Magia Pagã Aula 26,ori

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Ori (cabeça), é um importante conceito metafisico espiritual para todos os grupos de magias e religiões. É representado materialmente pela cabeça e seus pensamentos, refere-se a uma intuição espiritual e destino.

Esta é a nossa divindade individual, a nossa individualidade, é o que somos e o que pensamos ser, constituído por nossos desejos, por nossas palavras, por nossos quereres, por nossas ações; Orí nos apoia incondicionalmente; se decidirmos morrer, ele diz: “estou contigo”; se decidimos nos acomodar, ele diz: “estou contigo”; se decidimos ocupar a posição de vítimas, ele diz: “somos vítimas”; se decidimos vencer, ele diz: “venceremos juntos”; se decidimos viver presos a situações passadas e desagregadoras, ele diz: “nós somos isso!” Orí é um balão inflável, se recebe ar puro e saudável, ele se expande de modo saudável; se não recebe ar; ele não se expande, mas vive “feliz” do mesmo modo; se recebe ar poluído, ele se expande com o ar sujo e poluído. Quem conduz Orí? Somos nós! As nossas escolhas o conduzem. Ele nos respeita. Orí requer culto, requer boas palavras e bons pensamentos, requer movimento, água limpa e ar puro, requer boas relações. Há guerras de Orí que também podem nos afetar. Ori também é um pouco um ímã. Se você se relaciona com pessoas doentes e tóxicas, Orí é afetado por elas e pode se acostumar com isso. São conexões, somos as nossas conexões – Ori também é feito de conexões.

Se você desperta dó e compaixão, Orí se sente confortável com estas emoções-energias que seu Orí atrai. Orí é nosso amigo incondicional e ele nunca é juiz, salvo se o fizermos por nós mesmos. O Orí do vencedor vencerá, o Orí do perdedor perderá, o Orí do doente adoecerá, o Orí do mentiroso mentirá, o Orí do briguento brigará.

Devemos ficar atentos para as nossas atitudes, palavras e pensamentos. Tudo o que pensamos, fazemos e falamos é armazenado em Orí e depois é difícil se livrar disso porque são alimentos. Orí recebe e respeita isso. Ele crê que seu “dono” ou “dona” sabe escolher bem os alimentos que, amanhã, poderão salvar a vida do Ará – corpo, no qual e do qual vive. Orí é um cofre – ele armazena tudo para que usemos quando precisarmos. A intuição é a voz de Orí, a voz do que foi armazenado em Orí.Só quando voltamos ao Orí Odô poderemos nos refazer, mas, mesmo assim, tudo isso estará conosco, todas a nossas escolhas nos acompanharão. Um dos principais alimentos de Orí é o caráter. Uma das forças mais poderosas para alimentar o bom ou o mau Orí. Precisamos estar atentos. Os Orís se relacionam; uma relação sexual, um namoro, uma amizade, uma relação de confiança; precisamos ser cautelosos porque não sabemos, de fato, como os Orís estão se relacionando e de que modo os Orís estão apoiando mentiras, ilusões e trocas negativas. Às vezes, você não está conscientemente brigando com alguém, mas os Orís estão e pode haver um Orí lutando contra você; seu próprio Orí pode também apoiá-lo em sua destruição; Os orís são indivíduos e há rituais diferentes para Orí, mas, metaforicamente, você pode alimentá-lo com a destreza da galinha de angola, com a suavidade de um pombo [com sua capacidade de flutuar] e com a capacidade de viver embaixo d’água de um peixe longevo e esperto; pode também alimentá-lo com a maleabilidade do inhame cozido, com a força e neutralidade deste alimento.

A impressão digital de Orí é a sua individualidade. Não há Orís idênticos e do mesmo tamanho. Não há cabeças iguais e com a mesma medida. Por isso, a medida, o formato e os traços de uma cabeça constituem impressão digital de Orí – seu Igbá. Você deve cuidar de seu Orí como cuida de seu corpo: com água limpa e cristalina, com boas palavras e bons pensamentos, com coragem, com autoestima, com boas ideias, com a aprendizagem de algo novo, com o movimento do corpo, com generosidade e bom caráter. Orí se importa igualmente com seu corpo. Ele está ligado ao “ará” – corpo. Ou seja, é claro que um banho de folhas, um ejé bem aproveitado, um xirê dançado, o abraço do pai de santo, sem dúvida, têm poder. Mas a manutenção das determinações de onde colocar o axé cabem às decisões pautadas pelo Orí, a nossa cabeça. Em paralelo à minha própria iniciação, tão recente quanto intensa, para uma Orixá tempestuosa por natureza, venho percorrendo caminhos de encontro ao que chamarei de minha cumieira – e hoje, apenas uma semana após começar as práticas d’ o curso das emoções, desperta em mim a faísca de que o equilíbrio se distancia de mim quanto mais defino a vida pautada pelas emoções, especialmente as minhas, tão quentes e rapidamente profundas.

Orí, no candomblé, costuma ser traduzido por ‘cabeça’. Mas essa é uma compreensão muito limitada, pois a noção yorubá de ser humano é complexa demais, sendo a mente ou a cabeça apenas mais um desses elementos que constituem o ser humano e está longe de ser o principal, também. Para nosso papo aqui, compreender Orí como ‘consciência espiritual’ do ser humano serve melhor aos nossos propósitos pois reúne os aspectos espiritual, psíquica, emocional, mental, estética, política e física que constituem o ser humano yorubá.

Certa vez, Ifá queria saber qual entre os orixás acompanharia seu filho até as mais distante das viagens. Pra isso, Ifá pediu que Orunmilá perguntasse isso a cada um dos orixás e todos respondiam inicialmente que acompanhariam seus filhos até as maiores distâncias do Aiê (vida) e do Órum se fosse necessário. Mas, quando Orunmilá perguntava logo em seguida se os orixás continuariam acompanhando seus filhos quando passassem pela cidade natal deles e fossem recebidos com festas, com suas comidas e bebidas prediletas, os orixás respondiam que, nesse caso, deixariam de acompanhar seus filhos para permanecer em suas respectivas cidades comendo, bebendo e festejando junto de seu povo. Após perguntar a todos os orixás e não obter a resposta desejada de nenhum orixá, Orunmilá indagou Ifá qual era aquele dentre os orixás que iria junto com seu filho onde quer que ele fosse, mesmo além do maior rio que divide o Aiê e o Órum. E a resposta de Ifá foi Orí, pois Orí é o único orixá que acompanha seu filho antes do nascimento, durante a vida e após sua morte.

Neste itan, quando o grande sábio Orunmilá indaga um a um qual dentre os orixás acompanharia seu filho e verifica que ninguém exceto Orí seria capaz disso, somos ensinados que ‘a consciência espiritual’ é a única divindade que estará conosco em qualquer circunstância da nossa existência. Ou seja, ninguém além de nós mesmos deve assumir as rédeas da nossa própria existência. E isso não é só fazendo as coisas por conta própria, mas também seguindo a própria consciência no que tiver que fazer, custe o que custar. Pois para o nosso corpo encruzilhada, o certo e o errado são simultâneos e o que vai dizer qual caminho seguir é o propósito da nossa ação. Sendo assim, mesmo que o mundo inteiro, dos vivos aos ancestrais, dos humanos e às divindades estiverem contra nós, se estivermos conectados com nossa consciência espiritual — se é isso que nos ordena o Orí — então não há nada a fazer se não atender a essa necessidade superior determinada pela nossa proposição de viver. Se, com nosso ato, gozaremos dos frutos e ou sofreremos pelos equívocos, é questão de agir e fazer para por a prova. Não sem cuidado, não sem atenção. Mas, por diversas vezes, somos confrontados com o mundo

ao realizar algo. E a certeza de que estamos realizando algo segundo a compreensão do nosso Orí é, talvez, o sul mais importante que deve nos referenciar nessa jornada. Há um outro itan sobre Ori que conta duma luta entre ele e os orixás. Uma mulher precisava fazer uma oferenda a Orí e andava pela estrada com quatro obis nas mãos. Xangô junto de outros orixás viu a mulher, perguntou por que ela não os saudava e ficou furioso quando ouviu que não eram reverenciados pois não eram reconhecido por ela. Daí que Xangô roubou dela os obis e os distribuiu entre os orixás. Nesse momento, Orí chegou perguntando quem tinha pego os obis da mulher e, quando soube que foi Xangô, começou a lutar com ele. Nessa luta, Orí arremessou Xangô para a cidade de Kossô. Em seguida, vieram os outros orixás para lutar com Orí, ao que ele foi mandando um a um para a sua cidade: Ocô para Irauô, Ifá para ado, Oiá para Irá, Egungum para Ojé, Xapanã para Egum, Legba para Iuorô e Oxalufã para Erim. Depois de três anos, cada um passou a ser cultuado nessas cidades e Orí foi celebrado por esses orixás por ter sido o responsável por isso.

Dentro dessa ideia de que Orí é o grande acompanhante da nossa viagem além dos mares até não voltar mais, esse itan nos mostra a relação da nossa consciência espiritual com o mundo. Pois, da mesma maneira que apenas a gente é responsável por fazer, por não fazer ou por fazer errado, da mesma maneira a gente é responsável pelo que fazem, pelo que não fazem ou fazem errado conosco. Se Orí tinha como propósito ser alimentado e algum orixá, mesmo o Grande Rei Xangô ou o Velho Orixá Oxalufã, tenham interceptado, é dever de Orí fazer com que o propósito se cumpra. Não é por acaso que mesmo o orixá da vontade ou o pai de todos os seres humanos não tenha

vencido Orí no combate que se travou. A situação do combate entre Orí e os outros orixás que culmina no culto que cada um receberá atribuindo isso a Orí nos faz entender um oriki sobre ele: Nada se faz sem a permissão de Orí. Por fim, há outro itan que nos conta que Orunmilá se livrou da Morte, da Doença, da Perda, da Paralisia e Fraqueza quando alimentou e fortaleceu seu Ori, fez borí. Para tal, Orunmilá ofereceu uma série de sacrifícios que alimentariam seu Orí, ao que ele aceitou e Orunmilá não era mais ameaçado pela Morte, pela Doença, pela Perda, pela Paralisia e pela Fraqueza.

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