Consultoria em Patologia e Recuperação de Edifícios
Revestimentos cerâmicos aderidos: aspectos técnicos no projeto de fachadas
Agosto de 2007.
3.4.
Sumário 1.
Introdução ............................................................................................................................ 4 1.1.
Estabilidade da base e deformação estrutural.............................................................. 6
1.2.
O fenômeno da aderência............................................................................................. 6
1.3.
Preparo do concreto e da alvenaria .............................................................................. 7
1.4.
Cura X secagem de produtos cimentícios .................................................................... 8
1.5.
Estanqueidade e impermeabilidade.............................................................................. 9
4.1.
Tempo em aberto: um fator crucial ............................................................................. 35
4.2.
Simples e dupla colagem ............................................................................................ 36
4.3.
Preparo da argamassa................................................................................................ 36
4.4.
Rejunte........................................................................................................................ 38
Controle tecnológico......................................................................................................... 40 5.1.
6.
Aceitação dos serviços ............................................................................................... 40
Patologia ............................................................................................................................ 43
Classificação das placas cerâmicas ............................................................................. 9
Selantes ...................................................................................................................... 43
1.7.
Requisitos e critérios de desempenho ........................................................................ 12
6.2.
Trincas, fissuras e rachaduras .................................................................................... 43
1.8.
Porcelanatos ............................................................................................................... 12
6.3.
Destacamentos de placas........................................................................................... 47
Resistência ao congelamento............................................................................................. 14
6.4.
Eflorescência: conceito e origem ................................................................................ 49
1.8.1. 1.8.2.
Resistência mecânica......................................................................................................... 14
1.8.3.
Resistência ao impacto ...................................................................................................... 14
1.8.4.
Gretamento ........................................................................................................................ 15
1.8.5.
Uso em ambientes úmidos ................................................................................................. 15
1.8.6.
Uso em fachadas................................................................................................................ 15
1.8.7.
Mancha d´água .................................................................................................................. 16
7.
Bibliografia de referência ................................................................................................. 54
Sistema de revestimento .................................................................................................. 17 2.1.
Conceito de sistema de revestimento ......................................................................... 17
2.2.
Funções do revestimento cerâmico ............................................................................ 17
2.2.1.
Chapisco ............................................................................................................................ 18
2.2.2.
Camada de regularização................................................................................................... 18
2.2.3.
2.3. 3.
5.
Uso de telas e reforços metálicos ............................................................................... 33
Assentamento.................................................................................................................... 34
6.1.
1.6.
2.
4.
Camada de acabamento .................................................................................................... 18
Interdependência das camadas .................................................................................. 18
Projeto de revestimento de fachada................................................................................ 19 3.1. 3.1.1.
3.2.
Argamassa colante (ou adesiva)................................................................................. 19 Flexibilidade – parâmetro fundamental............................................................................... 21
Estudo de tensões no revestimento............................................................................ 23
3.2.1.
EPU.................................................................................................................................... 23
3.2.2.
Tamanho das placas .......................................................................................................... 23
3.2.3.
Espessura de camada........................................................................................................ 25
3.2.4.
Variações climáticas........................................................................................................... 26
3.2.5.
3.3.
Encurtamento da base ....................................................................................................... 27
Juntas de trabalho ...................................................................................................... 30
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Revestimentos cerâmicos de fachada
1. Introdução
Esta apostila tem o objetivo de levantar alguns aspectos importantes para o sucesso dos
O uso de revestimentos cerâmicos em fachadas de edifícios é, sem dúvida, umas das melhores soluções em termos de beleza estética e durabilidade hoje existentes.
revestimentos de fachada, em particular os cerâmicos. Ela deve servir de roteiro e complemento dos treinamentos audiovisuais e, na parte esquerda, existe um espaço para anotações indi-
Podendo atingir uma vida útil de pelo menos 20 anos, o revestimento cerâmico oferece
viduais.
ótimas condições de proteção da base contra agentes
Na parte expositiva são abordados aspectos relativos à estrutura de concreto e à alvena-
agressivos, a ressaltar contra os inconvenientes da mare-
ria, previamente ao detalhamento do revestimento de fachada, até porque o seu bom ou mau
sia em regiões litorâneas.
comportamento está intimamente ligado à estabilidade destes dois subsistemas. Entretanto,
Fabricadas com matéria-prima de alta qualidade, as
este assunto não é aqui contemplado.
placas cerâmicas são elementos nobres, altamente resistentes às intempéries e praticamente isentas de manutenção, exceto pelo fato de simples lavagens. Normalmente os problemas com revestimento cerâmico estão relacionados com erros de projeto ou técnica de execução deficiente e dificilmente as placas cerâmicas por si só representam a fonte de alguma manifestação patológica. Entretanto, para o sucesso do revestimento, três aspectos têm importância fundamental: o projeto do
No decorrer deste texto, dois avisos gráficos serão utilizados com seu respectivo significado:
revestimento, a especificação dos materiais e o controle do processo de produção. O projeto de revestimento leva em conta as ca-
Atenção especial deve ser dada a este aspecto sob pena de sério comprometimento da qualidade do revestimento
racterísticas dos materiais utilizados e as propriedades da base para uma adequada especificação de técnicas de execução e detalhes construtivos. A especificação de materiais contempla e res-
Este aspecto não deve ser relevado a segundo plano e merece ponderações específicas, sob pena de algum tipo de prejuízo para o revestimento
peita os limites de cada um de modo a maximizar o desempenho do conjunto e otimizar sua vida útil. O controle do processo de produção, item crítico na produção do revestimento cerâmico, tem por objetivo garantir que tudo o que foi especificado e detalhado no projeto do revestimento seja executado de forma adequada pela mão de obra. Por melhor que seja um projeto em termos de detalhes adequados e qualidade dos materiais, uma execução carente pode comprometer todo o sistema de revestimento.
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Revestimentos cerâmicos de fachada
Revestimentos cerâmicos de fachada de cola à argamassa e ela é capaz de unir duas superfícies
Anotações
1.1. Estabilidade da base e deformação estrutural
Anotações
planas e de absorção quase nula. A ancoragem química é explicada por forças de Van der Waals e outros tipos de li-
Uma vez que o revestimento cerâmico está aderido sobre uma base composta de alvenaria e elementos reticulados de concreto, ele sofre os efeitos da deformação destas duas estruturas-suporte.
gações abordadas pela química de superfícies e estabilidade de colóides, assuntos fora do escopo deste texto. Também existem argamassas bicomponentes, que são formadas pelo pó e mais algum componente líquido com
A discussão em torno deste assunto é longa e com-
algum tipo de aditivo (acrílico, SBR, PVA) em forma de e-
plexa e está fora do escopo deste texto. Entretanto, são for-
mulsão aquosa. De maneira geral, as argamassas bicompo-
necidas cópias de artigos sobre o assunto, cujos autores
nentes apresentam desempenho muito superior a qualquer
são referências nacionais de grande respeito. Os artigos
uma das monocomponentes para um mesmo custo.
são: . As fissuras com origem na interação vedaçãoestrutura, do prof. Dr. Fernando Henrique Sabbatini; . O desempenho estrutural e a deformabilidade das vedações verticais, do prof. Dr. Luis Sérgio Franco.
1.3. Preparo do concreto e da alvenaria A presença de inúmeras interfaces alvenaria/estrutura numa fachada de edifícios em estrutura reticulada de concreto armado é um fato normal e corrente. Levando isso em consideração, para a camada de emboço manter seu com-
1.2. O fenômeno da aderência
portamento homogêneo, é altamente interessante que as
Produtos cimentícios “grudam” por meio da ancora-
duas bases nas quais está aderida não apresentem defor-
gem mecânica nas irregularidades da base e também por
mações diferenciais, evitando o aparecimento de fissuras na
meio da absorção da pasta de cimento para dentro dos po-
lateral dos pilares e nos fundos de viga.
ros (Figura 1).
Além disso, durante a aplicação do emboço, enquanto a argamassa ainda está fresca, é muito recomendável que a absorção de água de toda a base seja semelhante, de modo a proporcionar uma cura homogênea do emboço e evitar o surgimento de tensões internas concentradas. Tal propriedade requerida da base é uma das funções do chapisco, que aumenta a absorção de água sobre superfícies de concreto, muito densas, e diminui a absorção dos blocos da alvenaria, muito secos e com alto coeficiente de sucção. O chapisco, composto basicamente por cimento, areia
Figura 1 – Pasta de cimento no interior dos poros
e água em excesso, forma uma ponte rugosa entre o emboNo caso da ancoragem química, como as argamas-
ço e a base, otimizando a aderência por meio da ancoragem
sas adesivas tipo AC III e AC IIIE (ver item 3.1), existem
mecânica. No caso de concretos muito densos, com baixa
produtos pré-misturados ao pó que proporcionam um efeito
porosidade superficial, podem ser adicionadas resinas que
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Revestimentos cerâmicos de fachada
diminuem a tensão superficial da água e aumentam a “mo-
Anotações
lhabilidade” do chapisco, ou seja, permitem sua maior penetração na base.
1.5. Estanqueidade e impermeabilidade Anotações
Os conceitos de estanqueidade e impermeabilidade podem confundir-se em alguns casos, mas representam
Em casos mais extremos, o chapisco pode ser aditiva-
aspectos distintos:
do com um teor mais elevado de resinas, que terão a função
¾ estanqueidade: propriedade1 sistêmica, ou seja, de
de cola. Neste caso, é preciso muito cuidado para que não
um conjunto de componentes destinados a cumprir
haja a formação de uma película impermeável no chapisco,
uma certa função;
o que pode prejudicar a aderência do emboço em vez de
¾ impermeabilidade: propriedade que um corpo indivi-
melhorá-la.
dual possui de não ser permeado pela água ou outro fluído qualquer.
O uso de aditivos em argamassas exige domínio tecnológico dos materiais e controle eficiente do processo de produção
Assim, tem-se que plástico, vidro, metal são materiais impermeáveis. Por outro lado, um telhado, um guarda chuva, uma janela são subsistemas estanques embora seus componentes possam não ser impermeáveis. No caso de um telhado de telhas de barro ou fibroci-
1.4. Cura X secagem de produtos cimentícios Todo produto cimentício precisa de água para que as reações de hidratação do cimento se processem. Entretanto, após poucos dias uma peça de concreto está seca, mas as
mento, as telhas por si só são permeáveis à água, mas o conjunto telhado (subsistema telhado) é estanque à penetração de água de chuva desde que bem projetado e construído.
reações químicas internas de hidratação prosseguem por
1.6. Classificação das placas cerâmicas
vários anos.
. quanto à esmaltação: placas esmaltadas (GLazed) e
A cura é a responsável pela resistência mecânica do
não esmaltadas (Un-GLazed). É bastante comum, também,
concreto e, embora varie de acordo com o tipo de cimento,
o uso do termo vidrado como referência às placas esmalta-
pode-se dizer que algo em torno de 90% da resistência final
das. O próprio termo glazed faz alusão ao vidro, mesmo
do concreto foi atingida após 28 dias de cura.
porque a composição do esmalte aplicado sobre o corpo
Também, costuma-se dizer que houve cura quando
cerâmico assemelha-se à composição desse material;
alguma atitude real para evitar a perda de água de peças de concreto foi realmente adotada, como a molhagem freqüen-
. quanto ao método de fabricação: extrudadas2 (A), prensadas (B) e outros processos3 (C);
te, uso de membranas de cura, uso de mantas úmidas etc. Quando as peças são desformadas e curadas ao ar livre, diz-se que houve “cura natural” ou simplesmente que não
1
houve cura. Em ambientes termicamente agressivos, esta
racterística refere-se à qualidade inerente de um corpo qualquer. Assim, é uma
atitude pode prejudicar seriamente o desempenho dos produtos baseados em cimento, aumentando sensivelmente as
Propriedade refere-se ao comportamento de um produto quando em uso e ca-
característica da argamassa colante ser pó e uma propriedade apresentar aderência de 0,5MPa quando ensaiada segundo um método definido. 2
Algumas referências usam o antigo termo marombado. Maromba é o nome dado
à máquina que força uma massa plástica através de um bocal com formato deter-
deformações instantânea e lenta.
minado, de maneira semelhante a uma extrusora.
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Revestimentos cerâmicos de fachada
. quanto à absorção de água: a absorção das placas
Anotações
cerâmicas, classificada conforme a Tabela 1, tem grande
da placa. Entretanto, uma exceção importante ocorre para o
Anotações
PEI V: embora algumas placas apresentem resistência à
influência no tipo de argamassa adesiva a ser utilizada, já
abrasão superior aos 12.000 ciclos, a NBR 13818 indica
que as argamassas cimentícias isentas de aditivos propor-
que, para uma placa receber a classificação PEI V, ela deve
cionam aderência apenas pelo efeito de ancoragem mecâni-
também apresentar resistência ao manchamento após a
ca (item 1.2).
realização do ensaio de desgaste por abrasão, fator que não é exigido para níveis PEI de 0 a 4. Dessa forma, embora
Tabela 1. Classificação de placas cerâmicas pela absorção Nome
Absorção total de água (%)
Porcelanato
0,0 < abs < 0,5
Grés
0,5 < abs < 3,0
Semi-grés
3,0 < abs < 6,0
Semiporoso
6,0 < abs < 10,0
Poroso
abs > 10,0
algumas placas resistam ao número de ciclos requeridos pelo PEI V, elas não podem ser classificadas como tal porque não resistem adequadamente ao manchamento pósabrasão.
Tabela 2. Classes de resistência à abrasão Classificação quanto à resistência à abrasão
Assim, baixa absorção significa baixa penetração de
Grupo PEI4
Ciclos
Resistência
Ambientes de aplicação (não sugeridos na norma)
mecânica. Um exemplo desse fato ocorre com os porcelana-
PEI 0
100
Muito baixa
Uso exclusivo em paredes. Não usado em pisos.
tos, placas de absorção quase nula, que necessitam de ar-
PEI I
150
Baixa
Banheiros residenciais, quartos de dormir.
PEI II
600
Média
Ambientes sem portas para o exterior, banheiros.
PEI III
1.500
Média alta
Cozinhas residenciais, corredores, hall de residências, quintais.
PEI IV
12.000
Alta
Áreas comerciais, entradas de hotéis, show rooms, salões de vendas, lojas, bares, bancos.
PEI V
≥ 12.000
Muito alta e sem encardido
Áreas públicas: shopping centers, aeroportos, padarias, fast-foods, terminais rodoviários.
pasta nos poros das placas e pequeno efeito de ancoragem
gamassa especial que promova aderência mesmo sob essas condições. Além do aspecto da aderência, outro ponto importante a ser observado é que placas cerâmicas que são utilizadas em ambientes externos devem ter absorção máxima de 6% e, nos casos de climas frios sujeitos ao congelamento, esse valor cai para 3%; . quanto à abrasão superficial: o ensaio de abrasão consiste em submeter a superfície esmaltada das placas cerâmicas ao atrito de esferas de aço de tamanhos padronizados durante um número fixo de ciclos numa câmara rotativa. Dependendo da quantidade de ciclos necessária para provocar alterações na superfície, as placas são classificadas conforme a Tabela 2. Quanto maior o número de ciclos necessários para provocar alterações no esmalte, maior é a classificação PEI 3
Vale ressaltar que o índice PEI se aplica apenas a produtos esmaltados, ou seja, não é uma classificação válida para porcelanatos não esmaltados e rústicos. Paulatinamente percebeu-se que o índice PEI não explica adequadamente alguns pontos fundamentais, motivo pelo qual seu conceito passará por novas discussões em breve e esta classificação poderá vir a ser retirada da norma brasileira.
Outro processo pode ser, por exemplo, a conformação de peças complexas por
meio de moldes que absorvem a água da massa em estado de barbotina.
4
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PEI – Porcelain Enamel Institute.
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1.7. Requisitos e critérios de desempenho Anotações
O conceito de desempenho se refere à qualidade com que um determinado produto atende aos objetivos para que foi especificado. Por exemplo: uma placa cerâmica tem uma certa resistência ao risco quando usada em ambientes comerciais. O critério de desempenho, fator qualitativo, é a resistência ao riscamento e o requisito de desempenho, fator quantitativo, é resistir ao teste padronizado de abrasão por pelo menos 12.000 giros. Esse é um dos requisitos para qualificar o esmalte de uma placa como PEI V. Entretanto, o uso de uma placa PEI II em ambientes
Anotações
Tabela 3. Porcelanatos (marca Portinari) Rústico
Técnico
O efeito decorativo (design) é feito após a prensagem do material com uma cobertura de esmalte sobre a peça
O design é feito antes da prensagem com a adição e mistura de pós coloridos distribuídos aleatoriamente no molde da prensa
A massa não necessita de cuidados especiais com a cor e contaminantes, pois tudo fica coberto pela aplicação do esmalte que tem uma função de proteção e embelezamento da peça
A massa necessita de cuidados especiais com a cor e com a eliminação de contaminantes, pois não existe a aplicação do esmalte para “cobrir a peça”
A decoração não é completamente igual em todas as peças, o que imita a natureza em seu aspecto decorativo
Todo efeito estético é conseguido através da adição de pós coloridos previamente preparados, dosados e misturados no molde da prensa de acordo com a tipologia do produto a ser fabricado
comerciais, ou seja, em locais onde ela não deveria ser aplicada, caracteriza um erro de projeto e não o baixo desem-
O porcelanato apresenta características técnicas e ge-
penho da placa. É preciso respeitar os limites de um produto
ométricas que o diferencia das placas cerâmicas “comuns” e
para que se possa questionar seu desempenho.
das placas de rocha, como é explanado na Tabela 4 e nos itens seguintes.
1.8. Porcelanatos O Porcelanato é resultado de uma inovação de processo e de produto com nova técnica decorativa, assumindo aspecto sempre diverso e dotado de características técnicas e estéticas orientadas para a reprodução das pedras natu-
Tabela 4. Porcelanatos X placas de rocha Porcelanato Mais resistentes a sobrecargas e impactos com menor espessura. Estrutura portante mais leve Maior resistência ao desgaste e ao risco. Pode-se obter peças muito mais lisas e brilhantes
Desgastam e perdem o brilho com facilidade. Seu polimento deixa a desejar, devido a superfície esburacada
Com absorção de água muito próxima de zero, são impermeáveis e resistentes a manchas
Altamente porosas, absorvendo líquidos e manchando com facilidade. Sujeitas à mancha d´água
Alta resistência ao ataque químico
Baixa resistência ao ataque químico
rais. O porcelanato pode ter alguns acabamentos (entre outros): ¾ polido: após a última etapa de produção, passa pelo processo de polimento; ¾ acetinado: polimento mais suave, brilho menos intenso que o polido; ¾ lapado: superfície rústica, alguns locais da peça são
Superioridade estética por possuir Estética depende de disponibilidade uma grande variedade de peças especiais, valorizando esteticamente natural em jazida o ambiente Resistentes ao congelamento
brilhantes, outros não;
Placas de rocha São quebradiças. Necessitam de maior espessura para proporcionar resistência mecânica. Estrutura portante mais robusta
Baixa resistência ao congelamento
¾ estruturado: produtos com superfícies mais ásperas, antiderrapantes, sem brilho. A Tabela 3 exibe as características de dois tipos de porcelanatos: técnico e rústico. Eng. Max Junginger, M.Sc.
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Anotações
1.8.1. Resistência ao congelamento
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Anotações
Tabela 5. Resistência ao congelamento
1.8.4. Gretamento Tabela 8. Gretamento
Porcelanato
BII A
BII B
Porcelanato
BII A
BII B
Resiste
Baixa
Não resiste
Não greta
Melhor
Pior
A água aumenta de volume em torno de 10% ao entrar na fase sólida. Logo, quanto mais água a placa absorve, mais sujeita a danos ela está. O gretamento decorre de movimentos diferentes entre a base (biscoito) e o esmalte cerâmico. Se o biscoito varia com a água, a placa está mais sujeita à EPU e, conseqüentemente, ao gretamento.
1.8.2. Resistência mecânica Tabela 6. Resistência mecânica Porcelanato
BII A
BII B
Ótima
Maior
Menor
A resistência mecânica está relacionada com a compacidade. Assim, quanto menos vazios houver na matriz da placa, maior sua resistência.
1.8.5. Uso em ambientes úmidos Tabela 9. Uso em ambientes úmidos Porcelanato
BII A
BII B
Qualquer ambiente
Sim
Não
Os ciclos de entrada e saída de água do interior da placa sempre causam alguma deterioração. Por esse motivo, deve-se primar pela escolha de placas com absorção < 6% em locais sujeitos à ação de água líquida.
1.8.3. Resistência ao impacto Tabela 7. Resistência ao impacto Porcelanato
BII A
BII B
Ótima
Melhor
Pior
Quanto mais vazios houver na matriz da placa, mais fácil será seu esmagamento.
1.8.6. Uso em fachadas Tabela 10. Uso em fachadas Porcelanato
BII A
BII B
Sim
Sim
Não
Fachadas necessitam de placas estáveis, que apresentem mínimas variações dimensionais.
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1.8.7. Mancha d´água
Anotações
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Anotações
Tabela 11. Mancha d´água
2. Sistema de revestimento 2.1. Conceito de sistema de revestimento
Porcelanato
BII A
BII B
Não mancha
Melhor
Pior
¾ um conjunto de camadas interligadas, monolíticas e dependentes;
A mancha d´água está relacionada com os fatores: Esmalte fino ou transparente; 5 Engobe pouco opaco, muito fino ou muito poroso; Suporte (biscoito) demasiadamente absorvente.
¾ a deficiência de alguma delas interfere no desempenho das demais; ¾ apenas o conjunto das camadas é capaz de cumprir as funções exigidas do revestimento cerâmico.
Acabamento: rejunte + placas Fixação: argamassa adesiva Regularização: emboço
Chapisco
Substrato
Figura 2 – Sistema de revestimento cerâmico
2.2. Funções do revestimento cerâmico 5
O termo engobe é usado para designar dois materiais distintos: no caso de en-
gobe de muratura, refere-se a uma camada líquida aplicada no verso da placa que tem por objetivo impedir que as placas cerâmicas prejudiquem os rolos do forno de queima durante sua passagem. No caso de engobe de superfície, referese a uma camada coesa e opaca que separa o biscoito do esmalte das placas
¾ valorização econômica; ¾ valorização estética; ¾ proteção da base (estrutura e alvenaria) contra agentes agressivos;
cerâmicas.
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¾ auxílio nas funções da vedação: estanqueidade, iso-
Anotações
lamento térmico e isolamento acústico.
Anotações
3. Projeto de revestimento de fachada 3.1. Argamassa colante (ou adesiva)
2.2.1. Chapisco
A Tabela 12 mostra as definições e o uso das arga-
¾ aumentar a aderência da argamassa;
massas colantes segundo a NBR 14081.
¾ homogeneizar absorção da base. 2.2.2. Camada de regularização
Tabela 12. Uso de argamassa colante Tipo
¾ promover regularização da base; ¾ servir de substrato para o acabamento; ¾ auxiliar na estanqueidade da vedação;
Descrição
AC I
Características de resistência para atender às solicitações mecânicas e termo-higrométricas típicas de revestimentos internos, exceto saunas, churrasqueiras, estufas e outros revestimentos especiais
AC II
Características de resistência que permitem absorver os esforços existentes em revestimentos de pisos e paredes externas decorrentes de ciclos de flutuação térmica e higrométrica, da ação de chuva e/ou vento, da ação de cargas como as decorrentes do movimento de pedestres em áreas públicas e de máquinas e equipamentos leves sobre rodízios não metálicos
AC III
Resiste a altas tensões de cisalhamento nas interfaces substrato/adesivo e placa/adesivo, juntamente com uma aderência superior entre as interfaces quando comparada com AC I e AC II; especialmente indicada para uso em saunas, piscinas, estufas e ambientes similares
Tipo E
Similar às anteriores, mas com tempo em aberto estendido em 10min (alteração da NBR 14081 a partir de 2004)
¾ contribuir para o isolamento termo-acústico; ¾ proteger a base contra agentes agressivos. 2.2.3. Camada de acabamento ¾ proporcionar valorização estética e econômica ao imóvel.
2.3. Interdependência das camadas Num sistema de revestimento, o comportamento de cada camada aplicada depende do desempenho da camada
A Tabela 13 mostra a classificação segundo a norma
anterior. No caso de revestimentos de fachada, um dos itens
brasileira (NBR 14081 – Argamassa colante industrializada
muito importantes que está em jogo é a aderência.
para assentamento de placas cerâmicas – especificação).
Como se trata de produtos cimentícios, alguns cuidados devem ser tomados:
Tabela 13. Requisitos de argamassa colante (NBR 14081)
¾ limpeza e regularidade do substrato; ¾ tempo de cura do substrato: retração como origem de tensões na interface; ¾ capacidade de absorção de água do substrato: excesso ou falta de absorção; ¾ cura das camadas: fator crítico em ambientes com
Propriedade
Unidade
Resistência de aderência aos 28dd
Tipo de argamassa colante AC I
AC II
AC III
Tipo E
MPa
≥0,50
≥0,50
≥1,00
-
Deslizamento
mm
≤0,7
≤0,7
≤0,7
-
Tempo em aberto
Min
≥15
≥20
≥20
+10
condições atmosféricas agressivas: vento e tempera. Resistência de aderência: a Figura 3 mostra o signifi-
tura elevada.
cado prático dos valores de resistência de aderência, lembrando que 1MPa = 10kgf/cm2.
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Anotações
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Anotações Substrato
Argamassa adesiva
Placa cerâmica 20x20 (400cm2)
Figura 3 – Esboço do significado prático de 0,5MPa (5kgf/cm2)
Figura 4 – Resultado de tempo em aberto vencido
. Deslizamento: após a placa ser assentada no local, é o máximo deslocamento (geralmente vertical) que ela pode sofrer por ação da gravidade;
3.1.1. Flexibilidade – parâmetro fundamental A deformação transversal de uma argamassa colante,
. Tempo em aberto: tempo que a argamassa pode ficar exposta em condições de laboratório:
mais conhecida como flexibilidade, é definida pela norma européia EN 12002. Consiste na moldagem de um corpo de
¾ umidade relativa: 60 ± 5%;
prova prismático e na sua ruptura por carga de três apoios,
¾ temperatura: 23 ± 2oC;
conforme mostra a Figura 5.
¾ vento: inferior a 0,2m/s sem que a resistência de aderência caia abaixo do limite de 0,5MPa (5kgf/cm2).
Em fachadas insoladas e com vento, o tempo em aberto de uma ACIII-E pode ser inferior a 5min
A Figura 4 mostra uma obra onde houve desplacamento por causa da aplicação das placas cerâmicas sobre cordões de argamassa colante com tempo em aberto vencido.
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Figura 5 – Ensaio de flexibilidade
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Revestimentos cerâmicos de fachada
Para esforços cíclicos, como os presentes numa fa-
Anotações
chada, a capacidade de uma argamassa se deformar sem
3.2. Estudo de tensões no revestimento Anotações 3.2.1. EPU
ruptura é de vital importância. Argamassas que se deformam até 2,5mm são ditas rí-
A EPU, expansão por umidade, é um fenômeno que
gidas, de 2,5mm até 5mm são ditas deformáveis e acima de
ocorre quando a placa sai do forno, absolutamente seca, e
5,00mm altamente deformáveis (segundo a ISO 13007-1).
absorve água do meio ambiente, aumentando seu volume e
Não existe conhecimento tecnológico disponível para afirmar
conseqüentemente suas dimensões lineares. Se as dimen-
qual a flexibilidade necessária para determinada aplicação.
sões aumentarem após o assentamento, surgem tensões de cisalhamento prejudiciais à estabilidade do revestimento.
Cuidado com argamassas ditas flexíveis! Muitas vezes é apenas marketing e o fornecedor desconhece o significado real e a importância do assunto
Parte da EPU ocorre no período compreendido entre a saída das placas do forno e o assentamento final na obra, mas isso varia com as condições ambientais e o tipo de placa cerâmica. Atualmente, entende-se que valores de EPU abaixo de
A Tabela 14 ilustra alguns valores de flexibilidade encontrados para argamassas presentes no mercado nacional.
0,6mm/m podem eventualmente contribuir para problemas de destacamento se existirem outros erros de projeto e/ou execução do revestimento.
Tabela 14. Valores de flexibilidade de argamassas adesivas Tipo de argamassa
Deformação transversal em mm
3.2.2. Tamanho das placas Uma vez que todo material da natureza sofre variação
AC I
0,7 – 1,3
AC II
1,0 – 1,7
volumétrica ao mudar de temperatura, as placas cerâmicas
AC III
1,5 – 2,8
não poderiam deixar de obedecer a essa “lei”. Sabe-se que
8,0 – “ilimitado”
a variação das dimensões de um corpo qualquer é propor-
Bicomponente Epóxi
cional aos seguintes parâmetros: De maneira geral, pode-se dizer que quanto mais flexível é a argamassa cimentícia, menor é seu módulo de de-
∆L = α * L * ∆T onde:
formação, ou seja, para uma mesma deformação as arga-
¾ ∆L: variação da dimensão do corpo
massas de menor módulo induzem esforços menores.
¾ L: tamanho do corpo
Isso é um fato de vital importância, pois no caso de emboços com baixa resistência superficial, o uso de arga-
¾ ∆T: variação de temperatura ¾ α: coeficiente de variação térmica do corpo
massas de baixo módulo é fator crucial no sucesso do revestimento.
Desta fórmula pode-se perceber que quanto maior o corpo, maior sua variação dimensional para uma mesma variação de temperatura. Isso significa que placas de grandes dimensões induzem esforços maiores na argamassa colante ao experimentarem variação térmica. Esse fato é
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especialmente importante para os porcelanatos que, além
Anotações
de grandes dimensões, são de baixa porosidade. Ou seja,
Placas de grandes dimensões podem exigir argamassas de desempenho superior em relação às utilizadas em placas de pequenas dimensões
Anotações Argamassa colante L
Placa cerâmica 2L
A Tabela 15 apresenta alguns valores de coeficientes de variação térmica de interesse na engenharia civil.
Tabela 15. Valores de coeficientes de dilatação linear Material
Coeficiente de dilatação mm/mm.oC
Concreto
12 x 10-6
Granito
5 a 11 x 10-6
Aço
12 x 10-6
Alvenaria de concreto
8 a 12 x 10-6
Alvenaria cerâmica
5 a 8 x 10-6
Madeira (paralelo às fibras)
3 a 7 x 10-6
Madeira (perpend. às fibras)
30 a 60 x 10-6
Placas cerâmicas Vidro
6 a 8 x 10
∆L
2∆L
Substrato
Figura 6 – Variação dimensional de placas cerâmicas
-6
8 a 9 x 10-6
A Figura 6 ilustra o caso de duas placas cerâmicas as-
3.2.3. Espessura de camada No caso de algum tipo de movimento da placa cerâmi-
sentadas sobre uma mesma base. Pelo desenho, é fácil
ca em relação à base de assentamento, seja de variação
perceber que a placa de maior dimensão provoca maior de-
dimensional como na Figura 6 ou de deslocamento como na
formação da argamassa colante, ou seja, o nível de tensões
Figura 7, quanto maior a espessura de camada menor a
sobre a argamassa é maior para placas maiores.
deformação específica da argamassa e, conseqüentemente,
Comparativamente, conter a deformação térmica de
menores as tensões induzidas no revestimento.
uma placa de porcelanato, muito rígida, é mais difícil do que conter a deformação de uma placa tipo semi-grés, com módulo de deformação menor. ¾ porcelanato: 120x60cm, E=70GPa ¾ semi-grés: 45x45cm, E=50GPa
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Revestimentos cerâmicos de fachada Assim, quanto mais uma argamassa é capaz de ab-
Anotações
Anotações
sorver deformações sem que haja ruptura interna (micro fissuração), maior seu desempenho com relação à fadiga. E numa fachada em clima tropical/equatorial, resistência à fadiga é fundamental.
Figura 7 – Importância da espessura de camada de argamassa
Outro fator relacionado com a espessura de camada é
Figura 8 – Esforços cíclicos sobre a argamassa: fadiga
o preenchimento do tardoz, assunto abordado no item 4.2. 3.2.5. Encurtamento da base
3.2.4. Variações climáticas Os esforços oriundos de variações climáticas são cícli-
O encurtamento da base na qual as placas estão as-
cos, ou seja, ora induzem esforços de compressão, ora de
sentadas pode ocorrer por várias razões, dentre as quais
tração (Figura 8). Isso significa que a argamassa adesiva é
pode-se ressaltar:
muito solicitada com relação ao seu desempenho frente à
¾ retração do substrato (emboço);
fadiga.
¾ deformação lenta da estrutura (encurtamento de pilares);
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¾ acomodação da alvenaria;
Anotações
¾ flechas em lajes.
Anotações
A Figura 9 ilustra o surgimento de tensões de cisalhamento no caso de retração da argamassa de emboço.
F = E ∗ ∆L * e
e a) Retração livre
b) retração restringida
Figura 10 – Efeito da retração do emboço
No caso de um emboço de fachada, seu encurtamento é restringido pela base interna (alvenaria/estrutura) e pelas placas cerâmicas assentadas. Se sua retração for muito acentuada após o assentamento das placas, podem surgir
Retração do emboço
tensões elevadas que vencem a resistência da argamassa
Figura 9 – Cisalhamento nas camadas do revestimento
colante e provocam o desplacamento do revestimento, como ilustrado na Figura 11.
A retração do emboço pode induzir esforços potencialmente perigosos para a estabilidade das placas cerâmicas e é por esse motivo que é absolutamente necessário respeitar o tempo de cura do emboço antes que seja executado o assentamento das placas. De maneira geral, é altamente salutar que haja uma cura mínima de pelo menos 28 dias, mas estes prazos têm sido diminuídos por conta do cronograma de obras cada vez mais enxuto.
Uma vez que a retração das argamassas e o módulo
A retração do emboço gera esforços prejudiciais da seguinte forma:
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Figura 11 – Destacamento devido ao encurtamento da base
de deformação aumentam com o teor de cimento, emboços com traços fortes e de espessura elevada geram tensões de
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retração muito elevadas e perigosas para a camada de aca-
Anotações
bamento.
sistência à deformação (ou se for executado assentamento
Anotações
com junta seca), a placa mais interna será também a de
Assim, traços fortes devem ser muito bem dosados em
maior confinamento, pois todas as demais restringem-se à
termos de granulometria de areia, o que diminui a retração e
sua dilatação devido aos esforços transmitidos pelo rejunte
alivia os esforços gerados sobre todo o conjunto.
pouco deformável. Uma vez que maior confinamento signifi-
Um fato interessante com relação às argamassas é a seguinte pergunta:
ca maiores tensões, a placa central torna-se a mais solicitada.
Em obras históricas, foram largamente utilizadas argamassas de cal, que possuem aderência bem inferior aos limites atuais para argamassas cimentícias. Entretanto, porque continuam estáveis após longo tempo de
Sol
agressão do meio?
3.3. Juntas de trabalho A Figura 12 ilustra uma placa assentada sobre a camada de regularização e sujeita a um aumento de temperatura. Nesse caso, o único impedimento para seu aumento de tamanho é representado pela aderência da placa ao substrato, o que se reverte numa tensão de cisalhamento na interface placa-argamassa adesiva tanto maior quanto maiores forem a variação de temperatura e o módulo de deformação das placas cerâmicas.
a) temperatura: T1
b) temperatura: T2 > T1
Figura 13 – Dilatação térmica das placas cerâmicas
Extrapolando esse raciocínio para um grande pano de revestimento, as placas mais internas estão confinadas por todas as demais ao seu redor, chegando o ponto em que as tensões tornam-se demasiadamente altas, ultrapassam a resistência de aderência e rompem a argamassa adesiva, o que pode provocar flambagem da camada de acabamento, conforme pode ser visto na Figura 11 e na Figura 14.
Força que impede a flambagem, representada pela aderência da argamassa
Sol
a) temperatura: T1
b) temperatura: T2 > T1
Figura 12 – Dilatação térmica de uma placa cerâmica
Já na Figura 13, várias placas estão submetidas ao
Figura 14 – Força que impede a flambagem do revestimento
mesmo aumento de temperatura. Se o rejunte oferecer reEng. Max Junginger, M.Sc.
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Por esse motivo é que devem ser previstas juntas de
Anotações
dilatação a intervalos regulares e utilizados rejuntes de baixo módulo de deformação, limitando as tensões a valores não prejudiciais e evitando a formação de panos com comprimentos de flambagem elevados.
No caso dos revestimentos executados com junta seca, eles possuem basicamente o mesmo módulo de deformação das placas cerâmicas e o efeito moderador das juntas não existe, o que faz com que haja uma maior solicitação da argamassa adesiva. Conclui-se, então, que as juntas devem existir em largura adequada e devem apresentar um bom comportamento elastoplástico, sendo que isso torna-se imprescindível particularmente quando são esperadas deformações apreciáveis do suporte.
Anotações a) Disposição do selante sem movimentação da junta. Essa é a disposição obtida no momento da aplicação.
b) Selante trabalhando sem aderência ao fundo. Nesse caso, ele pode expandir-se sem restrição e a junta trabalha eficazmente.
c) Selante trabalhando com aderência a um limitador de profundidade rígido. Essa restrição impede o trabalho adequado do selante, podendo causar sua ruptura.
Figura 16 – Disposições do selante na junta de trabalho
O selante não pode aderir ao fundo da junta, sob pena de total ineficácia da junta em termos de estanqueidade e conseqüente deterioração precoce
De maneira geral, as juntas de trabalho horizontais são posicionadas a cada pavimento, exatamente na posição
Juntas de trabalho na fachada NÃO PODEM ser executadas como meio paliativo para evitar a continuidade da queda das placas cerâmicas
do encontro com a alvenaria e o fundo de viga (Figura 15).
3.4. Uso de telas e reforços metálicos Junta de trabalho
Em alguns casos, o projetista de fachada pode optar pela inserção de telas metálicas no emboço com dois objetivos principais: ¾ atenuar fissuras na interface alvenaria/estrutura; ¾ servir de ancoragem para espessas camadas de em-
Figura 15 – Posicionamento da junta horizontal
boço. Juntas de trabalho verticais representam aumento de
Em qualquer caso, entretanto, a especificação de ma-
custo inicial e de manutenção e por esses motivos geral-
teriais e técnicas de execução dos reforços requer domínio
mente são pouco usadas, embora para panos com larguras
tecnológico sobre a estrutura de concreto, a alvenaria de
superior a 5m sua colocação deve ser muito bem avaliada e
vedação e sobre a camada de regularização (emboço). A
as recomendações mostradas na Figura 16 devem ser de
simples correção de problemas no emboço com origem na
domínio do projetista de fachadas. Maiores detalhes podem
base pode ser completamente ineficaz.
ser encontrados nas normas ASTM C 717, ASTM C920 e ASTM 1193.
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Revestimentos cerâmicos de fachada maneira deficiente, a culpa se reflete na engenharia que
Anotações
4. Assentamento
Anotações
permitiu que isso acontecesse.
O assentamento é a etapa mais crítica da execução de um revestimento cerâmico, mesmo porque um projeto muito bem feito, materiais de ótima qualidade e ferramentas ade-
4.1. Tempo em aberto: um fator crucial Todas as argamassas secam mais rapidamente por
quadas podem resultar num resultado final ruim se não hou-
ação do vento e do Sol. No caso das argamassas colantes,
ver treinamento e controle de mão de obra.
existe perda de água por evaporação e por sucção da base
Dentro do processo de produção do revestimento existem várias tarefas a serem executadas e limites a serem respeitados. Entenda-se aqui como processo de produção
numa camada de espessura muito reduzida, ou seja, muito sensível à perda de água. Após ser estendida sobre o substrato, a perda de água
a um conjunto de tarefas, materiais, ferramentas, logística e
por sucção é limitada por compostos presentes na massa
equipamentos, todos inter-relacionados e dependentes, ten-
chamados retentores de água, geralmente compostos base-
do como objetivo chegar a um produto final.
ados em celulose (HEC, hidróxi etil celulose, HEMC, hidróxi
O processo como um todo se assemelha a uma linha
etil metil celulose). A ação do vento, entretanto, é limitada
de produção de automóveis, por exemplo: existem diferen-
por outros compostos, mas condições atmosféricas extre-
tes tarefas, cada uma com suas diretrizes, e a falha de al-
mamente agressivas fazem com que haja a formação de
gum delas pode prejudicar todo o conjunto, o produto final
uma película superficial seca sobre os cordões.
do processo.
Esta película, quando a placa cerâmica é posicionada
A visão geral do processo e todas as características
apenas por compressão sobre os cordões (Figura 17), pre-
de cada tarefa individual precisam estar sob domínio da en-
judica seriamente a aderência das placas cerâmicas e pode
genharia, pois a ela cabe gerenciar o processo, ajustar par-
causar sua queda em poucos anos após o término da obra.
tes individuais e obter o máximo de eficiência e eficácia. Falhas de controle de processo podem ser: ¾ permitir que a argamassa seja feita logo antes do almoço e seja usada depois; ¾ permitir o uso de desempenadeiras com dentes gastos; ¾ não fornecer infra-estrutura adequada para o trabalho em fachadas; ¾ não inspecionar os panos assentados. De maneira geral, o fracasso de um revestimento não está na técnica de execução e muito menos na mão de obra, mesmo porque todos os detalhes são conhecidos, mas sim na metodologia de controle adotada para certificação de que as tarefas estão sendo executadas corretamente. No caso da mão de obra, se ela está executando uma tarefa de Eng. Max Junginger, M.Sc.
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Figura 17 – Aplicação incorreta da placa cerâmica
Por este motivo as placas devem ser colocadas levemente fora de posição e apenas depois arrastadas para seu local definitivo, fazendo com que os cordões de argamassa sejam esmagados de modo a formar uma camada única e Eng. Max Junginger, M.Sc.
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Revestimentos cerâmicos de fachada
homogênea, com 100% de preenchimento do tardoz (verso
Anotações
da placa cerâmica).
Preferencialmente, para não dizer obrigatoriamente, a
Anotações
argamassa deve ser misturada mecanicamente numa central e apenas depois deve ser liberada para os postos de
O tempo em aberto das argamassas colantes deve ser determinado em obra e jamais o tempo indicado pelo fabricante deve ser assumido para condições de campo (ver item 3.1)
trabalho.
4.2. Simples e dupla colagem A norma brasileira especifica que para placas até 400cm2 deve-se usar desempenadeira com dentes de 6mm, para placas até 900cm2 dentes de 8mm e para placas até 1600cm2, dentes de 8mm com aplicação de argamassa também no verso da placa. O objetivo do aumento de espessura de camada por meio da dupla colagem, além de compensar o empenamento das placas, tem duas funções extremamente importantes: ¾ diminuir a tensão sobre a argamassa no caso de movimentação das placas (item 3.2.3); ¾ diminuir a chance de prejuízo da aderência por causa do tempo em aberto vencido. Quando existem cordões também no verso da placa, seu esmagamento fica mais fácil e o contato com a base é do tipo úmido sobre úmido, ou seja, duas interfaces absolutamente compatíveis e miscíveis.
4.3. Preparo da argamassa As argamassas colantes devem ser misturadas mecanicamente (Figura 18), em particular as do tipo AC III que
Figura 18 – Mistura da argamassa colante
No local de aplicação, a argamassa deve ser armazenada em caixotes não absorventes, protegidos do sol e vento por meio de um pano úmido como cobertura. Caso as condições climáticas sejam agressivas, o emboço deve ser umedecido levemente, tanto para diminuir sua absorção de água como para baixar sua temperatura, chegando sempre à condição de saturado superfície seca.
Não deve ser permitida a mistura de argamassa colante, manual ou mecanicamente, no balancim/andaime
são muito densas e “pesadas”. Isso evita a presença de grumos, proporciona homogeneidade e desempenho constante do produto em toda a fachada. No caso de mistura manual, a presença de grumos é uma constante, não existe homogeneidade e usa-se mais água do que o necessário, o que aumenta o escorregamento das placas. Eng. Max Junginger, M.Sc.
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Revestimentos cerâmicos de fachada . resistência mecânica; resistência à abrasão e resis-
4.4. Rejunte
Anotações
Anotações
Por muito tempo, cimento Portland puro, cimento
tência ao impacto; dureza; . resistência química e resistência aos agentes de lim-
branco, cimento branco com alvaiade6 e nata de cimento
peza e resistência biológica (desenvolvimento de mofo e
Portland foram utilizados para preencher as juntas de assen-
fungos);
tamento das placas, embora deixassem a desejar em rela-
. resistência à água, ao calor e ao congelamento: o
ção a algumas características importantes para seu desem-
congelamento pode não ser importante em algumas regiões
penho segundo as exigências atuais. Entretanto, isso não
de clima quente. Por outro lado, é muito importante no caso
pode ser tomado como uma crítica, mesmo porque esses
de câmaras frigoríficas;
eram os materiais mais adequados para a época. Hoje, os rejuntes industrializados estão disponíveis basicamente das seguintes formas:
. trabalhabilidade: o rejunte precisa apresentar boa trabalhabilidade para que possa preencher facilmente 100% do volume livre das juntas;
. rejuntes cimentícios monocomponentes: apresentamse como uma parte em pó que necessita apenas de adição de água imediatamente antes da aplicação. Como este é o
. limpabilidade: o rejunte deve ser limpo com os mesmos produtos utilizados na limpeza das placas cerâmicas; . capacidade de retenção de água: para que compos-
tipo de rejunte mais comum, o termo monocomponente não
tos baseados em cimento desenvolvam todas as demais
acompanha sua especificação. Embora não recebam aditi-
propriedades, a presença de água é fundamental para o
vos líquidos durante o preparo, podem incorporar aditivos
processo de cura, particularmente quando o material é apli-
em pó na sua formulação;
cado sobre substratos com absorção elevada ou em locais
. rejuntes cimentícios bicomponentes: apresentam-se como duas partes distintas, com uma fração granular seca e
de clima quente e seco; . aderência: o rejunte precisa estar bem aderido à late-
outra na forma de emulsão aquosa (aditivo líquido), bastan-
ral das placas e à camada de substrato, trabalhando em
do efetuar a mistura na hora da aplicação;
conjunto com as demais camadas do revestimento;
. rejuntes de base orgânica: são materiais geralmente
. estabilidade de cor: sendo o aspecto estético um fa-
compostos por dois ou mais componentes pré-dosados que,
tor muito importante no revestimento cerâmico, o rejunte
quando misturados, formam uma pasta homogênea pronta
precisa manter sua coloração frente às condições do ambi-
para aplicação. Como exemplos mais comuns, existem os
ente para o qual foi especificado;
selantes elastoméricos, as resinas epóxi e as resinas furânicas.
. largura das juntas: uma vez especificado esse parâmetro, é feita a seleção de um rejunte conveniente. É impor-
De maneira geral, a seleção de um determinado tipo de rejunte envolve a avaliação dos seguintes fatores:
tante ressaltar que a largura das juntas é dependente da espessura das placas cerâmicas, já que as juntas devem ter largura suficiente para permitir a fácil penetração do rejunte
6
Designação comum de vários pigmentos brancos venenosos que contêm chum-
bo. Nesse caso, é um pigmento formado por carbonato básico de chumbo (2PbCO3.Pb(OH)2) com alto poder de cobertura e alta resistência ao desenvolvimento biológico pelo fato de incorporar metais pesados em sua fórmula. O vocábu-
até o fundo, evitando a formação de bolsas de ar e pontos ocos. Juntas muito estreitas para placas de espessura elevada dificultam e até inviabilizam a penetração do rejunte.
lo alvaiade provém do arábico al+beyde (branquear) e o produto é também conhecido como branco-de-chumbo, branco-de-prata e cerusa (do latim cerussa).
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Revestimentos cerâmicos de fachada Tais resultados devem ser avaliados pelo projetista da fa-
5. Controle tecnológico Anotações
O controle do revestimento de fachada pode ser divi-
Anotações
chada.
dido em duas partes: controle estético e controle técnico. No controle estético, encontram-se: ¾ alinhamento, prumo e nivelamento; ¾ altura de peitoris; ¾ posicionamento de juntas; ¾ planicidade etc. enquanto que no controle técnico são encontrados:
Argamassa solta-se da base
Argamassa solta-se da placa
Falha de coesão da cola
Falha de coesão da argamassa
Ruptura do substrato
Falha de aderência da cola
¾ controle de traço; ¾ técnica de aplicação do emboço; ¾ resistência de aderência e resistência superficial; ¾ colocação de reforços metálicos; ¾ geometria de juntas; ¾ rejuntamento, etc.
5.1. Aceitação dos serviços Antes da liberação dos serviços de assentamento, devem ser feitos ensaios de aderência (Figura 19) real na fachada, ou seja, utilizando as placas e a argamassa previstas em projeto e obedecendo às carências pré-estabelecidas.
Figura 20 – Tipos de ruptura no ensaio de aderência
O mesmo raciocínio vale para o emboço, que deve passar por testes de aderência sobre a base (concreto e alvenaria) e principalmente por ensaios de resistência superficial, fundamentais para a definição do tipo de argamassa colante a ser utilizada. Ainda mais: a paginação das placas deve estar definida, todos as interferências de fachada devem estar resolvidas e os materiais, ferramentas e equipamentos devem es-
Figura 19 – Ensaios de arrancamento
tar disponíveis e em bom estado de conservação. Nestes ensaios, devem ser anotados tanto os valores de ruptura como os locais (Figura 20) em que ela ocorreu.
Após a liberação do assentamento das placas, de maneira geral os panos de cerâmica são aceitos levando em consideração:
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Revestimentos cerâmicos de fachada
¾ alinhamento, acabamento;
Anotações
¾ nivelamento e prumo, planicidade.
Anotações
Entretanto, existem aspectos não estéticos que precisam ser controlados eficazmente para que um pano de revestimento esteticamente bem feito não esteja com problemas ocultos graves. Assim, devem ser controlados: ¾ técnica de aplicação e mistura da argamassa; ¾ extensão dos panos de argamassa (tempo em aberto) e tempo de vida;
6. Patologia 6.1. Selantes Os problemas mais comuns com selantes são a deterioração precoce e o descolamento da borda das placas. O descolamento da borda das placas normalmente está relacionado com técnica de execução carente, ou seja, a aplicação é feita de forma inadequada, sem a limpeza correta das juntas ou sob substrato ainda úmido.
¾ dupla e simples colagem;
Também pode estar relacionado com a aderência ao
¾ preenchimento do tardoz; ¾ detalhes específicos para regiões com clima agressivo;
fundo da junta (Figura 16c), que impede que seu trabalho de expansão e contração se desenvolva adequadamente. Outro problema está relacionado com a qualidade do
¾ rejuntamento e aplicação de selante.
material, uma vez que existem inúmeros produtos no mercado com variação de preço de mais de 100%. Evidente-
Panos de fachada esteticamente satisfatórios são de “fácil” obtenção. O controle técnico, entretanto, é o mais importante e de execução mais complexa e o que geralmente recebe menor atenção
mente, a qualidade não pode ser a mesma.
6.2. Trincas, fissuras e rachaduras O conceito de fissuras, trincas e rachaduras remete sempre ao mesmo problema: uma descontinuidade mecânica resultante da concentração de esforços. Costuma-se designar fissuras ao problema com abertura até 0,5mm, trincas até 2-3mm e rachaduras as aberturas maiores que 23mm. Isto, muito mais do que uma divisão teórica, é importante porque as técnicas de correção dos problemas são diferenciadas para cada caso. Em termos de comportamento mecânico, o problema pode ser estático ou dinâmico. Uma trinca estática é aquela em que: ¾ há concentração de tensões; ¾ a resistência do material é vencida; ¾ ocorre uma trinca; ¾ ocorre o alívio das tensões de origem. Após esta seqüência de passos, não há novo surgimento de tensões e basta calafetar a trinca para corrigir o problema.
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Revestimentos cerâmicos de fachada
Por outro lado, uma trinca dinâmica (“viva”) é aquela
Anotações
em que:
Anotações
¾ há concentração de tensões;
Acabamento em textura acrílica
¾ a resistência do material é vencida; ¾ ocorre um trinca; ¾ ocorre o alívio das tensões de origem; ¾ as tensões se repetem de forma cíclica, podendo ou não agravar o problema. Exemplos de trincas estáticas são as provenientes da retração da argamassa de emboço. Uma vez que a retração
Base
Emboço
Figura 21 – Exemplo de correção de fissura
cessa, as trincas deixam de ocorrer. Por outro lado, as trincas dinâmicas são muito mais comuns e alguns exemplos são: ¾ trincas nos últimos pavimentos decorrentes da dilata-
Acabamento em textura acrílica
ção térmica da laje de cobertura; ¾ trincas entre esquadrias de madeira e o acabamento do emboço; ¾ trincas em muros demasiadamente longos; ¾ trincas em pisos contínuos. As trincas “vivas” não podem ser corrigidas por simples calafetação com material rígido, pois no retorno das
Base
tensões ele será novamente fragilizado.
Membrana polimérica flexível
A Figura 21 mostra um exemplo de correção de fissura de pequena abertura, onde é introduzido um mástique (material elastomérico) que se deforma e acompanha a movimentação da fissura. Já a Figura 22 mostra um exemplo de correção de
Fita crepe Véu de poliéster Figura 22 – Exemplo de correção de trinca
trinca, com movimentação mais intensa. Nesse caso, a espessura de camada sobre o defeito precisa ser maior, de modo a acomodar a variação da abertura sem transferir mo-
As fotos seguintes ilustram casos de fissuração atingindo pontos diferentes de uma obra.
vimentação significativa para a superfície pintada.
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Figura 26 – Trincas: dilatação da laje de cobertura
Figura 23 – Fissuração generalizada
6.3. Destacamentos de placas O destacamento de placas cerâmicas tem sempre a mesma origem: a tensão atuante sobre o sistema supera a resistência das ligações entre camadas. E isso remete a apenas duas soluções possíveis: ¾ aumento das tensões resistentes; ¾ diminuição das tensões atuantes. O aumento das tensões resistentes se resume basicamente ao aumento da aderência entre camadas. Entretanto, valores de 0,5MPa são bastante elevados, difíceis de
Figura 24 – Rachaduras em muro: erro de projeto
serem superados, e ainda assim os problemas de destacamento continuam ocorrendo, o que indica apenas uma solução plausível: diminuição das tensões atuantes. A diminuição das tensões atuantes pode ser um assunto bastante complexo pelo fato de que inúmero fatores contribuem de forma variável para o aparecimento de tensões prejudiciais, entre eles: ¾ fluência da estrutura; ¾ esforços dinâmicos (vento, vibrações); ¾ retração das argamassas; ¾ acomodação das alvenarias; Figura 25 – Trincas: dilatação da laje de cobertura
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¾ movimentações térmicas e higrométricas.
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Assim, os conhecimentos empírico e tecnológico mos-
Anotações
tram que é necessário:
Anotações
¾ respeitar as carências entre etapas; ¾ manter a robustez da estrutura em níveis mínimos; ¾ controlar a produção de maneira metodizada; ¾ usar materiais de boa qualidade; ¾ projetar adequadamente os detalhes construtivos; ¾ treinar a mão de obra; ¾ ter domínio técnico sobre os produtos com que se trabalha.
Figura 29 – “Estufamento”: fadiga da argamassa
Figura 27 – Destacamento: tempo em aberto vencido Figura 30 – Destacamento: emboço com superfície fraca
6.4. Eflorescência: conceito e origem Do latim efflorescentia, esse fenômeno se caracteriza pelo aparecimento de formações salinas sobre algumas superfícies, podendo ter caráter pulverulento ou ter a forma de crostas duras e insolúveis em água. Na grande maioria dos casos, o fenômeno é visível e de aspecto desagradável, mas em alguns casos específicos pode ocorrer no interior dos corpos, imediatamente abaixo da superfície. A eflorescência pode ser considerada um dano, seja por modificar
Figura 28 – Destacamento: erro de assentamento
visualmente o local onde se deposita ou por poder provocar degradações profundas. Eng. Max Junginger, M.Sc.
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Anotações
Figura 31 – Eflorescência em revestimento cerâmico
Figura 32 – Eflorescência em revestimento cerâmico
O fenômeno da eflorescência, bastante conhecido e pesquisado, resulta da dissolução dos sais presentes na argamassa (ou nos componentes cerâmicos, ou provenientes de contaminações externas etc.) e seu posterior transporte pela água através dos mais variados materiais porosos. Se, durante esse transporte, a concentração dos sais na solução aumentar (por perda de água ou por aumento da quantidade de sais), eles poderão entrar em processo de cristalização e dar origem ao fenômeno. Ocorrendo superficialmente, essa cristalização dá origem à eflorescência mais amplamente encontrada e visível (Figura 32, Figura 33); se
Figura 33 – Eflorescência em escada externa de ardósia
ocorrer internamente ao material, dá origem à criptoeflorescência, muitas vezes de difícil identificação. Para que a eflorescência se manifeste, os seguintes fatores apresentam-se como necessários e suficientes: . água: atua como um solvente que possibilita a dissolução dos sais que dão origem ao fenômeno. Ela pode ter
¾ água de condensação: resulta das trocas de vapor de água entre o interior e o exterior através de meios porosos. Se o vapor de água atingir o ponto de orvalho (dew point) em algum local no interior da parede, pode ocorrer a condensação intersticial; ¾ água proveniente da etapa de construção: a água de
origem em vários pontos, como por exemplo: ¾ água de chuva, que pode ser acompanhada de vento
amassamento, o uso de proteções deficientes contra
ou não. A água de chuva tem grande chance de pene-
a chuva ou qualquer outro fato que possibilite a con-
trar através das juntas, em particular se forem mal e-
centração de umidade podem ocasionar problemas
xecutadas;
em obras recém entregues (em inglês new building bloom). Paredes saturadas de água podem demandar
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semanas ou meses para que a secagem ocorra; blo-
Anotações
cos em contato com o solo, além de absorver umida-
¾ com o tempo, a película de tinta desgruda e sofre um processo de saponificação, ficando rígida e quebradi-
Anotações
de, podem ser contaminados por sais ou elementos
ça.
estranhos;
As tintas acrílicas usadas na construção civil são per-
. sais, que se movimentam dissolvidos na água e efetivamente dão origem ao fenômeno;
meáveis à água em forma de vapor mas impermeáveis a água líquida. Esta propriedade é importante porque está
. gradiente hidráulico, que possibilita a movimentação
relacionada com as trocas gasosas que devem ocorrer nu-
da água e o transporte dos sais do interior para a superfície
ma parede de fachada, equilibrando as pressões de vapor
dos corpos afetados.
dos ambientes internos e externos, permitindo o livre fluxo
A Figura 34 ilustra um exemplo da formação de sais sob uma película de pintura.
de umidade e contribuindo para o conforto higrotérmico do meio.
Figura 34 – Cripto-eflorescência sob pintura
Neste caso, o mecanismo de degradação é o descrito a seguir: ¾ existe uma fonte de infiltração; ¾ a água penetra, dissolve alguns sais por onde passa e atinge a película de tinta; ¾ encontrando a película de tinta, a água não transpassa de forma líquida e acumula-se na interface tinta/argamassa, podendo gerar bolsas de água; ¾ a água evapora e transpassa a película de tinta, deixando os sais na forma pulverulenta;
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