Prova Comentada - Diplomata (2018)

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CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018

PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA FASE – MANHÃ Considerando os aspectos linguísticos e estilísticos do texto I, julgue (C ou E) os itens seguintes.

LÍNGUA PORTUGUESA Questão 1

Texto I 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

  28.

  31.

  34.

  37.

  

A pena de morte é uma flagrante violação dos direitos humanos e é incompatível com os princípios do tratamento humanitário e do devido processo legal. Ouve-se, por vezes, o argumento de que a pena capital tem efeito dissuasório sobre o crime. No entanto, não há comprovação de que exista relação de causalidade entre a pena de morte e o controle efetivo da criminalidade, nem de que ela seja mais eficaz na redução do crime que a pena de reclusão. A própria Assembleia-Geral reconheceu que não existe prova conclusiva do valor dissuasório da pena de morte. Condenar alguém à pena de morte nega o direito à vida, consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A execução é o castigo máximo e irrevogável, e o risco de executar uma pessoa inocente não pode ser ignorado. Trata-se de sanção discriminatória, já que as pessoas pobres, as pertencentes a minorias raciais, étnicas ou religiosas específicas têm maior probabilidade de ser condenadas à morte. É ainda mais preocupante quando utilizada como ferramenta política. Estamos particularmente preocupados com o fenômeno das condenações em massa, já que, às vezes, a pena de morte pode ser utilizada para purgar, controlar e intimidar uma população e para ameaçar opositores políticos Condenamos com firmeza a imposição da pena de morte na hipótese de qualquer delito e consideramos particularmente chocante o recurso a tal pena para punir crimes relacionados com as drogas. Além de sua completa ineficácia na luta contra o tráfico de drogas, a imposição da pena de morte em casos de delitos relacionados a drogas é claramente uma violação das obrigações internacionais de direitos humanos. O castigo deve ser proporcional à gravidade do delito e jamais ver-se agravado por procedimentos que submetam os presos a tratamento desumano, cruel ou degradante. Instamos os Estados que ainda aplicam essa forma de castigo a juntarem-se a uma moratória universal da pena de morte, com vistas à sua completa abolição. Também instamos os Estados que ainda não o tenham feito a aceder ao Segundo Protocolo Facultativo do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, destinado a abolir a pena de morte, ou a ratificá-lo. Discurso da representante permanente do Brasil no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a incompatibilidade entre a pena de morte e os direitos humanos. Genebra, jun./2015.

1

Utilizando, em síntese, os argumentos de que a pena capital viola os direitos humanos, o direito humanitário e o devido processo legal; não tem efeito dissuasório; pode punir pessoas inocentes; tem sido utilizada como ferramenta política; e é ineficaz na luta contra o tráfico de drogas, a diplomata insta os Estados a concluir a negociação do Segundo Protocolo Facultativo do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, destinado a abolir a pena de morte.

2

A diplomata contesta a opinião corrente de que a pena de morte tem efeito dissuasório sobre o crime sob o argumento de que esse tipo de pena é contraproducente, por gerar mais violência, o que, segundo ela, pode ser comprovado pela inexistência de evidências empíricas de relação causal entre a pena de morte e a redução da criminalidade e por sua ineficácia na luta contra o tráfico de drogas.

3

A diplomata emprega a expressão “sanção discriminatória” (l. 15) para se referir à seletividade e arbitrariedade de penas de morte aplicadas a indivíduos pobres ou pertencentes a minorias raciais, étnicas ou religiosas, sem estender a interpretação do conceito a práticas de genocídio.

4

Ao defender a tese de que o castigo deve ser proporcional à gravidade do delito, no último período do terceiro parágrafo, a diplomata introduz novo elemento no curso da argumentação, sem conexão com as ideias expressas nos dois períodos anteriores desse mesmo parágrafo, que tratam do tráfico de drogas.

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Questão 2

Texto II 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

  28.

19.

O Brasil se absteve na votação do projeto de resolução sobre “a deterioração grave e contínua dos direitos humanos e da situação humanitária na República Árabe da Síria”. Estamos plenamente conscientes da grave situação dos direitos humanos na região, que precisa ser devidamente analisada por este conselho. Apesar das últimas modificações no texto, a resolução ainda não reconhece a responsabilidade e não repudia devidamente a participação de vários grupos armados da oposição (…) por graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário. Essa lacuna pode erroneamente transmitir uma mensagem de tolerância a essas graves irregularidades e, assim, incentivar ainda mais violência contra a população civil. É também lamentável a falta de ênfase na necessidade de maior envolvimento de todas as partes nas negociações políticas. Não há solução militar para a crise e a insistência em ver uma vitória militar como a única saída é uma causa real e definitiva para a atual situação que a população síria enfrenta. O Brasil salienta que é responsabilidade primordial das autoridades sírias assegurar os direitos da população síria. Não obstante, é de responsabilidade de todos os países evitar maior militarização do conflito. Agir de outra maneira é compartilhar a responsabilidade pelas atrocidades enfrentadas por civis na Síria e arredores. O Brasil insta todas as partes envolvidas no conflito e apoiadores a cumprir com suas obrigações sob o direito internacional humanitário, para permitir acesso irrestrito às agências humanitárias, e a se absterem de qualquer ação que possa prolongar o conflito.

  22.

  25.

  28.

Trechos da Nota à imprensa MRE n.º 263, jul./2015.

A partir da leitura comparada dos textos II e III, que tratam do posicionamento do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em 2015, a respeito da situação dos direitos humanos na Síria, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Houve mudança na posição brasileira, que passou da neutralidade ou imparcialidade, marcada pela abstenção indicada no texto II, à condenação da ação de grupos armados pelas graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário, expressa no texto III.

2

A partir das relações estabelecidas nos textos II e III, os seguintes elementos determinaram a mudança do voto brasileiro: participação brasileira nas negociações; referência à solução política, e não militar, para o conflito; e responsabilidade de todas as partes pelo respeito aos direitos humanos, inclusive da oposição.

3

Com vistas à concisão textual e sem prejuízo para o sentido original do texto II, o trecho “O Brasil salienta que (...) Síria e arredores” (l. 18 a 24) poderia ser reescrito da seguinte forma: O Brasil salienta que, embora incumba ao governo sírio o dever de garantir os direitos de sua população, todos os países devem evitar a escalada militar da crise, responsabilizando-se pela dramática situação da população civil.

4

Depreende-se das ideias contidas no final dos textos II e III que o Brasil propugna por uma solução negociada do conflito sírio com as seguintes características: respeito à confidencialidade das negociações, respeito ao direito humanitário, abstenção de atos que interfiram no conflito, participação de todas as partes envolvidas nas negociações e diálogo honesto e sincero, sem imposições apriorísticas de condições.

Trechos da Nota à imprensa MRE n.º 97, mar./2015.

Texto III 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

O Brasil votou a favor do projeto de resolução sobre a situação dos direitos humanos na Síria adotado hoje, 2 de julho, pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH). O texto adotado, fruto de um minucioso e construtivo esforço negociador que contou com a ativa participação brasileira, buscou aproximar posições e levar em conta preocupações de países que, como o Brasil, tinham problemas de fundo com o texto anterior. O resultado apresenta maior equilíbrio em comparação à resolução adotada na última sessão do CDH, em março último, o que permitiu o voto brasileiro favorável. No texto, estão contempladas a necessidade de buscar uma solução política para o conflito e a responsabilidade de todas as partes pelo respeito aos direitos humanos. (…) O Brasil saudou o reconhecimento da necessidade de uma solução política negociada para o conflito, bem como a responsabi dade primária das autoridades sírias

pela garantia dos direitos humanos do povo sírio, respeitando o direito humanitário internacional. Ressaltou, igualmente, que a responsabilidade de vários grupos armados de oposição (…) por graves violações de direitos humanos não deve de modo algum ser minimizada e que todas as atrocidades e seus perpetradores devem ser condenados. A delegação brasileira no CDH reiterou o compromisso do Brasil em apoiar todos os esforços direcionados à construção de solução política para o conflito sírio, por meio de negociações transparentes, inclusivas e não sectárias e conclamou todas as partes envolvidas a assumirem o compromisso de dialogar em boa-fé e sem precondições.

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Questão 3

Texto IV 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

Nossos blocos econômicos concordaram em inaugurar nova etapa negociadora do acordo comercial. O acordo deverá incluir compromissos ambiciosos de redução tarifária e medidas de superação dos entraves não tarifários e outras distorções ou barreiras ao comércio. As regras de origem dos produtos devem ser estabelecidas de forma clara e simples, e os mecanismos de certificação e verificação devem permitir o funcionamento transparente de administração das regras de origem, sem dar margem a decisões discricionárias que venham a criar obstáculos desnecessários ao comércio. Na esfera dev investimentos, o acordo deverá estabelecer um ambiente conducente ao fortalecimento dos fluxos entre ambos os blocos econômicos. Para tanto, deverão ser buscadas medidas contra expropriação arbitrária, com base em regras precisas e estáveis do Estado de direito.

Texto V 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

 

A conclusão exitosa das negociações do acordo comercial entre nossos blocos econômicos é uma das prioridades da política externa. O potencial de exportação e de 4 investimentos será consideravelmente incrementado por meio do melhor acesso a mercados e da progressiva liberalização do comércio. Em que pesem as novas oportunidades, Vossa Excelência deverá propor que o acordo preveja mecanismos de salvaguarda a serem aplicados na hipótese de aumento brusco e excessivo de importações que possam causar sério dano à estrutura produtiva de uma das partes. A delegação do outro bloco regional poderá propor que as negociações comerciais levem em consideração repercussões em matéria de meio ambiente, responsabilidade social e questões trabalhistas, com medidas de proteção àqueles setores e de sanções e compensações em caso de violação. Caso o assunto seja apresentado nesses termos, Vossa Excelência deverá propor que se reconheça a possibilidade de abordagens distintas, consignadas nas respectivas legislações nacionais, e enfatizar o tratamento positivo da questão, no sentido de reduzir o viés punitivo e privilegiar possibilidades de cooperação, com vistas ao fortalecimento institucional e ao intercâmbio de experiências. Os mecanismos de solução de controvérsias devem ser claros e transparentes, incluindo mecanismos de monitoramento e verificação, podendo inclusive prever a possibilidade de acesso a empresas de capital privado.

Com relação aos aspectos linguísticos e textuais do texto IV, que está sendo negociado em uma conferência multilateral, e do texto V, que compõe um telegrama de instruções para essa conferência multilateral recebido da secretaria de Estado por determinada embaixada, julgue (C ou E) os seguintes itens. 1

De acordo com o texto IV, na esfera de investimentos, o acordo em negociação deverá buscar medidas contra toda forma de expropriação, com base em regras precisas e estáveis do Estado de direito.

2

O texto V recomenda uma resposta de sentido punitivo ao “aumento brusco e excessivo de importações” (l. 9 e 10) que resultaria em “sério dano à estrutura produtiva” (l. 10 e 11) da outra parte, razão por que a substituição do termo “salvaguarda” (l.9) por sanção preservaria o sentido original do texto.

3

Conclui-se da leitura do texto V que a inclusão de temas como “meio ambiente, responsabilidade social e questões trabalhistas” (l. 14 e 15) é de interesse do país que expediu o telegrama e que o embaixador deve modular o tratamento do assunto com a proposição de novos elementos.

4

O último parágrafo do texto V poderia ser reformulado com a seguinte redação, sem prejuízo das informações nele veiculadas: As modalidades de solução de litígios devem ser estabelecidas de maneira objetiva, previsível e de forma a contemplar mecanismos de verificação e monitoramento, permitindo também que companhias privadas façam uso de tais instrumentos.

Texto VI 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.



A segunda ignorância que tira o merecimento ao amor é não conhecer quem ama, a quem ama. Quantas cousas há no mundo muito amadas, que, se as conhecera quem as ama, haviam de ser muito aborrecidas! Graças logo ao engano e não ao amor (...) Deste discurso se segue uma conclusão tão certa como ignorada; e é que os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama e não defeitos. Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade; cuidais que amais perfeições angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo, os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as cousas, não como são, senão como as imaginam; e o que se imagina, e não é, não o há no mundo. Padre Antonio Vieira. Sermão do Mandato. In: Sermões Escolhidos. Lisboa: Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses, 1996, p. 144-5.

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Texto VII 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

7.

Nas formas de vida coletiva podem assinalar-se dois princípios que se combatem e regulam diversamente as atividades dos homens. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Já nas sociedades rudimentares manifestam-se eles, segundo sua predominância, na distinção fundamental entre os povos caçadores ou coletores e os povos lavradores (...) Existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura. Assim, o indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que sente ânimo de praticar e, inversamente, terá por imorais e detestáveis as qualidades próprias do aventureiro — audácia, imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem — tudo, enfim, quanto se relacione com a concepção espaçosa do mundo, característica desse tipo. Por outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma 16 recompensa imediata são enaltecidos pelos aventureiros; tanto as energias que visam à estabilidade, à paz, à segurança pessoal quanto os esforços sem perspectiva de rápido proveito material passam, ao contrário, por viciosos e desprezíveis para eles. Nada lhes parece mais estúpido e mesquinho do que o ideal do trabalhador. Entre esses dois tipos não há, em verdade, tanto uma oposição absoluta como uma incompreensão radical. Sergio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. São Paulo:

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

amortecido neles a sensibilidade para o exótico, ou porque o fascínio do Oriente ainda absorvesse em demasia os seus cuidados sem deixar margem a maiores surpresas, a verdade é que não os inquietam, aqui, os extraordinários portentos, nem a esperança deles. E o próprio sonho de riquezas fabulosas, que no resto do hemisfério há de guiar tantas vezes os passos do conquistador europeu, é em seu caso constantemente cerceado por uma noção mais nítida, porventura, das limitações humanas e terrenas. (...) Não está um pouco nesse caso o realismo comumente desencantado, voltado sobretudo para o particular e o concreto, que vemos predominar entre nossos velhos cronistas portugueses? Desde Gandavo e, melhor, desde Pero Vaz de Caminha até, pelo menos, Frei Vicente do Salvador, é uma curiosidade relativamente temperada, sujeita, em geral, à inspiração prosaicamente utilitária, o que dita as descrições e reflexões de tais autores. (...) Muito mais do que as especulações ou os desvairados sonhos, é a experiência imediata o que tende a reger a noção do mundo desses escritores e marinheiros. Sergio Buarque de Holanda. Visão do paraíso. São Paulo: Editora Brasiliense, 1998, p. 1 e 5.

Questão 4

Com base nas ideias desenvolvidas nos textos VI, VII, VIII e IX, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

Companhia das Letras, 1998, p. 44 (com adaptações).

.

Texto VIII 1.

  4.

  7.

  10.



A maior injustiça que se poderia fazer a um regionalismo como o nosso seria confundi-lo com separatismo ou com bairrismo. Com anti-internacionalismo, antiuniversalismo ou antinacionalismo. Ele é tão contrário a qualquer espécie de separatismo que, mais unionista que o atual e precário unionismo brasileiro, visa a superação do estadualismo, lamentavelmente desenvolvido aqui pela República — este sim, separatista —, para substituí-lo por novo e flexível sistema em que as regiões, mais importantes que os Estados, se completem e se integrem ativa e criadoramente numa verdadeira organização nacional.

1

No texto IX, o autor apresenta os seguintes argumentos para justificar o reduzido “gosto da maravilha e do mistério” (l.1) dos cronistas portugueses do século XVI sobre o Novo Mundo: redução da sensibilidade para o exótico causado pela longa prática de navegações e pelo assíduo trato de terras e gentes estranhas; consciência das limitações humanas e terrenas da presença de riquezas fabulosas presentes em outras partes do continente; realismo desencantado, concreto e utilitário.

2

Infere-se do texto VI que, para Padre António Vieira, a ignorância que tira o merecimento ao amor é não conhecer o que se ama nem ter com o que se ama o adequado cuidado.

3

No texto VII, não obstante o emprego dos substantivos “imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem” (l. 12 e 13), Sérgio Buarque de Holanda não atribui conotação negativa à ética da aventura.

4

Com base nas ideias expressas no texto VIII, é correto concluir que, na opinião de Gilberto Freyre, uma organização baseada em um sistema de regiões poderia substituir o sistema de Estados federados e fortalecer a união nacional, embora a proposta de “regionalismo” contenha o risco do separatismo lamentavelmente desenvolvido pela República por meio do que ele chama de “estadualismo” (l.7).

Gilberto Freyre. Manifesto regionalista. Recife: Editora Massangana, 1996, p. 49.

Texto IX 1.

  4.

 

O gosto da maravilha e do mistério, quase inseparável da literatura de viagens na era dos grandes descobrimentos marítimos, ocupa espaço singularmente reduzido nos escritos quinhentistas dos portugueses sobre o Novo Mundo. Ou porque a longa prática das navegações do Mar Oceano e o assíduo trato das terras e gentes estranhas já tivessem

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Questão 5

Com relação aos aspectos linguísticos do texto VII, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

2

O trecho “tanto uma oposição absoluta como uma incompreensão radical” (l.22) exprime uma relação de proporcionalidade entre “uma oposição absoluta” e “uma incompreensão radical”. Infere-se do texto que o homem aventureiro é um tipo belicoso, contrário “à estabilidade, à paz, à segurança pessoal” (l. 17 e 18), e materialista, pois concentra esforços no “rápido proveito material” (l. 18 e 19).

7.

  10.

 

cada um com seu peculiar mistério, nos compartimentos estanques da sua própria civilização, agora, a julgar pelos filmes, estão perfeitamente padronizados, universalizados. E, no mundo de hoje, para desconsolo dos descendentes de Sindbad e de Marco Polo, a única cor local das cidades famosas são os turistas. Mário Quintana. Mapa-múndi. In: Prosa&Verso. Porto Alegre: Globo, 1978, p. 60.

Com relação aos aspectos linguísticos do texto X, julgue (C ou E) os itens a seguir.

3

Na variedade culta da língua portuguesa falada ou escrita no Brasil, além da ocorrência de expressões como “podem assinalar-se” (l.1), em que o pronome aparece em ênclise à forma verbal infinitiva, verifica-se a ocorrência de próclise a essa forma verbal — podem se assinalar —, ambas consideradas corretas pela gramática.

1

Caso o pronome “esses” (l. 1) fosse substituído por estes, seriam mantidas a correção gramatical do período e as principais informações veiculadas pelo texto, mas haveria maior distanciamento do autor com relação aos “tanques em que floresciam as diferentes culturas” (l. 2).

4

O acento indicativo de crase utilizado à linha 17 poderia ser suprimido, mantendo-se a correção gramatical e as principais informações do texto, tendo em vista a variação, no português do Brasil, da transitividade do verbo visar com a acepção ter em vista, ter como fim ou objetivo.

2

As expressões “tomar isso ao pé da letra” (l.4) e “colcha de retalhos” (l.5) são exemplos da função denotativa da linguagem.

3

A locução pronominal “cada um” (l.7) poderia ser substituída por cada uma, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coerência do texto, desde que “padronizados” e “universalizados” (l.9) fossem flexionados no gênero feminino.

4

Nas referências a “Sindbad” e “Marco Polo” (l.11), ativa-se o mecanismo da intertextualidade para a construção da coerência do texto.

Questão 6

A respeito dos aspectos linguísticos do texto IX, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

Texto XI

1

O advérbio “melhor” (l.19) foi empregado pelo autor para retificar conteúdo já enunciado.

2

As formas verbais “tivessem amortecido” (l. 6 e 7) e “absorvesse” (l. 8) remetem, respectivamente, às fases final e inicial dos eventos que exprimem.

 

A expressão “porventura” indica que o trecho “por uma noção mais nítida, porventura, das limitações humanas e terrenas” (l. 14 e 15) tem sentido hipotético.

 

3

4

.

Nas linhas 9 e 10, “é que” caracteriza-se como expressão expletiva, empregada para realçar o conteúdo “não os inquietam, aqui, os extraordinários portentos, nem a esperança deles” (l. 10 e 11)

Questão 7

1.

4.

7.

  10.

  13.

Texto X 1.

  4.

 

A facilidade de comunicações acabou com esses tanques em que floresciam as diferentes culturas. Quando antes se olhava o mapa-múndi e via-se cada país de um colorido diferente, podia-se tomar isso ao pé da letra. É verdade que o mundo continuou a ser uma colcha de retalhos; mas são todos da mesma cor. Bombaim, Roma, Tóquio, que se escondiam,

  16.

  19.

 

Até meados do século XIX, a classe que trafica adquire bens para convertê-los em lucro e benefício. Daí em diante, ela será outra. Um traço para distinguir as duas fases já foi lembrado: o despertar do entorpecimento que lhe causava a predominância social da classe proprietária, por sua vez, na cúpula, recoberta pelo estamento dos que mandam, governam e dirigem a política. Mas que não haja equívoco: o arrastar na sombra denunciava-lhe prestígio negativo, oriundo da composição de estrangeiros entre seus membros e do tipo de negócios a que se dedicava, sobretudo no comércio negreiro. Não que vivesse alheia à importância econômica ou à eficiência no trato do sistema. Era ela a categoria dinâmica da economia, a que lhe dava impulso à energia, financiando a produção, com o fornecimento de crédito e escravos. Sobretudo, armava o elo que ligava o café ao comércio mundial, polo diretor, em última instância, da economia nacional, dependente de flutuação de centros de decisões fora do país. De outro lado, comunicava às cidades e ao campo a modernização, de nível europeu, de mercadorias, e, por via delas, de costumes, modas e hábitos de consumo. Estava na sombra, mas não lhe faltava atividade, vibração nervosa e

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22.

  25.

  28.

  31.

  34.

  37.

  40.

  43.

  46.

  46.

 

energia. Por via desse subterrâneo pulsar, ligava-se ao estrato dirigente, o estamento, com repulsa e, não raro, em oposição de estilos de vida, mas em íntima compreensão, além da zona dos salões e dos palácios, aos interesses materiais. Assim é que, antes de 1850, a arquitetura política, caracterizada no centralismo, servia mais ao grupo dos negociantes, comissários, traficantes de escravos, importadores e exportadores, do que aos isolados produtores e fazendeiros. Servia-a, também, a estabilidade monetária, quebrada de maneira grave com a agitação de fazendeiros e especuladores industriais no fim do império. Houve um momento em que ela — a classe lucrativa — se emancipou, passou a viver de seu próprio impulso, sem se disfarçar ou mascarar-se em traços secundários de outra classe, detentora de maior expressão social, ou do estrato monopolizador do prestígio político. Sobe uma classe e dentro dela elevam-se muitos aspirantes a essa camada. Individualmente, é o momento da crise — o homem escolhe o seu caminho, desdenhando o curso batido e frequentado. Socialmente, toda uma camada quer os bens da vida, materiais e ideais, sem arrimos ou auxílios, agora vistos como ilegítimos. O empresário faz-se na cidade, conquista títulos de nobreza e cadeiras no parlamento. Foi neste momento que a surpreendeu Machado de Assis, mal inclinado a ela por força de seu preconceito, nutrido de tradição. No seu sarcasmo, ferindo-a de zombarias e riso, ele vê um mundo que cresce a sua frente, transformando a sociedade — ele tudo vê, com escândalo, repugnância e indignação. O dinheiro, avassalando os negócios, invade as consciências, infundindo torpeza em toda parte, na queda de escrúpulos, virtudes e valores. Raymundo Faoro. Lucro e negócios — classe lucrativa. In: Machado de Assis — a pirâmide e o trapézio. São Paulo: Companhia Edi tora Nacional, 1974. p. 226 (com adaptações).

Questão 8

Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto XI, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Os termos “categoria dinâmica” (l.12), “classe lucrativa” (l.33) e “O empresário” (l.42) são expressões usadas para construir referências relativas a um mesmo campo semântico.

2

De acordo com o texto, além do exercício da direção do poder político, à classe proprietária cabia dinamizar a economia, relegando à sombra a classe sustentada pelo tráfico.

3

Para o autor, Machado de Assis capta, em sua literatura, a decadência da classe empresarial, representando-lhe a “queda de escrúpulos, virtudes e valores” (l. 50 e 51).

4

Na frase “o arrastar na sombra denunciava-lhe prestígio negativo” (l. 7 e 8), a substituição do pronome oblíquo “lhe” por a ela prejudicaria a correção gramatical do texto.

Questão 9

Ainda considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto XI, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

A correção gramatical e os sentidos do texto seriam preservados caso o trecho “ligava-se ao estrato dirigente, o estamento, com repulsa” (l. 22 e 23) fosse reescrito da seguinte forma: relacionava-se com a camada que estava no poder, à corte, com aversão.

2

No trecho “toda uma camada quer os bens da vida” (l. 40 e 41), o artigo indefinido foi empregado como item de realce, razão por que sua eliminação não prejudicaria a correção gramatical nem o sentido original do texto.

3

Nas expressões “seu preconceito” (l.45) e “seu sarcasmo” (l. 45 e 46), o pronome possessivo remete a referentes distintos.

4

No período “Sobe uma classe e dentro dela elevam-se muitos aspirantes a essa camada” (l. 36 a 38), os termos “uma classe” e “muitos aspirantes a essa camada” exercem função de sujeito nas orações em que se inserem.

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Questão 10

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto XII, julgue (C ou E) os itens seguintes.

Texto XII 1. 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

  28.

  31.

  34.

  37.

  40.

  43.

  46.

Impugnada a todo instante pela escravidão 1 a ideologia liberal, que era a das jovens nações emancipadas da América, descarrilava. Seria fácil deduzir o sistema de seus contrassensos, todos verdadeiros, muitos dos quais agitaram a consciência teórica e moral de nosso século XIX. Já vimos uma coleção deles. No entanto, estas dificuldades permaneciam curiosamente inessenciais. O teste da realidade não parecia importante. É como se coerência e generalidade não pesassem muito, ou como se a esfera da cultura ocupasse uma posição alterada, cujos critérios fossem outros — mas outros em relação a quê? Por sua mera presença, a escravidão indicava a impropriedade das ideias liberais; o que, entretanto, é menos que orientar-lhes o movimento. Sendo embora a relação produtiva fundamental, a escravidão não era o nexo efetivo da vida ideológica. A chave desta era diversa. Para descrevê-la é preciso retomar o país como todo. Esquematizando, pode-se dizer que a colonização produziu, com base no monopólio da terra, três classes de população: o latifundiário, o escravo e o “homem livre”, na verdade dependente. Entre os primeiros dois a relação é clara, é a multidão dos terceiros que nos interessa. Nem proprietários nem proletários, seu acesso à vida e a seus bens depende materialmente do favor, indireto ou direto de um grande. O agregado é a sua caricatura. O favor é, portanto, o mecanismo através do qual se reproduz uma das grandes classes da sociedade, envolvendo também outra, a dos que têm. Note-se ainda que entre estas duas classes é que irá acontecer a vida ideológica, regida, em consequência, por este mesmo mecanismo. Assim, com mil formas e nomes, o favor atravessou e afetou no conjunto a existência nacional, ressalvada sempre a relação produtiva de base, esta assegurada pela força. Esteve presente por toda parte, combinando-se às mais variadas atividades, mais e menos afins dele, como administração, política, indústria, comércio, vida urbana, Corte etc. Mesmo profissões liberais, como a medicina, ou qualificações operárias, como a tipografia, que, na acepção europeia, não deviam nada a ninguém, entre nós eram governadas por ele. E assim como o profissional dependia do favor para o exercício de sua profissão, o pequeno proprietário depende dele para a segurança de sua propriedade, e o funcionário para o seu posto. O favor é a nossa mediação quase universal — e, sendo mais simpático do que o nexo escravista, a outra relação que a colônia nos legara, é compreensível que os escritores tenham baseado nele a sua interpretação do Brasil, involuntariamente disfarçando a violência, que sempre reinou na esfera da produção. Roberto Schwarz. As ideias fora do lugar. In: Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades, 1992 (com adaptações).

1

Segundo preconiza o Novo Acordo Ortográfico, o vocábulo “contrassensos” (l.4) é grafado conforme as mesmas regras que antissocial.

2

Do período “O agregado é a sua caricatura” (l. 23 e 24), é correto inferir que o agregado é uma caricatura de si próprio.

3

Para o autor, como “mediação quase universal” (l. 41 e 42), o favor possuía não apenas a virtude de compor a base das relações coloniais, mas também servia ideologicamente à elisão, na literatura, da violência que estruturava o modo de produção brasileiro.

4

A correção gramatical e o sentido do texto seriam preservados caso o período “Assim, com mil formas e nomes, o favor atravessou e afetou no conjunto a existência nacional, ressalvada sempre a relação produtiva de base, esta assegurada pela força.” (l. 29 a 32) fosse assim reescrito: Dessa forma, o favor atravessou e afetou, no conjunto e com mil formas e nomes, a existência nacional, embora a relação produtiva de base estivesse sempre ressalvada e assegurada pela força.

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em operações de paz e nos debates sobre segurança humana e intervenção humanitária e sobre a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

POLÍTICA INTERNACIONAL Questão 11

Tendo em vista que a participação do Brasil na promoção de esforços de integração na América do Sul se dá sob diferentes formas e instâncias e envolve iniciativas político-diplomáticas e o engajamento em mecanismos regionais e sub-regionais de integração econômica e de cooperação, julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos a esse tema. 1

2

A integração sul-americana despontou na agenda da política externa brasileira mediante iniciativas como a proposta de integração de natureza comercial formulada na primeira metade dos anos 90 do século passado e na década seguinte; a organização da Primeira Reunião de Presidentes de Países da América do Sul; a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA); e a criação da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). A Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Sul-Americana (IIRSA), criada por iniciativa brasileira, em 2000, segue como principal mecanismo para o tratamento de questões afetas à infraestrutura regional no Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN), da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

3

Concebido originalmente para o estabelecimento de um mercado comum, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) incorporou à sua agenda e à sua estrutura organizacional, ainda no seu período de transição, um amplo conjunto de temas não afetos à integração econômica, o que dificultou sua consolidação como união aduaneira.

4

Embora o Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) tenha sido concebido para, entre outros objetivos, consolidar a América do Sul como zona de paz, temas centrais para a segurança regional, como a luta contra o narcotráfico e o enfrentamento da delinquência associada aos ilícitos transnacionais não se afirmaram em sua agenda, tendo sido assumidos em conselhos específicos da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

2

Nas tratativas sobre não proliferação de armamento nuclear de que toma parte, o Brasil defende que, em lugar de restringirem seu compromisso à contenção da proliferação vertical, as potências nucleares devem comprometer-se com a renúncia ao armamento nuclear, tendo, de modo consoante, apoiado o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares.

3

Apesar da reconhecida centralidade das instâncias e instrumentos multilaterais de alcance global para o enfrentamento ao narcotráfico, o sistema interamericano propicia importantes espaços e instrumentos para a participação do Brasil nos esforços internacionais voltados para o compartilhamento de boas práticas e a realização de projetos voltados para aquele fim.

4

A preocupação do Brasil em não se converter em palco ou alvo de ações terroristas fundamenta sua opção de, na cooperação o internacional para o enfrentamento ao terrorismo internacional, privilegiar iniciativas de caráter preventivo, a cooperação jurídica e o intercâmbio de informações policiais e de inteligência por vias bilaterais, em detrimento daquelas conduzidas por meio de instâncias e instrumentos multilaterais.

Questão 13

Considerando que as relações com os países do continente americano representam importante vertente da política externa brasileira, e que elas envolvem um amplo espectro de interesses políticos, econômicos e de segurança, tratados bilateral e multilateralmente em condições diversas, conforme seu alcance e densidade, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

O esforço diplomático brasileiro empreendido a partir de 2009 com o propósito de impulsionar as relações com os países do Caribe não produziu resultados expressivos no campo comercial, tendo tanto as exportações quanto as importações brasileiras sofrido acentuado declínio nos últimos cinco anos.

2

A participação do Brasil no sistema interamericano a partir do final da Guerra Fria se expressa de forma heterogênea no que se refere ao seu posicionamento diante de propostas e iniciativas emanadas desse sistema, como, por exemplo, o decidido apoio prestado ao fortalecimento da institucionalidade democrática no continente, a reticência frente à agenda de segurança hemisférica na última década do século passado e o posicionamento crítico adotado no início desta década em relação ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

3

Sob a ótica da política externa norte-americana, as relações com o Brasil, tradicionalmente diversificadas, estão, no presente, assentadas em interesses de natureza puramente econômico-comercial, haja vista as recorrentes dificuldades enfrentadas na construção

Questão 12

A crescente exposição do Estado e da sociedade brasileira às dinâmicas internacionais tem, como contrapartida, entre outras, a maior importância conferida às questões de segurança nos planos regional e global. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

A segurança se incorporou à agenda da política externa brasileira no século XXI, em decorrência do ativismo do país em espaços e iniciativas de caráter multilateral e de alcance global, constituindo exemplo dessas ações o maior engajamento

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de convergências e na cooperação sobre temas políticos e de segurança no plano global e importantes divergências quanto às respectivas prioridades no plano das relações hemisféricas. 4

Recentemente, no âmbito da sua política externa, a maior aproximação do Brasil com os países da América Central teve amparo, inicialmente, em projetos de cooperação técnica e em iniciativas para a expansão do comércio e a promoção de investimentos.

Questão 15

Considerando que a inserção internacional do Brasil tem na atuação em foros multilaterais instrumento privilegiado para o tratamento dos principais temas da agenda global nas mais diferentes áreas, julgue (C ou E) os itens subsequentes, relativos a esse tema. 1

O estancamento da Rodada de Doha paralisou as negociações sobre temas comerciais no âmbito da Organização Mundial do Comércio, arrefecendo a implementação de decisões alcançadas nas últimas conferências ministeriais e a atividade do Órgão de Solução de Controvérsias. Em razão disso, fortalecem-se negociações bilaterais e regionais, incorporando disciplinas comerciais não alcançadas pela normativa multilateral, tendência da qual o Brasil está dissociado.

2

A decisão dos Estados Unidos da América de abandonar o Acordo de Paris aumentou as incertezas sobre o efetivo cumprimento das metas assumidas pelos países que o ratificaram. Nesse contexto, o Brasil reiterou a disposição de trabalhar com os demais signatários para rever os compromissos assumidos, de modo a mitigar os impactos da retirada norte-americana e salvaguardar o objetivo de manter a temperatura média da Terra em, no máximo, 2 ºC acima dos níveis pré-industriais.

3

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) representa, no presente, importante espaço de apoio aos países em desenvolvimento no que diz respeito ao seguimento e à implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que conformam a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e, de modo particular, daqueles voltados para a dimensão econômica.

4

A necessidade de aprimorar a governança global por meio de uma nova arquitetura financeira ocupa lugar de destaque na agenda do G-20, em que os países de economias emergentes procuram exercer maior protagonismo e influência nas tratativas sobre o tema. Exemplifica tal influência a expectativa do grupo de que as negociações sobre a reforma do sistema de quotas do Fundo Monetário Internacional, ora em curso, resulte em maior peso das economias emergentes e dos países em desenvolvimento em geral naquele organismo, pleito também defendido pelo Brasil.

Questão 14

Além de ser, no presente, a região de maior dinamismo econômico global, a Ásia é um espaço que abriga importantes dinâmicas políticas e de segurança que repercutem para além da própria região. Por essa razão, países que, a exemplo do Brasil, procuram, na maior aproximação com os países asiáticos, oportunidades de aprofundar sua inserção internacional devem considerar tanto os principais vetores das políticas externas na região como os antecedentes de seu próprio relacionamento no plano bilateral. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os próximos itens. 1

2

3

4

A China experimentou significativa inflexão em sua política externa ao valorizar o aprofundamento dos laços econômicos com os países em seu contexto regional por meio de mecanismos coletivos, o que se expressa no apoio a propostas e iniciativas como a Área de Livre Comércio da Ásia Pacífico, a Comunidade Econômica do Leste da Ásia e a Parceria Econômica Regional Abrangente. A política externa da Índia possui como importantes vetores, em sua dimensão global, a promoção da governança, o acesso a recursos energéticos em bases estáveis, a promoção da segurança alimentar e, no plano regional, a cooperação com a China, no âmbito do BRICS, na construção de novas instituições econômicas e, bilateralmente, em iniciativas como a articulação da infraestrutura da Nova Rota da Seda. A parceria estratégica entre China e Brasil tem servido de plataforma para a crescente diversificação do seu relacionamento bilateral, cuja agenda alcançou temas que ganharam relevância ao longo da última década. Tradicionalmente marcadas pela prevalência de interesses econômico-comerciais e pela cooperação aeroespacial, as relações entre esses países têm privilegiado iniciativas conjuntas em áreas como meio ambiente, saúde pública e tecnologias sensíveis. A cooperação em agricultura e alimentação representa importante vetor da cooperação do Japão com o Brasil. Os resultados alcançados ensejaram o forte incremento das exportações brasileiras de alimentos para aquele país e a experiência adquirida serviu de base, a partir do ano 2000, para iniciativa conjunta de cooperação no campo da agricultura conduzida no continente africano.

Questão 16

Tendo em vista que a Europa é referente histórico no repertório das relações internacionais do Brasil e se mantém como importante parceira desse país tanto por meio de países individualmente, em eixos bilaterais, como por meio das instituições comunitárias, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca das relações do Brasil com países europeus e organismos internacionais.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 1

2

3

4

A parceria estratégica entre a Rússia e o Brasil firmada em 2002 ensejou, ao longo da década, significativo incremento do comércio bilateral, avanço limitado na cooperação em setores como defesa e atividades aeroespaciais e forte impulso na concertação de posições em fóruns internacionais como o BRICS e o G-20. A proteção e o uso sustentável das florestas tropicais e a promoção das energias renováveis e da eficiência energética são temas prioritários na agenda da cooperação teuto-brasileira. A prioridade desses temas reflete a complementariedade advinda da importância do Brasil nos esforços de mitigação dos efeitos da mudança climática e para a conservação da biodiversidade no planeta, e do domínio, por parte da Alemanha, de tecnologias ambientais e energéticas de grande relevância para o desenvolvimento sustentável. As relações da França e do Reino Unido com o Brasil são conduzidas no âmbito das respectivas parcerias estratégicas, cujas agendas se concentram em temas econômicos, no caso da França, e, no caso do Reino Unido, em iniciativas voltadas para a cooperação setorial em áreas como agricultura familiar, ciência e tecnologia, defesa e energia nuclear. Os diálogos setoriais são o principal instrumento do intercâmbio de informações e experiências para o planejamento, o acompanhamento e a avaliação de inciativas nas relações entre a União Europeia e o Brasil; a centralidade reflete a amplitude e a forte segmentação das relações bilaterais e a inexistência de uma moldura política de direcionamento estratégico para tais relações.

Questão 17

Segundo o Tratado de Lisboa, a União Europeia (UE) tem como valores o respeito pela dignidade humana, a liberdade, a democracia, a igualdade, o estado de direito e o respeito pelos direitos humanos e como objetivo a promoção da paz, dos valores comuns e do bem-estar dos seus povos. No que concerne ao tema da integração europeia, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

São países candidatos a adesão à UE: Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Turquia.

2

Composta por um representante de cada um dos Estados-membros da UE, a Comissão Europeia é o órgão executivo da UE e defende seus interesses gerais.

3

A despeito de seus nomes, o Conselho da Europa e a Corte Europeia de Direitos Humanos não são instituições da UE.

4

A aproximação entre o MERCOSUL e a UE remonta à assinatura do Acordo-Quadro de Cooperação Inter-regional em 1995, mas, desde então, as negociações com vistas a um acordo de livre comércio não avançaram.

Questão 18

No discurso de abertura do Debate Geral da 66.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidenta Dilma Rousseff afirmou: “apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional”. Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, a respeito da questão árabe-israelense. 1

Após o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, anunciar a mudança da embaixada norte-americana para Jerusalém, a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução segundo a qual “quaisquer decisões e ações que pretendam alterar o caráter, o status ou a composição demográfica da Cidade Santa de Jerusalém não têm efeito legal”.

2

O brasileiro Osvaldo Aranha foi o presidente da Assembleia-Geral da ONU em 1947, que aprovou a resolução sobre o Plano de Partição da Palestina, com a chamada “solução de dois Estados”.

3

O Brasil reconheceu o Estado da Palestina nas fronteiras de 1967 e foi seguido por vários países sul-americanos.

4

Os Acordos de Oslo criaram uma Autoridade Palestina, mas não alteraram o status de Jerusalém.

Questão 19

A respeito das mudanças na atual política externa dos Estados Unidos da América (EUA), julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Não é a primeira vez que um presidente dos EUA pede a seus aliados europeus para incrementar seus investimentos em defesa. Entretanto, Donald Trump tem pressionado com frequência os líderes europeus por não aumentarem sua contribuição ao orçamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

2

Depois de ameaças recíprocas que se prolongaram por vários meses, Donald Trump e Kim Jong-un encontraram-se em Singapura, em 2018, e assinaram uma declaração conjunta em que os EUA e a Coreia do Norte se comprometem a trabalhar em favor da paz e da prosperidade mundial. A Coreia do Norte prometeu que aderirá ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

3

O governo saudita lidera uma coalizão militar que tem combatido o grupo aliado do Irã que luta para manter-se no poder no Iêmen desde 2015. Donald Trump obteve a aprovação do Congresso norte-americano para prestar ampla ajuda militar aos sauditas na luta pelo controle do Iêmen, o que inclui o envio de centenas de soldados e de aviões armados com mísseis equipados com ogivas nucleares.

4

Os governos da França, da Alemanha e do Reino Unido não conseguiram dissuadir Washington de deixar o acordo nuclear

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018

firmado pelo grupo chamado de P5+1, ou seja, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, e o Irã, em 2015. A reação imediata do Irã foi proibir a exportação de petróleo e gás iranianos aos EUA.

3

O texto do Pacto Global sobre Migração Segura, Ordenada e Regular foi aprovado em 2018 e sua natureza jurídica será a de um instrumento internacional não vinculante.

4

O Brasil é parte da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954 e da Convenção para a Redução dos Casos de Apatridia de 1961, tendo reconhecido pela primeira vez, em 2018, duas pessoas como apátridas.

Questão 20

As teorias das relações internacionais têm a finalidade de formular métodos e conceitos que permitam compreender a natureza e o funcionamento do sistema internacional, bem como explicar os fenômenos mais importantes que moldam a política mundial. J. P. Nogueira e N. Messari. Teoria das relações internacionais: correntes e debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, p. 2.

A respeito do assunto abordado no fragmento de texto precedente, julgue (C ou E) os próximos itens. 1

Embora o realismo seja uma tradição teórica da área de Relações Internacionais que apresenta uma grande diversidade, é possível afirmar que, para os realistas, os Estados são os atores centrais das relações internacionais, as quais se caracterizam pela anarquia e, sobretudo, pela cooperação para sobreviver.

2

As análises pós-coloniais, que representam uma contribuição relativamente recente na área de Relações Internacionais, questionam as concepções modernizadoras ocidentais e a politização dos conflitos delas resultantes.

3

Muitos realistas e liberais atribuem antecedência ontológica aos agentes ou à estrutura nas relações internacionais. Os construtivistas afirmam que o mundo é socialmente construído e negam, portanto, a antecedência ontológica dos agentes ou da estrutura.

4

A crença no progresso da humanidade e na sua racionalidade e a ideia de que a intensificação do comércio favorece a paz são alguns dos fundamentos do liberalismo. É na tradição liberal que se encontram os fundamentos para a criação das organizações internacionais pelas potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial.

Questão 21

A respeito do tema refugiados, apátridas e migrantes, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Devido à inter-relação entre as condições de refugiado e de migrante econômico, as pessoas que cruzam a fronteira de seu país em busca de melhor padrão de vida também estão sob a proteção da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados.

2

Em 2017, o número de pessoas que foram forçadas a se deslocar em razão de conflitos em países como a Síria retrocedeu, apesar do crescimento observado nos anos anteriores.

Questão 22

As operações de paz sempre tiveram importância no âmbito da atuação da ONU e, a partir do fim da Guerra Fria, seu número cresceu significativamente. O Brasil participou de várias operações de paz da ONU, sendo essa participação coerente com a importância que historicamente a política externa brasileira tem atribuído às instâncias multilaterais, notadamente no campo da paz e da segurança internacionais. A esse respeito, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

O Brasil participa da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). A Marinha do Brasil comanda a força-tarefa marítima que atua na costa libanesa.

2

No final da década de 80 e na década de 90 do século passado, operações de paz realizadas em Angola e Moçambique objetivaram monitorar a implementação de acordos de paz que buscaram colocar fim a guerras civis nesses dois grandes países africanos. O Brasil participou dessas operações de paz multidimensionais, ou seja, que não se restringiram a tarefas tipicamente militares.

3

A primeira operação de manutenção da paz foi criada pela ONU em 1956 para monitorar o cessar-fogo entre Egito e Israel na Crise do Suez. O Brasil participou dessa operação de paz, que se restringiu ao componente militar.

4

A Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (MINUSTAH) encerrou-se em 2017 e sua composição contou com uma notável maioria de países latino-americanos. O Brasil dividiu o comando do componente militar da missão com a Argentina e o Chile.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 4

GEOGRAFIA Questão 23

A tabela a seguir mostra as porcentagens, sobre o total da população ocupada, da população ocupada por setor produtivo: B = baixa produtividade (agricultura, comércio e serviços); M = média produtividade (manufatura, construção, transporte e comunicação); e A = alta produtividade (mineração, eletricidade, gás, água, atividades financeiras e imobiliárias), na América Latina (AL), no Brasil (BR), no México (MX), no Paraguai (PG) e no Uruguai (UG), nos anos indicados.

A relativa diminuição do número de ocupados no setor de baixa produtividade e o aumento no setor de alta produtividade da economia brasileira, entre 1999 e 2013, é um fenômeno explicado pela perda de importância das commodities agrícolas para o país, que decorre da crise de exportação no período.

Questão 24

A tabela seguinte mostra as taxas de desemprego em zonas urbanas em cada ano indicado, com relação à respectiva população total, na América Latina (AL), na Argentina (AG), no Brasil (BR), no Chile (CH), na Colômbia (CO), na Costa Rica (CR), no Equador (EQ), no México (MX), no Paraguai (PG), no Peru (PE) e no Uruguai (UG). Os dados de 2016 referem-se aos cinco primeiros meses desse ano.

CEPAL – Comisión Económica para América Latina y el Caribe. Internet: <www.cepal.org/es> (com adaptações). CEPAL – Comisión Económica para América Latina y el Caribe. Internet: www. cepal.org/es (com adaptações).

Com referência à população trabalhadora ocupada, na América Latina, e considerando os dados dos setores produtivos da economia apresentados na tabela anterior, julgue (C ou E) os itens subsequentes. 1

A relativa estabilidade quantitativa da população ocupada no setor de baixa produtividade, no Paraguai e no Uruguai, entre 2008 e 2013, pode ser atribuída ao fato de a agricultura — para o Paraguai — e a pecuária — para o Uruguai — serem as principais atividades econômicas desses países.

2

A maior concentração da população trabalhadora latino-americana ocupada em setores de produtividade baixa pode ser atribuída à importância do comércio e dos serviços na economia dos países, considerando a urbanização do território no continente.

3

O incremento considerável de trabalhadores nos setores de mineração e construção civil no México entre 2008 e 2012 está relacionado ao crescimento da mineração no país, com destaque para a exploração de petróleo e gás e as atividades imobiliárias nas principais áreas urbanas do país, entre as quais se destacam Cidade do México, Guadalajara e Monterrey.

Considerando as informações da tabela antecedente, julgue (C ou E) os itens seguintes, a respeito das conhecidas problemáticas sociais urbanas em cidades da América Latina. 1

O chamado Consenso de Washington preconizava três ideias principais: a abertura comercial dos países, diminuindo o protecionismo e possibilitando investimentos estrangeiros, a aplicação da economia de mercado e o controle fiscal macroeconômico. Em relação ao mercado de trabalho, o Consenso de Washington defendia a desregulamentação das leis trabalhistas, com impacto direto na geração de empregos formais.

2

Apesar da tendência de redução da taxa de desemprego após 2002 e para a maioria dos países referenciados, a crise econômica mundial e as crises de poder local forçaram o aumento do desemprego em 2016, no Brasil, na Costa Rica, no Equador, Peru e Uruguai, estimulando o setor quaternário da economia urbana desses países.

3

A Colômbia, na década de 90 do século passado, viveu uma relação inversamente proporcional entre a taxa de desemprego e a violência urbana, que foi catalisada pelo abandono de atividades rurais ante a atuação das FARC no país.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 4

Na primeira década do presente século, o Uruguai, que apresentou considerável diminuição da taxa de desemprego urbano, implementou políticas sociais redistribucionistas e abriu-se para o debate sobre direitos políticos populares.

Questão 25

1

As gigantescas reservas de petróleo e gás natural em poder da Rússia sustentam a economia desse país, bem como a expansão de sua influência geopolítica para outras regiões do mundo, como o Oriente Médio e a Europa.

2

A anexação da península da Criméia, no mar Negro, é fator de conflito entre Rússia, Ucrânia e demais países do Cáucaso. O conflito entre os países provocou o êxodo da população da Criméia, em grande parte ucraniana e muçulmana, para outros países, como Geórgia, Armênia e Cazaquistão, de maioria muçulmana e forte sentimento contra a Rússia.

3

A política russa de exportação de petróleo e gás natural é um fator geopolítico de poder no cenário mundial e o país compartilha da política norte-americana e da Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo — do qual é membro participante —, contrária ao acordo do clima de Paris.

4

A Sibéria, porção asiática do território russo, é rica em recursos minerais, com destaques para petróleo, gás natural, carvão mineral e minério de ferro, e sua localização geográfica em relação à China e ao Japão, grandes consumidores de minérios, é estratégica para a economia russa.

Acerca dos diferentes tratamentos do conceito de território na geografia, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

2

Questões de consciência e de representação do espaço foram elaboradas e assimiladas, ao largo dos séculos XIX e XX, para a definição concreta e imaginária do território como fundamento de soberania do Estado nação. A integração contemporânea de técnica, ciência e informação desabilitam a abordagem geográfica do território sob aspectos subjetivos.

3

Territorialização, desterritorialização e reterritorialização constituem processos reveladores do movimento social e da dinâmica do capital, os quais geram e redefinem identidades e vínculos com o território.

4

O conceito de território abrange processos e relações restritos à economia e à política, de forma que as dimensões sociais da cultura direcionam-se às abordagens conceituais geográficas da paisagem e do lugar.

Questão 26

Os campos de petróleo da Rússia estão localizados no Vale do Volga, no sul dos Urais e, acima de tudo, na Sibéria, particularmente perto do oceano Ártico. Os grandes depósitos ao redor do mar Cáspio são agora dependentes de Estados que se tornaram independentes com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Azerbaijão, Cazaquistão). Como o segundo maior produtor mundial de petróleo e o primeiro produtor de gás natural, a Rússia tem apostado grande parte de seu desenvolvimento econômico e sua influência geopolítica na exploração e administração dessas fabulosas riquezas naturais em seu território ou nos países do mar Cáspio e da Ásia Central. Nesse sentido, a Rússia tem um complexo setor voltado ao transporte do petróleo do mar Cáspio para a Europa.

Questão 27

No último meio século, houve uma mudança revolucionária em escala planetária: cada vez mais, as lojas locais dão lugar ao domínio dos gigantes da distribuição, como o Walmart e o Carrefour. Na Espanha, mais de 80% das compras das famílias são feitas em hipermercados e, dessas compras, 75% estão concentradas nas cinco maiores redes: Mercadona, Eroski, Carrefour, Auchan e Dia. Tal mudança está longe de ser uma realidade particular de um país ou de um setor: trata-se de uma tendência mundial. N. Castro. A ditadura dos supermercados: como grandes distribuidores decidem o que consumimos. Madrid: Akal, 2017 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens que se seguem, acerca das redes de produção e consumo globais. 1

As cidades médias brasileiras são polos atrativos, tanto para fluxos migratórios internos, como para investimentos empresariais globalizados. Hipermercados, centros comerciais, lojas de franquia, concessionárias de veículos, hotéis e diversos serviços são instalados nessas cidades em diferentes regiões do país, caracterizando o processo de globalização do território brasileiro.

2

O sistema político-econômico hegemônico atual é caracterizado pela existência de diferentes tipos de redes geográficas que dinamizam os sistemas produtivos e de consumo e redefinem em escala global os usos dos territórios. O mundo atual é homogeneizado pelas relações de consumo e produção que articulam todo o planeta.

Y. Lacoste. Geopolítica: a longa história do presente. Madrid: Editorial Sínteses, 2008. p. 161 (com adaptações).

Tendo o texto antecedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito do papel geopolítico da Rússia no mundo atual.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 3

4

O processo desigual de produção de um mundo articulado e fluido é realizado por agentes econômicos e políticos que se utilizam de acordos comerciais e da formação de blocos geoeconômicos para a constituição de redes que transferem mercadorias, bens e serviços entre diversas regiões do planeta. A estratégia dos agentes econômicos no período da globalização pressupõe a mobilidade, entre outros fatores políticos e econômicos de integração produtiva. Os processos de produção de commodities como frutas tropicais, café, grãos e carnes são cada vez mais regulados pelas regras do mercado global. A apropriação de processos produtivos por corporações transnacionais associadas ao capital industrial e financeiro compõe novas redes de produção e consumo, articulando campo e cidade e determinando o que se produz e o que se consome.

NOÇÕES DE DIREITO E DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Questão 29

Com relação à classificação da Constituição, à competência dos entes federativos, ao ato jurídico e à personalidade jurídica, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

A vigente Constituição brasileira é, no que se refere à estabilidade, semirrígida, pois, além de conter normas modificáveis por processo legislativo dificultoso e solene, possui também normas flexíveis, que podem ser alteradas por processo legislativo ordinário.

2

Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre cidadania e naturalização, limitando-se a União a estabelecer normas gerais e os demais entes a legislar em caráter suplementar.

3

O ato jurídico em sentido estrito é ato voluntário que produz os efeitos já previamente estabelecidos pela norma jurídica, como, por exemplo, quando alguém transfere a residência com a intenção de se mudar, decorrendo da lei a consequente mudança do domicílio.

4

Considera-se personalidade jurídica a capacidade in abstracto de ser sujeito de direitos ou obrigações, ou seja, de exercer determinadas atividades e de cumprir determinados deveres decorrentes da convivência em sociedade.

Questão 28

O domínio da teoria absoluta do Estado e o abandono das dimensões relativas e relacionais a um papel subordinado foram particularmente assegurados na Europa Ocidental. Posteriormente, os processos de colonização estenderam à maior parte do planeta essa modalidade de territorialização. Evidentemente, nada de natural nessa forma concreta de territorialização, nem o recurso das teorias absolutas do espaço e tempo para consolidá-las: estamos diante de construções sociais e criações políticas. David Harvey. El cosmopolitismo e as geografias da liberdade. Madrid: Akal, 2017, p. 198 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos à expansão colonial e ao pensamento geográfico. 1

2

A expansão ultramarina europeia influenciou a formação da sociedade e dos Estados nacionais colonizados e posteriormente independentes. No Brasil, por meio de construções simbólicas e políticas, a influência cultural europeia produziu um território nacional único, integrado e predominantemente europeu. A descrição e o conhecimento geográfico feitos pelos viajantes e cronistas europeus durante a colonização, bem como a sua cartografia e representações, serviram às potências europeias para o domínio do novo mundo, de seus territórios e povos, para a delimitação de fronteiras e a exploração de seus recursos.

3

O conhecimento do território, a construção simbólica do Estado Nação, a definição e segurança das fronteiras nacionais e internacionais são elementos geográficos que mantêm os Estados nacionais europeus articulados e integrados territorialmente no mundo atual.

4

A fragilização das potências europeias com a Segunda Guerra Mundial teve como consequências a independência das antigas colônias e a criação de novos Estados nacionais no continente africano.

Questão 30

Considerando a ordem constitucional brasileira, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

Os chefes de missão diplomática de caráter permanente, indicados pelo presidente da República, devem ser aprovados pelo Senado Federal por voto secreto, após arguição em sessão secreta.

2

É competência discricionária e unilateral do presidente da República permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou que nele permaneçam temporariamente

3

A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal, os municípios e os territórios, todos entes federativos autônomos dotados de capacidade de autogoverno e autoadministração.

4

O Poder Executivo é um órgão pluripessoal, exercido pelo presidente e pelo vice-presidente da República e pelos ministros de Estado.

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Questão 31

No que tange aos direitos e garantias fundamentais e ao processo legislativo, conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue (C ou E) os itens subsequentes. 1

As assembleias legislativas estaduais dispõem de competência para propor emenda à CF, desde que a iniciativa parta de mais da metade das assembleias das unidades da Federação e pela maioria relativa dos membros de cada uma delas.

2

A CF veda a extradição de estrangeiro em razão de crime político ou de opinião.

3

Os tratados e convenções internacionais genericamente considerados terão status constitucional se forem aprovados pelo processo legislativo previsto para a votação de emendas à CF.

4

A Câmara dos Deputados é a casa onde se devem iniciar todos os projetos de lei de iniciativa do presidente da República, do STF ou de tribunal superior, cabendo ao Senado o papel de casa revisora.

Questão 32

Questão 33

Julgue (C ou E) os próximos itens, à luz dos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da jurisprudência de seu Órgão de Apelação. 1

O Entendimento de Solução de Controvérsias determina que a suspensão de concessões (retaliação) ocorra no mesmo setor da violação questionada, sendo proibida a chamada retaliação cruzada.

2

Os membros da OMC são livres para adotar, em suas legislações nacionais, níveis de proteção de direitos de propriedade intelectual mais elevados que aqueles requeridos pelo Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (Acordo TRIPS), desde que tal proteção não contrarie os dispositivos desse mesmo Acordo.

3

Conforme o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias da OMC, são classificados como subsídios proibidos apenas aqueles vinculados a desempenho exportador e ao uso preferencial de produtos nacionais em detrimento de produtos estrangeiros.

4

No contencioso Brasil-Pneus, o Órgão de Apelação da OMC concluiu que, à luz das disposições do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), a proibição de importação de pneus reformados era necessária à proteção da saúde pública e do meio ambiente no Brasil, mas que, para ser mantida, o Brasil deveria assegurar a efetiva cessação das importações de pneus usados e reformados de todas as origens, inclusive dos países do MERCOSUL.

Considerando as disposições da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, e sua aplicação na jurisprudência internacional, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

2

O princípio da efetividade (effet utile) — segundo o qual um tratado deve ser interpretado de modo a atribuir efeito e significado a todos os seus termos — não é explicitamente previsto na referida Convenção, mas seu uso é disseminado na jurisprudência internacional. A partir do momento em que assina determinado tratado, o Estado ou a organização internacional deve abster-se da prática de atos que frustrarem o objeto e a finalidade desse tratado, mesmo que não o tenha ratificado.

3

Ato relativo à conclusão de tratado praticado por pessoa que não pode ser considerada representante de Estado ou de organização internacional para esse fim é eivado de nulidade absoluta, não comportando confirmação ou convalidação.

4

A referida Convenção estabelece, em sua regra geral de interpretação, que os termos de um tratado devem ser interpretados em seu contexto, o qual inclui, entre outros, o texto, o preâmbulo, eventuais anexos, acordos subsequentes e trabalhos preparatórios.

Questão 34

Julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca do direito internacional dos direitos humanos e do direito internacional humanitário. 1

A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhece a responsabilidade do Estado por violações de direitos humanos não apenas como resultado de uma ação ou omissão a ele diretamente imputável, mas também em virtude da falta de devida diligência do Estado em prevenir uma violação cometida por particulares.

2

A Corte Internacional de Justiça reconhece que o início de um conflito armado marca o fim automático da vigência do direito internacional dos direitos humanos no território em conflito, dando lugar à aplicação do direito internacional humanitário.

3

A proteção a civis em conflitos armados é regra absoluta de direito internacional humanitário e deve prevalecer mesmo nos períodos em que civis venham a engajar-se diretamente em hostilidades.

4

Se em conflitos armados internacionais um combatente capturado pelo inimigo tem a proteção que advém do status de prisioneiro de guerra, essa mesma proteção não é prevista em caso de conflitos armados não internacionais.

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PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA FASE – TARDE LÍNGUA INGLESA

3

The text lists three different kinds of change which affect diplomacy: those originated in international and domestic scenarios; those coming from the main centres of authority; and the ones which are related to societal transformations.

4

Due to the close relationship that exists between diplomacy and communication, diplomats have managed to bring their communicative skills to perfection in order to work autonomously with new digital media.

Text I 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

  28.

  31.

With this report, our aim is to present initial reflections on diplomacy in the digital age. In the ongoing debate amongst international relations scholars, information and communication technology (ICT) experts, digital strategists, social media advocates and others, the first question for us is: what is happening to diplomacy? And the obvious answer is what has always happened to it: diplomacy is responding to changes in the international and domestic environments, in the main centres of authority, particularly states, and in the character of societies at home and abroad. “Newness” in diplomacy today has everything to do with the application of new communications technologies to diplomacy. This issue goes right to the heart of diplomacy’s core functions, including negotiation, representation and communication. Given the centrality of communication in diplomacy, it is hardly surprising that the rise of social media should be of interest to practitioners of diplomacy. Most of them, like people outside diplomatic culture, are in the process of adjusting their “analogue” habits and finding their own voice in a new information sphere. This takes time, and for technological enthusiasts to simply proclaim the arrival of a “new statecraft” in the form of what is variously termed e-diplomacy, digital diplomacy, cyber diplomacy and “twiplomacy” is too simplistic. Paradoxically, greater complexity encourages shallow, hurried analyses and the search for simple explanations about what is happening to diplomacy as the regulating mechanism of the society of states. As in other epochs of fast technological change, the lure of quick fixes addressing multifaceted processes of change in diplomacy appears almost irresistible. Brian Hocking and Jan Melissen. Diplomacy in the digital age. 2015, p. 9. Internet: <www.clingendael.org> (adapted).

Questão 35

Decide whether the following statements are right (C) or wrong (E) according to text I. 1

The authors are critical of the kind of explanation analysts have given for the phenomenon of diplomacy in the digital age, which, according to the authors, should be approached more thoroughly.

2

For the authors, the changes brought about by new communications technologies are affecting the essence of diplomacy as never before.

Questão 36

Decide whether the following statements are right (C) or wrong (E) according to text I. 1

The passage “the lure of quick fixes addressing multifaceted processes of change” (l. 29 and 30) could be replaced by the temptation of finding easy solutions for manifold processes of change and this would still keep the paragraph coherent.

2

In the first paragraph, the words “ongoing” (l. 2) and “advocates” (l. 5) can be correctly and respectively replaced by far-reaching and lawyers without this changing the meaning of the passage.

3

The passage “what has always happened to it:” (l. 7) can be correctly replaced by what has always happened to it, which means that or by what has always happened to it, which is to say.

4

In the end of the second paragraph, the authors express the opinion that the so-called ‘new statecraft’ (l. 22), also known as “digital diplomacy” (l. 23), is “too simplistic” (l. 24).

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Text II 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

  28.

  31.

  34.

  37.

  40.

  43.

 

Questão 37

What do politically minded visitors to a zoo feel when they stand in front of the panda bear’s cage? The previously cute panda may suddenly strike them as strange — there is an intuitive knowledge that this panda, constantly eating bamboo in front of a cheerful and amazed audience, is deeply charged with political agency. Estrangement from the familiar is the start of every theory. Unfortunately, it was only recently that political scientists have embarked on exploring diplomacy systematically as a conceptual phenomenon, generating one unquestionable axiom: that of representation. As with any axiom, it is unprovable, but it is the taken-for-granted starting point for all further research: most scholars agree on the basic postulate that diplomacy is about people representing polities (most often a state) vis-à-vis another polity. One should mention that the notion of political representation is a theoretical axiom applicable to all countries, but let us explore the example given by the panda bear and, consequently, by China a little further. It is often correctly perceived that the speech of an accredited Chinese ambassador is attributable to the Chinese government. It is “China” who spoke, not (just) the individual person. This is the basis of representation. But what is often forgotten is how non-human material can represent polities — they are also diplomats, but mute. It may sound ridiculous, if not provocative, to posit that the panda bear in the zoo is China. But this is merely an extension of the basic premise of diplomatic theory. Why should only human individuals be able to represent a state? In periods of conflict, flags (material objects) are burnt, walls are erected, monuments torn down; in times of better political mood, heads of states exchange precious gifts with each other, while embassy buildings in foreign countries enjoy a “sacred” legal status. Flags, walls, monuments, gifts, and the embassies re-present, i.e. “bring into presence,” a country, and actions toward these objects address the states they represent. And there are good grounds for sensing a foreign policy tool in the giant pandas that now reside in zoos all over the world. They prominently embody China’s modern public diplomacy; they are non-human material deliberately deployed by the Chinese government to the soil of other states; and they have, at times, served as the primary means of expressing inter-state sentiment — during times of both conflict and cooperation —, in instances of the so-called “panda diplomacy”. Andreas Pacher. The Diplomat. Nov./2017. Internet: (adapted).

Decide whether the following statements are right (C) or wrong (E) according to text II. 1

One can correctly infer from the text that the author is against the exploitation of animals for political or diplomatic ends.

2

The view on representation expressed by the author is broader and more flexible than the one which considers that “diplomacy is about people representing polities” (l. 14).

3

The author starts his text by mentioning people who stand apart from most because of their understanding of the political implications which may arise from the presence of panda bears in countries other than China.

4

The passage “The previously cute panda may suddenly strike them as strange” (l. 2 and 3) indicates that people may become aware that panda bears kept outside China can be signs of international political forces.

Questão 38

Considering the grammatical and semantic aspects of text II, decide whether the following statements are right (C) or wrong (E). 1

Because the word “deployed” (l. 40) can be related to the meaning of putting troops or weapons in a position ready to be used, in the text it reinforces the idea that panda bears have acquired political and strategic significance.

2

The point made by the author in “Unfortunately, it was (…) that of representation” (l. 8 to 11) would remain the same if this passage were rewritten as Sadly, only recently have political scientists started to actively engage in the study of diplomacy as a conceptual phenomenon, and this delay has led to the irrefutable axiom of representation.

3

As used in the text, the word “posit” (l. 26) is synonymous with ignore.

4

In “But this is merely an extension” (l. 27 and 28), the word “this” refers to the statement that “the panda bear in the zoo is China” (l. 27).

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Questão 39

Questão 40

Text III 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

 

Text IV

Much has been written about the superlative qualities desirable in diplomacy. Few persons can embody them all, but the greater part of a diplomat’s armoury can be developed and improved by sincere application guided by advice and example of his/her seniors. One must be concerned primarily with the foundations on which to build. For these the selectors must be satisfied there is a hard core to the applicant’s personality. On it will rest the courage, toughness in confrontation, patience and perseverance without which many more brilliant gifts can come to grief. Contrary to popular belief, diplomacy is not a career for the compliant. It often imposes on an officer the duty of defending the interests of his/her country in places not of his/her choice, where he/she must be prepared to withstand the moral attrition to which he/she may be exposed in the front line of international politics.

1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

Lord Gore-Booth and Desmond Pakenham. Satow’s guide to diplomatic practice. 5.th ed. London and NewYork: Longman, 1979, p. 79 (adapted).

Considering the grammatical and semantic aspects of text III, decide whether the following items are right (C) or wrong (E). 1

The expression “come to grief” (l. 10) means to end in failure.

2

The passage “Contrary to popular (…) for the compliant” (l. 10 and 11) can be correctly rewritten as In opposition to what most people believe, a yielding person is not suited to a career in diplomacy without this changing the meaning of the text.

3

4

The word “armoury” (l. 3) can be correctly replaced by arsenal since both words can be used in the context to indicate the skills a diplomat should have. In “On it will rest the courage” (l. 8), the pronoun “it” refers to “the applicant’s personality” (l. 7).

  19.

  22.

  25.

  28.

  31.

  34.

  37.

  40.

  43.

 

A central conjecture of the social studies of finance is that equipment matters: it changes the nature of the economic agent, of economic action, and of markets. Consider, for example, physical equipment such as the stock ticker or trading screens connected in electronic networks, which circumvent the most basic of all bodily limitations — the inability to be in two places at once. They made fine-grained knowledge of price movements available in close to real time to geographically dispersed market participants. Alex Preda conjectures, for instance, that the ticker helped prompt the rise of “chartism” or “technical analysis”: the belief — still widespread — that patterns can be found in price graphs that have predictive value. Actors’ equipment goes beyond physical technologies: their “conceptual equipment” also matters, or so the social studies of finance posit. Financial markets are complicated places. Given the limited memory and computational capacity of the human brain, economic agents must develop and acquire systematic ways of making sense of markets. Organizations must develop procedures for interacting with markets, and to an increasing extent those procedures are implemented in algorithms in automated pricing, trading and risk-management systems. Sometimes, the ways of thinking, procedures, and algorithms that are employed derive from financial economics. Probably more often, however, practitioners’ ways of thinking and associated ways of acting have no direct connection to “academic” economics or indeed are regarded by economists as mistaken. Chartism is an example of the latter: financial economists regard it as on a par with astrology, but many traders take it seriously, and act on the basis of it. “Public facts”, such as the LIBOR1, technical equipment, graphical presentations, and “conceptual equipment” are all aspects of the diverse cognitive and calculative processes that take place in financial markets. These processes are “distributed” in the sense that a given task is often performed not by a single unaided human but by multiple human beings, objects, and technical systems. To understand cognition that involves multiple collaborating human beings and/or interaction with objects and technical systems, one must go beyond the psychological or cognitive science analysis of the individual “bounded by the skin”. As Hutchins puts it, “a group performing [a] cognitive task may have cognitive properties that differ from the cognitive properties of any individual”. Donald MacKenzie. Material Markets. New York: Oxford University Press, 2009, p. 13-6 (adapted).

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Considering the grammatical and semantic aspects of text IV, decide whether the following items are right (C) or wrong (E). 1

Using based on instead of “on the basis of” (l. 31) would not alter the general meaning of the sentence.

2

The expression “on a par with” (l. 30) means competing.

3

According to the text, automated trading and other new technologies have made financial economics hegemonic among traders as a tool to interpret the gyrations of the financial market.

4

It may be inferred from the text that Hutchins posits that the complexity of financial markets calls for analysis based on groupthink, as psychological or cognitive science analysis of the individual is clearly insufficient.

Questão 41

In text V, without altering the general meaning of the sentence, “enthralled” (l. 8) could be replaced by (mark right — C — or wrong — E). 1

eccentric.

2

colorful.

3

bewitched.

4

captivated.

Questão 42

Considering the grammatical and semantic aspects of text V, decide whether the following items are right (C) or wrong (E).

Text V 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

  28.

  31.



Ages ago, I acquired two recordings that inspire a feeling of weirdness whenever I listen to them, or even think about them. Both are performances of the great Lerner and Loewe musical My Fair Lady in languages other than English. Each of them has a special twist of irony. At the core of the original story is how the coarse Cockney girl Liza Doolittle is as a challenge, taken in by the insufferably smug but utterly enthralled professor Henry Higgins, and through painful exercises — “The rain in Spain falls mainly in the plain” — acquires such an impeccably upper-class Oxbridge way of speaking English that at her (and his) ultimate test, a posh ball that she attends incognito, drifting among the cream of British society, the keenest linguistic sleuth in the land dances with this mysterious beauty and in the end declares her too good to be true, and hence not English elite at all, but Hungarian! The whole idea of de-anglicizing this story strikes me as really nutty — and yet there they are, those recordings on my shelf. And so, on what wet plains do those heavy, drenching rains mainly fall, in Mi Bella Dama? And in the Hungarian version, to what elite nationality is the too-good to-be-true unrecognized Cockney girl assigned? Of course, the truly strange part in both cases is that the whole time she is speaking Spanish or Hungarian, the charade is maintained that she is actually speaking English, and, unlike most plays or movies where one language is made to pass for another, the linguistic medium here is not just an incidental fact, but the very crux of the entire plot. I suppose the suspension of disbelief involved is no more strained than our willingness to accept as “reality” a story that is occasionally interrupted by the actors’ breaking into lyrical song, and then, as suddenly as it started, the singing is over and apparent normalcy resumes on stage. Douglas R. Hofstadter. Le ton beau de Marot: in praise of the music of language. New York: Basic Books, 1997, p. 198 (adapted).

1

From the author’s account, it can be inferred that the plot of My Fair Lady is an homage to British social class structure.

2

The stage performance of My Fair Lady is punctuated by musical numbers.

3

The word “sleuth” (l. 13) is used in a disparaging way.

4

The author thinks that the most important point of the plot of My Fair Lady gets lost in translation.

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Text VI 1.

  4.

  7.

  10.

  13.

  16.

  19.

  22.

  25.

  28.

  31.



HISTÓRIA DO BRASIL

Ages ago, I acquired two recordings that inspire a feeling of weirdness whenever I listen to them, or even think about them. Both are performances of the great Lerner and Loewe musical My Fair Lady in languages other than English. Each of them has a special twist of irony. At the core of the original story is how the coarse Cockney girl Liza Doolittle is as a challenge, taken in by the insufferably smug but utterly enthralled professor Henry Higgins, and through painful exercises — “The rain in Spain falls mainly in the plain” — acquires such an impeccably upper-class Oxbridge way of speaking English that at her (and his) ultimate test, a posh ball that she attends incognito, drifting among the cream of British society, the keenest linguistic sleuth in the land dances with this mysterious beauty and in the end declares her too good to be true, and hence not English elite at all, but Hungarian! The whole idea of de-anglicizing this story strikes me as really nutty — and yet there they are, those recordings on my shelf. And so, on what wet plains do those heavy, drenching rains mainly fall, in Mi Bella Dama? And in the Hungarian version, to what elite nationality is the too-good to-be-true unrecognized Cockney girl assigned? Of course, the truly strange part in both cases is that the whole time she is speaking Spanish or Hungarian, the charade is maintained that she is actually speaking English, and, unlike most plays or movies where one language is made to pass for another, the linguistic medium here is not just an incidental fact, but the very crux of the entire plot. I suppose the suspension of disbelief involved is no more strained than our willingness to accept as “reality” a story that is occasionally interrupted by the actors’ breaking into lyrical song, and then, as suddenly as it started, the singing is over and apparent normalcy resumes on stage. Ali Wyne. A new world order will likely arise only from calamity. The Washington Post, jul./2018 (adapted)

Questão 43

.

Considering the grammatical and semantic aspects of text VI, decide whether the following items are right (C) or wrong (E). 1

The phrase “obtain more” (l. 10 and 11) could be correctly replaced by accrue, without altering the meaning of the passage.

2

The word “aegis” (l. 36) could be replaced by auspices in this particular context.

3

The idiom “Across the pond” (l. 19) could be replaced by Overseas, without altering the meaning of the sentence.

4

The word “simmering” (l. 15) could be replaced by vocal without altering the general meaning of the passage.

Questão 44

Tendo em vista que, como colônia de Portugal, o Brasil fazia parte do mercantilismo da Idade Moderna, que tinha no sistema colonial um dos fatores fundamentais do processo de acumulação primitiva da Europa nos séculos XVI, XVII e XVIII, julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca das características básicas da produção brasileira no período colonial. 1

Exercida sob o modelo de latifúndio autossuficiente, a produção gerava excedentes que propiciavam um vigoroso comércio entre as capitanias.

2

Prevalecia a monocultura agroexportadora, principalmente de açúcar, com predomínio do latifúndio da terra e do trabalho escravo (indígenas e africanos) generalizado.

3

No período em apreço, em que predominava a pluricultura de produtos, a produção aurífera mineira era voltada para a metrópole, e as indústrias básicas, como a metalurgia, empregavam uma pequena parcela de trabalhadores livres.

4

A posse da terra era concedida exclusivamente a proprietários de pequeno e médio porte; predominava o trabalho escravo e a produção manufatureira livre destinava seus produtos à venda por comerciantes portugueses na Europa.

Questão 45

A principal autoridade em todos os domínios coloniais portugueses era o rei, que, na administração desses domínios, contava com o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Consciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxílio dessas instituições, a organização administrativa do Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue (C ou E) os seguintes itens, relativos às causas dessa precariedade. 1

As distâncias, a consequente lentidão das comunicações, e a falta de aparato humano burocrático dificultavam o controle da população e a observância restrita das leis.

2

Embora fosse consensual e geograficamente constatável, a unidade territorial brasileira aparecia oficialmente visível apenas nos títulos do vice-rei e do príncipe do Brasil.

3

O processo administrativo era excessivamente centralizado: todas as decisões de maior ou média envergadura administrativa passavam pelo crivo de Portugal; de tudo se queria saber em Lisboa e por tudo se interessavam o Conselho Ultramarino e a Corte.

4

A Coroa Portuguesa, do início ao fim da colonização, procurou manter o controle total sobre o empreendimento colonial,

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018

motivo pelo qual resistiu às investidas da iniciativa privada (ou particular), no sentido de assumir papel exclusivo na exploração econômica da colônia. Questão 46

Em novembro de 1807, temendo ser aprisionado pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o príncipe regente de Portugal, D. João VI, deixou Lisboa acompanhado de sua família e de boa parte da nobreza da Corte, em direção ao Brasil, onde se estabeleceu até 1821, ano em que regressou à metrópole já como rei. Com relação às diversas consequências, para a colônia, da permanência de D. João VI no Brasil, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

2

3

4

Em 1808, ocorreu a fundação da Escola Médico-Cirúrgica, na Bahia, bem como a fundação da Academia Real Militar e da Academia Real da Marinha, no Rio de Janeiro. A noção de brasilidade, ou seja, a consciência de ser brasileiro, esteve presente desde cedo na cultura política e na identidade da sociedade brasileira, tendo-se manifestado nas sedições nativistas da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana, ambas de cunho emancipacionistas, e, em fins do período colonial, terminado por ser a base da luta pela independência do Brasil. Elevou-se o status colonial do Brasil em relação a Portugal com a revogação dos atos que proibiam o estabelecimento de indústrias e manufaturas na América portuguesa e com a criação de tribunais semelhantes aos sediados em Lisboa.

Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil na chamada Revolução de 1930. Seu governo foi marcado por fortes transformações econômicas e sociais, bem como por acontecimentos políticos importantes no Brasil e no mundo. A respeito da Era Vargas, julgue (C ou E) os próximos itens. Getúlio Vargas, ao mesmo tempo em que se aliava aos interesses de grupos urbanos, mantinha aproximação com as forças militares. Além disso, ele retomou a política de valorização do café, que havia sido abandonada pelo seu antecessor.

2

Com a decretação do Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas tomou medidas como a suspensão do pagamento da dívida externa, a diminuição da liberdade de imprensa e a extinção dos partidos políticos.

3

O movimento de transformação política no Brasil iniciado em 1930 se consolidou definitivamente com a Lei Agamenon, em 1945, que regulamentava a criação das agremiações partidárias.

Em 1950, como candidato eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro, Getúlio Vargas voltou a ocupar o cargo de presidente do Brasil. Seu governo foi marcado por forte apoio dos trabalhadores e suas entidades representativas — sindicatos e federações sindicais.

Questão 48

Diversamente de 1930, 1945 e 1955, em 1964 as Forças Armadas não entregaram o poder a um civil. A partir do golpe até 1985, a história republicana assistiria, pela primeira vez, a um longo desfile de presidentes militares, cuja eleição dava-se dentro do círculo do poder militar. Em suma, a sociedade civil não participava do processo. Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: SENAC, 2008, p. 806 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto apresentado como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, acerca de fatos marcantes da segunda metade do século XX no Brasil. 1

A União Democrática Nacional (UDN) defendia que o desenvolvimento da indústria brasileira deveria ser capitaneado exclusivamente pela iniciativa privada. Esse partido, em crescente atrito com o governo federal, foi cooptado com a oferta de diversas pastas ministeriais, razão por que passou a apoiar Getúlio Vargas e se recusou a subscrever a proposta de seu impeachment.

2

Jânio Quadros implantou uma política econômica de austeridade, mas seu governo foi marcado por medidas polêmicas, como a edição de um decreto que proibia o uso de trajes de banho em concursos de beleza e desfiles.

3

O governo do general Ernesto Geisel foi marcado tanto pela gradual liberalização do regime militar, procurando coibir a prática da tortura, quanto pela continuidade de leis e medidas duras como o AI-5, a Lei Falcão e o denominado Pacote de Abril.

4

Mesmo nos anos de relativa democracia, as práticas populistas e as relações autoritárias e violentas foram marcas constantes que retardaram tanto a assunção do conceito de cidadania quanto a prática desta no Brasil. A cidadania substantiva no Estado brasileiro só foi estabelecida a partir de 1985, com a eleição de Tancredo Neves.

Nesse período, foram criados o Jardim Botânico no Rio de Janeiro — com espécies oriundas da Índia, das Ilhas Maurício e da Guiana Francesa — e o Banco do Brasil.

Questão 47

1

4

Questão 49

A consolidação da conquista do território da América Portuguesa foi marcada pelo casuísmo, construído com base nos interesses e forças do reino português e nos desafios e benesses das possessões coloniais. Considerando esse processo, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

Entre 1626 e 1772, a América Portuguesa teve seu território dividido em duas regiões administrativas: as capitanias meridionais formavam o Estado do Brasil, com sede em Salvador e, posteriormente, no Rio de Janeiro: a parte setentrional, por

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sua vez, constituía o Estado do Maranhão e Grão-Pará até 1751, quando foi substituído pelo Estado do Grão-Pará e Maranhão, e sua sede foi transferida de São Luís para Belém. 2

Os conflitos ocorridos na Europa no início do século XVIII, marcadamente a Guerra de Sucessão Espanhola, impulsionaram as discussões diplomáticas entre os reinos ibéricos acerca dos limites de seus domínios na América. Nesse contexto, destacou-se a ação de Alexandre de Gusmão como proponente da cedência da Colônia de Sacramento por Portugal, definida no Tratado de Madri.

3

A ausência de rotas comerciais internas na América Portuguesa dificultou o controle do território e resultou no isolamento das capitanias, que tratavam quase que exclusivamente com a sede do governo colonial e a metrópole europeia.

4

A disputa entre Portugal e França pelo Cabo Norte, atual Amapá, foi resolvida com a assinatura do Tratado de Utrecht, em 1713.

e a importância das possessões coloniais para a manutenção da Coroa portuguesa. Entre os proponentes dessa ideia, encontrava-se o padre Antônio Vieira, ainda no século XVII. Questão 51

As disputas entre D. Pedro I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Reinado e resultaram na abdicação do imperador. Acerca do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue (C ou E) os itens subsequentes. 1

A Cabanagem destacou-se entre os movimentos de contestação à Regência por sua duração (1835 a 1840), a despeito de ter se concentrado em um território muito restrito e com pequena participação popular.

2

A Constituição de 1824 foi elaborada com base no projeto votado pela Assembleia Constituinte e Legislativa, fechada por D. Pedro I no ano anterior. Seu texto foi enviado para as câmaras municipais das principais cidades do Império, as quais juraram cumpri-la sem contestações.

3

A política exterior adotada pelo Império no Primeiro Reinado recebeu duras críticas da Câmara dos Deputados. A condução da Guerra Cisplatina, o envolvimento com as questões da sucessão portuguesa e os termos dos tratados de amizade foram retratados na tribuna como fruto do governo pessoal e centralizador de D. Pedro I.

4

A Regência foi vista pelas elites provinciais como oportunidade de construção de uma monarquia federalista, o que responderia a certas expectativas de autonomia levantadas no momento de sua adesão à independência do Brasil. De fato, a discussão de peças legais que aumentavam a autonomia local teve início em finais no Primeiro Reinado e resultaram na promulgação, por exemplo, do Código Criminal, ainda em 1830, e do Código do Processo Criminal, em 1832.

Questão 50

Tendo em vista que o processo de independência do Brasil pode ser compreendido como parte das profundas mudanças que marcaram a história ocidental a partir do último quartel do século XVIII, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

2

3

4

As convenções assinadas no âmbito do Congresso de Viena evidenciaram os esforços da nobreza portuguesa em defender os interesses do reino português em detrimento dos do Brasil. Isso se evidencia na proibição do tráfico de escravos ao norte do Equador, estabelecida no tratado assinado entre Inglaterra e Portugal, em janeiro de 1815. O Vintismo pretendia a regeneração e a atualização da tradição política portuguesa, o que se desdobrava na elaboração de uma Constituição. Tendo o movimento eclodido em agosto de 1820, na cidade do Porto, com a rápida adesão de Lisboa, as notícias chegaram primeiramente às províncias do norte do reino do Brasil. O Grão-Pará declarou sua adesão a ele em janeiro de 1821, enquanto a Bahia se manifestou favorável a ele em fevereiro desse mesmo ano. A historiografia recente mostra que a tese da independência do Brasil como movimento pacífico não se sustenta. Embates armados que duraram meses ocorreram em regiões da Bahia, do Piauí, do Maranhão e do Pará e na Cisplatina. A fragilidade do projeto de independência vencedor em 1822 ficou demonstrada pelos conflitos no período regencial. A transferência da Corte portuguesa para a América foi proposta em crises anteriores à de 1807. Seus defensores consideravam a fragilidade de Portugal em meio às disputas entre as potências europeias, marcadamente entre França e Inglaterra,

Questão 52

Tendo em vista que a questão servil, como denominada por D. Pedro II em sua fala do trono em 1865, foi elemento fulcral na formação da sociedade brasileira, julgue (C ou E) os próximos itens, relativos à escravidão no Império brasileiro. 1

A despeito do longo histórico das pressões inglesas, o tráfico de escravos para o Brasil passou a ser tipificado como ilegal apenas em 1850, quando o contexto interno tornou-se favorável à adoção dessa tipificação.

2

O projeto da chamada Lei do Ventre Livre foi inicialmente discutido no Conselho de Estado, sob a demanda de D. Pedro II, e aprovado pelo parlamento, sob a ação do Visconde do Rio Branco. Se, por um lado, a lei garantiu aos proprietários a

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manutenção da mão de obra escrava, por outro, pôs em questão a legitimidade dessa instituição e ampliou as expectativas de liberdade dos cativos. 3

4

O movimento abolicionista brasileiro se deu a partir da década de 80 do século XIX e foi marcado pelo isolamento internacional, uma vez que o Brasil era o último país ocidental a manter a escravidão. A base desse movimento no Brasil era a defesa do direito natural à liberdade. O fortalecimento das ideias racistas foi um dos desdobramentos da ação da denominada Geração de 1870 e influenciou a condução dos debates acerca da escravidão em seus anos finais e, principalmente, sobre a eleição da imigração europeia como caminho preferencial para a formação da mão de obra assalariada pós-abolição.

da pela Emenda Constitucional de 1969. Essa alteração foi bastante pontual e teve por objetivo pequenas adequações da Carta Magna ao estabelecido pelo AI-5. Questão 54

Considerando a célebre frase de Karl Clausewitz: “A guerra é acontinuação da política por outros meios”, julgue (C ou E) os itensa seguir, a respeito da participação brasileira no Teatro da Guerra ao longo de sua história. 1

D. Pedro I declarou guerra às Províncias Unidas do Rio da Prata após a aceitação da incorporação da Banda Oriental, província da Cisplatina para os brasileiros, pelo congresso argentino, em 1825. As forças dos adversários se equilibravam e a prolongação indefinida do conflito levou à intervenção da Inglaterra. A violência do recrutamento forçado para a guerra, os altos custos financeiros e a desmoralização do império frente a um adversário supostamente mais fraco acirraram a oposição interna ao monarca brasileiro.

2

O ano de 1868 foi importante nos rumos da Guerra do Paraguai, quando as tropas aliadas alcançaram importantes feitos no campo de batalha: a passagem de Humaitá e a vitória nas batalhas de Itororó, Avaí e Lomas Valentinas.

3

Aliado comercial das principais potências beligerantes, o Brasil declarou neutralidade na Primeira Guerra Mundial e enfrentou represálias impostas pelos ingleses às nações que mantiveram relações comerciais com a Alemanha. O país manteve essa posição até o final do conflito, a despeito da pressão exercida pelo governo dos Estados Unidos da América para o estabelecimento de um bloco americano contrário aos germânicos.

4

Os preparativos para a participação das tropas brasileiras na Segunda Guerra Mundial restringiram-se à formação dos combatentes e aos contratos de fornecimento de material bélico por parte dos Estados Unidos da América.

Questão 53

A história da República brasileira foi marcada por rupturas institucionais. Com relação às crises na República, julgue (C ou E) os seguintes itens. 1

2

A governabilidade do Brasil durante a chamada República Oligárquica foi alcançada com o que a historiografia convencionou chamar de Política dos Governadores, instituída por Campos Sales. Essa medida tornou possível a articulação entre os interesses das oligarquias estaduais e os do governo federal. O frágil equilíbrio então alcançado teve fim com a crise da década de 20 do século passado, que levou a disputas entre as oligarquias de São Paulo e de Minas Gerais e resultou no início do Governo Vargas em 1930. O projeto modernizador implantado na Era Vargas teve resultados modestos. O Brasil continuou a ser um país marcadamente rural e a industrialização promovida foi insuficiente para mudar o perfil do eleitorado. Isso explica a facilidade com que os opositores destituíram Vargas do poder, em 1945, a despeito do apoio dos trabalhadores beneficiados com a Consolidação das Leis do Trabalho.

3

A Guerra Fria marcou profundamente a política brasileira durante a experiência liberal, entre 1945 e 1964. A aproximação do Brasil com os Estados Unidos da América resultou na ilegalidade do Partido Comunista, alijado das eleições para a formação da Assembleia Constituinte de 1946.

4

A forte crise política e econômica que assolou o Brasil no início da última década de 60 resultou em ruptura institucional, com a queda do governo de João Goulart e a ascensão dos presidentes militares. A legitimidade destes foi construída a partir da velha fórmula ordem e progresso. Dentro dos esforços de manutenção da aparente normalidade institucional, foi outorgada a Constituição de 1967, que viria a ser altera-

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HISTÓRIA MUNDIAL

3

O vazio de poder criado pela invasão francesa, pelas abdicações reais e, por fim, pela prisão de Fernando VII deu espaço para debates acerca da soberania e da representação política na Espanha, uma vez que a tradicional relação pessoal entre súdito e rei fora quebrada. Nesse contexto, foi elaborada a Constituição Gaditana, de 1812, que pretendia desmantelar os fundamentos do absolutismo.

4

A Constituição de Cádiz esteve em vigor por duas décadas, sendo revogada apenas com a vitória do movimento restaurador iniciado na Galícia, que restabeleceu o absolutismo espanhol.

Questão 55

Em contraste com sistemas econômicos tradicionais, o capitalismo institucionaliza uma organização da atividade econômica na qual os atores são forçados a se orientar na direção de um futuro aberto e imprevisível. Tal futuro representa duas coisas: promessas de possibilidades ilimitadas para os atores, bem como uma ameaça permanente aos seus status econômicos. Jens Beckert. Reimaginando a dinâmica capitalista. In: Tempo Social. Revista de Sociologia da USP, v. 29, n.º 1, p. 166.

Considerando o texto precedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito da economia ocidental no século XX. 1

Com o New Deal, as relações entre os sindicatos e o patronado nos Estados Unidos da América (EUA) passaram a ser reguladas pelo National Labor Relations Board, agência criada por Franklin D. Roosevelt.

2

A Convenção de Bretton Woods, que pretendeu evitar nova crise pós-guerra, como a ocorrida nos anos 30 do século XX, teve como principal proponente Maynard Keynes, célebre por suas contribuições na solução da crise norte-americana.

3

A articulação entre ciência e indústria foi uma das marcas dos anos dourados do capitalismo, no pós-Segunda Guerra, quando os investimentos em pesquisa tornaram-se parte significativa dos custos de produção e aumentaram o distanciamento entre países ricos e países pobres.

4

A adoção de políticas neoliberais por países como a Grã-Bretanha, desde a década de 70 do século passado, foi um dos desdobramentos da crise do fordismo. Paralelamente à diminuição do Estado, os trabalhadores viram sua capacidade de negociação reduzida devido à flexibilização do trabalho e da produção.

Questão 57

Até 1880, em cerca de 80% do seu território, a África era governada por seus próprios reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidades políticas de porte e natureza variados. No entanto, nos trinta anos seguintes, assistiu-se a uma transmutação extraordinária, para não dizer radical, dessa situação. Em 1914, com exceção da Etiópia e da Libéria, a África inteira estava submetida à dominação de potências europeias e dividida em colônias de dimensões diversas, mas de modo geral, muito mais extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitas vezes, com pouca ou nenhuma relação com elas. Albert Adu Boahen. A África diante do desafio colonial. In: História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 (editado por Albert Adu Boahen), 2.ª ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010, p. 3 (com adaptações).

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

As conferências de Bandung e de Belgrado foram marcos no movimento dos países não aliados e na formulação do conceito de Terceiro Mundo. As principais preocupações desse bloco de países incluíam a economia, a comunicação e o combate ao racismo e ao neocolonialismo. A despeito de esse bloco apresentar uma alternativa ao mundo bipolarizado, a participação de Cuba levou-o a aproximar-se do campo socialista já na conferência de Belgrado.

2

Na Índia, propostas de modernização e desenvolvimento econômico sustentaram a mobilização popular alcançada por Mohandas Gandhi contra a dominação britânica. O movimento nacionalista, com discurso tradicionalista iniciado por Bal Ganghadar Tilak, passou a ser minimizado em decorrência das divisões religiosas indianas, que opunham muçulmanos a hindus.

3

O longo processo de descolonização da África e da Ásia foi fortemente influenciado pelo princípio de autodeterminação dos povos, contido na Carta de Criação da Organização das Nações Unidas (ONU). Em observância à determinação dessa institui-

Questão 56

Acerca do constitucionalismo ibérico na primeira metade do século XIX, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

Apresentado por seus participantes como um movimento restaurador, o Vintismo tinha o objetivo de restabelecer a tradição política portuguesa por meio da elaboração de um novo pacto político, a ser materializado em uma Constituição.

2

Em Portugal, D. Miguel contava com a simpatia da Santa Aliança e, sob a tutela desta, revogou a Constituição de 1822, jurada por seu pai, D. João VI. Esse país contaria com nova Constituição apenas em 1834, ao final da guerra civil vencida por D. Pedro IV.

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ção, seus países-membros efetivaram planos de desenvolvimento de autonomia de suas colônias, o que fez da guerra uma exceção na conquista da independência pelos povos colonizados. 4

O imperialismo estabeleceu novo paradigma de exploração colonial no continente africano, pautado a partir de então pela noção de ocupação efetiva e formalizado pela Conferência de Berlim.

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, a respeito da arte produzida nos séculos XX e XXI. 1

As intervenções artísticas visuais urbanas têm estado cada vez mais presentes nos grandes centros. Sua difusão retoma discussões sobre o lugar da autoria, o papel político-social das artes, a ocupação dos espaços urbanos e os efeitos da mercantilização da obra artística; Banksy é um dos principais nomes dessa vertente

2

A difusão da fotografia foi de pouco impacto na vida artística europeia do período em questão: o forte papel da subjetividade, do autor e do observador, aclamado pelos representantes da vanguarda artística, desqualificava a concretude da imagem fotográfica.

3

A ausência de representação dos indígenas pré-hispânicos foi uma das marcas do Muralismo mexicano. Esse movimento foi patrocinado pelo Estado e buscava aglutinar a modernidade artística europeia, a experiência histórica mexicana e os projetos de futuro para a nação elaborados no período pós-revolucionário.

4

As relações entre arte e projetos políticos foram claramente definidas no século XIX e permaneceram no século XX. Nesse sentido, a expansão do Expressionismo Abstrato, no contexto da Guerra Fria, conecta-se à política de expansão cultural norte-americana, que teve na ação do MoMA importante impulsionador, uma vez que os museus estabeleceram-se, ao longo do século XX, como um dos principais definidores do que seria arte.

Questão 58

Tendo em vista que a Liga das Nações e a ONU foram instituições criadas em meio aos traumas resultantes das duas grandes guerras, julgue (C ou E) os itens subsequentes, a respeito dos períodos pós-guerras. 1

A Carta das Nações Unidas, elaborada em conferência realizada em São Francisco, declarava a luta pelos direitos humanos, o respeito à autodeterminação dos povos e a solidariedade universal como princípios básicos da ONU.

2

A criação de tribunais militares responsáveis pelo julgamento dos crimes de guerra foi uma das decisões da Conferência de Potsdam. Foram então criados dois tribunais internacionais, um sediado em Nuremberg e outro em Tóquio, no qual se destacou entre as acusações dos réus japoneses a escravização sexual de mulheres, as então chamadas mulheres de conforto.

3

4

A reivindicação japonesa de incluir no Tratado de Versalhes cláusula de igualdade racial entre as potências foi duramente rechaçada pela Austrália, que possuía rigorosa política de imigração pautada nas teses eugenistas. A Liga das Nações foi criada em 1919 e extinta oficialmente em 1946. EUA, França, Grã-Bretanha, Alemanha e Japão foram membros dessa liga até 1939, quando do início da Segunda Guerra Mundial.

Questão 60

A Revolução Industrial teve início no século XVIII e transformou econômica e socialmente boa parte do Ocidente ao longo de suas fases. Tendo essa informação como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, que dizem respeito ao referido período e aos seus desdobramentos.

Questão 59

A arte de hoje é composta por arte moderna (e, às vezes, até arte clássica) e arte contemporânea. Além do mais, algumas das principais figuras da arte contemporânea já morreram: Yves Klein, por exemplo, e Andy Warhol. A arte contemporânea não pode, portanto, ser reduzida à arte de artistas vivos, já que ela inclui artistas já falecidos e não inclui grande parte da produção artística atual. Arte contemporânea é uma categoria estética de arte, um tipo de gênero artístico, mas em um sentido mais amplo do que aquilo que se costuma chamar de gênero: como categoria artística, a arte contemporânea se encontra no mesmo nível da arte clássica ou moderna, sendo que cada uma possui suas características próprias. Nathalie Heinich. Práticas da arte contemporânea: uma abordagem pragmática a um novo paradigma artístico. In: Sociologia e Antropologia. Rio de Janeiro, v. 4, 02:373-90, out./2014, p. 376.

1

Os cercamentos ingleses aconteceram com o objetivo de incentivar o excesso de mão de obra necessária às fábricas na Inglaterra. Esse processo foi pacífico e contou com o apoio dos pequenos e médios produtores, pois estes adotaram a lógica comercial vigente e se integraram à cadeia de consumo.

2

Sob o influxo da mudança cultural provocada pelo então incipiente capitalismo, o uso econômico do tempo e o processo de internalização da disciplina passaram a fazer parte da retórica moral de escolas e congregações religiosas na Inglaterra.

3

O emprego e uso da noção e conceito de mercado, essencial ao capitalismo industrial, foi herdado do mercantilismo. A partir da necessidade de expansão e garantia de mercados, houve a formação de Estados territoriais e de impérios coloniais: o Imperialismo resultou da Revolução Industrial.

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Ao mesmo tempo em que serviu como fator de aproximação entre países distintos, a Revolução Industrial ampliou as desigualdades econômicas, sociais e políticas.

Questão 61

A cultura política revolucionária não pode ser deduzida das estruturas sociais, dos conflitos sociais ou da identidade social dos revolucionários. As práticas políticas não foram simplesmente a expressão de interesses sociais e econômicos subjacentes. Por meio de sua linguagem, suas imagens e atividades políticas diárias, os revolucionários trabalharam para reconstruir a sociedade e as relações sociais. Procuraram conscientemente romper com o passado francês e estabelecer a base para uma nova comunidade nacional.

2

No Japão, a Revolução Meiji causou violenta revolta de grupos que defendiam uma política isolacionista. Esse conflito ocasionou o enfraquecimento do xogunato e fortaleceu o regime imperial.

3

Em países mais industrializados, como a Inglaterra, as condições dos trabalhadores das fábricas eram muito precárias, com jornadas exaustivas de trabalho, o que resultou no surgimento dos primeiros movimentos trabalhistas — trade unions —, que, entre suas principais reivindicações, almejavam maior participação política por meio do sufrágio universal.

4

A Índia foi o país mais afetado pelo imperialismo britânico, que procurou impor seu domínio militar e cultural de forma muito forte, tendo causado levantes como o dos Sipaios, que, posteriormente, inspiraram Mahatma Gandhi em sua luta pela independência.

Lynn Hunt. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 33 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os seguintes itens, acerca das revoluções dos séculos XVIII e XIX. 1

Devido ao aprendizado de seus métodos por revolucionários que a sucederam, a Revolução Francesa é considerada a mãe das revoluções políticas ocorridas depois dela.

2

O típico burguês do século XVIII se identificava com a lógica do trabalhador produtivo: mantinha, como categoria social (médicos, professores, altos funcionários régios, comerciantes), proximidades com os pobres que exerciam ofícios mecânicos (artesãos, lavradores etc.), promovendo uma lenta integração da plebe contra os costumes da aristocracia.

3

A reflexão filosófica e política da denominada República das Letras e o cosmopolitismo europeu a ela inerente, por si só, não foram os fatores que conduziram à ação revolucionária: esse papel coube à plebe que, de fato, pôs a teoria em prática.

4

Iniciada em 1789, a Revolução Francesa rompeu com o despotismo e pôs fim ao Antigo Regime, mas não instaurou uma sociedade democrática e igualitária.

Questão 63

Sob o influxo da vitória parisiense, o mês de março de 1848 foi expandindo, como um fio vermelho, ao longo dos dias, a sucessão de insurreições, motins e revoltas populares. Era a primavera dos povos. No começo de 1847, um ano antes de seu início, a Liga dos Justos, organização conspirativa revolucionária, já anunciava a eclosão de uma revolução grandiosa, que provavelmente decidiria, por um século, os destinos da humanidade. Daniel Aarão Reis. Folha de S.Paulo. Domingo, fev./1998 (com adaptações).

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, relativos ao panorama histórico mundial do século XIX e às questões políticas e nacionais de então. 1

Os nacionalismos do século XIX foram protagonizados pelas classes instruídas e beneficiadas pelo progresso educacional das escolas e universidades, de onde saíram seus grandes defensores. Nesse aspecto, a questão das línguas nacionais foi um dos fatores predominantes das identidades nacionais.

2

As insurreições e os movimentos de independência em países da América do Sul ocorreram a despeito do constante medo de seus dirigentes de que as classes inferiores almejassem e viessem, de fato, a participar das atividades políticas.

3

Sob a liderança de Otto Von Bismark, a Liga dos Três Imperadores, que havia sido formada entre Áustria-Hungria, Alemanha e Rússia para coibir as políticas expansionistas da França, tornou-se a base para a formação da Tríplice Entente.

4

Os movimentos e as revoltas liberais do século XIX foram prioritariamente integrados por socialistas e anarquistas que defendiam uma sociedade sem classes sociais e o fim da propriedade privada e da livre concorrência de mercado.

Questão 62

A partir de meados do século XIX, muitas nações europeias que se encontravam em processo avançado de industrialização partiram pelo mundo em busca de matéria-prima, novos mercados consumidores de seus produtos e novas regiões para investimento de capitais. Acerca desse contexto histórico, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

Na Europa, o movimento trabalhista desse período, em sentido único, envolveu trabalhadores fabris, industriais e assalariados, deixando de fora artesãos e demais trabalhadores de ofícios manuais tradicionais.

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Questão 64

A Segunda Guerra Mundial, na verdade, trouxe soluções, pelo menos por décadas. Os impressionantes problemas sociais e econômicos do capitalismo na Era da Catástrofe aparentemente sumiram. A economia do mundo ocidental entrou em sua Era de Ouro; a democracia política ocidental, apoiada por uma extraordinária melhora na vida material, ficou estável; baniu-se a guerra para o terceiro mundo. Por outro lado, até mesmo a revolução pareceu ter encontrado seu caminho para a frente. Os velhos impérios coloniais desapareceram ou logo estariam destinados a desaparecer.

Considerando as ideias do fragmento de texto antecedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito de significativas transformações sociais e políticas ocorridas ao fim do século XIX e ao longo do século XX. 1

A Guerra Fria ficou caracterizada por certa estabilidade, além de padrões previsíveis de confrontos. Os Estados Unidos da América e a União Soviética enfrentavam-se indiretamente por meio de seus satélites e zonas de influência, mas, paradoxalmente, evitavam que conflitos locais fugissem ao controle e alcançassem proporções mundiais.

2

As mulheres apresentaram-se em maior número no mercado de trabalho na Europa ocidental e nos Estados Unidos da América, tendo alcançado mais igualdade e liberação feminina, algumas décadas antes que o mesmo processo ocorresse na Europa oriental e na União Soviética.

3

O blue jeans e o rock and roll se tornaram símbolos e marcas da juventude das minorias urbanas e foram aceitos em todos os países que os toleravam. A exceção era a União Soviética da década de 60, que mantinha sua própria indústria cultural para minorias.

4

No novo cenário mundial do pós-Guerra Fria, a organização econômica e política mundial do poder estava representada pela separação dos blocos econômicos do NAFTA, dos Tigres Asiáticos, da União Europeia, da Comunidade dos Estados Independentes e do MERCOSUL.

Eric Hobsbawn. Era dos extremos: o breve século XX. Cia das Letras: São Paulo, 2005, p. 59.

Tendo como referência inicial o texto precedente, julgue (C ou E) os seguintes itens, relativos às causas e aos desdobramentos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 1

Nas décadas seguintes ao grande conflito, multiplicaram-se as guerras de guerrilha nos países coloniais do chamado terceiro mundo, que enfrentaram pequena resistência de suas antigas potências colonizadoras, que, por sua vez, estavam mais preocupadas com a recuperação interna de seus recursos.

2

Como causas da Segunda Guerra Mundial, além das intenções imperialistas de Japão, Alemanha e Itália, havia também no contexto uma justificação ideológica da luta contra os comunistas pelos países fascistas.

3

Para a Itália, a derrota na Primeira Guerra Mundial e a sua instabilidade política na década de 20 foram motivos decisivos para a adoção do fascismo após a crise de 1929.

4

O sistema Bretton-Woods, que estabilizou o sistema financeiro internacional, contemplou a criação do FMI e do Banco Mundial e a reestruturação do padrão-ouro, que, em 1929, havia entrado em colapso devido à grande depressão econômica ocorrida naquele ano.

Questão 65

Na sociedade atual, não há dúvida alguma que não é absolutamente normal, porque é uma situação forçada, mas na sociedade futura será completamente normal, porque será livre. Mas, mesmo agora, [ela] estava no seu direito; sofria, e isso constitui, por assim dizer, os seus fundos, o seu capital, do qual tinha o pleno direito de dispor. É claro que na sociedade futura não existirá o capital; mas a sua profissão poderá ser designada por outro nome e regulada de maneira racional e normal. Pelo que se refere pessoalmente a Sófia Siemiônovna, nos tempos atuais, eu considero o seu procedimento um enérgico e concreto protesto contra a estrutura da sociedade, e respeito-a profundamente por isso. Fiódor M. Dostoiévski. Crime e castigo. São Paulo: Martin Claret, 2013, p. 406. Publicação o r i g i n a l : 1866 (com adaptações).

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NOÇÕES DE ECONOMIA

A partir dos conceitos e das teorias usuais de concorrência perfeita, monopólio e oligopólio, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

Questão 66

Trecho 1: Caso Cooke versus Forbes. Um dos processos na tecelagem de tapetes de fibra de cacau [Cooke] era imergi-lo em um líquido alvejante e, depois, pendurá-lo para secagem. Vapores de um produtor de sulfato de amônia [Forbes] tinham o efeito de transformar a cor brilhosa do tapete em uma cor escurecida e fosca. (…) Uma ação foi ajuizada para impedir a manufatura de emitir tais vapores. Os advogados do réu argumentaram que, se o autor “não usasse um líquido alvejante específico, as fibras não seriam afetadas; que seu método de produção era atípico, contrário ao costume do comércio (…)”. O juiz explanou: “parece-me claro que uma pessoa tem o direito de, na sua propriedade, realizar um processo de manufatura em que se usa cloreto de estanho, ou qualquer outro tipo de corante metálico, e que seu vizinho não tem a liberdade para inundar o ambiente com gás que vai interferir na sua manufatura. Se isto pode ser imputado ao seu vizinho, então, compreendo eu, claramente ele terá o direito de vir aqui e pedir ajuda”. Trecho 2: (…) Com efeito, as propostas de solução do problema da poluição causada pela fumaça, bem como de outros problemas similares, feitas por meio da tributação, se sustenta com dificuldades advindas dos problemas relativos ao cálculo, da diferença entre dano médio e dano marginal e das inter-relações entre os danos causados a diversas propriedades etc. R. H. COASE. O problema do custo social. In: Journal of Law and Economics. 1960 (traduzido e adaptado).

Com referência ao que é apresentado nos trechos 1 e 2, julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca da análise de custo-benefício, com base na teoria dos tipos de mercados e de bens. 1

No segundo trecho, faz-se referência ao tributo (ou imposto) Tobin.

2

O problema apresentado no primeiro trecho, que se refere ao julgamento do processo de Cooke contra Forbes, é conhecido como externalidade.

3

A solução para o problema apresentado no primeiro trecho, de acordo com o teorema de Coase, é a correta atribuição dos direitos de propriedade envolvidos no caso, desde que não haja custos de transação.

4

Questão 67

O teorema de Coase permite inferir que, eliminados os custos de transação, seria possível Cooke vender para Forbes o seu direito a ter ar limpo, de modo que este pudesse emitir os vapores de sulfato de amônia.

1

O serviço de fornecimento de água e saneamento em uma cidade não constitui monopólio natural, uma vez que a atuação exclusiva da empresa em sua área é definida por lei ou contrato de concessão.

2

Órgãos de defesa da concorrência veem de forma positiva a prática costumeira de venda de produtos a preços abaixo do custo de produção sob um mercado oligopolista, pois isso favorece os consumidores e a competição entre as empresas do setor.

3

A consequência direta dos pressupostos de produto homogêneo, informação completa e livre entrada e saída de agentes pequenos e numerosos em um mercado de concorrência perfeita é um único preço de equilíbrio por todo o mercado do produto em questão, a menos que haja choques que possam produzir abalos temporários.

4

Um mercado com apenas dois ofertantes que seja contestável com base nos pressupostos de Baumol tem, apesar do pequeno número e grande tamanho das firmas, eficiência e preço de equilíbrio iguais aos do mercado sob concorrência perfeita.

Questão 68

Com a inflação piorando mês a mês, o presidente lançou, no fim de 1962, um plano preparado por Celso Furtado, ministro extraordinário para assuntos de desenvolvimento econômico. O objetivo era conciliar crescimento com reformas sociais e combate à inflação. Segundo Furtado, o desafio era demonstrar, “contra a ortodoxia dos monetaristas, esposada e imposta pelo FMI, que era possível conduzir a economia com relativa estabilidade sem impor-lhe a purga recessiva”. (…) [O plano] adotava a visão estruturalista da CEPAL. Enfatizava a substituição de importações como meio de ampliar o processo de industrialização. Furtado acreditava que a crise econômica derivava do modelo de desenvolvimento, mas a solução não estaria no abandono, e sim no “aprofundamento do modelo, ou seja, com a ampliação do mercado interno, através da reforma agrária e de outras políticas voltadas à redistribuição de renda”. M. da Nóbrega. O futuro chegou. São Paulo: Globo, 2005, p. 265 (com adaptações).

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens subsecutivos, acerca da história da economia brasileira no período de 1962 a 1967.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 1

Com o lema de fazer avançar a economia 50 anos em 5, o plano descrito no texto foi preparado para ser adotado em um período de cinco anos, a exemplo dos planos quinquenais da União Soviética.

2

Entre as reformas políticas e econômicas adotadas para viabilizar o sucesso do plano, destacam-se a criação do Conselho Monetário Nacional e a do Banco Central, em substituição à SUMOC na função de normatizar e regular o sistema financeiro e executar a política monetária do governo federal.

3

As reformas enumeradas na parte final do texto foram anunciadas pelo presidente, à época, como reformas de base.

4

Para controlar a inflação, que atingia o equivalente a 100% ao ano já no final de 1962, o plano em questão incluía o congelamento dos preços de bens de consumo durante um ano.

Questão 69

O Banco Central do Brasil (BCB) teve um longo processo de maturação até a sua criação. Mesmo antes do início do século XX, já se tinha a consciência, no Brasil, da necessidade de se criar um “banco dos bancos” com poderes de emitir papel-moeda com exclusividade, além de exercer o papel de banqueiro do Estado.

ganismos independentes, podendo estes últimos exercer a fiscalização de forma exógena ao BCB, pautados em normas próprias de suas áreas de competência. 4

Questão 70

Tendo em vista que o movimento internacional de capitais tem recebido grande atenção da literatura econômica, particularmente com o aprofundamento do processo de globalização financeira nos últimos vinte e cinco anos, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca do movimento internacional de capitais e seus impactos. 1

Um dos problemas mais preocupantes do movimento internacional de capital ocorre quando a saída dos fluxos se dá repentinamente, pressionando o câmbio e colocando em risco a manutenção da estabilidade financeira. Em países que fizeram a liberalização financeira com implementação de políticas para limitar o excesso de volatilidade, as regulações prudenciais desempenham papel fundamental e preventivo na contenção desses riscos.

2

A estrutura do balanço de pagamentos permite compreender o movimento internacional de capitais. Nesse movimento, a conta de serviços registra os pagamentos (e os recebimentos) de serviços da dívida externa (juros) e o serviço do capital de risco (lucros e dividendos), doações e repatriações.

3

Do ponto de vista dos impactos, pode-se considerar que o investimento direto é um tipo de capital de longo prazo, mais resiliente a crises, com efeitos potencialmente positivos sobre uma economia por se tratar de uma das formas de internacionalização da produção, permitindo que um país tenha acesso a tecnologia, bens ou serviços originários de outros países.

4

Embora sejam determinantes expressivos do desempenho econômico dos países, as tendências, flutuações e composição dos fluxos internacionais de capitais têm baixíssimo impacto nas diretrizes ou escolhas de política econômica em uma economia aberta.

História do BC. Banco Central do Brasil. Internet: <www.bcb.gov.br> (com adaptações).

A partir do fragmento de texto precedente, que enumera algumas funções de um banco central, julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca das funções típicas dos bancos centrais e, em particular, do BCB. 1

A política monetária influencia a evolução dos meios de pagamento e controla o processo de criação da moeda e do crédito. Na função de executor da política monetária, o BCB, para regular os meios de pagamentos, pode utilizar instrumentos clássicos, como encaixe legal, recolhimentos compulsórios, redesconto, excetuando-se as operações de mercado aberto.

2

As funções precípuas do BCB incluem a de banqueiro do governo, que está relacionada, em suas origens, ao direito de emissão do dinheiro brasileiro. Atualmente o BCB ainda é o principal banqueiro do governo, porque detém suas contas mais importantes, participa ativamente do manejo do seu fluxo de fundos e é o depositário e administrador das reservas internacionais do país.

3

A estabilidade, a eficiência e o desenvolvimento do sistema financeiro requerem esquemas de normas e procedimentos apropriados e a sua observância. Nesse caso, a supervisão das instituições financeiras cabe tanto ao BCB quanto a or-

Como guardião da moeda, o banco central de um país é a instituição à qual se confia o dever de regular o volume de dinheiro e de crédito da economia. Em que pesem as diferenças entre bancos centrais, essa atribuição geralmente está associada ao objetivo de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018

duas inovações institucionais: igual poder de voto entre seus sócios fundadores e a possibilidade de ofertar empréstimos em moeda local para reduzir riscos aos tomadores, bem como promover os mercados de capitais locais.

Questão 71

Para atender às demandas de infraestrutura dos países recém-saídos da Segunda Guerra Mundial, foram criados o BIRD e seus bancos regionais para financiamentos de longo prazo de apoio a programas e projetos dos países em desenvolvimento. Em que pese o importante papel que essas instituições têm desempenhado desde então, os grandes bancos multilaterais ou regionais ainda são em pequeno número e seus volumes de empréstimos são limitados: o Banco Mundial e seus três bancos regionais emprestaram, em 2015, o montante de US$ 69 bilhões, frente a um déficit global estimado de investimentos para infraestrutura entre US$ 5 trilhões e US$ 7 trilhões anuais, incluindo de US$ 1 trilhão a US$ 1,5 trilhão só para os países em desenvolvimento. The role of development banks in promoting growth and sustainable development

Questão 72

Uma das principais preocupações da análise econômica é com a precificação no mercado. Muitas vezes, ela ocorre de maneira ineficiente e isso acarreta importantes consequências no funcionamento da economia. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Curva de demanda de mercado com módulo da elasticidade preço da demanda inferior a um pode ser indicativa da presença de barreiras à entrada.

2

A tendência à deterioração dos termos de troca afetou as economias latino-americanas durante todo o século XIX em seu período agroexportador. Esse foi o motivo pelo qual o Brasil abandonou esse modelo na década de 30 do século XX em prol de uma política industrial que favorecia bens com forte desempenho no mercado internacional.

3

Quando o módulo da elasticidade preço da demanda de um produto for inferior a um, um aumento no seu preço tenderá a reduzir a receita do monopolista.

4

De acordo com a regra de mark-up, quanto mais preço-elástica for a curva de demanda do mercado, maior será o poder de mercado do monopolista.

in the south. UNCTAD, 2016 (com adaptações).

A partir do texto precedente, julgue (C ou E) os próximos itens, relativos ao papel dos novos bancos regionais e multilaterais no financiamento ao desenvolvimento. 1

O Banco Asiático de Infraestrutura (AIIB), liderado pela China, entrou em operação em janeiro de 2016 com um capital autorizado de US$ 100 bilhões, e já conta com oitenta e sete países-membros. A despeito de ter como missão promover o investimento em infraestrutura e em outros setores produtivos na Ásia, o compromisso com seus objetivos impede que o AIIB atue de forma complementar em cooperação com outras instituições de desenvolvimento multilaterais e bilaterais.

2

A criação de novos bancos de desenvolvimento em todos os níveis — nacional, regional e internacional —, embora seja importante para atender as demandas de investimento em infraestrutura e desenvolvimento sustentável, não tem sido vista como uma iniciativa promissora devido à oferta inadequada de crédito de curto prazo para investimentos na economia real.

3

Existe uma grande lacuna a ser preenchida pelos novos bancos multilaterais de desenvolvimento no atendimento das carências de crédito adequado para infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Além disso, devido a divergências entre retornos privados e retornos sociais, escala de capital, altos riscos e tempo de maturação dos projetos, cabe a esses bancos atuar onde o setor privado tem dificuldade de oferecer recursos no nível ótimo para investimento em infraestrutura.

4

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), estabelecido pelo BRICS, passou a existir como entidade legal em julho de 2015, com um capital autorizado de US$ 100 bilhões e a possibilidade de mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nas economias emergentes e nos países em desenvolvimento. O NDB apresentou, ainda,

Questão 73

O preço que uma pessoa paga por uma coisa nunca pode exceder e raramente se aproxima daquilo que ela estaria disposta a pagar em vez de ficar sem essa coisa — de modo que a satisfação que ela obtém de sua compra geralmente excede àquela que é obtida quando ela desiste dessa compra. Alfred Marshall. Princípios de economia. Coleção Os Economistas. São Paulo: Abril, v. 1, 1982, p. 123 (com adaptações).

Essa citação de Marshall indica que, por detrás de preços, há, da parte do consumidor, motivações que consideram a satisfação a ser obtida com cada bem na hora da compra. Considerando esse tema, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca da teoria do consumidor. 1

Caso as preferências do indivíduo sejam representadas por uma função de utilidade linear, é possível que ele escolha não consumir um dos bens.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 2

Dependendo do formato da curva de indiferença de um consumidor para dois bens, um deslocamento paralelo de sua restrição orçamentária para cima e para a direita poderá provocar queda no consumo de um dos bens em questão.

3

Se o aumento do preço de um bem deixar o consumo inalterado, esse bem deverá ser um bem normal.

4

Um aumento no consumo de um bem pode não aumentar o nível de utilidade de um indivíduo.

GABARITO X – Questão anulada Questão 1

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E

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Questão 14

E

C

Questão 2

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Questão 65

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Questão 73

Questão 64

C

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Questão 72

Questão 63

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Questão 62

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Questão 61

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Questão 69

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Questão 68

Questão 59

C

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Questão 67

Questão 58

Questão 52

X

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Questão 57

Questão 51

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Questão 55

Questão 49

Questão 39

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Questão 48

Questão 38

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Questão 37

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Questão 46

Questão 36

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Questão 66

Questão 54

Questão 45

Questão 35

E

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Questão 44

Questão 34

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Questão 43

Questão 33

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Questão 42

Questão 32

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Questão 53

Questão 41

Questão 31

Questão 26

C

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Questão 30

Questão 25

Questão 13

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Questão 24

Questão 12

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Questão 23

Questão 11

C

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Questão 29

Questão 22

Questão 10

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Questão 9

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Questão 20

Questão 8

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Questão 19

Questão 7

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Questão 40

Questão 28

Questão 18

Questão 6

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Questão 17

Questão 5

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Questão 16

Questão 4

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Questão 15

Questão 3

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Questão 27

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C

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C

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018

GABARITO COMENTADO PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA FASE – MANHÃ morte aplicadas a indivíduos pertencentes a minorias raciais, étnicas ou religiosas, ela já está se referindo diretamente às práticas de genocídio.

LÍNGUA PORTUGUESA Questão 1

Considerando os aspectos linguísticos e estilísticos do texto I, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

2

3

4

1

Utilizando, em síntese, os argumentos de que a pena capital viola os direitos humanos, o direito humanitário e o devido processo legal; não tem efeito dissuasório; pode punir pessoas inocentes; tem sido utilizada como ferramenta política; e é ineficaz na luta contra o tráfico de drogas, a diplomata insta os Estados a concluir a negociação do Segundo Protocolo Facultativo do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, destinado a abolir a pena de morte. A diplomata contesta a opinião corrente de que a pena de morte tem efeito dissuasório sobre o crime sob o argumento de que esse tipo de pena é contraproducente, por gerar mais violência, o que, segundo ela, pode ser comprovado pela inexistência de evidências empíricas de relação causal entre a pena de morte e a redução da criminalidade e por sua ineficácia na luta contra o tráfico de drogas. A diplomata emprega a expressão “sanção discriminatória” (l. 15) para se referir à seletividade e arbitrariedade de penas de morte aplicadas a indivíduos pobres ou pertencentes a minorias raciais, étnicas ou religiosas, sem estender a interpretação do conceito a práticas de genocídio. Ao defender a tese de que o castigo deve ser proporcional à gravidade do delito, no último período do terceiro parágrafo, a diplomata introduz novo elemento no curso da argumentação, sem conexão com as ideias expressas nos dois períodos anteriores desse mesmo parágrafo, que tratam do tráfico de drogas. Errado. O item alega que “a diplomata ‘insta’ os Estados a concluir a negociação do Segundo Protocolo Facultativo do Pacto Internacional”. Entretanto, consta, no texto, que os Estados são instados a aceder ao Segundo Protocolo, ou seja, a obter acesso, a anuir. Então, esses Estados nem sequer haviam começado a negociação.

2

Errado. Não há, sequer, menção ao fato de a pena de morte ser contraproducente; tampouco que o seja por gerar mais violência. Marcar este item como certo seria uma extrapolação da interpretação das ideias do texto.

3

Errado. Quando a diplomata emprega a expressão “sanção discriminatória” para se referir à arbitrariedade de penas de

4

Errado. Todos os três períodos pertencentes ao terceiro parágrafo do texto trazem ideias que estão interligadas: ao defender a tese de que o castigo deve ser proporcional à gravidade do delito, ela realça que, se a pena de morte for aplicada aos casos de delitos relacionados a drogas, isso constitui uma violação das obrigações internacionais de direitos humanos, tendo em vista que tal castigo pode ser agravado por procedimentos que submetem os presos a tratamento desumano, cruel ou degradante.

Questão 2

A partir da leitura comparada dos textos II e III, que tratam do posicionamento do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em 2015, a respeito da situação dos direitos humanos na Síria, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Houve mudança na posição brasileira, que passou da neutralidade ou imparcialidade, marcada pela abstenção indicada no texto II, à condenação da ação de grupos armados pelas graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário, expressa no texto III.

2

A partir das relações estabelecidas nos textos II e III, os seguintes elementos determinaram a mudança do voto brasileiro: participação brasileira nas negociações; referência à solução política, e não militar, para o conflito; e responsabilidade de todas as partes pelo respeito aos direitos humanos, inclusive da oposição.

3

Com vistas à concisão textual e sem prejuízo para o sentido original do texto II, o trecho “O Brasil salienta que (...) Síria e arredores” (l. 18 a 24) poderia ser reescrito da seguinte forma: O Brasil salienta que, embora incumba ao governo sírio o dever de garantir os direitos de sua população, todos os países devem evitar a escalada militar da crise, responsabilizando-se pela dramática situação da população civil.

4

Depreende-se das ideias contidas no final dos textos II e III que o Brasil propugna por uma solução negociada do conflito sírio com as seguintes características: respeito à confidencialidade das negociações, respeito ao direito humanitário, abstenção de atos que interfiram no conflito, participação de todas as partes envolvidas nas negociações e diálogo honesto e sincero, sem imposições apriorísticas de condições.

1

Errado. O fato de o Brasil abster-se na votação do projeto de resolução sobre a deterioração grave e contínua dos direitos

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humanos na Síria não significa que tenha adotado um posicionamento neutro ou imparcial. Ao contrário, tal abstenção tinha por motivo o seu descontentamento em relação às questões pontuadas na resolução, quais sejam, não reconhecer a responsabilidade e não repudiar devidamente a participação de vários grupos armados da oposição (…) por graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário (o que, sob a ótica das autoridades brasileiras, poderia erroneamente transmitir uma mensagem de tolerância a essas graves irregularidades e incentivar ainda mais violência contra a população civil). Ademais, o governo brasileiro lamenta a falta de ênfase na necessidade de maior envolvimento de todas as partes nas negociações políticas: para o governo, ver a participação militar (e não a de outras partes não militares, inclusive) como única saída para a resolução dos conflitos é uma causa real e definitiva para a atual situação de grave violação dos direitos humanos que a população síria enfrenta. Explicação para o equívoco da professora na correção pós-prova: infelizmente, não dei a devida atenção à oração explicativa “que passou da neutralidade ou imparcialidade”. E foi exatamente essa informação que tornou errada a assertiva. 2

Certo. Todos os elementos enumerados foram decisivos para a mudança do voto brasileiro.

3

Errado. A reescrita provoca alterações sensíveis na informação apresentada no excerto original. No original, a ideia veiculada é de que os países que não procurarem evitar a maior militarização do conflito estarão compartilhando a responsabilidade pelas atrocidades cometidas. Já na reescrita, a ideia que subjaz é a de que todos os países devem evitar a escalada militar da crise, responsabilizando-se pela dramática situação da população civil.

4

resultaria em “sério dano à estrutura produtiva” (l. 10 e 11) da outra parte, razão por que a substituição do termo “salvaguarda” (l.9) por sanção preservaria o sentido original do texto. 3

Conclui-se da leitura do texto V que a inclusão de temas como “meio ambiente, responsabilidade social e questões trabalhistas” (l. 14 e 15) é de interesse do país que expediu o telegrama e que o embaixador deve modular o tratamento do assunto com a proposição de novos elementos.

4

O último parágrafo do texto V poderia ser reformulado com a seguinte redação, sem prejuízo das informações nele veiculadas: As modalidades de solução de litígios devem ser estabelecidas de maneira objetiva, previsível e de forma a contemplar mecanismos de verificação e monitoramento, permitindo também que companhias privadas façam uso de tais instrumentos.

1

Errado. A informação constante no texto é de que o acordo deverá buscar medidas contra “expropriação arbitrária” (um tipo específico de expropriação) e a assertiva propõe que o acordo deverá buscar medidas contra “toda forma de expropriação”.

2

Errado. A substituição do vocábulo “salvaguarda” (que significa “proteção, garantia”) pelo termo “sanção” (que significa “punição”) provocaria uma mudança radical dos sentidos do texto.

3

Errado. Infere-se do texto que a inclusão dos temas mencionados é de interesse do outro bloco regional, ou seja, de outro país (que pode, inclusive, nem ter ciência da existência do telegrama).

4

Certo. OBSERVAÇÃO: embora a banca tenha dado como correto o item 4, a proposta de reescrita extrapola informações fornecidas no texto, o que pode trazer prejuízo para a fidedignidade da ideia nele plasmada, tendo em vista que o fato de os mecanismos serem claros e transparentes não permite a inferência de que possam ser previsíveis. Observe o que traz o texto do parágrafo: “Os mecanismos de solução de controvérsias devem ser claros e transparentes...”. E veja a ideia apresentada na assertiva: “As modalidades de solução de litígios devem ser estabelecidas de maneira objetiva, previsível...”.

Errado. A assertiva de que o Brasil defende o respeito à “confidencialidade das negociações” não é verdadeira; ao contrário, o país defende a construção de solução política por meio de negociações transparentes.

Questão 3

Com relação aos aspectos linguísticos e textuais do texto IV, que está sendo negociado em uma conferência multilateral, e do texto V, que compõe um telegrama de instruções para essa conferência multilateral recebido da secretaria de Estado por determinada embaixada, julgue (C ou E) os seguintes itens. 1

2

De acordo com o texto IV, na esfera de investimentos, o acordo em negociação deverá buscar medidas contra toda forma de expropriação, com base em regras precisas e estáveis do Estado de direito. O texto V recomenda uma resposta de sentido punitivo ao “aumento brusco e excessivo de importações” (l. 9 e 10) que

Questão 4

Com base nas ideias desenvolvidas nos textos VI, VII, VIII e IX, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

No texto IX, o autor apresenta os seguintes argumentos para justificar o reduzido “gosto da maravilha e do mistério” (l. 1) dos cronistas portugueses do século XVI sobre o Novo Mundo: redução da sensibilidade para o exótico causado pela longa prática de navegações e pelo assíduo trato de terras e gen-

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tes estranhas; consciência das limitações humanas e terrenas da presença de riquezas fabulosas presentes em outras partes do continente; realismo desencantado, concreto e utilitário. 2

Infere-se do texto VI que, para Padre António Vieira, a ignorância que tira o merecimento ao amor é não conhecer o que se ama nem ter com o que se ama o adequado cuidado.

3

No texto VII, não obstante o emprego dos substantivos “imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem” (l. 12 e 13), Sérgio Buarque de Holanda não atribui conotação negativa à ética da aventura.

4

Com base nas ideias expressas no texto VIII, é correto concluir que, na opinião de Gilberto Freyre, uma organização baseada em um sistema de regiões poderia substituir o sistema de Estados federados e fortalecer a união nacional, embora a proposta de “regionalismo” contenha o risco do separatismo lamentavelmente desenvolvido pela República por meio do que ele chama de “estadualismo” (l. 7).

1

Anulada.

2

Errado. O padre Antônio Vieira não se refere a “não ter com o que se ama o adequado cuidado”. Na verdade, o sentido atribuído por ele ao verbo cuidar é o de “julgar, supor”. Assim, quando afirma que “os homens não amam o que cuidam que amam”, ele quer dizer que “os homens não amam aquilo que julgam (supõem) que amam”.

3

Certo. Sérgio Buarque de Holanda não atribui conotação negativa à ética da aventura; ele se limita a descrever a visão/ percepção negativa dos aventureiros em relação ao modo de vida e aos costumes dos trabalhadores.

4

Errado. Não é procedente a assertiva de que a proposta de “regionalismo” possa conter o risco do separatismo. Ao contrário, na opinião de Gilberto Freyre, no regionalismo, as regiões se complementariam e se integrariam ativa e criadoramente numa verdadeira organização nacional.

nalar-se” (l.1), em que o pronome aparece em ênclise à forma verbal infinitiva, verifica-se a ocorrência de próclise a essa forma verbal — podem se assinalar —, ambas consideradas corretas pela gramática. 4

O acento indicativo de crase utilizado à linha 17 poderia ser suprimido, mantendo-se a correção gramatical e as principais informações do texto, tendo em vista a variação, no português do Brasil, da transitividade do verbo visar com a acepção ter em vista, ter como fim ou objetivo.

1

Errado. A expressão “tanto (...) como” exprime uma relação de comparação entre a expressão “uma oposição absoluta” e a expressão “uma incompreensão radical”. Trata-se de uma locução conjuntiva subordinativa adverbial comparativa.

2

Errado. Não se pode inferir do texto que o homem aventureiro é um tipo belicoso (de comportamento agressivo, propenso à guerra). Ele, apenas, “vê como viciosos e desprezíveis” as energias que visam à estabilidade, à paz, à segurança pessoal e os esforços sem perspectiva de rápido proveito.

3

Errado. O acento indicativo de crase utilizado à linha 17 poderia ser suprimido, mantendo-se a correção gramatical e as principais informações do texto, tendo em vista a variação, no português do Brasil, da transitividade do verbo visar com a acepção ter em vista, ter como fim ou objetivo. Explicação para o equívoco da professora: o CESPE/CEBRASPE, na maioria das provas de língua portuguesa dos últimos anos, tem admitido a mudança inexorável na transitividade de alguns verbos (como assistir, preferir, atender e visar) – no que tange à modalidade atualmente usada no Brasil (o chamado “português brasileiro”). Portanto, entendo como bastante controverso esse posicionamento do examinador nesta questão específica – o qual tornaria a questão passível, portanto, de anulação! Observe uma questão cobrada na prova de Analista Judiciário (Cargo 1) do STJ, em 2008, e cuja assertiva foi apresentada no gabarito definitivo como CERTA: O que trazia o texto: A necessidade de discussão da questão política e do exercício do poder está em que, em última análise, todos os grupos, classes, etnias visam, de uma forma ou de outra, o controle do poder político. Agora, o que trazia o item 4 – Mantendo-se as ideias originalmente expressas no texto, assim como a sua correção gramatical, o complemento da forma verbal “visam” (L.8) poderia ser introduzido pela preposição a: ao controle.

Questão 5

Com relação aos aspectos linguísticos do texto VII, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

O trecho “tanto uma oposição absoluta como uma incompreensão radical” (l. 22) exprime uma relação de proporcionalidade entre “uma oposição absoluta” e “uma incompreensão radical”.

2

Infere-se do texto que o homem aventureiro é um tipo belicoso, contrário “à estabilidade, à paz, à segurança pessoal” (l. 17 e 18), e materialista, pois concentra esforços no “rápido proveito material” (l. 18 e 19).

3

Na variedade culta da língua portuguesa falada ou escrita no Brasil, além da ocorrência de expressões como “podem assi-

4

Anulado. A banca deve ter optado pela anulação da assertiva por uma questão de erro conceitual em sua formulação, já

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que a expressão “tanto... como” não atribui, em nenhum contexto, a ideia de proporcionalidade, mas sim de comparação. Observe o que diz o texto: “Entre esses dois tipos não há, em verdade, tanto uma oposição absoluta como uma incompreensão radical.” E veja o que traz a assertiva: O trecho “tanto uma oposição absoluta como uma incompreensão radical” (L.22) exprime uma relação de proporcionalidade entre “uma oposição absoluta” e “uma incompreensão radical”.

seu caso] constantemente cerceado” e a afirmação posterior “[porventura] por uma noção mais nítida das limitações humanas e terrenas.”. 3

Certo. O advérbio “porventura”, usado no texto, indica que o autor coloca no plano da hipótese a afirmação “das limitações humanas e terrenas”. Ele poderia ser substituído por “quiçá”.

4

Errado. A expressão “é que” não confere ênfase ao elemento que a antecede nem, tampouco, ao que a procede, não sendo, portanto, uma expressão expletiva. Neste caso, o vocábulo “que” desempenha a função morfológica de conjunção integrante (não possui função sintática) enquanto a forma verbal “é” constitui um verbo de ligação.

Questão 6

A respeito dos aspectos linguísticos do texto IX, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

O advérbio “melhor” (l. 19) foi empregado pelo autor para retificar conteúdo já enunciado.

2

As formas verbais “tivessem amortecido” (l. 6 e 7) e “absorvesse” (l. 8) remetem, respectivamente, às fases final e inicial dos eventos que exprimem.

3

A expressão “porventura” indica que o trecho “por uma noção mais nítida, porventura, das limitações humanas e terrenas” (l. 14 e 15) tem sentido hipotético.

4

Nas linhas 9 e 10, “é que” caracteriza-se como expressão expletiva, empregada para realçar o conteúdo “não os inquietam, aqui, os extraordinários portentos, nem a esperança deles” (l. 10 e 11).

1

2

Certo. O advérbio “melhor” tem a função contextual de retificar (corrigir) a informação anterior. Assim, tem-se: “Desde Gandavo e, melhor, desde Pero Vaz de Caminha até, pelo menos, Frei Vicente de Salvador...”. O advérbio melhor tem valor semântico de “aliás”. Errado. Observação: a banca deu este item 2 como errado no gabarito oficial. Entretanto, não há uma explicação plausível para tal marcação, tendo em vista que a assertiva – ao reduzir a ideia de hipótese a um único trecho – retira do candidato a possibilidade de uma análise global do período, a qual é imprescindível para se compreender que é estabelecida, sim, uma hipótese entre uma afirmação e outra. Ou seja, a assertiva está incompleta – razão por que este item deveria ter sido ANULADO! Vamos às explicações para o equívoco: 1ª. A palavra porventura é um advérbio usado majoritariamente para indicar uma situação hipotética. O advérbio porventura (formado a partir de composição por justaposição: por + ventura = porventura) indica uma hipótese ou um acaso, e é sinônimo de: por acaso, acaso, por hipótese, quiçá, talvez, possivelmente, por casualidade. 2ª. O sentido hipotético está estabelecido entre a afirmação anterior “E o próprio sonho de riquezas fabulosas é [em

Questão 7

Com relação aos aspectos linguísticos do texto X, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Caso o pronome “esses” (l. 1) fosse substituído por estes, seriam mantidas a correção gramatical do período e as principais informações veiculadas pelo texto, mas haveria maior distanciamento do autor com relação aos “tanques em que floresciam as diferentes culturas” (l. 2).

2

As expressões “tomar isso ao pé da letra” (l.4) e “colcha de retalhos” (l.5) são exemplos da função denotativa da linguagem.

3

A locução pronominal “cada um” (l.7) poderia ser substituída por cada uma, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coerência do texto, desde que “padronizados” e “universalizados” (l.9) fossem flexionados no gênero feminino.

4

Nas referências a “Sindbad” e “Marco Polo” (l.11), ativa-se o mecanismo da intertextualidade para a construção da coerência do texto.

1

Errado. A substituição de “esses” por “estes” preservaria a correção gramatical do período e as informações veiculadas pelo texto. Entretanto, a substituição de um por outro ocasionaria maior proximidade do autor com relação aos “tanques em que floresciam as diferentes culturas”.

2

Errado. As expressões “tomar isso ao pé da letra” e “colcha de retalhos” são exemplos da função conotativa da linguagem, tendo em vista que ambas se traduzem pela figura de linguagem metáfora.

3

Certo. A substituição da expressão “cada um” pela expressão “cada uma” não provoca incorreção gramatical tampouco acarreta em mudança de sentido, desde que se altere a concordância de “padronizados” e “universalizados”.

4

Certo. A coerência do texto está intimamente dependente da ativação do mecanismo da intertextualidade: o leitor precisa saber que Sindbad é um marinheiro (fictício) que realizou sete

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viagens pelos mares a leste da África e a sul da Ásia; e que Marco Polo é um mercador que, no livro “As viagens de Marco Polo”, descreve para os europeus as maravilhas da China. Questão 8

Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto XI, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Os termos “categoria dinâmica” (l.12), “classe lucrativa” (l.33) e “O empresário” (l.42) são expressões usadas para construir referências relativas a um mesmo campo semântico.

2

De acordo com o texto, além do exercício da direção do poder político, à classe proprietária cabia dinamizar a economia, relegando à sombra a classe sustentada pelo tráfico.

3

Para o autor, Machado de Assis capta, em sua literatura, a decadência da classe empresarial, representando-lhe a “queda de escrúpulos, virtudes e valores” (l. 50 e 51).

4

Certo. Os termos “categoria dinâmica”, “classe lucrativa” e “O empresário” pertencem a um mesmo campo de significação das informações contidas no texto.

2

Errado. O texto diz, claramente, que a classe que trafica (que é, portanto, sustentada pelo tráfico) costumava “agir na sombra”, ou seja, atuava na irregularidade. O texto não diz que essa classe fora relegada à sombra!

4

Ainda considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto XI, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

A correção gramatical e os sentidos do texto seriam preservados caso o trecho “ligava-se ao estrato dirigente, o estamento, com repulsa” (l. 22 e 23) fosse reescrito da seguinte forma: relacionava-se com a camada que estava no poder, à corte, com aversão.

2

o trecho “toda uma camada quer os bens da vida” (l. 40 e 41), o artigo indefinido foi empregado como item de realce, razão por que sua eliminação não prejudicaria a correção gramatical nem o sentido original do texto.

3

Nas expressões “seu preconceito” (l.45) e “seu sarcasmo” (l. 45 e 46), o pronome possessivo remete a referentes distintos.

4

No período “Sobe uma classe e dentro dela elevam-se muitos aspirantes a essa camada” (l. 36 a 38), os termos “uma classe” e “muitos aspirantes a essa camada” exercem função de sujeito nas orações em que se inserem.

1

Errado. É inadequada a colocação do acento indicativo de crase na expressão “à corte”. Considerando que o termo “o estamento” exerce função de aposto explicativo da expressão “estrato dirigente”, o termo “a corte” também exerce essa função (aposto) e, por isso, a colocação do acento da crase prejudica a correção gramatical e provoca incoerência no texto.

2

Errado. O artigo indefinido não tem função de realce e a sua retirada – embora preservasse a correção gramatical – provocaria mudança radical de sentido no trecho em que se insere: “toda uma camada” diz respeito à totalidade de uma só camada, enquanto “toda camada” constitui a generalização das camadas.

3

Certo. Explicação para o equívoco da professora: a comparação é estabelecida entre as aspirações do indivíduo e as do coletivo. Portanto, neste contexto, a substituição de “toda uma camada” por “toda camada” não faria diferença para as informações do texto, já que ambas as expressões estariam referenciando um conjunto de indivíduos (que quer os bens da vida, materiais e ideais, sem arrimos ou auxílios), em oposição ao indivíduo (isolado – o homem que escolhe o seu caminho, desdenhando o curso batido e frequentado).

4

Certo. Ambos os termos exercem a função sintática de sujeito nos trechos em que se encontram.

Na frase “o arrastar na sombra denunciava-lhe prestígio negativo” (l. 7 e 8), a substituição do pronome oblíquo “lhe” por a ela prejudicaria a correção gramatical do texto.

1

3

Questão 9

Errado. Segundo o texto, Machado de Assis nem sequer menciona a “decadência” da classe empresarial. O que ele demonstra, em seu texto, é uma visão preconceituosa dessa classe, que – para ele, por meio do poder do dinheiro – infunde torpeza em toda parte, pela queda de escrúpulos, virtudes e valores. Certo. Realmente as expressões “categoria dinâmica”, na linha 12, “classe lucrativa”, na linha 33, e “O empresário”, na linha 42, são usadas para construir referências relativas a um mesmo campo semântico – o da “classe que trafica”, aquela que adquire bens para convertê-los em lucros e benefícios. Explicação para o equívoco: é que o texto mostra a evolução na dinâmica da classe que trafica – passa de uma classe que se arrastava nas sombras (com prestígio negativo) para a classe dos empresários, que se faz na cidade e conquista títulos de nobreza e cadeiras no parlamento (de prestígio, portanto, positivo). Daí a minha dificuldade de associar o termo “O empresário” à mesma classe anteriormente caracterizada.

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POLÍTICA INTERNACIONAL

Questão 10

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto XII, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

Segundo preconiza o Novo Acordo Ortográfico, o vocábulo “contrassensos” (l.4) é grafado conforme as mesmas regras que antissocial.

2

Do período “O agregado é a sua caricatura” (l. 23 e 24), é correto inferir que o agregado é uma caricatura de si próprio.

3

Para o autor, como “mediação quase universal” (l. 41 e 42), o favor possuía não apenas a virtude de compor a base das relações coloniais, mas também servia ideologicamente à elisão, na literatura, da violência que estruturava o modo de produção brasileiro.

4

A correção gramatical e o sentido do texto seriam preservados caso o período “Assim, com mil formas e nomes, o favor atravessou e afetou no conjunto a existência nacional, ressalvada sempre a relação produtiva de base, esta assegurada pela força.” (l. 29 a 32) fosse assim reescrito: Dessa forma, o favor atravessou e afetou, no conjunto e com mil formas e nomes, a existência nacional, embora a relação produtiva de base estivesse sempre ressalvada e assegurada pela força.

1

Certo. Ambas as palavras obedecem à regra que diz: não se utiliza o hífen quando o prefixo terminar em vogal e a palavra-base iniciar-se com as consoantes “r” ou “s”, que, neste caso, devem ser dobradas.

2

Errado. O agregado é a caricatura da “multidão dos terceiros”.

3

Certo. O texto menciona que o favor, como “mediação quase universal”, possuía a virtude de compor a base das relações coloniais. Além disso, traz, também, a afirmação de que é compreensível que os escritores tenham baseado no favor a sua interpretação do Brasil, e, consequentemente, disfarçado, involuntariamente, a violência que sempre reinou na esfera da produção. Assim, é possível inferir que o favor servia ideologicamente à elisão, na literatura, da violência que estruturava o modo de produção brasileiro.

4

Errado. A reescrita proposta provoca alteração dos sentidos do texto original. No texto, a ideia apresentada é a de que o favor tinha mil formas e nomes e atravessou e afetou a existência nacional. Na reescrita, consta que o favor “atravessou e afetou com mil formas e nomes” a existência nacional. No texto, a informação dada é de que a relação produtiva de base é assegurada pela força e, na reescrita, consta a informação de que “a relação produtiva de base está ressalvada e assegurada pela força.

Questão 11

Tendo em vista que a participação do Brasil na promoção de esforços de integração na América do Sul se dá sob diferentes formas e instâncias e envolve iniciativas político-diplomáticas e o engajamento em mecanismos regionais e sub-regionais de integração econômica e de cooperação, julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos a esse tema. 1

A integração sul-americana despontou na agenda da política externa brasileira mediante iniciativas como a proposta de integração de natureza comercial formulada na primeira metade dos anos 90 do século passado e na década seguinte; a organização da Primeira Reunião de Presidentes de Países da América do Sul; a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA); e a criação da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

2

A Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Sul-Americana (IIRSA), criada por iniciativa brasileira, em 2000, segue como principal mecanismo para o tratamento de questões afetas à infraestrutura regional no Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN), da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

3

Concebido originalmente para o estabelecimento de um mercado comum, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) incorporou à sua agenda e à sua estrutura organizacional, ainda no seu período de transição, um amplo conjunto de temas não afetos à integração econômica, o que dificultou sua consolidação como união aduaneira.

4

Embora o Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) tenha sido concebido para, entre outros objetivos, consolidar a América do Sul como zona de paz, temas centrais para a segurança regional, como a luta contra o narcotráfico e o enfrentamento da delinquência associada aos ilícitos transnacionais, não se afirmaram em sua agenda, tendo sido assumidos em conselhos específicos da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

A integração da América do Sul é uma das prioridades constitucionais da política externa brasileira. Sua relevância é ressaltada pela recorrência com que o tema é cobrado no CACD. 1

Certo. O presente item aborda a integração sul-americana em sua vertente histórica, mencionando mecanismos criados em anos recentes, não apresentando maior dificuldade para o candidato.

2

Certo. Item aparentemente simples, mas cuja redação exigia atenta leitura por parte dos candidatos. A IIRSA, tendo sido

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incorporada ao COSIPLAN em 2011, constitui o principal mecanismo para o tratamento de questões referentes a infraestrutura. 3

4

Errado. Item que privilegia a vertente conceitual do tema do Mercosul. Não se pode afirmar que “um amplo conjunto de temas não afetos à integração econômica (...) dificultou sua consolidação como união aduaneira”. Certo. Habitualmente, cada questão tem um item de maior dificuldade, o que é o caso desta assertiva. Com relação à UNASUL, se o candidato, na falta de conhecimento mais detalhado, recorresse ao senso comum, poderia, eventualmente, fazer uma avaliação equivocada. A UNASUL, na realidade, tem um conselho específico para o tema mencionado: o Conselho Sul-Americano sobre o Problema Mundial das Drogas.

O tema da segurança tem sido cobrado com maior frequência no CACD. A presente questão, ao abordar sobretudo a vertente conceitual do tema, mais que a factual, constitui um desafio maior para os candidatos. 1

Errado. Não se pode afirmar que a segurança, como tema geral, só tenha sido incorporada à agenda de política externa brasileira no século XXI. Mesmo no que concerne às operações de paz, a participação brasileira remonta às primeiras iniciativas do gênero.

2

Anulada. Item que exigia maior conhecimento técnico acerca do tema, especificamente quanto ao conceito de proliferação vertical. A redação do item prejudicou a boa análise do mesmo, tendo a banca optado por sua anulação.

3

Certo. Item mais simples que os anteriores. As ressalvas colocadas no início da assertiva, “apesar da reconhecida centralidade”, evitam qualquer comparação entre o sistema multilateral e o interamericano. Destaque-se a atuação, neste último, da Comissão Interamericana para o Controle ao Abuso de Drogas (CICAD).

4

Errado. O item apresenta a falsa premissa de que, quanto ao terrorismo, o Brasil privilegia o âmbito bilateral em detrimento do multilateral, posição, em linhas gerais, contrária à atuação da diplomacia brasileira.

Questão 12

A crescente exposição do Estado e da sociedade brasileira às dinâmicas internacionais tem, como contrapartida, entre outras, a maior importância conferida às questões de segurança nos planos regional e global. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

2

3

4

A segurança se incorporou à agenda da política externa brasileira no século XXI, em decorrência do ativismo do país em espaços e iniciativas de caráter multilateral e de alcance global, constituindo exemplo dessas ações o maior engajamento em operações de paz e nos debates sobre segurança humana e intervenção humanitária e sobre a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nas tratativas sobre não proliferação de armamento nuclear de que toma parte, o Brasil defende que, em lugar de restringirem seu compromisso à contenção da proliferação vertical, as potências nucleares devem comprometer-se com a renúncia ao armamento nuclear, tendo, de modo consoante, apoiado o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. Apesar da reconhecida centralidade das instâncias e instrumentos multilaterais de alcance global para o enfrentamento ao narcotráfico, o sistema interamericano propicia importantes espaços e instrumentos para a participação do Brasil nos esforços internacionais voltados para o compartilhamento de boas práticas e a realização de projetos voltados para aquele fim. A preocupação do Brasil em não se converter em palco ou alvo de ações terroristas fundamenta sua opção de, na cooperação internacional para o enfrentamento ao terrorismo internacional, privilegiar iniciativas de caráter preventivo, a cooperação jurídica e o intercâmbio de informações policiais e de inteligência por vias bilaterais, em detrimento daquelas conduzidas por meio de instâncias e instrumentos multilaterais.

Questão 13

Considerando que as relações com os países do continente americano representam importante vertente da política externa brasileira, e que elas envolvem um amplo espectro de interesses políticos, econômicos e de segurança, tratados bilateral e multilateralmente em condições diversas, conforme seu alcance e densidade, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

O esforço diplomático brasileiro empreendido a partir de 2009 com o propósito de impulsionar as relações com os países do Caribe não produziu resultados expressivos no campo comercial, tendo tanto as exportações quanto as importações brasileiras sofrido acentuado declínio nos últimos cinco anos.

2

A participação do Brasil no sistema interamericano a partir do final da Guerra Fria se expressa de forma heterogênea no que se refere ao seu posicionamento diante de propostas e iniciativas emanadas desse sistema, como, por exemplo, o decidido apoio prestado ao fortalecimento da institucionalidade democrática no continente, a reticência frente à agenda de segurança hemisférica na última década do século passado e o posicionamento crítico adotado no início desta década em relação ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

3

Sob a ótica da política externa norte-americana, as relações com o Brasil, tradicionalmente diversificadas, estão, no presente, assen-

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tadas em interesses de natureza puramente econômico-comercial, haja vista as recorrentes dificuldades enfrentadas na construção de convergências e na cooperação sobre temas políticos e de segurança no plano global e importantes divergências quanto às respectivas prioridades no plano das relações hemisféricas. 4

Recentemente, no âmbito da sua política externa, a maior aproximação do Brasil com os países da América Central teve amparo, inicialmente, em projetos de cooperação técnica e em iniciativas para a expansão do comércio e a promoção de investimentos.

com os países em seu contexto regional por meio de mecanismos coletivos, o que se expressa no apoio a propostas e iniciativas como a Área de Livre Comércio da Ásia Pacífico, a Comunidade Econômica do Leste da Ásia e a Parceria Econômica Regional Abrangente. 2

A política externa da Índia possui como importantes vetores, em sua dimensão global, a promoção da governança, o acesso a recursos energéticos em bases estáveis, a promoção da segurança alimentar e, no plano regional, a cooperação com a China, no âmbito do BRICS, na construção de novas instituições econômicas e, bilateralmente, em iniciativas como a articulação da infraestrutura da Nova Rota da Seda.

3

A parceria estratégica entre China e Brasil tem servido de plataforma para a crescente diversificação do seu relacionamento bilateral, cuja agenda alcançou temas que ganharam relevância ao longo da última década. Tradicionalmente marcadas pela prevalência de interesses econômico-comerciais e pela cooperação aeroespacial, as relações entre esses países têm privilegiado iniciativas conjuntas em áreas como meio ambiente, saúde pública e tecnologias sensíveis.

4

A cooperação em agricultura e alimentação representa importante vetor da cooperação do Japão com o Brasil. Os resultados alcançados ensejaram o forte incremento das exportações brasileiras de alimentos para aquele país e a experiência adquirida serviu de base, a partir do ano 2000, para iniciativa conjunta de cooperação no campo da agricultura conduzida no continente africano.

Questão com estrutura interessante, que aborda vários aspectos das relações do Brasil com países e instituições de seu continente. 1

Certo. Muitas vezes, quando se entra na seara de estatísticas comerciais, há dificuldade. Pode-se dizer que expressões como “muito”, “pouco”, “acentuado” nem sempre dão ao candidato a possibilidade de avaliar com precisão a assertiva, o que impede uma análise precisa como seria requerido.

2

Certo. Item de complexa análise, uma vez que aborda múltiplos temas da agenda interamericana e o posicionamento do Brasil com relação a eles. Pode-se afirmar que a participação do Brasil no sistema foi “heterogênea”, pois, por um raciocínio de oposição, não se poderia dizer que foi “homogênea”. Houve apoio ao fortalecimento da institucionalidade democrática, reticência quanto à agenda de segurança, e houve, sim, posicionamento crítico em relação ao sistema de direitos humanos, como afirmado no item, no “início desta década”.

3

4

Errado. Novamente, uma assertiva que busca avaliar conhecimento específico. O senso comum poderia fazer com que parecessem corretas diversas inverdades quanto ao relacionamento entre Brasil e Estados Unidos. O acompanhamento da agenda contemporânea da política externa brasileira poderia fornecer os elementos necessários para avaliar adequadamente o item. Certo. Item simples, que descreve exatamente a aproximação do Brasil com países da América Central.

A Ásia tem emergido como relevante ator na agenda da política externa brasileira. A questão é bem elaborada, ao abordar temas que envolvem Japão, China e Índia, evitando versar sobre países menos conhecidos de maneira geral. 1

Certo. Item sem maiores dificuldades, que abordava a política externa de uma das maiores potências da atualidade. Vale notar que, para o CACD, quando se trata de países de grande relevância, não basta ao candidato conhecer as informações acerca da relação bilateral com o Brasil, mas também a própria política externa do país em questão.

2

Errado. A Índia tem adquirido cada vez maior relevância no cenário internacional, o que justifica ser esperado do candidato conhecimento acerca dessa nação. O item estava indo bem até a última afirmação, em que surgiu um erro: a Índia manifesta restrições quanto Belt and Road Initiative, a Nova Rota da Seda.

3

Errado. Novamente, a China é abordada na questão, mas agora na vertente bilateral. O item elenca diversos campos da parceria

Questão 14

Além de ser, no presente, a região de maior dinamismo econômico global, a Ásia é um espaço que abriga importantes dinâmicas políticas e de segurança que repercutem para além da própria região. Por essa razão, países que, a exemplo do Brasil, procuram, na maior aproximação com os países asiáticos, oportunidades de aprofundar sua inserção internacional devem considerar tanto os principais vetores das políticas externas na região como os antecedentes de seu próprio relacionamento no plano bilateral. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os próximos itens. 1

A China experimentou significativa inflexão em sua política externa ao valorizar o aprofundamento dos laços econômicos

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estratégica de maneira correta, mas ao afirmar que os países “têm privilegiado iniciativas conjuntas em áreas como meio ambiente, saúde pública e tecnologias sensíveis”, tornou-se incorreto. 4

1

Errado. Não se pode afirmar que “o estancamento da Rodada de Doha paralisou as negociações sobre temas comerciais no âmbito da Organização Mundial do Comércio”. Basta pensar no entendimento alcançado em Bali, em 2013, apenas para mencionar. Ademais, a questão do Órgão de Solução de Controvérsias, pilar do sistema internacional de comércio distinto das negociações comerciais, não está vinculada à Rodada Doha.

2

Errado. Item errado, de resolução simples. Mais uma vez, porém, o recurso ao senso comum, diante de eventual desconhecimento, poderia levar o candidato a uma avaliação pouco acertada.

3

Certo. O item revela a amplitude do conteúdo programático da disciplina de Política Internacional, mostrando ser necessário ter, ao menos, um conhecimento superficial de todos os tópicos, mesmo os que estão implícitos no edital.

4

Certo. Item que procurou avaliar o conhecimento acerca da agenda contemporânea de negociações do G20, o que mostra, novamente, a importância de se acompanhar a agenda internacional contemporânea.

Anulada. O item de seria de simples resolução, se não fosse uma formulação imprecisa da banca, que optou por sua anulação.

Questão 15

Considerando que a inserção internacional do Brasil tem na atuação em foros multilaterais instrumento privilegiado para o tratamento dos principais temas da agenda global nas mais diferentes áreas, julgue (C ou E) os itens subsequentes, relativos a esse tema. 1

2

3

4

O estancamento da Rodada de Doha paralisou as negociações sobre temas comerciais no âmbito da Organização Mundial do Comércio, arrefecendo a implementação de decisões alcançadas nas últimas conferências ministeriais e a atividade do Órgão de Solução de Controvérsias. Em razão disso, fortalecem-se negociações bilaterais e regionais, incorporando disciplinas comerciais não alcançadas pela normativa multilateral, tendência da qual o Brasil está dissociado. A decisão dos Estados Unidos da América de abandonar o Acordo de Paris aumentou as incertezas sobre o efetivo cumprimento das metas assumidas pelos países que o ratificaram. Nesse contexto, o Brasil reiterou a disposição de trabalhar com os demais signatários para rever os compromissos assumidos, de modo a mitigar os impactos da retirada norte-americana e salvaguardar o objetivo de manter a temperatura média da Terra em, no máximo, 2 ºC acima dos níveis pré-industriais. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) representa, no presente, importante espaço de apoio aos países em desenvolvimento no que diz respeito ao seguimento e à implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que conformam a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e, de modo particular, daqueles voltados para a dimensão econômica. A necessidade de aprimorar a governança global por meio de uma nova arquitetura financeira ocupa lugar de destaque na agenda do G-20, em que os países de economias emergentes procuram exercer maior protagonismo e influência nas tratativas sobre o tema. Exemplifica tal influência a expectativa do grupo de que as negociações sobre a reforma do sistema de quotas do Fundo Monetário Internacional, ora em curso, resulte em maior peso das economias emergentes e dos países em desenvolvimento em geral naquele organismo, pleito também defendido pelo Brasil.

Questão 16

1

Tendo em vista que a Europa é referente histórico no repertório das relações internacionais do Brasil e se mantém como importante parceira desse país tanto por meio de países individualmente, em eixos bilaterais, como por meio das instituições comunitárias, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca das relações do Brasil com países europeus e organismos internacionais.

1

A parceria estratégica entre a Rússia e o Brasil firmada em 2002 ensejou, ao longo da década, significativo incremento do comércio bilateral, avanço limitado na cooperação em setores como defesa e atividades aeroespaciais e forte impulso na concertação de posições em fóruns internacionais como o BRICS e o G-20.

2

A proteção e o uso sustentável das florestas tropicais e a promoção das energias renováveis e da eficiência energética são temas prioritários na agenda da cooperação teuto-brasileira. A prioridade desses temas reflete a complementariedade advinda da importância do Brasil nos esforços de mitigação dos efeitos da mudança climática e para a conservação da biodiversidade no planeta, e do domínio, por parte da Alemanha, de tecnologias ambientais e energéticas de grande relevância para o desenvolvimento sustentável.

3

As relações da França e do Reino Unido com o Brasil são conduzidas no âmbito das respectivas parcerias estratégicas, cujas agendas se concentram em temas econômicos, no caso da França, e, no caso do Reino Unido, em iniciativas voltadas para a cooperação setorial em áreas como agricultura familiar, ciência e tecnologia, defesa e energia nuclear.

4

Os diálogos setoriais são o principal instrumento do intercâmbio de informações e experiências para o planejamento, o acompa-

Questão abrangente, que aborda diversos temas do ponto mais vasto do edital: a “Agenda Internacional e o Brasil”.

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nhamento e a avaliação de iniciativas nas relações entre a União Europeia e o Brasil; a centralidade reflete a amplitude e a forte segmentação das relações bilaterais e a inexistência de uma moldura política de direcionamento estratégico para tais relações.

Questão que, ao abordar relações do Brasil com alguns países europeus, demonstrou que a prova tem procurado ser cada vez mais abrangente também do ponto de vista geográfico, não se limitando a determinadas circunstâncias geopolíticas. 1

Certo. Item que apresenta de maneira abrangente vários aspectos das relações bilaterais entre Brasil e Rússia. A redação apresenta juízos de valor, como “significativo incremento”, “avanço limitado” e “forte impulso”, os quais exigem do candidato criteriosa avaliação.

2

Certo. Item simples, sem maiores complicações, que aborda diversas áreas da relação entre Brasil e Alemanha.

3

Errado. O item começa bem, mas, ao afirmar que a agenda Brasil-França se concentra em temas econômicos, incorre em erro. A agenda, pelo contrário, é uma muito diversificada.

4

Errado. Item semelhante a outros, onde, após afirmações verdadeiras, a última sentença apresenta erro, pois há moldura política de direcionamento estratégico nessa relação: a Cúpula Brasil-União Europeia.

Questão 17

Segundo o Tratado de Lisboa, a União Europeia (UE) tem como valores o respeito pela dignidade humana, a liberdade, a democracia, a igualdade, o estado de direito e o respeito pelos direitos humanos e como objetivo a promoção da paz, dos valores comuns e do bem-estar dos seus povos. No que concerne ao tema da integração europeia, julgue (C ou E) os itens seguintes.

panhamento por parte de diplomatas e internacionalistas, em função do conturbado processo de saída do Reino Unido desse exercício de integração. 1

Certo. Item de conteúdo específico, logo desafiador, que exigia conhecimento detalhado acerca da atual situação dos postulantes a ingressar na UE.

2

Certo. Assertiva técnica, que, novamente, exigia conhecimento detalhado por parte do candidato acerca da estrutura da União Europeia.

3

Certo. Item mais simples que o anterior, que abordou instituições europeias conhecidas de maneira mais geral.

4

Errado. Novamente, o acompanhamento da agenda contemporânea da política externa brasileira poderia auxiliar o candidato a avaliar adequadamente este item. Não se pode afirmar que as negociações do acordo Mercosul – União Europeia não avançaram desde 1995, especialmente em decorrência dos recentes desdobramentos verificados.

Questão 18

No discurso de abertura do Debate Geral da 66.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidenta Dilma Rousseff afirmou: “apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional”. Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, a respeito da questão árabe-israelense. 1

Após o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, anunciar a mudança da embaixada norte-americana para Jerusalém, a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução segundo a qual “quaisquer decisões e ações que pretendam alterar o caráter, o status ou a composição demográfica da Cidade Santa de Jerusalém não têm efeito legal”.

2

O brasileiro Osvaldo Aranha foi o presidente da Assembleia-Geral da ONU em 1947, que aprovou a resolução sobre o Plano de Partição da Palestina, com a chamada “solução de dois Estados”.

1

São países candidatos a adesão à UE: Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Turquia.

2

Composta por um representante de cada um dos Estados-membros da UE, a Comissão Europeia é o órgão executivo da UE e defende seus interesses gerais.

3

A despeito de seus nomes, o Conselho da Europa e a Corte Europeia de Direitos Humanos não são instituições da UE.

3

O Brasil reconheceu o Estado da Palestina nas fronteiras de 1967 e foi seguido por vários países sul-americanos.

4

A aproximação entre o MERCOSUL e a UE remonta à assinatura do Acordo-Quadro de Cooperação Inter-regional em 1995, mas, desde então, as negociações com vistas a um acordo de livre comércio não avançaram.

4

Os Acordos de Oslo criaram uma Autoridade Palestina, mas não alteraram o status de Jerusalém.

Além das relações com alguns países europeus, quis-se avaliar o conhecimento do candidato acerca da própria União Europeia, instituição que tem sido objeto de especial análise e acom-

O conflito israelo-palestino, tema relevante e atual, costuma ser objeto de avaliação na prova. Vale notar que, na presente questão, prevaleceram itens que abordaram a vertente histórica do assunto, o que mostra a importância de adquirir conteúdo acerca dessa vasta área.

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Certo. Seria esperado que um tema de alta relevância como esse posicionamento da administração estadunidense fosse objeto de exame na prova. O acompanhamento de atualidades, novamente, poderia permitir a correta avaliação da assertiva.

2

Certo. Item histórico bem conhecido, de fácil resolução.

3

Certo. Assertiva que aborda a vertente histórica da disciplina, destacadamente a posição brasileira quanto ao conflito, não apresentando maiores dificuldades.

4

Certo. Item semelhante ao anterior, ainda que exigisse um nível de conhecimento mais avançado e específico. Vale notar que há discussões quanto ao fato de os Acordos de Oslo terem efetivamente criado, ou não, a Autoridade Palestina, tendo a banca optado pela posição predominante na chancelaria brasileira.

Questão 19

A respeito das mudanças na atual política externa dos Estados Unidos da América (EUA), julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

2

3

4

Não é a primeira vez que um presidente dos EUA pede a seus aliados europeus para incrementar seus investimentos em defesa. Entretanto, Donald Trump tem pressionado com frequência os líderes europeus por não aumentarem sua contribuição ao orçamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Depois de ameaças recíprocas que se prolongaram por vários meses, Donald Trump e Kim Jong-un encontraram-se em Singapura, em 2018, e assinaram uma declaração conjunta em que os EUA e a Coreia do Norte se comprometem a trabalhar em favor da paz e da prosperidade mundial. A Coreia do Norte prometeu que aderirá ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). O governo saudita lidera uma coalizão militar que tem combatido o grupo aliado do Irã que luta para manter-se no poder no Iêmen desde 2015. Donald Trump obteve a aprovação do Congresso norte-americano para prestar ampla ajuda militar aos sauditas na luta pelo controle do Iêmen, o que inclui o envio de centenas de soldados e de aviões armados com mísseis equipados com ogivas nucleares. Os governos da França, da Alemanha e do Reino Unido não conseguiram dissuadir Washington de deixar o acordo nuclear firmado pelo grupo chamado de P5+1, ou seja, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, e o Irã, em 2015. A reação imediata do Irã foi proibir a exportação de petróleo e gás iranianos aos EUA.

Questão muito bem elaborada, que apresenta aspectos contemporâneos da política externa dos Estados Unidos.

1

Certo. Assertiva interessante, que correlaciona elemento histórico (“não é o primeiro presidente”) a atuações recentes do presidente estadunidense.

2

Errado. Novamente um item que, depois de várias afirmações corretas, ao final, apresenta uma inverdade. A declaração conjunta referida não menciona adesão ao TNP, o que, do ponto de vista sistêmico, seria muito improvável.

3

Errado. Além de errar ao afirmar que o grupo aliado do Irã (houthis) quer manter-se no poder, a última sentença do item é um total acinte.

4

Errado. Uma vez mais, o item vai muito bem, mas, quando chega ao final, há um erro: foram os EUA que anunciaram que irão proibir as importações de petróleo e gás do Irã e, ainda assim, o embargo não foi imediato.

Questão 20

As teorias das relações internacionais têm a finalidade de formular métodos e conceitos que permitam compreender a natureza e o funcionamento do sistema internacional, bem como explicar os fenômenos mais importantes que moldam a política mundial. J. P. Nogueira e N. Messari. Teoria das relações internacionais: correntes e debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, p. 2.

A respeito do assunto abordado no fragmento de texto precedente, julgue (C ou E) os próximos itens. 1

Embora o realismo seja uma tradição teórica da área de Relações Internacionais que apresenta uma grande diversidade, é possível afirmar que, para os realistas, os Estados são os atores centrais das relações internacionais, as quais se caracterizam pela anarquia e, sobretudo, pela cooperação para sobreviver.

2

As análises pós-coloniais, que representam uma contribuição relativamente recente na área de Relações Internacionais, questionam as concepções modernizadoras ocidentais e a politização dos conflitos delas resultantes.

3

Muitos realistas e liberais atribuem antecedência ontológica aos agentes ou à estrutura nas relações internacionais. Os construtivistas afirmam que o mundo é socialmente construído e negam, portanto, a antecedência ontológica dos agentes ou da estrutura.

4

A crença no progresso da humanidade e na sua racionalidade e a ideia de que a intensificação do comércio favorece a paz são alguns dos fundamentos do liberalismo. É na tradição liberal que se encontram os fundamentos para a criação das organizações internacionais pelas potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial.

Clássico item de Teoria das Relações Internacionais, tema sempre presente nas provas de primeira fase.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 1

Errado. Novamente, o item vai muito bem, mas, quando chega ao final, há uma inverdade. Para os realistas, “pode” haver cooperação para sobreviver, mas não “sobretudo”.

2

Errado. Assertiva mais complexa da questão, que aborda temas menos conhecidos, as análises pós-coloniais. Ainda mais uma vez, o erro está na última afirmação do item, pois não se pode afirmar que essa abordagem teórica questione diretamente “a politização dos conflitos delas resultantes”.

3

Certo. Item simples, sem desafios específicos.

4

Certo. Idem. Observe-se que essa questão mostra um padrão frequente, claramente observado na prova: dois itens de pouca complexidade, um (ou dois) de relativa dificuldade, e o último, de maior complexidade.

4

Questão 22

As operações de paz sempre tiveram importância no âmbito da atuação da ONU e, a partir do fim da Guerra Fria, seu número cresceu significativamente. O Brasil participou de várias operações de paz da ONU, sendo essa participação coerente com a importância que historicamente a política externa brasileira tem atribuído às instâncias multilaterais, notadamente no campo da paz e da segurança internacionais. A esse respeito, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

O Brasil participa da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). A Marinha do Brasil comanda a força-tarefa marítima que atua na costa libanesa.

2

No final da década de 80 e na década de 90 do século passado, operações de paz realizadas em Angola e Moçambique objetivaram monitorar a implementação de acordos de paz que buscaram colocar fim a guerras civis nesses dois grandes países africanos. O Brasil participou dessas operações de paz multidimensionais, ou seja, que não se restringiram a tarefas tipicamente militares.

3

A primeira operação de manutenção da paz foi criada pela ONU em 1956 para monitorar o cessar-fogo entre Egito e Israel na Crise do Suez. O Brasil participou dessa operação de paz, que se restringiu ao componente militar.

4

A Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (MINUSTAH) encerrou-se em 2017 e sua composição contou com uma notável maioria de países latino-americanos. O Brasil dividiu o comando do componente militar da missão com a Argentina e o Chile.

Questão 21

A respeito do tema refugiados, apátridas e migrantes, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Devido à inter-relação entre as condições de refugiado e de migrante econômico, as pessoas que cruzam a fronteira de seu país em busca de melhor padrão de vida também estão sob a proteção da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados.

2

Em 2017, o número de pessoas que foram forçadas a se deslocar em razão de conflitos em países como a Síria retrocedeu, apesar do crescimento observado nos anos anteriores.

3

O texto do Pacto Global sobre Migração Segura, Ordenada e Regular foi aprovado em 2018 e sua natureza jurídica será a de um instrumento internacional não vinculante.

4

O Brasil é parte da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954 e da Convenção para a Redução dos Casos de Apatridia de 1961, tendo reconhecido pela primeira vez, em 2018, duas pessoas como apátridas.

Tema muito atual, esperado para a prova. A abordagem adotada indica, ao que parece, a transversalidade da disciplina de Política Internacional. 1

2

3

Errado. Assertiva um pouco mais complexa, que exigia atenção do candidato, sobretudo quanto aos conceitos jurídicos empregados. Errado. O item exigia conhecimento específico de atualidades, especificamente do último relatório do ACNUR, publicado recentemente, e o recurso ao senso comum, novamente, poderia ensejar dificuldades. Certo. Assertiva que cobrava de maneira simples uma informação da área do Direito Internacional.

Certo. Outra assertiva vinculada ao Direito Internacional, sobretudo à participação brasileira em convenções internacionais vinculadas ao temas de refugiados.

Segunda questão sobre segurança, sublimando a relevância do tema para o CACD. 1

Certo. Item simples, relacionado à agenda contemporânea de política externa brasileira.

2

Certo. Assertiva que, ao abordar o tema sob a vertente histórica, exigia conhecimento mais aprofundado por parte dos candidatos.

3

Certo. Item histórico simples, mas que exigia do candidato recordar as diversas modalidades de missões de paz: manutenção da paz, observação, supervisão, monitoramento etc.

4

Errado. Mais uma vez, a assertiva caminha muito bem, mas, ao final, há um equívoco, pois não houve compartilhamento (e não costuma haver) do comando do componente militar da missão.

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GEOGRAFIA A tabela a seguir mostra as porcentagens, sobre o total da população ocupada, da população ocupada por setor produtivo: B = baixa produtividade (agricultura, comércio e serviços); M = média produtividade (manufatura, construção, transporte e comunicação); e A = alta produtividade (mineração, eletricidade, gás, água, atividades financeiras e imobiliárias), na América Latina (AL), no Brasil (BR), no México (MX), no Paraguai (PG) e no Uruguai (UG), nos anos indicados.

Tema da questão: América Latina. 1

Certo. O Paraguai é um país pobre em crescimento, e o Uruguai é um país mais rico, porém mais estagnado. O Uruguai teve uma melhoria distributiva com as políticas de inclusão e de liberdade individual, não apenas no Governo Mujica. A exportação de eletrônicos realizada pelo Paraguai, mesmo que não produzidos no país, tem peso significativo para a economia paraguaia. O Paraguai é o país que mais cresce significativamente nas Américas. A tendência mundial é o crescimento econômico em países pobres, pois os países ricos, como Inglaterra e Estados Unidos, não possuem meios para crescer cerca de 10% ao ano. A pecuária ainda é a principal atividade do Uruguai; outra atividade relevante são os paraísos fiscais. Destaca-se que paraísos fiscais são crime.

2

Certo. A América Latina tem taxas de urbanização maiores que as da Europa Média. Milton Santos defendia que termos como hipertrofia do terciário metropolitano e urbanização deformada são associações que dependem da renda e de fatores também políticos. De acordo com Milton Santos, o circuito inferior da economia urbana compreende, dentre outros, o trabalho informal, como camelôs e comida de rua.

3

Certo. Mineração: basicamente petróleo e gás. A extração está no setor primário. O petróleo ocorre em baías, golfos e mares fechados. Não há carvão mineral em regiões tropicais, apenas em temperadas. O México é um país muito urbanizado, com um investimento nesse setor maior que o feito no Brasil; ele já iniciou uma “Dubaificação”. O México possui acesso a dois oceanos, matas tropicais e praias, além de proximidade com o território americano. Isso justifica, aliado aos voos menores, o fato de o Brasil receber cerca de 5 milhões de turistas ao ano, enquanto o México recebe cerca de 25 milhões. Além disso, o México é um grande exportador de drogas, porém essa economia não fica no México.

4

Errado. Segundo a tabela, entre os anos de 1999 e 2013, houve uma estabilização do percentual da PEA (População Economicamente Ativa) por setores. Inativos economicamente são aposentados, inválidos, adoecidos, crianças etc. As commodities, nesse período e ainda hoje, não perderam importância. Está havendo uma valorização lenta das commodities.

CEPAL – Comisión Económica para América Latina y el Caribe. Internet: www. cepal.org/es (com adaptações).

Questão 23

Com referência à população trabalhadora ocupada, na América Latina, e considerando os dados dos setores produtivos da economia apresentados na tabela anterior, julgue (C ou E) os itens subsequentes. 1

A relativa estabilidade quantitativa da população ocupada no setor de baixa produtividade, no Paraguai e no Uruguai, entre 2008 e 2013, pode ser atribuída ao fato de a agricultura — para o Paraguai — e a pecuária — para o Uruguai — serem as principais atividades econômicas desses países.

2

A maior concentração da população trabalhadora latino-americana ocupada em setores de produtividade baixa pode ser atribuída à importância do comércio e dos serviços na economia dos países, considerando a urbanização do território no continente.

3

O incremento considerável de trabalhadores nos setores de mineração e construção civil no México entre 2008 e 2012 está relacionado ao crescimento da mineração no país, com destaque para a exploração de petróleo e gás e as atividades imobiliárias nas principais áreas urbanas do país, entre as quais se destacam Cidade do México, Guadalajara e Monterrey.

A relativa diminuição do número de ocupados no setor de baixa produtividade e o aumento no setor de alta produtividade da economia brasileira, entre 1999 e 2013, é um fenômeno explicado pela perda de importância das commodities agrícolas para o país, que decorre da crise de exportação no período.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018

A tabela seguinte mostra as taxas de desemprego em zonas urbanas em cada ano indicado, com relação à respectiva população total, na América Latina (AL), na Argentina (AG), no Brasil (BR), no Chile (CH), na Colômbia (CO), na Costa Rica (CR), no Equador (EQ), no México (MX), no Paraguai (PG), no Peru (PE) e no Uruguai (UG). Os dados de 2016 referem-se aos cinco primeiros meses desse ano.

CEPAL – Comisión Económica para América Latina y el Caribe. Internet: <www.

A América Latina é o continente que menos cresce no mundo – o que mais cresce é a África. 1

Certo. Com o Consenso de Washington, os empregos formais sofrem um aumento devido à desregulamentação.

2

Errado. O quaternário são setores avançados, como se fosse o terciário avançado. É relacionado à gestão do turismo, altas finanças, criação de eventos etc. Não é um setor significativo nos países citados, e o desemprego não estimula o desenvolvimento do setor quaternário, o que o estimula é educação, formação, empreendimento e boas políticas públicas.

3

Errado. A relação entre violência urbana e desemprego não é inversamente proporcional. Porém existe uma certa relação entre violência e desemprego, o desemprego é apenas um dos tantos fatores explicativos. Na Colômbia, em razão da atuação das FARC, o que houve foi uma redução, em algumas regiões, de atividades rurais. Na atualidade, a Colômbia está vivendo um florescimento econômico e agrícola.

4

Gabarito da banca: Certo. Gabarito do professor em divergência com o posicionamento da banca. As políticas sociais redistribucionistas já existiam, elas foram reafirmadas.

cepal.org/es> (com adaptações).

Questão 24

Considerando as informações da tabela antecedente, julgue (C ou E) os itens seguintes, a respeito das conhecidas problemáticas sociais urbanas em cidades da América Latina. 1

2

O chamado Consenso de Washington preconizava três ideias principais: a abertura comercial dos países, diminuindo o protecionismo e possibilitando investimentos estrangeiros, a aplicação da economia de mercado e o controle fiscal macroeconômico. Em relação ao mercado de trabalho, o Consenso de Washington defendia a desregulamentação das leis trabalhistas, com impacto direto na geração de empregos formais. Apesar da tendência de redução da taxa de desemprego após 2002 e para a maioria dos países referenciados, a crise econômica mundial e as crises de poder local forçaram o aumento do desemprego em 2016, no Brasil, na Costa Rica, no Equador, Peru e Uruguai, estimulando o setor quaternário da economia urbana desses países.

3

A Colômbia, na década de 90 do século passado, viveu uma relação inversamente proporcional entre a taxa de desemprego e a violência urbana, que foi catalisada pelo abandono de atividades rurais ante a atuação das FARC no país.

4

Na primeira década do presente século, o Uruguai, que apresentou considerável diminuição da taxa de desemprego urbano, implementou políticas sociais redistribucionistas e abriu-se para o debate sobre direitos políticos populares.

Em geral, os países da América Latina sofreram um processo de estabilização ou de aumento do desemprego.

Questão 25

Acerca dos diferentes tratamentos do conceito de território na geografia, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Questões de consciência e de representação do espaço foram elaboradas e assimiladas, ao largo dos séculos XIX e XX, para a definição concreta e imaginária do território como fundamento de soberania do Estado nação.

2

A integração contemporânea de técnica, ciência e informação desabilitam a abordagem geográfica do território sob aspectos subjetivos.

3

Territorialização, desterritorialização e reterritorialização constituem processos reveladores do movimento social e da dinâmica do capital, os quais geram e redefinem identidades e vínculos com o território.

4

O conceito de território abrange processos e relações restritos à economia e à política, de forma que as dimensões sociais da cultura direcionam-se às abordagens conceituais geográficas da paisagem e do lugar.

Tema: Conceitos em Geografia. 1

Certo. Território é o espaço vivido, é o espaço apropriado, usado. Está ligado à representação e à consciência. É a ligação do ser humano com o solo em que vive, com a sua cidade, seu bairro etc.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 2

Errado. Quase nada desabilita a abordagem geográfica. O mundo de hoje reforça os aspectos subjetivos e a abordagem geográfica.

3

Certo. Territorializar-se é envolver-se no conjunto de relações do lugar onde se vive, empresas e pessoas territorializam-se. Desterritorialização é a tendência de perda desses laços com o território. Reterritorialização é como a chegada de um homem do interior à cidade; com o tempo, ele passa a criar laços afetivos e vínculos com o novo local.

4

Errado. O conceito de território abrange processos e relações não apenas relacionados à economia e à política, mas à cultura, a questões individuais e subjetivas, dentre outros.

tilha da política norte-americana e da Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo — do qual é membro participante —, contrária ao acordo do clima de Paris. 4

A Sibéria, porção asiática do território russo, é rica em recursos minerais, com destaques para petróleo, gás natural, carvão mineral e minério de ferro, e sua localização geográfica em relação à China e ao Japão, grandes consumidores de minérios, é estratégica para a economia russa.

1

Certo. A influência para outros locais do mundo é real; em direção ao Oriente Médio, por exemplo, ocorreu via tentativa de anexação do Afeganistão há cerca de 30 anos.

2

Errado. A Crimeia possui população, em grande parte, ortodoxa. Não houve emigração da Crimeia em grande escala. Nenhum dos países citados possui maioria muçulmana nem forte sentimento contra a Rússia.

3

Errado. A Rússia nunca pertenceu à OPEP e é a favor do acordo climático de Paris.

4

Certo. A Sibéria possui grande potencial estratégico, possui água, solos e recursos a serem explorados.

Questão 26

Os campos de petróleo da Rússia estão localizados no Vale do Volga, no sul dos Urais e, acima de tudo, na Sibéria, particularmente perto do oceano Ártico. Os grandes depósitos ao redor do mar Cáspio são agora dependentes de Estados que se tornaram independentes com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Azerbaijão, Cazaquistão). Como o segundo maior produtor mundial de petróleo e o primeiro produtor de gás natural, a Rússia tem apostado grande parte de seu desenvolvimento econômico e sua influência geopolítica na exploração e administração dessas fabulosas riquezas naturais em seu território ou nos países do mar Cáspio e da Ásia Central. Nesse sentido, a Rússia tem um complexo setor voltado ao transporte do petróleo do mar Cáspio para a Europa. Y. Lacoste. Geopolítica: a longa história do presente. Madrid: Editorial Sínteses, 2008. p. 161 (com adaptações).

Tendo o texto antecedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito do papel geopolítico da Rússia no mundo atual. 1

As gigantescas reservas de petróleo e gás natural em poder da Rússia sustentam a economia desse país, bem como a expansão de sua influência geopolítica para outras regiões do mundo, como o Oriente Médio e a Europa.

2

A anexação da península da Criméia, no mar Negro, é fator de conflito entre Rússia, Ucrânia e demais países do Cáucaso. O conflito entre os países provocou o êxodo da população da Criméia, em grande parte ucraniana e muçulmana, para outros países, como Geórgia, Armênia e Cazaquistão, de maioria muçulmana e forte sentimento contra a Rússia.

3

A política russa de exportação de petróleo e gás natural é um fator geopolítico de poder no cenário mundial e o país compar-

Questão 27

No último meio século, houve uma mudança revolucionária em escala planetária: cada vez mais, as lojas locais dão lugar ao domínio dos gigantes da distribuição, como o Walmart e o Carrefour. Na Espanha, mais de 80% das compras das famílias são feitas em hipermercados e, dessas compras, 75% estão concentradas nas cinco maiores redes: Mercadona, Eroski, Carrefour, Auchan e Dia. Tal mudança está longe de ser uma realidade particular de um país ou de um setor: trata-se de uma tendência mundial. N. Castro. A ditadura dos supermercados: como grandes distribuidores decidem o que consumimos. Madrid: Akal, 2017 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens que se seguem, acerca das redes de produção e consumo globais. 1

As cidades médias brasileiras são polos atrativos, tanto para fluxos migratórios internos, como para investimentos empresariais globalizados. Hipermercados, centros comerciais, lojas de franquia, concessionárias de veículos, hotéis e diversos serviços são instalados nessas cidades em diferentes regiões do país, caracterizando o processo de globalização do território brasileiro.

2

O sistema político-econômico hegemônico atual é caracterizado pela existência de diferentes tipos de redes geográficas que dinamizam os sistemas produtivos e de consumo e redefinem em escala global os usos dos territórios. O mundo atual é homogeneizado pelas relações de consumo e produção que articulam todo o planeta.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 3

4

O processo desigual de produção de um mundo articulado e fluido é realizado por agentes econômicos e políticos que se utilizam de acordos comerciais e da formação de blocos geoeconômicos para a constituição de redes que transferem mercadorias, bens e serviços entre diversas regiões do planeta. A estratégia dos agentes econômicos no período da globalização pressupõe a mobilidade, entre outros fatores políticos e econômicos de integração produtiva.

2

A descrição e o conhecimento geográfico feitos pelos viajantes e cronistas europeus durante a colonização, bem como a sua cartografia e representações, serviram às potências europeias para o domínio do novo mundo, de seus territórios e povos, para a delimitação de fronteiras e a exploração de seus recursos.

3

O conhecimento do território, a construção simbólica do Estado Nação, a definição e segurança das fronteiras nacionais e internacionais são elementos geográficos que mantêm os Estados nacionais europeus articulados e integrados territorialmente no mundo atual.

4

A fragilização das potências europeias com a Segunda Guerra Mundial teve como consequências a independência das antigas colônias e a criação de novos Estados nacionais no continente africano.

1

Certo. A desconcentração industrial é um fator de crescimento das médias cidades. O que produz essa desconcentração é um menor custo de mão de obra e imóveis, por exemplo.

Errado. O Brasil ainda não chegou à integração completa. O território brasileiro é único, embora não uno.

2

Certo.

3

Errado. Em Geografia, considera-se a força da homogeneização. Porém predomina a diferenciação sobre a homogeneização.

Errado. O continente que mais tem se desarticulado e desintegrado é a Europa.

4

Certo. Houve o fortalecimento de movimentos de independência na África e enfraquecimento da África no pós-guerra imediato.

Os processos de produção de commodities como frutas tropicais, café, grãos e carnes são cada vez mais regulados pelas regras do mercado global. A apropriação de processos produtivos por corporações transnacionais associadas ao capital industrial e financeiro compõe novas redes de produção e consumo, articulando campo e cidade e determinando o que se produz e o que se consome.

Tema da questão: globalização e urbanização. 1

2

3

Certo. Entenda-se globalização como a última fase da expansão capitalista.

4

Certo. Existe uma determinação do que é consumido e produzido em várias níveis, dos mais aos menos saudáveis.

Questão 28

O domínio da teoria absoluta do Estado e o abandono das dimensões relativas e relacionais a um papel subordinado foram particularmente assegurados na Europa Ocidental. Posteriormente, os processos de colonização estenderam à maior parte do planeta essa modalidade de territorialização. Evidentemente, nada de natural nessa forma concreta de territorialização, nem o recurso das teorias absolutas do espaço e tempo para consolidá-las: estamos diante de construções sociais e criações políticas. David Harvey. El cosmopolitismo e as geografias da liberdade. Madrid: Akal, 2017, p. 198 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos à expansão colonial e ao pensamento geográfico. 1

A expansão ultramarina europeia influenciou a formação da sociedade e dos Estados nacionais colonizados e posteriormente independentes. No Brasil, por meio de construções simbólicas e políticas, a influência cultural europeia produziu um território nacional único, integrado e predominantemente europeu.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018

NOÇÕES DE DIREITO E DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Questão 29

Com relação à classificação da Constituição, à competência dos entes federativos, ao ato jurídico e à personalidade jurídica, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

A vigente Constituição brasileira é, no que se refere à estabilidade, semirrígida, pois, além de conter normas modificáveis por processo legislativo dificultoso e solene, possui também normas flexíveis, que podem ser alteradas por processo legislativo ordinário.

2

Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre cidadania e naturalização, limitando-se a União a estabelecer normas gerais e os demais entes a legislar em caráter suplementar.

3

O ato jurídico em sentido estrito é ato voluntário que produz os efeitos já previamente estabelecidos pela norma jurídica, como, por exemplo, quando alguém transfere a residência com a intenção de se mudar, decorrendo da lei a consequente mudança do domicílio.

4

Considera-se personalidade jurídica a capacidade in abstracto de ser sujeito de direitos ou obrigações, ou seja, de exercer determinadas atividades e de cumprir determinados deveres decorrentes da convivência em sociedade.

1

Errado. Quanto à possibilidade de alteração (ou estabilidade), a Constituição de 1988 é considerada rígida. A única semirrígida (ou semiflexível) foi a de 1824.

2

Errado. Compete privativamente à União legislar sobre nacionalidade, cidadania e naturalização (artigo 22, XIII).

3

Certo.

4

Certo.

Questão 30

3

A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal, os municípios e os territórios, todos entes federativos autônomos dotados de capacidade de autogoverno e autoadministração.

4

O Poder Executivo é um órgão pluripessoal, exercido pelo presidente e pelo vice-presidente da República e pelos ministros de Estado.

1

Certo. Os chefes de missão diplomática de caráter permanente são escolhidos pelo PR, devendo o nome ser aprovado pelo SF, em votação secreta, sendo secreta também a arguição – ao contrário do que acontece, por exemplo, na escolha de Ministros do STF e dos Tribunais Superiores (artigo 52, IV).

2

Errado. Não é unilateral a decisão, pois, além da vontade presidencial (artigo 84, XXII), há também a manifestação do Congresso Nacional, na forma de autorização (artigo 49, II). Além disso, o Presidente da República deve agir nos limites de lei complementar, o que afasta a sua discricionariedade.

3

Errado. A leitura do artigo 18 indica que a República Federativa do Brasil é composta pela União, Estados, DF e Municípios, todos dotados de autonomia FAP – financeira, administrativa e política. Os Territórios Federais, se criados (atualmente não existem), serão autarquias da União, não sendo dotados de autonomia. Exemplificando, o Governador será nomeado pelo Presidente, e não eleito pela população.

4

Errado. Órgãos pluripessoais (ou colegiados) têm como característica a atuação e decisão mediante manifestação conjunta de seus membros. Ou seja, os atos e decisões dependem da aprovação dos integrantes do órgão. É o que acontece com o Congresso Nacional, por exemplo.

Questão 31

No que tange aos direitos e garantias fundamentais e ao processo legislativo, conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue (C ou E) os itens subsequentes. 1

As assembleias legislativas estaduais dispõem de competência para propor emenda à CF, desde que a iniciativa parta de mais da metade das assembleias das unidades da Federação e pela maioria relativa dos membros de cada uma delas.

2

A CF veda a extradição de estrangeiro em razão de crime político ou de opinião.

3

Os tratados e convenções internacionais genericamente considerados terão status constitucional se forem aprovados pelo processo legislativo previsto para a votação de emendas à CF.

Considerando a ordem constitucional brasileira, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

2

Os chefes de missão diplomática de caráter permanente, indicados pelo presidente da República, devem ser aprovados pelo Senado Federal por voto secreto, após arguição em sessão secreta. É competência discricionária e unilateral do presidente da República permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou que nele permaneçam temporariamente

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 4

A Câmara dos Deputados é a casa onde se devem iniciar todos os projetos de lei de iniciativa do presidente da República, do STF ou de tribunal superior, cabendo ao Senado o papel de casa revisora.

1

Certo. Uma PEC pode ser proposta pelo PR, por 1/3 dos membros da Câmara ou do Senado, e por mais da ½ das Assembleias Legislativas, exigindo-se manifestação favorável de maioria relativa dos membros – artigo 60 da Constituição.

2

Certo. A extradição de brasileiros natos não é permitida. Quanto aos naturalizados, a extradição será possível em duas situações: a) crimes cometidos antes da naturalização; e b) envolvimento comprovado com tráfico de drogas (antes ou depois da naturalização). Em relação aos estrangeiros, a extradição é possível, exceto para crimes políticos ou de opinião – artigo 5º, inciso LII.

3

Errado. De acordo com o artigo 5º, § 3º (introduzido pela EC n. 45/2004), somente os tratados internacionais SOBRE DIREITOS HUMANOS – TIDH –, aprovados em dois turnos de votação, em cada Casa do Congresso Nacional, obtendo no mínimo 3/5 dos votos, é que terão status constitucional.

4

Certo. O item reproduz o conteúdo do artigo 64 da Constituição. A Câmara não funcionará como Casa Iniciadora quando o projeto de lei for proposto por Senador ou por Comissão do Senado.

o princípio da efetividade, tratando especificamente sobre o papel fundamental dos tratados na história das relações internacionais e aplicando-se aos tratados entre Estados. Nada obstante, implicitamente reconhece que “as normas de Direito internacional consuetudinário devem continuar regendo as questões que não tenham sido expressamente reguladas” em acordos e tratados, tal como o princípio da efetividade que rege o próprio reconhecimento dos efeitos da CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITOS DOS TRATADOS. 2

Anulado. Não existe nenhum dispositivo jurídico ou princípio internacional, relacionado ou não à CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITO DOS TRATADOS, que afirme peremptoriamente ou que respalde, no plano normativo, que um Estado ou Organização possa ou deva (ou não) se abster de atos ou práticas que frustrem a prática da referida Convenção. Nada obstante, existem normas internacionais, como o princípio pacta sunt servanda [que se refere ao próprio artigo 26 da Convenção]. Logo, baseados no costume internacional, que incentivam, com base na boa-fé, Estados e Organizações a seguirem o que dispõem acordos e tratados internacionais.

3

Errado. Ato praticado por pessoa que não pode ser considerada como representante de Estado ou Organização significa não cumprir com o que dispõe o Artigo 7º da referida Convenção: “Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se: a) apresentar plenos poderes apropriados; ou b) a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes”. De fato, não produz efeitos jurídicos atos relativos à conclusão de um tratado praticado por uma pessoa que não seja considerada representante de um Estado para esse fim. Entretanto, como versa o Artigo 8º da referida Convenção, pode haver “confirmação Posterior de um Ato Praticado sem Autorização”, por esse Estado. Logo, não seria eivado de nulidade absoluta, podendo ser (re)confirmado pelo Estado, sendo considerada a questão ERRADA.

4

Errado. O item demanda compreensão do que versa o Artigo 31 sobre Interpretação de Tratados e a Regra Geral de Interpretação, afirmando que “um tratado deve ser interpretado de boa-fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade” sendo o contexto compreendido no texto, seu preâmbulo e anexos. Além disso, deve-se levar em consideração “qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições” ou “qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação”.

Questão 32

Considerando as disposições da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, e sua aplicação na jurisprudência internacional, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

O princípio da efetividade (effet utile) — segundo o qual um tratado deve ser interpretado de modo a atribuir efeito e significado a todos os seus termos — não é explicitamente previsto na referida Convenção, mas seu uso é disseminado na jurisprudência internacional.

2

A partir do momento em que assina determinado tratado, o Estado ou a organização internacional deve abster-se da prática de atos que frustrarem o objeto e a finalidade desse tratado, mesmo que não o tenha ratificado.

3

Ato relativo à conclusão de tratado praticado por pessoa que não pode ser considerada representante de Estado ou de organização internacional para esse fim é eivado de nulidade absoluta, não comportando confirmação ou convalidação.

4

A referida Convenção estabelece, em sua regra geral de interpretação, que os termos de um tratado devem ser interpretados em seu contexto, o qual inclui, entre outros, o texto, o preâmbulo, eventuais anexos, acordos subsequentes e trabalhos preparatórios.

1

Certo. De fato, a CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITOS DOS TRATADOS não versa explicitamente sobre

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Logo, não parece haver espaço para interpretações baseadas em “trabalhos preparatórios”, como afirma o item da questão, podendo a questão ser considerada ERRADA.

omissão a ele diretamente imputável, mas também em virtude da falta de devida diligência do Estado em prevenir uma violação cometida por particulares. 2

A Corte Internacional de Justiça reconhece que o início de um conflito armado marca o fim automático da vigência do direito internacional dos direitos humanos no território em conflito, dando lugar à aplicação do direito internacional humanitário.

3

A proteção a civis em conflitos armados é regra absoluta de direito internacional humanitário e deve prevalecer mesmo nos períodos em que civis venham a engajar-se diretamente em hostilidades.

4

Se em conflitos armados internacionais um combatente capturado pelo inimigo tem a proteção que advém do status de prisioneiro de guerra, essa mesma proteção não é prevista em caso de conflitos armados não internacionais.

1

Certo. O Estado responde por ação e por omissão, mas também por essa devida diligência de coibir o que poderia ter coibido.

2

Errado. Não há o fim automático; ocorre que o direito internacional humanitário tem aplicação espacial e temporal específica. Alguns dos direitos humanos podem ser restritos durante período de guerra, por exemplo, livre circulação, mas as regras continuam valendo.

3

Errado. Se o civil participa do conflito, assim deixa de ser entendido.

4

Certo. Segundo a Convenção de Genebra de 1949, são prisioneiros de guerra pessoas que, pertencendo a uma série de categorias especificadas em Convenção, tenham caído em poder do inimigo. Ao mesmo tempo, o Direito Internacional Humanitário distingue entre duas categorias de conflitos armados: a) conflitos armados internacionais, em que dois ou mais Estados se enfrentam; e b) conflitos armados não internacionais, entre forças governamentais e grupos armados não governamentais, ou somente entre estes grupos. Logo, combatentes de grupos armados não governamentais, engajados em um conflito armado não internacional, possuem respaldo específico e diferente daqueles exarados das convenções e protocolos que definem, por exemplo a proteção de prisioneiros de guerra de conflitos armados internacionais. Face o exposto, a questão pode ser considerada CORRETA.

Questão 33

Julgue (C ou E) os próximos itens, à luz dos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da jurisprudência de seu Órgão de Apelação. 1

2

3

4

O Entendimento de Solução de Controvérsias determina que a suspensão de concessões (retaliação) ocorra no mesmo setor da violação questionada, sendo proibida a chamada retaliação cruzada. Os membros da OMC são livres para adotar, em suas legislações nacionais, níveis de proteção de direitos de propriedade intelectual mais elevados que aqueles requeridos pelo Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (Acordo TRIPS), desde que tal proteção não contrarie os dispositivos desse mesmo Acordo. Conforme o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias da OMC, são classificados como subsídios proibidos apenas aqueles vinculados a desempenho exportador e ao uso preferencial de produtos nacionais em detrimento de produtos estrangeiros. No contencioso Brasil-Pneus, o Órgão de Apelação da OMC concluiu que, à luz das disposições do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), a proibição de importação de pneus reformados era necessária à proteção da saúde pública e do meio ambiente no Brasil, mas que, para ser mantida, o Brasil deveria assegurar a efetiva cessação das importações de pneus usados e reformados de todas as origens, inclusive dos países do MERCOSUL.

1

Errado. A retaliação cruzada é possível.

2

Certo. O acordo de propriedade intelectual prevê isso.

3

Certo. Para os proibidos e segundo o acordo, é esse o conceito restrito que se dá. As práticas que consistem em subsídios são apresentadas antes, dando-se exemplos, e depois são descritos os tipos.

4

Certo. Caso famoso dos pneumáticos que repercutiu na OMC e teve origem no MERCOSUL (Uruguai v. Brasil).

Questão 34

Julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca do direito internacional dos direitos humanos e do direito internacional humanitário. 1

A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhece a responsabilidade do Estado por violações de direitos humanos não apenas como resultado de uma ação ou

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Questão 35

4

In the end of the second paragraph, the authors express the opinion that the so-called ‘new statecraft’ (l. 22), also known as “digital diplomacy” (l. 23), is “too simplistic” (l. 24).

1

Certo. Trata-se de paráfrase. Compare os constituintes da questão com os do texto.

2

Errado. Não há, na situação de comunicação apresentada, equivalência entre os termos apresentados. Ongoing: still happening. x Far-reaching: having very big effects.

Decide whether the following statements are right (C) or wrong (E) according to text I. 1

The authors are critical of the kind of explanation analysts have given for the phenomenon of diplomacy in the digital age, which, according to the authors, should be approached more thoroughly.

2

For the authors, the changes brought about by new communications technologies are affecting the essence of diplomacy as never before.

3

The text lists three different kinds of change which affect diplomacy: those originated in international and domestic scenarios; those coming from the main centres of authority; and the ones which are related to societal transformations.

4

Due to the close relationship that exists between diplomacy and communication, diplomats have managed to bring their communicative skills to perfection in order to work autonomously with new digital media.

1

Certo. Extrai-se tal informação das linhas 25 a 31 do texto.

2

Errado. O constituinte as never before não corresponde ao termo “newness” utilizado no texto. Ademais, afirmar que new communications technologies are affecting the essence of diplomacy não está de acordo com o texto.

3

Certo. É o que está posto nas linhas 7 a 10 do texto.

4

Errado. O termo perfection na questão não corresponde ao posto no texto nas linhas 15 a 20. O texto afirma this takes time. A sequência na questão in order to work autonomously with new digital media é erro decorrente do termo perfection.

Advocate: someone who supports a particular idea or way of doing things. x Lawyer: someone whose  job  is to  understand the law and deal with legal situations. 3

Certo. Perceba que a banca incluiu os dois-pontos nas aspas, tornando possível a substituição pelos trechos propostos.

4

Errado. O que é “too simplistic” de acordo com o texto? The arrival of a “new statecraft”, e não “new statecraft” isoladamente. Ademais, não são os autores do artigo que expressam tal opinião, mas sim technological enthusiasts.

Questão 37

Decide whether the following statements are right (C) or wrong (E) according to text II. 1

One can correctly infer from the text that the author is against the exploitation of animals for political or diplomatic ends.

2

The view on representation expressed by the author is broader and more flexible than the one which considers that “diplomacy is about people representing polities” (l. 14).

3

The author starts his text by mentioning people who stand apart from most because of their understanding of the political implications which may arise from the presence of panda bears in countries other than China.

4

The passage “The previously cute panda may suddenly strike them as strange” (l. 2 and 3) indicates that people may become aware that panda bears kept outside China can be signs of international political forces.

1

Errado. O dicionário Webster assim define o verbete infer: Infer implies arriving at a conclusion by reasoning from evidence; if the evidence is slight, the term comes close to surmise*. *surmise: to guess something, without having much or any proof.

Questão 36

Decide whether the following statements are right (C) or wrong (E) according to text I. 1

2

3

The passage “the lure of quick fixes addressing multifaceted processes of change” (l. 29 and 30) could be replaced by the temptation of finding easy solutions for manifold processes of change and this would still keep the paragraph coherent. In the first paragraph, the words “ongoing” (l. 2) and “advocates” (l. 5) can be correctly and respectively replaced by far-reaching and lawyers without this changing the meaning of the passage. The passage “what has always happened to it:” (l. 7) can be correctly replaced by what has always happened to it, which means that or by what has always happened to it, which is to say.

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Não há no texto indícios que permitam inferir que o autor é contra a exploração de animais para fins políticos ou diplomáticos, tal como afirmado no item. 2

Certo. É o que se extrai do parágrafo primeiro do texto. Perceba o uso dos termos politically e political agency.

Questão 39

Considering the grammatical and semantic aspects of text III, decide whether the following items are right (C) or wrong (E). 1

The expression “come to grief” (l. 10) means to end in failure.

2

The passage “Contrary to popular (…) for the compliant” (l. 10 and 11) can be correctly rewritten as In opposition to what most people believe, a yielding person is not suited to a career in diplomacy without this changing the meaning of the text.

Considering the grammatical and semantic aspects of text II, decide whether the following statements are right (C) or wrong (E).

3

The word “armoury” (l. 3) can be correctly replaced by arsenal since both words can be used in the context to indicate the skills a diplomat should have.

Because the word “deployed” (l. 40) can be related to the meaning of putting troops or weapons in a position ready to be used, in the text it reinforces the idea that panda bears have acquired political and strategic significance.

4

In “On it will rest the courage” (l. 8), the pronoun “it” refers to “the applicant’s personality” (l. 7).

1

Certo. Substitua a expressão “come to grief” por to end in failure no texto. Faz sentido? Sim. De acordo com dictionary.cambridge.org, come to grief: to  suddenly  fail  in what you are doing, often because you have an accident.

2

Certo. Trata-se de paráfrase. Compare os termos da questão com os do texto.

3

Certo. Os termos são sinônimos. Armoury: a place where weapons and other military equipment are stored. Arsenal: a place where weapons and other military equipment are stored. Armoury refere-se a qualities (l. 1), termo este equivalente a skills na questão.

4

Anulada.

3

Anulada.

4

Certo. É o que se conclui da leitura das linhas 11 a 17, particularmente quando o autor utiliza o determinante all (linha 17).

Questão 38

1

2

The point made by the author in “Unfortunately, it was (…) that of representation” (l. 8 to 11) would remain the same if this passage were rewritten as Sadly, only recently have political scientists started to actively engage in the study of diplomacy as a conceptual phenomenon, and this delay has led to the irrefutable axiom of representation.

3

As used in the text, the word “posit” (l. 26) is synonymous with ignore.

4

In “But this is merely an extension” (l. 27 and 28), the word “this” refers to the statement that “the panda bear in the zoo is China” (l. 27).

1

Certo. Analise as definições do verbete deploy encontrados no site dictionary.cambridge.org, e perceba que a afirmação do item está correta: I. to use something or someone, especially in an effective way. II. to move soldiers or equipment to a place where they can be used when they are needed.

2

Errado. Pontualmente, não se verifica no texto a existência – ainda que implícita – do termo delay. Portanto, a paráfrase proposta está errada.

3

Errado. Substitua o termo posit por ignore no texto – ficará claro que o sentido fica alterado. Ademais, posit significa sugerir.

4

Errado. This refere-se à sugestão, ideia (expressa pelo verbo posit) apresentada no período anterior, “It may sound ridiculous, if not provocative, to posit that the panda bear in the zoo is China”. O que pode parecer ridículo é sugerir que o urso panda no zoo é a China.

Questão 40

Considering the grammatical and semantic aspects of text IV, decide whether the following items are right (C) or wrong (E). 1

Using based on instead of “on the basis of” (l. 31) would not alter the general meaning of the sentence.

2

The expression “on a par with” (l. 30) means competing.

3

According to the text, automated trading and other new technologies have made financial economics hegemonic among traders as a tool to interpret the gyrations of the financial market.

4

It may be inferred from the text that Hutchins posits that the complexity of financial markets calls for analysis based on groupthink, as psychological or cognitive science analysis of the individual is clearly insufficient.

CESPE | CEBRASPE – IRBr – Aplicação: 2018 1

Certo. A substituição de um termo pelo outro não altera o sentido geral da frase.

2

3

4

1

Errado. Perceba que a substituição da expressão “on a par with” pelo termo competing altera o sentido do texto. On a par with significa similar.

Errado. Não se pode inferir na narrativa que o enredo de My Fair Lady é uma homenagem à estrutura de classe social britânica.

2

Certo. O texto afirma tratar-se de um musical (l. 27 a 32).

3

Errado. Das linhas 19 a 23 do texto, “Organizations must develop (...)” não se pode extrair “have made” e “hegemonic”, tal como expressos no item. Algo que deve ser desenvolvido ainda não foi realizado.

Errado. Sleuth significa detetive e não transmite sentido depreciativo.

4

Certo. Conforme expresso nas linhas 21 a 27.

Errado. Não é possível inferir do texto, particularmente do último parágrafo, que “psychological or cognitive science analysis of the individual is clearly insufficient”.

Questão 41

In text V, without altering the general meaning of the sentence, “enthralled” (l. 8) could be replaced by (mark right — C — or wrong — E). 1

eccentric.

2

colorful.

3

bewitched.

4

captivated.

Questão 43

Considering the grammatical and semantic aspects of text VI, decide whether the following items are right (C) or wrong (E). 1

The phrase “obtain more” (l. 10 and 11) could be correctly replaced by accrue, without altering the meaning of the passage.

2

The word “aegis” (l. 36) could be replaced by auspices in this particular context.

3

The idiom “Across the pond” (l. 19) could be replaced by Overseas, without altering the meaning of the sentence.

4

The word “simmering” (l. 15) could be replaced by vocal without altering the general meaning of the passage.

1

Certo. Trata-se de sinônimos. Accrue: to increase over a period of time, or to get an amount of something gradually over time.

2

Certo. Under the aegis / auspices of : with the protection or support of someone or something, especially an organization.

3

Errado. Across the pond: the other side of the Atlantic Ocean. Overseas (estrangeiro, exterior) é termo mais amplo que “across the pond” e, portanto, altera o sentido da frase.

4

Errado. Simmering anxiety: ansiedade latente. Vocal anxiety: ansiedade vocal.

Enthralled : to keep someone completely interested. 1

Errado. Eccentric: strange or unusual, sometimes in an amusing way.

2

Errado. Colorful: very unusual.

3

Certo. Bewitched: extremely attracted, or completely controlled.

4

Certo. Captivated: to  hold the attention  of someone by being extremely interesting,exciting, pleasant, or attractive.

Questão 42

Considering the grammatical and semantic aspects of text V, decide whether the following items are right (C) or wrong (E). 1

From the author’s account, it can be inferred that the plot of My Fair Lady is an homage to British social class structure.

2

The stage performance of My Fair Lady is punctuated by musical numbers.

3

The word “sleuth” (l. 13) is used in a disparaging way.

4

The author thinks that the most important point of the plot of My Fair Lady gets lost in translation.

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livre se destinava à venda por comerciantes portugueses na Europa. O uso de um advérbio tão forte como “exclusivamente” sugere que dificilmente o item poderia estar certo.

HISTÓRIA DO BRASIL Questão 44

Tendo em vista que, como colônia de Portugal, o Brasil fazia parte do mercantilismo da Idade Moderna, que tinha no sistema colonial um dos fatores fundamentais do processo de acumulação primitiva da Europa nos séculos XVI, XVII e XVIII, julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca das características básicas da produção brasileira no período colonial. 1

Exercida sob o modelo de latifúndio autossuficiente, a produção gerava excedentes que propiciavam um vigoroso comércio entre as capitanias.

2

Prevalecia a monocultura agroexportadora, principalmente de açúcar, com predomínio do latifúndio da terra e do trabalho escravo (indígenas e africanos) generalizado.

3

No período em apreço, em que predominava a pluricultura de produtos, a produção aurífera mineira era voltada para a metrópole, e as indústrias básicas, como a metalurgia, empregavam uma pequena parcela de trabalhadores livres.

4

1

2

A posse da terra era concedida exclusivamente a proprietários de pequeno e médio porte; predominava o trabalho escravo e a produção manufatureira livre destinava seus produtos à venda por comerciantes portugueses na Europa. Errado. A questão versa sobre as “características básicas da produção brasileira no período colonial”, sendo que o item afirma que o latifúndio era autossuficiente e que “a produção gerava excedentes que propiciavam um vigoroso comércio entre as capitanias”, uma contradição evidente. O latifúndio dependia do abastecimento de alimentos e manufaturados, além de o comércio entre as capitanias, quando existia, ser inexpressivo, posto que a produção era voltada para a exportação. Certo. O item contém informações básicas sobre a economia colonial brasileira: monocultura agroexportadora, predomínio do latifúndio da terra e do trabalho escravo, tanto de indígenas quanto de africanos. O historiador John Monteiro abordou o tema da escravidão indígena em São Paulo, incluindo a lavoura canavieira.

3

Errado. A primeira oração do item entra com contradição flagrante com as características apresentadas no item anterior. No período abordado, não predominava a “pluricultura de produtos” e sim a monocultura do açúcar ou do outro, ao lado de outros produtos que não invalidam a ideia da especialização econômica.

4

Errado. Há erro evidente em afirmar que “a posse da terra era concedida exclusivamente a proprietários de pequeno e médio porte”, assim como considerar que a produção manufatureira

Questão 45

A principal autoridade em todos os domínios coloniais portugueses era o rei, que, na administração desses domínios, contava com o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Consciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxílio dessas instituições, a organização administrativa do Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue (C ou E) os seguintes itens, relativos às causas dessa precariedade. 1

As distâncias, a consequente lentidão das comunicações, e a falta de aparato humano burocrático dificultavam o controle da população e a observância restrita das leis.

2

Embora fosse consensual e geograficamente constatável, a unidade territorial brasileira aparecia oficialmente visível apenas nos títulos do vice-rei e do príncipe do Brasil.

3

O processo administrativo era excessivamente centralizado: todas as decisões de maior ou média envergadura administrativa passavam pelo crivo de Portugal; de tudo se queria saber em Lisboa e por tudo se interessavam o Conselho Ultramarino e a Corte.

4

A Coroa Portuguesa, do início ao fim da colonização, procurou manter o controle total sobre o empreendimento colonial, motivo pelo qual resistiu às investidas da iniciativa privada (ou particular), no sentido de assumir papel exclusivo na exploração econômica da colônia.

1

Certo. A questão trata da organização administrativa do Brasil, que funcionava de forma precária, e aborda as causas dessa precariedade. O item em questão cita a “lentidão das comunicações” e a “falta de aparato humano burocrático”, que dificultava o controle da população e a observância estrita das leis.

2

Certo. Gabaritado como certo, o item pode ser contestado, pois abrange todo o período colonial, quando o território brasileiro foi disputado por ingleses, franceses e, principalmente, holandeses, que ocuparam Pernambuco e adjacências entre 1621 e 1648. Ademais, há erro em afirmar que a unidade territorial brasileira era “consensual e geograficamente constatável”, pois diversos tratados assinados principalmente por Portugal e Espanha, atestam a existência de controvérsias quanto aos limites entre as duas áreas de dominação, em especial o Tratado de Madri (1759), o Convênio El Pardo (1761), o Tratado de Santo Ildefonso (1777) e o Tratado de Badajós (1806). Não obstante, caso tivesse sido feita menção comparativa à América hispânica, o item poderia ser considerado correto.

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4

Certo. Diante das dificuldades em administrar o Brasil, considerando as precariedades locais na área da administração, a solução foi a crescente centralização e a busca de grande número de informações. Textualmente, o item afirma que “de tudo se queria saber em Lisboa e por tudo se interessavam o Conselho Ultramarino e a Corte”, o que pode suscitar recursos, pois se trata de interpretação hiperbólica: realmente se queria saber de tudo em Lisboa? E por tudo se interessavam o Conselho Ultramarino e a Corte? “Tudo” o quê?

da sociedade brasileira, afirmação sobre a qual não há consenso, e que teria se manifestado “nas sedições nativistas da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana”, que estariam na base da luta pela independência do Brasil. Na verdade, a literatura tradicional considera ambos os movimentos emancipacionistas e não nativistas, assim como movimentos essencialmente locais ou regionais e não nacionais propriamente ditos. 3

Certo. O item relaciona a elevação do "status colonial do Brasil" a algumas medidas tomadas pela Corte portuguesa no Brasil em 1808: a "revogação de atos que proibiam o estabelecimento de indústrias e manufaturas na América portuguesa e com a criação de tribunais semelhantes aos sediados em Lisboa". Tema controverso na historiografia, o item pode ser considerado correto em uma perspectiva histórica "legalista", que passou recentemente a presidir a prova de História do Brasil. Porém, Celso Furtado, por exemplo, alegaria que, apesar das medidas econômicas citadas, a criação de manufaturas fracassou, o que não alterou, de fato, o status da colônia.

4

Certo. Como mencionado no comentário do item 1 desta mesma questão, em 1808 foram criadas, entre outras instituições, o Jardim Botânico e o Banco do Brasil. Quanto à menção das espécies destinadas ao primeiro, provenientes da Índia, Ilhas Maurício e Guiana Francesa, seria descabido invalidar o item por tais detalhes, a despeito de Portugal, à época, estar em conflito com a França.

Errado. A adoção do sistema de capitanias, na década de 1530, foi uma demonstração de que D. João III necessitava do auxílio de donatários para promover a colonização, o que se deu por meio da distribuição de sesmarias, o que predomínio de latifúndios como base do sistema colonial.

Questão 46

Em novembro de 1807, temendo ser aprisionado pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o príncipe regente de Portugal, D. João VI, deixou Lisboa acompanhado de sua família e de boa parte da nobreza da Corte, em direção ao Brasil, onde se estabeleceu até 1821, ano em que regressou à metrópole já como rei. Com relação às diversas consequências, para a colônia, da permanência de D. João VI no Brasil, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

2

3

Em 1808, ocorreu a fundação da Escola Médico-Cirúrgica, na Bahia, bem como a fundação da Academia Real Militar e da Academia Real da Marinha, no Rio de Janeiro. A noção de brasilidade, ou seja, a consciência de ser brasileiro, esteve presente desde cedo na cultura política e na identidade da sociedade brasileira, tendo-se manifestado nas sedições nativistas da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana, ambas de cunho emancipacionistas, e, em fins do período colonial, terminado por ser a base da luta pela independência do Brasil. Elevou-se o status colonial do Brasil em relação a Portugal com a revogação dos atos que proibiam o estabelecimento de indústrias e manufaturas na América portuguesa e com a criação de tribunais semelhantes aos sediados em Lisboa.

4

Nesse período, foram criados o Jardim Botânico no Rio de Janeiro — com espécies oriundas da Índia, das Ilhas Maurício e da Guiana Francesa — e o Banco do Brasil.

1

Anulado. O item provavelmente foi anulado, apesar de sua natureza factual, pelo fato de existirem na historiografia discrepâncias quanto ao nome oficial das instituições citadas no item, quando não em relação às datas.

2

Errado. Há, na historiografia, vasta discussão sobre o surgimento da “consciência de ser brasileiro”, tema difuso e de difícil delimitação. O item, porém, menciona que este sentimento esteve presente desde cedo na cultura política e na identidade

Questão 47

Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil na chamada Revolução de 1930. Seu governo foi marcado por fortes transformações econômicas e sociais, bem como por acontecimentos políticos importantes no Brasil e no mundo. A respeito da Era Vargas, julgue (C ou E) os próximos itens. 1

Getúlio Vargas, ao mesmo tempo em que se aliava aos interesses de grupos urbanos, mantinha aproximação com as forças militares. Além disso, ele retomou a política de valorização do café, que havia sido abandonada pelo seu antecessor.

2

Com a decretação do Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas tomou medidas como a suspensão do pagamento da dívida externa, a diminuição da liberdade de imprensa e a extinção dos partidos políticos.

3

O movimento de transformação política no Brasil iniciado em 1930 se consolidou definitivamente com a Lei Agamenon, em 1945, que regulamentava a criação das agremiações partidárias.

4

Em 1950, como candidato eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro, Getúlio Vargas voltou a ocupar o cargo de presidente do Brasil. Seu governo foi marcado por forte apoio dos trabalhadores e suas entidades representativas — sindicatos e federações sindicais.

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3

4

Certo. A questão trata do período da Era Vargas (1930-1931), que em seu primeiro ano já destinou recursos para a compra de excedentes de café para a sustentação do preço internacional do produto. Em 1929, no governo de seu antecessor, Washington Luís, não foi possível manter a política de valorização do café, em razão da recessão nos mercados compradores. Quanto à primeira oração do item, com efeito, a Aliança Liberal, da qual fazia parte Getúlio Vargas, se alinhou com setores urbanos de inspiração liberal, com os tenentes e teve o apoio dos chamados “tenentes civis”. Certo. O Estado Novo, implantado com o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, instaurou um governo centralizador e autoritário no país, inspirado no corporativismo italiano, e, de fato, suprimiu a autonomia dos estados, atribuiu ao presidente poderes para dissolver os legislativos, restringiu a liberdade de imprensa, extinguiu os partidos políticos e, no campo econômico, suspendeu o pagamento da dívida externa. Certo. A Lei Agamenon, o novo Código Eleitoral de 1945, convocou as primeiras eleições livres do Brasil, com a autorização para o funcionamento dos partidos políticos e o pleito direto para a presidência da República. Entretanto, o item pode ser considerado errado ao afirmar que a lei é a consolidação de um processo iniciado em 1930, sem considerar os contratempos, mediações e rupturas ocorridas nos quinze anos da Era Vargas – sugerindo, nas entrelinhas, certa continuidade do processo político brasileiro – e ao afirmar que consolidou definitivamente um processo político que não se encerra com a referia Lei, pois as tendências políticas construídas durante o Estado Novo continuaram a se estruturar após a redemocratização. Errado. O item está errado porque afirma que Vargas ocupou o posto de Presidente em 1950, como candidato eleito [sic], sendo que sua posse ocorreu em 31 de janeiro de 1951. Quanto à segunda frase, o item destaca um dos aspectos mais relevantes das eleições de 1950 e do novo período de Vargas na presidência da República: a força da herança da legislação trabalhista e do próprio PTB, o que lhe rendeu o apoio “dos trabalhadores e de suas entidades representativas”, conforme descrito pelo historiador Moniz Bandeira (Brizola e o trabalhismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979, 2ª ed).

Tendo o fragmento de texto apresentado como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, acerca de fatos marcantes da segunda metade do século XX no Brasil. 1

A União Democrática Nacional (UDN) defendia que o desenvolvimento da indústria brasileira deveria ser capitaneado exclusivamente pela iniciativa privada. Esse partido, em crescente atrito com o governo federal, foi cooptado com a oferta de diversas pastas ministeriais, razão por que passou a apoiar Getúlio Vargas e se recusou a subscrever a proposta de seu impeachment.

2

Jânio Quadros implantou uma política econômica de austeridade, mas seu governo foi marcado por medidas polêmicas, como a edição de um decreto que proibia o uso de trajes de banho em concursos de beleza e desfiles.

3

O governo do general Ernesto Geisel foi marcado tanto pela gradual liberalização do regime militar, procurando coibir a prática da tortura, quanto pela continuidade de leis e medidas duras como o AI-5, a Lei Falcão e o denominado Pacote de Abril.

4

Mesmo nos anos de relativa democracia, as práticas populistas e as relações autoritárias e violentas foram marcas constantes que retardaram tanto a assunção do conceito de cidadania quanto a prática desta no Brasil. A cidadania substantiva no Estado brasileiro só foi estabelecida a partir de 1985, com a eleição de Tancredo Neves.

1

Errado. O tema da questão é o Brasil da segunda metade do século XX e o item refere-se à atuação da União Democrática Nacional (UDN), partido de ideologia liberal e anti-varguista. O item é errado porque afirma que a UDN defendia a liderança exclusiva da iniciativa privada no desenvolvimento do capitalismo brasileiro, que passou a apoiar Getúlio Vargas em razão de estar à frente de “diversas pastas ministeriais”, e que se recusou a “subscrever a proposta de seu impeachment”. Na verdade, a UDN se opôs sistematicamente ao governo Vargas, sendo que uma de suas “alas”, a Banda de Música, se especializou em denúncias de corrupção na administração pública; propugnou veementemente pela deposição do Presidente; e defendeu não só a criação da Petrobrás, como o monopólio estatal do setor, também para se colocar contra o varguismo.

2

Certo. Jânio Quadros, ao herdar o endividamento externo e inflação dos anos JK, adotou uma política econômica austera, de viés liberal na maior parte de seu breve período de governo. Excêntrico e histriônico, não só proibiu o uso de trajes de banho feminino em concursos de beleza e desfiles, como também se ocupou de coibir a rinha de galos. Uma das iniciativas mais controversas, que levou Carlos Lacerda a intensificar as críticas ao governo, foi a condecoração de Ernesto Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, alta comenda brasileira.

3

Certo. O item está correto ao afirmar que o governo do General Geisel procurou coibir a prática da tortura e que manteve leis como o AI-5, a Lei Falcão e o "Pacote de Abril", entretanto três

Questão 48

Diversamente de 1930, 1945 e 1955, em 1964 as Forças Armadas não entregaram o poder a um civil. A partir do golpe até 1985, a história republicana assistiria, pela primeira vez, a um longo desfile de presidentes militares, cuja eleição dava-se dentro do círculo do poder militar. Em suma, a sociedade civil não participava do processo. Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: SENAC, 2008, p. 806 (com adaptações).

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aspectos podem induzir o(a) candidato(a) ao erro: 1) documentos do Departamento de Estado norte-americano, recentemente divulgados, comprovaram a aquiescência de Geisel diante da tortura e de execuções; b) o AI-5 foi extinto no governo Geisel (1978); e c) o Pacote de Abril foi lançado em 1977, não configurando uma continuidade em relação aos governos anteriores. 4

Errado. Ao contrário do que afirma o item, a cidadania substantiva no Estado brasileiro não foi estabelecida a partir de 1985, com a eleição de Tancredo Neves, mesmo porque Tancredo não exerceu o cargo em razão de doença e morte entre a eleição e a posse. Parte significativa da historiografia, como o britânico Leslie Bethell, sustenta que a “cidadania substantiva” foi adotada no país somente com a Constituição de 1988, quando da extensão do direito de voto aos não alfabetizados.

nome à Fundação de apoio do MRE, Funag, é considerado o principal negociador luso-brasileiro nas tratativas que resultaram no Tratado de Madri. Porém, Gusmão não defendia a “cedência da Colônia de Sacramento”, e sim o princípio de compensações, ou seja, a cessão de Sacramento deveria ter como contrapartida a incorporação dos Sete Povos das Missões ao território português. Ademais, Gusmão foi defensor incansável do princípio da posse útil da terra (uti possidetis). Comentário mantido por divergirmos do gabarito oficial. 3

Errado. Efetivamente as capitanias brasileiras tratavam de temas político-administrativos e econômicos diretamente com Portugal na maior parte do período colonial, em razão da vastidão do território do Brasil colônia, dada a precariedade dos transportes e das comunicações. Porém, no texto do item, há uma afirmação errada que é a “ausência de rotas comerciais internas na América Portuguesa”. É exemplo a atividade pecuária, seja ao longo do rio São Francisco, seja na região sul da Colônia, que abasteciam a economia de exportação com víveres e utensílios, ou seja, rotas comerciais que nos dias de hoje são visitadas, em muitos casos, até por turistas.

4

Errado. O item é errado, pois, embora na negociação do Tratado de Utrecht a França desistiu de suas pretensões às terras do Cabo Norte e o Rio Oiapoque passou a ser a fronteira entre Brasil e França, posteriormente ocorreram escaramuças na região e o tema da fronteira voltou a ser tratado no século XVIII e no seguinte.

Questão 49

A consolidação da conquista do território da América Portuguesa foi marcada pelo casuísmo, construído com base nos interesses e forças do reino português e nos desafios e benesses das possessões coloniais. Considerando esse processo, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

2

Entre 1626 e 1772, a América Portuguesa teve seu território dividido em duas regiões administrativas: as capitanias meridionais formavam o Estado do Brasil, com sede em Salvador e, posteriormente, no Rio de Janeiro: a parte setentrional, por sua vez, constituía o Estado do Maranhão e Grão-Pará até 1751, quando foi substituído pelo Estado do Grão-Pará e Maranhão, e sua sede foi transferida de São Luís para Belém. Os conflitos ocorridos na Europa no início do século XVIII, marcadamente a Guerra de Sucessão Espanhola, impulsionaram as discussões diplomáticas entre os reinos ibéricos acerca dos limites de seus domínios na América. Nesse contexto, destacou-se a ação de Alexandre de Gusmão como proponente da cedência da Colônia de Sacramento por Portugal, definida no Tratado de Madri.

3

A ausência de rotas comerciais internas na América Portuguesa dificultou o controle do território e resultou no isolamento das capitanias, que tratavam quase que exclusivamente com a sede do governo colonial e a metrópole europeia.

4

A disputa entre Portugal e França pelo Cabo Norte, atual Amapá, foi resolvida com a assinatura do Tratado de Utrecht, em 1713.

1

Anulado. O item foi anulado em razão de apresentar inconsistência na seguinte passagem: "... a parte setentrional, por sua vez, constituía o Estado do Maranhão e Grão Pará até 1751, quando foi substituído pelo Estado do Grão-Pará e Maranhão...".

2

Gabarito da banca: Certo. Tema recorrente e relevante na seleção do CACD, trata dos efeitos da Guerra de Sucessão Espanhola para as disputas territoriais entre Portugal e Espanha na América do Sul. Alexandre de Gusmão, que dá

Questão 50

Tendo em vista que o processo de independência do Brasil pode ser compreendido como parte das profundas mudanças que marcaram a história ocidental a partir do último quartel do século XVIII, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

As convenções assinadas no âmbito do Congresso de Viena evidenciaram os esforços da nobreza portuguesa em defender os interesses do reino português em detrimento dos do Brasil. Isso se evidencia na proibição do tráfico de escravos ao norte do Equador, estabelecida no tratado assinado entre Inglaterra e Portugal, em janeiro de 1815.

2

O Vintismo pretendia a regeneração e a atualização da tradição política portuguesa, o que se desdobrava na elaboração de uma Constituição. Tendo o movimento eclodido em agosto de 1820, na cidade do Porto, com a rápida adesão de Lisboa, as notícias chegaram primeiramente às províncias do norte do reino do Brasil. O Grão-Pará declarou sua adesão a ele em janeiro de 1821, enquanto a Bahia se manifestou favorável a ele em fevereiro desse mesmo ano.

3

A historiografia recente mostra que a tese da independência do Brasil como movimento pacífico não se sustenta. Embates armados que duraram meses ocorreram em regiões da Bahia,

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do Piauí, do Maranhão e do Pará e na Cisplatina. A fragilidade do projeto de independência vencedor em 1822 ficou demonstrada pelos conflitos no período regencial. 4

1

A transferência da Corte portuguesa para a América foi proposta em crises anteriores à de 1807. Seus defensores consideravam a fragilidade de Portugal em meio às disputas entre as potências europeias, marcadamente entre França e Inglaterra, e a importância das possessões coloniais para a manutenção da Coroa portuguesa. Entre os proponentes dessa ideia, encontrava-se o padre Antônio Vieira, ainda no século XVII. Errado. Embora gabaritado, preliminarmente, como certo, o item apresenta um problema de interpretação. Diferentemente do que afirma o item, a Convenção bilateral de Portugal com a Grã-Bretanha, que estabeleceu a abolição do tráfico ao norte do Equador, pode ser tomada como um instrumento da resistência da Corte portuguesa diante das pressões para sua extinção em todos dos mares. Ademais, em Viena, o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, o que, juridicamente encerrava a condição colonial do Brasil. Tais medidas não teriam ocorrido, portanto, em detrimento do Brasil. [Fonte: BUENO, C.; CERVO, A. L. História da política exterior do Brasil. Brasília: EdUnB, 2015, 5ª ed.]

2

Certo. O item apresenta afirmações corretas sobre o Vintismo, a Revolução do Porto e a Constituinte, entretanto, nessa época não havia mais a divisão em Estado do Brasil e Estado do Grão-Pará e Maranhão.

3

Certo. As informações apresentadas no item sobre o caráter violento da independência do Brasil são certas, assim como a interpretação de que os conflitos do período regencial demonstraram a fragilidade do projeto de independência, pois ideias autonomistas e separatistas estiveram presentes nesses movimentos, principalmente no movimento farroupilha.

4

Certo. Entre as primeiras propostas de transferência da Corte portuguesa para o Brasil, pode-se citar a do duque de Alba, elaborada no contexto da crise de sucessão de 1580, que aconselhava D. António I a buscar um refúgio além-Atlântico; a do padre António Vieira, no mesmo sentido, formulada à época da Restauração da Independência, em 1640; e posteriormente, ainda que sem ameaça militar iminente, a proposição do diplomata Luís da Cunha, que defendeu a ideia de se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa.

Questão 51

As disputas entre D. Pedro I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Reinado e resultaram na abdicação do imperador. Acerca do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue (C ou E) os itens subsequentes. 1

A Cabanagem destacou-se entre os movimentos de contestação à Regência por sua duração (1835 a 1840), a despeito de ter se concentrado em um território muito restrito e com pequena participação popular.

2

A Constituição de 1824 foi elaborada com base no projeto votado pela Assembleia Constituinte e Legislativa, fechada por D. Pedro I no ano anterior. Seu texto foi enviado para as câmaras municipais das principais cidades do Império, as quais juraram cumpri-la sem contestações.

3

A política exterior adotada pelo Império no Primeiro Reinado recebeu duras críticas da Câmara dos Deputados. A condução da Guerra Cisplatina, o envolvimento com as questões da sucessão portuguesa e os termos dos tratados de amizade foram retratados na tribuna como fruto do governo pessoal e centralizador de D. Pedro I.

4

A Regência foi vista pelas elites provinciais como oportunidade de construção de uma monarquia federalista, o que responderia a certas expectativas de autonomia levantadas no momento de sua adesão à independência do Brasil. De fato, a discussão de peças legais que aumentavam a autonomia local teve início em finais no Primeiro Reinado e resultaram na promulgação, por exemplo, do Código Criminal, ainda em 1830, e do Código do Processo Criminal, em 1832.

1

Errado. Considerada uma explosão popular contra a opressão, a Cabanagem foi um movimento popular, que contou com a participação de índios, caboclos e escravos, que se mobilizaram em várias áreas do rio Amazonas. O item está errado porque caracteriza o movimento como restrito em termos territoriais e a um pequeno número de populares.

2

Errado. Ao contrário do que afirma a primeira oração do item, a Constituição de 1824 foi criada para substituir o anteprojeto votado na Assembleia Constituinte de 1823 e não a partir dele, embora formalmente tenha sido contemplado. Dispositivos centrais na decisão de D. Pedro I de fechar a Assembleia Constituinte, como a adoção de três poderes e a não extensão de direitos políticos aos portugueses foram rechaçados. Ademais, houve resistência a essa Constituição imposta por D. Pedro em alguns estados, principalmente Pernambuco.

3

Certo. A política exterior do Império foi, de fato, contestada na Câmara dos Deputados, incluindo – como expresso no texto do item – o ônus da Guerra da Cisplatina, o envolvimento de D. Pedro I com

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a crise sucessória em Portugal e os termos dos tratados de amizade, que normalmente previam o direito de extraterritorialidade judicial, e os tratados comerciais, que favoreciam países estrangeiros. 4

Certo. Interpretar a Regência como o período no qual as elites provinciais procuraram construir uma “monarquia federalista” não tem respaldo na literatura da área. O Código Criminal, o Código de Processo Criminal e o Ato Adicional de 1834 apresentavam mecanismos de descentralização do processo decisório nacional, mas não sugeriam a adoção do federalismo, provavelmente em razão do receio então existente quanto à possível fragmentação territorial.

a liberdade somente aos filhos de escravos nascidos a partir de então, mas contribuiu para o acirramento do debate sobre o fim deste regime de trabalho. 3

Errado. O item está errado, pois o movimento abolicionista se fortalece a partir da década de 1850, em função da Lei Eusébio de Queiroz, que colocou fim ao tráfico de escravos, e estava em sintonia com movimentos semelhantes de outros países. Na base do movimento, estava a ideia de modernização do país, de branqueamento da raça e, do ponto de vista jurídico, do direito natural à liberdade.

4

Certo. A Geração de 1870, que se estruturou a partir da marginalização a que seus intelectuais foram relegados pela hegemonia saquarema, segundo argumento de Ângela Alonso, ao fortalecer a necessidade de reformas e propor a modernização do país, o que incluía a imigração europeia, acabou por incentivar determinadas ideias racistas, vinculadas à concepção de branqueamento da raça.

Questão 52

Tendo em vista que a questão servil, como denominada por D. Pedro II em sua fala do trono em 1865, foi elemento fulcral na formação da sociedade brasileira, julgue (C ou E) os próximos itens, relativos à escravidão no Império brasileiro. 1

A despeito do longo histórico das pressões inglesas, o tráfico de escravos para o Brasil passou a ser tipificado como ilegal apenas em 1850, quando o contexto interno tornou-se favorável à adoção dessa tipificação.

2

O projeto da chamada Lei do Ventre Livre foi inicialmente discutido no Conselho de Estado, sob a demanda de D. Pedro II, e aprovado pelo parlamento, sob a ação do Visconde do Rio Branco. Se, por um lado, a lei garantiu aos proprietários a manutenção da mão de obra escrava, por outro, pôs em questão a legitimidade dessa instituição e ampliou as expectativas de liberdade dos cativos.

3

O movimento abolicionista brasileiro se deu a partir da década de 80 do século XIX e foi marcado pelo isolamento internacional, uma vez que o Brasil era o último país ocidental a manter a escravidão. A base desse movimento no Brasil era a defesa do direito natural à liberdade.

4

O fortalecimento das ideias racistas foi um dos desdobramentos da ação da denominada Geração de 1870 e influenciou a condução dos debates acerca da escravidão em seus anos finais e, principalmente, sobre a eleição da imigração europeia como caminho preferencial para a formação da mão de obra assalariada pós-abolição.

1

Errado. Ao contrário do que afirma o item, o tráfico de escravos para o Brasil passou a ser tipificado como ilegal a partir da Convenção com a Grã-Bretanha, firmada a 23 de novembro de 1826, que estabelecia o prazo de três anos – a partir da ratificação – para a cessação do tráfico negreiro, ou seja, março de 1830.

2

Certo. O texto do item descreve o processo de aprovação da Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco, de 28 de setembro de 1871, que não acabava com a escravidão, posto que garantia

Questão 53

A história da República brasileira foi marcada por rupturas institucionais. Com relação às crises na República, julgue (C ou E) os seguintes itens. 1

A governabilidade do Brasil durante a chamada República Oligárquica foi alcançada com o que a historiografia convencionou chamar de Política dos Governadores, instituída por Campos Sales. Essa medida tornou possível a articulação entre os interesses das oligarquias estaduais e os do governo federal. O frágil equilíbrio então alcançado teve fim com a crise da década de 20 do século passado, que levou a disputas entre as oligarquias de São Paulo e de Minas Gerais e resultou no início do Governo Vargas em 1930.

2

O projeto modernizador implantado na Era Vargas teve resultados modestos. O Brasil continuou a ser um país marcadamente rural e a industrialização promovida foi insuficiente para mudar o perfil do eleitorado. Isso explica a facilidade com que os opositores destituíram Vargas do poder, em 1945, a despeito do apoio dos trabalhadores beneficiados com a Consolidação das Leis do Trabalho.

3

A Guerra Fria marcou profundamente a política brasileira durante a experiência liberal, entre 1945 e 1964. A aproximação do Brasil com os Estados Unidos da América resultou na ilegalidade do Partido Comunista, alijado das eleições para a formação da Assembleia Constituinte de 1946.

4

A forte crise política e econômica que assolou o Brasil no início da última década de 60 resultou em ruptura institucional, com a queda do governo de João Goulart e a ascensão dos presidentes militares. A legitimidade destes foi construída a partir da velha fórmula ordem e progresso. Dentro dos es-

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forços de manutenção da aparente normalidade institucional, foi outorgada a Constituição de 1967, que viria a ser alterada pela Emenda Constitucional de 1969. Essa alteração foi bastante pontual e teve por objetivo pequenas adequações da Carta Magna ao estabelecido pelo AI-5. 1

2

Certo. O item resume o processo de consolidação da República oligárquica, a Primeira República, a partir da adoção da Política dos Governadores, segundo a qual a representação parlamentar de cada estado correspondia ao grupo estadual dominante e, em troca, as elites regionais apoiavam o governo federal, por meio do controle dos votos de seus “currais eleitorais” por parte dos “coronéis”. Errado. A chamada Era Vargas é período controverso na historiografia brasileira, principalmente em razão da legislação trabalhista inspirada no fascismo italiano, mas há certo consenso quanto ao sucesso das políticas econômicas do período, que teriam propiciado maior desenvolvimento econômico. A industrialização favoreceu o êxodo rural e o crescimento urbano, além de os trabalhadores valorizarem a legislação trabalhista.

3

Errado. A colocação do Partido Comunista na ilegalidade foi uma decisão do governo Dutra, após o relativo sucesso do PCB nas eleições de 1945, e não uma decorrência da aproximação com os Estados Unidos, o que de fato ocorreu, ou uma derivação automática da Guerra Fria.

4

Errado. Embora a maior parte das orações do item possam ser aceitas à luz da historiografia, o item apresenta uma informação errada, ao afirmar que a Emenda Constitucional de 1969 "foi bastante pontual e teve por objetivo pequenas adequações da Carta Magna ao estabelecido pelo AI-5". Na verdade, as alterações foram tão amplas que a maioria dos juristas considera uma nova carta constitucional. Quanto à afirmação que a Constituição de 1967 foi outorgada, trata-se de matéria controversa, pois a Constituição de 1967 autoproclamou-se promulgada, ou seja, o Congresso que a votou pretendeu ter recebido poderes constituintes do movimento militar de 1964, o que foi acolhido por parte dos juristas.

ra, os altos custos financeiros e a desmoralização do império frente a um adversário supostamente mais fraco acirraram a oposição interna ao monarca brasileiro. 2

O ano de 1868 foi importante nos rumos da Guerra do Paraguai, quando as tropas aliadas alcançaram importantes feitos no campo de batalha: a passagem de Humaitá e a vitória nas batalhas de Itororó, Avaí e Lomas Valentinas.

3

Aliado comercial das principais potências beligerantes, o Brasil declarou neutralidade na Primeira Guerra Mundial e enfrentou represálias impostas pelos ingleses às nações que mantiveram relações comerciais com a Alemanha. O país manteve essa posição até o final do conflito, a despeito da pressão exercida pelo governo dos Estados Unidos da América para o estabelecimento de um bloco americano contrário aos germânicos.

4

Os preparativos para a participação das tropas brasileiras na Segunda Guerra Mundial restringiram-se à formação dos combatentes e aos contratos de fornecimento de material bélico por parte dos Estados Unidos da América.

1

Certo. A chamada Guerra da Cisplatina teve em suas origens a decisão das Províncias Unidas do Prata – a República Argentina foi estabelecida somente com a Constituição de 1853 – de incorporar a Banda Oriental (ou Cisplatina ou Uruguai) aos seus domínios. No Brasil, D. Pedro I sofreu muitas críticas em virtude do recrutamento forçado, das despesas do conflito e da desmoralização frente a um adversário supostamente mais fraco. Entretanto, a afirmação “as forças dos adversários se equilibravam e a prolongação do conflito levou à intervenção da Inglaterra” pode ser contestada por Recurso, pois, além da força do termo intervenção, o principal da historiografia brasileira considera que o Reino Unido foi convidado pela Argentina e aceito pelo Brasil para mediar as negociações em busca da paz.

2

Certo. Item factual, descreve de forma adequada os acontecimentos da Guerra do Paraguai, no ano de 1868, incluindo as vitórias militares aliadas nas batalhas de Itororó, Avaí e Lomas Valentinas.

3

Errado. O item afirma que o Brasil adotou posicionamento de neutralidade na Primeira Guerra Mundial, que enfrentou represálias por parte dos ingleses e que manteve o neutralismo até o final do conflito. Na verdade, após neutralidade inicial, o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha, devido ao ataque alemão ao navio mercante Paraná, na costa francesa. Mais tarde, reconheceu o estado de guerra iniciado pelo Império Alemão, dando início à contribuição com o esforço dos aliados, incluindo o Reino Unido.

4

Errado. A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial foi mais ampla do que o descrito no item, abrangendo a atuação da Força Aérea Brasileira (FAB) e o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Europa, com participação direta em combates ocorridos na Itália, além da cessão de áreas do Nordeste brasileiro para operações norte-americanas.

Questão 54

Considerando a célebre frase de Karl Clausewitz: “A guerra é acontinuação da política por outros meios”, julgue (C ou E) os itensa seguir, a respeito da participação brasileira no Teatro da Guerra ao longo de sua história. 1

D. Pedro I declarou guerra às Províncias Unidas do Rio da Prata após a aceitação da incorporação da Banda Oriental, província da Cisplatina para os brasileiros, pelo congresso argentino, em 1825. As forças dos adversários se equilibravam e a prolongação indefinida do conflito levou à intervenção da Inglaterra. A violência do recrutamento forçado para a guer-

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organização empresarial foi a centralidade da ciência, tecnologia e inovação, convertidas em componentes centrais da estratégia industrial. Os custos decorrentes dessa inflexão e as diferentes capacidades de investimento, pesquisa e tecnologia disponível entre os países fizeram com que se atingissem resultados distintos.

HISTÓRIA MUNDIAL Questão 55

Em contraste com sistemas econômicos tradicionais, o capitalismo institucionaliza uma organização da atividade econômica na qual os atores são forçados a se orientar na direção de um futuro aberto e imprevisível. Tal futuro representa duas coisas: promessas de possibilidades ilimitadas para os atores, bem como uma ameaça permanente aos seus status econômicos.

4

Jens Beckert. Reimaginando a dinâmica capitalista. In: Tempo Social. Revista de Sociologia da USP, v. 29, n.º 1, p. 166.

Considerando o texto precedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito da economia ocidental no século XX. 1

2

3

4

1

2

3

Com o New Deal, as relações entre os sindicatos e o patronado nos Estados Unidos da América (EUA) passaram a ser reguladas pelo National Labor Relations Board, agência criada por Franklin D. Roosevelt. A Convenção de Bretton Woods, que pretendeu evitar nova crise pós-guerra, como a ocorrida nos anos 30 do século XX, teve como principal proponente Maynard Keynes, célebre por suas contribuições na solução da crise norte-americana. A articulação entre ciência e indústria foi uma das marcas dos anos dourados do capitalismo, no pós-Segunda Guerra, quando os investimentos em pesquisa tornaram-se parte significativa dos custos de produção e aumentaram o distanciamento entre países ricos e países pobres.

Questão 56

Acerca do constitucionalismo ibérico na primeira metade do século XIX, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1

Apresentado por seus participantes como um movimento restaurador, o Vintismo tinha o objetivo de restabelecer a tradição política portuguesa por meio da elaboração de um novo pacto político, a ser materializado em uma Constituição.

2

Em Portugal, D. Miguel contava com a simpatia da Santa Aliança e, sob a tutela desta, revogou a Constituição de 1822, jurada por seu pai, D. João VI. Esse país contaria com nova Constituição apenas em 1834, ao final da guerra civil vencida por D. Pedro IV.

3

O vazio de poder criado pela invasão francesa, pelas abdicações reais e, por fim, pela prisão de Fernando VII deu espaço para debates acerca da soberania e da representação política na Espanha, uma vez que a tradicional relação pessoal entre súdito e rei fora quebrada. Nesse contexto, foi elaborada a Constituição Gaditana, de 1812, que pretendia desmantelar os fundamentos do absolutismo.

4

A Constituição de Cádiz esteve em vigor por duas décadas, sendo revogada apenas com a vitória do movimento restaurador iniciado na Galícia, que restabeleceu o absolutismo espanhol.

1

Errado. O Vintismo, associado, em Portugal, à Onda Liberal de 1820, era apresentado sob fundamentação liberal. Propunha o constitucionalismo, o fim do absolutismo e o retorno de Dom João VI, no Brasil desde 1808, a Portugal. O termo restaurador, no contexto da época, associa-se ao antiliberalismo.

2

Errado. A guerra civil portuguesa foi vencida em 1834 pelos liberais (D. Pedro IV) contra os absolutistas (D. Miguel). Sobre as constituições, contudo, há imprecisões. Coube a D. João VI, no golpe da Vila-Francada (1823), restaurar o absolutismo e pôr termo à monarquia constitucional. Posteriormente, hou-

A adoção de políticas neoliberais por países como a Grã-Bretanha, desde a década de 70 do século passado, foi um dos desdobramentos da crise do fordismo. Paralelamente à diminuição do Estado, os trabalhadores viram sua capacidade de negociação reduzida devido à flexibilização do trabalho e da produção. Certo. O National Labor Relations Board (NLRB) é uma agência do governo norte-americano, criada em 1935, durante o primeiro mandato do presidente democrata Franklin Delano Roosevelt (1933-1945). A função do NLRB, como indica o item, é regular a questões relacionadas à legislação trabalhista. Errado. Em 1944, a Conferência de Bretton Woods estabeleceu a arquitetura da nova ordem financeira internacional do pós-guerra, por meio, por exemplo, da constituição do FMI e do BIRD. Não coube, contudo, a John Maynard Keynes o papel de "principal proponente", mas a Harry Dexter White, representante dos EUA, cujas posições predominaram sobre as de Keynes. Certo. Durante os denominados "anos dourados do capitalismo" (de 1945 a meados dos anos 1970), um dos traços marcantes da

Certo. Alguns dos principais pilares do neoliberalismo são: redução do papel do Estado na economia, desregulamentação, livre-comércio, austeridade e privatizações. Afasta-se, assim, de pressupostos keynesianos, que embasam a noção de estado de bem-estar social. Do ponto de vista empresarial, o neoliberalismo associa-se à crise do paradigma fordista de produção e, ao favorecer a flexibilização da produção e do trabalho (lógica de "just-in-time"), contribuiu para a redução da capacidade de negociação pelos trabalhadores. Na Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, eleita em 1979, foi grande expoente do neoliberalismo.

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ve a denominada Carta Constitucional de 1828, inviabilizando a parte do item que diz que a nova constituição viria apenas em 1834. Por fim, nos anos 1830, a Constituição é de 1838. 3

4

Certo. A Constituição Gaditana, ou de Cádiz, de 1812, era a expressão do constitucionalismo liberal espanhol e influenciou o posterior Vintismo português. A passagem seguinte, disponível em https://www.conjur.com.br/2012-out-31/direito-comparado-constituicao-vigorou-24-horas-brasil , corrobora o gabarito. "As raízes da Constituição Gaditana remontam ao início da rebelião contra os franceses, cujas tropas ocupavam a Espanha, no famoso 'Levante de 2 de maio de 1808', ocorrido em Madri e cujos rebeldes foram fuzilados no dia seguinte, como se pode ver no conhecido quadro de Francisco de Goya. Após a derrota dos insurgentes e o massacre francês, Espanha ergueu-se em armas e integrou-se às chamadas Guerras Peninsulares, que envolveram tropas francesas, de um lado, e britânicas (e de aliados), portuguesas e espanholas, de outro. A monarquia espanhola, que inicialmente tentara se compor com Napoleão Bonaparte, dele se tornando aliada e contribuindo com o esforço de guerra, foi traída e os franceses indicaram José Bonaparte para o trono de Espanha. Num quadro de profunda instabilidade política, com a guerra peninsular ainda em curso, as Cortes Gerais e Extraordinárias foram convocadas e iniciaram a elaboração de um texto constitucional para Espanha. Esse trabalho foi concluído aos 12 de março de 1812, na cidade portuária de Cádiz. Sua vigência foi curta: de 1812 até 1814, quando o rei Fernando VII foi reentronizado e, em momento posterior, repudiou a liberal Constituição de Cádiz." Errado. A Constituição de Cádiz teve curta duração (18121814), sendo o constitucionalismo espanhol substituído pela restauração absolutista (1814).

1

As conferências de Bandung e de Belgrado foram marcos no movimento dos países não aliados e na formulação do conceito de Terceiro Mundo. As principais preocupações desse bloco de países incluíam a economia, a comunicação e o combate ao racismo e ao neocolonialismo. A despeito de esse bloco apresentar uma alternativa ao mundo bipolarizado, a participação de Cuba levou-o a aproximar-se do campo socialista já na conferência de Belgrado.

2

Na Índia, propostas de modernização e desenvolvimento econômico sustentaram a mobilização popular alcançada por Mohandas Gandhi contra a dominação britânica. O movimento nacionalista, com discurso tradicionalista iniciado por Bal Ganghadar Tilak, passou a ser minimizado em decorrência das divisões religiosas indianas, que opunham muçulmanos a hindus.

3

O longo processo de descolonização da África e da Ásia foi fortemente influenciado pelo princípio de autodeterminação dos povos, contido na Carta de Criação da Organização das Nações Unidas (ONU). Em observância à determinação dessa instituição, seus países-membros efetivaram planos de desenvolvimento de autonomia de suas colônias, o que fez da guerra uma exceção na conquista da independência pelos povos colonizados.

4

O imperialismo estabeleceu novo paradigma de exploração colonial no continente africano, pautado a partir de então pela noção de ocupação efetiva e formalizado pela Conferência de Berlim.

1

Errado. O Movimento dos Países não Alinhados visava à leitura das relações internacionais sobre lógica distinta da bipolar. Desse modo, Cuba não lograria individualmente aproximar toda a agenda do campo socialista. Não foi, ademais, o país caribenho a sediar o evento, mas a Iugoslávia de Tito.

2

Errado. O nacionalismo indiano, que teve em Gandhi, Nehru e Tilak alguns de seus expoentes, conectava-se com o tradicionalismo e com a pluralidade, o que inviabiliza a assertiva de que esses componentes o teriam minimizado.

3

Errado. Não houve, como regra, planos de desenvolvimento de colônias por determinação da ONU. A descolonização reflete a autodeterminação dos povos que se insurgiram contra o colonialismo.

4

Certo. De acordo com História das Relações Internacionais Contemporâneas, organizado por José Flávio Sombra Saraiva, "os participantes [da Conferência de Berlim] definiram condições mais duras, segundo as quais as aquisições coloniais seriam reconhecidas pelos outros Estados europeus. Por fim, decidiu-se a chamada ocupação efetiva como critério-chave de reconhecimento de domínio colonial pelas potências europeias".

Questão 57

Até 1880, em cerca de 80% do seu território, a África era governada por seus próprios reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidades políticas de porte e natureza variados. No entanto, nos trinta anos seguintes, assistiu-se a uma transmutação extraordinária, para não dizer radical, dessa situação. Em 1914, com exceção da Etiópia e da Libéria, a África inteira estava submetida à dominação de potências europeias e dividida em colônias de dimensões diversas, mas de modo geral, muito mais extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitas vezes, com pouca ou nenhuma relação com elas. Albert Adu Boahen. A África diante do desafio colonial. In: História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 (editado por Albert Adu Boahen), 2.ª ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010, p. 3 (com adaptações).

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

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Questão 58

Tendo em vista que a Liga das Nações e a ONU foram instituições criadas em meio aos traumas resultantes das duas grandes guerras, julgue (C ou E) os itens subsequentes, a respeito dos períodos pós-guerras.

categoria estética de arte, um tipo de gênero artístico, mas em um sentido mais amplo do que aquilo que se costuma chamar de gênero: como categoria artística, a arte contemporânea se encontra no mesmo nível da arte clássica ou moderna, sendo que cada uma possui suas características próprias. Nathalie Heinich. Práticas da arte contemporânea: uma abordagem pragmática a

1

2

A Carta das Nações Unidas, elaborada em conferência realizada em São Francisco, declarava a luta pelos direitos humanos, o respeito à autodeterminação dos povos e a solidariedade universal como princípios básicos da ONU. A criação de tribunais militares responsáveis pelo julgamento dos crimes de guerra foi uma das decisões da Conferência de Potsdam. Foram então criados dois tribunais internacionais, um sediado em Nuremberg e outro em Tóquio, no qual se destacou entre as acusações dos réus japoneses a escravização sexual de mulheres, as então chamadas mulheres de conforto.

um novo paradigma artístico. In: Sociologia e Antropologia. Rio de Janeiro, v. 4, 02:373-90, out./2014, p. 376.

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, a respeito da arte produzida nos séculos XX e XXI. 1

As intervenções artísticas visuais urbanas têm estado cada vez mais presentes nos grandes centros. Sua difusão retoma discussões sobre o lugar da autoria, o papel político-social das artes, a ocupação dos espaços urbanos e os efeitos da mercantilização da obra artística; Banksy é um dos principais nomes dessa vertente

3

A reivindicação japonesa de incluir no Tratado de Versalhes cláusula de igualdade racial entre as potências foi duramente rechaçada pela Austrália, que possuía rigorosa política de imigração pautada nas teses eugenistas.

2

A difusão da fotografia foi de pouco impacto na vida artística europeia do período em questão: o forte papel da subjetividade, do autor e do observador, aclamado pelos representantes da vanguarda artística, desqualificava a concretude da imagem fotográfica.

4

A Liga das Nações foi criada em 1919 e extinta oficialmente em 1946. EUA, França, Grã-Bretanha, Alemanha e Japão foram membros dessa liga até 1939, quando do início da Segunda Guerra Mundial.

3

A ausência de representação dos indígenas pré-hispânicos foi uma das marcas do Muralismo mexicano. Esse movimento foi patrocinado pelo Estado e buscava aglutinar a modernidade artística europeia, a experiência histórica mexicana e os projetos de futuro para a nação elaborados no período pós-revolucionário.

1

Certo. O Artigo 1, ao versar sobre os propósitos das Nações unidas, corrobora o entendimento descrito pela assertiva.

4

2

Certo. À época, o tema das "comfort women" foi abordado no âmbito jurídico; não obstante, seu tratamento manteve-se posteriormente, como ilustra a criação, em 2000, do "The Women's International War Crimes Tribunal on Japan's Military Slavery".

As relações entre arte e projetos políticos foram claramente definidas no século XIX e permaneceram no século XX. Nesse sentido, a expansão do Expressionismo Abstrato, no contexto da Guerra Fria, conecta-se à política de expansão cultural norte-americana, que teve na ação do MoMA importante impulsionador, uma vez que os museus estabeleceram-se, ao longo do século XX, como um dos principais definidores do que seria arte.

3

Certo. Racial Equality Proposal" foi sugerida pelo Japão em 1919, mas não foi integrada ao Tratado de Versalhes, malgrado recebesse amplo apoio, devido às oposições de Austrália e EUA.

1

4

Errado. O item traz alguns erros factuais. Os EUA não integraram a Liga das Nações, Alemanha e Japão saíram em 1933 e a França de Vichy em 1941.

Certo. A arte é representada no item como uma das formas de ocupação e ressignificação do cotidiano urbano. O britânico Banksy é um dos expoentes dessas intervenções artísticas visuais.

2

Errado. Ao contrário, a fotografia exerceu importante impacto na arte europeia no período em tela. Cartier-Bresson, Frank Fournier e Robert Capa são uns dos exemplos.

3

Errado. Diferentemente do que afirma o item, traço bem marcante do muralismo mexicano era a valorização do passado indígena do país e a retratação de temas sociais e históricos.

4

Certo. Item que permite dupla interpretação. Há posições (ex.: Eva Cockcroft no ensaio “Abstract Expressionism, Weapon of the Cold War") que indicam a conexão do Expressionismo Abstrato com o intuito de fomentar o Soft Power norte-americano no contexto da Guerra Fria. O site da MoMA, contudo, admite possibilidade diversa: "It’s actually

Questão 59

A arte de hoje é composta por arte moderna (e, às vezes, até arte clássica) e arte contemporânea. Além do mais, algumas das principais figuras da arte contemporânea já morreram: Yves Klein, por exemplo, e Andy Warhol. A arte contemporânea não pode, portanto, ser reduzida à arte de artistas vivos, já que ela inclui artistas já falecidos e não inclui grande parte da produção artística atual. Arte contemporânea é uma

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been argued that the CIA was itself behind the exhibition program, but the agency’s influence is hardly needed to explain the initiative. Moreover, I find it extremely difficult to believe that the Abstract Expressionists were selected by MoMA for inclusion as an intentional stylistic contrast with the Socialist Realist works that the Soviet Union was exhibiting by its artists, as a way of demonstrating that American culture allowed creative freedom while this USSR did not."

colonial da Europa durante o mercantilismo e esta retomada de atividades colonialistas do século XIX. Inexiste consenso na literatura sobre uma definição da expressão 'novo imperialismo', nem sobre a delimitação temporal desse fenômeno". 4

Questão 60

A Revolução Industrial teve início no século XVIII e transformou econômica e socialmente boa parte do Ocidente ao longo de suas fases. Tendo essa informação como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, que dizem respeito ao referido período e aos seus desdobramentos. 1

Os cercamentos ingleses aconteceram com o objetivo de incentivar o excesso de mão de obra necessária às fábricas na Inglaterra. Esse processo foi pacífico e contou com o apoio dos pequenos e médios produtores, pois estes adotaram a lógica comercial vigente e se integraram à cadeia de consumo.

2

Sob o influxo da mudança cultural provocada pelo então incipiente capitalismo, o uso econômico do tempo e o processo de internalização da disciplina passaram a fazer parte da retórica moral de escolas e congregações religiosas na Inglaterra.

3

4

1

O emprego e uso da noção e conceito de mercado, essencial ao capitalismo industrial, foi herdado do mercantilismo. A partir da necessidade de expansão e garantia de mercados, houve a formação de Estados territoriais e de impérios coloniais: o Imperialismo resultou da Revolução Industrial. Ao mesmo tempo em que serviu como fator de aproximação entre países distintos, a Revolução Industrial ampliou as desigualdades econômicas, sociais e políticas. Errado. O cercamento dos campos não foi pacífico e nem apoiado pelos pequenos e médios produtores. Esses, na verdade, são os que perdem suas terras que são consolidadas, agregadas, em lotes maiores.

2

Certo. O item aborda alterações sociais e culturais decorrentes da maturação do capitalismo e da revolução industrial.

3

Certo. A definição de mercado sob a lógica do protecionismo mercantilista e da revolução industrial não é necessariamente idêntica. Além disso, o imperialismo recebeu explicações heterogêneas e não unicamente decorrentes do capitalismo industrial, ainda que com ele se conecte. Em "História das Relações Internacionais Contemporâneas", organizado por José Flávio Sombra Saraiva, explica-se que "Esta onda colonialista do final do século XIX é descrita na literatura como 'o novo imperialismo'. O atributo 'novo' é dado para acentuar a diferença entre a expansão

Certo. Na medida em que o investimento em indústrias, sobretudo no contexto da Segunda Revolução Industrial, requeria capitais, tecnologia e certa organização social e estatal, era natural que os países obtivessem resultados diversos. Como consequência, acentuaram-se as desigualdades de diversas naturezas, como afirma o item.

Questão 61

A cultura política revolucionária não pode ser deduzida das estruturas sociais, dos conflitos sociais ou da identidade social dos revolucionários. As práticas políticas não foram simplesmente a expressão de interesses sociais e econômicos subjacentes. Por meio de sua linguagem, suas imagens e atividades políticas diárias, os revolucionários trabalharam para reconstruir a sociedade e as relações sociais. Procuraram conscientemente romper com o passado francês e estabelecer a base para uma nova comunidade nacional. Lynn Hunt. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 33 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os seguintes itens, acerca das revoluções dos séculos XVIII e XIX. 1

Devido ao aprendizado de seus métodos por revolucionários que a sucederam, a Revolução Francesa é considerada a mãe das revoluções políticas ocorridas depois dela.

2

O típico burguês do século XVIII se identificava com a lógica do trabalhador produtivo: mantinha, como categoria social (médicos, professores, altos funcionários régios, comerciantes), proximidades com os pobres que exerciam ofícios mecânicos (artesãos, lavradores etc.), promovendo uma lenta integração da plebe contra os costumes da aristocracia.

3

A reflexão filosófica e política da denominada República das Letras e o cosmopolitismo europeu a ela inerente, por si só, não foram os fatores que conduziram à ação revolucionária: esse papel coube à plebe que, de fato, pôs a teoria em prática.

4

Iniciada em 1789, a Revolução Francesa rompeu com o despotismo e pôs fim ao Antigo Regime, mas não instaurou uma sociedade democrática e igualitária.

1

Certo. O excerto de "A Era dos Extremos", de Eric Hobsbawm, autoriza o entendimento do item como correto: "Sua influência direta é universal, pois ela forneceu o padrão para todos os movimentos revolucionários subsequentes, suas lições ten-

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do sido incorporadas ao socialismo e ao comunismo modernos. A Revolução Francesa é assim a revolução do seu tempo, e não apenas uma, embora a mais proeminente, do seu tipo." 2

3

4

Errado. O item aponta para a existência de alguma identidade entre setores burgueses e de trabalhadores pobres. Essa aproximação justificava-se no contexto da oposição comum ao Antigo Regime. Superada essa etapa, a burguesia, no poder, tendeu a atuar de forma mais conservadora, não exatamente se identificando com os setores mais populares, como indica o item. Certo. O excerto de "A Era dos Extremos", de Eric Hobsbawm, autorizaria a compreensão de que a Revolução Francesa, considerada uma espécie de modelo para as demais revoluções do século XIX, foi resultado da união do povo com a filosofia liberal-burguesa: "O grupo era a 'burguesia'; suas ideias eram as do liberalismo clássico, conforme formuladas pelos "filósofos" e "economistas" e difundidas pela maçonaria e associações informais. Até este ponto os 'filósofos' podem ser, com justiça, considerados responsáveis pela Revolução. Ela teria ocorrido sem eles; mas eles provavelmente constituíram a diferença entre um simples colapso de um velho regime e a sua substituição rápida e efetiva por um novo." Certo. Já em seu início, a Revolução Francesa instaurou a Assembleia Nacional Constituinte, sucedida pela Monarquia Constitucional. Trata-se, portanto, de uma "ruptura com o despotismo", entendida como o Absolutismo. É verdade, também, que não se instaurou sociedade democrática e igualitária. A primeira fase da Revolução foi dominada por segmentos burgueses girondinos, identificados com o liberalismo e não com o ideal de democracia popular.

Questão 62

A partir de meados do século XIX, muitas nações europeias que se encontravam em processo avançado de industrialização partiram pelo mundo em busca de matéria-prima, novos mercados consumidores de seus produtos e novas regiões para investimento de capitais. Acerca desse contexto histórico, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

2

Na Europa, o movimento trabalhista desse período, em sentido único, envolveu trabalhadores fabris, industriais e assalariados, deixando de fora artesãos e demais trabalhadores de ofícios manuais tradicionais. No Japão, a Revolução Meiji causou violenta revolta de grupos que defendiam uma política isolacionista. Esse conflito ocasionou o enfraquecimento do xogunato e fortaleceu o regime imperial.

3

Em países mais industrializados, como a Inglaterra, as condições dos trabalhadores das fábricas eram muito precárias, com jornadas exaustivas de trabalho, o que resultou no surgimento dos primeiros movimentos trabalhistas — trade unions —, que, entre suas principais reivindicações, almejavam maior participação política por meio do sufrágio universal.

4

A Índia foi o país mais afetado pelo imperialismo britânico, que procurou impor seu domínio militar e cultural de forma muito forte, tendo causado levantes como o dos Sipaios, que, posteriormente, inspiraram Mahatma Gandhi em sua luta pela independência.

1

Errado. Não havia "sentido único" aplicável aos movimentos trabalhistas europeus de excluir segmentos tradicionais .

2

Certo. A Guerra de Boshin (1868-1869) opôs xogunato e samurais, contrários ao projeto modernizador preconizado pela Revolução Meiji, ao poder imperial, que se saiu vitorioso.

3

Certo. Os movimentos de trabalhadores mesclavam pautas diretas e relacionadas a melhores condições de trabalho e pleitos de natureza política.

4

Errado. A Revolta dos Sipaios insurgiu-se, em 1857, contra a ocupação britânica. Seguiu-se o fim da atuação da Companhia Britânica das Índias Orientais e o estabelecimento do Raj Britânico, exemplo de colonialismo formal indireto, no qual a Coroa Britânica se associa a lideranças locais tradicionais, como os marajás, de modo a atenuar a percepção local de domínio estrangeiro.

Questão 63

Sob o influxo da vitória parisiense, o mês de março de 1848 foi expandindo, como um fio vermelho, ao longo dos dias, a sucessão de insurreições, motins e revoltas populares. Era a primavera dos povos. No começo de 1847, um ano antes de seu início, a Liga dos Justos, organização conspirativa revolucionária, já anunciava a eclosão de uma revolução grandiosa, que provavelmente decidiria, por um século, os destinos da humanidade. Daniel Aarão Reis. Folha de S.Paulo. Domingo, fev./1998 (com adaptações).

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, relativos ao panorama histórico mundial do século XIX e às questões políticas e nacionais de então. 1

Os nacionalismos do século XIX foram protagonizados pelas classes instruídas e beneficiadas pelo progresso educacional das escolas e universidades, de onde saíram seus grandes defensores. Nesse aspecto, a questão das línguas nacionais foi um dos fatores predominantes das identidades nacionais.

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As insurreições e os movimentos de independência em países da América do Sul ocorreram a despeito do constante medo de seus dirigentes de que as classes inferiores almejassem e viessem, de fato, a participar das atividades políticas.

3

Sob a liderança de Otto Von Bismark, a Liga dos Três Imperadores, que havia sido formada entre Áustria-Hungria, Alemanha e Rússia para coibir as políticas expansionistas da França, tornou-se a base para a formação da Tríplice Entente.

4

Os movimentos e as revoltas liberais do século XIX foram prioritariamente integrados por socialistas e anarquistas que defendiam uma sociedade sem classes sociais e o fim da propriedade privada e da livre concorrência de mercado.

1

Certo. O excerto de "A Era dos Extremos", de Eric Hobsbawm, autoriza o entendimento do item como correto: "Os grandes proponentes do nacionalismo de classe média neste estágio foram as camadas média e inferior das categorias profissionais, administrativas e intelectuais, ou seja, as classes educadas... O progresso das escolas e das universidades dava a dimensão do nacionalismo, na mesma medida em que as escolas e especialmente as universidades se tornavam seus defensores mais conscientes: o conflito entre a Alemanha e a Dinamarca sobre o Schleswig-Holstein, em 1848, foi previsto pelo conflito entre as universidades de Kiel e Copenhague, sobre o mesmo problema, na metade da década de 1840".

2

Certo. A história das revoluções e movimentos de independência é permeada por um conjunto heterogêneo de forças. Invariavelmente, os setores liberais, burgueses e de classe média tenderam a adotar um posicionamento conservador após chegar ao poder, no intuito de evitar o aprofundamento de alterações sociais que, na perspectiva desse grupo, seriam percebidas como radicalização da agenda.

3

Errado. Assinado em 1873 por Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia, o tratado da Liga dos Três Imperadores não se confunde com a Tríplice Entente, formada em 1907 por Grã-Bretanha, França e Rússia.

4

Errado. O item afirma que socialismo e anarquismo compuseram as bases das revoltas liberais do século XIX, como as Ondas Liberais de 1820, 1830 e 1848. A própria cronologia da formulação das duas mais relevantes obras do socialismo científico, "O Manifesto Comunista (1848)" e "O Capital" (1867), desautoriza essa visão. Os movimentos liberais, ao contrário, eram heterogêneos e desprovidos de pautas universalizantes como a assertiva indica.

Questão 64

A Segunda Guerra Mundial, na verdade, trouxe soluções, pelo menos por décadas. Os impressionantes problemas sociais e econômicos do capitalismo na Era da Catástrofe aparentemente sumiram. A economia do mundo ocidental entrou em sua Era de Ouro; a democracia política ocidental, apoiada por uma extraordinária melhora na vida material, ficou estável; baniu-se a guerra para o terceiro mundo. Por outro lado, até mesmo a revolução pareceu ter encontrado seu caminho para a frente. Os velhos impérios coloniais desapareceram ou logo estariam destinados a desaparecer. Eric Hobsbawn. Era dos extremos: o breve século XX. Cia das Letras: São Paulo, 2005, p. 59.

Tendo como referência inicial o texto precedente, julgue (C ou E) os seguintes itens, relativos às causas e aos desdobramentos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 1

Nas décadas seguintes ao grande conflito, multiplicaram-se as guerras de guerrilha nos países coloniais do chamado terceiro mundo, que enfrentaram pequena resistência de suas antigas potências colonizadoras, que, por sua vez, estavam mais preocupadas com a recuperação interna de seus recursos.

2

Como causas da Segunda Guerra Mundial, além das intenções imperialistas de Japão, Alemanha e Itália, havia também no contexto uma justificação ideológica da luta contra os comunistas pelos países fascistas.

3

Para a Itália, a derrota na Primeira Guerra Mundial e a sua instabilidade política na década de 20 foram motivos decisivos para a adoção do fascismo após a crise de 1929.

4

O sistema Bretton-Woods, que estabilizou o sistema financeiro internacional, contemplou a criação do FMI e do Banco Mundial e a reestruturação do padrão-ouro, que, em 1929, havia entrado em colapso devido à grande depressão econômica ocorrida naquele ano.

1

Errado. Ainda que a necessidade de recuperação dos países europeus tenha estimulado os movimentos de libertação nacional, a resistência metropolitana ocorreu, como demonstram os exemplos de violentas guerras revolucionárias na Argélia, Indochina, entre outros. Não há, portanto, padrão pacífico que possa ser depreendido.

2

Certo. O Pacto Anticomintern, assinado por Alemanha e Japão em 1936 e ao qual a Itália aderiu no ano seguinte, ilustra o componente ideológico de oposição aos comunistas pelos países do Eixo.

3

Errado. A ascensão dos fascistas ao poder na Itália precede a Crise de 1929. Após a Marcha sobre Roma (1922), Benito Mussolini ascende ao cargo de Primeiro-Ministro.

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Errado. O termo "restauração do padrão-ouro" torna o item impreciso. A realidade é que, de fato, ele não foi restaurado nas bases anteriores. O Sistema de Bretton Woods se baseou no padrão dólar-ouro, que previa a livre conversibilidade entre a moeda americana e o metal.

lização por uma das partes de armas nucleares acarretaria a "Mutual Assured Destruction"). Esse fato não autoriza, contudo, a compreensão de que a Guerra Fria foi pacífica. Como indica o item, EUA e URSS, por meio de proxies, enfrentavam-se indiretamente em conflitos localizados. 2

Errado. O item torna-se incorreto ao indicar que, na URSS, a inserção feminina no mercado de trabalho deu-se após o fato ocorrer nos EUA e Europa Ocidental.

3

Errado. A questão associa a minorias produtos e comportamentos de consumo massificado, especialmente nos EUA e Europa Ocidental.

4

Certo. O grupo de países conhecidos como "Tigres Asiáticos" não era propriamente um bloco como os demais exemplos. Era uma terminologia, à época, referente a países de industrialização recente (Newly Industrialized Countries) e rápido crescimento econômico.

Questão 65

Na sociedade atual, não há dúvida alguma que não é absolutamente normal, porque é uma situação forçada, mas na sociedade futura será completamente normal, porque será livre. Mas, mesmo agora, [ela] estava no seu direito; sofria, e isso constitui, por assim dizer, os seus fundos, o seu capital, do qual tinha o pleno direito de dispor. É claro que na sociedade futura não existirá o capital; mas a sua profissão poderá ser designada por outro nome e regulada de maneira racional e normal. Pelo que se refere pessoalmente a Sófia Siemiônovna, nos tempos atuais, eu considero o seu procedimento um enérgico e concreto protesto contra a estrutura da sociedade, e respeito-a profundamente por isso. Fiódor M. Dostoiévski. Crime e castigo. São Paulo: Martin Claret, 2013, p. 406. Publicação o r i g i n a l : 1866 (com adaptações).

Considerando as ideias do fragmento de texto antecedente como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito de significativas transformações sociais e políticas ocorridas ao fim do século XIX e ao longo do século XX. 1

A Guerra Fria ficou caracterizada por certa estabilidade, além de padrões previsíveis de confrontos. Os Estados Unidos da América e a União Soviética enfrentavam-se indiretamente por meio de seus satélites e zonas de influência, mas, paradoxalmente, evitavam que conflitos locais fugissem ao controle e alcançassem proporções mundiais.

2

As mulheres apresentaram-se em maior número no mercado de trabalho na Europa ocidental e nos Estados Unidos da América, tendo alcançado mais igualdade e liberação feminina, algumas décadas antes que o mesmo processo ocorresse na Europa oriental e na União Soviética.

3

O blue jeans e o rock and roll se tornaram símbolos e marcas da juventude das minorias urbanas e foram aceitos em todos os países que os toleravam. A exceção era a União Soviética da década de 60, que mantinha sua própria indústria cultural para minorias.

4

No novo cenário mundial do pós-Guerra Fria, a organização econômica e política mundial do poder estava representada pela separação dos blocos econômicos do NAFTA, dos Tigres Asiáticos, da União Europeia, da Comunidade dos Estados Independentes e do MERCOSUL.

1

Certo. A bipolaridade é indutora de "certa estabilidade", especialmente quando se associava a equilíbrio nuclear (a uti-

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ter especulativo, o que não é o caso da questão. Para que a questão fique correta, ela deve se referir ao imposto Pigouviano, já que é esse que incide sobre bens que causam externalidades negativas.

NOÇÕES DE ECONOMIA Questão 66

Trecho 1: Caso Cooke versus Forbes. Um dos processos na tecelagem de tapetes de fibra de cacau [Cooke] era imergi-lo em um líquido alvejante e, depois, pendurá-lo para secagem. Vapores de um produtor de sulfato de amônia [Forbes] tinham o efeito de transformar a cor brilhosa do tapete em uma cor escurecida e fosca. (…) Uma ação foi ajuizada para impedir a manufatura de emitir tais vapores. Os advogados do réu argumentaram que, se o autor “não usasse um líquido alvejante específico, as fibras não seriam afetadas; que seu método de produção era atípico, contrário ao costume do comércio (…)”. O juiz explanou: “parece-me claro que uma pessoa tem o direito de, na sua propriedade, realizar um processo de manufatura em que se usa cloreto de estanho, ou qualquer outro tipo de corante metálico, e que seu vizinho não tem a liberdade para inundar o ambiente com gás que vai interferir na sua manufatura. Se isto pode ser imputado ao seu vizinho, então, compreendo eu, claramente ele terá o direito de vir aqui e pedir ajuda”. Trecho 2: (…) Com efeito, as propostas de solução do problema da poluição causada pela fumaça, bem como de outros problemas similares, feitas por meio da tributação, se sustenta com dificuldades advindas dos problemas relativos ao cálculo, da diferença entre dano médio e dano marginal e das inter-relações entre os danos causados a diversas propriedades etc.

2

Certo. Note que, ao emitir sulfato de amônia, a Forbes gera uma externalidade negativa sobre a produção de tapetes de fibra de cacau da Cooke.

3

Certo. De acordo com o Teorema de Coase, quando os custos de transação são desprezíveis, uma boa política a ser adotada para corrigir ineficiências geradas pela existência de externalidades é a definição adequada dos direitos de propriedade.

4

Certo. Ainda de acordo com o Teorema de Coase, dado que existe a definição clara dos diretos de propriedade e admitindo-se custos de transação desprezíveis, é possível permitir uma negociação entre as partes. Para o caso do texto acima, isso poderia levar a um acordo em que a Cooke permitiria que a Forbes lançasse sulfato de amônia.

Questão 67

A partir dos conceitos e das teorias usuais de concorrência perfeita, monopólio e oligopólio, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1

O serviço de fornecimento de água e saneamento em uma cidade não constitui monopólio natural, uma vez que a atuação exclusiva da empresa em sua área é definida por lei ou contrato de concessão.

2

Órgãos de defesa da concorrência veem de forma positiva a prática costumeira de venda de produtos a preços abaixo do custo de produção sob um mercado oligopolista, pois isso favorece os consumidores e a competição entre as empresas do setor.

3

A consequência direta dos pressupostos de produto homogêneo, informação completa e livre entrada e saída de agentes pequenos e numerosos em um mercado de concorrência perfeita é um único preço de equilíbrio por todo o mercado do produto em questão, a menos que haja choques que possam produzir abalos temporários.

4

Um mercado com apenas dois ofertantes que seja contestável com base nos pressupostos de Baumol tem, apesar do pequeno número e grande tamanho das firmas, eficiência e preço de equilíbrio iguais aos do mercado sob concorrência perfeita.

1

Errado. Assim como o fornecimento de energia elétrica é realizado via lei e é um monopólio natural, o fornecimento de água e saneamento também. Note que esse é um caso clássico de monopólio natural já que envolve altos custos fixos e é irrelevante o custo marginal de produção.

2

Errado. Esse tipo de política tem como objetivo tirar os concorrentes do mercado para que a empresa se torne monopolista. Políticas como essa, conhecidas como dumping, são fortemente combatidas pelo governo.

R. H. COASE. O problema do custo social. In: Journal of Law and Economics. 1960 (traduzido e adaptado).

Com referência ao que é apresentado nos trechos 1 e 2, julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca da análise de custo-benefício, com base na teoria dos tipos de mercados e de bens. 1

No segundo trecho, faz-se referência ao tributo (ou imposto) Tobin.

2

O problema apresentado no primeiro trecho, que se refere ao julgamento do processo de Cooke contra Forbes, é conhecido como externalidade.

3

A solução para o problema apresentado no primeiro trecho, de acordo com o teorema de Coase, é a correta atribuição dos direitos de propriedade envolvidos no caso, desde que não haja custos de transação.

4

O teorema de Coase permite inferir que, eliminados os custos de transação, seria possível Cooke vender para Forbes o seu direito a ter ar limpo, de modo que este pudesse emitir os vapores de sulfato de amônia.

1

Errado. Note que o imposto de Tobin se refere ao processo de tributação sobre movimentações financeiras internacionais de cará-

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4

Certo. Note que todas as prerrogativas de um mercado em concorrência perfeita são atendidas no item: a. Produto homogêneo; b. Informação completa; c. Livre entrada e saída de produtores e consumidores; e d. Mercado atomizado (“agentes pequenos e numerosos). Assim, com base nesses pressupostos, é possível dizer que esse mercado terá um preço único para todos os participantes. A questão é feliz em apontar que choques podem, de forma temporária, levar a um desnível no preço, mas que ele volta ao patamar ajustado depois de um período curto. Certo. O mercado contestável tem como característica fundamental a presença de apenas um ou poucos produtores que se comportam como se estivessem na concorrência perfeita (com preço e quantidade ofertada compatível com a concorrência perfeita). Para as empresas participantes desse mercado, é mais importante reduzir o número de concorrentes (colocando a barreira a entrada do preço estabelecido) que ter altos lucros por conta de uma alta de preços.

Monetário Nacional e a do Banco Central, em substituição à SUMOC na função de normatizar e regular o sistema financeiro e executar a política monetária do governo federal. 3

As reformas enumeradas na parte final do texto foram anunciadas pelo presidente, à época, como reformas de base.

4

Para controlar a inflação, que atingia o equivalente a 100% ao ano já no final de 1962, o plano em questão incluía o congelamento dos preços de bens de consumo durante um ano.

A questão trata sobre o Plano Trienal, criado durante o governo Jango. Contudo, note que a questão pede o período de 1962 até 1967. Nesse caso, deverá ser considerado, também, o período inicial do governo militar. 1

Errado. O lema “50 anos em 5” era do Plano de Metas, criado no governo JK para promover o crescimento econômico. Além disso, o Plano Trienal foi concebido para ser executado em três anos, não cinco.

2

Errado. A questão está errada por apontar que a criação do Banco Central estaria associada à execução da política do governo federal. Veja que a função do Banco Central é de executar a política monetária para todo o país, não apenas para o governo federal.

3

Certo. Diferentemente do que acontecia com os planos anteriores, o Plano Trienal propunha reformas de base, como, por exemplo, a reforma agrária, a fim de estabilizar o país.

4

Errado. A estabilização de preços promovida via congelamento de preços só aconteceu no Brasil no governo Sarney, a partir do plano Cruzado em 1986.

Questão 68

Com a inflação piorando mês a mês, o presidente lançou, no fim de 1962, um plano preparado por Celso Furtado, ministro extraordinário para assuntos de desenvolvimento econômico. O objetivo era conciliar crescimento com reformas sociais e combate à inflação. Segundo Furtado, o desafio era demonstrar, “contra a ortodoxia dos monetaristas, esposada e imposta pelo FMI, que era possível conduzir a economia com relativa estabilidade sem impor-lhe a purga recessiva”. (…) [O plano] adotava a visão estruturalista da CEPAL. Enfatizava a substituição de importações como meio de ampliar o processo de industrialização. Furtado acreditava que a crise econômica derivava do modelo de desenvolvimento, mas a solução não estaria no abandono, e sim no “aprofundamento do modelo, ou seja, com a ampliação do mercado interno, através da reforma agrária e de outras políticas voltadas à redistribuição de renda”.

Questão 69

O Banco Central do Brasil (BCB) teve um longo processo de maturação até a sua criação. Mesmo antes do início do século XX, já se tinha a consciência, no Brasil, da necessidade de se criar um “banco dos bancos” com poderes de emitir papel-moeda com exclusividade, além de exercer o papel de banqueiro do Estado. História do BC. Banco Central do Brasil. Internet: <www.bcb.gov.br> (com adaptações).

M. da Nóbrega. O futuro chegou. São Paulo: Globo, 2005, p. 265 (com adaptações).

Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) os itens subsecutivos, acerca da história da economia brasileira no período de 1962 a 1967. 1

Com o lema de fazer avançar a economia 50 anos em 5, o plano descrito no texto foi preparado para ser adotado em um período de cinco anos, a exemplo dos planos quinquenais da União Soviética.

2

Entre as reformas políticas e econômicas adotadas para viabilizar o sucesso do plano, destacam-se a criação do Conselho

A partir do fragmento de texto precedente, que enumera algumas funções de um banco central, julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca das funções típicas dos bancos centrais e, em particular, do BCB. 1

A política monetária influencia a evolução dos meios de pagamento e controla o processo de criação da moeda e do crédito. Na função de executor da política monetária, o BCB, para regular os meios de pagamentos, pode utilizar instrumentos clássicos, como encaixe legal, recolhimentos compulsórios, redesconto, excetuando-se as operações de mercado aberto.

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As funções precípuas do BCB incluem a de banqueiro do governo, que está relacionada, em suas origens, ao direito de emissão do dinheiro brasileiro. Atualmente o BCB ainda é o principal banqueiro do governo, porque detém suas contas mais importantes, participa ativamente do manejo do seu fluxo de fundos e é o depositário e administrador das reservas internacionais do país.

3

A estabilidade, a eficiência e o desenvolvimento do sistema financeiro requerem esquemas de normas e procedimentos apropriados e a sua observância. Nesse caso, a supervisão das instituições financeiras cabe tanto ao BCB quanto a organismos independentes, podendo estes últimos exercer a fiscalização de forma exógena ao BCB, pautados em normas próprias de suas áreas de competência.

4

Como guardião da moeda, o banco central de um país é a instituição à qual se confia o dever de regular o volume de dinheiro e de crédito da economia. Em que pesem as diferenças entre bancos centrais, essa atribuição geralmente está associada ao objetivo de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional.

1

Errado. Ao realizar a política monetária, o Banco Central possui três instrumentos fundamentais: a. Depósitos ou encaixes compulsórios; b. Taxa de redesconto; c. Operações em mercado aberto. Note que a questão excetua a letra (c), que é, de fato, o instrumento utilizado de forma mais recorrente para se realizar a política monetária.

2

3

4

Certo. Veja que essas são as funções básicas do governo. Lembre as funções do governo: 1. Banco dos Bancos 2. Banqueiro do governo 3. Único emissor da moeda Errado. A supervisão das instituições financeiras cabe, exclusivamente, ao Banco Central. Outras instituições podem fazer um processo de auditoria independente, mas não podem fiscalizar e punir como o Bacen. Certo. Veja que o Banco Central é o grande guardião do poder da moeda. Isso vale tanto no sentido interno – pensando na inflação – quanto no sentido externo – pensando na taxa de câmbio

Questão 70

Tendo em vista que o movimento internacional de capitais tem recebido grande atenção da literatura econômica, particularmente com o aprofundamento do processo de globalização financeira nos últimos vinte e cinco anos, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca do movimento internacional de capitais e seus impactos. 1 Um dos problemas mais preocupantes do movimento internacional de capital ocorre quando a saída dos fluxos se dá repentinamente, pressionando o câmbio e colocando em risco a manutenção da estabilidade financeira. Em países que fizeram a liberalização financeira com implementação de políticas para limitar o excesso de volatilidade, as regulações prudenciais desempenham papel fundamental e preventivo na contenção desses riscos. 2

A estrutura do balanço de pagamentos permite compreender o movimento internacional de capitais. Nesse movimento, a conta de serviços registra os pagamentos (e os recebimentos) de serviços da dívida externa (juros) e o serviço do capital de risco (lucros e dividendos), doações e repatriações.

3

Do ponto de vista dos impactos, pode-se considerar que o investimento direto é um tipo de capital de longo prazo, mais resiliente a crises, com efeitos potencialmente positivos sobre uma economia por se tratar de uma das formas de internacionalização da produção, permitindo que um país tenha acesso a tecnologia, bens ou serviços originários de outros países.

4

Embora sejam determinantes expressivos do desempenho econômico dos países, as tendências, flutuações e composição dos fluxos internacionais de capitais têm baixíssimo impacto nas diretrizes ou escolhas de política econômica em uma economia aberta.

1

Certo. Note que, quando existe uma política clara de intervenção cambial quando da existência de choques, isso traz mais estabilidade para a economia. Na inexistência desse tipo de marco prudencial, o país pode sofrer crises cambiais de amplitude variada.

2

Errado. A conta que registra o pagamento de juros, lucros e dividendos no balanço de pagamentos é a conta de rendas, pela metodologia nova, ou na conta de serviços de fatores, pela metodologia antiga. As doações, por sua vez, são contabilizadas na rubrica de transferências unilaterais.

3

Certo. O investimento externo direto está associado aos investimentos produtivos de longo prazo. Os investimentos financeiros não são considerados via investimentos externos.

4

Errado. A depender do grau de exposição de um país aos capitais especulativos, o país será fortemente afetado e terá que direcionar, de forma adequada, a sua política econômica (seja monetária, seja fiscal).

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e nos países em desenvolvimento. O NDB apresentou, ainda, duas inovações institucionais: igual poder de voto entre seus sócios fundadores e a possibilidade de ofertar empréstimos em moeda local para reduzir riscos aos tomadores, bem como promover os mercados de capitais locais.

Questão 71

Para atender às demandas de infraestrutura dos países recém-saídos da Segunda Guerra Mundial, foram criados o BIRD e seus bancos regionais para financiamentos de longo prazo de apoio a programas e projetos dos países em desenvolvimento. Em que pese o importante papel que essas instituições têm desempenhado desde então, os grandes bancos multilaterais ou regionais ainda são em pequeno número e seus volumes de empréstimos são limitados: o Banco Mundial e seus três bancos regionais emprestaram, em 2015, o montante de US$ 69 bilhões, frente a um déficit global estimado de investimentos para infraestrutura entre US$ 5 trilhões e US$ 7 trilhões anuais, incluindo de US$ 1 trilhão a US$ 1,5 trilhão só para os países em desenvolvimento. The role of development banks in promoting growth and sustainable development in the south. UNCTAD, 2016 (com adaptações).

1

Errado. O AIIB entrou em atividade ainda em 2015. Além disso, segundo seu Convênio Constitutivo, o banco busca (i) fomentar o desenvolvimento sustentável e (ii) promover a cooperação e parceria regionais ao lidar com os desafios de desenvolvimento comuns aos países asiáticos. Veja que a questão aponta que existe uma limitação no que diz respeito às parcerias, o que não seria verdade.

2

Errado. Note que a crítica se dá pela falta de recursos de longo prazo, já que os recursos de curto prazo não atendem às demandas estruturais das economias.

3

Certo. Veja que o capital privado busca fazer operações que têm garantia de retorno de curto prazo e viabilidade econômica. Os bancos multilaterais de desenvolvimento entram, justamente, para cobrir as lacunas dos investimentos de longo prazo e com baixa viabilidade econômica, mas forte apelo social e ambiental.

4

Certo. O NBD possui um capital autorizado de US$ 100 bilhões (embora os países membros tenham integralizado apenas metade disso. Além disso, os países membros possuem igual direito a voto (20% do total para cada país) e, de acordo com o artigo 24 da sua constituição, “O Banco, em suas operações, poderá fornecer financiamento em moeda local do país no qual a operação seja realizada, desde que políticas adequadas sejam postas em prática para evitar descasamento significativo de moedas.”

A partir do texto precedente, julgue (C ou E) os próximos itens, relativos ao papel dos novos bancos regionais e multilaterais no financiamento ao desenvolvimento. 1

O Banco Asiático de Infraestrutura (AIIB), liderado pela China, entrou em operação em janeiro de 2016 com um capital autorizado de US$ 100 bilhões, e já conta com oitenta e sete países-membros. A despeito de ter como missão promover o investimento em infraestrutura e em outros setores produtivos na Ásia, o compromisso com seus objetivos impede que o AIIB atue de forma complementar em cooperação com outras instituições de desenvolvimento multilaterais e bilaterais.

2

A criação de novos bancos de desenvolvimento em todos os níveis — nacional, regional e internacional —, embora seja importante para atender as demandas de investimento em infraestrutura e desenvolvimento sustentável, não tem sido vista como uma iniciativa promissora devido à oferta inadequada de crédito de curto prazo para investimentos na economia real.

3

4

Existe uma grande lacuna a ser preenchida pelos novos bancos multilaterais de desenvolvimento no atendimento das carências de crédito adequado para infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Além disso, devido a divergências entre retornos privados e retornos sociais, escala de capital, altos riscos e tempo de maturação dos projetos, cabe a esses bancos atuar onde o setor privado tem dificuldade de oferecer recursos no nível ótimo para investimento em infraestrutura. O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), estabelecido pelo BRICS, passou a existir como entidade legal em julho de 2015, com um capital autorizado de US$ 100 bilhões e a possibilidade de mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nas economias emergentes

Questão 72

Uma das principais preocupações da análise econômica é com a precificação no mercado. Muitas vezes, ela ocorre de maneira ineficiente e isso acarreta importantes consequências no funcionamento da economia. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1

Curva de demanda de mercado com módulo da elasticidade preço da demanda inferior a um pode ser indicativa da presença de barreiras à entrada.

2

A tendência à deterioração dos termos de troca afetou as economias latino-americanas durante todo o século XIX em seu período agroexportador. Esse foi o motivo pelo qual o Brasil abandonou esse modelo na década de 30 do século XX em prol de uma política industrial que favorecia bens com forte desempenho no mercado internacional.

3

Quando o módulo da elasticidade preço da demanda de um produto for inferior a um, um aumento no seu preço tenderá a reduzir a receita do monopolista.

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1

2

De acordo com a regra de mark-up, quanto mais preço-elástica for a curva de demanda do mercado, maior será o poder de mercado do monopolista. Certo. Na presença de barreiras à entrada, haverá menos concorrentes, o que faz com que a curva de demanda seja menor elástica, conforme apontado pela banca. Errado. A deterioração dos termos de troca não explicou a mudança estrutural ocorrida no Brasil nos anos 1930. Na verdade, é possível dizer que a crise de 1929 colocou em xeque o modelo adotado pelo Brasil até então baseado na exportação de produtos da agricultura. Como resposta à crise, o Brasil adotou um processo de industrialização fechada (focada no mercado doméstico), através da métrica do Processo de Substituição de Importações – PSI.

3

Errado. Quando o bem possui demanda inelástica, o aumento do preço levará a um aumento da receita da firma, já que a quantidade será pouco impactada pela variação do preço do bem.

4

Errado. Quanto mais preço-elástica for a curva de demanda, menor será o poder de mercado do monopolista. Dizendo de outra forma, quanto menos preço-elástica for a demanda com a qual a empresa se depara, maior é o poder da empresa sobre o consumidor e, portanto, maior será a diferença entre o preço praticado e o custo marginal.

Questão 73

O preço que uma pessoa paga por uma coisa nunca pode exceder e raramente se aproxima daquilo que ela estaria disposta a pagar em vez de ficar sem essa coisa — de modo que a satisfação que ela obtém de sua compra geralmente excede àquela que é obtida quando ela desiste dessa compra. Alfred Marshall. Princípios de economia. Coleção Os Economistas. São Paulo: Abril, v. 1, 1982, p. 123 (com adaptações).

Essa citação de Marshall indica que, por detrás de preços, há, da parte do consumidor, motivações que consideram a satisfação a ser obtida com cada bem na hora da compra. Considerando esse tema, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca da teoria do consumidor. 1

Caso as preferências do indivíduo sejam representadas por uma função de utilidade linear, é possível que ele escolha não consumir um dos bens.

2

Dependendo do formato da curva de indiferença de um consumidor para dois bens, um deslocamento paralelo de sua restrição orçamentária para cima e para a direita poderá provocar queda no consumo de um dos bens em questão.

3

Se o aumento do preço de um bem deixar o consumo inalterado, esse bem deverá ser um bem normal.

4

Um aumento no consumo de um bem pode não aumentar o nível de utilidade de um indivíduo.

1

Certo. Se a função utilidade for linear, estamos tratando de bens substitutos. Nesse caso, o processo de escolha levará a uma solução de canto, de tal forma que um dos bens poderá ter o seu consumo zerado.

2

Certo. As preferências do consumidor poderão estar associadas a bens inferiores. Nesse caso, um deslocamento da restrição orçamentária proveniente de um aumento da renda poderá levar a redução do consumo de um dos bens.

3

Errado. Para o caso dos bens normais, um aumento do preço leva, necessariamente, a uma redução do consumo, já que o efeito renda reforça o efeito substituição – que, nesse caso, será negativo. Note que, como o consumo ficou inalterado, tem-se o caso do bem inferior, em que o aumento do preço faz com que o efeito renda seja contrário ao efeito substituição, levando, em última instância, a uma inalteração da quantidade quando do aumento do preço (fato que leva a concluir que o efeito renda tem amplitude exatamente contrário ao efeito substituição).

4

Certo. Esse é o caso do bem neutro. Para esse tipo de bem, as curvas de indiferença se comportam como retas de 90º. Com o eixo x.

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