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Estruturas em Concreto Armado Instabilidade e Pilares Prof. M.Sc. Antonio de Faria Outubro/2012
Introdução • As estruturas, mesmo as mais simples, estão sempre sujeitas, além das ações gravitacionais, às ações laterais decorrentes normalmente do vento; • No caso de estruturas de grande altura ou com relação entre altura e dimensão em planta grande estes efeitos se tornam mais importantes e podem, inclusive serem desencadeadores de situações de instabilidade; • Desta forma embora em algumas situações as estruturas tenham rigidez suficiente para não se considerar os efeitos de segunda ordem da instabilidade global, ainda assim é preciso pelo menos avaliar se as ações de vento são significativas e necessitam serem consideradas no cálculo;
Estrutura submetida à ação de carga vertical e às ações laterais de vento e os correspondentes efeitos de segunda ordem estrutura sob ação de P sem deformar P
estrutura sob ação de P
estrutura sob ação de P e v deformada
deformada
Momento fletor de primeira ordem
1
P
Momento fletor de segunda ordem
2> 1
P v
Momento fletor de segunda ordem
0
P
0
P (a)
(b)
(c)
1
(d)
(e)
P
2> P
1
(f)
Como será visto posteriormente considera-se que o momento de segunda ordem é pequeno quando não supera a 10% do momento de primeira ordem;
Elementos estruturais para resistir a ação do vento • Vento de forma simplificada é o deslocamento de massas de ar decorrente das diferenças de temperatura e principalmente de pressões da atmosfera; • A massa de ar adquirindo uma certa velocidade ao se encontrar com a superficie de uma estrutura inerte produzirá uma pressão como pode ser demonstrado pelo pelo teorema de BERNOULLI; • Normalmente as estruturas de concreto armado são imaginadas formadas por elementos prismáticos, ou seja, elementos com uma dimensão bem maior que as outras duas e a seção transversal constante; • Um arranjo interessante para absorver as ações de vento é o que se chama de pórtico (neste caso plano) constituídos por pilares e vigas;
Pórtico de uma estrutura, sob ações verticais atuando junto com ação horizontal 1 P1
P4
P2
P5
P3
F1
P6
P1
P4
P2
P5
F2
Pórtico de uma estrutura sob ações verticais em conjunto com ação horizontal de vento
P3
P6
Concepção Estrutural da edificação 1
2
3
370
370
P1 (20X20)
P1 (20X20)
P3 (20X20)
A V1 (12X30)
1
e=8
C
222 P5 (12X30)
P6 (20X20)
P7 (20X20)
P8 (12X30)
P9 (20X20)
TIPO L3 e=8
L4 e=8
V3 (12X30)
310
V8 (12X30)
P4 (20X20) V2 (12X30)
420
B
VF3 (12X30)
310
222
3 FORRO
L2 e=8
V9 (12X30)
620
L1
2
P7 (20X20) V3 (12X30)
P8 (12X30)
TÉRREO
P9 (20X20)
D
V4 (12X30)
P10 (20X20)
L6 e=8
V7(20X60)
L5 e=8
V6 (20X60)
V5 (20X60)
620
VB3 (12X30)
P11 (12X30)
Planta de uma estrutura de pequena altura composta por pilares e vigas P12 (20X20)
Concepção Estrutural
310
viga de forro 1 ou 4 viga de forro 2 ou 3 P1 ou P10 P4 ou P7
viga de forro 1 ou 4 viga de forro 2 ou 3 P2 ou P11 P5 ou P8
P1 ou P10 P4 ou P7
P2 ou P11 P5 ou P8
P3 ou P12 P6 ou P9
viga de piso 1 ou 4 viga de piso 2 ou 3
310
viga de piso 1 ou 4 viga de piso 2 ou 3
P3 ou P12 P6 ou P9
370
370
370
370
- O vento incidindo sobre as faces que contem os pilares P1, P2, P7 e P10 é resistido por pórticos como os mostrados na figura acima; - São quatro pórticos constituídos respectivamente pelos pilares P1, P2 e P3; P10, P11 e P12; P4, P5 e P6; P7, P8 e P9 e as vigas correspondentes;
Concepção Estrutural • Para a estrutura em questão no caso de não se considerar as vigas, ou seja, fosse projetado um pavimento apenas com lajes e pilares, com auxílio de lajes lisas os esforços de vento seriam absorvidos exclusivamente pelos pilares considerando-os ligados por tirantes (a função da laje) incapazes de transmitir momentos; • Ainda segundo a NBR6118 na composição estrutural muitas vezes é interessante fazer arranjos de elementos estruturais para caracterizarem aumento de rigidez em direções críticas a estes conjuntos. • A norma define em seu item 15.4.3 contraventamento, com a seguinte redação: – “Por conveniência de análise, é possível identificar, dentro da estrutura, subestruturas que, devido à sua grande rigidez às ações horizontais, resistem à maior parte dos esforços decorrentes dessas ações. Essas sub-estruturas são chamadas subestruturas de contraventamento”.
Concepção Estrutural • As caixas de elevadores e escadas, bem como os pilares-parede de concreto armado, constituem exemplos de sub-estruturas de contraventamento; • Por outro lado, mesmo elementos de pequena rigidez podem, em seu conjunto, contribuir de maneira significativa na rigidez a ações horizontais, devendo então ser incluídos na sub-estrutura de contraventamento; • Os elementos que não participam da sub-estrutura de contraventamento são chamados de “elementos contraventados”; • É portanto comum em estruturas mais altas ou esbeltas usar-se caixas de elevadores, pilares paredes e mais raramente sistema treliçado na direção de ação crítica do vento proporcionando uma maior rigidez a estrutura;
DETERMINAÇÃO DA INÉRCIA DE UM PILAR EQUIVALENTE A UM PÓRTICO. • Em estruturas de edificações é comum aproveitar-se do conjunto de vigas e pilares e considerá-lo funcionando como um pórtico. • É interessante definir para um pórtico um pilar equivalente, ou seja, que tem a mesma rigidez do pórtico. • Isto é feito considerando, por exemplo, atuando no pórtico uma carga horizontal igual a F e calculando o deslocamento de seu topo, que neste caso é igual a δpórtico. pórtico F
pilar
forro
pavimento
F
H
Pórtico plano e pilar retangular com rigidez equivalente
DETERMINAÇÃO DA INÉRCIA DE UM PILAR EQUIVALENTE A UM PÓRTICO. • Após obter-se o valor deste deslocamento é só considerar um pilar engastado na base e livre na outra extremidade, com mesma altura, e submetido a mesma carga horizontal de F e tendo um deslocamento δpilar = δpórtico; • Como a flecha do pilar no topo é dada por: δ pilar
F × H3 = 3× E × I
• Igualando as duas deformações chega-se a expressão da rigidez equivalente do pórtico: F × H3 E×I = 3 × δ pórtico
Exemplo numérico 3-1 • Determinar a dimensão de um pilar com rigidez equivalente ao pórtico formado pelos pilares P1, P2, P3 do sobrado dado nas figuras anteriores. Considerar que o concreto tenha fck=20 MPa. Pórtico
Pilar equivalente h
VF1(12x40) P2 (20x20)
310
P1 (20x20)
310
V1(12x40)
370
370
P3 (20x20)
Pequivalente(20xh)
Resolução: Características geométricas: Vigas - (12x40 cm)
Pilares - (20x20 cm)
Area = 480 cm 2
Area = 400 cm 2
Inércia = 64.000 cm 4
Inércia = 13.333,33 cm 4
Concreto Ec = 0,85x5600x fck = 0,85x5600x 20 = 21.287 MPa Gc = 0,4xEc = 0,4x21.287 = 8.515 MPa
Considerando que a força F = 100 kN e utilizando FTOOL, chega-se a: δpórtico = 7,45 cm
F.h 3 100.6203 E.I = ⇒I= = 500.937 cm 4 3.δpórtico 3.2128,7. 7,45 h=3
12.500937 = 67,0 cm 20
Assim, um pilar de 20x67 cm é equivalente em rigidez ao do pórtico com a configuração dada anteriormente.
Associação de Pórticos • Quando a estrutura é composta de diversos pórticos e está submetida a ação lateral de vento, as ações nos elementos podem ser calculadas ao se resolver um pórtico tridimensional; • Em algumas situações é possível simplificar o problema e considerar o vento atuando em uma associação de pórticos em série; CORTE
PLANTA
Fv
PÓRTICO 1
PÓRTICO 2 pórtico Fv
forro
pórtico
Fv
pavimento
PÓRTICO 2 H
h
Distribuição da ação do vento em pórticos considerando a laje como septo rígido
Associação de Pórticos • Imaginando uma estrutura formada de pórticos P1,P2 etc como a mostrado anteriormente e submetida à ação lateral do vento Fv, ao se fazer um corte vertical tem-se, por exemplo, o pórtico 2 que se deforma, e tem no último pavimento um deslocamento de δpórtico que será o mesmo deslocamento em planta dos outros pórticos se não houver a rotação α; • Imaginando que haja simetria de distribuição de pilares e de vigas com características geométricas e de ação de vento pode-se dizer que α=0; • Neste caso a ação do vento pode ser analisada considerando os pórticos alinhados em série, ligados por elementos de grande área porem que não conseguem transmitir momentos fletores (fazem o papel das lajes) com indicado na figura a seguir e sujeitos a ação total do vento.
Associação de Pórticos Pórtico 1 Fv
Fv
forro
pavimento
Pórtico 2
elemento de ligação (laje) forro
pavimento
Pórticos planos associados em série resistem à ação do vento
Pórtico 3 forro
pavimento
Associação de Pórticos • Resolvendo o sistema estrutural indicado na anterior, obtêm-se as ações do vento em cada pórtico; • Ressalta-se que o procedimento descrito anteriormente se baseia no fato que a laje tem uma área muito grande e assim é praticamente indeslocável em seu plano e portanto tem movimento de corpo rígido e funciona como um septo; • Havendo simetria os deslocamentos da parte superior de todos os pilares serão iguais, pois a laje sofre apenas translação e, portanto os esforços em cada pórtico serão proporcionais a rigidez de cada um deles;