01.contos Infantis-helena Jefferson De Souza

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CONTOS INFANTIS Helena Jefferson de Souza Índice Contos de Helena Jefferson de Souza 01. Mauricio - O Menino que virou Lagartixa 02. O Filho do Lenhador 03. Sonho de uma Menina pobre em Noite de Natal 04. As Princesas 05. Os Príncipes Gêmeos Aulas de Dona Verinha (Vera Valéria de Souza Reis) 01. Aula de 02 de Julho de 1950 02. Os Três Presentes 03. Aula dos Pupilos 04. Aula de 06 de Maio de 1951 05. Preparativos para a Fundação Material 06. A Cachoeira Misteriosa 07. Aula de 05.08.1951 08. Branca de Neve e os Sete Gnomos 09. Os Quatro Reis do Baralho 10. O Milagre da Árvore da Vida 11. A Pombinha Sagrada 12. Notas sobre o Natal 13. Os Reis Magos 14. O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda 15. A Estrela de Ricardo 16. Os Três Caminhos da Felicidade 17. Pan e a sua Flauta Encantada 18. A Lenda da Serpente e do Colibrí Irisiforme

19. Sistema Geográfico 20. A Porcelana do Rei 21. A Luz é a Alma 22. A Floresta Encantada 23. A Rosinha Chinesa Contos de Maria de Lucena 24. Fantasia sobre as Vidas dos Gêmeos Espirituais 25. Outro Aspecto da Vida dos Gêmeos Espirituais - Krishna 26. Ceix e Alcione 01. Mauricio - O Menino que virou Lagartixa Mauricio, sempre mau e invejoso, nem dormiu aquela noite, planejando nova maldade. Na manhã seguinte, quando todos estavam ocupados, ele começou a quebrar a boneca que sua irmã ganhara, mas, desta vez, a Madrinha que já previra isso e que se escondera no quarto, logo apareceu e transformou o menino em uma lagartixa, prendendo-o em uma estreita gaiola. Em seguida, chamando Mariazinha e sua mãe, a Fada lhes disse: - Mauricio está encantado numa lagartixa e ninguém lhe deve dar o que comer ou beber, pois eu desejo que ele se torne tão bom quanto Maria. Só assim ele se transformará. E dizendo isso, a Fada desapareceu como por encanto. A mãe do garoto e sua irmã começaram a chorar, mas o menino, com uma voz muito fininha, de lagartixa, lá de dentro da gaiola dizia: - Não chorem por minha causa pois eu estou muito bem aqui! Mas quando chegou a hora do almoço, ele começou a chorar pedindo água e comida, porém a mãe, mesmo sofrendo, nada lhe deu e saiu do quarto. Mariazinha, penalizada, tirou do bolso um pedaço de pão e o deu ao irmão. Este devorou o pão em um minuto e pediu água, mas Mariazinha, não querendo mais desobedecer à sua Madrinha, não lhe deu de beber. Mauricio, ou melhor, a lagartixa, gritou e esperneou mas de nada adiantou tudo isso pois a Fada se postou ao lado da gaiola e não permitiu que ninguém se aproximasse. Assim se passou todo o dia. Já tarde da noite, a Fada perguntou ao menino: Mauricio, você está disposto a ser bom como sua irmã? - Se a senhora me tirar daqui - balbuciou Mauricio - juro que serei bom para todos, principalmente para Mariazinha... Vocês, meus amiguinhos, não pensem que a Fada fez isto com Mauricio por maldade; não, se ela assim procedeu foi com o único intuito de melhorar o menino, pois somente com semelhante castigo é que Mauricio poderia modificar seu gênio. Logo que Mauricio saiu da gaiola e tomou novamente a forma humana, apanhou a boneca de pano e tornou a enchê-la. Depois colou a boneca de louça que ele havia quebrado. Mariazinha estava contente, pois seu irmão agora era outro menino; do antigo não existia mais nada. Os pais do garoto não cabiam em si de contentes e a felicidade reinava naquele modesto lar. Muitas vezes, meus amiguinhos, parece que nós, os mais velhos, praticamos maldades com as crianças, mas é puro engano. Quando os pais castigam os filhos, a isto são obrigados, mesmo que sofrendo, para que eles se tornem homens corretos e de carater. Se a Fada da Bondade que tudo via e sabia não houvesse castigado Mauricio, ele até hoje seria um menino mau. Isso mostra, meus amiguinhos, que com Sabedoria e Bondade sempre conseguimos bons resultados. Que todos vocês sejam bons para seus pais, irmãos e amigos, é o que lhes deseja a

Fada da Bondade.

02. O Filho do Lenhador Meus caros amiguinhos. Venho hoje novamente contar-lhes uma bonita história que, espero, agradará. Existia outrora um lenhador e sua mulher, que viviam muito felizes em companhia de cinco filhos. O lenhador chamava-se Carlos, sua mulher Laura e seus filhos, pela ordem: Mário, Margarida, Manoel, Mauro e Marcos. Eram todos muito felizes. D. Laura e Margarida ficavam em casa enquanto o Sr Carlos e os filhos iam para a floresta cortar lenha. Agora é que vai começar a nossa história, pois todos os meninos devem saber que não se deve cortar as árvores. Certa vez em que todos os irmãos estavam na floresta e se preparavam para cortar um belo carvalho, Marcos, o menor que contava 14 anos de idade, falou aos irmãos: - Ontem tive um sonho horrível... e por isso estou com muito medo de cortar árvores hoje. Os irmãos logo quiseram saber qual havia sido o sonho de Marcos e pediram-lhe que o contasse. - Sonhei - disse ele - que mamãe e papai eram duas árvores e que nós, sem saber, íamos derrubá-las, mas ao primeiro golpe do machado, ouvi um gemido tão horrível que fiquei apavorado, mas vocês, nada tendo ouvido, continuaram a dar golpes nas árvores. Eu então gritei como um louco: “Vocês estão matando papai e mamãe”. Comecei então a sentir uma dor horrível, como se vocês estivessem mesmo cortando pedaços de nossos pais. Eu transpirava frio, ao mesmo tempo em que, chorando, pedia a vocês não continuarem mas, em vão, vocês prosseguiam no trabalho até que derrubaram as duas árvores. Eu já não agüentava mais ver papai e mamãe naquele sofrimento e assim, soltando um grito, acordei, vendo mamãe ao meu lado, assustada, sem saber o que havia comigo. Nada lhe contei do sonho que tivera mas, meus irmãos, de hoje em diante não cortarei mais árvores. Sei que ganhamos nosso sustento com o corte das árvores, mas temos que arranjar outro jeito... Os irmãos de Marcos ouviam-no apreensivos, pensando em como resolver o problema. Depois disso alguns dias se passaram, até que novamente chegou o dia de irem para a floresta abater árvores. O pai, que nada sabia do sonho de Marcos, estranhou a atitude de seus filhos que estavam tristes e cabisbaixos. Finalmente, Mário, o mais velho, não se contendo contou ao pai o sonho de Marcos - razão da tristeza que reinava entre eles. Depois de ouvir com muita atenção o sonho de Marcos, disse o pai: - Meus filhos, este sonho é um aviso para todos nós. Devemos interpretá-lo como merece. Ele foi apenas para chamar a atenção que se continuarmos a derrubar árvores, em breve tudo morrerá, porque são elas que vivificam o solo dando-lhes a umidade. Se as florestas acabarem, a terra ficará seca, as fontes se extinguirão e a vida tornar-se-á impossível. Portanto, de hoje em diante tomemos uma resolução que, creio, será satisfatória. Cada árvore velha abatida será substituída, no mesmo dia, por uma nova. Quando cortarmos uma árvore, plantaremos em seguida outra. Assim resolveremos o problema em benefício da humanidade. A medida que o Sr Carlos falava, as crianças foram criando alma nova e o véu de tristeza que encobria os seus rostinhos, foi se dissipando e novamente a alegria voltou a brilhar em seus olhinhos, como se tivessem saído de um grande pesadelo. E o velho lenhador, vendo outra vez a felicidade voltar ao semblante dos seus amados filhos continuou:

- Com o sonho de Marcos, vocês aprenderam uma grande lição; todo o ser tem vida e, portanto, sofre. As árvores, por exemplo, respiram pelas folhas e pelas suas raízes se alimentam; são as raízes que tiram da terra o alimento para as árvores. Mas, se precisamos da madeira para a construção de nossas casas, para o fabrico de móveis, para a lenha, como fazer? - Procurando talvez árvores mais velhas, árvores que já estão no fim da vida, que já cumpriram a sua missão no mundo - disse Manoel. - Exatamente isso, meu filho - respondeu o pai - é isso mesmo que devemos fazer. Com o plantio da árvore nova, passaremos para ela, por assim dizer, a vida da velha árvore e assim não haverá sofrimento para aquela que já cumpriu a sua missão e que deve ceder lugar a uma nova vida que, no fim, não deixa de ser ela mesma, em novo corpo. Compreenderam? - Compreendemos sim, papai! Como o senhor explica as coisas bem! Exclamaram em uníssono os garotos. - O sonho de Marcos, meus filhos, foi um sonho abençoado, porque nos ensinou grandes verdades. E não seremos apenas nós que faremos isso. Vamos trabalhar no sentido de espalhar esta nossa idéia para todo o mundo, a fim de que todos os lenhadores da Terra façam também assim. - Apoiado! Apoiado! gritaram os meninos entusiasmados. Não pouparemos sacrifícios para espalhar o nosso ideal, para o bem de todos os seres da Terra. E assim termino esta história, pedindo aos meninos para ajudarem o lenhador e seus filhos, ensinando a toda a gente o que aprenderam. Espero que vocês nunca se esqueçam do sonho de Marcos e cumpram fielmente o pedido de divulgarem esta história, porque só assim poderei contar outras, na certeza de que os meus conselhos estão sendo seguidos.

03. Sonho de uma Menina pobre em Noite de Natal 1a. Cena Uma menina sentada em uma sala pobremente mobiliada, chora por ser Noite de Natal e ela, por não ter pai, não ganhar nada de presente como as outras crianças. Cansada de chorar, adormece. Sua mãe, sentada em um canto da sala, sofrendo mais do que a filha, implora a Deus que algum vizinho se lembre da querida garota e lhe dê algum presente, seja o que for, pois ela não tem dinheiro para comprar nada, por mais insignificante que seja para a sua querida filha. 2a. Cena (Sonho) A cena passa-se em casa de família rica. A mesma menina, bem vestida, está junto à uma linda árvore de Natal. Soam as doze badaladas da meia-noite e aparece PapaiNoel.

Papai-Noel: - Que fizeste de bom este ano, linda menina? Menina: - Eu estudei, passeei, brinquei, dei esmolas às crianças do hospital e muitas outras coisas fiz, que não me lembro agora. Papai-Noel: - Já que praticaste boas ações, eu te darei, como premio, esta linda boneca. A menina fica radiante com o belo presente, tanto mais que foi o próprio Papai-Noel que lhe deu.O sonho continua e ela dirige-se à árvore,onde se acham outros presentes a ela destinados. Menina: - Que maravilha! Uma linda sombrinha, um rico vestido, pulseiras, anéis, quantos presentes ganhei este ano! 3a. Cena Novamente o quarto modesto, onde a menina pobre dorme. Sua mãe a desperta, fazendoa voltar à realidade. A menina chora por não ver nada do que sonhara. A mãe, porém, a abraça e lhe diz: - Filhinha, está aqui uma bondosa menina que quer muito falar contigo. A menina pobre limpa o rosto, enxugando as lágrimas e entra em cena uma linda garota que lhe diz: - Papai e eu aqui viemos, queridinha, para lhe darmos os presentes que Papai-Noel lhe mandou. A menina pobre pensa que enlouqueceu, pois abrindo os embrulhos vê tudo com que sonhara. Correndo para sua mãe, diz: - Mãezinha, será verdade? Tudo isto eu estava sonhando quando a senhora me acordou. Será que ainda estou sonhando, Mãezinha? Pai da menina rica-entrando: - Não minha filha, não estás sonhando. De agora em diante sua vida e a de sua mãe vão mudar. Menina rica: - Como te chamas, queridinha? Menina pobre: - Sonia. E tu, como te chamas? Menina rica: - Eunice. Menina pobre: - Uma menina tão linda como tu, só poderia ter também um bonito nome. O pai de Eunice conversa com a mãe de Sonia e lhe faz uma proposta muito boa, que sensibiliza a pobre senhora, que chora de emoção. Menina pobre: - Por que choras, Mãezinha? Mãe: - De emoção, minha filha! Este senhor e sua filha querem que vamos morar com eles. Não te parece um sonho tudo isto, filhinha? Pai da menina rica - pegando na mão de Sonia: - Queres ser também minha filha? Sei que não tens ninguém a não ser tua mãe. Vem conosco para alegria de minha filha. De hoje em diante, nem tu nem tua mãe passarão necessidades. Vamos para um novo mundo! Sonia, batendo as mãozinhas de contente: - Que bom! Meu sonho tornou-se realidade. Ainda existe um grande Pai para os pobres que tem fé - é DEUS. Mãe, de mãos postas: - Deus ouviu meu pedido! Cai o pano.

04. As Princesas Era uma vez três princesas que viviam sozinhas em seu palácio, pois os pais já haviam morrido. A mais velha das três chamava-se Elisa e era muito bonita; a segunda, morena com seus cabelos pretos e olhos escuros chamava-se Maria e a terceira que era loura e meiga como um anjo, a mãe lhe dera o nome de Angela. Estas três princesas viviam muito bem em seu palácio. Todos as estimavam e eram queridas pelos seus súditos. No reino vizinho, também existiam três princesas, com a diferença que estas eram

muito más e odiadas por todos. Por isso as três princesas más invejavam muito as lindas princesinhas que eram boas. As más chamavam-se: Mafalda, Alice e Jacira, que, apesar de terem nomes bonitos, não faziam jus aos mesmos. Mafalda tinha em seu palácio, uma torre que dava para o lado do palácio das princesinhas que ela tanto invejava e a quem só pensava em fazer mal. Certo dia, Mafalda chamou Alice e Jacira e combinou com elas fazerem uma campanha contra Angela, a mais nova das princesinhas, e as duas irmãs concordaram logo com Mafalda, pois morriam de raiva das três bonitas meninas. Numa manhã de primavera, Angela levantou-se feliz e risonha, abriu a janela do seu quarto para respirar o ar puro. No mesmo momento, Mafalda que espreitava da torre do seu castelo, soltou um apito tão agudo que a princesinha desmaiou. Suas irmãs, vendo que a menina não se levantava, foram ao quarto dela e então tiveram a grande surpresa de vê-la dura como se estivesse morta. Chamaram logo o médico da côrte, que a muito custo, conseguiu fazer Angela voltar a sí, mas a pobrezinha desde aquele dia perdeu a audição. Ficou surda. Elisa e Maria não se conformavam que sua pequena, tão linda e boa irmãzinha não ouvisse mais. Angela que tocava maravilhosamente harpa, não podia mais fazê-lo, o que a fazia sofrer muitissimo. Os sons que antes tirava do seu instrumento eram tão maviosos, que todos que tinham a felicidade de ouvi-la tocar, diziam: “O nosso Anjo está nos levando para o Céu”. Com a surdez da princesinha, nunca mais houve música no castelo, o qual se tornou triste e sem vida. Mafalda, quando soube que seu plano tinha surtido efeito, ficou radiante.Todos os vizinhos queriam saber a causa da tristeza das princesinhas que antes eram tão alegres, e foi assim que as irmãs perversas tiveram certeza que o seu plano diabólico se realizara e que Angela estava surda para o resto da vida. Dois longos anos se passaram sem que nada de melhor viesse alegrar a vida das três irmãs bondosas, quando, um belo dia, apareceu no castelo um moço que dizia ser capaz de curar a surdez da princesa. Elisa mandou logo entrar o jovem e lhe falou: - Não sei quem é o senhor, mas se curar a surdez do nosso pequeno anjo, eu lhe darei a minha parte da fortuna que herdei dos meus pais e irei pedir esmola para viver, se preciso for. Respondeu-lhe o rapaz: - A sua parte não chega, quero também a da princesa Maria. Só sob esta condição curarei a princesinha Angela. As duas irmãs nada disseram ao mancebo, mas chamaram seus ministros e toda a côrte e, em voz alta, para que todos as ouvissem, declararam: - Se este senhor curar a nossa irmã, nós lhe daremos todos os nossos bens. Não nos importa a fortuna, o que desejamos apenas é que Angela venha a ser como antes, alegre e feliz, para nossa alegria também! O desconhecido que morava numa cidade próxima, há muito que amava loucamente Angela, e como sabia que só poderia curá-la se suas irmãs dessem uma prova de renúncia, sacrificando tudo em favor da princesinha,urdiu aquele plano para salvála. Foi desse modo que Fabiano, assim se chamava o jovem, entrou no palácio e curou de fato Angela. Uma vez isso feito, Fabiano deu-se a conhecer. Ele, ao contrário do que se pensava, não era um simples aventureiro, mas um príncepe também. Elisa e Maria choravam de alegria ao verem novamente a sua querida irmãzinha completamente curada. Passada a emoção dos primeiros momentos, Fabiano pediu a Elisa a mão de Angela e revelou toda a sua história. Como é natural, Elisa recebeu com felicidade esse pedido, principalmente quando, olhando para Angela, viu que esta também amava Fabiano. - Minhas queridas cunhadas - disse Fabiano - dentro de dois meses Angela e eu estaremos casados. Nós quatro viveremos felizes dentro deste castelo, que será sempre das três lindas e bondosas princesas pois eu serei apenas o responsável pelos vossos bens, o conselheiro fiel e o defensor da vossa felicidade. Quando Mafalda e as irmãs souberam do acontecido, ficaram tão enraivecidas que enlouqueceram e foram presas na mesma torre de onde haviam praticado a perversidade. Dois meses depois, com muita pompa, realizou-se o casamento da linda princesa com o

príncipe salvador. Viveram sempre imensamente felizes. Elisa e Maria adoravam o cunhado, que fazia a irmã tão venturosa. E assim termino esta história, lembrando a todos que a bondade sempre supera a maldade.

05. Os Príncipes Gêmeos Era uma vez um Rei e sua esposa, a Rainha, que tendo tudo para serem felizes, entretanto não o eram, porque não tinham filhos. Certa noite, porém, a Rainha teve um sonho que a deixou muito pensativa. Sonhara que seria mãe de duas crianças: um menino e uma menina. Ela que se sentia muito infeliz por não ter filhos, ficou radiante e contou ao marido o sonho que tivera e ambos meditaram muito sobre este acontecimento. Trataram, desde logo, de escolher os nomes que dariam às duas crianças e ficou resolvido que o menino chamar-se-ia Osiris e a menina Isis. Tempos depois nasceram as crianças gêmeas, isto é, um menino e uma menina, tal qual a rainha havia sonhado. Os pais ficaram radiantes, tanto mais que os seus filhos eram lindos. Todos os ministros e amigos do Rei, e até o povo, foram convidados para compartilharem da alegria que reinava no palácio Houve grandes festas e o Rei mandou distribuir presentes entre os pobres do seu país. Todos desejavam muitas felicidades aos principezinhos. Os soberanos estavam agora tão felizes que não desejavam que nenhum dos seus súditos fosse infeliz, de modo que a felicidade era geral. Todos os que precisavam de alguma coisa ou tinham alguma dificuldade a resolver, acorriam ao palácio, onde o Rei os atendia, dandolhes conselhos, como um verdadeiro Pai. Sob essa atmosfera de felicidade, cresceram os dois herdeiros reais. Quando ambos completaram sete anos, o rei reuniu seus ministros para deliberar sobre a educação das crianças. E assim começou uma vida nova para os principezinhos, que logo se adaptaram aos estudos, deixando sem saudades seus brinquedos, pois ambos tinham na vida uma grande responsabilidade, pois um dia teriam que governar o país no lugar de seus pais. Quando Osiris e Isis completaram quinze anos de idade, os Reis, seus pais, organizaram uma grande festa, para a qual foram convidados todos os da côrte e também príncipes e princesas de outros países. A curiosidade era geral, pois a fama da beleza e da cultura de Isis já corria por vários lugares e todos desejavam conhecer a gentil princesa, que cativava a todos, não só pela formosura, como também pela bondade. No dia da festa, a princesa Isis estava com um lindo vestido branco, sapatos

prateados e um belo diadema sobre seus cabelos pretos. Quanto a Osiris, trajava uma elegante roupa de brocado de ouro e estava deslumbrante em seu traje. Entre os convidados, achava-se um príncipe que, mais audacioso que os outros, diante da beleza de Isis, não se conteve e dirigiu-se ao Rei, e pediu a mão da princesa em casamento. O Rei, entre alegre e triste, respondeu ao jovem que a sua filha era livre para escolher o homem com quem se casaria e que, portanto, ele não podia, sem consultá-la, dar-lhe uma resposta. Diante disso o pretendente dirigiu-se diretamente a Isis e assim lhe falou: - Minha linda princesa, se me desses a honra de desposar-me, eu seria o mais feliz dos mortais. A princesa que não sabia o que seu pai havia dito ao rapaz, respondeu-lhe que com ele se casaria se o Rei o consentisse, mas sob a condição de prometer-lhe que seria sempre tão justo e bom quanto o seu pai. O príncipe Omar, pois este era o nome do jovem que se apaixonara por Isis, e que era de fato o único príncipe que poderia desposar a princesa Isis, pois os seres que zelam pela humanidade o haviam preparado para isso, assegurou à sua amada que não mediria sacrifícios para vê-la sempre feliz e que, por isso, jurava-lhe que tudo faria para que ninguém jamais o chamasse de injusto e mau. Vamos agora olhar para o príncipe Osiris e ver o que se passa a seu redor. Várias princesas conversavam animadamente com ele, mas os olhos do jovem estão presos a uma só, por quem está perdido de amores. É uma donzela de cabelos loiros e olhos azuis. Os arautos do Rei, nesse intervalo, já anunciavam o noivado de Isis com o príncipe Omar, e os convidados apressavam-se em cumprimentar os jovens noivos. A única pessoa que estava um pouco triste era a Rainha. Com lágrimas nos olhos, beijou a sua filha, estreitando-a contra o peito e desejando-lhe muitas felicidades. Osiris, aproveitando a ocasião, dirigiu-se apressadamente ao seu pai dizendo-lhe: - Meu pai, sentir-me-ia imensamente feliz se concordasse no meu casamento com a princesa Emilia. Estava Osiris acabando de falar com seu pai, quando a princesa Emilia deles se aproximando, assim falou: - Senhor, a felizarda serei eu, se consentirdes que Osiris comigo se case, pois este também é o desejo de meu velho pai, que há muito nutre esta esperança. O Rei não cabia em sí de contente, pois ele também fazia muito gosto neste casamento, mas, como não queria influir na vontade de seu filho, jamais tocara nesse assunto, deixando que Osiris resolvesse por sí mesmo. Assim, mandou também anunciar o noivado de Osiris com Emilia, os quais foram saudados por todos os presentes, no meio da mais viva alegria. Os esponsais, tanto de Osiris, como de Isis, foram marcados para três meses depois. Como vocês, meus amiguinhos, podem imaginar, grandes foram os preparativos para as bodas dos Irmãos Gêmeos e à medida que se aproximava a data do casamento, emissários dos reinos vizinhos chegavam trazendo ricos presentes dos seus senhores e soberanos. O povo preparava-se também, enfeitando as ruas por onde deveria passar o cortejo conduzindo os jovens noivos para a Igreja. Nunca se tinha visto espetáculo mais bonito naquele país. A rua principal tinha sido coberta, ou melhor, calçada, com pedras brilhantes amarelas, azuis e vermelhas, que luziam ao sol, dando reflexos maravilhosos. O Rei, pai do príncipe Omar, já se achava no palácio com sua futura nora e conversavam sobre o jovem casal. Achava o Rei que Isis e Omar deveriam morar no seu castelo, mas a princesa não queria abandonar seus pais. Resolveram, então, que morariam seis meses em cada palácio. Isto é, metade do ano com o pai de Isis e metade com o pai de Omar. Para Osiris um problema também se apresentava, pois ele como príncipe herdeiro não podia abandonar o seu país, embora a noiva, como era natural, desejasse morar com seu velho pai. Depois, porém, de um acordo entre o pai de Osiris e o de Emilia, ficou tudo resolvido da melhor maneira, pois a bondade e a sabedoria daquele conseguiam tudo sem aborrecimento, e para o bem de todos. O pai de Emilia viria visitá-la sempre que quisesse, hospedando-se no palácio de seu genro. Resolvidas essas pequenas dificuldades, realizaram-se as núpcias dois dias depois,

com uma pompa jamais vista no país. Osiris e Isis foram sempre felizes e tiveram muitos filhos, que eram o encanto e a alegria dos avós. Nunca se viu felicidade igual no mundo. Agora, meus amiguinhos, vejam porque eles foram sempre felizes; é que onde existe amor e bondade, há sempre eterna felicidade. Por isto é que termino esta história pedindo a todos que sejam bons, estudiosos e amigos de seus pais e dos seus amigos. Até sempre, pois voltarei para contar novas histórias.

Aula para os Pupilos

Vera Souza Reis

01. Aula de 02 de Julho de 1950 Hoje vou contar a vocês uma história que se passou na França, no século passado e na qual todos nós tomamos parte, porque vivemos naquela época. Numa carruagem que se dirige para Paris, viaja uma jovem princesa chamada Maria Antonieta. Ela é filha de uma Rainha, a Rainha da Áustria, e vai à Paris acompanhada de um grande séquito, para desposar o herdeiro do trono francês. Como a viagem é longa, a comitiva resolve descansar um pouco no Castelo Taverney, que fica à beira da estrada. Este castelo pertence à Família Taverney, que se compõe do Marquês de Taverney, que é o chefe da família, de sua filha Andréia e Felipe o filho mais velho. Além desses personagens, mora também alí um rapazinho chamado Gilberto. Este rapazinho apareceu um dia no Castelo, sem que ninguém soubesse a sua origem. Ele mesmo ignora quem sejam seu pai e sua mãe. É um bom amigo da família Taverney e muito serviço tem prestado, porque os Taverney estão arruinados; o velho Marquês perdeu toda a sua fortuna. Gilberto é muito dedicado. Raro é o dia em que não sai para pescar ou caçar, para que a família Taverney tenha alguma coisa para comer. É neste castelo que a futura Rainha da França, Maria Antonieta, trava conhecimento com um personagem que por alí também passava, chamado Conde de São Germano. O Conde de São Germano era um grande Iniciado, como veremos mais adiante, e como tal tinha poderes sobrenaturais. Sabia, por exemplo, prever acontecimentos futuros. Maria Antonieta, ao saber disso, mostrou-se curiosa em saber alguma coisa sobre a sua vida, depois que fosse Rainha. E assim, pediu a São Germano se podia dizer-lhe alguma coisa a esse respeito. O Conde ordenou então que lhe trouxessem um copo cheio de água, e olhando fixamente para ele, disse em voz alta: - Sereis, de fato, Rainha de uma grande nação. A vossa resposabilidade, porém, é enorme, porque é dever de todos os Reis cumprir devotamente a missão que lhes cabe de governar um povo. Os Reis, quando são coroados, se comprometem perante Deus de servir ao seu povo; fazem um juramento a Deus de zelar pela sua pátria e pelo seu povo. Os Reis que rompem tal compromisso, estão sujeitos a um castigo muito sério, porque é uma falta grave quebrar um juramento. Assim falou São Germano, enquanto Maria Antonieta o escutava com toda a atenção. De súbito, porém, a fisionomia de São Germano mudou e Maria Antonieta, percebendo que ele ia calar, insistiu: - Por favor, Senhor Conde, continue, não me oculteis nada. - Já que pedís com tanta insistência - disse o Conde - prosseguirei. O que agora vejo, princesa, é um instrumento que ainda não existe e que terá o nome de “guilhotina”, porque será inventado por um homem chamado Dr Guilhotin. - Mas que espécie de instrumento é esse e que tem ele a ver comigo? - indagou Maria Antonieta, já com certa impaciência. - É que... - balbuciou o Conde - é que nele perdereis a vossa bela cabeça, se não souberdes reinar como uma verdadeira Rainha, digna desse nome. Ouvindo estas última palavras, Maria Antonieta sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo todo, e durante aquela noite, no velho solar da família Taverney, a jovem princesa teve os mais terríveis sonhos. Depois desse encontro, muitos anos se passaram. Maria Antonieta agora já é Rainha, pois se casou com Luiz XVI, Rei de França. Os sábios conselhos de São Germano não foram, porém, seguidos pelos soberanos. Enquanto na Corte, os Reis e toda a nobreza se divertiam, o povo passava fome e miséria. A Rainha só se preocupava com festas e divertimentos de toda a sorte.

Chegou, até, a construir, nos arredores de Paris, um palácio a que deu o nome de Trianon, onde se realizavam as mais deslumbrantes festas e onde se gastavam rios de dinheiro. O Rei e a Rainha não estavam desempenhando bem o seu papel de governantes de um povo. Assim, os Seres que velam pela Humanidade, os Adeptos da Boa Lei ou os Adeptos da Fraternidade Branca, vendo a situação daquele país, reuniram-se em uma grande assembléia e disseram: - Precisamos evitar que o povo se revolte com o modo de proceder dos soberanos, que só cuidam do seu bem-estar, dos seus divertimentos, sem ver as necessidades dos seus súditos. Ainda é tempo de enviarmos um emissário àquela Corte, para mostrar aos Reis que devem olhar mais para o seu povo, que devem dar-lhe meios para viverem felizes, pois esse é o dever de todo o governante. Se eles, os Reis, ouvirem as palavras do nosso emissário, talvez ainda se evite uma grande revolução que nós vemos, já está se preparando. Assim falaram os Adeptos da Boa Lei. Esses Seres que somente querem a felicidade de todos os homens, sem distinção de raça ou religião. Algumas semanas depois disso, apareceu, em Paris, o Conde de São Germano, aquele mesmo que há muitos anos se encontrara com Maria Antonieta no Catelo Taverney. Fazia bem uns vinte anos que Lorenzo Paolo Domiciani, pois este era o nome por extenso do Conde, estivera na França, e quando apareceu pela segunda vez todos ficaram admirados de ver que, apesar do tempo decorrido, o Conde se apresentava com a mesma fisionomia jovem dos outros tempos, enquanto que as pessoas que haviam tido contato com ele já estavam envelhecidas. Ninguém compreendia semelhante mistério e todos olhavam-no, por isso, com certo respeito. São Germano vinha agora acompanhado de sua esposa, jovem de rara beleza, loura, olhos claros, chamada Lorenza Feliciani Domiciani. Tinha o casal sete filhos, um dos quais teve um trabalho de grande importância nesta história que estou contando, pois era aquele rapazinho chamado Gilberto, que vivia no Castelo Taverney, quando São Germano, pela primeira vez, encontrara com Maria Antonieta. Gilberto, justamente porque tinha uma grande missão a desempenhar, fora colocado, ainda pequenino, naquele Castelo de nobres, sem que ninguém, nem mesmo ele, soubesse a sua origem. Lorenzo e Lorenza eram, pois, enviados da Fraternidade Branca, ou seja, de Agartha, para salvar um Rei e uma Rainha que não tinham compreendido a missão que, por herança, lhes coubera de governar uma nação. Ao chegar o casal Lorenzo-Lorenza à França, vinham eles de um Colégio Iniciático no Egito, no qual ele era Sacerdote e ela Sacerdotisa. O próprio nome deles indica essa procedência, porque Lorenzo se chamava Paolo e Lorenza Feliciani. O P de Paolo encobria que ele era um Sacerdote e o F de Feliciani indicava que ela era uma Sacerdotisa, porque existe uma cruz chamada “Ansata”, que tem esse feitio quando é usada pelo Sacerdote, tal como um P, e este feitio, quando é usada pela Sacerdotisa, tal como um F. Portanto estes dois nomes - PAOLO e FELICIANI - era o que chamamos de “Maya”, ou um véu que encobria a verdadeira origem do casal Lorenzo-Lorenza. Era necessária essa “Maya”, porque se o Conde de São Germano e sua esposa se apresentassem ao mundo dizendo que eram um Sacerdote e uma Sacerdotisa Agartinos, ninguém os compreenderia. No entanto, os discípulos, aqueles que conhecem certos símbolos, sabiam perfeitamente por esses simples nomes, com quem estavam tratando, isto é, quem eram os Condes de São Germano. Assim, todos os seres que vêm ao mundo cumprir uma missão para auxiliar a humanidade, são obrigados a velar os seus verdadeiros nomes e a sua origem, para melhor poderem trabalhar pelo mundo, porque os homens ignorando, na sua maioria, que os Seres da Fraternidade Branca só querem ajudar sem visar qualquer vantagem, quando vêm surgir na Terra, seres com determinados poderes superiores, ficam com medo de que eles venham tirarlhe as suas riquezas e o seu poder, e, geralmente, os perseguem e matam, como fizeram com Jesus Cristo. Por todas essas razões é que esses grandes seres procuram velar os seus nomes verdadeiros, usando nomes como esses de Lorenzo Paolo Domiciani e Lorenza Feliciani Domiciani, que revelam aos discípulos, que pertencem a uma Escola Iniciática, como a nossa por exemplo, quem são e o que vem fazer. Agora que vocês já sabem a missão de Lorenzo e Lorenza, os quais surgiram num

momento aflitivo da história humana, com quem, aqui na Sociedade, vocês poderão identificá-los? Quem são Lorenzo-Lorenza, atualmente? Assim, esta história é uma parte da nossa história da nossa Obra, numa das nossas últimas vidas. São Germano mantinha boas relações com os nobres franceses e, assim, facilmente foi introduzido junto aos monarcas, captando-lhes a simpatia, porque era um homem muito agradável e, sobretudo, de grande cultura. Sempre que havia reunião na Côrte, o Conde de São Germano e sua esposa eram convidados, porquanto a presença deles era um prazer para todos. As roupas de ambos eram elegantíssimas e as joias que Lorenza usava chamavam a atenção, não só porque as pedras preciosas e o ouro tinham um brilho diferente das joias das outras damas da côrte, como também pela maneira como eram confeccionadas. Os ourives de Paris procuravam imitá-las mas nenhum, jamais, conseguiu fazer alguma coisa que lhes igualasse. E isso para nós é fácil de compreender, porquanto as joias de Lorenza eram da Agartha e os brilhantes, o ouro e as pedras preciosas de lá, são muito mais belos do que os daqui da face da Terra. Certa noite, uma rica carruagem puxada por dois belos cavalos brancos, cujos arreios eram de ouro, os da direita, e de prata os da esquerda, parou no portão do jardim do palácio real. A sentinela que se achava postada no portão indagou quem vinha dentro e ao ouvir do cocheiro: - São os Condes de São Germano! imediatamente fez sinal para que entrasse. A carruagem era branca com frisos dourados e, nas portinholas, via-se o brasão do Conde. Quando a carruagem chegou à porta do palácio, o lacaio que ia na boléia, ao lado do cocheiro, vestido com uma rica libré azul com galões dourados, apeou-se, vindo abrir a portinhola do carro. Dele saltou o Conde que, num gesto elegante, deu a mão à Condessa, ajudando-a a descer. E ambos, de braços dados, entraram nos salões reais. Quando o arauto, batendo com o bastão, anunciou em voz alta: - Os Condes de São Germano! - todos os olhares se voltaram para os recém chegados e eles, gentilmente, cumprimentavam a um e a outro. Naquela noite o casal Lorenzo-Lorenza estava realmente encantador. Lorenza trazia um vestido azul de veludo e sobre os seus lindos cabelos cor de ouro, ostentava um diadema onde, no centro, destacava-se uma pequenina meia-lua finamente cravejada de brilhantes. Lorenzo trazia sobre a sua jaqueta de cetim amarelo, na altura do coração, um emblema de ouro, do feitio de um sol com 32 raios de brilhantes. O fulgor que irradiava daquelas duas joias era de ofuscar a vista. E assim, de braços dados, chegaram até o trono real, onde respeitosamente cumprimentaram os soberanos. A Rainha, então, dirigindo-se a Lorenzo disse: - Há muito que os esperávamos. Será que o Senhor Conde veio brindar-nos esta noite com algumas das suas maravilhosas peças musicais? A Rainha assim falava porque São Germano era conhecido como exímio violinista e as suas músicas eram apreciadíssimas. - Se essa é a vontade de Sua majestade - respondeu São Germano - sentir-me-ei honrado em satisfazê-la. Os lacaios apresentaram então a Lorenzo um violino, e ele empunhando o arco, desferiu os primeiros sons de uma composição sua. À medida que os sons vibravam no ar, os espectadores sentiam-se transportados para planos elevados, tal a natureza daquela música que ouviam. Dir-se-ia uma música divina, executada pelos Anjos do Céu. Depois de uma pequena pausa, a Rainha, dirigindo-se a Lorenza, perguntou-lhe: Senhora Condessa, sabemos que possuis uma bela voz; seremos dignos de ouví-la? A Senhora Condessa de São Germano, esboçando um sorriso de agradecimento, respondeu: - Vossa Majestade é muito gentil. Dedico-me, realmente, à arte do belcanto, e se bem que nunca tenha cantado em público, será para mim uma grande honra cantar perante tão seleta assistência. E, encaminhando-se para o cravo (instrumento de cordas semelhante ao piano, que se usava naquela época), onde já a esperava o Conde, que a acompanhou, Lorenza cantou uma romanza de autoria de São Germano. A sua voz era de uma delicadeza e de uma pureza de sons, que agradou a todos. A letra da música era tão bela e comovente, que os mais sensíveis não puderam reter as

lágrimas que lhe vinham aos olhos. Foi uma noite agradabilíssima e aquela reunião nunca mais foi esquecida pelos que a presenciaram. De outra feita, estando São Germano e sua esposa entre um grupo de nobres, também no palácio real, um certo Marquês, inimigo de Lorenzo, porque este lhe chamara a atenção para um ato indigno por ele praticado, querendo ridicularizar o Conde, disse-lhe: - Vós, que tudo sabeis, dizei-me alguma coisa sobre o meu futuro, visto que sois muito hábil na arte adivinhatória! São Germano, percebendo a malícia das suas palavras, respondeu: - Senhor Marquês, nem sempre é agradável saber o futuro, mas já que pedís com tanta insistência, posso fazê-lo. E olhando fixamente para ele, continuou: - Dentro de alguns anos morrereis decapitado. Ao ouvir tão terríveis palavras, todos se entreolharam, e o insolente Marquês, zombando das palavras de São Germano, deu uma grande gargalhada. Passado algum tempo, o Marquês morria da maneira trágica, prevista por Lorenzo. Muitas e muitas vezes, os Condes de São Germano, desempenharam a missão que lhes cabia, tiveram a ocasião de voltar ao palácio real para aconselhar aos Reis, mostrando-lhes o dever que tinham de zelar pelo povo. Lembrou-lhes São Germano que o Rei anterior, Luiz XIV, também por não ter-se integrado no seu papel de Rei, preferindo os divertimentos ao trabalho de bem governar, tinha tido uma morte horrível, sucumbido, depois de muito sofrimento, em consequência de uma doença varíola - que apanhara. Os seus esforços, porém, foram inúteis, porque o Rei e a Rainha não ligaram muito aos seus conselhos, de modo que a revolução que São Germano tanto quisera evitar, estourou, tornando-se vitoriosa com a tomada de uma célebre prisão denominada Bastilha. Já nessa época, existia a guilhotina, aquele aparelho que São Germano vira dentro de um copo de água, no Castelo de Taverney - e que toda a nobreza nele perdeu as suas cabeças. Poucos foram os que se salvaram. O Rei, a Rainha e toda a família real tentaram fugir, mas quando o faziam, foram presos e depois também decapitados. Lorenzo e Lorenza muitas vezes eram substituídos por um outro casal perfeitamente igual a eles, cujos nomes eram Cagliostro e Serafina. Como isso é uma passagem oculta da vida desses misteriosos seres, muita gente, até hoje, confunde Cagliostro com São Germano e Lorenza com Serafina. Há tempos exibiram um filme em que aparece Cagliostro tendo por esposa Lorenza, quando isso é errado, porque Lorenza não foi a esposa de Cagliostro e sim de São Germano. Além disso, naquele filme, como também em alguns livros que por aí andam, apresentam Cagliostro como um homem mau, quando isso também não é verdade. Cagliostro era uma criatura muito boa, que sempre auxiliou os homens, pois sendo Ele um dos Membros da Fraternidade Branca, só podia trabalhar pelo bem da humanidade. O que aconteceu, e daí a confusão que existe, é que um homem muito mau, querendo atrapalhar o trabalho de Cagliostro, apresentou-se na mesma época, com o mesmo nome de Cagliostro. Este sim, fazia coisas prejudiciais, que comprometiam o verdadeiro Cagliostro. Os historiadores, porém, ignoram este fato, daí atribuir-se ao verdadeiro Cagliostro coisas que eram praticadas pelo falso Cagliostro. Em consequência disso, o verdadeiro Cagliostro foi muito perseguido, chegando até a ser preso, em Roma, no Castelo de Sant’Angelo, de onde conseguiu fugir, auxiliado por pessoas de grande influência que receberam instruções para fazê-lo, e um dos que muito trabalhou para esse fim, isto é, para tirar Cagliostro da prisão, foi um Príncipe chamado Rohan. Quanto a São Germano, alguns anos depois, aquele seu filho Gilberto, que se tornou um famoso médico, mas que ignorava quem era seu pai, desejando muito saber quem era seu progenitor e onde se encontrava, teve notícias, por um velhinho com quem se encontrara certo dia, de que o seu pai era uma criatura de grande valor e que poderia ser encontrado em uma capelinha perdida em uma floresta da França; Gilberto então pôs-se imediatamente a caminho e depois de muito andar, avistou, finalmente, no meio do arvoredo, uma capela toda branca. Era a Capela do Espírito Santo. Entrou e viu ali um velho frade de fisionomia bondosa, de longas barbas brancas, que a ele se dirigiu, pois o frade sabia muito bem quem era Gilberto e o que ele queria. Introduziu-o através de uma pequena porta que dava para uma escadinha que ia ter em

um subterrâneo. Gilberto desceu essa escada e foi dar a um santuário, onde, deitado, como se estivesse morto, encontrava-se o seu pai, o Conde de São Germano. Sobre o seu peito luzia uma estrela de cinco pontas, chamada Tetragramaton. Ele não estava morto, como poderia parecer à primeira vista. Estava apenas dormindo um longo sono, porque os seres da categoria de São Germano não morrem. Eles ficam dormindo, uma vez terminada a sua missão num ciclo, até o dia em que tenham novamente de acordar, para continuar o seu trabalho. Dormem como aquela Pincesa da história da Rosa de Espinhos, que dormiu cem longos anos e, quando acordou, estava tão jovem como no dia em que adormecera. Assim aconteceu com São Germano. Perto dele, uma pombinha branca sustinha uma tabuleta de prata com os seguintes dizeres: “Voltarei ao mundo em 1883 e aparecerei em terras distantes daqui, para continuar o meu trabalho. E a promessa de São Germano de voltar em 1883 foi cumprida como veremos na nossa próxima reunião.

02. Os Três Presentes (Dezembro de 1950) Era uma vez três irmãos que se chamavam Jano, B e Samuel. Quando esses rapazes terminaram os seus estudos, o pai chamou-os e lhes disse: - “Meus filhos, é chegado o momento de vocês porem em prática os conhecimentos que adquiriram durante a infância e os bons exemplos que eu sempre procurei dar a todos os três. Vocês agora são homens e devem correr o mundo, procurando auxiliar a humanidade, pois todos nós vivemos unicamente para isso; para ajudar os que precisam do nosso auxílio. Assim fazendo, vocês estarão servindo a Lei da Evolução ou a Lei de Deus, que é a mesma coisa. Lei é o mesmo que Deus. Uns dizem Deus e outros, Lei. Eu prefiro dizer Lei, a Grande Lei da Evolução, porque falar Deus dá a idéia de um homem, quando Deus não é um homem, mas sim um conjunto de forças poderosíssimas. Assim, quem trabalha em harmonia com a Lei, está no caminho do Bem e quem trabalha contra a Lei está no caminho do mal”. Os três irmãos, que eram muito unidos e compreendiam perfeitamente o que o seu pai queria dizer com aquelas palavras, porque desde crianças haviam sido preparados para trabalhar com a Lei de Evolução, responderam a uma só voz ao seu pai: - Amanhã mesmo partiremos, papai! O velho pai, que não esperava outra resposta dos seus filhos, pois os conhecia muito bem. Abraçou-os com muito carinho e, no dia seguinte, depois de se despedirem das pessoas da família, os três rapazes, empunhando o bastão de peregrinos, partiram. Durante alguns dias, os três irmãos andaram juntos. Finalmente, resolveram que cada um tomasse um rumo diferente, mas como eram muito amigos e muito unidos, antes de se separarem, fizeram um pacto, isto é, combinaram o seguinte: Todos os dias, as 6 horas da tarde, estivessem onde estivessem, trabalhando ou não, àquela hora todos eles suspenderiam o que estivessem fazendo e, por cinco minutos que fosse, procurariam unir-se mentalmente, pensando um no outro, fazendo o que se chama de

CORRENTE MENTAL (correntes são pequenos elos ligados uns aos outros e, assim, uma corrente mental é o pensamento de várias pessoas ligadas entre sí, isto é, muitas pessoas pensando em uma mesma coisa ao mesmo tempo). Desse modo, Jano, B e Samuel combinaram que, para facilitar essa união de pensamentos, deveriam antes pensar em um grande GLOBO AZUL com a palavra PAX que quer dizer união, sendo que essas palavras em letras cor de ouro. Feito isso deveriam, então, pensar uns nos outros, assim como no seu velho pai e nos seus parentes e amigos. Feita esta combinação, que mais parecia um juramento, um compromisso entre eles, os três jovens se separaram. Jano dirigiu-se para a Arábia e foi ter a uma Fraternidade (fraternidade é o mesmo que um colégio e templo ao mesmo tempo; colégio, porque lá se aprende os segredos da natureza, e templo, porque nas horas apropriadas, depois dos trabalhos do dia, os discípulos procuram harmonizar-se, unir-se com os seres elevados que dirigem os destinos da humanidade). Como Jano era um rapaz muito correto e muito bom, captou logo a simpatia dos colegas e, com o tempo, tornou-se uma pessoa de toda a confiança dos Mestres e Sacerdotes que ali viviam. Certo dia, o Diretor da Fraternidade mandou chamá-lo e disse-lhe: - Vou encarregar-te de um grande trabalho, meu filho. É uma missão de grande responsabilidade, mas não tenho dúvidas de que te sairás bem dela. Trata-se de conduzir para um lugar distante daqui uma frasqueira contendo um precioso líquido “A Água da Vida”. E, dirigindo-se para o Santuário, o Sacerdote apanhou a frasqueira, em volta de cujo gargalo se viam fitas de várias cores. - Longe daqui, lá para o Ocidente, continuou o Sacerdote, há um grupo de pessoas, que também pertencem a um Colégio Iniciático como este nosso, e que está sendo preparado para poder tomar esta preciosa Água, que dá a quem a toma, a possibilidade de se iluminar, de se tornar sábio e puro. E no dia seguinte, Jano partiu, levando consigo aquela preciosa frasqueira que continha a “Água da Vida”, a Água da Imortalidade ou da Iluminação, que é a mesma coisa, porque quem se ilumina torna-se imortal. As dificuldades que teve de vencer não foram poucas. Para chegar ao porto onde devia tomar o navio, tinha primeiro que atravessar um deserto enorme. Nesse deserto ele foi aprisionado por um bando de malfeitores que pensavam possuir ele dinheiro. Depois de uma luta medonha, Jano foi abandonado no deserto, todo ferido, com as roupas rasgadas e ensanguentadas, mas a frasqueira ficou intacta. Depois de alguns dias, felizmente, passou por ali uma caravana de mercadores que também se dirigiam para o porto e, vendo Jano naquele estado, ardendo em febre, socorreram-no e levaram-no com eles. Foi assim que ele conseguiu chegar até o porto onde tomou o navio que o devia conduzir ao seu destino. O segundo irmão, B , foi ter à India e lá se encontrou com um velho asceta que vivia numa gruta. Depois de algum tempo em convívio com B , o velhinho lhe disse: - Há tempos, numa de minhas meditações, vi alguém que se aproximava de mim e a quem eu entregava um LIVRO que me deram para guardar com todo o cuidado, a fim de que, quando chegasse o tempo, fosse por sua vez depositado nas mãos de um Homem que trabalha pela Humanidade, lá para as bandas do Ocidente. Pois bem,, continuou o ancião, essa pessoa que eu vi nas minhas meditações era você B e, portanto, vou encarregar-te de levares o Livro a quem deve ser entregue. Assim falando, entregou-lhe o Livro e deu-lhe todas as instruções sobre o lugar para o qual B devia dirigir-se. Do mesmo modo que seu irmão, B teve que lutar com bandidos, não no deserto mas no mar. O navio em que ele viajava foi assaltado por piratas que, ao verem o cofre que B carregava, dentro do qual colocara o precioso Livro, pensando que ali estavam guardadas preciosas joias e talvez até dinheiro, perseguiram-no de todo o jeito, mas nada conseguiram, porque B defendeu-se valentemente e, por fim, valendo-se dos seus poderes sobrenaturais, fez-se envolver numa nuvem de matéria akáshica, desaparecendo assim aos olhos dos piratas, que nada mais vendo, abandonaram o navio, podendo assim B , continuar sem mais perigo a sua viagem.

Quanto ao terceito irmão, Samuel, dirigiu-se ao Tibet, lugar distante, também no Oriente e, depois de muitas peripécias, atravessando montanhas cobertas de neve, chegou a um mosteiro, onde durante muitos anos viveu entre os monges. Aprendeu ali inúmeras coisas, inclusive línguas sagradas. Os monges gostavam imensamente de Samuel, não só pela sua inteligência fora do comum, como também pelo respeito com que ouvia e aceitava os bons conselhos daqueles santos homens. Os monges desse mosteiro tinham também um tesouro de grande valor, que eles guardavam com todo o respeito e carinho. Era uma chave de cobre, medindo 23 centimetros de comprimento e que era dividida em sete escamas, tendo na parte superior um oito sem sentido horizontal, um oito deitado, e na quarta escama o símbolo da Balança, signo de Vênus. - “Esta chave tem um nome” - disseram os monges a Samuel - “ela chama-se Chave de Púshkara”. Púshkara é o nome de um continente ainda desconhecido dos homens, atualmente, mas onde florescerá uma civilização que será de uma Raça ainda distante de nossos dias, mas para cujo aparecimento já se trabalha no momento. Além do mais, Púshkara quer dizer “Mar de Leite ou Manteiga”. Ora, na Serra da Mantiqueira (que muito lembra manteiga) em um lugar chamado São Lourenço, em terras muito distantes daqui, foi fundada há poucos anos, uma Sociedade que trabalha justamente para essa nova civilização de que te falei. São os seus fundadores dois Seres a quem chamamos de GÊMEOS ESPIRITUAIS ou Henrique-Helena. Portanto, a esses dois Seres é que esta chave deve ser entregue, pois a Eles pertence no momento. Vamos, portanto, te encarregar de levares a Chave de Púshkara aos Gêmeos Espirituais. Samuel percebeu logo a grande responsabilidade que lhe cabia de transportar tão precioso símbolo e, assim, preparou um estojo onde pudesse colocar a Chave, a fim de que ela não sofresse nenhum dano. Da mesma maneira que os seus dois outros irmãos, Samuel teve que vencer inúmeras dificuldades antes de chegar ao Brasil. porque, como vocês devem ter percebido, era ao Brasil que os três irmãos se dirigiam. Por diversas vezes encontrou malfeitores que o atacavam, pensando que ele carregava dinheiro dentro do estojo, o qual carregava sempre debaixo do braço. Como os seus irmãos, Samuel conseguiu também livrar-se de todos os bandidos e chegar onde devia. Durante todos esses longos anos em que os três irmãos haviam ficado separados, todas as tardes, conforme tinham combinado, eles se punham em comunhão mental, através do Globo Azul com a palavra PAX em letras cor de ouro, de maneira que entre eles se estabeleceu uma corrente tão forte de pensamento, que com o decorrer do tempo eles sabiam notícias uns dos outros somente pelo pensamento, como se trocassem entre sí cartas. Assim sendo, todos os três sabiam onde cada um deles se encontrava e o que estava fazendo, e sabiam também que todos os três estavam se dirigindo para o mesmo lugar e que um dia se encontrariam novamente. E foi justamente o que aconteceu. Depois de alguns meses, os três irmãos tiveram a felicidade de se reunirem novamente, desincumbindo-se cada um da missão que lhes havia sido confiada. Foi assim que a Frasqueira, o Livro e a Chave de Púshkara chegaram às mãos dos Gêmeos Espirituais. Ora, estes três personagens que nos trouxeram estes três presentes faz-nos lembrar uma passagem da vida de Jeoshua Ben Pandira, pois quando Ele nasceu, três Reis, os três Reis Magos trouxeram-lhe também três presentes, que depositaram no presépio, ou Apta, que quer dizer: Lugar onde o Sol nasce. E Jeoshua ou Cristo, como é mais conhecido, era de fato um Sol, ou melhor, um dos Sete Raios do Sol Central. A nossa Obra é também um Sol que ilumina as mentes de todos os homens de boa vontade e, por isso, o lugar onde os GÊMEOS SE ENCONTRAM é também chamado de APTA. Deste modo, na história da nossa Obra também temos três irmãos que, na verdade, são três Reis que vieram do oriente para o Ocidente, trazendo três preciosas dádivas ou presentes. A Chave de Púshkara, durante sete anos ficou na Obra, com os Gêmeos Espirituais, e tão grande era o seu poder, principalmente nas mãos do nosso Dirigente, do nosso Mestre, que durante um ritual aqui realizado, quando o Mestre a erguia abençoando os homens, uma jovem de 15 anos que tinha morrido e cujo enterro já se dirigia para o cemitério, tendo o carro que conduzia o caixão sofrido uma pane, um desarranjo no motor, o “chauffer”, foi obrigado a saltar e eis que ouvem pancadas surdas que partiam de dentro do caixão. Como é natural, todos se acercaram, abrindo-o para ver

o que tinha acontecido. No mesmo momento, a jovem levantou-se... E assim, acabou-se o enterro, porque a moça estava bem viva, “vivinha da silva”, como se costuma dizer. Este precioso símbolo, depois de ter ficado 7 anos na Obra foi conduzido aos mundos subterraneos de Agartha e sabemos que lá essa Chave já abriu dois grandes portais. Quanto ao livro e à frasqueira, ainda se encontram na Obra, estando presentemente em São Lourenço. É um Livro antiquíssimo e todas as palavras, nomes de cidades, etc, que tem a ver com a História da Obra, estão sublinhadas com lápis roxo, pois foi um excelso Ser do Raio Planetário da Lua que o fez, como uma homenagem ao trabalho dos GÊMEOS ESPIRITUAIS. E a frasqueira também se encontra em São Lourenço, no Museu do Templo, com as suas fitas multicores em volta do gargalo. Depois que um grupo de irmãos realizou um determinado ritual, bebendo uma gota daquela preciosa Água Vital, o que sobrou cristalizou-se no fundo da frasqueira, tomando a forma de um pequeno coração, o que, aliás, pode ser visto por qualquer um de nós, quando for a São Lourenço.

03. Aula dos Pupilos 07.01.1951 Como vocês sabem, a nossa Obra foi fundada pelos Gêmeos Espirituais, mas para que o Professor fosse preparado para isso, porque ninguém nasce sabendo, desde criança que os Adeptos da Fraternidade Branca, aqueles Seres da Agartha, estavam sempre ao seu lado, guiando-o e orientando-o. Entre essas criaturas que acompanharam o Professor desde a sua infância, podemos citar um que era conhecido pelo nome de Antonio Maceió, mas cujo verdadeiro nome é Akadir. Apesar de Antonio Maceió ser uma criatura de alta estirpe espiritual, instalou uma oficina de ferreiro em Salvador, capital do Estado da Bahia, onde vivia o nosso Mestre. Para o povo, Antonio Maceió não era mais do que um modesto ferreiro, quando, na verdade, ele era e ainda é um verdadeiro Rei. É muito curioso nós observarmos, nesses seres de grande valor espiritual, a simplicidade de que são dotados e o pouco valor que dão ao poder e à riqueza de que os homens tanto gostam. Para eles não existe orgulho, não existe vaidade, quando se trata de cumprir a Lei, a missão que lhes foi confiada. Em primeiro lugar eles colocam a sua obrigação. Assim, Antonio Maceió, ou Akadir, como é o seu nome verdadeiro, sujeitou-se a passar por um modesto operário, apenas para

poder viver perto do pequeno Henrique, que mais tarde viria a ser o fundador da nossa Obra. E por falar no desinteresse desses seres pelas coisas materiais, é bom lembrar que o nosso próprio Mestre, se quisesse, poderia hoje ser um homem muito rico e desfrutar de uma posição social muito grande, porque poderes não lhe faltam para isso e, por mais de uma vez, grandes fortunas lhe foram oferecidas, se ele deixasse de dirigir a Obra e fosse cuidar apenas da sua vida material. No entanto, o Mestre sempre rejeitou toda e qualquer proposta que lhe foi feita, cuidando única e exclusivamente da Obra, porque esta é a sua missão neste mundo. Jesus Cristo também, certa vez, foi tentado pelo espírito do mal que lhe prometeu todas as riquezas do mundo, se ele abandonasse a sua missão. Do mesmo modo, JHS recebeu, também, idêntica proposta das forças do mal se se comprometesse a abandonar a Obra. No entanto, tudo ele tem recusado apenas para trabalhar pela humanidade. Isso é para vocês verem o espírito de renúncia desses Seres que nós chamamos de Os Grandes Iluminados. Eles colocam sempre o seu dever e a sua obrigação de servir a Lei acima de tudo. Mas, voltemos a falar de Antonio Maceió. Era ele um homem que gostava imensamente de crianças e até hoje se fala, na Bahia, dessa criatura estranha e bondosa. Uma vez, estava ele com um grupo de meninos, no bairro onde morava e, querendo divertílos, disse: - “Vocês querem ver como a minha perna é um búzio?”Assim falando, Antonio Maceió deu uma reviravolta e os pequenos viram que, de fato, a sua perna era um búzio. Eram brincadeiras que ele fazia para distrair a criançada, como quem faz mágica, porque, na realidade, Antonio Maceió possuía duas pernas perfeitas. Outro ser que também preparou ambiente para a fundação da nossa Obra foi Josué Mateus, ou Kadir. Exercia ele a profissão de carreiro, possuindo um carro de bois, no qual trazia pedras de amolar e outros objetos. Muitas e muitas vezes apareceu em São Lourenço com o seu carro de bois e conta-se que, as vezes, o povo o via aproximar-se da cidade, vindo das bandas de Cristina, e que, de repente, carro, boi e pedras, tudo desaparecia diante dos olhos estupefatos do povo. Josué Mateus morou muitos anos em Silvestre Ferraz, preparando o advento da nossa Obra. Terminada a sua missão, tanto Antonio Maceió, ou Akadir e Kadir, voltaram para os seus verdadeiros lugares e hoje em dia estão desempenhando um papel muito importante no mundo. Dentro de alguns anos, muito se falará nesses duas estranhas criaturas que terão um papel de projeção na história dos homens. Quando o Professor completou a idade de 15 anos, foi levado pelos Adeptos para o Oriente, indo ter à India, em Srinagar, passando primeiro por Portugal. Na Índia, ele conviveu com seres de grande valor espiritual, tendo ali se realizado rituais importantíssimos, já se preparando, assim, o ambiente para a fundação da nossa Obra. Sobre essa viagem falarei com pormenores em outra ocasião, porque há, também, muita coisa a contar. Em 1914, quando o Mestre tinha 31 anos de idade, teve que se mudar para o Rio de Janeiro e 7 anos depois, no ano de 1921, foi aconselhado a ir a São Lourenço em companhia de D. Helena. Quatro misteriosos Seres, quatro Grandes Adeptos acompanharam os Gêmeos na sua primeira viagem a São Lourenço. Isto nos faz lembrar aquela história do Colibri Irisiforme, daquele Rei que apelou para aqueles 4 pássaros sagrados. Nessa viagem, os Gêmeos também foram acompanhados por 4 Excelsos Seres. Essas sublimes criaturas pouco falaram durante a viagem e, na cidade de Itanhandú, duas delas saltaram. (Itanhandú, como Silvestre Ferraz, lugar onde viveu Josué Mateus, faz parte do que chamamos um Sistema Geográfico, composto de 7 cidades em torno de uma oitava, que é São Lourenço). Ao chegarem em São Lourenço, os Gêmeos Espirituais se hospedaram na Pensão São Benedito, velho casarão existente no lugar onde hoje se ergue o nosso Templo. É provável que alguns de vocês tenham conhecido esta casa, porque ela foi demolida não faz muito tempo, há uns 3 anos mais ou menos, quando começamos a construção do nosso Templo, na Vila Canaã, como é hoje chamado aquele lugar tão querido por nós. Ali, na Pensão São Benedito, as forças da natureza rodearam Henrique-Helena, produzindo diversos fenômenos, fazendo com que as cadeiras se mexessem sem que ninguém as tocasse, o mesmo acontecendo com objetos e talheres; portas e janelas abriam e fechavam misteriosamente. Objetos pessoais de D. Helena que ela havia esquecido no Rio eram trazidos pelos ares para São Lourenço, e tudo isso além das

curas milagrosas que o Professor ali realizou. Pessoas doentes, paralíticas, que saiam andando perfeitamente depois que o Mestre as tocava. Os antigos moradores de São Lourenço se recordam de todos estes fatos e há um homem ainda ali residente, o Sr Vivaldi, que é gratíssimo ao Professor por ele ter salvo a sua esposa, que se achava entrevada em uma cama, havia muitos anos. Quando Henrique-Helena saiam a passeio pelo parque, as rosas nas roseiras se desfolhavam e as pétalas caiam sobre as suas cabeças. Certo dia, os Gêmeos foram avisados de que deveriam ir à Montanha que fica fronteira ao nosso Templo, Montanha essa que tomou o nome de Montanha Sagrada, e que todos vocês conhecem, pois lá já foram, e, no dia 28 de Setembro daquele ano de 1921, Henrique-Helena sairam a cavalo em direção à Montanha. Ainda não haviam saído do terreno da Pensão São Benedito, quando avistaram a porteira ou cancela da Pensão, o Cavaleiro das Idades, montado em um corcel branco. Qual o seu nome? Akd. aparecia-lhes, assim, como que a indicar o caminho que deviam seguir. Rumaram, pois, em direção à Montanha e lá, entre duas árvores, cujos troncos ainda existem, Akd. novamente lhes apareceu pela segunda vez. Continuaram a subir um pouco mais e, de repente, os cavalos pararam e não quiseram mais seguir caminho. Os Gêmeos, então, apearam e subiram a pé até encontrarem uma grande pedra parecida com um altar. Sobre essa pedra colocaram uma vela, acenderam-a e, ajoelhando-se diante daquele altar improvisado, prestaram o seu juramento de levar adiante a missão que lhes era confiada. Nesse momento solene, o silêncio era completo. Dir-se-ia que a natureza toda, reverente, homenageava os Dois Devapis, os Gêmeos- Espirituais ou Henrique-Helena. Então, pela terceira vez,, o Cavaleiro Akdorge apareceu novamente aos Gêmeos, agora, porém, no cimo da Montanha e com uma auréola refulgente de luz, cujos raios se confundiam com os do Sol. Esse ritual ficou conhecido em nossa Obra como a 1a. União Mística Nárada (Nárada é o nome de dois Seres Elevados que vieram um do Sol e outro da Lua, há muitos milhares de anos, e como o Professor e D. Helena são chamados de Sol e Lua, essa União Mística recebeu o nome de Nárada). Foi portanto no dia 28 de Setembro de 1921 que teve lugar a fundação espiritual da nossa Obra, na cidade de São Lourenço, na Montanha Sagrada, cujo nome é Moreb. Enquanto isso se passava no Brasil, em São Lourenço, do outro lado do mundo, no Oriente, na Mongólia, um ser que se chamava o Buda-Vivo e que até aquele momento era o Chefe Espiritual da Humanidade, e era cego, recuperou a visão e mandou chamar os seus Sacerdotes, dirigindo-se com eles para o seu Santuário Subterrâneo. Lá mandou colocar uma grande tela branca, na qual se refletiu, como se fosse um cinema, todo o ritual que se processava na Montanha Sagrada. Apontando os Gêmeos ajoelhados diante do altar de pedra, prestando o seu juramento à Lei. Disse o BudaVivo aos seus Sacerdotes: - “Aqueles que vedes são os meus sucessores. A Eles passarei o madeiro pesado da minha missão”. Os tempos anunciados pelas sibilas e oráculos já chegaram. Nosso ciclo já terminou. Desses dois Seres sairão aqueles que vão fazer justiça e abençoar os homens. Precisamos carregar nossos livros, nossos tesouros e nossa gente, porque outros virão tomar as nossas terras e tudo o que nos pertence e acabar com as nossas tradições”. Depois de proferir estas palavras, o Buda-Vivo deu as últimas instruções aos seus Sacerdotes e saiu em peregrinação por aquelas terras, curando doentes e ressuscitando mortos. Até os camelos do deserto ajoelhavam-se quando Ele passava. Diz o povo do Oriente que o Buda-Vivo da Mongólia subiu aos céus em corpo, alma e espírito, por ter sido bom e sábio. O que aconteceu, porém, não foi bem isso. O Buda veio foi para o Ocidente, para o Brasil, e ficou morando no Templo da Pedra da Gávea, que é um Grande Templo e uma das entradas para os mundos subterrâneos da Agartha. Quanto aos livros e aos tesouros, foram para Pouso Alto, outra cidade que faz parte daquele Sistema Geográfico de que falei a vocês. P.S. O Sr Vivaldi ainda vive em São Lourenço e trabalha em uma banca do mercado.

04. Aula de 06 de Maio de 1951 Na aula passada, nós vimos que a nossa Sociedade foi fundada espiritualmente na Montanha Sagrada de São Lourenço, no momento em que os Gêmeos Espirituais prestavam o seu Juramento de servir à Lei e de salvar o maior número de homens que fosse possível. Vamos hoje ver porque esse Juramento foi feito numa Montanha e não em outro lugar qualquer, e explicar também a razão desse ritual ser conhecido em nossa Obra pelo nome de 1a. União Mística Nárada. Todos os grandes movimentos espiritualistas sempre nasceram, isto é, sempre tiveram o seu início em Montanhas. Senão, vejamos: Foi no Monte Sinai que um homem chamado Moisés, que era o Manú ou Condutor do povo de Israel, recebeu as Tábuas da Lei ou os Mandamentos da Lei de Deus, mandamentos estes que deviam ser seguidos por aquele povo, para que ele fosse de fato o Povo Eleito de Deus. Nessa ocasião, Moisés ouviu a Voz da Divindade, que partia de dentro da Terra e que se apresentou em forma de Fogo, cujas labaredas falavam. Esse Fogo que falou a Moisés era o reflexo de Deus na Terra, pois o Fogo é o símbolo do Espírito Santo. Várias vezes Deus tem se manifestado aos homens em forma de fogo, em forma de labaredas. Na história de Cristo, temos dois Montes importantes, um é o Monte Thabor. Cristo se encontrava nesse monte com alguns discípulos e, de repente, estes viram que a face, o corpo e as vestes do Mestre se iluminaram de uma luz puríssima. O Cristo todo era como se fosse um facho de luz, e esse fato ficou conhecido na história do Cristianismo como o da Transfiguração. O outro Monte que teve um papel importante e triste na sua história, foi o Calvário ou Gólgota, onde os homens que não compreenderam o seu papel no mundo, O crucificaram. Foi também numa Montanha que Cristo pregou um dos seus mais importantes sermões. Gautama, o Buda, também fez sermões em Montanhas. Na antiguidade, as Montanhas, principalmente as que separavam um país do outro, eram preferidas para se fazer sacrifícios aos deuses, levar-lhes presentes, dirigir-lhes orações e erigir altares e templos em sua honra. Tácito, um grande historiador dos tempos antigos, diz que, como as Montanhas estão próximas ao céu, os deuses se acham em melhores condições de ouvir as orações que daí lhe dirigem os homens. Nas Montanhas é onde nascem, educam e manifestam-se os deuses aos homens. Era também, numa Montanha, no Monte Salvat ou Monte da Salvação, que se encontrava a Taça do Graal, que tanta ligação tem com a nossa Obra. Sobre a Taça do Graal falarei a vocês em outra ocasião. Outra Montanha que também é muito conhecida entre os teósofos ou ocultistas, é o MONTE MERU. Diz a tradição que foi nesse Monte que surgiu o primeiro continente, o primeiro pedaço de terra. Há vários nomes que designam Monte Meru, ou seja: MONTANHA DE OURO, MONTANHA DOS DEUSES e CUME DE PEDRA PRECIOSA.Sobre esse Monte Meru há uma lenda que diz estar a parte mais alta dele no céu, a sua parte do meio na terra e a parte de baixo nos infernos... e que acima do seu cume existe uma cidade, a Cidade de Deus, ou Brahmã, que é um outro nome que também quer dizer Deus. Nós, no Ocidente, chamamos Deus, mas no Oriente, e principalmente na India,

Deus é conhecido pelo nome de Brahmã. Há muitos anos atrás houve uma grande civilização, que se chamou a civilização grega. Até hoje ainda existe muita coisa linda que nos foi deixada por essa civilização, como: poemas, esculturas e inúmeras obras de arte. Pois bem, todos os deuses gregos moravam em uma Montanha, moravam no Monte Olimpo, e Júpiter, que era o Chefe ou o Pai desses Deuses, tinha por símbolo uma Águia, que é uma ave que mora nas partes mais altas das Montanhas. Os Getos (outro povo antigo), adoravam uma Montanha onde, diziam eles, morava seu rei, e a essa Montanha chamavam eles de Montanha Santa. No Oriente existe também o Monte Mória , onde outrora havia um Colégio Iniciático, o Colégio dos Essênios, da seita de Nazar, seita esta a que pertencia Jesus Cristo. Foi nesse Colégio Iniciático que Jesus viveu desde os 13 até aos 30 anos. Todos os membros desse Colégio usavam os cabelos à altura dos ombros e, por isso, Jesus Cristo usava os cabelos compridos até os ombros. Aqui mesmo no Rio de Janeiro, bem perto de nós, existe também um lugar que nós podemos chamar de sagrado, pelas inscrições que ali se encontram gravadas com relação à história dos homens; é a Pedra da Gávea. Os seres que dirigem espiritualmente os destinos dos homens, vivem sempre perto de Montanhas e deixam escritos nelas muitas revelações ligadas à evolução da humanidade. Em Portugal, por exemplo, na Serra de Sintra, existem inscrições interessantíssimas, e quem as souber ler, pode ali conhecer a história ou, por outra, uma parte da nossa história, da história da nossa Obra. Estou explicando estas coisas a vocês, para que vejam a razão porque a nossa Obra foi fundada espiritualmente em uma Montanha. Agora vocês compreendem porque se chama de Montanha Sagrada a Montanha de São Lourenço. Tal como aconteceu a Moisés, o Manu da raça Israelita, um Fogo também se ergueu da terra e falou aos Gêmeos Espirituais; isso porque dentro dessas Montanhas chamadas Sagradas, se encontra Deus, dentro dessas Montanhas, dizia eu, há sempre um FOGO MISTERIOSO QUE FALA. Mas não são todos os que entendem a linguagem desse FOGO. Só os MANUS é que sabem conversar com o FOGO SAGRADO. Os nossos Dirigentes, como são os Manus da 7a. Subraça, entendem a linguagem desse Fogo. Foram estas as palavras que Eles ouviram na Montanha Sagrada, naquele dia 28 de Setembro de 1921: “Detende-vos aqui! Este é o lugar santificado pelos deuses invisíveis, os mesmo que, doravante, guiarão teus passos pela grande Vereda da Vida... pela qual, fatalmente, outros te hão de seguir!... Para os que não te compreenderem, este “Fogo Misterioso”, que outro não é senão o da “Sabedoria Divina”, continuará como o “Ígneo Elemento” que, pelo formidável metabolismo ocasionado no seio da Mãe-Terra, converte-se em “Águas miraculosas” que curam ou aliviam os sofredores do corpo, enquanto que o outro é o “Verbo Solar” ou Divino, com que tantas outras privilegiadas bocas, no passado, no presente e no futuro, curaram e curarão sempre os “doentes do Espírito”... Depois de uma pequena pausa, a Voz que se erguia das Chamas, assim continuou: “Toma as tuas ferramentas de obreiro do “Edifício Humano”, pois que dentro em pouco dareis início à construção de um outro Edifício de grandeza inconcebível que os “Deuses Imortais” desejam seja Ele erguido neste privilegiado País, que vai abrir uma nova página na História da Humana Civilização...” Pelas palavras que vocês acabaram de ouvir, sabem agora quão importante é o trabalho da nossa Sociedade. Agora vocês sabem que o nosso Mestre fundou esta Sociedade porque recebeu Ordens Superiores para fazê-lo. Um grande teósofo espanhol, grande estudioso de ocultismo, um homem muito sábio, que escreveu livros de grande valor para o mundo, em uma carta que escreveu para o Professor, disse que São Lourenço é a Capital Espiritual do Brasil. Creio que todos sabem porque ele disse isto. É porque nas proximidades da Montanha Sagrada de São Lourenço vivem os Adeptos, os Seres que ajudam os homens a evoluir, a se tornarem sábios e bons. Outro assunto que também quero explicar hoje é o significado da frase “UNIÃO

MÍSTICA” que foi o nome dado ao Juramento que os Gêmeos prestaram na Montanha Sagrada, no momento em que a Sociedade era fundada espiritualmente. Nárada é uma entidade, um ser, que muito tem a ver com as ações dos homens, com tudo quanto os homens fazem, seja de bom ou de mal. Nárada possui um grande livro e cada homem tem uma página nesse livro, com o seu nome escrito em letras de fogo. Nárada também é conhecido na tradição oculta pelo nome de “Mensageiro”. Ora, eu já expliquei há tempos, a vocês, que os grandes movimentos espiritualistas, como o nosso, só surgem na terra quando a humanidade está fugindo do seu dever, quando a humanidade está se desviando da Lei, está fazendo coisas contrárias à evolução. A essa altura, nas páginas do Livro de Nárada, havia muito mais ações más do que boas. As ações más tomavam linhas e linhas de cada página, enquanto que as ações boas eram em número muito pequeno. À vista disto, a primeira medida dos Gêmeos foi comprometer-se com Nárada de que os homens iam, daí por diante, evoluir, iam ficar melhores. Para que isso acontecesse, os Gêmeos juraram que iam trabalhar muito, que iam ensinar aos homens a maneira de eles ficarem sábios e, por conseguinte, bons. Foi, portanto, um compromisso, um juramento que os Gêmeos fizeram e, por esse motivo, tomou o nome de “União Mística Nárada”, porque nessa ocasião, Eles, os Gêmeos, se uniram espiritualmente ou misticamente com Nárada, por meio do Juramento do compromisso assumido. Mas ao assumir este compromisso, os Gêmeos se responsabilizaram pelos homens, pelas ações más dos homens; isto é, tudo de ruím que os homens fizessem daquele dia em diante cairia sobre os Gêmeos. É por essa razão que tanto o Professor como D. Helena sofrem tanto, estão sempre doentes. Eles somente ficarão sadios, somente recuperarão a saúde física quando os homens se tornarem sábios e bons, quando os homens evoluirem. Ora, nós aqui na Sociedade, que sabemos de todas essas coisas, temos mais do que ninguém a obrigação de evoluir, e como para evoluir é preciso estudar muito, devemos todos fazer um grande esforço para frequentarmos as aulas, para aprendermos as coisas que aqui se ensinam, para que os Gêmeos, que são os nossos Pais Espirituais - porque trabalham somente pelo nosso bem, para que nós sejamos salvos - voltem novamente a ter saúde e a felicidade que merecem.

05. Preparativos para a Fundação Material (Aula de 03/06/1951) Como vimos em outras aulas, a Fundação Espiritual da Sociedade deu-se no ano de 1921, aos 28 dias do mês de Setembro. Depois disso, passaram-se 3 anos, durante os quais sucederam fenômenos os mais estranhos, ao redor do Professor e de sua família. Bibelôs mexiam-se sozinhos, grãos de feijão, milho e arroz eram atirados nas pernas das crianças e, certa vez, até um punhal apareceu no centro da sala e começou a voar, como se fosse um animal alado, sem no entanto atingir qualquer pessoa. Esses fenômenos eram de origem jina, quer dizer, eram provocados por forças da natureza ou mesmo por pessoas que se encontravam em lugares distantes. Nenhum deles era feito por almas ou por pessoas mortas e sim por entidades bem vivas. Na nossa Sociedade nunca se fez evocação de almas de mortos, porque isso é contrário à lei de evolução. A Teosofia ensina que nós não devemos atrair aqueles que já morreram. Assim, tudo quanto acontecia naquela época e ainda hoje pode acontecer de sobrenatural, nada tem a ver com almas do outro mundo, como se costuma dizer, mas sim com seres vivos, seres de uma outra categoria mais elevada do que a nossa, que procuram ajudar-nos, quer por meio de fenômenos sobrenaturais, como acontecia no inicio da nossa Sociedade, quer por meio de ensinamentos, como acontece hoje.

Pois bem, foi assim que se passaram aqueles três anos que foram de 1921 a 1924. Certo dia desse ano de 1924, a cristaleira da casa do Professor amanheceu fechada. Procuraram a chave por todo o canto, indagaram se alguém a havia tirado, porém ninguém sabia dela. De repente, depois de muito procurarem, alguém olhando para dentro da cristaleira disse: “Olhem, vejam só onde está a chave!” Todos os moradores da casa correram para ver onde estava a tão procurada chave. E, com o maior espanto, viram que ela estava dentro da própria cristaleira e, ainda por cima, dentro de uma compoteira que se achava tampada. A surpresa, como vocês podem imaginar, foi geral. Todos olhavam espantados uns para os outros. Como é que tinham fechado a cristaleira e colocado, ao msmo tempo, a chave dentro dela, em uma compoteira fechada? Estava claro que aquilo não tinha sido feito por pessoa da casa e sim por uma daquelas forças misteriosas que cercavam toda a família do Professor Henrique. E, como sempre acontecia nessas ocasiões, chamaram logo o Professor para desvendar aquele mistério. Vendo o alvoroço em que todos se encontravam, o Professor acudiu logo ao chamado e chegando na sala, esboçou apenas um sorriso, compreendendo logo do que se tratava. Era, no mínimo, algum aviso que lhe queriam dar, pensou Ele. Que fez então? Ficou alguns minutos parado diante do móvel. O silêncio era completo; todos estavam quietos, inclusive as crianças, que se podia até ouvir uma mosca voar. De repente o Professor falou: - “Olhem, estão abrindo a cristaleira, podem puxar a porta, ela já está aberta”. De fato, uma das pessoas presentes adiantou-se e puxando levemente a porta esta se abriu com a maior facilidade. Destamparam a compoteira e dela foi retirada a tão procurada chave. Mas a surpresa de todos não terminou aí, pois havia ainda mais alguma coisa; havia ali, junto à chave, um aviso, conforme havia previsto o Professor. Dizia o bilhete que estava por baixo da chave: “Mude-se desta casa, vá para Niteroi”. O professor Henrique, já habituado a esses fenômenos, porque sabia muito bem a razão deles, não se surpreendeu com o bilhete misterioso e tratou logo de procurar uma casa em Niteroi, conforme lhe tinha sido aconselhado. E foi assim que alguns meses depois deste acontecimento, o Professor e sua família mudava-se para Niteroi, indo residir à Rua Santa Rosa No. 426. Convém não nos esquecermos do nome dessa rua, pois é muito significativo. Este nome “Santa Rosa” ou “Rosa Santa”, além de muitos outros significados, nos faz lembrar de uma Fraternidade ou uma Escola de Iniciação que existiu no século passado, de onde saíram grandes homens, inclusive um célebre casal Lorenzo-Lorenza ou os Condes de São Germano, que muita ligação também tem conosco, e sobre os quais já falei a vocês em uma dessas histórias. Outro fato também que esse nome nos lembra é quando um homem atinge uma grande perfeição espiritual e se torna um Adepto da Boa Lei. Diz-se então que nesses homens desabrochou a Flor da Espiritualidade, a Flor dos Santos, ou a Rosa Santa. Assim, não nos esqueçamos do nome da rua em que se deu a fundação material da Sociedade, como veremos a seguir. Duas coisas devemos saber bem: a primeira é a de que a fundação espiritual foi na cidade de São Lourenço, na Montanha Sagrada; a segunda, que a fundação material foi na cidade de Niteroi, na Rua Santa Rosa, 426. Tanto São Lourenço como Niteroi estão no mesmo grau de latitude do Trópico de Capricórnio, isto é, a 23ª. (Explicar o que é latitude). Esse número 23 também tem uma grande influência em nossa Obra e uma razão de ser, como veremos em outra ocasião. Aliás, tudo quanto acontece na Obra tem sempre uma razão de ser; nada, aqui, ocorre por acaso, mas, sim, por causalidade; tudo obedece a uma causa bem determinada. Costumamos mesmo dizer que tudo aqui é pesado, medido e contado. E isso vocês mesmos verão com seus próprios olhos, à medida em que forem conhecendo a História da Obra. Por esse motivo é que devemos sempre seguir os conselhos que recebemos aqui, porque esses conselhos quando nos são dados já foram bem pesados, medidos e contados e, portanto, são bons e certos e deles não devemos duvidar, embora muitas vezes a nós nos parecem errados. Do mesmo modo que vocês seguem os conselhos dos seus pais, porque são pessoas que tem mais experiência do que vocês e sabem coisas que vocês ainda não conhecem, devemos também seguir os conselhos dos nossos Pais Espirituais que, aqui na Sociedade, são os nossos Mestres e portanto conhecem coisas que nós não sabemos, razão porque devemos respeitá-los e receber os seus ensinamentos e conselhos, que são sempre para o nosso bem e nosso progresso.

Mas, voltemos à história da fundação material da Sociedade. Vamos ver como ela começou. Em um domingo, dia do planeta Sol - e o Sol nos lembra logo luz, claridade - um dos filhos do Professor convidou um seu amigo de nome Tenente Collins para ir almoçar com ele, pois era dia de seu aniversário. O Professor não conhecia o Tenente, era a primeira vez que os dois se viam. O Tenente tinha duas filhas, uma chamava-se Osiris e outra Isis. Vão prestando atenção a esses nomes, porque isso é muito importante, uma vez que Osiris quer dizer Sol e Isis quer dizer Lua. E quando aqui falamos em Sol e Lua estamos nos referindo ao Pai-Mãe de todas as coisas, a primeira dualidade que apareceu nos mundos da forma, o mesmo que Adão e Eva, aquele primeiro casal que, dizem , foram os pais da humanidade. Pois bem, quando o Tenente Collins e suas filhas entraram no jardim da residência do Professor, viram sentado em um banco, um senhor respeitável, trajando roupa branca, que trazia no dedo um anel com pedra verde. Pensando que aquele senhor fosse um médico devido ao anel de pedra verde, o Tenente, apreensivo indagou: - “Há alguém doente na família?” - “Não - respondeu o senhor de branco - não há ninguém doente, entrem, entrem, que já estão esperando pelo senhor e suas filhas”. Chegando ao interior da casa, depois dos cumprimentos e apresentações, pois era a primeira vez que o Tenente ia à casa do Professor, ele indagou quem era aquele senhor tão amável que estava lá fora e lhe dirigira a palavra. Na família ninguém o conhecia e ignoravam mesmo que alguém estivesse sentado no banco de pedra do jardim. Por isso, foram todos para fora ver de quem se tratava, mas quando ali chegaram não havia pessoa alguma sentada no banco, nem tampouco viram alguém nas proximidades. O Senhor respeitável que o Tenente tomara por um médico, havia desaparecido misteriosamente. Era esse outro fato Jina que se dava na Obra, porquanto aquele senhor que o Tenente vira no banco do jardim era um Adepto que se desdobrara do lugar onde se encontrava (muito longe dali talvez) e se projetara naquele local para receber o Tenente e suas filhas, dizendo-lhes gentilmente “... entrem, entrem, que lá dentro já estão a sua espera”. Voltaram então todos ao interior da casa onde daí a pouco foi servido um lauto almoço. Depois desse almoço, o Tenente Collins disse ao Professor: - “Desejo mostrar-lhe o poder que possuo de hipnotizar e por isso vou hipnotizar minha filha Osiris”. - “Peço-lhe que não faça isso agora - disse o Professor - essas práticas, após as refeições são perigosas, podem até causar a morte de uma pessoa”. - “Está bem - respondeu o Tenente Collins - mas espero que o senhor tenha a oportunidade de ver um dia as minhas habilidades hipnóticas”. -”Com muito prazer - falou o Professor - mas devo dizer-lhe que não é aconselhável essa prática, o senhor poderia, se quisesse, experimentar a prática da magnetização, isto sim, é outra coisa, pois não age sobre a vontade de outra pessoa, mas transmite-lhe bons fluídos. Se o senhor possuir esse poder de magnetizar, poderá fazer até curas interessantes”. O Tenente Collins ficou satisfeito com aquelas explicações do Professor e a conversa continuou sobre outros assuntos, também de ocultismo. No entanto, o Tenente ficara impressionado com aquilo que lhe dissera o Professor e passadas algumas horas ele voltou ao assunto, perguntando se poderia experimentar magnetizar Osiris. O Professor não se opôs, dando-lhe até algumas instruções. De repente, porém, Osiris escapou completamente ao controle do magnetizador. A sua fisionomia transfigurou-se e ela começou a falar uma lingua estranha, em pâli, conforme o Professor logo verificou. Descalçou-se e convidou o Professor a sentarse ao piano. Nesse meio tempo o Professor recebera uma mensagem dizendo que Osiris estava sob a influência de uma Sacerdotisa Tibetana de nome Liziara e, por isso, estava falando em pâli. A mensagem que ele recebera dizia no final: “É chegado o momento”. Atendendo ao convite de Osiris, o Professor dirigiu-se ao piano e executou, por sua vez, uma linda música oriental, ao som da qual a moça começou a bailar maravilhosamente. Na próxima aula vamos ver o que significa aquele bailado e ainda os fatos que se sucederam após aquele domingo tão cheio de coisas extraordinárias.

06. A Cachoeira Misteriosa (Aula de 01.07.1951) Era uma vez um rapazinho de 15 anos que foi passar as férias de Junho na Fazenda do seu tio, que ficava perto de Pouso Alto, em Minas Gerais. Com ele foram alguns companheiros seus, mais ou menos da mesma idade, de maneira que os rapazes se divertiam muito, passeando a cavalo ou fazendo excursões a pé. Num desses passeios, eles encontraram um homem que lhes chamou a atenção pela fisionomia bondosa que possuía e, principalmente, pelo seu olhar tão sereno e puro. Era um tipo bem diferente dos homens que eles costumavam encontrar ali pelas redondezas. Como é costume no interior, o homem cumprimentou os rapazes amavelmente e continuou o seu caminho. Quando o grupo chegou à Fazenda, começaram os meninos a trocar impressões sobre aquela figura estranha que não lhes saía da mente. - Ah! Já sei de quem vocês falam - disse um velho vaqueiro, de nome Maneco, que estava ouvindo a conversa - É o Antonio, conhecido aqui entre nós como o Homem Misterioso ou o Homem da Cachoeira Encantada. Ao ouvirem estas palavras, os rapazes ficaram curiosos e pediram ao “seu” Maneco para lhes contar a história de Antonio. - Cuidado com ele, meninos, dizem por aí que ele é um homem sobrenatural, que adivinha o pensamento da gente, e eu mesmo já o ví uma vez conversar com uma siriema. E só vendo como o bichinho prestava atenção ao que ele dizia! - Ora “seu” Maneco - disse um dos meninos - isso é fantasia! - Não fale assim “seu” moço; juro pelo que há de mais sagrado no mundo que eu ví e ouvi o que lhes estou contando, e ainda mais, o homem é tão misterioso que dizem que ele mora dentro de uma cachoeira que tem lá pelas bandas do sítio do Zé Pedro, e já houve quem o visse entrar pelas águas a dentro e se sumir... - Histórias de quem não andava muito certo da cabeça - replicou o rapaz com zombaria - imaginem só um homem entrando por uma cachoeira a dentro e morando dentro das águas, como se fosse peixe. Joãozinho que tudo ouvira com muita atenção, adiantou-se e falou: - Não zombem assim do “seu” Maneco. Existe muita coisa encantada que nós ainda não compreendemos, nem podemos explicar, mas nem por isso elas deixam de existir. É que Joãozinho já lera muito e por isso sabia que as lendas e as histórias que falam de bichos que conversam com homens e de seres que aparecem e desaparecem dos nossos olhos, sem a gente saber como, tem fundo verdadeiro. E por isso ele disse: - Pois olhe, eu acredito. Não é a primeira vez que ouço falar nessas coisas misteriosas e, por isso, não duvido do que o “seu” Maneco está contando. Quando Joãozinho acabara de pronunciar essas palavras, todos ouviram nitidamente o canto de uma siriema. - Estão ouvindo? perguntou “seu” Maneco; é o sinal dela. - Dela quem? perguntaram todos. - Da siriema que mora junto à cachoeira misteriosa e que conversa com Antonio. Todos riram, menos Joãozinho. Ele não costumava caçoar daquilo que não conhecia. Enquanto os companheiros faziam troça da história que “seu” Maneco lhes contara, Joõzinho pensava no quanto a humanidade é ignorante, rindo de coisas que não conhece. E desde esse dia, um desejo intenso de estudar e conhecer os segredos da natureza se apossou dele. As férias estavam já por terminar e Joãozinho não podia esquecer-se daquele homem que o “seu” Maneco, o velho vaqueiro da Fazenda, tinha dito que se chamava Antonio. - Já ví, alguma vez, aquele rosto - dizia de sí para sí Joãozinho - mas não sei onde. De tanto pensar, de repente ele atinou. -Ah! Já sei - exclamou - lembra muito São Miguel, aquele santo que tem uma espada na mão, com a qual expulsou o demônio do Paraíso. Quando Joãozinho era pequenino, muitas vezes ia com a sua mãe à Igreja e, enquanto ela rezava, ele ficava olhando para os santos. São Miguel era o santo que mais lhe

impressionara, não só por ter sido ele o vencedor do demônio, do Espírito do mal, como também pela sua fisionomia angelical. - Que coisa esquisita - dizia Joãozinho - como Antonio se parece com São Miguel. A história que “seu” Maneco relatara, havia impressionado muito Joãozinho e naquela noite, ao adormecer, sonhou que Antonio estivera junto a ele, ensinando-lhe muita coisa, mas ao acordar não se lembrava de mais nada. Faltavam apenas dois dias para os rapazes regressarem e por isso foram dar um passeio de despedida. Em dado momento, porém, o cavalo de Joãozinho empacou e não havia meio de andar. - Vão vocês andando, que daqui a pouco os alcanço - disse Joãozinho para os companheiros. De fato, alguns minutos depois, Joãozinho conseguiu que o seu cavalo galopasse novamente, e ele, alegre e feliz, corria pelas matas, aspirando o ar fresco das montanhas e sentindo aquele cheirinho gostoso de capim. Não hvia andado uns dez minutos e eis que o caminho se divide em dois, um para a direita e outro para a esquerda. Joãozinho, que tinha por hábito tomar sempre o caminho da direita, por ali enveredou, mas os seus companheiros tinham justamente tomado o caminho da esquerda, de maneira que ele se perdeu dos amigos. Estava já disposto a voltar quando ouviu, bem forte e perto dele, o canto de uma siriema. Lembrou-se então do que lhe ensinara “seu” Maneco e resolveu seguir na direção do canto da ave, na esperança de se encontrar com Antonio. Andou durante umas duas horas, até que foi dar a um lugar muito tranquilo, onde havia uma frondosa árvore, muito copada, como a convidá-lo a se abrigar debaixo de sua sombra. O sol ia alto e o dia estava quente, de sorte que Joãozinho resolveu apearse do cavalo e descansar um pouco sob aquela simpática árvore. O que mais agradou a Joãozinho naquele lugar, foi uma bela cachoeira. Imediatamente toda aquela conversa do “seu” Maneco lhe passou pela mente. Estaria ele, de fato, diante da cachoeira encantada, dentro da qual, diziam, morava Antonio? Tudo levava a crer que sim, e embora não houvesse ali pessoa alguma, ele sentia a presença de algum ser invisível. Como estava muito cansado, sentou-se debaixo da árvore e, embalado pelo murmúrio da cachoeira, em poucos instantes adormeceu. Foi então que ele teve um sonho maravilhoso; as águas se separaram, como se fosse uma cortina que se abria de par em par e, lá dentro, ele viu distintamente um grande templo, no fundo do qual erguia-se um altar todo de ouro maciço. No altar havia um anjo ladeado por dois santos, o da direita vestindo um manto vermelho e o da esquerda um manto azul, sendo que as vestes do anjo tinham um brilho dourado. No centro do templo, havia uma trípode, de onde se elevavam as chamas do fogo sagrado e de onde subia um suave perfume de sândalo que ali era queimado. De repente, Joãozinho ouviu, bem claro, uma voz que dizia: - “Eu sou Mikael, Eu sou o Anjo da Presença, o Anjo que fica mais perto do Trono de Deus”. Começou a procurar de onde vinha aquela voz e percebeu que quem assim falava era o Anjo de Vestes Douradas. Joãozinho estava abismado com tanta coisa bela, quando ecoou no interior do templo o som de um harmonium, tocando uma música maravilhosa. Nesse momento, o Anjo fez menção de se dirigir a Joãozinho, mas quando ia começar a falar, Joãozinho acordou... Muito espantado, Joãozinho olhou para a cachoeira; as suas águas porém continuavam a rolar lá do alto, muito brancas e lindas. O silêncio era completo, cortado apenas pelo ruído das águas que caiam. O perfume de sândalo que ele sentira no sonho, pairava no ar. Tudo ali era calma e sossego. Joãozinho estava ainda sob a impressão daquele sonho maravilhoso quando, levantando os olhos, viu a sua direita, um vulto. Olhou então de frente e reconheceu Antonio. A sua comoção foi tão grande, principalmente depois do sonho que tivera, que Joãozinho ficou como que pregado no chão, sem poder pronunciar uma palavra. Passados porém alguns minutos, Joãozinho conseguiu vencer a sua comoção e dirigindo-se respeitosamente a Antonio, perguntou-lhe: - Fiz mal em vir até aqui? - Ao contrário - respondeu Antonio - causa-me até muita alegria encontrar-me com

você, pois há muito que quero lhe falar, Joãozinho. - Como é que o senhor sabe o meu nome? - Eu sei o nome de todas as pessoas que moram nesta cidade e mesmo das que, como você, vêm passar apenas alguns dias aqui. Diante dessas palavras, Joãozinho não teve mais dúvidas de que se achava realmente diante de uma pessoa fora do comum. Disse então em voz muito alta: - “Muita razão tinha “seu” Maneco, quando nos disse que o senhor é um homem sobrenatural, que conversa até com os animais”. - Sim, realmente posso falar com os animais e também com as plantas, os ventos e as águas, e isso porque me identifiquei com a natureza, porque me pus em harmonia com ela. - Mas isso é uma coisa extraordinária - disse Joãozinho, cada vez mais admirado quanto gostaria também de ser assim! - Qualquer pessoa pode conseguir isso - respondeu Antonio - está ao alcance de qualquer um. Para isso, porém, é preciso estudar muito, ser bom, não ter pensamentos nem sentimentos maus para com ninguém e, o que é mais importante, cumprir com os seus deveres. Esse é o primeiro passo, é a primeira coisa que se tem a fazer para alcançar tão maravilhosos poderes. - É um pouco difícil - disseJoãozinho. - Não é tanto assim - respondeu Antonio - basta querer, mas querer com muita vontade mesmo. Faça uma experiência. - Vou tentar - disse Joãozinho - mas peço também a sua proteção, o seu auxílio. - Se você se esforçar, será auxiliado, não tenha dúvidas. Depois dessa pequena conversa, que valeu porém por uma grande aula, Antonio falou a Joãozinho: - Volte à Fazenda, mas não conte nada a ninguém do nosso encontro, nem da conversa que tivemos. Sempre que precisar de mim, venha a este lugar. De hoje em diante você será meu discípulo. Você, Joãozinho, terá um grnde trabalho no mundo, mas não se esqueça: procure cumprir sempre com os seus deveres. Dizendo essas palavras, Antonio abraçou Joãozinho e dele se despediu. Joãozinho então montou seu cavalo e partiu. Quando chegou à Fazenda, os companheiros que já haviam chegado havia muito tempo, indagaram por onde ele andara, mas Joãozinho, fiel à sua promessa, nada disse do encontro que tivera com Antonio. No dia seguinte os rapazes voltaram para a cidade, mas todos os anos, nas férias, Joãozinho se encontrava com o seu Mestre, ao pé da cachoeira misteriosa. Numa dessas vezes, Joãozinho pediu a Antonio que lhe explicasse aquele sonho que tivera com o Anjo do altar de ouro. - Ainda é cêdo para lhe contar o que isso significa - disse Antonio - você precisa estudar muito para poder compreender o significado verdadeiro desse sonho. No entanto, posso adiantar que o Anjo que você viu é, de fato, o Anjo Mikael ou Miguel, como é o seu nome em português. E as roupas dele tinham reflexos de ouro, porque ele é o Anjo que representa o planeta Sol, cor de ouro. Por isso também que o seu altar era de ouro, e o perfume do planeta Sol. - Que pena eu ter acordado na hora em que ele ia me falar - disse Joãozinho -que iria ele dizer-me? - Não sei - respondeu Antonio - mas o certo é que você está sendo protegido por ele, porque do contrário não teria esse sonho, que tem uma grande significação. - Quer dizer então que devem existir outros seis Anjos espalhados pelo mundo, que representam os outros seis planetas, não é? perguntou Joãozinho. - Assim é - respondeu Antonio - e esses sete Anjos protegem e guiam as pessoas que querem trabalhar pela humanidade, para que ela seja menos infeliz, para que não haja doenças, nem guerras. Esses encontros com Antonio se repetiam todos os anos. A conselho do seu Mestre, Joãozinho estudara Medicina e se tornara um médico de fama, curando muita gente. Ele era um bom médico, porque conhecia a natureza oculta do homem, que aprendera com Antonio. Ele sabia que o homem não possui apenas este corpo, mas outros dois ainda, e por isso levava vantagem sobre os outros médicos. Por outro lado, Joãozinho era uma criatura tão boa que não havia quem não gostasse dele. Joãozinho

era o que nós chamamos de um Super-Homem ou um Adepto da Boa Lei. Tornou-se, graças à sua convivência com Antonio, um homem útil à humanidade, levando alegria e felicidade a muitos lares e ensinando a seus amigos aquilo que aprendera do seu Mestre, cuja verdadeira identidade, que mais tarde ele veio a conhecer, jamais revelou a quem quer que fosse, cumprindo, assim, o que havia prometido. 07. Aula de 05.08.1951 Depois daquele domingo de que falei a vocês, da visita do Tenente Collins e suas filhas à casa do Professor, na Rua Santa Rosa, em Niteroi, e dos acontecimentos que ali se deram naquele dia, ficou combinada uma nova reunião para o domingo seguinte. Nesse domingo o número de pessoas presentes à reunião era bem maior, porque a notícia do que se passara no domingo anterior se havia espalhado e muita gente estava interessada em assistir também a esses fatos extraordinários. A reunião iniciou-se com uma corrente mental (fazer uma corrente mental significa dizer que um grupo de pessoas se reúna na mesma hora, pensando em uma mesma coisa; os pensamentos dessas pessoas se juntam todos formando uma corrente. Dá-se o nome de corrente, porque uma corrente é também formada de pequeninos elos, unidos ou ligados uns aos outros. Assim, uma corrente mental são pensamentos ligados uns aos outros. Vejamos agora qual a natureza dessas correntes mentais. Quando nos reunimos para fazer uma corrente mental, quer aqui na Sociedade quer no Templo ou mesmo em casa de um irmão, a finalidade é sempre alcançar todos os seres da Terra, levandolhes paz e felicidade, fazendo com que os nossos pensamentos alcancem a cada um. E o melhor meio para atingirmos esse fim é mentalizarmos ou pensarmos em um grande GLOBO AZUL com a palavra PAX em letras amarelas, cor de ouro. A palavra PAZ, além do sentido de paz, também quer dizer UNIÃO. Desse modo, pensando na palavra PAX, nós nos unimos pelo pensamento com todas as criaturas, desejando paz e felicidade para elas. Por isso no mantran dos Pupilos da Obra, que o Mestre escreveu para vocês, há um trecho que diz: “encantos que seduzem, numa Esfera de Anil”. Agora vocês já sabem que Esfera de Anil é essa. É o Globo Azul das nossas correntes mentais, com a palavra PAX. E esse Globo Azul chega até as pessoas a quem desejamos bem, porque depois que ele é formado, sabem vocês o que acontece? Ele cria duas asas, uma de cada lado, transformando-se assim num Deva que vai proteger toda a humanidade. É por essa razão que todos os dias as 6 horas da tarde, os irmãos residentes em São Lourenço se reunem no nosso Templo e realizam essa corrente mental do GLOBO AZUL COM A PALAVRA PAX, a fim de proteger a humanidade inteira. Qualquer um de nós, mesmo fora do Templo, em qualquer lugar que estejamos, podemos fazer também essa corrente, as 6 horas da tarde. Todos os Adeptos do Mundo, todos os Seres da Grande Fraternidade Branca, a essa hora, estão unidos pelo pensamento, e assim só pode ser de proveito para nós fazermos essa corrente, porque estaremos em comunhão com esses Excelsos Seres que são os Guias da Humanidade e que nos protegem dos mil perigos a que estamos expostos diariamente. Esses Seres são os nossos Anjos da Guarda). Explicada esta parte, vamos continuar a nossa narrativa dos primeiros dias de existência de nossa Sociedade. Assim, feita a corrente mental, começou a falar, através do Professor, uma entidade que disse ser o Representante do Raio Planetário da Lua. Ora, vocês já sabem que existem 7 Planetas Sagrados. Esses 7 Planetas são os corpos de 7 Anjos que nasceram, ou surgiram, no princípio das coisas, daquele Ser que nós chamamos de Deus e que representamos por aquele Triângulo com um Olho no Centro, tal como se encontra em nosso Templo. Esses 7 Anjos são também chamados “Espíritos Planetários”. As ordens que Deus dá aos homens, os ensinamentos que Ele dá, só podem chegar através desses 7 Grandes Anjos. Por esse motivo é que se diz que a palavra TEOSOFIA significa a Sabedoria dos DEUSES e não apenas de Deus. A Sabedoria de Deus só pode chegar até nós através dos seus 7 Representantes ou dos 7 Anjos ou Espíritos Planetários e outros Dhyan-Choans. Muitos outros nomes existem, ainda, mas isso vocês vão aprendendo com o tempo. Fala-se também que Deus se divide para consumar o Supremo Sacrifício. É justamente o que acabei de dizer: Deus se divide em 7 pedaços para chegar até os homens. Assim, cada um desses pedaços de

Deus tem a sua função. Assim, cada um desses pedaços de Deus ou cada um desses Anjos tem a sua função, tem o seu trabalho, ensina aos homens uma coisa diferente da dos outros. Guia os homens de um modo particular. Por exemplo, um orienta a humanidade na arte, outro na maneira de se defender, outro ensina como desenvolver a mente, os conhecimentos, outro como se deve dirigir um povo e assim por diante. Cada um atinge a humanidade de acordo com a sua natureza particular. Obedecendo a essa mesma Lei, nós vemos que as cores que existem na Terra são também 7; 3 cores que nós podemos chamar de 3 Cores Mães, que são o Amarelo, o Azul e o Vermelho. Dessas 3 cores é que surgem as outras 4, formando então o 7. É o mesmo que se dá com aquilo de que falei antes a respeito de Deus. Ele como Causa Única de onde tudo sai, é UM; apresenta-se porém como o TRIÂNGULO, portanto 3, e desse Triângulo saem os 7 ANJOS. Na música também temos 7 notas. Existem no mundo 7 Montanhas Sagradas, 7 são os dias da semana. Tudo isso obedecendo aquele fato de Deus se dividir em 7 pedaços, para poder chegar até aos homens da Terra. Ora, a Sociedade sendo a EXPRESSÃO MÁXIMA DA VONTADE DIVINA NA FACE DA TERRA, não podia deixar de ser fundada, quer dizer, não podia deixar de tomar forma na Terra, senão através desses 7 ANJOS OU ESPÍRITOS PLANETÁRIOS, que são os próprios representantes de Deus, como já disse. Assim, o primeiro Anjo que veio e falou foi o da Lua. Além de dar ensinamentos e falar sobre fatos que se iam passar no mundo, contou a vida passada de muitas pessoas ali presentes, falando ainda sobre acontecimentos que se iriam passar com essas pessoas, e curou doentes, colocando sobre eles as suas mãos. Ao despedir-se, essa Entidade anunciou que no próximo domingo deviam todos reunir-se ali novamente porque um outro Anjo viria, o Anjo de Marte. De fato, conforme havia sido anunciado, no domingo seguinte depois de feita a corrente mental, começou a falar, através do Professor, um Ser que disse ser o Representante do Raio Planetário de Marte. Uma das coisas importantes e interessantes que ele disse foi o seguinte: “Trago uma Espada de Dois Gumes: um que ama, outro que fere”. Ele dizia isso porque Marte é o planeta que tem a ver com o aspecto combativo, no sentido de defesa. Os homens tem que saber como se defenderem a fim de não serem mortos pelos que os atacam. Assim, na ordem dos Planetas, os Anjos foram-se apresentando durante 7 domingos seguidos. Depois de Marte, veio o de Mercúrio, depois Júpiter, depois Vênus, depois Saturno e, finalmente, o Sol. O domingo que coube ao Sol foi justamente o dia 10 de Agosto de 1924. O Anjo que se apresentou nesse dia, como o Representante do Raio Planetário de Sol falou que esse devia ser o dia escolhido para a fundação material da Sociedade, que nessa época recebeu o nome de DHÂRANÂ. A palavra Dhâranâ quer dizer “DOMÍNIO DA MENTE”. Esse primitivo nome dado à nossa Sociedade dizia logo qual seria o nosso trabalho principal: o da Mente, do Mental e, portanto, de estudos. Ajudar a humanidade pelo poder do nosso mental, dos conhecimentos mentais, dos estudos. Os nomes desses Sete Anjos ou Espíritos Planetários, ou ainda Dhyan-Choans, vocês já sabem, mas convém repetir: Gabriel - Lua; Samael - Marte; Rafael - Mercúrio; Saquiel - Júpiter; Anael - Vênus; Cassiel - Saturno e Mikael - Sol. Sete perfumes, sete pedras preciosas e sete metais correspondem a esses 7 Anjos e, portanto a cada um dos dias da semana, como vamos ver: Lua - 2ª feira - prata - incenso - ametista Marte - 3ª feira - ferro - estoraque - rubi Mercúrio - 4ª feira - mercúrio - mastique - topázio Júpiter - 5ª feira - estanho - açafrão - rubina Vênus - 6ª feira - cobre - mirra - safira Saturno - sábado - chumbo - alecrim - esmeralda Sol - domingo - sândalo - carbúnculo Vamos agora ver porque a Sociedade foi fundada em Niteroi. Como vocês sabem, houve uma ordem para que o Professor mudasse a sua residência para aquela cidade, sem no entanto se dizer o porque dessa exigência. Dessa ordem vocês se lembram bem, foi aquele aviso que apareceu dentro da cristaleira fechada. E o motivo dessa exigência é que em Niteroi, há muitos e muitos anos, muito tempo antes de o Brasil ser

descoberto pelos portugueses, viveu um Rei bom e sábio, queridíssimo de seu povo pela sua justiça e virtudes, chamado YETH-BAAL. YETH-BAAL era o que se pode chamar um REI DIVINO e, portanto, era um Rei que muito tinha a ver com um daqueles 7 Anjos, porque se ele era Divino era porque tinha recebido de Deus a missão de ser Rei e como para se receber uma ordem de Deus só é possível através de um dos 7 Espíritos Planetários, vê-se desde logo que Yeth-Baal era na Terra, um dos representantes desses Raios Primordiais, dos 7 Primeiros Raios. O seu próprio nome Yeth-Baal nos diz que ele estava ligado ao Raio Planetário do Sol, e portanto, ao Anjo Mikael, porque Yeth quer dizer PRIMOGÊNITO ou Primeiro Nascido, e Baal quer dizer DEUS. Assim Yeth-Baal em português, quer dizer, o FILHO MAIS VELHO DE DEUS, o que nasceu primeiro e, como já vimos na nossa história passada, o Anjo da Presença, o Anjo que fica mais perto de Deus, porque nasceu primeiro, é justamente o Anjo Mikael. Nessa época em que Yeth-Baal governava, Niteroi era uma grande ilha e a residência do Rei e da Rainha, era no lugar que hoje conhecemos como Pedra da Gávea. Mas, como sempre onde há uma representação da Divindade há também um Anjo Mau, um Espírito das Trevas, querendo atrapalhar o trabalho do Bem e da Evolução, como vimos naquela história da Atlântida, do lado oposto da Pedra da Gávea, em uma outra Montanha que hoje tem o nome de Pão de Açúcar, residia o Anjo Mau. Era costume de Yeth-Baal e sua esposa passearem pela baía da Guanabara em uma linda barquinha azul, acompanhados sempre por um casal de fiéis servidores. Em um desses passeios, em que o escravo ia conduzindo a barquinha, o Espírito do Mal que estava à espreita, esperando uma oportunidade para perseguir o Rei e a Rainha, fez levantar uma grande tempestade no mar, e a barquinha não podendo resistir aos enormes vergalhões que se levantavam, afundou com todos os seus tripulantes. Mãos bondosas, porém, recolheram os corpos do Rei, da Rainha e do casal de servidores e levaram-nos para a sua residência, que desde esse dia foi transformada em um túmulo. Lá ainda se encontram eles, inclusive a barquinha azul que tantas e tantas vezes levara os reis a passear. Foi inspirado nesse fato que o nosso Mestre compôs uma linda música chamada “Peregrino da Vida”. Vejamos agora o significado da palavra Niteroi: Ela se deriva da palavra NISH-TAORA, que quer dizer: “O Caminho Iluminado pelo Sol”, ou ainda, “O Caminho pelo qual o Sol Espiritual iluminará a 7ª Sub-Raça”. Esse Sol Espiritual é a nossa Obra e a 7ª Sub-Raça é a nova civilização, as novas famílias, os homens, mulheres e crianças que vão nascendo daqui para o futuro, substituindo estes homens que constituem a raça atual, a civilização dos nossos dias, que pouco a pouco vai desaparecendo do mundo. E quem prepara essa nova civilização, essa nova Raça, que é a 7ª Sub-Raça é a Sociedade Teosófica Brasileira. Por isso podemos dizer com toda a convicção, com toda a certeza que A S.T.B. é um SOL que ilumina a mente de todos os homens no mundo que queiram fazer parte dessa nova civilização, de um mundo mais feliz, mais tranquilo, como mesmo vocês cantam no seu mantran: “Nós somos a semente da Raça do Porvir A vida mais contente havemos de fruir”

08. Branca de Neve e os Sete Gnomos (Aula de 02/09/1951) Hoje vou explicar o sentido verdadeiro do conto “Branca de Neve e os Sete Gnomos”história esta que vocês mesmos vão contar aos seus amiguinhos por meio de teatrinho de fantoches. É uma história já muito conhecida, mas vamos estudá-la sob o aspecto oculto, teosófico ou iniciático, que é a mesma coisa. Vamos ver o que expressa cada um dos personagens desse conto. Cada um deles é um símbolo e os teósofos como nós, procuram sempre estudar os símbolos. Todas as histórias que existem são alegorias, isto é, são maneiras de que se servem os seus autores para nos apresentar as coisas abstratas, como por exemplo, o Bem, o Mal, o Amor, o Pensamento, a Vontade e outras coisas mais que não tem forma, por meio de príncipes, princesas, fadas, animais, árvores e até objetos. Um dos principais estudos da Teosofia é procurar conhecer o Espírito das Coisas, dar vida às formas, aos símbolos, ver, enfim, através da nossa Mente, da nossa Inteligência, o significado dos símbolos. Quais os personagens de “Branca de Neve”? Temos em primeiro lugar a princesinha Branca de Neve, depois a Madrasta, que é uma mulher muito má; o Escudeiro, os Sete Gnomos (não Anões) e, finalmente, um Príncipe que é o Salvador. A pessoa que escreveu esta história conhecia muito bem Ocultismo; era naturalmente um Iniciado ou Teósofo, porque são perfeitos os símbolos de que se serviu para expressar grandes verdades. Para começar, vejamos o nome da Princesa - Branca de Neve. O que logo nos faz pensar esse nome? O Bem, o que é Bom e, portanto, a Lei da Evolução, representada na Terra pela Fraternidade Branca, pelos Adeptos Brancos. Mas, como não há Bem sem o Mal, vejamos logo a figura da Madrsta, representando o Mal, os Anjos Maus que tentam os homens, que perturbam a sua evolução. Quer dizer que a Branca de Neve e a Madrasta são os símbolos do Bem e do Mal, dos Anjos Bons e dos Anjos Maus, da Magia Branca e da Magia Negra. O Bem e o Mal são duas grandes forças que existem no Mundo e que estão sempre lutando uma contra a outra. Podemos mesmo comparar essas duas forças com a Luz e a Sombra. Onde há luz projeta-se a sombra. Assim, os Seres que trabalham para o Bem, são chamados os Adeptos Brancos e os que trabalham para o Mal, são chamados os Adeptos Negros. Assim, nesta história, o Bem e o Mal estão representados ou simbolizados em Branca de Neve e a Madrasta. Branca de Neve é a menina pura, boa e caridosa, que só faz bem aos outros e todos gostam dela, até os bichinhos da floresta. Nenhum animal na floresta a atacou quando ela foi abandonada pelo escudeiro, pelo contrário, todos procuraram alegrá-la, cada um a seu modo, uns cantando, outros apanhando frutos para ela comer. A Madrasta é o tipo perfeito do Mal na Terra, daqueles anjos maus que só se sentem felizes quando a humanidade se desvia da Lei de Deus, que é a Lei do Bem ou a Lei da Evolução. A Madrasta sabe manejar as forças ocultas da natureza para praticar o mal e é por isso que ela envenena a maçã, com que pensa matar a linda princesinha. As gargalhadas que ela dá quando vê Branca de Neve estendida no chão, como morta, são verdadeiramente diabólicas. Vê-se bem, aí, o Espírito do Mal, da Maldade. Assim, o autor deste conto apresenta-nos a bondade da princesinha e a maldade da Madrasta; quis mostrar que onde anda o Bem anda o Mal. Até a Vida de Jesus Cristo,

que foi um dos Sete Filhos de Deus, Aparece o Espírito do Mal tentando-o, oferecendo-lhe o Mundo todo, se Ele deixasse de cumprir a sua Missão. E isso porque Jesus Cristo era a Luz e o Demônio era as Trevas ou a Sombra. No escudeiro que leva Branca de Neve para a floresta, nós vemos a LIBERDADE DE AÇÃO, isto que, em Teosofia, se chama LIVRE ARBÍTRIO. É a liberdade que todo homem tem de praticar o Bem ou o Mal. Todos nós podemos ser tentados a praticar uma ação má ou errada, como por exemplo, deixarmos de ir à escola para ir ao cinema ou jogar futebol, mas, como sabemos que isso não é certo, que vamos nos atrasar, que vamos deixar de cumprir com o nosso dever, vamos prejudicar os nossos pais que fazem sacrifícios para que nós estudemos, o que acontece? A nossa capacidade de distinguir o que é certo do errado, nos manda ir à escola e não nos deixa cometer um erro. Foi exatamente isso que fez o Escudeiro. Ele pensou e viu que se matasse Branca de Neve, como lhe ordenara a Madrasta, estaria praticando um ato indigno, estaria praticando uma ação má e criminosa, e por isso, ele decidiu por sua própria vontade, usou daquela liberdade de agir de que falei há pouco, que é um direito de todo o homem. Erra-se por ignorância, mas desde que se saiba, que se tenha consciência do erro, devemos evitá-lo. Neste conto tão interessante não faltaram sequer as Sete Colinas que a menina teve que atravessar para chegar à residência dos gnomos. Essas Sete Colinas nos fazem lembrar as Sete Regiões ou Cidades Sagradas que existem na Terra, onde moram aqueles Sete Anjos Planetários, aqueles Sete Dhyan-Choans que auxiliaram na construção da nossa Obra, vindo um de cada vez, durante 7 domingos seguidos. Dá-se o nome de Sistema Geográfico a essas 7 cidades. Quando se fala de planetas, diz-se um Sistema Geográfico, que são os Sete Planetas Sagrados, já conhecidos de vocês. Quando se fala de cidades, diz-se de um Sistema Geográfico. Essa palavra Sistema refere-se sempre a 7 coisas e mais uma no Centro. Assim, um Sistema Geográfico se compõe de Sete Cidades e mais uma no Centro. Quem será capaz de me dizer os nomes das Sete Cidades que formam esse Sistema Geográfico Sul-Mineiro e mais o nome da Oitava, ou daquela que fica no Centro? Outro símbolo é o espelho mágico, que responde às perguntas da Madrasta. Reparem que ele diz sempre a VERDADE. Por isso ele representa a Voz da Consciência, a Voz da Razão que todos nós ouvimos e que nunca mente, sempre diz a verdade, embora muitas vezes não gostemos de ouvir essa Verdade, porque ela é desagradável para nós na maioria dos casos, como era desagradável para a Madrasta, que não gostava de ouvir alguém dizer que ela não era a mulher mais bela do mundo. O Espelho, portanto, nesta história, é o símbolo da Consciência Humana, daquela que nunca mente e sempre fala a verdade. Agora vamos ver porque devemos chamar aos protetores de Branca de Neve de GNOMOS e não anões, como geralmente se diz. Quem desconhece as leis ocultas da natureza confunde esses dois termos, mas nós, teósofos, não podemos confundir um com o outro, porque são duas coisas bem diferentes. Anão é um homem anormal, que não cresce como os demais devido ao não desenvolvimento de uma glândula chamada hipófise localizada na cabeça, ao passo que os GNOMOS são os Espíritos da natureza, os elementais da terra; são eles os guardiões dos tesouros subterrâneos, do ouro, da prata e das pedras preciosas que são encontrados dentro da terra. Eles são os guardiões da floresta. É por isso que nesta nossa história, eles saiam todas as manhãs, cada um com o seu instrumento que, por sinal, tem a conformação de um 7, como por exemplo a enxada, a pá, a picareta, e iam trabalhar no seio da terra, nas minas. Vocês todos conhecem a história escrita por D. Helena, Chamada “GOBI - O Gênio da Floresta” e, assim, sabem que os Gnomos trabalham dentro da terra, porque são os elementais GOBI é o Rei dos Gnomos, é aquele que governa os Gnomos. A água também tem os seus elementais, do mesmo modo que o fogo e o ar. Os elementais da água são chamados ONDINAS ou SEREIAS, quando se trata de água do mar; quando se trata de água doce, como dos rios ou lagos, o seu nome é XANAS; do fogo são as SALAMANDRAS e do ar as SÍLFIDES ou SILFOS. Essas quatro ordens de seres chamados Gnomos, Ondinas, Salamandras e Sílfides, que denominamos de elementais, são os seres que animam, respectivamente, os quatro elementos: TERRA, ÁGUA, FOGO e AR. Podemos mesmo chamá-los de ESPÍRITOS DA NATUREZA.

Quem nesta história representa a Lei da Evolução, a Lei de Deus, a Fraternidade Branca ou os Adeptos da Boa Lei? E a Lei da Involução, o Espírito das Trevas, os Anjos Maus, os Demônios? E o Escudeiro, aquele que agiu por sua própria VONTADE, que decidiu por ele mesmo? E o Espelho Mágico, que só falava a VERDADE, embora desagradando a Rainha Má? que representa ele? E as 7 Colinas, que são elas? E os 7 Gnomos? Como podemos relacioná-los? Que estão eles representando? Está faltando porém um personagem, um dos mais importantes desta história. Quem é Ele? De quem ainda não se falou? do PRÍNCIPE do SALVADOR, daquele belo Príncipe que com o seu grande Amor faz Branca de Neve voltar à vida. O Príncipe é o símbolo perfeito dos grandes Salvadores da Humanidade, que, por amarem muito a Humanidade, vem salvá-la. Mas salvá-la de que? Salvá-la das garras dos Anjos Maus, como aconteceu na Atlântida. Todas as vezes que esses Anjos Maus vem à Terra, os homens se afastam de Deus, se afastam da Grande Lei e é por isso que os SALVADORES DO MUNDO, como por exemplo Jesus Cristo, aparecem também nessas ocasiões, para levar os homens ao Caminho do Bem, ao Caminho que conduz novamente a Deus. Se eles não amassem muito a humanidade, como o Príncipe amava Branca de Neve, eles não deixariam o seu reino de paz e felicidade para vir sofrer aqui na terra com os homens, a fim de salvá-los. Nesta história vê-se a luta entre Branca de Neve e a Madrasta, ou a luta entre as forças brancas e as forças negras, mas a Lei de Deus vence, porque Branca de Neve não morre; ela apenas desfalece até que o seu Salvador lhe dá um beijo e ela novamente volta à vida. Esse beijo de amor traduz bem aquele AMOR UNIVERSAL que todos os Grandes Iluminados, todos os SALVADORES sentem pela humanidade, pelos homens da Terra. Jesus Cristo ou Jeoshua Ben-Pandira teve, também, esse Amor pelas criaturas humanas, porque de fato Ele era um enviado de Deus para salvar os homens daquela época. Gautama, o Budha, foi outro ser dessa mesma natureza. Ele abandonou as suas riquezas terrenas, os seus palácios, pois era um príncipe, para poder conviver com o povo e ensinar-lhe tudo quanto sabia, para que os homens não fossem ignorantes das coisas divinas. Krishna, Kunaton e todos os Iluminados que ornam este salão, foram enviados pelo Pai de todas as coisas, a fim de restaurar a Lei, o verdadeiro Culto Divino, porque como ele mesmo disse certa vez: “Todas as vezes em que a Lei declina, Eu me manifesto”. Isso quer dizer, que todas as vezes que os Anjos Maus estão querendo vencer a grande batalha, que de tempos em tempos se trava entre eles e os Anjos Bons, Deus envia um dos seus Filhos, para salvar a Humanidade e não deixar que Ela morra. Do mesmo modo que o Príncipe salva Branca de Neve, os Salvadores do Mundo salvam a Humanidade. E isso porque o Espírito do Mal não pode vencer o Espírito do Bem. Só o Bem pode vencer, só uma Lei pode existir, como diz a canção. E essa Lei é a Lei de Deus, representada na Terra pelos Adeptos Brancos, pelos Anjos Bons. Quando aparece na Terra um grande Iluminado e vence a grande luta contra o Espírito das Trevas, o mundo todo vive um período áureo ou Idade de Ouro. Durante esse tempo, todos são felizes, porque não há guerras, não há doenças, nada há de mau. E é essa Idade de Ouro, essa era de paz e de felicidade, que a Sociedade Teosófica Brasileira anuncía, com a vinda de um grande Ser de um grande Iluminado que é conhecido como o CAVALEIRO DAS IDADES, porque virá montado em um belo cavalo branco. 09. Os Quatro Reis do Baralho (Aula de 07/10/1951) Todos vocês conhecem um baralho de cartas e sabem que eles são formados de 4 naipes: Ouros - Copas - Paus - Espadas, tendo, cada um deles, dez cartas numeradas de 1 a 10 e mais um valete, uma dama e um rei, ou príncipe, rainha e rei, formando o que se chama uma côrte, ou então uma família como: pai - mãe - filho. Hoje as cartas servem de divertimento, pois são utilizadas para jogar, para se

perder dinheiro, para levar um chefe de família à miséria, quando apostam todo o dinheiro que tem, deixando os filhos passando fome. No entanto, quem inventou o baralho não o fez para esse fim, pois as cartas foram feitas para estudo. Os desenhos que nós vemos nelas são ensinamentos. Antigamente, não haviam letras para se escrever, como hoje, de modo que os povos antigos, quando queriam transmitir as suas idéias aos outros, faziam desenhos. É por essa razão que encontramos desenhos esculpidos em certas montanhas, como por exemplo em São Tomé das Letras, na Pedra da Gávea e em muitos lugares do Brasil e de todo o mundo. Nos velhos templos egípcios vê-se também nos muros, uma porção de desenhos, todos eles contando a história do seu país, os costumes dos seus povos, as ordens dos seus reis. Esses desenhos chamam-se hieróglifos. Há muitos e muitos anos, havia na terra um reino, cujo governador era um homem muito justo e bom que havia nascido na Agartha. O povo, porém, não obedecia às suas ordens e vivia sempre brigando. Houve tanta luta e desordem entre eles que um dia o próprio rei foi assassinado. Os Deuses revoltados com tamanha injustiça, castigaram então aquele povo, obrigando-o a andar pelo mundo a vida toda, sem nunca ter uma pátria. Os descendentes desse povo errante são os ciganos que todos conhecemos. Um grupo deles viveu durante algum tempo em um país da Europa chamado Boêmia, daí serem também conhecidos pelo nome de Boêmios, mas a pátria deles não é lá. O nosso Mestre os chama de Adeptos da letra C, porque a maioria das coisas com que eles lidam se escreve com essa letra C. Por exemplo: eles gostam muito de cavalos, os primeiros circos foram feitos por eles e, antigamente, sempre andavam em carros, neles viajando de um país para outro. Aliás, esses carros eram onde moravam pois eles não tinham casas como nós, pelo fato de terem sempre que viajar de um lugar para outro. Era mais fácil se mudarem de uma terra para outra morando nos próprios carros em que viajavam. A atração deles pela letra C é tão grande que, ainda hoje, procuram sempre morar em lugares cujos nomes comecem com essa letra. No Rio, por exemplo, a maioria dos ciganos mora em Catumbí e, em São Lourenço, havia um grupo que morava na Vila Carneiro. Uma das coisas que os ciganos trouxeram quando foram expulsos da sua terra, foi o baralho de cartas. Eles sabiam muito bem interpretar os desenhos das cartas, pois isso tinham aprendido do seu rei. Assim, os ciganos usavam essas cartas para ajudar os outros. Quando, por exemplo, uma pessoa andava doente sem poder curar-se, ou os negócios andavam mal, ou tinham quaisquer outras tristezas, os ciganos, principalmente as mulheres, as ciganas, punham as cartas para essa pessoa e as cartas, então, pela maneira como se apresentavam, iam contando, isto é, as ciganas iam contando a essa pessoa o mal que a afligia e, ao mesmo tempo, ensinando o que devia fazer para melhorar desse mal. Mas como podiam essas ciganas ou cartomantes saber o que as cartas diziam? Pela razão muito simples de elas conhecerem muito bem as figuras e de saberem o que essas figuras queriam dizer. Elas sabiam que os 4 Reis são a representação de 4 Grandes Seres que trabalham junto dos homens, desde que os homens nascem até que morrem. Assim, um tem a ver com o nascimento de todos os Seres da Terra, outro com o momento da morte, outro com os seus atos (aquele Ser da Balança, que pesa as boas e más ações) e, finalmente, outro com a inteligência, com o pensamento que todos os homens possuem. Esses 4 Seres são chamados Kumaras. Para se saber qual o rei que tem a ver com o nascimento, com a morte, com as ações dos homens ou com a inteligência, deu-se a cada um uma cor ou um naipe. Assim, o naipe de ouros pertence ao senhor da vida ou Manú, como é também o seu nome; o de copas ou taça, aquele ser que guia os homens no momento da morte e que os conduz para os lugares que devem ir depois que morrem. Assim como o senhor da morte guia os homens quando eles deixam de viver, do mesmo modo o senhor da vida, ou Manú, é que escolhe a família e o lugar onde a criança deve nascer; por isso é que ele se chama o Senhor da Vida. O naipe de paus é daquele outro rei que toma conta das ações dos homens e o de espadas é do rei que dá a inteligência ao homem, por isso o desenho da espada quer dizer sabedoria, porque vem desse ser que é o rei da inteligência. Por isso também que no nosso emblema, no emblema da S.T.B. há uma espada, querendo dizer que a S.T.B. dá sabedoria, dá inteligência aos seus discípulos, aos seus alunos. Agora vocês compreendem porque as cartomantes podem ajudar os outros por meio de um

baralho, porque as cartas com os seus desenhos, com os seus reis, rainhas, valetes e demais números, vão mostrando o que está se passando com a pessoa que lhe pergunta, que lhe pede uma explicação para os seus sofrimentos.. Se há um perigo de morte, apresenta-se diante da pessoa que faz a consulta, uma carta do naipe que corresponde ao Senhor da Morte. Se se trata de qualquer coisa com a vida, com os negócios, é uma carta com o naipe de ouros, e assim por diante. Justamente pelas cartas representarem as 4 Grandes Forças ou Potestades que governam o Mundo é que não se deve usá-las para brincar, para divertimento e, pior que isso, para tirar dinheito dos outros, como acontece com algumas pessoas que preferem jogar cartas ao invés de trabalharem honestamente. Fazem do jogo uma profissão, passam os dias sentados em botequins, bebendo e jogando, ao invés de trabalharem e estudarem. Essas pessoas geralmente acabam muito mal, porque quando não tem mais dinheito para jogar, tornam-se até ladrões e criminosos. Há casos de filhos que matam até os pais por causa do jogo. Mas já que estamos falando nesses 4 Reis que governam o mundo, vamos ver uma outra coisa além dos baralhos, que também representam esses Reis. Quem já ouviu falar em um enorme animal de pedra que se encontra na entrada do deserto, no Egito, chamado ESFINGE? A Esfinge é um animal que tem cara de anjo, asas de águia, patas de leão e ancas de touro. Foi outro modo de os povos antigos darem uma forma material aos 4 Grandes Reis, querendo com isso, dizer que eles eram tão perfeitos quanto o são os anjos ou devas, como também lhes chamamos; que possuíam o poder de se elevar aos mundos celestes, como a águia que voa e mora nas mais altas montanhas do mundo, que tinham o poder do leão, chamado o rei dos animais e ainda que possuíam a força física do touro, que trabalha na terra, para os homens, lavrando os campos. No tempo em que a Esfinge falava (porque houve uma época em que ela falava), ela dizia a toda a pessoa que perto dela passava: “Ou tú me decifras ou eu te devoro”. O que ela queria dizer com essas palavras é que todo aquele que não frequentasse uma Escola de Iniciação, como é, por exemplo, a S.T.B., jamais saberia da existência dessas 4 Potestades e do Trabalho que Elas realizam, ajudando a humanidade, e, por desconhecer tudo isso, ficava ignorante das coisas divinas e cada vez mais se afastava de Deus. Pelo contrário, os que sabiam todos os segredos e mistérios que cercavam essas 4 Grandes Criaturas, ligavam-se a Deus e, como ligar-se a Deus é receber a sua Luz Puríssima, ficavam Iluminados. Daí o nome de Iluminados que tem todos os homens que trabalham pela humanidade, obedecendo às ordens dos 4 Reis da Terra. Ao contrário, os homens que, por vadiação ou por não quererem estudar, nunca descobriram o segredo da Esfinge, eram comidos por ela, isto é, desapareciam; ao invés de se iluminarem, se apagavam e se afastavam de Deus. Quem se afasta de Deus, se apaga, fica sem luz, fica no escuro. Por causa desses 4 Seres que governam o Mundo espiritualmente, é que na Terra tudo obedece ao número 4. Quatro são os pontos cardeais: Norte - Sul - Leste - Oeste. Pois bem, em cada um desses pontos cardeais, esses Reis colocaram os seus discípulos mais estudiosos, fazendo as vezes deles mesmos. Assim, um está no Norte, outro no Sul, outro a Leste e outro a Oeste. Em certas cerimônias na Igreja Católica, o padre dirige o incensário para os pontos cardeais, saudando dessa maneira, os 4 Grandes Senhores que tomam conta da Terra. Por serem 4 os Reis que governam o mundo espiritualmente, o número 4 dá sempre a idéia de governar, de mandar e por isso, em certos países, como por exemplo a Inglaterra, até há bem pouco tempo os reis, ao serem coroados, tinham que se sentar em uma pedra de 4 cantos, uma pedra quadrada, como quem diz que essas 4 Criaturas são o pedestal, a base onde se assenta o Governo do Mundo. No nosso Templo, na Vila Canaã, em São Lourenço, existe também uma Pedra Encantada. A história dessa Pedra um dia vocês saberão. Pois bem, antes de essa Pedra ser conduzida ao nosso Templo, o nosso Mestre teve que se sentar nela, o mesmo tendo feito Akdorge. Há diversas maneiras de se representar essas 4 Entidades, além das que já vimos, isto é, dos baralhos de cartas e da Esfinge. Havia um homem muito bom chamado Ezequiel, que viu esses Seres como se fossem 4 Anjos, que ele chamou de criaturas viventes, que lhe apareceram cercados de labaredas de fogo, do qual saíam relâmpagos. E Ele via os Anjos voarem tão depressa como se fossem raios no céu.

Ora, na História da nossa Obra, também esses 4 Seres tiveram um trabalho muito importante. Quando o nosso Mestre tinha 15 para 16 anos de idade, teve que fazer uma viagem de estudos ao Oriente, na India, na cidade de Srinagar (que como vocês já sabem, quer dizer “Homens Serpentes” ou “Homens Sábios”). Antes porém, passou por Portugal. Chegando à Capital daquele país, Lisboa, aconteceu uma coisa tão séria, pondo em perigo a viagem que ele precisava fazer, que os seres que o acompanhavam apelaram, isto é, pediram a ajuda daquelas Entidades. Assim, os 4 se apresentaram, dois deles ficando em Portugal, em um lugar chamado Serra de Sintra, presidindo a uma cerimônia importantíssima, enquanto os outros dois seguiram viagem com o Mestre para Srinagar. Sempre que se trata de coisas que dizem respeito diretamente à Terra, esses 4 Seres são chamados, tal como aconteceu naquela História do Colibri Irisiforme, quando o velho rei chamou os 4 Pássaros Sagrados ao se atirar na fogueira. Os 4 Pássaros daquela lenda são os 4 Kumaras. Esses 4 Seres, embora sejam criaturas humanas, são de natureza bem diferente dos homens comuns; são criaturas que quase não falam, não bebem água, nem se alimentam e, no entanto vivem na Terra. É claro que vivem em lugares apropriados à sua natureza, naquelas regiões sagradas que existem na Terra e só vêm para o convívio dos homens nas ocasiões em que são chamados para prestar um auxílio necessário, como aconteceu em Lisboa, Portugal, quando o Mestre por ali passou. Conta o Mestre que ao chegarem a uma cidade de nome Goa, uma moça aproximou-se dos viajantes, oferecendo-lhes água em um púcaro. Como é natural, todos beberam, menos aqueles dois misteriosos seres que fizeram um sinal negativo com a mão, quando a moça lhes ofereceu a água, como quem diz: - “Para vivermos, não precisamos de água, nem de alimento”. Vejam vocês quanta coisa pode-se aprender de um simples baralho de cartas, que foi feito por alguém que conhecia muito bem a história da Terra em que vivemos e dos homens que nela habitam. Quem inventou as cartas quis auxiliar os homens ensinando todas essas coisas. É por isso que as pessoas que sabem disso, como nós, teósofos, não devem utilizar conhecimentos superiores para brincar, porque isso é ruím, atrapalha a vida da gente, obriga a fazer coisas contrárias ao que é direito. As cartas devem servir para auxiliar os outros, como fazem algumas cartomantes, que sabem bem o que elas querem dizer. Quem vive de jogo de cartas ao invés de se ocupar com coisas úteis à sua evolução, está involuindo, está se afastando de Deus e dos seus ensinamentos. Ao invés de se tornar um Iluminado, torna-se um ignorante, um bôbo, chegando ao ponto de ser desprezado pelos amigos e pelos parentes, porque se torna indesejável, um ser sem qualquer espiritualidade.

10. O Milagre da Árvore da Vida (Aula de Novembro de 1951) Há muitos anos vivia em uma cidade da India, um armador. Morava em uma bela casa com um grande jardim, onde havia, no centro de um repuxo, uma estátua do deus Apolo. A maior riqueza do armador consistia na sua filha, jovem de rara beleza, que

se chamava Iracy. Desde pequenina o seu rostinho encantava a todos e daí ser também chamada de “Bela”. Mas Iracy não era apenas bonita, era também muito boa, possuía um coração grande. Todos que dela se acercavam recebiam sempre uma palavra de carinho e de amizade. Dizia-se mesmo que ela ficara assim tão linda e tão boa porque desde criança o seu pai fazia com que ela depositasse, todos os domingos, um ramalhete de rosas aos pés daquela estátua de Apolo que havia no jardim do seu palacete. E como Apolo é o deus do Amor e da Beleza, o povo dizia que fôra ele quem lhe dera esses dons. O pai de Iracy pertencia à uma família de nobres Portugueses e por isso ele tinha o título de Barão. Em Goa, onde morava, todos os conheciam pelo nome de “Barão Henrique”. Iracy tinha sete primas mais ou menos da sua idade, moças também muito boas e que eram as suas companheiras inseparáveis. Estavam sempre juntas. Elas se chamavam Carmem, Consuelo, Madalena, Lúcia, Dolores, Maria e Ana. Quando Iracy completou 15 anos de idade, o Barão Henrique foi avisado pelo seu Mestre, pois ele era um Iniciado, isto é, era um homem que pertencia à Fraternidade Branca, de que deveria fazer uma viagem com iracy e suas sete primas, para terras muito distantes. - Tende, porém, muito cuidado com Iracy - disseram-lhe os seus conselheiros. - Há um príncipe mau que, como castigo de suas maldades, ficou com as feições de um horrendo animal. Esse príncipe já viu Iracy e tão impressionado ficou com a sua beleza que quer raptá-la. Desde o dia em que recebeu esse aviso, o Barão Henrique ficou muito preocupado com o futuro de Iracy. Desse modo, quando recebeu ordens de viajar com ela, ficou até um pouco aliviado, indagando: - “Quem sabe se viajando para longe daqui, também nos afastaremos do perigo que ameaça a minha filha?”. Tranquilizado com essa idéia, começou a tratar do necessário para empreender tão longa viagem. Finalmente, tudo pronto, partiram todos, embarcando no navio que os devia transportar para bem longe das terras onde tinham vivido durante tantos anos. Durante a viagem tudo correu muito bem. As moças eram muito prendadas, todas elas tinham recebido uma educação primorosa: sabiam recitar bailar e cantar. Iracy então, nem se fala, tinha uma voz lindíssima e durante muito tempo estudara canto. Assim, durante a viagem se distraiam tocando piano e cantando, ou desenhando, pois Iracy tinha sido aluna de um famoso Adepto, Ser de grande valor, que lhe ensinara a pintar maravilhosamente. A bordo vinham também uns ciganos, que executavam lindas músicas ao violino, pois os ciganos são exímios violinistas, e dançavam também, de maneira que a viagem foi bastante distraída. O Barão, embora fosse um homem de recursos, não era, no entanto, um milionário, de maneira que as despesas que fizera com a viagem o tinham deixado com pouco dinheiro, além do mais, o seu trabalho estava parado, uma vez que ele estava ausente, viajando. Andava preocupado com isso, porque o dinheiro que levara estava se acabando, quando Iracy, percebendo a tristeza do pai, falou-lhe: - Não se aflija tanto assim, querido pai, nós poderemos auxiliá-lo. - Como? - perguntou o Barão, sorrindo. - Dando concertos de canto ou piano - respondeu a moça. - Poderíamos até organizar uma companhia teatral, levando peças históricas lembrou Consuelo. - Ótima idéia - exclamaram as outras, batendo palmas contentes. O Barão tão comovido estava com a dedicação das jovens, que nem sabia o que dizer. Beijava e abraçava a todas elas, com ternura. Quando pode falar, disse: - Vocês são mesmo uns anjos de bondade”. Depois de muito escolherem, ficou finalmente assentado que a peça de estréia da Companhia receberia o nome de Tim-Tim por Tim-Tim, seria a história de Ulysses, um guerreiro grego da antiguidade, que ao voltar à sua Pátria após longa ausência, naufraga o navio onde viajava, e ele, depois de muita dificuldade, consegue nadar até uma ilha habitada por musas, que são mulheres fantásticas, inspiradoras das artes. As musas seriam as moças, porém faltava o personagem principal que era

Ulysses. A bordo havia um rapazinho que se oferecera para representar o papel de Ulysses, mas ele não tinha muito jeito. Como porém não havia outro, os ensaios iam sendo feitos com ele mesmo, até que se conseguisse outra pessoa que pudesse substituí-lo. - Talvez ao desembarcarmos, encontraremos um jovem da minha idade para representar comigo, não é papai? - perguntou um dia Iracy. - E que tenha também uma boa voz - disse Madalena. - Sim, porque ele tem que cantar um dueto comigo - falou Iracy. -Tudo há de se arranjar do melhor modo possível - respondeu o Barão Henrique Temos porém que escolher um rapaz distinto, de boa família. Não quero que vocês trabalhem com qualquer pessoa. Se não conseguirmos um rapaz educado, de boas maneiras, vocês tenham paciência e representem mesmo com José, este era o nome do rapazinho de bordo. - Está bem papai - respondeu Iracy - O caso fica entregue ao senhor. - Já sabia que a minha filha era uma menina ajuizada - disse o Barão satisfeito. Ao desembarcarem, depois de procurarem por um hotel onde deixaram a bagagem, foram à procura de um teatro. Depois de algumas dificuldades, conseguiram alugar um teatro de nome “São José”. Antes da estréia, porém, tiveram, como é natural, que fazer muitos ensaios. A esses ensaios ia sempre um velho amigo do Barão, chamado Antonio Maceió, que levava consigo um jovem de nome Hélio. De tanto assistir a peça, Hélio já sabia de cor todo o papel de Ulysses e estava doidinho de vontade que o convidassem para representar, tanto mais que via o pouco jeito de José. José, por sua vez, percebendo o interesse que Hélio estava tomando pelos ensaios, pois não faltava nunca, resolveu um dia fingir-se de doente, para ver se assim dava oportunidade a Hélio, de quem já se fizera amigo íntimo, de representar. E assim fez. Pretextanto uma forte dor de cabeça, José faltou ao ensaio. Ora, Hélio que estava ali firme, foi convidado para subir ao palco e cantar com Iracy. O resultado foi o melhor possível, pois além de Hélio saber direitinho todo o papel de Ulysses, tinha muito jeito para representar e também sabia cantar admiravelmente bem. Quando Iracy e Hélio acabaram de cantar, todos aplaudiram, entusiasmados, inclusive José, que aparecera depois que o espetáculo havia começado, para ver o resultado da “peça” que pregara ao seu amigo. Hélio, compreendendo então qual tinha sido a intenção de José, dando-lhe aquela oportunidade de representar, caiu nos braços do seu amigo, agradecendo-lhe aquela prova de amizade. Excusado será dizer que daí em diante Hélio ficou fazendo parte da Companhia “TimTim por Tim-Tim”, com grande satisfação do seu amigo José. Tão grande foi a amizade que se estabeleceu entre Hélio e Iracy, que um dia o jovem disse ao Barão que não mais pdoeria viver longe dela e que somente com ela se casaria. Ao ouvir essas palavras, o Barão Henrique ficou muito contente, pois fora avisado depois da sua chegada, que toda aquela viagem não tinha sido feita com outro fim senão o de fazer com que os dois jovens se conhecessem, pois Hélio era a única pessoa com quem Iracy podia casar-se. - Teremos, no entanto, que voltar à India - disse o Barão a Hélio - Mesmo assim estás disposto a acompanhar-nos? - Naturalmente que sim - respondeu Hélio resolutamente. Antes do regresso à India, Hélio e Iracy foram um dia dar um passeio de barca em uma ilha chamada Itaparica. Estavam os dois na praia, olhando as águas do mar, quando de repente uma grande onda se elevou e de dentro dela ouviu-se uma voz bem clara dizendo: - “Meus filhos, vocês vieram ao mundo para uma grande missão, mas por isso mesmo tomem muito cuidado com as suas vidas, porque um grave perigo paira sobre as suas cabeças. Vão e cumpram com o seu dever. Que a Lei possa ser cumprida nos seus mais altos desígnios”. Quando a voz emudeceu, a onda que se levantara e ficara parada, quebrou-se na areia da praia e tudo voltou ao normal. Muitos meses se passaram depois desse acontecimento e os personagens desta história já estavam agora em Lisboa, Portugal, onde o Barão tivera que passar para tratar de certos assuntos. Ora, aquele príncipe mau que perseguia Iracy encontrava-se também ali. Passeava

ele, certa tarde, em uma carruagem quando, avistando Iracy na rua, ordenou ao cocheiro que tocasse os cavalos mais depressa para alcançar a moça, a fim de roubála. Ao ver porém a cara do príncipe, tão horroroso, mais parecendo uma fera do que um homem, Iracy levou tamanho susto que caiu sem sentidos no meio da rua e os cavalos, desenfreados, não podendo parar, passaram por cima do seu corpo. Vendo o que sucedera, o príncipe fugiu com medo de que o prendessem, e a pobre moça ficou no chão, dentro de uma poça de sangue. Nesse momento, aquela Voz que se fizera ouvir de dentro da onda na praia, novamente assim falou: “Esta moça não morrerá, para que possa cumprir a sua missão”. Quatro homens altos e fortes pegaram Iracy e levaram-na para perto de uma Montanha próxima, conhecida como a Serra de Sintra e juraram que não a abandonariam enquanto ela não estivesse salva. Todos os seres da Terra foram convocados para salvar Iracy da morte. Um velho ermitão que passava os dias em longas e profundas meditações e que era tido como um dos homens mais santos do lugar, também foi chamado para dar um conselho. Disse ele: - “Num jardim que existe na cidade das Serpentes Sábias, existe uma árvore milagrosa conhecida como a Árvore da Vida. É preciso retirar do seu tronco uma fibra fina, porém resistente, que alí existe e com ela tecer 8 vestes. Quando as vestes estiverem prontas, levem-nas aos seres que cuidam de Iracy, porque eles se encarregarão de fazer o resto”. Imediatamente foram enviados emissários à Cidade das Serpentes Sábias e retirada da Árvore da Vida a fibra indicada pelo velho ermitão. A fim de não perder tempo, cada dia uma das primas de Iracy fez uma veste, mas faltava quem fizesse a oitava. Quem a faria? Havia uma certa dificuldade em se encontrar alguém, porque além do mais, o ermitão recomendara que, para dar bom resultado, essa oitava veste só deveria ser feita por uma moça que nunca tivesse mentido. Novamente os sábios se reuniram para resolver tão importante assunto e o mais velho deles, que conhecia o mundo inteiro, lembrou-se de uma jovem chamada Lorenza, que vivia em um país distante e que ele sabia nunca ter mentido em toda a sua vida. Logo no dia seguinte, foram procurar Lorenza que, ao saber do motivo porque a procuravam, prontificou-se a tecer a veste que faltava para completar as oito pedidas pelo ermitão. Uma vez prontas essas vestes, foram elas levadas aos guardiães de Iracy, que pegaram 7 delas, pedindo que Lorenza ficasse com a sua na mão, até que fosse chamada. Assim que os sacerdotes receberam as vestes, elas se transformaram em 7 lindos e fortes meninos, de cabelos encaracolados, que começaram a entoar melodiosas canções. Iracy, que se achava deitada com os olhos fechados, como se estivesse morta, pouco a pouco começou a abrir os olhos como quem desperta de um longo sono. Nesse momento deram ordem para que Lorenza entrasse e vestisse em iracy a roupa que ela fizera. Assim que a roupa foi vestida em Iracy, ela sentou-se na cama e levantou-se. Estava completamente curada. Algum tempo depois desse acontecimento, realizava-se o casamento de Hélio com Iracy, dessa união nascendo um menino prodigioso, de rosto tão belo quanto o da mãe, com cabelos louros e olhos verdes da cor das águas do mar. Cumprira-se assim a missão de Iracy, que era a de ser mãe dessa criança. Esse menino, quando cresceu, foi um grande Imperador. Tão sábio e justo era que todos os povos da Terra seguiam os seus conselhos. Enquanto durou o seu longo governo, nunca houve uma guerra entre as nações, porque para tudo ele arranjava uma solução, sem necessidade de brigas. Todos os povos da Terra viviam felizes e contentes, porque a primeira coisa que ele mandou fazer foi mandar prender aquele príncipe mau, aquele de cara de bicho, que era o causador de todas as desgraças do mundo.

11. A Pombinha Sagrada (Aula de 06/04/1952) Vou contar hoje a história de uma pombinha encantada que vivia em um maravilhoso lugar da terra e que salvou um Rei sábio e bom. O nome desse Rei era Henrique e ele muito amado pelo seu povo. Acontece, porém, que em um país vizinho ao seu, governava um outro rei cujo nome era Pluto. O Rei Pluto, ao contrário do Rei Henrique, não era homem bom. Enquanto o Rei Henrique tudo fazia para que o seu povo progredisse, o Rei Pluto tudo fazia para que o seu povo e os povos das outras terras não progredissem, que ficassem ignorantes. Por isso, sempre que podia o Rei Pluto procurava atacar o Rei Henrique. Certa vez, esse rei mau vendo o progresso e a felicidade do povo vizinho, tomou um avião e dirigiu-se para o país onde governava o Rei Henrique. Quando o avião sobrevoava sobre o Palácio do Rei, ele jogou lá de cima uma caixa bem embrulhada em papel. O Rei Henrique, percebendo que se tratava de uma armadilha para prejudicar seus parentes e o próprio povo, não deixou que ninguém pegasse naquela misteriosa caixa. Ele mesmo, o Rei, foi pessoalmente apanhá-la e queimou-a sem mesmo desembrulhá-la. Desde esse dia porém, o Rei bom adoeceu e ninguém conseguia curálo, nem descobrir a moléstia de que era vítima. Os médicos mais famosos da terra foram chamados, mas nenhum era capaz de restituir a saúde daquele Rei. Dia a dia o Rei piorava, e os seus filhos, pois ele os tinha e muitos, estavam desesperados, sem saber o que fazer. Uma tarde, estava o filho mais moço do Rei, chamado Heitor, muito triste, meditando sobre o que podia fazer para minorar o sofrimento do pai quando sentiu que alguém entrava no seu quarto. Voltou-se para a porta para ver quem era e eis que viu diante de sí um homem muito idoso, trazendo na mão o bordão dos peregrinos, que assim falou: -Não fiques assim desesperado Heitor, sei um meio de curar o teu pai. Em um lugar distante daqui, dentro de uma Montanha, existe um Santuário, ou melhor, uma cidade encantada. Alí vive uma pombinha miraculosa que é capaz de tudo, até de restituir a saúde ao teu pai. - Que devo fazer para encontrar essa pombinha? - perguntou Heitor. - Precisas, antes de tudo, ter muita coragem meu filho - disse o velhinho - Antes de alcançares a Montanha onde vive essa avezinha, terás que enfrentar grandes

perigos. Um leão feroz procurará devorar-te, mas nõ deves ter medo. Tome este violino e, quando a fera se aproximar de tí, toque uma música. Verás como o leõ sairá correndo e te deixará em paz. - Embora o momento não seja próprio para perguntas, porque tenho pressa em me dirigir para o lugar onde mora a Pombinha, gostaria de saber porque o leão fugirá de mim, só por eu executar uma música ao violino - disse Heitor. - Fazes bem em perguntar - respondeu o velhinho - não devemos fazer as coisas sem saber porque. Por isso vou te responder: não existe nenhum leão na terra que goste do som do violino. Todos eles tem pavor desse som. - Obrigado - disse Heitor - mas depois, quais são os outros obstáculos? - Depois que te vires livre do leão - disse o ancião - passarás por uma floresta habitada por mulheres muito belas, que procurarão fazer tudo para que não continues o caminho. Elas te oferecerão muita coisa para comer e saborosos vinhos para beber. Não dês, porém, ouvidos às suas palavras e nem aceites nada do que elas te oferecerem. Siga sempre o teu caminho, sem olhar para elas. - Assim o farei - disse Heitor - E depois, quando sair dessa floresta, encontrarei a Montanha? - Sim, depois disso verás surgir diante dos teus olhos uma maravilhosa Montanha. Lá chegando, porém, vais encontrar ainda outro obstáculo. Duas serpentes surgirão à tua frente, uma branca e uma negra. Elas são as guardiãs da entrada da Montanha e, por isso, não vão te deixar entrar. - Que farei então? - perguntou Heitor. - Conversarás com elas. - Eu, conversar com serpentes...? - disse Heitor muito espantado - Então as serpentes falam? - Naturalmente que falam, disse o velho, e eu vou ensinar-te a linguagem delas. Dirás assim: “Ossi-Ossiá-Ossi”, e verás como elas se afastarão e deixarão você passar. Arredarás então uma grande pedra que ali se encontra e entrarás no Santuário. - Agora - disse o velhinho - parta o quanto antes, se queres salvar o teu pai. Logo na manhã seguinte, bem cedinho, Heitor chamou os seus irmãos e disse a eles o que havia acontecido, e que dentro de algumas horas partiria em busca da Pombinha milagrosa. Dentro em pouco todos já sabiam do acontecido e algumas pessoas descrentes fizeram caçoada de Heitor, não acreditando nas suas palavras. Aliás, entre os súditos do Rei Henrique, não os seus parentes, pois estes o amavam muito e o respeitavam, haviam alguns que, insuflados pelo Rei Pluto, embora que indiretamente, não davam ao rei henrique o valor que ele de fato tinha, e pouco se incomodavam se o Rei vivesse ou deixasse de viver. No entanto, a vida do Rei Henrique era muito preciosa, não só porque ele era um bom pai de família, como tambémporque, em virtude dos seus grandes poderes ocultos, como a clarividência e a clariaudiência, por mais de uma vez ele salvara a vida do seu povo, com o seu próprio sacrifício, como daquela vez em que apanhara caixa caída do avião. O Rei Henrique, além do mais, era o que se chama um Rei Divino, isto é, um Rei que recebera de Deus a missão de zelar pelo seu povo. Quando ele foi coroado Rei, ele prestou um juramento solene a Deus, o de defender o seu povo de todas as perseguições do Rei Pluto e, coisa ainda mais importante, ele se comprometera também a fazer todo o possível para que Pluto se regenerasse e deixasse aquela mania de perseguir os povos que queriam evoluir e ser felizes. Por essa razão é que o Rei Henrique não podia acabar com a vida de Pluto, embora este muitas vezes tentasse tirar a vida do Rei Henrique. O que ele podia apenas, era defender a sua terra e a sua gente e trabalhar no sentido de que Pluto se tornasse também um Rei bom e estimado por todos. Além daquele fato da caixa jogada do avião, e que continha venenos tão fortes que faria morrer quem a pegasse, exceto o Rei Henrique, e foi por isso que ele fez questão de apanhá-la, ficando, no entanto, doente, outras tentativas de perversidade havia feito o Rei Pluto. Uma ocasião estava o Rei Henrique conversando com os seus filhos, quando, de

repente, parando a conversa ele disse: - Apressem-se meus filhos, e vão depressa ao cais do porto. É preciso que esse carregamento não desembarque aqui, porque do contrário, estaremos todos perdidos. Tratava-se de mais uma maldade do feroz inimigo. O carregamento a que se referia o Rei Henrique eram uns caixotes enormes de cor preta, que vinham cheios de micróbios, os mais terríveis, a fim de espalharem uma epidemia tremenda entre o povo, causando a morte de muita gente. Graças, no entanto aos poderes superiores do Rei Henrique, tamanha calamidade foi evitada, porque os seus filhos, chegando a tempo no cais, evitaram que aqueles caixotes caissem nas mãos de um bando que já estava à espera deles. Os filhos do Rei conseguiram afastar os bandidos, dando-lhes um outro serviço, fazendo-se naturalmente, passar por pessoas do próprio bando, e quando estavam sós, apoderaram-se daquele carregamento e o lançaram ao fundo do mar. No entanto, apesar da grande dedicação do Rei Henrique pelos seus súditos, salvando a vida de milhares de famílias, muitos ainda criticavam o bondoso Rei e seus filhos. Heitor, porém, pouco se incomodou com a troça que dele faziam os indivíduos ignorantes, e na mesma tarde seguiu a sua viagem. Tal como o velhinho, que outro não era senão um desses seres bonsosos e sábios que nós conhecemos pelo nome de Adeptos da Boa Lei, dissera, o primeiro obstáculo no seu caminho foi o Leão feroz que procurou atacá-lo. Ele porém pegou o violino e tocou uma música, cujo resultado foi o esperado; o Leão saiu correndo de perto de Heitor e o deixou em paz. Um pouco mais adiante, Heitor penetrou em uma floresta onde se achavam aquelas moças de que oAdepto falara. Seguindo os conselhos do velhinho, Heitor não deu ouvidos às palavras daquelas criaturas e foi seguindo o seu caminho. Quando chegou ao fim da floresta, viu então a Montanha que servia de moradia à Pombinha Encantada. Dirigiu-se àquela direção mas, ao chegar ao sopé da Montanha, duas Serpentes, uma branca e outra negra, quiseram saltar em cima dele. Heitor lembrou-se daquelas palavras mágicas e disse em voz bem clara e em tom alto: “Ossi-Ossiá-Ossí”. Era o mesmo que uma ordem. As serpentes abaixaram a cabeça e deixaram Heitor passar, como quem pensa: - “Este rapaz conhece os nossos segredos e a nossa linguagem e por isso, tem direito de penetrar nos nossos domínios”. De fato, as palavras pronunciadas por Heitor queriam dizer: - “Saiam daqui, saiam!” E as serpentes obedeceram. Tal como dissera o Adepto, Heitor levantou a pedra e penetrou dentro da Montanha, tendo o cuidado de, mesmo pelo lado de dentro, puxar a pedra, tapando assim a entrada. Encontrou-se então em um compartimento dodo iluminado por uma brilhante luz azul muito clara com reflexos prateados. A Pombinha Encantada alí estava, pousada em um pedestal de prata. Embora heitor não conhecesse a linguagem dos animais, a não ser aquelas palavras que o Adepto lhe ensinara para falar com as cobras, quando ele entrou na Montanha, começou, como que por encanto, a entender tudo quanto a Pomba lhe dizia no seu pipilar. Traduzido para a nossa linguagem humana, eis o que a Pomba disse a Heitor: - “Benvindo seja, Heitor. Já sei o que desejas de mim, e antes mesmo que chegasses aqui já fui ao Palácio do teu pai, o bom Rei Henrique. Podes voltar para junto dele, pois os teus irmãos te esperam ansiosos, para te contar a notícia do meu aparecimento no Palácio. De agora em diante vocês vão entrar em uma nova fase de vida e a saúde do teu pai vai melhorar”. Heitor estava maravilhado com tal notícia e espantado, ele mesmo, de entender tão bem a linguagem da Pomba. Quis agradecer aquela simpática avezinha por aquela notícia tão alviçareira que ela lhe dava, mas ficou mudo, sem saber como falaria. A Pombinha, porém, que era uma Pombinha Encantada, leu no espaço o pensamento de Heitor, e disse: - “Nada tens a agradecer, e diga aos teus irmãos que em breve mandarei a todos uma lembrança minha”. Depois disso, Heitor caiu em um sono profundo e não viu mais o que se passou. Quando acordou, estava em uma cidade desconhecida para ele. Tratou então de saber o caminho do Palácio onde morava e, depois de obter algumas informações, seguiu viagem.

Quando chegou à sua terra, foi correndo para casa, onde os seus irmãos, aflitos, já o esperavam, contando-lhe tudo que acontecera durante a sua ausência. Heitor narrou-lhes também o que sucedera com ele, os obstáculos que vencera pra chegar à Montanha Sagrada e a conversa que tiver com a Pomba. De fato, depois da visita da Pomba, o Rei apresentou algumas melhoras e as pessoas de sua família, principalmente os seus filhos, sentiram que estavam, eles mesmos, diferentes, estavam mais inteligentes, compreendiam as coisas com mais clareza, como se uma luz tivesse iluminado a mente deles. Quatro dias depois da visita da Pomba, que era justamente o dia em que Heitor chegara ao Palácio, estavam todos reunidos no grande salão, junto ao Rei, quando viram entrar um homem muito pequenino, vom uma grande barba branca. O homenzinho que outro não era senão um gnomo, ou um elemental da Terra; desses seres que moram dentro das Montanhas e que cuidam das pedras preciosas e de todos os metais que se encontram encrustrados nas Montanhas, dirigiu-se ao Rei e depositou na sua mão um objeto, dizendo: - “Eis um presente da Pombinha para os vossos filhos”. Em seguida desapareceu. O Rei então abriu a mão e todos viram na sua palma um lindo ovinho branco. Era um ovo da Pombinha Encantada. - Eis o símbolo da Vida - disse o Rei aos seus filhos - Mandando este Ovo para vocês, a Pombinha quis dizer que a minha Vida será mantida na Face da Terra, pois dentro deste Ovo, como de todos os Ovos, existe o gérmen da Vida. Dentro de todos os ovos existe isso que chamamos de Vida. Percebendo porém o Rei que algumas pessoas não estavam compreendendo bem o que ele queria dizer, deu um outro exemplo: - Na Festa da Ressurreição de Cristo, conhecida como Páscoa, o que é que damos aos nossos amigos de presente? Todos responderam: - Ovos de Páscoa!. - Exatamente - disse o Rei - porque sendo a Páscoa a Festa do Renascimento, portanto da volta de Jesus à Vida, nenhum outro presente melhor para significar essa Vida do que Ovos, dentro dos quais se encontra o Princípio da Vida. Depois desta explicação, todos compreenderam bem o significado do presente da linda Pombinha Encantada, que foi guardado em um estojo de prata e colocado no Museu do Palácio, juntamente com outras coisas preciosas que pertenciam ao Rei.

12. Notas sobre o Natal Estamos às vésperas de uma grande festa que se chama NATAL. Que significa Natal? Natal significa nascimento, e esta festa do Natal é a festa do nascimento de um Ser que se chama Jesus ou Jeoshua Ben Pandira. Quem foi Jesus? Era um menino igual aos outros? Não. Jesus era o que se chama uma “criança privilegiada”, uma criança diferente das outras crianças, porque era Filho

de Deus. Digo “diferente”, porque Ele fazia muita coisa que o comum dos homens não faz e que costumamos chamar de milagres. Mas não eram milagres que Jesus fazia, porque milagre é uma coisa sobrenatural, ao passo que tudo que Ele fazia era uma coisa natural, pois era um dom que Ele possuía, justamente por ser um “Ser privilegiado”, ou um “Ser Divino”. Quando Jesus se tornou um homem, em virtude de sua natureza divina, pôde curar doentes e ressuscitar mortos, apenas com o toque das suas mãos e pelo poder da sua Palavra, pronunciando algumas frases que só Ele conhecia. Quando Ele estava para nascer, a sua Mãe, a Virgem-Maria, viu um Anjo descer do céu e dizer-lhe que Deus A havia escolhido para ser a Mãe de uma criança Divina, e uma criança Divina quer dizer, uma criança que é mandada por Deus. O Anjo que anunciou à Virgem-Maria que Ela iria ser a Mãe dessa criança, chamava-se GABRIEL. Este Anjo GABRIEL é o Anjo que acompanha as mulheres que, pelas suas virtudes, podem ser as Mães de Seres Divinos, e assim, sempre que um Ser Divino está para nascer na Terra, é o Anjo GABRIEL que anuncia o seu nascimento. Disse o Anjo que o seu filho seria conhecido também pelo nome de EMANUEL, que significa “Deus Conosco”. Ora, se é sempre esse Anjo que anuncia o nascimento de Seres Divinos, isso quer dizer que, de quando em vez, um Ser Divino nasce na terra, e assim Jesus não foi o único Ser Divino que habitou o mundo. Outros, antes dele, estiveram entre os homens, procurando ensinar-lhes as Leis Divinas. Jesus foi o SÉTIMO FILHO DE DEUS que desceu à Terra, e por isso é conhecido entre nós pelo nome de SÉTIMO BODISATWA, isto é: Corpo Superior, e, superior dá a idéia de elevado, de Divino, e assim, Bodisatwa pode também ser Corpo de Deus, Corpo da Divindade na Terra. Mas será que Deus só manda os seus Filhos para cá e Ele mesmo nunca vem? Ele vem sim, mas só depois dos seus Sete Filhos. Ora, se os Sete Filhos de Deus já vieram, já moraram entre os habitantes do mundo, agora só falta vir o próprio Deus. O nascimento de Jesus, ou o Sétimo Bodisatwa, foi há 1960 anos. Agora estamos nos preparando para receber na Terra a Oitava Criança Divina e que será o próprio Deus na Terra, com corpo, alma e espírito, e que será conhecido pelo nome de MAYTRÉIA. O nascimento dessa criança chama-se também Avatara. O Templo que nós, da Sociedade Teosófica Brasileira, construímos em São Lourenço, e onde nos reunimos todos os anos em Fevereiro, é para receber essa Criança Divina ou o Avatara Maytréia, ou ainda o Oitavo Filho de Deus. É, portanto, em honra a essa Criança Divina, que existe o Templo de São Lourenço, que por sua vez, é também um Oitavo Templo, como Oitavo é Maytréia; e como esse Templo foi inaugurado no mês de FEVEREIRO, é em Fevereiro que festejamos esse acontecimento, como um novo NASCIMENTO ou NATAL. Templo - 24-21949. Vejamos agora o que de mais importante existe atualmente no nosso Templo de São Lourenço: A TAÇA, chamada a TAÇA DO GRAAL, e o que está dentro dessa Taça, antes de vir para o nosso Templo, esteve em Sete Catedrais do Mundo: uma na Inglaterra, outra na Bélgica, na Itália, no México, em Portugal, em Washington, nos Estados Unidos da América do Norte, e, por último, na Catedral de Salvador, no Estado da Bahia, no Brasil. Depois de permanecer nessas Sete Catedrais é que a Essência que está na Taça do Graal veio para o nosso Templo em São Lourenço, que é o Oitavo Templo, o Templo que vai receber a Oitava Criança Divina. Assim, é preciso que nós amemos e respeitemos tudo quanto existe em nosso Templo da Vila Canaã, porque tudo que ali se encontra é o resultado de um grande trabalho feito por todas as Criaturas Divinas, por todos os Seres que antecederam a Jesus, como Filhos de Deus que eram, por todos esses Seres sublimes que só vêm ao mundo para ajudar a humanidade a se elevar até Deus, para que a humanidade se torne boa e que todos se amem e se respeitem como irmãos que são. Por isso que no Museu do Templo, vemos tantas coisas, como a imagem de um Buda, duas imagens: uma de Jesus e outra de Maria e muitas e muitas outras coisas que um dia também vamos estudar, para que vocês compreendam melhor porque elas estão alí, no Museu, como coisas do passado, porque é nos Museus que se guardam as coisas que ficaram para trás, mas que tem um imenso valor, porque é o trabalho de Criaturas Excelsas que nos ajudaram a chegar até o presente, até os dias de hoje, até o Oitavo Templo, que é o nosso, que abrigará a Oitava Criança Divina que se chamará MAYTRÉIA.

E referindo-nos à Oitava Criança Divina, é que nós cantamos no Mantran Búdico: “Glória ao Buda em nosso Templo Amitaba sai do Lôto que te encerra, Nós, os Filhos de Brahmã, Te trouxemos para a Terra”. Este é um nome usado para qualificar um Oitavo Ser. Um Buda é sempre o resultado de Sete Seres. É o fecho, é o fim de um determinado trabalho, que só se torna completo, só está pronto, quando chega o Oitavo. Amitaba é o mesmo Maytréia que, por enquanto está encerrado, está guardado em uma certa região da Terra, chamada a Cidade das Águas Azuis e que no Mantran dá-se o nome de Lôto, que é uma Flor Sagrada. Os Filhos de Brahmã somos nós, os discípulos que, devidamente preparados, pelo nosso Mestre (Quem é o nosso Mestre?) concorremos para que Ele, o Oitavo Filho de Deus venha à Terra e possa viver entre os homens, para que a paz e a felicidade volte novamente a reinar no mundo. Mas, quando é que Ele aparecerá entre os homens? Será já, já? Não! Isso ainda levará algum tempo. e, provavelmente Ele será conhecido de nós antes que o resto do mundo o conheça. Essa é a razão porque devemos nos preparar muito para esse acontecimento. Porque nós só poderemos vê-lo quando estivermos bem preparados, quando formos muito bons e muito sábios. Precisamos por isso, estudar e respeitar tudo quanto está no Templo, porque o Templo será a casa dEle. É lá que nos encontraremos com Ele, quando chegar o momento. Mas, voltemos à história de Jeoshua, que é um meio de compreendermos também a história do próprio Maytréia, que é, por assim dizer, a Chave de Oiro do grande trabalho iniciado por outros Seres Divinos, cujo último foi Jesus. Dizem que Jesus nasceu em uma estrebaria ou presépio, mas essa é uma maneira de se dizer as coisas. Jesus nasceu naquela mesma cidade das “Águas Azuis”, uma cidade afastada, protegido, onde só vivem criaturas perfeitas e que é o lugar onde sempre nascem os Filhos de Deus, que também são sempre descendentes de reis, como foi Jesus, que descendia do Rei David, um poderoso e sábio monarca, que era parente da Virgem-Maria. Chama-se também ao presépio de APTA, que é o lugar onde se encontra a Divindade na Terra. Assim, a estrebaria com a vaquinha e os carneirinhos, é o que se chama um simbolismo ou uma representação de uma idéia, como veremos a seguir. Por exemplo, a Vaca é um simbolismo ou uma representação da PALAVRA DE DEUS. Numa língua chamada sânscrito, dá-se o nome de Vâch ao Som Divino ou à Palavra de Deus, daí colocar-se uma Vaca no Presépio para dizer que a Palavra Divina está sempre com Aquele que é o Filho de Deus. Isso quer dizer que onde está o FILHO DE DEUS está também a VOZ DE DEUS, essa Voz que ensina que devemos ser bons, que devemos ser estudiosos, que devemos ajudar uns aos outros, para que todo o mundo se torne igual aqueles seres superiores, aqueles seres perfeitos que moram na Cidade das Águas Azuis. Quanto aos carneirinhos, representam eles uns outros seres que chamamos de Yokanans ou Anunciadores. Os Yokanans nascem um pouco antes da Criança Divina e são Eles que anunciam ao mundo o aparecimento dessa Criança Divina. Não devemos cunfundir o Anjo Gabriel com os Yokanans. O Anjo Gabriel anuncia o nascimento à Mãe, apenas, enquanto que os Yokanans anunciam a todo o mundo. O Yokanan que anunciou a vinda de Jesus, dizia: - “Depois de mim vem Aquele que é mais poderoso do que eu, diante do qual não sou digno de abaixar-me para desatar a correia das sandálias. Eu vos batizei com água, mas Ele voz batizará com o Espírito Santo”. - Com essas palavras, João Batista queria dizer que ele, João Batista, usava para o batismo a água da terra, enquanto que Jesus batizaria ou consagraria os homens com o elemento do céu, que é o Espírito Santo. João Batista, ou São João, como é mais conhecido, é um Ser muito familiar a vocês, porque é no seu dia, 24 de junho, que se armam as fogueiras, que vocês soltam balões e queimam estrelinhas, rodinhas, chuveiros e outras coisas bonitas. E a Estrela? Repararam vocês na Estrela que sempre aparece junto ao Presépio? Lembram-se da “Estrela de Ricardo”? Onde morava o Anjo da Guarda de Ricardo? Pois bem, se cada um de nós tem uma estrela, é muito natural que Jesus também tivesse a sua Estrela, bem grande, um cometa com uma linda cauda, como vocês estão vendo. No dia em que Jesus nasceu, aquela linda Estrela tornou-se visível aos homens da

Terra, como um sinal do nascimento da Criança Divina. Era o aviso que Deus mandava aos homens para mostrar que o seu Filho havia nascido. Os primeiros que viram a Estrela foram uns pastores que estavam no campo vigiando seus rebanhos. Depois, foram os Reis Magos, Três Sábios muito estudiosos e que conhecem muito bem as coisas do céu. Conhecendo todas as estrelas, viram logo que aquela Estrela era diferente das outras, era uma nova estrela que ainda não aparecera no céu antes, e por isso perceberam que um Ser Divino acabara de nascer e trataram de saber onde se encontrava esse Ser, para adorá-lo, levando-lhe presentes. Um levou ouro, outro levou incenso e o outro levou mirra. Sempre que alguma coisa extraordinária acontece na Terra, como foi o nascimento de Jesus, há um sinal no céu. Por isso, quando nasceu Aquele que, na Sociedade chamamos de Professor, porque é Ele quem nos ensina todas essas coisas bonitas, houve também uma grande CHUVA DE ESTRELAS, fato esse que foi visto por muita gente e os jornais da época trazem essa notícia. Muitos sinais no céu nós ainda havemos de ver, porque cada vez mais nos aproximamos do grande dia da vinda de Maytréia, ou Avatara de Aquário, como também se chama. Como disse no princípio, o Anjo Gabriel é que está sempre junto das criaturas puras e boas que são as Mães das Crianças Divinas, e por isso na história de nossa Obra, aparece também uma criatura muito bondosa chamada Dhiani Gabriel, como se fosse aquele mesmo Anjo em forma humana, que ensinou música e pintura à Mãe de Maytréia, a qual se chama ALLAMIRAH. Um homem muito evoluído, um grande Adepto, como nós dizemos, certa vez mandou-nos uma mensagem dizendo que Allamirah era a maior de todas as Marias. Agora que sabemos que Allamirah é a Mãe de Maytréia, podemos compreender porque aquele Ser, a quem muito respeitamos, disse isso. De fato, a Mãe da Oitava Criança Divina, que é a maior, a mais elevada de todas as outras que vieram antes dela, tem que ser também a maior de todas as Mães. Podemos dizer que Ela é a Mãe das Mães. E podemos dizer também que a nossa Mãe Espiritual é ALLAMIRAH. Agora vocês já sabem que o Templo de São Lourenço existe para acolher Maytréia, e é Ele o Oitavo Templo do Mundo que guarda todo o mistério, todo o trabalho de muitos e muitos milênios, dos grandes Seres que sempre são mandados por Deus para ajudar os homens. Em um belo quadro que se encontra no Museu do Templo, podemos ver a história desse grande movimento através dos séculos, até chegar aos nossos dias. Vocês é que serão os companheiros dessa Oitava Criança Divina, por isso devem ir, desde já, pensando muito nele, procurando vê-lo assim como se apresenta nesta figura. Todas as noites, ao deitar e pela manhã ao levantar, devem imaginar que estão vendo esta linda criança. Fazendo isso, sabem vocês o que acontece? Ele, do lugar onde se encontra, ainda naquela Cidade Encantada das Águas Azuis, vai sentindo que vocês estão pensando nEle e como Ele é todo-poderoso, Ele pode ver vocês como se estivesse ao seu lado e fica assim conhecendo a todos, tão bem como se vivesse entre vocês. Desse modo, quando Ele de fato vier para junto de vocês, conhecerá a todos, sem exceção. É bom mesmo que vocês pensem diariamente nEle, porque quando vocês forem ao Templo de São Lourenço, estarão ainda mais perto e Ele ficará satisfeito quando vir que estão se interessando por Ele e que querem ser os seus companheiros de trabalho, quando forem crescidos.

13. Os Reis Magos Vimos, na aula anterior, que Três Reis Magos vieram homenagear o Menino-Deus que acabara de nascer. Vamos ver agora, meus amiguinhos, quem são estes Três Personagens que sempre aparecem quando o Menino-Deus vem à Terra. Sim, porque vocês já sabem que o Menino-Deus já tem nascido várias vezes. Para começar vocês precisam saber que a Terra é povoada por quatro classes ou categorias de seres, que se chamam “Hierarquias”. A palavra “hierarquia” se compõe

em hierós, que significa sagrado e arché que significa comando. Assim, hierarquia quer dizer comando sagrado ou comando divino. Os chefes dessas hierarquias é que ajudam os homens da terra; são eles que os amparam, que lhes dão conselhos, que os livram, enfim, de grandes perigos. Quem são os chefes dessas hierarquias? São Reis, são eles os Reis Divinos. Não devemos, porém, confundir esses Reis Divinos com os reis terrestres, esses que são conhecidos como reis, como por exemplo, da Suécia, do Egito, da Dinamarca ou de qualquer outro país. Estes últimos são reis terrestres enquanto que os outros são Reis Divinos, porque são enviados por Deus. Quatro são as hierarquias que trabalham na Terra e os seus nomes são: Kumaras, a primeira; Agnisvatas, a segunda; Barishads, a terceira e Jivas, a quarta. Acontece que as três primeiras hierarquias que são as dos Kumaras, Agnisvatas e Barishads, já terminaram o seu período de evolução, isto é, já terminaram os seus estudos e nada mais tem a aprender, por isso já tem o direito de ter o seu Rei. Isso significa que existem na Terra 3 Grandes Reis, que outros não são senão os Três Reis Magos. Quem é então o Quarto Rei, o Rei da Hierarquia dos Jivas? O Rei dos Jivas ainda está em formação, porque a Hierarquia dos Jivas ainda não completou o seu curso na grande Escola da Terra. Os Jivas são essa humanidade que nós conhecemos, onde ainda há gente ruím misturada com gente boa, porque não aprenderam direito a lição que os outros lhes ensinaram. Somente quando todos os homens, isto é, todos os Jivas estiverem mais ou menos equilibrados, quando aprenderem bem a lição, é que o Rei dos Jivas poderá vir e ficar definitivamente entre os homens.Enquanto isso não acontecer, o Rei dos Jivas só vem de vez em quando; e a isso é que se dá o nome de Avatara. Ele virá tantas vezes quantas forem necessárias para ajudar os homens, porém, não pode ainda ficar entre eles. Ele vem e volta até o grande dia da sua vinda definitiva. Ora, quando Cristo nasceu, porque Cristo é o Rei dos Jivas, como também o foi Buda, os outros Três Reis, das outras hierarquias, vieram homenegeá-lo. Eles sempre aparecem quando o seu Quarto Irmão vem à Terra. É uma homenagem que eles tributam ao Rei dos Jivas. Assim vocês ficam sabendo que Buda, Cristo e agora Maytréia, são uma única coisa. De acordo com a época em que nasceu, tomam um nome diferente, mas de fato são sempre a mesma pessoa. Quem é portanto Maytréia? Ele é o Rei das Hierarquias? Por que não pode Ele ficar já entre os homens e só de quando em vez pode vir à Terra por um período pequeno? Quem sabe quais foram os presentes que os Reis Magos trouxeram para Jesus? O primeiro deu-lhe OIRO, o segundo INCENSO e o terceiro MIRRA. Oiro representa o Poder da terra, Incenso a Sabedora e Mirra a Imortalidade. Com isso, os Reis Magos traziam os seus votos de que o Menino Privilegiado que acabara de nascer fosse poderoso, sábio e conquistasse a imortalidade, isto é, ficasse sempre na mente e no coração de todos os homens da terra, como aliás aconteceu. De fato, isso se cumpriu, porque o Menino-Deus ou Jesus, foi um sábio. Pequenino ainda, com sete anos de idade, apenas, ele discutia com os doutores e todos ficavam assombrados com a sua inteligência. Mais tarde, quando se tornou um homem, mostrou que era poderoso como um Deus, pois curava doentes e ressuscitava mortos e, depois, quando teve que desaparecer da Terra, tornou-se um ser imortal, pois todos até hoje se lembram dEle, da sua bondade e da sua sabedoria. Ele ainda vive no coração de todos os homens bons. Ora, aproxima-se agora o tempo em que Ele vai novamente viver entre os homens, desta vez com o nome de Maytréia-Buda. Há muitos e muitos anos, seres de alta espiritualidade, seres perfeitos, seres que fazem parte daquelas hierarquias que tudo sabem, porque aprenderam bem a lição que a Terra lhes ensinou, trabalham para a vinda de Maytréia. Um dos Seres que mais trabalhou para isso é aquele que nós chamamos de O Mestre, ou o nosso Professor; por essa razão, de terras muito distantes da nossa vieram também, certa vez, três personagens muito importantes trazer-lhe três Grandes Presentes. Um veio do Tibet, outro do Egito e o terceiro da América do Norte. O que veio do Tibet trouxe uma pequena frasqueira contendo um precioso líquido preparado com plantas da Agartha; o que veio do Egito trouxe um livro muito lindo e grande e o

que veio da América do Norte trouxe uma chave - a Chave de Púskara. Grandes dificuldades tiveram que passar esses Três Excelsos Seres para poderem chegar até o Brasil. Por mais de uma vez foram atacados por ladrões, que quiseram roubar-lhes os objetos. Se não fosse a inteligência deles, teriam morrido, mas conseguiram escapar e chegar aqui, sabe Deus como. Esses presentes foram entregues ao nosso Mestre por dois motivos: Primeiro porque, como disse, Ele foi o Ser que mais trabalhou para a vinda de Maytrëia; segundo, porque esses objetos, todos eles vindos da Agartha, daquela Cidade Maravilhosa que existe no interior da Terra, trouxeram para nós, os discípulos, vibrações muito boas que nos ajudaram a tornar-nos melhores e mais inteligentes. Por exemplo, a Chave de Púskara, além de ter servido para abrir Dois Grandes Templos onde vivem criaturas muito importantes, trouxe aquelas boas vibrações da Agartha, tendo mesmo o nosso Mestre tocado com Ela a fronte de todos os irmãos. As suas vibrações são tão poderosas que, certa vez, quando o Professor em um ritual abençoava o mundo com Ela, uma jovem que havia morrido e que ia ser enterrada, ressuscitou e batendo com força no caixão em que se encontrava, fez parar o enterro e voltou novamente a viver. Por esse fato, vocês podem calcular o poder benéfico dessa famosa Chave, que não é uma Chave comum, mas cujo feitio é mais ou menos esse:

O Licor serviu para os Irmãos realizarem o que se chama Ritual Eucarístico. Cada um tomava apenas uma gotinha em uma taça de água abençoada pelo Mestre, e esse Ritual teve a propriedade de fazer com que ficássemos mais perto de nossos Anjos da Guarda. Depois que se inaugurou o nosso Templo de São Lourenço e que para ele foi levada a Taça do Graal, não mais houve necessidade daquele Ritual Eucarístico. Sabem vocês o que aconteceu ao Licor? Foi secando sozinho e se transformou em um pequeno coração, como ainda se pode ver no Museu do Templo, onde se encontra a frasqueira. Aliás, esse Licor era mesmo um Licor Encantado, como todas as coisas procedentes da Agartha, porque quando Ele era usado, nunca diminuía. Por mais que se tirasse, Ele sempre ficava no mesmo lugar. Quanto ao Livro, a história que ele contava tinha muito a ver com grandes navegadores que também muito auxiliaram os Seres da Fraternidade Branca para que a Obra se firmasse no Brasil; e a prova disso é que todas as palavras, inclusive nomes de pessoas e cidades que se relacionam com a nossa história, foram grifadas a lápis roxo. Na vida de Buda há uma passagem muito interessante que nos fala dessas quatro hierarquias que trabalham no mundo. Contam que certa vez, quando Buda meditava, apareceram-lhe quatro gênios trazendo-lhe quatro Taças de Safira, as quais Ele rejeitou; então os quatro gênios trouxeram-lhe outras Taças, desta vez não de safira, que é uma espécie de pedra Azul, mas de uma pedra negra, e então Buda, movido de compaixão As aceitou e, colocando uma dentro da outra, ordenou que se tornssem Uma Só. E as quatro Taças se fundiram, tornando-se apenas Uma, vendo-se porém quatro bordas bem distintas. (Nesse Cálice Buda aceitou alimento e, havendo provado o que nEle continha, rendeu graças). O fato de Buda ter recusado alimento nos cálices de safira e tê-lo aceito nos de pedra negra, significa que os homens da terra, os Jivas, simbolizados na lenda pela pedra negra, por não serem ainda perfeitos, é que devem pelo seu próprio esforço se redimirem de todos os seus pecados, tornando-se perfeitos quanto seus outros irmãos já redimidos, e então trabalharem em conjunto as quatro hierarquias, para a felicidade de todos. Se o Buda tivesse aceito o alimento nos cálices de safira, a felicidade seria apenas dEle, Buda, e para que Maytréia-Buda venha surgir e viver no Brasil, Ele fez questão de mostrar que só poderia gozar dessa felicidade quando os Jivas (os da pedra negra) se tornassem iguais às outras hierarquias. Vemos, assim, que 4 é o número da Terra, e que o Rei da Terra chama-se Buda, Cristo ou Maytréia; é sempre o Quarto Rei, por isso o seu planeta é Júpiter, que tem o feitio de um 4.

14. O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda Há muito e muitos anos, o país que hoje conhecemos como Inglaterra, era conhecido pelo nome de o Reino de Logres, sendo a sua Capital Camalot. Eram os seus soberanos o Rei Arthur e a Rainha Genoveva. Durante o reinado do Rei Arthur, coisas extraordinárias aconteceram no Reino de Logres, pois ele fora avisado de que os Cavaleiros da sua côrte iriam ser incumbidos de descobrir o lugar onde se achava a Taça do Graal, o Santo Graal, como se diz. Para isso devia ele reunir os seus melhores Cavaleiros, os mais sábios e valentes e organizar o que se chama uma Ordem, cuja única finalidade seria a conquista do Santo Graal. O Santo Graal é a Taça onde dois grandes amigos de Jeoshua Ben-Pandira, chamados José de Arimatéria e Nicodemus, recolheram o sangue que jorrou do peito de Jesus, na cruz, no Gólgota. Essa Taça de Ouro foi então guardada pelos Adeptos da Boa Lei, em uma dessas Regiões Sagradas que existem no mundo e que só as pessoas que se distinguissem pela sua inteligência e pelos seus dotes de caráter, poderiam ver. Isso quer dizer que somente os Iniciados ou Adeptos tinham conhecimento dessa Santa Relíquia e podiam, quando chegasse o momento, ir até onde Ela se encontrava. Assim, o Rei Arthur reuniu toda a sua côrte e escolheu os Cavaleiros que deviam fazer parte da Ordem, à qual deu o nome de Távola Redonda, porque ao se reunirem, o faziam sentados à volta de uma mesa redonda. Era uma mesa enorme, pois ao seu redor foram colocadas mais de cem cadeiras. No dia em que o Rei Arthur reuniu os seus Cavaleiros para fundar a Ordem, notou que por cima de cada cadeira ia aparecendo o nome de um Cavaleiro escrito em letras de ouro. Todas as cadeiras tinham os seus nomes, com exceção de uma, sobre a qual não havia aparecido nome algum. Cada vez que os Cavaleiros se reuniam na Távola Redonda, esperavam sempre encontrar por cima da cadeira vazia, o nome do seu dono, porém muitos anos se passaram antes que isso acontecesse. O Rei Arthur nada podia fazer nesse sentido, ele não podia escolher por sua vontade um Cavaleiro para

aquela cadeira pois os cavaleiros eram escolhidos pela Lei, de modo que não havia outro remédio senão esperar. Entre os Cavaleiros, havia um que se distinguia pela sua bravura. Chamava-se Lancelot do Lago e tinha um filho de nome GALAAZ, o qual foi criado em um mosteiro e o pai recomendara aos seus professores que o preparassem para ser também um Cavaleiro. O seu mestre era um velho ermitão que seguia rigorosamente os conselhos de Lancelot quanto à educação de Galaaz e assim o menino recebeu uma educação primorosa. Além disso, Galaaz era dotado dos mais puros sentimentos e possuía uma inteligência fora do comum, causando admiração a quantos com ele conviviam. Quando Galaaz completou a idade de 18 anos, que é a idade em que os jovens podiam receber o título de Cavaleiro, uma jovem no mosteiro em que ele foi criado, foi ao Castelo do Rei Arthur procurar Lancelot do Lago e convidá-lo para vir armar Cavaleiro o seu filho. Ao chegar ao mosteiro que ficava no meio de uma floresta, Lancelot foi introduzido em um grande salão e pouco depois nele entrava a Abadessa, trazendo consigo Galaaz, vinha acompanhada por quatro jovens. Havia muito tempo que Lancelot não via seu filho, em virtude das ocupações que tinha e que o obrigavam a constantes viagens, de modo que ficou maravilhado com o semblante de Galaaz e com o seu porte de perfeito Cavaleiro, embora ainda não o fosse. A Abadessa cumprimentou Lancelot e depois disse: - Somente vós podereis armar o vosso filho, ninguém mais é digno de tal coisa. Então, Lancelot dirigindo-se ao seu filho perguntou: - Galaaz, queres ser um Cavaleiro? - Não há nada no mundo que eu mais deseje - respondeu o jovem - e, principalmente receber tamanha honraria das vossas próprias mãos, pois só tenho ouvidoselogios a vosso respeito e não há quem conheça a vossa lealdade e nobreza. A minha maior aspiração é ser bom e leal cavaleiro, como vós o sois. - Filho - disse Lancelot - se isso vos alegra, vos farei Cavaleiro e que Deus o faça tão bom Cavaleiro quanto formoso sois. Então Galaaz colocou-se diante de seu pai, com um joelho em terra, e por ele foi consagrado Cavaleiro. O Mestre de Galaaz, o velho ermitão que o educara, assistia comovido aquela cerimônia simples, mas de grande valor, e não se contendo, exclamou em alta voz: Galaaz será o melhor Cavaleiro do mundo! Depois disso, Lancelot teve que regressar ao Castelo do Rei Arthur, mas pediu a Galaaz que fosse lá no dia seguinte, pois queria apresentá-lo ao Rei, à Rainha e a toda a côrte. O dia seguinte era dia de Pentecostes; nesse dia, todos os anos, acontecia sempre alguma coisa extraordinária no Castelo. Logo pela manhã, Lancelot e mais dois companheiros foram ao salão onde havia a célebre mesa redonda e qual não foi o seu espanto quando viram escrito por sobre a cadeira sem dono, em letra de fogo, o seguinte: “Hoje, dia de Pentecostes, 453 anos depois da morte de Jesus Cristo, esta cadeira será ocupada pelo seu verdadeiro dono”. Ao verem isso, os três Cavaleiros cobriram a cadeira com o manto de seda vermelha e nada disseram a ninguém, pois que sabiam que há coisas que não se deve comentar. O Rei e a Rainha tinham ido à missa e ao voltarem da Igreja dirigiram-se para a sala de refeições, onde já se encontrava um grande número de Cavaleiros. Nos dias de grandes festas religiosas, o Rei não gostava de comer antes que algum acontecimento maravilhoso tivesse lugar. Um dos seus mordomos, chamado Keia, que sabia desse costume real, lembrou ao Rei que sendo Dia de Pentecostes, não tardaria a suceder alguma coisa maravilhosa. - É verdade - disse o Rei Arthur - assim tem sempre acontecido durante o meu reinado e assim acontecerá enquanto vivo for. Pelas grandes maravilhas que sucedem na minha côrte sou conhecido como “O Rei Venturoso”. Ainda bem o soberano não havia terminado e falar, quando entrou no salão um escudeiro que, dirigindo-se ao Rei, assim falou: - Senhor, eu vos trago a notícia mais maravilhosa desses últimos tempos! - E qual é? - perguntou o Rei, ansioso por saber da nova.

- No rio que corre próximo ao castelo - disse o escudeiro - apareceu um bloco de pedra, boiando como se fosse um pedaço de madeira. Nesse bloco de pedra está fincada uma espada, e no ar, suspensa, a bainha dessa espada. Vários cavaleiros se encontram lá, apreciando tamanha maravilha. Imediatamente o Rei e todos os presentes se dirigiram para o lugar indicado pelo escudeiro e, lá chegando, verificaram com os seus próprios olhos tudo quanto o escudeiro narrara. - Qual de vós - perguntou o Rei, dirigindo-se aos Cavaleiros - ousa retirar essa espada misteriosa do bloco de pedra? Quem o conseguir, não só terá o direito de guardar para sí a espada, como será considerado o melhor cavaleiro do mundo. O silêncio era completo, ninguém ousava responder, pois a empresa não era tão fácil assim como parecia à primeira vista. - Nem vós, Lancelot - perguntou o Rei - vós que sois o melhor Cavaleiro da Távola Redonda? - Até agora fui o melhor Cavaleiro, mas de hoje em diante essa glória passará a outro - respondeu Lancelot respeitosamente. Os cavaleiros ficaram surpreendidos com as palavras de Lancelot, pois não havia na côrte melhor Cavaleiro do que ele. - Ignoro quem o seja - disse o Rei - até hoje não vi ninguém que fosse mais valente do que vós e por isso acho que deveis experimentar. - Não me sinto digno de pegar nessa espada - retrucou Lancelot. O Rei Arthur, vendo que Lancelot não queria de modo algum fazer a tentativa, ordenou a um sobrinho seu, de nome Galvão, que o fizesse. - Vou tentar - disse Galvão - apenas para cumprir as vossas ordens, mas de antemão sei que nada conseguirei, pois se Lancelot acha que não o pode, como poderei eu que lhe sou inferior? - Não importa - disse o Rei - faça porque assim o quero. Galvão aproximou-se então da pedra e usando de toda a sua força, tentou retirar a espada, mas em vão, a espada nem se mexeu. - Como podes ver, senhor - disse Galvão - não sou digno de possuir esta espada. Diante disso o Rei Arthur resolveu então esperar a chegada do Cavaleiro a que, discretamente, se referia Lancelot do Lago, e voltou para o castelo, acompanhado pelos Cavaleiros e esposas. Nessa mesma tarde, quando os Cavaleiros e o Rei Arthur se reuniram na célebre Mesa Redonda, todas as cadeiras estavam ocupadas pelos seus donos, o que nem sempre acontecia, pois algumas vezes os Cavaleiros estavam em viagem e não podiam comparecer. Naquele dia, porém, que era um dia importante por ser a Festa de Pentecostes, todos ali estavam, com exceção, naturalmente, daquele Cavaleiro cujo nome ainda não aparecera por cima da cadeira. Um dos Cavaleiros lamentou que aquela cadeira ainda estivesse vazia, mas o Rei Arthur ouvindo isso e lembrando-se do acontecimento da manhã, da espada que aparecera no bloco de pedra, apressou-se a dizer: - Tenho para mim que hoje aparecerá o dono desta cadeira. O Rei nem bem havia terminado de falar e eis que todas as portas e janelas do palácio se fecharam e um raio de luz fortíssima penetrou no salão, iluminando-o totalmente. Os presentes olhavam uns para os outros, admirados diante de tamanha maravilha e a surpresa era tão grande que não puderam pronunciar sequer uma palavra. Todos estavam como que presos nos seus lugares sem poder levantar-se. Apenas Lancelot e os seus companheiros, que na manhã daquele dia tinham visto o aviso por cima da cadeira, sabiam que se aproximava o momento da chegada do Cavaleiro esperado. De fato, alguns minutos depois viram no salão um jovem com um colete de malha de metal e tendo nos braços uma proteção também de metal, como era uso naqueles tempos. Na cabeça trazia um elmo (capacete de metal) onde se viam dois escudos, um de cada lado, vermelhos. Atrás do jovem cavaleiro vinha um velhor ermitão, que trazia sobre os ombros um manto, onde se via um escudo também vermelho, igual ao que o rapaz trazia no elmo. Ninguém podia entender por onde entrara o jovem, que outro não era senão Galaaz, o filho de Lancelot do Lago, pois as portas e janelas estavam hermeticamente fechadas e não se abriram para dar passagem ao rapaz. Ele aparecera ali como que por

encanto. Quanto ao ermitão que o acompanhava, não se deu o mesmo, todos o viram entrar pela porta do grande salão. Assim que Galaaz chegou ao centro do salão, disse em voz alta: - A Paz seja convosco! O ermitão adiantou-se e, chegando perto do Rei, falou: - Eu lhe trago Galaaz, o Cavaleiro esperado, aquele que descende do Rei Davi e de José de Arimatéia, a fim de dar início às aventuras que tem por fim a conquista do Santo Graal. Muito contente ficou o Rei com essa notícia e respondeu: - Bendito seja o Cavaleiro que descende de tão alta linhagem! - Senhor - disse o ermitão - em breve vereis a confirmação das minhas palavras. De fato, alguns instantes depois o nome de Galaaz aparecia em letras de fogo, por cima daquela cadeira vazia. O ermitão colocou então sobre os ombros de Galaaz, uma capa de seda vermelha e o mancebo sentou-se na cadeira que lhe pertencia. Recuperando novamente a fala, os demais Cavaleiros, de pé, saudaram Galaaz. O Rei Arthur então lembrou-se daquela cena da manhã e das palavras de Lancelot, dizendo que a espada pertencia a outro Cavaleiro que, de posse dela, seria de fato o melhor Cavaleiro do mundo e assim, na manhã seguinte convidou Galaaz para ir às margens do rio para retirar a espada do bloco de pedra. Lá chegando, na presença de toda a côrte, Galaaz sem fazer o menor esforço, com a maior facilidade, pegou no punho da espada e retirou-a. Depois enfiou-a na bainha e colocou-a na sua cintura. -Agora - disse Galaaz ao Rei - já tenho a espada, mas ainda me falta o escudo. - Amigo - disse o Rei - se Deus vos concedeu a espada, não tardará muito a vos enviar o escudo. Depois desses acontecimentos, ordenou o Rei que os Cavaleiros se reunissem no Campo de Camalaot para um torneio, a fim de comemorar o fato de estar completo o número de Cavaleiros da Távola Redonda. Um grande acontecimento porém ainda estava reservado para aquele dia, como vocês vão ver. A noite, quando os Cavaleiros estavam reunidos no salão, eis que de repente ouviuse o ribombar de um trovão, tão forte, que fez estremecer o castelo. E novamente, como acontecera na véspera, uma grande claridade inundou o salão e todos quantos alí estavam foram banhados pela Luz do Espírito Santo. Uns olhavam para os outros muito espantados, porque as suas fisionomias tinham-se transformado; estavam todos muito formosos e bastante diferentes do que realmente eram. Enquanto isso acontecia, viram entrar pelo ar, coberto por um veludo branco, a Taça do Santo Graal. No mesmo momento, sentiu-se um perfume muito suave que se espalhou por todo o salão. A Taça do Santo Graal rodeou a Mesa e depois desapareceu, da mesma maneira como aparecera, sem que se visse como nem por onde. Os Cavaleiros estavam maravilhados, principalmente o Rei Arthur, pois ele era o primeiro Rei de Logres que tivera a felicidade de ver a sua côrte honrada com tão excelsa presença, como era a do Santo Graal. - Tudo isso está acontecendo - disse ele - porque agora se encontra entre nós o melhor Cavaleiro do Mundo, que é Galaaz. Deus provou agora que vós sois o Cavaleiro do Graal e que a Taça que contém o sangue de Jesus Cristo será encontrada por vós. Como me sinto feliz Por sso ter acontecido durante o meu reinado. Amanhã mesmo poderei partir à procura do Santo Tesouro. De fato, na manhã seguinte os Cavaleiros iniciaram a Demanda do Santo Graal. Muitas aventuras sucederam a eles antes que conseguissem encontrar o Santo Graal, mas isso ficará para outras aulas, inclusive a história que conta como Galaaz, o Cavaleiro puro, o Cavaleiro sem mácula, recebeu o escudo que lhe pertencia.

15. A Estrela de Ricardo Ricardo era um menino inteligente e estudioso, mas tinha dois grandes defeitos, era

mau e teimoso. Os seus pais, muito sofriam com isso e tudo faziam para que Ricardo se modificasse, mas nada adiantava porque, além do mais, Ricardo era muito convencido e não aceitava conselhos de ninguém. Tudo ele sabia melhor do que os outros. - Se continuas assim - disse-lhe uma vez sua mãe - o teu Anjo da Guarda te abandonará. - Não acredito que algum Anjo olhe por mim - respondeu Ricardo com maus modos isso não passa de história para enganar os tolos. Quer Ricardo acreditasse ou não no Anjo da Guarda, o fato é que ele o tinha, como tem todas as pessoas, e ao ouvir a resposta de Ricardo, muito triste ficou, pois em virtude do procedimento do menino, cada dia que se passava, diminuia o poder que Ele tinha sobre Ricardo, porque cada ação má enfraquece um fio de ouro que nos liga aos nossos Anjos da Guarda. Ora, o Espírito do Mal ou o Anjo Mau, está sempre olhando para as pessoas a fim de tomar conta delas quando se rompe aquele fio de ouro e um dia chegou perto do Anjo da Guarda de Ricardo e lhe disse - Façamos ainda uma última tentativa - propôs o Anjo da Guarda, e os dois combinaram procurar Ricardo e pô-lo à prova. Foi assim que Ricardo viu, um dia, sentado na beira da calçada de uma rua por onde passava, um velho cego, todo maltrapilho, pedindo esmolas. Ao seu lado via-se um cãozinho branco, muito magro e com aspecto de que há muito não comia. Quando Ricardo chegou perto dos dois, o cãozinho pôs-se a latir, como que chamando a atenção dele para o cego, enquanto este, com uma voz sumida, pedia-lhe uma esmolinha para matar a fome. - Saia do meu caminho, cão imundo - bradou Ricardo mal-humorado - já não chega este velho estorvando a minha passagem e ainda mais você a saltar sobre mim, sujando-me a roupa! E como o cão não arredasse do caminho e latisse ainda mais, Ricardo avançou sobre ele com uma pedra para matá-lo. Mas, antes que isso acontecesse, ouviu-se um grande estampido e uma nuvem densa envolveu todo aquele grupo. Quando Ricardo voltou a sí do susto que tomara, viu diante dele um ser enorme, de asas negras, de cujos olhos saíam faíscas de fogo. Quanto ao cãozinho branco, havia desaparecido. - Ganhei a aposta - gritava aquela criatura horrível - Tu agora me pertences totalmente. O Cãozinho que estava comigo outro não era senão o teu Anjo da Guarda que, pela última vez, te quis colocar à prova. De agora em diante serei o teu senhor. Tudo que te pertence, inclusive o teu dinheiro, as tuas roupas, os teus livros, levarei para a minha morada, que fica muito distante daqui. Ao ouvir tais palavras, Ricardo botou, instintivamente, a mão no bolso. A carteira que estava cheia de dinheiro que colocara no bolso antes de sair, havia desaparecido. Ele mesmo já não estava mais com a roupa nova que vestira há pouco. As suas vestes estavam rôtas e sujas. Já não estava também na sua cidade. Como por encanto, fora transportado para um lugar deserto onde não havia gente. Estava em uma floresta escura, onde não havia um único habitante. Só então Ricardo percebeu que havia sido castigado devido à sua maldade, mas agora era tarde. Estava alí sozinho, em um lugar inteiramente desconhecido para ele, sem um amigo, sem uma pessoa que o consolasse. O menino caminhou durante horas por aquela floresta negra, até que por fim, cansado, sentou-se ao pé de uma árvore, chorando desesperadamente. Alguns minutos depois ouviu um barulho de folhagem e espiou para ver o que era, pensando que fosse algum animal. Mas ao invés de um bicho, Ricardo viu um homem muito pequeno, de longas barbas brancas, que vestia uma roupa cor de abóbora, o qual parecia ter saído de dentro da árvore. - Por que choras? - perguntou-lhe o recém chegado. - Que adianta dizer-te a razão - disse Ricardo - se nada podeis fazer por mim? -Não digas isso - falou o estranho personagem - Quem sabe se te posso ser útil? - Mas afinal, quem és tu? - perguntou Ricardo - Pareces um anão, mas és um pouco diferente de quantos anões tenho visto nos circos. - De fato, eu Não sou um anão, e sim um gnomo. - Gnomo? Que vem a ser isto? - perguntou Ricardo admirado. - É uma categoria de seres que não fazem parte da raça humana. Os homens em geral,

confundem gnomos com anões. É um grande erro. Anões são homens aleijados, que não cresceram por um motivo qualquer, ao passo que o tamanho natural dos gnomos é o meu. Não existe gnomo com estatura maior do que a minha. Vendo que Ricardo não estava compreendendo bem, o gnomo prosseguiu: - Assim como há o reino mineral, ao qual pertencem todas as pedras e metais; o reino vegetal do qual fazem parte as plantas; e o animal, ao qual pertencem todos os animais, existe um outro reino chamado elemental da terra, e a este reino é que nós, os gnomos, pertencemos. Nós somos os elementais da terra. Moramos dentro da terra, cuidando das pedras preciosas, do oiro e da prata e também das plantas. Se estas árvores que aqui vês são tão crescidas e frondosas, é porque os gnomos cuidam das suas raízes. - Ah, “seu” gnomo - disse Ricardo - o senhor nem falaria comigo se soubesse quanto fui mau. - Não penso que sejas assim tão mau quanto dizes - respondeu o gnomo - porque ao menos já reconheces que fostes mau. Felizes dos que sabem que erram, porque já é meio caminho para se corrigir. Percebendo que o gnomo queria mesmo ajudá-lo, Ricardo contou em rápidas palavras o que lhe acontecera e como viera parar naquela floresta, sem saber como. - Não chores mais - disse-lhe o seu amiguinho- Ainda não está tudo perdido. - Achas então que poderei ainda livrar-me do Anjo Mau e encontrar novamente o meu Anjo da Guarda? - perguntou Ricardo já mais animado. - Naturalmente que sim - disse o gnomo - mas, para isso terás que ter muita paciência, porque vai levar algum tempo, e ser também um menino bom. - Se eu ao menos soubesse onde mora o meu Anjo Bom!... suspirou Ricardo. - Os Anjos da Guarda das crianças moram nas estrelas - falou o gnomo - Vai ser um pouco difícil descobrires a estrela da morada do teu Anjo, porque como Ele está muito triste, fechou todas as portas e janelas da sua casa, de maneira que não se pode ver a luz que parte de dentro da Estrela. Ricardo compreendeu então que para ele poder ver a luz da sua Estrela, era preciso que o Anjo abrisse as portas e janelas da sua casa e Ele só faria isso quando estivesse novamente contente, mas para Ele estar contente era preciso que Ricardo fosse um menino bom, como disse o gnomo. Assim, a partir daquele dia, Ricardo procurou ser bom. Os seus únicos companheiros eram os animaizinhos da floresta, aos quais o menino auxiliava de todos os modos, tratando-os também com carinho e bondade. Eles, por sua vez, ajudavam também Ricardo, protegendo-o dos animais ferozes e trazendo-lhe frutos para que ele se alimentasse. Durante a noite, antes de dormir, Ricardo, na entrada da gruta que lhe servia de habitação olhava o céu, na esperança de descobrir a sua estrela. Eis que numa certa noite, após um dia de grande trabalho, em que salvara a vida de um carneiro que ia se afogando no rio, Ricardo viu uma estrela brilhar com muita intensidade, mais do que todas as que estavam à sua volta, e um facho de luz azul se projetou na direção do menino, iluminando-o da cabeça aos pés. No mesmo instante um lindo Anjo de grandes asas brancas apareceu ao seu lado e assim falou: - Fostes tão bom durante estes últimos tempos, principalmente hoje, salvando a vida de um pobre bichinho que ia morrer, que o Fio de Oiro que me liga a ti, pelo alto da tua cabeça, cresceu novamente e chegou até a minha casa, que é a tua Estrela. Por isso vim até aqui e posso outra vez ficar ao teu lado. - O Anjo Mau não manda mais em mim?- perguntou Ricardo. - Agora não - disse o Anjo - mas para que fiques de todo livre dele, deves apanhar os objetos que te pertencem e que Ele levou para a sua casa. E dizendo isso, o Anjo da Guarda mostrou a Ricardo um grupo de estrelas formando uma cruz. - Aquele grupo de estrelas chama-se “Cruzeiro do Sul” - disse o Anjo - ali moram alguns dos maiores Anjos da Côrte Celeste. Mas, perto, podes ver um lugar muito escuro, onde não há o menor brilho? Esse lugar é o “Saco de Carvão” e é ali, justamente, que mora o Anjo Mau. - Mas como poderei ir até lá? - perguntou Ricardo - se não tenho asas para voar? - Irás comigo - disse-lhe o Anjo. E segurando a mão de Ricardo levou-o pelo espaço afora, até aquele lugar sombrio do céu. A medida que se aproximava do “Saco de

Carvão”, mais negro ele ainda ficava, mas quando o Anjo lá chegou com Ricardo, houve uma súbita mudança e tudo ficou claro e iluminado e a luz era tão forte e brilhante que o Ajno Mau ficou tonto e cego com tanta claridade. Desse modo, Ricardo pode apanhar o que lhe pertencia, sem nenhuma dificuldade. Quando os dois sairam do “Saco de Carvão”, este voltou a ficar escuro e triste como antes, e o Anjo Mau, recuperando a vista, quis sair ao encalço de Ricardo, mas não pode fazê-lo porque Ricardo agora estava protegido pelo seu Anjo da Guarda. Na viagem de regresso à Terra, Ricardo caiu num sono profundo e nada mais viu do que se passou. Quando acordou, viu-se novamente na sua cidade natal. Procurou então, imediatamente a casa dos seus pais, que viviam muito tristes, pensando que o seu filho havia morrido. Quando Ricardo contou o que sucedera e como conseguira novamente unir-se ao seu Anjo da Guarda, eles abraçaram-no e beijaram-no cheios de alegria e felicidade. Excusado será dizer que Ricardo nunca mais foi um menino grosseiro e mau. Tratava todos com respeito, principalmente as pessoas mais velhas, aceitando os seus conselhos. Enfim, tornou-se uma criatura admirável e querida de quantos tinham e felicidade de viver perto dele.

16. Os Três Caminhos da Felicidade Era uma vez um pobre homem que tinha três filhos; muito lhe custou educá-los, mas enfim o conseguiu. Quando já estavam crescidos, disse-lhes: - Meus filhos, não posso de modo algum continuar a sustentá-los. Precisam pois ir pelo mundo afora e aprender um ofício para que possam ganhar a vida. Depois de lhes ter dado meio quillo de pão e um bom cajado, o pai despediu-se e eles sairam juntos da cidade. Ao chegarem a uma encruzilhada, João, o mais velho, disse aos irmãos: - Separemo-nos aqui; cada um vai para um lado tentar fortuna. Daqui a sete anos, no mesmo dia e à mesma hora de hoje, devemo-nos encontrar neste mesmo lugar. Assim fizeram. O mais velho encontrou um velho de longas barbas brancas que, sentado em um tosco banco de pedra no interior de uma gruta, lia com grande atenção um livro muito grande. Com a aproximação do rapaz, o velhinho levantou os olhos do livro, perguntando a João o que ele desejava. - Estou à procura de um ofício - respondeu João. - Se queres ficar aqui comigo - disse o velhinho - ensinar-te-ei todas as ciências do mundo, e se fores de fato estudioso, dentro de alguns anos poderás tornar-te um sábio. - Este convite me agrada, - respondeu João - desde pequenino que tenho vontade de estudar e se não o fiz é porque sou pobre. Aceito, portanto, a sua proposta e farei tudo para corresponder a sua bondade, oferecendo-me de graça os seus conhecimentos. João era um rapaz inteligente e assim, tudo quanto o velhinho lhe ensinava ele aprendia com muita facilidade e dentro de poucos anos tornou-se um verdadeiro sábio. Miguel, o segundo dos irmãos, tinha, no intervalo, feito também conhecimento com um homem que lhe perguntara para onde ia. Quando lhe respondeu que buscava um ofício, o homem lhe disse: - A minha profissão, meu filho, é ajudar os doentes, os pobres e as criancinhas. Dedico toda a minha vida aos que sofrem e que precisam de um amparo, aos que precisam de remédio, de alimento, e também de bons conselhos. Não faço outra coisa senão isso. Se isso te agrada, podes ficar comigo e fazer o mesmo. - Mas como é que o senhor consegue alimento e remédio para os pobres, se o senhor não trabalha e não tem dinheiro para comprá-los? - perguntou Miguel.

- Não trabalho para ganhar dinheiro para mim - respondeu - trabalho procurando as pessoas ricas e pedindo-lhes todas essas coisas para os que precisam. Nem imaginas o trabalho que tenho, andando as vezes léguas e léguas, para arranjar um remédio ou um pedaço de pão para levar para uma criancinha doente. - Isso é uma coisa admirável - respondeu Miguel - e estou disposto a auxiliá-lo. E assim, durante vários anos, Miguel ajudou o seu novo amigo, tornando-se com o tempo, um verdadeiro santo, tão bom ele ficara, vendo a caridade que o seu mestre praticava. Cada dia que passava, Miguel podia apreciar melhor o seu companheiro e, com o tempo, a sua admiração por ele ia aumentando. Miguel que já era, por natureza, um rapaz bondoso, com tão boa convivência tornou-se em breve um exemplo de virtudes. Era incapaz de fazer uma maldade, por pequenina que fosse. Ele queria bem a todos os seres da Terra, indistintamente, pobres e ricos, homens ou animais, e não havia animal algum, por mais feroz que fosse, que o atacasse porque em seu coração só havia bondade. O terceiro irmão, Pedro, tinha um temperamento bem diferente dos outros dois. Não gostava de estudar, nem nem tão pouco tinha um coração tão bom a ponto de sacrificar a sua vida exclusivamente para a felicidade dos outros. Não que ele fosse mau. Isso não. Pedro era também um rapaz de bons sentimentos. Possuía porém, uma extraordinária força e grande capacidade de trabalho. Raramente Pedro se sentia cansado. Carregava sozinho enormes pesos, sem demonstrar o menor sinal de fadiga. Assim, muito admirado ficou quando, atravessando um bosque, viu um homem alto e forte abraçado a uma gigantesca árvore, sacudindo-a a fim de arrancá-la do solo. - Este parece ter mais força do que eu - pensou Pedro, parando em frente ao desconhecido e esperando o resultado daquele esforço. Com mais algumas sacudidelas o homem conseguiu, de fato, arrancar a árvore da terra, e só então deu pela presença de Pedro, que continuava ali parado, estupefato. - Felicito-te pela tua extraordinária força - disse Pedro - Nunca pensei encontrar alguém que tivesse mais força nos braços do que eu. - Isso não é nada - respondeu o homem - Faço coisas ainda mais difíceis do que arrancar uma simples árvore. É só querer. - Ando à procura de uma profissão - falou Pedro - se consentires, ficarei ao teu lado para desenvolver a força que já possuo. Além do mais, sou muito trabalhador e poderei assim ser útil a ti. - Concordo - respondeu o outro - mas desde já aviso-te que não conheço a palavra preguiça e quem trabalha comigo também não pode ser preguiçoso. - Não seja esta a dúvida - disse Pedro - trabalhar é comigo. Durante o tempo todo em que Pedro trabalhou com o seu novo amigo, este não teve a menor queixa dele, pois Pedro era de fato um rapaz trabalhador e também muito valente. Com os exercícios que fazia diariamente, a sua força mais se desenvolveu, chegando mesmo a carregar enormes blocos de pedras, como quem carrega uma folha de papel. Neste intervalo, os sete anos se passaram e, no dia marcado, os três irmãos encontraram-se no lugar combinado. Abraçaram-se com alegria e voltaram para a casa do pai. Depois de cada um ter contado o que lhe acontecera, o pai disse-lhes: - Muito bem, vou experimentá-los para ver se as histórias maravilhosas que me contam são verdadeiras; quero ver se vocês aprenderam mesmo tudo quanto dizem. Numa montanha que fica a três dias daqui - disse ele aos rapazes - existem umas inscrições numa linguagem desconhecida. Dizem que é o roteiro de um fabuloso tesouro. É uma oportunidade de vocês demonstrarem as suas aptidões - terminou o pai. E assim, logo de manhãzinha no dia seguinte, os três se puseram a caminho. Grandes foram os obstáculos que encontravam a todo momento, mas graças a força de Pedro, que ora carregava os irmãos, quando eles já não tinham forças para andar, ora removendo grandes blocos de pedra que lhes impedia a passagem, chegaram a um ponto onde puderam divisar as famosas inscrições das quais falara seu pai. Mas, quando já estavam bem perto, ouviram os grunhidos de lobos. Miguel então se adiantou, sem o menor temor, e os seus irmãos viram uma coisa extraordinária: os lobos que no primeiro momento haviam avançado como verdadeiras

feras, ficaram de repente mansos como cordeiros, e, acercando-se de Miguel, lamberam-lhe pacificamente as mãos. Miguel então fez sinal a seus irmãos para passarem e eles assim o fizeram, sendo seguidos por Miguel. Ao chegarem finalmente, sãos e salvos ao lugar desejado, João pos-se logo a estudar as inscrições e, no final de alguns dias, já as havia decifrado inteiramente. O que elas apontavam era, de fato, o caminho a seguir para encontrar o tesouro. Sem perder um instante, os três irmãos encaminharam-se para o local indicado, achando dentro de um gruta, arcas repletas de oiro, prata, brilhantes e outras pedras preciosas. Cada um deles carregou tanto quanto pode e voltaram para a casa paterna, contentes e felizes. Ao saber de tudo, disse-lhes o pai: - Meus filhos, vocês devem ser sempre muito unidos. De que adiantaria a força de Pedro, se Miguel com a sua bondade não tivesse amansado os lobos ferozes? E se não fosse João, teriam vocês dois descoberto o tesouro, embora chegassem ao pé das inscrições? - Não - responderam os três - Se conseguimos alguma coisa foi porque trabalhamos juntos. - Por isso meus filhos, eu os aconselho a nunca se separarem e serem sempre muito amigos. Alguns anos depois disso, uma terrível doença assolou todo o país e o rei mandou anunciar que aquele que debelasse o mal que estava matando quase toda a população receberia, em troca, metade do seu reino. - Eis uma ocasião para nos distinguirmos - disseram os três irmãos - Vamos por em ação as nossas qualidades. E imediatamente os três começaram a agir. Miguel ia de casa em casa saber quais os remédios e os alimentos que precisavam os doentes, animando-lhes e dando-lhes conselhos. Pedro, com a sua grande capacidade de trabalho e força física, não poupava esforços, transportando os doentes de um lugar para outro e isolando a crianças e outras pessoas sãs do contato com os enfermos. Enquanto isso, João procurava descobrir a causa da epidemia, o que conseguiu dentro em pouco. Enfim, graças aos três irmãos, em poucos meses não havia mais um doente no país e o rei, satisfeito com o resultado obtido disse: - Cumprirei a minha palavra. Darei metade do meu reino a vocês, para que a dividam entre si. Cada um ficou com um pedaço igual de terra e o povo escolheu os três irmãos para serem os reis desses lugares. Cada um morava nos seus domínios, mas sempre continuaram amigos como seu pai lhes aconselhara. Trabalhando em conjunto para a felicidade dos seus súditos, que cada vez mais os estimavam e respeitavam. Esta história nos ensina que só se alcança a verdadeira felicidade quando se é Sábio, Bom e Trabalhador. Cada um de nós deve ser ao mesmo tempo um João, um Miguel e um Pedro. Mas, como conseguir isto? Estudando para desenvolver a inteligência, praticando boas ações e querendo bem aos nossos semelhantes e não deixando que a preguiça tome conta de nós. Realizando essas três coisas, todos nós podemos encontrar um tesouro e nos tornarmos ricos; ricos de alegria, ricos de bondade, ricos de sabedoria, riqueza essa que é a melhor que existe, porque não se acaba, não se perde, nem pode ser roubada, uma vez que ela é guardada dentro de nós, no nosso coração e na nossa cabeça.

17. Pan e a sua Flauta Encantada Há muitos anos, na Grécia, vivia um pastorzinho de ovelhas, chamado Jacinto. Era no tempo em que os deuses viviam na Terra, como de quando em vez acontece. Moravam todos em uma Montanha chamada Olimpo e dali, as vezes, desciam para os vales, para conversar com os homens que fossem dignos de tal coisa. Todas as manhãs Jacinto levava o seu rebanho para as campinas e, enquanto os animais pastavam ele ficava admirando a natureza e louvando a Deus por ter feito tanta coisa bela como o céu, o sol, as estrelas, as flores, as cascatas, as árvores e todos os seres vivos. Certo dia em que ele estava absorvido nas suas meditações, sentado ao pé de uma grande árvore, eis que ouve o som de uma flauta. Levantou-se e caminhou em direção à música; depois de andar alguns minutos viu, sentado sobre uma pedra, um ser estranho, meio homem e meio animal, pois tinha na cabeça dois cornos e da cintura para baixo o seu corpo era de bode, o qual executava em uma flauta, a música que Jacinto ouvira de longe. Ao ver aquela figura estranha, Jacinto teve vontade de fugir, pois jamais vira uma criatura tão esquisita, mas a música que ela tocava era tão melodiosa que Jacinto ficou fascinado por ela e, raciocinando melhor, viu que uma criatura má jamais poderia tocar uma música tão bonita e por isso perdeu o medo que tivera no primeiro momento, e ali ficou. O homem nem notou a presença de Jacinto e continuou a tocar a sua flauta. Jacinto aproximou-se dele, com todo o cuidado para não perturbá-lo com qualquer barulho, e ele não interrompesse a música. Passou-se assim mais ou menos meia hora. Por fim,aquela criatura estranha parou de tocar e olhando Jacinto, perguntou-lhe: - Quem és tu, que não tens medo de mim? - Sou um humilde pastor de ovelhas; o meu nome é Jacinto - respondeu o rapazinho. - És um rapaz valente - falou o homem - Tenho visto muito homem barbado fugir de mim espavorido, e tu, uma criança ainda, fica-te aí como se me conhecesse há muito tempo! - Não vejo motivo para fugir de ti - respondeu Jacinto - embora tu tenhas, de fato, uma figura bastante esquisita. Tocas tão bem, que não podes ser mau. - Pelo que vejo, és um rapaz inteligente e que raciocina muito bem - disse o homem - Quem julgas tu, então, que eu seja? - Devo estar na presença de um Gênio - falou Jacinto. - Sou alguma coisa mais do que isso, o meu nome é Pan - disse ele - O nome Pan significa TUDO. Eu sou toda a Natureza. Eu sou o Senhor da Natureza. - Se és o Senhor da Natureza - disse Jacinto - deves conhecer todos os seus segredos. - Assim é - respondeu Pan - E é tocando nesta flauta que converso com os animais, com as plantas, com as pedras e as flores. - Mas por que, Pan, tens um corpo tão feio? É para meter medo aos homens? - Não, meu filho - respondeu Pan - Sendo eu Tudo quanto existe na Terra, posso tomar qualquer forma, por mais absurda que pareça. - Por que então escolheste esta forma e não outra mais bonita? - perguntou Jacinto. - Isto de bonito ou feio, é coisa que não me interessa - respondeu Pan - porque o que é bonito para um pode ser feito para outro e vice-versa. No entanto, esta forma que eu tenho é a mesma dos primeiros Reis que governaram a Terra. - Primeiros Reis? - indagou admirado Jacinto. - Pelo que vejo, ignoras completamente o que se passou nesta Terra nos primeiros anos do seu aparecimento e por isso eu vou instruir-te a este respeito. Os primeiros homens deste Planeta Terra, como é natural, não tinham nenhuma experiência e por esse motivo, no princípio foram orientados por uns reis de outros planetas mais adiantados, que para cá vieram, a fim de ensinar-lhes o que eles não sabiam. Esses Reis é que tinham esta forma que ainda hoje conservo. - Ah! Agora compreendo - falou Jacinto - mas como é possível que ainda hoje, depois de tantos milhões de anos, tens um corpo que foi de uma raça tão antiga? - Há muita coisa estranha que os homens desconhecem e esta é uma delas - falou Pan

- São os segredos da Natureza, guardados zelosamente pelos sábios e santos. Um dia compreenderás melhor como isso é possível. Satisfeito com essas explicações, Jacinto deixou de fazer perguntas, demonstrando porém grande desejo de tocar uma música na flauta, chegando mesmo a pedí-la emprestada. Pan, porém, respondeu-lhe que aquela flauta só podia ser tocada por quem fosse iniciado nos segredos da Natureza, porque do contrário, poderia causar grandes perturbações ao Mundo, como: enchentes, tempestades e até tremores de terra. Vendo o espanto que se desenhava no semblante do rapaz, Pan explicou que dentro daquela Flauta estavam guardadas Sete Notas Sagradas, que eram a própria palavra de Deus, a qual havia criado todos os universos, e daí o perigo de fazer vibrar essa Palavra por quem não estivesse em harmonia com toda a Natureza. - Se fizeres, porém, tudo quanto te mandar, poderei um dia emprestar-te esta flauta - disse Pan. - Naturalmente que farei - respondeu Jacinto. - Três são as condições exigidas - falou Pan - A primeira é correr mundo; a segunda é te alimentares apenas de frutos e leite e a terceira é fazer bem a todos, amigos e inimigos, defendendo os fracos e não permitindo que se cometa qualquer injustiça em tua presença. Estás disposto a isto? - perguntou Pan. - Estou! - falou Jacinto. - Além do mais - acrescentou Pan - precisas ter grande força de vontade para não fracassar, porque serás muito perseguido e muita gente te tomará por louco. - Farei o possível para vencer - respondeu Jacinto. - Está bem, vá e sê feliz! Dentro de três anos, a contar de hoje, estarei aqui à tua espera. Logo na manhã seguinte, bem cedinho, Jacinto deixou a sua casa e foi correr mundo, tal como mandara Pan, tendo o cuidado de se alimentar apenas de leite e frutos. Durante todo o tempo da viagem, Jacinto viveu exclusivamente para auxiliar os seus semelhantes, não se preocupando com a sua pessoa, pensando apenas nos outros, de modo que ao terminar o prazo fixado por Pan, havia ele evoluído muitíssimo, tornando-se quase um santo. - Agora sim - disse Pan, ao ver Jacinto novamente - vejo brilhar na tua fronte a luz da pureza. Estás em harmonia com a natureza e poderás tocar nesta flauta sem que haja o menor perigo. E naquele mesmo dia Pan começou a ensinar Jacinto como tocar a sua flauta que, como vocês já viram, não era uma flauta comum, e sim uma flauta encantada, capaz de produzir as coisas mais impossíveis. No fim de alguns meses, Jacinto sabia manejar o instrumento como um verdadeiro mestre. Entusiasmado com o progresso do seu discípulo, Pan fez uma flauta igualzinha à sua, com os mesmos poderes, e deu-a de presente a Jacinto que, de posse dela, conversava com os animais, com as flores, com as árvores, com as pedras, com as águas, enfim, com toda a natureza. Daquele dia em diante, Jacinto foi a criatura mais feliz do mundo, pois havia conquistado o maior tesouro que se pode desejar na Terra, que é o conhecimento da Palavra de Deus ou do Som Criador que fez surgir os mundos. Nada de mau pode acontecer a quem conhece essa Palavra, porque ela nos defende e nos protege. Com ela podemos curar doentes e realizar tudo quanto chamamos de milagres, abrir ou fechar montanhas, enfim, as coisas mais impossíveis que se possa imaginar, mas para isso é necessário estar preparado, tornar-se antes, bom e justo. Conhecer essa Palavra vale mais do que possuir dinheiro ou jóias, porque o dinheiro e as jóias podemos perder, ao passo que quem aprende uma vez a Palavra de Deus, nunca mais a perderá, nem mesmo depois de morto.

18. A Lenda da Serpente e do Colibrí Irisiforme Como disse a vocês na aula passada, nem todos os habitantes da Atlântida morreram. Muitos deles foram salvos, isto é, foram conduzidos para lugares distantes, a fim de que deles saísse um novo povo. Sempre que um país ou uma região qualquer está fadada a desaparecer da face da Terra, como aconteceu na Atlântida, aparece um homem que se chama Manu, e o Manu então conduz os homens bons, aqueles que são fiéis à Lei, para lugares seguros, lugares que não são atingidos por cataclismas. O povo que é salvo chama-se a SEMENTEIRA DA NOVA CIVILIZAÇÃO, porque deles, das suas famílias é que vão nascendo a gente que formará, com o tempo, uma nova raça, um novo povo. E o lugar seguro para onde essa SEMENTEIRA é conduzida, geralmente fica em regiões altas, em Montanhas. A palavra MANU, portanto, quer dizer o condutor de um povo, o guia de um povo; é o chefe, aquele que orienta um determinado número de homens que são os ELEITOS, que quer dizer escolhidos e isso porque o Manu escolhe os homens, as mulheres e as crianças que são dignos de pertencerem à sua família e que vão constituir o seu povo. Hoje vou contar a vocês a história de um povo descendente dos Atlantes, isto é, um punhado de gente que não foi destruída, porque naturalmente era gente boa, que cumpria os seus deveres e respeitava as leis divinas. Esse povo chamava-se Pipiles e habitava a América Central, um lugar que hoje é conhecido por República do Salvador. Como todos os povos da Terra, os Pipiles tinham também um Rei, ou melhor, Manu, cujo nome era Quetzalcoatl. Havia uma lenda de que Quetzalcoatl antes, muito antes de ser o Manu daquele povo, havia alí aparecido sob a forma de uma SERPENTE IRISIFORME, isto é, uma Serpente de Sete Cores. As sete cores dessa Serpente são as mesmas dos planetas sagrados, aquelas sete emanações de Deus, como já aprendemos em outras aulas e assim vocês podem compreender porque a lenda diz que Quetzalcoatl, quando pela primeira vez apareceu na Terra, apresentou-se sob a forma de uma Serpente de 7 cores. Quetzalcoaltl, sendo um Manu, era portanto um enviado de Deus, e sendo um enviado de Deus, ele se mostrou, no início, antes de tomar forma humana, uma forma de homem, com todas as características desse Deus ou dessa Entidade Superior que ele representava na Terra e por isso, apareceu como Serpente, que é o Símbolo de Sabedoria, daquele que tudo sabe que é Deus, e como as 7 cores são as 7 primeiras emanações de Deus e que nós conhecemos como os 7 Planetas Sagrados ou os 7 Filhos de Deus. Para que vocês possam compreender melhor, vamos exemplificar: - Aquele Ser que nós chamamos de Deus, e que podemos representar por um Triângulo com um Olho no centro, quando precisa descer dos seus mundos celestes para a Terra, divide-se em 7 Pedaços, cada um desses Pedaços toma uma cor, que são as 7 cores que nós já conhecemos: laranja, violeta, vermelho, amarelo, púrpura, azul e verde. Esses 7 Pedaços ou 7 Raios são os seus 7 Filhos. Ora, a Serpente Irisiforme ou a Serpente de 7 Cores, quer dizer: “Deus manifestado nos seus 7 Filhos, cada Filho representando uma das cores da pele da Serpente”. Isso aconteceu no início mas depois, quando houve necessidade de ficar junto dos homens, junto do povo para guiá-lo, orientá-lo como Manu, então a Divindade tomou uma forma também humana. Agora não mais como Serpente, mas como um homem, um Rei, cujo nome era QUETZALCOATL. Aliás, se traduzirmos para a nossa lingua a palavra ou nome KETZALCOATL, teremos o seguinte: Ketzal que quer dizer tudo que designa as coisas iridiscentes ou tudo que é formado de cores brilhantes, radiosas e Coatl que quer dizer cobra ou serpente. Assim, o nome daquele Manu, ou seja, KETZALCOATL é o mesmo que Serpente de Cores Brilhantes ou Irisiforme, ou ainda, Serpente das 7 Cores do Arco Iris. Ainda hoje, em museus, encontra-se grande número de documentos da época em que esse

Manu viveu na face da Terra, que trazem um desenho representando uma Serpente Ornada de Penas, que era o seu símbolo. Bem, agora que vocês já sabem a origem da palavra KETZALCOATL, continuemos a história desse misterioso personagem, que foi tão querido e respeitado pelo seu povo. Contam que quando KETZACOATL ficou velho, um dia a Luz desceu dos céus e trouxe-lhe um espelho para que ele olhasse a sua cara. Vendo o Rei que o seu rosto estava tão feio, transformado pela velhice, a pele enrugada, ele ficou muito triste pensando que em breve morreria, deixando o seu povo desamparado sem que alguém pudesse suceder-lhe no trono. Ketzalcoatl não tinha medo de morrer, não era isso, o que ele não queria era morrer antes de terminar a sua missão, o seu trabalho entre a sua gente. Por esse motivo, meditou muito sobre o que devia fazer para recuperar a sua mocidade de outrora e a sua capacidade de trabalho, tão necessárias ainda. Ele sabia que em um lugar distante, a algumas léguas de onde morava, havia um grande Lago de Águas Azuis formado pelas águas de uns rios encantados que, diziam os sábios, desciam diretamente dos Céus, e para lá se dirigiu. O Lago de Águas Azuis, também conhecido com o nome de Grande Espelho, porque nele se refletiam todas as estrelas do céu, era um lago encantado que respondia às perguntas que se lhe fizessem, dizendo sempre a verdade. Assim, ao chegar à beira do Lago, Ketzalcoatl formulou esta pergunta: - “Ó águas encantadas vindas do céu, dizei-me o que devo fazer para tornar-me novamente jovem!” As águas do lago, de costume mansas, encresparam-se levemente e uma voz de dentro delas se fez ouvir: “Ó nobre Rei do Povo Pipiles, a tua intenção é a mais digna possível e por isso, serás atendido na tua súplica. Suba à Montanha mais alta que daqui se vê, aquela que quase toca o céu. Lá encontrarás 4 Pássaros Sagrados. Em lá chegando, pinte o teu rosto com as 7 Cores do Arco Iris. Feito isto, faça uma fogueira e nela se atire, mas tenha cuidado de realizar tudo isso na presença dos 4 Pássaros. É absolutamente necessário que Eles estejam presentes”. Ketzalcoatl então subiu a Montanha, armou a fogueira, pintou o seu rosto com as cores do Arco Iris e, ao entardecer, quando o Sol baixou no horizonte, os raios caindo sobre o lenho, incendiaram-no e enormes labaredas se ergueram. Nesse momento, Ketzalcoatl atirou-se na fogueira, como lhe ordenara a voz que ele ouvira de dentro do Lago, rodeado pelos 4 Pássaros, e ali ficou alguns minutos. Quando saiu da fogueira, o seu corpo não apresentava o menor sinal de queimadura; a sua pele estava rija como a de um adolescente, o seu corpo todo havia readquirido o vigor da mocidade. Entusismado com essa transformação, Ketzalcoatl exclamou: “Ilamcuky, Ilamcuky, Ilamcuky”! - que quer dizer: “Eu sou Eterno na minha própria velhice”! Além dessa transformação, outra coisa interessante também aconteceu; Ketzacoatl notou que a sua FACE estava como que dividida em duas; com o lado direito Ele via, ouvia e sentia tudo que se passava no Céu, via os anjos e os ouvia cantar e falar, e com o lado esquerdo Ele só via o que se passava na Terra, o que faziam e diziam os homens. Por essa razão ficou também conhecido pelo nome de GÊMEO FORMOSO, porque era como se Ele tivesse duas FACES. Desde então Ele passou a exercer duas funções, isto é, a fazer dois trabalhos, um ligado ao Céu e outro à Terra; em virtude de sua vista dupla ou gêmea. Aquelas cores com que Ketzacoatl havia pintado o seu rosto transformaram-se em 7 pedras preciosas, assim que Ele se atirou na FOGUEIRA; transformaram-se do seguinte modo: a cor verde virou uma esmeralda, a azul uma safira, a vermelha um rubi, a violeta uma ametista, a amarela um topázio, a laranja um carbúnculo e a púrpura uma rubina. Ketzacoatl em agradecimento à dedicação daqueles Pássaros, deu ao mais velho a safira, ao segundo o rubi, ao terceiro a ametista e ao quarto a esmeralda. Mas como eram sete as pedras, sobraram ainda três, sobraram o topázio, a rubina e o carbúnculo. Ele guardou para si o carbúnculo e as outras duas pedras colocou em um estojo forrado de seda, dizendo: “Os donos destas pedras ainda não estão trabalhando no mundo e, por isso elas vão ficar aqui guardadas”. Tendo recuperado a sua juventude de outrora, graças ao ritual da Fogueira, foi possível a Ketzacoatl dirigir o seu povo durante um longo tempo ainda. Passados muitos e muitos anos, quando Ele viu que os seus súditos estavam bem preparados,

graças ao que Ele lhes ensinara, e que podiam governar-se sozinhos sem a sua interferência direta, subiu novamente a Montanha, chamou para junto de si os 4 Grandes Amigos, os 4 Pássaros Sagrados e transformou-se em um lindo Colibri Irisiforme, que desapareceu por entre as nuvens, voltando para a sua Verdadeira Morada Celeste, que fica muito além deste Céu Azul que nós vemos aqui na Terra. Observações: Recordar com as crianças, no trecho oportuno da história, as cores dos planetas e dizer que as pedras preciosas que Ketzacoatl deu aos Pássaros e mais as outras três, correspondem a esses mesmos planetas, a saber: Sol ou Terra - carbúnculo; Lua - ametista, Marte - rubi, Mercúrio - topázio, Júpiter - rubina, Vênus - safira e Saturno - esmeralda. Explicar também: a) Que Ketzacoatl guardou para ele a pedra que corresponde a Terra, porque ele estava trabalhando diretamente com os homens, e portanto, a pedra que mais lhe convinha era a que se relaciona com o mundo onde moram os homens, ou seja, a Terra; b) Que a LUA que trouxe o espelho mostrando a sua velhice, porque a Lua que nós vemos no céu é um resto da verdadeira Lua que se encontra por trás desse resto, e assim representa a velhice; c) Que o Lago das Águas Azuis ou do Akasha (que é Azul) pode ensinar-lhe como se tornar novamente jovem, porque as suas Águas vinham do Céu, do Mundo da Sabedoria, onde moram os Seres que tudo sabem; d) Que o Colibri é também um símbolo dos Gêmeos Espirituais, como prova o fato de em certa passagem da vida de nossa Obra, tendo D. Helena sido operada de apendicite, a sua alma, ou os seus princípios vitais, terem tomado a forma de um COLIBRI, o qual veio até junto ao Mestre e brincou com os lóbulos de suas orelhas (o que é muito interessante e raro, porquanto o colibri é uma avezinha arisca que jamais chega perto de alguém). E isso acontecendo em um momento que o Mestre estava preocupadíssimo com a saúde de D. Helena, era como se o Colibri dissesse: “Não se preocupe, estou passando bem, estou salva”! Notícia essa que foi confirmada alguns minutos depois pelo telefone, dizendo que a operação correra bem e que D. Helena estava fora de perigo.

19. Sistema Geográfico No mês de Julho comemoramos, na Obra, o aniversário de 7 Homens muito evoluídos que chamamos DHYANIS. Os 7 Dhyanis moram em sete cidades que ficam à volta de São Lourenço, as quais formam o Sistema Geográfico Sul-Mineiro. Além dos Dhyanis, outros seres também evoluídos e adiantados, verdadeiros anjos bons, moram no Sistema Geográfico. As cidades que formam o Sistema Geográfico são: Aiuruoca, Conceição do Rio Verde, São Tomé das Letras, Maria da Fé, Carmo de Minas, Itanhandú e Pouso Alto. Os Dhyanis e os seres que os acompanham não moram propriamente naquelas cidades mas em cidades subterrâneas que ficam por baixo delas. Em cada uma dessas cidades existe um Templo. O da primeira cidade é o Templo do Saber, da segunda, da Beleza, da terceira, da Bondade, da quarta, da Pureza, da quinta, das Relíquias, da sexta, da Ventura e da sétima, da Sublimação. Ora, se embaixo daquelas cidades existe um Templo em cada uma delas, em baixo de São Lourenço também não podia deixar de ter um Templo e esse Templo se chama CAIJAH, e fica justamente sob o Templo da Vila Canaã. Em Caijah vive uma criança muito linda de cabelos loiros e olhos verdes, que se veste sempre de branco, assim como o Menino Jesus. Devido à presença dessa Criança e do Templo que fica em baixo de São Lourenço é que os teósofos chamam São Lourenço de “A Capital Espiritual do

Brasil”. Os Dhyanis nasceram todos no ano de 1900, de 1 a 7 de Julho, e assim estão completando agora 61 anos de idade. As mães dos Dhyanis são pessoas também muito adiantadas e evoluídas, e como são de tipos raciais diferentes, os seus filhos, os Dhyanis, também tem tipos diferentes uns dos outros; uns tem tipo oriental, com cabelos escuros e pele morena; outros são claros, de olhos azuis. Enfim, cada um representa um tipo racial, como se fossem de sete raças diversas. Como as Mães dos Dhyanis não podiam viver na face da Terra, uma vez que tinham que morar na Agartha, os Dhyanis foram entregues aos cuidados de outros homens, que os educaram como se eles fossem seus filhos. Esses homens que tomaram conta dos Dhyanis são ainda mais evoluídos. Os Dhyanis eram os discípulos e os outros os Mestres. Os Dhyanis fizeram grandes estudos, mas cada um escolheu uma cousa diferente. Um, por exemplo, estudou tudo que se relaciona com as artes, ou seja, pintura, música; outro estudou medicina; outro engenharia; outro direito; outro química. Mas cada uma dessas matérias eles estudaram bem a fundo, por isso o nosso Mestre os chama de OS SETE DONS DA INTELIGÊNCIA, porque de fato tudo o que a inteligência humana pode aprender, eles conhecem. O Mantran Búdico, música que tocamos muitas vezes aqui, foi feita e oferecida a nós por aquele Dhyani que se dedicou as Artes, enquanto que um Licor preparado com plantas e outras coisas vindas da Agartha, foi feito e trazido para nós pelo Dhyani que estudou alquimía, Dhyani esse que se chama Antonio José Brasil de Souza, enquanto que aquele outro do Mantran Búdico é Bento José Brasil de Souza. Tem eles, como todos os demais, os nomes de Brasil, em homenagem à Terra onde vivem e onde tem que desempenhar a sua missão; os nomes José e Souza, em homenagem ao Professor, a quem eles muito respeitam e veneram. Quando o Professor e D. Helena, os Gêmeos Espirituais, fundaram a nossa Obra na Montanha Sagrada de São Lourenço, esses Dhyanis tinham justamente a idade de 21 anos, isto é, tinham atingido a maioridade. No nosso Templo em São Lourenço, no Museu, existem à volta de um Garrafão cuja história um dia também será contada, 7 bandeiras de países diferentes. São as bandeiras dos lugares onde moram os seres que tomaram conta dos Dhyanis. Os lugares onde vivem esses Seres que foram os Tutores dos Dhyanis, chamam-se os 7 Postos do Mundo. Antonio José Brasil de Souza e Bento José Brasil de Souza são os dois primeiros Dhyanis, a seguir vem Carlos José Brasil de Souza, Daniel José Brasil de Souza, Eduardo José Brasil de Souza, Francisco José Brasil de Souza e Godofredo José Brasil de Souza. Não são nomes difíceis de se guardar, pois seguem a ordem alfabética. obedecendo ainda essa ordem alfabética de A a G, existe em nossa Obra a seguinte frase: A BRASA CAIU DO EMPÍREO FAZENDO GERMINAR HENRIQUE-HELENA, o que é muito interessante, porque os Gêmeos Espirituais, ou Henrique-Helena, são homenageados por nós no oitavo dia, isto é, no dia 8 de Julho. Nessas cidades de que lhes falei do Sistema Geográfico, existem entradas para as cidades subterrâneas. A essas entradas chamamos embocaduras. Naturalmente que essas entradas ou embocaduras não são visíveis para qualquer pessoa. Elas ficam em lugares afastados da cidade, perto das montanhas e nas florestas, as vezes perto de cachoeiras. E foram abertas em épocas diferentes. Assim, temos a mais antiga: Aiuruoca, aberta no ano 1000; depois Conceição do Rio Verde em 1200; São Tomé das Letras em 1500 (ano da descoberta do Brasil); Maria da Fé em 1789; Carmo de Minas em 1800; Itanhandú em 1883 (ano do nascimento do Professor) e Pouso Alto em 1934. Essas cidades subterrâneas onde existem aqueles sete Templos, são verdadeiras cidades encantadas e por isso não é de se estranhar que lá existam uns animais muito sábios, possuidores de grande inteligência, que se chamam “totens”. Cada cidade tem o seu “totem”. Assim, o de Aiuruoca é uma anta, de Conceição do Rio Verde um jaguar, de São Tomé das Letras uma raposa, de Maria da Fé um veado, de Carmo de Minas uma cascavel, de Itanhandú um lobo e de Pouso Alto uma siriema. São Lourenço, como a cidade central do sistema, também tem o seu totem que é um javalí. A propósito de javalí, vou contar-lhes um fato que se passou com um caçador chamado Eugênio, que reside em São Lourenço. O que vou contar sucedeu justamente no ano de

1921, quando os Gêmeos Espirituais foram pela primeira vez à Montanha Sagrada. Estava o caçador Eugênio caçando nos arredores da Montanha, quando deparou com uma gruta estranha. Desejoso de ver o que havia ali dentro, ele penetrou no seu interior e, qual não foi o seu susto quando viu ali alguns caetetus, mas que deviam ser javalís, em atitude de quem estivesse conversando, sendo que entre eles havia um maior do que os outros, o qual, segundo conta o caçador Eugênio, parecia ser o chefe deles todos, tal a atenção que os outros davam a ele. Tão apavorado ficou o caçador com aquele espetáculo, pois teve a impressão exata de que aqueles animais não eram comuns, tal a expressão das suas fisionomias, que ele saiu correndo da gruta, porém com a pressa que teve em fugir, deixou lá uma garrafa de querosene que levara consigo. Muitos anos depois deste fato, estando o caçador Eugênio conversando com uns Irmãos da Sociedade, entre eles o Walter, filho do Professor, Vidal e um outro residente em São Lourenço, Ural Prazeres, contou a eles o que vira e como achara aqueles javalís esquisitos. Ora, esses Irmãos que sabiam ser o javalí o totem de São Lourenço, mostraram desejo de ir àquela gruta da Montanha e, no dia seguinte pela manhã, acompanhados do caçador Eugênio, para lá se dirigiram. Os javalís não estavam lá, mas a garrafa de querosene ainda se encontrava no mesmo lugar. Essa garrafa foi apanhada pelos Irmãos e hoje encontra-se também no Museu do nosso Templo, em cujo gargalo vê-se uma pequenina ferradura, que é justamente do tamanho da pata de um javalí e foi encontrada nos terrenos onde foi edificado o Templo da Vila Canaã. Foi uma lembrança deixada alí pelo totem de São Lourenço para os Irmãos da Sociedade. Outra coisa também interessante que desejo contar a vocês sobre o Sistema Geográfico são as bibliotecas que lá existem. Todos os livros do Mundo são levados para lá. Como Aiuruoca é a cidade mais antiga, os livros mais antigos são guardados alí. Pouco Alto, como é a mais nova, guarda os livros mais recentes. São todos livros de grande valor, que contém ensinamentos preciosíssimos. Agora que vocês já tem uma idéia do que seja um Sistema Geográfico, vou contar uma lenda muito antiga que tem a ver com a primeira cidade desse Sistema Geográfico, que é Aiuruoca. Há muitos e muitos anos, a serra onde hoje existe a cidade de Teresópolis, bem pertinho do Rio de Janeiro, chamava-se Itapira, que significa Pedra Inclinada ou Montanha de Fogo. Ali viviam os Gurupiras, indios de grande valor, pois eram descendentes dos Atlantes, e haviam sido salvos da catástrofe atlante, justamente porque eram uma gente boa. O chefe dos Gurupiras chamava-se Guarantan. Ele tinha uma filha de nome Abayu, que quer dizer “a de cabelos loiros”. De fato, Abayu era uma jovem muito bonita, de pele clara, olhos azuis e tinha lindos cabelos cor de oiro. Esta moça era a sacerdotisa da tribo e o seu renascimento fora anunciado à sua mãe, Morira, por um Anjo ou Deva. Abayu havia sido escolhida pela Divindade para ser a mãe do futuro chefe da tribo, o qual conduziria o seu povo para uma região de fartura, paz e felicidade. Açoce-Bu, o sacerdote da tribo anunciara a Guarantan que quando Abayu completasse a idade de 16 anos, um Cavaleiro Celeste de nome Cabaru-Tupã, viria desposar a jovem, para que desse casamento nascesse o futuro chefe da tribo. Assim, toda a infância de Abayu foi cercada de um certo cuidado, porque segundo anunciara o sacerdote Açoce-Bu, a jovem filha de Guarantan não era uma criatura comum e por isso, tinha sido escolhida para ser a esposa do Cavaleiro Celeste e Mãe de Mora-Morotin. Abayu era uma sacerdotisa do Templo, e por isso era ela quem velava o Fogo Sagrado. Acontece, porém, que ao sopé da Montanha onde habitavam os Gurupiras, nome esse que significa “os que moram além da serra”, vivia um outro povo mau, que se dedicava a feitiçaria e portanto não deveria durar muito tempo; era um povo que estava fadado a desaparecer devido as maldades que praticavam os seus homens. Chamava-se esse povo Caacupês, que quer dizer “os que moram por baixo da serra”. Nessa tribo havia um feiticeiro chamado Bagé Baguá, que quer dizer o Feiticeiro da Lagoa. Bagé Baguá sabia da grande felicidade que um dia iriam gozar os Gurupiras quando Mora-Morotin atingisse a maioridade, isto é, quando completasse 21 anos de idade e, por isso, levasse o seu povo para a terra da paz, da fartura e da felicidade e disse isso ao

filho do chefe da sua tribo a fim de que Mora-Morotin nascesse entre os Caacupês. Mas para isso era preciso que Apiamira roubasse Abayu. E desde esse dia então, os Caacupês começaram a se preparar para uma grande guerra, com o intuito de roubarem a bela Sacerdotisa dos Gurupiras, a jovem Abayu. Por outro lado, porém, o Sacerdote Açoce-Bu, que de tudo sabia, vigiava Abayu dia e noite, para que nada de mau lhe acontecesse. Quando Abayu completou a idade de 16 anos, foi avisada por um Anjo que o seu noivo celeste Cabaru-Tupã, deveria chegar dentro em breve e que no dia da sua chegada, uma grande luta se travaria entre as duas tribos, dos Gurupiras e dos Caacupês. Ao saber do sonho de Abayu, o Sacerdote Açoce-Bu avisou ao povo para que todos estivessem preparados para o grande momento que se aproximava. De fato, alguns dias depois desse sonho, o céu se cobriu de negras nuvens que pouco a pouco foram se dissipando, deixando ver no firmamento três Arco-Iris, formando três círculos, em cujo centro resplandecia o Cruzeiro do Sul. Era este o sinal da vinda de CabaruTupã, o Cavaleiro Celeste. Guarantan, então, chamando toda a sua gente, ordenou que se formassem três círculos com os guerreiros mais valentes da tribo, ficando ele, Abayu e o Sacerdote no centro, aguardando os acontecimentos. De repente, línguas de fogo ergueram-se da terra, como se fossem enormes fogueiras e grandes bolas nas cores amarelo, azul e vermelho, saltavam de um monte para outro. Uma chuva de estrelas foi o aviso da chegada de Cabaru-Tupã. E, como se tivesse caído do céu, apareceu no centro dos três círculos da terra, bem diante de Abayu., o Cavaleiro Celeste, trazendo na Mão direita uma espada de fogo. O seu cavalo era todo branco e os arreios de oiro. Saltou os estribos e se ajoelhando diante de Abayu, tomou-lhe as mãos, beijando-as respeitosamente. Em seguida, dirigiu-se a Guarantan, felicitando-o por ser o pai da divina Abayu, e disse-lhe: - Tú és o tronco de onde vai surgir a nova raça, da qual meu filho Mora-Morotin será seu guia. Eu sou o Filho de Tupã, do qual nascem todos os seres da Terra. Enquanto isso se passava, o Sacerdote Açoce-Bu, ajoelhado,, beijava a terra e o povo radiante, gritava alegremente “Iaguabebê, Iaguabebê, Cabaru-Pararaga” que, traduzido para a nossa língua significa: “Estrelas cadentes, estrelas cadentes, o cavalo das nuvens, o cavalo das nuvens”. Ora, os Caacupês, que tudo haviam presenciado, começaram desesperadamente a galgar a serra, atirando as suas flechas envenenadas em direção dos Gurupiras. Foi então que se travou uma luta terrível entre as duas tribos. O Cavaleirto Celeste, brandindo a sua Espada de Fogo, ia vencendo os terríveis feiticeiros e, em dado momento, ouviu-se um estrondo medonho que fez tremer a própria terra e grandes pedras começaram a rolar montanha abaixo, matando os últimos guerreiros dos Caacupês. Cessada a luta, Cabarú-Tupã voltou para junto da sua noiva e começaram então os preparativos para o casamento, cujas festas duraram sete dias. Algum tempo depois, um acontecimento ainda maior verificou-se; o nascimento de Mora-Morotin, que quer dizer o Puro, o Perfeito, Aquele que conduziria o seu povo para uma região de paz, felicidade e fartura. Acontece, porém, que Cabarú-Tupã, o Cavaleiro Celeste não podia continuar na Terra. Depois do nascimento do seu filho Mora-Morotin, devia ele desaparecer e por isso, depois de ter preparado a sua esposa para essa separação, foi embora, da mesma maneira misteriosa pela qual aparecera. Quando Mora-Morotin completou 21 anos, foi proclamado Chefe da sua Tribo. Reuniu então toda a sua gente e avisou que em breve deveriam todos partir para um lugar distante, onde havia fartura, paz e felicidade. Foi assim que Mora-Morotin e seu povo chegaram a Aiuruoca, que na língua indígena quer dizer “Buraco na Rocha” e em outra língua, em sânscrito, significa Lugar de Luz (Ajur-Loka), alí se estabelecendo e fundando a primeira cidade do Sistema Geográfico Sul-Mineiro. Ajur-Loka: Caverna da Luz, Boca Iluminada.

20. A Porcelana do Rei Peça em 1 ato - com bailados (adaptação de um conto de Malba Tahan) Cenário A ação passa-se na China, no palácio real. Vê-se a sala do trono onde o Rei, cercado de mandarins, discute assuntos importantes. Do outro lado do salão, vê-se um grupo de homens idosos conversando com o sábio filósofo Confúcio. Gentís senhoras alegram o ambiente com a sua graça e beleza, enquanto palestram com certa discrição. Nas paredes veem-se belos quadros e ricas tapeçarias, onde predominam figuras de dragões alados, de cores vivas e brilhantes. Em cima de pequenas mesas e dentro de vitrinas, acham-se os mais belos objetos de arte, trabalhados em marfim e porcelanas finíssimas. Dois lindos vasos dourados, de porcelana, estão colocados em um móvel próximo ao trono. REI

- Afastando-se dos mandarins dirigindo-se a Confúcio: “Dizei-me, ó honrado Confúcio, como deve agir um magistrado? Com extrema severidade, a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência, a fim de não sacrificar os bons?” CONFÚCIO - Conservando-se, a princípio em silêncio, em profunda reflexão e depois, dirigindo-se a um servo: “Traga dois baldes de água; um com água fervendo e outro com água gelada. - O servo retira-se a fim de buscar o que foi pedido. Os presentes entreolham-se em silêncio. Instantes depois, volta o servo com as vasilhas de água e coloca-as perto de Confúcio. CONFÚCIO

- Dirigindo-se ao servo: “Traga aqueles dois vasos dourados - o servo obedece - Agora enche esses vasos com a água que acabas de trazer, sendo um com água fervendo e outro com água gelada.” - O servo prepara-se para obedecer a ordem de Confúcio, mas não chega a cumprí-la, porque ouve-se um certo burburinho no salão e o Rei, indignado, dirigese ao sábio, com ar estupefato: REI “Que loucura é esta, ó venerável Confúcio! Quereis destruir essas obras maravilhosas? A água fervendo fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada; a água gelada fará partir o outro.” - Confúcio não responde, mas toma uma das vasilhas e mistura as águas; primeiro a fria e depois a quente. Com a mistura, enche os dois vasos. O Rei e os mandarins, bem como todos da côrte , observam, atônitos, a atitude singular do filósofo. Confúcio, indiferente ao assombro dos presentes, aproxima-se do Rei, e então fala: CONFÚCIO “A alma do povo, ó Rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça do Rei é como a água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são, igualmente, desastrosas para a delicada porcelana; manda pois, a Sabedoria e

ensina a Prudência, que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade com que se pode castigar o mau e a benevolência com que se deve educar e corrigir o bom.”

21. A Luz é a Alma Temos todos um corpo e uma alma, não é verdade? O corpo é formado de membros diversos: cabeça, braços, tronco, pernas, etc. No interior desse mesmo corpo temos os orgãos: o cérebro, o coração, com o seu constante ti-tac, temos as veias por onde corre o sangue, e muitos outros orgãos mais. Tudo isso se chama a parte física da criatura, ou seja, a matéria. Por sobre o corpo vestimos as roupas e assim, fica o corpo escondido. Pois bem, irmãozinhos, além desse corpo que é a nossa parte material, a nossa aparência física, temos todos uma alma que dentro de nós habita e que é o nosso verdadeiro Eu ou Ego. Alma essa que já morou em outros corpos, que deles se libertou no momento da morte, que outra coisa não é senão uma diferente forma de vida em outros planos; mais tarde explicaremos a vocês o que são os planos. Diremos agora, apenas, que planos são como que outros mundos. Pois bem, essa alma que abandona o corpo quando cessa a vida física, volta mais cedo ou mais tarde, a reencarnar-se. Reencarnação significa, como vocês estarão compreendendo, a volta de uma alma em um novo corpo. É, por exemplo, como a mudança de uma pessoa de uma casa para outra. A pessoa que se muda é a mesma, apenas a casa é diferente, e isto porque a habitação primitiva não serve mais, por essa ou aquela razão e muitas vezes por estar velha e estragada. Do mesmo modo, quando o corpo fica velho ou atacado pelas enfermidades que não mais pode vencer, vem então a morte e a alma, que continua viva - pois que é eterna e imortal - vai para outros planos, voltando depois a habitar o novo corpo em uma criança que nasce. O Que é alma? - perguntarão vocês - A alma que mora dentro de nós, é como a luz que ilumina as nossas moradas, sendo ainda o próprio sopro que alimenta a nossa vida. Essa luz que ilumina as casas faz com que possamos ver tudo quanto as mesmas contém. Durante as horas do dia, temos a luz do sol e de noite, a iluminação artificial, a elétrica, usada agora. Assim também a alma pode ser comparada a uma luz intensa que ilumina a nossa mente - parte interior da cabeça na qual mora o Pensamento - e essa luz faz com que possamos conhecer os nossos defeitos e qualidades, corrigindo pouco a pouco os primeiros e sempre procurando aperfeiçoar os últimos. Mas para que a alma possa viver desperta dentro de nós, para que não fique adormecida, como aquela princesa de um bonito conto de fadas que vocês por certo conhecem, é preciso que cuidemos dela, que a alimentemos por meio de bons pensamentos, bons sentimentos e boas ações, do mesmo modo pelo qual cuidamos de uma planta a fim de que ela possa crescer, dar flores e frutos. A minha meditação: “Seja o melhor possível, aquilo que você é.”

22. A Floresta Encantada Em uma graciosa casinha, na orla da Floresta Negra (Alemanha), vivia a família de um carpinteiro. Sua filhinha cantava o dia inteiro e enchia a casa com o seu riso e brincadeiras. Chamava-se Rainho de Sol. - Mulher - disse o carpinteiro um dia - faz tempo que o meu serrote está mudo, porque não tenho sequer uma tábua para fazer um banquinho. Se não trabalho, não ganho dinheiro para comprar a madeira que preciso e, sem madeira, como posso trabalhar? A mulher suspirou profundamente. - Que problema! - disse - Não sei o que fazer! Não temos mais nem uma migalha de pão... - Mas eu poderia encontrar a solução - continuou o carpinteiro - neste bosque há faias, pinheiros, carvalhos... Poderia ir abatê-los... - Oh! não, por favor, não vá! - pediu a esposa - No bosque há gnomos e sílfides, duendes invisíveis e bruxas... Eles aprisionam os que penetram no seu reino... Não vá, porque eu não voltarei a vê-lo! - E a pobre mulher caiu em prantos. Coragem - consolou-a o marido - Você vai ver que nada me acontecerá. E não chore tão alto para que Raio de Sol não a ouça... Na manhã seguinte ao despontar da aurora, o carpinteiro foi se afastando de sua casinha adormecida, e não percebeu uma pequenina figura vestida de rosa que o seguia à distância. Era Raio de Sol que, na noite anterior, havia escutado a conversa em torno dos terríveis perigos da floresta, e seguia o seu papai, furtivamente, para protegê-lo. O carpinteiro caminhava a largos passos e Rainho de Sol corria penosamente atrás dele. À medida que penetravam na floresta, a pequenina, exausta, caminhava cada vez mais lentamente e ia ficando para trás. Seu pai já não era mais do que um pontinho que aparecia e desaparecia por entre as árvores. Agora já não via mais o papai, e Rainho de Sol chamava-o chorando. Mas na escuridão da floresta, respondia-lhe apenas o canto do cuco. O Carpinteiro estava longe demais para ouvir a voz de Rainho de Sol e avançava sob o teto verde das grandes árvores. Finalmente viu um pinheiro imponente, como jamais vira, com tronco reto e grosso e uma copa frondosa que se refletia na água escura do lago. O carpinteiro levantou o machado e deu um golpe. Do tronco ferido saiu um estranho gemido, mas o homem não lhe fez caso. Os golpes do machado reboavam firmes e ritmados, no silêncio da selva. Ao escutar o ruído do machado contra o pinheiro, Rainho de Sol deixou de chorar e ficou à escuta. Logo, com o coraçãozinho saltando loucamente, pôs-se em marcha, o ruído dos golpes haveria de guiá-la até onde estava seu papai. Enquanto isso o carpinteiro continuava seu trabalho quando, de repente, a um golpe mais forte, saiu do tronco um grito. O carpinteiro parou com o machado no ar. O coração batia-lhe violentamente. - Quem... quem é? - perguntou com voz trêmula. - Sou a fada dos bosques - respondeu uma voz muito doce e sentida - Não posso impedí-lo de que me corte o tronco, mas lembre-se de que ao ferí-lo, fere a mim também... E do tronco ferido caíam grandes gotas de resina, brilhantes como lágrimas de âmbar. O homem baixou o machado sem dizer palavra. Aproximou-se de outra árvore; precisava encontrar madeira. Levantou o machado para golpear, mas baixou-o logo, suspirando. E se alí fosse a morada de outro habitante da floresta? Já não tinha coragem de abater outra árvore. As machadadas que haviam guiado Rainho de Sol até seu pai, cessaram. A menina principiou a correr desesperadamente e chegou, por fim, à clareira.

O carpinteiro, de pé, ao lado do pinheiro encantado, estava pensando melancolicamente que teria de voltar para casa com as mãos vazias. Então e menininha, com um grito de alegria, abriu os bracinhos e correu para o pai. Mas nao viu a água do lago entre as touceiras de altos arbustos, e nela caiu. O carpinteiro deu um grito e correu em socorro da sua filhinha, mas ficou preso no lodo do lago. Então, lentamente, o soberbo pinheiro baixou um enorme ramo até a água e segurou a menininha pelo vestido. O carpinteiro agarrou sua filhinha com o coração transbordante de gratidão pela fada do bosque que havia assim retribuído a sua bondade, e voltou para casa. Com a pequena nos ombros, apareceu todo sorridente na porta da casinha e gritou para a esposa, que correu ansiosa ao seu encontro: - Que importa o dinheiro, se com Rainho de Sol temos um tesouro mil vezes mais precioso.

23. A Rosinha Chinesa Em uma linda tarde de primavera, uma pequena chinezinha chegou da escola, chorando. A mamãe, muito aflita, perguntou-lhe porque chorava. Que havia acontecido? - Eu não quero mais me chamar Rosinha! Não gosto mais do meu nome. - Mas por que, filhinha? - É que eu e as minhas coleguinhas estávamos brincando no recreio da escola,quando uma delas lembrou-se de perguntar a cada uma qual era a sua flor preferida... e eu, naturalmente respondí que era a que trazia meu nome... Rosa. Elas então puseram-se a rir da minha resposta, dizendo que justamente a rosa era a flor mais feia, pois era toda cercada de espinhos, e que a gente machuca sempre a mão quando quer pegar uma rosa da roseira. É por isso que eu não quero mais me chamar Rosinha!... - Não chores mais, filhinha, enxugue as lágrimas, tome o seu lanchinho e, como ainda é cêdo, a mamãe vai dar um passeiozinho com você, e contar porque lhe pus o nome de Rosinha. Rosinha enxugou as lágrimas, tomou seu lanche e foi com sua mamãe passear.

A mãe de Rosinha levou-a por um caminho que muito pouca gente fazia. Esse caminho levava a um bosque e esse bosque era chamado “O Bosque do Castelo Misterioso”. Quando entraram no bosque, Rosinha avistou ao longe o misterioso castelo e, chegando mais perto, Rosinha viu que ele era todo cercado de roseiras. Eram todas rosas brancas, mas, olhando melhor, Rosinha viu que bem no meio haviam rosas vermelhas. Rosinha parou, maravilhada... Nunca vira rosas tão bonitas. - De quem é esse castelo, mamãe? - Eu a trouxe aqui justamente para contar sobre isso: Há muitos e muitos anos habitava neste castelo um Rei muito bom e corajoso, com a Rainha, também muito bondosa e querida. Tinham eles uma graciosa e bonita filhinha, a meiga princezinha MEI-LING, que quer dizer “Vida Bela”. - A princezinha era a felicidade e a alegria do reino e, quando ficou moça, logo apareceram muito príncipes que queriam casar-se com ela. - O Rei estava em apuros para decidir sobre a escolha do príncipe que devia fazer a felicidade de MEI-LING e do seu povo. - Certo dia, teve o Rei uma feliz idéia, um plano para conhecer a coragem e bondade dos príncipes. Disse que a princezinha iria ficar afastada 5 anos, pois precisava fazer uma viagem e, quando passasse esse tempo, eles poderiam voltar e MEI-LING faria a sua escolha. - Os príncipes partiram para voltarem somente após 5 anos, mas a princezinha não foi viajar, não!... ficou no castelo. - O Rei mandou então, que o jardineiro plantasse em volta de todo o castelo, roseiras silvestres, essas que possuem grandes e aguçados espinhos. - E os anos foram passando... os príncipes esperando... e as roseiras crescendo e enchendo-se de grandes e belas rosas brancas, até que, decorridos os 5 anos, chegou uma tarde ao castelo, o primeiro príncipe. - Era garboso e belo, montado no seu lindo cavalo com arreios de ouro e pedras preciosas. Perguntou então aos soldados que montavam guarda ao castelo, se podia ser recebido pela princezinha. - Nobre príncipe - respondeu-lhe um dos soldados - estais vendo aquela cerca de espinhos e rosas silvestres? Só por alí poderá passar quem pretender chegar à presença da princezinha. O nosso querido Rei partiu há algumas semanas para uma caçada, levando consigo todas as chaves do castelo. Não sabemos quando será o seu regresso. E lá dentro, no lindo quartinho cor-de-rosa, MEI-LING, os lábios sem sorrisos e os olhos com lágrimas, porque não podia sair para os seus passeios nestas manhãs de primavera! O Rei, por sua vez, ordenou a todos deste reino que não cortassem nem magoassem as roseiras tão floridas, nesta risonha manhã de primavera... Quem terá a coragem de se arriscar e ferir as mãos e rasgar as vestes nesta cerca de espinhos? - Se á assim - respondeu o príncipe desapontado - partirei novamente sem ver a princezinha, e voltarei quando souber do regresso do Rei. As minhas mãos de príncipe, nobres e delicadas, e as minhas luxuosas roupas, não permitem que eu procure passagem nesta cerca de espinhos. Adeus!... E lá se foi o príncipe, depois de dar mostras de covardia, orgulho e mau coração. Como o primeiro, muitos outros príncipes vieram e logo partiram, depois de terem sempre dado a mesma resposta; que não podiam machucar as mãos e rasgar as roupas. Entretanto, dentro do castelo o Rei, a Rainha e a meiga princezinha, continuavam aguardando a chegada de um novo príncipe que fosse mais nobre e corajoso, arriscando-se a passar pela “cerca de espinhos” que circundava o castelo e, assim, chegar até onde estava MEI-LING (Vida Bela), a mais linda flor do castelo... Até que um dia, chegou ao castelo mais um príncipe. TSING-CHING era o seu nome, que quer dizer: “Puro Ouro”. Era belo e garboso como os outros que por alí tinham estado, mas em uma coisa ele era diferente; os olhos refletiam toda a bondade de seu coração. Ao perguntar pela princezinha, ouviu dos guardas a mesma resposta, mas dos seus lábios saíram as seguintes palavras:

- Pois bem... passarei pela cerca de espinhos. Sei que irei ferir minhas mãos e rasgar minhas vestes, mas pequeno será para mim esse sacrifício, uma vez que receberei como prêmio o coração de MEI-LING, a quem desejo restituir o sorriso e a alegria. Um príncipe corajoso e nobre não teme os espinhos das roseiras, e nem os espinhos da vida. Não se acovarda diante de uma dificuldade ou perigo - continuou ele. E decidido, cheio de entusiasmo, TSING-CHING foi, com suas mãos de príncipe, com cuidado para não magoar as rosas, abrindo caminho para o jardim do castelo. Suas mãos sangravam, doloridas, e a medida que o sangue gotejava sobre as rosas brancas, estas iam-se transformando em rosas vermelhas... Rosas que formaram para sempre aquele “tufo” escarlate que sobressaía dentre as rosas de neve da cerca de espinhos. Suas vestes estavam quase em farrapos, e seu rosto todo ferido. Mas ele continuava resoluto, até que conseguiu vencer os espinhos... e penetrar no maravilhoso jardim onde, já na porta do castelo o esperavam o Rei, a Rainha e a mimosa MEI-LING, que correu ao encontro do bravo TSING-CHING, procurando tirar alguns espinhos que ainda se achavam em suas mãos. O brilho dos seus olhos e o sorriso dos seus lábios refletiam toda a alegria do seu coraçãozinho, que ia agora pertencer ao nobre e valente príncipe. E foi assim que, graças aos “espinhos da roseira”, o príncipe TSING-CHING casou-se com MEI-LING, depois de haver demonstrado sua coragem, bondade e nobreza, três qualidades que formam a beleza de um coração. O Rei e a Rainha foram morar com TSING-CHING e MEI-LING em outras terras, mas o castelo antigo foi doado pelo bondoso Rei ao velho jardineiro, que havia cuidado com tanto carinho do seu jardim e principalmente das roseiras silvestres. Recomendou-lhe porém, antes de partir, que nunca arrancasse aquelas roseiras que alí deviam ficar para sempre, com suas perfumadas rosas brancas e vermelhas e com seus espinhos, para que lembrassem a todos que a VIDA É FEITA DE ESPINHOS E ROSAS, DE RISOS E LÁGRIMAS; que todos, uma vez vencidos os espinhos, podem conquistar uma vida melhor (Iniciação). Mais tarde o jardineiro morreu, muita gente tentou arrancar as roseiras silvestres, mas em vão. No dia seguinte, lá estavam elas, verdes e viçosas, ostentando suas lindas e perfumadas rosas e seus aguçados espinhos.

Contos Maria de Lucena

24. Fantasia sobre as Vidas dos Gêmeos Espirituais 1ª Vida - Época Lemuriana “A Esfinge” Antes de o Mundo ser Mundo existia a Luz Deus, um dia, vendo tudo quanto já havia formado, sentiu que faltava alguma coisa: ERA O HOMEM. Criou-o então, em forma de LUZ, usando para isto o SEU PRÓPRIO HÁLITO. Tinha, porém, de dar-lhe um corpo físico. E sendo a Terra habitada por animais, o homem deveria ter uma forma semelhante a estes. Foi quando o Senhor criou a Esfinge Em uma manhã radiosa de Sol, quando os habitantes da floresta despertaram assombrados, viram, em um recanto do deserto, entre palmeiras, uma figura gigantesca e que possuía o corpo de animal assim como eles. Era dotada de cabeça humana, cujos olhos de um negro profundo, irradiavam uma luz vivíssima. Dos Anjos, ela possuía as asas; e, nesse instante, os animais, os pássaros e toda a natureza quedaram-se em silêncio. A Esfinge, como se recitasse uma Profecia, disse: “Eu sou aquele que voltará sempre. Tenho de vocês, a aparência. A LUZ habita em mim. Dos pássaros tenho as asas que me erguem aos espaços, em busca de meu PAI”. E os animais, os pássaros e as próprias palmeiras ouviam a ESFINGE que falava. Continuando, ela disse: - “E, a noite, quando o céu fica cheio de estrelas, um diálogo se estabelece entre nós”. Do alto da abóbada infinita, descia em uma escada de estrelas, UM RAIO DE LUZ. E a ESFINGE, em êxtase, fechava os olhos e meditava!... - “Senhor, por que não me libertas desta forma? Por que não me crias à TUA SEMELHANÇA?...” E Ele respondeu: - “PORQUE EU SOU AQUELE QUE NÃO TENDO FORMA, SOU SEMELHANTE A TUDO. SEM TER VOZ, FALO EM TODOS OS RUÍDOS. SEM CHORAR, ESTOU EM TODAS AS LÁGRIMAS! E, UM DIA, VOLVERÁS À TERRA EM OUTRA FORMA, E SERÁS PARTIDA EM DOIS”. Uma noite, a LUZ que habitava na ESFINGE desdobrou-se em mais quatro raios. E na Terra, em forma exótica, foram representados.

Foi quando surgiram os quatro Centauros Um tomou como símbolo o LEÃO que é a força; outro o TOURO a resistência; a ÁGUIA majestosa, símbolo da força pela inteligência, da realização pela vontade, coube ao terceiro. Por último, veio o ANJO, CUJAS ASAS ELE DERA À PRÓPRIA ESFINGE NO SEU VÔO ASTRAL. Assim viviam os habitantes da floresta com a ESFINGE e seus quatro filhos, os CENTAUROS. E então, um novo animal surgiu entre eles: O HOMEM!... Muitos anos foram passados. Um dia desobedeceram a DEUS. Aqueles que assim procederam, tiveram o castigo merecido e os homens que representavam as sementes do bem, para que o SENHOR permanecesse na face da Terra, quase desapareceram, ficando desta forma tão poucos, que a LUZ, para não se apagar de todo, VOLTOU AO REGAÇO PATERNO. Outro Aspecto da Vida dos Gêmeos Espirituais - Badezir O Oriente havia-se transformado em um mundo de maldades e profanação. A Semente Divina teria, portanto, que se transportar para o Ocidente, onde transformar-se-ia em homens bem formados, de espírito reto e coração bondoso. O Mal, porém, espreitava, aguardando o momento propício para mais uma vez os destruir. Foi, então, que um grande Rei e sua esposa vieram habitar uma parte do Ocidente onde, em uma linda baía muito azul, cercada de grandes montanhas, escolheram o seu novo lar. Tinham como companheiro um homem de estatura hercúlea que, embora fosse escravo, não sofria humilhações próprias de sua condição. ??????? À tarde, quando o sol declinava e as estrelas começavam a pontilhar o céu, saem Badezir, a esposa e o escravo em uma pequena embarcação, atravessam a baía e vão ter a um lugar onde eles recebem, através dos Devas, a Palavra Divina. Em um dos morros que emoldurava tão belo recanto, estava o Gênio do Mal que, espreitando o casal divino, arquitetava um plano sinistro, com o qual pretendía destruí-lo. ??????? A tarde morria lentamente. As primeiras estrelas vinham bordar o céu de um azul profundo. Voltava então do passeio costumeiro, Badezir e seus dois companheiros; de repente, como se enorme monstro adormecido no fundo das águas despertasse, levantando-se abruptamente um dorso e volve-se o oceano em ondas gigantescas. Transforma-se tal qual um animal enfurecido, tendo as mãos em garras e envolve a pequena embarcação, que sossobra. ??????? Acalma-se o monstro! Sorri satisfeito! Tinha destruído o Bem! Havia arrastado, para o fundo do abismo, os corpos onde a semente do Senhor germinaria! ??????? No íntimo de outra montanha gigantesca, repousa os corpos sem vida, como um protesto ao mal. E o escravo, transformado em gigante de pedra, vela pelo passado à espera do futuro. ??????? Quem fitasse, naquela mesma noite o infinito, veria que duas estrelas tinham

aparecido na abóbada celeste, mais brilhantes que as outras, e ao seu redor, círculos de luz formavam as suas próprias auréolas, pois que as Essências Divinas tinham regressado ao seio paterno. ??????? Ó tu, que passas ignorante do que houve, para um pouco e escuta o silêncio que envolve essa montanha!... Talvez distingas, no sibilar do vento, a tragédia que ela encerra.

25. Outro Aspecto da Vida dos Gêmeos Espirituais - Krishna Sofria a India de uma grande convulsão de sentimentos. Ódio, terror, ambição e maldade viviam na alma daquela gente. Os Reis negros, produto de uma mistura de raças, filhos da Luz, tinham como única crença a magia negra. E foi no meio desse povo que Deus, para mostrar sua magnitude, fez nascer um anjo em forma de mulher - DEVAQUI. ??????? Existia em Madurá, cidade poderosa, com seus monumentos e palácios, um Rei possuidor de um coração duro e egoísta, cujo nome era Cansa. Esse Monarca tinha como esposa uma mulher de rara beleza, mas de alma tenebrosa, que se chamava Nixcumba e era filha do grande feiticeiro Calanemi. Ambos cultuavam Cali, a deusa da morte e devastação, espalhando desta forma, o terror e escravizando os homens. A justiça e a bondade tinham desaparecido com os nobres filhos de Pându, os Reis Solares, que eram guiados pelos sábios. Os raros descendentes desses justos Reis, haviam-se refugiado entre os Anacoretas, gente da raça branca, dotados de vontade intensa, de um grande poder de adivinhação profundo, vivendo no mais íntimo das florestas, onde cultuando o Sol e as verdades Divinas, governavam a Alma da India. Cansa, como todos os Reis negros, filhos da Lua, tinha como culto a magia negra, e como ídolo, a Deusa Cali e suas infernais serpentes, com as quais ele atrerrorizava o seu povo, conseguindo o domínio sobre os outros Reis, ficando assim, senhor de Madurá. Da sua união não havia descendentes, o que feria a vaidade e a ambição de ambos. ??????? Grande movimento festivo se processava na cidade. Nixcumba e o seu esposo queimam perfumes na fogueira sagrada. Muitos são os sacrifícios. Os sacerdotes invocam o grande Véruma. O casal anseia por um filho. Nixcumba, desafiando os próprios Deuses, lança a sua fórmula mágica. Espanto!... Horror!... Os sacerdotes, aterrorizados, clamam... Deus não ouviu a tua voz. Continuarás estéril e maldita! Cansa, tendo na face estampado o próprio mal que pratica, exclama: - Quem será a mãe do Senhor do Mundo?... Nesse instante, uma jovem de celestial beleza, tendo na brancura dos trajes a pureza da sua virgindade, aproximou-se do fogo. Por sua vez, também queimou perfume, desejando o filho esperado, o Senhor do Mundo. ??????? Seria Devaqui, a irmã do Rei Cansa, quem daria ao mundo o Enviado do Senhor. Desde esse momento, não foi outro o propósito de Cansa e Nixcumba senão o de exterminá-lo, esquecendo-se porém, que ela, como eleita do Senhor, teria a sua excelsa proteção. Traçaram desde aquele instante, o plano sinistro. Ela deveria

morrer... Todos os guardas, por isto, foram avisados e as grandes muralhas guardadas. Os Deuses, no entanto, enviam à Terra um Ser em forma de luz, para amparar Devaqui contra a ira do irmão. Pela madrugada, os guardas assombrados veem os muros fenderem-se e a jovem ser transportada para fora da cidade, internando-se na densa floresta, conduzida pelo enviado do Senhor. Um ódio terrível, mesclado de medo, perturba a alma de Cansa, que deseja, com mais ardor ainda, a morte de sua irmã. Longas horas se passaram e a bela Devaqui caminhava sempre. As flores, os animais, as próprias árvores pareciam formar em seu redor, uma imensa e intransponível barreira, como se enorme mão espalmada detivesse a marcha do mal. Uma paz profunda, um encanto celestial invadiram toda a natureza. No meio do emaranhado de troncos surgiu, ante os seus olhos, um lago cujas águas tinham, como suas pupilas, a cor azul dos céus.. Cisnes delizavam mansamente. Ao chegar no meio dos ascetas, o velho Vasixta, o Rei dos Anacoretas, vendo-a diz: - Aquela será a mãe de todos nós, porquanto dela nascerá o espírito que deve regenerar. Desde então, a eleita do Senhor passou a morar entre seus bons amigos. ??????? Devaqui vagava pela floresta, tranquila. Meditando, acercou-se de uma fonte onde os lotos floresciam, sonhando com os mistérios de Deus. Em seus sonhos ouve cânticos de amor estranho. Um dia, quando mais belo estava o céu, as fontes calaram-se, as flores curvaram-se em reverência; desceu do infinito, restando as nuvens, um raio de luz. Era o Filho do Senhor que vinha habitar o seio materno, o próprio Sol que habitaria entre os homens. Assim, vivendo um sonho que era a própria realidade, estava Devaqui, quando acercando-se dela, disse-lhe o chefe dos Anacoretas: - Cumpriu-se a vontade dos Devas. Tu concebeste na pureza do coração e no Amor Divino. Virgem e Mãe, nós te saudamos. Um Ser nascerá de ti, que será o Salvador do mundo. Mas teu irmão Cansa procura-te para te fazer sofrer com o fruto tenro, que trazes em teus flancos. É preciso fugir-lhe. Os nossos irmãos te guiarão até os pastores que moram nas fraldas do Monte Meru, sob cedros odorantes, no ar puro do Mivavant. Lá darás ao mundo o teu Filho Divino e chamá-lo-as Krishna, o Sagrado. Mas, que ele ignore sempre a sua origem e a tua; que tu nunca lh’a descubras. Vai sem temor, que nós velaremos por ti. ??????? Uma paz profunda reinava na casa de Nanda, o velho amigo dos Anacoretas. Os pastores recolhiam o gado e os carneiros bailavam em busca do calor materno. Toda a natureza em suspenso aguardava algo divino que se desenrolaria dentro em breve. E foi aí, no mais profundo dos mistérios, que Devaqui deu ao mundo o seu pequeno Krishna. Mais uma vez o Filho do Senhor habitaria entre os homens. Ninguém sabia da origem de Devaqui e seu Filho Divino. Desta forma nasceu Krishna, entre pastores, de sua Mãe radiosa. Correram os anos e Krishna, adolescente, vê-se separado abruptamente de sua mãe e uma profunda tristeza invade-lhe a alma. Sai então a procurá-la, internando-se no bosque próximo, pensativo, triste, sentindo-se infeliz e, cansado, adormece sob uma frondosa árvore. Em um sonho maravilhoso, vê Krishna sua mãe, radiosa de beleza; toda ela era uma aurora de luz. Uma túnica de estrelas caia-lhe dos ombros envolvendo-lhe carinhosamente o corpo. Os seus olhos de um azul profundo, pareciam mais azuis ainda. Krishna deslumbrado, com o coração em festa e esquecido de tudo, sorria para a própria divindade que tinha ante sí. Depois ela toda se transformou em uma só Luz dourada, cintilante, e Krishna sentiu que aquela Luz se perdia no espaço, vindo

mergulhar em seu próprio peito, penetrando-lhe a alma, diluindo-se, confundindo-se, integrando-se nele próprio. Compreendeu então Krishna, que sua Mãe Divina era a outra metade do seu Ser. Era Ele próprio em seu outro aspecto. Soube desde logo, a sua própria origem. Despertando, ainda sentia os olhos deslumbrados pela visão. E nunca mais chorou a ausência de sua Mãe radiosa, agora, quando mais do que nunca ela se integrava nele, pois o Sol já não estava mais partido em dois! 26. Ceix e Alcione Vocês sabem o que é Alcione? Alcione é uma ave muito parecida com a pomba, mas que vive na beira da praia. Quando um barco ou navio se aproxima da terra, os alciones começam a voar sobre eles. Alcione não quer dizer somente isso, é também o nome de uma estrela. Como vocês sabem, no céu todas as estrelas tem nome. Por exemplo: Há grupos de estrelas que chamamos de “constelação” como a de Centauro, de Touro, as Três Marias e Cruzeiro do Sul. Quem é que não conhece o Cruzeiro do Sul? É um grupo de cinco estrelas, 4 formam uma cruz e a 5ª fica mais ou menos no meio. Alcione também pertence a um grupo de estrelas, de nome Plêiades. É a estrela mais brilhante desse grupo. Pois bem, comecemos a nossa história. Há muito, muito tempo, em uma cidade muito longe daqui, vivia um moço chamado Ceix que era casado com uma moça de nome Alcione. Os dois eram muito felizes, mas no momento havia uma coisa que preocupava Ceix; haviam-lhe dito que alguma coisa não muito boa iria lhe acontecer.. Ceix estava tão preocupado que um dia disse à esposa: - Alcione, não posso mais viver nessa incerteza; ouví dizer que em uma cidade longe daqui, tão longe que é preciso atravessar o mar, há o famoso Oráculo de Apolo e estou disposto a consultá-lo. Alcione não queria que Ceix fizesse essa viagem porque era muito longa e perigosa; procurou então convencê-lo a não partir. Ceix, porém, não se deixou persuadir, mas prometeu voltar o mais depressa possível, e deu início aos preparativos para a viagem. Na hora da despedida, tão grande era a dor que Alcione sentia, pois era a primeira vez que se separava do marido, que ao dizer adeus, desmaiou. Quando recuperou os sentidos, divisou o navio que se afastava ao longe. O navio de Ceix já tinha feito metade da viagem, quando as ondas começaram a ficar furiosas e a crescerem, desabando uma terrível tempestade. - Depressa, recolher as velas - gritou o piloto. Mas as suas palavras mal se ouviram, tal era o barulho feito pelo vento. Uns corriam para tirar a água que entrava no navio, outros tapavam os buracos feitos no casco, enquanto as vagas ficavam cada vez mais furiosas. O capitão do navio não sabia mais o que tinha a fazer, que ordens dar. O céu foi ficando cada vez mais escuro e só se via a claridade dos relâmpagos. Todos estavam desesperados; uns clamavam aos Deuses, outros choravam, pensando nos filhos e pais que tinham deixado em terra. Ceix só pensava em Alcione. Nesse momento o mastro caiu, arrebentando o leme e o navio, sem governo, foi para o fundo do Oceano. Enquanto isso, Alcione contava os dias que faltavam para o esposo chegar. Preparou os vestidos mais bonitos, não esquecendo de queimar perfumes aos Deuses, principalmente à Deusa Hera, que também poderemos chamar de Minerva, e de implorar que lhe trouxesse o esposo são e salvo. Hera viu todas essas coisas com tristeza e, chamando Íris, a mensageira dos Deuses, disse: - Corre, vai a Corte do Deus Sono e diga-lhe que, através de um sonho, faça com que Alcione venha a saber o que está-se passando com Ceix. Íris tomou as suas vestes de cores do Arco-Íris e, montada em um pássaro, voou até os rochedos, onde havia uma gruta enorme e profunda. No fundo da caverna reinava o Deus do Sono. Nesse reino não há luz, é sempre noite, tudo é silêncio, não se ouvem latidos de cães, nem voz humana. Percebe-se apenas o murmurar suave e adormecedor de um ribeiro, que fica na entrada da gruta. Na margem do ribeirinho, brotam inúmeras ervas aromáticas, com perfume que entontece e provoca sono. Nesse reino não há nem uma porta que range, tudo é silêncio completo. A porta de entrada está sempre aberta. No interior da gruta há um leito ou cama de ébano, todo coberto de

macias almofadas. Alí descansa o Deus Sono; em seu redor ficam os mil vultos de seus filhos: os sonhos. Assim que Íris penetrou na caverna, esta se iluminou com o brilho de suas vestes. O nosso tão conhecido Deus (Sono) ergueu as pálpebras cansadas e abaixou-as de novo. Acenou com a cabeça, sonolento, impulsionou o corpo para a frente, apoiou-se no braço e disse: - Que mensagem trazes, ó cintilante Íris? Rapidamente a mensageira dos Deuses explicou a razão da sua vinda, saindo o mais depressa que pode daquele reino escuro, porque se alí ficasse muito tempo, também dormiria. Logo que ela saiu, o Deus Sono escolheu, entre todos os seus mil filhos, Morfeu, para cumprir a ordem divina. Morfeu, tomando a forma de Ceix, voou com asas silenciosas através da noite, e chegou ao quarto onde Alcione dormia e, por meio de sonho, contou-lhe tudo. Depois do sonho, Alcione acordou e, compreendendo tudo começou a chorar. O dia já clareava quando ela foi para a praia, olhando o mar para ver se encontrava o corpo do amado esposo. Vocês sabem que o mar devolve tudo o que não lhe pertence? Quem sabia disso? Bem, mas continuemos com a história: Alcione olhava para aquela imensidão, até que ao longe divisou um vulto que as ondas foram trazendo para a praia, e que ela reconheceu como sendo Ceix. Alcione entrou na água e disse: - Já que morrestes, leva-me contigo também. Ela sentiu-se então levantar como se fosse um pássaro e pousar, soluçando, sobre o corpo de Ceix. Ele, como se tivesse ouvido os seus lamentos, voltou à vida novamente e transformou-se em um pássaro também. E foi assim que apareceram essas aves brancas como a neve, que chamamos de Alcione. Mesmo hoje, se vocês viajarem de navio ou de barco, poderão ver essas aves brancas, sempre unidas. F I M

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