Encceja_ Médio.pdf

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INTRODUÇÃO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio. Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Linguagens, Códigos e suas tecnologias e Redação que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade. As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes: 1. Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida. 2. Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais. 3. Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade. 4. Compreender a Arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade. 5. Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. 6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação. 7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas. 8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. 9. Entender os princípios/ a natureza/ a função/e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação, na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-os aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar. Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências. Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo. Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que possa praticar seu conhecimento. As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as habilidades trabalhadas em cada assunto.

ÍNDICE Capítulo 1 Para além do horizonte ...................................................................................................................................................................................................01 Sônia Querino S. Santos Capítulo 2 Conectados(as) a outras línguas e “outras culturas” ..........................................................................................................................................08 Sônia Querino S. Santos Capítulo 3 Corpo, memória e encontros cotidianos..................................................................................................................................................................17 Camila Mairink Zangirolymo Sônia Querino S. Santos Capítulo 4 Descobrindo as Artes: um atalho para uma nova linguagem.........................................................................................................................24 Maria do Carmo Arruda Leite Capítulo 5 No reino das palavras ......................................................................................................................................................................................................36 Sônia Querino S. Santos Capítulo 6 O poder das palavras e das imagens..........................................................................................................................................................................46 Sônia Querino S. Santos Capítulo 7 Um ponto de vista ou a vista de um ponto? .........................................................................................................................................................55 Sônia Querino S. Santos Capítulo 8 Falantes da mesma língua...............................................................................................................................................................................................61 Sônia Querino S. Santos Capítulo 9 Facilidades e Desafios na era das Tecnologias.......................................................................................................................................................67 Sônia Querino S. Santos Redação...................................................................................................................................................................................................................................75

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 1 PARA ALÉM DAS “FRONTEIRAS” APLICAR AS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO E DA INFORMAÇÃO NA ESCOLA, NO TRABALHO E EM OUTROS CONTEXTOS RELEVANTES PARA SUA VIDA. Sônia Querino S. Santos Capítulo I Para Além das “fronteiras” Caro aluno (a), por meio dessa comunicação escrita, estamos iniciando um processo de interação que supera as fronteiras de tempo, espaço e favorece uma troca de saberes. Para a arte do diálogo entre os seres humanos, desde os tempos mais antigos, faz-se uso de diversos meios. Nos primeiros anos de vida, através do choro e outros barulhos emitidos era possível identificar a necessidade do bebê e, para facilitar essa interação nos ensinaram a nos comunicar.

A escrita hieroglífica [figura1] Na antiguidade, por meio dos desenhos nas paredes, nossos antepassados deixaram registrados seus cotidianos e, a Arqueologia faz uso desses registros e, traz para o nosso presente o passado. Chamamos de escrita hieroglífica o mais antigo sistema de escrita do mundo, usada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos. Já a língua de sinais ou língua gestual se refere ao uso de gestos e sinais, em vez de sons na comunicação. É muito utilizada como forma de entendimento entre pessoas com problemas auditivos. Cada país possue sua própria língua gestual. No Brasil, por exemplo, existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

Figura 2 Lembremos também, que algumas culturas se comunicam a partir dos sons de instrumentos, por exemplo: o som do tambor (atabaque) é diferenciado para comunicar o nascimento de uma criança, a festa de casamento ou sepultamento. Ou seja, a partir desse código, as pessoas pertencentes a essas sociedades não tem dificuldade em interpretar e /ou decodificar os sinais, podemos então afirmar que a comunicação estreita os laços e, cumpre seu objetivo. No contexto da comunicação e sua importância em nossas vidas estamos em constante mudança. E para tal, as tecnologias invadem nosso cotidiano, por isso fala-se que estamos vivendo em plena “sociedade tecnológica”. O que significa dizer que as tecnologias estão em todo lugar, já fazem parte de nossas vidas. Portanto, atividades cotidianas mais comuns - dormir, comer, trabalhar, deslocarmo-nos para diferentes lugares – são possíveis graças às tecnologias a que temos acesso. Mas... O que são tecnologias? Convidamos você para consultar um dicionário de Língua Portuguesa e buscar o significado do termo Tec. no.lo.gi.a. As tecnologias estão tão próximas e presentes, que nem percebemos mais que não são coisas naturais. Com a ajuda do conceito de tecnologia presente no dicionário, compreendemos que os talheres, pratos, panelas, fogões, geladeiras, alimentos industrializados, TV em preto e branco, TV em cores, máquina de escrever, máquina fotográfica, computador, celulares e muitos outros produtos foram planejados e construídos para facilitar nossa sobrevivência. Imagine que na comunicação, através das mensagens de texto nos celulares ou nas conversas no messenger (MSN) as palavras são substituídas por sinais e símbolos... Contudo, isso não significa dizer que não possamos viver sem elas, haja vista, em inúmeras culturas, principalmente as indígenas e africanas os alimentos são preparados e distribuídos em panelas de barro e em folhas de árvores como a bananeira, mandioca...

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 3 É possível afirmar que em cada época há o predomínio de uma tecnologia. Assim tivemos a Idade da Pedra, do Bronze... até chegarmos ao momento tecnológico atual. Nesse sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação interferem em nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos. Nesse sentido nos damos conta das várias linguagens utilizadas: linguagem verbal e não verbal. Mas... qual a nossa compreensão de Linguagens? Leia o trecho abaixo. “... no meu tempo, bastava um olhar e eu já sabia que meu comportamento não estava agradando meus pais... bastava um olhar. Hoje, chama-se a atenção dos filhos e eles não estão nem aí... O mundo está de cabeça pra baixo.” De acordo com a fala do Sr. Tomé, 48 anos, é possível compreender que a linguagem é o uso da língua com a finalidade de se comunicar. E desde pequeninos compreendemos que era possível se comunicar não apenas com a fala, não é verdade? Realmente nosso corpo fala, portanto, a linguagem pode ser verbal e não-verbal. Para a linguagem não-verbal iremos utilizar outros meios comunicativos (placas sinalizadoras, história em quadrinhos, charges...) Por exemplo, a placa de sinalizadora do trânsito, as mãos indicando acordo ou desacordo; as figuras de identificação de “feminino” e “masculino”; o apito do juiz numa partida de futebol; o cartão vermelho ou amarelo; a trilha sonora para determinado personagem; aviso de “não fume” ou de “silêncio”...

Já para a linguagem verbal utilizamos o bilhete, cartas... faz-se uso de texto escrito que posteriormente será apresentado no televisão, dramatizado no teatro, ou seja, o texto escrito é veiculado na mídia (rádio, televisão, teatro, cinema) e muitas vezes, “ditam” a moda e “modificam” nosso cotidiano. Portanto, registre essa informação: a linguagem pode ser ainda verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Lembre-se das propagandas televisivas, os outdoors, diálogos através do computador (msn, comunidades de relacionamentos, e-mails...). DIVERSOS TIPOS DE LINGUAGEM PRESENTES EM NOSSO COTIDIANO 1)Texto publicitário

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

O texto publicitário é construído em função do ouvinte ou do leitor virtual. Provoca mudanças de atitudes em seu público e, normalmente, trabalha a linguagem verbal e não-verbal (componentes visuais). Muitas vezes, somos motivados a comprar um determinado produto não por que estamos precisando, mas por termos sido convencidos pelas propagandas e anúncios. 2) Linguagem corporal (dança). A linguagem corporal é uma ferramenta de comunicação. Nosso corpo fala de diversas maneiras. Por isso, devemos tomar muito cuidado, pois muitas vezes a boca diz uma coisa, mas o corpo fala outra completamente diferente.

figura10 http://linguagemcorporal.com.br/index.php 3) Linguagem artística (pintura)

Quadro “Antropofagia”, de Tarsila do Amaral(figura11)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, contou com a participação de escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos. 4) Linguagem musical.” “Nossa! Viajei com essa canção!”; “Toda vez que escuto essa música recordo...” Com os recursos dos sistemas de Comunicação é possível acessar a rede e ouvir uma determinada canção. Observe a letra selecionada.

A TV tem o poder de reunir os vizinhos e amigos para assistir o futebol e, principalmente, para acompanhar as novelas. Saiba que a teledramaturgia surgiu no Brasil na década de 1950 e hoje é o produto televisivo mais popular do país. A telenovela explorar em seus enredos, temas de fácil aceitação como histórias de amor e conflitos familiares e sociais. E adquirem forte caráter mercadológico (Merchandising) pela empatia que se estabelece entre o público e as personagens. Sabe como isso ocorre? Veja, nas telenovelas são introduzidos anúncios de produtos, marcas de carro, perfume... seja, durante as cenas, como também nas vinhetas de abertura. Outra forma de merchandising é a veiculação de mensagens de caráter educativo, de prevenção de doenças, combate ao consumo de drogas... Quer um exemplo? Na telenovela “O Rei do Gado” em 1997, transmitida pela Rede Globo, em vários momentos foi ressaltada a necessidade de os produtores vacinar o gado contra a febre aftosa. Então, que tal conferir essas informações no próximo programa televisivo que tiver assistindo? Que tal? Visitar nos sites de pesquisa na internet a história da televisão brasileira? Sugestão: www. Google.com.br E, para terminar... Você sabe quando foi ao ar o primeiro programa de televisão brasileira? Essa revolução tecnológica aconteceu em 18 de setembro de 1950, quando em São Paulo foi ao ar o primeiro programa da televisão brasileira. O Brasil seria, então, o quarto país do mundo a ter televisão. 6) As mídias As pessoas estão conectadas e a conectividade se dá quando duas ou mais pessoas se aproximam interagem, conversas ou colaboram. Com o auxílio dos telégrafos, rádios, telefones ou das redes digitais de comunicação, essas pessoas podem estar em lugares diferentes, distantes.

Mesmo para os que não conhecem ou nunca ouviram essa canção é possível projetar em nossas mentes as imagens cantadas nesses versos. Isso porque a linguagem musical favorece uma experiência inusitada, ou seja, ela nos transporta do nosso cotidiano. Que tal ouvir essa canção? Se você tiver acesso ao computador visite o site: http:// letras.terra.com.br/guilherme-arantes/46315/ 5)Linguagem televisiva (teledramaturgia) Com programações variadas, mesmo em locais em regiões brasileira nos quais não há energia elétrica é possível encontrarmos a televisão (movida à bateria).

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Assim sendo, por meio do que é transmitido pela televisão ou acessado pelo computador, as pessoas se “comunicam”, adquirem informações e transformam seus comportamentos (algumas se tornam “teledependentes” ou “webdependentes” ...), ou seja, não conseguem sair de casa antes de ligar a televisão ou rádio ou acessar a internet para saber as previsões do tempo para o dia. Nesse sentido, é importante, caro aluno, que você compreenda que as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, sigla TCI, articulam várias formas eletrônicas de armazenamento, tratamento e difusão da informação. Elas evoluem constantemente e, com muita rapidez em todos os instantes são criados novos produtos (telefones celulares, fax, softwares, vídeos, computador multimídia, internet, televisão interativa, realidade virtual, videogames...) diferenciados e sofisticados. Consequentemente, na era da informação, comportamentos, práticas, informações e saberes se alteram com extrema velocidade. Dentro deste contexto, considera-se que a inclusão digital é necessária a fim de possibilitar a toda a população, por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços prestados via Internet. INCLUSÃO DIGITAL?

Figura 12 “... Levar os alunos ao laboratório de informática da escola? Talvez não seja uma boa ideia... E se eles quebrarem?” Estamos vivendo a ampliação das possibilidades de comunicação e informação, por meio de equipamentos como o telefone, a televisão e o computador. Porém, levando em conta as diferenças sociais, quando nos referimos à inclusão digital produzimos, paralelamente, um universo de excluídos dessas tecnologias de comunicação e informação. Querido(a) aluno(a) o que vem a ser Inclusão Digital? E como falar em inclusão digital quando muitos não têm energia elétrica nem água canalizada? Essas questões são importantes. Então vamos discuti -las passo a passo. Inicialmente, a inclusão digital tem por intuito gerar oportunidade de acesso na informação digital.

Ou seja, a partir da constatação de que os modernos meios de comunicação, especialmente a Internet, geram para o cidadão um diferencial no aprendizado e na inserção ao mercado de trabalho há cada vez mais, o reconhecimento e o empenho (educacional) de encontrar soluções para garantir tal acesso. Visto que, muitos não têm condições de adquirir equipamentos e serviços para gerar este acesso. Surge então, a necessidade de uma nova linha de educação que considere a alfabetização digital como o principal caminho para inclusão social, pois uma pessoa alfabetizada no universo digital deverá ter condições de selecionar informações na web, processar os dados, adquirir conhecimento e transmitir esses dados, fazendo uso, sobretudo no mundo do trabalho. Todavia, a realidade social vivenciada nas distintas regiões do Brasil nos revela que existem vários Brasis, ou seja, muito próximo a nós, convivemos com as construções em alvenarias e os casebres em madeiras. Nesses lugares há famílias que estão batalhando por melhores condições de vida, de saneamento básico e por acesso à educação. Portanto, a falta de recursos mínimos à sobrevivência, bem como, a falta de educação escolar, entre outros itens básicos como assistência médica e jurídica tem proporcionado uma sociedade de desiguais. Estima-se que aproximadamente 80% da população brasileira encontram-se excluída do usufruto das tecnologias da era digital. Basta nos perguntarmos: Quantos brasileiros possuem computador pessoal em suas residências? Quantos possuem linha telefônica? Portanto, a desigualdade sócio-econômica desencadeia a exclusão digital. Daí a necessidade que a inclusão digital seja fruto de uma Política Pública, ou seja, fruto de ações que promovam a inclusão e equiparação de oportunidades a todos os cidadãos. Sobretudo, considerando a população com baixa escolaridade, baixa renda, limitações físicas..., faz-se necessário uma ação prioritária voltada às crianças e jovens, pois constituem a próxima geração. Inclusão digital e processo de educação As escolas e universidades constituem componentes essenciais à inclusão digital uma vez que diversos protagonistas (professores, alunos, especialistas membros da comunidade) atuam em conjunto para o processo de construção de conhecimento. É também necessário que a inclusão digital esteja integrada aos conteúdos curriculares e isto requer um redesenho do projeto pedagógico e grade curricular atuais de ensino fundamental e médio. Ações de inclusão digital devem estimular parcerias entre governos (nas esferas federal, estadual e municipal), empresas privadas, Organizações não Governamentais (ONGs), escolas e universidades. Governos e empresas privadas devem atuar prioritariamente na melhoria de renda, suporte à educação bem como tornar disponíveis equipamentos à população. É ainda necessário o desenvolvimento de redes públicas que possibilitem a oferta de meios de produção e difusão de conhecimento.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Os indivíduos, que por condições de insuficiência de renda, não têm como dispor de computador e linha telefônica em casa, poderiam ter a exclusão atenuada, caso tenham acesso através de empresas, escolas ou centro de cidadãos. Esses recursos destinados prioritariamente àqueles que não têm acesso em suas residências. Vale ressaltar que este tipo de solução tem natureza paliativa, ou seja, não resolvem de imediato o problema. Adicionalmente, poderíamos ainda considerar o uso do software livre em computadores o qual seria sem qualquer custo. Entretanto, deve-se considerar a facilidade de operação, suporte e manutenção existentes. Ademais, há ainda busca pelo sistema de telefonia fixa que pode e precisa ser expandido a fim de prover a população com esse serviço básico além de permitir que ela tenha acesso a Internet. O Brasil tem condições de superar esse atraso. Todavia, para que isso de fato ocorra, é preciso começar a fazê-lo hoje, ou melhor, ontem. Do contrário, as gerações seguintes continuarão com elevado índice de excluídos da era digital. A inclusão digital tem um tripé que compreende: acesso à educação, renda e tecnologia da informação e comunicação (TCI). A ausência de qualquer um desses pilares significa deixar quase 90% da população brasileira permanecendo na condição de analfabetos digitais. Continue pensando sobre isso, pois atualmente a comunicação virtual (por intermédio do computador...) está presente em todas as atividades, desde a necessidade de agendar uma consulta médica até mesmo em opinar sobre as programações televisivas (esportes, novelas e notícias).

De acordo com o mapa, deverá usar guarda-chuva (A) apenas Paulo. (B) Paulo e Ana. (C) apenas Carlos. (D) Carlos e Ana. ATIVIDADE 2: Quero me casar Na noite na rua No mar ou no céu Quero me casar. Procuro uma noiva Loura morena Preta ou azul Uma noiva verde Uma noiva no ar Como um passarinho. Depressa, que o amor Não pode esperar! Carlos Drummond de Andrade Pelas suas características, esse texto é (A) uma propaganda. (B) um poema. (C) um anúncio. (D) uma notícia. ATIVIDADE 3:

AGORA É A SUA VEZ! ATIVIDADE 1: Paulo mora em Natal, Ana, em Fortaleza, Carlos, em Teresina. Antes de sair de casa, essas pessoas resolveram consultar o mapa meteorológico abaixo, publicado em um jornal diário, para saber se deveriam ou não levar um guarda-chuva.

O logotipo acima é da rede hoteleira Sun Hill, na Tailândia. Ele trabalha formas que sugerem elementos da paisagem ______________. Os traços dessas formas e os das letras são ________________, evocando a imagem do (a)_______________. Qual a alternativa que completa as lacunas ? (A) campestre, arredondados, lua. (B) marítima, irregulares, mar. (C) campestre, irregulares, vegetação. (D) marítima, arredondados, sol.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS ATIVIDADE 4: Leia dia nublado e no peito do sabiá sol do meio-dia (RUIZ, Alice in Revista Entrelivros, setembro/05) Haikai é uma forma de poesia vinda do Japão. Em rigor, compõe-se de dezessete sílabas, distribuídas em três versos, e não possui título. No haikai de Alice Ruiz, duas palavras possuem sentidos contrários. São elas: (A) dia e peito. (B) sol e sabiá. (C) nublado e sol. (D) sabiá e meio-dia. ATIVIDADE 5 Responda à pergunta abaixo, em seguida, utilize uma modalidade de linguagem para expressar sua resposta: Você acredita que os avanços tecnológicos e os vários tipos de comunicação estão interligados? Faça uso de um dos tipos de linguagem reforçando seu posicionamento à pergunta anterior. Portanto, você poderá usar os recursos da linguagem escrita, corporal, musical... entre outros.

PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Reconhecer as linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação. • Identificar os diferentes recursos das linguagens, utilizados em diferentes sistemas de comunicação e informação. • Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para explicar problemas sociais e do mundo do trabalho. • Relacionar informações sobre os sistemas de comunicação e informação, considerando sua função social. • Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ATIVIDADE 1 Alternativa correta: Letra B ATIVIDADE 2 Alternativa correta: Letra B ATIVIDADE 3 Alternativa correta: Letra D ATIVIDADE 4 Alternativa correta: Letra C ATIVIDADE 5 Pessoal

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 2 CONECTADOS(AS) A OUTRAS LÍNGUAS E “OUTRAS CULTURAS” CONHECER E USAR LÍNGUA(S) ESTRANGEIRA(S) MODERNA(S) COMO INSTRUMENTO DE ACESSO A INFORMAÇÕES E A OUTRAS CULTURAS E GRUPOS SOCIAIS. Sônia Querino Santos e Santos Caro aluno (a) Convido você a ler um trecho de uma conversa entre uma idosa de 58 anos e uma professora

“... os tempos mudaram professora, antigamente se podia trabalhar nas casas das patroas, agora... a gente não sabe mexer nos microondas, DVD.... Dá até medo! A gente não sabe falar direito, imagine ler aqueles livrinhos que vem na caixa junto aos aparelhos? Não dá não! Tá tudo em inglês e a gente não compreende nada. Sabe? Outro dia, minha vizinha passou a maior vergonha. Nós tava entrando numa loja e na porta tava escrito PUSH então ela puxava porta e.. nada, a porta não abria. Até que veio um jovem e nos ensinou a empurrar pra dentro. Pois aquela palavra PUSH não é pra puxar não e pra empurrar. Mas... tava escrito PUSH. Tá vendo, agora até pra ser doméstica a gente tem que estudar a língua dos estrangeiros...” No recorte descrito acima, Dona Aparecida nos chama atenção para a importância em conhecer a língua dos estrangeiros. E então o que você pensa sobre isso? Algumas dicas poderão auxiliar você na leitura de um texto em outras línguas. Vamos ver? a) A linguagem usada no texto está acompanhada por signos lingüísticos (imagens)? Então faça uma leitura atenta desses sinais. Ou seja, essa imagem se refere a que? b) E o título ou subtítulo? Leia-o com atenção. Qual o assunto?

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c) Que tal consultar o dicionário para tirar a dúvida? d) No formato da mensagem é possível perceber a intenção do emissor? Alguns cuidados são importantíssimos. Não se prenda às palavras que você não conhece. Leia o texto até o fim. Não se precipite! Evite traduzir na íntegra. Lembre-se dos “falsos amigos”. Palavras escritas de forma semelhante, porém com significados totalmente diferentes. VAMOS PRATICAR: Veja o anúncio: CNN está presente en los campeonatos de fútbol de la región y del resto del mundo y ofrece una cobertura oportuna y detallada de otros deportes como el boxeo, el automovilismo, el baloncesto, el golf y el tenis. De acordo com as orientações acima responda: qual o tema abordado no anúncio? a) Trata-se de uma mensagem sobre culinária b) O trecho está chamando atenção para a mudança de estação c) A partir dos vocábulos percebe-se que o assunto é sobre esportes Se você, embora desconhecendo a língua espanhola, fez uma leitura atenta deve ter percebido alguns vocábulos, inclusive em inglês, através dos quais conseguimos identificar o assunto tratado. Portanto a alternativa correta é a letra c. Parabéns! Vamos à outra notícia. Dessa vez um recorte de Jornal.

2009 Job Seeker News & Advice

Monday, April 27,

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Career Information An effective job search requires much more than sending out resumes. O tema desse anúncio enfoca: a) Informações sobre novos modelos de telefonia b) A mulher liga para pedir informações na escola c) Informações sobre emprego/trabalho Certamente você conhece o vocábulo “job” isso favoreceu para você optar pela letra c. Parabéns! E o restante da frase, você conseguiu traduzir? O que fez você descartar as outras alternativas (a e b)? Leia com atenção a tabela abaixo: Português 1/2 xícara (chá) de óleo 3 cenouras médias raladas 4 ovos 2 xícaras (chá) de açúcar 2 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 colher (sopa) de fermento em pó Cobertura 1 colher (sopa) de manteiga 3 colheres (sopa) de chocolate em pó ou Nescau 1 xícara (chá) de açúcar Se desejar uma cobertura molinha coloque 5 colheres de leite

Espanhol 1 / 2 taza (té) de aceite 3 zanahorias medianas ralladas 4 huevos 2 tazas (té) de azúcar 2 1 / 2 tazas (té) de harina de trigo 1 cucharada (sopa) de levadura en polvo de cobertura 1 cucharada (sopa) de mantequilla 3 cucharadas (sopa) de chocolate en polvo o Nescau 1 taza (té) de azúcar Si desea una cobertura molinha poner 5 cucharadas de leche

Italiano 1 / 2 tazza (da tè) di olio 3 carote medie grattugiato 4 uova 2 tazze (tè) di zucchero 2 1 / 2 tazze (tè) di farina di frumento 1 cucchiaio (zuppa) di lievito in polvere copertura 1 cucchiaio (zuppa) di burro 3 cucchiai (minestra) di cioccolato in polvere o Nescau 1 tazza (da tè) di zucchero Se si desidera una siepe molinha mettere 5 cucchiai di latte

Inglês 1 / 2 cup (tea) oil 3 medium carrots grated 4 eggs 2 cups (tea) sugar 2 1 / 2 cups (tea) of wheat flour 1 spoon (soup) of baking powder coverage 1 spoon (soup) of butter 3 spoons (soup) with chocolate powder or Nescau 1 cup (tea) sugar If you want a hedge molinha put 5 tablespoons of milk

Embora descrita em outras línguas (espanhol, italiano e inglês) acreditamos que você não desistiu de observar as diferenças na escrita, Não é mesmo? Você percebeu que sempre há um termo ou outro que já vimos escritos por aí? Isso acontece porque fazemos parte de uma sociedade que é fortemente marcada pela escrita. Portanto, não desista de ler mesmo quando parecer não entender nada, pois se perseverar na leitura, você encontrará uma pista para compreender o que está lendo. Nesse sentido, chamamos sua atenção para o seguinte: o conhecimento de outras línguas nos levará a conhecer outras culturas, outros modos de ver a vida. Ouvir músicas em Espanhol e em Inglês, por exemplo, poderá ser uma boa dica! Porém, deveremos permanecer atentos para o significado das palavras, lembre-se da situação descrita por dona Aparecida no começo desse diálogo: “a dificuldade de entender que PUSH tem outro significado”. Pois, os “falsos amigos” são aquelas palavras que por sua semelhança ortográfica e ou fonética parecem, à primeira vista, fácil de serem entendidas, traduzidas ou interpretadas, mas que podem... nos conduzir a situações embaraçosas. Vamos conhecer algumas em Espanhol? cola: rabo ; polvo: pó; saco: paletó; um rato: um momento; vaso: copo; zurdo: canhoto; borracha: bêbada; Embarazada: grávida.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Como você pode conferir, estar “EMBARAÇADA” na língua espanhola exige planejamento e outras responsabilidades. Acompanhe a história escrita em español: ...Todos los años Bernardo iba solo a España a trabajo, pero de aquella vez resolvió que llevaría a su família. Estaban todos encantados con lãs calles y plazas pero cuando pasaban por uma pastelería los niños pidieron que comprara golosinas. Rosa, su mamá dijo: Não, esses doces são esquisitos! Olhem a placa: “Exquisitos dulces”... Pois é, as crianças (niños) deixaram de saborear as guloseimas, pois seus pais não sabiam que a palavra Exquisitos é na verdade um falso amigo, ou seja, possui significado bem diferente na língua espanhola. Exquisitos em Espanhol significa: saborosos, ricos, gostosos. Mas... você já percebeu que utilizamos várias palavras em nosso cotidiano que são originárias de outros idiomas? Por exemplo: jeans, hot-dog, diet, shorts… battom, sutiã…E na informática? On line; internet; backup; e-mail; sites… Vamos exercitar? Portanto, relacione as palavras às frases seguintes: a) BREAKFAST; b) FOOT; c) TIME; d) BUSY ( ) Você raramente chega na hora ( ) Ela nunca vai para casa a pé ( ) Ele está frequentemente ocupado ( ) Eu sempre tomo um grande café da manhã Você conseguiu identificar facilmente as frases correspondentes? Provavelmente, a partir do seu conhecimento dos vocábulos (foot e time) não tenha sido difícil você encontrar a sequência das frases. Compare no final desse capítulo a seqüência equivalente. Lembremos que estamos no país do futebol (SOCCER) e, no corre-corre da vida, não podemos perder tempo (TIME). O conhecimento de outra língua nos ajuda também no mercado de trabalho. Quando saímos para procurar emprego (JOB) se sabemos um pouco de inglês já somos vistos com outros olhos (EYES). Acompanhe o diálogo a seguir. Receptionist: Can I help you? Mrs… Marta: Jackson. Marta Jackson. Receptionist: Are you coming for the announcement? Marta: That´s it! Oh, sorry, yes, madam. I apologize for being late. Twenty minutes. Receptionist: Ok. Let me see if Mr. Obama will see you, just a moment! Marta: Thank you ! Receptionist: Mrs. Jackson, you may come in. Marta: Thank you. Imagino que você já tenha sido “apresentado” às palavras (help you; sorry; minutes; moment; thank you) isso ajuda você na compreensão do texto apresentado em forma de diálogo. Então, marque com um X as alternativas que se referem à situação descrita acima.

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1. ( ) Marta pede desculpas por estar há vinte minutos atrasada 2. ( ) A recepcionista diz que o senhor Obama acabou de sair 3. ( ) A recepcionista pergunta se Marta está vindo pelo anúncio 4. ( ) Marta pede desculpas por estar há doze minutos atrasada Se você retornou ao diálogo e realizou uma leitura “sem medo” com certeza percebeu que somente as afirmativas 1 e 3 estão corretas. Interessante também perceber que numa situação como essa o conhecimento dos números em inglês foi decisivo para você excluir a alternativa 4. Marta é uma jovem que está tentando um novo emprego. Ela viu no jornal do metrô o anúncio para vaga de secretaria e, como vimos acima, já chegou ao local da entrevista. Portanto, vamos acompanhar o encontro dela com o chefe Mr. OBAMA. The boss: All right, Mrs. Jackson. Did you bring your curriculum with you? Marta: Sure! Just a moment... The boss: Hum!... Tell me about your job experience. Marta: Well, at the moment I´m not working. The boss: Oh I see! Did you take any courses related to your profession? Marta: Of course, I did. I thing I brought it… The boss: Ah, very good! Can you show us your abilities to deal with computers? De acordo com o trecho da entrevista é correto afirmar que: 1. ( ) Marta, embora esteja empregada, está procurando um novo emprego para ampliar sua experiência. Comentário: no diálogo aparece a frase “I´m not Working”. Portanto, essa afirmativa é falsa. 2. ( ) Durante a entrevista o chefe está com o curriculum da Marta em mãos, pois ela já havia enviado por e-mail. Comentário: A leitura atenta da frase “... your curriculum with you” justifica que essa afirmativa dois não seja correta 3. ( ) O chefe pergunta se ela fez cursos relacionados à profissão. Comentário: Relendo a frase: “Did you take any courses related to your profession?” Afirmamos que a alternativa 3 está correta. É importante destacar a importância em consultar um dicionário. Por meio desse, você pouco a pouco irá ampliando seu vocabulário. Portanto, consulte um dicionário bilíngüe, ou seja, português-inglês. Ao manusear o dicionário na busca do significado de uma palavra, você amplia a busca de seu conhecimento e, consequentemente, o seu saber. A motivação para a pesquisa brota exatamente dessa prática habitual da curiosidade, ou seja, diante de uma “palavra nova”, não hesite em procurar seu significado.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS As pessoas destemidas e desejosas em aprender não duvidam da importância de perguntar o significado e fazer uso de sites de pesquisas, dicionários e, até mesmo, provocar um “diálogo interessado” com o grupo de amigos. Portanto, como falantes da língua portuguesa e consciente da importância das línguas estrangeiras modernas, sempre que possível consulte um dicionário, tire sua dúvida e amplie seu vocabulário. Apresento a seguir um texto em Inglês que tem por objetivo mostrar a você que é possível fazer a leitura e compreensão de um texto em língua estrangeira, mesmo que não tenha um nível avançado de conhecimento da referida língua. Para a compreensão do texto, você deverá aplicar as técnicas de leitura: Skimming; Scanning; Inferência; Prediction. O que significa cada uma delas? Não se preocupe, acompanhe a descrição abaixo: ☼ Skimming – Leitura rápida de um texto para se obter uma impressão global do assunto. Assim, é possível observar informações visuais do texto como título, subtítulo, distribuição gráfica do texto, figuras, tabelas, entre outros. É importante ficar atento aos detalhes. ☼Scanning – É importante ler as questões sobre o texto antes mesmo de ler o texto todo, visto que algumas respostas podem estar contidas em informações nas próprias perguntas. Essa técnica é também uma leitura rápida que permite encontrar informações específicas, sem recorrer à leitura linear do texto, por isso, detalhes como citações em parênteses, grifadas e/ou em negrito, em letras maiúsculas, informações de número ou uma palavra-chave também devem chamar a atenção do leitor. Através dessa técnica, a interpretação e a compreensão do texto ficam mais fáceis. Orienta-se fazer a leitura das questões sobre o texto antes de aplicar as técnicas, assim se tornará mais fácil selecionar as informações necessárias para a resolução dos exercícios. Inferência - o objetivo aqui é deduzir o significado de uma palavra através do contexto (palavras vizinhas) e assim não recorrer de imediato ao dicionário. Lemos aqui o que não está escrito de forma “clara” no texto. Por isso, as palavras do texto, contexto e conhecimentos prévios do leitor devem ser considerados. Ah! Um exemplo de inferência são as piadas, pois rimos exatamente daquilo que não está diretamente escrito no texto. Prediction – Nesta estratégia de leitura, o leitor faz uso principalmente do seu conhecimento próprio, através de sua experiência de vida, e também, através de informação lingüística e contextual. Cada palavra não pode ser lida de forma isolada. Convite à leitura: TEXTO “TOO MUCH TV” 1. If a 4-year-old boy or girl watches a lot of television every day, he or she can become a bully in grade school. We added bullying to the list of potential negative consequences of television in excess. Other negative consequences are: obesity, inattention, and other types of aggression, the investigators write. 2. They noticed that toddlers who watch more TV than normal have 25% more chances to be called a bully by their mother. The team of investigators looked at three potential causes of bullying: parental emotional support (spanking, family mealtime, parent-child communication); early stimulation activities (recreational time, reading time, playtime); and the total of TV watching, based on parental information. Previous research demonstrates that these three factors participate in the development of bullies. 3. However, the risk of bullying can be prevented. The study discovered that 4-year-old kids who receive emotional support since they are babies and have a stimulating home environment have a lower probability to turn into grade-school bullies. 4. Specialists say that bullying may occur because of a lack of stimulation and emotional support at home. They say, however, that some things can be done to potentially prevent this type of aggressive behavior. (Adapted from an article by Frederick, J. Archives of Pediatrics and adolescent Medicine, april 2005; vol. 159) Site visitado: Para verificar a compreensão do texto poderia ser solicitado indicar se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira (V) ou falsa (F). E, na mesma questão poderia ser pedido para indicar o parágrafo no qual você obteve a resposta. Numa atividade como essa o nível de atenção é fundamental.

Afirmações a. As crianças que assistem muita TV desenvolvem comportamentos agressivos quando atingem a idade escolar b. O ambiente familiar influencia, além da TV, para o desenvolvimento da criança “bully” c. apoio emocional dos pais e atividade de estimulação precoces são consequências positivas em um ambiente onde a criança assiste muita TV.

V

F

X

Parágrafo 1

2

3

4

X

X

X X

X

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Caro aluno os exemplos anteriores querem fazer você entender que aprender uma segunda língua é uma forma de conhecer outra cultura, bem como, uma forma de entender melhor o contexto que vivemos no mundo atualmente. Lembre-se que uma das principais características do ser humano é a linguagem, pois é através da linguagem que o ser humano constrói seus vínculos sociais e adquire conhecimento do mundo e da realidade de sua época. Contudo, nossa relação com o idioma não é algo passivo. Isso se torna evidente, principalmente no Brasil. Pois, nas várias regiões brasileiras perceberemos a riqueza da língua materna (português) com suas variantes regionais. Então, a partir do conhecimento da língua materna (no nosso caso, a língua Portuguesa) é mais fácil compreender outro idioma. Embora, haja palavras sem equivalência na língua portuguesa, mas que foram incorporadas ao nosso cotidiano. Exemplos: abajur, do francês e sem equivalente em português e, outras palavras do inglês, como show, rock, hamburger, jeans, shampoo, Microsoft, Word, Internet, yogurt, shorts. Por ser um país com grande diversidade cultural, é compreensível que o Brasil sofra influências tanto em seu idioma, quanto em seus costumes (dança, vestuários, culinária...). Afinal a Língua Portuguesa está repleta de palavras derivadas de outros idiomas e de hábitos, por exemplo: “capoeira”, “mungunzá”, “Axé”, “mandingas” trazida pelos escravos africanos; ou dos nomes de pratos culinários como o “omelete”, que deriva do francês. Como estamos nos referindo à nossa língua materna (Português) você poderia se perguntar: Em quais lugares é falada a Língua Portuguesa? O Português é a Lingua Oficial em oito países de quatro continentes, a saber: Angola; Brasil; Cabo Verde; Guiné Bissau; Moçambique; Portugal ; São Tomé e Príncipe; Timor Leste.

Figuras extraídas do site: http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_3.php

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS No Brasil, antes da colonização portuguesa, a língua falada era o Tupi-Guarani. Porém, ainda hoje você pode encontrar pequenos grupos que se comunicam utilizando as línguas de origens africanas (bantus e nagôs) e mesmo as línguas indígenas. Me refiro por exemplo aos grupos remanescentes de quilombo e grupos indígenas. Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos. Portanto, a língua é dinâmica e continua sofrendo influência de outras línguas, principalmente da língua inglesa.

Observe que facilmente reproduzimos frases como: “... vou deletar isso da minha cabeça”; “...não dê importância a isso, ou melhor, minimize isso...”; nas quais se utiliza termos em inglês relacionados à linguagem da informática. Veja a tabela Anti-spam

Ferramenta destinada a evitar (ou minimizar) o recebimento de mensagens não solicitadas num serviço de correio eletrônico

Backup

Cópia de segurança (de dados e/ ou programas) para outra mídia removível (cd, pendrive)

Banner

Termo que significa “faixa” e designa propagandas veiculadas na web

Browser

Programa navegador, software responsável pela visualização das páginas na internet

Ciberespaço

O termo equivale à convergência de todos os meios de comunicação: áudio, vídeo, telefone, televisão...

Clip-art

Coleções de desenhos (ilustrações) para utilização em documentos digitais ou impressos

Combo

Leitor de DVDs que também funciona como gravador de CDs

Compactação

Chamamos de compactador o programa capaz de reduzir o tamanho dos arquivos para fins de armazenamento

Cursor

O termo designa o ponteiro (“setinha”) do mouse

Desktop

Termo que designa a área de trabalho do Windows

Download

O ato de “baixar” um arquivo para o computador

Hardware

Parte do computador que podem ser trocadas (gabinete, placa-mãe, monitor...)

Lan House

Loja que aluga máquinas interligadas em redes para acesso à internet e outras utilizações semelhantes

On-line

Significa que o computador está conectado à internet

Off-line

Significa que não há nenhuma conexão à rede de internet

Username

Nome ou apelido mediante o qual um usuário se “loga” e através do qual é identificado

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

É preciso se familiarizar com essas linguagens! Como você sabe o desenvolvimento das tecnologias implementou uma série de serviços de comunicação via internet. A palavra “internet” vem de uma redução do inglês (INTERNETWORK), que traduzindo para nossa língua significa “ligação ou trabalho em redes”. De modo geral as pessoas que estão conectadas podem trocar arquivos, dados e mensagens que são partilhadas por meio de links (ligações) que se realizam através dos e-mails, blogs... Nos blogs os internautas relatam os acontecimentos do dia-a-dia. BLOG é um livro digital, também compreendido como diário de bordo. Visite alguns blogs e registre sua opinião sobre assuntos variados. Já nos sites palavra originária do inglês que significa “local da internet” encontramos os hipertextos, normalmente acessados com a sigla WWW (WORLD WIDE WEB) que significa “rede de alcance mundial.”. Os hipertextos são textos-base que apresentam vínculo com outros textos. E o elemento que faz a ligação entre os hipertextos são os links palavra também originária do inglês cujo significado é “elo” ou “ligação”.

O e-mail é um dos serviços disponíveis na internet. São constituídos de um login (usuário ou conta) acompanhada com o símbolo “@” que vem do inglês at , que pode ser traduzido como “em determinado lugar”. Já os sites são acompanhados do provedor: ig. hotmail, uol, terra... acompanhado por um tipo de domínio que pode ser comercial (.com), educacional (.edu), governamental (.gov). Provedor é o intermediário entre o nosso computador e a internet. Quando acessamos a internet, estamos na verdade acessando um provedor que nos conecta com a internet. Ele funciona como as antigas telefonistas, para quem nossos avós tinham que pedir para completar a ligação. Domínio é o nome de uma área reservada num servidor Internet que indica o endereço de um website. Recapitulando: todo endereço de site inicia-se com WWW. Acompanhado do provedor e do domínio: http://www.terra.com.br E os endereços de e-mails trazem o símbolo @ [arroba] Através desse site novos amigos são adicionados, podemos ver os álbuns de fotos, enviar e receber recados (scraps), depoimentos... além de criarem comunidades ou se afiliarem para um debate de ideias chamados fóruns de discussão.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Portanto, faça uso dos recursos tecnológicos da rede e tenha acesso a um universo “sem fronteira”, bem como, a conteúdos formativos nas bibliotecas virtuais e sites interativos como youtube e outros. Nos dias atuais o uso e acesso aos meios de comunicação e informação têm favorecido o encontro entre pessoas e ampliado nosso conhecimento cultural. Além disso, o conhecimento das línguas estrangeiras modernas (LEM) facilita a utilização dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, cujos comandos e manuais são apresentados em vários idiomas. Nesse sentido, permanece o desafio. Pois, não é suficiente compreender a funcionalidade dos comandos (play e stop) frequentemente utilizados em nossos eletroeletrônicos. É necessário aprofundar o conhecimento de uma segunda língua (espanhol, inglês, francês, alemão...) também chamada língua meta, sem desprezar a língua materna, que em nosso caso, é a língua portuguesa. Acredite que o conhecimento, sobretudo em nível do domínio da escrita, quer dizer, aprender a escrever de acordo com as normas gramaticais, abrirá portas e contribuirá para a aquisição de uma segunda língua. Vale à pena destacar que os negros africanos possuem um vasto conhecimento das línguas estrangeiras. Sabe por quê? Considerando que as famílias são constituídas por tribos diferenciadas, às vezes, a mãe é oriunda de uma nação africana que se comunica entre si com uma língua africana e o pai, igualmente é oriundo de outro grupo social, que por sua vez, se comunica entre si, por meio de outro idioma. A essa altura você poderá se perguntar: “qual a língua utilizada para uniformizar a comunicação?” Essa pergunta é importante e pertinente, pois a língua “oficial” adotada para as relações comerciais e/ou contato/ diálogo “fora” de casa, dependerá do país colonizador (Bélgica, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos...). Portanto, os negros africanos dominam no mínimo quatro idiomas. Quando pequenos eles aprendem em casa duas línguas africanas, ou seja, a língua da mãe e a língua do pai. Pois, o diálogo com a mãe acontece na língua materna da mãe e, o diálogo com o pai, ocorre na língua oriunda da tribo do pai. Contudo, quando a criança africana é alfabetizada, o processo de ensino aprendizagem acontece na língua local, ou seja, língua falada pelos moradores daquela região. Porém, ao atingir a etapa da formação secundária (ensino médio) eles aprendem e “adotam” a língua oficial do colonizador. Nota-se, nesse breve recorte apresentado, que a criança de origem africana crescerá falando fluentemente (sem dificuldade de compreensão para a escrita e para a fala) os idiomas relacionados à sua infância, adolescência e fase adulta. Se pensarmos o universo cultural dos povos indígenas, iremos perceber um fenômeno bem semelhante. Pois, os indígenas, também chamados “povos aborígenes” são oriundos de povos com códigos lingüísticos diferenciados e, com o processo de colonização, eles “adotaram” a língua do colonizador. Saliento mais uma vez, a partir dessa breve explanação sobre os negros africanos e os indígenas, a necessidade em aprender uma segunda língua. E, ao destacar os idiomas (espanhol, inglês, francês...) estamos focalizando para as relações comerciais, porém sem desprezar a importância em conhecer outras línguas e outras culturas. AGORA É A SUA VEZ Atividade 1 Retome a leitura do texto “TOO MUCH TV” trabalhado nesse capítulo e responda: O que acontece com as crianças que assistem muita televisão: a. Não suportam a emoção dos pais quando expostas a atividades de estimulação precoce? b. Se tornam cruéis e violentas com crianças mais novas c. Não vão mais a excursões ou passeios ao ar livre por não saberem se comportar d. Batem em crianças que aprenderam a andar há pouco tempo e. Possuem probabilidade baixa de se tornarem bullies Atividade 2 Ainda de acordo com o texto “TOO MUCH TV”. Qual das opções abaixo NÃO foi citada no texto como consequência do excesso de TV? a. As crianças não aceitam o carinho e a estimulação dos pais b. São chamadas de agressivas pelas mães c. Se tornam obesas d. Se tornam agressivas e. Se tornam desatentas Atividade 3 Assine a opção que contém uma estrutura válida para um endereço de e-mail de uma pessoa ( não jurídica) natural dos Estados Unidos da América a) [email protected] b) [email protected] c) [email protected]

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 4 People and Professions Do you know the professions of the famous people below? Link them and then, create simple sentences. (1) Brazilian (a) singer () ( ) Gabriel Garcia Marques (b) scientist () ( ) Madonna and Britney Spears (2) English (c) actress () ( ) David Beckham ( ) ( ) Bill Gates (d) architect ( ) ( ) Bill and Hillary Clinton (3) Colombian (e) writer ( ) ( ) Sophia Loren (4) American (f) politician ( ) ( ) Oscar Niemeyer (5) Italian (g) soccer player ( ) ( ) Stephen Hawking (h) businessman Example: Oscar Niemeyer is a Brazilian architect. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ATIVIDADE 1 (letra b) ATIVIDADE 2 (letra a) ATIVIDADE 3 (letra c) ATIVIDADE 4 (produção de frases) Respostas da sequência da atividade “vamos exercitar?” A ordem das letras no sentido vertical, ou seja, de cima para baixo obedece à seguinte ordem: CBDA PRA FIM DE PAPO! C aro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Reconhecer temas de textos em LEM e inferir sentidos de vocábulos e expressões neles presentes. • Identificar as marcas em um texto em LEM que caracterizam sua função e seu uso social, bem como seus autores/interlocutores e suas intenções. • Utilizar os conhecimentos básicos da LEM e de seus mecanismos como meio e ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas. • Identificar e relacionar informações em um texto em LEM para justificar a posição de seus autores e interlocutores. • Reconhecer criticamente a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 3 CORPO, MEMÓRIA E ENCONTROS COTIDIANOS COMPREENDER E USAR A LINGUAGEM CORPORAL COMO RELEVANTE PARA A PRÓPRIA VIDA, INTEGRADORA SOCIAL E FORMADORA DA IDENTIDADE Camila Mairink Zangirolymo Sônia Querino Santos e Santos Quando encontramos com alguém pela primeira vez guardamos uma lembrança dela, que pode ser um gesto ou algo dito em uma conversa. Mas o que realmente nos fará ter uma lembrança boa ou ruim é a expressão corporal que essa pessoa nos transmitiu. Esse pode ser um critério para dizer se a pessoa é legal, falsa, inteligente, educada ou mal educada. Você sabia que muito antes da linguagem oral, o homem usou a leitura de gestos da linguagem corporal para interpretar atitudes e pensamentos expressos no comportamento humano? Sim. A fala é a nossa principal forma de comunicação, no entanto passou a fazer parte do nosso cotidiano há apenas alguns anos. Pois é! Está na hora de valorizarmos mais a linguagem corporal na comunicação, que por sua vez poderá nos dizer muitas coisas que através da linguagem verbal não conseguimos dizer. Sabia que a linguagem corporal é muita mais importante do que imaginamos? Com a fala podemos contar muitas coisas que foram importantes em nossas vidas, momentos especiais ou momentos tristes, podemos cantar, podemos recitar poesias, entre outras coisas que lembraremos durante a leitura do texto. Então recapitulando: a linguagem falada é conhecida por “linguagem verbal” e o que o corpo demonstra por suas sensações e sentimentos, chamamos de linguagem corporal. Com a linguagem corporal podemos nos comunicar de várias maneiras. Entre elas através da dança, mímicas e, até mesmo, é possível associar a linguagem verbal e corporal juntas. Veja que a figura a seguir trata do HIP HOP que foi criado em 1960 como força na reação de conflitos sociais, buscando se posicionar quanto à violência sofrida pelas classes menos favorecidas. Essa dança é a “voz da periferia” reivindicando espaços. Inclusive, existe um estilo pessoal que realça o caráter criativo e a cultura negra urbana contemporânea.

As rodas de capoeira é uma expressão de linguagem corporal bem próxima a nós. Aliás, há pouco tempo foi indicada pela Secretaria de Educação para fazer parte do currículo escolar, compondo a disciplina de educação física. Segundo a história, a capoeira praticada inicialmente pelos negros africanos, escravizados no Brasil, enganava os “donos de escravos”, pois eles acreditavam que os escravos estavam dançando, quando na verdade, os africanos através dos passos da capoeira estavam, também, treinando golpes para se defenderem.

Outra informação que você poderá conferir nas rodas de capoeira em seu bairro ou outros espaços, se refere à letra cantada nas “rodas”, você poderá perceber que elas tratam de questões sociais e, algumas vezes são “ladainhas” sobre a vida cotidiana ou se referem ao amor (perdido, encontrado, desiludido...). Veja como exemplo um trecho da música “Marinheiro só”: “... Mais eu não sou daqui eu não tenho amor, eu sou da Bahia de São Salvador...” Considerando, portanto, a grande variedade da linguagem corporal, são os skatistas. Você sabe reconhecê-los nas ruas? A primeira impressão que eles nos passam é a sensação de liberdade transmitida pelo esporte. Essa “tribo” ou “grupo” possui seu próprio estilo com músicas, roupas, gírias e a tão famosa linguagem corporal, considerada pelos dançarinos (hip hop e os skatistas) uma forma de expressão no mundo. A forma de se vestir dos skatistas virou moda nas grandes cidades, mostrando a influência do estilo, no cotidiano das pessoas que se identificam com os grupos (tribos). Normalmente o vestuário é composto por calça jeans super larga, camiseta grande, camisa de flanela xadrez, tênis e o inseparável boné. Realmente, a diversidade brasileira está presente em diversas modalidades (hip-hop, skatistas, capoeira). Vale a pena respeitar!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E a linguagem utilizada nos meios de comunicação?

Você já notou os muitos sinais da linguagem corporal? Ok! Vimos anteriormente sob influência da música algumas diferentes formas de expressão (hip-hop; capoeira; skatistas), ou seja, a dança vinculada à música, os diferentes estilos e a moda. Então... a televisão? Isso mesmo! A televisão é o meio de informação que talvez tenha mais influência sob nossos comportamentos e sob as nossas vestimentas (moda). Muitas vezes, em entrevistas na TV, nossos olhos nos fazem confiar no que vemos. Principalmente, pela “maneira” em que o entrevistado está vestido. Associada à sua postura e ao seu jeito de falar, esses elementos podem influenciar nossa avaliação prévia, antes mesmo de identificar o conteúdo que estão transmitindo. Essa é a força da mídia que influência nossos pontos de vistas e argumentos.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Vamos continuar avançando? Convido você, a aprender a decifrar alguns códigos e as diferenças culturais, pois sabemos o quanto são importantes e o quanto influenciaram histórica e culturalmente as diferentes formas de linguagem. Com certeza você já assistiu a uma propaganda política e já deve ter visto candidatos com expressões exageradas, que não te demonstravam muita confiança. Então, neste caso você usou a leitura da expressão corporal com o conhecimento que já possuía culturalmente. Aliás, na TV atores são bonitos e seus corpos esculturais. Pois, sabem que precisam vender uma imagem “bonita”. Ou seja, os meios de comunicação ditam o padrão de beleza e de corpo perfeito. Você já tinha pensado nisso? Busque em sua memória (suas lembranças) as propagandas de bebida alcoólica que você assistiu na TV. Perceba os alertas veiculados na propaganda (diminuição de acidentes, bem como, a péssima combinação: jovens + consumo do álcool). Esse e tantos outros exemplos confirmam para nós a força de convencimento que tem os meios de comunicação. Então afirmamos com convicção: O CORPO FALA

Com certeza, o corpo fala! Lembra de quando éramos bebês? Já faz tanto tempo! Os bebês também se expressam através do corpo, embora de maneira mais silenciosa e sem a capacidade de interpretar os sinais. Eles reagem ao que sente e, através da audição, eles percebem o que acontece à sua volta, por isso eles podem se assustar ou achar engraçado determinados tipos de som. Inclusive, pequenos sinais corporais já nos dizem quando o bebê esta com fome, dor, insatisfeito ou sente a falta da mãe. Você já deve ter visto uma criança chorando bem forte para chamar a atenção da mãe. Nessa hora, não tem jeito, deixamos tudo que estamos fazendo e damos atenção ao “pequeno chorão”. Observe agora essa imagem.

Na sua cidade, em seu bairro ou quem sabe, você junto com amigos já tenha participado desse tipo de linguagem, chamada linguagem artística? Então, a linguagem artística, assim como as outras linguagens, também sofre alterações cotidianamente e, se observarmos bem, perceberemos que a arte sempre está relacionada com o momento em que vivemos. Através das linguagens artísticas percebemos os momentos marcantes que estamos vivendo, bem como, as influências do passado em nosso cotidiano. Assim sendo, por meio da linguagem verbal, visual, gestual, artística e das várias modalidades da linguagem escrita pintamos, estamos nos expressando, nos posicionando no mundo que vivemos. Logo, essas expressões culturais e artísticas demonstram diferentes formas de expressão e variam de um lugar para outro. Pense nas diferenças culturais que existem no Brasil, observe começando pelas regiões. São muitas as diversidades, desde a culinária, ritmos musicais, maneiras de falar, até mesmo na maneira de vestir-se. Falando em diversidade cultural, sabe aquele GESTO de OK que fazemos com as mãos?

Parece ser um gesto inocente não é mesmo? Basta fazer um círculo com o dedo indicador e o polegar, e estamos expressando através desse gesto nosso consentimento (acordo, parceria...), como o ok em inglês. Pois é, mais as interpretações podem ser variadas! Para os Venezuelanos (VENEZUELA) este sinal significa uma ofensa, mas para os japoneses (JAPÃO) pode significar dinheiro. Portanto, um “simples gesto” aceito num determinado grupo social, sofre alteração de sentido em outras culturas e, por isso, não podem ser praticados. O mesmo acontece com as palavras (lembra dos falsos amigos?), isto, devido às diferenças culturais existentes nos países. Com certeza você já escutou essas expressões populares: * Arranque essa tristeza do peito” * Não fique de queixo caído” * Tire esse peso dos ombros” * Vê se não me enche o saco” Para compreender essas expressões precisamos imaginar, ou seja, contextualizar essas situações. Aqui, com as expressões mostradas, temos exemplos do uso da linguagem verbal que se misturam a linguagem corporal. Pois se não relacionarmos as duas formas de linguagem elas não teriam sentido.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Agora pense: Podemos arrancar a tristeza do peito? Nosso comportamento revela nossos sentimentos (alegrias, tristezas, dúvidas, frustrações e felicidade). Bom, num só dia, são tantas as emoções...  Quando encostamos a mão do lado esquerdo do peito nos referimos ao coração, ou ao sentimento de afeto por alguém.  Ao encostar a cabeça do lado esquerdo do peito de alguém e dar um sorriso, revelamos que confiamos na pessoa ou ainda que estamos felizes... Mas, se ao invés de sorrir fizesse cara de triste, demonstraria um coração que está triste. O que seria “Ficar de queixo caído”, ou “Ficar de boca aberta”? O ato de estar de boca aberta ou de queixo caído nos remete a imaginar a algo que nos surpreende. Quando se usa esta expressão vemos uso da linguagem corporal conectada à linguagem verbal. Você conseguiu identificar estas linguagens? Conhece outras expressões que usam a linguagem corporal e expressões populares? E O CINEMA MUDO?

Você se lembra ou ouviu falar do cinema mudo? Lembra do grande astro do cinema mudo chamado Charlie Chaplin? No cinema mudo observamos a linguagem do corpo e à medida que vivenciamos novos acontecimentos no século XXI, assistimos ao aparecimento de uma nova ciência: a não verbal. O canal verbal é usado com a finalidade de fornecer informações, enquanto que o canal não-verbal é usado para expressar atitudes pessoais e alguns casos como um substituto para mensagens não verbais. As pessoas possuem entre si maneiras diferentes de se comportar e de se expressar, por meio de movimentos corporais ou pela fala. A postura corporal é relacionada com a segurança em si mesmo e a disposição entre as pessoas. Para ter credibilidade ou demonstrar sinceridade em uma conversa é necessária uma forte ligação entre emissor e receptor da mensagem. Uma maneira de usar a linguagem corporal com credibilidade é usando o olhar.

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Os atores do cinema mudo foram os primeiros a usar a linguagem corporal, cada gesto expressado correspondia a uma informação sobre a emoção que estava sentindo. As expressões corporais, portanto, são ferramentas valiosas para a comunicação, sempre observaremos o que o corpo tem a dizer. Em algumas situações observamos que o corpo nos diz alguma coisa com gestos da linguagem corporal, porém a boca diz outra completamente diferente usando a linguagem verbal. Quando isso acontece automaticamente percebemos que alguma coisa está errada e logo pensamos em uma situação de mentira, ou de disfarçar o que se sente. Nossas mãos possuem vida na comunicação, imagine tentar conversar com as mãos amarradas, esses movimentos que acontecem involuntariamente para reforçar o que está sendo pronunciado por meio da linguagem oral, remete a expressividade, compreensão e também a emoção. Além das diferenças históricas, culturais e sociais não podemos nos esquecer das diferenças ambientais. Vamos imaginar um almoço na casa de um parente muito próximo e querido por todos, que não possui atitudes exageradas e diferentes das suas, nos sentimos a vontade, não nos colocamos em situação constrangedora. O contrário nos aconteceria se fôssemos almoçar na casa de uma pessoa desconhecida ou em um restaurante muito elegante. Nossos gestos seriam diferentes, se nos adaptamos a cada espaço físico, mudamos os nossos gestos, mudamos as nossas palavras e as nossas expressões. Alguns estudiosos afirmam que a leitura corporal é mais acentuada no sexo feminino por possuir um nível de vaidade maior que o dos homens. Na maioria dos casos o homem é o receptor da linguagem corporal, ou seja, recebe a mensagem da mulher. Sendo ela a emissora da mensagem, isso acontece em várias situações da vida social, muito mais que na vida profissional. Então, o ambiente determina algumas regras de comportamento que limitam a comunicação na linguagem corporal, principalmente quando a linguagem é involuntária. No campo profissional, tanto o homem quanto a mulher devem limitar-se por que estão se adequando ao ambiente em questão. Para os vendedores serem bem sucedidos no trabalho, tanto homens quanto mulheres deverão fazer o uso de uma linguagem clara e objetiva, transmitindo segurança ao cliente. O próprio cliente emite sinais ao vendedor assim que chega ao estabelecimento comercial. Você já deve estar imaginando quais são, pois com certeza já passou por essa situação. Você concorda que “quando conversamos com uma pessoa que por meio da linguagem corporal nos transmite características amigáveis, calorosas com sorrisos durante uma conversa franca, sentimos confiança, alegria e boa vontade?” Continuando nossa conversa. Em uma partida de futebol temos clara a reação de torcedores e jogadores de um time, no momento de um gol ou quando a partida termina com um bom resultado. Existem torcedores que choram para expressar seu aborrecimento ou se abraçam para expressar a felicidade que estão sentindo. Elas se comunicam por intermédio de olhares, gritos, gestos ou símbolos.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Pensando em uma cultura de movimento, não podemos no esquecer da linguagem de sinais (mais conhecida como LIBRAS). Essa modalidade de comunicação é utilizada pelos portadores de necessidades especiais, ou portadores de deficiência auditiva. Os lingüistas, especialistas em estudos sobre línguas, afirmam que cada país possui a sua língua gestual. No Brasil existe a Linguagem Brasileira de sinais (conhecida por LIBRAS). Elas foram criadas espontaneamente por um grupo de pessoas, e se aprimora da mesma forma que as línguas orais. Portanto, nenhuma língua é superior ou inferior à outra, cada uma se desenvolve e se expande com a necessidade de seus falantes. Retomando: A comunicação linguística é formada por signos lingüísticos (escrita, imagens...) usados para transmitir seus pensamentos e idéias. Essa linguagem permite o autoconhecimento e a percepção de idéias e o progresso do homem. A comunicação não lingüística é composta por signos não lingüísticos (o sorriso, o aperto de mão e outros cumprimentos). Portanto, também a linguagem corporal está sujeita à INTERPRETAÇÃO. Já havia pensado nisso? Ao cumprimentar alguém com um aperto de mão quem segura forte, demonstra habilidade para liderança, mas se a mão estiver suada e escorregadia poderá transmitir nervosismo e insegurança. Se estiver de braços cruzados significa que está colocando uma barreira, mas se os polegares apontarem para cima é um bom sinal. Já sacudir os pés revela a ansiedade, como se estivesse tentando fugir. Que tal uma dica a ser utilizada quando você estiver num processo de seleção para uma vaga de emprego? Por exemplo, quais cuidados deveremos ter diante da pessoa que estiver nos entrevistando?

 Não gesticule muito, isto demonstra agitação e nervosismo;  Ao cumprimentar alguém, se a mão dá um forte aperto, é sinal de que não há restrições.  A mão frouxa é sinal de que a pessoa tem medo de ser envolvida;

 Ao sentar-se, não deixe a pasta ou a bolsa sobre o colo. Significa que você não está à vontade;  Pés em direção ao entrevistador indicam que você se interessa pela pessoa. Se eles estiverem voltados para a porta, é a direção em que o corpo quer ir;  Com braços cruzados no peito, você não quer mudar a opinião e nem aceitar o que estão lhe falando;  Morder a caneta e mexer no queixo mostra que a pessoa está estimando a situação proposta;  Mãos na frente da boca geralmente significam que a pessoa deseja falar algo, mas não tem a oportunidade ou não sabe ao certo o quê;  Mãos cruzadas para trás: sinais que não se concorda muito com o alvo da discussão;  Mãos fechadas: mostra insegurança, como se agarrasse algo para não cair;  Mãos abertas: concorda com a situação. Se você tiver acesso à internet visite: http://henriques.wordpress.com/2007/02/15/posturacorporal/ A partir dessas dicas e de tantas outras que você já deve ter vivenciado, podemos afirmar que a linguagem corporal associada à atuação profissional é um tema que poderia gerar um outro material para estudo. Porém, algumas profissões não seriam “completas” sem a linguagem corporal. Imagine bailarinos e atores sem expressividade. Seria completamente sem sentido, você não acha? Esses profissionais têm como função transmitir através da dança ou o teatro, mensagens, idéias e emoções com o uso de sua expressividade de gestos. Com certeza você já deve ter escutado ou visto na TV alguma pessoa falando sobre “Marketing”. Pois é, essa palavra agora está sendo usada para a admissão de funcionários em empresas, com critérios cada vez mais relacionados à comunicação não-verbal. Esses profissionais analisam a aparência dos candidatos, observam a forma como estão vestidos para ver se são adequados ao trabalho que irão desempenhar na empresa, alguns atributos físicos não escapam e o carisma torna-se uma vantagem para pessoas extrovertidas. Na política acontece algo semelhante. Você já deve ter notado. Há uma preocupação com os gestos e as expressões faciais e a postura que devem assumir diante das pessoas. Isso os torna mais eficientes, nos passa uma boa imagem e nos convence de suas habilidades. Na medicina isso não deixa de acontecer, existem algumas especialidades como a pediatria e a psiquiatria na qual o discurso verbal fica comprometido ou porque a criança não domina a linguagem corporal ou porque o paciente apresenta, em função de enfermidades, idéias sem sentido. O médico especialista necessita ainda recorrer às suas habilidades específicas para interpretar os sinais não verbais do paciente e tentar decifrar o que está acontecendo. Você concorda que todas as pessoas têm capacidade de interpretar a linguagem corporal? Além disso, todos os indivíduos podem emitir e receber estes sinais não verbais. Porém é importante levar em consideração outros fatores: motivação; atitude; experiência; conhecimento;

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS A atitude refere-se à maneira que as pessoas se posicionam, algumas vezes positivamente e outras negativamente em situações de aprendizagem, que por sua vez dependerão das atitudes tomadas frente a situações vivenciadas. O que falar da experiência? Sabemos que é fundamental, quanto mais variedades temos, maiores serão as oportunidades de aprendizagem. Aqui podemos dizer que a vida nos ensina, mesmo que não seja de nossa vontade aprender. Como na expressão: “ É errando que se aprende”. Mas... Lembre-se: fazer uma análise do corpo é uma tarefa super complicada, pois já possuímos uma “compreensão” parcial do nosso corpo. Nossas razões estão fora do alcance do outro, pois estão no nosso inconsciente. Apesar de várias interpretações não existe uma leitura padrão que seja igual para todas as pessoas, a forma com que cada pessoa se expressa é particular e deve ser respeitada. Por isso, não se esqueça que não se podem padronizar os gestos. AGORA É SUA VEZ! ATIVIDADE 1 1) Leia: Atualmente, as pessoas não hesitam em eleger os produtos culturais de sua preferência, livres de preconceitos ou julgamentos. Assim, moças dançam ballet e jazz nas favelas, “dondocas” freqüentam forrós e bailes funk, rapazes adotam o estilo country e praticam capoeira. Tal postura indica a (A) inibição de valores humanos específicos. (B) construção de uma estética artificial. (C) homogeneização de comportamentos individuais. (D) consideração à diversidade sociocultural. ATIVIDADE 2 2) Extraída da Avaliação do ENCCEJA do ano de 2005 Observe a história em quadrinhos: (Fonte: Angeli. Folha de S. Paulo, 25/4/93.)

A disposição das personagens frente a frente e o diálogo demonstram que entre os personagens há: (A) aproximação e felicidade. (B) afastamento e ternura. (C) distanciamento e alegria. (D) intimidade e incompreensão. ATIVIDADE 3 3) “Como derrubar a ditadura da moda”. A Revista Veja publicou três reportagens que tratam de questões cotidianas, informações sobre obesidade, saúde e padrões estéticos contemporâneos. Reportagens da Veja: “Malhação capitalista” http://veja.abril.com.br/070802/p-066.html “Mutirão da fome” http://veja.abril.com.br/070802/p-o66.html “Cheinhas e sem grife” http://veja.abril.com.br/070802/p-074.html Você já fez alguma dieta radical para tentar ficar parecido com alguma pessoa famosa dos meios de comunicação? Sabia que muitas pessoas se inspiram em atores e atrizes famosas em busca de um corpo perfeito? As três reportagens de VEJA mostram exemplos das pressões que sofremos em nome da boa forma. Assim, o texto “Malhação Capitalista” informa que muitas empresas investem na atividade física não apenas pensando no bem-estar dos funcionários, pois na verdade buscam o aumento da produtividade. O “Mutirão da Fome” aborda uma comunidade que se lançou num regime coletivo. E “Cheinhas e sem Grife” registra um caso extremo da ditadura da moda, poucas lojas são especializadas para este publico especifico: as lojas mais badaladas ignoram a demanda das mulheres “redondinhas”, não comercializando roupas dos tamanhos considerados “grandes”. Muitos jovens passam por esse tipo de pressão, querem fazer parte da ditadura da moda e não conseguem se incluir. Não podemos nos esquecer que a moda e o padrão de beleza variam de acordo com o tempo.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Agora verifique seus conhecimentos: No recém-lançado livro Meninas do Brasil (Ed. Cosac & Naify, tel. [011] 3218-1469), Mari Stockler apresenta fotos que registram o estilo descompromissado das mulheres dos bailes funk e da periferia carioca. Elas não se preocupam em expor gordurinhas localizadas ou marcas de celulite. Na sua opinião: a) Elas demonstram uma boa aceitação de si mesmas, o que indica uma relação tranqüila com sua imagem, seu corpo e sua sensualidade e, nesse processo, inventam uma moda própria, às vezes copiada pelas “patricinhas” b) Elas estão desinformadas sobre as regras da moda e não têm senso de ridículo c) Entre as meninas da periferia, a gordura é um atributo valorizado ATIVIDADE 4 4) Observe a imagem.

ATIVIDADE 5 Dizem que os gestos falam mais do que você imagina. Portanto, propomos que você pesquise os significados dos seguintes gestos nos respectivos países: a) Apertar a ponta da orelha. Que significa tem no Brasil, na Índia e na Itália? b) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do dedo indicador, formando um círculo. Que significado tem esse gesto nos EUA, no Japão, na Turquia? c) Apontar com o dedo polegar para cima, com os quatro outros dedos fechados e encostados na palma da mão. Qual o significado no Japão, na Alemanha, na Europa e nos EUA? HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ATIVIDADE 1 (D) consideração à diversidade sociocultural. ATIVIDADE 2 (D) intimidade e incompreensão. ATIVIDADE 3 Alternativa a. As moças mais pobres da periferia, ainda que submetidas às pressões da moda e da publicidade, incorporam, adaptam e transformam suas roupas e até seu comportamento às condições econômicas e socioculturais. ATIVIDADE 4 Alternativas b e c. Os padrões de beleza variam ao longo do tempo e são diferentes em cada sociedade e cultura.

Ela reproduz um quadro do pintor flamengo Peter Paul Rubens (1577-1640). Essas mulheres possuem características físicas diferentes das mulheres de hoje, com isso percebemos que o padrão de beleza varia de acordo com a época, portanto é contemporâneo. Você acha que: a) Rubens tinha hábitos muito comuns com a nossa época e gostava de retratar apenas mulheres gordinhas  b) A pintura de Rubens é um bom exemplo de como os padrões estéticos se modificam ao longo do tempo c) Na época de Rubens (na verdade, até o século XIX), a fome e a desnutrição eram ameaças mais graves à saúde do que o excesso de peso. Por isso, a gordura era valorizada, até mesmo em termos estéticos, pois estava associada à idéia de sobrevivência e bem-estar

ATIVIDADE 5 a) Apertar a ponta da orelha. No Brasil é sinal de aprovação; na Índia é uma forma de se desculpar ou de mostrar arrependimento por falta ou erro cometido; na Itália indica que a pessoa apontada é homossexual. a) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do dedo indicador, formando um círculo. Nos EUA significa que está tudo certo, positivo; no Japão significa valor financeiro, moeda, dinheiro; na Turquia significa que alguém é homossexual. Apontar com o dedo polegar para cima, com os quatro outros dedos fechados e encostados na palma da mão. No Japão significa o número 5 (cinco); na Alemanha significa o número 1 (hum); na Europa e nos EUA significa pedido de carona. E então, gostou? Caso você queira aprofundar leia o livro: GESTOS - um manual de sobrevivência gestual, divertido e informativo para enfrentar a globalização. Autor: AXTELL, E. Roger. Editora Campus.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS PRA FIM DE PAPO Caro Aluno, Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: - Identificar aspectos positivos da utilização de uma determinada cultura de movimento. - Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social. - Analisar criticamente hábitos corporais do cotidiano e da vida profissional e mobilizar conhecimentos para, se necessário, transformá-los, em função das necessidades cinestésicas. - Relacionar informações veiculadas no cotidiano aos conhecimentos relativos à linguagem corporal, atribuindo-lhes um novo significado. - Reconhecer criticamente a linguagem corporal como meio de integração social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos.

Capítulo 4 DESCOBRINDO AS ARTES: UM ATALHO PARA UMA NOVA LINGUAGEM COMPREENDER A ARTE COMO SABER CULTURAL E ESTÉTICO GERADOR DE SIGNIFICAÇÃO E INTEGRADOR DA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO E DA PRÓPRIA IDENTIDADE. Maria do Carmo Arruda Leite

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Caro aluno, Após a leitura atenta da história em quadrinhos, certamente você notou que o foco da mensagem está no erro de interpretação do garoto Calvin. Quero chamar sua atenção para esse “engano”, pois, foi em cima dele que Calvin decidiu reavaliar seu gosto pela música clássica. Volte ao quadrinho e observe que, quando Haroldo apresenta para Calvin, a famosa abertura de 1812 (música de Tchaikovsky, compositor russo do século XIX), o garoto destaca a beleza da percussão, isto é, da forma que o som é produzido. No entanto, quando Haroldo revela que foram usados canhões, o garoto Calvin imagina uma cena de guerra em plena sala de concertos musicais. E, começa a considerar que a música clássica possa ser mais dinâmica do que imaginava. Essa capacidade de imaginação e criatividade é uma das condições necessárias para que aprendamos a utilizar as expressões artísticas como meio de superarmos nossas limitações individuais e termos acesso a universos mais amplos e criativos. A empolgação de Calvin resulta também do fato de se identificar com situações de seu cotidiano. Contudo, só poderemos desenvolver nossa criatividade e, aplicá-la a situações reais, se formos capazes de contextualizar uma

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS questão, ou seja, compreendê-la e discuti-la a partir de nossos valores e preconceitos. E, como Calvin, termos a curiosidade de conhecer os motivos que levaram o artista a representar a realidade usando a Arte como instrumento de expressão. E você, caro aluno, já conhece ou se interessou pela música em questão? Amplie então seus conhecimentos. Sabe quem foi Tchaikovsky? Foi um compositor russo de música clássica e executou essa “Abertura 1812” em comemoração ao aniversário do czar – nome que se dava aos reis da Rússia - e também à expulsão do exército de Napoleão da Rússia. O forte impacto sonoro da música se deve ao fato de que foram usados tiros de canhões de verdade; Hoje se pode ter acesso a ela de um modo indireto, pois foi usada no contexto do filme “V de Vingança” (cuja temática é a repressão e a tortura) e de modo direto, ouvindo-a pela INTERNET. Agora, convido você a ler o texto a seguir: Theodora, de 5 anos, ouvia pela primeira vez uma música composta por Chico Buarque na década de 70. Intrigada, correu até a avó e denunciou: “- Vó, o homem ta falando vagabundo”. Isso não pode, é palavrão!” E a avó corrigiu: “- Não, meu bem, não é palavrão, vagabundo é uma pessoa que não trabalha!” Ao que a menina protestou: “Não! Quem não trabalha é “desempregado”. Veja que a reação das crianças, quando aprendem uma nova palavra, é a de sempre contestar, discutir com um adulto. Há aqui também um equívoco, um erro de interpretação. No entanto, parece que a criança, com sua liberdade criativa, está com a razão: sabemos que tanto atualmente quanto no passado, chamar alguém de “vagabundo” é extremamente ofensivo. Além disso, a garota teve outros elementos, relacionados aos seus valores e preconceitos, para fazer sua interpretação, como considerar a entonação usada pelo cantor, a sonoridade da palavra e a proibição (comum para sua idade) de que usasse palavrão. A avó, diferentemente da neta, seguiu à risca a proposta dada pela música, na qual o cantor já inicia dando uma ordem direta: “Vai trabalhar vagabundo, vai trabalhar, criatura”. Há também que se considerar que normalmente as pessoas mais velhas atribuam ao trabalho um valor de nobreza e dignidade. Veja que, embora os dois universos sejam legítimos, ao sustentarem suas posições individuais, cria-se um equívoco interpretativo. Diferentemente do quadrinho anterior, neste texto ilustrativo temos em cena uma música popular brasileira, sendo que o que mais chamou a atenção da criança foi a letra, mais especificamente o uso de uma determinada palavra. O desfecho mostra que a garota não aceitou a proposta de interpretação dada por sua avó, porém isso se deu a partir da língua utilizada, sendo que o ritmo da música teve pouca importância, pelo menos em um primeiro momento. Tanto no primeiro quadrinho quanto no texto ilustrativo, o que despertou a curiosidade das crianças foi aquilo que ouviram com suas experiências de vida. Nesse aspecto, a música foi somente um veículo motivador da transformação. Então, o que importa que seja clássica ou popular?

É fato, no entanto, que o poder de alcance de uma música popular é infinitamente superior, se comparado à música clássica. Por que você acha que isso acontece? Um dos fatores que contribui para isso é a facilidade da língua. Porém, você poderá destacar outros fatores. Apresento a seguir o poema de Camões que foi musicado pelo cantor Renato Russo, na década de 90. Trazer ao grande público um soneto clássico foi garantia de sucesso absoluto, principalmente entre os jovens da época, que passaram a conhecer uma obra lusitana por meio de veículos de comunicação em massa. Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís de Camões (1524-1580) Você sabe o que é soneto? Um soneto compõe-se de 14 versos que seguem a mesma métrica, isso significa que cada verso, ou cada linha do poema tem o mesmo número de sílabas poéticas; quando se agrupam em 4 linhas formam o que chamamos de quarteto, quando se agrupam em 3, chamamos terceto. Assim, para formarmos um soneto agrupamos 2 quartetos e 2 tercetos. Há também os poemas com versos livres, nos quais o artista não segue uma ordem para a contagem de sílabas e também não se preocupa com a rima. Temas como os apresentados por Camões são tão profundos que dificilmente um artista chegará a expressá-los completamente. Assim, apesar de não merecer créditos por originalidade, o vocalista da banda Legião Urbana pode ter despertado a compreensão de que o tema Amor faz parte de nossa vida real e que, ao compreender a importância disso, acrescentamos à nossa própria vida Valor e Significado. Há vários exemplos históricos que mostram que quando um artista é competente na representação de um modelo universal (como o Amor, o ciúme, a justiça), o valor de sua Arte é tão autêntico que a obra ganha a Imortalidade. Shakespeare (poeta e dramaturgo inglês do século XVI) é outro exemplo, pois suas peças ganham vida no palco até nossos dias, porque somos unidos pela Verdade das emoções que elas geram. Porém, “essa Verdade” nutre público e atores, desde que o público tenha sensibilidade e os atores aprendam a Arte de interpretar além da técnica. Você sabia que.... O Teatro, originalmente da Grécia, passou por grandes transformações ao longo da história, sendo que a mais radical delas se deu na Idade Média, quando a Igreja Católica e

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS os senhores medievais optaram por patrocinar os grandes pintores, dando à arte de interpretar um caráter profano, religioso. Surge, assim, um teatro itinerante, hoje também conhecido como teatro mambembe: andavam de cidade em cidade utilizando carroças, sempre em bandos, chamadas trupes, e os atores e atrizes eram chamados saltimbancos; esse modo de se organizar deu origem a uma forma mais livre, tanto de apresentação de peças por improviso quanto aos temas trabalhados, que não seguiam a ordem da Igreja, que era de encenar somente temas cristãos. Os saltimbancos também deram origem ao Circo tal qual o conhecemos atualmente. Observe quatro obras de Pablo Picasso produzidas em datas diferentes. A sequência escolhida procura captar diferentes fases do pintor espanhol.

Os dados históricos são capazes de nos auxiliar a entender o cotidiano da produção artística analisada. Pois, as obras foram produzidas em 1920, 1930 e a última, em 1937, portanto, no período entre Guerras. “Guernica”, talvez a mais famosa obra do artista, foi produzida em plena Guerra civil espanhola (1936/1939). O quadro leva o nome do povoado localizado ao norte da Espanha, com cerca de 6 mil habitantes e retrata exatamente o momento em que houve o bombardeio pelos aviões alemães, em abril de 1937. Assim, as figuras na praia em 1920 (primeiro quadro), são mecânicas e estão quase anestesiadas; em 1930 elas tendem à robotização (veja o segundo e terceiro quadro), até estarem completamente dilaceradas pelo bombardeio citado. Observe que o artista vai mudando suas figuras, porque o contexto histórico muda a ponto de o homem ser visto completamente sem inspiração, até o momento derradeiro, em que se transforma em simples alvo de Guerra.  Você consegue encontrar alguma semelhança entre essas figuras e os grafites que visualizamos atualmente?  E quanto a estes desenhos urbanos e à conscientização dos artistas que os produzem?  Você poderia descrevê-los como inseridos em seu tempo histórico?  Ou será que estão muito à frente? Há em obras como as que aqui expomos muitos outros elementos que devem ser levados em consideração, no entanto, certamente você conseguiu fazer algumas aproximações porque Pablo Picasso iniciou, com o Cubismo, um novo modo de percebermos a realidade de um objeto em uma obra de Arte, usando a simplificação e geometrização das figuras. Agora compare as obras do pintor espanhol com alguns exemplos de obras brasileiras e veja a semelhança das técnicas utilizadas e também a abordagem social que elas fazem:

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Você deve ter percebido que devemos atentar para dois aspectos quando observamos uma obra de Arte: a expressão da Beleza e o contexto histórico. Para entendermos um pouco destes dois aspectos, vamos fazer um passeio pelo tempo e apreciar uma famosa obra do pintor italiano Leonardo da Vinci chamada “A Anunciação”, século XV:

É impossível tentar analisar uma obra como esta sem aproximar Arte e Religiosidade. Da Pré-História aos dias atuais a Religiosidade moldou parte considerável das Artes e os artistas sempre dão novas expressões a esse tema tão antigo quanto a própria Humanidade. Só para citar um exemplo da atualidade. Se você não leu, certamente ouviu falar no enorme sucesso de vendas que o livro “O Código da Vinci”, escrito pelo autor Dan Brown, alcançou. Observe que, apesar de o best-seller ser uma obra de ficção, o que lhe garantiu sucesso de vendas foi a polêmica levantada sobre a vida de Cristo. Leonardo da Vinci pintou em um período histórico conhecido como Renascimento (no qual o Homem se torna o centro do Universo). Este é um período de reconstrução tanto artística quanto intelectual e, sua obra é imortal não só pela Beleza e grandeza de sua técnica, mas porque é a expressão fundamental de todo pensamento religioso o Cristianismo, mais predominante da parte ocidental do mundo. Portanto, perceber a expressão da Beleza nas Artes é captar o momento histórico da criação daquele artista, no qual o novo contexto apresentado pode moldar nossa compreensão da Verdade para sempre sem que abandonemos nossos referenciais antigos. NA obra da ANUNCIAÇÃO, o pintor materializa o anjo Gabriel dando as bênçãos a Maria pela sua gravidez, imortalizando um texto bíblico pelo uso dos pincéis e técnicas humanísticas da época. Note que, embora haja um contexto sócio-cultural correspondente a cada época e lugar, e o desafio enfrentado pelo artista ao explorar novas verdades seja fazer uma ponte entre o tema e o contexto específico, ninguém, por menor que seja o seu conhecimento sobre artes ou técnicas de pintura, consegue ficar indiferente diante de um quadro como “A Anunciação”. Isso porque o pintor ultrapassou o tempo e o espaço, a razão e a emoção e inseriu no imaginário do homem uma cena que lhe permite identificar-se com a Verdade. O Renascimento e a influência da Igreja Católica moldaram nosso gosto pela Arte, a ponto de desenvolvermos uma técnica chamada Barroca (séculos XVII e XIX) cujo maior representante foi Aleijadinho. Nesta expressão artística, cujos destaques em nosso país são a escultura e a arquitetura, há a idéia de aproximar o homem do Divino, já que a vinda de Cristo em uma forma humana mostrou o quanto podemos ser sua imagem e semelhança; este gosto e essa Verdade são tão evidentes que acreditamos que as pessoas que possuem grande talento são abençoadas por Deus.

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Mas o que é Arte? Num sentido amplo, podemos dizer que arte é toda a forma de expressão criativa do desejo do homem, e sua conseqüente manifestação em seu mundo, veremos que, embora haja uma tentativa de hierarquizá-la,isto é, colocando-a em museus ou galerias, e haja, de fato, artistas com potenciais diferenciados, saberemos que o Homem comum sempre buscou um meio de aproximação do Belo, algo que fosse capaz de fazer com que sua Realidade fosse menos dura e mais colorida. Nesse sentido, ao pensarmos na mais terrível crise histórica do mundo moderno, - a II Guerra Mundial – e tudo que ela desencadeou, descobriremos que até nos campos de concentração nazistas e soviéticos homens e mulheres cantaram e escutaram histórias; no período da Escravidão, no Brasil e na América criou-se cantigas, danças e folguedos; do banzo nasceu o Blues e mais tarde influenciou o Jazz; das danças circulares dos negros em volta do fogo à criação do samba de roda, tudo prova que qualquer manifestação artística nasce da necessidade do Homem de sair de sua condição de mortalidade e acreditar que exista algo superior. Nos tempos antigos os povos utilizavam máscaras, vestimentas especiais e adornos; as pinturas corporais são expressões de Beleza na África e na Índia, e ritmos, músicas e danças são, para todos os povos do mundo, tentativas de aproximação do Divino. No entanto, deve-se considerar que, para estes povos, a visão do que é Divino é diferente da visão dada pela Igreja Católica: na África e na Índia, por exemplo, o uso de máscaras e adornos sagrados significa que o Divino já é o próprio individuo que os usa porque o Sagrado se manifesta naquele que o busca. Assim, Deus não é exterior ao Homem, mas este é sua própria manifestação. Você se lembra de quando falamos sobre o Teatro e a perseguição da Igreja a tudo que não representava “aquilo” que esta instituição entendia como “sagrado”? Pois então, foi a partir da Idade Média que se consolidou um pensamento do que era permitido e que deveria ser aplicado como elemento artístico. Sugiro que você assista ao filme “O Nome da Rosa”, baseado no livro do mesmo nome, de autoria de Umberto Eco, escritor italiano. Nele pode-se ter uma noção da repressão que sofriam aqueles que contrariavam normas religiosas. “...ABRAM ALAS QUE EU QUERO PASSAR...” Foi também na Idade Média que surgiu um tipo de manifestação popular muito próxima do que conhecemos hoje como carnaval. Esse nome significa “festa da carne”, pois eram os dias em que o povo poderia se desobrigar de suas tarefas religiosas. No entanto, com o tempo, o povo trazia temas religiosos para as festas e a Igreja também teve que colocar elementos pagãos, isto é, não religiosos, em seus cultos: o batismo é um deles, pois, embora tivesse referência bíblica sobre o batismo de Cristo por São João, este era reservado para as crianças da alta nobreza. No entanto, o homem do campo, sem conhecimento das escrituras, pois era analfabeto, apresentava a criança que nascia à natureza, sem nenhuma permissão da Igreja. Ou seja, havia um conhecimento transmitido oralmente sobre o que deveria se fazer após o nascimento de um filho. No Brasil, até a década de 80, todo católico tinha o compromisso de ir à Igreja receber as cinzas sagradas, na quartafeira, após o carnaval, para se purificar de seus pecados. Por que você acha que até hoje a Quarta-feira de Cinzas é considerada feriado até o meio-dia? Há, em nosso país, grande diversidade cultural e religiosa, no entanto, a religião católica continua sendo a religião oficial, capaz de continuar a moldar nosso cotidiano e gosto em relação àquilo que é artístico. Você sabia que o carnaval em Veneza, na Itália, ainda conserva as características das apresentações teatrais que aconteciam na Grécia antiga? Observe que, sendo a Itália o berço da Igreja, há juntamente com as grandes catedrais, como a de São Marcos, considerada uma das maiores do mundo, vielas nas quais circulam mascarados com suas capas sombrias, representando os vícios do homem; ou ainda sua euforia e desprendimento do mundo, com máscaras risonhas e até estranhas.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E o nosso carnaval? Por que você acha que se tornou uma festa tão alegre e popular, apesar das dificuldades enfrentadas pelo nosso povo? Que elementos cristãos temos ainda presentes em uma festa sem a menor pretensão religiosa? Você já parou para pensar se as pessoas que fazem o carnaval têm diferentes opções religiosas? Qual segmento social está presente no carnaval? Considere também as pequenas manifestações, como nos blocos de rua de cidades do interior do país. Como você sabe, embora tenha alguns elementos considerados artísticos (como a música, a dança e as alegorias), o carnaval no Brasil se caracteriza como uma tradicional festa popular, assim como a Congada, a Folia de Reis, a farra do boi, as festas juninas e tantas outras. Isso acontece porque tais expressões nasceram da necessidade do homem trazer mais alegria para o seu cotidiano e são tradicionais porque apresentam forte influência da Religião oficial, não sendo admitido grandes mudanças. ARTE E BELEZA Ao longo dos tempos escritores e críticos tentaram encontrar causas intelectuais, emocionais ou sócio-culturais para a expressão estética, de beleza, no entanto, obras de valor significativo são capazes de mostrar que a Beleza está nos olhos do observador, o indivíduo criativo. Assim, o artista contemporâneo pode se sentir comprometido a criar uma comunicação entre a sua obra e o públic o e deixar que este último tire suas próprias conclusões. O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ganhou fama mundial ao retratar crianças e velhos em estado precário de sua condição material, em pobres casebres e em campos de refugiados, vítimas da guerra. Observe as fotos a seguir:

O que elas lhe transmitem? Há beleza para além do sofrimento? Agora leia a experiência do poeta Khalil Gibran acerca do Belo: “E a Beleza não é um desejo, mas um êxtase Não é uma boca sequiosa nem uma mão vazia que se estende, Mas antes um coração inflamado e uma alma encantada. Ela não é a imagem que desejais ver nem a canção que desejais ouvir, Mas antes a imagem que contemplais com os olhos velados E a canção que ouvis com os ouvidos tapados. Não é a seiva por baixo da cortiça enrugada Nem uma asa atada a uma garra, Mas sim um jardim sempre em flor e Uma multidão de anjos em vôo”. (O Profeta, tradução de Mansour Challita – Rio de Janeiro: Associação cultural Gibran, 1980, p. 72 e 73)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS TRADIÇÃO E MUDANÇA

Chamamos estas manifestações de Patrimônio cultural imaterial ou Patrimônio Inatingível. Pois, compreendemos por Patrimônio Cultural o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse para a memória do Brasil e de suas correntes culturais formadoras, abrangendo os patrimônios arqueológico, arquitetônico, arquivístico, artístico, bibliográfico, científico, ecológico, etnográfico, histórico, museológico, paisagístico, paleontológico e urbanístico, entre outros. E, por Patrimônio cultural imaterial, o conjunto de práticas, representações, expressões, conhecimentos, técnicas e também instrumentos, objetos, artefatos e lugares que a eles estão associados; comunidades, os grupos e, em alguns casos, indivíduos que se reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. A Arte, portanto, é capaz de atitudes radicais em seus modos de expressão, envolvendo grandes mudanças, como vimos em Pablo Picasso; e, é caracterizada também por transmitir um valor universal, como vimos em Leonardo da Vinci. Nesse sentido, estabelecer um diálogo com as Artes estrangeiras e adaptar seus conceitos em temas nacionais foi a proposta chamada Movimento Antropofágico, surgida a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922. O termo Antropofagia foi tirado de uma prática indígena na qual o prisioneiro de guerra era devorado pela tribo inteira, cabendo a cada membro daquela comunidade comer uma parte do “prato”. Assim, temas nacionais antes retratados de modo natural, ou seja, sem grandes mudanças, foram transformados em um tipo de Arte até então jamais vista por público e crítica. A rejeição ao movimento foi muito bem exemplificada no artigo famoso de Monteiro Lobato intitulado Paranóia ou Mistificação, datado de 1917. Os desdobramentos da Semana influenciaram o modo de se pensar a Arte brasileira completamente. Na poesia foi exemplo de quebra de tradição o uso dos versos livres e de temas abstratos, e na prosa o livro “Macunaíma”, de Mário de Andrade, nos conta a história de um herói muito popular, “sem nenhum caráter”. O maestro Villa Lobos trouxe elementos musicais do folclore brasileiro para suas obras e Tarsila do Amaral colocou lendas, mistérios e cores do clima tropical brasileiro em suas pinturas, dando às nossas Artes um caráter Nacionalista. Veja que esta quebra de padrão para a criação artística acontecia porque tais artistas não reconheciam a Arte até então como valorizadora das expressões de nosso povo. Vejamos, portanto, um pouco do que foi feito:

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Já em 1996, o tema da Bienal de Artes plásticas em São Paulo foi “Desmaterializar a obra de Arte no fim do Milênio” e os artistas populares Zeca Baleiro e Zé Ramalho compuseram a música a seguir para homenagear o evento. Acompanhemos, portanto: Bienal Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio Faço um quadro com moléculas de hidrogênio Fios de pentelho de um velho armênio Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta Meu conceito parece, à primeira vista, Um barrococó figurativo neo-expressionista Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista calcado da revalorização da natureza morta Minha mãe certa vez disse-me um dia, Vendo minha obra exposta na galeria, “Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia E muito mais feio que um hipopótamo insone” Pra entender um trabalho tão moderno É preciso ler o segundo caderno, Calcular o produto bruto interno, Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone, Rodopiando na fúria do ciclone, Reinvento o céu e o inferno Minha mãe não entendeu o subtexto Da arte desmaterializada no presente contexto Reciclando o lixo lá do cesto Chego a um resultado estético bacana Com a graça de Deus e Basquiat Nova York, me espere que eu vou já Picharei com dendê de vatapá Uma psicodélica baiana Misturarei anáguas de viúva Com tampinhas de pepsi e fanta uva Um penico com água da última chuva, Ampolas de injeção de penicilina Desmaterializando a matéria Com a arte pulsando na artéria Boto fogo no gelo da Sibéria Faço até cair neve em Teresina Com o clarão do raio da silibrina Desintegro o poder da bactéria Esses conceitos o ajudarão a entender um pouco melhor a brincadeira que a música nos propõe: já que há elementos materiais em excesso, o Homem só pode ser visto como um produto em um meio no qual sua identidade é uma obra incompleta.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Observe como ele dialoga com os diferentes padrões estéticos e aponta uma distância entre público e Arte. FUTURISMO – Movimento estético surgido na França e na Itália , em 1905, que cultuava a máquina, a velocidade e a automatização da vida cotidiana dos novos tempos. O futurismo pregava também uma ruptura com os meios tradicionais de relacionar as palavras em um período. CUBISMO – Surgido na França por volta de 1907, propunha a decomposição das imagens em figuras geométricas, representando todas as partes de um objeto no mesmo plano. DADAíSMO- Também conhecido como movimento dadá, foi criado na cidade suíça de Zurique, em 1916, por um grupo de escritores e artistas que se opunham à Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Embora a palavra “dada” em francês signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca a falta de sentido que a linguagem pode ter. SURREALISMO – Surgido na França, em 1924, é considerado o último movimento das chamadas vanguardas européias. Sua principal característica é a combinação do representativo, do abstrato e do psicológico – sobretudo, as imagens desconexas dos sonhos. Até hoje se usa o termo “surreal” para designar o que parece absurdo ou irreal. (Fonte: Revista do SESC, Junho de 2007). A discussão proposta pela música pode ser ampliada se pesquisarmos um pouco mais sobre a Semana de Arte Moderna. Em continuidade, apresento a você, caro aluno, uma menina que vem questionando nossa sociedade há alguns anos, desde a década de 60, quando a TV começava a se popularizar e as tiras em quadrinhos tinham o compromisso de fazer crítica social, a Mafalda:

Certa vez, Mafalda viu um policial passar, depois um operário. Depois um padre, e, logo em seguida, um gato. A menina reconhece três profissões pelo uso do uniforme: um policial, um operário e um padre; mas, acabou questionando sua mãe, perguntando em que setor da Democracia está o gato que passou por ela tranquilamente, com seus pêlos pretos. Ora, se Democracia é o regime de governo que é baseado na vontade do povo, a quais setores ela se refere? Só podemos concluir que é ao Estado, representado pelo policial; à Indústria, representada pelo operário, e à Igreja, representada pelo padre. E quanto ao gato, que sabemos que, nesse sentido, não está vinculado a nenhum setor, sendo, portanto um animal livre? Aliás, é um gato de rua, sem dono. Há aqui a crítica evidente que o único que goza de total liberdade é o gato, que, não sendo humano, não precisava vestir um uniforme e ser identificado com qualquer setor. À época de Mafalda era evidente que certas práticas ou regras sociais limitavam a vida do Homem e o uso do uniforme era uma delas; mas, e hoje? Embora alguns padres usem batina nas ruas, como os franciscanos, pastores e outras ordens da Igreja católica não o fazem; mesmo os policiais podem andar à paisana fora do horário de trabalho, então que critérios usamos para reconhecermos o outro, ao caminharmos nas ruas? Seria o tipo de roupa, de cabelo, ou o uso de piercings e tatuagens capazes de traduzir que tipos de opções aquelas pessoas fizeram na vida? Ou o tipo de educação que tiveram? Como nos expressamos nessa imensa aldeia global? E mais: como você se reconhece em meio a tanta diversidade? Termino com uma frase pintada em grafiti desenhada em um muro na zona norte de São Paulo: “A Arte do povo e o povo da Arte. Não a Arte do povo que faz Arte com o povo.” E, convido você a descobrir seus dons artísticos: Solte sua criatividade com a montagem a seguir e tente escrever tudo que lhe vem à cabeça quando associa a letra da música seguinte: seu ritmo (procure ouvi-la), as ilustrações que a acompanham, o momento histórico de sua criação e a situação atual do Trabalhador em plena era da digitalização. É importante que, em princípio, você se preocupe somente em anotar as suas impressões. Sinta-se desobrigado de construir um texto formal, lembre-se que, quando falamos de criatividade, não há certo ou errado.

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Vai Trabalhar Vagabundo Vai trabalhar, vagabundo, vai trabalhar, criatura Deus permite a todo mundo uma loucura Passa o domingo em família, segunda-feira beleza Embarca com alegria na correnteza Prepara o teu documento, carimba o teu coração Não perde nem um momento, perde a razão Pode esquecer a mulata, pode esquecer o bilhar Pode apertar a gravata, vai te enfocar! Vai te entregar! Vai te estragar! Vai trabalhar! Vê se não dorme no ponto, reúne as economias Perde os três contos no conto da loteria Passa o domingo no mangue, segunda-feira vazia Ganha no banco de sangue pra mais um dia Cuidado com o viaduto, cuidado com o avião Não perde mais um minuto, perde a questão Tenta pensar no futuro, no escuro tenta pensar Vai renovar teu seguro, vai caducar! Vai te entregar! Vai te estragar! Vai trabalhar!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Passa o domingo sozinho, segunda-feira a desgraça Sem pai nem mãe, sem vizinho, em plena praça Vai terminar moribundo,com um pouco de paciência No fim da fila do fundo da Previdência Parte tranqüilo, ó irmão, descansa na paz de Deus Deixaste casa e pensão só para os teus A criançada chorando, tua mulher vai suar Pra botar outro malandro no teu lugar Vai te entregar! Vai te estragar! Vai te enforcar! Vai trabalhar! Vai trabalhar! Vai trabalhar! VAGABUNDO!!!! CURIOSIDADE ARTÍSTICA Vamos às apresentações: Nas Artes Gráficas Calvin é um garoto norte-americano de seis anos que tem um tigre como animal de estimação chamado Haroldo. Criado por Bill Watterson em 1985, em plena era digital, não gosta de escola e tem muita dificuldade em aprender Matemática;suas tiras foram publicadas até 1995. Bill Watterson sempre se recusou a comercializar suas criações, dizendo que colar imagens de Calvin e Haroldo em canecas, adesivos e camisetas desvalorizaria suas personalidades. Mafalda é argentina e é a típica garota dos anos 60: questiona o fato de sua mãe ser dona de casa, sonha com um futuro no mercado de trabalho e adora os “Beatles”. Apesar de ter a mesma idade de Calvin, Mafalda vive na América do Sul e sente as influências da Guerra do Vietnã e a alteração dos valores nacionais em seu cotidiano. Ela é de um tempo em que estávamos sentindo o desenvolvimento de novas tecnologias, ouve notícias do mundo pelo rádio e se encanta com as maravilhas que a televisão nos trouxe. Suas tiras foram publicadas entre 1964 e 1980. Quino, seu autor, achou que deveria parar de publicá-la porque a “garota questionadora saíra de moda”.

Na Música Popular Brasileira Zé Ramalho: Nascido em 1949 em Brejo da Cruz (PB), começou a cantar em conjuntos de bailes inspirados na Jovem Guarda e no Rock inglês. O interesse pelos violeiros e pela Literatura de Cordel só nasceu em 1974, ao participar da trilha sonora do filme “Nordeste, cordel, repente e canção”. Sua obra é inspirada tanto nos ritmos nordestinos quanto no Cinema, nas HQs, nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e na mitologia. (Fonte: Site Sony BMG). Zeca Baleiro é o nome artístico de José Ribamar Coelho Santos; nasceu em São Luiz do Maranhão em 1966. É cantor e compositor de MPB. Sua música deriva de muitos ritmos tradicionais brasileiros: samba, pagode, baião com elementos do rock, pop e música eletrônica, tudo com um modo muito particular de tocar violão. Renato Manfredini Jr. (1960- 1966), cantor e compositor membro da banda “Legião Urbana” e do “Aborto Elétrico”, herdando desta última forte influência Punk. Em 1982 integrou a banda mais famosa de sua carreira: “Legião Urbana” tornou-se nacionalmente reconhecida por seu estilo próximo ao pop e ao rock. Morreu pesando 45 kg, em conseqüência de complicações causadas pela AIDS, doença que nunca assumiu publicamente. No Cotidiano Theodora é o outro nome dado a Nedege Leite Paschoal Leão, que tem hoje 9 anos e é sobrinha da autora deste texto. AGORA É COM VOCÊ! ATIVIDADE 1 (Questão 38 da prova do ENEM 2008) Na obra Entrudo, de Jean Baptiste Debret (1768-1848), apresentada acima: a) registram-se cenas da vida íntima dos senhores de engenho e suas relações com os escravos. b) identifica-se a presença de traços marcantes do movimento artístico denominado Cubismo. c) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de angústia e inquietações que revelam as relações conflituosas entre senhores e escravos. d) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se as imagens que representam figuras humanas. e) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo sobre tela, com pinceladas breves e manchas, sem delinear as figuras ou as fisionomias. ATIVIDADE 2 (Questão 2 ENEM 2007) Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciaria a Semana de Arte Modera, Monteiro Lobato escreveu, em artigo intitulado Paranóia ou Mistificação: Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem as coisas e em conseqüência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres(...) A outra espécie é formada dos que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva(...). Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e cia. (O Diário de São Paulo, setembro de 1917).

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Em qual das obras abaixo se identifica o estilo de Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo? a) imagem de “Acesso a Monte Serrat – Santos b) imagem de “Vaso de flores” c) imagem de “A Santa Ceia d) imagem de “Nossa senhora auxiliadora e Dom Bosco e) imagem de “ A Boba” ATIVIDADE 3

Mafalda acabou de conhecer “O Pensador”, uma famosa escultura de Rodin.

ATIVIDADE 4 Esta obra, de autoria de Candido Portinari, pertence à escola: a) Barroca b) Classicista c) Renascentista d) Modernista. ATIVIDADE 5 O nome do quadro é “Retirantes”, portanto,podemos identificá-la como uma pintura social por que: a) mostra um grupo de revolucionários protestando. b) as figuras retratadas representam os traços de sofrimento com a seca no nordeste. Ou seja, podemos associar contexto histórico e adequação do tema, em que o artista faz uma ponte entre público e obra. c) mostra um exemplo de união em família. d) o autor se inspira em obras estrangeiras para retratar uma realidade nacional. HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ATIVIDADE 1 Alternativa correta: Letra E ATIVIDADE 2 Alternativa correta: Letra E ATIVIDADE 3 Alternativa correta: Letra B ATIVIDADE 4 Alternativa correta: Letra D

No entanto, o identifica como o Deus da Telepatia por que: a) Reconhece na imagem que vê exatamente aquilo que vive em seu cotidiano. b) Recorre à sua imaginação para decifrar uma imagem que lhe sugere que a figura, com tanta expressividade, não pode ser um homem comum, mas “um Deus capaz de ler os pensamentos”. c) Quer confundir seu colega Felipe. d) Já que não tem nenhuma referência por escrito, tem a necessidade de dar uma explicação para a imagem que vê. ATIVIDADE 4 e ATIVIDADE 5 referem-se ao quadro abaixo:

ATIVIDADE 5 Alternativa correta: Letra B PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: - Identificar em manifestações culturais individuais e/ou coletivas, elementos estéticos, históricos e sociais; - Reconhecer diferentes funções da Arte, do trabalho e da produção dos artistas em seus meios culturais. - Utilizar os conhecimentos sobre a relação arte e realidade, para analisar formas de organização de mundo e de identidades. - Analisar criticamente as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos artísticos. - Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 5 NO REINO DAS PALAVRAS ANALISAR, INTERPRETAR E APLICAR OS RECURSOS EXPRESSIVOS DAS LINGUAGENS, RELACIONANDO TEXTOS COM SEUS CONTEXTOS, MEDIANTE A NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA DAS MANIFESTAÇÕES, DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO. Sônia Querino dos Santos e Santos Caro aluno (a) A inspiração para o título desse capítulo veio do poema “Procura da Poesia” de Carlos Drummond de Andrade. Você já ouviu falar desse poeta? Note o jeito de “ver o mundo” no escritor-poeta - Carlos Drummond de Andrade. Desfrute sua obra de arte. Procura da poesia Drummond Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. ... Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície inata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um realize e consuma com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Que lindo poema! Você gostou? Nossa conversa a partir de agora será sobre Literatura. O pensamento inicial quando se fala em Literatura são as “coisas” escritas para o prazer e distração da alma. Por isso, Literatura é linguagem a serviço da invenção e do prazer. Nela encontramos o Ser Humano por inteiro, pois combina os vários fatos da existência humana (dor, prazer, aventura, amor, experiência, história, profissões...). Na leitura de um texto literário chegamos a “ver” os personagens viajando, amando, pensando... isso porque o escritor combina coisas diferentes e a linguagem fica mais atraente. Acreditamos que a Literatura seja como a música, ou seja, ela exprime sentimentos, exige ações... tudo isso, para nos brindar com o prazer de uma leitura. Portanto, num texto literário a linguagem literária nos provoca a encarar as palavras, conversar com as palavras. Sim, pois o escritor literário fala do mundo e, nesse mundo ele acrescenta fatos que nunca houve pessoas imaginárias, ou seja, ele mistura o mundo real com o mundo da ficção. O grande e “imortal” filósofo grego do século IV, chamado Aristóteles já dizia “A obra literária é a imitação da realidade”. Então, o escritor é também um “criador de mundos”, você se lembra do escritor Jorge Amado? Nossa! Algumas de suas obras literárias viraram cenas na Televisão, por isso, quem não se lembra de “Gabriela Cravo e Canela”? E quem não cantou as músicas do Cais da Bahia? São tantas as memórias deixadas por esse escritor.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Os textos do memorável escritor baiano Jorge Amado (falecido em agosto de 2001) nos fazem imaginar, mas também nos mostram a pobreza. São textos que, embora centrados em personagens sonhadoras e românticas, revelam também aspectos duros e realistas da vida cotidiana. Assim, Jorge Amado em sua “criação de mundo” mistura a realidade com a ficção e nos leva aos lugares desconhecidos através das palavras. Dessa maneira, ao procurar as palavras “certas”, aquelas com mais “expressividade”, aquelas que “parecem falar por si só” para compor um texto que inicialmente só existe na “minha cabeça”, nessa arte semelhante ao do garimpeiro, já notamos uma característica do texto que será chamado de texto literário. Nesse sentido é possível afirmar que a subjetividade (a maneira de ver e sentir) do escritor passa a ser uma marca registrada nos textos literários. Portanto, a obra do escritor é fruto de sua imaginação, ou seja, o escritor capta a realidade através de seus sentimentos. Sua matéria-prima é a palavra, com uma predominância da função poética na linguagem escrita, por isso chamada obra literária. Para escrever um texto, o escritor tem que escolher a forma. A essa escolha atribuímos o nome de estilo. Portanto, as obras literárias se classificam em gêneros literários (poesia e prosa). Esses gêneros por sua vez, contêm outros gêneros. Os gêneros da poesia são: lírico, épico e dramático. O gênero lírico exprime as sensações interiores ou as vivências de um eu que sofre, que ama ou que simplesmente se encanta. O gênero épico narra grandes acontecimentos heróicos da história nacional. O melhor exemplo em nossa língua está em “Os Lusíadas” de Camões (considerado como o maior poeta de língua portuguesa). Porém, as mais célebres epopéias são a Ilíadas e a Odisséia de Homero (século VIII a.C). Caso você tenha acesso à internet, acesse o site:www.vidaslusofonas.pt/ homero.htm No gênero dramático, a ação caracteriza a cena teatral. O drama contemporâneo, de que Shakespeare (poeta e dramaturgo inglês) foi o primeiro grande modelo, caracteriza-se pela exploração psicológica das paixões. POESIA O texto em forma de poesia divide-se em pequenos agrupamentos chamados de estrofes. Apresentamos a seguir uma poesia da literatura de cordel que é um tipo de poesia popular. Nesse tipo de poesia, os autores (chamados de cordelistas) recitam seus versos às vezes acompanhados de viola, ou declamam seus versos de forma empolgante e animada, destacando as rimas da poesia. Acompanhe o poema O estudante e a utopia. O estudante e a utopia Literatura de Cordel Valdecir dos Santos, Naviraí, PB. Numa pequena cidade do estado pantaneiro de uma família humilde muito pobre sem dinheiro Nascia um lindo menino bonito por natureza que todos admiravam por sua rara beleza

Em uma casinha humilde com mais quatro irmãozinhos ali chegara o garoto que o trouxera o destino Naquela bela manhã de um domingo ensolarado os vizinhos visitaram o mais novo abençoado [...] 1 Nos textos em forma de poesia um recurso muito utilizado, na escolha das palavras, prioriza dar ritmo e sonoridade ao texto, esse recurso é chamado de rima. No poema o estudante e a utopia, vamos destacar as rimas? Na primeira estrofe do poema destacamos: pantaneiro-dinheiro; Na segunda estrofe: natureza-beleza; Na quarta estrofe: ensolarado-abençaodo. É importante destacar também que o estilo individual do autor dos textos literários sofre a influência do momento histórico, tanto que, é possível identificar características semelhantes em obras produzidas na mesma época por autores diferentes. Esses estilos semelhantes são chamados de estilos de época. Portanto, será chamado de período literário cada segmento determinado de uma época em que predominou um estilo literário. No Brasil, os estilos estão classificados em: Literatura de informação; Barroco; Arcadismo; Romantismo; Realismo/ Naturalismo/Parnasianismo;Simbolismo;Pré-Modernismo e Modernismo e Literatura dos dias atuais. Algumas características desses estilos literários: A Literatura de Informação é marcada por relatos dos cronistas e viajantes a respeito da descoberta e conquista de “novas terras”, ou seja, são documentos que descrevem a nova colônia de Portugal (Brasil), seus habitantes (indígenas) e registram as características da terra (flora e fauna), dos nativos (as características física, cultural dos habitantes) contribuindo, dessa maneira, para o crescente interesse pelas riquezas naturais da colônia. Portanto, entre os comerciantes e militares, havia aqueles que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas terras, como o escrivão Pero Vaz de Caminha, que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500 . O estilo Barroco traduz uma tentativa em harmonizar temas opostos (dualidade): bem e mal; Deus e Diabo, céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; Portanto, a literatura Barroca possui como características o exagero emocional, o pessimismo, o uso de jogo de palavras e jogo de ideias, a dualidade e a religiosidade. E, seus principais autores são: Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos. Nos textos do Arcadismo temos como característica o bucolismo (valorização da vida campestre e pastoril) e o começo de uma visão crítica sobre a situação política do país, pois muitos dos participantes da Conjuração Mineira – movimento mineiro de independência no século XVIII - foram poetas arcadistas. Alguns poetas em destaque: Cláudio Manuel da Costa; Basílio da Gama; Alvarenga Peixoto, Frei Santa Rita Durão.

1 extraído do site: www.pucrs.br/mj/poemacordel-48.php 37

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Talvez seja importante fazer uma distinção entre os termos romantismo e Romantismo. A palavra “romantismo” caracteriza-se por uma atitude emotiva diante das coisas, portanto, o comportamento romântico pode ocorrer em qualquer época da história. Já o termo Romantismo designa uma tendência geral da vida e da arte, um estilo literário e artístico delimitado no tempo. E, de acordo com o tema principal, os romances Românticos no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou regionalistas: 2 No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista,. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos. Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço. Por fim, o romance regionalista Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida. Principais escritores românticos brasileiros: Gonçalves Dias autor da famosa Canção do Exílio; Álvares de Azevedo o maior romântico da Segunda Geração Romântica autor de A Lira dos Vinte Anos, Noite na Taverna e Macário; Castro Alves:grande representante da Geração Condoeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas como o Navio Negreiro; Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano escreveu A Moreninha e também O Moço Loiro; Realismo/ Naturalismo/Parnasianismo Apesar de se parecerem, o Realismo e o Naturalismo têm diferenças. O mais importante autor realista e maior escritor do Brasil foi Machado de Assis. As principais características são: a apresentação do homem como produto do meio no Naturalismo, a linguagem mais próxima da falada, a não-idealização da mulher (mais sensual que anteriormente apresentada) e vários outros rompimentos com o Romantismo. Portanto, as características do realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico e às novas formas de pensamento:

2 O texto a seguir é uma adaptação do texto As informações sobre o ROMANTISMO foram retiradas do site: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo) 38

*objetivismo: negação do subjetivismo romântico, homem volta-se para fora, o não-eu; *universalismo que substitui o personalismo anterior; *materialismo que leva à negação do sentimentalismo e da metafísica; *autores são antimonárquicos e defendem os ideais republicanos; *nacionalismo e volta ao passado histórico são deixados de lado para enfatizar o presente, o contemporâneo; *determinismo influenciando o homem e a obra de arte por três fatores: meio, momento e raça (hereditariedade). O Romance realista propriamente dito, no Brasil, foi mais bem cultivado por Machado de Assis nos quais a narrativa estão preocupadas com análises psicológicas dos personagens e fazem críticas à sociedade a partir do comportamento desses personagens. O Parnasianismo ocorreu durante a prosa realista, sendo, portanto, o correspondente poético ao Realismo. O Parnasianismo iniciou suas manifestações no final da década de 1870, estendendose até a Semana da Arte Moderna, em 1922. O Parnasianismo é um movimento que acontece paralelamente ao Realismo. Contudo, as temáticas das obras parnasianas mantiveram-se isolados dos acontecimentos históricos. Isto se dá, pelo próprio estilo do movimento que é descritivo e sem preocupação social ou psicológica. Características do Parnasianismo: *objetividade temática, oposto ao sentimentalismo romântico; *impassibilidade e impessoalidade; *volta à Antiguidade Clássica, com ênfase nos povos Greco-Romanos; *extrema valorização da forma: uso frequente dos sonetos; *procura de rimas ricas, raras e perfeitas; Autores em destaque Realismo-Naturalismo Raul Pompéia: uma das principais obras é Ateneu Aluisio de Azevedo: duas grandes obras são O cortiço e O caboclo Adolfo Caminha: talvez o mais audaz dos naturalistas, é muito conhecido pela obra O bom crioulo (1895). Autores do Parnasianismo Olavo Bilac: muito conhecido por suas poesias e contos. Raimundo Correia : também grande poeta, uma de suas maiores obras é o livro “Sinfonias” (1883). Pré-modernismo e Modernismo/Literatura dos dias atuais Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase de transição literária entre as escolas anteriores e a ruptura dos novos escritores com as mesmas. Os principais escritores pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Augusto dos Anjos. Embora vários autores sejam classificados como pré-modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola literária, dado a forte individualidade de suas obras. CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO Ruptura com o passado: Os autores adotaram inovações que feriam o academicismo. Regionalismo: A realidade rural brasileira é exposta sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do homem do campo é apresentada de forma chocante.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Literatura-denúncia: os livros são escritos em tom de denúncia da realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da Região Sul, belezas do litoral, aspectos positivos da civilização urbana) é substituído por um Brasil não-oficial (sertão nordestino, caboclos interioranos, realidade dos subúrbios). Os principais pré-modernistas foram: Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar um dos maiores conflitos do Brasil. Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã para o Brasil. Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha; Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retrata o homem simples do campo numa região de decadência econômica. Ele também foi um dos primeiros autores de literatura infantil, desse modo, transmitindo ao público infantil valores morais, conhecimentos sobre o Brasil, tradições, nossa língua. Destáca-se no gênero conto. E foi, também, um dos escritores brasileiros de maiores prestígios. Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro. Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, trazia elementos pré-modernos, embora no aspecto linguístico tenda para o realismo-naturalismo, em seus Eu e Outras Poesias. Duas tendências básicas podem ser notadas entre os autores da época: a) Conservadora – Percebida na produção poética de Olavo Bilac e de Cruz e Sousa. A poesia é elaborada dentro dos moldes de perfeição, obediente a normas e presa a temas alheios à realidade brasileira. b) Inovadora – Presente nas obras de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos. As várias realidades do Brasil são expostas, e o leitor começa a perceber que vive em um país de contrastes, ou seja, a linguagem “pomposa” e artificial começa a perder terreno para uma expressão mais simples, fiel à fala cotidiana. Nesse aspecto, Lima Barreto é o legítimo representante das classes iletradas. Modernismo e Literatura atuais Costuma-se dividir o Modernismo Brasileiro em três períodos. A primeira: de 1922 a 1930; a segunda: de 1930 a 1945 e a terceira: de 1945 até a atualidade. Apesar das suas diferenças internas, os modernistas tinham muitas coisas em comum como: liberdade formal, linguagem coloquial, tematização do cotidiano, valorização do humor. Eles rejeitaram toda e qualquer estética anterior, para estabelecer, desde um ponto zero, os rumos da arte brasileira que se faria a partir deles. Retomando as preocupações nacionalistas do Romantismo, porém rejeitando o caráter idealizador e sentimental, os modernistas buscaram produzir um nacionalismo crítico, recuperação de alguns traços do caráter do homem brasileiro até então tratados negativamente, como a preguiça e a sensualidade.

O Brasil selvagem, primitivo, “pré-civilizacionais”, a figura do índio desmistificado assume, nesse contexto, grande importância, na medida em que representa a reação nacional ao ataque estrangeiro. Por outro lado a temática urbana tem muita força: o cinema, a velocidade, a multidão são representações da modernidade que aparecem com freqüência. Autores: Mário de Andrade(1893- 1945); Oswald de Andrade (1890-1954); Manuel Bandeira (1886-1968); Antônio de Alcântara Machado (1901 - 1935); Guilherme de Almeida (1890 - 1969); Cassiano Ricardo (1895 - 1974); Menotti del Picchia  (1892- 1988);Raul Bopp (1898 - 1984); Ronald de Carvalho (1893 - 1935); Modernismo - 2o. tempo – prosa A primeira característica foi uma tendência à politização em graus mais acentuados do que tinham acontecido no Modernismo em 1922. Se na “fase heróica “tinham apresentado como preocupação fundamental uma revolução estética, a geração artística surgida nos anos 30 volta-se para uma literatura participativa, de intromissão na vida política”. Os modernistas do primeiro tempo continuavam a produzir Mário de Andrade, foi decisiva para esses novos rumos que o próprio movimento assumiu. Mário defendia uma postura artística de acompanhamento das reivindicações populares, contribuindo para esse processo de politização a que se fez referência. Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e todos os outros também continuavam atuantes. Algumas conquistas do primeiro tempo do Modernismo continuavam como: a crítica social, a concisão, a coloquialidade. O regionalismo era uma tendência já antiga, mas os modernistas diferenciaram através da prática de um regionalismo crítico, voltado para as discussões dos problemas sociais. Os principais temas dessa corrente literária foram: a seca, a fome, a miséria, o arcaísmo das relações de trabalho, a exploração do camponês, a opressão do coronelismo, a reação dos cangaceiros. Um livro será de orientação nessa época: Os sertões, de Euclides da Cunha. Autores: Graciliano Ramos (1892-1953); José Lins do Rego(1901-1957);Jorge Amado (1912-2001);Érico Veríssimo(1905-1975); Rachel de Queiroz (1910-2003);José Américo de Almeida(1887-1980). Modernismo - 2o. tempo - poesia A poesia do período continua muita das propostas do Modernismo de 1922, como a coloquialidade, a concisão, a liberdade formal, a temática do cotidiano, porém, apresentam diferenças. A poesia do segundo tempo apresenta uma consolidação das conquistas modernistas. Os radicalismos típicos da chamada “fase heróica”, foram pouco a pouco abandonados, em nome de um equilíbrio formal, que chegou resgatar algumas formas poéticas tradicionais, como o soneto. O Nacionalismo que predominava antes foi substituído por uma tendência universalizante.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS A arte participativa politizada ganha força, nesse contexto, uma poesia social, com muitas referências diretas a fatos e dados contemporâneos, como se pode perceber em poemas de Carlos Drummond de Andrade. Cresceu também outro tipo de prática poética: a poesia metafísica, espiritualizante e mística, que aparece em obras de Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Jorge de Lima e Murilo Mendes. Autores Carlos Drummond de Andrade (1902-1987); Cecília Meireles (1901-1964);Vinícius de Moraes(1913-1980); Jorge de Lima(1893-1953); Murilo Mendes(1901-1975) Modernismo - 3o. tempo Nesta fase pode-se perceber um enfraquecimento da tendência participativa que tinha predominado no período anterior. Mas a característica forte do terceiro período é a relevância que nele adquiriu o fantástico, o além-real, aquilo que está por trás da realidade aparente, e que nem sempre os sentidos podem captar. O psicologismo presente na obra de Mário de Andrade marcaria o regionalismo de Graciliano Ramos quanto à literatura urbana, alcançaria nos anos seguintes grandes proporções.  Finalmente, um aspecto a ser salientado é a extrema valorização da palavra. A reflexão em torno do instrumento de trabalho do escritor, suas possibilidades e limitações, ocupam espaço importante na produção literária do período, seja como elemento subjacente à composição, seja com temática primordial.  O caráter regionalista tem no terceiro tempo atinge dimensões mais amplas e universais. O autor que se destaca, nesse terreno é Guimarães Rosa. E a prosa psicológica, fundamentou-se na pesquisa interior, em manifestações artísticas cada vez mais complexas e instigantes. O exemplo mais próximo é a obra de Clarice Lispector.  Autores: Guimarães Rosa (1908-1967); Clarice Lispector(1925-1977);João Cabral de Melo Neto(1920-1999)3 Após essa breve caracterização dos estilos literários. Que tal uma viagem no tempo? Convido você a ler um poema do Trovadorismo (literatura portuguesa) que data do final do século 12. Os poemas naquela época eram feitos para ser cantados, por isso, recebiam o nome de cantigas. Geralmente, eram cantigas de amor e cantigas de amigo. CANTIGA DE AMOR “ A dona que eu sirvo e que muito adoro Mostrai-ma, ai Deus! Pois que vos imploro, Senão, daí-me a morte. Essa que é a luz deste olhos meus por quem sempre choram, mostrai-ma, ai Deus!

3 Site pesquisado: http://www.profabeatriz.hpg. ig.com.br/literatura/modernismo.htm. 40

Essa que entre todas fizestes formosa, mostra-ma, ai Deus! Onde vê-la eu possa, senão, daí-me a morte. A que fizeste amar mais que tudo, mostrai-ma e onde possa com ela falar, senão, daí-me a morte.” (Versão atualizada de uma cantiga de Bernardo de Bonaval- Século XII) Anote! Eu-lírico ou eu-poético é a voz que fala no poema. Destacaremos a seguir algumas características mais comuns da cantiga de amor. Vamos juntos? EU-LÍRICO: masculino. A mulher é chamada de dona e o homem de senhor. AMBIENTE: palaciano (palácio), pois os poemas retratam o ambiente da corte. AMOR CORTÊS: predominando a VASSALAGEM AMOROSA, ou seja, o comportamento do poeta com sua dama é semelhante ao do vassalo com o senhor. Predomina também, a EXPRESSÃO SUBJETIVA, ou seja, o poeta nunca revela o nome da dona. TEMÁTICA: amor impossível. As cantigas retratam um amor impossível, pois a mulher a quem o eu-lírico se dirige é sempre comprometida ou pertencente a uma classe social mais elevada. REFRÃO: o refrão além de produzir de prece, revela também a natureza musical da cantiga. CANTIGA DE AMIGO “Ai, flores, ai flores do verde pinheiro, se por acaso sabeis novidades do meu amigo, ai Deus, onde está ele? Ai flores, ai flores do verde ramo, se por acaso sabeis novidades do meu amado, ai Deus, onde está ele? Se sabes novidades do meu amigo, aquele que mentiu no que prometeu para mim, ai Deus, onde está ele? Se sabeis novidades do meu amado , aquele que mentiu no que jurou, ai Deus, onde está ele?” (Versão atualizada de uma cantiga de D. Dinis). O autor deste um dos mais famosos trovadores portugueses, d. Dinis, que foi rei de Portugal entre 1261 e 1325. Continuando: Algumas características mais comuns na cantiga de amigo: EU-LÍRICO: feminino. Assume o ponto de vista da mulher (solteira e livre das convenções do casamento) AMBIENTE: campestre/rural; AMIGO: namorado/amante; Mulher dirige-se diretamente para o ser amado; TEMÁTICA: saudade do amado. AMOR CARNAL/FÍSICO. A cantiga põe em evidência o amor físico Portanto, na arte da “garimpagem”, ou seja, buscando a perfeição na forma de expressão, os escritores dos textos literários escolhem seus estilos e revelam para nós as mudanças no contexto histórico.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Como vimos nos exemplos acima, nas cantigas de amor e amigo há uma forte presença de um contexto feudal. Refiro-me ao Feudalismo, você viu isso em História, lembra? Naquela época havia uma forte influência da Igreja Católica na organização da Sociedade. Apresentaremos a seguir uma outra opção de estilo poético. Trata-se da opção pelo soneto (composição de forma fica: 2 quartetos e 2 tercetos). Entre os sonetos mais conhecidos e eternizado em nossa língua estão os sonetos de Camões. Estamos falando de Luís Vaz de Camões. Sua obra pode ser dividida em: poesia lírica (em que o amor e o destino do homem são temas constantes); poesia épica (em que recria a história do povo português) e teatro (escrito à maneira medieval – Auto de Filodemo - e à maneira clássica (Anfitriões). Vamos ler um trecho do Soneto: Alma minha gentil? Observe a disposição dos versos. Eles estão agrupados em 04 linhas (quartetos) e três linhas (tercetos). ALMA MINHA GENTIL Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer-te Algua cousa a dor que me ficou Da mágoa, sem remédio, de perder-te, Roga a Deus, que teus anos encurtou, Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou A quem o eu-lírico se dirige? Já na primeira linha e no título do soneto você percebe que o eu-lírico se dirige à mulher amada, que morreu. Que pedido faz o eu-lírico? Na primeira linha do segundo terceto perceberemos que o eu-lírico solicita que a amada rogue a Deus que o leve para junto dela. PROSA Diferentemente da poesia, os textos em prosa estão agrupados por parágrafos. Ou seja, outro estilo escolhido pelos escritores na construção do texto literário é a prosa. Ela reúne várias modalidades narrativas (romance, novela, conto, crônica). Destacaremos a Literatura Informativa do Brasil, também conhecida como Literatura de viagem, a mais conhecida é a Carta de Caminha. TRECHO DA CARTA DE CAMINHA ...A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas, e nisso tem tanta inocência como tem em mostrar a cara... Como você pôde notar esse trecho da carta registra o primeiro choque cultural sofrido pelos portugueses. A que fato se deve esse choque? Isso mesmo, à nudez dos nativos. Releia o trecho e responda: que palavra do trecho reforça a idéia de “choque”? O que essa palavra designava na época? E, qual palavra suaviza esse choque? A idéia de choque é reforçada no termo “vergonhas” que designava os órgãos sexuais do corpo humano. Em contraposição, a palavra inocência suaviza esse choque. A Literatura faz parte da história. Por isso, relaciona-se com o momento histórico em que o texto foi criado. Nesse sentido, o poema seguinte, um dos mais conhecidos de nossa tradição literária, foi escrito em Coimbra, Portugal em 1843, intitulado Canção do Exílio. Ao lado colocamos uma versão contemporânea do poema. Leia-os com atenção.

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Comentário- Você pôde perceber: No poema de Gonçalves Dias o eu-lírico assume o papel de exilado. Observe também a utilização de palavras que fazem referência ao universo natural. Possivelmente, o poeta procurou simbolizar as grandezas do país por meio de sua exuberante natureza, comparando-a com a natureza de Portugal (local do exílio). Outra observação importante é que, enquanto Gonçalves dias idealiza o país, o poeta contemporâneo Eduardo Alves da Costa apresenta uma visão crítica e pessimista da realidade brasileira. Relacionando Literatura e momento histórico, destacamos que os avanços científicos da segunda metade do século XIX permitiram explicar fenômenos considerados desvendados. Nesse contexto surgiu a arte realista, através da qual a arte procura expressar o mundo de maneira objetiva deixando em segundo plano a subjetividade e o sentimentalismo. Portanto, interpretando a vida por meio de métodos parecidos com os das ciências exatas, o escritor dessa época procurará também provocar discussão sobre a realidade social e contribuir para modificá-la. Nossa Literatura começa a distanciar-se um pouco das características da literatura européia, com algumas variações locais. Um exemplo que podemos perceber no romance “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida (poeta do Romantismo), no qual, encontramos o surgimento de novas maneiras de encarar e expressar a realidade. Leia a descrição da heroína do romance, Luisinha: [...] Era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas e olhava a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal penteada [...] uma grande porção caía-lhe sobre a testa e olhos como viseira. A diferença que há entre a caracterização dessa personagem e das heroínas tipicamente românticas é que Luisinha não é a mulher ideal que todo homem deseja. Outro trecho [...] Esteve a ponto de chegar-se para a menina, desenterrar-lhe o queixo do peito, e chama-la quatro ou cinco vezes de estúrdia e feia. Afinal cismou um pouco e murmurou um – que me importa!- que pretendia ser desprezo, e que era senão despeito.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Mais uma vez, podemos ver as diferenças de atitude de Leonardo e a de um herói tipicamente romântico, pois enquanto as personagens masculinas do Romantismo são movidas pela educação, respeito e nobreza de caráter; Leonardo é impaciente e movido pelo ciúme. A essa altura você poderia se perguntar: quais os elementos de uma obra literária? Esse é o tipo de pergunta que não quer calar, principalmente quando o assunto é Literatura. Registre essa informação: Em toda obra literária você encontrará os seguintes elementos: PERSONAGEM; AÇÃO; CONFLITO; NARRADOR; TEMPO; ESPAÇO e outros recursos. Vamos detalhar um a um? Quando falamos em personagem na obra literária estamos nos referindo à construção de uma figura animada, vida. Pode ser um bicho ou ser humano. Quem não se lembra da cachorra Baleia da obra Vidas Secas (1938) de Graciliano Ramos (poeta modernista)? Quem não se lembra do gigante Adamastor, descrito em Os Lusíadas, de Camões? A ação é o que o personagem faz ou o que fazem com ela. Então a ação poderá ser: psicológica (quando vivida na intimidade): física (quando provocar qualquer alteração em torno da personagem; intriga (são várias ações juntas). Acompanhe na poesia de Drummond esses elementos (personagens e ação). O título da poesia é Quadrilha

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Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J.Pinto Fernanque não tinha entrado na história.

Portanto, toda obra possui uma ou mais personagens, sendo que cada personagem sempre possui um grau de atividade própria. E, as várias ações juntas formam uma intriga (ou enredo) da obra. O poema de Drummond- Quadrilha- é um belo exemplo de intriga. Outro elemento é o conflito, esse nasce da ação provocada por interesses diferentes. Vamos a outro poema: Vozes da Morte Agora, sim! Vamos morrer, reunidos, Tamarindo de minha desventura, Tu, com o envelhecimento da nervura, Eu, com o envelhecimento dos tecidos! Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos! E a podridão, meu velho! E essa futura Ultrafatalidade de ossatura, A que nos acharemos reduzidos! Não morrerão, porém, tuas sementes! E assim, para o Futuro, em diferentes Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos, Pelo muito que em vida nos amamos, Depois da morte inda teremos filhos! No poema Vozes da Morte de Augusto dos Anjos (prémodernista), note que o conflito nasce da luta entre o desejo e as forças que o desejo não pode vencer: o amor, a idade, o desejo de ser imortal. Outro elemento presente na obra literária é o Narrador. Esse é a “voz” que vai contando a história. Há casos em que o narrador conta uma intriga ocorrida consigo mesmo; nessas situações ele usa formas de primeira pessoa (eu me, mim, comigo, meu, minha...), esse tipo nós classificamos de narrador-personagem. Há outro tipo de narrador, chamado de narrador de 3ª pessoa. Esse sabe de tudo até mesmo o que se passa na mente dos outros, porém permanece anônimo e quase nunca diz eu. Leia um trecho da obra de Graciliano Ramos (poeta modernista), Vidas Secas. “Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do bebedouro, carregou lentamente a espingarda com chumbo miúdo e não socou a bucha, para a carga espalhar-se e alcançar muitos inimigos. Novo tiro, novas quedas, mas isto não deu nenhum prazer a Fabiano. Tinha ali comida para dois ou três dias; se possuísse munição, teria comida para semanas e meses.” Às vezes, o tempo da ação pode ser diferente do tempo da narração. Com relação ao tempo numa narrativa dizemos que pode ser: cronológico (marcado pelo ritmo do relógio) ou psicológico (é um tempo que ignora o relógio e está mais preocupado em registrar as sensações e vivências interiores dos personagens). E o espaço é como se fosse um cenário, podendo se dividir em: urbano ou rural, regional ou universal. Às vezes, numa mesma narrativa encontramos lugares abertos (natureza) e fechados (ambientes). Convido você a dar mais um salto nesse capítulo chamado no “REINO DAS PALAVRAS”. Em 2008 comemoramos 100 anos da morte de um importante escritor brasileiro. Sabe de quem estamos falando? Isso mesmo! Estamos nos referindo à Machado de Assis. Ele foi o mais importante escritor brasileiro, sua obra compreendeu vários gêneros, como a crônica, a crítica, o teatro, a poesia, o conto e o romance. Desfrute esse poema de Machado. Ou, quem sabe, ofereça-o a um Amigo. BONS AMIGOS Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente! Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar. Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende. Amigo a gente entende!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar. Porque amigo sofre e chora. Amigo não tem hora pra consolar! Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade. Porque amigo é a direção. Amigo é a base quando falta o chão! Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. Ter amigos é a melhor cumplicidade! Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho, Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas! Machado de Assis http://www.pensador.info/autor/Machado_de_Assis/ Os estudiosos da obra de Machado de Assis destacam algumas técnicas presentes na prosa machadiana (quando estudamos um autor atribuímos essa expressão): Intertextualidade: a citação de obras de grandes escritores. Com esse recurso Machado reforça e ilustra o que está escrevendo. Há citações das fontes inglesas, sobretudo, na exploração do humor. Paródia: é a ironização de frases, comportamentos, textos. Digressão: é o modo ziquezague de narrar. Isso faz com que aumentem os temas e ocorrências casuais. Eufemismo: é o abrandamento de uma informação dolorosa por meio de uma expressão delicada. Terminaremos esse capítulo com um dos contos curtos e perfeitos da literatura brasileira. Nele, Machado demonstra surpreendente capacidade de síntese. Quanto a mestre Romão, a personagem principal, sua grandeza está não só no que ele foi (um homem simples e um regente sem igual), mas no modo como recebeu a morte (sereno, embora frustrado) e no fato de haver sido o pivô de uma grande ironia. Cantiga de Esponsais Machado de Assis Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem o que é uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa cantada daqueles anos remotos. Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacristães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, com alma e devoção Chama-se Romão Pires; terá sessenta anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados.

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É bom músico e bom homem; todos os músicos gostam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tempo. “Quem rege a missa é mestre Romão” — equivalia a esta outra forma de anúncio, anos depois: “Entra em cena o ator João Caetano”; — ou então: “O ator Martinho cantará uma de suas melhores árias.” Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular. Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Romão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orquestra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele rege agora no Carmo é de José Maurício; mas ele rege-a com o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua Acabou a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o rosto apenas alumiado da luz ordinária. Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sacristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa do jantar. Tudo isso indiferente e calado Jantou, saiu, caminhou para a rua da Mãe dos Homens, onde reside, com um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e que neste momento conversa com uma vizinha — Mestre Romão lá vem, pai José, disse a vizinha — Eh! eh! adeus, sinhá, até logo Pai José deu um salto, entrou em casa, e esperou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre. Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou jocundas. Casa sombria e nua. O mais alegre era um cravo, onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando. Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhuma dele.. Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as últimas representam uma luta constante e estéril entre o impulso interior e a ausência de um modo de comunicação com os homens. Romão era destas. Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa única da tristeza de mestre Romão. Naturalmente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo; mas a verdade é esta: — a causa da melancolia de mestre Romão era não poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía informe, sem idéia nem harmonia. Nos últimos tempos tinha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada E, entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça, um canto esponsalício, começado três dias depois de casado, em 1779. A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela. Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si al-

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS guma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impaciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra de uma folha de papel, não mais. Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de felicidade extinta — Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje adoentado — Sinhô comeu alguma coisa que fez mal.. — Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica.. O boticário mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia seguinte mestre Romão não se sentia melhor. É preciso dizer que ele padecia do coração: — moléstia grave e crônica. Pai José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cedera ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico — Para quê? disse o mestre. Isto passa O dia não acabou pior; e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que entretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziamlhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos capotes que o boticário lhe dava no gamão, — outro que eram amores Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo dizia que era o final — Está acabado, pensava ele Um dia de manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das palavras enganadoras: — Isto não é nada; é preciso não pensar em músicas.. Em músicas! justamente esta palavra do médico deu ao mestre um pensamento Logo que ficou só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde 1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas arrancadas a custo e não concluídas. E então teve uma idéia singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qualquer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma na terra — Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e se conte que um mestre Romão.. O princípio do canto rematava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na janela dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas mãos presas. Mestre Romão sorriu com tristeza — Aqueles chegam, disse ele, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles poderão tocar.. Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e chegou ao lá... — Lá, lá, lá.. Nada, não passava adiante. E contudo, ele sabia música como gente — Lá, dó... lá, mi... lá, si, dó, ré... ré... ré.. Impossível! nenhuma inspiração. Não exigia uma peça profundamente original, mas enfim alguma coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mu-

lher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. Estes continuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora, em vez de olhar para baixo Mestre Romão, ofegante da moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não soavam — Lá... lá... lá.. Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda frase musical, justamente a que mestre Romão procurara durante anos sem achar nunca. O mestre ouviu-a com tristeza, abanou a cabeça, e à noite expirou. Fonte: www.dominiopublico.gov.br AGORA É SUA VEZ ATIVIDADE 1 1) No conto “Cantigas de Esponsais” há uma digressão estratégica que nos mostra, sobretudo a vida popular. Que papel tem essa digressão na arquitetura do conto? ATIVIDADE 2 (retirada da prova do ENEM) O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte” do poeta romântico Castro Alves: Oh! Eu quero viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os ares; Ver minh´alma adejar pelo infinito, Qual branca vela n´amplidão dos mares. No seio da mulher há tanto aroma... Nos seus beijos de fogo há tanta vida... -Árabe errante, vou dormir à tarde Á sombra fresca da palmeira erguida. Mas uma voz responde-me sombria: Terás o sono sob a lájea fria. ALVES, Castro, Os melhores poemas de castro Alves. Sel. De Ledo Ivo. São Paulo: global; 1983. Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra a) embalsamada b) infinito c) amplidão d) dormir e) sono ATIVIDADE 3 Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia Diante dela, a vida é um sol estático. Não aquece nem ilumina. Uma das constantes na obra poética de Carlos Drummond de Andrade, como se verifica nos versos acima é: a) a locução do homem social b) o negativismo destrutivo c) a violação e desintegração da palavra d) o questionamento da própria poesia e) o pessimismo lírico

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS ATIVIDADE 4 “A poesia deixa de ser apenas um lamento sentimental murmurado em voz baixa para ser também um grito de protesto político ou reivindicação social.” O fragmento acima se refere a dois momentos da poesia romântica brasileira que podem ser definidos, respectivamente, como: a)1ª geração romântica- 2ª geração romântica b) ultra-romantismo- condoreirismo c) indianismo- poesia social d) geração condoreira-geração “mal do-século” ATIVIDADE 5 A canção “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos” compostos pelo rei Roberto Carlos da Jovem Guarda nos anos 1970 é considerada a) Uma canção de amor. b) Uma canção de protesto. c) Uma exaltação à natureza. d) Uma canção sarcástica. HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ATIVIDADE 1 - O papel é o de transformar o conto não numa mensagem particular e isolada sobre a vida de um músico do passado, mas nos colocar em contato com alguns conflitos universais do ser humano (desejar o que não está no alcance do nosso talento; achar-se menos do que realmente se é; autocompreensão da velhice e da doença... ATIVIDADE 2 - LETRA E: sono ATIVIDADE 3 - LETRA E: o pessimismo lírico ATIVIDADE 4 - LETRA C: indianismo- poesia social ATIVIDADE 5 - LETRA A: uma canção de amor. PRA FIM DE PAPO... C aro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: - Identificar categorias pertinentes para a análise e interpretação do texto literário e reconhecer os procedimentos de sua construção. - Distinguir as marcas próprias do texto literário e estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político. - Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário com os contextos de produção, para atribuir significados de leituras críticas em diferentes situações. - Analisar as intenções dos autores na escolha dos temas, das estruturas, dos estilos, gêneros discursivos e recursos expressivos como procedimentos argumentativos. - Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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Capítulo 6 O PODER DAS PALAVRAS E DAS IMAGENS COMPREENDER E USAR OS SISTEMAS SIMBÓLICOS DAS DIFERENTES LINGUAGENS COMO MEIOS DE ORGANIZAÇÃO COGNITIVA DA REALIDADE PELA CONSTITUIÇÃO DE SIGNIFICADOS, EXPRESSÃO, COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO Sônia Querino Santos e Santos

Figura 1 comuniquese.wikidot.com/tres-funcoes-basicas-... Caro aluno (a) Embora o índice de analfabetismo seja marcante no Brasil, a linguagem escrita está em toda parte e de diferentes modos. Algumas acompanhadas por símbolos (imagens e outros recursos), cuja função é dar sentido à linguagem. Muitas vezes não percebemos que também na linguagem falada há um esquema que favorece a compreensão das pessoas envolvidas na conversa, ou seja, há uma organização a partir de algumas variáveis: o assunto, tipo de situação, papéis dos participantes e o tipo de linguagem. E, na interação dessas variáveis cria-se um movimento (avanço e recuo) do conteúdo debatido. Sabe quando a conversa parece não avançar? Pode ser que as pessoas envolvidas estejam se “atropelando” na conversa. Ou, pode acontecer que na ansiedade de participar misturam os assuntos e... aí ninguém se entende mesmo! Portanto, para a comunicação falada seguimos um esquema através do qual a conversa se torna envolvente e os interessados ao assunto discutido argumentam, apresentam seus pontos de vista favoráveis e desfavoráveis e... na empolgação as horas passam. Consequentemente, quando nos referimos à linguagem escrita, é igualmente importante, ordenar o assunto e estabelecer relações, utilizando-se dos recursos argumentativos na sustentação de seus pontos de vista. Lembre-se que um texto não é um amontoado desorganizado palavras. Mesmo porque, se não levarmos em conta as relações de uma frase com outra que compõem o texto corremos o risco de atribuir um sentido oposto ao pretendido.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Mas... Há vários tipos de textos? Sim, pois os textos nascem de acordo com o contexto, nesse sentido, quanto mais lemos, mais adquirimos vocabulário e facilidade para escrever. Essa escrita recebe o nome genérico de redação. Portanto, há basicamente, três modos de organização de um texto: o narrativo, o descritivo e o dissertativo. Vamos falar de cada um deles. NARRAÇÃO Narrar é contar uma história que pode ser real ou imaginária. Cabe lembrar que em nosso cotidiano encontramos textos narrativos, ou seja, contamos e ou ouvimos histórias o tempo todo. Na narração utilizamos verbos de ação e, antes de narrar um fato ou história é importante decidir se você vai ou não fazer parte da narrativa. Vamos ao exemplo? “...Quando desci da lotação vi um pacote perto de um cachorro vira-lata. Na curiosidade, me aproximei e peguei o pacote; comecei a abrir. Lá estava bem enroladinho com jornais velhos um envelope com um montão de dólares... nossa!...” O narrador faz parte da história e optou por fazer a narrativa em 1ª pessoa. Os verbos da narrativa conjugados em 1ª pessoa são: desci, vi, aproximei, peguei, comecei. As narrativas mais conhecidas são: romance, novelas e contos. Nos romances a narrativa é longa e envolve bastantes personagens. De acordo com o tema, os romances mais conhecidos são: de amor, de aventura, policial, ficção... Nas novelas, lembra de “A Favorita”, apresentada pela rede globo? Nas cenas apresentadas havia uma série de casos paralelos e vários momentos de suspenses. E, quantas vezes aquelas cenas foram motivos de conversas entre nós, Hein? Como estamos nos referindo aos textos narrativos, não podemos deixar de lado, as historinhas infantis. Elas são exemplos de textos narrativos. Leia: O CASAMENTO DA VASSOURA de Marlene B. Cerviglieri Ali guardadinha estava a vassoura num cantinho do armário. Às vezes a tiravam e dançava muito pela casa ou quintal, ficando até tonta de tanto ir pra lá e pra cá. Mas depois ficava no cantinho até tristonha mesmo. Um dia, porém, ouviu uma vozinha que a chamava: - Dona Vassoura, oh dona vassoura está me ouvindo? - Sou eu, a dona Pazinha aqui do outro lado. - Sim, estou ouvindo - disse a Vassoura até meio assustada. - Tenho um recado para a senhora, do senhor Rodo. - De quem? - É do senhor Rodo. - Ele mandou lhe dizer que gostaria de casar com a senhora! - O que devo responder a ele? - Ora - disse a Vassoura, pega de surpresa - Eu casar com o senhor Rodo? - É sim. Pense e depois me dê a resposta, é só me chamar.

Dona Vassoura ficou inquieta, pensou, pensou... - Sozinha aqui pelo menos vou ter um companheiro, nada tenho a perder, até que ele é bem simpático pois já o vi algumas vezes brincando na água. Mais tarde a noitinha dona Vassoura chamou dona Pazinha e disse-lhe: - Bem diga a ele que aceito, mas como será o que vamos fazer? - Não se preocupe nós vamos arranjar tudo para o casamento. E assim foi. Fizeram, primeiro, a lista dos padrinhos e convidados. - Ouça dona Vassoura, os padrinhos de seu casamento serão: o senhor Balde e eu. As daminhas serão as Flanelinhas que estão todas felizes pelo evento. - O senhor Papel Higiênico ficou de enfeitá-la e fará uma grinalda bem linda, ele prometeu. - O ambiente será todo perfumado pois, os Senhores Desinfetantes se incumbirão de fazê-lo. - No mais, todos os outros moradores deste armário vão contribuir. Os senhores Panos de Chão, os Tapetes, até o Sr Desentupidor irá colaborar. - Pelo jeito já está tudo combinado, não é mesmo dona Pazinha? - É sim. Vamos marcar para a próxima noite, certo? - Sim, combinado. A noite veio e o casamento foi realizado com muita simplicidade. Dona vassoura toda enfeitada. O noivo, Senhor Rodo, com a ajuda do Senhor Pano de Chão, estava muito bem enrolado, muito elegante. Os convidados estavam felizes e a festa foi até de madrugada. No dia seguinte, quando foi aberto o armário, estava tudo diferente! - O que aconteceu aqui? Pensou a dona da casa... A vassoura toda enfeitada de papel higiênico, o rodo fora do lugar... Fechou a porta do armário e esqueceu o assunto, mas que era estranho era... Lá dentro os convidados começavam acordar da festa de ontem, ou seja, do casamento da Vassoura... Fonte: http://www.contos.poesias.nom.br/ocasamentodavassoura/ocasamentodavassoura.htm COMENTÁRIOS: quando ouvimos ou lemos uma história, criamos a imagem mental dos personagens e do cenário da narrativa. Para tanto, interpretamos os “não-ditos”, nas entrelinhas. Nesse sentido podemos afirmar que a história se completa com a participação do ouvinte ou do leitor. DESCRIÇÃO A Descrição é a apresentação falada ou escrita daquilo que você viu. Na Descrição ou texto descritivo se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais usada é o adjetivo (termos que expressam qualidade, estado ou modo de ser a pessoa ou objeto). Na descrição de pessoas é importante apresentar as características físicas (gorda, magra, ruiva, negra) e, na descrição de um ambiente a paisagem deve ser bem detalhada (ex: na rua tinha uma placa que dizia que era proibida a entrada de pessoas estranhas). Já na descrição de um objeto é bom lembra a cor, a forma e outros detalhes.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Um exemplo? Leia o trecho abaixo: esse fato aconteceu com um jovem de 15 anos. “... uns amigos meus me chamaram pra ir no shopping. Tava tudo “mara” aí né? uma “gambé marenta” de olho claro e tal, cabelo preto, toda estilosa, pediu meus documento. Aí falei: para quê? Não tamos fazendo nada... Ela falou: tô de olho em vocês já faz tempo. Tão procurando o quê? AH! Eu fiquei “p” da vida e não mostrei nada. Então vim parar aqui nas mãos dos homens! Caramba, não fiz nada!..” COMENTÁRIO: Se você leu atentamente deve ter percebido que o trecho acima foi escrito de acordo com a linguagem falada por esse jovem de 15 anos: (ir “no” shopping; tava tudo mara; fiquei “p”...). Destaco aqui a importância em você perceber que a linguagem utilizada em nosso dia-a-dia, como o uso de gírias ou outras expressões devem ser evitadas quando você estiver redigindo uma redação, seja ela, na narrativa, descritiva ou argumentativa. Isso porque, na redação você deverá seguir as regras gramaticais e ortográficas exigidas para a escrita. Pense sobre isso! DISSERTAÇÃO Já os textos dissertativos encontram posicionamentos pessoais e exposição de idéias. A intenção de quem escreve é a argumentação, apresentada de forma lógica e coerente, a fim de defender um ponto de vista. Geralmente, um texto dissertativo está dividido em três partes: 1) Introdução; 2) Desenvolvimento; 3) Conclusão.  Na introdução você deverá definir a questão e situar o problema, ou seja, você vai apresentar os fundamentos ou alguma teoria sobre aquele assunto e fornecer as ideias.  No desenvolvimento você irá defender a ideia apresentada na introdução, para isso você poderá fazer comparações, ligações com outro assunto, tudo para comprovar a ideia inicial.  Para concluir, ou seja, no encerramento de sua dissertação que deve ser breve e marcante, você poderá usar expressões: “É assim que...” “Dessa maneira...”. Veja abaixo um texto dissertativo, apresentado numa avaliação do ENEM e aprovada com nota máxima. Leia-a! E acredite que a próxima poderá ser a sua! Ler para compreender Vivemos na era em que para nos inserir no mundo profissional devemos portar de boa formação e informação. Nada melhor para obtê-las do que sendo leitor assíduo, quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a consciência, o raciocínio e a visão crítica. A leitura tem a capacidade de influenciar nosso modo de agir, pensar e falar. Com a sua prática freqüente, tudo isso é expresso de forma clara e objetiva. Pessoas que não possuem esse hábito ficam presas a gestos e formas rudimentares de comunicação. Isso tudo é comprovado por meio de pesquisas as quais revelam que, na maioria dos casos, pessoas com ativa participação no mundo das palavras possuem um bom acervo léxico e, por isso, entram mais fácil no mercado de trabalho ocupando cargos de diretoria. Porém, conter um bom vocabulário não torna-se (sic) o único meio de “vencer na vida”. É preciso ler e compreender para poder opinar, criticar e modificar situações. Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer culturalmente e socialmente o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem sabermos utilizar a comunicação de forma correta e, portanto, torna-se indispensável a intimidade com a leitura. Então... aí vai umas dicas a serem levadas em conta quando você estiver fazendo sua redação, seja ela, narrativa, descritiva ou dissertativa. DICAS: 1) Leia com atenção “redobrada” o que está sendo pedido. 2) Não confunda o tema da redação com o título. 3) O tema da redação está no enunciado da questão, já o título é criação sua. 4) Ao escrever sobre um tema polêmico (exemplo: política, religião, esporte...) não seja radical, ou seja, não apresente seu ponto de vista de maneira violenta e comprometedora; 5) Fique atento para a “força das palavras”, lembre-se que existe uma profunda diferença entre a linguagem falada e a linguagem escrita, portanto, evite gírias e palavras vulgares, os famosos palavrões! 6) Evite frases longas. Prefira as frases curtas. 7) Evite usar “chavões”, provérbios populares. Exemplo: “filho de peixe, peixinho é”; “quem fere com fogo, com fogo será ferido”... são palavras desgastadas pelo uso, então, use sua imaginação! E, lembre-se: “Não há textos exclusivamente narrativos, descritivos ou dissertativos”. Porém, no seu texto será percebido o predomínio de um dos três modos sobre os demais.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Recordando: Os textos são caracterizados por um conjunto de frases em harmonia de sentido, ou seja, com coerência e com funções específicas: informar, emocionar, recordar, convocar. Portanto, será no contexto que as frases ganharão sentidos diversos e apropriados. Uma outra coisa muito importante que devemos ter em mente é a intenção da comunicação, seja na linguagem verbal ou não verbal. Às vezes uma gravura ou um gesto “falam” mais que mil palavras! Então, é preciso abrir os olhos para o contexto e para a intenção da comunicação. Acompanhe a tabela e veja geralmente em quais textos cada função é mais destacada: Função informativa

textos jornalísticos e didáticos

Função literária

conto, novela, poema, obra teatral

Função apelativa

textos publicitários: aviso, anúncio, cartaz...

Função expressiva

predomínio do envolvimento do emissor. Uso do pronome pessoal e verbo na 1ª pessoa “eu”

FUNÇÃO INFORMATIVA

Na função informativa a intenção do texto é comunicar o objeto da mensagem ou a situação nela apresentada. Os textos científicos, jornalísticos e didáticos são exemplos dessa função de linguagem. Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções: informação, sociedade, economia, cultura, esporte, espetáculos, entretenimentos.... As mais comuns são as notícias, as entrevistas, as reportagens... Elas possuem características próprias. e cumprem certos padrões de apresentação: letra legível, diagramação cuidada, inclusão de gráficos ilustrativos que é fundamental para as explicações do texto... Quando possível comprove essas informações nos jornais escritos ou nas páginas de jornais questão nos sites. Não perca a oportunidade em utilizar o computador como fonte de pesquisa e conhecimento.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

As notícias constam de três partes diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimento. É normal que este texto use a técnica da pirâmide invertida, ou seja, a disposição das informações está em ordem decrescente de importância. Dessa maneira, os fatos mais interessantes são utilizados para abrir o texto jornalístico, enquanto os de menor relevância aparecem na sequência. Lembre-se: o título cumpre a função de atrair a atenção do leitor. A linguagem é em 3ª pessoa. E é um texto que se caracteriza por usar sempre da objetividade e veracidade. Já a entrevista focaliza um tema atual, embora a conversação possa enveredar para outros temas. FUNÇÃO LITERÁRIA Na função literária há uma preocupação com a estética (uso de metáforas, rimas, musicalidade, comparações...) que atribuem “beleza” à escrita. É interessante observar a forma dos poemas. Há estrofes de quatro versos (quadra) muito usadas em poesia sertaneja e na literatura de cordel.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Zé da Luz E nesta constante lida Na luta de vida e morte O sertão é a própria vida Do sertanejo do Norte Três muié, três irimã, Três cachorra da mulesta Eu vi nun dia de festa No lugar Puxinanã. Respeitando o estilo de cada poeta na rima da poesia, observe a rima do poema acima: a primeira linha com a terceira, e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a terceira. FUNÇÃO EXPRESSIVA Ferreira Goulart (não há vagas) eu-lírico e o sentimento do coletivo Nos poemas, além da função literária encontramos as funções expressivas, conhecidas por eu-lírico. Mas, cuidado, quando nos referimos a eu-lírico não nos referimos somente ao sentimento individual do poeta como vimos no capitulo anterior, às vezes, o eu-lírico pode expressar um problema social. Um exemplo muito próximo é a produção dos Rapers, é um eu-lírico que se assume como “porta-voz” da sua comunidade. Leia três poemas de Fernando Pessoa. É marcante nesse poeta a utilização de “heterônimos”, ou seja, o poeta português, Fernando Pessoa assina suas obras(poesias) atribuindo para si outros nomes: Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caieiro. Nesse caso, o eu-lírico está identificado com realidades diferentes Que você poderá comprovar a partir da leitura dos poemas de Fernando Pessoa apresentados a seguir. SE DEPOIS DE EU MORRER... Alberto Caieiro

BREVE O DIA Ricardo Reis

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples. Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus. Sou fácil de definir. Vivi como um danado. Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma. Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei. Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver. Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras; Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento. Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais. Um dia deu-me o sono como a qualquer criança. Fechei os olhos e dormi. Além disso fui o único poeta da Natureza.1

Breve o dia, breve o ano, breve tudo. Não tarda nada sermos. Isto, pensado, me de a mente absorve Todos mais pensamentos. O mesmo breve ser da mágoa pesa-me, Que, inda que mágoa,é vida.2  

LISBOA Álvaro de Campos

Lisboa com suas casas  De várias cores,  Lisboa com suas casas  De várias cores,  Lisboa com suas casas  De várias cores ...  À força de diferente, isto é monótono.  Como à força de sentir, fico só a pensar.  Se, de noite, deitado mas desperto,  Na lucidez inútil de não poder dormir,  Quero imaginar qualquer coisa  E surge sempre outra (porque há sono,  E, porque há sono, um bocado de sonho),  Quero alongar a vista com que imagino  Por grandes palmares fantásticos,  Mas não vejo mais,  Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,  Que Lisboa com suas casas  De várias cores.  Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.  A força de monótono, é diferente.  E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.  Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,  Lisboa com suas casas  De várias cores.3

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS FUNÇÃO APELATIVA

Nos discursos, sermões e propaganda a intenção da escrita está em convencer o receptor, então, a função de linguagem usada é a função apelativa. Os textos publicitários informam sobre o que se vende com intenção de criar no ouvinte, ou telespectador a necessidade de comprar. Neles, é tão forte o grau de convencimento que algumas vezes não lembramos o produto em si, nem a utilidade: “... meu marido vai comprar um aparelho de barbear muito bom que a gente viu no Faustão.” Realmente a “propaganda é a alma do negócio”! Mas, no final, Quem paga a conta? Talvez por isso, esteja alto o índice de pessoas com o nome “sujo na praça”, melhor dizendo, pessoas com restrições no nome (problemas no SERASA e SPC). Então... Antes de consumir é melhor refletir se realmente há necessidade em adquirir tal produto apresentado em propagandas. COMPRAS NA INTERNET? Aliás, hoje em dia, não precisamos sair de casa. Basta acessar os sites da internet e, encontraremos várias maneiras fáceis para comprar determinado produto. E o pior, em alguns casos, as pessoas pagam pelo produto e não recebem o produto que compraram. Às vezes o “barato sai caro”. Prevenir é melhor que remediar. Então... você tem acesso à internet? Já comprou alguma vez pelo site? Como foi sua experiência? Você indicaria para alguém? Pense nisso e, se achar interessante converse sobre isso com um amigo. Assim, você amplia seu conhecimento sobre um assunto que está na “moda”: comprar pelo computador. Essas são realmente as “facilidades” do mundo atual, mas sem dúvida, o uso abusivo dos cartões de créditos e outros financiamentos tem “tirado” o sono de muita gente... FUNÇÃO ENTRETENIMENTO E CRÍTICA

__________ 1 www.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/pessoa.html 2 http://www.jornaldepoesia.jor.br/fp400.html 3 http://www.jornaldepoesia.jor.br/facam47.html

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E, para finalizar, não podemos deixar de lembrar a função de entretenimento e crítica. Como você já sabe a linguagem pode ser verbal e não verbal ao mesmo tempo. Nesse sentido, a linguagem em quadrinhos permite ao leitor fazer uso da imaginação na interpretação do texto. Com os avanços da tecnologia, as charges podem ser acessadas em sites específicos e funcionam como instrumento de crítica, reflexão e formação de opinião. A historinha acima você poderá ter acesso através do endereço: http://www.falamenino.com.br/. Portanto, de acordo com o início desse capítulo, embora numa sociedade na qual a escrita está em toda parte, veja que os recursos gráficos-visuais cumprem a função de transmitir a mensagem. Nas figuras abaixo, o objetivo da mensagem é facilmente interpretado por qualquer pessoa, seja ela escolarizada ou não.

FIGURA 1

FIGURA 2

Na figura 2, por exemplo, qual frase você escreveria para explicar a mensagem? Acredito que as frases podem até ser diferentes na escrita, porém o conteúdo da frase seria semelhante, ou seja, todas as frases que possam vir a ser escritas se referindo à figura 2 trarão a indicação das escadas em casos de incêndio. Então, para interpretar bem um texto, seja ele escrito ou não, é importante se perguntar sobre o contexto em que foi escrito ou elaborada a mensagem. Se alguém perguntar o que é contexto, você tranquilamente dirá que é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre. Por isso, o contexto pode ser (social,cultural, estético, político...). Isso não significa afirmar que um determinado texto só possui um contexto. Às vezes um determinado assunto tem repercussão em várias áreas, nesse sentido é correto afirmar que os contextos se misturam.Portanto, um assunto poderá ter uma conotação social e política ao mesmo tempo. Ou uma determinada reportagem sobre questões de estéticas pode apresentar um contexto religioso. Logo, o ler um texto devemos em primeiro lugar prestar atenção em seu conteúdo informativo fundamental, ou seja, o tema central. Em seguida você deverá observar nos parágrafos seguintes as ideias secundárias. Para identificar o contexto ou os contextos observe os verbos que aparecem no texto, bem como, os recursos utilizados para unir os parágrafos.

O mais interessante é você identificar o núcleo centrar da mensagem e, antes de começar a escrever pensar sobre o assunto; verificar se há ulgum termo que você desconhece. Portanto, o dicionário é sempre bem-vindo. Leia atenta os enunciados em seguida pense no tipo de texto a ser produzido. Entre esses fatores, dois são fundamentais: a finalidade do texto e o interlocutor, ou seja, a quem o texto se destina. • Motoristas reivindicam aumento salarial Comentário: Nesse enunciado percebemos dois contextos: o social (relacionado ao ato de reivindicar ou seja, reclamar por melhorias de vida) e o contexto político (um direito garantido pelas Leis Trabalhistas ao trabalhador) bem como, a associação do trabalhar em sindicatos de ligados à sua área de atuação. Para você desenvolver, com sucesso,um texto com essa temática, o primeiro passo poderia ser consultar o dicionário para saber o que significa reivindicação. E cuidado não é reinvidicação. • O Congresso investiga denúncia sobre envolvimento de Deputados no desvio da verba pública Comentário: nesse caso o contexto político sobressai, porém com implicações históricas e sociais, pois o dinheiro público não deve ser destinado para fins pessoais. Contudo, casos semelhantes sempre aconteceram em nossa História, o que não significa dizer que não devam ser corrigidos, portanto, ao escrever sobre um tema polêmico como esse você deveria destacar por exemplo, o papel político do Congresso em zelar pelo Patrimônio Nacional. • Cresce o número de casos de Endometriose em Adolescentes Comentário: o tema central focalizado no anúncio tem incidência na área da saúde, portanto, é de domínio social, político. Porém, o desconhecimento da palavra “Endometriose” poderá dificultar sua escrita. Então, a pesquisa prévia sobre o que iremos escrever, bem como, acompanhar as notícias veiculadas nos meios de comunicação, ajudará a nos manter informados. Pois, para o desenvolvimento do enunciado não basta abordar sobre adolescência, uam vez que o foco central está em “algo” que afeta a adolescência. Aproveite o exemplo e consulte um site de busca para saber o que é Endometriose. • Líder Religioso acusado de pedofilia Comentário: mais uma vez podemos afirmar que os contextos se cruzam. Pois, o tema presente no enunciado é de preocupação social, política e religiosa. O termo “pedofilia” pode ser buscado no dicionário justamente para ajudar a ampliar nossos conhecimentos. Contudo, em uma redação com essa, você deverá evitar palavras pejorativas e que expressem “juízo de valor” quanto à religião. Nesse caso, importa atender à solicitação para a escrita demonstrando argumentos sobre a questão central “pedofilia”.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS • Cresce o número de jovens vítimas de acidentes de trânsito. Comentário: os contextos se entrelaçam, ou seja, para “resolver” ou diminuir o índice de incidência de casos descritos no enunciado, os órgãos competetentes precisarão investir em medidas sócio-educativas aos motoristas e pedestre até mesmo investir em políticas punitivas aos envolvidos em situações como essa. Observe que ao escrever sobre uma temática desse tipo você poderá recorrer aos dados estátísticos entre outros recursos de argumentação. E evitar os famosos “jargões” sobretudo os que estão direcionados aos condutores de veículos. • Produtos de depilação provocam câncer de pele Comentário: Pode parecer um tema exclusivamente estético e “feminino”. Nesse sentido, cuidado ao escrever sobre um assunto como esse para não cair nas frases de “efeito de sentido”, por exemplo: “isso acontece com as mullheres porque elas...”. Note que a temática câncer de pele é um assunto sério, o qual pode ser debtido considerando vários aspectos e enfoques. Por isso, é importante ler sobre vários assuntos, ou seja, manter-se informado. Quero dizer com isso que: “não existe assunto exclusivo para mulheres ou exclusivo para homens”. O que importa na hora de desenvolver um texto escrito é exatamente o seu grau de conhecimento de “mundo”. Então... Seja uma pessoa “antenada”, ou seja, uma pessoa que acompanha os avanços tecnológicos que nos favorecem rapidez e interação de informação. Vamos exercitar? Se fosse solicitado para você escrever uma redação dissertativa argumentativa a partir da figura abaixo, quais os passos você trilharia?

3) Para o parágrafo central do rascunho, também chamado tópico frasal o aluno pretendia se guiar por essa ideia escrita: “A vitória de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos acena para mudanças de paradigmas, sobretudo nas relações interraciais”. 4) O aluno nos parágrafos secundários apresentaria sua opinião sobre o tema previsto (Eleição nos EUA), bem como, a importância desse evento num contexto mundial, ou seja, a mudança social, histórica e política vivenciada nos EUA e sua influência direta com os demais países. Ainda nos parágrafos secundários, ele iria falar sobre as relações interraciais, sem desviar-se do tema (eleição nos EUA); 5) na conclusão: ele destacou a importância da vitória do Primeiro Negro como Presidente dos EUA. E então, você acha que a partir desse rascunho José conseguiu redigir a redação dissertativa-argumentativa?Que tal você tentar redigir a sua? Lembramos que a Eleição nos EUA foi um assunto muito divulgado nos meios de comunicação e quem sabe não poderá ser a proposta de redação em concursos públicos ou outros processos seletivos? Ai vão algumas dicas: Atribua um título criativo. Cuidado: não confunda o tema com o título da sua redação. O título deverá ser de sua própria autoria. O texto deverá apresentar no mínimo 12 linhas e no máximo 30 linhas AGORA É A SUA VEZ! ATIVIDADE 1 Relacione as frases abaixo de acordo com as funções de linguagem. A- informativa; B- Literária; C- emotiva ( ) Quando estive em sua casa convivi com sua ausência ( ) Tatiana não desapontou a mim, nem a você ( ) Naquele momento não supus que um caso tão insignificante pudesse provocar desavença entre pessoas razoáveis (Graciliano Ramos) ATIVIDADE 2 Para convencer o público quanto à importância de um produto de estética que você está revendendo, que tipo de função de linguagem você utiliza para convencer o cliente e garantir a venda do seu produto?

Tema: Eleição nos EUA Avalie os passos assumidos por um estudante de 29 anos em aulas preparatórias para concursos: 1) Ele a partir da figura atribuiu um título: O Primeiro Negro Presidente; 2) O aluno destacou que esse evento implica mudanças nos contextos: histórico, social e político não só dos EUA, mas do mundo;

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ATIVIDADE 3 (ENCCEJA 2006) O ouvinte imagina visualmente aquilo que o ______está transmitindo. O imaginar é algo personalizado, único, pessoal, intransferível. O ouvinte ouve a voz e a partir de experiências pessoais constrói a forma física, reelabora os seus desejos. Já a _____________ oferece algo pronto. É mais impositiva. Ricardo Alexino Ferreira. Internet:. O texto acima compara dois meios de comunicação e informação, que são: A o telegrama e a revista impressa. B o jornal impresso e a Internet. C o rádio e a televisão. D o telefone e a carta.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS ATIVIDADES 5 (ENCCEJA 2006) O comércio eletrônico deve faturar R$ 140 milhões com o dia das Mães (...). O valor representa aumento de 50% em relação aos R$ 92 milhões registrados no ano passado. Os R$ 140 milhões referem-se às vendas realizadas entre 29 de abril e 13 de maio. A lista de produtos favoritos é composta por CDs, livros, câmeras digitais e telefones celulares. Folha Online Informática, 5/5/2006. Com base nas informações oferecidas no texto acima é correto afirmar que A os produtos mais vendidos para o dia das mães foram do setor vestuário. B o comércio eletrônico vem tendo mais participação em nossa economia. C os consumidores preferem comprar pela Internet eletrodomésticos. D o ano passado foi mais vantajoso para o comércio pela HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ATIVIDADE 1 Sequência correta: C- A- B ATIVIDADE 2 Função Apelativa ATIVIDADE 3 Alternativa correta: LETRA C ATIVIDADE 4 Alternativa correta: LETRA B PRA FIM DE PAPO! C aro Aluno Ao final deste capítulo você deve ser capaz de:   - Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, temas, macroestruturas, tipos, suportes textuais, formas e recursos expressivos. - Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. - Analisar a função predominante (informativa, persuasiva etc.) dos textos, em situações específicas de interlocução, e as funções secundárias, por meio da identificação de suas marcas textuais. - Relacionar textos ao seu contexto de produção/recepção histórico, social, político, cultural, estético. - Reconhecer a importância do patrimônio lingüístico para a preservação da memória e da identidade nacional. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Capítulo 7 UM PONTO DE VISTA OU A VISTA DE UM PONTO? CONFRONTAR OPINIÕES E PONTOS DE VISTA SOBRE AS DIFERENTES LINGUAGENS E SUAS MANIFESTAÇÕES Sônia Querino dos Santos e Santos Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações Caro aluno (a) A interrogação acima quer chamar sua atenção para um aspecto aparentemente freqüente, que é defender uma opinião ou um ponto de vista. Algo que em nosso dia-a-dia fazemos com tranqüilidade, pois muitas vezes, nos posicionamos diante de acontecimentos, fatos, notícias... emitindo nossa opinião de forma convincente a ponto de fazer com que outros mudem “para nosso lado”. Às vezes, a notícia que passou no Jornal Nacional, por exemplo, as cenas das novelas, o comercial... são motivos para uma longa discussão no trabalho, na escola, no ônibus. Inclusive, nos agarramos em frases do tipo: “... eu respeito a opinião de vocês, mas... eu penso assim.”; “sobre esse assunto eu tenho minha opinião formada”... E aí nos lembramos do cantor e filósofo Raul Seixas. Suas músicas eram verdadeiros protestos. Você lembra de alguma? Segue alguns trechos de músicas do Raul, vamos tentar descobrir a mensagem que ele queria transmitir? Metamorfose Ambulante Raul Seixas Composição: Paulo Coelho / Raul Seixas ...É chato chegar A um objetivo num instante Eu quero viver Nessa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião Formada sobre tudo Do que ter aquela velha opinião Formada sobre tudo...4 COMENTÁRIO: Entre tantas opiniões sobre o trecho acima podemos perceber que o cantor aponta para uma sociedade em constante mudança. Embora haja uma tendência de que todos tenham a “mesma opinião” Raul rejeita essa ideia afirmando que ELE PREFERE SER ESSA METAMORFOSE AMBULANTE. O que você pensa dessa afirmação? A intenção em trazer esse exemplo é para mostrar a você, caro aluno, que existem várias maneiras de expressar um posicionamento pessoal, seja no vestuário (lembremos que os trajes de diferentes grupos, revelam sua ideologia, ou melhor sua forma de ver o mundo), na estética (cortes e penteados de cabelo)...como também através da música.

4 http://letras.terra.com.br/raul-seixas/48317/ 55

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Aliás muitas vezes cantarolamos músicas em outros idiomas e não sabemos o que querem dizer. Isso porque somos fascinados pelas melodias e... esse aspecto mais crítico, ou seja, o que tal música está denunciando, muitas vezes, passa sem ser percebido. Então, é importante aprender inglês e não “papagaiar” o idioma. Vamos a outro trecho do Raul? “... essa noite eu tive um sonho de sonhador: maluco que sonho eu sonhei. O dia em que terra parou...” O Dia em que a Terra Parou Raul Seixas Composição: Raul Seixas / Claudio Roberto Essa noite eu tive um sonho de sonhador Maluco que sou, eu sonhei Com o dia em que a Terra parou com o dia em que a Terra parou Foi assim No dia em que todas as pessoas Do planeta inteiro Resolveram que ninguém ia sair de casa Como que se fosse combinado em todo o planeta Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém O empregado não saiu pro seu trabalho Pois sabia que o patrão também não tava lá Dona de casa não saiu pra comprar pão Pois sabia que o padeiro também não tava lá E o guarda não saiu para prender Pois sabia que o ladrão, também não tava lá e o ladrão não saiu para roubar Pois sabia que não ia ter onde gastar ... E nas Igrejas nem um sino a badalar Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá E os fiéis não saíram pra rezar Pois sabiam que o padre também não tava lá E o aluno não saiu para estudar Pois sabia o professor também não tava lá E o professor não saiu pra lecionar Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar ... O comandante não saiu para o quartel Pois sabia que o soldado também não tava lá E o soldado não saiu pra ir pra guerra Pois sabia que o inimigo também não tava lá E o paciente não saiu pra se tratar Pois sabia que o doutor também não tava lá E o doutor não saiu pra medicar Pois sabia que não tinha mais doença pra curar5 COMENTÁRIO: Mais uma vez, respeitando os vários pontos de vista, destacamos alguns elementos considerados críticos e que estão presentes na letra dessa música. Possivelmente os autores desse texto escrito (música) tinham a

5 seixas/48325/ 56

http://letras.terra.com.br/raul-

intenção em demonstrar a importância da diversidade na sociedade. Um precisa do outro, ou seja, se “em comum acordo” todos decidirem parar, realmente a terra pára. Talvez Raul Seixas estevisse apontando para a desvalorização no mundo do trabalho, por exemplo. Veja que todas as profissões são importantes, no entanto, umas são super-valorizadas e outras, em contrapartida, são desvalorizadas ao extremo. Quer um exemplo bem próximo do nosso dia-a-dia? Pense nas pessoas que realizam trabalhos manuais em nossas casas, escolas, e outros locais de trabalho. Algumas (faxineiros, porteiros...) são tratadas com indiferença ou consideradas inferiores por exercerem esses serviços. Aliás, serviços necessários ao nosso bem-estar. Então? Raul Seixas chama à atenção para as diversidades de funções sociais e atuações no mundo, pois todas estão interligadas e deveriam ser valorizadas. Você com certeza tem pontos de vistas diferentes diante dos trechos das músicas destacadas, ou até mesmo, ao ler o comentário acima não concorda com o ponto de vista apresentado. Se isso aconteceu é sinal que você já desenvolveu a capacidade pessoal de argumentação crítica. E então, que tal você colocar no papel seu ponto de vista a respeito dos trechos das músicas destacadas? Será um ótima oportunidade para você desenvolver a habilidade de escrever um texto argumentativo crítico. Vamos lá? Faça sua parte, exercite-se... Nosso assunto nesse capítulo é sobre o ponto de vista. Portanto, se todo texto (oral, escrito, gráfico...) tem uma intenção, como descobrir o que está por trás das palavras, dos desenhos, das letras das músicas, dos poemas... dos discursos? Como reconhecer as estratégias de convencimento utilizadas nos diversos meios de comunicação e linguagem? Um simples outdoors, um folheto, um quadro, uma caricatura... de inúmeras maneiras há sempre alguém tentando “vender” seu produto, “vender sua ideia”, nos convencer dos seus pontos de vistas... Tudo isso é natural numa sociedade em que a comunicação se renova de forma tão rápida. Tudo isso é natural quando pensamos que através dos variados meios de linguagens conseguimos transmitir nossos objetivos a um número sempre maior de pessoas. Pretendemos chamar sua atenção para descobrir esses interesses que estão “por trás” da produção oral (sermão, discurso...), da produção escrita (folhetos, cartas, história em quadrinhos...), da produção gráfica (quadros, pinturas...). Pois, a todo instante estamos LENDO o MUNDO. O que significa dizer que de diversos modos somos convidados a TOMAR PARTIDO, nos POSICIONAR, dizer o que pensamos, ARGUMENTAR, ou seja, com palavras e gestos apresentar MEU PONTO DE VISTA. Assim sendo, no contexto social que vivemos são muitos os interesses. Então é preciso aprender a identificá-los. Convido você a um exercício de interpretação. A partir das figuras abaixo você tentará identificar o tema enfatizado, ou seja, você irá observar as figuras e buscar perceber a intenção da comunicação que está imbutida na figura. Veja o exemplo da figura 1. Entre as alternativas (a/b/c) qual é aquela que melhor corresponde à situação demonstrada?

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS FIGURA 1

a) Desfile de carros; b) Enchentes; c) trânsito congestionado. E então, você conseguiu identificar? Leia o comentário abaixo: Comentário sobre a figura 1: O interesse dessa mensagem é dirigida à toda a sociedade focalizando uma problemática social que são os alagamentos nos centros urbanos e, consequentemente os problemas acarretados, entre esses os altos índices de congestionamentos. Portanto, ao escrever um texto argumentativo-crítico você poderia destacar que tais problemas são provocados pela falta de reciclagem dos lixos, pela falta de planejamento urbano entre outros. O importante antes de escrever é pensar sobre o tema, lembra das dicas do capítulo 6? Observe a figura 2 :

Escolha a alternativa que melhor se adapta à imagem. a) Engarrafamento; b) Descuido dos motoqueiros. Então? Comentário sobre a figura 2: A partir desse recorte é possível provocar a sociedade a refletir sobre as leis de trânsito, a importância do uso do capacete... entre outros aspectos que você perceber pertinentes em seu texto argumentativo. Inclusive pode citar falas de outros sobre o tema que pretende argumentar.

FIGURA 3

a) uma campanha a favor que as crianças tomem alcool; b) a indicação para ingerir bebidas; c) o problema do alcoolismo. Comentário sobre a figura 3 Ao escrever um texto argumentativo sobre o tema dessa figura, você pode fazer referência do recurso gráfico utilizado. Afirmando, por exemplo, que a temática precisa ser levada à sério, pois está levando à morte jovens e adolescentes privados de se realizar profissionalmente, afetivamente... Ou seja, siga suas intuições e... registre seu posicionamento crítico. Isso é argumentar. FIGURA 4

a) um novo estilo de sapatos com saltos altos b) a denúncia à prostituição de menores c) uma indicação de saltos para as noites na cidade COMENTÁRIO: o tema dessa figura deseja trazer para a discussão a denúncia à prostituição de menores. Nesse caso, outra dica é você fazer uso das conquistas e todo trabalho realizado em vista de enfrentar esse problema social. Entre as conquistas está o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS FIGURA 5

a) a transporte de madeiras; b) o replantio de árvores derrubadas; c) denúncia ao desmatamento; COMENTÁRIO: o tema da figura cinco, desmatamento, você poderia discutir sobre os interesses dos empresários, “poderosos” em acumular capitais no estrangeiro em troca do trabalho escravo daqueles que executam esses serviços. Ou seja, discutir o tráfico de seres humanos no passado (escravidão de pessoas) fazendo um paralelo com o tráfico de madeira (vida do planeta) FIGURA 6

Por exemplo, “... aqui eu sou o chefe, portanto, tem que ser do meu jeito.” Há casos em que a “força da religião” pode convencer o público: “... tá na bíblia, sempre haverá pobres e miséria no mundo”.



a) um convite a uma peça infantil; b) um alerta contra a violência doméstica;

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Comentário sobre a figura 6 Como você pode perceber nessa imagem, a frase “quem bate na mulher machuca a família toda” não deixa dúvidas sobre a intenção da mensagem. Em seu texto argumentativo, mais uma vez, você pode citar os dados estatísticos sobre a violência no lar; as conquistas com a Lei Maria da Penha e os desafios para denunciar a violência. Algumas vezes a mulher agredida tem vergonha de denunciar, vergonha de contar para outros que apanha ou é espancada em casa. Você conhece a frase: “... briga de marido e mulher, ninguém mete a colher?”. Um tema dessa natureza, embora complexo traz à tona a necessidade de promover campanhas de coincientização para toda a sociedade. Sobretudo, a necessidade de enfatizar que em situações de violência no lar, todos são prejudicados, principalmente as crianças e jovens em idade escolar, pois, há casos em que o rendimento escolar do estudante sofre alterações. Após os exemplos citados, concluimos que “ todos sabemos, à nossa maneira, “argumentar” ou mostrar nosso entendimento sobre um determinado assunto”. Porém, para apresentar seu ponto de vista é interessante ter um conhecimento prévio (anterior). Nesse sentido, há vários tipos de argumentos. Há situações em que “a posição social ocupada” fala mais alto.

Porém, não deixemos de lado os dados estatísticos.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 5.Dispor a fazer, a praticar; decidir, determinar: A prática religiosa nem sempre persuade o bem. 6.Determinar a vontade de; convencer: Ninguém conseguiu persuadir o teimoso. 7.Mostrar a conveniência de; aconselhar, indicar; apontar: Os conselheiros persuadiram a assinatura da paz. AGORA É A SUA VEZ! ATIVIDADE 1 Esses, convencem de acordo com os interesses... Para nos tornarmos convincentes (persuasivos) é preciso ter clareza sobre o objetivo da nossa mensagem. Pois, os modos através do qual iremos transmitir nosso conteúdo desempenha papel fundamental no processo, pois é importante conquistar a simpatia de quem vai ser persuadido desde o início. Tanto que, através da postura corporal, dos gestos e do tom de voz, é possível conseguirmos obter confiança e credibilidade. A empatia facilita muito o processo persuasivo. • O conteúdo da persuasão deve ser comunicado numa linguagem adequada ao tipo de pessoa que estamos tentando persuadir. • Por exemplo, pessoas simples preferem que falemos numa linguagem simples, e as pessoas cultas, são mais sensíveis a uma linguagem intelectual. • Alem disto, é preciso atingir o lado emocional destas pessoas, falando de coisas agradáveis, como também estimulando suas paixões. Estes são excelentes modos de persuadir. Para persuadir é necessário mostrar-se próximo ao interlocutor, desenvolver empatia e simpatizar com as idéias de quem vai ser persuadido. Quando um texto busca sensibilizar o lado emocional de seu público alvo, utilizando uma linguagem adequada a este público, de forma clara e objetiva, ele pode ser considerado persuasivo, pois tem grande chance de alcançar os objetivos da persuasão, que é fazer as pessoas agirem.  Mas o que é persuadir? De acordo com o dicionário é: 1.Levar a crer ou a aceitar: “Uma ocasião, ardendo ele em febre, a mulher o persuadiu de que estava perfeitamente bom” (José de Alencar, Sonhos d’Ouro, p. 176). 2.Decidir (a fazer algo); convencer; induzir: “entre os refugos da filial, havia uma porção de frascos de perfumes franceses, já pelo meio, a evaporarem. Não consegui persuadir a freguesia a levá-los, nem mesmo por preço irrisório.” (Ciro dos Anjos, Explorações no Tempo, p. 212). 3.Mover, induzir, aconselhar: Persuadiu os rebeldes à rendição. 4.Fazer adquirir certeza; obrigar a convencer-se: Os últimos acontecimentos persuadiram o governo do estado de calamidade. Verbo transitivo direto

A texto acima é uma propaganda de um perfume masculino. A palavra que indica que o perfume é novo é: (A) fragance. (B )dunhill. (C) men. (D )new. ATIVIDADE 2 A mãe diz para a criança: — Se você tomar seu banho bem direitinho, lavar os cabelos e as orelhas e depois me deixar cortar suas unhas, à noite vamos tomar um sorvete de creme com calda de chocolate. Essa maneira de se expressar indica que a mãe tenta convencer a criança, (A) fazendo ameaças. (B) oferecendo vantagens. (C) demonstrando tristeza. (D) usando autoridade. ATIVIDADE 3 Leia o seguinte aviso colocado em uma empresa. ATENÇÃO Com autorização do diretor da empresa, a partir de amanhã, o horário de entrada dos funcionários será meia hora mais cedo e o horário de saída será meia hora mais tarde. Arquimedes Silva Chefe de Departamento

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS O aviso pode ser interpretado pelos funcionários como (A) uma consulta sobre a mudança de horários. (B) uma ordem a ser cumprida. (C) uma idéia a ser discutida. (D) um questionamento sobre a disponibilidade dos funcionários. ATIVIDADE 4 As crianças do interior do Brasil se vestem de anjos para comparecer às procissões e festas da Igreja Católica. A pintora Tarsila do Amaral reproduz no quadro Anjos, de 1924, uma dessas cenas onde se vêem rostos amorenados, representando, com isso, a (A) pobreza do mundo religioso. (B) tristeza do povo religioso. (C) mistura de povos no Brasil. (D) variedade de crenças no Brasil. ATIVIDADE 5 Com base na leitura da charge, do artigo da Constituição, do depoimento de A.J. e do trecho do livro O cidadão de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional? Ao desenvolver o tema proposto, procure: *utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. *selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas para a solução do problema discutido em seu texto. * lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da língua.

(...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves com Rua José Teixeira, na Praia do Canto, área nobre de Vitória. A.J., 13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar algum trocado vendendo balas para os motoristas. (...) “Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de trabalhar aqui, mas não tem outro jeito. Quero ser mecânico”. A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000. Entender a infância marginal significa entender porque um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo. Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo, Ática, 2000. 19a. edição. tas

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - ResposATIVIDADE 1 Alternativa correta é a letra: D ATIVIDADE 2 Alternativa correta é a letra: B ATIVIDADE 3 Alternativa correta é a letra: B ATIVIDADE 4 Alternativa correta é a letra: C ATIVIDADE 5 (ENEM- 2000) redação PRA FIM DE PAPO C aro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,exploração, crueldade e opressão”. Artigo 227, Constituição da República Federativa do Brasil. (Angeli, Folha de S. Paulo , 14.05.2000)

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• Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos. • Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos, recursos lingüísticos etc, identificando o diálogo entre as idéias e o embate dos interesses existentes na sociedade. • Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público-alvo, pela identificação e análise dos procedimentos argumentativos utilizados. • Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras. • Reconhecer que uma intervenção social consistente exige uma análise crítica das diferentes posições expressas pelos diversos agentes sociais sobre um mesmo fato. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 8 FALANTES DA MESMA LÍNGUA COMPREENDER E USAR A LÍNGUA PORTUGUESA COMO LÍNGUA MATERNA, GERADORA DE SIGNIFICAÇÃO E INTEGRADORA DA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO E DA PRÓPRIA IDENTIDADE. Sônia Querino Santos e Santos Caro aluno qual a sua opinião a respeito dessa frase?

formal. Logo não há regras gramaticais. Mas, para atingir seu objetivo o falante utiliza-se da entonação de voz, gestos comunicativos, como também do volume de voz. Quando comunicamos uma notícia triste todo nosso corpo se envolve, até os traços em nosso rosto se altera. O timbre de voz é diferente, tudo muda, inclusive, usamos frases na tentativa de amenizar a dor. Por exemplo: “ ele passou dessa pra melhor, fazer o quê?” Por meio da linguagem escrita podemos transmitir, sentimentos e emoções. Faremos isso, substituindo os suspiros apaixonados por palavras certeiras que transmitam o que sentimos. Então na linguagem escrita devemos organizar as palavras de maneira que tenham sentido e coerência. As palavras estarão, portanto, organizadas em frases, parágrafos e separadas por sinais de pontuação corretos. Então, falamos de uma maneira e escrevemos de outra?

Sim. A linguagem falada ou coloquial não obedece aos padrões gramaticais exigidos para a linguagem escrita. Porém, é preciso deixar bem claro que cada uma (linguagem falada ou linguagem escrita) não é melhor ou pior que a outra. Cada uma tem sua aplicação.

Será mesmo que o povo brasileiro fala a mesma língua? Convido você a ler as linhas que se seguem e depois, tirar suas próprias conclusões. Vamos lá? A linguagem falada também conhecida como coloquial, é a maneira mais comum, de nos expressar em nosso dia-a-dia, por isso, é também chamada de linguagem in-

Para escrever bem precisaremos: 1) Conhecer o assunto. Tenha sempre em mente “é melhor escrever bem sobre algo simples, do que besteiras sobre algo que não conhecemos” 2) Vocabulário. Lembre-se a importância da leitura, como critério para a escrita. Leia jornais, revistas, livros, embalagens, bulas, manuais de celulares... Tudo o que quiser, pois não há leitura inútil. 3) Conhecimento das regras gramaticais. Não desanime, pois as leituras realizadas te ajudarão no conhecimento das normas gramaticais. Registre essa informação: Escrever é antes de tudo pensar sobre. Assim, voltamos ao primeiro ponto, conhecer o assunto, ou seja, conhecer o tema, pois uma vez definido o tema sobre o qual teremos que escrever, começamos a pensar sobre o tema, a arrumar em nossas mentes os argumentos

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS e... o passo seguinte será colocar a caneta pra trabalhar, ou iremos direto ao computador e fazemos uso de uma ferramenta do sistema de informática chamada WORD (que significa “palavra” em inglês). Boa sorte! É preciso começar hoje e amanhã teremos menos dificuldade. Acredite! Um exemplo de tema: A violência Então procure elaborar na sua mente o que pensa sobre a violência. Fique bem atento aos caminhos do seu pensamento sobre esse assunto. Mas... tome cuidado, às vezes são tantos os pensamentos que não conseguimos arrumá-lo. Conhece a famosa frase: “Não sei por onde começar”? Uma dica para não se perder nos pensamentos é anotar. Comece então a escrever ao lado do tema - nesse caso, violência - os termos mais fortes que resumem seus pensamentos. Veja que alguns voltam com mais força, então... pode ser seu ponto de apoio, ou melhor, pode ser o sinal por onde começar, pois assim você terá mais argumentos na escrita sobre o tema. Então com certeza seu texto vai se desenvolver (desenrolar) com facilidade. Porém, chegará a hora de finalizar sua escrita, então, lá vai outra dica: nenhum tema pode ser totalmente esgotado. Então, pense sempre no que você quer transmitir. Pense sobre isso e... ESCREVA. Com certeza você terá contribuído para que outros possam avançar na arte da escrita. Caro aluno, não existe um método a ser indicado para você que quer começar a escrever. O que há são dicas e, talvez a mais importante seja a simplicidade da escrita. Uma vez que você sabe qual o tema deverá escrever e, após ter organizado seus pensamentos, inicie sua construção fazendo uso dos tijolos (palavras), levante as paredes (parágrafos) e logo o edifício (texto) estará de pé, com frases curtas e bem sinalizadas. Na elaboração dos parágrafos as orações/frases cumprem um papel fundamental, elas são constituídas a partir do agrupamento de palavras com sentido completo, por isso, deve ser sinalizada, ou seja, deve terminar com uma pausa bem definida, um ponto, ou acompanhadas pelos sinais de exclamação, reticências ou ponto de interrogação. Que tal uma distinção entre frases e oração? Um exemplo de frase:Socorro!; Devagar!; Bom dia!; Boa tarde! Observe que a frase é a unidade da linguagem falada ou escrita suficiente por si mesma para estabelecer comunicação. A frase, portanto, pode ser formada por uma simples palavra, uma expressão, uma oração ou um período. Pode a frase ter, ou não, verbo. Já a oração é a frase formada em torno de um verbo. Exemplo: Andréia estuda informática na Microlins. Quanto ao período, esse se constitui de duas ou mais orações. Exemplo: “Rubião fitou um pé que se mexia disfarçadamente” (Machado de Assis). Aqui encontramos duas orações: 1) “Rubião fitou um pé”; 2) “que se mexia disfarçadamente”. Recapitulando: As frases também podem ser chamadas de orações, que agrupadas formam o período. O período poderá ser simples (quando formado por uma oração) ou período composto (formado por mais que uma oração). Tudo bem?

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O período que traz a idéia principal sobre o tema é chamado de tópico frasal, os demais são chamados de períodos secundários (esses apresentam os argumentos, posicionamentos sobre o tema) Portanto, o parágrafo é composto por vários períodos. E, o texto composto por vários parágrafos, todos eles reunidos ao redor do tema, ou assunto que se pretende escrever. Mas... atenção! Os períodos secundários do parágrafo não deverão referir-se a outros assuntos, para não correr o risco de se perder ou naufragar no caminho, deixando de lado a idéia principal do tema discutido. Recapitulando: 1)FRASES OU ORAÇÕES 2) ORAÇÕES AGRUPAGAS = PERÍODOS 3) PERÍODO com IDÉIA PRINCIPAL = TÓPICO FRASAL 4) PERÍODOS SECUNDÁRIOS 5) PARÁGRAFOS (VÁRIOS PERÍODOS) que compõem o TEXTO. Na linguagem escrita geralmente fazemos uso do discurso direto ou indireto. No discurso direto apresenta-se a fala das personagens, respeitando as variedades regionais, cultura e classe social, ou seja, quem fala é ela e não o autor. Havia dois policiais na viatura. Deram sinal para parar o carro. Um eles gritou: “esvaziem o carro com as mãos no cucurucu Nos olhamos, sem saber o que fazer. O outro policial repetiu: Isso mesmo, mãos sob a cabeça! Já no discurso indireto, o autor reproduz o que foi falado com suas próprias palavras. Acompanhe: ...os bombeiros pediram que todos saíssem do parque, pois havia ameaça de incêndio. Como ficaria no discurso direto? O policial pediu: “saíam todos do parque, há ameaça de incêndio.” Note que na passagem da frase do discurso indireto para o discurso direto houve uma mudança no verbo pedir. Geralmente, no discurso indireto o verbo está na 3ª pessoa. Vamos recordar? 1ª pessoa- quem fala – eu 2ª pessoa- com quem fala- tu 3ª pessoa- de quem se fala- (ele ou ela) E, como estamos numa sociedade em que “cada um tem seu estilo”, que tal falarmos das figuras de estilos utilizadas na escrita? Elas atribuem “beleza” ao texto escrito. São elas: ALUSÃO: utilizamos essa figura de estilo de linguagem quando pretendemos fazer uma rápida referência. Ex: Ela é uma moça fina, sua educação vem de berço. (o vocábulo berço quer significar família) COMPARAÇÃO: utilizada na ênfase de uma característica ou aspecto destacado. Ex: Seus olhos estavam vermelhos, vermelhos como uma bola de fogo. METÁFORA: destaca a comparação, porém em sentido figurado, ou seja, fazemos uso de termos ou expressões e atribuímos outro significado. Nesse Caso, é importante sempre observar o contexto. Ex: As folhas estavam tão viçosas que pareciam sorrir.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS ANTÍTESE: quando usamos expressões opostas. Ex: eu prefiro o sol da manhã, já meu amado adora o frio da noite. GRADAÇÃO: utilizado para dar sensação de intensidade crescente. Ex: Após ter sido abandonada no altar, ela emagreceu e adoeceu. Tamanha a sua tristeza que veio a morrer. HIPÉRBOLE: como figura de estilo na linguagem escrita pretende exagerar nas características ou aspecto de algo. Ex: Estou devendo milhões de dinheiro na padaria. PERÍFRASE: consiste no emprego de uma palavra ou grupo de palavras para substituir um nome (seja de pessoa ou de objeto). Ex: O “cabeça branca” da Bahia substituiu o nome do aeroporto 02 de julho. Ex: cabeça-branca substitui o nome do então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, ou simplesmente ACM. EUFEMISMO: são expressões ou palavras que suavizam uma notícia desagradável ou triste. Ex: Meu padrinho descansou. (quer significar: morreu) PROSOPOPÉIA: atribuímos características humanas a objetos, fatos ou coisas Ex: o mercado de bolsa de valores estava nervoso. SINONÍMIA: consiste em repetir uma frase utilizando palavras diferentes, porém com o mesmo sentido. Ex: Que queres? Que desejas? Que anseias? RETICÊNCIA: enquanto figura de linguagem, consiste na ausência de uma ou mais palavras na frase com a intenção de deixar provocar um suspense. Ex: Então... não precisa decorar os estilos de linguagem, pois eles são recursos utilizados para o enriquecimento do texto. Portanto, convidamos você a utilizar os estilos de linguagem na produção de seus textos (seja ele narrativo descritivo ou dissertativo). E, por falar em enriquecimento, sabe que outro aspecto que torna a língua portuguesa muito bonita e rica são as variações regionais. Imagine que o saboroso pão francês, lá em Salvador-Bahia é chamado de pão cacetinho. Visualize a cena: “...o Sr. José Carlos chega na padaria sábado pela manhã meio sonolento e pede: por favor eu quero duas varas bem torradinhas.” O quê? Isso mesmo, lá em Salvador-Bahia, “vara”, no contexto descrito acima, se refere ao pão baguete de São Paulo. Leia a seguir o diálogo de Ana e Adriana - Bah! Esse pinhão tá dos deuses! - Ixi! Eu não gosto disso não, prefiro amendoim cozido! - Credo! Amendoim cozido, que louco! - Festa junina sem amendoim cozido, não é festa junina! - Tchê. Festa junina tem que ter pinhão! No diálogo entre Ana, nascida em Salvador e Adriana natural de Rio Grande do Sul percebemos as diferenças no modo de se expressar de uma e de outra. Inclusive, há palavras bem características que uma explica para a outra seu significado. Por que será que isso acontece? Então caro aluno, vale a pena fazer um “tour” pelo Brasil afora e iremos descobrir nossa língua materna e suas características. Você sabe como surgiram as diferenças (ou variações de linguagem) do português brasileiro? Acompanhe a matéria publicada na Revista Super Interessante de abril do ano 2000. Saiba como surgiram as diferenças regionais do português brasileiro 1) Tupi importado: A Amazônia fala de um modo bem diferente do vizinho Nordeste. A razão para isso é que lá quase não houve escravidão de africanos. Predominou a influência do tupi, língua que não era falada pelos índios da região, mas foi importada por jesuítas no processo de evangelização. 2) Minha tchia: O litoral nordestino recebeu muitos escravos negros, enquanto o interior encheu-se de índios expulsos da costa pelos portugueses. Isso explica algumas diferenças dialetais. No Recôncavo Baiano, o “t” às vezes é pronunciado como se fosse “tch”. É o caso de “tia”, que soa como “tchia”. Ou de “muito”, freqüentemente pronunciado “mutcho’”. No interior, predomina o “t” seco, dito com a língua atrás dos dentes. 3) Chiado europeu: Quando a família real portuguesa mudou-se para o Rio, em 1808, fugindo de Napoleão, trouxe 16.000 lusitanos. A cidade tinha 50 mil habitantes. Essa gente toda mudou o jeito de falar carioca. Data daí o chiado no “s”, como em “festa”, que fica parecendo “feishta”. Os portugueses também chiam no “s”. 4) Tu e você: Os tropeiros paulistas entraram no Sul no século XVIII pelo interior, passando por Curitiba. O litoral sulista foi ocupado pelo governo português na mesma época com a transferência de imigrantes das Ilhas Açores. A isso se deve a formação de dois dialetos. Na costa, fala-se “tu”, como é comum até hoje em Portugal. No interior de Santa Catarina, adota-se o “você”, provavelmente espalhado pelos paulistas. 5) Porrrrta: Até o século passado, a cidade de São Paulo falava o dialeto caipira, característico da região de Piracicaba. A principal marca desse sotaque é o “r” muito puxado. A chegada dos migrantes, que vieram com a industrialização, diluiu esse dialeto e criou um novo sotaque paulistano, fruto da combinação de influências estrangeiras e de outras regiões brasileiras. (Fonte: Super Interessante, abril 2000, p.49)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Considerar as variações na linguagem sejam elas regionais (região norte, sul...) ou grupais (movimentos populares juvenis) deve favorecer ao reconhecimento dessas diferenças como fator de riqueza no nosso idioma. Então, nada justifica classificar de forma diminutiva o modo de falar de uma região ou de outra, não há espaço para preconceitos e estereótipos. Pois, as variações de linguagem ocorrem por várias circunstâncias (históricas, geográficas e sociais). No aspecto histórico destacamos que os tempos mudam e a língua, por ser dinâmica, também sofre alterações e algumas palavras desaparecem de uso ou são substituídas por outras. Nesse sentido, algumas expressões usadas por nossos pais durante sua infância e adolescência foram substituídas por outras. Quanto ao aspecto geográfico: nas várias regiões do Brasil, por exemplo, notamos uma variedade na linguagem falada, característica do lugar, como também, há uma diferença na pronúncia das vogais (algumas pronunciadas de forma mais aberta) e no uso dos pronomes (eu, tu ele, nós, vós,eles). No Norte e Nordeste, por exemplo, é muito comum o uso do pronome tu e o verbo conjugado na 2ª pessoa do singular. Tu fostes; Tu falastes. Quando tu irás a São Paulo? As circunstâncias sociais estão diretamente associadas à classe social, como também à faixa etária. Pois, a linguagem de um adolescente, independente de morar no centro ou na periferia da cidade, é bem diferente dos idosos, sejam esses da cidade ou do campo. “... perguntei pra minha filha se Henrique era seu namoradinho. Ela me respondeu: Não mãe, nós estamos ficando, é só isso.” Portanto, não há uma maneira de se expressar, em uma determinada região do país, melhor ou pior que em outra. As diferenças regionais estão diretamente ligadas com os aspectos históricos, por exemplo, a proximidade da região sul com os países de língua espanhola favoreceu ao uso da linguagem cotidiana que embora o sujeito se apresente na 2ª pessoa do singular (pronome pessoal tu) o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular. Exemplo: “Tu faz pra mim umas broas de milho que depois nós acerta o pagamento”. O exemplo acima demonstra um linguajar do cotidiano, no qual as pessoas não estão preocupadas com as regras gramaticais. Pois, gramaticalmente a frase seria escrita da seguinte maneira: “Tu fazes para mim uma broas de milho que depois nós acertaremos o pagamento.” Igualmente, nos bairros periféricos nas nossas cidades há um uso mais frequente de gírias ou expressões que servem como apoio de linguagem. Um exemplo: Você “tá tirando uma” com minha cara? A expressão “tá tirando uma” quer significar “gozação”. Atenção: Evite utilizar essas expressões características da linguagem falada, também chamada de linguagem coloquial, num texto escrito, que por sua vez deverá seguir às regras gramaticais da Língua Portuguesa, ou seja, ao redigir um texto deveremos seguir aos padrões da linguagem “formal” e não da linguagem “coloquial”. Ao considerar os aspectos destacados sobre linguagem escrita, convidamos você para se exercitar na interpretação de alguns textos.

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Vamos recapitular? Sugiro que você retome pausadamente a leitura e perceba que todo texto carrega uma intenção (um motivo pelo qual foi escrito), um contexto (onde se desenrola a história) e os argumentos ou a visão de mundo (a maneira de ver o mundo) de quem escreveu. Será possível, também, perceber o tipo de discurso utilizado (direto, indireto, ou direto e indireto ao mesmo tempo); bem como, na construção dos parágrafos, o estilo da escrita (narrativa, descritiva, dissertativa) e, as figuras de linguagens utilizadas (metáforas, antíteses, perífrase...). Atenção! Aprendemos a ESCREVER... lendo E a INTERPRETAR... interpretando. Num texto narrativo, por exemplo, você identificará se o narrador (aquele que narra a história) participa como personagem. Nesses textos o enredo da história, ou melhor, a sequência dos fatos se dá de maneira crescente. Sabe aquele momento que o “clima esquenta”? Pois é. Esse é o clímax da narrativa e..., com um pouco mais de calma chegaremos ao desfecho. Diante de uma narrativa, observe como o narrador situa a história (o ambiente, a época). Há algum conflito entre as personagens? Alguns personagens são classificados de protagonistas, outros de vilão. No decorrer na leitura tente identificar um e outro. Com relação aos fatos, é possível identificar a existência de fatos menores no desenrolar da história? E o ambiente (rural, urbano) está descrito com “riquezas” de detalhes ou apenas citado? A narrativa sinaliza para o tempo no qual se passa o fato? Há uma descrição cronológica, ou seja, o narrador situa um fato de cada vez, ou seja, primeiro um, depois o outro e assim por diante? Na fala das personagens, há predominância de qual discurso? E para terminar, você descobriu o foco narrativo? Sim. Estou me referindo ao motivo pelo qual o texto foi escrito. Esses são alguns passos importantes quando você estiver diante de qualquer texto. E, para terminar quero chamar sua atenção, mais uma vez, para a variedade de produção escrita que está ao nosso redor: repare nas paredes e muros onde você mora, nos transportes (ônibus, lotação, trem, metrô), nos outdoors... Ela está em toda parte, cheias de significados, dando seu recado, apresentando sua crítica, denunciando as injustiças e... apontando para novos horizontes. Então? Você ler e apenas ler? OU Ler e entende? Ou Ler e se questiona? Ou ler e se pergunta, por quê? Seja qual for seu estágio, não desanime a “vida é a arte do encontro, embora haja, tantos desencontros pela vida” Vinicius de Moraes. As palavras escritas, faladas e desenhadas estão aí. Escute-as e dialogue com elas.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ! Vamos aos textos? ATIVIDADE 1 Texto 1 TUIM  CRIADO NO DEDO Ruben Braga João-de-barro é um bicho bobo que ninguém pega, embora goste de ficar perto da gente; mas de dentro daquela casa de joão-de-barro vinha uma espécie de choro, um chorinho fazendo tuim, tuim, tuim... A casa estava num galho alto. Um menino subiu até perto. Depois, com uma vara de bambu, conseguiu tirar a casa sem quebrar e veio baixando até o outro menino apanhar. Dentro, naquele quartinho que fica bem escondido depois do corredor de entrada para o vento não incomodar, havia três filhotes, não de joão-de-barro, mas de tuim. De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor. Tem bico redondo e rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas azuis para enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro ainda sem penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, inventou comidinhas para eles; um morreu, outro morreu, ficou um. Em geral a gente cria em casa é casal de tuim, especialmente para se apreciar o namorinho deles. Mas aquele tuim macho foi criado sozinho e, como se diz na roça, criado no dedo. Passava o dia solto, esvoaçando em volta da casa da fazenda, comendo sementinhas de imbaúba. Se aparecia uma visita, fazia-se aquela demonstração; era o menino chegar na varanda e gritar para o arvoredo: tuim, tuim, tuim! Às vezes demorava, a visita achava que aquilo era brincadeira do menino, de repente surgia a ave, vinha certinho pousar no dedo do garoto. Houve um conselho de família, quando acabaram as férias: deixar o tuim, levar o tuim para São Paulo? Voltaram para a cidade com o tuim, o menino toda hora dando comidinha a ele na viagem. O pai avisou: “Aqui na cidade ele não pode andar solto; é um bicho da roça e se perde, o senhor está avisado”. Aquilo encheu de medo o coração do menino. Fechava as janelas para soltar o tuim dentro de casa, andava com ele no dedo, ele voava pela sala; a mãe e a irmã não aprovavam, o tuim sujava dentro de casa. Soltar um pouquinho no quintal não devia ser perigoso, desde que ficasse perto; se ele quisesse voar para longe, era só chamar, que voltava. Mas uma vez não voltou. De casa em casa, o menino foi indagando pelo tuim: “Que é tuim?” - perguntavam pessoas ignorantes. “Tuim?” Que raiva! Pedia licença para olhar no quintal de cada casa, perdeu a hora de almoçar e ir para a escola, foi para outra rua, para outra. Teve uma idéia, foi ao armazém de “seu” Perrota: “Tem gaiola para vender?” Disseram que tinha. “Venderam alguma gaiola hoje?” Tinham vendido uma para uma casa ali perto. Foi lá, chorando, disse ao dono da casa: “Se não prenderam o meu tuim, então por que o senhor comprou gaiola hoje?”

O homem acabou confessando que tinha aparecido um periquitinho verde sim, de rabo curto, não sabia que chamava tuim. Ofereceu comprar, o filho dele gostara tanto, ia ficar desapontado quando voltasse da escola e não achasse mais o bichinho. “Não senhor, o tuim é meu, foi criado por mim”. Voltou para casa com o tuim no dedo. Pegou uma tesoura: era triste, uma judiação, mas era preciso: cortou as asinhas. Assim ele poderia andar solto no quintal, e nunca mais fugiria. Depois foi lá dentro fazer uma coisa que estava precisando fazer, e, quando voltou para dar comida ao tuim, viu só algumas penas verdes e as manchas de sangue no cimento. Subiu num caixote para olhar por cima do muro e ainda viu o vulto do gato ruivo que sumia. Interpretando... 1. Podemos dizer que o narrador da crônica acima: a) É o menino, já adulto, rememorando um episódio triste de sua infância. b) É observador, sempre neutro e afastado. c) É pai do menino, personagem secundária, que dá conselhos sábios. d) Manifesta-se explicitamente apenas no início da crônica, ao nos passar seus conhecimentos sobre pássaros. e) É o próprio Rubem Braga quando criança. 2. Aponte o fragmento do texto em não ocorre um linguajar popular ou infantil: a) De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor. b) Em geral a gente cria em casa é casal de tuim... c)  ...não sabia que chamava tuim... d) Aquilo encheu de medo o coração do menino. e) “Tem gaiola para vender?” ATIVIDADE 2 Texto 2 FORÇA DE VONTADE Ruben Braga Refugou o copo de vinho que eu lhe oferecia; depois também não quis aceitar um cigarro. Não bebia, não fumava, não tinha nenhum vício. Tinha uma cara gorda e mole de padre, e falava com precisão sobre o custo da vida em São Paulo. Contou-me, por exemplo, que seu pai, homem de 80 anos, que mora na Quarta Parada, vai toda semana comprar carne em Mogi das Cruzes, onde é mais barata e mais bem servida. -- Lá em casa comemos boa carne todo dia -- disse ele com ênfase. Não, não era casado -- morava com os pais, que sustentava com seu trabalho. “Aliás -- me disse subitamente, com um brilho nos olhos e as mãos trêmulas como quem toma coragem para fazer uma confissão sensacional -aliás este foi o primeiro ideal que me propus a realizar na vida. E realizei. Agora estou realizando o último dos meus três ideais.”  (...)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E então me explicou que seu sistema era este: para cumprir cada um de seus três ideais, pusera ele mesmo um obstáculo diante de cada um. Como tinha desde criança muita vontade de ir ao Rio, resolvera não o fazer enquanto não cumprisse seu ideal número 3 - isto é, enquanto não visitasse pelo menos um país estrangeiro. O mesmo fizera em relação aos outros dois ideais. Por um momento tive a impressão de que ia me contar qual tinha sido a promessa que fizera em relação aos outros dois ideais -- mas creio que achou que já se abrira demasiado comigo. Talvez o desanimasse minha cara meio sonolenta depois do vinho tinto do almoço, naquele dia quente. Pouco depois ele seguiu, com o grupo de turistas, para visitar as quedas e ir ao lado argentino. Só o vi depois do jantar e, como eu estava muito bem disposto, me aproximei dele. Eu estava numa roda em que se bebia alegremente uma boa “caña” paraguaia e insisti para que viesse tomar um cálice: -“Afinal você deve estar contente hoje, precisa comemorar. Você realizou o terceiro e último ideal de sua vida -- e em duplicata: visitou dois países estrangeiros!” Embora ele recusasse o convite, sentei-me um momento a seu lado. -- Sim -- disse ele. -- Eu provei minha força de vontade: realizei tudo o que prometera a mim mesmo um dia. E foi duro: tive de passar muitas necessidades e me esforçar muito. Quando eu era rapazinho, não tinha força de vontade. Mas hoje tenho a prova de que qualquer homem pode ter muita força de vontade. É uma coisa formidável. Voltei para a roda, onde se bebia e se contavam anedotas. Logo depois resolvemos todos sair para dar uma volta de carro. Convidei o homem da força de vontade -- havia um lugar no carro. Ele não aceitou. Ficou ali no saguão do hotel -- e quando voltei para apanhar minha lanterna, surpreendi a expressão de seu rosto: estava sério, triste e ao mesmo tempo com um ar tão aparvalhado e tão vazio como quem não tivesse coisa alguma a fazer na vida e acabasse de descobrir isto. INTERPRETANDO... 1). “Tinha uma cara gorda e mole de padre...” Aponte, entre as características da personagem, aquela que não condiz diretamente com a descrição acima: a) Não bebia. b) Não fumava. c) Não tinha nenhum vício. d) Não era casado. e) Não tinha força de vontade quando rapazinho. 2) Podemos dizer, quanto ao narrador da crônica acima, que: a) Trata-se de um narrador observador, que não participa da história. b) Trata-se do personagem protagonista do texto. c) Trata-se um narrador personagem, mas cuja função primordial é observar e ouvir a personagem principal. d) Trata-se de um narrador onisciente, pois sabe tudo o que se passa na mente das personagens. e) Trata-se de um narrador implícito, pois apenas aparece para comentar as ações da personagem principal. Conferir: Os melhores contos de Ruben Braga http:// fredb.sites.uol.com.br/braga.html

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ATIVIDADE 3 Texto 3 O operário em construção Vinicius de Moraes ...Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, certo dia À mesa, ao cortar o pão O operário foi tomado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa – Garrafa, prato, facão – Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão. INTERPRETANDO... 1) Lendo do poema, percebe-se que o operário a) achava-se injustiçado b) não tinha idéia do alcance do seu trabalho c) procurava dar o melhor de si d) trabalhava em condições adversas 2) O assombro do operário decorre do fato de este a) não ter valorizado devidamente seu trabalho b) ter ficado surpreso com a própria emoção c) não reconhecer sua humildade d) não se achar capaz de ter emoções 3) A oração “ao cortar o pão” pode ser substituída, sem alteração de sentido, por: a) a fim de cortar o pão b) para cortar o pão c) visto que cortou o pão d) assim que cortou o pão (as questões foram selecionadas do material de Língua Portuguesa e Literatura, Ensino Médio- Instituto de Educação ANNA VASQUEZ., p.9-10 ATIVIDADE 4 Identifique o tema do fragmento extraídos dos poemas barrocos: Esta razão me obriga a confiar Que, por mais que pequei neste conflito, espero em vosso amor de me salvar. (Gregório de Matos)

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

tos)

ATIVIDADE 5 Identifique o tema do fragmento abaixo: Arrependido estou decoração Decoração vos busco, daí-me abraços Abraços, que me rendam vossa luz. (Gregório de MaHORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ATIVIDADE 1 Texto 1 - 1) d

2) d

ATIVIDADE 2 Texto 2 - 1) e 2) c ATIVIDADE 3 Texto 3 - 1) b

Capítulo 9 FACILIDADES E DESAFIOS NA ERA DAS TECNOLOGIAS ENTENDER OS PRINCÍPIOS / A NATUREZA/ A FUNÇÃO/ E O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO E DA INFORMAÇÃO, NA SUA VIDA PESSOAL E SOCIAL, NO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO, ASSOCIANDO-OS AOS CONHECIMENTOS, CIENTÍFICOS, ÀS LINGUAGENS QUE LHES DÃO SUPORTE, ÀS DEMAIS TECNOLOGIAS, AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AOS PROBLEMAS QUE SE PROPÕEM SOLUCIONAR. Sônia Querino S. Santos

2) a

3) d

ATIVIDADE 4 Tema: apelo à religião

Caro aluno, nesse capítulo falaremos sobre as novas tecnologias de informação e comunicação sem as quais seria “impossível”, de maneira tão rápida, “fazer amigos” ou encurtar as distâncias com tamanha rapidez.

ATIVIDADE 5 Tema: Arrependimento PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as variedades lingüísticas sociais, regionais e de registro, e reconhecer as categorias explicativas básicas da área, demonstrando domínio do léxico da língua. - Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, as marcas lingüísticas que singularizam as diferentes variedades e identificar os efeitos de sentido resultantes do uso de determinados recursos expressivos. - Identificar pressupostos, subentendidos e implícitos presentes em um texto ou associados ao uso de uma variedade lingüística em um contexto específico. - Analisar, em um texto, os mecanismos lingüísticos utilizados na construção da argumentação. - Identificar a relação entre preconceitos sociais e usos da língua, construindo, a partir da análise lingüística, uma visão crítica sobre a variação social e regional. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos

Com as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICs) a espera por determinados serviços foi reduzida a quase zero. O que significa dizer, que a expectativa pelo carteiro ou até mesmo a espera por chegar em casa para “saber” o que está acontecendo... “quase” não existe mais. Principalmente, se vivemos em São Paulo. O que também não significa afirmar que nas periferias dessa cidade o acesso às NTICs aconteça de maneira tão facilitada.

Contudo, temos que reconhecer que são inúmeras as políticas do Estado em vista de favorecer à população o acesso aos modernos meios de comunicação e informação. Por exemplo: os serviços de acesso à internet gratuito disponibilizados nas agências de correios, nas estações de metrô, nos serviços de atendimento ao trabalhador (poupa-tempo...) entre outros.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Todavia, ao elencar essas “facilidades” igualmente não podemos deixar de avaliar também os desafios, pois as tecnologias estão cada vez mais rápidas e complexas. Os meios de comunicação tradicionais como rádio e TV, se multiplicaram, os celulares se popularizaram e os novos modelos oferecem cada vez mais opções de “convergência de serviços”.

usamos destes recursos tecnológicos para agilizar a comunicação, e assim recorremos a signos linguísticos para trocar informações, como por exemplo ao invés de escrever a palavra “você” escreve-se apenas “vc”. Diferentemente, num exame escolar ou processo seletivo para uma vaga de emprego ou outra finalidade utilizar-se, no texto escrito, as modalidades de escritas permitidas em ambientes virtuais como o msn, provavelmente não iremos conseguir o sucesso esperado. Pois, nos textos escritos precisamos seguir aos critérios das regras gramaticais e ortográficas convencionais da língua materna (em nosso caso, a língua portuguesa). Eras revolucionárias para a divulgação da língua  A escrita:

Geralmente, classificamos por “convergência de serviços” as várias opções de serviços tecnológicos agrupadas num mesmo aparelho, por exemplo, nos atuais aparelho de telefonia celular, além de atender e realizar chamadas é possível enviar mensagens escritas (torpedos); ouvir músicas; registrar e capturar imagens (fotografar e filmar); gravar dados (gravador); acessar às programações da TV; ter acesso aos dados bancários... Portanto, as NTICs dinamizam o lucro no comércio, pois a cada dia são novos modelos e novas opções para nos manter conectados e “atualizados”. A internet, nesse sentido, se tornou a maior base de dados do mundo. “Encontra-se de tudo na internet”, ou seja, para os que navegam na internet, os chamados internautas, parece não haver limites. Pois, o “universo” da comunicação e a informação cabe na “palma das mãos”, ou melhor, nos pequenos aparelhos (chips) que, por sua vez, nos interligam a computadores em rede. A tecnologia avança! Mas, como transformar tanta informação em conhecimentos significativos para a própria vida? E, como participar ativamente desse cenário? A educação pela comunicação a distância pode se tornar uma metodologia poderosoa de ensino e aprendizagem? Por isso, já não dizemos: “Pode ser que eu lhe telefone hoje à noite”. Passamos a dizer: “Nos encontraremos no msn”. Portanto, nossos amigos são nossos “contatos”. Mesmo que apareça “off-line”, “ocupado” ou “on line”. O importante é estar conectado. Além de conseguirmos ultrapassar barreiras físicas e geográficas, pois conversamos a qualquer hora e com pessoas de praticamente qualquer lugar, é possível conversar com vários ao mesmo tempo, por isso a escrita fica prejudicada e acabamos não escrevendo corretamente quando

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A história nos informa que o mais antigo sistema de escrita terá nascido por volta do ano de 3100 a. C. no Sul da Mesopotâmia, como resultado do processo de assimilação entre os povos sumérios e os povos semitas da Arábia. O suporte era a massa mole de argila (placas de barro), na qual eram escritos e gravados, com a ajuda de um estilete, os símbolos gráficos para depois serem cozidas como as peças de cerâmica (cf. a figura) Em todos os estados da Mesopotâmia se escrevia com caracteres cuneiformes (do latim cuneus, que significa cunha, o objeto que auxiliava na escrita), originalmente constituídos por desenhos de objetos, não só sobre as placas de argila, mas também sobre peças de marfim e pequenas tábuas de madeira. Inicialmente concebido para responder a propósitos administrativos (leis, éditos, contabilidade dos comerciantes e dos Estados), não demorou muito e, passou a ser utilizado para exprimir o pensamento do homem. A escrita mesopotâmica era uma escrita complexa, composta por 2000 sinais cuneiformes originais, muito embora somente 200 ou 300 fossem utilizados constantemente. Ao fim de algum tempo, deixou de ser escrita em colunas – escrita vertical - para passar a apresentar-se em linhas – escrita horizontal – legível da esquerda para a direita. A escrita cuneiforme manteve-se vigente até ao começo da nossa era.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS  A evolução da impressão: Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportado. O “volumen” era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um “volumen” era de 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros. O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, livrada (latim libere, livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais “recentes” são datados do século II a.C..

Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho, extraído de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. Quanto ao “volumen” também foi substituído pelo códex (uma compilação de páginas) não mais um rolo. O uso do formato códice e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro. Uma conseqüência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro. Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita. Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. Em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutenberg. No Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a prensa com tipos móveis reutilizáveis de metal que substituiram os de madeira, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação.

Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da produção em série. Com o surgimento da prensa desenvolveu-se a técnica da tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo para atingir um grande público. Entretanto, mesmo não obedecendo a essas características, surgiu em fins do século XX o livro eletrônico, ou seja, o livro num suporte eletrônico, o computador. Ainda é cedo para dizer se o livro eletrônico é um continuador do livro típico ou uma variante, mas como mídia ele vem ganhando espaço, o que de certo modo amedronta os amantes do livro típico - os bibliófilos. Existem livros eletrônicos disponíveis tanto para computadores de mesa quanto para computadores de mão, os palmtops. Uma dificuldade que o livro eletrônico encontra é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em um suporte eletrônico, mas pesquisas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização dos livros eletrônicos. Então... considerando a importância das tecnologias, você poderá perguntar-se: ☼ O que são as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs)? São as tecnologias e métodos para comunicar surgidas desde a segunda metade da década de 1970 e, principalmente, nos anos 1990. ☼Qual a finalidade das NTICs? A maioria delas se caracteriza por agilizar o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não por computadores) para a captação, transmissão e distribuição das informações (texto, imagem estática, vídeo e som). ☼ O que é considerado NTICs? • os computadores pessoais (PCs, personal computers); • as câmeras de vídeo e foto para computador ou webcams; • a gravação doméstica de CDs e DVDs; • os diversos suportes para guardar e portar dados como os disquetes discos rígidos ou hds, cartões de memória, pendrives, zipdrives e assemelhados; • a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celulares); • a TV por assinatura; • TV a cabo; • TV por antena parabólica; • o correio eletrônico (e-mail); • as listas de discussão (mailing lists); • a internet; • a world wide web (principal interface gráfica da internet); • os websites e home pages; • os quadros de discussão (message boards); • o streaming (fluxo contínuo de áudio e vídeo via internet); • as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons;

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS • a captura eletrônica ou digitalização de imagens (scanners); • a fotografia digital; • o vídeo digital; • o cinema digital (da captação à exibição); • o som digital; • a TV digital e o rádio digital; • as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless); Neste sentido, de modo geral as novas tecnologias estão associadas à interatividade, à quebra com o modelo comunicacional, pois, com as NTICs todos aqueles que integram redes de conexão fazem parte do envio e do recebimento das informações. Portanto, as NTICs estão relacionadas a uma revolução informacional e, oferecem uma infra-estrutra de comunicação que permite a interação em rede de seus integrantes. ☼Como as NTICs contribuem para o mundo dos negócios? As novas tecnologias parecem favorecer a tendência para as empresas terem fronteiras cada vez menos demarcadas em relação ao seu meio ambiente, a trabalharem cada vez mais “em rede” com outras empresas e, dentro delas, os seus colaboradores também trabalharem cada vez mais “em rede”. Isso só é possível pela maior facilidade e rapidez de acesso à informação, bem como, a integração e automatização dos processos de negócios (pagar uma conta bancária ou comprar pelo computador), como também a possibilidade em participar nas salas de discussão sobre assuntos variados (chats) e ter acesso a dados oficiais disponibilizados nos sites do governo... ☼Quais as consequências para a educação? As novas tecnologia de comunicação levam a educação a uma nova dimensão. Esta nova dimensão terá que encontrar uma lógica dentro do “caos de informações” , porém sem perder o foco do processo de ensinar a aprender. As tele-conferências, por exemplo, não deveriam substituir o professor, bem como, os sites de busca (google) não deverá substituir o uso da pesquisa em livros. Com relação ao processo educacional, o uso de giz ou de apresentações em Powerpoint pelo professor tem importância e faz a diferença. Porém, antes de fazer uso das novas tecnologias na sala de aula, é necessário explorar o potencial das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), pois a proposta pedagógica, ou seja, o conteúdo a ser ministrado é mais importante do que os recursos técnicos. Todavia, não estamos justificando a resistência dos professores às TICs. Se faz necessário trabalhar os professores de forma a motivar para o uso das ferramentas disponíveis, ou seja, alguns precisarão ser “alfabetizados” para a era digital. Portanto, os cursos oferecidos na modalidade a distância com o uso de tecnologias, embora sejam fascinantes exigem de professores e alunos certas habilidades com as ferramentas disponíveis na internet.

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Em algumas instituições os encontros presenciais (aluno- professor) é totalmente substituído pelos encontros on-line (chats, sala de conversas, msn). Sendo assim, novos problemas no âmbito educacional vão surgindo e ganhando relevância. Para exemplicar: Os alunos de hoje alegam que não conseguiram enviar os trabalhos porque caiu a conexão, ou porque o computador “deu pau”. Em contrapartida, os professores também podem alegar que devido a problemas no sistema, por problemas com o computador(PC) ou outros atributos não foi possível lançar as notas. Isso demonstra que situações como essas, há uns vinte anos atrás era raro de acontecer. Isso significa que o mundo da informática “fascina” jovens e adultos, pois todos estão convencidos que as novas tecnologias da informação e comunicação avançam e se renovam com muita rapidez e a inclusão digital se impõe no mundo atual, sob risco de nos sentir excluídos e analfabetos digitais. ☼ Estamos inseridos num contexto de Revolução na era da Informação? No final do século XIX, o mundo sofreu forte influência devido à conjunção de todas as ciências, que começaram a fundir-se, iniciando um período de rotação dos usos e costumes, giros desenfreados para todos os sentidos. A física, química, matemática, medicina, biologia, geografia, história, literatura, enfim, todos os ramos do conhecimento humano, sofreram mudanças radicais com novas descobertas ou fusões de conhecimentos antigos agregados a novos dispositivos recém inventados, no campo das Ciências Exatas podemos destacar coisas como a eletricidade, explosivos, tecelagem e metalurgia, mas é claro que nos demais campos, como o das Ciências Biológicas e Humanas também ocorreu. O surgimento de todas essas novidades, especificamente a partir da década de 70, (com grande concentração nos EUA), é atribuído a uma dinâmica específica de difusão e sinergia tecnológicas, decorrentes dos progressos alcançados nas duas décadas anteriores. Além disso, houve influência de aspectos institucionais, econômicos e culturais. Na década de 80, em um processo autônomo de reestruturação do sistema capitalista (neoliberalismo), o nível tecnológico alcançado exerceu papel fundamental na reestruturação econômica-organizacional. O desenvolvimento dessas tecnologias contribuiu para a formação de meios de inovação, dentro dos quais as aplicações interagem em processo de “tentativa e erro”, exigindo a concentração espacial dos núcleos tecnológicos de empresas e instituições, com uma rede auxiliar de fornecedores e capital de risco como apoio. ☼Quais as bases dessa Era da Informação? Parece coerente dizer que conhecimentos científicos/ tecnológicos, instituições adequadas, empresas e mão-de -obra qualificada são as bases da Era da Informação. Por outro lado, deve-se considerar que o ingrediente primordial não é um cenário cultural ou institucional específico, mas a unificação das informações com a produção industrial e aplicações comerciais.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Portanto, é possível afirmar que foi o Estado quem deu início à revolução da tecnologia da informação, já que a interface entre os programas de macropesquisa promovidos pelos governos e a inovação descentralizada em uma cultura de criatividade tecnológica é que permitiu o florescimento das tecnologias da informação e comunicação globalizadas. ☼ Podemos afirmar que com as NTICs é um divisor de águas da geração anterior para a atual? A tecnologia passa a permear toda a atividade humana, aplicando sua lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto de relações, circunstância que cresce significativamente. Uma vez que o critério da informação está baseado na flexibilidade, ou seja, permite não somente que processos, mas também organizações e instituições, se modifiquem fundamentalmente, tornando possível inverter as regras que as estruturam sem destruir a organização. Em todo caso, a tendência é a convergência de tecnologias específicas em um sistema integrado, resultante da lógica compartilhada na geração de informação. Em síntese, o sistema informacional evolui em direção a uma rede aberta de múltiplos acessos, cuja abrangência, complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos. Portanto, aqueles que não têm domínio das linguagens e ferramentas presentes no mundo das NTICs são chamados de “analfabetos digitais”. Quais são as linguagens? Estamos nos referindo às várias linguagens de programação, elas estão voltadas à comunicação cada vez mais rápidas e atraentes. Então, o acesso e os tipos de visualização nos sites dependem diretamente da linguagem de programação usada. No início da internet, por exemplo, utilizava-se como “código fonte” gerador de programa e interações na rede o HTML. Seguido do Visual Basic (VB); DELPH... os mais recentes são ASP e PHP. Esses são exemplos de linguagens de programação utilizadas no suporte dos efeitos “atraentes” da mensagem escrita, que por sua vez, passou a ser audio-visual e interativa (WEB CAM). Quais são esses efeitos atraentes? Por exemplo, no aplicativo WORD o comando para negritar ou sublinhar... são possíveis, graças aos códigos de efeitos utilizados na linguagem de programação da empresa Microsolft. Portanto, “as NTICS chegaram para “solucionar” problemas que antes não existiam.” Estamos diante de uma frase crítica, pois as empresas criam programas, virús e antídotos, também chamadas anti-virús e nesse circuito há um enorme “capital de giro”, ou seja, lucro para as empresas em, contrapartida, os usuários diante das rápidas mudanças dos aplicativos buscam constantemente novos equipamentos com maior potencial. Porém, a cada dia, notamos ser “impossível” tentar acompanhar e atender às buscas, visto que, a cada instante é criado novos virús, novos aplicativos e novas linguagens... que possibilitam acesso ou a exclusão digital? Foi pensando nisso que trouxemos as seguintes dicas para facilitar seu trabalho no word. Assim, quando o mouse falhar você não ficará na mão. O word é o editor de textos mais utilizado do mundo. É uma ferramenta indispensável para criar e compartilhar documentos. Por isso, conhecer esse programa é fundamental para todos que disputam uma vaga no mundo do trabalho.

BARRA DE FERRAMENTAS As barras de ferramentas têm por função agilizar a execução dos comandos mais utilizados no Word. Para ir até as Barras de Ferramentas, você deverá primeiramente pressionar a tecla ALT ou F10 uma vez, que ativará a Barra de Menus. Na seqüência pressione  as teclas Ctrl + TAB que o levará até a Barra de Ferramentas Padrão. Acionando mais uma vez o Ctrl + TAB, estará na Barra de Ferramentas de Formatação. Para retornar uma barra acima, pressione as teclas Ctrl + Shift + TAB. Veja os botões da Barra de Ferramentas Padrão:

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Nesta barra, a comunicação não verbal é que ajuda o usuário a utilizá-las. Por exemplo, o símbolo da “tesoura” significa “recortar”, o símbolo da “impressora” significa imprimir, e sai por diante... Outra Barra de Ferramentas importante é a de Formatação. Como o próprio nome indica, ela é utilizada para formatarmos o documento.

Repare que ela nos traz o tipo e o tamanho da letra, bem como a organização do texto no papel. Atalhos para Formatação Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl ] Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl [ Para alterar o tamanho da fonte Ctrl Shift P digite o número desejado e tecle enter. Para aumentar o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl shift > Para diminuir o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl Shift < Para alterar o tipo da fonte Ctrl Shift F Para copiar o formato: Ctrl Shift C Para colar o formato: Ctrl Shift V Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas e todas minúsculas: Shift F3 Para converter todas as letras de maiúsculas para minúsculas e vice-versa: Ctrl Shift A Para remover a formatação dos caracteres, basta selecionar as palavras e teclar Ctrl + barra de espaços. F4 - Repete o último comando executado, caso tenha a necessidade de aplicá-lo várias vezes a mesma ação poderá utilizar este recurso. Atalhos para os principais estilos de formatação: • Negrito - Ctrl + N • Itálico - Ctrl + I • Sublinhado - Ctrl + S • Subscrito - Ctrl = • Sobrescrito - Ctrl Shift = Informações retiradas do site: www.fundacaobradesco.org.br E, para concluir essa abordagem, convido você a avaliar algumas situações, que há tempos idos, não faziam parte dos problemas sociais. Me refiro à pedofilia, ao acesso de sites pronográficos, à interação nas programações televisivas e radiofônicas (radios), à pirataria... Como resolvê-los visto que estamos inseridos e “alfabetizados” ao uso das NTICS? Perceba que essa temática é altamente atualizada, bem como, consequência dos avanços tecnológicos até aqui referidos. É de fator decisivo que não podemos viver isolados e “ignorantes” ao uso dessas NTICS, porém os desafios modernos exigem um posicionamento crítico. Talvez não seja necessário proibir o uso do computador ou o acesso à rede de internet, mas os atuais tempos exigem que jovens e adultos estejam conectados à NTICS, principalmente os adultos, visto que os “mais jovens” possuem maior facilidade com relação ao manuseio das NTICS. Portanto, ao intervir nas programações televisivas, por exemplo: participar das inquetes do “globo repórter” ou até mesmo, na participação das atividades interativas chamadas de “bola mucha e bola cheia”- programação do “Fantástico - estamos contuibuindo diretamente com as audiências das empresas que monopolizam a rede televisiva o que significa dizer, nos tornamos “celebridades instantâneas” e aumentamos o capital de giro dos empresários envolvidos. Longe de esgotar o debate, sinalizo alguns pontos que poderão ser debatidos por você, caro leitor, nas rodas de amigos e/ou vir a ser tema de texto escrito num processo seletivo a uma vaga de emprego ou inserção no “mundo das letras”, como a universidade. Então... não perca tempo! Faça uso das NTICS com atualização constante e discernimento quanto aos problemas sociais modernos que estão diretamente associados ao uso indiscriminado das NTICS.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ! ATIVIDADE 1 Leia: Bioinformática é parte essencial da genética atual Toda a pesquisa da moderna biologia molecular não seria possível sem a computação. Os programas de computador permitem a comparação das seqüências descobertas com padrões genéticos já conhecidos e armazenados em bancos de dados disponíveis na Internet. O volume de dados é tão grande que fazer a comparação “manualmente” tornasse cada dia mais inviável. Para se ter uma idéia, a quantidade de informação guardada no maior banco de dados internacional de seqüências genéticas, o GenBank, quase dobra a cada ano. (Texto adaptado. Fonte: Com Ciência. Revista Eletrônica de Jornalismo Científico. Agosto/2005) De acordo com o texto, a informática tornou-se essencial para os estudos de genética porque (A) amplia as possibilidades de o pesquisador trocar de emprego. (B) viabiliza a comparação de grande quantidade de informações. (C) mantém as informações sob o controle de grupos de pesquisas. (D) dispensa a contratação de cientistas para o trabalho de campo. ATIVIDADE 2 Leia:

Doação de órgãos via Web levanta polêmica No Colorado, realiza-se hoje o primeiro transplante de rim no qual doador e receptor se conheceram pela Internet. A cirurgia marcará o final feliz de uma história que poderia ter um desfecho bem diferente. Mesmo assim, a doação de órgãos e a busca de doadores via Web causa polêmica e é uma questão que está longe de ser resolvida. A busca de doadores por meio da Internet é um assunto que preocupa os médicos há muito tempo. Eles temem que a escassez de órgãos disponíveis e as longas listas de espera tornem os transplantes um bazar cibernético e um leilão em que vence a melhor oferta, não o doente mais necessitado. (Texto adaptado. Fonte: Sessão Informática do grupo Terra, in www.terra.com.br, 20/10/2004) As expressões destacadas sugerem que a busca de doadores de órgãos pela Internet pode virar uma prática proibida pela legislação brasileira (Lei 9.394/97). Essa prática é a (A) realização de transplantes. (B) venda e compra de órgãos. (C) doação voluntária de córneas. (D) criação de listas de espera.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS ATIVIDADE 3 As grandes cidades possuem câmeras de vídeo instaladas em suas vias principais, cuja finalidade é acompanhar o trânsito e (A) reduzir o estresse dos motoristas. (B) calcular o número exato de veículos. (C) auxiliar no controle do tráfego. (D) registrar os índices de poluição. ATIVIDADE 4 A previsão do tempo, divulgada pelos meios de comunicação, é feita a partir de dados coletados em todo o mundo por meio de (A) rádio. (B) repórteres. (C) satélites. (D) fotógrafos. ATIVIDADE 5 Para as alternativas corretas atribua a letra (V) e para as alternativas falsas a letra (F) a) ( ) Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl ] b) ( ) Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl [ c) ( ) Para colar o formato: Ctrl Shift V d) ( ) Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas e todas minúsculas: Shift F3 e) ( ) Para converter todas as letras de maiúsculas para minúsculas e vice-versa: Ctrl Shift A f) ( ) Para Negrito - Ctrl +S g) ( ) Para Itálico - Ctrl + I h) ( ) Para Sublinhado - Ctrl + S HORA DE CONFERIR ATIVIDADE 1 Alternativa correta: letra b ATIVIDADE 2 Alternativa correta: letra b ATIVIDADE 3 Alternativa correta: letra c ATIVIDADE 4 Alternativa correta: letra c ATIVIDADE 5 a) ( F ) b) ( F ) c) ( V ) d) ( V ) e) ( V ) f) ( F ) g) ( V ) h) ( V )

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PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:  - Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias de comunicação e informação. - Identificar, pela análise de suas linguagens, as tecnologias de comunicação e informação. - Associar as tecnologias de comunicação e de informação aos conhecimentos científicos, aos processos de produção e aos problemas - Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem. - Reconhecer o poder das tecnologias de comunicação como formas de aproximação entre pessoas/ povos, organização e diferenciação social. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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REDAÇÃO ENSINO MÉDIO Caro aluno, Em sua prova de Linguagens, Códigos e suas tecnologias haverá uma proposta de redação que irá solicitar a construção de um texto do tipo dissertativo-argumentativo. O tema deste texto poderá ser de ordem social, científica, cultural ou política. Na prova, você encontrará textos de apoio para o tema sugerido. Agora vamos às dicas para você se preparar na elaboração de um bom texto! Dicas para o seu texto: 1. Boa letra; evite escrever com letra pequena ou de difícil entendimento para quem irá ler e corrigir o seu texto. 2. A média de escrita pode ficar entre quatro a seis parágrafos; cinco linhas para cada parágrafo, assim sua redação ficará entre 20 e 25 linhas, o que está ótimo! 3. Fique atendo ao tema sugerido, escreva sobre o que você conhece daquele assunto, não desvie do que foi pedido. 4. Não deixe a parte de redação em branco, se você tem pouco conhecimento sobre o assunto, escreva pelo menos 2 parágrafos, normalmente redações com até 5 linhas são anuladas. 5. Não escreva palavrões, não faça riscos ou desenhos que não estejam acompanhados de textos, caso contrário a redação será anulada. 6. Se você não sabe como escrever uma palavra, tente buscar outra que seja similar e tenha o mesmo significado. 7. Não copie trechos do texto de apoio. 8. Busque uma sequência de idéias, siga a seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao final leia novamente todo o texto que você escreveu e crie um título para ele. O que é um texto dissertativo-argumentativo? Na elaboração do texto em questão é importante ter um conhecimento prévio sobre o assunto abordado. Pois, argumentar não significa escrever a partir de “eu acho”. Compreendeu? Por isso, visite os capítulos 6 e 7 do livro do aluno de Linguagens, Códigos e suas tecnologias do Ensino Médio. Temas sugeridos: Desenvolva uma redação dissertativo-argumentativa para cada tema abaixo. • Educação: Caminho da cidadania, responsabilidade de todos Texto de apoio: Educação e cidadania A educação é:  • Direito de todos e dever do estado e da família • Deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.    A cidadania é:

• Conquista da qualidade de vida, preservando  a dignidade humana, a natureza e o meio ambiente. • Formar cidadãos, formar indivíduos capazes de partilhar a sociedade, suprindo suas necessidades vitais, culturais, sociais e políticas; assim, construindo uma nova ordem social.  (Fonte: http://educacaoecidadania.vilabol.uol.com.br/ index.html) • A criança é a nossa esperança? Texto de apoio: Crianças – O elo da esperança As crianças são nossa maior esperança de mudar este mundo imperfeito - que a nossa e as gerações anteriores criaram. É a razão para acreditarmos que vale a pena lutarmos contra a apatia e o descaso das pessoas em geral, políticos, empresários, religiosos, trabalhadores, enfim, todos que ficam no discurso vago e não assumem seu papel neste momento importante de transformação. O desconforto de constatar que fomos muito longe nessa aventura de autodestruição e consumismo não basta para mudar o estado das coisas. Revoltamo-nos quando, na frente da televisão, assistimos os telejornais e presenciamos fome, guerra, violência urbana, corrupção, descaso com a saúde, abandono dos princípios básicos da ética e, principalmente, o desrespeito à vida em geral. Mas a maior de todas essas violências é destruirmos a nossa última esperança de mudarmos tudo isso: a violência sexual contra a criança, a pedofilia e a mais covarde de todas as violências, a mais vil - o suicídio coletivo do que sobrou de digno e bom em nós. Quando assistimos a adultos violentarem sexualmente crianças inocentes, que não têm capacidade de autodefesa, seres inocentes desprovidos de malícia, constatamos que essas pessoas desceram na escala mais baixa da racionalidade humana e se transformaram em monstros. A prostituição infantil é a maior vergonha da sociedade moderna. Uma sociedade que não respeita suas crianças nunca será sustentável. Se quisermos construir um mundo melhor temos que defendê-las acima de tudo, e não permitir que nossa maior esperança seja destruída por mentes doentes. Nossa cultura moderna encheu-se de atividades, várias distrações que ocupam nossas vidas e não nos permitem ver que a verdadeira alegria está no olhar inocente e no sorriso maroto de uma criança. Elas são nossa reserva moral e serão os adultos de amanhã, e se queremos reverter esse mundo irracional de hoje temos que prepará-las para corrigir nossos erros. Todos os governantes deveriam dedicar um percentual importante dos seus recursos para a educação de nossas crianças. Se quisermos crescer como sociedade e conquistar um patamar de civilidade é necessário planejar o futuro dessas crianças para que elas possam mudar esse caos em que vivemos. Falar de futuro é falar de nossas crianças, e falar das crianças é falar de esperança. As melhores mentes de hoje, as mais preparadas, deveriam estar envolvidas na  educação e orientação dessas crianças para que, futuramente, corrijam as distorções desta sociedade desigual e violenta de hoje.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS As crianças são o elo mais frágil da corrente que é a nossa sociedade multirracial, onde as diferenças são marcantes, onde os adultos não superam resolver suas diferenças - e, pior, a aprofundarão - onde com o passar dos anos comprometemos fortunas e nada construímos que tenha valido a pena, onde as pessoas se indagam quais são os valores a serem seguidos, onde a sensação dominante é de impunidade e falta de justiça. É nessa sociedade que teremos de preservar e preparar nossas crianças, de todas as raças, para mudar o que nunca deveria ter existido. Criança, esperança de um mundo melhor. (Fonte: www.blograizes.com.br/criancas-o-elo-da-esperanca.html. Adaptado) • Desigualdade social Texto de apoio: A desigualdade social Promover a cidadania é de fato o caminho para resolver, pelo menos dentro dos limites aceitáveis, os problemas da desigualdade social brasileira. Não que estas questões possam ser consideradas aceitáveis, mas porque são muitos séculos e situações que provocaram essa realidade. Para entender a origem de tais disparidades no Brasil é necessário introduzir uma perspectiva mais ampla, abrangendo o passado histórico, sem desconsiderar as dimensões continentais do país. A família, as solidariedades intergeracionais e as políticas sociais debatem-se com este desafio, procurando encontrar as melhores soluções e as respostas mais adequadas à diversidade dos problemas inerentes. Encontra-se no mundo um contraste alarmante, enquanto milhões de pessoas passam fome, uma minoria usufrui do progresso e da tecnologia que a sociedade oferece. A reclamação contra o caráter ineficiente do Estado é geral e os benefícios coletivos do Estado são pequenos e de pouca qualidade diante de tão ampla desigualdade social. O Brasil, desde seu descobrimento, traz consigo esta deplorável marca da desigualdade social. A herança das diferenças sociais, da escravidão, do preconceito, do racismo, data do descobrimento e foi deixada pelos então proprietários de terras e governantes que trouxeram para a nova terra os marginalizados portugueses, os africanos que escravizaram e humilharam, os italianos e outros imigrantes que não eram vistos com bons olhos pelos senhores feudais. Daí a origem da desigualdade social brasileira que permanece e se expandiu de tal forma que chega a ser quase irremediável nos dias atuais. Mesmo considerando-se os movimentos ascendentes na escala social - os imigrantes são um exemplo eloqüente disso -, a grande massa não teve condições de impor às elites uma distribuição menos desigual dos ganhos do trabalho. Nem logrou, eficazmente, exigir do Estado o cumprimento de seus objetivos básicos, entre os quais se inclui, na primeira linha, a educação. As seqüelas desse feito representam imenso obstáculo para uma repartição menos iníqua da riqueza e perduram até hoje. Também, desde o início do processo de desenvolvimento brasileiro, encontra-se outro fator evidente: o crescimento econômico, que tem gerado condições extremas de desigualdades espaciais e sociais, manifestas entre regiões, estados, meio rural e o meio urbano, entre centro e periferia e entre as raças.

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O Brasil não é um país pobre, mas possui uma população pobre, devido à má distribuição de renda e riqueza, sendo que se pode considerar a desigualdade social como um dos principais determinantes da pobreza no Brasil. Entretanto, há quem pense que a experiência brasileira é rica em programas e projetos para atenuar as desigualdades regionais e sociais. Mesmo que a maioria delas não tenha obtido os resultados esperados, há exemplos de políticas sociais que estão tendo impacto favorável: o salário mínimo, a aposentadoria rural, a bolsa-escola, a renda mínima e a reforma agrária. No entanto, essas iniciativas não têm sido suficientes para resolver os problemas das desigualdades no Brasil. Propõe-se instituir um design que respeite a vida e incorpore os desafios, a realidade e a necessidade de promover mudanças, pois não se pode continuar refém de toda situação desumana. Um fator que se apresenta como utópico, mas realizável e com urgência, é a melhor distribuição da riqueza, fundamental para sanar ou diminuir as grandes desigualdades brasileiras. (Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/1619576-desigualdade-social/. Adaptado) • Desemprego Texto de apoio: Tatuagem pode barrar emprego Boa apresentação, afirmam consultores em recursos humanos, continua fazendo a diferença no processo de seleção de emprego. A primeira impressão, lembram os especialistas, é a que fica para os que selecionam os candidatos. Discrição é, portanto, a recomendação para quem quer conquistar um lugar ao sol sem abrir mão do jeito de ser. Quanto mais formal a área de atuação, menor o espaço para o alternativo. Ou seja, apesar de o preconceito e a discriminação estarem cada vez mais fora de moda, as empresas são estruturadas segundo padrões. E, para quem quer ingressar em uma instituição, não há como fugir deles. Quanto mais formal o segmento, como por exemplo, instituições financeiras, escritórios e hospitais, mais explícitas são as restrições. No caso de piercings, até que se conheçam os códigos que regem a instituição, o melhor a fazer é retirá-los durante a entrevista e, se for o caso, depois de admitido, durante o expediente. “Já as tatuagens, se estiverem em local visível, nuca, braços ou pernas, é melhor não exibi-las, usando uma blusa de gola alta e mangas compridas”, orienta Adriana Evangelista, assistente de gestão em políticas públicas do Sistema Nacional de Emprego (Sine). (Fonte: Trecho retirado de www.cartaderh.com.br) Texto de apoio: Desemprego, informalidade e baixa escolaridade excluem 19 milhões de jovens brasileiros Desemprego, informalidade e baixa escolaridade excluem socialmente 19 milhões de brasileiros entre 15 e 19 anos, ou seja, mais da metade do total de jovens do país (34 milhões). Desses, 6,5 milhões não trabalham nem estudam, o que representa 1 a cada 5 jovens. No recorte 15 a 17 anos, apenas metade está no Ensino Médio. 4 milhões de jovens saem da escola sem completar o Ensino Fundamental. (Fonte: Trecho retirado de http://aprendiz.uol.com.br/ content/cujubruduh.mmp)

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Texto de apoio: Preconceito influencia desemprego de negros no país O preconceito racial e a baixa escolaridade são os responsáveis pela alta taxa de desempregados negros no país. A pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconomicos (DIEESE), divulgada em 2007 em Porto Alegre, mostra que o desemprego em geral reduz à medida que as pessoas vão atingindo altos níveis de estudo, como o ensino médio completo e o ensino superior. No entanto, mesmo na universidade, existe diferença entre negros e não-negros quanto à possibilidade de emprego e à remuneração. Os negros recebem salários menores em todas as regiões metropolitanas pesquisadas. Salvador, capital da Bahia, concentra a maior diferença: o salário do negro chega a apenas 52,9% do não-negro. Porto Alegre representa a menor diferença, mas mesmo assim o salário médio do negro está em R$ 705,00 e o, dos não-negros, R$ 1.052,00. Essa comparação mostra, segundo o estudo, o preconceito racial existente ainda na sociedade, já que são avaliados grupos com a mesma escolaridade. (Fonte: Trecho retirado de www.reformaagraria.org/node/288) • O papel da mulher na sociedade Texto de apoio: A importância da mulher na sociedade Enfrentando diversas discriminações e adaptações em relação aos “afazeres puramente femininos”, como cuidar de casa e da família, a mulher conseguiu superar suas dificuldades e ainda administrar seu tempo a favor de suas atividades, para que as questões familiares não entrem em conflito com questões profissionais e sociais. A mulher ainda é alvo de grande discriminação por aqueles que ainda acreditam que “lugar de mulher é no fogão” e por isso enfrenta o grande desafio de mostrar que apesar de frágil é ainda forte, ousada e firme na tomada de decisões, quando necessário. A mulher tem marcado as últimas décadas mostrando que competência no trabalho também é um grande marco feminino. Apesar de ser taxada como sexo frágil, a mulher tem se mostrado forte o bastante para encarar os desafios propostos pelo mercado de trabalho com convicção e disposição. A fragilidade da mulher, ou melhor, a sensibilidade da mulher tem grande colaboração nas influências humanas que se tenta propagar na atualidade, pois, como é sabido, o mundo passa por transformações rápidas e desastrosas que precisam de mudanças imediatas. A mulher consegue transmitir a importante e dura tarefa de mudar hábitos com a clareza e a delicadeza necessária para despertar o envolvimento de cada indivíduo e a importância da mudança de cada um. O avanço feminino frente à política e economia ainda mostra a força da mulher em perceber e apontar os problemas tendo sempre boas formas de resolvê-los assim como os indivíduos do sexo masculino, o que evidencia o erro de descriminar e diminuir o sexo feminino privando-o a apenas poucas tarefas (domésticas). A realidade vista pelo crescimento do espaço feminino tem sido percebida pela participação das mesmas em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os demais indivíduos do sexo oposto. (Fonte: Texto de Gabriela Cabral - Equipe Brasil Escola)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Exercite sua redação nos espaços a seguir!

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INTRODUÇÃO MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.

Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Matemática e suas tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.

As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1.Compreender a Matemática como construção humana, relacionando o seu desenvolvimento com a transformação da sociedade.

2.Ampliar formas de raciocínio e processos mentais por meio de indução, dedução, analogia e estimativa, utilizando conceitos e procedimentos matemáticos.

3.Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e reais. 4. Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade- e agir sobre ela. 5. Construir e ampliar noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

6.Construir e ampliar noções de variação de grandeza para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

7. Aplicar expressões analíticas para modelar e resolver problemas, envolvendo variáveis socioeconômicas ou técnico-científicas.

8. Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

9. Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas e cálculos de probabilidade, para interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distribuição estatística.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.

Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo.

Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que possa praticar seu conhecimento.

As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as habilidades trabalhadas em cada assunto.

ÍNDICE Capítulo 1 Matemática em construção?..........................................................................................................................................................................................01 Eliane Matesco Cristovão Capítulo 2 Lógica e argumentação: da prática à matemática................................................................................................................................................14 Eliana Junqueira Barbosa Costa Capítulo 3 Os números que usamos.................................................................................................................................................................................................31 Luzia de Fátima Barbosa Capítulo 4 Geometria plana e espacial ...........................................................................................................................................................................................39 Davi Martinez Rissetti Capítulo 5 Os sistemas de medidas...................................................................................................................................................................................................56 Luzia de Fátima Barbosa Capítulo 6 Grandezas e proporcionalidade: olhando para o cotidiano.............................................................................................................................64 Fernando Luis Pereira Fernandes Capítulo 7 Em (quase) tudo tem relação! ......................................................................................................................................................................................78 Fernando Luis Pereira Fernandes Capítulo 8 Gráficos e tabelas no dia-a-dia ..................................................................................................................................................................................86 Eliane Matesco Cristovão Silvio César Cristovão Capítulo 9 Matemática não-exata? Estudo das possibilidades e chances ......................................................................................................................94 Fernando Luis Pereira Fernandes

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 1 MATEMÁTICA EM CONSTRUÇÃO? COMPREENDER A MATEMÁTICA COMO CONSTRUÇÃO HUMANA, RELACIONANDO O SEU DESENVOLVIMENTO COM A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE. Eliane Matesco Cristovão DO FUNDO DO BAÚ...1 A Matemática, como é ensinada em muitas escolas, parece um amontoado de regras que precisam apenas ser decoradas e aplicadas. Muitas vezes nos perguntamos se quem inventou todas essas regras não tinha o que fazer, não é mesmo? Mas, felizmente, não é bem assim! A Matemática surgiu da necessidade de interpretar a natureza e seus fenômenos. O objetivo deste capítulo é ajudá-lo a compreendê -la como uma construção humana e a entender que seus cálculos e regras surgiram da necessidade do homem de resolver problemas. Muitos fenômenos da natureza só puderam ser interpretados matematicamente após o desenvolvimento de áreas da Matemática que pareciam nem ter relação com tais fenômenos.

Ilustração 1 - Representação antiga das órbitas dos planetas Uma área importante da matemática onde isso ocorreu foi a TRIGONOMETRIA. A origem da trigonometria é incerta. Entretanto, pode-se dizer que o início de seu desenvolvimento se deu principalmente devido aos problemas gerados pela Astronomia, Agrimensura e Navegações, por volta do século IV ou V a.C., com os egípcios e babilônios.

1 Para compor esta seção, foram utilizadas imagens e informações dos sites: http://ecalculo.if.usp.br/historia/historia_trigonometria. htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro http://www.clarku.edu/~djoyce/trig/model.jpg h t t p : / / w w w. p r o f 2 0 0 0 . p t / u s e r s / a m m a / a f 3 3 / t r f 1 / histtrigon.pdf

A palavra trigonometria (do grego trigōnon “triângulo” + metron “medida”) significa medida das partes de um triângulo. Não se sabe ao certo se o conceito da medida de ângulo surgiu com os gregos ou se eles, por contato com a civilização babilônica, adotaram suas frações sexagesimais, ou seja, a divisão em sessenta partes, para representar as partes do ângulo, que é dividido, assim como a hora, em minutos e segundos. Os gregos fizeram um estudo sistemático das relações entre ângulos - ou arcos - numa circunferência e os comprimentos de suas cordas. Os hindus também contribuíram muito para a construção desse conceito! No século IV da nossa era, a Europa Ocidental entrou em crise com as invasões dos bárbaros germânicos e com a queda do Império Romano. O centro da cultura começou a se deslocar para a Índia, que revolucionou a trigonometria com um conjunto de textos denominados Siddhanta, que significa sistemas de Astronomia. O que chegou até nós foi o Surya Siddhanta, que quer dizer Sistemas do Sol e é um texto épico, de aproximadamente 400 d.C, escrito em versos e em sânscrito. A importância do Surya, para nós, é que ele abriu novas perspectivas para a Trigonometria por não seguir o mesmo caminho de Ptolomeu, um grego que relacionava as cordas de um círculo com os ângulos centrais correspondentes.

Ilustração 2 - O “jiva” hindu No Surya, a relação usada era entre a metade da corda e a metade do ângulo central correspondente, chamada por eles de jiva. Isto possibilitou a visão de um triângulo retângulo na circunferência, como na Figura a seguir: Os hindus definiam o jiva como sendo a razão entre o cateto oposto e a hipotenusa. Jiva Ficou confuso, com tantos símbolos? Não se preocupe, vamos aprofundar o estudo da trigonometria no triângulo, mas adiante!

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 3 - Papiro Rhind, Museu de Londres Registros muito antigos sobre o estudo da trigonometria foram encontrados também em papiros. Papiro, do latim papyrusé, é originalmente, uma planta perene, e também o meio físico, precursor do papel, usado para a escrita durante a Antigüidade. Um dos mais famosos papiros que tratavam de matemática é conhecido como Papiro Rhind. O lápis e o papel foram ferramentas de evolução da humanidade, e seu uso chegou a ser criticado, com alegações de que estas ferramentas prejudicariam o desenvolvimento do raciocínio das pessoas. Hoje em dia já não é possível falar em Matemática pensando apenas em ferramentas como o lápis e o papel. Com o avanço da tecnologia, muito do que utilizamos na Matemática pode ser processado por programas de computador. Um programa muito utilizado são as planilhas eletrônicas. Uma planilha eletrônica é um tipo de programa de computador que utiliza tabelas para realização de cálculos ou apresentação de dados. Cada tabela é formada por uma grade composta de linhas e colunas. Existem no mercado diversos aplicativos de planilha eletrônica. Os mais conhecidos são Microsoft Excel, Lotus123 e OpenOffice.org Calc. Veja uma ilustração do Excel:

Ilustração 4 - Interface do Excel Um dos objetivos principais de uma planilha eletrônica é a automação, ou seja, o cálculo automático de seus dados, principalmente de suas operações matemáticas que são chamadas de fórmulas. Na história da humanidade, mesmo antes de se efetuar registros, a busca de soluções para os problemas foi o início da construção do conhecimento matemático. E até hoje, a cada novo desafio, o conhecimento matemático evolui.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS POR FALAR EM DESAFIOS, VAMOS AGORA PENSAR EM UM DELES... Para contextualizar a situação hipotética que vamos propor, leia o artigo a seguir, retirado de um site2 em 20/04/2009 FIAT AUTOMÓVEIS ADQUIRE EQUIPAMENTOS DE PRODUÇÃO NAPRO forneceu e instalou, para linha de produção da FIAT, equipamentos da mais avançada tecnologia para análise de gases, opacidade e comunicação direta com injeção eletrônica. São 19 anos fornecendo equipamentos para linha de produção. Atualmente a produção de veículos na FIAT Brasil é de mais de 3000 veículos por dia, isto significa que diariamente 3000 veículos são testados e diagnosticados pelos equipamentos JET da NAPRO. Estes equipamentos foram especialmente desenvolvidos para suportar o ritmo acelerado de produção onde não pode haver paradas técnicas. A preparação da amostra da parte de análise de gases é de tecnologia super avançada, sendo a mesma utilizada pela NASA na nave ATLANTIS. Jonas trabalha na linha de produção de uma empresa que fabrica peças de automóveis. Ele controla o número de peças de câmbio montadas em seu setor. O câmbio é a peça que permite a mudança de marchas e é composto por várias engrenagens. Em outro setor são produzidas 42 engrenagens por hora, sendo todas destinadas à montagem dos câmbios. Assim, nesse mesmo tempo, para não haver acúmulo de estoque, o setor de Jonas precisa utilizar as 42 engrenagens para montar 7 peças de câmbio. A partir destas informações responda: Supondo que o ritmo seja sempre respeitado para manter a harmonia entre os dois setores, num dia em que o setor de engrenagens produziu 966 peças, quantas peças de câmbio terão sido montadas no setor de Jonas? Para resolver este desafio você utilizará outra idéia muito antiga e importante da matemática: a PROPORCIONALIDADE! ASSIM OU ASSADO?

Ilustração 5 câmbio de automóvel Para resolver este problema, utilizaremos o seguinte raciocínio: o setor de Jonas monta 7 peças enquanto são produzidas 42 engrenagens. Dividindo 42 por 7, obtemos a razão entre o número de engrenagens e o número de peças de câmbio onde elas são encaixadas, ou seja, são 6 engrenagens por peça. Se foram produzidas, em um dia, 966 engrenagens, podemos calcular o número de peças de câmbio dividindo este número por 6. Temos então 966 : 6 = 161 peças de câmbio3. É... o Jonas não pode descuidar da linha de produção... deve ser uma correria! Mas ainda poderíamos utilizar, para resolver este mesmo problema, uma regra prática, bastante útil quando estamos resolvendo problemas de proporcionalidade, chamada de regra de três. Você já deve conhecer esta regra... Mas, vamos recordá-la:

2 http://www.napro.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=139:fiat&catid=76:noticias 3 Imagem retirada de: http://bloglog.globo.com/FCKeditor/UserFiles/Image/cambio.jpg

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Engrenagens

Câmbios

42.x = 966.7 então 42.x = 6762 x =

peças de câmbio.

Se com 42 engrenagens são montados 7 câmbios, com 966 engrenagens, serão montados 161 câmbios. Isso é uma proporção! Mas a Matemática não é utilizada apenas para resolver problemas que envolvem este tipo de proporcionalidade. Vamos retomar nossa discussão sobre a trigonometria para percebermos que há outras formas de pensar proporcionalmente. Além disso, veremos que muitas outras ciências podem relacionar-se com a Matemática. Para explorar este conceito matemático, nada melhor do que nos envolvermos com a interpretação e resolução de problemas, certo? Afinal, eles são a origem de todo conhecimento produzido pela humanidade. Ao estudarmos, é através da resolução de problemas que podemos também ir construindo nosso próprio conhecimento matemático. PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 4 1) Trigonometria. Vamos supor que você queira calcular a altura de um prédio, sem subir nele, é claro! Será que é possível fazer esse cálculo? Sim! É possível, e para isso, precisaremos entender melhor o que é trigonometria, assunto que começamos a tratar na introdução deste capítulo. Vimos que a trigonometria era utilizada pelos egípcios e babilônios para resolver problemas de triângulos. Pois bem, vamos conhecer algumas características de um triângulo especial: o triângulo retângulo. Um triângulo retângulo é aquele que possui um ângulo reto (de 90°). Os lados de um triângulo retângulo recebem nomes especiais. Estes nomes são dados de acordo com a posição em relação ao ângulo reto. O lado oposto ao ângulo reto é a hipotenusa. Os lados que formam o ângulo reto (adjacentes a ele) são os catetos. Termo

Origem da palavra

Cateto

Cathetós: (perpendicular)

Hipotenusa

Hypoteinusa: Hypó(por baixo) + teino(eu estendo)

Para padronizar o estudo da Trigonometria, adotaremos as seguintes notações: Letra

Lado

a

Triângulo

Vértice = Ângulo

Medida

Hipotenusa

A = Ângulo reto  

A=90°

b

Cateto

B = Ângulo agudo

B<90°

c

Cateto

C = Ângulo agudo

C<90°

4 Sites consultados: http://teodolito2a.blogspot.com/2008/09/introduo-teodolito.html http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/trigonom/trigon1/mod114.htm#trig01 http://www.profezequias.net/trigonometria.html http://tutomania.com.br/artigo/tabela-trigonometrica 4

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Os catetos recebem nomes especiais de acordo com a sua posição em relação ao ângulo sob análise. Chamamos de cateto oposto, aquele que está em uma posição oposta ao ângulo, ou seja, não está compondo aquele ângulo. O outro é chamado de cateto adjacente (adjacência = estar próximo, estar encostado) e é aquele que ajuda a compor o ângulo. Sendo assim, o nome oposto ou adjacente, depende do ângulo que vamos considerar. Para facilitar, observe o triângulo ABC da figura a seguir, com  = 90° (reto), e seus ângulos agudos e (Estas são letras gregas, também utilizadas para indicar ângulos, que lemos assim: Alfa e Beta). É importante saber que:

Ilustração 6 - Triângulo retângulo a) Em relação ao ângulo , temos: c é o cateto oposto; b é o cateto adjacente. b) Em relação ao ângulo , temos: b é o cateto oposto; c é o cateto adjacente. No nosso exemplo inicial, se estivermos operando com o ângulo C, então o lado oposto, indicado por c, é o cateto oposto ao ângulo C e o lado adjacente ao ângulo C, indicado por b, é o cateto adjacente ao ângulo C. Ângulo

Lado oposto

Lado adjacente

C

c cateto oposto

b cateto adjacente

B

b cateto oposto

c cateto adjacente

A trigonometria utiliza os valores encontrados quando dividimos dois destes lados dos triângulos. Essa divisão entre os lados é chamada de razão. As razões trigonométricas básicas relacionam as medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos e qualquer que sejam as medidas desses lados, o que determina a razão entre eles é o ângulo. Para comprovar isso, você pode fazer um teste bem simples. Com uma régua, meça os lados do triângulo abaixo, escolha duas de suas medidas e, com auxilio de uma calculadora, calcule o resultado da divisão entre eles.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Registre o valor que você encontrou. Agora, partindo do mesmo desenho, ou seja, sem mudar o ângulo, vamos ampliar os lados:

Ilustração 7 - Triângulo ampliado Meça novamente os mesmos lados que havia escolhido na figura anterior, agora de cada triângulo maior, e calcule o resultado da divisão entre eles. Dá sempre o mesmo resultado, certo? Isso significa que a razão entre os lados, não depende do tamanho do lado e sim da medida do ângulo. As três razões básicas mais importantes da trigonometria são: seno, cosseno e tangente. Elas são obtidas combinando os lados de três formas para dividir. O ângulo é indicado pela letra x. Razão

Notação

seno

sen(x)

cosseno

cos(x)

tangente

tg(x)

Definição medida do cateto oposto a x medida da hipotenusa medida do cateto adjacente a x medida da hipotenusa medida do cateto oposto a x medida do cateto adjacente a x

Como o valor das razões trigonométricas varia de acordo com o ângulo, podemos utilizar uma tabela de valores para resolver problemas como o proposto no início dessa seção. Vamos retomar isso mais adiante.

Ilustração 8 – Teodolito

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Quando falamos de problemas reais como o que foi proposto anteriormente, é necessária a utilização de um instrumento que permita medir o ângulo que vamos precisar. Este instrumento é chamado teodolito. O teodolito, é um instrumento capaz de medir ângulos, muito usado por agrimensores, engenheiros e topógrafos no cálculo de distâncias inacessíveis. Este instrumento ótico mede ângulos horizontais e verticais com suas duas escalas circulares graduadas em graus. Voltemos agora ao problema, acrescentando os detalhes necessários. Para calcular a altura de um prédio, o topógrafo colocou seu teodolito na praça em frente. Ele mediu a distância do prédio ao teodolito com uma trena e encontrou 27 m. Mirando o alto do prédio, ele verificou, na escala do teodolito, que o ângulo formado por essa linha visual com a horizontal é de 58 graus. Se a luneta do teodolito está a 1,7 m do chão, qual é a altura do prédio? Solução: Na figura a seguir,  AB = CD = 1,7 m é a altura do instrumento e CE = (x + 1,7) m é a altura total do prédio, resultante da soma da altura que vamos calcular, referente ao cateto oposto x, com a altura do instrumento.

daria muito trabalho e para facilitar nossa vida, existem as tabelas trigonométricas, que já nos dão o valor das razões para que possamos, a partir delas, calcular as medidas que nos faltam. Aqui temos um fragmento de tabela trigonométrica, que pode ser encontrada em qualquer livro de Matemática do Ensino Médio, ou na internet, se você tiver acesso:

Ilustração 10 - Tabela Podemos observar, pela tabela, que a tangente de 58º vale, aproximadamente, 1,6. E temos que:

Ilustração 9 - esquema Este é o esquema feito após a medição do ângulo de visada do prédio, realizada com o teodolito, cuja luneta está a 1,7m de altura, que estava posicionado no ponto A.. Observe que a medida que queremos saber (x), corresponde ao cateto oposto. Além disso, temos a medida do cateto adjacente, correto? Sendo assim, temos que pensar: qual das razões relaciona estes dois lados do triângulo? É a tangente, certo? Então,utilizamos a tangente de 58º, que é a razão entre seu cateto adjacente (AC) e seu cateto oposto (x). Poderíamos, então, desenhar um triângulo retângulo com um ângulo de 58º e calcular a razão entre seus catetos para utilizar neste problema e descobrir o valor do cateto que falta. Esta seria uma maneira interessante de resolver o problema, comparando as medidas encontradas no nosso desenho com as medidas obtidas pela medição. Mas isso

Resolvendo a equação, pela operação inversa, teremos: x = 1,6 . 27 = 43,2m Para chegarmos a altura total do prédio, basta acrescentar agora a altura do instrumento de medição: 43,2 + 1,7 = 44,9 m de altura Você gostou da idéia de utilizar a trigonometria para medir distâncias inacessíveis? Mas ter um teodolito como o dos agrimensores é difícil, não é mesmo? Que tal construir um teodolito caseiro? É possível construir um teodolito com materiais bem simples como uma placa de madeira, um pote de plástico redondo, xerox de um transferidor, um canudo ou haste de antena, um pedaço de arame, cola e fita adesiva:

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Ilustração 11 - Imagens de um teodolito caseiro O xerox do transferidor será colado na madeira. Sobre ele, colamos a tampa do pote. Sobre o pote, colamos com a fita adesiva o canudo ou haste e, na lateral desse pote, fazemos dois furinhos para que o pedaço de arame possa atravessá-lo, passando pelo centro. Esse arame ajudará a girar o pote. Ao ser encaixado na tampa, o pote poderá girar, permitindo que você meça o ângulo de visada.

Ilustração 12 – Medição Na horizontal ou na vertical, basta alinhar a indicação 0° do transferidor com um dos pontos do objeto que você quer e girar a mira até avistar o outro ponto. O ponteiro indicará de quantos graus é a variação. Com um teodolito como este, você pode medir a altura de qualquer objeto e até mesmo a largura de um rio, sem atravessá-lo! Achou interessante essa idéia de medir a largura do rio sem atravessá-lo? Essa é uma situação que pode acontecer com você? Vamos ver como fazer isso. 2) Trigonometria. Suponha que você está localizado em um ponto, na margem do rio, representado por B, na figura5 a seguir. Coloque uma estaca nesse ponto. Na outra margem, localize um ponto de observação, como uma pedra, ou uma árvore. Em seguida, ande na margem do rio, formando um ângulo de 90º com a linha imaginária que ligava você e o ponto de observação, do outro lado do rio. Escolha um lugar para parar, coloque outra estaca e meça a distância que você andou. Nessa segunda estaca, apóie o teodolito, agora posicionado na horizontal, aponte a marca de zero grau para o ponto onde você colocou a primeira estaca e depois o gire até avistar o ponto de observação, que está do outro lado do rio. Pronto, você tem um ângulo e a medida de um lado. Basta calcular a largura do rio!

5 Adaptada de: http://www.prof2000.pt/users/amma/recursos_materiais/rec/7_ano/testes/04-05/P7D4_0405_ficheiros/image017.jpg 8

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Ilustração 13 - Largura do rio Suponhamos que a medida encontrada de B até C tenha sido de 40 metros. E que o ângulo seja de 30º. Novamente podemos usar a tangente, pois queremos saber a largura do rio, que corresponde ao cateto oposto ao ângulo e sabemos a distância percorrida na margem do rio, que corresponde ao outro cateto. Sendo assim temos:

Voltando à tabela trigonométrica, podemos observar que tg de 30º = 0,577. Vamos representar a largura do rio por x.

Resolvendo a equação, pela operação inversa, teremos: x = 40 . 0,577 = 23,08 m. Essa é a largura do rio! Interessante esta aplicação da trigonometria, não é mesmo? Agora você pode ajudar um amigo, ou um parente, se algum deles precisar dessa informação! 3) Proporcionalidade. Voltado ao assunto inicial do texto, a proporcionalidade, vamos analisar uma situação em que saber proporção nos ajuda a tomar decisões economicamente melhores. Você já deve ter reparado que um mesmo produto varia de preço, de acordo com a capacidade da embalagem. Como você decide qual a melhor opção de compra? Será que basta comprar o mais barato? Você deve saber que não! Quando compra refrigerante, por exemplo, você já fez a conta de quanto custa cada ml de uma latinha e de uma garrafa de dois litros, do mesmo refrigerante? Para fazer essa conta basta dividir o preço pela quantidade de ml de cada embalagem. Assim você estará calculando a razão entre o preço e volume, que corresponde, nesse caso, ao valor cobrado por ml. Tomemos como exemplo a coca-cola, um dos refrigerantes mais consumidos no país. Uma garrafa de dois litros (2000 ml) custa, em média, R$ 2,89. Portanto, você estará pagando R$ 0,000445 por ml. Já a latinha, de 350 ml, não sai por menos de R$ 1,15. Calculando a razão entre o preço e o volume, descobriremos que cada ml custa: R$ 0,0042857. Olhando assim, parece quase igual, mas repare que no custo da garrafa as casas decimais possuem um zero a mais, isso significa que o preço do ml, na latinha é muito maior! Para comprovar isso, façamos um caminho inverso. Vamos multiplicar o preço de cada ml do refrigerante em lata por 2000, e veremos quanto custariam dois litros desse refrigerante: 0,0042857 . 2000 = 8,57 Isso mesmo! R$ 8,57 por dois litros de refrigerante, se você comprar este refrigerante em latas de 350 ml... Parece absurdo, mas é a lei do mercado: vende-se mais barato o produto na embalagem maior, pois esta forma está economizando embalagem! Com certeza a embalagem de 2 litros é bem mais vantajosa. Mas será que esta embalagem é sempre a melhor opção? E se você for almoçar sozinho? Pense nisso!!!

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S6 Muitas outras ciências como a Física, a Química e a Biologia, entre outras, fazem uso de conceitos matemáticos. O conceito de trigonometria, por exemplo, que surgiu pela necessidade de resolver problemas relativos ao estudo dos triângulos, passouaserestudadodeformamaisamplapararepresentarfenômenosperiódicos.Nanaturezaháumainfinidadedefenômenosfísicos ditosperiódicos,ouseja,sãofenômenosqueserepetemsemalteraçãoalgumacadavezqueocorreemumtempodeterminado(período). Como exemplo podemos usar os movimentos das marés, da radiação eletromagnética, da luz solar e dos pêndulos, todos esses fenômenos são periódicos. Pense, por exemplo, na variação do tamanho da sua sombra, ao longo de um dia. Se pensarmos em uma semana, o que vai acontecer? Essa variação vai se repetir, sete vezes, certo? Isso é outro exemplo de fenômeno periódico e pode ser representado por um gráfico. Tente imaginar como seria... Um fenômeno periódico, aplicado à biologia, é o ciclo menstrual feminino. Analise o gráfico a seguir e você perceberá que este fenômeno mensal, pode ser representado matematicamente:

Ilustração 14 - Ciclo Menstrual As diversas fases são determinadas pela quantidade de vários hormônios no corpo. A figura ao lado mostra os níveis dos hormônios estrógeno e progesterona durante os ciclos. Note que o nível dos hormônios em função do tempo é periódico, ou seja, a cada 28 dias, reinicia-se o ciclo de variação dos hormônios. Em nosso dia-a-dia, podemos usar essa idéia de fenômenos cíclicos para prever situações futuras. No caso do ciclo menstrual, por exemplo, é possível prevenir uma gravidez, usando um método complementar à camisinha, que pode furar! Se a mulher observar o dia em que se iniciou a sua menstruação, ela saberá que no 14º dia, após esta data, está em seu período fértil, a ovulação, portanto, três dias antes desta data e três dias depois, o risco de uma gravidez é bem maior. Para saber mais sobre isso, basta procurar um médico e conversar sobre o assunto! AGORA É A SUA VEZ... Atividade 17 Se um fenômeno é sabidamente periódico, podemos prever com relativa facilidade o que ocorre em momentos não observados. O gráfico ao lado mostra a temperatura de um congelador que não é aberto.

Ilustração 15 - Ciclo de temperaturaDescubra o período (de quanto em quanto tempo começa a repetir).

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Sites consultados para esta seção: http://www.ensinomedio.impa.br/materiais/tep/cap4.pdf Adaptada de: http://www.vanzolini-ead.org.br/pecem/mat/index_m1s1.htm

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Em seguida responda: Qual é, aproximadamente, a temperatura às 12h e 30 min? a.( ) -19º b.( ) -16 º c.( ) -21º Para responder as próximas questões, utilize a tabela trigonométrica apresentada anteriormente neste mesmo capítulo.

Ilustração 16 – Esquema Atividade 2) Uma escada de 10m toca em um muro num ponto a 5m do solo. Determine o ângulo x que a escada forma com o solo.

Ilustração 17 - Representação do Problema Atividade 3) Uma torre vertical, construída sobre um plano horizontal, tem 65 metros de altura. Três cabos de aço, esticados, ligam o topo da torre até o plano, formando com o mesmo, um angulo de 60°, como representamos na foto ao lado8. Qual é o comprimento de cada cabo?

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Imagem retirada de:http://www.geocities.com/augusto_areal/aerea_vertical.jpg 11

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 4) (Adaptado de ENCCEJA-EM) Desejando saber qual a altura do morro que tinha à sua frente, um topógrafo colocou-se com seu teodolito a 200m do morro. Ele sabe que a altura do teodolito é de 1,60m. Posiciona o aparelho que lhe fornece a medida do ângulo de visada de parte do morro: 30°. Calcule essa medida!

Ilustração 18 – esquema atividade 4 HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... 1) A alternativa correta é b. Como o período é de aproximadamente 25 minutos, a temperatura às 12h30 é a mesma que às 12h55, que por sua vez é a mesma que às 13h20, ou seja, -16º. 2) Fazendo o desenho da escada e do muro, teremos a seguinte situação:

Repare que a escada é a hipotenusa e que o muro representa o cateto oposto ao ângulo que nos interessa. Sendo assim, podemos utilizar o seno, que é a razão entre o cateto oposto e a hipotenusa:

então temos: Observando a tabela trigonométrica veremos que 30º é o ângulo cujo valor do seno é 0,5. Portanto, o ângulo que a escada forma com o solo é de 30º. Portanto, o ângulo que a escada forma com o solo é de 30º.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 3) Novamente temos um problema envolvendo a hipotenusa e o cateto oposto, certo? Repare que o cabo é a hipotenusa e que a torre representa o cateto oposto ao ângulo dado. Sendo assim, temos:

então:

Observando a tabela trigonométrica veremos que o seno de 60º vale aproximadamente 0,87. Portanto, temos:

4) Consultando a tabela trigonométrica podemos verificar que tg 30° = 0,57. Assim, no triângulo TPM temos:

O que nos permite calcular h = 200 x 0,57 = 114 Sendo assim, podemos concluir que o morro tem: 114 + 1,60 = 115,60 m de altura. PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:  H1 - Identificar e interpretar, a partir da leitura de textos apropriados, diferentes registros do conhecimento matemático ao longo do tempo. H2 - Reconhecer a contribuição da Matemática na compreensão e análise de fenômenos naturais, e da produção tecnológica, ao longo da história. H3 - Identificar o recurso matemático utilizado pelo homem, ao longo da história, para enfrentar e resolver problemas. H4 - Identificar a Matemática como importante recurso para a construção de argumentação. H5 - Reconhecer, pela leitura de textos apropriados, a importância da Matemática na elaboração de proposta de intervenção solidária na realidade. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 2 LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO: DA PRÁTICA À MATEMÁTICA AMPLIAR FORMAS DE RACIOCÍNIO E PROCESSOS MENTAIS POR MEIO DE INDUÇÃO, DEDUÇÃO, ANALOGIA E ESTIMATIVA, UTILIZANDO CONCEITOS E PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS. Eliana Junqueira Barbosa Costa DO FUNDO DO BAÚ ... E o homem começou a pensar ... Queria saber e, principalmente, o saber. Assim, ele passou a observar o desconhecido que o cercava: buscava solução para perguntas para as quais os seus conhecimentos ainda não tinham respostas. Desta forma, pela observação do universo que o cercava e que sentia, o homem começou a raciocinar e a tirar as suas conclusões em função daquilo que já conhecia. A partir de suas próprias observações, o homem deduzia e criava as suas suposições ou hipóteses sobre determinado fato e, no caso de repetição desse acontecimento, acreditava ser uma verdade. Algumas crenças que o homem criou passaram a ser para ele uma verdade, porque eram comprovadas pela experiência. E esta verdade tornava-se, então, o conhecimento sobre aquele assunto. E o pensamento humano evoluía, a partir dos novos conhecimentos. E, cada vez mais, as necessidades humanas exigiam novas formas de pensar. Pensemos. A globalização dos conhecimentos, os avanços da tecnologia e das ciências têm provocado, no cotidiano das sociedades e das atividades humanas, constantes transformações. E o que este contexto vem a exigir do ser humano? Muito simples: um raciocínio lógico e ágil. No nosso dia a dia, mesmo sem perceber, estamos raciocinando a todo instante. Quando atravessamos uma rua, ou lemos uma notícia no jornal ou assistimos aos noticiários pela televisão, e, até mesmo, em discussões informais com familiares e amigos, estamos permanentemente “ligados” em atos de pensar, refletir e argumentar. “E os números governam o mundo”, raciocinou Platão, filósofo grego que viveu no período de 428 a 348 a.C.

Ilustração 19 Observe bem a “tira”. Em que a Matemática poderia ajudar o Guarani a se livrar do rebaixamento, segundo o pensamento do Bobrinha? Qual o raciocínio poderia ser utilizado? Pensemos. O Campeonato Paulista de Futebol de 2009 foi disputado por 20 times, e cada time deveria jogar 19 partidas. O Guarani já disputara 18 partidas e perdera 12, ficando com 36 pontos perdidos. Os outros 4 times que estavam na mesma situação para o descenso – rebaixamento para a 2ª divisão – também já tinham disputado 18 partidas, tendo perdido 10 partidas e empatado 5, ficando com 35 pontos perdidos. Como para todos faltava disputar 1 partida, o Guarani tinha que torcer para que acontecesse uma série de combinação de resultados, em que várias eram as possibilidades. E, ao Guarani somente restava agarrar-se a números, suar muito a camisa e torcer. E o que a Matemática tinha a ver com tudo isto? Para saber como e por que somente a Matemática poderia salvar o Guarani do descenso, a resposta está no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”. Lá, você também vai conferir se o Guarani escapou do descenso no Campeonato Paulista de Futebol de 2009.

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Extraído do Correio Popular, Caderno C, de 03.04.09.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS O ser humano convive diariamente com a Matemática. Em grande parte, vivemos a Matemática de forma didática, para adquirirmos conhecimentos, mas, na maioria das vezes, a Matemática aparece de forma imperceptível. Analise o problema abaixo e veja o que você responderia. Théo comprou um saquinho com bolinhas de gude, 18 azuis e 18 verdes. Quantas bolinhas, no mínimo, Théo deve retirar do saquinho para ter certeza de que pelo menos duas sejam da mesma cor? a) 35 b) 18 c) 3 d) 19 e) 8 Chegamos à resposta desta questão por puro raciocínio lógico. Vejamos: ao retirar a primeira bolinha, ela pode ser de qualquer cor. A segunda bolinha poderá ser da mesma cor ou de uma cor diferente. Mas a terceira será, obrigatoriamente, da cor de uma das bolinhas retiradas anteriormente. Portanto, Théo deverá retirar, no mínimo, 3 bolinhas. A necessidade de criar, transformar, inovar, é desejo natural do ser humano. Para isto, somos obrigados a raciocinar, seja pela intuição, pela indução, pela dedução, pela analogia, pela estimativa, dentre outras formas de pensar da mente humana. Essas formas de raciocínio serão detalhadas ainda neste Capítulo. Alguém já deve lhe ter perguntado: “Mas isto é logicamente correto?” “Você tem argumentos lógicos que comprovem o que você está dizendo?” E qual foi a sua reação? Espanto? Descontentamento? Raiva, por estar sendo questionado? E, diante dessa situação, você apresentou razões, provas ou fatos que comprovassem que aquilo que você estava expondo era verdade? Agora, se você respondeu à pergunta de forma correta – dita “com pé e cabeça” –, você sabia que estava apresentando uma argumentação com lógica? Mas o que seria a lógica? Pensemos da seguinte forma: a lógica pode ser definida como um instrumento do raciocínio, ou seja, um processo de organização do raciocínio que nos possibilita aplicar métodos e procedimentos para distinguir os argumentos válidos dos não válidos. Analise a seguinte situação: uma família está reunida para a ceia de Natal. Na sala, encontram-se 13 pessoas. Das afirmações abaixo, qual é a necessariamente verdadeira? a) Pelo menos uma das pessoas tem menos de 20 anos. b) Pelo menos duas pessoas fazem aniversário no mesmo mês. c) Pelo menos uma pessoa nasceu num dia ímpar. d) Pelo menos uma pessoa nasceu em julho ou agosto.

Pense: o ano tem 12 meses. Se há 13 pessoas reunidas para a ceia, então com certeza pelo menos duas nasceram no mesmo mês. Portanto, a resposta é a alternativa “b”. E o raciocínio, o que seria? Inúmeras são as definições existentes, mas podemos defini-lo como uma ferramenta do pensamento, com a qual as idéias são trabalhadas e organizadas a partir de uma lógica, para que seja possível alcançar uma conclusão. Assim funciona o raciocínio: um início, um desenvolvimento e uma conclusão. O início pode ser uma questão, da seguinte forma: Qual dos números não pertence à série seguinte? 1 – 2 – 5 – 10 – 13 – 26 – 29 – 48 Agora, no desenvolvimento, tente encontrar o número que não pertence à série acima, antes de olhar a resolução. Vamos juntos. A lei de formação da sequência segue o seguinte raciocínio lógico: 1. os números de ordem par – o segundo, o quarto, o sexto e o oitavo – são o dobro do seu antecessor. Veja: o dobro de 1 é 2, o dobro de 5 é 10, o dobro de 13 é 26 e o dobro de 29 é 58; 2. os números de ordem ímpar – (o terceiro, o quinto e o sétimo) – são o seu antecessor mais 3. Veja: 2 + 3 = 5; 10 + 3 = 13, e 26 + 3 = 29. Portanto, o número 48 não pertence à sequência – conclusão. O raciocínio está ligado diretamente ao pensamento e aos nossos cinco sentidos – audição, olfato, paladar, tato e visão –, que constituem a nossa ligação com o mundo que nos cerca. Além dos cinco sentidos, o raciocínio está também intimamente ligado a um outro sentido: o inexplicável “sexto sentido”. Mas, “sexto sentido”, o que seria? Uma definição simples seria aquela intuição, premonição ou simplesmente uma sabedoria interior, cuja origem é indecifrável. A intuição tem a sua importância, mas é necessário que ela tenha uma fundamentação, pois, do contrário, ela pode nos levar a conclusões equivocadas. A intuição, portanto, não pode ser colocada, unicamente, como uma verdade “verdadeira”, pois ela é baseada em hipóteses, que exigem uma comprovação, uma fundamentação convincente: a argumentação. E o que seria a argumentação? A argumentação pode ser definida como os conceitos e conhecimentos que se têm sobre uma situação ou fato em análise e que possam comprovar a verdade das hipóteses. Ao se concluir que as hipóteses são verdadeiras, chega-se, então, a uma conclusão correta e que convence. E diante dos problemas, como o homem utiliza o seu raciocínio? Vejamos: abra um jornal ou uma revista. Gráficos, números, porcentagens, tabelas, estimativas, enchem-nos de informações, cuja leitura exige um conhecimento matemático e um domínio, por mínimo que seja, da linguagem matemática. E como a Matemática nos auxilia na resolução de problemas?

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS No contexto em que atualmente vivemos, todas as áreas da atividade humana buscam na Matemática a fonte para a resolução de seus mais difíceis problemas. Mas para a solução de tantas questões, o ser humano tem que possuir conhecimentos e habilidades para que possa pensar, raciocinar e agir matematicamente. Aqui, aparece a face investigativa da Matemática. Ao se defrontar com uma situação-problema, o homem coloca o seu raciocínio “a trabalhar” e busca estruturar uma sequência de ações que lhe permitam compreender a questão. Compreendida a questão, o homem avalia os seus conhecimentos sobre o assunto, elabora um conjunto de possíveis soluções, adota aquela solução por ele julgada como a correta para resolver o problema, e, finalmente, observa se os resultados esperados foram alcançados. E se você estivesse diante de uma situação-problema como a citada a seguir, como você a resolveria? O Departamento de Trânsito de uma cidade deverá adquirir semáforos para instalar nos cruzamentos de suas avenidas. Qual é a maior quantidade de aparelhos que o departamento deverá adquirir para os cruzamentos, em pontos diferentes, de cinco avenidas? Lembre-se de que o cruzamento é o ponto de intersecção onde as avenidas se cruzam. ASSIM OU ASSADO Em Matemática, utilizam-se modelos para a solução de muitas situações-problema. Na questão sobre os semáforos, você utilizou algum modelo? Pense que um modelo pode ser uma tentativa de solução por manuseio de objetos que possam representar a situação. Para o problema acima, tente com lápis, canudos, palitos etc., antes de ver a resolução. Resolução Vamos por partes: a quantidade necessária de semáforos no cruzamento de duas avenidas é 1.

Ilustração 2

No cruzamento de três avenidas, a quantidade necessária de semáforos é 3.

Ilustração 3 No cruzamento de quatro avenidas, a quantidade necessária de semáforos é 6.

Ilustração 4 Finalmente, como resolução do problema, no cruzamento de cinco avenidas, a quantidade necessária de semáforos é 10.

Ilustração 5 Com o exposto acima, você conseguiu visualizar alguma relação entre o número de avenidas e o número máximo de semáforos para os cruzamentos existentes na cidade? Agora, você, como técnico do Departamento de Trânsito daquela cidade, deverá apresentar um estudo para a instalação de semáforos no cruzamento de dez avenidas.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Com os dados acima, complete a tabela abaixo. Número de avenidas

2

3

4

5

Número de semáforos

1

3

6

10

6

7

8

9

10

Veja a solução no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”. PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES ... RESOLVIDOS! UFA! ... 1) Analisemos a afirmação: todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma dos dois ângulos internos situados no lado oposto a ele. A afirmação é verdadeira? Vamos lá. Partindo das hipóteses de que ABC é um triângulo e α é um ângulo externo, devemos provar a tese de que . Observe que uma letra maiúscula com um acento circunflexo indica um ângulo. Assim, α é igual à soma do ângulo A com o ângulo B.

Ilustração 6 Sabemos que: a) a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180º:

= 180º.

b) a soma de um ângulo externo com o seu ângulo interno é 180º: α +

= 180º.

Das igualdades acima vem: α+

=

Agora, vamos transportar, do primeiro membro para o segundo membro da equação, o inversa da adição: a subtração.

, que vai com a operação

α= Pelo método do cancelamento, Logo α =

.

. c.q.d.

O problema apresentado acima é um teorema, que podemos definir como um enunciado que, para ser admitido ou ser aceito como verdadeiro, necessita de demonstração. Essa demonstração, em Matemática, é uma maneira de argumentar, processo em que partimos de hipóteses para chegarmos a uma tese, a qual nada mais é que o teorema proposto. A expressão c.q.d. significa “como queríamos demonstrar” e é utilizada nos finais de uma demonstração, como forma de comprovar que os argumentos utilizados são válidos. 2) Um paisagista foi contratado para fazer o jardim de uma residência. O jardim deverá ter a forma de um triângulo. O proprietário exige que o jardim seja gramado no meio e que folhagens sejam plantadas ao longo de duas laterais do gramado.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS O paisagista realizou a medição do jardim e chegou às medidas representadas no desenho abaixo. Quais deverão ser, então, as medidas dos ângulos externos das áreas onde serão plantadas as folhagens?

Ilustração 7 Resolução

Ilustração 8 Então, temos: A soma do ângulo externo 2x com o ângulo interno adjacente 2x +

= 180º

= 180º - 2x Pelo teorema do ângulo externo, vem: 2x – 40º = x + 5º + 180º - 2x 2x – x + 2x = 40º + 5º + 180º 3x = 225º x= x = 75º. Logo, como os ângulos externos são 2x e 2x – 40º, temos: 2x = 2 . 75º = 150º e 2x – 40º = 2 . 75º - 40º = 150º - 40º = 110º Portanto, o ângulo da direita terá 150º e o da esquerda, 110º. Vamos verificar o nosso raciocínio lógico.

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é igual a 180º.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 3) Na sequência abaixo, há uma certa “regra” para se chegar a uma conclusão. Tente encontrá-la, para chegar à conclusão de quantos losangos terá a sétima figura.

Ilustração 9 Resolução Na primeira figura, temos 5 losangos; na segunda, 9 losangos, e, na terceira, 13 losangos. A “regra” é: há um acréscimo de 1 losango em cada extremidade da figura, isto é, a cada figura, há um acréscimo de 4 losangos. Portanto, a quarta figura terá 17 losangos; a quinta, 21 losangos; a sexta, 25, e, finalmente, a sétima terá 29 losangos. 4) Pedro saiu de casa e fez compras em quatro lojas, cada uma num bairro diferente. Em cada uma gastou a metade do que possuía e, ao sair de cada uma das lojas pagou R$2,00 de estacionamento. Se no final ainda tinha R$8,00, que quantia tinha Pedro ao sair de casa? a) b) c) d)

R$ 220,00 R$ 204,00 R$ 196,00 R$ 188,00

Qual o raciocínio que você utilizaria para resolver essa questão? Você resolveria a partir das alternativas? É um caminho. Mas, vamos raciocinar de outra forma. Vamos pensar: que tal iniciarmos a resolução do fim para o começo? Da seguinte maneira: . 4ª loja: R$8,00 que sobraram, mais R$2,00 do estacionamento = R$ 10,00, que é a metade do que foi gasto na 3ª loja. . 3ª loja: R$10,00 vezes 2 = R$20,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$22,00, que é a metade do que foi gasto na 2ª loja. . 2ª loja: R$22,00 vezes 2 = R$44,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$46,00, que é a metade do que foi gasto na 1ª loja. . 1ª loja: R$46,00 vezes 2 = R$92,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$94,00, que é a metade do que Pedro tinha. Finalmente, R$94,00 vezes 2 = R$188,00, que é a quantia que Pedro tinha ao sair de casa. Portanto, a alternativa correta é a letra “d”. Outra forma de resolução: Pedro tinha x reais. e mais R$2,00 de estacionamento, então gastou . 1ª loja: se Pedro tinha x reais, gastou metade do que tinha no total

.

. 2ª loja: gastou metade de

. 3ª loja: gastou metade de

mais R$2,00 de estacionamento. Ficou com

. 4ª loja: gastou metade de

mais R$2,00 de estacionamento.

Ficou com Como sobraram R$8,00, vem:

.

mais R$2,00 de estacionamento. Ficou com

.

. .

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Logo, Pedro tinha R$188,00 ao sair de casa. Qual das formas acima você achou mais fácil? Utilizando o raciocínio lógico ou resolvendo algebricamente? Você teria outra forma de resolver essa questão? Tente. 5) Duas secretárias devem endereçar 720 correspondências cada uma. A primeira é mais rápida e endereça 18 envelopes a cada 5 minutos. A segunda endereça 12 envelopes a cada 5 minutos. Após a primeira secretária acabar a sua tarefa, quantas horas a segunda secretária ainda deve trabalhar para concluir o trabalho? a) b) c) 2 h

d) e) 5 h Resolução Como é pedido o tempo em horas, uma forma de re-

solução seria calcularmos a quantidade de envelopes que

as secretárias conseguem endereçar por minuto. Assim, a primeira secretária endereça 18 envelopes divididos por 5

minutos = 3,6 envelopes por minuto. Então, para endereçar 720 envelopes, ela gastará 720 : 3,6 = 200 minutos.

Seguindo o mesmo raciocínio, a segunda secretária

endereça 12 envelopes divididos por 5 minutos = 2,4 envelopes por minuto. Dessa forma, para endereçar 720 envelopes, ela gastará 720 : 2,4 = 300 minutos.

No momento em que a primeira secretária acaba a sua tarefa, a diferença para a segunda é de 100 minutos, ou seja, 300 minutos menos 200 minutos = 100 minutos. Assim, 100

minutos é igual a 1 hora e 40 minutos. Como a hora tem 60 minutos, dividimos esses minutos em três partes de 20 minutos, ou seja, cada 20 minutos representam Logo, 40 minutos representam

da hora. Portanto,

1 hora e 40 minutos corresponde a 1 hora e Assim, a resposta é a alternativa “b”.

20

da hora.

da hora.

COLOCANDO OS PINGOS NOS IS Vamos recordar: em qualquer tipo de situação que nos exija um raciocínio lógico, para alcançarmos uma conclusão utilizamos, mesmo sem perceber, a indução, a dedução, a analogia, a estimativa, dentre outras formas de raciocínio. Raciocínio e premissa Para utilizarmos o raciocínio por indução e dedução, é necessário que saibamos o significado de premissa: premissa é um fato, um conceito ou uma expressão que servirá de base para se chegar a uma conclusão. Exemplo: Todo homem é mortal. (premissa maior) Luís é homem. (premissa menor) Logo, Luís é mortal. (conclusão) Raciocínio por indução O raciocínio por indução possibilita alcançar uma conclusão sobre determinado fato ou assunto, partindo, sempre, do particular para o geral. A premissa da indução consiste na percepção de que fenômenos similares repetidos ocorrerão sempre da mesma forma. As conclusões alcançadas pelo método da indução permitem uma certeza pela evidência, principalmente quando o número de acontecimentos semelhantes é significativo. Exemplo: Eu torço pelo São Paulo. Meu irmão torce pelo São Paulo. Meu vizinho torce pelo São Paulo. Logo, todo mundo torce pelo São Paulo. Neste exemplo, não temos um número significativo de ocorrências. Consideramos apenas três observações, o que não nos leva a uma conclusão confiável. Vamos a outra indução que parte de premissas verdadeiras e resulta em uma conclusão falsa. O número 17 é primo. Logo, todo número ímpar, de dois algarismos, é primo. Portanto, 27 também é um número primo. Lembre-se de que número primo é todo número que pode ser dividido somente por ele mesmo e por 1. Desta forma, embora 27 seja um número ímpar e com dois algarismos, ele não é um número primo, pois, além de ser divisível por 1 e por 27, ele também é divisível por 3 e por 9. Concluímos, portanto, que, embora as premissas sejam verdadeiras, a conclusão de que o número 27 é primo é falsa. Raciocínio por dedução O raciocínio por dedução consiste, a partir de premissas que constituem uma verdade, em se chegar a uma nova conclusão também verdadeira, como aceitação de que as premissas são verdadeiras. O raciocínio por dedução permite uma conclusão sobre determinado fato ou assunto, partindo, sempre, do geral para o particular.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Por exemplo, todo número ímpar pode ser escrito da forma 2n + 1, para qualquer n inteiro: 21 é um número ímpar Logo, o número 21 pode ser escrito como 2n + 1, se n for igual a 10, ou seja, 2 x 10 + 1 = 21 Veja outro exemplo: Todo homem é mortal. João é homem. Logo, João é mortal. Raciocínio por analogia O raciocínio por analogia consiste numa comparação entre duas relações, isto é, transportar uma situação já conhecida para uma nova situação, como no exemplo abaixo. Leia a seguinte adaptação de uma lenda indiana: cinco homens cegos encontram um elefante. Como eles jamais tinham visto um, começaram a apalpá-lo, buscando entender e descrever esse novo fenômeno. O primeiro homem agarrou a tromba e conclui: é uma cobra. O segundo examina uma das pernas do elefante e descreve: é uma árvore. O terceiro descobre a cauda do elefante e anuncia: é uma corda. O quarto sentiu a presa e disse que era uma lança. E o quinto homem cego, depois de descobrir a lateral do elefante, conclui que é, depois de tudo, uma parede. Em um raciocínio por analogia sobre determinado fato, as pessoas procuram relacionar as características desse fato com as características de outra situação que lhes é conhecida ou que tenham experimentado. É um campo de comparações, em que a compreensão do novo fato leva a um novo conhecimento, que pode ser verdadeiro ou não. Um outro exemplo de raciocinar por analogia é o caso de um brasileiro, descendente de japoneses, que pretende imigrar para o Japão, pois entende que, como outros descendentes foram bem-sucedidos naquele país, pelas mesmas razões ele também terá sucesso. E será que ele terá o mesmo sucesso? Raciocine: 10 vezes 10 é igual a 100. Então, quanto é R$10,00 vezes R$10,00? Por analogia ... Conseguiu? Não? Você está certo, pois não é possível multiplicar dinheiro por dinheiro. A operação R$10,00 vezes R$10,00 é impossível, pois não saberíamos quantas vezes multiplicar a quantia de R$10,00. Um valor monetário somente pode ser multiplicado por um número real. Em uma comparação entre essas três formas de raciocínio, podemos perceber que, na dedução, a conclusão alcançada é a confirmação do que está contido nas premissas, isto é, se as premissas constituem uma verdade, a conclusão sempre será verdadeira; na indução e na analogia, nem sempre – isto é, provavelmente – a verdade contida nas premissas leva a uma conclusão que também seja verdadeira. Não se esqueça: a validação de um raciocínio passa, necessariamente, pela confirmação de sua veracidade ou de seu acerto. Lembre-se: o raciocínio lógico está diretamente ligado ao pensar matemático.

Raciocínio por estimativa O raciocínio por estimativa é utilizado em situações nas quais não é exigido um resultado exato, ou seja, quando trabalhar com um valor aproximado é suficiente para aquilo que desejamos. Por exemplo, quando queremos saber a medida de um objeto, seja a largura, o comprimento ou a altura, e não queremos medi-lo diretamente, estimamos o seu comprimento. Quando queremos achar o resultado de uma operação aritmética, sem realizá-la, chegamos a um resultado aproximado. Em nosso cotidiano, como uma grande parte das informações numéricas que recebemos não está precisamente exata, as decisões devem ser tomadas com base em valores aproximados. O raciocínio por estimativa é, portanto, a capacidade de, mentalmente e com rapidez, efetuar cálculos com valores aproximados e decidir se o resultado obtido tem precisão suficiente para o objetivo pretendido. Em vários ramos de atividades, profissionais utilizam medidas e processos de estimativa para o seu trabalho, por exemplo, costureiras, pedreiros, marceneiros, dentre outros. No raciocínio por estimativa, o saber e os conceitos matemáticos são fundamentais para dar validade aos resultados alcançados. Agora, resolva a questão a seguir, com base em um raciocínio por estimativa. Um veículo percorre uma distância de 120 km em uma hora. Qual o tempo aproximado que ele gastará para percorrer uma distância de 180 km? Vamos lá. Qual a sua estimativa de tempo? Mais ou menos, do que 1 hora e 40 minutos? Antes de ver a resolução, escreva o tempo que você estimou. Lembre-se de que é um cálculo por estimativa. Agora, vamos conferir a sua estimativa, utilizando a regra de três: 1 hora = 60 minutos. Então: 120 km ― 60 minutos 180 km ― x minutos. Portanto, 90 : 60 = 1 hora e 30 minutos. Veja esta situação: sempre vemos em noticiários ou artigos a informação: “o público presente ao evento é estimado em 30.000 pessoas”. Ora, como os profissionais da imprensa chegam a essa conclusão? Vamos raciocinar: esses profissionais sabem, de antemão, que a área ocupada pela multidão é de, aproximadamente, 120.000 metros quadrados, e que cada metro quadrado pode comportar até quatro pessoas. Com essas informações, eles realizam uma simples operação de divisão de 120.000 metros quadrados por 4 pessoas, que dá uma estimativa de 30.000 pessoas. Entendeu?

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Uma outra forma de raciocínio está ligada aos diagramas, que são representações em que cada conjunto é definido pela região limitada por uma linha fechada. Essas representações são conhecidas como diagramas de Venn, ou de Venn-Euler – pronuncia-se “ven-óiler”. John Venn foi um filósofo e matemático britânico que viveu de 1834 a 1883. Essas representações são circunferências entrelaçadas, de acordo com o número de conjuntos analisados. A parte comum entre os conjuntos denomina-se intersecção, na qual aparecem os elementos comuns a todos os conjuntos. Veja os exemplos a seguir. 1) Uma editora estuda a possibilidade de relançar o primeiro número das revistas em quadrinhos Homem-Aranha, Superman e Mandrake. Para isto, efetuou uma pesquisa de mercado e concluiu que, em cada 1000 pessoas consultadas, 600 já leram Mandrake; 400 leram Superman; 300 leram Homem-Aranha; 200 leram Mandrake e Superman; 150 leram Mandrake e Homem-Aranha; 100 leram Superman e Homem-Aranha; 20 leram as três revistas. Calcule: a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas. b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas. c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas. Resolução O preenchimento do diagrama inicia-se pela colocação do número de elementos da intersecção entre os três conjuntos. Após, coloca-se o número de elementos da intersecção entre dois conjuntos, para, finalmente, colocar o número de elementos de cada conjunto. Ao colocar o número de elementos de um conjunto, não podemos esquecer de descontar os da intersecção.

Ilustração 10 Assim, a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas é: 270 + 120 + 70 = 460 b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas é: x = 1000 – 870 = 130. c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas é 180 + 20 + 130 + 80 = 410.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 2) Em uma empresa, 60% dos funcionários lêem a revista A, 80% lêem a revista B, e todo funcionário é leitor de pelo menos uma dessas revistas. Qual o percentual de funcionários que lê as duas revistas? Resolução Seja x o valor procurado. Desenhando um diagrama de Venn-Euler e utilizando-se do fato de que a soma das parcelas percentuais resulta em 100%, temos a equação: 60 - x + x + 80 - x = 100. Daí, vem que, 60 + 80 - x = 100. (PUC 1999)

Ilustração 11 Logo, x = 140 - 100 = 40, e, assim, o percentual procurado é 40%. 3) Dos 50 alunos de uma classe, todos corintianos ou palmeirenses, 32 são rapazes, 23 são palmeirenses e apenas cinco moças torcem para o Corinthians. O número de elementos do conjunto de pessoas dessa classe que são corintianas ou moças é: a) 28 b) 32 c) 36 d) 40 e) 42 Resolução Neste tipo de problema, não é possível uma resolução pelo diagrama de Venn, pois não temos intersecção entre os dados. Usamos, então, uma tabela. Corintianos

Palmeirenses

Total

Rapazes Moças Total Preenchimento da tabela O total de alunos é 50. Se 32 são rapazes, 50 – 32 = 18 moças. Se apenas 5 moças são corintianas, então 18 – 5 = 13. Portanto, 13 são palmeirenses. Temos ao todo 23 palmeirenses. Como 13 são moças, 23 – 13 = 10. Então 10 rapazes são palmeirenses. E o restante, 32 – 10 = 22, são rapazes corintianos. Corintianos

Palmeirenses

Total

Rapazes

22

10

32

Moças

5

13

18

27

23

50

Total

23

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS O problema pede o número de pessoas corintianas ou moças, ou seja, pede a união. Logo, 22 + 5 + 13 = 40 pessoas. A alternativa correta é a “d”. Os diagramas de Venn são utilizados também para determinar a validade de um argumento. Lembre-se de que o argumento consiste de duas premissas e uma conclusão. Exemplos: 1ª premissa: todos os cientistas são estudiosos. 2ª premissa: alguns cientistas são inventores. Conclusão: logo, alguns estudiosos são inventores.

Ilustração 12 Pelo diagrama, vemos que a argumentação é válida, porque os conjuntos mantêm uma intersecção. 1ª premissa: todo brasileiro é artista. 2ª premissa: Pedro é um artista. Conclusão: Logo, Pedro é brasileiro.

O objetivo do passatempo é desenvolver o raciocínio lógico, a concentração e a memória do jogador. O desafio consiste no preenchimento de cada quadrado de uma grade, com um número entre 1 e 9, mas com a regra de não repetição de quaisquer números em uma fileira ou coluna, tanto na grade menor como na grade maior, que compõem o enigma.

Ilustração 14 10 Como jogar Complete os quadrados vazios, com números de 1 a 9, sem repetir quaisquer números em uma fileira ou coluna, tanto da grade menor, 3 x 3, como da grade maior, 9 x 9. AGORA É A SUA VEZ 1) Considere três números ímpares acima de 3 e calcule os seus quadrados. Em seguida, subtraia um dos quadrados obtidos dos outros dois quadrados e responda:11 a) Os resultados são divisíveis por 8? b) Podemos concluir que subtraindo um dos quadrados de todos os números ímpares obtém-se um número divisível por 8?

Ilustração 13 Pelo diagrama, vemos que a argumentação não é válida, pois Pedro pode ser ou não brasileiro. Os conjuntos são disjuntos, isto é, não possuem elementos comuns. Sudoku – Uma forma de desenvolver o raciocínio lógico Atualmente, um passatempo tem atraído a atenção de todas as faixas etárias: o Sudoku, um jogo de lógica e raciocínio, que apresenta um desafio mental e exige um senso matemático para a sua resolução. Esse passatempo também foi apresentado no Capítulo 2 da apostila do Ensino Fundamental.

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2) Quantos 9 existem entre 0 e 100? 3) Dada a sequência de números 2, 6, 10, 14, 18, 22, ...: a) Complete a sequência até 30. b) Investigue se 94 é um elemento da sequência. Descreva como chegou à sua conclusão. c) Investigue se 76 é um elemento da sequência. Descreva como chegou à sua conclusão. d) Cada elemento, a partir do segundo, tem uma relação com o seu antecessor e seu sucessor. Qual é esta relação? e) Qual a lei de formação da sequência?

10 Extraído do site www.somatematica.com.br. 11 www.clickeducação.com.br

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 4) No esquema abaixo, tem-se o algoritmo da adição de dois números naturais, em que alguns algarismos foram substituídos pelas letras A, B, C, D e E.

Determinando-se corretamente o valor dessas letras, então A + B – C + D – E é igual a: a) 25 b) 19 c) 17 d) 10 e) 7 5) Considere a sequência C, E, G, F, H, J, I, K, M, L, N, P ... Se o alfabeto usado é o oficial, que tem 26 letras, então, de acordo com esse critério, a próxima letra dessa sequência deve ser: a) R b) Q c) O d) U e) T 6) Considere que a sucessão de figuras abaixo obedeça a uma lei de formação:

Ilustração 15 O número de circunferências que compõem a 100ª figura dessa sucessão é: a) 5.151 b) 5.050 c) 4.950 d) 3.725 e) 100 7) Uma população utiliza três marcas diferentes de detergente: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado, colheram-se os resultados tabelados abaixo. Observação: utilize o diagrama de Venn-Euler para visualizar o problema.

Marcas Número de consumidores

A

B

C

109

203

162

AeB 25

AeC

BeC

28

41

A, B e C 5

Nenhuma delas 115

Pode-se concluir que o número de pessoas que consomem ao menos duas marcas é: a) 99 b) 94 c) 90 d) 84 e) 79

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 8) Numa escola mista, existem 42 meninas, 24 crianças ruivas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se: a) Quantas crianças existem na escola? b) Quantas crianças são meninas ou são ruivas? Observação: utilize uma tabela para resolver o problema. Na horizontal, meninos e meninas, e na vertical, ruivos e não ruivos. 9) Classifique os argumentos abaixo, de válido ou não válido. Utilize o diagrama para visualizar o problema. a) Todos os brasileiros são artistas. Pedro é brasileiro. Logo, Pedro é um artista. b) Todos os automóveis bons são caros. Todos os automóveis importados são caros. Logo, todos os automóveis importados são bons automóveis. 10) Resolva o passatempo, com as regras do Sudoku, utilizando algarismos de 1 a 4. a)

b)

Ilustração 16 - Sudoku HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU 1) a) Sim. Todos os resultados são números divisíveis por 8. b) Pela dedução, sim, mas não podemos concluir com certeza que todos os números obtidos sejam divisíveis por 8, pois o número de casos considerados é muito pequeno. 2) Existem 20 algarismos 9 entre 0 e 100. Para chegar a essa conclusão, encontramos 9 números, cuja unidade é 9: 9, 19, 29 ..., 89. Contamos, ainda, as dezenas 90 a 99, encontrando 11 algarismos 9, na dezena, sendo que, no 99, o algarismo 9 aparece na unidade e na dezena. 3) a) 2, 6, 10, 14, 18, 22, 26, 30. b) Como a sequência aumenta de 4 em 4 unidades, e todos os elementos da sequência, quando divididos por 4, tem resto 2, temos que 94 : 4 = 23, com resto 2. Logo, o número 94 é um elemento da sequência. c) Seguindo o raciocínio análogo aplicado na alternativa “b”, temos que o número 76 não pertence à sequência, pois 74 : 4 = 19, com resto 0. d) Cada número, a partir do segundo, é 4 unidades maior que o seu antecessor – 6 + 4 = 10 ... – , e 4 unidades menor que o seu sucessor – 14 -4 = 10 ... . e) 4n – 2, para n ≥ 1. 4) A = 5; B = 7; C = 3; D = 9; E = 1. Então, A + B – C + D – E = 5 + 7 – 3 + 9 – 1 = 17. Logo, a alternativa correta é a letra “c”. 5) Analisando a sequência, observamos que o G ocupa o lugar do F; o J ocupa o lugar do I, e o M ocupa o lugar do L. A próxima letra a ser utilizada é o O, que, pela regra da sequência, tem o seu lugar ocupado pelo P. Então, o O passa a ocupar o lugar do P. A alternativa correta é a letra “c”.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 6.) O número de circunferências forma a sequência 1, 3, 6, 10, 15 ... Como queremos encontrar o número de circunferências que compõem a 100ª figura, faremos com um processo análogo ao que se segue: 1=1 3=1+2 6=1+2+3 10 = 1 + 2 + 3 + 4 15 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 Então, a 100ª figura será x = 1 + 2 + 3 + 4 + ... + 97 + 98 + 99 + 100. Note que a soma dos termos equidistantes dos extremos é igual à soma dos extremos. Isto é, 1 + 100 = 2 + 99 = 3 + 98 = 4 + 97 = ... = 101.

Logo,

. Portanto, a alternativa correta é a letra “b”.

7. Alternativa “d”. “Ao menos duas marcas” quer dizer que podem ser 2 ou mais marcas. Logo: 23 + 20 + 36 + 5 = 84. Portanto, 84 pessoas consomem ao menos 2 marcas.

Ilustração 17 8.

Ruivos Não ruivos Total a) b) 9)

Meninos 15 13 28

Meninas 9 33 42

Total 24 46 70

Na escola existem 28 meninos e 42 meninas. Então 28 + 42 = 70 crianças. O número de crianças que são meninas ou são ruivas é 9 + 33 + 15 = 57. a) Argumento válido b) Argumento não válido, porque não podemos concluir se os automóveis importados são bons automóveis, pois os conjuntos são disjuntos.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 10. a)

b)

4

2

1

3

3

1

2

4

1

3

4

2

4

2

3

1

2

4

3

1

2

4

1

3

3

1

2

4

1

3

4

2

Solução do problema do Guarani O Campeonato Paulista de Futebol da 1ª Divisão de 2009 foi disputado por 20 times. Os times jogaram entre si. Cada time disputou 19 jogos. A cada vitória, os times ganhavam 3 pontos; a cada derrota, perdiam 3 pontos, e, em caso de empate, perdiam 1 ponto. Ao final do campeonato, os 4 times com o maior número de pontos perdidos seriam rebaixados para a 2ª divisão do campeonato. Caso ocorresse um empate em número de pontos perdidos entre 5 ou mais times, seriam rebaixados os 4 times que tivessem o maior número de derrotas. Na ocasião em que o Bobrinha conversou com a sua professora, todos os times já tinham disputado 18 partidas. Faltava uma rodada para o final do campeonato. O Guarani tinha perdido 12 partidas e não conseguira nenhum empate, ficando com 36 pontos perdidos – 12 derrotas vezes 3 pontos = 36 pontos perdidos. Os outros quatro times também estavam na zona de rebaixamento: os times A, B, C e D, com 35 pontos perdidos – todos com 10 derrotas e 5 empates. Para esses, então, 10 vezes 3 = 30, e 5 vezes 1 = 5, num total, portanto, de 30 + 5 = 35 pontos perdidos. A situação da tabela para os times, em pontos perdidos, era a seguinte:

Times

Jogos disputados

Número de empates

Número de derrotas

Pontos perdidos

A B C D Guarani

18 18 18 18 18

5 5 5 5 0

10 10 10 10 12

35 35 35 35 36

As possibilidades de o Guarani escapar ou não do descenso eram as seguintes: 1) Vitória do Guarani e de qualquer outro time: o Guarani ficaria entre os quatro rebaixados, pois um time permaneceria com 35 pontos perdidos.

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Times

Pontos perdidos

A B C D Guarani

35 35 35 35 36

Empate

Derrota

Total

0 0 0 0 0

35 35 35 35 36

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 2) Vitória do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani escaparia do rebaixamento, pois ficaria com os 36 pontos perdidos e os demais 4 times com 38 pontos perdidos.

Times

Pontos perdidos

A B C D Guarani

35 35 35 35 36

Empate

Derrota +3 +3 +3 +3 0

Total 38 38 38 38 36

3) Vitória do Guarani e empate de qualquer um dos outros times: todos os times ficariam com 36 pontos perdidos, mas, o Guarani, por ter o maior número de derrotas – 12, contra 10 dos demais times –, estaria rebaixado.

Times

Pontos perdidos

A B C D Guarani

35 35 35 35 36

Empate

Derrota

Total

0

36 36 36 36 36

+1 +1 +1 +1

4) Derrota do Guarani e dos times A, B, C e D: o Guarani estaria rebaixado. Times

Pontos perdidos

A B C D Guarani

35 35 35 35 36

Empate

Derrota

Total

+3 +3 +3 +3 +3

38 38 38 38 39

5) Empate do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani não seria rebaixado.

Times

Pontos perdidos

A B C D Guarani

35 35 35 35 36

Empate

+1

Derrota

Total

+3 +3 +3 +3

38 38 38 38 37

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 6) Empate do Guarani e dos demais 4 times: o Guarani seria rebaixado, pois ficaria com 37 pontos perdidos e os demais com 35 pontos perdidos. Times

Pontos perdidos

A B C D Guarani

35 35 35 35 36

Empate

Derrota

Total

+1 +1 +1 +1 +1

36 36 36 36 37

Então, para o Guarani escapar do descenso, as possibilidades possíveis eram a 2 e a 5. E o que aconteceu? Coitado do Bobrinha: o Guarani perdeu a última partida; ficou com 39 pontos perdidos; não escapou do descenso, e caiu para a 2ª divisão do Campeonato Paulista de Futebol. Solução do exercício dos semáforos, do tópico “Assim ou Assado” Número de avenidas

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Número de semáforos

1

3

6

10

15

21

28

36

45

Solução do Sudoku – Ilustração 2

Ilustração 18 - Resposta Sudoku Caso você queira desafios para o seu raciocínio, acesse a página http://www.abril.com.br//pagina/sudoku_jogo_online. shtml, na Internet. Lá, você encontrará as regras e muito mais sobre o Sudoku. Na página http://www.e-sudoku.com.br, você também poderá jogar. Bom divertimento!

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste Capítulo, você deverá ser capaz de: H1 - Identificar e interpretar conceitos e procedimentos matemáticos expressos em diferentes formas. H2 - Utilizar conceitos e procedimentos matemáticos para explicar fenômenos ou fatos do cotidiano. H3 - Utilizar conceitos e procedimentos matemáticos para construir formas de raciocínio que permitam aplicar estratégias para a resolução de problemas. H4 - Identificar e utilizar conceitos e procedimentos matemáticos na construção de argumentação consistente. H5 - Reconhecer a adequação da proposta de ação solidária, utilizando conceitos e procedimentos matemáticos. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Capítulo 3 OS NÚMEROS QUE USAMOS... CONSTRUIR SIGNIFICADOS E AMPLIAR OS JÁ EXISTENTES PARA OS NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS E REAIS. Luzia de Fatima Barbosa DO FUNDO DO BAÚ... No dia-a-dia deparamo-nos com diversas informações que são transmitidas por meio de números. Essas informações podem aparecer em tabelas, gráficos e textos. Desta forma, precisamos estar preparados para enfrentar e compreender situações envolvendo informações numéricas relacionadas a medidas, comparações, dados de pesquisa etc12. Esses números estão organizados, na matemática, sob forma de conjuntos. E esses conjuntos numéricos, na forma como estão organizados hoje, são resultados de uma evolução científica que foi se ajustando às necessidades do homem na sociedade. Que tal um pouco de história? Sistema Indo-arábico Tratava-se de um sistema posicional decimal. Sistema posicional porque um mesmo símbolo representava valores diferentes dependendo da posição que se encontrava. Por exemplo: o algarismo 4 nos números: 14 e 41. No número 14 o 4 ocupa a casa das unidades e seu valor posicional é 4; já no número 41, o 4 ocupa a casa das dezenas e seu valor posicional é 40. Sistema decimal, pois era composto por 10 algarismos: 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9. Esse sistema posicional decimal, criado pelos hindus, corresponde ao nosso atual sistema de numeração, já estudado por você nas séries anteriores. Por terem sido os árabes os responsáveis pela divulgação desse sistema, ele ficou conhecido como sistema de numeração indo-arábico. Os dez símbolos utilizados para representar os números, denominam-se algarismos indo-arábicos. São eles: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Veja, no quadro13 a seguir, as principais mudanças ocorridas nos símbolos indo-arábicos, ao longo do tempo.

12 Texto adaptado do livro: Matemática Ensino Médio, Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz. Editora Saraiva, São Paulo, 2007. 13 Retirado de: http://www.matematicasociety. hpg.ig.com.br/sistema_de_numeracao.htm. Acessado em: 17/maio/2009. 31

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

   Ilustração 1 Observação: • Observe que, inicialmente, os hindus não utilizavam o zero. A criação de um símbolo para o nada, ou seja, o zero foi uma das grandes invenções dos hindus. Mas como os números foram organizados em conjuntos? O primeiro conjunto criado foi dos números naturais. Com eles era possível contar e representar quantidades. Esse conjunto é composto pelos números 0,1,2,3,4,5... . Mas, imagine que se queira representar temperaturas abaixo de zero, andares abaixo do térreo, saldos negativos numa conta de banco. Como representar essas situações com números? Surgem então os números negativos, que junto com os números naturais formam o conjunto dos números inteiros. Pois é, com essas necessidades surgem então os números inteiros. As relaçoes comerciais e outras intervenções, deram um impulso no desenvolvimento desse conjunto. Nele temos os números positivos e negativos, como: -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3. Mas será que esses números eram suficientes? Pense em situações que necessitam de números não -inteiros... representação de valores em dinheiro; medidas em receitas de bolo; medidas de comprimento, entre outras. Bom, com a necessidade de representar esses valores, surgem os números fracionários que junto com os números inteiros formam o conjunto dos números racionais. Esse conjunto é formado por todos os números que podem ser representados por frações. Ao longo deste capítulo, vamos conhecer números que são expressos por frações e ainda números que não são possíveis de se representar de tal forma. Esses últimos são chamados de números irracionais. Então, vamos lá? Acompanhe... Afinal de contas, onde usamos esses números? Bom, se pararmos para pensar nas diversas situações do cotidiano, vamos verificar que, para muitas, usamos os números naturais para representá-las, já em outras, precisamos dos números inteiros. E ainda, existirão aquelas que só se podem representar com os números racionais ou irracionais. Vejamos a seguir.

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• Quantos anos você tem? • Qual o número do seu calçado? • Qual o número do seu telefone? • Qual a temperatura de hoje? • Qual o número da sua casa ou apartamento? • Qual o preço daquela mercadoria? • Qual a porcentagem de pessoas que vivem sem saneamento básico no Brasil? Perceba que, para muitas informações os números são de extrema importância. Leia as notícias a seguir14: “Dois terços da população mundial em 2025 não terão acesso à água potável se nada for feito para evitar a escassez, ou seja, 5,5 bilhões de pessoas poderão não ter acesso à água limpa!” Podemos perceber que essa notícia foi expressa em quantidade não inteira. E mais, “O Brasil tem água potável suficiente para abastecer cinco vezes a população da Terra. Mas, a distribuição pelo território nacional não é equilibrada.” E ainda, você sabia que: “O Brasil detém 12% de toda a água superficial do planeta? Os rios que compõem as 12 regiões hidrográficas brasileiras carregam água suficiente para satisfazer as necessidades do país por 57 vezes. Mas aqui também existe grande desequilíbrio: 74% da água brasileira concentra-se na região da Amazônia.” Vimos nestas notícias, valores expressos ora em números inteiros ora em racionais, ou seja, números fracionários. ASSIM OU ASSADO? Vamos voltar ao problema da água descrito anteriormente? Como foi fornecida a população do planeta que ficará sem água, seria possível calcularmos a população total do planeta em 2025? E no caso do Brasil, como ficaríamos? Veja os dados fornecidos a seguir: Segundo informações, dois terços da população do planeta em 2025 corresponderão a 5,5 bilhões de pessoas. Você saberia calcular quanto deve ser a população total do planeta em 2025? É simples! Veja: Primeiro, calculamos quantos por cento equivalem dois terços... Bom, fazendo a divisão: 2÷3= 0,66666666....(se preferir use a calculadora para efetuar esses cálculos). Para encontrar o valor, em porcentagem, basta multiplicar por 100, então, podemos usar aproximadamente 66%. Mas, por que multiplicar por 100? Lembre-se que 2÷3

0,66. Como 0,66 pode ser escrito na forma decimal , então

equivalem a 66%.

14 Informações retiradas da Revista AtualidadesVestibular. Editora Abril, p. 190-195. 2008.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS E agora, se estamos querendo encontrar a população total, então estamos procurando o equivalente a 100%. Entendeu? Pois bem, usando uma regra de três simples, temos que: 5,5 bilhões 66% 100% x Portanto, temos a seguinte igualdade:

Resolvendo temos: 66x = 5,5.100 66x = 550 8,33

x=

Ou seja, a população total do planeta em 2025, equivalerá a aproximadamente 8,3 bilhões de pessoas. Outra forma de resolver esta questão é pensarmos o seguinte: Como temos dois terços da população e queremos a população total, sabemos que faltam um terço dela. Portanto, se multiplicarmos essa quantia por 2, estaremos calculando um terço dessa população. Em seguida multiplicamos por 3 para obtermos a população total procurada, acompanhe: +

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1) No Brasil, a reciclagem de lixo ainda está longe do ideal, mas aos poucos está melhorando. Por exemplo: 35% das embalagens de vidro já estão sendo recicladas15. a) De acordo com o exemplo dado, para cada 800 toneladas de embalagens de vidro, quantas toneladas são recicladas? b) Determine as porcentagens de material reciclado com base nas informações dadas. • Papelão: em 250 t são recicladas 175 t. • Latas de alumínio: para cada 420 t são recicladas 252 t. c) 15% dos plásticos rígidos são reciclados. Isso significa, em média, que 300 t são recicladas em um total de quantas toneladas? Depois de ler o problema com atenção, vamos resolvê-lo? a) Seguindo as informações do enunciado do problema, temos que 35% das embalagens de vidro já são recicladas, então temos que calcular quantas toneladas (em 800 t) equivalem a 35%. Você se lembra como resolver problemas deste tipo? Acompanhe: Usando a regra de três simples, temos? 100% 800 t x 35% Como são grandezas diretamente proporcionais, temos:

= 1 (população total). Calculando...

5,5 ÷ 2 = 2,75 2,75 . 3 = 8,25 Portanto, como já calculado anteriormente, a população é de aproximadamente 8,25 bilhões de pessoas. Agora que você já sabe como interpretar determinadas informações, vamos observar o que diz a outra informação. Em relação ao Brasil, segundo a notícia, 74% da água existente está na região da Amazônia. Qual será a porcentagem da água que está distribuída no restante do país? Bom, temos que: Amazônia 74% da água x Restante do país Como no total nos temos 100%, então: 100 – 74 = 26% da água existente no Brasil abastece o restante do país. Espero que você tenha entendido o significado dessas informações numéricas e que as mesmas tenham feito você refletir no uso responsável de água, tendo consciência da importância de se economizar água no dia-a-dia. Pronto para resolvermos mais alguns problemas?

Agora, basta fazer a multiplicação... 100x = 800 . 35 100x = 28 000

x=

= 280

Portanto, 35% das embalagens de vidro correspondem a 280 toneladas. b) Nesse item, basta aplicarmos a regra de três novamente. 100 % 250 75 x%

15 Atividade retirada e adaptada do livro Matemática- volume único- Luiz Roberto Dante. Editora Ática-2008 33

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Escrevendo a igualdade:

temos:

250x = 175.100 250x = 17 500

x=

= 70

Assim, vemos que 70% do papelão são reciclados. Em relação às latas de alumínio, use o mesmo procedimento e resolva. A resposta será 60%. E, atenção! Ao tentar resolver, você poderá checar se realmente está entendendo. c) Se 15 % equivalem a 300 toneladas, então: 300 t 15% 100% xt Escrevendo a igualdade:

temos:

15x = 100.300 15x = 30 000 x=

= 2 000

Temos 2000 toneladas de plásticos rígidos. 2) Quantos números racionais existem entre 1 e 2?16 Vamos pensar sobre isso? É estranho pensar quantos números existem entre dois números inteiros consecutivos, não é mesmo? Pois quando pensamos nos números naturais ou inteiros, sabemos responder essa pergunta, basta conhecer o intervalo que se quer, e ainda entre dois números consecutivos, que é o caso, não existe nenhum número natural ou inteiro. Bom, se voltarmos e pensarmos um pouco... números racionais são aqueles que podem ser escritos na forma de uma fração... então, comece a pensar em quantas frações ou números decimais existem entre 1 e 2? Podemos pensar que existe o 1,2, por exemplo. Mas o 1,3 também. Bom, se for assim teremos também o 1,22; 1,23; 1,3; 1,44, 1,9; 1,9999...e assim por diante. Você conseguiria escrever todos os números racionais entre 1 e 2? Começou a perceber que se continuarmos iríamos conseguir outros números racionais entre 1 e 2? Por isso, dizemos que entre eles existem infinitos números racionais. O que achou? Já tinha pensado sobre isso?

16 Exercício adaptado do Livro Matemática no Ensino Médio de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz. Editora Saraiva. 2007. 34

Observe que, em todos os problemas, foi necessário aplicar algum conhecimento matemático já estudado, como foi o caso da regra de três simples. Espero que você tenha recordado tal regra e entendido sua aplicação. Além disso, nas informações tratadas, os números naturais, inteiros e racionais estavam presentes. Assim sendo, vamos acompanhar agora a formação e características de cada conjunto citado. COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S17 Os Números Naturais O conjunto dos números naturais é um conjunto infinito e também um conjunto ordenado, já que, dados dois números naturais quaisquer, é sempre possível dizer se são iguais ou se um é menor ou maior que o outro. A representação do conjunto dos números Naturais é a seguinte: N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...} Além desse, podemos representar o conjunto dos naturais sem o zero usando o asterisco, veja: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6,...} Os Números Inteiros Tal como o conjunto dos naturais, esse conjunto também é ordenado. No conjunto dos números inteiros, quanto mais afastado do zero está um número negativo, menor ele é. E quanto mais afastado do zero está um número positivo, maior ele é. Qualquer número negativo é menor que o zero ou que um número positivo. O conjunto dos Números Inteiros é representado pela . letra = {..., -2, -1, 0, 1, 2, 3, ...} Note que o conjunto dos números inteiros é formado por todos os números NATURAIS mais todos os seus representantes negativos. Como no conjunto dos naturais, podemos representar todos os inteiros sem o ZERO, veja: * = {..., -2, -1, 1, 2, ...} Além disso, podemos destacar os seguintes subcon. juntos de Z* = {..., -3,-2,-1,1,2,3,...}: conjunto dos números inteiros não-nulos. Z+ = {0,1,2,3,...}:conjunto dos números inteiros não – negativos. Z- = {...,-3,-2,-1,0}:conjunto dos números inteiros não -positivos. Z+* = {1,2,3,...}:conjunto dos números inteiros positivos. Z-* = {...,-3,-2,-1}: conjunto dos números inteiros negativos.

17 Adaptado de http://www.tutorbrasil.com.br/ estudo_matematica_online/conjuntos/conjuntos.php. Acessado em 17/maio/2009; e informações do livro: Matemática Ensino Médio, Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz. Editora Saraiva, São Paulo, 2007.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Os Números Racionais Já foi mencionado no início deste capítulo que os números racionais podem ser expressos por meio de uma fração. Pois bem, vamos acompanhar: ) é definido por: O conjunto dos números racionais (representado por

Ou seja, número racional é todo número que pode ser escrito na forma

, com a e b inteiros, b ≠ 0.

Veja alguns exemplos: ; 8,5; -11 =

;

;

; +45 =

; -5 =

Nessa divisão de números inteiros, ao dividirmos o numerador pelo denominador, podemos obter números com diferentes características, por exemplo: Se dividirmos 10 por 2, obteremos 5, ou seja, 10/2 = 5. (número inteiro) Se dividirmos 25 por 2, obteremos 12,5, ou seja, 25/2 = 12,5. (decimal finito) Agora, se dividirmos 25 por 3? O que acontece? Vejamos:

= 8,333... Essa divisão resultou em um número infinito de casas decimais, com um algarismo ou um

grupo de algarismos que se repetem infinitamente numa representação decimal periódica. A esses números chamamos dízimas periódicas e a fração que gerou essa dízima é chamada de fração geratriz. Mas se todo número racional pode ser expresso por meio de uma fração, como encontrar a fração que gerou a dízima 0,232323...? Ou seja, qual a sua fração geratriz? É simples, basta seguir alguns passos: 1° Escreva: x = 0,232323... 2° Como o período da dízima (o número ou grupo que se repete) é composto por dois algarismos, multiplique essa expressão por 100. Vale ressaltar que se o período tivesse três algarismos, a expressão seria multiplicada por 1000 e assim por diante... Então temos que: 100 x = 23,232323... 3° Subtraia essa expressão pela primeira, assim: 100 x = 23,232323... x = 0,232323... 99x = 23,000000... Observe que como depois da vírgula vamos ter infinitas casas decimais que são iguais, então depois da vígula teremos infinitos zeros. Assim, temos que: 99x = 23, ou seja, se queremos obter o valor de x, temos: x=

. Pronto, a fração

é a fração geratriz da dízima periódica 0,232323... .

Então agora você já conhece todas as formas que pode apresentar um número racional, sendo que em todas elas é possível escrever o valor em forma de uma fração, ou seja, numa divisão de números inteiros.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Os Números Irracionais Durante muito tempo, ao medir comprimentos, pensou-se que o número encontrado seria sempre um racional. Descobriu-se, porém, que isso nem sempre ocorria. Veja, por exemplo, o problema a seguir: Como medir a diagonal do quadrado, utilizando seu lado como unidade de medida?

Alguns números irracionais especiais18: • Número Áureo A proporção áurea ou número de ouro ou número áureo ou ainda proporção dourada é uma constante irracional denotada pela letra grega Φ (phi) e com o valor aproximado de 1,618. É um número que há muito tempo é empregado na arte. Também é chamada de: razão áurea, razão de ouro, divina proporção, proporção em extrema razão, divisão de extrema razão. Vamos acompanhar algumas curiosidades sobre o número áureo.19 Em algumas partes do corpo humano, podemos encontramos a proporção áurea. Veja a imagem abaixo. Ela representa a mão humana com suas medidas proporcionais

Ao procurar solucionar esse problema, descobriu-se que há medidas que não podem ser expressas como divisão entre dois interios, ou seja, que não representam números racionais. Esses números têm, portanto, representação decimal não-periódica. Com isso surgem os irracionais. Voltemos à situação anterior: vamos supor que o quadrado tem 1 unidade de comprimento de lado, então temos que: Ilustração 2

Para fazer o cálculo, vamos descrever o triângulo:

Pelo teorema de Pitágoras, temos que: d² = 1² + 1 ² (só relembrando, o teorema de Pitágoras diz o seguinte: o quadrado da medida da hipotenusa (diagonal) é igual à soma dos quadrados dos catetos - no triângulo retângulo). d= Continuando... d² = 1 + 1, então: d² = 2 Com o auxílio de uma calculadora, podemos verificar que = 1,414213562... Observe que esse número tem infinitas casas decimais, porém não-periódicas. Esse não tem como ser escrito na forma de uma fração, e, portanto, esse número é chamado de irracional. Representamos o conjunto dos números . irracionais pelo símbolo São exemplos de números irracionais: , , ...

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A altura do corpo humano e a medida do umbigo até o chão; A altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça; A medida da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax; A medida do ombro à ponta do dedo e a medida do cotovelo à ponta do dedo; O tamanho dos dedos e a medida da dobra central até a ponta; A medida do seu quadril ao chão e a medida do seu joelho até ao chão; Se você dividir essas medidas, o valor encontrado será de aproximadamente 1,618, ou seja, o valor de Φ (phi). Veja esta imagem:

Ilustração 3

18 Informações retiradas e adaptadas do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o_ %C3%A1urea. Acessado em 17/maio/2009. 19 Informações e imagens retiradas e adaptadas do site: http://www.matematica-na-veia. blogspot.com/2008/03/phi-razo-area-e-curiosidadesmatemticas.html. Acessado em 17/maio/2009.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Uma imagem que podemos também observar a presença da proporção áurea é a do “Homem Vitruviano”, obra de Leonardo Da Vinci • Número π Na matemática, pi, representado pela letra grega π, é o número que representa o resultado da divisão entre o comprimento de uma circunferência e o seu diâmetro. Veja a figura abaixo20:

AGORA É A SUA VEZ... Atividade 1. Classifique cada sentença em verdadeira (V) ou falsa (F). a) Todo número natural é inteiro. b) Todo número inteiro é racional. c) Todo número racional é real. d) Todo número real é irracional. e) O número zero é racional. f) Número racional é todo número que pode ser colocado na forma a/b, com b não-nulo. Atividade 2. Descubra diferentes modos de se representar – 16. Atividade 3. Represente na reta numérica abaixo os seguintes números: a) -

Ilustração 4 Assim, podemos escrever o número π como sendo a divisão

(como ilustrados na figura acima). Portanto, te-

mos que: π =

ou ainda, π =

.

Observe que por essa igualdade escrevemos a equação que calcula o comprimento de uma circunferência, dada por: C= 2πr. Esse número π tem valor aproximado de 3,1415926535..., usa-se como valor aproximado 3,14. Os Números Reais A reunião de todos os conjuntos numéricos estudados até agora completa um conjunto que chamaremos de Números Reais (R). O diagrama a seguir21 mostra como esse conjunto se forma.

b) c) – 0,5 d) Atividade 4. Indique quais das frações abaixo representam dízimas periódicas: a)

b)

c)

Ilustração 5

20 Imagem e informações retiradas e adaptadas do Livro do professor-Matemática - 9° ano- Editora Positivo-1° volume-2009 21 Imagem adaptada do Livro do professorMatemática - 9° ano- Editora Positivo-1° volume-2009

d) Atividade 5. Qual é a medida do lado de um quadrado com 10 000 m² de área? E com 1000 m² de área? Atividade 6. Qual a maior distância que uma pessoa pode andar em linha reta numa sala retangular cujas dimensões são 6 m por 10 m?

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 7. Considere os números -3 e 3. Responda: a) Quais números naturais estão entre eles? b) Quais números inteiros estão entre eles? c) Quais números racionais? dos Atividade 8. Em uma festa compareceram convidados. Determine o número total de convidados sabendo que 60 deles faltaram. Atividade 9. Indique quais entre as equações abaixo têm solução, considerando que x . a) 2x – 5 = 0 b) x + 9 = 4 c) 3x + 9 = 0 d) 7x – 8 = 10 e) 3x + 4 = 6 têm o 0 Atividade 10. Quantos subconjuntos de como elemento? HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU 1. a) V b) V c) V d) F e) V f) F 2. Resposta pessoal 3. Na reta 4. c 5. 100 m; 10 6. 2

m.

7. a) 0, 1 e 2 b) -2, -1, 0, 1 e 2 c) infinitos 8. 140 convidados. 9. a) não b) sim c) sim d) não e) não 10. infinitos.

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m.

PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno, Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: H1 - Identificar, interpretar e representar os números naturais, inteiros, racionais e reais. H2 - Construir e aplicar conceitos de números naturais, inteiros, racionais e reais, para explicar fenômenos de qualquer natureza. H3 - Interpretar informações e operar com números naturais, inteiros, racionais e reais, para tomar decisões e enfrentar situações-problema. H4 - Utilizar os números naturais, inteiros, racionais e reais, na construção de argumentos sobre afirmações quantitativas de qualquer natureza. H5 - Recorrer à compreensão numérica para avaliar propostas de intervenção frente a problemas da realidade. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 4 GEOMETRIA PLANA E ESPACIAL UTILIZAR O CONHECIMENTO GEOMÉTRICO PARA REALIZAR A LEITURA E A REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE E AGIR SOBRE ELA. Davi Martinez Rissetti DO FUNDO DO BAÚ... Você já deve ter ouvido falar em expressões do tipo: “está no prumo” ou “está fora de esquadro” em ambientes da construção civil. O prumo é uma ferramenta utilizada por pedreiros para identificar se a estrutura construída está alinhada ou não. Veja abaixo uma figura ilustrando um fio de prumo:

Ilustração 1 Já a expressão “está fora de esquadro” é utilizada quando queremos dizer que algo não está localizado onde deveria. Por exemplo, um torcedor que vai a um estádio de futebol e descobre que o gol está fora de esquadro, ou seja, um pé da trave está mais próximo do outro pé.

Quando se fala no esquadro, esses profissionais se referem à questão do ângulo obtido no encontro de duas paredes. Dizemos que duas paredes formam um ângulo reto, isto é, sua medida é de 90º. Na construção de um cômodo de uma casa, as paredes opostas ficam geralmente a uma mesma distância uma da outra, pode-se afirmar neste caso que as duas paredes são paralelas. Assim como cada uma delas é perpendicular ao chão e ao teto, por formar, com eles, um ângulo reto. Durante o estudo da geometria plana, utilizaremos algumas expressões que já são conhecidas desde o ensino fundamental. Você já deve ter ouvido falar em ponto ou reta, não é? Na história da matemática as palavras ponto e reta foram representadas de diversas formas de uma civilização para a outra. Os egípcios, por exemplo, ficaram conhecidos como estiradores de corda, porque utilizavam uma corda (representando a reta) com nós (representando os pontos). Assim, adquiriram um conhecimento prático que envolvia noções de área, perímetro, volume e ângulo. Além destas duas expressões conhecidas, acrescentaremos uma nova: plano. Um plano pode ter diversas definições, veja a seguir: • Um objeto geométrico; • Uma região geográfica com superfície plana; • Um conjunto de propostas resultantes de um processo de planejamento, econômico, urbano, regional, etc., que visam a determinado objetivo; • Um plano de saúde; • Ou até o nome de uma cidade. Dentre estas, as únicas que podem nos ajudar a compreender o significado da palavra plano são as duas primeiras. A primeira, pois diz claramente a respeito de qual tipo de plano trataremos neste estudo. Já a segunda, porque nos dá a idéia intuitiva de que um plano é um objeto geométrico sem uma extensão definida. Isto quer dizer que você pode, por exemplo, definir o tampo de sua mesa como um plano ou a capa de seu livro como um plano. Sem que com isso você fuja das características de um plano geométrico. Veja o seguinte problema onde temos as três estruturas (ponto, reta e plano) presentes:

Ilustração 2 Na construção civil, este tipo de equívoco pode acontecer e causar danos muito graves para a continuação de uma obra. Daí a existência de instrumentos que auxiliam os pedreiros, engenheiros e arquitetos a identificar esses deslizes. Mas o que representam matematicamente estas situações?

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PROBLEMA 4.1

Ilustração 3

Quais são as medidas das frentes dos lotes “2” e “3” que estão voltadas para a Rua Jatobá e cujos fundos são perpendiculares a Rua Jasmin? ASSIM OU ASSADO? Para resolver este exercício devemos recuperar a idéia de retas paralelas que vínhamos trabalhando desde o ensino fundamental: “duas linhas são paralelas quando estiverem em um mesmo plano e não possuírem pontos comuns, mesmo se prolongadas”. Sendo assim, as linhas que dividem os lotes são paralelas entre si. Além de serem paralelas entre si, estas mesmas retas que dividem os lotes são perpendiculares à rua Jasmin, isto quer dizer que elas formam um ângulo reto (90º) com a Rua Jasmin. Quando temos um conjunto de retas paralelas diferentes e todas pertencentes ao mesmo plano (região onde está localizado o loteamento), dizemos que estas retas constituem um feixe de paralelas. As retas que representam as frentes e os fundos dos loteamentos constituem retas transversais ao feixe de paralelas. O que mais podemos retirar de informações relevantes do enunciado ou da figura deste exercício? Um dos primeiros matemáticos que se debruçou sobre um problema parecido foi Tales de Mileto (um dos sete sábios da antiga Grécia). Entre tantas descobertas atribuídas a ele, existe uma que nos será muito útil no nosso estudo da geometria plana. Vamos entender o raciocínio de Tales observando as ilustrações a seguir:

Ilustração 4

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Ilustração 5

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Se dividíssemos o segmento que liga os pontos A e B em quatro partes, assim como mostra a ilustração 5, observaríamos que o segmento que liga os pontos A’ e B’ também ficaria dividido em quatro partes. Neste caso, podemos dizer que a razão (ou seja, divisão) entre as distâncias de cada parte é igual. Tales de Mileto demonstrou a existência de uma igualdade entre essas razões. Logo, o Teorema de Tales é dado por:

Ilustração 6 Com este raciocínio, podemos encontrar o valor das frentes dos lotes “2” e “3”, proposto no problema 4.1 da seguinte forma. Considere a seguinte figura:

Ilustração 7 Como pode notar, a única diferença é que nomeamos os pontos com as letras do alfabeto para facilitar nosso raciocínio. As letras A, B, C, D, E dividem um lado do terreno em 4 partes (neste caso, não necessariamente iguais). Sendo assim: o segmento AB possui 15,40 metros; o segmento BC possui 13,50 metros; e o segmento CD possui 12 metros. Estes segmentos correspondem às frentes de cada lote. Do outro lado do terreno, temos as letras F, G, H, I, J que dividem este lado em 4 partes (também não necessariamente iguais). Sendo assim: o segmento FG possui 16,30 metros; o segmento GH possui uma medida x desconhecida até o momento; assim como o segmento HI também possui uma medida y desconhecida até este instante. Aplicando o teorema de Tales, dividimos a resolução em duas partes. Começando pela 1ª parte, temos que:

Ilustração 8

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Sendo assim, o lote “2” possui a frente medindo 14,34 metros, enquanto que o lote “3” possui a frente medindo 12,76 metros. Esta descoberta levou Tales a encontrar uma característica fundamental para a semelhança de triângulos. Acompanhe a explicação abaixo:

Ilustração 9

Ilustração 10

Na ilustração 9 o triângulo ABC é semelhante ao triângulo ADE, pois o lado BC do primeiro e DE do segundo são paralelos e eles possuem os três ângulos congruentes (acompanhe na Ilustração 10). A semelhança de triângulos indica que um triângulo pode ser obtido de outro através de uma simples ampliação ou redução de sua imagem. Mas como saber quando existe uma ampliação e quando existe uma redução? E quando não for nem uma e nem outra? De acordo com Tales, existe uma razão entre os lados proporcionais, que é chamada de razão de semelhança. Esta razão é um número obtido da divisão dos lados proporcionais de cada triângulo. Em outras palavras, observe a figura abaixo:

Ilustração 11 O segmento AD com 5,0 centímetros é proporcional ao segmento AB com 2,5 centímetros, bem como o segmento AE (7,0 cm) corresponde ao segmento AC (3,5 cm) ou até mesmo o segmento DE (8,0 cm) corresponde ao segmento BC (4,0 cm). Se dividirmos cada um dos lados proporcionais, ou seja, AD dividido por AB, AE dividido por AC e DE dividido por BC, encontraremos em todos os casos o valor 2. Este valor indica que o segundo triângulo (ADE) é uma ampliação do primeiro triângulo (ABC). Assim, se o resultado da divisão dos lados correspondentes for igual a 1, dizemos que os triângulos são congruentes (ou iguais). Caso ele seja maior do que 1, teremos uma ampliação da figura original e se for menor do que 1, nós teremos uma redução da figura original. Veja a ilustração abaixo:

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Ilustração 12 Sabendo disso, fica fácil de você identificar em seu dia-a-dia se um triângulo é parecido (aumentado/diminuído) ou igual a outro triângulo. Imagine a seguinte situação do dia-a-dia de uma construção: PROBLEMA 4.2 Você será responsável por construir as janelas de uma casa – em formato de triângulo – e estas janelas devem ser iguais. Como pode ter certeza de que a construção foi bem feita? Para saber, na prática, se a construção foi bem feita basta você medir os respectivos lados de cada triângulo e encontrar a razão entre eles. Se ela der igual a 1 o seu objetivo foi cumprido com êxito, mas se ela der maior ou menor do que 1 deverá refazer ou checar com o arquiteto responsável se esta diferença não desagradará ao cliente. Caso você queira ampliar ou reduzir um triângulo existente, basta você multiplicar cada medida dos seus lados por um número maior do que 1 (ampliar) ou por um número menor do que 1 (reduzir). Este processo de semelhança, além de ser muito útil em nosso dia-a-dia, é um conceito principal da Geometria, pois permitirá a compreensão das relações entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo. Veja a situação a seguir: PROBLEMA 4.3 Imagine uma grande corda dividida por nós. Quantos triângulos retângulos diferentes você poderá representar com toda essa corda, de tal forma que em seus vértices sempre haja um nó? Já deu para perceber que este problema não possui uma única solução. Pegue esta corda e separe de modo que em cada pedaço haja sempre múltiplos de 12 nós, tais como 24, 36, 48, etc. Um dos triângulos possíveis com 12 nós, é o triângulo formado com 3, 4 e 5 nós em seus respectivos lados. Por volta de 1.700 a.C. foram encontradas, na Babilônia, tabelas contendo listas de ternas de números com a propriedade de que um dos números quando elevado ao quadrado era igual à soma dos quadrados dos outros dois. Exemplo: considere os números naturais 1², 2², 3², 4², 5²,... O exemplo mais famoso deste fato é justamente a Terna Pitagórica, pois 3² + 4² = 5². Os pitagóricos, aproveitando as listas dos babilônios, estudaram durante muitos anos a relação destas ternas com o triângulo retângulo, cujos lados têm comprimentos a, b e c. De modo que encontraram a relação: a² = b² + c². E que ficou conhecida como o Teorema de Pitágoras22.

22 Pitágoras (570 - 496 a.C.) foi um filósofo e matemático originário da ilha de Samos, no mar Egeu (costa da Ásia Menor) que na época pertencia à Grécia. Retirado do site: http://www.filosofia.com.br 43

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Ilustração 13

Ilustração 14

A partir desta relação é possível descobrir se um triângulo é retângulo ou não, pois se os lados respeitarem a igualdade do teorema de Pitágoras então este é um indício que eles formam um triângulo retângulo. Entretanto, conforme dito no inicio desse capitulo, os pedreiros tem uma maneira de afirmar que, duas paredes estão no esquadro. Se você esticar 60 cm de uma corda, do encontro das duas paredes para a extremidade, e fazer o mesmo, mas esticando 80 cm, a distância entre as duas extremidades será de 1m (100m)! Por quê?

Ilustração 15

Ilustração 16

Para resolver este tipo de problema, usando a matemática, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras no triângulo da ilustração 16. Os catetos medem 60 cm e 80 cm e a hipotenusa é aquela que desejamos encontrar, assim:

Ilustração 17 Como pôde perceber até agora, a geometria está intimamente ligada com muitas questões do nosso cotidiano e a partir dela, podemos descobrir caminhos mais fáceis para resolver os problemas do dia-a-dia ou até encontrar explicações científicas para caminhos que já existem. Para você ter uma idéia, através do Teorema de Pitágoras é possível recuperarmos o estudo de Áreas das figuras planas. Acompanhe a ilustração a seguir:

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Na ilustração acima, podemos ver que o retângulo está dividido em 24 quadrados com 1 centímetro de lado. Logo, a área de cada quadradinho é de 1 centímetro quadrado. Portanto, a área do retângulo será de 24 cm². No entanto, vale ressaltar que a base e a altura devem ser medidas na mesma unidade, caso contrário devem ser feitas às transformações necessárias para que estejam sempre na mesma unidade. Diagonais

Ilustração 18

De acordo com a ilustração acima, a área do quadrado maior é igual à soma das áreas dos outros dois quadrados (25 = 16 + 9). O lado do quadrado maior indicará a medida da hipotenusa, da mesma forma que os lados dos outros quadrados indicarão as respectivas medidas dos catetos. Pelo teorema de Pitágoras temos 5² = 4² + 3², com 5² = 25, 4² = 16 e 3² = 9. Assim a área do quadrado será obtida sempre que multiplicarmos dois de seus lados. Como o quadrado é um retângulo em particular, então podemos dizer que o cálculo da área do retângulo seja feito da mesma forma, com a diferença que os lados não terão a mesma medida. Mas, e para encontrarmos a área de um paralelogramo? Lembremos que a área de um polígono é medida em metros quadrados (m²) ou num dos submúltiplos do metro quadrado, como, por exemplo, o quilômetro quadrado (km²) e o centímetro quadrado (cm²). Recordemos que a 1m² é a área de um quadrado com 1 metro de lado. E por este motivo, teremos que a área de um retângulo (que é um tipo de paralelogramo) será igual ao produto da medida da base pela altura. Veja figura abaixo:

Ilustração 19

Ilustração 20 Estas idéias de equivalência e soma de áreas são muito úteis quando usamos figuras planas para preencher um espaço vazio, tal como é feito na construção de um mosaico. Podemos, por exemplo, construir um mosaico através de triângulos, de tal forma que não haja espaços vazios entre eles e nem sobreposição de figuras. Observando que é necessário encaixar os ângulos formando um ângulo de medida 180º, para dar meia-volta ou um ângulo de 360º para dar uma volta inteira. O pintor Alfredo Volpi (nascido na Itália e emigrado junto com seus pais, em 1897, para o Brasil) gostava de misturar tintas, criar novas cores e utilizar formas geométricas em suas pinturas. Exemplo disto são as suas bandeirinhas multicoloridas, fase onde ocorreu a maior contribuição de Volpi para a arte moderna brasileira. Veja acima uma de suas pinturas como exemplo de um mosaico23. Além da arte, podemos encontrar mosaicos formados bem mais próximos do nosso dia-a-dia. Basta olharmos para o piso de casas, lojas, shoppings, etc. Todos eles são compostos por ladrilhos em formas geométricas.

23 1988)

Obra do pintor brasileiro Alfredo Volpi (1896 – 45

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Os artistas que criam esses ladrilhos sabem que polígonos possuem muitos lados. No ensino fundamental, trabalhamos com a composição de área dos polígonos utilizando triângulos. O mesmo pode ser feito para se estudar as relações entre os lados de alguns polígonos. Veja a ilustração a seguir:

Ilustração 21 O quadrado acima está dividido ao meio pelo segmento AC. Este segmento é chamado de diagonal, pois liga vértices que não estão em seguida um do outro. Além disso, cada um dos triângulos deste quadrado é um triângulo retângulo e, portanto, podemos dizer também que a diagonal AC é a hipotenusa de um dos triângulos retângulos. Assim:

Ilustração 22 Esta é a fórmula para se calcular a medida da diagonal de um quadrado com lados medindo L. Por exemplo, se o qua. Como a raiz quadrada de 2 é aproximadamente drado tiver lado medindo 8 centímetros, então a diagonal medirá igual a 1,41 então temos que a diagonal mede aproximadamente 11,28 centímetros. A diagonal pode ser aplicada em diversos contextos, mas o mais próximo do nosso dia-a-dia diz respeito ao tamanho dos televisores. Veja a situação a seguir:

PROBLEMA 4.4 Como posso confirmar se as polegadas de um televisor estão corretas? Segundo o INMETRO24, do adquirir um “televisor de 20 polegadas”, por exemplo, o consumidor poderia supor que a tela do aparelho possui uma diagonal de 20 x 2,54 = 50,8cm. Isto porque, 1 polegada equivale a 2,54 cm. Essa medida, entretanto, é a do tubo de imagem. Ainda segundo relatório divulgado pelo INMETRO, em casa, ao efetuar a medição da tela visível, na diagonal, o consumidor obteria um valor aproximado de 48,0cm. Essa diferença de 2,8cm a menos do que o esperado se torna maior à medida que se aumenta o tamanho da tela. Em “televisores de 29 polegadas”, a diferença pode chegar a aproximadamente 5,0cm. Entretanto, o instituto afirma que “os televisores de plasma ou LCD (telas de cristal líquido) possuem outro tipo de projeto e construção. E nestes modelos, o “tamanho” informado, em polegadas, corresponde à dimensão correta da diagonal da tela”.

24 Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro - é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Retirado do site http://www.inmetro.gov. br/inmetro/oque.asp. 46

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Este é um dos exemplos onde encontramos o termo diagonal em nosso dia-a-dia. Um outro seria, o problema de se verificar se duas paredes estão dentro de um esquadro. A diagonal formada entre as extremidades de cada linha é a hipotenusa de um triângulo retângulo e, portanto, pode ser facilmente calculada através do teorema de Pitágoras. Aqui se encerra o estudo de Geometria Plana e a partir daqui você aplicará os conceitos vistos até o momento durante o estudo da Geometria Espacial. Geometria Espacial No ensino fundamental trabalhamos com um poliedro bem conhecido de todos: o Cubo. Citamos também outros como: Tetraedro, Octaedro, Icosaedro. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nestes outros poliedros e conhecer outros sólidos geométricos importantes tais como: Cone e Cilindro. Em nosso dia-a-dia encontramos muitos objetos com o formato de sólidos geométricos: um vaso de plantas, um copo de lápis, uma latinha de refrigerante, uma bola de futebol, dados, entre tantos outros. Veja as figuras a seguir:



Ilustração 23



Ilustração 24

Ilustração 25

O grupo formado pelos poliedros possui a característica de possuírem somente faces planas. Além das faces, cada poliedro possui também outras duas estruturas primárias: aresta e vértice. A aresta é a linha que contorna cada uma das faces. E o vértice é o ponto de encontro de duas ou mais arestas. Observe a ilustração abaixo:

Ilustração 26

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Dentro do grupo dos poliedros, podemos ainda separa-los em outros dois grupos: PRISMAS e PIRÂMIDES. Veja abaixo um exemplo de cada grupo:

PRISMAS: tem duas bases e três ou mais faces laterais

Ilustração 27

PIRÂMIDES: tem somente uma base e três ou mais faces laterais

Ilustração 28 Como as faces dos poliedros são formadas por polígonos, é possível calcularmos a área das faces usando apenas o conhecimento obtido até o momento. Ou seja, se quisermos calcular a área das faces de algum prisma (área total), basta encontrarmos a área de cada figura plana: triângulo, quadrado, retângulo, pentágono, etc. O mesmo acontecendo para as pirâmides. Veja o exemplo a seguir:

Ilustração 29

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Exemplo: Dado o prisma a seguir, se quisermos calcular a área total do mesmo, teremos que calcular a área de cada uma das faces e depois somá-las: As bases ABCD e EFGH são compostas por quadrados, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo de área de um quadrado (A = lado × lado) e multiplicar por 2, pois são duas áreas com o mesmo valor: Área de cada base = 4 × 4 = 16cm² Área das bases = 16 × 2 = 32cm² Já as faces ADEH, ABEF, BCFG e CDGH são compostas por retângulos, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo de área de um retângulo (A = base × altura) e multiplicarmos por 4, pois são 4 faces com o mesmo valor: Área de cada face = 4 × 8 = 32cm²

Área das faces = 32 × 4 = 128cm²

Área total = 128cm² + 32cm² = 160cm². Mas o cálculo de volume em poliedros requer cuidado, pois teremos formas diferentes de encontrar o volume tanto nos prismas quanto nas pirâmides. Acompanhe o exercício a seguir para compreender melhor qual é o processo de cálculo do volume de um prisma:

PROBLEMA 4.5 Em uma residência existem ainda algumas caixas de água em formato cúbico. Imagine que saibamos quais são as dimensões das arestas desta caixa de água. E calcule o volume de água que pode ser armazenado dentro da mesma. Como a nossa caixa de água possui o formato de um cubo (ou seja, um tipo de prisma), vamos recordar com era o processo usado por nós para calcular o volume deste prisma:

“Assim, temos uma fórmula para o cálculo de volume: V = X×Y×Z (onde X, Y, e Z são respectivamente o comprimento, a largura e a altura).” Neste caso, ficará fácil calcular o volume desta caixa de água, pois sabemos as dimensões (comprimento, largura e altura) da mesma. Agora, olhando atentamente para esta fórmula, podemos encontrar uma relação que nos será de extrema importância para o cálculo de volume em prismas, e consequentemente, em pirâmides. O comprimento e a largura formam a base de qualquer prisma. Sendo assim, podemos reformular esta expressão indicando o valor da área da base: V = Área da Base × Altura Esta será a nova maneira de se calcular o volume de um prisma. Mas por quê? Considere a base como sendo uma folha de papel, destas que usam nas impressoras, a qual é colocada sobre uma em cima da outra, até atingir uma altura escolhida. O volume nada mais é do que a soma das alturas de cada uma dessas folhas, ou o mesmo que a multiplicação da altura de uma folha pela quantidade de folhas que estão empilhadas. Veja a ilustração a seguir:

Ilustração 30

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS A pilha de folhas acima, possui 31 folhas. Se considerarmos cada folha com 1 milímetro de altura (para facilitar os cálculos), nós teremos uma pilha com 31 milímetros de altura. Logo, o volume desta pilha seria a soma da área das 31 folhas. Que pode ser obtido multiplicando a área da base pela altura da pilha. Em todos os prismas, podemos usar este raciocínio para o cálculo do volume formado por estes sólidos geométricos. Porém, no caso das pirâmides teremos que aplicar um raciocínio um pouco mais elaborado, mas optamos por uma experiência que pode ajudar a resolver o problema. Veja na ilustração25 abaixo: Ilustração 33 a) 10m b) 50m c) 26m d) 32m e) 45m Ilustração 31 Imagine uma pirâmide e um prisma (tal como da figura acima) que possam ser completados com algum líquido colorido. Essa pirâmide possui uma base com o mesmo tamanho da base do prisma. Ambos terão também a mesma altura em relação à base. Se enchermos somente a pirâmide e depois despejarmos o conteúdo dela no prisma, descobriremos por experimentação que o volume inteiro da pirâmide caberá dentro de 1/3 do volume total do prisma. Faça em casa! Podemos concluir então, que o volume de qualquer pirâmide é dado por:

Ilustração 32

Solução da atividade 1:Para resolver esta atividade basta usar o Teorema de Tales:

30 por 13 e multiplicar o 15 por x, obtendo uma equação do tipo 15x = 390. Esta equação dará como resultado x = 26m. Resposta: Alternativa C. Atividade 2: Uma árvore de 4,5 metros de altura – com uma copa aproximadamente esférica – recebendo a luz do Sol em um determinado horário do dia, projeta uma sombra de 5,0 metros de comprimento no chão. Ao mesmo tempo, um rapaz de 1,7 metros de altura – em pé ao lado desta mesma árvore – tem a sua sombra projetada no chão com um comprimento desconhecido. Qual das alternativas a seguir mais se aproxima do comprimento da sombra do rapaz:

Sendo assim, fecharemos o nosso estudo de Geometria Espacial aplicando alguns conceitos trabalhados até agora em exercícios ligados ao nosso dia-a-dia. PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... Atividade 1: André, Denise, Beto e Eliane combinaram de se encontrar na casa de Carolina. Para isto, cada um faria o caminho em linha reta até a residência dela. Beto percorreu 15 metros em seu trajeto, enquanto que Eliane percorreu 13 metros. Sabendo que André deverá percorrer 30 metros, qual distância que Denise percorrerá em seu trajeto?

25 Imagem retirada do site: www.educ.fc.ul.pt/ icm/icm99/icm21/actividades.htm 50

. Multiplicar o número

Ilustração 34 a) 1,2 metros b) 3,5 metros c) 0,80 metros d) 1,9 metros

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Solução da atividade 2: Para resolver esta atividade, considere os dois triângulos a seguir:

a) 4 metros b) 3,5 metros c) 2,8 metros d) 6 metros Solução da atividade 3: Para resolver esta atividade, vamos considerar o triângulo retângulo formado e já desenhado na figura e aplicar o teorema de Pitágoras. A medida de 5 metros diz respeito à medida da hipotenusa, a medida de 3 metros diz respeito a medida de um dos catetos. O que devemos descobrir é quanto vale o outro cateto, logo:

Ilustração 35 Como os ângulos dos vértices C e F são congruentes e ambos os triângulos possuem um ângulo reto nos vértices B e E, então podemos dizer que os triângulos ABC e DEF são semelhantes. Daí a relação de semelhança deve ser:

Ilustração 38 Resposta: Alternativa A.

Ilustração 36 Resposta: Alternativa D. Atividade 3: Considere uma escada com 5 metros de comprimento apoiada em uma parede. O pé da escada se encontra a 3 metros desta parede. A alternativa que indica a distância entre o ponto de apoio da escada na parede e o chão é:

Atividade 4: Alberto contratou um pedreiro para construir uma piscina em sua casa. Seus planos são de construí -la em um formato de uma caixa retangular, e de mesma profundidade. As medidas seriam: 6m, 16m e 1,50m. Sua intenção é de revesti-la com uma lona, ao invés de utilizar azulejos, por ser mais barato. Além disso, deseja colocar um ladrilho – de 40cm×40cm – antiderrapante ao redor da piscina para evitar tombos e escorregões. Pergunta-se: a) Quantos metros quadrados de ladrilho serão necessários para a borda da piscina? b) Quantos metros quadrados de lona serão necessários para revesti-la, por completo? c) Qual a capacidade total da piscina (em m³) após a construção? d) Se cada ladrilho custa hoje, algo em torno de R$ 25,00 por m². Quanto custará para Alberto colocar ladrilho em volta de toda a borda da piscina? Solução da atividade 4: Para resolver esta atividade, vamos recordar que uma piscina possui profundidade, logo esta caixa retangular a que o enunciado se refere nada mais é do que um prisma de base retangular, tal como mostra a figura a seguir:

Ilustração 37

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Ilustração 39 a) O ladrilho citado no enunciado do exercício tem o formato de um quadrado, tal como o quadrado a seguir:

Ilustração 40 Este quadrado possui área de: A = 0,4 × 0,4 = 0,16m². Para preencher a borda da piscina devemos considerar a seguinte visualização de sua borda:

Ilustração 41 O perímetro desta piscina é de 16 + 6 + 16 + 6 = 44 metros. O que resultará na seguinte quantidade de ladrilhos: 44 ÷ 0,4 = 110 ladrilhos. Se tomarmos os 4 ladrilhos de cada canto da piscina, então teremos 114 ladrilhos. Como cada ladrilho possui uma área de 0,16 m². Então teremos 0,16 × 114 = 18,24 m² de ladrilho para recobrir toda a sua borda. b) Para encontrarmos a área de lona necessária para recobrir toda a piscina. Devemos encontrar a área de cada parede e do chão da piscina. Observe figura a seguir:

Ilustração 42

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS As áreas de cada região, representadas pelas paredes (2, 3, 4, 5) e pelo chão (1), estão calculadas a seguir, repare que algumas são iguais (porque será?):

Ilustração 43 O total de lona necessário será a soma destas áreas, portanto, 162 m². c) Para calcular o volume total da piscina, basta lembrarmos que se trata de um prisma de base retangular e para isto usaremos a fórmula para o cálculo de volume de prismas. Logo, V = 96 × 1,5 = 144 m³. d) Se cada ladrilho custa hoje R$ 25,00 por metro quadrado. E sabemos pela letra A que usaremos 18,24 metros quadrados de ladrilho. Portanto, o total gasto com ladrilhos será de: 25 × 18,24 = 456 reais. COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S Como vimos, durante nosso estudo, a geometria espacial pode ser entendida como uma ampliação da geometria plana. E quando possível, nós podemos transferir os raciocínios do espaço para o plano. No entanto, o ideal é que você adquira os conhecimentos da geometria espacial manipulando concretamente cada um dos formatos e trabalhando com as visualizações da geometria em seu dia-a-dia. Pois este tipo de exercício ajudará você a identificar quando se trata da plana ou da espacial. Por exemplo, quando dizemos que duas ou mais retas podem ser paralelas, perpendiculares ou concorrentes estamos considerando este raciocínio feito em um plano. Isto porque, duas retas paralelas no espaço somente serão consideradas paralelas se não possuírem intersecção e estiverem contidas em um mesmo plano. Veja as figuras a seguir:

Ilustração 44

Ilustração 45

Na ilustração 45 podemos verificar que o segmento AB somente será paralelo ao segmento HG quando tivermos o plano destacado em cinza que contém os dois segmentos. O mesmo raciocínio pode ser feito para retas perpendiculares e concorrentes. No entanto, no espaço podemos considerar também a existência de retas reversas, que são chamadas assim quando não possuírem intersecção e não existir um único plano que as contenha. Observe a figura a seguir:

Ilustração 46

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS No caso da ilustração 46, serão reversos os segmentos FG e CD. Entretanto, existem muitos teoremas da geometria plana que se aplicam ao estudo da geometria espacial. É o caso, por exemplo, dos teoremas de Tales e Pitágoras. Tales de Mileto, um dos sete sábios da Grécia, foi o fundador da escola Jônica, uma escola de pensamento dedicada à investigação da origem do universo e de outras questões filosóficas, entre elas a natureza. A ele foram atribuídas muitas descobertas matemáticas. Acredita-se que seus resultados tenham sido obtidos mediante alguns raciocínios lógicos e não apenas por experimentação, observação ou até mesmo a intuição. Esta capacidade de raciocinar logicamente fez com que ele descobrisse uma forma de provar a semelhança ou até mesmo a congruência entre as figuras geométricas. Na linguagem usual dizemos que duas coisas são semelhantes quando elas se parecem ou quando possuem propriedades em comum. Assim, dizemos que pessoas, animais e prédios são semelhantes. Não entre si, pois não existem características que nos permitem dizer que um prédio é semelhante a um cachorro, não é? Sendo assim, dizemos que dois objetos são semelhantes quando tiverem a mesma forma. E serão congruentes quando tiverem a mesma forma e o mesmo tamanho. Por exemplo, um quadrado e um triângulo não serão semelhantes e muito menos congruentes, enquanto que dois quadrados poderão ser semelhantes ou até mesmo congruentes.

Ilustração 47 Pitágoras nasceu na Grécia e ao que tudo indica recebeu instrução matemática e filosófica de Tales. Viajou pelo Egito, Babilônia e Índia e ao retornar para a Grécia, fundou a Escola Pitagórica, dedicada a estudos religiosos, científicos e filosóficos. A ele foram atribuídas várias descobertas a respeito das propriedades dos números inteiros e do teorema que leva o seu nome. Em determinadas situações, o teorema de Pitágoras nos possibilita trabalhar com a geometria plana enquanto estudamos a geometria espacial. Por exemplo, quando desejamos encontrar o valor da diagonal de um cubo, podemos aplicar o teorema de Pitágoras. Veja figura a seguir:

Ilustração 48 O estudo de geometria plana deste ponto de vista ajuda você a construir e a entender como utilizar as ferramentas básicas para compreender, estudar e investigar mais sobre a geometria espacial. No cálculo de áreas, vimos que pode ser aplicado o mesmo raciocínio usado no plano, só que para cada face de um poliedro (veja a atividade número 4). O volume seria então, seguindo esta mesma linha de pensamento, a soma das áreas de cortes finíssimos ao longo de um sólido. Encerra-se aqui nosso estudo de geometria no ensino médio. Agora você encontrará alguns exercícios que servirão de preparação para as provas que virão bem como para que você possa verificar se assimilou os conceitos trabalhados na geometria.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ... Atividade 1. Calcule a altura de uma torre de transmissão de ondas para celular, sabendo que um homem com 1,75 metros de altura está a 8,4 metros de distância do pé da torre e que a sombra do homem projetada no chão mede 4,2 metros.

Atividade 9. Qual o volume de uma pirâmide que possui um quadrado com 10 cm de lado em sua base e uma altura de 9 cm?

Atividade 2. Em uma empresa existe uma escada de acesso para o refeitório dos funcionários. Esta escada feita de concreto possui 7 metros de comprimento na horizontal e 4 metros de altura. Como forma de se adequar à lei de acessibilidade cujo primeiro artigo diz: “Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.” A empresa contratou os serviços de um engenheiro para construir uma rampa de acesso junto com a mesma, mas sem destruir a escada existente e sem mexer em suas dimensões. Calcule o comprimento desta rampa.

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU! 1) Altura da torre igual a 5,25 metros. 2) O comprimento aproximado da rampa de acesso é de 8,1 metros. 3) O outro lado mede 10,8 centímetros. . 4) A área é igual a 5) A área da frente da casa é de 122,5m². 6) A pirâmide possui 5 vértices, 5 faces e 8 arestas. 7) O volume é de 2,25 metros cúbicos. 8) Serão pintados 10,5 metros quadrados da caixa de água. 9) O volume da pirâmide será de 300cm³. 10) A medida da diagonal será de 5,6 centímetros.

Atividade 3. Se um dos lados de um retângulo mede 10 cm. Qual deve ser a medida do outro lado para que a área deste retângulo seja igual a área do retângulo cujos lados medem 9cm e 12cm? Atividade 4. Qual é a área de um retângulo cuja base mede S e a diagonal mede D? Atividade 5. A frente de uma casa tem a forma de um quadrado com um triângulo retângulo isósceles em cima. Se um dos catetos do triângulo mede 7 metros, qual é a área da frente desta casa?

Atividade 10. O perímetro26 de um quadrado é 20 cm. Determine a medida de sua diagonal. Use

PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno, Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: H1 - Identificar e interpretar fenômenos de qualquer natureza expressos em linguagem geométrica. H2 - Construir e identificar conceitos geométricos no contexto da atividade cotidiana. H3 - Interpretar informações e aplicar estratégias geométricas na solução de problemas do cotidiano. H4 - Utilizar conceitos geométricos na seleção de argumentos propostos como solução de problemas do cotidiano. H5 - Recorrer a conceitos geométricos para avaliar propostas de intervenção sobre problemas do cotidiano. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Ilustração 49 Atividade 6. Quantos vértices, faces e arestas a pirâmide a seguir possui? Atividade 7. Qual é o volume de uma caixa de água (em forma de paralelepípedo) com as seguintes dimensões: 1 metro de comprimento; 1,5 metros de largura e 1,5 metros de altura? Atividade 8. Quantos metros quadrados serão necessários para pintar toda a caixa de água do exercício anterior por fora, incluindo a tampa e o fundo?

26 Perímetro: soma da medida de todos os lados de uma figura 55

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 5 OS SISTEMAS DE MEDIDAS CONSTRUIR E AMPLIAR NOÇÕES DE GRANDEZAS E MEDIDAS PARA A COMPREENSÃO DA REALIDADE E A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO COTIDIANO. Luzia de Fatima Barbosa DO FUNDO DO BAÚ... Como você já deve ter acompanhado em estudos anteriores, o ato de medir começou há muito tempo atrás. Quando ainda não existiam formas padronizadas de unidades de medida, o homem desenvolveu muitas técnicas e habilidades para isso, a partir de suas necessidades. Muitas civilizações utilizavam partes do corpo como unidades de medida como os pés, os palmos, os braços e as polegadas, entre outros. Vamos acompanhar um pouco de história?27 Os egípcios usavam também o cúbito como unidade de comprimento, que era a distância do cotovelo até a ponta do dedo médio. Assim, para evitar confusão provocada por conta da diferença do tamanho entre uma pessoa e outra, os egípcios fixaram o cúbito padrão de 52,4 centímetros, construídos em barras de pedra ou madeira. Acompanhe também a história da jarda...

Várias versões existem para explicar o aparecimento da jarda: no norte da Europa, supõe-se que era o tamanho da cinta usada pelos anglo-saxões e no sul seria o dobro do comprimento do cúbito dos babilônios. Seu valor também pode ter sido determinado por Henrique I (reinou na Inglaterra de 1100 a 1135), que teria fixado o seu comprimento

27 Adaptado do Livro: A Conquista da Matemática, 5ª série. Editora FTD. São Paulo. 2002. 56

como sendo a distância entre o seu nariz e a ponta de seu braço esticado. Informações como esta provavelmente não carecem de verdade, pois a maioria dos padrões da Idade Média era realmente criada pelos soberanos, primeiros interessados nas medidas dos valores de seus reinos.28 Mas afinal, o que é medir? Bom, medir é comparar grandezas. Mas o que são grandezas? Grandeza é tudo aquilo que pode ser medido, como comprimento, o tempo, a massa, a temperatura, a velocidade. Ilustração 1: Jarda Com o passar dos anos, com o desenvolvimento da sociedade, o homem começa a padronizar as unidades de medidas como forma de possibilitar relações entre os diferentes povos, para isso criou-se o Sistema Internacional de Unidades (SI) que estabelece algumas unidades de base relacionadas a algumas grandezas que iremos conhecer ao longo desse capítulo. Portanto, você vai recordar muitas unidades de medidas já estudadas, como é o caso do sistema métrico decimal, que foi adotado por vários países e no Brasil desde o fim do século XIX que é utilizado para medir comprimentos. Essas e outras unidades já estudadas irão te ajudar a entender esse capítulo. Bons estudos! Vejamos algumas situações... • Qual é a sua idade? • Qual a distância entre a Terra e o Sol em anos-luz? • Qual a temperatura de hoje? • Qual a largura da sala de estar da sua casa? • Como medir a velocidade de um carro em movimento? • Como medir o diâmetro de um átomo? E você já pensou também que em um computador, a capacidade de armazenamento de dados, como por exemplo: no disco rígido, no modem e na placa de vídeo também são medidos? E que a unidade de medida usada nesse caso é o byte? Também, podemos citar o decibel-dB (décima parte do bel) que é usada como unidade de medida do nível de intensidade sonora. Para que essas situações pudessem ser medidas e comparadas, foram surgindo unidades padrões que iremos estudar adiante. ASSIM OU ASSADO? Se formos pensar nas diversas situações descritas anteriormente, poderíamos pensar, que unidades de medida usar para cada uma delas e ainda, qual instrumento de medida utilizar. Como por exemplo: a régua, o metro, o transferidor, o velocímetro e outros. Veja que para cada grandeza que vai ser medida existe um instrumento diferente e próprio para tal. Vejamos algumas situações:

28 Informações retiradas do site: http://www.fisica. net/unidades/pesos-e-medidas-historico.pdf. Acessado em 10 de maio de 2009.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Vamos pensar um pouco no tempo... 1) Um fenômeno foi observado desde o instante 2h 30min até o instante 7h 45min. Quanto tempo durou o fenômeno? Observe que as unidades de medida que aparecem nessa situação são: horas e minutos, e a grandeza que está sendo medida é o tempo. Então para sabermos a duração total do fenômeno podemos subtrair do tempo final o inicial, acompanhe: 7h45min – 2h30min, como temos horas e minutos, temos: 7h – 2h= 5h 45min – 30 min=15min Portanto o tempo de duração foi de 5h15min. Veja que horas e minutos foram calculados separadamente, e assim faremos em cada situação, quando se trata de unidades de medidas, não podemos misturar num mesmo cálculo unidades diferentes, entendeu? 2) Em Astronomia29, a distância que a luz percorre no período de um ano é chamada de ano-luz. Assim, quantos metros têm um ano-luz sabendo que a velocidade da luz é de 300 000 km/s ou, 300 000 000 m/s? Neste caso as unidades de medida envolvidas são: ano-luz, quilômetros por segundo, metros por segundos e a grandeza que vai ser calculada é a distância. Acompanhe... Vamos considerar o ano com 365 dias. Como a velocidade da luz está em metros por segundo, ou seja, a luz percorre a distância de 300 000 000 metros em 1 segundo, temos que ter um ano (365 dias), expresso em segundos. Veja: Como cada dia tem 24 horas, cada hora 60 minutos e cada minuto 60 segundos. Podemos obter este tempo pela multiplicação desses valores: 365.24.60.60 = 31 536 000 segundos em um ano. Então: se a velocidade da luz é de 300 000 000 m/s, pela regra de três, temos 300 000 000 1s x 31 536 000 s x.1 = 300 000 000.31 536 000 x = 9 460 800 000 000 000 Portando, a distância que tem um ano-luz é 9 460 800 000 000 000 metros. Observe que este valor é muito grande, para isso, existe na matemática uma escrita que resolve este tipo de situação, chamada notação científica, que permite expressar números muito grandes ou muito pequenos, usando potências de base 10, ou seja, potências cuja base é o número dez, como por exemplo: 102, 104, 10-3. Veja como fica a escrita do valor encontrado: 9 460 800 000 000 000 = 9,4608 . 1015 metros. • Observe que o expoente 15 representa as quinze casas decimais que a vírgula foi deslocada para a esquerda. Explorando um pouco mais30....

29 Informações adaptadas do Caderno do Professor, 7ª série, volume 1-2009, Uma proposta curricular para o Estado- Governo do Estado de São Paulo. 30 Informações adaptadas do Livro: Física, de Paulo Ueno. Série Novo Ensino Médio. Volume Único. Editora Ática. 2006

Potências de 10 • Expoente maior que 0. O expoente da potência de base 10 é positivo e igual ao número de casas deslocadas, quando a vírgula é deslocada para a esquerda. Acompanhe alguns exemplos: 420 = 4,2 . 10² 52 000 = 5,2 . 104 Note que foi o que fizemos no resultado do exercício anterior. • Expoente menor que 0. O expoente da potência de base 10 é negativo e igual ao número de casas deslocadas, quando a vírgula é deslocada para a direita. Veja os exemplos: 0,056 = 56 . 10-3 0,00012 = 1,2 . 10-4 Vamos resolver alguns problemas! PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1) Um livro possui 200 folhas, que totalizam uma espessura de 2 cm. A massa de cada folha é de 1,2 g e a massa de cada capa do livro é de 10 g. Vamos calcular qual é a massa total do livro e ainda, qual a espessura de cada folha. Verifique que estamos trabalhando, nesse caso, com duas unidades de medida: de comprimento e de massa. Então vamos pensar em cada caso separado: Se cada folha “pesa” 1,2 gramas então nas 200 folhas temos: 1,2 . 200 = 240 gramas Agora devemos somar as duas capas: 10 + 10= 20 gramas No total: 240 + 20 = 260 gramas. Quanto à espessura, temos que dividir a espessura total, 2 centímetros, pelo número de folhas, assim: 2 ÷ 200 = 0,01 centímetros. Portanto, a espessura de cada folha é 0,01 cm. 2) Uma sala possui 5.400 mm de comprimento. Escreva esse comprimento em metros e em quilômetros, e diga qual é a unidade de medida mais conveniente para medir a sala. Escrevendo em metros, temos que: Se cada metro tem 1.000 milímetros, então: 5.400 ÷ 1.000 = 5,4 m. No caso de quilômetros, temos a cada 1 quilômetro 1.000 metros, então em 5,4 metros: 5,4 ÷ 1.000 = 0,0054 km. Observe que, nesse caso, a unidade mais conveniente é o metro, pois transmite com mais clareza o comprimento da sala. 3) Uma parede tem 7 m de comprimento por 2,75 m de altura. Com uma lata de tinta é possível pintar 10 m² de parede. Quantas latas de tinta serão necessárias para pintar essa parede?

57

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Bom, temos que nos recordar neste problema do cálculo de área, você se lembra? Pois bem, neste caso a parede tem a forma retangular, então a área é dada por: A= base x altura. Portanto: A= 7 . 2,75= 19,25 m² Como uma lata é suficiente para pintar 10 m², temos que duas latas pintam 20 m². Então para pintar 19,25 m², duas latas são suficientes. polegadas. Sabendo que 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, qual 4) Um disquete de computador mede 3 é a medida do disquete em centímetros? Neste exercício temos que fazer a conversão de unidades: de polegadas para centímetros. Acompanhe: 1 polegada 2,54 centímetros 3 polegadas x Para efetuar os cálculos, vamos usar no lugar de 3 , a sua representação decimal, ou seja, 3,5 polegadas. Então, usando regra de três simples: 1.x = 3,5 . 2,54 x= 8,89 Portanto, a medida do disquete é 8,89 centímetros. 5) Sabemos que há televisores de vários tamanhos e estes são indicados por polegadas. E você sabia que essa medida refere-se à medida da diagonal da tela? De acordo com essa informação, vamos calcular: a) Qual a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 14 polegadas? Devemos fazer a conversão das unidades. Se 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, então: 1 polegada 2,54 centímetros 14 polegadas x Usando a regra de três simples: 1.x = 14 . 2,54 x= 35,56 Portando, a medida é 35,56 centímetros. b) Agora é com você! Calcule a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 20 polegadas. A resposta será 50,8 centímetros. Depois de resolver este exercício, uma sugestão é que você calcule a medida da diagonal do televisor de sua casa. Depois do cálculo, você pode medir, com o auxílio de uma régua, a diagonal do seu televisor, confirmando a medida encontrada. Lembre-se que essas formas de conversão e equivalência você poderá encontrar em livros do Ensino Fundamental. COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S Como já foi comentado no início deste capítulo, com o passar do tempo, as civilizações foram padronizando os sistemas de medidas. Assim, surgiu o Sistema Internacional de Unidades (SI). Você sabia que... O Brasil adotou o SI em 1962? A Resolução n° 12 de 1988 do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) ratificou a adoção do SI no País e tornou seu uso obrigatório em todo o território nacional31. Vamos acompanhar as tabelas32 a seguir que mostra as sete unidades base, cada uma correspondente a uma grandeza:

31 32 58

Grandeza

Unidade

Símbolo

Comprimento Massa Tempo Intensidade de corrente elétrica Temperatura termodinâmica Quantidade de matéria Intensidade luminosa

Metro Quilograma Segundo Ampère Kelvin Mol Candela

M Kg S A K mol Cd

Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003. Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Hoje em dia são muito usadas unidades correspondentes a múltiplos e submúltiplos dessas unidades e outras, como por exemplo: Grandeza

Nome

Símbolo

Valor em unidade do SI

Comprimento

quilômetro decímetro centímetro milímetro

Km dm cm mm

1 km = 1000 m 1 dm = 0,1 m 1 cm = 0,01 m 1 mm = 0,001 m

Tempo

Minuto hora dia

Min h d

1 min = 60 s 1h = 60 min = 3600 s 1 d = 24 h = 86 400 s

Grau

°

minuto



Ângulo plano

segundo

rad

1°=

1’ =

°=

rad

1” =

’=

rad



Volume

Litro

ℓ ou L

1ℓ = 1 dm³ = 10-3 m³

Massa

Tonelada Grama

T G

1 t = 1000 kg 1 g = 0,001 kg

Note que, nesta última tabela, temos várias unidades que conhecemos, como as unidades de comprimento, tempo, volume e massa, que foram derivadas de suas relações com aquelas unidades padrões do Sistema Internacional. A seguir, vamos acompanhar algumas unidades de medidas. Comprimentos, áreas e volumes... Como medidas de comprimento, conhecemos o metro como unidade padrão e, com relação a ele, os múltiplos e submúltiplos, como mostra o quadro a seguir:

Múltiplos

Unidade

Submúltiplos

quilômetro

hectômetro

decâmetro

metro

decímetro

centímetro

milímetro

Km 1000 m

hm 100 m

dam 10 m

M 1m

dm 0,1 m

cm 0,01 m

mm 0,001 m

Agora imagine que se queira medir coisas menores do que a espessura de uma folha de papel? Pois então, hoje em dia já existe a nanotecnologia, que envolve o estudo de matérias no nível dos átomos e das moléculas. Temos que essa dimensão é da ordem de 0,000 000 001 metro, ou seja, 10-9m, portanto o nano significa a bilhonésima parte de uma unidade de medida. Bom, e o que fazer para determinar distâncias muito grandes? Para isso temos o ano-luz, que é a distância que a luz percorre em um ano, sabendo que a velocidade da luz no vácuo é de, aproximadamente, 300 000 km/s, que serve para determinar, por exemplo, a distância entre uma estrela e a Terra.

59

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Relações entre unidades Vamos relacionar as unidades de medidas de comprimentos, áreas e volumes. Acompanhe: A unidade de medida padrão para comprimento é o metro. Logo, a unidade padrão para cálculos de superfície é o metro quadrado, que é a medida correspondente à superfície de um quadrado de 1 metro de lado. Veja a figura:

Logo, o cálculo da área fica 1m.1m = 1 m². Assim, tendo formado uma figura tridimensional com a medida de 1 m de aresta, temos:

Ilustração 2 Calculando o volume, obtemos: 1m.1m.1m = 1 m³. Relacionando volume e capacidade, destacamos que: O volume de um cubo de 1 dm de aresta, que é 1 dm³, equivale a 1 litro. Na figura, como temos um volume de 1 m³, então: 1 m³ = 1000 dm³ = 1000 litros E ainda podemos destacar as seguintes relações: Se 1 m é igual a 10 dm, então 1 m³ é igual a 1000 dm³. E mais, se 1 m equivale a 100 cm, então 1 m³ equivale a 1000 000 cm³. Como fizemos a relação que existe entre as unidades de medida de volume com a capacidade, vejamos alguns múltiplos e submúltiplos do litro: Múltiplos

Unidade

Submúltiplos

Quilolitro

Hectolitro

Decalitro

Litro

Decilitro

centilitro

mililitro

Kl

Hl

Dal

L

Dl

cl

ml

1000 l

100 l

10 l

1l

0,1 l

0,01 l

0,001 l

Medindo arcos de circunferência...33

33 60

Textos adaptados do livro: Matemática Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz, Editora

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Um arco de circunferência é formado por um segmento qualquer da circunferência, limitado por dois de seus pontos distintos. Veja na figura a seguir, o arco menor AB, limitado pelos pontos A e B; o ponto D está localizado no arco maior, denotado por ADB (frequentemente usa-se três letras para representar o arco maior).

Ilustração 3 Se A coincide com B, temos um arco de uma volta ou um arco nulo. Todo arco de circunferência tem um ângulo central que o subtende. No exemplo acima temos: Arco menor:

Arco: AB Ângulo central: AÔB

Arco maior: Arco ADB Ângulo central AÔB Contudo, temos que a medida de um arco é a medida do ângulo central que o subtende, independentemente do raio da circunferência que contém o arco. Como unidade de medida do arco usa-se o grau e o radiano. Já o comprimento do arco, é a medida linear do arco, sendo usadas como unidades de medida o metro e o centímetro. Explorando um pouco mais essas medidas de arco... Existem dois tipos de medições desses arcos: a medida linear, que consiste em medir o comprimento entre suas extremidades e a medida angular, que consiste em calcular a medida do ângulo central correspondente a esse arco. As unidades usadas para determinar esse ângulo são o grau e o radiano. Vejamos com mais detalhes essas unidades de medida. O grau O grau é definido pela divisão da circunferência em 360 partes iguais. Cada uma dessas partes equivale a um grau (1°), portanto, em uma circunferência temos 360°. Podemos conhecer também os múltiplos e submúltiplos do grau, que servem para os casos em que a medida de um ângulo não for um número inteiro de grau, ou seja, a medida é menor que um grau inteiro. São eles: o minuto e o segundo.

Temos que: 1) um grau corresponde a 60 minutos, ou seja, dividindo-se um arco de 1° em 60 partes iguais, cada um dos arcos corresponde a um arco de um minuto (1’). (utilizaremos o símbolo 60’). 2) Por sua vez, um minuto corresponde a 60 segundos, ou seja, dividindo-se um arco de 1’ em 60 partes iguais, cada um desses arcos corresponde a um arco de um segundo (1”) (utilizaremos o símbolo 60’’). Concluindo: 1° = 60’ e 1’ = 60 “ Portanto, se tivermos um arco de medida expressa em graus, minutos e segundos, teremos a seguinte representação: Exemplo: 25°30’50” Veja outro exemplo: Escrever 18,5° usando os submúltiplos. Temos que: 18,5° = 18° + 0,5° Bom, se um grau corresponde a 60’, então a metade de um grau corresponde a 30’. Então a medida desse ângulo pode ser expressa por 18° 30’. O Radiano O arco de 1 radiano é o arco cujo comprimento é igual à medida do raio da circunferência que o contém. Podemos dizer que um arco de um radiano (1 rad) é um arco cujo comprimento retificado é igual ao raio da circunferência, ou seja, se temos um ângulo central de medida um radiano, então ele subtende um arco de medida um radiano (lembre que a medida do arco é igual à medida do ângulo central) e comprimento de 1 raio. Assim, se temos um ângulo central de medida 2 radianos, então ele subtende um arco de medida 2 radianos e comprimento de 2 raios. Agora, se tivermos um ângulo central de medida α radianos, então ele subtende um arco de medida α radianos e comprimento de α raios. Assim, ℓ = α r se a medida α do arco for dada em radianos. Relacionando o comprimento ℓ e a medida α (em graus) do arco, temos que: α=

, ou seja, α é o número de vezes que r “cabe” em ℓ.

Vale ressaltar que a medida angular de um arco, em

radianos, só é numericamente igual ao comprimento desse arco se r = 1.

E ainda: ℓ =

. 2πr, pois

radianos, temos: ℓ = αr, pois

=

=

. Com α em

.

Fazendo a conversão de graus para radianos, temos:

Saraiva, São Paulo, 2007 e Matemática, de Luiz Roberto Dante, Editora Ática, São Paulo, 2008. 61

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Medida em graus a 180

Medida em radianos α π

E assim serão feitas as conversões, ou seja, usando a regra de três simples. AGORA É A SUA VEZ... Atividade 1: Transforme: a) 3m + 400 cm em centímetros; b) 140 mm em metros; c) 80 g em quilogramas; d) 1h + 30 min em segundos; Atividade 2. Usando uma régua, como você mediria a espessura de uma folha de um livro com a maior precisão possível? Atividade 3. Pense em alguns acontecimentos... Faça uma lista de fatos relacionando as unidades que foram usadas para marcar esse tempo, tais como: dias, meses, semanas, anos, séculos... analise o fato que diferentes acontecimentos exigem uma unidade diferente. Atividade 4. Qual é a distância entre a Terra e o Sol, em anos-luz, sabendo-se que essa distância expressa em metros é de, aproximadamente, 150 000 000 000? Atividade 5. Converter em radianos: a) 45° b) 72° c) 36° d) 135° e) 240° f) 600° Atividade 6. Converter em graus: a)

rad

b)

rad

c)

rad

Atividade 7. Qual a capacidade, em metros cúbicos, de um recipiente de 300 ℓ. Atividade 8. Dê os seguintes valores em unidades do SI. a) 8 km b) 6 min c) 7 h d) 4 t e) 3200 g Atividade 9. Calcule, em radianos, a medida do ângulo central correspondente a um arco de comprimento 15 cm contido numa circunferência de raio 3 cm? Atividade 10. Considere essas informações e depois responda34. A capacidade de armazenamento de dados em disquetes, CDs e em memória de computadores é medida em bytes.

34 Atividade retirada do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª série). Editora responsável: Juliane Matsubara Barroso. Organizadora: Editora Moderna.2006. 62

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Conheça algumas relações entre unidades de medida de armazenamento de dados usadas na informática. 1 Kilobyte ou Kbyte ou KB é igual a 1 024 bytes. 1 Megabyte ou Mbyte ou MB é igual a 1 024 Kilobytes. 1 Gigabyte ou Gbyte ou GB é igual a 1 024 Megabytes. 1 Terabyte ou Tbyte ou TB é igual a 1 024 Gigabytes. A capacidade de armazenamento de dados de um disquete é de 1,44 MB e a de um CD é de 740 MB. Quantos disquetes seriam necessários para armazenar todos os dados de um CD? Atividade 1135. Nas olimpíadas, uma das provas de ciclismo é chamada “estrada contra o relógio”. Nela, os ciclistas largam um de cada vez, em intervalos de 90 segundos, para percorrer uma distância de 45 800 metros. Quem faz o menor tempo ganha a corrida. a) Se o primeiro ciclista sair às 9h 45min 24s, a que horas sairão o segundo e o terceiro ciclistas? b) Associe o tempo dos três primeiros colocados ao respectivo lugar no pódio: • Fábio demorou 1 hora, 1 minuto e 57 segundos para completar a prova; • César demorou 3719 segundos; • João demorou 61 minutos e 58 segundos. Atividade 12. Um condomínio compra água de uma empresa para encher duas piscinas, com capacidade para 36000 litros e 15000 litros. Essa empresa sempre leva a água em caminhões-pipa com capacidade de 10 m3. Quantos caminhões são necessários para levar a água ao condomínio? Atividade 13. Elias quer construir uma piscina em seu sítio, numa área retangular de 3 metros de largura e 5 metros de comprimento. Qual deverá ser a profundidade dessa piscina se ele que caibam 30000 litros de água? Lembrese! O cálculo do volume de um paralelepípedo é dado pela fórmula: V = a . b . c (onde a representa o comprimento, B representa a largura e c representa a altura, ou a profundidade, no caso da piscina). Atividade 14. O carnaval de Olinda atrai todo ano mais de 1 milhão de foliões para as ruas e ladeiras dessa cidade pernambucana. Mais de 500 agremiações – entre blocos, troças, afoxés, maracatus, clubes de bonecos e escolas de samba – animam esses foliões. Considerando que uma das ruas ocupadas por esses foliões tem aproximadamente 100 metros de comprimento e 15 metros de largura, estime quantos foliões podem ocupar essa rua. Obs.: Para fazer a estimativa de uma multidão, existe um padrão internacional de contagem: Considera-se que 4 pessoas ocupam uma área de 1 m2. Então, em uma área de 10.000 m2, por exemplo, há 40.000 pessoas.

35 As atividades 11 a 14 foram retiradas e/ou adaptadas do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª série/6º ano). Editora responsável: Juliane Matsubara Barroso. 2ª Edição – São Paulo: Moderna, 2007.

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU 1. a) 700 cm b) 0,14 m c) 0,08 kg d) 5400 s 2. Medindo a espessura do livro (exceto as capas) e dividindo o resultado pelo número de páginas. 3. Resposta pessoal. Pesquisa. 4. 0,0000158 anos-luz ou, em notação científica, 1,58 . 10-5 anos-luz. 5. a)

rad

b)

rad

c)

rad

d)

rad

e)

rad

f)

rad

6. a) 30° b) 120° c) 18° 7. 0,3 m³ 8. a) 8 000 m b) 360 s c) 25 200 s d) 4000 kg e) 3,2 kg 9. 5 rad. 10. 514 disquetes.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 11. a) 2º ciclista: às 9h 46min 54s; 3º ciclista: às 9h 48 min 24s b) Fábio (1º lugar), João (2º lugar) e César (3º lugar) 12. 6 caminhões 13. 2 metros de profundidade 14. 6000 foliões. PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno, Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: H1 - Identificar e interpretar registros, utilizando a notação convencional de medidas. H2 - Estabelecer relações adequadas entre os diversos sistemas de medida e a representação de fenômenos naturais e do cotidiano. H3 - Selecionar, compatibilizar e operar informações métricas de diferentes sistemas ou unidades de medida na resolução de problemas do cotidiano. H4 - Selecionar e relacionar informações referentes a estimativas ou outras formas de mensuração de fenômenos de natureza qualquer, com a construção de argumentação que possibilitem sua compreensão. H5 - Reconhecer propostas adequadas de ação sobre a realidade, utilizando medidas e estimativas. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Capítulo 6 GRANDEZAS E PROPORCIONALIDADE: OLHANDO PARA O COTIDIANO CONSTRUIR E AMPLIAR NOÇÕES DE VARIAÇÃO DE GRANDEZA PARA A COMPREENSÃO DA REALIDADE E A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO COTIDIANO. Fernando Luis Pereira Fernandes DO FUNDO DO BAÚ Que tal começarmos com uma aula falando de comida? Aí vai uma receita de Bolo Gelado! Bolo gelado36 12 porções Ingredientes 4 ovos 2 xícaras de açúcar 3 xícaras de farinha de trigo 1 copo de suco de laranja ( 250ml) 1 colher de sopa de fermento em pó Para a cobertura: 1 garrafa pequena de leite de coco 1 garrafa de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco como medida) 1 lata de leite condensado 1 pacote de coco ralado sem açúcar Modo de Preparo 1. Na batedeira bata as claras em neve 2. Acrescente o açúcar e bata por mais uns 3 minutos 3. Coloque as gemas, o trigo, o suco e continue batendo até formar uma massa homogênea 4. Por último ponha o fermento, bata por mais 40 segundos na menor velocidade da batedeira 5. Despeje a massa numa forma média e untada 6. Asse em forno pré-aquecido em temperatura média por aproximadamente 40 minutos ou até dourar Cobertura: 1. Misture bem numa tigela o leite de coco, o leite e o leite condensado 2. Reserve 3. Assim que o bolo tiver assado, retire do forno e fure toda a sua superfície com garfo ou faca, assim a cobertura penetrará bem 4. Com o bolo ainda quente e já furado despeje a cobertura sobre ele 5. Salpique o coco ralado por cima 6. Leve à geladeira por aproximadamente 3 horas

36 Receita extraída de http://tudogostoso.uol.com. br/receita/2313-bolo-gelado.html. Data: 07 de Fevereiro de 2009. 64

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 7. Corte o bolo em quadradinhos do tamanho que preferir e embrulhe com papel alumínio 8. Conserve na geladeira 9. Se o leite tiver fresquinho o bolo pode durar até 1 semana, isso se não acabarem com ele bem antes Observe no início da receita o seu rendimento. Caso quisesse aumentar o número de porções para 24, qual seria a quantidade de ingredientes para o bolo completo? E se desejasse fazer a metade da receita, quantas porções e qual a quantidade de ingredientes necessários para a produção? Qual a relação entre a quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos? Bom, é simples querer fazer um bolo com 24 porções. Afinal, a receita anterior indica que o rendimento é de 12 porções. Para se produzir uma receita com 24 porções, basta multiplicar por 2 todos os ingredientes. E para produzir 6 porções, é só dividir a quantidade de ingredientes por 2. Assim, temos: Quantidade de ingredientes para 24 porções: 8 ovos 4 xícaras de açúcar 6 xícaras de farinha de trigo 2 copos de suco de laranja ( 500ml) 2 colheres de sopa de fermento em pó Para a cobertura: 2 garrafas pequenas de leite de coco 2 garrafas de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco como medida) 2 latas de leite condensado 2 pacotes de coco ralado sem açúcar

Quantidade de ingredientes para 12 porções 2 ovos 1 xícara de açúcar 1 1/2 xícara de farinha de trigo 1/2 copo de suco de laranja ( 125ml) 1/2 colher de sopa de fermento em pó Para a cobertura: 1/2 garrafa pequena de leite de coco 1/2 garrafa de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco como medida) 1/2 lata de leite condensado 1/2 pacote de coco ralado sem açúcar

Também é questionada a relação da quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos. Note que, na receita principal, são 2 xícaras de açúcar para 4 ovos. Essa análise pode ser feita também com as outras receitas: para a receita de 24 porções, são 4 xícaras de açúcar para 8 ovos e, na de 6 porções, é uma xícara para 2 ovos. O que você notou nas quantidades em cada uma das relações anteriores? Veja que a relação entre a quantidade de açúcar e o número de ovos, independente da quantidade empregada, é sempre a mesma: o número de ovos é sempre o dobro da quantidade de xícaras de açúcar (ou o contrário, a quantidade de xícaras de açúcar representa a metade da quantidade de ovos). Podemos escrever essas conclusões em uma tabela, para verificando a relação entre a quantidade de açúcar e ovos: Ingredientes

Rendimento 12 porções

Rendimento 24 porções

Rendimento 6 porções

Açúcar Ovos

2 4

4 8

1 2

Utilizando uma linguagem matemática, podemos reescrever os valores que estão na tabela na forma de fração:

Uma outra situação...

65

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Veja a reportagem retirada do site UOL Empregos37

CONCURSO DA PRF: MT TEM 509 CANDIDATOS/VAGA; NO PA SÃO 434 05/09/2008 - 16h58 Da Redação Em São Paulo O Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos) divulgou nesta sexta (5) a concorrência no concurso da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Em Mato Grosso, são 74.318 candidatos para 146 vagas: 509,03 inscritos para cada posto em disputa. Para as 194 vagas do Pará, estão inscritos 84.363: 434,86 candidatos/vaga. O número total de candidatos -- 158.681 -- já havia sido anunciado, junto com os locais de prova, na terça (2). O exame está marcado para o próximo dia 14, às 14h. A seleção oferece 340 vagas no cargo de policial rodoviário federal (ensino médio). O salário inicial é de R$ 5.238,94. A prova será realizada nas capitais dos Estados da região Norte e do Centro-Oeste, na cidade de Santarém (PA) e no Distrito Federal. Decisão da Justiça O exame foi suspenso em dezembro de 2007, dois dias antes da aplicação, por suspeita de fraude. Neste ano, a Polícia rescindiu o contrato com o NCE (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro), então organizador do concurso, e repassou a execução para o Cespe. Estavam inscritos mais de 122 mil candidatos. As inscrições para o concurso foram reabertas em 28 de julho e se encerraram em 13 de agosto, obedecendo à decisão da 2ª Vara Federal em Cuiabá (MT). A Justiça atendeu pedido do MPF (Ministério Público Federal), que, por meio de ação civil pública, identificou irregularidades na seleção. No edital de abertura, a polícia pedia, como requisito para tomar posse do cargo, apresentação de certidão negativa de protesto de título em um período de cinco anos e teste de gravidez para as mulheres. Agora, a Polícia ainda pede certidões, mas não mais negativas. Nova avaliação. As provas objetivas e de redação terão a duração de quatro horas e 30 minutos. Os exames, obedecendo ao primeiro edital, terão 80 questões de múltipla escolha. A primeira fase do concurso público terá ainda exame de capacidade física, exames médicos e avaliação psicológica. A segunda fase será o curso de formação profissional. É recomendável confirmar datas e horários para se prevenir de alterações posteriores à publicação deste texto. Outros dados podem ser obtidos no site da instituição organizadora, o Cespe. Após a leitura da reportagem, fica claro o que significa 504 candidatos/vaga? O que representa? Como se obtém esse valor? ASSIM OU ASSADO? Na reportagem anterior, é questionando o significado de 504 candidatos/vaga. Em um concurso para o estado de Mato Grosso do Sul, com 74.318 candidatos, disputando 146 vagas, quando relacionamos as grandezas quantidade de candidatos e quantidade de vagas, obtemos:

Essa relação é chamada de razão. Nesse caso, temos a razão entre o numero de candidatos e o numero de vagas disponíveis. Uma razão é uma fração, que representa também uma divisão. Então temos: 509,027 74318: 146 Esse número representa o número de candidatos disputando uma vaga! Realmente, esse concurso foi muito disputado! Na primeira situação proposta no capítulo, vimos a relação entre a quantidade de açúcar e ovos na receita do Bolo

37 Retirado de http://noticias.uol.com.br/empregos/ultnot/2008/09/05/ult880u7352.jhtm. Data 07 de Fevereiro de 2009. 66

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Gelado. A relação

também é uma razão, pois há uma comparação entre as grandezas (tudo o

que pode ser medido) referentes à quantidade de açúcar e à quantidade de ovos. Quando estabelecemos uma igualdade entre duas razões, podemos afirmar que há uma proporção. Um exemplo de proporção é: 38 Observe a promoção anunciada por um feirante: “Aproveite! Quatro carambolas por apenas 3 reais”. Calcule o preço de: a) 6 carambolas b) 10 carambolas c) 15 carambolas , isto é, a relação entre

Onde há a proporção? Primeiramente, vamos identificar a razão

a quantidade de carambolas e o valor a ser pago, em reais. No problema, o feirante diz que são 4 carambolas por 3 reais. Assim, a razão é: situação:

(Lê-se: quatro para três). Agora, caso uma pessoa queira comprar 6 carambolas, temos a seguinte

Quantidade de Carambolas

4

6

Valor a Pagar (em Reais)

3

?

Note que é preciso descobrir quanto a pessoa pagará por 6 carambolas. Usando o raciocínio de proporção, sabemos que, ao comprar 2 carambolas, uma pessoa pagaria R$ 1,50 ( afinal, é a metade!) Assim, por 6 carambolas, uma pessoa pagará, no total, R$ 4,50. Será que não haverá outras maneiras para representar essa situação? Nesse capítulo, veremos diversas situações em que o cálculo que realizamos agora, não será tão simples assim... Podemos interpretar da tabela anterior que temos duas razões:

Como a relação entre elas é constante, podemos afirmar que

.

. Uma propriedade interessante que ocorre

com as proporções é a existência de uma constante de proporcionalidade. O que seria isto?

38 Problema retirado de Matemática – 6ª série: Coleção Idéias e Relações. Autores: Cláudia Miriam Tosatto, Edilaine do Pilar F. Peracchi e Voleta Stephan. Editora Positivo, 2005, 2ª Edição. 67

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Note que o valor 1,50 é multiplicado por 4, para encontrar 6, e o mesmo ocorre com o 3, que ao ser multiplicado por 1,50, obtém 4,50. Isso sempre acontece em relações de proporcionalidade direta. Veremos a seguir o que isto significa. Em uma indústria, certa máquina produz 250 peças por hora. Quantas horas essa mesma máquina terá de trabalhar para produzir 1500 peças? Vamos dispor as informações em uma tabela, relacionando as grandezas quantidade de peças e tempo: Quantidade de Peças

Tempo (H)

250

1

1500

?

Alguns questionamentos... Se eu aumentar a quantidade de peças o que deve acontecer com o tempo? Vai levar mais ou menos tempo para produzir 1500 peças? Como levará mais tempo, podemos afirmar que a relação entre a produção de peças e o tempo é de uma proporcionalidade direta, ou ainda, que as grandezas quantidade de peças e tempo são diretamente proporcionais. Podemos encontrar o tempo necessário para produzir 1500 por diversas maneiras. Uma delas é verificar por quanto devo multiplicar 250 para obter 1500: Quantidade de Peças

tempo

250

1

1500

?

Logo, o tempo necessário para produzir 1500 peças será de 6 horas. Mas, não é a única forma de encontrar o tempo... Podemos, a partir de uma propriedade existente nas proporções, a qual chamamos de Regra de Três, obter o mesmo resultado. Reescrevemos os valores presentes na tabela, dispostos em frações (ou razões):

Chamamos de Regra de Três, pois temos três valores e estamos à procura do 4 º valor, o qual representamos por x (o número a ser descoberto). O procedimento é “multiplicar os valores em cruz”, isto é, multiplicamos os valores extremos e os valores dos meios. Como isso funciona?

A seguir, efetuamos a equação: 250 . x = 1500 . 1 250x = 1500 x= x=6 Agora, um outro problema que envolve proporcionalidade: O premio da Loteria Federal está acumulado em R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais). Determine os valores a serem recebidos por acertador caso o número de ganhadores seja: a) 2 b) 5 c) 10

68

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS A partir da tabela a seguir, poderemos descobrir quanto cada um dos ganhadores receberá: Quantidade de Ganhadores

Valor do Prêmio (em reais)

1

12 000 000

2

?

O que acontecerá com o prêmio, caso dobre a quantidade de ganhadores? O valor do prêmio para cada um dos premiados será a metade do valor principal. Ao contrário da proporcionalidade direta, nesse caso, quando uma das grandezas aumenta, a outra diminui na mesma proporção. Assim, o prêmio será de R$ 6.000.000,00 para cada um. 5. Logo, o valor a ser recebido Isso ocorrerá com os demais valores: para 5 ganhadores, teremos R$ 12.000.000,00 por premiado é de R$ 2 400 000. Mas, será que é possível utilizar a regra de três em uma proporcionalidade inversa? A partir da tabela anterior, montamos a proporção:

Ao resolver, utilizando a multiplicação em cruz, temos: 1 . x = 2 . 12 000 000 x = 24 000 000 Note que o valor encontrado está incorreto, pois resolvemos o problema anteriormente e tínhamos encontrado o resultado 6.000.000. O que será que está errado? Como a proporcionalidade que estamos tratando é inversa (lembre-se, quando uma das grandezas aumenta, a outra diminui na mesma proporção), é preciso inverter a ordem de um dos parâmetros. Logo, a proporção que era

ficará assim:

Resolvendo a proporção, utilizando a Regra de Três, temos: 2 . x = 1 . 12 000 000 2x = 12 000 000 x = 12 000 000

Assim, podemos utilizar a regra de três quando a proporcionalidade for inversa. A proporcionalidade inversa também pode ser chamada por grandezas inversamente proporcionais. Apesar das situações apresentadas serem referentes à proporcionalidade, nem tudo tem proporção. Por exemplo, uma criança que possui uma idade de 9 anos possui uma altura de 1,35m. Quando ela tiver 18 anos, qual será a sua altura? Note que, no problema, somos levados a pensar que, ao dobrar a idade (de 9 anos para 18), encontraremos uma altura que corresponda ao dobro da sua altura atual (de 1,35m para 2,70m), o que seria um absurdo. Imagine a altura dessa pessoa quando tivesse seus 81 anos...

69

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Porcentagem A porcentagem, já estudada no Ensino Fundamental, pode ser interpretada como sendo uma razão. Sabe-se que a porcentagem é uma razão entre a parte e o todo (os 100%). Por exemplo, quando você se depara com a seguinte manchete: “ De cada três matérias produzidas no Congresso, apenas uma tem relevância39”, qual será a porcentagem de matérias que não tem relevância para o país? Como há uma matéria relevante para cada três matérias produzidas, têm-se duas matérias irrelevantes. Para encontrar a porcentagem que essas matérias irrelevantes representam, é preciso relacioná-las como razão: Duas matérias em um total de três matérias é o mesmo que

(dois para três).

Entendemos que o total (isto é, 100%) seriam as três matérias. Matérias

Porcentagem

3

100

2

X

Utilizando a Regra de três, temos:

3x = 2 . 100 3x = 200 x= x = 66,66...% Logo, a porcentagem é de aproximadamente 66,6%. Entretanto, não é a única maneira de encontrar a porcentagem a partir de uma razão. Como a razão entre as matérias irrelevantes e o total de matérias produzidas é de 2 para 3, podemos dividir 2 por 3. 2 : 3 = 0,66... Se ignorarmos as demais casas decimais do número 0,66... (0,66), podemos reescrevê-lo como sendo 0,66 = . Assim,

corresponde a 66%, isto é, em um grupo de 100 matérias produzidas pelo Congresso Nacional,

aproximadamente 66 não têm relevância para o país. A seguir, a manchete de uma outra reportagem trata da crise econômica mundial, iniciada no final do ano de 2008: “Crise afeta oito em cada dez empresas brasileiras, diz pesquisa da CNI40” Podemos utilizar o mesmo raciocínio para encontrar a porcentagem. Se, de cada 10 empresas, 8 são afetadas pela crise, é o mesmo que 8 está para 10, ou ainda

.

39 Notícia extraída de http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1009055/de-cada-tres-materias-produzidas-nocongresso-apenas-uma-tem-relevancia - Arquivo capturado em 02 de Maio de 2009. 40 Notícia extraída de http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1040260-9356,00-CRISE+AF ETA+OITO+EM+CADA+DEZ+EMPRESAS+BRASILEIRAS+DIZ+PESQUISA+DA+CNI.html Arquivo capturado em 02 de Maio de 2009. 70

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Como

corresponde a

(

=

) são frações equivalentes! Observe que o numerador e o denomina-

dor foram multiplicados por 10), descobrimos que 80 % das empresas brasileiras foram afetadas pela crise. É claro que também é possível obter a porcentagem a partir da regra de três: Empresas

Porcentagem

10

100

8

X

10x = 8 . 100 10x = 800 x= x = 80% No cotidiano, encontramos diversas situações que envolvam grandezas proporcionais e porcentagem. Mais ainda, quando envolve cálculos no comércio e no mercado financeiro, pois a partir da porcentagem, é possível calcular os juros cobrados quando se realiza o financiamento de mercadorias, ou ainda, para saber o rendimento obtido a partir de investimento realizado na caderneta de poupança. Um exemplo disso é o problema a seguir: (CESU/2007) Luis aplicou R$ 2.500,00 à taxa de 2% ao mês, durante 5 meses. Considerando um regime de juros simples, ele receberá, de juros, a) R$ 145,00 b) R$ 300,00 c) R$ 350,00 d) R$ 250,00 No problema, aparece a expressão “juros simples”. Quando se trata desse tipo de juros, o rendimento é calculado a partir do capital inicialmente investido. O capital é de C = 2500, os juros são de 2% ao mês e o tempo em que o dinheiro ficará investido é de 5 meses. Calculemos 2% de 2500. 2% de 2500 =

. 2500 =

= 50 Assim, renderá R$ 50,00 por mês. Em um total de 5 meses, o rendimento obtido foi de 5 . R$ 50,00 = R$ 250,00 Resposta: Alternativa D. Entretanto, não é bem assim que os juros são calculados na maior parte das vezes. A caderneta de poupança é um exemplo disso. Vamos supor que uma pessoa investiu R$ 3000,00 na caderneta e o rendimento mensal seja de 1% ao mês. Ao final do primeiro mês, o valor que constará na caderneta será de: 1% de 3000 =

. 3000 =

Assim, 3000 + 30 = 3030,00

71

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS No final do segundo mês, os juros serão calculados pelo valor total que estiver na poupança, isto é, do valor investido mais os juros do 1º mês: 1% de 3030 =

. 3030 =

Também podemos calcular 1% de 3030, fazendo 0,01 . 3030 = 30,30 (LEMBRE-SE! 1% =

)

Assim, os juros obtidos no 2º mês foram de R$ 30,30. Note que, diferente do primeiro exemplo, nesse caso, os juros não são valores fixos, pois muda o capital calculado. Observe a tabela a seguir com alguns valores, após 4 meses de investimento: Período Mês inicial Final do 1º mês Final do 2º mês Final do 3º mês

Capital (C) 3000 3030,00 3060,30 3090,903

Juros (J) 0,01.300 = 30,00 0,01 . 3030 = 30,30 0,01 . 3060,30= 30,603 0,01 . 3090,903 = 30,90903

Montante (C + J) 3030,00 3060,30 3090,903 3121,81203

Como o Montante representa o capital somado com os juros, podemos escrever uma fórmula: Como esse cálculo é realizado com juros sobre juros, chamamos de juros compostos. Note que há um fator de aumento, que é constante, no cálculo dos juros compostos. Para encontrar 3030 basta calcular 3000.(1 + 0,01) = 3000.(1,01) Para encontrar 3060,3 basta calcular 3000.1,01.(1,01) = 3000 (1,01)2 Para encontrar 3090,903 é só calcular 3000.(1,01).(1,01)2 = 3000(1,01)3. Assim, podemos dizer que o cálculo do montante no caso de juros compostos pode ser feito a partir da fórmula: M = C(1 + i)t Se a caderneta de poupança fosse corrigida pelo regime de juros simples, o investidor obteria menor rendimento. Abaixo, a tabela apresenta os juros em cada um dos regimes: Período (tempo) Capital: 3000,00 1º mês 2º mês 3º mês

Juros Simples 30,00 30,00 30,00 30,00

Juros compostos 30,00 30,30 30,603 30,90903

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1) Sabe-se que, no preparo de pão caseiro, para cada 0,5 kg de farinha de trigo, utiliza-se 2 xícaras de óleo. Pergunta-se: caso seja utilizado 2,5 kg de farinha, quantas xícaras de óleo são necessárias? Podemos analisar o problema, comparando as grandezas farinha de trigo e óleo. Para preparar a receita, se aumentar a quantidade de farinha de trigo, necessariamente deverá aumentar a quantidade de óleo, seguindo a proporcionalidade. Veja a tabela: Farinha de trigo (Kg) 0,5 2,5

Óleo (xícaras) 2 x

Primeira maneira de resolver é procurar encontrar quantas vezes aumentou a quantidade de farinha (de 0,5 para 2,5). Note que 0,5 . 5 = 2,5kg. Assim, multiplicamos 2 por 5, obtendo 10 xícaras de óleo. Uma outra maneira de resolver o problema é reescrever a tabela acima na forma de Regra de Três.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Como as grandezas são diretamente proporcionais, podemos multiplicar em “cruz”: 0,5 . x = 2,5 . 2 0,5 . x = 5 x=

A partir da regra de três, temos:

25 . x = 320 . 100

Resposta: 5 xícaras de óleo. 2) Em uma empresa, a razão entre funcionários do sexo masculino e feminino é de 2: 3 (Lê-se dois para três). O que significa 2: 3? Se, nessa empresa tiver 60 mulheres, haverá quantos funcionários do sexo masculino? No problema, a razão refere-se aos “funcionários do sexo masculino e feminino”, sendo 2:3. Assim, para cada 2 funcionários homens, tem-se 3 funcionários de sexo feminino. Se houver 60 mulheres, podemos encontrar a quantidade de homens a partir da tabela: Homens 2 x

Mulheres 3 60

Se a quantidade de homens depende da razão 2: 3, novamente podemos encontrar o número de homens que são funcionários dessa empresa por duas maneiras: 1º) Como a quantidade de mulheres aumentou 20 vezes (3. 20 = 60), podemos seguir o mesmo raciocínio para os homens ( 2 . 20 = 40). Assim, há nessa empresa 40 homens. 2º) Podemos, também resolver por Regra de Três:

25x = 32000 x= x = 1280 Resposta: A renda mensal da família é de R$ 1280,00. 4) Em alguns programas de televisão, existem quadros que apresentam a reforma e /ou a construção de uma casa em um intervalo de tempo muito pequeno. Para isso, é preciso um “batalhão” de pedreiros, serventes, encanadores e eletricistas para executar o serviço rapidamente. Suponhamos que, para construir uma casa de pequeno porte, 3 pedreiros levem 60 dias para construí-la. Caso, o dono queira agilizar a sua construção, exigindo que a construção seja realizada em 15 dias, quantos pedreiros são necessários para o trabalho? Nesse problema, devemos analisar qual é o comportamento das grandezas envolvidas. Estamos relacionando “número de pedreiros” e “dias de trabalho”. Se aumentarmos a quantidade de pedreiros, levará menos tempo para a construção. É claro que isso será uma situação ideal, imaginando que todos trabalhem a mesma quantidade de tempo e no mesmo ritmo. A partir da tabela e da montagem da regra de três, veremos como resolver o problema que envolve grandezas inversamente proporcionais: Dias de trabalho 60 15

3 . x = 60 . 2

Número de pedreiros 3 x

3 x = 120 x=

Como as grandezas são inversas, antes de resolver, fazemos a “inversão” de uma das frações: escolhi a segunda fração.

x = 40 3) Se 25 % da renda mensal de uma família é destinada ao pagamento do aluguel, qual será a renda mensal dessa família, sabendo que o aluguel é de R$ 320,00? No problema fica evidente que 25 % da renda dessa família corresponde a R$ 320,00. Assim, estamos buscando encontrar a renda total da família, isto é, 100%: Porcentagem 25% 100%

Renda em R$ 320 x

Agora, podemos resolver, aplicando o procedimento da regra de três, multiplicando em cruz: 15 x = 60 . 3 15 x = 180 x= x = 12

73

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 5) Observe o mapa do estado do Paraná abaixo e as distâncias entre algumas de suas cidades:

Ilustração 1 - Mapa do Estado do Paraná41 Conforme está indicado no canto inferior esquerdo do mapa, cada 1 cm no mapa representa 78 km de distância na realidade. Essa escala também pode vir indicada da seguinte forma: 1: 7.800.000 (significa que, para cada 1 cm do mapa corresponde, na realidade a 7.800.000 cm ou a 78 km). Conforme indicado no mapa, a distância entre Cascavel e Curitiba é de 56 mm. Qual seria a distância real entre as duas cidades? Como cada cm do mapa representa 78 km na realidade, podemos estabelecer uma proporção entre as medidas do mapa e as distâncias reais. Sabendo que a distância dada entre as duas cidades, no mapa está em milímetros, transformaremos esses valores para centímetros: Distância no Mapa (cm) 1 5,6

Distância Real (km) 78 x

Como as grandezas envolvidas são diretamente proporcionais, podemos aplicar a Regra de Três:

km.

1 . x = 5,6 . 78 x = 436,8 km Podemos afirmar que, em linha reta, a distância entre as cidades de Cascavel e Curitiba é de, aproximadamente 436,8

No mapa, temos aproximações e essas distâncias correspondem em linha reta. Ao pensarmos na distância ao ser percorrida de carro ou de ônibus, isso muda, pois o caminho das rodovias não é retilíneo. Ao verificarmos no site do DNIT42 (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de transportes), a distância aproximada entre as duas cidades é de 498 km. Apesar da diferença de mais de 60 km, temos uma aproximação razoável, podendo diminuir essa diferença com um mapa que utilize uma escala mais detalhada e adequada. 6) A densidade demográfica é a razão entre o número de habitantes de determinada região e a área que essa população está inserida. Esse é um dos cálculos usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para saber se uma região é povoada. Segundo dados do último censo demográfico do IBGE em 2000, a população de alguns dos estados do Brasil e a sua área territorial são43:

41 Mapa extraído de Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr. 6ª série. Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005, p. 251. 42 http://www1.dnit.gov.br/rodovias/distancias/distancias.asp 43 Tabela adaptada do livro Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr. 6ª série. Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005. 74

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Estados Amazonas Ceará Mato Grosso do Sul Santa Catarina São Paulo

População 2.813.085 7.418.476 2.074.877 5.349.580 36.969.476

Superfície (área em km2) 1.570.946 145.711 357.139 95.285 248.176

Dos estados que constam na tabela, qual deles é o mais populoso? E o mais povoado? E o estado menos povoado? Para saber qual é o estado mais populoso, basta conferir aquele que possui a maior população. Nesse caso, São Paulo possui a maior população (36.969.476 habitantes). Para encontrar o estado mais povoado, é preciso encontrar a densidade demográfica de cada um deles, isto é, a razão entre a população de cada estado e a área de seu território. Densidade Demográfica = Amazonas:

Ceará: Mato Grosso do Sul: Santa Catarina:

São Paulo:

habitantes/km2

habitantes/km2 habitantes/km2 habitantes/km2

habitantes/km2

Assim, podemos dizer que São Paulo também representa, dentre os estados presentes na tabela, aquele que possui a maior densidade demográfica, isto é, o maior número de habitantes por km2. Logo, São Paulo é um estado bem povoado. Já o estado do Amazonas possui a menor densidade demográfica, isto é, é o estado menos povoado dos cinco citados na tabela. Apesar de possuir população superior ao do estado de Mato Grosso do Sul, possui um território quase cinco vezes maior! Por isso, um estado pouco povoado! COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S Nesse capítulo, tratamos de grandezas e da idéia de razão, que percorreu todo o trabalho aqui desenvolvido. Seja na definição de proporção (que é uma igualdade entre duas razões), seja pela idéia de grandezas diretamente ou inversamente proporcionais, ou ainda pela porcentagem, procuramos apresentar exemplos e variadas formas de resolução. O que gostaríamos de enfatizar é a importância de identificar se há ou não uma relação de proporcionalidade entre grandezas. Caso não exista relação de proporcionalidade, de nada adiantará aplicar a regra de três ou outro procedimento para resolver o problema. Para o cálculo de juros, em especial dos juros simples não foi apresentada fórmula para a resolução de problemas, pois a maneira pela qual usamos para calcular a porcentagem é a mesma já utilizada anteriormente, em outros exemplos. Também é possível seguir um raciocínio semelhante ao cálculo dos juros compostos, mas, não consideramos conveniente resolver problemas desse tema sem a utilização de uma fórmula.

75

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ44 Atividade 1. Se para produzir 4 kg de queijo são necessários 25 litros de leite, para se produzir 32 kg de queijo serão necessários quantos litros de leite? Atividade 2. A escala da planta de uma casa é 1 : 100 (isto é, cada cm da planta corresponde a 100 cm ou 1 m da medida real). Quais são as dimensões de um quarto que na planta figurava com 3 cm por 4 cm?

Atividade 7. (CESU/SP – 2007) É muito comum nas grandes cidades as pessoas receberem anúncios de casas, carros e apartamentos nas ruas e cruzamentos de avenidas. Observe uma delas: Apartamento com 2 quartos e garagem Preço à vista: R$ 60.000,00 Com apenas 20% do valor do imóvel,

Atividade 3. Em um supermercado, uma garrafa de 1,5 litro de refrigerante custa R$ 1,90 e a garrafa de 2 litros do mesmo refrigerante vale R$ 2,70. Qual é a compra mais vantajosa para o consumidor?

Você recebe as chaves! Ilustração 346

Ilustração 245 Atividade 4. Um automóvel que percorre uma velocidade de 80 km/h percorre certo trajeto em duas cidades em 1h 30min. Se ele aumentar a sua velocidade para 120 km/h, ele fará o mesmo percurso em quanto tempo? Atividade 5. Cinco torneiras completamente abertas enchem um tanque em 1h 20 min. Quantas torneiras são necessárias para encher o mesmo tanque em 50 minutos? Atividade 6. Com o litro da gasolina custando R$ 2,51, Mariana abasteceu o carro com aproximadamente 40 L de gasolina. Se o litro da gasolina custasse R$ 2,60, com a mesma quantia de dinheiro, Mariana abasteceria seu carro com aproximadamente quantos litros de gasolina?

44 As atividades foram extraídas e/ou adaptadas dos livros Matemática: escola e realidade: ensino fundamental, de Roberto Matsubara. 1ª Edição, IBEP, 2005; Projeto Radix: matemática, 6ª série, de Jackson da Silva Ribeiro e Elizabeth Soares. 1ª Edição, Scipione, 2006; 45 http://www.alagoas24horas.com.br/legba/ admin/temp/Thumbs/1/3/%7B13197f40-232a-4b059c09-96885892664b%7D_refrigerantes02_190x316. jpg 76

Com as informações fornecidas, determine o valor necessário para receber as chaves do imóvel. Assinale a alternativa correta. a) R$ 6.000,00 b) R$ 12.000,00 c) R$ 13.500,00 d) R$ 17.500,00 Atividade 8. (CESU/SP - 2007) Considere que, no ano de 2006, os rendimentos de certa pessoa totalizaram R$ 36.000,00 e que, ao fazer a sua declaração de Imposto de Renda, ela observou que parte desse total estava isenta de tributação e sobre o restante deveria pagar 20% de imposto. Se a quantia a ser paga de imposto era R$ 5.500,00, então o valor da parte isenta de tributação seria: a) R$ 7.250,00 b) R$ 7.500,00 c) R$ 8.250,00 d) R$ 8.500,00 Atividade 9. Se uma empresta a quantia de R$ 1000,00 a 12% ao ano de juros simples por um período de 4 anos, quanto receberá de juros? Atividade 10. Um capital de R$ 3000,00 foi aplicado a juros compostos de 2% ao mês durante 3 meses. Qual o montante no final desse período?

46 http://www.galmo.com.br/imagens/produtos/ motello-f.jpg

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... 1) 200 litros 2) Dimensões de 3 m por 4 m. 3) Uma possível estratégia para a resolução do problema é a seguinte: sabendo que 1,5 litro de refrigerante vale R$ 1,90, podemos descobrir quanto custa apenas 1 litro dessa quantidade. A partir da regra de três temos: Capacidade de refrigerante (em litros)

Preço (R$)

1,5

1,90

1

x

1,5 . x = 1. 1,90 1,5 . x = 1,90 x=

PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: H1 - Identificar grandezas direta e inversamente proporcionais e interpretar a notação usual de porcentagem. H2 - Identificar e avaliar a variação de grandezas para explicar fenômenos naturais, processos socioeconômicos e da produção tecnológica. H3 - Resolver problemas envolvendo grandezas direta e inversamente proporcionais e porcentagem. H4 - Identificar e interpretar variações percentuais de variável socioeconômica ou técnico-científica como importante recurso para a construção de argumentação consistente. H5 - Recorrer a cálculos com porcentagem e relações entre grandezas proporcionais para avaliar a adequação de propostas e intervenção na realidade. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

x = 1,266666... Podemos dizer que o preço de 1 litro de refrigerante seria de, aproximadamente, R$ 1,27. Quanto custaria 2 litros do refrigerante? Basta multiplicar por 2: 1,27 . 2 = 2,54 Assim, concluímos que o valor por litro do refrigerante é mais barato na embalagem de 1,5 litro, sendo mais vantajoso para o consumidor comprar o refrigerante dessa capacidade. Afinal de contas, o preço do refrigerante de 2 litros é de R$ 2,70. 4) 60 minutos 5) 8 torneiras 6) 38,6 litros 7) B 8) C 9) R$ 480,00 10) R$ 3183,62

77

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 7 EM (QUASE) TUDO TEM RELAÇÃO! APLICAR EXPRESSÕES ANALÍTICAS PARA MODELAR E RESOLVER PROBLEMAS, ENVOLVENDO VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS OU TÉCNICO-CIENTÍFICAS. Fernando Luís Pereira Fernandes NO FUNDO DO BAÚ... No mundo em que vivemos, percebemos que há relações em quase tudo! Por exemplo, por que será que uma crise econômica, que ocorre há milhares de quilômetros de distância do solo brasileiro pode nos causar tanto transtorno? Mesmo que indiretamente, somos atingidos, seja pelo aumento de preço de algum alimento no supermercado, seja pelo desemprego, caso o emprego seja em uma empresa que dependa da exportação de seus produtos... Enfim, vivemos num mundo globalizado. A Matemática existe para isso, para colaborar na análise e busca de soluções para situações desses tipos. Há um ramo dessa disciplina que estuda mais especificamente as relações entre grandezas: as Funções. Há inúmeros significados para a palavra função47. Há, pelo menos, dez significados no minidicionário Aurélio48! Entretanto em nosso estudo, consideraremos função como uma relação de dependência. Veremos mais adiante, essa idéia de dependência para compreender o tema: Leia o problema a seguir: Um vendedor ganha seu salário a partir das vendas que realiza em uma loja de departamentos. O valor a receber corresponde a 3% do valor vendido no mês. Quanto receberá de salário, caso ele tenha vendido em um mês: a) R$ 15000,00 b) R$ 25000,00 c) R$ 30000,00 d) Você notou alguma regularidade nos cálculos realizados nos itens a, b e c? Seria possível obter uma expressão matemática que represente a relação entre o valor de vendas e o salário? ASSIM OU ASSADO? Seguindo as questões apresentadas no problema anterior, apresentamos uma maneira de obter os valores para os salários: a) Salário (15000) = 3% de 15000 = 0,03 . 15000 = 500,00 b) Salário (25000) = 3% de 24000 = 0,03 . 24000 = 750,00 c) Salário (30000) = 3% de 30000 = 0,03 . 30000 = 1000,00

47 48 Dicionário Aurélio, de Aurélio, Buarque de Holanda, 4ª. Edição Revista e Ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 78

d) Note que, ao montarmos o cálculo que representa o valor a ser recebido pelo vendedor, a expressão sempre tem a mesma estrutura! S(15000) = 0,03 . 15000 = 500 S(25000) = 0,03 . 25000 = 750 S(30000) = 0,03 . 30000 = 1000 Note que há um padrão ou regularidade nas expressões apresentadas anteriormente, tendo alguns valores que se repetem e outros deles variando... Há uma variação do valor vendido e do salário final, mas os demais números permanecem constantes. Podemos, a partir dos cálculos realizados e após a identificação de características como a que acabamos de comentar, partir de uma expressão com números para uma expressão com letras. Chamamos essa ultima de expressão algébrica ou lei de formação. Se substituirmos o valor vendido pela letra V e o salário a ser recebido por S, temos: S = 0,03 . V Não é tão complicado como parecia no início... Nesse tipo de problema, é importante perceber o que varia nos cálculos e o que permanece constante! A situação que você acabou de acompanhar refere-se a um problema que envolve função, isto é, havia uma relação entre o valor vendido de mercadorias e o salário a ser recebido, por comissão. Podemos afirmar que o valor vendido de mercadorias e o salário representam as variáveis independente e dependente, respectivamente. O que isto significa? O valor vendido depende do salário? Ou o salário que depende do valor vendido? Como o valor do salário depende do valor vendido, a variável “salário” representa a variável dependente e “valor vendido” representa a variável independente. Esse problema teria uma fórmula diferente caso disséssemos que ele recebe um salário fixo de R$ 400,00 mais uma comissão de 3% sobre o valor das mercadorias vendidas. A expressão seria: S = 0,03 . V + 400. Para representar uma função, existem várias formas. Uma delas foi realizada há pouco: a obtenção de uma expressão analítica, ou expressão matemática, ou ainda, fórmula. Temos como representar também a partir de uma tabela ou na forma gráfica. Para essa última faremos uma breve explicação sobre o plano cartesiano, sua origem e características. Localizando um ponto no plano... Quando nos referimos à questão da localização, temos como necessidade dois parâmetros para localizar. Por exemplo: se eu dissesse que marcaria um encontro com um amigo meu, em São Paulo na Avenida Paulista, ele teria que percorrer quase três quilômetros, referentes à extensão da avenida para me encontrar. Dessa forma, torna-se necessário um outro parâmetro para facilitar a localização: dizer que será em frente ao FIESP ou do MASP (Museu de Arte de São Paulo), ou em alguma esquina. Isso também ocorre na localização dada por um aparelho GPS, ou de um país em relação às coordenadas geográficas (latitude e longitude).

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Um matemático do século XVII, René Descartes, reelaborou a Geometria Euclidiana a partir de um olhar algébrico: surgia a Geometria Analítica. A Geometria Euclidiana leva esse nome por conta de Euclides, matemático grego, que viveu por volta do ano 300 a.C. A geometria organizada por ele nos Elementos, obra que sistematiza toda a Geometria Plana a partir do uso de teoremas e demonstrações que não tinham o uso da Álgebra para justificar. A construção geométrica, a partir do uso da régua e compasso era usual. Com Descartes, foi um avanço relacionar a Geometria à Álgebra, abrindo possibilidades de desenvolvimento de outras áreas e ciências. Abaixo, encontra o sistema de eixos cartesianos. Leva esse nome em homenagem ao seu criador, Descartes. Ele apresenta dois eixos perpendiculares (formam ângulo reto) e atribui valores às partes desse eixo:

Ilustração 1 - Plano Cartesiano49 Ao eixo horizontal, ele atribui o nome de abscissa (ou de eixo x) e ao eixo vertical, o nome de ordenada (ou eixo y). Assim, a localização de um ponto no plano se dá da seguinte maneira: Por exemplo, gostaríamos de localizar os pontos A(2,3) e B(3,2). O ponto A está indicando no eixo horizontal (eixo X) o valor 2 e, no eixo vertical (eixo Y), está indicando o valor 3. Acompanhando a localização do ponto B, o valor indicado no eixo horizontal (X) é 3 e o valor no eixo vertical (Y) é apresentado o valor 2. Como pode acompanhar abaixo no plano cartesiano, os dois pontos referem-se a “lugares” diferentes no plano.

Ilustração 2 Assim, o ponto A(2,3) é diferente do ponto B(3,2), afinal os pontos ocupam diferentes posições no plano. Desta forma, quando temos a localização de um ponto no plano cartesiano, é preciso tomar o cuidado de não trocar as coordenadas referentes ao eixo x e ao eixo y. Para representar um ponto no plano, a partir de uma convenção matemática, que sempre indicamos primeiramente o valor referente ao eixo horizontal (X) e depois, indica-se o valor do eixo vertical (Y).

49

Imagem extraída de www.somatematica.com.br/fundam/paresord.phtml.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Conhecendo o plano cartesiano, podemos representar de outra maneira aquele problema inicial, sobre o vendedor que ganhava um salário sobre o valor vendido em mercadorias. A partir da organização dos dados em uma tabela e a obtenção de uma fórmula, podemos elaborar um gráfico que mostra a relação do salário recebido e o número de dias trabalhados. Valor Vendido (R$) 15000 25000 30000

Fórmula: S = 0,03 V 0,03 . 15000 0,03 . 25000 0,03 . 30000

Salário 500 750 1000

Para construir o gráfico, será preciso relacionar as informações que temos com o plano cartesiano... Como os dias representam a variável independente, eles serão relacionados ao eixo x e o salário será relacionado ao eixo y, por representar a variável dependente. Para construir o gráfico, será necessário escrevermos esses valores como pontos do plano. Assim, caso o vendedor não vendesse nenhum real, não receberia salário. Ao vender R$ 15000,00, ele recebe R$ 500,00 de salário. Temos como um ponto do plano (15000 ; 500), isto é, tem valor de x é igual a 15000 e valor de y igual a 500. Ao vender R$ 25000,00 tem um salário de R$ 750,00. Logo, o ponto a ser representado no plano é (25000; 750). Nesse problema, os valores de x e de y, só podem ser números maiores que zero, pois não haveria como ter um salário negativo, ou ainda um valor de venda abaixo de zero.

Ilustração 3 - Gráfico de uma Função E a fórmula? O que fazer com ela? Na indústria calçadista, há uma fórmula muito utilizada, a que relaciona o número do calçado e o tamanho do pé, em centímetros. Como chegaram nessa regra? Para que todas as indústrias pudessem utilizar o mesmo padrão de numeração de calçados, foi preciso que houvesse um acordo para normatizar esse processo, isto é, foi necessário firmar um acordo que padronizasse as unidades de medidas e fôrmas para se produzir calçados com a mesma referência. Mas, cada país ou região pode adotar uma forma diferente de numeração. As medidas utilizadas nos EUA e na Europa são diferentes do Brasil. Observe em seu calçado ou na língua de seu tênis. Lá, aparecem os números do calçado em outros países. Bom a fórmula seria a seguinte: mero do calçado.

, onde P representa o tamanho do pé, em centímetros, e N o nú-

Suponhamos que uma pessoa com pé de medida 24 cm. Qual seria, aproximadamente, a medida de seu calçado? Resolução: Substituindo P por 24 cm na expressão

, temos:

Assim, uma pessoa que tem o pé medindo 24 cm, calçará um calçado de tamanho 37. Isso que acabamos de fazer chamamos de valor numérico de uma expressão algébrica. Determinamos o valor de um dos parâmetros, trocando o outro por um número.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1.50 Um veículo roda 10 km com um litro de gasolina e seu tanque comporta 40 litros. a) Copie e complete a tabela: Litros 0 0,5 1 1,5 2 4 10 25 40 x

KM rodados

b) O que acontece com os quilômetros rodados à medida que aumentamos o consumo de litros de combustível? c) A relação entre quilômetros rodados e litros de gasolina gastos é uma função? Por quê? d) Use x para representar a quantidade de combustível, em litros, e y para representar os quilômetros rodados. Observe a tabela e indique uma sentença matemática que represente a relação entre x e y.

b) Note que o aumento da distância percorrida leva a um aumento do consumo de combustível na mesma proporção. Se o consumo dobrar, teremos o dobro da distância a ser percorrida; se triplicarmos o consumo de combustível, levará ao triplo da distância e assim por diante. c) Se a relação anterior entre litros e quilômetros rodados é ou não uma função? Primeiramente comentaremos a relação de dependência: a distância a ser percorrida depende do número de litros (ou o contrário? Será que o consumo de litros está dependendo da distância?). Na verdade, os litros representam a variável independente. O que vem a ser isso? Variável, porque os valores para os litros variam, não é o mesmo sempre. Independente, porque esses valores foram escolhidos por nós, não é o resultado de uma operação ou de uma relação existente com os quilômetros rodados. Quando consideramos, então, os quilômetros rodados como sendo a variável dependente, isso significa que essa variável depende da quantidade de litros. Além disso, para ser função é preciso que, ao escolher um valor para litros, não se encontre dois (ou mais) valores para a distância. Seria impossível essa situação, tendo em vista o consumo médio do automóvel, não é? d) Ao observar uma regularidade nas expressões obtidas no cálculo dos quilômetros rodados, temos: y = 10 . x, onde x representam os litros consumidos e y, os quilômetros rodados.

e) Como seria o gráfico que relaciona x e y? Resolução: a) Sabendo que o automóvel consome 1 litro a cada 10 km, em média, 0,5 litro será consumido ao percorrer 5 km. Utilizando esse raciocínio, completamos a tabela: Litros 0 0,5 1 1,5 2 4 10 25 40 x

KM rodados 0 10 . 0,5 = 5 10.1 = 10 10.1,5 = 15 10 . 2 = =20 10.4 = 40 10 . 10=100 10.25 = 250 10.40 = 400

50 Problema extraído e adaptado do livro Matemática no Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz, p. 94-95. Editora Saraiva. 2007

e)

Ilustração 4 - Gráfico de uma Função 2. (CESU/2007) - adaptada - Uma companhia de telefones celulares oferece a seus clientes duas opções: na primeira opção, cobra R$ 38,00 pela assinatura mensal e mais R$ 0,60 por minuto de conversação; na segunda, não há taxa de assinatura, mas o minuto de conversação custa R$ 1,10. Sobre a opção mais vantajosa, em termos de custo para 1 hora de conversação mensal pode-se dizer que: a) a primeira opção é a mais vantajosa, pois cobrará o valor menor; b) não há diferença entre o valor cobrado pelos diferentes planos; c) a segunda opção é mais vantajosa, pois cobrará o menor valor. d) não é possível determinar qual das duas é mais vantajosa em termos de custo.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Nessa situação problema, é necessário encontrar duas funções, pois cada um dos planos relaciona o valor a ser pago e o tempo de conversação, de maneiras diferentes. Apresentaremos duas maneiras de encontrar o valor a ser pago. A primeira delas é resolver sem o uso de fórmulas. Para o primeiro plano, o valor a ser pago para a companhia telefônica será de: 38,00 + 60 . 0,60 = 38,00 + 36,00 = 74,00. Para o segundo plano, o valor a ser pago será de 1,10 . 60 = 66,00. Assim, o plano que oferece o mesmo serviço por um preço menor é o segundo plano. Resposta: Alternativa C. 3. O gráfico abaixo relaciona a velocidade de um automóvel em relação ao tempo:

Ilustração 5 - Gráfico Relação Distância e Tempo Qual é a expressão matemática (ou a fórmula) que representa esse gráfico? Primeiramente, podemos analisar o que está sendo relacionado e quais são as variáveis independente e dependente. Podemos afirmar que a distância percorrida depende do tempo. Assim, a distância seria a variável dependente e o tempo, a variável independente. Sendo assim, podemos montar uma tabela que relaciona o tempo e a distância: Tempo (h) 1 2 3

Distância (km) 85 170 255

Como podemos encontrar uma expressão que relaciona as duas variáveis? Você se lembra do primeiro exemplo tratado nesse capítulo? Procuramos desenvolver os cálculos que levariam a transformação do tempo, encontrando o resultado da distância. Se em 1 hora, o automóvel percorre 85 km, em duas horas, vemos que percorreria 170km. Assim, para expressar a partir de uma fórmula, poderíamos montar a seguinte seqüência: D (1) = 85 . 1 = 85 D (2) = 85 . 2 = 170 D (3) = 85 . 3 = 255 Desta forma, caso usemos a letra t para tempo, temos a expressão: D = 85 . t

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4. Em uma corrida de táxi, cobra-se R$ 4,00 de bandeirada, que é uma taxa fixa, mais R$ 1,50 por quilometro rodado. a) Encontre o valor pago por uma corrida de 10 km. b) Caso uma pessoa tenha R$ 22,00 em seu bolso, quantos quilômetros seria possível percorrer? Se o valor por quilômetro rodado é de R$ 1,50 , temos 10 . 1,50 = R$ 15,00. Como há o valor fixo (bandeirada) de R$ 4,00, pagaria um total de R$ 19,00. No item b, é uma situação inversa da proposta no item a, pois pede-se qual a distância a ser percorrida sabendo que uma pessoa tem disponível para pagar R$ 22,00 pela corrida. Podemos seguir dois caminhos: o primeiro é realizar os cálculos pelo caminho inverso. Primeiro, subtraia R$ 4,00 de R$ 22,00, obtendo R$ 18,00. Desses R$ 18,00, cada R$ 1,50 corresponde a 1 quilômetro rodado, assim, para encontrar o total de quilômetros, basta realizar a divisão 18 por 1,50, obtendo 12 km. Outra maneira é utilizar a expressão matemática que relaciona o valor a ser pago pela corrida e a distância percorrida pelo táxi. Nesse caso, a expressão seria P = 4,00 + 1,50 .x, onde x representa a distância (em km) e P, o preço. Substituindo P por 22 na expressão anterior, temos: P = 4,00 + 1,50 .x 22 = 4,00 + 1,50 .x Realizando a resolução da equação: 22 – 4,00 = 1,50 . x 18 = 1,50 . x

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S Bom, após ter contato com os diferentes modelos e exemplos de função, consideramos interessante conceituar o que ele significa. Concluindo o nosso estudo referente ao conceito inicial de função, podemos definir que: Função é a relação especial entre duas grandezas variáveis, onde para cada valor da primeira grandeza está associado um único valor da segunda. Acreditamos que o mais importante no estudo de funções é que, além de compreender o seu significado, se possa interpretar uma função através de uma expressão matemática, de uma tabela ou de um gráfico, ou ainda, estabelecer relação entre eles. A obtenção de uma expressão analítica é possível a partir da organização dos cálculos realizados no problema. É só você retomar os exemplos desse capítulo que contém a busca pela expressão matemática.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS A forma gráfica é, também, de fundamental importância, pois ao ter uma compreensão sobre função, isso colaborará também em uma interpretação de gráficos, que encontramos em notícias nos jornais, na televisão etc. Consideramos importante retomar a idéia de plano cartesiano, assunto importante para compreendermos como é realizada a construção de um gráfico. Mas, não se preocupe! Haverá um capítulo específico para o estudo de análise de gráficos. AGORA É A SUA VEZ51... Atividade 1. Pedro, desejando se locomover da Barra a Itapuã, bairros de Salvador, resolveu pegar um táxi. A tarifa do táxi apresentava um preço fixo (bandeirada) de R$ 3,00 mais um valor adicional de R$ 0,30 (trinta centavos) para cada quilômetro rodado. Sabendo que a distância entre esses dois bairros é de, aproximadamente, 30 quilômetros, responda: a) Qual o valor da tarifa após o táxi ter percorrido uma distância de 7 quilômetros? b) Quantos quilômetros o táxi tinha percorrido quando o valor no taxímetro foi de R$ 8,70? c) Quantos reais Pedro pagou pela viagem? Atividade 2. Nos quadros a seguir estão as contas de luz e água de uma mesma residência. Além do valor a pagar, cada conta mostra como calculá-lo, em função do consumo de água (em m3) e de eletricidade (em KWh). Observe que, na conta de luz, o valor a pagar é igual ao consumo multiplicado por um certo fator. Já na conta de água, existe uma tarifa mínima e diferentes tarifas para cada faixa de consumo:

Companhia de Eletricidade Fornecimento.....................................................................................Valor (R$) 401 KWh X 0,13276000.........................................................53,23

Companhia de Saneamento Tarifas de água/m3 Faixas de Consumo Tarifa Consumo Até 10 11 a 20 21 a 30 31 a 50 Acima de 50 Total:

5,50 0,85 2,13 2,13 2,36

Tarifa mínima 7

Valor - R$ 5,50 5,95

R$ 11,45

I. Suponha que no próximo mês dobre o consumo de energia elétrica dessa residência. O novo valor da conta será de: a) R$ 55,23 b) R$ 106,46 c) R$ 802,00 d) R$ 100,00 e) R$ 22,90 II. Suponha agora que dobre o consumo de água. O novo valor da conta será de: a) R$ 22,90 b) R$ 106,46 c) R$ 43,82 d) R$ 17,40 e) R$ 22,52

51 2004.

A atividades 2 foi retirada do livro Matemática - Volume único, de Manoel Paiva. 2ª edição. Editora Moderna, 83

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 352. O salário fixo mensal de um segurança é de R$ 560,00. Para aumentar sua renda, ele faz plantões em uma boate, onde recebe R$ 60,00 por noite de trabalho. a) Se em um mês, o segurança fizer 3 plantões, que salário receberá? b) Qual é o número mínimo de plantões necessários para gerar uma renda superior da R$ 850,00? c) Qual será a expressão matemática que relaciona o salário final (y) quando ele realiza x plantões? Atividade 4. (UF-CE) Um vendedor recebe, a título de rendimento mensal, um valor fixo de R$ 160,00 e mais um adicional de 2% das vendas por ele efetuadas no mês. Com base nisso, responda: a) Qual o rendimento desse vendedor em um mês no qual o total de vendas feitas por ele foi de R$ 8350,00? b) Qual a função (fórmula) que expressa o valor do seu rendimento mensal em função de sua venda mensal? Atividade 5. (ENEM/2008) A figura abaixo representa o boleto de cobrança da mensalidade de uma escola, referente ao mês de junho de 2008.

Ilustração 6 - Boleto bancário Se M(x) é o valor, em reais, da mensalidade a ser paga, em que x é o número de dias em atraso, então: a. ( ) M(x) = 500 + 0,4x. b. ( ) M(x) = 500 + 10x. c. ( ) M(x) = 510 + 40x. d. ( ) M(x) = 510 + 0,4x. e. ( ) M(x) = 500 + 10,4x. Atividade 6. Supondo que um cliente atrasou em 5 dias o pagamento da mensalidade, representada pelo boleto da atividade anterior. Quanto ele teria que pagar para quitar seus débitos com a escola? Atividade 7. (Adaptado do ENEM/2007) O gráfico a seguir, obtido a partir de dados do Ministério do Meio Ambiente, mostra o crescimento do número de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Se mantida, pelos próximos anos, a tendência linear de crescimento, mostrada no gráfico, o número de espécies ameaçadas de extinção em 2011 será igual a:

52 Problema retirado/adaptado de Matemática: ciência e Aplicações, 1ª série: ensino médio, matemática / Gelson Iezzi... [et al]. 2ª Edição – São Paulo: Atual, 2004. 84

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno

Ilustração 7 - Gráfico a. ( b. ( c. ( d. ( e. (

) ) ) ) )

493 498 538 699 700

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... 1) a) R$ 5,80 b) 19 quilômetros c) R$ 12,00 2) I – b II - c 3) a) R$ 560,00 + 3 . R$ 60,00 = 560,00 + 180,00 = R$ 740,00 b) 850,00 – 560,00 = 290,00 290,00 60,00 4,833... Isto significa que precisaria de, aproximadamente 4,83 plantões. Logo, arredondamos o número para 5 plantões. c) Y = 560,00 + 60 . X

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: H1 - Identificar e interpretar representações analíticas de processos naturais ou da produção tecnológica e de figuras geométricas como pontos, retas e circunferências. H2 - Interpretar ou aplicar modelos analíticos, envolvendo equações algébricas, inequações ou sistemas lineares, objetivando a compreensão de fenômenos naturais ou processos de produção tecnológica. H3 - Modelar e resolver problemas utilizando equações e inequações com uma ou mais variáveis. H4 - Utilizar modelagem analítica como recurso importante na elaboração de argumentação consistente. H5 - Avaliar, com auxílio de ferramentas analíticas, a adequação de propostas de intervenção na realidade. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

4) a) R$ 327,00 b) S: salário V: vendas

S = 160 +

160 + 0,02 . V ou

. V

S = 160 +

ou

S

=

.V

5) A alternativa correta é d. O boleto prevê uma multa de 10 reais, pelo atraso, além da cobrança de mais 40 centavos de juros por cada dia de atraso. Sendo assim o cliente teria que pagar 510 reais e mais 0,4 (ou 40 centavos) por cada dia (x). 6) Substituindo na lei da função: M(x) = 510 + 0,4x M(5) = 510 + 0,4 . 5 M(5) = 510 + 2 M(5) = 512 reais 7) Haviam 239 espécies em extinção em 1983 e este número passou para 461 em 2007, portanto houve um aumento de 222 espécies ao longo desse período. Repare no gráfico que, de 1983 a 2007, há 6 intervalos de 4 anos. Sendo assim, podemos afirmar que a cada intervalo aumentou em 37 o número de espécies (basta dividir 222 por 6). Até 2011, haverá mais um intervalo de 4 anos, então a previsão é que o número de espécies ameaçadas seja de 461 + 37 = 498. Isso ocorrerá se continuarmos a agir da mesma forma, poluindo o meio ambiente, consumindo cada vez mais e não nos importando com os animais!

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 8 GRÁFICOS E TABELAS NO DIA-A-DIA. INTERPRETAR INFORMAÇÃO DE NATUREZA CIENTÍFICAE SOCIAL OBTIDAS DA LEITURA DE GRÁFICOS E TABELAS,REALIZANDO PREVISÃO DE TENDÊNCIA, EXTRAPOLAÇÃO, INTERPOLAÇÃO E INTERPRETAÇÃO. Eliane Matesco Cristovão Silvio César Cristovão DO FUNDO DO BAÚ... Há algum tempo, algo em torno de poucos séculos (hahaha...), o homem já vem se utilizando de gráficos e tabelas para realizar estudos estatísticos sobre situações recorrentes em nosso dia-a-dia. Populações estimadas (densidade demográfica), quantidade de jovens em relação à quantidade de idosos, índice de pobreza e/ou riqueza de um povo, quantidade de chuvas de uma região (índice pluviométrico), nível de emprego de um país, entre outros, são exemplos de situações frequentemente expostas em livros, jornais e revistas na forma de gráficos e/ou tabelas e que sempre estão associados à Estatística. Historicamente, temos conhecimento de registros egípcios que datam de 5000 a.C., que mostravam a quantidade de presos de guerra em relação à população de determinadas regiões. Já em 2238 a.C. o imperador chinês Yao ordenou um recenseamento, isto é, refazer as contagens de Censo, com fins agrícolas e comerciais. Em 600 a.C. no Egito, cada pessoa deveria declarar ao governo sua profissão e a fonte de renda, caso contrário seria condenada à pena de morte. Até mesmo Jesus Cristo, segundo conta a Bíblia, em Lucas 2, 1-2, nasceu em Belém, na Judéia, durante um recenseamento solicitado pelo imperador César Augusto.

Ilustração 1 - Gráficos da Escravidão Aqui no Brasil, o primeiro censo data de 1872, feito por José Maria da Silva Paranhos, conhecido como Visconde do Rio Branco. Em 1936 temos a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1972, surge o primeiro computador brasileiro, que ajuda a dar um grande salto no campo da estatística, quando os programas utilizados já permitiam a criação de uma grande variedade de gráficos e tabelas, como este53. Como se pode notar, os gráficos e tabelas aparecem em vários momentos da história humana e, certamente, continuarão a fazer parte desta história, que continua a ser construída diariamente.

53 86

Disponível em: http://www.unb.br/face/eco/cpe/TD/252Oct02FVersiani.pdf

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 2 - Gráfico taxa de fecundidade Nos meios de comunicação podemos dizer que os gráficos54 e tabelas são instrumentos bastante utilizados para retratar nossa realidade, principalmente pelo fato de possibilitarem a transmissão de um grande volume de informações de modo sintético e de fácil interpretação. Portanto, a leitura e interpretação de gráficos e tabelas compõem, sem dúvida, um assunto de importância fundamental para vivermos e agirmos de forma consciente e crítica em uma sociedade como a nossa, que não se vê mais sem a influência dos números. Vamos analisar alguns exemplos de tabelas e gráficos... A seguir, por exemplo, é possível notar que a população brasileira, de acordo com este gráfico revisado em 2008 pelo IBGE, tende a atingir 225 milhões de habitantes em 2040. Contudo, em 2050, estima-se que a população já tenha começado a diminuir. Você conseguiria dizer qual era a população aproximada em 1990? Vamos lá! Esta é fácil!

Ilustração 3 – Gráfico evolução da população

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Disponível em: http://www.scielo.br/img/revistas/spp/v17n3-4/a08grf03.gif 87

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Conferindo a resposta da questão do gráfico55 acima, percebemos que a população brasileira aproximada era de 150 milhões de habitantes. Parece muita gente, mas imagine um país com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Pois é! Este país é a China, de acordo com o censo de 2005, o qual nem por isso, deixou de ser um dos países que tiveram altos índices de crescimento econômico e de qualidade de vida. É muito comum encontrarmos uma tabela como a que representamos em seguida. Ela permite que se obtenha rapidamente o valor que uma pessoa deverá pagar, de acordo com a quantidade de cópias que tirou em um estabelecimento56 que possua máquinas de fotocópia. Para construí-la, utilizamos um conceito matemático que você já revisou no capítulo 1: Proporcionalidade! Isso acontece porque o valor a ser pago é proporcional ao número de cópias que retiramos. Mas nem sempre é assim! Às vezes, ao ultrapassarmos um certo número de cópias, passamos a pagar um preço menor por folha! Nº de cópias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Valor R$ 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0,56 0,64 0,72 0,80

(ENCCEJA) Independente de preferências políticas ou ideológicas, a simples observação de uma tabela nos permite fazer uma análise de diferentes situações de governos. Não entraremos na discussão das causas e nem do contexto histórico de cada época, mas os números indicam importantes diferenças entre as prioridades de cada governante.

55 56 88

Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/foto/0,,15999576-EX,00.jpg Imagem obtida em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/images/20051027-xerox.jpg

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Em 2001, a inflação estava por volta dos 10% a.a. (lê-se “dez por cento ao ano”, que é o aumento de inflação durante o período de um ano). Você se lembra de quanto era a inflação anual nos anos 90? A tabela acima o auxiliará a recordar aqueles tempos: Podemos observar na tabela que a inflação nesses vinte e dois anos teve seus altos e baixos. Só para você ter uma idéia, um refrigerante que custa hoje R$ 2,00, com uma inflação de 1.000% a.a., depois de um ano estaria custando R$ 20,00. Depois de mais um ano, estaria custando R$ 200,00, chegando ao absurdo de custar R$ 2.000,00, após mais um ano. Parece loucura, mas já foi assim.

Ilustração 6 - Tabela Nutricional

Esta outra tabela57, encontrada nos rótulos de quase todos os produtos alimentícios, representa um assunto cada vez mais pesquisado pelos consumidores quando estão fazendo compras. Felizmente, as pessoas estão mais preocupadas com a melhoria da qualidade de vida. Isto pode começar pelo acompanhamento dos valores calóricos ingeridos diariamente. Observe que há sempre a preocupação de informar a que quantidade do alimento se refere a tabela. Neste caso, temos a informação nutricional de uma porção de 30 gramas de uma barrinha de cereal. Segue uma extensa lista com valor energético dessa porção (105 calorias), além de valores de carboidratos, proteínas, gorduras, entre outros. Atente para o item gordura trans, substância criticada pela classe médica nutricionista por estar associada a problemas cardíacos, obesidade, câncer, entre outros males altamente prejudiciais à saúde. Aqui ela não teve chance de aparecer. Ops! Mas não se esqueça que não basta comer com qualidade. Ilustração 6 - Tabela Nutricional É preciso associar isso a atividade física periódica, com orientação profissional. Como vimos nos exemplos anteriores, conseguimos executar leituras e interpretações acerca dos gráficos e tabelas observando as variáveis apresentadas nos mesmos. Porém, também podemos criá-los a partir de dados que se relacionam: a distância percorrida por um veículo em função do tempo gasto a cada trecho, o número de acertos numa prova em função do desempenho dos alunos em cada questão, a quantidade de combustível consumido em função da distância que se percorre, o crescimento populacional em função de um período de tempo (meses, anos), entre outros. Se precisar montar um gráfico ou uma tabela, utilize seus conhecimentos e pesquise também em livros para fazer um bom trabalho!

57 http://blogdadieta.files.wordpress.com

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS ASSIM OU ASSADO... Observando a tabela abaixo (adaptada de ENCCEJA-EM), como podemos completá-la com o valor que está faltando?

Taxa de Natalidade no Brasil Região

Sul

Taxa de Natalidade

19%

Nordeste

Centro-Oeste

Norte

Sudeste

21%

29%

18%

Fonte: Adaptação dos dados do IBGE, 2002. Ilustração 7 - Tabela taxa de natalidade Primeiramente, não podemos esquecer que o total referente à taxa de natalidade no Brasil deverá ser igual a 100%, pois estamos considerando o total de nascidos no ano de 2002. Assim, se somarmos os valores conhecidos, teremos 76% dos nascidos divididos entre as regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Sudeste, cabendo ao Nordeste a 2ª maior taxa de natalidade no Brasil: exatamente 24%. Pesquisas mostram que quanto maior a taxa de natalidade, maior será o índice de pessoas com baixa renda, enquanto, do outro lado, quanto menor for essa taxa, maior será o índice de desenvolvimento econômico. PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1. Hábitos de consumo de água (Adaptado de ENCCEJA/EM). Se não houver uma conscientização das pessoas do mundo inteiro, futuramente passaremos por uma crise de falta de água potável de proporções inimagináveis. Para solucionar o problema, os governantes deverão tomar medidas como o racionamento. Países mais desenvolvidos já estão fazendo um levantamento dos hábitos de consumo de água, a fim de tomarem providências antecipadas.

Ilustração 8 - Gráfico hábitos de consumo Se você fosse o dirigente de um país preocupado com o gasto de água e dispusesse de um gráfico idêntico ao apresentado, que medidas poderia propor para haver economia de água? Assinale a alternativa mais adequada. (a) Propor à nação que bebesse menos água para ajudar na economia. (b) Solicitar que as pessoas armazenassem água em suas residências para um eventual racionamento. (c) Solicitar pesquisas no setor hidráulico para criar dispositivos econômicos no setor de descargas de água. (d) Fazer uma campanha para as pessoas deixarem as caixas d’água abertas para aproveitar as águas da chuva. Veja algumas análises em que talvez você tenha pensado. A alternativa (a) seria uma resposta inválida, pois, pelo gráfico, esse tipo de consumo se encaixaria na categoria “outros”, que corresponde a um consumo insignificante se comparado com os demais. A alternativa (b) seria uma proposta que não acarretaria economia de água, sendo que provavelmente haveria um aumento do consumo, pois, fora os gastos normais, haveria um gasto de estocagem de água. A alternativa (c) poderia proporcionar dispositivos mais econômicos no consumo das descargas sanitárias. Podemos observar no gráfico que, em quase todos os países, o maior consumo de água é para esse fim; logo, dispositivos hidráulicos mais econômicos proporcionariam uma economia no consumo de água, sendo então a alternativa correta. A alternativa (d) não é uma atitude correta, pois já vimos nos jornais e nas campanhas de combate a epidemias que deixar abertas caixas d´água ou lugares que acumulem água parada favorece a proliferação de mosquitos transmissores de doenças, como dengue e malária.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 2. (ENEM 2008) Desmatamento. O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período de 1988 a 2008.

Ilustração 9 - Gráfico desmatamento Analisando os dados apresentados no gráfico, tente responder às questões: a) em que ano ocorreu o maior desmatamento? b) qual o período em que a área desmatada a cada ano manteve-se constante? c) aproximadamente, qual a área desmatada em 1991? Observamos que em 1995 a área desmatada chegou a 30.000 km2. Já no período entre os anos de 1998 a 2001 a área desmatada a cada ano foi aproximadamente a mesma, cerca de 18.000 km2, enquanto em 1991 tivemos 10.000 km2 de área desmatada, um dos menores índices encontrados no gráfico. 3. Relação entre tempo e temperatura. Observe atentamente o gráfico58 abaixo:

58

Ilustração 10 - Gráfico temperatura e índice pluviométrico

Disponível em: http://www.scielo.br/img/revistas/cr/v38n8/a26fig04.gif

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Agora, vamos analisar estas questões. • Quais são as variáveis presentes neste gráfico? • As barras se referem à qual dessas variáveis? • Qual foi o mês com a maior quantidade de chuvas? • Qual a temperatura máxima atingida no mês de fevereiro? Como se pode notar, temos três variáveis presentes aqui: a temperatura, indicada pelas colunas claras e escuras, o índice pluviométrico (quantidade de chuvas), indicada pela linha que percorre o período de oito meses, que é o tempo utilizado para realização do estudo. As barras se referem à temperatura (máxima – escura e mínima – clara). Em novembro tivemos a maior quantidade de chuvas e em fevereiro a temperatura máxima foi aproximadamente 18ºC. COLOCANDO OS PINGOS OS I’S (ENCCEJA-EM) Você já deve ter ouvido ou visto em algum jornal algo como: “O dólar teve uma alta de 2,35% em relação ao real”, ou “A gasolina vai aumentar R$ 0,15”, ou ainda “A Bolsa de Valores teve uma queda de 1,55%”. A diferença entre o preço do dólar no dia anterior e hoje, ou do preço da gasolina, é chamada de variação. O conceito de variação é muito utilizado nas interpretações de gráficos e tabelas. Ele nos permite quantificar as mudanças, ou seja, determinar o quanto algo mudou entre dois momentos. Costumamos chamar também o tempo que decorreu entre dois momentos de período. Vamos trabalhar um pouco com estes dois conceitos. Rita montou uma tabelinha marcando seu peso dos 20 aos 26 anos. Ela informou também que aos vinte anos estava com o peso ideal.

Idade (anos)

20

21

22

23

24

25

26

Peso (kg)

50

52

60

70

70

55

51

Ilustração 11 - Tabela idade x peso Observe que, dos 20 aos 21 anos, ela engordou 2kg; logo, durante o período de 20 a 21, ela teve uma variação de 2kg em seu peso. Do mesmo modo, seu peso também variou dos 21 aos 22 anos, dos 22 aos 23 anos, dos 23 aos 24 anos etc. Vamos montar/completar uma tabelinha com as variações do peso de Rita e tentar encontrar os valores das variações de peso durante esses períodos.

Período (anos)

Variação (kg)

20 - 21

2

21 - 22

8

22 - 23 23 - 24 24 - 25 25 - 26 Ilustração 12 - Tabela variação de peso Na construção dessa tabela, talvez você tenha encontrado duas dificuldades que normalmente aparecem quando falamos de variação. A primeira dificuldade que pode ter surgido foi no período de 23 a 24 anos, pois nesse período o peso de Rita não mudou, ou seja, poderíamos dizer que não variou. Quando estivermos verificando variações e observarmos que entre duas leituras não houve nenhuma mudança, indicaremos a variação pelo valor zero. Logo, no caso de Rita, a variação dos 23 aos 24 anos é 0. Outra dificuldade que você talvez tenha encontrado pode ter sido em distinguir quando Rita estava engordando ou emagrecendo. Como iremos diferenciar estas variações? Lembre-se de que estamos estudando a variação do peso. O fato de engordar significa ganhar peso. Ganhar nos faz lembrar de algo positivo, o que nos leva a tratar intuitivamente essa variação com um valor positivo. Já emagrecer, significa perder peso, logo podemos indicar essa variação por valores negativos, pois expressam uma perda de peso. Por exemplo, dos 25 aos 26 anos ela teve uma variação de -4, ou seja, perdeu 4 quilos. Agora, então, anote os dados de sua tabela59 com valores positivos e negativos, caso não tenha feito.

59 92

Valores que completam a tabela: 10, 0, -15, -4, respectivamente.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ... 1. (ENEM/2007) Aumento de produtividade. Nos últimos 60 anos, verificou-se grande aumento da produtividade agrícola nos Estados Unidos da América (EUA). Isso se deveu a diversos fatores, tais como expansão do uso de fertilizantes e pesticidas, biotecnologia e maquinário especializado. O gráfico a seguir apresenta dados referentes à agricultura desse país, no período compreendido entre 1948 e 2004.

Admitindo-se que essas duas quantidades possam ser estimadas, respectivamente, pela área abaixo da parte da curva correspondente à faixa de luz visível e pela área abaixo de toda a curva, a eficiência luminosa dessa lâmpada seria de aproximadamente: a. 10%. b. 15%. c. 25%. d. 50%. e. 75%.

Ilustração 13 – Gráfico de produtividade Com base nessas informações, pode-se considerar fator relevante para o aumento da produtividade na agricultura estadunidense, no período de 1948 a 2004: a. o aumento do uso da terra. b. a redução dos custos de material. c. a redução do uso de agrotóxicos. d. o aumento da oferta de empregos. e. o aumento do uso de tecnologias. 2. (ENEM/2008) A passagem de uma quantidade adequada de corrente elétrica pelo filamento de uma lâmpada deixa-o incandescente, produzindo luz. O gráfico a seguir mostra como a intensidade da luz emitida pela lâmpada está distribuída no espectro eletromagnético, estendendo-se desde a região do ultravioleta (UV) até a região do infravermelho. A eficiência luminosa de uma lâmpada pode ser definida como a razão entre a quantidade de energia emitida na forma de luz visível e a quantidade total de energia gasta para o seu funcionamento.

3. (ENEM 2006) O gráfico ao lado foi extraído de matéria publicada no caderno Economia & Negócios do Jornal O Estado de São Paulo, em 11/06/2006. É um título adequado para a matéria jornalística em que esse gráfico foi apresentado: a. Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que a dos EUA. b. Inflação do terceiro mundo supera pela sétima vez a do primeiro mundo. c. Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006. d. Queda no índice de preços ao consumidor no período 2001-2005. e. EUA: ataques terroristas causam hiperinflação. 4. (ENEM 2006) Os gráficos 1 e 2 mostram, em milhões de reais, o total do valor das vendas que uma empresa realizou em cada mês, nos anos de 2004 e 2005. Como mostra o gráfico 1, durante o ano de 2004, houve, em cada mês, crescimento das vendas em relação ao mês anterior. A diretoria dessa empresa, porém, considerou muito lento o ritmo de crescimento naquele ano. Por isso, estabeleceu como meta mensal para o ano de 2005 o crescimento das vendas em ritmo mais acelerado que o de 2004. Pela análise do gráfico 2, conclui-se que a meta para 2005 foi atingida em: a. janeiro, fevereiro e outubro. b. fevereiro, março e junho. c. março, maio e agosto. d. abril, agosto e novembro. e. julho, setembro e dezembro.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... 1. Resposta correta: letra B 2. Resposta correta: letra C 3. Resposta correta: letra A 4. Resposta correta: letra D PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: H1 - Reconhecer e interpretar as informações de natureza científica ou social expressas em gráficos ou tabelas. H2 - Identificar ou inferir aspectos relacionados a fenômenos de natureza científica ou social, a partir de informações expressas em gráficos ou tabelas. H3 - Selecionar e interpretar informações expressas em gráficos ou tabelas para a resolução de problemas. H4 - Analisar o comportamento de variável expresso em gráficos ou tabelas, como importante recurso para a construção de argumentação consistente. H5 - Avaliar, com auxílio de dados apresentados em gráficos ou tabelas, a adequação de propostas de intervenção na realidade.  Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Capítulo 9 MATEMÁTICA NÃO-EXATA? ESTUDO DAS POSSIBILIDADES E CHANCES INTERPRETAR INFORMAÇÃO DE NATUREZA CIENTÍFICA E SOCIAL OBTIDAS DA LEITURA DE GRÁFICOS E TABELAS, REALIZANDO PREVISÃO DE TENDÊNCIA, EXTRAPOLAÇÃO, INTERPOLAÇÃO E INTERPRETAÇÃO. Fernando Luís Pereira Fernandes DO FUNDO DO BAÚ... Tenha certeza que estudar esse capítulo será muito interessante, pois veremos quais são as chances de ganhar na loteria! Afinal, quem nunca fez uma “fezinha”? Jogar na loteria e torcer para que o mais novo milionário seja você! Pois é, há muita matemática em um simples jogo de aposta. No verso dos bilhetes da Loteria Federal são apresentados, além do percentual de arrecadação a ser distribuído pelo Governo Federal em investimentos na área de Educação, Esporte e Cultura, as chances de ser premiado. Em alguns jogos, a chance de ganhar é muito pequena, mas existe! Como será calculada a chance de um bilhete ser premiado? Quantas são as possibilidades de jogos a serem feitas no jogo da quina? Bom, a quantidade não deve ser tão pequena assim, mas antes de resolvermos esse problema, que tal pensarmos em uma situação onde os cálculos sejam semelhantes e mais simples? Suponhamos que, em um certo jogo semelhante ao da loteria tivéssemos apenas 10 números (de 01 a 10) e escolhêssemos apenas dois desses números para concorrer ao prêmio. Quais são e quantas são as possibilidades existentes para o preenchimento do bilhete? ASSIM OU ASSADO? Nesse caso, teremos que organizar todas as jogadas possíveis. Jogadas 01 - 02 01 - 03 02 - 03 01 - 04 02 - 04 03 - 04 01 - 05 02 - 05 03 - 05 01 - 06 02 - 06 03 - 06 01 - 07 02 - 07 03 - 07 01 - 08 02 - 08 03 - 08 01 - 09 02 - 09 03 - 09 01 - 10 02 - 10 03 - 10 ... Note que, na primeira coluna constam as jogadas possíveis com o número 01. São nove possibilidades até aí. Na segunda coluna, constam as possibilidades com a dezena 02 e como já havia saído a jogada 01-02, foi retirada a jogada 02-01, que é a mesma. Agora, pensando nesse processo de obtenção de possibilidades, até atingirmos o número 10, quantas jogadas diferentes podem ser feitas?

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Total de jogadas: 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 +1 = 45 Assim, o total de jogadas possíveis seria de 45 jogadas para essa loteria. Uma loteria como essa, deixaria mais pessoas felizes! Agora, vejamos um outro problema um pouco diferente, mas que trata de possibilidades: Suponha que você quisesse mudar o visual da sala de sua casa, pintando cada parede de uma cor diferente: amarelo, verde, laranja e branco. Quantas possibilidades de pintura poderiam ser realizadas, sabendo que duas paredes não seriam pintadas da mesma cor? Vamos pensar no problema, imaginando as paredes:

1ª combinação 2ª combinação 3ª combinação 4ª combinação 5ª combinação 6ª combinação

1ª parede amarelo amarelo amarelo amarelo amarelo amarelo

2ª parede verde verde laranja laranja branco branco

3ª parede laranja branco verde branco laranja verde

4ª parede branco laranja branco verde verde laranja

Bom, se a primeira parede for pintada de amarelo, teremos seis combinações diferentes! Se usarmos o mesmo raciocínio para as demais, teremos: Para facilitar a escrita, utilizamos a primeira letra de cada cor para mostrar as possibilidades. B: branco A: amarelo L: laranja V: verde BALV LAVB VALB BAVL LABV VABL BLAV LVBA VLAB BLVA LVAB VLBA BVLA LBVA VBAL BVAL LBAV VBLA No total, teremos 24 possibilidades. Mas, será que não haveria uma maneira mais simples para descobrirmos a quantidade de possibilidades, sem escrever todas, uma por uma? Observe... Na tabela abaixo, cada retângulo representa uma parede e o total de possibilidades de cores para cada uma delas (lembre-se, não pode repetir as cores!). Se não pode repetir as cores das paredes, então teremos 4 possibilidades de cores para a primeira parede. Sabendo que uma das cores já foi utilizada, então, teremos três cores disponíveis para a segunda parede, para a terceira parede, duas cores e para a última parede, uma cor. 1ª parede 4

2ª parede 3

3ª parede 2

4ª parede 1

O raciocínio utilizado para resolver esse problema é chamado princípio multiplicativo, encontrando 4 . 3 . 2 . 1 = 24 possibilidades diferentes. Mas, por que multiplicar? Quando observamos todas as possibilidades de cores nas quatro paredes, vemos que há 6 possibilidades diferentes quando fixamos uma das cores. Por exemplo, se a 1ª parede fosse pintada de branco, as possibilidades seriam: BALV, BAVL, BLAV, BLVA, BVLA e BVAL. Como são quatro cores diferentes, multiplicamos 6 por 4, obtendo 24 como resultado. Caso não tivesse a 1ª parede, o total seria 6 possibilidades, pois, 3 . 2 . 1 = 6. Como está sendo considerada mais uma parede, haverá um total de 24 possibilidades. Também podemos interpretar esse problema, a partir da árvore de possibilidades. O raciocínio para a elaboração desse esquema é semelhante ao que foi dito sobre o princípio multiplicativo. Ao escolher a cor branca (B), tem-se como ramos dessa árvore as demais cores: amarelo (A), verde (V) e laranja(V). A partir de cada uma dessas três cores surgirão mais dois ramos da árvore, justamente as cores que ainda não foram utilizadas e assim por diante, até esgotar o total de cores.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Veja como ficou a árvore de possibilidades construída a partir da cor da primeira parede, supondo que essa seja branca:

Ilustração 1 - Árvore de possibilidades Se esse procedimento for usado para as demais cores, teremos um total de 24 possibilidades. Agora, retornando ao primeiro problema, a respeito da loteria que possui um total de 10 números e são sorteados apenas dois... Por que o resultado final não seria 10 . 9 = 90, ao contrário de 45? Lembre-se que, no caso da loteria, sortear os números 01 e 02 é o mesmo que sortear 02 e 01, pois a ordem não importa nesse caso. Assim, todos os pares de números que poderiam repetir seriam eliminados, caindo pela metade o número de possibilidades. Nesse caso, o principio aplicado seria o da soma. Entretanto, na situação das cores das paredes, o problema tem um outro propósito. Pintar a primeira parede de branco e a segunda de verde não é o mesmo que pintar a primeira parede de verde e a segunda de branco. Como saber qual o cálculo a ser realizado? Ter atenção na interpretação do problema, se a ordem importa ou não na obtenção das possibilidades. PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1. Por que há alguns anos, o sistema de emplacamento de veículos no Brasil mudou, das placas amarelas, as quais tinham duas letras e quatro algarismos para a placa cinza, com três letras e quatro algarismos? No emplacamento antigo como no emplacamento atual, os algarismos e as letras podem ser repetidos. Sabendo que são 10 algarismos possíveis (de 0 a 9) e são 26 letras possíveis (todas as letras do alfabeto), tínhamos no sistema antigo: 26 LETRA

26 LETRA

10 ALGARISMO

10 ALGARISMO

10 ALGARISMO

10 ALGARISMO

Total: 26 . 26 . 10 . 10 . 10 . 10 = 6.760.000 placas diferentes. No sistema atual, temos uma letra a mais, aumentando o número de placas diferentes. Veja: 26 LETRA

26 LETRA

26 LETRA

10 ALGARISMO

10 ALGARISMO

10 ALGARISMO

10 ALGARISMO

Total: 26 . 26 . 26 . 10 . 10 . 10 . 10 = 175.760.000 placas. Com o sistema atual de emplacamento, seria possível emplacar 175.760.000 veículos, quase o valor aproximado da população brasileira. 2. 60Numa lanchonete, há 5 tipos de sanduíche, 4 tipos de refrigerante e 3 tipos de sorvete. De quantas maneiras diferentes podemos tomar um lanche composto de 1 sanduíche, 1 refrigerante e 1 sorvete? Nesse caso, podemos utilizar vários instrumentos para resolver o problema: elaborando uma tabela, uma árvore de possibilidades, ou ainda, resolvendo diretamente pelo princípio multiplicativo. Utilizaremos a árvore de possibilidades. Os cinco sanduíches denominaremos de S1, S2, S3, S4 e S5. Faremos o mesmo com os quatro refrigerantes (R1, R2, R3 e R4) e os três sorvetes (usaremos s1, s2 e s3). Na árvore de possibilidades abaixo constam apenas as possibilidades com o S1 (sanduíche 1).

60 2005. 96

Problema extraído de Matemática: Volume Único –Ensino Médio, de Luiz Roberto Dante, Editora Ática,

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 2 - Árvore de possibilidades e o Princípio Multiplicativo Como são cinco sanduíches, teremos um total de 5 . 12 = 60 lanches diferentes. Caso o cálculo seja realizado sem o uso da árvore de possibilidades, também encontraremos 60 lanches. 5 sanduíches

4 refrigerantes

3 sorvetes

Total: 5 . 4 . 3 = 60 lanches diferentes. COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S O que vimos até o momento sobre o cálculo de possibilidades foi o uso do princípio aditivo e o princípio multiplicativo. Nos atentaremos, em especial, ao princípio multiplicativo, também conhecido como Princípio Fundamental da Contagem, constituindo parte da área da Matemática conhecida como Análise Combinatória. Nesse princípio, em geral, busca-se o total de possibilidades e utiliza a multiplicação como meio de obter o resultado. Por exemplo, quando buscamos encontrar quantos números de quatro algarismos distintos (diferentes) podemos obter com os algarismos 1, 2, 3, 4 e 5, consideramos que o número 1245 é diferente do número 1254, pois a ordem dos algarismos interfere no resultado, obtendo mais um número. Se os algarismos precisam ser distintos, ou seja diferentes, não poderemos repeti-los. Pelo princípio multiplicativo, obtém-se: 5 . 4 . 3 . 2 = 120 possibilidades. Agora, se pudéssemos repetir os algarismos, teríamos o seguinte resultado: 5. 5. 5. 5 = 625 possibilidades. AGORA É A SUA VEZ... Atividade 1. Quantos números naturais de três algarismos podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6? Atividade 2. Quantos números de três algarismos distintos (diferentes) existem? Atividade 3. Um hacker sabe que a senha de acesso a um arquivo secreto é um número natural de cinco algarismos distintos e não-nulos (diferentes de zero). Com o objetivo de acessar esse arquivo, o hacker programou o computador para testar, como senha, todos os números naturais nessas condições. O computador vai testar esses números um a um, demorando 5 segundos em cada tentativa. O tempo máximo para que o arquivo seja aberto é: a) 12h 30 min b) 11h 15min 36s c) 21h d) 12h 26min e) 7h Atividade 4. Um jantar constará de três partes: entrada, prato principal e sobremesa. De quantas maneiras diferentes ele poderá ser composto, se há como opções oito entradas, cinco pratos principais e quatro sobremesas?

97

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 5. As atuais placas de licenciamento de automóveis constam de sete símbolos, sendo três letras, escolhidas dentre as 26 do alfabeto, seguidas de quatro algarismos. Quantas placas distintas podem ter o algarismo zero na 1ª posição reservada aos algarismos? Atividade 6. Uma prova consta de dez testes de múltipla escolha. De quantas maneiras distintas a prova pode ser resolvida, se cada teste tem cinco alternativas distintas? PROBABILIDADE O estudo da Probabilidade se originou a partir da observação dos chamados jogos de azar. Era o início do estudo de uma parte da Matemática que lida com o provável e não com a exatidão. Nos tempos da Idade Antiga, os fenícios (povo que viveu na região do atualmente Líbano) já faziam avaliações de seguros de produtos relacionados à atividade comercial da época, basicamente marítima. Isso continuou até a Idade Média, quando no século XVI foi iniciado um processo de organização desse assunto por matemáticos, constituindo a teoria de Probabilidade, analisando especialmente, os jogos de azar.

Ilustração 3 - Naipes do baralho

Ilustração 4 - Carta Sete de Copas

Ilustração 5 - Carta Ás de Espada61

61 www.portaldapalavra.com.br/ilustracoes/NAIPE.jpg 98

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Partindo da idéia dos jogos, é proposto um problema que relaciona cartas de baralho. Em um baralho completo (52 cartas), qual é a probabilidade (chance) de um jogador, ao retirar uma carta do baralho, ter em mãos: a) uma carta de espadas? b) um sete de copas? ASSIM OU ASSADO? Em Probabilidade, definimos o experimento a ser analisado como sendo o evento. Nesse caso, no item a o evento é “retirar uma carta de espadas” e no item b, o evento é “retirar um sete de copas”. O espaço amostral apresenta todas as possibilidades, isto é, representa o conjunto de todos os resultados possíveis para esse evento, partindo de um experimento aleatório. Entenda o termo aleatório como sendo um experimento que ocorreu por acaso, sem intervenção ou, como se chama na linguagem de jogos, sem vícios. Vamos analisar o problema anterior sob o olhar da probabilidade: Espaço Amostral: conjunto formado pelas 52 cartas do baralho. No item a, questiona-se qual seria a probabilidade (chance) de retirar uma carta de espadas. Bom, é preciso identificar quantas são as cartas de espadas que há no baralho (eliminamos o coringa): • 13 cartas de paus • 13 cartas de espadas • 13 cartas de copas • 13 cartas de ouros. Podemos afirmar que há 13 cartas de espadas, em um total de 52 cartas no baralho. Então, a chance de retirar uma carta de espadas é de 13 em 52, ou seja, P(carta de espadas):

Entretanto, utiliza-se sempre o resultado da fração simplificada, ou ainda, na forma de porcentagem. Assim, o único número que divide 13 e 52, ao mesmo é 13.

Então, a probabilidade de retirar uma carta de espadas do baralho é de

. Como você já viu em estudos anteriores, é

possível representar uma fração na forma decimal e na forma de porcentagem. Nesse caso, temos a fração = 0,25 =

= 25%

No item b, é preciso ver quantas cartas sete de copas há no baralho. Sabendo que há, apenas uma carta desse tipo no baralho, temos: P(sete copas):

http://repolhopolis.blogspot.com/2005/01/elogio-ao-baralho-vocs-j-pensaram-em.html http://umdenosdois.blogspot.com/2008_03_02_archive.html 99

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Analisando os dois resultados, vemos que a chance de encontrar uma carta de espadas é muito maior que uma carta sete de copas. Para calcular a probabilidade de ocorrer um determinado evento utilizaremos sempre a seguinte escrita e notação: P(evento): probabilidade de ocorrer tal evento

Agora, pensando nos problemas que vimos sobre possibilidades, no início desse capítulo, poderíamos, por exemplo, analisar o problema resolvido, o qual trata do sistema de emplacamento de veículos no Brasil sob o olhar da probabilidade. Caso eu queira saber a chance de encontrarmos em nossas ruas um veículo que termine com o número nove, como fazer esse cálculo? Primeiramente, seria necessário saber qual é o evento e o espaço amostral. O evento é “placas com final nove” e o espaço amostral seria o total de placas possíveis, que já descobrimos ao calcular o total de placas no novo sistema de emplacamento, com três letras e quatro algarismos, lembra? Assim, temos no espaço amostral as 175.760.000 placas. Os possíveis finais das placas são 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 (são dez algarismos diferentes). Se há a mesma quantidade de placas para cada final diferente, podemos afirmar que a probabilidade de encontrar uma placa com final nove seria de 0,1 ou 10%. Por quê? Veja: se seguirmos o raciocínio anterior, teremos 17.576.000 placas com final nove (175.760.000 dividido por 10). P(placas com final nove):

Logo, a probabilidade de encontrar uma placa com final nove é de

ou 10%.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1. Um dado é lançado e observa-se o número da face voltada para cima. Qual a probabilidade de esse número ser: a) menor que 3? b) maior ou igual a 3? Temos como espaço amostral os elementos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, que são os números das faces do dado. No item a, temos: P(face menor que 3) =

Como é possível simplificar a fração

100

, temos:

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS No item b, o evento é “número maior ou igual a 3”. Logo, P(face maior ou igual a 3) =

2. Joga-se uma moeda duas vezes sucessivamente. Qual é a probabilidade de observarmos: a) aparecer duas caras? b) aparecer uma cara e uma coroa, independente da ordem? Primeiramente, vamos construir uma tabela que apresente o espaço amostral ao realizar o experimento. Chamamos de K e C, cara e coroa, respectivamente e como são dois lançamentos, apresentamos as possibilidades encontradas quando a moeda é lançada: Lançamentos Cara (K) Coroa (C)

Cara (K) (K,K) (C, K)

Coroa (C) (K,C) (C,C)

No item a, no evento “apresente duas caras”, ao observarmos a tabela, só haverá 1 possibilidade em um total de 4 possibilidades presentes no espaço amostral. P(duas caras) = No item b, o evento “apresente uma cara e uma coroa” traz duas possibilidades em um total de 4. Assim, P(cara e coroa, independente da ordem) = Uma curiosidade... Você lembra que, no início dessa unidade, comentamos que descobriríamos quais são as nossas chances quando jogamos na Quina ou na Mega Sena? Utilizamos o princípio multiplicativo para saber o total de jogos diferentes e a probabilidade para saber as chances de uma pessoa acertar e levar o prêmio máximo na Mega Sena. O que há de diferente nessa questão é a mudança da quantidade de elementos no espaço amostral. Acompanhe: Para saber a probabilidade de uma pessoa acertar a primeira dezena na Mega Sena será: P(1ª dezena) =

Como uma dezena já foi acertada, agora terão, no espaço amostral, as 59 dezenas restantes e o número de dezenas possíveis reduz para 5, pois uma já foi sorteada. P(2ª dezena) =

101

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Utilizando o mesmo raciocínio, teremos como probabilidade para acertar a 3ª dezena: P(3ª dezena) =

P(4ª dezena) =

P(5ª dezena) =

P(6ª dezena) = Dessa forma, para saber a probabilidade de uma pessoa ganhar na Mega Sena, é necessário que ela acerte todas as dezenas. O seu cálculo utiliza o princípio multiplicativo: P(ganhar na Mega Sena) =

Isso significa que a chance de uma pessoa ganhar na Mega Sena é de 1 em mais de 50 milhões! Não é a toa que, em diversos concursos, o prêmio acumula... COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S Vamos retomar alguns conceitos que foram contemplados nesse tópico? Em Probabilidade, temos o evento e o espaço amostral. O evento é o experimento que está sendo observado. Por exemplo, se eu estiver jogando dois dados, qual a chance de sair um número maior que 4? O evento é “sair um número maior que 4”. Mas, para encontrar a probabilidade, é preciso saber quantas são as situações favoráveis de ocorrer e as situações possíveis. O espaço amostral é o conjunto de todas as situações possíveis de acontecer. No nosso exemplo, o espaço amostral tem como elementos os números das seis faces do dado. As situações favoráveis estão relacionadas ao evento. Se estou procurando a chance de sair um número maior que 4, para isso, é uma situação favorável sair o número 5 ou o número 6. Calculando a probabilidade, temos:

P(número maior que 4) =

Logo, a probabilidade de sair um número maior que 4 é

102

.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ... Atividade 7. Um experimento é composto de duas etapas: primeiro, uma moeda é lançada e, em seguida, um dado é lançado. Construa o espaço amostral correspondente a esse experimento. Atividade 8. Uma urna contém três bolas vermelhas e uma bola branca. Retiramos, sucessivamente, duas bolas dessa urna. Construa o espaço amostral correspondente, se a extração é feita: a) com reposição (a bola retirada retorna à urna para a próxima retirada) b) sem reposição (A bola não retorna à urna após a retirada) Atividade 9. Um dado é lançado e se observa o número da face voltada para cima. Determine os seguintes eventos: a) ocorre múltiplo de 2 b) ocorre número primo. Atividade 10. Ao atirar num alvo, a probabilidade de uma pessoa acertá-lo é

. Qual é a probabilidade de errar?

Atividade 11. No lançamento de duas moedas, a probabilidade de se obterem uma cara e uma coroa é: a) 25% b) 30% c) 40% d) 50% e) 75% Atividade 12. Uma urna contém exatamente mil etiquetas, numeradas de 1 a 1000. Retirando uma etiqueta dessa urna, qual é a probabilidade de obtermos um número menor que 51? UM POUCO DE ESTATÍSTICA... Há, no Brasil, pesquisas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que buscam acompanhar o desenvolvimento econômico, social e humano em nosso país. Quando é realizado o grande Censo Demográfico, o qual ocorre geralmente a cada dez anos, a idéia é entrevistar domicílio por domicílio. Seria possível fazer esse recenseamento anualmente, pensando na população brasileira, superior a 180 milhões de habitantes? Seria inviável, pensando no tempo e no investimento necessário para isso. Entretanto, governo, empresas e instituições que tenham interesses em descobrir a opinião da população ou a situação em que uma população específica vive, tornam isso possível, mesmo sem realizar a entrevista um a um. Chamamos esse procedimento na Estatística de amostragem. É escolhida parte da população que possua as características necessárias ou requisitos mínimos exigidos para o que está sendo procurado ou investigado. Por exemplo: o IBGE gostaria de saber como está a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 25 anos e que residem na zona urbana. Como seria muito complicado entrevistar todos os jovens nessa faixa etária em todo o país, acaba-se escolhendo algumas regiões do país (geralmente, nos grandes centros metropolitanos) e, de maneira aleatória, entrevistam os jovens nas ruas ou até mesmo em residências, caso haja jovens com essas características nos domicílios. Apesar de não ser o número exato ou mais próximo do total de jovens (população), o IBGE terá uma idéia de como está a situação da empregabilidade dos jovens nessa faixa etária. Isso é importante para o Governo, tendo em vista que ao ter essas informações em mãos, ele pode atuar sobre as possíveis causas de desemprego, mobilizando suas forças de maneira a inverter tal situação (escolaridade, formação profissional, experiência etc). Tendo em vista as pesquisas de opinião, suponhamos que uma delas tenha sido realizada em uma certa cidade, com o objetivo de saber a opção de voto para prefeito dos eleitores para a próxima eleição. Foram entrevistadas 800 pessoas. Veja a opinião dos eleitores entrevistados: Candidato Zé da Silva João Moreira Alberto Campos Paulo Tadeu

Votos 140 246 130 284

Qual seria o percentual de votos de cada candidato?

103

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS ASSIM OU ASSADO? Quando nos deparamos com os resultados das pesquisas, não encontramos o número de eleitores que optou por um candidato ou outro. Seja na televisão ou nos jornais impressos, encontramos essas informações com um tratamento especial: a porcentagem. Para isso, utilizaremos os termos frequência absoluta e frequência relativa. A frequência absoluta nos mostra o número absoluto, sem qualquer tipo de tratamento dado a esse resultado. É o número encontrado pelas pessoas que realizaram a pesquisa, no problema, representa quantas vezes (ou, qual foi a frequência que) um dos candidatos foi citado. A frequência relativa, como o nome já diz, apresenta a frequência que certo candidato foi citado, mas relacionando o número absoluto ao total de votos (100%). Para isso, faremos um cálculo de porcentagem, para descobrir a frequência relativa: Candidato

Votos

Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Zé da Silva

140

140

= 0,175 = 17,5%

João Moreira

246

246

= 0,3075 = 30,75%

Alberto Campos

130

130

= 16,25%

Paulo Tadeu

284

284

= 0,355 = 35,5%

TOTAL

800

800

1 = 100%

Assim, o resultado da pesquisa, utilizando a porcentagem seria: Zé da Silva: 17,5% João Moreira: 30,75% Alberto Campos: 16,25% Paulo Tadeu: 35,5% É, parece que a disputa entre João Moreira e Paulo Tadeu vai ser acirrada! MAIS OU MENOS QUANTO? Nessa parte do estudo, você encontrará métodos que buscam saber a tendência dos dados em análise. Cada um deles tem uma característica própria e, quando usado no problema certo, nos dá uma melhor interpretação do mesmo. Vejamos o exemplo a seguir: Em uma empresa com 15 funcionários, sabe-se que 8 deles ganham 4 salários mínimos, 3 deles ganham 8 salários mínimos e o restante, 13 salários mínimos. Qual será a melhor forma de saber se há um equilíbrio entre os salários pagos aos funcionários dessa empresa? Os métodos que utilizaremos serão a média, a mediana e a moda. A média aritmética dos salários seria a soma de todos os salários dividida pelo total de funcionários. Assim, saberemos qual seria o salário médio por funcionário:

Média salarial =

104

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Nesse caso, podemos simplificar esse cálculo, utilizando a média aritmética ponderada, sem a necessidade de mostrar o salário de cada funcionário: Média salarial =

Pela média aritmética, vemos que o salário médio é de 7,2 salários mínimos. Buscando saber qual seria o salário que está localizado no meio, utilizamos a mediana. Para isso, organizamos em ordem crescente os salários dos funcionários:

Nesse caso, o salário que está no meio é o 8º número, que é o 4. Assim, podemos dizer que o salário mediano é de 4 s. m. (salários mínimos) Pela moda, buscamos aquele salário que apareceu com a maior frequência. Nesse caso, o salário representado pela moda é de 4 s.m., pois o 4 apareceu 8 vezes. Comparemos os diferentes métodos... Será que os salários pagos por essa empresa aproximam-se de um equilíbrio entre os funcionários ou a desigualdade é muito grande? Se considerássemos apenas a média, veríamos que a média salarial é de 7,2 salários mínimos. Entretanto, os outros dois métodos mostram que não é bem assim que acontece. Pela mediana e pela moda, os valores são de 4 salários mínimos. Considerando, por exemplo, pela moda, mostra que a maioria recebe 4 s. m., enquanto uma minoria ganha acima de 10 s.m. Seria injusto? Você sabia62...

No Brasil, que cerca de 10% da população mais pobre vive com 0,8% da renda nacional, enquanto 10 % dos mais ricos detêm cerca de 45 % da renda do pais. Precisamos tomar cuidado com as estatísticas, nem sempre o que elas apresentam representa a situação da realidade! Você sabia que a renda per capita (média entre a riqueza produzida pelo país e a população) do brasileiro está por volta de R$ 13000,00 ao ano, segundo o Banco Central do Brasil? Você acha que, ao dividir a riqueza igualitariamente entre todos os habitantes, cada um receberia esse montante? Isto é, em um mês recebia cerca de R$ 1083,00?

62 Adaptado de http://integracao.fgvsp.br/BancoPesquisa/pesquisas_n5_2001.htm e http://www.pnud.org.br/ pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2390&lay=pde . Arquivos capturados em 28/3/2009. 105

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 1. 63O gráfico seguinte mostra a distribuição de frequência das notas obtidas pelos alunos da 2ª série do ensino médio numa prova de Matemática:

Ilustração 6 - Gráfico Determine: a) a nota média desses alunos b) a mediana da distribuição c) a moda dessa distribuição Vamos organizar uma tabela de frequências, pois facilitará o cálculo da média. Notas 4 5 6 7 8 9 10

Frequência (nº de alunos) 6 8 11 10 8 5 2

Para o cálculo da média, usaremos a média ponderada das notas, tendo como pesos a frequência de alunos:

M= M= A média das notas foi de 6,58.

63 106

Problema extraído de Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003, p.263.

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS No item b, pede-se a mediana da distribuição. Como temos 50 termos, o valor da mediana será obtido a partir da média aritmética entre o 25º termo e o 26º termo:

Mediana =

= 6,5

No item c, pede-se a moda. Observando o gráfico ou a tabela, vemos que a maior frequência foi na nota 6. Logo, a moda é 6,0. Cada um dos métodos de medida de tendência central, isto é, qual seria o termo que está situado no centro da sequência em análise, mostra que esses dados não possuem uma variação tão grande, pois nos três métodos, os resultados obtidos estão próximos de 6,0. COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S Vamos sintetizar as idéias vistas nesse tópico? Média: é o quociente (resultado da divisão) entre a soma de todos os fatores presentes e o total de fatores. Existe a média aritmética e a média ponderada. A média ponderada difere da aritmética, quando identificamos que há ponderação ou pesos para os fatores que estão presentes. Um exemplo para esse tipo de média é o cálculo da média de notas na escola. Se um professor aplicou três provas em uma certa disciplina, tendo cada uma delas, respectivamente, os pesos 1, 2 e 3, e as notas das provas 1, 2 e 3 são: 5,0, 6,5 e 3,0, calcula-se a média ponderada:

Logo, a média das notas desse aluno será de 5,0. Note que o número 6 no denominador representa a soma dos pesos de cada uma das provas! Mediana: os dados são organizados em ordem crescente e identificamos o termo do meio. É importante lembrar que, caso tenha uma quantidade par de elementos, você irá calcular a média aritmética entre os dois termos que se encontram no centro. Por exemplo, se no problema anterior, o qual tratava de uma empresa com 15 funcionários, tivesse 14 funcionários: 2 recebendo 4 s.m., 5 recebendo 7 s.m. e os demais recebendo 10 s.m., teríamos que encontrar a mediana, calculando a média aritmética entre o 7º e o 8º termos da sequência abaixo: Posição

s.m.





4

4

A mediana será de

3º 7

4º 7

5º 7

6º 7

7º 7

8º 10

9º 10

10º 10

11º 10

12º 10

13º 10

14º 10

salários mínimos

Moda: busca-se o elemento que aparece com maior frequência. Verificamos o termo que aparece com maior frequência. Caso apareçam dois elementos com a maior frequência, dizemos que a amostra é bimodal (tem duas modas).

107

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ...64 Atividade 13. Os conteúdos de vinte latas de leite em pó apresentaram as seguinte massas, em kg: 0,48 0,50 0,51 0,48 0,49 0,49 0,51 0,51 0,50 0,49 0,50 0,52 0,48 0,49 0,50 0,49 0,50 0,51 0,48 0,49 Organize esses dados numa tabela e encontre os valores para a frequência absoluta e relativa.:

Classe (massa em kg)

Frequência Absoluta

Frequência relativa

0,48 0,49 0,50 0,51 0,52 Total Atividade 14. A tabela mostra a altura H, em cm, de uma planta em função do tempo t, em dias:

Altura (H) Tempo (t)

0 0

2 1

3,6 2

4,8 3

5,6 4

6,2 5

a) Qual foi o crescimento médio da planta em cada um desses cinco dias? b) Estime a altura da planta 3,5 dias depois de seu nascimento. Explique o processo que você utilizou para a estimativa. Atividade 15. Calcule a média, mediana e a moda do seguinte conjunto de valores: 11 8 15 19 6 15 13 21 Atividade 16. Uma companhia aérea, a pedido de um engenheiro da aeronáutica registrou os tempos de dez vôos (até a parada total) entre São Paulo e Rio de Janeiro. Os tempos registrados (em minutos são dados a seguir): 48 – 51 – 49 – 51 – 50 – 50 – 53 – 52 – 48 – 50 a) Calcule o tempo médio de vôo entre as duas cidades. b) Calcule o tempo mediano de vôo. Atividade 17. Com o objetivo de verificar o comportamento do consumidor, um órgão de defesa do consumidor registrou o seguinte número de queixas ao longo de 10 dias: 58 – 39 – 63 – 60 – 95 – 48 – 56 – 72 – 75 – 80 Determine a média e a mediana do número de queixas recebidas.

64 As atividades que constam nesse capítulo foram extraídas e/ou adaptadas de Matemática: Volume Único, de Gelson Iezzi et al, Editora Atual, 1997 e Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003. 108

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU 1) 216 2) 648 3) c 4) 160 5) 158.184.000 6) Aproximadamente 3,85% 7) C: cara; C:coroa; Faces do dado: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Espaço amostral: {(C,1), (C, 2), (C,3), (C,4), (C,5), (C,6), (K,1), (K,2), (K,3), (K,4), (K,5), (K,6)} 8) a) com reposição: E.Amostral = {(V,B), (V,V), (B,V), (B,B)} b) sem reposição: E. Amostral = {(V,B), (V,V), (B,V)} 9) a) {2, 4, 6} b) {2, 3, 5} 10) 11) d 12) 13) Classe (massa em kg) 0,48 0,49 0,50 0,51 0,52 Total

Frequência Absoluta 4 6 5 4 1 20

Frequência relativa 20% 30% 25% 20% 5% 100%

14) a) 1,24 cm b) Média entre 4,8 e 5,6 cm: 5,2 cm. 15) Média: 13,5; Mediana: 14; Moda: 15 16) a) 50,2 minutos b) 50 minutos 17) Média: 64,6; Mediana: 61,5

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno, Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: H1 - Identificar, interpretar e produzir registros de informações sobre fatos ou fenômenos de caráter aleatório. H2 - Caracterizar ou inferir aspectos relacionados a fenômenos de natureza científica ou social, a partir de informações expressas por meio de uma distribuição estatística. H3 - Resolver problemas envolvendo processos de contagem, medida e cálculo de probabilidades. H4 - Analisar o comportamento de variável, expresso por meio de uma distribuição estatística como importante recurso para a construção de argumentação consistente. H5 - Avaliar, com auxílio de dados apresentados em distribuições estatísticas, a adequação de propostas de intervenção na realidade. Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do ENCCEJA, no final da apostila. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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ANOTAÇÕES __________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________

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INTRODUÇÃO CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio. Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais da sua vida em sociedade. As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes: 1. Compreender as ciências como construções humanas, relacionando o desenvolvimento científico ao longo da história com a transformação da sociedade. 2. Compreender o papel das ciências naturais e das tecnologias a elas associadas, nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social contemporâneo. 3. Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos relevantes para sua vida pessoal. 4. Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais, e instrumentos ou ações científico-tecnológicos à degradação e preservação do ambiente. 5. Compreender organismo humano e saúde, relacionando conhecimento científico, cultura, ambiente e hábitos ou outras características individuais. 6. Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los a diferentes contextos. 7. Apropriar-se de conhecimentos da física para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo. 8. Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo. 9. Apropriar-se de conhecimentos da biologia para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo. Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências. Cada capítulo é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo. Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução de exercícios para que você possa ampliar seu conhecimento. As respostas podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as habilidades trabalhadas em cada assunto.

ÍNDICE Capítulo 1 O SER HUMANO CONSTRUINDO A CIÊNCIA.........................................................................................................................................................01 José Luis de Souza Capítulo 2 O PAPEL DA TECNOLOGIA NO NOSSO MUNDO.................................................................................................................................................10 José Luis de Souza Capítulo 3 TECNOLOGIA TODO O DIA ...........................................................................................................................................................................................28 José Luis de Souza Capítulo 4 OS CAMINHOS DA HUMANIDADE ...........................................................................................................................................................................40 José Luis de Souza Capítulo 5 A SAÚDE NO BRASIL ........................................................................................................................................................................................................56 José Luis de Souza Capítulo 6 A METODOLOGIA CIENTÍFICA.......................................................................................................................................................................................78 José Luis de Souza Capítulo 7 A FÍSICA E A ATUALIDADE .............................................................................................................................................................................................90 José Luis de Souza Capítulo 8 QUÍMICA, NATUREZA E TECNOLOGIA.................................................................................................................................................................... 108 José Luis de Souza Capítulo 9 MEIO AMBIENTE E BIODIVERSIDADE .................................................................................................................................................................... 123 José Luis de Souza

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 1 O Ser Humano Construindo a Ciência COMPREENDER AS CIÊNCIAS COMO CONSTRUÇÕES HUMANAS, RELACIONANDO O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO AO LONGO DA HISTÓRIA COM A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE. José Luis de Souza Você já imaginou se não houvesse nenhuma das descobertas que a ciência fez nas últimas décadas, como seria a nossa vida? Provavelmente, a população mundial seria menor, por causa das doenças. Haveria pouco ou quase nada de contato com outras pessoas de diferentes países, pela falta do telefone, avião, internet, carro e uma série de avanços que permitiram que o homem, ao longo dos anos, pudesse chegar ao nível tecnológico atual. Nossa, da até medo de pensar se não houvesse luz elétrica em casa! Imagine a escuridão! Mas para o homem concretizar muitos dos seus sonhos, foi necessário vencer vários obstáculos. Foram obstáculos culturais, como as diferentes linguagens e códigos existentes entre os vários povos. A força da natureza, as próprias limitações humanas, as distâncias em terra, no ar e na água, enfim, uma cadeia de fatores que embora difíceis, não barraram a busca pelo conhecimento. O homem demorou centenas de anos para descobrir e provar que a Terra era redonda. Há 50 anos um computador ocupava uma sala inteira e tinha menor capacidade de cálculo que uma calculadora atual comum. Hoje temos máquinas que exploram outros planetas, podemos levar um notebook para qualquer lugar sem ter que ligá-lo à rede elétrica e podemos nos comunicar com o mundo inteiro, através dele, com a internet sem fio. Tudo isso aconteceu muito rapidamente e só foi possível porque muitos cientistas, homens e mulheres comuns estudaram, observaram, fizeram experimentos e acumularam um enorme conhecimento ao longo da história. Algumas das grandes descobertas foram muito importantes para a saúde, para melhorar nosso modo de vida e para nos dar maior conforto. Outras, como a bomba atômica, prejudicaram muito a humanidade e causaram a morte de milhares de pessoas, mesmo que os princípios usados na sua construção fossem desenvolvidos com intenções muito diferentes. Saber como a Ciência funciona é importante para entender como ela pode contribuir para a melhoria das condições de vida da humanidade e também para julgar os bons e maus usos que a sociedade faz dela e do conhecimento científico. O MUNDO EM MOVIMENTO Podemos dizer que o mundo está em movimento, que um carro está em movimento, até que uma tartaruga está em movimento, mas...o que é movimento?

Dizemos que um corpo, um objeto ou um ser vivo está em movimento se ele mudar a sua posição, de acordo com um ponto de referência, com o passar do tempo. Por outro lado, se ele não muda sua posição, dizemos que está em repouso. Para nós parece tudo muito simples, mas provar isso nas épocas mais remotas da humanidade não foi tão fácil. Quando empurramos um objeto sobre uma mesa, é lógico, que ele só se movimenta enquanto estamos exercendo uma força sobre ele. Se a força cessar, ou seja, se parar de empurrá-lo, ele logo pára. Tal observação levou o filósofo grego Aristóteles a estabelecer a seguinte conclusão: “Um corpo só permanece em movimento se uma força estiver atuando sobre ele”. Esta interpretação, de Aristóteles, formulada no século IV a.C. (e que não esta completamente correta como veremos mais adiante), foi aceita até um fenômeno cultural chamado de Renascimento na Europa (séc. XVII). O desenvolvimento da Ciência é fruto do modo de pensar de uma época, da cultura de uma região e do desenvolvimento tecnológico que o homem possui. Até o século XVII existia o pensamento de que a Terra era finita, e que em determinado ponto do planeta não era mais possível avançar. O que se observava sobre os movimentos era que tudo que se movia tendia a parar. Tudo o que estava suspenso tendia a cair e ficar em repouso no solo. Portanto o estado natural de um corpo deveria ser o repouso e o movimento era uma interferência externa sobre ele. Então, à partir do Renascimento observações de alguns cientistas e pensadores começaram a mostrar que o mundo não era uma coisa fechada e limitada. Com as descobertas de Galileu Galilei, que utilizou uma luneta para observar o céu e os corpos celestes, o mundo passou a ser entendido como uma coisa que, se não infinita, também não se conseguia definir a sua extensão. Galileu dizia que o estudo sobre os movimentos requeria experiências mais cuidadosas. Após a realização de várias delas, percebeu que sobre um livro que é empurrado, por exemplo, existe a atuação de uma força denominada de Força de Atrito, e que tal força é sempre contrária à tendência do movimento dos corpos. Assim, ele percebeu que se não houvesse a presença do atrito, o livro não pararia se cessasse a aplicação da força, ao contrário do que pensava Aristóteles. As conclusões de Galileu podem ser sintetizadas da seguinte maneira: Se um corpo estiver em repouso, é necessária a aplicação de uma força para que ele possa alterar o seu estado de repouso. Uma vez iniciado o movimento e depois de cessada a aplicação da força, o corpo permanecerá em movimento retilíneo uniforme indefinidamente desde que ele esteja livre da ação das forças de atrito, peso ou gravidade.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Os experimentos de Galileu levaram à conclusão de uma propriedade física da matéria chamada inércia. Segundo essa propriedade, se um corpo está em repouso, ou seja, se a resultante das forças que atuam sobre ele for nula, ele tende a ficar em repouso. E se ele está em movimento ele tende a permanecer em movimento na mesma velocidade e sempre em linha reta (movimento retilíneo uniforme). Anos mais tarde, após Galileu ter estabelecido o conceito de inércia, Sir Isaac Newton formulou as leis da dinâmica (Área da Física que estuda as causas do movimento) denominadas de “as três leis de Newton”. Newton concordou com as conclusões de Galileu e utilizou-as em suas leis. A Primeira Lei de Newton Também chamada de Lei da Inércia apresenta o seguinte enunciado: Na ausência de forças, um corpo em repouso continua em repouso, e um corpo em movimento, continua em movimento retilíneo uniforme (MRU). A partir dessas idéias é possível entendermos como uma sonda espacial do tamanho de um automóvel pode viajar bilhões de quilômetros pelo espaço sem levar muito combustível. Como o espaço é vazio, não há nada que impeça o movimento da nave. EM BUSCA DA LUZ E Deus disse: “Que exista a luz!” E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus separou a luz das trevas: à luz Deus chamou “dia“, e às trevas Deus chamou noite. Gênesis1 É assim que a Bíblia narra o surgimento da luz, do dia e da noite. Não vamos discutir aqui o surgimento da luz e outros fenômenos naturais com base nas crenças religiosas e nem julgar se são verdadeiras ou falsas. Não vamos contrapor religião e Ciência. Vamos discutir apenas o que a Ciência consegue provar de maneira convincente e ver como o homem pode se beneficiar desses conhecimentos. Com a descoberta do fogo o homem percebeu que entre outras tantas utilidades, ele poderia aliviar a escuridão noturna e assim se manter mais seguro de ataques de predadores ou de grupos inimigos que por ventura tentassem invadir o seu território. Hoje queremos nossas ruas iluminadas, pois, após milênios, as vias iluminadas ainda nos dão a sensação de maior segurança. O homem primitivo encerrava as suas atividades diárias com o cair da noite, a sociedade moderna, contudo, não encerra nunca e o que torna possível esta atividade frenética é a possibilidade de se iluminar todos os ambientes. Mas vale a pena destacar novamente, o caminho percorrido pela Ciência para que hoje toda a sociedade possa (em tese) se beneficiar da Luz.

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Bíblia Sagrada, Edição Pastoral Ed. Paulus.

As primeiras fontes artificiais de luz usavam o mesmo princípio, a combustão. Alguma coisa precisava ser queimada para poder iluminar. Foram inventados, lampiões a óleo, lampiões a gás, lamparinas, velas, etc. A combustão é uma reação química entre o oxigênio do ar e o combustível, ou seja, o material que é queimado. Para se obter uma boa iluminação era necessário usar um material que queimasse bem, que reagisse bem com o oxigênio. Muitos de nossos avós devem ter utilizado estas fontes de luz e vivido em cidades onde as ruas eram iluminadas por lampiões a gás ou óleo. A descoberta e o domínio da energia elétrica permitiram a Thomas Alva Edison, em 1880, construir a primeira lâmpada incandescente utilizando uma haste de carvão muito fina que aquecendo até próximo ao ponto de fusão, com a passagem de corrente elétrica através dela, passa a emitir luz. Agora pense você em duas coisas: tudo o que aquece muito queima, não queima? Já percebeu que dentro da lâmpada não tem ar? Edison precisou dominar uma série de conhecimentos para que a lâmpada desse certo. Com o conhecimento sobre combustão ele sabia que o carvão na presença de ar queimaria. Logo ele criou um envoltório de vidro, retirou todo o ar de dentro e selou. Sem ar a haste não queimava. As lâmpadas com vácuo interno foram comercializadas durante muito tempo, mas tinha um inconveniente, eram muito frágeis e quebravam facilmente, pois, já que não tinha nada dentro, estavam sujeitas à pressão atmosférica. Hoje estas lâmpadas são preenchidas com um gás inerte, como o nitrogênio, que não provoca combustão, isso diminuiu muito a sua fragilidade. QUE LÍNGUA É ESSA? Você percebeu que há pouco usamos a palavra combustão ao invés de queima e gás inerte para nos referirmos a um gás que não queima ou não reage com o combustível? Não se assuste, não vai ter que aprender outro idioma! Mas vai ter que se acostumar com termos de outra linguagem, diferente daquela linguagem natural que aprendemos desde criança e que usamos para nos comunicar no dia a dia. A ciência é construída por várias pessoas em diversas partes do mundo, que falavam línguas diferentes e tinham costumes diferentes. Ao longo da história foi necessário criar vários códigos para que essas informações fossem entendidas e utilizadas por todos, surgiu então a “linguagem cientifica”. Para entendermos a combustão de um gás como o metano, por exemplo, precisamos saber de alguns princípios básicos, que veremos a seguir. Todas as substâncias e toda a matéria são formadas por minúsculas partículas chamadas de átomos, para representá-los utilizamos as letras iniciais dos seus nomes na forma maiúscula. Ex: Oxigênio – O Hidrogênio - H Nitrogênio – N Carbono - C

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Quando é necessário usamos a primeira e a segunda letra, sendo que a segunda sempre deve ser minúscula: Ex: Níquel – Ni

Lítio – Li

Cobalto – Co

Às vezes utilizamos as primeiras letras dos nomes dos átomos em latim e isso pode nos causar certa estranheza, mas temos que lembrar que se estudam estes elementos desde a Idade Média quando as línguas e códigos eram diferentes. Ex: Sódio – Na – (Natrium) Enxofre – S – (Súlfur) Chumbo – Pb – (Plumbum) Quando juntamos dois ou mais átomos, iguais ou diferentes, formamos uma substância. As substâncias são representadas por fórmulas que contêm os tipos e quantidades de átomos existentes na substância. A água, por exemplo, é representada pela fórmula H2O. Significa que na substância existem dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. O gás carbônico é representado pela fórmula CO2. Significa que existem dois átomos de oxigênio e um de carbono nesta substância. Observe, o número que representa a quantidade de um determinado átomo está à direita dele e em tamanho menor. Quando o número aparece grande e na frente da fórmula significa que temos duas vezes a quantidade de átomos da fórmula inteira. Ex: 2 CO2 – significa que estamos falando de dois átomos de carbono e 4 de hidrogênio. Para entendermos melhor vamos representar os átomos com esferas e associá-las às fórmulas:

Oxigênio

Hidrogênio

H 2O

Dois átomos de hidrogênio e um átomo de Oxigênio

2 H 2O

Quatro átomos de hidrogênio e dois átomos de oxigênio

Figura 1.1 – Representação dos átomos de oxigênio e hidrogênio e da molécula de água. Agora que podemos entender parte da linguagem cientifica vamos voltar a falar da combustão. Vamos usar como exemplo o gás metano (CH4). Já dissemos anteriormente que a reação de combustão ocorre entre um combustível e oxigênio. Para representarmos o que acontece escrevemos da seguinte forma: CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g) Gás Gás Gás Água no estado Metano oxigênio carbônico gasoso

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Esta forma de escrita é chamada de Equação química. Ela possui duas partes separadas por uma seta, que indica que a reação está ocorrendo. Do lado esquerdo estão os reagentes em suas devidas quantidades e proporções. Do lado direito aparecem os produtos da reação nas quantidades que se formam. Note também que um índice (uma letra pequena) do lado direito mostra o estado físico da substância que participa ou que se forma na reação. Esta equação está nos dizendo que, proporcionalmente, uma molécula da substância metano reage com uma molécula do gás oxigênio formando uma molécula de gás carbônico e duas de água. A combustão transformou as moléculas que formam o gás metano em gás carbônico e água. Mas observe que os átomos que formavam essas moléculas não foram alterados. O número total de átomos no primeiro membro da equação é igual ao número total de cada átomo no segundo membro. Se o número de átomos é igual à soma das massas dos reagentes também é igual à soma das massas dos produtos. Portanto, durante uma reação química não há aumento nem diminuição da massa total. Essa afirmação é conhecida como Lei da Conservação da massa ou principio de Lavoisier. Quando um reagente é liquido, como o álcool, por exemplo, podemos até pensar que a massa foi perdida, pois o álcool desaparece. Essa aparente perda de massa é explicada pelo fato de que os gases e o vapor de água produzidos na combustão se espalham pela atmosfera. No entanto, essa reação ainda libera energia, que também não é perdida. Parte da energia é transformada em luz, a outra parte é transformada em calor. Observe a equação a seguir que representa a combustão do álcool. As setas ascendentes indicam o que está sendo liberado para o ambiente veja que mesmo assim o principio de Lavoisier é mantido.

vel, o desgaste dos recursos naturais será ainda mais insuportável. “Ao ritmo do seu consumo atual, a Humanidade precisará de dois planetas no início da década 2030 para responder às suas necessidades”, assinala hoje o Fundo Mundial para a Natureza (WWF). A pressão da Humanidade sobre os recursos naturais do planeta mais do que duplicou nos últimos 45 anos devido ao crescimento demográfico e ao aumento do consumo individual. Esta exploração esgota os ecossistemas e o lixo resultante dessa utilização acumula-se no ar, na terra e na água. O desflorestamento, a degradação da qualidade do ar, da água, o declínio da biodiversidade e o desregramento climático provocado por emissões de gases com efeito estufa, põem cada vez mais em perigo o bem-estar e o desenvolvimento de todas as nações. 2 De qualquer modo a ciência avançou bastante na área de combustíveis para tentar diminuir essa influencia negativa. No primeiro semestre de 2009 a Agência de Proteção Ambiental Americana certificou o primeiro automóvel do mundo movido à célula de hidrogênio dando a ele o titulo de carro verde mundial. Este automóvel, que tem mesmo desempenho e autonomia que um automóvel convencional, venceu 20 outros concorrentes, ou seja, a humanidade já não dependente do combustível fóssil nem de biocombustíveis, que emitem gás carbônico e monóxido de carbono, para movimentar automóveis. De qualquer forma uma tomada de consciência sobre a situação do planeta do qual fazemos parte e ao qual estamos intimamente ligados, tem sido alavancada com iniciativas no sentido da preservação ambiental e do uso racional dos recursos naturais. São exemplos dessas ações, a coleta seletiva e a reciclagem do lixo (principalmente papel e metais), a utilização do óleo de soja usado para produção de biodiesel, campanhas para economia e uso racional da água. CIÊNCIA E SAÚDE

Mas...e se precisarmos do dobro da energia liberada nessa combustão? Então precisamos usar o dobro dos reagentes e obteremos também o dobro dos produtos. Isso é garantido pela Lei das proporções definidas ou Lei de Proust. DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E RECURSOS NATURAIS A humanidade necessita de recursos naturais em quantidade muito maior (30% a mais) do que a capacidade de reposição desses recursos pelo globo terrestre. E o que é pior: nem por isso ela tem um nível satisfatório de vida. Basta ver que há 1,4 bilhão de pessoas vivendo abaixo do nível de pobreza para concluir que, se superarmos esse ní-

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Cuidar ou não da saúde ambiental do planeta será nos próximos anos, mais uma opção da humanidade, que uma limitação tecnológica para que isso ocorra. É bem verdade que foram instrumentos desenvolvidos pela área tecnológica que causaram boa parte dos danos ambientais que presenciamos hoje. Mas a ciência já avançou o suficiente para produzir, tanto os alertas de que o rumo da humanidade deve ser mudado, como os instrumentos para esta mudança e para muitas outras. O homem já tem capacidade hoje de tratar doenças antes de elas aparecerem. E tem feio isso através da genética, que começou a ser estudada por Charles Darwin e por Gregor Mendell no século XIX. De acordo com estes estudiosos os seres vivos são fruto das suas interações com o ambiente. De uma geração para outra de indivíduos de determinada espécie podem ocorrer alterações genéticas (alterações no DNA da célula) que se traduzem em novas características físicas e biológicas. Se estas ca-

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS racterísticas favorecerem a sobrevivência da espécie ela será transmitida às novas gerações e surgirá uma nova espécie. Se não for, o novo indivíduo não será viável, não estará apto para a sobrevivência e será eliminado naturalmente pelo ambiente. Esta teoria é conhecida como seleção natural. Os genes são pedaços de uma molécula chamada ácido desoxirribonucléico – DNA - que, em geral, se encontra no núcleo da célula. O DNA está presente e define as características de todos os seres vivos. Talvez a espécie humana seja a única que contraria esta teoria. Os avanços da ciência no campo da medicina possibilitaram a sobrevivência de um número cada vez maior de indivíduos com características genéticas que só permitem seu bem-estar quando os efeitos delas são devidamente controlados através de drogas e outros tratamentos. São exemplos os diabéticos e hemofílicos, que só sobrevivem e levam vida relativamente normal ao receberem suplementação de insulina ou do fator VIII da coagulação sanguínea respectivamente. Esses fatos permitem afirmar que os avanços da medicina podem diminuir os efeitos da seleção natural sobre as populações. Isso porque os tratamentos de doenças como o diabetes, por exemplo, apesar de não curarem a doença, prolongam a vida das pessoas. E a ciência vai mais além, quem já não ouviu falar sobre terapia genética, células tronco e mapeamento genético? Uma reportagem publicada na revista Época em 20/04/2009 explica que já é possível fazer o “mapeamento” genético, ou seja, determinar através da seqüência de genes que formam o DNA, se uma pessoa tem a possibilidade de desenvolver câncer, problemas de visão, obesidade, problemas cardiovasculares, etc. Não se pode mudar as características genéticas de um individuo e evitar as tendências ao desenvolvimento de certas doenças, mas tendo conhecimento dessas tendências o individuo pode se cuidar e interagir melhor com o ambiente para que as tendências não se confirmem e assim evite a doença. Estudos recentes também têm usado células tronco para devolver o movimento a quem teve uma lesão na medula óssea e ficou paraplégico. Estas células são capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo humano, ao serem injetadas no local da lesão elas se desenvolvem e regeneram os tecidos da medula “consertando” o local que foi danificado. Assim como Darwin e Mendell todas as pessoas que trabalham com as Ciências da Natureza têm uma metodologia a ser seguida para que seus estudos e descobertas possam ser considerados corretos. Ela está baseada principalmente na observação paciente e atenta de um problema para que se encontre a sua solução. Não é nada complicado, vários profissionais como médicos, engenheiros e professores seguem essa metodologia. Nós também podemos segui-la em situações onde a nossa interferência pode ser decisiva para vida de outra pessoa.

No primeiro semestre de 2009 ocorreram vários casos de meningite na região metropolitana de Salvador. Como todos nós sabemos as condições dos hospitais públicos são ruins no país inteiro e quando o atendimento cresce, fica pior ainda. Na falta do pronto atendimento como se poderia avaliar se uma pessoa teria possibilidade de estar com essa doença? A meningite é uma inflamação em uma membrana (uma pele muito fina) que envolve o cérebro, ela pode ser provocada por bactérias como os Meningococos ou por vírus como o Haemofilus. Se a inflamação é ao redor do cérebro é de se esperar que ela cause dores de cabeça e é este mesmo o primeiro sintoma. Ao se observar uma pessoa com dores de cabeça deve-se verificar se ela também tem febre alta e constante. O cérebro e a medula espinhal (que fica dentro da coluna vertebral) estão interligados, fazendo com que a inflamação também cause na pessoa uma dificuldade para dobrar o pescoço, chamada de rigidez de nuca. Os médicos fazem um teste muito simples: pedem para que se encoste o queixo no peito. Se a pessoa não consegue é mais um sinal de que ela pode estar doente. Prosseguindo nesta investigação, deve-se observar se a pessoa tem manchas avermelhadas no corpo e se houver ela deve ser levada imediatamente a um pronto socorro. No hospital é retirado um líquido existente no interior da medula chamado líquor. Este líquido deve ser transparente, e se ao invés disso estiver turvo (com aspecto leitoso) a pessoa deve ser internada para tratamento. Mas a investigação não termina aí, para se tratar a doença é necessário saber que tipo de microorganismo a está causando. O líquor então é colocado em um pequeno recipiente com uma gelatina nutritiva para que os microorganismos se multipliquem e possam ser observados ao microscópio. Só depois disso é que se tem certeza sobre o tratamento que será eficiente. É preciso ficar bem claro que só um médico pode fazer o diagnóstico de uma doença séria como esta, mas com um conhecimento mínimo nós mesmos podemos observar os primeiros sintomas e encaminhar a pessoa suspeita da doença ao hospital. Nos casos em que os sintomas já são conhecidos os pacientes têm atendimento prioritário. Quando surgem muitos casos em uma mesma região são as autoridades sanitárias que precisam usar o método de observação das Ciências. Precisam determinar as causas e, se for necessário, fazer uma campanha de vacinação para prevenir novos casos da doença. E por falar em vacinas, elas têm sido as grandes responsáveis pela prevenção de vários tipos de doenças há várias décadas. Já na virada do século XIX para o século XX (por volta de 1900) o químico Louis Pasteur utilizou seus conhecimentos científicos, o grande desenvolvimento industrial, cultural, econômico e tecnológico gerado na Europa juntamente com o desenvolvimento do microscópio para mostrar que os fungos se propagam por meio de formas microscópicas (seus esporos) e que as bactérias, sempre invisíveis a olho nu, se reproduzem a partir de outras bactérias. Mas uma das grandes descobertas, que revolucionaria a saúde no planeta, proporcionando grandes avanços na qualidade de vida da população, foi a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary’s Hospital, de Londres em 1920.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Vacinas são medicamentos que contem pedaços de microorganismos ou os próprios microorganismos atenuados responsáveis por determinada doença. Como estão enfraquecidos eles não conseguem se instalar num organismo vivo, mas fazem com que este organismo desenvolva defesas e resistência contra a doença. Hoje temos vacinas disponiveis para se combater diversas doencas, entre elas, os tipos de meningites diferentes que podem nos deixar doentes. VENCENDO DESAFIOS E DISTÂNCIAS Figura 1.2 - Alexander Fleming, bacteriologista que desenvolveu a penicilina. Ele já vinha há algum tempo pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infectadas. Essa preocupação se justificava pela experiência adquirida na Primeira Grande Guerra (19141918), na qual muitos combatentes morreram em conseqüência da infecção em ferimentos profundos. Em um dos seus experimentos Fleming reparou que numa determinada cultura de bactérias, contaminada por uma determinada espécie de fungos, as bactérias não se desenvolviam.3 Este fungo foi identificado, estudado e com ele foi preparado o primeiro antibiótico, a Penicilina. De qualquer modo nem sempre a ciência é bem aceita. O médico Oswaldo Cruz foi o pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz que é respeitado internacionalmente. No período da Republica o Rio de Janeiro sofria com uma epidemia de varíola. Oswaldo Cruz convenceu o governo da época que a doença só poderia ser controlada através da vacinação em massa da população. A campanha de vacinação obrigatória foi colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta. Essa recusa em ser vacinado acontecia porque grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos. Estourou então um movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro contra a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola. Esta revolta ficou conhecida como Revolta da Vacina.4

3 Fonte: http://usuarios.cultura.com.br/ jmrezende/penicilina.htm 4 Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_ Cruz 6

A ciência sempre foi impulsionada por desafios, necessidades e desejos dos seres humanos. Entre estas necessidades estava a comunicação. O mundo aumentava rápido de tamanho com as grandes navegações, a descoberta de novas terras e novos continentes. A população também crescia e ficava cada vez mais difícil se comunicar de um ponto distante ao outro. Uma descoberta que começou por acaso revolucionou e melhorou muito a comunicação no século XIX, o telefone. Na tarde do dia 2 de junho de 1875, Graham Bell e Thomas Watson puseram-se a fazer experiências para verificar o funcionamento do telégrafo harmônico. Cada um foi para uma sala, no sótão da oficina de Bell. Watson, em uma delas, tratava de ligar os diversos eletroímãs, enquanto Bell, na outra, observava o comportamento dos eletroímãs de seu aparelho que deveriam vibrar estimulados pelo aparelho de Watson.

Figura 1.3 - Reconstituição artística de Bell escutando os sons do receptor do telégrafo harmônico, em 18755 Como acontecera muita outras vezes, a coisa não funcionou e para piorar, a lâmina de um dos transmissores não vibrava quando ligada à pilha. Como essa lâmina parecia estar presa, Watson começou a puxá-la e soltá-la para ver se assim, ela começava a vibrar como deveria. Nisso, Bell ouve uma forte vibração no aparelho que estava em sua sala, dá um grito e vai correndo perguntar a Watson o que ele havia feito.

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Fonte:www.museudotelefone.org.br

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Dando uma olhada na lâmina que estava com problema, Bell viu que um parafuso estava muito apertado, impedindo que o contato elétrico gerado entre a lâmina e o eletroímã fosse rompido, isso causava a interrupção da transmissão de pulsos elétricos para a outra sala. Intrigado, Bell começou a quebrar a cabeça imaginando o que havia acontecido. De repente, compreendeu que, quando a lâmina de aço vibrou diante do eletroímã, ela produziu uma corrente elétrica na bobina e essa corrente elétrica produziu a vibração no aparelho que estava na outra sala. O princípio da física que explicava esse fenômeno não era novo. Michael Faraday já havia demonstrado, quarenta anos antes, que o movimento de um pedaço de ferro perto de um eletroímã podia criar vibrações elétricas do mesmo tipo. Porém, apesar desse fenômeno já ser conhecido, foi só nesse dia que Bell percebeu que poderia usá-lo para fazer o que tanto queria: transmitir a voz através da eletricidade.

Figura1.4 - Os primeiros diagramas do telefone, desenhados por Bell em junho de 1875.6 Nesse mesmo dia, antes de ir para casa, Bell deu instruções a Watson para que construísse um novo aparelho, adaptando o antigo dispositivo, com a finalidade de captar as vibrações sonoras do ar e produzir vibrações elétricas. Estava assim inventado o primeiro telefone da história. INTERNET? QUE COISA É ESSA?

vas tecnologias com entusiasmo e ao mesmo tempo com certa apreensão, ou seja, medo das mudanças. Foi assim que as pessoas reagiram e ainda reagem frente à televisão de plasma, ao computador, ao telefone celular e mais recentemente à Internet. Esta última veio acrescentar mais algumas opções de escolhas em nossas vidas e até encurtar grandes distâncias no planeta como um todo. Pode ser agradável ver alguém que está distante através do monitor, ouvir música, enviar documentos, ler livros e até marcar uma viagem utilizando o computador. A máquina nos proporcionou uma interação nunca antes vista pelas pessoas. Com a invenção do telefone a humanidade resolveu uma parte do seu problema de comunicação, mas ainda precisava resolver o problema da saudade das pessoas que estavam longe. Uma viagem de navio entre a Europa e a América, por exemplo, demorava meses nos navios a vapor. Além disso o homem tinha um velho desejo, voar como os pássaros. Esse desejo se manifestou na antiguidade através da lenda de Ícaro que construiu uma asa usando penas e cera e conseguira voar, só que voou tão alto e tão perto do sol que o calor derreteu a cera das suas asas. Leonardo Da Vinci, séc. XV, também realizou diversos estudos tentando alçar vôo. O homem acreditava que para voar precisaria de asas como as dos pássaros. Mas com muitos estudos e observações ele percebeu que ao bater as asas os pássaros forçavam o ar para baixo enquanto seus corpos eram jogados para cima em reação à forca exercida sobre o ar. O segredo talvez não fosse as asas e sim fazer com que o ar jogasse um objeto para cima. Ao perceber isso e que o ar quente era mais leve (ou menos denso) que o ar frio, o homem foi capaz de criar várias formas de voar, todas tendo como principio a reação à resistência do ar. Por exemplo, os balões dirigíveis eram impulsionados para cima porque o ar frio, mais denso, empurra para cima o ar quente contido no seu interior. As asas dos aviões empurram o ar para baixo quando eles ganham velocidade, em reação os aviões decolam. Na verdade Newton já havia percebido, muito antes da invenção do avião, que os movimentos dos corpos de um modo geral se sustentam em virtude das forças de reação. As conclusões de Isaac Newton deram a origem a sua terceira lei, a lei da ação e reação: Quando um corpo recebe uma força ele reage com outra força de mesma direção, mesma intensidade e sentido oposto.

Muitos anos depois, Bell nem imaginaria as contribuições que sua descoberta traria ao mundo atual. Mas nem tudo é assimilado pelas pessoas rapidamente, como tudo que se realiza no decorrer da vida, o mundo recebe as no-

6 Fonte:www.museudotelefone.org.br

Vale lembrar que “direção” na linguagem da física pode ser horizontal ou vertical e os sentidos para cima, para baixo, para direita ou esquerda. Apesar dos entendimentos de Newton sobre a física envolvida no vôo, coube a Santos Dumont resolver a equação que tirasse um objeto mais pesado que o ar do solo. A invenção e aperfeiçoamento do avião encurtaram as distâncias entre as pessoas possibilitando maior integração cultural, comercial e econômica entre as várias partes do mundo.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS – POR QUE NUNCA É SUFICIENTE? Leia atentamente o trecho de um artigo de Adriano M. Branco, engenheiro e administrador, publicado no jornal O Estado de São Paulo intitulado O Mundo dos Desperdícios: - Um pequeno produtor de milho de Minas Gerais, entrevistado, disse ter, habitualmente, perdas de 70%. São os carunchos, os ratos, a umidade, o transporte, etc., etc., que causam isso. Espantada, a jornalista perguntou: “Mas o senhor não pode melhorar o seu processo de armazenamento e transporte?” Ao que ele respondeu: “Fica muito caro.” E ela retrucou: “Para isso você conta com o financiamento do Banco do Brasil.” A resposta foi triste: “Aí eu perco minha terra...” Esse pequeno produtor - e as nossas grandes safras dependem muito dos pequenos produtores - encontrava, afinal, o seu equilíbrio econômico. Perdia 70% de sua safra, mas conseguia sobreviver, sem o risco de empenhar a sua terra para se modernizar. A famosa “viabilidade econômica”, acoplada à “taxa interna de retorno”, estava resolvida. O sitiante perdia 70% de seu produto, a Ceasa jogava fora 80 toneladas de alimentos todos os dias. Mas, no frigir dos ovos, estava tudo nos conformes. (Por falar em ovos, o município de Bastos, o maior produtor do Brasil, perdia 10% de sua produção de ovos por falta de pavimentação de uma estrada de 15 quilômetros que, quando feita, reduziu as perdas para 2%...). Tudo estava na conformidade de um conceito econômico que não leva em conta as perdas ambientais. Veja que, se o pequeno agricultor perdesse só 10% de seu milho, ele poderia realizar a mesma produção em um terço da área, consumindo um terço dos fertilizantes, da água e da própria força de trabalho. Nossos descendentes, beneficiados porque o mundo não acabou, agradeceriam. Os milhares de toneladas de alimentos que se perdem na Ceasa, nos transportes, etc., etc., significam demandas feitas à natureza, sem nenhum retorno. Resolver esses problemas da produtividade nacional não é apenas uma questão econômica, mas, acima de tudo, um “problema ético”, como bem demonstrou o cientista Samuel Murgel Branco em seu livro: Meio Ambiente, Uma Questão Moral. Este trecho do artigo nos mostra que não basta ter a tecnologia e o desenvolvimento científico ao nosso favor para que possamos satisfazer e superar nossas necessidades. É preciso também haver uma mudança de cultura, é preciso que a sociedade de um modo geral tenha conhecimento e educação para acompanhar e poder se beneficiar deste desenvolvimento. O Brasil apresenta uma produtividade agrícola 27% menor em relação a obtida pelos americanos. Isso significa que precisamos de mais terras cultiváveis, consumimos mais fertilizantes e mais defensivos agrícolas, poluímos mais nossos solos e águas subterrâneas, produzimos mais lixo e temos que nos livrar dele, ou seja, estamos consumindo rapidamente nosso solo e nossos recursos para produzir menos. Ao longo dos anos, o lixo em particular passou a ser uma questão de interesse global. E os problemas são os mesmos de um lado a outro do globo: o destino do lixo e seu acondicionamento inadequado têm trazido graves problemas a todas as nações. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). O “lixo” é uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles, o resíduo sólido urbano gerado em nossas residências. Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mudanças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando um lixo diferente daquele que se produzia há 50 anos, em quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a formas inadequadas de descarte. Em um passado não muito distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos por habitante/ano; no entanto, hoje, países altamente industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/ hab/ano. No Brasil, o valor médio verificado nas cidades mais populosas é da ordem de 180 kg/hab/ano. O avanço da tecnologia para reciclagem do lixo tem um papel importante tanto ambiental como social. Ambiental porque evita que materiais que levariam centenas de anos para se decompor sejam enterrados no solo. Social porque existem diversas cooperativas de trabalhadores que encontram na coleta, separação e processamento do lixo reciclável uma forma de conseguir renda e viver com dignidade. O LIXO NA FORMA DE GÁS Em cidades como São Paulo, e outras de grande população, a presença, no ar, de produtos resultantes da queima de combustíveis utilizados nos veículos de transporte, juntamente com as emissões das chaminés das indústrias, é uma das principais causas da poluição, do lixo na forma de gases, jogados no ar.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Na maior parte do tempo, invisível, mas sempre presente, a poluição atmosférica é um fator extremamente importante na degradação da qualidade de vida das populações urbanas. Em São Paulo por exemplo pesquisadores do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP mostraram que, quando aumenta o nível da poluição do ar, o que acontece principalmente no inverno, cresce em até 12% a taxa de mortalidade por problemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o número de internações hospitalares de crianças. No período em que a pesquisa aconteceu (1996 - 1997), a capital recebia, anualmente, 3 milhões de toneladas de poluentes, sendo 90% emitidos por gases dos veículos motores. O principal poluente é o monóxido de carbono (CO), do qual foram emitidas quase 2 milhões de Toneladas.7 De posse desses dados a prefeitura de São Paulo instituiu algumas medidas para diminuir a concentração de poluentes na cidade: - Criou os corredores de ônibus para que estes circulem mais rápido e estimulem seu uso pela população que anda de carro. - Limitou o trafego de veículos pequenos como carros e caminhonetes no centro da cidade. - Ampliou as linhas de metrô que funcionam com energia elétrica. - Instituiu o rodízio municipal para diminuir o número de carros e melhorar o trânsito. Nos dias de hoje há uma tendência de queda nesses níveis de poluentes devido a entrada em circulação de novos motores e o uso obrigatório de catalisadores nos escapamentos dos veículos. Contudo sabemos que não é tão simples, os carros são menos poluentes mas a frota urbana cresce sem parar. A compreensão da problemática do lixo e a busca de sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tecnologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão não sobre o lixo em si, no aspecto material, mas quanto ao seu significado simbólico, seu papel e sua contextualização social e cultural.8 Bom! Agora você começou a entender e até pensar de modo cientifico, refletindo cada vez mais, podemos perceber quantas mudanças foram feitas pelo homem, através da ciência no seu cotidiano. É importante que você se familiarize com a linguagem e o trabalho dos cientistas, buscando explicar assuntos tão importantes como a origem da vida, o aparecimento das espécies, a estrutura e as propriedades da matéria, a organização do Universo, a natureza da luz e tantos outros. Freqüentemente, esses assuntos não acabam com a apresentação de uma teoria que consiga explicar o que está sendo estudado. Novas descobertas, revisão de estudos já completados e a troca de informação sobre os estudos e experiências podem resultar em novas teorias, que explicam melhor ou que completam as que já existiam.

7 (Notícias FAPESP, no 21, Junho de1997). 8 Lixo:conseqüências, desafios e soluções, Geila Santos Carvalho

Todos os trabalhos envolvidos nessas mudanças, descobertas e desenvolvimento de tecnologia seguiram padrões, metodologias, etapas, pesquisas, etc. Mas não pense você, que foram somente estes fatores que levaram estes homens na busca destas descobertas. Houve também muita persistência, força, trabalho, estudo, horas mal dormidas, frustrações (... nem tudo dava certo!). Mas uma coisa pode ter certeza, além de muito conhecimento, foram movidos por um espírito de mudanças, para promover mais qualidade de vida à sociedade como um todo. AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 A amônia (NH3) é uma substância gasosa a temperatura ambiente. Ela pode ser produzida através da reação entre duas moléculas do gás nitrogênio (N2) e três moléculas do gás hidrogênio (H2). Esta reação dá como produto duas moléculas do gás amônia. Assinale a alternativa que mostra corretamente a equação que representa a síntese da amônia. (A) N2(s) + H2 (g) → NH3 (g) (B) N2(g) + H2 (g) → NH3 (g) (C) N2(s) + 3H2 (S) → 2NH3 (g) (D) N2(g) + 3H2 (g) → 2NH3 (g) Atividade 2 Sobre invento de Graham Bell e o mundo atual, podemos relacionar: (A) o combate às bactérias. (B) a diminuição das distâncias no globo terrestre, aproximando mais as pessoas. (C) não proporcionou nenhuma vantagem, pois atualmente utilizamos o email. (D) é uma tecnologia ultrapassada, pois hoje podemos utilizar o aparelho celular que não tem nada haver com o invento dele. Atividade 3 Em 1864, o cientista Louis Pasteur comprovou que os microrganismos estavam presentes no ar e inventou a pasteurização, isto é, o processo pelo qual se eliminam os microrganismos presentes no alimento por meio da elevação da temperatura e de um rápido resfriamento. Atualmente, utiliza-se a pasteurização, a fervura e o salgamento para: (A) melhorar o sabor dos alimentos. (B) facilitar o cozimento dos alimentos. (C) auxiliar a digestão dos alimentos. (D) reduzir a contaminação nos alimentos. Atividade 4 Quando os pesquisadores anunciam a descoberta de um novo remédio, a sociedade pode ficar tranqüila, pois: (A) a doença pode ser considerada erradicada no mundo. (B) por ser pesquisada por cientistas, rapidamente, pode ser aprovada sua utilização pela população. (C) o remédio será testado apenas em algumas pessoas, que não tem nenhum problema de saúde. (D) serão feitos testes padronizados para averiguar sua segurança e eficácia.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 5 (ENCEEJA 2005) De Thomas Malthus, estudioso da demografia, Darwin adotou uma idéia crucial: nem todos os indivíduos que nascem conseguem sobreviver e se reproduzir em função das limitações de alimento e espaço. Darwin estendeu esse conceito a todas as espécies. Assim, a superabundância de filhotes, como no caso de alevinos de salmão, dá origem à competição, sobrevivendo só os mais bem adaptados. National Geographic - Brasil/ Nov. 2004, pág. 55, com adaptações. De acordo com o texto, podemos afirmar que ele se refere à evolução com base na: (A) migração. (B) explosão demográfica. (C) seleção natural. (D) deriva genética HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1-D 2-B 3-D 4-D 5–C PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Identificar transformações de idéias e termos científico-tecnológicos ao longo de diferentes épocas e entre diferentes culturas. • Utilizar modelo explicativo de determinada ciência natural para compreender determinados fenômenos. • Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde, ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico. • Confrontar diferentes interpretações de senso comum e científicas sobre práticas sociais, como formas de produção, e hábitos pessoais, como higiene e alimentação. • Avaliar propostas ou políticas públicas em que conhecimentos científicos ou tecnológicos estejam a serviço da melhoria das condições de vida e da superação de desigualdades sociais. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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Capítulo 2 O Papel da Tecnologia no nosso Mundo COMPREENDER O PAPEL DAS CIÊNCIAS NATURAIS E DAS TECNOLOGIAS A ELAS ASSOCIADAS, NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL CONTEMPORÂNEO. José Luis de Souza

Figura 2.1 – Aparelho de telefone celular. O aparelho que você está vendo na figura se transformou, na última década, no sonho de consumo de milhares de pessoas. Mais do que uma ferramenta de comunicação ele é um dos símbolos da revolução tecnológica que a humanidade presenciou à partir da década de 50 do século passado. Apesar da comunicação móvel ser conhecida desde o início do século XX, somente em 1947 passou a ser desenvolvida pelo Laboratório Bell, nos Estados Unidos. A primeira chamada de um telefone celular foi realizada em 3 de abril de 1973, em Nova York (EUA), por Martin Cooper, então gerente geral da Motorola. O aparelho utilizado pesava cerca de um quilo e media 25 cm de comprimento por 7 cm de largura, com uma bateria que se esgotava após 20 minutos de conversa. Os aparelhos comerciais pesavam meio quilo e os assinantes pagavam 20 mil dólares para entrar no sistema. O telefone celular que usamos hoje pesa por volta de cento e cinqüenta gramas, e tem dimensões de 10 cm de comprimento, 5 cm de largura e 1cm de espessura. Este pequeno aparelho pode armazenar uma grande quantidade de dados, tocar música, gravar sons, tirar fotografias e fazer filmagens, navegar na internet, ser localizado com GPS via satélite e além de tudo...serve para fazer e receber chamadas telefônicas. Tudo isso se deve ao acúmulo de conhecimento gerado por centenas de mentes e principalmente ao desenvolvimento que a tecnologia de informática sofreu nos últimos anos. Você deve se lembrar ou deve ter ouvido falar dos velhos toca discos onde se colocava um LP, um disco de vinil cheio de sulcos que fazia uma agulha vibrar quando raspava sobre ele e essas vibrações eram traduzidas em sons.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Em seguida vieram as fitas cassete, onde as gravações eram magnéticas, registradas pelo ajuste magnético de partículas compostas por ferro e cromo. Por fim vieram os CDs, lidos por um feixe de raios lazer que ao incidir no disco sofre interferência da sua superfície e ao atingir um detector transfere as informações gravadas neste disco e agora, os famosos pen drives e cartões de memória podem gravar centenas de músicas digitalizadas e outros tipos de dados. Perceba que em pouco tempo as chamadas “mídias” passaram do armazenamento físico de dados, para o magnético e do magnético para o digital. A tecnologia envolvida neste desenvolvimento se baseia na informática, nas telecomunicações e na robótica. No século XVIII, a utilização das primeiras máquinas representou uma profunda transformação na produção de bens manufaturados em relação às técnicas artesanais da Idade Média. Hoje em dia, as transformações do modo de vida da sociedade estão baseadas na informação, no conhecimento e na capacidade de transformá-los em objetos para consumo. Isso é tão forte que o momento pelo qual passamos atualmente é conhecido como Era da Informação. A utilização de robôs nas linhas de montagem das indústrias, por exemplo, aumentou espantosamente a produtividade, atendendo ao rápido aumento do consumo que temos hoje. Seria impossível, apenas com a habilidade manual dos seres humanos, produzir tantos aparelhos pequenos e delicados em tão curto espaço de tempo e em quantidade suficiente para suprir a demanda por eles. Mas sem o desenvolvimento da informática, a robótica pouco avançaria, visto que tanto os movimentos dos robôs como o projeto para desenvolvê-los são realizados por sistemas de informática especializados. O desenvolvimento da informática exigiu também o rápido desenvolvimento da tecnologia de comunicações. A quantidade e a transmissão das informações acontecia tão rápido que foi necessário inventar instrumentos, que fizessem sua troca e transporte também extremamente rápidos. Um exemplo disso é a fibra ótica utilizada em linhas telefônicas que além de transmitir a fala das pessoas, transmitem também dados, imagens, músicas, textos, etc. São essas fibras que tornam viável a rede mundial de computadores, a internet. Através dela, de casa ou do trabalho, podem-se movimentar contas bancárias, acessar informações em computadores do outro lado do planeta ou conversar com diversas pessoas ao mesmo tempo. Assim como na revolução industrial do século XVIII, as máquinas atuais substituíram milhares de empregados nas linhas de montagem, produção e serviços nas grandes cidades. Hoje você usa um cartão magnético para gerenciar sua conta bancária. Não necessita mais do gerente, do recepcionista, do caixa do banco, porque além do serviço por telefone fixo, pode utilizar também o celular e a internet para resolver seus problemas bancários. Até tarefas simples como a do cobrador de ônibus estão sendo realizadas por máquinas deixando muitas pessoas sem trabalho. O que gerou melhoria na qualidade de vida para milhões de pessoas também criou um grande problema social elevando muito a taxa de desemprego deixando milhares de pessoas de fora da economia formal. O meio ambiente também sofreu com esta corrida tecnológica, pois muitas das matérias primas utilizadas na produção desta tecnologia não são biodegradáveis e vários dos processos de produção são altamente poluentes.

Será que é possível resolver esta equação onde desenvolvimento e ambiente poderão conviver em harmonia? Talvez sim com muito esforço e estudos, mas com certeza não será resolvido sem os conhecimentos das Ciências Naturais e nem sem pessoas qualificadas para utilizar este conhecimento. Você será uma delas! ONDAS POR TODOS OS LADOS Você já percebeu que hoje em dia muitas pessoas e talvez até você mesmo use uma chave com controle remoto para abrir e fechar o carro? O portão da casa ou da garagem do prédio também são abertos e fechados assim. Quando seu telefone sem fio toca, você pega o controle remoto para abaixar o volume da TV ou do rádio para poder atender. E mesmo o seu rádio e TV; como as imagens e sons chegam até eles? Tudo isso é possível graças à utilização das ondas eletromagnéticas. Essas ondas são perturbações (oscilações) causadas voluntária ou involuntariamente em campos magnéticos, elas transportam sinais através do ambiente sem a necessidade de fios, podem atravessar paredes e até o espaço, por isso podemos dizer que elas estão em todos os lugares. Para você ter uma idéia de como viajam rápido, elas se deslocam no ar a uma velocidade de 300.000 Km/s. Quando você liga seu rádio esperando ouvir sua música favorita saiba que a estação de rádio que você quer ouvir opera em uma determinada freqüência. Esta freqüência é o número de oscilações que a onda eletromagnética realiza por segundo. Por exemplo, uma rádio que opera em 90 quilohertz (kHz), transmite sua programação com uma onda que produz 90.000 oscilações por segundo. Isso não acontece somente com o rádio, mas também com a televisão, o celular, e outros aparelhos. Freqüência é o número de oscilações que a onda eletromagnética realiza por segundo. Para evitar confusões existe uma faixa de freqüência para cada tipo de serviço. Você não ouve rádio tentando sintonizar um canal de TV, nem ouve a conversa de um celular quando liga o rádio. As ondas não se confundem porque têm tamanhos ou comprimentos diferentes. Observe as figuras a seguir:

Figura 2.2 – Representação esquemática de duas ondas com freqüências e comprimentos diferentes.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Perceba através das ondas mostradas na figura que é possível caber mais ou menos oscilações no espaço de 1 segundo. Onde cabem mais, elas aparecem mais vezes porque são mais curtas, dizemos que elas apresentam maior freqüência. Elas carregam mais energia que as ondas mais longas que cabem menos vezes no espaço de um segundo, ou seja, as ondas longas têm menor freqüência e transportam menos energia. Portanto, os aparelhos de comunicação que operam em regiões distantes dos centros urbanos e muito isoladas utilizam as ondas curtas, pois tendo maior energia podem se propagar por distâncias maiores. Existe um grupo bem grande dessas ondas viajando pelo ar com a mesma velocidade. O que elas possuem de diferente são o comprimento e a freqüência. Este grupo de ondas é chamado de espectro eletromagnético.

Figura 2.3 – Representação do espectro eletromagnético mostrando comparações entre os comprimentos das ondas e objetos mais próximos do cotidiano. 9 Espera um pouco, tem um jeito sim de ondas de rádio se confundirem no espaço! Isso tem sido percebido principalmente na comunicação de aviões com as torres de controle. Existem rádios clandestinas que transmitem a programação em faixas de freqüência não autorizadas pelo governo. Quando a freqüência coincide com aquela utilizada pelos aviões elas interferem e, se forem mais intensas, ouve-se a rádio e não as vozes da comunicação entre pilotos e controladores de vôo. Criar e operar rádios piratas são ações criminosas e muito perigosas, não ouça! E se você conhecer alguma, denuncie, pratique sua cidadania. PROTEJA - SE DAS ONDAS, SE PRECISAR! Muitas pessoas se incomodam quando as empresas de telefonia instalam antenas para retransmissão dos sinais (ondas) de celulares próximos as suas casas. Elas ficam preocupadas com a possibilidade de que essas ondas possam causar algum dano à saúde. Podemos verificar no espectro eletromagnético que as ondas usadas em comunicações fazem parte do grupo que tem as freqüências mais baixas. Dissemos a pouco que quanto menor a freqüência da onda, menos energia ela transporta (por isso, é comum se dizer que é mais “fraca’). Esse grupo é conhecido por ondas de radiofreqüência, radiodifusão ou simplesmente ondas de rádio. Mas será que existe mesmo perigo nas ondas de rádio, TV, microondas e celulares? No caso das radiações de baixa freqüência emitidas por esses aparelhos e outros transmissores de ondas de radiofreqüência, acredita-se que elas não causem tantos problemas, pois são menos energéticas. Isso não quer dizer que não sejam causa de preocupações, pois também podem ter efeitos sobre o organismo humano e sobre o ambiente. Este é um assunto polêmico, ou seja, há opiniões muito diversas sobre os efeitos e as intensidades dos danos que essas ondas podem causar à nossa saúde. Algumas pesquisas que foram feitas com várias faixas e intensidades de ondas indicaram que ficar muito tempo próximo a fontes de radiofreqüência pode provocar sensação de cansaço, mudanças de comportamento, perda de memória, mal de Parkinson, mal de Alzheimer e até câncer. De qualquer modo a OMS (Organização Mundial da Saúde) fixa alguns limites para a distância e tempo de exposição a essas ondas. Portanto se a antena retransmissora da empresa de telefonia estiver dentro dessas recomendações, a vizinhança pode ficar um pouco mais tranqüila. E as ondas de alta freqüência? Devemos nos preocupar com elas? A Ciência diz que sim. Os raios-X e os raios gama fazem parte dos grupos de maior freqüência e também os mais energéticos e mais penetrantes nos materiais, elas podem provocar danos muito graves à saúde por terem muita energia, sendo capazes de penetrar nas coisas e nas pessoas rompendo ligações químicas nas moléculas dentro das células. O câncer é um dos efeitos produzidos dessa maneira.

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( fonte: www.ufpa.br)

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS De qualquer forma, todas essas radiações de freqüência superior às da luz visível têm muitos usos clínicos e industriais. Pois é! Como se pode ver, estamos em um campo polêmico mesmo! Os benefícios da utilização das ondas são certos, mas os riscos… são riscos e, por isso, devem ser conhecidos, reduzidos e, quando possível, eliminados10. Neste ponto a tecnologia também nos ajuda. Vejamos, como funciona o forno de microondas, um equipamento bastante conhecido hoje em dia nas cozinhas (principalmente nas cozinhas de quem tem crianças pequenas em casa), que utiliza uma determinada faixa de freqüência. A microonda utilizada por todos os aparelhos é bem curta e possui uma freqüência padrão de 2.450 kHz. Estas ondas têm o comprimento das ligações químicas que mantém os átomos de hidrogênio e oxigênio da água unidos. Ao ligar o forno essa onda faz com que as moléculas de água contidas nos alimentos se agitem. Essa agitação é transferida para as demais partículas que compõem os alimentos, aumentando sua temperatura. As microondas são refletidas por metais, logo, não atravessam as paredes do forno, mas elas podem atravessar o vidro, a porcelana e o papel. A microonda não atravessa a porta de vidro do forno, porque ela possui, em sua parte interna, uma rede metálica que reflete a microonda, não é genial?! Voltando aos controles remotos, eles utilizam ondas que geram a radiação infravermelha, a mesma que também é usada em sistemas de alarmes. O que você pode não saber é que todos os corpos quentes emitem este tipo de radiação. O sol é a maior fonte dela, mas os corpos dos seres vivos, a chama do fogão e lâmpadas também são capazes de emiti-la. Os controles remotos emitem um raio infravermelho que é captado por um sensor e traduzido em impulsos elétricos que fazem os aparelhos funcionar. AS ONDAS NA MEDICINA O RAIO X Os raios X são muito úteis à medicina. Eles servem para detectar fraturas e problemas nos ossos e outros órgãos do corpo. Veja por quê. Os raios X são absorvidos pelos ossos, mas atravessam tecidos menos densos. Então, se uma parte do corpo for exposta aos raios X e estes forem captados em um filme fotográfico, os ossos aparecem como regiões mais claras (que não foram atravessadas pelos raios) em fundo escuro (as regiões que foram atravessadas). Essa imagem é chamada radiografia e é usada para detectar fraturas e outros problemas.

Figura 2.4: Radiografia de uma mão esquerda11 A exposição freqüente aos raios X é perigosa. As pessoas que trabalham com essa radiação devem se proteger com aventais de chumbo ou ficar atrás de paredes especiais durante a radiografia. A sala de exame onde o aparelho se localiza não tem móveis, possui paredes metálicas, revestidas de chumbo e o técnico sai da sala para acionar o aparelho. OS RAIOS GAMA Os raios gama são as ondas com freqüência mais alta produzidas por materiais radioativos. Por terem grande poder de penetração, podem destruir as células dos organismos. Mas, usados sob condições controladas, são capazes de destruir também certos tumores, sem danificar as células sadias. É o tratamento conhecido como radioterapia usado para tratar certos tipos de câncer. Outro uso dos raios gama na medicina é a obtenção de imagens do interior do corpo. Um composto contendo elemento radioativo é administrado ao paciente e, após certo tempo, um aparelho detecta a radiação gama emitida por esse elemento radioativo, processa os dados colhidos e constrói a imagem. Um dos exames que utiliza esse processo é chamado de cintilografia.

10 FALCÃO, Daniela. Ondas eletromagnéticas poluem o ar das cidades. Folha de S. Paulo, São Paulo, 22 nov. 2000. Caderno Equilíbrio, p. 10-12. 11 HTTP://Educar.SC.USP.br 13

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 2.5: Paciente submetido à radioterapia.1

Figura 2.6: Imagem obtida pelo método da cintilografia.2

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA A radiação ultravioleta é produzida quando elétrons mudam de nível de energia nos átomos. O Sol é uma grande fonte de radiação ultravioleta. Ela é muito importante para nosso organismo, pois auxilia no processo de síntese da vitamina D. A radiação ultravioleta é usada na medicina em exames diagnósticos e também na odontologia, com a finalidade de endurecer as resinas utilizadas nas restaurações dentárias. Por outro lado, a radiação ultravioleta é um agente cancerígeno, que aumenta a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele nas pessoas que se expõem à radiação solar com freqüência. ÍNDICE ULTRAVIOLETA (LUV) O índice Ultravioleta (índice UV ou IUV) foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde em conjunto com a Organização Meteorológica Mundial como parte de um esforço internacional para promover a divulgação da informação sobre os riscos da exposição ao sol. O IUV é uma medida da intensidade da radiação ultravioleta incidente sobre a superfície da Terra. É uma escala de valores relacionados ao fluxo de radiação ultravioleta e aos seus efeitos sobre a pele humana. Para o cálculo do IUV é imprescindível levar em consideração alguns elementos, tais como: • concentração de ozônio: principal responsável pela absorção de radiação UV; • posição geográfica da localidade: quanto mais distante da linha do equador, menor o fluxo de radiação UV; • altitude da localidade: quanto mais alta a localidade, maior a quantidade de energia ultravioleta incidente na superfície; • horário do dia: cerca de 70% a 80% da radiação UV incide entre as 9 h e 15 h; portanto deve-se evitar tomar sol por longos períodos nesses horários; • estação do ano: no verão, a quantidade diária de energia de UV por área é maior que no inverno; • condições atmosféricas: presença de nuvens e partículas em suspensão na atmosfera diminuem a quantidade de radiação UV; • tipo de superfície: dependendo do tipo de superfície, a radiação UV pode ser mais ou menos refletida

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS POR QUE VEMOS OS OBJETOS

A luz branca, que citamos agora a pouco e que provém do Sol é, na verdade, a junção de todas as cores do arco-íris. O que acontece quando a luz do sol atravessa a água da chuva é o mesmo que acontece quando um feixe dessa luz atravessa um prisma, um aquário com água, um vidro ou plástico transparente. Ao trocar de meio de propagação (o meio por onde ela viaja), percebemos sua decomposição nas cores do arco-íris. Este fenômeno é chamado de refração.

Figura 2.7 – O órgão da visão. Os cílios e pálpebras servem para a proteção dos olhos. O que nos torna capazes de enxergar os objetos? Por que a folha de uma árvore é verde? Como se formam as sombras? Algumas propriedades da luz explicam esses fenômenos. A luz apresenta um comportamento duplo, em certas situações ela se comporta como partículas e tem o photon (pequenos pacotes de energia) como unidade básica. Em outros momentos ela se comporta como uma onda eletromagnética. De qualquer forma só conseguimos enxergar os objetos que enviam luz até nossos olhos. Alguns deles emitem essa luz, isto é, são fontes de luz: o Sol e outras estrelas, uma lâmpada, uma vela, uma lanterna. Eles também são chamados de corpos luminosos ou com luz própria. Mas a maioria dos corpos que conhecemos não emite luz. Por que, então, eles podem ser vistos? Ao incidir sobre um corpo, a luz pode: • ser refletida; • ser absorvida; • atravessar o corpo. Quando a luz bate em uma parede branca, por exemplo, uma parte da luz é refletida, isto é, volta para o ambiente, como uma bola jogada contra a parede. Outra parte é absorvida, isto é, transformada em outra forma de energia, como o calor. Dizemos então que a parede é um corpo opaco: não conseguimos enxergar através dela, já que nenhuma luz consegue atravessá-Ia. Por causa da reflexão da luz, os planetas, os satélites e a maioria dos objetos podem ser vistos. Esses corpos, por não possuírem luz própria, são chamados corpos iluminados. Eles podem ser vistos, então, porque refletem a luz do ambiente. Agora pense e responda: por que é possível ver os objetos através dos óculos ou do vidro de vitrines? A resposta é que a luz atravessa bem esses materiais. A lente, o vidro da vitrine, a água pura, o ar e certos plásticos são materiais transparentes. Muitos vidros são irregulares e interferem na passagem da luz fazendo com que ela seja espalhada, portanto não podemos ver nitidamente o que está do outro lado, vemos apenas sombras e contornos. Materiais que se comportam desta forma são chamados de translúcidos.

Figura 2.8 – Decomposição da luz branca ao passar pela água da chuva e por um prisma de vidro.12 A luz vermelha, que possui freqüência menor, é a que sofre menor desvio, enquanto que a violeta, de maior freqüência, é a que desvia mais no espectro luminoso. Mas, como já dissemos, a luz não é capaz de atravessar paredes ou anteparos opacos. O espelho, por exemplo, é uma película de prata sobre uma chapa de vidro que lhe dá suporte. A onda de luz que incide sobre o espelho atravessa o vidro, mas quando atinge a prata é totalmente refletida, ou seja, volta para o mesmo meio de propagação de onde veio. Se, contudo, a luz branca incidir sobre uma parede pintada de azul, todas as ondas de freqüências diferentes da azul serão absorvidas. Apenas a luz com a freqüência da cor azul será refletida. Assim percebemos as cores. AS ONDAS E O CORPO HUMANO Agora você já pode reunir os conhecimentos da física com os da biologia e ter uma idéia geral de por que vemos os objetos. Os olhos têm muitas funções importantes. Eles fazem um trabalho incrível que nós nem percebemos, mas só depois desse trabalho é que enxergamos as coisas. Observe os objetos ao seu redor. Cada um deles reflete ou emite luz. Enquanto você está observando, a luz refletida entra através da pupila atravessa uma série de partes do globo ocular (córnea, cristalino, meios líquidos) e chega até a retina, no fundo do seu olho. Essa luz, depois de passar por vários processos no fundo do olho, continua como sinal elétrico. Esses sinais elétricos vão para a parte de trás do cérebro, o centro de visão, onde a imagem é interpretada, e é a partir daí que você vê estas figuras! Isso acontece muito rapidamente. Mesmo assim, no mesmo instante em que você olha, é capaz de enxergar tudo com perfeição.

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Figura 2.9: Representação simplificada do processo da visão.

Figura 2.10 – Representação da anatomia do olho humano.13 Muitos instrumentos foram produzidos utilizando os conhecimentos sobre o comportamento da luz, os óculos utilizados por inúmeras pessoas para corrigir defeitos da visão, telescópios e microscópios. Inspirados no funcionamento dos olhos, os físicos e engenheiros fizeram experiências, e depois de muito estudo fabricaram a máquina fotográfica e a câmera de vídeo. No entanto, por mais que esses aparelhos se modernizem, jamais serão tão perfeitos quanto o seu olho! Mas funcionam de forma parecida. Observe:

Figura 2.11: Formação da imagem no olho humano e em uma máquina fotográfica analógica.14

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Ops! Mas a imagem está de ponta cabeças, por que então enxergamos as coisas da forma direita? Isso acontece porque os sistemas de lentes que diminuem a imagem para que ela chegue até o cristalino fazem com que ela se inverta. Quando o cérebro recebe os impulsos desta imagem ele se encarrega de endireitar e por isso vemos as coisas corretamente. Às vezes nossos olhos têm algum problema, fica doente ou envelhece e não consegue mais formar uma imagem nítida. Os distúrbios de refração, causados por problemas no cristalino ou na córnea, são problemas de visão que são corrigidos com o uso de óculos ou lentes de contato, e até mesmo com cirurgia refrativa na córnea, em alguns casos. Podem vir ou não associados a doenças oculares mais graves, que serão avaliadas pelo médico oftalmologista. Cada caso abaixo pode vir puro ou associado a outro distúrbio de refração. São eles: • Miopia - Os portadores de miopia têm dificuldade para enxergar longe. Em alguns casos, a visão também é ruím para perto. • Hipermetropia - Os portadores de hipermetropia têm dificuldades para enxergar perto. Em graus maiores, a dificuldade pode ser também para longe. • Presbiopia - Também chamado de vista cansada, comum após os 40 anos. Como a elasticidade da lente do olho diminui com o decorrer do tempo, a capacidade de focalização de objetos próximos se reduz com o envelhecimento da pessoa, causando um problema semelhante à hipermetropia. Os portadores têm dificuldades para enxergar perto, principalmente para leitura de letras pequenas, para costurar, para colocar a linha no buraco da agulha e para escrever. Frequentemente estas pessoas afastam os objetos para que possam enxergar melhor. A maioria das pessoas que nunca usou óculos, nem nunca precisou usar, cairá neste grupo após os 40 anos de idade, com algumas exceções. A dificuldade para perto tende a piorar com a idade. • Astigmatismo - É um defeito existente na curvatura do cristalino, resultando em dificuldade para enxergar em determinada posição e não em outra. É corrigido com lentes de óculos chamadas “cilíndricas”. ONDAS SONORAS Mas e o som? Ah o som também é uma onda! Mas não uma onda eletromagnética como descrevemos até agora, ele é uma onda mecânica, como aquela que podemos gerar na água quando jogamos uma pedra dentro dela.

Figura 2.12: Perturbação causada na água após o lançamento de um objeto sólido.15

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Leia os versos de uma música do cantor Lulu Santos: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia... Tudo passa, tudo sempre, passará... A vida vem em ondas como o mar... Num indo e vindo infinito.” Eles falam de uma onda que se propaga na água, portanto um meio material. Você acha possível que esta onda seja do mesmo tipo das ondas de rádio? Se pensou que não, acertou! As ondas, de um modo geral, possuem uma propriedade muito conhecida: elas são capazes de transportar energia sem transportar matéria. Em outras palavras, em sua propagação, as ondas transportam energia sem carregar os objetos por onde passam. Observe que, ao recebermos uma informação de origem sonora (e isso ocorre de maneira constante no nosso dia-a-dia), nós não somos empurrados na direção de propagação da onda. Simplesmente sentimos a energia sonora ressoar nos nossos tímpanos. O som é a impressão resultante da vibração de corpos que alcança nosso ouvido por meio de ondas elásticas. Como o som é uma onda elástica, precisa de um meio material para a sua propagação. Em conseqüência, ele não se propaga no vácuo. As ondas que precisam de um meio material para se propagar são chamadas de ondas mecânicas ou elásticas. O som se propaga no ar por meio de ondas elásticas longitudinais, com uma velocidade de 340 m/s (ou 340 metros a cada segundo) a 15°C. A velocidade de propagação varia de acordo com o meio material no qual ele se propaga e também com o aumento de temperatura. Por exemplo, na água, a velocidade do som a 20°C de temperatura é de 1480 m/s. O ouvido humano percebe vibrações sonoras quando elas têm freqüência compreendida entre o limite mínimo de 20 Hz e máximo de 20000 Hz. Vibrações de freqüência inferior a 20 Hz são chamadas de infra-sons, enquanto que as vibrações acima de 20000 Hz são consideradas ultra-sons. O nosso ouvido não é sensível às vibrações caracterizadas por infra-sons e ultra-sons, portanto, não são audíveis. Certos animais, como: golfinho, cachorro e morcego conseguem perceber sons de freqüência superior a 20000 Hz. Quantas vezes alguém já chegou para você quando estava ouvindo música e pediu para abaixar o som? No estudo da acústica pela física a altura representa uma coisa totalmente diferente do sentido que usamos no dia a dia. Você sabe que há vozes mais agudas e vozes mais graves e também notas musicais mais agudas e notas mais graves. Essa característica que nos permite distinguir sons agudos de graves é a altura do som. A altura de um som está relacionada com a freqüência da onda sonora: quanto maior a freqüência, maior a altura, ou seja, mais agudo é o som. Como você viu, a orelha humana capta sons que vão de 20 hertz, que correspondem a sons muito graves, até 20 quilohertz, que são os sons mais agudos.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Em nosso cotidiano, estamos acostumados a pedir para que uma pessoa fale mais alto ou mais baixo. Mas, como você acabou de ver, nos meios científicos, e também musicais, a altura do som indica se ele é grave ou agudo. Assim, ao pedir que uma pessoa fale mais alto, estamos pedindo que ela fale com voz mais aguda. Na realidade em situações como essa onde queremos que ela fale mais “baixo”, queremos que ela fale com menor intensidade. Ou deveríamos pedir à pessoa que fale mais forte, ou mais fraco. Esquisito né? A intensidade do som depende da amplitude da vibração das partículas por onde a onda passa: quanto maior a amplitude, maior a intensidade, ou seja, mais forte é o som.

Figura 2.13: Diagrama representando os elementos de uma onda. A amplitude (a) é a distância entre o pico ou crista e o eixo que divide a onda em duas partes simétricas. A intensidade corresponde também à quantidade de energia transportada: quanto maior a energia da onda que chega até nossos ouvidos, mais intenso será o som que recebemos. Só que essa energia se distribui pelo espaço e, quanto mais distante da fonte, menor a amplitude da vibração das partículas e menor a energia que chega aos nossos ouvidos, ou seja, menor a intensidade do som. No Sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade de intensidade do nível sonoro (N) é o bel, representado por (B) em homenagem a Graham Bell, inventor do telefone. Na prática, o bel tornou-se uma unidade de medida muito grande, por isso, é comum utilizar-se uma medida dez vezes menor, o decibel representado por (dB). (N = 10 dB) é a menor Intensidade sonora que o ouvido humano consegue perceber, enquanto que ( N = 120 dB ) corresponde ao limite máximo. Acima disso, a sensação sonora torna-se dolorosa. Uma idéia prática. do que significa 120 dB é o barulho das turbinas de um avião a jato durante a decolagem. Observe na tabela a seguir o nível aproximado da intensidade do som medido próximo da fonte emissora:

Fonte emissora Tique taque de relógio, sussurro, respiração normal Conversa em tom normal Aspirador de pó Rua com tráfego intenso Liquidificador em velocidade máxima Britadeira, buzina, carro com o escapamento aberto, danceteria Avião a jato a 100m de distância, show de rock “pesado” Decolagem de jato

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Intensidade em decibéis (dB)

A audição humana consegue diferenciar nitidamente o som de um violão e de uma guitarra, por exemplo, isto porque eles possuem timbres diferentes. Timbre é a qualidade que permite distinguir dois ou mais sons de mesma altura e mesma intensidade emitidos por diferentes fontes sonoras. Assim como fizemos com o olho podemos associar física e biologia para entendermos o mecanismo da audição.

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Figura 2.14: Representação esquemática do aparelho auditivo. O chamado pavilhão auricular é constituído por tecido cartilaginoso. Ele capta os sons do ambiente e os direciona para o canal auditivo (B) que conduz o som na direção da orelha média onde se encontra o tímpano (C). O canal auditivo possui pêlos e glândulas produtoras de cera que evitam a entrada de microorganismos. O tímpano recebe os estímulos sonoros e os transmite para três ossos minúsculos (I – estribo, martelo e bigorna) que também fazem a transmissão das vibrações para o vestíbulo (F). Ele contém um material liquido que transmite os estímulos para a cóclea (E) onde eles serão transformados por células especiais em sinais elétricos. Existe uma técnica cirúrgica que implanta um aparelho na cóclea de pessoas com deficiência auditiva. A função do chamado implante coclear é enviar os sinais externos diretamente a esta parte da orelha interna para que a pessoa possa ouvir o som. A partir da cóclea os sinais elétricos são conduzidos pelo nervo auditivo (G) para o cérebro, onde será interpretado. Algumas partes do aparelho auditivo não têm exatamente a função de audição. São os casos dos canais semicirculares (H), que têm a função de equilíbrio e a tuba auditiva (D) que equaliza a pressão entre o interior da orelha e o ambiente externo. Sabe aquela sensação de ouvido entupido quando você desce a serra para ir à praia? É a tuba auditiva que, quando você mexe o maxilar, trabalha para igualar a pressão e eliminar a sensação de entupimento. Você pode perceber que este aparelho é bem delicado. É preciso cuidar dele principalmente no que se refere à intensidade do som que você ouve. Por isso evite locais muito barulhentos e não ouça música com o som muito alto (forte). Se, por exemplo, você está usando fones de ouvido e outra pessoa também consegue ouvir o que seu aparelho está tocando é sinal de que o som está muito forte e pode causar algum dano à sua audição. É importante também que o governo fiscalize os locais de trabalho para verificar se as leis que limitam o tempo de exposição ao ruído estão sendo cumpridas.

O ruído excessivo não afeta apenas a audição. Ele também pode provocar estresse, insônia, problemas emocionais, problemas no coração, problemas na circulação do sangue e hipertensão (“pressão alta”). Quanto maior a intensidade sonora, menor o tempo em que a exposição pode causar alguma perda de audição. Considera-se seguro, por exemplo, em ambientes industriais, ficar exposto oito horas por dia a um ruído máximo de 85 decibéis. Para intensidades maiores, o tempo de exposição tem de ser progressivamente reduzido. Há leis que limitam o número de horas que determinados profissionais podem trabalhar por dia em função da intensidade sonora a que os trabalhadores ficam expostos. Acima de 120 decibéis, sentimos uma sensação dolorosa, e há risco até de lesões permanentes. Mas mesmo intensidades menores podem causar problemas, dependendo do tempo que se fica exposto ao som. Então ...cuide-se. UTILIZANDO A REFLEXÃO DO SOM As ondas sonoras também são refletidas ao atingirem um obstáculo, ou refratadas ao passarem de um meio para outro, obedecendo às mesmas leis que estudamos anteriormente em ótica. A reflexão é particularmente importante, pois possui varia utilidades. Quando uma onda sonora atinge uma superfície, uma parte é absorvida e outra é refletida. Imagine então que você dê um grito e o som se choque contra um obstáculo (uma parede, um prédio, um morro) que reflita bem o som e ele volte para você. Nesse caso, pode acontecer um fenômeno interessante conhecido como eco: você vai ouvir seu grito de novo. Mas não é sempre que acontece o eco. Veja por quê. Nós só podemos distinguir um som de outro se houver entre ambos um intervalo de tempo de pelo menos um décimo de segundo (0,1 segundo). Menos que isso, vamos ouvir um único som: o segundo som aparece como uma continuação do primeiro. Agora, sabendo que a velocidade do som nas temperaturas usuais está em torno de 340 m/s, você poderia calcular a distância mínima que deve existir entre você e o obstáculo que vai refletir o som para haver eco? Veja como o cálculo pode ser feito: para haver eco, o som tem de levar pelo menos 0,1 segundo para ir e para voltar. Então a distância total percorrida nesse intervalo pode ser calculada por uma fórmula simples da cinemática (parte da física que estuda os movimentos): ΔS = v x Δt. (traduzindo, a distância ΔS é igual a velocidade v vezes o tempo Δt) Logo, a distância total será. ΔS = 340 . 0,1 = 34 m. Mas essa é a distância total que o som percorre, isto é, a distância para ir e voltar. Logo, a superfície que vai refletir o som precisa estar à pelo menos 17 metros de distância, para que o som percorra 17 metros na ida e 17 metros na volta. Esta fórmula pode ser utilizada em outras situações que envolvem tempo, distância e velocidade. Ela pode ser desenvolvida matematicamente e assumir outras formas para calcular a diferentes variáveis como: ● v = ΔS / Δt - velocidade = distância dividida pelo tempo ● Δt = ΔS / v - e que o tempo = a distância dividida pela velocidade.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O eco é de fundamental importância para os morcegos. Como são criaturas com grau de visibilidade extremamente limitada, eles conseguem perceber os obstáculos à sua frente através da emissão de ultra-sons. Os morcegos emitem, pela boca ou narinas, ondas com freqüência variável que chegam a até 150 kHz, ou seja, na faixa do ultra-som. Com o intervalo de tempo decorrido entre o som emitido e o refletido, ele consegue localizar presas e evitar obstáculos durante o vôo no escuro. Consegue, inclusive, identificar a dimensão e a forma dos objetos. A vantagem do ultra-som é que ele pode ser emitido de forma mais concentrada e dirigida, como um raio de luz sobre um obstáculo, sem se espalhar tanto quanto o som. O ser humano se vale da tecnologia para emitir e captar ultra-sons. O mesmo principio é usado nos sonares de navios para encontrar cardumes de peixes, recifes, submarinos e também na procura por depósitos de petróleo. Estes instrumentos foram muito úteis na descoberta do posto petrolífero de Tupi, no litoral Sul de São Paulo que te teve sua produção iniciada em 1 de maio de 2009. Golfinhos também emitem e captam ultra-sons para se deslocar em profundidades onde há pouca luz ou à noite. Emitem também uma ampla faixa de sons para se comunicar entre si. Na faixa de 1 a 10 MHz, o ultra som é usado também para fazer ultra-sonografia, com aparelhos que permitem observar os órgãos do corpo e diagnosticar algumas doenças ou para examinar o desenvolvimento do feto durante a gravidez. Por esse exame, é possível examinar órgãos que não são bem visualizados por raios X. A ultra-sonografia é usada também em fisioterapia, para acelerar a cura de lesões nas articulações.

Figura 2.15 – Imagem obtida em um exame de ultrassonografia16 ENCHENTES JÁ MATARAM 15 PESSOAS NO NORDESTE “Em oito estados do nordeste 15 pessoas já morreram e ao menos 80 mil estão fora de casa em razão das chuvas que começaram em abril.” “O estado mais atingido é o Maranhão, onde há 24.129 desalojados, agora instalados na casa de amigos e parentes, e 15.557 desabrigados, levados para abrigos temporários. Foram seis mortes no estado - a maioria por desabamentos.” “O meteorologista Eládio Barros da Silva, do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), diz que em todas as capitais da região - com exceção de Aracaju e Maceió – Choveu mais do que o esperado em abril.” (da Folhapress) Correio Popular Campinas, sábado, 2 de maio de 2009. O texto que você acabou de ler são trechos de uma reportagem que fala sobre o excesso de chuvas nas regiões norte e nordeste do país. A água é um bem indispensável e essencial à existência da vida. Boa parte da água que precisamos está suspensa na atmosfera junto com o ar que respiramos. Sob determinadas condições atmosféricas esta umidade pode se concentrar em determinadas regiões do planeta e provocar um grande excesso de chuvas. É isto que estava ocorrendo no momento da reportagem. Um fenômeno conhecido como La Niña provoca o resfriamento das águas do oceano pacifico. A evaporação diminui e os ventos frios e secos não conseguem avançar sobre o continente. Quando avançam essas frentes frias não conseguem provocar chuvas na região Sul e ainda seguram o ar úmido próximo ao equador, fazendo com que toda a chuva caia por lá.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O excesso de chuva causa enchentes, deslizamentos e várias outras situações que castigam a população. Mas não é o clima o único responsável pelas catástrofes que ocorrem. O homem tem grande parcela de culpa. Vamos discutir um pouco sobre as influências do clima e do homem nesses acontecimentos. As cidades e regiões brasileiras crescem sem planejamento. Nas cidades, as regiões menos valorizadas ficam às margens de rios e córregos, conseqüentemente a população mais pobre é empurrada para lá. Por outro lado o desenvolvimento impermeabiliza o solo com asfalto e concreto. Quando a chuva cai, a água não tem por onde infiltrar e escorre para os leitos dos rios, já açoreados por todo tipo de material que é jogado dentro dele ( lixo, esgoto doméstico e industrial, terra proveniente de terraplanagem e de erosões provocadas pela retirada da vegetação nativa). Tanto entulho diminui a vazão dos rios. Sem ter para onde ir, a água acumula e ocupa as regiões mais baixas às margens dos rios causando as enchentes. Nas regiões que ficam longe dos centros urbanos não há impermeabilização dos solos, mas as pessoas procuram morar próximo aos rios porque dependem da água dele para sua sobrevivência. Quanto mais gente, mais próximos dos rios essas pessoas vão ficando. Quando chove o nível do rio sobe naturalmente e invade as regiões que ficam às suas margens. Na verdade ele não invade as casas das pessoas, as pessoas é que invadiram seu leito quando o nível estava baixo. Alguns rios que possuem grande vazão de água ganharam represas e lagos artificiais usados para gerar energia elétrica. Quando chove muito as comportas dessas represas são fechadas evitando que o rio suba e alague as cidades às suas margens. Um caso onde isso aconteceu foi noticiado em uma reportagem da Band News no dia 02/05/2009. A represa de Boa Esperança no Piauí estava sendo mantida com uma vazão pequena devido ao excesso de chuva que já vinha fazendo o Rio Longá subir, ameaçando a cidade de Barras que fica às suas margens. Com a grande quantidade de chuva a represa atingiu a capacidade máxima e as comportas tiveram de ser abertas sob o risco de rompimento da barragem, o que poderia ocasionar a morte de muitas pessoas que vivem ao longo do rio. O aumento da vazão fez com que o rio subisse e invadisse vários bairros da cidade. Mas o que é essa vazão de que estamos falando? É a quantidade de água que passa em certo ponto por unidade de tempo. Pense em um metro cúbico (1 m3) de água como sendo uma caixa quadrada (com lados de um metro) cheia de água, o que equivale a 1.000 litros. Uma vazão de um metro cúbico por segundo (1m3/s) significa que, a cada segundo, 1.000 litros de água passam por um certo local, correspondendo ao volume de uma caixa de água dessas. No caso que estamos comentando, as comportas da represa de Boa Esperança deixam passar milhares de metros cúbicos por segundo, isso dá uma idéia do dano que esta água poderia causar. Sabe aquele “reloginho” que tem na frente da sua casa de onde sai um cano e um registro? Ele é chamado de hidrômetro e também mede a vazão de água que você consome. Mas como esta quantidade é pequena a vazão é medida em m3 por mês. Como você pode perceber a questão das enchentes que vemos nos noticiários é muito complexa e necessita de um planejamento de curto e de longo prazo para solucio-

ná-la. O problema não se limita às grandes cidades. Afeta também regiões mais afastadas e não terá solução sem a participação e conscientização da sociedade. Para que você entenda o que estamos querendo dizer vamos usar como exemplo medidas utilizadas na cidade de São Paulo para tentar diminuir o problema das enchentes. Foram construídas enormes “piscinas” em vários pontos da cidade, que permanecem vazias a maior parte do tempo. Quando chove a água escoa para estas piscinas, diminuindo o volume que vai para os rios que cortam a cidade. Outra medida foi a retirada do lixo dos leitos desses rios. Quem passava há algum tempo pelas marginais dos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí podia ver guindastes formando montanhas de material retirado do fundo enquanto que redes seguravam o lixo que passava flutuando por alguns locais. Com certeza essas medidas ajudam, embora não resolvam o problema porque a população continua jogando entulho no rio e nas regiões próximas à ele que, conseqüentemente, a água das chuvas irão levar para seu leito. Observe que existe uma parte do lixo que flutua e outra que afunda, porque isso acontece? Você pode pensar: o que é leve flutua e o que é pesado afunda oras! Mas não é bem assim, alguns navios pesam centenas de toneladas e mesmo assim não afundam. Como explicar então? O que flutua e o que afunda? Para avaliarmos se um objeto vai afundar ou não precisamos saber a sua densidade. Mas densidade não é aquela “coisa” dos colchões? É também, mas as Ciências Naturais consideram a densidade como sendo a relação entre a massa e o volume de um corpo ou objeto. Você já deve ter ouvido aquela pergunta: O que pesa mais, um quilo de penas ou um quilo de chumbo? É claro que ambos têm o mesmo peso, só que você precisa de muito mais penas do que chumbo para completar um quilo. Dizemos então que o chumbo é mais denso, pois a sua massa ou peso ocupa um espaço (volume) pequeno. Voltando a “coisa” do colchão, existem colchões fabricados com espumas de maior e menor densidade. Os de maior têm uma espuma mais resistente com mais material por unidade de volume, portanto agüentam mais peso. Eles devem ser escolhidos de acordo com o peso de quem vai utilizá-los. Mas como fazer para avaliar se um objeto afunda ou flutua sobre um liquido? Precisamos comparar as densidades dos dois. Por exemplo, um litro de água, quando colocado na balança pesa 1,0 Kg. Dizemos então que ela possui uma densidade de 1,0 Kg/L (um quilograma por litro). Se colocarmos butanodiol (um tipo de álcool) nessa água o que deve acontecer? Um litro de butanodiol pesa 1,080 Kg, portanto sua densidade é 1,080 Kg/L. você pode perceber que a densidade dele é maior, então ele deve ir para o fundo. Toda vez que duas substâncias estiverem misturadas, aquela que tiver a maior densidade ficará na parte de baixo da mistura. A densidade é uma propriedade específica da matéria, ela pode ser usada para diferenciá-las, pois materiais diferentes possuem densidades diferentes.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A PRESSÃO Dissemos à pouco que a represa de Boa Esperança teve de abrir as comportas porque corria risco de se romper. Quando uma estrutura dessas é construída se faz uma previsão de quanta pressão de água ela pode agüentar. A pressão é a força que a água pode fazer por unidade de área das paredes da represa. Toda a matéria, seja ela na forma de líquido, gás ou sólido que possui massa, exerce pressão. Você por exemplo exerce pressão sobre a superfície a qual está apoiado. Vamos supor que uma pessoa que pesa 60 Kg esteja parada na fila de um supermercado, e que os dois pés dela ocupem uma área de 300 cm2. Para descobrir a pressão exercida por esta pessoa sobre o solo devemos distribuir sua massa pela área que ela está apoiada. Fazemos isso dividindo a massa pela área. Pressão = massa / área Pressão = 60 Kg / 300 cm2 Pressão = 0,2 Kg/cm2 ou 200 g / cm2 Assim como fizemos no capitulo anterior com a forma da velocidade media, podemos inverter esta equação para calcular a variável desejada, observe: Massa = pressão x área ou massa / pressão

área =

Para entendermos como líquido e gases exercem pressão precisamos nos lembrar como suas partículas estão dispostas. Nos líquido as partículas podem “escorrer” umas sobre as outras, portanto ele exercerá pressão sobre todos os pontos da parede do recipiente que os contém e também sobre corpos imersos nele. Já as partículas dos gases têm uma liberdade maior porque estão mais distantes umas das outras, assim elas se chocam com as paredes dos recipientes e corpos. Quanto maior a quantidade desses choques maior será a pressão exercida pelo gás. A atmosfera também exerce pressão sobre a superfície da Terra e sobre todos os objetos envolvidos por ela (pela atmosfera). Essa pressão é chamada pressão atmosférica. A pressão atmosférica se deve ao peso da massa de ar sobre a superfície do planeta e sobre qualquer corpo em contato com o ar. Sendo assim, quanto maior a coluna de ar sobre um local, maior o peso e, conseqüentemente, maior a pressão. No topo de uma montanha de 3 000 metros de altitude, a coluna de ar, medida desse ponto até o limite superior da atmosfera, exerce menor pressão do que uma coluna de ar que vai desde o sopé desta mesma montanha até o mesmo limite da atmosfera.

A coluna é maior nas partes mais baixas, portanto exerce maior pressão. Essa variação de pressão atmosférica é percebida por muitas pessoas quando elas sobem ou descem uma serra, pois ficam com uma sensação auditiva diferente. Ao descer uma montanha, a pessoa está indo para um local de maior pressão atmosférica (onde a quantidade de ar é maior e portanto tem um peso maior), a qual age sobre as membranas dos tímpanos que existem no interior das nossas orelhas. O corpo de algumas pessoas demora certo tempo para equilibrar a pressão do interior da orelha com a pressão atmosférica, por isso elas têm essa sensação de incômodo e surdez quando descem rapidamente uma serra. Se lembrarmos o que estudamos sobre o aparelho auditivo vamos perceber que a parte responsável por este equilíbrio de pressão é a tuba auditiva. O valor da pressão atmosférica ao nível do mar é normalmente utilizado como uma unidade de pressão, denominada 1 atmosfera ou 1 atm. Essa unidade corresponde à pressão exercida por uma coluna de mercúrio (símbolo químico Hg) de 76 cm (ou 760 mm) de altura ao nível do mar. Podemos, portanto, estabelecer a seguinte relação: 1 atm = 760 mm de mercúrio (760 mmHg). Na praia, a coluna de ar é maior do que em uma montanha. Em 1643, Torricelli colocou mercúrio - que, apesar de ser um metal, é líquido à temperatura ambiente num tubo de 1 metro de altura. Em seguida mergulhou o tubo em um recipiente também com mercúrio. Observou, então, que um pouco do metal contido no tubo desceu para o recipiente, mas parou de descer quando atingiu a marca dos 76 centímetros. Veja o esquema na figura 2.17. O instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica foi chamado de barômetro. A figura a seguir mostra uma representação do primeiro barômetro construído

Figura 2.17: Representação do barômetro de Torricelli.

Figura 2.16 – Representação de colunas de ar que exercem pressão sobre diferentes níveis de relevo.

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O inverso desse fenômeno ocorre quando tomamos refrigerante com canudinho. Ao sugarmos pelo canudo, retiramos parte do ar de dentro dele. Com isso a pressão do ar no interior do canudo fica menor do que a pressão atmosférica sobre o refrigerante. Assim, o refrigerante é empurrado pela pressão atmosférica para dentro do canudo.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Esses dois fenômenos confirmam a existência da pressão atmosférica, demonstrada pela primeira vez em pesquisas dos cientistas italianos Evangelista Torricelli (1608-1647) e Vincenzo Viviani (1622-1703). Existem barômetros de diversos tipos. Além da pressão eles podem ser usados para determinar a altitude de determinado lugar. Como a temperatura e a umidade do ar também alteram a pressão atmosférica, os barômetros são usados em estações meteorológicas para ajudar a prever mudanças no tempo. UTILIZANDO A PRESSÃO DOS LÍQUIDOS Até agora você sabe que a pressão é o efeito de uma força distribuída pela sua área de aplicação, e que os líquidos também possuem essa capacidade. Ela pode ser usada para muitas finalidades em máquinas hidráulicas e até na distribuição de água nas nossas cidades. Para entender como isso é feito precisamos conhecer dois princípios da física. O primeiro é o Principio dos Vasos Comunicantes. Se dois recipientes contendo um líquido estiverem interligados por um tubo, o líquido existente dentro deles tenderá a se nivelar. Observe a figura a seguir:

Figura 2.18 – Representação de recipientes interligados contendo líquidos. A figura a representa um tubo interligando dois recipientes contendo um liquido, observe que, apesar de eles serem de tamanhos diferentes, o líquido dentro deles fica no mesmo nível. Se mais um pouco desse liquido for adicionado (figura b) ele novamente se nivelará (figura c). Isso ocorre porque a pressão externa é a mesma nos dois lados e empurra o liquido com a mesma força em ambos os recipientes. De posse do conhecimento desse comportamento dos líquidos, as empresas de distribuição de água constroem reservatórios em pontos altos da cidade e uma única bomba (a) é capaz de enchê-lo. Observe a figura. A partir daí a água escoa por canos (b) para as áreas mais baixas da cidade sem a necessidade de mais gasto de energia. O reservatório consegue abastecer os locais que estão abaixo da sua altura ou, no máximo, na mesma altura que ele. É por isso que prédios com muitos andares necessitam de bombas para encherem suas próprias caixas d’água.

Figura 2.19 - Representação de um reservatório de abastecimento de água. Para entender o outro principio você pode fazer um experimento. Tampe uma garrafa de plástico com uma rolha e aperte. É lógico que a pressão da água vai fazer com que a rolha salte e a garrafa transborde. Mas como se você faz força nos lados da garrafa e não de baixo para cima, na direção da rolha? Observando experimentos assim o cientista Blaise Pascal descobriu que “a pressão exercida sobre um líquido é transmitida para todos os pontos dele” (Principio de Pascal). Agora observe a figura a seguir para entendermos como essa transmissão de pressão faz com que um macaco hidráulico funcione:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 2.20 – Representação simplificada de um macaco hidráulico. A bomba empurra ar para dentro de um pistão contendo óleo. A pressão exercida pelo ar faz com que o óleo se comprima e escoe para dentro de um tubo estreito com uma pressão muito grande. Esse tubo conduz o óleo para dentro de um pistão com uma área muito maior. A pressão é então transmitida para todos os pontos dentro deste pistão, mas a força sobre ele se tornará maior pois a área onde a pressão é exercida também será maior. Por exemplo, se essa área interna do pistão for 50 vezes maior que a do tubo que está injetando o óleo, a força sobre ele também será 50 vezes maior. Portanto estes dispositivos podem ser considerados multiplicadores de forças. NECESSIDADE DOS RECURSOS ENERGÉTICOS Sem dúvida a energia que mais usamos hoje em dia é a elétrica e ela pode ser considerada a base de toda a revolução tecnológica que discutimos no início deste capítulo. Existem diversas maneiras de se produzir e até acumular este tipo de energia e deve-se a Thomas Edison (1847-1931) o projeto das primeiras instalações para a geração de energia elétrica. Essas instalações foram as primeiras usinas termoelétricas da história, que transformavam o calor obtido à partir da combustão do carvão e do petróleo em energia elétrica. Nas usinas termoelétricas existem turbinas que se movem com o vapor que sai com alta pressão da água aquecida (de modo semelhante ao que acontece em uma panela de pressão) e aciona os geradores. Portanto a fonte que coloca as turbinas em movimento é o calor (daí o nome: termo=calor).

Figura 2.21 – Representação esquemática de uma usina termelétrica17 Mas a realidade energética do nosso país é muito diferente daquela em que Tomas Edison construiu as termelétricas. Temos aqui no Brasil poucas usinas que funcionam com carvão vegetal, óleo diesel ou gás natural. A empresa Votorantin utiliza pneus para gerar energia para produção de cimento. Mas você sabe que todos esses combustíveis “soltam” muita fumaça (monóxido de carbono) por mais que se utilizem filtros e são poluentes gerando danos sérios ao ar atmosférico. Observe a tabela a seguir que mostra a comparação entre matriz energética (todas as fontes de energia utilizadas no país) brasileira e a mundial.

Energia Petróleo e Derivados Biomassa Eletricidade Gás Natural Carvão Urânio

Brasil (%)

Mundo (%)

43,2 27,2 13,6 7,5 6,6 1,9

34,9 11,5 2,3 21,0 23,5 6,8

Tabela 2.1 – Tabela comparativa das principais fontes de energia elétrica e no Brasil e no mundo. 18

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fonte: http://www. educar.sc.usp.br REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Podemos verificar através dela que no Brasil a participação da biomassa é muito grande se comparada com outros países do mundo. Nossa dependência do petróleo ainda é maior que em outros países, mas eles usam muito gás natural e carvão que são bastante poluentes. A hidrelétrica é a forma de geração mais comum de eletricidade utilizada aqui (cerca de 90% da energia elétrica gerada vem desse tipo de usina), porque nosso país tem várias regiões muito ricas em “água”, graças ao grande número de rios que possui. Esse potencial vem sendo utilizado desde primeiras décadas do século XX quando foram construídas as primeiras usinas hidroelétricas. Contudo o desenvolvimento crescente do país e a melhoria das condições de vida da população causaram um grande aumento da demanda por energia elétrica. Acompanhe no gráfico a seguir que a demanda de energia aumenta junto com o crescimento da população.

Figura 2.22 – Aumento da demanda de energia em tonelada equivalente de petróleo por habitante (Tep). O Tep é uma unidade padrão de comparação entre matrizes energéticas de varias localidades. O aumento da população e a melhoria dos índices de desenvolvimento humano (IDH) faz com que a população tenha condições e necessidades cada vez maiores de utilização de equipamentos elétricos e eletrônicos. Deste modo o Tep cresce proporcionalmente ao crescimento e desenvolvimento da população. Devido a esse crescimento as usinas hidrelétricas existentes operam quase que no limite. Esta situação é muito agravada quando o regime de chuvas não ajuda e o nível de água das barragens diminui. A construção de usinas hidrelétricas causa um impacto muito grande sobre o meio ambiente e não parece ser neste momento uma opção atraente nem aconselhável. Então as termelétricas e termonucleares têm sido apontadas como saída para auxiliar a produção e evitar os famosos “apagões” de energia. Contudo a intenção é que essas novas usinas utilizem, de preferência, a biomassa e de forma sustentável. A Biomassa é um tipo de combustível originado de fontes animais e principalmente vegetais. Lenha, álcool, sobras de atividades agrícolas como o bagaço de cana ou a casca de arroz, óleos vegetais, esterco, carvão vegetal e lixos residenciais ou industriais são exemplos de biomassa renovável que podem ser transformados em energia útil.

DEFINIÇÃO DE NOVAS ESTRATÉGIAS PARA O GÁS , Flavio Fernandes , Edmilson Moutinho dos Santos publicado em bgf.com.br.

O álcool produzido pela cana-de-açúcar é o principal exemplo de reaproveitamento de biomassa utilizado no Brasil. Esses combustíveis podem ser obtidos e renovados em curtos espaços de tempo e têm contribuído cada vez mais para a formação da matriz energética nacional. O biodiesel também ganhou destaque nos últimos anos, porque ao contrário do álcool, é adequado para utilização em motores de máquinas pesadas. Quando misturado ao óleo diesel comum ele diminui significativamente a emissão de poluentes. O biodiesel é fabricado através da reação química entre o etanol e óleos vegetais em condições especiais. Sua fabricação é vantajosa porque é possível utilizar vários tipos de óleo (milho, soja, canola, babaçu, dendê, mamona, entre vários outros), até óleo de soja usado serve. Esta flexibilidade tem sido alvo de criticas por várias entidades, nacionais e internacionais que temem que a atividade agrícola no mundo avance sobre áreas de mata nativa, passe a produzir grãos para a produção de óleo e deixe de produzir alimentos. Com o crescimento acelerado da população mundial é preciso encontrar maneiras de produzir cada vez mais alimentos. Mas o sacrifício das nossas florestas não é o caminho para este crescimento. No Brasil apenas 3% da área cultivada é utilizada para a produção de biomassa que pode ser destinada à produção de energia (cana e soja), os outros 97% são para produção de alimentos. Veja bem que estamos falando de área plantada, portanto sobra muita terra no país para outros fins. O caminho para se produzir alimentos, biomassa e ainda preservar nossos recursos naturais pode estar no aumento da produtividade nas áreas produtivas já existentes. Produtividade significa produzir mais em menos espaço. A experiência do aumento da produtividade já foi utilizada com muito sucesso no plantio de cana-de-açúcar. O avanço na utilização do álcool combustível exigiu que a cultura da cana de açúcar se desenvolvesse para produzir em quantidade suficiente para abastecer as usinas. Institutos federais de pesquisa como a EMBRAPA desenvolveram variedades de cana de açúcar resistentes a pragas naturais capazes de produzir mais, em espaços menores e com porcentagens de açúcar muito maiores nos seus caules. O álcool anidro (a significa sem e hidro refere-se à água) se tornou uma ótima alternativa a utilização dos derivados de petróleo como a gasolina porque é renovável e polui menos. Isso nós já discutimos. O que não discutimos foi a projeção que ele deu ao Brasil no exterior em termos de política energética. Ele também possibilitou um grande desenvolvimento tecnológico, acadêmico, social e econômico, pois gerou milhares de empregos e renda para vários níveis da população. Hoje já é possível utilizar o bagaço e folhas secas como combustível para gerar energia nas usinas termoelétricas ou nas próprias usinas de açúcar e álcool em caldeiras para aquecer a água. Portanto ele tem sido usado de forma sustentável, sem esgotar os recursos naturais. Se por um lado o problema da cultura dessa biomassa foi em grande parte resolvido, por outro os trabalhadores da colheita da cana tiveram seu mercado de trabalho muito diminuído pela mecanização. Este problema tem sido combatido com a criação de cooperativas para que esses trabalhadores encontrem outras fontes de renda. Entre as atividades desenvolvidas nessas cooperativas estão as oficinas de artesanato, cursos de alfabetização e qualificação profissional.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Em resumo, a Sociedade deve sim investir no uso da biomassa para produção de energia, desde que ela seja usada com conhecimento aliado ao bom senso. Desde que ela traga desenvolvimento social e econômico. Desde que ela não interfira na produção de alimentos e que principalmente sua produção seja feita de maneira sustentada e não destrua o ambiente. AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 (ENCEEJA 2006) As estações de rádio e TV transmitem suas programações por meio de ondas eletromagnéticas diferentes umas das outras para que elas possam ser distinguidas e para minimizar interferências. Duas características das ondas que, de forma equivalente, distinguem as ondas eletromagnéticas de várias estações são: (A) a velocidade e a refração. (B) a difração e a amplitude. (C) a freqüência e o comprimento de onda. (D) a amplitude e o comprimento de onda. Atividade 2 (ENCEEJA 2005) Leia o texto a seguir: COMO FUNCIONA O SITEMA DE ALARME QUE EVITA O FURTO EM LOJAS Ele é acionado por sensores que ficam quase invisíveis nos produtos. Alguns desses aparelhinhos são finos como uma folha de papel e têm o circuito ativado por ondas de alta freqüência, cerca de 8MHz.Quando algum cliente “se esquece” de pagar o produto, o sensor colado no produto interage com aquelas grandes barras verticais que ficam nas portas das lojas, acionando o alarme. Revista Mundo Estranho - Abril/2004, com adaptações. As ondas emitidas por estes sensores são: (A) eletromagnéticas. (B) sonoras. (C) radioativas. (D) mecânicas. Atividade 3 (ENCEEJA 2005) Quando um objeto é iluminado, ele absorve algumas cores do espectro da luz incidente e reflete outras. A cor com que o objeto é visto será determinada pelas cores que ele reflete. Baseado no exposto acima, analise as afirmações abaixo: I - Um objeto branco iluminado com uma luz verde reflete a cor azul. II - Um objeto vermelho iluminado com uma luz branca reflete a cor vermelha. III - Um objeto preto é aquele que absorve todas as cores. IV - Um objeto de vidro transparente azul tem essa cor porque reflete todas as cores. As afirmativas corretas são: (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) III e IV.

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Atividade 4 (ENCEEJA 2005) Em uma cidade, seu sistema de abastecimento de água foi projetado usando uma grande caixa d’água e funciona atendendo com eficiência a todos os consumidores. Com a construção de um novo conjunto habitacional em um nível 3m mais alto em relação ao plano da cidade, a distribuidora de água só poderá atender à nova ligação do conjunto se: (A) aumentar o volume da caixa d’água e diminuir a sua altura. (B) a altura da caixa d’água for superior à do conjunto. (C) aumentar o volume da caixa d’água mantendo sua altura. (D) a altura da caixa d’água ficar a mesma. Atividade 5 (ENCEEJA 2002) De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o limite de intensidade sonora para o ouvido humano é de 65 dB (decibéis). Ruídos acima de 85 dB aumentam o risco de comprometimento auditivo. Sons acima de 130 dB podem romper o tímpano e causar surdez. Quanto maior o tempo de exposição a sons intensos, maior o risco de danos auditivos e de outros problemas como a pressão alta, insônia e problemas digestivos. A intensidade sonora do trânsito de uma grande avenida na cidade varia de 80 a 90 dB. Um jornaleiro que passa o dia inteiro em sua banca, na avenida, fica submetido a esse ruído constantemente. Pode-se supor que esse jornaleiro: (A) não corre risco algum quanto à sua saúde auditiva. (B) corre um sério risco de rompimento de seus tímpanos. (C) corre o risco de adquirir pressão alta e insônia. (D) passa o dia todo com dor de ouvido. Atividade 6 (ENCEEJA 2002) Usamos muitos produtos na forma de spray, como inseticidas, desodorantes, tintas, vernizes etc. Depois de algum tempo de uso, quando “apertamos” o spray e não sai mais nada, podemos afirmar que: (A) a pressão no interior da lata é menor que a do exterior. (B) a pressão no interior da lata é igual à do exterior. (C) a pressão no interior da lata é maior que a do exterior. (D) não há pressão no interior da lata. Atividade 7 (ENCEEJA 2002) Voçorocas são grandes “buracos” cravados no solo pela ação erosiva das águas das chuvas. Há 10 mil anos, formaram-se muitas voçorocas no Sudeste brasileiro devido à mudança do clima seco e frio para o clima quente e úmido. Como a vegetação, naquela época, ainda era rara, as chuvas fortes provocaram essas erosões. Atualmente, embora o Sudeste esteja sob clima quente e úmido e domínio de florestas, formam-se muitas voçorocas, principalmente no vale do Rio Paraíba do Sul. Pode-se atribuir esse fenômeno atual, principalmente: (A) ao aumento das queimadas para utilização de áreas de pastoreio. (B) ao desmatamento acelerado provocado pelo uso humano nos sucessivos ciclos econômicos do Brasil. (C) às grandes mudanças climáticas globais causadas pelas atividades humanas no planeta. (D) ao aumento natural da intensidade e magnitude das chuvas fortes de verão que atingem essa área.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 8 (ENCEEJA 2002) Se for necessário transmitir urgentemente uma notícia para uma população isolada numa região distante, o ideal será enviá-la através de uma emissora de rádio que utilize: (A) ondas FM (freqüência modulada). (B) ondas AM (amplitude modulada). (C) ondas curtas. (D) ondas médias. Atividade 9 (ENCCEJA) – 2006) O chamado sal light é aquele que contém parte do NaCl substituído por KCl, sendo indicado para as pessoas que devem reduzir o teor de sódio em sua alimentação diária. A tabela seguinte compara algumas características desses dois sais.

solubilidade em água a 20 oC

densidade a 20 oC

NaCl

1,0 g / 2,8 mL de água

2,17 g/cm3

KCl

1,0 g /2,8 mL de água

1,98 g/cm3

sal

aspecto

pó cristalino branco pó cristalino branco

cor adquirida pela chama do fogão quando o sal é pulverizado sobre ela. amarelo intenso

lilás a violeta

Para verificar se, em certo sal light, parte do cloreto de sódio foi realmente substituído por cloreto de potássio, basta: (A) determinar a densidade, que deve estar entre 1,98 g/cm3 e 2,17 g/cm3. (B) determinar a solubilidade em água, que deve ser de 1,0 g / 2,8 mL de água. (C) observar o aspecto, que deve ser de um pó cristalino branco. (D) observar a cor adquirida pela chama do fogão, que deve ser amarelo intenso. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1–C 2–A 3–C 4–A 5–C 6–A 7–B 8–C 9–A PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Identificar diferentes ondas e radiações, relacionado-as aos seus usos cotidianos, hospitalares ou industriais. • Relacionar as características do som a sua produção e recepção, e as características da luz aos processos de formação de imagens. • Analisar variáveis como pressão, densidade e vazão de fluidos para enfrentar situações que envolvam problemas relacionados à água, ou ao ar, em processos naturais e tecnológicos. • Comparar exemplos de utilização de tecnologia em diferentes situações culturais, avaliando o papel da tecnologia no processo social e explicando transformações de matéria, energia e vida. • Analisar propostas de intervenção nos ambientes considerando as dinâmicas das populações, associando garantia de estabilidade dos ambientes e da qualidade de vida humana a medidas de conservação, recuperação e utilização autosustentável da biodiversidade. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 3 Tecnologia Todo o Dia IDENTIFICAR A PRESENCA E APLICAR AS TECNOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS CIÊNCIAS NATURAIS EM DIFERENTES CONTEXTOS RELEVANTES PARA A SUA VIDA PESSOAL. José Luis de Souza Ao começar a estudar este capítulo você deve estar pensando em se preparar bem para uma prova, melhorar seus conhecimentos, trocar de emprego ou conseguir uma promoção e um melhor salário. Mas com certeza não deve estar pensando na quantidade de conhecimento envolvido na produção deste caderno até que ele chegasse às suas mãos. Do plantio da árvore utilizada para se extrair a celulose até a confecção do papel existe uma cadeia produtiva enorme. A impressão também possui a sua complexidade, pois é necessário escolher o tipo de tinta e o papel mais adequados. O texto é transferido para fotolitos, que funcionam como os negativos de uma fotografia pra que se possa transportar as imagens de um local para outro, daí para prensas impressoras, máquinas pesadas que cortam o papel e encadernam. A diagramação e escrita do texto levaram horas para serem pesquisadas e preparadas em computadores, que já tivemos a oportunidade de discutir e você já sabe que tem uma grande quantidade de tecnologia envolvida. Se é difícil imaginar o trabalho que deu produzir seu caderno de estudo imagine como é difícil organizar todos esses processos produtivos em indústrias que trabalham com materiais e culturas industriais tão diferentes! Isso é possível porque a cadeia produtiva de um modo geral inventou uma linguagem própria, uma série de códigos que permitem a comunicação entre pessoas, das pessoas com as máquinas e porque não, das máquinas com as pessoas. Essa linguagem faz com que o desenvolvimento tecnológico evolua tão rápido que precisamos estar atentos e atualizados para não perder o “bonde” da história. Então, não vamos perder tempo! Se você tem menos de 30 anos nunca deve ter visto um bonde, a não ser em parques ou museus. Ele foi um dos principais meios de transporte no inicio do século XX e perder o bonde significava que se chegaria atrasado a algum compromisso. Os primeiros corriam sobre trilhos, como os trens, mas eram puxados por cavalos. Em seguida passaram a funcionar com motores elétricos e finalmente perderam espaço para veículos com motores a combustão porque podiam circular por rotas independentes dos trilhos. Por outro lado você deve saber muito bem o que significa deletar alguma coisa ou dar reset em uma máquina. Essas palavras pertencem à língua inglesa e significam “apagar” e “recomeçar”, respectivamente. Ambas são usadas na linguagem de computador que é, hoje, utilizada por inúmeras pessoas. Muitas delas, embora desconheçam o idioma inglês, já têm palavras como essas fazendo parte de seus vocabulários. O que acontece é que esses novos termos vão sendo decorados e incorporados com significados próprios.

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Leia o texto a seguir: “Quando entrei para a Universidade no final dos anos 80, usava um computador de última geração que mostrava só letras verdes. Para acrescentar um ç em uma palavra eu precisava apertar três teclas ao mesmo tempo. E salvava meu texto em um disquete enorme, parecido com o CD de hoje, só que ele não conseguia guardar a quantidade de informações que cabe em uma calculadora de bolso. Foi uma evolução quando surgiu o disquetinho 3 ½, que por sinal também já não se usa mais. Bons tempos aqueles em que no final de semana pegava a Variant 70 do meu pai e saia com a turma pela noite. O carro era meio quadrado, o motor 1600 esquentava, fazia 8 Km/L de gasolina, mas a lataria era forte e não amassava com nada, só enferrujava um pouco se ficasse muito na chuva, mas nada que atrapalhasse a diversão. Saiamos para a festa ouvindo música no toca fitas e no baile, o DJ mandava ver com as vitrolas que trocavam os discos de vinil sozinhas. É... bons tempos aqueles”. Trecho do texto “Bons tempos da juventude”. Você pode, dependendo da sua idade, ter usado alguns dos aparelhos citados no texto, mas consegue identificar quais deles estão em uso nos dias de hoje? Apenas o CD, mas que já está caindo no desuso dando lugar aos pendrives e cartões de memória. Os computadores usam telas de plasma ou cristais líquidos. Todos esses aparelhos foram mudando com o tempo, mudaram na aparência, ficaram mais duráveis e eficientes. Por exemplo, o automóvel era de lataria bastante rígida, mas durava pouco, enferrujava em menos de dois anos; o formato pouco aerodinâmico e motor de baixa eficiência faziam aproximadamente 8 km por litro, hoje podem fazer até 20 com álcool ou gasolina. E o que dizer da beleza do carro? O “bonito” também muda com o tempo. Todas essas coisas foram inventadas, construídas e melhoradas para aumentar a capacidade de ação do homem em todos os sentidos: algumas para tornar as nossas atividades de trabalho mais eficientes; outras para nos dar maior conforto e prazer. Pense numa lista de coisas que você utiliza normalmente em um dia para fazer as suas atividades. Observe que cada uma dessas coisas que você utiliza é para lhe ajudar, ou seja, elas aumentam os resultados de suas ações. Todas essas coisas foram inventadas, desenvolvidas e construídas baseadas em resultados de pesquisas científicas e tecnológicas e assim, freqüentemente, são chamadas de “objetos” tecnológicos. Se, por um lado, toda essa tecnologia que existe hoje proporciona a melhoria da qualidade de vida, por outro, ela mudou os valores sociais. Muitas vezes se valoriza a posse, a quantidade de bens e dinheiro ao invés de outros valores baseados no caráter e na ética. Quem ainda não viu na TV o comercial de uma “van” coreana onde os proprietários dizem que o carro é grande e que vêem tudo “de cima”, ou seja, associam o respeito ao tipo de carro que dirigem e não ao tipo de pessoa que são. É uma grande inversão de valores. Para a utilização consciente e correta de todos esses produtos tecnológicos, que fazem parte de nosso dia-a-dia, é necessário compreender, além dos conhecimentos técnico-científicos neles envolvidos, os aspectos éticos e sociais relacionados com a sua produção, comercialização e utilização.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A COMUNICAÇÃO E OS SEUS SIGNIFICADOS A criação e o desenvolvimento de novas tecnologias geram também novas palavras e expressões ou dão significados diferentes a palavras já existentes. Várias representações são veiculadas como meio de informação. São códigos, símbolos ou cores que atingem a todos os níveis sociais, dos mais bem informados aos mais humildes. Você já observou o rótulo que vem junto com seu botijão de gás? Se não observou olhe a figura que vem a seguir:

a

b

Figura 3.1 – Rótulo de botijão de gás doméstico que fornece informações técnicas e de segurança sobre o produto. Ele alerta para o fato do gás ser um produto altamente inflamável. Um produto inflamável é aquele que reage facilmente com oxigênio e se converte em chamas. Nesse caso, o fogo é a queima da substância, ou seja, a produção de calor, luz e material gasoso. Fique atento, por exemplo, às traseiras de caminhões-tanque que transportam produtos químicos e caminhões-baú com produtos perecíveis ou com carga viva. Você verá que muitos outros símbolos existem e que estão lá para nossa própria segurança. O código de barras é outro meio de comunicação presente na grande totalidade dos produtos que consumimos. Ele é um conjunto de linhas verticais e espaços, estreitos e largos, que são combinados para representar um código de números que identifica um produto. Existem diversos tipos de códigos de barras. Os códigos que seguem o padrão internacional geralmente são de 13 dígitos, podendo variar, dependendo do espaço, até 8 dígitos. Em estabelecimentos comerciais, associa-se ao código do produto um preço catalogado num computador. Além do computador, é necessário um equipamento de leitura óptica para completar as operações, como fornecer o preço da mercadoria ou descontá-la do estoque. Se isso é vantajoso para o comerciante, para o consumidor acarreta até certa dificuldade para saber o preço, pois no código de barra não aparece o valor da mercadoria. Portanto devemos ficar atentos, todos os estabelecimentos são obrigados a colocar o preço de cada produto bem visível ao consumidor. Na dúvida, procure um leitor de código de barras para saber o preço certo e, em último caso recuse o produto no caixa se o preço estiver errado.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS INFORMAÇÃO EM CORES A indústria farmacêutica também se utiliza de códigos que deixam claro para o consumidor o risco do produto que está comprando. Essa informação vem através das cores da “tarja” inscrita na embalagem do produto. Tarja vermelha indica o uso apenas com prescrição médica e tarja preta, venda com retenção da receita médica para que o paciente não possa comprar outro sem retornar ao médico. As cores, como forma de linguagem, não são escolhidas aleatoriamente, elas expressam em si mesmas significados. O vermelho, por exemplo, para nós é associado à perigo, o amarelo à um estado de atenção e o verde à calma. Esses significados, porém não são universais, dependem da cultura de um povo. Aqui no Brasil, quando vamos presentear uma menina recém nascida levamos presentes em tons de rosa. Quando é um menino levamos azul. Na cultura norte Americana essas cores são invertidas. Uma das formas mais comuns de comunicação é feita através de pequenos textos que devem ser escritos com linguagem simples de forma que o consumidor entenda o que está lendo. Eles são usados em diversos produtos para informar ingredientes componentes nutricionais em termos de quantidade de massa e de valor calórico, as substâncias que os compõem, posologias, indicações de uso, contra-indicações e precauções ou mesmo especificações técnicas, etc. Ao estudarmos as Ciências Naturais precisamos compreender os significados científicos dos símbolos ou termos que ela nos apresenta para uma efetiva comunicação. Mas precisamos ficar atentos e ter consciência de que em nosso cotidiano utilizamos muitas palavras com significado muito diferente do científico. Peso e massa são os principais exemplos disso. Observe que, nas embalagens da maioria dos produtos, a quantidade de massa é apresentada como peso (por exemplo, em um pacote de sabão em pó podemos ler: peso líquido 1Kg). Na linguagem científica, Kg (quilograma) é a medida de massa, ou seja, da quantidade de matéria existente em um corpo. Peso é a força gravitacional com que a Terra atrai a massa do sabão em pó para sua superfície e é medida em N (Newton). Assim como a linguagem (como fator cultural), pode se modificar com o tempo, os termos da linguagem cientifica também podem sofrer alterações para que ela fique mais adequada ao nível de desenvolvimento em que se apresenta. De qualquer modo, precisamos estar atentos para o surgimento de termos novos e modificação de antigos, pois na era da comunicação, saber trabalhar bem com ela é fundamental.

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TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA Agora observe a figura a seguir:

Figura 3.2 – Etiqueta de informação de um aparelho eletrodoméstico. Ela traz o código de barras onde podemos identificar o país de origem e a empresa que produziu o produto como já discutimos anteriormente. Mas a informação que está em destaque é a tensão elétrica em que o aparelho deve ser ligado. Ela é de extrema importância porque no Brasil, temos redes elétricas residenciais em 127 V e 220 V. Se um equipamento projetado para funcionar em 127 V, como este mostrado na figura, for ligado na tensão de 220 V, o circuito aquece e ele “queima”. A tensão elétrica de uma rede está associada à sua capacidade de fornecer energia a um determinado aparelho. A rede elétrica no Brasil e em muitos outros países tem freqüência de 60Hz (hertz), você se lembra o que isso significa? Se não lembra faça uma breve revisão, isso vai ajudar a caminhar mais rápido, pois significa que esse aparelho foi projetado para funcionar nessa freqüência. Quando conectamos um aparelho à tomada, uma corrente elétrica (a quantidade de carga elétrica que atravessa uma área do fio condutor, por unidade de tempo) começará a passar por ele. A unidade que mede a corrente elétrica é o ampère (A). A potência dos aparelhos de um modo geral é medida em watts (W). O seu valor informa a quantidade de energia que ele consome em um segundo de funcionamento. No exemplo da lavadora de onde foi retirada a etiqueta da figura, o consumo não está expresso em W, mas fica bem claro o quanto o usuário vai gastar em quilowatts por hora (kW/h) com o funcionamento do aparelho. Veja só, você poderia até calcular quanto custa lavar suas meias! Muitas outras informações podem ser obtidas com a simples leitura das etiquetas fixadas, geralmente na parte de trás ou de baixo do aparelho, e que vão fazer com que você o utilize com segurança e garanta maior durabilidade. Há também os manuais de instruções que trazem informações mais detalhadas. É uma forma do fabricante se comunicar diretamente com o consumidor e dar a ele mais segurança na utilização do equipamento comprado.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS CALCULANDO O CONSUMO DE ENERGIA Qual lâmpada consome mais energia, uma de 40 W ou uma de 100 W? Se respondermos esta pergunta sem pensar, provavelmente erraremos a resposta, pois não é possível responde-la corretamente com essas informações. A potência é apenas uma das características de um eletrodoméstico e sozinha não determina a quantidade de energia consumida. Se a pergunta fosse qual das duas lâmpadas consome mais energia quando acesa por 5 horas, então poderíamos dizer que é a lâmpada de 100 W. E se a lâmpada de 40 W ficar acesa por 10:00 h e a de100 W por por 4:00 h ? Nesse caso, as duas têm o mesmo consumo, que é de 400 Wh (ou 0,4 kWh). Assim podemos concluir que o consumo de energia de um aparelho depende da sua potência e do tempo do seu uso. Energia consumida = potência x tempo Observe na tabela a seguir a simulação de consumo mensal de alguns dos principais aparelhos existentes em uma residência: Consumo médio mensal dos principais aparelhos

Aparelho

Potência média em W

Número estimado de dias de uso por mês

Tempo médio de uso por dia

Consumo médio mensal em kW/h

Chuveiro elétrico

3500

30

1 hora

105

Ferro elétrico

1000

12

1 hora

12

Geladeira

200

30

10

60

Lâmpada

100

30

5

15

90

30

5

13,5

TV colorida (20 polegadas)

Tabela 3.1 – Tabela indicando o consumo mensal em kW/h de alguns eletrodomésticos. Se na sua região a companhia de fornecimento de energia cobra R$ 0,30 por kW/h então nesta simulação se gastará, em um mês, só com o chuveiro: Valor mensal = 105 kWh x R$ 0,30 Valor mensal = R$ 31,50 Agora que você já sabe como calcular a quantidade de energia consumida por um eletrodoméstico, pode construir uma tabela como esta e verificar onde você pode diminuir o consumo para economizar na sua conta de energia. CIRCUITOS ELÉTRICOS EM CASA Em casa, usamos a tensão elétrica de 127 V e/ou 220 V, dependendo da cidade em que moramos, já dissemos isso à pouco. Assim, o que varia nos circuitos instalados em uma residência são a fiação e os equipamentos elétricos que existem dentro dela. Se você olhar para o poste na frente da sua casa verá que chegam três fios da rede externa. Dois deles conduzem a corrente com uma tensão de 110 a 127 V, o terceiro é neutro, não possui corrente.

Figura 3.3 – Chegada dos fios da rede externa até a residência.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Deste modo podemos escolher a tensão interna a ser utilizada. Apesar de chegarem os três fios, nós usamos apenas dois. Se ligarmos os dois fios “energizados” teremos a tensão de 220 V. Se escolhermos ligar um energizado e um neutro teremos uma tensão de 110 V. Podemos ainda usar um circuito misto com tensões diferenciadas para aparelhos diferentes.

Figura 3.4 – Quando de distribuição de energia com três tomadas e duas tensões diferentes. Numa instalação elétrica, os fios de ligação são de cobre e apresentam resistência (ainda que pequena) à condução de eletricidade. Quanto mais longo o fio, maior é a resistência para a passagem da corrente. Quando os aparelhos ficam longe da fonte de energia ou da tomada o aumento do comprimento deve ser compensado com o aumento do diâmetro (também chamado de bitola) do fio, para que a resistência permaneça, aproximadamente, a mesma. Portanto os fios que alimentam a casa devem ser de maior diâmetro que os fios internos para que a corrente possa passar sem muita resistência. A unidade usada para medir a resistência elétrica de fios e circuitos é o Ohm representado pela letra grega (Ω). Quando fios muito finos são usados e estão ligados a muitas tomadas, com várias lâmpadas e máquinas elétricas ocorre sobrecarga: a energia elétrica requerida chega ao sistema, mas ele se aquece demais. Este aquecimento provoca a diminuição no fornecimento de eletricidade à casa pois ela é perdida na forma de calor. Por um tempinho as luzes ficam fracas, piscando, até a chamada queda do sistema, que é a sua interrupção total. Você já reparou que a eletricidade antes de entrar em casa passa por uma caixa localizada do lado de fora dela? É nessa caixa que fica o medidor de corrente onde é registrado o consumo de energia, conferido a cada mês pelo funcionário da companhia distribuidora. Ligado a essa caixa, agora já dentro de casa, há um quadro de distribuição (figura 3.5) com dispositivos que servem para proteger a rede elétrica. Esses dispositivos são os disjuntores ou os fusíveis, sensíveis a um grande aumento de corrente elétrica. Se isso acontecer, eles fazem a interrupção do fornecimento. Você já presenciou alterações no fornecimento de energia em casa? Se lembra como foi?

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A sobrecarga e até incêndios podem ser gerados quando muitos fios passam pelo mesmo conduíte (aquele tubo amarelo ou preto que os fios passam por dentro) e há aquecimento do conjunto (fios + conduíte). Por medida de segurança, os fios da rede elétrica devem passar por dentro de conduítes, embutidos nas paredes das construções. Isso mostra a necessidade de se planejar a distribuição de lâmpadas e de aparelhos elétricos quando se constrói ou se reforma a casa, utilizando-se fios apropriados e circuitos separados para cada aparelho. É fundamental que se use apenas um aparelho elétrico em cada tomada. Se há vários aparelhos ligados e a fiação elétrica esquenta, uma parte da energia elétrica está se convertendo em calor, que não é utilizado em lugar nenhum. Isso representa energia elétrica medida no relógio de luz sem que seja aproveitada. A cozinha, por exemplo, precisa ter vários circuitos independentes, um para cada aparelho: torneira elétrica, geladeira, microondas e acendedor de fogão, etc. RESISTÊNCIA ELÉTRICA Queimou a resistência do chuveiro! Quantas vezes esta frase já gerou preocupação ainda mais se você estiver no meio do banho em um dia frio! A resistência, a passagem de corrente elétrica em alguns aparelhos como ferro de passar, chuveiros e aquecedores é desejável, mas em circuitos e fios elétricos ela pode causar grandes inconvenientes. Vejamos o porquê.

Figura 3.5 – Representação esquemáticas da corrente elétrica atravessando um fio condutor. A passagem da corrente elétrica pode ser representada de forma simplificada como na figura 3.6. Os elétrons, com carga negativa, podem encontrar maior ou menor dificuldade para passar pelos átomos do material condutor. Quando encontra muita dificuldade eles causam o aquecimento desse material. Elétrons são partículas minúsculas e móveis existentes nos átomos que formam a matéria. Essas partículas possuem carga negativa e massa quase inexistente, dizemos que a sua massa é desprezível. Quanto mais fino for o fio, maior a dificuldade no fluxo dos elétrons, portanto maior será a resistência e o calor produzido. O tipo de material também influencia a resistência, o cobre é melhor condutor que ferro. Essa dificuldade é medida em ohms (Ω) a unidade usada para quantificar a resistência elétrica como já citamos anteriormente.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A resistência dos fios de cobre utilizados nas ligações elétricas residenciais, por exemplo, é bem menor do que a das resistências dos aparelhos elétricos, onde há fios do mesmo cobre muito finos e outros dispositivos de alta resistência. Uma lâmpada de 60W/110V (ilumina com uma potência de 60W e uma tensão de 110V) com fio de tungstênio tem resistência de 202 Ω, e um ferro de passar roupa de 1000W/110V tem 12Ω. Essas resistências são altas propositalmente para que a corrente produza calor ao atravessar material. Por outro lado, um metro de fio de cobre de ligação elétrica de diâmetro 2,5mm2 tem resistência de 0,0068Ω e no de 10mm2, a resistência é de 0,0017Ω, ou seja, 4 vezes menor pois os elétrons possuem muito mais espaço para deslocamento sem choques com as partículas do material. Se compararmos a resistência do fio de cobre de ligação com a resistência da grande maioria dos aparelhos elétricos ele será aproximadamente 10 mil vezes menos resistente à passagem da corrente. Embora a resistência do fio de cobre seja muito pequena, a potência que ele dissipa depende da corrente que irá passar por ele. A potência dissipada num fio de 10m de comprimento e espessura de 2,5mm2, quando é percorrido por uma corrente de 10A, é da ordem de 7W. Se a corrente é de 40A (4 vezes maior que a de 10A) a potência dissipada será 16 vezes maior, pois a potência varia com o quadrado da corrente de acordo com a expressão: P = R x I2 Onde P é a potência, R a resistência e I a intensidade da corrente, ou seja, a potência será 112 W. Nesse caso, com certeza, o fio ficará aquecido e poderá ser a origem de um incêndio. Ampère é a unidade de medida usada para representar a intensidade da corrente que atravessa um fio ou circuito elétrico. Se esse fio for trocado por um equivalente de espessura 10mm2, a potência dissipada nesse novo fio será quatro vezes menor. Lembre-se: quanto maior o diâmetro do fio, menor a resistência. Se 10mm2 é 4 vezes maior que 2,5mm2 então a resistência no fio de 10 será 4 vezes menor que no fio de 2,5 mm2. Vejamos como podemos trabalhar com essas grandezas na prática: Um resistor de 470Ω é percorrido por uma corrente de 10A. Qual será a potencia elétrica dissipada por ele? P = R . I2 → P = 470 . 102 → P =47.000W ou 47 KW Qual seria a potência dissipada pelo mesmo resistor se a corrente dobrar? P = R . I2 → P = 470 . 202 → P =188.000W ou 188 KW TIPOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS “Todo final de ano era aquela correria, quando o Natal se aproximava a gente reunia a família tirava da caixa a velha árvore de natal, as bolinhas de vidro coloridas e o pisca-pisca. A gente enroscava o pisca na árvore, pendurava as bolinhas e na ora de colocar o fio na tomada...Nada! Sempre tinha uma lâmpada queimada.” Trecho do texto “Bons tempos da juventude”. Você já percebeu que quando queima uma lâmpada de um pisca-pisca de árvore de natal todo ele para de funcionar? Mas na sua casa você usa inúmeros aparelhos elétricos, incluindo as lâmpadas, e quando uma delas queima todo o resto continua funcionando. Nos dois casos estamos falando de circuitos elétricos. A diferença está em como os dispositivos estão ligados em cada circuito. É essa diferença que iremos discutir agora. Para que um dispositivo elétrico funcione a corrente elétrica deve entrar por um lado dele (um pólo), atravessá-lo e sair por outro pólo que fará com que a corrente retorne à rede.

Figura 3.6 – Lâmpadas ornamentais. As setas representam o caminho percorrido pela corrente elétrica. Observe que na figura 3.6 todas as lâmpadas estão ligadas umas às outras, a corrente elétrica vai passando de uma lâmpada para outra em seqüência até que retorne aos fios da rede. Por isso, se uma lâmpada queimar, o caminho da corrente elétrica será interrompido e todas as outras também deixarão de funcionar. Observe o que ocorre de forma simplificada na figura 3.7.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 3.7 – Lâmpadas ornamentais ligadas em série. O circuito onde os dispositivos elétricos são montados em seqüência como no caso do pisca-pisca é chamado de Circuito em série. Agora observe a figura 3.8:

Figura 3.8 – Representação de uma caixa de distribuição de energia. Na figura 3.8 você pode verificar que existe um par de fios base (com corrente de 110V) e um neutro. A geladeira e a TV têm seus dois pólos ligados diretamente a este par de fios de modo que se um aparelho queimar, os outros podem continuar funcionando. Do mesmo modo o chuveiro e o ferro elétrico também se ligam a um par de fios, só que os dois fios são base. Porém os aparelhos são independentes entre si. Quando os aparelhos têm seus pólos ligados diretamente aos fios da rede, independentes uns dos outros, chamamos o circuito de Circuito em paralelo.

Figura 3.9 – Lâmpadas ornamentais ligadas em paralelo. Novamente de maneira simplificada podemos observar na figura 3.9 b que a corrente entra por um dos fios e, mesmo com o fio da lâmpada intermediária rompido, ela passa pelas outras duas lâmpadas fazendo com que elas acendam.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O primeiro tipo de circuito (em série) apresenta os seguintes comportamentos durante a passagem da eletricidade: - Cada dispositivo que compõe este circuito possui uma resistência, todas elas somadas representam a resistência total do circuito ou resistência equivalente. Se precisarmos calcular a resistência total podemos usar a expressão: Rt = R1+R2+R3 ...+Rn Onde Rt representa a resistência total ou equivalente e Rn o número de resistências do circuito. - As lâmpadas apresentarão brilhos diferentes dependendo da quantidade delas que estejam ligadas. Uma brilha mais, duas brilham menos, e assim por diante. Quando o circuito é montado em paralelo a resistência equivalente é calculada somando-se os inversos das resistências existentes. 1 = 1 + 1 + 1 +...+ 1 Rn Rt R1 R2 R3 Se os dispositivos ligados forem lâmpadas, todas apresentarão o mesmo brilho porque, nesse caso, suas resistências não são somadas. Vejamos um exemplo onde um enfeite luminoso possui 4 lâmpadas, cada uma com 2Ω de resistência. Que resistência total este enfeite possui? 1=1+1+1+1 Rt R1 R2 R3 R4 1=1+1+1+1 Rt 2 2 2 2 1=2 → Rt = 0,5 Ω Rt De um modo geral os circuitos são montados de forma mista, contendo dispositivos elétricos ligados em série e paralelo. USANDO CORRETAMENTE OS PRODUTOS TECNOLÓGICOS Muitos consumidores, quando compram um aparelho eletrônico, têm o costume de chegar em casa, tirá-lo da caixa e colocá-lo logo na tomada para desfrutar do seu funcionamento. Este procedimento levado pela ansiedade pode muitas vezes causar muitas dores de cabeça como a queima do aparelho ou mau funcionamento. Para evitá-las os fabricantes enviam um manual de instalação e operação junto com o aparelho onde informam a tensão a ser usada, os cuidados com manutenção, limpeza do aparelho, os recursos e a lista das oficinas de assistência técnica autorizadas. Pense bem, o simples fato de você colocar um aparelho na tomada errada pode acarretar a perda da garantia do produto. Não é raro também um consumidor adquirir um determinado produto por um alto valor, com vários recursos tecnológicos, ficar com ele por muito tempo e nunca usar tudo o que ele tem para oferecer. A simples leitura do manual de instruções e um pouco de paciência podem evitar que você desperdice dinheiro com vários aparelhos sendo que todas as suas necessidades podem ser atendidas por apenas um e que talvez você já possua. Por exemplo, existem aparelhos de telefone celulares que possuem câmera fotográfica e filmadora integradas, rádios, gravadores e tocadores de música. Se você precisa de todos esses recursos pode ter um aparelho desses e deixar todos os outros com apenas uma ou duas funções na loja! Outra fonte de desperdício está na aquisição dos eletrodomésticos. Os mais modernos custam um pouco mais, mas de um modo geral trazem um selo que indica o menor consumo de energia, o selo PROCEL. Comprar um aparelho mais barato sem este selo pode significar que você gastará pouco na aquisição do produto, mas gastará muito com o uso dele durante sua vida útil. A utilização correta de um produto tecnológico não é importante apenas pela economia financeira, mas também porque a energia elétrica utilizada por eles tem de ser gerada em usinas que de alguma forma exercem algum impacto negativo sobre o meio ambiente, então é nosso dever usá-la corretamente e sem desperdício. Além disso, todos os aparelhos que usamos serão descartados um dia. Quanto mais utilizamos, mais lixo produzimos, como a maior parte deles é feita de plástico poderão ficar até 100 anos no solo antes de se decomporem. Muitos deles usam baterias ou pilhas que contêm componentes altamente poluentes. O QUE SÃO PILHAS E BATERIAS As pilhas e as baterias são mini usinas portáteis, que transformam energia química em energia elétrica. Podem se apresentar sob várias formas (cilíndricas, retangulares, botões, etc.) conforme a finalidade a que se destinam. Elas possuem determinadas substâncias químicas que, quando reagem entre si, produzem energia elétrica, ou seja, fazem funcionar o relógio, o celular, o brinquedo, etc.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O problema é que essas substâncias químicas presentes nas pilhas e baterias são ALTAMENTE TÓXICAS, e podem fazer mal a homens e animais. Por isso, elas vêm se tornando o centro das atenções dos ecologistas e da sociedade como um todo. Uma pilha comum contém pelo menos três metais pesados: zinco, chumbo e manganês. A pilha alcalina contém ainda o mercúrio. Além dos metais pesados, as pilhas e baterias possuem ainda elementos químicos perigosos, como o cádmio, cloreto de amônia e negro de acetileno. As pilhas são classificadas de acordo com seus sistemas químicos, podendo haver em cada um deles mais de uma categoria. As categorias são representadas por letras, que normalmente vêm impressas nas pilhas. Além disso, as pilhas podem ser recarregáveis ou não, sendo divididas em primárias (não recarregáveis) e secundárias (recarregáveis).

Tipos de Pilhas:PRIMÁRIAS Zinco/carvão Alcalina de manganês Lítio Óxido de mercúrio Óxido de prata Zinco/ar Tipos de Pilhas:SECUNDÁRIAS Níquel/cádmio (recarregável) Chumbo-ácido (recarregável)

Código L C N,M S,S A,P Código

Uso Comum Propósitos gerais Propósitos gerais Relógios e equipamentos fotográficos Aparelhos auditivos e equipamentos fotográficos Relógios eletrônicos e calculadoras Aparelhos auditivos Uso Comum Ferramentas eletro portáteis sem fio e propósitos gerais Eletro portáteis, brinquedos, etc.

Figura 3.2 – Classificação das pilhas de acordo com seus sistemas químicos e suas aplicações. O perigo ocorre quando se joga uma pilha ou bateria fora, no lixo comum, pois há o risco desses metais pesados e elementos químicos perigosos entrarem na cadeia alimentar humana, causando sérios danos à saúde. As duas formas mais comuns de destinação final do lixo são aterro sanitário e usina de compostagem para transformação em adubo. A pilha, quando jogada fora no lixo comum, vai para um aterro sanitário, que fica a céu aberto. Uma vez exposta ao sol, vento, chuva e umidade, as pilhas e baterias se oxidam e rompem o invólucro de proteção. Os metais pesados e elementos químicos perigosos saem misturados a um líquido que acaba contaminando todo o lixo ao redor, podendo atingir o lençol freático local. Além disso, muitos aterros sanitários ficam próximos de rios e córregos, que também acabam sendo contaminados por essas substâncias químicas tóxicas. Portanto, elas chegam à cadeia alimentar humana via irrigação da agricultura ou pela ingestão da água ou alimento contaminado. Na usina de compostagem, as pilhas são misturadas no composto orgânico que está sendo formado, girando no biodigestor por 48 horas. Algumas são amassadas e moídas, e se rompem, despejando os metais pesados por todo o composto. Na saída do tubo giratório do biodigestor há uma rede que impede a passagem das pilhas. O lixo moído é disposto em montes a céu aberto, sendo remexido semanalmente, por três meses. Neste período, ocorrem novos vazamentos e os metais pesados e outras substâncias químicas tóxicas se misturam ao composto, que será usado como adubo depois. Existem usinas de compostagem em algumas cidades do interior de São Paulo que utilizam trituradores, aumentando substancialmente as chances de contaminação, pois todo o conteúdo da pilha mistura-se ao composto orgânico. COMPOSIÇÃO DAS PILHAS Uma pilha clássica consiste de um pino de carbono (carvão poroso) imerso em uma mistura úmida de cloreto de amônia (NH4Cl), cloreto de zinco (ZnCl2) e dióxido de manganês (MnO2). Uma peça de metal é colocada no topo do pedaço de carvão e é um dos contatos da pilha. Muito material isolante separa o carvão e sua cabeça de metal da casca da pilha, que no fundo, não passa de um “copo”, feito de zinco, que suporta todo o conteúdo. A química que ocorre entre o zinco da casca da pilha e a mistura úmida, preta, do seu interior é bastante complexa, mas podemos mencionar o que acontece quando, por exemplo, colocamos a pilha numa lanterna, e ligamos o contato. Quando ligamos a lanterna, nós completamos um circuito. Um circuito, como já vimos, é o caminho por onde passam os elétrons. O circuito permite aos elétrons saírem da casca de zinco, viajando até a lâmpada por uma parte do circuito que é construído dentro da lanterna - em geral uma placa metálica que serve de condutora - viaja pela lâmpada, o que faz a lâmpada se acender, voltam à pilha através do contato metálico no topo do carvão, atravessam o carvão e vão provocar reações químicas pela pasta úmida negra dentro da pilha. O que acabamos de descrever é uma corrente elétrica, ou seja, a passagem de elétrons através de um circuito. É essa eletricidade que move nossos relógios, rádios e lanternas. Nas pilhas de lítio, nas alcalinas, de mercúrio e de outros tipos, é sempre a casca de metal que é a fornecedora dos elétrons. E é basicamente isso que acontece na pilha.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A casca metálica cede elétrons ao interior quando o circuito é fechado. No interior da pilha carbono-zinco, a mistura cloreto de zinco/dióxido de manganês serve para “repor” o zinco gasto pela casca, e assim dar longa vida à pilha; mas os processos químicos são complicados, e a pilha finalmente perde o poder de gerar corrente elétrica, e... gasta. A tendência dos elétrons se moverem de um ponto a outro em um circuito, ou POTENCIAL, é medida em Volts, em homenagem a Alessandro Volta, o físico italiano que em 1800 desenvolveu a pilha de Volta, que era uma camada sucessiva de discos de prata (ou cobre), papel molhado com uma solução salina, e discos de zinco. A voltagem das pilhas comuns é muito baixa (1,5 Volts), para nos causar qualquer dano. Mesmo as baterias de automóvel, que podem gerar centenas de Ampères, têm um potencial pequeno (12V) que não pode, em condições normais, causar nenhum dano sério. Da mesma forma, uma alta voltagem que libera um número insignificante de ampères também não causa danos. Tente arrastar os pés num carpete num dia bem seco, se carregue bem de eletricidade estática, e então toque em alguém, vai sair faísca, você irá liberar milhares de volts, mas o choque vai ser pequeno (o susto na outra pessoa vai ser proporcionalmente grande!). A alta voltagem pode, entretanto, causar danos em equipamentos sensíveis, como destruir os dados do seu computador, estragar fitas magnéticas, etc. Na eletricidade estática as cargas ficam acumuladas e em repouso no corpo, elas não se movimentam de forma organizada como na corrente elétrica. CONHECENDO SEUS DIREITOS E quando você faz tudo certo ao ligar o seu aparelho e mesmo assim ele não funciona? Reclame!! Quando você compra em uma loja devidamente instalada e regulamentada você tem uma garantia contra defeitos e mal funcionamento do produto, durante alguns dias você pode devolvê-lo, se não estiver satisfeito, ou trocá-lo por outro igual mas que funcione direito. Mesmo passada a garantia da loja, o manual que você recebe junto com o seu aparelho informa o tempo de garantia, ou seja, o tempo mínimo que seu aparelho deve funcionar sem qualquer problema. Por isso não compre produtos sem procedência conhecida nem produtos piratas, você perde todos os seus direitos. Mesmo quando o produto não tem qualquer eletrônica envolvida este direito pode e deve ser exercido. Para defender-se dos abusos que podem ter ocorrido na compra de algum produto ou contrato de um serviço, o primeiro passo do consumidor é informar-se de seus direitos consultando o Código de Defesa do Consumidor, que detalha quais são os seus direitos nas relações de consumo. Poderá, também, iniciar o processo procurando orientação no Procon de sua cidade ou recorrendo a uma organização não governamental como o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e outras associações civis existentes em vários Estados ou municípios, como a Comissão de Defesa do Consumidor, da OAB. Em janeiro de 2009 alguns consumidores perceberam que uma determinada marca de molho de tomate, vendida em vários estabelecimentos comerciais, continha em suas embalagens uma quantidade menor de produto do que o rotulo informava. Eles procuraram o Procom e o IDEC para que seus direitos fossem respeitados. A empresa responsável pela fabricação e distribuição do produto foi obrigada a ressarcir esses consumidores e foi intimada a retirar de circulação os lotes de produtos com peso abaixo do anunciado. Também em 2009, no inicio do mês de junho o Ministério Publico Federal informou varias empresas que comercializam carne de que elas estavam adquirindo produtos de frigoríficos que abatiam gado criado em áreas invadidas e devastadas da Amazônia. Os consumidores foram orientados a não comprar estes produtos e as empresas cancelaram todas as encomendas destes frigoríficos. Também são direitos do consumidor saber a origem dos produtos que consome e um dever não colaborar com a destruição dos nossos recursos naturais. Conhecer os direitos e buscá-los na defesa do consumidor, seja de forma individual ou coletiva, são ações necessárias para regular as relações entre consumidor, comerciante e fabricante, elementos essenciais do exercício da cidadania. AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 (ENCCEJA 2006) O dono de uma padaria resolveu ampliar os seus negócios e instalar três novos fornos elétricos iguais a um que já está instalado, cuja potência nominal é de 3 kW. Um eletricista, chamado para dimensionar a fiação para suportar a carga adicional, sugeriu trocar a bitola (diâmetro) dos fios que ligam o quadro de força específico dos fornos até o local onde fica o “relógio” marcador do consumo de energia. Para uma instalação correta, a nova bitola de fio deve ser capaz de suportar uma corrente elétrica, no mínimo, igual (A) à da instalação atual. (B) a duas vezes à da instalação atual. (C) a três vezes à da instalação atual. (D) a quatro vezes à da instalação atual.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 2 (ENCCEJA 2005) A instalação elétrica de uma residência utiliza um circuito elétrico em paralelo, em que todos os equipamentos têm a mesma tensão. Quando o equipamento é ligado ocorre uma variação na corrente elétrica do circuito, que é diretamente proporcional à potência (P) do aparelho. Observe a figura:

Indique, em ordem crescente, as variações nas correntes elétricas causadas por estes eletrodomésticos: (A) A, B, C, D. (B) B, A, C, D. (C) D, C, A, B. (D) D, C, B, A. Atividade 3 (ENCCEJA 2005) A energia elétrica vem facilitar a vida cotidiana, permitindo o uso das diversas tecnologias. Umas das formas de obtenção dessa energia são as pilhas, utilizadas em diversos aparelhos. Elas possuem materiais de perigosa e demorada interação com o meio ambiente e, por isso, não devem ser misturadas ao lixo comum. Para uma pessoa descartar pilhas usadas, consideram-se as seguintes propostas: I - Procurar informações sobre onde devem ser depositadas. II - Devolvê-las ao fabricante para o seu destino adequado. III - Jogá-las em terreno baldio quando descarregadas. IV - Enterrá-las em profundidade correta. Estão corretas as propostas: (A) I e II (B) II e III (C) I e IV (D) III e IV Atividade 4 (ENCCEJA 2002) Uma família, com o intuito de economizar energia, mudou toda a rede elétrica de sua residência para 220V e trocou todas as lâmpadas incandescentes de 127V por outras incandescentes de mesma potência, mas que agora funcionam em 220V. Esse procedimento, em relação à tentativa de economizar energia elétrica, foi: (A) adequado, pois a potência diminui, diminuindo o consumo. (B) inadequado, pois a potência aumenta, aumentado o consumo. (C) adequado, pois a potência aumenta, diminuindo o consumo. (D) inadequado, pois a potência permanece a mesma, sem reduzir o consumo.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 5 (ENCCEJA 2002) Em manuais de instruções de aparelhos elétricos de alta potência, uma das principais recomendações é a seguinte: Não utilize em hipótese alguma pinos ‘T’, benjamins ou similares para ligação de outros aparelhos na mesma tomada de força. Isso pode ocasionar um aquecimento prejudicial e até queima das instalações. Esse aquecimento prejudicial na fiação da rede junto à tomada deve-se ao aumento excessivo da (A) corrente elétrica. (B) tensão elétrica. (C) resistência elétrica. (D) tensão e corrente. Atividade 6 (ENCCEJA 2002) Atualmente é possível encontrar no mercado geladeiras com selo de Economia de Energia do Procel (Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica). Observe os modelos apresentados na tabela: MODELO 1993

MODELO NOVO 2001

REDUÇÃO MENSAL

Consumo mensal:47kWh

Consumo mensal: 27kWh

20 kWh

Um consumidor está diante da seguinte situação: uma geladeira nova custa aproximadamente R$ 600,00 e uma antiga, cerca da metade do preço (R$ 300,00). Considerando que se mantenha constante o valor do kWh igual a R$ 0,25, o custo adicional de compra de uma geladeira do modelo novo será recuperado pela economia nas contas de luz ao longo de: (A) 2 anos. (B) 3 anos. (C) 4 anos. (D) 5 anos. Atividade 7 (ENCCEJA 2005) Com base nos dados da tabela, analise os itens abaixo:

Potência total (W) Televisão

Uso diário (h)

Consumo mensal (W)

80

6

14.400

400

8

96.000

Ferro de passar

1200

2

72.000

Microondas

1100

0,2

6.600

4.400

0,5

66.000

270

0,1

810

70

12

25.200

Iluminação (10 lampadas)

Chuveiro elétrico Liquidificador geladeira

I - Se o liquidificador e o microondas não forem utilizados por um mês, a economia energética equivalerá a de deixar a televisão ligada por 6hs. II - Se o ferro elétrico for utilizado apenas 40horas por mês, a economia de energia será de 24kW. III - Se o número de lâmpadas for reduzido pela metade, o consumo de energia das lâmpadas equivalerá ao de deixar o chuveiro elétrico ligado por 5 horas. Das afirmações acima, (A) apenas I está correta. (B) apenas II está correta. (C) I e II estão corretas. (D) II e III estão corretas.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1-D 2-B 3-A 4-D 5-A 6-D 7-B PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Utilizar terminologia científica adequada para descrever situações cotidianas apresentadas de diferentes formas. • Interpretar e dimensionar circuitos elétricos domésticos ou em outros ambientes, considerando informações dadas sobre corrente, tensão, resistência e potência. • Relacionar informações para compreender manuais de instalação e utilização de aparelhos ou sistemas tecnológicos de uso comum. • Comparar diferentes instrumentos e processos tecnológicos para identificar e analisar seu impacto no trabalho e no consumo e sua relação com a qualidade de vida. • Selecionar procedimentos, testes de controle ou outros parâmetros de qualidade de produtos, conforme determinados argumentos ou explicações, tendo em vista a defesa do consumidor. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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Capítulo 4 OS CAMINHOS DA HUMANIDADE ASSOCIAR ALTERAÇÕES AMBIENTAIS A PROCESSOS PRODUTIVOS E SOCIAIS, E INSTRUMENTOS OU AÇÕES CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS A DEGRADAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO AMBIENTE. José Luis de Souza Olhe ao seu redor, se você está em casa, quanta coisa você já comprou até hoje; e quanta coisa você ainda pensa em comprar. Já parou para pensar de onde veio tudo isso que você já tem? De onde virá o que você ainda terá e para onde vão todas estas coisas quando você não precisar mais? Os governos de vários países incentivaram o consumo para movimentar as indústrias e a economia evitando assim a recessão que pegou o mundo de surpresa a partir do final do ano de 2008. Porém para movimentar essas indústrias é necessária uma grande quantidade de recursos que são retirados da natureza, os chamados recursos naturais. Destes recursos naturais, alguns são renováveis, outros não. A palavra “recurso” significa algo a que se possa recorrer para a obtenção de algum produto ou energia. O homem recorre aos recursos naturais para satisfazer suas necessidades de alimentação, produção de energia e de bens materiais diversos. No Ecossistema Planeta-Terra há uma troca constante de recursos naturais entre os seres vivos. A flora (vegetais) e a fauna (animais) são exemplos de recursos naturais renováveis: uma planta ou animal podem ser reproduzidos “teoricamente”, de forma infinita, a partir de seus “pais”. Os minerais, como por exemplo, os minérios de ferro e de alumínio estão classificados como recursos naturais não renováveis. Outro exemplo é o petróleo e, se são não renováveis é porque, um dia, irão se esgotar no Planeta. O fato de um recurso natural ser considerado renovável, como a água, não significa que seja infinito. O mundo possui aproximadamente 7 bilhões de pessoas que necessitam de tais recursos. Alguns consomem mais, outros consomem menos, de qualquer forma, temos que procurar maneiras para que os bens naturais sejam utilizados, sem desperdício e assim possam ser aproveitados por todos. O problema não está só na extração e utilização dos recursos, está também no seu processamento e transformação em bens de consumo. Para isso se faz necessária uma grande quantidade de energia, muitas delas baseadas na geração de calor que jogam uma grande quantidade de resíduos na atmosfera. Quando essa quantidade cresce demais temos o surgimento da poluição, que afeta nossa saúde e de todos os demais seres vivos. Uma grande quantidade de água também é utilizada nesses processos de produção, quando ela volta ao ambiente, na maior parte das vezes volta poluída e prejudica todo o equilíbrio dos ecossistemas. Mas será que precisa ser assim. Tudo o que o ser humano toca precisa se transformar em lixo e poluição?

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O lixo é matéria prima fora do lugar. A reciclagem e a coleta seletiva são fatores de combate ao desperdício e à poluição. Várias doenças de origem ambiental têm seu início no descarte de plásticos, pilhas e outros produtos no meio ambiente. Depois de muito trabalho, muita luta e empenho de várias organizações aumentou a percentagem de reciclagem mundial do papel. E só depois que as empresas passaram a pagar pela coleta é que as latas de alumínio começaram a ser reaproveitadas, pelo menos em sua maior parte. O PET - o plástico duro das garrafas dos refrigerantes - que entope os rios e provoca inundações, também tem sido amplamente reaproveitado. Muitas das embalagens que usam este plástico têm duas camadas, a interna de material virgem e a externa de material reciclado. Vamos discutir um pouco, neste capitulo, quais são as conseqüências da utilização de alguns dos recursos naturais mais importantes e como podemos sugerir ações para que a produção de bens industrializados não cause o esgotamento e desequilíbrio dos nossos ecossistemas. A UTILIZAÇÃO E O DESTINO DO ALUMÍNIO Discutimos no capítulo anterior a importância do alumínio nas várias esferas da atividade humana. Discutimos também que a forma mais conhecida do alumínio é a metálica, aquela que usamos nos utensílios de cozinha, portas, janelas, embalagens de bebidas e de alimentos. Surpreendentemente, a maior parte do alumínio que já foi produzido continua em uso ainda hoje. Isso acontece porque o metal pode ser reciclado repetidamente sem perder a qualidade. A maior parte que termina reciclada vem de uma entre três fontes: latas de bebidas usadas, componentes de velhos automóveis e aparas recolhidas durante a fabricação de produtos de alumínio.19 A reciclagem de latas de alumínio é um dos grandes sucessos do movimento moderno da sustentabilidade. O primeiro programa nacional de reciclagem de latas foi iniciado em 1968, e hoje cerca de 66 bilhões de latas são recicladas a cada ano apenas nos Estados Unidos.20 Ela é um processo de ciclo fechado, o que significa que o novo produto feito depois do processo de reciclagem é idêntico ao antigo. Há seis etapas na reciclagem de latas em ciclo fechado: 1. As latas velhas de alumínio são levadas a um ponto de coleta de alumínio. 2. Elas são fragmentadas em pequenos pedaços. 3. Os pedaços são levados a uma fornalha ardente. 4. O alumínio derretido se resfria e endurece em forma de lingotes retangulares. 5. Os lingotes são processados em formas de chapas finas de alumínio. 6. As chapas são usadas para produzir novas latas. Boa parte da inovação no setor de alumínio se relaciona à melhora da eficiência na produção e reciclagem.

A produção primária de alumínio requer imensa energia como já dissemos. Também resulta em gases causadores do efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global. De acordo com o Instituto Internacional de Alumínio, a fabricação de novos estoques do metal libera 1% das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa de origem humana. Uma das principais prioridades do setor é reduzir essas emissões por meio de medidas de limitação, reciclagem ampliada e o uso de alumínio em veículos, aviões, embarcações e trens. De fato, o uso de componentes leves de alumínio em veículos é um dos avanços mais significativos no projeto e fabricação de automóveis. Cada quilo de material mais pesado substituído por alumínio resulta em 22 quilos a menos de emissões de dióxido de carbono ao longo do ciclo de vida do veículo.21 Outra aplicação promissora é o uso do alumínio em carros movidos por células combustíveis. Pesquisadores da Universidade Purdue descobriram recentemente que o alumínio pode ser usado para produzir hidrogênio combustível de forma eficiente. O processo começa com grãos de alumínio, que são misturados ao elemento químico gálio em forma líquida para produzir a liga alumínio-gálio. Quando a água é adicionada, o metal reage com o oxigênio e forma um gel. O processo também produz gás hidrogênio, que pode ser recolhido e usado para alimentar uma célula combustível. Inovações como essa ampliarão a demanda por alumínio que já pode ser considerado um dos metais mais importantes na história da civilização humana. Quando os arqueólogos e antropólogos do amanhã refletirem sobre a sociedade dos séculos 19, 20 e 21 podem dar ao período o nome de Idade do Alumínio, colocando-o ao lado das idades da Pedra, Bronze e Ferro como um dos mais significativos períodos no desenvolvimento cultural humano.22 Talvez por causa disto ele seja tido como inofensivo, mas a exposição a altas concentrações pode causar problemas de saúde principalmente quando na forma de íons em que ele é solúvel em água. A absorção do alumínio pode acontecer através da comida, do ar e contato com a pele. A ingestão por muito tempo em concentrações altas pode levar a sérios problemas de saúde como: demência, danos ao sistema nervoso central, perda de memória, surdez, fortes tremores, dores musculares, cólicas, fraqueza, inapetência e impotência. O alumínio tem sido frequentemente associado ao aumento dos casos do Mal de Alzheimer. A inspiração de alumínio em pó em fábricas onde este elemento é utilizado no processo de produção pode levar à fibrose pulmonar e outros danos ao pulmão. Este efeito é complicado pela presença, no ar, de sílica e óxido de ferro. Ele pode também penetrar nos rins e causar danos às funções renais.

19 fonte: World Book 20 fonte: Alcoa (em inglês)

21 fonte: Instituto Internacional de Alumínio (em inglês) 22 ciencia.hsw.uol.com.br 41

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS FALANDO DA RECICLAGEM No ano de 2007, somente a etapa de coleta (a compra das latas usadas) injetou R$ 523 milhões na economia nacional, volume financeiro equivalente ao de empresas que estão entre as maiores do país. Aproximadamente 96,5% da produção nacional de latas foram recicladas naquele ano. Mais uma vez os números brasileiros superam os de países industrializados como Japão e EUA. Observe a tabela a seguir:23 2003

2004

2005

2006

2007

Argentina

80

78

88,1

89,6

90,5

Brasil

89

97,5

96,2

94,4

96,5

Europa

48

48

52

57,7

N/D

EUA

50

51,2

52

51,6

53,8

Japão

81,8

86,1

91,7

90,9

92,7

Tabela 5.1 - Índice de Reciclagem das Latas de Alumínio (%)24 O material é recolhido e armazenado por uma rede de aproximadamente 130 mil sucateiros, responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria. Outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas. Através de ações como essas é possível aliar o desenvolvimento tecnológico como o uso do metal à melhoria das condições de vida da população, pois a reciclagem do alumínio já produzido trás com ela a preservação dos recursos naturais e do ambiente, economia de energia, produto de boa qualidade e propriedades físicas e ainda renda para a população. Agora podemos responder a pergunta que fizemos no inicio do capítulo: é possível sim que o ser humano se aproprie de recursos naturais sem transformá-los em lixo. Adiante veremos mais alguns exemplos. GARRAFAS RECICLADAS Quem pode imaginar um dia quente de verão sem um bom suco ou refrigerante? Já percebeu que quase todos vêm embalados em garrafas plásticas? Até a água de côco tem sido embalada com garrafas deste tipo! Mas quem consegue se imaginar vestindo uma blusa que já foi uma garrafa de refrigerante? Pois é...isso já existe e passa cada vez mais a fazer parte da nossa realidade. Mas antes de discutirmos os materiais plásticos das garrafas precisamos ter uma idéia da sua natureza. São necessários alguns conceitos de química que ainda não discutimos neste caderno. Se você sentir alguma dificuldade estude o Capitulo 8 e depois volte a estudar este, pode ficar mais fácil. O PET, assim como outros tipos de plásticos são compostos orgânicos, não que sejam produzidos por algum organismo, são chamados orgânicos porque são formados por moléculas longas (cadeias) com vários átomos de carbono ligados em seqüência. Chamamos a química relacionada ao carbono de Química Orgânica. Como o carbono é a unidade fundamental dos compostos orgânicos, torna-se necessário um conhecimento um pouco mais profundo sobre esse elemento. Ele pode fazer 4 ligações covalentes, portanto os compostos orgânicos são moleculares, não são condutores de corrente elétrica, têm baixos pontos de fusão e de ebulição. A capacidade que alguns átomos de mesmo elemento têm de se ligarem entre si é característica de alguns elementos, tais como enxofre, nitrogênio, oxigênio e fósforo. No entanto essa capacidade para o carbono é tão grande que já se conhecem cadeias carbônicas com milhares de átomos de carbono ligados entre si. Isso é possível porque eles podem fazer essas ligações de três formas diferentes. Observe as representações dessas ligações através das fórmulas eletrônica e estrutural plana mostradas a seguir: Fórmula eletrônica – representa um elemento químico através do seu símbolo e os átomos da sua última camada através de pontos. Fórmula estrutural plana – representa as ligações químicas através de traços.

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CEMPRE.org.br Fonte: ABAL; ABRALATAS

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Quando dois átomos se ligam através de um único par eletrônico, a ligação recebe o nome de ligação simples.

Quando dois átomos se ligam através de dois pares eletrônicos, a ligação recebe o nome de ligação dupla.

Quando dois átomos se ligam através de três pares eletrônicos, a ligação recebe o nome de ligação tripla.

Em algumas situações pode ocorrer a ligação de um átomo de outro elemento entre dois carbonos, se isso ocorrer ele será chamado de heteroátomo.

Figura 4.1 - Fórmula estrutural da molécula da essência de Jasmim Observe a fórmula estrutural da molécula da essência de jasmim. Ela tem dois átomos de oxigênio, um deles está entre carbonos, é um heteroátomo. O outro está ligado a um carbono só, não pode ser considerado heteroátomo. E aquele hexágono que tem na molécula? Ele é uma representação da substância chamada benzeno. Neste tipo de representação cada vértice contém um átomo de carbono. Veja 3 representações diferentes da mesma substância.

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Figura 4.2 – Diferentes representações da molécula do composto benzeno. As cadeias carbônicas também podem ser representadas de uma maneira mais simplificada usando apenas traços.

Cada átomo de carbono das extremidades tem as 4 valências ocupadas. Portanto a estrutura acima também pode ser representada como:

Observe que, apesar de não aparecerem nas primeiras representações, os átomos de hidrogênio existem juntamente com os de carbono completando a sua valência. Outra coisa que podemos notar é que a primeira cadeia, a do n-butano, segue uma seqüência simples de átomos, podemos chamá-la de cadeia linear. A segunda possui uma bifurcação e é chamada de cadeia ramificada. Algumas dessas cadeias podem ser fechadas como a do benzeno que mostramos há pouco. Nestes casos a cadeia é chamada de cíclica. Agora observe a molécula da essência de jasmim e a molécula do gás n-butano. O que elas possuem de diferente? A primeira tem o oxigênio no meio da cadeia, a segunda possui apenas átomos de carbono e hidrogênio. Substâncias que possuem apenas esses dois tipos de átomos são chamadas de hidrocarbonetos. No cap 3 mostramos uma etiqueta de botijão de gás da marca butano, que é também o nome de um dos gases liquefeitos de petróleo presentes na mistura de gases que usamos nas nossas casas. A molécula do butano é mostrada a seguir junto com a de etileno.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Estas duas moléculas apresentam diferenças quanto ao tipo de ligação. A de etileno apresenta uma ligação dupla. As moléculas com ligações duplas e triplas são classificadas como insaturadas. Já aquelas que possuem apenas ligações simples são classificadas como saturadas. Moléculas insaturadas podem ser unidas umas às outras através de reações chamadas de polimerização, dando origem a uma grande família de compostos, a dos polímeros. Os polímeros em particular são materiais compostos por macromoléculas. Essas macromoléculas são cadeias formadas pela repetição de uma unidade básica, chamada mero. Daí o nome: poli (muitos) + mero. Por isso a unidade básica é chamada de monômero (mono) + mero ou seja 1 mero. Os monômeros são dispostos um após o outro, como pérolas num colar. Uma macromolécula assume formato muito semelhante ao de um cordão. Logo, pode-se fazer a seguinte analogia: as moléculas de um polímero estão dispostas de uma maneira muito semelhantes a um novelo de lã. É difícil extrair um fio de um modelo de lã. Também é difícil remover uma molécula de uma porção de plástico, pois as cadeias “seguram-se” entre si. Por exemplo, o polietileno (ou, abreviadamente, PE) - plástico extremamente comum usado, por exemplo, em saquinhos de supermercados- é composto pela repetição de milhares de unidades da molécula básica do etileno (ou eteno):

onde n normalmente é superior a 10.000. Ou seja, uma molécula de polietileno é constituída da repetição de 10.000 ou mais unidades de etileno. O parâmetro n é definido como sendo o Grau de Polimerização do polímero, ou seja, o número de meros que constitui a macromolécula. Alguns polímeros podem ser constituídos da repetição de dois ou mais meros. Neste caso, eles são chamados copolímeros. Por exemplo, a macromolécula da borracha sintética SBR é formada pela repetição de dois meros: estireno e butadieno:

Para enfatizar que um polímero é formado pela repetição de um único mero, ele é denominado homopolímero. COMO SE DIVIDEM OS POLÍMEROS Há diversas maneiras de se dividir os polímeros. A classificação conforme as características mecânicas talvez seja a mais importante. Ela decorre, na verdade, da configuração específica das moléculas do polímero. Sob este aspecto, os polímeros podem ser divididos em termoplásticos, termorrígidos (termofixos) e elastômeros (borrachas). - Termorrígidos (Termofixos): São rígidos e frágeis, sendo muito estáveis a variações de temperatura. Uma vez prontos, não mais se fundem. O aquecimento do polímero acabado promove decomposição do material antes de sua fusão, tornando sua reciclagem complicada. - Elastômeros (Borrachas): Classe intermediária entre os termoplásticos e os termorrígidos: não podem ser fundidos, mas apresentam alta elasticidade, não sendo rígidos como os termofixos. Reciclagem complicada pela incapacidade de fusão. - Termoplásticos: São também chamados plásticos, e são os mais encontrados no mercado. Podem ser fundidos e moldados diversas vezes, alguns podem até dissolver-se em vários solventes. Logo, sua reciclagem é possível, característica bastante desejável atualmente. Sob temperatura ambiente, podem ser maleáveis, rígidos ou mesmo frágeis. Exemplos: polietileno (PE), polipropileno (PP), policarbonato (PC), poliestireno (PS), poli(cloreto de vinila) (PVC), poli(metilmetacrilato) (PMMA), poli(tereftalato de etileno) (PET).

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O PET foi desenvolvido em 1941 pelos químicos ingleses Whinfield e Dickson. Mas as garrafas produzidas com este polímero só começaram a ser fabricadas na década de 70, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio ambiente. O material, que é um poliéster termoplástico (que pode ser moldado com o calor), tem como características a leveza, a resistência e a transparência, ideais para satisfazer a demanda do consumo doméstico de refrigerantes e de outros produtos, como artigos de limpeza e comestíveis em geral. A evolução do mercado e os avanços tecnológicos têm impulsionado novas aplicações para o PET reciclado, das cordas e fios de costura, aos carpetes, bandejas de ovos e frutas e até mesmo novas garrafas para produtos não alimentícios, já que esta aplicação ainda não é permitida pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Sua reciclagem, além de desviar lixo plástico dos aterros, utiliza apenas 0.3% da energia total necessária para a produção da resina virgem. E tem a vantagem de poder ser reciclado várias vezes sem prejudicar a qualidade do produto final. No Brasil, aproximadamente 53% das embalagens pós-consumo são efetivamente recicladas, totalizando 230.000 toneladas das 432.000 produzidas. As garrafas são recuperadas principalmente através de catadores, além de fábricas e da coleta seletiva operada por municípios. O volume de PET reciclado no Brasil segue crescendo: em 2007, o crescimento foi de 18,6% em relação a 2006, excedendo mesmo as previsões mais otimistas de ano anterior, que indicavam crescimento máximo de 6 a 7%. Em se tratando da reciclagem do PET, perdemos apenas para o Japão que recicla 62%. Posição

País

Índice de Reciclagem



Japão

62,0%



Brasil

51,3%



Europa

38,6%



Argentina

27,1%



Austrália

27,0%



EUA

23,5%



México

11,0%

Tabela 4.2 – Índices mundiais de reciclagem de PET.25 Atualmente, o maior mercado para o PET pós-consumo no Brasil é a produção de fibra de poliéster para indústria têxtil (multifilamento), onde será aplicada na fabricação de fios de costura, forrações, tapetes e carpetes, etc. Outra utilização muito freqüente é na a fabricação de cordas e cerdas de vassouras e escovas (monofilamento). Outra parte é destinada à produção de filmes e chapas para boxes de banheiro, placas de trânsito e sinalização em geral. É possível utilizar os flocos da garrafa na fabricação de resinas usadas na produção de tintas e também resinas insaturadas, para produção de adesivos e resinas poliéster. As aplicações mais recentes estão na extrusão de tubos para esgoto predial, cabos de vassouras e na injeção para fabricação de torneiras. Hoje, 30% dos mais de 5 mil municípios brasileiros não contam com nenhum tipo de coleta e apenas cerca de 200 municípios possuem um sistema de coleta seletiva. Esse sistema proporciona material mais limpo, livre de contaminações, e consequentemente, a sucata assim coletada tem maior valor. Outro benefício é trazer os trabalhadores dos lixões para cooperativas organizadas, e mais uma vez a reciclagem tem um papel social importantíssimo, a geração de renda para a parcela mais humilde da população. As indústrias devem investir em informação e tecnologia. Levar ao grande público o conhecimento sobre a reciclabilidade dos materiais, instruindo sobre como proceder para o correto descarte das embalagens. Elas devem também desenvolver as tecnologias que permitam materiais mais fáceis de reciclar, inofensivos e inertes para proteção do meio ambiente e desenvolver os mercados para os produtos reciclados. A população deve descartar corretamente seus materiais recicláveis, depositando as embalagens usadas em contêineres adequados ou doá-las para catadores e/ou entidades que as aceitem em doação. O cidadão comum tem o dever de começar, em sua casa, o trabalho de separar o lixo dos materiais recicláveis, pois ele não vive isolado, é parte de uma comunidade que precisa se comprometer com a manutenção e melhoria da saúde do planeta. Cada um de nós tem o trabalho de ir aos mercados para adquirir produtos que vêm embalados em plástico, papel, vidro e metais. Cabe a nós, portanto, o primeiro passo para fazer com que os materiais sigam seu caminho de retorno para a indústria recicladora.

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Fonte: ABIPET

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS COMO ACONTECE A RECICLAGEM DO PET O PET pode ser reciclado de três maneiras diferentes: 1 - Reciclagem química. Utilizada também para outros plásticos, separa os monômeros do PET, fornecendo matéria-prima para solventes e resinas, entre outros produtos. 2 - Reciclagem energética. O calor gerado com a queima do produto pode ser aproveitado na geração de energia elétrica (usinas termelétricas), alimentação de caldeiras e altos-fornos. O PET tem alto poder calorífico, o que significa que sua chama gera altas temperaturas. Como é formado na sua maior parte por átomos de carbono e não exala substâncias tóxicas quando queimado a exemplo do carvão e combustíveis derivados do petróleo que possuem enxofre e nitrogênio como contaminantes. 3 - Reciclagem mecânica. Praticamente todo o PET reciclado no Brasil passa pelo processo mecânico, que pode ser dividido em: RECUPERAÇÃO: Nesta fase, as embalagens que seriam atiradas no lixo comum ganham o status de matéria-prima, o que de fato, são. As embalagens recuperadas serão separadas por cor e prensadas. A separação por cor é necessária para que os produtos que resultarão do processo tenham uniformidade de cor, facilitando assim, sua aplicação no mercado. A prensagem, por outro lado, é importante para que o transporte das embalagens seja viabilizado. Como já sabemos, o PET é muito leve. REVALORIZAÇÃO: As garrafas são moídas, ganhando valor no mercado. O produto que resulta desta fase é o floco da garrafa. Pode ser produzido de maneiras diferentes e, os flocos mais refinados, podem ser utilizados diretamente como matéria-prima para a fabricação dos diversos produtos que o PET reciclado dá origem na etapa de transformação. No entanto, há possibilidade de valorizar ainda mais o produto, produzindo os grãos de PET reciclado. Desta forma o produto fica muito mais condensado, otimizando o transporte e o desempenho na transformação. TRANSFORMAÇÃO: Fase em que os flocos, ou o granulado, será transformado num novo produto, fechando o ciclo. Os transformadores utilizam PET reciclado para fabricação de diversos itens, inclusive novas garrafas para produtos não alimentícios. O PAPEL NA SOCIEDADE E NA RECICLAGEM Quando pensamos na palavra Papel. O que vem na nossa cabeça? Provavelmente, muitos logo se lembrariam de revistas, jornais, panfletos, lenços e poderiam pensar até em bulas de remédio, guardanapos, calendários. Professores já se preocupariam com as inúmeras provas e trabalhos dos seus alunos que eles sempre têm que corrigir. Médicos se lembrariam das várias receitas que sempre entregam a seus pacientes. Trabalhadores de cartórios não se esqueceriam da enorme quantidade de documentos que passam por suas mãos diariamente. Comerciantes não deixariam de se lembrar dos cheques recebidos e das notas fiscais emitidas, em troca, para seus clientes. Trabalhadores dos correios certamente iriam pensar nas incontáveis cartas que vêem todos os dias. Empresários, em suas agendas sempre lotadas. Candidatos ao vestibular, nos formulários que preenchem durante o ano todo para conseguir concorrer a vagas em algumas universidades.

Os computadores, que a princípio pareciam poder colocar em risco a “vida útil” desse material, hoje até contribuem com a maior utilização do mesmo a partir das impressões dos conteúdos presentes neles. Sendo assim, torna-se extremamente claro para todos a importância que o papel tem hoje em dia e também as diversas formas que podemos utilizá-lo. O difícil, porém, é imaginarmos como é feita a produção do papel nas grandes indústrias e todo o processo que acaba transformando grandes plantações de eucalipto (no caso do Brasil) em, por exemplo, cadernos utilizados por alunos nas escolas. O processo inicia-se com o corte das árvores usadas como matéria-prima para a fabricação (no Brasil, os eucaliptos são as principais árvores) seguido pelo transporte de todas, ainda com casca, até as fábricas. Após serem descarregadas, as toras são processadas em descascadores e depois conduzidas aos picadores, local onde são transformadas em cavacos, pequenos pedaços, para que sejam mais facilmente processados. A polpa pode ser obtida por um processo mecânico, onde os troncos são prensados contra pedras de moer na presença de água. Mas o processo mais comum é o químico. No processo químico, os cavacos vão para digestores, recipientes que suportam alta pressão interna, onde se submetem a uma ação química do licor branco forte (soda cáustica mais sulfeto de sódio) e do vapor d´água, com o objetivo de dissociar a lignina (adesivo natural) existente entre as fibras e a madeira. A celulose industrial se resume a essas fibras liberadas. Após essa operação, a celulose sofre refino, que dará as qualidades exigidas do papel através da moagem das fibras. Para a fabricação de certos tipos de papel, a polpa deve ser branqueada. No processo de branqueamento, ela é tratada com peróxido de hidrogênio, dióxido de cloro, oxigênio e soda cáustica em cinco estágios diferentes, com seus respectivos filtros lavadores. O branqueamento é a etapa em que as empresas mais utilizam cloro e organocloros, substâncias poluentes que, ao serem lançadas nos rios, por exemplo, contaminam a água e os peixes, causando prejuízos para o ecossistema e para as pessoas que utilizam essas águas. Outras operações podem ser executadas durante a formação da polpa, como o tingimento (são colocados corantes para se obter a cor desejada), a correção do pH (normalmente a celulose fica em água alcalina, cuja alcalinidade deve ser parcial ou totalmente neutralizada com sulfato de alumínio) e outros aditivos (ingredientes acrescentados à polpa para melhorar a qualidade do papel). Quando a polpa chega à caixa de entrada da máquina de papel, contém grande quantidade de água por isso a mistura é lançada sob a forma de um jato fino e uniforme sobre uma tela metálica móvel. A ação filtrante dessa tela, combinada a um sistema de vácuo, extrai a maior parte da água contida na polpa e as fibras acabam, assim, formando a folha de papel. A folha ainda é prensada entre rolos, para que seja removida mais água. Após todos esses processos, a folha atravessa a seção de secagem, onde passa por enormes cilindros de ferro que estão normalmente aquecidos com vapor. Ao papel passar por esses cilindros, a água restante na folha é extraída através da evaporação. No final da máquina, o papel é enrolado em grandes mandris (rolo jumbo), que são rebobinados e divididos em rolos menores.

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1 - Os troncos são descascados 2 – Picados 3 - Digestores: cozimento em soda cáustica 4 - Celulose e água 5 - Prensagem e secagem 6 – Bobina

Figura 4.3 – Charge mostrando uma representação da linha produtiva do papel. Dali, eles vão para a seção de acabamento. Nesta seção, o papel, pronto para o uso, é cortado em folhas de formato -padrão (A4, ofício II, etc.) e são embaladas. Atualmente, em praticamente todas as fábricas, a produção é totalmente automatizada, sem contato manual. O resultado de todo esse processo pode ser encontrado em papelarias, livrarias, escritórios, em nossa própria casa e em praticamente todos os lugares. Mas o que nós não podemos esquecer é que esses papéis, mesmo depois de serem usados, não chegam a um fim, não se tornam totalmente inúteis e descartáveis, apenas encerram uma etapa de sua utilização. O que temos que lembrar é que existe a reciclagem, o reaproveitamento desse papel, aparentemente, sem mais nenhuma função. Hoje em dia, há um aumento de preocupação com o meio ambiente e a reciclagem é uma forma de preservar os recursos naturais como a matéria-prima, energia e água, diminuir a poluição durante a produção do papel e minimizar a quantia de lixo enviada para os aterros. Somado a isso, ainda temos o fator econômico, já que a produção do papel reciclado acaba saindo mais barata do que a produção de papel a partir da madeira, o que traz vantagens para as indústrias. A pasta celulósica, normalmente provinda da madeira processada química ou mecanicamente, também pode provir da reciclagem do papel. No processo de reciclagem, as aparas (papéis coletados em comércio, residências, escolas e outras instituições e rebarbas do processamento do papel em fábricas e gráficas) são misturadas à água e desintegradas em pulpers (liquidificadores gigantescos). Utilizando limpadores e telas, são afastados da mistura os contaminantes (plástico, metal, polietileno, etc.). A polpa reciclada é muito utilizada na fabricação de papel-cartão, papel-jornal e também para fabricar papéis utilizados em lares, como papel higiênico, guardanapo e papel-toalha. O papel continua muito presente em nossas vidas e nós continuamos muito dependentes dele. Ainda que, a cada dia, a tecnologia se aprimore mais e, aos poucos, vá criando novos instrumentos e artifícios que poderiam acabar substituindo o papel temos a certeza que essa “independência” não virá em um futuro tão próximo. E, pelo menos até chegar o dia em que ninguém mais irá usufruir das várias utilidades do papel, a química continuará nos ajudando na fabricação e no aprimoramento das técnicas de produção do mesmo. Em todas as etapas e processos de fabricação do papel e até na reciclagem, podemos perceber a presença e a interferência marcante da química. A mesma química que polui os rios pode despoluí-los, tornar possível a reciclagem e, consequentemente, ajudar na preservação da natureza.26 O PAPEL QUE PODE SER RECICLADO A reciclagem de papel é antiga. Ao longo dos anos, o material mostrou ser fonte acessível de matéria-prima limpa. Com a conscientização ambiental, para a redução da quantidade de lixo despejado em aterros e lixões a céu aberto, os sistemas de reciclagem de papel evoluíram. As campanhas de coleta seletiva se multiplicaram e aumentou a ação dos catadores nas ruas, que têm no papel usado uma fonte de sustento. Cerca 38,1% do papel que circula no País retorna à produção através da reciclagem. Esse índice corresponde à aproximadamente 817 mil toneladas de papel de escritório. No Brasil, existem 22 categorias de aparas - o nome genérico dado aos resíduos de papel, industriais ou domésticos, classificados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT e pela Associação Brasileira de Celulose e Papel BRACELPA. As aparas mais nobres são as “brancas de primeira”, que não têm impressão ou qualquer tipo de revestimento. As aparas mistas são formadas pela mistura de vários tipos de papéis. A intensidade do processo de reciclagem de papel é acentuadamente diferente, de acordo com as regiões brasileiras onde se realiza. Nas regiões Sul e Sudeste, onde se concentram as principais indústrias do País, as taxas de recuperação são relativamente altas, observe o gráfico a seguir:

26 Adaptação do texto “O PAPEL DA E NA SOCIEDADE” da aluna Mariana Gianjoppe dos Santos da 1ª Série Ensino Médio do Colégio: Colégio Ser Universitário Jundiaí - Jundiaí, SP 48

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Figura 4.4 – Taxa, em %, de reciclagem de papel no Brasil. O papel de escritório é o nome genérico dado a uma variedade de produtos usados em escritórios, incluindo papéis de carta, blocos de anotações, copiadoras, impressoras, revistas e folhetos. A qualidade é medida pelas características de suas fibras. Papéis de carta e de copiadoras são normalmente brancos, mas podem ter várias cores. A maioria dos papéis de escritório é fabricada a partir de processos químicos que tratam a polpa da celulose, retirada das árvores. Entretanto, papel jornal é feito com menos celulose e mais fibras de madeira, obtidas na primeira etapa da fabricação do papel, e por isso é de menor qualidade. Em 2007, no Brasil, o consumo per capita brasileiro de papel de escritório foi um dos mais baixos do mundo, registrando apenas 44 quilos por habitante ao longo de um ano; enquanto nos Estados Unidos o mesmo índice foi de 288 quilos por habitante ao longo de um ano. O lixo derivado do papel de escritório é formado por diferentes tipos de papéis, forçando os programas de reciclagem a priorizar a coleta de algumas categorias mais valiosas, como o papel branco de computador. Embora tenham menor valor, os papéis mesclados, contendo diferentes fibras e cores, são também coletados para reciclagem. Os papéis para fins sanitários (toalhas e higiênicos) não são encaminhados para reciclagem. O mesmo ocorre com papéis vegetais, parafinados, carbono, plastificados e metalizados. No Brasil, a disponibilidade de aparas de papel é grande. Mesmo assim, as indústrias precisam periodicamente fazer importações de aparas para abastecer o mercado. Quando há escassez da celulose e o conseqüente aumento dos preços do reciclado, as indústrias recorrem à importação de aparas em busca de melhores preços. No entanto, quando há maior oferta de celulose no mercado, a demanda por aparas diminui, abalando fortemente a estrutura de coleta, que só volta a se normalizar vagarosamente. As caixas feitas em papel ondulado também são facilmente recicláveis, consumidas principalmente pelas indústrias de embalagens, responsáveis pela utilização de 64,5% das aparas recicladas no Brasil. Dados recentes mostram que 34,52% das aparas foram consumidas para fabricação de embalagens de alimentos e 15,57% destinados a chapas de papel ondulado. O papel ondulado é o material que atualmente mais usa material reciclado no País.

Região Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte

Toneladas 1.089121 677.421 206.523 156.966 112.343

Porcentagem reciclada 48,32 30,05 9,16 6,96 4,98

Tabela 4.3 - Estimativas da distribuição geográfica da expedição de produtos de papel ondulado por região.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A liderança da região sudeste se deve principalmente à grande atividade industrial e no setor de serviços, mas também à crescente conscientização da população de que é preciso preservar nossas áreas verdes usando formas alternativas de produzir os materiais que consumimos. O QUE FAZER PARA MANTER A NOSSA ÁGUA? Como discutimos até aqui, toda a rede produtiva e de reciclagem utiliza a água em seus processos industriais. A interferência humana pode provocar alterações sérias no delicado equilíbrio ambiental de nosso planeta. Daí a necessidade de conhecimento, de planejamento e de conscientização antes de serem executadas obras e outras atividades que posam interferir na natureza. A água é a única substância que existe, em circunstâncias normais, nos estados sólido, líquido e gasoso na Natureza. A coexistência destes três estados significa que existam transferências contínuas de água de um estado para outro; esta seqüência fechada de fenômenos pelos quais a água passa do globo terrestre para a atmosfera é chamado de ciclo hidrológico ou simplesmente ciclo da água. O vapor de água obtido da transpiração dos seres vivos e da evaporação atinge um certo nível da atmosfera em que ele se condensa, formando as nuvens. Nas nuvens, o vapor de água forma gotículas, que permanecem em suspensão na atmosfera. Estas gotículas, agregam-se formando gotas maiores que se precipitam, ou seja, chove. A chuva pode seguir dois caminhos, ela pode infiltrar-se e formar um aqüífero ou um lençol freático ou pode simplesmente escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou oceano, onde o ciclo continua. A água potável é aquela que na linguagem comum chamamos de água pura e que, para ser bebida por nós, deve ser clara, fresca e inodora. É a água livre de materiais tóxicos e microorganismos (bactérias, protozoários) prejudiciais a nossa saúde. A água potável é encontrada em pequena quantidade em nosso planeta, e não está disponível infinitamente. Por ser um recurso limitado, seu consumo deve ser planejado. O planejamento da utilização dos recursos hídricos deve ser adequado às características do manancial (fonte) e às diversas finalidades a que se destina a água. É importante que se garanta água em quantidade suficiente e qualidade recomendável aos diversos tipos de consumo. OS IMPACTOS DA PRODUÇÃO SOBRE A ÁGUA E O AR A ciência e a tecnologia têm apresentado várias alternativas para diminuir os impactos ambientais causados pelos processos de produção de papel e celulose e de outras tantas atividades industriais. A reciclagem do papel permite uma redução de até 65% no descarte de poluentes na água e de 26% no ar, em comparação à fabricação a partir da celulose virgem. Além da reciclagem, as indústrias têm usado processos de branqueamento alternativos à utilização de compostos clorados. O uso de oxigênio para o branqueamento das fibras é uma dessas alternativas que não causa grandes impactos ambientais. O reflorestamento, também é uma alternativa que tem sido usada por várias empre-

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sas para compensar os danos ambientais que causam. A Companhia Mineradora Vale anunciou em 2009 que zerou o seu “footprint”, o que significa que ela reflorestou uma área maior que aquela que devastou nas suas atividades de mineração. Quando várias alternativas como essas são usadas em conjunto, os benefícios são ainda maiores. Outro risco à saúde dos mananciais é a presença de substâncias e produtos nos efluentes (água descartada pela indústria), que podem ser usados como fontes de nutrientes (alimentos) por microorganismos presentes nos rios, lagos e açudes. É o que acontece também com o lançamento de esgoto (industrial e residencial) que é rico em matéria orgânica. A matéria orgânica, do ponto de vista ambiental, é tudo aquilo que pode ser consumido por microorganismos, como restos de alimentos, fezes, flores, restos de animais, etc. Esses microorganismos (principalmente bactérias), quando dispõem de uma grande quantidade de nutrientes, acabam se multiplicando intensa e rapidamente. Como muitos deles são aeróbios (precisam de oxigênio para viver) ou facultativos (vivem tanto na presença como na ausência de oxigênio), para se desenvolverem e se multiplicarem eles acabam consumindo praticamente todo o oxigênio dissolvido na água, que é essencial à vida de uma enorme variedade de seres aquáticos. Com isso, ocorre a morte por asfixia de peixes e de todos os seres aeróbios, provocando um desequilíbrio ecológico. Os próprios microorganismos aeróbios morrem, já que também precisam de oxigênio para viver. Os facultativos, bem como os anaeróbios (que podem viver privados de oxigênio), passam a fermentar a matéria orgânica que sobrou. A água, então, escurece, passa a desprender gases, fica oleosa e com mau cheiro. Esse fenômeno é conhecido como estabilização do resíduo (ou eutrofização) e é bastante usado em estações de tratamento de esgoto (ETEs) para minimizar os efeitos do esgoto antes que seja jogado nos rios. A quantidade de oxigênio necessária para estabilizar toda a matéria orgânica é conhecida como Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Portanto, DBO é o termo usado para se referir à quantidade mínima de oxigênio usada pelos microorganismos durante o consumo (estabilização) de uma determinada quantidade de matéria orgânica. A concentração de oxigênio (O2) dissolvido nas águas superficiais de rios, lagos, igarapés, quando estes se encontram ao nível do mar (pressão igual a 1 atm) e a 25°C, é de aproximadamente 8 a 9 mg de oxigênio para cada litro de água (8 a 9 mg/L). Usando essas informações, veja como é possível determinar o impacto que um determinado efluente, ou esgoto, pode causar ao ser lançado em um rio cuja concentração de oxigênio é de 8mg/L. Vamos imaginar que 50 litros de um determinado efluente (rico em matéria orgânica) que foi jogado nesse rio precisam, para serem estabilizados, de 40mg de oxigênio para cada litro de efluente (ou seja, DBO de 40mg/L). Fazendo as contas, veremos que: Se cada litro de efluente precisa de 40mg de oxigênio para ser estabilizado, 50 litros desse efluente precisará de 50L x 40mg = 2000mg de oxigênio.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Como o rio possui apenas 8mg desse gás em cada litro, serão necessários 250L de água desse rio para conseguir atingir os 2000mg de oxigênio para que os microorganismos presentes nele consigam destruir toda a matéria orgânica presente nos 50L de efluente. Para que você possa entender melhor os problemas ambientais envolvendo a água, causados pelo setor industrial em geral e pelas pessoas individual e coletivamente, vamos investigar mais profundamente esse assunto, começando por conhecer algumas propriedades que fazem a água ser tão importante para a vida. Os gases conseguem se dissolver apenas em pequenas quantidades nos líquidos como a água. O que pode facilitar um pouco a dissolução é o movimento quando o rio corre e a baixa temperatura. Quando os rios como o do exemplo acima recebem muito esgoto eles acabam açoreando, sua profundidade e velocidade diminuem, a menor quantidade de água aquece mais rapidamente e o problema da falta de oxigênio se agrava ainda mais. Outros fatores importantes são aqueles que interferem na evaporação. As partículas dos líquidos, como as dos gases, não têm todas a mesma energia cinética (grau de movimento). As partículas mais energéticas podem escapar da superfície do líquido para a fase gasosa.

Figura 4.5 – Representação de partículas com energia suficiente para escapar do liquido.27 À medida que a temperatura é aumentada, aumenta também a porcentagem de partículas de alta energia, e, portanto, a tendência de vaporização aumenta. Num recipiente aberto, um líquido evapora a uma velocidade determinada pela temperatura, pela área superficial (em contato com o ar), pela pressão externa, pela velocidade de remoção de vapor (por ex., por uma corrente de ar que passa sobre a superfície do líquido), e pelas características fundamentais do líquido em questão. Como a temperatura é uma medida da energia cinética média, e como as partículas mais energéticas são as que escapam mais freqüentemente, a temperatura do líquido é diminuída pela evaporação. Se o líquido estiver num frasco fechado, pode parecer que a evaporação cessou enquanto ainda havia líquido presente. Experiências cuidadosas mostraram que em tais casos,

27 Rod O’Connor, Fundamentos de Quimica, Ed. Harper & Row do Brasil.

as moléculas continuam a deixar o líquido, mas outras moléculas retornam do vapor para a fase líquida. A condição na qual estes dois processos opostos ocorrem à mesma velocidade é chamada de equilíbrio dinâmico.

Figura 4.6 – Representação do equilíbrio dinâmico entre a fase liquida e a gasosa.28 A pressão exercida por um vapor puro em equilíbrio com a sua fase líquida é chamada de pressão de vapor de equilíbrio (ou, comumente, apenas pressão de vapor) e é determinada unicamente pela natureza do líquido e pela temperatura do sistema em equilíbrio. Em soluções, a tendência da partículas escaparem da superfície da solução para a fase de vapor é reduzida em relação ao componente puro. Considere como um exemplo uma solução de etanol em água. Dois fatores contribuirão para uma diferença na tendência ao escape (e assim na pressão de vapor): - as moléculas de etanol e de água na superfície da solução terão menor tendência a sair do liquido que aquela que teriam no líquido puro. - a solução conterá agregados moleculares de etanol-água que “segurarão” uma certa fração das moléculas que, de outro modo, estariam disponíveis para passar ao estado de vapor. Na água existente no ambiente ocorre o mesmo, quando algum poluente é misturado ele muda o regime natural de evaporação da água. Esse vapor d’água é que torna o ar úmido e forma as nuvens ao se condensar. Ao precipitar (chover), a água retorna para a forma líquida e o fenômeno da evaporação recomeça, formando o ciclo da água como já citamos anteriormente. Esse ciclo pode ser afetado por vários fatores, entre eles a poluição das águas, que pode diminuir sua taxa de evaporação e, conseqüentemente, a umidade do ar e quantidade de chuvas na região. Resumindo, a taxa de evaporação da água depende basicamente de dois fatores: • energia do sol: que aquece a água e o solo, sendo que este contribui para o aquecimento da água. Nos dias mais frios a água evapora menos, deixando o ar mais seco; • presença de poluentes solúveis: essas substâncias, quando dissolvidas na água, provocam um fenômeno chamado abaixamento da pressão máxima de vapor, que pode ser entendido como uma diminuição da capacidade de evaporar da água. Quanto maior a concentração desses poluentes nos rios e lagos menor é a taxa de evaporação da água.

28 Rod O’Connor, Fundamentos de Quimica, Ed. Harper & Row do Brasil.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A pressão máxima de vapor é a grandeza usada para medir o grau de volatilidade de uma substância. Quanto mais volátil for um líquido, maior é sua pressão máxima de vapor, em uma determinada temperatura. Em outras palavras, quanto menores as forças de atração entre as partículas (átomos, moléculas) que compõem uma substância volátil, como a água, menor é a dificuldade que as partículas terão para escapar da fase líquida, em forma de vapor, e maior sua volatilidade. A adição de substâncias solúveis (soluto), no líquido, altera o comportamento das partículas dele (do líquido), aumentando, possivelmente, a atração entre as partículas e diminuindo a volatilidade. Uma das conseqüências decorrentes do abaixamento da pressão máxima de vapor causada pela poluição das águas é a alteração da temperatura ambiente de uma determinada região. A umidade do ar desempenha um papel importante, sendo um dos reguladores da temperatura ambiente. Em regiões onde a umidade do ar é baixa, a temperatura (média) ambiente tende a ser maior, durante o dia, do que em outra região localizada em posições geográficas semelhantes. À noite, acontece o inverso: a temperatura será menor na região com baixa umidade do ar, ou seja, a amplitude térmica (diferença entre as temperaturas máxima e mínima) é aumentada. Contudo, a umidade do ar não é o único fator que contribui para “estabilizar” a temperatura ambiente. As correntes marítimas, o relevo, a vegetação, o tipo de ocupação dos espaços físicos (urbanização), entre outros fatores, também têm um papel decisivo. A baixa umidade do ar também influencia diretamente a saúde das pessoas, pois acelera o processo de desidratação das células e tecidos, o que obriga as pessoas a beberem mais líquidos para repor a água perdida. É responsável, também, pela sensação incômoda de ressecamento dos olhos, nariz e boca, aumento dos casos de alergia e respiratórios e aumento da concentração de poluentes atmosféricos. Outro efeito da poluição das águas sobre as sociedades refere-se à agricultura, à pecuária e à produção de alimentos. A maioria das lavouras são irrigadas com água dos rios, lagos e igarapés, sem um tratamento prévio. Sendo assim, se essa água estiver poluída com substâncias tóxicas e/ou com microorganismos patogênicos, a qualidade dos produtos obtidos dessas lavouras pode estar comprometida. Como, no Brasil, a fiscalização dos alimentos não é das mais eficientes, é possível que muitos alimentos vegetais disponíveis nos mercados, mercearias e restaurantes estejam contaminados com substâncias tóxicas, cujos efeitos sobre a saúde da população podem ir desde uma simples indisposição ou mal-estar (a curto prazo) até problemas mais graves, como problemas cardíacos, distúrbios neurológicos, problemas renais e hepáticos, entre outros (a médio e longo prazos), devido ao consumo regular desses alimentos. A questão é que não são apenas os alimentos vegetais que podem ser afetados pela poluição das águas; os peixes, frutos do mar e até mesmo o gado leiteiro e de corte também podem. O gado é afetado quando come ração e pastagem contaminadas. A partir daí, a carne e seus derivados, bem como o leite e seus derivados, passam a ser veículos de contaminação. Já os peixes e os frutos do mar podem ser afetados pela poluição das águas de duas maneiras: - direta: quando as substâncias tóxicas e/ou os microorganismos patogênicos são absorvidos direto da água; - indireta: quando os peixes e os frutos do mar se alimentam de seres contaminados. Diante de tudo o que foi discutido aqui, o fato incontestável é que a poluição da água pode afetar, em maior ou menor grau, a saúde de todos os seres vivos, portanto as medidas de reciclagem, diminuição de resíduos e conservação discutidas devem servir de incentivo para que possamos ajudar e propor novas maneiras de contribuir com essas ações. AGORA É SUA VEZ! Atividade 1 (ENCCEJA – 2006) Para secar um par de tênis após sua lavagem, as pessoas em geral abrem o calçado ao máximo, puxando sua lingüeta para fora, e retiram suas palmilhas e cordões antes de colocá-lo para secar. Com esse procedimento, o tênis seca mais rapidamente do que se estivesse com as palmilhas, com os cordões e com a lingüeta para dentro porque: (A) essas partes do tênis são feitas com materiais diferentes. (B) o tênis se aquece mais quando têm suas partes separadas. (C) a permeabilidade do tênis em contato com a água diminui. (D) aumenta a superfície total do tênis em contato com o ar. Atividade 2 (ENCCEJA – 2006) Observando o ciclo da água na natureza ilustrado na figura acima, avalie as seguintes afirmações: I As chuvas caem no continente e não retornam mais ao mar. II Nuvens se formam no mar pela evaporação da água do oceano e do continente. III Quando a água das chuvas atinge a terra, escoa pela superfície, alimentando diretamente os rios, e infiltra-se no solo, alimentando os lençóis subterrâneos.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Estão corretas as afirmações: (A) I e II, apenas. (B) I e III, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I, II e III. Atividade 3 (ENCCEJA – 2006) Segundo dados do IBGE, 80% do lixo gerado no Brasil é depositado em lixões a céu aberto, sendo apenas uma pequena parte dele entregue para as usinas de reciclagem.

S. Grippi Lixo, reciclagem e sua história: guia para as prefeituras brasileiras. Rio de Janeiro: Interciência. 2001. Analisando-se o gráfico acima, conclui-se que a região brasileira que mais investe em reciclagem é a: (A) Nordeste. (B) Sudeste. (C)Sul. (D) Centro-Oeste. Atividade 4 (ENCCEJA – 2005) Com a produção e utilização de utensílios plásticos, nota-se que há uma preocupação com o tempo de sua degradação. O processo de reciclagem aparece como uma das soluções para diminuir a agressão ao meio ambiente, reaproveitando os plásticos usados. O processo de reciclagem de plásticos é importante porque: I) diminui o desperdício de matéria-prima. II) impede que novos produtos plásticos sejam fabricados. III) exclui gastos de energia para fabricar novos produtos. IV) reduz o impacto do lixo nas cidades. Estão corretas: (A) I e II. (B) II e III. (C) III e IV. (D) I e IV. Atividade 5 (ENCCEJA – 2005) Para produzir leite em pó, uma indústria deve desidratá-lo (retirar a água), e isso é feito por meio da vaporização (passagem da fase líquida para a de vapor). Para tanto, o leite pode ser aquecido até entrar em ebulição (ferver), mas isto apresenta um inconveniente: sob pressão de 1 atm (atmosfera), o leite entra em ebulição acima de 100ºC e, nessa temperatura, algumas proteínas são destruídas, reduzindo a qualidade do leite em pó produzido. A saída para que ocorra a vaporização da água contida no leite sem que as proteínas sejam destruídas é:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS (A) manter a pressão igual à atmosférica, mantendo inalterado o ponto de ebulição. (B) aumentar a pressão em relação à atmosférica, diminuindo o ponto de ebulição. (C) diminuir a pressão em relação à atmosférica, mantendo inalterado o ponto de ebulição. (D) diminuir a pressão em relação à atmosférica, diminuindo o ponto de ebulição. Atividade 6 (ENCCEJA – 2005) Os microrganismos responsáveis pela decomposição orgânica são extremamente importantes para a natureza e para o equilíbrio ecológico. Decompondo a matéria orgânica, esses organismos devolvem ao ambiente componentes químicos essenciais, completando, assim, o ciclo da vida. Porém, quando ocorre grande decomposição em espaços limitados, principalmente na água, há um aumento excessivo de nutrientes (eutrofização), ocasionando a diminuição da taxa de oxigênio e, conseqüentemente, a morte de muitos organismos aeróbios. Fonte: BRANCO, Samuel Murgel. ÁGUA, Origem, uso e preservação. 2ª edição. Editora Moderna. Pág. 70 O processo de eutrofização em rios e lagos pode ser provocado por atividades humanas. Um exemplo disso seria: (A) o lançamento de esgoto doméstico não tratado. (B) o tratamento de água potável para a população. (C) o lançamento de pneus de borracha. (D) a canalização de águas pluviais. Atividade 7 (ENCCEJA – 2002) O esquema mostra, de maneira simplificada,o que acontecia há alguns anos no processo que vai desde a extração do minério de alumínio até o destino final das latinhas de refrigerante:

A atualização desse esquema deve considerar a reciclagem do alumínio. Para tanto, deve-se colocar na seqüência do processo acima as fases: (A) Consumidor → Coletor → Fábrica de latinhas (B) Lixo → Coletor → Mineração de bauxita (C) Consumidor → Coletor → Fábrica de refrigerante (D) Lixo → Consumidor → Produção de alumínio Atividade 8 (ENCCEJA – 2002) O uso de fontes renováveis de energia é recomendável porque, mesmo com o passar dos anos, essas fontes não se esgotam e podem continuar a ser utilizadas. Esse é um dos fatores a favor do uso de: (A) hidrelétricas e termelétricas movidas a petróleo. (B) hidrelétricas e coletores solares. (C) termelétricas movidas a petróleo ou a gás natural. (D) coletores solares e usinas nucleares. Atividade 9 (ENCCEJA) – 2006) Tem sido desenvolvida no Brasil tecnologia para a produção de plásticos biodegradáveis, ainda que em pequena escala. Entre esses plásticos, estão os polihidroxialcanoatos (PHA), que são polímeros produzidos por certas bactérias do solo a partir de carboidratos como o açúcar de cana. Algumas características desses polímeros estão descritas a seguir. - Sua durabilidade no ambiente é de alguns meses, que é pouco tempo, quando comparado aos polímeros derivados do petróleo, que chega a uma centena de anos. - O custo é maior do que o dos polímeros obtidos do petróleo, pois a escala de produção ainda é pequena. Entretanto, quando surgiram, os polímeros derivados do petróleo também tinham custo maior do que os dos materiais que substituíram. Considerando essas características, pode-se prever que, em um futuro próximo, se houver aumento da escala de produção, os PHA poderão substituir, de forma vantajosa, os polímeros atualmente utilizados na fabricação de diversos produtos, como, por exemplo, (A) sacos de lixo e embalagens descartáveis. (B) pára-choques e estofamentos de veículos. (C) lentes e armações de óculos corretivos. (D) tintas e vernizes para fachadas de residências.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 10 (ENCCEJA) – 2006) O polietileno, plástico muito utilizado, é obtido pela polimerização do etileno. Essa polimerização pode ser representada por:

(n = número muito grande) O poliestireno, outro plástico muito utilizado, é obtido pela polimerização do estireno, cuja fórmula é a seguinte:

Sabendo-se que a polimerização do estireno é semelhante à do etileno, conclui-se que o poliestireno pode ser representado por:

(A)

(B)

(C)

(D) ________ _

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 5 A Saúde no Brasil

Atividade 11 (ENCCEJA) – 2005) O ácido tartárico (DIHIDROXIBUTANODIÓICO), com a fórmula estrutural:

COMPREENDER ORGANISMO HUMANO E SAÚDE, RELACIONANDO CONHECIMENTO CIENTÍFICO, CULTURA, AMBIENTE E HÁBITOS OU OUTRAS CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS. José Luis de Souza é encontrado nas uvas e é de grande utilização na fabricação de vinhos, por ser um acidulante orgânico natural. Baseando-se nas informações acima, indique a fórmula molecular do ácido tartárico: (A) C4H2O6 (B) C4H6O6 (C) C4H5O (D) C4HO HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1-D 2-C 3-B 4-D 5-D 6-A 7-A 8-B 9-A 10 - A 11 - B PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Identificar e descrever processos de obtenção, utilização e reciclagem de recursos naturais e matérias primas. • Compreender a importância da água para a vida em diferentes ambientes em termos de suas propriedades químicas, físicas e biológicas, identificando fatos que causam perturbações em seu ciclo. • Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e destinos dos poluentes e prevendo efeitos nos sistemas naturais, produtivos e sociais. • Relacionar atividades sociais e econômicas - comércio, industrialização, urbanização, mineração e agropecuária - com as principais alterações nos ambientes brasileiros, considerando os interesses contraditórios envolvidos. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Você já se perguntou se dispõe de uma saúde completa? Costumamos pensar que ter saúde é estarmos livres de qualquer doença. Porém é mais do que isso. Ela é um bem pessoal, em harmonia com o ambiente e todos nós devemos contribuir para que ela aconteça. A saúde é muito mais do que prevenção e tratamento de doenças, é também boa alimentação, condições de educação, moradia, trabalho seguro e saudável. Busque na sua memória uma recordação de um final de semana com amigos, um jogo de futebol ou de vôlei, uma boa conversa, piscina, praia e muita gargalhada. Isso não foi muito bom para seu corpo e para sua mente? Pois saiba que isso também faz parte da boa saúde. Portanto o nosso bem estar é uma questão de informação e atitude no trabalho, no lazer, nos hábitos alimentares e no dia a dia. Sobre saúde o estatuto da criança e do adolescente diz: “Titulo II Dos direitos Fundamentais Art. 7° A criança e o adolescente têm direitos a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”.29 Criado mais recentemente, o Estatuto do Idoso garante os mesmos direitos à saúde para as pessoas com mais de 60 anos. Mas estes estatutos não seriam necessários se a própria constituição fosse respeitada. Em países como os Estados Unidos a saúde é responsabilidade do próprio cidadão. No Brasil o Estado, nas suas várias esferas, deveria garantir a todos o acesso a essa saúde de boa qualidade. Pois aqui ela é um direito garantido pela Constituição, logo, trata-se de atitude que não deve ser tomada apenas por nós cidadãos, mas também pelo Estado que tem a obrigação, assegurada pela Constituição, de fornecer estas condições de saúde para a população. Para isso é necessária muita informação sobre ela, que deve ser obtida corretamente e com exatidão. O QUE É A SAÚDE A saúde é um aspecto tão importante na vida do ser humano que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um artigo exclusivamente relacionado a ela na Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948. Este artigo diz: “Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar, e à sua família, a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais neces29

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Estatuto da criança e do adolescente.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS sários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade”.30 Para tratar deste artigo foi criada pela própria ONU a Organização Mundial de Saúde (OMS) que tenta promover as ações necessárias para que esses direitos sejam respeitados em todos os países que fazem parte da organização. Não fique confuso ou confusa porque dissemos a pouco que a saúde também é questão de atitude. Dissemos isso porque existem situações que dependem apenas de você, outras podem contar com o seu esforço, mas dependem de condições externas e outras que não dependem de você. Por exemplo, você não pode instalar um posto de saúde ou um hospital no seu bairro. Mas pode organizar um grupo grande de moradores ou um abaixo assinado para reivindicar o direito de ter esses serviços disponíveis. Também não pode exigir que uma empresa lhe ofereça um bom emprego com ótimo salário, mas pode estudar, se qualificar e se esforçar para conseguir um. Você não pode gastar o pouco dinheiro que tem em muitas atividades de lazer, mas pode reunir os amigos ou brincar com seus filhos em uma praça ou parque sem gastar nada. Talvez você não possa ir a um supermercado e encher o carrinho com tudo o que tem de mais caro por lá, mas pode, se tiver informação, escolher os alimentos mais saudáveis e necessários para uma boa nutrição. Comer bem não depende tanto de dinheiro, depende mais do seu bom senso, criatividade e conhecimento. Tudo isso fará uma grande diferença na sua qualidade de vida, na sua saúde e na daqueles que você gosta e que estão a sua volta. Você viu que muita coisa se pode fazer, se organize, faça uma lista, separe as coisas que dependem só de você, as coisas que dependem em parte e aquelas que não dependem. Poderá ter uma ótima surpresa vendo o quanto você pode fazer pela sua saúde! Mesmo com a organização que sugerimos e com tudo o que dissemos, sabemos que não é fácil cuidar do nosso bem estar. Escolher um plano de saúde, organizar as nossas carteiras de vacinação e dos nossos filhos, saber que locais são mais adequados e mais seguros para freqüentarmos. Imagine então o trabalho que dá organizar isso num município estado ou país. É necessária muita informação, que deve ser obtida corretamente e com exatidão. Você já deve ter ouvido falar do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), este órgão governamental é um dos responsáveis por conseguir essas informações. Seus agentes batem de casa em casa, fazem várias perguntas e depois calculam uma série de índices que são mostrados em tabelas e gráficos. Esses índices são a tradução para a língua matemática das condições de saúde da população, que ajudam os governos a planejarem as ações para melhorar o serviço. Eles são chamados de indicadores da saúde. Entre eles podemos encontrar:

30 ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. XXV-1, 1948.

- Indicadores Demográficos – são aqueles que informam: o número total da população; a composição por sexos (quantos são os homens e quantas são as mulheres); a taxa de crescimento (quanto a população cresce em determinado período); o coeficiente de mortalidade (de cada mil habitantes, quantos morrem em determinado período); a esperança de vida ao nascer , isto é, qual o número médio de anos que se espera que um recém-nascido possa viver; a proporção de idosos na população (de toda a população, quantos têm mais de sessenta anos), etc. - Indicadores socioeconômicos – Esses indicadores mostram a taxa de analfabetismo, a escolaridade da população (quantos anos de estudo), a proporção de pobres (quantos, do total da população, vivem sem condições de atendimento de suas necessidades básicas), a taxa de desemprego, a taxa de trabalho infantil etc. - Indicadores de mortalidade – nos informam as causas das mortes de crianças e em que quantidades acontecem, como por exemplo, por diarréia e por infecção respiratória aguda; as taxas de mortalidade por doenças do aparelho circulatório e por acidente de trabalho, entre outras. - Indicadores de Doenças e Fatores de risco – Nos informam quanto à incidência de doenças evitáveis por vacinação (sarampo, tétano, poliomielite, febre amarela etc.); o avanço de doenças transmissíveis (AIDS, tuberculose, dengue, malária etc.) e a ocorrência de doenças relacionadas ao trabalho, entre outras. Esses dados informam também o número de crianças vacinadas no primeiro ano de vida; os locais onde há redes de abastecimento de água; onde há o encaminhamento adequado do esgoto; onde há coleta de lixo, etc. É importante salientar que estes indicadores todos são dados estatísticos de um país ou de uma região dentro dele. Muitas vezes eles escondem contrastes difíceis de serem entendidos. Enquanto as regiões Sudeste e Sul do Brasil gozam de um status de países de primeiro mundo com baixos índices de analfabetismo e mortalidade infantil, serviços de saúde de boa qualidade e farta alimentação, as regiões norte, nordeste e centro-oeste apresentam uma qualidade de vida muitas vezes deplorável onde se morre de fome, sede e com falta de simples saneamento básico. Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada) há 53 milhões de brasileiros que estão abaixo da linha de pobreza (não têm dinheiro suficiente para cobrir suas despesas com alimentação, moradia, vestuário e transporte). Dentre esses, há 23 milhões que são considerados indigentes. Metade deles vive no Nordeste. O Piauí é o estado em pior situação (57% da população está incluída nesse grupo). É considerada indigente a pessoa que ganha até um dólar por dia. É uma situação comparada a muitos países da África mais pobres que o nosso. Porém neste nosso país, há comida sobrando. Calcula-se que cerca de 39.000 toneladas de comida são desperdiçadas diariamente, o que daria para alimentar 19 milhões de pessoas. Como explicar então a existência de tantas pessoas abaixo da linha de pobreza? Daqui a pouco você mesmo vai poder dar a resposta, por enquanto aqui vai uma pergunta: Você sabia que de toda a renda gerada no país, os 10% mais pobres têm acesso apenas a 1% e os 10% mais ricos usufruem de 46,7%

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS dela? Mas só este dado ainda é insuficiente para responder à pergunta. Ficará mais fácil se discutirmos um pouco sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de várias regiões do país. O IDH é um índice criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e calculado para diversos países desde 1990. Originalmente proposto para medir a diferença entre países, foi adaptado para ser aplicado também a Estados e municípios. O índice vai de 0 a 1 — quanto mais perto do 1, maior o desenvolvimento humano. O cálculo é feito pela média simples de três componentes: - IDH de Longevidade (indicador de longevidade), medida da esperança de vida ao nascer; - IDH de Educação (indicador de nível educacional), medido pela combinação da taxa de alfabetização de pessoas de 15 anos ou mais (com peso 2) e da taxa bruta de matrículas nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior) em relação à população de 7 a 22 anos de idade (com peso 1). Para regiões, Estados e municípios do Brasil, usa-se a taxa de freqüência escolar; - IDH de Renda (indicador de renda), medido pelo PIB real per capita em dólares. Para regiões, Estados e municípios do Brasil, usa-se a renda familiar per capita. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos Estados brasileiros mostra um país partido ao meio. Os números, referentes a 2005, mas que só foram publicados em 2007, revelam que todos os 11 melhores IDHs são de unidades da Federação do Sul, Sudeste e Centro-Oeste – com destaque para o Distrito Federal, na primeira colocação. Já os piores são os nove Estados nordestinos, segundo um recente relatório da ONU.31.

Figura 5.1 – Mapa da federação mostrando os estados brasileiros por classificação de IDHs.32 A linguagem matemática pode mostrar esses índices de maneiras diferentes, como tabelas e gráficos de vários tipos. A finalidade das informações é que irá indicar como serão exibidas. Para saber a localização dos estados pelos seus índices,

31 Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente, lançado por três agências da ONU: CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Cari be), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e PNUD - WWW.pnud.org.br 32 WWW.pnud.org.br 58

o mapa da figura 5.1 parece ser ideal. Mas se precisarmos de parâmetros numéricos esse tipo de representação ficará complicada. Como cidadãos devemos saber estudar esses gráficos e tabelas, extrair informações deles para podermos cobrar dos poderes públicos as ações necessárias ao nosso bem estar. A figura mostrada a seguir apresenta um gráfico comparativo da evolução dos IDHs por região no período de 1991 a 2005.

Figura 5.2 – Indicação do IDH por região brasileira. Nele, temos duas linhas principais, os eixos: um vertical, onde estão colocados os valores (no caso, os valores de IDH) e outro horizontal, onde estão colocados os diferentes anos em que a pesquisa foi realizada. Para cada ano, corresponde um valor de IDH e isso significa um ponto no gráfico. Por exemplo, em 1995 o IDH na região sudeste foi de aproximadamente 0,750. Em 2003, este índice subiu para praticamente 0,800 e assim por diante. O conjunto das informações de todos os anos pesquisados está representada por uma linha continua cinza. Podemos perceber através dele, imediatamente, que de um modo geral o IDH melhorou em todas as regiões brasileiras, mas ainda é o menor nas regiões norte e nordeste. “Sem dúvida, o documento mostra um Brasil dividido. Isso se dá por conta da concentração de renda e da atividade econômica em termos geográficos. A produção ainda é muito mais concentrada no Sudeste e no Sul”, afirma Renato Baumann, coordenador-geral da publicação que apresentou estes dados. O estudo, lançado em 2007 em Brasília, é o primeiro a trazer uma série histórica, ano a ano (de 1991 a 2005), do IDH dos Estados e das regiões do Brasil. O melhor índice, o do Distrito Federal, é de 0,874, igual ao da Hungria e superior ao de países como Argentina e Emirados Árabes Unidos. A capital da Federação é líder no ranking em todos três sub-índices que compõem o indicador elaborado pelo PNUD, mas o destaque fica para a renda per capita: o índice relativo à renda (0,824) é muito superior ao do segundo colocado nesse quesito (São Paulo, com 0,768). O IDH-Educação (o componente de instrução do índice) do Distrito Federal é maior que o da Itália, Suíça e Alemanha – esse item, no entanto, mede freqüência à escola e alfabetização, e não qualidade do ensino. Seu IDH Longevidade (que leva em conta a expectativa de vida) supera o de Omã e Argentina, por exemplo.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O segundo lugar no IDH é de Santa Catarina (o Estado que mais melhorou no ranking de 1991 até 2005, ganhando três posições), com 0,840. Em seguida vem São Paulo (que registrou o segundo menor crescimento desde 1991), com 0,833. Na ponta debaixo, Alagoas, que tinha o pior IDH em 1991, continuou na mesma posição em 2005, com 0,677. Da mesma forma, Maranhão, Piauí e Paraíba não deixaram de ser o segundo, terceiro e quarto piores, respectivamente. Entre todos os índices que compõem o IDH, Alagoas só não tem a pior posição no quesito renda — o IDH-Renda do Maranhão é menor. EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO O que faz uma população ou uma pessoa se desenvolver como cidadã é o nível de conhecimento que ela tem sobre a sociedade em que vive. Observe o gráfico de barras mostrado a seguir sobre a situação da educação no Brasil.

Figura 5.3 – Taxa de alfabetização da população entre 15 e 24 anos (em %). Para nós brasileiros o gráfico mostra um dado alarmante: o Brasil é o pior país em índice de analfabetismo entre nossos vizinhos da America do Sul e de fato (um dado que o gráfico não mostra) é também terceiro pior da América Latina, atrás apenas do Haiti e da Guatemala. De acordo com a ONG Alfalit, os níveis de analfabetismo no Brasil chegam a 11,4%, número que só não é pior que o do Haiti (41,7%) e da Guatemala (30,9%). Entre os países com menor porcentagem de pessoas que não sabem ler estão Chile, Argentina e Uruguai.33 Mas não basta apenas que uma pessoa saiba ler e escrever para que ela possa ser considerada alfabetizada, ela precisa também ser capaz de interpretar, entender e ser capaz de formar opinião sobre o assunto que está lendo. Caso o individuo não consiga fazer isso ele é considerado um analfabeto funcional, ou seja, sabe ler mas não entende o que está lendo. Se a situação que o gráfico anterior mostrou já parecia crítica, vamos apresentar um ainda mais alarmante. Observe o próximo gráfico:

Figura 5.4 – Percentuais de analfabetismo funcional no Brasil por regiões (2005 – 2006).34

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Reportagem veiculada no Jornal zero hora de Porte Alegre em18/06/09 WWW.geografiaparatodos.com.br 59

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Eles mostram um grande número de analfabetos funcionais. Mostra também que os índices mais altos de analfabetos funcionais estão no Norte e Nordeste do país, o que não é coincidência, já que são as regiões com IDHs mais baixos. Pessoas mal instruídas não se qualificam para bons empregos. Sem bons empregos a renda permanece sempre baixa. Com renda baixa o IDH não melhora. Regiões de baixos IDHs não atraem empresas, nem comércio e nem investimentos, por conseqüência não se investe em educação de boa qualidade e temos um circulo vicioso que só pode ser quebrado com a melhoria dessa educação. Esses dados, agora em conjunto, podem explicar porque existem tantas pessoas abaixo da linha da pobreza no Brasil. Entre as conseqüências dessa condição de vida deficiente podemos mencionar os altos índices de mortalidade infantil nessas regiões onde o IDH é baixo e índices de analfabetismo são altos. Observe o gráfico a seguir:

Figura 5.5 – Gráfico comparativo do coeficiente de mortalidade infantil entre os estados brasileiros – dados de 2005.35 Se compararmos os dados apresentados nas figuras 5.4 e 5.5 podemos verificar que há uma relação entre a baixa escolarização e o alto índice de mortalidade infantil. A falta de escolarização da mãe, que por esse motivo tem menos acesso a informações, pode ser um dos fatores responsáveis por um aumento nessa taxa. Pode-se concluir, portanto, que há a possibilidade de haver uma relação entre maior número de mães analfabetas em uma determinada região e um aumento na taxa de mortalidade infantil. Segundo o Ministério da Saúde, as principais causas de morte das crianças de até um ano no país são: pneumonia, desnutrição, complicações do parto e pós-parto e diarréia. Verificamos, então, que existem outros fatores, além da pouca escolaridade da mãe, que podem provocar essas mortes. A diarréia, por exemplo, pode estar associada à falta de saneamento básico. Já a desnutrição surge como conseqüência da baixa renda da população. Entre as principais causas de morte citadas anteriormente, quais delas estão relacionadas à falta de atendimento médico e de medicamentos? Provavelmente, algumas regiões carentes do país são mais deficientes nesses atendimentos, o que também influencia as taxas de mortalidade infantil observadas. Mas esses gráficos todos que analisamos não trazem só noticias ruins. Se observarmos com atenção perceberemos que todos eles apresentam uma melhoria progressiva nos índices. O Relatório Anual do Unicef “Situação Mundial da Infância 2009”, divulgado em Johanesburg, África do Sul, em Janeiro de 2009 mostrou que o Brasil vem há anos reduzindo progressiva e continuadamente o principal indicador do Unicef para a infância, a taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos (TMM5).

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DATASUS/MS/SVS/DASIS – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - SINASC

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O gráfico a seguir registra as TMM5 de 2001 a 2007, segundo o Unicef.

Figura 5.6 - Taxas de mortalidade de crianças menores de 5 anos (TMM5) de 1990 a 2007. (valores estimados para cada grupo de 1000 crianças nascidas vivas). Esta diminuição pode estar relacionada com a diminuição do analfabetismo (como mostra a figura 5.4) e o aumento do IDH (como mostra a figura 5.2). OS TIPOS DE DOENÇAS Comentamos a pouco que além dos indicadores de saúde, outros fatores podem causar a morte. Entre eles estão algumas doenças que poderiam ser evitadas com saneamento básico, e outras com campanhas de vacinação. Para saber o tipo de tratamento mais adequado precisamos saber como ela é causada. Várias delas são provocadas por microrganismos existentes no ar, na água ou no solo. Muitos até podem ser usados na fabricação de produtos industrializados como medicamentos e alimentos. Existem outros que vivem dentro do nosso organismo e, para falar a verdade, a maioria deles é essencial aos processos que existem na natureza. Mas outros podem nos causar sérias doenças. Entre eles estão os vírus, as bactérias, os fungos e os protozoários. Um número muito grande de doenças pode ter como causa a presença de algum desses micróbios no corpo; eles podem atacar diferentes órgãos. Alguns micróbios, como os que causam a “gripe suína” (Influenza A H1N1), os resfriados ou a pneumonia, preferem as vias aéreas (nariz, garganta, brônquios e pulmões); outros como os que causam a cólera preferem os intestinos. Os que causam a hepatite preferem o fígado e os que causam a caxumba se alojam nas glândulas produtoras de saliva. Como são muito pequenos e não possuem um meio eficiente para locomoção própria, alguns podem se espalhar através água, do ar ou alimentos. O vírus H1N1 que causa a gripe suína, por exemplo, se espalha rapidamente através do ar, por isso as pessoas usam máscaras quando têm suspeita da doença, para evitar o contágio. E por falar em meios de transmissão, a água mal tratada e os alimentos que ficam sem refrigeração ou em más condições de conservação são os principais responsáveis por casos de intoxicação.

Micróbios podem também se associar a outros seres vivos como os insetos para atingirem distâncias maiores. O vírus que causa a Dengue é transmitido através de um mosquito, a fêmea pica uma pessoa infectada, suga seu sangue e o vírus se aloja no corpo dela. Quando essa fêmea pica outra pessoa ele é transferido para um novo hospedeiro. Quando um micróbio invade nosso corpo, pode causar infecções nos mais diferentes órgãos. Relacionaremos a seguir algumas formas de contágio de doenças infecciosas e os modos de prevenção. DOENÇAS PARASITÁRIAS E INFECCIOSAS MAIS COMUNS O parasitismo é uma relação entre seres de espécies diferentes, na qual um deles (o hospedeiro) fornece ao outro (o parasita) energia e habitat (moradia). O parasitismo pode ser externo (ectoparasitismo) ou afetar o hospedeiro internamente (endoparasitisrno). Como exemplos de ectoparasitas podem citar: piolhos, pulgas, carrapatos e sanguessugas. São exemplos de endoparasitas: plasmódios, solitárias e lombrigas. O parasita pode ter mais de um hospedeiro. Neste caso, um deles, o que abriga as formas Iarvares ou jovens do parasita denomina-se hospedeiro intermediário; o que abriga o parasita adulto é o hospedeiro definitivo.

Figura 5.7 – Exemplo da relação de parasitismo entre a solitária, o porco e o ser humano. A transmissão do parasita ao hospedeiro pode ocorrer de duas maneiras: - Diretamente: Pelo contato direto do indivíduo infestado com o individuo sadio, onde contágio se dá através de pus, tosse, espirro, etc. - Indiretamente: pelo contato com utensílios (talheres, copos, xícaras), roupas ou objetos contaminados, por picadas de insetos, através de ar, água e plasma sanguíneo contaminados, de objetos cirúrgicos mal esterilizados, etc. A penetração, o crescimento e a multiplicação de parasitas microscópicos no corpo do hospedeiro denominamse infecção. As infecções têm um período de incubação, que vai desde a penetração do parasita até o aparecimento dos primeiros sintomas da doença, e que é mais ou menos constante para cada tipo de infecção. O período de incubação da caxumba, por exemplo, é de 18 a 20 dias; o da gripe, de 24 a 72 horas; para a raiva, esse período varia entre 20 e 60 dias e na hanseníase (lepra) vai de 2 a 4 anos. A invasão do organismo do hospedeiro por parasitas macroscópicos (vermes, carrapatos, piolhos. etc.) é chamada de infestação.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS VIROSES Viroses são infecções causadas por vírus. Trata-se de seres tão rudimentares e (ultramicroscópios) que, incapazes de realizar todas as funções vitais, necessitam de um meio celular, onde agem como parasitas obrigatórios. Ao se multiplicarem dentro da célula, utilizam o próprio material da célula, lesando-a. Alguns vírus foram obtidos na forma cristalizada e, por isso, puderam ser estudados em laboratórios. Constituem-se de uma capa protéica envolvendo DNA ou RNA. Essa capa de proteína pode assumir formas variadas, dando ao vírus uma forma característica: esférica, oval, cilíndrica, poliédrica, etc. A figura a seguir mostra a relação entre um vírus e uma bactéria, para que se tenha uma idéia aproximada de seu tamanho.

Figura 5.8 - esquema de vírus e bactéria vistos através de microscópio eletrônico.36 Dentre as viroses, podemos citar as seguintes: - Hepatite: causa inchaço do fígado, acompanhado de apatia e febre, urina escura, fezes descoradas e ictericía (amarelecimento da pele, e da porção branca do globo ocular). - Raiva ou Hidrofobia: virose que ataca o sistema nervoso de certos animais, incluindo o homem. É transmitida principalmente por cães e gatos. No Brasil, a raiva dos animais herbívoros (que se alimentam de plantas) é transmitida por um gênero de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue, do gênero Desmodus). Há dois quadros clínicos da hidrofobia: a furiosa e a paralítica. Tanto em um quanto em outro caso, ocorre uma paralisia dos músculos da deglutição, impedindo o animal de ingerir líquidos (daí o nome hidrofobia). Ela geralmente é transmitida pela mordida de um animal doente. - Poliomielite (paralisia infantil): virose que ataca o sistema nervoso, provocando paralisia de extensão variável. Atinge principalmente as crianças, pois grande parte dos adultos já adquiriu imunidade. As primeiras manifestações da doença são febre, dor de garganta, dor de cabeça, vômitos e rigidez da nuca, evoluindo depois para perturbações paralíticas. O vírus costuma estar presente nas secreções faríngeas e nas fezes dos indivíduos infectados,

36 Apostila preparatória para exame supletivo I.E. Anna Vasquez – Biologia – Ensino Médio. 62

podendo ser transmitido diretamente de pessoa a pessoa ou por meio de alimentos contaminados. Grande fator para a redução da incidência da moléstia são as campanhas de vacinação promovidas pelas secretarias de saúde dos governos. A vacina Sabin imuniza em larga escala grandes massas de população. - Sarampo: virose extremamente contagiosa, determinando imunidade duradoura. Inicia-se por sensações de arrepios, febre, dor de cabeça, fotofobia (sensibilidade à luz) e conjuntivite, secreção catarral com tosse rouca e erupções na mucosa bucal. Posteriormente surgem pequenas manchas vermelhas espalhadas na pele e a febre cai. Em seguida ocorre uma descamação. O sarampo pode ter graves complicações, como a broncopneumonia, que em alguns casos levam à morte. Por isso, é importante vacinar as crianças contra essa virose. - Rubéola (sarampo alemão): infecção em geral benigna, caracterizada por febre e erupções na pele semelhantes ao sarampo, porém com pápulas (elevações na pele) mais vivas que desaparecem dentro de uma semana sem provocar descamação. Nas gestantes, no primeiro trimestre da gravidez, é considerada doença grave, pois pode ser transmitida ao feto causando-lhe lesões cardíacas, cegueira, surdo-mudez e retardamento mental. - Herpes (cobreiro): erupção aguda de vesículas agrupadas sobre base avermelhada na pele da região genital, nos lábios ou ao longo do trajeto de algum nervo. - Caxumba: infecção que ataca as glândulas salivares, inflamando-as e produzindo inchaço nas porções laterais superiores do pescoço. - Febre amarela: virose transmitida ao homem por certas variedades de mosquitos, especialmente o Aedes aegipti. Caracteriza-se por febre elevada (40°C), dores de cabeça e da coluna vertebral, fotofobia, icterícia, albuminúria (eliminação da proteína albumina pela urina), diarréia e vômitos escuros. VERMINOSES Verminoses são infestações causadas por vermes. Verme na verdade é um nome genérico usado para identificar alguns animais invertebrados com características semelhantes, podemos dividi-los em platelmintos e nematelmintos. Os platelmintos são vermes achatados. Existem platelmintos que vivem no mar, em água doce e em solos úmidos, portanto não afetam os seres humanos. No entanto, muitos são parasitas e habitam outros seres vivos causando as doenças.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 5.9 – Foto do platelminto planária37 e esquema representativo das suas principais estruturas38. Platelmintos de vida livre, como as planárias, alimentam-se de pequenos animais vivos ou mortos. Sua boca fica localizada na parte ventral do corpo (parte de baixo) e serve também para eliminar os restos não aproveitados, pois não existe ânus. As espécies parasitas retiram seu alimento do hospedeiro. Alguns deles como, a tênia não, não apresentam boca nem intestino, e absorvem nutrientes por toda a superfície corporal. Alguns vermes desse grupo como as planárias e tênias são hermafroditos (possuem os dois órgão sexuais), outros como os esquistossomos possuem sexos separados. Entre as doenças causadas por platelmintos podemos citar: - Esquistossomose ou barriga-d’água: causada pelo platelminto Schistosoma mansoni. O conhecimento dessa parasitose deve-se aos professores Pirajá da Silva e Adolfo Lutz. Na fase adulta, o verme habita o sistema hepático do homem doente. O macho possuindo uma fenda no corpo (canal ginecóforo) aloja a fêmea de tal forma que sua reprodução é bastante facilitada. Após o acasalamento os vermes abandonam o sistema e migram para o intestino. Nas veias da mucosa Intestinal as fêmeas realizam a postura, isto é, deposital os ovos e, por rompimento dos capilares, os ovos caem no intestino e são eliminados com as fezes. Adquire-se essa doença nas águas existentes em córregos, ribeirões, rios, lagoas, poças, etc.. mas nunca em águas salgadas. O mal é transmitido por um caramujo de água doce, Biomphalaria ou Planorbis, cuja concha, enrolada em espiral é achatada no sentido lateral. Os ovos do esquistossomo, ao caírem na água, transformam-se numa pequena larva (miracidio) (1), que penetra no caramujo(2): aí se desenvolve, transformando-se em outra larva, a cercaria (3) que volta à água, onde aguarda a oportunidade de penetrar no homem, através da pele. As cercarias, caindo na circulação sangüínea do homem (4), chegam às veias do fígado, onde se desenvolvem (5). Quando se tornam vermes adultos, juntam-se aos pares, reproduzem-se e migram para os vasos do intestino grosso, onde as fêmeas realizam a postura conforme a figura a seguir:

Figura 5.10 – Ciclo de vida do Schistosoma mansoni.

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WWW.ser.com.br www.johnson.emcs.net, 63

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Pode-se evitar a disseminação da esquistossomose promovendo a construção de fossas, a fim de evitar o lançamento de fezes ao ar livre; realizando o tratamento sistemático dos indivíduos doentes; destruindo os caramujos com o uso de certas drogas, como o sulfato de cobre e a cal; evitando que pessoas sadias entrem em contato com águas contaminadas. - Teníase e cisticercose são parasitoses causadas pelos vermes platelmintos Taenia solium (parasita do porco e do homem) e Taenia saginata (parasita do boi e do homem), conhecidos por solitárias. O corpo da tênia ou solitária constitui-se de cabeça (escólex - 1) pescoço (colo) e estróbilo, uma fita alongada e achatada, formada por numerosos segmentos (proglotes) (2). Em cada proglote há os sistemas genitais masculino e feminino, ocorrendo neles, quando maduros, a reprodução e a formação de ovos (3). Cada proglote da extremidade livre, quando repleto de ovos, desprende-se e sai juntamente com as fezes. Se estas ficarem expostas ao ambiente, poderão ser ingeridas pelo porco ou gado junto com a vegetação (4). No intestino deste, os ovos evoluem para embriões providos de seis ganchos (na Taenia solium) (5), que atravessam as paredes do intestino e, através da corrente circulatória, alojam-se nos músculos, envolvendo-se de uma membrana protetora e formando um quisto (cisticerco) (6). O porco com os cisticercos é portador de uma doença conhecida como cisticercose. Se o homem vier a comer carne mal cozida desse porco, receberá os cisticercos, que perdem a membrana envolvente, fixam-se na parede de seu intestino delgado e crescem formando novos segmentos. Dessa forma o homem adquire a teníase. Veja a figura a seguir:

Figura 5.11 – Ciclo de vida da Taenia. O homem pode também infestar-se ingerindo água ou hortaliças contaminadas por ovos de tênia. Nesse caso, em seu intestino, os ovos evoluem para embriões que, da maneira já descrita, ganham a circulação, indo alojar-se no cérebro ou em outros órgãos do sistema nervoso, determinando a formação de tumores que podem causar graves lesões, levando muitas vezes o indivíduo à morte. É a cisticercose. O ciclo da Taenia saginata é semelhante, com a diferença de que seu hospedeiro intermediário é o boi. Os nematelmintos têm o corpo cilíndrico, alongado e com as extremidades afiladas, podem ser encontrados nos mesmos ambientes que os platelmintos e ,como eles, têm tamanhos variados. Alguns chegam a ter mais de um metro, enquanto outros são microscópicos. As espécies parasitas geralmente têm o corpo revestido por camadas resistentes, protegendo-os de ambientes hostis. Esses vermes já possuem boca por onde o alimento entra. Ele é parcialmente digerido no intestino formado por um tubo e a digestão se completa dentro das células. Os restos não digeridos são eliminados pelo ânus. Geralmente os nematelmintos apresentam sexos separados sendo a fêmea maior que o macho, a reprodução é sexuada. São doenças causadas por nematelmintos: - Filariose ou elefantíase: parasitose causada pelo verme Wuchereria bancrofti. O verme adulto habita os vasos e gânglios linfáticos do indivíduo parasitado causando hipertrofia (aumento) de certos órgãos (testículos, seios, membros, etc.). Nos membros inferiores o inchaço é tão grande que produz um aspecto semelhante ao de uma pata de elefante (daí o nome elefantíase). Sua transmissão é feita por mosquitos dos gêneros Aedes Anopheles e Culex.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS - Ascaridíase ou lombriga: parasitose causada pelo verme nematelminto Ascaris lumbricóides. O indivíduo parasitado contém lombrigas em seu intestino. Através da reprodução, a fêmea produz numerosos ovos, no interior dos quais se desenvolvem larvas. Esses ovos, eliminados com as fezes, poderão contaminar a água e os alimentos sólidos. O homem, ingerindo esse material contaminado, poderá adquirir esses ovos. Em seu intestino, as larvas abandonam a casca, atravessam a parede intestinal, caem na circulação e chegam aos pulmões. Daí sobem pelo trato respiratório, atingindo a faringe. Posteriormente, caminham pelo esôfago e estômago; chegando ao intestino, completam a evolução, transformando-se em vermes adultos. O indivíduo com ascaridíase sofre de anemia e perturbações digestivas. - Amarelão, ancilostomose ou anemia dos mineiros: parasitose causada pelos vermes nematelmintos Necator americanus e Ancilostoma duodenale. Esses vermes são bem menores do que o Ascaris, medindo cerca de 1 a 1,5 cm de comprimento. Apresentam dentículos quitinosos com os quais dilaceram a parede do intestino fazendo-o sangrar, a fim de se alimentarem.

Figura 5.12– Foto exibindo os dentículos de quitina (material semelhante ao das cascas de insetos) do Necator americanus.39 Como conseqüência, o indivíduo parasitado fica anêmico, tornando-se pálido. Daí o nome de amarelão dado à doença. Sua contaminação se faz através de larvas que penetram pela pele dos pés, e seu ciclo evolutivo é semelhante ao do Ascaris. Não andando descalço evita-se a penetração de larvas desses vermes. MICOSES Micoses são infecções causadas por fungos em animais e plantas. Nos animais, as micoses podem afetar a pele, o couro cabeludo, as cavidades naturais do corpo (boca, vagina e ânus) e órgãos internos, como, por exemplo, os pulmões. As mais freqüentes são actinomicose, aspergilose, candidíase (sapinho) e micose interdigital (frieira ou pé-de-atleta, caracterizada por coceira intensa, surgimento de um liquido com consistência oleosa, escamação da pele). Nos vegetais há fungos que causam doenças, como ferrugens e carvões, que atacam principalmente sementes de cereais.

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RIQUETSIOSES Riquetsioses são infecções causadas por riquétsias, microrganismos bacteriformes muito pequenos (0,3 a 0,5 mícra). Parasitas do tubo digestivo de artrópodes (insetos, aracnídeos, crustáceos, etc); algumas espécies podem parasitar vertebrados, incluindo o homem. Como exemplos deste último caso, citam-se: Existem discussões mais aprofundadas sobre formas das bactérias e artrópodes no capitulo 6. - Tifo exantemático: infecção causada pela Ricketsia prowaseki. Transmitida pelo piolho. Caracteriza-se por febre elevada, dores nos rins, angina (dores no peito), agitação nervosa e manchas generalizadas. - Febre maculosa: infecção causada pela Ricketsia ricketsil. Transmitida ao homem por carrapatos dos gêneros Amblyoma e Dermacenter. Caracteriza-se por febre alta, perturbações mentais, dores musculares e articulares, vômitos e manchas generalizadas. PROTOZOOSES Protozooses são infecções causadas por protozoários. Daquelas em que não ocorrem hospedeiros intermediários, podemos discutir como exemplo: - Tricomoníase ou tricomonose: infecção causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaqinalis. Caracterizase, na mulher, pela eliminação de um fluxo vaginal (Ieucorréia) com coceira e ardor na vagina. No homem pode apresentar-se com sinais de uretrite. - Giardíase: infecção causada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia. Caracteriza-se por alterações intestinais (diarréias), dores abdominais, falta de apetite e emagrecimento. - Amebíase: infecção causada pelo protozoário Entamoeba histolytica. Produz diarréias com eliminação de muco juntamente com as fezes. A transmissão é feita por água e alimentos contaminados. Das protozooses em que ocorrem hospedeiros intermediários podemos citar: - Doença de Chagas, chagase ou tripanossomíase: doença causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi que destrói principalmente as fibras musculares cardíacas, caracterizando a fase aguda da moléstia. A parasitose pode aumentar e atingir tais proporções que provoca a morte do hospedeiro. Na fase crônica da moléstia, há perturbações cardíacas, principalmente o aumento do volume do coração (cardiomegalia).

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Figura 5.13 – Ciclo de vida do Trypanosoma cruzi. Sua transmissão é feita pelo inseto Triatoma infestans (barbeiro). No sangue e no tecido cardíaco dos portadores de tripanossomíase encontram-se numerosos tripanossomos. Ao picar um indivíduo portador, geralmente à noite, o barbeiro recebe, juntamente com o sangue da vítima, as formas infectantes (1). Os parasitas multiplicam no intestino médio do vetor que poderá infectar outras pessoas ou animais (2). Ao picar outro indivíduo sadio o inseto defeca no momento da picada, eliminando fezes com protozoários (3). Espontaneamente a pessoa coça o local da picada e produz escoriações na pele, por onde os tripanossomos podem penetrar (4). Dessa forma, o indivíduo pode ficar contaminado e adquirir a chagase. Dentro do hospedeiro, o tripanossoma invade células perto do local da inoculação,- onde o inseto defecou-, multiplicam-se e, em seguida, são liberados na circulação sangüínea (5). No local da picada do barbeiro fica um inchaço avermelhado (chagoma de inoculação), que desaparece com o tempo. A replicação (reprodução) do protozoário só recomeça quando os parasitas entram em outra célula (de vários tipos de tecidos) ou são ingeridos por outro vetor (6). A medida profilática mais importante contra a chagase é a melhoria das condições de habitação, pois é nas frestas de paredes de barro ou palha que o barbeiro se abriga. - Leishmania tegumentar americana ou úlcera-de-bauru: doença causada pelo protozoário flagelado Leishmania brasiliensis, tendo como hospedeiro intermediário o inseto PhIebotomus intermedius (mosquito-palha ou birigui).

Figura 5.14 – Ciclo de vida do Leishmania brasiliensis.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O mosquito pica um indivíduo doente geralmente à noite, ingere sangue com as leishmânias (1), as quais evoluem em seu tubo digestivo (2). Após um período de incubação (uma semana), o flebótomo (mosquito palha) pode transmitir o parasita, ao picar outras pessoas sadias (3). Com a picada do inseto no hospedeiro definitivo, a leishmânia é inoculada na derme, desenvolve-se e reproduz-se no interior das células do tecido conjuntivo subepidérmico (4). A pele é formada por duas camadas. A primeira, a epiderme, é superficial, visível e formada principalmente por células, estando em contato com o meio ambiente. É a parte sobre a qual a maioria dos seres humanos constrói a sua imagem corpórea. Apesar da espessura fina, estudos microscópicos e ultramicroscópicos revelam a real constituição da epiderme. São cinco camadas celulares prensadas. Nessas camadas existem: - queratinócitos – células que impermeabilizam a pele; - melanócito - produtora de um pigmento escuro (melanina) que dá cor à pele. - células de Langerhans - apresentam células imunológicas, como linfócitos A segunda camada, a derme, está abaixo da epiderme. Todos os elementos da pele são produzidos pela derme. Por isso, essa parte é considerada a mais importante. Setenta por cento do seu peso bruto é formado por proteínas alongadas, denominadas fibras colagéneas. Essas fibras conferem grande resistência à derme. A intensa reprodução do parasita e conseqüente invasão de novas células produz inicialmente, uma mancha avermelhada que progride numa ulceração (5). Após o aparecimento de lesões cutâneas, ou seja, lesões na pele, a ulceração se manifesta na mucosa do nariz, da boca, da faringe, laringe. O ataque a essas mucosas produz graves lesões, que dificultam deglutição, leva o paciente à morte. Previne-se a leishmaniose com a colocação de telas nas habitações, uso de mosquiteiros em berços e aplicação de inseticidas. - Malária ou impaludismo: doença infecciosa do homem e de outros animais, causada por protozoários esporozoários do gênero Plasmodium. No Brasil é transmitida ao homem através da picada do inseto Anopheles darlingi. O ciclo vital do plasmódio se desenvolve em parte no tubo digestivo do inseto (ciclo sexuado) e em parte no sangue humano (ciclo assexuado). Não se preocupe em entender o ciclo de reprodução neste momento. Ele será melhor explicado no capitulo seguinte. O indivíduo com malária possui, no sangue, formas reprodutivas do plasmódio. No tubo digestivo do inseto, essas formas transformam-se em gametas. Após a fecundação, formam-se ovos, que se instalam na parede do estômago do inseto. Os ovos se multiplicam produzindo formas infectantes do protozoário as quais se espalham pelo corpo do inseto atingindo inclusive as glândulas salivares. Como o inseto, ao sugar o sangue do hospedeiro, primeiramente injeta saliva (que contém uma substância anticoagulante para que o o hospedeiro sangre mais tempo e o inseto possa se alimentar), introduz com ela as formas infectantes do plasmódio. Os insetos transmissores do plasmódio são fêmeas, pois os machos são herbívoros. O combate à malária é feito por substâncias derivadas do quinino e o extermínio do vetor (mosquito) é feito por inseticidas ou derramando óleo na superfície de águas estagnadas, nas quais se desenvolvem as larvas do mosquito. De tempos em tempo elas vão à tona para se abastecerem de ar; impedidas de respirar por causa da camada de óleo na superfície, elas morrem. Quinino substância de sabor amargo extraído da árvore Chichona e com propriedades antitérmicas, analgésicas e antimaláricas. BACTERIOSES Bacterioses são infecções causadas por bactérias. São resistentes a temperaturas elevadas (mas não prolongadas) e muito baixas, e a muitos agentes químicos. Os principais tipos morfológicos de bactérias são: cocos (esférica bacilos (alongadas), espirilos (espiraladas) e vibriões (em forma de uma espira) e serão mostradas de modo mais completo no capítulo seguinte. No quadro abaixo, está a descrição das principais bacterioses.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS AGENTES CAUSADORES

BACTERIOSE

PRINCIPAIS SINTOMAS NO HOMEM

Sífilis (espirilo)

Treponema pallidum

Período primário: Cancro (úlcera) no órgão sexual. Período secundário: placas nas mucosas cutâneas (da pele); Período terciário: ulcerações e lesões arteriais e venosas causando paralisias gerais e progressivas.

Tétano

Clostridium tetani

Febre (40ºC ou mais), respiração difícil, enrijecimento da coluna vertebral; rigidez da nuca, tronco e membros, convulsões.

Febre tifóide

Salmonella typhose

Inflamação e ulceração do intestino; febre cíclica (ascensão, estabilidade, declínio); distúrbios nervosos e intestinais (diarréia), pequenas manchas róseas no abdome. As complicações da doença são a perfuração intestinal e subseqüentes hemorragias.

Cólera

Vibrio comma (vibrião colérico)

Tuberculose nar

pulmo-

Micobacterium culosis

tuber-

Micobacterium Leprae (bacilo de Hansen)

Hanseníase (lepra)

Vômitos, violentas dores abdominais, diarréia (20 a quase 100 evacuações diárias), desidratação extrema, suor viscoso. Dores no tórax, tosse, expectoração muitas vezes sanguinolenta, dispinéia (falta de ar), febre principalmente ao cair da tarde, suores, anorexia (falta de apetite), emagrecimento. Manchas esbranquiçadas ou róseas indolores devido às lesões dos nervos, nódulos; bolhas, perfurações, paralisias e deformidades do corpo.

Neisseria gonorreae (gonococo)

Formação de pus espesso e esverdeado na uretra causando dor ao urinar. Posteriormente pode desaparecer a dor e surgir uma gota de pus matinal todos os dias no canal urinário. Como complicações podem ocorrer estreitamento da uretra, cistite (inflamação da bexiga), prostatite (inflamação da próstata) e artrite (inflamação nas articulações).

Clostridium botulinum

Perturbações digestivas (vômitos e diarréias), sintomas neurológicos (paralisias dos nervos óticos, da musculatura da faringe e da laringe). É transmitida através de conservas deterioradas.

Leptospirose

Leptospira

Febre, Icterícia, hemorragia pulmonar, vômito de sangue, sangramento pelo nariz, inchaço do fígado, insuficiência renal. A contaminação é feita pela urina de animais infectados (geralmente ratos e camundongos).

Meningite

Neisseria meningitidis (meningococo

Fortes dores de cabeça, rigidez da nuca, contração dos músculos ao redor das vértebras, febre, vômitos e, algumas vezes, diarréia.

Pneumonia

Diplococcus pneumoniae

Calafrios, elevação súbita da temperatura, respiração rápida, dor em forma de pontadas nas costas, tosse com expectoração sanguinolenta ou cor de ferrugem.

Blenonagia ou gonorréia

Botulismo

Tabela 5.1 – Relação de bacterioses, seus causadores e principais sintomas.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A OMS estima que essas doenças causam milhões de mortes por ano no mundo todo e que outras milhões de pessoas ficam inválidas por causa delas. No inicio deste capitulo descobrimos que ter saúde não é uma atitude individual ela deve ser promovida por todos, então para se livrar das doenças causadas pelos insetos, por exemplo, não basta que você mantenha seu quintal limpo, sua caixa d’água tampada e nenhum local com água limpa parada. É preciso que toda a comunidade faça isso, porque senão, o mosquito criado na casa do seu vizinho da esquina pode infectar você na sua casa limpa. Mas algumas atitudes podem ser tomadas por você sim. A manutenção da boa higiene pode evitar que você seja contaminado por uma série de doenças, são pequenas ações como: - Lavar as mãos ao sair do banheiro. - Lavar frutas e verduras em água corrente e tratada. - Não deixar lixo acumulado perto de casa. - Não deixar alimentos por muito tempo na geladeira, etc. Manter a sua carteirinha de vacinação em dia, e a dos seus familiares, também é uma boa maneira de ficar livre de doenças. Algumas delas são combatidas quase que exclusivamente através das vacinas, um exemplo é o tétano. Quando a bactéria do tétano se instala no nosso corpo causa infecções gravíssimas, mas ela é facilmente evitada tomando uma dose da vacina a cada dez anos. Puxa vida, mas se existem micróbios no ar, no solo, na água, em todos os lugares podemos ficar doentes a qualquer momento? Não é bem assim, esses micróbios precisam de certas condições para que se desenvolvam e se reproduzam. A idade, o sexo e a situação geral do corpo são fatores que interferem muito. Você pode, por exemplo, ter o vírus da gripe no seu organismo e não ficar gripado. Assim que a resistência do seu corpo diminui por algum motivo este vírus se reproduz rapidamente e aí sim provoca a gripe. Nos idosos, que já possuem o organismo mais enfraquecido essa doença se instala com mais facilidade e é por isso que existe no Brasil a campanha para que todo idoso seja vacinado uma vez por ano. Agora, se você se alimenta bem e corretamente, pratica atividades físicas e têm hábitos saudáveis as chances de algum micróbio se instalar no seu corpo e provocar uma doença são bem menores e mesmo depois de instalada o acesso a agentes de saúde como hospitais, médicos e medicamentos adequados podem evitar o agravamento da doença. De qualquer modo é muito importante que você tenha conhecimento dos vários tipos de doenças e dos fatores que as causam para poder se prevenir, afinal a prevenção é o melhor tratamento! E você pode começar já, volte ao texto, verifique a melhor forma de prevenção contra doenças causadas por vírus... verificou? As vacinas são a melhor forma porque, uma vez instalado no corpo, o vírus não pode ser morto por nenhum medicamento, apenas o sistema de defesa do organismo pode eliminá-lo, portanto é melhor tomar a vacina para preparar seu corpo antes da “invasão”.

Pedimos novamente que você volte ao texto, verifique desta vez as formas de prevenção contra as doenças causadas por bactérias...pronto? Elas podem ser combatidas principalmente com bons hábitos de higiene e tentando evitar contato com pessoas ou objetos contaminados. Essas doenças podem ser tratadas com o uso de antibióticos, só que isso tem um lado bom e um lado ruim! O lado bom é que se o tratamento for bem feito a doença será eliminada. Por outro lado se o tratamento for mal feito e o doente pára de tomar a medicação antes do previsto as bactérias mais resistentes sobreviverão, se reproduzirão e tornarão a doença mais difícil de ser curada. DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO Você já ouviu falar de silicose? É uma doença que ataca principalmente trabalhadores de mineradoras ou aqueles que estão constantemente expostos a materiais que produzem muita poeira. O pó entra pelas vias respiratórias e se aloja nos pulmões prejudicando o seu funcionamento. Este é apenas um exemplo de doença causada por uma atividade profissional. Existem várias outras profissões que podem ser insalubres (prejudiciais a saúde). São aquelas em que trabalhadores ficam constantemente expostos ao barulho excessivo sem os devidos equipamentos de proteção. Esta exposição pode causar a perda da audição com o tempo. Outros fatores em excesso que são considerados insalubres são: umidade, radiação, temperaturas muito baixas ou muito altas, agentes químicos entre outros. Entre os agentes químicos mais nocivos, isto é, perigosos, está o chumbo. Ele pode ser absorvido pelas vias aéreas quando se respira fumaça ou poeira contendo o metal. Pode também ser ingerido junto com alimentos contaminados ou através do contato. O chumbo, presente no sangue da pessoa contaminada, impede a incorporação do ferro que entra na formação de uma substância vermelha, a hemoglobina. Essa substância é uma molécula complexa, (uma proteína) com um átomo de ferro no centro e que faz parte do glóbulo vermelho. Sua função é se fixar à moléculas de oxigênio e gás carbônico. Quando o chumbo está presente, é ele quem se liga à proteína e não o ferro, sendo assim forma-se uma substância diferente da hemoglobina e que não consegue transportar o oxigênio nem o gás carbônico. As hemácias ou glóbulos vermelhos são as células sangüíneas que o sangue humano tem em maior quantidade, como a hemoglobina está dentro dela, ambas dão a cor vermelha ao sangue. As hemácias têm a forma de disco e não apresentam núcleo. O gás oxigênio que é transportado para todas as células do corpo, é captado do ar pelos pulmões e transferido para o sangue. Esse sangue segue para o coração e é bombeado para o corpo onde será distribuído para as células de todos os tecidos do organismo. Os tecidos são conjuntos de células iguais com funções específicas, bem definidas e que formam nossos órgãos. Ex: tecido nervoso, tecido ósseo, tecido muscular, etc.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Após utilizar o oxigênio para queimar glicose e produzir energia (esse processo é chamado de respiração celular) a célula libera o gás carbônico que é absorvido pelas hemácias do sangue que retorna ao coração e agora é bombeado para o pulmão. No pulmão o gás carbônico é liberado e oxigênio absorvido novamente fechando o ciclo que pode ser acompanhado na figura 5.15:

Figura 5.15 – Circulação do sangue dos pulmões até o coração (circulação pulmonar) e do coração até o resto do corpo (circulação sistêmica). Quando não consumimos alimentos ricos em ferro (carnes vermelhas, feijão, verduras com folhas escuras) em quantidade suficiente, a quantidade de glóbulos vermelhos pode diminuir por falta de matéria prima (ferro) para a produção de hemoglobina causando a anemia. Além da anemia podemos citar entre as conseqüências da contaminação por chumbo os problemas renais, problemas neurológicos e problemas nos ossos, pois o metal causa a diminuição do nível de vitamina D no sangue. Essa vitamina é responsável pela absorção do cálcio, fazendo com que ele saia do sangue e penetre nos tecidos (ossos e dentes). Os dois últimos problemas citados acabam sendo muito graves em crianças, pois afetam o crescimento e os efeitos neurológicos nessa idade podem ficar para o resto da vida, como a dificuldade de aprendizagem, menor desenvolvimento mental e diminuição da audição, entre outros.

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Mas o sangue tem outras funções além do transporte de gases. O plasma (a parte liquida) transporta sais minerais e outras substâncias importantes até as células como nutrientes e hormônios e retira delas substâncias tóxicas como a uréia. Os glóbulos brancos, também chamados de leucócitos, são células sangüíneas maiores que os glóbulos vermelhos; no entanto estão presentes no sangue em um número muito menor que as hemácias: entre 6.000 e 10.000 por mm3 em condições normais. Essas células têm a função de nos defender de agentes estranhos ao organismo, como bactérias, vírus e substâncias tóxicas. Há glóbulos brancos de vários tipos. Diferem uns dos outros pelo tamanho, pela forma de seus núcleos e pelo modo como atuam. Alguns fagocitam, isto é, englobam, digerem e destroem microorganismos. Outros fabricam anticorpos, proteínas que neutralizam a ação de outras proteínas estranhas ao organismo, denominadas antígenos. É por isso que o número de glóbulos brancos no sangue aumenta quando microorganismos penetram no corpo. As plaquetas são fragmentos celulares muito menores que os leucócitos e as hemácias. A quantidade normal de plaquetas no sangue é de aproximadamente 300.000 por mm3. O tempo de duração delas é curto: de 5 a 9 dias. Mas são essenciais quando temos um ferimento, elas evitam perdas de sangue porque fazem parte da coagulação sangüínea. Quem trabalha no campo ou na roça, carpindo ou cortando cana, também está exposto a um certo grau de insalubridade. Além da dor nas costas, estes trabalhadores podem receber cortes com a foice ou o podão e picadas de cobras ou escorpiões. Nas indústrias e oficinas, são outros os acidentes e os males decorrentes das condições do trabalho. Em escritórios, os problemas podem decorrer, por exemplo, do uso de móveis e posturas inadequadas ou de sistemas impróprios de condicionamento de ar. Um ambiente saudável e seguro para o trabalhador é garantido pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), instituída, em 1º de maio de 1943, como lei básica do direito do trabalho. No que se refere à INSALUBRIDADE, a lei diz: “NR- 15 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. A eliminação ou neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente do trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo aos limites de tolerância. Artigo 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40%, 20%, e 10% do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio ou mínimo”.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Se você trabalha em alguma dessas condições e não recebe o adicional por isso, e nem usa os Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s) necessários, então deve conversar com seu empregador, pois sua saúde está em risco e você deve, zelar por ela, afinal sua saúde e seu maior bem. DE ONDE VEM A COR DOS NOSSOS OLHOS? As células guardam, no seu núcleo, todas as nossas características. Lá dentro existe uma proteína, o DNA que, com certeza, você já ouviu falar em algum noticiário, filme, novela ou jornal. Ele é um código formado por vários genes, que armazenam as características, dos nossos pais, avós e todas as outras que nosso corpo apresenta interna e externamente. Elas são traduzidas, se manifestam em nós e também passamos para nossos filhos.

Figura 5.16 – Micrografia de uma dupla hélice de DNA 3

Figura 5.17 – modelo de uma dupla hélice de DNA 4

Os seres humanos tem 23 pares de cromossomos (longas seqüências de DNA) em cada uma de suas células. A célula com número total de pares é chamada de diplóide ou 2n. Nos gametas formados por meiose, esse número é reduzido pela metade, e assim, óvulos e espermatozóides tem um cromossomo de cada par, ou seja, 23 cromossomos. Meiose é a forma de reprodução celular onde a célula se divide ao meio gerando duas células filhas com metade dos cromossomos da célula original. Essas novas células são chamadas de haplóide ou n. Dependendo da combinação desses cromossomos características físicas e biológicas serão definidas, uma vez que eles são diferentes. O sexo de um indivíduo, por exemplo, é definido pela existência de cromossomos X e Y, chamados cromossomos sexuais, que forma o par número 23 na célula. No sexo masculino, o mesmo par apresenta cromossomos X e Y (XY). No feminino o par apresenta dois cromossomos X (XX). Observe, no esquema a seguir, as possíveis combinações de cromossomos sexuais no momento da concepção:

Figura 5.18 - Combinações de cromossomos sexuais de um casal heterozigoto no momento da concepção. As células sexuais dos pais se dividem pelo processo de meiose, em duas células filhas com metade dos cromossomos (haplóides). Ao se recombinarem formam novas células que darão origem aos descendentes.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Outras características como a cor dos olhos são definidas por outros pares de cromossomos (ou outros alelos). Nesses alelos os cromossomos podem ser dominantes, ou seja, aqueles que determinam preferencialmente uma característica (são representados por letras maiúsculas) ou podem ser recessivos, eles só determinarão a característica se houverem dois idênticos no par (são representados por letras minúsculas). Fica mais fácil de entender se usarmos um exemplo. Um par de alelos determina a cor dos olhos de uma pessoa. Esse par pode ser representado por letras. Letras iguais representam um par de alelos homozigotos, isto é, um par de alelos que determinam a mesma característica. Letras diferentes representam um par de alelos heterozigotos, ou seja, que determinam características diferentes. Nos seres humanos a cor castanha predomina sobre a cor clara (azul ou verde). Sendo assim os alelos para castanho são dominantes e aqueles para cores claras são recessivos. Vamos identificar um homem e uma mulher, ambos heterozigotos (Aa), e por conseqüência ambos com olhos castanhos, mas com alelos recessivos para olhos claros. Em um possível casamento entre os dois, de que cor poderiam ser os olhos dos seus filhos? Observe o esquema a seguir:

Figura 5.19 – Genótipos dos possíveis descendentes de pais heterozigotos. São possíveis 3 combinações diferentes entre os alelos: AA – olhos castanhos, Aa – olhos castanhos e aa – olhos claros As características externas de um indivíduo são denominadas fenótipos (ex: olhos castanhos). Já as características genéticas são denominadas genótipos (ex: alelos AA). Muitas dessas células são capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo humano, são as chamadas células tronco, que muitos cientistas têm estudado e prometem ser a solução de muitos dos problemas e doenças que nos atingem.

Figura 5.20 – Embrião em inicio de multiplicação das células tronco 40 Leia o texto a seguir: Liberdade de pesquisa X limites de intervenção sobre a vida As academias de ciências de 66 países, entre elas a brasileira, assinaram um documento em que defendem a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias, área tida atualmente como uma das mais promissoras da ciência. Em tese, as células-tronco extraídas de embriões têm o potencial de se transformar em qualquer tipo de tecido do organismo. Ainda não existe nenhum tratamento desenvolvido a partir de células-tronco embrionárias em nenhum país do mundo. Mas elas são um instrumento valioso para a compreensão da biologia humana. Mais que a promessa de tratamentos, os cientistas também enxergam nessas células uma ferramenta para a realização de experimentos de ciência básica. A partir delas, os pesquisadores podem entender como células idênticas, sem função específica, se transformam em todos os tecidos do corpo humano, dos neurônios cerebrais ao tecido do fígado ou do pâncreas. “A Lei de Biossegurança nos deu o direito de fazer as mesmas pesquisas feitas no exterior. Nos deu o direito de não sermos apenas espectadores”, diz a geneticista Mayana Zatz, pró-reitora de pesquisa da Universidade de São Paulo. “Ter presenciado sua aprovação foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida.” Devem ser usados nessas pesquisas embriões congelados a mais de três anos e aqueles que são inviáveis. “Eu não fui um montinho de células pré-humano” disse a bioquímica Lenise Martins Garcia opositora do projeto de uso dos embriões. “Fui gerada, graças a Deus, por um ato de amor dos meus pais.” “Não há nem como saber com certeza se os embriões são inviáveis. Há crianças sadias que vieram de embriões congelados havia muito tempo”, diz. Os opositores afirmam que as pesquisas também poderiam ser feitas com células retiradas do sangue do cordão umbilical ou da medula dos pacientes, chamadas de células tronco adultas. Essas pesquisas têm gerado entusiasmo, mas não eliminam a necessidade das pesquisas com embriões. Texto extraído de reportagem da revista Época 30/04/2007 Esta reportagem expõe a polêmica envolvida em decorrência do desenvolvimento da genética. Ela é a ciência que estuda o material existente no núcleo das nossas células e tenta, através da sua manipulação, encontrar soluções para vários problemas biológicos.

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( fonte:http://outrapolitica.files.wordpress.com)

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A genética está mais presente nas nossas vidas do que podemos perceber. Você já ouviu falar em alimentos transgênicos? São alimentos como a soja e o milho que tiveram sua seqüência genética modificada para produzir substâncias que as protegem contra pragas ou que as fazem produzir mais. A soja esteve no centro de uma grande discussão entre produtores e ambientalistas, pois a planta modificada geneticamente apresentava uma produtividade muito maior que a soja comum, era muito mais resistente ao ataque de pragas e era o tipo preferido pelos produtores. Os ambientalistas argumentavam que como são mais resistentes, a soja transgênica acabaria por contaminar lavouras vizinhas de soja natural e causar a sua extinção. Além disso não se conheciam os riscos que os alimentos produzidos com esta soja poderiam oferecer ao ser humano. Depois de muitas consultas a especialistas e estudos, a soja transgênica foi liberada pela Comissão Nacional de Biossegurança para comércio e hoje faz parte da nossa alimentação. A discussão mostrada na reportagem que transcrevemos em parte, deu direito a cientistas brasileiros de utilizarem embriões humanos não viáveis para reprodução, realizar clonagens terapêuticas (sem finalidade reprodutiva) e várias outras técnicas de manipulação celular com finalidade de se produzir tratamentos. Mas não dá o direito de produzir seres humanos através de uma clonagem (produção de um descendente a partir da célula adulta de um organismo). A clonagem parece ser uma técnica recente, mas não é. Quando retiramos um galho de uma planta e produzimos uma muda, teremos uma planta idêntica à primeira, ou seja, um clone da primeira. O que é recente é a aplicação dessa técnica em animais e seres humanos. Porém a finalidade não é produzir outro ser humano e sim tecidos sadios que possam substituir partes doentes do corpo. Por isso dizemos que é uma técnica terapêutica. O diabetes, por exemplo, é a incapacidade que o pâncreas adquire de produzir insulina, um hormônio que promove a retirada da glicose que circula no sangue para que ela seja aproveitada pelas células. Através da clonagem terapêutica poderia se retirar o núcleo de uma célula adulta do paciente e inserir dentro de um óvulo que teve seu próprio núcleo removido. A célula é então ativada e reprogramada, como se fosse uma célula tronco embrionária. A partir daí vários processos fazem com que ela se desenvolva, se multiplique e se transforme no tecido que forma o pâncreas. Este tecido pode ser então implantado no paciente e, substituindo o tecido doente do pâncreas, restabelecer a sua função. Todo o desenvolvimento do tecido, desde a troca do núcleo do óvulo, é feito em meio de cultura, fora de qualquer organismo vivo. Uma cultura é um gel nutritivo onde se adiciona tudo o que uma célula precisa para se manter viva e se reproduzir. Meios de cultura também são usados em exames laboratoriais onde se coloca uma amostra de um material contaminado com vírus, bactérias ou fungos e espera-se o seu crescimento e multiplicação para que possa ser identificado.

Como você pode perceber o método obtém célulastronco sem usar um embrião. Como afirmaram alguns cientistas na reportagem, isso já evita uma grande polêmica, além disso, não há risco de rejeição do tecido por parte do sistema imunológico do paciente como ocorre nos transplantes de órgãos. Infelizmente estas técnicas ainda estão em estudo e são feitos apenas tratamentos experimentais. Mas talvez num futuro próximo ela possa ser usada em beneficio de toda a população que dela necessite. A despeito das permissões e proibições, benefícios e prejuízos, a manipulação de genes e células humanas deve seguir o padrão ético de uma sociedade. A comunidade mundial ainda discute a validade e o direito de utilizar técnicas de clonagem dos embriões humanos, o impacto que a genômica pode ter no ambiente a na biodiversidade e o direito de comercializar produtos transgênicos, aqueles que são obtidos a partir de organismos alterados pela engenharia genética. DA CÉLULA AO ORGANISMO Todos nós já fomos, um dia, uma única célula, a célula ovo ou zigoto que dão origem ao embrião. A célula ovo se forma pela união de duas outras células: o espermatozóide, produzido pelo homem e o óvulo produzido pela mulher. Mas será que todo mundo se dá conta disso? Várias pesquisas mostram que tem aumentado os casos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das adolescentes grávidas. A gravidez ocorre geralmente entre a primeira e a quinta relação e o parto normal já é a principal causa de internação de brasileiras entre 10 e 14 anos41. As principais causas da gravidez são: o desconhecimento de métodos anticoncepcionais, ou a dificuldade de usá-los, pois a educação dada à adolescente faz com que ela não queira assumir que tem uma vida sexual ativa e por isso não usa os métodos ou usa aqueles de baixa eficiência (coito interrompido e tabelinha) porque esses não deixam “rastros”. O uso de drogas e bebidas alcoólicas entre as jovens também comprometem a contracepção. Isso tudo ocorre entre adolescentes, mas também entre adultos que nem se quer conhecem o próprio corpo. Entre os que conhecem, muitos têm informações incorretas. Você deve ter obtido muitas informações sobre reprodução quando estudou os assuntos do ensino fundamental. Vamos tentar obter mais algumas informações importantes a respeito da reprodução. Muitas espécies de mamíferos apresentam funções reprodutoras parecidas com as do homem. Mas o ser humano é o único animal que não se relaciona sexualmente apenas para a reprodução. Com isso ele acaba se tornando responsável pelo próprio corpo e pelo corpo do seu parceiro ou parceira.

41 Gravidez na Adolescência, Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silverio Amâncio, Revista eletrônica Psiqweb, Psiquiatria Geral - SBPC. 73

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A nossa capacidade de procriar, que ocorre por volta dos 14 anos, vem antes do amadurecimento emocional. Ela surge junto com muitas dúvidas e conflitos com os padrões sociais e religiosos do nosso país. O adolescente perde a liberdade de conversar com os pais e prefere esclarecê-las com amigos, o que acaba trazendo mais dúvidas, comportamento inadequado, busca de satisfação de forma errada e por muitas vezes, a gravidez e doenças. A maturidade sexual deve vir acompanhada da maturidade emocional onde a cumplicidade de um casal deve ser suficiente para um proteger o outro em todos os sentidos, inclusive no que se refere à prevenção de doenças e de uma possível gravidez. Esta prevenção pode ser realizada através de alguns métodos contraceptivos: - Métodos naturais ou comportamentais – São os mais aceitos por entidades religiosas, mas são os que apresentam maior porcentagem de falhas. São exemplos: a tabelinha onde se controla o período fértil no ciclo menstrual, o teste de muco cervical que surge na vagina no período fértil, o coito interrompido e a temperatura basal, que fica um pouco mais elevada no período de ovulação. - O DIU, dispositivo intra uterino – é colocado dentro do útero por um ginecologista. Ele é feito de cobre e sua função é impedir que o embrião se fixe as paredes do útero. Ao liberar partículas deste metal também prejudica o movimento dos espermatozóides.

Figura 5.21 – DIU – Dispositivo intra uterino.42 - Métodos hormonais – Estes métodos “enganam” o organismo da mulher impedindo a sua ovulação, é um método com pouca chance de falhas desde que seja usado corretamente. Existem vários tipos de anticoncepcionais hormonais: orais como a pílula anticoncepcional e a pílula do dia seguinte, injetáveis, implantes e adesivos. - Métodos definitivos – São aqueles realizados cirurgicamente onde um pequeno corte é feito na tuba uterina da mulher para impedir a passagem dos óvulos ou nos canais deferentes do homem para impedir a passagem dos espermatozóides (vasectomia). - Métodos químicos – São os chamados espermicidas, substâncias que matam os espermatozóides ou impedem o seu movimento. Podem ser injetados na vagina ou usados em associação com outros métodos como o diafragma por exemplo. - Métodos de barreira – Eles impedem o contato do esperma com o colo do útero onde ele encontraria a passagem para fecundar o óvulo. Entre eles estão;

Figura 5.22 – Métodos anticoncepcionais de barreira: A) Camisinha masculina, B) Camisinha feminina e C) Diafragma.43 Estes últimos, principalmente as camisinhas são particularmente importantes e têm sido alvos de várias campanhas de prevenção porque são eficientes tanto na contracepção quanto na transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

42 43 74

Guia de planejamento familiar da prefeitura municipal de Campinas. Guia de planejamento familiar da prefeitura municipal de Campinas.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 (Encceja 2006) A vaginose bacteriana é uma patogenia causada por um desequilíbrio ecológico da flora vaginal, na qual as bactérias protetoras (Lactobacilus acidophilus) são substituídas por outras bactérias, provocando um corrimento de odor fétido. Carlos Antônio da Costa. Ginecologia, n.º 4, Ano I, jul./2003 (com adaptações). Para se evitar o aparecimento de corrimentos vaginais, deve-se: I - fazer higiene externa, diariamente, com sabonete neutro. II - comer iogurtes com lactobacilos. III - usar o preservativo — camisinha — nas relações sexuais. Estão corretos os procedimentos: (A) I e II, apenas. (B) I e III, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I, II e III. Atividade 2 (Encceja 2005) Em uma certa comunidade, para cada quatro crianças nascidas, uma era albina (ausência de pigmentação da pele). Na maioria dos casos, essas crianças tinham pais com pigmentação de pele normal. Considere as informações abaixo, que procuram explicar o que ocorre com essas crianças: I - Trata-se de uma característica congênita adquirida durante a gestação. II - Trata-se de uma característica recessiva, já que os pais são normais. III - Trata-se de uma característica herdada somente do pai. IV - Trata-se de uma característica genética e os pais devem ser portadores do alelo albino. Estão corretas (A) I e II. (B) I e III. (C) II e IV. (D) III e IV. Atividade 3 (Encceja 2002) Pesquisas realizadas na França mostraram que um aumento de 10% do número de médicos por habitante provoca uma redução de 0,3% na mortalidade da população. Em compensação, uma diminuição de 10% no consumo de lipídeos (gorduras) reduz a mortalidade em 2,5%. Adaptado de WALDMANN, Maurício e SCHNEIDER, Dan. Guia ecológico doméstico. São Paulo: Editora Contexto, 2000. De acordo com o texto, pode-se afirmar que: (A) investir no atendimento médico da população é mais eficaz do que mudar os hábitos de alimentação. (B) embora os hábitos saudáveis de alimentação devam ser praticados, pouco resolvem quando o desafio é reduzir a mortalidade. (C) para melhorar a saúde da população, é mais vantajoso prevenir que remediar. (D) se o objetivo é reduzir a mortalidade, a melhor receita é aumentar o número de médicos. Atividade 4 (Encceja 2006) Quando um tipo vírus penetra o nosso organismo, o nosso sistema imunológico reage, produzindo anticorpos, os quais tem a tarefa de destruir os vírus invasores. As vacinas são, na verdade, soluções que contêm determinados vírus atenuados (enfraquecidos) ou mesmo mortos que levarão o nosso sistema imunológico a produzir anticorpos contra o vírus infectante. Quando uma pessoa que já foi vacinada contra um determinado tipo de vírus for contaminada pelo mesmo vírus, a doença: (A) se desenvolverá de qualquer forma, pois as vacinas feitas com vírus mortos não funcionam. (B) não se desenvolverá na primeira infecção, somente nas próximas contaminações. (C) se desenvolverá de forma mais rápida, pois já havia uma quantidade de vírus no organismo. (D) não se desenvolverá, porque os anticorpos já existentes combaterão o vírus logo que entrar no organismo.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 5 (Encceja 2006) Lavar as mãos com sabonete reduz significativamente a proliferação da pneumonia e da diarréia, as duas principais causas de morte no mundo em crianças menores de 5 anos. Esses resultados foram obtidos de estudos financiados por uma empresa de produtos de beleza e limpeza, no Paquistão, onde os pesquisadores examinaram 900 domicílios. Analise os dados da pesquisa na tabela abaixo. Quantidade de casos em 100 pessoas/semana Doença

n.º de casos quando as mãos são lavadas com sabão comum

n.º de casos sem lavar as mãos

pneumonia

2,20

4,40

diarréia

1,91

4,06

Lancet. Scientific American, ano 4, n.º 42 (com adaptações). A tabela mostra que: (A) o hábito de lavar as mãos foi suficiente para reduzir em mais de 50% os casos de diarréias infantis. (B) o sabonete foi mais eficiente para evitar a pneumonia e a diarréia. (C) os dados da pesquisa servem exclusivamente para influenciar a compra do produto produzido pela empresa. (D) o uso de sabonete foi insuficiente para diminuir os casos das doenças na população estudada. Atividade 6 (Encceja 2002) Para evitar problemas de choque anafilático em transfusões sangüíneas, entre outros fatores, deve-se verificar o fator Rh das pessoas envolvidas: pessoas com fator Rh- não podem receber sangue Rh+; por sua vez, pessoas com Rh+ podem receber sangue Rh- e Rh+. O quadro seguinte indica fenótipos e genótipos em relação ao fator Rh. Tipo sanguíneo

Fenótipo

Genótipo

Grupo Rh +

(Rh positivo)

R R ou R r

Grupo Rh –

(Rh negativo)

rr

Um casal tem três filhos e duas filhas, a mulher com Rh+ e o marido com Rh-. Desconhecendo-se o grupo sanguíneo dos filhos, numa situação de urgência que exija transfusão de sangue, pode-se considerar que, por medida de segurança, no que se refere ao fator Rh: (A) todos os três filhos podem doar sangue tanto para o pai quanto para a mãe. (B) os filhos podem doar sangue para o pai e apenas as duas filhas podem doar sangue para a mãe. (C) todos os filhos e filhas podem doar sangue para a mãe, mas não para o pai. (D) apenas os filhos podem doar sangue ao pai, mas não para a mãe. Atividade 7 (Encceja 2002) Para prevenir doenças como ascaridíase e giardíase, uma das medidas mais recomendadas é (A) a vacinação das crianças em idade escolar. (B) a higienização dos alimentos, em geral. (C) a cloração da água distribuída às residências. (D) o controle sistemático dos insetos que as transmitem.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 8 (Encceja 2002) Os resultados do exame de sangue do Antônio são: Número de elementos / mm3 Glóbulos vermelhos Função: transporte de oxigênio

Glóbulos brancos Função: defesa do organismo

Antônio

2.800.000

8.100

Valores Normais

4.600.000 a 6.200.000

4.300 a 10.000

Plaquetas Função: coagulação do sangue 3.800.000 1.500.000 a 5.000.000

Esses resultados indicam que Antônio pode ter (A) pressão alta. (B) anemia. (C) baixa resistência a infecções. (D) dificuldade de coagulação. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1-B 2-C 3-C 4-D 5-A 6-C 7-B 8-B PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Interpretar e relacionar indicadores de saúde e desenvolvimento humano, como mortalidade, natalidade, longevidade, nutrição, saneamento, renda e escolaridade, apresentados em gráficos, tabelas e/ou textos. • Reconhecer os mecanismos da transmissão da vida e prever a manifestação de características dos seres vivos, em especial, do ser humano. • Associar os processos vitais do organismo humano (defesa, manutenção do equilíbrio interno, relações com o ambiente, sexualidade, etc.) a fatores de ordem ambiental, social ou cultural dos indivíduos, seus hábitos ou outras características pessoais. • Avaliar a veracidade e posicionar-se criticamente diante de informações sobre saúde individual e coletiva relacionados a condições de trabalho e normas de segurança. • Analisar propostas de intervenção social considerando fatores biológicos, sociais e econômicos que afetam a qualidade de vida dos indivíduos, das famílias e das comunidades. • Analisar aspectos éticos, vantagens e desvantagens da biotecnologia (transgênicos, clones, melhoramento genético, cultura de células), considerando as estruturas e processos biológicos neles envolvidos. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 6 A Metodologia Cientifica ENTENDER MÉTODOS E PROCEDIMENTOS PRÓPRIOS DAS CIÊNCIAS NATURAIS E APLICÁ-LOS EM DIFERENTES CONTEXTOS. José Luis de Souza Método, entre outras coisas, significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. O que dizer então do método científico? Poderia se dizer que é o caminho seguido pelo cientista quando ele está em busca de “verdades” científicas. O método científico é composto dos seguintes elementos: - Caracterização - Quantificações, observações e medidas. Uma observação pode ser simples, isto é, feita a olho nu, ou pode exigir a utilização de instrumentos apropriados. - Hipóteses – Explicações possíveis das observações e medidas. - Previsões - Deduções lógicas das hipóteses. As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no presente e no futuro. - Experimentos - Testes dos três elementos anteriores. - Descrição - O experimento precisa ser replicável (capaz de ser reproduzido). - Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada. Experiência controlada é aquela que é realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem interferir e modificar o resultado. - Explicação das Causas - Na maioria das áreas da Ciência é necessário que haja causalidade, ou seja, é preciso saber o que provocou o surgimento de um determinado efeito. Nessas condições são vistos como importantes no entendimento científico: * Identificação das Causas, * Correlação dos eventos - As causas precisam se correlacionar com as observações, * Ordem dos eventos - As causas precisam preceder, no tempo, os efeitos. Todos nós, vez ou outra, nos comportamos como cientistas. Ser cientista não é possuir um rótulo, mas sim ter uma atitude científica; por outro lado, mesmo aquele que se diz cientista, muitas vezes assume atitudes não científicas e penetra em terrenos apoiados em regras próprias ou, até mesmo, sem regras. O rótulo é freqüentemente utilizado quando queremos nos referir às pessoas que se utilizam de seus talentos científicos como meio de vida: seriam então os cientistas profissionais. Pensamento Científico para fazer um simples pão de queijo. Pão de queijo no liquidificador

• 3 xícaras (chá) de polvilho doce • 100g de queijo ralado • 3 ovos

• 1/2 xícara (chá) de óleo • 1 xícara (chá) de leite

• 1 colher (chá) de fermento em pó • sal a gosto

1 - Bater tudo no liquidificador e por em forminhas untadas com óleo 2 - Só assar

Figura 6.1- Receita de pão de queijo.44

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Livro de receitas Açúcar união. 1998

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Imagine um cozinheiro fazendo pão de queijo. Antes de qualquer coisa, ele precisa seguir vários procedimentos, etapas, ter conhecimento de culinária, ter os ingredientes certos, equipamentos, fazer medidas de volume e peso, etc. Caso ele não siga algumas das etapas corretamente, provavelmente, sua receita não agradará a todos. Muito ou pouco sal pode ser um problemão, principalmente na área de alimentos! No pensamento cientifico tudo começa semelhante a uma simples receita, no qual cada cientista segue padrões, para criar evidências fortes, provar suas observações, e talvez, por em prática suas hipóteses levantadas. Na área da saúde a demonstração da relação causal entre microrganismos e patologias consiste basicamente nos seguintes passos: - Definição do problema; - Recolhimento de dados; - Proposta de uma hipótese; - Realização de uma experiência controlada, para testar a validade da hipótese; - Análise dos resultados; - Interpretação dos dados, o que serve para a formulação de novas hipóteses; - Publicação dos resultados em monografias, dissertações, teses, artigos ou livros aceitos por universidades e/ou reconhecidos pela comunidade científica. Vale à pena notar que esta seqüência de ações é apenas um exemplo, não sendo obrigatória a existência de todos esses passos. Na verdade, na maioria dos casos não se segue todos eles. O método científico requer acima de tudo inteligência, imaginação e criatividade. ACUMULANDO CONHECIMENTO Temos discutido muito neste caderno sobre o assunto saúde e agora, abordando o método cientifico tocaremos novamente no assunto. Uma grande parte das doenças mais comuns é causada por microorganismos. O tratamento delas depende da identificação do agente causador e de como ele foi parar no corpo do paciente. Para realizar esta tarefa é necessária uma grande quantidade de conhecimento. Tome cuidado, as informações discutidas aqui servem para que nós possamos nos cuidar melhor e sabermos como evitar diversas doenças. Elas não são suficientes para fazermos diagnósticos e decidirmos que medicamento tomar, só o médico tem conhecimento suficiente para isso. O VÍRUS Os vírus não são constituídos por células, embora dependam delas para a sua multiplicação. Eles tipicamente consistem de uma cápsula de proteína que armazena e protege o material genético viral. Contido nele também está o mecanismo pelo qual o vírus invade seu próximo hospedeiro. Vírus não têm qualquer atividade metabólica quando está fora da célula hospedeira: eles não podem captar nutrientes, utilizar energia ou realizar qualquer atividade bios-

sintética. Eles obviamente se reproduzem, mas diferentemente de células, que crescem, duplicam seu conteúdo para então dividirem-se em duas células filhas. Os vírus replicam-se através de uma estratégia completamente diferente: eles invadem células, espalham os componentes da partícula viral; esses componentes então interagem com o material interno da célula hospedeira, modificando o metabolismo celular para a produção de mais vírus. Ele não possui um reino especifico na classificação dos seres vivos e alguns cientistas até defendem a sua não classificação como ser vivo. Exemplos de doenças causadas por vírus incluem a caxumba, raiva, rubéola, sarampo, hepatite, dengue, poliomielite e febre amarela. Também há a gripe, que é causada por uma variedade de vírus; a varicela ou catapora, varíola; meningite viral e AIDS, que é causada pelo vírus HIV. Recentemente foi mostrado que o câncer cervical (câncer de colo uterino) é causado, ao menos em parte, pelo papilomavirus (que causa papilomas ou verrugas), representando a primeira evidência significante em humanos para uma ligação entre câncer e agentes virais. A AIDS - sigla em inglês que significa Acquired Immune Deficiency Syndrome - ou síndrome da imunodeficiência adquirida, em português - SIDA é transmitida pelo vírus HIV - sigla em inglês de Human Immunodeficiency Vírus (ou vírus da imunodeficiência humana, em português). Como todo vírus, esse também precisa de uma célula viva para se reproduzir. Essas células, no caso da AIDS, são as que cuidam da defesa do nosso organismo contra a invasão de organismos estranhos, os leucócitos. Os vírus da AIDS também são atacados pelos leucócitos, mas, com o tempo, alguns tipos deles (como os linfócitos T) são destruídos e o organismo fica desprotegido contra a agressão de outros vírus ou bactérias, chamados então de oportunistas. Assim, o indivíduo infectado fica imunodeficiente, permitindo o aparecimento de infecções variadas (pneumonia, encefalite, etc), que geralmente levam o paciente à morte. Sem saber que está contaminada, a pessoa pode contagiar muitas outras. Quando a AIDS surgiu e era pouco conhecida, um único doador de sangue contaminado provocava a doença em dezenas de outras. Os vírus não podem ser combatidos com antibióticos, este tipo de medicação não tem ação contra eles. As únicas drogas que conseguem algum resultado são as anti-retrovirais, que impedem a multiplicação dos vírus. A vacina seria o meio mais eficaz de se combater a AIDS, mas não se consegue produzir uma vacina eficiente porque o vírus sofre mutação muito rápido. Como o sistema imunológico precisa ter uma defesa especifica para cada tipo de microorganismo, ele não consegue combater o novo vírus. A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS O desenvolvimento da vida na Terra gerou uma infinidade de seres vivos na superfície, nos ambientes aquáticos e até sob o solo. Para estudar toda essa diversidade foi preciso separá-los de acordo com suas características comuns. Um organismo poder ser classificado de acordo com

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS a sua espécie, gênero, família, ordem, classe, filo e reino. Você já viu a palavra “espécie” diversas vezes, mas o que ela realmente significa? Pense, por exemplo, no cavalo e na égua. Eles podem acasalar e dar origem a um descendente fértil, isto é, que também pode gerar seus próprios descendentes. Dizemos, por isso, que cavalos e éguas são animais que pertencem a uma mesma espécie. Podemos, então, definir: Espécie é um conjunto de organismos semelhantes entre si, capazes de se cruzar e gerar descendentes férteis. Espécies mais aparentadas entre si do que com quaisquer outras formam um gênero. O gato-do-mato, encontrado em todas as florestas do Brasil, pertence a espécie Leopardus wiedii; a nossa jaguatirica, o maior entre os pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence à espécie Leopardus pardalis; e o gato-do-mato-pequeno, o menor dos pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence à espécie Leopardus tigrinus. Todos esses animais são de espécies diferentes, porque não são capazes de cruzar-se entre si gerando descendentes férteis. Mas como estas espécies são mais aparentadas entre si do que com quaisquer outras, elas formam um gênero chamado Leopardus. A onça pintada, outro mamífero que pode ser encontrado na maior parte das Américas do sul e central têm o nome cientifico Phantera Onca, portanto ela pertence a um gênero diferente (gênero Phantera) da jaguatirica e do gato do mato. De qualquer modo todos eles se parecem com gatos, têm essa característica em comum, logo, pertencem à mesma família a Felidae. Para que os especialistas conseguissem um grau maior de organização na classificação dos seres vivos foram criados outros níveis. Por exemplo famílias de animais com características semelhantes pertencem a mesma ordem. Os Felidae pertencem à ordem Carnívora. Todos os animais carnívoros podem ser classificados na classe Mamalia ou dos mamíferos. Os mamíferos pertencem a um grupo maior ou filo cordados como os peixes, aves, répteis e mamíferos. A última categoria que reúne os filos que possuem características em comum é o reino. Os cordados pertencem ao reino animal. Resumindo os graus de classificação: Espécie - Gênero - Família - Ordem - Classe - Filo - Reino Reino é o grupo mais abrangente da classificação dos seres vivos. Grande parte dos pesquisadores aceitam, atualmente, cinco reinos: Monera - Seres unicelulares (formados por uma única célula), procariontes (células sem núcleo organizado, o tipo mais simples de célula existente). São as bactérias e as algas cianofíceas ou cianobactérias (algas azuis), antes

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consideradas vegetais primitivos. Protista - Seres unicelulares eucariontes (que possuem núcleo individualizado) Apresentam características de vegetal e animal. Representados por protozoários, como a ameba, o tripanossomo (causador do mal de Chagas) o plasmódio (agente da malária), a euglena (um tipo de alga). Fungi - Seres eucariontes uni e pluricelulares. Já foram classificados como vegetais, mas sua membrana possui quitina, molécula típica dos insetos e que não se encontra entre as plantas. São heterótrofos (não produzem seu próprio alimento), por não possuírem clorofila. Têm como representantes as leveduras, o mofo e os cogumelos. Plantae ou Metafita - São os vegetais, desde as algas verdes até as plantas superiores. Caracterizam-se por ter as células revestidas por uma membrana de celulose e por serem autótrofas (sintetizam seu próprio alimento pela fotossíntese). Existem cerca de 400 mil espécies de vegetais classificados. Animali ou Metazoa - São organismos multicelulares e heterótrofos (não produzem seu próprio alimento), pois são aclorofilados – não possuem clorofila -. Englobam desde as esponjas marinhas até o ser humano. Observe a figura a seguir que mostra a classificação dos Reinos de acordo com a evolução:

Figura 6.2 – Representação dos reinos dos seres vivos por ordem evolutiva.45 Uma observação deve ser feita: os VÍRUS são seres que são classificados à parte, sendo considerados como seres sem reino. Isto acontece devido às características únicas que eles apresentam, como a ausência de organização celular, ausência de metabolismo próprio para obter energia, reproduz-se somente em organismo hospedeiro, entre outras. Mas eles possuem a faculdade de sofrer mutação, a fim de adaptar-se ao meio onde se encontram. O REINO MONERA O reino monera é composto pelas bactérias e cianobactérias (algas azuis). Elas podem viver em diversos locais, como na água, ar, solo, dentro de animais e plantas, ou ainda,

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS como parasitas. AS BACTÉRIAS A maioria se seus representantes são heterótrofos (não conseguem produzir seu próprio alimento), embora existam também algumas bactérias autótrofas (produzem seu alimento, via fotossíntese, por exemplo). Existem bactérias aeróbias, ou seja, que precisam de oxigênio para viver, as anaeróbias obrigatórias, que não conseguem viver em presença do oxigênio, e as anaeróbias facultativas, que podem viver tanto em ambientes oxigenados ou não. As formas físicas das bactérias podem ser de quatro tipos: cocos, bacilos, vibriões, e espirilos. Os cocos, podem se agrupar, e formarem colônias. Grupos de dois cocos formam um diplococo, enfileirados formam estreptococos, e em cachos, formam estafilococo.

Figura 6.3 – Representação de diversas formas físicas de bactérias Por serem os seres vivos mais primitivos da Terra, eles também são os que estão em maior número. Por exemplo, em um grama de solo fértil pode haver 2,5 bilhões de bactérias e 50 mil algas. AS ALGAS AZUIS OU CIANOBACTERIAS Esses seres são chamados assim por causa da cor azul esverdeada que possuem. Essa cor é chamada ciano. São organismos fotossintetizantes, que produzem seu próprio alimento e oxigênio. Muitos seres aquáticos se alimentam das cianobacterias. Elas também são importantes fixadoras de nitrogênio no solo e na água. ESTRUTURA CELULAR As bactérias e cianobactérias não têm núcleo organizado, elas são procariontes, ou seja, o DNA fica espalhado na parte liquida da célula, no citoplasma. Por isso, o filamento de material genético é fechado, sem pontas, para que nenhuma enzima comece a digerir o DNA. Possuem uma parede celular bastante rígida. Para se locomoverem, as bactérias contam com os flagelos, que são pequenos cílios que ficam se mexendo, (igual ao espermatozóide humano, só que muito mais simples). Também podem possuir Fímbrias, que são microfibrilhas protéicas que saem da parede celular. As fímbrias podem ser vistas nas duas micrografias do lado esquerdo da figura a seguir:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Figura 6.4 – micrografias de e-coli (à esquerda) e de bactérias flageladas.46 Existem as fímbrias sexuais, que servem para troca de material genético durante a reprodução e também auxiliam as bactérias patogênicas (parasitas) a se fixarem no hospedeiro. A Cápsula, camada que envolve externamente a bactéria, formada por polissacarídeos, serve para a alimentação (fagocitose), proteção contra desidratação, e também para que o sistema imunológico hospedeiro (no caso das parasitas) não a reconheça. A fagocitose é um processo pelo qual os seres unicelulares obtêm seus alimentos os linfócitos do sangue englobam corpos estranhos ao organismo fazendo assim a defesa dele.

Figura 6.5 – A figura A47 mostra uma representação esquemática de uma célula em fagocitose. A figura B48 é uma micrografia de um linfócito também em fagocitose. REPRODUÇÃO A reprodução das bactérias ocorre de forma assexuada e sexuada. A assexuada é a mais comum, feita por bipartição (divisão binária, ou cissiparidade), onde a célula bacteriana cresce, têm seu material genético duplicado, e então, a célula se divide, dando origem a outra bactéria, geneticamente igual. Observe a figura a seguir:

Figura 6.6 - Reprodução assexuada por bipartição: bactérias49 A forma sexuada pode ser realizada de três formas: - conjugação, que consiste em uma bactéria transferir material genético para outra, e vice-versa, através das fímbrias; - transdução: é a troca de genes feita através de um vírus, que invade uma célula, incorpora seu material genético, e o transmite para outras bactérias; - transformação: as bactérias podem incorporar ao seu DNA fragmentos de materiais genéticos dispersos no ambiente. Este tipo de reprodução sexuada é o responsável pelas mutações nas bactérias e na maioria dos seres vivos. Quando essas mutações são benéficas para o ser vivo ocorre o que chamamos de evolução. As bactérias também podem originar esporos, em condições ambientes desfavoráveis à reprodução (altas ou baixas temperaturas, presença de substâncias tóxicas, etc). Eles são pequenas células bacterianas, com uma parede celular espessa, pouca água e um material genético. Elas são capazes de ficar milhares de anos nestes ambientes, esperando por uma

46 www.iep.uminho.pt 47 clientes.netvisao.pt/freiremj/img/fagocitose.jpg 48 www.biologo.com.br/.../fagocitose_gif 49 www.ufmt.br/bionet/conteudos/ 82

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS condição do ambiente melhor. De um modo geral as bactérias vivem agrupadas formando colônias visíveis a olho nu. Cada tipo de bactéria forma um tipo diferente de colônia e através dela pode-se identificar a bactéria. A IMPORTÂNCIA DAS BACTÉRIAS As bactérias também têm sua importância no meio ambiente, assim como qualquer ser vivo: - Decomposição: atuam na reciclagem da matéria, devolvendo ao ambiente moléculas e elementos químicos reutilizáveis por outros seres vivos. - Fermentação: algumas bactérias são utilizadas nas indústrias para produzir iogurte, queijo, etc (derivados do leite). - Indústria farmacêutica: na fabricação de antibióticos e vitaminas. - Genética: com a alteração de seu DNA, pode-se fazer produtos de interesse dos seres humanos, como insulina. - Fixação do Nitrogênio: retiram o nitrogênio do ar e o fixa no solo, servindo de alimentação para as plantas. Muitas doenças que acometem o homem e outros seres vivos são causadas por certas bactérias patogênicas (do grego pathos= sofrimento), discutiremos algumas delas no próximo capitulo. As bactérias podem causar outras enfermidades, como as contraídas por intoxicação alimentar. É o caso do botulismo, freqüentemente fatal, que é provocado por uma potente toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, organismo anaeróbio que pode se desenvolver em alimentos enlatados diversos. Algumas bactérias, como as dos gêneros Shigella e Salmonella, também contaminam alimentos diversos e provocam inflamações no estômago e no intestino, as quais são acompanhadas de febre, vômitos, diarréias e podem levar o indivíduo à morte. Essas doenças exigem um imediato tratamento médico, que inclui o uso de medicamentos. As doenças bacterianas são passíveis de serem tratadas com antibióticos ao contrário das viroses. ALGAS E PROTOZOÁRIOS É um Reino de seres vivos que reúne os protozoários, organismos heterotróficos que podem obter seus alimentos por absorção ou por ingestão; e algas fotossintetizantes. No geral, são organismos eucariontes (têm núcleo organizado), unicelulares, coloniais ou multicelulares e não possuindo tecidos verdadeiros. Note que falamos de algas novamente mas preste atenção, desta vez elas possuem núcleo organizado, diferente das algas azuis. Os protozoários são simplificadamente classificados em: - Protozoários amebóides (sarconídeos) – deslocando-se e capturando alimentos através de pseudópodes (falsos pés). - Protozoário flagelado - locomoção e obtenção de alimentos por meio de batimento flagelar.

Figura 6.7 - Tripanossoma cruzi, protozoário responsável pela doença de chagas (A) 50 e ameba em fagocitose (B)51. - Protozoários ciliados – que se deslocam ou obtêm alimentos por meio de cílios. - Protozoários esporozoários – não possuem estrutura especial para locomoção, mas utilizam de flexões ou deslizamento do corpo. Muitos protozoários são parasitas do homem causando diversas doenças. OS FUNGOS Os fungos, também conhecidos como cogumelos, são organismos uni ou pluricelulares, que não possuem clorofila, os pigmentos fotossintetizantes. Seu corpo é formado por diversos filamentos, as hifas, que agrupadas formam estruturas chamadas de micélios. Sua reprodução normalmente envolve a participação de esporos, como ocorre entre as plantas. Estes esporos são gerados dentro de cápsulas chamadas de corpos de frutificação que “brotam” nas hifas. Embora eles se reproduzam como as plantas, armazenam glicogênio e apresentam nutrição heterótrofa, como os animais. Enquanto os animais são heterótrofos por ingestão, os fungos são heterótrofos por absorção. Pelas, diferenças que apresentam tanto em relação aos vegetais como aos animais, modernamente os fungos são enquadrados num reino “somente deles”: o reino Fungi O ramo da Biologia que se encarrega do estudo das aproximadamente 10 000 espécies de fungos conhecidas chama-se Micologia. Na espécie humana são conhecidas diversas micoses, doenças causadas por fungos. Entre elas podemos considerar: - o sapinho ou a candidíase, causada pelo fungo Candida albicans; - a frieira ou pé-de atleta, provocada pelo fungo Tinea pedis; - a blastomicose sul-americana, micose grave que pode ocasionar a morte por lesões na pele e em órgãos internos, como os pulmões; - a dermatose pitiríase (do grego pityron = farelo), caracterizada pela produção de escamas epiteliais que se esfarelam. Na fabricação do álcool e de bebidas alcoólicas, como o vinho e a cerveja, é fundamental a participação dos fungos do gênero Saccharomyces, que realizam fermentação alcoólica, convertendo açúcar em álcool etílico. Em julho de 2009 uma empresa americana atuando no Brasil iniciou a produção de óleo diesel a partir da cana de açúcar utilizando fungos modificados geneticamente. Esses fungos, conhecidos também como leveduras, são anaeróbicos facultativos, já que realizam respiração aeróbica em presença de gás oxigênio e fermentação na ausência desse gás. Por isso, na fabricação do vinho, por exemplo, evita-se o contato do suco de uva com o ar; assim, em vez de realizar a respiração aeróbica, o fungo processa a fermentação alcoólica, liberando álcool etílico e permitindo a obtenção do vinho. Na indústria de antibióticos, os fungos também têm pa50 www.iep.uminho.pt 51 www.todabiologia.com/citologia/fagocitose.jpg

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS pel de destaque. Afinal, foi do Penicillium notatum que Alexander Fleming, em 1929, extraiu a penicilina, antibiótico responsável pela salvação de milhares de vidas durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje, muitos outros antibióticos largamente aplicados são conseguidos a partir de culturas de fungos. O gênero Penicillium, além de abranger espécies fornecedoras de penicilina, compreende outras que são indispensáveis na manufatura de queijos como o roquefort e o camembert Os liquens resultam da associação entre algas unicelulares (azuis ou verdes) e fungos (principalmente ascomicetos). Nessa interação, as algas constituem os elementos produtores, isto é, sintetizam matéria orgânica e fornecem para os fungos parte do alimento produzido; estes, com suas hifas, envolvem e protegem as algas contra a desidratação, além de lhes fornecer água e sais minerais. Denomina-se mutualismo à interação biológica onde as duas espécies são beneficiadas, como as algas e os fungos que constituem o líquen. CONHECIMENTO E DIAGNÓSTICO Quando um médico recebe um paciente com queixas em seu consultório, ele invariavelmente vai aplicar o pensamento cientifico para descobrir qual é o problema do paciente, pois tem conhecimento para isso. Ele precisa então conhecer o problema para poder formular uma hipótese sobre a existência ou não da doença e faz isso através de uma breve entrevista e exames clínicos. De posse dessas informações preliminares ele passa para a parte dos experimentos, pede alguns exames laboratoriais de tecidos (como Sangue), secreções (como urina) e excretas (como fezes). De posse dos resultados o médico formula sua hipótese. No caso da gripe suína, por exemplo, que se espalhou pelo mundo no primeiro semestre de 2009 (se transformou em pandemia) faz parte do conhecimento do problema saber se os sintomas um paciente apresenta estão entre aqueles causados pelo vírus H1N1. Os sintomas atribuídos a essa gripe suína que está atualmente provocando alarme em toda a população mundial principalmente são: • • • • •

Febre Dores no corpo Nariz entupido Dor de garganta Tosse seca

• • • •

Calafrios Dor de cabeça Corisa Alterações intestinais, diarréia (às vezes).

Se o paciente apresenta estes sintomas então se passa para a fase de recolhimento de dados e se procura saber se este ele esteve em locais ou países onde existem casos da doença ou teve contato com pessoas doentes. Se as respostas forem positivas então se pode formular a hipótese de que a pessoa esteja contaminada. Para testar a validade da hipótese neste caso passa-se para a fase da experiência controlada em laboratório. Só se consegue a certeza isolando-se o vírus influenza tipo A, analisando amostras respiratórias dos pacientes (secreções de nariz e laringe durante as primeiras 24-72 horas ou até 10 dias em crianças), e de sangue para identificar anticorpos específicos que atacam este vírus. Vamos supor que os resultados dos testes e analises clinicas tenham dado o resultado mostrado na tabela a seguir:

Exame Febre Calafrios Dores no corpo Dor de cabeça Nariz entupido Coriza Dor de garganta Diarréia Tosse seca Secreção Sangue

Positivo x x x x x x x

Negativo x

x x (sem vírus) x (sem anticorpos)

Tabela 6.1– Resultados de exames clínicos (hipotéticos). Representam um conjunto de dados sistematizados para diagnostico de uma enfermidade. De posse de todos esses resultados se faz uma análise minuciosa, tiram-se conclusões e confirma-se a hipótese inicial (o paciente está com a doença) ou formula-se uma nova hipótese (o paciente tem outra enfermidade) que será identificada

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS através de outros experimentos. No caso dos resultados mostrados na tabela vários dos sintomas da gripe H1N1 estão presentes, contudo os testes experimentais e definitivos não apresentaram os traços do vírus, portanto esta hipótese deve ser descartada. Caso a hipótese seja confirmada os dados devem ser publicados, pois o vírus se espalha pelo ar ou contato podendo atingir várias pessoas. De qualquer forma o tratamento deve ser feito já na fase hipotética da doença. Algumas drogas antivirais são usadas na prevenção e tratamento da doença, tentando impedir a replicação do vírus dentro do corpo humano. O resultado é a diminuição da agressividade da infecção com a terapia. Para maior eficácia, é necessário começar sua utilização nos dois primeiros dias de sintomas. Por outro lado, o uso indiscriminado desses remédios pode induzir a mais mutações e a efeitos colaterais com riscos desnecessários. NÓS SOMOS O QUE COMEMOS – AS FUNÇÕES DOS ALIMENTOS Ainda mantendo nosso foco na área da saúde podemos perceber através de noticiários que a sociedade brasileira tem apresentado problemas de saúde que não possuía há alguns anos atrás e que são típicas de países industrializados. Entre elas podemos citar a obesidade, hipertensão, vários tipos de câncer, infartos, entre outros. Algumas dessas doenças estão intimamente ligadas à forma como a população vem se alimentando e a hábitos de vida que estão sendo incorporados. Não é só a falta de comida que nos causa problemas de saúde, a alimentação de forma errada e maus hábitos podem prejudicar em muito o nosso organismo. A multiplicação das nossas células revela uma das funções do alimento: ele serve de matéria-prima para a construção do corpo. A construção do corpo não pára: muitas partes continuam sendo renovadas por toda a vida. Células da epiderme envelhecem, se desprendem da pele e são substituídas por outras, novas. Cerca de 200 bilhões de glóbulos vermelhos do sangue são destruídos por dia e substituídos por novos. Quando sofremos um ferimento na pele, é do alimento que tiramos as substâncias necessárias para reparar a região ferida. O crescimento e a renovação do corpo, as contrações musculares, a manutenção de uma temperatura constante, tudo isso precisa de energia. Essa energia é fornecida pelos alimentos. Porém alimentação é diferente de nutrição, alimento é tudo aquilo que comemos para matar nossa fome. Mas comer muito não significa que estamos ingerindo tudo o que o corpo precisa para funcionar bem. Se você comer lanche na hora do almoço ao invés de uma refeição completa você estará se alimentando ou se nutrindo? Vamos pegar como exemplo um Cheese salada (X-salada) com pão, queijo, hambúrguer, maionese, uma folha de alface e mais um refrigerante. O pão contém carboidrato, um nutriente importante que depois de digerido será usado nas nossas células para produzir energia, ele é conhecido como alimento energético. O problema é que se você trabalhar sentado,

não fizer nenhuma atividade física e não gastar esta energia ela ficará acumulada na forma de gordura que de fato é necessária em vários processos químicos que ocorrem no organismo, mas muita gordura pode entupir nossas veias, trazer doenças do coração e pressão alta. A carne tem proteína, este nutriente é importante porque será utilizado para a construção e reposição de tecidos e outras substâncias necessárias ao organismo. Por isso os atletas que fazem musculação precisam ingerir muita proteína para que seus músculos se desenvolvam. A carne também tem o mineral ferro, que é importante para que o organismo produza uma substância existente nos glóbulos vermelhos do sangue, a hemoglobina, responsável pelo transporte do oxigênio absorvido nos pulmões, através da respiração, até as células. O queijo além de proteína e gordura possui cálcio, um mineral muito importante para manter os ossos e dentes saudáveis. Aliás, as mulheres gestantes precisam manter uma dieta rica em leite e seus derivados que possuem cálcio. Se o organismo não encontra esse mineral disponível ele irá retirá-lo dos ossos e dos dentes da gestante para formar o esqueleto do bebê. Mulheres na menopausa também precisam ter uma dieta rica em cálcio porque a mudança no ciclo hormonal favorece a perda desse mineral deixando os ossos fracos, é a osteoporose. A folha de alface além de possuir sais minerais possui fibras, elas são importantes porque estimulam os movimentos dos intestinos, as fezes ficam mais consistentes e mais fáceis de serem eliminadas. A maionese até possui alguma proteína na sua formulação, pois é feita com ovos, mas a quantidade de óleo (e conseqüentemente gordura) usada na sua preparação faz com que este alimento seja extremamente prejudicial se consumido em excesso. E por fim o refrigerante, se você ler o rótulo de um deles para verificar a composição, verá que só informam a quantidade de carboidrato e ela está por volta de 125 g. Porém ele está na forma de polissacarídeo, o nosso popular açúcar, o resto do refrigerante é água. O problema é que durante o dia uma pessoa ingere o açúcar de varias fontes e não apenas do refrigerante. Para retirar este excesso de açúcar do sangue o pâncreas tem que produzir muita insulina, a substância responsável por essa tarefa. Se essa sobrecarga for prolongada ele pode deixar de produzir esse hormônio, a pessoa adquire então o diabetes que é a falta da insulina no sangue. Hormônios são substâncias que agem no controle e regulação de vários processos do organismo. Agora voltamos à pergunta: você está se alimentando ou se nutrindo? O pão e o açúcar serão armazenados na forma de gordura se você não gastar energia, o queijo, maionese e a carne possuem gorduras que poderão entupir suas artérias. Então você pode até matar sua fome, com o lanche, mas seu corpo continuará pedindo os nutrientes

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS necessários, para seu bom funcionamento (vitaminas, proteínas, minerais, fibras, aminoácidos, etc.). Desta forma o melhor é perder um pouco mais de tempo, mas fazer uma refeição mais equilibrada com verduras, carne, arroz, feijão, frutas e legumes. A DIGESTÃO Os alimentos que ingerimos não estão pontos para serem absorvidos pelo corpo. Eles são formados por partículas muito grandes que precisam ser quebradas. O processo de “desmonte” dessas partículas é chamado de digestão. O Sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por várias glândulas que produzem substâncias necessárias à digestão. O tubo digestório, que é o caminho por onde o alimento passa, é formado pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. O alimento entra no tubo digestório pela boca, onde é triturado pelos dentes e misturado com a saliva que é produzida por três pares de glândulas, as glândulas salivares. Esta saliva contém água, muco lubrificante e uma enzima chamada ptialina ou amilase salivar capaz de digerir o amido de pães, biscoitos, etc. As enzimas são substâncias capazes de acelerar vários processos e reações químicas do organismo. Ao longo deste tubo várias outras enzimas são misturadas ao bolo alimentar, decompondo os alimentos para que os nutrientes possam ser absorvidos pelo corpo. Tudo o que foi digerido no processo descrito acima está disponível para ser usado pelo nosso organismo. E se não for? Nesse caso os nutrientes serão eliminados ou acumulados na forma de gordura para uma necessidade futura. Porém o estilo de vida predominante, principalmente nas cidades, consome cada vez menos energia, portanto cada vez mais gordura tem ficado acumulada deixando a população em média com o peso cada vez maior. Observe o gráfico a seguir:

Figura 6.8 - Gráfico mostrando como a obesidade da população tem aumentado nos últimos 30 anos.52 De fato dados da pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)”, realizada recentemente pelo Ministério da Saúde mostrou que o percentual de obesos passou de 11,4% em 2006 para 12,9% em 2007 entre os brasileiros. A pesquisa considerou como obesas as pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 30. O IMC é calculado dividindo-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) elevada ao quadrado. Quem tem IMC igual ou maior que 25, mas inferior a 30, é considerado com excesso de peso. Segundo a pesquisa,

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Saúde.hsw.uol.br/obesidade-e-desnutricao1.htm

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS 43,3% das pessoas estavam nessa faixa em 2007, quando a pesquisa foi realizada. O excesso de peso é mais comum entre os homens, segundo o estudo. Os dados mostram que, em 2007, 49,2% deles estavam com IMC acima de 25, enquanto o índice entre as mulheres ficou em 37,8%. O estudo do Ministério da Saúde também mostrou que apenas 15,5% das pessoas entrevistadas costumavam fazer atividade física suficiente, ou seja, pelo menos 30 minutos diários de atividade de intensidade leve ou moderada em cinco ou mais dias da semana ou 20 minutos diários de atividade física de intensidade vigorosa em três ou mais dias da semana. Os homens costumam praticar mais exercícios que as mulheres – 19,3%, contra 12,3% no sexo feminino. Já 29,2% é o percentual de pessoas que não praticam qualquer atividade física no lazer, não realizam esforços físicos intensos no trabalho, não se deslocam para o trabalho a pé ou de bicicleta e não são responsáveis pela limpeza pesada de duas casas. Entre os entrevistados, 22,9% disseram ter tido diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial e 5,3% de diabetes. O problema da obesidade tem sido sentido entre as crianças de forma grave e alarmante. O número de crianças com excesso de peso em muitos países industrializados TRIPLICOU nas últimas duas décadas. A obesidade infantil passou a ser não só um problema de saúde pública como gerou outros fatores graves entre crianças e jovens: o desajuste social e distúrbios emocionais. No Brasil, de acordo com levantamento do IBGE, 10% das crianças e adolescentes têm sobrepeso e 7,3% (cerca de um milhão e meio de crianças e adolescentes) são obesas. Em geral são as camadas de classe média baixa as que apresentam maior índice de obesidade infantil, onde o maior lazer ainda é a farta mesa dos restaurantes de fast food. Não há dúvida que pais obesos tendem a gerar crianças obesas, seja por direta influência genética seja, por exemplo, de maus hábitos alimentares. Com o problema instalado é normal e compreensível que se busque os motivos, os culpados, a origem de tudo. Claro que a causa número 1 é o excesso de alimentação, principalmente aquela sob forma de comidas pré-preparadas, com excesso de gordura e muito carboidrato. Vivemos em uma sociedade onde os pais, por trabalharem demais, têm pouco ou nenhum tempo para supervisionar o preparo da alimentação e as refeições de seus filhos. Muitas crianças ficam “livres” para escolher alimentos fast food (pizza), fáceis de preparar (pipoca) e doces, bolos, chocolates, sorvetes, refrigerantes disponíveis na geladeira. Na escola as guloseimas supercalóricas estão disponíveis na cantina, favorecendo a gulodice, entupindo a criança com salgadinhos, batata frita e embutidos gordurosos. Mesmo as crianças que têm o privilégio de receber em casa uma educação alimentar adequada dificilmente conseguem resistir ao apelo de experimentar o que a “turma” está comendo e bebendo. Imagine as que não têm supervisão dos pais? Não é fácil resistir. Se os adultos já não conseguem, as

crianças são vítimas ainda mais vulneráveis. As porções servidas aos pequenos fregueses em lanchonetes e cantinas são cada vez mais vistosas e atraentes, mas também são maiores e mais calóricas. A televisão tem uma força extraordinária neste campo: “Mãe compra estes salgadinhos! Olha, mãe, o hambúrguer com uma montanha de batatas fritas está em promoção” e por aí vai. No supermercado a criança se deslumbra com os chocolates da páscoa, com o panetone do Natal, com os novos tipos de sorvetes, com o enorme tamanho da barra de chocolate! Este assunto é tão sério que a ONG “Intenational Association for Study of Obesity” lançou uma campanha na União Européia para proibir anúncios atraentes de produtos que possam causar excesso de peso às crianças. Todo adulto compara a infância do filho com o tempo em que ele próprio era criança. É comum fazer-se comparações do tipo: “No meu tempo de criança corríamos atrás da bola e dos balões, jogávamos bola na rua, andávamos de bicicleta pelo bairro, vivíamos praticando esportes”. Hoje os jogos eletrônicos prendem a criança em casa. Elas ficam horas e horas jogando o hipnótico “game”, comendo salgadinhos, batatas fritas e pipoca. Todos sabemos que o fato de passar horas na frente de uma televisão está diretamente relacionado com excesso de peso infantil. Mas essa não é opção da criança. É uma característica da vida atual. O fato de parte substancial da população viver em espaços residenciais restritos, sem acesso a parques, sem praticar esportes nos clubes, sem andar pelas ruas, faz com que a criança se acostume com a inatividade. Com toda informação que obtivemos sobre os alimentos, sobre as causas da obesidade e sobre o método cientifico você poderia imaginar uma solução para diminuir a obesidade infantil? Existem muitas pessoas pensando nisso e algo já está sendo feito, no Rio de Janeiro o prefeito proibiu que as crianças de Escolas Públicas tivessem acesso a alimentos “engordativos” substituindo-os por frutas, sucos naturais e preparações menos calóricas. Tal exemplo foi seguido por Florianópolis, Belo Horizonte e Porto Alegre. É um bom começo e sem dúvida irá ajudar na prevenção à obesidade infantil. É preciso ainda que escolas, professores e programas educativos na televisão invistam em divulgar, de uma forma apropriada à idade, os princípios de Nutrição Saudável. A informação é um caminho eficiente também para os pequenos. AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 (Encceja 2005) O número de pessoas diabéticas vem crescendo muito nos último anos. Estima-se que atualmente há no Brasil 10 milhões de pessoas acometidas desse mal. O diabetes surge de uma alteração no metabolismo da glicose, açúcar obtido dos alimentos, especialmente os ricos em carboidratos. Marcos trabalha no comércio e tem pouco tempo disponível para o almoço. Por esse motivo e por questões econômicas, ele prefere fazer diariamente uma refeição rápida e de baixo custo na lanchonete mais próxima e dispõe das seguintes opções:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS I - Salada de legumes, arroz integral e peixe. II - Hambúrguer, batata frita e suco de frutas. III - Sopa de legumes sem massa com torradas. IV - Macarrão, bife e refrigerante. Considerando que Marcos tem histórico da doença na família poderá ter maior probabilidade de adquirir o diabetes a longo prazo ao se alimentar com mais freqüência das opções: (A) I e III. (B) II e IV. (C) III e II. (D) IV e I. Atividade 2 (Encceja 2006) Cachaça, vinho e cerveja são bebidas muito apreciadas que têm coloração, sabor e aroma característicos. Na produção dessas bebidas, sob a ação de microrganismos, os carboidratos da cana-de-açúcar, da uva e do malte são convertidos em etanol em concentrações que variam de bebida para bebida. O conjunto de transformações que leva à obtenção do etanol com liberação de CO2 é conhecido como: (A) alcoolização. (B) fermentação. (C) pasteurização. (D) condensação. Atividade 3 (Encceja 2005) Nas tabelas abaixo, estão informações nutricionais de dois tipos de amendoim.

Tipo A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL– Porção de 20g Quantidade por porção

VD* (%)

Valor Calórico

110kcal

4

Proteínas

5g

10

Gorduras Totais

9g

11

Gorduras Saturadas

0g

0

Colesterol

0mg

0

Ferro

0,70mg

5

Sódio

410mg

17

* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2.500 Kcal. Tipo B INFORMAÇÃO NUTRICIONAL– Porção de 10g Quantidade por porção

VD* (%)

Valor Calórico

60kcal

2

Proteínas

3g

6

Gorduras Totais

5g

6

Gorduras Saturadas

1g

4

Colesterol

0mg

0

Ferro

0,20mg

1

Sódio

0mg

0

* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2.500 Kcal.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Analisando as informações, pode-se concluir que (A) o amendoim do tipo A tem maior valor calórico que o amendoim do tipo B. (B) tanto o amendoim do tipo A quanto o do tipo B estão isentos de colesterol. (C) tanto o amendoim do tipo A quanto o do tipo B apresentam as mesmas concentrações de sal. (D) tanto o amendoim do tipo A quanto o do tipo B estão isentos de gordura. Atividade 4 (Encceja 2002) Embalagens de alimentos congelados contêm as seguintes recomendações: Mantenha congelado ou, depois de descongelado, não congele novamente. Para algumas pessoas, isso não passa de um “truque de vendedor”, para estimular maior consumo.Para esclarecer essa questão, consulte no quadro seguinte o número de bactérias presentes em alimentos congelados após 12 meses de congelamento e após 24 horas de descongelamento.

Bactérias por grama Produto

Congelado

Após descongelamento

Ensopado de carne

390

1.400.000

Bife

390

1.400.000

Cenouras escaldadas

3.000

5.800.000

Costeletas de porco

1.300

8.700.000

Em relação à polêmica se as recomendações nas embalagens de congelados devem ou não ser atendidas, os dados da tabela: (A) não contribuem para que se opte com segurança por uma ou outra possibilidade. (B) indicam que as recomendações dos rótulos devem ser atendidas. (C) não permitem descartar a opinião de que se trata de truque de vendedor. (D) mostram que as recomendações valem para carnes e não para vegetais. Atividade 5 (Encceja 2002) Estatísticas de Saúde: Nos anos 90, a obesidade atingia 8% das crianças brasileiras. Atualmente, o índice chega a 15%. Em menos de uma década, a obesidade infantil pode bater na casa dos 20%. Revista Educação, ano 28, abril de 2002. Foram analisados os lanches consumidos habitualmente por um grupo de crianças, obtendo-se os seguintes resultados:

Lanche I

Lanche II

Calorias

540 Kcal

Calorias

862 Kcal

Gordura total

15 g

Gordura total

45 g

Colesterol

8 mg

Colesterol

128 mg

Fibras

6g

Fibras.

3g

Vitamina C

18 mg

Vitamina C

5 mg

O lanche que mais contribui para confirmar as previsões de aumento de obesidade é o: (A) I, porque tem mais vitamina C e mais colesterol. (B) I, porque tem menos fibras e menos colesterol. (C) II, porque tem menos vitamina C e menos fibras. (D) II, porque tem mais calorias e mais gorduras. Atividade 6 (Encceja 2002) Receita de pão caseiro salgado, Ingredientes: - 2 tabletes de fermento biológico - ½ copo de água morna

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS - 1 colher de sopa de açúcar - 1 pitada de sal - 2 colheres de sopa de óleo - 1 ovo - farinha de trigo para dar consistência à massa Observe que a receita é de pão salgado e, ainda assim, ela leva açúcar. Isto se justifica porque o açúcar: (A) diminui o sabor mais forte que o fermento dá ao pão. (B) é a fonte energética para os microorganismos. (C) contribui para dar sabor ao pão. (D) aumenta a acidez do pão. Atividade 7 Os cientistas seguem padrões estabelecidos pela comunidade cientifica, com o intuito de: (A) ter aprovação garantida de sua hipótese pela comunidade cientifica. (B) ser reconhecido por outros cientistas. (C) provar para a sociedade, que ele pode concretizar suas idéias. (D) economizar recursos e provar a viabilidade de suas hipóteses. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1-D 2-B 3-B 4-B 5-D 6-B 7-A PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas Ciências, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica. • Analisar e prever fenômenos ou resultados de experimentos científicos organizando e sistematizando informações dadas. • Selecionar, em contextos de risco à saúde individual e coletiva, normas de segurança, procedimentos e condições ambientais a partir de critérios científicos. • Avaliar a adequação a determinadas finalidades de sistemas ou produtos como águas, medicamentos e alimentos a partir de suas características físicas, químicas ou biológicas. • Selecionar métodos ou procedimentos próprios das Ciências Naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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Capítulo 7 A Física e a Atualidade APROPRIAR-SE DE CONHECIMENTOS DA FÍSICA PARA COMPREENDER O MUNDO NATURAL E PARA INTERPRETAR, AVALIAR E PLANEJAR INTERVENÇÕES CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO. José Luis de Souza AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS E O TEMPO. Nosso planeta é praticamente uma esfera que gira ao redor do próprio eixo e ao redor do Sol. Você já deve ter ouvido falar que estes movimentos são chamados de rotação e translação respectivamente. Mas se lembra o que eles geram? A rotação, por exemplo, é responsável pelo dia e pela noite. Indiretamente também é responsável pelas horas. Mas será que o relógio de um brasileiro marca, no mesmo instante, o mesmo horário que o relógio de um japonês? Você sabia que se telefonar para um morador da Indonésia durante o dia, provavelmente irá acordá-lo? No momento em que seu relógio marca meio dia, o relógio desse morador estará marcando um horário próximo à meia noite. A diferença entre a marcação dos relógios, de acordo com o país ou região da Terra em que estamos, é conhecida como fuso horário. Os relógios são apenas dispositivos elétricos ou mecânicos usados para medir o tempo. Os elétricos mostram as medidas através de pulsos magnéticos que fazem um dispositivo eletrônico interno disparar sinais que são traduzidos em números. Os mecânicos possuem ponteiros que descrevem um movimento circular a cada 12:00, 1:00 ou 0:01 h, dependendo da velocidade do ponteiro. Tanto um quanto outro relógio usa eventos regulares, que se repetem sempre com o mesmo tempo. Usamos a unidade de tempo adequada dependendo da rapidez com que acontece o que estamos querendo medir. Em outras épocas da história já se usou as estações do ano e as fases da Lua. Mas para podermos entender o que é fuso horário temos que recordar como ocorre a rotação da Terra. Como já sabemos a Terra gira no sentido de ocidente para oriente (oeste para leste, olhe o globo na figura a seguir). Ela efetua uma volta completa em 23 horas e 56 minutos. Este tempo é a duração do dia astronômico ou sideral. Antigamente as pessoas usavam a hora solar, ou seja, a hora que era fornecida pela posição do Sol no céu para “acertar os relógios”. A partir de 1884, foi estabelecido através de um acordo internacional um sistema de tempo padrão em que se aplicou o fuso horário, ou hora legal. A Terra é uma esfera de 360°. Dividindo por 24 horas, teremos 15°, o que corresponde a uma hora ou um fuso . Portanto a Terra está dividida em 24 fusos de 15° cada e dentro de cada um deles está associada uma das 24 horas do dia. As linhas que delimitam os fusos são chamadas de meridianos.

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Figura 7.1 – Divisão do globo terrestre em meridianos. Em destaque o meridiano de Greenwich.53 Ficou estabelecido que o meridiano de Greenwich seria o meridiano principal ou inicial, portanto a 0°. Se caminharmos em direção a leste de Greenwich, adiantamos os relógios; se viermos em direção a oeste, atrasamos os relógios. Observe a figura a seguir:

Figura 7.2 – Planisfério mostrando os meridianos que dividem os vários fusos horários.54 Países com grande extensão territorial (de leste a oeste) possuem muitos fusos horários, é o caso do Brasil que possui 4 fusos. Como vimos a pouco todos os relógios de um mesmo fuso, delimitado por dois meridianos, deveriam marcar a mesma hora. De um meridiano a outro os relógios deveriam ter uma hora de diferença. Entretanto, para facilitar as atividades comerciais, os limites de fusos foram adaptados às fronteiras ou aos limites regionais de países extensos, como é o caso do Brasil.

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Passo a passo: no caminho do saber, - São Paulo – Difusão cultural do Livro. Novo Atlas geográfico do estudante/Gisele Girardi, Jussara Vaz Rosa. – São Paulo: FTD, 2005. 91

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Figura 7.3 – Limites dos 4 fusos horários brasileiros. Na figura podemos verificar que Fernando de Noronha, ilha que fica a leste de Pernambuco, apresenta 2 horas a menos em relação ao horário do Meridiano de Greenwich que passa pela Inglaterra, mais precisamente pelo observatório nacional. As cidades de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro ficam no segundo fuso, com 3 horas de defasagem. Manaus fica no terceiro com 4 horas e Rio Branco no estado do Acre com uma diferença de 5 horas em relação ao horário Inglês. A medida em graus (de 0° a 180°) que vai de um ponto qualquer da Terra até o Meridiano de Greenwich é chamada de longitude. Portanto são 180 meridianos a leste e 180 a oeste, perfazendo um total de 360° ou 360 meridianos de 1° cada. Além dos meridianos, para efeito de referência global temos também os paralelos. Como o nome diz são linhas imaginárias traçadas paralelamente a linha do equador que divide o globo terrestre em dois hemisférios. A distância entre elas é chamada de latitude e é medida em graus (de 0° a 90°), que vai de um ponto qualquer da Terra até a linha do equador. Portanto o pólo norte está localizado a 90° de latitude norte e o pólo sul 90° de latitude sul. Dois desses paralelos, além do equador, têm grande importância e possuem nomes especiais, são o trópico de câncer no hemisfério norte e o trópico de capricórnio no hemisfério sul.

Figura 7.4 – Figura indicando as orientações de latitude e longitude assim como os principais paralelos: Trópico de câncer, Trópico de Capricórnio e Equador.55 Veja agora um exemplo de como usamos as coordenadas geográficas para localizar a cidade de Brasília no globo Brasília (Brasil) Latitude: 15° 46’ Sul (Lê –se: quinze graus e quarenta seis minutos de latitude sul) Longitude: 47° 55’ Oeste de Greenwich (Lê – se: quarenta e sete graus e cinqüenta e cinco minutos de longitude oeste)

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Passo a passo: no caminho do saber, - São Paulo – Difusão cultural do Livro.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Quanto tempo você leva para chegar em casa? Agora que você já sabe qual a origem do tempo e a relação que ele tem como o movimento da Terra, vamos falar sobre alguns aparelhos que você pode ter em sua casa e que aparentemente não têm nada a haver com isso. Por exemplo, uma batedeira, um ventilador, uma furadeira. Repare que todos eles, apesar de estarem executando tarefas diferentes, produzem algum movimento. Nesses três exemplos, todos possuem motores elétricos. Esse tipo de motor transforma a energia elétrica em movimento, que está relacionado com uma outra forma de energia, que chamamos de energia mecânica. Que outras máquinas você pode pensar bem rápido que geram movimento? Carros, aviões, trens, navios, caminhões, pois é, nessa nossa vida agitada parece que tudo lembra movimento, mas...você se lembra do que Newton falava sobre movimento? O movimento é a mudança de posição de um corpo ou objeto com o passar do tempo. Se este objeto muda de posição em um tempo curto, podemos dizer que ele se move com grande velocidade. Ao contrário se ele demora muito para mudar sua posição dizemos que ele se move com uma velocidade baixa. Ops, ficou confuso? Então vamos separar: Movimento é a mudança de posição com o passar do tempo. Velocidade é a rapidez com que essa mudança de posição é realizada. A espécie humana tem verdadeiro fascínio pela velocidade. Faz competições para ver quem é mais o rápido e constrói veículos que desenvolvem velocidades cada vez maiores. Mas até onde isso é bom? Viagens longas que antigamente eram feitas de navio podiam durar meses. Hoje em dia se faz uma viagem do Brasil para a Europa em questão de horas com aviões a jato. Por este lado a humanidade ganhou muito em agilidade e, conseqüentemente, aumentou seu ritmo de desenvolvimento e interação cultural entre os vários povos. Por outro lado podemos ler estatísticas após cada feriado prolongado sobre o número de mortes causadas nas estradas por causa do excesso de velocidade. Veículos mais velozes podem encurtar o tempo das viagens, fazer escoar mais rápido a produção agrícola, transportar com maior agilidade bens industriais e matéria prima para as fábricas. Mas a imprudência dos condutores desses veículos, a péssima condição de conservação de estradas de rodagem, ferrovias e aeroportos pode transformar a velocidade em uma implacável inimiga. Podemos somar a isso o número crescente de veículos que deixam as fábricas e ganham as ruas das grandes cidades. Muito carro para pouca rua gera enormes congestionamentos, lentidão de tráfego e stress dos condutores, o que piora a saúde e a qualidade de vida da população. Para se ter uma idéia, a velocidade média de um automóvel em São Paulo é de 15 Km/h e olhe que lá se encontra uma das frotas mais modernas e com os carros mais velozes do país. Sendo assim, vários fatores vão influenciar a qualidade de um meio de transporte além da velocidade que pode atingir: a carga que é capaz de transportar, a potência e o rendimento

de seus motores, o combustível que ele utiliza, sua eficiência e economia, os materiais de que são feitos, a sua segurança e conforto. Os combustíveis usados são particularmente importantes nos dias de hoje, devido ao rápido esgotamento dos derivados do petróleo, como a gasolina e o diesel e também aos seus efeitos sobre o ambiente. Em termos energéticos, a eficiência ou rendimento de um veículo está associada à razão entre a energia consumida por ele e o trabalho útil de transporte que realiza. Este trabalho depende da carga (peso) que carrega ao percorrer uma certa distância. Quanto menos energia consumir para transportar um peso, mais eficiente ele é. Mas o que seria melhor para o transporte e o movimento dos veículos, passageiros e cargas então? Quando comparamos um automóvel de passeio a um ônibus, podemos ver que cada um tem suas vantagens: em uma cidade, um automóvel pode ser mais rápido e ágil (quando o trânsito permite) ou dar mais liberdade aos seus passageiros (por exemplo, na escolha do trajeto). Mas, pensando no coletivo da cidade, o ônibus tem a vantagem de transportar um número de pessoas muito maior. Um trem de carga, comparado a um caminhão, além de ser capaz de transportar uma carga maior, polui menos o ambiente e não atrapalha o trânsito nas estradas de rodagem. Agora, faça a sua avaliação! Voltando a falar do movimento em si, como podemos avaliar se um objeto está se movendo com maior ou menor velocidade? Vamos supor que você saia da sua cidade em um ônibus direto, desses que não param em várias cidades, para visitar um parente que mora em uma localidade que fica a 300 quilômetros de distância. Este ônibus leva uma hora (1:00 h) para percorrer os primeiros 100 quilômetros, mais uma hora para chegar até o quilômetro 200 e mais uma hora para chegar ao destino. Portanto este ônibus percorreu distâncias iguais em tempos iguais, ou seja, 100 quilômetros a cada hora, podemos dizer que sua velocidade foi de 100 quilômetros por hora (100 km/h). Mas você estava sentado no banco da frente e viu que o velocímetro às vezes marcava 120 km/h, em outros momentos 80 km/h, esse ônibus até parou no pedágio. Qual velocidade está certa? A resposta é: todas. Quando olhamos a velocidade no velocímetro do ônibus descobrimos a velocidade que ele está no momento, e a chamamos de velocidade instantânea. Ao avaliarmos apenas a distância que o veículo percorre e o tempo que ele leva para percorrê-la estamos medindo a velocidade média desse veiculo. Neste caso não importa se ele parou, acelerou ou diminuiu a velocidade durante o trajeto. Resumindo: Velocidade instantânea é aquela que o veículo ou um objeto qualquer está num determinado momento. Velocidade média é a relação entre o tempo que o veículo ou objeto leva para cumprir um determinado percurso e o tamanho deste percurso.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Você percebeu que até agora ninguém aqui falou em curva? Nesta etapa de estudos dos movimentos vamos considerar apenas que eles ocorrem em linha reta e com velocidade constante, é claro que existem outros que exigem maiores complexidades para estudo, por enquanto ficaremos com esses, os Movimentos Retilíneos Uniformes - MRU. Já discutimos no capítulo 2 uma maneira simples de calcular a velocidade média (Vm) de um objeto móvel, dividindo a distância (d ou ΔS) que ele percorre pelo tempo que ele leva (t ou Δt), ou em termos matemáticos: Vm = d ou Vm = d/t ou ainda Vm = ΔS/ Δt t Você se lembra quando falamos que a energia gasta na sua residência era medida em quilowatt hora (kWh)? Pois para medir velocidades também utilizamos unidades adequadas. No caso que usamos como exemplo essa unidade foi quilômetro por hora (km/h). Se discutirmos outro exemplo onde a distância seja medida em metros e o tempo em segundos a unidade ficaria metros por segundo (m/s). Então você pode se perguntar: não tem uma unidade fixa para velocidades? A resposta é não, ela vai depender do movimento que estamos estudando. Quando os cientistas estudam astronomia eles usam unidades que para nós são totalmente estranhas. Por outro lado existem áreas das ciências que trabalham com unidades muito pequenas usadas em microbiologia e eletrônica, Observe algumas delas:

Unidade Unidade astronômica Ano luz Parsec milímetro micrometro nanômetro

Dimensão 150 milhões de Km 9,5 trilhões de Km 3,26 anos luz 0,001 m 0,000 001 m 0,000 000 001 m

Tabela 7.1 – Unidades usadas pelas ciências e comparação com dimensões mais comuns no cotidiano. Para que você possa comparar, unidade astronômica é equivalente a distância entre o Sol e a Terra. Já a estrela mais próxima, Alfa Centauri, está a 4,3 anos luz de distância da Terra. Uma célula de glóbulo branco mede 10 mícrons e a molécula de DNA 100 nanometros. Vamos olhar com atenção duas das grandezas que estudamos até agora, tempo e velocidade: t = 10:00 h v = 5 km/h Percebe alguma diferença? O tempo precisa de apenas uma variável para ser expresso, no caso, hora (h), pois ele é uma grandeza escalar. Já a velocidade precisa de duas, a distância (km) e o tempo (h). Grandezas que necessitam de mais de uma variável para ser expressa são chamadas de grandeza vetorial. Qualquer movimento ficará completamente expresso apenas se indicarmos: a) Intensidade ou módulo - é a quantificação, isto é, quanto é capaz de cumprir distancias maiores ou menores (quanto maior for a velocidade, maior será a sua intensidade); b) Direção - para os movimentos retilíneos, é a reta suporte na qual a velocidade atua, pode ser vertical, horizontal ou inclinada; c) Sentido - é a orientação do deslocamento na direção indicada: - para direções verticais e inclinadas o sentido pode ser ascendente ou descendente. - para direções horizontais o sentido pode ser para direita ou para a esquerda. As grandezas vetoriais também podem ser representadas matematicamente por um vetor, que é um segmento de reta orientado (uma seta) com todas as características descritas anteriormente. Observe o movimento descrito na figura 7.4 a seguir:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Considere que A seja o ponto inicial do movimento e B o ponto final. Com qual velocidade média o automóvel cumpriu este trajeto? Para calcular essa velocidade precisamos saber o tempo total em que foi cumprido o percurso e o tamanho dele, ou seja, a distância percorrida. Podemos calcular da seguinte forma: Distância = posição final – posição inicial ΔS = Sfinal – Sinicial ΔS = 90 – 0 ΔS = 90 km

Nele colocamos os valores dos espaços no eixo vertical (S) e dos tempos no eixo horizontal (t). Cada deslocamento do móvel durante o movimento está relacionado com um tempo gerando um ponto no gráfico. O conjunto de todos esses pontos até que o móvel chegue ao seu destino forma uma reta (chamamos de curva). Quando a curva é ascendente – aponta para cima - o movimento é progressivo. Quando ela aponta para baixo o movimento é retrogrado. Ainda podemos, através do gráfico, descrever o movimento que um móvel realiza, observe a figura a seguir:

tempo = tempofinal – tempoinicial Δt = t final – t inicial Δt = 1:00 – 0 Δt = 1:00 h Conhecendo as duas grandezas podemos agora relacioná-las: Vm = ΔS / Δt = 90 / 1 = 90 km/h Ainda não terminamos, descobrimos a intensidade. Pelo desenho podemos observar que o automóvel se desloca na direção horizontal e para a direita. Então o movimento se dá a 90 Km/h na horizontal e para a direita. Note que o valor numérico das posições aumenta durante o trajeto, podemos dizer ainda que este movimento foi progressivo. Caso esses valores diminuíssem diríamos que seria retrógrado. O ponto onde t e s possuem valor zero é chamado de origem dos movimentos. De um modo geral quando um móvel se move no sentido crescente dos espaços, a velocidade é positiva e o movimento progressivo. Quando ele se move no sentido decrescente a velocidade fica negativa e o movimento se torna retrógrado. O sinal negativo aqui não tem aquele sentido da matemática, ele indica apenas o sentido do movimento. Podemos ainda representar um movimento através de gráficos como mostrado a seguir:

Figura 7.7 – Gráfico de S x t descrevendo o movimento de um móvel. Podemos perceber que de 0 a 20 minutos o espaço ou distância está crescendo, portanto o movimento é progressivo. Entre 20 e 50 minutos o espaço não varia, portanto o móvel está parado. De 50 a 60 minutos os espaços são decrescentes, o movimento é retrogrado e ainda podemos dizer que o móvel voltou ao local de origem, ou seja, para o espaço 0. ACELERAÇÃO As indústrias automobilísticas frequentemente utilizam como propaganda de seus carros a rapidez com que eles saem do repouso e atingem uma determinada velocidade. Você já deve ter ouvido a frase: “De 0 a 100 km/h em 5 segundos”. Essa relação entre o tempo e variação da velocidade é chamada de aceleração. Ela também pode ser calculada se conhecermos a velocidade inicial do automóvel (ou outro móvel qualquer), a velocidade final e o tempo em que essa variação ocorreu. Mas para realizar os cálculos as unidades devem ser compatíveis. Se a velocidade está em km/h não podemos usar segundos nos cálculos. Existe uma maneira bem simples de transformarmos velocidades de km/h para m/s para acertar as unidades, que é multiplicando ou dividindo o valor numérico por 3,6.

Figura 7.6 – Gráfico de S x t descrevendo um movimento retilíneo uniforme.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Se fizermos a conversão de 100 km/h para m/s teremos: V m/s = 100 : 3,6 = 27,8 m/s a = ∆v / ∆t = 27,8 / 5 = 5,56 Isso que dizer que a cada segundo a velocidade aumenta 5,56 m/s ou a = 5,56 m/s = 5,56 m/s2 s Os movimentos onde existe a variação da velocidade com o tempo são chamados de Movimentos Retilíneos Uniformemente Variados - MRUV. E Também podem ser representados por gráficos como fizemos com o Movimento Uniforme. Observe o gráfico a seguir:

Figura 7.8 – Gráfico de v x t mostrando um movimento retardado entre 0 e 2s e acelerado entre 2 e 4s. No instante t = 0 ele possui uma velocidade de 10 m/s (lembre-se de que o sinal indica apenas o sentido do movimento). Seguindo a curva até o instante t = 2s percebemos que a velocidade diminuiu e ele pára, ou seja ele estava freando (sua aceleração foi negativa). Um movimento variável com aceleração negativa é chamado de retardado. A partir de t = 2s a velocidade voltou a aumentar, ou seja o móvel está acelerando, portanto a aceleração foi positiva. O movimento variável onde a aceleração é positiva chamase movimento acelerado. COLOCANDO CORPOS EM MOVIMENTO Quando você empurra um móvel na sua casa durante aquela limpeza de final de semana você o coloca em movimento, não é? Se ele entrou em movimento sua velocidade aumentou, ele foi acelerado, portanto ele teve um movimento variado. Se for a cadeira da cozinha que é leve, você movimenta com facilidade. Já o sofá da sala é um problema, precisa de mais Força. Força é qualquer ação capaz de alterar a velocidade de um corpo ou causar nele uma deformação.

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Percebeu que a força, aceleração e a massa estão relacionadas? Pois é, Newton também e formulou a segunda lei da dinâmica: A força é proporcional ao produto da massa pela aceleração. F=m.a Essa equação é conhecida como equação fundamental da dinâmica. A unidade que se usa para representar a grandeza força é o Newton (N). Uma força de 1N é equivalente a massa de 100g quando atraída pela gravidade da Terra. A força também é uma grandeza vetorial. Poderíamos representar uma força de 3N, horizontal e com sentido de esquerda para a direita com o seguinte vetor:

QUE TRABALHO! Diz-se em Física que se realiza um Trabalho toda vez que uma força provoca um deslocamento. Esse trabalho pode ser representado pelas letras W (work) ou τ (tau). Vamos fazer o seguinte: Se você empurrar um móvel da sua sala com 20 Kg de massa, por uma distância de 2m, com aceleração de 1m/s, quanto trabalho estará realizando? Primeiro é preciso calcular a força que você usou: F=m.a F = 20 . 1 = 20N Agora podemos calcular o trabalho: W = F . d (ou ∆S) W = 20 . 2 = 40J (Joule) No (S.I.) a unidade de medida para trabalho é dada por Joule. Agora... Você pode realizar este trabalho tranquilamente ou, se estiver atrasado, com maior rapidez. A rapidez com que se realiza um trabalho é definida como potência, que é a relação entre o trabalho realizado e o tempo que se levou para realizá-lo. P=W/t Quando uma máquina realiza um trabalho rapidamente ela dissipa uma potência maior do que outra que leva um maior tempo. Um automóvel com motor 2.0 consegue realizar um trabalho para elevar a velocidade de 0 a 100 Km/h mais rapidamente que um de motor 1.0. Podemos considerar também que entre dois carros com motor de mesma potência, realizará um trabalho mais rápido aquele que tiver a carroceria mais leve. O TRABALHO DA GRAVIDADE Quando soltamos qualquer objeto, ele é atraído pela força gravitacional da Terra e se choca contra o solo. Quanto mais alto ele estiver, maior será a velocidade com que ele chegará ao solo, isso significa que ele é acelerado. O valor da aceleração da gravidade é constante e tem valor 9,8 m/s2. Para cálculos de pouca precisão admite-se a utilização de 10 m/s2.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Podemos fazer para a gravidade todas as considerações que fizemos até agora para o movimento acelerado com algumas poucas modificações. No caso da queda, a distância percorrida por um corpo ou objeto deve ser substituída pela altura. Vamos supor como exemplo a queda de um vaso de massa 2kg, de uma altura de 10 m e levando 5s na queda. A Força com que ele é atraído nesse caso é chamada de peso, mas podemos calcular da mesma forma: F = Peso (P) = m . a P = 2 . 20 = 20N Da mesma forma podemos calcular o trabalho substituindo a força pelo peso e a distância por altura que é representada pela letra h: W=P.h W = 20 . 10 = 200J E a potência dissipada na queda. Mas preste atenção, porque a letra que representa peso e potência é a mesma: P = W/t P = 200 / 5 = 40 W (watts é uma homenagem ao inventor da máquina a vapor) A CONSERVAÇÃO DO MOVIMENTO Em física acredita-se que a energia não é a única grandeza que se conserva nos fenômenos físicos. Também se conserva a quantidade de movimento, assim como a massa se conserva nos fenômenos químicos. Sempre que um corpo ganha movimento, algum outro deve perder igual quantidade de movimento. Jogue uma bola contra outra igual, em repouso. Se a segunda bola é atingida em cheio e o choque for perfeitamente elástico, ela sai com toda a quantidade de movimento, ficando a outra parada. Você já deve ter visto isso em jogos de bilhar. Se você atinge a bola branca com o taco ela ganha movimento, ao atingir outra bola da mesa, a branca perde velocidade, enquanto a outra bola sai velozmente. A perda de quantidade de movimento da bola branca é igual à quantidade de movimento ganha pela outra bola. Quantidade de movimento nunca é criada ou destruída. Essa é a lei da conservação da quantidade de movimento. Os cientistas acreditam que existe atualmente no Universo a mesma quantidade de movimento que há um bilhão de anos. Quando você dá um tiro de espingarda, a quantidade de movimento para frente, positiva, da bala, é igual à quantidade de movimento para trás, negativa, da espingarda. A soma das duas, positiva e negativa, é nula, como era nula a quantidade de movimento antes do tiro. O tiro não produz nenhuma quantidade de movimento (se lembrou da ação e reação?). A lei que exprime a conservação da quantidade de movimento é válida qualquer que seja o número de objetos, e independe de suas dimensões. Ela se aplica tanto às partículas fundamentais (que são muito menores que o átomo) quanto às colisões de veículos e às galáxias. Ela é válida quer os corpos permaneçam unidos após o choque, quer se separem depois de se tocarem.

A quantidade de movimento pode ser calculada, pois ela é proporcional ao produto da massa m de um corpo por sua velocidade v. Podemos até comparar quantidades de movimentos de corpos diferentes. Um caminhão de 4 toneladas movendo-se a 5 quilômetros por hora, por exemplo, tem a mesma quantidade de movimento que um carro de 2 toneladas se movendo a 10 quilômetros por hora. No sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade para quantidade de movimento é dada em quilograma x metro por segundo (kg. m/s). A quantidade de movimento de um corpo pode ser calculada desde que sejam conhecidas a massa e a velocidade desse corpo, observe a expressão a seguir: Q = m.v onde: Q = quantidade de movimento M = massa (sempre em quilogramas) V = velocidade (em metros por segundo) Observe como podemos determinar qual deve ser a velocidade de um automóvel para que ele tenha a mesma quantidade de movimento que um caminhão que se movimenta com velocidade de 36 Km/h. Considere o automóvel com massa igual a 1500 kg e o caminhão com massa 4500 kg. Como o enunciado diz, o automóvel e o caminhão devem ter a mesma quantidade de movimento então: Q automóvel = Q caminhão m automóvel . v automóvel = m caminhão . v caminhão 1500 . v automóvel = 4500 . 36 v automóvel = 162000 / 1500 v automóvel = 108 km/h Esses princípios da física são de extrema importância para a indústria automobilística, pois são usados na avaliação da segurança dos automóveis Numa batida de carro nos preocupamos em primeiro lugar se há alguém machucado e, em seguida, qual foi o estrago no carro, se houve danos na estrutura ou não. Existe uma relação entre essas duas coisas. Os carros que amassam mais são mais seguros que aqueles que não amassam. As leis da física que estamos estudando podem explicar o porquê. Vamos começar com o que é preciso quando pararmos algo que está em movimento. Uma situação muito comum em nossa vida é parar o carrinho do supermercado para pegar algum produto que vamos comprar. É mais fácil parar o carrinho de compras quando ele ainda está vazio. Com o aumento da massa, fica cada vez mais difícil pará-lo. Só conseguimos fazendo força durante certo tempo, pois ele não pára imediatamente. Para uma mesma velocidade, quanto maior a massa, maior será a quantidade de movimento. Para interromper, cessar, um movimento, temos que mudar sua quantidade (m.v), até que ela seja zero. A segunda Lei de Newton afirma que se a quantidade de movimento (m.v) de um corpo foi alterada, então uma força (F) foi exercida durante um intervalo de tempo (t). Esses conceitos científicos explicam o que já sabemos intuitivamente com o carrinho do supermercado. Em termos matemáticos, isso se escreve: F.t = m.(v final – v inicial)

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Para uma mesma variação da quantidade de movimento, quanto maior a força, menor será o tempo que a força terá de agir; se a força diminuir à metade, o tempo será dobrado, mantendo a mesma variação da quantidade de movimento. Na batida de carro, a relação entre a deformação do carro e a gravidade dos ferimentos dos ocupantes está ligada ao tempo que demora a colisão. Num carro com estrutura muito rígida, que não amassa, o tempo de colisão é muito pequeno e a força será grande. Se a lataria deformar bastante e o carro amassar muito, o tempo de colisão será aumentado, pois com a demora até que amasse a estrutura, a força será menor. Na batida, geralmente, a velocidade final (vf ) é zero e a velocidade inicial (vi) é a que o carro estava antes da colisão. Assim, a expressão pode ser simplificada para: F = - m . vi t O sinal negativo indica que a força é oposta à velocidade inicial. Veja que um carro indeformável teria uma colisão instantânea e a força seria infinita! AS MANIFESTAÇÕES DE ENERGIA

Figura 7.9 – Montanha russa 56 Observando a figura da montanha-russa podemos pensar: “De onde vem a energia que se transforma no movimento do carrinho?” Acabamos de discutir que a quantidade de movimento nunca é perdida e que ela também não surge do nada. Você também estudou que a gravidade puxa todos os corpos para o solo fazendo com que eles acelerem na descida. Se a gravidade puxa os corpos para baixo, alguma energia deve ser gasta para levá-los para cima, portanto algum trabalho deve ser realizado para isso. Este trabalho realizado sobre o carrinho será maior, quanto maior for a altura a qual o carrinho será levado pois: W = P . h ou W = m . g . h E a energia gasta nesse trabalho não será perdida, estará acumulada no carrinho.

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(fonte: http://gracielialine.floguxo.com.br)

Podemos dizer então que entre a Terra e o carrinho está associada uma forma de energia denominada Energia Potencial gravitacional (Ep). Isto é, quanto mais alto estiver o carrinho em relação ao solo, maior será a energia potencial gravitacional acumulada nele. Chamamos de potencial porque ela está armazenada e pronta para ser transformada em outra modalidade de energia. Agora vem a descida, quando o carrinho começa a descer pela ação da gravidade, toda a energia acumulada começa a ser convertida em outra forma de energia que é aquela associada ao movimento, ela é chamada de Energia Cinética (Ec). Quanto maior a energia acumulada, maior a velocidade do carrinho quando ele terminar a descida. Mas não é só na queda que podemos avaliar a energia cinética de um corpo, quando temos o movimento na direção horizontal também haverá a presença dela. Neste caso ela será proporcional a massa do corpo e a velocidade que ele estiver no momento que estamos estudando. Essa relação pode ser mostrada através da equação: Ec = m . v2 2 Outra modalidade de energia surge quando comprimimos uma mola. Mais uma vez estamos transferindo para ela certa quantidade de energia. Essa energia que fica armazenada na mola é chamada de Energia Potencial Elástica. Ao soltar essa mola ela pode impulsionar um objeto transformando a energia potencial elástica em energia cinética. A energia química também é uma forma de energia potencial, associada aos elementos que formam cada substância. Durante a combustão (queima) da gasolina, por exemplo, essa energia é transformada em energia térmica. QUE CALOR! “Em apenas 1 segundo, o volume de vapor que se forma sobre os rios e plantas da floresta Amazônica equivale a quase 200 mil toneladas. Isso é mais do que o próprio rio Amazonas despeja no mar em qualquer momento: 160 mil toneladas por segundo. Lado a lado, essas duas grandes correntes de água criam imponente sistema de circulação tão essencial à sobrevivência da maior floresta do mundo quanto as artérias para o corpo humano. Mas o espetáculo dessas forças perde todo o brilho e grandeza quando comparado com a sua fonte de energia - o Sol. Vista da superfície do astro-rei, a Terra é um irrisório grão de areia girando à remota distância de 150 milhões de quilômetros. Mesmo assim, a ínfima parcela de luz e calor que efetivamente alcança o planeta - em vez de perder-se em outras direções no espaço - é suficiente para dar vida e movimento aos oceanos, ventos, florestas, a cada um e a todos os organismos. Essa energia, que os antigos atribuíam aos deuses, hoje pode ser calculada com precisão. Equivale à eletricidade que seria gerada por 10 bilhões de hidrelétricas do porte de Itaipu.” (Extraído e adaptado do artigo de Flávio Dieguez, revista

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Superinteressante, versão em CD-ROM.) O exemplo do Sol, evidenciado no texto, mostra que o calor ou a energia térmica pode realizar trabalho. Trata-se de uma importante fonte de energia, responsável por grandes transformações na Terra. O calor em física não é tratado como sensação térmica como estamos acostumados no nosso dia-a-dia, mas sim como a transferência de energia de um corpo para outro. Esse fluxo vai de um corpo com maior energia para um corpo com menor energia e nunca no sentido contrário. Desta forma nunca podemos dizer que um cubo de gelo passa frio para nossas mãos, mas sim que nossas mãos perdem energia para o gelo. A transferência de energia entre dois corpos acontece até que ambos possuam a mesma quantidade ou (como se diz em física) que atinjam o Equilíbrio térmico. Essa propagação de energia pode acontecer de formas diferentes dependendo do estado físico do meio de transferência. PROPAGAÇÃO POR CONDUÇÃO Na cozinha, quando usamos uma colher de metal para mexer o conteúdo de uma panela, percebemos que em pouco tempo ela se aquece, podendo até queimar nossa mão. Isso acontece porque o calor se propaga através da colher de metal e nos atinge. Costuma-se usar colher de pau nessas situações, porque a propagação do calor é mais intensa nos metais do que na madeira. Esse processo de propagação do calor através das moléculas do meio é chamado de condução. Os materiais em geral apresentam diferentes condutibilidades térmicas, ou seja, alguns conduzem melhor o calor que outros. Os metais costumam ser bons condutores de calor, enquanto o isopor, a lã de vidro, a borracha, o amianto e a madeira são maus condutores; podemos até dizer que são isolantes térmicos (não conduzem calor). As paredes das geladeiras são forradas com lã de vidro para evitar que entre calor dentro delas. As paredes dos fornos também são forradas com lã de vidro, só que para evitar que o calor saia. Os agasalhos que usamos em dias frios também são feitos de isolantes térmicos, como a lã. Assim, o calor produzido pelo nosso corpo não escapa para a atmosfera, e nos sentimos aquecidos. A tabela abaixo apresenta os valores padrões da condutividade térmica de alguns materiais. A energia térmica transmitida está expressa em quilocalorias (kcal) em relação à diferença de temperatura em graus Celsius (°C), e a espessura em metros (m) em relação à área em metros quadrados (m2) e tempo em segundos (s). Para facilitar a apresentação, simplificamos metro e metro quadrado, restando apenas a unidade no denominador. (kcal. m/oC.m2.s) = (kcal/oC.m.s).

VALORES TÍPICOS DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DOS MATERIAIS. Material Condutor (Sólido)

Condutividade térmica (kcal/ºC.m.s)

Material Isolante (Sólido)

Condutividade térmica (kcal/ºC.m.s)

Material Isolante (Gás)

Condutividade térmica (kcal/ºC.m.s)

Prata

0,099

Gelo

0,0004

Hidrogênio

0,000033

Cobre

0,092

Concreto

0,0002

Ar

0,0000057

Alumínio

0,049

Vidro

0,0002

Oxigênio

0,0000056

Latão

0,026

Cortiça

0,00004

Aço

0,011

Madeira

0,00002

Chumbo

0,0083

Amianto

0,00002

Tabela 7.2 – Os valores mostram o valor da condutividade térmica de alguns materiais. Quanto menor o valor maior a dificuldade na propagação do calor. 57 A grandeza que utilizamos para medir calor é a caloria (cal). Imagine que peguemos 1 g de água à temperatura de 14,5 °C e a elevemos a 15,5 °C. Para isso é preciso fornecer certa quantidade de calor à água. Essa certa quantidade recebe o nome de uma caloria (1 cal). Comparemos agora o aquecimento, por exemplo, da água e do ferro. Se tomarmos 1 g de cada e elevarmos sua temperatura em 1°C, precisaremos de 1 cal para a água e de 0,12 cal para o ferro. Concluímos então que diferentes substâncias requerem quantidades diferentes de calor para sofrer a mesma variação de temperatura; mesmo que tenham massas iguais. Essa quantidade é chamada de calor especifico (c). Observe a seguir uma tabela com valores de calor específicos de materiais comuns nos nossos dia-a-dia.

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Fonte: Resnick, R., Halliday, D., Física: Parte I (1967). 99

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Substância água líquida gelo latão prata ouro cobre ferro alumínio

Calor específico (cal/g. °C) 1 0,5 0,092 0,056 0,032 0,094 0,12 0,22

Tabela 7.3 - Tabela com valores de calor específicos de materiais comuns nos nossos dia-a-dia. AS CALORIAS DOS ALIMENTOS Na embalagem de um biscoito podem-se ler as seguintes informações:

Informação nutricional: porção de 40 g (5 unidades) valor calórico

170 kcal

colesterol

0 mg

carboidratos

26,0 g

fibra alimentar

1,0 g

proteínas

3,0 g

cálcio

33 mg

gorduras totais

6,0 g

ferro

0,60 mg

gorduras saturadas

2,0 g

sódio

340 mg

Tabela 7.4 - Tabela com valores nutricionais impressos em uma embalagem de biscoito. Carboidratos, proteínas, gorduras... a embalagem mostra algumas substâncias químicas necessárias ao organismo. Essas substâncias são chamadas nutrientes. Na primeira coluna da tabela estão os nutrientes e as quantidades existentes em uma porção que corresponde a 40g. Na primeira linha desta coluna, está a energia, que é medida em quilocalorias. Caloria é definida como a energia necessária para aquecer em 1 grau (Celsius) a quantidade de 1 grama de água como acabamos de ver. Mas é, também, a unidade usada para medir a quantidade de energia que os alimentos fornecem ao nosso organismo. Uma das maneiras de saber a quantidade de calorias de um alimento é queimá-lo em um aparelho especial chamado calorímetro, que informa a energia liberada sob a forma de calor. Como a caloria é uma unidade muito pequena. Seus valores são expressos em grupos de 1000. O biscoito do exemplo mostrado na tabela que acabamos de apresentar possui 170.000 calorias a cada 40 g consumidas, por isso a unidade usada em nutrição é a quilocaloria (kcal). 1kcal = 1000 calorias. As outras colunas da tabela usam como unidade de medida o grama. O grama é uma fração do quilograma, uma unidade usada regularmente em compras, receitas culinárias e embalagens. 1kg = 1.000 gramas A caloria é usada também para medir a quantidade de energia utilizada em uma determinada atividade física ou qualquer outra que uma pessoa possa realizar em casa, no trabalho, na escola, etc. É de acordo com essas atividades que um nutricionista indica a dieta de um paciente para que ele não consuma mais calorias do que o seu corpo pode gastar nas atividades que realiza. PROPAGAÇÃO POR CONVECÇÃO Podemos observar o fenômeno da convecção no funcionamento de uma geladeira. Existe um motivo para que o congelador esteja sempre na parte superior dela. O congelador esfria o ar, que se torna mais denso e tende a descer. Enquanto desce, ele retira calor dos alimentos que encontra. Nesse tempo, o ar quente das partes inferiores da geladeira tende a subir. Em contato com o congelador, ele esfria e o processo continua. Podemos então dizer que a convecção é o processo de transmissão de calor através do deslocamento de massas de fluidos (líquidos ou gases). Nos radiadores de automóveis também temos um exemplo de convecção. A água quente do motor; por ser menos densa, tende a subir para o radiador, onde esfriará. Voltando ao motor, já mais fria, ela o resfriará, voltará a se aquecer e o processo terá seguimento.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS PROPAGAÇÃO POR IRRADIAÇÃO A luz e o calor do Sol percorrem milhões de quilômetros até alcançar a Terra. Este calor não poderia se propagar no espaço sideral por condução ou convecção, pois esses são processos que se dão através da matéria, ou seja, através das moléculas do meio. Do Sol à Terra o calor e a luz se propagam por irradiação, isto é, por meio de ondas. Quando estamos na praia em um dia claro de verão, podemos sentir o calor irradiado pelo Sol sendo absorvido por nossa pele. Se após essa exposição procurarmos uma sombra, imediatamente sentiremos a diferença. Não é somente o Sol que irradia calor, podemos perceber a irradiação de calor em outras situações como, por exemplo, o calor que vem de um fomo aceso quando nos aproximamos dele; o irradiado por uma fogueira ou pelo motor de um automóvel em funcionamento. A rigor, todos os objetos irradiam calor o tempo todo. Seu corpo o está irradiando neste exato momento. O processo de respiração celular, que envolve a combustão da glicose, libera calor, o qual mantém nossa temperatura. A estufa de plantas é um interessante exemplo de irradiação de calor. A luz do Sol atravessa o vidro, que é praticamente opaco ao calor, e atinge as plantas e os demais objetos da estufa. Essa luz que entra na estufa é absorvida pelas plantas (e pelos demais objetos) e irradiada novamente em forma de calor, o qual, por sua vez, é contido pelo vidro. Assim, consegue-se uma temperatura maior no interior da estufa, favorecendo o crescimento de certas plantas, que em temperaturas menores não apresentariam o mesmo desenvolvimento. A TEMPERATURA Mas como fazemos então se quisermos dizer que um objeto está “quente”? Nesse caso precisamos primeiro entender o que é temperatura. No capitulo 4 comentamos que para um líquido evaporar, suas partículas devem se agitar com energia suficiente para poder “escapar” do restante do liquido. Pois é essa mesma agitação que as Ciências definem como temperatura. Temperatura é o grau de energia cinética contida em um corpo ou objeto. Desse modo, um corpo “quente” é aquele que possui, alta temperatura ou muita energia cinética contida nas suas partículas. POR QUE ISOPOR NOS VIADUTOS? Nos líquidos as partículas podem escapar e mudar de estado físico facilmente, mas nos sólidos as partículas dos materiais estão mais fortemente unidas e isso não acontece. De qualquer forma elas acabam se afastando um pouco umas das outras devido à agitação e o material aumenta de volume. Esse fenômeno é chamado de dilatação. Se você nunca percebeu, observe: entre um bloco e outro dos viadutos, pontes e passarelas existe uma placa de isopor. Todo mundo sabe que é um material frágil, portanto não está lá para dar resistência à construção. Da mesma forma que entre uma barra e outra dos trilhos de trem são deixados pequenos espaços.

Figura 7.10 – Figura mostrando espaços para dilatação entre os viadutos e trilhos.58 Tudo isso é feito porque os materiais estão sujeitos a grandes variações de temperatura, quando se aquecem dilatam, quando se esfriam ocorre uma contração. Se não houver o espaço, nem a placa de isopor, o viaduto trinca e os trilhos entortam. Viu como a física faz parte do nosso dia-a-dia?

58 Ciências (Ensino fundamental) Sezar. Sasson, Sezar, Paulo Sergio Bedaque Sanches, Cesar da Silva Junior – 20 ed – São Paulo: Saraiva, 2005. 101

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS SERÁ QUE É FEBRE? Muitas das grandezas físicas dos corpos variam com a temperatura além do comprimento de uma barra metálica. Do mesmo modo, o volume de um gás contido em um balão elástico também varia com a temperatura. A pressão exercida por um gás contido em um recipiente de volume constante constitui outro exemplo de grandeza física que varia. Essa relação entre as três propriedades foi usada com muito engenho na construção de geladeiras e refrigeradores. Um gás confinado em um sistema metálico de cobre é comprimido por um compressor elétrico que se liquefaz, perde calor e é jogado para um tubo dentro do aparelho. Ao retornar para o estado gasoso ele retira a energia do ambiente deixando o interior refrigerado. Outra vez ele é jogado para fora do aparelho, sendo liquefeito novamente reiniciando o processo. Outro exemplo onde a propriedade que os corpos apresentam de mudar de volume, quando se modifica a temperatura, pode ser usada é para produção de termômetros. Eles são aparelhos capazes de medir essa grandeza, já que nossos sentidos de tato não são precisos nem confiáveis para medi-la. Os termômetros de mercúrio, muito comuns em laboratórios, clínicas médicas e mesmo em casa, funcionam baseados na dilatação do metal mercúrio. Digamos, por exemplo, que precisamos medir a temperatura corporal de uma pessoa para ver se ela está com febre. Colocamos o termômetro sob as axilas ou na boca e aguardamos alguns minutos para que o corpo e o termômetro entrem em equilíbrio térmico. A variação de temperatura, para mais ou para menos, sofrida pelo mercúrio, vai fazer com que seu volume varie. Com isso, ele sobe ou desce em um tubo bem fino onde está contido. A temperatura é lida na escala de temperaturas que fica próxima ao tubo, indicando o seu valor numérico correto. No século XVII, o físico e astrônomo sueco Anders Celsius escolheu valores arbitrários de temperatura para a fusão e para a ebulição da água, que seriam usados como padrões na medição de temperatura. A escala Celsius adota para a temperatura de fusão da água, ao nível do mar, O valor arbitrário de 0 grau (hoje 0°C). Arbitrário mesmo, pois poderia ter adotado 30 ou 70 que também serviria para medir a temperatura. A temperatura de ebulição da água, também ao nível do mar, foi fixada em 100 graus (100°C), valor tão arbitrário como o escolhido para a fusão. Do mesmo modo que a escala Celsius adota 100, poderia ter adotado 35 ou 456, ou outro número qualquer. Outra escala, muito usada em países de língua inglesa, utiliza valores diferentes para os pontos de fusão (32°F) e ebulição (212°F) da água, é a escala Fahrenheit. Mas como ambas se baseiam nas propriedades físicas de uma substância são chamadas de escalas relativas. Uma terceira escala, a Kelvin, é bastante utilizada no meio cientifico e mede o grau de agitação das partículas. Quando elas estão totalmente paradas a escala mede 0K (ou zero absoluto). Quanto maior a energia cinética (energia relacionada ao movimento) contida no corpo maior a temperatura registrada na escala. A escala Kelvin é chamada de escala absoluta e de acordo com ela a água funde quando tiver uma energia equivalente 273 Kelvin (273K).

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Podemos relacionar essas 3 escalas discutidas através das expressões matemáticas:

TROCA DE CALOR Uma grande parte dos processos industriais utilizam altas temperaturas durante a produção ou essa temperatura é gerada como resultado do processo. De qualquer modo ela tem de ser reduzida para que a produção não pare. As usinas nucleares, por exemplo, produzem o calor para vaporizar água e assim movimentar as turbinas dos geradores. Os reatores que abrigam o combustível precisam ser resfriados, o que também é feito pela passagem de água. Contudo o fluxo de água necessário para que o resfriamento seja eficiente deve ser cuidadosamente calculado para que não ocorra superaquecimento. A quantidade de calor que a água e outras substâncias podem receber ou perder pode ser calculado através da expressão: Q = m . c .∆T Onde:

m = massa em gramas. C = calor especifico da substância. ∆T = variação da temperatura.

Figura 7.11 – Torres de resfriamento de água resultante de processos industriais e caldeiras.59 Como um exemplo podemos calcular a massa de água necessária para refrigerar um sistema que libera 80.000 kcal de um processo produtivo. A água está inicialmente a 20°C e deve atingir no máximo 60°C para que não ocorra muitas perdas com evaporação. A variação de temperatura ∆T nesse caso será: ∆T = Tf –Ti = 60 – 20 = 40°C Onde Tf é a temperatura final e Ti a temperatura inicial. Sabendo que o calor específico da água é 1 cal/g .°C usamos a relação: Q = m . c . ∆T 80 000 000 = m . 1 . 40 80 000 000 / 40 = m m = 2 000 000 g Considerando a densidade da água 1,0 kg/L seriam necessários 2 000 litros de água.

59

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS CALOR E TRABALHO A tecnologia criou ao longo da história uma infinidade de máquinas que tinham como finalidade transformar calor em trabalho. Os teares mecânicos da Revolução industrial, os navios e locomotivas a vapor e até hoje, os automóveis que ainda são movidos por motores a combustão. Com certeza os motores de hoje são mais eficientes do que as antigas máquinas no aproveitamento da energia. Mesmo assim esse aproveitamento é limitado por barreiras que a Física pode explicar. A área dela que trata desses estudos é a termodinâmica. O motor de combustão interna, também chamado de motor à explosão, é muito conhecido em nossa sociedade. Os carros, motos, trens, navios, aviões utilizam motores à explosão, que podem empregar combustíveis como o diesel, a gasolina, o querosene e o álcool, gás natural, entre outros. Eles apresentam uma câmara de combustão, onde ocorre a explosão de uma mistura de ar e combustível vaporizado, transformando energia química em energia térmica. A explosão gera gases que, aquecidos, se expandem e empurram um pistão móvel, que faz girar uma “manivela”, que por sua vê movimenta um eixo, e assim transforma a energia térmica em trabalho mecânico. O processo se repete, com a expulsão dos gases queimados e admissão de ar e combustível seguida de sua compressão, para que ocorra uma nova explosão. Dessa forma, a energia térmica produzida na explosão da mistura gasosa é transformada em movimento. Veja a seguir o esquema bem simplificado do pistão de um motor à explosão.

Figura 7.12 – Representação simplificada de pistões existentes em motores a explosão gerando o movimento de uma manivela. O trabalho realizado pelo gás na sua expansão pode ser obtido através da expressão: W = P . ∆V Nesta expressão W representa o trabalho, P a pressão do gás e ∆V a variação do volume. Este raciocínio é válido considerando que toda a energia seja transformada em movimento, mas parte dela é perdida no próprio funcionamento da máquina e para o ambiente. A 1ª Lei da Termodinâmica nos diz: A variação de energia interna de um sistema é igual à quantidade de calor menos o trabalho que é efetivamente realizado. Em expressão matemática: ∆U = Q – W Onde ∆U é a variação da energia interna. Então podemos concluir que é impossível construir uma máquina térmica capaz de converter integralmente em trabalho o calor à ela fornecido (2ª Lei da Termodinâmica). De fato os motores de combustão interna são pouco eficientes no aproveitamento de calor. Um motor a gasolina apresenta aproximadamente 25% de eficiência e um movido a óleo diesel por volta de 45%. Uma forma de calcularmos essa eficiência desde que sejam conhecidas as energias fornecidas e as efetivamente aproveitadas é através da expressão: η = Q2 / Q1 η é o símbolo que representa a eficiência, Q1 a energia fornecida e Q2 a energia aproveitada. UMA BREVE DISCUSSÃO SOBRE ENERGIA Todas essas máquinas que a tecnologia criou nos permitem, ainda, alcançar sonhos que o trabalho animal jamais nos possibilitaria, como a conquista do espaço. Conseguimos fazer algo que nenhum outro animal na Terra consegue, que é escapar da ação da gravidade terrestre e sair do nosso planeta. As mesmas máquinas, no entanto, também são utilizadas para desmatar, criando desertos; gerando desemprego e muita poluição atmosférica; sendo empregadas para fins bélicos; modificando equilíbrios naturais que existem há séculos. Enfim, novas soluções... novos problemas!

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Infelizmente a civilização é altamente dependente delas e para fazê-las funcionar é necessária muita energia, em grande parte energia elétrica. Cada fonte dela que criamos e utilizamos gera um custo ambiental que precisamos minimizar ao máximo. Só é possível fazer isso conhecendo seus impactos, usando de maneira adequada e otimizando seu consumo. Este é o principal desafio que nossa civilização está enfrentando. E para que nós também possamos participar deste desafio mostramos um quadro com diversas maneiras de produção de energia em larga escala: Geração de energia elétrica

Fotovoltáica (obtida pela luz solar)

Termoelétrica

Eólica

Hidrelétrica

Pilhas e baterias

η

10%

33%

42%

80%

-

Custo por kWh ($)

0,75

0,15

0,10

0,08

-

Argumentos favoráveis (benefícios)

Argumentos desfavoráveis (prejuízos)

As placas fotovoltaicas precisam de pouca manutenção, têm vida útil de 20 anos, podem ser transportadas, podem ser utilizadas em sistemas de pequeno e de grande porte, podem operar paralelamente com sistemas de corrente alternada.

Precisam de regiões com bastante sol durante o ano; as células utilizam materiais danosos ao ambiente em sua fabricação, como metais pesados e não podem ser recicladas; as baterias utilizadas com os acumuladores precisam ser trocadas periodicamente após alguns anos.

Pode ser instalada em qualquer local, utiliza muitos tipos de combustíveis renováveis e não renováveis, combustão interna ou combustão externa; seu funcionamento independe de fatores naturais como sol, chuva ou vento, pode ser acionada a qualquer momento, pode ser utilizada em sistemas de pequeno, médio e grande porte. É confiável e pode ser utilizada em geradores de emergência.

Vários impactos negativos devido à queima de combustíveis; emissão de cinzas e de gases que colaboram para o aumento do efeito estufa devido à emissão de CO, CO2, SO2; aumento da temperatura da água dos rios que são utilizados para o sistema de refrigeração; infra-estrutura complexa para o transporte de combustível até a usina geradora e alto custo com manutenção.

Fonte renovável de energia, utiliza o vento, não queima combustível, não produz lixo, pode ser utilizada em pequenos sistemas (de 50W a 2kW) e também em sistemas de médio e grande porte (de alguns kW até alguns MW).

Deve ser instalado em regiões com bastante vento; produz poluição sonora; morte de aves que colidem com as pás do gerador; poluição visual.

Fonte renovável de energia, utiliza a água dos rios, não queima combustível, não produz lixo, pode ser utilizada em sistemas de pequeno e grande porte; a represa atrai investimentos em lazer, apresenta a melhor relação custo/benefício do ponto de vista financeiro. O Brasil tem um grande potencial hídrico ainda inexplorado.

Mudanças da fauna e flora devido à inundação causada pelo represamento d’água; a decomposição de material orgânico submerso emite gás metano e CO2, que contribuem para o aumento do efeito estufa; deslocamento de populações ribeirinhas, destruição de terras produtivas e florestas; desvio do curso dos rios; requer um investimento inicial muito alto.

Utilização versátil, indispensável em equipamentos pequenos e portáteis

Fonte não renovável, utiliza metais pesados na sua fabricação. Polui o solo pois não tem forma adequada de descarte. O reaproveitamento dos seus componentes é caro e feito em pequena escala.

Tabela 7.5 – Fontes de energia, seus custos e benefícios60.

60 Adaptado de SILVEIRA, S.; REIS, L.B.(Org.). Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável: Introdução de uma visão multidisciplinar (2001) e de GOLDEMBERG, J. Energia. meio ambiente e desenvolvimento (2001) 104

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS No mundo, a maior parte da produção de energia elétrica é gerada pelas usinas termoelétricas convencionais, que funcionam com a queima de combustíveis fósseis como carvão, diesel, óleo, biomassa ou gás natural. São as mais importantes, pois geram cerca de 77% da energia elétrica mundial, e para isso liberam cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2 por ano. As geradoras termoelétricas são responsáveis por cerca de um terço de toda emissão de monóxido de carbono (CO) no mundo, ou seja, 190 milhões de toneladas de CO lançadas na atmosfera . A termoelétrica tem rendimento de 33%, significando que, da energia térmica que ela recebe, somente 33% serão transformadas em elétrica. A geração hidrelétrica não produz nenhum poluente durante sua operação, apenas a energia do movimento da água é utilizada para girar a turbina, mas as usinas hidrelétricas produzem grandes quantidades de CO2 devido à necessidade de se criar uma represa para seu funcionamento: por inundar grandes áreas de mata, as árvores submersas morrem e começam a se decompor, gerando grandes quantidades de CO2 que são liberadas para o ar nos lagos das represas. As hidrelétricas tem muitos argumentos favoráveis, mas tem o problema social de deslocar as famílias que moram nas margens dos rios que formarão o lago da represa. As áreas inundadas são grandes, deslocando muitas pessoas, obrigando-as a mudar sua forma de sustento. Estima-se que até hoje já foram atingidas cerca de 200 mil famílias. Você pode concluir que nenhum sistema de geração é autosuficiente. Eles devem ser usados em conjunto dependendo da finalidade e do consumo necessário. Assim como as termoelétricas e termonucleares se somam às hidrelétricas para completar a oferta de eletricidade, outros sistemas podem ser agregados. Especialmente em hospitais, clubes e hotéis, a água para banho e para a lavanderia pode ser pré-aquecida por coletores solares, que são constituídos de tubos escuros expostos ao sol. Mesmo as residências podem fazer uso desse método, economizando gás ou eletricidade em seus sistemas de aquecimento de água. Em regiões isoladas, o sistema fotovoltaico tem sido utilizado, juntamente com pequenos geradores eólicos, que também funcionam durante à noite, ou com pequenos geradores termoelétricos, tornando pequenas comunidades auto-suficientes em produção de energia elétrica. Apesar do sistema fotovoltaico apresentar um custo elevado, ele permite que regiões economicamente inviáveis para a rede de distribuição de energia recebam eletrificação. AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 (Encceja 2006) O manual de utilização de um refrigerador recomenda: I armazene os alimentos em embalagens apropriadas, tais como sacos plásticos ou recipientes com tampas; II não coloque alimentos quentes no refrigerador; aguarde até que estejam à temperatura ambiente; III evite quantidades excessivas e períodos longos de abertura das portas; IV mantenha seu refrigerador vazio e operando por pelo menos duas horas antes de abastecê-lo com alimentos.

Contribuem para a economia de energia elétrica as recomendações (A) I e II. (B) I e IV. (C) II e III. (D) III e IV. Atividade 2 (Encceja 2006) João quer viajar de trem desde a estação Brás em São Paulo até a estação de Jundiaí, no mesmo estado. Ele procurou na Internet e encontrou no sítio da companhia de trem a informação que consta no quadro abaixo.

Nota: Este roteiro de viagem é gerado de forma automática, de acordo com as estações informadas. O tempo estimado de viagem é baseado no regime normal de operação, e não leva em conta fatos eventuais que possam gerar atrasos. Em um período de regime normal de operação, sendo a distância entre as duas estações igual a 120 km, o valor aproximado do módulo da velocidade média desenvolvida no percurso é de: (A) 75 km/h. (B) 65 km/h. (C) 55 km/h. (D) 50 km/h. Atividade 3 (Encceja 2006) Colocar uma panela com água para ferver em um fogão é uma tarefa diária para quem cozinha. Entretanto, poucos se dão conta de que se pode economizar uma fração apreciável de gás, energia elétrica ou lenha — dependendo do tipo de fogão —, se a panela permanecer tampada até a fervura. Essa economia provém:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS (A) da melhor distribuição do calor ao redor da panela. (B) da redução do movimento de convecção da água no interior da panela. (C) da energia que deixa de ser perdida para o ar com a evaporação da água. (D) do aumento da capacidade de condução do calor quando se tampa a panela. Atividade 4 (Encceja 2005) Há diversas situações em que é necessário o uso residencial de dispositivos geradores de energia elétrica como alternativa à rede de distribuição pública. Alguns desses dispositivos são: I Geradores a óleo diesel ou gasolina: convertem a energia térmica da queima de combustíveis em energia elétrica. II Geradores eólicos: a energia do vento é convertida em energia elétrica. III Geradores hidráulicos: uma roda d’água é acoplada a um dínamo, que gera energia elétrica. IV Geradores eletroquímicos (pilhas e baterias): reações químicas geram energia elétrica. Alguns podem ser recarregáveis; outros não. O uso de cada um desses dispositivos tem vantagens e desvantagens. Identifique a linha da tabela abaixo que associa corretamente os dispositivos às suas características.

opção

(A) (B) (C) (D)

Geram resíduos poluidores os dispositivos

não geram resíduos poluidores os dispositivos

funcionam da mesma forma, independente mente do local,tempo, clima e época do ano, os dispositivos

II e III II e III I e IV I e IV

I e IV I e IV II e III II e III

II e III I e IV I e IV II e III

Atividade 5 (Encceja 2005) O motor elétrico de um elevador de automóvel foi dimensionado para ser capaz de levantar um carro em 40 s. Se quiséssemos levantar o carro em 20 s, seria suficiente um motor com: (A) a mesma potência do anterior. (B) o dobro da potência do anterior. (C) o triplo da potência do anterior. (D) o quádruplo da potência do anterior. Atividade 6 (Encceja 2005) Quatro novos empregados de uma empresa que constrói estradas de ferro souberam que ela iria construir uma nova ferrovia. Conversando sobre a finalidade das juntas de dilatação (espaço deixado entre os trilhos), surgiram opiniões diferentes entre eles: - Adão: acha desnecessário a existência das juntas de dilatação porque não acredita que, com o calor, os trilhos aumentem de tamanho. - Bento: acha que o trilho aumenta de tamanho porque ele sente calor quando está quente e se encolhe quando está frio. - Carlos: acha que o trilho aumenta de tamanho porque as partículas do ferro crescem quando está quente e que diminuem quando está frio. - Diogo: acha que o trilho aumenta de tamanho, com o calor, porque as partículas de ferro vibram mais, e diminuem com o frio, porque vibram menos. A interpretação cientificamente correta é a de: (A) Adão. (B) Bento. (C) Carlos. (D) Diogo.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 7 (Encceja 2005) Uma fábrica de motocicleta, antes de lançar um novo modelo no mercado, realizou um teste de desempenho conforme o gráfico:

Analisando o gráfico, o movimento realizado pela motocicleta nos trechos I, II, III, IV, e V, foi, respectivamente: (A) acelerado, acelerado, retardado, retardado e acelerado. (B) retardado, acelerado, acelerado, acelerado e retardado. (C) acelerado, retardado, acelerado, retardado e acelerado. (D) retardado, acelerado, retardado, acelerado e retardado. Atividade 8 (Encceja 2002) Suponha que uma indústria de panelas disponha de três materiais, X, Y e Z, para utilizar na fabricação de panelas. Os valores de condutividade térmica desses materiais estão apresentados na tabela. Valores baixos de condutividade técnica indicam bons isolantes:

Material Industrializado

Condutividade térmica (kcal/oC.m.s)

X

7x10-2

Y

1x10-3

Z

9x10-6

Para produzir uma panela com cabo, a indústria deve utilizar (A) Z para a panela e Y para o cabo. (B) X para a panela e Z para o cabo. (C) Y para a panela e X para o cabo. (D) X para a panela e Y para o cabo. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1 - C 2-B 3 - C 4-C 5 - B 6-D 7 - D 8-B PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Descrever e comparar características físicas e parâmetros de movimentos de veículos, corpos celestes e outros objetos em diferentes linguagens e formas de representação. • Reconhecer grandezas significativas, etapas e propriedades térmicas dos materiais relevantes para analisar e compreender os processos de trocas de calor presentes nos sistemas naturais e tecnológicos. • Utilizar leis físicas para prever e interpretar movimentos e analisar procedimentos para alterá-los ou avaliá-los, em situações de interação física entre veículos, corpos celestes e outros objetos. • Comparar e avaliar sistemas naturais e tecnológicos em termos da potência útil, dissipação de calor e rendimento, identificando as transformações de energia e caracterizando os processos pelos quais elas ocorrem. • Analisar diversas possibilidades de geração de energia para uso social, identificando e comparando as diferentes opções em termos de seus impactos ambiental, social e econômico. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 8 Química, Natureza e Tecnologia APROPRIAR-SE DE CANHECIMENTOS DA QUÍMICA PARA COMPREENDER O MUNDO NATURAL E PARA INTERPRETAR, AVALIAR E PLANEJAR INTERVENÇÕES CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO. José Luis de Souza Quando olhamos o mundo a nossa volta, presenciamos dezenas, centenas, milhares de reações químicas ocorrendo sem que nos demos conta disso. Por exemplo, uma planta que faz fotossíntese durante o dia para poder crescer, um alimento em cozimento sendo transformado pelo calor ou mesmo um sabão agindo sobre a roupa e removendo a sujeira. Olhando para isso com olhos científicos, percebe-se que as coisas estão em constante transformação, que podem ser explicadas pelo estudo da combinação de seus vários componentes, ou seja, como esses componentes se juntam ou se separam, e por quê. Juntar ou separar componentes implica formação de novos produtos. O ato de juntá-los ou separá-los constituem reações químicas. A função da Química é justamente essa: estudar as transformações que ocorrem à nossa volta e as causas delas. Esse estudo é feito observando-se o comportamento dos componentes que constituem os materiais. O interesse em dominar o conhecimento das transformações pode ser observado desde a pré-história. O homem descobriu o fogo e, a partir desta descoberta, aprendeu como cozinhar seus alimentos, extrair pigmentos de vegetais e utilizar plantas como remédios. Começou a perceber que, juntando dois materiais poderia produzir um terceiro, com propriedades totalmente diferentes dos anteriores. Com o aumento do seu conhecimento, foi capaz de produzir cerâmicas, tintas, perfumes, vidros, metais, etc. Dominando os processos de transformação, o homem passou a se interessar também pela constituição dos materiais de que se utilizava. A primeira idéia sobre como todas as coisas são formadas, a primeira teoria sobre a constituição da matéria, foi formulada pelos filósofos gregos Leucipo e Demócrito, que viveram no século V a.C. (478 a.C.). Segundo essa teoria, toda a matéria seria formada por pequenos grãos ou partículas, maciças e indivisíveis, as quais deram o nome de átomo (a = não, tomo = divisível). No início do século XIX, algumas perguntas sobre o comportamento da matéria ainda não encontravam respostas. Por exemplo: • Por que há poucos elementos diferentes e milhares de compostos? • Por que um composto se decompõe em substâncias mais simples (elementos) e os elementos não sofrem decomposição, produzindo novas espécies de matéria? • Por que numa transformação química, em ambiente fechado, não ocorre variação de massa? • Por que um composto apresenta sempre a mesma composição, independentemente da sua origem?

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Os dados experimentais eram observados em nível macroscópico, isto é, era conhecido o comportamento de amostras suficientemente grandes, que podiam ser vistas, manipuladas, etc. Faltava, contudo, uma análise em nível microscópico, que pudesse descrever o comportamento de uma amostra de tamanho muito pequeno. Mas como estudar a estrutura da matéria e ter conhecimentos sobre o mundo atômico? Isso foi possível através de observações experimentais e pela construção de modelos (como a teoria atômica de Dalton) que fossem capazes de explicar os dados obtidos. No ano de 1808, John Dalton propôs uma teoria visando esclarecer algumas dúvidas sobre o comportamento da matéria. A “Teoria Atômica de Dalton” dizia que: • A matéria é formada por átomos, que são partículas minúsculas, não podendo ser subdivididas nem transformadas em outros átomos. • Todos os átomos de um mesmo elemento são iguais, possuem a mesma identidade química. • Os átomos de elementos diferentes possuem propriedades químicas e físicas diferentes. • Um composto é uma combinação de átomos de dois ou mais elementos que se unem, cada átomo conservando sua identidade. Como você acabou de ler, o modelo atômico de Dalton mostra a matéria formada por átomos que são esferas rígidas e indestrutíveis. Mas como explicar fenômenos elétricos? Havia a necessidade, então, de um modelo atômico que incluísse a natureza elétrica da matéria. J.J. Thomson, em 1887, propôs um novo modelo, onde o átomo seria formado por uma esfera de carga elétrica positiva, com elétrons “grudados” em sua superfície (esse modelo ficou conhecido como “modelo do pudim de passas”).

Figura 8.1 – Modelo atômico de Tomson Após a descoberta do elétron, a partícula dotada de carga negativa, foram feitas novas experiências. Eugene Goldstein descobriu uma outra partícula de massa 1836 vezes maior que a massa do elétron e de carga elétrica positiva: o próton. Então, ficou provado que o átomo NÃO é indivisível. O modelo de J. J. Thomson, contudo ainda era incompleto, pois não considerava a existência dos prótons. Em 1911, Ernest Rutherford, outro pesquisador que

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS tentava explicar a estrutura do átomo, concluiu que: - O átomo tem mais espaço vazio do que preenchido. - Quase toda a massa do átomo encontra-se no núcleo com carga positiva (prótons). - Na eletrosfera (região ao redor do núcleo) estão os elétrons de massa muito menor que os prótons. - O raio total do átomo é muito maior do que apenas o raio do núcleo sozinho. Esse modelo atômico de Ruthertord ficou conhecido como “modelo planetário”, pois no átomo os elétrons giram em torno do núcleo assim como os planetas giram em torno do Sol. Dois anos depois, em 1913, Niels Bohr completou o modelo de Rutherford com os seguintes postulados: - Nos átomos, os elétrons giram ao redor do núcleo em trajetórias circulares, chamadas de camadas (ou níveis), sendo que cada camada possui um certo valor de energia. - Um elétron pode sair de um nível de energia e passar para outro nível de energia maior: para fazer isso, ele “pega” energia externa (luz, calor, etc.). Assim, dizemos que temos um elétron no estado excitado.

Quando eletricamente neutro, o átomo perde elétrons e passa a apresentar um excesso de prótons e, portanto, adquire carga positiva transformando-se num íon positivo chamado de cátion. Por outro lado, o mesmo átomo eletricamente neutro pode ganhar elétrons, com esse excesso, passa a apresentar carga negativa, transformando-se num íon eletricamente negativo, um ânion. Já discutimos como o átomo é formado e que existem átomos, diferentes, mas como reconhecer a diferença entre eles? A diferença é dada pelo número atômico (Z), o número de prótons presentes no seu núcleo e pelo número de Massa (A), a soma do número de prótons (Z) e de nêutrons (N) presentes no átomo. Como exemplo observe o seguinte elemento químico: Elemento químico: Flúor Símbolo do elemento: F número atômico (Z): 9 número de massa (A): 19 número de prótons: 9 número de elétrons (e-) :9 número de nêutrons: 19 - 9 = 10 Então podemos observar as seguintes relações entre as partículas subatômicas: A=Z+N Z=A-N N=A-Z obs: - Para um átomo eletricamente neutro Z = e-

Figura 8.2 – (a) átomo recebendo energia, (b) elétron saltando para um nível mais externo (átomo excitado), (c) elétron retornando ao estado fundamental após liberar energia. - O elétron pode voltar ao nível de onde saiu, liberando energia. É o retorno ao estado fundamental. Dentre as partículas que formam o átomo, os elétrons possuem carga negativa, os prótons positiva e os nêutrons não possuem carga, mas possuem massa como os prótons. No átomo, o número de elétrons na eletrosfera é igual ao número de prótons no núcleo. Por exemplo, o átomo de sódio tem 11 prótons e 11 elétrons. Desta forma, a carga total do átomo será nula, pois a carga positiva de cada próton será compensada pela carga negativa do elétron correspondente. Podemos dizer que nesta situação o átomo estará eletricamente neutro. Em determinadas situações, os átomos podem ganhar ou perder elétrons, o que acarreta a perda da neutralidade, pois os números de prótons e elétrons já não serão mais iguais. Temos então o surgimento de partículas eletricamente carregadas que são chamadas de Íons. Quando temos um íon, observam-se diferenças entre o número de elétrons e o número de prótons. LEMBRE-SE: a existência de um íon deve-se exclusivamente a variação do número de elétrons e nunca a uma variação no número de prótons.

Os átomos que possuem um mesmo número atômico (mesma quantidade de prótons dentro do núcleo) dizem respeito a um mesmo elemento químico, todos esses átomos possuem as mesmas propriedades químicas. Para cada um dos elementos químicos conhecidos foi dado um nome e um símbolo (uma abreviação de seu nome). Já discutimos isso no capitulo 1, você se lembra? Assim, podemos saber (Z) e (A), além do número de nêutrons de todos os átomos de elementos químicos diferentes da mesma maneira que fizemos com o exemplo anterior. Com tantos elementos foi necessário organizá-los para facilitar o estudo dos compostos formados por eles e suas reações químicas, deste modo todos os elementos conhecidos foram organizados em ordem crescente de seus números atômicos e agrupados segundo as semelhanças existentes entre suas propriedades químicas e físicas numa tabela chamada de Tabela Periódica. Existem diferentes modelos de tabela, todos contêm os mesmos elementos químicos, o que muda de um modelo para outro é a quantidade e a forma como as informações são apresentadas. Em cada tabela existe uma legenda para que você possa localizar essas informações. Na que apresentamos aqui você pode ver a legenda no canto inferior esquerdo, vamos mostrá-la separadamente juntamente com o quadro do elemento flúor que usamos como exemplo:

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Figura 8.3 – Legenda da Tabela periódica dos elementos químicos. Confira os dados que mostramos no exemplo: O flúor é representado pelo símbolo F, possui nove prótons (Z=9), massa 19 e na tabela aparece uma informação a mais, ele é gasoso nas condições ambientes (25°C e 1 atmosfera).

Figura 8.4 – Tabela periódica dos elementos químicos. A legenda, do lado inferior esquerdo indica quais informações são fornecidas e as suas localizações.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS As linhas horizontais dessa tabela são chamadas de períodos e mostram os elementos químicos em ordem crescente de seus números atômicos. Ainda, o número do período onde o elemento se encontra mostra o número de camadas que foram preenchidas pelos elétrons desse elemento. Exemplo: o elemento cálcio (Ca) encontra-se no quarto período (quarta linha de cima para baixo), então o Ca possui quatro camadas ocupadas por seus elétrons é a quarta camada que também é chamada de camada de valência. A camada mais externa de um átomo ocupada por pelo menos um elétron é chamada de camada de valência.

Figura 8.5 – Representação da camada de valência. Temos na tabela sete períodos identificados por números de 1 à 7. As colunas verticais são chamadas de famílias ou grupos. Em cada coluna temos elementos químicos que apresentam semelhanças em suas propriedades químicas, pois têm o mesmo número de elétrons na camada de valência. As famílias podem ser identificadas com nomes indicados pelo seu primeiro elemento ou por nomes especiais. Assim, temos as famílias:

Nomenclatura usual 1A 2A 3A 4A 5A 6A 7A Zero ou 8A

Nomes especiais Metais Alcalinos (menos H) Metais Alcalino-terrosos Família do Boro Família do Carbono Família do Nitrogênio Calcogênios Halogênios Gases Nobres

IUPAC 1 2 13 14 15 16 17 18

Tabela 8.1 – Nomenclatura das famílias da tabela periódica A IUPAC (International Union for Pure and Applied Chemistry) é um orgão internacional que regulamenta a química em todo o mundo. Ela indica uma nomenclatura oficial mais recente, numerando as famílias de 1 (família 1A) até 18 (família 0). Continuamos ainda a usar a nomenclatura não oficial devido à praticidade que ela oferece na indicação das propriedades químicas dos átomos. Os elementos das famílias A são chamados de elementos representativos. Todos os elementos da família 1A apresentam apenas 1 elétron na camada de valência, os elementos da família 2A apresentam 2 elétrons na camada de valência e assim por diante. Isso é válido apenas para os elementos que se encontram em uma família A. Já os elementos das famílias B são chamados de elementos de transição e de transição interna. Esses elementos não apresentam uma regularidade na variação de propriedades como se observa nos elementos representativos. Esses elementos existentes na tabela se combinam e formam uma infinidade de substâncias que compõem o mundo como conhecemos. Vamos entender o modo pelo qual os átomos se unem para formar moléculas. Os átomos da maioria dos elementos químicos não existem isoladamente, por exemplo, átomos de oxigênio podem ser encontrados ligados a outros átomos iguais a ele (O2) ou ligados a átomos de outros elementos (CO, SO2, etc.). Porém, não é possível encontrar átomos de oxigênio “sozinhos” (O). Apenas os gases nobres (grupo zero) são encontrados “sozinhos”, isto é, sem estarem ligados a outros átomos. Isso ocorre porque os gases nobres possuem oito elétrons em sua camada de valência, o hélio (He) é uma exceção com dois elétrons na última camada (o He só tem elétrons na primeira camada, então essa camada é também a última). Então, um átomo estará estável quando tiver oito elétrons em sua camada de valência. Os átomos que não possuem esses oito elétrons se unem uns aos outros, fazem ligações químicas, de modo a conseguir essa estabilidade. Tentam desse modo, atingir a configuração estável dos gases nobres (Regra do Octeto). Os elementos H, Li, Be e B são exceções, estarão estáveis com dois elétrons em sua camada de valência, adquirindo a configuração do gás nobre hélio (He).

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Os elétrons disponíveis para as ligações químicas são os elétrons da camada de valência. Precisamos observar quantos elétrons existem nessa camada para prever por qual mecanismo este átomo irá se estabilizar. Vamos considerar como exemplo átomos do elemento sódio, de numero atômico 11 (11Na) e de cloro (17Cl ). O sódio pertence à família 1A portanto tem um elétron na última camada, seria preciso receber mais 7 elétrons para completar sua camada, uma coisa muito improvável de acontecer. O cloro pertence à família 7A e possui 7 elétrons na última camada, se receber mais um elétron de algum outro elemento químico, completa sua camada de valência formando o octeto. Nenhum dos dois está estável, mas se houver uma transferência de 1 elétron do sódio (Na) para o cloro (Cll), os dois átomos alcançarão a estabilidade. O sódio fica estável porque a camada onde estava o elétron doado fica vazia, portanto a camada mais interna passa a ser a última e ela possui os 8 elétrons necessários à estabilidade. Observe a figura:

Todo composto iônico, ou seja, formado através de uma ligação iônica é sólido, quando for puro, nas condições ambiente de temperatura e pressão (25 °C e 1 atm). É preciso submeter estes elementos a uma temperatura muito alta para que eles entrem em fusão, porém a maioria deles é muito solúvel em água. Vamos pensar agora no que acontece quando um átomo de cloro (Cl) se liga a outro átomo de cloro (Cl)? Pode haver ligação iônica entre os dois? A resposta é NÃO. Ocorre uma ligação chamada covalente entre os dois átomos de cloro, pois os dois possuem sete elétrons na última camada. Não podendo doá-los eles compartilham seus elétrons. O resultado é uma molécula de cloro. Veja:

Figura 8.7 – Representação da formação de uma molécula de cloro.

Figura 8.6 – Representação esquemática de um átomo de sódio mostrando a distribuição dos elétrons nas camadas da eletrosfera. Acabamos de formar dois tipos de íons: o cátion e o ânion. Os íons Na+1 e Cl -1 possuem cargas elétricas contrárias, por isso se atraem: essa atração mantém dois íons unidos, formando a substância NaCl. Lembre-se ele tinha o mesmo numero de partículas positivas e negativas que se anulavam, perdeu uma negativa, portanto sobrou uma positiva sem ser anulada e por isso o átomo se transformou em um cátion. O cloro também tinha o mesmo numero de partícula positivas e negativas, ganhou uma negativa que também não pode ser anulada, portanto se transformou em um ânion. Essa interação entre os dois átomos é chamada de ligação iônica e ocorre sempre que um elemento precisando doar seus elétrons, se “junta” a outro elemento que precise receber esses elétrons. O composto formado após a ligação química é eletricamente neutro. Note que os elementos que tendem a doar seus elétrons estão nas famílias: 1A doam 1 elétron 2A doam 2 elétrons 3A doam 3 elétrons Esses elementos são os metais. Já os elementos que tendem a receber esses elétrons encontram-se nas famílias: 5A - ganham 3 elétrons 6A - ganham 2 elétrons 7A - ganham 1 elétron

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Representamos apenas a camada de valência porque é nela que as transferências acontecem. Conte os elétrons dos átomos de cloro. Ambos têm 7 não é mesmo? Agora observe que na molécula cloro formada há um par de elétrons que faz parte das duas eletrosferas, portanto ele deve participar da contagem para ambos os átomos. Agora conte quantos elétrons tem em cada um dos átomos da molécula do Cl2.. Ambos têm 8, portanto estão estáveis. Os metais, como vimos, possuem tendência a doar seus elétrons de valência, portanto nenhum deles pode aceitá-los para fazer a ligação. Desta formas os elétrons ficam livres para circularem pelas eletrosferas de todos os átomos próximos.

Figura 8.8 – Representação dos elétrons com liberdade de movimento nas eletrosferas de átomos metálicos adjacentes. Átomos de metais que se encontram unidos em um “mar de elétrons” livres formam a ligação metálica. Esse tipo de ligação não é explicada pela regra do octeto, válida para as ligações iônicas e covalentes. Quando um material é formado por mais de um tipo de átomo metálico ele é chamado de liga metálica. São misturas sólidas como o ouro 18 Quilates, bronze, latão e aço.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Todas essas informações parecem muito distantes da nossa realidade e difíceis de entender. Mas não é bem assim. Vamos discutir um pouco sobre a presença do alumínio nas nossas vidas diárias e veremos como essas e muitas outras informações químicas estão sempre presentes. A UTILIZAÇÃO E O DESTINO DO ALUMÍNIO Já discutimos neste caderno a importância da reciclagem do alumínio, agora discutiremos algumas das suas propriedades para abordarmos conceitos químicos importantes. O alumínio pode ser considerado um elemento bastante “popular”, pois está presente em quase todas as esferas da atividade humana. As inúmeras aplicações em diversos setores da indústria (transportes: automóveis, aeronaves, trens, navios; construção civil: portas, janelas, fachadas; eletro-eletrônico: equipamentos elétricos, componentes eletrônicos e de transmissão de energia; petroquímica, metalurgia e outros) e a freqüente presença no nosso dia-adia (móveis, eletrodomésticos, brinquedos, utensílios de cozinha, embalagens de alimentos, latas de refrigerantes, produtos de higiene, cosméticos e produtos farmacêuticos) ilustram bem a sua importância econômica no mundo contemporâneo. A própria reciclagem de embalagens de alumínio, setor no qual o Brasil se destaca, tem papel relevante do ponto de vista econômico, social e ambiental. A forma mais conhecida do alumínio é a metálica, o metal já foi considerado tão raro e precioso que chegou a ser exibido ao lado de jóias da coroa e utilizado em lugar do ouro em jantares da nobreza no século XIX. Os compostos não metálicos de alumínio, por outro lado, servem a humanidade há mais de 4000 anos. Os egípcios já os empregavam em tinturarias e os gregos e os romanos também os usavam para fins medicinais, na Antigüidade. Dentre as principais aplicações dos compostos não metálicos de alumínio, destacam-se o sulfato de alumínio [Al2(SO4)3] no tratamento para obtenção de água potável, o hidróxido de alumínio [(Al(OH)3] no tingimento de tecidos, na indústria de medicamentos, a alumina (Al2O3) em materiais refratários como tijolos, cerâmicas) e catalisadores.61,62 O alumínio não ocorre na forma elementar, na forma de átomos isolados na natureza. Devido à alta afinidade pelo oxigênio, ele é encontrado como íon Al 3+, na forma combinada, em rochas e minerais. Embora constitua apenas cerca de 1% da massa da Terra, é o primeiro metal e o terceiro elemento químico mais abundante da crosta (cerca de 8,3% em massa), ou seja, da superfície que pode ser economicamente explorada pelo homem. Outros elementos abundantes são: Oxigênio = 45,5%; Silício = 25,7%; Ferro = 6,2% e Cálcio = 4,6%; outros = 9,7%. O alumínio é encontrado em rochas ígneas (aquelas provenientes de vulcões) e muitas pedras preciosas contêm este metal, algumas são formadas pelo próprio óxido. O

61 Kauffman, G. B.; Adams, M. L.; Educ. Chem. 1990, 36. 62 Evans, K. A. Em Industrial Inorganic Chemicals: Production and Uses; Thompson, R., ed.; The Royal Society of Chemistry; Cambridge, 1995, cap. 11, p. 277349.

rubi e a safira, por exemplo, são formas impuras de Al2O3 contendo os íons Cr3+ e Fe3+, que conferem às gemas as cores vermelha e amarela, respectivamente. Óxido de alumínio é uma substância onde o metal está combinado com oxigênio. Ex: Al2O3. O minério de importância industrial para obtenção do alumínio metálico e de muitos compostos de alumínio é a bauxita, que se forma em regiões tropicais e subtropicais por ação do intemperismo (chuva, vento, calor, frio) sobre aluminossilicatos (compostos de alumínio e silício combinados). Apesar de ser freqüentemente descrita como o minério de alumínio, a bauxita não é uma espécie mineral propriamente dita, mas um material heterogêneo formado de uma mistura de vários compostos de alumínio. As principais reservas de bauxita, que correspondem a um total de 55 a 75 bilhões de toneladas, são encontradas na América do Sul (33%), África (27%), Ásia (17%) e Oceania (13%), sendo que as três maiores localizam-se na Guiné (1a), no Brasil (2a) e na Austrália (3a)63. Estima-se que a reserva total deva ser suficiente para a demanda de alumínio no século XXI. Cerca de 85 a 90% da produção mundial desse mineral é usada na obtenção da alumina (Al2O3) que é, então, destinada à indústria do alumínio metálico. Os 10 a 15% restantes têm ampla aplicação industrial para a manufatura de materiais refratários (pois a alumina tem alto ponto de fusão, 2.000°C), abrasivos ( o coríndon, um óxido do alumínio tem sua dureza ultrapassada apenas pelo diamante), diversos produtos químicos, cimento com alto teor de alumina e outros. O Brasil, além de possuir grandes reservas (especialmente na região de Trombetas, no Pará, e em Minas Gerais), é também um dos maiores produtores do minério, ocupando lugar de destaque no cenário mundial. O primeiro uso da bauxita para produzir alumina e alumínio metálico em escala industrial no país foi feita pela Elquisa (hoje, Alcan) durante a Segunda Grande Guerra, em 1944. A produção nacional de bauxita aumentou desde então, e chegou recentemente a cerca de 13 milhões de toneladas/ano, colocando o Brasil entre os quatro principais produtores. Os maiores produtores mundiais são: Austrália, Guiné, Brasil e Jamaica, com um total de 70% da produção mundial. O que faz com que o alumínio tenha uma aplicabilidade tão grande são as suas propriedades, ele é um metal leve, macio e resistente. Possui um aspecto cinza prateado, fosco e não é tóxico na forma metálica. O alumínio não é um material magnético, e não cria faíscas quando exposto ao atrito. Por tudo isso ele pode ser usado em áreas como: - Transporte: Como material estrutural em aviões, barcos, automóveis, tanques, blindagens e outros.

63 “PREPARAÇÃO DE COMPOSTOS DE ALUMÍNIO A PARTIR DA BAUXITA: CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS ASPECTOS ENVOLVIDOS EM UM EXPERIMENTO DIDÁTICO”. Vera R. Leopoldo Constantino*, Koiti Araki, Denise de Oliveira Silva e Wanda de Oliveira, Quim. Nova vol. 25 no.3 São Paulo,May 2002. 113

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS - Embalagens: Papel de alumínio, latas, tetrapack e outras. - Construção civil: Janelas, portas, divisórias e grades. - Bens de uso comum: Utensílios de cozinha e ferramentas. - Como recipientes criogênicos até - 200 ºC e, no sentido oposto, para a fabricação de caldeiras. - Transmissão elétrica: Ainda que a condutibilidade elétrica do alumínio seja 60% menor que a do cobre, o seu uso em redes de transmissão elétricas é compensado pela sua grande leveza e maleabilidade, permitindo maior distância entre as torres de transmissão e reduzindo, desta maneira, os custos da infra-estrutura. Vale pena lembrar aqui que cobre e alumínio são formadas por ligações metálicas. Como vimos os elétrons dessas ligações ficam livres no “mar de elétrons”. Isso explica a grande condutibilidade elétrica desses metais pois corrente elétrica significa elétrons em movimento. Podemos ressaltar ainda que ela depende do material. Observe a tabela a seguir:

Metais

C

Cobre

95

Alumínio

60

Zinco

27

Prata

100

Tabela 8.2 – C = condutibilidade elétrica relativa à prata, para a qual se fixou o valor 100.64 Portanto a escolha de um material condutor para utilização comercial não depende apenas da sua condutibilidade, mas também de outras propriedades e do valor que esse material possui no mercado. Apesar de existir em grande quantidade o alumínio é um recurso não renovável. Além disso, sua produção a partir da bauxita e outros minérios consome uma quantidade muito grande de energia elétrica. A bauxita é purificada pela reação com hidróxido de sódio, resultando em hidróxido de alumínio que pode ser representado pela formula Al(OH)3. O aquecimento produz o óxido de alumínio (Al2O3), que sofre redução eletrolítica para produzir o alumínio puro. Como a eletrólise do Al2O3 puro é impraticável, pois o seu ponto de fusão, 2060 °C é superior à do próprio alumínio, 2056°C, só foi possível tornar o processo economicamente industrial quando se descobriu o fundente adequado para o Al2O3, o mineral criolita (AlF3 . 3 NaF) que reduz o ponto de fusão para algo em torno de 960 °C. Eletrólise é a quebra das partículas de uma substância a partir da passagem de corrente elétrica. Em média, duas toneladas de bauxita resultam em uma tonelada de óxido de alumínio e duas deste óxido, em uma de alumínio. Nessa proporção você pode imaginar a quantidade de minério que deve ser usado para produzir todo o alumínio que nossa sociedade consome! Considerando que o minério é parte do solo e que acima dele existe vegetação e todo um ecossistema sua exploração causa enormes danos ao ambiente se for feito de forma indiscriminada. As reações eletrolíticas para a produção do metal são realizadas na chamada cuba eletrolítica. Ela é normalmente de aço com revestimento interno de grafite, que atua como catodo (aonde os elétrons da corrente elétrica chegam). O anodo (local aonde os elétrons da corrente elétrica saem do sistema) também é de grafite. A reação total, decorrente da passagem da corrente elétrica, que ocorre no forno, consiste então na redução da alumina, liberando o alumínio que é depositado no catodo, e na oxidação do carbono do anodo devido ao oxigênio liberado no processo.  Δ 4 Al + 3 O2 2 Al 2O3 AlF3 . 3 NaF Redução é uma reação química onde o íon (átomo eletricamente carregado com carga positiva ou negativa) recebe elétrons e se transforma na forma metálica. Al +3 (forma iônica)+ 3 elétrons

Al 0 (forma metálica)

O fenômeno oposto, quando o átomo perde elétrons, é chamado de oxidação. Al 0(forma metálica)

Al +3 (forma iônica)+ 3 elétrons

(É isso que acontece quando aparece um pó branco nas janelas e objetos de alumínio)

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Adaptada de: Ensino de Química: dos fundamento à pratica. Vol 1. SENP. SE/SP 1988

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O alumínio sai das cubas no estado líquido, a aproximadamente 850ºC, e é então transportado para a fundição, onde são ajustadas a sua composição química e forma física.

Figura 8.9 – Representação de uma cuba eletrolítica para a produção de alumínio metálico.65 O processo é consumidor intensivo de energia elétrica. Para cada tonelada de alumínio produzido são gastos cerca de 14000 kWh de eletricidade. Isso demonstra a importância da reciclagem, uma vez que são necessários apenas 700 kWh para refundir a mesma quantidade do metal. AS SUBSTÂNCIAS E AS SUAS FUNÇÕES Durante o texto que você leu até aqui apareceram palavras como óxidos e hidróxidos. O que elas significam? Essas duas palavras, juntamente com ácidos e sais formam o grupo das funções de substâncias químicas inorgânicas mais importantes da química. Já tivemos oportunidade de estudar neste material os processos de digestão. Algumas enzimas digestivas agem no estômago, que precisa ter uma certa “acidez” para que elas funcionem. Esta acidez é proporcionada pelo ácido clorídrico. As funções mais importantes da química, os ácidos e bases, são os grandes pilares de toda a vida de nosso planeta, bem como da maioria das propriedades do reino mineral. Íons carbonatos e bicarbonatos (ambos básicos) estão presentes na maior parte das fontes de água e de rochas, junto com outras substâncias básicas como fostatos, boratos, e amônia. Você sabia que vulcões podem gerar águas extremamente ácidas pela presença de HCl e SO2? A fotossíntese das plantas pode alterar a acidez da água nas vizinhanças por produzir CO2, a substância geradora de

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www.aluminiocba.com.br/.../processos/

ácido mais comum na natureza. A fermentação do suco de frutas pode vir a produzir ácido acético. Quando utilizamos nossos músculos em excesso sentimos dores provocadas pela liberação de ácido lático. Com tamanha freqüência em nosso ambiente, não é de se espantar que os ácidos e bases tenham sido estudados por tantos séculos. Os próprios termos são medievais: “Ácido” vem da palavra latina “acidus”, que significa azedo. Inicialmente, o termo era aplicado ao vinagre, mas outras substâncias com propriedades semelhantes passaram a ter esta denominação. “Álcali”, outro termo para bases, vem da palavra arábica “alkali”, que significa cinzas. Quando cinzas são dissolvidas em água, esta se torna básica, devido à presença de carbonato de potássio. A palavra “sal” já foi utilizada exclusivamente para referência ao sal marinho ou cloreto de sódio, mas hoje tem um significado muito mais amplo. Veremos de que forma podemos classificar substâncias como ácidos ou bases, as principais propriedades destes grupos e o conceito de pH. Os íons hidrônio e hidróxido Entre as propriedades da água, há uma de particular interesse no estudo de ácidos e bases: a auto-ionização. Duas moléculas de água podem interagir e produzir dois íons: um cátion, o hidrônio ou hidroxônio (H3O+), e um ânion, o hidróxido ou hidroxila (OH-). Observe a reação usando a fórmula estrutural das moléculas: (Água) (Água) (hidrônio) (hidroxila) H—O—H + H—O—H → H—O—H+ + OH│ H Podemos representar também na forma de uma equação química convencional: H2O + H2O → H3O+ + OHOu de forma mais simplificada: H2O H2O → H+ + OHEsta é uma reação onde ocorre uma transferência de próton de uma molécula de água para outra. Vamos nos referir aqui ao íon H+ como próton. Isso faz sentido se lembrarmos que o H possui um próton e um elétron, quando ele perde o elétron sobra apenas o próton. A compreensão da auto-ionização da água é o ponto de partida para os conceitos de ácidos e bases aquosos. Um dos primeiros conceitos de ácidos e bases que levavam em conta o caráter estrutural das moléculas foi desenvolvido no final do século 19, por Svante Arrhenius, um químico sueco. Ele propôs que os ácidos eram substâncias cujos produtos da ionização (formação dos íons) em água incluíam o íon hidrogênio (H+) e bases as que produziam o íon hidróxido (OH-) quando sofriam dissociação.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Exemplo da ionização de um ácido: HBr → H+ + BrExemplo da dissociação de uma base: KOH → K+ + OHEste conceito, embora utilizado até hoje, tem sérias limitações: 1) só pode ser empregado a soluções aquosas; 2) o íon H+, de fato, sequer existe em solução aquosa; 3) não pode ser aplicado para outros solventes. 4) segundo este conceito, somente são bases substâncias que possuem OH- em sua composição. Este conceito é verdadeiro para o NaOH, mas outras substâncias, como a amônia (NH3), não são bases de acordo com o conceito de Arrhenius. Em 1923, J.N. Bronsted, em Copenhagen (Dinamarca) e J.M. Lowry, em Cambridge (Inglaterra) independentemente sugeriram um novo conceito para ácidos e bases. Segundo eles, ácidos são substâncias capazes de doar um próton em uma reação química. E bases, compostos capazes de aceitar um próton numa reação. Este conceito ficou conhecido como “definição de Bronsted”. Esta nova definição é bem mais ampla, pois explica o caráter básico da amônia, observe: NH3 + H2O → NH4+ + OHObserve que um próton deixou a molécula de água, restando apenas a hidroxila e foi aceito pela molécula de amônia, portanto ela é uma base. Em água, alguns ácidos são melhores doadores de prótons do que outros, enquanto que algumas bases são melhores receptoras de prótons do que outras. Por exemplo: uma solução aquosa de HCl diluída consiste, praticamente, de íons cloreto e hidrônio, uma vez que quase 100% das moléculas do ácido são ionizadas. Por isso, este composto é considerado um ácido de Bronsted forte. H2O HCl → H+ + OHPor outro lado, uma solução diluída de ácido acético contém apenas uma pequena quantidade de íons acetato e hidrônio - a maior parte das moléculas permanece na forma não ionizada. H2O CH3COOH → H+ + CH3COOHEste composto é, portanto, considerado um ácido fraco. Desta forma podemos considerar que a força dos ácidos é dada pelo grau de ionização (α) do ácido em questão. Ela é equivalente a porcentagem das moléculas dissolvidas na água que se ionizaram: α = número de moléculas ionizadas número de moléculas dissolvidas Para α: > 50 % - o ácido é considerado forte. Ex: HCl, HNO3 5% a 50% - o ácido é considerado moderado. Ex: H3PO4, HF < 5% - o ácido é considerado fraco. Ex: H2CO3, HCN MEDINDO A ACIDEZ DAS SOLUÇÕES. As quantidades ou concentrações de íons H+ ([H+]) de em uma solução aquosa são muito pequenas, deste modo utiliza-se valores expressos em potência de dez com expoente negativo para representá-las (ex: 1,0 . 10 -2 ). Para explicar expressões matemáticas com esses expoentes o químico dinamarquês Sorensen propôs uma forma mais prática com o auxilio de logaritmos, criou-se então a nova grandeza denominada potencial. O potencial hidrogeniônico de uma solução é representado pelo pH e definido como sendo: pH = - log [H+] Da mesma forma o potencial hidroxiliônico é definido: pH = - log [OH-]

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Verificou-se que os valores que abrangem praticamente todos os ácidos e bases conhecidos se encontravam em um intervalo entre 0 e 14. Deste modo montou-se uma escala como a que mostramos a seguir:

Figura 8.10 – Escala de pH. Interpretamos esta escala da seguinte forma: quanto mais próximo de 1 estiver o valor do pH, mais acida será a solução. Quanto mais próximo de 14, mais alcalina ela será. Quanto o valor for exatamente 7 esta solução será neutra. Como exemplo vamos calcular o pH do vinagre considerando que ele seja uma solução que contenha uma concentração de 1,0 x 10-3 mol/L de íons H+. pH = - log [H+] = - log [1,0 x 10-3] = 3 Olhando na escala podemos classificá-la como ácida. Mol é uma grandeza que corresponde a 6,082 . 1023 partículas, no nosso caso íons H+ ou OH-. INDICADORES DE PH O pH pode ser determinado indiretamente pela adição de um indicador de pH na solução em análise. Indicadores são substâncias que mudam de cor de acordo com o pH de uma solução. A cor do indicador varia conforme o pH da solução. Um indicador de pH muito usado em laboratórios é o chamado papel de tornassol (papel de filtro impregnado com a substância tornassol). Este indicador apresenta uma ampla faixa de viragem (mudança de cor), servindo para indicar se uma solução é nitidamente ácida (quando ele fica vermelho) ou nitidamente básica (quando ele fica azul). Existem também indicadores naturais. Plantas como amora, hibisco, repolho roxo e hortênsias possuem substâncias com essas características. As flores das hortênsias têm cores que podem variar em tons de rosa e azul, dependendo do tipo de solos e dos fertilizantes utilizados. Isso acontece porque certas substâncias na flor apresentam cor azul em contato com ácidos e cor rosa em contato com bases. Os indicadores mais usados em laboratórios são geralmente artificiais e suas cores em função do meio são:

Tornassol Fenolftaleína Vermelho de metila Alaranjado de metila Azul de bromotimol

Ácido Rosa Incolor Vermelho Vermelho Amarelo

Base Azul vermelho Amarelo Amarelo Azul

Tabela 8.3 – Indicadores de uso comum e suas cores nos meios ácido e básico.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS OS NOMES DOS ÁCIDOS Primeiro é preciso classificar o ácido, eles são divididos em dois grupos: • ácidos sem oxigênio: hidrácidos. • ácidos com oxigênio: oxiácidos. Hidrácidos: Nos ácidos sem oxigênio a nomenclatura é bem simples, é só seguir a seguinte regra: Ácido ........ nome do elemento.......... ídrico Os nomes dos hidrácidos são formados acrescentando-se a terminação ídrico às primeiras letras do nome do elemento químico. Exemplos: HCl – ácido clorídrico, HBr – ácido bromídrico, HI – ácido iodídrico Oxiácidos: Os nomes dos ácidos com oxigênio são dados a partir das reações de ionização dos mesmos e dos ânions que elas geram. A reação de ionização é aquela onde os hidrogênios da molécula do ácido se “desprendem” tornando a solução ácida. A seguir mostramos uma tabela com os ânions gerados pelos principais ácidos:

Principais ânions oxigenados: Sulfato Fosfato Carbonato Nitrato Sulfito Nitrito Fosfito

SO4 2PO4 3CO3 2NO3SO3 2NO2PO3 3-

Tabela 8.4 – Nomenclatura de alguns ânions e suas fórmulas. Como exemplo vamos escrever a reação de ionização do ácido H2CO3. H2CO3 → 2 H+ + CO3-2 De acordo com a tabela o ânion CO3-2 é chamado de carbonato, a partir desse nome estabelecemos uma comparação seguindo o quadro: Tabela de sufixos para Oxiácidos: Ânions ITO ATO

Sufixo oso ico

Como a terminação de carbonato é ATO, a nomenclatura para o ácido do qual este ânion é gerado será Ácido carbônico (sufixo – ico): H2CO3 → 2 H+ + CO3-2 Ácido carbônico carbonato Veja mais exemplos: H2SO3 → H+ + SO3Ácido sulfito sulfuroso HNO2 → H+ + NO-2 Ácido nitroso nitrito Como se vê, o ânion sulfito dá origem ao Ácido sulfuroso, e o ânion nitrito ao Ácido nitroso. No nosso texto sobre alumínio falamos sobre seus sais e seus óxidos, precisamos agora descobrir também o que significam estas duas outras funções. A nomenclatura das bases é bem mais simples, basta iniciar o nome com as palavras hidróxido de e em seguida adicionar o nome do átomo que forma a base. Ex: NaOH – hidróxido de sódio Mg(OH)2 – hidróxido de magnésio – popularmente chamado de leite de magnésia quando está em suspensão aquosa. OS SAIS Sal é o grupo de substâncias iônicas que possuem um cátion diferente de H+ e um ânion diferente de OH-. Os sais podem tanto existir na natureza como o sal de cozinha ou cloreto de sódio (NaCl), como podem ser preparados em laboratório reagindo-se um ácido e uma base em solução aquosa. Observe a equação a seguir: HCl + NaOH → NaCl + H2O

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Nesta reação tanto o ácido quanto a base estão dissolvidos, portanto ambos se “quebraram” gerando íons livres.

Esses íons se re-combinam dando origem à um sal e água. A solução resultante não possui nem os íons H+ nem OHlivres, portanto se torna neutra, sendo assim a reação é chamada de Reação de neutralização.

Nomenclatura dos principais sais: NaCl – cloreto de sódio Al2(SO4)3 - sulfato de alumínio KCl - cloreto de potássio BaSO4 – sulfato de bário KI – iodeto de potássio CaCO3 - carbonato de cálcio NaHCO3 - bicarbonato de sódio BaCO3 - carbonato de bário CaSO(4) – sulfato de cálcio CaF2 - fluoreto de cálcio Tabela 8.5 – Nomenclatura de alguns sais e suas fórmulas. ÓXIDOS A cada momento que você respira está em contato com milhões de moléculas de óxidos. Quando inspira o ar contem molécula de vapor de H2O. Quando expira, seus pulmões liberam CO2 para o ambiente. O que essas moléculas têm em comum é a presença de apenas dois tipos diferentes de átomos na molécula. São compostos binários e como possuem oxigênio são chamados de óxidos. Óxido é o grupo de substâncias binárias (com dois tipos de elementos químicos) nas quais, um dos elementos é o oxigênio. Os gases de enxofre (SO2, SO3) e nitrogênio (NO2) emitidos por fábricas, usinas a base de carvão ou petróleo, carros e outros veículos podem se combinar com o vapor da água do ar e formar ácidos como os mostrados a seguir: H2O + SO3 → H2SO4 Ácido sulfúrico H2O + SO2 → H2SO3 Ácido sulfuroso H2O + NO2 → HNO3 Ácido nítrico Por isso podem ser classificados como óxidos ácidos. A chuva ácida pode alterar o pH do solo, prejudicando o crescimento das plantas e danificar diretamente as folhas e outras partes dos vegetais. Também pode alterar o pH de rios e lagos, causando a morte de peixes e outros organismos aquáticos. Na cidade ela corrói o metal de veículos e portões. Muitos monumentos existentes nas cidades e em cemitérios sofrem com a ação da chuva ácida. O mármore é formado por carbonato de cálcio (um sal). Quando reage com o ácido sulfúrico da chuva forma sulfato de cálcio, como mostra a reação a seguir: CaCO3 + H2SO4 → CaSO4 + H2O + CO2 Como o sulfato de cálcio formado é solúvel em água ele é arrastado pela chuva. Alguns óxidos reagem com água formando bases, são os chamados óxidos básicos. A cal virgem usada na construção civil é uma exemplo de óxido básico. CaO + H2O → Ca(OH)2 - cal apagada, Cal extinta, Água de cal Existem óxidos que não reagem com água, por isso não formam ácidos ou bases, eles são chamados de neutros. Só existem três óxidos neutros o CO, NO e N2O. O fato de não reagirem com água, com ácidos ou com bases não significa que não reajam com nenhum outro tipo de substancia. O NO pode reagir com O2 do ar formando NO2. CATALISADORES Certamente você Já ouviu falar que os carros possuem um acessório no escapamento chamado catalisador, usado para diminuir a emissão de gases potencialmente poluentes. Um catalisador é uma substância ou material que atua numa reação ou processo químico, alterando sua velocidade seja positiva ou negativamente. Se forem misturadas apenas as substâncias H2 e O2, não haverá reação de formação de água. Entretanto, se for introduzida uma grade de platina no sistema, a reação se tornará praticamente instantânea, sem que a grade sofra qualquer alteração. Nesse processo, dizemos que a platina é um catalisador, ou seja, uma substância que apresenta a propriedade de aumentar a velocidade da reação, sem que seja consumida no processo.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS O MECANISMO GERAL DA CATÁLISE Para que uma reação química ocorra, não basta que os reagentes estejam em contato, é preciso que suas partículas se choquem umas contra as outras e que esses choques possuam a energia necessária para que se forme um novo produto. A união dessas partículas, por uma fração de segundo, com energia suficiente para que a reação ocorra é chamada de complexo ativado e essa energia é chamada de energia de ativação (E. ativ.). Após a formação do produto a energia diminui novamente e a reação se completa. Observe a figura 8.11 (A). Os químicos chamam de catálise o fenômeno do qual participa um catalisador. Na catálise, o aumento da velocidade com que essa reação se completa é explicado pelo fato de o catalisador gerar um caminho alternativo para que ela ocorra com menor consumo de energia.

Figura 8.11 – Gráficos mostrando a variação de energia durante uma reação química sem catalisador (8.11A) e com catalisador (8.11B) Em outras palavras, o catalisador torna a reação mais fácil. Lembrando que a energia de ativação é um obstáculo para a ocorrência da reação, fica evidente o principal papel do catalisador: ele facilita a reação porque diminui a energia de ativação (Figura 8.11 (B)). Tipos de catálise: homogênea e heterogênea Dependendo do número de fases presentes, as catálises classificam-se em: - Catálise homogênea O catalisador e os reagentes formam um sistema homogêneo, ou seja, constituem uma única fase. É o caso, por exemplo, do que ocorre no processo de decomposição da água oxigenada. Esse fenômeno pode ser observado ao passarmos o medicamento em um ferimento. Ocorre imediatamente o desprendimento de oxigênio que tem a propriedade de matar alguns microorganismos e por isso é usado como anticéptico. Observe a equação a seguir: catalase H2O2(l) → H2O(l) + ½ O2(g) Neste caso a água oxigenada ou peróxido de hidrogênio (H2O2) tem a sua decomposição acelerada pela presença de uma enzima existente no sangue, a catalase. Como ambos formam uma mistura com uma única aparência dizemos que a catalise é homogênea. - Catálise heterogênea O catalisador e os reagentes formam um sistema com duas ou mais fases. Nesses processos geralmente o catalisador é sólido. MnO2 H2O2(l) → H2O(l) + ½ O2(g) Neste exemplo o oxido de manganês (um pó marrom) é usado para decompor a água oxigenada. Na mistura podemos distinguir os dois reagentes portanto temos duas fases e a catalise é chamada de heterogênea.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 (ENCCEJA) – 2002) As chuvas ácidas que causam danos às plantações, lagos e monumentos históricos são causadas pelos gases SOx e NOx. Os gráficos abaixo mostram as emissões de óxidos de enxofre (SOx) e nitrogênio (NOx), produzidos na geração de1000 megawatts de energia pelas usinas. Elas utilizam: carvão, gás natural, petróleo residual, madeira e material radioativo.

Dentre as usinas, a que mais contribui para o agravamento do fenômeno das chuvas ácidas é a que utiliza: (A) carvão mineral. (B) petróleo residual. (C) madeira. (D) material radioativo. Atividade 2 (ENCCEJA) – 2006) O brometo de metila, H3ClBr , é um gás que age como inseticida e fumegante, utilizado para tratamento de solo, controle de formigas e fumigação de produtos de origem vegetal. O Brasil está implantando um programa que pretende eliminar até o final de 2006 o uso desse produto na agricultura, pois, de acordo com pesquisas, o brometo de metila contribui para a diminuição da camada de ozônio. O efeito do brometo de metila é devido ao fato de que: (A) essa substância acelera a capacidade de fotossíntese dos vegetais, o que aumenta o consumo de ozônio na atmosfera. (B) essa substância, em contato com o vapor de água, produz metanol, que reage com o ozônio para formar água e dióxido de carbono. (C) suas moléculas são decompostas pela radiação solar em átomos de bromo livres (Br•), que transformam o ozônio em oxigênio gasoso. (D) essa substância, ao atingir a estratosfera, provoca o deslocamento do ozônio para camadas mais baixas, por ser um gás muito estável. Atividade 3_________ (ENCCEJA) – 2006) A combustão da gasolina nos motores de automóveis produz uma série de gases como dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Na camada mais baixa da atmosfera, ou seja, na troposfera, tais gases participam de diversas reações químicas que geram outras substâncias poluentes, como o ozônio que é gerado a partir de hidrocarbonetos e de óxidos de nitrogênio. Com o uso de conversores catalíticos (catalisadores) nos escapamentos, todos esses gases são convertidos em dióxido de carbono, vapor de água e nitrogênio. Sendo assim, o emprego desses conversores (A) diminui a formação de ozônio na troposfera. (B) elimina a emissão de gases-estufa para a atmosfera. (C) diminui os buracos da camada de ozônio da estratosfera. (D) elimina a poluição do ar causada por veículos automotores.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 4 (ENCCEJA) – 2002) Muitas pessoas associam a palavra ácido a substâncias químicas que corroem materiais e que são prejudiciais à saúde. Para mostrar que tal associação é equivocada, basta lembrar que são classificados como ácidos: (A) vinagre e suco de laranja. (B) bicarbonato de sódio e vaselina. (C) sal de cozinha e açúcar. (D) sabão e detergente. Atividade 5 (ENCCEJA) – 2002) As figuras I e II representam duas diferentes idéias ou modelos para os átomos, constituintes da matéria, surgidos há cerca de um século.

A representação hoje aceita para o átomo se parece mais com: (A) o modelo I, sendo constituído por uma massa positiva na qual estão dispersas cargas pontuais negativas. (B) o modelo I, sendo constituído por um núcleo neutro denso, no qual circulam cargas negativas e positivas. (C) o modelo II, sendo constituído por um núcleo neutro, com cargas positivas e negativas orbitando à sua volta. (D) o modelo II, sendo constituído por um núcleo positivo denso, com cargas negativas orbitando à sua volta. Atividade 6 (ENCCEJA) – 2002) Para retirar a camada de ferrugem (óxido hidratado) que se forma sobre objetos de ferro, eles podem ser mergulhados em uma solução diluída de ácido sulfúrico (incolor), por alguns minutos, e, em seguida, lavados em água corrente para retirar a solução salina amarelada e o ácido que ainda resta. A representação que melhor resume a reação que ocorre na limpeza desses objetos, segundo o enunciado, é: (A) óxido + ácido → sal. (B) base + ácido → óxido. (C) sal + óxido → ácido. (D) sal + ácido → base.

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HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1-A 2-C 3-A 4-A 5-D 6-A PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Reconhecer e utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias e transformações químicas e para identificar suas propriedades. • Caracterizar materiais, substâncias e transformações químicas, identificando propriedades, etapas, rendimentos e taxas de sua obtenção e produção; implicações sociais, econômicas e ambientais. • Identificar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de eletricidade, dos combustíveis ou recursos minerais, em situações que envolvam transformações químicas e de energia (a partir de petróleo, carvão, biomassa, gás natural, e dispositivos como pilhas e outros tipos de baterias). • Relacionar a importância social e econômica da eletricidade, dos combustíveis ou recursos minerais, identificando e caracterizando transformações químicas e de energia envolvendo fontes naturais (como petróleo, carvão, biomassa, gás natural, e dispositivos como pilhas e outros tipos de baterias), identificando riscos e possíveis danos decorrentes de sua produção e uso. • Analisar propostas de intervenção ambiental aplicando conhecimento químico, observando riscos e benefícios. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 9 Meio Ambiente e Biodiversidade APROPRIAR-SE DE CONHECIMENTOS DA BIOLOGIA PARA COMPREENDER O MUNDO NATURAL E INTERPRETAR, AVALIAR E PLANEJAR INTERVENÇÕES CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO. José Luis de Souza Segundo o dicionário Aurélio “diversidade” significa variedade, diferença. Quem está acostumado a viajar por este nosso país já percebeu que ele possui grandes diferenças de norte a sul. São diferenças climáticas, culturais, urbanísticas, biológicas e até de fuso horário. Se observarmos o mundo como um todo, vamos perceber que em várias partes dele o clima é muito parecido com o nosso, mas os animais e plantas nem tanto. Como isso é possível? Precisamos discutir algumas características do nosso planeta para podermos entender toda a diversidade que nosso país nos oferece. Já discutimos no capitulo 7 como o movimento de rotação da Terra está relacionado com a medida do tempo. Discutimos também como os meridianos nos ajudam a definir as horas em várias partes do mundo. O outro movimento da Terra que é importante trazer à lembrança agora é o de translação. É o movimento que ela faz ao redor do Sol e que é o responsável pelas estações do ano. Observe a figura 9.1 a seguir que mostra a órbita (percurso) da Terra ao redor do sol.

Figura 9.1 - Orbita de translação da Terra ao redor do Sol. Estão indicadas na figura as estações referentes ao hemisfério sul 66 Note também que o eixo do planeta é inclinado, o sol vai bater mais forte na parte de cima e mais fraco na parte de baixo. Portanto quando na parte de cima (hemisfério norte) for verão, na parte de baixo (hemisfério sul) será inverno. No lado oposto do movimento podemos verificar que a parte sul agora recebe mais energia, portanto na época do ano em que a Terra está nesta posição ela é mais quente. Mas note também que em ambas as posições a parte compreendida entre os trópicos se encontra bem iluminada, portanto tem temperatura quente ou amena e condições atmosféricas mais agradáveis na maior parte do ano. Às condições atmosféricas mais freqüentes de uma região do planeta damos o nome de Clima. A temperatura mais alta favorece a adaptação de uma quantidade maior de seres vivos, portanto a biodiversidade nas regiões entre os trópicos é maior. Passaremos agora a discutir a variação da biodiversidade em diferentes regiões em função do clima e da latitude que ela apresenta. O biociclo terrestre compreende seis grandes ecossistemas: tundra, taiga, florestas decíduas, florestas tropicais, campos e desertos. As características mais marcantes desses diferentes grandes ecossistemas são fornecidas principalmente pelo tipo de vegetação que apresentam.

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(Fonte: http:// nautilus.fis.uc.pt) 123

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A tundra A tundra é o ambiente terrestre situado ao redor do pólo norte (acima de 65° de latitude norte). Possui inverno longo e rigoroso e verão curto, que dura de dois a três meses. Nesse ambiente, predominam as geleiras. Os animais, em geral, apresentam coloração branca, o que os faz serem confundidos com o meio onde vivem. Eles migram no inverno para fugir do frio ou encontrar alimento. No verão, com o degelo de parte da neve, o solo fica encharcado formando lagoas e pântanos. Aparece, então, alguma vegetação, formada principalmente por musgos, liquens e gramíneas. Os musgos são vegetais inferiores, não possuem vasos condutores para transporte de seiva e nem raízes para fixação, por isso não crescem muito e só vivem em locais muito úmidos. Os líquens, são associações biológicas entre musgos e algas. Observe a localização da tundra a seguir:

seja, possuem todos os órgãos vegetativos (raiz, caules e folhas), aqueles que a planta não pode viver sem um deles, porém não produzem flores, aliás flores são órgãos reprodutores e não vegetativos. Na época do verão, o gelo, que recobre parte do solo, derrete completamente, dando origem à muitos lagos. Durante o inverno, parte da fauna entra em hibernação ou emigra em busca de melhores condições de sobrevivência. Ela é formada por insetos, castor, alce, lebre, lince, lobo, marta, urso pardo e urso negro. A taiga compreende áreas do Canadá, da Sibéria, dos Estados Unidos e da Península Escandinava, formada pela Noruega, Suécia e Dinamarca. FLORESTAS DECÍDUAS As florestas decíduas são florestas temperadas onde as árvores perdem as folhas no inverno. Este biociclo já apresenta vegetais superiores, vascularizados e com todos os órgãos possíveis (raiz, caule, folhas, flores e frutos). Encontra-se principalmente nas regiões situadas entre os paralelos 30° e 60°, no hemisfério Norte: leste dos Estados Unidos, Europa e China.

Figura 9.2 – Distribuição dos biociclos taiga e tundra ao redor do globo terrestre.67 As temperaturas muito baixas não favorecem a evaporação e, portanto não favorece também a formação de chuvas. Um ambiente parecido com o da tundra também existe nos pontos mais elevados da crosta terrestre, como nas cordilheiras do Himalaia e dos Andes, independentemente da latitude. Encontramos poucos insetos neste ambiente e entre os animais encontramos grandes mamíferos como, rena, caribú, lobo-do-ártico e urso-polar que são homeotérmicos, possuem a temperatura do corpo sempre constante. Não encontramos répteis como cobras e lagartos porque eles têm sangue frio, são chamados de pecilotérmicos e a temperatura dos seus corpos são muito parecidas com a do ambiente, portanto eles congelariam num local tão frio. A TAIGA A taiga é o ambiente terrestre que vem em seguida à tundra (por volta de 60° de latitude norte) e recebe mais energia solar. Apresenta, portanto, temperatura mais elevada. Nesse ambiente desenvolvem-se extensas florestas de pinheiros, as coníferas (chamadas assim por causa do seu órgão reprodutor na forma de cone), que permanecem verdes o ano todo. As coníferas são vegetais superiores, ou

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Figura 9.3 – Distribuição dos biociclos Florestas decíduas e Florestas tropicais ao redor do globo terrestre.68 Nesse ambiente, as quatro estações do ano são bem determinadas. A quantidade de energia radiante do Sol é maior que na taiga. Isso explica o maior desenvolvimento da flora e da fauna, pois há mais evaporação e mais chuva, além de grande quantidade de folhas e outros materiais que, decompostos por bactérias e fungos do solo, funcionam como adubo natural. Percebemos animais como cervos, marmotas, raposas, muitos pássaros, serpentes e anfíbios. Perceba que neste ambiente já ocorre a presença dos animais pecilotérmicos como répteis e anfíbios. FLORESTAS TROPICAIS As florestas tropicais desenvolvem-se em toda a faixa terrestre situada entre os trópicos, região da Terra que recebe maior quantidade de energia radiante, como se pode verificar na figura 9.4. Por esse motivo, é o ambiente terrestre que melhores condições oferece para o desenvolvimento da flora e da fauna.

68 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e Eduardo Martins – São Paulo – FTD

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS As florestas tropicais mais extensas se localizam na bacia do rio Amazonas, na bacia do rio Congo (África) e em grande parte do sudeste da Ásia. A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical remanescente do mundo. No Brasil, ocupa uma área de aproximadamente 3,7 milhões de quilômetros quadrados, quase 40% do território brasileiro, mas ao todo se espalha por oito países além do Brasil, e no nosso país a Amazônia representa três quintos da nossa disponibilidade de água doce, tamanha é a quantidade de rios e igarapés existentes nesta região. A variedade de formas de vida vegetal e animal é tão grande que a Amazônia abriga 50% da biodiversidade mundial. CAMPOS Os campos têm localização variada no biociclo terrestre. São ambientes onde predominam as gramíneas e, portanto, favoráveis ao desenvolvimento da pecuária e da agricultura. Eles podem estar em regiões temperadas ou regiões tropicais. Os campos são conhecidos por nomes diferentes conforme o país ou o continente em que se encontram. Assim, são denominados pradarias nos Estados Unidos e no Canadá, pampas no Brasil e na Argentina e estepes na Rússia.

Figura 9.4 – Distribuição do biociclo Campos ao redor do globo terrestre.69 Nos campos de regiões tropicais, os períodos de seca são mais longos e eles são cobertos por gramíneas altas e árvores bem distantes umas das outras. São chamados campos arborizados, como as savanas, na África, e os cerrados, no Brasil. Em ambas as regiões a fauna é variadíssima e, como nas demais regiões tropicais, cada uma das muitas espécies é representada por grupos de poucos indivíduos (ao contrário das espécies de regiões frias, cada uma delas com muitos indivíduos, pois são poucas que agüentam condições tão rigorosas vivendo isoladamente). DESERTOS Os desertos têm localização variada no biociclo terrestre e ocupam quase 1/5 da superfície do nosso planeta. O maior de todos é o Saara, na África, com superfície avaliada em 7,5 milhões de quilômetros quadrados.

69 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e Eduardo Martins – São Paulo – FTD

As plantas que vivem nos desertos são adaptadas a perder o mínimo de água e aproveitar o máximo das chuvas, que raramente caem. São denominadas plantas xerófitas. Entre elas, destacam-se os cactos, com caules espessados, para armazenar água, e folhas transformadas em espinhos, para evitar o excesso de transpiração.

Figura 9.5 – Distribuição do biociclo deserto ao redor do globo terrestre.70 Os poucos animais que aí são encontrados geralmente apresentam cor de areia, audição muito boa e uma série de adaptações para resistir à falta de água, como, por exemplo, tegumento (um revestimento que cobre o corpo) impermeável, vida noturna e capacidade de armazenar água. OS BIOMAS BRASILEIROS O Brasil possui uma grande extensão em termos de latitude, portanto apresenta uma grande diversidade climática e biológica. Há duas grandes florestas tropicais em território brasileiro: a Floresta Amazônica e a Floresta ou Mata Atlântica. A primeira ocupa também os países vizinhos ao norte (Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia e Peru); a segunda é exclusiva do território nacional. Sendo florestas tropicais, são quentes e úmidas durante todo o ano. As plantas têm a possibilidade de crescer e de se reproduzir durante diferentes épocas do ano, ao contrário das florestas temperadas, que florescem apenas na primavera. A Floresta Atlântica, no passado, cobria uma extensa área, acompanhando o litoral, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.

Figura 9.6 – Comparação entre a cobertura original da mata atlântica (A) e a mata remanescente nos dias atuais (B).71

70 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e Eduardo Martins – São Paulo – FTD 71 Fonte: Domínio da Mata Atlântica conforme Decreto 750/93. http://www.sosmataatlantica.org.br. 125

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Hoje ocupa menos de 8% do espaço original e continua ameaçada pelas cidades que crescem sem planejamento, pelas atividades agrícolas, pela construção de estradas e tudo mais que faz parte da vida humana atual. Há séculos a floresta vem sofrendo a exploração de madeira, palmito, xaxim ou orquídeas sem a preocupação de reposição. A extinção da vida animal e vegetal, decorrente da sua devastação, é de difícil avaliação, já que ainda não se dispõe de dados completos sobre a sua biodiversidade.72 As áreas preservadas desse bioma ocorrem, em sua maior parte, em regiões montanhosas e de difícil acesso, onde é possível apreciar a grandiosidade da mata sempre verde. As plantas, muito numerosas, são adaptadas à abundância de chuva, o que oferece condições à existência de muitas epífitas, como orquídeas bromélias, e musgos, que vivem também sobre rochas e o solo dos barrancos. Epifitismo é o nome da relação ecológica entre seres vivos onde uma das espécies se beneficia da relação e a outra vive indiferente a ela. As orquídeas se fixam nos troncos de arvores que, ao crescerem, levam junto as orquídeas para o alto onde elas podem captar mais energia solar para sua fotossíntese. A árvore do pau-brasil, que deu nome ao nosso país, é nativa dessas matas. Sobre o solo há muitos arbustos, como antúrios e samambaias de muitos tipos. Durante os meses de março e abril (tempo da quaresma), chamam a atenção as quaresmeiras, árvores de porte médio que abrem flores roxas, oferecendo ao espectador uma vista do verde pintado de roxo, misturado ao amarelo das acássias, árvores superiores, vascularizadas, ou seja, com vasos condutores de seiva e de grande porte. Lendo com atenção o texto verificamos que existem na mata atlântica vegetais de vários tamanhos e alturas, o que faz que ela seja fechada e de difícil penetração. À essas diferentes alturas damos o nome de estratos, portanto tanto a floresta atlântica quanto a amazônica possuem vários estratos. Uma enorme biodiversidade de animais tem essas matas como hábitat. A Floresta Atlântica, como outras florestas, não é homogênea. Ocupa regiões mais quentes e mais frias conforme as características específicas de relevo e de posição geográfica, onde variam as condições físicas, como solo, por exemplo, e a diversidade de seres vivos. Mas é comum os terrenos que abrigaram a Floresta Atlântica serem férteis, bons para a agricultura. Na região Sul do Brasil, principalmente, a Floresta Atlântica se torna muito rica em pinheiros, formando-se as conhecidas Florestas com Araucárias ou pinhais. Atualmente, resta apenas 0,3% das áreas primitivas cobertas pelas araucárias, pinheiro-do-paraná e outras espécies de árvores utilizadas na construção civil e na produção de móveis.

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A devastação trouxe a ameaça de extinção dos seres vivos que lá habitavam, como a gralha-azul. Essas aves são famosas por seu comportamento: enterram as sementes coletadas, os pinhões como forma de guardar alimento, mas muitos brotam antes de a ave reencontrá-Ios, colaborando para a disseminação das plantas. Tem havido pouco reflorestamento com os pinheiros típicos, pois só com cinqüenta anos se tornam bons para corte e comercialização. Assim, são plantados eucaliptos ou outro tipo de pinheiro, o Pinus sp., de crescimento mais rápido. Essas espécies exóticas acabam por tomar o lugar das nativas descaracterizando toda a biodiversidade natural. Espécies exóticas – São animais ou vegetais inseridos no ambiente pela ação do homem. Espécies invasoras – são aquelas que migram espontaneamente para uma região se adapta e se espalha pelo ambiente. O PANTANAL Famoso mundialmente pela fantástica riqueza de sua fauna de aves e mamíferos o Pantanal Mato-grossense é a maior área alagável do planeta. Situado na região Centro -Oeste do país, com cerca de 140 000 quilômetros quadrados, é um local onde facilmente são encontrados animais como o jacaré, o lobo guará, o tamanduá-bandeira e aves como o tuiuiú - o símbolo do Pantanal. Entre os primatas, vivem no pantanal o macaco-prego e o bugio. Assim como a onça, vários outros felinos são atraídos para este ecossistema pela abundância de presas. O Pantanal é delimitado pelo planalto brasileiro, ao leste, pelas chapadas mato-grossenses, ao norte, e também por uma cadeia de morros e terras altas do sopé andino, a oeste. A localização estratégica, associada às características do relevo, faz do Pantanal o local com a maior concentração de fauna das Américas. Já foram catalogadas mais de 262 espécies de peixes, 1100 tipos de borboletas, oitenta espécies de mamíferos e cinqüenta de répteis. Animais como o jaburu, o cabeça-seca e o maguari utilizam as árvores locais como hábitat, enquanto garças ficam nos remansos. É muito comum avistar no local dezenas de araras -azuis e.diversas aves de rapina (carnívoras como o gavião). Por ser uma das mais exuberantes e diversificadas reservas naturais da Terra, a área foi reconhecida pela Unesco, em 2000, como Reserva da Biosfera. Sua principal característica é a dependência que quase todas as espécies de plantas e animais possuem do fluxo das águas. Todos os anos, de outubro a abril, as chuvas aumentam o volume das águas dos rios, que transbordam seus leitos e inundam a planície pantaneira. Ao final do período das chuvas, de junho a setembro, as águas baixam lentamente e voltam ao seu curso natural, deixando nutrientes e matéria orgânica suficientes para a fertilização do solo e alimento em abundância para milhares de aves aquáticas (muitas migratórias), que se aglomeram formando imensos ninhais e iniciam a reprodução antes das espécies de outros ecossistemas brasileiros.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS CERRADOS Este biociclo apresenta Clima Tropical Úmido com precipitações elevadas (1800 a 2000 mm anuais), porém com um período curto de seca e temperatura média anual de 25oC. Nos planaltos do cerrado, nascem rios que alimentam os rios Tocantins, Araguaia, São Francisco, Paraná e Paraguai. Os rios que chegam aos terrenos baixos do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul formam o bioma pantanal. Por meio das águas, os biomas vizinhos se integram. No pantanal, onde há áreas inundáveis, vive uma rica fauna aquática. A fauna terrestre é uma continuidade daquela existente no cerrado, com predomínio das aves. Cerrado e pantanal constituem dois focos de tensão quanto à qualidade ambiental, gerando movimentos de preservação tanto de cientistas quanto de agricultores preocupados com o desenvolvimento sem degradação. Cerca de 70% da população brasileira vive nos litorais e nos domínios da Floresta Atlântica, que foi sendo ocupada e destruída ao longo de vários séculos. Já no Brasil central, durante muito tempo, o cerrado permaneceu inalterado na maior parte de sua extensão, que cobre 22% do território nacional, só menor que a Amazônia brasileira. O cerrado ocupa, no Brasil central, a quase totalidade dos estados de Goiás. Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; grande parte de Minas Gerais, Piauí e Maranhão e parcelas dos estados de Bahia, São Paulo e Paraná. Há ainda cerrado no Pará, no Amapá, em Roraima e no sul do estado do Amazonas. Com todo esse tamanho, o clima do cerrado é variável, mas, em geral, tem estações de chuva e de seca distintas. O cerrado é um bioma com as mesmas características das savanas, que também existem na África, na Austrália, na América do Sul e no Peru. A paisagem mais comum do cerrado é uma formação aberta de árvores e os arbustos baixos, em meio a uma camada de gramíneas rasteiras, com grande variedade de espécies. Também pode ter vegetação quase só de ervas com muitos tipos de gramínea (os campos limpos), ou mais densa onde predominam árvores com cerca de 3 a 5 metros e com grossas cascas nos troncos, os cerradões. Algumas matas de cerrado acompanham os cursos de rios, sendo chamadas de matas ciliares. Há pouco mais de três décadas descobriu-se como preparar o solo dos cerrados para o plantio. A partir daí, vem sendo ocupado por plantações. A ocupação do cerrado tem sido tão intensa que ele está quase totalmente fragmentado por áreas de cultivo e estradas em meio a “ilhas” preservadas. O cerrado é uma das 25 áreas do mundo consideradas mais críticas com relação à conservação, por causa da rápida deterioração a que vem sendo submetido pela ação humana. CAATINGA Apresenta clima Semi-árido com precipitação anual inferior a 400 mm. As chuvas são irregulares ao longo do ano e apresenta período de longa estiagem (até 7 meses). A média de temperatura anual fica em torno de 26°C.

A caatinga no interior dos estados nordestinos localiza-se em uma região, se não tão seca quanto um deserto, é quase. A vegetação resistente está associada à pequena disponibilidade de água, como nos desertos, com o predomínio de arbustos espinhosos, como o xiquexique e o mandacaru. As arvores da caatinga possuem raízes profundas que buscam umidade próximo ao lençol freático, deste modo podem sobreviver a longos períodos de seca. Do mesmo modo que nos desertos mais secos, a vida na caatinga cumpre alternância: verde, durante a época de chuvas, e ressecada, durante as secas. Segundo os pesquisadores, a biodiversidade da caatinga é ainda menos conhecida do que a da Floresta Amazônica. Mesmo assim, já conta com diversos seres vivos ameaçados de extinção e até desaparecidos da natureza, como a ararinha-azul, avistada pela última vez no ano 2000. A ocupação humana na caatinga se fez, principalmente, pela pecuária, atividade que predominou também nos campos sulinos, conhecidos como pampas - nome indígena que significa área plana. PAMPAS É um ambiente de clima subtropical. Ao contrário da caatinga, que é um ecossistema exclusivamente brasileiro, o pampa estende-se do Rio Grande do Sul aos países vizinhos, rumo ao sul. Sua vegetação predominante de gramíneas faz dele uma pastagem natural, habitada originalmente por emas, onças e vários roedores. Por sua localização no globo terrestre, o pampa apresenta temperaturas amenas. Sua biodiversidade não é comparável à dos demais biomas brasileiros, mas seu solo é fértil, o que o tornou um lugar adequado para grandes plantações e para a pecuária. Como os outros biomas, o pampa não é homogêneo, e isso pode ser percebido nas áreas por onde passam os córregos e se formam os banhados, com matas de árvores variadas, destacando-se as araucárias. MANGUES Outro ecossistema muito presente no litoral brasileiro é o manguezal. Formam-se onde rios deságuam no oceano, em grandes áreas úmidas ou inundadas. Recebe permanentemente tanto água doce como água do mar durante as enchentes diárias das marés cheias. Vindos dos campos e das matas vizinhas, diversos mamíferos e aves visitam os manguezais em busca de alimento, principalmente à noite. Um outro grupo de animais passa toda sua vida nos manguezais, desde os o nascimento até a fase adulta. São principalmente ostras (moluscos) e caranguejos (artrópodes crustáceos). As ostras fixam-se, em grande número, nos troncos e nas raízes aéreas das árvores. Entre os caranguejos, destacam-se: aratu-marinheiro e o aratu (ou maria -mulata), que vivem toda a fase adulta andando entre as regiões mais baixas das árvores ou se enterrando no solo lodoso. Alimentam-se de folhas e de polpa vegetal, além de algas que se fixam nos caules das árvores.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Nos manguezais, o solo é um lodo escuro, riquíssimo em detritos, que chega dos ambientes vizinhos ou do mar. Ele representa um desafio à vida vegetal. Apenas algumas espécies da flora estão adaptadas às limitações do solo. Sendo mole e úmido, não oferece boa sustentação para as plantas, tornando difícil também a entrada de ar para que as raízes respirem. Quanto ao problema da sustentação, uma boa adaptação são as abundantes raízes do tipo escora, característica do mangue-vermelho, uma das principais árvores do manguezal. Já a siriúba, ou mangue-branco, é dotada de raízes respiratórias, que se projetam para cima da superfície do solo e possuem aberturas onde entra o ar, contendo o gás oxigênio para a sua respiração. O intenso emaranhado de raízes fornece esconderijo a uma variada fauna aquática, que vive tanto nos manguezais como no mar. Vários peixes e camarões chegam pela maré alta e encontram o lugar propício para a desova e para suas primeiras fases de vida. Por isso, esse ecossistema é considerado o berçário dos mares. Ainda há diversos trechos de manguezais e restingas no Brasil, desde o Norte até o estado de Santa Catarina, mas são constantemente diminuídos ou alterados pela ação humana. A ocupação do espaço para moradia ou empreendimentos e a construção de estradas levam à devastação direta dos manguezais. Além disso, os manguezais e as águas do litoral vêm sofrendo constante perturbação por derramamento de petróleo. Esse líquido primeiro cobre a superfície do mar, como um lençol escuro, impedindo a passagem de luz e, assim, impossibilita a fotossíntese realizada pelas algas microscópicas marinhas, alimento de peixes. A poluição das águas tem outras causas, já que esgotos domésticos e industriais são constantemente lançados nos rios, chegam ao mar e se dispersam, causando prejuízos imediatos e a longo prazo, pois muitas substâncias não se degradam e vão se acumulando no ambiente. ECOSSISTEMAS DA AMAZÔNIA A Amazônia apresenta clima Equatorial Úmido com precipitações elevadas e bem distribuídas ao longo do ano (superiores a 2500mm), não possui estação seca e as temperaturas são praticamente constantes (acima de 25°C). A região amazônica possui duas estações apenas, o inverno e o verão. Diz um dito popular da região: no verão, chove todo dia, no inverno, chove o dia todo. Toda essa água alimenta os inúmeros rios que formam a Bacia Amazônica. Supõe-se que a ausência dessa floresta traria enorme mudança na distribuição das chuvas no mundo todo, mas não afetaria tanto os estoques de gás oxigênio da atmosfera, pois a floresta tanto produz quanto consome o gás oxigênio. Os seres que mais contribuem para a renovação do oxigênio do ar estão nos oceanos, são as algas unicelulares. Vista do alto, essa floresta tropical parece uma almofada verde, entrecortada por rios, braços de rios e lagoas. Porém, não é um bioma homogêneo: há vários ecossistemas no bioma da Amazônia. De modo esquemático, podem ser identificados três tipos de mata: de igapó, de várzea e de terra firme.

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- As matas de igapó apresentam o solo sempre encoberto pela água dos braços de rios e lagoas. - As matas de várzea são formadas nas margens alagadas dos rios durante as cheias, quando eles recebem a água de degelo da cordilheira dos Andes. - As matas de terra firme distribuem-se em regiões aonde nem as águas das cheias chegam. Essas condições determinam, em cada tipo de mata, a ocorrência de plantas e de animais exclusivos. Com as cheias, as terras às margens dos rios recebem muitos detritos. Quando as águas baixam, as várzeas tornam-se férteis e são aproveitáveis temporariamente para a agricultura. Porém, essas áreas correspondem a apenas 2% do total de terras. Por este motivo maioria dos povos indígenas da floresta habita as várzeas. Nas matas de terra firme, a fertilidade do solo depende da ação dos organismos detritívoros e decompositores, facilitada pelo calor e pela umidade constantes. Na floresta não falta alimento a bactérias, fungos e animais detritívoros (uma enorme e ainda pouco conhecida diversidade de insetos, caramujos e vermes). Até para a sua fixação, as grandes árvores não dependem só do solo, pois são auxiliadas pelo entrelaçamento das copas de árvores vizinhas. É muito difícil cortar uma árvore: se não há cuidado especial, ao serrar uma, várias são derrubadas juntas. Ao aproximar nossa visão deste grande tapete verde percebemos que aquelas árvores, que do alto pareciam todas iguais, na verdade são todas diferentes. Na floresta amazônica, as grandes árvores se distribuem de tal forma que é difícil encontrar vários indivíduos de uma mesma espécie próximos. O que poderia ser uma explicação para este fato? Estas grandes árvores atingem até 60 metros de altura, como uma maçaranduba ou uma castanheira. Imagine o tamanho de suas flores. E os frutos que contêm as sementes? Devem ser grandes também, não é? Agora imagine que tipo de animal faz a polinização (leva os grãos de pólen de uma planta para outra) destas flores. E a dispersão das sementes desses frutos grandes? Provavelmente, você imaginou animais grandes que percorrem extensas áreas, por exemplo: morcegos, roedores, macacos, aves, etc. E embaixo destas árvores? Como é a floresta vista de dentro? Dentro da floresta, aquilo que parecia um tapete verde quando visto de cima, parece mais um telhado verde. Sob este telhado o ambiente é sombreado, quente e úmido. Neste ambiente desenvolve-se uma enorme diversidade de “microambientes”, relacionados com variações de luz, umidade, tipos de solo e com a diversidade de organismos. A exemplo da mata atlântica a floresta amazônica possui árvores de diversas alturas (diversos estratos). As mais altas chegam a 60 metros. Logo abaixo destas, aparecem árvores de aproximadamente 40 metros. Esta é a parte arbórea da floresta. Abaixo deste “estrato” arbóreo, aparece uma enorme diversidade de árvores jovens, palmeiras e plantas arbustivas; este é o estrato arbustivo. E, embaixo deste, ainda existem as plantas herbáceas, que cobrem o chão da floresta amazônica. Sobre todos estes estratos,

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS penduram-se diversos tipos de cipó. Antes do solo, ainda existe uma camada de folhas e restos de animais mortos sobre o chão florestal, a serapilheira, que abriga uma infinidade de microorganismos, acumula umidade e distribui a água lentamente para o solo. Agora imagine as águas das chuvas passando por este “filtro” florestal. Antes de atingir o solo e se encaminhar para os rios, a água vai se dispersando no caminho, através dos diversos estratos da floresta. Quando chega ao solo, já não tem mais força para provocar grandes perdas de solo por erosão. Que simples conclusão podemos tirar disso? A floresta armazena água, e com isso se mantém úmida e aquecida. Além disso, protege o solo de perdas por erosão. E a luz? Como fica a distribuição da luz neste ambiente? Já vimos que a região equatorial é a que recebe mais luz no planeta. Por isso, a produtividade vegetal (fotossíntese) nestas áreas é muito alta. A floresta ainda melhora o aproveitamento dessa luz, se dividindo em estratos. É de se esperar que os estratos superiores recebam mais luz do que os inferiores. E você já pensou nas adaptações que as plantas de cada estrato apresentam? As plantas que recebem menos luz possuem adaptações nas folhas, elas são largas e o número de estômatos (poros por onde entra a luz para a fotossíntese) existem em número muito maior que as folhas daquelas espécies que recebem luz em abundância. E você já pensou em quantos organismos vivem nas árvores da floresta ou dependem de alguma maneira delas para viver? Além da enorme diversidade vegetal, a fauna terrestre arborícola, que vive nas árvores, e aquática é variadíssima, com inúmeros tipos de sagüis e macacos, preguiças, sapos e pererecas, peixes, répteis (cobras, lagartos, jacarés, tartarugas) e mamíferos aquáticos, como o peixe-boi e o boto-cor-de-rosa. Contudo, eles não estão espalhados igualmente pela floresta e há muitas espécies que habitam territórios pequenos. Não é tão fácil vê-Ias, pois muitas têm hábitos noturnos, ficando escondidas e quietas durante o dia. A exuberância da floresta levou os primeiros visitantes europeus a crer que a Amazônia teria um solo muito fértil, podendo ser o celeiro do mundo. A verdade é que a agricultura e a pecuária são inadequadas à maior parte da região, pois a fertilidade do solo é mantida e aproveitada pela própria floresta. Em grande parte da Amazônia, os solos são pouco profundos e muito ricos em areia. Sem a proteção da mata, o esgotamento do solo é rápido, pois é levado pelas chuvas, restando um terreno arenoso muito parecido com um deserto, ressecado pela grande insolação da região. Além disso, o desmatamento logo afeta as áreas vizinhas. As faixas desmatadas tornam-se barreiras para os animais, levando ao aumento da sua competição pelo alimento e pelo abrigo nos locais preservados. Em conseqüência, diminuem suas populações. A degradação dos terrenos à beira dos lagos e dos rios altera as condições de reprodução da vida aquática e contribui também para a erosão dos terrenos nas margens e para o acúmulo de solo no fundo dos rios, ao que se dá o nome de assoreamento.

Muitos alertas têm acontecido sobre o desmatamento na Amazônia e recentemente ele tem dado sinais de desaceleração com programas de manejo sustentável e maior fiscalização por parte dos órgãos oficiais. Os sistemas agroflorestais (SAFs) também representam uma boa alternativa de produção para as propriedades familiares na região amazônica, principalmente no que se refere à conservação florestal, à diversificação de produtos que podem ser comercializados e à geração de renda. Nestes sistemas, são cultivadas várias espécies de valor econômico em uma mesma área obedecendo às “regras” impostas pelo ambiente florestal. Ou seja, levando em consideração a estrutura e o funcionamento deste ecossistema, são cultivadas várias espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas. Este sistema de manejo também é indicado para recuperação de áreas degradadas, por propiciar controle de erosão e melhorias do solo, contribuindo ainda para manutenção de sua umidade e fertilidade. Na Amazônia, existem diversos SAFs em atividade, desenvolvidos por comunidades indígenas, caboclas e ribeirinhas, especialmente para fins de subsistência. São vários os produtos utilizados em sistemas agroflorestais, entre palmeiras (açaí, bacaba, pupunha, babaçu e dendê), castanha-dobrasil, e várias frutas, como cupuaçu, acerola, guaraná e banana. A introdução de espécies arbóreas e arbustivas para utilização madeireira e para uso múltiplo também está sendo aproveitada nesses sistemas. Um dos princípios que torna os Sistemas Agroflorestais eficientes em áreas de floresta é o da manutenção dos processos de produção e decomposição de matéria orgânica na floresta. Ou seja, estes sistemas mantêm a biomassa vegetal viva em quantidade semelhante a da floresta e mantêm também os microorganismos que vivem no solo fazendo a decomposição da matéria orgânica. Os microorganismos são essenciais para o meio ambiente e contribuem para a estabilidade de ecossistemas por serem os principais agentes da ciclagem de nutrientes. O estudo dos microorganismos é de grande importância prática. O entendimento de suas atividades em ambientes naturais é extremamente importante para a agricultura e conservação no tocante ao aumento da produção de biomassa. Já tivemos oportunidade de estudar neste caderno a importância dos microorganismos, mas não é demais fazermos aqui uma rápida revisão. Os microrganismos são de grande importância também na indústria alimentícia (iogurte, queijo, pão, vinagre, enzimas), alcooleira (bebidas e combustível), farmacêutica (antibióticos, hormônios, vitaminas) e na de compostos orgânicos e pesticidas naturais. Outra aplicação do conhecimento sobre os microorganismos é na recuperação de áreas degradadas. Algumas espécies de vegetais da Amazônia de rápido crescimento (chamadas de leguminosas) possuem em suas raízes associações específicas com bactérias e fungos que ajudam na fixação de nitrogênio no solo. Estas bactérias e fungos aceleram o processo de liberação de nutrientes e por isso, estas árvores leguminosas são muito utilizadas em fases iniciais de reflorestamentos.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS A CONVIVÊNCIA ENTRE OS SERES VIVOS Diante de tamanha diversidade os seres vivos dentro de cada ecossistema interagem com seres da mesma espécie (população), ou com seres de espécies diferentes na comunidade onde vivem. População – grupo de indivíduos da mesma espécie. Comunidade – grupo de indivíduos de espécies diferentes. Ecossistema – conjunto que engloba os fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (não vivos) de um ambiente. Já pensou na complexa rede de interações entre os organismos que vivem na floresta? As relações alimentares que os seres vivos estabelecem entre si? Como uma planta obtém seu alimento por exemplo. Nós sabemos que ela faz fotossíntese e usa os elementos do solo para produzir o seu próprio alimento. Por isso, são chamadas de produtores. Existe também na floresta aqueles seres que se alimentam, consomem apenas plantas, são os animais herbívoros. Eles são considerados consumidores primários ou de primeira ordem. Podem ser consideradas como exemplos as capivaras, os ratos, os insetos, alguns macacos e pássaros que se alimentam somente de plantas. Há animais que se alimentam de outros animais são os casos de os sapos, os lagartos, alguns macacos e cobras, eles podem ser considerados então consumidores secundários. No topo desta seqüência de seres vivos que se alimentam uns dos outros e que chamamos de cadeia alimentar, estão os consumidores terciários (carnívoros): onças, gaviões e algumas corujas. Cada um desses níveis que mencionamos é denominado nível trófico.

Figura 9.7 – Cadeia alimentar. Ilustração de Cecília Iwashita 73 Também podemos representar a cadeia alimentar da seguinte forma: Planta → gafanhoto → sapo → cobra → coruja Nesta representação podemos perceber que a direção das flechas indica o caminho percorrido pela energia de um grupo de seres vivos a outro. A cadeia alimentar está mostrando que parte da energia química conseguida pelo vegetal na fotossíntese foi transferida para os insetos, quando estes se alimentaram. Quando os sapos comem os insetos, parte da energia química do corpo desses insetos é transferida para os sapos. Apenas uma parte da energia é transferida de um ser vivo para outro, pois cada um deles gasta um pouco nas suas atividades vitais: respiração, reprodução, busca de alimento, crescimento etc. De qualquer modo há sempre um aumento de matéria de um nível trófico para o seguinte. Quando um ser vivo pode ser consumido por mais de um predador a cadeia alimentar apresenta uma bifurcação dando origem à teia alimentar mostrada na figura 9.9 a seguir. Observe que a planta serve de alimento tanto para o pássaro, quanto para a lagarta (os dois consumidores primários). Se o pássaro se alimentar da lagarta ele poderá ser considerado um consumidor secundário.

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“Ciencias da Natureza”, Antonio Lembo e Helvio Moises, 5ª serie, IBEP.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 9.8 – Esquema representativo de uma teia alimentar. Quando todos esses seres vivos morrem seus corpos são decompostos e toda a sua matéria volta para o solo. Os responsáveis por essa decomposição são os fungos e as bactérias, eles são chamados, logicamente, de decompositores. Você pode observar na figura 3.2 que além da reciclagem da matéria também há o retorno da energia absorvida pelos vegetais para o ambiente.

Figura 9.9 – Cadeia alimentar mostrando o fluxo de energia e aumento da matéria na seqüência de níveis tróficos. Ilustração de Cecília Iwashita 74 Em uma cadeia alimentar, os animais que matam outros para se alimentar são chamados de predadores e aqueles que servem de alimento são as presas. Muitos desses animais desenvolveram mecanismos de defesa durante a sua evolução para poderem escapar dos predadores. Eles possuem a cor do corpo ou textura da pele parecida com o ambiente onde vivem, deste modo eles ficam praticamente invisíveis no seu ambiente natural. Este fenômeno é chamado de mimetismo. Por exemplo, existem espécies de mariposas e borboletas que possuem manchas arredondadas nas asas. Quando suas asas estão abertas as manchas se parecem com dois olhos, dando a impressão de que o animal é muito maior do que é afugentando o predador. Podemos classificar as relações entre seres vivos inicialmente em dois grupos: as intra-específicas, que ocorrem entre seres da mesma espécie, e as interespecíficas, entre seres de espécies distintas. É comum diferenciar-se as relações em harmônicas ou positivas e desarmônicas ou negativas. Nas harmônicas não há prejuízo para nenhuma das partes associadas, e nas desarmônicas há.

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São relações harmônicas intra-específicas as que ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, não existindo desvantagem nem benefício para nenhuma das espécies consideradas. Podemos considerar como exemplos as colônias e as sociedades. a) Colônias - Agrupamento de indivíduos da mesma espécie que revelam profundo grau de interdependência e se mostram ligados uns aos outros, sendo-lhes impossível a vida quando isolados do conjunto, podendo ou não ocorrer divisão do trabalho. As cracas, os corais e as esponjas vivem sempre em colônias. Há colônias com divisão de trabalho. É o que podemos observar com colônias de medusas de cnidários (caravelas): há alguns indivíduos especializados na reprodução e outros no deslocamento da colônia (que é esférica) na água. b) Sociedades - As sociedades são agrupamentos de indivíduos da mesma espécie que têm plena capacidade de vida isolada mas preferem viver na coletividade. Os indivíduos de uma sociedade têm independência física uns dos outros. Pode ocorre, entretanto, um certo grau de diferenciação de formas entre eles e de divisão de trabalho, como acontece com as formigas, as abelhas e os cupins. Nos diversos insetos sociais a comunicação entre os diferentes indivíduos é feita através de substâncias químicas chamadas ferormônios. Eles são usados na demarcação de territórios, atração sexual, transmissão de alarme, localização de alimento e organização social. A relação intra-específica desarmônica pode ser considerada uma competição entre os indivíduos da mesma espécie, quando concorrem pelos mesmos fatores ambientais, principalmente espaço, reprodução e alimento. Essa relação determina a densidade das populações envolvidas. O Canibalismo é um exemplo deste tipo de relação. Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie. Ocorre com escorpiões, aranhas, peixes, planárias, roedores, etc. Na espécie humana, quando existe, recebe o nome de antropofagia (do grego anthropos, homem; phagein, comer). Quando as relações ocorrem entre organismos de espécies diferentes, elas são chamadas de inter-especificas e também podem ser harmônicas ou desarmônicas. As harmônicas Compreendem: a) Comensalismo - É uma associação em que uma das espécies — a comensal — é beneficiada, sem causar benefício ou prejuízo ao outro. A rêmora é um peixe dotado de ventosa com a qual se prende ao ventre dos tubarões. Juntamente com o peixe-piloto, que nada em cardumes ao redor do tubarão, ela aproveita os restos alimentares que caem na boca do seu grande “anfitrião”. A Entamoeba coli é um protozoário comensal que vive no intestino humano, onde se nutre dos restos da digestão. b) Epifitismo - É a associação em que apenas uma espécie se beneficia, procurando abrigo ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem prejudicá-lo. Já citamos exemplos de plantas epífitas existentes nas florestas atlântica e equatorial, lembra? c) Mutualismo - Associação na qual duas espécies envolvidas são beneficiadas, porém, cada espécie só consegue viver na presença da outra. Entre exemplos destacaremos.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS • Liquens Os liquens constituem associações entre algas unicelulares e ceros fungos. As algas sintetizam matéria orgânica e fornecem aos fungos parte do alimento produzido. Esses, por sua vez, retiram água e sais minerais do substrato, fornecendo-os às algas. Além disso, os fungos envolvem com suas hifas o grupo de algas, protegendo-as contra desidratação. • Cupins e protozoários Ao comerem madeira, os cupins obtêm grandes quantidades de celulose, mas não conseguem produzir a celulase, enzima capaz de digerir a celulose. Em seu intestino existem protozoários flagelados capazes de realizar essa digestão.Assim, os protozoários se valem em parte do alimento do inseto e este, por sua vez, se beneficia da ação dos protozoários. Nenhum deles, todavia, poderia viver isoladamente. • Ruminates e microorganismos Na pança ou rúmen dos ruminantes também se encontram bactérias que promovem a digestão da celulose ingerida com a folhagem. É um caso idêntico ao anterior. • Bactérias e raízes de leguminosas No ciclo do nitrogênio, bactérias do gênero Rhizobium produzem compostos nitrogenados que são assimilados pelas leguminosas, por sua vez, fornecem a essas bactérias a matéria orgânica necessária ao desempenho de suas funções vitais. d) Protocooperação Trata-se de uma associação bilateral, entre espécies diferentes, na qual ambas se beneficiam; contudo, ela não é obrigatória, podendo cada espécie viver isoladamente. A atuação dos pássaros que promovem a dispersão das plantas comendo-lhes os frutos e evacuando as suas sementes em local distante, bem como a ação de insetos que procuram o néctar das flores e contribuem involuntariamente para a polinização das plantas são consideradas exemplos de protocooperação. Como exemplos citaremos: • Caramujo paguro e actínias Também conhecido como bernardo-eremita, trata-se de um crustáceo marinho que apresenta o abdômen longo e mole, desprotegido de exoesqueleto. A fim de proteger o abdômen, o bernardo vive no interior de conchas vazias de caramujos. Sobre a concha aparecem actínias ou anêmonas-do-mar (celenterados), animais portadores de tentáculos urticantes. Ao paguro, a actínia não causa qualquer dano, pois se beneficia, sendo levada por ele aos locais onde há alimento. Ele, por sua vez, também se beneficia com a eficiente “proteção” que ela lhe dá. Exoesqueleto – Esqueleto que fica na parte externa do organismo vivo. Os insetos e crustáceos como o camarão possuem exoesqueleto, são as cascas existentes em volta do corpo. Ambos podem ser classificados como artrópodes (animais com pernas articuladas). Outros exemplos de artrópodes são as aranhas, escorpiões e centopéias.

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• Pássaro-palito e crocodilo O pássaro-palito penetra na boca dos crocodilos, nas margens do Nilo, alimentando-se de restos alimentares e de vermes existentes na boca do réptil. A vantagem é mútua, porque, em troca do alimento, o pássaro livra os crocodilos dos parasitas. Obs.: A associação ecológica verificada entre o pássaro-palito e o crocodilo africano é um exemplo de mutualismo, quando se considera que o pássaro retira parasitas da boca do réptil. Mas pode ser também descrita como exemplo de comensalismo; nesse caso o pássaro atua retirando apenas restos alimentares que ficam situados entre os dentes do crocodilo. • Anu e gado O anu é uma ave que se alimenta de carrapatos existentes na pele do gado, capturando-os diretamente. Em troca, o gado livra-se dos indesejáveis parasitas. Relações interespecíficas desarmônicas entre espécies diferentes, em uma mesma comunidade, apresentam nichos ecológicos (a forma como vivem no ambiente) iguais ou muito semelhantes, desencadeando um mecanismo de disputa pelo mesmo recurso do meio, quando este não é suficiente para as duas populações. Esse mecanismo pode determinar controle da densidade das duas populações que estão interagindo, extinção de uma delas ou, ainda, especialização do nicho ecológico. a) Amensalismo ou Antibiose - Relação no qual uma espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução de outra espécie, denominada amensal, através da liberação de substâncias tóxicas. Exemplos: • Os fungos Penicillium notatum eliminam a penicilina, antibiótico que impede que as bactérias se reproduzam. • As substâncias secretadas por dinoflagelados Gonyaulax, responsáveis pelo fenômeno “maré vermelha”, podem determinar a morte da fauna marinha. • A secreção e eliminação de substâncias tóxicas pelas raízes de certas plantas impede o crescimento de outras espécies no local. b) Parasitismo - O parasitismo é uma forma de relação desarmônica mais comum do que a antibiose. Ele caracteriza a espécie que se instala no corpo de outra, dela retirando matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em conseqüência, danos cuja gravidade pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios até a própria morte do indivíduo parasitado. Dá-se o nome de hospedeiro ao organismo que abriga o parasita. De um modo geral, a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasita. Mas, a despeito disso, muitas vezes ela ocorre. c) Predatismo - Predador é o indivíduo que mata e devora outro, chamado presa, pertencente a espécie diferente. Os predadores são geralmente maiores e menos numerosos que suas presas, sendo exemplificadas pelos animais carnívoros. As duas populações - de predadores e presas - geralmente não se extinguem e nem entram em superpopulação, permanecendo em equilíbrio no ecossistema. Para a espécie humana, o predatismo, como fator limitante do crescimento populacional, tem efeito praticamente nulo.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Algumas espécies se adaptam a condição de presas e desenvolvem formas de sobreviver aos predadores são formas especiais de adaptações ao Predatismo: • Mimetismo Mimetismo é uma forma de adaptação revelada por muitas espécies que se assemelham bastante a outras, disso obtendo algumas vantagens. A cobra falsa-coral é confundida com a coral-verdadeira, muito temida, e, graças a isso, não é importunada pela maioria das outras espécies. Há mariposas que se assemelham a vespas, e mariposas cujo colorido lembra a feição de uma coruja com olhos grandes e brilhantes. A ORIGEM DA BIODIVERSIDADE Citamos nos textos até aqui a existência de uma infinidade de seres vivos que vão de animais microscópicos a seres superiores como os mamíferos e o homem. Eles podem conviver no mesmo ambiente como podem estar isolados por centenas de quilômetros, mas terem muitas características em comum. O Brasil tem emas e siriemas vivendo livremente no cerrado, a África possui avestruzes. Ambas são aves rasteiras com os corpos pesados e maiores que as asas, por isso não voam. Por que aves com as mesmas características foram parar em lugares tão distantes e adquiriram formas cores próprias? Desde a origem da vida, a evolução transformou a primeira espécie (o ancestral comum de todos os seres vivos) num enorme número de espécies diferentes. A evolução ocorre através de mudanças nos genes, as “instruções para “construir” os organismos. Quando um ser vivo se reproduz, pequenas mudanças aleatórias nos seus genes fazem com que o seu descendente seja diferente dele próprio. Por vezes estas mudanças aumentam a probabilidade de um descendente sobreviver o tempo suficiente para se reproduzir; e assim, os genes responsáveis por essa característica benéfica são transmitidos aos filhos, tornando-se mais comuns na próxima geração. As mudanças que não ajudam os organismos, ao se reproduzirem, poderão torná-los mais raros ou serão eventualmente eliminados da população. O aumento ou diminuição da abundância relativa de um gene devida à sua aptidão é chamada de seleção natural. Através da seleção natural, populações de organismos vão mudando lentamente ao longo do tempo à medida que se vão adaptando a mudanças no seu ambiente. O mecanismo que levou a estas mudanças permaneceu pouco claro até à publicação do livro A Origem das Espécies em 1859 por Charles Darwin (1809–1882), detalhando a teoria da evolução por seleção natural. O trabalho de Darwin levou rapidamente à aceitação da evolução pela comunidade científica. Essa teoria lançou a fundação para a teoria evolutiva moderna. No entanto, faltava uma explicação adequada para a fonte de variação nas populações. Como muitos dos seus antecessores, Darwin deduziu incorretamente que as características hereditárias eram produto do ambiente, assumindo que as características adquiridas durante a vida de um organismo podem ser passadas à descendência (por exemplo, girafas esticam-se para alcançar folhas nos

ramos mais altos e dão origem a descendentes com pescoços mais compridos). Este conceito errado (da herança dos caracteres adquiridos) ficou conhecido como Lamarckismo, em honra de um dos seus principais proponentes, Jean -Baptiste Lamarck (1744–1829). Contudo, a sugestão que estruturas corporais usadas frequentemente tornam-se mais desenvolvidas, enquanto que estruturas não usadas deterioram-se, não é suportada por qualquer evidência. A informação que faltava para explicar o surgimento de novas características em descendentes foi fornecido pelo trabalho pioneiro em genética de Gregor Mendel (1822–1884). As experiências de Mendel em cruzamentos de ervilheiras demonstraram que a hereditariedade funciona embaralhando e recombinando “fatores” (o que agora conhecemos como genes) durante a reprodução sexual. Os genes são as unidades básicas de hereditariedade nos seres vivos. Eles contêm a informação biológica que dirige o desenvolvimento físico e o comportamento do organismo. É este embaralhar do código genético que assegura que não há dois indivíduos que sejam cópias exatas um do outro. A fusão da teoria de Darwin com a compreensão da hereditariedade levou a uma compreensão clara dos mecanismos que provocam evolução. ENCERRANDO Você deve ter percebido neste capitulo a diversidade de conhecimentos necessários para entender o nosso mundo. Para manter nossa saúde são necessários conhecimentos sobre seres microscópicos, métodos científicos e sobre o corpo humano entre muitos outros. Para manter o ambiente preservado para a gerações futuras são necessários diversos equipamentos e conhecimentos tecnológicos, como satélites para monitorar nossas matas, aviões e automóveis para controlar os incêndios que a ameaçam e principalmente a ética, bom senso e cidadania que você completa quando adquire todo o conhecimento discutido neste caderno. Esperamos ter ajudado nesse seu caminho para uma plena cidadania. AGORA É A SUA VEZ! Atividade 1 (ENCCEJA – 2002) O reflorestamento de interesse econômico com uma única espécie vegetal está sendo aperfeiçoado pela utilização de clones (mudas geneticamente idênticas). Sendo obtidos de uma única árvore-mãe, os clones são vantajosos pois: (A) garantem a variabilidade e aumentam as chances de sobrevivência da espécie. (B) são mais resistentes às pragas que atacam as árvores adultas da espécie. (C) possuem características previamente definidas. (D) garantem a biodiversidade.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 2 (ENCCEJA – 2005) Existem várias ameaças à biodiversidade da floresta amazônica, como a expansão das grandes plantações de soja do sul do Pará, a extração indiscriminada de madeira e o crescimento da população. Dentre as opções abaixo, a que apresenta a melhor proposta diante de uma utilização auto-sustentável da biodiversidade é (A) transferir a comunidade local para uma área maior para que a floresta se desenvolva naturalmente, sem confronto. (B) delimitar e conservar a floresta em uma determinada área para que não acabe. (C) utilizar alternativas para que a população use os recursos da floresta de forma equilibrada. (D) delimitar o espaço para plantações e a moradia da população. Atividade 3 (ENCCEJA – 2005) Nos Estados do Tocantins e do Maranhão, a taxa do desmatamento chegou a 68,3% em 2000 (WWF -Brasil). A supressão da floresta pode causar desequilíbrios entre populações de presas e predadores. O gráfico relaciona o crescimento populacional de uma espécie de presa e de predador em um determinado sistema.

Analisando o gráfico, elaboram-se as seguintes afirmações: I - Presa e predador viviam em equilíbrio antes do desmatamento. II - Após o desmatamento, a presa aumentou a capacidade de fugir do predador. III - O predador se tornou mais eficiente após o desmatamento. IV - A população de predadores foi extinta após o desmatamento. Assinale a opção que contenha as proposições corretas. (A) II e IV. (B) I e IV. (C) II e III. (D) I e III. Atividade 4 (ENCCEJA – 2005)

GENANDSZNAJDER, do 2ª ed. Ciências - O planeta terra. Analisando o quadrinho e as relações existentes entre os animais, podemos afirmar que entre a ave e o mamífero há uma relação de: (A) parasitismo. (B) predatismo. (C) mutualismo. (D) comensalismo.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Atividade 5 (ENCCEJA – 2002) A principal praga da lavoura de milho no Brasil é a lagarta-do-cartucho, que causa os maiores estragos logo nos trinta dias após a plantação e segue causando mais prejuízos durante todo o desenvolvimento do milho. Em geral, a lagarta-do-cartucho é combatida com grandes quantidades de inseticidas. Nos últimos anos, os inseticidas vêm sendo substituídos, com muito sucesso, por lotes de joaninhas, marimbondos ou microvespas, criados em laboratórios. Soltos nos milharais, esses animais atacam as lagartas nos primeiros dias após a eclosão dos ovos, matando-as. Sobre esse método alternativo de combate às pragas da lavoura, foram feitos os seguintes comentários: I. além de garantir a produção do milho, o método não produz poluição ambiental; II. os animais introduzidos podem fugir ao controle dos agricultores e causar futuramente prejuízos até então desconhecidos; III. o método reduz em muito a produção do milho, pois os inseticidas, além de matar as lagartas, funcionam como fertilizantes. Com base no que se sabe hoje sobre o assunto, é correto o que se afirma apenas em (A) I. (B) II. (C) I e II. (D) II e III. Atividade 6 (ENCCEJA – 2002) Na escolha de vegetais para cultivo, é preciso pensar não apenas nas vantagens econômicas. Culturas adequadas ao tipo de solo e outros fatores do ambiente são propícios à sua conservação e, portanto, representam a manutenção do patrimônio dos agricultores. Considere o cultivo de: I. eucalipto, árvore que exige água abundante; II. leguminosas, que ajudam a fertilidade do solo; III. palma e milheto, resistentes à seca, a primeira, para alimentação do gado, e a segunda, para extração de óleo. Um pequeno agricultor, em área de caatinga, deveria plantar, de preferência, (A) palma e milheto, apenas. (B) leguminosas, palma e milheto. (C) eucalipto e leguminosas. (D) eucalipto, apenas. Atividade 7 (ENCCEJA – 2002) O cerrado brasileiro apresenta uma cobertura vegetal de arbustos com raízes superficiais e árvores dispersas com raízes profundas. No período de seca, os arbustos secam e muitas vezes pegam fogo, enquanto as árvores não secam e até produzem flores e frutos. Uma explicação para esse fato é que (A) as árvores consomem toda a água disponível nesse período, não deixando nada para os arbustos. (B) a superfície do solo fica seca e as raízes profundas das árvores buscam água nos rios subterrâneos. (C) as árvores do cerrado não precisam de água para produzir flores e frutos. (D) o fogo atinge a parte rasteira da vegetação, mas não queima as árvores. Atividade 8 (ENCCEJA – 2002) O esquema abaixo representa as relações alimentares observadas numa área doPantanal mato-grossense.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Selecione a melhor descrição das relações alimentares esquematizadas. (A) Plantas aquáticas servem de alimento para lambaris, pacus e capivaras. Piranhas alimentam-se de lambaris e pacus. Já as ariranhas alimentam-se de pacus e piranhas. (B) Plantas aquáticas servem de alimento para lambaris, ariranhas e pacus. As capivaras sobrevivem alimentando-se de ariranhas, lambaris, pacus e plantas aquáticas. (C) Os lambaris, os pacus e as capivaras são herbívoros. As ariranhas se alimentam de vegetais e piranhas que, por sua vez, se alimentam de lambaris e pacus. (D) Plantas aquáticas servem de alimento para lambaris e ariranhas. Já os lambaris, pacus e capivaras se alimentam de piranhas e ariranhas. Atividade 9 (ENCEEJA 2006) A Lei de Gestão de Florestas Públicas, de 2 de março de 2006, estabelece as regras para o uso sustentável de florestas públicas nacionais. Entre os princípios que ela adota, estão a proteção dos ecossistemas e o estabelecimento de atividades que promovam o uso racional das florestas. Para atender a esses princípios, uma madeireira instalada na Amazônia deve: (A) explorar primeiro as terras em volta das nascentes dos rios. (B) abrir caminhos largos na floresta e remover grande número de árvores cortadas. (C) cortar todas as árvores existentes em uma área antes de iniciar a exploração de outra. (D) manter pelo menos 20% das árvores adultas como matrizes de sementes para novas plantações. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! 1-C 2-C 3-C 4-C 5-C 6-B 7-B 8-A 9-D

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PRA FIM DE PAPO! Este capítulo abordou as seguintes habilidades: • Identificar e descrever diferentes representações de fenômenos biológicos a partir de textos e imagens. • Associar características gerais e adaptações dos grandes grupos de animais e plantas com o seu modo de vida e seus limites de distribuição nos diferentes ambientes, em especial nos ambientes brasileiros. • Comparar argumentos em debate, ao longo do tempo, sobre a evolução dos seres vivos. • Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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INTRODUÇÃO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.

Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências Humanas e suas tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.

As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes: 1. Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. 2. Compreender a gênese e a transformação das diferentes organizações territoriais e os múltiplos fatores que neles intervêm, como produto das relações de poder.

3. Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de espaços físicos e as relações da vida humana com a paisagem.

4. Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as às práticas de diferentes grupos e atores sociais.

5. Compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

6. Perceber-se integrante e agente transformador do espaço geográfico, identificando seus elementos e interações.

7. Entender o impacto das técnicas e tecnologias associadas aos processos de produção, ao desenvolvimento do conhecimento e à vida social.

8. Entender a importância das tecnologias contemporâneas de comunicação e informação e seu impacto na organização do trabalho e da vida pessoal e social.

9. Confrontar proposições a partir de situações históricas diferenciadas no tempo e no espaço e indagar sobre processos de transformações políticas, econômicas e sociais.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.

Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo.

Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que possa praticar seu conhecimento.

As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as habilidades trabalhadas em cada assunto.

ÍNDICE Capítulo 1 HISTÓRIA, MEMÓRIA E CULTURA................................................................................................................................................................................01 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 2 AS TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO HUMANO.............................................................................................................................................16 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 3 MODOS DE VER A PRODUÇÃO NO BRASI..............................................................................................................................................................27 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 4 ADMINISTRANDO CONFLITOS: O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS...........................................................................38 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 5 DEMOCRACIA E CIDADANIA..........................................................................................................................................................................................51 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 6 DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE..................................................................................................................................................................61 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 7 INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE.....................................................................................................................72 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 8 TÉCNICAS E TECNOLOGIAS............................................................................................................................................................................................85 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori Capítulo 9 DIFERENTES REPRESENTAÇÕES PARA UMA MESMA HISTÓRIA....................................................................................................................94 Gabriel Bonatelli Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 1 HISTÓRIA, MEMÓRIA E CULTURA. COMPREENDER OS ELEMENTOS CULTURAIS QUE CONSTITUEM AS IDENTIDADES. HISTÓRIA A História é uma ciência que não se resume apenas ao estudo do passado. É uma das áreas do conhecimento que busca entender o Homem, como agente e construtor da sua historicidade, as relações estabelecidas por ele na sociedade e suas manifestações culturais. É na verdade a totalidade das ações humanas do passado e do presente. Pode ser entendida basicamente de três formas: como relato narrado, isto é, os fatos contados por alguém que vivenciou o momento; como conjunto de ações e fatos ocorridos na vida dos seres humanos, ou como estudo dos fatos e ações humanas. Dependendo do ponto de vista que se tem sobre as manifestações humanas, a interpretação dos movimentos sociais, passam a ter um significado. Por isso, um mesmo fato ou acontecimento histórico pode ter interpretações diferentes, dificultando a imparcialidade dos indivíduos que tendem a aceitar como verdadeiras as ações ou fatos que estejam próximos a sua realidade. Ou seja, um mesmo fato pode ter interpretações diferentes, vejamos, por exemplo, a pintura de Victor Meirelles, que retrata a Primeira Missa no Brasil em 26 de abril de 1500, no litoral sul da Bahia.

Reprodução Como se sabe, as imagens não representam a realidade, mas foram muito utilizadas para demonstrar a fácil conversão indígena ao catolicismo. Trata-se de um documento histórico muito importante, pois Victor Meirelles nasceu em 1832 em Florianópolis, Santa Catarina, portanto para produzir essa obra teve de utilizar registros da época, dentre eles as cartas de Pero Vaz de Caminha, que fazia parte da tripulação de Pedro Alvares Cabral, ao Rei de Portugal. Sua pintura representa o ideário europeu da época dos grandes descobrimentos em relação aos povos que já habitavam a região, conforme a trecho da carta de Caminha: “E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles (os índios) se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado: e então tornaram-se a assentar como nós... e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.” - Carta de Caminha a El-Rei, 1º de maio de 1500.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Portanto, o conhecimento das relações entre portugueses e indígenas tinham como base os documentos oficiais portugueses. Com o passar do tempo novas interpretações sobre esse mesmo fato passaram a surgir através dos vestígios deixados pelos indígenas que habitavam o litoral brasileiro em 1500, possibilitando um olhar diferenciado sobre o contato entre essas duas civilizações, indígena e européia, tão distantes. Percebe-se então que, o estudo da História possibilita perceber a pluralidade cultural humana através de documentos, registros e outras pistas - vestígios - deixadas pelas pessoas que viveram em outras épocas. São Fontes Históricas que estão presentes até hoje, e que permitem conhecer o que foi produzido ou modificado pela humanidade, ao mesmo tempo, que resgata a memória e preserva a cultura.

Fontes Históricas Vestígios do passado que foram produzidos pelo Homem e que existem ainda no presente revelando muito sobre uma sociedade. Uma escultura, ou uma ossada ou mesmo, inscrições em paredes podem apresentar característica singulares de uma sociedade.

Reconstrução do Crânio de Luzia apresenta a provável feição de um dos fósseis humanos mais antigos do Continente Americano, datado de mais ou menos 11.500 anos, foi encontrado em 1975 numa caverna do Estado de Minas Gerais. Outras descobertas, como as pinturas rupestres encontradas no Estado do Piauí, no Parque Nacional da Serra da Capivara (será discutido mais para frente) e os Sambaquis na Ilha de Piacaguera em Paranaguá, litoral do Paraná, são fontes históricas que demonstram não só a diversidade de materiais pré-históricos no Brasil, como também a existência de habitantes nessas regiões anterior a chegada dos portugueses, portanto construtores de uma História Brasileira legítima e única. Resgatar a pré-história brasileira possibilita compreender melhor os movimentos que levaram a construção da sociedade, do passado indígena e da identidade brasileira, independente da História européia.

Fonte www.versus.ufrj.br Fonte http://www.infoescola. com/Modules/Articles/Images/18-aaf454fdff.jpg Fonte: http:// www.ilhadocaju.com.br/pagina%20PT/noticias/pintura.jpg

Todas as pessoas são agentes e construtoras das suas histórias de vida, o que as tornam únicas. Ao resgatá-las e contá-las apóiam-se nas vivências, sentimentos e relacionamentos estabelecidos na sociedade a que pertencem. Buscam na memória os fatos passados para apresentar sua história e a partir desse resgate, preservar características culturais que sempre estiveram presentes em suas lembranças. Por sermos seres humanos temos muitas coisas comuns, porém pela própria realidade de vida de cada um, língua, espaço físico e crenças o que prevalece é a diversidade. Entender essa diversidade, o que existe em comum ou não entre os povos, como o Homem se relaciona e quais os fenômenos culturais humanos é um dos objetivos das ciências humanas em geral. Parte desse estudo cabe ao historiador que busca entender o Homem, suas relações sociais, culturais e suas mudanças ou permanências, em diversos lugares do mundo e nos mais variados tempos. O tempo, então, devido à possibilidade de estabelecer relações entre o passado, o presente e o futuro, passa a ser a matéria prima do historiador, e as relações humanas um dos principais objetos de estudo.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS “seja qual for nosso conceito de História e tempo, não podemos esquecer o problema de que o tempo não é somente sua medida, senão que é parte intrínseca da vida humana, de maneira que o tempo histórico é também seu conteúdo. A atividade humana transforma o tempo e fá-lo humano. Nesse sentido a linha do tempo estabelece a relação entre o tempo e seus conteúdos”. - Huerta -

Em 1845 o imperador brasileiro, D. Pedro II, decretou que o contato com os índios no Brasil deveria ocorrer pela catequese e pela civilização, por serem eles considerados selvagens aos olhos do colonizador. A partir de 1988, o Artigo 231, da constituição Brasileira assegurou aos índios alguns direitos, dentre eles: o direito de terem seus costumes, língua, crenças, tradições, organização social e direitos sobre a terra.

Nota Pública sobre caso de tortura a indígenas tupinambá 22 de junho de 2009.

No dia 19 de junho de 2009, a Folha de São Paulo noticiou o caso de tortura, praticado por agentes da Polícia Federal, nos cinco indígenas Tupinambá que tradicionalmente ocupam suas terras localizadas nos municípios de Buerarema, Una e Ilhéus, no sul do estado da Bahia. Este não é um caso isolado. Em outubro de 2008, essa mesma comunidade Tupinambá foi violentamente atacada pela Polícia Federal, o que causou indignação na sociedade nacional e motivou, inclusive, uma campanha da Anistia Internacional. Infelizmente não há notícia de que qualquer agente da PF tenha sido responsabilizado pelos excessos e pelas ilegalidades dos atos cometidos naquela ocasião. Em decorrência disso, criou-se um clima de impunidade, o que resultou neste crime hediondo agora divulgado. (retirado do site oficial: /www.direitos.org.br)

Apesar de todas as sociedades terem uma forma de marcar e contar o tempo, não o fazem da mesma maneira. A civilização Maia, por exemplo, contavam o tempo de acordo com a posição dos astros – estrelas e planetas - no céu. Assim, marcavam as estações do ano e o melhor período para plantio. O tempo da natureza foi utilizado por muitas sociedades nos primeiros tempos de existência da humanidade. Atualmente, no Brasil, mantém-se o calendário Gregoriano, feito pelo Papa Gregório XIII (1502 – 1585), baseado entre outras coisas no nascimento de Cristo, daí a própria nomenclatura a.C., para fatos anteriores ao nascimento de Cristo dado como ano zero, e d. C. para fatos posteriores ao nascimento de Cristo. Esse modelo de construção temporal convencionou a classificação da História em períodos determinados por marcos históricos considerados relevantes para a mudança da humanidade: Pré-História, História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Hoje, após vários debates essa periodização modificou-se muito, pois nem todas as civilizações passaram pelos mesmos acontecimentos, ao mesmo tempo, que justificassem a mesma divisão. Se para a França, a Revolução Francesa de 1789 modificou profundamente a estrutura política européia a partir do momento que propunha o fim da Monarquia, no Brasil a transição da Monarquia para a República só ocorreu em 1889. MEMÓRIA A busca pelo passado faz com que a memória seja resgatada e possibilita a preservação da cultura, dos patrimônios e da identidade da sociedade. Através da memória individual ou coletiva temos conhecimento do nosso meio cotidiano, práticas e gestos, assim, podemos fazer associações com as situações do passado, dar sentido ao conjunto das nossas experiências adquiridas e principalmente, ter consciência do papel que exercemos no mundo que nos cerca.

Vila Rica, início do século XIX, aquarela sobre lápis de Thomas Ender

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Vila Rica Fonte: www.skyscrapercity.com Minas Gerais é um dos Estados brasileiros que permite resgatar grande parte do passado colonial, escravocrata e religioso brasileiro. Observando as imagens anteriores podemos notar, perfeitamente, as mudanças estruturais do seu território. Por outro lado, se buscarmos sua História, entenderemos também a estrutura social que se formou com a descoberta das primeiras pedras de ouro, entre 1693-1698, os interesses econômicos e, principalmente, os conflitos sociais com sua descoberta. O resgate à memória dessa região auxilia o historiador a entender os movimentos que possibilitaram sua construção social e cultural abrindo espaço para uma investigação documental mais detalhada. A História trabalha junto com a memória, porém o que a torna rigorosa e investigativa é a maneira como interpreta e analisa o conteúdo das “memórias”. Quando se trata de recolher as lembranças das pessoas, é preciso separar o fato ocorrido do imaginário individual ou coletivo, identificar as distorções, analisar as versões e confrontar com os documentos existentes. Nesse momento, a História assume uma postura investigativa e assume seu caráter científico. CULTURA Cultura diz respeito a padrões de comportamento assumidos por uma determinada sociedade ou grupo social específico, é algo que se constrói com o convívio e o relacionamento entre os indivíduos que partilham do mesmo meio, das mesmas crenças e valores. É transmitida por meio da aprendizagem e independe do grau de escolaridade. Uma dança, uma música, um esporte, uma comida típica são exemplos de manifestações culturais e auxiliam na construção da identidade de muitas culturas. Por muito tempo era comum acreditar que havia culturas superiores ou inferiores, como se houvesse algum método de classificação para o desenvolvimento cultural dos povos. No caso brasileiro, essa percepção mostrou-se bem verdadeira, durante o processo de colonização. Por muito tempo foi aceita a idéia de que os índios tivessem tido participação inexpressiva na construção da identidade nacional. Eram vistos como coadjuvantes da nossa história e dependentes dos estímulos externos dos europeus para se manifestarem. Sua participação limitava-se aos interesses dos colonizadores prevalecendo sempre a relação de dominação. Em geral, quando os índios eram citados na História mostrava-se os momentos de confronto, quando suas comunidades pretendiam negar uma situação de subserviência (submissão), o que era encerrado com guerras em que saíam sempre derrotados, possibilitando cada vez mais a ocupação territorial do território que lhes pertencia. Sem possibilidade de resistência passavam por um processo de aculturação que lhes retirava a identidade, a cultura e, nos casos mais extremos, a extinção étnica, isto é, a extinção de seus povos. Tudo em nome da chamada, “civilização”. Hoje, busca-se demonstrar que não há culturas “superiores” nem “inferiores”, mas que o mundo é composto por diversidades culturais que o tornam extremamente rico. A tendência é o estudo comparativo na tentativa de estabelecer semelhanças e diferenças entre os variados padrões culturais. Não se pode negar a influência indígena na construção cultural brasileira, nem tão pouco a africana, mesmo que reduzidos a condição de escravidão esses povos foram capazes de reconstruir significados e fortalecer sua identidade. Não se pode também exaltar a européia, pois todas tiveram sua parte na construção sócio-cultural brasileira e muitas permanecem até hoje em dia.

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Arte Indígena. Urna Funerária Marajoara. A Ilha de Marajó foi habitada por vários povos desde, provavelmente, 1100 a.C. Os povos que viviam nessa região foram divididos em 5 fases arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na sequência da ocupação da ilha e que apresenta as criações mais interessantes.

Painel de azulejo português na Igreja do Colégio de Santo Antônio em Belém do Pará. A temática é voltada para o episódio da vida de Santo Antônio e São Francisco www.ceramicanorio.com

Johan Moritz Rugendas, pintor alemão de cenas brasileiras, chegou ao Brasil em 1858 a fim de coletar material para pinturas e desenhos sobre o cotidiano brasileiro.

Fonte: www.diaadia.pr.gov.br A INFLUÊNCIA DO MEIO AMBIENTE A ocupação territorial no Brasil é um processo que ainda ocorre atualmente, em determinadas áreas. Desde a descoberta, o Brasil tem uma constante, que é o desmatamento de áreas verdes para a ocupação da atividade econômica humana. As capitanias hereditárias, o plantio de cana-de-açúcar, os quilombos, os bandeirantes, a descoberta de ouro, diamante, a guerra contra o Paraguai, as expansões das cidades, da pecuária e da agricultura são os principais fatores que contribuíram na ocupação do território brasileiro, durante mais de cinco séculos. É evidente que, em muitos lugares, alguma coisa teve que dar o seu lugar para que os fatores apontados anteriormente pudessem ocorrer. O desmatamento, é um dos fatores envolvidos. Junto ao desmatamento, temos a perda da fauna e flora deste local, sendo que tais fatos são difíceis de dimensionar. Há, também, a questão da população nativa, os índios, que foram catequizados ou escravizados, sendo expulsos de seus territórios originais e, muitas vezes, submetidos à maneira de viver dos seus colonizadores.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O relevo corresponde às formas assumidas pelo terreno (planícies, planaltos, depressões, etc.) após serem moldadas pela atuação de agentes internos e externos sobre a crosta terrestre. Os agentes internos são as forças tectônicas (terremotos e vulcanismo). Os agentes externos são: as chuvas, ventos, rios, gelo, etc., que alteram o terreno, durante milhões de anos de influência naquela região, já alterada pelos agentes internos. Existe um importante fator para a ocupação do território brasileiro. Estamos falando do relevo da região para onde os colonizadores iam e, posteriormente, os brasileiros vão. Mas por que o relevo é um fator importante? Sua importância reside em alguns fatores chaves para o explorador do século XVI e, também, ao empresário do século XXI. O explorador, na figura dos bandeirantes, precisava ficar próximo a rios para manter suas explorações, por causa da água potável, transporte e alimentação. A formação do rio, desde a sua nascente, seu percurso e a sua foz (quando chega a um lago e/ou oceano) é determinada pelo relevo. As nascentes de rios são, em sua maioria, formadas em topos de montanha com muita vegetação. Já o empresário pode, em função dos conhecimentos atuais, determinar se uma área tem ou não possibilidade de conter recursos naturais, como ferro, petróleo, bauxita e outros. Ao pesquisar uma região, ele pode descobrir qual é a sua formação geológica, ou seja, determinar se pode ou não existir aquele recurso que procura. Diante destas colocações, podemos deduzir que existem diversos tipos de relevos, e por conta disto uma classificação foi feita. No Brasil, temos a classificação por cotas altimétricas, ou seja, o tipo de relevo estava relacionado com a altitude no qual estava localizada, que foi criada pelo Prof. Aroldo de Azevedo e, levemente alterada por seu discípulo, o Prof. Aziz Ab’Sáber. Isso aconteceu durante as décadas de 40 e 50. A última proposta de alteração da classificação do relevo brasileiro ocorreu em 1995, onde o Prof. Jurandyr L. S. Ross parte da análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 a 1985 pelo projeto Radam Brasil. Os próximos quadros mostrarão a classificação do Relevo Brasileiro, proposta pelos três professores já mencionados. Veremos que é possível notar a evolução da compreensão territorial nas três análises, porém o que é importante observar é que o relevo brasileiro tem uma formação muito antiga e desgastada. Isso é resultado da falta de atividades recentes do agente interno (forças tectônicas) em eras geológicas, e dos ciclos climáticos (erosão através dos agentes externos, como a chuva, o vento, o sol e outros).

Aroldo de Azevedo: É a primeira classificação feita do relevo brasileiro, nele, o planalto é um terreno levemente acidentado, com mais de 200 metros de altitude. A Planície tem uma superfície plana, com altitude inferior a 200 metros.

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Aziz Ab’Sáber: A segunda classificação, onde passou a se considerar planalto como uma área, mais ou menos plana, onde os processos de erosão – destruição do solo - (agentes externos) superam os de sedimentação. E planície o contrário, a sedimentação supera a erosão.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Antes do último quadro, do Prof. Jurandyr Ross, temos que entender o que é terreno sedimentar e terreno cristalino, conforme a classificação feita pelo Prof. Aziz Ab’Saber. Nesta classificação, há uma distinção de planície e planalto por meios dos processos de erosão, sendo que na planície, houve maior acúmulo de sedimentação, enquanto o planalto só ocorreu a erosão. Assim, o terreno sedimentar fora formado, ao longo de milhões de anos, através do acúmulo de resíduos (partículas minerais) do processo de erosão, em depressões. Junta-se, também, matéria orgânica (plantas e animais) em decomposição nesta formação. Já o terreno cristalino, foi formado através das ações dos agentes internos (as forças tectônicas, vulcanismo e terremotos) que já sofreram as ações dos agentes externos, tendo assim, sua configuração original alterada. São terrenos que formam as cadeias de montanhas, onde há uma altitude média superior a 400m.

Jurandyr L.S. Ross: É a mais complexa das análises de relevo brasileiro. Ele levou em conta as classificações anteriores e, através de imagens de radar obtidas pelo Projeto Radam Brasil, pode levar em consideração outros fatores para a nova classificação. Os fatores são: estrutura geológica (a formação e os solos presentes), o clima e a ação dos agentes externos (erosão) na formação dos meios ambientes de cada área.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Esta formação antiga é observada através das baixas altitudes encontradas por todo território brasileiro. Sinal de pouca atividade interna, ou seja, não há encontros de placas tectônicas, que ocasionam terremotos e cria novas e altas cadeias de montanhas, como a Cordilheira dos Andes. Cordilheira é uma cadeia de montanhas, como podemos ver na figura ao lado. A parte próxima a costa é o caminho que esta cordilheira percorre. O relevo pode ajudar na determinação dos limites físicos dos municípios, estados e países. Especialmente rios, pois eles se tornam numa barreira natural à ocupação humana. Os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) estão delimitados através da Bacia Platina. Porém, isto não é uma regra. Muito da divisão política interna brasileira vêm da época da colonização, com a descoberta e a implantação das capitanias hereditárias. Na época, o conhecimento do relevo brasileiro era precário e as divisões foram feitas através dos interesses da Coroa Portuguesa para incentivar a colonização e exploração econômica de seu novo território. Fonte: http://thewrittenworld.files.wordpress.com/2008/06/nasa_anden.jpg Cordilheira dos Andes Mas o que seria uma divisão política? Esta divisão política se dá em duas esferas. A primeira seria a esfera internacional, onde em um determinado território, há a presença de um povo que divide certos fatores culturais em comum, como língua, costumes, origens, apoiadas pela história de formação de seu país (importantes marcos, como a sua independência, heróis e guerras) e outros. Esta seria a divisão política internacional e o Brasil localiza-se no continente sul-americano. A outra esfera seria a nacional, ou seja, a organização política dentro de um país. Neste caso, há grandes variações de organização de país para país. Neste caso, o Brasil está organizado através de estados que são, em alguns casos, as antigas capitanias hereditárias (figura ao lado). Porém, com a expansão territorial e a independência brasileira, a divisão política apresentou outros fatores e interesses. Isto levou a uma nova configuração da divisão política, com 26 estados e o distrito federal. Este é o formato atual, alcançado através da Constituição de 1988, que determinou a criação do estado de Tocantins.

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia. org/wiki/Ficheiro: Americas_ (orthographic_ projection).svg

Mostra a divisão política do Continente Americano.

Você consegue identificar onde estão os estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro? As linhas brancas por trás das ilustrações representam os estados atuais brasileiros.

Pela próxima imagem, você poderá ver o mapa da divisão política atual dos estados brasileiros, inclusive, as principais cidades em cada estado. Desta forma, esperamos que possa comparar com a figura anterior e verificar a influência da presença das capitanias com as atuais divisões políticas dos estados. Não se esqueça que houve a expansão territorial que trouxe novos territórios para o Brasil, o que levou a criação de novos estados, além da limitação anterior.

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Perceba, ainda, que dentro dos estados há uma divisão menor, porém é aquela com a qual você pode se relacionar mais. Esta divisão são os municípios. Sua formação também é variada, muitas vezes foi criado para servir de entreposto para os viajantes ou por determinação política, como foi o caso de Brasília. Há, também, casos de municípios criados para dar suporte a uma determinada empresa, que está explorando os recursos naturais de uma região. Com isso, o Brasil possui 5 grandes regiões, sendo elas: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Elas são divididas através dos aspectos naturais presentes pelo território, proposto pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) como clima, relevo, vegetação e hidrografia (com exceção do Sudeste, em virtude de seu desenvolvimento industrial e urbano, aspectos da ação humana). Veja, a seguir, um mapa com a divisões por região do Brasil e compare com o mapa anterior para identificar os Estados de cada região.

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Fonte: http://www.mochileiro.tur.br/ Contudo, para explorar estes recursos naturais, as empresas interessadas precisam seguir determinações que visam diminuir o impacto negativo de suas atividades no meio-ambiente. Este é o caso do município de São João do Piauí, no Estado do Piauí. Neste município, foi encontrada a segunda maior reserva de níquel do Brasil. Este é um minério com alto valor comercial e que irá atrair, o quanto antes, empresas interessadas em explorá-lo. Além disso, parte deste município está no Parque Nacional Serra da Capivara (ver o próximo quadro). Isso é uma ótima oportunidade para conciliar dois importantes fatores: o desenvolvimento econômico daquela região, com a preservação de um Patrimônio Cultural da Humanidade.

Fotos do Parque Nacional da Serra da Capivara. Neste lugar é onde se encontra o mais importante sítio arqueológico brasileiro. Já foram encontrados esqueletos humanos, pinturas rupestres e cerâmicas (de mais de 8.960 anos). Os estudos indicam presença de um denso povoamento pré-histórico. Por estes motivos, a UNESCO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) atestou que este Parque faz parte do Patrimônio Cultural da Humanidade. Atualmente, o Parque implementou um projeto para o desenvolvimento econômico e social, que visa educar e preparar as comunidades carentes próximas, para atuar no mercado de trabalho que o próprio Parque oferecerá, como obras de infra-estrutura, manejo adequado e turismo ecológico e cultural. Para maiores informações, acessar os sites: http://www.fumdham.org.br/ e http://360graus.terra.com. br/ecoturismo/default.asp?did=6650&action=reportagem.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS No caso do Piauí, este empenho ajuda a melhorar o seu desempenho frente a outros estados. Conforme o ranking do IDH dos Estados em 2005, o Piauí está na 25º posição, na frente apenas de Maranhão e Alagoas. Possui população de 3.032.421 distribuída em uma área de 251.529,19 km², segundo o Censo de 2007 do IBGE, o que resulta em uma densidade demográfica de 12,06 habitantes por km². Isto representa um estado pouco povoado, ou seja, existem poucos habitante por km² de terra, Com estas informações, podemos tirar algumas conclusões. Este Estado não apresenta um desenvolvimento industrial muito avançado, sendo sua principal atividade econômica a exploração da terra, através da agricultura, com destaque para a Cana-de-Açúcar, Soja, Arroz e Algodão, e da pecuária extensiva, com bovinos, suínos e caprinos. Densidade Demográfica: É uma maneira de determinar se um país é muito ou pouco povoado, através da divisão da sua população pela quantidade total de terras que possui. Um país muito povoado não é, exatamente, um país populoso. A pecuária bovina foi a primeira atividade econômica do Piauí. Assim, tem grande peso na tradição cultural histórica do Estado, com o folclore e costumes regionais que foram influenciados por esta atividade. Além da agricultura e da pecuária, o Piauí tem destaque para os recursos naturais de grande valor comercial, com grandes jazidas descobertas, como as de mármore, de amianto, de ardósia e de níquel. Um importante fator é a grande presença de água no subterrâneo artesiano, o que possibilitaria irrigar grandes áreas para plantações e, também, levar esta água paras as regiões que enfrentam secas (que podem chegar até oito meses) durante o ano. Esta região se localiza mais ao sul do Estado, longe da pequena costa para o Oceano Atlântico, que lhe garante um clima mais úmido.

Fonte: http://www.brazadv.com/images/mapa_biomas.gif

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Por conta das prolongadas secas, a vegetação varia em caatinga e cerrado no interior e sul do Estado. E, próximo ao litoral, temos a Mata de Cocais e Floresta, em função do clima mais úmido. E é desta forma que vários fatores, como o clima, o relevo e a sua formação histórica têm um papel único na cultura local de cada Estado. O Brasil é um país de proporções continentais, mas há certos fatores que se apresentam com mais semelhanças nos pontos mais distantes entre si e outros que não existem além das suas próprias fronteiras.

A imagem acima é a da Rosa dos Ventos. É através dessa figura que podemos visualizar os pontos cardeais e colaterais. Ambos se dividem em quatro, totalizando 8 diferentes pontos. N, L, S e O são os pontos cardeais e representam o Norte, Leste, Sul e Oeste, respectivamente. Já NE, SE, SO e NO são os pontos colaterais e representam o Nordeste, Sudeste, Sudoeste e Noroeste, respectivamente. A sua função é de localização e orientação para as diversas atividades humanas. Por isso que há uma subdivisão entre cardeais e colaterais, para aumentar a precisão da direção. Foi largamente utilizado nas grandes navegações e ainda é utilizado, mesmo com o advento do GPS. Tais pontos nunca mudam de posição, basta colocar ou visualizar a Rosa dos Ventos nos mapas, que é possível identificar os pontos cardeais e os lugares aos quais qualquer texto se refere tendo um mapa como referência.

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Um elemento em comum é a Festa Junina. Esta festividade está espalhada por todo o Brasil, mas mesmo assim, apresenta algumas diferenças entre as regiões. Ela foi introduzida pelos imigrantes portugueses e teve a sua pitada de mistura no Brasil com fogos de artifícios, tradição chinesa, e a dança marcada (quadrilhas), que é de tradição francesa. Ainda tem a fogueira, tradição em qualquer Festa Junina. Em São Paulo, especialmente em seu interior, as festas são organizadas por clubes, igrejas, associações de bairro, colégios, sindicatos, empresas e prefeituras. É a época da colheita do milho, por isso há grande presença do mesmo nas comidas relacionadas a ela, como: pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho e outros. Também há arroz doce, bolo de amendoim, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente e outros. Já no Nordeste, a festa ganha uma expressão diferente. Ela está muito mais relacionada ao fator religioso, com homenagem a três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. O fator religioso está relacionado a um problema sério dos habitantes do Nordeste, especialmente do Sertão e Agreste: a seca. Os habitantes aproveitam este momento para agradecer aos santos às chuvas que já caíram e para pedir, também, que a seca não seja tão forte. Além disso, tais festas garantem uma renda extra para as cidades, pois é cada vez maior o fluxo de visitantes (brasileiros e estrangeiros) que vão ao nordeste para acompanhar de perto estas festividades. Um costume típico do Rio Grande do Sul, o chimarrão, é uma bebida servida quente que acompanha o gaúcho nos locais onde ele se faz presente, sendo: “O símbolo da paz, da concórdia, do completo entendimento – o mate! Todos os presentes tomaram o mate. Não se creia, todavia, que cada um tivesse sua bomba e sua cuia própria; nada disso! Assim perderia o mate toda a sua mística significação. Acontece com a cuia de mate como à tabaqueira. Esta anda de nariz em nariz e aquela de boca em boca. Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem, um pardo decente – o nome do mulato não se deve escrever; depois eu, depois o “spahi”, depois um mestiço de índio e afinal um português, todos pela ordem. Não há nisso, nenhuma pretensão de precedência, nenhum senhor e criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra cristã, um comunismo moral, uma fraternidade verdadeiramente nobre, espiritualizada! Todos os homens se tornam irmãos, todos tomam o mate em comum!” (Viagem pelo Sul do Brasil, 1.º, 191. Rio de Janeiro, 1953) Esta bebida se adaptou bem ao clima dos Estados do Sul por apresentar as estações do ano mais definidas e estar mais longe da linha do Equador, que representa latitudes maiores e, por isso, a influência da radiação solar é menor, e o frio é mais intenso naquela região. O relevo é baixo, com 70% abaixo dos 300m de altitude. Isso é mais um fator que contribui para o clima mais frio, pois as massas de ar frio que vêm do Pólo Sul não encontram barreiras naturais para avançar.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O QUILOMBO DOS PALMARES Como destaque para a questão histórica e social, temos o Quilombo dos Palmares. A questão dos quilombos surgiu com a fuga dos escravos que vieram da África para regiões desconhecidas do território brasileiro. O escravo fugia do seu senhor, buscando uma vida melhor, onde ele pudesse desfrutar de sua liberdade e, também, cultivar os seus valores e a sua cultura. O Quilombo dos Palmares foi o mais famoso de todos, ao resistir durante mais de um século. Ele é considerado como o símbolo moderno da resistência dos escravos a sua condição humilhante. Este quilombo se localizava na Serra da Barriga, no atual Estado de Alagoas. A Serra da Barriga faz parte do Planalto do Borborema (veja o perfil da área, no quadro a seguir), que é um terreno cristalino submetido a ações erosivas do clima quente e úmido da região Nordeste.

Apesar da altitude média de 400m, já que alcança picos de mais de 1.000m, o Planalto tornou-se uma barreira à passagem da umidade para o interior de alguns Estados do Nordeste (eles são: Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte), formando assim, uma área úmida próxima ao Oceano Atlântico e uma área seca, após o planalto até as proximidades da bacia de algum rio importante, como o Parnaíba ou o São Francisco. Esta área úmida é conhecida como Zona da Mata e a área da seca tem duas denominações: Agreste (zona de transição) e o Sertão. Atualmente, a área onde ficava o Quilombo tem um município chamado União dos Palmares e está localizado dentro da Zona da Mata de Alagoas, ou seja, o Quilombo sobrevivia através da plantação de alimentos para a sua subsistência e eventuais trocas, graças as regulares chuvas. Ainda assim, o município tem sua principal atividade econômica ainda voltada à agricultura, com destaque para a cana-de-açúcar. TEXTO COMPLEMENTAR O termo patrimônio histórico teve por base o conceito de monumento histórico que surgiu na Europa a partir da segunda metade do século XIX, de onde se difundiu progressivamente. A Revolução Industrial emprestou a esse conceito uma abrangência universal. Enquanto processo irreversível, a industrialização, com seu constante movimento transformador, tornou necessário guardar o passado que se perdia rapidamente. Daí o processo do patrimônio. Essa expressão faz reviver, no presente, aspectos do passado. Além disso, determina elementos pertencen-

tes, em comum, à comunidade, ao estado ou à Nação. As instituições e organizações internacionais levaram o termo patrimônio a uma dimensão planetária ao criar a categoria patrimônio histórico da humanidade. Essa categoria remete a possibilidade de diálogo entre diferentes culturas e supõe que, apesar de profundas divergências, possam estabelecer parâmetros e critérios comuns. Com isso, reconhecem que elementos pertencentes a sociedades e culturas particulares são importantes para a humanidade, como herança comum. KERSTEN, Márcia Scholz de Andrade. Os rituais do tombamento e a escrita da História. Curitiba: UFPR/Imprensa Oficial do Paraná, 2000. P. 32-3 a) Qual a influência da Revolução Industrial na existência do conceito de patrimônio histórico? b) De acordo com a autora o patrimônio histórico faz reviver no presente aspectos do passado, explique o porque dessa afirmação. c) De que forma o patrimônio histórico pode auxiliar no diálogo entre as culturas? SUGESTÃO PARA PESQUISA A origem do samba. O samba é um gênero musical e um tipo de dança tipicamente brasileiro. Uma das nossas principais manifestações culturais populares por excelência e transformouse em símbolo de identidade nacional. Portanto faz parte do nosso patrimônio histórico. a) Origem b) Os ritmos c) Os instrumentos d) Os tipos de samba e) O primeiro samba f) Apresentar algumas letras e músicas AGORA É A SUA VEZ! 1- Poesia, Resíduos de Carlos Drummond de Andrade “Mas de tudo fica um pouco. Da ponte bombardeada, de duas folhas de grama, do maço - vazio - de cigarros, ficou um pouco. Pois de tudo fica um pouco. Fica um pouco de teu queixo no queixo de tua filha. De teu áspero silêncio um pouco ficou, um pouco nos muros zangados, nas folhas, mudas, que sobem. Ficou um pouco de tudo no pires de porcelana, dragão partido, flor branca, ficou um pouco de ruga na vossa testa, retrato.”

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A partir da leitura do poema, responda: a) Que nome damos ao conjunto de vestígio deixados pelo homem? b) Qual a importância desses vestígios? Retire da poesia dois exemplos de vestígios deixados pelo homem. 2- Junho é o mês de São João, Santo Antônio e São Pedro. Por isso, as festas que acontecem em todo o mês de junho são chamadas de “Festa Joanina”, especialmente em homenagem a São João.  O nome Joanina teve origem, segundo alguns historiadores, nos países europeus católicos no século IV. Quando chegou ao Brasil foi modificado para junina. Trazida pelos portugueses, logo foi incorporada aos costumes dos povos indígenas e negros miscigenando-se à nossa cultura. a) Podemos afirmar que esse é um valor cultural do povo brasileiro? Retire do texto o parágrafo que demonstra a mistura entre os valores culturais da nossa sociedade. b) É correto afirmar que uma pessoa, pelo fato de não freqüentar a escola, não possuí cultura? Por quê? 3- (ENCCEJA 2006) A festa do Divino foi instituída em Portugal nos primeiros anos do século XIV pela rainha Isabel, mulher de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espírito Santo em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século XVI e é celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas, Espírito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão, leilão de prendas e as manifestações folclóricas peculiares de cada região. Na preparação da festa realiza-se uma folia, com a bandeira do Divino, para arrecadar fundos e são armados coretos, palanques e um trono para o imperador do Divino. Trata-se de uma criança ou adulto que, durante a festa, exerce poderes majestáticos, chegando até a libertar presos comuns em algumas regiões de Portugal e do Brasil. Internet: <www.terrabrasileira.net/folclore/ regioes/6ritos/divino.html>. De acordo com o texto, sobre a festa do Divino, conclui-se que: a) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel de Portugal. b) é herança da cultura européia cristã trazida pelos colonizadores. c) descaracterizou-se ao incorporar manifestações folclóricas. d) servia para arrecadar fundos ao imperador em Portugal. 4- Qual a diferença entre país populoso e povoado? 5- Relacione os estados brasileiros por região. 6- (ENCCEJA 2006) A noção de monumento histórico compreende, além da obra arquitetônica em si, os sítios urbanos e rurais, testemunhos de uma civilização determinada de uma evolução significativa, e de fato histórico. Compreende as grandes criações e, também, as obras modestas, que, através do tempo, adquiriram valor cultural significativo.

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Carta de Veneza, Art. 1.o. Internet: <portal.iphan.gov. br>. A Carta de Veneza, de 1964, é um documento internacional sobre a conservação e o restauro de monumentos e localidades, que serve de parâmetro para a formulação de políticas de preservação do patrimônio histórico no Brasil e no mundo. Com base no artigo sobre monumentos históricos, é correto afirmar que: a) o monumento histórico se restringe ao patrimônio arquitetônico. b) as criações modestas são monumentos de menor valor social e econômico. c) as produções culturais significativas são consideradas monumentos. d) monumentos históricos são testemunhos do passado que perderam seu significado cultural. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício referente ao texto complementar: a) Com o rápido desenvolvimento tecnológico e com as mudanças por ele proporcionadas houve a necessidade de preservar o passado para que ele fosse conhecido pelas gerações futuras. b) Porque possibilita a preservação dos mais variados aspectos culturais de um povo com o passar do tempo. c) Na troca de conhecimento entre as características culturais. Exercício 1: a) Fontes históricas. b) Os vestígios deixados pelos homens são pistas que permitem conhecer os vários aspectos que construíram uma sociedade. Um pires e um retrato. Exercício 2: a) Sim, (...) logo foi incorporado aos costumes dos povos indígenas e negros miscigenando-se à nossa cultura. b) Não, cultura independe do grau de escolarização, é algo que se constrói com o convívio e o relacionamento entre os indivíduos que partilham do mesmo meio, das mesmas crenças e valores. Exercício 3: Resposta B. Exercício 4: O termo “populoso” se refere à população absoluta, ou seja, o número total de habitantes. O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, atrás da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Isso significa que a população absoluta do Brasil é bastante elevada. Já o termo “povoado” considera também a distribuição das pessoas no território, ou seja, a densidade demográfica (número de habitantes por km2). Entre os países mais povoados do mundo, podemos citar Cingapura, Bangladesh, Taiwan, Coréia do Sul, Holanda e Japão.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Exercício 5: Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Tocantins, Pará, Rondônia e Roraima. Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba. Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Exercício 6: C PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular - www.cnfcp.gov.br Filme: Com que roupa? Diretor: Ricardo van Steen. O samba, “Com que roupa?”, deu origem a este filme. Noel Rosa o compôs entre brigas de bar, más notícias sobre sua saúde e desencontros com a namorada. PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Interpretar historicamente fontes documentais de naturezas diversas. • Analisar a produção da memória e do espaço geográfico pelas sociedades humanas. • Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. • Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre um determinado aspecto da cultura. • Valorizar a diversidade do patrimônio cultural e artístico, identificando suas manifestações e representações em diferentes sociedades. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 2 AS TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO HUMANO COMPREENDER A GÊNESE E A TRANSFORMAÇÃO DAS DIFERENTES ORGANIZAÇÕES TERRITORIAIS E OS MÚLTIPLOS FATORES QUE NELES INTERVÊM, COMO PRODUTO DAS RELAÇÕES DE PODER. Fazer um estudo histórico é implicar em periodizar, ou seja, estabelecer um recorte de tempo-espaço. Tradicionalmente, como já vimos, a História foi dividida em períodos e a cada período foi atribuído um marco histórico, acontecimentos considerados relevantes, para alguns historiadores, e que determinaram mudanças substancias na passagem de uma época para outra. Não ocorrem de forma isolada, estão relacionados a várias ações ou reações humanas que determinam mudanças estruturais na sociedade. Por não ocorrerem ao mesmo tempo, ou com as mesmas características em todas as culturas não podem ser considerados absolutos, mas apresentam o desenvolvimento dos povos, a sua construção sócio-cultural e o seu relacionamento com o mundo. A CONSTRUÇÃO HUMANA Atribui-se à Pré-história o início da longa caminhada evolutiva do Homem, datada de cerca de três milhões de anos. Nela encontramos toda a base para entender o desenvolvimento físico e mental do Homem, bem como os caminhos trilhados em seu processo de humanização. Das várias espécies que conviviam juntas na pré-história, sobreviveu a que melhor se adaptou ao meio ambiente fazendo da natureza sua aliada. É importante destacar que essa adaptação não estava ligada a um ou a outro ambiente específico, mas a qualquer ambiente.

O convívio e as relações estabelecidas entre os primeiros homens determinaram organizações produtiva, política e social necessárias à sobrevivência do grupo. Sendo um ser histórico, que toma decisões por si mesmo, conhecedor da sua realidade à medida que constrói sua existência, fazendo dos obstáculos desafios, o homem transmite, pela memória resguardada, suas experiências e tradições ao grupo, fazendo cultura e criando técnicas que serão também transmitidas por vias simbólicas, ou mesmo através da fala, das pinturas rupestres e da escrita. Fonte: www.colegioweb.com.br Essa humanização ocorreu sempre que as condições ambientais exigiram. Enquanto os hominídeos, durante o Período Paleolítico e Paleolítico Inferior, ou Idade da Pedra Lascada, aproximadamente de 5.000.000 a 25.000 a.C, eram simples caçadores e coletores, a dependência pela natureza era extremamente grande. A partir do momento que a natureza, devido às condições climáticas e ambientais, modificou o ambiente ou, deixou de fornecer os bens necessários à sobrevivência, os bandos passaram a se organizar de forma produtiva, isto é, começaram a produzir seus alimentos para preservar a existência da sua espécie, tornando as relações e a organização mais complexas. Há, portanto, uma verdadeira Revolução Agrícola e produtiva denominada Revolução Neolítica, aumentando o domínio do Homem sobre a natureza e a necessidade de formas administrativas que garantissem a produção e a sobrevivência dos grupos. O nomadismo característico das sociedades caçadoras e coletoras, em muitos casos, abre espaço para a sedentarização – habitação fixa - e cada indivíduo passa a ser proprietário dos seus instrumentos e ferramentas produtivas e a divisão do trabalho acontece naturalmente, de acordo com a possibilidade produtiva de cada um. Apesar de toda mudança, que permitiu o domínio dos meios produtivos, o espaço em que viviam ainda era coletivo. O desenvolvimento da técnica possibilitou o aumento do número de animais, da produção agrícola e, principalmente, da população. As comunidades e as famílias aumentaram com a fixação e exploração do solo e passaram a se preocupar cada vez mais com suas posses e acumulação de riquezas. A sociedade antes comunitária estrutura-se em uma nova ordem familiar, baseada na propriedade privada e na divisão em classes. Conseqüentemente, ocorre o surgimento de um poder central para legitimar esse novo regime de propriedade: o Estado.

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Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada. Tem início com o surgimento dos primeiros hominídeos e termina por volta de 10.000 anos a.C. Principais características: • Nomadismo • Produção rudimentar de instrumentos de trabalho • Caçadores e coletores • Domínio do fogo

Neolítico ou Idade da Pedra Polida Tem início cerca de 10.000 a.C. e termina com o surgimento da escrita, cerca de 4.000 a.C. Principais características: • Sedentarização • Instrumentos mais elaborados • Produtores e criadores • Início da fabricação de artefatos com metais

Fonte: www.fisicanet.com.ar Fonte: entrandonahistoria.blogspot.com O SURGIMENTO DO ESTADO

Cidade-Estado aqui entendida como unidades independentes e autônomas. Com características culturais e religiosas comuns que estabeleciam relações comerciais, porém poderiam unir ou guerrear entre si conforme a necessidade. Atribui-se ao Antigo Oriente Próximo, região da Mesopotâmia, que compreende o Médio Oriente como Iran, Iraque, Turquia, Síria, Líbano, Israel e Egito chegando até a Pérsia, o surgimento das primeiras cidades que o mundo conheceu. A existência de planícies irrigadas por grandes rios garantiam não só o desenvolvimento da agricultura, proporcionado pelo regime de cheias periódicas que deixavam uma camada de húmus (fertilizante natural), como também, facilitava o transporte de matérias primas e criação de animais, o que possibilitou a ocupação e o desenvolvimento dessa região até o surgimento das primeiras cidades-Estado.

Principais cidades-Estado da Mesopotâmia: Ur, Uruk , Lagash e Nippur.

Fonte: http://galeria.blogs.sapo.pt/arquivo/Sumeria_entre_3500_e_3000_aC.jpg

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Houve o desenvolvimento do comércio (inicialmente a base de troca), os cidadãos passaram a ser classificados conforme a função que exerciam na sociedade, as relações tornaram-se mais complexas com a divisão do trabalho e o acúmulo de riquezas. Toda essa dinâmica exigia a cooperação entre as pessoas que ali se fixaram para a execução dos mais variados trabalhos e, para a administração, e a existência de um poder centralizado que mantivesse o controle sobre todas as tarefas. Articulam-se assim, as relações de poder, soberania, regulamentação e dominação, surge então o Estado. A idéia de Estado, seu conceito e relação com o poder não ocorre assim que as cidades são formadas, aparece a partir do Renascimento, quando as pessoas passam a refletir sobre a relação entre governados e governantes. Renascimento: movimento artístico, científico e cultural que teve início no final da Idade Média e que buscava resgatar os princípios da Antiguidade Clássica (Greco-romanos). Exaltando o Homem e o racionalismo. Em todas as civilizações encontraremos sistemas políticos nos quais o Estado se apóia sobre princípios jurídicos ou religiosos, defendidos por governos eleitos livremente ou impostos pela força. Em qualquer caso, nenhuma sociedade pode prescindir de um estado que garanta a ordem e a segurança necessária para permitir as relações transparentes entre os indivíduos. (Héctor Leguizamón) Nem todas as civilizações possuíam o mesmo modelo para administração do Estado. No caso do Egito, o Estado era Teocrático, ou seja, o chefe era visto como representante dos deuses, ou mesmo como o próprio deus, na Terra. Como no Egito a religião e o Estado caminhavam juntos, cabia ao Faraó, chefe supremo e incontestável, a administração desses dois setores, a fim de manter o equilíbrio do universo. Na Mesopotâmia apesar da religião e o Estado também estarem juntos, a identidade era dada pela cidade, vista como o elemento unificador da sociedade, e não ao governante como acontecia no Egito com o Faraó. Eram também politeístas, mas os deuses não assumiam características animais como no Egito, e a cada cidade cabia um deus protetor. As terras eram consideradas propriedade dos deuses e administradas pelo patesi, chefe militar e religioso, ao homem caberia servir aos deuses não só com produção, mas com a construção dos zigurates, templos religiosos. No Ocidente, as cidades-Estado foram características predominantes, principalmente nas civilizações greco-romanas, consideradas a base histórica e cultural ocidental devido à grande influência cultural que exerceu nas civilizações subseqüentes. A própria língua portuguesa deriva do latim, idioma utilizado pelos romanos e os conceitos de filosofia e democracia, desenvolvidos pelos gregos, forneceram modelos iniciais para o estudo do Homem em sociedade.

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A Grécia não se constituía como uma Nação ou um reino. Ela era um conjunto de cidades-Estado, conhecidas por Pólis, independentes que tinham características comuns e que estabeleciam relações sem que houvesse unidade política entre elas. O Estado aqui conheceu diferentes formas de poder: a Monarquia, Democracia, Tirania. O cidadão grego era normalmente um proprietário de terras e escravos e somente ele possuía direitos políticos. Não cabia ao cidadão discutir assuntos privados na Pólis, nela o cidadão deveria exaltar a cultura, o pensamento e tudo o mais que fosse considerado de ordem pública. Havia um grande desprezo pelo escravo, pela mulher e pela criança, considerados inferiores por serem ligados a vida privada. Roma, por sua vez, era uma única e grande cidade-Estado, apesar de não haver parentesco direto com os gregos, a estrutura política romana era muito semelhante à da pólis grega devido à influência das colônias gregas na Magna Grécia, localizada atualmente ao sul da Itália. Inicialmente, os grandes proprietários de terras, conhecidos por patrícios, tomavam conta da vida política de Roma. O restante da população, excluído da vida política era conhecido por plebeu, camada social que sustentava a economia romana com seu trabalho sem, no entanto, participar da vida política. Além destes havia também os clientes, agregados à família dos patrícios, prestando serviços em troca de pequenos privilégios. O Estado aqui conheceu basicamente três formas de administração, inicialmente a Monarquia (IV a.C.), com a oligarquia agrária no poder, a República (VI a.C. – I a.C.) fundamentada no poder do Senado e Império (I a.C. – III a.C.) fundamentado no poder do Imperador. Com a queda do Império Romano, inaugura-se o período da História denominado Idade Média, uma nova estrutura social, política e econômica, o Feudalismo, que substituiu o escravismo Greco-romano, pela servidão. A exploração do trabalho servil levou a total subordinação da população rural, pois mantinha os trabalhadores presos a terra e a várias obrigações em impostos e serviços, em troca da permissão do uso da terra e da proteção militar. Por estarem sempre atrelados as obrigações para com os senhores feudais, (camada dominante, proprietária das terras que poderiam ser membros do alto clero ou nobres guerreiros) muitas vezes os servos morriam sem jamais saírem do mesmo lugar. Houve, então, uma descentralização do Estado e o poder concentrou-se na mão do senhor feudal, proprietário do feudo (latifúndio) que era a unidade produtiva independente e com características próprias. Economicamente, o sistema feudal caracterizou-se pela produção agrícola para consumo local, comércio reduzido, basicamente feito a base da troca de produtos e a quase inexistente utilização de moeda. Com a crise do sistema feudal, período que vai do século X ao XV chamado de Baixa Idade Média, houve o desenvolvimento do comércio, proporcionado pelo excedente produtivo – aquilo que não era destinado ao consumo - e pelo Movimento Cruzadista, e a vida urbana renasceu. Surgiram os burgos (fortificações que abrigavam os comerciantes e onde viviam os chamados burgueses) que se tornaram grandes centros produtivos, e as corporações de ofícios para estabelecer um equilíbrio entre a oferta e a procura de produtos e a manutenção da qualidade dos mesmos.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A sociedade torna-se mais complexa e a necessidade do Estado centralizador volta a existir. A diversidade regional e política passam a ser um obstáculo ao desenvolvimento do comércio, pois os senhores interferiam nas transações comerciais. Não havia unidade monetária – moeda, dinheiro – legal ou mesmos pesos e medidas na Europa. Para os comerciantes europeus, burguesia, um poder centralizado que impusesse regras e normas facilitaria as transações comerciais e suprimiria os poderes locais dos senhores feudais. Ocorre então, a formação das monarquias centralizadas. MODOS DE VER A PRODUÇÃO E SUAS RELAÇÕES COM A FORMAÇÃO SOCIAL. Tanto no Egito, quanto na Mesopotâmia, a agricultura desponta como principal atividade produtiva e a servidão coletiva como modo-de-produção, característico do Antigo Oriente Próximo. Nesse sistema os indivíduos exploravam a terra comunitariamente e serviam ao Estado. Sendo o Estado o maior proprietário das terras, através do pagamento de impostos se torna, então, responsável pelo controle produtivo, pelas construções e pela cobrança destes impostos. Nesse sistema produtivo, o camponês, através de trabalho compulsório, é aquele que faz parte da grande massa de trabalhadores braçais, garantindo a produção e sustentando o Estado, porém possuía poucos privilégios. Na hierarquia social, o camponês não têm participação política, e na relação de poder, está submetidos à vontade das classes ricas. Se no Oriente predominava a servidão coletiva, no Ocidente, no período da Antiguidade Clássica (por volta do séc. XII a.C. a séc. III d.C.) em que se desenvolveram as culturas Greco-romanas, o modo-de-produção era predominantemente escravista.

Fonte: carbonocatorze.blogspot.com

Modo-de-produção Forma como se organiza a produção de riquezas numa sociedade. Um conjunto de relações econômicas, mas também sociais, políticas e culturais, intimamente ligadas entre si e interferindo uma nas outras.

Fonte: www.freiluisdesousa.pt

Fonte: histemoda.blogspot.com

A escravidão fez parte de quase todo o processo evolutivo do Homem, não surgiu com os gregos ou com os romanos, existiu também, no Antigo Oriente Próximo, espalhou-se pelo Ocidente, chegou até as sociedades modernas e no Brasil, onde persistiu oficialmente até a Idade Contemporânea, mais precisamente até 1888, quando foi assinada a Lei Áurea pela Princesa Isabel. O trabalho escravo, conforme se apresentava na sociedade Greco-romana, tinha pouco em comum com a escravidão no período do Brasil colônia. Na Antiguidade Clássica o escravo era normalmente um prisioneiro de guerra ou um cidadão que contraiu dívidas sem possibilidade de pagá-las, era visto como um simples instrumento de trabalho, e em alguns casos poderia até recorrer por maus tratos. No Brasil colonial a escravidão foi fruto de uma relação econômica que vinha a atender não só as necessidades produtivas, mas também as comerciais da época. A economia colonial dependeu, quase que exclusivamente, da mão-de-obra escrava, a princípio indígena, e posteriormente africana, devido ao lucrativo tráfico negreiro.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Porém, durante a Alta Idade Média, as relações de servidão tornaram o Homem preso a terra. A sociedade estava dividida em dois grupos sociais determinados pelo nascimento, senhores (nobres ou membros do clero) e servos. Contudo, havia grande diferença entre a condição de servo na Idade Média e de servo do Antigo Oriente Próximo, e também grande diferença entre a condição de escravo na civilização greco-romana, quanto no período do Brasil colonial. O servo medieval, não era escravo como o da Antiguidade, ou como os africanos trazidos para o Brasil séculos mais tarde, pois ele estava preso a terra, não podia ser negociado, ou seja, não era uma mercadoria, pois mesmo quando ocorria a transferência da propriedade do feudo a um outro senhor, os servos permaneciam. Neste período, a igreja cristã tornou-se a instituição feudal mais poderosa de toda a Idade Média graças a sua incalculável riqueza e a hegemonia ideológica exercida na sociedade. Sua influência atingia os senhores feudais (a nobreza do país) e o seu representante máximo, o Rei. O símbolo dessa influência eram as obrigações que a nobreza tinha com o clero e, principalmente, na coroação do Rei, ocorria somente com a presença e permissão do representante máximo da igreja cristã no país. Porém, o aumento populacional experimentado pelos países, junto com as cruzadas – guerra e conquista de povos e territórios, bem como do solo sagrado, em nome do Deus católico -, permitiu o crescimento de uma nova classe dentro dessas sociedades, os comerciantes. O ímpeto comercial, presente no auge da época Clássica (com Grécia e Roma) havia sido substituído com a auto-suficiência que o feudo possibilitava. Porém, a capacidade do feudo era limitada para suprir as necessidades da crescente população, que foi obrigada a se aventurar pelo mundo. As cruzadas, e também as outras guerras, permitiram o movimento de soldados e mercenários em países com grandes riquezas comerciais, tais como ouro, prata, tapetes e outros. Isto, foi realizado com a permissão e o incentivo do Clero, em função da expansão islâmica que chegou à Europa, especialmente na Espanha e, também, com os Reis, interessados para aumentar suas posses. Tais transformações, especialmente ascomerciais da Baixa Idade Média (X d.C.- XV d.C.) levaram a transição do sistema feudal para o sistema mercantil, as mudanças nas relações de trabalho também ocorreram. As corporações de ofício proporcionaram modificação no processo produtivo. Surgiram as oficinas produtivas controladas pelo mestre artesão que detinha os meios e os modos-de-produção, e que passa a trabalhar diretamente com seus oficiais, trabalhadores assalariados. Surgem os jornaleiros, indivíduos que passam a trabalhar por jornadas de trabalho, a sociedade antes estamental (sem mobilidade e organizada pelo nascimento) tornou-se dividida em classes e a riqueza determinada não só pela terra, mas também pela moeda. Assim, os reinos e a divisão política da Europa começarama se estruturar, tomando a forma de organização político-econômica que nós já aprendemos. ONDE E QUANDO TUDO COMEÇOU A teoria mais aceita, atualmente, diz que o universo começou com uma grande explosão, no qual todos os materiais que compõem todos os objetos presentes em galáxias, estrelas e planetas existiam em uma quente e densa esfera. Com a explosão, conhecida como Big Bang (do inglês: Grande Explosão), liberouse desta esfera estes materiais que, com a mesma explosão, empurrou-as para todos os lugares.

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Isto teria acontecido há 15 bilhões de anos atrás, porém ainda hoje há reflexos dessa explosão. Uma das evidências que buscam comprovar esta teoria é a procura por determinar se o universo está crescendo ou diminuindo em tamanho, o que provaria que ele não é estável, logo, não se manteria igual durante o tempo todo. Porém, como explicar o motivo da explosão dessa esfera, densa e quente, para começar? Este é um debate que não tem previsão de acabar, pois existem e existirão diversas controvérsias. Contudo, isso não impede de tentar entender como surgiu o planeta Terra, pois esta é uma compreensão importante para a sua formação geológica. O primeiro passo é entender o tempo no qual a Terra é formada. Anteriormente foi falado que o Big Bang ocorreu há 15 bilhões de anos atrás. Qual é a sua referência para 15 bilhões de anos atrás? Para ajudar nessa questão, veja o calendário cósmico no quadro, desenvolvido por um importante cientista e astrônomo: Carl Sagan.

Calendário Cósmico: O modo mais didático que conheço para expressar essa cronologia cósmica é imaginar a vida de quinze bilhões de anos do universo (ou pelo menos sua forma atual desde a Grande Explosão) condensada em um ano. Em vista disso, cada bilhão de anos da história da Terra corresponderia a mais ou menos 24 dias de nosso ano cósmico, e um segundo daquele ano a 475 revoluções reais da Terra ao redor do Sol. Datas anteriores a Dezembro Grande Explosão 1º de janeiro Origem da Via Láctea 1º de maio Origem do Sist. Solar 9 de setembro Formação da Terra 14 de setembro Origem da Vida (Terra) 25 de setembro (...) Dezembro Primeiros Dinossauros Primeiros Mamíferos Extinção Dinossauros Primeiros Primatas Primeiros Humanos

24 de dezembro 26 de dezembro 28 de dezembro 29 de dezembro 31 de dezembro

31 de dezembro Primeiros Humanos 22h30min Império Romano; Nascimento de Cristo 23h59min56s Cruzadas 23h59min58s Renascimento Europa 23h59min59s (Adaptado de SAGAN, Carl. Os dragões do Éden.) Neste calendário, podemos ver que o planeta Terra só surge em 14 de setembro, ou seja, muito tempo depois do Big Bang. E, para surgir os primeiros seres humanos, foi somente no último dia do calendário cósmico. Uma vez entendido este calendário, avançamos na formação da Terra. Este, também, é um campo com muita discussão e controvérsias.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Portanto, iremos tratar apenas daquela que é mais aceita atualmente: a teoria da condensação. Nela, diz-se que a Terra e os outros planetas do Sistema Solar formaram-se através da condensação da matéria cósmica, ou seja, pedaços de rochas, de gelo, de gases que estavam presentes pelo universo, começaram a se juntar, numa grande nuvem, constituindo o Sol (na parte com mais gases) e os planetas, nas partes com maior concentração de rocha e gelo. Isto teria ocorrido a 4,6 bilhões de anos atrás. Ao decorrer do tempo, a atividade do Sol sobre os planetas era direta e forte, levando as rochas formadoras do planeta a se derreterem. O níquel e ferro, em grande quantidade naquele momento, se fundiram e formaram o núcleo da Terra, enquanto na superfície flutuavam oceanos de rocha incandescente. Depois, em torno de 4,0 bilhões de anos atrás, a crosta terrestre começou a adquirir forma, sendo que, no princípio, havia grande número de pequenas plaquetas sólidas, que flutuavam na rocha fundida. Porém, com o passar de milhões de anos, a crosta terrestre se tornou mais espessa, e os vulcões que entraram em erupção começaram a emitir gases, que formaram a atmosfera. Assim, quando o vapor de água finalmente se condensou, formaram-se os lagos, rios e oceanos. Então, por volta de 3,5 bilhões de anos atrás, a maior parte da crosta terrestre já estava formada, porém a configuração era muito diferente da atual. Não obstante, a Terra continuou e continuará em transformação. A crosta terrestre está dividida em enormes placas – as placas tectônicas sobre as quais falaremos mais adiante -, cujas bordas estão em constante atrito, resultando em diversas modificações. Sendo assim, os continentes estão sempre em movimento, em função das forças provenientes do núcleo da Terra. Não é possível citar as placas tectônicas sem falar da teoria da Deriva dos Continentes, que apesar de ter sido constituída no século XVI, ela só ganhou força no século XX, com sua publicação por um meteorologista alemão, conhecido como Alfred Wegener. Nesta teoria, o autor constrói sua argumentação através de elementos morfológicos, paleoclimáticos, paleontológicos e litológicos, resumindo, através de elementos que demonstravam haver inúmeras evidências de similaridades entre os continentes. Dentre elas, podemos citar a presença de um mesmo réptil terrestre, já extinto, de nome Cinognatus, na América do Sul e na África (se você reparar no contorno da costa leste da América do Sul e na costa oeste da África notará que há um encaixe entre os continentes). Há, também, outro animal extinto chamado Lystrosaurus que aparece na África, Índia e Antártida, reforçando a tese. Além disso, nos locais de possíveis encaixes entre os continentes, existem, também, similaridades na estrutura geológica.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Na figura acima, é possível verificar como teria sido a evolução da derivação (mudança) dos continentes ao longo de milhões de anos. Foi Wegener quem sugeriu que antes só existia um super continente, de nome Pangéia. Com o passar dos tempos, o mesmo foi se quebrando e se afastando, em função de terremotos ocasionados pela força do magma no interior da terra. Note que a configuração do Planeta Terra está em constante alteração, porém para realizar esta observação é necessário milhões e milhões de anos. Um fato interessante de se notar é a Índia. No período Pérmico, ela aparece entre o que seria a África, a Antártida e a Oceania mais ao lado. Nos períodos Triássico, Jurássico e Cretácio, ela se movimenta ‘fugindo’ desses três continentes, porém se aproximando da Ásia. Por fim, no presente, vemos que ela se junta ao continente asiático, numa região onde há inúmeros dobramentos modernos (ver quadro a seguir).

Fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/imagens/ Placas Tectônicas: A palavra tectônica deriva do radical grego tektoniké, que significa ‘arte de construir’. A imagem demonstra as diversas placas que formam a crosta terrestre e, também, o resultado de sua movimentação (orogênese), o processo no qual há a formação de montanhas ou cadeias de montanhas, nas áreas onde há atrito e/ou separação das placas tectônicas. Estes encontros são os momentos onde há terremotos e os dobramentos modernos. Há, também, a formação de vulcões nessas regiões, ou seja, surge uma ruptura na crosta terrestre que permite o magma (material no qual as placas tectônicas se movimentam) sair. Dobramentos Modernos: Este nome é dado às formações recentes (em termos geológicos – no fim da era Mesozóica e início da era Cenozóica – que trabalharemos no item seguinte) de montanha ou cadeias de montanhas, ocasionados pela movimentação e choque das placas tectônicas. Os exemplos são: os Andes, o Himalaia, as Rochosas, os Alpes e outros. Em função de sua formação recente, estas montanhas e suas cadeias apresentam grande instabilidade, ocorrendo à ação de terremotos e vulcões, gerando e destruindo novas montanhas. Também, essas montanhas apresentam elevadas altitudes e pouco desgaste ocasionado pela a ação da erosão.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS AS ERAS GEOLÓGICAS Após a formação da Terra, temos o começo das eras geológicas. Mas o que seriam essas eras geológicas? No intuito de criar uma metodologia para estudar todas as transformações pelas quais o planeta atravessou, foram estipulados algumas Eras, Períodos e Épocas que determinavam certas mudanças físicas ou mudanças na composição da vida animal e vegetal. Assim, cada grande momento de transformação nas estruturas geológicas do planeta, está representado nela, bem como, os eventos concomitantes a essas mudanças, especialmente na parte da vida animal e vegetal. Segue, a seguir, um breve resumo das Eras, da parte geológica e da vida animal e vegetal:

• Era Mesozóica É a era posterior à paleozóica e a antecessora da cenozóica. É bastante conhecida como a Idade dos Répteis por causa do aparecimento dos dinossauros neste período, além de moluscos e outros. O clima do planeta neste período era quente, uniforme e tendia para o resfriamento dos pólos. Já se podia observar a formação dos continentes do sul (ver no quadro da Pangéia, os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo). Seu período de duração foi entre 140 e 160 milhões de anos. Durante estes períodos ocorrem grandes transformações no cenário do planeta como a extinção dos dinossauros, a proliferação dos ancestrais dos moluscos, que também foram extintos, o surgimento das aves, peixes, mamíferos e plantas angiospermas.

• Era Pré-Cambriana É a era mais antiga que se conhece, não podendo afirmar com precisão o seu início, mas acredita-se que esta se prolongou por 4 bilhões de anos. Esta data se fez conhecida através de estudos baseados na radioatividade, que consegue detectar a perda de partículas em átomos instáveis. Também marca o início da vida no planeta que são mostrados em fósseis de 2 bilhões de anos originados de algas, medusas, bactérias e etc.

• Era Cenozóica É a era posterior à mesozóica que se iniciou a 60 milhões de anos. Marca o surgimento da vida humana sobre a Terra e o aperfeiçoamento das espécies já existentes. Observa-se a formação de Alpes, Andes e do Himalaia a partir da grande movimentação vulcânica e o grande número de mamíferos que passam a dominar a Terra após a extinção dos dinossauros. Os mamíferos se espalham com facilidade em todo o território. É importante observar que cada Era comporta milhões de anos. Isso acontece devido ao longo período de maturação e de transformação dos elementos para a sustentação da vida. Uma vez normalizado, as mudanças passaram a ocorrer com uma maior velocidade, mas ainda sim, em uma escala de tempo enorme (milhões de anos).

Para relembrar... Briófitas: São plantas que não possuem um sistema vascular, ou seja, não têm caule e folhas. Assim, se desenvolvem em locais úmidos e com proteção à luz solar. Ex.: musgos. Pteridófitas: Possuem um sistema vascular, com caule e folhas. Porém não possuem sementes, reproduzindo através de esporos, como as briófitas. Ex.: samambaias. Gimnospermas: São plantas vasculares e com sementes, porém não há proteção, ou seja, não há polpa. As sementes ficam envoltas de uma estrutura cônica, parecida com a pinha. Ex.: Araucária. Angiospermas: São plantas vasculares, com as suas sementes protegidas por frutos ou flores. Ex.: roseira, feijão e outros.

A VIDA A seguir, vemos uma imagem que representa as Eras Geológicas relacionadas, especialmente, na parte da Evolução Biológica e outros fatores, como a glaciação, a orogênese e a paleogeografia. Com ela, podemos acompanhar qual foi o caminho percorrido, dos primeiros vestígios de vida, há 3,5 bilhões de anos, até os dias atuais. As mudanças que ocorreram, com o resfriamento da crosta, a formação da atmosfera, dos oceanos, das grandes florestas, contribuíram para o desenvolvimento da vida nos seus diversos estágios e nas suas diversas relações. Um exemplo interessante está relacionado aos dinossauros e os primeiros mamíferos. Os dinossauros surgiram no período Triássico, caracterizando uma nova Era: a Mesozóica. Já os primeiros mamíferos só foram surgir no período Cretáceo, na mesma Era.

• Era Paleozóica É a era posterior à pré-cambriana e antecessora da era mesozóica. Neste período que durou entre 325 e 280 milhões de anos, surgiram os primeiros animais invertebrados, isto é, sem esqueleto interior. Neste período rodeado de transformações está registrada a existência da grande extinção de espécies que chegou a 90%. Também se pode destacar a formação da Pangéia, no período Pérmico, a partir de vários blocos de rochas menores que se colidiram.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Durante este período, houve a dominância dos dinossauros. Contudo, após milhões de anos, esta dominância acabou e, com ela, acabou-se mais uma Era e, claro, iniciou-se outra: a Era Cenozóica. O domínio da mesma está representado pelos mamíferos (período no qual ocorreu uma grande diversificação de espécies). Uma delas foi o surgimento dos primeiros hominídeos. A imagem ao lado mostra a evolução final dos hominídeos, conhecida como homo sapiens. Esta foi a espécie que melhor se adaptou à natureza, conseguindo garantir a sua sobrevivência perante os desafios da natureza e das outras espécies. Assim, no período Holocénico, o domínio no planeta ficou restrito a uma espécie de mamíferos, o homo sapiens.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS TEXTOS COMPLEMENTARES 1. Trabalho escravo no Brasil. “Durante minha gestão no Ministério, as denúncias provinham do interior do Piauí, do Maranhão, do Pará, do Amazonas e do Mato Grosso. Havia também situações de desrespeito até no estado de São Paulo, principalmente relativas ao pessoal que trabalhava na extração de resinas – de árvores – no sudoeste paulista, na região do Pontal do Paranapanema, onde a organização era menor e as cidades praticamente inexistiam. Os trabalhadores trabalhavam embrenhados no mato e o trabalho escravo acontecia. Algumas características podem ser citadas. Além de não haver organização dos trabalhadores, ou seja, sindicatos, há muita ignorância. Trata-se de pessoas que não são da região, normalmente contratadas em outros locais. A essas pessoas é prometida uma recompensa em termos de rendimento, que as atrai e que sempre funciona como estímulo para continuar na região. A organização do trabalho, que é rudimentar, precisa de feitor, do carrasco, para manter a disciplina. O trabalho tem de ser feito e a pessoa não pode fugir dele. A disciplina é obtida por débitos que o trabalhador mantém com o barracão, pela passagem adquirida para seu deslocamento até o local de trabalho, por algum adiantamento que lhe foi fornecido anteriormente. “A partir daí, é obrigado a exercer suas funções de acordo com o que, aparentemente, era um contrato verbal estabelecendo tais condições – derrubar tantos hectares de mata, ou exercer algum tipo de atividade desse naipe.” DEPOIMENTO DE WALTER BARELLI e RUTH VILELA Fonte: http://www.scielo.br/pdf/ea/v14n38/v14n38a02.pdf 2. Filosofia e educação: contra a servidão “La Boétie, no século XVI, diferenciou obediência e servidão. Na primeira, um povo é vencido e conquistado pela força, o conflito resolve-se pela coerção das armas. O enigma encontra-se no lado oposto, na servidão, quando ‘se vê um número infinito de pessoas não a obedecer, mas a servir’. Não se submetem por medo da morte – pois se prontificam ‘a apresentar-se corajosamente à morte’, a dar sua vida por um príncipe, um partido ou uma causa qualquer. Na servidão, o próprio impulso de autoconservação se esvai. Se medo há, ‘este não é medo da morte física; é medo da indeterminação que nos habita [...] e que tem sua fonte em nossa liberdade’. Pensar é o contrário de servir: ‘não pensar não significa não querer pensar, mas querer não pensar’. Servir é, portanto, fruto de um esforço’...” Baseado nos textos responda: a) Relacione os textos. O que leva pessoas a se subordinarem a outras? b) De que forma o autor diferencia obedecer de servir? c) No seu entender, o que faz com que um povo aceite a condição de escravidão ou de servidão SUGESTÃO PARA PESQUISA Formação das cidades. Busque identificar as cidades européias que ainda possuem características das estruturas feudais e compará-las com suas estruturas atuais.

AGORA É A SUA VEZ! 1- “O Homem transforma a natureza com ferramentas que foram produzidas por ele [...] podemos dizer que dá fragilidade nasceu sua força”. a) O que o autor quis dizer com a frase:”...da fragilidade nasceu à força”? b) Qual a importância, para o ser humano, da construção dos instrumentos de trabalho? 2- Defina modo-de-produção, e diferencie escravidão de servidão. 3- De que forma o modo-de-produção pode interferir na formação social? 4- (Enem 2008) Ao visitar o Egito do seu tempo, o historiador grego Heródoto (484 – 420/30 a.C.) interessouse por fenômenos que lhe pareceram incomuns, como as cheias regulares do rio Nilo. A propósito do assunto, escreveu o seguinte: “Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do verão e subindo continua durante cem dias; por que ele se retrai e a sua corrente baixa, assim que termina esse número de dias, sendo que permanece baixo o inverno inteiro, até um novo verão. Alguns gregos apresentam explicações para os fenômenos do rio Nilo. Eles afirmam que os ventos do noroeste provocam a subida do rio, ao impedir que suas águas corram para o mar. Não obstante, com certa freqüência, esses ventos deixam de soprar, sem que o rio pare de subir da forma habitual. “Além disso, se os ventos do noroeste produzissem esse efeito, os outros rios que correm na direção contrária aos ventos deveriam apresentar os mesmos efeitos que o Nilo, mesmo porque eles todos são pequenos, de menor corrente.” Heródoto. História (trad.). livro II, 19-23. Chicago: Encyclopedia Britanica Inc. 2.ª ed. 1990, p. 52-3 (com adaptações). Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de alguns gregos para os fenômenos do rio Nilo. De acordo com o texto, julgue as afirmativas abaixo. I Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem-se ao fato de que suas águas são impedidas de correr para o mar pela força dos ventos do noroeste. II O argumento embasado na influência dos ventos do noroeste nas cheias do Nilo sustenta-se no fato de que, quando os ventos param, o rio Nilo não sobe. III A explicação de alguns gregos para as cheias do Nilo baseava-se no fato de que fenômeno igual ocorria com rios de menor porte que seguiam na mesma direção dos ventos. É correto apenas o que se afirma em: A I. B II. C I e II. D I e III. E II e III.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 5- A liberdade não depende da classe social. O amo pode reter seu escravo, mas não pode obrigá-lo a pensar algo que não queira. Conforme o texto: a) A liberdade é indivisível e não depende da classe social. b) A liberdade para pensar não é uma escolha e independe da classe social c) O pensamento independe da liberdade e da classe social. d) O pensamento não é uma escolha. e) A classe social determina o pensamento dos indivíduos. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício referente aos textos complementares: a) A ignorância, a falta de organização e a ilusão. b) Obedecer acontece através da coerção e servir acontece por vontade própria. c) Resposta pessoal Exercícios 1- a) Que o ser humano para sobreviver teve de criar ou construir seus próprios meios de defesa. b) A partir das suas construções passou a dominar a natureza. 2- Forma como se organiza a produção de riquezas numa sociedade. Na escravidão os indivíduos são propriedade de um senhor funcionando como instrumento de trabalho. Na servidão o indivíduo estabelece uma relação diferenciada, não podendo ser trocado ou comercializado 3- A partir do momento que pode proporcionar riquezas e relações de domínio. 4- Resposta A 5- Resposta C PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: O Nome da Rosa. Diretor: Jean Jacques Annaud Filme: Cleópatra. Diretor: Joseph L. Mankiewicz PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Interpretar diferentes representações do espaço geográfico e dos diferentes aspectos da sociedade. • Identificar os significados históricos das relações de poder entre as nações. • Analisar os processos de transformação histórica e seus determinantes principais. • Comparar o significado histórico da constituição dos diferentes espaços. • Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 3 MODOS DE VER A PRODUÇÃO NO BRASIL COMPREENDER O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE COMO PROCESSO DE OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS FÍSICOS E AS RELAÇÕES DA VIDA HUMANA COM A PAISAGEM. As transformações no modo-de-produção e a necessidade da organização produtiva modificaram as relações na Europa, a partir do século XV. O modo de vida rural foi substituído pelo urbano e houve total retomada do comércio devido à concentração das pessoas na cidade. Grande parte dessa mudança ocorreu em função do modo de viver da burguesia, classe comerciante, e das necessidades mercantis imposta pelas novas estruturas política, com a centralização do Estado através do absolutismo monárquico; social, com a sociedade dividida em classes; e econômica, através do mercantilismo. Mercantilismo: Conjunto de práticas comerciais que propõe a grande arrecadação de metais e pedras preciosas. Características: • Estado interfere na economia. • Balança comercial favorável, ou seja, exportar mais do que importar. • Protecionismo, fortalecimento da economia reprimindo a concorrência.

Absolutismo: Poder centralizado nas mãos do rei validado pela igreja. O rei passa a ser a personificação do próprio Estado. Foi uma forma de governo predominante na Europa entre os séculos XVI e XVIII.

Fonte: cafehistoria.ning.com As idéias mercantilistas modificaram as estruturas econômicas européia, a partir do século XV e, consequentemente, transformaram também o padrão mundial de consumo, de ocupação do solo, o modo-de-produção e o de sobrevivência. Suas práticas comerciais exigiam cada vez mais produtos o que demandava cada vez mais mão-de-obra e matérias-prima para produção. Como conseqüência, o trabalho escravo passa a ser uma prática e a busca constante por novos mercados, especiarias e novas terras, uma febre. Quanto mais a população crescia maiores eram as necessidades comerciais e a busca por riquezas. As exigências ultrapassaram o campo material e ocuparam também o campo das idéias, à medida que as cidades se desenvolviam a busca por conhecimento científico e artístico e por novas técnicas produtivas crescia na mesma proporção levando às descobertas científicas que fizeram os Homens atravessarem o oceano em busca de novas terras. Vimos florescer então, na Europa, o movimento Renascentista, que teve como princípios a valorização do Homem (humanismo), das artes e da ciência através da construção de um novo saber cujo centro fosse a racionalidade. Esse modo de viver tinha como modelo as concepções da Antiguidade Clássica, Greco-romana, e proporcionou uma interpretação também diferenciada do mundo. A religiosidade, que por muito tempo dominou o modo de pensar e de agir das pessoas, passa a ser contestada pela racionalidade, e as descobertas científicas vão levar à Expansão Marítima e, consequentemente, aos grandes “descobrimentos” e a europeização do mundo, ou seja, ao primeiro processo de globalização, quando as atividades mercantis passam a ocorrer em escala mundial. Diante desse quadro, estruturou-se uma nova ordem socioeconômica denominada por alguns estudiosos de capitalismo comercial ou capitalismo mercantil, com a acumulação progressiva de riquezas que abriram caminho para a industrialização dos séculos XVIII e XIX.

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Economia Globalizada: As viagens que levaram a ocupação de novas terras; a conquista de povos, até então desconhecidos; e ao estabelecimento de rotas comerciais em vários pontos do planeta. A Europa passa a dominar a economia mundial e imperar sobre as demais regiões. Até 1492 a Europa pode ser interpretada como mera periferia do mundo muçulmano. Com poucas cidades, riqueza escassa, população relativamente pequena, arte e ciência submetidas ao domínio da igreja. O Império Árabe dominava as principais rotas de comércio, o Mar Mediterrâneo e os conhecimentos náuticos. Somente após os grandes descobrimentos, no período denominado Idade Moderna, com a ocupação de novos territórios, com descobrimento de novas rotas comerciais e com a submissão dos povos conquistados que essa condição européia mudou. De periferia passa a ocupar uma posição mais central no cenário mundial, eurocentrismo. Europa como centro do universo, e geradora de todo o conhecimento que deveria ser imitado pelos povos conquistados e para que se desenvolvessem precisavam ser “civilizados” seguindo o padrão europeu. AS MUDANÇAS COM A EXPANSÃO MARÍTIMA. Desafiar os oceanos não foi coisa fácil, não implicava só no conhecimento científico, mas também, em grande investimento e nem todos os reinos europeus possuíam condições financeiras para tanto. Além disso, havia um grande medo do Oceano, ambiente hostil, cercado por mistérios, contos e fantasias. Portugal e Espanha foram os pioneiros na expansão marítima. Alguns fatores contribuíram muito para isso, dentre eles temos, a localização geográfica - Península Ibérica (em destaque no mapa ao lado) – e o fato de que não estavam em guerra como França e Inglaterra, a chamada Guerra dos Cem Anos, portanto podiam investir em tecnologia e já haviam consolidado sua monarquia.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Iberian_map_europe.svg

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O BRASIL NO CONTEXTO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES. Vendo apenas a História européia, tem-se a impressão de que o Brasil, ou mesmo o resto do mundo, estava parado no tempo esperando a chegada dos europeus para fazerem parte da História mundial. Essa idéia faz com que esqueçamos nossa própria origem, interferências e participação na História Mundial. Quem somos nós no contexto mundial? Somos fruto de construções, miscigenações e interações entre povos diferentes e no caminhar da nossa existência formamos o que denominamos civilização, povo ou Nação brasileira, contribuindo para a construção de uma História Universal. Enquanto a Europa movimentava-se para ocupar novas terras e ampliar seus domínios, na América outros povos faziam sua existência com características, culturas, modo-de-vida e de produção próprios, os índios. Foram os portugueses quem ocuparam as terras brasileiras. Chegaram em 1500, com a esquadra de Pedro Álvares Cabral, e implantaram seu modelo europeu de administração. O Brasil tronou-se colônia de Portugal, cabendo a ele, através do pacto colonial, fornecer a matéria-prima necessária para o desenvolvimento do modelo mercantilista instaurado na Europa, portanto os portugueses esperavam encontrar ouro e pedras preciosas nas regiões ocupadas. Como isso não ocorreu, as terras brasileiras deixaram de ser o principal interesse dos colonizadores, que chegaram no Brasil em 1500, mas só foram ocupá-lo de fato em 1530. Calcula-se que a população indígena no Brasil, também conhecidos como brasilíndios, no momento da chegada dos portugueses girava em torno de 6 milhões. Hoje encontramos apenas 200 mil. São várias as teorias que tentam justificar a origem dessas comunidades no território brasileiro, a mais aceita é a que grupos humanos aos poucos e em sucessivas levas migraram do Oriente e atravessaram o Estreito de Bering.

Os primeiros grupos humanos a chegar atingiram o Alaska e atravessaram a América. Com o passar do tempo foram se espalhando pelo continente, formando suas comunidades com características específicas influenciadas pelo território que dominavam. Há teorias que exploram as possibilidades de alguns bandos terem chegado ao Brasil através do Oceano Atlântico, vindos da África. Porém, são teorias que permanecem ainda em estudos. No caso brasileiro, podemos notar a existência de comunidades ainda em primitivo estágio de desenvolvimento, os indígenas viviam da caça, da pesca e da agricultura, os grupos lingüísticos eram os mais variados, foi com os Tupis que Cabral estabeleceu o primeiro contato, e foram eles a primeira mão-de-obra explorada no Brasil. Em parte, o extermínio dessas comunidades ocorreu devido a essa exploração. A organização produtiva no Brasil necessitava de mão-de-obra, Portugal era um reino que não ultrapassava muito mais do que um milhão de habitantes, não havia população suficiente para enviar para fora do país. A opção foi pela escravização da população local. Além da mortandade causada pela escravidão, tanto na perseguição quanto na imposição de trabalho pesado, aqueles que sobreviviam eram obrigados a assumir o modo de vida dos europeus. Esta imposição dava-se através da catequização, imposta pelo colonizador e pelos jesuítas, forçando as comunidades indígenas a abandonarem suas origens e raízes para assumir a cultura européia, resultando na desintegração de suas culturas. Esse processo é chamado de aculturação. Se por um lado, a catequização, auxiliou na consolidação de uma civilização mestiça no Brasil, por outro, através da imposição do catolicismo, fazia com que as comunidades indígenas aceitassem sua condição de submissos.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Inicialmente, os índios retiravam das matas o pau-brasil, produto que determinou o primeiro ciclo econômico brasileiro. O pau-brasil interessava ao comércio europeu pela tinta em tom avermelhado que era retirada dele para tingir tecidos, a princípio o escambo (troca de produtos ou serviços por quinquilharias) era a forma de pagamento. Ele era encontrado na floresta que é conhecida, atualmente, como Mata Atlântica. A presença da árvore era verificada a partir do Rio de Janeiro até o estado do Rio Grande do Norte, passando por Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Paraíba. A retirada dessa árvore foi tão intensa que se tornou difícil de encontrar na natureza, impedindo a sua exploração. Contudo, por ser uma exploração de um tipo de árvore só, não houve uma devastação sistemática da Mata Atlântica.

Fonte: http://www.jornaldosamigos.com.br/ mata_atlantica.jpg

A foto ao lado representa a árvore na sua idade adulta. Com a introdução da cana-de-açúcar, ocorre o segundo ciclo econômico brasileiro, a necessidade de mão-de-obra aumenta ainda mais, as comunidades indígenas foram amplamente utilizadas para suprir a carência produtiva, porém a fraca resistência dos índios com relação as doenças trazidas pelo europeu determinou o extermínio de grande parte da população. Além disso, a necessidade de espaço para produção, que deslocava ou dizimava comunidades inteiras fizeram com que ocorresse o desaparecimento quase que completo dos grupos indígenas, principalmente daqueles que viviam no litoral. Comparado com o pau-brasil, a cana-de-açúcar foi diferente. A atividade já era mais extensiva, retirando terras de indígenas, como já foi visto, e com a destruição de porções da Mata Atlântica, especialmente em Pernambuco e São Paulo. Em Pernambuco a destruição ficou na Zona da Mata, região onde ocorrem chuvas com freqüência. Esta Zona da Mata se estende por quase todo o litoral nordestino, com seu limite na Serra da Borborema. Seu solo é fértil, conhecido como massapé, permitia alta produtividade na produção de açúcar. No engenho, havia partes em que o Senhor usava a terra para produzir alimento para consumo próprio, como: milho, mandioca, feijão e frutas e, também, de pasto para gado. Na próxima figura, vemos a atual situação da Mata Atlântica, comparada com a situação da mesma na época do descobrimento

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A devastação observada no Nordeste ocorreu em função da exploração da cana, do advento das cidades e, posteriormente, das usinas que produzem álcool combustível e açúcar. Em São Paulo, a cana-de-açúcar poderia ter penetrado mais, contudo não havia sido explorado o interior do Brasil. Sendo assim, concentrou-se no litoral a produção de cana, com muitos prejuízos à Mata Atlântica. Porém, neste Estado, há uma diferença: há terras cultiváveis além da Serra do Mar. Ao contrário do Nordeste, onde a Serra da Borborema é um obstáculo para a entrada de frentes úmidas no interior do Estado de Pernambuco (e os outros), o mesmo não ocorre em São Paulo. Há outras frentes úmidas, vindas do Sul, que conseguem penetrar e tornar o solo produtivo. Tanto que a Mata Atlântica cobria quase a totalidade de São Paulo e dos Estados do Sul, conforme a figura anterior. Estas características permitiram uma expansão da agricultura pelo Estado de São Paulo, com preferência ao Café e, posteriormente, a cana-de-açúcar se torna novamente importante (principalmente na Ditadura Militar, com o programa do Proálcool).

Proálcool ou Programa Nacional do Álcool: Desenvolvido durante a ditadura militar, tinha como objetivo diminuir/eliminar a dependência brasileira do petróleo como combustível para automóveis, frente ao crescente valor do mesmo. Para tanto, foi escolhido a cana-deaçúcar para se obter o etanol, o combustível que substituiria o petróleo. Hoje em dia, não existe quase nada da Mata Atlântica em São Paulo. Cidades e fazendas (das mais diversas culturas) levaram ao fim dela. Sobrando alguns pontos de preservação, onde sobrevive um pouco da sua fauna e flora.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS “PF vai responsabilizar pistoleiros” por conflito em terra indígena de Roraima, diz Tarso HUDSON CORRÊA enviada da Folha de S.Paulo à Vila do Surumu (RR) 07/05/2008. O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem --dentro da fazenda onde índios foram feridos anteontem na reserva Raposa/Serra do Sol em Roraima-- que a Polícia Federal vai “responsabilizar os pistoleiros” que feriram os índios. Escoltado por ao menos 20 policiais e protegido por helicóptero que fazia sobrevôos em círculos com um atirador na porta, Tarso chegou, foi cercado por índios e disse: “Estamos aqui para fazer uma investigação e responsabilizar as pessoas que causaram esse incidente grave. Confiem no trabalho da PF e da Força Nacional”. “O senhor quem é?”, perguntou o líder macuxi Djacir Merequior da Silva. “Sou ministro da Justiça do país”, disse Tarso. “Como é o nome do senhor?”, disse Djacir. “Tarso Genro”, respondeu o ministro, que veio de helicóptero de Boa Vista, desceu em Vila do Surumu e foi ao local onde os índios montaram 20 barracas anteontem. Tarso pediu calma aos índios, mas ouviu que eles vão recuperar a terra “na lei ou na marra”. Cerca de cem indígenas permanecem na fazenda. O índice de mortalidade entre os indígenas após o contato com os europeus na América foi muito grande. Doenças como gripe, sarampo e varíola dizimaram comunidades inteiras. Ainda hoje, várias populações indígenas sofrem com as péssimas condições de saúde, devido ao precário atendimento a que estão sujeitos, por estarem à margem do sistema social. Além da questão saúde, outros problemas aparecem com grande freqüência, como por exemplo o direito a terra. Os conflitos pela ocupação das terras demarcadas para ocupação indígenas fazem parte até hoje da História brasileira. CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL COLONIAL Por medo de perder as terras brasileiras, Portugal passa a organizar expedições exploradoras com o objetivo de fundar feitorias e expulsar os contrabandistas de madeira que freqüentavam o litoral brasileiro. Havia necessidade de colonizar definitivamente as terras já ocupadas o que não era tarefa fácil, devido à extensão do território. Era preciso muito investimento, grande número de trabalhadores e principalmente de um produto que fosse conhecido, lucrativo e de fácil adaptação ao clima e ao solo. A cana-de -açúcar atendia a quase todas as exigências, já era um pro-

duto conhecido e necessário na Europa, e os portugueses já produziam nas colônias africanas. Faltava ainda resolver dois problemas, um com a mão-de-obra, já que o trabalho indígena não se mostrou eficiente, e outro com a forma de ocupação territorial para o plantio. Entre 1534 e 1536, as terras brasileiras foram dividias em Capitanias Hereditárias e doadas a seus respectivos senhores, chamados de donatários. No total foram 15 lotes de terras, latifúndios, e em cada um deveria funcionar um engenho. Desses lotes, apenas dois se tornaram de fato produtivos, um em São Vivente, outro em Pernambuco. O engenho era a unidade produtiva, nele ocorria a vida da colônia, desde a preparação dos produtos que seriam encaminhados à metrópole até os demais produtos necessários à sobrevivência da Capitania. Exigia um grande número de trabalhadores, daí a opção pelo trabalho escravo, a princípio o indígena nativo e posteriormente, o africano. O tráfico de escravos africanos Além do fato dos jesuítas protegerem os indígenas com a catequese, outro fator favorecia o tráfico de escravos africanos, seu lucrativo comércio. A coroa portuguesa não conseguia controlar a compra e venda dos índios, pois o aprisionamento deles nem sempre era declarado, já o escravo africano entrava no país pelo porto o que proporcionava o monopólio (controle) sobre o tráfico, além disso, muitas vezes os escravos eram trocados por produtos produzidos no Brasil, como tabaco, algodão ou mesmo aguardente, o que garantia maior lucro. Foi a mão-de-obra escrava que possibilitou a implantação da indústria canavieira. Os Navios Negreiros eram também chamados de tumbeiros, porque transportavam os escravos nas piores condições, causando a morte de muitos no caminho. Chegando ao Brasil eram expostos e ofertados em praças públicas.

Fonte: Rugendas, Biblioteca Municipal de São Paulo CICLO DO OURO: TERCEIRO CICLO ECONÔMICO NO BRASIL O ouro foi encontrado no Brasil no final do século XVII, em Minas Gerais, os bandeirantes, indivíduos que se infiltravam no interior do Brasil buscando, além de reconhecer o território e procurar ouro, aprisionar índios para comercializá-los como escravos. A atuação desses bandeirantes foi fundamental para a ocupação do interior brasileiro.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Dessa forma realizava-se o grande sonho português, pois a produção açucareira já se apresentava em crise. Com a descoberta do ouro a população brasileira que no final do século XVII compreendia cerca de 300 mil pessoas, cresceu para 3 300 000 no final do século XVIII. Multiplicaram-se os povoados e cidades, surgiram os mais variados serviços e a sociedade enriqueceu abrindo espaço para o surgimento de uma vida urbana. A ocupação e o povoamento da região obrigaram a abertura de estradas e caminhos que ligassem o interior ao litoral, ou seja, a região das minas ao porto do Rio de Janeiro, com isso um novo eixo econômico surgiu e determinou a transferência da capital, que antes era Salvador, para o Rio de Janeiro em 1763. A integração econômica das várias regiões foram favorecidas pelas tropas de mula que cruzavam o interior para levar não só o ouro mais as mercadorias para comércio. Vila Rica (hoje atual Ouro Preto) tornou-se a principal cidade das minas e declarada capital de Minas Gerais. A descoberta do ouro proporcionou também a intensificação do comércio, ampliação do mercado consumidor e a sociedade passou a contar com um número muito maior de artesãos, comerciantes, pequenos proprietários, funcionários públicos e profissionais liberais. Os mineradores ricos enviavam seus filhos para as universidades européias e a sociedade passou a contar com um número maior de intelectuais, trazendo uma nova mentalidade que serviriam mais tarde para abalar as estruturas políticas brasileiras. Apesar da presença de alguns homens livres, ou mesmo de escravos forros, aqueles que conseguiam a Carta de Alforria, a mão-de-obra permanecia escrava, as condições de trabalho eram péssimas e a vigilância constante. A expectativa de vida daqueles que trabalhavam nas minas era baixa devido às doenças a que estavam sujeitos. Muitos não ultrapassavam 12 anos de atividade e as fugas eram constantes, o que proporcionou a existência de vários quilombos em Minas Gerais. Desde a descoberta das primeiras pedras de ouro pelos bandeirantes, nunca mais se parou de procurar ouro. Ainda hoje, milhares de pessoas – garimpeiros – vivem de forma perigosa como mergulhadores de rios para extração do ouro, ou mesmo nas encostas dos morros ou barrancos na tentativa de encontrar o metal. As mortes não são raras devido aos abusos cometidos em nome da extração. Além disso, temos as doenças e a degradação do meio ambiente devido a utilização inadequada de produtos químicos, como o mercúrio utilizado na separação entre ouro e impurezas. As invasões de terras indígenas são consideradas as principais causas do alto índice de mortandade nesse setor.

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CICLO DO CAFÉ: QUARTO CICLO ECONÔMICO DO BRASIL Durante o Império e os primeiros tempos da República, a principal riqueza brasileira era o café. Entrou no Brasil no início do século XVIII, pela região norte, trazido das Guianas. Espalhou-se pelo território nacional e o seu cultivo ganhou força nos subúrbios do Rio de Janeiro, próximo ao vale do Paraíba. Em 1880, sua produção era a maior do mundo, essa expansão física e econômica ocorreu devido a crescente demanda externa e a disponibilidade de recursos internos como mão-de-obra, terras e meios de transporte subutilizados das lavouras canavieiras e também, dos recursos da mineração e do tráfico de escravos.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O plantio de café, que começou no Rio de Janeiro, encontrou logo sua limitação: Os produtores sofriam com a falta de espaço para expandir suas plantações. Então, os novos produtores começaram a levá-lo para outros lugares, com grande destaque para o interior paulista, sul de Minas Gerais, Espírito Santo e, posteriormente, Norte do Paraná. Esta região detinha o clima adequado para a produção de café, com temperaturas medianas (entre 18º a 25º), um inverno não muito rigoroso e um verão não muito forte, chuvas regulares (seca de no máximo de 3 meses), uma altitude mínima de 500 metros e um solo fértil. Estas características estão presentes em todos os estados citados, porém um fator faz a diferença, a terra roxa. Assim, com a maior procura pelo café no exterior, a produção de café disparou no interior paulista, substituindo a cana-de-açúcar onde ela já havia alcançado e expandiu as terras cultiváveis paulistas, através da devastação da Mata Atlântica. Essa expansão levou à criação de novas cidades, o que transformou terrenos, antes naturais, em pequenas cidades, onde a economia local girava em torno das grandes fazendas, que estavam ligadas aos maiores centros através da ferrovia.

Terra Roxa: é um tipo de solo bastante fértil, caracterizado por ser o resultado de milhões de anos de decomposição de rochas de um derrame vulcânico. É caracterizado pela sua aparência vermelho-roxeada inconfundível, devido a presença de minerais. No Brasil, esse tipo de solo aparece nas porções ocidentais dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, sul e sudoeste de Minas Gerais e sudeste do Mato Grosso do Sul, destacando-se, sobretudo nos últimos três estados - São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sulpor sua qualidade. O nome terra roxa é dado a esse tipo de solo, devido aos imigrantes italianos que trabalhavam nas fazendas de café, referindo-se ao solo com a denominação Terra rossa, já que rosso em italiano significa vermelho. E, devido a similaridade entre essa palavra, e a palavra “roxa”, o nome “Terra roxa” acabou se consolidando.

Até antes do advento da ferrovia, o transporte de cargas no Brasil era feito com mulas e burros, através de estradas carroçáveis. Estima-se que, em Santos, chegavam anualmente 200 mil animais transportando café e outros produtos agrícolas e retornavam com as mercadorias importadas para São Paulo e outras regiões. A ferrovia só ganhou destaque através do empresário Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), conhecido como Barão de Mauá, que conheceu na Inglaterra as fábricas, fundições de ferros e a ferrovia (elementos presentes na Revolução Industrial), e decidiu trazer a industrialização para o Brasil. Sua iniciativa foi agraciada com a construção do primeiro trecho de ferrovia, ligando a Praia de Estrela, na Baía de Guanabara à Raiz da Serra de Petrópolis, conhecida como a Estrada de Ferro de Petrópolis. Contudo, as construções de ferrovias no Brasil atendiam aos interesses dos produtos de café (produto que financiava as ferrovias, junto com o Estado brasileiro), renegando o transporte intermunicipal e interestaduais de pessoas e mercadorias. A lógica das ferrovias era de buscar o café nas principais fazendas produtoras e encaminhar o produto aos portos para serem exportados. Isso tornava as ferrovias menos eficientes, pois eram necessários diversos desvios até o destino final. As ferrovias garantiram a continuidade da produção e exportação do café brasileiro, dando-lhes uma grande vantagem logística, porém as regiões produtivas do Brasil se mantiveram longe uma da outra e com difícil acesso. A utilização de carroças, através de precárias estradas, impedia um maior intercâmbio entre as cidades, de pessoas e mercadorias e a ferrovia era a solução ideal para a época.

ANO

EXTENSÃO (KM)

1854

16,10

1873

1.011,70

1884

6.116,00

1888

9.200,00

1889

9.538,00

1922

29.000,00

1940

34.207,00

1953

37.200,00

A evolução das ferrovias no BR. Assim, o sucesso das lavouras cafeeiras fez com que as oligarquias agrárias mantivessem seu poder principalmente quanto à ocupação das terras que ocorria ou por meio da posse ou mesmo da força. Os abusos da ocupação da terra por posse eram constantes, foi necessário criar um mecanismo para regulamentação, fiscalização e demarcação da propriedade. Em 1850 foi criada e aprovada pela Assembléia Geral do Império a Lei de Terras, que regulava a destinação das terras devolutas (ociosas) que só poderiam ser adquiridas legalmente por compra.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Na prática, a lei não impediu a invasão e a “grilagem” de terras devolutas pelo país afora. Como consequência direta ocorreu o aumento e a concentração de terras nas mãos de uma elite que dificultava tanto as classes mais pobres, quanto os pequenos proprietários de terem acesso a terra. Com isso reforçou-se o predomínio da agricultura de exportação o que prejudicava o abastecimento interno. Essa herança colonial ainda se manifesta em algumas regiões brasileiras.

História e Meio Ambiente Um dos problemas com o plantio de café foi o desmatamento e a ocupação desenfreada da Mata Atlântica. Nas plantações no Rio de Janeiro, por exemplo, os terrenos de cultivo mais antigo não eram replantados, mas sim abandonados, e novas faixas de terra eram então limpas para manter a produção. Quanto mais o café avançava maior era o rastro de terras e montanhas devassadas. O enriquecimento proporcionado pelo café no século XIX fez do Brasil um país que balançava entre o velho, conservando a herança colonial, e o novo tentando acompanhar a modernidade capitalista e burguesa. Por um lado buscava acompanhar os avanços tecnológicos para implantar a indústria, por outro, mantinha valores decadentes do passado como a escravidão negra. Aliás, esse era o ponto fraco do processo produtivo cafeeiro. A produção cafeeira era extensiva e necessitava de força braçal, não da técnica. O tráfico de escravos foi suspenso em 1850 ameaçando cada vez mais a produção. A opção era tentar trazer escravos inter-regionais ou atrair mão-de -obra imigrante. O declínio escravista, sobretudo a partir de 1870, com o crescimento dos movimentos abolicionistas, proporcionou a entrada do imigrante europeu (também conhecido como colono). Sua adaptação no Brasil não foi nada fácil, além da exploração da sua força de trabalho teve de enfrentar a dura realidade imposta pela mentalidade escravista que perdurava no fazendeiro. Nem só de açúcar, café e ouro viveu o Brasil. A borracha, o algodão, o tabaco e o gado contribuíram profundamente para o desenvolvimento de nossa região. O extremo sul do Brasil produzia a carne na forma de charque, a criação de gado foi providencial para a interiorização do Brasil, e o charque (ou carne seca) compunha parte da alimentação dos escravos. O sertão nordestino, não possuía solo apto para produzir a cana-de-açúcar, o que fez com que optasse, também, pelo gado. Na Bahia a produção de tabaco também foi significativa, pois era utilizado como moeda de troca para adquirir escravos (escambo).

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Escravidão branca em São Paulo Será exagero, diante de tudo isso (dívidas, castigos, prisões, multas em dinheiro, etc.), dizer-se que os colonos se acham sujeitos a uma nova espécie de escravidão, mais vantajosa para os patrões do que a verdadeira, pois recebem os europeus por preços bem mais moderados do que os dos africanos, sem falar no fato de o trabalho dos brancos ser mais proveitoso que o dos negros? Estou certo de que [...] não exagerei em nada na minha conclusão: os colonos sujeitos a esse sistema de parceria não passam de pobres coitados miseravelmente espoliados, de perfeitos escravos, nem mais nem menos. (Thomas Davatz. Memórias de um colono no Brasil. Belo Horizonte, 1980,p.140)

A escravidão remete a um triste passado da História brasileira, e a condição de escravo nunca foi aceita de forma passiva pelos negros. Foram várias as formas de resistência à escravidão, suicídios, insurreições, assassinatos de senhores e principalmente as fugas individuais ou coletivas com a formação dos Quilombos. Alguns autores classificam essas lutas como um dos primeiros movimentos nativistas, pois apesar de não revelarem uma tomada de consciência nacional, nem reivindicarem a integração social, em suas manifestações isoladas evidenciaram os interesses de uma população nascida no Brasil que lutava contra os interesses metropolitanos. Os quilombos eram comunidades negras livres, auto-suficientes, que produziam gêneros agrícolas para seu próprio sustento ou mesmo para pequeno comércio. Constituiu-se com grande sucesso, o que fazia dessa estrutura uma ameaça cada vez maior aos senhores de engenho, pois estimulava cada vez mais a fuga de escravos e a formação de outros quilombos. O mais conhecido entre os quilombos foi o de Palmares, no território de Alagoas, o qual já citamos em capítulo anterior, que tinha como principal líder Zumbi, na luta em defesa da sua comunidade conseguiu resistir várias vezes aos ataques do colonizador. Após diversos cercos mal-sucedidos, o bandeirante paulista, Domingos Jorge Velho, destruiu o Quilombo de Palmares, em 20 de novembro de 1695, data em que atualmente se comemora o dia da Consciência Negra. Desde 1870, havia um interesse internacional pela abolição (fim) da escravidão, e o Brasil destacava-se como o único país independente da América a manter o regime escravista. Internamente a escravidão também gerava vários conflitos entre aqueles que não aceitavam perder sua mão-de-obra e aqueles que lutavam contra a manutenção do escravismo. Os movimentos abolicionistas passaram a ocorrer nas mais variadas formas, panfletagens, artigos em jornais e ações diretas como o grupo de caifazes, que invadiam as senzalas, alojamentos dos escravos, libertando-os ou mesmo planejando sua fuga.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Após muita pressão externa, principalmente dos ingleses que necessitavam ampliar seu mercado consumidor; e interna com a dificuldade de abastecimento de mão-de-obra escrava interprovincial, ocorre o fim da escravidão no dia 13 de maio de 1888, conforme já pontuamos no capítulo anterior quando a Princesa Isabel assina a Lei Áurea. O GADO Este animal, no começo da exploração brasileira, era visto como um elemento complementar nas fazendas, servindo de força de tração – puxando carroças e material para arar o solo - e de alimento para consumo próprio. Inicialmente, a presença de gado aconteceu na Bahia e, depois, para os demais Estados do Nordeste. A abundância de chuva, na Zona da Mata, permitia a criação de pastos onde o gado se alimentava. Porém, com o incremento na produção da cana-de-açúcar e a necessidade de mais terras para plantar, os gados foram levados ao interior do Nordeste, mas sempre próximos aos rios, onde há pasto e água para sua sobrevivência. Contudo, o clima do sertão nordestino não é muito adequado para o gado, mesmo quando estão próximos aos rios. É por isso que, com o passar do tempo, outras regiões começaram a criar gado, obtendo mais sucesso. Também, não haveria de ser diferente, já que no nordeste temos uma mudança do clima tropical semi-árido, com uma vegetação pobre em alimentação (caatinga), para um clima sub-tropical úmido e/ou tropical úmido, com uma vegetação abundante e rica para a alimentação de gado (campos naturais – campanha gaúcha e campos de vacaria no Mato Grosso do Sul. Porém, o gado é um argumento a mais para justificar a destruição de uma vegetação natural. A prática atual no Brasil é a extensiva, ou seja, grandes pedaços de terra para uma grande quantidade de gado, se alimentando através do pasto. Quando há necessidade de mais espaço, a primeira coisa que acontece é a destruição da floresta próxima ou da própria fazenda, para alimentar os animais. Não obstante, tal prática extensiva é pior para a produção de gado para corte – aquele que nós compramos no frigorífico. É uma técnica antiga, rudimentar, que não aproveita os conhecimentos obtidos durante anos e anos de estudo desses animais, para melhorar a não só a sua alimentação – através de ração –, mas também sua saúde e controle. UMA REFLEXÃO

As principais rodovias existentes no Brasil passam por São Paulo ou estão dentro de São Paulo. Este fato é em função da produção industrial brasileira se concentrar no estado, um mercado consumidor forte, possuir grandes plantações agrícolas e criação de gado e, por fim, possuir um planalto relativamente plano após a serra do mar, o que diminui o custo de construção.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Portanto, temos as rodovias estaduais no sentido Interior (SP-Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto), com destaque para o sistema Anhanguera-Bandeirantes (reprodução de antigas rotas dos bandeirantes) e, no sentido litoral (SP-Santos), o sistema Anchieta-Imigrantes. Essas rodovias representam o que aconteceu com o transporte ferroviário no Estado e no Brasil. Ele foi substituído pelo o uso de rodovias e caminhões como os meios de transporte preferenciais de mercadorias (carros e ônibus para pessoas). Os trechos citados anteriormente, possuíam uma importante malha ferroviária que escoava a produção de café do interior do Estado. Não obstante, temos as rodovias federais que chegam a São Paulo, tais como: a Fernão Dias (SP – Belo Horizonte – Brasília); a Dutra (SP – Rio de Janeiro) e; Régis Bittencourt (SP – Curitiba – Florianópolis – Porto Alegre). Podemos ver na imagem anterior, portanto, o mapa com todas as rodovias existentes e em projeto no Brasil. É possível observar que, há ligações entre quase todos os estados com fronteiras, tendo exceção alguns estados do Norte, em função da Floresta Amazônica. Estes são estados onde há o domínio de outro meio de transporte, o fluvial (especialmente na Amazônia, em função da grande bacia hidrográfica da região). Isso acontece por causa da maneira extremamente complicada, com altos custos financeiros e ambientais, de construir uma rodovia na Floresta Amazônica. Esta solução começou a ser implantada em outros lugares, especialmente em São Paulo e no Sul do país, que se utilizam da Bacia Platina (Bacia do Paraná e do Uruguai) para transporte de mercadorias agrícolas, através de hidrovias (mais importantes são o Rio Tietê e o Paraná). Junto com as ferrovias, as hidrovias apresentam a melhor forma de transporte de mercadorias, tendo em vista a relação custo/benefício final. Uma composição de trem ou várias barcaças sendo rebocadas retiram um número expressivo de caminhões das estradas e das cidades. Contribuem para a diminuição na poluição atmosférica, com o trânsito e a preservação das estradas e ruas. LEITURA COMPLEMENTAR 18/09/2008 - 08h49 Voto de garimpeiro é decisivo em Serra Pelada HUDSON CORRÊA - enviado especial da Folha a Curionópolis (PA) Serra Pelada virou uma favela sobre toneladas subterrâneas de ouro, mas os votos de seus moradores, a maioria exgarimpeiros, são decisivos nas eleições de Curionópolis (PA). Por isso, os candidatos a prefeito disputam a preferência do povoado de ex-garimpeiros. Cerca de 6.000 pessoas, segundo a prefeitura, vivem em Serra Pelada. É mais de um terço da população de Curionópolis. Distrito do município, a serra reuniu, no início da década de 80, 116 mil homens atrás de ouro. “No morro tiravam as folhas do chão e achavam as pedras de ouro. Então, veio um cascalho cego e não acharam mais nada”, diz Sebastião Ferreira da Silva, 78, o Trovão, garimpeiro que chegou por lá em abril de 1980 e hoje vive em um barraco de madeira coberto de palha, moradia semelhante à de outros ex-garimpeiros do local.

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Embaixo do “cascalho cego” estão 24 toneladas de ouro numa área de cem hectares, segundo estimativa do Departamento Nacional de Produção Mineral de 2004. Extrair essa fortuna depende de máquinas, pois o ouro não está ao alcance das mãos de garimpeiros. “Se você perguntar, 95% das pessoas querem sair de lá [Serra Pelada], mas não têm condições”, diz o candidato do PT, Luiz Rezende, 44. Já Wenderson Chamon, 33, o Chamonzinho (PMDB), disse que não quer falar sobre Serra Pelada. Ele tenta se esquivar da disputa pelo controle da Coomigasp, a cooperativa de garimpeiros de Serra Pelada. O direito de mineração na área de cem hectares, será da Coomigasp, que reúne mais de 45 mil associados no país. O ex-prefeito e fundador da Coomigasp, Sebastião Moura (DEM), 73, o major Curió, é a maior influência eleitoral local. Ele foi cassado em julho passado acusado de compra de votos. Curió comandou Serra Pelada por ordem do governo, na década de 80. Curionópolis foi batizada com esse nome em homenagem a ele. Para a prefeitura, o candidato dele é Alexei da Silva (PDT), 40, que prega “levar vida digna” aos garimpeiros. Após o prefeito ser cassado, assumiu o poder o vereador Cassiano Bezerra, 42, (PSB), eleito por via indireta pela Câmara. Disse que seu primeiro projeto é atender Serra Pelada. a) Localize num mapa a Serra Pelada. b) Em 1980, a região de Serra Pelada alcançou seu período de maior produção. Faça um paralelo entre a situação da região em 1980 e hoje. SUGESTÃO PARA PESQUISA: O que restou dos quilombos? Atualmente podemos encontrar cerca de 724 comunidades negras identificadas como remanescentes de quilombos. Entretanto nem todas foram reconhecidas pelo governo. Busque identificar algumas delas levando em conta a região, a população, a organização produtiva e os costumes. AGORA É A SUA VEZ! 1- De que forma atualmente podemos perceber as interações culturais entre os povos que ocuparam o território brasileiro? 2- Leia o trecho do poema de Castro Alves, “O Navio Negreiro” e responda. “Era um sonho dantesco...O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoites... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães Outras moças, mas nuas e espantadas,

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!” a) Quais são as condições enfrentadas pelos negros nos navios negreiros? b) Que fatores fizeram com que o africano fosse escravizado? c) Quais foram as formas de resistência à escravidão? d) 12 3- A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos. K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37. Com relação ao assunto tratado no texto anterior, é correto afirmar que: a) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao descobrimento desse continente. b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse continente. c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil. d) a exploração da África decorreu do movimento de expansão européia do início da Idade Moderna. e) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse continente e a Europa. 4- (ENCCEJA 2006) Considere as seguintes leis: Lei n.o 4.151, de 4 de setembro de 2003 — institui nova disciplina sobre sistemas de cotas para ingresso nas universidades públicas estaduais e dá outras providências. Lei n.o 4.528 — institui nos currículos do ensino fundamental e médio o ensino de História e Cultura Afrobrasileira. Lei n.o 2.589, de 26 de dezembro de 2002 — dispõe sobre a reserva de vagas aos vestibulandos índios na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Muitas vezes o Brasil é visto, tanto aqui como no exterior, como um país com uma convivência harmoniosa entre as etnias, sobretudo quando as imagens divulgadas mostram o carnaval e jogos de futebol. As leis mencionadas acima e promulgadas nos últimos anos indicam que a) a idéia de convivência harmoniosa é verdadeira e essas leis: acabam suscitando preconceito contra minorias. b) há uma tendência para se inibir o racismo legalizado no Brasil. c) os movimentos contra discriminações e preconceitos têm avançado bastante no Brasil e as leis reforçam essa tendência. d) o Brasil está entre os países do mundo com os menores índices de violação de direitos humanos, por isso essas leis tornam-se desnecessárias.

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício relacionado ao texto complementar: Exercício 1: Pessoal Exercício 2: a) As piores possíveis. Sofriam todos os tipos de maus-tratos, fome e muitos morriam a caminho, fazendo com que os navios fossem chamados de tumbeiros. b) O principal foi lucrativo tráfico de escravos, porém a fraca resistência dos índios as doença dos europeus, a catequização e a dificuldade do controle português sobre o aprisionamento também contribuíram. c) Suicídios, assassinatos, fugas e formação de quilombos. Exercício 3: D Exercício 4: C PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: Lucíola. Diretor: Alfredo Sternhein. Filme: Inocência. Diretor: Walter Lima Jr. PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Identificar diferentes representações cartográficas de um mesmo espaço geográfico. • Analisar o papel dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando transformações naturais e intervenção humana. • Correlacionar a dinâmica dos fluxos populacionais e a organização do espaço geográfico. • Correlacionar textos analíticos e interpretativos sobre diferentes processos histórico-geográficos. • Confrontar formas de interações culturais, sociais, econômicas, ambientais, em diferentes circunstâncias históricas. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 4 ADMINISTRANDO CONFLITOS: O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as às práticas dos diferentes grupos e atores sociais O final do século XIX ficou marcado pela importância crescente dada aos intercâmbios (trocas) de produtos obrigando o mundo a fixar cada vez mais normas que regulassem o comércio, estimulassem o acúmulo de capital e enriquecessem o Estado. Alguns eventos em particular tiveram grande influência nesse processo, a Revolução Francesa (1789), que proporcionou durante mais de cem anos, um novo olhar sobre a política, a economia e as estruturas sociais em todo o mundo ocidental, fazendo surgir o povo como massa em ação; a Revolução Industrial impondo um novo modelo produtivo e econômico fazendo surgir o proletariado como classe social e o Imperialismo impulsionando a expansão do capitalismo.

Capitalismo: Sistema político-econômico organizado através da propriedade privada dos meios de produção. Assim, há uma divisão de classes, entre os capitalistas (donos dos meios) e os proletários – operários – (donos da força de trabalho), o que resulta em conflitos de interesses das classes. Socialismo: Sistema político-econômico organizado através da propriedade pública (na figura do Estado) dos meios de produção. Ao contrário do capitalismo, não há divisão de classes, portanto não há conflito de interesse entre o povo (uma vez que tudo é dele também). Esses fatores reunidos fizeram com que o mundo no século XX estivesse sujeito à supremacia econômica capitalista, dependente de algumas potências européias, principalmente da Inglaterra que buscava manter e ampliar o domínio sobre suas colônias e equipar-se militarmente resguardando-se do poderio de outras nações que já despontavam como possíveis potências, caso da Alemanha e dos Estados Unidos. A Ásia e a África, devido ao imperialismo, passaram a ser áreas disputadas pelas potências que surgiam, algumas nações européias passaram a exigir autogoverno, outras como a Polônia, Irlanda e povos do antigo império Austro -Húngaro – hoje dividido em vários países da Europa, dentre eles: a Áustria, Hungria, República Checa, Eslováquia, Eslovênia, Croácia, Bósnia Herzegovina e partes menores de outros países, como: Itália, Romênia, Polônia e Ucrânia – lutavam pela independência intensificando cada vez mais o militarismo europeu.

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Imperialismo: É um movimento internacional do capitalismo industrial, que busca dominar os locais onde há matéria-prima, através da política, da economia e de suas forças armadas (marinha e exército), ao estabelecerem acordos que penalizavam o país produtor da matériaprima. Nacionalismo: Movimento oriundo da burguesia, como forma de integrar o país sob uma nação, ou seja, ao direcionar a valorização da cultura daquele povo, através de símbolos como bandeira, hino e a história de fundação, o povo passa a se identificar como ser que faz parte da nação e passa a defendê-la dos seus inimigos. Os interesses capitalistas, as idéias imperialistas e o nacionalismo, juntos, geraram vários impasses e elementos desagregadores da paz mundial e, em 1914, conduziram à Primeira Guerra Mundial, que se manteve até 1918. As conseqüências dela alteraram a balança de poder financeiro, com as potências européias em débito com os EUA. Os empresários norte-americanos aproveitaram, também, a guerra para expandir seu comércio com estes países, através da exportação de diversos produtos. Isso levou a um entusiasmo na economia dos EUA que, ao enfrentarem dificuldades, acabou por desestruturar o arranjo financeiro do capitalismo internacional, onde ocorreu a crise de 29. Momento este, aproveitado para aumentar a difusão das idéias marxistas, pois em 1917 ocorreu a Revolução Bolchevique na Rússia e a transformou na antiga União Soviética, que hoje é configurada pela CEI (veja sobre a CEI na parte “Povo Civilizado Que Promove Guerras!”, ao longo deste capítulo), sendo o primeiro país a adotar o socialismo como orientação política e econômica.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Nazismo: do alemão National Sozialismus, foi organizado pelo Partido Nazista, sob o comando de Adolf Hitler. Possuía as mesmas características de um governo totalitário, onde havia o culto ao líder, promulgação de ideais de raça superior (a ariana), polícia repressiva e perseguição política. Porém, teve um agravante: incorporou-se o elemento do racismo, principalmente contra os judeus. Este elemento, elevado durante a guerra, levou ao holocausto. Fascismo: foi um movimento político italiano, liderado por Benito Mussolini, com características totalitárias. O termo fascismo vem de fascio, que significa feixe (símbolo de poder na Roma Antiga, o feixes de varas, que representava a união do povo em torno do Estado). O objetivo era trazer ao Estado Italiano mais poder, através da liderança carismática, do corporativismo, nacionalismo, militarismo e a expansão territorial através de guerras. Totalitarismo: movimento político do início do Século XX, com a presença simultânea em alguns países europeus, onde tal país era dominado politicamente por um único partido (tanto de esquerda – União Soviética ou de direita – Itália e Alemanha). Nele ocorria censura aos meios de comunicação, o culto à personalidade (do líder), burocratização do estado, propaganda política patriótica e intensa repressão daqueles que discordavam desses ideais. Estas são as características idênticas aos países totalitários. Havia diferenças, entre elas: Esquerda: abolição da propriedade privada, coletivização dos meios de produção agrícola e industrial, ideais socialistas e repressão a religião; Direita: apoio da burguesia industrial, corporativismo na relação entre estado-trabalhadores, sindicatos estatais, ideais capitalistas, apoio à religião e valores tradicionais da família. A reação aos problemas provocados pela crise de 1929, somada ao medo da propagação dos ideais marxistas, levaram a uma nova dinâmica em diversos países, o que faz emergir um sentimento nacionalista mais forte, identificado pelo Nazismo na Alemanha e Fascismo na Itália, e o Totalitarismo. Os desacordos ficam mais constantes culminando em outro conflito mundial: A Segunda Grande Guerra de 1939 a 1945. Como resultado desses conflitos, na segunda metade do século XX, uma geopolítica bipolarizada, edifica-se tendo Estados Unidos, capitalista, numa ponta, e União Soviética, socialista, em outra. Ufa! Avançamos muito em pouco tempo, vamos pontuar com mais calma, agora, a crise de 1929, a Primeira e Segunda Guerra Mundial.

Como já vimos, ocorreu uma desestruturação capitalista, em 1929. Ela fora marcada pelo crash da Bolsa de Nova York. Este crash foi resultado de uma virada de expectativas dos operadores na bolsa, em vista da desaceleração econômica observada nos EUA. Isto potencializou a queda da economia norte-americana, que, na época, já era a maior economia mundial, superando a economia britânica e a alemã. Esta desaceleração econômica ocorreu em virtude da Primeira Guerra Mundial, pois as economias européias, em especial a Alemanha, França e Inglaterra, ficaram fragilizadas por conta do esforço necessário para pagar a guerra (produção de armamentos, munições, alimentos para os soldados, etc). E, também, estas economias sofreram com a destruição de fábricas, fazendas e a perda de recursos humanos, por conta do conflito. Os EUA, por outro lado, entraram depois neste conflito e, assim, conseguiram emprestar grande somas de dinheiro e exportarem materiais essenciais (como comida, armamentos, munição e outros) aos países em guerra, especialmente a França e Inglaterra. Outro fator importante foi à diminuição do interesse dos países em guerra por qualquer outro assunto além da guerra, o que permitiu uma expansão da influência norte-americana, especialmente na América Latina.

Crash: termo utilizado para representar uma forte queda nos valores das ações negociadas em bolsa. Super-Produção: Momento ocorrido na economia norte-americana, onde as empresas aumentaram a sua produção, baseadas em falsas premissas de crescimento econômico. Sub-consumo: Ocorreu simulta-neamente com a super-produção e a desaceleração da economia norte-americana, em virtude do aumento do desemprego e dos erros dos empresários. Então, ao término da primeira guerra mundial, a posição político-econômica dos EUA fortaleceu. Seus produtos invadiram o mercado europeu e nos mercados dos países que os europeus detinham influência (colônias). Os empréstimos realizados durante a guerra geravam, agora, retorno financeiro, o que permitiu aos EUA aumentarem seus gastos. Porém, os governos europeus utilizaram de políticas protecionistas, ou seja, taxaram a entrada dos produtos importados, inclusive dos norte-americanos, para aumentar a produção interna de cada país, permitindo aumentar a recuperação de sua economia. Isto obrigaria aos empresários norte-americanos a um replanejamento de suas atividades econômicas, contudo não foi o que aconteceu, pois o setor financeiro manteve uma perspectiva otimista com relação ao crescimento econômico. Isto levou a uma procura maior por ações e empresas interessadas em abrir o seu capital (vender as ações, em busca de financiamento).

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A partir de então, aquilo que era produzido não era totalmente vendido, o que aumentou o estoque das fábricas. Isto, o aumento dos estoques, é uma notícia ruim para a economia, pois indica que o ritmo de crescimento econômico está diminuindo. Mesmo assim, as empresas continuavam a produzir, acumulando estoques, porém obtinham lucro através das suas operações financeiras. Esta situação se manteve até agosto de 1929, como podemos ver na figura a seguir, que demonstra a evolução do índice da Bolsa de Nova York, neste ano. Esta queda provocou pânico dos investidores e dos empresários, que tiveram que voltar a realidade, que era: a economia não crescia e haviam enormes estoques de produtos. Assim, o PIB dos EUA teve queda de 45%, o desemprego chegou aos 30% e a bolsa caiu 90%.O efeito seguinte foi à contaminação das economias dos outros países, pois o comércio e os investimentos dos EUA caíram fortemente.

Um desses países foi o Brasil. O país possuía dívidas externas e dependência na compra de determinados produtos que não eram fabricados aqui. Na outra ponta, o principal item exportado era o café. Contudo, o saldo desta conta sempre foi irregular antes da crise e, com ela, tornouse definitivamente negativo para o Brasil. A repercussão da crise no Brasil levou a uma mudança na organização política do país, com o fim da política “cafécom-leite” (onde São Paulo – café – e Minas Gerais – leite – dominavam o cenário político), surgiu uma nova liderança, Getúlio Vargas – que iremos tratar nos próximos capítulos. O POVO E A REVOLUÇÃO FRANCESA Apesar de a Revolução Francesa ter sido uma revolução burguesa é inegável a participação do povo no movimento revolucionário. A sociedade pré- revolucionária do Antigo Regime, ou Absolutista, estava dividida em três estamentos, ou estados definidos, e determinada pelo nascimento: primeiro estado composto pelo clero, segundo estado composto pelos nobres e terceiro estado e grande maioria pelo restante do povo, sendo, apesar de estar em maior número, que o terceiro estado não possuía privilégios e arcava com a carga tributária que sustentava o Estado. Havia extrema desigualdade social, a lei não era igual para todos nem tão pouco os seres humanos eram considerados iguais.

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A Declaração do Direito do Homem e do Cidadão teria grande repercussão no mundo inteiro. “Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. ‘Os homens nascem e vivem livres e iguais perante as leis’, dizia seu primeiro artigo; mas ele também prevê a existência de distinções sociais, ainda que ‘somente no terreno da utilidade comum’. A propriedade privada era um direito natural, sagrado, inalienável e inviolável. HOBBSBAW, Eric. A era das revoluções, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1997. P.77 Essas condições, somadas as crises econômicas, a pobreza e a falta de organização do Estado, que gastava mais do que arrecadava, proporcionaram o surgimento da Revolução Francesa de 1789, pois o povo, buscando garantir seus direitos e acabar com os privilégios da nobreza assume seu papel de agente histórico. Os camponeses chegaram a invadir e incendiar castelos e a massacrar elementos da nobreza, num período conhecido como Grande Medo. Era a atuação das massas populares nas ruas na luta por conquistas sociais e políticas no campo com o produtor pobre e com a burguesia na Assembléia Nacional (1789-1792). O resultado dessa ação foi a aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que estabelecia igualdade para todos perante a lei, garantia a propriedade privada e resistência à opressão. Em 1791, a Assembléia Nacional vota a Primeira Constituição da França. Divide os poderes em executivo, legislativo e judiciário, estabelece o voto censitário, ou seja, determinado pela renda e proíbe as greves e as associações de trabalhadores, essas restrições às classes populares separam definitivamente a burguesia do povo, fazendo da França um Estado burguês. Por ironia, o povo que havia participado do processo revolucionário volta a sua condição anterior, isto é, sem privilégios. A Revolução Francesa inventou, literalmente, o Estado moderno com o princípio de que a autoridade está numa idéia, num sistema de leis aceito por todos e que o próprio estado deve respeitar. O PROLETARIADO NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Os séculos XVI e XVII foram marcados pela Revolução Comercial, devido à grande circulação de mercadorias intensificando o desenvolvimento do capitalismo conforme vimos no capítulo anterior. A partir da segunda metade do século XVIII, a acumulação de capitais vindos da atividade comercial vai proporcionar o desenvolvimento do setor produtivo. Com isso, grandes mudanças, tanto de ordem econômica quanto social vão desarticular os restos das relações e práticas feudais ainda existentes e definir a implantação do modo-de -produção capitalista.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A mecanização industrial iniciou-se na Inglaterra com a indústria têxtil (tecidos), devido ao fato de ter sido ela o reino que mais acumulou capital durante a fase do capitalismo comercial. A produção têxtil tinha amplos mercados coloniais, portanto o lucro com essa produção era garantido. O surgimento da mecanização industrial alterou profundamente as relações sociais e produtivas, substituindo a manufatura – trabalho manual - pela maquinofatura – trabalho feito pelas máquinas industriais -, fazendo com que o trabalhador artesão fosse perdendo sua função e desaparecendo. Porém, para as máquinas funcionarem, o que era necessário? Energia, claro, mas de onde ela vinha? A solução era o vapor, que era obtido através do aquecimento de uma grande quantidade de água através da queima de carvão, gerando o vapor necessário para o funcionamento das máquinas. Este era, portanto, um fator importante para a localização das primeiras grandes indústrias, ou seja, estar próximo das minas de carvão. Porém, somente este fator não explica a revolução causada pela máquina na produção na sociedade. Era necessário, também, que houvesse pessoas interessadas em trabalhar nas fábricas, pois os antigos artesões não atenderiam a demanda. Para tanto, fora utilizado na mão de obra o antigo camponês, agora, servo dos senhores feudais nos feudos, os quais, neste momento, trocavam a colheita de subsistência por ovelhas para vender a lã às indústrias. Aqueles que foram expulsos de suas terras foram para as cidades e lá, para sobreviver, aceitaram os cansativos trabalhos nas fábricas. Observe as imagens anteriores, há grande diferença entre as estruturas produtivas nas atividades artesanais medievais e na industrial do século XIX. Enquanto na figura da esquerda o artesão, possuidor de habilidade criativa e produtiva, cuida da pequena produção sendo, ele mesmo, o trabalhador e o dono dos meios de produção e dos frutos do seu trabalho. Na figura da direita, o trabalho industrial impõe ao trabalhador operário, longas jornadas de trabalho, grande produção, salário (pois o trabalho é visto como mercadoria), sujeição à maquina e alienação. Nessa estrutura sócio-econômica ocorre a definitiva separação entre capital, representado pelo dono dos meios e modos-de-produção, e trabalho, representado pelo operário, ou proletário, que por não terem mais posse das suas ferramentas ou máquinas de trabalhar passam a vender seu único produto, sua força de trabalho em troca de salário. A exploração desenfreada desses operários, que são submetidos à baixa remuneração e a péssimas condições de trabalho em favor do enriquecimento dos proprietários, proporcionará a criação de organizações trabalhistas como as trade unions (sindicatos) que se mostravam preocupados com a nova ordem social. Por fim, o capitalista precisava vender a sua produção. Naquele momento, o mercado interno estava adequado à oferta dos artesões e os novos trabalhadores assalariados não possuíam a renda necessária para consumir além daquilo que era absolutamente necessário para a sua sobrevivência. Logo, a exportação – envio da mercadoria para outros países - e a grande quantidade de mercados dominados pela Inglaterra, foi a solução encontrada.

www.vitruvius.com.br http://www.planetaeducacao.com.br/novo/imagens/artigos/historia/revolucao_industrial_03.jpg Era necessária, portanto, uma confiável estrutura de transportes e de comunicações, para que os negócios fluíssem sem maiores dificuldades. Estradas terrestres teriam que possuir uma infra-estrutura melhor, as fluviais (importantes vias de comércio para os ingleses) tiveram portos que foram melhorados, permitindo um fluxo estável e seguro dos produtos. Este é um movimento cíclico, ou seja, um gera e puxa o outro. Quanto mais produção, maior é a necessidade por operários, maior é a necessidade por mercados, maior é a necessidade de transporte (de mercadorias e pessoas) e maior é a necessidade de matérias-primas. As cidades começaram a ganhar a forma atual, onde a grande e não pensada aglomeração de milhares de pessoas trazem problemas à própria cidade.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A Revolução Industrial estabeleceu a definitiva supremacia burguesa, acelerou o êxodo rural – migração do homem do campo para a cidade -, proporcionou o inchaço urbano e a formação da classe operária fixando as bases do progresso científico e do aperfeiçoamento constante de novos produtos e tecnologias. Por outro lado, proporcionou o desenvolvimento da medicina, dos meios de comunicações e da mundialização. Como conseqüência também abriu caminho para o colonialismo, a luta de classes e o imperialismo, bases para o mundo Contemporâneo.

Mundialização: É um conceito que propõe a discussão de como a organização política e econômica se dá no mundo atual. A idéia é que as trocas comerciais afetam questões culturais de cada país, ao criarem novas formas de organização dentro deles e, assim expulsando as formas que os países chegaram, pelo seu desenvolvimento. Luta de Classes: é um conceito marxista, que tenta explicar como ocorrem as mudanças nos sistemas políticos, ou seja, porque a Europa saiu do Feudalismo para o Capitalismo? Para Marx, a explicação está no surgimento de uma nova classe, neste exemplo são os burgueses. A atuação dos burgueses, ao acumularem capital com o comércio, indústria e finanças, levaram-no a possuir um papel de dominância na política. Contudo, para Marx, a história está sempre em movimento, pois com tais atividades econômicas, os burgueses necessitam de operários que, então, formaram uma nova classe e terão, também, um lugar privilegiado na história.

O IMPERIALISMO POSSIBILITANDO A EXPANSÃO DO CAPITALISMO

22/11/2007 - 21h48 DRT encontra trabalho infantil em lavoura de laranja de SP A DRT (Delegacia Regional do Trabalho) em São Paulo fiscalizou esta semana oito propriedades no interior do Estado, nas cidades de Engenheiro Coelho, Cosmópolis e municípios vizinhos. Segundo o Ministério do Trabalho, foram encontrados “graves problemas nas lavouras de laranja”. Numa das fazendas os fiscais encontraram crianças de até 12 anos trabalhando na colheita em companhia dos pais, o que é proibido pela legislação brasileira. “Fazia muito tempo que não encontrávamos uma situação tão grave”, comentou o auditor fiscal e coordenador do grupo, Roberto Martins de Figueiredo. Na maioria das fazendas fiscalizadas, além da falta de registro, a equipe identificou problemas no transporte dos trabalhadores --como ônibus com falta de documentação, sem freios, em péssimo estado de conservação e, em alguns casos, motoristas sem habilitação--, falta de equipamentos de proteção para os trabalhadores, não fornecimento de água potável, falta de abrigo para refeições, de sanitários, além de outras irregularidades. Outro problema constatado pelos fiscais foi o uso de sacas com peso até 30% maior que o permitido pela legislação, “isso aumenta o risco de doenças e representa prejuízo aos trabalhadores, que são remunerados por saca colhida”, explica Figueiredo. Os proprietários e os responsáveis pela colheita serão notificados e autuados pelas infrações cometidas. “No caso de reincidência, essas fazendas poderão ser interditadas pelo ministério”, afirmou. A expansão do imperialismo do século XIX avançou o processo de mundialização da ordem capitalista atingindo a Ásia, a África e a América Latina. Os países industrializados, principalmente a Inglaterra, numa política mais agressiva, passaram a partilhar os continentes asiáticos e africanos com o intuito de obter mercado consumidor para seus produtos manufaturados e matéria-prima para seu desenvolvimento industrial e bélico (militar).

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Além disso, as potências européias necessitavam de espaço para o excedente populacional e novas áreas para investimentos onde pudessem ser estabelecidas bases estratégicas que garantissem a segurança financeira de seus investimentos. Essa nova realidade abriu espaço para o desenvolvimento do capitalismo financeiro que submetiam as atividades produtivas e comerciais às instituições financeiras devido aos empréstimos, financiamentos, ou mesmo ao controle acionário. Os defensores do imperialismo, também chamado de neocolonialismo, afirmavam que o modelo administrativo europeu garantiria melhores condições de vida às regiões que o incorporavam. O imperialismo era visto por muitos como uma “missão civilizadora”, pois cabia ao “homem branco” a missão de levar a “civilização” aos povos que, pelo olhar europeu, ainda estava em estágio primitivo de desenvolvimento, portanto necessitava da ajuda de povos já “civilizados”. “Era o fardo do homem branco” caracterizando, portanto, uma dominação que podia ocorrer de duas formas: ou por meio de administração direta, com a ocupação dos principais cargos governamentais por indivíduos da metrópole; ou indireta, através de acordos ou alianças entre agentes metropolitanos e a elite local. POVO “CIVILIZADO” QUE PROMOVE GUERRAS! A partir do século XX, diante da opressão imperialista imposta aos continentes asiáticos, africanos e latinos, desmascarou-se a farsa civilizatória criada pelos europeus, isto é, o discurso da missão civilizadora se perdeu, principalmente com os conflitos pelas disputas territoriais e com a eclosão das duas grandes guerras mundiais.

A Primeira Grande Guerra (1914 – 1918) envolveu todas as grandes potências do mundo ocidental da época, caracterizou-se pelo conflito bélico fazendo com que cada Estado assumisse o controle absoluto da sua economia e voltasse seus esforços para a guerra. Todos os cidadãos foram recrutados para participar ou do exército ou da produção industrial para a guerra.

Neocolonialismo: é o movimento de que retomou a idéia de colonizar o continente africano, no meio do século XIX. Com a expansão industrial ocorrendo outros países, a rivalidade ressurgiu e os mercados (para comprar matériaprima e vender a produção) diminuíram com as ações protecionistas. Assim, para evitar novos conflitos, fora acertado a partilha do continente africano, durante a Conferência de Berlim 188485, que permitiu a exploração econômica das colônias agora divididas conforme os interesses e a importância econômica de cada nação. Este foi um dos fatores que levaram a Primeira Guerra Mundial, com o descontentamento com a divisão feita e o crescimento que cada país experimentou durante os anos seguintes à partilha.

Nas duas fases de conflito, guerra de movimento e guerra de trincheiras, cada país defendia palmo a palmo o território conquistado e as inovações tecnológicas garantiam um poder de destruição até então inatingível. Entre as inovações tecnológicas podemos citar os tanques de guerra, os encouraçados, os submarinos, os obusses de grosso calibre e a aviação. A Segunda Grande Guerra (1939 – 1945), marcada pelo totalitarismo, fascismo na Itália e nazismo na Alemanha, determinou a definitiva negação ao caráter civilizatório europeu ou de qualquer outra grande potência da época.

Holocausto: extermínio proposto pelo regime nazista alemão a pessoas pertencentes aos grupos indesejados para o Estado. Foto de um alojamento num campo de concentração. Fonte: www.eb23-p-francisco-soares.rcts.pt

As matanças empreendidas em escalas fenomenais, principalmente de civis com o uso de armas químicas e outras tecnologias mais refinadas e a destruição de várias cidades fez com que a idéia eurocentrista, que ainda permanecia, fosse extremamente criticada em todos os campos das ciências humanas, da política e da ideologia.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Guerra de Trincheira: Conhecida como a segunda fase da Primeira Guerra Mundial, onde as linhas de defesa de cada nação envolvida no conflito, cavam milhares de trincheiras (túneis) onde a infantaria ficavam para defender ou partir para o ataque. Havia pouca alteração no ganho e perda de território, pois era uma posição que privilegiava a defesa.

Guerra de Movimento: Conhecida como a primeira fase da Primeira Guerra Mundial, onde as linhas de defesa e ataque possuíam grande mobilidade, levando a altos ganhos e perdas de território, conforme a batalha ocorria.

Obus(ses): É uma peça da artilharia de um exército regular. Semelhante a um canhão, porém sua finalidade é atacar uma área, não um alvo em específico. Guerra de Trincheira: Conhecida como a segunda fase da Primeira Guerra Mundial, onde as linhas de defesa de cada nação envolvida no conflito, cavam milhares de trincheiras (túneis) onde a infantaria ficavam para defender ou partir para o ataque. Havia pouca alteração no ganho e perda de território, pois era uma posição que privilegiava a defesa. Muitos historiadores afirmam que a Segunda Guerra foi uma continuidade da Primeira Guerra, e surgiu devido ao revanchismo e o nacionalismo exacerbado pelos países “vencidos”, que não concordavam com o desfecho proposto pelo Tratado de Versalhes, que conheceremos melhor adiante. A Alemanha, considerada culpada pela eclosão da Primeira Guerra, foi a que mais reagiu às determinações do tratado. O revanchismo e o nacionalismo desenvolvidos pela Alemanha, após o Tratado de Versalhes, sentindo-se injustiçada pelas determinações, configurou o Nazismo que proporcionou o extermínio em massa de milhões de judeus, ciganos, deficientes, homossexuais comunistas e militares. Calcula-se que cerca de 50 milhões de pessoas tenham sido exterminadas. Os campos de concentração, para onde eram enviados os judeus, proliferavam em grande escala e o extermínio chegou a proporções tão grandes que os corpos precisavam ser incinerados. Com o fim da Segunda Grande Guerra uma nova ordem mundial se estabeleceu, a Europa perde sua posição de eixo do poder, já que saiu da guerra destruída, dando espaço para duas novas potencias: Washington – EUA - e Moscou – União Soviética (URSS) -. Inauguravam-se dois pólos opostos de poder, um com bases no capitalismo (EUA) e outro com base no socialismo (URSS) estabelecendo novo conflito, só que agora ideológico e sem confronto direto, conhecido como Guerra Fria. O Brasil posicionou-se a favor dos aliados, Inglaterra, França e Estados Unidos na II Guerra Mundial, apesar da postura de indefinição inicial do governo de Getúlio Vargas que ora pendia ao Eixo, Alemanha, por acompanhar tendências totalitárias e manteve essa postura também no decorrer da Guerra Fria.

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“A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mundial muito peculiar. Pois, como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, ‘a guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida’. A Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, que dominou o cenário internacional na segunda metade do breve século XX, foi sem dúvida um desses períodos”. HOBBSBAW, Eric. A era dos extremos: o Breve século XX: 1914-1991. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1997. P.224

O quadro ao lado consegue transmitir a idéia do que foi a Guerra Fria, que perdurou até o desmantelamento da União Soviética. Isto começou com a queda do muro de Berlim – muro erguido pela União Soviética na cidade de Berlim, que fora capturada e divida pelos Aliados, após a Segunda Guerra Mundial, considerada a expressão máxima da separação do mundo capitalista e socialista –, em 1989 e, em 1991, definiu-se o seu fim, com a criação da CEI (Comunidade dos Estados Independentes). Comunidade formada por suas antigas repúblicas, com exceção da Lituânia, Estônia, Letônia e, agora, Geórgia que o seu parlamento aprovou a separação em 2009. Sobraram, então, ainda 10 repúblicas associadas, sendo elas: Armênia, Azerbaijão,  Bielorrússia, Cazaquistão,  Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Ucrânia  e  Uzbequistão. Não obstante, o surgimento desta bipolaridade veio após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, pois havia uma divisão ideológica entre os vencedores. A busca pela vitória, que levou a união dessas diferentes ideologias, tornou-se uma motivação passageira. O que importava, neste momento, era a divisão final das áreas que Hitler-Mussolini-Hiroito (Alemanha, Itália e Japão, respectivamente) haviam conquistado durante sua expansão. Aquelas terras que foram alvo de batalhas vitoriosas (através da expulsão dos alemães) por tropas da União Soviética ficaram sob a sua influência política e econômica. O mesmo aconteceu com as terras em que os Estados Unidos, Inglaterra e os demais aliados foram vencedores.

Fonte: http://galeria.blogs.sapo.pt/ Mapa da Europa durante a Guerra Fria. Na área em vermelho, influência da União Soviética. E na área em azul, influência dos EUA.

O mapa ao lado mostra claramente como ficou a divisão de influências pós-segunda guerra mundial. E, como era de se esperar, houve um acirramento entre as duas partes. Os países sob a influência dos EUA receberam ajuda financeira, no que ficou conhecido como Plano Marshall, para reorganizarem suas economias, uma maneira de evitar novos conflitos. Esta ajuda fazia parte da Doutrina Truman (Presidente dos EUA da época) que visava aumentar a influência norte-americana (capitalista), impedindo a expansão da União Soviética (socialista) na Europa e no mundo. Ela buscava a contenção da influência socialista, não somente através de ajuda econômica, mas também de guerras, como as da Coréia e do Vietnã. O Plano Marshall serviria para qualquer país que sofreu com os efeitos da Segunda Guerra Mundial, veja a frase do criador deste plano: “A política dos Estados Unidos não é dirigida contra um país ou uma ideologia, mas contra a fome, a pobreza, o desespero e o caos. Quem tentar bloquear a reconstrução de outros países não pode esperar ajuda”. Discurso de George Marshall em 5 de junho de 1947, referindo-se ao bloco comunista do Leste Europeu, que realmente foi excluído da ajuda ao exterior, aprovada em 3 de abril de 1948. Bastava, portanto, cada país apresentar uma lista com os danos sofridos e com estimativas daquilo que esperava ser necessário para reconstruir. Contudo, os países sob influência da União Soviética não puderam utilizar-se deste recurso, pois consideravam este ato como uma guerra econômica dos EUA.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Além disso, estava previsto a criação de organismos internacionais, como a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), para auxiliar na defesa militar destes países sob a influência dos EUA. Neste caso, houve uma contrapartida soviética com a criação do Pacto de Varsóvia, garantindo a defesa militar dos países sob a influência da União Soviética. Na luta pela dominação política e econômica mundial, o Brasil ficou sempre ao lado dos EUA, de maneira explícita ou implícita. Os interesses econômicos estavam sempre em voga e havia a defesa dessa aliança em todos os níveis da sociedade. Contudo, no governo de Jânio Quadros, surgiu a idéia de Política Externa Independente (PEI), onde o Brasil passou a estabelecer relações comerciais e diplomáticas com quaisquer países que desejavam fazê-lo pacificamente, fugindo assim, das exigências dos dois pólos antagônicos para submeter-se à suas influências. Houve um regresso a um alinhamento específico aos EUA, quando ocorreu a ditadura, porém durante o governo Médici, a PEI retornou com o nome de Pragmatismo Responsável, onde os interesses nacionais colocavam-se a frente dos demais. ORGANISMOS INTERNACIONAIS O Tratado de Versalhes foi imposto ao perdedor da Primeira Guerra Mundial, no caso, a Alemanha em 1919. Nele, foi assinado um armistício, do latim arma (arma) e stitium (parar), onde a Alemanha aceitou a responsabilidade pela guerra, concordando em pagar reparações aos países vencedores e a sofrer restrições tanto territoriais quanto no que dizia respeito ao tamanho de seu exército. Na época, a quantia a ser paga foi estabelecida em 33 bilhões de dólares, ainda ocorreu perda territorial para a França – a região de Alsácia-Lorena é devolvida à França, que já fora motivo de guerras anteriores entre as duas nações – e as suas colônias na África. Por fim, a última limitação imposta foi que a capacidade dos alemães de fabricar armas (como navios e aviões) estavam limitadas à cotas menores dos exércitos inglês e francês. Outro fato importante, deste Tratado, foi o estabelecimento da Liga das Nações. Ela agiria como um árbitro das disputas entre nações, com o objetivo de evitar guerras na mesma escala e destruição da Primeira Guerra Mundial. Hoje se sabe que tal Liga fracassou, pois não conseguiu prevenir a Segunda Guerra Mundial, que fora mais destrutiva que a primeira. Contudo, outras importantes organizações internacionais surgiram na mesma época, dentre elas: a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Tribunal Permanente da Justiça Internacional (atual Tribunal Internacional de Justiça) e Organização da Saúde (atual Organização Mundial da Saúde [OMS]) que estavam ligadas a Liga das Nações. Porém, a Liga não englobava todos os países do mundo naquela época. A União Soviética fora deixada de lado, pois era um país socialista (só entrou em 1934). Os EUA, cujo Presidente, Woodrow Wilson, fora o idealizador deste organismo internacional, vetou, através do Senado, a sua participação. Assim como a Alemanha e a Turquia também não participaram (entraram 1925 e 1934, respectivamente).

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O sistema de mandatos estabelecido, revezamento de países membros e convidados, somado a dificuldade em se chegar a definição de algum problema (algumas questões exigiam a unanimidade de votos dos países membros, inicialmente 9, posteriormente 15 e, também, outras questões exigiam o consentimento unânime de toda a assembléia), levou a várias indefinições e, assim, chegou ao fim. Apesar do fracasso em arbitrar as disputas, desta iniciativa surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU). E, com ela, lições foram aprendidas para evitar um fracasso semelhante ao da Liga das Nações (logo da ONU na imagem ao lado). A próxima imagem, do mapa mundo, mostra todos os países que estavam vinculados a ONU no ano de 2008. Existem algumas exceções, no caso da Antártica, não há configuração de país, é um espaço internacional para pesquisas, regulado através do Tratado da Antártica. E outros, como o Saara Ocidental, que está em disputa com Marrocos e a Frente Polisário; Taiwan, que é considerada uma província da China e Kosovo, considerada província da Sérvia.

Fonte: http://www.onu-brasil.org.br/

A ONU agrega várias organizações internacionais, como as já citadas anteriormente, além da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras importantes organizações sociais.

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Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:United_Nations_Members.PNG Desde a sua criação, após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, a ONU atua com alguns dos mesmos ideais da Liga das Nações e outros que se tornaram fundamentais aos povos, que são: (1) Manter a Paz Mundial; (2) Proteger os Direitos Humanos; (3) Promover o Desenvolvimento Econômico e Social das nações; (4) Estimular a autonomia dos povos dependentes; e (5) Reforçar os laços entre todos os estados soberanos. Para manter-se operacional e cumprir com seus objetivos, a ONU depende do financiamento dos países membros. São doações voluntárias, determinadas pela capacidade de cada país pagar e, também, num teto máximo de doação por país – para não criar dependência do mesmo.

Fonte: http://www.info.planalto.gov.br/exec/inf_fotografia.cfm?diafoto=29&mesfoto=5&anofoto=2008

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS No ano de 2008/2009, seu orçamento está previsto em 4,86 bilhões de dólares, para o funcionamento regular e, também, financiar as missões de manutenção de paz, a qual o Brasil realiza no Haiti. Os soldados que atuam nessas missões utilizam o capacete (ou boina) na cor azul e, por isso, são chamados de Boinas Azuis, como podemos ver na próxima foto. Há, atualmente, críticas à atuação da ONU nos conflitos do Século XXI. Especialmente, quando se trata da Invasão do Iraque, pelos norte-americanos, em 2003. A ONU mediava desde o final da Guerra do Golfo, na década de 90, com o Governo de Saddam Hussein, a supervisão para impedir o desenvolvimento de armas para destruição em massa. Contudo, após o ataque de 11 de setembro, os EUA decidiram agir, com a ajuda de alguns países aliados, pela invasão do Iraque, mesmo sem o consentimento do Conselho de Segurança (órgão interno da ONU, no qual os membros – China, EUA, França, Inglaterra e Rússia – possuem o direito de veto sobre as decisões da Assembléia). Isso levou a um desprestígio da entidade, mesmo se comprovando, posteriormente, que não havia nenhum tipo de armas de destruição em massa em solo iraquiano. TEXTO COMPLEMENTAR 24/02/2008 - 08h00 DIREITO DE VOTO FEMININO COMPLETA 76 ANOS NO BRASIL; SAIBA MAIS SOBRE ESSA CONQUISTA da Folha Online Faz só 76 anos que a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições nacionais. Esse direito foi obtido por meio do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932. Mesmo assim, a conquista não foi completa. O código permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar. As restrições ao pleno exercício do voto feminino só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934. No entanto, o código não tornava obrigatório o voto feminino. Apenas o masculino. O voto feminino, sem restrições, só passou a ser obrigatório em 1946.

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Alzira Soriano foi eleita prefeita de Lajes (RN) em 1928 O direito ao voto feminino começou pelo Rio Grande do Norte. Em 1927, o Estado se tornou o primeiro do país a permitir que as mulheres votassem nas eleições. Naquele mesmo ano, a professora Celina Guimarães --de Mossoró (RN) se tornou a primeira brasileira a fazer o alistamento eleitoral. A conquista regional desse direito beneficiou a luta feminina da expansão do “voto de saias” para todo o país.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS MULHERES NO PODER A primeira mulher escolhida para ocupar um cargo eletivo é do Rio Grande do Norte. Foi Alzira Soriano, eleita prefeita de Lajes, em 1928, pelo Partido Republicano. Mas ela não terminou o seu mandato. A Comissão de Poderes do Senado anulou os votos de todas as mulheres.

Reprodução

Carlota Pereira de Queiroz foi eleita deputada federal em 1933 Em 3 de maio de 1933, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher a votar e ser eleita deputada federal. Ela participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935. A primeira mulher a ocupar um lugar no Senado foi Eunice Michiles (PDS-AM), em 1979. Suplente, ela assumiu o posto com a morte do titular do cargo, o senador João Bosco de Lima. As primeiras mulheres eleitas senadoras, em 1990, foram Júnia Marise (PRN-MG) e Marluce Pinto (PTB-RR). Suplente de Fernando Henrique Cardoso, Eva Blay (PSDB-SP) assumiu o mandato dele quando o tucano se tornou ministro do ex-presidente Itamar Franco. Em 1994, Roseana Sarney (pelo então PFL) foi a primeira mulher a ser eleita governadora, no Maranhão. Em 1996, o Congresso Nacional instituiu o sistema de cotas na Legislação Eleitoral --que obrigava os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. No ano seguinte, o sistema foi revisado e o mínimo passou a ser de 30%. A primeira mulher ministra de Estado foi Maria Esther Figueiredo Ferraz (Educação), em 1982. Hoje, as mulheres não só estão à frente de vários ministérios como há uma Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres --chefiada por Nilcéa Freire, que tem status de ministra. Apesar do avanço feminino na política, o Brasil ainda não teve nenhuma mulher eleita presidente. Entre as ministras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está Dilma Rousseff (Casa Civil), cotada como possível candidata do PT à Presidência da República, em 2010. Outra ministra, Marta Suplicy (Turismo) é a favorita dentro do PT para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro de 2008. Seu nome também é cotado para a eleição para o governo de São Paulo, em 2010. a) Faça uma pesquisa sobre o direito ao voto no Brasil durante o Primeiro Império. b) Você acha que o Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932, que permitia o voto feminino era democrático? Justifique sua resposta. SUGESTÃO PARA PESQUISA: Procure identificar dois movimentos operários no Brasil em épocas diferentes, apresentando o que houve em comum entre eles. AGORA É A SUA VEZ! 1- Qual a importância do povo na Revolução Francesa? Qual a participação política do povo atualmente no Brasil? 2- De que forma o imperialismo impulsionou o capitalismo? 3- (ENEM 2007) Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que previa a criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a decisão conduziu ao primeiro conflito entre Israel e países árabes. A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia interesses anglofranceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai. O terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de Israel.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias atacaram de surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção americano-soviética impôs o cessarfogo, concluído em 22 de outubro. A partir do texto anterior, assinale a opção correta. a) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação bélica de tradicionais potências européias no Oriente Médio. b) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira guerra árabe-israelense, Israel obteve rápida vitória. c) A guerra do Yom Kippur ocorreu no momento em que, a partir de decisão da ONU, foi oficialmente instalado o Estado de Israel. d) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi decisiva para o cessar-fogo que pôs fim ao primeiro conflito árabeisraelense. e) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas dimensões territoriais tal como HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício referente ao Texto Complementar: Respostas pessoais Exercício 1 Unindo-se à burguesia viabilizou o processo revolucionário. No caso brasileiro há necessidade de maior conhecimento dos indivíduos em relação ao exercício do voto. Infelizmente muitos ainda são conduzidos a votar não pelas propostas partidárias, mas por interesses individuais. Exercício 2 As potências européias necessitavam de espaço para o excedente populacional e novas áreas para investimentos onde pudessem ser estabelecidas bases estratégicas que garantissem a segurança financeira de seus investimentos. Essa nova realidade abriu espaço para o desenvolvimento do capitalismo financeiro que submetiam as atividades produtivas e comerciais às instituições financeiras devido aos empréstimos, financiamentos, ou mesmo ao controle acionário. Exercício 3 B PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: Tempos Modernos de Charles Chaplin. Diretor: M. Night Shyamalan Filme: For all. Diretor: Luís Carlos Preste Filme: Adeus Lênin. Diretor: Wolfgang Becker

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PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Identificar registros em diferentes práticas dos diferentes grupos sociais no tempo e no espaço. • Analisar o papel do direito (civil e internacional) na estruturação e organização das sociedades. • Analisar a ação das instituições no enfrentamento de problemas de ordem econômico- social. • Comparar diferentes pontos de vista sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfica, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados. • Reconhecer alternativas de intervenção em conflitos sociais e crises institucionais que respeitem os valores humanos e a diversidade sociocultural. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 5 DEMOCRACIA E CIDADANIA. COMPREENDER E VALORIZAR OS FUNDAMENTOS DA CIDADANIA, FAVORECENDO UMA ATUAÇÃO CONSCIENTE DO INDIVÍDUO NA SOCIEDADE Em todo e qualquer processo de construção de cidadania existe uma dinâmica entre os direitos civis, políticos e sociais que é própria de cada momento histórico e determinado pela importância que cada sociedade atribui a esses direitos, isso ocorre desde a existência das primeiras sociedades primitivas que já estabeleciam normas cujos membros do grupo aprendiam a respeitar. Com o desenvolvimento das civilizações essas normas passaram a ser fixadas na forma de leis e deveriam garantir o convívio do grupo. Em grande parte as leis tinham sua origem e sua força nas crenças religiosas, atualmente, à medida que as relações sociais tornaram-se mais complexas o valor de uma lei passou a depender não só da confiança que a sociedade deposita nela, mas também do quanto ela permite ao cidadão exercer sua cidadania. A cidadania na Antiguidade Clássica, para os gregos e os romanos, era uma condição restrita a poucos. Nem todos tinham o direito de participar da sociedade como cidadão. Em Atenas, por exemplo, apenas os filhos de atenienses eram considerados cidadãos, portanto gozavam de direitos políticos. Mulheres, crianças, estrangeiros e escravos não partilhavam dos privilégios oferecidos pela pólis. A Democracia, instituída pelas reformas de Clístenes, denominado o “pai da Democracia” na cidade-Estado de Atenas, era um sistema político do qual participavam todos os cidadãos atenienses, adultos, filhos de pai e mãe ateniense, porém esse grupo constituía uma minoria. Durante o governo de Péricles (461-429 a.C.) a democracia ateniense atingiu sua plenitude por meio do estabelecimento dos princípios de isonomia, igualdade de direito ao acesso da palavra nas Assembléias e da isocracia, uma democracia direta, onde todo o cidadão tinha direito de comparecer a Assembléia. O governo passou a ser do “povo e pelo povo”. Porém, não podemos esquecer que o conceito de e cidadania era específico para aquela época e região e que a cidadania era, ainda, um privilégio de poucos. Na Inglaterra, a partir do século XVIII, por exemplo, distinguiam-se três dimensões básicas da cidadania: a do direito civil, todos aqueles que asseguram a vida, a liberdade, a igualdade, a manifestação de pensamentos e uma sociedade garantida e regida por leis; a dos direitos políticos aqueles que permitem a participação dos indivíduos no governo da sua comunidade, auxiliando na criação de leis que protegem o indivíduo também dos abusos do próprio Estado e o direito a voto como instrumento principal de representação popular; e os direitos sociais, mais atuantes no século XX, que pretendiam garantir as condições de vida e trabalho do cidadão, tendo como princípio para garantia dos direitos sociais a educação, a saúde e o trabalho.

Essa característica inglesa é fruto também do desenvolvimento econômico proposto pela Revolução Industrial, que determinou a exploração do trabalho das classes operárias, que insatisfeitos, passaram a exigir seus direitos, obrigando a formação de um Parlamento que pudesse garantir os direitos dos cidadãos, fossem eles patrões ou empregados. No Brasil, diante da realidade social ainda com mentalidade escravocrata, elitista e agrária que, até o século XX, favorecia a concentração de terras e o favorecimento das elites, a construção da cidadania seguiu um caminho mais complexo, ora assimilando padrões europeus, ora padrões norte americanos de construção social para a cidadania, mas que pela fragilidade dos direitos civis, desrespeitava os direitos políticos. O fim da escravidão no Brasil foi umas das principais conquistas sociais. Nas primeiras décadas do século XIX, começa a apontar no Brasil a idéia de “cidadão brasileiro”, todo homem livre nascido no Brasil, independente da cor, retirando dessa classificação tanto o português que se opunha a independência, quanto os escravos nascidos ou não fora do Brasil, as mulheres, as crianças e o imigrante europeu. A escravidão que por praticamente quatro séculos na História brasileira determinou a existência de valores que negavam a igualdade dos homens, foi uma realidade que esteve presente em todo o território e em todas as camadas sociais brasileiras, portanto excluía o caráter de cidadão não por questões raciais, mas por questão de propriedade. Esta concentração de terras ocorre desde o período colonial brasileiro, quando a Coroa Portuguesa criou as capitanias hereditárias e as repassou para aqueles que possuíam dinheiro para explorá-las. Como havia muita terra a ser explorada, os donatários – nome de quem recebeu as capitanias – também podiam dividir as terras concedidas com pessoas que tivessem dinheiro para explorá-las junto – conhecidos como sesmeiros. Apesar das dificuldades iniciais para ocupação e desenvolvimento das áreas produtivas, o clima favorável e o crescente tráfego de escravos, permitiram que o Brasil evoluísse para se tornar uma grande potencia agrária, tendo destaque inicialmente com a cana-de-açúcar, a borracha, o fumo e, posteriormente, com o café. Nos dias atuais, a soja se tornou no grande produto agrícola exportado pelo Brasil. O incremento desta atividade econômica contribuiu para aumentar ainda mais a concentração de terras. Além de possuir maiores recursos financeiros para a plantação e maquinários, os grandes proprietários sempre possuíram fortes vínculos com a política, sendo eles, muitas vezes, os próprios legisladores e/ou governadores. Isso trouxe inúmeros fatores que aumentaram a concentração de terras, tais como: a Lei da Terra (ver capítulo 3).

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Hectare: é uma unidade de medida de área igual a 100 ares (100 m², ou seja, 100x100). Equivale a um campo de futebol profissional, cuja medida máxima é 90x120 metros. Os efeitos são visíveis ainda hoje. Existem no Brasil, aproximadamente 50.000 propriedades rurais com menos de 1 hectare. Essas propriedades respondem por 25.827,00 hectares por todo o país. Por outro lado, existem cerca de 75 propriedades, com área superior a 100.000,00 hectares, totalizando 24.047,67 hectares por todo o país. Nota-se, portanto, que a maior quantidade de terra está restrita as mãos de poucos. Também, com a evolução do agronegócio, houve o aprofundamento da monocultura extensiva – plantio de um único produto -, através da utilização de maior quantidade de máquinas (para plantar, colher e limpar), pesticidas e fertilizantes. Apesar dessa evolução a produção ainda continua buscando, preferencialmente, o mercado externo. Assim, a concentração de terra aumentou e tende a aumentar mais. Para o país, no sentido puramente econômico, essa evolução do agronegócio é importante, pois a atividade tem melhor rentabilidade, maior cuidado com a terra, aumento do investimento na produção e, também gera, através da exportação da produção, melhora nas contas da balança comercial e através da arrecadação dos impostos. Toda esta concentração gerou graves problemas sociais. O aumento no valor das terras e a falta de apoio para a produção agrícola de subsistência levou ao aumento da migração para as cidades – êxodo rural ou migração -. Havia aqueles que buscavam, também, uma melhora no padrão de vida, deslumbrados com as possibilidades dentro das cidades. Com a industrialização, expandiu-se fortemente o mercado de trabalho para pessoas que não possuíam qualificação técnica, porém não foi suficiente para atender a nova oferta de trabalhadores. Os governos municipais, estaduais e federal não possuíam uma rede de garantias sociais (educação, saúde, transporte e outros) adequada ao aumento populacional produzido pela migração. Portanto, aqueles que não encontravam emprego, tinham que buscar alternativas para sobreviverem. Assim, dos vários problemas que as grandes cidades brasileiras sofrem, atualmente, como: violência, desorganização, habitações precárias (favelas, invasões), saneamento básico, saúde, educação e outros decorrem da pequena capacidade que elas tiveram ao absorver esta nova mãode-obra.

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Reforma Agrária: pode se tornar uma maneira de melhorar diversos problemas sociais do Brasil, dentre eles: diminuir o inchaço populacional nas cidades, melhorar a condição de vida e a produção de alimentos para as grandes regiões. Isso ocorreria através da utilização de terras improdutivas por aqueles interessados a usá-las. O governo federal compraria essas terras e as repassaria a esses interessados, com certos direitos e obrigações, para tornar produtivas essas terras, gerando retornos à família, sociedade e ao estado (arrecadação de impostos). Cidadania e Direito O Direito é um conjunto de normas que apontam o que é permitido numa sociedade, ele se interessa mais concretamente pelas normas sociais que dependem da consciência de cada um. Ficam fora do Direito as normas morais que dependem da consciência de cada um. Nas primeiras civilizações, as leis vinham de uma tradição. Somente a partir do século XVIII entendeu-se que as leis de uma sociedade correspondem à razão considerada como normalmente aceitável. Por isso a busca por normas universais. Uma das primeiras manifestações na tentativa de construção da cidadania, no Brasil, ocorreu com a elaboração da nossa I Constituição, a Constituição do Império em 1824, que propôs, pela primeira vez, estabelecer direitos civis e políticos no país. Porém, essa Constituição fazia uma distinção entre sociedade civil e sociedade política. Essa distinção aparecia com a evidente divisão da sociedade, em cidadão ativos, aqueles que possuíam além dos direitos civis, os direitos políticos, e os outros que possuíam apenas os direitos civis e ocorria por que o direito de ser eleito ou de eleger era determinado de forma censitária, ou seja, conforme a renda. Com a Proclamação da República em 1889, foi promulgada a segunda Constituição brasileira, e a Primeira Constituição Republicana, em 24 de fevereiro de 1891, estabelecendo como forma de governo o regime representativo, em que o povo exerce o poder indiretamente, através de seus representantes, eleitos em pleitos diretos por todos os cidadãos do sexo masculino e maiores de 21 anos. Adotou o Presidencialismo, então o presidente eleito, também de forma direta, exerceria o poder por quatro anos. Depois dessa, mais cinco Constituições foram elaboradas na tentativa de garantir a cidadania aos brasileiros. A garantia da cidadania implica também numa série de conquistas estabelecidas pela sociedade. O voto sem dúvida é uma forma de legitimar conquistas, mas não o único. Muitas conquistas ocorreram através de lutas, mani-

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS festações e conflitos e acabaram se tornando leis. Algumas universais, como a Lei dos Direitos Humanos, e algumas mais localizadas, como por exemplo, no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal número 8.069, promulgada em 13 de julho de 1990, que tem por objetivo melhorar a situação da criança e do adolescente no Brasil, coibindo a violência doméstica, trabalhista, sexual, escolar ou qualquer outra forma de violência que venha a prejudicar as condições de vida da criança ou do adolescente.

Declaração Universal dos Direitos Humanos 10/12/1948 A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Garantir a cidadania significa garantir não só os direitos aos cidadãos, mas também dar a oportunidade para que eles exerçam seus deveres. Em quase todas as plataformas políticas dos partidos que disputam o poder no Brasil, o discurso da necessidade de garantia de educação, saúde e de trabalho dignos aparecem como prioritários, mas qual educação, qual saúde e que tipo de trabalho podem ou não ser considerados dignos? A Constituição Federal Brasileira de 1988 prevê a retomada das eleições diretas já na próxima eleição, acordo este estabelecido com o final da ditadura e o primeiro presidente civil, eleito indiretamente. A república é comandada por um presidente, eleito pelo povo diretamente, assim como os demais representantes do legislativo. Porém, existem diferentes formas de governo, isto é, como o poder é instituído no país e as relações entre o governo nacional, regionais e locais com a população. E mesmo dentro de uma forma de governo, existem variações de construções entre elas. Veremos algumas delas a seguir: • Monarquia é uma forma de governo no qual existe a figura de um Rei ou Rainha, que personalizam a nação perante as demais. Estas mesmas figuras dão continuidade à manutenção ao poder através de seus filhos, que se tornam Rei ou Rainha após a morte ou a abdicação de seus pais. No decorrer dos tempos, ocorreram diferentes manei-

ras da monarquia se organizar, com destaque para a absolutista e a constitucional. A monarquia absolutista ocorreu em vários países europeus, especialmente durante o Renascimento, onde a figura do Rei ganhou força política e econômica (através da proteção à burguesia), assim ele se tornou absoluto, ou seja, não havia regras ou restrições a para qualquer ato que fosse dele. Contudo, especialmente na Inglaterra, surgiu a monarquia constitucional, ou seja, o Rei não usufruía tanta liberdade para realizar seus atos. Havia um conselho constituído de lordes e do clero que, através da Magna Carta, regulavam as suas ações. Neste caso, o Rei se torna um Chefe de Estado, representando a sua nação perante as demais e liderando o povo, por exemplo. Neste caso, a evolução foi a constituição de um parlamento (poder legislativo – onde se fazem as leis) através do voto da população. Países como Inglaterra, Espanha, Suécia, Holanda, Japão, Jordânia e Malásia são os exemplos de monarquias constitucionais atuais. E a Arábia Saudita e Suazilândia são as Monarquias Absolutas de agora. • República é uma forma de governo no qual a coisa pública (Res publica do latim) é organizada através da população, geralmente através do voto. Por coisa pública, entende-se os governos federal, estaduais, municipais e os seus serviços básicos de proteção e social. Para simplificar o comando de todos esses serviços, é eleito um representante geral do povo, no caso o presidente, que pode acumular os cargos de: Chefe de Estado (indivíduo que representa o país no exterior, bem como comanda as forças armadas) e Chefe do Governo (indivíduo que comandará o poder executivo – onde se cumprem as leis – e nomear os seus ministros para auxiliá-lo). A diferença entre acumular ou não estes cargos está no sistema de governo. Se a República for parlamentarista, o poder legislativo escolhe um representante (Primeiro Ministro, Premiê ou Chanceler) para exercer as funções executivas, isto é, escolhem um Chefe de Governo. Caso a República seja presidencialista, o presidente acumula as funções. Atualmente, temos como exemplo de países com República Presidencialista o Brasil, EUA, Chile e México. Países com República Parlamentarista a Alemanha, Itália e outros. • Comunismo pode ser considerado como a primeira forma de organização política das primeiras sociedades humanas. Segundo Karl Marx, o que caracteriza o comunismo é a ausência do estado, das classes sociais e as necessidades de todas as pessoas estão supridas. As primeiras sociedades humanas eram tribos nômades, onde não havia classes e todos ajudavam conforme podiam, sendo recompensados (comida e roupas) da mesma maneira. Contudo, na evolução humana, houve a sedentarização através da agricultura, o que tornou a propriedade privada mais forte, através da defesa daquilo que você produziu e dos meios de produzir. Surgiu, então, uma organização para ajudar nessa defesa, o Estado. O mesmo Karl Marx diz que o comunismo é a etapa final da evolução das organizações políticas e econômicas, onde as características supracitadas retornariam, porém o progresso alcançado manteria e seria expandido, conforme as necessidades das pessoas. Não há registro de um país realmente comunista durante toda a história humana.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS DIREITOS CIVIS Retirar do indivíduo o direito de exercer a cidadania favorece a exclusão social. Exercer a cidadania é mais do que simplesmente votar, é ter plena consciência do seu papel na sociedade, conhecimento dos seus direitos e deveres e a sua liberdade de expressar seus sentimentos e suas vontades. A riqueza material produzida pelos países capitalistas não é distribuída de forma equilibrada daí o brutal abismo entre as sociedades dos países ricos e a dos países pobres. Calcula-se que cerca de 80% da riqueza produzida no mundo esteja concentrada nas mãos de 15% da população do planeta, que vive nos países ricos. Enquanto isso, o restante da população do planeta enfrenta os mais variados problemas. Fome, desamparo a saúde, descaso para com a educação, falta de moradia e saneamento básico, desemprego e baixos salários. Evidentemente, esse desnível econômico, afeta os demais setores sociais e reflete na expectativa de vida da população. Nas últimas décadas, o desnível entre países ricos e pobres tem se ampliado rapidamente. Estudos recentes apontam que a renda dos 20% mais ricos era em torno de 74 vezes maior que a dos 20% mais pobres. Essa diferença, conforme alguns analistas colocam, tende a aumentar devido a própria dinâmica do mundo globalizado.

No final do século XX, no Japão, as pessoas viviam, em média, 80 anos; já em Serra Leoa, país pobre da África, a expectativa de vida era de 36 anos.

Somado a todos os fatores que contribuem para a manutenção da pobreza mundial, ainda temos os meios de comunicação influenciando muitas sociedades com valores culturais externos. Grande parte da moderna tecnologia de comunicação de massa (filmes, revistas, televisão, jornais, CDs e DVDs), projetando valores que interessam às sociedades capitalistas ou às elites locais a fim de favorecer e ampliar o consumo, o individualismo, a ruptura de tradições locais e o lucro desenfreado.

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Já o Brasil apresenta alguns importantes dados para averiguar as condições de vida da sua população. E, destes dados, podemos tirar algumas conclusões sobre quais são os efeitos da concentração de renda e da desigualdade verificada entre os Estados da Nação. Relembrando... Produto Interno Bruto (PIB): representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região ou país. Primeiro, vamos discutir tais indicadores: (1) Renda per capita é a renda (dinheiro a receber) média de cada brasileiro. Isso é obtido através da simples divisão do Produto Interno Bruto (PIB) pelo total da população. (2) Índice de desemprego é o indicador da parcela da população economicamente ativa (a partir de 10 anos, conforme metodologia do IBGE) que está procurando oportunidades de emprego. (3) Índice de analfabetismo demonstra o percentual da população que não sabe ler e escrever. (4) Expectativa de vida mostra, em média, quantos anos a população vive. (5) Mortalidade infantil está relacionada ao número de crianças mortas, no seu primeiro ano de vida, por qualquer razão possível. De uma maneira geral, países desenvolvidos, como EUA, Japão, Alemanha e outros, apresentam algumas características em comum como, boas oportunidades de trabalho, bons sistemas de saúde e educação e acesso a informações básicas, o que possibilita as seguintes características: uma renda per capita alta, índice de desemprego relativamente baixo, baixo índice de analfabetismo (próximo ao zero), alta expectativa de vida e baixa mortalidade infantil. Podemos comparar os dados brasileiros com os de outro, porém por ser o Brasil um país muito grande separaremos esses dados por Estados no intuito de alcançar uma melhor avaliação. A única exceção é o desemprego, pois esse item é mais específico em alguns Estados brasileiros; nas regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife, através do IBGE. Veja a tabela a seguir:

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

São Paulo

Rio Grande do Sul

Amazonas

Mato Grosso do Sul

Renda Per Capita

R$ 19.548,00

R$ 14.310,00

R$ 11.829,00

R$ 10.599,00

R$ 6.922,00

Analfabetismo

4,60%

5,00%

7,90%

9,00%

21,40%

Expectativa de Vida

74,2 anos

75,0 anos

71,6 anos

73,8 anos

72,0 anos

Mortalidade Infantil

15,5 por mil 13,5 por mil 25,9 por mil nas- 18,0 por mil 38,7 por nascidos nascidos cidos nascidos nascidos

 

Bahia

mil

Além disso, o IBGE aponta que o desemprego averiguado em 2008 foi de 7,89% no Brasil. No mês de abril de 2009, sentindo os efeitos da crise financeira de 2008, a taxa de desemprego averiguada pelo Instituto chegou em 8,9%. Vemos, portanto, uma grande diferença entre os Estados. Cada um representa uma macro-região brasileira, São Paulo está no Sudeste, Rio Grande do Sul, no Sul, Amazonas no Norte, Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste e a Bahia no Nordeste. São Paulo é o Estado que se destaca na renda per capita e no analfabetismo, ficando um pouco atrás do Rio Grande do Sul na expectativa de vida e mortalidade infantil. O destaque negativo é a Bahia, com alto nível de analfabetismo, mortalidade infantil e baixa renda. Tais dados dão uma mostra de como está a vida do brasileiro e os principais problemas enfrentados em cada estado. Apesar da alta renda per capita em São Paulo, este dado não mostra a concentração de renda existente no Estado, nem tão pouco, o distanciamento entre as camadas “ricas” e as “pobres”. A concentração de riquezas atinge pequena parte da população fazendo com que haja um grande distanciamento entre as classes sociais brasileiras. Em relação à educação e a mortalidade infantil percebemos que a região sudeste é mais desenvolvida em comparação com as demais regiões. Já a Bahia, possui graves problemas no setor educacional e, também, no controle da mortalidade infantil. A realidade do interior da Bahia, onde as famílias geram muitos filhos e dependem da agricultura para sobreviver, traduz-se nos dados da tabela anterior. A seguir, veja a tabela da comparação do Brasil com outros países:

Brasil Renda Per Capita 10.326,00 (US$) Analfabetismo 10,00% Expectativa de 72,7 Vida (em anos) Mortalidade fantil

Argentina

EUA

Japão

Alemanha

África do Sul

13.308,00

46.272,00

33.577,00

39.650,00

10.600,00

2,80%

1,00%

1,00%

1,00%

17,60%

75,3

78,2

82,6

79,4

49,3

In- 23,6 por mil 13,4 por mil 6,37 por mil 2,6 por mil 4,08 por mil 44,8 por mil nascidos nascidos nascidos nascidos nascidos nascidos

Através do quadro, note-se a disparidade entre os números dos países desenvolvidos como EUA, Japão e Alemanha em relação aos demais. Dentre os países analisados, encontramos a África do Sul, um país de maioria negra controlado por uma minoria branca e que possui índices baixos de expectativa de vida e mortalidade infantil, com alta taxa de analfabetismo. Essa situação permitiu por muito tempo que as comunidades negras não tivessem voz em seu próprio país. Ainda hoje esse continente sofre as conseqüências da política neocolonial imposta pelos países europeus. Veremos, a seguir, um pouco mais da história da África do Sul e você poderá entender melhor estes números. ÁFRICA DO SUL Como se vê, não é incomum os meios de comunicação influenciarem as sociedades na tomada de decisões que podem alterar os rumos de suas construções históricas, muitas vezes fazendo com que o mundo tenha contato com realidades tão cruéis que obrigam uma postura daqueles que nele vivem. Daí as manifestações pacifistas ou mesmo um protesto em relação às agressões da humanidade contra o meio ambiente ou mesmo contra o próprio Homem. Foi o caso do Regime Apartheid, na África do Sul, sistema que vigorou até o ano de 1990, quando o presidente de Estado sul-africano Frederik Willen de Klerl tomou várias medidas e colocou fim ao Apartheid.  A opinião pública mundial colaborou muito para o fim desse sistema, e os meios de comunicação se consolidaram como uma forte ferramenta contra a sua manutenção.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Apartheid (significa “vidas separadas” em africano) era um regime segregacionista – divisor - que negava aos negros da África do Sul o direito de exercer cidadania, ou seja, seus direitos sociais, econômicos e políticos.  Embora a segregação existisse na África do Sul desde o século XVII, quando a região foi colonizada por ingleses e holandeses, o termo passou a ser usado legalmente em 1948. No regime do apartheid, o governo era controlado pelos brancos de origem européia (holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas para os interesses dos brancos. Aos negros eram impostas várias leis, regras e sistemas de controles sociais. 

Principais leis do Apartheid: Proibição de casamentos entre brancos e negros - 1949. Obrigação de declaração de registro de cor para todos sul-afriacanos (branco, negro ou mestiço) - 1950. Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades 1950 Determinação e criação dos bantustões (bairros só para negros) – 1951 Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros públicos) – 1953 Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos bantustões – 1953

Dentre as medidas que deram fim ao Apartheid estava a libertação de Nelson Mandela, preso desde 1964 por lutar com o regime de segregação. Em 1994, Mandela assumiu a presidência da África do Sul, tornando-se o primeiro presidente negro do país. Texto adaptado de: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/apartheid.htm Todas as instabilidades políticas deste país, somada à disseminação da AIDS, contribuíram para alcançar os números da tabela anterior com a comparação entre os países. O Apartheid é uma herança ainda muito presente na sua sociedade, criando barreiras para a integração com os brancos e, também, para os problemas sociais. Na Segunda Grande Guerra o rádio foi um grande divulgador das idéias nazistas na Alemanha; e no Brasil, durante o governo de Getúlio Vargas, era através do rádio que havia a divulgação das plataformas políticas governamentais. Atualmente um dos maiores meios de divulgação em massa é a internet, através dela qualquer pessoa pode ter acesso a todos os acontecimentos do mundo.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Regulamentação dos direitos trabalhistas no Brasil: uma tentativa de conciliação entre o capital e o trabalho (1937-1945) Inara dos Santos Betat Fonte: http://www.bdtd.ufes.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=235 http://www.bdtd.ufes.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=236 O tema que motivou este estudo é a questão social trabalhista no Brasil, no período em que vigorou o Estado Novo. Para melhor compreensão desse problema, parte-se de uma releitura de sua evolução histórica, a partir do final da década de 1920, até o final do Estado Novo, 1945, período proposto para este estudo. As reivindicações operárias por melhores condições de trabalho, salários e, portanto, por melhores condições de vida, remontam a década de 1930, quando eram tratadas, simplesmente, como “um caso de polícia”. O tratamento da questão social começou a mudar a partir de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas à presidência. A montagem de todo um aparato estatal para regular as relações entre o capital e o trabalho, teve como preocupação primeira acalmar os conflitos de ordem social que se alastravam, especialmente nos grandes centros urbanos do país, afim de dar prosseguimento a objetivos mais amplos, como o de promover o desenvolvimento da indústria no país. Ao longo da década de 1930, gradativamente, foi sendo regulamentado todo um conjunto de leis trabalhistas que, mais tarde, em 1943, no final do Estado Novo, foram sistematicamente organizadas num único documento, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). As leis trabalhistas trouxeram garantias reais aos trabalhadores, mas, em contrapartida, passaram a existir várias medidas que tolheram a liberdade de expressão dos trabalhadores, e que foram entendidas pelo governo como necessárias para que o processo de industrialização se materializasse. Se durante a Guerra do Vietnã, entre 1959 e 1975, o mundo ficou chocado com a ação das tropas norte americana, fazendo com que o próprio povo americano se voltasse contra a guerra através das imagens transmitidas pela televisão, hoje com a informação em tempo real e o acesso às informações com maior velocidade, podemos entender o quanto a Guerra do Golfo e a ocupação do Iraque pelas tropas americanas influenciaram as eleições presidências nos Estados Unidos em 2009. Vivemos num mundo marcado por grandes contrastes. De um lado podemos contemplar grupos com realidades bem homogêneas – parecidas -, apesar de restrito, desfruta de todos os benefícios que o capital pode oferecer, são os incluídos, que podem comer em bons restaurantes, fazer compras em shoppings, freqüentar escolas particulares, ter automóveis, computadores e celulares tornado-se, assim, padronizados e inseridos nesse mundo globalizado. De outro, aqueles que dividem as mazelas sociais, que sofrem pela falta de atendimento médico, pela fome, pelo descaso, porque muitas vezes nem escola freqüentam, na verdade são eles um exército de excluídos.

A fome deixa de ser um fato isolado ou ocasional e passa a ser um dado generalizador e permanente. Ela atinge 800 milhões de pessoas espalhadas por todos os continentes. Quando os progressos da medicina e da informação deveriam autorizar uma redução substancial dos problemas de saúde, sabemos que 14 milhões de pessoas morrem todos os dias, antes do quinto ano de vida. Dois bilhões de pessoas sobrevivem sem água potável. (...) O fenômeno dos sem-teto, curiosidade na primeira metade do século XX, hoje é um fato banal, presente em todas as grandes cidades do mundo. O desemprego é algo tornado comum. (...) A pobreza também aumenta. No fim do século XX havia mais 600 milhões de pobres do que em 1960; e 1,4 bilhões de pessoas ganham menos de um dólar por dia. (...) O fato, porém, é que a pobreza, tanto quanto o desemprego, são considerados como algo natural, inerente a seu próprio processo. Junto ao desemprego e à pobreza absoluta, registre-se o empobrecimento relativo de camadas cada vez maiores graças à deteriorização do valor do trabalho. Milton Santos. Por uma outra globalização, Rio de Janeiro, Record, 2000. P.59

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O Vietnã é um país localizado no Sudeste Asiático e como podemos ver na imagem, tem vizinhos como a China, Laos e Camboja. Seus vizinhos tiveram um importante papel durante a Guerra, pois era através deles que o esforço de guerra se fazia possível. Da China, vinham armamentos e conhecimento técnico. Do Laos e Camboja, era por onde ocorriam movimentações dos Vietcongues (tropa paramilitar com o suporte do Vietnã do Norte – na época) através da trilha Ho Chi Minh, ou seja, por onde eles conseguiam suprimentos e mantimentos.

Retirado e Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationofVietnam.png

Essa movimentação só era possível por causa da extensa vegetação em comum, a floresta tropical. Ela proporcionava uma cobertura natural aos combatentes. Além disso, por estar localizado numa região com o clima de monções – ventos sazonais que trazem chuva intensa e prolongada, caracterizando a estação de chuvas – há inúmeros rios e deltas (ramificações dos rios para deságue quando perto de mares e oceanos) por todo o país. Isso obrigou o Vietnã a construir várias pontes, para poder interligar o país através de uma via terrestr

Vietnã: 42 mil pessoas já morreram em explosões de bombas inativas http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/090729/mundo/vietn___explos__o_guerra_hist__ria Qua, 29 Jul, 04h51 HANÓI (AFP) - Mais de 42.000 vietnamitas já foram vítimas de explosões de bombas inativas datando da época da guerra, segundo estatísticas locais. A maioria dos acidentes acontece com agricultores que tentam recuperar o metal e a pólvora para tentar revendê-los, e com crianças que brincam com os obuses desconhecendo seu perigo. O conflito chegou ao fim em 1975, mas livrar o território dessas armas levará centenas de anos, estima o vice-ministro da Defesa, general Nguyen Huy Hieu. O último desses acidentes, agora em julho, aconteceu com quatro homens - um professor e três agricultores que tentavam desmontar um engenho ao longo da antiga pista Ho Chi Minh, utilizada pelos comunistas do Vietnã do Norte para abastecer as tropas que combatiam no sul do país durante a guerra contra os americanos. A pista havia sido bombardeada pelos Estados Unidos.(...)” Após essa guerra sem vencedores, o Vietnã foi totalmente afetado. Os bombardeiros norte-americanos despejaram milhares de bombas convencionais e químicas, destruindo as estruturas de geração de energia, de produção de água potável, as cidades, as bases inimigas, as poucas indústrias e partes da floresta onde se imaginavam serem rotas de transporte. Os próprios soldados Vietnamitas do Norte causaram grande destruição na parte do Vietnã do Sul, ao conquistá-lo. E, mesmo com o apoio da China e da Rússia, o esforço requerido para guerrear trouxe problemas para o desenvolvimento posterior da economia do país. A divisão interna, que surgiu na repartição entre Vietnã do Norte e do Sul, quando ainda era colônia da França, trouxe diferentes concepções e atitudes para a vida, que traziam novas dificuldades. Assim, o Vietnã permaneceu como um país essencialmente agrário, com forte influência da pesca – por conta da grande extensão de seu litoral –, também, com milhares de bombas inativas – veja a notícia a seguir – por todo o seu território e com o número de quase 2 milhões de mortos, entre civis e militares.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS LEITURA COMPLEMENTAR Eleições no EUA 05/11/2008 - 10h33 OBAMA É PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO DOS EUA EM VOTAÇÃO QUE MUDOU MAPA ELEITORAL Colaboração para a Folha Online Morry Gash/A

Democrata Barack Obama cumprimenta eleitores em discurso da vitória no Grant Park O democrata Barack Obama afirmou na noite desta terça-feira que nos Estados Unidos tudo é possível. O discurso foi apropriado à sua vitória como o primeiro presidente negro dos EUA eleito em uma votação de participação recorde e que mudou o tradicional mapa eleitoral americano como a Virgínia, que não votava em um democrata nos últimos 40 anos. Obama, que ressaltou em seu discurso que os EUA podem mudar sua história, criou um novo capítulo na política americana com uma vitória esmagadora, marcada pela participação de quase 66% dos 153,1 milhões eleitores registrados para as eleições presidenciais deste ano. Segundo as estimativas do site Real Clear Politics, isso significa a maior taxa de participação desde 1908, quando restrições impediam alguns americanos de votar. A porcentagem bateria também o recorde histórico recente, de 1960, quando 64,9% do eleitorado foi às urnas na disputa entre John Kennedy e Richard Nixon. Nas eleições de 2004, o número de registrados era de 142,1 milhões, das quais 63,8% compareceram às urnas. “Foi uma longa campanha, mas, nesta noite, por causa do que nós fizemos neste dia, neste momento definidor, a mudança chegou à América”, disse Obama, 47, a mais de 200 mil apoiadores que acompanharam sua festa da vitória no Grant Park, em Chicago. A partir da leitura do texto responda: 1- No seu entender, por que houve a adesão em massa das eleições nos EUA? 2- Por que o fato da eleição de um presidente negro nos EUA causou tanta polêmica? SUGESTÃO PARA PESQUISA: - Vida e luta de Nelson Mandela na África do Sul e de Mahatma Gandhi na Índia. - Diferença entre comunismo e socialismo.

AGORA É COM VOCÊ! 1- Por que o processo de reconhecimento do direito à cidadania foi mais complexo no Brasil 2- Quais as principais consequências para uma sociedade quando os direitos à cidadania lhe são negados? 3- Escreva, com suas palavras, o que você entende por: a) Monarquia; b) República; c) Comunismo. 4- (ENCCEJA 2006) 1850 – Aprovação da Lei de Terras, que impediu agricultores de origem italiana se tornarem proprietários. 1988 – A reforma agrária foi incluída na nova Constituição. Artigo 184 – Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização (...). De 1990 a 1999, foram assentadas, em terras desapropriadas pelo Estado, 500 mil famílias, em várias regiões do país. Esse número tem aumentado nos últimos anos. Analisando os trechos acima, é correto afirmar que: a) a estrutura fundiária brasileira sofreu profundas modificações e o trabalhador rural passou a ter direito de posse sobre o solo cultivado. b) o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra) perde a razão quando reivindica terras porque a Constituição já garante a posse de terras a esses trabalhadores. c) houve conquistas recentes na luta da sociedade pela reforma agrária, que busca um melhor crescimento econômico e justiça social. d) o trabalhador rural foi excluído de seus direitos constitucionais no decorrer de nossa história. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício referente ao Texto Complementar: 1- A grande insatisfação norte americana, pela atuação do presidente Republicano George Bush, a crise econômica e os escândalos causados pelas guerras e ocupações no Oriente Médio. 2- Por todo o contexto racista que envolveu a história da sociedade norte americana. Exercício 1: Por causa da realidade social ainda com mentalidade escravocrata, elitista e agrária que, até o século XX, favorecia a concentração de terras e o favorecimento das elites, a construção da cidadania seguiu um caminho mais complexo, ora assimilando padrões europeus, ora padrões norte americanos de construção social para a cidadania, mas que pela fragilidade dos direitos civis, desrespeitava os direitos políticos.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Exercício 2: A exclusão social e a miséria. Exercício 3: Resposta pessoal, mas vale observar como os itens foram tratados neste capítulo. Exercício 4: C PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: Gandhi. Diretor: Richard Attenborough Filme: Mandela – A luta pela Liberdade. Diretor: Bille August Filme: Fomos heróis. Diretor: Randall Walace PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Identificar o papel dos diferentes meios de comunicação na construção da cidadania e da democracia. • Analisar as conquistas sociais e as transformações ocorridas nas legislações em diferentes períodos históricos. • Analisar o papel dos valores éticos e morais na estruturação política das sociedades. • Relacionar criticamente formas de preservação da memória social. • Identificar referenciais que possibilitem erradicar formas de exclusão social. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 6 DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE: UM OLHAR CRÍTICO. PERCEBER-SE INTEGRANTE E AGENTE TRANSFORMADOR DO ESPAÇO GEOGRÁFICO, IDENTIFICANDO SEUS ELEMENTOS E INTERAÇÕES. A partir do século XVI, a ciência realizou grande progresso. Seus avanços foram sentidos nos mais variados setores. Avançou-se, infinitamente mais nos últimos 400 anos que nos anteriores. A quantidade de aplicações técnicas que mudam a vida dos seres humanos, as descobertas, a rapidez com que as informações chegam e saem da vida das pessoas é fruto do progresso das pesquisas científicas. Se o critério para afirmar que a humanidade melhorou for apenas o avanço da produção científica e tecnológica podemos estar seguros em afirmar que sim, porém se olharmos as relações estabelecidas entre os indivíduos e o meio ambiente a partir do progresso científico não saberemos responder com exatidão. As primeiras sociedades humanas faziam uso do tempo da natureza para produzir seus alimentos, portanto havia um grande respeito pela sua dinâmica. Seu conhecimento era fundamental para o plantio, colheita e armazenamento dos alimentos, portanto o processo de evolução do homem está intimamente ligado ao aproveitamento do meio ambiente. A fabricação dos utensílios deu à humanidade a possibilidade de melhor aproveitamento dos recursos naturais disponíveis na natureza. Sem o domínio da natureza seria muito difícil ao homem sobreviver. Porém, o que é dominar a natureza?

Um dos maiores problemas sociais é o êxodo rural. O abandono do campo em busca de melhores condições de vida na cidade contribui para a situação de pobreza e exclusão social no Brasil.

Durante o século XIX o pensamento humano em relação a natureza era de domínio, pois ela servia para atender a necessidade humana, portanto deveria ser dominada. O Homem tinha o direito de retirar da natureza tudo o que fosse necessária para seu sustento e ela a obrigação de se manter para suprir constantemente as necessidades humanas. Atualmente, esse domínio da natureza tem como conseqüência a extinção de vários animais, o desmatamento, as queimadas e muitas outras conseqüências obrigando o homem a reciclar seus recursos. Mas você sabe o que é reciclar? Este é um importante fator, que ganhou muito espaço na sociedade mundial atual. A sociedade de consumo (veja neste capítulo a seguir), configurada pelo desenvolvimento capitalista, evidenciou um problema importante, a capacidade do planeta Terra para fornecer aquilo que é essencial para a nossa sobrevivência e manutenção do nosso estilo de vida.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Reservas mundiais de petróleo cobrem 40 anos de necessidades, segundo a Repsol. Da Redação 07/07/2009 África 21 - DF Brasília - A empresa espanhola de petróleo Repsol YPF estima que as reservas petrolíferas mundiais existentes atenderão às necessidades de fornecimento durante 40 anos e as reservas de gás durarão 60 anos. As novas áreas de exploração, como os blocos “offshore” [shore=costa; off=fora: longe da costa – tradução livre]no Brasil e na Sibéria, contribuirão para as reservas futuras, disse nesta terça-feira (7) o diretor-geral do departamento de “upstream” [up=subir; stream=fluxo; extração – tradução livre] da Repsol, Nemesio Fernandez Cuesta. Entretanto, as descobertas a nível mundial de petróleo e gás poderão registrar este ano a maior queda desde 1992, referiu segunda-feira num relatório a Sanford C. Bernstein & Co. Este ano foram descobertos três bilhões de barris de equivalente petróleo nas reservas provadas e prováveis de hidrocarbonetos, de acordo com o relatório da empresa. As informações são da Bloomberg. Fonte: http://africa21.achanoticias.com.br/noticia.kmf? cod=8647076&indice=0&canal=402

A limitação dos recursos naturais é evidente, especialmente a dos minerais como: ferro, bauxita, ouro e outros. O que mais chama atenção é a limitação das reservas mundiais de petróleo. O petróleo e o gás, quando utilizados para fins de geração de energia (automóveis, termoelétricas e outros), são exemplos de recursos naturais cuja a possibilidade de reaproveitamento é inexistente. Uma vez feito o seu uso, beneficiando a atividade econômica humana, seus elementos resultantes retornam a natureza. Porém, o petróleo também serve de matéria-prima para outros setores da economia, com destaque para a petroquímica. Com ele são produzidos, principalmente, os plásticos que são utilizados para diferentes embalagens. Este material (plásticos) pode e deve ser reaproveitado. E é essa a essência da reciclagem: reutilizar aquilo que for possível, diminuindo ao máximo a necessidade de retirar da natureza tais elementos, reduzindo a produção de lixo aliviando, assim, a necessidade de aterros sanitários.

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FONTE: http://www.institutorecicle.org.br/

É importante lembrar que nem sempre o lixo vai, realmente, para os aterros sanitários. Em muitos casos, por conta da falta de um serviço eficaz e da educação dada à população, os lixos são simplesmente jogados em rios e lagos; às vezes são simplesmente largados em algum canto, próximos as suas casas (terreno baldio). Essa ação ocasiona diversos problemas para toda a sociedade. Além de atrair animais que transmitem doenças, ocasionar enchentes, degradar a vida animal (tanto do rio, lago e locais próximos) e aumentar os custos para a limpeza, o próprio lixo demora em se decompor naturalmente, veja o quadro ao lado: Existe, também, a reciclagem de material orgânico. Quando se come uma fruta ou um legume, é necessário prepará-lo antes. Para tanto, além de lavá-lo, deve-se cortar aquilo que não é comestível. Assim, essas sobras podem retornar ao solo, preciosos nutrientes, garantindo-lhes uma ótima fertilidade. CIÊNCIA E PROGRESSO Atualmente somos capazes de nos comunicar com qualquer ponto do planeta graças ao desenvolvimento tecnológico que busca satisfazer os desejos de interação da humanidade. Esse intercâmbio ocorre por um simples “clicar” no computador, com um simples toque no celular, ou mesmo ligando a TV. Essa comunicação estabelece um intercâmbio entre as idéias, os sentimentos e objetivos entre as pessoas do mundo inteiro. Uma carta com informações importantes que poderiam levar dias para ser lida, hoje são lidas em tempo real. São facilidades conquistadas pela tecnologia, porém qual o impacto dessas facilidades no meio ambiente?

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS CERRADO BRASILEIRO

Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação, poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas. O Cerrado é uma vegetação original brasileira, porém possui similaridades com a vegetação da Savana Africana. Constitui-se, predominantemente, por uma vegetação caducifólia, plantas que perdem as folhas em épocas muito frias ou secas do ano, arbustiva, de raízes profundas, galhos retorcidos e casca grossa (que retém mais água). Esta formação está plenamente adaptada ao clima tropical típico, ou seja, com chuvas abundantes no verão e inverno bastante seco.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b9/ Cerrado_ecoregion.jpg

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Ela é o segundo bioma – uma determinada região que apresenta o mesmo tipo de clima e vegetação – brasileiro, com mais de 2 milhões de km² espalhados por oito estados, conforme pode ser visto na figura ao lado (parte contornada em amarelo). O Cerrado apresenta um relevo acidentado, com poucas áreas planas, apresentando elevação máxima de 1.400 metros, aproximadamente. Por ter clima tropical sua temperatura média é de 25ºC, com variações entre máxima de 40ºC e mínima de 10ºC. No inverno, as chuvas são escassas e retornam no começo da primavera permanecendo até o final o começo do outono.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ f6/Amazon_rainforest.jpg

O solo do Cerrado possui baixa fertilidade natural, com altas quantidades de alumínio e baixas quantidades de nutrientes, como fósforo, cálcio, potássio, matéria orgânica e outros. Isto faz com que o solo possua pH ácido, ou seja, um solo naturalmente pobre para a exploração comercial. As longas secas e as torrentes chuvas de verão, associadas às pastagens, monoculturas e o reflorestamento de eucalipto (na década de 60), levaram a uma alta degradação do solo. Observando os mapas anteriores, podemos notar também que o Cerrado faz fronteira com a Floresta Amazônica. Comparando os dois mapas podemos perceber os limites do Cerrado e a parte que se encontra a Floresta Amazônica. Esta proximidade fez com que muitos dos produtores agrícolas e, também, os pecuaristas do Cerrado, procurassem novas terras para desenvolver e expandir suas atividades econômicas. A expansão agropecuária para o norte, em direção a Amazônia foi grande e rápida. Tais produtores não se preocuparam com os impactos das suas atividades econômicas. Cresceu-se assim o desmatamento, através da ocupação ilegal de terras (em áreas protegidas e sem autorização). Assim, vemos o crescimento do desmatamento da sua área, alcançando a cifra de 350 mil km², no total, a um ritmo de 20 hectares por minuto, 30 mil por dia e 8 milhões por ano. A noção do desastre ecológico causado pelo desmatamento fica ainda mais agravante sabendo que a Floresta abriga 30% de espécies de flora e fauna conhecida

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Isto leva a importantes mudanças nas áreas afetadas pelo desmatamento. O solo da Floresta é pobre e não agüenta radiação solar intensa, ou seja, sem a proteção da copa das árvores, o solo se degrada e torna-se inútil para qualquer atividade econômica. O que leva a mais desmatamento, pois o produtor rural precisa de espaço para a pastagem do gado e/ou para o plantio de soja, por exemplo.

Segue a relação dos biomas que existem no Brasil. Amazônia – o maior bioma brasileiro, ocupando mais de 4 milhões de km² (49,29% do território brasileiro). Está localizada no Norte do Brasil, abrangendo 9 estados. Cerrado – segundo maior bioma, ocupa mais de 2 milhões de km² (23,92% do território brasileiro). Estende-se por 11 estados e o distrito federal. Mata Atlântica – terceiro bioma brasileiro, com mais de 1 milhão de km² (13,04% do território).Sua presença é visto em 15 estados. Caatinga – quarto bioma brasileiro, com mais de 800 mil km² (9,92% do território). Presente em 10 estados. Pampa – quinto bioma brasileiro, com mais de 170 mil km² (2,07% do território). Presença no estado do Rio Grande do Sul. Pantanal – sexto bioma brasileiro, com mais de 150 mil km² (1,76% do território). Presença nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A importância dada para as atividades econômicas, ao invés da preservação de um importante ecossistema é o desafio para os próximos séculos, especialmente o século XXI, onde encontramos um mundo globalizado, com inovações tecnológicas cada vez mais utilizadas para oferecer novos produtos e ampliar o mercado consumidor. Notamos isso em nosso dia a dia com o lançamento de produtos novos que acabam “criando a necessidade” através das intensas campanhas publicitárias, porém o Homem não está alheio à natureza. Como ser vivo também recebe dela uma ordem a respeitar na sua existência. Isso significa que não podemos fazer tudo o que queremos. A natureza é um conjunto que nos envolve e do qual fazemos parte, é um vínculo que nos une ao mundo e que orienta nossa forma de viver nele. Daí a preocupação atual, tão presente e explícita nos meios de comunicação com a ecologia e com a economia sustentável.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Economia sustentável: aquela em que as decisões de desenvolvimento, políticas e práticas não destruam os recursos do planeta Terra e sejam implementadas com respeito às várias culturas do mundo. Sustentabilide é a capacidade de usar os recursos naturais e, de alguma forma, devolvê-los ao planeta através de práticas ou técnicas desenvolvidas para este fim. Note que são conceitos muito próximos, pois a economia sustentável depende da sustentabilidade. Adaptado: http://www.ecologiaurbana.com.br/ sustentabilidade/o-que-e-sustentabilidade/

Hoje em dia, ainda, a idéia de consumo relacionada à riqueza existe na cabeça de muitas pessoas em todos os países no mundo. Os meios de comunicação e a própria sociedade através das propagandas e do convívio, fazem com que as pessoas venham a ter constantemente a necessidade de adquirir produtos diariamente. Daí o surgimento constante de máquinas que facilitaram o trabalho doméstico, como geladeiras, freezers, microondas, lava-louça, lava-roupa, batedeira, etc...; ou as possibilidades de lazer, com a expansão do rádio e da televisão, culminando na popularização do carro como meio de transporte principal. Todos esses fatores, somados, permitiu o desenvolvimento da idéia ilusória de que a qualidade de vida das pessoas está relacionada às facilidades permitidas pelo avanço e desenvolvimento da tecnologia. As máquinas prometiam facilitar a vida das pessoas, e sem dúvida em muitos casos cumpriram sua promessa. Porém, a que preço? E sob quais condições? Ainda eram questões sem respostas. A visão simplista e limitada de que o desenvolvimento econômico traz consigo apenas os benefícios do desenvolvimento logo se modificou trazendo à tona os diversos problemas sociais e econômicos do crescimento desordenado. E quanto aos processos que levavam às construções das máquinas? A forma como eram extraídas as matérias-primas necessárias para a construção e operação das máquinas? A infra-estrutura (energética e rodoviária) existente para a utilização delas? Os processos de fabricação dos alimentos? O que fazer com aquilo que já não é mais necessário ou que quebrou? Foram idéias que passaram a ser questionadas e implicavam diretamente no conceito de sustentabilidade. O domínio do mundo sobre o meio-ambiente, que se consolidou durante as revoluções industriais, levando a idéia de que a natureza tinha como única função prover aquilo que era necessário e de valor comercial para os humanos, passou a sofrer represálias da própria natureza que passou a demonstrar seu desgaste. As sociedades, ao constatarem que a contínua atividade econômica predatória, desenfreada, sem a devida preocupação com suas conseqüências, estava levando à destruição de diversos ecossistemas, apoiaram algumas

organizações não-governamentais (ONGs), que surgiram, alertando para as complicações resultantes do descaso para com o meio ambiente. Através de várias manifestações, incentivavam ações que boicotavam empresas e países que não respeitavam a dinâmica da natureza. A proposta de economia sustentável deve permear todos os setores sociais e suas ações e decisões devem procurar respeitar práticas que não destruam os recursos do planeta. Realizadas com respeito às várias culturas do mundo, satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. A efetivação de projetos politicamente corretos em relação à natureza ocorrerá se uma mudança geral de comportamento e estilo de vida, principalmente no que se refere a padrões de consumo e produção, acontecer Através da compreensão da complexidade do ambiente e das conseqüências do mau uso de seus recursos, podem favorecer a manutenção dos aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais, existentes no meio ambiente, criando um modo de interpretar os diferentes elementos existentes no espaço em que vive o Homem, a fim de que futuramente realizem uma utilização mais criteriosa e prudente dos recursos naturais. TECNOLOGIA, CONSUMO E PRODUÇÃO.

Uma das características da sociedade contemporânea que possibilitam a globalização é a velocidade das comunicações. Computadores, linhas telefônicas e satélites fazem com que a informação percorra o mundo todo rapidamente intensificando a reorganização das forças produtivas econômicas mundiais. Portanto, a globalização pode ser observada em diferentes aspectos e setores mundiais, no crescimento do comércio mundial, no aumento do fluxo financeiro, na produção mundializada e na criação de blocos econômicos macrorregionais. Sendo essa rede formada por todo o mundo, as decisões de nações ou empresas influentes podem afetar a vida de todas as pessoas que nele vivem.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Blocos Econômicos Regionais Área de livre comércio ou Zona de livre comércio: um acordo entre Estados destinado a eliminar as restrições tarifárias e não-tarifárias que incidem sobre a circulação de mercadorias entre os integrantes. Trata-se de um acordo limitado à esfera comercial. União Aduaneira: Trata-se também de um acordo limitado à esfera comercial, mas define duas metas: a eliminação das restrições tarifárias e a fixação de uma tarifa externa comunitária. Essa tarifa externa consiste em um imposto de importação comum cobrado sobre mercadorias que vêm de países externos ao bloco. Obviamente, um integrante de determinada união aduaneira não pode se associar a outro tratado econômico que projete a eliminação de restrições comerciais. Mercado Comum: Usa das regras da união aduaneira, mas não se contenta com elas. Ele tem por objetivo assegurar, além da livre circulação de mercadorias, a livre circulação de capitais, serviços e pessoas, através das fronteiras políticas dos países integrantes. Dessa forma, não se restringe à esfera comercial, invadindo os domínios da legislação industrial, ambiental, financeira e educacional. Adaptado: http://www.cefetsp.br/edu/eso/blocosregionalizacao. html

A idéia de blocos econômicos macrorregionais se desenvolveu especialmente após a Segunda Guerra Mundial, com a bipolarização mundial, sobre a qual já falamos em capítulos anteriores. Os dois protagonistas da Europa Continental (Alemanha e França) levaram a criação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA). Ela tinha como objetivo integrar as indústrias de carvão e aço dos países participantes, que eram: Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Porém, este acordo estava restrito à apenas a organização econômica das indústrias desses países. O estabelecimento de uma área livre de comércio entre países, o Benelux (acordo entre Bélgica, Holanda e Luxemburgo), possibilitou que as mercadorias dos países integrantes desse bloco tivessem maior liberdade (tarifária e sanitária) para o comércio entre eles. Esta idéia foi expandida para outros lugares como, Itália, Alemanha e França, com a criação da Comunidade Econômica Européia (CEE). A intenção era criar um mercado único para todos os países, contudo a idéia ainda era muito nova, pois não existiam laços entre os países que pudessem dar base e sustentação para a criação deste mercado.

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Então, montou-se a estrutura para permitir o livre comércio entre esses países que formavam a CEE. Mas, também, surgiu outro acordo não-comercial entre os mesmos países, para criar outros laços em comum, como por exemplo, a Euratom – Tratado que constitui a Comunidade Européia da Energia Atômica. Este acordo surgiu para fomentar a cooperação no desenvolvimento e utilização de energia nuclear para os países-membros, através do estabelecimento de normas de segurança e proteção, além de incentivar a indústria de materiais e equipamentos nucleares. Os demais países europeus que não participaram desses movimentos criaram, também, uma área de livre comércio entre si. Tal área ficou conhecida como Associação Européia de Livre Comércio (AELC) e possuía Reino Unido, Portugal, Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia e Suíça como países-membros. Porém, a AELC perdera importância frente ao avanço da CEE e, também, dos níveis de interações que passaram a surgir entre os seus países-membros. Em 1973, houve um tratado de livre comércio entre a AELC e a CEE. Neste mesmo ano, Reino Unido e Dinamarca se transferiram para a CEE, com a adesão extra da Irlanda. Este fato marca o primeiro ingresso de países na CEE, desde a sua criação. Espanha, Grécia e Portugal entraram para a CEE na década de 80, período posterior ao de seus Estados consolidarem-se como democráticos. .Esta mesma década marca o processo de transformação da proposta da CEE que de livre comércio passa a praticar o mercado comum, com o estabelecimento de políticas de desenvolvimento econômico para os membros integrantes mais atrasados. Estas políticas fizeram-se necessárias, pois o ideal de mercado comum considerava que o mesmo só poderia funcionar com membros que tivessem o mesmo nível sócio-econômico. Em 1993, entrou em vigor o Tratado de Maastricht, onde a CEE foi substituída pela União Européia (UE), e quando surgiram e foram estabelecidas metas para os mecanismos de integração para a formação do mercado comum europeu. Assim, os países-membros se submeteram à Comunidade Européia através da criação de instituições supra-nacionais do Parlamento Europeu, Conselho da União Européia, Comissão Européia, Tribunal de Contas Europeu e o Tribunal de Justiça. Além de, também, definirem uma política externa e de segurança interna em comum. O fato de maior impacto na vida diária foi criação do Euro, a moeda da UE, gerida através do Banco Central Europeu. Isto significa que todos os países que aderiram ao Euro, tiveram que se adequar a certas regras para suas contas públicas, para garantir a estabilidade da nova moeda. Este fenômeno não foi exclusivo da Europa. No continente americano, vimos surgir o NAFTA, MERCOSUL, COMUNIDADE ANDINA DE NAÇÕES (CAN) e, também, houve uma proposta para todo o continente: a ALCA. O NAFTA – North American Free Trade Agreement (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) é um tratado de livre comércio entre os EUA, Canadá e México. Os EUA e Canadá sempre tiveram fortes ligações econômicas e sociais. A grande fronteira entre os países, juntamente com a similaridade cultural e de formação, proporcionou esta ligação. Contudo, o México, é um país mais latino, apresentando maiores desigualdades sociais.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Ao contrário da UE, o NAFTA não quer estabelecer um mercado comum, sob a gerência e controle de instituições supra-nacionais. A intenção do mesmo é apenas se tornar uma área de livre comércio, onde a circulação de mercadorias (apenas) entre os países-membros possuísse vantagem sobre os demais. A grande diferença econômica entre seus membros, fez com que a indústria mexicana fosse destruída em função do capital norte-americano. Contudo, a sua produção aumentou, por conta da mudança de indústrias para o seu país, buscando vantagens como: mão-de-obra mais barata e legislação ambiental praticamente nula. Já o MERCOSUL é uma iniciativa que se aproxima mais da UE. Seus países integrantes são a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Há a busca pela criação de um mercado comum, com instituições supranacionais similares à UE, como o Parlamento. As barreiras para a livre circulação de mercadorias, pessoas e capitais sofreram transformações, tornando esta circulação mais fácil e menos onerosa – custosa -. Estabeleceu-se, também, uma política comum de tarifas para mercadorias importadas de outros países, o que originou uma união aduaneira. Contudo, o nível de integração entre as economias continua pequeno e sujeitos às variações políticas internas de cada país. A industrialização é mais forte no Brasil e na Argentina. Já Paraguai e Uruguai permanecem países fortemente agrícolas, porém sem condições de competirem com o forte mercado do agronegócio brasileiro. A livre circulação de mercadorias não é eficaz, pois os governos dos países-membros, quando pressionados pelos setores de sua economia, retomam práticas protecionistas. Apesar disso, o comércio entre os países continuam a crescer. Contudo, o Brasil leva grande vantagem em relação aos demais, obtendo contínuos superávits – lucros - no comércio, o que gera reinvidicações dos países-membros para a adoção de medidas compensatórias.

Por fim, a CAN é formada pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, sendo que a Venezuela deixou de ser membro. Este acordo pretende criar uma área de livre comércio e de livre trânsito entre seus países-membros. Porém, por não possuir peso econômico e político, a maioria dos seus países está associada de alguma forma ao MERCOSUL e, inclusive, existe a possibilidade do surgimento de um tratado de livre comércio entre os dois blocos. Vemos, portanto, que os tais blocos econômicos são a união comercial de países próximos, que apresentam alguma similaridade, através de um sistema alfandegário ou união aduaneira em comum. Também há grandes diferenças nessas uniões, como é o caso do NAFTA e da UE. O MERCOSUL estaria em transição entre esses dois blocos, mas sem avançar muito na direção da UE. Mesmo assim, existe uma instituição internacional que arbitra, isto é, resolve as disputas comerciais entre países e, também, entre blocos econômicos. Estamos nos referindo à Organização Mundial de Comércio (OMC) que surgiu na década de 90, em substituição ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT – sigla em inglês), criado após a Segunda Guerra Mundial. A criação o GATT serviu para equilibrar acordos e normas entre o comércio dos países capitalistas, através da harmonização das políticas aduaneiras dos países membros. Contudo, não era uma instituição permanente, sendo convocada apenas para as reuniões e lá, tendo que discutir os assuntos que ocorreram na sua ausência. Já a OMC manteve essa mesma postura, acrescentando a sua permanência durante a falta de reuniões, estabelecendo-se como um fórum internacional para a resolução de diversos problemas no comércio.

ALCA: Foi proposta pelos EUA para todos os países do continente americano, com exceção de Cuba, para formar uma grande área de livre comércio, nos mesmos moldes do NAFTA. Proposta esta que perdeu força com a continuidade dos subsídios para a agricultura e aço (mercados onde a América Latina é forte) nos EUA, com a eleição de George W. Bush para presidente e, também, pela grande impopularidade que esta idéia levou os países latino-americanos.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capital especulativo Capital especulativo são recursos financeiros alocados sem a intenção de gerar lucro via trabalho ou produção. É diferente do capital de produção, onde o investimento é feito diretamente em pessoas, equipamentos e outros bens, de modo que o trabalho gere valor, e o valor gere lucro. Já o capital especulativo é aquele que compra ‘um sistema’ esperando sua valorização, e vende logo após. O volume de dinheiro que gira diariamente pelos bancos e pelas bolsas de valores e mercados de investimentos em busca de lucro rápido pode ser devastador para alguns países. A entrada e saída de capitais especulativos num país são determinadas pela sua estabilidade política ou econômica, ao primeiro sinal de crise, os investidores retiram rapidamente seus investimentos do país e aplicam em outro cujas vantagens se mostram mais seguras. Essas entradas e saídas de capital especulativo, em países economicamente frágeis, têm como conseqüência direta crise financeira que afeta todo o quadro social. Adaptado de: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060722152104AAUKdHx

BOLSAS DE VALORES SENTEM IMPACTO NORTE-AMERICANO, GOVERNO GARANTE TRANQÜILIDADE NO BRASIL Edla Lula Repórter da Agência Brasil

Brasília - A variação dos índices dos mercados de capitais mostra que a semana terminou em clima de nervosismo, reflexo da crise financeira que chegou os Estados Unidos. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil passa com tranqüilidade pela situação econômica. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que meses atrás vinha alcançando recordes de pontuação, caiu 0,4% na semana. E o câmbio, alvo de sucessivas queixas do setor produtivo brasileiro por causa da desvalorização do dólar norte-americano, subiu 2,63%, encerrando a semana a R$ 1,95. A crise se intensificou nos Estados Unidos porque vários credores do setor imobiliário deixaram de pagar suas dívidas. Eles estão no grupo do subprime, um tipo de mercado que não exige garantias como comprovante de renda. Como se trata de uma operação de alto risco, os empréstimos são feitos a taxas bastante elevadas. O retorno para o investidor é bom, mas arriscado. Os bancos, que emprestaram muito para mutuários, não estão recebendo de volta. Em conseqüência, as instituições e os investidores do mundo inteiro que emprestam aos bancos também não recebem. E sofrem o efeito dominó. Ainda não há números oficiais sobre o tamanho do calote. “Por isso é muito difícil avaliar a profundidade da crise”, ponderou o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini. Nos dois últimos dias, bancos centrais de vários países colocaram mais de US$ 300 bilhões para ajudar os bancos a manterem seus empréstimos, já que os investidores estão tirando seu dinheiro do mercado de crédito para aplicarem em outros setores mais seguros, como ouro ou títulos públicos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a turbulência não afetou o Brasil. Ao contrário. Segundo ele, ao final da crise, os investidores podem até apostar no país, que oferece investimentos mais seguros. G1 - 22/12/08 - 13h56 - Atualizado em 22/12/08 - 13h56 Crise provoca demissões nas montadoras da Europa Empresas cortam mão-de-obra para reajustar a produção. Fiat e Peugeot podem se unir para recuperar fôlego. Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Paulo A queda nas vendas de veículos já era esperada na Europa, pois o mercado europeu já apresentava retração há anos. O que justifica tal tendência é o alto custo de se manter o carro – em cidades como Londres, por exemplo, é cobrado pedágio para transitar na região central -, a qualidade do transporte público e o uso de meios alternativos como bicicletas e motocicletas. O impacto da crise econômica e financeira agravou esta desaceleração. De janeiro a novembro, as vendas na região registram queda de 7,1%, com 13,79 milhões de unidades. O baixo desempenho levanta a questão de um plano europeu de ajuda, similar ao que é negociado nos Estados Unidos (...) Como em qualquer país, as montadoras são grandes geradores de emprego e renda. Para a Europa, perder postos de trabalho tem um peso ainda maior, já que a entrada de mão-de-obra estrangeira na região aumentou as dificuldades na obtenção de emprego. Com o agravamento da crise econômica mundial, o setor tem anunciado demissões, férias coletivas e redução da produção em diversas unidades espalhadas pelo mundo.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS No Brasil, as interferências do mercado globalizado se mostram bem presentes. Se hoje estamos inseridos no modelo globalizado sofremos a influência constante dele tanto de forma positiva, quando obtemos um crescimento econômico nos últimos dez anos em torno de 5%, quanto negativa quando não possuímos infra-estrutura para suportar esse crescimento. Grande parte da produção industrial e do comércio mundial está sob controle de empresas transnacionais ou multinacionais determinando um novo processo de divisão do trabalho. As transnacionais têm a possibilidade de possuir filiais no mundo inteiro permitindo dividir suas fases de produção. Esse modelo produtivo leva em conta algumas características que determinam maior ou menor lucro na produção, dentre elas notamos: o custo da mão-de-obra, a qualificação profissional, a carga tributária, a existência de infra-estrutura, incentivos fiscais, leis ambientais, etc.

Multinacional é um termo que está entrando em desuso, pois passa a idéia de uma empresa de várias nacionalidades (multi = vários), o que não existe. Uma empresa pode contar com inúmeras filiais pelo mundo, com uma variedade enorme de funcionários, atuando em diversos tipos de mercado, contudo a empresa continua a ter uma sede, possuí uma cultura, projeta isso internamente e tem responsabilidade para os seus donos. Transnacional é o termo que está substituindo o termo multinacional, pois coloca a idéia que a empresa se baseia na organização internacional, nos mais diversos locais, para viabilizar seu negócio. Além disso, dá a idéia que a própria sede (dono) é de diversos locais, pois o seu capital está concentrado nas diversas bolsas pelo mundo. INSTITUIÇÕES EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE Atualmente, a conscientização em relação à preservação do meio ambiente aparece de forma mais efetiva. Novos programas têm surgido e buscam ressaltar a importância da participação de um número cada vez maior de empresas e pessoas que pensam os problemas ambientais também de forma globalizada para que deixem de se preocupar apenas com os problemas que as rodeiam. Exemplo disso é o novo programa europeu de ação em meio ambiente: “Ambiente 2010: o nosso futuro, a nossa escolha”, que incide em quatro principais domínios de ação: alteração climática, saúde e ambiente, natureza e biodiversidade e gestão dos recursos naturais. Para a Comissária do Ambiente Margot Wallström, a política ambiental é uma das histórias de maior sucesso da União Européia, que já possibilitou a melhoria de várias regiões. Apesar das dificuldades ela pretende difundir seu projeto para o mundo todo. Antes de governos adotarem uma política de proteção ao meio-ambiente, existiram e existem diversas organizações civis, conhecidas como ONGs, - algumas delas já até mencionamos neste capítulo - que começaram a luta para conscientização dos problemas causados pela ação humana. O grande destaque dessas organizações é o Greenpeace. Organização esta que existe já há quase 4 décadas, na luta contra qualquer atitude que destrua a natureza. Há, também, outras organizações com o mesmo objetivo, como a World Wide Fund for Nature (WWF) [tradução livre: Fundo Mundial para a Natureza]. Ao atacar atitudes que possam prejudicar o meio-ambiente, elas evidenciam aquilo que consideram como elementos destruidores, por exemplo: agrotóxicos (no caso do DDT, pesticida que ganhou destaque após a segunda guerra mundial por ser barato e eficiente no combate do mosquito causador da malária e tifo, porém causava doenças como o câncer e interferia na cadeia alimentar dos pássaros) e alimentos transgênicos (discussão recente sobre os benefícios e malefícios que a alteração dos genes de determinadas plantas pode causar nos seres humanos e no meio-ambiente). E, em sintonia com a idéia de economia sustentável, divulgam as qualidades naturais que possuem os alimentos obtidos sem a utilização destes meios químicos ou genéticos, o alimento orgânico.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS TRABALHO INFANTIL Veja, a seguir, uma notícia de 2007 falando sobre este problema:

Trabalho infantil na China se agrava, diz ONG

da Efe, em Hong Kong 05/09/2007 - 10h51 O problema do trabalho infantil na China é agravado pela pobreza, por brechas legais e por erros no sistema educacional rural, denuncia a ONG CLB (China Labour Bulletin), com sede em Hong Kong, em seu relatório de setembro. O documento “Mãos Pequenas: um relatório sobre o trabalho infantil na China”, chega pouco depois da divulgação de casos de crianças que trabalhavam em regime de escravidão em fábricas de tijolos. O estudo, baseado em dados recolhidos em 2005, diz que as indústrias eletrônica, têxtil, alimentícia, de plásticos e de brinquedos são as que mais utilizam a mão-de-obra infantil --especialmente de meninas, que são menos escolarizadas. A análise da CLB aborda tanto o problema da demanda de mão-de-obra infantil, ligada a uma questão salarial, de maior cooperação e maior produtividade que os adultos em alguns trabalhos; quanto o do fornecimento da mesma, relacionado à educação. Segundo um estudo de 2006 do governo chinês, um terço dos imigrantes rurais chineses ganhava menos de 500 yuans (US$ 66) mensais; em torno de 40% entre 500 e 800 yuans, e só menos de um terço ganhava mais de 800 yuans por mês. As crianças ouvidas para o estudo recebiam de 300 a 600 yuans mensais. A CLB afirma que a China investe em educação apenas 2,7% do seu PIB (Produto Interno Bruto) --menos da metade do valor recomendado pela ONU. Isso faz com que nas regiões mais pobres do país os pais sejam responsáveis por pagar a educação dos filhos, sem ou com muito pouca ajuda do Estado. A porcentagem de abandono nas escolas primárias de alguma destas áreas chega a 40%, número muito superior aos 2,5% alegados pelas autoridades de Educação. O estudo lembra que as crianças não sabem como defender seus interesses e, portanto obtêm pagamentos geralmente inferiores, trabalham mais horas e vivem em condições piores que os adultos. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u325883.shtml Além do crescimento de problemas ambientais enfrentados na China e no Sudeste Asiático, acentua-se um novo antigo fator: o trabalho infantil. O rápido desenvolvimento econômico dessas regiões levou a situações enfrentadas na Inglaterra, durante a sua Revolução Industrial, mas que hoje já foram superadas naquele país, ou seja, a utilização da mão-de-obra infantil, associada às grandes quantidades de horas trabalhadas e a sua precária situação embora já não seja mais uma realidade em alguns lugares é algo muito presente em outros. Este é um problema que cada país industrializado já passou ou passa, não só a Inglaterra e a China. E, também, é um problema que tende a diminuir conforme ocorre o desenvolvimento de outras áreas dentro do país, especialmente através da conscientização da sociedade que tal prática é prejudicial ao próprio desenvolvimento sócio-econômico. Apesar disso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que existam 218 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, que executam trabalhos inadequados e que dois terços dessas crianças trabalham em condições críticas (exploração na agricultura, horas excessivas e até escravidão). E, grande parte dessa estatística está localizada na África, América Latina e na Ásia, com uma importante exceção: o Japão. O país passou por sua fase de grande desenvolvimento, através da expansão industrial vivenciada nas décadas de 60 e 70. Ultrapassou todos os países europeus, na questão econômica, ficando atrás apenas dos EUA. Durante este desenvolvimento, o forte investimento em educação permitiu a evolução da ciência e da tecnologia, lhes garantindo a sua posição de destaque atual. Este investimento foi realizado em todas as partes da educação, seja a da mais básica (creches) até a mais alta (universidades). Conseqüentemente, as crianças japonesas foram o alvo desta política, tornando a educação aquilo que as motivava. Portanto, o trabalho infantil no Japão é, atualmente, praticamente nulo.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS LEITURA COMPLEMENTAR: Perigos da Internet’ Matéria Folha de São Paulo: Pelados 2.0 julho 16, 2009 Reproduzo, abaixo, matéria originalmente publicada em 15 de julho de 2009 no jornal Folha de São Paulo, intitulada “Pelados 2.0″, para a qual fui entrevistado. Pelados 2.0 Fotos e vídeos caseiros de momentos íntimos caem na internet e surpreendem vítimas desavisadas DANIELA ARRAIS DA REPORTAGEM LOCAL Tudo era uma brincadeira ou um registro de momentos que diziam respeito, apenas, a duas pessoas. De repente, você acessa a internet, checa seu e-mail ou perfil em redes sociais e se depara com uma surpresa: fotos ou vídeos monstrando a sua intimidade estão ao alcance de um clique. Quem já fotografou ou filmou a si mesmo em poses ou movimentos sensuais e sexuais está sujeito a virar atração na internet. Com a disseminação da tecnologia, fica cada vez mais comum encontrar na rede imagens de anônimos em situações que ultrapassam as quatro paredes -nem sempre por vontade própria. Uma leva de celebridades, como Paris Hilton, Vanessa Hudgens e Daniella Cicarelli, já teve fotos e vídeos divulgados na internet sem autorização. Ganharam os holofotes, é claro, mas também tiveram que recorrer à Justiça para retirar o conteúdo do ar -quase sempre, sem sucesso. O fenômeno é chamado de sexting nos Estados Unidos. O neologismo diz respeito à junção de sex (sexo) e texting (troca de mensagens por celular) e já é assunto de uma pesquisa publicada no fim de 2008 mostra que um em cada cinco jovens norte-americanos com idades entre 13 e 19 anos já enviou pelo celular algum tipo de foto ou vídeo de si mesmo nu ou seminu. Entre os jovens adultos, de 20 a 26 anos, o fenômeno é ainda maior: um terço declarou já ter feito sexting. Nas mãos de pessoas erradas, esse tipo de conteúdo pode virar um grande problema. Imagine só se um ex-namorado divulga na internet fotos e vídeos do antigo parceiro para se vingar ou manchar sua reputação? A prática existe e já ganhou denominação: “revenge porn” (pornografia da vingança, em tradução livre). A partir da leitura do texto, responda: 1- Identifique outras formas em que a internet aparece ferindo os direitos individuais da pessoa. SUGESTÃO PARA PESQUISA: Pesquise saber a origem das expressões Primeiro Mundo e Terceiro Mundo e porque se classifica o Brasil como um país emergente. AGORA É COM VOCÊ! 1- O que significa economia sustentável? 2- Quais os principais efeitos da globalização? 3- Faça um resumo das principais características do NAFTA e da União Européia.

4- (ENCCEJA 2006) Com a Nova Ordem Mundial, uma nova forma de atuação internacional tem se destacado e expandido no espaço mundial. Calcula-se que, hoje, existam cerca de 10 milhões desse tipo de instituições denominadas ONG não apenas no Brasil como em todo mundo, das quais 50 mil têm, pelo menos, uma ação internacional. O dinamismo e a atuação na sociedade dessas organizações têm sido, em alguns casos, mais eficiente que o Estado. O sucesso das organizações acima mencionadas, quando comparado à atuação do Estado, deve-se: a) a um grupo de pessoas com poder de decisão sobre as regras e leis de um território. b) a atuação sempre associada ao governo, que simpatiza com causas comunitárias. c) a sua organização sem fins lucrativos, que conta com o trabalho voluntário de seus militantes. d) aos altos investimentos em pesquisa científica para se evitarem catástrofes naturais e suas implicações. 5- (ENCCEJA 2006) A fronteira entre os Estados Unidos e o México é um dos mais movimentados corredores de imigração do mundo. Atualmente, quase 10% da população americana é constituída por imigrantes e os mexicanos representam 27% desse contingente. A fronteira entre os dois países, em alguns pontos, chega a ser protegida por arame farpado. O fluxo migratório entre os dois países citados no texto é atribuído a muitos fatores, entre os quais podemos apontar: a) o descompasso ou desigualdade econômica e demográfica entre os dois países. b) as ações do governo americano de incentivo à entrada de empregados para as fazendas agrícolas do sul do país. c) a atração exercida pelas terras abertas a novas áreas de colonização no oeste americano. d) a política do governo americano de oferecer aos mexicanos o green card, conhecido documento para permanência nos Estados Unidos. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício referente ao Texto Complementar: 1- Pessoal. Exercício 1: É aquela em que as decisões de desenvolvimento, políticas e práticas não destruam os recursos do planeta Terra e sejam implementadas com respeito às várias culturas do mundo. Exercício 2: Suas conseqüências não foram suficientemente avaliadas, mas podemos notar a grande alteração no modo de vida de população mundial. Normalmente as mudanças não se traduzem em ganhos sociais principalmente em países pobres.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Exercício 3: União Européia – Começou como Comunidade Econômica Européia (CEE) prevendo o livre comércio, mas acabou cedendo ao mercado comum. Possui instituições Supra-nacionais e uma moeda própria, o Euro. Nafta – Tratado de livre comércio. Exercício 4: C Exercício 5: A PARA SABER MAIS. Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: Japão: Uma viagem no Tempo (BRA, 1986), Dir. Walter Salles Jr. Filme: Diários de Motocicleta, Dir Walter Salles. PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Identificar em diferentes fontes os elementos que compõem o espaço geográfico. • Relacionar sociedade e natureza, reconhecendo suas interações na organização do espaço, em diferentes contextos histórico-geográficos. • Relacionar as implicações socioambientais do uso das tecnologias em diferentes contextos histórico-geográficos. • Discutir ações sobre as relações da sociedade com o ambiente. • Propor formas de atuação para conservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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Capítulo 7 INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE ENTENDER O IMPACTO DAS TÉCNICAS E TECNOLOGIAS ASSOCIADAS AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO, O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO E A VIDA SOCIAL. O trabalho é uma necessidade vital e está relacionado diretamente ao capital. Mostra, desde a sua origem, a capacidade humana de organização e interação entre os indivíduos para a realização de um objetivo comum. Desde o início, para sobreviver, a humanidade precisou aprender a transformar a natureza em sua aliada através do trabalho desenvolvendo técnicas que facilitassem e melhorassem a produção. Para os gregos, o trabalho representava a miséria do Homem, portanto era delegado aos escravos, aos Homens livres cabiam as discussões e reflexões de caráter público na ágora (praça pública, local onde acontecia a vida). Na Idade Moderna, o trabalho foi visto como a alienação do Homem e atualmente, apresenta-se como um componente a mais. Da mesma forma que uma indústria necessita de matéria-prima e maquinário necessita também de trabalhadores. INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA NO TRABALHO. Como vimos, a Revolução Industrial aperfeiçoou os métodos produtivos resultando na invenção e no desenvolvimento de máquinas industriais. As ferramentas e algumas funções, antes exercidas por operários, foram substituídas pelas máquinas, modificando também as relações de trabalho. Desenvolveu-se, então uma das principais oposições sociais entre os empresários, detentores dos meios e modos de produção e os operários, trabalhadores assalariados das empresas. Os empresários, para desenvolver suas empresas necessitavam de liberdade econômica, ampliação dos mercados consumidores e de mãode-obra barata. A idéia era pagar o menor salário possível explorando a máxima capacidade do trabalho operário, isto é, pagar pouco por muito trabalho. Algumas indústrias estabeleciam jornadas de trabalho de até 15 horas diárias. A Revolução Industrial consolidou o capitalismo nas sociedades em que se instalou. Aos poucos as indústrias passaram a disputar com o comércio a condição de principal setor de acumulação de riquezas e durante sua etapa de evolução, determinou o desenvolvimento das técnicas produtivas e das relações de consumo. Podemos identificar ao menos três momentos importantes de desenvolvimento da indústria:

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 1- (1760-1860) I Revolução Industrial, limitada à Inglaterra, destacando a produção de tecidos, introdução do tear mecânico, e aperfeiçoamento das máquinas a vapor. 2- (1860-1900) Revolução Industrial espalhando-se pela Europa Central e Oriental, utilização do aço, aproveitamento da energia elétrica e dos combustíveis petrolíferos. Caracterizando um processo conhecido como a II Revolução Industrial. 3- A partir do século XX, avanços tecnológicos influenciando o mundo da produção, valorização das idéias traduzidas pelas novas tecnologias, microcomputadores, celulares, ipods, iphones. Alguns historiadores costumam determinar esse período como a III Revolução Industrial. Nem todos os países passaram pelo mesmo processo de industrialização, e desenvolvimento tecnológico. Na Rússia, por exemplo, esse processo ocorreu por volta de 1894, depois que os países pioneiros, Inglaterra, França, Alemanha e Bélgica, já haviam se consolidado, e dependeu muito de apoio externo. Os principais centros industriais localizavam-se nas regiões urbanas mais populosas como Moscou, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessa região, uma classe operária formou-se com aproximadamente 3 milhões de pessoas, que recebiam, por jornadas de trabalho muito longas, salários miseráveis.

Este país, atualmente, é um gigante territorial, sendo o maior em extensão de terra, com um pouco mais de 17 milhões de km² (veja foto ao lado). Localiza-se na parte superior (Norte) da Ásia e ainda tem uma parte mais ao leste da Europa, também. Sua capital, Moscou, fica na parte européia do país. Assim, por causa desses fatores, o clima russo apresenta baixíssimas temperaturas (ponto habitável onde ocorre a menor temperatura no planeta: círculo polar ártico -65ºC), predominando o clima temperado.

O relevo é variado, com o domínio de planícies e vales (3/4 do território) e um grande conjunto de montanhas conhecido como Montes Urais. Sua economia, durante o século XIX, era predominantemente rural, mais de 80% da população morava no campo vivendo sob regime de servidão com técnicas produtivas rudimentares e produção agrícola insuficiente para atender a população. A miséria do campo, as péssimas condições de vida dos trabalhadores, os abusos de sistema czarista e da administração governamental e o contato com as novas correntes políticas que surgiam na Europa Ocidental, levaram a uma série de descontentamentos populares e lutas operárias que resultaram em ações de caráter revolucionário, dando fim ao czarismo e instaurando o Socialismo na Rússia em 1917.

Czarismo:Dava-se ao monarca russo o nome de Czar em lugar de rei. Dois fatores contribuíram profundamente para o fim do czarismo na Rússia. Um foi a influência da idéias políticas européias que serviram para o surgimento do Partido Operário Social-Democrata, inspirado no conjunto de idéias desenvolvidas por Karl Marx (marxismo) e centradas na crítica à exploração capitalista e na defesa do socialismo; o outro, a II Guerra Mundial, que obrigava a população, já em estado de pobreza e com produção precária, produzir para manter os soldados na guerra. Após a Revolução de 1917 e, especialmente, após a Segunda Guerra Mundial, a Rússia, agora União Soviética, expandiu o seu território de tal forma, que chegou a ter 1/6 das terras disponíveis na Terra (mais de 22 milhões de km²). Foi neste período que ela alcançou a sua maior extensão territorial, com mais de quinze repúblicas e 390 milhões de pessoas. Não obstante, no período anterior ao da Revolução, no tempo dos Czares, houve também a expansão territorial, através da expulsão dos mongóis e, também, a anexação da Sibéria (parte mais ao norte do país). Contudo, com o desmantelamento da União Soviética, as repúblicas anexadas durante a Revolução Socialista, tornaram-se independentes. Mesmo com a formação da Comunidade dos Estados Independentes (ver capítulo 4), houve retração – diminuição - territorial e, também, populacional. O senso de 2007 apontava a população da Rússia em torno de 142 milhões de habitantes. O acordo que tentava manter a influência russa sobre as antigas nações amigas não obteve sucesso, pois não havia como competir com a União Européia e os EUA (última superpotência), com sua força econômica, política e militar.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O avanço industrial caminhou junto com a pesquisa cientifica, servindo, também, de laboratório para as mais diversas proposições. O objetivo, claro, era tornar a máquina mais produtiva e menor. Preocupações com gasto de energia, poluição e outros não existia na época. Este aumento da produção, causado por conta da melhor produtividade das máquinas, incrementou as inter-relações produtivas. O empresário, para atender a sua necessidade produtiva, tinha que buscar matéria-prima fora do seu limite territorial. As importações tornaram-se comuns, no caso da Inglaterra, com o desenvolvimento da indústria têxtil, o algodão era importado – trazido - de outros países. Atualmente, isto é muito fácil. O nosso nível de comunicação está muito avançado, pois temos telefones, faxes, internet, celulares e outros. Até a língua está deixando de ser um problema, através da universalização do inglês. Um dos primeiros meios de comunicação global surgiu em meados do século XIX. Ele era o telégrafo (ver imagem ao lado). Este aparelho era capaz de enviar mensagens em códigos a qualquer distância, desde que houvesse cabos ligando os dois pontos. Esta foi a primeira revolução de comunicação que aconteceu no mundo. Por muito tempo o meio de comunicação eram as cartas, que demoravam meses para chegar aos seus destinos. Um dos primeiros países a adotar o telégrafo no século XIX foi a Inglaterra e o expandiu a todo seu Império. Para os EUA o telégrafo foi fundamental na expansão para o Oeste de seu território, diminuindo as distâncias e o tempo de comunicação.

Essa inovação permitiu diminuir as distâncias entre qualquer lugar do mundo. A segunda revolução, neste mesmo sentido, foi a invenção do telefone que, também, necessitava de longas linhas, operadores e aparelhos específicos para fazer a ligação. A grande vantagem do telefone era a sua facilidade na operação, pois não havia necessidade de conhecer um código, como o código Morse, para se comunicar com outro alguém. Bastava, apenas, tirar o telefone do gancho, pedir à operadora para ligar para determinada pessoa e aguardar para uma conversa comum.

Código Morse É um sistema de representação de letras, números e sinais de pontuação através de um sinal codificado enviado intermitentemente. Foi desenvolvido por Samuel Morse e Alfred Vail em 1835, criadores do telégrafo elétrico (importante meio de comunicação a distância), dispositivo que utiliza correntes elétricas para controlar eletroímãs que funcionam para emissão Portanto, com o desenvolvimento de tecnologias de comunicação mais avançadas, o uso do código morse é agora um pouco obsoleto, embora ainda seja empregado em algumas finalidades específicas, incluindo rádio faróis Código morse é o único modo de modulação feito para ser facilmente compreendido por humanos sem ajuda de um computador, tornando-o apropriado para mandar dados digitais em canais de voz. Este sistema representa letras, números e sinais de pontuação apenas com uma seqüência de pontos, traços, e espaços. Ele é transmitido usando apenas dois estados — ligado e desligado — é uma estranha forma de código digital. O código morse internacional é composto de seis elementos: 4. Sinal curto, ponto ou ‘dit’ (·) 5. Sinal longo, traço ou ‘dah’ (-) 6. Intervalo entre caracteres (entre pontos e traços) 7. Intervalo curto (entre letras) 8. Intervalo médio (entre palavras) 9. Intervalo longo (entre frases) Adaptado : http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_morse

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Resolvido o problema da comunicação, outro problema surge à frente: o transporte. Até então, a força animal era o principal meio de locomoção terrestre dos produtos. Cavalos, mulas e bois, puxando charretes, levavam as matérias-primas para os locais de produção e, depois, levavam a produção para os locais de consumo e/ou transporte. Existiam distâncias que não eram superadas via terra, portanto a utilização de navios fazia-se necessário. Um país que possuísse rios navegáveis, também os utilizava para o transporte interno das mercadorias (Inglaterra, por exemplo). Os navios, elementos fundamentais de comunicação e transporte entre as metrópoles e colônias, foram evoluindo lentamente durante os séculos, desde o Renascimento. Eles se tornaram maiores, carregavam mais mercadorias, mais canhões e mais homens, contudo ainda eram feitos de árvore e precisavam do vento para se movimentar. O surgimento da produção de ferro em larga escala levou a especulações sobre a utilização do mesmo em navios, visando uma proteção maior na batalha. Contudo, era inviável um navio de metal à vela. O peso tornava praticamente impossível e perigosa essa combinação. Então, com a evolução e, posteriormente, adaptação dos motores a vapor, utilizados na Revolução Industrial nos navios, eles agora podiam utilizar o ferro para construir os navios sem maiores problemas. Somados, estes elementos elevaram a confiabilidade do transporte marítimo, o tempo para realizarem as viagens e a capacidade e diversidade da carga a ser transportada.

O avanço das técnicas de produzir ferro em larga escala, com o avanço das máquinas a vapor, alterou profundamente os meios de guerrear e de transporte no século XIX. Permitiu que cidades, até então, distantes uma das outras, pudessem criar laços que inexistiam antes. Novas formas de relações se estabeleceram, o comércio interno dos países foi extremamente beneficiado, com o aumento na circulação das pessoas e das mercadorias. Como já vimos, um dos fatores que ajudaram na localização das primeiras indústrias, foi a proximidade das matérias-primas com a fábrica. Esse foi um fator importante na Primeira Revolução Industrial. O mesmo não ocorre na Segunda Revolução Industrial, pois a situação era outra. Existiam, agora, meios de realizar o transporte de materiais mais pesados, para mais longe e mais rápido. E, também, existia uma nova maneira de coordenar este processo de transporte e resolver problemas em distância. O trem a vapor e o telégrafo facilitaram a vida dos empresários, que não se viam mais obrigados a construir uma fábrica próxima a minas de carvão. É por isso que empresas começaram a surgir próximas aos centros consumidores e, também, eram empresas de perfil diferente.

Partilha da África A foto é de uma fragata francesa, chamada La Gloire, exemplo dos primeiros navios feitos com chapas de ferro e madeira, o que permitia o uso de velas ainda (como medida de segurança), porém é possível visualizar a chaminé, entre os mastros, do motor a vapor. Foi também, nessa época, que surgiu o trem, como alternativa para o transporte terrestre. Novamente, a associação entre ferro e máquina a vapor, criou um meio de transporte em larga escala nunca visto antes. As antigas estradas de terra ou pedra, por onde animais e humanos passavam tranquilamente, começaram a serem substituídas, gradualmente, por estradas de trilhos, com locomotivas e vagões de passageiros e cargas.

Também conhecida como a Corrida a África ou ainda Disputa pela África, foi a proliferação de reivindicações europeias conflitantes ao território africano, entre a década de 1880 e a Primeira Guerra Mundial em 1914, que envolveu principalmente as nações da França e Reino Unido, embora também participasse do conflito a Itália, Bélgica, Alemanha, Portugal, Espanha e, em menor intensidade, Estados Unidos. Essas disputas sobre a África esteve entre os principais fatores que deram origem à Primeira Guerra Mundial. Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Partilha_ da_%C3%81frica

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Por fim, com a soma dos fatores comunicação e transporte – interno e externo -, as configurações das cidades e dos negócios evoluíram, conforme expandia o capitalismo. As possibilidades de manter um negócio em diversos países eram reais, assim como as possibilidades de concorrentes se organizarem de forma a determinar o controle de um mercado mundial, fazendo acordos explícitos ou implícitos, principalmente para fixação de preços ou cotas de produção (famosos “cartéis”). Entramos, assim, numa nova era do capitalismo. Houve um avanço tecnológico grande, o que gerou novas maneiras de relacionamento e, também, possibilitou aumentar o domínio de outros povos (partilha da África) sem necessitar de grandes quantidades de homens e material. O objetivo final continuava igual, ou seja, aumentar a acumulação de capital e, para isso, houve apoio dos países para suas próprias empresas, tendo em vista o aumento da rivalidade entre eles. TECNOLOGIA E INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL Basicamente a conjugação de dois fatores determinou o surgimento de numerosas indústrias no Brasil, a Grande Depressão de 1929, com a queda expressiva nas exportações – envio de mercadorias para outros países -, e a redução do comércio internacional advindo também da crise. As pequenas empresas passaram a utilizar a tecnologia disponível comprando no exterior apenas equipamentos indispensáveis para a produção de bens de consumo. A característica básica do desenvolvimento tecnológico brasileiro era de atraso, com máquinas antiquadas, produtos de baixa qualidade e a produção dificultada pelas péssimas condições das estradas e dos transportes, tornando as regiões brasileiras cada vez mais distantes. Essas características dominaram o Brasil durante todo o período de governo de Getúlio Vargas. Se por um lado o processo de acumulação de riquezas concentrou-se na industrialização, por outro, as técnicas eram insuficientes, limitando-se, portanto, à estas dificuldades para que se implantasse a indústria de bens de produção no Brasil, . Dependia-se muito de equipamentos e tecnologias externas para a produção nacional. Por outro lado, nosso sistema educacional se preocupava mais com a formação de mão-de-obra barata para a produção do que com a formação de profissionais especializados. Da mesma forma ocorreu nos países latino-americanos que conseguiram estabelecer uma importante base industrial em sua economia, como é o caso da Argentina e do México. Na época da crise de 1929, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo, com uma importante produção de carne bovina de exportação. As rendas obtidas por esta atividade, durante os anos anteriores, permitiram uma grande acumulação de dinheiro em poucas mãos, processo semelhante ao Brasil com o café, e que levou a construção de uma infra-estrutura básica no país, especialmente na capital, Buenos Aires, e em ligações com as regiões pecuárias.

A Grande Depressão de 1929: um aprofundamento. Durante a Primeira Guerra Mundial, os EUA foram os principais fornecedores de alimentos para os países europeus em conflito. Com o fim da guerra e a retomada da produção nos países europeus, os Estados Unidos enfrentaram um sério problema devido à super safra: queda dos preços dos produtos, agravando a crise do produtor agrícola deixando a lavoura sem capital. Em 1919, a agricultura representava 22,9% do produto Nacional Bruto Norte Americano, com a crise, em 1929 apenas 12,7%. Da mesma forma ocorreu com a produção industrial, na década de 1920, a produção industrial, também associada à guerra cresceu profundamente, mas os salários não acompanhavam esse crescimento. A América entrou em um ciclo inflacionário, levando a uma séria crise de super produção com subconsumo, isto é, muito produto no mercado para poucos compradores. Além da queda do consumo interno, houve também a queda do consumo externo. A Europa, grande consumidora norte americana, estava se refazendo da guerra e deixa de consumir produtos externos na tentativa de solucionar os problemas, o que causou a ampliação do crédito – facilidades financeiras - para estimular a compra dos produtos estocados. Os trabalhadores foram induzidos a acreditar que podiam consumir com a obtenção de crédito, outros comprometiam seus salários com aplicações na bolsa de valores. Na manhã de 24 de outubro, as ações norte americanas não possuíam valor algum, todos queriam vendê-las ao mesmo tempo. Esse dia ficou conhecido como “quinta-feira negra”. A crise que se assolou nos EUA levou junto vários outros países subdesenvolvidos. A crise tornou-se mundial. Apenas a antiga União Soviética, isolada em seus planos qüinqüenais pós revolucionário, não foi afetada.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Já o México, em função de sua proximidade com os EUA, tinha acesso a um importante mercado consumidor a custos menores e, também, ao capital norte-americano.

Valor agregado: quando se comercializa um produto, o mesmo pode ou não passar por um processo de transformação, este processo agrega valor ao produto comercializado. Então, um produtor de grão de soja pode tanto vender o grão in natura quanto fabricar o óleo de soja. Ao fazer o óleo de soja fez com que seu produto passasse por um processo de transformação que agregasse um valor, isto é, que o tornasse diferenciado e mais rentável. É possível ter um alto valor agregado – grandes e/ou complexas transformações no produto -, como se pode ter um baixo valor agregado, poucas e/ou mais simples transformações no produto. Assim, o surgimento das primeiras indústrias nestes três países sempre esteve ligado aos proprietários de terras, que começaram a estar mais presentes nas grandes cidades. A educação, fundamental para o desenvolvimento japonês (ver a seguir), nunca foi um fator importante para os donos das fábricas, numa estratégia de longo prazo. A produção, inicialmente, era voltada para o consumo da região e de produtos de baixo valor agregado, porém de uso diário, como a indústria têxtil (roupas e sapatos). Um caso que vale a pena estudar é o do Japão, pois mostrará a evolução de um pequeno país, sem grandes atrativos naturais, com pouca área disponível para agricultura e de grande instabilidade geológica (área de dobramento moderno e vulcanismo, que pode levar a terremotos, maremotos e outros) para a potência atual. O país não possuía os atrativos dos grandes impérios comerciais dos séculos XVI à XIV. Inclusive, o Japão, era fechado ao comércio externo até o meio do século XIV, após os EUA conseguirem fechar um tratado de comércio. Até então, o país tinha uma estrutura semelhante ao feudalismo da Europa, com o domínio dos senhores feudais e dos seus ‘cavaleiros’ samurais. Este tratado comercial transformou a sociedade japonesa, o que levou ao fim da sua estrutura feudal. A influência do ocidente cresceu e foi assimilada pela população e, mais importante, deu os meios para o imperador retornar o controle político-econômico do país (armas avançadas). Assim, começou a Era Meiji (significa governo ilustrado), onde o imperador determinou maciços investimentos na criação de infra-estrutura (portos, ferrovias e outros), de fábricas e para a educação, que agora era universal e voltada para a qualificação de mão-de-obra. Nesta época, não havia barreira para a entrada de tecnologia e produtos estrangeiros.

Contudo, um importante problema, a falta de recursos naturais em seu território, levou os japoneses a buscarem os mesmos no exterior. Esta busca era para suprir as necessidades internas, evitando um estrangulamento na produção e crescimento econômico. Isso os levou a guerrear com diversos países da Ásia (China, Rússia, Coréia e outros) o que, no eclodir da Segunda Guerra Mundial, levou-os a apoiar o eixo (Alemanha, Japão e Itália). A derrota frente aos norte-americanos fora dura, os japoneses defenderam bravamente todas as suas possessões conquistadas, gerando um número grande de mortos e feridos, tanto para o inimigo como para si. Porém, a estrutura industrial permaneceu quase que intacta, com exceção de Hiroshima e Nagasaki – cidades bombardeadas pela bomba atômica e foram completamente destruídas. Mesmo assim, depois da Guerra, a economia japonesa precisava ainda dos recursos naturais de antes. Porém, desta vez, os japoneses não travaram guerras de conquistas, mas preferiram o comércio. E, então, para gerar os recursos necessários para manter sua economia em funcionamento, eles adaptaram um modelo de exportação, com uma mão-de-obra barata e qualificada, suprimindo o consumo interno, investimento em tecnologia e educação, para produzir produtos de maior valor agregado, com destaques para os eletrônicos (rádios, televisão e outros) e, posteriormente, os automóveis. A configuração do país como um exportador de produtos de maio valor agregado possibilitou a consolidação do país como a segunda maior economia do mundo, na década de 80 e alavancou os países da região, os chamados Tigre Asiáticos, através do investimento de capital próprio e da expansão do modelo de país exportador com mãode-obra barata e qualificada. Os grandes exemplos são a Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e outros. Atualmente, há outros países da Ásia que estão copiando o mesmo modelo, entre eles estão Tailândia, Indonésia, Vietnã e Malásia. A China faz parte da primeira leva de Tigres Asiáticos, junto com a Coréia do Sul. Porém, devido à invasão japonesa e os acontecimentos durante a ocupação, ainda existe uma inimizade grande entre os países, que afeta as relações econômicas entre eles. Por isso a maior parte das empresas multinacionais ou transnacionais na China, pertence aos EUA e à Europa. Contudo, apesar dessas diferenças de formação, a economia no Brasil gera, também, produtos de maior valor agregado. Existem diversos centros de excelências em tecnologia no Brasil, com grande destaque para o estado de São Paulo e a ligação que existe com as universidades estaduais. Por exemplo, em Campinas, interior de São Paulo, existe o CpQD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações , que é um importante centro tecnológico voltado para as telecomunicações. Neste mesmo local, também, existe o Laboratório Nacional de Luz Síncroton (único no hemisfério Sul), importante ferramenta para pesquisas em diversos campos. Ambos estão localizados ao lado da Unicamp, importante universidade estadual que concentra muitas das pesquisas de ponta, no Brasil.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Há, também, em São José dos Campos, o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), que engloba o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que foi o berço da Embraer, na briga pelo terceiro lugar em tamanho de companhia de aviões comerciais do mundo, atrás da Airbus e Boeing. Além disso, ela serve como ponto de apoio para todo o setor de indústria aeroespacial brasileira. Isto só foi possível devido ao grande incentivo realizado pelo Estado brasileiro, durante décadas. Houve uma concentração de esforços no ensino superior (universidades), atrasando os investimentos nos ensinos fundamental e médio. Esta opção caracteriza a situação brasileira com estes desequilíbrios de excelências em algumas áreas da tecnologia e total atraso em outras. Chegamos ao ponto de, inclusive, investir em áreas em que o nível superior não é necessário, apenas um técnico seria mais que suficiente. Nesta área ocorre outro problema que atrapalha o desenvolvimento do país, o desemprego estrutural. Para entender melhor, é preciso entender o que é estrutural e o que é conjuntural: CONJUNTURAL: são os fatores envolvidos no curto prazo, que acabam interferindo no funcionamento esperado das coisas, por exemplo: você não consegue ligar a sua televisão, pois a chuva que caiu momentos antes cortou o cabo de energia. ESTRUTURAL: tomando o exemplo anterior, você não conseguiria ligar a sua televisão, pois não existe gerador, postes de luz e cabos. Ou seja, não há luz na sua casa. Pode-se dizer que a dimensão dos fatores envolvidos aqui, têm uma dimensão maior do que aqueles envolvidos no conjuntural. Assim, o desemprego estrutural está relacionado com a diminuição da produtividade da atividade de um trabalhador na empresa. Não é uma crise que diminuiu o faturamento da empresa momentaneamente e forçou a demissão deste trabalhador, mas aquela atividade deixou de ser economicamente viável, por conta de novos processos e tecnologias. Se no primeiro caso o trabalhador, quando da melhora nos ganhos financeiros da empresa, poderá ser recontratado, no segundo caso, não, pois a atividade deixa de existir. Por exemplo, uma máquina que enrola cem carretéis de barbante, em menos tempo, certamente deixará alguém desempregado dessa atividade para sempre. Mas como se pode evitar essa situação? Impedir a utilização de máquinas na produção? Acabar com a nossa dependência da energia elétrica? A solução nunca é simples e imediata, como já apontamos anteriormente. Uma melhor qualificação técnica deverá produzir um profissional mais capacitado para perceber as tendências do mercado de trabalho fazendo com que possa buscar novos rumos para a sua própria carreira, evitando uma situação como essa. A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ECONÔMICA NOS EUA. O Brasil sempre é citado quando se trata de agricultura, devido ao seu tamanho, a fertilidade de seu solo, as condições climáticas e inúmeros outros fatores que favorecem a expansão dos cultivos no Brasil, tornando-o referência em diversas culturas. Apesar disso, não foi no país que se desenvolveu um outro conceito de produção agrícola, a agroindústria. Neste caso, iremos falar dos EUA. Assim como o Brasil, os EUA possuem um país continental, maior do que o nosso, se contabilizarmos todos os seus territórios. O solo não é tão fértil quanto o brasileiro, em especial aqueles que possuem terra roxa, porém não inviabiliza os cultivos. O clima não é tão favorável, mas também não atrapalha muito.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A grande diferença está na adoção de técnicas específicas, com inspiração nas indústrias, para todo o processo da produção agrícola. A associação de pesquisa e conhecimento a este processo permitiu que melhores sementes fossem produzidas, que o solo fosse mais bem preparado – através de fertilizantes –, que as máquinas facilitassem o serviço de aragem, de plantio e de colheita, que criassem locais propícios de armazenamento –silos - e, por fim, que todo este processo fosse acompanhado por técnicos, engenheiros e administradores, especializados na produção, transporte e comercialização desta produção no mercado interno e externo. O resultado de todo este processo é uma produtividade altíssima, como podemos ver no gráfico anterior, que mostra a evolução da área plantada e a produtividade das mesmas. Todo este processo requer uma grande quantidade de capital disponível, para dar continuidade ao aumento da produtividade. Aqueles produtores que não conseguiram acompanhar este ritmo preferiram vender suas terras para outros produtores, o que levou a uma grande concentração de terras nas mãos de poucos. Esta concentração de terra e de um determinado produto agrícola na mesma região foi classificada como ‘belt’ (cinturão, já que a tradução da palavra é “cinto”). Tais cinturões são grandes áreas de monoculturas, altamente mecanizadas e o produto produzido tem grande apelo comercial e adequado ao clima da região. Contudo, este conceito não se aplica somente a agricultura. Existem diversos tipos de cinturões para demarcar uma determinada área, onde ocorre a concentração de um fator em comum. Vejamos mais algumas dessas áreas:

FONTE: www.wikipedia.com Este é o Cinturão do Milho (Corn Belt) dos EUA. É uma sub-região do Grain Belt e sua produção destina-se para ração de animais para o gado leiteiro, cujo Belt está logo acima do mesmo. Assim como, é a região mais propícia para o plantio de milho.

FONTE: www.wikipedia.com Este é o Cinturão do Sol (Sun Belt). Esta é a região que apresenta o maior crescimento econômico e demográfico dos últimos anos. Ela percorre o Sul e o Sudoeste dos EUA, onde se verifica indústrias recentes (de tecnologia principalmente) e, também, agricultura.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

FONTE: www.wikipedia.com Este é o Cinturão da Bíblia (Bible Belt). É a área de maior concentração de população protestante dos EUA, muito em função da relação entre protestantes e o período colonial norte-americano

FONTE: www.wikipedia.com Este é o Cinturão dos Grãos (Grain Belt) dos EUA. Aqui se concentra uma enorme produção de grãos e soja dos EUA e do mundo. Em funções das pradarias e do clima, essa é uma área de alta produtividade e, também, próxima ao transporte fluvial, pelos Grandes Lagos.

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FONTE: www.wikipedia.com Este é o Cinturão da Ferrugem ou Manufatura (Rust or Manufacturing Belt). É nesta região onde se localiza as primeiras indústrias dos EUA (automobilística, siderurgia, metalúrgica, alimentícia e etc.). Estão próximos às matérias-primas e do consumidor.

Essa é uma maneira específica de localizar e determinar uma região por suas características em comum, onde a população, em geral, compartilha e está ligada a mesma atividade econômica, política e cultural. É importante, também, entender que isso não representa a verdade por completo daquela região. Isso não impede de surgir uma indústria no Cinturão de Milho que não esteja ligada a produção daquele produto, como por exemplo, aviões, contudo é pouco provável que isso aconteça. Os belts de produção agrícola dos EUA contam com subsídios fiscais do governo federal para manterem a sua produção em determinado nível, com o objetivo de manter a rentabilidade da colheita. A mesma prática ocorre na Europa, especialmente na França, onde os produtos agrícolas possuem força política, conseguindo subsídios de seu governo federal para manter a produção rentável e, também, em ordem de preservar o estilo de vida que levam. Além de subsídios, existem outras maneiras de impedir a entrada da produção agrícola de outros países, como o Brasil, em seu mercado interno. Através de barreiras não-fiscais, como a sanitária, os governos acusam a produção externa que teriam doenças e/ou agrotóxicos já banidos pelos órgãos sanitários de cada país. Essa é uma situação na qual os países com foco na produção agropecuária ficam em desvantagem comercial. Na Organização Mundial do Comércio, as últimas rodadas para definirem um novo marco para o comércio mundial, com menos restrições alfandegárias (impostos), esbarrou na relutância destes países a cortarem os subsídios dado aos seus produtos agrícolas. Este empecilho permanece e, até 2009, nada foi resolvido.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Europa suspende importação de carne bovina brasileira. 30/01/2008 O bife brasileiro vai ser provisoriamente banido dos pratos portugueses e europeus, depois da suspensão pela União Européia (UE) das importações de carne bovina do Brasil, anunciada em Bruxelas. A UE decidiu suspender a partir de amanhã (31) a importação de carne devido à insuficiência de garantias sanitárias e de qualidade dadas pelo maior país sul-americano, anunciou fonte oficial na capital belga. Brasília tinha sido avisada em dezembro de 2007 de que, a partir de 31 de janeiro deste ano, a importação de carne bovina seria suspensa, caso não fosse exclusivamente proveniente de pastos selecionados que respeitassem as regras sanitárias em vigor na UE. As autoridades brasileiras propuseram um conjunto de 2.600 propriedades, que não foram aceitas pelas instâncias comunitárias, de acordo com o comissário europeu para a Saúde, Markos Kyprianou. A mesma fonte precisou que a suspensão das importações é temporária, mas, para ser levantada, cada uma das propriedades constantes da lista das autoridades brasileiras terá de ser alvo de uma cuidadosa inspeção e verificação da documentação legal. Em novembro de 2007, veterinários europeus que visitaram o Brasil identificaram “várias deficiências graves nos sistemas de verificação e nas condições sanitárias”, especificamente em três estados brasileiros atingidos por um surto de febre aftosa. Um princípio defendido pela União Européia é de que os animais têm de fazer uma quarentena antes de ser abatidos. Os animais oriundos de certas explorações deverão cumprir uma quarentena de 90 dias num território aprovado pela UE, a que se soma um outro período de 40 dias na exploração antes do abate, num total de 130 dias. A listagem das explorações será estabelecida com base na informação fornecida pelas autoridades brasileiras competentes e a UE reserva-se o direito de fazer inspeções, através dos seus serviços veterinários. O Brasil é o primeiro exportador mundial de carne bovina, com 2,3 milhões de toneladas por ano (US$ 4,5 bilhões em 2007), um terço do total mundial. Mas o conflito com a UE já se arrasta há dois anos, depois de o alarme ter sido dado pelo Reino Unido e pela Irlanda. O britânico Neil Parish, presidente da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, que anda há pelo menos um ano e meio empenhado na suspensão da importação de carne bovina brasileira, precisamente devido ao surto de febre aftosa, saudou a decisão comunitária, que classificou de “sinal dado ao governo” de Luiz Inácio Lula da Silva. Padraig Walshe, presidente da Federação dos Agricultores Irlandeses (IFA), condenou as autoridades brasileiras por terem feito “ouvidos de mercador” à UE. E concluiu que “o Brasil não está à altura de controlar o surto de febre aftosa, os movimentos dos animais e a sua verificação, nem de cumprir os necessários requisitos sanitários”. FONTE: http://www.cabecadecuia.com/noticias/17716/europa-suspende -importacao-de-carne-bovina-brasileira-.html Esta é uma situação peculiar, especialmente para os países que propagam os ideais do liberalismo e o neoliberalismo econômico, como os EUA. Vamos entender um pouco melhor o que são esses dois ideais: Liberalismo: é uma corrente de pensamento político-econômico que surgiu no final do século XVIII, principalmente através das idéias de Adam Smith, no seu livro “A Riqueza das Nações”. Nele, Smith busca explicar os motivos que diferenciam o desenvolvimento econômico verificado na Inglaterra, com os demais países europeus e, também, tenta explicar o funcionamento daquilo que ficou conhecido como mercado. Para tanto, ele diz que é o egoísmo do padeiro que o leva a produzir pães para a venda (pois almeja o lucro para sobreviver) e não um outro sentido qualquer. Isto seria a “mão invisível” do mercado em ação. Tendo em mente o egoísmo de cada pessoa como o fator motivador para movimentar a economia, Smith percebeu que o Estado agia de maneira a criar empecilhos que impediam o arranjo perfeito entre produtores, trabalhadores e consumidores, ao legislar e criar situações que não se sustentavam, a não ser com a presença dele. Assim, chegou-se a conclusão que o Estado não podia interferir nos assuntos econômicos, ficando restrito às funções de defesa (contra inimigos externos) e a justiça (ordem interna).

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Neoliberalismo: é a evolução do pensamento liberal, que ganhou muita força durante a década de 80, com a eleição de Ronald Reagan, nos EUA e Margaret Thatcher, na Inglaterra. Esses dois personagens da história foram eleitos com promessas eleitorais de diminuir o peso do estado na sociedade, através da redução de impostos, privatizações, redução do poder dos sindicatos e desregulamentações da economia. Ou seja, eles voltaram a apostar no mercado para criar o desenvolvimento econômico. Teoria keynesiana: outra corrente de pensamento político-econômico que ganhou força durante a crise de 1929. Seu principal autor, John Maynard Keynes, difere do pensamento liberal ao defender, em momentos de recessão – baixo crescimento econômico -, a intervenção do Estado na economia. Em seu livro “Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda”, publicado em 1936, o autor inverte a análise feita pelos liberais, ou seja, ao invés de privilegiar o lado da oferta - daquilo que é produzido -, defende estimular a demanda, isto é, defende que é preciso pensar em consumir a produção para geração de emprego. A exceção, neste caso, foi que alguns setores da economia continuaram em poder do Estado, especialmente setores de regulamentação financeira (Banco Central) e, também, para combater os monopólios (considerada uma falha no funcionamento do mercado). Vemos, portanto, que o neoliberalismo aceita que existem falhas no mercado, que se tornaram evidentes durante o percorrer da história. Inclusive, além de aceitar tais intervenções, acreditavam na gerência pública de serviços essenciais, como saúde e educação. No Brasil, o neoliberalismo ganhou força após a eleição de Collor, onde começara a abertura comercial e algumas privatizações. Neste mesmo momento, foi lançado um documento que ficou conhecido como Consenso de Washington. Este era um documento com recomendações de políticas públicas para os países da América Latina, visando à adoção de políticas com viés neoliberal, buscando o seu desenvolvimento econômico. Ao defender a liberalização do comércio, os países desenvolvidos querem aumentar a participação de suas indústrias, que são mais competitivas, em mercados antes restritos devido à alta tributação de importação. Ao mesmo passo, impedem qualquer movimento para liberar a entrada de produtos agrícolas em seus países, pois perdem em competitividade para a produção agrícola em países menos desenvolvidos. LEITURA COMPLEMENTAR: Chegada do Homem a Lua é reflexo do avanço tecnológico imposto também pelas guerras. A Guerra Fria instaurou um processo de rivalidades tecno-científicas entre Estados Unidos e antiga União Soviética, culminando na corrida espacial. Um dos marcos dessa corrida foi o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputinik, em 1957. Quatro anos depois um novo triunfo soviético, em 1961, lança a nave espacial Vostok I, tripulada por Yuri Gagárin, que se tronou o primeiro astronauta a fazer o vôo em torno da Terra. O pioneirismo russo acirrou ainda mais a corrida espacial, Estados Unidos, em 1969 envia à Lua a Apollo

11 e o tripulante Neil Armastrong que se consagra como o primeiro homem a pisar na Lua. Atualmente esses conhecimentos servem os mais amplos setores industriais no mundo: telecomunicações, meteorologia, observação militar, medicina, etc. Podemos notar, portanto que o avanço tecnológico influenciou em todos os setores produtivos mundiais. 1- De que forma a corrida espacial contribuiu para o desenvolvimento tecnológico? SUGESTÃO PARA PESQUISA: Busque conhecer os avanços tecnológicos da Medicina nos séculos XX e XXI e se atendem todas as classes sociais. AGORA É A SUA VEZ! 1- Apresente as fases da Revolução Industrial. 2- Explique os principais fatores que levaram ao desenvolvimento tecnológico no Brasil. 3- São Paulo, 18 de agosto de 1929. Carlos [Drummond de Andrade], Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio Vargas – João Pessoa. É. Mas veja como estamos... trocados. Esse entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que deveria ser de você. (...). Eu... eu contemplo numa torcida apenas simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes desejara tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos (...), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a existência de males necessários, porém me afasta do meu país e da candidatura Getúlio Vargas. Repito: única aceitável. Mário [de Andrade] Renato Lemos. Bem traçadas linhas: a história do Brasil em cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004, p. 305. Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira República, a carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro Carlos Drummond de Andrade revela: a) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e o desencanto de Mário de Andrade com as composições políticas sustentadas por Vargas. b) a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao gaúcho Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia cafeeira de São Paulo. c) a concordância entre Mário de Andrade e Drummond quanto ao caráter inovador de Vargas, que fez uma ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira. d) a discordância entre Mário de Andrade e Drummond sobre a importância da aliança entre Vargas e o paulista Júlio Prestes nas eleições presidenciais. e) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio Vargas, que se recusara a fazer alianças políticas para vencer as eleições.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 4- (ENCCEJA 2006) Em 1986, ano com o maior número de contratados na indústria automobilística, havia 157 mil trabalhadores para produzir 1 milhão de veículos. Em 2004, 101 mil trabalhadores, produziram 2,2 milhões de automóveis de qualidade muito superior. Fenômeno semelhante ocorreu em outros setores da atividade produtiva porque a humanidade vive os impactos do uso cada vez mais penetrante da tecnologia na produção industrial. Época, n.º 411, 13/4/2006 (com adaptações). Considerando o texto acima, é correto afirmar que: a) a indústria automobilística representa um setor econômico alheio aos avanços tecnológicos. b) a qualificação da mão-de-obra inibe o impacto das novas tecnologias no emprego. c) o avanço da tecnologia na produção favoreceu a contratação de trabalhadores. d) a introdução das novas tecnologias aumentou a quantidade e a qualidade dos produtos. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício referente ao Texto Complementar: Através da abertura que proporcionou ao desenvolvimento das telecomunicações diminuindo a distância entre as pessoas, no avanço da medicina e na automação produtiva. Exercício 1: Em (1760-1860) I Revolução Industrial, produção de tecidos, introdução do tear mecânico, e aperfeiçoamento das máquinas a vapor. (1860- 1900) utilização do aço, aproveitamento da energia elétrica e dos combustíveis petrolíferos. Caracterizando um processo conhecido como a II Revolução Industrial. A partir do século XX, avanços tecnológicos, valorização das idéias traduzidas pelas novas tecnologias, microcomputadores, celulares, ipods, iphones. Alguns historiadores costumam determinar esse período como a III Revolução Industrial. Exercício 2: A Grande Depressão de 1929, com a queda expressiva nas exportações, e a redução do comércio internacional advindo também da crise e a redução do comércio internacional advindo também da crise. Exercício 3: A Exercício 4: D PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: A batalha de Argel .Diretor: Gillo Pontecorvo. Filme: Apocalypse now. Diretor: Francis F. Coppola. Filme: Memórias de uma gueixa. Diretor: Rob Marshall

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PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Identificar e interpretar registros sobre as formas de trabalho em diferentes contextos históricos geográficos, relacionando-os a produção humana. • Analisar as formas de circulação da informação, da riqueza e dos produtos em diferentes momentos da história. • Comparar diferentes processos de produção e suas implicações sociais e espaciais. • Identificar vantagens e desvantagens do conhecimento técnico e tecnológico • produzido pelas diversas sociedades em diferentes circunstâncias históricas. • Reconhecer as diferenças e as transformações que determinaram as várias formas de uso e apropriação dos espaços agrários e urbanos. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 8 TÉCNICAS E TECNOLOGIAS ENTENDER A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO E SEU IMPACTO NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E DA VIDA PESSOAL E SOCIAL. O desenvolvimento das técnicas de produção, acelerado a partir da Revolução Industrial, levou a um aumento da disponibilidade de produtos e serviços para faixas cada vez maiores da população. Atualmente estamos repletos de inúmeras ofertas de produtos e serviços automatizados e de forma constante, aparecem novidades do mundo digital. Podemos encontrar os mais variados produtos, desde “máquinas espertas” que se comunicam com as pessoas ensinando-as a manuseá-las, até as chamadas “casas inteligentes” que fazem a vontade de seus moradores conforme os gostos habituais de seus moradores. Essa relação entre o homem e a máquina demonstra a tendência futura não da substituição das atividades humanas pela maquinaria, mas a existência de uma união entre elas determinando as mudanças nos padrões sociais de comunicação, interação, cultura e consumo.

Casa Inteligente

Relação homem máquina

TÉCNICA DE PRODUÇÃO Entende-se por técnica de produção a combinação dos diversos meios e materiais de produção que melhorem o processo produtivo, ou seja, quando um novo processo de produção determinará o uso de meios que, combinados, melhorem a técnica, a fim de torná-la mais produtiva com o menor preço de produção. Para tanto, o desenvolvimento dessas novas técnicas de produção era possível graças a acumulação de capital, obtida através dos lucros dos empresários, ao longo dos anos. Pois, era através desta acumulação que era possível sustentar a pesquisa, a produção de novos materiais e o seu posterior teste para averiguar sua viabilidade. Assim, este aumento nos volumes produzidos e comercializados trouxe diversas novas necessidades às indústrias e empresas em geral. Além de desenvolver o processo produtivo em si com a finalidade de gerar mais produtos e diminuir preços, surgiu a necessidade de controlar esse crescimento, estudar a melhor maneira de se distribuir essa produção e, com o tempo, de se entender como o público consumidor de determinado produto se comportava diante da possibilidade de comprá-lo frente à opção oferecida pelos concorrentes. Essa evolução deu origem a uma série de matérias de estudo presentes em nossos dias como a Contabilidade, o Marketing, a Logística entre muitas outras. Para tratar todas essas dimensões do conhecimento associadas à produção começaram a ser desenvolvidas novas tecnologias de suporte que, com o tempo, ganharam tremenda importância no mundo dos negócios e acabaram entrando de forma definitiva no dia-a-dia das pessoas mudando não só o mundo profissional, mas também a vida pessoal e social do mundo. Os primeiros controles feitos à mão começaram a tomar cada vez mais tempo e esforço dentro das organizações. Isso fomentou o desenvolvimento de novas tecnologias que pudessem otimizar o trabalho. Foi o desenvolvimento da eletrônica que acabou por trazer as novas ferramentas de trabalho e controle. O surgimento das tecnologias digitais passou a permitir que a geração, controle e disseminação das informações pudessem ser feitas de forma muito mais rápida, eficiente e sem erros, gerando todas as condições para que a produtividade do trabalho fosse multiplicada muitas vezes.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Tecnologia da Informação (TI) Pode ser definida como um conjunto de todas as atividades e soluções que contém recursos de computação. Possui várias aplicações e estão ligadas às mais diversas áreas. Sua utilização depende do mercado, da cultura e das atividades empresarias e a utilização de seus recursos determina a competitividade das empresas. As tecnologias de informação não ficaram limitadas apenas aos controles. Elas invadiram as linhas de produção aumentando a eficiência de máquinas e praticamente zerando os erros de produção. Um impulso que passou a gerar quantidades, até então inimagináveis, de produtos, o que permitiu também uma redução de custos, preços e, por conseqüência, acesso das pessoas a uma vida melhor. Todo esse processo não se deu, porém, sem uma mudança radical nos processos de trabalho e nos perfis dos trabalhadores necessários para executá-lo. Trabalhadores que antes se valiam apenas de força física para executar um determinado trabalho foram substituídos por outros com formação mais completa e que tivessem conhecimento suficiente para operar as novas tecnologias que surgiam. Esse processo de substituição, sempre trazido pelo surgimento de quaisquer novas tecnologias, nunca é indolor. Um grande número de trabalhadores sem preparo passa a ser deslocado para funções menos importantes onde a remuneração é menor e a disputa por um posto de trabalho é muito mais acirrada. Muitas vezes esse processo gera um mercado paralelo e informal de pessoas que buscam ocupar-se para conseguir a subsistência antes de pensar em ter um emprego e uma carreira. Em paralelo ao avanço das tecnologias de informação houve a transformação das tecnologias de comunicação. Partindo da invenção do telefone em 1872, por Graham Bell, toda uma infra-estrutura se desenvolveu para transformar a comunicação entre pessoas em algo cada vez mais fácil e comum. Para a construção desta infra-estrutura, foi necessário o desenvolvimento de novas máquinas eletrônicas, linhas de transmissão e postos onde operadores de telefone conectavam as ligações das pessoas. Criou-se, portanto, uma nova forma de organização do trabalho e de conhecimento, com grande especificidade, porém em constante alteração. Novas formas de melhorar a telecomunicação foram surgindo, com o advento de melhores formas de transmissão (linha de cobre e, posteriormente, fibra óptica) e a evolução dos retransmissores das ligações, com o advento de servidores analógicos, substituindo milhares de operadores. A mesma evolução criava e destruía empregos, conforme a tecnologia evoluía.

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A globalização tem na Internet sua grande rede. Com uma face voltada ao caráter mercantil com a pretensão de ligar todos os mercados, e outra face, voltada para a gratuidade, isto é, exposição livre. Pois bem, para além do livre fluxo de capitais e de informações, há um detalhe nessa Rede: ela tem um centro de convergência. Nos Estados Unidos, os domínios da Internet não precisam de um último ponto e duas letras designadoras do país. Todos os domínios terminam em “.com”, em “.org” e assim por diante. E isto sinaliza uma diferença entre os atores do cenário mundial. No “sistema-mundo” de Wallerstein os atores não são iguais. E essa é uma variável das mais importantes. O próprio celular é uma revolucionária maneira de telecomunicação, ao acabar com a utilização de fiação para realizar as ligações. Isto só foi possível com o desenvolvimento da tecnologia wireless (sem fio), iniciada com o rádio, no final do século XIX e, também, do satélite, a partir da Segunda Guerra Mundial. Ao adicionar tecnologia na produção e, também, nos controles administrativos, criou-se um enorme mercado de trabalho e, também, comercial, a ser explorado, tendo em vista a mudança das necessidades provocadas pelo seu uso. Porém, ao mesmo tempo, a tecnologia tornou diversas ocupações obsoletas, inclusive algumas que foram criadas para atender a sua própria demanda. Este vai-e-vem obriga uma constante atualização por parte de diversos profissionais, tendo como objetivo manter sua empregabilidade atual. O estudo tornou-se extremamente importante, na hora de procurar uma ocupação. Assim, vemos crescer e desaparecer diversos setores da economia, conforme a tecnologia se expande. Sendo assim, o encontro das tecnologias de informática com as de telecomunicações moldou o mundo como hoje o conhecemos. Ao permitir que sistemas de informação de qualquer lugar estivessem interligados trocando dados, a comunicação criou as condições para a globalização das economias, do trabalho, da cultura e do entretenimento – diversão, lazer -. Já que as informações podem ser compartilhadas instantaneamente, o capital pode atuar de forma otimizada fluindo entre os países. Com isso passa a ser possível que uma organização construa fábricas em diversos pontos de planeta de modo a ter o melhor desempenho possível de acordo com as características de cada país em que se instala. Não é por outro motivo que hoje podemos ver as montadoras de veículos, são assim chamadas pois são responsáveis pela montagem dos veículos usando partes e peças que são produzidas em diversos países para montar um determinado modelo de automóvel.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Essa mundialização da economia cria uma interdependência entre as nações que passam a beneficiar-se umas das outras em momentos de crescimento da economia, mas podem, por outro lado, ser afetadas em momentos de crise. Ao gerar, recolher e organizar as informações de forma eficaz, as novas tecnologias abriram espaço para toda uma nova economia baseada no valor da informação. A partir do momento em que a Internet (rede mundial de computadores conectados entre si) passou a agregar imensos volumes de informação e disponibilizá-los de forma praticamente gratuita, o valor de saber transformar essa informação em conhecimento e novos avanços passou a ser enorme. Isso passou a ser o motor da economia e os avanços do conhecimento humano passaram a ser muito mais rápidos do que nas gerações anteriores. Atualmente, não existe uma forma de organizar as informações dos milhões de páginas (sites) que existem, nos diversos servidores espalhados pelo mundo de internet. Os próprios donos dessas páginas fazem uma organização através de marcadores, especificando o que aquela página especifica contêm. Contudo, muitas vezes, estes marcadores não são suficientes para realmente determinar se o conteúdo daquela página é relevante ou não, de acordo com a sua pesquisa. Este problema ocorre desde o surgimento da internet e, na mesma época, surgiram páginas específicas, conhecidas como páginas de buscas, para tentar encontrar uma solução adequada. O Yahoo! foi uma das primeiras empresas de internet que criou um buscador que trazia as páginas, conforme as informações providas. No Brasil, uma das primeiras empresas a criar um buscador foi o Cadê?, que o Yahoo! acabou comprando, no começo deste século. Porém, a empresa que teve mais sucesso nessa questão foi o Google. Com uma proposta diferente, uma página específica para buscas, limpa de anúncios, notícias e outras distrações, transformou-se no líder mundial em buscas. Ao contrário de seus concorrentes, como o Yahoo!, eles desenvolveram um algoritmo matemático que, constantemente, visita milhares de páginas, realizando a leitura delas, atualizando seu banco de dados e, nesse processo, permitindo um arranjo de informações mais eficaz e rápido. Isto, aliado a um modelo de negócio diferenciado, ajudou o Google a transformar a publicidade na internet, criando um modelo onde o anunciante remunera por clique realizado no seu link, ou seja, no caminho que irá direcionar o consumidor a sua página. Antes disso, o conceito de publicidade online era de quantas pessoas visualizam o anúncio, como se fosse um Outdoor nas páginas. O sucesso do Google se estendeu para vários segmentos da internet, controlando serviços de correio eletrônico (e-mail), redes de relacionamento (orkut), blogs e outros. A empresa se tornou, também, uma das mais valorizadas no mercado de capitais de Nova York, com valor de mercado superior há inúmeras empresas da economia real, contudo, o seu papel mais importante, ainda, é o da busca de informação.

Assim, ter acesso a esses dados passou a ser fundamental para o desenvolvimento dos países e cada vez mais os governos passaram a investir na disseminação da informação e do acesso a ela. Hoje é possível medir o grau de desenvolvimento de uma sociedade pelo nível de acesso que ela possui a informação. Os meios de comunicação passam a ser interativos e todo o modo de vida moderno é hoje completamente diferente do que era há poucas gerações. Cada vez é mais difícil conceber a vida das pessoas sem acesso à comunicação e informação. O telefone celular é o exemplo mais claro dessa mudança. Toda essa tecnologia disponível para cada vez mais pessoas aponta para novos formatos nas relações trabalhistas e na produtividade das pessoas. Se por um lado as exigências para que uma pessoa consiga se inserir no mercado de trabalho são cada vez maiores, tornando indispensáveis o estudo e o conhecimento das tecnologias de informação, por outro passam a ser possíveis novas formas de trabalho já que ao ter acesso aos dados que precisa em qualquer lugar, um trabalhador moderno pode trabalhar longe do escritório ou da fábrica que o emprega, desempenhando suas funções com produtividade mesmo estando em casa. Novas funções passam a ser possíveis já que ao dominar determinados temas, um profissional pode “vender” esse conhecimento para qualquer um que tenha interesse em qualquer lugar do globo.

A biologia atual é, provavelmente, a ciência que propõe o maior número de debates éticos demonstrando que a definição de vida não é ainda muito clara. Manipulação genética, experiências com embriões, eutanásia e aborto são assuntos que geram muita discussão e não chegam a um consenso. Outras áreas do conhecimento também puderam acelerar seu desenvolvimento a partir do aumento da capacidade de processamento à disposição dos pesquisadores e da facilidade de troca de informações entre esses mesmos pesquisadores pelo mundo. Uma das áreas mais beneficiadas por esse avanço foi a da engenharia genética. Ao dominar essa ciência o homem passa a ter o poder de alterar geneticamente plantas e animais para aumentar a produtividade da lavoura e da agropecuária criando geneticamente novos insumos – produtos - para seu consumo. Os cientistas conseguiram mapear todo o genoma humano e esse advento abre a possibilidade de em pouco tempo ser possível a cura de doenças que até hoje não eram dominadas pelo homem.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A engenharia genética é uma ciência que tem possibilitado a realização de várias descobertas genéticas. Por sua relação direta ou indireta com o meio ambiente, não poder deixar de ter a atenção dos ambientalistas e estudiosos do direito ambiental e da sociedade em geral, que se mostra insegura com suas descobertas. Muito se discute sobre a validade desses procedimentos e da sua agressão sobre os princípios de muitas religiões. Caberá à sociedade decidir como lidar com esses avanços que a tecnologia proporcionou. AS FERRAMENTAS E A POPULARIZAÇÃO DA INTERNET O crescimento da utilização da internet é um fato constante ao longo de mais de uma década. Antes da sua popularização, ela foi uma ferramenta criada pelos militares norte-americanos para garantir que, em caso de guerra nuclear, as informações chegassem onde deveriam independente do caminho que ela teria que percorrer. Em meados da década de 90, a internet sai do restrito mundo militar e as pessoas comuns passam a ter acesso a ela. Páginas com notícias, empresas online, desenvolvimento de páginas pessoais ganham um tremendo impulso com esta popularização e, também, com a atenção dada a este novo mercado que, no final da mesma década, provocou uma forte valorização (seguida por uma abrupta queda) da Bolsa de Valores de Nova Iorque, especializada neste mercado, a Nasdaq. A sensação deste novo meio de comunicação, impulsionou o investimento em qualquer projeto que aparecia. O investimento irrestrito, mesmo em operações que não apresentavam lucro, cresceu e tornou-se insustentável, provocando uma forte retração desses investimentos, tendo efeito, inclusive, na economia real. Porém, apesar desse problema, a internet continuou a crescer e voltou a atrair investidores, agora mais realistas a ela. Assim, surgiram blogs, redes sociais (orkut, facebook, myspace e outros), microblogs, vídeos online e outras ferramentas que mudaram a utilização da internet e, também, das empresas de comunicação (jornais impressos, televisões, revistas e outros). Isto só foi possível em função do crescente aumento do uso de usuários em todo o mundo. Segundo um levantamento realizado pela Escola de Negócios da Universidade de Navarra, da Espanha, publicado em 2009, o número de usuários chega a 1,6 bilhões de pessoas em todo o mundo. Veja, a seguir, a notícia sobre o dado falado neste parágrafo:

Brasileiro bate novo recorde de navegação na web 14/07/09 Em junho, o tempo de navegação por usuário cresceu 10,6% em relação ao mês anterior e alcançou 44 horas e 59 minutos, entre pessoas que usam a internet no trabalho ou em residências. Navegaram em pelo menos um desses ambientes 33,2 milhões de pessoas, número 3,9% menor que os 34,5 milhões de maio. A informação é de pesquisa do Ibope Nielsen Online. O número de pessoas com acesso à internet em casa ou no trabalho é de 44,5 milhões. Considerando somente os internautas residenciais, o tempo de navegação aumentou 8,1% e atingiu a marca inédita de 27 horas e 48 minutos por pessoa, superando o pico de 26 horas e 15 minutos que havia sido registrado em março de 2009. O número de internautas ativos em residências manteve estabilidade em relação ao mês anterior e permaneceu em cerca de 25,6 milhões. A quantidade de pessoas que moram em domicílios em que há a presença de computador com internet é de 40,2 milhões. Entre as dez subcategorias com maior tempo de navegação por pessoa, portais registrou o maior aumento, ao crescer 22% em relação ao mês de maio, seguida por Ferramentas de Internet, que cresceu 20%, e por e-mail, que cresceu 16%. Entre os dez países em que é realizada a pesquisa, o Brasil continua com o maior tempo por usuário, tanto na navegação em páginas quanto no tempo total, incluindo programas online. Fonte: http://www.adnews.com.br/internet.php?id=91035

Podemos ver que o Brasil está na quinta posição neste ranking, atrás de China, EUA, Japão e Índia. Podemos ver que são países populosos, em especial China e Índia, com 1,330 bilhões e 1,132 bilhões de pessoas respectivamente e, também, países com grande destaque no campo da economia, com altas e constantes taxas de crescimento econômico ano após ano. Os outros dois países, EUA e Japão, também são populosos, porém não alcançam os números mencionados, com população de 303 milhões e 127 milhões de pessoas. A diferença está no fato de que eles são países desenvolvidos, com a primeira e segunda maior economia do mundo. O Brasil ganha destaque por apresentar uma grande população, com quase 200 milhões de habitantes, porém não é uma economia desenvolvida e, também, não apresentou as constantes e altas taxas de crescimento verificadas na China e na Índia. Mesmo assim, apresenta um aumento constante no número de usuários. O próximo gráfico é interessante, pois demonstra , além do crescimento do número de usuários, outro fator importante que é o tempo que cada pessoa fica online por mês. Neste quesito, o Brasil se destaca, sendo o país onde os usuários passam a maior parte do tempo conectado.

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FONTE: www.ibope.com.br Contudo, há diversos problemas a serem enfrentados na questão do acesso da população à internet. Por exemplo, a Coréia do Sul, de acordo com a notícia a seguir, tem a impressionante marca de 100% dos acessos através da Banda Larga. Isto garante qualidade, acesso contínuo e ininterrupto à internet, sem se preocupar com o tamanho da conta telefônica no mês seguinte.

Brasil já é o quinto em número de usuários de Internet 23 de junho de 2009. O Brasil alcançou a quinta posição no ranking mundial em número de pessoas que acessam a internet, de acordo com estudo realizado pela consultoria Everis, em parceria com Escola de Negócios da Universidade de Navarra, da Espanha. Segundo o levantamento, um em cada dez dos cerca 1,6 bilhão de internautas existentes no mundo vive na América Latina, metade dos quais no Brasil. Dos 44 países avaliados pela empresa entre 2000 e 2008, nove tiveram aumento no número de usuários, a um ritmo superior a 40% por ano. Brasil, Colômbia, Cuba e Paraguai são os países latinos entre eles. No geral, Paquistão e Marrocos apresentaram crescimento mais veloz, de 57,5% e 56,2% ao ano, respectivamente. Os países que concentram um número maior de usuários de internet em todo o mundo são China (285 milhões), Estados Unidos (234,4 milhões), Japão (89 milhões) e Índia (86,2 milhões). Somados à Alemanha, o país europeu com maior número de usuários (61,9 milhões), esses países correspondem a mais da metade do total mundial de internautas ativos, ou seja, cerca de 833 milhões (51,4%). Na relação entre abrangência de internet e o Produto Interno Bruto (PIB), países como o Brasil, Colômbia e Peru apresentaram índices bem acima do esperado. O contrário acontece com Argentina, Chile, México, Uruguai e, em especial, Venezuela que, comparativamente a seus PIBs, apresentaram baixo número de usuários. O estudo também revelou que, no ano passado, 62% dos acessos à internet no mundo foram feitos por meio de banda larga. Nesse quesito, a América Latina apresentou a maior porcentagem média, de 79,2%, sendo que em primeiro lugar ficou a Colômbia (88,8%), seguido de Venezuela (85,4%), Brasil (84,9%), Uruguai (80,1%), México (80%) e Argentina (72,4%). Entre os países avaliados, 19 têm mais de 90% das conexões de banda larga. A Coréia tem 100%, Suíça, França, Estados Unidos e Portugal têm 99% ou mais e Espanha, 96,8%. O Chile é o único país latino-americano nessa categoria, com 97,5% de suas conexões feitas por banda larga. Fonte: http://www.tiinside.com.br/News.aspx?ID=135158&C=265

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Para isso, terá que ocorrer muito investimento na infra-estrutura das cidades brasileiras, especialmente pelas empresas telefônicas, de televisão a cabo e, uma novidade, das empresas de energia (regulamentada pela a ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações – em abril de 2009), para criar melhores condições de acesso, barateando o custo da banda larga, que atualmente é extremamente caro, em compar ação com os demais países. Há, também, os problemas oriundos da própria utilização da internet pelos usuários, que contraem vírus e tem programas instalados sem o seu consentimento e/ou o seu completo entendimento que realmente o programa faz. Isto resulta em grandes prejuízos para o usuário e, também, para as empresas que possuem serviços online como os bancos, principalmente. Por fim, há o grave problema da falta de privacidade das informações expostas na internet. Ao guardar tais informações, como senhas de banco, contas, documentos digitalizados e material intelectual (artigos, pesquisas, desenhos e outros) muitas vezes o usuário não sabe qual é a segurança para evitar o acesso de outras pessoas. Cracker: é um termo utilizado para designar aquele que quebra um sistema de segurança, com o objetivo de obter vantagens para si ou para outros. Hacker: ao contrário do cracker, ele busca alterar a programação de um programa legal, buscando melhorias em sua funcionabilidade. Os hackers contribuíram para o melhoramento de programas livres (gratuitos), como o Linux e outros. Mesmo em caso de uma segurança mais alta, não existe total garantia de inviolabilidade das informações. A atuação de hackers e crackers ganharam notoriedade conforme a dependência da internet aumenta na vida de cada um. Porém, estas ações não passam despercebidas das autoridades policiais, que tiveram que criar uma parte específica para atuar contra essa nova ameaça chamada de Delegacia de Repressão a Crimes Cometidos por Meios Eletrônicos, conforme podemos ver na próxima notícia: Hacker é indiciado por invadir banco de dados da Telefônica e divulgar informações em SP Publicada em 20/08/2008 às 15h33m SÃO PAULO - O programador Vinicius Camacho Pinto, de 28 anos, mais conhecido entre os internautas como K Max, foi indiciado na noite desta quarta-feira por invadir e divulgar informações do banco de dados da Telefônica. A invasão foi descoberta pela Delegacia de Repressão a Crimes Cometidos por Meios Eletrônicos do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado). O programador negou em entrevista ao site da revista IDG Now!, especializada em tecnologia e internet, ter baixado informações pessoais dos clientes da empresa. Segundo a polícia, as informações foram divulgadas na internet. De acordo com a assessoria de imprensa do Deic, o hacker não ficará preso, já que não houve flagrante. Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do programador em Itapevi, na Grande São Paulo. Segundo o delegado José Mariano de Araújo Filho, o hacker invadiu o sistema de cadastro da Telefônica. A partir do site da empresa, ele conseguiu acessar dados pessoais dos clientes. Depois disponibilizou as informações quem estivesse interessado - disse o Araújo Filho. O delegado informou que o programador também “seqüestrou” comunidades do site de relacionamento Orkut. Outra ação do hacker aconteceu durante a Campus Party - evento de tecnologia - realizado em 2008, de acordo com a polícia. Ele impediu que alguns participantes tivessem acesso sites como YouTube e Google, diz a polícia. Segundo a polícia, K Max teria admitido todas as invasões. A equipe apreendeu computadores pessoais e CDs e o material será periciado. O programador foi indiciado pelo crime de divulgação de segredos qualificado e a pena é de um a quatro anos de prisão. Em entrevista ao site da revista IDG Now!, Vinícius Camacho disse que ao contrário da alegação da Telefônica que houve quebra de sigilo dos clientes, ele descobriu uma falha no sistema da empresa. Vinícius afirmou que quatro informações consultadas (nome, endereço, telefone e CPF do cliente) eram reproduzidas parcialmente. Ao buscar os dados de um cliente Speedy pelo CPF, o buscador devolvia pela metade informações como número de telefone ou nome que comprovavam o acesso ao banco de dados. A Telefônica diz que quebrei o sigilo dos clientes, quando na verdade é o contrário: foi o que ela fez quando ao criar um site com uma falha de segurança. Descobri uma falha e, para provar que a falha existe, criei uma prova de conceito - disse Vinícius. Para provar falta de segurança no banco de dados da empresa, no começo de julho, o programador criou um site em que os usuários podiam confirmar informações pessoais de clientes do serviço Speedy, explorando a falha de segurança. É preciso definir o que é invasão. Como estão falando, parece que entrei pra roubar e destruir - afirmou o programador. Ele afirmou à revista não ter baixado nenhuma informação pessoal. Tenho certeza que fui 100% ético e prestei um serviço à Telefônica e aos seus clientes. Fonte: http://oglobo.globo.com/cidades/sp/mat/2009/08/20/hacker-indiciado-por-invadir-banco-de-dados-datelefonica-divulgar-informacoes-em-sp-757492867.asp

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS ONDE SE LOCALIZAM? No mundo, são várias as regiões onde há produção dos equipamentos que permitiram uma verdadeira revolução das comunicações observadas, a partir dos anos 90. Servidores, roteadores, computadores, celulares, fibras ópticas e os mais diversos softwares foram os principais atores dessa revolução. O desenvolvimento destes equipamentos está atrelado às diversas soluções criadas, no decorrer do tempo, para as necessidades dos militares de diferentes países, porém com destaque dos EUA. Já sabemos que a internet foi criada pelos militares norte-americanos, com vistas a uma possível guerra nuclear com a União Soviética. Contudo, a integração comercial que ocorreu a partir dos anos 90, permitiu que a produção destes equipamentos fosse descentralizada, expandida, aproveitando fatores de produção competitivos nos mais diversos países, como mão-de-obra barata, mercado consumidor importante e incentivo (subsídios) de diferentes governos. Anteriormente, criou-se uma política de reserva de mercado para a área de informática no Brasil, com o objetivo de criar uma indústria nacional na área, através da sobretaxa dos componentes eletrônicos e, também, do produto finalizado (computador, monitor e impressoras). Esta reserva de mercado atrasou a popularização do computador para as famílias brasileiras e, também, não obteve sucesso na criação de uma indústria nacional.

Zona Franca de Manaus (ZFM): É uma área da cidade de Manaus localizada no Estado do Amazonas, cuja criação ocorreu em 1967, com o objetivo de estimular a industrialização da cidade e da sua área e ampliar o mercado de trabalho. Ela é uma área de livre comércio, ou seja, não se aplicam ou são menores os impostos de importação para a compra de produtos no exterior. Além disso, há isenção e descontos de impostos federais e estaduais. Atualmente, abriga mais de 500 empresas, dos ramos de tecnologia, informática e motos, gerando aproximadamente quinhentos mil empregos e, assim, evita a utilização dos recursos naturais da floresta para a subsistência de famílias, diminuindo a degradação da Floresta Amazônica. Mesmo assim, o Brasil conseguiu atrair investimentos na área da microeletrônica, o que permitiu a instalação de fábricas de montagem de computadores, aproveitando do tamanho do seu mercado consumidor e da mão-de-obra barata como importantes fatores de atração. As regiões onde ocorreram os investimentos foram o Estado de São Paulo, a Zona Franca de Manaus e o Rio Grande do Sul. Com o crescimento das telecomunicações, especialmente a parte da telefonia celular, um novo ciclo de investimentos ocorreram para a produção desta mercadoria para o

mercado interno e, também, o externo. As privatizações que aconteceram dos serviços de telecomunicações impulsionaram ainda mais estes investimentos, pois a demanda para o mesmo era enorme e não era atendida pelas empresas estatais. Para compreender melhor, uma linha de telefone fixa na TELESP, antiga empresa de telefonia do Estado de São Paulo, a atual Telefônica, custava por volta de R$ 1.000,00 e ainda tinha uma enorme fila de espera para consegui-la. Atualmente, se um consumidor desejar uma linha telefônica fixa, ele pode decidir qual empresa que ele quer, o quanto ele pretende gastar, sendo que o custo de aquisição e o tempo para obter a linha são mínimos. Contudo, o serviço ainda apresenta baixa qualidade, com diversos problemas que os consumidores lesados reclamam ao PROCON – Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor –, cujo dever é registrar, intermediar e resolver estes problemas entre as empresas e os consumidores. Em Campinas, no estado de São Paulo, existe um importante pólo tecnológico de telecomunicações, pela existência do CNpQ, da Unicamp e das diversas pequenas e médias empresas que surgiram para atender a esta demanda. Assim, empresas como a Motorola, Samsung e a Alcatel-Lucent, instalaram-se aqui para a produção dos componentes e montagem de diversos celulares.

Fonte:http://www.guanabara. info/2008/05/evolucao-doscelulares-2/ A Região Metropolitana de Campinas (RMC) abriga, também, empresas como a Dell, IBM, Sanmina e outras que estão envolvidas na produção de peças e montagem de computadores e outros aparelhos eletrônicos. Essas são empresas de tecnologia, que precisam realizar altos investimentos para assegurar uma posição de destaque entre as demais empresas. Podemos ver, ao lado, a evolução dos celulares ao longo de duas décadas, desde 1985. O mesmo pode ser feito com o computador e a sua evolução desde o seu lançamento.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A concorrência na área é grande, porém leva há uma concentração das empresas, pois o capital necessário para tais investimentos é alto. A exceção fica por conta da parte do software, ou seja, dos programas que fazem o celular e o computador funcionarem. Este é um mercado em crescimento, acompanhando a evolução da tecnologia, porém aberto para várias pessoas que podem, através de conhecimentos obtidos de graça na internet, fazer programas ou páginas que podem atrair a atenção de empresas maiores e, também, fazer sucesso por si mesmos. LEITURA COMPLEMENTAR: Empresas de tecnologia perdem interesse pela Zona Franca de Manaus Rodrigo Caetano, do COMPUTERWORLD 12-01-2009 Em 2003, informática respondia por 24% do faturamento no Polo Industrial de Manaus. Em 2008, participação caiu mais da metade. O Polo Industrial de Manaus (PIM) deixou de ser atrativo para as empresas de Tecnologia da Informação. Dificuldades logísticas e incentivos fiscais pouco interessantes, principalmente por conta do dólar baixo dos últimos anos, estão fazendo com que o setor de bens de informática caia vertiginosamente em participação no faturamento do polo. Em 2003, o segmento era responsável por quase 24% da receita total de todas as empresas com produção em Manaus. A partir de 2004, este porcentual foi caindo gradativamente e deve ficar em cerca de 13% em 2008. A produção de computadores na região deve ficar estável este ano, em comparação com o ano passado. Resultado que contrasta com os 20% de crescimento registrado pelo mercado de PCs em geral, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee). Para Humberto Barbato, presidente da Abinee, o movimento reflete algumas escolhas feitas pelos estados em relação ao tipo de indústria que pretendem incentivar. “Cada estado tem o direito de ter a sua indústria”, afirma o presidente. “Os investimentos vão acontecer onde o setor está. Não acredito que haverá novas razões para investir em Manaus”, completa. Um dos motivos para o setor ter perdido o interesse em Manaus está na desvalorização do dólar, que se manteve abaixo de dois reais até setembro, quando teve início a crise financeira que abalou os mercados do mundo inteiro. “Esta queda barateou muito as importações. Com isso, os incentivos para produzir em Manaus não compensavam as dificuldades de logística e infra-estrutura”, explica Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). O setor de TI é muito dependente de importações, principalmente de semicondutores. Segundo dados da Abinee, a importação de chips cresceu 28% este ano, em comparação com 2007. A importação de componentes de informática, em geral, aumentou ainda mais: 40%. Também de acordo com a associação, o setor nacional de componentes foi um dos poucos que registraram queda no faturamento (5%) este ano.

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Em 2007, o faturamento das empresas de informática presentes no PIM foi de 7,58 bilhões de reais, valor que representa uma queda de quase 20% em comparação com o ano anterior, segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). No mesmo período, o setor de informática como um todo, segundo dados da Abinee, cresceu quase 7%. Este ano, o crescimento da indústria de TI deve ser de 11%, com receitas previstas de 34,89 bilhões de reais. No polo, o segmento faturou, até setembro, 5,46 bilhões de reais. COMPENSAÇÃO Ao mesmo tempo, outros setores da indústria ganharam força na região, principalmente o de motocicletas. De acordo com dados da Suframa, de 2006 para 2007 o faturamento do setor duas rodas subiu quase 27%, chegando a 11,54 bilhões de reais e uma participação de 27,21% na receita total do polo. Este ano, o segmento já faturou 10,95 bilhões de reais. A indústria eletroeletrônica ainda representa a maior parte do faturamento, com 28,74% do total. Mas este porcentual está em queda acelerada. Em 2005, o valor chegou a ser de 35,57%. Por outro lado, o setor de duas rodas, que há três anos era responsável por 16% das receitas, hoje já responde por 27,21%. Hugo Valério, diretor da área de informática da Abinee, afirma que Manaus não deixou de ser atrativa. “Nós vivemos em um país bastante plural. Cada estado tem seus anseios e direito a ter sua indústria, não podemos impor nada”, afirma. Com a crise e a desvalorização da moeda brasileira, a perspectiva é que haja mais investimentos por parte do setor eletroeletrônico, principalmente das empresas de TI, por conta da maior competitividade que o país ganha em termos de custos e exportações. Manaus, porém, ainda deve seguir fora da rota. “É cedo para afirmar, o câmbio ainda está muito volátil, e talvez caiba rever alguns incentivos para o setor”, afirma Almeida. Para o PIM, ver as empresas de TI perdendo participação não representa queda no faturamento. Pelo contrário. Até setembro, a receita total do polo foi de 40,26 bilhões de reais, o que representa alta de 11,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. Se as projeções do Conselho de Administração da Suframa (CAS) de faturar 30 bilhões de dólares este ano forem realizadas, será um novo recorde na história da indústria manauara. Agora, para o setor de TI, os incentivos fiscais são uma demanda antiga. Mas, ao que parece, a força do segmento não é suficiente para fazer o governo colaborar. Se o texto proposto pela Comissão Especial da Reforma Tributária da Câmara dos Deputados for aprovado, em votação que deve ser realizada em março do ano que vem, a carga de impostos para o setor de software pode aumentar em até 16%, já que inclui a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a comercialização de programas de computador. Fonte: http://pcworld.uol.com.br/noticias/2009/01/12/ empresas-de-tecnologia-perdem-interesse-pela-zonafranca-de-manaus/

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A partir da leitura do texto responda: a) Qual o motivo para que as empresas de tecnologia tenham perdido o interessa na Zona Franca de Manaus? Isso representa queda no faturamento do PIM – Pólo Industrial de Manaus? Porquê? b) Existem outros setores ganhando força na região? Quais? SUGESTÃO PARA PESQUISA: Busque saber como eram os primeiros computadores e quais as mudanças e impactos que causaram na sociedade. AGORA É A SUA VEZ! 1- O que são técnicas de produção? 2- Quais as vantagens do encontro entre as tecnologias de informática e as de telecomunicações? 3- (ENCCEJA 2006) Em virtude da mecanização do campo e da urbanização — processos iniciados desde o advento da Revolução Industrial —, a porcentagem da população ocupada no setor primário (atividades rurais) tende a diminuir no mundo inteiro. Também o setor secundário (indústria), que foi talvez o grande empregador de mão-de-obra durante a maior parte do século XX, encontra-se atualmente num ritmo de diminuição até mesmo mais acelerado que o setor primário. J. W. Vesentini. Geografia-série Brasil. Editora Ática (com adaptações). O argumento que justifica as idéias do texto é: a) a expansão do setor terciário com prestação de serviços muito variados e boa remuneração tem atraído o trabalhador. b) o desemprego no mundo atual é causado, sobretudo, pela mecanização e automação. c) a diminuição do emprego é causada pela emigração da mão-de-obra qualificada para outros países. d) atualmente, os trabalhadores migram do setor secundário da economia para o setor primário, devido ao processo de mecanização industrial. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!

Exercício 2: Moldou o mundo como hoje o conhecemos, e permitiu que sistemas de informação de qualquer lugar estivessem interligados entre si trocando dados. A comunicação criou as condições para a Globalização das economias, do trabalho, da cultura e do entretenimento. Exercício 3: B PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: Eu Robô, baseado no livro Isaac Asimov, 2004. Direção Alex Proyas. Filme: Hacker – Piratas de Computador, 1995. Direção Iain Softley. PRA FIM DE PAPO! C aro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Identificar e interpretar formas de registro das novas tecnologias de comunicação e informação do trabalho e da vida social • Interpretar fatores que permitam explicar o impacto das novas tecnologias no processo de desterritorialização da produção industrial e agrícola • Analisar a mundialização da economia e aos processos de interdependência acentuados pelo desenvolvimento de novas tecnologias • Comparar as novas tecnologias e as modificações nas relações da vida social e no mundo do trabalho. • Relacionar alternativas para enfrentar situações decorrentes da introdução de novas tecnologias no setor produtivo e na vida cotidiana, respeitando os valores humanos e a diversidade sociocultural. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Exercício referente ao Texto Complementar: a) O motivo são as dificuldades logísticas e incentivos fiscais pouco interessantes, principalmente por conta do dólar baixo dos últimos anos. Não representa queda no faturamento. Pelo contrário. Até setembro, a receita total do polo foi de 40,26 bilhões de reais, o que representa alta de 11,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. Se as projeções do Conselho de Administração da Suframa (CAS) de faturar 30 bilhões de dólares este ano forem realizadas, será um novo recorde na história da indústria manauara. b) Sim, motocicleta e eletroeletrônica. Exercício 1: A combinação dos diversos meios e materiais de produção que melhorem o processo produtivo.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Capítulo 9 DIFERENTES REPRESENTAÇÕES PARA UMA MESMA HISTÓRIA. CONFRONTAR PROPOSIÇÕES A PARTIR DE SITUAÇÕES HISTÓRICAS DIFERENCIADAS NO TEMPO E NO ESPAÇO E INDAGAR SOBRE PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS. A partir do momento que o indivíduo nasce tem sua vida voltada ao aprendizado e à convivência com o grupo para adaptar-se ao meio a que pertence. Pensando dessa forma, entende-se que a finalidade teórica da sociedade é possibilitar ao indivíduo aprender/desenvolver suas aptidões humanas para benefício do grupo a que pertence. Iluminismo, também conhecido como “Século das Luzes”, desenvolveu-se na Europa no século XVIII. Atendia aos interesses daqueles que desejavam mais liberdade política e econômica. Os pensadores iluministas defendiam a razão como princípio de tudo, a não-intervenção do Estado na economia, a igualdade jurídica entre os homens, a liberdade religiosa e de expressão. As idéias Iluministas influenciaram várias revoluções de caráter nacional ou mesmo nativistas. Dentre elas a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos da América e a Inconfidência Mineira no Brasil. Para os gregos, na Antiguidade Clássica, a sociedade existe quando os homens se vêem obrigados a unir seus esforços para fazer da natureza um ambiente menos hostil. Aristóteles, filósofo grego, afirmava que o indivíduo era um ser político, portanto seria impossível para ele viver fora da sociedade; contrária à opinião dos gregos a mentalidade moderna tende a considerar a sociedade como uma ameaça aos indivíduos. Rousseau (1712-1778), filósofo do iluminismo, afirmava que a desigualdade social e o aparecimento da propriedade privada, fizeram com que os mais fortes tivessem a possibilidade do domínio, o que transformou a sociedade em egoísta e ambiciosa; Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, já afirmava que o homem não tende a viver em sociedade naturalmente, ele nasce a aprende a controlar a violência, não é um ser pacífico como afirmava Rousseau. A tentativa de entender as sociedades e seus movimentos sempre existiu, principalmente por que historicamente não existe sociedade que não tenha conflitos e esses conflitos são provocados, principalmente, pela desigualdade e pela injustiça. Os movimentos sociais demonstram o que a sociedade é capaz de fazer para transformar-se levando tanto aos desenvolvimentos científicos, tecnológicos e humanos, quanto a situações caóticas em busca desses mesmos desenvolvimentos, como a miséria, as crises e a guerra.

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UM POUCO SOBRE TERRORISMO Mas o que é terrorismo? É um método que envolve a utilização de violência física ou psicológica, contra algo estabelecido – governo ou organizações não-governamentais – por parte de algum grupo com o intuito de alcançar seus objetivos, que podem variar conforme seja a situação. Vemos, por exemplo, o ataque terrorista de 11 de setembro de2001. Qual foi o intuito de atacar as Torres Gêmeas do World Trade Center? O que aqueles prédios representavam ao mundo e, também, o que a cidade de Nova Iorque representa? A tradução de World Trade Center é, literalmente, Centro de Comércio Mundial. Os prédios estavam localizados na cidade norte-americana que melhor representa o sistema capitalista, que domina o mundo após a queda da União Soviética, exportando os ideais capitalistas para todo o mundo. Ou seja, os terroristas pretendiam atacar o ideal capitalista e tudo aquilo que ele representa (modo de vida, os costumes, os valores morais cristãos e a sua expansão pelo mundo), mostrando a sua fragilidade perante aquilo que eles acreditam que seja correto, que seja verdadeiro. Que, no caso, é a fé islâmica, ditada pelo Corão. É da natureza do capitalismo se expandir. O mesmo está sempre à procura de novos mercados, novas mercadorias e novas maneiras de acumular mais capital. Os países de fé islâmica já foram importantes comerciantes, antes e durante o renascimento cultural europeu. Porém, não conseguiram acompanhar o ritmo da evolução das técnicas e idéias que acometeu a Europa e, posteriormente, os EUA. A intromissão do ocidente, através das nações capitalistas, em busca de mercados e produtos, levou a um movimento de defesa da cultura islâmica, em busca do resgate da sua religiosidade, pois estava ameaçada diante da cultura capitalista. O descontentamento da população frente à perda desses valores por parte dos seus governadores deu a justificativa para este ressurgimento, que nasceram de formas mais radicais. Mesmo assim, os países capitalistas continuavam a se intrometer na política interna destes países, pois necessitavam, principalmente, do petróleo para suas economias. Posto assim, os problemas internos de cada país existam, segundo os revolucionários, por conta dessa intromissão capitalista e que, portanto, deveriam expulsar os capitalistas dos seus países, assim como se livrar dessas influências. Somado, portanto, ao fato de grande parte da população ser pobre, mesmo com altas reservas de petróleo, criou-se condições para o surgimento de lideranças e terroristas dispostos a morrer por seu país, ao criarem condições psicológicas para atrapalhar o funcionamento normal de uma economia capitalista. Antes de 11 de setembro, os ataques ocorriam, especialmente, em Israel, pois era um país próximo e capitalista, que obteve auxílio financeiro e militar dos países ocidentais, principalmente os EUA. É importante, também, entender que não é somente naquela região que existem terroristas. Veremos, mais pra frente, o surgimento de guerrilheiros terroristas na América do Sul, especificamente na Colômbia.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O fenômeno das guerrilhas ocorreu nos principais países da América Latina, como Argentina, Brasil, Chile e México, durante as décadas de 1960 e 1970. Porém, tal fenômeno só fora possível com o apoio de Cuba, único país do continente americano que se transformou em uma república socialista, e que tentava, ao treinar novos guerrilheiros nestes países, criar mais uma nação socialista na América. As guerrilhas, inclusive, coincidem com o surgimento de ditaduras em tais países (Argentina, Brasil e Chile), com a exceção do México – que já era uma ditadura – com o apoio dos EUA. ATENTADOS À SOCIEDADE

O Oriente Médio, sempre foi palco de muitos conflitos relacionados a ocupação da terra, religiões e administração política milenares. Além dessas questões as imensas reservas de petróleo fazem dessa região uma das áreas mais tensas do globo. Os atentados terroristas não são um aspecto novo no mundo. Nem tiveram início no dia 11 de setembro de 2001, com os ataques ao complexo World Trade Center, em Nova Iorque nos Estados Unidos da América. Ocorrem há muito tempo e se manifestam das mais variadas formas no Mundo Contemporâneo. Esse atentado em particular, causou uma grande comoção em vários países do mundo e passou a ser a bandeira de condenação aos atos terroristas. O atentado foi atribuído ao grupo Al Quaeda fundado em 1989, pelo saudita Osama Bin Laden, e combate a interferência do Ocidente, principalmente a norte-americana, no mundo islâmico. Esse fato gerou várias discussões em relação aos propósitos desse ataque e as tentativas de justificativas para um contra-ataque, além disso, gerou uma série de conflitos sociais entre o ocidente e o oriente generalizando a ação terrorista a todos os árabes e muçulmanos, que passaram a ser vistos por muitos como perigosos. Essas generalizações quase sempre trazem injustiças e exclusões sociais. Em represália, Estados Unidos invade o Afeganistão com o intuito de capturar Osama Bin Laden, mas as dificuldades geográficas, as guerras civis e as baixas-norte americanas, cessaram a invasão.

Mujahidin: é a forma plural da palavra mujahid, que em árabe significa combatente e é também traduzido como “combatente santo”. Contudo, o termo está relacionado à luta em geral, que pode ser pela pátria, sua tribo, sua ideologia e outros. Quando aplicado à religião, são as pessoas que estão dispostas a sacrificar sua vida, em nome da sua religião e de seu Deus. A história deste país, o Afeganistão, é importante para entender o fracasso na captura de Osama Bin Laden por parte dos EUA. Seu povo já superou duas invasões de países mais fortes que eles. O primeiro foi o Império Britânico, que durante todo o século XIX esteve presente em seu território, com vitórias e derrotas e, por fim, foi expulso no começo do século XX, após o final da Primeira Guerra Mundial. E, posteriormente, a União Soviética, que invadiu o país no final da década de 1970, e manteve o domínio das principais vias de comunicação e transporte, inclusive as principais cidades, porém não conseguiram vencer os guerreiros afegãos, os mujahidin, que ficavam nas montanhas e eram supridos e treinados pelos EUA, Arábia Saudita, Paquistão e outros países. Esta invasão terminou 10 anos depois, com a retirada dos soviéticos, por conta da agitação política interna em seu país. O mapa a seguir mostra a posição do país, no mapa mundi, abaixo e no canto inferior esquerdo e, também, de seus vizinhos com que fazem fronteira. O detalhe é que, na época no qual a Índia ainda era uma colônia inglesa, não havia separação entre ela e o Paquistão. O país está localizado na Ásia Central, e possui uma extensa cadeia montanhosa, sendo que 85% de seu território é formado por montanhas. O ponto mais alto no país atinge a altitude de 7.485 metros acima do nível do mar. Nos restantes 15% de seu território, apresenta planícies no norte e no sudoeste e, também, depressões.

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Retirado e adaptado da fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationAfghanistan.svg O clima tem características de continental, ou seja, com alta variação de temperatura no dia, pois não há presença de lagos ou oceanos como agentes de moderação climática, isto é, que amenizam a temperatura, por isso possuem verões quentes e invernos frios. Há uma falta crônica de água doce, com estoques limitados e, por fim, a cadeia montanhosa do país é instável, apresentando abalos sísmicos (terremotos), conforme ocorre movimentação nas placas tectônicas. Tais características geográficas e climáticas, e o fato de as montanhas estarem localizadas nas diversas fronteiras, em especial com o Paquistão, tornou difícil a ação dos militares ingleses, soviéticos e, agora, dos norte-americanos, neste país.

Montanhas do Afeganistão, conhecidas como Tora-Bora, na fronteira com o Paquistão. Local onde presume-se que Osama Bin Laden esteja escondido. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL102030-5602,00.html Estima-se que existam milhares de quilômetros, dentro dessas cadeias de montanhas, de esconderijos que foram criados desde o início da sedentarização de populações humanas no Afeganistão e que foram expandidas durante as diversas guerras que ocorreram no país. Podemos concluir, então, que este país sofreu com os interesses dos países estrangeiros. Especialmente, após a Guerra Fria, que destruído pela invasão soviética e com uma facção militar experiente e com recursos financeiros, através da venda da papoula (para produção de heroína), pôde enfim dominar politicamente o país e introduzir um regime islâmico mais rígido (fundamentalista). Este regime foi imposto pelos Talibãs, representantes da etnia mais populosa do país. Foram responsáveis pelo domínio do Afeganistão após a guerra civil que ocorreu ao final da dominação soviética. O país, então, tornou-se um centro de instabilidade política para os países com que faz fronteira, com acusações de provocação das populações minoritárias de muçulmanos em algumas regiões, como a Caxemira na Índia e na Chechênia, região da Rússia.

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Antes e depois da destruição. Fonte: http://www.guimet.fr/tresorsafghans/ afgha/contexte/contexte.html Um dos atos deste regime, que ganhou projeção na mídia internacional, antes dos atentados de 11 de setembro, foi a destruição das imagens do Buda, esculpidas nas montanhas no Vale de Bamiyan, a 240 km de Cabul, capital do país. Tais imagens são fruto de trabalho de monges budistas que habitavam a região até serem expulsos por povos islâmicos. A destruição fora imposta pelo Talibã, pois as imagens do Buda eram consideradas idolatria, um pecado imperdoável na visão islâmica, por considerar uma arrogância e egoísmo dos seres humanos ao tentarem recriar a imagem de Deus. CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE

Os hebreus ou israelitas, conquistaram a Palestina por volta de 1200 a.C., depois de sairem do Egito, onde viveram por alguns séculos. Após sucessivas invasões um progressivo processo de dispersão da população judaica passou a ocorrer, porém a grande maioria do povo ainda permanecia na Palestina. Foi habitada também por populações helenísticas romanizadas; e, em 395, quando da divisão do Império Romano, tornou-se uma província do Império Romano do Oriente. A região foi conquistada em 638 pelos árabes, periodo de expansão do islamismo, e passou a fazer parte do mundo árabe sempre em constantes lutas com os lutas entre governos muçulmanos rivais. Entre 1517 a 1918, a Palestina foi incorporada ao imenso Império Otomano (ou Império Turco). As comunidades israelitas, no início do século XX, passaram a vivier em meio à população predominantemente árabe, possibilitando a existência de vários outros árabes. Durante a Primeira Guerra Mundial A Palestina passou então a ser administrada pela Grã-Bretanha, mediante mandato concedido pela Liga das Nações. Os conflitos entre árabes e israelenses ocorrem desde a libertação do povo hebreu por Moisés, e a ocupação da Palestina, a chamada Terra Santa. No início do século, os conflitos se intensificaram com a criação do Estado de Israel em 1949, pós Segunda Guerra Mundial, dividindo a região entre duas grandes áreas: a judaica e a palestina. Atualmente os conflitos permanecem, principalmente entre os grupos que defendem a luta pela criação do Estado Palestino e aqueles que pretendem manter as possessões territoriais.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS GUERRA ENTRE IRÃ E IRAQUE Ocorre pela disputa da região do Chatt-El-Arah, pequeno rio na confluência dos rios Tigre e Eufrates, que liga o Iraque ao Golfo Pérsico. O fim do conflito contou com a ação da ONU. Como conseqüência desse conflito, tivemos um grande desenvolvimento da produção de armas, o que favoreceu o poder bélico do Iraque no Oriente Médio, projetando a liderança de Saddam Hussein (ligado ao grupo sunita) no mundo árabe. Ambos são países de imensa importância histórica, tanto para o desenvolvimento humano, quanto para o desenvolvimento cultural. O Iraque foi o berço da civilização suméria, uma das civilizações mais antigas que se tem notícia. O Irã, por sua vez, foi o berço da civilização persa, que dominou grande parte da Ásia, do Oriente Médio e chegou a duelar com a Grécia por um longo período, quando a mesma encontrava-se no auge, no século V a.C..

Retirado e Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationIran.svg O Irã, conforme o mapa anterior mostra, possui fronteiras com o Iraque, Turquia, Armênia, Arzebaijão, Turcomenistão e Paquistão. Possui, ainda, ligação com o Golfo Pérsico, ao sul e, também, ao norte, há o Mar Cáspio.

Mar Cáspio: faz fronteiras com Irã, Arzebaijão, Turcomenistão, Cazaquistão e Rússia. É o maior lago da Terra, em área e volume, com 371 mil km². Ele é abastecido pelos rios Volga e Ural, sendo eles responsáveis pela manutenção de seu nível de água. Há presença significativa de petróleo, em seu solo e, também, é o habitat natural do esturjão, um peixe do qual é obtido o caviar, através de suas ovas. Veja a imagem obtida da Nasa.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caspian_Sea_from_orbit.jpg

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS O país é cercado por cadeias montanhosas, com exceção da sua parte costeira, ao sul. O seu ponto mais alto é ao norte, com 5.671 metros de altitude com relação ao nível do mar. É, também, uma área instável, sujeita a ação de vulcões e terremotos. O centro do país é um planalto, onde existem dois grandes desertos desabitados. Seu clima é árido, com poucas chuvas inclusive no inverno, sendo que a exceção fica por conta da área próxima ao Mar Cáspio, onde existe um clima subtropical. A capital, Teerã, localiza-se próximo ao Mar Cáspio e possui uma grande população. O país foi agitado por uma Revolução Islâmica, no final da década de 1970, onde o governo do Xá – título de Rei dos persas, atual Irã – Mohammad Reza Pahlavi, que era apoiado pelas potências ocidentais, como EUA e Inglaterra, fugiu do país com o retorno do Aiatolá – o mais alto representante da hierarquia do Islã – Rudollah Khomeini. O governo do Xá era em favor do ocidente, com muita liberdade de capital e de pessoas que vinham do ocidente para investir em seu país. Ele queria modernizar o país, porém mantinha-se firme no poder, perseguindo a oposição formada por cleros xiitas e, também, daqueles que defendiam a democracia. Com o passar do tempo, o Xá foi se configurando como um ditador, o que se traduziu em perda de apoio por partes da sociedade iraniana. Então, com o apoio do clero xiita, o Aiatolá Khomeini, como ficou conhecido, se tornou o chefe do governo, após a fuga do Xá, e criou-se a república islâmica do Irã, que seguia os preceitos do Islamismo. A crítica ao Xá, tornou-se crítica também aos seus apoiadores do Ocidente, com diversos episódios de atrito político entre Irã e EUA, o que levou ao final das relações diplomáticas e econômicas entre eles, durante a Guerra Irã-Iraque.

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aral_Sea_19892008.jpg A imagem acima mostra o Mar Aral em duas datas diferentes. Ele já foi o quarto maior lago do mundo, contudo encontra-se em processo de desertificação avançado. Ele está próximo ao Mar Cáspio, que, a partir da década de 1970, inverteu o ritmo de perda de água, aumentando em 2,5 metros o seu nível. A construção de canais rudimentares, para a irrigação de plantações próximas, levou a uma contínua retirada de água, num processo ineficiente, apresentando enormes perdas, o que elevou a salinidade da água e acabou com a fauna e flora do local, levando ao fim diversas cidades que dependiam da exploração econômica deste mar.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS À semelhança do Iraque, o Irã é um país com forte produção e exportação de petróleo. Para tanto, utiliza-se da proximidade que há entre as suas principais reservas e o Golfo Pérsico para a sua exportação. Assim, o Golfo Pérsico é uma das principais rotas para a exportação do petróleo, o que faz com que seja extremamente monitorado por diversos países com interesse econômico naquela região. A dependência da economia iraniana do petróleo aumentou após a revolução islâmica, pois os investidores e os turistas ocidentais não eram mais bem vindos. Atualmente, o Irã exporta petróleo, frutos secos, tapetes, gado e especiarias, importando alimentos, maquinários, ferro, aço e outros. Por fim, temos o arranjo político do país, que possuí particulares, em relação aos países do mundo. Há uma eleição direta, que elege um presidente, um parlamento e uma assembléia de peritos. Conforme pode-se observar, é a assembléia de peritos quem elege um líder supremo. O mandato deste líder é vitalício, ou seja, somente após a sua morte que ocorre outra eleição. O Aiatolá Khomeini morreu em 1989 e foi substituído pelo o Aiatolá Khamenei. Ele exerce a função de Chefe de Estado, ou seja, é o Comandante das Forças Armadas, nomeia o chefe do poder judiciário, da segurança interna e seis membros do Conselho dos Guardiães e, ainda, possui o poder de demitir o presidente, caso ele não esteja governando de acordo com a constituição.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Esquema_governo_Irão.png O Conselho dos Guardiães possui o poder de vetar os candidatos que vão para a eleição direta do povo, ou seja, pode controlar quem ele quer que concorra a algum cargo público. Por fim, o presidente, junto do parlamento, nomeiam o poder executivo do país.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS GUERRA DO GOLFO Ocorre em conseqüência da invasão do Kuwait, por Saddam Hussein, em 1990. Buscando maior domínio e projeção no mundo árabe, Saddam Hussein dominou o Kuwait. As potências lideradas por EUA e apoiadas pela ONU exigiram a desocupação da região, porém Saddam Hussein manteve-se firme em seu propósito. A união entre as potências deslocou um aparato militar maior que o da II Guerra Mundial. Através da ação “Tempestade de Areia”, mais de 31 toneladas de bombas contra os 450 mil soldados iraquianos foram lançadas, além de ataques diretos sobre Bagdá. Terminada a investida militar, foram estabelecidas várias sanções econômicas e embargos sobre suas importações de petróleos e, principalmente, obrigou o Iraque a eliminar seus arsenais bélicos e mísseis de longo alcance. O Iraque, conforme observamos no mapa a seguir, tem fronteiras com a Jordânia, Turquia, Síria, Arábia Saudita, Kuwait e com o Irã, sendo esta última a sua maior fronteira.

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationIraq.svg

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:Tigr-euph.png 101

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Há, ainda, uma pequena ligação com o mar, ao sul, entre o Kuwait e o Irã, que o liga ao Golfo Pérsico, entrada para o Oceano Índico. Mesmo assim, o país apresenta um clima continental, com verões quentes e secos e invernos frios. O norte do país é montanhoso, tendo o ponto mais elevado a 3.600 m de altitude, em relação ao nível do mar. Nestas montanhas é onde se localizam as nascentes dos principais rios deste país, o Tigres e o Eufrates, conforme pode ser visto no mapa ao lado: A região localizada entre estes rios é extremamente fértil, inclusive, é onde há os vestígios da civilização suméria. A capital do Iraque, Bagdá, localiza-se próxima ao Rio Tigres, no ponto onde os rios mais se aproximam, porém não se juntam, no centro do país. O Iraque passou a ter destaque na mídia internacional quando, na década de 1970, Saddam Hussein assumiu o poder. Ele era integrante da parte sunita do país (minoria, pois a maioria são os xiitas e ainda existe uma pequena população de curdos, ao norte do país), porém se manteve no poder até a invasão de seu país pelos norte-americanos e seus aliados, em 2003. No decorrer de seu governo, o Iraque participou da guerra contra o Irã, e da invasão ao Kuwait, no qual foram expulsos pelas forças norte-americanas e seus aliados, no começo da década de 1990. Desde então, o país foi submetido a pressões da ONU, com o intuito de diminuir a vocação militar do país, através do controle das suas exportações, revertidas em compras de alimentos e remédios e não mais armas. O principal produto de exportação iraquiano é o petróleo, o que, inclusive, gerou as diversas disputas territoriais mencionadas anteriormente. Alguns países, como o Iraque e Irã, se armaram através da exploração do petróleo e, também, fizeram o seu esforço de guerra contando com as receitas futuras da sua exportação. Com isso, outras áreas de sua economia e sociedade foram deixadas de lado, inclusive o investimento no aumento da exploração e refino do petróleo, o que atrasou a recuperação da sua economia. 30/12/2006 - 01h41 Saddam Hussein é enforcado na manhã de sábado em Bagdá O ditador iraquiano Saddam Hussein, 69, morreu enforcado por volta às 6h da manhã deste sábado (1h da manhã em Brasília), na Zona Verde de Bagdá, região fortemente protegida da capital iraquiana em cumprimento à sentença determinada pela Justiça daquele país em 5 de novembro. A condenação foi dada a Saddam por sua participação nos assassinatos de 148 xiitas da cidade de Dujail depois do fracasso de um complô para matá-lo em 1982, assim como na tortura e a deportação de centenas de moradores de Dujail. Saddam Hussein governou o Iraque de 1979 a 2003, quando caiu durante a invasão americana ao país. Conseguiu fugir, mas foi capturado e respondeu a processos por genocídios, acusado pelos EUA de desenvolver armas de destruição em massa. Um tribunal de apelações de Washington rejeitou ontem o pedido formulado pelos advogados do ex-presidente do Iraque para impedir a sua execução. Os advogados de Saddam Hussein solicitaram a um tribunal dos Estados Unidos que o ex-presidente iraquiano não passasse da custódia americana às mãos de oficiais iraquianos. Com isso, esperavam deter a execução, informaram fontes judiciais. As ruas de Bagdá foram tomadas pela comemoração, conforme mostrou a rede de TV “CNN”. Iraquianos que afirmavam ter sofrido sob o regime ditatorial de Saddam Hussein diziam que este era um dia de “comemoração, Justiça e vingança”. Enterro Raghad Saddam, a filha mais velha do ditador iraquiano, pediu que seu pai seja enterrado em Sana, capital do Iêmen, após sua execução, informou a rede de televisão “Al Jazira”. Segundo a emissora, que cita “fontes iemenitas”, Raghad pediu ao governo iemenita que “intervenha para que Saddam Hussein seja enterrado em Sana”. Raghad vive na Jordânia desde a queda do regime de seu pai, em abril de 2003. Ela quer que o corpo seja enterrado no Iêmen de forma provisória, para ser levado de volta ao Iraque após “a saída das tropas de ocupação do país”, acrescentaram as fontes. Saddam Hussein foi ditador no Iraque de 1979 a 2003, quando os Estados Unidos invadiram o país e depuseram-no. Durante esse período, o Iraque protagonizou três guerras. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u103274.shtml

Mesmo assim, havia a contínua suspeita de desenvolvimento de armas de destruição em massa (bomba atômica, química e biológica) por parte dos iraquianos o que, após o atentado de 11 de setembro, tornou-se a preocupação e a justificativa dos norte-americanos para a invasão, pois acreditavam que os terroristas pudessem se apossar de tais armas, tornando um próximo ataque terrorista muito pior. Contudo, após a invasão no Iraque, nenhuma arma de destruição em massa foi descoberta. Isto tornou a administração Bush, nos EUA, extremamente fragilizada internacionalmente.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS SUNITAS E XIITAS Os Xiitas (em árabe, Shiat Ali, “partido de Ali”) constituem o segundo maior ramo de seguidores do Islamismo. Eles representam 16% da população islâmica no mundo. Já os Sunitas, constituem o maior ramo de seguidores do Islamismo, representando 84% de toda a população islâmica. Apesar dessa diferença, ambos os ramos estão espalhados por todos os países do mundo, com forte ligação religiosa entre si. A diferença entre os ramos citados anteriormente está no problema da sucessão que aconteceu após o falecimento do profeta da religião Islã, Maomé. Com a sua morte, em 632 d.C., uma parte da população acreditou que ele havia escolhido como sucessor seu genro e primo, Ali ibn Abu Talib. Porém, o sucessor eleito de Maomé foi Abu Bakr, o novo califa. Aqueles que apoiavam Ali acreditavam ser um erro a eleição de Abu Bakr e, assim, aprofundou-se a divisão. Deste desentendimento, as diferenças entre os seguidores desses dois ramos aumentaram com o decorrer do tempo. Ambos os grupos se baseiam no Alcorão, porém os Sunitas utilizam, também, o livro Suna, baseado na vida de Maomé, para ajudar em questões que o Alcorão não esclarece. Além disso, os Sunitas consideram os Xiitas como um grupo rebelde e herege, mas dentro do Islã. A grande diferença está na questão da representação política de cada um e isto tem raízes no desentendimento com relação ao sucessor de Maomé. Os Sunitas acreditam que o seu líder tem que ser escolhido através da escolha da população, sem qualquer ligação com a família do profeta Maomé. Os Xiitas, por outro lado, buscam em seus líderes, uma ligação direta com a família de Maomé, pois acreditam que somente seus descendentes teriam o conhecimento, a sabedoria e o entendimento para conduzir seu povo. GUERRILHAS NA COLÔMBIA A América do Sul presenciou alguns grupos de terroristas, que se organizavam com guerrilhas. Esse é um tipo de luta assimétrica, ou seja, em que um lado representa a parte estabelecida, o governo, o povo que o defende, suas forças armadas e de segurança interna e, de outro lado, representa a parte reivindicante – reclamante -, que deseja a ocorrência de mudanças radicais na parte estabelecida. Ao contrário da parte estabelecida, os guerrilheiros não contam com o dinheiro obtido através da tributação legal para o seu financiamento, apesar de, muitas vezes, obterem dinheiro através de contribuições forçadas nos mesmos moldes dos impostos. Contudo, sua principal fonte de financiamento geralmente são ilícitas, como a produção, refino e venda de drogas. Também contam com o financiamento de instituições políticas internacionais, alinhadas ideologicamente ou religiosamente a elas. Vemos guerrilheiros espalhados por todos os continentes da Terra. No continente americano, por exemplo, a Colômbia possui uma guerrilha conhecida com FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – que já existe há mais de 40 anos. A FARC é uma instituição de cunho político, com inspiração comunista, que deseja implantar o socialismo em seu país. Para tanto, utiliza-se de táticas terroristas, como seqüestros e violência contra os cidadãos, membros do governo e instituições políticas para obter êxito. Eles se financiam através dos pagamentos dos resgates dos seqüestrados e, também, através da produção, refino e distribuição de cocaína.

Existem indícios de atuações da FARC nos países da região, especialmente após a morte do nº2 do seu comando, Raúl Reyes, em solo Equatoriano, em 1º de março de 2008 e, nos dias 26, 27 e 28 de julho de 2009, quando se confirmou que lanças-foguetes vendidos à Venezuela na década de 1980 pela Suécia, foram encontrados em posse dos guerrilheiros da FARC. O país possui fronteiras com o Brasil, Peru, Equador, Venezuela e Panamá. E, muitas dessas fronteiras, são em áreas de cobertura da Floresta Amazônica, o que impede um controle eficaz das mesmas. Para um grupo guerrilheiro, tal situação é perfeita, pois pode agir com mais segurança, em função da proteção da cobertura da floresta. Este é um fator importante de sucesso para os diversos grupos guerrilheiros: poder se ocultar na paisagem natural da sua área de atuação. Os mujahidin, guerrilheiros muçulmanos, só foram exitosos na invasão soviética, porque contavam com as contínuas cadeias montanhosas que o Afeganistão possuía. A Floresta Amazônica tem este mesmo efeito para os guerrilheiros da FARC. Outro importante fator que garante a atuação das guerrilhas é a presença de população local pobre e longe das atuações dos setores do seu governo. Assim, a guerrilha exerce um papel de estado, ao recrutar pessoas interessadas ou até mesmo forçá-las a trabalhar em sua causa, direta ou indiretamente. Então, apesar de possuir uma boa renda per capita, e ter a quarta maior economia da América Latina, o país possui desigualdade na distribuição desta renda, problema crônico dos países da América Latina, o que traduz em pouca presença do Estado nos departamentos (como são chamados os estados colombianos) mais pobres. O destaque da sua economia está na produção e exportação do café e do petróleo. LEITURA COMPLEMENTAR: 10 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM, GLOBALIZAÇÃO E REGRAS DO COMÉRCIO MUNDIAL Publicado na Revista SBPM – Sociedade Brasileira de Pesquisa de Mercado. Maio 2000. Ano III, nº 11, pp. 32-37. Agenor Gasparetto1 Em 9 de novembro de 1989, há 10 anos, o governo da então Alemanha Oriental, comunista, decidia abrir suas fronteiras e destruir o Muro de Berlim, precipitando o colapso dos regimes do leste europeu. Para muitos, esse fato encerrou definitivamente a 2ª Guerra Mundial, já que esse Muro era parte da herança desse conflito, e da Guerra Fria entre as superpotências militares de então: Estados Unidos e a ex-URSS. Precipitadamente, o historiador norte-americano Francis Fukoyama viu nisso o “fim da história”, com o domínio absoluto do mercado e do ideário neoliberal. Já o sociólogo alemão Robert Kurz2 via nesse fato não esse fim, mas o início do colapso do que ele chamou “sistema mundial de mercadorias”, que teria tido no Leste Europeu a sua versão estatizante, mas que seria parte integrante do sistema maior, o capitalismo. Esse começou a entrar em colapso nessa região, como também entrara em outras regiões periféricas. De um lado, portanto, esse fato foi interpretado como o “fim das ideologias”, já que restava apenas uma após a queda desse Muro.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS De outro, a interpretação de que o que ruiu não foi apenas um muro famigerado e o sistema comunista, mas uma fração do próprio sistema mundial e que esse processo acabará arrastando no curso do tempo todo o sistema. Com o fim desse Muro e o colapso do sistema comunista do Leste Europeu, estatizado e de planejamento centralizado, começou a soprar mais forte o vento da globalização, sem barreiras, e esse, no âmbito dos fluxos financeiros mais livres do que nunca, ameaça converter-se em um furacão, situado num horizonte próximo, sendo que algumas de suas rajadas desestabilizantes já se fizeram sentir em vários quadrantes deste Globo, ao longo dos últimos anos. É como se sempre houvesse “uma bola da vez”. Em vez do céu azul do “fim das ideologias”, pairam nele grossas nuvens de incertezas, prenunciadoras de tempestades. O final de século revela um panorama de mudanças e muitas incertezas, ainda que a queda do referido Muro tenha sugerido um mar de águas tranqüilas. Nesse sentido, o historiador inglês Eric Hobsbawn3 afirma que “um dos riscos atuais é que o capitalismo tenha perdido seu sentimento de medo. Aceitam-se níveis de desigualdade antes não tolerados”4 . 1- Apresente duas conseqüências mundiais com a “queda do Muro de Berlim”? 2-De que forma a queda do muro influenciou o mundo capitalista? SUGESTÃO PARA PESQUISA: Faça uma pesquisa sobre o posicionamento de outros países em relação a ocupação norte-americana no Iraque. AGORA É A SUA VEZ! 1- O que você entende por movimentos sociais e como eles interferem no convívio entre as pessoas? 2- O que você entende por ato terrorista? 3- Existe uma regra religiosa, aceita pelos praticantes do judaísmo e do islamismo, que proíbe o consumo de carne de porco. Estabelecida na Antiguidade, quando os judeus viviam em regiões áridas, foi adotada, séculos depois, por árabes islamizados, que também eram povos do deserto. Essa regra pode ser entendida como: A) uma demonstração de que o islamismo é um ramo do judaísmo tradicional. B) um indício de que a carne de porco era rejeitada em toda a Ásia. C) uma certeza de que do judaísmo surgiu o islamismo. D) uma prova de que a carne do porco era largamente consumida fora das regiões áridas. E) uma crença antiga de que o porco é um animal impuro. HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Exercício referente ao Texto Complementar: a) O colapso dos regimes do leste europeu e fim da Guerra Fria. b) Através da possibilidade da dissiminação do capitalismo. Nesse sentido, o historiador inglês Eric Hobsbawn3 afirma que “um dos riscos atuais é que o capitalismo tenha perdido seu sentimento de medo. Aceitam-se níveis de desigualdade antes não tolerados”

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Exercício 1 Pessoal, porém a resposta deve contemplar a idéia de que a finalidade teórica da sociedade é possibilitar ao indivíduo aprender suas aptidões humanas para benefício do grupo a que pertence. Exercício 2 Pessoal, porém a resposta deve supor toda forma de coação, opressão, laceração, imposição a uma sociedade através da força ideológica, bélica ou política que suprima a possibilidade de ação de uma sociedade Exercício 3 E PARA SABER MAIS Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais. Filme: Stalin. Diretor: Ivan Passer Filema: O último Imperador. Diretor: Bernardo Bertolucci. Livro: Cem Anos de Solidão – Gabriel García Marques. PRA FIM DE PAPO! Caro Aluno Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: • Identificar os instrumentos para ordenar os eventos históricos, relacionando-os a fatores geográficos, sociais, econômicos, políticos e culturais. • Analisar as interferências ocorridas em diferentes grupos sociais, considerando as permanências ou transformações ocorridas. • Interpretar realidades histórico-geográficas, a partir de conhecimentos sobre economia, as práticas sociais e culturais. • Confrontar as diferentes escalas espaço/temporais a partir de realidades históricas e geográficas. • Posicionar-se criticamente sobre os processos de transformações políticas, econômicas, culturais e sociais. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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