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COLEÇAo PSICOLOGIA ARQUETÍPICA Dirigida por Léon e Jette Bonaventure, Roberto e Fátima Gambini
ROBE:RT STE:IN
"NC€STO €'
AMOR -HUMANO a traição da a~ma na psicoterapta
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~ EDiÇÕES SIMBOLO
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Título original em inglês: Incest and Human Love - The Betrayal of lhe Soul in Psychoterapy
Publicado peja primeira vez por The Third Press, New York, 1973
Publicado por pengum Books Inc., 1974
Copyright de Robert Stein, 1973
Editor Moysés Baumstein
Supervisão Editorial Alberto Baumstein
Revisão técnica: lette Bonaventure Maria de Fátima Salomé Gambini
rapa AJOt:no Baumsrem
Produção Helvética S/C Produções Editoriais Ltda.
Direitos Símbolo 01129 01000 1978
Reservados S.A. Indústrias Gráficas Rua General Flores, 518/22 - Fone: 220-0267 São Paulo - SP
Impresso no Brasil Printed in Brqzil
Para minha mulher . e todos os pacientes e amIgos que compartilharam de minha busca de cura para as feridas tão profundas da alma.
ÍNDICE
o
AUTOR 11
PREFÁCIO A COLEÇÃO DE PSICOLOGIA ARQUETIPICA
13
NOT A DO TRADUTOR 23 INTRODUÇÃO PARTE I -
A TRAIÇÃO DO ANIMAL
1. psicoterapia: Freud e Jung 41 II. Alma, Instinto, Arquétipo e Ego 53
PARTE II -
INCESTO
III. IV. , V. VI.
Incesto e Totalidade 67 A Ferida do Incesto 81 Sexualidade Iilfantil e Narcisismo 89 A Situação Familiar Arquetipica 95 Rejeição e Traição 98 Rejeição e Resistência na Análise 100 O Mito dos Pais Duplos 102 VII. O Mito de Édipo e o Ãrquétipo de Incesto 105 PARTE III -
Phallos
VIIL Phallos e a Psicologia Masculina 123 IX. Phallos e a Psicologia Feminina 133 9
PARTE IV -
EROS
SOBRE O AUTOR
X. Eros e Thanatos 151 XI. A Transformação de Eros 155 XII. Eros e o Ritual Analítico 171 PARTE IV -
TRANSFER~NCIA
XIII. Uma Concepção Arquetípica da Transferência 187 Transferência e Internalização 188 A Transferência Positiva 191 A Transferência Negativa 193 Transferência e Totalidade Interior 195 XIV. Além da Tr~sferência: uma Nova Análise 201 Apêndice: 211 Dez Pequenos Ensaios sobre Amor, Sexo e Casamen_ to.
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w York. Decidiu tornar-se
d tinha onze anos. . em 1924 em Troy, Ne R~b~rt Sdtei?d~a~c~~ acidente qu~s~ fatal '\~~ ~linicou por vários medico eVi fação medica em . álise e com a
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Após completar. envolvtdo estudar no . anos, apesar de J Em 1956 o Dr. StelO fOI para 1959 Atualmente, obra de c.a. Jung. bendo seu diploma em . Instituto c.a. Jung! rec~ guiano em Los Angeles. trabalha como analista Jun
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PREFÁCIO Á COLEÇAo DE PSICOLOGIA ARQUETÍPICA
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o que é a alma - ou; em linguagem moderna - o que é a psique? Será que a alma, em sua realidade viva, é de fato reconhecida na prática psicoterapêutica? Como poderá a psicologia profunda, enclausurada no modelo médico, permitir que a alma se manifeste em todas as suas dimensões e em sua abissal profundeza? Como poderá a psicoterapia encontrar seu lugar no interior de nossa cultura? Que processo histórico submeteu a análise psicológica ao modelo médico e à rubrica de "profissional" , quando na realidade esta não é mais que uma via de conhecimento de si mesmo? De Sócrates a Freud e Jung, passando por Santa Catarina de Siena, Fénélon e os filósofospsicólogos, há todo um abismo que conduz à reflexão. Como é que chegamos a fazer do conhecimento de si mesmo e da análise psicológica experiências até certo ponto aristocráticas, transformando o processo de individuação em algo tão elitista? . Pretensões científicas à parte, a que corrente filosófica se filiam a prática e a teoria psicológicas? O que exatamente faço então em meu trabalho diário? O que vem a ser um psicoterapêuta e, mais especificamente, um analista junguiano? Não constitui hoje a análise, em si mesma, um dos mitos de nosso tempo? Qual o lugar do Amor, de Deus e dos deuses na imagem do homem implícita na situação analitica? Será que as escolas psicológicas não são verdadeiras seitas religiosas, repetindo em sua história tudo o que foi vivido na das guerras travadas em nome da religião, justamente por não ser a função religiosa reconhecida na psicologia moderna? 13
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d' . '" . .,:: .esse tIpo estiveram ~i~tImos doze.:ànos de prática analítica ~~~~r:e presente~ nesses meus t" ~ ent~e uma e outra margem do rio ~ !ana. DepoIS de muito osono, SInto-me agora inte' , as vezes de modo contr d' abertamente flormente compelido a a 1. me expressar Meus encontros e leitura . estavam longe de ser apesn~e ~f::.~~~ ~ns.tatar que essas pergun. SSIm, em lugar de para sear o que outros já disseram palav~a: nesta coleção, aos que' tfvareceu-me mais adequado dar ; teme~arl~, d~ se exprimir com res eit eram a coragem, muitas vezes :: aI SI propn~ que a PSicoterapia ~o;e:" esse aSSunto. É interrogando_ . ~ ugar no Inte'riof.:d.e nossa cultu ~.se ~uperar e assim encontrar ~~aIS ?~ls.ta coleç~o ·dé·'Psicologia A~~~tí~~ aI um dos objetivos essen-,f;P~ ICO de hngua portuguesa. Ica que agora apresentamos . .
Questõe-~
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or ~ ng, cUjas obras completas v~ p.tug,ues, nos fornece sem dúvida . em sendo traduzidas para o p;osta as. . questões formuladas acim mUItos elementos para uma resseculo XX, parece que Jung assi~' Mas nesta segunda metade do :;~?S aspe~tos aprisionado ao' espírito ~omo ~reud, se encontra sob e Ica e cIentífica. Novos desenvol . e sua epoca e à sua formação ~ontar na psicologia, não em . ~Imentos começam agora a des~Ido de aprofundar e libertar a~f~~~i~? ~ seu fundador, mas no senti~senvo.lver mais livremente. Já é tem ~oes que ele próprio não pôde as sejam conhecidas e afirmadas p de que essas novas perspecÉ at~avés do aprofundament~ d . qUalquer sItuação existencI'al' I ' a realIdade arquetípica de' na pr "t" , InC USlve a do dI'" . .a .Ica pSIcoterapêutica, que mo e o medICO, realizado p'non ,fIlosofiços inerentes à psic ~o~eçamos a perceber todos os a :~m que;Wd~ a nossa pSicologi~ ~~~profunda*. Descobrimos asagem de. homem I b . erna, com base n ... teri~ismo filosóficoq~: ~:nr~' se Insere no ~acionalismo ~ ~~o~~~ c:~~vI~a pela psicologia mOdern:s~~~e~. A PSIcologia do ego desendualismo recional/ir ~aIS do que .um avatar do ent eSlamsmo. do ~,.~orpo/esp\f]to, ego/instinto ego/a..clonal, . consclentelinconsci_ enc';l ~to que p~gamos à crença de que ~~~:;gO e COnseqüência direta su 'e' a ,o como algo cego, destituído I o, e~go sumo O instinto é ~ j It? ~~!llesmas leis que a matéria N- d~~onsclência, inconsciente ~qUInana"? A influência cart .' ao ava Descartes da "grand~ atItude a'ssumida frente às relaçõ eSI~na se faz presente também na _ es umanas: a relação se torna uma
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. . , a mIm, aI se mclui toda a ' . mesma forma entre pSicólogos, psf~~~~:~:;ap~~:a1n~a com fina1!dades terapêuticas. , lstas e terapeutas 14 .
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técnica, escondendo-se o racionalismo cartesiano, na psicoterapia, por trás da etiquet~ de "científico". Voltando-se, em seu espírito crítico, contra o modelo que ela própria criou e desenvolveu, a atitude analítica nos leva assim a contestar que o modelo médico, adotado na análise, seja o único adequado. Será que é? Antes de mais nada, a assim chamada"terçeira geração" de analistas (médícos ou não) foi levada a reconhecer que enquanto a análise permanecer sob a rubrica do modelo médico e científico a alma não poderá ser reconhecida em sua própria originalidade, nem poderá uma verdadeira ciência da alma ser formulada. Em nome das premissas filosóficas inerentes à nossa psicologia moderna, permanecemos, em última instância, dentro dos limites da psicologia do ego. Diante desse estado de coisas, pergunto-me onde, em nossa cultura ocidental, se encontra uma psicologia na qual o homem possa ser reconhecido em sua realidade experiencial e em sua humanidade, podendo nela refletir-se, exprimir-se a apoiar-se quando tenta se autoconhecer, encontrar sua identidade e seu desabrochar. A imagem de homem utilizada na análise psicológica foi elaborada a partir do homem doente (que aliás é definido como tal de modo fácil demais). É preciso constatar que essa imagem se origina numa perspectiva patologizante, psicologizante e coisificante. Ao assumir uma postura objetiva, o psicólogo experimentalista coisifica o homem, enquanto o psiquiatra o patologisa e o psicólogo o psicologisa. A interpretação que o psiquiatra e o psicanalista nos dão do sentido do sofrimento humano, reduzindo-o e explicando-o a partir seja da psicopatologia, do trauma do nascimento, das fantasias míticas da sexualidade infantil polimorfa ou do Édipo não-resolvido não passa de um novo tipo da antiga versão que explicava tudo a partir do pecado original. Com efeito, não respira a interpretação psicológica personalista o mesmo ar mesquinho da moral burguesa e dos conventos de freiras do século passado? Não é o psicologismo simplesmente um substituto do moralismo? O que há de tão eni:iquecedor assim no fato de nos vermos como objetos? Por, acaso é coisificando que se humaniza? Não se deve por certo ignorar a existência da patologia; mas não será à luz desta que conseguiremos formular uma verdadeira ciência da alma. Pelo contrário, esta última é que deveria permitir uma releitura de toda a patologia. E é precisamente isso o que vem tentando fazer a psicologia arquetípica, como terá ocasião de perceber o leitor nos diversos volumes que comporão esta série. Com suas pretensões de objetividade, a atitude científica - bem como a do psiquiatra analista, a do psicólogo de laboratório ou a do
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psicoterapeuta - se utIliza .. de calor . distante e f . hom hamano e elevada a uma ótIca
Trata-se IstanClll, de sair de . o ego racional, com e a filosofia qual de uma observar de decorrer dos do ponto de unilateral e . fundida com a os quatro séculos a ai o ego e a serviço do a, na
::à~aI, ~
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cab';'%nae::' o cogito ::;,
f:,::r~~ame~~:'~ ide~tl'fl~
ualqa fOI !eduzida a' nãoe grosseira uer pnnc' • d mms q . q
só podia como a Identifica a ' o em que ela se .. ornar racionalist . do mistério d SSIDI a experiência d preCipItou a partir de D a. IlIs ai
compre:n~eJ~o:l?nCtom
~:~~~JróTPrdia identidade~s~~t:~.
tDado. o ego essa forro egrado p I ' u o deve' ' e do pod nossa psicologia e o ego "forte" "d ,ser mterpreciência er. nosso pequeno acabou ficando a ,;".; uro ' e "firme". em d' ,o umco centro de ego,queseria o únic ço da hegemonia
se; ornem mod' o tem mais I ms em ele teve que estaerno em ugar. T?rnou-se ao próprio Pascal . Juridicamente ' : esfrase: "o esse à pslcolo iarureltos do nhece" E' !iÇão (a alma) tem razõe ego - ou ainda. em g sua carteSIana •• • 18 ai um '1 b umco portador da contestação à idéiaSd que a própria razão Cde e re A e consciê . e que o e escoalma 1ora.' que a e sentido. go consciente seja o , e a aInda não r la evena por d . . pesqu.isadores _ ee seu objeto ser a ciência d manerra o b ' a Ieglões d I ' sunplesment a psicólogos s,;:s e eram conta d metodo científ ' e 16 e que o método CIentífico . 1CO. OS foi
Homem~~e
rec~nhecer-se
sencial
escreve~'
~flmção
;,ealt~ade
!:~~..:~s ~imites e~;~t; J:'~ apri~i:::a:
en elaborado para estudar um objeto especificO do real. O a saber, a .tIlaté,ia. No tIlom ent que tomaram de empréstilO essa indum • entode um objeto distinto. ou seja. a alma, os psi· . \ária para o estudo cólogoS cairam noS mais grosseirOs erros metodológiCOS de que jamais co teve conhecimento o espírito humano. Erro similar foi cometido quandO se pretendeU estudar a matéria a partir do método mosófi . É dessa forma que a alma veio a se' confundida tanto com o esplrito racional e com os fenômenos mentais, comO com o inconsciente. quando não foi simplesmente reduzida aO biológiCO. Nesse caso, ela riS Enquanto . deUtas .do século XVI. Na sua lingUagem, que para nóS se tornOU inacessível, creio que eles já li