 2642, 669, 675;

ELEMENTOS

140) 141) 142) 143) 144) 145) 146) 147) 148) 149) 150) 151) 152) 153) 154) 155) 156~

157) 158) 159) 160) 161) 162) 163) 164) 165) 166) 167) 168) 169) 170) 171) 172) 173) 174) 17.5)

DE

319

BIBLIOLOOIA

prontamente: 113, 325; pronto: 178, 318, 823, 843, 869; protecção: 358; recepção: 467; rectificar: 24, 782, 951; reducção: 74, 897; reflectir: 41, 183, 245, 270, 355, 751, 845, reproducção: 896; respectivo: 870, 918; restricção: 965; retrospectivo: 870, 943; sancção: 434; seducção: 644; selecto: 113; sétimo: 932; signal: 770, 801, 916; solene: 580; sono: 71; ·sonolento: 175; subjectivo: 1039; subscripção: 648; . subtil: 2492; 745, 807, 897; subtileza: 625, 813, 967; subtilmente: 916; succeder: 117, 746; successivamente: 569; successão: 961; successo: 20, 133, 432, 848, 1047; táctica: 601; tecto: 113, 189, 405, 642, 770; trajecto: 1017; transacção: 569; uncção: 490; víctima: 135; victória: 24; voluptuoso: 811.

91~;

~. 4 . 3. 8 O tópico 6. 4. 2 .13, do critério geral, preceitua que a .acentuação gráfica se conformará ao sistema vigente entre nós, proscritos os acentos que possam ser objeto de controvérsia quanto ao tempo ou ao autor. ,i ) .4. 3. 8 .1

Em verdade, a comissão acolhe, assim, uma das reservas que se vêm levantando contra êsse sistema.

6.4.3.8.2 Essa reserva consiste essencialmente em três obje· ·ções: 1. 0 ) todo o sistema gráfico, inclusive na acentua~ão, é fundamentalmente mecânico, salvo no que se refere . a certas letras -cujo uso é dito etimológico - j e g, z e s, ch e x, etc., em certas -situações - e salvo também para com a acentuação gráfica diferencial de homógrafos que na vogal tônica tenham timbre dife-

320

ANTÔNIO

HOUAISS

rente; enquanto a restrição feita ao emprêgo .das letras etimológicas é de importância relativa - porque a ortografia das palavras escritas com elas, uma vez estabelecida, fica inalterável, quaisquer que venham a ser os novos vocábulos da língua -, é, entretanto, de grande monta a restrição que se faz para com a acentuação diferencial - porque a ortografia de um sem-número de palavras fica instável, pois tão pronto apareça nôvo vocábulo que seja homógrafo de um anterior da língua, poderá impor-se a alteração dêsse anterior, como se, para exemplificar, parede e peredes passassem a ser parêde e parêdes desde que verüicasse a existência do verbo paredar; 2.0 ) do ponto de vista histórico, a distinção homográfica é, muitas vêzes, aqacrônica, porque procura distinguir duas (ou, raro, mais) existências vocabulares, que, ao tempo, talvez não coexistissem, coexistência ou não coexistência de dificílima configuração em nossa língua, dada a pobreza de datação do aparecimento e curso dos seus elementos ·léxicos; 3.0 ) finalmente, a acentuação diferencial em causa tem sido, também, um escolho para a desejável unificação ortográfica entre o Brasil e Portugal, porque nesse país, reconhecendo-se a infelicidade do princípio, procurou-se-lhe dar uma interpretação prática, isto é, restringir o emprêgo do acento gráfico diferencial a uns poucos vocábulos de uso muito freqüente. No Brasil, porém, êsse tipo de distinção se requintou a tal ponto que veio a cria:r uma "especialização", domínio exclusivo de uns poucos iniciados. Essas três razões, e sobretlldo a inserta no item 2.0 , supra, mili-. tariam no sentido de que, na presente edição crítica, se fizesse uso parcimonioso da distinção homográfica que vimos apreciando. Não se querendo, entretanto, deixar mais caracterizado do que já está o presente texto crítico quanto às reservas que lhe vimos fazendo de atualização ou modernização, preferiu-se observar pura e simplesmente a distinção homográfica, com deixar aqui manüesta a reserva - como estímulo a uma futura melhor interpretação do problema, por parte de quem de direito. São a seguir relacionadas as palavras em que ocorre a distinção no presente texto : 1) 2) 3) 4) 5) . 6) 7)' 8) 9)

aeêrea: 452, 869; aeêrto: 468; aeôrdo: 897; agôsto: 8; alamêda: 190Z; alfinête: 317, 394, almôço: 129, 204, 3722, 393, 394, 851, 8522; 995; alvorôço: 102, 258, 296, 693, 911; amôres: 43, 45, 135, 145, 161, 207, !20, 632, 655, 698, 7182, 810, 852, 868, 889, 953, 954, 995;

ELEKENTOS

10) 11) 12) 18) 14) 16) 16) 17) 18) 19) 20) 21) 22) 28). 24) 26) 26) 27) 28) 29)

80) 81) 82) 88) 84) 86) 86) 87) 88) 89) .O)

41) 42) 48) 44) 46) 46)

47) 48) 49) 50) 51) 52) 58) 54) 56) 56) 57) 68) 59) 60)

DE

BIBLIOLOGIA

321

apêlo: 998; aprêço: 270, 434; aquêle: passim; bêsta: 100, 878, 618; bôea: 100, 110, 3202, 827, 541, 661, 679, 688, 618, 628, 661, 768, 760, 796, ·801, 8063, 816, 889; bôlsa: 67; · bôlso: 197, 230, 233, 467; eêrca: 8, 115, 463; ehôeha: 88, 871; eôehe: 272, 399Z; eôeo: 110, 116, 644; eolête: 280, 233, 431, 4962, 527; eolhêr: 648; eomêço: 886, 868, 895; eoneêrto: 706; eonfôrto: 207; eôr: 817, 4962, 604, 612, 753, 831, 9122, 914, 1016; eotovêlo: 177; dêle: pauim; desacôrdo: 786; desafôro: 5942; desespêro: 169, 172, 8042, 860, 887, 980, 969; desfôrço: 869; desgôsto: 242, 728; despôjo: ·209, 861 ; desprêzo: 828, 819; dêsse: passim; d&te: passim; destempêro: 1007; dôbro: 883; êle: pauim; emprêgo: 183, 949; emprêaa: 1013; enfêrmo: 27, 62, 67, 204, 241, 762, 764, 767, 763, 77!; enlêvo: 828; entêrro: 267, 980, 10152, 1017; êrmo: 811; ~ êrro: 77, 718, 10012; esbôço: 17; esfôrço: 88, 168, 222, 681, 703, 823, 919; espê1111o: 68, 989; espôsa: 242, 270, 332, 1041; êsse: pauim; êste: pauim; estêve: 169, 248, 268, 644, 694, 725; estrêla: 843, 662, 787, 901; fêz: pauim; flôres: 117, 817, 826, 784, 7964, 820, 956; fôlhu: 11, 26, 57, 256, 317, 432, 635, 726, 890, 892, 957, 1006, 1007; fôl"J': pauim (mas notar que se trata de distinção do autor e do tempo); fôrea: 64;

322

ANTÔNIO

61) 62) .63) 64) 65) 66) 67) 68) 69) 70) 71) 72) 73) 74) 75) 76) 77) 78) 79) 80) 81) 82) 83) 84) 85) 86) 87) 88) 89) 90) 91) 92) 93) 94) 95) 96) 97) 98) 99) 100) 101) 102) 103) 104) 105) 106) 107) 108) 109) 110) 111) 112)

HOUAISS

fôrça: 77, 106, 109, 173Z, 199, 242, 246, 248, 312, 384, 434, 440, 453, 454, 601, 628, 684, 685, 762, 764, 81~ 894, 902, 927, 952, 965, 9692, 1007, 1042; fôsse(m): 45, et passim; fôsso: 246; fôste: 131, 142, 341, 734; garôto: 466; gôsto: 14, 328, 491, 759, 781, 786Z, 816, 850, 902, 906; gôta: 29; govêmo: 14, 143, 786, 816, 935, 961, 962, 963; gôzo: 340, 719, 1010, 1039; impôsto: 24; inglêses: 24, 786Z; jôgo: 163, 468, 848; lavôres: 4; Lôbo (Neves): passim; lôdo: 11; malôgro: 776; mêdo: 50, 131, 145, 200, 2012, 278Z, 312Z, 316, 472, 489, 600, 650, 770, 8512, 861, 8693, 1019; modêlo: 490, 927; morcêgo: 956; môrno: 373; môsca: 8242, 828Z, 8912, 992; muxôxo: 31; namôro: 368, 596; .nêle: passim; ôlho: 21, 639, 801, 916; ôvo: 220, 852; paquête: 807; pêca: 472 (oposição, ao tempo, "peca/pecca"); pêga: 718. (sem oposição, ao tempo); pêlo: 496; pêso: 670, 927, 931, 963, 1015; planêta: 828, 958; pôde: passim; podêres: 143; pôsto: 113, 298, 395, 869, 901., 980, 1006; prêso: 149, 222, 242, 394, 533, 744; prêto: 28, 131, 238, 296, 399, 424, 615, 619; professôres: 242; rêde: 175, 431, 463, 639, 891; refrêsco: 169; relêvo: 219, 919; rôto: 496; sêcamente: 354; !êco: 429, 473, 845, 927; sêda: 113, 144, 175, 496, 569, 604, 958; segrêdo: 137, 733; sêres: 64, 71, 74; sôbre: passim; sôlta: 88, 104, 311; sonêto: 199; surprêsa: 714; tapête: 614, 1030, 1031;

ELEMENTOS

113) 114) 116) 116) 117) 118)" 119) 120) 121) 122) 123) 124) 125) 126) 127) 128)

DE

BIBLIOLOGIA

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têrça: 93, 366; têrço: 161; têrmos: 640, 644, 724; têsa: 88; tôda: passim; tôla: 651; tôlamente.: · 468; tôrno: 60, 313, 316; tôrre: 238; tôrvo: 625; transtôrno: 75, 224; travêsso: 133, 304, 305, 703; trôco: 911; vapôres: 961; vêzes: passim; zêlo: 224;

6.4.3.8.3 No que se refere a uma questão conexa com a da acentuação diferencial, notem-se os casos seguintes: a) avôs: 991; b) consolo: 400, 681 (móvel); é) decoro (substantivo) : 614 (originalmente com acentoagudo sôbre .a sílaba tônica, o que não impediu que O pusesse "decôro") ; d) de envolta: 104; e) dezoito: 142; f) estroina: 221, 248; g) féretro: 1015; h) interesse(s): 115, 201, 246, 418, 490, 491, 706, 721, 82S, 921, 9544, 957 (trata-se do substantivo ; não se pôs nunca o acento• circunflPxo pois é probabilíssimo que a pronúnc:a do tempo e a. do autor fôssem com e tônico aberto) ; i) Leda: 141; j) Módena: 245 (é o topônimo ;italiano) ; k) Nli.ã-lóló: 787, 807, 894 (no texto pôs-se "Nhã-Ioló") (é provável que a notação original de MACHADO DE ASSis visasse a caracterizar a um tempo a linguagem infantilizante e a nordestina, de onde é originária a personagem e sua família). 6. 4. 3. 8. 4 Sôbre o timbre, ainda, há uma observação de ordem geral: usa-se, nos textos atuais, de forma pacífica, o acento circunflexo, quando se impõe um acento gráfico antes das vogais· antenasais a, c e o ; merece, entretanto, verificação e estudo êssefato, ao tempo do autor e no autor. A mero título de exemplo1 lembremos algumas ocorrências ao acaso : 1) 2)

Sêneca: 782; ânimo: 694 (apesar de ocorrer numa ediçãct "ánimo"·, em que se admitiu que o acento agodo ~esentl188e apenas a vogal tônica);

324

ANTÔNIO

3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) lO)

11)

HOUAISS

anônima: 797, 1016; Antônio: 110; atônito: 249, 392, 448; bibliômano: 638; botânica: 718; cômica: 382; êmulo: 1037; gênero: 897; trêmula: 797.

6 .4. 3. 8. 5 Ainda conexo com o timbre, mas de valor lingüístico indisputável, embora de padrão_ presUJllivelmente artificial já ao tempo na área, respeitou-se a notação com á da primeira pessoa do plural do pretérito perfeito: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) 15.) 16) 17) 18) 19) 20) 21) 22) 23) 24) 25) 26) 27) 28) 29) 30)

acabámos: 450; achámos: 914; acordámos: 200; almoçámos: 261; amámos: 27; assentámos: 997; chamámos: 6532; chegámos: 23, 449; começámos: 744; convencionámos: 613; conversámos: 449; cortejámos: 448, 493; divisámos: 744; encarámos: 797; encontrámos: 809; entrámos: 983; esgotámos: 321; falámos: 261, 8092, 869, 943; familiarizámos: 310; ficámos: 30, 797; ganhámos: 164; jantámos: 426; levantámos: 565; reatámos: 744; respirámós: 751; separámos: 452, 525; tornámos: 739; tratámos: 481; travámos: 644; valsámos: 4492, 453.

6. 4. 3 . 8. 6 Mero lembrete para o problema da sílaba tônica, são a seguir relacionadas algumas palavras sôbre as quais a questão pode ser suscitada: 1) 2) 3)

antffona: 1045; bênção: 92, 235, 363, 619; bibliômano: 6382;

ELEMENTOS

4) 5) 6) 7) 8)

9) 10) 11)

DE

BIBLIOLOGIA

325

Cleópatra: 334; Dânae: 141; :S:squilo: 811; florida: 379; Hélade: 1026; Módena: 245; Priamo: 942; . sótão: 80, 812.

6.4.3.9 Porque particular em que se vem verificando rápida consolidação de preferência, entre a época do autor e a atuali· dade, são a seguir referidos, em .pormenor e com tôdas as ocorrên· cias, os casos de flutuação do ditongo O'Ujoi e aquêles que, não acusando tal flutuação no texto, discrepam da opção preferencial hoje em dia no Brasil: 1) afouto: 858; 2) . coisa: 7862; 3) cousa: 2, 5, 6, 9, 11, 15, 232, 522, 57, 60, 66, 743, 76, 863, 88, 892, 92, 93, 100, 103, 1182, 133, 136, 137, 138, 140, 141, 143, 144, 145, 147, 158, 161, 1632, 193, 197, 207, 234, 238, 245, 2492, 255, 270, 286, 289, 320, 325, 328, 3342, 343, 351, 365, 369, 373, 3822, 3842, 391, 392, 4(}7, 413, 424, 431, 435, 437, 443, 449, 456, 462, 468, 469, 470, 479, 487, 490, 492, 495, 503, 5042, 533, 535, 537, 543, 561, 577, 6112, 6143, 621, 637, 638, 640, 648, 661, 662, 669, 6942, 697, 712, 719, 733, 734, 737, 738, 7392, 745, 7532, 759, 770, 773, 7762, 778, 7812, 7822, 785, 7863, 805, 806, 810, 8112, 812, 814, 819, 824, 828, 832, 836, 845, 847, 849, 851, 852, 855, 870, 887, 8953, 900, 9023, 9383, 942, 943, 954, 957, 960, 962, 969, 970, 971, 975, 9812, 982, 985, 998, 1003, 10123, 1019, 1025, 1039, 1048; 4) doido: 1019; 5) dois: 439; 6) doudo: 22, 25, 179, 192, 200, 515, 587, 626, 673, 873, 10193; 7) dous: 17, 21, 28, 302, 43, 84, 107, 133, 136, 141, 147, 185, 1922, 197, 199, 222, 245, 264, 293, 317, 473, 479, 482, 504, 533, 611, 632, 644, 669, 696, 703, 762, 768, 778, 828, 844, 879, 891, 901, 913, 9162, 941, 978, 1014, 1018, 1026, 1040.

6 .4. 3.10 A seqüência vocálica -ea-, segundo seja a posição do acento tônico - e o mesmo se diria de ·-eo-, -ee- - é representada por forte flutuação. Se, no plano da hist6ria da língua vista macroscopicamente, o hiato em causa, quando a tônica está na primeira vogal, recebe desde o início do século XVI a interposição da vogal i - na realidade um iode -, nas condições da língua literária o fenômeno apresenta caracteres mais complexos, ou pelo menos diferentes, para ·os quais cabem as considerações feitas em

326

ANTÔNIO

HOUAISS

6. 4 . 3 .4. 2 (a). Por êsse motivo, foram seus casos respeitados no corpo do texto crítico, os quais são a seguir relacionados, com tôdas as ocorrências: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) 15) 16) 17) 18) 19) 20) 21) 22) 23) 24) 25.) 26) 27) 28) 29) 30) 31) 32) 33) 34) 35) 36) 37) 38) 39) 40) 41) 42)

aldêa: 77; alheia: 80, 197; alheiado: 811; alteando: 770; apeei: 141; apeou: 590,591; apeadas: 958; apeando: 1017; arêa: 746; arearam: 112; arreios: 224; aaseiadinho: 466; aaaeiado: 133; boleeiro: 3732, 374, 407, 408, 423; cadeia: 811; candieiro: 648; contrabandeado: 927; corrêa: 399; correeiro: 1902; creiam: 29; derreava: 579; despentear: 569; encadear: 811; folheia: 639; golpear: 72; hasteiam: · 24; lisonjeei: 312; nomeação: 813; passeiava: 74; passeava: 183; passear: 759; passeia: 9422; passeiar: 400, 679; receies: 63; receiaram: 823; receioso: 684, 718; recreio: 317; relanceei: 463; saborear: 197, 473, 961; saboreava: 117; saboreias: 1010; veias: 93.

6. 4. 3 .10 .1 Problema afim do anterior, e por isso tratado logo · aqui, é o da terminação -éa, hoje -é·ia; aparece a mesma com al:soluta regularidade no texto original, isto é, sempre -éa, sem exemplo da flutuação correspondente à de -êa/-eia vista supra, regula-

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

32T

ridade que deve, cremos, ser interpretada como sintoma de estabilidade de pronúncia no autor (pelo menos). Os exemplos d() texto si'io os seguintes: 1) assembléa: 115; 2) boléa: 190; 3) idéa: 8, 12, 13, 142, 215, 222, 23, 2(, 25, 33, (9, 77, 110, 124, 146, 166, 172, 174, 188, 1912, 220, 242, 2602, 264, 312, 316, 3172, 320, 332, 340, 346, 446, 454, 464, 4952, 529, 536, 644, 569, 577, 578, 640, 691, 7062, 782, 785, 786. 792, 861, 902, 911, 963, 9642, 976, 998, 1001, 1004, 1006, 1006, 1018, 1033, 1039; 4) lduméa: 897; 5) Nicéa: 106; 6) panacéa: 935; 7) platéa: 246, 491, 8092.

6. 4. 3 .11 Algumas formas características do presente texto são, aqui, objeto de rápidos comentários: a) a terceira pessoa do plural do presente do indicativo de "ter" ocorre, como é de esperar no tempo e no autor, já como "tem" (81, 871), já como "têm" (951, 969); a presumível interpretação l~ngiiíst:ca é que, sob "tem", se encerra uma equivalência fôuica [tey], enquanto sob o "têm", [tééy], contrapartida esperável é "dêm" (958), o atual "dêem"; b) no parágrafo 63 ocorre "contra Holanda", em que tanto pode verificar-se o emprê~o histórico de "Holanda" sem artigo como o prolongamento fonético do final de "contra", o que equivale a "contra (a) Holanda"; c) o emprêgo de "todo o", "tôda a" (distintivo na canônica gramatical moderna de "todo", "tôda") é, esperàvelmente, flutuante no autor, como o é até hoje em dia; o fato é que o preceit() gramatical esbarra ante a realidade fonética, já que existe uma igualdade potencial entre "todo/todo o", "tôdajtôda a", pois foneticamente podem ser equivalentes apenas a [ todu] e [toda]. Alguns casos apenas são a seguir referidos : 1) "chamava-me para tôda a parte" (193); 2) "tôda a resistência era inútil" (190); 3) · "meteu mêdo a tôda a gente" (200); 4) "todo o homem público deve ser casado" (289); 5.) "vimos tôda a chácara" (325); 6) Yejam-se, também, entre outros, os parágrafos 340 ("tôda a sabedoria"), 680 ("tôda a minha"), 895 ("tôda a criação") ;

328

ANTÔNIO

HOU.A.I88

d) un;t~ forma não foi alterada, já que, dentre outros motivos, o grifo lhe realçava o caráter onomatopaico: "tic-f(U}" (473); aliás, também o critério adotado para com as consoantes finais militava em favor da conservação, bem como a pronúncia viva, que ainda comporta aquela representação ; . é que, em fatos de onomatopéia, mesmo convencionais, como nos de interjeições, o fonetismo de uma língua, área ·ou individuo pode apresentar caracteres particulares ; · e) pelas razões aduzidas no fim da alínea anterior, convém cmisignar duas interjeições, conservadas na forma original : "Amf ... " (772) e "hemT" (461); f) características ainda dêste texto são as seguintes fonnas: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) 15)

bêbado: 616, 622, 624 (tôdas em b~ de Prudêncio, o ex-moleque de Brás Cubas, mas jã adulto, ao espancar um escravo seu);borbismo: 781 (de Quineas Borba); calafrio: 651 (embora em A -+ B "ealefrio"); cancro: 239 (correspondente à forma hoje em · dia mais em uso no Brasil "cincer"); ehoramigas: 961; cincoenta: 5, 9552, 956, 957, 961, 967; c6caras: 914; emplastro (no aparato): 9022; êxtasis: 978; godemes: 786; (de goddam! + God damn (yoa)l); lentejoulas: 246; mau estar: 745; ministro d'Estado: 968; o que?: 990; preguntava: 432 (contra "pergunta}:'" e flexões em 436, 468, 746, 799, 809, 848, 863, 931, 963, 972, 1043);

g) o romance, como é sabido, encerra uma pequena contradição de MAcHADO DE Assis, que O ousou corrigir; trata-se do emprêgo do topônimo "Gamboa" no parágrafo 988, por "Botafogo"; do ponto de vista crítico, a contradição é um elemento indicativo de psicologia do autor e também de estrutura, razão por que se respeita. Perduram - além dos problemas de ordem geral . e 6 . 4 . 3 .12 particular suscitados nesta introdução - algumas pequenas questões dubitativas, a saber: 1) A lição do parágrafo 70, parágrafo que se insere no capítulo do delírio, diz, na tradição de C -+ D (E) -+ F -+ G : Quando esta palavra ecoou, como um trovão, naquele imenso vale, afigurou-se-me que era o último som que chegava .aos meus ouvidos; pareceu-me sentir a decompoeiçio súbita do mim mesmo. Entio, encarei-a com olhos súplices, e pedi mais alguns anos (o realce é nosso) .

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

329

contra a tradição de A + B, encampada autônomamente por O, "pareceu-me sentir a decomposição de mim mesmo". óbvia a Çonstrução de ...4., B, é ela, entretanto, incomparàvelmente menos eficaz do que a da segunda tradição; importa, em verdade, admitir que aprofundamento do mundo subjetivo que é feito por MAcHADO DE AssiS tivesse necessidade de substantivar êsse mundo subjetivo íntimo, o eu, o mim mesmo, sobretudo na situação de contemplador de si mesmo em que se coloca no delírio visto de além-tumba e sobretudo quando a psicologia da introspecção ainda não havia divulgado a substantivação do eu e do ego, popularizada depois da psicanálise ; 2) "Digam o quiserem" (712), que, embora da tradição de C, foi interpretada, em favor da tradição de A, como um saltabordão tipográfico, uma haplologia tipográfica; 3) no parágrafo 403, do diálogo sôbre a herança do velho Cubas, ocorre :

o'

Olhe, se esta vale os cincoenta contos, quantos não vale a que você deseja para si, a do Campo!

que interpretamos, acreditamos com pouca probabilidade, como "de campo", referindo-se a "casa" do contexto; 4) no parágrafo 765, a tradição iniciada em A diz: Veja, é de graça, concluiu êle depois de lida a última conta

contra a tradição iniciada em C, que diz "e de graça", lição esta seguida no texto crítico ; 5) no parágrafo 88, há : E vejam agora com que destreza, com que arte faço eu a maior transição dêste livro. Vejam: o meu delírio começou em presença de Virgflia; Virgília foi o meu grão pecado da juventude; não há juventude sem meninice (o grüo é nosso).

parágrafo em que é presumível um grão de suspeição para com o lugar grifado ; é que, em verdade, não parece ser da linguagem de MAcHADO DE Assrs o adjetivo "grão", enquanto o é, caracteristicamente, o substantivo "grão", sobretudo com a noção qe quantum : "grão de arêa" ( 26, em A, B), mas "grão de sandice" 626), "grãozinho de sandice" (1025). 6. 4. 3 .13 Damos a seguir uma relação dos mais característicos nomes próprios que ocorrem no romance, nas formas com que ficaram no texto crítico: Aquiles (942), Bagdad (190), Bak-

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barah (190), Buda (1037), Casino (888), Cleópatra (334), Dânae· (141), Diógenes (1026), Ésquilo (8_11), EsteJa (806, de "Estella"),. Otelo (807), Fígaro (781), Filopêrnen (963), Gulliver (811) •. Hélade (1026), Herakles (896), Hércules (896), Hipócrates (963), Idurnéa (897), Jacob (745 5 , 749 2 , 750, 7513), Job (76), Leda (141), Madrid (135), :Modena (245), Muharnrned (940, 998) •. Pangloss (901, 1046), Príarno (942), Prudhon (887), Scheherazade (744), Sêneca (782), Shakespeare (249) e Shakspeare (145, 850), Smirna (334), Spinoza (718), Tróia (942), Virgília (passim), Virgílio (245, 274, 275, 277), Zenon (782). 6. 4. 4 .1 O sistema remissivo dêste volume é o que, de um modo· geral, será usado nos volumes de romances desta coleção. É : sistema planejado de tal forma que preencha os seguintes requisitos: (a) cria um padrão 1\IACHADO DE Assrs; (h) !mpõe uma numeração progressiva cujas segões passam a ser iguais nos nove volumes; (c) atribui a tôdas as partes impressas nos nove volumes em causa - tanto as de autoria de l\IACHADO DE Assrs, quanto as. da comissão - um número que passa a ser de referência constante para a remissão rE.'cíproca, dentro dE.' cada volume, ou de volume para volume, ou dos índicE.'s gerais finais da coleção para cada volume da mesma. O padrão de apresentação dos nove romances de MA6 .4.4 .2 CHADO DE Assrs presume, para cada volume correspondente, urna relativa auto-suficiência. Essa auto-suficiência relativa no· sentido de que ministra sôbre o autor e sua obra um mínimo de. dados qne bastem para a leitura autônoma do volume - é conSCI!U ida l,!raças às seguintes partes : 1. a) um prefácio conciso que· se r elaciona essencialmente com o romance e o período particular da vida do autor durante a sua elaboração; 2.a) uma ficha biobib liogrítfi(•a de MAcHADO DE Assrs comum a todos os livros da coleção e igual em todos êles; 3. a) urna bibliografia particular· ao liHo em causa, div!dida em duas partes, uma ~o livro, outra sôbre o Jiyro; 4.a) uma introdução crítico-filológica explicativa do critério crítico-textual, g-eral e particular, de cada livro, e, por fim, 5.a) a obra que se edita de MACHADO DE AssiS interpretada t>sta eom todos os seus componentes preliminares (prefácios, prólogo!", dedicatórias, introdm:ões) e a sua parte substancial. G. 4. 4 . 3 Adotado ~sse padrão de apresentação, a numeração · progressiva dêsses nove volumes terá as seguintes correspondências: l.a) para o prefácio conciso - 1.1.1 e nÚrnfrOs subseqüen-· tes (subseções: 1.1.1.1, 1.1.1. 2, 1.1.1..3, . etc.; · seções: 1.1. 2,.

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1..1.3, 1.1.4, cada uma delas com subseções semelhantes às referidas antes; t~picos : 1. 2 .1, 1. 3 .1, 1. 4 . 1, etc.) ; 2.•) para a ficha biobibliográfica - 2.1.1 e números sub.seqüentes; 3. a) para a bibliografia particular ao livro - 3 .1.1 e números subseqüentes; 4.•) para a introdução crítico-filológica - 4.1.1 e números subseqüentes, como é, in concreto, a exemplificação aqui proporcionada; 5.•) para a obra de MACHADO DE Assis que se edita - 1, 2, 3, 4 ... n, isto é, os números inteiros da série natural. 6. 4. 4. 3 .1 Entender-se-ão por parágrafo, na obra de MACHADO DE Assis: a) os parágrafos comuns, caracterizados pelo ponto parágrafo e, na linha seguinte, pelo recorrido para a direita ; b) aR citn<;ões que forem objeto de recorrido tipográfico com mudança de linha, merecendo um . só número uma série de versos ou de estrofes que constituam citação contínua; c) os parágrafos de citações em prosa, bem como as citações de citações que ' fiquem na situação configurada em (b) Sltpra; d) cada intervenção coloquial caracterizada por mudança de linha e travessão dialogal e/ou aspas dialogais. 6 .4 .4 . 3. 2 O sistema remissivo aqui configurado, dentro de cada volume, passa a ser fàcilmente remissivo, também, dentro da coleção, porque cada remissivo, nesse caso, será antecedido do número romano correspondente ao volume da coleção ou, em caso mais adequado, de uma sigla. 6.4.4.3.3 Num ponto, apenas, o sistema remissivo é ambíguo, deliberadamente: é o que remete, em números inteiros da série natural, para os parágrafos de obra de MACHADO DE Assrs, porque remete também para a parte correspondente do aparato crítico. Com efeito, (a) notar-se-á que o aparato se localiza na base ou rodapé do texto crítico; (b) notar-6e-á que a conexão entre o parágrafo e as notas, em cada página, se fará pela reiteração no rodapé do número do parágrafo; (c) notar-se-á que depois dê!ite número segnir-se-ão as siglas das diversas edições, com as Yariantes respectivas; ( d) notar-se-á que essas variantes são ordenadas segundo sua ocorrência paralela ao texto do parágrafo a que se referem; (e) notar-se-á, por fim, que a variante fica, de regra, entre dois extremos invariantes, isto é, a variante é iniciada por um trecho do parágrafo a que se refere em concordância com êsse trecho, seguindo-se-lhe, discordante, a variante propriamente dita e depois nôvo trecho concordante.

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6.4.4.4 O aparato crítico não deve ser objeto de compreensão equivocada por parte dos leitores menos avisados quanto à técnica do ~tabelecimento crítico de texto de autor moderno, quase contemporâneo. Visa-se, com êsse texto, a fornecer a quem quer que dêle necessite a versão mais próxima do que teria desejado e realizado o autor - com suas contradições de pessoa que, vivendo num ambiente lingüístico, o assimilou em contatos culturais os ma:s vários, de classes, de profissões, de instruções, de idades, de sexos, de meios, ademais de tentar, até certo pontO, intemporalizar-se, com encampar características lingüísticas de épocas literárias pregressas, sem falar na provável eventualidade de qU:e terá tido contato com indivíduos falantes de outras áreas dialectais da língua, e de outras línguas. Essa versão textual, se obtida - como o espera a comissão - , é fonte sôbre a qual, legitimamente, se podem exercer tôdas as pesquisas e estudos lingüísticos, estilísticos, estéticos, éticos, históricos, sociais, e o que mais fôr -. Não se trata, numa edição como esta, de resolver todos os problemas que um texto, e um contexto, e uma obra encerram - coisa, aliás, que não se esgota nunca, pelas potencialidades de atuaiização (isto é, de eficácia para a ação presente) que se aninham em obras tais. Trata-se, isto sim, de ministrar a base mínima fundamental - mas sólida - que tôda comunicação lingüística exige para sôbre ela poder tomar-se alguma conclusão válida: a fidedignidade e a fidelidade ao seu criador, na& condições essencialmente contraditórias de sua contingência humana. 6.4.4.4.1 Assim, o aparato critico é fiel ao critério geral e a esta introdução, cuja consulta pedimos ao leitor fazer sempre, antes de julgar, lembrando-lhe, ao fim, mais reverentemente do que o fêz Brás Cubas, mas com MAcHADO DE Assis ainda, que "a obra em si mesma .é tudo" e glosando que - se te agradar, fino leitor, pagamo-nos da tarefa; se te não agradar, pagamos-te com o nosso desconsôlo, pois o piparote de uma comissão seria excessivo - e adeus.

PALAVRAS PRÉVIAS

Éste segundo volume dos Elernentos de biblwlogia - em oposição e complementação ao primeiro, que versava sôbre os originais trata do livro, como conceito e instrumento histórico-cultural da documentalística. As palavras prévias do primeiro volume são, é evidente, extensivas a êste, sobTetudo em quanto se refira aos agradecimentos do autor. Rio de Janeiro, agôsto de 1966.

A. H .

II VOLUME

DO LIVRO

CAPÍTULO

VII

NORMALIZAÇÃO EDITORIAL 7.

CANON EDITORIAL

Tôdas as considerações precedentes - constantes do primeiro volume dêste livro· - assim como as subseqüentes buscam, quando não explicitamente, a evidenciar não só a possibilidade mas tam· bém a necessidade de se observar uma regra, um cânon, uma co· dificação para a editoração, já do ponto· de vista do editor-publicador, já do ponto de vista do autor, já do ponto de vista do editor-crítico. E aqui também, como em todos os outros setores da ação e do conhecimento, cabe antecipar, para um futuro mais ou ;menos remoto, que os três pontos de vista, hoje em dia às vêzes colidentes ou discrepantes, venham a ser o mesmo e um único, para proveito do leitor, convergindo nos seus fins de apresentarem livros que - nocional e tipogràficamente - sejam os mais perfeitos, os mais acabados possíveis. 7 .1 GRAFOSFERA - Essa tirada tem sua função definida neste contexto. A noosfera - êsse envoltório de idéias, ideologias e ideais que é a resultante, ou a vocação, ou a condição, ou mesmo a finalidade da humanidade planetizada, como a ponta da flecha a orientar-se para um ômega (e que TEILHARD , DE CHARDIN e os seus fiéis me perdoem a heterodoxia) - é em grande parte e cada vez mais uma grafosfera, vale dizer, um envoltório escrito que, salvando o passado para o presente, tornando atual - isto é, que serve ou sirva para a ação - .o bom do passado, dá a essa mesma humanidade uma tal soma de situações novas e irrepetitivas que se torna impossível antecipar o que será o seu grau ou o seu quantttm ou a sua qualitas de fazer e saber, nela tôda e em cada indivíduo feito pessoa inalienável na construção da Cidade de amanhãs que, nesta escuridade, já principiam a cantar. Dois problemas gráficos capitais enfrenta a humanidade contemporâneamente, em tôaas as latitudes e longitudes: sistema· tizar a documentação da civilização escrita e a documentação prévia e presente ainda da civilização não escrita (temporalmente

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muito maior), imenso repositório de fatos e de lições, de certo modo ainda informe e caótico; crivar, do sistema assim obtido, o definitivamente caduco ou superado (se o hou~er), como condição de progresso, salvar o aparentemente caduco e superado entretanto atual. A bibliologia, humildemente, procura contribuir com sua cota-parte nessa dupla operação. Compreende-se já hoje que para a realização de um livro, de um documento qualquer em que se encerre tradição-transmissão, a complexificação de estruturas e fatos atingiu tal ponto que se impõe - para a máxima liberdade e eficácia criadoras - um máximo de princípios reguladores do já édito, conhecido, adquirido, incorporado, princípios que permitirão a democratização crescente do livro, sua universalização, sua assimilação máxima e sua rejeição máxima. Sua ação bigume - moral e imoral, útil e maléfica, criadora e perversora - se manifestará em tôda a claridade.

Normalização do livro - A normalização do livro na7 .1.1 queles aspectos que não concernem à substância de sua mensagem, mas que informam a substância de sua mensagem, é, por conseguinte, tarefa que também merece o esfôrço e a pena de quantos ·quiserem dedicar-lhe um pouco de boa vontade. A urgência social .dêsse fato, por suas implicações econômicas, culturais, morais, se manifesta .pela profusão de guias impressos para a elaboração de livros, de teses, de comunicações, de colaborações, de artigos. E neste momento mesmo, em que o Brasil tenta a ousada emprêsa de erigir a EnciclopédüJ, brasileira que possamos com pulsar seu primeiro volume neste século! - , devemos debruçar-nos sôbre seu plano prospectivo, sob muitos títulos mítico, por que é ela anunciada ( cf. ECBR) . ~ plano e planos que tais decorrem da imperativa necessidade de normalização, que se faz sentir cada dia mais, e já antes de 1939 era comentado por · ANDRf THÉRIVE, cujo nome s~ invoca .aqui pela segunda vez, nestes ·têrmos (ENCF, 18·16-2) : A Sociedade B.eneficente dos Chefes de Oficina e Revisores da Impressão de França publicou, após vinte anos de estudo, um Código tipográfico, que começa a ser universalmente conhecido e respeitado e que substitui as instruções sumárias afixadas outrora nas oficinas das grandes tipografias. No estrangeiro, os manuais e códigos de correção são, de longa data, muito numerosos: um dos melhores é o da tipografia da Universidade de Chicago (Manual of Style, Containing Typograpkical Rules .. . , University of Chicago Press, 1936), que oferece conselhos

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aos corretores de cópias e revisores de provas. Note-se que na América o leitor da cópia, isto é, o auxiliar que diz em voz alta o texto que o corretor lê, continua a existir, enquanto na França, salvo . nos grandes jornais, seu emprêgo desapareceu, talvez por descabida economia. Citemos aind& as Rules f


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7 .1. 2 .1 De um lado, podemos citar, do Instituto Zimotécnico da Escola Superior de Agricultura Luís de Queirós, da Universidade de São Paulo, suas quase modelares normas destinadas a regulamentar a feitura de teses e publicações do citado instituto ( cf. INSZ). Essas normas dispõem, sucessivamente, quanto aos seguintes aspectos : 1) seu tipo de impressão (mimeográ~ica ou tipográfica); 2) seu capeamento: a) ao alto, em caracteres de pequeno corpo, o nome do autor, na linha seguinte, em iguais caracteres, o título principal · do autor e o departamento a que pertence ; b) no centro, o título do trabalho, em caracteres no máximo três vêzes maiores do que os anteriores; c) embaixo, demais especificações, em corpo igual ao do de autor e, na linha final, a data, em mesmo corpo;_ 3) a página de rosto, em tudo igual à capa; 4) o índice geral da matéria, com . as disposições previstas para a primeira página do texto, devendo as páginas que compõem o índice ser numeradas em algarismos romanos; 5) o texto: a) com margens de 4 em à esquerda, 2 em à direita e 3 em em cima e embaixo; b) as páginas, numeradas de "2" em diante, ao alto, à direita, em algarismos arábieos; c) face única por fôlha, duplo espacejamento de entrelinha, paragrafação de 10 espaços para dentro ; d) a primeira página, não numerada, iniciar-se-á a 10 em do bordo superior; e) "nenhuma sentença poderá ser iniciada por algarismo" no texto; vale. dizer, em início de parágrafo ou após ponto os números que eventualmente forem referidos cont.extualmente deverão ser escritos literalmente, i11o extenso; f) "usar-se-á sempre o pronome majestático" [sic], vala dizer, "nós"; g) "as abreviações [símbolos] de unidades de. pesos e medidas respeitarão as convenções internacionais ·. e nacionais em vigor"; h) "os gráficos, gravuras, fotografias, figuras e esquemas constantes do texto serão numerados com algarismos arábicos, enquanto que as tabelas e os quadros o serão em algarismos romanos. Tanto quanto possível, estas características deverão ser inclusas no t'exto e não colocadaii em separado";

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6) as teses e publicações dos técnicos "serão iniciadas com o índice geral da matéria, ordenada segundo a classificação decimal, sendo facultativa a apresentação dos índices de autores e alfabético, no fim das mesmas"; ·parece entender-se por "a classificação decimal" uuma classificação decimal" e por "alfabético" l' "temático", que deve ser estruturado alfabeticamente, como, aliás, também o de autores ; 7) o texto, na medida do possível, se dividirá nos capítulos assim ordenados: a) introdução, que constará da apresentação do problema e da sua justificação ; b) "revisão da literatura", vale dizer, "depois de uma perfeita pesquisa bibliográfica, ordenará [o autor] os trabalhos consultados por ordem cronol6gica", citando apenas de cada um as conclusões que interessem ao assun~o da pesquisa; c) material e métodos, especificando, localizando e caracteril;ando o primeiro, para sua fácil identificação, e especificando, ordenadamente, os segundos, sua origem e modificações seguidas ; d) resultados obtidos, sempre que possível ilustrados; e) interpretação estatística, sempre que possível e necessária, de modo que possa ser repetida por terceiros; f) discussão dos resultados, isto é, das técnicas, dos aparelhos usados etc., em face dos citados resultados, para que se possam tirar conclusões precisas e justas; g) conclusões, ordenadas numericamente, evitadas as interpretações dúbias; h) resumo e conclusões, em inglês, facultada a tradução para uma outra língua estrangeira ; i) "bibliografia citada", vale dizer, "obras consultadas", com normas pr6prias consideradas a seguir ; j) agradecimentos, "caso hajam [sic], deverão ser apresentados de modo simples e elegante, concluindo o texto do trabalho"; 8) as referatas apresentadas, para serem aceitas pelo Conselho de Planejamento, Publicação e Seminários, deverão obedecer às seguintes normas: 1 2 3 4 5 tituto;

nome do autor, e enderêço quando possível; data; nome do trabalho, no original ; tradução do nome do trabalho; ~itação bibliográfica- de acôrdo com as normas do Ins-

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resumo claro do trabalho referido : nome do referatista; data de apresentação.

7 .1. 2. 2 As normas bibliográficas próprias seguidas na publicação que ora apreciamos são as seguintes: a)

nome do autor, "abreviado, como nos exemplos seguintes: AYREs, G. C. de M. MARTINELLI, A. - (F 0 ) MARAVALHAS, N .";

b) nome dos autores, com as formas de abreviação antes referida, "sendo os nomes dos colaboradores citados em ordem direta e em caracteres minúsculos, como nos exemplos : BoBBIO, P. A., S. Joly e R. de Camargo VERONA, 0., P. L. Verona e A. Martinelli (F 0 ) MARAVALHAs, N. e P. A. Bobbio"; c) data dos trabalhos citados, "sempre abaixo do nome do primeiro autor [ou único], no quinto espaço, como nos exemplos: LIMA,

v.

DE A.

1953 FALANGHE, H.

1954PASTEUR, L.

1890 -"; d) duas ou mais citações do mesmo autor, "isoladamente ou com colaboradores, proceder da seguinte forma: SERZEDELLO, A.

1954 SERZEDELLO, A. e G. C. de M. Ayres

1954 -"; e) citação de livros, constando, "após a data, o nome do livro, volume, edição, casa editôra e as páginas consultadas, comrJ no exemplo seguinte:

E L E :!ll E N T O S

DE

n

I ll L I O L O G I A

9

C. A. e F. W. Zerban 1941 - Physical and Chemical l\lethods of Sugar Analysis, th:rd ed., rewritten and reset, John Wiley & Sons, Inc., K Y., 109-111, 1.017";

BROWNE

f) citação de periódico, "deverá constar o título do trabalho no original, seguido do nome do 'periódico abreviado segundo normas do World List of Scientific Per~odicals 1900-1930 (SMr.rH, W. A., F. J.J. Kente e G. B. Stralton 1952 - W orld List of Scientific Periodicals 1900-1950, third edition, Buttworth Scient:fic Pnblication, London), separados por vírgulas, como nos exemplos: KENDREW,

J. C., R G. Parri!ih, J. R. l\Iarrach e

E. S. Orlans 1954 - The species specificity of myoglobin, Nature, Lond., 174(4438): 946-9-!9 BARBOSA, P. E. 1954 - Análise Isotópica per Espectroscopia, Sciênc. e Cult., 6(1): 10-12 FERNIEH, H. 1!)54 - Un Bombardia nonveau snr l\Ianioc, Rev. de Mycol·, Paris, Suppl. colonial, N. 1,19 (16) : 1-19 Suprimir-se-á o número entre parênteses, correspondente ao número do fascículo ou o número da revista, quando desnecessário"; g) citação de autores on de bibliografia no texto, podendo "adotar uma das duas fórmulas, conforme as necessidades: Scrzedello ('30) ou apenas ( 30)"; h) citação de trabalhos "não consultados no original", sendo "obrigatório fazer a ressalva, colocando, em último lugar, o nome da fonte de oncle foi colhida a informação citada", como nos exemplos: LocsiN, C. 1953 - Marketiug of sugar caue, Sug .•J., N. Orleans, 16(3): 12-18, Ipt. Snp. J., 1954, 56(667): 194

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I. 1937 - Pasteurization and turbidity in pale beer, Wschr. Brau., 54:115-16, Chem. Abstr., 1938, 32(3): 1.042

JANENSH,

w. H . 1952 Bacterial viruses, Annu. Rev. Microbiol., G:333-348, Buli. Inst. Pasteur, 1954, 52(11) :1.454;

PHICE.

i) "na elaboração da bibliografia citada, embora numerados, todos os nomes· dos autore.s serão citados em ordem alfabética". 7 .1. 2. 3 O exemplo, analiticamente referido S1tpra, de normalização, louvável sob muitos aspectos, como critério eficaz para o melhor aproveitamento do esfôrço coletivo, deveria sez: tomado como estímulo por quai'ilquer entidades oficiais, 'oficiosas ou privadas de pesquisa e publicação no Brasil. Mas o ideal é que as normas particulares, na medida do possível, se conformassem com as normas gerais, isto é, aquelas que pudessem ser extensivas a quaisquer publicações de quaisquer gênero~'! - objetivo pretensioso mas viável, a que muito modestamente . procura dar sua achega êste livro. 7 .1. 3 Em fr
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7 .1. 3. 2 O livro de DANIEL MoRNET ( cf. MORN), destinando-se, particularmente, a ministrar conselho e sugestões para o desenvolvimento temático das dissertações aos candidatos à licenciatura em letras das faculdades francesas, pode servir como lembrete para a elaboração de guias normativos em determinadas instituições, combinadas as suas características aproveitáveis com as anterio·res, · particulares, e as gerais. O plano do livro em causa é o seguinte: 1.a parte preparação de autores e questões: a) preparação geral; b) preparação particular dos autores ou questões do programa ; 2. a parte - pesquisa das idéias necessárias a uma dissertação: a) compreender bem o assunto proposto; 3.a parte - ordenação das idéias ou composição: a) a composição por hierarquia; c) a composição estética; d) outras formas de composição; 4.a parte·- o estilo: a) a espontaneidade; b) o movimento; c) a côr. 7 .1 . 4 Planos brasileiros - De outro lado, podemos citar, do Instituto Nacional do Livro, o volume prospectivo da Enciclopédia brasileira ( cf. ECBR), cujas partes dão uma idéia prévia do conjunto de problemas que já tiveram de ser examinados e planejados, quando não normalizados: a) apresentação; b) diretrizes da Enciclopédia brasileira; c) introdução ao seu planejamento; d) plano geral; e) normas regimentais de funcionamento: 1 do funcionamento dos órgãos de elaboração da Enciclopédia bra-~ileira; f) normas administrativas de contrôle: 1 das normas gerais; 2 - do· recenseamento das entradas; 3 - rotina dos trabalhos dos recenseadores; 4 - da estrutura geral dos verbêtes; 5 -- do contrôle da elaboração dos verbêtes; 6 - da enumeração, classificação e codificação de abreviaturas; 7 - dos ajustes para colaboração; 8 - da organização do roster; g) normas técnicas básicas: 1 - instruções gerais para os verbêtes de lingüística e filologia; 2 - instruções gerais para os verbêtes de filosofia; 3 - instruções gerais para os verbêtes de religião; 4 - instruções gerais prura os verbêtes de ciências históricas e sociais; 5 - instruções gerais para os verbêtes de lógica, ciências físicas e matemáticas; 6 - instruções gerais para os verbêtes de ciências naturais; 7 - instruções gerais para os verbêtes de questões tecnológicas; 8 - instruções gerais para os verbêtes de arte; 9 - instruções gerais para os verbêtes de literatura. Uma recensão crítica de certos aspectos dêsse projeto 7 .1. 4.1 ....:.... aspectos conexos na maioria dos . casos com as questões ventiladas neste livro - pode ser lida em trabalho do autor ( cf. HOUA) .

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7 .1. 4 . 2 De outro lado, do autor ainda há um plano, encampado em princípio pela Comissão Machado de Assis, que configura a elaboração do Dicionário das obras de Machado de Assis (cf. HOOU). NORMAS DE REVISTAS Guias normativos para colaboração em revistas ou periódicos científicos são freqüentemente elaborados e oferecidos como padrão àqueles que devem emprestar seu concurso intelectual aos mesmos. Por muito ilustrativos, reproduzem-se, por tradução, o da The Romanic Review ( cf. ROMA) e o da St1ulies in Philology ( cf. STUD) - ambos sob o título "notes for contributors" - "notas para os colaboradores":

7 .2

a)

de The Romanic R evie1.v:

1. Todos os originais devem ser dactilografados em espaço interlinear duplo, com amplas margens. 2 . As citações em qualquer língua de mais de quatro ou cinco linhas dactilográficas serão geralmente impressas em romano pequeno como parágrafo .autônomo, corrido para a direita. No original tais excertos deverão ser dactilografados em parágrafo autônomo em espaço interlinear simples, sem aspas de abrir e de fechar. 3. Os títulos dos livros e dos periódicos deverão vir em itálico, sendo sublinhados na dactilografia. Os títulos de artigos, capítulos e poemas deverão ser em romano entre aspas. 4. Nos títulos de publicações inglêsas, nos · de periódicos em quaisquer línguas, menos o alemão, e nas divisões de obras em inglês (partes, capítulos, seções, poemas, artigos etc.,), a primeira palavra e tôdas as palavras principais deverão ser em maiúscula. Ex.: The Oomedy of Errors In the [sic] Romanic Review there appeared an article entitled "Flaubert 's Correspondence with Louise Colet, Chronology and Notes." [si c] . Such a repetition may be found in the Preface. (Mas: James Gray wrote the preface for the second edition.) 5. Numa passagem em inglês, os títulos franceses deverão ter o artigo [inicial] em letra maiúscula e sublinhado como parte do título. Ex.: "He read La Fra!fl.ce vivante." Numa passagem em francês;· o artigo não deverá ter maiúscula nem ser sub· linhado. Ex.: Il a lu la France vivante et l' Histoire de la littérature fra.nçaise de Lanson.

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DE

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6. Numa passagem em inglês, os títulos em francês e em italiano deverão ter maiúsculas, como segue. A primeira palavra sempre a terá. Se se seguir imediatamente um substantivo a um artigo inicial, definido ou indefinido, aquêle também terá maiúscula. Se o substantivo é precedido de um adjetivo, êste também terá maiúscula. Se o título se inicia com qualquer outra palavra que não um artigo ou um adjetivo, as palavras seguintes serão com letra minúscula. Ex. : Les Femmes savantes; La F'olle J ournée; L'Age ingrat; De la terre à la lime,- Sur la piste; La Leda. senza cigno; Scrittori del tempo nostro,· I NMratori; Nell'azzurro; Piccolo Mondo antico. 7. Os títulos em espanhol deverão ter maiúscula somente na primeira palavra, a menos que o título encerre um nome próprio. Ex. : Cantigas de · amor e de maldizer [sic] ; La perfecta casada. 8. Palavras ou locuções numa língua que não a do artigo e ainda não naturalizadas, deverão vir em itálico, sublinhadas na dactilografia. Consulte o dicionário em caso de dúvida: genr·e, piece à these, ancien régime, Zeitgeist. · 9. Tôdas as citações deverão corresponder exatamente ao original, nas palavras, grafia e pontuação. Palavras ou locuções citadas deverão não ser postas em grifo, ou sublinhadas, a menos que o esteja:tn no original ou a menos que uma nota de rodapé indique que o itálico não existia no original. Qualquer interpolação numa citação deve ser indicada com vir entre colchêtes; qualquer omissão deve ser indicada por três pontos sucessivos. Ex. "It is this work [Le .Lys dans la vallée] which -"; "Il est. . . absorbé par des travaux -." [ sic]. 10. As notas de rodapé devem ser numeradas consecutivamente em cada artigo ou recensão. No texto a remissiva deve ser impr.essa como número superposto (ligeiramente acima da linha d~ctilografada) ; à cabeça da nota propriamente dita, deve vir o· número em corpo normal seguido de ponto (no nível regular da linha dactilografada). Ex. : At eighteen, he moved to Paris. 1 ·1., John Palmer, Studies in the Contemporary Theatre, p. 4,8. .11. As notas de rodapé podem ser dactilografadas no próprio artigo, separadas do texto por uma barra horizontal, ou anexadas ao fim do texto, em páginas separadas das do texto do artigo propriamente dito. 12. Os números remissivos das notas deverão no texto seguir-se ao final de pontuação. Ex. : There is no question as to the date of this edition. 2 As Flaubert stated, 3 he was willing to-.

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13. Referências curtas, incluídas no texto para economizar notas de rodapé, deverão ser postas entre parênteses e não devem conter abreviações. Nas recensões, essa ê via de regra a maneira mais fácil de referir-se diretamente ao trabalho que está sendo recenseado. Ex.: In the Introduction (page 10), the author remarJrs -. 14. Os nomes próprios não devem nunca ser abreviados. Mesmo o nome do autor cuja obra esteja sendo recenseada deve ser escrito, cada vez que seja empregado, por extenso. 15. Tôdas as notas de rodapé devem principiar por letra maiúscula e terminar por . ponto ou outro sinal de pontuação. Cada nota deve conter exata referência à página ou páginas em causa; o título raramente é de si bastante. Se uma nota de rodapé se refere ao mesmo título citado na nota precedente, ioid. deve ser usado para evitar a repetição do título. Se a nota se refere a trabalho já citado, mas não na -nota precedente, op. eif deve ser usado com relação a livro, Zoe. oit. com relação a artigo. Tais abreviações não devem, ordinàriamente, ser usadas para se reportarem retrospectivamente além da página precedente. Já que o objetivo disso, contudo, é de meramente evitar ambigüidade, não é mister estabelecer regra a respeito. Ex. : 10. Cross, Slover, .Ancienf Irisk Talu, p. 35. 11. Loomis, Oeltie Mytk and .Artkurian BOfPWI.tWt, p. 90. 12. Ibid., pp. 96-97. 13. W. A. Nitze, ''Lancelot and Guinevere", Speculum, VIII, 240. 14. Loomis, op. cit., p. 131. 15. Nitze, Zoe. cit., p. 294. 16. Na citação das referências, a soma de pormenores bibliográficos é deixada · à discrição do colaborador, mas a ordem dos itens deve ser apresentada como se indica abaixo. A inclusão dos itens (3), (4) e (5) é de opção do colaborador No caso de livros citados, a forma das referências deve ser a seguinte ( 1) nome do autor, precedido do seu prenome ou das suas iniciais; (2) o título em itálico (sublinhado); (3) qua.ndo necessário, a edição; ( 4) o lugar de publicação; ( 5) o nome do editor; ( 6) a data da publicação; (7) referência ao volume em número romano com maiúsculas, sem ser precedido de 'Vol.' ou 'V'; (8) referência à página, em números arábicos precedidos de 'p.' ou 'pp.' somente quando não houver referência anterior ao volume. Cada item, salvo o último, Mve ser seguido de vírgula; o último item, de ponto. Ex. :

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Albert Th!baudet, Histoire de la littérature française de 1789 à nos jours, Paris, Stock, 1936, p. 60. H. O. Taylor, The Mediaeval Mind, 4th. ed., New York, Macmillan, 1925, li, 221-225. 17. A referência aos periódicos deve compreender, sempre que possível, o número do volume e o número 'ou números de página. Quando fôr conveniente indicar também o ano, deve êste entre parênteses seguir-se ao número do volume. Quando fôr impossível dar o número do volume, a data do exemplar deverá vir em seu lugar. Ex: La Nouvelle Revue Française, li ( 1909), 224; Lcs N cuvelles L-ittéraires, 30 juillet 1932, p. 8. 18. Os periódicos segu!ntes devem ser abreviados nas notas de rodapé como segue: Grobers Gntndriss der romanischen Philologie - GG Modern Language Journal - MLJ Modern Language Notes ~ MLN Modern Philology -MP Publications of the Modern Language Association PMLA Romania- R Revtte d'Histoire Littéraire de la Fr.a.ncB - RHL Revue de Littérature Comparée - RLC Romanic Review - RR Zeitschrift fiir franzosische Sprache und Literature ZFSL Zeitschrift für romanische Philologie - ZRP 19. As seguintes palavras e abreviações latinas devem Her empregadas em itálico, sublinhadas na dactilografia; poderão ter maiúscula inicial somente quando iniciarem nota de rodapé: ca (cêrca, nas datas), e.g. (por exemplo), et al. (e outros), ibid. (não ib. ou idem; a mesma referência), i. e. (isto é), loc. cit. (lugar citado), op. cit. (obra citada), passim (aqui e ali, em passagens várias), sic (assim mesmo), vs. (versus, contra). São exceções: etc., viz. 20. As abreviações seguintes aparecerão em romano e por conseguinte não serão sublinhadas na dactilografia: cf.; f., ff. (seguinte-s) ; fol., foll. (fólio, fólios); L, 11. (linha, linhas) ; p., pp.; vol.; vs., vss. (verso, versos). Mme e Mlle, MS e MSS (manuscrito, manuscritos) deverão ser dactilografados sem ponto. 21. O cabeçalho das recensões deverá seguir os seguintes modelos:

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J1tles Sandea-u, l'hornme et la vie. Par Mabel Silver, Paris, Boivin, 1936. Pp. 247. A History of Fre-nch Dramatic Litterature in the Seventeenth Cent1try. By Professor Henry Carrington Lancaster. Baltimore, The John Hopkins Press. Part. I (1610-1634), 2 vols., 1929. Pp. 785. Part li (1635-1651), 2 vols., 1932. Pp. 804. Part III ( 1652-1672), 2 vols., 1936. Pp. 896. 22. Tôdas as referências, completado o original, deverão ser reverificadas, antes de ser o original submetido à publicação. 23. Os colaboradores devem guardar consigo uma cópia fiel em carbono do seu original; b)

da Studies in Philology:

Os originais submetidos à Studies in Philology devem ser remetidos por via postal com porte de retôrno. Todos os originais df;lvem ser dactilografados em papel branco de formato padrão. As cópias de carbono não são adequadas. Os originais devem ter duplo espaço interlinear, salvo para matéria citada e para as notas de rodapé, e devem vir isentos de acréscimos interlineares. As notas de rodapé, em espaço interlinear simples, devem ter sua primeira l!nha com entrada paragráfica, e sua numeração consecutiva no artigo todo inteiro. A primeira referência de rodapé a um livro deverá conter os seguintes itens, pela ordem: (a) o nome do autor, com o prenome ou as iniciais antes do sobrenome, tudo seguido de vírgula; (b) o título do livro, sublinhado; (c) o lugar e a data de publicação entre parênteses; ( d) o número do volume em algarismos romanos com maiúsculas, seguido de vírgula; (e) o número da página, ou os números, em algarismos arábicos, seguidos de um ponto. Omitem-se as formas 'Vol.' e 'd.' quando ambos os dados ocorrem numa mesma referência. Se o nome do editor é dado, deverá ser inserto entre o lugar e a data da publicação. 1 J. M. Manley, Smne New Light on Chaucer (New York, 1926), p. 25. 2 W. J. Courthope. History of English Poetry (London and New York: Macmillan, 1904), li, 49-51. A primeira referência de rodapé a um artigo de um periódico deve conter os seguintes dados, pela ordem: (a) o nome do autor, com o prenome ou iniciais antes, seguido de vírgula; (b) o título do artigo, entre aspas; (c) o título do periódico, ou sua abreviação, sublinhados, seguidos de vírgula; ( d) o número

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do volume em algarismos romanos com maiúsculas; (e) o ano da publicação, entre parênteses, seguido de vírgula; (f) o número da página, ou números, em algarismos arábicos, seguidos de ponto. 3 G. A. Harrer, "Some Characteristics of Roman Lettering and Writing", Studies in Philology, XXVIII (1931), 15-16. Reporte-se ao capítulo sôbre "Footnotes" em A Manual of Style (9th ed.; Chicago: The University of Chicago Press, 1927) para outros exemplos e para explicações quanto a abreviações tais como ibid. e op. cit. Abreviações convencionais, tais como DNB, MLN, e PMLA, são aceitas. 7. 3 TIPOLOGIA ESPECIALIZADA Alguns aspectos modernos da editoração sobrelevam quanto às dificuldades tipográficas: o da composição de certos gêneros de trabalhos científicos (matemáticos, físicos, químicos; estatísticos, cibernéticos) em que símbolos, signos, esquemas, diagramas, e afins ou conexos, ou podem ser compostos com tipos móveis especialmente fundidos, ou podem ser estampados mediante processos mecânicos de reprodução íntegrá de matrizes completas desenhadas expressamente; o da composição de certas pautas musicais, já na base do pentagrama, já na de outra,s formas de notação musical, antigas ou inovadoras; o da composição para fins fonéticos, na representação da chamada "cadeia falada", "continuum falado", "fala", com seus matizes de enunciação e de expressão -.já na linguagem dita coloquial, já na discursiva, já na declamativa, já na recitativa, já na oratória, rítmicas preponderantemente ou não. Consideremos a composição para fins fonéticos, dentre outros motivos porque é sua solução um dos meios instrumentais mais indicados para a representação da linguagem de base oral, como tal e como metalingua- _ gem. 7. 3 .1 Tipologia fonética - Essa composição visa a representar a cadeia falada desde um grau fonológico comum a um grau fonético pessoal: o que equivale a pressupor o conhecimento de certos conceitos científicos tais como "som", física (acústica), fisiológica e foneticamente considerado, e como "fonema", fÕnética e fonolôgicamente considerado. O fato é que, sem se querer esmiuçar · as muitas particularidades que apresenta o problema da transcrição fonética da linguagem oral ou da fala, podem ser levados em linha de aprêço os seguintes fatos principais: a) o da ortografia de uma língua comum, sistema de transcrição que, por tradição ou convenção, procura atribuir a cada fonema fonolõgicamente considerado um signo de uma só letra, de mais de uma· letra, com sinais- adjutórios ou sem êles -, signo que poderá ser interpretado e realizado foneticamente

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de forma diferenciada de região dialectal para reg1ao dialectal, de camada social para camada social, de indivíduo para indivíduo, apesar de seu caráter social e culturalmente indiferenciado para os fins de inserção num sistema de valôres comunicantes; b) o da transcrição da cadeia falada de uma dada região dialectal, ou de uma seção de uma dada região dialectal, ou do · conjunto de regiões e seções dialectais de uma dada unidade lingüística comum, de uma língua comum em suma, segundo suas diferenci?lções regionais e sociais - de tal forma que a cada som diferenciado, segundo seus caracteres já gerais à unidade maior, já particulares a uma região, seção ou camada, corresponda um signo único, representado sempre por uma e tão-somente uma letra ou sinal conv1mr.iona1, que pode ser acompanhado de elementos adjutórios, conforme o princípio fonético stricto sensu de que a cada som deve ·corresponder um signo e a cada signo um som, univocamente; e) o da representação de uma fala individual, princípio que se insere no anterior, mas em que fica patente a possibilidade de que a cadeia falada individual transcrita o é segundo determinada realização havida num espaço e num tempo por um indivíduo. 7. 3 .1.1 Um quarto grau crescente de rigor na transcrição da cadeia falada, personalíssimo, é tã(l difuso e fugidio, e ao mesmo tempo tão oneroso, moroso e complexo, que modernamente se reconhece não se dever procurar atingi-lo literalmente, sendo de todo ponto conveniente fixá-la por meios mecânicos de gravação &onora - desde os hoje correntes com magnetofones, até a aparelhagem em estúdios acUsticamente condicionados, em discos, fibras, fitas, fios de matéria-prima sensível, com características de alta fidelidade na reprodução sonora - prática, em suma, que se credencia cada vez mais como objetivo inclusive arquivológico de capital importância para os estudos atuais das realizações fôuicas nes-se capitalíssimo problema do conhecimento humano que é o da penetração profunda da linguagem humana de base oral; mas não apenas para os estudos atuais, senão que também futuros, quando as gerações de amanhã disporão em plenitude daquilo que as modernas não dispõem: o chamado "museu da palavra", que pode encerrar mais do que diz, a saber, e pelo menos, discotecas (palavra e música), fonotecas (outras gravações daquele tipo que não em discos), tenidiotecas (gravações quaisquer de sons quaisquer, ruídos etc., produtos da vida social) (cf. THEV). 7. 3 .1 . 2 Os fonet!cistas e fonologistas - teóricos e experimentais - vêm procurando enfrentar o problema da representação fonética, já internacional, já nacional, já regional, já classal,

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já local, já individual, de maneira diversa e às vêzes concorrente,

quando não discrepante. Grande passo foi dado pelo "alfabeto fonético internacional", da Associação Fonética Internacional, reconhecendo os entendidos que, dentre os alfabetos "nacionais", merece especial relêvo o sueco, que pode ser também aplicado para fins extranacionais, isto é, não suecos. Para evitar dificuldades maiores, dispensamo-nos de reproduzi-los aqui, remetendo o leitor para obra não-especializada mas de fácil consulta, a Encyclopaedia Britannica (cf. ENBR, s. v. phonetics; cf. também JONE). 7. 3 .1.3 Em língua portuguêsa, em Portugal, merecem referência dois alfabetos fonéticos pelo menos: o do Laboratório de Fonética Experimental, da Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra, e o do Boletim de filologia, do Centro de Estudos Filológicos, de L:sboa (cf. REVI e BOLE). No Brasil, merecem referência o seguido pelo jovem mestre foneticista e dialectologista NELSON Rossr, na elaboração do magní.fico Atlas prévio dos falares baianos ( cf ROss), baseado naquele primeiro citado, e o seguido nos Anais do primeiro congresso brasileiro de língua falada no teatro ·(cf. BmL). Qua:squer que sejam os méritos de cada sistema em causa, em si ou em confronto com o "alfabeto fonético internacional", seria de extrema utilidade para os estudiosos da língua portuguêsa em todo o seu domínio que uma tentativa de normalização, isto é, de aceitação comum de um só sistema fôsse lograda. Um colóquio, simpósio ou congresso para só êsse fim seria perfeitamente justificável e extremamente útil. tlsses especialistas congregados poderiam ir além e sugerirem a adoção de um sistema de transcrição fonética para fins folclóricos - que consistiria, em essência, na simplificação do que lograssem como objetivo principal. Transcrição fonética folclórica Com efeito, urge, 7 . 3. 2 para fins etnológicos e etnográficos - sobretudo os relacionados com as manifestações folclóricas verbais - um sistema de transcrição fonética que atenda, num grau de máxima simplicidade possível, a caracterização de certos fatos fonéticos típicos. Não se trata, é obvio, de transcrição fonética exaustiva, já existente para os foneticistas e dialectologistas. 7. 3. 2.1 Entre os folcloristas nacionais, há duas tendências manifestas : (a) uma que, baseando-se na ortografia do sistema convencional em vigor, representa os vocábulos da cadeia falada segundo aquêles cânones, indo, numa extremação dêsse princípio, ao rigor de conformar tôda a cadeia falada folclórica ao padrão culto, deformando, em conseqüência, a tal ponto a realidade repre-

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sentada que dela só se possa aproveitar o conteúdo nocional; (b) a outra que, ainda na base da ortografia vigente, tenta melhor representar a realidade folclórica ouvida, e colhida, procurando, destarte, dar maior rigor de aproximação e, assim, certo valor documental para quaisquer fins lingüísticos ao material representado. Cingindo-se criteriosamente ao princípio de que uma transcrição fonética para tais fins deve ser lata, vale dizer, não entrar em particularidades excessivas sobretudo quanto às variantes posicionais fonemáticas - e deve procurar lançar mão dos recursos tipográficos usualmente disponíveis na ortografia comum, J. MATOSO CÂMARA JR. elaborou um sistema que cumprP ter presente (cf. CAMO). Já antes, R. S. Booos propusera, dentro de idéias afi:u.s, mas com criação de signos fonéticos não disponíveis nas fontes tipográficas usuais, uma transcrição para fins folclóricos, com vistas sobretudo aos falares hispano-amer!canos (cf. BOGG). 7. 4 PROBLEMAS DE TRADUÇÃO - Imperativo da interdependência das sociedades humanas - crescente interdependência na me dida em que as regiões ecumênicas se fazem menos isoladas e mais saturadas demogràficamente -, pode-se afirmar que, desde o .advento da escrita, já não ideográfica, mas fonográfica, a tradução vem aumentando de importância para os contactos de cultura, àa civi.lização, de tecnologia, nas artes e nas ciências, nas religiões e nas ideologias. Os dados estatísticos modernos são incontroversíveis e revelam um auge tal dêsse processo, que se afigura, às vêzes, impossível que êle possa vir a aumentar, quando é certo que aumentará. Tanto quanto produzir originalmente, traduzir é, contemporânea e futuramente, uma das condições da criação de "um mundo só" - na certeza de que a ignorância das realidades alheias é dupla fonte de mal, pela subestimação das realidades alheias e pela supervalorização, por vêzes agressiva, das realidades próprias. A consciência plena da diversidade parece dar maior fôrça à convicção profunda da unidade humana - sem preconceitos de falsos valôres, raciais, éticos, morais, culturais, materiais e até mesmo tecnológicos, tanto é verdade que, neste particular, em que a complexificação e divisão dos instrumentos de ação parecem dar uma medida do progresso, mesmo dos povos ditos atrasados há formas e estruturas sociais que podem dar lições de eficácia aos. povos ditos avançados. 7. 4 .1 Tradução-revelação Desnecessário se faz lembrar exemplos venerandos de tradução - a tríplice inscrição traduzida de Rosetta, muitos séculos depois de lavrada, multJplicou ~ua presença e atualidade, com JEAN-FRANÇOIS CHAMPOLLION (1790-1832)

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e tôda a gestação historiográfica que daí se inspirou, com resultados e direções fecundos para o conhecimento do homem pelo homem ( cf. CLEA). E as religiões vocativamente católicas, isto é, universalistas, desde sempre compreenderam que, a par da conveniência de uma língua litúrgica que "fixasse" a verdade de sua mensagem, se impunha a disseminação de suas palavras em lín· guas alheias, por amor do proselitismo e dos neófitos. No que se refere à seção dita ocidental da cultma, 7 .4.1.1 com berço e foco na helênica, o processo da tradução, grosso modo, · ficou de certa maneira reduzido à transferência recíproca das mensagens do mundo helenístico, que tinha por veículo a língua grega, e o mundo romano, e românico subseqüentemente, que tinha por veículo a língua latina. O intercâmbio e a interpenetração dêsses mundos foi fonte de traduções contínuas, numa direção e na outra. E a religião cristã, católica romana, ou greco-ortodoxa, fundando-se em matriz hebraica e aramaica, se expandiu graças ao grego e ao latim, depois aos vernáéulos, sempre com recurso às traduções. O islão, fundado no árabe ( corânico), por sua vez, a partir do século VII, conquista e expande-se, recorrendo ainda às traduções do e para o grego essencialmente, mas também de e para outras muitas línguas. É, porém, com o advento da tipografia, que o pro7 .4.1.2 cesso da tradução se intensificará - já em obras religiosas, já em obras profanas e laicas. E embora, para fins de pensamento e de cultura, o latim vieSISe firmando sua hegemonia desde a alta Idade Média através do Renascimento, até o século XVII, é a partir do Renascimento que as traduções vão principiar a proliferar, podendo-se mesmo falar numa febre de poliglotismo, que em dado momento invadiu o Ocidente e a tipografia. A industrialização da tipografia _incrementará, porém, no século XIX, as tiragens e os títulos editoriais. E com isso, e com o nôvo humanismo que nêle se esboça, o homem de cultura realizou pela primeira vez o ideal de TERÊNCIO - "homo sum; humani nihil a me alienum puto". E traduções de cada língua para muitas outras· línguas se multiplicarão em cada centro nacional de cultura. Mas o século XIX, que intensificou o processo, incrementou, também, o vício que desde cedo nêle se manifestara, a saber: tradução. - traição.

7.4 .1. 3 É que transpor o ,sistema de valôres lingüísticos, no amplo sentido da palavra, de um original, para outro sistema de valôres lingüísticos, é operação, quando não impossível, pelo menos dificílima. E dois escolhos sempre houve: de um lado, o conhe-

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cimento insuficiente de um dos dois sistemas em JOgo, do outro lado, o desconhecimento das ou a repulsa às instituições, hábitos, idéias, maneiras, ao estilo, no amplo sentido também da palavra, do or:ginal. Se as primitivas' traduções medievais e do correr do Renascimento .,....- no que tange ao mundo ocidental moderno pecam às vêzes pelo desconhecimento, po~ parte do tradutor, de uma das duas línguas em jôgo, no século XIX ocorre já não tanto êsse mal, mas a convicção de que se impõe ambientar, "nacionalizar", na tradução, a mensagem do original. Essa operação se fazia por várias vias, algumas apenas das quais vão aqui enunciadas: (a) cortes ou saltos de passagens consideradas enfadonhas; (b) adaptações de coisas, instituições, hábitos, costumes, alimentos; (c) "tradução" dos antropônimos, não raro também unificações dos mesmos. Destarte, para só citar um exemplo, o DosTOIEVSKI que se veio a conhecer, via de regrà por via do francês, estava tão distante do verdadeiro, que o labéu de suspeição pesa inteiramente sôbre as suas traduções ocidentais, impondo-se, j"á hoje em dia, uma como "crítica textual" das traduções. É que o século XIX foi em pós da tradução ":feliz", mais do que da :fiel e da fidedigna. 'i .4 .1. 4 No que se refere às traduções para o português, propriamente dito, abstraindo as veneráveis - mas apenas, também, na maioria dos casos, ":felizes" - da Idade Média até o século . XIX, neste as assinadas (e realizadas) por ANTÔNIO FELICIANO DE CASTILHO, por CAMILO · CASTELO BRANCO e outros nomes de escol -, cumpre distinguir, in l1.mine, dois tipos: (a) as que se basearam no original, (b) as que se basearam numa tradução, apresentando, pois, uma língua intermediária. Neste segundo caso, a relação "tradução : traição" se agravava para "tradução : traição :traição". No Brasil, pela década de 1920, MÁRIO BARRETO, ANTENOR NASCENTES, JosÉ ÜITICICA e outros mestres do ensino da língua deram exemplo de traduções fiéis e :fidedignas, que, estas sim. são n~cessàriamente felizes.

Subseqüentemente, uma onda pouco recomendável de 7. 4 .1. 5 traduções começou a invadir o mercado editorial brasileiro, caracterizada não apenas por traduções de línguas intermediárias, cujos verdadeiros tradutores às vêzes nem sequer eram mencionados, ocorrendo, tão-somente o do autor consignado como tradutor, para credenc:ar a "operação" comercial. Estágio seguinte foi o representado pela menção do tradutor intermediário como tradutor e o de um revisor ou supervisor, via de regra mais credenciado ou com nome mais ilustre na república das letras.

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7 .4.2 O trabalho de tradutor - No estágio presente, caminha-se, pelo menos nas editôras responsáveis, para algo de mais sério, algo que supõe as seguintes preliminares: a) se se trata de textos para os quais se possa encontrar tradutor direto, isto é, sem· tradução intermediária, tais os em francês, inglês, espanhol, italiano, galego, catalão, romeno, alemão, latim, grego, russo, árabe, hebraico, polaco, sérvio, croata, tcheco, flamengo, holandês, africânder, turco, chinês, japonês. sânscrito, etc. : ( 1) verificar a fidelidade e fidedignidade da edição ·do texto que vai ser traduzido, operação que, nos casos controversos, pode ser obviada com uma consulta direta às missões diplomáticas dos países a que se refiram os textos, as quais dirigirão a consulta ao centro competente de seu respectivo país; (2) verificar, se ainda não comprovada, a eficácia do tradutor, por eonsulta daquele tipo, com padrão de cotejo, vale dizer, algumas páginas por êle traduzidas, podendo ocorrer que a fidelidade e fidedignidade sejam satisfatórias, mas a felicidade claudique, quando se imporá, então, um revisor ou supervisor da tradução idôneo e bom conhecedor do português, pelo menos, operação de revisão que deverá ser, sempre, feita à vista do original ou do tradutor; (3) mencionar, sempre, nas preliminares da edição do texto impresso traduzido a fonte da -tradução; ( 4) anotar, em notas de rodapé, in fine ou no prefácio, algumas características especiais relativas ao vocabulário ou às instituições, fatos ou coisas, de cuja compreensão clara dependa . a intelecção da tradução; (5) prefaciar, sempre que possível, a tradução, com pma notícia, -conforme o caso, da obra, e do autor, e da literatura em qu~ se integra. nessa ordem ou na inversa; b) se se trata de textos para os quais não se pôde encontrar tradutor direto: verificar a fidelidade e fidedignidade da tradu-ção intermediária, por consulta do tipo 1 supra; fazer acompanhar o texto impresso da tradução com as características 3, 4 e 5 .~upra.

7. 4. 2.1 Traduzir é operação dificílima, ousamos dizer, pois presume bom conhecimento de dois sistemas lingüísticos, pelo menos. Se êsse conhecimento se estende a vários sistemas em que haja tradução do texto por traduzir, é freqüente os tradutores lançarem mão das outras traduções, como têrmo de cotejo - o que é operação não apenas lícita, mas recomendável, para melhor se depreender a forma por que foram vencidas certas inevitáveis dificuldades parciais ou locais; mas que o cotejo seja cotejo, não mero recurso alternativo desta passagem pela tradução na língua a, dessa pela tradução na língua b, daquela pela tradução na

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língua c: é quase certo que a traição da traição será, nesse caso, complexa e compósita, o que é agravar de males o mal. Entre nós, modernamente, PAULO RóNAI nos oferece um primor de considerações pertinentes ( cf. RONA). 7. 4. 2. 2 Escusa entrar na questão, entretanto básica, da remuneração dos tradutores, êsses operários das letras que, devendo viver delas, auferem um salário até agora baixíssimo para a gravidade do seu m!ster, com o que decorre a quase impossibilidade de os tradutores idôneos traduzirem, ficando êsse mister relegado aos aventureiros disponíveis, ou aos neófitos (de que poderiam, de que podem derivar bons especialistas em tradução, os quais, entretanto, via de regra arrepiam carreira, com poderem encontrar em breve formas de atividade mais condignamente bem remuneradas). O fato é que, dentre outros gravames que pesam sôbre- a ciência e arte de traduzir, há o de que o tradutor percebe um pro labore único e definitivo, quando em verdade deveria participar de uma cota-parte autoral, mesmo se o autor da obra, vivo, perceba os direitos autorais - ou seus herdeiros. Técnica da tradu.ção - Na técnica da tradução, além 7 .4.3 dos escolhos inerentes às dificuldades de transposição dos valôres comunicativos e expressivos de um sistema lingüístico para outro, há particularidades bibliológicas que devem vigilantemente ser respeitadas, relacionadas com (a) as citações originais, (b) as remissões, (c) as notas ~ ( d) os índices. Isso, é óbvio, se faz mais urgente em obras de erudição, ciência e técnica, do que nas artísticas, que via de regra são despojadas daquele aparato.

7.4.3.1 Nas citações constantes do original por traduzir, ocorre uma de duas hipóteses: (a) são elas feitas em língua que não a do original, (b) são elas feitas na língua do original. No caso (a), a presunção normal (e normalmente única válida) é a de que a citação é feita na língua que é fonte da cita_ção; no segundo caso (b), tanto pode acontecer que a citação seja da própria língua do original por traduzir, quanto de outra língua que não a do original. Como princípio genérico, porém, as citações da hipótese (a) não devem, no texto, ser traduzidas, mantendo-se, pois, a mesma relação primitivamente existente: a língua por traduzir está para as línguas citadas, assim como o português para as línguas citadas - que devem assim ser mantidas; caso, contudo, sejam de supor desconhecidas do leitor médio, em rodapé deverão vir notas que traduzam para o português tais citações, tradução que, quando possível, serão transcritas da obra já traduzida em português, havendo, destarte, dnas remissivas, a

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que é do original e a que é da tradução de apoio. As citações da hipótese (b) devem, no texto, ser traduzidas, para, em por. tuguês, haver a uniformidade aparecida no texto por traduzir; mas aqui também everá ocorrer um problema : o texto das traduções citadas deverá ser, sempre, objeto de confronto com o seu texto original, salvo se houver tradução portuguêsa; neste caso, além da remissiva original, deverá seguir-se a remissiva à tradução portuguêsa já existente. Quanto ao mecanismo das remissivas, ver o local próprio dêste livró. Nas remissões, é mister que o tradutor respeite a 7 .4.3.2 sistemática original, mudando, tão-somente, as reduções bibliográficas e bibliológicas para os da tradição ou normalização brasi_leira. Por exemplo, "ff." em inglês, em português será "ss." ou "segg." ou "seqq.". 7. 4. 3 . 3 As notas do original por traduzir devem também ser traduzidas, respeitados os aspectos essenciais dessas notas, inclusive sua numeração ou método remissivo. Acontecendo, porém, que o tradutor deva anotar, êle também, cumpre, sempre, distinguir as notas originais das da tradução; é habito, em casos tais, haver, in fine destas notas, uma indicação do tipo 'N. T. ' ou 'N. do T. ', equivalente a "nota do tradutor ". Melhor processo, entretanto, em obras científicas, é o de adotar numeração própria para as notas do tradutor, entre colchêtes, no texto, e, em rodapé, inclusão da nota inteira, inclusive índice de remissão, entre colchêtes, com o que se distinguirão, sistemàticamente, uma das outras. Pode-se, também, respeitar a numeração original das notas, diferenciando as do tradutor pela adjunção de uma letra. Os índices das obras traduzidas devem ser cuidadosa7 . 4. 3. 4 mente verificados, para que a nova ordenação alfabética, nos alfabéticos, seja respeitada, para que os locais coincidam entre verbête de índice e ocorrência de texto e para que os vocábulos indiciados sejam os vocábulos usados na tradução. 7.4. 3. 5 Escusa ressaltar que, nas obras científicas, técnicas e de erudição, o escolho principal da tradução é a rigorosa e sistemática concordâncillo da nomenclatura. Por exemplo, um texto inglês original em que change se carregar de um conteúdo nocional que se possa correta e exatamente exprimir em português por "modificação", esta e tão-sõmente esta palavra· deve ser empregada em português para aquela; se, ao contrário, "câmbio" fôr a indicada, devê-lo-á, nessa acepção técnica, sP.r sempre a empregada; se, ainda, fôr "substituição", a mesma constância deverá ser seguida, evitando-se a imprecisão da nomenclatura. com

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alternância de "câmbio", "modificação", "substituição", a menos que a imprecisão ocorra no original por traduzir. 7. 4. 4 Resumos e afins - Conexo com o problema da tradução, é o dos "resumos", divulgados como digest, condensed, al:ridged em inglês, resttrné, racconrci, condensé em francês. Há, é óbvio, necessidade científica dêsse processo nos chamados abstracts - resenhas -, sínteses de monografias ou artigos científicos, que aparecem, geralmente in fine, em certas revistas especializadas, cuja língua possa não parecer acessível a grande número de eventuais leitores estrangeiros, razão por que tais abstra.cts ou resurnés são via de regra traduzidos em inglês ou francês, entre nós, ou mesmo italiano, espanhol, o que já é um luxo. Os "resumos" outros - para os leitores de "narrativa$" ou "narrações" a que se refere o nosso MACHADO DE AssiS são, entretanto, avassaladores no modo ocidental contemporâneo, parecendo a êles infensos os chamados países socialistas. Até que ponto são tais resumos realmente nocivos, pela superficialidade que decorre do conhecimento haurido por essa via, até que ponto são úteis, como iniciadores de futuros leitores extensivos, intensivos e exaustivos, é co:sa que se disputa e coisa cuja fortuna, em verdade, está mais na dependência do desenlace da "crise de civilização" em que nos debatemos, mais do que nas suas qualidades e defeitos intrínsecos. Os resumos acompanhados de ilustrações já hoje em· dia se divulgam no Brasil, embora haja duas claras tendências: a que. se poderia chamar "brucutuesca", encampada por certos jornais, e a que se poderia chamar romanesca, em que há matriz de iniciação popular provàvelmente benéfica e socialmente útil.

CAPÍTULO

VIII

A FUNÇÃO DO LIVRO 8.

LIVRO A palavra "livro", portuguêsa, deriva da latina liber, libri, no acusativo librum - e tem como correspondentes, em francês, l·ivre, em espanhol, libra, em italiano, libra, em inglês, book, em alemão Buch. Primitivamente, lib er em latim significava provàvelmente o córtice de vegetais, particularmente de certos vegetais em que êsse córtice se apresentava de forma laminada. Em sua significação mais genérica, é uma reunião de fôlhas, em branco, manuscritas ou impressas (três graus, já daí), sobretudo, hoje em dia, de fôlhas impressas tipogràficamente, elaborado e conservado com a finalidade de transmitir às gerações vivas, vivendas e vivituras o conhecimento passado e coetâneo já. adquirido, para inserir-se na práxis social, como el~mento da ação humana, factua!, factiva e cognitiva. 8.1 ORIGEM no CONCEITO A origem é remota, mas não anterior, é óbvio, à invenção pelo homem da representação gráfica das idéias, da escrita, em suma. A representação gráfica, desde a pictográfica à fonográfica, superpõe-se a matéria-prima contingente, superfícies isoladas, depois reunidas, que condicionam a existência · dos primeiros "livros". Formas antigas são os cilindros de terra cozida, as tábulas ou tábuas de argila cozida, as parietais - desde as trogloditas, naturais, às edificadas pelo homem -. Antigo é o uso, também, de tábuas de madeira com igual fim - presumindo já não a incisão com estilos de pedra ·ou de metal, mas a pintura com tinta - entre fenícios e hebreus, sobretudo, porém, gregos ; e, antes quiçá, tábuas recobertas de cêra, sôbre a qual se fazia a incisão - estilo ainda - dos caracteres, tábuas, aquelas e estas, ligadas entre si, em dípticos, trípticos ou polípticos, que se assemelhavam à "encadernação", embora de ligação contínua. Com fôlhas vegetais, lâminas metálicas, tecidos de linho, de sêda, se fizeram superfícies para escrever, e com o papiro particularmente, fôlha vegetal, é que os egípcios,

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pelo terceiro milênio antes de Cristo, intensificaram o uso do livro "portátil". Modernamente, sob o nome genérico de livro, há uma grande variedade de espécies, conforme a natureza, a extensão, a profundidade de tratamento do assuntq ou matéria versada; conforme o formato, a espessura do impresso; conforme sua autonomia ou auto-suficiência relativa ou a sua dependência para com um todo em que se integre como secção ou parte; conforme sua relação com o tempo, isto é, com a periodicidade de publicação ou singularidade de ocorrência; conforme, ainda, sua finalidade ou uso particular e, neste caso ainda, conforme certas características da sistematização da matéria tratada. Além disso, é hábito, retrospectivamente,· considerá-lo segundo sua posição dentro da historicidade ou história mesma do conceito e do ins-tituto. Ademais - mas sem esgotar os aspectos por que pode ser examinada - a palavra "livro" se faz acompanhar de epítetos ou de adjuntos terminativos que permitam colocá-la numa daquelas possíveis distinções específicas ou defini-la para outros fins. 8 .1.1 Dete?"'fftinações do conceito - Com o vocábulo "livro" e um epíteto definem-se, freqüentemente, já o dissemos supra, finalidades: (1) "infantil", para leitura ou uso de crianças; (2) "juvenil", para leitura de adoleséentes; (3) "azul", em que o govêrno britânico esclarece sua posição numa, em geral, questão de política internacional, mercê de publicação de documentos, ostensivos, reservados, secretos ; ( 4) "amarelo", em que o govêrno francês faz outro tanto; (5) "branco", em que o govêrno norteamericano faz outro tanto: ( 6) "escolar", para uso nas escolas, em geral de acôrdo com programas, oficiais, oficiosos ou aprovados pelas autoridades competentes; (7) "único", com que o Estado impõe, em determinada disciplina ou conjunto de disci- . plinas, um tipo de formulação da matéria que passa a dirigir a formação mental das novas gerações, em geral sob pretexto de eficácia didática e de custos mais baixos; (8) "didático", o mesmo, aproximativamente, que escolar, podendo, entretanto, corresponder a níveis vários e a aspectos particulares de apresentação da relação "matéria :docente : discente"; (9) "elementar", (10) "primário", (11) "secundário", (12) "superior", indicam níveis de desenvolvimento de livros escolares ou didáticos; (13) "anotado", em geral é a publicação de um texto acompanhado de notas esclarecedoras do mesmo, sob quaisquer pontos de vista; (14) "premiado", que obteve láurea, oficial, ou privada, de certa relevância; ( 15) "laur~ado", o mesmo que o anterior, aproximativamente; (16) " gastronômico", com receitas e indicações de bem comer; (17) "técnico", com e~posição de matéria de natureza

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técnica, preferentemente tecnológica; (18) "científico", com ex~ pos1çao de matéria de natureza científica, preferentemente nas chamadas ciências exatas; (19) "popular", de aceitação generalizada ou de destinação ao nível médio de compreensão de uma coletividade ampla; (20) "clássico", originalmente o adotado em classe de aula, entre os romanos, coincidindo, no pensamento mo· derno, com o fato de versarem matéria "clássica", isto é; greco· romana; daí, o que apresenta caracteres tradicionais: daí, ainda, o que se supõe elemento ponderável de formação humanista; daí, mais, o que faz época em determinada disciplina, matéria ou questão, quando, de regra, se faz acompanhar de adjunto terminativo relacionado com a disciplina, matéria ou questão em causa; (21) "litúrgico", isto é, relacionado com a liturgia de determinada religião; (22) "ritual", isto é, relacionado com um rito; (23) "doutrinário", isto é, obediente a uma doutrina; (24) "dogmático", isto é, conforme com um ou os dogmas de uma religião; (25) "ortodoxo", isto é, obediente a um cânon; (26)'"heterodoxo", isto é, que iniringe um cânon; (27) "canônico", isto é, conforme com um cânon; ficando, porém, claro que a relação pode ser multiplicada e ressalvado o fato de que alguns dêsses epítetos podem ser usados para com "obra", "exemplar" e vários outros substantivos da área semântica de "livro" ou de "bibliologia" (cf. LEMA). 8 .1. 2 Outras determinações - Ainda com epíteto, o vocábulo "livro" pode indicar sua posição em face das disponibilidades de seus exemplares; sua posição em relação à biografia do autor; (1) "raro", de cuja edição restam poucos exemplares disponíveis ou conhecidos; (2) "raríssimo", {!e cuja edição restam pouquíssimos exemplares, variando o conceito de "pouquíssimos" de acôrdo com a procura ou necessidade de sua consultação; (3) "único", de cuja edição não resta senão um exemplar; coteje-se com o conceito expresso em 8 .1.1 (7) e note-se o duplo uso; veja-se, po;rém, como em museologia em geral, em documentação em geral, em exemplarização em geral, que, no sentido aqui particularizado, é mais usual empregar o latinismo unicum, isto é, "um unicum", plural "os 1.tnica", e.g., "a Vênus de Milo é unicum"; "EL GRECO, de muitos de seus quadros, não deixou unicum, pois que fêz mais de uma versão, sendo às vêzes impossível saber qual a principal ou definitiva, valendo, dêsse modo, cada uma igualmente" ; as obras de arte, via de regra, são 1tn1'.ca; (4) "esgotado", de cuja edição já não há a venda, fora eventualmente dos sebos ou alfarra. bistas, mais nenhum exemplar; (5) "perdido", stricto sensu, o de cuja existência se tem notícia histórica, não havendo, entretanto, conhecida nenhuma disponibilidade textual; (6) "póstu-

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mo", o que é tornado público depois da morte do autor; (7) "juvenil", o que foi elaborado na juventude do autor; coteje-se com 8 .1.1 ( 3), mas considere-se qúe, nas ambigüidades, é mais corrente falar em "obra juvenil" e equivalentes; ficando, porém, claro que a relação pode ser multiplicada e ressalvado o fato de que alguns dêsses epítetos podem ser usados para com "obra", "exemplar" e vários outros substantivos da área semântica de "livro" ou de "bibliologia". Da área semântica há outras determinações, do que S .1. 2 .1 é exemplo a seguinte relação: (1) "acartonado", isto é, cujo revestimento é feito com cartão ou papelão; (2) "abreviado", o livro que teve seu texto resumido, geralmente por meio de cortes; (3) "apreendido", cuja tiragem ou edição foi seqüestrada por autoridade, competente ou não; (4) "capeado", isto é, com revestimento de cartão ou papelão; ( 5) "sobrecapeado", isto é, com revestimento de papel, impresso, sôbre o revestimento aderido ao livro; (6) "cartonado", o mesmo que acartonado sup-ra,· (7) "condensado", o mesmo que abreviado, podendo, entretanto, tê-lo sido por remanipulação do próprio autor; (8) "encadernado", isto é, cujas fôlhas foram revestidas com revestimento duro, couro, percalina ou equivalentes; (9) "encamisado", que se apresenta dentro de um estôjo inteiramente fechado salvo na face correspondente à lombada; (10) "estojado", que se apresenta dentro de um estôjo inteiramente fechado, com uma face, geralmente correspondente à lombada do livro, móvel; (11) "encartonado", o mesmo que cartonado, sup-ra,- (12) "enxertado", em cujo texto foi acrescentada matéria, alheia ou do próprio autor, de forma arbitrária; (13) "erótico", livro que trata de assuntos amorosos; (14) "expurgado", o de que foram retiradas, em nova edição, passagens reputadas ofensivas, agressivas, heterodoxas, imorais: o pretexto, via de regra, é o de imoralidade; (15) "factício", melhor para "volume", a unidade encadernada ou enfeixada de unidades editorialmente autônomas na sua origem; (16) "fescenino", o que explora temas sexuais de forma dita imoral; (17) "glosado", o que encerra comentários (primitivamente autônomos) no corpo do texto, em nova edição; (18) "iluminado", o que é ilustrado com iluminuras ; ( 19) "ilustrado", o que encerra fotos, desenhos, gravuras e afins; ( 20) "imoral", o que é reputado atentatório dos hábitos e costumes; (21) "interditado", aquêle cuja circulação foi impedida por autoridade dita competente; (22) "liliputiano", o de formato pequeníssimo; (23) "obsceno", o mesmo que " imoral", suproj (24) "pornográfico", o mesmo que "obsceno", supra, mas em grau mais vexatório; (25) "proibido", quase

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sempre o mesmo que "interditado", supra; (26) "proscrito"; quase sempre o mesmo que "proibido", S'UP"!J, ainda que possa ter ~ido, previamente, circulaÇão; (.27) "resumido", o mesmo que "abreviado", swpra, senão que tevf seu texto remanipulado para ser menos longo.; (28) ;'truncado' ., aquêle cujo texto foi, deliberada ou involuntAriamente, reeditado com lacunas. .Amoo owtras determinações - Com a palavra "'livro" 8 .1. 3 e. adjunto terminativo (subs.t antivo ou adjetivo substantivado antecedido de preposição), seguido ou não de epíteto, ou com apôsto, obtém-se, também, indicação : (a) de finalidade temática: ( 1) "de horas", isto é, livro litúrgico que encerra orações ou práticas religiosas preconizadas para cada hora canônica do dia; (2) "de ofícios diários", isto é, livro que encerra orações ou práticas religiosas preconizadas para os diferentes dias do ano canônico; (3) "de orações", isto é, livro litúrgico que encerra as principais orações canônicas; (4) "de cantos", isto é, livro litúrgico que encerra cantos de crença protestante; (5) "de cânticos", isto é, livro litúrgico que encerra ·cânticos católicos, ortodoxos, judaicos etc. ; (6) "de côro", isto é, livro que encerra o texto de peças religiosas ou profanas por serem cantadas em côro, com notação musical ou sem ela; (7) "de modas", isto é, que encerra modelos, moldes ou figurinos, do passado ou do rigor da atualidade, para guia do trajar consuetudinário ou. requintado, num' momento, num país, numa cultura; (8) "de referência", o destinado a ser intermediário entre o leitor e todo um conjunto de fatos que se encerram em outros livros; podem, destarte, multiplicar-se em espécies, mormente as relacionadas com setores da atividade ou do conhecimento humanos, e.g., "livro de referências bibliográficas", "livro · de referências médicas", "livro de referências jurídicas", "livro de referências actuariais", "livro de referências de revistas de física atômica", "livro de referências sôbre estudos e pesquisas do méson", "livro de referências sôbre os c6dices da biblioteca de Viena da Áustria" etc. ; (9) "de endereços", numa cidade, bairro, rua; de uma especialidade comercial, industrial, de serviço; de uma categoria profissional; de um tipo de serviço público etc; ; (10) "de classe", o mesmo que "escolar", "didático", "clássico" etc., qq.v. supra; (11) "de exercícios", como o anterior, mas sem exposição ou texto explicativo, apenas como aplicação de noções presumivelmente adquiridas; (12) "do aluno", isto é, livro escolar ou afim para uso do aluno, em oposição ao seguinte; (1.3) "do professor" em que a matéria se desenvolve paralelamente à do anterior, com indicações mais aprofundadas e qualificadas para uso do professor, o mesmo que (14) "do r:1~stre" ,

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veja o anterior; (15) "de comentários", isto é, livro paralelo a outro, de que é o esclarecimento, com comentário ; ( 16) "de cozinha", o mesmo, de certo modo, que "gastronômico", podendo, entretanto, apresentar nível mais elementar ou nienos requintado ; (17) "de culinária", o mesmo que o anterior; (18) "de formulário", que encerra fórmulas (matemáticas, físicas, químicas, etc.) de constante aplicação em determinadas atividades ou conhecimentos; ( 19) "de farmacopéia", que encerra fórmulas e receitas farmacêuticas; (20) "de tábuas", que encerra quadros, tábuas, gráficos, diagramas, de vária natureza (matemáticas, estatísticas, etc.,); em geral é complemento de um livro de texto; (21) "de lâminas", como o anterior, estampa reproduções mecânicas de textos, exemplos, casos, questões estudadas em livro a que se relaciona e de que é complemento ilustrativo ou de estudo in concreto; (22) "de marear",. que encerra conselhos, indicações, normas de navegação, o mesmo que (23) ''de mareação", ver supra ou (24) "de mareagem", ver supra; (25) "de tarifas", que encerra preços, taxas, emolumentos, impostos vigentes para determinados serviços públicos ou ônus fiscal; (26) "carmiM expurgata", o de poemas que, por serem reputados livres, impróprios ou imorais, segundo a finalidade, teve alguns dêles ou partes dêles retirados de nova edição ; ( 27) "-anão", o de pequeníssimo formato; (28) "-gigante", o de grandíssimo formato; (29) "de edificação", o de exemplário moral; (30) "de exemplos", o mesmo que o anterior, ou o que se destina a observar regras, princípios, normas; (31) "no Index", o que foi inscrito pelo Santo Ofício na relação das obras contrárias ao dogma, à fé, à moral da Igreja Católica Romana; (32) "-miniatura", o mesmo que livroanão, .supra, quiçá menor ainda; ( 33) "com miniatura", o livro de formato pequeno, ilustrado com ilustrações ou iluminuras tão pequenas que devem ser examinadas com lupa; (34) "ad usum delphini", variante do "earmina expurgata", supra, atendendo à idade dos leitores a que se destina, em obras em prosa ou em verso (="para uso do delfim", isto é, do herdeiro da França) ; (b) de características tipográficas: (1) "de imagens", isto é, com ilustrações, geralmente figurativas, seguidas ou não de texto; (2) "em quadrinhos", é a feição moderna do livro anterior, fusão da ilustração figurativa com textos resumidos originais ou de obras literárias; (3) "de luxo", isto é, com material e cuidados gráficos custosos, o que traduz uma atitude judicatória de valor, quanto ao contelído do livro, nem sempre confirmada pelos contemporâneos ou pelos pósteros; (4) '~de cordel", isto é, com material e cuidados gr~ficos baratos, para mínima expressão de custo e má-

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xima divulgação popular, o que feiçoa, ipso facto, uma estilística própria, a um tempo tradicionalista e conservadora, e inovadora e viva; ( 5) "de grand.e formato", isto é, com dimensões de página geralmente acima das comuns ou médias em que se imprimem os livros de determinado setor· editorial; (6) "de pequeno formato", reverso do anterior; (7) "de formato oblongo" isto é, em que as medidas da base, se colocado o livro em pé, são muito maiores do que as verticais; (8) "de formato italiano", o mesmo que o anterior; (9) "in plano", isto é, nas dimensões originais de uma fôlha de papel de elaboração manual; (10) "in folio", isto é, o aproveitamento da fôlha in plano dobrada ao meio, com o que se obtém duas fôlhas ou quatro páginas; (11) "in folio grande", o mesmo que o anterior, com a ressalva de que a fôlha in plano é de dimensões maiores do que as médias; (U) "in fol.io oblongo", conjugação das características (7) e (11), mercê de fôlha in pla-no dobrada na extensão longitudinal; (13) "in quarto", ou "in 4.M, isto é, cujos cad~rnos decorram da dobragero da fôlha in plano duas vêzes, ou do in folio uma vez mais, do que se obtêm quatro fôlhas - duas fôlhas com duas faces ímpares e duas pares, seja, oito ·páginas; (14) "in sexto", ou "in 6. 0 ", isto é, cujos cadernos decorrem da dobragem em três seções iguais da fôlha in plano já dobrada ao meio ou, noutros têrmos, da dobragem em três seções iguais do in folio, com o que se obtêm seis fôlhas com recto e verso ou doze páginas, seis ímpares e seis pares; ( 15) "in octatw" ("in octavo"), ou "in 8. M; "in duodecimo", ou "in 12.0 " etc. ; escusando, aqui também, prosseguir; a lista pode, não só dentro de algumas unidades acima referidas, ser desdobrada ou multip!jcada, mas "também, na seqüência, ser al tam ente acrescida (cf. LEMA) • 8 .1. 4 N omenclaiut·a ainda - Ampla nomenclatura também. com substantivos autônomos ou com primitivos adjetivos qualificativos usados substantivamente, se liga ao livro. Relacionamos, sem pretensões exaustivas, a seguir, uma lista, precedendo-a de algumas ~aracterísticas essenciais para a definição eventual de cada uma das unidades: (a) sistemática: a noção se relaciona com o tipo de livro que se estrutura segundo ordenação sistemática de partes relativ.a mente auto-t~uficientes (verbêtes, artigos, parágrafos) ; (b) específica: a noção se relaciona com tipo de livro de natureza autodefinida quanto à sua finalidade; (c) temática: a noção se relaciona com tipo de livro cuja estruturação decorre de um desenvolvimento autógeno e endógeno, em que tôdas as partes se integram para · a formação de uma unidade de mensagem informativa; ( d) inespecífica: a noção se relaciona com

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tipo de livro de natureza indefinida, necessitando, pois, um complemento que a defina ; (e) tipográfica : a noção se relaciona com aspecto eminentemente tipográfico por que é considerado o conceito subjacente na designação; (f) ilustrado: a noção está implícita na categoria (e) supra, mas do aspecto tipográfico ressalta o relacionado com fotos, gravuras, iluminuras e afins; (g) revestida: a noção está implícita na categoria (e) supra e do aspecto tipográfico ressalta o relacionado com o revestimento externo protetor; (h) dimensiva: a noção está implícita na categoria (e) supra e do aspecto tipográfico ressalta o tamanho, formato, grossura, largura etc.; (i) tecnológica: a noção se relaciona com tipo de livro integrado na categoria (c) supra e ressalta o vinculado com as técnicas oriundas das ciências exatas; ( j) biblioteconômica: a noção se relaciona com tipo de livro tomado por seu aspecto bibliológico ou biblioteconômico; (k) editorial: a noção se relaciona com tipo de livro que se considera sob o ponto de vista da editoração e da circulação; (l) seccional: a noção se relaciona com tipo de livro que representa, como unidade, parte de um todo unitário editorial superior; (m) ecdótica: ·a noção se relaciona com tipo de livro cujo texto é objeto de tratamento crítico.

8.1.4.1 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8)

9) 10) 11)

12) 13) 14) 15) 16) 17) 18) 19) 20) 21) 22) 23) 24) 25) 26)

Eis a lista em causa :

abecê abecedário achegas acôrdo agréement

álbum alfabetário alfabeto alfarrábio almanaque anais anexo antifonário antologia anuário apêndice atas atlas autobiografia beabá bianuário bibliografia bibliotecografia bi-hebdomadário bimensário hi-semanário

27) biografia 28) boletim 29) brasonário 30) breviário 31) brochura 32) caderno 33) calendário 34) campeonário 35) cancioneiro 36) cânon 37) cartapácio 38) carteira 39) catecismo 40) cartilha 41) cartulário 42) catálogo 43) cenário 44) censo 46) censual 46) chancelário 47) clmélio 48) classificador 49) codificação 50) código 51) coleção 52) coletânea

ELEMENTOS

53) compilação 54) complemento (s) 55) comunicação 56) concordância 57) consolidação 58) conto 59) contrato 60) contribuição(ões) 61) convenção 62) corpo 63) corpus .· 64) crestomatia 65) crônica . 66) cronicão 67) crônicon 68) cronológico 69) cronologia 70) cronológio 71)

diário

72) dicionário 73) digesto 74) digressão 75) discursão 76) discurso 77) discussão 78) dissertação 79) diurna! 80) documentação 81) documental 82) documentália 83) documentário 84) efemérides 85) elementário 86) elementos 87) elenco 88) ementário 89) enciclopédia 90) ensaio 91) epitome 92) esbôço 93) escôrço 94) escritos 95) estatuto (s) 96) evangelho 97) evangeliárie 98) exemplar 99) exemplário 100) fabulário 101) fabulete 102) fasefculo 103) figurino 104) florilégio 105) folhetim 106) folheto 107) folhinha

DE

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108) 109) 110) 111) 112) 113) 114) 115) 116) 117) 118) 119) 120) 121) 122) 123) 124) 125) 126) 127) 128) 129) 130) 131) 132) 133) 134) 135) 136) 137) 138) 139) 140) 141) 142) 143) 144) 145) 146) 147) 148) 149) 150) 151) 152) 153) 154) 155) 156) 157) 158) 159) 160) 161) 162)

formulário galeria genealogia genealógio glossário guia hebdomadário hinário história incunábulo indexador indicador indice indiciador indiciário iris jornal lecciouário léxico léxicon libelo libreto lista macedônia manual marginália memória (s) mensário miscelânea missal missário modinheiro 1Mdus-'lrivendi

monogra.fia mostruário narração narrativa necrologia necrológio negociação nobiliarquia nobiliarquiário novela número obituário opuseulário opúsculo(s) oração orientador panfleto paradigma paradigmário paralelepipedo partitura planejamento

35

36 163) 164) 166) 166) 167) 168) 169) 170) 171) 172) 173) 174) 176) 176) 177) 178) 179) 180) 181) 182) 183) 184) 186) 186) 187) 188) 189)

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planificação plano plaquett~, plaquete preciso projeto prospecto (s) quadrimensário quadro(s) questionário quinzenário receituário recenseamento regimento regra(s) régua(s) régula(s) regulamentação regulamento ( s) relação relato relatório repertório resumo revista romance romanceiro roteiro

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190) 191) 192) 193) 194) 196) 196) 197) 198) 199) 200) 201) 202) 203) 204) 205) 206) 207) 208) 209) 210) 211) 212) 213) 214) 215) 216)

rudimentário rudimentos saltério semanário semensário sermonário súmula sumulário suplemento tabuada tabulário tese tijolo tombação tombamento tombo tomo trabalhos tradução . tratado trianuário trimensário vademécum versão vocabulário volume vulgata

8.2 O LIVRO E A DOCUMENTAÇÃO Nas condições do atual desenvolvimento histórico da humanidade, o conhecimento de primeira mão não pode progredir sem o de segunda mão. Conhecimento de primeira mão é o decorrente, digamos assim, da integração do homem na natureza, para dela haurir . continuidade específica e felicidade individual; essa integração, para .consolidar-se, foi condicionada pela e condicionou a comunicação verbal, implicadora do co:rlhecimento de segunda mão, a linguagem, no que ela encerra de transmissão cognitiva.- ~sse conhecimentQ de segunda mão multiplicou de importância a partir do momento em que o homem pôde mantê-lo em conserva, grAficamente, para uso de seus contemporâneos e de seus pósteros. A noosfera, gerando a grafosfera, aumentou os podêres e potências do homem. E hoje a matéria mentada e em conserva gráfica é tão imensa e se renova em ritmo tão intenso, que um dos mais graves problemas da civilização e da cultura humanas é conseguir torná-la relativamente acessível a quantos queiram ou possam acrescentar seu esfôrço ao .herdado das gerações anteriores ( cf. SAMA), na luta pelo aumento do saber, vale dizer, do conhecer, vale dizer, do fazer, vale dizer, do conhecer-fazer-conhécer-fazer, vale dizer, da perpetuação específica e da felicidade individual. Uma "documentação

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DE

BIBLIOLOGIA.

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ativa" (cf. SHER) é condição e imperativo, nesta altura, do progresso. Forma privilegiada da mensagem gráfica, o livro se insere, necessàriamente, na documentação, como um dos meios específicos mais poderosos e eficazes da mesma documentação ; mas não apenas o livro, é obvio, senão que quantas coisas realizadas, executadas, interpretadas, achadas, ordenadas, nominadas pelo homem. Nesse sentido, pois, podemos dividir o objeto da documentação - cuja finalidade, já o dissemos, é propiciar sistemàticamente o acervo cognitivo, diAriamente herdado e acrescido, das gerações anteriores, às contemporâneas e às pósteras - , podemos di-vidir o objeto da doc1;1.mentação em duas grandes categorias: em que os limites, obviamente, são difusos.

1)

de base verbal

Objeto da documentação

2)

de base não verbal

a)

material picto-, ideo-, hiero-, simbolográfico, não ligado diretamente, isto é, vocabularmente, mas sim intermediàriamente,- isto é, conceptualmente, ao sistema lingüístico, por meio do sistema de idéias subjacentes naquele;

b)

material gráfico ligado ao sistema lingüístico por meio da escrita ·fonográfica;

c)

material fonográfico ligado ao sistema lingüístico por meio de gravações sonoras reprodutoras da cadeia falada original;

a)

material Õbjetivo natural: museus e afins de história natural;

b)

material objetivo social: museus e afina "do homem", etnográficos, etnológicos, . antropológicos;

c)

material objetivo "cientifico": museus e afins da história ou do desenvolvimento social, das Ciencias, técnicas, artesanias, eventos, personalidades;

d)

material objetivo "artístico": museus e afins de escultura, pintura, gravura, música; "casas" de artistas e criadores etc.

38

ANTÔNIO

HOUAIBB

8. 2 .1 A docume-ntação atual - O impulso cognitivo-factivo do homem moderno é eficaz, como ação presente tendida para o futuro, na medida em que se embebe no passado. Neste sentido, tradição é condição de perpetuação ou, pelo menos, continuação (já que o "bicho da terra tão pequeno" está mostrando não saber como dominar seu próprio feitiço, a bombinha brandida pelo Dr. Strangelove). Ser humano, por conseguinte, é fazer-se cada vez mais penetrado de "história": tudo o que é será pelo que também tiver sido. Não admira, por conseguinte, que todo o esfôrço da documentação - a documentalística, em suma - se faça sob a pressão da necessidade histórica, de cognição histórica, historiográfica, históri~ que é passado e presente também - presente como história e condição do futuro como história, na vida social, quer dizer, humana, como na natural, como na cósmica. 8. 2 .1.1 Se à documentalística cabe ( cf. INST), em última análise, pôr à disposição do documentando o material documentador, êsse material imenso - cuja classificação tentativa foi ff'ita no quadro in fine de 8. 2 supra - vem sendo hoje "armazenado" (no bom sentido de "racionalizado") em repositórios também imensos. Sem pretender esgotar uma possível classificação dêsses repositórios, tentemos propor-lhes uma racional sistemática classificat6ria (sabendo, sempre, que os limites recíprocos são difusos) : a) em função de "ler" há as bibliotecas (cf. ouYE, Joss), que ou bem são especializadas segundo níveis, fins, tipos de documentos, e aspectos conexos, ou bem (e concomitantemente) têm setores específicos, alguns dos quais são aqui lembrados: (1) epigrafotecas, com o documental da_s epígrafes e inscrições do passado, monumentais, comemorati~as, apologéticas, gratulat6rias, vindicativas, aleatórias (cf. ROBE); (2) papirotecas, das mensagens escritas transmitidas por êsse vetor ( cf. BATA) ; (3) paleografotecas, no mundo ocidental importantes do ponto de vista da língua grega ( cf. DAIO; THOL), da língua latina ( cf. MALL e MALM) ou das escritas medievais ( cf. PERR) ; ( 4) criptotecas, de material escrito em linguagem cifrada, codificada, para comunicações secretas (cf. RICH); (5) diplomatotecas, de material documental escrito dos atos do -poder público e convenções de direito privado, público, internacional ( cf. TESS), material que pertence, normalmente, aos arquivos públicos ou privados, veja-se arquivística, adiante; (6) geneotecas, de material relacionado com as genealogias (cf. TUPI); {7) heraldotecas, de material relacionado com a heráldica (cf. TUPJ); (8) onomastoteca, de material relacionado com onomástica, em que a mapoteca (ver adiante) é fonte para

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BIBLIOLOGI..l

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a parte relacionada com a geonímia (cf. LEBE); (9) numismatotecas, de material relacionado com as moedas ( cf. BABE; MIRO) ; ( 10) telotecas, de material relacionado com os selos postais e os selos ou sigilos de autenticação (cf. METM); mas crescente importância, ~ óbvia, vão tendo ( 11) as hemerotecas, com .as publicações periódÜ!as (jornais, revistas etc.); b) e.m função de "ouvir" há os genericamente chamados "museus da palavra", que não abarcam todos os aspectos principais do "ouvir", convinao tecnicamente distinguir as glossotecas - da fala propriamente dita -, das melotecas - das músicas em particular -, das glossomelotecas - da palavra cantada, com ou sem acompanhamento musical instrumental; os repositórios são ditos (1) discotecas, em função dos discos, (2) fonotecas, em função de outras máquinas gravadoras que não em discos, magnetofones, por exemplo, e (.3) tenidiotecas, para coletas de material sonoro outro que não da fala humana ou da música criada pelo homem (cf. THEV e THEU); c) em função de "ver e ler" ou de "ver e ouvir", ou de "ver" apenas, há as fototecas e cinematecas (cf. sADo), que do ponto de vista dimensivo, o que acarreta uma tecnologia diferente, se apresentam como microfototecas ou microcinematecas ( cf. FRAP) e, do ponto de vista da conserva do material tem seus problemas específicos, filmotecas (cf. FRAQ); d) em função de "ver" ainda é que se colocam os outros museus, com os seus problemas de museologia, museografia, museotecnia ( cf. PRAD), com ênfase nos aspectos chamados artísticos, a grafoteca, para gravuras, a pinacoteca, para pinturas, a gliptoteca, para esculturas; e nos seus aspectos estrita ou particularmente cognitivos, o museu de história natural (que se pode infinitesimar setorialmente), o etnográfico, o particularmente folclórico, o antropológico, subdivisíveis ad infinitum; e) os arquivos merecem menção especialíssima, sobretudo para nós, no Brasil, em que sua dilapidação vai a galope ( cf. supra as diplomatotecas) (cf. BAUT, RODR, HOUA); f) mas em função de "olfatar", "comer" e "amar" não será, dentre outros humanos aspectos, de admirar que já disponhamos, privativamente, de repositórios que poderiam ser chamados ... rinotecas, gastrotecas, erototecas ... 8. 2. 2 Em tôrno de "livro" - Dentro da documentação, no amplo sentido acima esboçado, a parte ocupada pelo livro - tomado sempre êste na sua acepção genérica - é, por ora, privilegiada e, até onde se pode antecipar, o será ainda por muito tempo, ainda que se fale contemporâneamente de uma crise geral da "ci-

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HOUAISS

vilização escrita" e, dentro deS'3a crise, da "crise do livro". Do livro, como objeto de conhecimento e atividades, há diversas disciplinas, que podem ser grupadas, com certos luxos de classificação (que, entretanto, não esgota todos os aspectos por que pode o livro, objetivamente, ser examinado), na seguinte conformidade (ousando o autor enveredar pelo campo das palavras potenciais sem nenhuma relutância, já que as noções e atividades, como· tais, existem de fato) : (a) do ponto de vista de sua história, (1) biblio-historiografia, interna (substância da mensagem, evolução dessa substância) e externa (sua integração material e sua evolução) ; (b) do ponto de vista de sua sistematização orgânica, (2) bibliologia, (3) bibliografia, (4) bibliotecologia, (5) bibliotecografia, ( 6) biblioteconomia; (c) do ponto de vista de sua produção: (7) bibliotecnia (bibliotécnica), (8) bibliotecnologia, (9) bibliotecnografia, (10) editoração, (11) bibliotecotecnia (bibliotecotécnica), · (12) bibliotecotecnologia, ( 13) bibliotecotecnografia; (d) do ponto de vista de sua conservação: (14) ecdótica (intrínseca, da mensagem), (15) bibliofotografia (intrínseca, da mensagem, e também na sua forma original), (16) bibliop.atologia, (17) biblioterapia, (18) bibliocirurgia, (19) biblioprofilaxia, (20) bibliotecopatologia, (21) bibliotecoterapia, (22) bibliotecocirurgia, ( 23) bibliotecoprofilaxia ; (e) do ponto de vista de sua posse e retenção pessoal: (24) bibliofilia, (25) bibliofobia, (26) bibliomania, (27) bibliolatria, (28) bibliocleptomania, (29) bibliogno· sia, (30) bibliotafia. 8 . 2. 2 .1 Sob a denominação geral de "bibliosofia" (à imitação, visível, de "filosofia", como teoria ou pseudoteoda geral do conhecimenio dos conhecimentos), são, em certo livro pioneiro brasileiro, capituladas tôdas as disciplinas do livro. Mas "bibliohistoriografia" é a história do livro como instituto criado pelo homem ; é ela interna, quando examina a evolução da substância da mensagem dos livros, o que, noutros têrmos, é uma história quase integral do conhecimento humano, · dirigente e, indiretamente, dirigido, e de suas conquistas, a partir da invenção da escrita, e ainda quando examina .a evolução da forma, isto é, de como se estruturou o livro, através dos tempos, segundo as ·culturas e as civilizações, ao sabor do progresso tecnológico. É externa, quando examina os elementos materiais que, segundo as contingências mesológicas ou as relações de cultura, feiçoaram o livro na sua integração material - lousa, ardósia, lâminas vegetais, animais, metálicas, estilo, estilete, cunha, tinta, policromia, perfuração etc.

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

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8.2.2.2 Bibliologia ~ a disciplina do livro que o examina do ponto de vista de sua sistematização orgânica, como um todo composto de elementos materiais de suporte (fôlhas, cartõeBt peles, 1inhas, cola), de elementos materiais de representação simbólica (tintas, furos - nos livros de BRAILLE -, côresi. de elementos de eficaz disposição dos símbolos (tipos, letras, imagens, objetos visuais e tácteis), a fim de que a mensagem se possa consumar em sua fmalidade de comunicação e expressão, com a completude possível. Bibliografia ~ a disciplina do livro, melhor, dos livros, que os agrupa, segundo critérios sistemáticos vários (cronológico, temático, geográfico, · autoral, histórico, nacionll,l, continental etc., e seus combinatórios), para possibilitar, aos interessados, indicações de acesso a obras anteriormente conhecidas sôbre o agrupamento em . ~usa. Usa-se, também, da mesma palavra para indicar a relação. ·ae.' "obras consultadas" ou de "obras citadas" por determinado.·~tor na elabo:~;âÇão de determinada obra. Bibliotecologia é a disciplina dos livros ·como coleções agrupadas, com os múltiplos problemas relacionados com a sua disposição sistemática, sua armazenagem, seu acesso, sua circulação, sua conservação. Bibliotecografia é. a· seção da bibliotecologia que se relaciona com os aspectos da disposição sistemática das coleções de livros. Um particular da bibliotecografia é a catalografia, que procura resolver os problemas suscitados pelos fichários, fichas, sua sistematização, sua consulta, sua eficácia classificatória, analítica, sintética, analítico-sintética, e remissiva. Biblioteconomia é a seção da bibliotecologia que se relaciona com os aspectos da armazenagem, do acesso e da circulação das coleções de livros, em grande parte dependentes de uma orientação ou solução eficazes dos problemas da bibliotecografia. · 8. 2. 2. 3 . Bibliotecnia ou bibliotécnica é o corpo de técnicas e de conhecimentos relacionados com a produção do livro, do ponto de vista dos elementos materiais que o suportam (fôlhas, cartões, peles, linhas, cola) e dos elementos materiais que feiçoam sua representação simbólica (tintas, furos, côres, manchas, medidas, formatos, ilustrações). Bibliotecnologia· é a disciplina que sistematiza o corpo de técnicas e de conhecimentos compreendidos pela bibliotecnia. Bibliotecnografia é a exposição sistemática dos princípios e normas de bibliotecnologia. Editoração é a atividade organizada em forma de emprêsa para a publicação de livros. A editoração compreende setores específicos de unidades de trabalho, dos quais se· citam alguns: (a) direção; (b) seleção de originais; (e) adequação dos originais para a correlação original-tipografia; ( d) revisão; (e) publicidade e relações públicas; (f) distri-

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H OU A I 8 S

buição e difusão (depósito, consignação, vendas em g;osso, vendas a varejo; exemplares à critica especializada, ou genérica, ou noticiante). A editoração enlaça~se necessàriamente com a impressão, havendo editôras que são, concomitantemente, impressoras ; mas de regra são dois gêneros de atividade autônomos, e mesmo quando agrupados sob uma mesma emprêsa merecem organização própria, pela relativa especificidade de seus problemas. A editoração pode revestir c~ráter de emprêsa privada com fins lucrativos, de emprêsa privada com fins beneficentes ou de emprêsa pública. Bibliotecotecnia ou bibliotecotécnica é o corpo de técnicas e de conhecimentos relacionados com a criação de bibliotecas, sua instalação e funcionamento ; como tal, é seção da bibliotecologia. Bibliotecotecnologia é a disciplina que sistematiza o corpo de técnicas e conhecimentos compreendidos pela bibliotecotecnografia. Bibliotecotecnografia é a exposição sistemática dos princípios da bibliotecotecnologia. Ecdótica é, como vimos, a aplicação dos princípios 8. 2. 2. 4 da filologia Zato sen., u ao preparo de texto manuscrito para a sua editoração ou ao estabelecimento do texto já editorado e editado, a fim de restaurar-lhe a fidedignidade ·e fidelidade originais. ~ também conhecida como crítica textual. Bibliofotografia é a técnica da reprodução fotomecânica de livros, a fim de garantirlhes a autenticidade da mensa~m, não só quanto à sua fidelidade e fidedignidade, mas também quanto ao seu feiçoamento gráfico ou visual original. Pode-se, decorrentemente, falar numa bibliofotologia, que seria a disposição de princípios e normas que devem reger as atividades bibliofotográficas. O campo da reprodução mimética de um original poderia melhor ser designado, genericamente, por fac-similação, em que entrariam a microfac-similação, de um lado, e a bibliofac-similação de outro, além de outras espécies. Bibliopatologia é disciplina aplicada (química, física, parasitologia, etc.) que estuda o deperecimento material do livro sob a influência do meio, do tempo, de ações parasitárias e afins. Biblioterapia é a técnica, decorrente da bibliopatologia, de recuperar, restaurar livros materialmente deteriorados. BibEocirurgia é a parte da biblioterapia que salva do deterioramento progressivo do livro a parte ainda sã, sacrificando a irrecuperável ou irrestaurável. Biblioprofilaxia é a técnica, decorrente da bibliopatologia, de proteger o livro contra as influências e ações que o possam deteriorar ou destruir ( cf. NABV). Bibliotecopatologia é a disciplina aplicada (arquitetura, acesso, administração, bibliopatologia) que estuda o deperecimento e a deterioração das coleções de livros ou bibliotecas, e afins (mapotecas, grafotecas, fil-

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DE

BIBLIOLOGIA

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motecas etc.), sob a ação e a influência do meio, tempo, Jlarasitas, manuseio, guarda, assim como das contaminações ou contágios recíprocos de livro "doente" para livro "são". Bibliotecoterapia é a técnica, decorrente da bibliotecopatologia, de restaurar, recuperar .coleções de livros ou bibliotecas, e afins, materialmente deterioradas. Bibliotecocirurgia é a parte da bibliotecoterapia que salva do deterioramento progressivo de coleções de livros, de bibliotecas, e afins, as partes ainda sãs, sacrificando as irreparáveis ou irrestauráveis. Bibliotecoprofilax!a é a técnica, decorrente da bibliotecopatologia, de proteger as coleções de livros ou bibliotecas, e afins, contra as influências e ações que as possam deteriorar ou destruir. 8.2.2.5 Bibliofilia é a compreensiva atribuição de valor aos livros e às suas coleções, pelo que encerram de mensagens, pelo que revelam de realização gráfica e pelo que significam dentro da biblio-historiografia. O bibliófilo, não ~aro, é confundido com o mero amante de obras raras ou de obras de luxo, o que, no primeiro caso, constituiria uma bibliocimeliofilia e, no segundo caso, uma aristobibliofilia... Mas nem sempre as obras de luxo são dignas do luxo com que foram feitas. Bibliofobia é a indevida incompreensão do valor dos livros e suas coleções, segundo os critérios acima esbo~:ados. O bibliófobo não é apenas o inculto, que não dá valor ao livro porque não pôde receber da sociedade os critérios de julgamento; bibliófobo, sobretudo e fundamentalmente, é o administrador, é o político, é o poderoso, que as circunstâncias puseram em posição de relêvo social, mas que olha com ostensiva ou encoberta malquerença o livro e os a êle . ligados. Uma das piores formas, socialmente falando, de bibliofobia é a de multiplicar a edição de certos livros, para coonestar a sonegação de certos outros. No Brasil, particularmente, a bibliofobia, a arquivofobia e suas variantes têm sido nefastas. Detentores de um patrimônio gráfico particularmente precioso, para nós, para a América, para o Mundo, vemo-lo dilapidar-se dia a dia, sem que uma medida de salvação seja sequer timidamente tomada, ante o vulto do que há por fazer. Faz pouco, um musicólogo da qualidade de um KuRT LANGE, nas suas peregrinações arquivais estritamente ligadas à música, coletou, no interior do Estado de Minas Gerais de preferência, provas - pedaços . de, resíduos de, detritos de, mas ainda .assim bastantes - com que trouxe ao conhecimento de quem queira conhecer um fato transcendente , para a musicografia universal: o de que a elaboração musical, naquela província, pelos idos do século XVIII, foi uma das mais importantes, criadoras e belas, em grande parte provinda de uma

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HOUAISiil

como que escola de musicistas caboclos. Entretanto, peças que tais, doéumentos em geral, jazem ao abandono, à incúria, à dilapidação ou a uma concepção errônea de guarda, quando se trata de um passado em conserva potencialmente presente, que uma assistência estatal - e só ela - poderia preservar, restaurar e tornar atuante. Bibliomania é a obsessiva preocupação dos livros, via de regra acompanhada de obsessiva vontade de possuí-los, exibi-los ... . e via de regra não lê-los nem consultá-los. É uma forma hipertrófica de bibliofilia, acompanhada de uma inconsciente forma de bibliofobia. . . O bibliomaníaco ou bibliômano transforma o convívio dos livros, de fonte de aprendizado e de deleite; em objeto e finalidade de posse. . . Bibliolatria é uma forma de bibliofilia, que faz do livro objeto de adoração, sem, porém, excluir seu uso, gôzo e proveito. Os bibliólatras, às· vêzes, o são para poucos livros, o que coonesta o sentimento e lhe dá validade ética - pois êles, os livros, ainda que poucos, e· mesmo quando poucos, são sempre excelentes amigos. Bibliocleptomania é uma forma de bibliofilia, também, com o seu lado hediondo e o seu lado venerável: hediondo é o que rouba, furta, subtrai, não restitui o livro de outrem, com êle ficando, para não lê-lo; venerável é o que não devolve o livro, que · quer ler, reler, e multiler; a quem o possui sem lê-lo nem querer lê-lo. . . Mas o fato é que, assim como há a doença mental da cleptomania pura e simples, isto é, do furto pelo furto, há também a bibliocleptomania pela bibliocleptomania. . . Bibliognosia é o conhecimento dos livros; há bibliognostas externos, profundos conhecedores de capas, d~ lombadas, de rostos, de manchas, de tipos, de papel, de encadernação ; há bibliognostas internos, profundos conhecedores dos temas, dos textos ; há, enfim, infinitas possibilidades de bibliognosia ; não há, porém, o bibliognasta perfeito. Bibliotafia é uma ·forma corrente de amor dos "seus" livros, lidos ou possuídos apenas, tão grande, que vivem os coitados, os livros, às escondidas, ocultos aos olhares que não os do dono, inaccessíveis a quem quer que seja que não êle. Os bibliótafos abundam e só se consolam porque abundam, também, os bibliocleptômanos ... 8.2.3 Ainda a doc'ltmentação - Mas, após esta excursão lírico-definitória, importa-nos voltar à documentação. É que o livro - cuja arte de ler tem sido objeto de tantos e tão disparatados ou contraditórios ensinamentos - encerra, hoje em dia, pelo seu conteúdo, tanto, que é êle fonte (a) de saber, de conhecer, de aprender; (b) de fazer, de executar, de realizar; (c) de viver, de pensar, de ajustar-se, de comportar-se, de reagir, de rebelar-se; ( d) de deleitar, de degustar, de comprazer-se, de con,

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solar-se - tanto para o autor quanto para o leitor. E, para a espécie, é fonte de avanços e recuos, de reações e revoluções, de aprofundamentos e de superficializações, de descobrimentos e de encobrimentos, de perspectivas felizes e de perspectivas infelizes, inserindo-se, em suma, na práxis social como necessidade desta e refletindo-a em sua complexificação crescente. Nesse sentido, sut:: mensagem é em grande parte a corporificação do objeto da gnoseologia ; necessita, mesmo quando não o pareça, de inscrever-se na metodologia humana, é didática, é espelho de sua cosmovisão, de sua filosofia, liga-se, pois, às práticas, às artesanias, às ciências, às artes, à práxis social, de nôvo - e informa as mentes, juntamente com o viver. puro e simples. E porque informa é que é objeto - por ora privilegiado, mas de· futuro garantido de documentação, que visa já não apenas a propiciá-lo em catálogos ou listas bibliográficas, mas em índices temáticos de seu conteúdo, para o que se desenvolve hoje em dia uma técnica de sua sistematização, sistema de sistemas de . informação, que tem de apelar para meios mais eficazes de computação com a cibernética, caracterizada, pela impossibilidade de realizar tal programa por outra via, pela mecanização e automatização dos bits, caracteres, palavras e temas que os livros (mas não apenas êles) encerram. 8. 3 o LIVRO KODERNó - O livro moderno - isto é, desde o advento da tipografia - consta, do ponto de vista material, essencialmente de fôlhas, cujo conjunto passou pouco depois a ser revestido, donde a divisão inicial : revestimento livro _

f

corpo, isto é, conjunto de fôlhas impressas

revestimento que pode apresentar as duas seguintes feições principais: revestimento

l

brochura encadernação

entendido por brochura o revestimento com fôlhas flexíveis e leves, pouco 'diferentes das fôlhas do corpo, se não em geral, pela co-loração; de pigmentação mais carregada, enquanto as fôlhas sã<;~, via de regra, brancas, de tons diferenciados (nitente, brilhante, fôsco; branquíssimas, brancas, ligeiramente amareladas, ou acinzentadas, ou azuladas ; lisas, ligeiramente ásperas, ásperas). O livro em brochura é também chamado livro brochado. O revestimento denominado encadernação apresenta, pQr sua. vez, sob a

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.A.NTÔNIO

HOUAISiil

característica geral de não ser flexível ou, quando o é, de ser consideràvelmente mais grosso que uma fôlha do corpo, as duas seguintes feições principais: encadernação

l

cartonada encadernad3, propriamente dita

sendo o cartonado de papelão, enquanto o encadernado pode ser, com um interno de cartão ou sem êle, colchoado ou não, de couro, percalina, pelica, marroquim e quantas películas ou tecidos de valor, duráveis, manuseáveis com pouca ad11lterabilidade (cf LIMU, FRET, FREU, NABU, l.t:ENE, BERG).

8. 3.1 Partes do revestimento - Qualquer que seja · o tipo do revestimento, cuja denominação genérica é capa, apresenta êle as seguintes partes, com a nomenclatura ·correspondente: capa atricto aenau

contracapa revestimento dorso

sobrecapa

f

face externa face interna orelha da capa

face externa face interna { orelha da contracapa quadros ferros escarcela ou carcela

l

face da frente orelha da frente face de trás orelha de trás

l

8 .3 .1.1 Qualquer que seja o tipo de capa, quanto à sua flexibilidade ou dureza, apresenta ela, sempre, a face externa e. a face interna. Na face externa constam, via de regra, certos diz&res, enquanto na face interna, de boa regra nada se imprime, constituindo o local geralmente eleito para a colagem do ex-libris; se a capa é inflexível ou dura, não tem orelha; se, porém, se trata de brochura, mesmo em cartolina, fôsca ou esmaltada, pode apre· sentar a orelha, também chamada ourela. Há quase sempre correlação entre a capa e a contracapa, quanto aos dizeres e à orelha; apenas, na face externa da contracapa, também e de boa regra, não há dizeres quaisquer, se fôr de revestimento encadernado.

J:LJ!lHENTOS

DE

BJBLIOLOGIA

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8. 3 .1. 2 O dorso constitui-se, essencialmente, da lombada ou lom):>o e, como é natural, apresenta uma área variável, não tanto de .acôrdo com o formato, ou tamanho, mas sim com a espessura. do livro; em conseqüência, há-os finíssimos, finos, chatos, recurvos; e nestes dois últimos via de regra ocorrem certos dizeres. Se encadernado, êsses dizeres se distribuem, quase sempre, segund(} certa divisão simétrica em quadros, ideais ou marcados por inscrições, que em certas encadernações de luxo se chamam ferros. Quando o material usado numa lombada de dorso transborda doslimites desta por uma seção da capa e da contracapa, simêtrica.mente, êsse transbordamento se denomina escarcela ou carcela, nome também usado, já noutro sentido, para a fôlha que se cola> na face interna da capa e da. contracapa, para arrematar a perfeita junção do revestimento com o corpo do livro. Os dizeres impressos no dorso ou lombo ou lombada - considerando o livro em pé - podem sê-lo horizontais (~u laterais) e longitudinais; no último caso, ou são longitudinais à francesa (e à italiana, à portuguêsa, e via de regra à brasileira, à esp.a nhola), que se lêem de baixo para cima, ou longitudinais à inglêsa (à norte-americana), que se lêem de cima p.a ra baixo. 8. 3 .1. 3 Brochados ou encadernados, os livros, de uns tempo~ a esta parte, costumam apresentar-se comercialmente com uma sobrecapa, que corresponde, gro.çso modo, ao encapamento dos livros didáticos feito em casa com papel de embrulho, ou transparente, ou impermeável, ou equivalente. Essas sobrecapas, autônomas e ·separáveis inteiramente do revestimento, tanto podem encobrir o livro por inteiro, quanto podem apresentar o feitio de mera cinta - de onde aliás se originam. Como sobrecapa1 inteiriça, nunca têm sua seção interna com dizeres; mas a externa; dividida em cinco seções ideais ou reais - orelha da face d'a frente, face da frente, face da lombada, face de trás, orelha d& face de trás - via de regra é aproveitada para dizeres, ilustrados· ou n~o, relacionados com o livro que sôbre-reveste, às vêzes com outraS obras do aU:tor, às vêzes com outras obras da editôra. As cintas, com suas extremidades coladas uma a outra, ou com suas· extremidades dobradas em forma de orelhas, via de regra, também, trazem dizeres relativos ao livro, quase ; sempre um trecho d11 opinião crítica sôbre o livro. 8. 3. 2 Partes do corpo - O corpo do livro é onde, grupadó em fôlhas, cada uma com suas dhas páginas, se estampa o texto. Pode, destarte, ser encarado do ponto· de vista de sucessão material

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HOUAISS

das fôlhas, quanto do ponto de vista da apresentação do texto. Do ponto de vista da sucessão material das fôlhas, o corpo se apresenta com a seguinte nomenclatura: guarda

face impar { face par

fôlha de falso rosto ou { face ou página ímpar de falso título face ou página par

Corpo

fôlha de rosto ou de { página ímpar título face ou página par fôlhas de texto

p~g~nas ímpares { pagmas pares

fôlha final

l face

contraguarda

face ímpar { face par

r face ou página ímpar ou página par

8. 3 . 2 .1 A guarda é sempre, pP-lo menos, uma fôlha em branco, igual às do texto, mas. sem apres.entar, jamais, dizeres, vinhetas -ou o que quer que seja impresso, salvo ocorrências excepcionais na face par; a rigor, pode haver livros com duas, dez, n fôlhas de guarda, mormente os que se dizem, se querem ou são de luxo; a-. contraguarda apresenta iguais características, mas polarmente, de modo que, por exceção; na face ímpar pode haver ocorrência de dizeres, bem como pode haver duas, dez, n fôlhas de contraguarda, fato aliás que é mais corrente do que com a guarda: é que, neste caso, há como que um convite à valsa, quer-se dizer. à anotação de passagens, lugares e comentários quaisquer sôbre o livro que se está lendo; prova de muita modéstia - corrijam-me! ~ ou de muita pretensão não se esqueçam! - do autor para com os seus leitores... Nos livros encadernados, não raro, antes da guarda e depois da contraguarda "há uma fôlha via de regra dúplice sobrecolada: é a escarcela ou carcela longa, inicial, isto -é, a extensão da escarcela colada sôbre a face interna da capa, que se estende à face ímpar de uma primeira guarda ou falsa guarda ; ou, final, é a extensão da escarcela colada sôbre a face interna da contracapa, que se estende à face par de uma última eontraguarda ou falsa contraguarda. O uso de muitas fôlhas de J!Uarda e contragnarda, mormente destas, em encadernações privadas visa. bastantes vêzes, a dar ao livro apenas espessura bastante para manter-se de pé nas estantes, luxo que tende a desaparecer na luta por espaço.

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8.3.2.2 Porque estreitamente vinculada com a nomenclatura do livro até aqui considerada, convém um parêntese para acrescentar a que se refere, particularmente, à técnica da encadernação, complementar, do ponto de vista material, daquela. Eis, muito . sumàriamente, o essencial ( cf. BERG) : (a) miolo - tôda a parte do livro que fica protegida pela encadernação; (b) capa - dita também capa de cima, capa da frente; (c) contracapa dita também capa de baixo, capa do fundo, capa de trás; ( d) cabeça - bordo superior da encadernação (o livro em pé) ; (e) frente - bordo externo, aberto e sôlto da encadernação; (f) goteira - parte recurva do miolo na frente do livro; (g) seixas - margens que, na capa e contracapa, mormente pela face interna, transbordam do limite do miolo até a cabeça, frente e pé, não raro com um debrum, de arremate; (h) pé - bordo inferior da encadernação (o livro em pé) ; (i) dorso - a parte da encadernação que é revestida pela lombada; (j) lombada - a parte do revest;mento que lig.a a capa à contr11capa; (k) capital - é a tira de pano imediatame,nte por baixo da lombada e que se vê no livro, examinado êste pelo lado da cabeça ou do pé; (l) encaixe - o ponto em que o capital se liga, nas extremidades laterais, ao miolo e à capa e contracapa; (m) vinco - a rêga que funciona como dobradiça da capa e da contracapa.

I 8.3. 3

Partes do texto lato sensu - Do ponto de vista da apresentação do texto, a nomenclatura do livro é algo mais flutuante, apresentando, inclusive, partes, seções ou aspectos facultativos ou optativos, segundo seja o rigor gráfico e tipográfico e também ideológico - com que tenha sido realizado. Tomemos, liminarmente, texto lato sensu, isto é, como equivalente de tudo o que seja impresso em tipos ou caracteres móveis no livro: neRse sentido, pode êle ser, primeiro, subdividido em partes assim: parte pré-textual ~

partes do 8en8u

texto

law

I

parte textual

, / partes extratextuais

parte pós-textual/

8. 3. 3 .1 A parte pré-textual apresenta a possibilidade de ter as seguintes seções de dizeres: (a) sobrecapa, (b) capa, (c) orelha, (d) falso rosto, (e) obras do autor, (f) frontispício e/ ou frontispício alegórico, (g) rosto geral, (h) rosto, (i) imprenta, (j) direitos editoriais, (k) edições e reimpressões anteriores, (1) justificativa da tiragem, (m) dados bibliográficos do autor, (n)

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tábua de matéria, ( q) nota, notícia, nótula, observaçi>es prev1as ou preliminares, introdução, apresentação (prefácio, prolóquio, antelóquio, prelóquio, impropriamente ditos). 8~3.3.2 Na sobrecapa imprimem-se, de regra, já em caracteres desenhados ail hoc, já em caracteres tipográficos, já em composição tipográfica apenas, já com ilustrações de técnicas várias (monocromias, dicromias, tricromias, polieromias; bico de pena, gravura, heliogravura, .xilogravura etc.), a autoria e o título da obra,' ocorrendo, também, parte da imprenta,. via de regra o nome do editor. A técnica estética da sobrecapa pode ser enfrentada, tomando a sua área tôda inteira como unidade, ou dividindo-a em três seções (face da frente, dorso e face de trás da sobrecapa), ou dividindo-a em cinco seções (orelha da frente, face da frente, dorso, face de trás, orelha de trás da sobrecapa). A sobrecapa, tomada como unidade íntegra de apresentação gráfica, via de regra tem poucos dizeres (nome do autor, título da obra, nome do editor e, eventualmente, uma frase, um comentário, uma expressão sugestiva e "chamativa"); tomada como três unidades de apresentação gráfica, apresenta na face da frente as características anteriores, no dorso as características de lombada (autor, título, editor, local, data, dispensando-se, eventualment~, editor e data), na face de trás ou opiniões críticas sôbre a obra, em caso de reimpressão ou reedição, ou seção do catálogo da editôra, ou anúncios de obras editoradas ou editadas pelo editor; tomada como cinco unidades de apresentação gráfica, pode reproduzir o esquema d& três unidades ficando as Ôrelhas em branco, ou pode apresentar na orelha da frente uma resenha da obra, que transborda para a segunda orelha, ou, nesta última, dados biobibliográficos do autor.

8. 3. 3. 3 Os dizeres da capa merecem verdadeiro estudo monográfico, que os há, aliás. Na história do livro moderno, duas tendências gerais se marcam, no respeito: (1.0 ) a eap·a, do passado para o presente, tende a ser progressivamente descarregada de composição gráfica; (2,0 ) a capa, do passado para o presente, tende, em conseqüência do princípio anterior, a diferenciar-se dorosto por número menor- de características, importando, antes do mais, distinguir, de um lado, as capas de brochura das capas de encadernação e, de .outro lado, as capas desenhadas das capas tipografadas. As capas de brochura, via de regra, se ·aproximam grandemente, nos seus dizeres, do rosto, enquanto as capas de encadernação - vale dizer, da encadernação original, editorial se restringem a um mínimo de dizeres. Nas capas de encadernação não original, isto é, mandadas fazer ail hoc pelo proprietário do exemplar por encadernador avulso, de regra não se ins-

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crevem caracteres de nenhuma natureza, eventualmente tão-só alguma vinheta, brasão, ex-libris ou alguns ferros. Quanto às capas desenhadas, já com desenho apenas dos caracteres literais, já, ademais, com desenhos de vinhetas, já, por fim, ademais ainda, com desenhos alusivos ao livro em aprêço, são elas, de preferência, destinadas a brochuras, podendo, porém, sê-lo também às encadernações originais, caso em -que, via de regra, .são comparativamente muito mais descarregadas. Há, na estética tipográf!ca, uma luta (incruenta, por certo ... ) entre os que advogam capas desenhadas e os que advoga~ capas tip_ografadas, isto é, compostas com caracteres tipográficos regulares dos parques tipográficos existentes (os quais apresentam, quase sempre, séries e fontes especüicas para fins extratextuais). A tradição tipográfica milita em favor dos capistas do segundo tipo, mas é difícil antecipar se predominarão, de nôvo, ou se continuarão a coexistir; um fato, porém, é digno de realce: o advento da. capa desenhada tem gerado uma busca contínua de efeitos novos, não raro sensacionalistas, embora freqüentemente não mais que alusivos, sugestivos, convidativos; coino quer que seja, o livro dignificado pelo temp() e pelo equilíbrio gráfico pede a capa tipográfica. E a consciência disso, talvez, foi o desglosamento havido entre a capa e a sobrecapa, esta com os requisitos propagandísticos, aquela com a sobriedade tradicional, aliadas no mesmo livro. Cumpriria, ainda, observar que os dizeres e os desenhos da capa flutuam de acôrdo eom o formato, o 4estino, o conteúdo, a finalidade, a natureza temática e o estilo da editôra do livro. As capas de enciclopédias, dicionários, obras de referência, consulta, diferem, quase polarmente, das capas de romances, sobretudo de alcova ou policiais ; as capas dos livros didáticos, embora associáveis às dos livros científicos, apresentam, também, diferenças. Nas capas de encadernação original há modelos que yão desde o campo totalmente isenw de qualquer caráter e desenho, passando pelos em que aparece tão-só uma vinheta, pelos que apresentam as iniciais da obra geral e o título particular, pelos que trazem s6 o título, aos que levam o nome do autor e o título, ou o nome do autor, títuloe · editor, raro mais que isso. Nas capas de brochura, porém, há modelos que vão desde minuciosa estampação de particularidades relativas à autoria, qualificações do autor, intitulação, subtitulação, epígrafe, resumo temático, características da impressão, local da impressão, de venda, sanção de autoridade competente para a impressão e venda, data da edição e o que mais fôr, até a.s que se reduzem, essencialmente, ao autor, título e editor.

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8.3.3.4 . Sôbre o problema da imposição dos dizeres da capa, cumpre distingui-la, de nôvo, quando encadernada de quando brochada. Na capa ençadernada originalmente, as margens laterais (interna ou da esquerda e externa ou da direita) têm exata. mente as mesmas medidas; já, porém, as margens superior e inferior não seguem uma ortodoxia: a tendência mais geral é, quando se trata de vinheta ou medalhão tão-somente, centrá-lo, de maneira que eqüidiste da cabeça e do pé da capa; se, porém, não se trata apenas disso, tende · o campo dos dizeres ao cânon da mancha da página, no que se refere ao sentido vertical, isto é, apresentar a margem inferior maior do que a margem superior; de. permeio, sobretudo nas capas modernas, há possibilidades de variação; a tríplice indicação habitual (autor, título, editor) segue o cânon da mancha de página no sentido vertical. Quando, porém, se trata de .dizeres, ou de dizeres e desenhos (mesmo sangrados, isto é, que são amputadós pelo bordo da capa) para brochuras, há duas tendências: a que advoga a imposição como se fôra de rosto, noutros têrmos, como se fôra no cânon da mancha de página, e a que advoga a imposição como se fôra em capa de encadernação. Atendendo à contingência que parece subjazer na origem da imposição da mancha, isto é, de que ela se apresenta. na página, segundo certa assimetria que antecipa futura eventual e!lcadernação do livro com guilhotinamento do miolo (e, pois, da capa brochada, se fôr - e deve ser, quando não deteriorada mantida), na frente e no pé e, ocasionalmente, mas menos, na cabeça, não parece haver dúvida de que a capa da brochura deva merecer imposição segundo o cânon da mancha de página. 8. 3. 3. 5 A relação das medidas de corpo dos tipos usados nos dizeres da capa deve, de regra, coincidir com a seguida no rosto - salvo, é obvio, nos casos em que os dizeres da capa apresentam .caráter monumental ou desenhado. Nestes casos, a regra essencial parece ser simplesmente a seguinte: o corpo do título será maior do que o corpo do autor, que será maior que o corpo do editor; e as indicações associadas imediatamente a cada uma dessas três unidades serão necessàriamente em corpos menores do que os de cada uma dessas unidades, mas de tal forma que não coincidam com os corpos dessas unidaQ.es. Quanto ao problema da partição do título, na capa êle se apresenta mais livre do que no rosto, podendo ser objeto de disposições assimétricas e mesmo livres . .8. 3. 3. 6 Os dizeres das orelhas são· de vária natureza. Como vimos pelas considerações s1tpra, um livro pode: (a) não contar ·com orelhas - no caso dos encadernados ou cartonados não so-

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brecapeados, assim como no caso de certos brochados cujo revestimento seja guilhotinado juntamente com o miolo; (b) contar ·com duas orelhas apenas, da sobrecapa - nos casos acima f;gurados, mas sobrecapeados; (c) contar com quatro orelhas, nos casos de brochuras cujo revestimento seja· com orelhas, brochuras por sua vez sobrecapeadas -, ocorrendo que, na hipótese máxima, via do regra as duas orelhas da sobrecapa se destinam a fins gerais da editôra, por exemplo, extrato do seu catálogo, títulos editandos (•m breve proximi
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ante-rosto pode receber uma "inscrição de patrocinio" ou "inscrição de comissão editorial" - o que J?Ode ocorrer em tomos de.uma enciclopédia, de uma publicação em vários volumes, por iniciativa estatal ou de organização privada colegiada de fins cul· turais. 8. 3 . 3. 8 O rosto - também chamado frontispício , ou portada,. ou fachada -, como é sabido, modernamente é a página nobre dolivro, onde sua apresentação essencial se faz . Os incunábulos primitivos não o apresentavam, senão uma página inicial do texto propriamente dito, a página do incipit, onde constava, do rosto. atual, essencialmente o título, entrando-se, a seguir, na matéria. Tão logo se autonomizou o título, pronto se formou o rosto. Sô-. bre o rosto, a bibliografia bibliológica e tipográfica é rica eabundante, importando, entretanto, distinguir duas feições principais: (a) rostos tipográficos; (b) rostos xilográficos ou dese· nhados -, sendo rostos tipográficos aquêles para a constituição. de cuja mancha só entram recursos de tipos do parque tipográfico: caracteres, vinhetas, linhas, bigodes, asas, timbre, medalhões autorais ou editoriais. Podem ser ou não ser emoldurados, mas a moldura, nesse caso, é constituída sempre de linhas ou ferros tipográficos. E desde o início dos rostos, há-os tipográficos. Os rostos xilográficos, no ínicio, depois desenhados com reprodução pela técnica do clichê, são aquêles que - total ou parcialmente- foram ou são feitos com caracteres não integrantes do parque tipográfico. Corno os outros rostos, os xilográficos ou desenhados podem ser emoldurados, mas as molduras são mais caprichosas; elaboradas, carregadas. Dentre essas molduras, gozou de grande· preferência, no século XVI sobretudo, a de portada, com capitel ou triângulo superposto: portada, porque . era lateralmente delimitada por duas colunas de pórtico de tradição arquitetônica· greco-romana. Mas molduras as houve com elaborações as mais nriadas, que influíram inclusive na técnica da portada do século XIX nos livros de MORRIS, preferentemente, com seu ideal medievalizante de rosto. Duas linhas de tendência, porém, que se contra-regram, podem ser reconhecidas na evolução da técnica do rosto : (a) progressiva preferência pelos rostos tipográficos, mesmo quando emoldurados; (b) progressivo- descarregamento de dizeres. - pois que, após o advento dos rostos, êstes, em breve, eram verdadeiro prospecto analítico e propagandístico do livro, que preenchia, por assim dizer, as funções atuais da orelha, da tábua de matérias e de propaganda comerciar, além de anteparo legal', com explicitar privilégios, autorizações e· desimpedimentos de cir~ culação e nnda.

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S . 3. 3. 9 No rosto, através dos tempos, duas constâncias se podem depreender - e são excepcionalíssimos os casos de sua não ocorrência (quando, então, já não se trata de rosto) : o nome do autor e o título da obra (nessa ordem ou em inversa). Mas, .além dêsses dois elementos, há, de regra, um terceiro, que é a imprenta, cuja completude pode ficar na dependência de imprenta autônoma, isto é, fora do rosto, após êle. Mas pode ocorrer que a obra se publique ~ob responsabilidade autoral nominalmente explícita, ou sob responsabilidade colegiada, donde a possível distinção entre (a) rostos colegiados, e (b) rostos autorais, sendo os priméiros aquêles em que, dado o caráter multitudinário dos co'láboradores, ainda que haja .uma direção individual ou de comis·são reduzida, a matéria pouco apresenta da redação do diretor ·individual ou da comissão reduzida: é o caso de enciclopédias, de :revistas, de periódicos. de dicionários coletivos, de inquéritos de grupo, de publicações de miscelâneas, homenagens, de catálogos ·Comemorativos, de muitas publicações oficiais e quase tôdas as informativas sôbre comércio, indústrias, serviços, comunicações, ·transportes, recreações, instituições várias. Já os segundos Tostos autorais - ocorrem nas obras de responsabilidade autoral 'i ndividual (que é o caso, predominantemente, da criação artístico-literária, ainda que a duas ou mais mãos ou cabeças). En·tretanto, ainda, nestes, aos poucos se vão distinguindo dois tipos dfl rostos autorais, os de obras lançadas no comércio liueiro pelo ·próprio autor ou por editôres comerciais, e os de obras lançadas, com fim comercial ou sem êle, sob auspícios de entidade pública ou privada, que no seu programa normal de atividades insere a editoração. Donde a possível tríplice distinção de rostos: (a) ·rostos colegiados, (b) rostQ.s ~ autorais comerciais, (c) rostos autorais auspiciados -, sendo ··que, nos rostos colegiados, a seqüência dos elementos constitutivos ·é, ·:via de regra, ·a seguinte: (a) título da obra, (b) iml>renta, ou ·-elementos de hnprenta -, enquanto, 'IlOS rostos autorais comerciais, a seqüêncüi .dos elementos consti~tutivos é, via de regra, a seguinte (podend~, entretanto, ser .ante•cedida de referência à coleção, no cabeça~~, do rosto): (a) nome ·do autor ou autores, (b) título da obra;-(c) imprenta, ou ele·mentos de imprenta -, enquanto, nos rostos autorais auspiciados, :a seqüência dos elementos constitutivos é, via de regra, a seguinte: (a) nome da instituição auspiciadora, (b) título da obra, (c) -nome do autor, ( d) imprenta, ou elementos· de imprenta. ·s. 3. 3 .1() Em certas obras de caráter autoral multitudinário, mas cujo diretor, planejador ou comissão equivalente arca com ;grande. J;>Brte das responsabilidades do plano e da realização mesma

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das partes, não raro podem ocorrer dois rostos ; mas, para ocorrer·· :isso, é regra que a obra seja em vários volumes ou tomos: neste caso, cada volume ou tomo apresenta, após o falso-título (cuja · página par fica em branco), uma fôlha seguinte, cuja página ímpar via de regra fica em branco, sendo a sua página par estampada com o rosto geral da obra e a página ímpar seguintecom o rosto particular do volume ou tomo, defrontando-se, destarte, os dois rostos - o geral e o particular. Igual critério é, também, por vêzes, usado nas publicações bilíngües, ficando o rosto da "segunda" língua na face par anterior e o rosto da língua principal na posição canônica, salvo os raros casos de alfabetos ocidentais (esquerda para a direita) e certos orientais (direita para a esquerda), quando um rosto fica no "início" e ooutro no "fim" do livro, ou vice-versa, que é o mesmo. 8. 3 . 3 .11 É óbvio que não se pode, a priori, prefixar um númerodeterminado ideal nem, a posteriori, um mais freqüente de linhas para as diferentes feições de rosto. É que há títulos de obras. que abarcam uma, duas, até três linhas, há nomes de autores, sóS. ou acompanhados de qualificações, há nomes de instituições que-· necessàriamente devem ser antecedidas ou seguidas de outros intitulativos dos órgãos a que se entrosam, e assim sucessivamente:· Há, ademais, rostos em que convém apareçam vinhetas, brasões,.. timbres, alegorias; há-os em que convém uma nota, uma epígrafe, , uma síntese temática orientadora; e há, por fim, a imprenta, . que, modernamente, pode · chegar a minúcias, devendo, porém, . partir do particular para o mais geral, do subordinante para o· "ubordinado, do anterior· (no tempo) ao posterior, cada unidade · com a sua eventual qualificação. As imprentas admitidas linhas. acima podem, assim, após as partes anteriores do rosto apresen- · tar: (a) indicação de ·ano (de. existência), volume, tomo, fascí- · culo; (b) autoridade que ordena a impressão ;:- (c) qualificação; : (d) editor; (e) qualificação e enderêço; (f) impressor; (g) qualificação e endt>rêço; (h) eventuais distribuidores e ou depositá- rios; (i) qualificações e endereços; (j) cidade, seguida ou não da1 indicação do país; (k) datação (dia, mês, ano; mês, ano; ano) -, mas, dentro da tendência áo despojamento, a regra mais geral é reduzir êsse complexo apenas a (a) editôra, (b) cidade, (c)' ano - , nessa ordem ou, corno preferem certos bibliógrafos, na ordem (b), (a), (c). O fato , entretanto, é que, ao mesmo tempo·• ·em que se positiva a tendência ao despojamento do rosto, mani~ festa-se, progressivamente, a necessidade crescente de minuciar as; características materiais, as participações artíst:cas, artesanais e· técnicas na feitura do livro, sobretudo do livro - não direi de.·

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luxo, nem requintado, mas qualificado por cuidados bibliológicos exemplares. Isso vem determinando uma diretriz que a mim, pessoalmente, me parece recomendabilíssima. Consiste em adotar página final par, cuja face ímpar fica em branco, página final como "página credencial" num retôrno ao velho colofão, após a qual virá a fôlha de contraguarda. Nessa página credencial aparecem, podem aparecer (deviam aparecer): (a) a justificativa, stricto sens1t, da tiragem, isto é, o número de exemplares da edição, reedição, impressão, reimpressão; a tiragem especial. se a houver, e, em havendo, os exemplares subscritos ou encomendados; (b) a qualidade dos papéis usados, com a minúcia possível - fabricante, indústria, côr, pêso, largura ou dimensões; (c) a tipologia usada, ind!cando, quando diferentes, as famílias, gêneros, desenhos e corpos; (e) os participantes da obra: plane- · jador gráfico, executor gráfico principal, capista, ilustrador, fotógrafo etc.; (f) o tempo de execução da obra, explicitados dia, mês e ano de término.

R. 3. 3 .12 Com relação à mancha do rosto, há dois, pelo menos, aspectos que considerar ( exclusive o tratamento, digamos, estético restritivamente tomado): (a) a sua imposição e (b) a sua disposição, já não seqüencial (como vimos acima), mas meramente plástica, visual. Sôbre a imposição da mancha do rosto, ver, mutatis mutandis, o que é dito em 8. 3. 3.4 supra. Quanto à disposição plástica, visual, da mancha do roRto há duas considerações afins : (a) uma se refere aos corpos dos caracteres, assim como aos seus gêneros, espécies, famílias, desen"hos; (b) outra se refere à partição das linhas e sua disposição visual, propriamente dita. (a) Os corpos dos caracteres, no rosto, em regra seguem o princípio de. hierarquia, na seguinte ordem descendente: corpo maior para o título ou para a linha do título em que se encerre a noção fundamental, temática, caracterizadora, do título; corpo médio para o nome do autor; corpo menor para as outras indit•ações. E, consoante fôr a carga de linha, poderão ser elas em versal, versalete, normal, evitando-se de regra a negrita; poderão ser em romano ou em itálico (ficando o gótico stricto sensu para certos rostos alusivos .a temas medievalizantes ou germanizantes), variando, enfim, de famílias e desenhos, conforme disponibilidades de parque tipográfico - evitando-se, porém, combinações de famílias díspares, por exemplo, linhas de tipos com cerifas mais linhas de tipos sem cerifas, linhas de tipos sombreados mais linhas de tipos sem sombreamento, e assim sucessivamente. (b) A disposição visual das l!nhas revela, numa constância notável, a obediência ao princípio da simetria, tomados dois eixos, o da orde-

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nada e o da abscissa, que se encontram no meio ideal da mancha - meio que não é o da fôlha necessAriamente, mas da mancha, repitamos, já que o retângulo ideal via de regra formado por esta tem seus lados distantes assimetricamente dos bordos do papel, segundo a norma de que a margem interna é menor que a superior, que é menor que a externa, que é menor que a inferior. Na base dos eixos coordenados, a mancha do rosto se divide, idealmente, em quatro retângulos, a, b, c e d, - a, o da esquerda superior; b, o da direita superior; c, o da esquerda inferior, e d, o da direita inferior. E a regra da distribuição via de regra se faz de forma que a seja simétrico a b e c seja simétrico a d, e de forma que a seleção arbitrária a :c seja seguida por b :d. Em conseqüência, as manchas apresentam-se já em esbôço triangular com a base para baixo, já em esbôço triangular com a base para cima, já em esbôço losangular, já em esbôço de taça, já em esbôço de copo, já em esbôço de coluna simetricamente fraturada etc.:

~ [J TI o Dv escusando ressaltar que o rosto moderno pode em grande parte obter seus efeitos inovadores pela ruptura, doce ou violenta, dêsses princípios, já no que se refere à conjugação dos caracteres, já no que se refere à distribuição, e. g.:

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8. 3. 3 .13 O rosto por vêzes reproduz, com leve carga a mais de dizeres ou sem ela, a capa - capa de brochura, entenda-se. Esta pode apresentar, diferencialmente, certos elementos tipográficos a côr, combinando, de regra, no máximo, o negro com uma côr (azul ou vermelho ou violeta ou verde ... ) . O rosto, quase sempre, é, porém, estampado só em negro. Editôra brasileira, de certa data a esta 'parte, em não pequeno número de suas obras, vem adotando o critério de trazer como rosto a reprodução, em dimensões menores, da capa, inclusive no jôgo de côres - em prejuízo ou da capa ou do rosto. 6.3.3.14 Sôbre a imprenta, ver o que é dito em 8.3.3.11, supra. Constitui-se ela fundamentalmente das três unidades: (a) editor, (b) cidade, (c) ano, estampadas no pé do rosto. Aparecem, não raro, porém, omissos elementos da imprenta no rosto, reduzindo-se ela, às vêzes, a um · só elemento (editor, ou cidade, ou ano), ou a dois (editor e cidade, ou. editor e ano, ou cidade e ano). 8. 3. 3 .15 Os direitos editoriais são, freqüentemente, explicita- . dos nos livros, mormente nos impressos na França, onde, via de regra, são estampados na página par ou verso da fôlha de rosto, quase sempre ao pé da página, num teor que, aproximativamente, guarda a seguinte redação: · Tous droits de reproduction et de traduction réservés pour tous les pays, y compris la Ruslilie (U. R. S. S. ) enquanto na Itália a fórmula, aproximativamente, é apenas a t;eguinte: Proprietà letteraria riiervata ~

nos países de língua inglêsa se reduz a Copyright by [ ...... ], [ ...... ]

significando, na terceira citação, o primeiro par de colchêtcs o nome da editôra que detém os direitos editoriais e o segundo par, o nome da cidade que lhe é sede social e jurídica. Os direitos autorais nunca, ou pràticamente nunca, são explicitados no livro, salvo ·quando se confundem com os. editoriais, no caso em que o autor é seu prÓprio editor. De regra, poréD:l, os direitos autorais são garantidos pela lei civil do país - como é o nosso caso, em que são regulados no Código civil brasileiro, Parte

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Especial, Livro II, Título II - Da Propriedade, Capítulo VI Da propriedade literária, científica e artística, artt. 649 e 673 - , havendo, para garantia internacional, convenções em vigor, dentre as quais a de Berna. Sôbre o particular, é ilustrativa tôda a parte do Capítulo XIV que, de "Os direitos autorais" em diante, ministra WILSON MARTINS no seu livro A palavra escrita ( cf_ 1LARU e HOOX). É fácil compreender que os direitos editoriais acobertam impiicitamente os direitos autorais, razão por que êstes são aqui mencionados com aquêles. 8. 3. 3 .16 As edições e reimprrssões anteriores do livro são raro indicadas com relativa completude, o que, entretanto, é de grande conveniência bibliográfica e ecdótica, para não dizermos mais. Há diversos critérios que no respeito se seguem, convindo lembrar os dois seguintes: (a) mera menção no rosto, às vêzel'l também na capa, de que se trata de reimpressão, ou de segunda, terceira, quarta, enésima edição (em geral "2.a, 3.a, 4.8 , n edição"), ficando a datação dessas edições na dependência de esclarecimentos eventuais nos prefácios ou preliminares de cada edição posterior em circulação; freqüentemente, há referências ao fato de que a reimpressão tenha sido corrigida, revista e atualizada, enquanto nas reedições ocorre o fato de que tenha sido refundida, melhorada, revista, corrigida, atualizada, reelaborada e equivalentes; (b) parte especial, impressa em regra no vers() da face ou página par da fôlha de rosto, podendo, porém, ocorrer no verso de fôlhas posteriores _à do rosto mas preliminares ao texto propriamente dito, com indicação de datas das reimpressões e reedições anteriores, ficando a eorrente ou atual explicitada na imprenta (onde quer que esta ocorra). Nos livros do mundo da língua inglêsa isso se faz com certa regularidade, por exemplo~ First published in 1945 Second impression March 1946 Third impression 1947 Fourth impression 1949 Fifth impression (revised) 1953 Revised edition for Peliean Books 1954 o que equivale a dizer que, se nas edições e reimpressões anteriores à atual, que é a de 1954, não se faz menção aos editôres, oponencialmente se fica sabendo que foram outros que não a Pelican Books, para a qual é feita a reedição revista, que é, como edição, a segunda, como editoração a sexta.

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8. 3. 3 .17 A justificativa da tiragem não ocorre em todos os livros, havendo editôras que a omitem. A justificativa da tiragem consiste, essencialmente, na menção do número de exemplares ordinários ou regulares e de exemplares especiais que foram estampados na editoração em causa. Essa distinção acarreta, via de regra, a menção da diferença material que há entre os exemplares ordinários e os especiais, a qualidade do papel - o que levou, em certas editôras brasileiras, por um eufemismo injustificável, à referência aos papéis e, se tanto, ao número de exemplares especiaiS. Certas editôras, francesas principalmente, se limitam a estampar, muitas vêzes no rosto, o milheiro, e.g., "316eme millier". A redação da justificativa de tiragem, que costuma ser estampada no verso da face ou página par do rosto, é aproximativamente a seguinte: Dêste livro, na sua [n 8 ] edição [reimpressão ou editoração], foram feitos I [n] em papel [x] e [n] em papel [y], êstes fora do comércio. S. 3. 3.18 Os dados biobibliográficos do autor nem sempre constam dos livros. :t!::stes - extremando-se entre a completa omissão a respeito ou a menção apologética, propagandística, verdadeiro sf.unt, chamariz publicitário, do autor e de sua obra - deveriamr entretanto, sempre que possível, encerrar algo no particular,. condicionado às contingências da edição. Noutros têrmos, há. sempre conveniência, quer em autores éditos, quer em inéditos,. quer em notórios, quer em relativamente desconhecidos, quer em . obras lançadas comercialmente, quer não, há sempre conveniência . que sôbre o autor e sua obra - principalmente a não encerrada no livro em causa - haja referências orientadoras, para o leitor, para a documentação e para a posteridade. Essa referência, va-· zada com a sobriedade que a situação exige, tanto pode ocorrer no prefácio (se de outrem), em orelha, como, se fôr o caso, em part~ preliminar do livro, em suma, em posição pré-textual. 8 ..3. 3 .19 A tábua da matéria nos livros da tradição portuguêsa vem sofrendo, nos tempos presentes, uma mudança de situação. No passado de raiz quinhentista vinha como pré-textual; depois coincidia com o índice ou os índices, ficando, por isso, sem caráter seccional próprio e identificando-se, mesmo, com aquelas partes finais. É de tôda a conveniência, porém, sobretudo nos livros científicos, técnicos, didáticos, eruditos - nas obras que não sejam de ficção, em suma, mas mesmo nestas, quando .editadas criticamente - que se distinga .a tábua da matéria · dos índices (os quais serão tratados em lugar próprio dêste livro).

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A tábua da matéria também pode ser dita "tabuada" (sabor arcaizante), "índice geral" (denominação imprópria, pois há conveniência - ver-se-á - na especialização da palavra "índice"), "resenha" (inconveniente também, já que "resenha" tem na linguagem da documentação e da crítica literária uma acepção que não deve ser dilapidada, correspondendo tanto a "recensão", quanto a abstra.cts, quanto a "crítica do livro"), "sumário", "roteiro", "plano", "conteúdo" (pouco recomendável, pois é ilusório o sentido e pelo visível anglicismo subjacente, contents) : fixemo-nos ~m "tábua da matéria" ou "sumário". A tábua de matéria deve distinguir-se claramente das outras partes remissivas do livro pois que são remissivos ao local onde ocorram suas referências tanto a tábua de matéria quanto os índices ou quaisquer outras tábuas afins. Em boa técnica, a tábua de matéria ostenta os aspectos gerais do seccionamento do livro, .não entrando em suas particularizações, que, estas, constam dos diversos tipos de índices. A tábua de matéria é sempre ordenada sistemàticamente segundo a · ordenação estrutural do livro. Sua posição é fixa: é a penúltima seção das preliminares ou partes pré-textuais da obra, a que se segue o prefácio, ou seus inúmeros equivalentes, e a introdução. A tábua de matéria se organiza, enfim, segundo uma disposição tradicional, constante, essencialmente, de duas colunas verticais, cujas unidades recíprocas são, de regra, ligadas por pontilhado: a da esquerda, do enunciado dos elementos gerais seccionais da obra, a da direita, a indicação da localização dêsses elementos no texto. 8. 3. 3. 20 A enunciação dos elementos gerais seccionais da obra deve ser, na mesma linha ou em linha autônoma, antecedida do têrmo normativo adotado na terminologia seccional da qbra parte, livro, capítulo, seção, parágrafo; capítulo, parágrafo -. De extrema conveniência, nas tábuas ricas, é a diferença de gêneros e famílias - versais, versalete, romano e grifo, consoante sejam as espécies do seccionamento. A indicação da localização -dos elementos enunciativos da tábua, que deve ocorrer na coluna .da direita, pode fazer-se já pelo número inicial da ocorrência no "texto, já com a indicação do extremo inicial e do final - o que ~. quase sempre, um excesso de minudência, pois o extremG inicial 'Seguinte faz implicitamente as vêzes de extremo final anterior. E a indicação remissiva da coluna tanto pode ser por número de página, quanto, se fôr o caso, por qualquer têrmo do seccionamento adotado. Destarte, indicar o parágrafo, . por exemplo, em lugar da página, é de grande vantagem, já que, nesse caso, a tábua poderá ser estabelecida independentemente da paginação

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(e respectiva numeração) que o livro vier a apresentar, além de que a localização é para campo menor, pois de regra o parágrafo tem menor extensão que uma página. Quando êste último processo se adota, há, contudo, uma de duas elas seguintes con-· dições (quando não as duas) : (a) os parágrafos numerados são relativainenfe pouco extensos, de forma tal que, no texto aberto,. olhadas uma página par e uma página ímpar concomitantemente,. haja a ocorrência de uma, pelo menos, indicação de parágrafo;. (b) os pará.grafos - ou outro qualquer tipo de seccionamento - · são indicados no alto da página, segundo critérios que serão oportunamente examinados. 8. 3. 4 No tas e afi.ns - Sob os nomes de nota, .notícia, nótula,. observação (no singular ou no plural, seguidas d.e epítetos equi-valentes a "prévias" ou "preliminares", ou não seguidas), introdução, apresentação, prefácio, prolóquio, antelóquio, prelóquio e· afins, há uma parte pré-textual, em que cabe distinguir dois as~ pectos principais: (a) ser ela do próprio autor; (b) não o ser, .podendo então ser do . editor, do editor-de-texto, do compilador, do anotador, ou .de entidade que faça as vêzes responsáveis de um dêles ou dêles -, sendo que, em ambos os aspectos acima considerados, pode ainda ocorrer que essa parte pré-textual, (a) integre o livro desde sua primeira edição; (b) não o integre senão em reimpressão ou reedição subseqüente. 8. 3 .4 .1 Nessa conformidade, teremos as seguintes combinações possíveis, para com essa ou essas unidades pré-textuais: (a) serem do autor e da primeira edição; (b) serem do autor, mas de reimpressão ou reedição subseqüentes; (c) não ser do autor, mas de primeira edição; ( d) não ser do autor, nem de reimpressão ou reedição do livro em vida do autor. 8. 3. 4. 2 Quando se trata da hipótese (a) supra - serem do autor e da ;primeira edição - importa tratá-la como se parte textual fôsse, isto é, reputá-la integrante do livro a partir de então, sobretudo nas reimpressões ou reedições· post morte'ltt au.ç,. toris. Somente o autor, em vida, pode ser árbitro para sua eventual exclusão (ou refundição qualquer)" em publicação segunda. Por êsse motivo, não raro, em sendo necessário, o autor, vivo, antecede cada edição (ou as principais subseqüentes) com novos elementos dessa natureza pré-textual, os quais se podêm seriar, e.g., "prefácio da 1.8 edição", "prefácio da 2.• (ou n 8 ) edição" etc., podendo, inclusive, omitir os (ou alguns dos) anteriores, mas fazendo constar · êsse fato do prefácio vigente na edição em qne proceder ao corte. Outras vêzes, o autor pode

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deixar essa parte preliminar tal como se achava na edição original -e antecedê-la, com outro nome, de outra parte, ou, ao contrário, fazer segui-la de um complemento - expllcitamente separado da primitiva parte introdutória -. 8. 3 . 4 . 3 Quando essa parte preliminar ou pré-textual não é do autor, mas constou da primeira edição do livro - necessàriamente com a autorização do autor (o contrário, que pode admitir-se, e há casos vários que o documentam, pertence à bíblio-historiografia anedótica) -, em morrendo o autor, integra-se ela à história do livro, devendo, assim, nas reimpressões ou reedições póstumas aparecer sempre. Somente em vida pode o próprio autor - e eventualmente o prefaciador - determinar a exclusão dessa parte, em reimpressão ou reedição do livro. Não sendo do autor, nem de reimpressão ou reedição do livro em vida do autor, o tratamento dessa parte cabe, via de regra, ao responsável pela reimpressão ou reedição post rnor{em au.ctoris. Dois cuidados externos, bibliológicos, cabem, alternativamente, pelo menos, nesse caso: (a) a denominação dessa parte pré-textual deve ser feita sem ambigüidade para com a que foi dada pelo autor ou prefaciador em vida do autor; (b) uma segunda fôlha de falso título ou falso rosto deve vir antes do texto (neste, então, incluída essa parte pré-textual primitiva), a fim de distinguir o que pertencia ao livro original do que se agrega ao atual. 8. 3. 4. -i Em conseqüência, a relati'nmente rica nomenclatura dessa parte pré-textual deve: (a) ser distintiva entre a original e a atual post mortem auctoris, (b) poder apresentar variedade - , pois, com efeito, se em vida o autor inseriu uma "nota preliminar", um "prefácio" e uma "introdução" (próprios ou alheios), o editor-de-texto pode, se fôr o caso, inserir uma "notícia prévia", ou um "antelóquio", ou um "prolóquio", ou um "prelóquio", ou dois, ou n dêsses títulos. Isso não obstante, cumpre reconhecer que são mais do campo das edições post mortem auctoris as expressões do tipo "nota", "notícia", "nótula", "observação", "apresentação" ("prévias" ou "preliminares", ou afins), enquanto se inserem no campo da editoração original preferentemente "prefácio", "prolóquio", "exórdio", "antelóquio", "prelóquio", "à guisa de prefácio" e afins (do próprio autor ou alheios). Apenas, nas obras científicas, há progressiva tendência, quando dividida em capítulos, de ser o primeiro dêstes antecedido de uma "introdução", que de fato introduz, apresenta o tema, seus principais aspectos, questões, problemas e conexões, os quais, vi& de regra, segundo o plano introdutório, se desenvolvem nos capítulos seguintes.

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8. 3. 5 Texto stricto sensu - A parte textual - quer a contoideremos integrada dos elemento!,\ pré-textuais da edição ou edições em vida do autor, post rnm·tem dêste, quer não - não apreliilenta, em regra, nomenclatura própria: é o texto. :f:ste, consoante fôr o scccionamento da obra, poder-se-á dividir em partes integrantes - mas isso será consider~~:do em capítulo à parte, por vir, dêste livro. Isso não oootante, importa aqui considerar que as fôlhas do texto são as que, por sua composição, imposição e mancha, por sua tipologia, por suas margens, por seu jôgo de prêto-no-branco, por suas eventuais ilustrações, vinhetas e iluminuras, definem o caráter tipográfico e mesmo bibliológico do livro. Como, porém, tais questões foram e estão sendo consideradas ao longo dêste livro, não há como voltar a ela ou antecipá-las. Cabe, porém, realçar que essas fôlhas se dividem em duas categorias principais - levado em conta, sempre, que cada fôlha tem, primeiro, sua face ou página ímpar, no :recto, e, no verso, sua face uu página par. Dentre essas faces, importa ainda ter em conta: (a) as capitulares e, eventualmente, subcapitulares; (b) as finais de capítulo e, eventualmente, as finais de subcapítulo. 8. 3. 5.1 As faces ou páginas capitulares, em boa técnica bibliológica, tradicional ou moderna, são sempre condicionadas pelo 'uso do branco" no miolo, a saber: (a) há livros cuja concepção a êsse respeito é generosa, fazem amplos usos de espaços brancos, ~eão descomprimidos nesse caso, é de hábito abrir página capitular sempre "nobre", isto é, ímpar. A página capitular sistemàticamente ímpar pode acarretar a presença - quando episódica, infeliz, pois que, se sistemática também, poderia ser elemento do "uso do branco" generoso - de páginas pares anteriores em branco totalmente. Evitar essa ocorrência episódica, ou ao contrário fazê-la sistemática, é um delicado problema de paginação, que pode, apesar de tuno, ser resolvido; (b) há livros cuja concepção do "uso do branco" é, ao contrário, comprimida. Neste caso, ou se procura, sempre, fazer que o fim de um capítulo termine em página par, com pelo menos um têrço da mancha ideal ocupado (têrço que corresponde ao equivalente do têrço branco ideal da página capitular seguinte), às vêzes, pelo menos, três linhas impresas; ou, ao contrário, abandona-se a noção de página nobre, iniciando-se capítulo já em página par, já em página ímpar. O requinte gráfico de um livro nada perde com qualquer das duas direções do "uso do branco". O livro denso, aliás, pede o t>egundo caminho. Em quaisquer casos, há-os que vão ao cuidado de iniciar suas páginas capitulares com letrinas ou letras capitulares, grandes letras de duas, três, quatro, cinco ou mais linhas

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de medida, com adornos, dentro de uma moldura real ou ideal, retangular, ovóide, triangular etc. A primeira edição do Ulysses, . de JAMES JoYCE (cf. JOYc; JOYD, mais accessível), apresentava três letrinas apenas, cada uma ocupando totalmente uma página - pois que JoYCE teria, com essas só três letras capitulares, a intenção de simbolizar seus três h_eróis básicos do livro, Stephen, Molly e Poldy (Stephen Dedalus, l\Iarion Bloom e Leopold Bloom) . Há letras capitulares que são do parque tipográfico normal, com a condi<:ão de terem corpos maiores notàvelmente realçantes. A imposição dessas letras é variável, criando um estilo para o. livro: ou desbordam no ângulo superior esquerdo da mancha totalmente, ou se embebem parcialmente nessa niancha, nesse .ângulo, desbordnndo apenas para cima, ou se embebem totalmente nesse ângulo ficando com a parte superior na linha ou quase das versais da composição (o que acarreta uma sér!e de linhas iniciais do primeiro parágrafo do capítulo com dimensões ligeiramente menores). Livros há em que as eventuais subdivisões dos capítulos são marcadas por um interlineamento maior, antecedido de subletrinas ou subcapitulares, as quais, em regra, não diferem das capitulares senão no corpo relativamente menor, para definir-lhes a categoria de subcapitulares. Em quaisquer casos, é costume, quando se faz uso de letrinas capitulares e/ou subcapitulares, abandonar o uso do chamado branco paragráfico, a indentação para a direita da linha in~cial do parágrafo inicial de capítulo ou de subcapítulo. 8. 3. 5. 2 As faces ou páginas finais de capítulo, em li~ros cuidadosamente plasmados, do ponto de vista tipográfico e bibliológico, nunca devem, como o dissemos, ser em branco, correndo, em conseqüência, não raro, a necessidade de o texto anterior ser "corrido", isto é, distendido, de forma que a última fôlha do capítulo transborde sua matéria de sua então última página para a que se quer última página. 1?:sse corrido, para bom paginador, deve ser pressentido, pré-calculado, preestimado com . antecedência, para que não se opere apenas com umas poucas linhas finais do final do paquê capitular, pois neste caso o jôgo de prêto-nobranr.o, característico da mancha, se adulterará, com a predominância relativa do branco, ou, se o corrido fôr por r.oncentraÇão, recorrido, com predominância relativa do negro. 8. 3. 5. 3 Cumpre, por fim, lembrar que, colisoante seja o plano de seccionamento e sua realiza<:ão tipográfica e bibliológica, o livro poderá, se de "uso do branco" generoso, entre suas partes principais de texto, apresentar fôlhas de falso rosto seccional.

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Isso ocorre, principalmente, em obras colegiadas em que cada parte tem autoria própria. Nesses casos, é encontradiça a fôlha de falso rosto seccional, consistente nas duas faces obrigatórias, aparecendo na ímpar o título da seção e eventualmente o nome do autor, ficando a par em branco, ou, em rodapé desta, a indiea~;ão bibliográfica de sua origem, nos casos de que tenha tido publicação anterior. 8. 3. 6 Parte pós-textual A parte pós-textual apresenta a possibilidade de ter as seguintes seções ou dizeres (na ordem tendente do texto propriamente dito ao externo final do livro) : (a) postfácio (pós-fá cio, posfácio), nota, notícia, nótula, observação etc., finais; (b) notas propriamente ditas; (c) adendos e apêndices; (d) erratai (e) índices; (f) tábua de matéria; (g) colofão; (h) face externa da contracapa; (i) orelha de trás da sobrecapa; (j) face de trás da sobrecapa.

8. 3. 6 .1 Sôbre o postfácio (pós-fácio, posfácio), assim como sôbre a nota, notícia, nótula, observação etc., finais, não raro, post scriptum, considere-se, antes de tudp, que podem ocorrer, um ou mais, sem que o livro seja antecedido de sua contrapartida aparentemente lógica (prefácio, antelóquio etc., nota, notícia etc., preliminares), ou ainda que seja antecedido dela. ~sses elementos, ocasionais, ocorrem via de regra por determinação de circunstâncias tais, que o autor se veja obrigado, e assim o editorde-texto ou mesmo o editor, a acrescentar uma informação ao leitor, terminada (ou quase) a tipografação do livro; assim, um fato de cronologia, com nôvo elemento bibliográfico ponderável, uma polêmica superveniente, uma alteração do quadro social, uma circunstância biográfica do autor, um problema final da edição crítica, um motivo de fôrça maior de editoração, sós ou combinados, podem determinar o aparecimento de um ou mais de tais elementos. E por vêzes são êles supervenientes tão tardiamente, que podem até ocorrer na parte finalíssima do livro (como miolo) propriamente dito, caso, entretanto, evitando na medida do possí-vel.

8. 3. 6. 2 As notas prbpriamente ditas que ocorrem em fim do livro decorrem do plano de estruturação da matéria versada. É que, como se ,:erá em local adequado dêste livro, a estruturação poderá admitir notas ao texto, ou marginais, ou de rodapé, ou finais de seções, ou finais de livro - ou combinadas -, a ponto de as haver como notas de notas, e mesmo como notas de nota de 11ota (o que chega a ser a negação da estruturação mesma).

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'8.3.6.3 Os adendos (sing. "adendo", ou, em latim, addendum, pl. os addenda) são, como o diz o étimo, adições ao texto, que podem funcionar já como notas finais (previstas ou não na estrutm·ação da matéria), já como acréscimos supervenientes impossíveis de serem enxertados no local próprio do texto, já - o que ·é ma.is normal - como nota extensa final colateral ou co:Y.ex:a com a matéria versada, proposi~ão ou tese paralela à do livro. Entre o adenuo e o apêndice (pl. "apêndices", ou, em latim, oppend-ix, pl. os appe11dices) é como que de regra considerar o primeiro como de matéria elaborada pelo autor 'e o segundo como de matéria abonadora ou documentadora do texto, via de regra não do autor, por exemplo, texto de leis, convenções, documentos e afins. Neste último sentido, freqüentemente os apêndices ocorrem antes do postfácio e das notas finais propriamente ditas. Modalidade de apêndice, há o chamado anexo, consistente, em rrgra, em documentação abonadora do texto, mas de regra doeumenta<.:ão extensa estreitamente vinculada com o tema central ou geral do livro. Adendos, apêndices, anexos - e afins - , se ('lU número de dois ou mais (de cada espécie), via de regra são objeto de remissão recíproca (do texto à unidade em causa, e da unidade em cansa ao texto), por meio de remissivas laterais, ou numéricas ou simbólicas, quase sempre acompanhadas do número da página ou qualquer outro meio expedito de localização ao corpo do livro. 8. 3. 6. 4

Os e1·rata (em. latim, no plural, cujo singular é erraconsagradas, porém, em português, a "errata", as "erratas") partem do pressuposto de que errare typogr.aphicum est, de que não há lino sem êrro tipográfico. Sem querer entrar no mérito para a oportunidade da inclusão dos errata em livros, cumpre levar sempre em conta que, para serem exaustivas, as erratas devem ser lavantadas com um rigor tal, que se possa ter a certeza de que nenhuma gralha ou nuga tenha deixado de nelas ser consignada - o que é uma enorme temeridade, já que há erros tipográficos que se manifestam à observação muito tardiamente, mt1ito depois de publicado o livro. Por isso, prndencialmente, é da tradição consignar nas erratas tão-somente duas categorias de erros: (a) os de que possa decorrer incompreensão. obscuridade, ambigüidade não desejada e (b) · OS de que possa decorrer êrro atribuível à ignorância ou insciência do autor; fora dêstes, é habito o autor - ou editor-de-texto, ou editor - apelar para a perspicácia e inteligência do leitor, cujas grandes quaEdades no particular são via de regra, nesse ensejo, objeto de 1ouvor. . . As errata!; em geral consistem numa seqüência de lift~m, já

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nhas com a seguinte ordenação: "p. n onde se lê .... leia-se .... ", e assim 6Ucessivamente. Autores há, porém, que floreiam. as erratas. . . Cumpre, ainda, ressaltar que, muito freqüentemente, as erra't as são estampadas em fôlha ou troço de fôlha volante, inserta entre as páginas ou colada no início, ou no fim, do volume - caso em que, em boa técnica de leitura, o leitor escrupuloso deve proceder, imediatamente após a obtenção do livro, às correções pedidas (providência que, também, deve ser feita pelos bibliotecários, tão pronto recebam o livro, mas, nesse caso mais que no outro, anotando, no local de cada. correção, uma observac;ão segundo a qual fique claro que a correção é por indicação e responsabil!dade do autor). 8. 3. 6. 5 Os índices serão objetos de tratamento particular neste livro. A tábua da matéria, já o vimos supra 8. 3. 3 .19 e segg., pode ser uma das partes preliminares do livro. É que, com efeito, a editoração (e decorrentemente a estruturação bibliológica do livro) no Brasil vem sofrendo duas linhas principais de influência no respeito: a de Üugua francesa e a de língua inglêsa. Na tradição da primeira, a tábua de matéria, table des matieres, normal~ente vem vindo in fine do miolo, seguida, tão-só do colofão. Na tradição de língua inglêsa, ao contrário, a tábua de matéria, contents, vem vindo via de regra como parte preliminar, tal como a examinamos retro. As vantagens estruturais do critério seguido na tradição inglêsa são tais, que não hesitamos em tomar posição em favor dela, sobretudo nos livros em que a matéria é complexa e planejada em seções intituladas e sobretudo porque com isso voltaremos à boa tradição portuguêsa. A tábua da matéria sendo, como é em verdade, uma das várias espécies possíveis · de índ:ces lato scnstt, será ainda tratada neste liTro, quando dos índices se tratar.

8. 3. 6. 6 O colofão ( colofon, cólofon) é, do miolo, a última parte impressa, salvo anomalia ou exceção bibliológica. Consiste, ~ssencialmente, numa menção, de expressão vária, cuja síntese pode ser englobada nos têrmos seguintes, em que dois elementos apenas vêm sendo quase constantes, a saber, a referência ao estabelecimento gráfico e a data em que se monta o caderno final para a impressão: "êste livro foi composto e impresso nos estabelecimentos gráficos x, rua tal, número tanto, para ,a editôra y, de tal cidade. segundo phino.. do artista gráfico. e, tendo sido terminado aos n de x do ano de n".' Fatôres vários vêm militando em favor do abandono do colof~o por uma página creden<:ial, ver supra 8. 3. 3 .11. ·

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8. 3. 6. 7 Quanto aos dizeres da face externa da contracapa,. cumpre, tão-somente, ressaltar que ocorrem apenas quando o livroé brochado - nos encadernados a ocorrência é excec;:ão bibliológica - ou cartonado. Podem êsses dizeres relacionar"se com o livro, o autor, a coleção, a editôra, o catálogo desta;, ou títulos desta. A face externa da cont~acapa é, entretanto, tipografada de preferência na editoração, comercial: e, do estrito ponto de vista pessoal do autor dêste livro, desmerece o livro, ainda que haja· felizes soluções para a tipografação da contracapa. Uma única. exceção deveria ser, eventualmente, recomendável (num mundo menos inflacionário ou talvez por isso mesmo) :. a. mene}ão de· pre<;:o, na base, discretamente.

CAPÍTULO

IX

FEIÇOA:MENTO DO LIVRO 9.

A TRADIÇÃO DO LIVRO Fat~r essencial de civilização como veículo do pensamento escrito, o livro, no sentido mais amplo da palavra e · com abstração de qualquer matéria, forma e técnica particulares, supõe uecessàriamente a existência de uma sociedade policiada que cultive as letras, as ciências e as artes, desejosa de aumentar pela leitura, pela reflexão e pelo ensino. a soma de seus conhecimentos e de transmitirlhe a herança às gerações seguintes. Não se lhe poderia dar nem uma data nem um lugar de nascimento: nada impede que êle haja aparecido ao mesmo tempo em várias regiões do globo como o fruto mais saboroso das civilizações chegadas ao ponto de madureza convinhável. De qualquer modo, há por trás dêle vários milênios de história, e as buscas arqueológicas não disseram talvez a última palavra sôbre sna an.tiguidade. No curso dessa história, o livro conheceu, segundo os tempos e os países, as alternativas próprias às .coisas humanas. Entretanto, não mudou essencialmente nem de natureza nem nos seus fins, mas· somente nas suas possibilidades de execução rápida, de ·mulfipli
·eis as palavras com que CHARLES SAMARAN introduz, sob o título ·"L'évolution du livre", a segunda parte, "Le livre", do tomo XVIII, "La Civilisation écrite", da Encyclopédie française (ENCF, 18·14-3). 9. O.1 Urn pouco de história - Desde o terceiro milênio antes de Cristo as civilizações orientais dão o toque de partida na criação e produÇão do livro - exclusivamente "manulavrado", "manucunhado", manuscrito - , empregando materiais contingentes: fôlhas "de palmeira, córtice de . árvore, tábuas de madeira polida, fôlhas 'de sêda, de papel (na China e na Coréia), tábuas

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de argila (na Assíria e na Caldéia), papiro {no Egito). Essas civilizações deram ao livro as duas formas sob as quais o vamos encontrar no Ocidente, mais exatamente no mundo mediterrâneo, alguns séculos antes de nossa era: a do rôlo e a do livro quadrado. Quanto à tradição segundo a qual os primeiros livros foram escritos sôbre córtice vegetal, deve ser ela muito antiga e persistente, já que os gregos e os latinos depois adotaram para designá-lo dois vocábulos cujos têrmos concordam perfeitamente com a tradição - bíblos e liber ( cf. BOIS, ERNO). 9. O.1.1 O primeiro grande progresso realizado na indústria do livro data ao que parece da época em que se pôde fabricar no Egito o papiro, breve conhecido e adotado na Grécia e em Roma. Matéria assaz leve e flexível, que podia, ademais, ser produzida em grandes quantidades, o papiro condicionou bem a forma que então entrou em uso para o livro, a do kylim.dros grego ou do uolumen latino. Em contraposição, o papiro era objeto de fortes direitos de exportação e onerado pelos fretes, sendo, pelo menos fora do Egito, muito caro. Espêsso, umectável, frágil, escamava-se e fragmentava-se. Além disso, suportava a escrita de um só lado, o que aumentava o corpo do "livro". E a própria forma do rôlo criava dificuldades práticas: só se podia ler a duas mãos; não se podia ter sob os olhos senão uma porção do texto ; enfim, o rôlo, desdobrado, impunha o redobrar todo inteiro para voltar-se ao seu IniCIO. Â práxis social grega, entretanto, vinculada a difnsão das idéias às discussões públicas, era a um tempo cobertura para a carência de livros ao alcance de todos e, concomitantemente, impedimento para o avanço tecnológico que não o procurava por falta de imperativo social. Mas o fato é que, dêste ponto de vista, o papiro apenas minorava os inconvenientes do córtice vegetal, da madeira ou · da argila. Assim, por dezenas de séculos, seu sucessor vai reinar sem contestação. O pergaminho - Nascido provAvelmente em Pérgamo 9. O. 2 - donde o seu nome -, o pergaminho aparece entre o terceiro e o segundo séculos antes de Cristo, em função do livro quadrado - codex ou caudex. Dois pelo menos de seus inconvenientes materiais - espessura das fôlhas, relativa inflexibilidade - contribuíram para a difusão do formato quadrado, que hauria sua tradição nas tabuinhas sêcas ou recobertas de cêra. Mas seus convenientes, comparados ao papiro, eram sem número: e foram êles aprimorados, com o trato progressivo da artesania do pergaminho - com a pele de carne!ro, de vitelos e de outros animais. Inumectável, ou quase, resistente ao fogo, mais fino e mais durável do que o papiro, moldava-se à dobragem e à enrolagemt per-

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.mitia a escrita em suas duas faces e, lavado ou lixado, podia servir diversas vêzes - o qu~ originou, ante a perspicácia poster:or dos homens, o palimpsesto. Permitia substituir pela pena de pássaro o tufo do pincel ou as pontas do cálamo, comportando um aproveitamento espacial muito maior, pois o tamanho dos caracteres pôde ser consideràvelmente reduzido. Comportava o corte em formato igual, e as fôlhas, reunidas por um lado, originavam cadernos, que, reunidos, davam o livro quadrado ou oblongo de dimensões práticas, cômodo para o manuseio, folheável, consultável em passagens várias com o mínimo de esfôrço e fechável instantâneamente, com yroteção . excelente. Estava achado, o formato e a estrutura do livro que subsiste até hoje. 9.0.2.1 Parece que o códice pergamináceo é contemporâneo do início da era cristã; e sabe-se que suplantou ràpidamente o rôlo de papiro mesmo no Egito. E sob a forma de códice pergamináceo é que a história do livro vai desenrolar-se no Ocidente, suplantando progressivamente o papiro, ·as tabuinhas de cêra, e os próprios 1tolumina pergamináceos só subsistiram por algum tempo como sobrevivência confinada a certos usos restritos. 9. O. 2. 2 O códice pergamináceo em forma de livro, na medida f.:m que o baixo Império romano se faz cristão, é instrumento progressivamente da religião, atravessando a Idade Média, sobretudo em mensagens escritas em latim, tornando-se dessa forma e nessa língua o principal veículo do Renascimento. 9. O. 2. 3 Sob a invocação dos fundadores das grandes ordens religiosas, mormente de São Bento, o monaüalismo abre-lhes as portas de suas sedes, das ilhas Britânicas à Itália, das Espanhas às margens do Reno. Scriptoria de religiosos copistas são instalados nos conventos, e aí os livros, em regra estrita, são elaborados para fins relig!osos e profanos - culto, ensino, consulta, venda, troca. Aí se transcrevem e se copiam os melhores exemplares das obras da Antiguidade, bem como a dos Padres da Igreja. Em breve, um monge de Bamberg terá a feliz idéia de representar, numa série de medalhões, seus confrades nos trabalhos do scriptorittm. Há esforços por industrializar a técnica, dividindo-se o trabalho em cadernos, organizando-se grupos adestrados de tal forma que o desenho dos caracteres parece por vêzes ser de uma e só mão, e esta regularíssima. Entretanto, até o século XIf pelo menos, os livros se confinam às bibliotecas abaciais ou capitulares. São muitas vêzes de grande formato, visto que não se destinam, preferentemente, a ser portáteis. Monópolio dos clérigos ainda, a carestia do pergaminho aumenta na proporção da..

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-demanda, obrigando os copistas a· levar ao extremo as ligaturas e, daí, as abreviações e abreviaturas, espantalho dos neófitos em paleografia, perigo permanente para o trabalho ecdótico do estabelecimento do texto fidedigno e fiel. ·9. O. 2. 4 Grande modificação ocorre quando as universidades -.despontam, incrementando o gôsto e a necessidade de ler, quando a cultura latinista, a cultura românica, se fragmenta nas litera-turas "nacionais", criando um progressivo mercado consumidor :nôvo, quando, enfim, o sistema feudal faz nascer ou renascer, na classe social privilegiada, a possibilidade da bibliofilia e do me.cenato literário. Criam-se, então, nas cidades os escritórios laicas doR librarii; copistas ambulantes prestam serviço aos amadores de livro, a exemplo dos jograis, dos segréis, dos trovadores, dos -troveiros. E sobretudo, pelo emprêgo generalizado da peti<J, as universidades chegam a organizar a elaboração em série, normalizada aproximativamente, de livros de ensino, e a não dispensar .aos professôres, mestres, lentes, estudantes, alunos e curiosos senão ·<'xemplares autorizados quanto ao fundo e correto quanto à forma. Começa então a expandir-se pela Europa o papel, oriental de origem como o pergaminho; em verdade, extremo oriental, começa .a penetrar no Ocidente pela estrada da sêda, nas Espanhas e na França, em seguida nas ribas africanas do Mediterrâneo, mundo árabe adentro. Mais barato, mais leve, mais flexível, mais fino -do que o pergaminho - mais frágil, porém. Não desempenhou, entretanto, na história do livro manuscrito, a função·. que se po-deria ter esperado dêle. ·Ainda assim, nos últimos lampejos da Idade Média, contribuiu por certo para disseminar em maiores auditórios a literatura em vernáculo ou vulgar. Seu destino era, porém, luminoso: é que, por sua natureza, permitia o advento de ·processos mecânicos de impressão.- Não é sem razão que Luc.IEN' FEBVRE, no plano do belo estudo L'apparition du livre, dá ao capítulo primeiro o título de "A questão prévia: a aparição do papel na Europa" (cf. FEBv) ~ 9. O. 2. 5 Aplicação da gravura em relêvo, a impressão já -éra conhecida havia muito, em princípio. No extremo Oriente se tornara até prática intensiva, como o provam os livros coreanos impressos nos começos do século XV por meio de caracteres móveis. A dúvida, aliás, perdurará ainda por muito tempo sôbre se a idéia, no Ocidente, da impressão em caracteres móveis não se funda, diretamente, nessas fontes, graças aos incansáveis viaj!>res medievais, que certo teriam chegado àquelas terras. No Ocidrnte, com efeito, desde o século XIII, havia-se conseguido gravar em madeira ou metal letrinas· ou letras capitulares ou subcapitulares

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decoradas; e mais tarde alguns privados adotaram como assinaturas selos semelhantes aos carimbos de hoje em dia. E é certo ·que a mecanização se antecipou de uma técnica capital, que ficaria, depois, como uma das bases do trabalho dos impressores: os copistas compreenderam a possibilidade de dispor o texto por copiar, de tal forma que as suas partes erám objeto de "imposição", isto é, as seções copiadas numa face do papel dobrado nas vêzes convenientes podiam ser escalonadas em · seqüência tal que o texto se mantinha coerente, cada quantidade de texto numa face e sua estruturação garantida em conjunto. O fato é que a práxis social madurara a partir da segunda metade do século XV para o advento da tipografia com caracteres móveis: (a) a opinião pública já era quantitativa e qualitativamente sequioaa e apta para haurir informação escrita em relativamente grande profusão; (b) a procura, em conseqüência, de livros, tornava o seu comércio ·e produção rendosos, mas totalmente aquém daquelas necessidades; (c) o avanço da tecnologia dos metais já era notável e comportava obras de requinte de, digamos, cinzelaria; (d) as necessidades de mão-de-obra de nôvo teor qualitativo, na auroJ,"& da civilização mercantil e capitalista, i'mpunha nôvo grau de difusão da instrução e cultura, cujo óbice principal era a pobreza quantitativa dos instrumentos para essa difusão; (e) os capitais de investimentos para a consecução da nova técnica de impressão se acumulavam com a prosperidade navegat6ria e mercantil das Flandres, o mesmo acontecendo, com a breve cessação da guerra dos Cem Anos, em cuja conseqüência há o incremento da troca' de . riquezas, entre as regiões ribeirinhas do Reno e a França. Tecnologicamente, o problema crucial consistia em obter uma liga de metal que não fôsse excessivamente dura, pois romperia o papel, nem excessivamente mole, pois cederia à pressão; em transformar com a rapidez possível êsse metal fundido em caracteres em relêvo uniforme; em encontrar o meio de reunir êsses caracteres em fôrma estável; em compor a tinta que fôsse a um tempo brilhante, seeativa, e em resolver, por fim, a pressão uniforme e constante sôbre a superfície da composição. 9. O. 2. 6 Foi da resolução do conjunto dêsses problemas que · nasceu, por longos ensaios e erros, a arte tipográfica, eomo obra coletiva. Nem GuTENBERG nem ~eus êmulos . tinham corisciência da obra revolucionária, no plano tecnológico e no de suas decorrências culturais, que consumavam. As vantagens oferecidas pelo livro impresso foram, em breve, de tal alcance, que o coroamento relativo dessa indústria por uma como perfeição de resultados correspondeu a um imperativo social. Entretanto, · as grandes ti-

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ragens só vieram à luz pelo século XIX, quando, de nôvo, os problemas de disseminação do livro, para já agora novas e mais amplas camadas sociais, se fazia urgente. E nestes meados do século . XX essa multiplicação já atinge cifras colossais, que só empalidecem ante as que estão no bôjo do século XXI. A este. reotipia, a energia motriz - a vapor, elétrica -, as prensas metálicas, a mecanização da .composição e da impressão foram aspectos dessa nova revolução. Estamos, já hoje, no limiar de novas modificações do processo, com a perspectiva do advento de um "plastipel", mais rico de virtudes que o papel - por seu C•lSto, suas côres, sua superfície, sua sensibilidade e, sobretudo, sua durabilidade -, e da "legotipia", em que a máquina, por si só, se encarregará de ler, compor, impor, imprimir, dobrar, costurar e revestir o original, ademais de "reservar" as matrizes para repetições sucessivas. Já - para os livros "baratos" de grande tiragem - pode a arte tipográfica concentrar suas melhores e mais onerosas técnicas, na certeza de que o preço unitário mercantil ou social será pequeníssimo, o que nem sempre se pôde fazer com livros "de luxo", que por sua tiragem restrita não comportam, muitas vêzes, a aplicação daqueles aperfeiçoamentos técnicos. 9. O. 2. 7 Indissociável da inteligência, a sensibilidade (ao que parece, mesmo, apanágio da verdadeira inteligência) estética se manifestou sempre ligada ao livro, obra da "inteligência" humana. Destarte, o jôgo ·do prêto-no-branco, a longura da linha, o tamanho dos caracteres, sua variação, seu desenho, a imposição da fôlha, a seqüência destas, o revestimento delas, tudo isso sempre foi objeto · de requintes artesanais. A Idade Média, já ,por preceitos, já por exemplos, nos legou modelos admiráveis do aproveitamento do pergaminho ou do vitelino. As ilustrações do livro, que remontam aos livros dos mortos dos egípcios, que perpassaram provAvelmente o mundo grego e seguramente o mundo romano, fulguraram na Idade Média. Da encadernação mesma, a couro, há provas supérstites do século VI de nossa era. Com o advento. do papel, o livro ilustrado, mais, o livro iluminado entra em . decadência, para enveredar por novos caminhos, em que irá exceler por longo tempo, na base do contraste P,o prêto e branco, de prêtos, cinzas e brancos. É a época da gravura em tôdas as suas maneiras - sôbre madeira, sôbre metal, em relêvo, em incrustado, a buril, de água-forte -, que irão dar ao livro, durante três para quatro séculos, a sua ornamentação e .motivação plástica visual. E antes do advento d,a fotografia, imaginam-se maneiras finais de gravura (que, entretanto, primitivistas ou não.

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subsistem) - a negra, aquatinta, lápis, verniz mole, linóleo, litografia... A fotografia, a negro, ou policrômica, e os processos fotomecânicos são de extrema atualidade, mas comportam, por certo, aprimoramentos muitos ainda, sobretudo nas técnicas de sua feitura, cujas fases demandam ainda intervenção manual e operacional humana muito freqüente : nos albores da automatização ou automação generalizada com auto-regulação precisa, é de se esperar que as técnicas fotomecânicas se disseminem e se barateiem, com repercussões inevitáveis no próprio processo da formulação verbal. Levadas, entretanto, para extensas tiragens, êsses processos caros alcançam a perfeição dos resultados manuais, salvo nos chamados livros de luxo, que, socialmente odiosos por um lado, são, entretanto, o arsenal em que se ensaiam os livros populares de amanhã (cf. GUSM; IVIN). 9. O. 2. 8 O revestimento de encadernação - a brochura pertence à história do livro, a rigor, apenas a partir do século XIX, pois até então o livro destinava-se sempre · a ser encadernado, sendo o seu revestimento de papel, precário e provisório -, quando feito, se dicotomizou, desde os primeiros tempos : havia a encadernação de escrínio ou relicário, obra de ourivesaria quase que s6 reservada aos livros litúrgicos, e a encadernação de couro, com miolo de madeira, mais tarde de papelão ou cartão. As primeiras, embora riquíssimas pela feitura ou pelas matérias-primas (ouro, prata, marfim, pedras preciosas incrustadas), ·eram a negação da portabilidade, e as seg1mdas, não o sendo, vieram a prevalecer, por sua sobriedade relativa, sua elegância - couro cinzelado, estampado, bojado, dourado, mosaicado, decorado. O fim do século XIX assistiu ao advento da encadernação de pano, de musselin&, de ·Sêda, de tecidos em geral, e o século XX o de cartolina esmaltada ou virgem - com a dualidade do desenho da capa, manual ou tipográfico. Até a época relativamente recente, só houve editôres 9 . O. 2. 9 a título ocasional. É o caso de ÁTICO para CícERO, por exemplo. O autor que contasse com sua obra como meio de subsistência tinha que apelar para os bons ofícios de amigos, admiradores e protetores, que individual ou colegiadamente arcavam com os ônus da impressão, subscrevendo generosamente lista de contribuintes para a mesma. Em verdade, o número de exemplares publicáveis obstava à noção mesma de comércio, ademais das contingências da contrafação ou do plágio - que vigoraram não só na Antiguidade, mas também na Idade Média. Com as instituições universitárias e a regulação da petia - exemplar autorizado e fidedigno - é que as tiragens chegaram a atingir casa de milhares, relativamente

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iguais, como o testemunha a Summa m gentiles, de Santo ToJÚS DB AQUINO. Com o advento da tipografia, porém, aumentando consideràvelm.ente o número de exemplares de cada tiragem aumento a que correspondia, via de regra, o público consumidor correlato -, a contrafação principiou a deixar de ser rendosa, com o que também principiou a regulamentação da indústria e comércio livreiros, com censura, privilégio e proteção legaiS arma bigume da autoridade para, concedendo, impedir eventuais liberalidades autorais excessivas e mesmo necessárias. E o século XV, pelos seus fins, e o XVI e o XVII e os inícios do XVIII assistiram ao advento das famosas dinastias de impressores, que eram a um tempo eruditos, críticos de texto, tipógrafos, artistas e não raro sábios. Mas, na acepção vigente hoje em dia, apenas a partir da segunda metade do século XVIII principiam a aparecer editôres, que tendem progressivamente a ser apenas editôres, ficando de lado a tipografia, a impressão, a. propaganda mesma das obras editadas, por conta de outros emp~esários ou profissionais, cujos serviços são contratados pelos editôres, após entendimentos dêstes com os autores, no que concerne às condições da edição. ~ assim que se compreende que a profissão de livreiro seja anterior à de editor, livreir9s estabelecidos sedentAriamente e livreiros ambulantes. E não . nos esqueçamos, também, de que em tôdas as épocas, dentre os livreiros, pela prática cotidiana do livro, saíram eminentes bibliófilos, bibli6grafos, bibliognostas, bibliômanos e bibli6sofos, . tal o eminente CARLOS RmEIBO, o que, aliás, teve complemento no fato de que, também não raro, figuras de prol por sua formação cultural se tenham, sem nenhuma falsa repugnância, feito livreiros. 9. O. 2.10 ~ provável que a censura .a posteriori se tenha sempre exercido sôbre o livro, quer pelo Estado, quer pelas autoridades religiosas, quer por setores de opinião, quer pelo público em geral - censura quanto à qualidade, à moral, ao interêsse, à periculosidade das idéias. . . Parece, porém, que, com caráter preventivo, é ela obra da ação da Igreja, pelo fim da Idade Média, ação herdada pelo poder estatal com o advento das nacionalidades modernas, nas monarquias européias; e o Santo Ofício, no particular, foi modêlo que, a posteriori como a priori, foi reproduzido, aperfeiçoada e requintadamente, até os tempos modernos, sobretudo, talvez, neste século, com dilapidações maciças de coleções inteiras. A técnica da censura, revestindo formas, matrizes e modos os mais variados possíveis - sanção física, penal, moral: subôrno, compensações, carreirismo, incenssmento -, foi, porém, sempre, de ação polar : o que sonegava ao público, de um lado,

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aguçava, nesse mesmo público, o desejo de conhecer: e a experiência multissecular nesse respeito autoriza-nos a crer que num futuro não muito remoto a censura se exercerá de forma socialmente aceitável, no sentido de que as coletividades terão os livros que quiserem, mais ou menos destemidos, mais ou menos demolidores, mais ou menos autocráticos, mais ou menos inovadores (ENCF, 18·14-3-18·14-6). 9 .1 REVISÃO No correr destas mal traçadas linhas, já passamos em rápida revista algumas das principais fases de elaboração do livro. Dessas fases, importa deter-nos num aspecto da composição, que é aquêle que consiste em obtê-la com o menor número de erro~ possíveis,. mercê das provas e revisão tipográfica. Revisão tipográfica Uma vez composta a matéria, 9 .1.1 quer em paquês longos, equivalentes, grosso modo, a quantidade de mancha para duas a três páginas impressas, quer em paquês exatos correspondentes à mancha precisa de cada página, essa matéria pode ser objeto de provas, isto é, dessa matéria "tiram-se" provas. Essas provas, segundo a fidedignidade maior ou menor com que tenham sido compostas pelo compositor em observância do original, cuja correlação tenha sido, ou não o tenha, estabelecida para com a futura feição gráfica, essas provas são objeto de revisão, a chamada revisão tipográfica, que é a que vamos considerar. Demos, antes~ a palavra a SE.ÁN JENNET no que se 9 .1.1.1 refere à pesaoa do revisor ( JENN, 87-98) : O revisor é muito freqüentemente um empregado desvalorizado, cujos serviços são considerados por vêzes supérfluos. Em muitas tipografias fica relegado a um cubículo pequeno e abafado que não pode ser aproveitado para outro fim, ou fica encarcerado num desvão de um canto de sala. Idealmente, necessitaria de luz e ar, tudo o que conduzisse à acuidade mental e à perspicácia visual; e, às vêzes, êle consegue êsse ideal ou algo parecido. ~ um engano, e sério e bôbo engano, subestimar o revisor, pois dêle depende não pouco da reputação de uma casa impressora; e êle pode, ademais, ser o meio para prevenir ações legais de difamação e prejuízos. Os revisores trabalham ou juntos no mesmo local ou em algumas impressoras em seu compartimento pr6prio. .Assistindo-os, há umas quantas môças ou rapazes, chamados leitores. A tarefa do revisor é descobrir quaisquer

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erros que tenham sido cometidos na composição e dar instruções para sua correção, e também zelar por que os enganos do próprio autor sejam evitados, chamando, se fôr o caso, a atenção dêste. Primeiro, como já o vimos, as pro~as de paquê chegam ao revisor junto com a parte do original correspondente. De preferência, qualquer livro deverá ser lido antes em sua inte~eza pelo revisor. O leitor é então chamado a ler alto, do manuscrito ou do original dactilográfieo do autor, enquanto o revisor acompanha as palavras da prova, comparando-as com ás das leitura, vigiando os erros tanto da composição quanto do leitor, e também do autor, evitando as letras de fontes estranhas que se possam ter infiltrado no texto composto, observando os pontos que possam ser objeto de ação legal ou o que quer que seja que possa comprometer a. boa reputação da casa ou possa levá-lá a complicações legais. Quaisquer erros que forem encontrados são indicados por signos espeeiais ( ... ) . Todo tipógrafo entende o significado dêsses signos, e, quando a galera retoma ao compositor, êste fará as correções indicadas. Quando as provas retornam corretas do autor, o papel do revisor é incorporar as correções do autor às suas próprias e, se fôr o caso, transformar os sinais usados pelo autor (que podem, com efeito, ser bem caprichosos) em algo que possa ser fAcilmente inteligível. Se as correções são numerosas, pode acontecer que novas provas se imponham antes da paginação, mas de outro modo pode entrar-se nesta: Na ordem devida, as provas de página chegam ao revisor ( ... ) e, prossegue SEÁN JENNET, a partir de então êste se preocupa, sobretudo mas não apenas, com os aspectos principais da imposição da mancha, com os cabeçalhos da página, as capitulares, as legendas da ilustração etc., os corpos, os brancos, as indentações, repetindo-se o processo de provas tantas vêzes quantas se fizerem convenientes à consecução de um texto tipogrAficamente correto, na sua feição estritamente tipográfica e na sua correlação de fidedignidade e fidelidade para com · o original que representa. ~ então que SEÁN JENNET, com a experiência honesta de quem foi revisor, levanta êste retrato (JENN, 89-92):

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AB qualificações requeridas dêle são extensas. Peve ter ôlho agudo e mente aberta para reconhecer num átimo as cacografias; e deve reconhecer os desenhos dos tipos que se lhe apresentam, mesmo com uma s6 letra. Deve · ser capaz de grafar quase tudo sem recurso ao dicionário - num grupo de revisores seria apto para enfrentar quaisquer oponentes numa controvérsia ortográfica. Deve ser hábil para ler o mais carunchoso e ilegível dos manuscritos, e lê-lo corretamente - e os autores, como os doutôres, possuem notoriamente vezos arbitrários e desarrazoados. Idealmente, deveria conhecer cada data de livro de história e ter ademais íntimo convívio com a ~;ignificação e a feição de cada palavra do ou fora do Dicionário inglês de Oxford. Deveria conhecer cada frase de Shakespeare ou da Bíblia e estar em condições de pinçar qualquer falsa citação vertente. Deveria conhecer tudo sôbre religião comparada e tanto sôbre economia, sôbre política, sôbre ciência quanto possível - e sôbre arte também, por certo. De fato, deveria ter o mais amplo conhecimento, cujo valor seria maior se pudesse falar e escrever, digamos, uma dúzia de línguas. Num paradigma, que existe, dessa natureza, seria êle um louco se não encontrasse. ato contínuo, um emprêgo mais rendoso do que numa casa impressora. O revisor faz o que pode e não raro fá-lo. surpreendentemente bem. Não é necessàriamente um velho, arcado ao pêso dos anos, da experiência e dos graus universitários. Mais verossimilmente é um tipógrafo-compositor que revelou aptidões e foi transferido da sala de composição; ou serviu como aprendiz de revisor, haurindo na dura prática o seu mister. Deveria ter, e geralmente tem, largo conhecimento da tipografia, pois êsse conhecimento lhe é útil, mais, essencial em seu trabalho; e detém também um armazenamento de fatos apreendidos dos livros que reviu, ou colhidos aqui e ali, poi::J tudo de que possa assenhorar-se é potencialmente útil a êle.

9.1.1. 2

Por sua função, os signos de revisão podem ser divi. didos em duas espécies: (a) signos que se fazem acompanhar de explicação verbal, por extenso ou abreviada, sôbre a natureza de correção, ou modificação tipográfica desejada ; por exemplo, num círculo envolvendo o trecho por rever e, à margem, um círculo correspondente, em que se inscreve a explicação verbal ;

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(b) signos convencionais, baseados na tradição tipográfica, que não se fazem, pois, acompanhar de explicação verbal, por extenso ou abreviada; nesta espécie, incluiremos primitivas abreviaturas, de que, prAticamente, se perdeu a noção, como é o caso de & ou 0 a que se reduziu a forma verbal latina cleleatur I deleantur, "apague-se I apaguem-se" ou "destru~se I destruamse" (isto é, os sinais sôbre os quais incidir a indicação) . 9 .1.1. 3 Cada signo de revisão, em verdade, é uma parelha de duas unidades, um~ que aparece no texto da prova que está sendo revista - remissiva - , outra que aparece à margem da prova -:- comissiva - e é esta outra que pode vir a ser acom- . panhada ou não de explicação verbal. A tradição revisora admite o aproveitamento, para a inscrição da segunda unidade da ·parelha, - a comissiva -, tanto da margem direita quanto da margem esquerda, indo além, preconizando passivamente o aproveitamento da margem esquerda para as comissivas que correspondam às remissivas inscritas até a primeira metade da linha em causa, e o aproveitamento da margem direita para as comissivas que correspondam às remissivas inscritas na segunda metade da linha em causa. Normalmente, as comissivas da direita se suce- · dem, uma após a outra, também na ordem da escrita usual, isto é, cada signo comissivo vem à direita do anterior. As comissivas da esquerda, porém, flutuam segundo duas ordens: numa, o revisor apõe o primeiro signo comissivo bem junto da extremidade ~squerda do papel, sucedendo-se, pois, os seguintes na mesma ordem que a anteriormente referida; noutra, o revisor apõe o primeiro signo comissivo junto à mancha, sucedendo-se os seguintes no sentido da extremidade esquerda do papel. Daí, não raro, haver confusões por parte dos compositores corretores, que, numa revisão ainda cheia de signos, perdem tempo precioso à cata da correlação devida entre cada parelha de remissiva e comissiva. Não raro, em conseqüência disso, o compositor "corrige" erradamente, o que em grande parte não lhe pode ser inculpado, como vemos. É, pois, em conseqüência disso que não vacilamos em sugerir que as provas de composição sejam tiradas de tal arte que fique em branco uma grande margem à direita; e que os revisores usem, sistemática e Un.icamente, da margem direita, nesta inscrevendo os signos comissivos na ordem mesma da ocorrência dos signos remissivos. Para obviar aos inconvenientes · da confusão que ainda assim pode ocorrer, se os signos forem em número relativamente grande, aconse:tb.l1.-se então o recurso de distingui-los com uma .~otação ; assim, se os signos remissivos deverem ser cinco, tod~ · do tipQ j (barra ·: oblíqua), êles poderão suceder:se nesta

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ordem F repetindo-os na margem direita, após cada um dos quais virá a correção correspondente. 9.1.1.4 O mais amplo signo de revisão é o círculo (<m ov6ide), que · se usa, maior ou menor, como signo remissivo em tôrno do local do texto corrigendo e que se repete à margem (direita, é o nosso voto), com tamanho maior ou menor, segundo fôr necessário à função comissiva que fôr explicitamente inscrita neste. As funções prindpats do círculo são as seguintes: a) indicar apenas ao tipográfo que um, dois, três tipos su· cessivamente, que um, dois, três vocábulos sucessivamente, que uma, duas ou três linhas sucessivamente foram impressos com tipos de fonte estranha à adotada; nesse caso, o signo comissivo da margem poderá ser simplesmente um pequeno círculo (por maior que seja o remissivo), dentro do qual se inscreve apenas com X ou um f (= "fonte"):{!) ou@, b) indicar, semelhantemente, que tipo, vocábulo, linha apre· sentam defeitos formais de impressão, dé desenho, de desgaste, de deformação dos caracteres móveis; o signo comissivo é de nôvo mas tão-sõmente: ®i c) indicar quaisquer esclarecimentos relacionados com a composição, com os espaços, com as margens, com as entrelinhas, com todos os outros casos enfim para os quais não haja signos especiais (que abaixo relacionamos); nessa função, os tamanhos do círculo remissivo e o do comissivo não têm por que ~rem iguais, mas o comissivo deve ter área suficiente para que nela se inscreva claramente o esclarecimento desejado. 9 .1.1. 5 Os signos de revisão restantes - que, áliás, constituem a grande maioria, donde o muito relativo de "restantes" servem para indicar uma dentre as seguintes principais correções: a) retirar algo que foi composto e que não devia ser; b) inserir algo que não foi composto e que o devia ser; c) substituir algo que foi . errôneamente composto por algo · que o deva ser corretamente; d) arrumar o que foi composto em disposição indesejável segundo a desejada disposição, arrumação que compreende : I) já 11 _!ieparação do que foi composto errôneamente ligado; 11) já a ligação do que foi composto errôneam~nte sepa· rado; 111) já a manutenção de algo. tal como se ache no original, · ainda que pareça errado, estranho, inusitado;

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IV) já a ordenação do que, tendo sido em suas partes corretamente composto, não 'o foi, porém, na ordem desejada. Notar~e-á que nos signos de revisão adiante con9 .1.1. 6 signados, há, para alguns, dois ou mais modos de anotá-los; essa dualidade - ou multiplicidade - não é luxuosa, como pode parecer à primeira vista. Em verdade, alguns signos, inovadores, pertencem à revisão de composição -linotípica. Cumpre, pois, que o revisor tenha sempre em · conta o fato de estar revendo composição de um de dois processos - a monotipia ou a linotipia - e de que, em se tratando de monotipia, o mais eficaz é sempre distinguir individualmente o tipo sôbre o qual se exerça S?a revisão. Assim, a mesma linha seguinte (em que se figuram alguns erros de composiÇão):·

Comprenedendo que essa finalidade itéca pode merecer dois· diferentes modos de notaç~ da revisão, a saber: 1) comprepfdendo que essa 2)

fin~ftdade

/t/ca

comp~endo que essa finajidade~a

4;i,

~~~fj

ry /f/~

servindo a primeira maneira para a linotipia - pois a linha tôda inteira vai ser composta de nôvo -, e a segunda para a monotipia - em que cada um dos tipos assinalados como ~om êrro vai ser substituído, mas não apenas isso, senão que, com a notação correspondente, o compositor aproveitará os mesmos tipos para a mesma correção.

a

Vão assim, seguir indicados, com exemplificação, 9 .1.1. 7 os signos de revisão - iml>ortando, porém, ter sempre em mente (o que o revisor profissional nunca esquece) que há decorrências às vêzes desastrosas do arbítrio com que os autores se revisam; é · que, na linotipia, a revisão de um s6 caráter ou tipo que seja implica em nova composição tôda inteira da sua linha; e, tanto na monotipia quanto na linotipia, a inserção ou a supressão de vários tipos, dentro de certos limites, acarreta o "recorrido", isto é, uma nova disposição de tôda uma série de linhas a seguir (e não raro, mesmo, anteriores), até o limite final do parágrafo em que se tenha operado a inserção ou impressão (quando a decorrência disso não se projeta sôbre o parágrafo seguinte, sôbre a própria página- ou páginas- seguinte) - o que, tudo, é nôvo ensejo para erros potenciais :

Oa~mrvo

l)

reti~t

Rmoii81VA

tipo

2) reti ..., tipo mas manter unido o vocábulo

COBBIG&NDO

I

fat/ou

I

at/unda

CoMJSaiVA

OBRav~lo

/~

CoJtBIGIDO

falou

J~

aíl)nda ~

3) reti ... r doi& ou mais tipos até uma linha

J...-1

taleceHu

Jf!(

faleceu

t" ~

I(

4) retirar duas ou maia linha• 5) reti ... r de parl.g... to inteiro a página 6) reti ... r tipols) mantendo peração

18•

t=i ~

I

1-/

7) ligar

"'r lU

.r

8) aeperar 1 eapaço

"'"" ""' I

9) separar 2 eapaçoa

I

esp&9Qs

aeperar espaço menor

10) separar 3

(~)

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COIOIBIV4

0BU&Y.t.Ç10

CoUJOJDO

quero muito que voe~ me diga o que lhe parece maia &·

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dip o que lhe parece maia •·

...

parece mais a· 18) inlerir tipo(l)

U) iDJerj,

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16) iJIMrir liDha(l)

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lo.. 1;-a-

ap~ceu

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o

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02 02

ÜIIIK1't\'O 16) manter til qual eet(

RaoMIVA.

.. ,......

OoJUUGENDO

.. , .....

esta~~~

16) troear tipo defeituoeo 17) pÕJ' tipo oorpo regular

COMIIIlv.&.

} uar do c:fmilO' ou ovóide, v. 0 .1.2.4

o

[email protected]

0

19) aubetitu!r para grifo ou iWioo

'--'

ela J:aW triste

,'~~

21) substituir por veralete 22) 1\Jbstituir por ven;&l 23) ·substituir por veral-veralete. 24) substituir versa! por mindl· cuia 25) substituir qualquer gênero, lamffia, . corpo por qualquer outro gênero, outra famllia, outro corpo

-= === -=== li!!!"=

o

o

ela eatl. ICS

-

a alop&tia

=-==.

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-

esme ·~

ela 4 trilte ver para os n.0 19, 20,-21, 22, 23, 24, a alternativa, que é a 10luçlo preconilada para o ·n,0 25

ela utd triste

liJI t' liJI I( liJI

z

>3

o

Ol



t::l l"J

A.LOPA.TIA

....

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a ALOPATU

....

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a Al.oPA.'I'IA estA c>!JRA.

ela e-ti a

:::&:::

~

estaS

@

(o círculo envolo corrige~ado)

o

ve~

CoJUUomo eltaiOidade

~prca

18) aublttituir para redorido . ou romano

20) substituir por negrito

Oaa&av..t.çlo a prova teria vindo com umT de ddvida do ·revllor

1:1' 1:1' t'

o o

t'

Q

c.b. quer dizer "caixa baiXa"

explicitar no círculo comissivo o que se deseja, tendo em vista as abreviaçõea j' uadaa neste quadro e maia ~·c.a.", "caixa alta"

esta vida

.... !lo

00 ~

0BlllTIVO

:Z6) · corrigir posiçlo do tipo

27) ordenar a seqüência de 2 tipos

28) ordenar seqüência de 3 ou maiR tipos 29) ordenar aeqü~ncia de 2 ou mais vocábulos

30) aproximar linhas

REIOIIIIVA

COBIUOBNDO

COJii88IVA

OBSERVAÇÃO

CORRIO!DO

diape118ável

vida

~

I

vfeia

rv

~a

f/da

'VH

diapenaável

H

vida vida

aWne a~me

~ 1-/;.uk.-

diapen.vel

azedume azedume

>

-\Á/ • J

e o que me

Oi O>

14/~/~

e o que me

...oz

quero que voeê me diga quanto

o

'1./V'

J--.-f 'V'\/)

/i

vida

IX.

~

I

/ofme~

H

quero que você

;.#.{

"ap", apertar

me diga quanto

31) grifo alemlo

32) ordenar margem esquerda

00 00

0

@

z

~

c:

...>

......

esta P.~r

H+H+

esta

FLOR

,."" ~

~

F

Fque me parece

F

~

rar;ce-me que você é . li&ente

~

melhor o uso do circulo

esta

rlor

esta

FLOR

que me parece parece-me que você é inteligente

D'.l :ri

REiliSSIVA.

0BJJ:TIVO

83) ordenar JJIAl,'&em direita

l

c:

CoBRIGENDo

Co~.&

••. tcn---Zj dCHe dispolto

l

cSfato ~ .e êlo me procurQu ·'kt-

r;

OuaT.&ç%o

élODICDDi)

... ten-

cfo.ea clflpoato 6fato que, 18

êlo me

procurou 1.•

1.>1

t' 1.>1

I( 1.>1

z

.34) impor · margem eequerda es}iecial (recorrido ou indent&çiQ esquerda) 35) impor margem düeit& e• pecial 36) impor margena esquerda e di. reit&et~

37) desfazer

~~

~ ~

4~ ~P~~

~~até~

~o

Entio eia

38) ordenar a ~qllência

ae liDhal

um· raio- 3 fulgura - ' t e.parso- ,2 110

espaço - 1

2

"'3

n 6 o .n11mero do "c." clceroa, que pode ser ''q." quadratiDa

o

02

t:# 1.>1

ver auprtJ

...b:lb:l ...ot'

ver aupra

t'

o

1\té ar. Entao ela

...loQ

no l!llp&çO esparao um raio fulgura

00

IQ

90

ANTÔNIO

HOUA.ISS

9 .1.1. 8 Que o revisor anote um signo de reVIsao e caia em si do engano cometido é a coisa mais natural do mundo, sobretudo nesse gênero de trabalho, em que isso se enseja ao menor lapsus mentis, ao menor fraquejamento de atenção, ao menor cochilo mental. Em ocorrendo isso, a com.issiva deve ser sumàriamente e a remissiva simplesmente sublicortada com um X ou um nhada com .. . , isto é, com o signo de revisão n. 0 15 (não se devendo fazer uso de borracha, nem corte, nem rasura, para não obscurecer o texto corrigendo). 9.2 .A PAGINAÇÃO Consumada a revisão, encaminhada à correção, repetidas a prova, a revisão, a correção tantas vêzes quantas necessárias, entra-se na páginação, com a conseqüente prova de página. 9. 2.1 A paginação consiste, essencialmente, na operação de separar dos paquês compostos um número determinado de linhas conseguintes que correspondam à altura da mancha de página adotada. ~ óbvio que a fixação dessa altura não se opera sOmente então : na realidade, seus limites máximos e mínimos estavam já prefigurados, quando se elegeu a medida longitudinal da linha - com efeito, se esta fôr curta e a página visa a ser de uma só coluna, é evidente que a aitura da mancha deverá não ultrapassar determinada medida, pois do contrário ter-se-á coluna vertical demasiado esguia, que por sua vez, para que as margens brancas da fôlha não fiquem desequilibradas, irá determinar, no sentido vertical do livro .em pé, um formato demasiado estreito; e o reverso também é verdadeiro, o que levaria ao formato quadrado ou achatado ou oblongo. :fl:sses dois extremos, entretanto, para certos fins editoriais ou publicitários, podem deliberadamente ser procurados, por mais eficazes para o objetivo que se lhes quer imprimir. Fica de lado; também, o formato oblongo ou de álbum (que presume, de regra, duas ou mais colunas vertica!s na mancha). Vemos- voltando à altura da mancha - que existe, pois, ·uma relação de dependência entre ela e a medida longitudinal da linha, o que, repitamos, está na origem da fixação da medida longitudinal da linha. Esta, por sua vez, está em relação com o corpo da linha. Ora, o corpo da linha - 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14 ... -, por sua vez, é - dentro da "consciênc~a" óptica
+

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núcleo grande, com núcleo pequeno, · grosso, grossíssimo, fino, finíssimo, com cerifas, sem elas, com espaços interliterais grandes (tipos estreitos), com espaços interliterais pequenos (tipos largos) - condicionam a extensão possível para a linha. 9. 2. 2 · Destarte, por risível que possa parecer à primeira vista, há uma relação de dependência geral no estabelecimento da mancha: esta fica na dependência da extensão longitud!nal da linha, que fica na dependência do corpo e desenho do tipo; reciprocamente, a eleição do tipo irá condicionar, dentro de certos limites, a extensão da linha, que por sua vez, dentro de certos limites, condicionará a altura da mancha. 9. 2. 3 A inteligência da organização da mancha fica, em última (ou primeira) análise na dependência do tipo que se escolher, mas não apenas quanto ao corpo, senão que, segundo a bela lição de ÜLIVER SIMON (siMo, 12), da (a) largura das letras; (b) das medidas do desenho do tipo sôbre o ôlho do tipo; (c) do sombreamento dos ramos finos; (d) do comprimento das hastes ·ascendentes e descendentes; (e) do tamanho das letras maiúsculas, e (f) do pêso de pigmentação negra geral do desenho do tipo. 9. 2. 3 .1 Ainda quando do mesmo corpo, os caracteres móveis, segundo seu desenho, variam em conjunto de largura - o que, visualmente, melhor se pode comprovar com linhas compostas, por exemplo, com trinta ou mais tipos cada uma. Essa variação ·condiciona o número de vocábulos que podem ser compostos numa linha e, decorrentemente, numa mancha, tomada em sua normalidade e abstraída de cabeços de página, sua numeração e vinheta. Essa característica de certos desenhÕs é de grande importância na escolha do tipo adequado a determinados livros, conforme o formato geral dêste, muito grande, médio, pequeno. Com efeito, os caracteres em conjunto "largos" impõem, proporcionalmente, número menor de vocábulos numa mesma dimensão longitudinal de linha, com uma, pelo menos, dentre outras conseqüências desagradáveis - a partição vocabular. A famosa partição vocabular em tipografia, sobretudo em línguas, como o inglês, cujo cânon silábico tantas dificuldades apresenta para os próprios indivíduos falantes e escreventes que a têm como vernáculo, é - como se sabe - objeto de largo preceituário, que, em princípio, se pode reduzir às seguintes regras principais, do ponto de vista tipográfico : (a) não partir vocábulo na medida do possível ; (h') não partir nunca vocábulo na transição da página para página; (c) não partir nunca vocábulo de modo que ·fique isolado do seu resto, em fim ou em início de linha, uma sílaba constituída de um só

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HOUAISS

tipo m6vel (no caso do português e das línguas romamcas em geral, uma vogal) ; ( d) não partir vocábulo de modo que, em conseqüência da partição, em fim ou em início de linha,. fique algo que possa ter individualidade vocabular eventual (outra palavra, o que gera por acaso, ambigüidade ; . palavra eventualmente obscena ou escatológica; palavra antônima da íntegra etc.) - , regras que, a serem observadas com rigor, acarretani contínuas dificuldades para a composição, dentre outros motivos porque durante a composição o compositor não pode jamais antecipar onde e quando o . paginador irá separar do paquê a linha. final de página. Destarte, quando um livro pretende ser, tipogrAficamente, rigoroso nesse particular, adota a regra geral e única - inviável, entretanto, em situações correntes - de não partir jamais os vocábulos, em quaisquer circunstâncias, o que ·por sua vez é nôvo escolho, pois cria acaso linhas eom brancos interliterais anômalos; exemplo ilustrativo dêsse rigor é fornecido por V. P. Victor-Michel, no seu Essa4 sur l.e livre de quali.té (cf. VICT), em que nas suas 176 páginas não ocorre uma única partição vocabular. Mas - retomando à vaca fria, perdoe-se-me - retornando à largura em conjunto dos tipos - ·é na base desta que melhor se escolhem os tipos segundo o formato dos livros, sua mancha, o número de colunas desta. · · 9. 2. 4 Se se cogitou, acima, da largura em conjunto dos tipos, pode-ae agora cogitar das medidas do desenho sôbre o ôlho do tipo. Sôbre um mesmo ôlho de tipo de corpo 12, por exemplo, o desenho pode ser tal que pareça - à primeira vista - de corpo 11, ou mesmo 10, ou de corpo 13, ainda que não se trate de tipos mistos, isto é, de tipos cujo tronco seja, por exemplo, de corpo 10 e ôlho deliberadamente de corpo 8, o que se repre. . 8 sentana por um corpo ou 8/10. Lembremos, de n6vo, que os 10 caracteres latinos são, desde o advento (e muito antes) da tipografia, concebidos como em função de um tetragrama - a saber, quatro linhas longitudinalmente paralelas, em que as duas do centro são os limites verticais do centro do tipo, as duas superiores os limites das hastes ascendentes, e as duas inferiores os limites das hastes descendentes. ::eJ 6bvio que a distância relativa dessas quatro linhas paralelas não é a mesma ; com efeito, o seu T esquen$ pode ser T . ou 2 ou 2 etc. Se o leitor observa;r .a

T

T

1/2

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oompos1çao do chamado dicionário d~ Webster (cf. WEBU), por exemplo, verá sem esfôrço que o esquema do tetragrama corresponde, para as duas linhas correspondentes às hastes descendentes, a ~a m~dida que é a metade, se não menos, das das hastes ascendentes. pois, na base do tetragrama que se pode falar na "medida x", isto é, na altura máxima e mínima atingida pelos tipos sem hastes ascendentes e descendentes ou abstraídas as hastes ascendentes e descendentes; e na "medida m", isto é1 na largura máxima dos tipos de determinado desenho. Segundo sejam, pois, a "medida x" e a "medida m" de determinado desenho, o avizinhamento ou brancos interliterais e· os brancos interlineares, naturais (isto é, não decorrentes de inserção de brancos -especiais interliterais ou interlineares), são maiores ou menores, os tipos parecem mais ou menos juntos, compactos. Escusa encarecer a decorrência disso, pois o fato é que a legibilidade pode ser aumentada ou diminuída em função · dessa característica, uma mancha aparentemente vazia pode ser cheia segundo seja a escolha do desenho sob êsse ângulo - e o reverso.

·:e,

9. 2. 5 Uma das características dos desenhos dos tipos é o contraste dos ramos finos e dos ramos grossos. Quando êsse oon· traste é acentuado, o branco intraliteral, do "o", por exemplo, tende para o sentido vertical; quando não é acentuado, o branco intraliteral tende para o arredondado. .:e 6bvio que, õpticamente, uma composição cujo sentido geral seja predominantemente vertical - já numa s6 ·coluna, já em duas ou mais colunas, não importa, mas o que importa é o sentido da coluna - o branco intraliteral arredondado tenderá a funcionar como elemento equilibrador - e o reverso é verdade também. . 9. 2. 6 . Há na caixa . baixa cinco letras com hastes descendentes, "g", "j"1 "p", "q" e "y" - a que se pode, em certos desenhos, juntar uma sexta "z" - , e sete com hastes ,ascendentes, "b", "d", "f", "h", "k", "1" e "t" - duas das quais relativamente raras na ortografia portuguêsa vigente, uma de cada série, "y" e "k" (o que mantém relativamente proporcionalidade da ocorrência). Segundo, pelo seu desenho, as hastes sejam mais ou menos longas, num mesmo interlineamento, mais ou menos cheio fi· cará êsse interlineamento e, em conseqüência, mais ou menos carregada parecerá a mancha. 9. 2. 7 As maiúsculas ou caixa alta são em duas séries, como já vimos- a das versais e a dos versaletes. Nem tôdas as fontes,

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sobretudo no Brasil, se acham fornidas de versalete. Em princípio, a versal tem como medidas a de um tipo de caixa baixa com haste ascendente comparem-se "Bb", "Dd", "Ef", "Hh", "Kk", "LI" -, enquanto os vcrsaletes têm como medida um tipo de caixa baixa sem hastes - comparem-se, por exemplo, "Aa", "Bb", "cc", "od", "Ee", "Ff", etc. Fontes"· há, entretanto, em que as versais se apresentam com medida ligeiramente inferior à doe tipos de caixa baixa com haste ascendente; são concebidas precisamente para as composições em que devam ocorrer com freqüência, na mancha propriamente dita (e não em cabeços ou títulos capitulares ou subcapitulares), vocábulos inteiramente grafados com versais - caso não raro na composição de dicionários, de catálogos, de bibliografias. 1l:sse defeito é observável, por exemplo, na composição do Dici.oMrio do folclore brasileiro, de Lufs DA CÂMARA CAscuoo, malgrado ser seu enquadramento tipográfico atribuído à fina sensibilidade .gráfica do que foi Liuo LANDUCCI que provAvelmente não terá escolhido a fonte ( cf . • CASM) . Na segunda edição êsse mal foi minorado mas não resolvido. 9. 2. 8 Quaisquer que sejam as características do seu desenho, podem as fontes distinguir-se entre si pelo pêso da pigmentação negra geral, a tal ponto que o negrito de certas fontes chega a corresponder, grosso modo, ao romano de outras. Há, mesmo, observações tendentes a evidenciar que, embora em geral as crianças propendam por preferir pigmentações mais carregadas, em se tratando de adultos a questão se torna fortemente optativa. Isso não obstante, consoante seja o jôgo de prêto-no-branco desejado, efeitos de mancha mais ou menos negros podem ser obtidos em função dessa variedade, no que influem, é 6bvio, todos os demais fatôres acima considerados. 9 . 2. 9 As famílias tipol6gicas mais caracterizadas são, a seguir, compostas, para efeitos de verificação das correlações e oposições a que nos referimos nesta seção - as chamadas (1) "lapidar" (ou "lapidária", "grotesca", "futura", "etrusca"), (2) "egípcia", (3) "antíqua", (4) "Bodoni" (ou "Didot") e (5) algumas ditas "cursivas" (tipogrAficamente falando).

E L E :M E N T O S

9. 2. 9 .1 cerifas:

Eis a lapidar -

DE

B I B L I OL OGI A

95

de hastes quase uniformes, sem

ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmn

opqrstuvwxyz 9. 2. 9. 2 Eis a egípcia mas com cerifas:

de hastes também quase uniformes, ·

ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmn opqrstuvwxyz 9. 2. 9. 3 Eis a "antíqu.a" - de hastes contrastantes, com cerifas, tendentes a ápices triangulares:

ABCDEFGHIJKLM

NOPQRSTUVWXYZ

abcdefghijklm nopqrstuvwxyz

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9.2.9.4 Eis uma "Bodoni" - de hastes fortemente contrastantes, com cerifas em geral finas e retilíneas :

ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklm nopqrstuvwxyz 9.2.9.5 Eis umas "cursivas" - que, em essência, são uma tipologia imitante do cursivo manuscrito, estilizado e uniformizado.:

~'4~~;f~yt-~~~~~~··cq·~~~~lf".Z

• .. ;. ~ ; f'.9'.l i;" 1 •.1.... ,



.-.-.a ..

11 • "

\! &

~~e~~~~~~~~~~o~a~g o.S.edel'fhlfklmnCJ.pq;t.dtU.CJ.(.(tfl~fltl.

.A13CV€:r.GJ.J.J]f21flnO'PQ'Rc5 a b c d~.fg bí j klm no p q1'-dia vwxycz 9.3 .&.INDA ..&. PAGINAÇÃO A paginação, porém, não consiste, tão-somente, na separação de um número determinado de linhas compostas, do paquê, que formarão a coluna da mancha. Em verdade, cumpre distinguir : (a) páginas ou manchas càpitulares; (b) eventualmente páginas ou manchas finais de capítulos; (c) eventualmente páginas ou manchas subcapitulares; (d) páginas ou manchas outras, seccionais ; (e) páginas ou manchas regulares -, podendo quaisquer ser: com ilustrações; sem ilustrações; com os seus quadros, tabelas, clichês especiais quaisquer, importando, ainda, ter em conta que, no seu feiçoamento final, devem apresentar: numeração; e/ou notas marginais, laterais ou de rodapé, ~ cabeçalho. ·

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9. 3 .1 Manchas especiais - Examinemos, sumAriamente, cada um dêsses aspectos, unificando a sinonímia aà hoc da página ou mancha s6 em mancha, já que "página" pode ser entendido sob o · aspecto de face numerada de fôlha, com ou sem texto. 9.3.1.1 As manchas capitulares são as que, como diz o nome, abrem capítulo - ou seccionamento fundamental de livro, secciouamento que consideraremos à parte. Por ora, admitamos a equivalência de mancha capitular à de mancha que abre, numa enciclopédia ou num dicionário, a averbação em determinada letra, e casos estreitamente afins, que os há. O que, via de regra, caracteriza a mancha capitular, na tradição tipográfica e mesmo nos aspectos mais inovadores da arte gráfica moderna, é: a) o tamanho menor da coluna vertical, cuja base, entretantp, termina à mesma altura das manchas regulares; noutros têrmos, o amplo espaço branco que antecede êsse tipo de mancha; b) a ausência de numeração de página, se colocada no alto, aBSim como de cabeçalho de página; · c) a presença, de regra não obrigatória mas preferencial, ' de cabeçalho especial, capitular, acompanhado ou não do título do capítulo; d) o uso eventual da letra capitular ou de letrina- e adôrno tipográfico de venerável tradição que merece um comentário. 9. 3 .1. 2 A letra capitular tem de comum com a letrina o fato de serem, proporcionalmen~e, monumentais, em relação ao corpo dos tipos da composição. Distinguem-se entre si em que a letra capitular é despojada de figurações ou arabescos e fioriture, enquanto as letrinas apresentam figurações ou arabescos, ou fio·nture, ou suas formas comp6sitas. .Ambas podem ser medidas em pontos, mas de regra são relacionadas com as medidas das linhas da composição regular. Assim uma letra capitular ou letrina de quatro, cinco, seis, n linhas quer dizer que, verticalmente, mede á medida correspondente a quatro, cinco, seis, n linhas da composição. A imposição da capitular ou letrina que no c6dice via de regra é iluminada, com rica cromatização em que o ouro e o azul esmaltado excelem, o que em tipografia de luxo se tenta, modernamente, imitar - a imposição da capitular ou letrina apresenta, por sua vez, possibilidades pelo menos dúplices, pois (a) ou bem sua base coincide com a base da primeira linha, ressaltando-se, por conseguinte, de n-1 linhas no que seria o espaço em branco · inicial da L ~ancha capitular, caso em que, inclusive, sua imposição pode ser indentada, de forma que haja o espacejamento branco inicial da paragrafação, a ponto de

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a capitular ou letrina ficar prAticamente no meio da página, ou bem, reversivamente, é dentada, quando então "salta" sôbre a margem esquerda; (b) ou bem a capitular. ou a letrina é imposta de tal arte que ocupa uma área da mancha propriamente dita, à esquerda ao alto desta, com n linhas (correspondentes à altura da capitular ou letrina). 9. 3 .1. 3 Qualquer que seja o tipo de imposição da capitular ou letrina, é freqüente que o corpo do resto da palavra a que pertença, ou a palavra a ela seguinte, seja ou maior, ou em versal, ou em versalete ; não raro, aliás, isso pode ocorrer com uma, duas, três, linhas inteiras conexas com a capitular ou !etrina. 9. 3 . 1. 4 Na moderna tipografia - mormente em línguas inglêsa e alemã - , não raro ocorre um sucedâneo para a capitular ou a letrina: é o uso do versa! (para a primeira letra) com versalete (para as demais letras da primeira palavra, ou para a segunda palavra, se .a versal corresponde a uma palavra) sem indentação paragráfica. As manchas finais de capítulo - ou seccionamento 9. 3 .1. 5 afim - são polares, via de regra, das manchas capitulares. É que raro coincide o términ('l do capítulo com o término de página. Destarte, de regra - supondo início capitular sempre em página ímpar - , a mancha final de capítulo apresenta espaço em branco, ' maior ou menor, embaixo, sem prejuízo, ao alto, da numeração e cabeçalho de página ou, -embaixo, se fôr o caso, da numeração de página. 9 .3 .1. 6 Aqui caberia ressaltar que não é unânime em tipografia a preocupação de iniciar seccionamento de valor capitular em página ímpar, havendo livros - sobretudo inglêses, mas não só - que se recomendam pelo seu rigor gráfico com capítulos iniciados em página par, quer ou não acompanhados de titulação. Essa solução simplifica altamente a eventualidade de superar certo escolho da paginação: é que, com efeito, se a matéria gráfica final de capítulo não vai além de página ímpar, o paginador se defronta ou (a) com o problema de "apertar" desde várias manchas de pág:nas anteriores as colunas, para ir aos poucoil absorvendo nelas linhas que façam desaparecer as que normalmente apareceriam em, página ímpar final de capítulo, ou (b) com o problema de "recorrer" ou "desapertar" desde várias manehas de páginas anteriores as colunas, para ir aos poucos ganhando linhas que venham a preencher a página ímpar em causa, transbordando pelo menos uma (o que é po~co, aliás) linha para

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a página p.a r seguinte - que ficará dentro da ortodoxia da mancha final de capítulo, ou (c) deixar a matéria gráfica como naturalmente calhar, o que cria página par completamente branca, o que, com efeito, "quebra" a unidade gráfica do livro - a menos que se quisesse "quebra" sistemática ·o que equivaleria, então, a recriar a dificuldade. 9. 3 .1. 7 A manchas subcapitulares em regra não se caracterizam nem por abrirem página ímpar - o que poderia acarretar excessivo uso de brancos no miolo do livro - , nem por abrirem, pura e simplesmente, página qualquer - o mal seria o mesmo em caso afirmativo. Entretanto, por vêzes, a mancha subcapitular tem como caráter distintivo ou típico o fato de apresentar um espaço branco maior interparagráfico, espaço em que, também por vêzes, se inscreve um asterisco, uma vinheta, algum adôrne> tipográfice> ou o título subcapitular. Ademais, em correlação com os usos referidos em 9. 3 .1. 4, não raro o · parágrafo subcapitular se inicia sem indentação, :p1as com versal-versalete. 9. 3 .1. 8 Segundo seja o plano de seccionamento uo livro, em lugar de um e/ou dois padrões especiais - o da mancha capitular e/ou o da mancha subcapitular - , pode ocorrer a necessidade de três ou mais padrões de mancha seccional especial. Com efeito, se o seccionamento de um livro previr, por exemplo, quatro partes, cada uma com, digamos, dez, seis e quinze capítulos, respectivamente, e êstes com subcapítulos em número variável (entre seis e dez, cada um, admitamos), dentre várias soluções, do ponto de vista da mancha, podemos admitir duas típicas: (a) a em que as partes sejam objeto de fôlha especial, via de regra com a indicação da parte e seu título na face ímpar e branco na face par de uma fôlha titular, ficando, pois, intactos o oU: os dois padrões já configurados supra de mancha capitular e/ou de mancha subcapitular, ou (b) a em que a mancha capitular do primeiro capítulo de cada parte se distinga das manchas capitulares dos demais capítulos da mêsma iparte. Escusa, nas hipóteses consideradas, dizer que as duas soluções fluem em função da mais ou menos nítida separação da matéria conceptual das partes, da maior ou menor economia de papel, da maior ou menor generosidade na distinção dos brancos no miolo do livro. 9.3.2 Manchas regulares - As manchas regulares de um livro são as que por sua feição gráfica lhe dão o teor de unidade, ilquilíbrio e harmonia fundamentais. São características da mancha regular: (a) suas dimensões, horizontal e vertical; (b) a presença ou não de notas, laterais e de rodapé ou inferiores, con-

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comitantes ; (c) a separação paragrâfica ; ( d) o cabeço ou cabeçalho de página; (e) a numeração, e indicação remissiva eventual, de página. 9. 3 . 2 .1 O complexo prêto-no-branco compreendido pela mancha - regular ou especial - nas suas medidas horizontal (ou de linha) e vertical (ou de coluna), constituindo um retângulo (de base menor, no livro de formato vertical ou propendendo para o formato vertical, de base maior, no livro oblongo, quando, de regra, a coluna vertical é por sua vez composta de duas ou mais colunas) ou um quadrado, mancha por sua vez inserta na superfície branca (ou afim) da face (ou página) de uma fôlha constitui o problema principal da imposição. Impor a pág~na é, por conseguinte, inseri-la no branco da face, tal como estabelecida a mancha por suas dimensões, de modo que essa mancha fique emoldurada por uma quádrupla banda branca lateral - as chamadas margens. Depois de WILLIAM MoRRIS, êsse complexo passou 8 9 . 3. 2. 2 ser considerado como uma unidade dual composta do concurso de. uma página par mais a página ímpar seguinte; foi êsse mestre da arte tipográfica que evidenciou a conveniência, mais, a necessidade de o problema da imposição ser examinado sob êsse ângulo de unidade dual. Cada membro dessa unidade, seja, cada página, encerra quatro margens - a superior, oponencialmente 8 inferior; a externa (que na página par fica à esquerda do observador e na página ímpar, . à direita do observador), oponencialmente a interna (que na página par fica à direita do observado!' · e na página ímpar, à esquerda do observador).

As margens enquadram e valorizam a mancha, tal como a moldura realça ao máximo uma fotografia. Tanto as margens como a moldura estão sujeitas às leis de proporção. As margens de uma página orientam os olhos na focalização da mancha : é que, com efeito, nossos olhos estão acostumados a certas convenções e qualquer desvio acintoso significa uma interrupção no fluxo da leitura é o que assevera

ÜLIVER SIMON (siMO,

20-21), acrescentalido:

Deve haver maís margem ao pt'i da pâgina do que na cabeça, pois de outro modo a mancha parece estar caindo pela página abaixo. A margem interna deve ser menor do que a externa, já que uma dupla página afeta os olhos como uma unidade, não como duas páginas independentes

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entre si. E espaço suficiente deve ser deixado nas margens externas, para fácil manuseio por parte do leitor de modo que· seus dedos não cubram a mancha. A margem inferior deve ser suficientemente ampla a fim de que o polegar do leitor nela se apóie à vontade, principalmente no momento em que as últimas linhas da página estejam sendo lidas. Boas margens são uma ajuda para a legibilidade . . . e, ademais das considerações acima, as margens largas, superior, externa e inferior, permitem subseqüente guilhotinamento e encadernação, sem prejuízo da mancha. E as margens amplas acolhem anotações do leitor. E a BERNARD NEWDIGATE extratemos os seguintes con9 . 3. 2. 3 ceitos, complementares aos anteriores {NEWD, 49): A importância das margeps de um livro como elemento de sua estruturação e a regra que MoRRIS estabeleceu - "mais estreita a margem interna, a superior algo mais larga, a externa mais larga ainda e a inferior a mais larga de tôdas" - são hoje geralmente reconhecidas ... Razões de conveniência também, datadas dos mais primitivos livros, talvez tenham contribuído para a tradição. As margens superior, externa e inferior foram usadas para notas, como o são por vêzes hoje em dia, e são as habitualmente cobertas ou enfaixadas pela mão do leitor. Na reencadernação, essas são as margens mais cortadas, enquanto a interna permanece quase intocada pela faca do encadernador. É a proporção, mais do que a medida em si, que conta para a boa aparência do livro. Podem, de fato, ser estreitas, como ocorre necessàriamente num livro de bôlso, e ainda assim ser corretas. 9. 3. 2. 4 Escusa, por antefim - com relação às margens , lembrar que a ortodoxia relativa, obtida no particular por vários séculos de tradição tipográfica - o chamado cânon da mancha regular -, pode ser -quebrada, com o fim de obter efeitos novos. Essa ruptura, de fato, permite, por vêzes, um chamamento psicológico muito forte - restando, tão-somente, considerar a conveniência do uso dessa ruptura para com o contexto da mensagem. 9.3.3 Matncha e notas - E, por fim, lembremos algumas características especiais de margens, consoante se considere a página ilustrada ou não, e seja ela de formatos ou fins especiais de livros.

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Nas pagmas ilustradas - vá como lembrete muito de passagem - as margens são, desde longa data, violentadas, sobretudo no que se refere às externas, que, em conseqü~ncia do enquadramento da ilustração, podem ficar maiores ou menores do que as regulares adotadas no livro; num certo sentido, pois, a sangria ou corte da ilustração pelo ·guilhotinamento da margem, é uma extremação do processo, inovando-se, porém, com o fato de ter eliminado prAticamente a margem externa, não raro a superior, por vêzes ambas, por vêzes inclusive a inferior e, enfim, por vêzes inclusive a interna, com derramamento pela página conexa- da ímpar para a par, ou vice-versa. E consoante o formato do livro e os seus fins, lembremos que : a) seja êle menor, mais rico de matéria, tendem as margens para uma diferenciação muito pequena entre si, embora mantida - é o caso dos chamados livros de bôlso e não é o caso de certos livros anões ou liliputianos, que requintam, no seu ditninuto di· mensivo, em guardar as proporções dos livros de grande formato ; b) quando apresenta notas laterais, ou laterais e/ou de rodapé, e laterais ejou ,de rodapé e/ou de cabeça, a mancha assim constituída é considerada nas suas medidas externas extremas e assim imposta; c) quando o livro é de consulta ou referência - enciclopédias, dicionários, concordâncias, glossários, bibliografias, catálogos e afins - e a matéria abundante, o jôgo do prêto-no-branco, em que tão grande papel é exercido pelo branco das . marg~, pode ser arbitrado em favor do . predomínio do prêto - · já, que uma das finalidades essenciais do equilíbrio corrente entre o · prêto e o branco é a poupança do esfôrço óptico do leitor e já que o leitor, de regra, recorre a êsses livros tão-somente para consulta ou referência, vale di~er, com episodicidade, sem continuidade de leitura; d) quando o livro entra no comércio brochado, mas com pretensões, por sua qualidade substancial, de perdurar na estante do adquirente e leitor, deve apresentar margens mais generosas do que o livro vocativamente efêmero, para que possa vir a ser encadernado. A presença de notas - laterais, de rodapé ou supe9 . 3 . 3 .1 riores, ou concomitantes - deve ser levada em especial linha de conta para a caracterização da mancha regular. Antes de · mais nada, excluamos as notas superiores, hoje prAticamente inexistentes, que são as em geral de tipo remissivo, que serão consideradas juntamente com o cabeço ou cabeçalho da página, linhas adiante.

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Dos outros dois tipos de notas, as laterais e as de rodapé, lembremos que· as primeiras tendem progressivamente a ser de menor uso na tipografia de hoje em dia. 9 .a. 3. 2 As notas laterais, do ponto de vista da composição e da imposição, apresentam um traço muito especial: desde sempre foram consideradas partes integrantes da mancha como um todo, ocorrendo, em conseqüência, sempre do lado externo da mancha (à esquerda do observador, na página par; à direita, na página ímpar). Porque integradas na mancha, entram em conexão com esta por um veio branco vertical regular, de modo que a partição linear externa é que é assimétrica, jamais (salvo ano- · malia bibliológica) a participação linear interna da própria nota lateral. É óbvio que sua composição e imposição sejam mais delicadas e difíceis do que as margens de rodapé, razão por que tendem cada vez mais a se adscrever aos livros de grande elaboração gráfica, quando de todo não dispensáveis. 9. 3. 3. 3 As notas de rodapé são de potência vária - consoante os autores, os países. Os livros, mesmo de erudição, inglêses, franceses, russos, tendem a reduzi-las ao mínimo, no amplo sentido de que tendem a reduzir-lhes a freqüência e tendem a reduzir-lhes a extensão. O mesmo, porém, não se dirá dos livros portuguêses (e brasileiros), espanhóis, alemães. Entre nós, há exemplos de livros cuja área de mancha de notas totalize mais do que mancha de texto, mas não apenas isso, indo não raro a dois extremos infelizes e complicantes, do ponto de vista da paginação e da leitura, quais são o de transbordar nota de uma página para a página ou as páginas seguintes e, o que é pior, o de anotar com notas de rodapé (notas de rodapé de primeiro grau, de segundo grau, de terceiro ... ). Os inglêses, mestres no respeito, superam as inconveniências de textos demasiado densos de notas por diversos meios, relegando ao rodapé o mínimo (quanto à freqüência e extensão), de tipo geralmente remissivo, locativo ou elucidativo, e dispondo, já em fim de capítulos, já preferentemente em fim de todo o texto, as notas pura e simplesmente - que, quando demasiado extensas, podem ser intituladas apêndices, adendos ou observações. As notas de rodapé integram a mancha regular, distinguindo-se, quase universalmente, pelo corpo menor, como já vimos, e ressaltando-se da mancha do textual já por uma pequena linha horizontal de têrço ou quarto da extensão da linha da página, já apenas por um branco interlinear maior - maior do que o branco interlinear do texto e maior do que o eventual branco especial interparagráfico do texto.

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9. 3. 3. 4 A separação paragráfica contemporânea continua os traços essenciais da separação paragráfica moderna, que principia a consolidar-se já pelo século XVI, diferente da separação paragráfica do c6dice, do incunábulo e dos primeiros livros impressos. Na primeira fase, além das eventuais letras ou letrinas capitulares, letras subcapitulares, havia-as também paragráficas, mas o texto era composto continuadamente. A trãnsição para o sistema moderno foi marcada ' pela parada de composição ao cabo de ponto parágrafo, "preenchimento" do resto da linha com brancos e transição paragráfica para a linha seguinte. Na linha seguinte, com letra ou letrina paragráfica ou sem ela, com mero versal para a primeira letra e caixa baixa para as demais, ou com versal para a primeira letra, versalete para as restantes da palavra inicial ou para a segunda palavra (se a versal cor:respondia a uma palavra), estava marcada a transição paragráfica, sem indentação. Esta - a indentação paragráfica ou o branco paragráfico - se difunde quando se abandonam as características formais da transição. Hoje em dia, sem regra fixa, marca-se sempre o parágrafo por um dos recursos seguintes, ou por dois combinados, raro pelos três: a) branco paragráfico de um a dois quadratins; b) branco interparagráfico especial, a saber, interlineamento maior do que o branco interlinear ordinário da composição, recurso viável e aceitável quando a estrutura da mancha é de grandes massas paragrá~icas, pois, se fôr de pequenas, a presença excessiva de brancos, aparentemente arbitrários, se revelará de pronto; c) realces especiais paragráficos ...,....- (1) já por letras ou letrinas paragráficas, (2) já por versal inicial e versalete restante, (3) já por versalete na primeira palavra (se de duas ou mais letras) ou nas duas primeiras palavras (se a primeira fôr de uma s6 letra). · 9 . 3. 3. 5 O cabaço ou cabeçalho de página é a parte impressa da mancha em que se inscrevem certas constâncias gerais ou parciais do livro. Via de regra, o cabeço da página par difere do cabeço da página ímpar, constituindo, ambos, parelhas comb.i nadas de modos vários, por exemplo (em primeiro lugar o cabeço de página par, em segundo o de página ímpar): (a) nome do autor - título do livro ; (b) título do livro - título · do capítulo; (c) título do capítulo - subtítulos (sucessivos) do capítulo; ( d) assunto da página - assunto da página. 9 .3 .3 .6

Considere-se :

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a) que há livros e excelentes - que não têm cabeços (pois em não havendo os de página par não deve haver os de página ímpar); b) que as manchas capitulares ou quaisquer seccionais especiais não têm cabeço ; c) que há cabeços- mormente os mais variáveis, vale dizer, os da direita - , que podem ocorrer apenas com a parte inicial (mais ou menos extensa) de sua intitulação ; d) que os cabeços têm, marcadamente, uma finalidade orientadora e localizadora da matéria do livro, razão por que, se êste apresenta outro tipo de orientação e localização, podem os cabeços ser dispensados; e) que não devem ser considerados cabeços, propriamente ditos, certos elementos indiciadores e inter-remissivos, que serão considerados logo a seguir. 9. 3. 3. 7 De um modo quase universal, os cabeços são compostos em caixa alta - versais ou versaletes· -, e a preferência por aquêles ou êstes depende já da existência de versaletes no parque tipográfico, já do fato de que os versais podem pertencer a fonte em que se destaquem excessivamente da caixa baixa. De outro lado, embora predominem em romano, podem também ocorrer em grüo, nunca ou rar1ssimamente em negrita. Quanto à sua colocação, como o diz o seu nome, ficam sempre no alto da coluna, centrados, com interlineamento especial maior, via de regra correspondente ao dôbro do interlineamento regular. 9. 3. 3. 8 A numeração e indicação remissiva eventual da página têm a mesma finalidade, aproximativamente, a saber, enfei. xar a seqüência de manchas impressas numa ordem orgânica, facilitadora da imposição, do costuramento, do manuseio das páginas do livro, e da remissão aos locais ou passagens do mesmo. 9 . 3. 3. 9 A numeração das páginas apresenta as seguintes características, acumulativas ou exclusivas entre si: a) pode ser distinguida em duas séries, de algarismos romanos e de algarismos arábicos; em havendo a primeira, destina-se ela às partes pré-textuais e preliminares do texto fundamental da obra publicada, jncluindo-se nas preliminares a introdução ( quando esta não é verdadeiro capítulo introdutório), notas prévias, prefácios, tábua!'! de matéria e o mais que anteceda o texto fundamental; a segunda, então, numerará necessAriamente as páginas do texto fundamental até o fim do livro; em casos excepcionalíssimos, os algarismos romanos podem ocorrer, em nova série numérica, ao fim do livro, para partes pós-textuais não pertencentes ao texto fundamental ;

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b) pode ser contínua, em obras de dois ou mais tomos · (fascículos, partes, volumes), ou autônoma, de unidade para unidade com vida própria de manuseio ; c) pode ser localizada : 1) já no alto de página, ao centro, se a mancha não contiver cabeço; do lado externo (em página par, à esquerda do observador; em página ímpar, à direita do .observador), se a mancha contiver cabeço (inova-se, subvertendo-o) ; 2) já na base da mancha, ao centro ou do lado externo, ocorrendo, quase s6 quando centrada, entre dois colchêtes, parênteses, hüens, travessões, ou isenta de tais elementos (inova-se, subvertendo-o). 9. 3. 3 .10 Lembremos que a numeração das páginas apresenta as seguintes fases, no livro impresso: a) sua completa ausência, de tal ·modo que o enlace das manchas da página se fazia pelo reclamo de fim de mancha consistindo o reclamo na antecipação da palavra, ou parte dela, inicial da mancha seguinte ; b) na sua presença somente nas páginas ímpares, continuadamente, o que, noutros têrmos, consistia a rigor na numeração contínua das fôlhas, distinguindo-se, assim, as faces ou páginas por meio das abreviaturas 'v' e 'r', respectivamente uerso (verso) c retro, donde, · por exemplo, "74v", significar a fôlha de n. 0 74 na sua face ímpar e "74r" significar a fôlha na sua face seguinte, atrás, par; c) na presença da numeração por página, propriamente dita, fixando-se a regra do número ímpar sempre para a face primeira da fôlha aberta na seqüência da leitura ocidental, isto é, da esquerda para a direita (donde os livros semitas, em geral, apresentarem disposição inversa). 9.3.3.11 Lembremos ainda que, na prática tipográfica moderna: a) a numeração principia a ser contada, em regra, da face fmpar do falso rosto, mas não inscrita tipogrAficamente senão a partir da primeira página de mancha corrida, seja, de regra, o prefácio ou introdução; destarte, admitindo, por hipótese, que um livro se apresente nas parte!! preliminares, com (1) falso rosto (páginas 1, e 2 não impressa), (2) rosto (páginas 3, e 4 não impressa), (3) dedicatória (páginas 5, e 6 não impressa), (4) prefácio (página 7 não impressa, pela razão abaixo, e página 8, impressa, a primeira);

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b) a numeração não é, de regra, inscrita tipogràficamente em tôdas as manchas especiais (capitulares ou seccionais especiais), quando sua ocorrência devesse ser no alto da página, podendo, entretanto, ser optativa a impre.ssão, se na base da mancha. A indicação remissiva eventualmente impressa na 9. 3. 3 .12 página pode ser de dois tipos principais: (a) em algarismos e/ ou símbolos seccionais; (b) em algarismos e/ou em letras; ocorrendo a primeira - via de regra localizada no alto da mancha, em lugar oposto ao da numeração, se a numeração fôr ao alto da mancha, ou no lugar que teria sido da numeração, se a numeração fôr na base da mancha - nos livros de estrutura paragráfica numerada orgânicamente, cujos índices se reportem não ao número das páginas mas ao dos parágrafos, enquanto ocorre a segunda nos dicionários, enciclopédias, vocabulários, glossários e obras afins, cuja estruturação se faça na base de unidades alfabetadas, via de regra vocabulares. 9. 3. 3 .13 Em ambos os casos, de regra, a indicação remissiva da página par corresponde à unidade remissiva primeiro ocorrente na sua mancha, enquanto a indicação remissiva da página ímpar corresponde à unidade remissiva que ocorre em último lugar nessa mancha. Nas estruturas alfabéticas, a indicação · remissiva dos extremos pode, também, fazer-se por mancha e até por coluna de mancha.

CAPÍTULO

X

O APARATO NUM LIVRO 10.

AS FONTES IDEOLóGICAS ·

O conhecimento humano, parece, sempre foi por via direta e por via indireta - pela aplicação dos sentidos e faculdades (inteligência no amplo sentido da palavra, intuição, fervor encantatório, mágico, místico, prático, lúdico ... ) em contato com o objeto de ação e conhecimento, ou peia aplicação dos sentido& e faculdades a um intermediário do objeto da ação e conhecimento, ou pela aplicação dos sentidos e faculdades dos sentidos a faculdades como objeto de conhecimento e de ação . . . Em quaisquer dos casos, o conhecimento progride sempre por meio de um instrumental simbólico nocional, a linguagem, gestual, mímica, oral, plástica, musical, ritual, e de instrumentos factivos, ferramentas, máquinas, utensílios, e de instrumentais auxiliares congnit:vos, microscópios, telescópios, espectrógrafos, quimógrafos, oscilógrafos, máquinas de calcular, de registrar, de memorizar, de armazenar, cérebros eletrônicos - havendo regularmente, em tôdas as fases de progressão do conhecimento, uma interdependência de interprogresso entre o sujeito conhecedor, o objeto por conhecer e os meios de conhecimentos, intrínsecos ao homem ou extrínsecos a êle, seja, os feitos por êle ou aproveitados por êle da natureza para êsse fim. 10. O.1 A tradição - A via indireta é, grosso rrwdo, representada pela tradição lato sensu, isto é, a transmissão de conhecimentos anteriores - na origem dos quais estaria sempre a via direta - por meio de intermediários do conhecimento, a linguagem sobreexcelentemente - corporificação do conhecimento.

] O. O.1.1 É que, com efeito, o mais elaborado instrumento de transmissão, de tradição, é a linguagem, a linguagem oral - que, transmitida de adultos para infantes, dos mais velhos para os mais novos, e vice-versa, e entrecruzada e combinatôriamente, se alçou a uma nova categoria com o descobrimento de suâ fixaçãG

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por via visual, pela escrita. Com a invenção da escrita e o progressivo incremento de facilidade e eficácia de sua representação - ideográfica inicialmente (picto-ideo-hieroglífica), fonográfica subseqüentemente (silábica, fonológica, fonética) , êsse instrumento de transmissão ganhou ainda mais em (a) possibilidade de conservação ( "uerba uolant, scripta manent" ... ) , (b) divulgabilidade no espaço e no tempo. O homem, destarte, criou a documentação, de tal maneira que, nas condições ditas históricas, passou a ter, potencialmente, à sua disposição, sôbre qualquer aspecto da ação ou do conhecimento, elementos anteriores, documentos, para se formar e informar por via escrita, ou, ampliando a metodologia daí derivada, e nas pegadas das definições de V. GoRDON CHILDE (cf. CHIL, CHIM, ·cHIN), passou a compreender que documento é tudo aquilo de que o homem deriva, ou pode derivar, conhecimento - o que passa a abarcar o mundo da realidade objetiva e subjetiva em tôda a sua inteiridade, desde que, de uma forma ou de outra, corporizado ou corporizável objetivamente. Neste sentido pude, noutra quadr.a, definir "documento" como "é o que quer que seja, de natureza material, de que se possa depreender o que quer que seja de natureza espiritual inscrito na tradição humana, na transmissão humana de suas ideologias, idéias e conceitos através dos tempos e na extensão dos espaços" (HOOY, 2.1). 10. O.1. 2 Assim, ao escrever sôbre o que quer que seja, de uma forma ou de outra, ·por impregnação, por reminiscência, por alusão, por referência, por citação, o homem louva-se de elementos anteriores, transmitidos socialmente, por via escrita, por via oral, por via convivia!, por via vivencial, por via existencial. 10. O.1. 3 Subjacente, também, no homem - por mais requintadas e alienadas que possam ser .as formas de extremação individualista - existe a mais ou menos vaga, mais ou menos lúcida consciência própria de que seu esfôrço vital e tôdas as manifestações e expressões disso se inserem dentro da trama evolutiva da espécie, noutros têrmos, da natureza mesma, base talvez de sua vocação ética, mesmo quando essa vocação individualmente se manifeste ou se exprima pela recusa ou ruptura frontal do ético. A honestidade intelectual, a fidedignidade histórica, a legitimidade da referência, a escrupulosidade da interpretação, a oportunidade da documentação, a adequação de tudo ao objetivo em vista criam, dêsse modo, num texto escrito, o problema da evidenciação visual dos elementos alheios deliberadamente trazidos como. tal :\ trama da mensagem própria.

E L E ME N TOS

DE

B I B L I O r, O G I A

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Citam-se, assim, num texto, autores, obras, excertos, passagens, conceitos, palavras, vocábulos, que abonam ou desabonam um argumento ou raciocínio, que os esteiam ou invalidam, que os credenciam ou abalam, que os justificam, coonestam, legitimam, fundamentam ou os depreciam, subestimam, nulificam, destroem.

10. O.1. 4

10 .1 A CITAÇÃO Ora, porque, de regra, o acréscimo individual é pequeno à herança coletiva, ainda que coetâneamente e indivíduo possa, em certas tessituras sociais, gozar ou usufruir de importância considerabilíssima, o fato é que certa erudição, cert~ exibicionismo cultural, certa hipertrofia das razões acima apontadas podem transformar o citador em "incitador", "excitador", "citimaníaco" (vá lá o vocábulo, ad hoc, e que se perpetrará aqui 'só esta vez ... ) . Seria assim o caso de idealizar o citador por excelência. Antes, porém, compriria, talvez, distinguir as obras em que ocorrem citações. As de pura criação artística, por sua própria natureza, dispensam, na tradição literária ocidental, o aparato das citações explicitadas: frases, conceitos, passagens, vocábulos alheios são invocados num texto ou num contexto, conforme sejam reproduzidos, verbum ad verbum, ipsis verbis, ipsis litteris, ou livremente - no original ou em traduçã<2 -, ou meramente glosados, sem que, embora muitas vêzes ocorrendo, se imponha realce material caracterizador. ~sse realce material não será, em si, o elemento que evite a pecha eventual de imitador, de plagiário ou equivalente; doutro lado, em obra de arte literária, uma fugidia alusão é bastante para que o leitor inteligente - que todos o são. . . - compreenda que há · na passagem algo alheio que o autor invoca para a natureza de sua exposição - e mestre MAcHAno DE Assrs, entre nós, exemplifica bem o processo, por ter dêle lançado mão com eficácia, honestidade e adequação. Na medida em que, porém, a obra literária saia do campo da criação puramente artística e envereda, mais e mais, pelo campo da técnica e da ciência especializadas, num esfôrço analít:co em que a validade conceptual de cada têrmo, cada vocábulo, cada pala'vra - e, com mais razão, cada premissa, cada silogismo, cada hipótese, cada tese, cada demonstração - é fundamental para legitimar as ilações ou o desenvolvimento ou as conclusões de uma exposição1 a atribuição de cada citação, alusão, referência, remm1scencia torna-se mais -e mais obrigatória, fazendo-se, por vêzes, de tal modo imperativa, que a sua omissão pode revelar desonestidade ou gratuidade ou arbitrariedade ou pobreza, lógica, intelectual, científica. Ademais, a sua atribuição torna-se elemento de afe-

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11íção para a atualidade, orientação, fidedignidade, validade da exposição, pelas obras e autoridades invocadas ou deixadas de invocar. 10 .1.1 Oitador ideal - O citador ideal poderia, talvez, nortear-se por princípios gerais e constantes. Sem querer nem sistematizá-los nem esgotá-los, os princípios, alguns dêles talvez sejam êstes: 1.0 ) só citar quando necessário, é óbvio, isto é, quando, pela natureza da exposição, a matéria citada se faz útil ou mesmo indispensável como um dos elos de prosseguimento da inteligibilidade do contexto; o necessário é, por fôrça, relativo, pois, segundo o grau de desenvolvimento ou aprofundamento ou especialização da exposição, uma citação pode ser indispensável ou dispensável; assim, num livro didático de nível definido (como deve ter qualquer livro didático), uma citação não caberá, sem quebra de · coerência e harmonia da exposição, se entrar em particularidades tais que a compreensão da citação se transforme em verdadeiro problema não esteado pela própria exposição; reversivamente, uma citação elementar poderá ser desnecessár~a, se o nível de desenvolvimento da exposição presume o conhecimento por parte do leitor de um mínimo em que a matéria da citação esteja implícita; citações arbitrárias e assistemáticas, dêsse jaez, criam o vício da incoerência interna numa exposição; 2. 0 ) só citar dentro da linha ideológica do desenvolvimento da exposição; se a linha i(leológica se atém a questões relacionadas, por exemplo, com a farmacologia, não há, de regra, como citar a propósito da fundamentação gramatical de uma palavra, de uma ciência cuja noção não esteja necessàriamente conexa com o problema; a inadequação, nesses casos, agrava-se pelo perigo que encerra de eivar um trabalho, eventualmente meritório no seu setor, com defeitos oriundos do desconhecimento de outros setores do conhecimento; 3.0 ) só citar exaustiva ou ricamente quando, por acaso, a nposição tenha, ademais ou preferentemente, caráter de iniciação, divulgação ou atualização de campo restrito ou amplo de conhecimento especializado, evitando-se, destarte, o exibicionismo de erudição, que antes atravanca do que facilita ou fundamenta o encaminhamento da exposição; é claro que aqui também a noção de atravancar é relativa, pois há obras em que, por sua natureza, as citações são e devem ser freqüentes, e outras em que o devem ser menos; num trabalho de crivo crítico sôbre conceitos emitidos a propósito de um tema particular, é provável que as citações se multipliquem, ao passo que num trabalho de ensaio inovador (le

ELE ·M ENTOS

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interpretação genérica o autor possa assumir deliberada atitude de tabula rasa em relação a muitos escritos anteriores, atendo-se exclusivamente aos que reputa, particularmente válidos através dos tempos - caso em que as citações podem ser em número muito mais reduzido. lO .1.1.1 Didàticamente, importa-nos distinguir espécies no gênero ou rubrica geral de citação. É que, com efeito, por "citar" e "citação" se entendem coisas que, neste momento, já não podem ser englobadas. De um modo geral, pode ser descartado de nossa cogitação, aqui, o que em estilística e em crítica literária entra na categoria de "memória" (memória involuntária, memória voluntária, memória associada, memória dissociada; memória visual, plástica, sonora, verbal, situacional, narrativa etc.), na de "reminiscêneia", na de "alusão", na de "inspiração", na de "motivação", em suma,· na daqueles aspectos das "fontes" de uma obra ou de um autor em que o material congregado, proceda de onde proceder, não é, consciente e lúcida e voluntàriament~ trazido à colação na sua integridade formal e/ou na sua fiel e fidedigna integridade nacional. É, quando existe na vontade do autor a determinação de se abonar em passagem anterior (a) em sua integridade formal e/ ou (b) em sua_ fidelidade e fidedignidade nacional, que se criam as condições para o mecanismo da citação lato sensu. 10 .1.1. 2 Há, pois, dois tipos de citação: a citação formal e a citação conceptual, ocorrendo no primeiro caso a reprodução do vocábulo, passagem, local, trecho, excerto, texto com as características materiais, formais, da parte de onde se faz a citação, ocorrendo no segundo caso a reprodução fiel das idéias da fol\te de onde se faz a citação, - mas, num caso como noutro, ocorrendo, ademais, na vontade e na realização do citador, indicação da fonte, do local, sua localização, sua referência, em suma. 10 .1.1. 3 Caberia, aqui, distinguir alguns conceitos: "citar/ citação", "referir/referência", "louvar-se de, em", "aludir/alusão", "reportar-se", "reminiscência", "plágio/plagiar", "imitarI imitação", "decalcarI decalque", "p,astiche/pastichar",. "paráfrase/parafrasear", "mistifório;mistificação/mistificar", "inspirar-se/ inspiração" ... 10 .1.1. 3 .1 Citar é reproduzir palavra, oração, frase, sentença, período, parágrafo, trecho de um autor ou obra; os elementos citados constituem a citação. A citação pode ser, (a) do ponto

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de vista da língua, no original (por transcrição ou por transliteração), ou em tradução (direta ou indireta) e, (b) do ponto de vista da fonte,- direta ou indireta. 10 .1.1. 3. 2 Uma citação é no original quando é feita na língua mesma em que foi vazada - grego, latim, inglês, francês, alemão, sânscrito, russo, árabe, hebraico. . . - . O grau de cultura lingüística ou poliglótica presumido pelo consenso geral no autor e, por parte dêste, nos seus leitores eventuais, é o guia por excelência do fato de a citação poder ser no original ou por tradução. Más há, além disso, a limitação dos parques tipográficos. É que nem sempre se dispõe de um parque com caracteres gregos, menos ainda árabes ou hebraicos, menos ainda sanscríticos, para citação original por transcrição, isto é, na língua e alfabeto originais. De modo que - em devendo ou querendo citar no original de · línguas escritas com caracteres de difícil obtenção - se poderá adotar o recurso da chamada transliteração - que consiste no estabelecimento de uma convenção fixa pela qual os caracteres de um alfabeto são equiparados aos caracteres de outro alfabeto. 10 .1.1. 3. 3 Uma citação é por tradução quando é feita em língua que não a em que a mesma foi originalmente vazada. Se um autor brasileiro cita um trecho em língua estrangeira, além da hipótese da citação no original, anteriormente considerada, tem a alternativa de citar na língua em que já se acha traduzida a citação, inclusive o portu'guês, ou traduzi-la para o português. Tanto num caso como no outro a referência bibliográfica da fonte serve para esclarecer se a tradução é ad koc (pois a referência é ao original) ou se a tradução é de outrem (pois a referência dirá, também, quem traduziu o livro referenciado). Há casos, entretanto, em que o autor deverá deixar bem claro que a tradução é sua, quando a tradução implica um problema. de interpretação. 10 .1.1. 3. 4 Uma citação é direta quando é haurida na própria fonte, isto é, na obra. mesma de cujo texto faz originalmente parte. A citação direta pode ser no original ou por tradução. Uma. citação é indireta quando é haurida. em fonte que não seja a obra de cujo texto fa.z . originalmente parte. Uma citação dêsse tipo poderá ocorrer por comodidade ou por contingência. Por comodidade, quando o citador, querendo louvar-se da citação, mas não tendo tempo de ir cotejar ou verificar a fonte original, aceita-a tal como aparece no texto intermediário. Nesse caso, é de todo o rigor científico só adotar êsse recurso quando se presume :doneidade por parte do autor intermediário e quando, de forma

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notória, a fonte original é de acesso de certo modo difícil; seja por que fôr, porém, a referência de tais citações deve conter sempre a conhecida preposição latina apud, com o que se resolve a circunstância de que qualquer erronia de citação fica por conta do autor intermediário; mas não se resolve nunca, com êsse re-curso, o fato de que se pode montar todo um raciocínio sôbre a erronia. . . A omissão do apud, de outro lado, pode "embelezar" a "erudição" do citador, mas pode, também, desmoralizá-lo cien~ tlficamente, pois não raro ocorr.erá que deformações do texto intermediário possam passar para o seu texto, e, com encobrir o intermediário, se desmascara ante os estudiosos mais idôneos com aproveitar-se - e mal - dos escritos alheios. Há porém, de outro lado, citações indiretas por. contingência: citações de citações, bem ou mal ou especialmente feitas; citações de autores antigos cujo texto (ou restos) só seja conhecido na tradiçãQ cultural por citações que dêles fizeram certos outros autores o que não e raro entre os autores clássicos gregos e latinos, árabes e hebraicos, sânscritos e chineses ... 10.1.1.2.5 Um recurso intermediário é representado por citação no original seguida de tradução - tradução já existente de outrem, ou tradução do citador - ou representado por citação de tradução seguida do original. :1!1sse recurso é via de regra usado quando (a) a inteligibilidade do original citado pode ser objeto de dúvida de interpretação, caso em que o citador, ao fazer seguir a citação original de outra por tradÜção, se louva desta para encampar sua maneira de interpretar o trecho citado; (b) o citado r presume que, embora para muitos de seus leitores a citação no original pode ser suficientemente clara e inteligível, para outros leitores, porém, também eventualmente interessados nos seus escritos, ela não o será. 10 .1.1. 3. 6 Referir ou referência são - especializadamente, pois ocorrem êsses vocábulos como sinônimos de citar e citação respectivamente - referir e referência são os elementos que se indicam ao leitor para localizar idéias na sua fonte - direta ou indireta. Pode-se dar referência não apenas de uma noção mas também de um trecho, passagem, capítulo, livro, quando, não tendo havido no trecho, passagem, capítulo, livro em aprêço citação propriamente dita, as idéias ali contidas se baseiam em grande parte nas obras e autores de referência. É nesse sentido que é de rigor, após citar, vir a referência pura, enquanto neste caso a · referência deve sempre vir antecedida de "Cf" ou "cf. ", isto é, "confira/ confiramjconferejconferi/confira-se/confiram-se" ou

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confer.fconferte, ou antecedida de "u." ou "v.", ou "uid.", ou "vid.", ou "ver", isto é, uide/uidete, videjvidete, ou "veja/vejam", "vê/vêde", "veja-sejvejam-se" ... 10 .1.1. 3. 7 l?or "louvar-se de, em" entende-se o fato de que um autor se socorreu - por citação seguida de referência, por mera referência, por alusão', por reminiscência, por quaisquer recursos, enfim, explícitos ou implícitos - de obras ou autores convenientes ... ou inconvenientes aos seus argumentos, objetivos c fins. Entretanto, o autor que se louve de obras ou autores deve, se possível, dar-lhes referência ou fazer-lhes alusão, em caráter mais ou menos preciso, segundo se louve em caráter mais ou menos preciso. Louvar-se, por exemplo, das categorias lógicas formais de Aristóteles nem sempre, quase nunca, supõe a sua menção dêle i louvar-se de suas idéias genéricas sôbre a arte como imitação, supõe, já, eventualmente, menção dêle i louvar-se de uma passagem sua, supõe já, necessàriamente, sua referência i louvar-se de um trecho preciso é já citação, que deve ser feita com a referência adequada. "Aludir/alusão" é o "louvar-se" em caráter o 10 . 1.1.3.8 mais genérico possível. Alude-se a obras ou a autores, quando se supõe, por parte do leitor, um certo conhecimento das idéias centrais das obras ou autores aludidos, sem que o desenvolvimento da exposição presuma a necessidade de maior objetivação. 10 .1.1. 3. 9 "Reportar-se" é expressão inespecífica para citar, referir, aludir, e mesmo para a reminiscência, o plágio, a imitação, o decalque, o pastiche, a paráfrase, a inspiração, o mistifório. 10 .1.1. 3.10 Os demais conceitos.- reminiscência, plágio, imitação, decalque, pastiche, mistifó.!'io, paráfrase, inspiração e afins - são da estilística, · da técnica de estruturação de uma obra literária, da crítica e da história literárias, supõem o estudo das fontes das obras ejou autores, entenda-se das suas fontes ideológicas, conceptuais, imagísticas, estilísticas e - com larga controvérsia ainda - são objeto de estudo cujo resumo ou referência não cabem aqui, importando, tão-somente, ressaltar que nesses estudos se visa a demonstrar, dentre outros "milagres" da cria~:ão literária, o caráter voluntário ou involuntário do recurso, consciente ou inconsciente, ostensivo ou secreto, da imposição deliberada de uma falsificação ou não, de pilhéria com · o público ou não, e é o aspecto da obra que contra-regra com o da autoria, ostensiva, sabida, histórica, certa, duvidosa, problemática, enigmática, controversa, atribuída, criptonímica, pseudonímica, anonímica, sinonímica, paronímica ...

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10 .1.1. 4 Há, destarte, três questões conexas com a citação : (a) a da referência; (h) a da caracterização material do que é citado, seu realce material, visual, tipográfico, pois ; (c) a da reprodução do que é citado - , sendo que aqui _cogitaremos, por ora, tão-somente da segunda questão, reservando a primeira para quando tratarmos da organização da lista de "obras consultadas" para a elaboração de um livro, problema afim do da bibliografia, e lembrando que a segunda se integra nos capítulos de ecdótica já anteriormente examinados, mas que ainda serão aqui ligeiramente aflorados. ]0.2 CARACTERIZAÇÃO MATERIAL A caracterização material do que é citado, seu realce material, visual, tipográfico, pode ser feita: (a) por aspas; (h) por mudança de corpo, família, gênero ou desenho do tipo; (c) por brancos - interliterais ( intravocabulares), intervocabulares, interlineares, marginais; ( d) pelo combinatório de dois dos recurs<_>s anteriores (a e b, ou a e c, ou b

e

c).

10.2 .1 .Aspeamento - Na tradição da língua portuguêsa escrita, as aspas - até meados do século passado ditas sobretudo "vírgulas dobradas" - ( « .... :. ou « .... :. ou " . ... " ou " .. .. , ), ditas também, desemparelhadas, aspas de abrir ou abrir aspas e aspas de fechar ou fechar aspas, vêm sendo usadas como o elemento de r.ealce material por excelência para a citação. Trata-se, em verdade, porém, de um recurso pobre, dadas as outras funções que lhe são atribuídas, importando, em certas obras de riqueza refere~cial e de rigor oponencial, distinguir as diversas funções possíveis. Por esta circunstância, em lugar de tratar das aspas na sua função de realce material de citação apenas, tratemos dos ~us tipos e usos diversos. lO. 2 .1.1 Antes de mais nada, quaisquer que sejam as formas e posições relativas das aspas (aspas pontudas: « . . . . :. ou < . ... , ou mesmo « .... :. , e aspas redondas: " . .. . " ou " .... , ou mesmo " ... . " ou ainda aspas retas), importa distingui-las em dois tipos apenas - as aspas simples (de abrir e de fechar, pontudas ou redondas ou retas): < •.•• > ou < •.• • > ou < .... >,e' . . . . ' ou ' .... , ou , . . .. ' ) e as aspas dúplices (de abrir e de fechar pontudas ou redondas ou retas. Normalmente, uma fonte tipográfica apreaenta duas parelhas : a parelha (de abrir e fechar) simples e a parelha (de abrir e fechar) dúplice, o mesmo ocorrendo, de regra, na dactilografia, que de, em posição de maiúscula (sôbre a tecla "8" e "2" respectivamente), nos fornece a parelha ' ... ' e " .. .. ".

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lU. 2 .1. 2 Decorrentemente, pode-se usar de dois tipos de aspas, simples e as dúplices. Dentre os tipos em causa um é particularmente pouco recomendável e deveria ser, eventualmente, ubolido dos desenhos dos caracteres móveis, é o da parelha simples redonda, mas sotoposta, por gerarem-se, com vírgula seqüente, simações ambíguas ou aparentemente falsas. H:s

10.2.1.3 Na prática mais encontradiça em tipografia no Brasil, desconhecem-se outras aspas que não as dúplices, e com elas distinguem-se (isto é, precisamente não se distinguem): a) a citação: "Vai-se a primeira pomba despertada"; b) a citação em citação: "O declamador começou por ·' Vai-se a primeira pomba despertada" e calÔu-se sem razão aparente"; c) a caracterização vocabular exemplificativa: As palavras são três, "virtude", "saber" e "agonia"; d) a carga irônica, pitoresca, expressiva: Mas isto não é "isto" não, meu velho, "isto" são outros quatrocentos réis. 10. 2 .1. 4 Os regimes possíveis para uma qualquer das parelhas consideradas (dúplices e simples) são: a) no primeiro regime, as aspas dúplices se usam para abrir c fechar citação - qualquer que seja a língua em que é feita, quer em original, quer por tradução, quer em caracteres originais, quer em caracteres transliterados, já para a caracterização vocabular exemplificativa, já para a carga expressiva, enquanto as aspas simples se usam para a citação em citação; b) num segundo regime, as aspas dúplices se usam para abrir e fechar citações, enquanto as aspas simples se usam já para a citação em citação, já para a caracterização vocabular exemplificativa, enquanto para a carga expressiva se retorna ao uso das aspas dúplices; c) num terceiro regime, as aspas dúplices se usam pata abrir e fechar citações, enquanto as simples se usam já para citação em citação, já para a caracterização vocabular exemplificativa, enquanto para a carga expressiva se usa do grifo ou itálico (que normalmente caracteriza o emprêgo de vocábulos ou expressões estrangeiras, não citados, mas empregados como recurso expressionai) ; d) num quarto regime, as aspas · dúplices se usam para abrir e fechar citações, enquanto as simples se usam já para citação em citação, já para caracterização vocabular exemplificativa quanto ao sentido, enquanto o grifo é usado para a caracterização vocabular exemplificativa quanto à forma (juntamente com os

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-vocábulos e expressões estrangeiras empregados como recurso expressionai), enquanto a carga expressiva univocabular se carac- ' teriza com aspas dúplices. · 10.2 .1. 5 Embora outros regimes possam ocorrer, poder-se-ia, talvez, normalizar o emprêgo das aspas dúplices exclusivamente para as citações, única e tão-somente, em quaisquer línguas, já no original, já por tradução, dispensando-as, entretanto, quando transcritas em caracteres originais não latinos, salv(! se os caracteres em causa sejam usados em vocábulos empregados freqüentemente no texto como recurso expressional. Por conseguinte, as aspas simples limitar-se-iam aos seguintes usos: (a) para caracterizar citação em citação; (b) para caracterizar vocábulos com carga expressiva ; (c) para · palavras e expressões portuguêsas .empregadas como exemplificação nocional, cenceptual, terminoló.gica, semântica. 10.2 .1. 6 Destarte, o grifo confinar-se-ia à caracterização de: (a) palavras e expressões estrangeiras usadas como r ecurso expressionai; (b) palawas e expressões portuguêsas empregadas como exemplos formais (vocábulos propriamente ditos). 10. 2 .1. 7 O uso das aspas dúplices para realçar materialmente uma citação tem o seu limite de emprêgo a partir do ·momento .em que a largura da citação esbate a percepção visual (e mnemônica) do campo citado compreendido entre as aspas dúplices de :abrir e de fechar. A partir ftêsse momento, isto é, a partir do momento em que a citação passa a ser de um trecho, o que por vêzes se diz extratação, ou citação ou reprodução in extenso, já a parelha de aspas dúplices não basta. É então que sobrevém a oportunidade de nôvo tipo de realce material - já o de mutação de corpo, família, gênero, desenho de tipo, já o de uso do branco. 10.2 .1. 8 Não nos esqueçamos, porém, de que prática relativamente recente não recorria à mutação referida, raro ao uso de branco. As aspas dúplices eram ainda usadas para êsse fim eom a seguinte particularidade: 1.0 ) o trecho, largo, citado era iniciado por aspas de abrir; 2. 0 ) a cada nôvo parágrafo se reiteravam as aspas de abrir, 3.0 ) 0

as aspas de fechar só ocorriam ao cabo do trecho;

4. ) a citação dentro da citação era também iniciada por aspas de abrir, em geral duplices, mas ao início de cada linha tipográfica dessa citação dentro de citação repetiam-se, aspas, em geral dúplices, de abrir.

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10.2 .1. 9 Episõdicamente, também, ocorriam citações longas (:'m que ao início de cada linha tipográfica se repetiam as aspas dúplices de abrir - quando então não havia como distinguir a citação dentro de citação senão por mutação de tipo ou p.or jôgo de brancos. 10.2 .1.10 A mutação de tipo, pura e simplesmente, isto é, sem combinação do branco recorrido, já por corpo apenas, já por família, gênero, desenho do tipo, é de emprêgo muito ocasional para efeitos de realce material de citação. No caso de mudança de corpo, isso acarreta, via de regra, a necessidade de parques tipográficos ricos, pois via de regra se imporá a distinção do corpo normal do texto, do corpo de citação (eventualmente, ademais, do corpo de citação dentro de citação) e do corpo de notas ao rodapé - o que dificulta, de certo modo, o trabalho de composição, sem falar na apresentação estética da mancha, que poderá, em certos casos, parecer tumultuária. A mutação de família e gênero é menos recomendável ainda, por confusões que podem decorrer com funções outras que não o de citação atribuídas ao recurso de mutação de família e gênero. Quanto à mutação de desenho, as dificuldades tipográficas são ainda maiores, pois se trata, nesse caso, de fontes diferentes. Por êsses motivos, ainda que com exemplos veneráveis e eficazes de recurso à mutação sem jôgo especial do branco, proscrevemos - um pouco arbitràriamente, convimos - o tratamento dêsse . aspecto, ousando não recomendá-lo à tipografação moderna no Brasil, no que correspondemos a uma tendência geral no mundo. 10. 2 .1.11 Uma exceção, talvez, caiba, e esta é a que se relaciona com o chamado grifo alemão, ou o espacejado, ou o espacejamento, consistente essencialmente no aumento duplicado relativo dos brancos intervocabulares e dos brancos interliterais no trecho da citação. É recurso que pode ser acompanhado ou não do aspeamento dúplice, mas tem contra si duas limitações: 1. 0 ) funcionalmente, o grifo alemão se destina, na tradição tipográfica, ao realce com carga expressiva nas fontes pobres de grifo ejou de negrita, não sendo, por isso, em regra usado para a função de realce material de citação; 2.0 ) na articulação do prêto no branco da mancha da página sua recorrência freqüente desmonta o equilíbrio da mancha, devendo, pois, ser de uso muito limitado. 10. 2. 2 Uso do branco - De tudo o que vimos vendo, decorre, na moderna tipografia, a vantagem do uso do branco nas citações longas, ou extratações. Como já _vimQ.s, os brancos podem ser (a)

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interliterais ou intravocabulares, (h) intervocabulares, (c) interlineares e ( d) marginais: a) os brancos interliterais ou intravocabulares são o chamado grifo alemão, ou espacejado, ou espacejamento; tais brancos são, õbviamente, relativos; e o espaço em branco regular médio, se de 1/ 5 ponto tipográfico, o branco interliteral de realce poderá ser de 2/5 ou 3/5 pontos tipográficos, para caracterizar-se suficientemente; decorrência natural do uso dos brancos interliterais de realce é que o branco médio intervocabular deve, automàticamente, ser aumentado; assim, se a composição intervocabular normal e mediamente Jôr de 1/2 a 2/3 pontos - via de regra, não uniformes, mas flutuantes entre determinados limites máximo e mínimo, para obter-se a justificação da linha - os brancos intervocabulares de realce poderão ser entre 4/5 a 1Yz pontos; escusa, entretanto, ressaltar que o emprêgo do grifo espacejado não é muito freqüente nos livros modernos, impressos em francês, inglês, espanhol, alemão, russo, português, tendendo, mesmo, a desaparecer da tipografação moderna; h) os brancos intervocabulares especiais sós poderão também servir de realce material para uma citação longa; é recurso de parque tipográfico pobre e deve, por desequilibrar o jôgo do prêto no branco da mancha, ser comedido, se não evitado na moderna tipografação ; c) os brancos interlineares - o entrelinhamento relativamente maior ou menor, sem modificação de corpo, gênero, família, desenho de tipo - é recurso relativamente mais freqüente que os anteriores; e em geral se estrutura em relação com o corpo do tipo: se uma composição regular fôr de corpo 8, isto é, 8/8, isto é, ôlho de medida 8 sôbre tronco de medida 8, o branco interlinear de realce poderá ser de corpo 8/10 ou 8/12; entretanto, ao revés, se a composição regular fôr de 8/10 ou de 8/ 12, o branco concentrado interlinear de realce poderá ser de 8/ 8 ou 8/ 10 respectivamente, ou mesmo 8/8, para ambas as hipóteses; cumpre, porém, ressaltar que se verificam hipóteses mais simples, como a de composição 8 com citação de corpo 6, guardando ambas o interlineamento típico do corpo 8 e do corpo 6, respectivamente; ma• lembremos que, nas condições gerais aqui configuradas, se a citação não se destacar da composição regular por transiç~o de linha, na linha inicial e na final em que os dois corpos se misturarem, assim como na entrelinha entre ·a inicial e a _segunda, e a final e a anterior, poderá ocorrer uma irregularidade de ·branco interlinear típica e canhestra; e dentre os recursos interlineares para as citações longas, há um ainda - que não se recomenda

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(a)quando ultrapassa de ~ais de uma mancha de pagma (pois o leitor pode esquecer-se do início da citação) ou (b) quando
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curadas, o que é um ponto de vista com o qual o autor destas linhas, muito p~oalmente, não concorda - para afastar semelhantes rupturas, a composição dos versos citados se fará, assim, em corpo menor, com branco marginal esquerdo caracterizador de citação de versos, com brancos marginais direitos assimétricos típicos das longuras gráficas várias dos versos e, mais, com branco interlinear inicial e final da citação, para enquadramento desta. Psicologicamente, porém, o mecanismo gráfico da citação dos versos pode ser outro ; por hi_pótese, o ensaio versa sôbre poemas de medida curta, que, de regra, se perderiam, visualmente, se adotados os recursos todos acima refer!dos; poder-se-á, neste caso; manter o corpo da composição ordinária, já que a caracterização visual dos versos se ob.t erá pelos recursos restantes, e poder-se-á mesmo adotar um corpo maior de realce - com que o ensaísta, modestamente, poderá querer ressaltar que o principal é o citado e não o seu ensaio ... 10.2.3.1 Ainda com relação à citação de versos, é bom lembrar que dois fenômenos podem ocorrer: 1.0 ) a citação tem caráter episódico, importando, dos versos citados, fundamentalmente os seus conceitos - caso em que a citação poderá ser feita em texto corrido entre aspas dúplices, como prosa, texto corrido em que os limites finais (e iniciais) dos versos não sejam marcados; 2.0 ) a citação tem caráter episódico ainda, mas importa, porque a pontuação original dos versos é, à maneira da prosa, deficiente, marcar os limites finais (e iniciais) dos versos, caso em que isso se poderá fazer com a barra oblíqua (/), o todo entre aspas dúplices. 10. 2. 4 u Lição" das citações A citação é objeto de um problema, por assim dizer, ecdótico, de porte menor. Na essên. cia, o citador éstá, em face do texto que va.i citar, como o editorde-texto em face do texto que vai editar. Importa, assim, ao citador compreender que (a) deve ser fidedigna a reprodução que vai fazer da citação, (b) verificar, para tanto, se é fidedigna a fonte, isto é, o texto donde vai citar, e, (c) por fim, se a sua transcrição é fiel, isto é, se há fidelidade à fidedignidade. 10.2.4.1 Ocorre, entretanto, a poSISibilidade ·ou mesmo necessidade - de o citador, na sua argumentação ou abonação, não necessitar da .citação na íntegra ou no seu teor ipsis titteris ou ipsis t•erbis. Nesse caso, como vimos, deve usar de signos (a) indicativos .de cortes na citação, (b) · indicativos de acréscimos na citação é, eventualmente, (c) indicativos de modificações na ci<

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tação. Em suma, o corpo da citação, mais objetivamente, o corpo do trecho citado, pode ser objeto, por parte do citador, de cortes, ou de acréscimos - adaptadores ou esclarecedores. 10. 2. 4. 2 Os cortes só se justificam quando não trunquem, nem direta nem remotamente, o essencial da formulação encerrada na citação - pois de outro modo o corte, mesmo quando não tenha sido essa a intenção do cnador, poderá induzir a julgamento de ausência de espírito crítico, de compreensão, de inteligência . . . ou de excessiva inteligência safada, vale dizer, má-fé, a de querer vestir pro domo sua argumento que nada tem que ver com o peixe ou, se o tivesse, seria contra o peixe. . . Não há critério fixo para a figuração dos cortes nas citações, variando os critérios não pouco. A matéria poderia, entretanto, ser normalizável - partindo do princípio de que os cortes podem ser simbolizados por combinações de três pontos ( ... ) insertos entre brancos no texto citado, por oposição aos acréscimos, que v.eremos a seguir, simbolizados por virem, sempre, entre colchêtes ( [ ] ) . Num único caso o corte viria entre colchêtes pontudos ( < >), a saber, quando a palavra, palavras ou parte da citação não fôssem propriamente cortadas mas a formulação citada deveria ser entendida sem o trecho em colchêtes pontudos. Normalizar-se-ia, destarte, os cortes de citação na seguinte conformidade, sempre observando o espaço em branco especial antes e depois do simbolizador do corte e compreendendo por "palavra" os artigos, preposições, substantivos, adjetivos etc., em suma, vocábulos grafados autônomamente, mas não ·os ligados por hífen: a) corte de uma palavra: "veio ... , então, dizer o que lhe pareceu melhor" por "veio ela, então, dizer o que lhe pareceu melhor"; b) corte de duas palavras seguidas : "veio·. . . dizer o que lhe pareceu melhor", por "veio ela, então, dizer o que lhe pareceu melhor"; c) corte de três palavras seguidas : "veio, ela, então dizer ... melhor", por "veio, ela, então, dizer o que lhe pareceu melhor"; d} corte de quatro, cinco, seiS, palavras seguidas, com a interposição de quatro, cinco, seis pontos, respectivamente ; e) corte de sete a dez palavras, com a interposição de duas seqüências de três pontos - . . . . . . - ; f) corte de seção de linha, seguido de uma, duas, três ou mais linhas inteiras cortadas e seção de linha, com a interposição, pela seção de linha, de três pontos, e a cada linha cinco pontos, com brancos intermédios - . . . . . . . . . . . . . . . . . . • •.

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g) corte inicial de trecho, para marcar que o trecho não se apresenta com a relativa autonomia conceptual com que é citado, com anteposição -tão-sõmente de três pontos: " . . . vir ela risonha", por "vi vir ela risonha"; h) corte final de trecho, para marcar que não se apresenta ou com a relativa autonomia conceptual com que é citado ou com o truncamento com que é citado: "via ela ... ", por "via ela chegar"; i) corte de compreensão orientada mas controlada, já de · letras, já de palavras, já de trecho: "o apótema é óbvio" por "o apotegma é óbvio" (entender-se-ia, neste caso, que o citador, ao propor o corte da letra, mudaria completamente o sentido do trecho citado, mas o fazia a sabendas · do leitor, que poderia inclusive controlar a legitimidade do corte proposto); "o apêndice <juntado> é funcional" (em que o citador como que quereria mostrar, de um lado, que o "juntado" era desnecessário ou era possível glosa não original); "seria o caso, <mas não estou certG · do que afirmo,> de considerar os fatos nessa conformidade" (em que o citador, já agora, não encampou a dúvida ainda justificável no autor citado). 10. 2 .4. 3 Os acréscimos do citado r na citação devem ser limitados ao mínimo, a fim de preservar a citação de possíveis equívocos. Não incluímos, dentre acréscimos, expressões em que, abertas as aspas dúplices e iniciada a citação, o citador interfere com expressões do tipo "acrescenta", "diz êle", e afins, expressões que cabem melhor fora da parelha de aspas dúplices: " .... ", e acrescenta, " ... ". =msse tipo de interpolação em citação deve, aliás, ser sistemàticamente evitado nas citações realçadas com entradas laterais, quando então a interpolação deve ser localizada em início de linha na margem esquerda regular, passando-se à margem especial da citação logo a seguir. É, até, aconselhável o recurso a tais interpolações episódicas, quando a citação é demasiado longa, a abarcar mais de mancha inteiriça de página, a fim de servir de lembrete visual de que se está em face de citação: Os outros acréscimos em citação podP.m ser, como dissemos, (a) adaptadores ou (b) esclarecedores. 10.2. 4. 4 Os adaptadores consistem em mudar flexões de palavras do trecho citado para que se harmonizem com o contexto em que se integrem, pór exemplo, "é nosso dever o 'conhece [rmo-]-te[-nos] a ti [nós] mesmo[s] ', segundo Sócrates", em que ao "conhece-te a ti mesmo" se fizeram modificações que permitem a individuação do aforismo na sua forma consagrada em por-

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tuguês e na forma conveniente ao contexto. Pelo que se vê do exemplo, essa adaptação, a rigor, se faz por acréscimo ou por
10. 3 .1 Importa, porém, ainda, distinguir, nesses casos todos, três elementos : os dois que estabelecem a conexão de um local com o outro do livro, e aquêle que no segundo local aparece como texto, elemento êste que não aparece sempre. Por exemplo, numa página n pode ocorrer, no texto, um asterisco, que é reiterado admitamos - no rodapé da página, e a êste se segue algum esclarecimento verbal. Temos, destarte, nas remissões quase sempre três elementos distintos: (a) a remissiva, que remete ao local onde vai aparecer o esclarecimento; (b) a comissiva, que estabelece o enlace com a remissiva no local onde aparece o esclarecimento; (c) a nota, apêndice, anexo, ou que outro nome venha a ter, onde se estampa, antecedido .da comissiva, o esclarecimento.

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Via de regra, dos tipos consignados em 10.3 supra, os de letra a, b e f s6 apresentam os dois primeiros elementos, enquanto os de letra c, d e e apresentam os três. 10. 3. 2 Nas obTas de arte literária são epis6dicas ou inexistentes as remissões - e, ipso facto, as notas, genericamente falando. Tais remissões, em obras dêsses gêneros, aparecem quando se trata de sua edição crítica, sobretudo no aparato crítico. Ainda, assim, porém, uma obra de arte literária - romance, novela, contos, poemas - pode comportar notas do pr6prio autor ou, menos raras ainda, notas do tradutor. Nos poemas, onde são mais raras, poderíamos, entretanto, citar exemplos eminentes, principalmente no romantismo; mas fiquemos em dois exemplos ilustres (embora notàvelmente diferentes): o O Uragum, de JosÉ BASÍLIO DA Gnu ( cf. GAMA) e o do Prelúdio e elegia de despedlida, de JOAQUIM CABD<>so (cf. CARD), ainda que neste último caso, possivelmente para não desfigurar o texto, se tenha evitado estampar as remissivas, o que se tornou factível por ser o livro, inconsútil, relativamente pequeno.

uma

10.3.3 Nas obras de ciências - naturais, soCiaiS , assim como nas preceptivas - compêndios didáticos superiores e médios, menos freqüentemente, elementares - o aparato das remissivas, comissivas e notas é, entretanto, mais ou menos rico. Como localizá-las, como ordená-las, como interligá-las, como seqüenciálas - eis alguns dos problemas normativos e normalizáveis suscitados. A preliminar que cabe é observar que os tipos referidos em 10. 3 não são, num livro, exclusivos. Com efeito, um livro pode concomitantemente ter remissões no texto, no pé de página (rodapé), na margem, em fim de capítulo, em fim de livro. 10. 3. 4 As remissões bibliográficas no texto são usadas em obras de aparato bibliográfico, isto é, obras em que se balanceiam as contribuições e pesquisas de vária prMedência em tôrno de um tema particular, geralmente tratado de forma sistemática, orgânica. Neste caso, como certas obras são citadas abundante, reiteradamente no texto, em lugar de repetir-lhe as indicações de referência a cada caso ou a cada caso reportar-se às referências feitas antecedentemente (o que não raro confunde e desorienta, por motivos que oportunamente referimos), em lugar disso costullla-se seguir um dos dois seguintes critérios: a) estabelecer-se, em determinada ordem, no fim do livre (ou colaboração, ou seccionamento, sobretudo em obras de autoria coletiva), a bibliografia tôda que é abonada no texto ; essa biblio-

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grafia é, então, em cada uma das suas unidades, precedida de uma sigla comissiva, sigla que no texto aparece como remissiva, seguida ou não de uma numeração, que pode ser de página, parágrafo ou que outro elemento de estruturação tenha sido usado pela obra louvada; destarte, quando num texto ocorrer, por exemplo,-" (UnCh, 159)" -,o leitor, vendo que tal remissiva não está com contrapartida na margem, nem no roda~, nem no fim do eapítulo, passará a ir, sempre, ao fim do livro, às-" obras consultadas" (ou que outro nome possa estar tendo) e lá ·encontrará, em ordem alfabética, numa primeira coluna, 'UnCh' e, logo a seguir, provàvehnente· (na hipótese que estamos figurando) "University of Chicago, A Manual of Style... Chicago, Illinois, The University of Chicago Press [1942] [remete-se aos parágrafos] '1 e assim saberá qual a obra a que se refere o autor e, mais, que o local da remissiva, "159", não é o de página, mas o número do parágrafo; pode servir de exemplo a obra Do latim ao português, de EDWIN B. WILLIAMS ( cf. WILL), quanto ao uso dêsse critério; b) estabelece-se, em determiJ!ada ordem, no fim do livro (ou colaboração, ou seccionamento), ·a bibliografia tôda que é abonada no texto, sendo cada uma de suas unidades antecedida de um determinado número (em algarismos arábicos ou caracteres romanos) ; as remissivas serão por meio dêsses números, seguidos, quando fôr o caso, de outro, que poderá ser o de página, parágrafo ou que outro tipo de estruturação tiver a obra louvada. 10. 3. 5 As remissões . recíprocas ou reportativas no texto se baseiam no princípio de que as elucidações ou temas particulares ocorrentes num livro são, por economia e eficácia informativas, feitas uma única vez ; se, porém, essas elucidações se faz necessário recordarem-se para a compreensão de um local do mesmo livro, nesse local ocorre uma remissiva que envia ao outro onde se fêz a elucidação desejada; destarte, as remissões reportativas podem, a rigor, não ser recíprocas, pois, com efeito, no mesmo livro: (a) de um local, pode-se remeter a outro anterior ; (b) de um local, pode-se remeter a outro posterior ; (c) entre dois locais, pode 7se reciprocamente remeter um ao outro, sendo, assim, os dois primeiros casos meramente reportativos e o último propriamente recíproco. As remissivas se limitam, via de regra, a indicações do tipo "v. 47 supra", "v. 47 retro", "v. 47 infra", "·y. 47 adiante" e equivalentes. 10.3. 6 As remissões ao rodapé ou às margens supõe o jôgo de um par de elementos de enlace, a remissiva e a comiss1va. A primeira ocorre no textp, a segunda ou à margem (externa sempre) ou ao rodapé, sendo as duas iguais. É junto à com:ssiva

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que se faz o esclarecimento correspondente à nota. Nas condições . da tipografação moderna, as notas marginais ou laterais vão em crescente desuso, em favor das notas de rodapé (salvo em tipografação ~uxuosa ou de sabor classicizante). 1iJsse desuso decorre de dois fatos - primeiro, porque o espaço para as notas laterais é limitado e sua disposição tipográfica é relativamente delicada e complexa, segundo, porque pode haver acavalamento de notas laterais, terceiro, porque as notas laterais, modernamente, quando usadas, são antes para fins indiciadores ou estruturadores, como verdadeiros subtítulos de capítulos, ou subcapítulos, ou seções. Quanto às notas de rodapé, podem-se reconhecer duas tendências genéricas: uma, que delas faz largo uso, uso, inclusive, para· glosar, esclarecimentos, comentários, apêndices, aditamentos ao texto; . outra que, relegando as mais extensas, discursivamente falando, - para fim de capítulo, parte ou livro, se limita a recorrer ao rodapé para indicações sumárias de bibliografia, de remissão reportativa ou recíproca e pouco mais que isso. 10. 3. 7 As :remissões ao fim do capítulo, parte, livro, decorrem, pois, das considerações subjacentes do que vai dito acima. 10. 3. 8 As remissões nos índices, quando ocorrem, supõem necessAriamente um dos ou os dois seguintes fatos: (a) que no índice se acumulam, sob certa rubrica, todos os locais que devem ser cotejados para a compreensão da passagem que é objeto de uma remissiva, funcionando a rubrica do índice como comissiva de nôvo remissiva .de vários locais do livro relacionados com o particular; (b) que no índice ocorrem, .também, definições complementares ao texto. 10.3. 9 Dissemos - repetimos que os diversos tipos de remissão não são, num livro, exclusivos. Com efeito, um texto de enunciação e estruturação complexas pode determinar a existência (a) de um rico aparato bibliográfico, (b) de notas discursivas complementares longas, (c) de apêndices ou anexos documentais, ( d) de indicações remissivas recíprocas abundantes, ( d) de notas críticas reduzidas incidentes e (f) de subtit~lação abundante, que, porém, por elegância, conveniência de realce ou resolução do problema da mancha não convenha entrarem no corpo desta propriamente dito. A solução dêsse complexo parece óbvia: (a') as indicações bibliográficas podem ser feitas, por siglas ou números, no próprio corpo · da m~cha, no texto, entre parênteses, como remissivas para as obras ·consultada![! ordenadas sistemAticamente no fim mas antes dos índices do livro ; (b ') as notas discursivas complementares longas podem também ser objeto . de remissivas

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no texto, entre parênteses, com indicação do tipo "nota 1", "nota 2" ... "nota n", notas cujo texto será estampado antes da bibliografia ou obras consultadas; (c') os apêndices ou anexos documentais ou poderão ser assimilados às notas anteriores e assim terem sua remissiva e comissiva, ou, se freqüentes, ser objeto de uma seção à parte, via de regra posterior às notas do tipo antes considerado ; ( d') as indicações remissivas reportativas ou recíprocas poderão ocorrer, entre parênteses, .n a própria mancha do texto, com indicação de página, parágrafo ou seção ; (e') as notas críticas reduzidas incidentes - porque de regra devem imediatamente ser levadas em conta pelo leitor na .medida em que lê a obra - virão em rodapé, e (f') a subtitulação poderá ocorrer como "notas" marginais - . em verdade não serão "notas", como se vê. 10 . 3 .10 Originalmente glosas, as . remissões foram, aos poucos, nos códices e depois nos incunábulos e assim em muitos livros do século XVI, marginais laterais - às vêzes verdadeiras notas. Com o tempo, passaram a guias marginais do conteúdo do texto, subtítulos, rubricas de índice. Um asterisco, uma abreviação na linha - geralmente superpostos, depois entre parênteses - originava na margem uma repetição do asterisco ou da abreviatura e a seguir a nota. Porque essas notas tendessem, por vêzes, a ser longas e repetidas, aparecem as comissivas no rodapé : a remissiva, tomando como base um, dois, três, quatro, n asteriscos, foi, inicialmente, seguida de um 6belo recurvo, em forma de parêntese de fechar, para baixo: *), **) ***), ****), "). No rodapé ocorria, reversivamente: *' , **) , ***; , **** ' , "' . Dêsse tipo- já. secundário na evolução das remissões modernas, mas primário quanto ao rodapé - , originaram-se diversas maneiras de remeter, algumas das quais são a seguir indicadas : a) porque o número de asteriscos, com o aumento do aparato remissivo, tendia a crescer desmedidamente - figura-se uma décima nota no mesmo rodapé! - , principiou-se a adotar diversos signos remissivos, via de regra existentes nos parques tipográficos para outros fins originalmente, mas já caídos em desuso com tais fins: *), t), § ), *), •), x) . Como, assim mesmo, o número de remissivas podia ser maior que a variedade de signos disponível no parque tipográfico, houve uma fase intermédia conciliatória, representada, por exemplo, pela repetição de cada um signo até · um certo número_, após o qual se passava a um segundo signo até êsse número, assim sucessivamente; b) como o jôgo do óbclo recurvo para baixo (e, no rodapé, (J óbelo recurvo para cima) se confundia com o parêntese de

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fechar, passou-se, complementarmente, a êste: x), +), *), •), o qual tanto servia para a remissiva, no texto, como para a comissiva, no rodapé ; c) como, entretanto, o jôgo de parênteses de abrir e fechar foi compreendido como uma unidade dual que não devia ser desmembrada, passou para a representação da remissiva e da comissiva por meio de (X), (+), ( •) ... ; d) como, de um modo geral, os signos remissivo e comissivo eram sobrelinhados, passou-se, também, à omissão pura e simples do 6belo recurvo, do parêntese de fechar ou dos parênteses:

x,t,=*=,• ....; e) como, por fim, o número de notas crescia, passou-se à numeração, já em caracteres romanos, já, melhor, em algarismos arábicos: 1 'J , 2 'J , a 'J , ~ 'J (talvez êste tipo de representação nunca tenha existido); 1), 2), 1), ~); (1), ( 2), ( 1), (~); 1 , 2, a,"; (1), (2), (3), (n); f) modernamente - salvo nas deliberadas feições gráficas arcaizantes -, é a numeração arábica que tende a prevalecer, sob três formas: (1), ( 2), (•), ("); (1), (2), (3), (n), e 1 , 2 , 1 , ". Escusa dizer que - salvo em casos raríssimos de equívoco pela natureza especial da obra, por exemplo, de matemática - a primeira figuração não tem razão de ser, pois, se se dispõe no parque tipográfico de uma série arábica de corpo menor sobrelinhável, não há por que pôr êsses números entre parênteses, nem mesmo na comissiva, quando o corpo pode, inclusive, ser o normal da tipografação das notas, o qual, comissivo, poderá ser seguido de um mero travessão, de um hífen entre brancos interliterais, ou mesmo de um branco funcional pura e simplesmente. A segunda série é determinada, ostensivamente, pelo fato de que, no parque tipográfico de que se trata, ou só se dispõe de algarismos no mesmo corpo que o da tipografação do texto ou, podendo ser de corpo menor, não podem ser sobrelinhados; é contingência a que se têm de curvar os interessados no livro, mas que se deve evitar na medida do possível, pois seu uso pode criar problemas de notação especial, caso a obra necessite de referências parentéticas freqüentes à cronologia, às referências recíprocas, às remissões bibliográficas numéricas e casos afins ou conexos.

10. 3 .11 As remissivas não numéricas - isto é, com asteriscos, adagas, cruzes, duplas cruzes, duplas adagas. . . - são sempre de rodapé, regra que não pode ser violentada a não ser excepcionalissim.amente. Já as remissivas numéricas podem ser de rodapé de página, de fim de capítulo, de fim de parte, de fim de livro. Em qualquer caso, a numeração pode ser contínua no livro todo

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inteiro, ou parcial, isto é, por página, por capítulo, por parte. Ambos os processos apresentam suas_ vantagens e desvantagens. Do ponto de v:ista do autor - da comodidade do - a numeração parcial é uma garantia de que, se no correr da composição do livro quiser êle incluir nova nota, isso não irá alterar, sensivelmente, a composição já feita: numa página com sete notas numeradas de 1 a 7, se incluída uma nova nota 4, a composição só se alterará com a passagem das primitivas 4, 5, 6, 7 para 5, 6, 7 e 8, respectivamente - o que não chega a ser uma tragédia ... Já em uma numeração por capítulo, as modificações serão, provAvelmente, · em número muito maior e, com mais razão, num livro. É êsse o motivo por que, e:rtemporâneamente, aparecem por vêzes em certos livros notas numéricas seguidas de letra distintiva - por exemplo, 123, 123a, 123b. O processo de numeração parcial das notas, embora mais cômodo para a composição e para o autor, é mais incômodo para a indiciação, pois os locais das notas deverão ser referidos em número de . página e número de nota - o que sobrecarrega o índice e, mais do que isso, só permite a sua leitura a partir da fase da prova de página do livro. Numa numeração contínua das notas, os risl:los de interpolações extemporâneas são maiores, mas as remissivas são mais c{imodas e assim a indiciação. 10.3 .12 Do ponto de vista da localização das notas, há todo um conjunto de pequeninos problemas, de cuja solução tanto de eficaz e de estético no livro depende. Há notas tão estreitamente, tão condicionada e condicionantemente vinculadas ao texto, ao local do texto a que se referem, que colocá-las longe das vistas imediatas do leitor constitui um verdadeiro quebra-cabeças para êste, com virar páginas, procurar o fim do capítulo, ou da parte, ou do livro, e retornar à leitura... Entretanto, como contrapartida, tais notas são, por vêzes, não só numerosas, mas também extensas - o que acarreta, não raro, uma lingüetazinha de texto e todo um imenso rodapé de notas, com desbordamentos para o rodapé da página, quando não das páginas, seguinte isso sem falar de certos livros com notas a notas, e mesmo notas a notas de notas. São êsses aspectos que determinam a existência de notas de · fim de capítulo ou de fim de livro - ou, de outro lado, que determinam a existência concomitante d_!!l.as num livro. No último caso, o autor procura distinguir notas tle nótulas, ge'I'almente por sua extensão: as pequenas podem ficar ao rodapé, as grandes em fim de capítulo, parte ou livro. · Tôdãs elas podem ser objeto de remissivas cujas comissivas apareçam em rodapé, e junto a estas comissivas, em _certos casos, aparecem novas remissi-

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vas, ao fim do capítulo, parte, livro; outras vêzes, porém, no próprio texto as remissivas ao fim de capítulo, parte ou livro, aparecem interparenteticamente. Já a distinção entre notas de fim de capítulo, parte ou livro, parece mais difusa. Pode-se, em princípio, aceitar a distinção de critério e disposição na base da organicidade do livro ou das fases de sua elaboração. Há livros cujas partes se interpenetram dialeticamente tanto, que a sua divisão capitular (ou que outro tipo de .seccionamento tenha) não traduz uma separação essencial; nesse caso se objeto de uma elaboração contínua - deveria ter suas notas, se não no rodapé, no fim da obra. Há outros, ao contrário, cuja distinção capitular (ou que outro tipo de seccionamento tenha) supõe natureza distinta de configuração do problema a outra luz, sob outro ponto de vista, com bibliografia e metodologia como que autônomas ou próprias, caso em que as notas ao fim de capítulo (ou equivalente) se recomendam. Contra êsses dois critérios por assim dizer lógicos, há um, digamos, cronológico: · o livro, embora orgânico, ou embora de capitulação autônoma, foi feito em fases distintas, o livro como que é uma soma de dois ou mais livros: nesse caso, ~ anotação capitular ( Gu do secçionamento que tiver) é a seguida, salvo se in fine o corpo das notas fôr por sua vez dividido em subcorpos correspondentes aos capítulos (ou às unidades do seccionamento). 10. 3 .13 Há, por fim, como já delineamos acima, livros que exigem um combinatório dos processos : notas de pé de página, notas de fim de capítulo, notas de fim de livro, remissões recíprocas, apêndices, glossários. Veja-se um só exemplo, o de Os lusíada~, na edição de EPIFÂNIO DIAs (cf. CANA), em que há, em cada página, dois corpos de notas - as críticas de variantes do t~xto, e as de elucidação e interpretação do texto além de, nas últimas, remissões recíprocas e remissões ao fim do livro, onde aparece, em ordem alfabética, um corpo de notas de questões gerais, além de partes outras. 10.3.14 Seria, assim, o caso de tentar propor critérios para a normalização das citações: 1.0 ) qualquer citação deve ser objeto de realce material; 2. 0 ) não é mister distinguir, no realce, as citações em português das em línguas estrangeiras, se em caracteres latinos, nem sendo necessário, mas em línguas estrangeiras, diferenciar as traduzidas, das transcritas no original, nem as diretas, das indiretas, nem as transliteradas;

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3. 0 ) as citações em caracteres não latinos dispensam o aspeamento, se êste fôsse o realce material cabível; 4. 0 ) qualquer citação deve ser objeto Ide referência, consistente já num jôgo de remissiv~comissiva, já numa referenciação interparentética em seguida à citação ; 5. 0 ) qualquer citação - · salvo as em caracteres não latinos - deve ser realçada materialmente por uma parelha de aspas dúplices, de abrir e de fechar, se, em prosa, não ultrapassar de uma linha inteiriça e duas seções de linha (uma seção de linha antes da linha inteiriça, uma seção de linha d~pois da linha inteiriça); 6.0 ) qualquer citação que ultrapassar de duas linhas inteiriças deve ser materialmente realçada pelo jôgo dos brancos, abandonando-se as aspas, jôgo de branco uniforme para tôdas as citações dêsse tipo: a) branco interlinear especial inicial maior, igual no final~ b) branco marginal à esquerda ; 7. 0 ) quando a citação do tipo anterior superar a altura de uma mancha de página :- uma, que chamaremos, extratação - , poderá ser objeto, preferencialmente, de realce material consistente em: a) jôgo de branco interlinear especial inicial maior, igual no fim:J,l; b) mudança de corpo para menor (geralmente dois pontos tipográficos) ; 8.0 ) quaisquer citações do tipo 6. 0 e 7. 0 , supra, poderão ser objeto de realce material de corpo para menos, com as características adjut6rias lá apontadas; 9. 0 ) quaisquer citações de versos, quando importar tão-sOmente o lado mentado, ideológico, significativo, dêsses· versos, poderão ser feitas nas condições de 5.0 supra., devendo, entretanto, os versos ser separados por uma barra oblíqua; 10.0 ) se, porém, os versos citados ultrap11ssarem de uma linha inteiriça mais duas seções de linha, deverão ser objeto, na citação, do tratamento referido em 6.0 supra, sendo que, necessàriamente, os brancos marginais da direita deverão aparecer, embora assimétricos, como é de esperar ; 11.0 ) no caso anterior, mais do que nunca, impor-se-á, eventualmente, a redução de corpo (mesmo de mais de dois pontos), se, previsto determinado branco marginal esquerdo, os versos tenderem, por sua extensão, à ruptura tipográfica freqüente;

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12.0 ) as autocitações operacionais - isto é, as referênciàs que o ·autor faz a si mesmo em forma de citação de si mesmo na obra mesma - deverão vir entre aspas dúplices ou simples de abrir e fechar, ou com os outros recursos de realce acima referidos, segundo fôr a extensão da autocitação; se a autocitação fôr, porém, de obras outras do mesmo autor, já édita, terá o tratamento de mera obra alheia; 13.0 ) as citações ( originaltilente entre aspas dúplices) que incidirem dentro de citação que, segundo as normas acima apontadas, merecer aspas dúplices de abrir e de fechar, tais subcitações passarão a ser realçadas por aspas simples de abrir e de fechar; 14.0 ) as citações em citações, subcitações, que, entretanto, ocorrerem quando haja realce material pelo jôgo de brancos ejou de corpos manterão as aspas dúplices de abrir e de fechar; 15.0 ) destarte, as citações em citações de citação (subsubcitações) serão entre aspas dúplices de abrir no seu início e antes de cada uma das linhas tipográficas que lhe corre.,ponderem, terminadas por aspas dúplices de fechar. 16.0 ) se, porém, a ·citação, em citação caracterizada pOT jôgo de brancos ejou de corpos, fôr de mais de duas linhas inteiriças, poderá · ser realçada materialmente pelas aspas dúplices de abrir no início de uma das linhas tipográficas que lhe correspon- · derem. 10.3.15 Nas citações de versos ou prosa, sobretudo dos primeiros, feitas com jôgo de brancos e,lou corpos, é delicado problema estético gráfico a localização da remissiva de referência, ou mesmo da referenciação interparentética. É que, com , efeito. nos versos, a elegância da .disposição gráfica pode ser quebrada pela remissiva final, e na prosa e no verso deverá vir, eventualmente, no corpo espec~al de citação ou extratação. Por êsse motivo, em tais casos, isto é, quando a citação (ou extratação) é realçada materialmente pelo jôgo de brancos ejou de corpos, sua remissiva ou referenciação interparentéticas pode vir ·antes dos dois pontos ou no fim da linha suspensa antes da citação; isto, porém, não é de conveniência, se a remissiva fôr meramente um asterisco ou um número sobrelinhados no fim da ,citação ou ex· tratação.



CAPÍTULO

XI

SECCIONAMENTO E INDEXAÇÃO 11.

SECCIONAMENTO Ao aproximar-nos do fim dêstes elementos de bibliologia, terá notado o leitor que a palavra foi tomada no sentido restrito de técnicas e conhecimentos confinados ao livro como objeto de processão material e sistemática, do ponto de vista do autor, ou editor-de-texto. ~sse ponto de vista, por conseguinte, é apenas um elo - talvez o inicial - de uma cadeia em -que, havendo um fio condutor privilegiado que se chama leitor, supõe como elos seguintes o editor-publicador, o livreiro, o bibliotecário, o documentalista, com os aspectos correspondentes de editoração, comercialização, propaganda, circulação, guarda, classificação, inde· xação, documentação. Se alguns dêsses aspectos foram tratados nas páginas anteriores, não o foram senão incidentemente. Porque - embora a bibliologia possa compreender-se como equivalente de documentação ou documentalística, em que os problemas gerais do livro ocupam posição de relêvo ou nodal mas não exclusiva - aqui foi bibliologia toruada como noção restrita àqueles aspectos do livro e tão-somente livro tais como considerados nas páginas anteriores. Restam-nos, destarte, duas questões para coroar nossa excursão - a do seccionamento e a da indiciação ou indexação. 11.1 HISTÓRICO Caberia aqui dar a palavra a PAUL ÜTLET (OTLE, pp. 115-116) : Os antigos não conheciam a divisão de uma obra em vários livros, de um poema em vários cantos de extensão mais ou menos igual. A llíada e a Odisséia compreendiam de fato um certo número de rapsódias, que se podiam recitar separadamente, mas essas rapsódias não correspondiam de modo nenhum a cantos distintos, e sabemos por um escoliasta que elas eram escritas em continuado sem outra marca de separação que o sinal ·chamado eoronis.

13H

ANTÔNIO HOUAISS Nem HERÓDOTO nem TucÍDIDES dividiram suas histórias em livros. Do mesmo modo XENOFONTE, PLATÃO, TEOFRASTO, numa palavra, todos os autores que precederam a era de ALEXANDRE. Foi a partir dêsse momento somente que, tendo sido fundadas escolas de gramática e de crítica anexas à Biblioteca de Alexandria, estas experimentaram dificuldades em localizar uma passagem ou verificar uma citação. Dividiu-se então cada um dos poemas de HoMERO em vinte-e-quatro cantos destinados a serem escritos sôbre igual número de rolos pequenos e designados pela série de letras do alfabeto grego. HERÓDOTO foi dividido em nove partes, que tomaram o nome das nove musas. O mesmo princípio foi aplicado em seguida a outras obras. A partir dos primeiros PTOLOMEUS, todos os escritores seccionaram suas próprias obras de grande fôlego em livros de longura uniforme.

11.1.1 Divisão do texto - Consideradas que foram as partes preliminares ou pré-textuais, o texto propriamente dito é objeto de divisão ou seccionamento. O seccionamento é função de um ou de mais de um dos seguintes, pelo menos, condicionantes : (a) a autoria, (b) a extensão do tratamento da matéria, e (c) a natureza do assunto. 11.1.1.1 A autoria _:_ se coletiva, se individual - condiciona, está claro, o seccionamento. De um lado, a autoria coletiva supõe, de regra, que o assunto é outro qualquer que não o de criação estético-literária, artística stricto sensu, embora haja caso de romances, novelas, contos, dramas, comédias, tragédias, cantos, & duas ou mais mãos (quer dizer, cabeças). ]'Jsses casos são, por definição, episódios ou exceções singularíssimos. E mesmo que HoMERO seja uma cifra multitudinária, e o passado remoto possa supor-se melhor, na sua herança presente, antes como produto social que individual singular, nas condições presentes da humanidade, quando a vivemos. no seu presente histórico microscô' picamente, o que vemos é a pessoa do autor, em quase tudo quanto se refira às obras literárias de· criação artística - ficção ou poesia, admitida esta dicotomia moderna possivelmente arbitrária e infundada. 11.1.1. 2 Com efeito, a divisão ou seccionamento de obras literárias, ainda que revel!lndo grande diversidade, revela uma diversidade relativamente limitada. Na prosa de ficção o que vemos

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é o desdobramento do plano - ou o plano desdobrado - quase sempre em subunidades mais ou menos longas, entre si mais ou menos equilibradas quantitativamente, desde, no passado, as que não tinham originalmente seccionamento nenhum a partir do incipit até o finis coronat opus, possando pelas divisões em livros· ou capitulares em que cada parte era precedida de uma como E:menta - "De como ... ", "Que trata ... ", "Onde se conta ... ", tal o caso, por exemplo, entre muitos e muitos milhares, do Don Quijote de la Mancha, de CERVANTES, com suas duas partes de 1605 e 1615 (cf. CERV) - ementa que resumia os sucessos da subunidade, até divisões mais numerosas, tituladas ou não tituladas, como nos romances de MACHADO DE Assis, passando por processos algo "simbólicos", como o de Ulysses, de JAMES JoYCE, essencialmente divididó em três partes, cada uma, entretanto, com um número de "episódios" (ao .todo são dezoito), submetidos os episódios a títulos homéricos:· :)~tentes inspirados no texto da Odisséia, cada episódio com 'fi:iação implícita de cena, hora de ação, órgão do corpo, arte ou ciência, côr, símbolo e técnica literária ou equivalente proprios ( cf. JOYD e GILB, 30), até um GuiMARÃES RosA, com os Grandes sertões: veredas (cf. ROSA), imenso capítulo único sem divisão ostensiva, mas com um complexo de episódios ou momentos ou situações ou cenas ou que nomes se lhes quiser dar. 11.1.1. 3 Na poesia a situação é comparável. Desconsiderados os casos mais antigos de subdivisões post factum como produto da erudição dos comentadores, há critérios informativos autorais os mais variados, desde o ternário e trinitário na dita Divina comédia com terza-rima e seu número místico, mágico ou caba: lístico três a condicionar o seccionamento, a principiar por seu "inferno-purgatório-paraíso" ( cf. DANT), até livros de poemas como unidades autônomas, de rondós, ou de silvas, ou de sonetos, ou de trovas, ou de baladas, ou misturados em suas formas fixas, ou sem formas fixas, ou divididos em porções iso-rítmicas, ou em porções hetero-rítmicas, de cantos livres. 11.1. 1.4 Mas a autoria coletiva - excluída a ficção e/ou a poesia - é em geral elemento que exige um plano prévio, por sua natureza sistemático ou pelo menos para-sistemático, seja, de subunidades que se contra-regram e se integram mais ou menos visceralmente na unidade da . obra, mesmo quando os dois, três, n co-autores sejam co-solidários de cada uma e tôdas as ·subunidades (admitida a redação preliminar de um e revisão por todos os outros; admifda a discussão preliminar por todos e o relatório

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por um, para posterior revisão por todos; admitidos os combinatÓrios e variantes dêsses processos). Exemplos de autorias coletivas multitudinárias são as enciclopédias em geral - quer as alfabéticas, em cujo primeiro volume aparece de regra uma "lista dos colaboradores" seguida de uma sigla ou abreviação identificador& que se repete ao pé dos verbêtes, quer as sistemáticas ou temáticas, cujas partes são ou não ostensivamente assinadas pelos colaboradores, mediante uma "fôlha" ou "lista· de autorias" ou de "colaboradores", no início ou no fim dos volumes. Entre outras obras que não enciclopédias, mas de autoria coletiva, t!vemos faz pouco entre nós A literatura no Brasil, sob a direção de AFRÂNIO CouTINHO ( cf. OOUR), em que colaboraram ·cêrca de cinqüenta ensaístas patrícios. De um modo geral, aliás, niundc; moderno, as enciclopédias, os dicionários extensos, os levantamentos ou tombamentos metódicos gerais, são de autoria coletiva, ainda que publicadas sob uma direção individual; ou colegiada de duas ou mais pessoas - direção .a que incumbe, de, regra, o planejamento prévio da obra, vale dizer, o seccionamento prospectivo da mesma, ainda que êsse seccionamento prospectivo venha a sofrer modificações no curso da execução.

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11.1. 2 Seccionamento físico - A extensão da obra cria uin problema de seccionamento, quando não orgânico, pelo menos físico. E isso se sente mais e mais na medida em que o livro fisicamente unitário vem tendendo, de catedrais imensas sedentárias como as houve e~ bibliotecas monacais do passado, à portatibilidade ideal de bôlso do mundo presente, passando pelos anões, liliput!anos ou microscópicos, de eficiência limitada por causa de suas voluntárias atrofias. Essa divisão ou seccionamento físico é a regra em obras extensas cuja sistemática é puramente alfabética (por verbêtes) ou puramente classificatória nas ciências naturais, em função de sua terminologia sistemática. Os dicionários, de um modo geral, e as floras também, são em geral partidos em dois, três, quatro, n volumes, cada um dos quais pode principiar onde quer que seja (respeitada a unidade mínima de integração, o verbête), do mesmo modo as enciclopédias de estruturação alfabética. A única divisão de uma obra integrada assim o é por critério puramente quantitativo, isto é, E>m vnlumes. Existe a alternativa, mas exclusivamente editorial, da publicação em fascículos, recurso pelo qual o problema do financiamento da publicação pode ser superado, fascículos que por natureza não são destinados a terem vida autônoma, mas a serem reunidos em unidades maiores de encadernação em tomos (se fôr o caso) ou volumes.

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11.1. 3 Seccionamento oryânico - Do ponto de vista da natureza da mensagem, do assunto, é que há o seccionamento orgânico. Excluindo a organicidade obtida pela divisão da matéria em unidades seriadas alfabeticamente ou numericamente (quando passível de uma classificação interna de base numérica, qualquer) õÜ classificatõriamente (ciências físicas e naturais) - todos os .,demais seccionamentos derivam ·de um plano lógico-sistemático ··~ hoc, função do nível de aprofundamento, de extensão do tratantéi'lto e do~ :tipos de co!aboração, ademai.s de problemas oriundos do modo de · apresentaçã;o do material - quadros, tabelas, esquemas, gráfic()s, d!agramàs,. ilustrações, bem como documentos, anexos, adendos, e relações," tábuas, índices e afins - . 11.1.3.1 · ·No seccionamento orgânico há norrr.as ou praxes tradicionais, r~tione materiae, tal o caso de obras jurídicas, sobretudo legislativas, quando a sistemática abstrata presume a observância de certos componentes sistemáticos, quase sempre num plano particularizador - parte, livro, capítulo, seção, artigo, parágrafo, inciso, alínea, número -, inclusive na sua apresentação tipográfica, componentes que, entretanto, :não são universalmente seguidos, variando segundo a tradição jurídica e segundo a legislação ejou o direito nacionais. Nesses casos, ademais da sistemática abstrata existe o problema concreto da titulação - que compreende a formulação de ementa(s), rubricas intitulativas, ·subtitulativas, seccionais, por vêzes articulares. 11.1. 3. 2 A realidade é que, excluída a disposição tipográfica e as remissivas numerais típicas da organicidade jurídica, quase todos os outros seccionamentos orgânicos guardam estreita vinculação com essa sistemática abstrata. É que, no caso, não são estas que derivam da jurídica, senão que esta e aquelas de uma fonte comum, que é a sistemática seccional que se desenvol'·eu nó Oc!dente a partir dos alexandrinos, numa lenta construção de um ideário comum. Destarte, retornamos sempre ao escalonamento em (a) tomos, (b) partes, (c) livros, (d) capítulos, (e) seções (podendo b e c ocorrer em ordem inversa, isto é, c e d.epois b). A partir daí, o seccionamento continua como modalidade interna da pontuação: (f) parágrafos, (g) subparágrafos ou sentenças ou orações ou frases, (h) números (ordinais ejou cardinais) e (i) letras ou alíneas (latinas ejou gregas) (podendo ocorrer a ordem inversa dos últimos, isto é, i e depois h). Não sem razão PAUL ÜTLET associa com o seccionamento a pontuação ( OTLE, p. 115) :

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O tratamento lógico de um assunto segundo um ciclo de divisões e subdivisões nltidamente acusadas num texto é um progresso no livro científico e didático. Corresponde a um desenvolvimentó da pontuação em dois sentidos: 1.0 ) é uma pontuação de um grau mais elevado que o simples ponto (.); 2.0 ) é uma pontuação elevada à divisão lógica da idéia e não das sós frases da língua que as exprime. 11.1. 3. 3 Seguida num livro certa sistemática abstrata - que necessàriamente não presume tôdas as subdivisões antes apontadas, antes pelo contrário - , segue-se a técnica da titulação e subtitulação, assaz importante porque, no fundo, constitui um encaminhamento lógico e ideológico para situar o leitor na substância presumível da matéria nesse local versada - e, quando · não consegue isso a priori, faz-se uma indicação de situação a posteriori para quem já tenha uma vez lido ou compulsado a obra. 11.1. 3 . 4 Os planos sistemáticos tendem, via de regra, a. se organizar segundo impulso lógico conseqüente: (a) ou partem ào mais geral para o mais particular, através da subdivisão do todo em um número determinado de subunidades, cada uma das quais segue, por sua vez, internamente, a mesma direção do mais geral ao mais particular - ou inversamente, do mais particular ao mais geral subunitário - ; (b) ou partem do mais particular ao mais geral, com uma disposição teoricamente inversa da apontada em primeiro lugar ; (c) ou se define, de início, por um tronco, cujos galhos principais são sucessivamente tratados como subunidaaes; ( d) ou apresentam uma seqüência de partes que é estritamente cronológica, sendo cada subunidade objeto de uma subdivisão também cronológica ou, compensatoriamente, temática - podendo a cronologia ser do passado para o presente, ou inversamente ; (e) ou tendem para um desdobramento como que organicista, numa como que planificação de fecunjlação a ser adulto; (f) ou tendem para um ponto de concentração final, através de subunidades irradiadas, num movimento de periferia para o centro ; ( g) ou procuram realizar uma conjugação analítico-sintética sincrônico-diacrônica de estruturas estáticas e suas fôrças internas a lhe i1pporem um movimento dinâmico de autogênese e autodinâmica. Quaisquer que sejam os planos, seu tratamento apresenta certa tendência à simetria de organização nas aubunidades, sobretudo quando estas são temàticamente afins. Exatamente porque a Classificação Decimal Universal (cf. CLAS) pro-

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cura oferecer uma sistemática classificatória exaustiva para fins documentais, sua consulta tem sido freqüente para a planificaç:ão· sistemática de muitos livros aparecidos após ela, razão por que sua consulta continua a oferecer quase sempre vantagens, se mais não fôr como motivação e sugestão. 11.2 INDEXAÇÃO Já entre os gregos se fazia sentir, peloI sécnlo a. C., a necessidade de repertórios, sílabos, tábuas, digestos, elencos, súmulas, analíticas ou sintéticas, das matérias versadas. pelos antepassados. Os alexandrinos desenvolveram essa tendência, pois sua necessidade era óbvia, na medida em que os retores. aumentavam sua influência escolarizante. 11.2.1 Numeração - A preliminar para êsse trabalho essencialmente remissivo, locativo, situativo - uma vez identificada a "unidade" indexável - era criar um método referencial. :msse método, como vimos acima, foi na Antiguidade a divisão da matéria em partes, intituladas ou não, do que nasceu a sistemática abstrata em tomos, partes, livros, capítulos, seções etc. A remissão à obra de um autor passava a fazer-se não apenas a ela como um todo, mas às suas partes. A numeração dos fólios, ou, depois, das fôlhas impressas, iria ser uma conquista a mais. Volvamos a PAUL ÜTLET no respeito (OTLE, p. 117): A numeração é de criação relativamente recente. Não foi senão no século XVI, na edição de Du MouLIN (Lião,. 1554) e de LE CONTE (Paris, 1556), que se começou a. dar números aos diferentes capítulos ou cânones das distinções e das cláusulas das obras de GRACIANO. Durante· tôda a Idade Média e muitas vêzes ainda nos tempos. modernos, citou-se pela primeira palavra do rânon. Foi tardiamente também que se numeraram os ver-· sícnlos da Bíblia. Por uso, os capítulos dos diversos. livros que a compõem são indicados convencionalmente por algarismos romanos e os versículos por algarismos. arábicos, exemplo: lrlat. V, 1-8, isto é, Evangelho segundo Mateus, capítulo V, versículos 1 a 8. 11. 2 .1.1 Impõe-se a distinção de numeração e numeração. Há a numeração por página - a que a grande maioria dos livros modernos se subordina quase exclusivamente. E há numeração outra, que se integra, uma vez adotada, fixamente às partes da obra.

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11.2 .1. 2 O primeiro tipo de numeração, por pagma (que se sucede, qual vimos antes, à numeração por mero fólio ou fôlha) é uma conquista indubitável, tanto para a tipografia quanto, mais ainda, para a bibliografia, a documentalística e sobretudo para os trabalhos de indexação. Mas já nesta altura do desenvolvimento humano está ela revelando-se insuficiente. É que a numeração por página subordina todo o esfôrço de indexaç_ão a uma edição da obra. Numa edição subseqüente - quando quase fatalmente a paginação será outra, com numeração outra, salvo os raros casos de fac-similação - os índices, penosamente elaborados, ficarão pràticamente caducos, impondo-se sua remanipulação, tão trabalhosa quase como seu levantamento original. Quando se pensa numa indexação "nacional" de valor permanente, de modo que haja um registro não apenas de obras, mas de matéria de obras, de unidades informativas, bits, de obras, essa deficiência ó gritante, porque se estará continuamente obrigado não apenas a indexar as novas obras, mas também as reeditadas. Essa a razão por que nos livros em que a matéria indiciável é importante, por serem antes de consulta que de leitura corrida, antes de consulta ad hoc que de folheio ocasional, é de extrema importância que sejam êles integrados, ademais da numeração por página (relegada à sua função e tradição tipográfica), por uma numeração orgânica, . cujo objetivo seja bem êste: um número orgânico se associará a uma parte orgânica relativamente pequena da obra e a ela se fixará, quaisquer que sejam as edições da obra. 1l:sse objetivo poderia, teoricamente, ser ~~;mpl!ado, de modo que, em edições subseqüentes, se houver inclusão de nova matéria, esta venha a poder-se fazer acompRnhada de sua respectiva numera· ção, sem que os acréscimos obriguem a que a primitiva numeração seja alterada, senão em pormenores relativamente pequenos, se necessários. 11.2 .1.3 De longa data, aliás, em obras especiais, êsse objetivo já foi atingido, tal o caso da Bíblia, do Corão - sem falar nas jurídicas e legislativas. Igual processo se vem erguendo, a pouco e pouco, com as chamadas edições críticas (e as não críticas, calca~as sôbre as críticas) dos autores clássicos, gregos e latinos, e mmtos autores medievais. Com relação a êstes, o sistema ge-ralmente seguido é o da numeração paragráfica na sucessão dos números inteiros naturais, adotando-se, para os textos em versos, o sistema remissivo a quaisquer númer.os inteiros naturais - cada um, cada verso -, mas imprimindo-se, no texto, para não sobrecarregá-lo, certos números apenas, em geral os terminados em O e 5 (vale dizer, numerando-se, tipogràficamente, de cinco em cinco

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- o que faculta a remissão para números outros terminados (}iferentemente, pois o esfôrço de contagem será sempre igual a quatro ou menos - o que não chega a ser perda de tempo). 11. 2..1. 4 São várias as maneiras de numerar orgânicamente partes pequenas de uma obra. Modernamente, duas sóbrelevam, a que adota para cada parágrafo sucessivo um número inteiro da série natural, recorrendo-se para as partes dos parágrafos, se necessário, a números romanos, ou letras, ~ a que adota a chamada numeração progressiva, de que é exemplo êste livro mesmo (embora com pequenas heterodoxias), numeração progressiva preconizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, cujas recomendações, em forma de normas ( cf. ASSO), no que se refere à documentalística pelo menos, devem estar presentes a todos numeração que, também, já está pràticamente integrada na metodologia do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação. O sistema adotado pela Comissão Machado de Assis, tal como reportamos neste livro, é uma combinação da numeração progressiva, nas partes que não são da autoria de MACHADO DE Assxs, e da numeração paragráfica (ou dos versos) por números inteiros naturais, nas partes do autor. 11.2.2 Averbação - O levantamento do material que deve constar de uma indexação - de índices, de um modo geral tem sua técnica consabida: nas condições manuais (os grandes índices já têm grande parte da operação, ap6s a seleção "mental" humana, automatizada), podem ser feitos individual ou coletivamente. A preliminar é saber - convencionalmente - o que se quer indiciar: onomásticos (geralmente subdivididos em três grupos principais - antropônimos, topônimos e intitulativos), bibliônimos, temas. Se por um s6 indivíduo o levantamento, êste - de l 1. 2. 2 . 1 posse da preliminar - limita-se a uma leitura met6dica e progressiva da obra (já em fase de provas definitivas de paginação numerada, se a localização dos elementos indexados se fizer pela remissiva de número · de página ; já nos originais, ou c6pias dêstes, se a obra tiver numeração orgânica), fazendo uma rápida ficha, geralmente manuscrita, consistente na averbação da entrada no índice e do número remissivo. É de bom conselho - de quem, como êste vosso criado, já fêz vários e trabalhosos índices em tempo rápido· (cf., por exemplo, os índices de FRAN, MELL, MELM, e as considerações expendidas em HOOY, inclusive as obras aí referidas) - é de bom conselho que o indiciador evite incluir

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num fichário alfabeticamente cada ficha que levantar, procedendo, a cada ocorrência, à verificação de se já existe ou não no fichário cada ocorrência que fôr verificando na leitura. Ao contrário, a boa prática e o bom rendimento presumem que o indiciador tenha à sua disposição um número grande de fichas de papel barato, servindo cada uma para cada ocorrência singular, tenha ou não já havido ocorrência de igual entrada. Ao cabo do levantamento, sua operação consistirá em fazer grupos de fichas, separando as iniciadas por cada uma das letras do alfabeto. Cada um dêsses vinte e tantos grupos, por sua vez, será objeto de nova separação em subgrupos (no primeiro grupo, de a, em subgrupos de aa, ab, ac ... az; no segundo grupo, de b, em subgrupos de ba, be, bi, bl, bo, br ... etc.) ; cada um dêsses subgrupos, dum volume ou obra de porte de duas mil páginas, poderá então ser ordenado em sua ordem alfabética final num fichário. Nesse fichário, assim alfabetado, ocorrerão por vêzes várias fichas com uma só entrada (por exemplo, "fígado", ou "televisão", ou "pronome pessoal"; se o nível de discriminação tiver sido mais rico, poderão ocorrer entradas do tipo "fígado, doenças do", "fígado, alimentos de", "fígado, nos animais" etc.), caso em que a prática aconselha a destruição de tôdas as fichas afins menos uma, na qual, na seqüência numérica da obra, serão apostos todos os números levantadcs. O levantamento, chegado a êsse têrmo, deverá ser objeto da dactilografação, que se fará segundo pauta previamente estabelecida ou à vista da riqueza e variedade do levantamento. 11.2. 2. 2 Em obras maiores, a tarefa poderá ser dividida entre dois ou mais indivíduos, que, se possível, deverão trabalhar em grupo convergindo suas fichas para um mesmo ponto, procedendo-se à alfabetação no fichário a cada quantidade estimada prudencial, para que não haja riscos de atravancamentos finais excessivos. A operação, em última análise, não difere do indiciamento por um só indivíduo. 11.2. 2. 3 As técnicas especificamente da bibliografia e da biblioteconomia - neste caso para a organização dos catálogos já dispõem de princípios gerais norteadores das entradas dos índices (veja-se, em primeiro nível, a ainda atual divulgação de L.-N. MALC:Lts, grande autoridade na matéria com sua obrinha de divulgação La bibliographie, preciosa, dentre outras coisas, pela farta e criteriosa bibliografia que encerra, cf. MALO) ( cf., também, BIDA; JACQ):

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a) com relação ao material temático geral - isto é, exclUr sive os onomásticos, bibliônimos e intitulativos - é boa diretriz que a entrada se inicie pela noção principal e mais estrita p.o r exemplo, é de supor preferível "fígado, doenças do" do que "doenças do fígado", a presumir que, no tratamento da matéria versada na obra em causa, haja maior número de ocorrênc:as sob "doenças" do que sob "fígado". Como se vê, subjaz a êsse princípio não tanto um rigor classificatório rígido de idéias, senão que um outro fato - de ordem prática. Uma entrada, qualquer, seguida de um número muito grande de números remissivos é. desanimadora para o consulente, que se desencoraja de ir a tantos locais remetidos sem a certeza de encontrar o que espera. Em tal hipótese de um excesso de números remissivos relacionados com uma só entrada, sobrevêm então dois recursos: um primeiro, mais simples, consiste em realçar o ou os números remissivos (geralmente por negrito) sob os quais se concentra na obra a rnaior soma de informação quanto à entrada; um segundo, mais eficaz, consiste em desdobrar essa entrada em tantas subentradas quantas forem suficientes para esclarecer a natureza das remissivas, desatravancando-as do excesso de números remissivos; por exemplo, se sob a entrada "adjetivo' aparecerem trinta números remissivos, será de bom alvitre, em ordem alfabética, inscrever, primeiro, "adjetivo", seguido ou não dos números remissivos residuais, e logo a seguir " - absoluto" " - articular", " - determinativo", " - numeral", " - qualificativo", " - relativo" (se tal fôr a nomenclatura dos mesmos na obra), cada um dos quais terá uma cota-parte dos primitivos trinta números remissivos da entrada única inicial; b) com relação aos onomásticos, o problema da averbação não existe quanto aos intitulativos, que via de regra são averbados 11a forma da ocorrência real - por exemplo, "Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo", "Casas Pernambucanas" (admitindose, mas não necessàriamente, a exceção para eom os artigos, por exemplo, "A Capital" ou "Capital, A") ; quanto aos topônimos. tampouco, podendo-se, nos raríssimos casos em que sejam antecedidos de artigo, dar a posposição dêste "na entrada;· os antropônimos, entretanto, suscitam uma série de problemas específicos, a. !eguir considerados muito por alto, à parte. 11.2. 2. 4 A averbação dos antropônimos sofre duas situações· complicadoras: uma, cronológica; outra, "naeional": a) do ponto de vista cronológico, há: verd·adeiros antropônimos que, até a Idade :Média, ainda que compostos de d:>is ou mais yocábulos, obrigam - por consenso e:rtranacional - à en-

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trada pelo primeiro elemento antroponímico ou pelo mais conhecido na tradição; assim, "Dante Alighieri" (com a alternativa de poder averbar "Alighieri, Dante, v. Dante"), os nomes papais ("Pio I, Pio V, Pio XII, João III, João VIII, João XXIII"), certos antropônimos consistentes de um real prenome seguido de um designativo de origem locativa ou toponímica, por exemplo, "Chrétien de Troyes", "Antonello da Messina", "Apolodoro de Damasco", "Apolônio de Rodes"; há-os, na Antiguidade, que co;ncidem formalmente com a prática moderna: "Cícero, M [arco] T [úlio] ", "César, C [aio] .J [ úlio] "; há, paralelamente, os problemas relacionados com os títulos nobiliárquicos, que em geral seguem, para reis (ou equivalentes, monarcas), a forma papal, e para os demais nobiliarcas a posposição do título : "Henrique V", "Borgonha, conde Henrique de"; b) do ponto de vista "nacional", há a questão de se saber se a averbação deve consistir, em princípio, na inscrição inicialmente do apelido, isto é, nome de família, sobrenome, seguido de vírgula e o prenome mais os outros (se os houver) elementos antroponímicos. Adotado que seja êsse critério, que tende a ser universal, o problema consiste, então, em saber em certos nomes estrangeiros qual o sobrenome, quando se tem em conta que entre chineses e húngaros, para citar a êsses povos apenas como exemplo, normalmente o sobrenome é que vem anteposto. Mais fáceis são os casos dos povos de língua inglêsa, francesa, italiana, portuguêsa, russa, eslavas em geral, cuja prática se assemelha à moderna brasileira. Mas, para ater-nos, apenas, ao português, a questão ainda não se dirime em definitivo quando se atenta para os sobrenomes compostos, tal o caso de JoAQUIM MARIA MAcHADO DE Assis, em que o sobrenome é "Machado de Assis". Multiplicando-se, acaso, exemplos semelhantes num índice, cria-se quase um problema de genealogia, com saber, em português, onde abundam os sobrenomes com dois, três e mais vocábulos, qual ou quais constituem o sobrenome propriamente dito. Daí a tendência para a averbação mecânica em português com o último sobrenome ( vocabularmente considerado), com averbação, se a tanto o indiciador se julgar levado, de uma alternativa, a saber, "Assis, Joaquim Maria Machado de" (seguido dos números remissivos) e, noutro local alfab'ético, "Machado de Assis v. Assis". 11. 2 . 2. 5 Os bibliônimos, quando indiciados, seguem a ten· dência dos intitulativos outros, ver 11.2. 2 . 3 b. 11.2. 2 . 6 A matéria é apenas aflorada aqui, sendo objeto de normas biblioteconômicas e bibliográficas. A consulta da nrática

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seguida por obras idôneas é de grande utilidade para o autor ou editor-de-texto na elaboração do seu índice ( cf., por exemplo, WEBS).

11.2.3 lndices - Uma obra pode conter um só índice ~ índice geral - ou vários. Como preliminar, atenhamo-nos a duas distinções modernamente tendentes a prevalecer: (a) a criação neológica de "indexar/indexaçãojindexadorjindexamento" e potencialmente "desindexar. . . reindexar. . . subindexar ... ", contra os vocábulos tradicionais com o radical erudito de "indiciar/indi. ciação/indiciador/indiciamento//indicar /indicação/indicador /indi· camento", para evitar quaisquer equívocos semânticos; (b) em segundo lugar, o confinamento do vocábulo "índicejíndex", em documentalística, ao material de entradas remissivo-locl}tivas dis. postas alfabeticamente. Todo outro tipo de remissão-localização que não fôr ordenado alfabeticamente - mas, por conseguinte, sistemático-temàticamente - merecerá outro nome, de preferência, em português (inclusive por sua tradição) tábua. Os índices, . quando não gerais, são nos livros mais correntes dos seguintes tipos: índice temático (das matérias, dos assuntos, dos temas etc.) ; índice antroponímico ; índice toponímico ; índice de intitulativos ; índice biblionímico, dos livros (que não deve ser confundido com "obras citadas", "obras consultadas" e/ou "bibliografia"), e índice especial (do tema por excelência da obra, tema de que ocorra farta exemplificação específica na mesma obra, por exemplo, um estudo de ornitologia em que, a par das referências científicas às aves de uma área, região ou país, ocorram os nomes populares que, na extensão física considerada, são empregados; por exemplo, um estudo dos logradouros de uma cidade, com os nomes sucessivos que alguns tiveram; em casos tais, o "índice especial" poderá ter intitrilação explícita, "índice· das aves", "índice dos logradouros" - nas hipóteses vertentes). A multiplicidade de índices, em princípio, é um mal, 11. 2. 3 .1 porque supõe vários tipos de consulta. Seu desglosamento num livro deve ser determinado por motivos tais que compensem o esfôrço da consulta múltipla, não se justificando de outro modo. De outro modo, é conveniente sempre recorrer ao "índice geral". Nesse caso, deve ser adotada uma convenção tipográfica, cujos princípios devem ser estampados logo após a denominação de "índice geral", convenção tipográfica que tem por fim estabelecer distinções visuais quanto às espécies indexadas - e tanto mais justificável se no próprio corpo do texto se estabeleceu algo como , uma convenção tipográfica visual para certos fins, por exemplo,

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antropônimos e bibliônimos. Transcreve-se, a seguir, por tradução, um exemplo colhido ao índ!ce geral do livro L'apparition d1t lit•re, de LuciEN FEBVRF.. e H. J. MARTIN (FEBV, 529): Os nomes de pessoas vão em CAPITAIS ROMANAS, os nomes de lugares em CAPITAIS ITÁLICAS, os título$ das obras em min.tí.scnla.s itálicas, as noções em minúsculas romanas. A Proposição, o Prefácio, as Notas e a Bibliografia não foram indexadas índice êsse que, em função da maMria tratada na obra, versa sôbre antropônimos, topônimos, bibliônimos e temas, nestes últimos ocorrendo, em boa or!entação, entre parênteses, logo após a . entrada, ~ma menção esclarecedora, por exemplo, "Romains (caracteres)", quer dizer, "romanos (caracteres)", noção esta última implícita na própria natureza do livro, que não sendo de história ou de, por exemplo, deniopsicologia, não presume em "caracteres" uma compreensão outra que não a tipográfica. 11.2 .4 Tábuas - Ao longo dêste livro já fizemos mais de uma vez referência a tábuas. São elas, essencialmente, "índ!ces" no sentido de que, também, remetem locativamente para partes da obra. Diferem dos índices, porém, pelo princípio básico de sua estruturação: os índices, stricto sensu, são sempre alfabéticos, enquanto as tábuas só o serão por acaso, porque o princíp!o que as informa é o da estruturação orgânica da obra, pinçando-se os títulos e subtítulos da mesma para constituir as tábuas - a inti~ulação exaustiva, em suma, que houver sido adotada para a obra, na mesma ordem de sua ocorrênc:a nela. Há os seguintes tipos principais: (a) tábua de matéria, (b) tábua analítica, (c) tábuas espec1a1s. A tábua da matéria é o que em certos livros . quinhentistas portuguêses ocorre pura e simplesmente como taboada, depois tábua da matéria mesma, por fim, mas impropriamente, índice; corresponde, de regra, ao francês "table de la matiere", ao inglês "contents", que os franceses de regra põem como parte pós-textual e os inglêses como pré-textual, e os portuguêses, na boa tradição, punham também como pré-textual. Em sendo excessivamente minuciosa, é de boa regra desglosá-la em duas, a que será a tábua da matéria propriamente dita, com os títulos mais gerais, em regra só os capitulares e, se tanto, os subcapitulares, e a que passará a ser a tábua analítica, que repete a tábua da matéria enxertada de todos os outros subtítulos, ostensivos ou implícitos, na primeira omitidos - caso em que a primeira contjnuará como pré-textual e a segunda como pós-textual, antes ou

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depois dos índices, pois que êstes nem sempre são colocados como a última parte pós-textual do livro: com efeito, nos livros inglêses os índices tendem avassaladoramente a aparecer in fine, enquanto nos franceses ocorre não raro que essa posição seja ocupada pela tábua da matéria, neste caso equivalente rigorosamente à tábua analítica (pois que desprezada a dualidade de tábua da matéria e tábua analítica). E nas obras de dois ou mais volumes pode - e é de bom alvitre - - acontecer que no início de cada volume (ou no fim) apareça a tábua da matéria do volume, e no fim do último volume, ademais de sua tábua própria, uma tábua geral da matéria que abarque as tábuas da matéria de cada volume da obra. 11.2.4.1 As tábuas, quaisquer, não devem ser confundidas com as chamadas "obras consultadas" ou "obras citadas", relação dos livros que foram citados com, fontes do livro em causa, não os sôbre os quais se tratou, mas os que serviram de base para considerações encampadas no desenvolvimento da matéria do livro. Por êsse motivo, os especialistas preferem que assim seja essa relação referida, que não como "bibliografia", pois livros há que, ademais de terem uma relação das "obras consultadas" ou "obras citadas" têm, também, uma "bibliografia" da matéria, isto é, uma relação de obras outras que, havendo tratado do mesmo assunto ou afim do livro em causa, é oferecida aos leitores, geralmente segundo um plano sistemático, para aprofundamento posterior de ~eus conhecimentos na questão em causa.

FIM

OBRAS CITADAS ABRA

ABRE ABRF

ACAD

ACAL

ALIP

ALIS

AN.JO

ARNS ABSI

ASSO

f

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ANTÔNIO

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Aulete, Caldas, Dicionário contemporânt:o da língua po,·tuguêsa, 5.& edição brasileira, revista e aumentada por Hamilcar de Garcia, Rio de Janeiro, Editôra Delta S. A., 1964 -- 2.9.3.3, 2.9.4

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ANTÔNIO

HOUAISB

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LAPA

LAPE

Lacerda, Armando de, v. REVI Lachmann, Karl, v. LUCR Lapa, Manuel Rodrigues, Livro da falcoaria de Pero Menino, Coimbra, 1931 - 5. 3. 3 Lapa, M. Rodrigues, Vi® e obra de Alvarenga Peizoto, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1960 - .3 .1.1

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

161

Larousse du XXe s·iecle en six volumes publié seus la direction de Paul Augé, Paris, Librairie Larousse, 1928 - 1. 5. 5 .1, LAUR

LEBE LEMA

LU.O

LIMA

LIMO LUW LOCK LOPE

LUCR

lUAS

MAÇA

MACI MACK MAGA

MAGN

MÀLM MANI

2.9.3.2, 2.9.4 Larrick, Nancy, v. MELC Laurand, L., Manuel des études grecques et latines, 4 voll., edição revista e corrigida por P. D'.Hé.ronville, Paris, Editions A. et J. A uguste Picard, 1946 - 4 . 9 Lebel, Paul, "Onomastique ", in SAMA - 8 . 2 .1.1 Lemaitre, .Henri, e Thompson, Anthony, V ocabularium bibliothecarii (English/ Anglais-French/Français-Germanl A.llemand), Paris, UNESCO, 1954 - 1.0.0.1, 1.5.12.2, 2.9.4, 8.1.1, 8.1.3 Lião, Duarte Nunez de, Orthographia da lingoa portuguesa ... item hum tractado dos pontos das clausulas, Lisboa, João da Barreira, 1576 - · 2.7.1, 2 , 7.1.1 Lima, C. H. da Rocha, Gramática normatü•a, Rio de Janeiro, F. Briguiet & Cia., 1957 - 2 . 7 . 4 Lima, Hildebrando de, v. FERR Lima, Mário Pereira de Sousa, Gramática portuguêsa, Rio de Janeiro, Livraria José Olímpio, 1945 - 2. 7 . 4 Lima, Matias, A encadernação em Portugal, subsídios para a sua hist6ria, Gaia, Edições Pátria, 1933 - 8. 3 Locke, William N., "Language and Machine", in SHER- 1.3 .2 Lopes Neto, Simões, Contos gauchescos, L endas do sul, edição crítica por Aurélio Buarque de Hollanda, Pôrto Alegre, Editôra Globo, 1949 - 3 .1.1 · Lucretius, Titus Carus, De rerum natura, ed. Karl Lachmann, 4.a edição, Berlim, Reimer, 1882 - 3.2.3 Luz, João Baptista da, v. FERR

Maas, Paul, Critica del testo, traduzione del tedesco di Nello Martinelli, presentazione di Giorgio Pasquali, Florença, Felice Le Monnier, 1952 - 2., 3 . 2.5, 3.3.1.1, 3.3.3 Maçãs, Delmira, Os animais na linguagem portuguêsa, Coimbra, 1958 - 2.8.5.12 Maciel, Maximino, Gramática descritiva, Rio de Janeiro, Li· vraria Francisco Alves, 1916 - 2. 7. 4 V. SHER

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162 MARI MART

MARU MEDE MEIL

MELC

MELL

MELM

MENE

MERG METM

MILL

MILM MINI MIRO MONT MORN

NABU NABV

ANTÔNIO

HOUAISS

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ELEMENTOS

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l'IEL

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PORT

DE

BIBLIOLOGIA

163

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164

ANTÔNIO

HOUAISS

PB.A.D PBAT

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QUEN

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RICH

ROBE RODR

ROMA

RONA ROSA

ROSB

SADO

SAMA

SAND

SliER

SILQ

SILR

SILT SILV

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ELEMENTOS SI Mil SOlO

SOCI STEI

STUD TESS

'l'HEU THEV

THOL 'l'HOM

TUPI 'l'UPJ'

DE

BIBLIOLOGIA

165

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BmL

Unwin, Stanley, A verdade acêrca da vida editorial, tradução de The Truth about Publishing de José Francisco dos Santos, Pôrto, Livraria Civilização Editôra, 1952 - 1.1. 7

TASC VASD VICT

WEBS

'WEBT

Vasconcelos, Carolina MichalHis de, Cancioneiro da A;uda, edição critica e comentada, 2 voll., Halle a. S.. 1904 5.3.3 Vasconcelos, José Leite de, Antroponímia portugueaa., Lisboa, 1928 - 2.8.5 Vasconcelos, J. Leite de, Lições de filologia portuguêaa, 3.a edição, Rio de Janeiro, Livros de Portugal, 1959 - 6. • Victor-Michel, V. P., Essai sur le livre de 9ualité, Paris, Compagnie Française des Arts Graphiques, 1948 - 1. 5. 6 .18, 9.2.3.1 Vindel, Francisco, Manual de conocimientos técnicos 11 cultura.les para profesionales del libro, 2.a edição, Madrid, 1948 - 1.5.6.15 Wakefield, H., v. HONB ·,

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166 WEBTJ

WILL

W'UJtZ

ANTÔNIO

liOUA.ISS

Webster's New Twentieth Century Dictiona1·y, unabridged, z.a edição, Nova York, 1964 - 2.9.4, 9.2.4 \Veiss, E. R., v. BAUE Wiiiiams, Edwin B., Do latim ao poTtugwis, fonologia e. morfologia históricas da língua poTtuguésa, tradução de Antônio Houaiss, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1958 - 6., 10.3.4 Wurz, Otto, Fabricación del papel, últimos avances sobTe procesos 11 maquinaria, tradução espanhola de Juan Bautista Vericad sôbre a 3. 8 edição alemã, Barcelona, EditoriaF. Reverté, 1956 - 1. 5 .12 .1

Zorro, Joan, v.

CUNA

TÁBUA GERAL DA MATÉRIA

Dedicatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . •. . . . . . . . . . . Epígrafe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . • . . . . . . . . . . . . Prefácio, de Thiers Martins Moreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . Palavras prévias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I Volume Do Original . . . . . . . . . . . . • . . • . . . . . . . . . . . . . CAPÍTULO

i -

CORRELAÇÃO TIPOGRAFIA

DO ORIGINAL COM

VII VIl IX XXI 1

A

Conceito da correlação . , ...............•.••...... .. Da correlação ..............•.... : ••......... .. Inteligibilidade do original ..••••.......... . Manuseadores do original •.•..•••.......... Vias do original ..........•••........... .. Guarda do original ........••....•...•..... Arquivo de originais ..........••••........ Precisão convencional .................... . Original precário ...... • , ............... .. . Original perfeito .......•..•........ •. ..... Recursos manuscritores ........•.••............ Traçado dos manuscritos ......•............ Material manuscritor ......••....... , ..... . Caracteres manuscritos .....•..•........... Caligrafia. . ................•.•..•......... Ligaturas ................•.....•.••...... Autor manuscritor .....•..••......•....... Declínio do manuscrito ... .................... . Magnetofones ..........•. • ......... . ..... "Civilização escrita" ..................... : . Recursos dactilográficos ........•............... Tablados ........................ ;•. •....... Tábuas e afins .......................:..... . Pauta dactilográfica ................ ~ ..... . Recursos tipográficos ....................... . . . Tipo ............ ...... .••...••.......... . Desenho das letras .........•......... ..... Medidas dos tipos ...................•..... Feição gráfica geral do livro ............. . Corpos dos tipos . ·...........••............ Estilos dos tipos ..........••..•.•......... Nomenclatura dos desenhos ••.............. Funcionalidade dos desenhos ....•........... Mancha ................................. .

1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1.

1 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1.

1

2 3 4

5 6 7 8

2 2. 1 2 .2 2. 3 2. 4 2. 5 2. 6 3

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4 4. 4. 4. 5 5. 5. 5. 5. 5. 5. 5. 5. l. 5.

1

2 1

2 3 1

2 3 4

5 6 7 8 9

168

ANTÔNIO

HOUAISii

Provas tipográficas .. . ..... .. ....... .. . . . . . Impressão .. . ....... .. ...... ..... . ..... .. . Formato ou tamanho .. ... .. .. ... .... . . . .. . Normas para a correlação . . ...... .. .. .... ... . . Correlações e guias .. ... .. ... .... . . .. .... . Ev~lu~o da gui9: .......... . . . ... , . ... .. . . Ind1caçoes na guia . . .... .. ...... .. . .. . . . . . Sfmbolos de correlação do manuscrito ... .. . Súnbolos de correlação da dactilografia ... . Sfmbolos de correlação da tipografia . .. ... . . CAPfTm.o IT -

1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1.

5.10 5.11 5.12 6 6. 1 6. 2 6,. 3 6. 4 6. 5 6. 6

QUESTOES COMUNS AOS DIFERENTES ORIGINAIS

2. Dos originais ... ... .. .. ...... ...... . .... . .. .... . .. . A produção do original . ... .. ... ..... . .. . . ... . 2. 1 2. 1. 1 Redaçõe-s prévias ...... .... . ... .. ...... . .. . 2. 1. 2 Autógrafos ... ... .. ... ..... .. , . ... ... . . . . . 2 . 1. 3 " Edição definitiva " . : . . .... .... . . . .... .... . Autores vivos . . .. .. .. . .......... . .. .. . .. . . . .. . 2. 2 Consciência autoral . . .. . . . .. . . ... .... ... . . . . 2. 2. 1 " Correção " do original ... . . . . .... . . . . .. .. . 2. 2 . 2 Corretor ...... .... . ... .... ....... . .. . ... . 2. 2. 3 Manuscrito definitivo . . . . . . .. ..... .. ...... . 2. 2. 4 Caracteristicas materiais do manuscrito . .. . 2. 2. 5 2. 2. 6 Legibilidade · ..... . . . . .. .. .. .. .. . ... .. . . . . . 2. 2. 7 Indicações no manuscrito . .. . . ... . ... .. ... . 2. 2. 8 Revisão final do manuscrito .. .. .... .... . .. . Autores mortos .... ... . . ... .. .. . . . . . ... ....... . 2. 3 2 . 3. 1 Recuperação dos autógrafos e apógrafos . . . . Publicação de autógrafos e apógrafos . . . .. . 2. 3. 2 Representação gráfica .......... .... . ... .. . .. . . 2. 4 Problemas textuais genéricos ........ .. . . . . 2. 4. 1 Solução dos problemaa . .. .. ... . .. . .. .. .. . . . 2. 4. 2 Ortografias ............. . .... ... ... . . . . ..... . 2. 5 Ortografia fonética stricto sensu ...... . ... . 2. 5. 1 Ortografias úteis . . .. .. . . . ... . .. .. .. .. . ... . 2. 5. 2 Ortografia português& . . ..... . .. .. .... . . . . . ... . 2. 6 2. 6. 1 A s~tuação ~rasile!ra .. . .. . .. ... .. . . . .. .. .. . Razoes de dtscrepancias .. . . . ..... .. . ..... . 2. 6 . 2 O sistema vigente . ... .... ..... .. .. . ... ... . 2. 6. 8 Formas optativas .... . . .- .. ... . .... . .. . . . . . . 2. 6. 4 Fatos essencialmente gráficos .... . ..... . . . . 2. 6. 5 Fatos gráfico-morfológicos ..... . ........ .. . 2. 6. 6 Tratamento ortográfico dos textos .... . .... . 2. 6. 7 Simplificação ortográfica dos textos .. . 2. 6. 7.8 Reprodução diplomática . . ........ . .. . . . 2. 6. 7.4 lndica~es para a simplificação ... . .. . . 2 . 6. 7 . 5 Pontuação . . ....•....•..... . . . .. ... . .. .... . . . 2. 7 Pontuação em português ...... . ..... ... . .. . 2 . 7. 1 Coordenadas da pontuação português& ... . . . 2 . 7. 2 Sinais de pontuação . .. : ,.· · .. ...... . ... . . . . . 2 . 7. 3

ELEMENTOS

DE

169

BIBLIOLO-GIA

Elementos normativos de pontuação · ... . .. . Critica textual e pontuação .. . ... . . .... . .. . Maiúsculas ................ . .. .... .... ... ... . . Tendências de uso ...... .... ... .... . . . .. . . Problemas de normalização ............. .. . Maiúsculas e nomes próprios ..... . .. . . . .. . Emprêgo notacional ....... . ......... ..... . Maiúsculas na onomástica ....... .. .. . . . . . . Reduções ........... . ................. .. .. . . . Conceito de redução ........... .. .. .. .... . Sistemática das reduções ..... . .. . . Abreviações . . Abreviaturas .................. Abreviaturas axiológicas .. Abreviaturas autorais ...... Abreviaturas bibliológicaa .... Abreviaturas comerciais, Industriais e afins . Abreviaturas crononfmicaa ..... .. ... . . Abreviaturas forenses, judiciárias etc. . . Abreviaturas médicas, farmacológicas, posológicas ...................... . ....... . Abreviaturas musicais .. . . ... . . Abreviaturas náuticas .. .. .... . . .. Abreviaturas teatrais ....... . .. . . . . Siglas e abreviaturas ... . ....... De intitulativos do serviço público . .. . De alguns bibliônimos .... . .......... . De intitulativos de organizações internacionais e estrangeiras ......... . . . De alguns corônimos ................. . De partidos, associaÇões, princípios, firmas e afins ............... .. .. . Sfmboloa .............. ... . . .. . .... . . Sfmboloa metrológicos ... . .... . . .. . Sfmbolos da rosa quadrantal e/ou da circular ........... . ..... . . . . Sfmbolos dos elementos químicos .. Signos ........... . ..... . . . . .. ... .. . . Signos astronômicos ...... . ...... . Signos tipográfico-bibliológicos .... . Sinais .............. . ..... .. ... . ... . Algarismos e números ............ . . .. Algarismos ............ .. .... . . . ... .. . . . . Os sistemas ................ . . . . . . Algarismos romanos .. . ... . . . ..•... Algarismos arábicos ........ .... Algarismos em geral .................... . Ortografia e morfologia dos números . . ... . Ordinais ......... . ............ Fràcionários Multiplicativos o



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2. 7. 4

2. 7. 5 2. 8 2. 8. 1

2. 8. 2 2. 8. 3 2. 8. 4 2. 8. 5

2. 2. 2. 2. 2. 2.

9 9. 1

9. 2 9. 3 9. 4

9. 4.1 2. 9. 4.2 2. 9. 4.3

2. 9. 4.4 2. 9. 4.5 2. 9. 4.6

2. 2. 2. 2. 2.

9. 9. 9. 9. 9.

4.7 4.8 4.9 4.10 5

2. 9. 5.3

2. 9. 5.4 2. 9. 5.5 2. 9. 5.6 2. 9. 5.7 2. 9. 6 2. 9. 6.1 2. 9. 6.4

2. 9. 6.5 2. 9. 7 2. 9. 7.1 2. 9. 7.2 2. 9. 8 2.10 2.10. 1 2.10. 2 2.10. 3 2.10. 4 2.10. 5 2.10. 6 2.10. 7 2.10. 8 2.10. 9

170

ANTÔNIO


HOUAISS

111- TRADIÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO ESCRITA

Do!! impressos .................................... . Acumulação de erros ............. ... ......... . Edições-de-texto no Brasil ............... . . Erros, óbvios e latentes ....... .. ......... . Correção e correção de erros ........... ... . Textos e erros ........................... . Crítica textual ou ecdótica ................... . Estabelecimento de texto .......... ... ..... . A crítica textual no passado .............. . A crítica textual moderna ................ . A crítica textual atual ................... . A crítica verbal ................ . ......... . O problema da ecdótica ....................... . Estemática .............................. . Testemunhos múltiplos .................... . Estemática impressa ..•..................... .. . Estabelecimento do texto ................. .

.CAPÍTULO

IV -

Códices ..................................... . Pressupostos fundamentais .................. .. . A contaminação .............................. . Rela~õ~s de. ~eJ?endência ............... ..... . . . Trad1çao un1tar1a ......................... .. .. . Conjeturas ................................. . . Valor do método ........................... .. . Tradição binária ............................. . Apresentação do material ..................... . Orientação bibliográfica ·mínima ... .. ..... .. .. . V -

i).

1 1. 1. 1. 1.

1 2 3 4

o

""

z.

2. 2. 2. 2. 3 3. 3. 3. A 3. 4 .

1 2 3 4 5 1 2

5

TEXTOS CLÁSSICOS

Fontes

CAPÍTULO

3. 3. 3. 3. 3. 3. " 3. 3. 3. 3. 3. 3. 3. 3.

4. 4. 4. 4. 4. 4. 4. 4. 4. 4. 4.

1 2 3

4 5 5. 4 6 7 8 9

TEXTOS MEDIEVAIS

Códices medievais ....................... : . ..... : .. . Princípios estemáticos .................. .. .... . . Disponibilidade dos códices ............... . Leitura dos códices .................. .. . . . Crítica verbal .......................... .. . Tipos de edição ........................ ·...... . Adequação dos tipos de edição ...... . ...... . Texto crítico ............................ , .... . Critério geral de tratamento ...... ... ..... . Critério ortográfico ....................... . Disposição editorial .............. . ........ .

5. 5. 1 5. 1. 1 5. 1. 2 5. 1. 3

5. 5. 5. 5. 5. 5.

2 2. 1 3

3. 1 3. 2

3. 3

ELEMENTOS

DE

CAPÍTULO VI - ORIGINAIS MODERNOS Português moderno .................... . ........ . . . Edições críticas de autores modernos ....... . .. . Estemática ............ . ...... .. ......... . Edições críticas e edições fiéis ........ ... ... . . Textos fiéis e textos fidedignos .... . .. ... . . Comissão Machado de Assis .................. . Uma aplicação concreta ............. . .... . . .. . . li Volume -

CAPÍTULO VII -

171

BIBLIOLOGIA

6. 6. 6. 6. 6. 6. 6.

Do Livro NORMALIZAÇÃO EDITORIAL

Cânon editorial .......................... . . ... ...... . . Grafosfera .................. . ......... . ....... . . Normalização dÓ livro ......... . ........ . . .. . . Normalização especializada ......... . ... .. . . .. . Em francês .............. . ........ . ......... . Planos brasileiros . . ........................ . . . Normas de revistas ...................... . ... . .. . Tipologia especializada ...................... . .... . Tipologia fonética ............ : ........ . ... . . . Transcrição fonética folclórica ............ . .. . Problemas de tradução .......................... . . Tradução-revelação ... .... .... . ... . .. . . .. .. . . O trabalho do tradutor . . ........... . ...... .. . Técnica da tradução ..... . .................. . . . Resumos e afins ................ . .. . ..... . . . . CAPÍTULO VIII -

7. 7.1 7 .1.1 7 .1.:!

7 . 1.3 7 . 1.4 7.2 7.3 7.3.1 7.3 . 2 7.4 7.4.1 7 . 4.2 7.4.3 7. 4.4

A FUNÇÃO DO LIVRO

Livro ........ . ........... .. ............... .. . · · . ... · Origem do conceito ........... . .... .. .. . ...... . . . Determinação do conceito . ........... .. .. . .. . . Outras determinações ............ . .. . .... .... . Ainda outras determinações .. . ... . .. . . .. . . . . . Nomenclatura ainda ......... . . ... .. . .. . . . . .. . O livro e a documentação ............ . ....... ... . A documentação atual .......... . ... . . . ..... . Em tôrno de ~livro" ............ .. ... . . ... .. . Ainda a documentação ...... . .......... .... . . O livro moderno .. . ... . ......... ... .... ... .... . . . Partes do revestimento .. . . .. ...... .... .. .. .. . Partes do corpo ..... . . .. .. . ...... . ... . . . . .. . Partes do texto lato sensu ..... . .... . . . ...... . No tas e afins ... . .... . . .. .... .. . . .. . ... . ... . Texto stricto sensu .......... . ... .. .. . ....... . Parte pós-textual ........ . .... . ...... . .. .. . .. . CAPÍTULO IX -

1 1. 1 2 2. 1 3 4

8. 8.1 8.1.1 8.1.2 8 .1.3 8.1.4

3 .2 8.2.1 8 . 2.2 8.2.3

8. 3 8 . 3.1 8.3.2 8 . 3.3 8.3.4 8. 3. 5 8.3.6

FEIÇOAMENTO DO LIVRO

A tradição do livro . . ............. . ....... . . . ... . .... . Um pouco de história .. . . . ......... . .. . ... . . . O pergaminho ...•. . ........ . ..... . .. . .... .. ... Revisão .......... . .. . .... . . . ..... . .... .. .. . ... . . . Revisão tipográfica ....... . .... ...... ..... . ... .

9. 9 .0.1 9 .0.2 9.1 9.1.1

172

ANTÔNIO

HOUAISS

Paginação .. .. .. .. . . ... . .. ........ . .. ·. · · · · · · · · · · · Ainda a paginação ........ .. .......... . . . .. .... . . . Manchas especiais ... . .. .. .. . . ....... . ..... . . . . Manchas regulares . . ....... ... ..... . ........ . . Mancha e notas .. .. .. . . .... . . .. . . . . . . .. .. .. . . .

9 .2 9.3 9.3.1 9.3.2 9.3.3

CAPiTuLo X - O APARATO NUM LIVRO As fontes ideológicas ... . .. ..... . . .... ..... . ......... . A tradição . ............. . .............. . .... . A citação .... .... .. ..... . .. . . . . .. .... . .... .. .... . Citador ideal .. .. . ... . . ... .. ..... . ...... . . . .. . Caracterização material ... . .. .. .. .. ......... .. ... . Aspeamento ... .. . .. ... .... .. .......... . .... . Uso do branco . . .. ...... . .. . ... .. ..... .. . . .. . Citação de versos .... . ... . .... . ........ . . . . . . "Lição" das citações ......... .. ....... ... . . .. . Remissões . . ... . ......... ... ... ... .. . .. .... . . ... .

10. 10.0 .1 10.1 10.1.1 10.2 10.2 :1 10.2.2 10.2.3 10 .2.4 10.3

CAPÍTULO XI- SECCIONAMENTO E INDEXAÇÃO Seccionamento ... . .... . .. . ... . ... . ............. . .... . Histórico . ......... .. .... . ............. . ....... . Divisão do texto . .... .. . .. . .................. . Seccionamento fisico ...... . .. .. ...... . ....... . Seccionamento orgânico ..... . ................ . Indexação .... ....... ... ............... . . ..... . . . Numeração .. .... .. .... . . . . . ......... . ...... . Averbação .... . ..... . . . .................... . índices ........ . .... . .... . ............ .. .. . . . Tábuas . . . . . . . . . . . . . .. . .. . ............... .

11. 11.1 11.1.1 11 . 1.2 11.1.3 11.2 11.2.1 11.2.2 11.2.8 11 . 2.4

íNDICE GERAL

Os ANTROPÔNIMOS vão em versal-versalete; os bibliônimos vão em itálico; intitulativos outros e topônimos vão em redondo, antecedidos de maiúscula; os temas vão em redondo, antecedidos de minúscula (salvo maiúscula orgânica e salvo grifo orgânico). AA, número de 1.5 . 5.7 abaixador 1.5.5. 10 ABREU, CASIMIRO DE 6.1 3 . 1.1 abreviações 2.9 . 2.1, 2.9 . 3 abreviações, exemplário de 2. 9. 3. 3 abreviações, evolução das, em português 2. 9 . 3. 2 abreviações, normas de, em português 2 . 9 ..3 .1 abreviaturas 2.9 . 4 abreviaturas autorais 2.9 . 4.2 abreviaturas axiológicas 2. 9. 4 . 1 abreviaturas bibliológicas 2.9.4 . 3 abreviaturas comerciais, industriais e afins 2 . 9 . 4 . 4 abreviaturas crononimicas 2. 9. 4 . 5 abreviaturas e siglas 2.9.5, 2.9 . 5 . 1, 2.9.5.2 abreviaturas e siglas de alguns bibliônimos 2. 9. 5. 4 abreviaturas e siglas de intitulativos do serviço público brasileiro P. afins 2.9.5.3 abreviaturas e siglas de alguns corônimos 2. 9 . 5. 6 abreviaturas e siglas de intitulativos de organizações internacionais e estrangeiras 2. 9. 5. 5 abreviaturas e siglas de partidos, associações, principias, firmas e afins 2 . 9.5.7 ·abreviaturas forenses, judiciárias 2. 9. 4 . 6 abreviaturas médicas, farmacológicas, posológicas 2 . 9. 4. 7 abreviaturas musicais 2.9.4 . 8 abreviaturas náuticas 2.9.4 . 9 abreviaturas teatrais 2.9.4.10 abridged 7. 4 . 4 abstra.ctB 7. 4. 4 Academia Brasileira de Letras 2. 6 . 1, 3 .1.1.1 Academia das Ciências de Lisboa 2. 6 .1 Académie Royale des Sciences (Paris) 1. 5 . 6. 9 acentos gráficos 1. 2. 3 adaga (signo) 2. 9. 7. 2 (24) adaga dupla (signo) 2.9.7 . 2 (25) adendo 8 . 3.6.3 adjetivos axionimicos 2. 8. 5 . 21 Aetna, De 1.5.6.4, 1.5.6.5, 1.5.6.6 agnomen 2.8.5.1 (3) ALBUQUERQUE , MEDEIROS E 2. 6. 3 alcunha 2.8.5.1 (4) ABREU, JOÃO CAPISTRANO DE

174

ANTÔNIO

HOUAISS

aldinos, clássicos 1. 5. 6. 5 aldinos, itálicos 1. 5 . 6 . 5 ALDUS MANUTIUS ROMANUS 1. 5. 6.3, 1.5. 6.4, 1. 5. 6.5, ALEGRE, MANUEL JOSÉ DE ARAÚJO PÕRTO 3.1.1

1.5. 6.11

Alemanha 1.5.5.7, 1.5.6.2, 1.5.6.13, 1.5.6.14, 1.5.6.15 ALENCAR, JOSÉ MARTINIANO DE 3 .1.1 ALEXANDRE MAGNO 11.1 alfabeto fonético internacional 7. 3 .1. 2 algarismos 2.10 .1 algarismos arábicos 2.10. 4 algarismos e números 2.10 algarismos e sistemas 2.10. 2 algarismos em geral 2 .10. 5 algarismos romanos 2.10. 3 altura do desenho dos tipos 9. 2. 4 altura do tipo 1.5.3, 1.5.5.12 altura francesa 1 . 5. 5 . 12 altura inglêsa-america~a 1. 5. 5. 12 altura " x" 1.5.8.2, 1.5.8.4, 1.5.8.5 alusão 10 . 1.1.3 . 8 ALVARENGA, MANUEL INÁCIO DA SILVA 3.1.1 ALVERNE, FRANCISCO DE MONTE 3 .1.1 ALVES, ANTÔNIO DE CASTRO 3 .1.1 amarrar paquês 1. 5 . 5 . 10 Amsterdão 1. 5.6. 7 AMYOT, JACQUES 2.2.2 âncora (signo) 2.9.7 . 2 (18) âncora inversa (signo) 2 . 9.7 . 2 (17) ângulo (signo) 2 . 7 . 11 ângulo maior (signo) 2.9.7.2 (28) ângulo menor (signo) 2.9 . 7.2 (29) animais, designação de, e maiúsculas 2. 8. 5 .12 ANJOS, AUGUSTO DOS 2. 6. 7 . ANJOS, CIRO DOS 6.4.1.1 ante-rosto e livro 8.3 . 3.7 antígrafo 2.9 . 7.2 (7) antíqua, família tipológica 9 . 2. 9, 9. 2. 9. 3 antí qua, littera 1. 5 . 6 . 1 antíquas, letras 1. 5. 6 .18 antissigma 2.9.7.2 (11) antonomásicos, v. antonomásticos antonomásticos 2 . 8. 5 . 1 (7) antropônimos 2. 8 . 5 .1 Antuérpia 1 . 5.6.7 aparato crítico de textos clássicos 4 . 8.3, 4.8.3.1, 4.8.4, 4.8.4.1, 4.8.4.2, 4.8 . 4.3 apelido (como sobrenome) 2.8.5.1 (2) ápices 2 . 7 . 1.1 apógrafos, publicação de 2. 3. 2 apógrafos, recuperação de 2. 3 .1 árabes, caracteres 1 . 5 . 5.7 arábicos, algarismos 2 . 10. 4 Aragão 1.5.6.15 ardósia 1.2 ARISTARCO 3 . 2 . 2

E LEME N T·O S

DE

BI BL I OL OGI A

175

.AIUSTÓFANES DE BIZÂNCIO 3.2.2 arquivos de originais 1 .1 . 5 ARRIGHI, LUDOVICO 1. 5 . 6. 5 árvore de tipo 1. 5. 3 aspas, tipos de 10.2.1 e segg. aspeamento, normalização do 10 . 2 .1. 6 assinatura da mancha 1. 5 .11. 3 assíndeton 2. 7 . 4 ASSIS, JOAQUIM MARIA MACHADO DE 2.2 . 3, 2.6 . 7, 6.4 . 11 e segg., 7.4 .4, 10.1, 11.2.1.4 Associação Brasileira de Normas Técnicas 11 . 2 .1. 4 Associação Fonética Internacional 7. 3 .1. 2 asterisco 2.7.1.1, 2 . 9.7.2 (1) asterisco-obelisco 2. 9. 7. 2 ( 5) asterisco-óbelo 2 . 9 . 7 . 2 ( 5) astronímicos, signos 2. 9. 7 .1 astrônimos (; maiúsculas 2. 8. 5. 3 ATAÍDE, .AUSTREGÉSILO DE 6. 4 .1.1 atar paquês· 1. 5 . 5.10 atétese 4.5.4 . 4 ÁTICO, Trro PoMPÔNIO 9 . 0 . 2.9 augutttaux, caracteres 1. 5. 6 .13 autógrafos 2., 2.1.2, 2 . 2 autógrafos, publicação de 2. 3. 2 autógrafos, recuperação de 2. 3 .1 autor (conceito de) 1.0 . 0.1 autor, dados biobibliográficos de 8 . 3 . 3.18 autor manuscritor 1.2.6 autores modernos e edição crítica G.1 autores mortos, manuscritos de 2 . 3 autores vivos, autógrafos de 2. 2 autores vivos, edição de 7 .1.1.1 autoria 10 .1.1. 3.10 autoria e sl'ccionamento 11.1. 1.1., 11 . 1. 1. 4 averbação e ipdexação 11 . 2 . 2, 11.2.2.1, 11 . 2 . 2 . 2 . , 1 . 2.2.3 .AVIANO, FLÁVIO 3.2.3 avizinhamento de tipos 1. 5 .1, 1. 5. 8. 2 axiônimos e maiúsculas 2. 8. 5 .19, 2. 8. 5 . 20 AzEVEDO, ALUÍSIO DE 3 .1.1 BÁBRIO 3.2.2 BARBOSA, DOMINGOS CALDAS BARBOSA, RUI 2.6.7, 2.8.2

3. 1.1

Barcelona 1.5.6.15 Barlaão e Josafá 5.2 . 1 BARRETO, .AFONSO HENRIQUES DE LIMA 2.6.7, 6 . 1, BARR.E'I'O, MÁRIO 7. 4.1 . 4 BARR!n'O FILHO, M. 6. 4 .1.1 BAS.KERVILLE, JOHN 1.5 . 6.6, 1.5.6.11, 1.5.6.13 BÉ, GUILLAUME DE 1.5.6.6, 1.5.6.9 BEAUDOIRE, JEAN 1.5.6.13 BÉDIER, JOSEPH 3 . 2.4 BEMBO, PIETRO 1. 5. 6. 4

Bembo, tipos 1.5.6.4, 1.5.6.8 BENEDICTUS, ALEXANDRE 1. 5. 6. 4 Bíblia 2.5 b (2), 3.2.2, 3 . 2 . 3, 5.1.3, 11.2.1.3

6 . 4 . 3.4.1 c

176

ANTÔNIO

HOUAISS

Biblia in folio (1532) 1.6.6.6 Biblia polyglottica 1. 5. 6. 7 bibliocirurgia 8. 2. 2 . 4 bibliocleptomania 8. 2. 2. 5 bibliofilia 8 . 2. 2. 5 bibliofobia 8. 2. 2. 5 bibliofotografia 8. 2. 2. 4 bibliognosia 8 . 2 . 2 . 6 bibliografia 8. 2 . 2. 2 bibliografia mínima clássica 4. 9 bibliográficas, remissões 10.3. 4 biblio-bistoriografia 8. 2. 2 .1 bibliolatria 8. 2. 2 . 5 bibliologia 7 .1, 8. 2. 2. 2 bibliomania 8 . 2. 2. 5 bibliônimos 2 . 9 . 5. 4 bibliônimos e maiúsculas 2. 8. 5. 4 bibliopatologia 8. 2. 2. 4 biblioprofilaxia 8. 2. 2 . 4 bibliosofia 8 . 2 . 2. 1 bibliotafia 8. 2. 2 . 5 biblioteca 8. 2.1 , 1, a Biblioteca Mun,~cipa~ de São Paulo 1.1.4 Biblioteca N acfanal 'do Rio de Janeiro 1.1. 4 bibliotecas, seção ·.' de manuscritos das 1.1. 4 bibliotecnia 8. 2. 2'~ 3 bibliotécnica 8 . 2 . 2 . 3 bibliotecnografia 8. 2. 2. 3 bibliotecnologia 8. 2. 2. 3 bibliotecocirurgia 8. ~. 2. 4 bibliotecnografia 8 . 2. 2. 3 bibliotecologia 8 . 2. 2. 2 biblioteconomia 8 . 2. 2. 2 bibliotecopatologia 8. 2 . 2.4 bibliotecoprofilaxia 8. 2. 2. 4 bibliotecotecnologia 8. 2. 2. 3 bibliotecoterapia 8. 2 . 2. 4 biblioterapia 8. 2. 2. 4 biobibliográ:ficos, dados, de autor 8. 3. 3 .18 Bodoni, família de tipos 9. 2. 9, 9. 2. 9.4 BoDONI, GIAMBATTISTA 1.5.6.8, 1.5.6.11, 1.5.6 .12, 1.5.6 ;18 boneca (tipografia) 2.2.4 book 8. BRANOO, CAMILO CASTELO 7 . 4 .1. 4

branco interlinear 1.6.1 branco interliteral 1.5.1 branco-no-prêto e livro 8. 3. 5. 3 brancos e citações 10.2.1.7, 10.2.1.8, 10.2.1.9, 10.2.2, 10.2.2.1 braquia 2 . 7 .1. 1 braquilogia e maiúsculas 2.8.5.23 breviário (corpo de tipo) 3. 5. 6. 11 breviários 1. 5 . 6 . 2 BROCA, BRITO 6. 4. 1. 1 Buck (ai.) 8. BULMER, WII..LIAM 1.5.6.13

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

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Burgos 1.5.6.16 cabeço de letra 1.6.2, 1.6.8.4 cabeço de página e página 9 . 3.3.6, 9 . 3 . 3 . 6, 9 . 3 .3 . 7 CABRAL, ALFREDO DO V ALE 3 .1.1 caixa alta 1. 5. 5. 8, 9. 2. 7 caixa baixa 1. 5 . 5 . 8 caixa cega 1.5.5.9 caixa de espaços 1.5.6.9 caixa de sinais 1 . 5.6 . 9 caixa de sobras 1.5.6.9 caixa de ~;ortes ou sortimento 1. 6. 5 . 9 caixa de tipos 1.5.6.7, 1.5.6 . 8 caixotins 1. 5. 5.8 CALDAS, ANTÔNIO PEREIRA DE SOUSA 3 .1.1 caligrafia 1. 2. 4 caligráficos, estilos 1. 2.1 CALMON, PEDRO 2. 6 .1 CAMÕES, Lufs DE 6 .1 cancellaria, tipo 1. 5. 6. 5 Cancioneiro de Martin Codax, O, e texto medieval crítico 5 . 3. 26 cânon editorial 7. capa 8.3.1.1 capa e livro 8.3.3.3, 8.3.3.4, 8 . 3.3 . 5 CAPANEMA, GUSTAVO 2.6.1 capitular, letra 9.3.1.2, 9.3 . 1.3, 9.3.1.4 capitular, mancha 9. 3 .1.1, 9. 3 .1. 6 capitular, página 8.3.5.1 capitulo, manchas finais de 9. 3 .1. 6 caracteres manuscritos autônomos 1. 2. 3 carga de negro e ·largura de linha 1. 6. 8. 2 CARLOS, FRANOISCO DE SÃO 3 .1.1 carolingio, manuscrito 1. 2 .1, 1. 6. 6 .1 CARVALHO, VICENTE DE 2.6.7 CASLON, WILLIAM (sênior) 1.5.6.4, 1.5.6.6, 1. 5 . 6. 9, 1.6 . 6.11, 1.5.6.13 CASLONS, WILLIAMS (sênior e júnior) 1. 5. 6.11 C as tela 1. 5. 6 .15 CASTELO BRANCO, CAMILO, ti. BRANCO, CAMILO CASTELO Castelo perigoBO, O 6. CASTILHO, ANTÔNIO FELICIANO DE 7 .4.1.4 catálogo de fundidoras 1.6.6.7, 1.6.6.19, 1.6 . 6.26 catálogo de impressoras 1. 6. 6. 7 CATULO, GAlO VAIJiRIO 3.2.3 cauda de letra 1.6.2, 1.5.8.4 CAXTON, WILLIAM 1. 5. 6 .13 censura e livro 9.0.2.10 Centro de Estudos Filológicos, de Lisboa 7. 3 .1. 3 centro de tipo 1. 5.1 ceráunio 2. 9. 7.2 (14) cerifa 1.5.6.9 cerifa moderna 1. 5 . 6. 8 cerifas de tipos 1. 5 . 1 . chancelaria, tipo 1. 6. 6. 5 .. Chancelaria Vaticana 1. 5. 6. 5 chancellerie, tipo 1. 5. 6. 6

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chancery, tipo 10 5o 6 o5 CHARDIN, TEILHARD DE

7 o1

chief editor 1o OoOo1 chineses, caracteres 1o5 o5 o7 Chiswick Press 1. 5 o6 013, 1. 5o 6 o14 CíCERO, MAROO TÚLIO 1.5o5o1, 9o0o2 o9 cícero 1.5o5o1, 1.5o5o2 cinemateca 8o2 ol.1 c citação 10 o1, 10 ol.1 citação, aspeamento na 100201, 10o2ol.1, 10o2ol.2, 10 o2ol.3, 10o2ol.4, 10 o2o1 o5, 100201 06 citação, caracterização material da 10 2 citação de versos 10 o2 o3, 10o2o3o1 citação direta 10ol.l.3o4, 10ol.l.3o5 citação, espécies de 10ol.l.1, 10 ol.l.2, 10 ol.l.3, 10ol.l.3o1 citação e lição das 10 o2o4, 10o2 o4 o1, 10o2o4o2, 10o2o4o3, 10o2o4o4, 10 o2o4o5 citação e tipos 10 o2ol.10, 10o2ol.ll citação, espécies de 10 ol.l.1, 10 ol.l. 2, 10 ol.l. 3, 10 ol.l. 3 o1 citação no original 10 ol.l. 3 o2 citação por tradução 10 ol.l. 3 o3 citação, questões conexas com 10 ol.l. 4 citador ideal 10 o1o1 civilização escrita 1o 3 o2, 7 o1 codex unicus 401, 4ol:1 códices clássicos 4 1 codices eliminandi 4. 1 . 2 códices medievais 5. códices medievais, disponibilidade dos 5 .1.1 códices medievais, leitura dos 5 . 1. 2 cognome 2 .8.5.1 (3) cognomen 208.5.1 (1) COLINES, SIMON DE 1.5.6.5 colofão 803.6.6 Comissão de Metrologia, Brasil 2. 9. 6. 2 Comissão Machado de Assis 6.3, 11.2.1.4 comissiva e remissio 10.3 .1 compilador 1. O. O.1 componedor 1 . 5.5.10 composição, alternância de corpos na 1. 5. 6. 20 composição tipográfica 1. 5 .10. 3 condensé 7 . 4. 4 condensed 7 . 4 . 4 Congresso do Livro, Paris ( 1917) 1. 5o 12 .1 conhecimento 10. conjeturas 4 . 5 . 4, 4 . 5.4 . 1, 4 . 5.402, 4 . 5.403, 4.&."4.4, 4.5.406, 4 . 5.4.7 consciência autoral 2. 2.1 consciência verbal da leitura 1. 5 . 8 6, 1. 5. 6. 8 . 7 Conselho Superior de Investigações Cientificas, Madrid 5 . 2 .1 contaminação 403, 4.3.1, 4.3.2, 4.3 . 3 CONTE, JEAN LE 1L2 . 1 contracapa 8 3. 6 . 7 cdntraste do desenho dos tipos 9 2. 5 convicções e maiúsculas 2. 8 . 5 . 22 cópia, precisão convencional da 1. 1. 6 o

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copistas 1. ú. 6 .1 Corão 2 . 5 b (2), 11.2.1.3 coroa (signo) 2 . 9.7.2 (19) corônimos 2.8.5.13 a, 2.9.5.6 coron is 2.9.7.2 (19), 11.1, 11.1.1.2 corpos celestes, signos de 2. 9 . 7 .1 b corpo do livro 8. 3. 2 corpo do tipo 1.5.3, 1.5 . 5, 1.5 . 6 . 17 corpo dos tipos grandes 1. 5. 5. 3 corpo tipográfico, identificação do 1 . 5 . 5. 5 correção e correção de êrro 3 . 1 . 3 correlação da dactilografia, símbolos de 1. 6. 5, 1. 6 . 5 .1, 1 . 6. 5 . 2 correlações e guias 1. 6 .1 . correlação entre a cópia e o futuro livro 1. correlação, normas para a 1. 6 correlação, símbolos de 1. 6. 4 correlação tipográfica, símbolos de 1. 6 . e corretor 2 . 2 . 3 corte de tipo 1. 5 .1 COSTA, CLÁUDIO MANUEL DA 3 .1.1, 6.1 COSTER (KOSTER), LAURENS JANSZOON 1.5.6 . 2 crã de tipo 1.5 . 1 crenônimos 2. 8 . 5 . 13 g cresímon 2 . 9.7.2 (15) criia 2.9 . 7.2 (10) criptônimos 2. 5. 8.1 (9) criptotecas 8. 2 .1 . 1 a cristo (signo) 2. 9 . 7. 2 (22) critério crítico geral de tratamento de texto medieval 5. 3, 5 . 3 . 1 critério crítico geral em O cancioneir o de Mar tin Coda x 5 . 3 . 2. 5 critério crítico geral e texto medieval 5 . 3 . 2. 6 critério crítico geral na Crónic.a geral de Espanha em 1344 5.3.2.4 critério crítico geral nos Diálogos de são Gregório 5 . 3 . 2. 3 critério crítico geral no Livro dos ofícios 5 . 3 . 2 . 2 critério ortográfico de tratamento de texto medieval 5 . 3, 5. 3. 2 crítica textual 3 . 2 crítica textual atual 3. 2. 4 crítica ·textual e pontuação 2. 7 . 5, 2. 7 . 5 . 1, 2 . 7. 5. 2, 2. 7. 5 . 3, 2. 7 . 5 . 4, 2 . 7.5.5, 2.7.5 . 6 . crítica textual moderna 3 . 2. 3 crítica textual no passado 3. 2 . 2 crítica verbal 3. 2 . 5 crítica verbal dos textos medievais 5 .1 . 3 crítica verbal e pontuação 3. 2. 5 . 7 crítica verbal e variantes 3. 2. 5. 1 CrÕ1tica geral de Espanha em 1344 e texto medieval crítico 5.3 .2.4 cronônimos e maiúsculas 2. 8. 5. 5 cruz (signo) 2. 9. 7. 2 (23) eruz de Lorf'na (signo) 2 . 9.7.2 (26) cruz de Malta (signo) 2.9.7.2 (22) cruz dupla (signo) 2.9.7.2 (26) CUNHA, EUCLIDES DA 2. 6. 7, 3 .1.1, 6.1 cursiva 1. 5. 6.1 cursiva, espécie 1. 2 . 1 cursivas, famílias tipo lógicas 9. 2. 9, 9 . 2. 9. 5

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cursivo 1. 5.6 .17 dactilografia 1. 3, 1. 3. 2 dactilográficos, recursos 1 . 4 DAY, JOHN 1.5.6.6 decalque 10.1.1.3.10 declinio do manuscrito 1. 3 dependência dos testemunhos 3.3.1.2, 4.2, 4.2.1, 4.2.2, 4.3.4, 4.8.1i dependência, relações de 4 .4, 4. 4.1 desenho das letras (tipografia) 1.5.2 desenho dos tipos 1.5.6.17, 1.5.6.18 ·desenhos dos tipos, funcionalidade dos 1.5.8 liesenhos dos tipos, nomenclatura dos 1. 5. 7, 1. 5. 7 .1 dialectol6gico, material 1. 3 .1 'Diálogo• de são Greg6rio e texto medieval critico 5., 5. 3. 2. 3 Diário, de ALExANDRE BENEDICTUS 1. 5. 6. 4 DIAS, ANTÔNIO GoNÇALVES 6. 4. 3. 1 c, d dietafones 1. 3 DIDOT, FRANQOIB-AMBROISE 1.5.5.1, 1.5.5 . 2, 1.5.5.11, 1.5.5.12 Didot, famflia tipol6gica 9. 2. 9 Didots, letras 1. 5. 6 .18 DIDOTS, os 1. 5 . 6 .11 digest 7 .4 . 4 diplo 2 .9.7.2 (12) diplomática, reprodução 2. 6. 7 . 4 diplomatotecas 8.2.1.1 e diplo truncado 2.9.7.2 (13) aireitos autorais 8. 3. 3 . 15 direitos editoriais 8.3. 3.15 diretor-de-texto (conceito de) 1. O. O.1 discoteca S . 2 .1. 1 b "ditJplay, caracteres de 1.5.6.25 disposição editorial crítica ·e texto medieval 5 . 3. 8, 5. S. 3 .1, 5. 8. 3. 2 diuinatio, divinatio 4.0.3 divisão (como sinal de pontuação) 2 . 7 . 1. 1 documentação 7 .1, 8 . 2.1 documentação e livro 8.2, 8.2.2, 8.2.8 documentos falsos 1 . 2 .1.1 dorso 8.3.1.2 dupla adaga (signo) 2.9.7 .2 (25) DYCK, CHRISTOPHER VAN 1.5.6.6, 1.6.6.7, 1.6.6.8 'ecdótica 3.2_, 3.2.4, 8 . 2.2.4 · ecdótica, problema da 3. 3 ecdóticos, valor dos métodos 4. 7. 4, 4. 7. 4 .1 edição critica de texto moderno 6 . 4 edição critica e autores modernos 6.1 .~dição critica e edição definitiva 6 .1.1. 4 'edição critica e edição fiel 6.2 edição de autores vivos 7 .1.1.1 edição defini tiv a 2 . 1. 3 -edição definitiva e edição critica 6 .1.1. 4 'edição diplomática de textos medievais 5.2.1, 5.2.1.1 edição e partes pré-textuais 8.3.4.3, 8.3.4.4 edição em vida e texto moderno critico 6. 1.1. 3 edição fiel e edição critica 6. 2

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edição principe e texto moderno critico 6 .1.1. 2 edições e livro 8. 3. 3.16 éditeur 1.0.0.1 editor (conceito de) 1.0.0.1 editor (esp.) 1.0.0.1 editor (ing.) 1.0.0.1 editor-de-texto (conceito de) 1 . O. O. 1 editor e livro 9 . 0 . 2 . 9 editoração 8.2 . 2.3 editore (it.) 1. O. O.1 egipcia, famUia tipológica 9.2.9, 9.2 . 9.2 egipcias, letras 1. 6. 6 .18 elementos quimicos, simbolos de 2. 9. 6. 5 ·elimina tio codicum descriptorum 4 .1.1 Elzevir, tipo 1.5.6.13 Elzevires, letras 1. 5. 6. 8 ELZEVIRES, os 1 . 5. 6 . 8 emenda tio 4. O. 3 encadernação e livro 8.3.2.2, 9.0.2.8 entrelinha 1 . 5 .1 ~SC~ES, OS 1.5.6.11 Epidemia, De 1.5.6.4 epigrafotecas 8. 2. 1.1 a Epütolae ad familiares 1. 5. 5 .1 eremônimos 2. 8. 5.13 1t, Erotemata 1.5.6.4 errata 8.3.6.4 êrro, acumulação de 8.1 êrro, correção de 3 .1. 3 êrro diretivo 8. 3. 1.1 êrro e texto 8 .1. 4 êrro e variante 8.2.5.2 êrro-guia 8.8.1.1 ~rro óbvio 3.2.5.5 @rro, 6bvi9a e latentes, 3 . 1 • êrro, razões do 8.2.6.3 êrro, tipos de 8.2 . 6.3 errores coniunctiui 3 . 3 . 1. 4 errores separatiui 3.3.1.3 errores significatiui 3.3.1.1, 3.8.1.2, 3.3.1.3, 3.3.1.4, · 3.3.1.5, 3.3.1.6, 3.3.1.7, 8.8.1.8, 3.3.1 . 9, 8.3.1.10 escaninhos 1. 5. 5 . 8 Espanha 1.5.6.2 Espanhas 1.5.6.15 espelho (tipografia) 2 . 2.4 -estabelecimento de texto 3. 2 .1, 3 . 4. 5, 8. 4. 5.1 estabelecimento de texto medieval critico 5. 3 Estados Unidos da América 1. 5 . 5 . 7, 1. 5 . 6. 14 estilos dos tipos 1. 6. 6 estema· em textos medievais 5 .1 estema, pressupostos fundamentais para a constituição do 4.2 .ll!stemática 8. 3.1 estemática e texto moderno 6 .1.1 estemática impressa 3.4, 3.4.1, 8.4.2, 3.4.3, 3.4.4, 3.4.5, 3.4.5.2. 3.4.5.4

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estenográficos, sistemas 1. 2. 5 ESTIENNE, ROBERT 1. 5. 6. 5 ESTJENNES, os 1.5.6. 7 Estrasburgo 1. 5. 6. 2 etnônimos e maiúsculàs 2. 8. 5. 8 etrusca, família tipo lógica 9. 2. 9 examina tio e seu valor 4. 6 edições-de-te.xto no Brasil 3 .1.1 face capitular 8.3.5.1 face de tipo 1.5.1, 1.5.3 fachada 8.3.3.8 falso rosto 8 . 3.3.7 falsos documentos 1.2.1.1 família de tipos 1. 5. 6.17 família romana (tip.) 2.8.5.1 (1) fàtos eminentemente gráficos 2.6.5 fatos gráfiro-morfológicos 2. 6. 6 faux-titre 8. 3. 3 . 7 feição gráfica geral do livro 1. 5. 4. FELL, JOHN (bispo) 1.5.6.8 FERNANDES, RAUL 2.6.1 filigrana (papel) 1. 5.12 filmoteca 8. 2 . 1 . 1 c fio1-itum 9 . 3 . 1.2 FLEISHMAN, J . M. 1.5 . 6.11 Florença 1 . 5.6 . 1, 1.5.6.6 folclórica, matéria 1.3.1, 3.4.5.4, 3.4 . 5.5, 3.4.5.6 folclórica, transcrição fonética 7. 3. 2, 7. 3. 2 . 1 fôlha, produção da 1. 5 .12, 1. 5 .12 .1 fólio, produção do 1. 5 .1. 2, 1. 5 .12 .1 fonética folclórica, transcrição 7. 3. 2, 7. 3. 2 .1 fonética, tipologia 7 . 3 . 1, 7. 3 .1.1 fonoteca 8.2.1.1 b fontes dos textos clássicos 4., 4. O.1 fontes ideológicas do livro 10., 10.0.1., 10.0.1.1, 10.0.1.2, 10.0.1.3, 10 . 0 . 1.4 fonte tipográfica 1.5 . 5 . 7, 1.5.6.20, 1.5.6.21 fôrça do corpo do tipo 1. 5 . 3, 1. 5. 5 formato bibliográfico 1. 5 .12. 5, 1 . 5 .12. 7 formato biblioteconômico 1. 5.12. 5, 1. 5.12. 7 formato do papel 1. 5.12 formato tipográfico 1. 5.12. 5, 1. 5.12. 6, 1. 5.12. 7 formatos rcgula.r es 1. 5.12. 6 formatos irregulares 1. 5.12. 6 fototeca 8 . 2.1.1 c FOURNJER, PIERRE-SIMON 1. 5. 5 .1, 1. 5. 5. 8, 1. 5. 6 . 10, 1. 5. 6 .11,. 1. 5 ..6 .12 fracionários, números 2.10. 8 França 1.5 . 5.7, 1.5.6.2, 1.5.6.13, 1.5.6.15 FRANCESCO (GRIFFI) DA BOLOGNA 1.5.6.5 FRANCO, FRANCISCO DE MELO 3 .1.1 frasqueta 1. 5 .12 FRIEffiO, EDUARDO 2. 2. 3 frôntis 2.9.2 . 2 (16) frontispício 8.3.3.8

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FRY, JOSEPll 1.5.6 . 11 fundições tipográficas 1. 5 . 5. 7 furo de guia do tipo 1 . 5 .1 FUST (FAUST), JOHANN 2.2.2 futura, família tipológica 9. 2. 9 GAlO 3.2.S galé 1.5.5.10 galeota 1. 5. 5.10 gàlera 1.5.5.10 . GAMA, JOSÉ BASÍLIO DA 3 .1.1 ·GARAMOND, CLAUDE · 1.5.6.4, 1.5.6.6, 1.5.6.7, 1.5.6.9 geneoteca 8 . 2.1.1 a gêneros de tipos 1.5.6.17 GENÉSIO 3.2.3 gliptoteca 8.2.1 . 1 d
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hierônimos e maiúsculas 2. 8. 6. 7 hifen 2.7.1.1 hipocoristicos 2. 8. 6 .1 ( 6) história do livro 9 .O .1, 9. O. 1.1 historiografia 1. 2 .1 .1 Holanda 1. 6 . 6.8, 1.6.6.18 HOMERO 11.1, 11. 1.1.1 HOWARD, WILLIAM 1.5.6.14 humanistica, letra 1. 5. 6 .1, 1. 5 . 6. 2 !BARRA, JOAQUfN 1.5.6.15 Igreja Anglicana 1. 6. 6 .14 Igreja como fundidora de caracteres 1.6.6.2 imitação 10 .1.1. 3.10 imposição 1. 5 .11.1, 1. 6 .11. 2, 1. 6 .11. 3 Imprensa Shakespeare 1. 5. 6.13 imprenta 8.3.3.14 impressão 1.5.11, 1.5.11.1, 9.0.2.6 impressos 3. Imprimerie Na tionale (Paris) 1. 5 . 6 . 18 Imprimerie Royale (Paris) 1.6.6.9, 1.5.6 . 11 incunábulo 1.5.6.2, 1.5.6. 7 index (signo) 2.9.7.2 (3) indexação 11 . 2 e segg. indexação e averbação 11.2.2, 11.2 . 2.1, 11.2.2.2, 11.2.2.3 indexação e numeração 11.2.1 indicador (signo) 2.9.7.2 (8) indice (signo) 2. 9. 7.2 (3) indices e remissões 10.3.8 lndulgentia, De 1.6.6.2 Inglaterra 1.6.6.2, 1.5.6.11, 1.5.6.13, 1.5.6.14 in folio 1.5.12.6 in plano 1.5.12.6 in 3.0 1.5 . 12.6 in 4. 0 1.5 . 12.6 in 6. 0 1.5.12.6 in 8. 0 1.5.12.6 in 9. 0 1.5.12.6 in 1!.0 1.5.12.6 in 16.0 1.6.12.6 in 18.0 1.6.12.6 in f4. 0 1.5.12.6 in 32.0 1.6.12.6 inspiração 10 .1.1. 3 .10 Instituto Brasileiro de Bibliog1·afia e Documentação 11.2 .1. 4 Instituto N acionai do Livro 8 .1.1.1 Instituto Zimotécnico da. Escola Superior de Agricultura Luis de Queirós, da Universidade de São Paulo 7 .1.2 .1 intitulativos e maiúsculas 2.8. 6 .17, 2. 8 .6.18 intonação 2 . 7.4.8 Istituto di Patologia dei Libro "Alfonso Gallo" 2.8.1 Itália 1. 6 . 6. 7, 1. 6 . 6.2, 1. 6. 6.16 llíada. 11 .1

italic (ing.) 1. 6 . 6. 6 italico (it.) 1. 6. 6. 6 itálico (tip.) 1.6.6 . 6, 1.6.6.17

ELEMENTOS

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itálicos aldinos 1. 6. 6 . 6 itálicos, car.acteres 1. 6. 6 .1 ita.lique (fr.) 1.6.6.6 lTAPARICA, MANUEL DE SANTA RITA 3 . 1 . 1 japonêses, ·caracteres 1.6.6.7 JAUGEON, CHARLES 1.6.6.9 JENSON, NICHOLAS 1.6 . 6.2, 1.6 . 6 . 3, 1.6.6.4, 1.6.6.6, 1.6.6 . 14 JERÔNIMO 3. 2. 2 justificação 1. 6. 6 .10, 1. 6. 8.1 justificativa de tiragem 8 . 3. 3.17 Laboratório de Fonética Experimental da Faculdade de Ue~as, da Universidade de Coimbra 7 . 3 . 1. 3 LACTÂNCIO 1.6.6.2 lapidar, familia tipológica 9 . 2.9, 9.2 . 9.1 lapidária, familia tipológica 9 . 2 .9 LARBAUD, V ALERY 1. 2. 8 .1 largura de linha e carga de negro 1. 6 . 8 . 2 largura das fontes 1. 6 . 8 . 1 largura dos desenhos de tipos 9.2.3 . 1 largura "m" 1.6.8.1 LAsCARia, CoNSTANTINus 1. 6. 6. 4

LEAL, Josf SIMIIÃO 6. 4 .1.1 legibilidade 2. 2. 6 Leiria 1.6.6.16 lemnisco 2.9.7.2 (6) Ll!lONICENUS,. NICHOLA US 1 • 6 . 6. 4 leitura tipográfica 1.2.3 letra capitular 9.3.1.2, 9.3.1 . 3, 9 . 3 . 1.4 letra do tipo 1.6.1, 1.6.3 letras, confusão de 1. 2 . 3 letrina 9.3.1.2, 9.3.1.3, 9.3.1.4 lettera. antiqua tonda. 1. 5 . 6. 8 Leyden 1.6.6.8 liber, libri, librum 8. libra.riutt 9. O. 2. 4 libro (it.) 8. lição das citações 10.2.4, 10.2.4.1, 10 . 2.4.2, 10 .2.4 . 3, 10.2 . 4.4, 10 . 2.4.6 ligação em manuscrito 1 . 2. 3 ligaturas 1.2.6 LIGNAMINE, PAOLO DA 1.6 . 6.8 limnônimos 2 . 8. 6 . 18 f linguagem 10.0.1.1 linotipia l . 6 . 6.11 Lisboa 1.6.6.16 LISBOA, JOÃO FRANCISCO 3.1.1 LISBOA, Jost DA SILVA 8 . 1.1 livre (fr.) 8. livro 8. livro, corpo do 8.3 . 2 Livro de montaria. 6. livro, determinações do conceito 8 . 1.1, 8 . 1. 2, 8 .1 . 2 .1, 8 .1. 8, 8 . 1. 4 livro e ante-rosto 8. 8. 8. 7 livro e branco-no-prêto 8 . 3 . 6 . 8 livro e capa 8.3.1.1, 8 . 3 . 8 . 8, 8 .8.3.4, 8.8.3.5

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1ivro e censura 9. O. 2.10 livro e documentação 8. 2, 8. 2. 2, 8. 2. 3 1ivro e dorso 8.3.1.2 livro e edições 8. 3. 3 .16 1ivro e editor 9.0.2.9 livro e encadernação 8.3.2.2, 9.0.2.8 livro e fontes ideológicas 10. 1ivro e guarda 8 . 3.2.1 livro e notas 8.3.4, 8.3.4.1, 8.3.4.2, 8.3.6.2 livro e orelha 8.3.3.6 1ivro e paginação 9. 3 livro e partes pós-textuais 8. 3. 6 livro e partes pré-textuais 8. 3 .1.1 livro e prêto-no-branco 9. O. 2. 7 livro e reimpressões 8. 3. 3 .11 1ivro e revestimento 8. 3 .1 livro e rosto 8.3.3 . 8, 8.3.3.9, 8.3.3.10, 8.3.8.11, 8.3.3.12; 8.3.3.13 1ivro e seccionamento 11. livro e sobrecapa 8.3.1.3, 8.3.3.2 1ivro e texto 8.3.5 livro e texto, partes do 8 . 3. 3 livro e tipos móveis 1. 5. 6. 25 livro, feição gráfica do 1. 5. 3 1ivro, história do 9. O.1, 9. O.1.1 livro moderno, partes materiais do 8.3 livro, nomenclatura do 8.1.1, 8.1.2, 8.1.2.1, 8.1.3, 8.1.4 · livro, normalização do 7 .1.1 'livro, normalização especializada do 7 .1. 2, 7 .1. 3, 7 .1. 3 .1, 7 .1 . 3. 2, 7 .1.4 .livro, origem do conceito 8 .1 .livro, partes do corpo do 8. 3. 2 livro, seccionamento do 8. 3. 3. 20 livro, tradição do 9. livros-de-horas 1 . 5. 6. 2 Livros dos ofícios e texto medieval crítico 5. 8. 2. 2 locativos de orientação astronômica 2. 8. 5.16 Jombardo, manuscrito 1. 2 . 1 .LOPES, FERNÃO 5. 1ouvar-se 10 .1.1. 3. 7 Louvre 1. 5. 6 . 9 LUCE, LOUIS 1.5.6.11 LUCRÉCIO 3.2.3 Lugdunum 1.5.6.13 LUÍS XIV 1.5.6.9 Lusíadas, Os 3. 4. 5. 3 Lyon 1.5.6.13 .Lyons capitals 1. 5. 6 .13 "m", largura 1.5.8.1 MACEDO, JOAQUIM MANUEL DE 3.1.1 .Madrid f. 5. 6.15 .MAGALHÃES, DOMINGOS JOSÉ GONÇALVES DE 3 .1. 1 magnetofones 1 . 3, 1. 3 .1 Mainz, v. Mogúncia maiúsculas 1.5 . 5.8, 1.5.6.17 .maiúsculas ctd hoc 2. 8 . 5 . 24

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

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maiúsculas e astrônimos 2. 8 . 5. 3 maiúsculas e axiônimos 2 . 8 .. 5.19, 2.8.5.20 maiúsculas C: bibliônimos 2 . 8 . 5 . 4 maiúsculas e braquilogia 2. 8. 5 . 23 maiúsculas e convicções 2 . 8 . 5. 22 maiúsculas e cronônimos 2. 8. 5 . 5 maiúsculas e designação de animais 2. 8. 5 .12 maiúsculas <. emprêgo convencional 2. 8. 3. 2 maiúsculas e emprêgo national 2 . 8. 4 maiúsculas c emprêgo situacional 2 . 8 . 3 . 1 maiúsculas e etnônimos 2. 8. 5 . 8 maiúsculas e hagiônimos 2. 8 . 5. 9 maiúsculas e heortônimos 2. 8. 5. 6 maiúsculas e hierônimos 2. 8. 5. 7 maiúsculas e intitulativos 2. 8 . 5 .17, 2 . 8 . 5 . 18 maiúsculas €: mitônimos 2. 8 . 5 .10 maiúsculas e onomásticos 2. 8. 5.14 maiúsculas e topográficos 2. 8. 5 .15 maiúsculas e topônimos 2. 8. 5 . 13 maiúsculas e uso nos nomes próprios 2. 8. 3 maiúsculas na onomástica 2.8.5, 2 . 8.5.1; 2.8.5 . 2 maiúsculas, problemas de normalização do uso das 2. 8. 2 maiúsculas, tendências de uso das 2. 8 .1 maiúsculas, uso das 2. 8 'MALLARMÉ, STÉPHANE 2 . 7. 4. 6 mancha 1.5.4, 1.5.9 mancha e notas 9.3.3 mancha e notas de rodapé 9 . 3.3 . 3 mancha e notas laterais 9. 3. 3 . 1, 9 . 3. 3. 2 mancha e notas marginais 1. 5. 9. 5 mancha e paginação 9 . 2. 2 mancha e papel 1.5.12.4 mancha e parágrafo 9. 3. 3. 4 mancha, prêto-no-branco da 1. 5. 8. 2, 1. 5 . 8 . 4, 1. 5. 8. 5, 1. 5. 8. 6 ·mancha regular 9. 3 . 2 mancha regular e margens 9.3.2.2, 9.3 . 2 . 3, 9.3.2.4 mancha regular e prêto-no-branco 9 . 3 . 2 . 1, 9 . 3.2 . 2, 9.3 . 2.3, 9.3 . 2.4 manchas capitulares 9 . 3 .1.1, 9. 3 .1. 6 manchas especiais 9. 3 .1, 9. 3 .1. 8 manchas finais de capítulo 9 . 3 . 1 . 5 manchas subcapitulares 9 . 3 .1. 7 manuscrito 1. 2. 3, 1. 3, 1. 3 . 2 manuscrito, características materiais do 2. 2. 5 manuscrito, declínio do 1. 3 manuscrito definitivo 2. 2. 4 manuscrito, indicações no 2 . 2. 7 manuscrito, legibilidade do 2. 2. 6 manuscrito, revisão final do 2. 2. 8 manuscritor 1.2 manuscritor, material 1. 2 . 2 manuscritores 1. 2 .1 manuscritos 1.1. 4 manuscritos de autores mortos 2. 3 manuscritos ocidentais 1. 2.1 ·manuscritos, traçado dos 1 . 2 .1

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ANTÔNIO

HOUAISS

MANUTIUS ROMANUS, ALDUS, v. ALDUS MANUTIUS máquina de escrever 1 . 4 máquinas tipográficas 1. 5. 5 .11 marca de água (papel) 1. 5 . 1. 2 margens de página 1 . 5.9 . 3, 1.5 . 9.4 margens e mancha regular 9.3 . 2.2, 9.3.2 . 8, 9.8.2.4 MARIANO, OLEGÁRIO 2. 6 .1 MARSHALL, THOMAS 1. 5 . 6 . 8 MARTIN, WILLIAM 1 . 5. 6 . 13 material folclórico 3. 4. 5. 4, 3. 4. 5. 5, 3.4. 5. 6 MATOS, GREGÓRIO DE 3 .1.1, 6.1 MATOS, MARCO AURfLIO DE MOURA 6 . 4.1.1 MATOS, MÁRIO GONÇALVES DE 6.4.1.1 Mayence, v. Mogúncia medidas de tipo 1 . 5 . 3 medidas inglêsas e norte-americanas, símbolos de 2. 9. 6. 3 medieval, tipo 1. 5. 6 . 4 MELO, ANTÔNIO FRANCISCO DUTRA E 8. 1 . 1 Mem6rias póstumas de Brás Cubas 6.4.1.1 e segg. MENDES, MANUEL ÜDORICO 3 .1.1 meio círculo 2 . 7 . 1 . 1 métodos ecdóticos 4. 7 . 4, 4 . 7 . 4 . 1 metrologia, símbolos de 2. 9. 6 . 1 MEYER, AUGUSTO 6.4.1.1, 6.4.1.2.8 MICHELET, JULES 2.2 . 2 microcinema teca 8. 2 .1.1 c microfototeca 8 . 2 . 1 . 1 c Ministério óas Relações Exteriores 1 . 4. 3 minúsculas 1.5 . 5 . 8, 1.5.6 .17 MIRANDA, FRANCISCO DE SÁ DE 6. 1

mistifório mi tônimos modernos, Mogúncia monotipia

lO . 1.1 . 3 . 10 e maiúsculas 2. 8 . 5 ·. 1O tipos 1. 5. 6 . 8 1.5 . 6.2 1.5.5.11, 1.5 . 6.23

8 .1.1 monumental, espécie 1. 2 .1, 1. 5. 6 . 1, 1. 5. 6.17 MORRIS, WILLIAM 1.5 . 6.14, 1.5.9.3, 9.3.2.2 MOULIN, .JEAN DU 11 . 2 .1. MOXON, EDWARD 1.5 . 6 . 8, 2.2 .2 multiplicativos, números 2 . 10. 9 museu da palavra 8.2.1 . 1 b neocarolíngio, manuscrito 1. 5. 6 .1 nesônimos 2.8 . 5 . 13 b NICCOLI, NICCOLÕ 1 . 5. 6. 1 nome (como sobrenome) 2 . 8.5 . 1 (2) nomenclatura do livro 8 . 1.1, 8 . 1.2, 8.1.2 . 1, 8.1.3, 8 . 1.4 nomen gentilicium 2 . 8 . 5. 1 ( 1) nomes próprios e uso das maiúsculas 2. 8 . 3, 2 . 8. 4.1 noosfera 7 . 1 normalização do aspeamento 10 . 2 .1. 6 normalização do livro 7 .1.1 normalização especializada do livro 7 . 1. 2, 7 .1. 8, 7. 1. 3 .1, . 7 .1. 3. !, 7.1.4 normas editoriais e Instituto Zimotécnico 7 .1. 2 .1, 7 .1. 2. 2, 7 .1. 2. 8

MONTEIRO, ANTÔNIO PEREGRINO MACIEL

ELEMENTOS

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BIBLIOLOGIA

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normas editoriais e revistas 7. 2 normas editoriais e Studies in Philology 7 . 2 b normas editoriais e The Romanic Review 7 . 2 a normas para a correlação original-tipografia 1. notas e livro 8.3.4, 8 . 3 . 4 . 1, 8 . 3.4.2, 8.3 . 6 . 2 notas e manchas 9 . 3. 3 notas de rodapé e manchas 9. 3. 3. 3 notas laterais e manchas 9.3.3.1, 9.3.3 . 2 notas, localização das 10.3 . 12, 10.3.13, 10 . 3 . 14, 10 . 3.15 notas marginais e manchas 1. 5 . 9 . 5 notas tironianas 1. 2 . 4 N ôvo testamento 3 . 2 . 3 numeração e indexação 11.2 .1 numeração e página 9.3.3.8, 9.3 . 3.9, 9 . 3.3 . 10, 9.3 . 3.11 numeração fisica e numeração orgânica 11.2.1.1, 11.2.1.2, 11.2 .1.3, 11.2.1.4 numeração orgânica e numeração fisica 11. 2 .1.1, 11 . 2 . 1. 2, 11.2 .1. 3, 11.2.1.4 números .e algarismos 2.10 números fracionários 2.10 . 8 números multiplicativos 2.10 . 9 números ordinais 2 . 10 . 7 números, ortografia e morfologia dos 2.10. 6 NUNES, Jost, DE SÁ 2 . 6.1 obelisco 2.7.1.1, 2.9.7 . 2 (2) obelisco pontuado 2. 9. 7. 2 ( 4) óbelo 2.9.7 . 2 (2) óbelo pontuado 2 . 9 . 7.2 (4) obras citadas 11.2.4 . 1 obras consultadas 11.2. 4.1 Odisséia 11.1, 11.1.2 old face 1. 5. 6. 4, 1. 5. 6. 6, 1. 5. 6.11 old style 1.5.6.4, 1.5.6.6 ôlho do tipo 1. 5.1 OLIVEIRA, A. GoNÇALVES DE 6. 7 OLIVEIRA, JUSCELINO KUBITSCHEK DE 6. 7 OLIVEIRA, MANUEL BOTELHO DE 3. 1.1 ombro do tipo 1.5 . 1 onomástica e maiúsculas 2.8.5, 2 . 8.5.1, 2 . 8.5.2 onomásticos e maiúsculas 2. 8. 5.14 onomastoteca 8. 2. 1.1 a Ordem de São Bento 9 . 0 . 2.3 ordinais, números 2.10. 7 orelha e livro 8.3.3.6 organizador 1 . O. O. 1 ORfGENES 3. 2. 2 originais 2. originais, arquivo de 1.1. 5 original, correção do 2 . 2 . 2 original corrigido 2. 2 . 2 original, guarda do 1.1. 4 original, inteligibilidade do 1.1.1 original, manuseadores do 1. 1. 2 oxiginal perfeito 1.1.8

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original precano 1.1. 7 original, produção do 2.1 original, r.e dações prévias do 2 .1.1 original, vias do 1.1. 3 orônimos 2.8 . 5.13 c Orto do espcso 5. ortografia fonética stricto sensu 2. 5 .1 ortografia latina 2. 5 a ( 4) ortografia portuguêsa 1. 2 . 3, 2. 6 ortografia português& e autores vivos 2.6.4.5., 2.6.4.7 ortografia português& e discrepâncias luso-brasileiras 2. 6. 2 ortografia portuguêsa e erros 2. 6. 6.1 ortografia portuguêS& e fatos essencialmente gráficos 2 . 6. 5 ortografia portuguêsa e fatos gráfico-morfológicos 2. 6. 6 ortografia portuguêsa e formas optativas 2.6.4, 2.6.4.1, 2.6.4.2, 2.6.4.3 ortografia portuguêsa e sincretismos vocabulares 2. 6. 4. 8 ortografia portuguêsa e sistema vigente 2. 6 . 3 ortografia portuguêsa e situação brasileira· 2. 6 .1 ortografias 2. 5 ortografias completadas 2.5. b (2) ortografias deficientes 2. 5 b (1) ortografias, elementos intelectuais 2. 6 d ortografias em relação com a fonologia e a fonética 2.6 o prtografias etimologizantes 2. 5 d ( 1) ortografias fora do tempo 2.6 a (4i ortografias gramaticais 2.5 d (2) ortografias jovens 2 . 5 a (1) ortografias na utilização do material para a grafia 2. 5 11 ortografias nas influências sôbre a pronúncia 2. 6 h ortografias nas relações da ;fonologia com a ideografia 2.5 e ortografias no traçado da frase 2 . 6 f ortografias nos seus graus de comodidade 2. 5 i ortografias rejuvenescidas 2. 6 a (3) ortografias, suas condições de emprê~o 2 . 6 i ortografias úteis 2. 5. 2 ortografias velhas 2.5 a (2) ortográficas, enfermidades 2. 6 b Oxfo.r d, movimento de 1. 5. 6.14 Oxford, Universidade de 1.5.6.8· página capitular 8. 3. 5.1 J>ágina e cabeço de 9.3.3.6, 9.3.3.6, 9.3.3.7 página e indicação remissiva 9. 3. 3 .12, 9. 3. 3 . 13 11ágina e numeração 9.3.3.8, 9.3.3.9, 9.3.3.10, 9.3.3.11 !Página final de capítulo 8. 3. 5. 2 paginação 1.5.10.4, 9.2, 9.2.1, 9.2.2., 9 . 3 paginação e mancha 9. 2. 2. palavras falsas 1. 2. 3 palavras "falsas" verdadeiras 1. 2. 3 .1 paleografia 1. 2. 5 paleografotecas 8 . 2 .1.1 a PANNARTZ, ARNOLD 1.6.6.2 papel 1.2, 1.5.12, 1.5.12.1, 1.5.12.2, 1.5.12.3 papel e mancha 1.5.12.4

ELEKENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

papel, formato do 1. 5 .12 papel, tamanho do 1. 5 .12 papiro 1.2 papiroteca 8.2.1.1 a paquês 1.5.5.10, 1.5.10 paqueteiro 1. 5. 5 .10, 1. 5 .10 paráfrase 10.1.1.3.10 parágrafo 2.7.1.1 parágrafo e mancha 9. 3. 3. 4 parágrafo (signo) 2. 9 . 7. 2 (8) Paris 1.5.6.7, 1.5.6.13 Parma 1.5.6.8 partição tipográfica de linhas 9. 2 . 3 .1 pastéis 1.5.10 . 4 pastiche 10 .1.1. 3 .10 parêntesis 2. 7 .1.1 PATIN, GUI 2.2 . 2 patria. potestas 2.8.5 . 1 (1) patronímicos 2. 8 . 5.1 ( 6) pauta dactilográfica 1. 4 . 3 pauta padrão 1.6.4.3 pé do tipo 1.5.1, 1.5.3 PEIXOTO, INÁCIO JOSÉ DE ALVARENGA 3 .1.1 PENA MARTINS 6. 1

Península Ibérica 1 . 5 . 6 . 15 PEREGRINO JÚNIOR 6 . 4 .1.1 PEREIRA, JOSÉ RENATO SANTOS 6.4.1.1 PEREIRA, LÚCIA MIGUEL 6. 4 .1.1 PEREIRA, NUNO MARQUES 3 .1 .1

pergaminho 1.2, 9.0 . 2, 9.0.2.1, 9.0.2.2, 9.0.2 . 3 PERRIN, WUIS 1. 5. 6.13 Perúsia 1. 5. 6. 5 petia (lat.) 9. O. 2 . 4 piCtJ (tipo) 1. 5. 6.11 PICKERING, WILLIAM 1. 5 . 6 . 13 pigmentação dos desenhos dos tipos 9 . 2. 8 pinacoteca 8.2.1.1 d piolhos 1. G.10 . 4 PITA, SEBASTIÃO DA ROCHA 3 . 1 . 1 plág'io 10 .1.1. 3.10 planos sistemáticos e seccionamento 11 .1. 3. 4 PLANTIN, CHRISTOPHE 1. 5 : 6. 7 plastipel 9. O.2. 6 PLATÃO 11.1 polissíndeton 2. 7. 4 politônimos 2. 8. 5 .13 d ponto admirativo 2. 7 .1.1 ponto interrogativo 2. 7 . 1.1 ponto tipográfico 1. 5. 5 .1, 1. 5. 5. 2, 1. 5. 5. 5, 1. 5. 5. 6 pontuação 1.2.3, 2.7 pontuação e autores vivos 2. 7. 4. 6 pontuação e crítica textual 2. 7. 5 pontuação e crítica verbal 3. 2. 5. 7 pontuação e texto medieval 5 . 3. 2. 8

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pontuação e seccionamento 11.1. 3. 2 pontuação em português 2. 7 .1 pontuação em português, coordenadas da 2. 7. 2, 2. 7. 2 .1 pontuação em português, eixo da 2. 7. 3 . 1, 2. 7. 3. 2 pontuação em português, elementos normativos da 2. 7. 4 pontuação, sinais de 2 . 7. 3 pontusais 1 . 5 . 12 pontusal 2 . 9 . 7.2 (9) portada 8 .3.3.8 Portugal 1.5.6.2, 1 . 5 . 6.15 português moderno 6. posfácio 8.3.6.1 pós-fâcio 8.3. 6.1 positura 2 . 9. 7.2 (9) pós-textuais, partes 8. 3. 6 postfâcio 8.3 . 6 .1 potamônimos 2. 8. 5 .13 e praenomen 2.8.5 . 1 (1) prenome 2.8.5.1 (1) pré-textuais, parte 8. 3 .1.1 pré-textuais, partes, e edição 8. 3. 4. 3, 8. 3. 4. 4 prêto-no-bra.nco da mancha 1. 5. 8. 2 prêto-no-branco e livro 9. O. 2. 7 prêto-no-branco e mancha regular 9.3 . 2.1, 9.3.2.2, 9.3.2.3, 9.3.2.4 prêto-no-branco, função 1.5.9.1, 1.5.9 . :2, 1 . 5.9.3 PRIELIS, P. 2.2.2 Primeiro Congresso Brasileiro de Lingua Falada no Teatro (Salvador, 1956) 2.6.5 problemas textuais genéricos 2. 4 .1, ~ .4. 2 PROBO 3.2.2 PROPÉRClO 3 . 2. 3 prosônimos 2. 8 . 5. 11 PROUDHON, PlERRE-JOSEPH 2.2.2 provas tipográficas 1. 5 . 10 Psalterius benedictinus (1459) 2.2.2 pseudônimos 2.8.5.1 (8) publisher 1. O. 0.1 quirográficos, estilos 1. 2 ..1 raccourci 7 . 4. 4 RAMOS, GRACILIANO 2. 2. 3 RAMOS, GUSTAVO CoRDEIRO 2. 6.1 · ranhura do tipo 1. 5 .1 recensio 4 . O. 3 recuperaçã~ de autógrafos e apógrafo~ 2.3.1 recursos manuscritores 1 . 2 recursos tipográficos 1. 5 redações prévias 2 . 1.1 redução, conceito de 2. 9.1 reduções 1.2.5, 2.9 reduções, sistemática das 2. 9 . 2 referência 10 .1.1. 3. 6 Regra de São Bento 5. régua tipográfica 1 . 5. 5. 4 Regula Sancti Benedicti 3 . 2 . 2 reimpressões e livro 8. 3 . 3.16

ELEMENTOS

D'Íil

BIBLIOLOOIA

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REIS, FRANCISCO SOTERO DOS 3 . 1.1 relações de dependência 4. 4, 4. 4 .1 reminiscência 1O. 1. 1. 3 . 1O remissão e comissiva 10.3 . 1 remissão c remissiva 10.3 .1 remissiva c remissão 10 . 3 .1 remissiva, indicação de, e página 9. 3 . 3 .12, 9. 3. 3.13 remissivas não numéricas 10.3 .11 remissões 10.3, 10.3.1, 10.3.2, 10 . 3.3, 10.3.9 remissões ac fim 10. 3 . 7 rem1ssoes ao rodapé 10 . 3. 6 remissões bibliográficas 10 . 3. 4 remissões e glosas 10.3 . 10 remissões, histórico das 1O. 3 . 1O remissões marginais laterais 10. 3.10 remissões nos índices 10.3 . 8 remissões recíprocas 10 . 3 . 5 Renaissance, tipos 1. 5 : 6 .13 reportar-se 1 O. 1. 1. 3 . 9 representação gráfica 2 . 4 reprodução diplomática 2. 6. 7 . 4 resenhas 7 .4 . 4 responso (signo) 2.9.7.2 (21) resumé 7 . 4 .4 resumos 7 .4. 4 retranca ( tip.) 2. 2. 4 revestimento do livro 8. 3. 1 revisão tipográfica 1.5.10 . 1, 1.5.10.2, 1.5 . 10 . 3, 1.5.10.4, 9.1, 9.1.1, 9.1.1.1 rev1sao tipográfica, signos de 9. 1. 1. 2, 9. 1.1. 3, 9 . 1.1. 4, 9 .1.1. 5, 9.1.1.6, 9.1.1 . 7, 9.1.1.8 revistas c normas editoriais 7 . 2 RIBEIRO, CARLOS 9 . 0. 2 . 9 RICHELIEU, cardeal de 1. 5 . 6. 9 rituais 1. õ. 6.2 Roma 1.5.6.5 Romance Re'v iew, The, e normas editoriais 7 . 2 a roman du roi Louis XIV 1. 5 .1. 9, 1. 5 . 6 . 10 romana, letra 1. 5. 6. 2 romanos, algarismos 2 . 1O. 3 romanos, caracteres 1. 5. 6 . 1 romano, tipo 1.5 . 6 . 17 Roots of the Mountain 1.5 . 6.14 RoSA, FRANCISCO ÜTA VIANO DE ALMEIDA 3 .1.1 rosa quadrantal e/ou circular, símbolos da 2. 9 . 6. 4 .rosto e livro 8.3.3 . 8, 8.3.3.9, 8.3.3.10, 8.3.3 . 11, 8.3.3.12, 8.3.3.13 RoTELLI, BARTHOLOMEO DEI 1 . 5 . 6 . 5 RuscH, AooLF 1.5 . 6.2 Salamanca 1. 5. 6 .15 SALDANHA, JOSÉ DA NATIVIDADE 3 .1.1 saltério 1. 5. 6. 2 sânscritos, caracteres 1. 5. 5. 7 Santa Sé 1. 5 . 6 . 6 Saragoça 1.5.6.15

l!J4

A· N T Ô N I O

SCHOEFFER (SCHÕFFER), PETER SOOTT, WALTER 1.5.6.14

H OU A ISS

2.2.2

scriptores 1 . 5 . 6. 1 scriptorium 9. O. 2. 3 seccionamento das obras literárias 11.1.1. 2 seccionamento do livro 8. 3. 3. 20, 11. seccionamento e autoria 11.1.1.1 seccionamento e planos sistemáticos 11.1. 3. 4 seccionamento e pontuação 11.1. 3. 2 seccionamento e texto 11.1 . 1 seccionamento e titulação 11.1. 3. 3 seccionamento físico 11.1. 2 seccionamento, histórico do 11.1 seccionamento orgânico 11.1. 3, 11.1. 3 .1, 11.1. 3. 2 selectio 4 . g . 3 SENSENSCHMIDT, JOHANN 1.5.6.2 separação paragráfica 9. 3. 3. 4 ser1e assindética 2 . 7. 4 série normal 2. 7 :4 série polissindética 2. 7. 4 séries lingüísticas 2. 7. 4 seta (signo) 2.9.7.2 (27) Sevilha 1. 5. 6 . 15 siglas de bibliônimos 2. 9. 5. 4 siglas de corônimos 2. 9. 5. 6 siglas de intitulativos do serviço público brasileiro 2. 9. 5 . 3 siglas de organizações internacionais e estrangeiras 2 . 9. 5. 5 siglas de partidos, associações, principios, firmas 2 . 9 . 5. 7 siglas e abreviaturas 2.9.5, 2.9 . 5.1, 2.9.5.2 signos 2 . 9 . 7 . signos astronômicos 2. 9. 7 .1 signos de corpos celestes 2. 9. 7 . 1 b signos de revisão tipográfica 9. 1. 1. 2, 9 .1.1. 3, 9 .1. 1. 4, 9. 1. 1. 5, 9.1.1.6, 9 . 1.1.7, 9.1.1.8 signos ti:e.,ográfico-bibliológicos 2. 9. 7. 2 signos zod iacais 2. 9. 7 .1 a signum (antropônimo) 2 . 8.5.1 (1), 2.8.5.1 (2) SILVA, ANTÔNIO JOSÉ DA 3 .1.1 SILVA, JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E 3 .1.1 símbolos 2. !1. 6 símbolos da rosa quadrantal e/ ou da circular 2 . 9. 6. 4 símbolos de elementos químicos 2. 9. 6. 5 símbolos de estruturação tipográfica 2. 7. 3 b símbolos mensurativos inglêses e norte-americanos 2. 9. 6. 3 símbolos metrológicos 2. 9. 6 .1 simplificação ortográfica de texto em português 2. 6. 7. 3 simplificação ortográfica, indicações em português para ·a · 2. 6 ;7. 5 sinal tipográfico 1. 5 .1, 1. 5. 3 sinais 2.9.8 sinais de pontuação 2. 7. 3 sinais diacríticos 2. 7. 3 a sincretismo vocabular 2. 6. 4. 8 sistemas de algarismos 2.10. 2

l!!LEliENTOS

DE

BIBLIOLOOIA

195

sistemas de pontos tipográficos de mensuração 10 5o 6 012 SOARES, JOSÉ CARLOS DE MACEDO 2 o6 01 sobrecapa 8 o3o1o3 sobrecapa e livro 8 o3 o3 o2 sobrenome 2 o8o5o1 (2) sombreado dos tipos 1.5 o8o3 SOUSA, ANTÔNIO CÂNDIDO DE MELO E 6 o4 o1o1 SOUSA, ANTÔNIO GONÇALVES TEIXEIRA E 3 o1o1 SOUSA, JosÉ GALANTE DE 6o3o1, 6o4ol.1, 6o(ol.9 SOUSA, VICENTE DE 2 5 a ( 4) Speier (Renânia) SPEIER, J OHANN DE 1. 5 o6 o2 SPEiut, WENDELIN DE 1o 5o 6 o2 SPEIERS, de 1. 5 o6 o6 STRANGELOVE, Dr o 8 o2 o1 STUCHS, WILHELM 10 5o 6 o2 Studies in Philology e normas editoriais 7 2 b style ancien 1. 5o 6 o4 SUARD, JEAN-BAPTISTE 2o2o2 subcapitu lares, manchas 9 3 10 7 Subiaco (Itália) 1. 5o 6 o2 Summa in gentiles 9 oOo2 o9 Sw:ÊYNHEIM, CONRAD 1.5o6 o2 tablados de máquinas de escrever 10 4 o1 tábua de matéria 8o3o3o19, 8o3o6o5 tábuas 11.2.4 tábuas dactilográficas 10 4 2 tabuleiro da caixa de tipos 1o 5o 5o 8 TAGLIENTE, G. A. 1.5 . 6 . 8 talassônimos 2. 8 5 .13 i tamanho bibliográfico 1. 5.12. 5, 1 . 5.12. 7 tamanho · biblioteconômico 1 . 5.12. 5, 1. 5.12 . 7 tamanho do papel 1. 5 .12 tamanho tipográfico 1. 5.12 ..5, 1. 5.12 . 7 tampa (papel) 1. 5 012 · taquigráficos, siste:Qlas 1. 2 5 . Tchecoslováquia (Tcheco-Eslováquia) 1. 5o 5 . 7 tear (papel) 1. 5.12 teloteca 8.2 .1.1 a tenidioteca 8 . 2 . 1.1 b T!lOFRASTO 11.1 TERENCIANO MAURO 3 . 2 . 3 testemunhos, dependência dos 3 . 3 . 1. 2, a 3. 3 . 1.10, 4 . 2, 4 . 2 .1, 4.. 2 oZ,. 4.3.(, 4 . 3 . 5 testemunhos múltiplos 3. 3 o2, 3. 3 . 2.1 testemunhos, quatro 3. 3. 3 tetragrama das letras 1. 5. 2, 1. 5.8 o4, 9 o2 o3 01 texto crítico e autores modernos 6 . 1 texto e livro 8.305 texto e seccionamento 11. 1 . 1 texto, estabelecimento de 3. 2 01, 3. 4. 5, 3 o4 o5 o1 texto fidedigno e texto fiel 6 o2 o1, 6 o2 01 01 texto fiel e texto fidedigno 6 . 2 o1, 6. 2 o1.1 . texto medieval, critério crítico geral de tratamento de 5 o3, 5o 3 01 o

o

o

o

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I

196

ANTÔNIO

HOUAISS

texto medieval, critério ortográfico de tratamento de 5.3, 5.8.2 texto medieval crítico 5 . 3 texto medieval crítico da Crónica geral de Espanha em. 13-U 5.8.2.4 texto medieval crítico do lAvro dos ofícioB 5 . 3. 2. 2 texto medieval crítico de O cancioneiro de Martin Codax 5.8.2.5 texto medieval crítico dos Diálogos de São G1·egório 5.3 . 2.8 texto medieval e critério geral critico 5. 3. 2. 6 texto medieval e disposição editorial crítica 5. 3. 3., 5. 8. 3 .1, 5. 8. 8. 2 texto medieval e pontuação 5 . 3. 2. 8 texto medieval, indicações críticas em 5. 3 .1.1. texto critico e edição em vida 6 . 1.1. 3 texto moderno crítico e edição príncipe 6 . 1.1 . 2 texto moderno e edição crítica 6 . 4 texto moderno e estemática 6 .1.1 texto, partes do 8 . 3 . 3 textos clássicos, aparato critico dos 4.8.3, 4.8.3.1, 4.8.4, 4.8.4.1, 4.8 . 4.2, 4.8.4.3 textos clássicos, apresentação do material critico dos 4. 8, 4. 8 .1, 4. 8. 2. 4 . 8 . 2 . 1, 4.8.2 . 2, 4.8.5 textos clássicos, fontes dos 4 . , 4. O. 1 textos e erros 3 . 1.4 textos em português, indicação para a simplificação ortográfica de 2.6.7.3 textos em português, tratamento ortográfico de 2. 6. 7, 2. 6. 7 .1, 2. 6. 7. 2 textos, símbolos críticos nos 4. 8 . 2, 4. 8. 2 .1, 4. 8. 2. 2 textos medievais, critica verbal dos 6 .1. 3 textos medievais, edição diplomática de 5. 2 . 1, 5. 2 .1.1 textos medievais, estema em 5 .1 . textos medievais, tipos de edição dos 5. 2 te,xtuais genéricos, problemas 2. 4 .1, 2. 4. 2 THÉRIVE, ANDRÉ 1 . 1 . 6, 7.1.1 THORNE, JOHN 1. 5. 6.13 TIBUL() 3.2. 3 tijolos de argila 1. 2 tipo 1.5 . 1 tipo, classificação de 1. 5. 5. 4 tipográfico-bibliológicos, signos 2 . 9. 7. 2 tipologia especializada 7. 3 tipologia fonética 7. 3 .1, 7. 3 .1.1 tipômetro 1.5.5.4 tipos, classificação funcional dos 1. 5. 6 . 18 tipos, combinação de 1. 5. 6. 24 tipos de edição de textos medievais 5. 2 tipos e citação 10.2 . 1.10, 10.2 .1.11 tipos, estilo dos 1. 5. 6 . tipos, medidas dos 1.5.5.1, 1.5.5.4, 1.5.8.1 tipos móveis e livro 1. 5. 6 . 25 · tipos, quadro genealógico dos 1. 5. 6.16 tipos, uniformidade dos 1. 6. 6.1 tipos, usos dos 1. 5. 9. 2 tiragem, justificativa de 1 . 3 . 3 . 17 titulação e seccionamento 11 . 1 . 3 . 3 tomadas 1. 5 . 5.10 TOMÁS DE AQUINO, santo 9. 0. 2. 9 topográficos e maiúsculas . 2 . 8 . 5 .15

ELEMENTOS

DE

BIBLIOLOGIA

197

topônimos e maiúsculas 2. 8. 5 .13 toque de tipo 1. 5 .1 ToRY, GEOFFREY 1.5.6.6 tr~dição 10 .O .1, 10. O.1.1 tradição binária 4.7, 4.7 . 1, 4 . 7 . 2, 4.7.2.1, 4.7.2.2 tradição do livro 9. tradição manuscrita, valor da 3. 2. 5. 5 tradição unitária 4.5, 4.5.1, 4.5.2, 4.5.3, 4.5 . 3.1, 4.5.3 . 2 "tradução" do "brasileiro" para o português 2.6.4.6 tradução, problemas de 7 . 4, 7.4.1, 7.4.1 . 1, 7.4.1.2, 7.4 . 1.3, 7.4.1.4 tradução-revelação 7. 4.1 tradução, técnica da 7.4.3, 7 . 4.3 . 1. 7.4 . 3.~, 7 . 4.3.3, 7 .4.3.4, 7.4.3 . 5 tradutor, trabalho do 7. 4. 2 traduzir 7.4.2.1, 7.4.2.2 transcrição 1. 4 . 1 transcrição fonética folclórica 7. 3. 2, 7. 3. 2 .1 transliteração 1.4 .1 tronco do tipo 1. 5. 3 TUCÍDIDES 11.1· uncial, espécie 1.2.1, 1.5.6.1, 1.5.6.17 lJLF~S 1.5.6.25 trnião Soviética 1. 5. 5. 7 Valência L 5. 6.15 valor da e2:aminatio 4. 6 V ARELA, LUÍS NICOLAU F AGUNDES 3 .1.1 variantes e critica verbal 3. 2. 5. 1 variantes e êrro 3 . 2. 5 . 2 variantes, opção entre 3 . 2. 5. 4 VARNHAGEN, FRANCISCO ADOLFO 3.1.1 vazio do tipo 1. 6.1 VELOSO, J OSf MARIA DE QUEIRÓS 2 . 6 .1 Veneza 1.5.6.2, 1.6.6.3, 1.6.6 . 6 vergaturas 1.6.12 versais 1.6 . 6.8 versaletes 1. 6. 6. 8 versiculo (signo) 2.9.7.2 (20) versos e citação 10.2.3, 10.2.3.1 VIANA, ANICETO DOS REis GQNÇALVES 2.6.3 VICENTINO 11. ARRIGHI, LUDOVICO VIEIRA, AN'IÔNIO 6.1

vieux style 1. 6. 6 . 9 virgulas dobradas 1 O. 2. 1 Vi ta Christi 1. 6. 6.16 VOSKENS, BARTHOWMEW 1.6.6.8 VOSKENS, DIRCK 1.6.6.8 VOSKENS, os 1. 6. 6. 6 w AFLARD, CHARLES 1. 5. 6 .12 WHITTINGHAM, CHARLES 1. 6. 6 .13 WHITTINGHAMS, OS 1. 6. 6 .13 WILKINS, CHARLES 1. 6 . 6 .13 WILSON, HtlRACE HAYMAN 1:6.6.11 "x", altura 1:6.8.2 XENOFONTE 11.1 ZENÓDOTO 3 . 2 . 2 zodiacais, signos 2. 9. 7 .1 a

ACABOU DE SE IMPRIMIR, DA REPRODUÇAO FAC-SIMILAR DA PRIMEIRA ED!ÇAO
'.

Outras co-edições com o Instituto Nacional do Livro Tradições Populares Amadeu Amaral

O Dialeto Caipira Amadeu Amaral Roteiro do Café e Outros Ensaios Sérgio Milliet

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