Chandramukha Swami - A Evolução Da Compreensão Teísta

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Página 1 de 1 A Evolução da Compreensão Teísta - Parte I A Doutrina de Shankara por Chandramukha Swami Segundo a filosofia não-dualista (advaita) exposta por Shankaracharya, a única coisa existente é a Verdade Absoluta livre de qualquer variedade. Além de considerar a manifestação cósmica como falsa, ele afirma que a entidade viva é Brahman. Ao tentarem descrever o significado de "realidade" e "falsidade", os filósofos advaitavadas seguidores de Shankara freqüentemente comparam a ilusão de se confundir uma serpente com uma corda. Na escuridão (na ilusão) uma corda pode ser aceita como serpente. Quando se recobra os sentidos, entende-se que a corda não era uma serpente realmente. Então a dita "serpente" se torna falsa. Similarmente, segundo a filosofia de Shankaracharya esta manifestação cósmica na verdade não existe. Maya significa "Aquilo que não é". Ma significa "não" e ya significa "isto". Em outras palavras, a representação fenomenal do mundo material não tem realidade. Explicando o ponto de vista de Shankaracharya, Srila Prabhupada diz: "De acordo com a filosofia de Shankaracharya, a Verdade Absoluta é impessoal e não existe nenhuma diversidade. No mundo material, existem diferentes tipos de diversidade, assim como as diversidades das espécies de vida. A espécie dos cachorros não é como a humana. Esta especialização, espécie canina ou humana, está presente no mundo material, porém espiritualmente não há tal diferenciação. Mesmo nas considerações pessoais há diversidades. Numa forma pessoal temos pernas, mãos e cabeça. Mas esta diferenciação, segundo a filosofia mayavada de Shankaracharya, também é falsa. Shankaracharya não reconhece qualificar o Brahman, assim como a filosofia vaishnava qualifica o Supremo Brahman. Tomemos o exemplo: Deus é misericordioso. Isto é uma qualificação de Deus ou da Verdade Absoluta. Mas, sendo impersonalista, a filosofia de Shankara não aceita a Verdade Absoluta qualificada com misericórdia, beleza, opulência ou qualquer outra qualificação, atributo, ou adjetivo. Segundo eles, se a Verdade Absoluta for qualificada então se torna limitada pela qualificação. A conclusão deles é que se Brahman, ou a Verdade Absoluta, é ilimitado, não deve haver qualquer limitação pela qualificação. Além disso, os filósofos impersonalistas acreditam que as encarnações divinas da Verdade Absoluta são manifestações materiais. Em outras palavras, segundo a filosofia de Shankara quando Deus ou a Verdade Absoluta encarna, Ele assume um corpo material. Portanto, Ele é materialmente designado. Segundo eles, somente nessa forma designada é que a Verdade Absoluta Se torna o criador, sustentador e aniquilador da manifestação cósmica. Entretanto, no início de seu comentário ao Bhagavad-gita, Shankaracharya aceitou que Narayana está além desta manifestação cósmica: "Tudo que está manifesto no mundo material é produzido do imanifesto mahat-tattva, porém Narayana ainda assim é transcendental ao mahat-tattva ". Em outras palavras, ele aceitou que o mahat-tattva também é criado pela Suprema Personalidade de Deus, Narayana. Desse modo, os filósofos vaishnavas encontram diversas contradições na filosofia de Shankara. Segundo Shankaracharya, na concepção espiritual mais elevada, a Verdade Absoluta não tem qualquer contaminação da existência material, e, portanto, Ela nem sequer tem conexão com a criação, sustentação ou aniquilação do mundo material. Ela está sempre destituída de todas as qualidades, sem qualquer diversidade, sem qualquer condição material e sem qualquer responsabilidade por atividades. Como tal, a manifestação cósmica é falsa. Similarmente, a concepção da Personalidade de Deus, que aceita Sua designação a partir desta manifestação material falsa, também é falsa. A Verdade Absoluta só é concebida como eterna, plena de conhecimento e cheia de bem-aventurança. Segundo Shankara, o aparecimento como Narayana, ou como uma encarnação é temporário. Ele vem a este mundo para algum propósito específico, mas a meta final é impessoal. Srila Prabhupada nos explica ainda mais sobre a filosofia impersonalista: "Segundo a filosofia de Shankara, a diferenciação entre Deus e as entidades vivas é uma ilusão. De fato, isso não é assim. As entidades vivas não são energia subordinada do Supremo. Simplesmente estando cobertas pela concepção de maya, as entidades vivas parecem ser diferentes da Verdade Absoluta. Esta diferenciação entre entidades vivas e o Supremo se manifesta no mundo material nos procedimentos comuns. Espiritualmente não há tal diferença. As atividades da entidade viva no espírito de desfrutar no mundo material, sua qualidade infinitesimal, ou sua minusculosidade, ou como é inumerável, são apenas designações da falsa maya. Um exemplo neste sentido dado pelos filósofos mayavadis é que o copo de cristal parece vermelho, quando nele se reflete uma flor vermelha, embora isso não tenha nada a ver com o rubor do vidro. É completamente diferente da cor. Similarmente, a entidade viva na contaminação da maya torna-se ativa, ou se transforma em desfrutador, ou se torna infinitesimal, ou em outras palavras, torna-se individual. Todas estas coisas são apenas um reflexo colorido artificial. De fato, uma entidade viva é puro Brahman. Esta teoria do reflexo chama-se pratibimbavada. Segundo esta filosofia, transcendentalmente não existe diferença entre a Verdade Absoluta, as entidades vivas e a natureza material. Esta não-diferenciação entre a Verdade Absoluta, as entidades vivas e a manifestação cósmica é exemplificada pelo filósofo mayavadi por seguir-se o exemplo da totalidade do firmamento e o pote. O céu no pote e a totalidade do firmamento são o mesmo. Porém, o céu dentro do pote parece ser limitado devido a ter sido designado pela tampa do pote. Quando o pote se quebra, ou a ilusão de maya se dissipa, não existe tal diferença que este pote seja diferente daquele pote, ou este céu diferente daquele céu. Segundo Shankaracharya esta manifestação cósmica também é maya. Quando estes elementos materiais desaparecerem, então apenas o Brahman existencial permanecerá. Portanto, Brahman é verdade e esta manifestação cósmica é falsa. Shankaracharya não aceita a teoria da transformação, como o fazem os acharyas vaishnavas. A teoria da transformação é explicada da seguinte maneira. Assim como o leite transforma-se em iogurte sob certas condições, mas iogurte não pode ser transformado novamente em leite, nem tampouco pode ser usado como leite, da mesma maneira as entidades vivas não podem se tornar a Suprema Verdade Absoluta. Esta teoria da transformação não é aceita pelo filósofo mayavadi". Como já discutimos (e ainda discutiremos mais à frente), os vaishnavas compreendem que este tipo de propaganda impersonalista feita por Shankaracharya foi executada sob ordem Suprema a fim de dissipar a obscura filosofia budista e estabelecer a filosofia védica, a Verdade Absoluta. Segundo Sri Chaitanya Mahaprabhu, a filosofia mayavada de Shankara é outra versão da filosofia de Buddha. A filosofia do vazio de Buddha é quase igual à filosofia impersonalista de Shankara. Portanto, segundo a filosofia de Shankara, a nãovariedade impersonalista é o estágio final de conhecimento perfeito.

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Página 1 de 1 A Evolução da Compreensão Teísta - Parte II A Doutrina de Madhva por Chandramukha Swami Após Sri Ramanujacharya, tivemos o aparecimento de Madhvacharya, cuja doutrina é conhecida como suddha-advaitavada. Ele estabeleceu com muita firmeza a doutrina da dualidade, o que significa que Deus, ou a Verdade Absoluta, e as entidades vivas são entidades completamente diferentes. Para corroborar suas afirmações, ele valeu-se com muita eficácia das evidências contidas no Vedanta-sutra, bem como no Bhagavad-gita, Puranas e Narada-pancharatra. Ele provou a dualidade em cada estágio, ou seja, que o Senhor Supremo e a entidade viva são duas entidades diferentes. Similarmente, a manifestação cósmica e o Senhor Supremo também são duas entidades vivas diferentes. Uma entidade viva é diferente de outra entidade viva. Em outras palavras, cada uma das entidades vivas é individual. Há uma diferença entre entidades sensíveis e insensíveis e também há uma diferença entre um tipo de matéria insensível e outro tipo de matéria insensível. Madhvacharya estabeleceu que dois são dois e não um. Uma verdade é completamente independente e a outra verdade é dependente. O Senhor Vishnu é a Personalidade de Deus supremamente independente, qualificada com qualidades transcendentais sem qualquer contaminação material. Portanto, Ele é plenamente independente. Exceto o Senhor Vishnu, qualquer outra coisa, seja a manifestação cósmica ou entidades vivas, não é independente. Pelo contrário, tudo o mais é dependente do Senhor Supremo. As entidades vivas são qualitativamente representações do Senhor Supremo. A doutrina de que o homem é feito à imagem de Deus é aceita por Madhvacharya. As características do homem são um reflexo exato da característica do Senhor Supremo. Ele também aceita que o Senhor Supremo Se expande em porções multiplenárias, bem como porções separadas chamadas jiva-tattva. Todas as jiva-tattvas, ou entidades vivas, são eternamente associadas do Senhor Supremo e devem prestar serviço amoroso transcendental a Ele. O conhecimento das entidades vivas sempre é inferior ou incompleto. O Senhor é sempre Supremo, enquanto as entidades vivas estão sempre na posição de subordinadas. Elas não têm poder independente. Conforme é confirmado no Bhagavad-gita (15.15), o Senhor diz que é Ele, na Sua manifestação como Superalma, que dá o conhecimento, a lembrança ou o esquecimento para as entidades vivas. Portanto, as entidades vivas não têm poder independente para memorizar, pensar, ou agir. Em contraste com a entidade viva, a Suprema Personalidade de Deus, Vishnu, é completo em conhecimento e bem-aventurança. Ele é sempre adorável pelas entidades vivas e Ele é o dominador supremo original, ao passo que as entidades vivas são as predominadas originais. Portanto, Ele é o criador original desta manifestação cósmica, que também é eterna, embora temporariamente manifestada. Desse modo, tanto as entidades vivas quanto a manifestação cósmica estão em subordinação ao Senhor Supremo. O Senhor Supremo está sempre situado diferentemente, como também é confirmado pelo Bhagavad-gita, onde se diz que tudo descansa no Senhor Supremo, mas ainda assim Ele sempre é diferente de tudo. Segundo Madhvacharya, mesmo na hora da dissolução cósmica, as entidades vivas e a energia material permanecem separadas do Senhor Supremo. Elas nunca se misturam, conforme é defendido pelos impersonalistas. Madhvacharya trabalhou em grande oposição à doutrina de Shankaracharya. Praticamente os seguidores da madhvacharya-sampradaya estão simplesmente lutando contra a doutrina da filosofia mayavada propalada por Shankaracharya. Ele derrotou a doutrina de Shankaracharya e estabeleceu a doutrina da dualidade. Além das doutrinas mencionadas, existem outras doutrinas defendidas pela vishnuswami-sampradaya e nimbarka-sampradaya. A vishnuswami-sampradaya mais tarde se transformou na baladeva-sampradaya. A doutrina deles chama-se suddhadvaitavada e a doutrina da nimbarka-sampradaya chama-se dvaitadvaitavada. De modo mui adequado, foi feito o ajuste de todas doutrinas: vishistadvaitavada, suddha-advaitavada e dvaita-advaitavada pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Sua doutrina achinthya-bhedabheda-tattva. Nesta doutrina, o Senhor Chaitanya discutiu mui elaboradamente todo tipo de doutrinas antigas e novas destinadas a compreender assuntos transcendentais e, a fim de minimizar as diferentes visões de diferentes filósofos, Ele adicionou uma concepção muito boa que se chama achintya, ou seja "inconcebível". Esta palavra é muito aplicável às doutrinas filosóficas da alma condicionada. Uma alma condicionada na verdade não consegue apurar a natureza da Verdade Absoluta simplesmente através da especulação, mas apenas através da autoridade do conhecimento védico. A palavra achintya aplica-se a todas as doutrinas. Sri Chaitanya Mahaprabhu não estava muito interessado em que essas doutrinas compreendessem a Verdade Absoluta. Sua principal ocupação era distribuir para a massa geral do povo os princípios do Srimad-Bhagavatam, que é o comentário natural ao Vedanta-sutra. Segundo o Srimad-Bhagavatam, toda especulação filosófica e princípios religiosos combinados culminam na compreensão do amor por Deus. O homem não pode ficar satisfeito simplesmente através de sentimentos religiosos ou especulação filosófica mas conforme o Srimad-Bhagavatam quando nos elevamos à plataforma de prestar serviço amoroso à Suprema Personalidade de Deus sem qualquer motivo e sem ser impedidos por qualquer condição material, esse estágio de realização transcendental é o princípio mais elevado de compreensão espiritual; só neste estágio podemos ser plenamente satisfeitos. Chaitanya Mahaprabhu Se interessava mais por transmitir para as pessoas este estado de vida sem muita preocupação com especulações filosóficas. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu nunca Se esforçou muito por apresentar uma tese desta doutrina num livro separado, porém mais tarde Sua sucessão discipular, especialmente dentre os seis Goswamis, Srila Jiva Goswami, apresentou seis teses, que combinadas se chamam Sat-sandarbha. Dos seis sandarbhas, aquele conhecido como Tattva-sandarbha é uma apresentação prática desta doutrina e explica o Vedanta-sutra estritamente de acordo com os princípios de achintyabhedabheda-tattva. Mais tarde, Sri Baladeva Vidyabhushana pegou esta doutrina e explicou o Vedanta-sutra rigorosamente de acordo com este princípio de achyntya-bhedabheda-tattva.

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Página 1 de 2 :: A Evolução da Compreensão Teísta - Parte III A Doutrina de Sri Chaitanya por Chandramukha Swami O Conhecimento Védico é realmente volumoso e contém uma variedade de obras védicas, que abarcam tanto o conhecimento material como o espiritual. Certamente, a essência do conhecimento védico é a auto-realização e a realização de Deus e, conforme a doutrina de Sri Chaitanya Mahaprabhu, estas duas realizações são simultaneamente uma e diferentes. A essência do Vedanta é apresentada por Sri Chaitanya em Sua doutrina conhecida como achintya-bhedabheda-tattva: a Verdade Absoluta é simultaneamente igual e diferente da Sua criação. Toda criação é simultaneamente Deus e também não é Deus. Sob a forma de Sua expansão energética, ela é Deus, mas porque a Personalidade de Deus situase à parte de Sua criação, ela não é Deus. Em outras palavras, tudo não passa de uma emanação de Deus e de Sua energia. Basicamente existem três tipos de energias do Senhor: a energia material (constituída de terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e ego falso); a energia marginal (ou os seres vivos que se tornaram encobertos por esta energia material); e a energia espiritual ou interna de Deus (que manifesta o céu espiritual muito além de nossa visão). Por carregar o calor e luminosidade do sol, a luz do sol é uma extensão do sol e, num sentido, é também considerada como sendo o próprio Sol. De modo semelhante, todas as energias são extensões de Deus. Isto significa que, como Sua extensão, elas são Deus também, mas simultaneamente não são Deus, por que Ele existe à parte de Suas energias. Como o próprio Senhor declara no Bhagavad-gita (9.4): maya tatam idam sarvam, jagad avyakta murtina mat sthani sarva bhutani, na caham tesv avasthitah. "Em Minha forma imanifesta (paramatma) Eu penetro todo este universo. Todos os seres estão em Mim (brahmajyoti), mas Eu (bhagavan) não estou neles". Bhagavad-gita 9.4 Desse modo, as entidades vivas são unas com Deus em qualidade espiritual, mas são diferentes d'Ele. Ele é o Todo Completo, e a entidade viva é Sua parte e parcela, minúscula em quantidade. A Verdade Absoluta é compreendida em três estágios como Brahman, Paramatma, e Bhagavan. É bem conhecido que as escrituras védicas pregam que Brahman é a grande Verdade. Mas não é tão conhecido (especialmente no ocidente) que Brahman é somente o estágio inicial de auto-realização. Realização do Brahman significa compreender que nosso eu é uma partícula minúscula de energia transcendental do Senhor, que está existindo dentro de um corpo material. O corpo material é feito de energias grosseiras; terra, água, fogo, ar e éter; e de energias sutis: mente, inteligência e ego falso. O eu (que é consciente) na verdade nada tem haver com estas coberturas grosseiras e sutis. O corpo material é cheio de designações, tais como, "Sou negro", "Sou branco", "Sou chinês", "Sou americano", "Sou rico", "Sou triste", "Sou um ser humano", "Sou um cachorro", "Sou um anjo", etc. Isso tudo não passa de fachada externa. Todas as entidades vivas estão iludidas por maya (ou ilusão) levando-as a pensar que "Eu sou este corpo". Na verdade, o eu é a alma consciente dentro do corpo. O eu é Brahman, espírito eterno. De uma maneira ou de outra, a alma caiu no mundo material e está passando pelas dores do corpo e da mente. Ela está falsamente se identificando com o corpo e a mente, pensando que está sofrendo as dores do nascimento, velhice, doença e morte. A alma, portanto, está reencarnando de um corpo para outro, criando uma civilização iludida voltada para satisfazer os sentidos materiais temporários, enquanto que o eu real está adormecido lá dentro. Pela prática do desapego, pela meditação filosófica e por mantermo-nos indiferentes à energia material, podemos chegar a realizar Brahman e compreender nossa identidade espiritual eterna, à parte da cobertura do corpo e da mente. Assim situado transcendentalmente, nosso eu pode progredir ao próximo estágio de auto-realização, a compreensão de Paramatma. Uma alma auto-realizada deve pensar: "Qual a natureza, o dever ou a atividade do verdadeiro eu espiritual?" Segundo a literatura Védica, o eu é uma partícula minúscula do Eu Supremo, o Todo Completo; portanto, sua função é cooperar com o Todo Completo. Quando a alma auto-realizada entra dentro de si e aproxima-se da Alma Suprema, a Alma Suprema pode manifestar-se dentro do coração do eu individual. A expansão de Deus que está dentro do coração de todos seres vivos e, ao mesmo tempo, dentro de cada átomo da criação, é conhecida como Paramatma, ou Vishnu. Conforme declarado no Bhagavad-gita (18.61), isvarah sarva-bhutanam, hrid-deshe'rjuna tisthati : "O Senhor Supremo está sentado dentro do coração de todos os seres vivos e está dirigindo suas andanças pelo universo". Também se afirma nos Upanishads: dva suparna sayujya sakhaya : o Senhor acompanha os seres vivos em sua jornada pelo mundo material, encorajando-os a olhar para dentro e buscar Deus. Desse modo, d hyanavasthita tad gatena, manasa pasyati yam yoginah : a forma Vishnu do Senhor dentro do coração é a meta verdadeira da meditação. Primeiramente, auto-realização significa compreender nossa natureza eterna, espiritual, divina. No próximo estágio, realizamos que o eu é uma parte e parcela minúscula do Senhor Supremo. Assim como a alma individual tem forma e personalidade, semelhantemente o Todo Completo, a Verdade Absoluta, também tem forma e personalidade. É um conceito errôneo pensar que a auto-realização consista em abandonar nossa identidade. Possuímos uma identidade espiritual eterna. Precisamos simplesmente aprender a deixar esta identidade temporária, designada corporalmente. Por apreciar nossa identidade espiritual e também a grandeza da Identidade Suprema e realizá-lO dentro de nosso coração, podemos avançar ao estágio mais elevado de realização. Este estágio mais elevado de realização é a realização da forma suprema do Senhor Supremo, a fonte de todas energias. D'Ele emanam todas as energias materiais e espirituais e é dEle que nos expandimos, d'Ele Se expandem as formas Vishnu do Senhor e dEle Se expandem todas encarnações do Senhor que agraciaram este planeta através da história. O Senhor Brahma explica no Brahma-samhita: isvarah paramah krishnah, sac-cid-ananda vigrahah anadir adir govinda, sarva karana karanam "A Suprema Personalidade de Deus é Krishna. Ele possui uma forma eterna de êxtase e conhecimento. Ele não possui origem, mas é a origem de tudo, a causa de todas causas". O Senhor Brahma continua explicando o Senhor Supremo assim, venum kvanantam aravinda-dalayataksham : "Ele é de uma cor espiritual azul, estando de pé no céu espiritual na Sua forma curvada em três pontos, tocando Sua flauta, atraindo a todos por Sua beleza, poder, misericórdia, etc.". Esta forma pessoal do Senhor é conhecida como Krishna ou Govinda, que é a Pessoa Suprema de quem todas as religiões autênticas estão direta ou indiretamente se aproximando. Compreendê-lO e aproximar-se dEle numa relação devocional, num estado rendido, é a meta mais elevada da vida. Compreender a Personalidade de Deus só é possível pela prática de bhakti-yoga, ou serviço devocional, conforme declarado no Bhagavad-gita (18.55), bhaktya mam abhijananti yavan yas chasmi tattvatah : "Somente pelo serviço devocional exclusivo Eu posso ser conhecido como sou". Desapego, conhecimento e pensamento puro poderão ajudar-nos a compreender Brahman e a meditação pode-nos elevar até realizarmos Paramatma. Mas,

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Página 2 de 2 somente o serviço devocional rendido pode elevar-nos à realização plenamente satisfatória e completa de nossa relação eterna com Deus. A prática do serviço devocional é descrita especialmente no Srimad-Bhagavatam como sravanam-kirtanam vishnu smaranam, etc.: "Devemos nos ocupar em ouvir, cantar, meditar e adorar Vishnu ou Krishna". São práticas essenciais o estudo da literatura védica conforme dada pelos devotos puros de Krishna (não por especuladores mentais), adoração do Senhor na forma de Sua Deidade e glorificação do Senhor pelo canto de Seu Santo Nome. O melhor mantra para cantar, conforme ensinado nos Puranas e exemplificado por Sri Chaitanya Mahaprabhu, é o maha-mantra, o grande cantar da liberação: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare Portanto, aqueles que desejam compreender a realidade a respeito de si próprios e a verdade sobre a vida devem ser justos e verazes, viver uma vida interna e externamente limpa e ocupar-se na verdadeira atividade da vida, a auto-realização espiritual. Auto-realização é plenamente manifestada na compreensão de que jivera svarupa haya, krishnera nitya dasa: "A entidade viva é a serva eterna de Krishna". Dedicando todas as atividades espirituais e materiais ao serviço de Krishna, servindo-O diretamente e cantando Seus nomes, chegaremos à perfeição da vida.

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