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CURSO DE LITURGIA. INTRODUÇÃO. Há duas noções de “culto” na Bíblia. A primeira, mostra a vida como um culto (Rm 12.1,2; I Co 10.31), a segunda, mostra o culto como sendo uma reunião formal, pública (). Nem tudo o que fazemos na nossa vida, que é cultica, caberia no culto público. A ceia, por exemplo, deve ser feita no culto público, o que não dá pra você fazer individualmente. Plantar bananeira pode ser feito para a glória de Deus, mas não é algo que deve ser feito no culto público. O culto a Deus é algo importante e algo que deve ser feito da forma como Deus quer que seja feito, e não como achamos que seja correto. Assim, é preciso recorrer à Bíblia para que vejamos quais os princípios que Deus revelou para que nós façamos. O culto cristão normalmente possui dois grandes momentos: o momento inicial, onde são cantados hinos e corinhos, são feitas algumas orações e leituras bíblicas. O momento final é a pregação da palavra. Todos os dois momentos do culto são fundamentais e importantes, e precisam estar em harmonia. Todo o culto precisa estar I. A CENTRALIDADE DO CULTO. • O culto deve girar em torno da pessoa de Deus (Êx 20.). Assim, Ele é o Ser mais importante do culto, pois o culto é um serviço prestado por nós a Ele. • O culto não é feito para me agradar, apesar de que eu devo me agradar do culto. • Muitas vezes é feito culto das mães, dos pais, etc. Entretanto, é um culto a Deus realizado no dia das mães ou dos pais. É preciso lembrar que aquele culto não é da mães, mas de Deus. Pode ser feito uma oração pelas mães ou pelos pais, mas Deus é o centro do culto. • Os cânticos do culto devem reverenciar a Deus (suas letras devem levar as pessoas a observarem os atributos de Deus). II. OS ELEMENTOS DO CULTO. (I Tm 3.14, 15). Há uma diferença entre “elemento” e “circunstância”. Os elementos são essenciais no culto. Já as circunstâncias podem variar. Por exemplo: o louvor é um elemento essencial no culto. Mas se ele vai ser acompanhado de instrumentos ou não, se vai ter um grupo de louvor ou não, é circunstancial. Veremos os elementos que constituem o culto, como a Bíblia ordena. A) Oração. 1. Base Bíblica: Atos 2.42, 46; I Timóteo 2.8 2. Os primeiros crentes da Igreja se reuniam para cultuar. 3. Neste culto havia o elemento “oração”. 4. Os homens é que devem orar nos cultos públicos (varões). 5. Obs. A postura de mãos levantadas era comum no A.T., mas a ênfase de Paulo é no conteúdo da oração, e não na postura – Orar sem nenhum impedimento moral. B) Leitura. 1. Base Bíblica: I Timóteo 4.13 2. Trata-se de uma leitura Bíblica no culto público (a palavra refere-se a uma leitura em voz alta). Igreja Batista Regular Ebenézer – João Cãmara
3. No culto judaico, nas sinagogas, isso era comum (Lc 4.16-27). C) Cânticos. 1. Base Bíblica: Efésios 5.19; Colossenses 3.16. D) Ofertas e dízimos. 1. Base Bíblica: Hebreus 7 2. O Novo Testamento não fala de ofertas para o sustento da igreja. E) Pregação. 1. Base Bíblica: I Timóteo 4.2; Atos 20.27 2. É o momento mais importante do culto. F) Ceia. 1. Base Bíblica: I Coríntios 11.18; 33 III.A MÚSICA NO CULTO. A) A história da hinódia brasileira. No Brasil, no século XVII, os holandeses chegaram à região nordeste em 1630 e permaneceram até 1654, quando foram expulsos pelos portugueses. Os holandeses montaram uma boa estrutura, inclusive na parte religiosa. A estimativa é que foram fundadas 22 congregações da Igreja Reformada no Brasil, ficando todas, a princípio, sob a jurisdição do Presbitério de Amsterdam. Os hinos cantados nessas igrejas eram os mesmos cantados na Holanda. Na hinologia holandesa era forte o uso do coral a quatro vozes. Pode-se citar o hino tradicional “Chefe Supremo” e o hinário Pequeno Saltério que apresentou em várias edições os 150 salmos musicados. O primeiro culto registrado precisamente foi realizado no dia 14 de fevereiro de 1630, na direção do pastor João Baers, capelão da frota, por ordens do general Waerdenburch, no navio Capitânea. O sermão foi baseado em Êxodo 17.8-14 e o Salmo 140 – “Livra-me, ó Senhor, do homem mau” – foi cantado antes e depois da prédica. No Brasil, a primeira gravação (em disco) de uma música evangélica ocorreu no ano de 1901, em São Paulo. Um irmão chamado José Celestino reuniu seus familiares e os do reverendo Bellarmino Ferraz e formou um coral a quatro vozes que gravou o hino “Se nos cega o sol ardente”, do Salmos e Hinos. A Convenção Batista Brasileira foi fundada em 1907. E logo o Cantor Cristão tornouse o hinário utilizado pela denominação. Este foi editado em 1891 por iniciativa de Salomão L. Ginsburg (judeu russo convertido ao evangelho, redator-chefe do jornal “A Bíblia”), iniciando como um pequeno folheto com dezesseis músicas apenas. Em sua 17ª edição, em 1921, o Cantor Cristão já cotinha 571 hinos, dos quais 102 eram de autoria ou tradução de Salomão Luiz Ginsburg. Três anos mais tarde, em 1924, o hinário saiu pela primeira vez com música, pois até então só continha as letras com os hinos. Boa parte de seu repertório segue o estilo do século XIX, com muitos “cânticos evangelísticos” e poucos hinos de louvor objetivo. Em 1991 é publicado o Hinário Para o Culto Cristão (HCC), contendo vários hinos comissionados de músicos brasileiros, com estilos mais regionais, e melhoras nas traduções dos hinos antigos.
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A Assembleia de Deus deu início às suas atividades no Brasil a partir de 18 de junho de 1911, através do trabalho de dois suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren. De lá, o movimento estendeu-se ao Amazonas até todos os estados do Brasil. Possui seu próprio hinário, a Harpa Cristã, cuja primeira edição, apenas com letra, foi feita em Recife, 1922. Bandas e orquestras são muito comuns na Assembleia de Deus. Outra vertente (de igreja de linha pentecostal) que possui hinário próprio é a Congregação Cristã do Brasil. Seu trabalho mais forte é em São Paulo, mas já estão espalhados por todos os estados do Brasil, especialmente nas regiões sul e sudeste. Seu hinário oficial denomina-se Hinos de Louvores e Súplicas a Deus. Possuem bandas em cada igreja e seu ensino musical é muito apurado. Os Batistas Regulares chegaram ao Brasil na pessoa do missionário Eduardo McLain em 30 de dezembro de 1935. Sua principal fonte musical para os hinos congregacionais tem sido o Cantor Cristão, hinário oficial da Convenção Batista, apesar dos Batistas Regulares não terem ligação orgânica com esta. Outros hinários também eram utilizados como o Melodias de Vitórias, um hinário das Igrejas Adventistas e a Harpa Cristã, como fontes de duetos, trios ou solos. Os cultos não eram muito cantados. Havia mais testemunhos, leituras bíblicas e a pregação como a parte mais destacada no culto. As participações musicais eram feitas por grupos que, normalmente, cantavam em vozes, geralmente antecedendo o sermão. Dois nomes destacam-se quanto à produção musical: a senhora Inez McLain, que era pianista e compôs hinos que foram incorporados na coletânea Melodias de Maranata, editada pela então Imprensa Batista Regular (1979), e o missionário Bill Griffin que traduziu muitos cânticos para o Maranata e para o Cânticos Alegres (seleção de cânticos para cultos informais, reuniões de jovens e escola dominical) também editado pela Batista Regular (1984). B) O propósito dos hinos no culto. C) A escolha dos hinos. 1. Escolha hinos que estejam relacionados ao tema da pregação. 2. Geralmente, o primeiro hino a ser entoado é um hino de adoração (veja o subponto D). Os demais, que tenham a ver com o tema que será pregado. 3. Três ou quatro hinos é um número ideal para um culto. 4. Se possível, pesquise o significado de algumas palavras “difíceis” que estão no hino. Antes de entoá-lo, você pode esclarecer para a igreja o que significa tal e tal palavra. 5. Ensaie em casa os hinos. Se preciso, consulte o pastor ou algum irmão músico, ou mesmo o Youtube, para aprender bem a melodia do hino. 6. Nunca cante um hino que você não tenha segurança.
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D) Conheça o Cantor Cristão. 1. Hinos relacionados a Deus: 1-25 a) Adoração a Deus: 1-16 (mais conhecidos: 1, 3, 5, 7-9, 12, 14-16). b) O amor de Deus: 17-25 (mais conhecidos: 18, 20). 2. Hinos relacionados a Cristo 26-115 a) Seu nascimento: 26-33 (mais conhecidos: 26, 27, 30-33). b) Sua vida, graça e amor: 34-51 (mais conhecidos: 35-37,44, 46). c) Exaltação pelo nome: 52-70 (mais conhecidos: 53, 60, 62, 65, 67). d) Jesus como amigo: 71-81 (mais conhecidos: 73, 79, 81). e) Sua cruz e seu sangue 82-94 (mais conhecidos: 83, 85, 87, 89, 92). f) Sua humilhação: 95-98 (mais conhecidos: 96, 97). g) Sua ressurreição: 99-101 (mais conhecidos: 99, 101). h) Sua segunda vinda: 101-115 (mais conhecidos: 106, 108, 111-114). 3. Hinos relacionados ao Espírito Santo: 116-118 4. Hinos relacionados ao culto público: 119-182 a) Louvor e gratidão: 119-135 (mais conhecidos: 123, 125, 126, 132, 135). b) A palavra de Deus: 136-138 c) O dia do Senhor: 139-141 d) A ceia do Senhor: 142-144 (mais conhecidos: 142). e) Batismo: 145-147 (mais conhecidos: 145). f) Oração e avivamento: 148-177 (mais conhecidos: 148, 150, 152, 154, 155, 160, 162, 164, 168, 169, 175, 176). g) Fim do culto: 178-182 5. Hinos relacionados ao Evangelho: 183-282 a) Sua mensagem: 183-209 (mais conhecidos: 186, 188, 192, 195, 201, 207). b) Convite ao pecador: 210-248 (mais conhecidos: 217, 222, 236, 239, 245). c) Advertência e instância: 249-260 (mais conhecidos: 255, 259). d) Decisão e arrependimento: 261-273 (mais conhecidos: 264, 266). e) A alegria do convertido: 274-282 (mais conhecidos: 274, 278). 6. Hinos relacionados à vida cristã: 283-482 a) Aspiração pela comunhão 283-294 (mais conhecidos: 283, 285, 286, 289, 292). b) Amor e consagração: 295-309 (mais conhecidos: 295, 299, 301, 304, 306, 308). c) Amparo e proteção de Deus: 310-327 (mais conhecidos: 314, 319, 322-324). d) Conforto em aflições: 328-349 e 578(mais conhecidos: 328, 329, 335, 339, 344, 345, 349). e) Deus como guia: 350-363 (mais conhecidos: 354, 362). f) Fé e esperança: 364-371 (mais conhecidos: 366-368, 371). g) Segurança e certeza: 372-378 e 579 (mais conhecidos: 375-377). h) Comunhão cristã: 379-382 (mais conhecidos: 380-382). i) Alegria e paz: 383-412 (mais conhecidos: 385, 395, 396, 398, 402, 403, 410, 411). j) Trabalho e recompensa: 413-426 (mais conhecidos: 414, 416, 417, 422, 425, 426). k) Evangelização e missões: 427-449 e 518 (mais conhecidos: 436, 438, 439, 443, 449). Igreja Batista Regular Ebenézer – João Cãmara
l) Luta e vitória 450-475 (mais conhecidos: 450, 451, 454, 456, 469, 471, 473-475). m) Peregrinação cristã: 476-482(mais conhecidos: 476). 7. Hinos relacionados à vida futura: 483-521 a) Aspiração pelo céu: 483-488 (mais conhecidos: 484, 485, 487). b) O céu antecipado: 489-492 (mais conhecidos: 489). c) A morada no céu: 493-521 (mais conhecidos: 498, 501, 504, 506, 508, 509, 517). 8. Hinos relacionados à mocidade: 522-555 a) Hinos para crianças: 522-543 (mais conhecidos: 539, 542). b) Hinos para jovens: 544-555 (mais conhecidos: 545). 9. Hinos para ocasiões especiais: 556-573 a) Hinos vespertinos:556-558 (mais conhecidos: 556). b) Ano novo: 559-561 (mais conhecidos: 560). c) Consagração de templo: 562-564 d) Viagens: 565-566 (mais conhecidos: 565). e) Casamentos 567-568 f) Ministério santo: 569-570 g) Funeral: 571-573 Hinos pátrios: 574-577 IV. A ORAÇÃO NO CULTO. A) Orações específicas. 1. Oração inicial. - pedindo a Deus pelo andamento do culto, pelos cânticos que serão entoados para que sejam recebidos por Deus; pelos não crentes (se houver), para que se convertam, etc. 2. Oração pelas ofertas. - pedir a Deus para que as ofertas sejam aplicadas na Sua obra. 3. Oração final. - pedir pelo retorno dos irmãos aos seus lares, pela semana (se for culto de domingo), etc. B) Quem deve dirigir a oração. 1. Normalmente, o dirigente do culto. 2. Outro irmão pode ser convocado para orar, desde que tenha sido consultado antes de iniciar o culto, para evitar vexame. V. A LEITURA BÍBLICA NO CULTO. A) Um texto que esteja relacionado ao tema da pregação. 1. O dirigente precisa consultar o pregador da noite com antecedência (alguns dias antes) para saber qual será o tema. 2. Procure na internet ou numa concordância bíblica. 3. Exemplo: o tema da mensagem será sobre perdão. Um texto adequado para a leitura seria Salmo 32. B) O próprio texto da pregação. 1. Para uma segunda leitura, seria apropriado que o dirigente lesse o próprio texto da pregação. 2. Consulte o pregador com antecedência para saber qual seria o texto. Igreja Batista Regular Ebenézer – João Cãmara
C) A forma da leitura. 1. Procure ensaiar a leitura do texto que será lido, em casa, com antecedência. 2. Se possível, peça aos irmãos e visitantes que se ponham de pé para a leitura (salvo os que não puderem). 3. Aguarde alguns instantes até que todos encontrem o texto. VI. A ESTRUTURA LITÚRGICA DO CULTO. A) De oração. O culto de oração possui uma liturgia mais curta, pois seu segundo momento será de oração um pouco mais prolongada. Assim, procura-se cantar menos hinos que o comum e fazer apenas a leitura sequencial do livro que se está lendo semanalmente neste culto. A sequência da liturgia é a seguinte: 1. 2. 3. 4. 5. 6.
Boas vindas. Momento de oração. Hinos que falem sobre oração (dois é o suficiente). Algum aviso, se necessário. Leitura Bíblica sequencial. Momento de pedidos e agradecimentos (com o pastor).
B) De sociedades (masculina e feminina). Os cultos de sociedade são menos formais que os demais. Sua liturgia é marcada por uma maior participação dos demais irmãos envolvidos. O dirigente escolhe os hinos mais à vontade e pode também ensinar um hino novo, ou pedir a algum irmão que conheça um hino que os demais não conhecem, para cantá-lo. A sequência da liturgia é a seguinte: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
Boas-vindas. Momento de oração. Leitura Bíblica (pode ser participativa). Hino 1 (de sua própria escolha). Hino 2 (alguém que queira escolher). Hino 3 (alguém que queira ensinar um hino novo). Momento aberto para quem quiser participar (lendo algum texto, cantando, etc). Momento do estudo.
C) De domingo. O culto dominical é o mais elaborado e formal de todos. É importante que o dirigente se apresente bem-vestido, se possível de gravata, pois será um momento solene. A sequência da liturgia é a seguinte: 1. Boas-vindas. 2. Momento de oração inicial, pelo culto. 3. Leitura Bíblica (pode ser um Salmo ou outro texto que fale sobre a grandeza do Senhor). 4. Hinos: a) Hino 1 (hino de adoração a Deus). Igreja Batista Regular Ebenézer – João Cãmara
b) Hino 2 (algum hino que esteja ligado ao tema da pregação). c) Hino 3 (algum hino que esteja ligado ao tema da pregação). 5. Leitura Bíblica (leitura do texto que será pregado). 6. Momento dos avisos e do reconhecimento dos visitantes. 7. Oração pelos dízimos e ofertas que serão depositados. 8. Momento dos cânticos e ofertório (convidar os irmãos responsáveis pelos cânticos). 9. Momento da pregação. 10. Hino final. 11. Saudação final. D) De conferência. O culto de conferência segue uma sequência parecida com o de domingo. Mas como as programações de conferência duram normalmente sábado e domingo (manhã e noite), há um diferencial. O culto de conferência, no sábado, não tem momento para ofertório. E) Fúnebre. 1. Boas-vindas. 2. Oração inicial (pelos familiares, pelos visitantes, pelo culto, mas nunca pelo morto!). 3. Leitura Bíblica (procure um texto evangelístico). 4. Hinos: a) Hino 1 (hino que exalte a Deus). b) Hino 2 (hino que fale da esperança do céu). c) Hino 3 (hino evangelístico). 5. Pregação.
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