Luz Que Vem Do Leste 4 (português)

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LUZ , quevemdo LESTE

VOLUME

L U Z , qu e v e m d o LESTTE MENSAGENS ESPECIAIS ROSACRUZES

Luz Q u e V e m d o Leste Mensagens Especiais Rosacruzes 4- Volume

1- Edigao em Lfngua Portuguesa 1987

COORDENACAO E SUPERVISAO Charles Vega Parucker, F.R.C. Grande Mestre

BIBLIOTECA ROSACRUZ

Todos os Direitos Reservados pela ORDEM ROSACRUZ - AMORC GRANDE LOJA DO BRASIL

Proibida a reprodugao em parte ou no todo

Com posto e impresso na Grande Lo ja do Brasil Rua Nicaragua, 2 6 2 0 - Bacacheri Caixa Postal 307 - Tel. (041) 256-6644 80001 —C u ritib a - Parand

LUZ QUE VEM DO LESTE

Quarto Volume

Mensagens Especiais Rosacruzes escritas por

Chris R. Warnken, F.R.C. Raymund Andrea, F.R.C. Raymond Bernard, F.R.C. Rodman R. Clayson, F.R.C. Jeanne Guesdon, F.R.C. Irving SoderlCind, F.R.C. Robert E. Daniels, F.R.C. Ruben A. Dalby, F.R.C. Allan M. Campbell, F.R.C.

MENSAGENS ESPECIAIS ROSACRUZES QUARTO VOLUME Indice FLORAgAO DA PASCOA ........................................................................ 9 A GRANDE P E R G U N T A ........................................................................ 13 AS PROVAS DO PROGRESSO ESPIR IT U A L .................................... 21 P A Z ...............................................................................................................29 O CRISTO M fS T IC O ................................................................................37 COMO CRIAN^AS .................................................................................. 47 SILENCIO: O Aprendizado Interior Pelo Poder do S ilencio.................. 53 ASSIM FALOU ZARATHUSTRA........................................................... 59 TEMPO IL IM IT A D O ................................................................................ 71 UM EPIS6DIO HER6ICO E SANGRENTO DA ESPIR ITU ALIDADE FRANCESA ............................................................................................... 93 IDEALISMO PRA TICO ...........................................................................I l l COMO CONCRETIZAR UM ID E A L ................................................... 125 NICHOLAS R O E R IC H ...........................................................................135 AMORC E TGCNICA IN IClA T IC A ...................................................... 145 INICIAg6ES ROSACRUZES................................................................ 153 O SIMBOLISMO DO ESPELHO........................................................... 163 UMA NOVA E R A .................................................................................. 171 A NOVA ERA - I ..................................................................................... 177 A NOVA ERA - I I .................................................................................. 185 O FUTURO P R 6 X IM O ...........................................................................193 d e t e r m in a c Ao .................................................................................. 203 IMAGENS E MlJSICA DE FARIAS...................................................... 209 T R A D igA O ............................................................................................... 213 AS INFLU&NCIAS INVISfVEIS DE NOSSOS ESTUDOS ROSACRUZES ........................................................................................225 EM TEMPOS D IFfC EIS...........................................................................233 ESPERANTO, A LfNGUA DO H O M EM ............................................ 241

MENSAGENS ESPECIAIS ROSACRUZES QUARTO VOLUME tNDICE FLORAgAO DA PAsCOA ........................................................................ 9 A GRANDE PER G U N T A ........................................................................ 13 AS PROVAS DO PROGRESSO ESPIR ITU A L.................................... 21 P A Z ...............................................................................................................29 O CRISTO M fS T IC O ................................................................................37 COMO CRIAN^AS .................................................................................. 47 SILfeNCIO: O Aprendizado Interior Pelo Poder do Sil£ncio.................. 53 ASSIM FALOU ZARATHUSTRA........................................................... 59 TEMPO IL IM IT A D O ................................................................................71 UM EPIS6DIO HER^ICO E SANGRENTO DA ESPIRmJALIDADE FRANCESA ............................................................................................... 93 IDEALISMO PRA TICO ...........................................................................I l l COMO CONCRETIZAR UM ID E A L ................................................... 125 NICHOLAS R O E R IC H ...........................................................................135 AMORC E TfiCNICA IN IClA T IC A ...................................................... 145 INICIACOES ROSACRUZES................................................................ 153 O SIMBOLISMO DO ESPELHO........................................................... 163 UMA NOVA E R A .................................................................................. 171 A NOVA ERA - 1 ..................................................................................... 177 A NOVA E R A - I I .................................................................................. 185 O FUTURO P R 6 X IM O ...........................................................................193 DETERM INACAO...................................................................................203 IMAGENS E MtJSICA DE FA RIA S..................................................... 209 TRADIQAO............................................................................................... 213 AS INFLUENCIAS INVISfVEIS DE NOSSOS ESTUDOS ROSACRUZES ........................................................................................225 EM TEMPOS D IFfC E IS...........................................................................233 ESPERANTO, A LINGUA DO H O M EM ............................................ 241

ELE veio. . . ELE ensin ou.. , ELE foi sacrificado.. .

Tepidez e agitagao de abril, com seus s6is tfrnidos, suas fortes chuvadas!.. . Abril, esperanga de um verao resplendente!(*) A natureza, sob seu c6u aparente, trabalhou no segredo invemal. E eis que os botoes se abrem, os rebentos perfuram a terra ressumante de umidade, as flores campestres estrelam os pastos e os bosques. Uma embriagante dogura flutua no ar. Neste mist^rio da surda atividade da materia, que alcanga, lentamente, seu desenvolvimento, reside o stmbolo do trabalho espiritual: laboriosa obscuridade do es forgo que parece vao e que, subitamente, irrompe em um jato de luz viva. £ a marcha r£pida e alegre na claridade, at6 a volta de novos balbucios e vacilagoes que nada mais sao do que falsas letargias espirituais, pois nossa consciencia divina jamais cessa de fazer germinar a boa semente de nossos (*) N. T. - Na Franga, onde o original deste trabalho fo i escrito, ABRIL 6 o m is da primavera, que termina em maio.

esforgos, k semelhanga da natureza que persegue, sem descanso, seu invisfvel trabalho hibernal. Mas a Pdscoa est£ af! P£scoa, que precede os tres dias de agonia do Cristo, no monte das Oliveiras, em um sofri­ mento espantoso que € a srntese das quedas e dos sofrimentos da humanidade! P£scoa, santa festa do coroamento da missao divina do Cristo, promessa renovada da Redengao dos homens! A Pdscoa 6 o botao de rosa brilhando no centro da cruz fincada, k espera da floragao espiritual, triunfante emblema das lutas sustentadas contra nossos erros.

A GRANDE PERGUNTA por

A GRANDE PERGUNTA A busca de respostas No momento em que estes pensamentos tomavam fo r­ ma no papel, tres seres humanos estavam fechados em uma cdpsula relativamente pequena rasgando o espago em sua caminhada para a Lua. De conformidade com a histdria documentada do homem, estes sao os primeiros seres hu­ manos a penetrar tao profundamente no espago exterior. Todo o mundo tem sua atengao neles focalizada, e roga por sucesso em sua corajosa aventura e por seu retom o em seguranga. De qualquer modo, admite-se agora que dentro de curto espago de tempo outros seres humanos farao a mesma viagem e pousarao na Lua para explord-la. SemeIhante faganha deixa-nos atemorizados e maravilhamo-nos com a grandiosidade do arrojado feito. Quando se considera os milagres da ciencia que o ho­ mem tem desenvolvido durante o dltimo s^culo (milagres que eliminam grande parte das conjeturas na exploragao) convencemo-nos de que os antigos navegadores que viajavam atrav^s de oceanos nao-cartografados em busca de novas terras e novas rotas, foram igualmente ousados e dedicados. Eles nao dispunham de r£dio ou televisao para

manter contato permanente com o seu porto de partida. Tinham, para orient^-los, os mesmos corpos estelares que hoje orientam os nossos modemos exploradores. Nao 6 possfvel deixar de cogitar por que? Por que seres humanos normais, sadios, se predispoem a arriscar a vida para invadir o desconhecido? Que faz com que eles se submetam aos incomodos e &s restrigoes da necessidade cientifica? Se os leitores fossem solicitados a fazer o mes­ mo sacriffcio, submetendo-se a essa viagem, responderiam sim ou nao? O coro irresistivel da maioria seria um retumbante NAO. E, nao obstante, a hist<5ria nos conta que tem sempre havido pessoas que estavam prontas e desejosas de rasgar o vdu do desconhecido. Diz a hist6ria que algu£m perguntou: “ Por que os homens escalam montanhas?” E a resposta foi: “Porque eles 15 estao!” Um Criador s£bio dotou o homem de insaci£vel curiosidade. Quando olhamos, ouvimos, cheiramos, degustamos, e tocamos em algo, estamos quase que infalivelmente nos entregando a indagagoes. Quanto mais letrados e cultos os homens, mais devotados sao a leitura; eles sentem necessi­ dade de conhecimento! Os ignorantes, de modo geral, prestam muita atengao ks pessoas instrufdas porque embora devam confiar em seus sentidos receptores, igualmente desejam obter conhecimento. Quem pode fazer tantas per­ guntas quanto uma crianga que desesperadamente deseja conhecimento? Na maioria das vezes, nosso desejo de conhecimento tem causa no conhecimento em si. 6 alguma coisa como cogar quando sentimos coceira. Determinado fenomeno nos fascina ou nos preocupa incessantemente at6 que pos-

samos nos satisfazer quanto ao porque, ao que, ou como de sua manifestagao. Algumas vezes, quando a indagagao persistentemente se relaciona com pessoas, podemos simpJesmente nos tom ar inquisitivos ou, mesmo, invejosos! Todavia, o impulso de buscar respostas &s indagagoes ou solugao de problemas 6 tao natural quanto o respirar. A BUSCA DiARIA

Analise as dltimas vinte e quatro horas e observe quanto desse tempo foi devotado, de qualquer modo, £ busca de respostas de alguma esp£cie. Logo ap<5s levantar-se voce se olhou em um espelho? Tomou um primeiro gole do cafe da manha? Apanhou o jom al da manha ou ligou o rddio? Ter3 observado o c6u da manha antes de sair para o trabalho? Todas essas agoes foram buscas inconscientes! Os templos e igrejas sao construidos porque as pessoas esperam descobrir o porque de muitos misMrios da existSncia, Visitamos museus para tomar conhecimento daquilo que outros estao fazendo ou que fizeram no passado. T o­ dos n6s frequentamos escolas de vdrios tipos porque elas sao mananciais de respostas hs nossas infindas indagagoes. A crianga confiante considera seus afetuosos pais como fonte de todo o conhecimento na qual as respostas a todas as indagagoes serao infalivelmente encontradas. Para os pais, isto se constitui em tremenda responsabilidade, mas tamb£m em uma expressao suprema de f6 absoluta. O ho­ mem deve igualmente confiar na perfeigao do C6smico. Tem-se afirmado que a finalidade de todo o conheci­ mento 6 conhecer Deus. Quando o homem contempla a perfeigao de Deus e as numerosas imperfeigoes de si mes-

mo, convence-se de que deve, para tal, haver explicagao. Inicia, portanto, sua etem a busca. A despeito de muitos conceitos sobre Deus, todos concordam em que Deus 6 maior do que o homem, e que o criador do homem 6 esse mesmo Deus. A id£ia de Deus encerra onipotencia, onisciencia e, para muitas pessoas, onipresenga. Alguns h i que concebem o seu Deus como possuidor de v£rias de suas prtfprias fraquezas humanas como a inveja, o citime, e a vinganga. Talvez devessem fazer muito mais indagagoes. A inveja 6 incompativel com a onipotencia. O ciume e a vin­ ganga sao incompatfveis com a onisciencia. Se Deus 6 onipresente, nao precisamos perguntar onde Ele est5, pois nao pode haver tempo ou espago em que Ele nao esteja. Nossa busca seria muito mais excitante se aprendessemos a simplificd-la pela simples busca de Deus em nosso coragao, no semblante de nosso semelhante, ou nas maravilhosas leis naturais que tom am possfvel aos se­ res humanos escaparem da gravidade da Terra e visitar a Lua. J i tentou o leitor procurar Deus na construgao de um favo de mel por uma colonia de abelhas? J i observou atentamente a florescencia e o desabrochar de uma flor? Se aquilo a que chamamos Deus nao 6 a pr6pria perfeigao 6, pelo menos, perfeito. A esse respeito, nao h i qualquer duvida em minha humilde mente. Sem indagagoes inflexfveis o homem jamais teria feito mesmo o progresso que reivindica; ainda seria um bruto ou talvez coisa pior. Muitas das restantes imperfeigoes nao sao fruto da ignorSncia e, sim, da sua irresolugao. Em seu fa­ vor, todavia, pode se dizer que ele continua tentando. Mais cedo ou mais tarde ele seriamente se perguntard por que

fracassa, pois est£ ciente de suas fraquezas e almeja o que para ele 6 melhor, consciente ou inconscientemente. Nao h i uma tinica pdgina da histtfria que nao seja o resultado das indagagoes do homem. O cientista tem se devotado principalmente k indagagao do que e do como. Temos uma grande divida para com os cientistas, pois, suas indagagoes e conclusoes tom aram possiveis muitas das nossas facilidades evoluciontfrias (e revoluciondrias) e bem assim o nosso progresso. Em nossa vida cotidiana dificilmente h3 algo que nao nos tenha sido proporcionado ou que para n6s nao tenha sido aperfeigoado pelo cientista inquiridor. Por outro lado, nossos fil6sofos tem sempre indagado por que, e considerado essa indagagao igualmente importante para todos. E possivel que eles tenham razao. A despeito das brilhantes conquistas da ciencia, ainda temos muitos problemas e preocupagoes. Talvez esteja prdxima a 6poca em que o homem compreender£ que as coisas nao constituem a felicidade e a paz; que as coisas em si mesmas nao sao metas, mas que bem poderiam ser meios para as metas. £ bem possivel que se todos n<5s continuarmos a indagar por que, cheguemos a compreender que sao as virtudes que devemos buscar. Elas sao muito mais acessfveis, se pelo menos isto tentarmos, pois estao dentro de n6s. Poderiamos, mesmo, ficar surpresos em verificar que com a intensificagao do amor, da compaixao, da solidariedade, e da tolerancia, talvez nao tenhamos de fazer tantas indagagoes. Talvez descubramos que as virtudes nos proporcionam

felicidade e paz bem maiores do que o poder das coisas que agora consideramos tao necess^rias. Por que nao fazermos a n6s mesmos a grande pergunta: POR QUE?

por

Durante o perfodo da guerra, quando nossa rota cotidiana era banhada pelo sangue derramado pelos homens, a id&a do sofrimento humano tom ou-se objeto de inumerdveis meditag5es. A humanidade sofria em comum a pro­ va fundamental da dor e das l£grimas. Uma pena imensa e sem precedente enchia o coragao dos homens, forgando o aparecimento de profundezas insuspeit£veis, de sentimentos, pensamentos e aspiragoes de qualidade e de poder at£ entao ignorados. O trabalho da dor levou a alma a uma visao mais exata, a uma vida mais intensa ou profunda, a experiencias absolutamente novas. O sofrimento, mensageiro do c6u junto a cada alma neste mundo, descobria um meio secreto de comunicagao com Deus. Nao € de roldao que reconhecemos o papel da dor e aceitamos a submissao a ela para que sua beneficencia se exerga em nossa vida. Para muitos, o temor da dor € mais forte do que o da morte. Tremem de medo, quando ela se aproxima. Nao tem a forga de se interrogar a esse respeito, de tentar penetrar nela e dai extrair a mensagem. Como um fantasma de pesadelo, ela perturba nossos sentidos, confunde nossas faculdades e entrega £s forgas da noite o

templo secreto de nossa alma. Em incalcul£vel numero de casos, o luto teve essa conseqiiencia. A perda de um ente querido tornava sem importancia qualquer outra dor da existencia terrena. Compreende-se o sofrimento a partir do momento em que ele 6 aceito. Se uma privagao ou uma separagao no piano ffsico se traduz pela posse de alguma outra coisa, no piano espiritual, 6 porque existe uma compensagao na p ro­ pria morte. Nossos olhares ffsicos perdem seu poder quan­ do se turvam pelas l£grimas, mas ao mesmo tempo, o amor nos ilumina no dominio do espirito. Todo o clarividente deu a certeza disso e este testemunho nos incita a dirigir nossos passos para os caminhos onde se progride e nao para os da esterilidade e do desespero. Podemos observar como o sofrimento se transforma atrav£s dos diversos pianos da existencia. Alguns nao conhecem a dor senao no piano ffsico e, portanto, sua acuidade aumenta & medida que dela toma consciencia nos pianos da inteligencia e da alma. Assim como as dificuldades da infancia nao sao as da adolescencia, nem estas as da idade adulta, acontece o mesmo com a dor em cada um dos tres pianos da consciencia humana. Experimentamos o sofri­ mento no piano ffsico pela quebra de uma ordem estabelecida no piano mental por uma ligeira apropriagao, e no pia­ no espiritual, pela compreensao do Cosmo. Esta nos poe em contato com o sofrimento coletivo da humanidade. O sofrimento entra, como elemento, em todo o verda­ deiro crescimento. A fase para a qual desejo, de imediato, estar atento, 6 a fase de transigao, quando a consciencia trabalha para se desembaragar ou se libertar do piano

puramente mental, para se exercer no nfvel da visao c6smica. E a passagem mais diffcil na evolugao da consciencia e neste momento, muitos estao se esforgando para isso. No campo do desenvolvimento mental, eles chegaram hs Ulti­ mas barreiras e, entretanto, permanecem insatisfeitos. O sofrimento esteve presente em cada um de seus passos: em cada novo avango, uma nova miragem de satisfagao plena e total levou o postulante a progredir. A maior das batalhas estci ainda por ser travada. As tensoes intelectuais que o homem sofre quando quer conquistar seu eu verdadeiro constituem as vias necessdrias para seu progresso. Elas o fazem mudar de aparencia, tanto a seus pr6prios olhos como aos dos ou­ tros. Cada nova ascensao tem uma via mais larga, elimina alguns obst£cu!os e o aproxima do fim. Em sua alma estao ocultos os verdadeiros poderes de seu ser. Este dep6sito sagrado e nascido simultaneamente com sua carne, deve, por uma meditagao atenciosa, chegar a sentir batendo, no fundo de si mesmo, as pulsagoes m£gicas, sopro divino puro como a criagao em sua hora primeira. 6 este eu supe­ rior que pode decuplicar seu poder humano. E € tamb£m porque, por diversas razoes, quando um desenvolvimento perfeito nao 6 autorizado, as dores do crescimento espi­ ritual sao intensificadas. Nenhuma alegria ultrapassaria a que decorre do esforgo para a revelagao do eu supremo. Cada um dos v£us que se deixa cair faz aparecer uma beleza mais intensa e mais atraente, de onde se irradiam, ainda, outras perspectivas de revelagoes gloriosas. A busca de todo ideal elevado concorda com a fase de transigao; ela faz a ligagao entre o mental e o espiritual. Nao 6 senao a partir do momento em que compreende, enfim, que somente o que 6 espiritual tem importancia, que o homem

pode tomar as medidas decisivas para alcangar o doimnio do espfrito. A vida do homem espiritualizado passa-se na sombra da Cruz. 6 de acordo com o que um homem sofreu, pela medida das provas que vivenciou, que pode ser definida a qualidade de sua alma. O corpo pode ser ainda jovem e, no entanto, a alma que nele mora pode ter tido prodigiosas experiencias. Diz-se que os poetas sentem o peso das al­ mas. Assim, o homem espiritualizado carrega em seu cora­ gao o sofrimento coletivo da humanidade. E isso um privi\6gio inestim£vel, o maior que a Terra pode oferecer. So­ mente os eleitos alcangam a consciencia disso. A multidao daqueles que experimentam em comum o sofrimento espera que lhes seja revelada a significagao deste sofrimento, durante a vida. E 6 o papel sagrado do mfstico fazer os que sofrem conhecer esta verdade divina, a de que todo o so­ frimento 6 uma bengao e que ele conduz, finalmente, & beatitude do espfrito. O mfstico € o aptfstolo do sofrimento. Ele sabe que a Cruz que se carrega d£ uma forga admirfvel. Ele 6 o paciente servidor de Deus. A dogura e a sabedoria sao as suas mais delicadas qualidades. Para ele, tudo estd, de ora em diante, confundido em uma paixao suprema pela santidade. Toda a consagragao perfeita e defmitiva ser£ conhecida apenas por ele. Ele passou por grandes tribulagoes, lavou a roupa de seu ser espiritual e a tornou alva pelo trabalho do Espfrito, em seu interior; e embora seu corpo e sua inteligencia realizem as fungoes que lhes cabem, no mundo dos homens, ele estarf espiritualmente liberto dos lagos e das dificuldades da existencia material.

Tal 6 o ideal do postulante ao mundo espiritual, o destino de toda a alma que sofre na grande comunidade huma­ na. As pessoas falam de conversao, como se por um sim­ ples cerimonial a alma pudesse entrar na paz de Deus. A verdade nao est£ ai. As vias espirituais sao semeadas de dificuldades. As experiencias mentais por que passa o aspirante rmstico, os diferentes patamares da consciencia que ele deve escalar, tudo isto submete a uma prova extrema suas forgas e sua capacidade de resistencia. Pode parecer, em alguns momentos, que a alma se encaminha para as tre­ vas do inferno, mais do que se eleva para a luz e a paz da vida em Cristo. A solidao em nosso caminho quase chega a ser de natureza a levar k Ioucura. Nenhuma voz fala k alma desorientada, que se ve sozinha no meio da multidao. E o terrfvel, silencioso e solitdrio trabalho da alma, s6 conhecido por aqueles que o experimentaram. Mas, enquanto a al­ ma progride no sentido dos mist&ios que “ residem nas avenidas sombrias onde cresce o amargor das coisas ocultas” , 6 um consolo lembrar que a( estd o caminho necessdrio ao crescimento espiritual, e que o sofrimento vem preparar-nos para nos elevarmos, na luz conquistada, k presenga do Altfssimo.

por

Raramente, na hist6ria da humanidade, a palavra paz tem sido tao empregada como em nossa £poca, e jamais, provavelmente, de maneira tao equfvoca. Em nossos dias, quando se fala em paz, 6, de fato, sempre com relagao a um estado de guerra, em alguma parte do mundo. Antes mes­ mo de procurarmos estabelecer entre os povos uma necesSciria compreensao, antes mesmo de tentarmos conciliar interesses que, por natureza, sao fundamentalmente divergentes, esforgamo-nos por impor uma solugao, um ponto de vista e a forga, freqiientemente, quer ter primazia sobre o direito. O canhao troa, o sangue corre - sobretudo o dos inocentes - e quanto mais a situagao piora, mais fortemente apelamos para a paz, esforgando-nos por justificar, por palavras, o conflito que os atos alimentam e expandem. Em outras palavras, acredita-se no estado de guerra, pois pretende-se aspirar a paz, e a palavra paz aparece, atualmente, como o pretexto da guerra. Natal! No perfodo do ano em que o ocidente comemora o nascimento do Prfncipe da Paz, como nao fazer uma comparagao entre o ideal aceito pela cristandade h i dois mil anos e a maneira pela qual esse ideal se manifesta na-

queles que se lhe declaram adeptos!? O que se passa no mundo 6 o resultado do pensamento dos povos, e os povos sao, a rigor, o reflexo dos individuos que os integram. Ora, 6 preciso reconhecer que nada, na educagao dispensada k juventude e, ulteriormente, nos relacionamentos sociais, contribui para criar uma harmonia interior essencial para uma sociedade realmente paciflca. H&, por£m, mais do que nunca, no ser humano, uma aspiragao determinada para os verdadeiros valores da existencia; os excessos da juventude atual, sua revolta, £s vezes violenta, contra os tabus do passado e, 6 bom que se diga, contra as atitudes hipocritas dos mais velhos, nao € senao um reflexo normal e talvez inconsciente, para romper a carga de uma educagao e de um comportamento antiquados. Nao houve evolugao concomitante dos costumes e da civilizagao. O mundo despertou no vig^simo s^culo ainda com seus h^bitos e suas concepgoes de antanho, e um abismo foi cavado entre uma ju ­ ventude que tomou consciencia de si pr6pria e as geragoes anteriores. Este abismo, naturalmente, se encher£, pois haverfi um freio para a excessiva mobilidade dos jovens e o imobilismo dos mais velhos, estupefatos com aquilo que criou sua pr6pria incapacidade de se ajustar, progressivamente, a condigoes incessantemente novas. Existe, na juventude atual, ao lado de suas mamfestagoes coletivas e ruidosas, uma tendencia, raramente igualada no passado, h introspecgao; uma an^lise cuidadosa permite constatar que esta introspecgao 6 muito mais s6Iida e v£lida do que foi at6 h i pouco. A geragao precedente se comprazia na esterilidade dos pensamentos heredit^rios, al&n dos quais ela nao ousava ir. Os jovens, talvez sem disso se aperceber e com impulsos aparentemente diferentes, estao, eles prdprios, na busca de questoes essenciais, e

nao se perturbam com os preconceitos paralizantes de outrora. Certamente, eles se julgam os defensores de alguma filosofia avangada mas, em realidade, constroem sua pr6pria filosofia e, se esta for encontrada, seri absolutamente nova e seguramente mais adaptada a uma 6poca que, em todo sentido, 6 muito diferente do passado. Ora, entre as inumeras conseqiiencias desta revolugao operada por uma juventude que, certamente, terd que se estabilizar, por assim dizer, com os resultados adquiridos, e desbastar o que era o fruto de excessos, embora necessdrios & “tomada de consciencia” dos velhos, existe, incontestavelmente, a aspiragao e, mais do que a aspiragao, o desejo, a vontade de paz. Sem duvida, as pessoas estao, agora, mais pr6ximas umas das outras gragas & rapidez de comunicagoes, mas assim mesmo nada teria mudado nas relagoes existentes se as concepgdes nao tivessem evolufdo sob a pressao de uma juventude que serd o mundo de amanha, e este mundo nao serd jamais o que jd foi. Nao € esta uma visao uttfpica dos fatos. Ut6pica, ao contr&rio, seria a id£ia de algum atrasado se comprazer na beata ilusao de que a juventude passa e que nada muda. Os anos que vivemos nao terao visto, simplesmente, o nascimento de uma filosofia nova. O porvir revelard, mais ainda, que elas terao sido capitais na histdria do mundo, pois a reforma teve lu­ gar a nfvel de coragoes. Neste mundo novo, onde se compreende com uma acuidade crescente que a massa e o preciso reflexo do indivf­ duo e que, verdadeiramente, em todos os sentidos o homem 6 por fora o que 6 por dentro, a paz aparece em sua verda­ deira significagao. Ela tem sido, em todos os tempos, um estado interior e individual. Com habilidade, muitas vezes,

alguns brincaram com este estado inato, para a realizagao de suas esperangas de conquista ou para a satisfagao de suas ambigoes sociais (ou outras), mas seu estandarte era uma miragem e o que chamavam paz, era um simples pretexto. Se, como tudo leva a crer, produziu-se uma revolugao no pensamento dos homens, nao h£ qualquer duvida de que o esforgo de cada um deve tender para a descoberta da paz em si mesmo; da paz que Aquele, cujo nascimento festejamos, disse que “ultrapassava toda compreensao” . O egofsmo 6, sem duvida, o obst^culo maior em uma tal des­ coberta, mas quantos sabem o que o egofsmo encobre, com limitagoes de toda espdcie! Quantos compreendem que a inveja, o ciume, a presungao, tomam formas multiplas e insidiosas! Quantos se recordam de que censuramos os ou­ tros pelos defeitos que, precisamente, estao em n6s mes­ mos! 6 um erro supor que se pode estabelecer a paz em si lutando contra o que se acredita um erro ou um defeito. A paz se encontra na calma interior, relativamente ao que constitui o mundo objetivo. Ela est3 no silencio do eu e nao na agitagao de uma mente entregue a si mesma. Ela nao se transmite, e aquele que quer reform ar os outros a partir destas concepgoes estreitas de um mundo que nao conhece, longe de trazer a paz aos outros, os acabrunhard com tormentos e remorsos que, em ultima andlise, refletirao sobre ele, cabendo-lhe uma responsabilidade mais ou menos gra­ ve. O mundo rejeita, com razao, os censores, mas acolhe qualquer um que Ihe mostre o caminho da paz. Isto 6 tal­ vez, uma das mais nobres caracterfsticas de uma organizagao mundial como a Ordem Rosacruz - AM ORC. Sem ter que modificar nada na formagao que dispensa e a maneira com que o fez durante d6cadas, em seu ciclo de atividade

atual, a Ordem Rosacruz - AM ORC indica sempre o alvo e conduz para ele. Ela nao constrange; suscita e desperta. Revela a existencia de uma senda na qual cada um pode avangar, a vontade, mais ou menos rapidamente, conforme suas possibilidades e as circunstancias que o cercam. Ela realiza sua obra com “impersonalidade” e “de Ionge” para aquele cujo passo dirige; este serf o Natal e a paz prometida aos homens de boa vontade - a paz profunda que o Rosacruz busca na mesa do Principe da Paz em uma ceia para a qual cada um, sem excegao, 6 convidado e dela participard, mais cedo ou mais tarde. Nesse tempo, quando a humanidade se redescobre na santa comemoragao do nas­ cimento de um Deus, possa ela, no mtimo de seu ser, fazer jorrar a fonte viva da paz que cont6m desde o comego, pois, tendo assim cumprido sua promessa, ela poder5, por sua vez, oferecer em um derradeiro sacriffcio, o ouro, a mirra e o incenso. O homem, entao, ter£ nascido.

O CRISTO MfSTICO por

O CRISTO MfSTICO

O verdadeiro misticismo nao impoe a menor doutrina religiosa, entretanto, dd, anualmente, uma grande import&ncia ao perfodo de Natal, quando a maior parte da huma­ nidade, quaisquer que sejam suas crengas religiosas, volta o pensamento para Cristo e seus ensinamentos. E uma 6poca durante a qual a consciencia dos homens se eleva para Aquele cujo aniverscuio 6 comemorado no dia de Natal. Se a consciencia pode ser definida como estado de espfrito que interpreta as impressoes recebidas pelos sentidos, € tamb£m e, principalmente, uma nogao de sua pr6pria existencia. O estudante mfstico d i muita importancia & “consciencia” . O pr6prio qualificativo de misticismo significa: ter uma realizagao consciente de Deus, inteligencia suprema, infinita, divino espirito que penetra e impregna todas as coisas do universo. Gragas ao funcionamento do espirito subjetivo, o EU interior de todo homem pode, hs vezes e em certas condi-

goes, procurar uma realizagao consciente de sua divindade e de sua uniao com Deus. O eu interior € a consciencia espiritual residente no cor­ po ffsico. £ o verdadeiro eu dos seres que n6s somos, e pelo qual a realizagao consciente deste eu interior dd acesso ao misticismo. A complexa organizagao do corpo humano sustenta e manifesta a consciencia, esta consciencia que implica co­ nhecimento de sua pr6pria existencia e percepgao da exis­ tencia dos objetos e de condigoes exteriores (ao eu). Em nossa consciencia crescem as raizes de ideais e de desejos muito elevados, ultrapassando os que j£ estao manifestados em n6s. A consciencia evolui e aspira, incessantemente, k elevagao, ao alcance de uma consciencia mais alta: a Consciencia C6smica, ou seja, a realizagao da uniao do espirito humano com o Espirito divino. Jesus aflrmou que esta realizagao consciente podia ser experimentada nao importa por quem, e permanecerd o exemplo perfeito da conquista da Harmonia infmita, do verdadeiro reino dos C£us. Jesus nao foi o unico, nem o primeiro homem a trazer tal conhecimento para a humamdade. Existiram inumeros Avatares na hist(5ria do mundo. Gragas h Bfblia, os ensinamentos espirituais expostos por Jesus estao muito mais divulgados que os dos outros grandes Avatares, freqiientemente mal compreendidos. Por isso, Jesus, o homem, foi venerado e idolatrado. A Blblia

nos fala da Iluminagao de Jesus, de sua consciencia c<5smica, infinita, e de poderes que ele possuia; alguns homens, todavia, recusam-se a reconhecer que outros, antes dele, tiveram a mesma realizagao consciente da Divindade. Entre os que tiveram essa realizagao, encontramos, entre outros, os nomes de Zoroastro, Buda, Maom£, Jacob Boehme, etc. Comparando com estes homens, Jesus estd em piano superior, pela acuidade intelectual, grande elevagao moral, por um grande compromisso e um sentido de imortalidade que caracterizam aquele que alcangou a Consciencia C6smica. Jesus fala de sua consciencia c6smica como do reino dos C6us, reino de Deus! “ Procurai o reino dos C£us e tudo o mais vos serf dado por acrfscim o.” “ . . .Vos. 6 dado conhecer os mist£rios do reino de Deus.” “O reino de Deus 6 como um grao de mostarda que o homem langou em seu campo. E a menor de todas as sementes, mas quando germina, tom a-se maior do que a relva e, depois, uma drvore em cujos ramos os pdssaros do c6u vem fazer seu ninho.” “O reino dos c£us 6 como um tesouro enterrado no campo, que um homem acha e esconde. Alegre, ele vende tudo o que tem e compra o campo.** “O reino dos c6us 6 como uma rede que foi langada no mar e traz toda a esp€cie de coisas.”

“Eu te darei as chaves do reino dos C6us e tudo o que ligares na terra serd ligado nos c£us, e tudo que desligares na terra ser£ desligado nos c£us.” Os Evangelhos citam tamb6m este epistfdio da vida de Jesus, bastante conhecido: “ Neste momento, vieram os discfpulos de Jesus dizendo: “qual de n6s 6 o maior no reino dos C£us?” Jesus chamou uma crianga e disse: “ Em verdade, se v6s nao fordes como esta crianga, nao vereis o reino dos C6us.” “6 mais f£cil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos C6us.” “O reino dos C6us vem sem ser visto. Que nao se diga: “ Ele estd aqui, ele est£ ali! O reino dos C6us est£ dentro de v6s.” “O reino dos C£us no interior de v6s” nao quer dizer que ele est£ no coragao, no plexo solar ou em qualquer outro 6rgao do corpo ffsico. Jesus estudou o misticismo nas escolas de Mist6rios de seu tempo, e tentou revelar a ver­ dade a seus ouvintes. Por estas palavras e por muitas outras atribufdas a Je­ sus, 6 plausfvel admitir que ele se referia & Consciencia c6smica, que s<5 advird ap6s s£ria preparagao. Consciencia c6smica significa conhecer a plena realizagao do C6smico, e tudo o que esta palavra subentende: Deus, a divindade, o universo. Costum a-se designar esta Consciencia c6smica pela expressao: Consciencia crfstica, pois esta expressao sinonima significa uma realizagao do Infinito e de tudo o que ele encerra: realizagao alcangada por Jesus.

f} por esta razao que os estudantes do misticismo falam de consciencia cristica, sem a associar exclusivamente a Je­ sus. Do mesmo modo, os ensinamentos mfsticos se ocupam desta consciencia cristica sem se referir, necessariamente, aos atuais ensinamentos cristaos que sao fundados, exclusi­ vamente, no que Jesus disse e fez. ELE NAO ERA SEU UNICO FILH O

E inegdvel que Jesus foi o maior demonstrador da cons­ ciencia cristica, o maior mestre, mas do ponto de vista mistico, 6 incorreto dizer-se que Jesus foi o unico filho de Deus. De fato, somos todos filhos de Deus, embora alguns homens e mulheres manifestem sua divindade em um grau mais ou menos elevado do que outros; 6 a consciencia crfs­ tica que faz de n6s vivas imagens de Deus. Somos uma expressao de Deus, mas esta expressao varia com nosso grau de desenvolvimento, pois nao existem dois indivfduos que manifestem exatamente o mesmo grau de desenvolvimento e de compreensao. O tinico objetivo da existencia humana 6 manifestar esta divindade. Se bem que esta manifestagao nao parega prevalecer entre as diversas ragas, 6 preciso admitir que no s6culo XX ela 6 maior do que o foi em qualquer outro momento da historia do homem. De mais a mais, homens e mulheres aproximam-se desta realizagao e, embora possamos falar em diferentes termos, € sempre a mesma coisa que se ouve. O ser humano, a drvore, a flor, a pedra, a montanha ou

o mar, tudo 6 uma manifestagao do trabalho de Deus. O universo inteiro 6 feito de suas manifestagoes. “Que maravilhosas obras sao as Tuas!” , clama o sal­ mis ta. A manifestagao divina estd em cada um de n6s e em to­ dos n6s. Tudo o que 6 divino pertence ao reino dos c£us, que 6 uma condigao existente tanto dentro de n<5s mesmos como no reino c6smico ao nosso redor. O reino de Deus ou o reino dos c6us encontra-se em nosso ser. Quando entendemos isto e lhe damos plena expressao, podemos dizer que fomos iluminados pela consciencia c6smica ou crfstica. Esta consciencia crfstica prevalece em todo ser humano e traz uma compreensao que nao somente inspira, como transcende todos os esforgos intelectuais para chegar ks mesmas verdades. A divindade crfstica e a consciencia crfstica nao foram criadas na £poca do nascimento de Jesus, ou no momento de seu batismo no Jordao, portanto, os homens desse tem­ po sabiam que depois de seu batismo, Jesus era a conscien­ cia divina descida k terra, sob forma humana. A consciencia crfstica nao est& confinada em Deus, co­ mo uma entidade. Ela pode ser alcangada e sentida ou experimentada por todo aquele que se purifica espiritualmente, que se prepara mentalmente e se eleva por suas sinceras aspiragoes. Quando o homem torna-se consciente de que 6 um segmento, uma emanagao da consciencia universal de Deus, seus pensamentos e suas agoes estao de acordo com esse saber.

£ objetivo do misticismo auxiliar os aspirantes &espiritualidade a adquirir esta realizagao do Infinito e que eles desejam. E todo ser humano 6 dotado de faculdades que lhe permitem alcangar tal realizagao. Muitas vezes, entretanto, nao 6 antes de experimentar a necessidade interior dessa realizagao que se empreendem esforgos para obte-lo. As primeiras condigoes necessdrias sao a humildade, um sentimento de simpatia e de afeigao por seu semelhante, o desejo de o ajudar e de lhe ser titil de qualquer maneira. Tais sao as coisas que ajudam a abrir o reino interior onde n6s “ todos somos um” . O egotismo, o egofsmo, o desejo de poder, devem ser govemados e afastados; o espfrito, purificado de toda tendencia negativa, de maneira que, como uma crianga, possamos nos aproximar da porta do reino. O CAMINHO

Jesus 6, talvez, o exemplo mais impressionante da hist<5ria de um mortal penetrado pela Divindade. Ele nos deu o exemplo de tudo aquilo a que devemos aspirar. Mas n6s nao podemos imitar Jesus; podemos, somente, ser n<5s mesmos, agir de acordo com nosso desenvolvimento pes­ soal de nossa compreensao, e viver seu ideal. Quando tivermos aprendido a agir assim, descobriremos que somos inspirados, elevados e talvez, mesmo, transportados at6 um novo piano de realizagao: o piano da consciencia crfstica. Jesus disse que ele era o Caminho e que, aquele que o seguisse faria coisas bem maiores do que ele. Jesus, como os outros, m ostrou-nos o caminho para chegar &conscien­ cia crfstica.

Deus 6 onipresente em toda manifestagao ou expressao. N<5s compreenderemos isso quando soubermos que nossa inspiragao 6 a de Deus, e que a divina inteligencia trabalhou atrav€s de n6s. Somos conscientemente impregnados de uma irradiagao divina e uma mudanga maravilhosa se produz em n6s; os trabalhos mais diffceis sao facilmente realizados e n6s somos conscientes de que a onipresenga de Deus transfigura cada fase de nossa vida, transformando a dor em alegria, a tristeza em luz e vida, porque Deus se ex­ prime atrav^s de n<5s. Karel Weinfurter escreveu um dia que a vida mistica 6 o desejo de perceber e de alcangar Deus no universo e em si mesmo, um desejo de penetrar o mist£rio do Ser, pois a Vida no reino interior conduz k consciencia cristica. O despertar interior, o influxo do poder mfstico, a com­ preensao e a harmonia com Deus vem calmamente, sem se fazer anunciar, e quando menos se espera. Entao, n6s vivemos k luz do reino de Deus. Parece, pois, que 6 muito natural para os homens, imagens vivas de Deus, manifestar sua divindade neste perfodo de Natal. Pouco importa nossa i€ religiosa. O que conta 6 a ma­ nifestagao da consciencia cristica, e tamb€m, que o espirito de Natal crie raizes no coragao de todo homem e de toda muiher e a tal ponto que sua divindade nao se manifeste somente no Natal, mas durante o ano inteiro, em cada ato e em cada pensamento.

COMO CRIAN^AS por

COMO CRIAN£AS

A medida que progredimos no estudo mfstico, damonos conta, cada vez mais, de que o acaso nao existe. Em todos os elementos de nossa vida, existe uma estreita relagao de causa e efeito e, se quisermos atentar para isso, verificaremos que esta relag ao se manifesta mesmo nos menores incidentes da existencia consciente. O ra, como tudo o que 6 exterior a n6s mesmos leva, em definitivo, ks percepgoes que n6s temos e k compreensao que disso resulta para todos n6s, 6 f£cil de se concluir que nossa experiencia do mundo exterior 6 puramente subjetiva. Somos, pois, os criadores de nosso pr6prio meio e nele somos atuantes, o que quer dizer que o homem pode ser, se verdadeiramente o desejar, dono de sua pr6pria vida ao inv£s de ficar submisso a circunstancias das quais, afinal de contas, ele 6 o prtfprio autor. £ , por consequencia, para uma verdadeira reabilitagao dele mesmo que o mlstico trabalha, atrav^s de um m£todo que visa a redobrar, em todos os domfnios, a primazia do ser interior e a plena atividade de seus poderes do pensamento, por uma participagao mais absoluta no pia­ no da criagao. Uma tal reabilitagao nao se d£ sem um certo abandono k vontade c6smica. Digo um “ certo” abandono, para acentuar que nao seria questao de considerar a inteli-

gencia divina como “deus ex-machina” encarregada de resolver todos os problemas da existencia, mesmo os mais insignificantes. Cada um de n<5s deve saber assumir suas responsabilidades em relagao aos efeitos dos quais 6 a causa, e isto ser£, verdadeiramente, prova de indolencia e da incapacidade, langar sobre o C<5smico o que foi, desde a origem, colocado sob o imp^rio do homem. Nada h£, nos poderes c6smicos para reparar os erros cometidos. Certamente, o unico fato de ter escolhido o caminho da evolugao e de o seguir oferece os meios novos e eficazes para restabelecer a harmonia ao redor e em tudo o que nos toca, pois, trabalhando sobre si mesmo, o homem opera, ao mesmo tempo, sobre seu meio que estd sob a inteira dependencia de seus pensamentos. C hegari o momento, por certo, em que o abandono a vontade c6smica ser£ total e esse abandono nao constitui uma falencia da personalidade. Ele restitui a cada um seu pleno valor de criatura divina, e o adepto, em seu ser inte­ rior, tom a-se, entao, o intermedicirio do Ctfsmico, uma esp£cie de transform ador da id£ia universal com uma freqiiencia vibrat<5ria ativa no piano do criador e, de todo mo­ do, uma c£luia, entre outras, do desdobramento da incessante criagao. Tal 6 o mais alto degrau do “ adeptado” , o de R osa+ Cruz, onde 6 alcangada a transferencia do pensa­ mento m otor do manifestado para a fonte e onde a renuncia nao € uma capitulagao do humano, mas uma expressao din^mica do movimento divino para seu fim ultimo. O mfstico deve aprender a deixar-se guiar pela mao dirigente. fi a primeira etapa. Mais tarde, se-lo-5, por um dedo desta mao. Mas 6 preciso, para isso, fazer suas provas

e assegurar sua confianga. Existe um estado interior mais reconfortante do que o de se abandonar a mao dirigente e de se ter, assim, a certeza de que a diregao tomada 6 boa? Veja a crianga que, na rua, segura a mao do pai; examine seu rosto confiante e feliz. Pode ser, em certos momentos, que ela se surpreenda por algum acontecimento ou algum incidente novo. Que fard, entao? Seguramente, nao Iargard a mao de seu pai. Pelo contrdrio, ela a apertard com mais forga para sentir melhor sua tranqiiilizante presenga. Faga, pois, como a crianga, nao ignore a mao que segura a sua. Se a necessidade se faz sentir, muito especialmente, aperte um pouco mais esta mao dirigente e deixe-se conduzir, pois ela o levard para um abrigo de paz. Esquega os detalhes para restaurar a verdade; nao partir em busca de poderes passageiros que desaparecerao com o p<5 do ser ffsico; mas, pelo contrdrio, “buscar acima de tudo o reino de Deus” , e compreender os verdadeiros poderes, dados por acr£scimo; querer sempre encarar um outro mais humano que o mais humano, parecer nada mais do que um homem, aos olhos do mundo, e nada menos, como um mfs­ tico, diante de Deus; eis o caminho que deve seguir e a atitude que 6 necessirio adotar. £ assim que se prova a boa vontade, e que se merece a paz prometida aos homens, esta paz que o tempo de Natal, anualmente, lembra k humanidade, que ela 6 de um reino “mais pr6ximo de n6s do que nossas maos e nossos p£s” .

SILENCIO: O Aprendizado Interior Pelo Poder do Silencio por Jeanne Guesdon, F.R.C.

SILENCIO: O Aprendizado Interior Pelo Poder do Silencio

Antes de iniciar um ne6fito nos mist£rios de seus ensi­ namentos, o fil6sofo Pit^goras submetia o candidato a uma s£rie de testes destinados a fortalecer seu carfter e que permitiam a PitSgoras julgd-lo. Assim, o novigo entre os s£bios de Crotona a tudo ouvia mas jamais fazia perguntas. Por meses sem fim era ele submetido h disciplina do silen­ cio de modo que, quando finalmente lhe permitissem falar outra vez, s6 o fizesse com circunspecgao e reverencia. Ele tinha aprendido, pela experiencia pessoal, que o silencio 6 quase um poder divino - a mae de todas as virtudes. Por que € que n6s nao seguimos os sdbios preceitos de Pitdgoras? O maior problema no mundo de hoje 6 a falta de silencio. A sociedade moderna nao apenas est£ literalmente envenenada pelo tumulto de m&quinas (inclusive as que falam), mas tamb£m —e especialmente — est3 saturada com palavras barulhentas e vazias. Importa hoje quem fale mais alto, quem apresente melhores argumentos, quem conte sua versao dos acontecimentos com os mais insignificantes de­ talhes.

Como estava certo Kierkegaard, o grande pensador escandinavo, ao escrever: “ O mundo em seu estado atual estd doente! Se para tan to eu fosse um medico e me pedissem conselho, recomendaria: “F icaem silencio!” O verdadeiro Rosacruz pode ser reconhecido por sua temperanga oral, entre outras virtudes. 6 comedido no falar, e suas palavras sao ricas em significado. Ele poe em prdtica o conselho de um mestre Sufi: “Se a palavra que voce vai falar nao 6 mais bela que o silencio, entao nao a diga!” Quando buscamos a Iniciagao, devemos guardar silencio nao apenas para com os outros mas tamb^m para conosco mesmos. Compreendamos isto melhor. £ no silencio que o C6smico, o Ser Divino, tom a-se manifesto & nossa cons­ ciencia. Para que ougamos a orientagao divina, para termos lampejos de intuigao, devemos aprender a silenciar a voz subjetiva do nosso pensamento. A Bfblia ensina isto, simbolicamente, no primeiro Livro dos Reis (Cap. 19, versfculos 11 e 12), onde vemos o profeta Elias refugiado no deserto, esperando uma mensagem do Senhor: “ Sai, vem para fora, e poe-te neste monte perante a fa­ ce do Senhor. E eis que passava o Senhor, como tamb£m um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as pedras diante da face do Senhor; mas o Senhor nao es­ tava no vento, e, depois do vento, um terremoto; tamb£m o Senhor nao estava no terremoto; “E depois do terrem oto, um fogo; por£m, o Senhor tamb&n nao estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz doce e silente.”

Foi entao que o Senhor apareceu a Elias. Em seu famoso tratado Language o f Birds (“Linguagem dos Pdssaros”), o mistico A ttar exprime a mesma verdade de forma diferente: “Enquanto caminhavam, falavam; mas quando chegaram ao destino, toda fala cessou. Nao mais havia guia, nem viajante; e at£ mesmo a estrada cessara de existir.” Um dos maiores mfsticos da Franga, Louis Claude de Saint-M artin, foi chamado “o Silencioso Desconhecido” por seus discipulos. Mais do que ningu£m, enaltecia ele a virtude do silencio. Escreveu: “Grandes verdades sao ensinadas somente pelo silencio”. Ainda melhor 6 sua observagao que, infelizmente, tao bem se aplica aos tempos atuais: “H averi maior prova da fraqueza do homem que a multiplicidade de suas palavras?” 6 bem verdade que o silSncio 6 um autentico teste para aquele que, por h£bito ou tendencia, nao pode observd-Io. A tradigao conta que os antigos fizeram do silencio uma divindade: na Gracia, o deus Harpdcrates, e em Roma, a deusa Tacita, nome este muito bem empregado, visto que se origina da palavra latina tacere, que significa “ estar em silencio” . Isto demonstra o grau em que os antigos prezavam esta virtude, bem como o fato de que os romanos nao consideravam o ato de falar muito uma fraqueza exclusiva do sexo fr£gil. Como dissemos nesta mensagem, a disciplina do silencio constitui poder; ela nos permite manter dentro de n6s um influxo de vitalidade que palavras inuteis desperdigam. Antes de falar, procure avaliar se o que voce vai dizer 6 merit6rio; se pode ocasionar algum bem e, especialmente,

se nao vai provocar nenhum mal. Voce perceberd que o esforgo que fizer para reprim ir uma palavra inutil provoca uma reagao interior, um esforgo contra a tentagao. Cada vitdria tra i-lh c-i novo poder. E este 6 o motivo por que 6 uma atitude s£bia seguir o conselho do mestre sufi, de que se aquilo que vocS vai falar nao 6 mais belo que o silencio, entao nao fale. Medite sobre esta mensagem; pense nela com frequencia. Nossa esperanga 6 que o silencio o ajude a subir mais um degrau na escada da espiritualidade.

ASSIM FALOU ZARATHUSTRA por

ASSIM FALOU ZARATHUSTRA

Abandonando sua solidao na montanha, Zarathustra apresentou-se diante do sol e proclamou que ele tambdm devia descer entre os homens, pois tinha necessidade de que maos se estendessem para esta sabedoria que o estava fatigando. E entao que, nas peregrinagoes por v£rios lugares, ele comegou a fazer discursos diante de todos os que encontrava, sem escolher audit<5rio. Os discursos constavam de quatro series. Depois de ter terminado a primeira s£rie, outra inspiragao assaltou Zarathustra, talvez inesperada como fora a precedente, a que o incitou a sair de seu retiro na montanha; e retom ou ao isolamento. At6 entao ele havia prodigalizado os frutos de sua sabe­ doria a qualquer um que tivesse escutado. Semeou a palavra audaciosa, revolucion&ia e inconveniente; e pouco numerosos, certamente, foram aqueles que puderam acolhe-la. As palavras tinham duplo sentido e somente o S£bio podia compreend£-la. Falava sempre sob o impulso da ins­ piragao, sem a preocupagao de ser ou nao compreendido e insensfvel tanto ao elogio quanto &censura.

Quando uma sabedoria superior abraga um ser humano, este ser nao pode raciocinar com ela, abrandd-la ou edulcord-la para agradar aqueles que o escutam. A natureza humana surpreende por sua inconsequencia, quando se constata que as Escrituras sao feitas, em grande parte, deste genero de expressao, e que todas as nagoes o aceitam porque o consideram inspirado. Por que este mesmo espi­ rito de inspiragao, encontrando uma voz entre os homens, serd considerado, em nossos dias, sob um angulo bem diferente? Zarathustra deveria magoar-se com esta incompreensao; olhando, entao para a multidao, falou, do fundo de seu coragao: “Ei-los que se poem a rir; nao me compreendem; eu nao sou a boca necessdria para seus ouvidos.” Mesmo durante o preambulo em seus discursos, isso foi assim .. . e Zarathustra fez vinte e dois discursos antes de seu primeiro retom o a solidao. Passaram-se os anos. Zarathustra voltou e ora, entre os homens, fez uma segunda s£rie de vinte e dois discursos tamb£m ousados e revoluciondrios como os da primeira s£rie. Os discursos finals tem como tftulo A Hora Mais Silenciosa, elaborados no segundo retiro de Zarathustra: “ Meus amigos, que estd me acontecendo?, diz ele, v6s me perturbastes, me alucinastes; submisso contra minha vontade, prestes a ir-m e em bora, ai de mim! a me afastar de v6s.” “ Sim, 6 verdade! Zarathustra volta uma vez mais h sua solidao; mas desta vez, o urso retom a sem alegria k sua cavema!” “ Que acontece? Quem me obriga a partir?

“ Ai de mim! a Outra, que 6 minha m estra em c61era, assim o deseja; ela me falou. Nunca vos disse seu nome? “Ontem, & noite, Minha hora mais silenciosa me falou; est£ ali o nome de minha tem v el mestra. E eis o que se passou, pois 6 preciso que eu vos diga tudo, para que vosso coragao nao se endurega contra aquele que parte precipitadamente.” E quando, em sua altivez, Zarathustra contestou inumeras vezes e repetiu a voz imperativa da Outra, foi-lhe, peremptoriamente, dito: “ 6 Zarathustra, teus frutos estao maduros mas tu ainda nao est£s maduro para teus frutos. £ preciso que retom es a tua solidao para que tua dureza se reduza mais.” A partir de entao, Zarathustra levou, durante muito tempo, uma vida nomade: entre dois perfodos de recolhimento em sua cavem a, na montanha, ele se encaminhava para os habitantes das indmeras cidades onde o acaso dirigisse seus passos. E ainda uma vez ele perambulou. Fez a terceira e a quarta series de seus discursos durante esse perfodo de vida errante. Falava, &s vezes, a pessoas estranhas que encontrava no caminho, a animais que lhe faziam companhia ou, mais frequentemente, abandonava-se ao solil6quio. Este retom o peri6dico de Zarathustra h vida eremftica, em silencio aterrorizante, nao implica, necessariamente, na “noite negra da alma” , descrita com frequencia em nossas monografias; uma interpretagao se impoe, imediatamente, ao espfrito. A progressao de Zarathustra se realiza por ci-

clos alternantes de atividade e retiro: cada perfodo de meditagao solitdria no silencio 6 seguido de um perfodo de ati­ vidade inspirada, na qual Zarathustra exorta seus semelhantes. Uma vez transmitida a mensagem, a hora de inspiragao se desvanece mais uma vez: Zarathustra 6 chamado para o silencio do coragao, para a solitilna comunhao com o esprrito de sabedoria. *

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Nossos leitores talvez saibam que Nietzsche considerava Assim Falou Zarathustra como sua obra-m estra. Os dis­ cursos t£m, j*i o dissemos, a caracterfstica de serem audaciosos, revoluciondrios e irracionais: eles o sao, certamente, para o leitor comum. Mas para aquele que j£ percorreu um longo trajeto no caminho da evolugao e que est£ habituado com o audacioso e o revoluciondrio nas obras dos Videntes e dos Profetas, estes discursos sao marcados por uma incontestcivel qualidade mfstica, e podem ser apreciados conforme seu valor real; somente um s5bio e um profeta puderam escreve-los. O fato de que h£ trinta anos Nietzsche deixou o lar e passou dez anos na solidao da montanha em busca da ver­ dade da Vida confirma que ele sabia que tinha uma missao a cumprir. Possuia amplos conhecimentos de literatura; havia estudado a fundo as religioes orientais e ocidentais bem como todas as altas filosofias. Sua crftica ao Cristianismo “ortodoxo” sao ousadas e, por vezes, frnpias. Nao obstante, 6 um pensador original e corajoso, reconhecido como tal no mundo inteiro, nos dias de hoje; pode-se, mesmo, observar, que quase todos os grandes escritores, no campo da filosofia, da religiao e da arte, citam-no e enaltecem sua vasta

erudigao e seu penetrante conhecimento da natureza mtima de todos os assuntos de que trata. Nietzsche nao 6 um autor que se possa aconselhar a to­ dos. Uma parte de sua obra pode se revelar perniciosa para o ser de inteligencia limitada e de restrita capacidade de apreciagao; poderd confundi-lo. O homem muito inteligente, mas de espfrito sectdrio, rejeiti-lo-d como perigoso e o tratard como inovador destrutivo. Para o notoriamente beato, serd um andtema e o estigmatizard como traidor da alma humana. Sua palavra ressonante se revelard como mau agouro para aqueles que, testemunhas da rdpida decadencia atual do Ocidente, lerem suas pdginas, que um cristao, certamente, vird a detestar. Para aqueles que buscam a verdade onde quer que ela esteja, que sabem que ela 6 uma arma de dois gumes, descerrando o v£u da beleza e da fealdade da vida com uma imparcialidade soberana, ele pode vir a ser um inspirador e um guia de primeira ordem. Tudo isto depende da amplitude e da qualidade da maneira de pensar de um homem. Pode-se dizer que os que fizeram uma apreciagao verdadeiramente exata de Nietzsche e que o citam mais em seus trabalhos sao precisamente aqueles que foram notdveis por sua largueza de visao, profundeza de saber e compreensao da natureza e da alma humanas. *

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E indiscutivel que a natureza do desenvolvimento de Zarathustra 6 semelhante a esta fase da evolugao que chamamos “a noite negra”. Entao, impoe-se ao espfrito a cldssica obra mistica de Sao-Joao-da-C ruz (Saint-Jeande-la-Croix), que trata o assunto a fundo. Nietzsche conhecia particularmente bem este tratado e o estudou, mi-

nuciosamente, no curso de suas longas conferencias. Criticando, efetivamente, com muito rigor, alguns ensinamentos religiosos, por ter percebido que eles complicavam e entravavam o espirito mais do que o esclareciam, sua intuigao de uma aguda clarividencia expunha as fases positivas e negativas destes ensinamentos com uma impiedosa imparcialidade e um absoluto desd£m que poderia causar ressentimento kqueles que por eles haviam sido nutridos desde a infancia e neles descansavam a esperanga de salvagao futura. N6s vemos precisamente na progressao de Zarathustra algo que se assemelha & doutrina e &experiencia mistica de Sao-Joao-da-C ruz. Sao Joao comenta algumas imperfeig5es que obsidiavam os aspirantes na caminhada, como o orgulho, a cupidez e apatia espiritual, ira, inveja e a indolencia espiritual. Ele mostra por que estas imperfeigoes assaltam o aspirante e tom am -se obstaculos para sua pro­ gressao. Em seus discursos, Zarathustra faz alusao ks mesmas imperfeigoes com originalidade na maneira de tratar, fineza de intuigao e delicada distingao aplicadas ao desenvolvimento do individuo, a ponto de nos fazer sentir que ele 6 um personagem que vai para a montanha com um objetivo titil; e este objetivo era escavar at6 atingir a pedra fundamental da verdade sobre ela e sobre a vida, e gravar esta verdade para uma minoria que tem ouvidos de ouvir. Mas que visava esta crftica destrutiva, que recorreu ao 6dio encamigado e & venenosa acusagao daqueles que se sentiam igualmente acima dele? Qual era o ideal de Nietzsche? E ra o engrandecido homem do futuro, o Superhomem. Ora, se quiserdes revelar o pior no politico ou no beato, no homem de saber e de cidncia, colocai, simples-

mente, em foco, um indivfduo que o sobrepuje e o eclipse: o acolhimento que recebeu o Super-homem de Nietzsche bem o demonstra. Ele abominava, do fundo de seu coragao, uma parte dos ensinamentos morbidamente sentimentais do Cristianismo devoto, tratando-a impiedosamente. Entretanto, procurava, sem cessar, o homem verdadeiro. Martelava, a cada passo, os ferros que acorrentavam os homens e os impediam de perceber a verdade. Ao lem brar de que Cristo disse: “ A verdade vos libertard” , nao hesitamos em afirmar que aquele que ousa afrontar a opiniao publica e arriscar sua reputagao procurando-a Iealmente, como o fez Nietzsche, tem direito ao respeito do homem honesto. Nietzsche foi condenado por ter sido um implacdvel destruidor dos valores artificiais. Ele foi julgado mais severamente por aqueles que tem medo de examinar estes valores que vivenciam h i muito tempo e sabem que neles repousa relativa prosperidade terrestre. As comunidades cristas o condenaram pela flecha que ele Iangou com resultado sensacional contra as corrompidas fundagoes da “ortodoxia” . Desde 1900, estas fundagoes vem sofrendo crfticas ferinas, tanto da esquerda como da direita, do seio da Igreja comO de fora dela. E interessante observar a que ponto foi fraca a oposigao que se levantou contra as declaragoes destas pessoas (homens e mulheres) que pensam. E forgoso reconhecer: qualquer que seja nossa revolta contra alguns termos vituperiosos que Nietzsche se permita neste assunto, n6s nos vemos impossibilitados de refutar suas conclusoes. UM FALSO DISCfPULO

A condenagao de Nietzsche foi, indubitavelmente, agravada pelo fato notoriamente pfiblico de que Hitler,

pessoa depravada, se interessou por suas obras. Nao sendo mais do que um vulgar assassino, Hitler pretendeu, com uma tfpica atitude diab61ica, transform ar o Bem em Mal e a Verdade em Mentira. Ele acreditou que era o Super-H omem em pessoa, em sua dpoca. O julgamento que se fez de Nietzsche reside, assim, em um sofisma; Nietzsche apresentou o Super-Homem; Hitler estudou Nietzsche e se acreditava um Super-Homem; 6, pois, a Nietzsche que se deve Hitler. Devemos agradecer ao professor francos Henri Lichtenberger o julgamento sadiamente equilibrado de Nietzsche e a ausencia de referencias desairosas ao personagem e & obra. Para mostrar o que Nietzsche terd pensado de Hitler, com relagao & personificagao de seu Super-homem, se tivesse vivido o bastante para constatar a vaidade e a imprud£ncia colossais desta caricatura do grande homem do fu­ turo, basta a citagao que se segue: “O Super-homem de Nietzsche era, em essencia, um dos grandes Iniciadores que, a exemplo de Cristo ou, mes­ mo, de Buda ou Maom€, exerceram poderosa influencia nas almas dos homens. Assim, o genero de guerra que interessava a Nietzsche nao era o da que se passa em campo de batalha e que, em seu cego furor, prende-se, sem discriminagao, & riqueza, aos tesouros artfsticos, &vida e h felicidade dos homens. Mesmo podendo ser uma fatalidade, ela deve permanecer acima de todo barbarismo, cujo trdgico horror a alma de Nietzsche sentia, tao facilmente tocada pela compaixao, muito mais do que a maioria dos homens. O que estimulava o entusiasmo de Nietzsche era a luta silenciosa, invisivel e misteriosa, que se trava nas profundezas da alma entre os grandes principios que governam a

vida humana e decidem, em ultima instfincia, a diregao da evolugao. A guerra material, tangfvel, tem por objeto a hegemonia de um povo ou de uma raga. A guerra espiritual decide sobre o que se poder£ chamar, no sentido Iato da expressao, o futuro religioso da humanidade. “O verdadeiro discfpulo de Nietzsche € aquele que, com todas as forgas de seu ser, visa a criagao de uma id&a que reger;S a humanidade, o triunfo de um ideal religioso antigo ou modemo. O fan£tico em uma raga ou pais, nao tem o direito de se prevalecer do nome de Nietzsche.”

TEMPO ILIMITADO Por

Em todo o curso da histtfria da filosofia, a natureza do tempo tem atraido a atengao dos f!16sofos. Este assunto levanta questoes diffceis de responder. Entretanto, os s£bios e os FiI6sofos que aceitam a Teoria da Relatividade de Albert Einstein estao, em larga escala, de acordo com este enigma, o tempo. Sendo coisa abstrata, o tempo 6, particularmente, desconcertante e misterioso. N6s o encontramos em cada coisa que fazemos ou observamos; todavia, em uma pesquisa minuciosa, ele parece se nos escapar, pois o que era o presente € agora o passado. O tempo pode ser considerado como uma relagao entre as coisas, porque nosso intelecto exige que concebamos as coisas em relagao com o tempo, ou seja, sucedendo-se uma ap6s outra. Semelhante ks tres dimensoes do espago, geralmente aceitas, o tempo 6 uma condigao universal, e a ela se refere, freqiientemente, como a quarta dimensao. Encontramos sempre juntos o tempo e o espago. Tudo o que 6 afetado pelo tempo o € tamb£m pelo espago. Bergson definiu o tempo como duragao. Ele diz que n6s pertencemos ao fluxo da duragao e que podemos nos tornar conscientes de sua pulsagao. A duragao tem uma rela-

gao estreita com a existencia. N<5s subentendemos a id£ia da existencia quando concebemos a duragao. Dizer que uma coisa existe durante um minuto, uma hora, um dia ou ano, quer dizer que ela tem a duragao de um minuto, de uma hora, etc. £ err6neo, entretanto, considerar a duragao e a existencia como significando a mesma coisa. Enquanto a duragao implica em existencia, a recfproca nao 6 verda­ deira, a existencia nao implica, necessariamente, a duragao. 6 necessdrio uma existencia contfnua - nao importando quao curta seja - para envolver ou implicar a duragao; por isso, a duragao 6 definida como uma existencia contfnua. Uma vez que o tempo € medido em instantes, segundos, minutos e horas, implica, necessariamente, o conceito de uma existencia contfnua. Nao se pode falar de duragao sem introduzir o conceito do tempo. Por exemplo, a duragao da existencia de Deus 6 conotada como eterna. Parece que sua existencia nao tem comego nem fim, passado nem futuro. ELE ESTA, na totalidade infinita, sem acr£scimo, em um presente sem fim. A duragao da existencia de Deus nao diz respeito ao tempo porque 6 o etem o presente. Para n6s, o presente corresponde a cada momento do tempo como se viesse do futuro para o presente, e no passado. Talvez, em um sentido estrito, o tempo implique a duragao dos objetos ffsicos e a percepgao pela consciencia. £ pela observagao que temos o conceito do tempo. £ pela tomada de consciencia que n6s nos conscientizamos de nosso corpo e de outros objetos em seus movimentos e em suas mudangas de estado. £ uma nogao comum para todos os homens em todos os perfodos da Hist6ria. Contrariamente ao espago, o tempo

nao 6 im6vel ou estivel. “ Anda” sempre para a frente. A marcha do tempo 6 uma frase bastante conhecida em todos os idiomas. Se o tempo 6 um movimento, ele estd em mar­ cha sempre constante; nada pode pard-lo, retardd-lo ou acelerd-lo. Seu movimento 6 inalterdvel em sua progressao e rapidez. Aparentemente, dizemos o contrdrio, “que o tempo voa” , se arrasta, que o tempo 6 como algo que con­ tain, em sua capacidade universal, os movimentos e as ati­ vidades. Quando dizemos que o mundo foi criado no tempo, n6s concebemos o tempo como uma esp£cie de entidade que procedeu a criagao do mundo. Pensamos, tamb£m, no tem­ po como se ele se estendesse, ilimitadamente, pelo futuro, nao importando a existencia do mundo ou de seu porvir. Parece que n6s concedemos ao tempo certos atributos do infinito, embora, por outro lado, ele seja considerado definido, pois o tempo pode ser um segundo, uma hora ou um dia. Alguns classificam o tempo como referente ao passa­ do, ao presente e ao futuro. Todavia, o unico tempo de que estamos conscientes 6 o presente, porque o futuro ainda nao chegou e o passado nao mais existe. UM DESAFIO AO PENSAMENTO

Que 6 pois esse tempo, tao misterioso e contradit6rio? Deve-se notar que, geralmente, as propriedades do tempo sao compardveis &s do espago. 6 , portanto, natural, que os fil6sofos considerem identicas a natureza do tempo e do espago. £ provdvel que a primeira controv^rsia nao resolvida tenha surgido na Gracia, quando Parmenides declarou que, aquilo de que nao temos consciencia nao existe. Herdclito afirmou que nao hd nada permanente e que a mudanga

caracteriza todas as coisas. Aristtfteles e os escoldsticos que o seguiram afirmaram que o tempo nao 6 uma realidade. Declararam que o conceito do tempo € baseado no movi­ mento e que ele muda em relagao a si mesmo e aos outros corpos. Na medida em que se produzem os movimentos verdadeiros na natureza, eles sao concementes ao tempo. Epicuro via o tempo como uma entidade que tinha existencia independente da consciencia. Descartes considerava-o uma simples maneira de pensar, enquanto Spinoza considerava-o um atributo da substantia panteista divina. Kant sustentava que o tempo era uma forma subjetiva, a priori, uma form a de sensibilidade - de intuigao interna anterior a toda a experiencia - que parece fazer com que todas as coisas e experiencias paregam chegar em tempo determinado. Para Kant, o tempo nao era atributo objetivo de coisas propriamente ditas e, por consequencia, nao tinha nenhuma realidade. Sua idtia se reflete hoje nas crengas dos fil6sofos e cientistas. Newton identificava o tempo com a etemidade de Deus. Ele declarou: “O tempo absoluto e o tempo matem&ico, por si mesmos e pela pr6pria natureza, difundem-se com uniformidade, sem consideragao de qualquer coisa exte­ rior.** Leibniz, em relagao a ele, dizia que nao podia haver tempo independente dos acontecimentos, pois o tempo 6 formado por acontecimentos e suas inter-relagoes, e constitui a ordem universal da sucessao. Bergson sustentava que nao havia duragao real do tempo, salvo em nossos conceitos mentais; chegamos & idtia de tempo e de sucessao pela introdugao das relagoes espaciais no interior de nossos estados de consciencia. No mundo ffsico,o tempo nao existe, pois, segundo Bergson, o tempo 6 um produto mental.

Alexandre d i um sentido incomum ao espago-tempo. Ele declara que o espago-tempo 6 a subst&ncia da qual a materia e todas as coisas sao especiflcagoes, e que 6 a base da evolugao do universo. A subst&ncia do mundo que 6 espago-tempo 6 tida como movimento/movimento antes que a materia seja produzida nele. O espago-tempo, para Ale­ xandre, nao existe; 6 a pr6pria existencia considerada em seu conjunto. O espago-tempo 6 interpretado, particularmente pelos que seguem a escola de Einstein, como sendo, mais ou me­ nos, uma construgao mental imposta ao universo; isto 6, o tempo nao pode existir independentemente da conscien­ cia. Entretanto, o tempo nao pode ser uma pura ficgao da consciencia porque ele tem fundamento na realidade, do fato de que ele 6 uma abstragao derivada do movimento e da mudanga da n atu reza.. . Pensadores declaram que se o tempo fosse real, ele seria, na natureza, uma entidade existente nela mesma e por ela mesma. Eles dizem que o tempo nao pode ser simplesmente concebido sem funda­ mento na realidade da natureza. TRfeS ELEMENTOS

O tempo deve ser baseado em fatos definitivos de movimentos e de mudangas que ocorreram em e entre os corpos orginicos e ffsicos. N<5s fazemos a experiencia de tais movimentos e mudangas em nosso pr6prio corpo. Sabemos que nosso corpo nao 6 estdtico, mas dinfimico. N6s mudamos e nos desenvolvemos ativamente. Mudamos de um lu­ gar para outro. Nossos estados mentais e fisicos mudam de hora em hora. N6s nao podemos negar os fatos dos quais nao podemos duvidar, em nossa pr<5pria existencia. Estas

realidades nao sao instan tineas em seu cardter, mas sao gradativamente sucessivas e progressivas. Para n<5s, 6 nisso que reside o elemento tempo. Podemos, por£m, julgar a natureza do tempo exteriormente por aquilo que encontramos em n6s mesmos? Alguns fil6sofos postulam que n6s devemos compreender o movimento para compreendermos a real natureza do tempo, porque o conceito de tempo pressupoe o conceito de movimento que 6, pois, derivado dele. Movimento quer dizer mudanga. Mudanga € transigao de uma coisa, de um estado para outro. Para haver mudanga, sao necessdrios tres elementos. Primeiramente, o ponto de partida; em segundo lugar, a transigao ou a passagem de um para outro, e em terceiro, o ponto de conclusao. Os pontos de infcio e fim sao condigoes hipotSticas de parada. A mudanga consiste em transi­ gao ou passagem entre os dois pontos. A coisa 6 im6vel quando estd em seu infcio. Af, nao h i movimento e nao h i mudanga. Quando ela chega ao seu fim fica, novamente, im6vel. £ somente durante o perfodo de passagem de um estado para outro que aparece a mudanga ou o movimento. Isto, certamente, 6 bastante elementar. N6s sabemos que existe uma mudanga contfnua em certas coisas; em outras, h i alteragoes e no tempo h i qualidades, quantidades, movimentos. Cientificamente, todos os assuntos que tem relagao com o tempo demonstram a inferencia de que o tempo consiste em movimentos progressivos e sucessivos. Em verdade, n6s nao podemos pensar em tempo sem pensar em movi­ mento. Isto nos leva a pensar que concebemos o tempo como um composto de passado, presente e futuro. O pre­ sente se desloca para o passado e o futuro, para o presente,

momento ap<5s momento. Isto indica uma mudanga constante, uma progressao, uma sucessao e um movimento. Compreende-se, pois, que as bases das medidas que aplicamos ao tempo sao todas de movimento. As unidades fundamentals do tempo, tais como n6s conhecemos, sao medidas pelo dia e ano, tomadas a partir do movimento da Terra em sua 6rbita em volta do Sol e da rotagao da T erra em tom o de seu pr6prio eixo. Estas uni­ dades de medidas foram consideradas as mais apropriadas para medir e balizar o tempo em sua progressao; tais medi­ das, entretanto, nao poderao ser utilizadas se o prtfprio tempo nao consistir em um movimento ou nao se fundamentar no movimento. Tempo e movimento, todavia, nao sao identicos. A pro­ gressao do tempo nada tem a ver com a mobilidade ou o movimento pr6prio. O tempo, ainda que se associe ao m o­ vimento, nao pode viajar de lugar em lugar. Ele nao 6 como as ondas vibrat6rias da luz, o trem r£pido, a roda que gira ou o balango do pendulo, que tem relagao com o movi­ mento. Falamos constantemente de tempo lento ou tempo rdpido, em relagao com os corpos que se movem. De fato, falamos da distSncia coberta em um tempo determinado e nao do tempo em si mesmo; o tempo e o movimento nao sao, pois, identicos. Deve haver, todavia, alguma coisa no movimento que 6 a essencia do tempo e sem a qual ele nao poderia existir. Existe algo em comum, em todos os tipos de movimentos. E a sucessao, o antes e o depois de movimento. £ precisamente esta sucessao uniforme de movimentos, com seus caracterfsticos de antes e depois, que constitui a es­ sencia da duragao mencionada por Bergson e que n6s cha-

mamos tempo. Entao, se as diferengas de variedades e de cadencias forem suprimidas no movimento, e se n<5s elevarmos a massa dos corpos que se mo vem, a fim de reter somente o movimento abstrato que consiste na sucessao uniforme - seja real, possfvel ou absoluta - n6s teremos o tempo. Percebemos, em n<5s mesmos, que fazemos apreciagao do tempo que passa, religada a tudo o que fazemos ou pensamos. Obtemos o conhecimento do tempo pela observagao do movimento ou da sucessao de mudangas. O tem ­ po, para n6s, consiste no que dele conhecemos e podemos medir, pois a essentia de uma coisa 6 conhecida por suas propriedades e as medidas devem corresponder &coisa med id a .. . N6s temos a nogao da passagem quando estamos cons­ cientes do movimento, mas nao somos conscientes da pas­ sagem do tempo quando nao estamos conscientes do movi­ mento. Se n6s observamos os movimentos dos ponteiros que marcam os segundosem inutos de nosso rel6gio, tom am o-nos penosamente conscientes da progressao do tempo, pois ele parece m over-se muito lentamente. Quando esta­ mos absorvidos em pensamentos ou adormecidos, ou, ain­ da, inconscientes, se bem que o movimento escape & nossa observagao, nos ignoramos os minutos e as horas e entao o que chamamos tempo parece ter passado muito rapidamente, ainda que nao tenhamos tido a nogao de que ele passou. MEDINDO A ETERNIDADE

Para se ter a medida do tempo, € necessdrio utilizar, como base, unidades de movimento ou de mudanga. Por

exemplo, n6s medimos o tempo pelos movimentos das estrelas, da Terra, dos despertadores, e tc .. . Segundo a compreensao que temos desse assunto, o tempo consiste em uma sucessao de movimentos e de mudangas. Entretanto, pois que os movimentos e as mudangas sao concebidos no tempo, o tempo nao pode ser movimento senao no abstrato e pode ser considerado o receptdculo do movimento. O tempo, considerado como um receptdculo abstrato de todo movimento passado, presente e futuro, parece ser muito real. De par com a nossa concepgao do tempo, temos a impressao de que € um movimento sem fim, com uma velocidade uniforme, sem paradas ou vazios; pensamos que seja uma esp£cie de duragao que tem relagao com a existencia contmua e, como o tempo 6 considerado um movimento abstrato, n6s o concebemos como contmuo em sua progressao. Pelo fato de ter movimento, a id£ia de tempo € concebida na consciencia. Sendo assim, 6 um produto mental que nos dd a impressao de que s6 existe a agao presente embora se diga que o tempo 6 o passado, o pre­ sente e o futuro. Deve ser explicado, todavia, que o pre­ sente nao 6 um momento divisfvel, nao tem duragao mensurdvel. De vez em quando, n6s nos referimos ao postulado de Einstein, pelo interesse que despertou entre os pensadores. Segundo Einstein, os fen6menos, bem como as leis da na­ tureza, sao constitufdos de tal modo que se torna impossfvel demonstrar a existencia de um movimento absoluto. Ele acha que o conceito de Newton, de espago e de tempo ab­ soluto, nao tem nenhum sentido e que nao podem estar separados. O conceito de tempo e o conceito de espago de-

vem ser revistos e reformulados para se adaptar is condi­ goes da relatividade. Embora exista um grande numero de diferentes sistemas de espago e de tempo, eles sao todos equivalentes nao s6 em valor como em fungao dos sistemas particulares em que se encontram. Diz-se, por exemplo, que os aconteci­ mentos ocorrem no tempo. O tempo, aqui, implica os conceitos de sucessao e de simultaneidade. Quando os aconte­ cimentos se sucedem, uns ap6s outros, no tempo, um ocorre antes e outro, depois. Quando surgem no mesmo momento, diz-se que sao simultaneos. Vistos do presente, os acontecimentos passados tem uma ordem cronol6gica fixa e os acontecimentos futuros cairao quando, finalmente, ocorrerem, do presente para o passado; o tempo 6 uma corrente que flui infinitamente e na qual os acontecimentos tem locagao fixa. Admite-se que o espago seja um “continuum** de tres dimensoes onde es­ tao situadas todas as coisas, e todas as coisas mudam. Os objetos no espago devem ter as tres dimensoes: comprimento, largura e altura, bem como a do tempo. Minkowsky dizia que as tres dimensoes t£m a duragao e o movimento, devendo, pois, incluir o tempo. As distancias e os comprimentos estao fixados no pr<5prio tempo. Nossas vidas sao gastas no tempo, mas com grandes variantes. O tempo, tal como n6s o vivenciamos, com a experiencia da vida, 6 independente do espago e daf a atengao que devotamos i diregao da flecha do tempo. Como j£ dissemos, de certo ponto de vista, o tempo significa sucessao de acontecimentos que se encadeiam. Espago e tempo nada sao em si mesmos; apenas nomes para dar uma ordem i relagao dos acontecimentos.

A este respeito, durante centenas de anos, os fil<5sofos tem meditado sobre a curiosa afirmagao de Santo Agostinho: “Se nada passou, nao haver£ tempo passado e se nada ocorrer, nao haver£ futuro. O presente, se ficasse sempre presente, nao seria tempo, seria Etem idade.” Segundo Einstein, o tempo deve ser associado I realida­ de. O espago 6 definido como a relagao entre corpos ou eventos que coexistem, temporariamente. Com base nas an£flises da experiencia da escola de pensamento de Eins­ tein, a formagao de conceitos de tempo e espago nao fornece nenhuma prova para confirm ar a realidade do espago e a realidade do tempo. O tempo e o espago sao relativos um ao outro e relativos ao que existe realmente, aos acontecimentos e processos ffsicos e aos fatos mentais. Isto 6 a relatividade. A Teoria da Relatividade inicia, entao, pesquisas vas para tentar dem onstrar que a Terra, no £ter, exercia in­ fluencia na velocidade da luz. O movimento no €ter nao 6 acelerado ou retardado pelo 6ter. A fonte de luz ou seu movimento nada tem com a velocidade da luz. Tem sido impossfvel detectar um movimento uniforme relativo ao £ter. Newton, que descobriu a lei da gravidade, dizia que uma maga cai no solo com uma velocidade uniforme de 9,7536 metros por segundo. Representantes da filosofia do tempo e do espago colocam a questao da seguinte maneira: “suponhamos que um minusculo ser humano esteja sentado na maga de Newton no instante em que ela cai; ser3 que o minusculo ser humano sabe que a maga cai?” Provavelmente, ele diria que a maga nao se movera e que a terra 6

que veio a ela. Isto faz ressurgir a velha questao: o trem vai para a estagao ou a estagao vai para o trem? Nao vamos mais adiante nas complexidades abstratas desta questao, mas a resposta 6 que os dois sao justos; ou seja, o trem vai para a estagao e a estagao vai para o trem. £ inteiramente um ponto de vista do observador em fungao de sua posigao no tempo e no espago. Hi. poucos casos de in£rcia - se verdadeiramente existem - na Teoria da Relatividade de Einstein. Ele acha que tudo o que existe estd em movimento. Esta teoria leva nao s6 ao conceito metafisico de mudanga, como, tamb£m, & teoria de que tudo 6 energia e que a materia se desintegra ou se integra pela energia. A relatividade reduz tudo a re­ lagoes, o que quer dizer, h estrutura e nao ao material. O mundo de tres dimensoes, construfdo por Euclides, nao 6 mais veridico para n6s. Foi substituido pelo universo espago-tempo de quatro dimensoes. Para Newton, o espa­ go e o tempo eram conceitos independentes, mas este princfpio nao 6 mais aceitdvel. Embora o espago parega ser uma condigao fixa, n6s podemos nos deslocar h. vontade nele. Onde formos, veremos que as propriedades do espago sao sempre as mesmas e inalterSveis; que n6s nos movimentamos ou que permanecemos im6veis. Por outro lado, o tem­ po 6 essencialmente uma condigao de movimento e n6s de­ vemos, forgosamente, nos movimentar nele. Se o espago € dimensional, ele pode ser medido, mas o tempo 6, essen­ cialmente, de uma dimensao e de tal modo, que as “horasquadradas” ou os “minutos cubicos” nao tem sentido para n6s. Nenhuma conexao pode ser feita entre as medidas do espago e do tempo. Por exemplo, quantos metros fazem uma hora?

Se n6s seguirmos os postulados de Einstein sobre a relatividade, devemos “reforjar” nossas id£ias sobre o tempo e espago de maneira fantdstica. Que fez ele dos velhos conceitos fundamentais? Introduziu uma correlagao ou um Iiame entre o que sempre foi considerado id£ias distintas e separadas. Ele afirmou que, quando n6s nos deslocamos, nas propriedades geom^tricas do espago, outros objetos no espago sao mudados em fungao da rapidez do deslocamento do observador que liga, assim, o tempo ao espago. Ele afirma que o curso do tempo que sempre foi considerado invaridvel, mudard com o des­ locamento do observador, ligando de novo o tempo ao es­ pago. Einstein d£ um exemplo cldssico. Suponhamos que, com instrumentos para medir o espago e o tempo, n6s estiv^ssemos situados em uma plataforma que acreditamos estar im6vel. Se nao existirem outros objetos ffeicos a vista, n6s nao podemos estar seguros de que permanecemos no lugar ou que n6s nos movemos. Suponhamos, agora, que n6s observamos Uma outra plataforma semelhante & nossa; depois de ter notado, com atengao, o deslocamento relativo das respectivas plataformas, n6s podemos ter a impressao de que nossa plataforma 6 im6vel e atribuir o deslocamento & outra. Einstein afirma que, se somente existem essas duas plataformas, talvez possamos observar estranhos acontecimentos. Se um drculo estd pintado no lado da outra pla­ taforma, que se desloca com grande velocidade, (e se a velocidade 6 suficientemente grande) o cfrculo sobre a pla­ taforma m6vel parecerd ter a form a de elipse com seu pequeno diametro na diregao do deslocamento. A extensao

deste encolhimento depended da velocidade com que a plataforma se deslocar. Quando a velocidade da plataforma alcangar a da luz, o cfrculo se achatard completamente em uma linha reta com seu di&metro perpendicular &diregao do deslocamento. Um observador que estiver na plataforma nao ficard consciente do achatamento do cfrculo na diregao do deslocamento da plataforma. Esta e tudo o que ela transporta, inclusive os observadores, tomam parte no encolhimento, informa Einstein. Mesmo o metro do passageiro sobre a plataforma m<5vel nao estar£ isento disso. Se for colocado ao longo do diametro deste cfrculo que 6 perpendicular k linha de deslocamento, o metro marcard, talvez, 0,25m. Colocado ao longo do diSmetro mais curto, o metro, tendo encolhido na mesma proporgao, terd, aparentemente, o mesmo comprimento de antes, e o passageiro da plataforma m<5vel nao ter£ id£ia daquilo que n6s poderiamos observar de nossa plataforma estacionada. De fato, ele poderia supor, com razao, que ele pr6prio 6 im<5vel, e atribuir o deslocamento I nossa plataforma. E como nossa plataforma tinha um cfrculo pintado em um de seus lados, ele parecer^ achatado ao passageiro e nao a n6s. Com relagao a este exemplo hipoMtico, diz-se que um pendulo sobre a plataform a m<5vel apresentard, para n6s e nao para o homem que se encontra na outra plataforma, um desempenho excentrico. Se a outra plataforma parasse diante de n6s, durante um tempo suficientemente longo para comparar os rel6gios, perceber-se-ia que elas sao exatamente semelhantes. Com a outra plataforma em mo­ vimento, o outro rel6gio parecerd lento em relagao &nossa.

Por outro lado, se n6s nos deslocarmos e se o passageiro da outra plataforma pudesse observar um rel<5gio em nossa plataforma, perceberia que nosso rel6gio 6 mais lento que o seu. Como um paradoxo, o reI6gio de “ A ” parecia mais lento que o de “ B” , enquanto que, ao mesmo tempo, o re16gio de “ B” parecia mais lento que o de “ A” . Segundo Einstein, os dois podem estar exatos. Tudo depende do ponto de vista. Se a rapidez do re!6gio que se desloca 6 alterada por seu movimento, 6 <5bvio que ela nao mudou por causa do deslocamento da plataforma. O deslocamento nao interfere no funcionamento do pendulo de um rel6gio. Einstein pensou em algo mais profundo e mais abstruso, e responde que o fluxo do prtfprio tempo mudou pelo des­ locamento da plataforma e que o rel6gio executa sua fungao normal colocando-se no ritmo da marcha do tempo, modificada. Uma outra ilustragao, embora imperfeita, pode auxiliar a esclarecer este fato. Suponhamos que viajamos de trem de Nova Iorque a Sao Francisco. Em determinadas zonas de tempo, ao longo do percurso, ser-nos-d necessdrio atrasar uma hora em nosso reltfgio. O utra maneira menos prdtica mas muito mais elegante no piano matemdtico, serd mudar a rapidez de nosso reI6gio antes de comegar nossa viagem, a fim de que ele indique o tempo correto quando atravessarmos cada zona de tempo. Modificagoes menos frequentes serao necessdrias, certamente, em um trem lento. Se fizermos com que nosso rel<5gio compense as diferentes zonas de tempo, seu avango d epended da velocidade do trem. Einstein afirma que conceitos semelhantes se aplicam a todo sistema em movimento e que o rel6gio, em

tal sistema, iri menos depressa na medida em que o sistema for mais r£pido. Tais afirmativas enfrentam , naturalmente, a incredulidade geral. Pode-se, honestamente, perguntar: “qual € a evidencia?” E Einstein responde: “ Sua mem6ria volta trinta ou quarenta anos atrds? ou voce nao leu que a teoria ffsica era contradit6ria, no infcio do s£culo?” Ele faz refe­ re n d a h dificuldade que surgia como conseqiiencia dos resultados negativos das teorias de outras pessoas sobre a materialidade, o tempo e o espago, e a realidade. Vejamos outra ilustragao deste problema no tempo abstrato. Se n6s estivermos em uma t£bua im6vel, ancorada em determinada posigao no momento de uma precipitagao de grandes ondas, serd impossfvel determinar a velocidade das vagas cronometrando sua passagem pela extensao de nosso barco. Se nosso barco singrava na mesma diregao das vagas, a velocidade aparente das vagas, em relagao ao barco, seria diminufda. Esta velocidade alcangaria o ponto zero quando o barco atingisse a mesma velocidade das va­ gas. Por outro Iado, se o barco fosse colocado em movi­ mento na diregao oposta, a velocidade aparente das vagas seria aumentada. Se, com a mesma velocidade, o barco se deslocasse em cfrculo, a velocidade aparente das vagas mudaria periodicamente. A velocidade do barco poderia ser determinada pela magnitude desta flutuagao. Os astronomos informam que a T erra se movimenta ao redor do Sol em uma 6rbita quase circular, a uma velocida­ de de cerca de 30 quilometros e meio por segundo e que ondas de luz procedente das estrelas se espalham pela <5rbita em uma constante “mar^*’.

Foi sugerido que a analogia do barco e das vagas, talvez pudesse controlar o movimento da Terra na ocasiao das experiSncias sobre a velocidade da luz. A velocidade do movimento da Terra em sua 6rbita 6 de cerca de 1/10:000 da velocidade da luz. H i m£todos de precisao suficiente para se observar um efeito de magnitude desta ordem. Curiosamente, os conhecimentos da Ffsica atual fazem com que esta analogia nao mais exista. Os resultados das experiencias foram negativos. A brecha ficava entre a mecanica e a <5tica. Percebeu-se que, enquanto a velocidade das va­ gas mudava como devia com a velocidade do observador, a velocidade da luz das estrelas nao parecia estar afetada por tal movimento. O desaparecimento da analogia entre a me­ canica e a otica introduziu uma linha divis6ria nas ciencias ffsicas. AS T R £ s LEIS

A tendencia geral do pensamento cientffico, desde a dpoca de Newton, foi no sentido de suprimir linhas duras que indicam as diferengas de formas e substituf-las por diferengas de grau. A tendSncia cientffica atual busca uma explicagao fundamental para todos os fenomenos. Foi Ke­ pler que, por seus estudos sobre planetas, descobriu els tres leis, bastante conhecidas, que regem seus deslocamentos. Para Kepler, estas leis eram empiricamente separadas e resultantes de observagoes. New ton tentou demonstrar que estas tres leis eram a consequencia matem£tica de uma lei geral, a da gravidade. Faraday provou que a eletricidade e o magnetismo estavam intimamente ligados. Mayer e ou­ tros revelaram a equivalencia do calor e do trabalho. Se­ gundo Maxwell, a luz estava em correlagao com a eletrici­ dade e o magnetismo. Mesmo no infcio do s£culo XX,

grandes cientistas chegaram £ conclusao de que fenomenos ffeicos de toda a esp£cie formam uma vasta correlagao, govem ada por uma tinica lei, em larga escala e ainda desconhecida. A gravitagao s6 resiste &s tentativas de ajustd-la ou ligd-la a um outro fenomeno. Durante algum tempo, Einstein concentrou seu trabalho no problema da m ecinica e da 6tica e achou necessdrio mudar as id6ias fundamentals concementes ao tempo e es­ pago. A prova que submeteu explica fatos conhecidos e faz desaparecer as dificuldades. Entretanto, este grande fisico nao teve ilusoes. Acreditava que nenhuma experiencia poderia provar que ele tinha razao, e que era bem possivel que uma simples experiencia revoluciondria provasse que ele estava enganado, nao importando em que momento. Seu prop<5sito foi o de estabelecer a ordem, e partindo da confusao. Einstein tentou demonstrar todas as leis da na­ tureza como sendo atributos especiais ou princfpios de uma unica e mesma lei. A este respeito, as palavras de Tennyson sao evocadoras, “uma lei, um elemento e um evento divino, distante, do qual prov€m toda a criagao” . Uma corrente de pensamento expressa que o tempo 6 a quafta dimensao do espago. Entretanto, em verdade, o tempo nao 6 uma dimensao do espago. O tempo real 6 a continuidade na sucessao dos acontecimentos, enquanto o espago 6 a extensao ou a coexistencia de fatos simultSneos que parecem ter extensao. A aparente amplidao do espago nada tem a ver com suas possfveis limitagoes. N6s nao sabemos que o espago 6 limitado e, portanto, fmito. At € agora, conhecemos somente coisas que parecem existir no espago. Tem nos sido dito que o espago 6, talvez, uma

ramificagao de distancias/distancias entre centros de ener­ gia que se deslocam. O tempo 6 uma coisa indefinida, indeterminada. Nao pode ser definido. Seria contradit<5rio pensar no tempo com um infcio e um fim porque isto significaria a existencia de um tempo antes que o tempo comegasse e que haveria um tempo depois que o tempo cessasse de existir. Nenhum sentido real pode ser ligado k id€ia de etem idade pois que a realidade 6 um processo. Se o tempo cessasse subitamente, a realidade cessaria, nada existiria, e a etemidade nao teria qualquer realidade no tempo. Partindo de rigidas conceptoes mecanicas, a ciencia modema aproxima-se, progressivamente, do ponto de vista Rosacruz, de que toda materia est£ em constante mudanga. Como dizia Her&lito: “ tudo 6 um vir-a-ser” . Literalmente, a materia prov£m e retom a ao insond£vel mar de ener­ gia que a ciencia chama campo de formas, ou espago. O es­ pago 6 considerado uma continuidade com tres dimensoes perpendiculares, mas as dimensoes devem ser curvas por­ que os raios de luz e todos os dados de observances possfveis a respeito encerram apenas linhas curvas. Geometricamente, uma linha reta 6 uma impossibilidade. Nao pode­ mos imaginar o espago como um conjunto de linhas retas, uma concepgao muito artificial e mecianica, o que s6 6 pos­ sivel de fato, por certas f6rmulas matem&icas. Em conclusao, pensamos que o tempo pode ser concebido como uma transcendente cadeia de acontecimentos, de vidas e de mat£rias. O tempo corre ao longo destas coisas como um rio corre em seu leito ao longo das drvores. A isto podemos acrescentar que a materia ou o acontecimen-

to (fato) 6 uma coincidencia de vibragoes, dependente de posigoes vibrat<5rias. As posigoes das vibragoes coincidem com as combinagoes de vibragoes causativas e se manifestam como um fato ou series de fatos. Em verdade, o tempo nada mais 6 do que o resultado causado por sucessivas altemagoes ou vibragoes transformadas em energia. Na fisica abstrata, n6s consideramos a materia como uma s£rie de fatos com retom os peri6dicos mais curtos do que os mfnimos intervalos que podemos perceber. Fora da medida relativa de frequencias vibrat6rias, o tempo nao tem existencia. A evidencia cientifica suporta a controv^rsia de que as vibragoes sao, primeiramente, responsdveis pela existencia de manifestagoes da materia e da energia. Este princfpio serd concretizado finalmente, por f6rmulas matemdticas. No tempo, tudo 6 relativo. O unico tempo de que somos conscientes 6 o presente, que 6 nossa tomada de consciencia do momento que era o futuro e, agora, 6 o passado.

por Jeanne Guesdon, F.R.C

A civilizagao ocidental teria tido outra orientagao e a face do mundo teria sido mudada se o Catarismo nao tivesse sido sufocado; Jeanne Guesdon, neste substancial estudo, coloca exatamente este problema. Ela esboga com tragos precisos o que foi o Catarismo e dele deduz uma ligao aplicada i . nossa conturbada £poca. Trata-se de um texto para ler, reler e meditar.

Tem-se falado muito e muita tinta tem sido gasta a respeito dos mlsticos C2taros; tem -se debrugado sobre sua hist6ria, sua origem prov£vel e suas relagoes com outras seitas ditas “her6ticas” . Alguns textos hist6ricos, entretanto, oferecem-nos ensinamentos dignos de f£, o que po­ demos encontrar, tamb£m, entre os escrivaos que sao autoridade nestas questoes de acontecimentos medievais; as­ sim, os reIat6rios da Inquisigao, interpretados inteligentemente, esclarecem-nos a respeito da histtfria destes mlsticos. Foram descobertos rituais de iniciagao e de cerimonias em um manuscrito conservado nos arquivos da cidade de Lion, um manuscrito do Novo Testamento, no qual eram

baseados os ritos cdtaros e um evangelho ap6crifo segundo Sao Joao, mais geralmente conhecido sob o nome de “ Cena Secreta” , com detalhes sobre algumas de suas cerimonias e de suas oragoes. Foram encontrados, tamb£m, interessantes detalhes nas obras de R. Sacchoni, Bispo cdtaro que, mais tarde, abandonou sua antiga f€ para se tornar Inquisidor. Estudando e comparando esses diversos textos com os que foram depositados na Biblioteca de Lion, alguma luz pode clarear a vida e a doutrina destes mfsticos. m a n £ s e s e u s e n s in a m e n t o s

Suas tradigoes remontam & £poca de Man£s, que viveu na Persia no 3? s6culo de nossa era. Ele havia estudado o budismo e a filosofia cald&a e se debrugou, igualmente, sobre os mist&ios das escolas egfpcias. Converteu-se, mais tarde, ao cristianismo e adquiriu amplos conhecimentos de diversas fontes espirituais; fez uma sintese na qual baseou seus ensinamentos, tentando por vias diversas alcangar a grande Verdade Universal. Seus discipulos, os maniquefstas, difundiram sua doutrina que, por sua vez, era baseada no esplrito de rentincia das religioes orientais e na grande lei do Am or e da Compaixao, de inspiragao crista. Foram descobertos interessantes documentos pouco antes da guerra de 1914, no Turquestao e na China; e fo­ ram encontrados, tamb£m, em Fayoum, no Egito, escritos de Man6s e de seus discipulos. Alguns destes documentos escaparam da destruigao pelo fogo, quando os discipulos de Man6s foram perseguidos. Estes ultimos, do Oriente, fo­ ram para a Europa e, particularmente, para a Bulgaria; se­ gundo alguns autores, foi daf que seus ensinamentos pene-

traram na Italia e, mais tarde, em um amplo movimento de extensao para o Ocidente na Franga, encontramos, no fim do s£culo XI, os discfpulos de Man6s, agora denominados os Cdtaros, do grego Katharos: puro. Eles acreditavam em um Deus unico mas admitiam a existencia de dois princfpios opostos, cuja manifestagao aparecia na materia: a luz e a sombra, o bem e o mal, ou, ainda, o princfpio construtivo e positivo, ao qual se opoe o princfpio destrutivo; este ultimo era o diabo da doutrina cat61ica. Pela materia, o princfpio divino no homem, isto 6, sua alma, 6 mergulhada nas trevas de onde, dolorosamente, de­ ve emergir em busca da salvagao, atrav^s de sucessivas reencarnagoes nesta Terra; pelo sofrimento, pela prdtica da caridade e do amor, a alma deve libertar-se da ilusao da materia e, deixando as Trevas, unir-se & divina Luz, ao princfpio Primeiro, a seu Criador. No ritual dos cdtaros, pode-se encontrar a chancela da fonte crista de seus conhecimentos; verificar que suas baladas e cangoes contem, indiscutivelmente, a marca da in­ fluencia budista. Por sua vez, seus cantos e seus romances exerceram, provavelmente, uma grande influencia no desenvolvimento intelectual e literdrio da 6poca, e sobre a delicada inspiragao po£tica dos trovadores. £ pelas iniciagoes que os cdtaros auxiliaram o lento e progressivo desenvolvimento da alma de seus discfpulos; mas estes, para se tom arem dignos, deviam purificar-se por uma ascese gradativa, pelo jejum, pela abstinencia, por um desejo sincere de perfeigao; a pobreza era, igualmente,

considerada um meio de liberagao dos entraves da materia. Para eles, o inferno nao existia; o dominio de Sata estava na terra; e o fogo das regioes inferiores, os Poderes das Trevas, nao eram senao os sofrimentos deste mundo, aqui e agora, e nao em uma outra vida. Pelas tribula§oes desta vi­ da terrestre as almas dos homens podiam ser redimidas e salvas. OS PERFEITO S

Seus ensinamentos nao eram dogm£ticos: o trabalho dos ministros c^taros nao consistia em IMPOR uma f€ cega, mas em CO N V EN CER os fi&s pela persuasao e, mais ain­ da, pelo exemplo vivo de sua pureza e de sua probidade. Alguns, dentre eles, haviam atingido um alto grau de espiritualidade e eram chamados os “ Perfeitos”, ou os “ Puros” . Esses deviam ser os ministros, mas existiam naturalmente, fi^is mais humildes trabalhando e orando, sob a dire^ao dos Perfeitos que os instrufam e os guiavam, pouco a pouco, para o conhecimento espiritual. A liberta^ao da al­ ma das cadeias da materia e o amor do proximo (em uma palavra, a fratemidade) constitufam as bases fundamentals de sua doutrina, al£m da “ tri-unidade” da constitui$ao do homem. Seus chefes entregavam-se ao estudo da filosofia e, geralmente, estavam matriculados em universidades, onde tomaram parte ativa em todas as discussoes e controv^rsias que podiam ilumin<*-los. Mas o ensino academico nao era sua tinica fonte de conhecimento: pela concentra^ao e pela meditagao, eles tentavam comunicar-se com as for9as divinas, com a consciencia de Cristo. Com este prop6sito, eles

praticaram o jejum antes das iniciagoes; e freqiientemente, depois, ou, at6 mesmo, antes das grandes festas religiosas. ALGUNS RITO S CATAROS

Uma das particuiaridades dos ritos cdtaros consistia na imposigao das maos, que 6 chamada “Consolagao” , ou mais comumente, “Consolamentum” e que, em certos casos, era considerada como um batismo, pois eles nao reconheciam a eficdcia da 6gua batismai ou do sacramento tal como fora institufdo por Joao Batista; nao existia para eles senao um unico tipo de batismo, o do Espfrito, como Jesus recebeu. Era a finica maneira de receber, em si, o Espfrito Divino da Vida, a Radiagao C6smica penetrando a alma do ho­ mem, que assim operava a transmutagao alqufmica de elementos grosseiros da materia. Este sacramento era considerado um meio de redengao e, ao mesmo tempo, uma consagragao do estado de pureza, alcangado pelo discfpulo ap<5s um longo perfodo de jejum e de meditagoes. O ministro, pela imposigao das maos no dis­ cfpulo, colocava-o em contato com a Consciencia C6smica, com o Espfrito de Deus. Este rito era igualmente praticado com os moribundos, para auxiliar a alma em sua passagem para o astral. Neste caso, o Consolamentum podia igualmente ser dado por um membro da famflia, ou por uma mulher, com a condigao de que ele ou ela tenha recebido o sacramento, ou, em outras palavras, que o mediador, de qualquer sexo, devia ser plena e espiritualmente qualificado para o conceder ao moribundo.

A ordenagao era igualmente conferida pelo Consolamentum, mesmo por mulheres, que eram chamadas diaconizas. Cada comunidade de cdtaros cristaos tinha, pelo me­ nos, uma diaconiza. Os cdtaros eram individualistas e nao concebiam que houvesse outro caminho de evolugao al£m de trabalho e do esforgo pessoal, com o que, alids, estamos plenamente de acordo, porque a evolugao 6 impossivel se nao se tiver em si a aspiragao. Qualquer que seja a situagao social, a mesma consideragao era dispensada a todos, do mais humilde trabalhador at6 seus Bispos; as unicas coisas que importavam eram a pureza e a perfeigao; o mais modesto ne6fito, pois, podia aspirar ao mais alto desenvolvimento espiritual, & comunhao divina ou ao extase e at6 mesmo &“ Visao” . A p r o p 6 s ito d o c a s a m e n to

As crengas no que conceme ao casamento foram particularmente desvirtuadas, tanto pelos falsos relat6rios como pela malevolencia ou incompreensao de seus adversdrios; supos-se que eles se levantaram contra esta instituigao, que pregavam a abstinencia e o celibato, e isto nao estava nada de acordo com sua na reencamagao; de fato, como o homem poderia retom ar a esta Terra, se o casamento e a famflia eram condendveis? £ verdade que eles recomendavam o celibato, mas somente para os Perfeitos, isto 6, somente para aqueles que haviam atingido um certo grau de pureza e como meio de se libertar do cdrcere dos sentidos assim como para reduzir seu carma de reencarnagao; mas admitiam, perfeitamente, a necessidade do casamento para aqueles que deviam viver no mundo; para eles, o unico S a ­ cramento vdlido neste caso era a uniao de duas almas; o

que eles condenavam nao era o casamento propriamente dito, mas a licenciosidade que ele poderia encobrir. A autorizagao a pessoas casadas que recebiam o Con­ solamentum podia ser dada nao s<5 ao marido ou & mulher conforme o caso; podia, tamb&n, rom per o Iago matrimo­ nial, a fim de tom ar possfvel a total consagragao (e a purificagao) a um ascetismo total. Era tal sua probidade, que a palavra dada bastava para qualquer compromisso, e eles nao admitiam a necessidade de fazer juramentos, o que estava de perfeito acordo com o espfrito do segundo e do oitavo mandamentos. EM FRAN£A

No sul da Franga, onde a mistura de ragas tendia a formar individualidades fortes e independentes, os c5taros encontraram terreno propfcio a difusao de seus ensinamentos, imprimindo, assim, sua marca nestas ardentes e curiosas personalidades; a soma de seus conhecimentos foi, entao, traduzida em lingua “d’oc” . Toda esta regiao estava ainda impregnada do refinamento da antiga civilizagao romana; os nobres e os cavaleiros, os condes de Toulouse e os Senhores de Beziers, de Foix, eram letrados; e os pr6prios burgueses eram pessoas de grande cultura. Esclarmonde de Foix, figura romantica da lenda medieval, irm a de Roger Bernard, conde de Foix, havia sido iniciada na i6 cdtara; tamb£m Philippa, esposa de Raymond Roger, outro Senhor de Foix. Raymond VI de Toulouse, embora nao tenha adotado sua doutrina, favorecia-a abertamente, muitas vezes, at6 mesmo contra o clero cat61ico.



E possfvel que, vindo do Oriente, de Jerusalem, os peregrinos tenham facilitado direta ou indiretamente a difusao da doutrina cdtara, tanto na Franca como na Italia. Os primeiros grandes centros, no sul da Fran§a, foram estabelecidos em Montpellier, Beziers e Narbonne; daf, atravessando os Pirineus, eles se estenderam at£ a Espanha. Mais tarde, escolheram Toulouse para quartel general e tiveram inumeros bispos em Albi; ali£s, foi dessa cidade que lhes adveio o qualificativo de albigenses que se lhes ajustava tao bem como os de cdtaros. Este nome ficou ligado &s terrfveis perseguigoes que sofreram em iniimeras cidades como Beziers, Carcassonne, Agen e Monts6gur. A perfeita pureza da vida dos cdtaros oferecia um contraste com os extremos abusos que grassavam nessa €poca, mesmo entre os membros do clero, onde a simonia era moeda corrente; enquanto os c&taros se consagravam in­ teiramente ao bem do povo, cuidando e curando os doentes, os ministros do culto vendiam os sacramentos e se comportavam como mercadores do templo. Vemos, assim, de um lado, pessoas (homens e mulheres) conformando-se o mais possfvel com um c6digo de vida perfeitamente crista, renomados teceloes, agricultores, m e­ dicos e educadores devotados; de outro, encontramos a corrupgao e o materialismo. AI£m disso, os prelados de Roma eram, freqiientemente, senhores temporais, donos de grandes riquezas e propriet&rios de domfnios consider£veis, que se preocupavam mais com o poder e o bem pr6prio do que com o do povo e sua saude espiritual, muito mais tamb£m com questoes polfticas do que com a defesa da Igreja. Nao 6, pois, surpreendente, que toda a simpatia do povo fosse dirigida aos cdtaros; a corrup^ao de uma grande parte

do clero, afastava-o da Igreja cat6iica. De outro lado, havia uma hostilidade franca entre o clero e os baroes, estes Ciltimos preferindo levar auxflio Aqueles cuja extrema pure­ za de vida, e o profundo desinteresse, lhes inspiravam respeito. Os albigenses, ou cdtaros, estavam, social e espiritualmente falando, adiantados de muitos s6culos em seu tempo. A popularidade de Guilabert de Castres, um de seus mais c£lebres pregadores, foi para a Igreja uma fonte de perturbagoes graves no infcio do s^culo X III; ele censurava energicamente a corrupgao dos chefes espirituais autorizados; para os cdtaros, de fato, um ministro indigno nao tinha nenhum direito a seu minis t£rio; a seus olhos, o tftulo nao era nada; consideravam o valor intrfnseco do indivfduo, se o mais humilde trabalhador fosse probo e de nfvel espiritual elevado estaria mais qualificado para ser ministro do culto do que aquele que simplesmente fora ordenado Padre, pois que, como dissemos, a ordenagao nao contava para eles. Esta maneira de ver constitufa, assim, um ataque ao dogma romano; a pr6pria simplicidade de sua vida e seu desinte­ resse eram considerados sintomas revoluciondrios e seus ensinamentos, perigosa heresia. E o fato de seguir a doutrina de Man6s, cujos discfpulos foram mais ou menos perseguidores, parecia um pretexto suficiente para as Cruzadas e as perseguigoes que foram dirigidas contra eles. A HOSTILIDADE ROMANA

Empregando contra os cdtaros medidas coercitivas, o Papa Inocencio III tentou converte-los e com este prop6sito, enviou, para os persuadir, monges cistercienses, famosos por sua dial£tica; estes, segundo as regras extrema-

mente rfgidas de sua Ordem, deviam viver na mais absoluta pobreza e seu ascetismo igualava o dos c£taros, as mesmas virtudes sendo postas em pr^tica nos dois grupos. E ntre­ tanto, qualquer que fosse o modo de persuasao de tao dignos adversdrios, a f£ dos albigenses em sua doutrina era profunda e sincera demais para ser abandonada; ela nao podia ser atacada pela fria razao, pela dial£tica e, como a de um Jacob Boehme, por exemplo, ela nao tinha sua fonte original em um saber livresco, mas no coragao; e era no coragao que eles punham uma tao grande forga de resistencia. Embora nao possamos calcular, detalhadamente, as perseguigoes que tiveram de sofrer, alguns epis6dios, entre os mais impressionantes, ajudarao a langar alguma luz em sua hist6ria. Ao fim do X II s£culo, eles foram condenados por um concflio reaJizado em Toulouse e o Papa sojicitou o auxflio dos senhores do sul da Franga para a luta que foi encetada contra eles, prometendo uma indulgencia plendria como recompensa, e as autoridades eclesi£sticas os acusaram de an£temas, de her£ticos. Ao mesmo tempo em que Inocencio III solicitava o auxflio dos prmcipes e dos se­ nhores, escrevia tamb£m aos arcebispos da regiao, numa tentativa de estimular-lhes o zelo. Seu legado, Pierre de Castelnau, nao conseguindo convencer Raymond VI de Toulouse a levd-Io a Iutar, juntamente com a Igreja, contra os her£ticos, pelos quais Raymond tinha uma forte simpatia, excomungou-o e o Papa confirmou a sentenga em termos tao en6rgicos e violentos que Raymond se submeteu. Mas esta submissao era fingida, e depois de uma tempestuosa controv^rsa em Saint Gilles, Pierre de Castelnau o excomungou de novo. Algum tempo depois, em janeiro de 1208, o legado foi morto e, segundo alguns relatos histdri-

cos, ele morreu nas maos de um dos servidores de Ray­ mond VI. Inocencio III chamou o rei de Franga, Philippe Auguste, e pediu “ aos baroes do Norte para virem Iutar contra os baroes do Sul” . Philippe recusou e Inocencio III comegou a Cruzada com a unica ajuda dos senhores do norte aos quais tamb£m prometeu uma indulgencia plen£ria, al£m da esperanga com que acenava de ganhar novos Estados. Sob a terrfvel ameaga de invasao de seus domfnios, Raymond viu-se forgado a concretizar sua submissao h Igreja e a separar-se dos outros senhores do Sul. NORTE CONTRA SUL

De acordo com os relatos hist6ricos, o ex£rcito dos cru­ zados era composto de 20.000 cavaleiros e 200.000 cidadaos. Embora os senhores do sul que lutavam a favor dos cdtaros tivessem tido sob suas ordens cerca de 100.000 homens, a luta era desigual, portanto, nao era de se admirar que Raymond V I, cardter irresoluto, se submetesse uma vez mais ao poder de Roma. Duvidando de sua sinceridade, o Papa estava muito feliz por enfraquecer seus advers£rios e, no momento, contentava-se em separar Raymond dos outros senhores. O poderoso ex^rcito dos cruzados perseguia os reformadores que, sob a conduta de Raymond Roger, visconde de Bdziers, refugiaram -se nessa cidade; mas, a despeito de seus corajosos esforgos, Beziers e, pouco mais tarde, Carcassone, foram presos e despojados. MASSACRES

Antes da camificina, os vencedores haviam perguntado ao Abade de Citeaux como poderiam distinguir os albi-

genses dos outros habitantes. “ Matai-os todos” , replicou o abade, “Deus reconhecerd os seu s.. “Verificou-se, entao” , escreveu um autor anonimo, “o maior massacre de todos os tempos; nao foram poupados jovens nem velhos e nem mesmo as criancinhas de peito; todos foram exterminados. Vendo este morticinio, os ha­ bitantes se refugiaram na grande igreja de Sao N azlrio. Os Padres deviam tocar os sinos quando todos os her£ticos estivessem m o rto s.. . Mas jamais se ouviu os sinos tocarem, porque nem os Padres nem os cl^rigos foram deixados com vida, foram todos passados pelo fio da espada; ningu^m escapou. A cidade foi saqueada e, depois, inteiramente queimada; nenhuma criatura foi deixada com vida.” Era esse o espirito que animava os cruzados e tais foram os crimes perpetrados em nome da religiao e de Deus. E entretanto, alguns dos que perseguiram os considerados her£ticos eram de boa i€ e sinceros em sua crenga; os monges de Citeaux, os cistercienses, revelavam uma sinceridade perfeita na prdtica de seu culto; mesmo St. Dominique, cujo ascetismo podia ser comparado ao de seus prtfprios inimigos. Esta 6 uma das consequencias da intolerancia, quando Forgas das Trevas, por seus sutis artificios, cegavam com falsos raciocinios e pela incompreensao, os que acreditavam na pr6pria virtude. Se as lutas ideol<5gicas mudaram o tema - luta-se menos em nome da religiao e Deus parece, mesmo, ignorado por alguns - elas nao sao menos acirradas e os massacres da Idade M6dia nao podem ser comparados com estes da era at6mica, de nossa dita civilizagao.

Nao 6 sempre o orgulho que arruina os homens; que os arma uns contra os outros? Durante as Cruzadas, a sorte mudava constantemente de lado; alguns c£taros conseguiram escapar das cidades conquistadas; com o auxflio do povo e dos senhores, que se revoltavam contra o cruel fanatismo da Inquisigao, alguns dentre eles ficaram escondidos durante muito tempo e eles chegaram, mesmo, a fazer pros£litos. Este estado de coisas durou at£ o sitio da formiddvel cidadela de Monts^gur. A TRA G ^D IA DE MONTSfiGUR

Monts6gur era um antigo lugar de oragoes; pode-se dizer, um Templo erigido ao Sol, muitos sdculos antes da era crista; na Idade M€dia, o castelo tom ou-se a fortaleza onde os c£taros Iutaram em sua derradeira batalha. Desde 1209, Raymond de Perelha, senhor de M onts€gur, nele abrigava os refugiados antes das fases cruciais das grandes Cruzadas. E, em 1232, recebeu, nesse local, Guilabert de Castres com muitos outros chefes cdtaros; Monts£gur tom ou-se, entao, o coragao da Igreja Cdtara e ao fim das Cruzadas foi o ditimo lugar forte, quando Ray­ mond V II, que havia sucedido seu pai no condado de Tou­ louse, concordou, sob a influencia de Blanche de Castille, em auxiliar a luta contra os ultimos c^taros e destruir seu refugio final. Em margo de 1244, 205 cdtaros e seu Bispo foram queimados vivos. A partir desta 6poca, alguns cdtaros sobreviventes refugiaram-se nas grutas ou nas cavemas; outros emigraram para o norte da It£lia. Tais foram os horrores da Inquisigao

e, em muitos lugares, o povo se rebelou contra o fan^tico domfnio de certos Padres. Durante alguns anos, no final do s£culo X III e sob a regencia de P. Autier, alguns cdtaros estavam bem, mas em 1309, Autier foi morto e seu Ultimo ministro conhecido, Belibaste, foi queimado em 1321; de­ pois disso, os albigenses fugiram e se esconderam na selvagem regiao de Sabarthez, onde todos estavam desaparecidos, seja por terem sido mortos, seja por terem fugido para outro pafs. UMA DOUTRINA ADMIRAVEL

Na verdade, a f€ dos c£taros era de tao grande intensidade que podia ser comparada com a dos primeiros mdrtires do cristianismo. Sua doutrina era verdadeiramente calcada no mais puro espfrito do primitivo ideal cristao, antes de ter sido desvirtuado pelo fogo com a mesma coragem que os m£rtires do tempo do imp£rio romano. E, entretanto, suas crengas foram a tal ponto desfiguradas pelos inquisidores que eles foram acusados de pregar o suicfdio como um ato desej£vel. Em alguns casos, eles se submetiam voluntariamente ao que chamavam “endura” , fosse antes de receber o Sacra­ mento do Consolamentum, fosse quando eram aprisionados. No primeiro caso, o “endura” era um jejum muito rigoroso, que ningu£m praticava com a id€ia de cometer o suicfdio mas como meio de libertagao contra a prisao dos sentidos; no segundo caso (isto 6, quando foram aprisonados), eles o realizavam (o jejum) com o prop6sito de escapar ^s torturas da Inquisigao ou da morte pelo fogo; entao, deixavam-se m orrer de fome.

Todas as £pocas tiveram seu contraste de Luzes e T re­ vas; no meio dos abusos desenfreados da Roma degenerada, apareceu no mundo a grande Estrela de Luz, de Compaixao e de Amor: Jesus; no periodo sombrio da 6poca me­ dieval, da mais humilde maneira, os esforgos sinceros dos cdtaros para a liberagao do espirito mostraram o caminho para a pura espiritualidade, aflrmando, tamb&n, por mais intranspomveis que pareciam os obstdculos, que os processos da evolugao contmua sao inelutdvel movimento atrav^s dos tempos. Cada agao tem sua reagao, e o poder dos Papas, depois destas sangrentas lutas, foi grandemente enfraquecido; como consequencia da violencia cruel do fanatismo dos Inquisidores, de suas perseguigoes aos que a isso se opunham, as populagoes dos pafses ocidentais rejeitaram a autoridade espiritual da Igreja. Em conclusao, cremos poder acrescentar (se bem que parecem ter desaparecido completamente) que sobram ain­ da vestfgios dos cdtaros; que eles tem, ainda, fi£is admiradores e que seus ensinamentos e sua doutrina foram conservados em segredo. Os cdtaros foram, na verdade, considerados os precursores dos Templdrios e se n6s comparamos suas tradigoes com as dos Rosacruzes, constatamos que elas sao baseadas nas mesmas verdades fundamentals, em uma ardente aspiragao pelas coisas do Espirito e em uma verdadeira e real compreensao do destino final do homem.

IDEALISMO PRATICO por

REALISMO PRATICO

Sei que os leitores concordarao que uma das segoes mais importantes da revista O Rosacruz 6 a reimpressao dos artigos do D r. H. Spencer Lewis. £ de se esperar que seus artigos sejam tao atuais, instrutivos e enlevantes quanto na primeira vez que apareceram, porque traslados da verdade, escritos sob diregao ou inspiragao C6smica, jamais perdem sua forga ou seu valor original. Tao certo quanto esses escritos tiveram valor inspirativo para aqueles que os leram anos atris , terao tamb£m igual efeito sobre aqueles que os lerem hoje. Existe uma qualidade inata em todos os escritos que se manifestam sob a influencia do que eu chamaria de pressao da carga de emogao C6smica depositada no escritor que 6 escolhido como mensageiro da verdade da vida interior. Esses escritos diferem fundamentalmente dos discursos de cardter cientifico e filos6fico comuns. Estes tem um contetido academico e informativo de natureza concreta, ao passo que aqueles tSm uma qualidade comovente, inspiradora e duradoura que deixa o leitor com uma permanente impressao para o bem. A16m disso, aqueles que leram esses escritos no passado, ao 16-Ios novamente ap6s consider^vel

lapso de tempo, encontram uma riqueza de significados que nao foi apreendida no primeiro estudo dos mesmos. Percebem possfveis aplicagoes das verdades ali enunciadas que antes nao se lhes tom aram 6bvias e, portanto, nao lhes causaram profunda impressao. O tipo de escrito a que estou me referindo tem uma qualidade oculta peculiar: nao revelam todo o seu conteudo de sabedoria e significados na primeira leitura. A mente pode entender, aquiescer e passar adiante, mas esses escritos nao sao simplesmente um alimento de pouca substantia para a mente rational. Tem um objetivo bem mais prof un­ do: o despertar de faculdades psfquicas e espirituais. Isto exige tempo, geralmente um tempo muito longo. Entretanto, o despertar continua se processando silenciosamente al£m das fronteiras da nossa vida mundana, e a maior p ro­ va que disso temos 6 a nova luz e a imediata resposta simp&ica que sentimos ao reler os ensinamentos daqueles que nos precederam no caminho da evolugao. Recentemente, tive oportunidade de me referir a observagoes feitas pelo Dr. Lewis desde 1920 sobre o trabalho dos graus superiores da Ordem Rosacruz, e a leitura dessas observagoes inspirou as reflexoes acima. Dirigiu ele a mente I consideragao do valor e possfvel forga dos novos Membros que passam a fazer parte de algum Corpo Afiliado da Ordem, e ofereceu tres pontos para s£ria reflexao por parte daqueles que exercem alguma fungao oficial num Corpo Afxliado. O Dr. Lewis nao apenas dominava minuciosamente qualquer tema que tratasse, mas servia-se des­ sas mindcias de forma profdtica. Nao 6 incomum que um erudito domine minuciosamente determinado assunto, mas sua apresentagao em formas inesperadas e sua aplicagao a

finalidades que inspiram o leitor a uma nova reflexao e no­ va maneira de agir sao marcas de uma mente original. Portanto, ao ler esses tres pontos que tratam dos novos Membros, escritos h£ mais de trinta anos, sua plena significagao voltou a mim com forga singular. t r £s po n to s

O primeiro ponto enfatizado pelo Dr. Lewis era o seguinte: “Temos notado, frequentes vezes, que auxflio inesperado, do mais inestimdvel valor prov£m dos novos Mem­ bros, espontaneamente ou sem qualquer sugestao. Em v£rias ocasioes, algum servigo ou auxflio que mudou completamente o panorama de algum grave problema de uma Loja ou da Ordem, adveio de um novo Membro, num mo­ menta em que nao a esperanga mas a expectagao tinha quase terminado.” Esta 6 em verdade uma confissao, feita com profunda seriedade e com profundo sentimento de gratidao, pois o Imperator pronunciou essas palavras numa 6poca nao muito distante do imcio dos trabalhos da Ordem Rosacruz na America, e ele ainda sentia o grande peso da responsabilidade da enorme tarefa que estava depositada principalmente nele mesmo. Sinto em suas palavras de agradecido reconhecimento o valor do novo Membro e o quanto aquele auxflio o reconfortou naqueles prim<5rdios em que os Graus que tao bem conhecemos estavam sendo modelados e ajustados para uso international; alguns dos Graus iniciais acabavam de ser transmitidos aos Membros de Lo­ ja, enquanto os Graus superiores ainda estavam sendo preparados para os anos que se seguiriam.

Mas era um decreto cdrmico que quando o trabalho fosse langado, de perto e de longe chegariam aqueles que em £pocas passadas estiveram ligados & Ordem e ao pr<5prio lm perator, e que, pelo conhecimento intuitivo de sua associagao passada, outra vez se dedicariam e ofereceriam sua personalidade, seu prestfgio e conhecimento, sua apreciagao, seu amor e influencia, como uma dddiva preciosa no altar de servigo h humanidade, que o lm perator havia proclamado com todo o fervor de um mensageiro da Hie­ rarquia. Nao devemos deixar passar em branco as palavras: “ . . .num momento em que nao a esperanga mas a expectagao tinha quase terminado.” Elas traem a ansiedade secreta do mentor que, embora com toda a confianga que ti­ nha em si e a autoridade que o apoiava, ainda reunia forgas para o trabalho & sua frente e levantava os olhos, perguntando-se de onde proviria o auxflio necess&rio, embora prometido - quando parecia que, se esse auxflio nao se materializasse, muita coisa ficaria por cumprir e o grande ideal acalentado com tanta devogao pereceria. Mas a promessa cumpriu-se, e cumpriu-se muitas vezes no decorrer dos anos, desde entao. Mas o futuro 6 sempre incerto, e nao importa o quanto luminoso e magnffico seja o ideal e o quanto de trabalho em sua diregao j5 foi realizado, os olhos argutos, os pulsos firmes e as mentes prof£ticas devem es­ tar sempre vigilantes, prontas para realizar e prever o amanha, de modo que nada subtraia mas contribua para o tem­ plo, e suas ramificagoes e potencias intemacionais, que tanto acalentamos, preservamos, e por que tanto lutamos em tempos tao incertos. O segundo ponto enunciado pelo Dr. Lewis 6 este: “Se-

r£ que percebemos plenamente o vigoroso potential latente no novo Membro? Isto nao deve ser interpretado erroneamente no sentido de potencial financeiro.” E exatamente este ponto que alguns dos Membros mais antigos, as vezes, deixam, completamente, de ver. O novo Membro, demonstrando as necess£rias qualificagoes, 6, sem duvida, recebido de bragos abertos e com toda a cortesia, e depois deixado a s<5s para encontrar seu espago e ajustar-se ao seu pr6prio modo da melhor forma que possa. Isto, at6 certo ponto, 6 bom; mas nao 6 o suficiente. O Membro antigo, que pode ser um oficial em seu Corpo Afiliado, est£ bem longe de ser como um capataz de uma f£brica que sadda o rec£m-chegado, indica seu trabalho, e o deixa sozinho. O novo Membro representa uma alma de valioso potencial, e o senso prof^tico do ofi­ cial demonstrar5 seu principal ato de servigo ao compreender e avaliar o valor evolutivo do Membro em todos os pianos de sua vida manifesta. Tenho visto muitos novos Membros entrarem na Ordem com tanta ansiedade e, nao obstante, com tanta timidez em seus primeiros passos, a ponto de esconderem os sinais de qualquer progresso exceptional ou qualquer possibilidade de importante servigo que poderiam prestar, quando julgados pelos padroes de avaliagao comuns; mas em pouco tempo o espmto do Cristo permeava tudo o que faziam, que eu tinha que agradecer ao Ctfsmico pela d£diva que nos concedeu. Alguns desses Membros ji. terminaram sua jom ada e partiram para receber sua recompensa, mas sua mem6ria sobrevive: a Ordem foi enriquecida por seus servigos; e seu espfrito vive conosco como ativa inspiragao e como certeza de que outros hao de vir com gragas ocultas em seu coragao e forga em seus punhos para acrescentar novas pe-

dras ao templo que temos estado a construir e velar atrav£s dos anos. O Dr. Lewis enxergava a alma no interior das pessoas. Eis por que ele nao podia considerar um novo Membro simplesmente como um numero. Ele tinha vivo interesse em conhecer o Membro, o tanto quanto possivel, apesar da distancia; e, ao entrar em contato pessoal com ele, logo percebia suas limitagoes e as possibilidades que cedo ou tarde viriam a se manifestar. Tratava as limitagoes com compaixao e humana sensibilidade pois antevia o esforgo do coragao e mente que seria necess£rio para super£-las, e as possibilidades amadureciam sob seu encorajamento e s£bia orientagao. Ser£ que voces, meus irmaos, podem compreender o quao poucos comparativamente existem, mesmo no campo de estudos a que nos dedicamos, que possuem essa rara ca­ pacidade de enxergar a alma das pessoas? Existem muito poucos, de fato. Se fosse de outro modo, nao testemunhariamos a grande fileira de escolas, sociedades e cultos de diversos nomes, do Oriente e do Ocidente, e que exercem tao fraca influencia no mundo de hoje a ponto de serem relativamente desconhecidas. Lembrando o que o Dr. Le­ wis costumava enfatizar em seus contatos com os Mem­ bros, e 6 isso que devemos enfatizar nos dias de hoje. Nao posso fazer melhor do que citar as famosas palavras de Saint-M artin numa de suas cartas, que indicam o modo de adquirirmos a eminente graga da videncia necessdria para cumprir com o nosso segundo ponto. Pois, ao nos propor essa questao, nossa atitude para com os novos Membros, o Dr. Lewis nela dissimulava, em sua forma mais simples, um desafio a n6s dirigido. Esse desafio: “ Que capacidades

desenvolvemos n«5s para lidar com os Membros no sentido mais pleno da proficiencia no ato de servir?” A reagao de Membros que possuem fortes capacidades latentes depen­ d e d da proficiencia com que ajamos como estfmulos para as suas capacidades. O que eles precisam de n6s 6 a luz da iniciagao, a palavra reveladora, e a mao amiga, e tudo isso e s ti pressuposto na citagao de Saint-M artin: “ A unica iniciagao que transmito e busco com todo o ardor de minha alma 6 aquela por que podemos penetrar no coragao de Deus e fazer o coragao de Deus penetrar em n6s, formando assim um casamento indissoluvel, que nos torna o amigo, irmao e esposo do nosso Divino Redentor. Nao h i outro mist£rio de chegar-se a essa iniciagao sagrada exceto o de penetrarmos cada vez mais nas profundezas do nosso pr6prio ser, dali nao saindo at6 que possamos manifestar a raiz viva, vivificante, porque todo o fruto que devemos germinar, de acordo com a nossa esp£cie, serf produzido dentro e fora de n6s, naturalmente.” O terceiro ponto sugere o modo pelo qual os novos Membros podem servir; aponta sucintamente o fato de que, por vdrias razoes, esses novos Membros estao melhor capacitados a servir do que os novos Membros de anos anteriores. Em primeiro lugar, h i mais meios, formas e utilidades sistematizadas para os novos Membros aplicarem-se eficientemente em seu possfvel servigo. Em segundo lugar, h i canais e necessidades mais definidos, concretos e evidentes para esses servigos. E em terceiro lugar, existem muitos Membros adiantados em muitas Lojas, Capftulos ou Pronaoi, e em muitas localidades, que podem orientar, fa­ zer sugestoes, ou assistir os novos Membros, ou quaisquer outros, que desejem secreta, anonima e adequadamente,

prestar esse servigo k Ordem, a algum Corpo AfUiado, ou a estranhos, segundo suas pr6prias capacidades e conscien­ cia. Indubitavelmente, as possibilidades de os novos Mem­ bros servirem cresceram consideravelmente desde que es­ ses pontos foram escritos pela primeira vez. Nenhum Membro atual precisa ser lembrado dos “canais e necessidades mais definidos, concretos e evidentes para esses servigos” , que o solicitam em todos os lugares e em todas as formas. Mas 6 a terceira sugestao que mais me interessa no momento: de que agora existem muitos Membros adiantados que podem “ orientar, fazer sugestoes, ou assistir os novos Membros, ou quaisquer outros, que desejem secreta, anonima e adequadamente, prestar esse servigo k Ordem, a algum Corpo Afiliado, ou a estranhos, segundo suas pr6prias capacidades e consciencia” . Tenho especial interesse por um aspecto desta afirmagao: ela nao exige ou solicita - sugere o que pode ser feito. Lembro-me do finado Im perator muito bem, pois eu estava em constante contato com ele naqueles anos primordiais at€ que ele passou ao trabalho superior, e um de seus tragos mais marcantes era a sdbia sugestao de um possfvel ou necessdrio objetivo. Ele jamais impunha a sua vontade ou exercia autoridade indevida mesmo quando e onde podia, porque isso langaria por terra a finalidade principal do desenvolvimento dos outros. Ele indicava o caminho e o deixava k iniciativa, aptidao e disposigao do Membro ou do Oficial: “ Muitos h i que podem orientar, sugerir ou auxiliar.” Se assim era naquela 6poca, que se dizer, entao, de agora?

Quando revejo o passado de mais de 30 anos e Iembrome dos eventos catastr<5ficos daquele perfodo e o que fizeram para a nossa geragao, os fardos crudis que nos impos, fardos quase al£m do que os seres humanos pensaram ser capazes de suportar, s6 6 preciso um pouco de imaginagao para saber o que aquelas condigoes flzeram ao coragao e k mente da humanidade. Ambos, coragao e mente, foram crucificados, k semelhanga do Cristo em sua £poca. Em to­ do aquele que possa perscrutar o coragao e a mente da hu­ manidade atual sem sentir piedade e compaixao pelo que o carma do mundo ali escreveu, est3 de fato crucificando outra vez o Cristo em seu pr<5prio coragao. Isto nao deve acontecer conosco. Somos exortados k piedade e k compai­ xao. A IN IC IA gA O

£

DUAL

Sob orientagao hier&rquica vimo-nos escolhidos e assumimos responsabilidades aos olhos dos Mestres invisfveis para a incumbencia que nos confiaram. Este fato por si s<5 deveria agugar nossa visao porque “a iniciagao ao coragao de Deus” , como Saint-M artin a coloca de um modo bem esot£rico, encerra de fato um processo dual. Nenhum ho­ mem pode penetrar no coragao de Deus sem penetrar cada vez mais nas profundezas do seu pr6prio coragao; e ne­ nhum homem pode entrar convenientemente em seu pr<5prio coragao sem, em atitude de ressonSncia ou sensibilidade, penetrar nos recessos secretos do “coragao” de seus semelhantes. Nem pode o “Coragao de Deus” , o espirito do Cristo, habitar o coragao do homem at6 que ele desperte para a consciencia das possibilidades desse despertar no coragao de seus irmaos.

Compreendemos, agora, a plena significagao de “orientar, fazer sugestoes, ou assistir os novos Membros, ou quaisquer outros ” Em verdade, quanto mais pensamos nestas palavras mais amplamente aplicdveis elas se tomam, e seu significado se tom a mais esot£rico e abrangente, at6 que somos transportados outra vez, intuitivamente, ao co­ ragao e mente de quem as escreveu, apreendendo sua sig­ nificagao mais profunda. Temos exagerada tendencia de ler verdades esot^ricas s6 com os olhos e o intelecto ao inv£s de sentirmos interiormente o contetido psfquico, et£rico, em sua fonte, cujo objetivo 6 a nossa orientagao e ilumina­ gao. Estamos cercados por pessoas que se comprazem em impor suas sugestoes e dirigir os outros; elas nao ficam satisfeitas at£ que estejam exercendo algum controle intrometido e autoridade superficial na vida dos outros. O novo Membro encontra isso fora da Ordem sem o pedir; mas ao entrar na Ordem, sente ele a surpresa de penetrar numa nova atmosfera, uma atmosfera de paz, de restrigoes no falar e de harmoniosa cooperagao que, inconscientemente, despertam novos pensamentos e sentimentos e um desejo de “por para fora” o que ele tem de melhor. Nao estou insinuando que isso nao 6 feito (e € feito em longa escala) pelos oficiais e Membros mais antigos. Estou apenas reafirmando o que o Dr. Lewis tinha em mente ao escrever essas observagoes, em 1920. Estou revendo-as do ponto de vista em que ele as escreveu. Obviamente, suas observagoes nao foram em vao. Atrav£s dos anos, tenho visto inumer£veis exemplos em que a confissao mais franca de novos Membros revela esse tipo de servigo esot£rico prestado por aqueles dentre n6s que fizeram grandes sa­ c rific es para levar a cabo este ideal. £ realmente algo de muito belo, e nada conhego que se lhe compare.

Meu objetivo neste artigo 6 apenas reenfatizar esse ideal porque o futuro imediato vai exigi-lo de n<5s. As nossas fileiras chegarao aqueles (alguns de idade tenra e outros mais adiante no caminho da vida) que nos confessarao que tudo lhes falhou. Eles vem e virao de sociedades e cultos que lhes ofereceram o que de melhor possufam e, nao obstante, deixaram-nos desencorajados e com pouca esperanga, De­ vem eles ser levados a sentir que penetraram em uma fra­ temidade de personalidades-almas compassivas que conhecem os perigos ocultos do caminho, que viveram os cruris sofrimentos de um mundo torturado, que num relance conhecem o semblante da dor, da inquietagao, do desapontamento e da perda e que, nao obstante, tem uma seguranga interior que nao pode ser derrubada por nada que o mundo possa dizer ou fazer. Eles tem a consciencia da presenga do Cristo que 6 uma fonte perene de bengaos para os outros.

COMO CONCRETIZAR UM IDEAL por

COMO CONCRETIZAR UM IDEAL

Para a concretizagao de um ideal a pessoa deve praticar o autodomxnio. H i uma maneira pela qual o domfnio do Eu € alcangado: O estudo adequado e sistem£tico das leis da natureza, das leis que regem o universo, que regem o ho­ mem, e que influenciam a relagao do homem com tudo que existe. O conhecimento da verdadeira relagao do homem com o universo e outros homens, o conhecimento de seus poderes pessoais ilimitados, o conhecimento dos processos latentes e da fortaleza da mente contribui para nos tom ar uma forga para maiores realizagoes construtivas, criativas, um sucesso, uma gl<5ria para o mundo, bem como uma de suas partes integrantes. Para utilizagao de nosso conheci­ mento no tocante & essa relagao 6 necessirio ter o domfnio de nossas pr6prias forgas e faculdades, al£m do trabalho em harmonia com as leis da natureza, a harmonizagao com a Mente Divina, a manutengao de uma atitude de paz, a irradiagao do amor, e o domfnio, subjugagao das forgas contr£rias que se projetam das trevas, do medo, da ignorancia e da negligencia. Mais importante do que ver com o olho mortal 6 ver com o olho da intuigao. Mais sublime do que ouvir com o

ouvido mortal € ouvir a voz do Eu interior. Em um mundo de realizagoes criativas, a influencia silente de uma vontade dominadora 6 muito mais poderosa do que o sussurrar erudito de uma voz ditatorial. O domfnio intelectual do conhe­ cimento material do mundo 6 suficiente apenas na superagao dos problemas materials e deixa que cada homem lute com a sua inteligencia para defender e manter aquilo que apenas recentemente conquistou. A natureza nao toma conhecimento das lutas, e majestosamente se curva para auxiliar aqueles que compreendem sua operagao e aqueles que com ela cooperam na construgao universal, na criagao ben^vola e no progresso humano. Infelizmente, inumeras pessoas interpretam mal os fenomenos naturais e aparentemente ignoram as causas fundamentais da existencia e da significagao da vida. Qual a intensidade do nosso desejo de autodomfnio? At6 que ponto desejamos introduzir em nossa vida a plenitude do viver? Alguns alcangaram seus objetivos, por€m, de nenhuma maneira tem todos aqueles que passaram desta vida alcangado o autodomfnio. H i homens e mulheres na Terra, atualmente, que vivem como deuses. Talvez nao os conhegamos mas eles aqui estao. Sao as pessoas que tem capaci­ dade para projetar sua Luz nos redutos mais obscuros da ignorancia e da indolencia. Algumas vezes, o autodomfnio exige sacriffcio de uma ou outra maneira. Lembremo-nos da vida de alguns dos grandes homens e mulheres da hist6ria que alcangaram aquilo que chamamos de autodomfnio. Mark Twain, que era por todos amado, perdeu um a um os membros de sua famflia por doenga ou acidente. Benjamin Franklin foi trafdo por seu pr6prio fi-

lho. Wagner, apesar do banimento e da pobreza, escreveu milhoes de notas para suas tfperas e obteve sucesso na dire­ gao de espeticulos. Francis Bacon foi traido por seus inimigos e muito pouco compreendido. Na verdade, hoje, s€culos ap6s sua morte, a verdadeira vida de Bacon continua ainda envolta em mist£rio. Pensemos em Robert Louis Stevenson que escreveu algumas das suas hist<5rias preso ao leito com tuberculose. Pensemos em Beethoven que imprimia em seu lar um verdadeiro reinado de terror para escrever sua musica. E pensemos em Mozart cujo unico esttidio era um barulhento parque com cervejaria e salao de bilhares. Quase todas as pessoas que consideramos como extremamente bem-sucedidas passar am por muito sofrimento. UM OBJETIVO DEFINIDO

Qual a forga que atraiu esses homens e essas mulheres para a sua meta? De onde receberam sua fortaleza e inspiragao? Sabemos que todos eles para si mesmo estabeleceram um ideal altrufstico. Foi o desejo de concretizar esse ideal que os compeliu a prosseguir, a despeito de todos os obst£culos. Por terem um objetivo definido, vontade, determinagao, e bravura para por ele lutarem, a fortaleza e a Iluminagao a eles chegaram no momento em que eles delas mais necessitavam. Nao est£ cosmicamente decretado que passemos por vicissitudes. Trata-se, todavia, de uma situa­ gao em que a pessoa muitas vezes se coloca para que possa promover desenvolvimento individual e tamb€m servir a humanidade. Se nao trabalharmos arduamente para promover um ideal nobre quando ele se tornar necess£rio, verificaremos

que nao temos a fortaleza de carrier para alcangar sucesso e exercer nossa lideranga em qualquer esfera digna do empreendimento humano. H i, naturalmente, aqueles que se tornaram proeminentes no desenvolvimento do pensa­ mento e no bem -estar da humanidade e que parecem ter passado pela transigao sem terem se apercebido das dores e tribulagoes. Esses representam a excegao e nao a regra, mas, como sabemos que eles nao experimentaram sofrimento? Nao queremos dizer que todos estejam destinados a se transformar em benfeitores da humanidade. Todavia, que­ remos afirm ar que no transcorrer do ciclo de desenvolvi­ mento da personalidade da alma 6 dada a cada individuo a oportunidade para servir. Essas oportunidades estao associadas com intimeras provas que decorrem das circunstancias. Por sua vontade ou fortaleza de cardter, o individuo vence essas provas, ou falha. Algumas vezes, circunstancias negativas ou positivas predominam devido aos aconte­ cimentos da Spoca em um determinado perfodo da hist<5ria. Esses acontecimentos tem de ser enfrentados pelas pessoas reflexivas. Para a conquista do autodommio, o corpo e seus apetites devem ser mantidos em condigoes adequadas. Os apetites devem ser usados para as finalidades para as quais foram criados. Nao se deve permitir que nos escravizem. Ningu£m se tom ar£ senhor de si mesmo se nao puder disciplinar sua mente e se nao se dispuser a trabalhar por aquilo que acredita ser bom e construtivo. Podemos seguir a linha de menor resistencia permanecendo estdticos, ou podemos estabelecer um prop6sito para n6s mesmos e tentar tudo fazer para alcangarmos o autodommio. Nao 6

necessdrio que nos tomemos lfderes em nossa esfera de agao, por£m o que podemos fazer 6 voltar nossa atengao para dominar as coisas que se encontram mais perto de n6s, para que possamos desfrutar felicidade e viver uma vida mais util, mais plena. ESFORCO

Tom a-se necessdrio um ideal ou prop6sito individual. Quantas pessoas realmente tem um prop6sito ou ideal? Se pensam que tem, estao dispostas a dedicar-lhe uma noite ou uma hora de estudo por semana? A leitura que fazem promove a elevagao espiritual? Costumam comparecer a conferencias educativas? T6m o verdadeiro senso de moral e dos valores culturais? Somente a pessoa que verdadeiramente vive um trabalho e sente que tem uma missao a cumprir decidiria e poderia suportar as provas, as tribulagoes do autodommio. Vale a pena, realmente, esse sofrimento? Se milhares de Ifderes de nossa hist6ria nao tivessem trabalhado e sofrido por um ideal como foi o caso de Abraham Lincoln, por exemplo, nao haveria civilizagao e os seres humanos permaneceriam em um nfvel inferior de existencia. Durante centenas de anos, os Rosacruzes tem se destacado entre aqueles que se dispuseram a trazer a Luz a um mundo obscurecido e, hoje, a Ordem Rosacruz, AMORC, continua a inspirar as mentes em escala jamais possfvel an­ tes, para propiciar orientagao adequada e necessdria kqueles que anseiam por coisas melhores e desejam viver vida titil, construtiva. Qual a compensagao para o sofrimento relacionado com

a concretizagao de um ideal? Certamente, nao 6 a riqueza. A recompensa se traduz em uma gradual percepqao do grande ideal que e s ti sendo realizado. O incentivo € o desenvolvimento e o bem -estar para o Eu interior, a alegria do trabalho construtivo. £ o incentivo que arrebata todo o filantropo que, em pensamento e conduta, e sti adiante dos tempos. Essas pessoas tem feito uso de suas qualidades intelectuais e espirituais como estunulo por meio do qual tem sido transmitido h. humanidade impulso mais forte para alcanqar um padrao mais elevado de civilizaqao nas diferen­ tes 6pocas da hist6ria mundial. Spinoza, grande fil6sofo e mfstico, 6 um desses exemplos. Devido aos seus ideais, foi excomungado da sinagoga e nao era menos censurivel para os cristaos. Tao profunda era a animosidade contra Spinoza que at6 uma tentativa de assassinato foi perpetrada. Hoje, o mundo a ele se refere como uma das mais profundas mentes de todos os tempos. Nenhuma pessoa normal deseja passar por semelhante sofrimento. Por outro lado, o indivfduo que e s ti verdadeiramente com o prop6sito de acelerar o conhecimento e de servir, nao se afastari desse sofrimento se ele for necessirio. Afortunadamente, os estudantes de misticismo ou os buscadores sinceros da verdade nao sao obrigados a fazer grandes sacrificios. Como Rosacruzes, somos indivfduos priticos. Em gran­ de proporqao, somos realistas. Nenhum mal vemos na ambigao porque a ambiqao 6 desejivel para as realizaqoes. A linica coisa que nos deve preocupar 6 o valor do nosso prop6sito, isto 6, se ele 6, ou nao, digno de concretizaqao.

Pode bem acontecer que tenhamos domfnio sobre nossa vida, por£m, tamb£m pode acontecer que as coisas sobre as quais temos domrnio nao sejam suficientemente avaliadas por n6s. Devemos olhar em torno e observar quantas coi­ sas temos que os outros nao tem. 6 possivel que cheguemos a verificar que temos dominio muito maior dos pro­ blemas da vida do que jamais imaginamos. Talvez devessemos cantar louvores por aquilo que te­ mos, em vez de lamentarmos a falta daquilo que (pensamos) deveriamos ter, nao nos deixando dominar, em qualquer momento, pelas emanagoes do incenso dos supostos deuses do materialismo. Por meio das provagoes 6 que o homem se tom a, at€ certo ponto, mais espiritualizado e mais senhor de si mesmo. As provagoes e o sofrimento nos harmonizam com as afligoes do mundo e nos tomam mais complacentes, mais tolerantes, e mais benevolentes em atitudes para com os outros. Nossas pr6prias experiencias nos ensinam as grandes ligoes da vida e, atrav^s destas, evolutmos e fazemos desabrochar o nosso car£ter e a nossa personalidade, £ semelhanga das p^talas da rosa que desabrocham para permitir a rosa a ostentagao de sua maravilhosa e bela forma e o desempenho da semente que lhe deu origem. Ningu£m poder^ alcangar o autodomfnio afastando-se da sociedade, tornando-se um eremita. PROVAS E TRIBULACOES

O sofrimento nao necessita de explicagao porque ele 6 o seu prtfprio int^rprete. Nao se faz necessdrio que o expliquemos porque, virtualmente, todos )£. foram por ele atin-

gidos em aJgum periodo de sua existencia. Apenas se tom a necess£rio, portanto, compreendermos que a adversidade nao 6 em vao e, sim, um processo alqufmico. Por meio dela, a natureza do homem pode ser purgada das falsas concepgoes. A verdade da vida, a felicidade, e o amor sao conhecidos por seu real valor. Atrav£s do trabalho £rduo 6 que conhecemos, por comparagao, o verdadeiro valor da vida, tom ando-nos conscientes do prop6sito final da nossa existencia. Este, portanto, 6 o significado mfstico das provas e tribulagoes. Estas sao, de modo geral, as condigoes necess£rias ao processo do autodomfnio. O autodomfnio serd alcangado pelo trabalho que desenvolvermos com entusiasmo sincero para sua consecugao. O indivfduo deve sentir-se apaixonadamente estimulado pela coragem, pelo desejo, e pela vontade de alcangar o ideal. Estas sao as forgas motrizes quando a causa € digna. £ algo que consome o indivfduo. Nao apenas estamos conscientes disso, mas vivemo-Io como parte de n6s mesmos. O desafio € langado a despeito dos obst£culos, e tom a-se um dever dominante que tem a impetuosidade da masculinidade sendo, nao obstante, suficientemente feminino para se revelar nobre, suave, e moderado. Isto proporciona ao indivfduo a capacidade de perceber a Iuz daquilo que perdurar£. Misticamente, tom am o-nos mais espiritualizados. O autodomfnio 6, em suma, a prestagao altrufstica de servigo e a capacidade de criar oportunidades para prestar esse servigo. Isto proporciona os meios para concretizar um ideal digno.

por Irving Soderlund, F.R.C.

De muitos anos para c£, meu centro de interesse vem se fixando em um dos Mestres de nossa Ordem. Ele 6 deste s£culo e eu apreciaria muito apresenti-lo aos que me leem. Nicholas Konstantinovitj Roerich nasceu em Isvara, na Rtissia — no solar da famflia - no dia 10 de outubro de 1874. Seu pai era de origem escandinava e sua mae pertencia a uma famflia da nobreza russa. Advogado famoso, desejava que o filho seguisse seu exemplo, realizando estu­ dos de Direito. O jovem Nicholas, entretanto, nao se sentia verdadeiramente inclinado para isso. Nao querendo, todavia, contrariar o pai, ele partiu para a Universidade de Sao Petersburgo onde terminou os estudos com notas excelentes. Neste momento e mais tarde, em sua vida, ele demonstrou possuir uma energia e capacidades intelectuais que lhe permitiram ter as mais diversas ocupagoes. Seu in­ teresse arqueol6gico foi despertado quando ainda habitava a mansao da famflia. Ele havia observado alguns vales estranhos. Sua teoria segundo a qual os vales ocultavam “vestfgios” foi confirmada e seus estudos de arqueologia deram-lhe, jS na juventude, um lugar proeminente entre os arque61ogos da 6poca.

Quando ainda era estudante de direito, freqiientava, com relativa assiduidade, a Escola de Belas Artes onde seu genio artfstico logo se evidenciou para seus professores. Com apenas 22 anos de idade, em 1896, ele provou que estes tinham razao. Preparou uma notivel exposi§ao e sua obra de arte “O Mensageiro” foi comprada, imediatamente, por Tr£jakov, grande entendido em arte, para enriquecer sua cole^ao. Nao poderia haver honra maior para um jovem artista russo da £poca. Tom ou-se claro, para o jovem Roerich e sua famflia, que seu genio artfstico devia se expressar. Seu pai, entao, apoiou-oea pintura tom ou-seo maior interesse de Roerich. Progrediu rapidamente como artista, tom ou-se muito apreciado e seu renome firmou-se solidamente. Depois de seus estudos em Paris, Roerich continuou pintando durante os anos de 1900 a 1906, focalizando, sobretudo, motivos russos fortemente estilizados. Sua tdcnica era tao segura que, em poucos dias, podia concluir uma obra-prim a que um artista comum levaria meses para fazelo. A importancia de seu trabalho deu-lhe um lugar entre os maiores artistas que existiram. A maior parte de seus quadros era executada k tempera, e ele completou mais de sete mil obras. Pode-se ver sua arte na Su£cia, entre ou­ tros, na exposigao B iltica em Malmo, no ano de 1914 e em uma exposigao em Estocolmo, em 1918. Centenas de suas obras de arte figuram nos museus de mais de 25 pafses. Ele criou as decoragoes de teatro como, entre outros, “ Peer Gynt” , de Ibsen e escreveu, em Paris, a primeira representagao de “Sagragao da Primavera” (Sacre du Printemps), em colabora^ao com Stravinsky e o core<5grafo Nijinsky.

A pintura era uma das facetas desse grande genio; a comunicagao, outro de seus grandes talentos. Ele parecia ser capaz de penetrar no mais profundo do ser, fazendo vibrar as cordas sentimentais que neles encontrava. A\6m disso, falava e escrevia de maneira persuasiva e bela. Eis algumas citagoes suas, feitas no ano de 1923: “ A arte deve unir toda a humanidade. A arte 6 una. Tem numerosos ramos, mas todos, entretanto, sao apenas um. A arte 6 a manifestagao da sintese que se vai produzir. Por essa razao, a arte foi criada para todo o mundo. Todos devem gostar da arte verdadeira.” . . .“O portal da fonte sagrada deve ser grande e aberto a todos e a luz da arte de­ ve influenciar, com um amor novo, incontdveis coragoes. O sentimento de ser inconsciente vem primeiro; mas, no fim, deve purificar a consciencia humana. E quantos jovens coragoes buscam algo real e belo! Dai-Ihes, pois, o que desejaml Levai a arte aos seres humanos, aqueles aos quais ela pertence. N6s nao deverfamos apenas decorar os edificios ptiblicos e os museus, com a arte. Decorai e embelezai oX6 mesmo as prisoes existentes para que, depois de n6s, elas nao mais venham a existir!” Estas id£ias nao ficaram sem resposta. A reputagao de Roerich no mundo da arte era tal que ele podia falar com autoridade. Suas id&as levaram I criagao de uma corrente especial do pensamento humano e suas influencias eram por toda a parte numerosas e diversificadas. Em 1920, quando chegou em Nova Iorque, antes de sua primeira exposigao nos Estados Unidos, ele freqiientou, rapidamente, a alta sociedade, como havia feito na Europa. Sua esfera de interesses nao tinha limites e entre seus ami­

gos mais chegados encontravam -se homens como Millikan, Einstein, Compton, Huxley, para nao citar outros mais. A relagao de seus amigos indica tamb£m que seus interesses eram diversificados e se estendiam al£m da arte. Ele conhecia bem v£rios idiomas, era favordvel ks reformas sociais de esquerda e dizia que o estilo de vida contemporaneo exigia a perfeigao do homem modemo. Sua vontade, sua imensa energia e sua capacidade de trabalho, permitiam-lhe alcangar rapidamente, em apenas alguns anos, os objetivos que permaneceriam inacessfveis a seres humanos normais que poderiam dispor de toda uma vida. RO ER IC H O M lSTIC O

O Dr. H. Spencer Lewis, nosso antigo Imperator, co­ nhecia muito bem o Frater Roerich como frater Rosacruz; chamava-o “um mensageiro da grande Fratemidade Bran­ ca” . Ele esteve muito ativo em nossa fratem idade at6 sua transigao em 1947. N<5s encontramos boa parte de sua sa­ bedoria nos estudos de nossa Ordem, onde os Mestres sao anonimos. L. N. Andrjev referia-se a ele da seguinte maneira: “ O

mundo de Roerich 6 o mundo da verdade. Sua obra liga as almas mortais ao mundo das criagoes extraterrenas.” Em 1920, o pr6prio Roerich dizia, em Londres: “Nossa vida modem a se satisfaz com as necessidades instintivas do corpo. O homem busca as coisas materials, mas est£ escrito que ele nao deve obte-las assim. Os pontos de partida que levam para o alto degeneraram. A humanidade tentou obter tesouros que nao mereceu e, desta forma, ela rompeu

o “cume” da boa vontade da Deusa da Felicidade. A hipocrisia, a brutalidade e o mal nao nos levam a parte algum a .. . Uma dura prova aguarda hoje a humanidade inteira: a prova de integrar a verdade.” Embora essas palavras tenham sido pronunciadas hi. mais de sessenta anos, ainda constituem estimulagao para o pensamento. N<5s ainda nao obtivemos Sxito na prova de integrar em n6s a verdade verdadeira. No mesmo ano, em outra ocasiao e um pouco mais tarde, ele escrevia: “ Sabeis que a vida do esplrito nao 6 privildgio do eremita. Ela pode ser obtida aqui entre n 6 s .. . e a consciencia da vida da alma deve abrir para n6s novas e cotidianas possibilidades de criagao.. . Lembrai-vos de que chegou a hora de harmonizar nossos centros. Isto vai ser da maior importancia no conflito com a civilizagao mecanica que, de maneira totalmente falsa, 6 chamada cultura. O espirito, enterrado em mindcias triviais da vida cotidiana e despojado de maneira birb ara levanta a cabega.” Tais palavras nao soam como sabedoria e autoridade? Roerich dizia, em Nova Iorque, no ano de 1932: “ O silencio age, a palavra d£ o impulso para a agao. O silencio forga, a palavra convence. Os “processus” do mundo silencioso e os segredos se aperfeigoam todos no interior de n6s pr6prios, em um silencio profundo e ativo. Este silencio € dissimulado pelo exterior do que lhe 6 ilus<5rio. Os maiores esforgos sao efetuados com a respiragao presa; quanto mais ripida 6 a respiragao, maior o desperdfcio de energia. Aquele que, em plena agao, puder parar de respirar, de forma nova e espontanea, s e ri dono da energia do mundo.

“Existem, entretanto, dois tipos de silencio: o resultado da fadiga e que 6 a manifestagao de uma dissolugao, de uma desagregagao, e o silencio significativo da unidade que determina a harmonia da vida. O silencio reinante 6 a paz para aquele que reina. Quanto mais completa for a paz, mais poder a forga terd e maior ser£ a forga da agao. Desta paz, vem a verdadeira sabedoria. A atividade exterior da mente deve ter o fim e o silencio deve seguir a exaltagao. Mais tarde, desta paz e neste silencio sem voz, vird a iluminagao da mente.” Nao 6 6bvio que estas palavras repousam nas experiencias pessoais? Os conselhos de Nicholas Roerich eram extremamente pr£ticos. Ele nao foi um sonhador nem um mistico apaixonado, que paira nas nuvens. Seus p6s estao bem plantados na terra. Roerich se atinha & realidade da materia e dizia que em toda nossa hist6ria a plataforma da verdadeira sabedoria e a criatividade vital foram firmadas nesta base. Ele dizia que a compreensao da materia leva ao portal da sabedoria ilimitada, enquanto que a negagao das realida­ des do mundo material leva a um agnosticismo que apenas recoloca a questao, nao cria nada. Ignorar o mundo mate­ rial e a realidade de sua influencia na vida humana, jamais ofereceu o que quer que seja para a evolugao humana. “ O espirito 6 submetido e a materia 6 esquecida; o que resta 6 apenas um caos.” Ele v£ exatamente nisso o maior mal das geragoes anteriores e das atuais. Dizia que a sabedoria humana 6 real, mas como se expressa por fragmentos, encontra-se na im-

possibilidade de compreender a totalidade e a verdade absoluta. O PROFETA

Deixemos de lado seu desempenho como arque<51ogo, artista, poeta, defensor da beleza, filtfsofo e professor. Entre os diferentes aspectos de sua personalidade, encontra-se, ainda, o de profeta. Ele escreveu: “Todas as pessoas recebem provas e todos os mundos estao submetidos a provas. Isto nao 6, necessariamente, assustador. Considerai-as antes como uma fonte para a expansao da conscien­ cia e uma chave para a coragem e para a evolugao. £ bom revestir-se de coragem, sentir-se a grandeza do pensamento, e todas as energias que levam & atividade do pensamento, mesmo que isso possa desembocar nas decisoes mecanicas. Deixai o homem sentir seu pensamento com todo seu poder e seus sentidos. Durante os 18 dltimos anos de sua vida, Nicholas Roerich morou em Nagger, na India Oriental, pouco distante da fronteira tibetana, com sua mulher Helena e o fllho Georges, em um belo vale isolado de Kulu, cercado de montanhas. Ele podia divisar alguns dos grandes montes do Himalaia, montanhas de que ele tanto gostava! Depois de sua transigao, em 13 de desembro de 1947, suas cinzas foram colocadas em uma cripta ao lado de sua casa, e a localizagao de sua sepultura foi indicada por uma simples pedra. Os peregrinos vinham de toda a India, de todo o Orien­ te, para visitar este lugar e render homenagem ao querido professor.

Tua bondade enche minhas maos. Em plenitude ela flui pelos meus dedos. Nao para me defender de tudo. Nao posso destilar as correntes brilhantes de sua riqueza sem limites. O rio de Tua bondade corre pelas maos da Terra. Eu nao posso saber quem p o d eri receber estas correntes de tao alto valor. As pequenas g o ta s.. . sobre quem elas vao cair? Meu tempo nao vai bastar para chegar &casa. Somente algumas pequenas gotas desta bondade poderao ser transmitidas em minhas maos, bem encerradas. Nicholas Roerich, F JR.C.

AMORC E TJ5CNICA INIClATICA por

AMORC E T^CNICA INIClATICA

A Ordem Rosacruz, AM ORC, € uma escola de mistdrios, inici^tica e tradicional que, sem afastar nada de sua heranga sagrada, perpetua no mundo modemo a mensagem Rosacruz do passado segundo um processo novo, adaptado k nossa 6poca. E assim que a apresentagao dos ensinamentos, a linguagem usada, os apelos aos “inici^veis” e algumas atividades de ordem cultural ou cientffica sao modernos e incessantemente ajustados ks condigoes exteriores do progresso humano. Uma lei inelutdvel exige que o homem, com uma obstinagao que nao exclui a prudencia nem a vigilancia, leve em conta, tanto para si mesmo como para suas atividades ex­ teriores, os progressos da civilizagao material. A humanidade, transformando seu pr6prio meio, obriga-se a se Ihe ajustar. As organizagoes tradicionais nao constituem exemplos dessa obrigagao. Devem a ela submeter-se, ou perecer. No tempo e no espago, elas estao sujeitas ks leis do tempo e do espago, e 6 preciso ter em conta as condigoes novas que serao sufocadas pela ambiencia diferente em que se exercem, quer queiram, quer nao, suas atividades seculares.

Fiel a isso, a suas prtfprias concepgoes e k sua regulamentagao interna de sempre, a AM ORC foi instalada h i muito tempo, na £poca de seu ciclo atual de atividades. Constata hoje, com satisfagao, que outros, progressivamente, seguem caminho identico e que as prtfprias religioes exotfricas, no domfnio que Ihes 6 pr6prio, chegam a renunciar a seus m^todos arcaicos. Depois de todas as cnticas de que foi objeto, precisamente porque ela se colocou na vanguarda de um mundo novo, 6 um conforto para nossa O r­ dem, constatar que outros seguem, agora, suas primeiras pegadas e se esforgam por um contato tardio, mas louvivel, com o mundo, se bem que ela prtfpria j i esteja muito al£m e, incessantemente, ks portas de amanha. E tempo de tradigao, em geral, renunciar a estes modos arcaicos de expressao e de manifestagao exteriores, se ela nao quiser mergulhar no esquecimento e tom ar lugar entre as ciencias mortas. Nao s e ri assim com a Ordem Rosacruz, AM ORC, porque sua pr6pria tradigao operativa 6 um ajustamento permanente is circunstancias novas, e 6 a razao de sua extensao considerivel que a situa em primeiro piano entre as escolas modemas de mist£rios. Se o processo operativo de nossa Ordem 6 sempre adaptado a um mundo em progresso, sua t£cnica iniciitica propriamente dita fica, naturalmente, sempre semelhante a ela pr6pria, pois a iniciagao 6 intangivel em todas as ^pocas e sob todas as latitudes. A tftulo de analogia: embora na maneira de se pentear ou de se vestir, o homem atual nao seja mais o homem dos s€culos passados, suas reagoes psicol6gicas e psfquicas nao mudaram e nao mudarao jamais. Em todas as €pocas, mesmo com estrmulos diferentes, ele conheceri a alegria e a dor, a audicia e o medo, etc. Se isto 6 verdade, do ponto de vista das emogoes, 6 ainda mais

verdadeiro no piano da evolugao e da extensao da cons­ ciencia, o que vale dizer que uma t£cnica inicidtica provada e reconhecida como v£lida h£ s&ulos ser£ sempre eficaz e poderosa, sejam quais forem o tempo e o lugar. Parece que existe, ainda, da parte de muitos, uma gran­ de incompreensao no que concem e precisamente & t^cnica de formagao da Ordem Rosacruz, AM ORC. Alguns acentuam a dnica fase intelectual que, na senda mfstica, 6 secunddria, pois se ela 6 util, estd longe de ser suficiente e consideram nossa Ordem sob esse ponto de vista extremamente limitado. Cada um deve lembrar que a AM ORC nao procura, em nenhum sentido, enriquecer a mente. Muito pelo contr£rio, tudo, em sua Mcnica, tende a maestria do intelecto. Ora, nao se domina ou govem a o que se tom a, de algum modo, aquele que se faz escravo. O ensinamento Rosacruz nao se revela especulativo. Nao argumenta no sentido fundamental do termo. Sua intengao 6, ao contrdrio, de apaziguar o intelecto, respondendo suas perguntas essenciais, estabelecendo um quadro geral de total compreensao no qual, mais tarde, todos os elementos tomarao, facilmente, lugar, & medida que se apresentarem. Seguramente, um tal ensinamento 6 completo no sentido de que, procurando base s61idas e permanentes, oferece, como conseqiiencia, um fundamento seguro e definitivo a toda argumentagao possivel, mesmo que tal nao seja, em ne­ nhum sentido, seu desfgnio. Nao que todos estejam dispostos, no mesmo momento, a aceitar o conjunto de tais ensinamentos e alguns, infelizmente, se sentem constrangidos ao faze-lo e interrompem sua progressao na escola de mist^rios em que se constitui nossa Ordem. Eles esquecem as declaragoes de uma impor-

tante monografia de ne6fito que lhes recomenda permanecer sempre um ponto vivo de interrogagcio e nao aceitar tal ou qual ponto dos ensinamentos que lhes 6 proposto se esse ponto ferir suas convicgoes na fase de desenvolvimento espiritual em que se encontra. Isto nao significa que o ensinamento seja, de algum modo, inexato, mas significa simplesmente que o grau alcangado na pessoal tomada de consciencia difere em cada um. Nao h£ dogma nem uniformidade necessdria de pensamento no seio da AM ORC. Sao propostos ao Rosacruz, fundamentos, e lhe sao entregues instrumentos. Cabe-lhe, de “motu pr6prio” , construir, em seguida, sua morada e utilizar os preciosos ins­ trumentos que lhe sao confiados. Se ele constr6i mal, se emprega, conscientemente, os instrumentos, para o mal, deve isso a si mesmo, ainda que a hierarquia af esteja para, eventualmente, gui^-lo e aconselhd-lo, se manifestar o desejo para tal. S6 os maus obreiros tentarao justificar sua ineficiencia acusando seus instrumentos. O intelecto apaziguado e nao sobrecarregado —a outra fase da t£cnica da AM ORC - adquire todo seu valor e sua eficdcia. Esta fase € constitufda por um conjunto de iniciagoes e exercicios espirituais que se completam uns em relagao aos outros, em um encadeamento progressivo, particularmente estudado. Uma viagem perp&ua em volta de um mesmo triSngulo, mas sobre pianos progressivamente superiores e em espiral, leva o discfpulo & mais perfeita realizagao de si mesmo, isto 6, em ultima an&ise, a uma fusao jamais consciente no Todo divino onde ele se integra. Para expressar isso de outra maneira, diremos que o resultado 6 a perda da personalidade e nao da consciencia indi­ vidual. E uma purificagao que prepara os vefculos do ser para servir de canal. E o abandono consciente & verda-

de suprema que aguarda a hora de se expressar. Toma-se conhecimento, entao, de quanto o intelecto pode ser o obst£culo, se guardar a supremacia; mas se percebe, tamb£m que ele pode se tom ar o instrumento de expressao daquilo que o ultrapassa. Ele nao deve, pois, ser esquecido; deve ser formado, educado, dirigido para vir-a-ser o veiculo primeiro, o instrumento fundamental, o fiel transmissor do baixo para o alto e do alto para o baixo. E isso que visam certas experiencias. Outras tem fins mais precisos ainda e o conjunto form a uma x4cnica de despertar gragas a qual o ser plena - ffsico, emocional e espiritual - est£ em agao com suas diversas faculdades e seus atributos aos poucos extrafdos de seu estado latente por uma agao harmoniosa e eficaz. A t£cnica inici£tica comporta, pois, uma dupla fase, apaziguamento do intelecto, de um lado e “abertura do ser” pela disciplina de exercfcios espirituais, de outro, em um contato permanente com o mundo manifestado pois ele 6 precisamente o crisol de onde devem brotar os rubis do acabamento, o arremate mistico. Certamente, em uma tal marcha inici£tica, os meios psicol6gicos, espirituais e misticos, devem ser empregados para que o sucesso do empreendimento seja assegurado e a t£cnica Rosacruz nao deixe de os inserir todos de maneira harmoniosa e por conseqiiencia, efetiva. Este corpo e seus atributos devem passar do estado de mestre para o do ins­ trumento a servigo do eu real. Ser-lhe-£ deixada a dominagao do que pertence, de direito e de par com a criagao, a seu domfnio, mas este domfnio ser5 iluminado pelo novo dia da maior compreensao adquirida.

Para se chegar a esse objetivo e por assim dizer, “abrir mao’* do vefculo ffsico, 6 preciso, desde o infcio, “cativar” o corpo e seu ocupante mental. E preciso, de todas as maneiras possfveis, disciplind-lo, demonstr^-lo e, fazer tudo que se possa, para que ele jamais se encolerize ou se revolte ou, pelo menos, sem que o faga antes de estar devidamente preparado, e seja possivel impedir sua rebeliao, levando-o, rapidamente, &maior docilidade. O sanctum, desta maneira, exerce o papei essencial, e € por isso que nossa Ordem insiste tanto para que cada um de seus Membros consagre, em sua casa, uma pega ou simplesmente “um canto” , reservado ao estudo e &meditagao.

por

O processo de iniciagao 6 parte muito importante do trabalho Rosacruz. Nossos estudos apontam o caminho, mas 6 pelo processo de iniciagao que nos elevamos aos nfveis mais sublimes de consciencia e de maior compreensao, passo a passo, at£ que o objetivo da iluminagao seja alcangado. Nada mais natural que n6s, Rosacruzes, questionemos de que form a a iniciagao ir£ nos afetar. Que se deve esperar de uma cerimonia de iniciagao Rosacruz? O que diremos a seguir representa o ponto de vista da Ordem a respeito deste assunto, sobre o qual deveremos refletir: “ Uma iniciagao verdadeiramente mistica nao 6 apenas a representagao dram6tica de um ritual para imprimir em nossa mente os princfpios desse ritual. Uma iniciagao autentica sempre cont6m ligoes a aprender, e algumas dessas ligoes, naturalmente, referem -se a ideais, normas e princf­ pios expressos em palavras ou agoes; outras sao parte do ritual em si. Por nossa dramatizagao do ritual ou pelo ato de assisti-lo, estas leis, normas, id£ias e princfpios sao

impressos em nossa consciencia de forma dramdtica. Uma iniciagao, portanto, em parte, educativa e instrutiva. Mas nao 6 este o unico prop6sito da iniciagao. O verdadeiro objetivo de todas as in itia te s Rosacruzes, por exemplo, 6 harmonizar o Eu interior e exterior de forma a tomd-los temporariamente um s6, para que, atravds desse estado incomum de consciencia, tom em o-nos conscientes do Eu C<5smico em nosso interior e ao nosso redor. Deste modo, nossa condigao cdrmica se nos torna clara, de modo distinto. Em outras palavras, existem certas f6rmulas e procedimentos ritualisticos, em uma iniciagao, que tendem a produzir um estado hipersensitivo de consciencia, no quai nos apercebemos de n6s mesmos como seres etem os, com o passado, o presente e o futuro bem presentes diante de n6s. “ A conseqiiencia desta harmonizagao momentanea 6 que alcangamos um lampejo de compreensao e percepgao de nossos erros e pecados do passado, assim como de nos­ sas boas agoes, e nos vemos como realmente somos. £ como se nos vissemos em um espelho, com o fardo do carma, a cruz iis costas, e sobre nossa cabega, a coroa das alegrias e das agoes nobres. Algumas vezes, na iniciagao e em perfodos de harmonizagao, nosso fardo secreto e escondido do carma se abre parcialmente e dele surgem al­ gumas coisas do passado, as quais ainda temos que compensar ou que devem ser ajustadas no futuro. 6 como se alguns dos dep6sitos intimos em nosso coragao e nossa consciencia fossem abertos e os esqueletos do passado se postassem a nossa frente e, por um momento, nos apontassem, dizendo: “Sou o fruto de sua criagao: sou aquilo que voce fez; sou o que voce foi! Ainda existo porque voce nao compensou, nao ajustou, nao equilibrou as contas. Nao

fui retirado dos registros. Ainda estou escondido no recesso de sua consciencia e afeto seu pensamento, sua ma­ neira de agir; afeto as alegrias, a felicidade, as tristezas e a dor de sua vida. Nao posso ser destrufdo pois sou imortal. Nao posso ser negado, pois estou etemamente presente. Mas posso ser dissolvido pela alquimia do amor. Posso ser purgado de sua consciencia se minha forma for suplantada pela forma da bondade e da recompensa. At£ que haja arrependimento e at6 que sejam feitos esforgos no sentido de desfazer os males que represento, continuarei a ser um fardo em sua vida, a representar um grande peso em sua alma e consciencia.” “A verdadeira iniciagao € um processo de harmonizagao com o prop6sito de purgar, purificar e ajustar o Eu inte­ rior. E o processo de entrada no Santudrio dos Santu£rios, e ali, diante do altar, o Shekinah de Deus, pedimos perdao por meio de compensagao e boas agoes. £ por isto que muitos aspirantes autenticos e sinceros da Senda veem ou sentem a si mesmos como realmente sao, no decorrer do processo inicidtico ou nos periodos de meditagao e concentragao que ocorrem durante esse processo. 6 deste modo que cada iniciagao eleva o iniciando a um piano supe­ rior, a um grau mais pr6ximo da perfeigao. A menos que a iniciagao seja encarada sob essa luz e realizada com sinceridade e esperanga, seu maior valor estard perdido para o iniciando.” Eis mais alguns pensamentos adicionais referentes ao assunto da Iniciagao C6smica: “O que queremos dizer com Iniciagao C6smica? Segundo a defmigao estrita da palavra e segundo sua origem, 6

ela uma introdugao aos mistfrios. Na antigiiidade, a palavra mist€rio era usada para descrever uma gnose singular e secreta, que nao era, portanto, do conhecimento do publi­ co. Era, geralmente, um conhecimento das leis da natureza expressas no universo e no homem, e pertencia ao domfmo do sagrado. Para evitar que esse conhecimento fosse profanado pelo mau uso, s6 era transmitido kjueles que se submetessem a testes e a uma preparagao. Podemos dizer que a iniciagao constitufa a preparagao para o recebimento da iluminagao, ou seja, a luz do conhecimento unico. A Ini­ ciagao C6smica 6 o recebimento da iluminagao. Consiste de um avivamento de nossa consciencia interior, fazendo com que possamos perceber com compreensao aquilo que estava imerso em trevas. “Essa iniciagao ou iluminagao interior que nos invade € uma form a de Consciencia C6smica; tom am o-nos um pouco mais conscientes da inteligencia e ordem do todo C6smico. £ como se existisse uma grande cortina entre a mente objetiva e a mente da alma. A medida que evolufmos pela meditagao e aplicagao dos princfpios c6smicos, a cor­ tina vai sendo puxada para os lados. Ocorre, entao, uma revelagao, e experiencias iluminadoras sao acrescentadas & nossa compreensao objetiva. Essa iluminagao faz com que as realidades c6smicas surjam claras e definidas na consciencia da mente objetiva. Em geral, esse estado ocorre gradativamente. Algumas vezes, por&n, o influxo da com ­ preensao transcendente 6 subito, como um intenso raio de luz. “ Como devemos nos preparar para uma Iniciagao C6smica? Toda a nossa vida constitui uma preparagao. Cometemos erros, enganos, falhas de discemimento, e aprende-

mos as leis da natureza ou um princfpio da vida. Quanto menos erramos, melhor percebemos o objetivo da vida. Consequentemente, decidimos mais tarde, por n6s mesmos, o curso correto de nossa vida. Passamos a obstruir menos o caminho do nosso Eu psfquico. Quanto mais harmonizados com o C6smico, maior 6 o influxo da luz interior, que constitui a Iniciagao. “ Nao h i testes especfficos, cosmicamente ordenados, pelos quais tenhamos que passar como parte de alguma misteriosa iniciagao. Se nos excedemos comendo alimentos pesados e depois sofremos dolorosa indigestao, estamos simplesmente sentindo os efeitos de uma lei cdrmica menor. £ uma lei de causalidade; o efeito deve seguir-se h causa. Nao estaremos sendo punidos pelo Cdsmico. Estaremos apenas colhendo o que plantamos. Se aprendemos a ligao e restabelecemos nossa saude, estamos fazendo um pequeno progresso em diregao h iluminagao cdsmica. Es­ taremos restaurando o equilfbrio de nosso ser, tao necessdrio para o despertar psfquico. “O C6smico nao necessita fazer pianos especiais segundo os quais devamos aprender ligoes para que provemos que somos dignos de receber a iluminagao que constitui a Iniciagao C6smica. Como dissemos, a vida € uma tribulagao, um teste do nosso prop6sito, da iniciativa, fortaleza e sinceridade. Muitas doengas a que certas pessoas se referem como ocasioes de “passar por uma iniciagao” sao apenas as experiencias do carma, desta vida ou do passado. Elas foram institufdas pelos pr6prios indivfduos, nao pelo C6smico. Essas pessoas prolongam o carma por fugirem da responsabilidade, chamando essas pequenas tribulagoes de

iniciagao, como se lhes tivessem sido impostas por uma inteligencia divina. “O antigo princfpio mfstico da crucificagao 6 o de que cada um de n6s deve ser purificado das fraquezas de car
podem estar realizando um ritual. Cada ato e sfmbolo que revelam tem um significado muito compreensivel para n6s, nessa ocasiao, mesmo que nunca tenhamos visto tal simbolismo antes. “ Dando outro exemplo, podemos nos ver subindo tres degraus, e entao uma corrente de ferro nos 6 dada por uma figura em trajes cerimoniais. O utra figura, em vestes parecidas, pode nos dar um livro. Recusamos um objeto e aceitamos o outro. Para outra pessoa, esta experiencia pode ser bastante obscura mas para a pessoa que a testemunha, 6 bastante inteligfvel. Relaciona-se com alguma particularidade de sua vida pessoal. A relagao da experiencia com um curso de agao que ela deve tomar tom a-se imediatamente aparente. “ Este tipo de experiencia pode acontecer quando meditamos em nosso Sanctum ou mesmo quando estamos repousados a pensar, num banco de praga ou outro local. Tamb£m pode ocorrer subitamente quando estamos dirigindo o automdvel, indo ou voltando do trabalho. Uma coisa 6 certa, o significado ser5 claro para a pessoa e possivelmente s6 para ela. Se sentir que nao compreendeu a mensagem, que deve perguntar a outros, entao nao se trata da iluminagao que constitui uma Iniciagao C6smica.”

O SIMBOLISMO DO ESPELHO por

Quando falamos de reflexos, o espelho vem h. nossa mente, por ser o objeto que melhor pode refletir a imagem daquilo que est£ diante dele. O espelho 6 usado como simbolo em muitas religioes. Na religiao xintoista, por exemplo, ele pode ser um objeto de adoragao; neste caso, fica em um compartimento de portas fechadas, fora da vista do sacerdote ou dos fI6is; pode ser usado, tamb£m, como um simples omamento. Nesta fungao ornamental, o espelho 6 colocado diretamente em frente as portas da camara interior do sacrdrio. De acordo com o ritual xintofsta, o espelho tem uma luz pura que reflete as coisas tais como sao. Simboliza a mente sem macula da divindade Kami e, ao mesmo tempo, representa a fidelidade simb61ica e sagrada que os crentes guardam em relagao a Kami. Na mitologia, sem duvida, o es­ pelho 6 um objeto misterioso. Nas civilizagoes antigas, ele era muito mais um objeto cerimonial do que de uso di£rio. Segundo suas lendas religiosas, os japoneses tinham que colocar um espelho na porta de sua casa para que refletisse a imagem da Deusa do Sol “Hid” que, segundo a lenda,

declarou certa vez: “ Honra e venera o espelho como se fosse meu espfrito.” Em uma de suas obras, um conhecido escritor japones assim se expressou: “O espelho nada esconde. Brilha sem egoismo mental. Tudo que 6 bom e tudo que 6 mau, o justo e o injusto, 6 refletido sem enganos. O espelho d£ origem & honestidade porque tem a virtude de responder de acordo com a forma dos objetos. Representa a justiga e a imparcialidade divinas.” Tamb£m j2 foi dito que o espelho simboliza a imaginagao ou a consciencia, por refletir a realidade essential do mundo visivel. Certos fil6sofos antigos relacionaram o es­ pelho com o pensamento, considerando-o um instrumento pr6prio para a contemplagao de si mesmos e do reflexo do universo. Desde os tempos antigos, muitas superstigoes acompanharam os espelhos. As lendas e o folclore Ihes emprestavam uma qualidade m£gica, considerando o espelho uma superftcie que reproduzia imagens e que, de certa forma, as absorvia. Os espelhos serviam para invocar aparigoes e muitos os viam como sfrnbolos da multiplicidade da alma. Alguns consideravam-no a porta que a alma podia atravessar e liberar-se, “ passando” para o outro lado. Esta id£ia foi reproduzida pelo escritor Lewis Carrol em sua conhecida obra “ Alice no Pais das Maravilhas” . Tudo isto pode explicar o antigo costume de cobrir os espelhos ou virS-los para a parede em certas ocasioes, co­ mo, por exemplo, a morte de algu£m na casa, ou fortes tempestades. Os temores e superstigoes relativos ao espe-

lho podem ter se originado destas tradigoes. Ainda hoje M pessoas que temem olhar-se ao espelho em determinadas ocasides, como, por exemplo, quando estao sozinhas ou no escuro; muitos de nossos Membros tem receio de fazer certos exercicios recomendados nas monografias, por medo de ver reproduzida no espelho alguma imagem pat^tica ou terrfvel. £ possfvel que, para algumas dessas pessoas, isto represente simplesmente o medo de se conhecerem melhor, por terem uma imagem falsa de si mesmas, materializando seu tem or diante do espelho. A missao do estudante de misticismo, em minha opiniao, 6 nutrir-se de conhecimentos para poder veneer seus receios. Se voce tem medo de estar a s6s diante de um espelho, nao precisa sentir-se incomodado ou ridfculo; analise cuidadosamente o motivo desse temor. Providencie para que o local destinado para a sua meditagao pessoal, o seu Sanctum, s6 esteja impregnado de vibragoes harmoniosas e positivas; esse lugar se tom ar£ sagrado pois nele voce estar£ em contato com o “seu Deus” . Se no local existir algum objeto que atrapalhe a comunhao que deseja alcangar, deve ser retirado do local, at6 que possa compreender por que razao este objeto in­ terfere no seu desejo de unir-se por alguns momentos com aquilo que, para voce, 6 a sublime fonte de Paz e Felicidade absolutas. Quando falo de reflexos e espelhos, penso no que um dia vi em uma fonte; € possfvel que ao olhar meu reflexo na £gua, minha personalidade mundana tenha interferido, pois senti temor ao ver naquele rosto as marcas dos anos, do tempo perdido. Meus receios me levaram a procurar mais al£m do reflexo de um rosto triste e marcado por rugas que, como sulcos de uma terra semeada, esperam as primeiras chuvas da primavera para brotar. E verdade que a

ondulagao da 6gua deformava minha imagem, pordm minha imaginagao me fez pensar que as rugas de meu rosto eram tamb6m o produto de muitas alegrias, e que, assim como a brisa produzia ondulagoes na superffcie da fonte, em ou­ tros rostos, o nada fazer de produtivo, a amargura pessoal e seus efeitos sobre os outros, provavelmente causariam rugas e linhas mais profundas do que as minhas. Vou sorrir para algu£m neste dia, vou procurar algudm que seja feliz e, se nada encontrar, tenho meu espelho; diante dele farei uma careta e riremos ambos, gozando um momento de vida e de luz. Para o Rosacruz, o espelho e o Sanctum se convertem em parte de seu equipamento de trabalho. Todos n6s sabemos que podemos estudar, meditar e concentrar-nos sem preparativos exagerados. Muitos grandes misticos nao tinham sequer um local particular que pudessem chamar de Sanctum, onde pudessem preparar-se para a meditagao. Mas, de modo geral, isto se devia &s circunst&ncias e nao £ inclinagao pessoal. Alguns desses mfsticos receberam elevada inspiragao quando isolados em um cdrcere ou confinados em um calabougo lugubre. Outros se refugiavam na natureza, por nao terem onde ir. Buda meditava em baixo de uma £rvore; Jesus ficou no deserto durante 40 dias. Enfim, poderfamos mencionar inumeros exemplos para demonstrar que a preparagao esmerada do local de estudos nao 6 um passo essential para alcangarmos o desenvolvi­ mento interior ou a experiencia mlstica. Para os que podem dispor de um local adequado, o Sanctum 6 recomenddvel, pois se tom a um ambiente harmonioso, ideal para o desen­ volvimento, e que leva o estudante a um nfvel superior de consciencia com o auxflio da atm osfera ali criada.

Quando entramos numa igreja ou catedral, sentimos a diferenga de ambiente produzida pelas vibragoes harmoniosas dos fi£is que ali vao para entrar em comunhao com o Divino, e tamb€m pelo amor e devogao com que milhares de pessoas atravessaram seus portais e, ainda, pelas vibra­ goes dos pensamentos e prop6sitos construtivos e positivos que impregnaram as paredes desses templos. Estas mesmas condigoes podem ser produzidas na mente, sem a necessidade de modificagoes ftsicas. O efeito que o ambiente do Sanctum nos causa depende de nossa sinceridade e do prop6sito que nos leva a prepar£-lo, al£m dos ideais que foram desenvolvidos no local. Para ajudar o condicionamento do ambiente, utilizamos vdrios objetos e sunbolos, como incenso, velas, o es­ pelho, o avental ritualfstico, a cruz, os sfrnbolos da Ordem. O espelho tem um duplo prop6sito; serve para criar uma atmosfera mais mfstica e para a obtengao de certos resultados, de acordo com o exercicio ou a iniciagao que seja feita. Na iniciagao do Primeiro Grau de Ne6fito, o espelho adquire significado especial, simbolizando uma condigao superior. Em outras palavras, 6 o microcosmo. No universo s6 existe uma fonte de conhecimentos e energia, a qual se reflete em cada ponto da criagao. Como indivfduos somos parte de Deus, mas, potencialmente, s6 somos uma verdadeira parte do C6smico ou do esquema universal quando refletimos a gl6ria que 6 Deus. Somos criaturas em variados degraus da escala da experi^ncia, aprendendo gradualmente o significado mais elevado da vida. Atrav6s do pro­ cesso da experi£ncia somos capazes de refletir em toda a sua gl6ria a luz que emana do Criador do Universo. S6 re­ fletimos uma mfnima parte enquanto nao chegamos ao

estado de perfeigao que nos permitir£ sermos absorvidos por essa luz. Para n6s, portanto, o espelho no Sanctum simboliza a relagao completa do ser humano com a Essentia Divina, ou Deus. Vemos nosso Ser refletido, simbolizando a parte de n6s que pode refletir a Luz Maior.

UMA NOVA ERA por

Conscientemente ou nao, n6s participamos do flm de um mundo antigo e do comego de um mundo novo. Em to­ dos os momentos do dia e da noite, as condigoes da humanidade e da Terra mudam rapidamente. Somos levados, in­ dividual e coletivamente, a um novo estado, o de uma nova era, e tal nascimento 6, geralmente, acompanhado de um certo numero de fatos que sao, via de regra, mal compreendidos. Deveria, entretanto, estar claro para cada um, que toda a grande mudanga no universo cria sempre uma esp^cie de combate. Novas vibragoes devem estabelecer-se na medida do poder fundamental e condutor do novo ciclo. Estas vibragoes entram em contato com a antiga ordem das coisas e com as vibragoes anteriores, provocando uma permanente situagao de combate. Podemos dizer isso de outra forma, afirmando que o estado precedente deve evoluir para um novo estado e que esta evolugao se realiza para uma necessdria purificagao. Em outras palavras, ainda, o fim de um ciclo c6smico assemelha-se aos filtimos momentos do ciclo anual da vida humana, explicado pelo Dr. H. Spencer Lewis em seu livro “ Autodomfnio e o Destino com os Ciclos da Vida” . “6 o perfodo crftico, o tipo de epoca em que uma esp£cie de declfnio precede a res-

tauragao em marcha e compar£vel Aquela em que uma casa 6 abatida, tijolo por tijolo ou pedra por pedra e nivelada, antes de ser reconstrufda. Em certo sentido, o perfodo tende & destruigao, em compensagao, 6 o primeiro estdgio da reconstrugao.” Quando se inicia um novo perfodo c<5smico, intimeros acontecimentos se produzem ao redor e na 6rbita da Terra. Esses fatos sao um pouco “misturados” , nao sao unicos, exclusivos; quero dizer com isso que eles sao estreitamente Iigados uns aos outros, a despeito da grande diversidade em sua expressao c6smica ou fisica. N6s conhecemos a unidade das coisas em todo o universo e esta unidade € real, em­ bora quase sempre imperceptfvel nos diversos aconteci­ mentos exteriores de nosso mundo. No piano C6smico, a entrada no novo ciclo cria uma condigao nova. Esta condigao incluird, potencialmente, to­ das as condigoes do ciclo passado e, ao mesmo tempo, ela constituir£ um novo ponto de partida. Podemos comparar esta situagao a uma crianga rec^m-nascida; fisicamente, a crianga traz em si todas as tendencias e as potencialidades de seus ancestrais, mas, ao mesmo tempo, ela 6 uma nova individualidade e manifestar£ tend£ncias e inclinagoes originais. Um nascimento, entretanto, 6 acompanhado, tamb^m, de sofrimento e dores, embora mais tarde isso redunde em alegria e felicidade para uma famflia. Nesse pr6prio momento, n6s assistimos ao nascimento de um novo ciclo e, por conseqiiencia, participamos coletiva e individualmente dos sofrimentos, das dores e dos tormentos universais que presidem de form a natural a um tal nascimento. Isto porque podemos constatar tantos problemas, tanta confusao e desordem na face da Terra! Conscientemente

ou nao, a humanidade se esforga penosa e dolorosamente para encontrar seu caminho, fora das trevas, para alcangar o novo objetivo cosmicamente estabelecido. Os homens nao estao bastante evolufdos para permitir ao C6smico agir livremente atrav^s deles. Nao estao muito avangados, misticamente, para compreender que muitos sofrimentos seriam evitados se eles fossem pacientes, mais passivos, e estivessem preparados, interiormente, em rela­ gao a esse novo estado de coisas. Como de h£bito, seu pr6prio espfrito ffsico se opoe ao desenvolvimento da cons­ ciencia universal e a falta de harmonia que disso resulta 6 devida, inteiramente, a ele pr6prio. As inumeras perturbagoes fisicas, mentais e psfquicas que vemos ao nosso redor sao, fundamentalmente, devidas & m i reagao dos homens, em face do poderoso impulso do novo ciclo. Fala-se, geralmente, que tais desordens t£m sua origem em nosso modemo modo de viver. Eu considero esta concepgao inteiramente erronea. A maneira modema de viver 6 uma simples antecipagao do que ser£ o futuro. Se em tal modo de vida faltarem valores espirituais e mfsticos, esse fato ser£ devido aos pr6prios homens que, entretanto, poderao acrescent^-los quando lhes aprouver, fazendo cessar, assim, as m«£s conseqiiencias da concepgao materialista das coisas. Os homens devem viver em determinado ambiente e sob certas condigoes estabelecidas pelo Ctfsmico, em vista da evolugao humana. Eles devem adaptar-se a esse am­ biente e a essas condigoes; a pr6pria adaptagao 6 uma ligao para ser aprendida e uma experiSncia a ser conhecida. De bom ou de mau grado, eles devem adaptar-se & condigao humana. £ um fato que n6s, como mfsticos, ji decidimos aceitar de bom grado e 6 por isso que parecemos estar em

grande harmonia com o novo ciclo e tao avangados na concepgao geral das coisas. N6s aprendemos a entrar em contato permanente com a consciencia universal e, por consequencia, nos sentimos constantemente em harmonia com nosso meio. Somos testemunhas de incontiveis acontecimentos em nosso mundo atual. Vemos os homens sofrerem ffsica e espiritualmente, e em seus afazeres materiais. Verificamos dificuldades nas relagoes intemacionais; vemos pretensos esc&idalos e desordens. Assistimos a terremotos, inundagoes, doengas e revolugoes. Tudo isso est£ inclufdo na necessiria purificagao que inaugura um novo ciclo mais elevado e luminoso em todos os sentidos. Os homens sao respons£veis elementos negativos da purificagao. Se nao se opuserem a energia c6smica que flui atravgs deles, participarao consciente e alegremente do novo ciclo, em lugar de conhecerem tantas provas interiores e exteriores. Encontram o-nos, verdadeiramente, em um s£rio perfo­ do do ciclo humano, mas somos igualmente privilegiados por viver em tal 6poca. Como mfsticos, n6s nos prepara­ mos conscientemente para o mundo novo. Avangamos em harmonia com nosso verdadeiro eu: o eu c6smico em n6s mesmos. Esforgamo-nos por levar nossa personalidadealma k compreensao c6smica de um universo perfeitamente ordenado desde o princfpio. Agindo assim, n6s preparamos o caminho para os outros, para todos os que estao conosco neste piano material. Nossa responsabilidade 6 considerdvel, mas nossa pr6pria condigao de mfstico demonstra claramente que esta­ mos dispostos a assumi-la.

A NOVA ERA - I Por

Um novo ciclo se abre para a humanidade. A era de Peixes aproxima-se do flm e j£ surgem no horizonte os primeiros claroes do periodo de Aqu5rio. Quem se interessa pelo esoterismo ou pelas ciencias que, segundo consta, sao secretas, nao ignora o que estes ciclos indicam. Recordamos, simplesmente, que eles sao ligados & precessao dos equin6cios, cujo movimento retr<5grado leva o Sol a seu ponto de partida ao fim de 25.900 anos. Este movimento de revolugao divide-se em 12 perfodos, cada um com cerca de 2.160 anos e um signo zodiacal simbolizando cada perfodo. No momento do nascimento de Jesus, a era de Aries teve fim e a era de Peixes recebeu seu impulso. Isto foi, de algum modo,o “ minuto das eras” e encerrou-se, assim, todo o simbolismo que comportava o fato de fazer Jesus nascer, para a histtfria, no “minuto” . Compreende-se melhor, entao, o simbolo de peixes, tao empregado pelos discfpulos e do qual ainda sao encontrados vestfgios nas catacumbas romanas. Com o fim da E ra de Peixes, teve fim a 6poca da preparagao feita por Jesus. Os 2.160 anos cujo ciclo serd

fechado em meados do sdculo X X II, terao contitufdo, com efeito, um perfodo seletivo. Houve, durante esse tempo, uma esp^cie de decan tagao no dommio das iddias e dos costumes, bem como de tudo que, de perto ou de Ionge, diz respeito &humanidade. Para o que 6 da pr6pria evolugao, um cume foi atingido, uma purificagao foi realizada no piano superior do ser e uma etapa importante se conclui. A partir da fase atingida, de uma fase que cristaliza tudo, purificando as etapas anteriores, grandes coisas poderao realizar-se a partir do momento em que o ponteiro do rel6gio do tempo marcar uma hora da manha, isto 6, no preciso momento da mudanga da era, como ele havia marcado o minuto no comego da era de Peixes. Lembremo-nos de que o signo de Aries 6 representado por um homem segurando na mao direita uma £nfora de onde a £gua se escoa. Em linguagem simbtflica, a anfora designa o coragao. A £gua que daf jorra simboliza os beneffcios que resultam da pureza de coragao. pois, em liltima anflise, a instauragao de uma era de fraternidade e de compreensao que promete a pr6xima chegada do novo ciclo. O que se passa em volta de n6s, a angustia que estreita as almas, a disc6rdia que parece constituir lei em nosso mundo, tudo isso e muitas outras coisas mais poderiam conduzir o pensador mais avisado a duvidar de tal promessa. Existe, sem duvida, em nossa €poca, uma instabilidade e uma inarmonia que transparecem nos atos da coletividade humana, e nos do indivfduo. Tendo chegado, no piano ma­ terial, a um apogeu, o homem parece errar sem orientagao e titubear nas espessas trevas. Com toda sua ciencia, ele 6

sempre o joguete dele mesmo e, mais do que nunca, submisso &s infludncias exteriores e a seu meio. Para muitos, h i uma ruptura flagrante entre o progresso humano e a evolugao interior. Ser£ melhor dizer que existe no homem inadaptagao entre seu eu interior e o mundo objetivo, que nao ser£ jamais apagada por meios mec&nicos. £ para o homem, e s6 para o homem, que ele tem de encher, individualmente, o fosso. O ra, tudo estando bem previsto e a sa­ bedoria c6smica desenvolvendo calma mas obstinadamente seus pianos, existem sistemas para quem 6 solicitado a adaptar-se aos novos tempos e a exercer sua missao com efic^cia preparando o homem e conduzindo-o h realizagao de si mesmo, em harmoniosa sincronizagao com uma realizagao mais ampla na escada c6smica, se fizeram suas provas e forem bem-sucedidos. H i algumas d^cadas, e sobretudo no curso dos (iltimos anos, tem -se falado muito, e ainda muito se fala, de mutagao e de mutantes. Alguns estao aterrorizados com isso e pode-se observar, recentemente, uma verdadeira psicose de medo, nesse sentido. Diminuido por sua educagao puramente material, o homem s6 podia aplicar seu racioctnio habitual aos fenomenos que ocorriam no dia a dia. O ho­ mem evolui tanto no piano ffsico como no espiritual. A natureza se encarrega do domfnio que lhe 6 pr6prio. Para tempos novos, homens novos. Uma mutagao se opera pois, lentamente, e se o homem de hoje 6 fisicamente diferente do homem do passado, o homem do futuro o ser£ ainda mais do homem de hoje. Se a natureza pode ir mais depressa para alguns, foi devido Is vias habituais do criador. Ela quer m ostrar o que serd, mas ainda € preciso nao confundir o que ela quer indicar com as anomalias que sao a unica conseqiiencia dos erros humanos, ou meras excegoes

cujas causas sao biologicamente explic^veis. Ora, tem-se generalizado, com muita frequ£ncia, mesmo para casos normals e em termos de futuro, a acusagao da m i utilizagao dos conhecimentos at6micos e suas consequencias. Mas o que 6 incontestavelmente verdadeiro para a maioria dos casos nao tem sido, certamente para todos. Do ponto de vista moral, constataram-se igualmente abusos e seria falso estabelecer uma crenga generalizada no fim do mundo. Certamente 6 o fim de um mundo em que n6s estamos. A influencia da nova era, h i muito yi se faz sentir, contrabalangada pela agao da era que se extingue. O assalto das forgas c6smicas diferentes e, hs vezes, at€ contrdrias, reflete o comportamento humano. O homem retira dessas influencias conjugadas nao s<5 o que € bom, como daf retira tamb6m aquilo que nao o 6. Entretanto, 6, principalmente no universo material, que estas influencias se fazem sentir e as perturbagoes naturais sao a manifestagao (is vezes tr£gica), se bem que a destruigao seja, em todas as coisas, uma fase de incessante construgao. De fato, no piano moral, a razao 6 bem outra. Um impulso, “c6smico” , incontestavelmente construtivo, atua so­ bre a humanidade e, sem duvida, em todo nosso universo solar. Este “impulso” esforga-se por conduzir interiormente o homem ao novo estado; a partir daf ele tomartf um novo impulso, em relagao i era que se aproxima e que, potencialmente, ji af esti. Ela 6, pois, em essSncia, construtiva e boa e, tem cardter permanente. Ela age sobre o mundo e, por sua natureza, em cada pessoa, em cada raga e em ca­ da indivfduo. Ela atua, mesmo, sobre cada comunidade, seja religiosa, mfstica ou outra qualquer. Ela tende a p6r, progressivamente, todas as coisas e todo ser, no diapasao

da lenta progressao para a era que vem. Nao 6 aqui o lugar onde conviria estudar sua influencia no comportamento das pessoas. Nao nos cabe mais considerar sua agao sobre as famflias religiosas. A esse respeito diremos simplesmente que essa forga 6, de algum modo, uma forga de despertar e de “espiritualizagao”. Se ela 6 mal interpretada pelo grupo, serd transformada em realizagao de um piano inferior no mundo manifestado em lugar de estar no piano espiritual puro, do qual, automaticamente, ela se projetar£ no outro. Uma interpretagao erronea conduzird, pela falta do grupo, &realizagao somente da metade - e nao a melhor - do fim a alcangar. Mas esta mesma forga varrer^, inevitavelmente, a criagao inacabada e tal qual ela mesma foi a origem. Nao h i lugar para a imperfeigao na evolugao universal.

A NOVA E R A -I I por

Em um artigo anterior, o autor mostrou-nos que, com a aproximagao progressiva (mas toda-poderosa) da era de Aqu£rio, que vai suceder a era de Peixes, n6s constatamos gigantescos redemoinhos que, agitando o mundo, podem fazer duvidar de que serd instaurada uma era de fratem i­ dade e compreensao como esperamos. Este “impulso c6smico” , portanto, 6 incontestavelmente construtivo e se ele atua sobre o mundo, as pessoas, as ragas e o indivfduo, como forga de despertar e de “espiritualizagao” , varrerd, inevitavelmente, toda criagao incompleta, pois na evolugao universal nao h i lugar para a imperfeigao. E na evolugao universal, sob este impulso c6smico, o domfnio do indivfduo 6 o que nos deve interessar mais. Todo ser humano recebe do seu interior esse “impulso” . Dele participa segundo seu grau de evolugao e seu poder de percepgao intuitiva. Para dele participar plenamente, deverd afastar o automatismo intelectual ao qual sua educagao material o habituou. Dever£ fazer silSncio e escutar o intenor, isto 6, abandonar-se a seu desejo profundo de se elevar espiritualmente, desejo que ele nao deixar£ de sentir no fundo de si mesmo.

Muitos, entretanto, nao o fazem, infelizmente. Esta for­ ga, mais poderosa do que nunca, em todos, 6 tamb^m mais do que nunca, mal interpretada. O que se passa no nfvel do grupo reproduz-se no nivel do indivfduo. Este impulso de forga, sentido quase que instintivamente por todos, 6 levado pelo transformador, o c£rebro, &compreensao disso e, bom no comego, mas sempre bom em essencia, 6 transformado pelo c£rebro em uma tendencia h exteriorizagao freqiientemente erronea, por ser somente material, pois esse acr6scimo de energia mal traduzido pelo consciente produz fenomenos aos quais esse mundo assiste sem os compreender, ou seja, nos jovens, “os blusoes negros” e nos outros, uma sensualidade desenfreada, &s vezes, mesmo, desviada de seu curso normal e sempre excessiva. O homem conserva sua responsabilidade para com ele pr6prio e 6 evidente que, cedo ou tarde, dever£ seguir o caminho que lhe est£ tragado. A evolugao 6 inevitdvel para ele, tamb£m. Poderd realiz£-la na alegria e na paz profunda ou no desespero e nos revezes, dependendo de sua cooperagao ou de sua oposigao ao piano c6smico. Cooperagao ou oposigao: tal 6 o dilema humano e 6 nisso somente que o homem exerce seu livre-arbftrio. Nao o faz para aquilo que 6 seu futuro. Alguns declararam que gostariam de saber o que 6 o piano universal “antes de se comprometer” . Nao h i apenas temeridade em uma tal observagao, h£, seguramente, uma profunda inconsci£ncia. “Comprometida” toda a gente estd e a vontade nada tem a ver, nesse particular. O unico pro­ blema 6 determinar como participar deste “compromisso” . Quanto ao piano universal, ele sempre esteve no pensamento do criador. Ele se desdobra e 6 nesse desdobramento que n6s nos movimentamos e e s ti o nosso ser. Precisamente porque 6 universal, o piano universal nao se pode concretizar sob a forma de palavras, ou sob a aparencia de

um raciocfnio. Deve-se contentar em participar dele e 6 a unica maneira pela qual Deus pode “ necessitar dos ho­ mens” . O que se pode afirmar com veemencia 6 que esse piano 6 glorioso, nobre e bom. Nao 6 o que os homens fazem, ks vezes, em sua esfera, com tanto orgulho, e por isso, uma criagao humana serd transit6ria e imperfeita se nao tiver, como campo de manifestagao, o mundo fisico. O homem nao retardar5 um tinico segundo do desenvolvimento uni­ versal; poderct simplesmente retardar a compreensao deste desenvolvimento, sua adaptagao is etapas do amanha e suportar3 as conseqiiencias pelo sofrimento que resultard de seus prtfprios erros. £ bem verdade que nao se aprende senao pela experiencia e que as faltas de hoje serao a solidificagao do sucesso de amanha. Portanto, tudo parece colocado k disposigao do homem, ma§ se muitos sao chamados, poucos sao os escolhidos, e 6 preciso insistir no fato de que os eleitos nao o sao senao por eles mesmos, e por sua pr6pria decisao. . . .Mas o que ser
compreensao e da fratemidade. As pessoas aproximam-se mais do que em nossos dias e merce da rapidez inaudita dos meios de locomogao, elas se inter-relacionarao melhor, aprenderao a se conhecer sempre melhor e a se estimar. Nao 6 possfvel fazer comparagao do que ser£ a ordem eco­ nomica deste tempo e a que n6s conhecemos, mas se pode pressentir o que serd. O dinheiro perderd cada vez mais o valor de drbitro e de corrupgao. Serd aquilo que sempre deveria ter sido, isto 6, um meio fdcil de cSmbios comerciais. Cada um ter£, suficientemente, o necessdrio para uma vida constantemente modemizada, pois a propriedade, no sentido em que a entendemos, desaparecerd para dar lugar a uma esp£cie de “coletivizagao” que nada tem a ver com o que prometem certas doutrinas avangadas de nossa dpoca. Nao haver£, pois, barreiras aduaneiras nem separagao arti­ ficial dos povos. O mundo ser£ uma unidade, embora cada povo conserve sua originalidade prtfpria. Nao haverd casos de conflitos economicos. Tal € o grande passo &frente que ser£ dado no alvorecer da era de Aqudrio, no piano do comportamento social e da vida material. Assim ser£ o mundo da nova era, por mais ut6pico que atualmente possa parecer. Quem quer que estude de perto as tendSncias presentes poderd senti-lo. Certamente, mui­ tas provas terao que ser vencidas antes, pois ao homem custa desfazer-se de antigos h£bitos. Ele chegard a isso, progressivamente, e por forga das circunstancias. Estalidos se farao ouvir entre o que em nosso tempo se chama “os dois blocos” , tambdm seriamente enganados, em relagao & compreensao do que 6 bom para o homem. Poderao surgir conflitos mas serS, sobretudo, por uma lenta erosao que as barreiras se dissiparao, e ser£ tamb£m, provavelmente, devido ao que o conhecimento de outros universos revelar,

que a pequenez das ideologias aparecer£ para seus pr6prios defensores. Outros universos serao atingidos e explorados, mas nao haverd, jamais, colonizagao de outros planetas pelo homem. Sem dtivida, haver£ bases estabelecidas alhures, no universo, mas o homem nao far£ em outros planetas tudo aquilo que fez em nosso globo, as colonias de certos pafses. Nao o far£ porque do ponto de vista humano tudo a isso se opor£. De fato, 6 na Terra que o homem deve cumprir seu destino. A fratemidade entre os homens nao impedird a competigao em outras £reas e estas nao serao somente da esfera material. Menos preocupado com as condigoes da existencia objetiva, o homem far£ suas pesquisas nele mes­ mo. Surpreendentes realizagoes nesse sentido lhe sao prometidas e muitas experiencias que parecem estranhas ao mundo profano atual serao correntes na era de Aqu£rio. Na era de preparagao que tiver sido a de Peixes, cujo crepilsculo conhecemos, os misticos modernos dos quais os Rosacruzes constituem exemplo, sao, em todos os sentidos, verdadeiros pioneiros. Nao se deve esperar, entretanto, que a era de Aqudrio seja uma era de ouro. Este perfodo, em muitos pontos especulativo, ser
escalar graus do piano universal mas o homem deve, individualmente, no manifestado, submeter-se &lei divina. Ele terd sempre, em toda £poca e sob todas as latitudes, de cumprir sua missao de filho da luz e por isso, seus olhos deverao abrir-se para os horizontes da verdade c6smica. A t6 Id, o fluxo e o refluxo da existencia serao seu apandgio. Terd mais, por£m mais lhe serd pedido e 6 sobre ele, e s6 sobre ele, que repousa a responsabilidade de seu desen­ volvimento interior. Esta exposigao deveria, necessariamente, ser sucinta, mas quem a ler atentamente e nela longamente meditar, assimilard os princfpios fundamentals a partir dos quais o conhecimento do ciclo que se aproxima pode ser o mais completo possfvel. Tudo € exposto k vista do homem. Nada lhe 6 ocultado, nem mesmo o futuro do mundo, pois este mundo material 6 submisso &s leis de causa e efeito e, ao perceber a causa, dela se deduz, inevitavelmente, o efeito. O maior enigma, para o homem, 6 o pr6prio homem e para este enigma nao se encontra solugao senao naqueles que, deliberadamente, tomaram o caminho do conhecimento; para esses nao hd mais ang(istia, caminham em paz na sen­ da da vida, repartindo os beneffcios. Fortes e sadios em to­ do seu ser, eles adquirem o dominio da vida e esta 6, talvez, a razao pela qual, como os Rosacruzes, aspiram tanto servir ao pr6ximo.

O FUTURO PR6XIM O por

O FUTURO PR6XIM O

Um fato que todos os nossos Membros deveriam ter constatado durante os tiltimos anos, 6 a acelera^ao da marcha da evolu?ao. 6 quase que sob a forma de um desafio que eu lhes apresento esta colocagao; se dele nao tiverem, perfeitamente, consciSncia, nao estarao convenientemente despertos interiormente e nao terao seguido o curso dos acontecimentos que se desenrolaram a nosso redor e no mundo inteiro, de forma iluminada e inteligente. Mas nao posso crer que o desenvolvimento de novas t^cnicas, em todos os sentidos, tenha passado despercebido, ou, at6 mesmo, o poder do pensamento, materializando com urna rapidez espantosa os tipos de estrutura de um novo mundo, e a reagao, em todos os Iugares, de indivfduos esclarecidos quanto hs possibilidades da realiza^ao Humana. Devemos dizer, entretanto, que se, apesar das situa^oes muito crfticas e dos sofrimentos da maior e mais recente guerra, nao captamos o caracterfstico do ritmo acelerado da evolugao, nossa perspicdcia foi defeituosa e n6s estacionamos na aplicagao dos estudos que escolhemos. Pode-se, todavia, objetar: que t^m nossas a s p ira te s a ver com a guerra, ou com o ritmo acelerado de evolugao

que dela resultou, ou que a precipitou? Esta pergunta mostrar^, claramente, que nossos espfritos nao haviam despertado para as possibilidades da tendencia evoluciondria, e que ainda vivemos na rotina do antes-da-guerra, preocupando-nos, unicamente, com nosso desenvolvimento pessoal, em lugar de pensarmos no futuro, de nos consagrarmos ao servigo da humanidade. Neste caso, perdemos a oportunidade de aproveitar o vagalhao das formas c6smicas que, em um impulso, transportou a consciSncia humana aos mais altos niveis de recogni§ao e de compreensao e abriu as portas para a iniciagao menor, pois a vida, com as experiencias que comporta, 6 o grande instrutor e o grande iniciador. Isto posto, pode-se dizer que n<5s todos participamos igualmente desta onda evoluciondria e atingimos um mais alto nfvel de conscigncia. Em verdade, estamos todos submetidos a essa influencia geral e se nao cooperarmos, nesse sentido, seremos impedidos ou “empurrados” ; isto faz muita diferen§a se passarmos por um perfodo crftico com um agudo senso de sua significa9ao e de sua importancia, e se n6s nos adaptarmos a isso, inteligentemente, para pres­ tar nossa colabora^ao ou, mesmo, se admitirmos, simplesmente, como a grande maioria, que se trata, com efeito, de um perfodo crftico, lamentando muito que ele nos traga certas perturba$oes e certos inconvenientes, e que esperamos, pacientemente, poder retomar nossa tranqiiila posi?ao de 1939. EVOLUCAO ACELERADA

Se 6 verdade que hd um avan§o evoIucion£rio, sem precedentes, durante os recentes anos de pressao c6smica, nao

6 evidente que os antigos modos de vida que conhecemos e dos quais gostamos j£ devem estar “caducos” e ser considerados intiteis em um futuro pr6ximo? A dor e a tristeza, as perdas e os lutos e, mesmo, a tensao aguda da existencia di£ria, modificaram incalculdvel numero de indivfduos, para al6m de toda a verossimilhanga, na concepgao que tinham de si mesmos e na atitude para com a vida. Para eles, o antigo modo de vida nao existe mais e devem ser adotados novos m£todos. Tern sido dito e repetido, de forma clara e para que todos os homens se d£em conta disso, que o antigo mundo estd em vias de desintegragao e que um novo mundo est£ aos poucos se formando. Esta advertSncia foi feita, e inumeras vezes repetida, por homens de Estado, e por outros que nao sao ocultistas e nem particular mente avangados na Senda; mas todos perceberam este ritmo evoluciondrio e compreenderam sua significa^ao; estando infinitamente mais prontos e mais aptos a prestar um servigo eficaz ao mundo do que muitos dos que sao, entre n6s, considerados mais evolufdos, em virtude de nossos estudos especiais e dos compromissos que assumimos. De certo ponto de vista, este pensamento nao € reconfortante, mas n6s nao podemos desconhece-lo. Se n6s fomos favorecidos no que conceme ao saber, deveremos ser dteis, servir em qualquer assunto e justificar nosso m£rito. Pode parecer muito louv^vel estudar sucessivamente alguns preceitos e aumentar nossos conhecimentos, dia ap6s dia, no curso de estudos tranquilos e de meditagoes; n6s podemos, por isso mesmo, parecer muito bons, muito vir­ tuosos, muito s£bios e nos considerar como tal; mas se este m£todo de vida 6 buscado nas horas graves que atravessamos e com esta mesma insist^ncia, no desenvolvimento

apenas pessoal, esta bondade, esta virtude e esta sabedoria perderao todo o sentido e nao terao valor algum. Os verdadeiros pioneiros, ao nosso redor, verao nisso apenas introversao - e nao, no melhor sentido da palavra - egoismo e estagnagao. O vagalhao nada far£ senao passar por n<5s, deixar-nos no solo seco, firmes e inabal£veis, satisfeitos conosco mesmos. Se € assim, podemos agradecer ao c6u nossa imunidade e nossa satisfaqao. Que seja assim, ou nao, prefiro acreditar que nao existe um (inico, sequer, entre n6s que, diante da efervesc6ncia destes sinais de mau augurio, nos anos passados e na 6poca atual, nao tenha sido torturado em alma e em espfrito, pelo espeticulo de um mundo moribundo e pelo indizfvel martfrio do homem. A £O ES E PROGRESSO

Ouvimos, frequentemente, candidates expressarem um desejo ardente de dias de paz. Isto 6 muito compreensfvel, dados os anos tumultuosos de guerra que passamos; mas eu sinto que o que eles desejam, em seu foro ultimo, 6 reencontrar o antigo modo de vida, e neste caso, eu tenho certa desconfianqa. Tem se afirmado que nao 6 a paz, na medida em que € a antftese da guerra, que n6s devemos procurar, nesta 6poca critica da evolugao, mas a a^ao. E 6 no que penso, ao escrever este artigo: se a paz, a calma, a serenidade e a contemplagao pura podem constituir o ideal do budista e de alguns seus vizinhos, nao o 6 para n6s. Serei o tiltimo a condenar esta atitude mental, tao valiosa em si mesma; mas ela 6, entretanto, um exemplo da vida de isolamento pessoal, de introspec5ao pura e ina^ao; e este ideal nao 6 o que se deve ter nos dias de hoje.

A16m disso, essa atitude 6 exatamente contr&ia ao que o mundo espera de n<5s em um futuro proximo. A hist6ria dos Rosacruzes do passado fomece, entre outros, os melhores exemplos de uma vida de agao, de realiza^oes e de diversas conquistas human as. O segredo de seu pr6prio desenvolvimento reside, principalmente, no seu servi§o humanitdrio. Eles sao desenvolvidos e chegaram a uma alta posi$ao, nao simplesmente pela maneira de pensar, mas mais especialmente e, em Iarga escala, por seus atos; eles tem estado constantemente em guerra com sua £poca ou por sua 6poca e aumentaram o ritmo da evolu^ao humana. Isto se aplica tamb£m ao tempo presente. Por conseqiiencia, descansar inteiramente nos estudos que fizemos no ciclo atual como outro meio de satisfagao intelectual ou o desejo m6rbido de meter a mao em alguns segredos do de­ senvolvimento pessoal e que nos colocarao em uma situa§ao privilegiada perante nossos semelhantes, 6 um mesquinho sinal de gratidao para com os grandes pensadores que, no decorrer dos tempos, consentiram no supremo sacrificio, zls vezes, mesmo, da prdpria vida, sob perseguigao religiosa ou polftica, para que a chama viva da verdade eterna nao se apague e possa passar de mao em mao e chegar at£ n<5s, que dela nos tomamos guardiaes. N6s nao temos exclusividade de direito em rela^ao a essa verdade. Ela prov6m da alma do homem e pertence hs almas dos homens. Ela e sti oculta nas almas de todos os homens e todos a buscam, inconscientemente. MISSAO DOS ROSACRUZES

Eu disse que os antigos Rosacruzes estiveram constan­ temente em guerra contra ou por sua 6poca. Eles empreenderam uma a$ao vigorosa contra todo o mal social ou

nacional de seu tempo e lutaram pela liberdade e progresso do pensamento humano. Eram os divinos revoluciondrios, esquecidos de si mesmos e indiferentes &opiniao publica, e se atiravam de corpo e alma &luta para tentar, por todos os meios, aliviar o pesado carma do mundo. Um ativo desempenho pode ser o quinhao de alguns, somente, em determinada 6poca. Esses serao chamados, entao, e cumprirao sua missao; nao terao necessidade de uma instigagao exterior; seu espirito despertado e seu coragao devotado abrirao a porta da ocasiao propicia e a transporao por iniciativa pr6pria. Alguns discfpulos gostariam que se lhes dissesse qual 6 sua missao na vida. Esses devem olhar por si mesmos e interrogar sua alma; a luz e as diretrizes devem vir do inte­ rior. Aquele que tem um grande amor &mtisica, a literatura ou &s artes, nao experimenta a necessidade de perguntar a outros se excederd um ou outro, ou de receber conselhos. A mtisica, a literatura ou a arte o possuem, desdQbram seu empreendimento sobre seu espirito e sobre seu cora^ao, impelem-no para a maestria em sua expressao e o forgam a lhes consagrar sua vida. Deveria ser assim, em relagao a n6s. O genero de servigo, seja ele grande ou modesto, pouco importa, mas ele deve fazer um servigo de qualquer forma. As grandes almas deste mundo tem sido sempre aquelas que mais generosamente serviram; e nao imaginamos, com freqiiencia, a que ponto seu servigo foi humilde, no comedo. UMA NOVA ERA

Referindo-me hs condigoes dos anos de antes-daguerra, eu disse que eles estao, agora, superados; 6 o sentimento geral. fi-nos lembrado, constantemente, que as

condiqoes da vida, no novo mundo, serao radicalmente diferentes das que conhecemos. Isto 6 evidente mesmo para a pessoa inteligente e somente o aturdido e o ignorante tern necessidade de serem lembrados. Mas eu me dirijo, mais especialmente, aqui, a n6s mesmos, por sermos adeptos da Senda e, em particular, aos mais velhos, entre n<5s; alguns, entre aqueles que consagraram longos anos ao estudo espe­ cial de que nos ocupamos, chegaram k idade madura e, a menos que tenham um pouco de espirito universal e sejam bastante flexfveis, sao amea^ados por um perigo: o de estabelecer um modo fixo e estdvel relativamente ao progresso que n6s poderiamos fazer, e de cristalizar nosso pensamento nesta esp^cie de obstdculo ou barreira que tivermos construfdo. 6 preciso darmos meia volta, proceder a uma reavaliagao de n6s mesmos e do que importa em nossa vi­ da, a fim de ver como podemos aplicar melhor os valores para aumentar •nossa influencia e auxiliar a humanidade. Penso que 6 um erro querer impor limites ao que podemos realizar ou conquistar em um ciclo qualquer. O conhecimento da alma nao tem idade, e a experiencia acumulada durante uma longa vida de esfor^o para explorar e manifestar suas possibilidades deveria inspirar-nos uma confianga e uma coragem renovadas e nos oferecer a certeza de que temos muito para dar em um mundo que, mais do que nunca, necessita de nosso exemplo e de nossa experiencia. As mais belas inspiraqoes que tenho podido receber ocorrem quando leio a biografia de alguns personagens notiveis que foram repentinamente chamados para uma posigao dominante, depois de longos anos de preparagao £rdua e silenciosa, na esperanga de prestar algum servigo importante k humanidade. Foram conduzidos sem alarde e por caminhos diffceis, ^s vezes, sem compreender, mas sempre com uma profunda convicqao de que uma mao os

guiava para o objetivo onde todos os poderes aflnados e plenamente amadurecidos encontrarao aplica^ao. A li^ao que devemos tirar disso € a de que nenhum esfor^o 6 vao, se for bem dirigido para um prop6sito preciso e definido. E se isso 6 verdade em relagao ao sucesso ma­ terial, 6 ainda muito mais exato quando se trata do adepto que se comprometeu, deliberadamente, a servir o mundo e a humanidade. A alma responded, se a demanda que 6 feita for bastante forte e perseverante, pois as for§as c6smicas a sustentarao, a inspirarao e liberarao os meios de a^ao de acordo com a forga e a persistencia do pedido feito, no esforgo para se adaptar & marcha da evolugao e a conquista de seu objetivo.

por

Localizar-se na escala de ascensao mistica 6, por certo, uma ocupagao individual. Ningu6m pode indicar nossa posigao se, com relagao ao que £ramos, atingimos um novo estigio. Para ser preciso e justo, seria necess£rio conhecerse, em todos os seus meandros, o eu pessoal dos outros. Isto, na verdade, s6 podemos fazer em relagao a cada um de n6s e mesmo assim, somente em uma certa medida, pois se n6s nos conhecessemos perfeitamente, nao terfamos mais nada a aprender sobre o homem e, consequentemente, sobre todo o C6smico. Quao poucos seres estao nesse ponto de desenvolvimento interior! Existe, por^m, uma qualidade essencial, prtfpria do mfstico, cuja intensidade, cada um pode medir, em si mesmo; quero dizer, a serenidade, elemento fundamental no domfnio da vida. Cada dia que surge traz em seu curso novos problemas ou, para falar uma linguagem mistica, novas experi€ncias. Estes problemas, estas experiencias, sao referentes ao homem. Ningu6m ultrapassa suas forgas de resistencia exterior e interior a tal ponto que o “ grande momento” nao chegue. Se uma prova particularmente penosa parece exceder nossas forgas, 6 porque concentramos uni-

camente em n<5s mesmos uma profunda reagao concemente a essa prova. Ela se tom a, entao, o elemento motor de uma introspec9ao desviada de seu fim e conduz a uma perigosa exalta^ao do eu humano onde os excessos de toda natureza nao estao, naturalmente, exclufdos. O verdadeiro mfstico nao 6> de modo algum, um resignado. Ele aceita as ligoes que a vida Ihe oferece para que se esforce por domin^-las, fazendo disso uma marcha gloriosa na inelut&vel evolu^ao humana da qual ele participa mais conscientemente do que o profano, o homem e todos os dias. Se ele, entao, manteve a atengao no estudo, se cuidou, diligentemente, da aplicagao do m€todo que lhe foi proposto e se, sem desencorajar, nao hesitou, cada dia, em aplicar no “metier” sua obra, ele desenvolveu (em si mesmo) a certeza serena de que um problema, uma experiencia ou uma prova passarao; mas que, o que ele extrair de seu eu, o mais profundo, nao passar£ jamais. £ preciso, pois, aprender, antes de tudo, a olhar al£m do momento presente, para esse horizonte no azul infinito, no qual, um dia, eles se esfumarao sem que jamais se percam os resultados alcan^ados, as perip6cias de nossa aventura humana. Uma bela atitude, longe de conduzir a uma culposa indiferen^a ou a uma recusa de responsabilidades, leva & maior aprecia^ao da intensidade da vida cotidiana e de suas mfiltiplas experiencias. Ela permite, ainda, levar uma existSncia rica e frutffera, concebida em seus vfnculos com o universo e com uma etemidade que 6 nossa e da qual ela nao 6 senao uma fase fntima. Considerar um problema em sua tinica rela^ao com o presente e conosco mesmos 6 uma capitula^ao. O lhi-lo como um grande e amplo conjunto no qual estamos mergulhados, 6 pressentir sua solu$ao; isto ser£, em ultima anflise, a conquista, em todos

os pianos, de uma efic£cia que proliferard em nossos “amanhas” . A lei humana do hdbito, do costume, frequentemente faz-nos esquecer a importancia vital que representaram, para n6s, em dado momento, os ensinamentos Rosacruzes, e tamb£m a lei humana da dispersao; junto com a primeira leva-nos, &s vezes, a nos carregar de fardos atraentes que retardam nosso progresso, ao inv£s de o acelerar, como tanto desejamos. N6s buscamos miragens em lugar de aproveitarmos plenamente as riquezas postas & nossa disposigao. Algumas pessoas parecem ter a tendencia de considerar o estudo mistico como um agrad^vel passatempo. Ao menor sopro do vento, eles se esquecem ou abandonam os principios experimentados, contando apenas com seu raciocfnio e suas forgas para chegar ao fim do obsticulo. O que eles adquiriram por seu trabalho, por mais “espasm6dico” que seja, ser-lhe-£ incontestavelmente Util, mas a reaqao normal, a reagao do bom senso, 6 sempre, em casos idSnticos, de estreitar seus lagos com o misticismo e mergulhar, mais ainda, na vida Rosacruz. Todo membro da Ordem Rosacruz, AMORC, € um t^cnico. Aprende Ientamente, e a ponto de fazer disso uma parte integrante de seu ser, as leis de uma vida regulada pelo ritmo univer­ sal. Se uma falha € descoberta, seu comportamento normal deve ser o de buscar, no estudo, o que convSm fazer em relagao a isso, no momento preciso. Em um universo em que o mecanismo 6, em seus menores detalhes, regulado como um rel6gio divino, nao h£ lugar para reagoes instintivas ou interpretagao partial. Se a decisao 6 m i, o desastre sobrevir£, automaticamente.

Avalie a import£ncia de seu trabalho mfstico. Ele condiciona toda sua existencia, pela compreensao proporcionada por seu m£todo experimentado e incessantemente adaptado a um mundo em perp£tua transformagao. Se voces seguirem direito o ensinamento recebido e o aplicarem, voces jamais serao fandticos, em qualquer aspecto, seja ele qual for. Sua lei ser2 o equilfbrio em todas as coisas, abrangendo sua existencia pessoal e voces mesmos. Sua norma de vida ser£ a do meio, justa e boa, que Pit£goras indicava com tanta insist£ncia. Entao, al6m do tempo que corre e do espago fugaz, voces serao aquilo que jamais o ser humano deveria deixar de ser: vocSs mesmos, segmentos divinos, personalizados por uma obra de cooperagao consciente, no piano etem o da evolugao e do “grande retom o” .

IM A G EN S E M tlSIC A DE FA RIA S

Quem pode me incentivar a descrever as imagens, os sons que me envolvem em uma vida amigdvel e tao pr6xima? O grande vento? O grande vento, que faz rolarem e desdobrarem-se sobre o mar de um azul forte as ondas envoltas em espuma cuja brancura me encanta e se revela mais pura sob o sol que tom a p&lida a areia da praia. Escrevo aninhado nos escombros de rochedos, perto de uma esp£cie de banco coberto de algas que mergulham nas ondas, no lugar em que a £gua de um pantano chega ao mar. O c6u € de um azul tranquilo com nuances de aquarela; a cor densa do mar corta-o, delimitando, nitidamente, o horizonte. As curvas da costa, aquela que desenha a onda na margem, aquela que forma a areia bordada de ervas e de folhas, que arredonda, aqui e ali, suas manchas azuladas e sao mais deliciosas do que o farol ao longe, que, por seu arremesso (ardor, lance) vertical, restabelece o equilfbrio das linhas. Mas como, nesse r£pido esquema, falar das sutis varia§oes das formas, sucessivamente medulosas, secas ou ple-

nas, confusas ou precisas e que se entregam em sua feliz ingcnuidade, para logo se ocultar de acordo com os menores caprichos da luz?! Tudo isso 6 musica, como musica 6 a vaga que hoje rebenta surdamente; musica tambSm 6 a charneca e seu charco selvagem, os caminhos escavados e os campos com odores de terra. Em todo o lugar, flores em quantidade, que crescem ao acaso nas relvas aparadas, e tremulas gramineas: chamecas, umbelas e muitas outras, atapetam o campo, misturando o violeta ao carmim, destacando-se, brancas e finas sobre o mar, fazendo brilhar em tudo £ volta a riqueza dos amarelos dourados ou empalidecendo em azuis muito suaves. Assim os dias passam, livres na profundeza de um silencio vivo onde as menores nuances sao a expressao da paz profunda.

por

O voccfoulo tradigao 6 definido como a transferencia de opinides ou priticas nao consignadas em forma escrita. Desejo considerar este assunto, nao tanto em sua deflniqao mais exata ou lexica, mas, antes, como a difusao do conhecimento, desde tempos imemoriais, expressando-se, de muitas maneiras, na hist6ria da evolugao do homem. Poderia ela ser considerada como a “luz” que, em determinadas £pocas, pareceu estar quase extinta e que, em outras, resplandeceu, com subito fulgor, de fontes ocultas. Os religiosos tem cristalizado suas manifestagoes e propagaqao em inumeras alegorias, dando prova da aspiragao consciente, do homem, de viver em sua efulgencia. Os relatos como o do Jardim do Eden e a histtfria do GSnese, sao interpretados, por muitos estudantes, como simbolizando o nascimento da consciSncia e seu desenvolvimento no inte­ rior do homem. A Cabala (que significa tradigao) diz-nos que, na queda do homem, o conhecimento da Volta foi transferido para Adao, pelo Arcanjo Metatron: Esta € a tradigao da luz, a qual tem sido preservada nos conclaves secretos da huma­ nidade, atrav^s dos tempos e zelosamente resguardada do profano.

Em seus aspectos mais mundanos, nossos padroes tradicionais de conduta tem, sempre, refletido o padrao interior ou, pelo menos, procurado preservar o conhecimento a seu respeito. As rimas infantis e os contos de fadas ensinados de geragao a geragao, constituem excelente exemplo. £ muitas vezes afirmado, e possivelmente verdade, que o povo dos Estados Unidos 6 influenciado, mais do que a maioria dos outros, pelos padroes tradicionais. Se algo for feito mais de duas vezes, 6 dito, jocosamente, ter se tornado uma tradigao. A Europa, em geral, 6 considerada, por muitos, como tao cercada de padroes tradicionais obsoletos, que representa uma negagao da vida do povo; como algo que nos mant£m apegados, de maneira excessivamente rfgida, a um padrao fixo de conduta. A America manifesta o oposto dessa situagao, embora, de modo geral, sentimentalmente ligada &s tradigoes dos pafses mais velhos: vendo, nas coisas antigas, uma cristalizagao da hist6ria vivida e dos srmbolos dessa ligagao. Um aspecto positivo da conduta tradicional 6 que ela tende a manter a sociedade em identiflcagao e unidade quase inconsciente, quando todas as imperfeigoes tiverem sido superadas. Esta vontade quase indefinivel, de agir com base na tradigao, tem, freqiientemente, salvado a Gra-Bretanha, como nagao. O mundo, contemplando uma Inglaterra violentamente devastada durante a dtltima guerra, estava curioso por descobrir o que a mantinha unida, e qual o es­ pirito indomivel que a forgava a existir sob tensao que deveria ter provocado a sua desintegragao. Essa persistencia na conduta tradicional, tem sido notada por muitos estudantes de sociologia. O grande teorista e comunista, Karl Marx, considerou o fracasso da Comuna

de Paris, em 1871, como sendo desta esp£cie. A partir de entao, as teorias comunistas inclufram o conceito da destruigao do Estado, para que fosse destrufda a base para o retorno a esses padroes de conduta. O sopro das transformagoes faz-se sentir em quase todas as facetas de nossa vida, hoje em dia, e reflete-se na dissolugao de muitos padroes de conduta, tradicionalmente aceitos, sejam eles polfticos ou religiosos. Esta 6 uma £poca extremamente inst£vel, em que poucos se adaptam, facilmente, a uma nova maneira de viver. As transformagoes rdpidas que as t€cnicas cientfficas trouxeram &economia das nagoes e a conseqiiente afinidade de uma para com a outra, deram lugar a conceitos mais amplos. As tradigoes que se restringem hs necessidades e limites nacionais, sao arcaicaseinadequadas para satisfazer h consciencia humana em expansao. Representam elas um passado hist6rico, quando o nacionalismo pode ter sido uma necessidade para incubar id6ias que, finalmente, viriam a romper a couraga dessas acanhadas e sufocantes Iimitagdes. Em nossa evolugao, atingimos um ponto perigoso, com um controle da natureza jamais sonhado, aliado a uma consciencia que se ve cercada por muitas das leis das selvas, a serem, ainda, sublimadas. Representa ele uma conjungao fragment^ria que tem provado a fraqueza de muitos padroes tradicionais, para resistir aos impactos que receberam. 6 uma situagao crftica que muitos nao podem superar. H i uma expansao subversiva em muitos lugares, e buscam-se paliativos superficiais em toda a esp£cie de religioes e cultos por demais reminiscentes da situagao de R o­ ma, antes de sua queda.

Espiritualmente - em escala sem precedentes - o ho­ mem se defronta com a indagagao etem a do significado da existencia e de sua relagao com Deus ou com o esquema c6smico da Criagao. O medo 6 o estfrnulo para o “escapismo” e para o olvido, seja por meio de drogas ou das inumeras aberragoes mentais que isolam o indivfduo da corrente da existencia e da equilibrada adaptagao a vida. As surpreendentes conquistas da tecnologia modema com relagao ao automatismo tem - ou terao, dentro de pouco tempo - libertado o homem da escravidao do tempo, no sentido material. Os computadores eletrdnicos e m iquinas de calcular reduziram o seu trabalho, aumentando o seu lazer. £ este um dos maiores problemas que se apresenta & nossa 6poca. Que fazer com esse tempo! S e ri ele solucionado pelos dissipadores de tempo, escapismo, ou pela concentragao em nosso pr(5prio e inexplorado Eu? Para satisfazer a necessidade de nossa £poca, a protegao e orientagao tradicionais, a Igreja tem, drasticamente, alterado sua norma. Muitos afirmam que, mesmo essas alteragoes nao produzirao o resultado objetivado. Todavia, na Europa, nao aceitamos, facilmente, esse movimento de superffcie que leva a novos e repulsivos cultos. Defendemos os nossos baluartes tradicionais e buscamos, em nossa origem, aquilo que nos levari a veneer o impasse espiritual em que nos encontramos. Alteragoes radicais, na maneira de pensar, tem se torna­ do necessirias para enfrentar as novas condigoes. Cada vez mais, o homem 6 forgado a lutar, em seu pr<5prio interior, com os problemas que julgava serem exteriores. Sao essas as mudanqas com que ele se defronta, hoje em dia: mudan-

gas que, inquietantemente, o afastam de padroes tradicio­ nais de rotina ortodoxa, h i muito estabelecidos. PERfODO DE CRISE

Tem se manifestado perfodos de grande crise, no passado, e o desenvolvimento de nossa civilizagao ocidental, de­ les d£ testemunho. Com o crescimento da cultura no Egito e o estabelecimento das Grandes Escolas de Sabedoria, desenvolveram-se fontes secretas de conhecimento, que deveriam amparar o crescimento das nagoes e culturas, durante os s^culos porvindouros. No perfodo de Akhenaton, primeiro Grande Mestre tradicional da Ordem Rosacruz, o conceito da Rosa e da Cruz prevalecia. Em papiro, consignou ele estas palavras, no ano 1360 a.C.: “O sofrimento 6 a cruz dourada, sobre a qual desabrocha a rosa.” O sfrnbolo da Rosa e da Cruz tom ou-se um dos maiores simbolos conhecidos pelo homem; a cruz, representando o corpo, sobre o qual desabrocha a rosa, ou alma. Das Escolas do Antigo Egito, o conhecimento da natureza e do homem propagou-se por dois ramos importantes: Um, conhecido como os Terapeutas, na Gracia, e, o outro, como os Essenios, no oriente m€dio. Esse conhecimento deu, & Gracia, a sua grandiosidade cultural e foi a origem de parte do mais notdvel pensamento filos6fico que o mun­ do j£ produziu. A Fratemidade EssSnia projetou esse co­ nhecimento na primitiva vida crista. Esse conhecimento nao findou, passando, todavia, no desaparecimento de uma cultura, para uma outra. Era apresentado de muitos modos estranhos, especialmente em simbolismo e rituais, modalidades compreendidas somente por aqueles que tivessem si­ do iniciados em sua interpretagao. Durante longo tempo,

o mundo drabe beneflciou-se com a heranga que, mais tarde, passou a Europa, em forma de AJquimia e outros cultos. As primitivas disputas, na Igreja, nao o suprimiram totalmente, e, dos Essenios, foi transmitido pelos Gn6sticos e as chamadas correntes heriticas. Quando a Europa, ap6s a queda de Roma, havia sido, gradualmente isolada, e perdido o conhecimento antigo, este se conservou vivo, no oriente. Carlos Magno, rei da Franga, no s£cu!o IX, enviou o fil6sofo Arnaud ao Oriente Mddio para de Id trazer a luz. Em 1804, em Languedoc, fundou uma Loja dos iluminados, para se tom ar a Sede Secreta dos Rosacruzes, durante s^culos. Mais tarde, os Cruzados agiram como um isqueiro, com relagao & Europa. Surgiram as Ordens de Cavalaria, que, algumas vezes, objetivaram metas independentes das que eram contempladas pela Igreja. Os Cavaleiros Templ£rios podem ser citados como exemplo. Desde a sua fundagao, por Hugh de Payens, em 1119, no Templo de Jerusalem, transformou-se, de Ordem pobre que era, em uma das mais ricas da cristandade, e despertou a inveja dos prfncipes avaros, do Estado e da Igreja. A despeito da caltinia, das mentiras, da fraude, e do martirio de seu Grande Mestre, Jacques de Molay, suas tradigoes nobres ainda vivem. Pode-se viver com os Templdrios, em espuito, nas cercanias do templo, afastado de Fleet Street, em meio a todos os emblemas her£ldicos. As artes da impressao e da fabricagao de papel, penetraram na Europa atrav£s dessa corrente de tr£fego do oriente. Compreendendo o instrumento que se tom aria em maos das seitas her^ticas que, entao, se estabeleciam nas

cercanias de Toulouse, no sul da Franga, a Igreja tentou suprimir a propagagao desse meio. Nao teve exito em sua supressao total, por£m, perpetrou um dos maiores massa­ cres da histtfria crista, nas seitas conhecidas como “Os AIbigenses” . O Conde Raymond de Toulouse procurou efetivar a sua protegao, por6m, sem sucesso. O massacre foi o mais completo, por£m, o conhecimento nao desapareceu, assumindo outras modalidades de difusao. O MAIS NOTAVEL FILH O DA INGLATERRA

Aproximamo-nos mais de nossa pr6pria origem tradicional, quando analisamos a histtfria de um dos mais n o tiveis filhos da Inglaterra, Sir Francis Bacon. Situa-se ele no comego de nossa era, na verdade, no ponto exato da convergencia dos acontecimentos que viriam a langar as bases de nosso modexno modo de viver, como um pioneiro das ciSncias e de todo o conhecimento, tendo os olhos no futuro, ao mesmo tempo que reavaliava o conhecimento antigoQuando ainda muito jovem, visualizava grandes esquemas para o soerguimento da humanidade. Aos quinze anos, deixou a universidade de Cambridge, desiludido pelas discussoes est^reis que giravam em tom o dos ensinamentos de Arist6teles, naquela ocasiao considerado a Alfa e Omega de todo o conhecimento. Sua determinagao de estabelecer novos esquemas para a melhoria da condigao humana deu origem & id£ia de sua Grande Renovagao, que requereria todo o seu grande genio e ocuparia toda a sua existencia. Sua primeira tarefa, todavia, foi a criagao de um idioma ingles. O Iatim era o idioma aceito nas Universidades; o

frances, era o da Corte. Ao visitar a Franga, como membro do grupo de Amyas Paulet, no ano de 1576, exemplo de projeto similar se Ihe deparou. O nome das Pleiades ainda existia; um grupo de sete rapazes, sob a diregao de Ronsard, que havia se entregue £ tarefa de reform ar o idioma frances e que, com sucesso, criou notdvel tradigao literdria. Na Franga € que Bacon foi iniciado na tradicional corrente esotSrica de conhecimento. Um autor afirmou que ele foi iniciado na Ordem dos Cavaleiros Templ£rios. Sabemos que ele tomou conhecimento do c6digo cifrado dos Albigenses. Indicagao precisa da associagao entao estabelecida com a corrente de conhecimento esotfrico foi simbolizada na figura alegfirica de Christian Rosenkreutz. £ interessante o fato de que o manifesto intitulado Fama Fraternitatis, convidando os homens eruditos da Europa a se unirem h Ordem, tenha sido publicado em 1614, sob o nome de C.R.C. £ significativa, tamb&n, a circunst^ncia de que a forja literdria em que foi moldada a lingua inglesa tenha comegado a funcionar, ativamente, ap6s haver Bacon retomado da Franga. Muitas obras comegaram a aparecer, e surgiu a controv^rsia em livros que traziam o brasao do grupo liter^rio da Rosa-Cruz. Se algu£m analisar, profundamente, a histdria da ^poca, encontrar^ muitas passagens, nessa grande renascenga elisabetana, que se referem ao Imperator da Ordem Rosacruz, Sir Francis Bacon. Sua grande musa era Pallas Athena, deusa da sabedoria, a agitadora de langas. Foi a sua visao que assentou os amplos alicerces da sabedoria que tem produzido abundantes frutos. Do CoMgio Invisfvel, surgiu a Sociedade Real, da

qual um proeminente membro Rosacruz, Sir Isaac Newton, p6de afirmar que via mais do que outros homens porque se apoiava nos ombros de gigantes. Os pianos que Bacon tragou e as tradigoes que estabeleceu serviram, e continuam a servir a humanidade. Espera-se que outros paises avaliem o seu genio - como o primeiro fil6sofo moderno e o pai da pesquisa cientifica contempor£nea. 6 ele, muitas vezes, responsabilizado pelo que a ciencia tem feito, desde entao, e pela atitude divorciada que a cien­ cia tem adotado com outros que nao os m€todos empfricos, em relagao &vida. Sua visao, todavia, em que pese o controle cada vez maior da Natureza, pelo homem, merce do permanente desenvolvimento de seu conhecimento, colocava, sempre, 0 objetivo ou finalidades, como glorificagao de Deus. O impasse a que chegou, hoje, a nossa civilizagao, 6 o controle ampliado das forgas naturais, sem o propdsito de maior aproximagao do homem a Deus. Com isto, nao quero referir-m e £ introdugao de algum conceito antropom6rfico ou exterior, de Deus mas, k experi£ncia subjetiva da Cons­ ciencia C6smica: O desenvolvimento para o Casamento Mlstico ou “ Hierogamos” dos alquimistas, conforme expresso no sfmbolo da Rosa-Cruz. Como em nenhuma outra 6poca, deve o homem ser orientado para olhar para si mesmo, para compreender a si mesmo, e para recuperar o signiflcado do mote dos templos antigos: “Conhece-te a ti mesmo.,, AS TR A D igO ES ROSACRUZES

Em toda a sua hist6ria, os objetivos da Ordem Rosacruz tem sido os mesmos, embora sua expressao se tenha modi-

ficado, de acordo com as mudangas de cada £poca. A ma­ teria 6 subserviente ao padrao c6smico mais elevado. £ o terreno sobre o qual o homem, como planta c6smica, se desenvolve: a cruz da materia, sobre a qual evolui a alma. Se o homem for subserviente ao seu Eu inferior, tom arse-6 escravo das condigoes mutantes da materia. Deve ele, portanto, despertar as potencialidades que o torn am mais do que homens: as potencialidades de sua alma, ou qualidade Divina, representadas pela Rosa e pela Cruz. A Ordem Rosacruz ainda se esforga por alcangar esse objetivo. A busca tradicional interior, da Luz, ainda 6 a mesma, embora as formas exteriores tenham se modificado para fazer face hs situagoes mutantes da condigao humana. O trabalho da Ordem est£ permanentemente se expandindo, para abranger todas as nagoes. Seus ensinamentos estao bem adequados para semelhante tarefa, uma vez que sao absolutamente nao-sectirios no que diz respeito &s crengas religiosas, e apolfticos, no campo social. Seu prop6sito e finalidades sao os mesmos de todas as 6pocas - iniciar ho­ mens e mulheres na Corrente da Luz. Sua tradigao 6 nobre, e milhares de pessoas sentem orgulho em perpetui-la.

por R aym und A n d rea, F .R .C .

Que tencionamos proporcionar aos jovens Membros que frequentam este ou aquele Corpo Afiliado? Uma vida definidamente util de acordo com a orientagao Rosacruz. Podemos consider£-los como um grupo de recrutas interessados, desejosos de se qualificarem para a posigao de autoridade como verdadeiros servidores, de acordo com uma disciplina auto-imposta. Podemos estar seguros de que a hierarquia dos Mestres nao estd ociosa. Todos estao alertas e vitalmente ativos, conscientes de todos os aspirantes, e interessados naqueles que estao buscando e seguindo a Senda em qualquer de seus muitos estigios. To­ dos estao sendo objeto do interesse da Hierarquia e receberao ajuda e orientagao se a pedirem e se decidirem, pela meditagao e pelo servigo, harmonizar sua vida com os ritmos e objetivos da Hierarquia. Estarao iludidos se pensarem que seus fi£is e humildes esforgos, em qualquer nfvel em que se encontrem, tSm pouco valor porque os mais elevados pin&culos da Senda lhes parecem muito longfnquos e fora de alcance. O mais humilde aspirante, por sua vida e servigo, pode ser extremamente promissor aos olhos da Hierarquia, sendo que poucos anos de esforgo denodado

expandirao sua consciSncia e lhe darao uma seguranga in­ terior de reconhecimento. Assim como ocorre na natureza, as revelagoes da Senda sao numerosas e imprevisfveis. Elas nao nos chegam quando as buscamos, mas quando a mente e o coragao estao prontos para recebe-las. Estas sao minhas palavras de incentivo para o jovem aspirante. O mundo exterior nao lhe dar£ esse encorajamento, abandonando-o a seus pr(5prios sonhos e aspiragoes. Cabe ao pr6prio aspirante dar os passos necess&ios para a concretizagao de seus sonhos e aspiragoes, sob os cuidados interessados daqueles que se dispuserem a ajud£-lo. E o que dizer dos Membros e oficiais mais antigos, que servem ao grupo em suas diversas fungoes? Penso neles com admiragao e profundo reconhecimento por causa do trabalho e das responsabilidades que aceitam com tanta boa vontade e que realizam com tanta eficiSncia. Mas que 6 que os impulsiona e sustenta nessa tarefa? Fundamentalmente, no mais profundo de seu interior, eles percebem e reconhecem a sempre presente tristeza e sofrimento da humanidade. Esta 6 a mola-mestra de seus labores. Na humanidade prevalece o caos mental, a busca de nao se sabe o que; um tropegar, uma confusao interna diante do ataque das opinioes, um desejo de alcangar um objetivo impreciso de consecugao mental. N6s sabemos disto, pois temos de conviver com esta situagao. O saber tom a o trabalho mais dificultoso; exige coragem, perseveranga e incansdvel dedicagao. S6 a influencia de nosso contato com a Hierarquia po­ de nos sustentar e orientar. Em uma palavra, temos que encontrar nossa diregao no interior de um cfrculo circunscrito de aspiragao a nfveis mais elevados. Nao obtemos muita ajuda fora desse cfrculo. Temos de volver os olhos para o

alto e recorrer, cada vez mais, k aspiragao e boa vontade da Hierarquia em nos prestar auxflio. Nao devemos tamb6m esquecer que acreditamos na cooperagao daqueles que nos precederam e se foram. Eles deixaram inacabada sua tarefa aqui neste piano, apenas para ver mais claramente o que h i aldm do \6u e cooperar com maior compreensao e forga com os ideais maiores que desejaram realizar e aos quais continuamos dedicados. Seria triste imaginar que, quando o livro do conhecimento terreno foi fechado para eles, nao lhes seria aberto em outro piano para que continuassem a progredir junto &s grandes almas do C6smico, ao qual pertencem. Eles tem feito contatos que n<5s, com nossas limitagoes presentes, somos incapazes de fazer, ou s6 o conseguimos, esporadicamente, sem saber como ocorrem. Sabemos que em certos estigios da Senda temos de caminhar sozinhos; mas esta solidao 6 um incidente de nossa curta permanSncia aqui; nao existe solidao no outro piano. Trabalhamos em fntima associagao, impossfvel aqui; e assim como procuramos aqui diminuir parte do fardo da vida de alguns coragoes humanos, assim o fazemos li, coletivamente, e com maior eficicia. 6 reconfortante e inspirador o pensamento de que as duvidas e ilusoes que nos prendem e nos deixam perplexos desaparecerao al£m do v6u e n6s saberemos, junto com nossos irmaos que partiram, o que os Seres da Hierarquia t£m feito por n6s em relagao 3s vicissitudes da vida. Devemos nos apegar a este pensamento, principalmente quando a vida parece nos oprimir com suas modificagoes, desafiando nossa f^ na orientagao e ajuda invisfveis. Influencias invisfveis estao sempre conosco, estejamos acordados ou adormecidos. Em momentos de abstragao,

n6s as sentimos claramente; mas interpretar sua natureza e significagao, exige um grau de sensibilidade intuitiva que tem de ser cultivada. Entretanto, j£ demos muitos passos em diregao a este objetivo em nossos estudos e especialmente atrav^s de nossas prdticas. Alcangamos um estdgio no qual nosso pensamento combinado e concentrado afeta fortemente aqueles que buscam ajuda nas dificuldades ou na doenga. 6 nisto que chegamos ao amago da vida Rosa­ cruz. O fardo da tristeza, freqizentemente, abate-se sobre n6s na agao de aliviar a angustia de outras almas. Isto nos lembra a escritura que se refere ao discfpulo que alivia um pouco o pesado carma do mundo. Esse alivio significa que estamos, na realidade, assumindo parte do fardo das almas que esperam pela libertagao, cada uma a seu modo; e, por motivo de nosso desenvolvimento e desejo de ver e aceitar esse fato, tornamo-nos instrumentos de bengao e redengao, atrav^s de um deliberado esforgo, muitas e muitas vezes desconhecido para n6s. Nao considerem estas reflexoes como sendo de cardter excessivamente introspectivo. Elas sao pr6prias da nature­ za de nossos estudos e surgem, naturalmente, do htfbito que cultivamos de sentir e ver o que estd abaixo da superffcie da vida e de aplicar nossas descobertas aos problemas que nos atormentam e atormentam outros. Nao acreditamos, como o fazem alguns, que fizemos um bom trabalho e tudo que tfnhamos a fazer, pela simples leitura dos ensinamentos da Senda. Estes t£m que ser infundidos no sangue do coragao e fluir como a verdade da vida, compreendida e assimilada. Nossos estudos nos ensinam a interrogar a vida em todos os seus aspectos: entao revertemos o processo e olhamos para o nosso interior em silenciosa contemplagao, recebendo ai as verdades mais profundas, que estao a

espera de reconhecimento. Chegaremos entao a compreender, cada vez mais, o efeito do processo em espiral do desenvolvimento que ocorre em nossa vida. Isto se processa de forma quase que inteiramente despercebida por n6s, & medida que atravessamos os anos que passam. A base colocada de modo firme e correto, a interrogagao sobre a vida segundo a orientagao de nossos estudos, e a contemplagao interior com o fim de receber a sua reveladora verdade, junto com a silente passagem do tempo, descortinam as mudangas causadas por nosso desenvolvimento em espiral mais claramente em nossa consciencia, mostrando que superamos nossa personalidade anterior mais limitada, adquirimos uma nova escala de valores e um modo mais seguro e confiante de encarar tudo o que a vida decreta para n<5s. Os decretos da vida trazem surpresas e mudangas, diferentes do que esperdvamos, freqiientemente opostas ao que tanto desejdvamos e de que nos sentfamos seguros. Mas j£ € bastante o sermos capazes de enfrentar todas as eventualidades com discemimento e serenidade, sendo este, talvez, o sinal mais seguro do verdadeiro progresso inte­ rior. Nossa vida no Corpo Afiliado leva-nos a uma longa distancia: dos primeiros anos de autodesenvolvimento co­ mo aspirantes a um mais amplo estado de consciencia amadurecida, na qual o verdadeiro espirito de sacriffcio impoenos seus direitos, o que, ali£s, nao devemos lamentar ou rejeitar; nao importa o que exigir de n6s nem o que decidir fazer de n6s. Podemos nao ser conhecidos pelos homens que pertencem & agitada vida mundana mas, se o espirito de sacriffcio reina em nosso coragao, cada passo da jom ada 6 previsto e conhecido em seu interior e nada pode prevalecer contra ele.

EM TE M PO S D IF fC E IS p or

EM TEMPOS DIFfCEIS

Atualmente enfrentamos tempos diffceis, mas mesmo assim, temos a oportunidade de crescimento e mudanga. Todas as coisas sao possfveis quando, num esforgo conjunto, dirigimos nossa mente criadora para a solugao dos problemas individuals e coletivos. Em tempos diffceis, devemos depositar nossa f€ nas leis da vida, com a confianga de que as leis divinas operam no sentido do aperfeigoamento da humanidade. Em tempos conturbados, devemos procurar p6r de lado os temores e as preocupagoes de nossa mente objetiva, e nos tom ar receptivos &s emogoes mais sublimes, aos impulsos e £s necessidades do Eu Interior. Nosso Eu Interior sempre procura nos orientar e instruir em nossas resolugoes diirias para a consecugao de um melhor e mais nobre modo de vida, para nossa boa satide e sucesso nos afazeres diirios. Nao h i problema que nao possamos resolver se seguirmos os im­ pulsos do Eu interior e aplicarmos o conhecimento que dele recebemos com a detenninagao de sermos bem-sucedidos. 6 recomendivel, entretanto, que em nosso trabalho, reservemos tempo para a discussao de nossas dificuldades

com outrem. Quando encontramos um interlocutor solid£rio com nossos problemas, geralmente damos ao Eu Inte­ rior a oportunidade de nos revelar solugoes, trazendo &luz, por assim dizer, a resposta que buscamos. Nessas circunstancias, tamb€m, o C6smico utilizard o outro Membro co­ mo canal para sugerir uma forma de solucionar nosso pro­ blema. Nao de acolhida a dificuldades apenas porque ou­ tros tamb£m se encontram em situagao semelhante. Nao desanime se ainda nao recebeu o auxflio do C6smico, pois o auxflio 6 certo na medida em que voce continuar amoroso, gentil, e tiver consideragao pelos outros, conflando na operagao das leis C6smicas que sempre agem para a sua boa satide, felicidade e sucesso. Ao enfrentarmos tempos tumultuosos, devemos nos tom ar mais conscientes das influencias diretivas do C6smico, que e sti sempre almejando uma vida melhor para to­ dos. As influencias do C6smico poderao, hs vezes, trazer desarmonia, modificando as circunst^ncias atuais, de modo a estabelecer condigoes mais favordveis de experiencia para todos. Os ciclos de influencias C<5smicas, h£ alguns anos, estao acelerados, produzindo mudangas em muitos aspectos da vida, resultando freqiientemente em uma ou outra crise. Assim mesmo, fazendo uma retrospectiva hist6rica, constatamos que a humanidade passou por muitas crises e que, assim, o homem se preparou para melhor enfrentar o futuro devido aos obst£culos que teve de transpor. Portanto, devemos procurar nos harmonizar com as influencias do C6smico, cooperando com Seus pianos para o futuro. Nossas pr<5prias crises, as de natureza mais profunda e pessoal, merecem o miximo de nossa atengao. Toda crise

deve ser enfrentada com o melhor de nossa capacidade. Essas crises nao ocorrem apenas porque somos estudantes de misticismo, que nao nos deixamos Ievar pelos grupos de pessoas, mas, porque nossas crescentes aspiragoes interiores atraem para n6s circunstancias e condigoes que agem como uma esp^cie de testes para tudo o que mais estimamos. Elas testam nossa firmeza e determinagao de nos elevarmos na senda da vida. Essas crises pessoais, que temos de enfrentar de tempos em tempos sao, de muitas formas, bem diferentes das crises terrenas de natureza mundana que constantemente se repetem. Sao sempre novas e desafiadoras. Sao sempre reveladoras e com muita freqiiencia, surpreendentes; entretanto, nao podemos evitd-las pois fomos n<5s mesmos que as evocamos. Atrav^s de uma an£lise crftica, podemos obter muito discemimento e compreensao interior dessas crises, que, em geral, envolvem nosso relacionamento com outros. Muitas pessoas cruzam o nosso caminho na vida. Algumas exercem grande influencia sobre n6s, enquanto outras sao por n6s influenciadas. Contudo, normalmente, h i alguma pessoa que exercerd maior influencia sobre nossa vi­ da, influencia essa que 6 resultado de condigoes c£rmicas estabelecidas em nosso passado. Muitas vezes, nossas esperangas e aspiragoes sao frustradas, e sentimos que jamais poderemos atingir nossos objetivos. Contudo, os relacionamentos c£rmicos que tenhamos com tais pessoas sao muito valiosos para n<5s, e nao deverfamos procurar nos afastar dessas pessoas. Devemos ver esses relacionamentos sob uma perspectiva interior, procurando compreender o grande valor dessas associagoes. O C6smico interpoe essas pessoas em nosso caminho para que possamos discemir e cumprir nossa missao na vida.

Com muita frequencia, um estudante de misticismo enco n trari alguma oposigao e criticismo devido ao seu novo interesse na vida mfstica. Amigos fntimos, ou pessoas que com ele tenham um relacionamento mais profundo, poderao m ostrar-se indiferentes e mesmo contririos ao seu desejo de evolugao e aperfeigoamento pessoal, o que o far£ sentir-se relutante em ser a causa de desarmonia. A verdade 6 que ele deve fazer prevalecer sua necessidade de pensar livremente, sem quaisquer restrigoes. Seus amigos t£m todo o direito de seguir o que acreditam, mas cedo ou tarde, o estudante deve tomar uma posigao no sentido de dedicar-se aos interesses e conhecimentos que o libertarao dos vmculos que o prendiam ao passado. Quando tivermos desenvolvido tal confianga mental que nos possibilita aceitar qualquer desafio com a determinagao de alcangarmos um objetivo digno e nobre, podemos estar certos de alcangar a forma mais sublime de harmonizagao na senda mfstica. Por outro lado, a mesma determinagao nos possibilitari enfrentar nossas crises diirias confiantes em que podemos lidar com qualquer nova dificuldade devi­ do a renovada compreensao e finalidade. Nossa vida gira em tom o da vida de outros, e n<5s que, &s vezes, somos mais fortes devido ao nosso discemimento mfstico, devemos levar aos nossos semelhantes a forga e o conforto de nosso coragao amoroso, especialmente aos nossos familiares e amigos que nao tenham o beneficio do discernimento mlstico. Devemos aprender a partilhar com o nosso semelhante o melhor de n6s mesmos, pois tamb^m participamos de seu carma individual. Sua vida 6 parte da nossa pr6pria, e devemos permanecer firmes em nossas crengas. A influSncia de um coragao amoroso e decidido

provard ser uma bengao para o nosso semelhante, e nos possibilitar£ enxergar mais claramente o modo de superar nossas crises individuals e perceber seu valor em nosso progresso pessoal. EXERCfCIO

Como exercfcio para uso didrio, recomendamos a f6rmula que damos a seguir, ou, se preferirem, criem uma f6rmula pessoal semelhante &sugerida. Ao se Ievantar pela manha, e antes de qualquer acontecimento significativo ou importante durante o dia, repitam com confianga e convicgao interior as afirmagoes que da­ mos a seguir, ou as que melhor se adaptem a cada dia. Estas afirmagoes positivas podem ser proferidas em silencio, caso o desejem. “A Luz divina est£ em meu interior.” ‘T o d o o dia eu serei guiado por minha luz interior.” “Irradiarei amor e harmonia a todas as pessoas neste dia.” “ Meus sinceros e nobres anseios serao alcangados.” “A satide, a felicidade e a prosperidade sao minha heranga hoje e todos os dias.” “Procurarei sempre irradiar o melhor de meus pensamentos.”

“Eliminarei de minha consciencia todos os pensamentos negativos.” “ A paz, a harmonia e o amor serao meus para sempre.” Deus de meu coragao, Que eu possa ser grato por Tuas inumeras bengaos, pela Tua Luz, Vida e Amor que tenho recebido. Que meus esforgos mfsticos sejam sempre inspirados, e que eu me tome consciente de Tua presenga e orientagao divina neste dia. Santifica meu coragao e minha mente para que eu possa refletir, sempre, Teu Amor e Tua divina sabedoria. Assim Seja.

por C h ris R . W arnken, F .R .C .

Presidente da SFERO (SAN FRANCISCO ESPERANTO REGIONA ORGANIZO) e M embro da UEA (UNIVERSALA ESPERANTO ASOCIO), atuando em San Jose como Delegado Especial sobre rosacrucianism o.

Nesta era modema da viagem h jato, o homem sente que a Terra se tom a cada vez menor. Sua noqao de “palses estrangeiros distantes” tem mudado para a de “vizinhos pr<5ximos”. Seus antepassados viajavam meses para chegar a lugares que ele agora aJcanga em poucas horas de voo. A crescente explosao dem ogrifica mundial tem exigido recursos materials cada vez maiores, que se encontram dispersos pelo globo em poder de “potencias estrangeiras*’. Este fato demonstra claramente nossa condigao de interdependencia como pafses. A interdepend€ncia, por sua vez, tom a a comunicagao um fator absolutamente necessirio entre os paises que possuem e os que precisam desses recursos. Entretanto, desde os dias da Torre de Babel (ou coisa que o valha), o homem desenvolveu sua comunicagao apenas no seio de sua tribo ou de seu cla, uma vez que esse era o limite de seu mundo. Mais recentemente, por£m, o homem foi tomando consciSncia de um mundo “exterior” maior e de muitas lfnguas. Que pode ele fazer para comunicar-se? H i duas soluqoes possfveis: o indivfduo aprender todas as lfnguas, OU todos os indivfduos aprenderem uma lfngua comum. Os habitantes dos pafses de fala inglesa dizem que nao existe problema: “Todo mundo fala inglSs!” Mas 6 so-

mente eles que se jactam disto. Em verdade, conforme estatfsticas, apenas dez por cento da populagao mundial fala o ingles. E muitos dentre estes estao empregados, no mundo inteiro, em fungoes criadas tao-somente para a comunicagao com aqueles que s<5 falam o ingles. Sao eles os inter­ mediaries que servem de ponte para o abismo que separa a minoria da maioria dos noventa por cento. A civilizagao criou outros problemas (o Terceiro Mun­ do, por exemplo). Povos que durante muito tempo estiveram sob o domfnio de culturas como a inglesa, a francesa, a espanhola, a portuguesa, etc., sofrem um problema psicol<5gico como nagoes rec£m-independentes, ao se confrontarem com seus antigos idiomas coloniais. Tais povos querem esquecer seu passado infeliz. Orgulham-se de seu idioma nativo, e insistem em seu uso. Sua heranga (inclusi­ ve o idioma nativo) € coisa preciosa para eles e deve ser preservada. Calcula-se que existem alguns milhares de idiomas diferentes. Estatfsticas f
Cerca de cem anos atr£s, um jovem polones tamb€m sofria com este tipo de problema, embora talvez por razoes um tanto diferentes. Luiz L. Zamenhof, fllho de um pro­ fessor e censor, morando em Bialystok, regiao da Pol6nia

ocupada pela Russia, sofreu pessoalmente as tristes condigoes resultantes da confusao de Ifnguas. Nessa cidade polonesa, era proibido falar o polones. O ensino era ministrado em russo, e todos os procedimentos legais tam tam eram efetuados em russo. A literatura polonesa, igualmente proibida, s<5 podia ser conseguida clandestinamente. Nesta cidade, ha via pessoas de vdrias nagdes, como em muitas hist6ricas cidades europ£ias. Os habitantes falavam russo, polones, alemao, udiche ou hebraico, conforme sua origem. Era inevitdvel que eventualmente ocorressem muitas lutas e amargos conflitos. Isto era um espet&ulo deprimente para que um jovem frdgil e sensfvel suportasse. De fato, isto afligiu a mente de Zamenhof, levando-o a buscar uma solugao para esse problema tao angustiante. Ele concluiu que a lingua e a religiao eram a fonte dessas amarguras. Convenceu-se de que era necessdria uma segunda “lfngua para conversagao” que nao interferisse com a lingua nativa, a lfngua nacional usada em famflia ou secretamente. Em 1887, ap6s dez anos de intenso trabalho e aperfeigoamento, e com pequeno auxflio financeiro, o jovem Zamenhof publicou seu livreto intitulado “ Lingua Interna­ tional” . Usara o pseudonimo de “ Dr. Esperanto” (que significa “aquele que espera”) a fim de proteger sua identidade e escapar de certas penalidades ou censura. O sucesso foi imediato, e a lfngua logo tom ou-se conhecida simplesmente como “Esperanto” . Evidentemente o mundo )£ estava esperando essa resposta a seus problemas de comunicagao. O uso do Esperanto logo propagou-se por todo o mundo, motivando a realizagao de um congresso intem acional, que ocorreu em Boulogne-sur-M er, na Franga, em 1905. Desde entao, realizou-se anualmente um congresso intemacional, com excegao de 1914, devido h eclosao da

Primeira Guerra Mundial. O Grande Congresso de 1981 realizou-se no Brasil, na cidade de Brasilia. O esperanto tem florescido em ciclos, com recessos tem poririos devido &s Grandes Guerras. Ditadores e polfticos de m i vontade encabeqam a lista dos que t£m procurado impedir a propagagao do Esperanto, pelo menos at£ os dias atuais. Sendo de natureza nao-lucrativa, esta lfngua tamb6m tem sofrido por causa da pequena publicidade, como a maioria dos movimentos minoritirios. Nenhuma lfngua pode ser aprendida sem um sincero esforgo. Nao obstante, dentre todas as lfnguas, o Esperanto 6 a mais ficil de se aprender. A razao disto? Ele e sti estruturado cientificamente para evitar os obsticulos comuns que dificultam a aprendizagem da maioria das “segundas lfnguas” . O Esperanto 6 frequentemente usado como introdugao &s lfnguas estrangeiras mais tradicionais. Quais os segredos da atragao por uma lfngua tao ficil? Por que sua sonoridade flui musical e naturalmente? Por que ele e sti sendo falado hoje em mais de noventa e tres pafses? Que h i nele que possibilita a pessoas de diferentes culturas falarem-no com a mesma facilidade? O Esperanto 6 uma lfngua fon^tica: “uma letra - um som” . Escreve-se como se pronuncia e pronuncia-se como se escreve. O acento tonico cai sempre na penilltima sflaba. As dezesseis regras bisicas nao admitem exceqoes. Nao hd verbos irregulares (o terror de todos os estudantes de lfn­ guas). Nao h i sons diffceis de se pronunciar para pessoas de diferentes nacionalidades. O vocabulirio 6 relativamente pequeno devido ao uso sistemitico e abundante de prefixos e sufixos. Por exemplo: bono - o bem; bona bom ou boa; bone - bondosamente; boneco (pronuncia-se

“bonetso”) - a bondade; plibona - melhor; plejbona (pronuncia-se “pleibona”) - o melhor de todos; malbona ruim; bonulo - um indivfduo bom. Um dos principals fatores da aceitagao universal do Es­ peranto 6 o fato de ser ele neutro. £ apoUtico visto nao pertencer a qualquer nagao ou cultura. O orgulho e o nacionalismo de todos os paises, especialmente dos menos desenvolvidos, opoem resistencia & adogao de uma lingua de outra nacionalidade. Por isto, o Esperanto pode ser aprendido igualmente por todas as nagoes, grandes ou pequenas. No entanto, alguns eruditos sofisticados contestam, “mas 6 uma lingua artificial!” Sim, exatamente como todas as lfnguas. Todas foram criadas pelo homem algum dia no passado. O Esperanto, sendo cientificamente construido, tem a vantagem de evitar todas as incdmodas excentricidades das linguas “naturais” (e nacionalistas). Em nosso mundo economicamente conturbado, os servigos de tradugao e de int£rpretes estao exaurindo os recursos flnanceiros de todas as organizagoes que servem ao relacionamento dos povos. As Nagoes Unidas, o Mercado Comum Europeu, a Organizagao da Unidade Africana, e grupos semelhantes necessitam empregar ex&citos de tradutores e int^rpretes num exaustivo esforgo para manter seus membros informados. Mas por melhor que seja, esse servigo inclui no m£ximo nove idiomas. Por conseguinte, cada representante deve conhecer no minimo uma das lin­ guas oficiais, a despeito de sua lingua nativa. Quanto tem­ po ainda teremos de esperar para que se compreenda que, com o esperanto (que, diga-se de passagem, com frequencia aprende-se sozinho), um esforgo conjunto atrav^s das Nagoes Unidas, por exemplo, possibilitaria a todos

os cidadaos do mundo se comunicarem com clareza em nao mais que uma geragao! Visualize isto por um momen­ ta! O Esperanto nao 6 um brinquedo, tampouco um sonho impossfvel. Embora seja ainda relativamente uma crianga (quase 100 anos de idade) entre as Ifnguas do mundo, ele est2 solidamente estabelecido e seu uso em crescente ex­ pansao. H i atualmente 127 diciondrios tdcnicos e vocabul£rios em cerca de cinquenta ramos de ciencia, filosofia, tecnologia, bem como manuais publicados na Lfngua Inter­ national Esperanto. A literatura tamb£m 6 vasta, contando com obras traduzidas e romances originais, contos, pegas teatrais, poesias, bem como trabalhos cientfficos, fllos<5ficos e did£ticos. S6 a Biblioteca da Associagao B ritinica de Esperanto conta com cerca de 30.000 volumes registrados. H i tamb£m numerosos peri<5dicos publicados em Espe­ ranto no mundo inteiro. Cerca de vinte e tres estagoes de r&dio transmitem regularmente programas em Espe­ ranto. A Associagao Universal de Esperanto, com sede em Rotterdam, mant€m relagoes de consulta com a Organizagao das Nagoes Unidas e a Organizagao dos Estados Ame­ ricanos. H5 milhares de clubes e associagoes de Esperanto no mundo inteiro. Para que o mundo desfrute da verdadeira fratemidade humana, a compreensao e o entendimento mtituos devem ser diretos. Embora a tradugao de Ifnguas nos tenha levado longe em nossa civilizagao, ela se compara k fotografia de um lugar, k gravagao de uma boa musica, a um perfume, ou ao sabor artificial. Tudo isto 6 verdadeiramente artificial! Qualquer ser humano pode comunicar-se diretamente com seu semelhante, se decididamente o quiser.

Agora teste sua capacidade lingiiistica pelo pequeno texto que se segue: “ Inteligenta persono lemas la lingvon Esperanto rapide kaj facile. Simpla, fleksebla, belsona, gi estas la praktica solvo de la problemo de universala interkompreno. Esperanto meritas vian seriozan konsideron.” TR A D U £A O : “ Uma pessoa inteligente aprende a lmgua Esperanto ripida e facilmente. Simples, flexfvel, sonora, ela 6 a soluqao pritica do problema da compreensao mtitua universal. O Esperanto merece sua s£ria consideragao” .

Autor: JoSo Mansur Junior Existe uma verdade absoluta, ou a verdade t apenas relativa a capacidade de percepgSo do indivi'duo? A busca da verdade 6 possivel atrav^s da abordagem mecanicista do pensador materialista. . . ou s6 pode ser levada a bom termo atrav^s da visao holfstica, organicista, que £ uma visSo do equilfbrio e da integra§2o? Pode o homem viajar para o futuro ou para o passado segundo as leis da Ffsica? £ possivel a viagem mental para outros “espa?os-tempo” ou mesmo para outros universos? Seria o pressentimento uma viagem no tempo? Os mitos sao meras fantasias ou realidades profundas da psique? Qual a relagao entre certos mitos e a vivincia simbdlica do Ritual Rosacruz? Neste livro, destinado principalmente & reflexSo, o autor trabalhou nas fronteiras da Filosofia Rosacruz, da Psicologia Profunda (Junguiana) e da Fisica Modema, a nivel introdut6rio. A obra esta dividida em cinco partes que interagem umas com as outras e induzem o leitor k reflexao inteligente. A VERDADE DE CADA UM, IN TERA ^A O - A SUPREMA UNIDADE, A BUSCA DA UNIDADE, ESPAQO E TEMPO: CONSTRUgOES DA MENTE, e MITOS - REALIDA­ DE DA PSIQUE. Anexas a cada tema voc£ encontrard algumas piginas com moldura que serSo de grande utilidade para suas anota$oes, caso esteja disposto a pensar seriamente na proposta feita pelo autor. Prefaciando, diz Joao Mansur: . .EntSo, considerei o conceito Rosacruz de realidade bastante avan$ado, demasiadamente ousado para uma 6poca onde a realidade, para gran­ de parte das pessoas, i medida com a r£gua e com o reldgio. . .Se vivenciados, os simbolos provocariam poderosas transmuta$6es no interior do ser humano, ao desencadearem processos inconscientes de evolu$3o rumo £ Consciencia C6smica. . .0 conceito de realidade da Ffsica QuSntica £ espantoso, ins61ito e transcendente, e em funfSo desse conceito £ muito dificil imaginar um Fisico dessa linha de pensamento que nSo tenha a alma de um mfstico.”

AS GRANDESIN1CIADAS (ou O Misticismo no Feminino) Autora: Helene Bernard Tradugao: Ana Riraoli de Faria D6ria “Em nome da m le, da filha e da santa inspiraijSo... Dedico este livro: —a n6s, as “feiticeiras” —a n<5s, as “santas” —a todas “as deusas” —a todas “as diabas” —iquela que a divina mae me permitiu ter como intermedi^ria nesta encamafao e que me fez “recordar” o caminho; —&muiher etem a e profunda, justa, pacifista, generosa, altrufsta e acessfvel que sempre saberd dizer SIM, mas que tamb^m saberi dizer NAO; —a todas aquelas que n3o figuram neste livro e nesta dedicat6ria.” “Haveri paz no mundo quando a hegemonia masculina reconhecer que tudo se resolve melhor a dois?” “ A muiher tem alma*?” “Se nSo tem, de que iria o diabo tomar posse, como o fazia, segundo alguns?” Na opiniSo da autora, a igreja decidiu que a muiher teria alma, por infe­ rior que fosse, caso contrtfrio jamais poderia pretender que o diabo se houvesse apossado dela. “Fazendo eco a tudo o que foi escrito em favor das mulheres, desejo, simplesmente, dizer que, no mundo mistico e inici^tico elas tambem exis­ tent", comenta H£l£ne Bernard em sua obra que inclui mulheres como: JEANNE GUESDON - ESCLARMONDE DE FOIX - TIY e NEFERTITI - HELENA BLAVATSKY - HILDEGARDE DE BINGEN - MA ANANDA MOYf - DAMA PERNELLE - MARIA DERAISMES - TIPHAINE DE RAGUENEL - JOANA D’ARC - DONA BEATRICE e MARIA.

NOVA SERIE DOS FASC IN ANTES DISCURSOS ROSACRUZES 10 NOVOS TEMAS PARA REFLEXAO (entre eles, algum que voc€ escolheu) SfiRIE “L” DE DISCURSOS O SIGNIFICADO MfSTICO DOS SlMBOLOS (Erwin W. E. Watermeyer) A LINGUAGEM OCULTA DO SlMBOLO (Erwin W. E. Watermeyer) SlMBOLOS: OS INSTRUMENTOS DA INICIAgAO (Erwin W. E. Watermeyer) VISOES PSfQUlCAS (Zaneli Ramos) OS SONHOS (Zaneli Ramos) MEDITA^AO (Zaneli Ramos) 0 PRINCfrlO DO V1R-A-SER (Uma M. V. Mansur) O CAMINHO MfSTICO; NATUREZA, ETAPAS E OBJETIVO (Francisco R. de Freitas) T0MULOS DE 60 REIS (Percy Pigott) APOL0NIO DE TIANA (Percy Pigott) Os Discursos Rosacruzes trazem ao ptiblico em geral, assuntos de inegdvel relevancia, ou pela aplica$5o pritica imediata, ou pela amplia^ao dos horizontes mentais do leitor em termos de expansao do conhecimento sobre a vida e o universo. MODO SIMPLES DE MANTER VOCfi INFORM ADO SOBRE ASSUN­ TOS NAO MUITO COMUNS. Composto de forma concisa, cada tema, por sua importancia, € tratado separadamente. Por isso os temas sSo impressos em forma de monografias que voc6 carrega facilmente no bolso ou na bolsa. Em series de 10, as monografias sSo acondicionadas em caixas priticas e visualmente bonitas (em cartao duplex, impresso a cores e plastificado) que voce coloca na estante. E, por n2o receberem colagem de nenhuma esp£cie, as embalagens n3o se estragam com o manuseio.

A ORDEM ROSACRUZ-AMORC Antecipando perguntas que venham i mente dos leitores deste livro que nSo sejam Membros da AMORC, esclarecemos que a Ordem Rosacruz 6 uma associafSo fraternal, nSo-sectdria, de homens e mulheres interessados no estudo e na aplicagSo prdtica das leis que regem o universo e a vida humana, com vistas a uma vida melhor, individualmente, e a maior evolu$So do ser humano, numa perspectiva global. A Ordem Rosacruz, AMORC, oferece aos interessados o conhecimento daquelas leis e um programa para o desenvol­ vimento pessoal. Os interessados em conhecer mais acerca da historia e dos proveitosos ensinamentos da Ordem podem adquirir o livro “Perguntas e Respostas Rosacruzes, com a Hist6ria Completa da Ordem” , atrav^s do Departamento de Suprimentos da Grande Loja do Brasil (Caixa Postal 307 — 80001 - Curitiba/PR). Aqueles que desejarem conhecer a proposi9ao de estudo e desenvolvimento pessoal da AMORC, para considerarem sem compromisso sua conveniencia de se afiliar a Ordem, podem escrever ao Departamento de Expansao da Grande Loja do Brasil (endereso acima), o qual prestari todas as informa?oes necessSrias atrav^s do livreto gratuito intitulado “0 Domihio da Vida” .

A S P R O V A S DO P R O G R E S SO E S P IR IT U A L - O C R IS T O M IST I CO — S IL E N C IO : O Aprendizado Interior pelo Poder do Silencio - COMO C O N C R E T IZ A R UM ID E A L - O SIM BO LISM O DO E S P E L H O - O F U T U R O PRO XIM O D E T E R M IN A Q A O - IM A G EN S E M O SICA D E F E R IA S e EM TEM PO S D IF IC E IS , sao alguns dos 26 temas que compdem este quarto volume da s6rie L U Z Q U E VEM DO L E S T E . Aqui voce encontra excertos dos trabalhos de autores como: C H R IS R. W A R N K EN , R A Y M O N D B E R N A R D , JE A N N E G U ESD O N , R A Y M U N D A N D R E A , RODM AN R. C L A Y S O N , IR V IN G S O D E R L U N G , R O R B E R T E. D A N IE L S , R U B EN A. D A L B Y , A L L A N M. C A M P B E LL. Muito conhecidos do publico Rosacruz e daqueles que usufruem, de alguma forma, seus escritos, esses Rosacruzes dedicaram parte de sua vida ao engrandecimento do ser humano, como Grandes Mestres da AM ORC.

Bibliofeca da Ordem Rosacruz AMORC -

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