Selic E Os Investimentos No Brasil V Marcelo

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Thiago Barros Pinho

RELAÇÃO ENTRE A TAXA SELIC E OS INVESTIMENTOS NO BRASIL

Rio de Janeiro/RJ 2.018

2

RELAÇÃO ENTRE A TAXA SELIC E OS INVESTIMENTOS NO BRASIL

Thiago Barros Pinho

RESUMO

O presente Trabalho procura identificar o efeito das quedas acentuadas, nos últimos meses, da Taxa Selic, sobre os demais investimentos financeiros no Brasil. Embora circunscrevamo-nos ao efeito sobre o mercado financeiro, a Selic influencia também os níveis de investimentos do ponto de vista econômico, quais sejam, as instalações de unidades produtivas, de comércio e serviços. Uma grande quantidade de dados foi levantada, através da metodologia bibliográfica exploratória e, no decorrer do Trabalho, comparados com a evolução da Selic: evolução do IPCA-IBGE, evolução do Ibovespa, evolução da variação cambial, evolução do rendimento da Caderneta de Poupança e do CDI, todas a partir da criação da Selic, em 1996. O quanto o nível atual impacta os demais produtos financeiros também é analisado, e a conclusão é que haverá swaps entre esses produtos.

Palavras-Chave: Selic. Investimento. Financeiro. Mercado. Produtos.

GLOSSÁRIO

SELIC

Sistema Especial de Liquidação e Custódia

TJLP

Taxa de Juros de Longo Prazo (usada nos financiamentos pelo BNDES).

BNDES

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

CDI

Certificado de Depósito Interbancário (define a taxa Selic Over)

Over

Derivado de overnight, um tipo de aplicação financeira com durabilidade de um dia (ou noite). Foi intensamente praticada na era da hiperinflação (1985-1994).

Câmbio

É o preço da moeda de um país em função da moeda de outro país.

Ibovespa

Índice de performance da Bolsa de Valores de São Paulo.

FHC

Fernando Henrique Cardoso.

IPCA

Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Sua variação é considerada a taxa de inflação oficial do País. Reflete o custo de vida para as famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos, em nove Regiões Metropolitanas. As despesas que entram no seu cálculo são: moradia, alimentação e bebidas, saúde e higiene pessoal, artigos para casa, despesas pessoais, educação, comunicação, transporte e vestuário. Para maiores informações: .

CDB

Certificado de Depósito Bancário. Título emitido pelos bancos com o propósito de capitalização (“conseguir dinheiro para financiar suas atividades de crédito”) (Infomoney: ). Pode ser pré-fixado e pós-fixado.

Pré-fixado

Rendimento acertado na aquisição da aplicação financeira. Não muda, mesmo que haja alterações nas variáveis que condicionam a rentabilidade do mesmo.

Pós-fixado

O Rendimento obtido é aquele na data do resgate. Em função disso, pode-se obter menos ou mais, do que o dos pré-fixados, mas os riscos são maiores.

PIB

Produto Interno Bruto. É a soma dos valores de todos os bens e serviços produzidos num país durante um determinado período de tempo.

CETIP

Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados.

PIS

Programa de Integração Social.

COFINS

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

SUMÁRIO Nº

DESCRIÇÃO

PÁG.

1.

INTRODUÇÃO ............................................................................................................

2

2.

DESENVOLVIMENTO ..............................................................................................

7

2.1

Taxa Selic Meta: Definição ...........................................................................................

7

2.2

Como funciona a Taxa Selic Meta? ..............................................................................

8

2.3

Como a Taxa Selic é definida? .....................................................................................

11

2.4

A influência da SELIC sobre os investimentos .............................................................

12

2.4.1

Os Títulos Públicos ........................................................................................................

14

2.4.2

Caderneta de Poupança ..................................................................................................

16

2.4.3

C.D.I. .............................................................................................................................

18

2.4.4

A Selic e o Câmbio (Dólar Americano) ........................................................................

17

2.4.5

A Selic e a Bolsa de Valores (Ibovespa) .......................................................................

21

2.4.6

A Selic e a Inflação ........................................................................................................

23

2.5

Reverberações na Economia ..........................................................................................

25

2.5.1

Onde investir até o final de 2018 ?.................................................................................

27

3.

CONCLUSÃO ..............................................................................................................

34

4.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................

37

1.

Quadro 1 – SELIC Meta: Evolução Histórica – 20/06/1996 a 28/04/2010 ...................

5

2.

Quadro 2 – SELIC Meta: Evolução Histórica – 09/06/2010 a 28/06/2018 ...................

5

3.

Quadro 3 – MERCADO FINANCEIRO: Investimentos e a Selic ................................

27

4.

Quadro 4 – Comparador de Renda Fixa – XP Investimentos ........................................

31

1.

Tabela 1 – Comparação entre Título pré-fixado e pós-fixado .......................................

13

1.

Gráfico 1 – SELIC Meta: Distribuição de Frequências .................................................

6

2.

Gráfico 2 – Evolução da Taxa SELIC Meta ..................................................................

8

3.

Gráfico 3 – Evolução da Taxa SELIC Meta versus Taxa SELIC Over (CDI) ..............

11

4.

Gráfico 4 – Evolução da Taxa SELIC Meta versus Caderneta de Poupança ................

15

5.

Gráfico 5 – Evolução Caderneta de Poupança versus IPCA .........................................

16

6.

Gráfico 6 – Evolução Rentabilidade CDI (Selic Over) versus IPCA ............................

18

7.

Gráfico 7 – Evolução Taxa Selic e Câmbio (Anual) .....................................................

19

8.

Gráfico 8 – Evolução das cotações diárias do dólar americano – 2018 ........................

20

9.

Gráfico 9 – Evolução Taxa Selic Meta (Anual) e IBOVESPA (fechamento) ...............

22

10.

Gráfico 10 – Evolução do IBOVESPA (fechamento) versus IPCA ..............................

23

11.

Gráfico 11 – Evolução Taxa Selic Meta (Anual) e IPCA (Anual) ................................

25

12.

Gráfico 12 – Movimento Líquido de Aplicações no Tesouro Direto (Tesouro Selic) ..

32

2

INTRODUÇÃO

Muito se tem comentado na mídia falada e escrita sobre os efeitos dos níveis atuais da Taxa de Juros SELIC sobre o Mercado Financeiro do País. Não há um consenso geral, até porque o grau de risco depende da visão de cada investidor sobre o curto, o médio e o longo prazos. A partir da comparação das evoluções históricas das taxas mensais da SELIC e de outros produtos de investimentos financeiros, procuraremos realizar um diagnóstico sobre o curto e médio prazos, principalmente. O longo prazo pode afetar mais os investimentos econômicos (instalações de indústrias, comércio e empresas prestadoras de serviços), já que muitos investidores costumavam até recentemente utilizar a Selic ou a TJLP como parâmetros para o retorno sobre o investimento e a rentabilidade do patrimônio líquido, estabelecendo metas desses indicadores1. O número de investidores no mercado financeiro brasileiro é gigantesco, pois o mesmo é composto por pessoas físicas e jurídicas, nacionais e internacionais, que possuem aplicações financeiras em ações, na caderneta de poupança, em fundos de investimento (renda fixa, CDB), em títulos do Tesouro Nacional, e em dólares americanos. O grande problema está no fato de que esses investidores consideram a Taxa SELIC como uma espécie de taxa de juros básica da Economia. A queda acentuada e brusca deixou-os sem uma percepção mínima sobre o que fazer: manter suas aplicações onde estão, ou resgatá-las de alguns produtos, para investir mais em outros? Essa é a questão que direciona este Artigo. Nossa hipótese é que a maioria buscará essa segunda opção, através do que o mercado financeiro denomina swap. A palavra “Swap” significa (IPEA, Edição 14. 2005) “troca”.Nos ambientes financeiro e monetário, as chamadas operações de swaps significam trocas de contratos de aplicações financeiras, e, portanto, de risco e retorno entre os investidores. Os contratos de swaps possuem como objeto: moedas, commodities2 agrícolas, índices, indexadores e outros. Embora celebradas pela sua atualidade, pode-se encontrar grandes semelhanças com os antigos contratos a termo.

1

Neves, Silvério das; e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada e análise das demonstrações financeiras. São Paulo: Frase, 2007. Consultar pp. 383-396 e 441-444. 2 “Commodities são produtos que funcionam como matéria-prima, produzidos em escala e que podem ser estocados sem perda de qualidade, como petróleo, suco de laranja congelado, boi gordo, café, soja e ouro. Commodity vem do inglês e originalmente tem significado de mercadoria.Dessa forma seu preço é determinado pelo mercado mundial como uma consequência da oferta e demanda, e não pela empresa que a produz, uma vez que sua “marca” não importa tanto” (FORTUNA, 2008, p. 674).

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As transações contratuais são realizadas em balcão (spot), não sendo permitido transferir a outro investidor nem antecipar a data de vencimento. O contrato resultante serve para realizar operações de proteção (hedge) para empresas ou investidores que possuem ativos ou passivos variáveis. Em busca da percepção das alterações de comportamento desses investidores, e a realização maciça de contratos de swaps, é o que constitui nossa hipótese fundamental. METODOLOGIA: utilizaremos a pesquisa bibliográfica exploratória e explicativa, com coleta de dados em vários sites e artigos a respeito de produtos do mercado financeiro, e a utilização de ferramentas estatísticas de medidas de tendência central e de dispersão. O tema escolhido, além de atual e muito importante, serve ao propósito de reunir vários dados estatísticos em séries históricas, que auxiliarão em trabalhos futuros com temas semelhantes. Mas o que é a SELIC?A sigla significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia, (Site “O Economista”, 2009) “criado em 1979, pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos”. Constitui-se no depositário central dos títulos emitidos pelo

Banco Central e pelo Tesouro Nacional. O Banco Central do Brasil, a partir de 1996, utilizou-a para (Site: Evolução dos Dados Econômicos no Brasil): para determinar os juros dos empréstimos interbancários e servir como base para a fixação de rendimento de títulos públicos. [..] foi somente a partir de 1999, com a criação do Regime de Metas para a Inflação, que ela passou a ser utilizada nos moldes dos dias de hoje, como instrumento para seu controle [da inflação].

Os juros pagos num País, e o Brasil não é exceção, constituem um grande atrativo para capitais internacionais, e esse volume de recursos internacionais que para cá fluem, funcionam como instrumento importante para elevar as reservas cambiais do País, principalmente se estas são reduzidas e o País tem problemas de solvência em suas contas internacionais. A Taxa Selic valia 23,28% a.a. quando foi criada, mas chegou ao nível de 45% a.a., num longínquo março de 1999, quando a nossa economia passava por um momento difícil: tivemos que solicitar empréstimo junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional), e promover uma grande desvalorização cambial. “A partir do ano 2000, quando então parecia que ela pudesse vir a ser usada como um instrumento previsível de política monetária, isto não tem acontecido na Economia Brasileira.” (SITE: EVOLUÇÃO DOS DADOS ECONÔMICOS NO

BRASIL).Transformou-se, então, na taxa básica de juros da economia brasileira, sendo utilizada para as operações diárias de financiamentos com garantia de títulos públicos

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federais. Constitui-se, assim, num dos principais indicadores do mercado financeiro, razão pela qual é o nosso tema, neste Trabalho, ao servir como referência para toda a economia. Resumindo (Empiricus, 2018), “a Selic é a taxa básica de juros que o governo paga para aquele que empresta dinheiro para ele.” Os bancos privados brasileiros definem as taxas de juros de seus

empréstimos e financiamentos através dessa taxa básica. O Conselho de Política Monetária (COPOM), do Banco Central do Brasil, reúne-se a cada 45 dias para determinar a meta para a Taxa Selic, que pode variar para mais, ou para menos, na tentativa de estimular a economia brasileira, ou conter a taxa de inflação dentro das metas fixadas. A Selic subdivide-se em: Selic Meta e Selic Over. A Selic Meta (Ibid, 2018): É a apresentada nos noticiários e que representa a taxa básica da economia do país. Ela é discutida pelo Copom, que leva em consideração as perspectivas para a economia brasileira: inflação, taxa de juro externa, câmbio e outras variantes. Ela serve de referência para as demais taxas da economia. Normalmente, ela é a taxa mais baixa, porém isso não é uma regra.

A Selic Over (Ibid, 2018): [...] surge da necessidade do financiamento interbancário lastreado em títulos públicos.O governo precisa de dinheiro para investir no país, como em segurança, na saúde, construir estradas, escolas e hospitais. Esse dinheiro pode ser arrecadado através de impostos ou do Tesouro Nacional, com emissão de títulos públicos para obter recursos para o governo.Grande parte dos títulos do tesouro é comprada por bancos, que são obrigados a depositar uma parte de seus rendimentos em uma conta no Banco Central, a fim de controlar o excesso de dinheiro em circulação na economia e evitar o aumento impulsivo da inflação.É comum, devido ao grande número de operações bancárias realizadas diariamente, que os bancos fiquem com uma porcentagem maior ou menor, na conta do BC, no final do dia.Como eles são obrigados a respeitar esse valor, eles acabam fazendo empréstimos de curto prazo (geralmente de 24 horas) com outros bancos para cumprirem a lei.Sendo assim, a taxa de juros utilizada nesse empréstimo interbancário é a Selic Over.

A Taxa Selic Meta influencia diretamente os investimentos em aplicações financeiras, de forma diferente, de acordo com os produtos financeiros disponíveis. O conhecimento desse assunto pode ajudar milhares de investidores a aproveitar os cenários econômicos, buscando a realização de bons investimentos.Em investimentos de renda fixa, as taxas de juros são utilizadas como base para a remuneração das aplicações, o que as torna diretamente relacionadas com a Selic Meta. Já em investimentos de renda variável (ações, por exemplo) o link com a Selic ocorre através da influência da taxa básica de juros sobre a economia. Desde sua criação, na Reunião do COPOM em 26/06/1996, até a última, em 20/06/2018, foram 215 reuniões para deliberação da meta da Selic.

5

OsQuadros 1 e 2 a seguir mostram a evolução da Selic Meta, em % a.a.: QUADRO 1 – SELIC Meta: Evolução Histórica – 20/06/1996 a 28/04/2010 REUNIÃO Selic Meta 20/06/1996 1,90% 30/07/1996 1,90% 21/08/1996 1,88% 23/09/1996 1,82% 23/10/1996 1,78% 27/11/1996 1,74% 18/12/1996 1,70% 22/01/1997 1,66% 19/02/1997 1,62% 19/03/1997 1,58% 16/04/1997 1,58% 21/05/1997 1,58% 18/06/1997 1,58% 23/07/1997 1,58% 20/08/1997 1,58% 17/09/1997 1,58% 22/10/1997 1,00% 30/10/1997 3,05% 19/11/1997 2,90% 17/12/1997 38,00% 28/01/1998 34,50% 04/03/1998 28,00% 15/04/1998 23,25% 20/05/1998 21,75% 24/06/1998 21,00% 29/07/1998 19,75% 02/09/1998 19,00% 10/09/1998 19,00% 07/10/1998 19,00% 11/11/1998 19,00% 16/12/1998 29,00% 18/01/1999 25,00% 04/03/1999 45,00% 05/04/1999 42,00% 14/04/1999 39,50% 28/04/1999 34,00% 07/05/1999 32,00% 12/05/1999 29,50% 19/05/1999 27,00%

REUNIÃO Selic Meta 08/06/1999 23,50% 23/06/1999 22,00% 28/07/1999 21,00% 01/09/1999 19,50% 22/09/1999 19,00% 06/10/1999 19,00% 10/11/1999 19,00% 15/12/1999 19,00% 19/01/2000 19,00% 16/02/2000 19,00% 22/03/2000 19,00% 19/04/2000 18,50% 24/05/2000 18,50% 20/06/2000 17,50% 10/07/2000 17,00% 19/07/2000 16,50% 23/08/2000 16,50% 20/09/2000 16,50% 18/10/2000 16,50% 22/11/2000 16,50% 20/12/2000 15,75% 17/01/2001 15,25% 14/02/2001 15,25% 21/03/2001 15,75% 18/04/2001 16,25% 23/05/2001 16,75% 20/06/2001 18,25% 18/07/2001 19,00% 22/08/2001 19,00% 19/09/2001 19,00% 17/10/2001 19,00% 21/11/2001 19,00% 19/12/2001 19,00% 23/01/2002 19,00% 20/02/2002 18,75% 20/03/2002 18,50% 17/04/2002 18,50% 22/05/2002 18,50% 19/06/2002 18,50%

REUNIÃO Selic Meta 17/07/2002 18,00% 21/08/2002 18,00% 18/09/2002 18,00% 14/10/2002 21,00% 23/10/2002 21,00% 20/11/2002 22,00% 18/12/2002 25,00% 22/01/2003 25,50% 19/02/2003 26,50% 19/03/2003 26,50% 23/04/2003 26,50% 21/05/2003 26,50% 18/06/2003 26,00% 23/07/2003 24,50% 20/08/2003 22,00% 17/09/2003 20,00% 22/10/2003 19,00% 19/11/2003 17,50% 17/12/2003 16,50% 21/01/2004 16,50% 18/02/2004 16,50% 17/03/2004 16,25% 14/04/2004 16,00% 19/05/2004 16,00% 16/06/2004 16,00% 21/07/2004 16,00% 18/08/2004 16,00% 15/09/2004 16,25% 20/10/2004 16,75% 17/11/2004 17,25% 15/12/2004 17,75% 19/01/2005 18,25% 16/02/2005 18,75% 16/03/2005 19,25% 20/04/2005 19,50% 18/05/2005 19,75% 15/06/2005 19,75% 20/07/2005 19,75% 17/08/2005 19,75%

REUNIÃO Selic Meta 14/09/2005 19,50% 19/10/2005 19,00% 23/11/2005 18,50% 14/12/2005 18,00% 18/01/2006 17,25% 08/03/2006 16,50% 19/04/2006 15,75% 31/05/2006 15,25% 19/07/2006 14,75% 30/08/2006 14,25% 18/10/2006 13,75% 29/11/2006 13,25% 24/01/2007 13,00% 07/03/2007 12,75% 18/04/2007 12,50% 06/06/2007 12,00% 18/07/2007 11,50% 05/09/2007 11,25% 17/10/2007 11,25% 05/12/2007 11,25% 23/01/2008 11,25% 05/03/2008 11,25% 16/04/2008 11,75% 04/06/2008 12,25% 23/07/2008 13,00% 10/09/2008 13,75% 29/10/2008 13,75% 10/12/2008 13,75% 21/01/2009 12,75% 11/03/2009 11,25% 29/04/2009 10,25% 10/06/2009 9,25% 22/07/2009 8,75% 02/09/2009 8,75% 21/10/2009 8,75% 09/12/2009 8,75% 27/01/2010 8,75% 17/03/2010 8,75% 28/04/2010 9,50%

Fonte: Banco Central do Brasil – Sistema de Metas para a Inflação – Copom – Histórico das taxas de juros.

6

QUADRO 2 – SELIC Meta: Evolução Histórica – 09/06/2010 a 20/06/2018 REUNIÃO Selic Meta 09/06/2010 10,25% 21/07/2010 10,75% 01/09/2010 10,75% 20/10/2010 10,75% 08/12/2010 10,75% 19/01/2011 11,25% 02/03/2011 11,75% 20/04/2011 12,00% 08/06/2011 12,25% 20/07/2011 12,50% 31/08/2011 12,00% 19/10/2011 11,50% 30/11/2011 11,00% 18/01/2012 10,50% 07/03/2012 9,75% 18/04/2012 9,00% 30/05/2012 8,50%

REUNIÃO Selic Meta 11/07/2012 8,00% 29/08/2012 7,50% 10/10/2012 7,25% 28/11/2012 7,25% 16/01/2013 7,25% 06/03/2013 7,25% 17/04/2013 7,50% 29/05/2013 8,00% 10/07/2013 8,50% 28/08/2013 9,00% 09/10/2013 9,50% 27/11/2013 10,00% 15/01/2014 10,50% 26/02/2014 10,75% 02/04/2014 11,00% 28/05/2014 11,00%

REUNIÃO Selic Meta 16/07/2014 11,00% 03/09/2014 11,00% 29/10/2014 11,25% 03/12/2014 11,75% 21/01/2015 12,25% 04/03/2015 12,75% 29/04/2015 13,25% 03/06/2015 13,75% 29/07/2015 14,25% 02/09/2015 14,25% 21/10/2015 14,25% 25/11/2015 14,25% 20/01/2016 14,25% 02/03/2016 14,25% 27/04/2016 14,25% 08/06/2016 14,25% 20/07/2016 14,25%

REUNIÃO Selic Meta 31/08/2016 14,25% 19/10/2016 14,00% 30/11/2016 13,75% 11/01/2017 13,00% 22/02/2017 12,25% 12/04/2017 11,25% 31/05/2017 10,25% 26/07/2017 9,25% 06/09/2017 8,25% 25/10/2017 7,50% 06/12/2017 7,00% 07/02/2018 6,75% 21/03/2018 6,50% 16/05/2018 6,50% 20/06/2018 6,50% 01/08/2018 6,50%

Fonte: Banco Central do Brasil – Sistema de Metas para a Inflação – Copom – Histórico das taxas de juros.

Os dados apresentados na Tabela 1 serão utilizados ao longo do Desenvolvimento do Trabalho, assim como as evoluções anuais e mensais. Os valores referentes à série histórica completa, ou seja, de 1996 a 2018 para as medidas de tendência central (Hoffmann, 2006) são: . Média aritmética = ............................................................14,25% a.a.; . Mediana = .........................................................................14,25% a.a.; . Moda = .....................19,00% a.a. (foi utilizada 20 vezes desde 1996).

7

O Gráfico 1 a seguir apresenta a distribuição dos valores anuais divulgados mensalmente (ou a cada 45 dias) da Selic Meta, por intervalos de valores (frequências). GRÁFICO 1 – SELIC Meta: Distribuição de Frequências

80

73

70 57

60 50

41

40 30

24

19

20

7

10 0 1

2

3

4

5

6

Fonte: Elaborado pelo Autor a partir dos dados do Banco Central do Brasil.

Observação: Intervalos de frequências: 1

1% a. a.

7% a. a. .................

2

7,1% a. a.

11,00% a. a. ............

41

3

11,1% a. a.

16,50% a. a. ............

73

4

16,51% a.a.

21% a. a. ................

24

57

5

21,1% a.a.

30% a.a. ................

19

6

30,1% a.a.

50% a.a. ................

7

Vamos agora analisar a evolução do comportamento da Selic Meta em relação à Selic Over e aos produtos financeiros disponíveis para aplicações de capital.

8

DESENVOLVIMENTO

1. Taxa Selic Meta: Definição

Como vimos anteriormente, a Selic se reveste de taxa básica de juros da economia no Brasil, sendo utilizada no mercado interbancário para financiamento de operações diárias, que são lastreadas em títulos públicos federais. Constitui um sistema computadorizado que é utilizado pelo Governo, através do Banco Central do Brasil, para controle da emissão, compra e venda de títulos. A taxa Selic é o resultado do cálculo da taxa média ponderada dos juros transacionados pelas Instituições Financeiras. (FORTUNA, 2008, P. 128). A SELIC, hoje, está em 6,50% ao ano, mas está sujeita a sofrer variações constantemente.A verificação das modificações desses valores,podem ser visualizadas no site do Banco Central do Brasil3. O seu acompanhamento pode fazer grande diferença em seus investimentos. Uma lição que precisa ser compreendida é que mais do que se fixar na melhor rentabilidade, é necessário entender quais investimentos proporcionam retornos num determinado cenário. Como parte da transição de uma economia fechada e ineficiente para outra, iniciandose no mundo globalizado, com a preocupação do ressurgimento das “bolhas”4 que minaram os Planos de Estabilização anteriores, os Governos Itamar Franco e FHC (1995-1999)5 mantiveram uma Política Monetária restritiva, com a fixação dos juros básicos em níveis altos (acima de 15% a.a.). A partir do primeiro mandato do Governo do PT (2003-2006), a economia retoma níveis satisfatórios de desempenho e o Banco Central começa a fixar metas menores (abaixo dos 15% a.a.), a partir de meados de 2005, com a inflação sob controle. Recentemente, com o alto índice de desemprego e a inflação sob controle, o Banco Central “derrubou” abruptamente a meta para um dígito.

3

Site informado nas Referências Bibliográficas. Explosões de consumo, dada a queda abrupta na inflação, que acarretava em ganho real para as famílias. Mas o excesso de demanda, sem controle do Governo fazia com que as altas taxas de inflação retornassem. 5 Para maiores informações, consultar: Lacerda et al. Economia Brasileira. São Paulo: Saraiva, 2001. Páginas 213 a 216. 4

9

O Gráfico 2 a seguir mostra a evolução periódica da Taxa Selic Meta, de acordo com as decisões tomadas nas reuniões do Copom. GRÁFICO 2 – Evolução Taxa SELIC Meta

Fonte: Banco Central do Brasil: Sistema de Metas para a Inflação – Copom – Histórico das Taxas de Juros.

2. Como funciona a Taxa SelicMeta ?

A formação da taxa Selic se inicia através da necessidade de recursos adicionais, por parte do Governo, em suas três esferas (União, Estados e Municípios) para fazer frente a suas despesas correntes, estipuladas na Constituição Federal de 1988, pagar o serviço (juros) de dívidas passadas e presentes, e realizar investimentos. Isto quer dizer que para investir em infraestrutura, como estradas, hospitais, escolas, segurança e saúde, o Governo precisará de recursos financeiros, permitidos legalmente pela Constituição, na forma da arrecadação de tributos. Como sabemos já desde há muito tempo, a caótica e ineficiente Carga Tributária 6 existente no Brasil não é suficiente para equilibrar o Orçamento Geral, até por conta de inúmeros casos de desvios de verbas públicas e da apropriação de recursos tributários

6

Alta complexidade na interpretação do fato gerador, cálculo da base monetária, aplicação da alíquota, recolhimento do tributo, e verificação do mesmo. Carga Tributária acima dos 32% do PIB brasileiro. Estimula a sonegação (daí a ineficiência).Efeito cascata no regime do PIS e COFINS cumulativo (Simples Nacional e Lucro Presumido).Fonte: .

10

públicos como se particularmente o fossem, além de escândalos nas licitações de obras.Dessa forma, através do Tesouro Nacional, o Governo toma empréstimos junto ao setor privado, visando garantir o preenchimento destes rombos. A Secretaria do Tesouro Nacional emite, então, Títulos Públicos para a captação de recursos, em caráter de antecipação de receita de impostos e de complementação para suportar seus gastos correntes.A grande maioria dos Títulos Públicos emitidos pelo Tesouro Nacional é adquirida pelos maiores bancos do país.Não obstante, por lei, todo banco é obrigado a depositar uma porcentagem de seus depósitos em uma conta no Banco Central7. Esta medida é necessária para controlar o excesso de dinheiro em circulação na economia e evitar um aumento da inflação. É interessante observar o funcionamento de um instrumento de análise da Teoria Econômica, conhecido como Teoria Quantitativa da Moeda.Proposta pelos economistas clássicos: Irving Fisher (1867-1947), Alfred Marshall (1842-1924) e KnutWickell (1851-1926). Segundo ela: há uma relação direta entre o volume de moeda no sistema econômico e o lado real da economia, ou seja, há uma correspondência entre o total dos meios de pagamentos num sistema econômico e o valor global dos bens e serviços transacionados.

Algebricamente, é descrita como: 𝑀𝑉 = 𝑃𝑦 Onde: M= quantidade de moeda na economia; V = velocidade-renda da moeda, dada por PIB nominal /Meios de Pagamento; P = nível geral de preços; Y = nível de renda nacional real (PIB real, ou seja, bens e serviços) Conforme Montoro Filho e Troster (in: Vasconcellos et al., 2004, pp. 332-333), o lado esquerdo da equação (MV) é explicado pelo fato de que a quantidadede moeda na economia depende da velocidade com que circula. O lado direito da equação (Py) mostra que o valor do PIB nominal será igual à quantidade de bens e serviços finais (PIB real) produzidos vezes o preço dos bens e serviços finais transacionados no período.

Acontece que se a quantidade de moeda na economia atinge uma velocidade tão superior, a ponto de pressionara oferta de bens e serviços, cria-se uma pressão enorme sobre o

7

Chamam-se de Reservas Obrigatórias, constituídas por um percentual sobre volume de depósitos à vista e algumas aplicações financeiras, que chega a 70% no Brasil, contra 2% nos EUA e 4% na Inglaterra (Manual de Economia: Equipe de Professores da USP. Páginas 328-329. São Paulo: Saraiva, 2004.

11

nível geral de preços. Isto porque a curto, e às vezes até médios prazos, a resposta do aumento de produção para fazer frente ao aumento da demanda é lenta. Dessa forma, a equação só se mantém com o aumento no nível geral de preços, o P da equação. Esta é a razão pela qual o Banco Central exige reservas obrigatórias compulsórias, acima do necessário, para controlar melhor o P. As milhões de operações bancárias realizadas diariamente produzem um percentual, ao final do dia, maior ou menor em relação às que deveriam ter na conta do Banco Central. Devido à obrigatoriedade de respeitar as regras impostas, os bancos se veem obrigados a contrair empréstimos com outros bancos. Geralmente, esses empréstimos duram 24 (vinte e quatro) horas e tem os títulos públicos adquiridos do Banco Central dados em garantia. Essa dinâmica tem como resultado a taxa Selic Over: “taxa de juros praticada quando um banco empresta dinheiro para outro usando, como garantia, os títulos públicos comprados no Banco Central.” (TORORADAR, 2017).

Em contraposição, a taxa Selic Meta “[...] representa a taxa básica da economia no Brasil, pois serve como parâmetro para todas as outras praticadas no mercado. Ela tende a ser a menor taxa de juros que existe na economia.” (Ibid, 2017). Em resumo (Empiricus, 2018): “a Selic Meta é fixada pelo Banco Central do Brasil, [...] a Selic Over surge da necessidade do financiamento interbancário lastreado em títulos públicos”.O Gráfico 3 a seguir compara a evolução da Selic Meta com a

Selic Over. A Selic Over está representada pela variação anual da Taxa do CDI, que é a taxa de juros que os bancos cobram para empréstimos entre si.

12

GRÁFICO 3 – Evolução Taxa SELIC Meta versus Taxa SELIC Over (CDI)

Fonte: Banco Central do Brasil: Sistema de Metas para a Inflação – Copom – Histórico das Taxas de Juros, e MAG Consultoria (CDI).

É interessante observar como as taxas do CDI acompanham a trajetória da Selic Meta, em alguns momentos se igualando a ela (2014 a 2017). As taxas dos CDI’s apresentadas estão anualizadas, pois são fixadas diariamente8. Outro detalhe a se observar, elas constituem uma média, divulgada pela CETIP (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados).“A CETIP age efetuando a integração do mercado financeiro. É uma Companhia de Capital Aberto que oferece serviços de registros, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos”. (SANTOS, Infomoney, 2017.)

3. Como a Taxa Selic é definida?

Além de se constituir como um parâmetro para as demais taxas de juros da economia, as variações da Selic exercem grande influência nos setores da economia e nos produtos financeiros. O COPOM (Comitê de Política Monetária) criado em 1996 no Governo FHC constitui-se num meio transparente e confiável de decisão dos rumos da Taxa Selic. É este

8

Já dissemos anteriormente que a Taxa Selic Meta corresponde à meta anual de Juros que contribua para a meta anual de inflação. A Taxa Selic Over, cobradas pelos CDIs, são expressas em valores anuais, mas cobradas diariamente, pois as taxas dos CDIs são cobradas pelos empréstimos entre os Bancos, visando atingirem a meta das Reservas compulsórias junto ao Banco Central do Brasil. Só podemos comparar duas variáveis se elas estiverem expressas da mesma maneira.

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Comitê que a define, e que estabelece as regras da quantidade de dinheiro em circulação (o M da Teoria Quantitativa da Moeda). O número de reuniões anuais do Copom variou bastante no início, tendo se fixado em oito reuniões anuais a partir de 20069.

4. A influência da Selic sobre os investimentos

4.1 Títulos Públicos

O primeiro impacto acontece exatamente no título a ela indexado: no caso a LFT (Letras Financeiras do Tesouro) até 2015, também conhecida como Tesouro Selic. Neste investimento ocorre uma condição matemática de relação proporcionalmente direta, ou seja, se houver aumento na taxa Selic, a rentabilidade do título Tesouro Selic também aumentará, pois um está ligado diretamente ao outro. O título possui como rendimento a taxa Selic. O inverso também é verdadeiro. Então, primeira questão: como ficam os investidores em títulos públicos com a queda vertiginosa da Selic Meta nestes últimos meses? (vide Quadro 2). O Tesouro Selic é o único título público de rentabilidade pós-fixada10. Pode ser comprado por qualquer investidor, seja pessoa física ou jurídica (pois trata-se de um título da dívida pública interna). Essa transação ocorre por meio do Tesouro Direto. Conforme explicação do siteCarteirarica (23/07/2018), O Tesouro Selic ainda se caracteriza por um fluxo simples, ou seja, não paga cupom de juros. Você realiza apenas um investimento e recebe o valor de volta (corrigido pela taxa Selic) no vencimento ou quando vender de volta para o Tesouro Nacional. Claro que você pode realizar outros investimentos no Tesouro Direto, inclusive nesse mesmo título, mas será uma nova compra, aquele título do Tesouro Selic já comprado não remunera o investidor antes do resgate.

É preciso que se saiba que o “Tesouro Selic é uma aplicação pós-fixada, com marcação diária, ou seja, a taxa não é averiguada para o cálculo da rentabilidade no momento do resgate”. (ANBIMA, 2017). Sendo assim, e lembrando que a Taxa Selic que remunera o Tesouro Direto é a Selic Meta (% a.a.), precisamos convertê-la em taxas diárias. Para isso, utilizamos a seguinte fórmula (no Excel): [(1 + taxa)^(1/12) – 1]. Assim, “obtemos a taxa 9

O número de vezes em que o Copom se reúne reflete a necessidade para mais, ou para menos, de se redefinir a Política Monetária, o que é feito variando-se a Taxa Selic Meta, que influencia, também, a meta inflacionária definida. 10 Há duas modalidades de rentabilidade em todas as aplicações financeiras: pré-fixadas, na qual o investidor toma conhecimento de antemão de quanto será o seu ganho. Exemplo: Um CDB de 60 dias com 20% a.a. de retorno, ou a própria Caderneta de Poupança: 0,5% a.m. (com algumas alterações recentes). As pós-fixadas geralmente tem sua rentabilidade dada por mais de uma variação, ou uma parte fixa mais outra variável. Exemplo: Selic Over (CDI) + IPCA (inflação); ou Ibovespa + 30% do IPCA; ou IPCA t-1 + 60% da Selic.

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mensal equivalente. Como os títulos da dívida pública interna são expressos em 252 dias úteis, para chegarmos à taxa diária a fórmula, no Excel, passa a ser: [(1 + taxa)^(1/252) – 1]”. (ANBIMA, 2017). O valor encontrado será a rentabilidade diária, desde que se some 1 à taxa calculada e a multiplique pelo valor do dia imediatamente anterior. A importância desse conhecimento tem duas finalidades: a primeira, é que não há rentabilidade negativa. Se a Selic Meta se reduzir de 10%a.a. para 8% a.a., por exemplo, essa aplicação em títulos do Tesouro Direto não terá uma variação negativa; a rentabilidade apenas passará a crescer num ritmo mais lento, de 0,0378% a.d. para 0,0305% a.d. A segunda finalidade tem a ver com o “mito” de que os títulos pré-fixados são preferíveis aos pósfixados. Na verdade, o inverso é a melhor opção. Isto porque: TABELA 1 – Comparação entre Título pré-fixado e pós-fixado Títulos Pré-Fixados

Títulos Selic

Rentabilidade no vencimento conhecida no Rentabilidade do vencimento não conhecida ato da contratação.

no ato da contratação.

Rendimento intermediário não conhecido no Rendimento intermediário não conhecido no ato da contratação.

Possui

variações

ato da contratação, mas positivo.

negativas

vencimento).

(exceto

no Não possui variações negativas (exceto no 1º mês).

Possuem vários vencimentos, conforme os Poucas objetivos do investidor.

opções

de

vencimento

(comportamento semelhante).

Possuem liquidez diária (resgata-se quando Possuem liquidez diária (resgata-se quando quiser).

quiser).

Fonte: Carteirarica ().

É adequada a separação entre a quantia monetária que pode ser necessária a qualquer momento, para investir em Tesouro Selic, da quantia que se poupa visando o longo prazo, a

15

qual pode ser aplicada em outros Títulos públicos, como por exemplo, o Tesouro Ipca11. No momento atual, quem aplicou há mais de 4 meses num Título do Tesouro pré-fixado, provavelmente não se arrependeu. Para aplicar-se na Taxa Selic, não é o melhor momento. O Cenário futuro mais próximo está composto por: Selic anual (Meta) estagnada em 6,50% a.a. (praticamente igual ao rendimento da Caderneta de Poupança); mais variação nos índices de preços e seus efeitos macroeconômicos, e as eleições. Sugere-se um cenário de insegurança. Até este ponto, não é aconselhável aplicar na Taxa Selic. Um Título pré-fixado daria uma certeza maior de rentabilidade aceitável.

4.2 Caderneta de Poupança

O rendimento da Caderneta de Poupança também está vigorosamente atrelado ao valor da taxa Selic. Divide-se em duas situações: a) Se a taxa Selic estiver num patamar superior a 8,57% a.a., o rendimento das aplicações em caderneta de poupança consistirá em 0,5% a.m. mais a TR (taxa referencial), utilizada para definir o rendimento da caderneta de poupança, além dos juros pós-fixados de alguns contratos de empréstimos. b) Na segunda possibilidade, se ela for menor ou igual a 8,57% a.a., o rendimento da caderneta de poupança será fixado em 70% da taxa Selic vigente no período.

GRÁFICO 4 – Evolução Taxa SELIC Meta versus Caderneta de Poupança

11

Antigo NTN-B Principal que tem como característica principal para o investidor: há uma taxa de juros ofertada, que é somada ao IPCA entre a data da liquidação da compra e a da liquidação da venda (ou vencimento); possui, portanto, rendimento real. Possui um fluxo de pagamento simples, sem o pagamento periódico de juros; assim, é indicado na fase de acumulação de patrimônio.

16

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Banco Central do Brasil: Sistema de Metas para a Inflação – Copom – Histórico das Taxas de Juros (Selic), e do Portal Brasil Net.

Percebam no Gráfico acima, que em todo o período de vigor da sistemática de definição da Taxa Selic Meta, esta apresentou evolução (ou rentabilidade, se estivermos falando em aplicações em Título pós-fixado), o rendimento anual da Caderneta de Poupança esteve sempre em nível inferior, exceção feita agora em 2018, momento no qual praticamente se iguala à Selic. O curioso é que neste intervalo de tempo, a remuneração atual da Caderneta de Poupança é o menor da história, embora o volume de recursos captados até maio/18 atingiurecorde de R$ 2,4 milhões. O rendimento atual (maio/2018) estava em 4,55% a.a. + Taxa Referencial (TR)12. A TR é calculada da seguinte forma: 𝑇𝑅 = 100 𝑥 [ (1 + (𝑇𝐵𝐹 ÷ 𝑅) − 1] onde: TR = Taxa Referencial; TBF = Tarifa Básica Financeira, divulgada pelo Banco Central;

12

TR: Taxa de Referência. Surgiu como tentativa de controle da inflação durante o Plano Collor II. Constitui uma taxa de juros da economia, sendo divulgada em termos anuais, mensais e diários. Tem seu valor calculado pelo Banco Central a partir de pesquisa nos 30 maiores bancos do nosso Sistema Financeiro, analisando as taxas de juros dos CDB’s.

17

R = Redutor = (a + b) x TBF, onde a = valor fixo = 1,005 (valor definido na criação da TR); b = depende do valor da TBF e é divulgado pelo Banco Central; De qualquer forma, como a inflação medida pelo IPCA continua em níveis baixos, quem tem aplicações em caderneta de poupança e não quer migrar os recursos para outras aplicações financeiras disponíveis, não perderá dinheiro. No momento atual, o pior possível para o investidor é receber um rendimento de 4,55% a.a. (70% de 6,50% a.a.). O IPCA vem variando entre 0,09% e 1,26% a. m.. GRÁFICO 5 – Evolução Caderneta de Poupança versus IPCA

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Portal Brasil Net.

O Gráfico 5 corrobora o parágrafo anterior. Em 2018, mesmo em queda, o rendimento da Caderneta de Poupança é positivo, pois se encontra acima da inflação medida pelo IPCA. Apenas nas Crises Econômicas de 2001-2003 e 2014-2015 o IPCA ficou acima da Caderneta de Poupança.

4.3 CDI

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A sigla CDI significa Certificado de Depósitos Interbancários. Nesse tipo de investimento, a taxa Selic Over é quem atua decisivamente, pois é utilizada nos empréstimos realizados entre os Bancos, com títulos públicos em garantia. Geralmente, CDI e Selic são muito próximos. A questão é que os Bancos podem usar seus próprios títulos privados, ao invés dos títulos públicos. Os privados são lastreados na solidez própria de cada Banco. Estes títulos privados são denominados CDI. Obviamente, se os títulos utilizados forem os privados, as garantias dos empréstimos entre os Bancos será a taxa de juros do CDI. Tal qual no caso das cadernetas de poupança e nos títulos públicos, há uma relação direta e estreita entre a Selic e o CDI: ambos possuem praticamente os mesmos valores e suas variações são quase idênticas, com um grau de semelhança bastante forte. Sendo assim, se a Selic aumentar, o CDI aumenta também, e vice versa. Podemos estender essa conclusão para todos os investimentos de renda fixa baseados nos juros do CDI: eles rendem mais quando a Selic aumenta e, obviamente, rendem menos quando ela diminui. O mesmo vale para: . Os Certificados de Depósito Bancário (CDB); . As Letras de Crédito Imobiliário (LCI); . As Letras de Crédito do Agronegócio (LCA); . As Letras de Câmbio (LC). Apresentamos a evolução do CDI, portanto, da Selic Over e da Selic Meta, gráfico 3 Lembramos apenas que a Selic Over se constitui na taxa de juros cobrada entre os bancos para empréstimos de 24 horas.

As instituições financeiras disputam no mercado os recursos disponíveis para captação. Devido à volatilidade das taxas dos diferentes papéis em mercado, os recursos financeiros disponíveis estarão procurando as melhores aplicações, quer seja em CDB, LC ou LI. (PORTAL BRASIL NET).

O CDI foi criado em 1980 para agir como garantidor de distribuições de recursos demandados pelas instituições financeiras.Ainda, de acordo com o Portal Brasil, “os CDIs [...] são os títulos de emissão das instituições financeiras, [...] são idênticos [a um] CDB, mas sua negociação é restrita ao mercado interbancário. Sua função é [...] transferir recursos de uma instituição financeira para outra.” Em resumo, para que o sistema financeiro se torne mais fluído, quem

possui dinheiro sobrando empresta para quem não tem, cobrando uma taxa de juros, que é a Selic Over, ou, o que é o mesmo, os juros de um CDI.

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As operações de empréstimos de curtíssimo prazo, conhecidas como hot money são influenciadas pelas taxas do CDI(ou Selic Over). Normalmente, as taxas do hot money são formadas pelo custo do CDI acrescido de um spread13 mínimo e do PIS14. GRÁFICO 6 – Evolução Rentabilidade CDI (Selic Over) versus IPCA

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Portal Brasil Net.

A Taxa Selic Over, ou CDI, manteve-se acima do IPCA desde que a Taxa Selic Meta passou a ser utilizada como instrumento de política monetária pelo Banco Central. Influenciada pelas metas estabelecidas pelo Copom em suas reuniões, a Selic Over (CDI) vinha convergindo, a partir de 2015, para um patamar muito próximo do IPCA, o que vem acontecendo agora em 2018.

13

O spread bancário é a diferença entre os juros que ele recebe por empréstimos e financiamentos efetuados, e aqueles que ele paga aos investidores. Em 2016, de acordo com o Banco Central, o spread bancário foi composto de: 0,75% de custos administrativos, mais 39,95% ref. Inadimplência, mais 2,61% de Depósito compulsório mais encargos, mais 22,68% de impostos diretos e Lucro e outros, 34,02%. 14 Programa de Integração Social. É um tributo que o Governo cobra das empresas, independentemente do setor no qual atuam, sobre a Receita Bruta.

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4.4 A Selic e o Câmbio (Dólar Americano)

A comparação de rentabilidade com o dólar americano depende muito da data do investimento pré-fixado, assim como do pós-fixado lastreado na variação da cotação da moeda americana. Recentemente vimos uma “explosão” na cotação do dólar, apresentada nos Gráficos 7 e 8. GRÁFICO 7 – Evolução Taxa Selic e Câmbio (Anual)

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Banco Central do Brasil, siteeconomia.uol, Portal Brasil, MAG Consultoria.

O Gráfico 7 mostra a evolução de três indicadores: a Selic Meta (anual), a Selic Over (CDI), as variações anuais das cotações do dólar comercial venda, e a linha de tendência logarítmica deste último (pontilhada em azul). Até 2007, a Selic Over apresentava variação superior à Selic Meta, invertendo-se o comportamento delas a partir de 2008; a variação anual da cotação do dólar americano comercial para venda oscila abruptamente ao longo do período considerado. Sua tendência, suavizada logaritmicamente, aponta para uma estabilização de variação entre 9,50% a.a. e 10% a.a., para 2018. A variação do CDI está medida no Eixo Secundário (à direita, no Gráfico). Sempre que o Mercado Financeiro apresenta mudanças bruscas motivadas por variáveis exógenas, como a crise política, a mudança na política de juros nos EUA (redução) e as declarações infelizes do presidente americano, a primeira coisa

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que o investidor brasileiro pensa é: resgatar o máximo possível de suas aplicações financeiras não lastreadas em dólar, e comprar o máximo possível, ou migrar suas aplicações para aquelas lastreadas em dólar. Para ilustrarmos o nervosismo do Mercado quando o Copom passou a reduzir aceleradamente a Selic Meta (Anual), vejamos as cotações do dólar comercial, de Janeiro para cá: GRÁFICO 8 – Evolução das cotações diárias do dólar americano - 2018

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do site .

O Banco Central normalmente intervém no Mercado, comprando ou vendendo dólares, de acordo com a Política Econômica que esteja sendo praticada no momento. Em 2018, a cotação de venda do dólar americano comercial variou entre R$ 3,10 e R$ 3,90, chegando a ser cotado, ao longo de alguns pregões, a mais de R$ 4,00. Sua tendência linear aponta para um intervalo de valor, até o final de 2018, entre R$ 3,70 e R$ 3,90. Com a manutenção da Selic Meta em 6,50% a.a. até o final de 2018, uma pergunta interessante é: como ficará o dólar? A desvalorização cambial do Real gera receitas maiores para os exportadores, e inibe as importações. Entretanto, uma pressão cambial pode gerar elevações nos níveis de preços de alguns produtos em determinados setores produtivos. É o caso da agricultura, que tem seus preços passíveis de oscilações pelas condições climáticas. Quebras de safras podem obrigar o Governo a importar alimentos, como arroz e trigo; sem falar nas

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indústrias alimentícias que utilizam o trigo; não haverá escapatória: os preços dos pães e similares subirão. Por outro lado, se o Banco Central intervier de forma vigorosa reduzindo a desvalorização do real, poderá ocorrer aumento das importações e redução nas exportações. Mais uma vez, esses movimentos variam, de setor para setor, no sistema econômico. Análises similares a essa estão contidas em Lacerda et al. (2001, pp. 190-216), e Vasconcellos et al. (2004, pp. 425-457).

4.5 A Selic e a Bolsa de Valores (Ibovespa)

As aplicações em ações na Bolsa de Valores de São Paulo, assim como na Bolsa de Mercadorias e Futuros, variam de acordo com a situação apresentada pelas empresas de capital aberto, dentro do cenário macroeconômico vigente. Seu maior ou menor grau de volatilidade15 está atrelado aos resultados decorrentes da influência das variações na Selic sobre a economia, em especial, sobre as companhias de capital aberto.Vimos que a Taxa Selic Meta (Anual) é utilizada para controle da inflação; uma taxa de inflação baixa não implica, necessariamente, que a economia vá bem. Ainda estamos com uma taxa de desemprego elevadíssima16, e a baixa pressão sobre a maioria dos preços no sistema econômico pode vir da redução do consumo das famílias, muito mais do que da taxa de juros básica da economia. Obviamente, que as condições de política econômica, atualmente, continuam sinalizando incertezas: o Governo fala mais do que faz. As Reformas, tão necessárias e aguardadas (Trabalhista, Previdenciária, Tributária)as nada felizes intervenções presidenciais através de suas análises e comentários quase sempre inoportunos, e o desenrolar da Crise Política, podem causar elevações nos riscos de aplicações na Bolsa de Valores. De meados de 2010 para cá, o Ibovespa anual tem se colocado sistematicamente abaixo da Selic Meta. As exceções ficaram para o segundo semestre de 2015 até o final do primeiro semestre de 2017. Em 2018, até agora, estão empatados. Conforme a Consultoria Empiricus (2018),

[...] no caso das ações, a relação com a Selic se dá de forma indireta. Os papéis das empresas sofrem a influência da economia e das condições de mercado (que são afetadas pela Selic), porém não estão vinculados diretamente com a taxa de juros. Em teoria, a queda de juros favorece a alta dos papéis, uma vez que facilita o acesso Conceito da Química, que “importado” pela economia refere-se a ações que possuem alto grau de oscilação, em qualquer sentido. 16 Entre 12,9 e 13,2 milhões de brasileiros (Revista Veja; Basilio, P. e Augusto, T.; 31/07/2018). 15

23

a crédito para as empresas investirem em mão de obra e na produção, além de incentivar o consumo. Quando os juros estão mais altos, há uma queda das ações, uma vez que fica mais caro obter crédito e há uma redução dos resultados das empresas e da atividade econômica.

A linha de tendência logarítmica para a evolução do Ibovespa aponta para um nível muito próximo da Selic Meta. Entretanto, como a relação entre as duas é indireta, e os dados de 2018 foram obtidos até Julho, é cedo para afirmarmos com convicção o que sucederá com o Ibovespa, até o final do ano. Com relação ao IPCA, o Ibovespa ficou abaixo em 8 dos 23 anos analisados neste Trabalho. Dado que o IPCA é considerado como a inflação oficial, a evolução foi muito boa, chegando próximo ou acima de 100% em três ocasiões: 1999, 2003 e 2009. GRÁFICO 9 – Evolução Taxa Selic Meta (Anual) e IBOVESPA (fechamento)

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Banco Central do Brasil e do site.

24

GRÁFICO 10 – Evolução do IBOVESPA (fechamento)versus IPCA

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Portal Brasil Net e do site.

4.6 A Selic e a Inflação

Não podemos esquecer que, sendo a taxa básica de juros da economia, as variações na taxa Selic promovem variações no valor de parcelas de financiamento de bens móveis e imóveis. Assim sendo, a quantia monetária que os tomadores de empréstimos retirariam dos Bancos, e que circularia na economia, deixaria de existir:foi emprestado pelo Governo em troca do rendimento da Selic, considerando que o tomador não fará mais a compra, como resume a referência bibliográfica do siteInvesting. De forma geral, essa situação se repetiria n vezes com outras pessoas que também reduziriam seu consumo, aumentando a oferta de bens e serviços na economia. Para compensar, o comércio,visando manter o ritmo das vendas, deveria reduzir os preços dos produtos, recuando a taxa de inflação para os patamares próximos fixados pelo Governo, através do Sistema de Metas de Inflação do Banco Central do Brasil. Em resumo, sendo a taxa básica de juros da economia, altas na Taxa Selic tornam o crédito mais caro, o que, pela

25

Teoria Econômica, leva a uma redução no consumo, ceterisparibus17, contendo, assim, a inflação. Outra consequência do aumento da taxa Selic é ser um grande estimulador para a poupança, incentivando as pessoas a adiarem seu consumo para um momento futuro. Isso ocorre, também, “porque os investimentos de renda fixa se tornam mais atrativos, levando as pessoas a optarem por investir o dinheiro que recebem, ao invés de utilizarem-no para consumo imediato”.

(FORTUNA, 2008, p.478-479). Assim, ceterisparibus,“adiam ou postergam o consumo para o momento em que resgatarem suas aplicações financeiras. No curto prazo, a inflação diminui, porque o consumo geral diminui, provocando excesso de oferta de bens e serviços, e obrigando os preços a baixarem.” (Idem, 2008, p.478-479).

Podemos então resumir da seguinte forma (Fortuna, 2008): “o Governo aumenta a taxa Selic para combater diretamente trajetórias ascendentes dos índices de inflação; quando diminui a taxa Selic, ocorre uma correção dos preços de mercado, o que quase sempre leva a um aumento nos níveis gerais de preços (aumento da inflação)”, que é o preço que os Governos de modo geral, mundo a

fora, pagam para que haja crescimento econômico. No Gráfico 11 compararemos a evolução da Taxa Selic Anual e a do IPCA; será o teste de corroboração da própria existência da Selic Anual, pois o Copom define seu valor com o intuito de manter as metas inflacionárias cumpridas. Dessa forma, se a Taxa Selic Meta estiver muito baixa, é de se supor que o IPCA estará num nível alto. Percebe-se neste Gráfico o sucesso dessa “engenharia econômica”: a Taxa Selic Meta mantendo a inflação oficial em níveis baixos, com convergência entre Selic Meta e IPCA claramente visível a partir de 2016. Como taxa básica de juros da economia, a Selic Meta

é o principal instrumento, embora não seja o único significativo, de Política Monetária: quando aumenta, provoca redução do crédito pessoal; aumento dos juros para investidores em aplicações financeiras, e para empresas com projetos de implantação ou expansão; inibe a geração de empregos, portanto, de aumento do consumo das famílias; e eleva o custo do serviço da dívida pública interna. (VASCONCELLOS et al., 2004, pp. 326-333).

17

Expressão latina que significa: tudo o mais constante; ou seja, nada mais variando, neste caso, além da taxa Selic.

26

GRÁFICO 11 – Evolução Taxa Selic Meta (Anual) e IPCA (Anual)

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Banco Central do Brasil e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Ou seja, para se manter a inflação dentro das Metas traçadas, ocorre uma reverberação que atinge o custo (juros) dos Títulos Públicos emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional, em consonância com o Banco Central do Brasil. Quando decide reduzi-la, ocorre o contrário, ceterisparibus. No momento atual, de crises institucionais gerando insegurança nos investidores externos e internos, rebaixamento no creditrating18 das Agências Internacionais de Risco, crescimento econômico muito baixo e desemprego em níveis muito elevados, o Banco Central do Brasil decidiu manter a Selic Meta em 6,50% até o final do ano. Como atravessaremos os impactos na economia causados pelos processos eleitorais é algo muito importante a se considerar.

5. Reverberações na Economia

A Selic, como vimos, é usada para controlar a inflação.Normalmente, o Copom eleva os juros da economia quando a inflação está alta. Assim, torna-se mais dispendioso obter crédito, o que reduz o consumo e a elevação dos preços. O resultado desse movimento é a queda da inflação.

18

Notação de crédito. Em termos atuais, significa classificação de risco dos títulos públicos emitidos por cada país no mercado financeiro internacional. (SILVA, 2013, p. 66).

27

“Quando a inflação está sob controle, com baixa atividade econômica, é possível haver uma queda dos juros, facilitando investimentos por parte das empresas e aumentando os empregos e o consumo da população.” (EMPIRICUS, 2018). Dessa forma, a demanda agregada da economia

reagirá positivamente, provocando aumento nos níveis gerais de preços, o que significa a volta da inflação em níveis altos. Resumidamente: quanto maior o nível dos juros, menos dinheiro disponível para consumo e baixa nos níveis de preços, reduzindo a atividade econômica do país.Para estimular a atividade econômica do país, opera-se o inverso: o Banco Central reduz as taxas de juros, estimulando o consumo das famílias e os investimentos produtivos, elevando a inflação. A Selic exerce grande influência na vida das pessoas. Como taxa básica de juros da economia, funcionando como uma referência para a definição das outras taxas de juros no mercado, como financiamentos, empréstimos de capital de giro, cheque especial e rotativo do cartão de crédito. Ao contrário do que as pessoas costumam achar, a inflação não se constitui na única forma de produzir desequilíbrios financeiros. É a Selic, “enquanto taxa básica de juros da economia quem, em última instância, determina a conjuntura econômica do momento”. (IPEA,

2005). Assim, macroeconomicamente falando, a Selic é, mais ou menos influente para determinar: . O nível de importações, pois quanto maior a taxa de juros, maior é o interesse de investidores externos aportarem recursos produtivos no Brasil, aumentando a oferta de divisas estrangeiras (reservas internacionais do Banco Central), principalmente o dólar americano e, com isso, reduzindo seu preço em reais, tornando os produtos comprados no exterior mais baratos; logicamente, pode ocorrer o contrário, quando a taxa de juros aumenta. .Disponibilidade de crédito: “aumentos na Selic, tornam os bancos mais seletivos em suas políticas de concessão de créditos,pois terão custos mais altos para a captação de recursos”.

(EMPIRICUS, 2018). . Empréstimos: modalidade pré-definidos, “não ocorre alteração na taxa de juros contratada; entretanto, caso a Selic diminua, é possível uma renegociação de valores, ou exercer a “portabilidade da dívida”19 para outro banco, reduzindo os juros cobrados.” (EMPIRICUS, 2018).

. Empregos: um aumento na Selic produz alta dos preços dos produtos. A consequência é redução do consumo, que traz consigo, reduções nas vendas. Fecha-se o ciclo 19

É a transferência de um empréstimo ou financiamento de uma instituição financeira para outra, mediante solicitação escrita do cliente pessoa física, sem liberação de novos recursos.

28

vicioso construído a partir do movimento inicial de aumento da Selic com a demissão de funcionários, já que houve redução da demanda.

5.1 Onde investir até o final de 2018?

O Mercado Financeiro oferece, basicamente, dois tipos de investimentos: os de renda fixa e os de renda variável. O Quadro 1 abaixo, resume as características de cada um deles: QUADRO 3 – MERCADO FINANCEIRO: Investimentos e a Selic

RENDA FIXA

RENDA VARIÁVEL

. Diretamente afetados pelas alterações alterações na Selic; . Pré-fixados: na data do vencimento, o investidor recebe a remuneração contratada, independentemente das alterações na Selic; . Pós-fixados: estão atrelados à variação das taxas de juros, que sofrem o impacto das alterações na Taxa Selic. São: o Tesouro Selic, os CDBs, LCIs e LCAs. . Atrelados à inflação: a Selic constitui instrumento de controle da mesma; assim, afeta diretamente a remuneração do investidor.

. Relacionam-se com a Selic de forma indireta; . Normalmente os títulos (principalmente as ações) sofrem os "efeitos colaterais" das alterações da Selic e suas consequencias para as empresas de capital aberto e a economia como um todo; . Em tese, quando a Selic diminui, os investimentos em ações aumentam, pois a atividade econômica é estimulada; . Se a Selic aumenta, os efeitos são negativos, como desaceleração da atividade econômica e, portanto, menor atratividade da compra de ações.

Fonte: Elaborado pelo Autor a partir de informações colhidas na Consultoria Empiricus (2018).

Uma informação que nem todo mundo conhece, (Empiricus, 2018): é que podemos aplicar um determinado capital em renda fixa (recomendável, com taxa superior a 6,50% a.a.), e utilizar esse mesmo capital para alavancar seus rendimentos com outras opções, como investimentos na Bolsa de valores ou no Mercado Futuro. Isso porque o capital investido em alguns títulos, como o CDB, por exemplo, servem de margem de garantia para as suas operações.Utilizando essa estratégia, estará garantido um retorno da aplicação em renda fixa e, ainda, poderá potencializar o rendimento com as chamadas operações de Day Trade e Mercado Futuro. O Day Trade “é uma operação de curtíssimo prazo, com compra e venda de ativos no mesmo pregão, ou de venda e compra. ” (BLOG

29

RICO, 2018). Como qualquer investimento em renda variável possui um risco a ser assumido; dependendo do perfil do investidor o mesmo pode obter excelentes rentabilidades. Aufere-se rendimento através das oscilações rápidas nas variações de preços. Por exemplo: compra-se uma ação da empresa X às 10:00 h, por R$ 15,00, e venda às 16:00 h, por R$ 16,00. Esta operação de DayTrade proporcionou um rendimento de R$ 1,00 por ação. Essa operação é realizada por um daytrader e até pouco tempo, consistia em um profissional de corretora de ações, com ensino superior e muitos outros cursos. Com as operações ocorrendo online, pela Internet, pode ser processada por qualquer investidor acostumado com as operações da Bolsa de Valores. Até o final de 2016, o cenário que os investidores estavam inseridos continha: mudanças políticas, recessão econômica, e aumento da inflação. Os resultados de alguns investimentos em aplicações financeiras foram (nominais): . Bolsa de Valores: 38,93%; . Títulos Pré-fixados: 13,90%; . Poupança: 7,65%, Com uma inflação anual de 6,29%, o resumo para 2016: a caderneta de poupança apresentou o pior resultado dos últimos 10 (dez) anos, os Títulos Públicos no Tesouro Direto vinha batendo recordes positivos, mas foi a Bolsa de Valores que apresentou a maior rentabilidade. Segundo matéria do Portal UOL, seção Economia – Finanças Pessoais (11/05/2018), o rendimento do Título Tesouro Selic teve sua “rentabilidade diminuída à metade: de 14,25% a. a. para os 6,50% a. a.”. Curiosamente, em março de 2018, mais de 2 milhões de investidores aplicavam no Tesouro Selic, um recorde, até então; em contrapartida, houve recorde de saques por parte de quem já possuía aplicações neste Título: em março, o saldo entre aplicações e retiradas (saques) ficou negativo em R$ 100 milhões. Este fato corrobora o que apresentamos a respeito dos títulos pós-fixados. A recomendação de especialistas em análises de mercado é a migração dos recursos, ou parte deles, do Tesouro Selic e da Caderneta de Poupança, para aplicações mais rentáveis: CDBs, Fundos Multimercados e Fundos de Ações. Uma alternativa interessante é o CDB. O CDB de um banco médio paga 120% do CDI (que é a Taxa Selic Over), para o investidor que puder manter sua aplicação por três anos. O risco do CDB é muito baixo, contando com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, em caso de falência do banco emissor. Os Fundos Multimercados, assim chamados por constituírem aplicações diversificadas (ações, moedas e papéis de renda fixa), constituem-se em boa alternativa para quem não tem

30

muita intimidade com o mercado de capitais. No entanto, possuem riscos maiores, sendo afetado pelo “humor” do mercado (incertezas, nervosismo). Estas aplicações renderam 0,91% de janeiro a março/2018, e 10,06% em 12 meses20. Outros21, renderam 6,58% neste ano, e 17,25% em 12 meses. Entre janeiro e abril de 2018, R$ 40,2 bilhões foram aplicados neste tipo de Fundos, um aumento de quase 25% em relação ao mesmo período de 2017, segundo a Anbima. Se a intenção do Copom em manter a Selic meta em 6,50% a. a. até o final de 2018 era estimular o consumo, provavelmente obterá sucesso. Embora de forma ainda tímida, milhares de investidores estão resgatando seus recursos aplicados em títulos de renda fixa, como o Tesouro Selic, e indo às compras, com disponibilidade de pagamento à vista, portanto, obtendo vantagens na compra. Para ilustrar esta situação, embora com dados concretos apenas até março/2018, apresentamos o movimento líquido (aplicações menos resgates) do Tesouro Direto (emissor do Título Tesouro Selic): GRÁFICO 12 – Movimento Líquido de Aplicações no Tesouro Direto (Tesouro Selic)

Entradas/Saídas R$ milhões 1.000 500 0 Mai/17 Jun/17 Jul/17 Ago/17 Set/17 Out/17 Nov/17 Dez/17 Jan/18 Fev/18 Mar/18

(500) (1.000)

(1.500) (2.000)

Fonte: Elaboração do Autor a partir de dados do Artigo UOL Economia, 11/05/2018, por Téo Takar.

Em fevereiro de 2018, quando o Copom reduziu a Selic para 6,75% a. a., já ficava evidente a necessidade de buscar outras aplicações mais rentáveis. Para o investidor de perfil

20 21

Fundos do tipo “Capital Protegido”. Fundos “long and short direcional”.

31

conservador, o conselho dos especialistas fora de diversificação do portfólio, alocando recursos em fundos multimercados, CDBs de bancos médios, (os grandes bancos pagam 75% do CDI), ou fazer uma média de carteira no Tesouro Selic, direcionando recursos para o Título Tesouro IPCA+, que oferece rentabilidade acima da inflação. Claro, se a inflação mantiver o ritmo atual, com certeza este Título proporcionará retorno real. É consenso que o investidor conservador tenha que se arriscar mais para obter mais rentabilidade.22 Um produto, lançado não há muito tempo, se adequa aos perfis conservador/moderado: trata-se dos COEs (Certificados de Operações Estruturadas). “[...] é um produto interessante, porque possibilita ganhos maiores que a renda fixa e ainda, tem capital protegido”. (REGINATTO, Apud D’Ávila, Mariana. Infomoney, 08/02/2018).

Os COEs foram criados em 2013 e combinam a proteção oferecida pela renda fixa com a rentabilidade fornecida pelas aplicações de renda variável. O Comparador de Renda Fixa, em 17/08/2018, da XP Investimentos, mostrava o seguinte, para CDB x Caderneta de Poupança: QUADRO 4 – COMPARADOR DE RENDA FIXA XP INVESTIMENTOS

Banco

Liquidez

Vencto.

Rentabilidade

Pine

1.080 dias

31/07/2021

123% CDI

Indusval

1.080 dias

31/07/2021

Indusval

900 dias

Original

Rating

Agência

Aplicação

Rende mais que

de Rating

Mínima (R$)

a Poupança ?

BBB

N/I

5.000,00

49,36% mais

120,5% CDI

B

N/I

5.000,00

46,32% mais

01/02/2021

120% CDI

B

N/I

5.000,00

45,71% mais

900 dias

01/02/2021

119% CDI

BBB

N/I

1.000,00

44,50% mais

Fibra

1.880 dias

09/10/2023

119% CDI

BBB-

N/I

5.000,00

44,50% mais

Fibra

1.440 dias

26/07/2022

118,5% CDI

BBB-

N/I

5.000,00

43,89% mais

Fibra

1.080 dias

31/07/2021

118% CDI

BBB-

N/I

5.000,00

43,29% mais

Pine

720 dias

05/08/2020

121% CDI

BBB

N/I

5.000,00

42,61% mais

Pan

1.080 dias

31/07/2021

117% CDI

A

N/I

1.000,00

42,07% mais

Fibra

900 dias

01/02/2021

117% CDI

BBB-

N/I

5.000,00

42,07% mais

Indusval

720 dias

05/08/2020

119,5% CDI

B

N/I

5.000,00

40,84% mais

Original

720 dias

31/07/2021

119% CDI

BBB

N/I

1.000,00

40,25% mais

Fibra

720 dias

01/02/2021

117% CDI

BBB-

N/I

5.000,00

37,89% mais

Pan

720 dias

05/08/2020

114% CDI

A

N/I

1.000,00

34,36% mais

Original

360 dias

11/08/2019

111% CDI

BBB

N/I

1.000,00

26,86% mais

1.080 dias

31/07/2021

103% CDI

AAA

N/I

5.000,00

25,07% mais

GMAC 22

Tamara Hernandes e Júnior JandirReginatto. Arquivo Infomoney, 08/02/2018, por Mariana D’Ávila.

32

Haitong

720 dias

05/08/2020

106% CDI

AA+

N/I

5.000,00

24,93% mais

Modal

360 dias

11/08/2019

107% CDI

Baa2

N/I

5.000,00

22,29% mais

Rentabilidade

Rating

Banco

Liquidez

Vencto.

Agência

Aplicação

Rende mais que

de Rating

Mínima (R$)

a Poupança ?

GMAC

720 dias

05/08/2020

102% CDI

AAA

N/I

5.000,00

20,21% mais

Haitong

360 dias

11/08/2019

104,5% CDI

AA+

N/I

5.000,00

19,43% mais

GMAC

360 dias

11/08/2019

101% CDI

AAA

N/I

5.000,00

15,43% mais

Pine

180 dias

12/02/2019

104% CDI

BBB

N/I

5.000,00

15,14% mais

Pan

Diária

17/08/2018

99% CDI

A

N/I

1.000,00

9,61% mais

Stanley

Diária

17/08/2018

96% CDI

AAA

N/I

1.115,09

6,29% mais

CEF

Diária

17/08/2018

94,5% CDI

AAA

N/I

1.000.000,00

4,62% mais

Mizuho

Diária

17/08/2018

93,5% CDI

Aaa

N/I

5.000,00

3,52% mais

Fibra

1.880 dias

09/10/2023

13,00% a.a.

BBB-

N/I

5.000,00

-

BMG

1.880 dias

09/10/2023

12,92% a.a.

Baa3

N/I

5.000,00

-

Fibra

1.440 dias

26/07/2022

12,40% a.a.

BBB-

N/I

5.000,00

-

BMG

1.440 dias

26/07/2022

12,35% a.a.

Baa3

N/I

5.000,00

-

Indusval

1.080 dias

31/07/2021

12,00% a.a.

B

N/I

5.000,00

-

Original

1.080 dias

31/07/2021

12,00% a.a.

BBB

N/I

1.000,00

-

Pine

1.080 dias

31/07/2021

11,80% a.a.

BBB

N/I

5.000,00

-

Pan

1.080 dias

31/07/2021

11,60% a.a.

A

N/I

1.000,00

-

Indusval

900 dias

01/02/2021

11,35% a.a.

B

N/I

5.000,00

-

Original

900 dias

01/02/2021

11,30% a.a.

BBB

N/I

1.000,00

-

Indusval

720 dias

05/08/2020

10,70% a.a.

B

N/I

5.000,00

-

Original

720 dias

05/08/2020

10,60% a.a.

BBB

N/I

1.000,00

-

Pine

720 dias

05/08/2020

10,46% a.a.

BBB

N/I

5.000,00

-

BMG

1.880 dias

09/10/2023

IPCA+6,85%

Baa3

N/I

1.000,00

-

BMG

1.440 dias

26/07/2022

IPCA+6,70%

Baa3

N/I

1.000,00

-

Original

1.080 dias

31/07/2021

IPCA+6,70%

BBB

N/I

1.000,00

-

Fibra

1.080 dias

31/07/2021

IPCA+6,40%

BBB-

N/I

1.000,00

-

Pan

1.080 dias

31/07/2021

IPCA+6,40%

A

N/I

1.000,00

-

Morgan

Fonte: Infomoney – Comparador de Renda Fixa. Atualizado e Acessado em 17/08/2018. Disponível em: . Observação: N/I significa Não Informado.

A queda da Taxa Selic Meta para 6,75% a. a. em fevereiro/2018 tirou o investidor brasileiro da zona de conforto. Essa redução“esmagou a rentabilidade de boa parte dos ativos de renda fixa - que antes eram sinônimo de ganho fácil.” (ESTADÃO CONTEÚDO, 08/02/2018)

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O Tesouro Selic, os CDBs e os fundos DI com taxas de administração mais altas agora se igualam ou podem até perderrendimento para a caderneta de poupança, o que obrigará até o investidor mais conservador a reduzir sua aversão ao risco e se aventurar no campo das aplicações em renda variável. Um levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), concluiu que os fundos de renda fixa, com resgate entre seis meses a um ano, só ganham da poupança se a taxa de administração for menor que 1% ao ano. Acima de dois anos, os fundos só serão vantajosos se tiverem taxas de até 1,5% ao ano. A poupança, quem diria, agora sai na frente desses produtos financeiros, pois é isenta de Imposto de Renda (IR). Em matéria divulgada ainda em 2017, na ISTOE, Edição 2539 17/08, com conteúdo do Jornal O Estado de São Paulo, em 28/08/2017, a queda da Selic derrubou o retorno mágico de 1% a. m. das aplicações em renda fixa, alcançado quando a Selic estava em dois dígitos. No entanto, segundo os especialistas, dá para aumentar um pouco o risco da aplicação sem sair, necessariamente, da renda fixa. Além dos fundos multimercado já vistos, as debêntures podem ser alternativas interessantes; porém, na oferta de um retorno maior, podem ter riscos e custos um pouco maiores. Também não oferecem a segurança do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A renda fixa funciona como um empréstimo do investidor para um banco ou empresa. O risco nessa aplicação é de a instituição não entregar a rentabilidade prometida. Há outro risco: a liquidez, - pois o prazo de vencimento geralmente é mais longo em aplicações mais sofisticadas. Isto torna difícil para o investidor resgatar os recursos aplicados antes do seu vencimento sem perder dinheiro. Realizar o resgate antes do vencimento pode significar rendimentos maiores, desde que o investidor esteja disposto a correr riscos: resgata-se antes do prazo e aplica-se o valor em outros produtos. A Receita: Teoria Moderna do Portfólio. Trata-se de um modelo matemático apresentado pelo economista americano Harry Markowitz, no artigo Portfolio selection, publicado em 1952. Baseia-se na busca de um equilíbrio entre riscos e retornos. Dado um nível de risco, este modelo mostra a carteira de ativos otimizada que supera o risco, propiciando um retorno máximo, dentro das condições de riscos. Com a evolução tecnológica, tal modelo pode ser acessado pela internet. No Brasil, ainda são raros os investidores que possuem conhecimento suficiente para utilizá-lo, ou contratar um profissional do mercado financeiro apto a utilizá-lo. A importância desse modelo reside no fato de que, ao contrário do que normalmente se faz (monta-se uma carteira de investimentos com ativos de médio ou baixo retorno, para fugir de riscos maiores), realiza-se um “estudo do comportamento das classes

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de ativos (como ações do Ibovespa e títulos públicos vinculados à Selic), [que torna] possível determinar alocações equilibradas com a melhor relação entre cada nível de risco e retorno.”(BARALDI, Vérios Blog, 13/08/2015). Atinge-se essas alocações equilibradas

através de modelos de otimização sofisticados. Considerando o risco uma variável tão importante quanto o retorno desejado na construção de uma carteira de investimentos financeiros,(Idem, Vérios Blog, 2015) “a Teoria Moderna do Portfólio quantificou a ideia já disseminada no mundo dos investimentos: é preciso diversificar.” Sabemos que o dinheiro circula entre os mais variados mercados. Quando um ativo é vendido, ele normalmente dá lugar a outro. Uma única decisão tomada (Ibid, Vérios Blog, 2015) “afeta simultaneamente dois ativos, pelo menos. Portanto, não faz sentido analisar de forma isolada os movimentos de cada papel, e sim o seu conjunto.”

Vejamos um exemplo: no momento, muitas pessoas estão migrando seus investimentos de fundos de ações para fundos DI. Os fundos DI tornam-se muito disputados, enquanto os fundos de ações estão em situação contrária. Haverá um momento no qual o Mercado Financeiro não ofertará os fundos DI, seja porque o excesso de demanda reduziu seus retornos, ou aconteceu, concomitantemente, uma externalidade (situação fora desse Mercado, aumento de taxação sobre seus rendimentos, por exemplo). ATeoria Moderna do Portfólio mostra que é possível a mensuração matemática do tamanho das carteiras, e o equilíbrio ideal para distribuir os investimentos financeiros entre elas, considerando o benefício (expectativa de retorno) e também, o risco. A diversificação nos investimentos financeiros significa fazê-lo em ativos com riscos diferentes. Assim, o impacto de mudanças econômicas que venham a surgir no futuro, é absorvido de forma diferente por cada um deles. O comportamento da carteira como um todo é beneficiado pelo equilíbrio matemático dos ativos que a compõem.

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CONCLUSÃO

Ao longo do Trabalho, apresentamos a Taxa Selic em suas duas formas, a Selic Meta (anual) e a Selic Over (diária), esta última correspondendo aos juros cobrados pelos empréstimos interbancários (CDIs). Comparamos a evolução histórica da Selic Meta anual com as evoluções dos rendimentos anuais: . Da Selic Over; . Da Caderneta de Poupança; . Das ações na Bovespa, através do Ibovespa; . Das cotações do dólar americano comercial para venda, e Comparativo da evolução anual contra a do IPCA referentes à: . Taxa Selic Meta; . Taxa CDI; . Poupança. Quanto ao comportamento das variações cambiais (dólares americanos) e do Ibovespa, em relação ao IPCA, houve grande oscilação de ambos. A grande questão que todo analista de mercado tem que responder hoje é: onde devo investir em aplicações financeiras? Sabemos que a Taxa Selic Meta (Anual) ficará “congelada” no nível de 6,50% a.a. até o final de 2018. Com relação à inflação, medida pelo IPCA, o comportamento do índice Ibovespa apresentado até Julho/2018 coloca-o pouco acima do IPCA, 1,49 p.p.. De qualquer maneira, neste período, contra o IPCA, o Ibovespa apresentou rendimento baixo, mas real. Utilizada como referência para o cálculo das demais taxas de juros cobradas pelo mercado brasileiro (taxa básica de juros), a taxa Selic é a meta do governo para as operações de venda e recompra de seus títulos (empréstimos contraídos junto ao mercado, para financiamento de seus gastos correntes). É a menor taxa de juros do mercado. A Selic Meta funciona como limitadora da flutuação dos níveis gerais de preços (inflação). A taxa Selic realizada é aquela utilizada como referência para calcular seus rendimentos em aplicações com Títulos Públicos. A Selic Over, é a taxa de juros utilizada nos empréstimos interbancários, para que as metas de reservas compulsórias fixadas pelo Banco Central possam ser atingidas. É, em instância, a taxa de juros paga pelos CDIs. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é a inflação que cria desestabilizações na economia, promovendo o caos em alguns mercados; a instabilidade

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econômica e financeira do país é fruto da variação das taxas de juros, que por sua vez, são calculadas a partir da taxa básica (Selic), que comanda todo o mercado. Sendo utilizada como ferramenta de controle da inflação, atinge o sistema econômico, provocando alta inflação, que leva ao baixo consumo, baixo crédito, desemprego e queda ou estagnação das atividades econômicas. Quando o Copom resolve diminuí-la, o crédito e o consumo passam a reagir, assim como as atividades econômicas, e o desemprego diminui; porém, com uma grande possibilidade de aumento no nível geral de preços (inflação). Essas decisões do patamar da Selic a cada 45 dias podem facilitar ou dificultar a obtenção de empréstimos bancários, de investimentos produtivos e de crescimento econômico. Dessa forma, como investidor no mercado financeiro, é importante que se esteja sempre atento às decisões do Copom, para saber onde investir, em renda fixa ou variável, realizar swaps e renegociar dívidas bancárias. Mas a grande pergunta é: como a Selic Meta se manterá em 6,50% a.a. até o final de 2018, onde devemos investir? A questão é mais sutil. Praticamente, haverá ganhos reais em qualquer produto do mercado financeiro; esse não é o problema. O problema inicial é conciliar aplicações com prazos para resgate, e quanto se quer ganhar acima do Tesouro Selic e da Caderneta de Poupança. As aplicações de renda fixa parecem-nos mais vantajosas: nos dão a certeza do rendimento que obteremos na data de vencimento. Existem aplicações que podem render mais, porém, com um risco muito maior. Aplicar na Bolsa de Valores significa não precisar rapidamente resgatar a aplicação. É normal haver flutuações e, de fato, ainda não sabemos qual será o impacto sobre o Mercado Financeiro causado pelas Eleições Majoritárias em Outubro/2018 e seus antecedentes (o que se ouvirá dos candidatos durante a campanha eleitoral). Essa variável influenciará mais rapidamente o nível da taxa de câmbio do dólar comercial. Estando ele já num patamar muito elevado, próximo de R$ 4,00, é difícil imaginar uma ultrapassagem significativa deste valor. O que podemos ter certeza: . Aplicações pós-fixadas: o risco envolvido tem que ser, no mínimo, igual a 6,50% a.a; . Aplicações pré-fixadas: o retorno do investimento tem que ser maior que 6,50% a.a.; . Aquisição de ações: estudar o potencial de cada empresa através das diversas ferramentas do mercado escolhendo as mais adequadas, com um rendimento mínimo de 6,50% a.a.; . Aquisição de dólares: recomendada apenas no caso de formação de um portfólio, juntamente com outros produtos disponíveis (carteira de investimentos financeiros, por exemplo, aplicando 15% do total em dólares, 30% em Renda Fixa pós-fixada, 30% em Renda Fixa pré-fixada, e 25% em ações ou mercado futuro).

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Segundo sugestão, “a aplicação de recursos no Título Tesouro IPCA, que é um dos títulos públicos mais rentáveis historicamente (e estruturalmente), consideramos que seja obrigatório que o investidor use-o na formação de sua carteira de títulos públicos.” (CARTEIRARICA, 2018). A Selic Meta e a Caderneta de Poupança terão rendimentos iguais até o final do ano. A questão é em quanto ficará o IPCA. A Caderneta de Poupança deve ser vista com discernimento pelos investidores, pois costuma ter o menor rendimento. A maior parte dos CDBs pós-fixados e fundos DI com baixas taxas de administração tendem a render mais do que a poupança. Os bancos usam os recursos aplicados em caderneta de poupança, por isso não há taxas de manutenção. O banco lhe remunera por um valor baixíssimo enquanto onera os tomadores de empréstimos dos recursos disponíveis na poupança para financiamento imobiliário. Ainda, a liquidez é menor do que parece: se você resgatar antes de 30 dias, não recebe rendimento nenhum. Para finalizar, a louvada “segurança” não é total: o Fundo Garantidor de Créditos garante as aplicações até R$ 250 mil por CPF. Mesmo com tributação, vários outros produtos do Mercado Financeiro apresentam remunerações maiores do que a poupança: CDB, Tesouro Direto, Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)/Letra de Crédito Imobiliario (LCI), Letras de Câmbio (LC) e até Bolsa de Valores. Migrações de recursos da poupança, não a sua totalidade, para outras opções podem acarretar rendimentos significativos, principalmente se utilizados em vários produtos financeiros disponíveis (carteira ou portfólio diversificado). Muitos investidores provavelmente realizarãoswaps de recursos entre as opções disponíveis.

Os resultados já verificados confirmam a hipótese de swaps (trocas) entre as opções de aplicações financeiras existentes, e, simplesmente, de saques das aplicações menos rentáveis com a queda na Selic, para quitação de endividamentos. Outro aspecto das movimentações entre produtos financeiros (swaps) e resgates antecipados nascem do desânimo da rentabilidade futura após a queda da Selic Meta para 6,50% a. a., mas também da aplicação da Teoria Moderna do Portfólio, vista na Seção 5.1. Aplicações em investimentos financeiros, “baseadas na Teoria Moderna do Portfólio permitem que você invista em uma carteira matematicamente diversificada e equilibrada, calibrada tanto para cenários favoráveis quanto para cenários desfavoráveis da economia.” (BARALDI, Verios, 13/08/2015).

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