Comprar Ou Vender

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Eduardo Matsura

Comprar ou Vender? Como Investir na Bolsa Utilizando Análise Gráfica

7ª edição

Agradecimentos Esta nova edição “revisitada” do livro é fruto de uma parceria com a Nelogica Sistemas. Foi por meio do software gráfico Profitchart RT (cujas imagens ilustram este livro) que tomei conhecimento de novas formas de interpretar o Candlestick (falo dos indicadores Ichimoku e Heikin-Ashi). Mais recentemente, por uma sugestão minha, também foi implementado o indicador CandleCode. Agradeço também aos participantes do blog Nelogica (www.nelogica.com.br/ blog) pelas sugestões de novos indicadores e críticas que muito ajudaram a aperfeiçoar o entendimento e a prática destes indicadores.

Estrutura do Livro A Análise Técnica possui uma infinidade de variações, que pode inicialmente levar o leitor a imaginar que será incapaz de dominá-la completamente. Na verdade, são inúmeras variações sobre alguns poucos fundamentos básicos; se você compreender os fundamentos, não terá dificuldades em desenvolver e explorar outras técnicas. Nosso propósito é desenvolver estes fundamentos, em uma sequência lógica, e enfatizar, em cada um deles, o que é realmente importante do ponto de vista teórico e prático. Cada conceito importante é ilustrado com exemplos recentes de ações da Bovespa. O Capítulo 1 aborda as premissas da Análise Técnica, sobre as quais se desenvolvem as principais técnicas. Charles Dow elaborou, no início do século passado, conceitos fundamentais, como: o mercado não é aleatório, registra períodos de tendência definida e repete padrões de comportamento. E esses padrões podem ser observados por meio dos gráficos de Barras e Candlestick. O Capítulo 2 ensina como definir tecnicamente uma tendência e avaliá-la usando conceitos de Suporte e Resistência, bem como pontos-chave de reversão da tendência. São apresentadas também técnicas para dimensionar o tamanho ou a extensão de uma tendência, a partir da teoria das ondas de Elliott e das razões mágicas de Fibonacci. A continuidade ou reversão de uma tendência pode ser sinalizada pelas formações típicas que aparecem ao longo de um gráfico. No Capítulo 3, descrevemos as principais figuras de continuidade e reversão de tendência. Identificar figuras de reversão é particularmente importante, pois elas podem estar sinalizando o final ou o início de uma tendência, o que pode significar uma grande oportunidade para aferir lucros. O Capítulo 4 aborda as principais figuras de reversão do gráfico Candlestick, originário do Japão do século XVIII. Além do gráfico de preço, é possível construir gráficos auxiliares por meio de fórmulas matemáticas programadas em computador. No Capítulo 5, abordamos os principais indicadores, que ajudam a entender e a confirmar os padrões encontrados no gráfico de preço. A Análise Gráfica resulta em um prognóstico a respeito da tendência do mercado e também em uma expectativa sobre a amplitude do movimento. O grafista deve analisar a relação risco/retorno, definir objetivos de lucro e se proteger, no caso de inversão da tendência; o Capítulo 6 trata de gerenciamento de risco por meio dos gráficos. Diversas técnicas gráficas podem ser utilizadas conjuntamente, resultando em uma análise mais robusta e consistente. No Capítulo 7, exemplificamos a utilização sinérgica de várias técnicas, aplicadas em duas estratégias distintas: seguir a tendência e ser contrária a ela. O Capítulo 8 trata do uso de sistemas mecânicos de operação (Trading Systems) que utilizam regras de compra e venda, programadas em computador. O Capítulo 9 trata de indicadores pouco convencionais, mas que ganharam importância nos últimos anos. São apelidados de “segunda geração dos Candlesticks”. Os indicadores Ichimoku, Heikin-Ashi e CandleCode facilitam a interpretação convencional dos Candlesticks. Quando utilizados em conjunto definem um método completo para operar ações. A Análise Técnica automatizada tem a vantagem de não se deixar influenciar pelo fator

emocional, mas perde pela rigidez das regras que deveriam se adaptar à dinâmica do mercado. No final do livro, organizamos as Referências, em que indicamos os caminhos para o aprofundamento dos tópicos, seja em livros, revistas ou sites.

Aviso O objetivo deste livro é informar o leitor sobre conceitos e técnicas utilizadas no investimento em ações e derivativos. Entretanto, não pretende fornecer receita infalível para obter sucesso em investimentos de qualquer natureza. Os exemplos utilizados têm objetivos meramente didáticos, e não representam recomendação de compra ou venda. O autor e a editora não se responsabilizam por quaisquer resultados obtidos pelo leitor, devido a utilização de conceitos e estratégias contidas neste texto. O Editor.

Prefácio Sorte. Cassino. Jogo. Essas palavras ainda surgem com muita frequência nas conversas sobre investimentos e Bolsa de Valores no Brasil. Muitos justificam esse fato como sendo a herança de um ambiente marcado por décadas de alta insegurança econômica e política, com taxas de inflação estratosféricas e uma sucessão de planos econômicos problemáticos. Certamente esses fatores não podem ser desconsiderados, mas existem outros ingredientes nesse contexto. O principal deles talvez seja o conhecimento, ou melhor dizendo, a falta dele. Os seres humanos tendem a ser naturalmente avessos ao risco, e isso é uma coisa boa do ponto de vista da evolução, pois nos ajuda a evitar situações potencialmente prejudiciais. No entanto, no que se refere ao mundo dos investimentos, olhamos para a Bolsa com clareza de julgamento? Ou nossa visão já possui um viés negativo, soando alarmes de perigo? Quanto mais conhecemos a realidade do mercado financeiro, mais vemos as coisas da maneira como elas realmente são. Onde deveria haver apenas um jogo passamos a entender que há uma dinâmica de preços que sobem e descem regidos por forças reais como oferta e demanda. Essas forças e outros fatores interagem em um ciclo contínuo e em um ritmo cada vez mais intenso. O mundo hoje é mais conectado do que jamais fora e os mercados refletem essa realidade. Mas, como acompanhar o que está acontecendo? Como identificar as oportunidades e os riscos que surgem a cada segundo? A Análise Técnica nos ajuda a responder essas perguntas. Cada gráfico traz consigo uma imensidão de informações apenas disponíveis aos olhos preparados, ou seja, aos olhos que possuem o conhecimento. De repente, começamos a entender que o tão falado jogo na verdade tem muito, mas muito, de ciência por trás e os riscos e probabilidades são muito mais administráveis e quantificáveis do que pensávamos anteriormente. Quem atua ou pretende atuar no mercado tem o dever de buscar essas informações se deseja obter sucesso. Vivendo o mercado diariamente já por mais de uma década, posso afirmar que Eduardo Matsura é um dos melhores guias que alguém poderia ter nessa jornada. Poucas pessoas no Brasil conseguem aliar uma abordagem didática com um entendimento tão profundo da alma dos mercados. Na Nelogica trabalhamos com informação e tecnologia. Estamos constantemente desenvolvendo novas ferramentas, com o intuito de oferecer todas as condições para que nossos clientes sejam cada vez mais eficientes. Muitos dos melhores traders e analistas do mercado financeiro confiam e dependem de nossos softwares. Nessa busca, que visa sempre fornecer o estado da arte, contar com as opiniões e a visão do professor Matsura tem sido de um valor indescritível. Esta é uma obra sólida. Sólida porque se inicia nas bases da Análise Gráfica com a teoria de Dow, unifica a compreensão dos conceitos, apresentando técnicas de análise ocidentais e orientais, chegando aos tópicos e tendências dos dias de hoje. Após a leitura, com toda a certeza, as altas e baixas do mercado nunca mais serão as mesmas. Marcos Rafael Boschetti

Sócio-diretor da Nelogica

Sumário

Introdução Capítulo 1 – Fundamentos O Mercado é Previsível? Princípios da Análise Técnica O preço desconta tudo O Preço Tem Tendência A história se repete Tipos de Gráficos Gráfico de Barras Gráfico Candlestick Gráfico de Barras x Gráfico Candlestick Período do Gráfico Teoria de Dow I – O movimento dos preços pode ser dividido em três tendências II – A tendência primária tem três fases III – O volume confirma a tendência IV – A tendência acaba com os sinais definitivos de Reversão Capítulo 2 – Suporte e Resistência Como Identificar a Força de Compradores e Vendedores Tendência Tendência de Alta Linha de Tendência de Alta Tendência de Baixa Linha de Tendência de Baixa Características da Linha de Tendência Rompimento da Linha de Tendência Tendência Lateral Altas e Baixas memoráveis Canal Canal de Alta Operar um Canal de Alta Canal de Baixa

Operar um Canal de Baixa Suporte e Resistência Reta de Suporte Força dos compradores Reta de Resistência Força dos vendedores Características do Suporte e da Resistência Níveis de Suporte e Resistência Ondas de Elliott Sequência de Fibonacci Elliott e Dow Capítulo 3 – Figuras O Gráfico Esconde Padrões Que a Maioria dos Investidores Desconhece Padrões de Continuidade Retângulo Continuidade da Tendência Bandeira e Flâmula Bandeira Flâmula Triângulo Triângulo de Alta Triângulo de Baixa Triângulo Simétrico Figuras de Reversão Ombro-Cabeça-Ombro (OCO) Ombro-Cabeça-Ombro Invertido Topo Duplo Fundo Duplo GAPS GAP Comum GAP de Corte GAP de Continuidade GAP de Exaustão Ilha de Reversão Capítulo 4 – Candlestick A Lógica do Comportamento do Mercado Candlestick—Figuras Básicas Dias longos Marubozu Dias curtos

Estrelas Spinning tops Paper umbrella DOJI Figuras de Reversão Martelo Homem enforcado Padrão envolvente (Alta ou Baixa) Mulher grávida (Harami) Martelo invertido Estrela cadente Linha penetrante Tempestade à vista DOJI Star (Estrela DOJI) Estrela da manhã Estrela da tarde Bebê abandonado (Alta ou Baixa) Capítulo 5 – Indicadores Análise Técnica Computadorizada Médias Móveis Médias Móveis – Períodos Tipos de médias – simples x exponencial Cruzamento – média x preço Cruzamento – média x média Moving Average Convergence Divergence – MACD Indicadores: rastreadores de tendência x osciladores Histograma MACD Bandas de Bollinger Osciladores SobreCompra e SobreVenda Divergência preço x oscilador Divergência Negativa (de Baixa) Divergência Positiva (de Alta) Índice de Força Relativa – IFR Divergências de Alta e de Baixa – IFR Níveis de SobreComprado e SobreVendido – IFR Momento Estocástico On Balance Volume – OBV Capítulo 6 – Gerenciamento de Risco

Gráfico Ajuda a Definir o Risco e Retorno de Cada Operação Stop de Lucro ou Objetivo Stop Loss (Stop de Perda) Stop Móvel Suporte e Resistência Ondas de Elliott Fibonacci – Retrações ou Correções Figuras Candlestick Indicadores Capítulo 7 – Estratégias de Operação Não Ter uma Estratégia É a Pior das Estratégias Seguidor de Tendência Swing Trader Preço ou Indicador? Candle e Indicadores Triple Screen Opções de Vale PNA (VALE5) Ibovespa Futuro Capítulo 8 – Trading System O Futuro da Análise Técnica Definição Metodologia Escolha de um Time Frame Regras de Entrada e Filtros Regras de Saída Backtesting Trading System, Aliado ou Substituto? Aliado, e não substituto “Turtles” – O Sistema Mais Famoso Capítulo 9 – Um novo olhar sobre os Candlesticks Ichimoku Clouds Estratégias Seguidor de tendência CandleCode Medir em vez de explicar A estrutura do CandleCode Regras de Utilização Heikin-Ashi

Contra a Tendência Opere a Favor e Também Contra a Tendência Concluindo Conclusão Os Gráficos Não Mentem Referências

Introdução O Melhor Caminho é Fazer Você Mesmo! Fazer fortuna na Bolsa é o sonho de muitos investidores, mas, para isso, é necessário tomar as decisões certas, de forma consistente, durante vários anos; e isso não é nada fácil! Você pode investir em um fundo de ações e passar a responsabilidade das decisões para um profissional; mas ele não vai, e não pode, garantir sucesso ou fortuna para você, que ficará então refém das decisões dos outros. O melhor caminho é fazer você mesmo. Você é capaz de obter sucesso, desde que tenha motivação e trabalhe seriamente, como se esse fosse qualquer outro empreendimento de valor. Não há fórmula mágica para ganhar dinheiro na Bolsa, e sim técnicas que o ajudam a tomar as melhores decisões e estão ao alcance de qualquer pessoa. Existem basicamente duas técnicas para analisar e decidir sobre compra e venda de ações: Análise Fundamentalista e Análise Gráfica. A Análise Fundamentalista é a preferida pelos profissionais analistas de mercado. É uma técnica complexa, que exige conhecimentos de economia, administração, matemática financeira, além de conhecimento especializado em setores de atividade econômica. É muito comum, nas Corretoras e Bancos, os analistas se especializarem em setores, como alimentos, siderurgia, varejo, telecomunicações etc., pois cada um deles possui particularidades importantes para o processo de análise fundamentalista. Por exemplo, a recomendação de compra de ações da Usiminas deve ser justificada pelo analista do setor de Siderurgia. A Análise Técnica é muito utilizada pelos investidores pessoa física, talvez pela sua aparente simplicidade, pois ela é basicamente a análise do gráfico histórico de preços de uma ação. Como pode um simples gráfico indicar o melhor momento para comprar ou vender uma ação? A Análise Técnica enfatiza que o mais importante é entender o comportamento do mercado, registrado no gráfico de preços, que, por sua vez, é consequência de todas as informações realmente relevantes, não importando quais informações são essas. Portanto, para a Análise Técnica, não há necessidade de se avaliar outras informações, além do gráfico de preços. Este livro se destina ao investidor pessoa física que ainda não tem um método para análise de ações ou que tem interesse em conhecer e incluir a Análise Técnica no processo de investimento em ações. A Análise Técnica pode ser utilizada em sinergia com a Análise Fundamentalista: ela pode ser aplicada para decidir o melhor momento para comprar ou vender, uma ação escolhida utilizando critérios fundamentalistas. A Análise Técnica também é denominada Análise Gráfica, e seus praticantes são os grafistas ou analistas gráficos. Este livro vai ajudá-lo a ser um grafista de sucesso!

CAPÍTULO 1 Fundamentos O Mercado é Previsível? Para cada decisão que tomamos em nossa vida, levamos em conta as suas consequências, sejam elas imediatas ou de longo prazo. Na verdade, estamos especulando o tempo inteiro: na escolha de uma profissão, no dia a dia do nosso trabalho, nas relações familiares, na hora de decidir o que vamos comer no almoço ou como vamos usufruir o final de semana. Escolhemos em função das nossas melhores expectativas, que nem sempre são realizadas ou, pelo menos, não exatamente da forma esperada – somos especuladores por natureza. Da mesma maneira, por trás de cada ordem de compra e venda de ações, há uma pessoa com motivações e expectativas únicas influenciando a sua decisão. Mas o mercado é movido por uma massa de investidores, cujas decisões individuais são somadas. O resultado pode ser um consenso ou um desequilíbrio de expectativas, que vão favorecer a alta ou a baixa das ações. A massa de investidores reflete padrões comportamentais, como ganância e medo, euforia e pânico, que são recorrentes, pois são intrínsecos à natureza humana. Esses padrões podem ser detectados e sugerir as situações mais previsíveis do mercado. Como detectar esses padrões? No início do século XX, Charles Dow estudou o histórico de índices, que refletiam o comportamento médio diário das Bolsas. Ele observou que o mercado não é aleatório, que há uma lógica nos seus movimentos; e constatou que ele se move segundo tendências. Elas podem ser identificadas por meio de gráficos, que contêm toda a informação relevante. Para se dar bem no mercado, o investidor os utiliza para identificar uma tendência e investir a seu favor, até que apareçam evidências contrárias. O mercado não é previsível, mas existem oportunidades com maior chance de obter sucesso, como aproveitar os movimentos de tendência definida, que explicaremos com mais detalhes a seguir.

Princípios da Análise Técnica A Análise Técnica está baseada em alguns princípios, que formam a base conceitual para o desenvolvimento de uma grande variedade de técnicas ou estudos. É preciso entender e acreditar na validade desses princípios, para haver coerência na interpretação técnica dos gráficos.

O preço desconta tudo Não é importante saber POR QUE os preços se movem em uma determinada direção; os motivos podem ser os mais diversos e, na maioria das vezes, difíceis de descobrir. Toda informação relevante está embutida no preço: macroeconomia, conjuntura setorial, balanço

de empresas, fatores políticos etc. O importante é conhecer COMO os preços se movem, pois o que importa mesmo é saber quando comprar ou vender, sem precisar entender o motivo da alta ou da baixa. Mais que os próprios fatos, o importante é como o mercado os interpreta e age na forma da movimentação dos preços. Os movimentos de alta ou baixa, registrados em um gráfico, podem ser consequência de fatores econômicos ou políticos, mas não importa a causa: toda a informação relevante está contida no preço. O PREÇO DESCONTA TUDO! Figura 1.1 Fatores políticos e econômicos movimentam a alta e a baixa do Ibovespa.

Fonte: www.nelogica.com.br

O Preço Tem Tendência O comportamento da massa de investidores gera tendências consistentes; o mercado não é aleatório e mostra situações de grande previsibilidade. O movimento dos preços reflete a percepção positiva ou negativa dos investidores em relação ao mercado. As expectativas mudam com frequência, mas existem períodos em que prevalece o otimismo ou o pessimismo. Nesses períodos, observamos que, embora os preços oscilem, eles caminham segundo uma tendência; é nessa situação que aparece a melhor oportunidade para comprar ou vender. No gráfico a seguir (Ibovespa diário), podemos observar claramente movimentos alternados de Tendência de Alta e de Baixa. O objetivo do analista gráfico é detectar o início da tendência, a melhor situação para entrar no mercado e, o final dela, quando o lucro é realizado.

Figura 1.2 O Ibovespa (1994-2012) alterna movimentos de alta e baixa.

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A história se repete O mercado é movido por pessoas, ou melhor, por uma massa de pessoas, cujo comportamento segue a lógica emocional da perda e do ganho, do medo e da ganância. O comportamento da massa acompanha determinados padrões que se repetem ao longo do tempo. A repetição destes padrões, registradas no gráfico, aumenta a previsibilidade do mercado. A Análise Técnica existe porque a história sempre se repete, com pequenas diferenças, mas com padrões gráficos recorrentes. A análise de padrões gráficos deve ser feita com muito cuidado, pois temos a tendência de perceber padrões com muita facilidade, mesmo onde eles não existem. Observar padrões relevantes e válidos é mais uma arte do que uma ciência, é uma habilidade desenvolvida gradualmente, com muito estudo e prática.

Figura 1.3 O Ibovespa apresenta padrões recorrentes nas reversões de tendência.

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Tipos de Gráficos Há basicamente três formas de representar o gráfico de preços: Linha, Barras e Candlestick. A forma mais simples de apresentar um gráfico de preços é o Gráfico de Linha. O Gráfico de Linha, composto pelo preço de fechamento diário, é um gráfico simples, de fácil visualização e suficiente para a identificação de alguns padrões gráficos.

Gráfico de Barras Entretanto, existem outros preços importantes, além do de fechamento: o preço de Abertura, o preço Máximo e o preço Mínimo do dia.

Uma das formas de representar os quatro preços é por meio do Gráfico de Barras. Nele, o valor do preço é identificado ao longo de uma barra, sendo que o preço de abertura é indicado por um traço horizontal à esquerda da barra, e o de fechamento, à sua direita. O Gráfico de Linha nos dá apenas a informação sobre o fechamento do mercado, e não a informação sobre a movimentação do preço durante o pregão. Os preços de abertura, máximo e

mínimo, encontrados no Gráfico de Barras, permitem as análises mais sofisticadas sobre o comportamento do mercado. Figura 1.4 Gráfico de Linha x Gráfico de Barras.

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Gráfico Candlestick O Gráfico Candlestick é formado por um corpo e por sombras superiores e inferiores. Como no Gráfico de Barras, cada candle representa quatro preços: o corpo representa os preços de Abertura e Fechamento, enquanto as sombras, os preços Máximo e Mínimo. Figura 1.5 Gráfico Candlestick – corpo e sombras.

Quando o corpo é vazado, o candle é de alta, ou seja, o preço de fechamento está acima do preço de abertura. Quando o corpo do candle está preenchido, significa que o mercado fechou em baixa, ou seja, o preço de fechamento está abaixo do preço de abertura. A maioria dos softwares gráficos permite identificar os candles de alta e de baixa, por meio da

diferenciação das cores: azul ou verde para a alta e vermelho para a baixa, por exemplo. Figura 1.6 Gráfico Candlestick – alta e baixa.

Gráfico de Barras x Gráfico Candlestick O Gráfico de Barras e o Candlestick favorecem a análise mais detalhada do movimento dos preços. Podemos identificar claramente os preços de abertura, máximo, mínimo e de fechamento. Em geral, todas as técnicas desenvolvidas para o Gráfico de Barras podem ser aplicadas no Gráfico de Candlestick, sem prejudicar a análise. O Candlestick permite uma melhor visualização das tendências, pois o corpo vazado ou cheio identifica rapidamente qual é a tendência, se de alta ou de baixa. Ele possibilita também identificar uma série de padrões que não encontramos no Gráfico de Barras. Os principais padrões, na maioria de reversões de tendência, serão apresentados no Capítulo 4, sobre Candlestick. Figura 1.7 Gráfico de Barras x Candlestick – Ibovespa diário.

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Período do Gráfico Uma barra ou candle pode representar preços em qualquer intervalo de tempo: um dia, uma semana, um mês ou um período intradiário, por exemplo de 15 minutos. O mais comum é o Gráfico Diário, no qual os preços de abertura – máximo, mínimo e, principalmente, o de fechamento – são mais significativos, pois o mercado faz um planejamento diário para as suas operações. Também é muito utilizado o período intradiário ou intraday, principalmente para ativos negociados em mercados mais líquidos, como opções e futuros, em que se pratica o day trade ou a compra e venda do ativo no mesmo dia. É comum fazer análises simultâneas de gráficos, em diferentes períodos, com o objetivo de utilizar táticas operacionais de curto prazo, mas com planejamento estratégico de longo prazo. No entanto, o mais importante é que a Análise Técnica é válida para gráficos de diferentes períodos, atendendo a estratégias de curto, médio e longo prazos. Figura 1.8 Ibovespa mensal, semanal, diário e intradiário.

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Teoria de Dow Charles Dow, como já foi mencionado, foi um dos pioneiros da Análise Técnica e fez importantes contribuições para o estabelecimento dos seus fundamentos. Uma das principais premissas da Análise Técnica, a de que o preço incorpora todas as informações relevantes, é oriunda de sua afirmação de que as médias descontam tudo. Vamos analisar, a seguir, os demais tópicos da Teoria de Dow, sobre os quais se fundamentam uma série de técnicas gráficas.

I – O movimento dos preços pode ser dividido em três tendências Tendência primária (longo prazo) É um movimento longo que pode ser de alta ou de baixa e leva a uma grande valorização ou desvalorização dos ativos. As tendências primárias duram aproximadamente de um a dois anos. Tendência secundária (médio prazo) Normalmente, a tendência secundária dura alguns meses e pode corrigir até dois terços da tendência primária, da qual ela faz parte. Tendência terciária (curto prazo) As tendências terciárias fazem parte das secundárias, durando em média algumas semanas. Elas se comportam em relação às tendências secundárias da mesma maneira que as secundárias em relação às primárias. Figura 1.9 Tendência primária e secundária.

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II – A tendência primária tem três fases No caso da Tendência de Alta, Dow identificou as seguintes fases:

Acumulação Alta Sensível Euforia No início da tendência, a maioria tem opinião contrária, e apenas uma pequena minoria começa a se posicionar. São investidores que possuem alguma informação privilegiada, que, portanto, justifica essa posição contrária. A fase seguinte, Alta Sensível, é a fase em que a tendência pode ser confirmada tecnicamente. Segundo Dow, é nesta fase que o investidor deve entrar no mercado. A última fase da tendência, a Euforia, ocorre quando a informação é totalmente pública, e os leigos no assunto resolvem entrar no mercado. É a hora em que os profissionais começam a se desfazer lentamente das suas posições, realizando os lucros obtidos até então. Uma característica desta fase final é a popularização súbita do mercado: se o engraxate estiver opinando sobre o mercado, venda! Figura 1.10 As três fases da Tendência de Alta – Pão de Açúcar PN Diário.

Fonte: www.nelogica.com.br

De forma análoga à Tendência de Alta, a de baixa também é dividida em três fases.

Distribuição

Baixa Sensível Pânico Na fase de Distribuição, os grandes investidores se desfazem lentamente de suas posições; movimento iniciado na fase de Euforia, no final da Tendência de Alta. Na fase seguinte, Baixa Sensível, a tendência pode ser confirmada tecnicamente – é nesta fase que o investidor deve sair do mercado. A última fase da tendência, o Pânico, ocorre quando a informação é totalmente pública e os amadores resolvem se desfazer da posição a qualquer preço. É a hora em que os profissionais começam a comprar e montar novas posições, antes do novo movimento de alta. Figura 1.11 As três fases da Tendência de Baixa – Ibovespa diário.

Fonte: www.nelogica.com.br

III – O volume confirma a tendência A tendência, para ser consistente, precisa da participação de um número crescente de investidores, pois só assim ganhará força para dar continuidade à sua trajetória.

Entretanto, tome cuidado nos movimentos rápidos, associados a baixo volume negociado; são situações típicas em que manipuladores criam altas ou baixas artificiais, gerando falsas tendências, sem qualquer consistência. No gráfico a seguir, repare que, no final da fase de euforia, o volume começa a decrescer, divergindo do movimento de alta, que está próximo do fim. Figura 1.12 O volume confirma a tendência – Usiminas PNA diário.

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IV – A tendência acaba com os sinais definitivos de Reversão Parece intuitivo identificar uma tendência, mas como saber até quando ela vai durar?

Durante o percurso do movimento de uma tendência, acontecem várias retrações em decorrência de movimentos temporários de realização de lucros, para retornar em seguida à sua direção original. Dow recomenda não se tentar antecipar o fim da tendência, mas se observar, por meio das evidências, se ela realmente acabou, mesmo que isso reduza os seus lucros! O seguidor de tendência só entra no mercado após a confirmação da tendência (fase de alta sensível); e ele só sairá quando

observar sinais definitivos de que a tendência acabou. Charles Dow é um seguidor de tendência por excelência! Veja na Figura 1.13 que, apesar de ocorrerem algumas reações secundárias durante o movimento de alta, o final do movimento se configura apenas com o rompimento da linha que suporta a tendência. Figura 1.13 Sinais definitivos de reversão – Petrobras diário.

Fonte: www.nelogica.com.br

CAPÍTULO 2 Suporte e Resistência Como Identificar a Força de Compradores e Vendedores A Tendência de Alta é o resultado de uma força compradora maior, enquanto a Tendência de Baixa reflete o domínio dos vendedores. Qualquer que seja a tendência, o movimento não é uniforme: há momentos em que a força entre compradores e vendedores se alternam, mesmo que de forma transitória. São situações em que ocorre uma pequena reversão, mas a tendência principal é retomada em seguida, após uma breve realização de lucros. A tendência principal chega ao fim quando ocorre uma grande inversão de forças entre os compradores e os vendedores. Nesse caso, a reversão da tendência é duradoura. Veremos, neste capítulo, que a alternância de força entre compradores e vendedores, seja ela transitória ou duradoura, pode ser detectada graficamente, gerando oportunidades de compra ou de venda de ações. Um método simples para o cálculo dos níveis de Suporte e Resistência utiliza a sequência de números de Fibonacci, cujas razões (por exemplo, a divisão de um número pelo seu antecessor) ajudam a medir a extensão de um movimento, seja ele de alta ou de baixa. Ralph Nelson Elliott foi o responsável pela aplicação das razões de Fibonacci, com o objetivo de medir os movimentos do mercado. Na sua época, década de 1920, já fazia parte do conhecimento científico a descoberta da sequência de Fibonacci em diversos fenômenos naturais, como a estrutura em espiral do Nautilus (tipo do concha) e a cadeia de reprodução de coelhos. Elliott também utilizou as razões de Fibonacci na mensuração da estrutura de ondas, que é a forma que descreve o movimento do mercado. Diferentemente da Teoria de Dow, a Teoria da Onda, criada por Elliott, define regras que permitem prever a amplitude de cada movimento do mercado.

Tendência A Teoria de Dow tem como principal fundamento o estudo das tendências. Uma tendência parece visualmente evidente no Gráfico de Preços, mas, para detectá-la corretamente, é necessário recorrer a uma definição mais técnica. A partir desta definição, será possível analisar padrões gráficos mais elaborados, matéria-prima no processo da Análise Técnica.

Tendência de Alta É caracterizada por fundos ascendentes. Fundos são pontos de Suporte, nos quais a força dos compradores supera a dos vendedores; fundos ascendentes significam que os compradores estão dispostos a comprar a preços cada vez mais

altos, dando sustentação e continuidade à Tendência de Alta.

Linha de Tendência de Alta Uma Linha de Tendência de Alta é desenhada, unindo-se os fundos cada vez mais altos de um movimento de alta. Pode-se iniciar o desenho de uma Linha de Tendência de Alta ligando-se dois pontos (fundos). No entanto, a linha somente será confirmada com o toque de um terceiro ponto. Figura 2.1 Linha de Tendência de Alta (Cemig PN diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Tendência de Baixa É caracterizada por topos descendentes. Topos são pontos de Resistência, nos quais a força dos vendedores supera a dos compradores; topos descendentes significam que os vendedores estão dispostos a vender a preços cada vez mais baixos, dando sustentação e continui-dade à Tendência de Baixa.

Linha de Tendência de Baixa Uma Linha de Tendência de Baixa é desenhada unindo-se os topos cada vez mais baixos de um movimento de baixa. Figura 2.2 Linha de Tendência de Baixa (Usiminas PNA Diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Características da Linha de Tendência O grau de importância de uma Linha de Tendência é proporcional às vezes que ela é testada e a sua duração. Pode-se utilizar os preços máximo, mínimo e fechamento. No Gráfico Diário, o preço de fechamento é mais importante, mas a ênfase deve ser dada à frequência de ocorrência do mesmo nível de preço, independente do seu tipo. A Linha de Tendência pode sofrer pequenas penetrações. A linha não tem precisão milimétrica, deve-se utilizar o bom senso como parâmetro para uma boa análise.

Rompimento da Linha de Tendência O rompimento de uma Linha de Tendência de Alta (Baixa) não sinaliza necessariamente o início de uma Tendência de Baixa (Alta). O mercado pode começar a trabalhar dentro da distribuição (acumulação). A perda de uma Linha de Tendência indica apenas o encerramento da tendência atual. A quebra da Linha de Tendência Alta (Baixa) deve ser confirmada com um fechamento abaixo (acima) dela.

Tendência Lateral Caracteriza-se pela formação de topos e fundos no mesmo nível horizontal. Ela representa o equilíbrio entre a pressão compradora e a vendedora, em que os preços são negociados dentro de uma faixa delimitada por retas horizontais. Algumas técnicas seguidoras de tendência não se aplicam na Tendência Lateral. Figura 2.3 Tendência Lateral (SID Nacional ON diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Altas e Baixas memoráveis A história recente do mercado internacional mostra exemplos de grandes movimentos de alta e de baixa. As grandes crises internacionais têm reflexo imediato no mercado da Bovespa, conforme podemos observar no gráfico do Ibovespa no período de julho de 1994 a março de 2012. Na Figura 2.4, as Tendências de Baixa estão caracterizadas por topos descendentes; e a Tendência de Alta, evidenciada pelos fundos ascendentes.

Figura 2.4 Altas e Baixas memoráveis (Ibovespa diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Canal Em várias ocasiões o preço se movimenta para cima da Linha de Tendência de Alta e, simultaneamente, para baixo de uma linha paralela a ela, delineando o que chamamos de canal.

Canal de Alta Um Canal de Alta é desenhado traçando-se uma reta paralela à Linha de Tendência de Alta e, ao mesmo tempo, unindo-se os topos ascendentes.

Operar um Canal de Alta Num Canal de Alta, o teste da Linha de Tendência pode ser utilizado para o aumento de posições de compra e o topo da figura, para a realização do lucro. A quebra da Linha de Tendência sinaliza o final de uma tendência. Já o rompimento da linha paralela à Linha de Tendência apenas implica uma aceleração do movimento atual.

Figura 2.5 Canal de Alta (Gerdau PN diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Canal de Baixa Um Canal de Baixa é desenhado traçando-se uma reta paralela à Linha de Tendência de Baixa e, ao mesmo tempo, unindo-se os fundos descendentes.

Operar um Canal de Baixa Num Canal de Baixa, o teste da Linha de Tendência pode ser utilizado para o aumento de posições de venda e o fundo da figura, para a realização de lucro. A quebra da Linha de Tendência sinaliza o final de uma tendência. Já o rompimento da linha paralela à Linha de Tendência apenas implica uma aceleração do movimento atual.

Figura 2.6 Canal de Baixa (Petrobras PN diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Suporte e Resistência O mercado é uma disputa entre compradores e vendedores; quando os compradores predominam, temos uma Tendência de Alta, enquanto na baixa preponderam os vendedores. A Tendência de Alta pode terminar e até reverter quando os vendedores se tornam mais fortes que os compradores. Essa situação caracteriza o conceito de Resistência. Na Baixa, o conceito de Suporte identifica a situação em que os compradores se igualam ou predominam sobre os vendedores.

Reta de Suporte O Suporte representa o nível de preço no qual a pressão compradora supera a vendedora e interrompe o movimento de baixa. É identificado por uma linha horizontal, traçada a partir de um fundo anterior.

Força dos compradores No gráfico a seguir, podemos observar que o movimento de baixa, iniciado em janeiro, encontra pontos de Suporte no final deste mês e acaba revertendo a situação para uma Tendência de Alta. Este mesmo nível de Suporte deverá ser testado na atual Tendência de Baixa, iniciada em março. Figura 2.7 Reta de Suporte (Santander BR diário).

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Reta de Resistência A Resistência representa o nível de preço no qual a pressão vendedora supera a compradora e interrompe o movimento de alta. É identificada por uma linha horizontal, traçada a partir de um topo anterior.

Os topos representam regiões em que a pressão vendedora volta a ser mais forte em relação à força compradora. Em uma Tendência de Alta, retratam uma pausa em seu curso e tendem a ser superados em algum momento.

Força dos vendedores No gráfico a seguir, podemos identificar diversos pontos de Resistência, que, unidos, compõem uma Reta de Resistência: abril, maio e junho de 2012. Quanto mais pontos de Resistência houver, mais forte será a Reta de Resistência. Quanto mais longo for o período coberto pela reta, mais forte será a Resistência. O mesmo conceito se aplica à Reta de Suporte. Figura 2.8 Reta de Resistência (Dasa ON diário).

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Características do Suporte e da Resistência A dificuldade de uma tendência superar um Suporte ou uma Resistência pode significar uma sinalização de mudança da tendência.

Quanto mais tempo o movimento respeitar o nível de Suporte/Resistência, mais relevante será o Suporte/Resistência. A vantagem de se traçar uma Reta de Suporte ou Resistência é poder prever futuros pontos de Suporte e Resistência. Estes pontos estariam contidos no prolongamento das retas; e o eventual rompimento de uma delas, poderia significar o final da tendência. O rompimento do Suporte/Resistência geralmente é acompanhado pelo aumento do volume negociado.

A importância de um Suporte/Resistência também está relacionada ao tempo em que ele ocorreu; se for mais recente, o Suporte/Resistência será mais significante. Normalmente, o Suporte rompido se transforma em Resistência, analogamente, a Resistência superada se transforma em Suporte.

Níveis de Suporte e Resistência Podemos identificar diversos níveis de Suporte ou Resistência durante uma Tendência. Na Figura 2.9, no período de abril a outubro de 2012, podemos identificar quatro pontos de Suporte do Ibovespa. Figura 2.9 Níveis de Suporte e Resistência (Ibovespa diário).

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Ondas de Elliott Na década de 1930, Ralph Nelson Elliott começou a analisar o mercado de ações, especialmente o Índice Dow Jones, e acabou publicando uma série de artigos na Financial World Magazine. Nesses artigos, ele apresentou, pela primeira vez, a Teoria da Onda. Segundo Elliott, o movimento do preço sempre segue o seguinte padrão: a Tendência Principal é composta de cinco ondas: ondas 1, 2, 3, 4 e 5; a correção da Tendência Principal é composta de três ondas; a, b e c; um ciclo completo é, portanto, composto de oito ondas. A seguir, um exemplo de movimento de alta; a mesma estrutura é válida para um movimento de baixa.

Figura 2.10 Movimento do preço.

Dentro de uma tendência, podem ocorrer Ondas de Impulso e Ondas Corretivas. As ondas de impulso 1, 3, 5, a e c são a favor da tendência. As ondas corretivas 2, 4 e b são ondas que impedem temporariamente o avanço da tendência. Perceba que as ondas a e c são de impulso, pois estão a favor da tendência da onda que corrige a tendência principal. Figura 2.11 Ondas de Impulso e Corretivas.

As Ondas de Elliott possuem uma estrutura básica, que se repete em vários níveis. O ciclo completo de oito ondas pode conter ou estar contido em outros níveis de ondas. O analista que utiliza a Teoria da Onda deve procurar identificar, em um gráfico aparentemente caótico, a estrutura das Ondas de Elliott. Este tipo de estrutura, que se multiplica em diversos níveis, é denominado Fractal e encontrado em diversos fenômenos naturais.

Figura 2.12 Estrutura Fractal das ondas.

Figura 2.13 Ondas de Elliott (Suzano PNA diário).

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Figura 2.14 Ondas de Elliott (MMX ON diário).

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Sequência de Fibonacci Leonardo de Pizza (Fibonacci) foi o matemático mais notável da Idade Média (século XIII). Além de revolucionar o sistema de contagem indu-arábico, inventou uma sequência numérica encontrada em diversos fenômenos da natureza, por exemplo, no animal marinho Nautilus (figura) e nas proporções do corpo humano.

Os números da sequência de Fibonacci são obtidos por meio da soma dos dois números anteriores: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89. Exemplo: 1+1 = 2; 1+2 = 3; 2+3 = 5; 3+5 = 8; 5+8 = 13. A divisão de um número qualquer de Fibonacci pelo seu posterior resulta sempre em uma razão próxima de 62%. Exemplo: 21/34 é igual a 34/55, que é igual a 55/89, que é igual a 0,61803 ou cerca de 62%. O seu inverso será sempre próximo de 1.618. A divisão pelo segundo posterior resulta em uma razão próxima de 38%. Exemplo: 13/34 = 21/55 = 34/89 = 0,38197 O seu inverso será sempre próximo de 2.61. Esta razão, denominada Razão de Ouro, foi utilizada por Elliott para medir o comprimento das ondas. O grande mérito de Elliot foi ter sido o primeiro a utilizar as séries de Fibonacci no mercado financeiro. Figura 2.15 Nautilus.

As Ondas Corretivas seguem uma razão de ouro; é muito frequente se encontrar uma Onda 2, que corrige a Onda 1, numa razão próxima de 62%. Dessa forma, dado o comprimento da Onda 1, é possível fazer uma previsão da Onda 2 em torno de 62% da Onda 1. A razão de ouro, ou número Phi, também pode ser usada para a previsão das ondas de impulso. Nesse caso, podemos observar que a Onda 3 superou o pico da Onda 1 na razão de aproximadamente 62%.

Outra razão muito encontrada nas Ondas de Elliott é a de 38%. A seguir, no gráfico do Ibovespa diário, podemos visualizar como a razão de ouro ocorre em uma estrutura de Ondas de Elliott. A Onda 3 superou o pico da Onda 1 em aproximadamente 62%. A Onda 4 corrigiu a Onda 3 em aproximadamente 38%. A Onda A corrigiu a Onda 5 em aproximadamente 62%. Em todos esses casos, um planejamento de operações para esses pontos críticos vai explorar uma excelente oportunidade de obter alto retorno com um baixo risco. Figura 2.16 Ondas de Elliott e Fibonacci (Ibovespa diário).

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As Ondas 1 e 2 são importantes porque ajudam a identificar a Onda 3. Uma das regras mais importantes é a de que a Onda 2, que corrige a Onda 1, não pode romper a origem da Onda 1.

Elliott e Dow Há uma correspondência das Ondas de Elliott com a Teoria de Dow. As Ondas 1 e 2 de Elliott correspondem à fase de acumulação da tendência de Dow. As duas teorias sustentam que é difícil identificar o início desta fase e, portanto, não é o momento mais técnico para entrar no mercado. Figura 2.17 Ondas 1 e 2 – Acumulação.

Entrar no mercado pela Onda 3 é o sonho de todo seguidor de Elliott. A Onda 3 tem a vantagem de ser geralmente a maior das Ondas; é nela que devemos surfar! A Onda 4 corrige a Onda 3, mas não pode ultrapassar o pico da Onda 1. As Ondas 3 e 4 de Elliott correspondem à fase de Alta Sensível de Dow. As duas teorias recomendam entrar no mercado neste momento, pois ele é o melhor.

Figura 2.18 Ondas 3 e 4 – Alta Sensível.

A Onda 5 é a última onda de impulso. Ao final dela, começa a correção da tendência principal. Esta correção é representada pelas Ondas a, b e c. É muito comum o comprimento da Onda 5 ficar próximo do comprimento da Onda 1. Durante a Onda 5, enquanto a multidão começa a entrar, o dinheiro esperto começa a desfazer as suas posições. As Ondas 5 e a, b, c, de Elliott, correspondem à fase de Euforia e Distribuição de Dow. É o momento certo para realizar lucros e sair do mercado!

Figura 2.19 Ondas 5, a, b, c – Euforia e Distribuição.

CAPÍTULO 3 Figuras O Gráfico Esconde Padrões Que a Maioria dos Investidores Desconhece Ao analisar o gráfico de preços, o analista técnico é capaz de visualizar diversas formações que podem significar padrões de continuidade ou reversão de uma tendência. Veremos, neste capítulo, como identificar essas figuras e quais são as suas consequências em relação à tendência do mercado. O gráfico de preços é uma representação do comportamento da massa de investidores e possui padrões que se repetem com frequência. Eles ficam registrados nos gráficos, em formações que lembram figuras – como triângulos, retângulos, bandeiras e outras mais elaboradas, por exemplo, a que se assemelha à formação de um ombro, seguido da cabeça e do segundo ombro. Algumas figuras aparecem durante uma tendência e representam uma pausa temporária para, em seguida, retomar o movimento na direção da tendência; elas são classificadas como de continuidade da tendência. Por outro lado, existem formações características de reversão de tendência; neste caso, é possível constatar, pela própria configuração da figura, que a tendência está perdendo força e que a supremacia do poder de compradores ou vendedores está se invertendo. Uma característica das figuras é que, além da identificação de padrões de continuidade ou reversão, elas sugerem uma projeção do movimento futuro, isto é, até que nível deve chegar o preço. Essa projeção é baseada no tamanho da figura. Normalmente, o movimento dos preços segue um padrão de continuidade, isto é, a sequência de preços, para cima ou para baixo, ocorre gradualmente, de forma contínua. Entretanto, existem situações de descontinuidade (GAP), em que a sequência de preços salta de um determinado nível para outro, deixando um “buraco” no gráfico. Essas formações podem identificar padrões de continuidade ou reversão. A identificação das figuras é uma arte, não há uma fórmula exata, apenas uma série de princípios que servem de orientação para o seu processo de análise e classificação.

Padrões de Continuidade Durante sua história, o mercado aprendeu a identificar diversos padrões gráficos, que refletem o comportamento recorrente dos investidores e sugerem uma projeção do movimento futuro do mercado. Quando eles aparecem no meio de uma tendência, podem representar apenas uma pausa no movimento da tendência principal, cuja direção original pode ser retomada. É natural, após um período de tendência, ocorrer um período de acomodação no qual os investidores têm dúvida sobre a

continuidade ou não da tendência. Neste período, é comum o preço oscilar entre Retas de Suporte e Resistência. Caso o rompimento de uma dessas retas esteja na direção da tendência principal, fica configurado o padrão de continuidade. As figuras são constituídas de vários candles ou barras (depende do tipo de gráfico) e delimitadas por formatos geométricos, como retângulos, triângulos, bandeiras etc. Uma característica importante dessas figuras é a possibilidade que elas oferecem de projetar a extensão do movimento de continuidade da tendência, a partir das medidas da própria figura; existe uma tendência de movimento simétrico à extensão da figura. O critério para o traçado das retas que delimitam a figura deve ser o da utilização de pontos que representam os níveis mais significativos de preço, não necessariamente os pontos extremos de cada candle ou barra. É preciso ter em mente que um movimento que origina uma figura de continuidade pode ser também um formador de padrão de reversão, pois, muitas vezes, o mesmo movimento também tem uma probabilidade de formar uma figura de reversão de tendência. Figura 3.1 Padrões de continuidade (BRF Foods ON diário).

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Retângulo O retângulo é uma figura caracterizada pela formação de uma Reta de Resistência e uma Reta de Suporte aproximadamente horizontais e paralelas. Essa formação aparece em momentos de congestão, e significa movimento sem tendência ou lateral, suscitando dúvidas sobre a retomada e continuidade da tendência. Enquanto os preços oscilam dentro dos limites estabelecidos pelas Retas de Suporte e Resistência, os investidores mais agressivos giram parte das suas posições, vendendo sempre que o preço atingir a Resistência e comprando sempre que o Suporte é atingido.

Figura 3.2

Continuidade da Tendência Em uma Tendência de Alta, após o provável rompimento da Reta de Resistência, o movimento retoma a tendência principal e tem como objetivo a distância equivalente à altura que separa as Retas de Suporte e Resistência. Caso o rompimento seja para baixo (Reta de Suporte rompida) a figura não deve ser interpretada como retângulo (figura de continuidade); ela pode ser entendida como um topo duplo ou triplo (veja figuras de reversão), que configuram um padrão de reversão. Figura 3.3 Retângulo de Baixa (Lojas Renner ON diário).

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Figura 3.4 Retângulo de Alta (Souza Cruz ON diário).

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Bandeira e Flâmula São duas figuras que indicam a continuidade da tendência. Estas formações são resultado de um breve período de acomodação do preço, que, após uma pausa, volta a se movimentar na direção da tendência principal. Estas figuras são formadas sempre na direção contrária à tendência principal.

Bandeira É caracterizada por linhas paralelas que formam um pequeno canal de tendência; já na figura da Flâmula, as linhas são convergentes. Ambas as figuras são precedidas de longa tendência que acaba se parecendo com o mastro de uma flâmula ou bandeira. Após a retomada da tendência, o mercado volta a realizar um movimento com a mesma amplitude que precedeu a figura (mastro).

Figura 3.5 Bandeira de Alta (Natura ON diário).

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Flâmula Figura semelhante à Bandeira, é caracterizada por linhas convergentes que formam um triângulo, cuja direção é contrária à tendência principal. A formação da Flâmula é precedida de longa tendência que acaba se tornando o equivalente ao Mastro da Flâmula. Após a retomada da tendência, o mercado volta a realizar um movimento com a mesma amplitude do Mastro.

Figura 3.6 Flâmula de Alta (Fibria ON diário).

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Triângulo A figura do triângulo é caracterizada pela convergência de Linhas de Tendência e Retas de Suporte ou Resistência. Podemos classificá-los em três tipos: de Alta ou Ascendente; de Baixa ou Descendente; Simétrico.

Triângulo de Alta Esta figura é constituída por uma linha superior horizontal (Reta de Resistência) e uma inferior (Linha de Tendência) ascendente, mostrando poder maior por parte dos compradores. É uma figura altista e sua confirmação é feita pelo corte da Reta de Resistência; a projeção do movimento é dada pela altura do triângulo.

Figura 3.7 Triângulo de Alta (Lojas Americanas PN diário).

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Triângulo de Baixa O Triângulo de Baixa é uma figura formada por uma linha inferior horizontal (Reta de Suporte) e uma superior (Linha de Tendência) descendente, o que mostra a maior força dos vendedores. É uma figura baixista e sua confirmação acontece pelo corte da Reta de Suporte; a projeção do movimento é dada pela altura do triângulo.

Figura 3.8 Triângulo de Baixa (Cyrela ON diário).

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Triângulo Simétrico O Triângulo Simétrico é diferente dos anteriores por dois motivos: 1. É formado por duas linhas inclinadas (Linhas de Tendência); não utiliza Reta de Suporte ou Resistência; 2. O rompimento do triângulo pode ocorrer em qualquer uma das Linhas de Tendência, o que oferece a possibilidade de descontinuidade da tendência principal. O rompimento do vértice superior pode representar a continuidade da Tendência de Alta, e o do vértice inferior, a reversão da Tendência de Alta. Nas formações triangulares, o volume tende a diminuir quando o triângulo se forma; a subir quando ocorre o rompimento da Linha de Tendência e pode diminuir no pull-back (pequena retração do movimento principal) e aumentar na retomada da tendência.

Figura 3.9 Triângulo Simétrico (All Logística ON diário).

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Figuras de Reversão O primeiro sinal de mudança da tendência é o rompimento de uma Linha de Tendência, fundamento que faz parte dos princípios da Teoria de Dow. Muitas vezes, o rompimento da Linha de Tendência é precedido por determinadas formações que chamamos de figuras de reversão. Vale a pena lembrar que as figuras que chamamos de reversão podem sinalizar apenas o início de um “mercado de lado” (tendência lateral), e não necessariamente o início de uma tendência contrária ao movimento principal. Por outro lado, a caracterização de uma figura de reversão aumenta significativamente a probabilidade de reversão do movimento. Antes da verificação de uma figura de reversão, é fundamental identificar uma clara tendência em curso (condição necessária para ocorrer a reversão).

Figura 3.10 Figuras de reversão (Marfrig ON diário).

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Ombro-Cabeça-Ombro (OCO) Esta figura, como qualquer outra de reversão, é um refinamento do conceito de tendência, caracterizado como um movimento de sucessivos topos e fundos ascendentes.

Observe que, no OCO, até a formação da cabeça (C), a tendência é de alta; a quebra da Linha de Tendência (segundo fundo, no mesmo nível que o anterior, e terceiro topo, inferior ao topo anterior) é o primeiro sinal de alerta. Ligando-se os dois fundos, localizados entre os ombros, podemos traçar a Linha de Pescoço. O fator decisivo na definição do OCO é o rompimento da Linha de Pescoço, que dá origem a uma Tendência de Baixa. O objetivo, após a ruptura da Linha de Pescoço, é medido pela distância vertical entre a Linha de Pescoço e o ponto máximo da cabeça. Projeta-se este objetivo, a partir do ponto de ruptura da linha de pescoço.

Figura 3.11 Ombro-Cabeça-Ombro (Telefonica PN diário).

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Ombro-Cabeça-Ombro Invertido A figura Ombro-Cabeça-Ombro pode ser invertida.

Neste caso, ela é formada por um primeiro fundo que é o ombro esquerdo; um segundo fundo maior que é a cabeça e um terceiro fundo que é o ombro direito. A Linha do Pescoço é a Reta de Resistência formada pelos topos da figura. A reversão da Tendência de Baixa acontece com o rompimento da Linha de Pescoço, e sua extensão é determinada pela distância da Linha do Pescoço até o extremo da cabeça.

Figura 3.12 Ombro-Cabeça-Ombro invertido (Gerdau PN diário).

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Topo Duplo O Topo Duplo é caracterizado pelo aparecimento de dois topos, que formam uma figura com o formato da letra “M”. Com isso, é possível traçar, nos topos, uma Reta de Resistência, e, no fundo, uma Reta de Suporte.

Com o rompimento do Suporte, a projeção da baixa é igual a distância entre o topo e o fundo. O volume deve ser menor no segundo topo em relação ao primeiro. Quanto maior for o tempo entre os dois topos, mais significativa se tornará a figura.

Figura 3.13 Topo duplo (BMF Bovespa ON diário).

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Fundo Duplo A figura conhecida como Fundo Duplo apresenta dois fundos, que formam uma figura parecida com a letra “W”.

De forma análoga à figura anterior, traçamos uma Reta de Resistência no topo e uma Reta de Suporte nos fundos. Com o rompimento da Reta de Resistência, a projeção de alta será igual à distância entre os fundos e o topo.

Figura 3.14 Fundo duplo (Copel PNB diário).

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GAPS GAPS é uma denominação que descreve um movimento no qual ocorre uma descontinuidade dos preços: o preço dá um salto ou uma queda, formando um intervalo em que não houve negócio. Essa situação acontece, muitas vezes, em função de algum fato inesperado, divulgado após o fechamento do pregão, quando não existe a possibilidade de negociação imediata. Os investidores têm mais tempo para digerir o fato novo e, eventualmente, concluir que o nível de preço se deslocou para um novo patamar. As ações que possuem ADR’s equivalentes, negociadas em Nova York, estão sujeitas a GAP’s nos períodos em que esses mercados não operam simultaneamente. Nos dias em que é feriado em São Paulo e ocorrem mudanças de preços significativas em Nova York, a Bovespa abre com GAP, e o preço, em São Paulo, é ajustado imediatamente. Dependendo do contexto e das suas consequências, podemos classificar os GAPS em quatro tipos: Comum (Área); Corte; Continuidade (Medida, Fuga); Exaustão; Ilha de Reversão.

Figura 3.15 GAPs (Petrobras PN diário).

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GAP Comum Aparece em movimento de congestão, seja de acumulação ou de distribuição. Normalmente, isso não implica aumento de volume; os GAPS são fechados rapidamente, ou seja, o preço retorna ao patamar anterior.

GAP de Corte Sinaliza o início de uma tendência e/ou rompimento de uma congestão. Rompe o padrão de comportamento vigente, indicando um novo padrão de movimento. Atente para o possível aumento de volume, que vai dar maior consistência à nova tendência.

Figura 3.16 GAP Comum e GAP de Corte (Petrobras PN diário).

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GAP de Continuidade Sinaliza a continuidade de uma tendência. Diferentemente do GAP de Corte, ele ocorre quando a tendência já está definida.

GAP de Exaustão Sinaliza o final de uma tendência; é o esforço derradeiro dos investidores que estão posicionados a favor da tendência. O mercado está supercomprado (ou supervendido), os compradores (ou vendedores) já estão perdendo a força, e é iminente o final da tendência. Depois de um período de oscilações, normalmente o GAP é preenchido.

Figura 3.17 GAP de continuidade e exaustão (Petrobras PN diário).

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Ilha de Reversão É caracterizado por dois GAPS, sendo o que o primeiro é de exaustão. Após o primeiro GAP, os preços entram em uma faixa de congestão e, em seguida, ocorre o segundo GAP, invertendo a tendência anterior. Esse padrão é um forte sinalizador de reversão de tendência, ele também é conhecido como Ilha de Reversão.

Figura 3.18 GAP Ilha de Reversão (Petrobras PN diário).

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CAPÍTULO 4 Candlestick A Lógica do Comportamento do Mercado Os japoneses começaram a usar a Análise Técnica no mercado de arroz em meados do século XVIII. O desenvolvimento da técnica do Candlestick deve-se a Homma, um legendário negociante de arroz de Sakata, Japão. No ocidente, o Candlestick foi introduzido por um analista técnico da corretora Merril Lynch. Steve Nison publicou um artigo, em 1990, que se tornou um sucesso. Ele era o resumo das principais ideias do Candlestick e foi reproduzido não só nos Estados Unidos, como no mundo todo, inclusive no Brasil. Hoje, o Gráfico de Candlestick é tão popular quanto o Gráfico de Barras e é o preferido dos operadores de curto prazo, seja um Day trader ou Swing trader. O Candlestick, da mesma forma que o Gráfico de Barras, é formado pela representação dos preços de Abertura, Máximo, Mínimo e Fechamento. O grande diferencial em relação ao Gráfico de Barras é a ênfase nos preços de abertura e fechamento; a visualização da alta ou da baixa fica mais evidente no Gráfico do Candlestick. Além das figuras estudadas no Capítulo 3, o Candlestick apresenta figuras específicas, a maioria sinalizando reversões de tendência. Essas figuras recebem denominações que tentam traduzir o formato ou o significado da formação; são nomes exóticos, como Homem Enforcado, Martelo, Estrela da Manhã, Tempestade à Vista etc. As figuras do Candlestick podem se formar a partir de uma única barra, ou candle, ou podem ser a combinação de vários candles, mas o importante é o contexto em que está inserida a figura. Dependendo do contexto, a mesma figura pode significar alta ou baixa. É possível operar nos mercados utilizando apenas o Candlestick; o importante é entender a lógica comportamental que dá origem à figura e que traduz a briga entre compradores e vendedores. Embora existam regras para a identificação e classificação das figuras, elas não devem ser interpretadas de forma rígida, deve-se, acima de tudo, interpretar os candles como a representação do aspecto comportamental do mercado: quem está mais forte, o comprador ou o vendedor?

Candlestick — Figuras Básicas Para entender a estrutura elementar de um Candlestick, veja a descrição no Capítulo 1. Antes de abordarmos suas principais formações, é conveniente conhecermos as figuras básicas que o compõe. A inserção destas figuras em determinados contextos geram padrões de reversão ou continuidade da tendência.

Dias longos Um dia longo representado por um forte movimento de preço, desde a abertura até o fechamento, com predomínio dos compradores (longo corpo vazado) ou dos vendedores (longo corpo preenchido).

Marubozu Marubozu é uma expressão japonesa que quer dizer careca; representa um longo dia de alta ou o inverso, um longo dia de baixa. Observamos que não existem sombras, isto é, os preços máximos e mínimos são iguais ou muito próximos ao preço de abertura ou fechamento. O Marubozu representa os dias em que os compradores ou vendedores dominaram completamente o mercado.

Dias curtos Representa os dias em que nenhum dos preços (abertura, máximo, mínimo ou fechamento) tem movimento significativo, resultando em um equilíbrio entre compradores e vendedores

Estrelas Caracterizado por pequenos corpos reais em GAP (região na qual não ocorre negociação), acima ou abaixo de um corpo real longo, formam par com várias figuras de reversão.

Spinning tops O Spinning top, que talvez possa ser traduzido por peão girador, representa uma situação de relativo equilíbrio entre compradores e vendedores, mas com forte oscilação de preço.

Paper umbrella Paper umbrella quer dizer guarda-chuva de papel, em inglês. São figuras que aparecem no final de tendências, com forte indicação de reversão.

DOJI A DOJI ocorre quando os preços de Fechamento e de Abertura são praticamente iguais.

O comprimento das sombras superior e inferior pode variar, resultando em diferentes tipos de DOJI: Star ou Estrela — possui uma sombra superior e inferior aproximadamente do mesmo tamanho. Gravestone ou Tumba — possui apenas uma sombra superior longa.

Dragonfly ou Libélula — possui apenas uma sombra inferior longa. Isoladamente, o DOJI é considerado padrão de equilíbrio ou de indecisão do mercado, que, muitas vezes, antecede a importantes reversões de tendência. Figura 4.1 Elementos básicos do Candlestick (Petrobras PN diário).

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Figuras de Reversão As principais figuras do Candlestick são figuras que sinalizam a reversão de uma tendência e recebem nomes específicos, conforme o contexto. Estes nomes são traduções de termos japoneses, que contêm um forte significado simbólico. As figuras, em geral, indicam a possibilidade de reversão, mas elas precisam ser confirmadas. Vamos analisar as características e a lógica comportamental de cada uma delas.

Martelo Características:

um pequeno corpo real no final de uma tendência de baixa; a cor do corpo é indiferente; a sombra inferior dever ser duas ou três vezes maior que o corpo; a sombra superior é inexistente ou muito pequena. Lógica comportamental: mercado em tendência de baixa; mercado abre e cai rapidamente; compradores reagem e mercado fecha próximo da máxima; vendedores perdem força. Figura 4.2 Martelo (CESP PNB diário).

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Homem enforcado Características:

um pequeno corpo real no final de uma Tendência de Alta; a cor do corpo é indiferente; a sombra inferior dever ser duas ou três vezes maior que o corpo; a sombra superior é inexistente ou muito pequena. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Alta; mercado abre e negocia, próximo da máxima; compradores se desfazem da sua posição; compradores perdem força.

Figura 4.3 Homem enforcado (Klabin PN diário).

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Padrão envolvente (Alta ou Baixa) Características:

composto por dois candles; corpo real envolve o corpo real anterior; corpos reais com cores alternadas (veja Figuras ao lado); corpos com sombras inferior e superior pequenas. Lógica comportamental:

mercado em Tendência de Baixa ou Alta; mercado abre a favor da tendência predominante; mercado reage e fecha contra a tendência predominante; tendência predominante perde força. Figura 4.4 Padrão envolvente (Cielo ON diário).

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Mulher grávida (Harami) Características:

composto por dois candles; corpo real envolvido pelo corpo real anterior; corpo real envolvido de cor indiferente; corpos com sombras inferior e superior pequenas. Lógica comportamental:

mercado em Tendência de Baixa ou Alta; mercado abre e fecha dentro da faixa do dia anterior; equilíbrio entre compradores e vendedores; tendência predominante perde força.

Figura 4.5 Harami (Petrobras PN diário).

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Martelo invertido Características:

um pequeno corpo real no final de uma tendência; a cor do corpo é indiferente; a sombra superior dever ser duas ou três vezes maior que o corpo; a sombra inferior é inexistente ou muito pequena. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Baixa; mercado abre e negocia próximo da mínima; vendedores se desfazem da sua posição;

vendedores perdem força. Figura 4.6 Martelo invertido (Bradesco PN diário).

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Estrela cadente Características: um pequeno corpo real no final de uma Tendência de Alta; a cor do corpo é indiferente; a sombra superior dever ser duas ou três vezes maior que o corpo; a sombra inferior é inexistente ou muito pequena. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Alta; mercado abre e atinge nova máxima; vendedores reagem e mercado fecha próximo da mínima; compradores perdem força.

Figura 4.7 Estrela cadente (BMF Bovespa ON diário).

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Linha penetrante Características:

composto por dois candles; fechamento atual igual ou acima de 50% do corpo real anterior; corpo real atual de alta, corpo real anterior de baixa; corpos com sombras inferior e superior pequenas. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Baixa; mercado abre abaixo do fechamento anterior; compradores reagem com força e mercado fecha em alta; compradores ganham força. Figura 4.8 Linha penetrante (PDG Realty ON diário).

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Tempestade à vista Características:

composto por 2 candles; fechamento atual igual ou abaixo de 50% do corpo real anterior; corpo real atual de baixa, corpo real anterior de alta; corpos com sombras inferior e superior pequenas. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Alta; mercado abre acima do fechamento anterior; vendedores reagem com força e mercado fecha em baixa; vendedores ganham força.

Figura 4.9 Tempestade à vista (MMX ON diário).

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DOJI Star (Estrela DOJI) Características (exemplo de reversão de baixa):

uma estrela DOJI no final de uma Tendência de Baixa; um corpo real de alta após a estrela DOJI; a sombra do corpo real de alta é inexistente ou muito pequena. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Baixa; mercado abre e fecha no mesmo nível de preço; compradores reagem e equilibram o mercado; vendedores perdem força; mercado tem alta significativa no dia seguinte.

Figura 4.10 DOJI Star (CCR ON diário).

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Estrela da manhã Características:

uma estrela no final de uma Tendência de Baixa; um corpo real de alta após a estrela; a sombra do corpo real de alta é inexistente ou muito pequena. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Baixa; mercado movimenta pouco o preço; equilíbrio entre compradores e vendedores; mercado tem alta significativa no dia seguinte.

Figura 4.11 Estrela da manhã (ItauUnibanco PN diário).

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Estrela da tarde Características:

uma estrela no final de uma Tendência de Alta; um corpo real de baixa após a estrela; a sombra do corpo real de baixa é inexistente ou muito pequena. Lógica comportamental: mercado em Tendência de Alta; mercado movimenta pouco o preço; equilíbrio entre compradores e vendedores; mercado tem baixa significativa no dia seguinte.

Figura 4.12 Estrela da tarde (All Logística ON diário).

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Bebê abandonado (Alta ou Baixa) Características:

uma estrela no final de uma tendência; um GAP antes e depois da estrela (ilha de reversão); inversão da tendência principal. Lógica comportamental:

mercado em tendência; mercado supercomprado ou supervendido (GAP de exaustão); equilíbrio entre compradores e vendedores; mercado inverte a tendência abruptamente (GAP de corte); vendedores ou compradores perdem forças. Figura 4.13 Bebê abandonado (All Logística ON diário).

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CAPÍTULO 5 Indicadores Análise Técnica Computadorizada Antigamente, os gráficos eram desenhados à mão, em folhas quadriculadas. O investidor adicionava a ele diariamente uma nova barra de preço, com as indicações do preço de abertura, máximo, mínimo e de fechamento. O processo de análise ficava restrito ao gráfico de preço, no qual predominava a identificação de figuras e o traçado das Retas de Tendência, Suporte e Resistência. A crescente utilização do computador estimulou o desenvolvimento de uma série de outros gráficos, formulados a partir de diversas combinações de preço e volume. Esses gráficos procuram captar padrões resultantes do valor médio de um período de preços, refletindo o comportamento médio de preços relativos, como o fechamento em relação ao máximo ou o fechamento em relação ao volume. São padrões difíceis de visualizar, para quem observa apenas o gráfico de preço. Estes gráficos são denominados indicadores e podem ser classificados como rastreadores de tendência ou osciladores. Os indicadores rastreadores de tendência ajudam a identificá-la por meio da construção de médias móveis – curvas com comportamento mais uniforme – que ajudam a identificar melhor uma tendência. Por outro lado, em mercados sem tendência, quando o preço oscila dentro de uma faixa de negociação, os indicadores osciladores ajudam a identificar os níveis de Suporte e Resistência. Os indicadores podem ser facilmente programados no computador, para sob certas condições, emitir alertas de compra ou venda automaticamente. Veremos no Capítulo 8, sobre Trading Systems, como desenvolver sistemas mecânicos de operação, em que as regras de compra e venda são sinalizadas por meio de indicadores. Veremos neste capítulo, que os indicadores são instrumentos auxiliares ao gráfico de preço, mas frequentemente antecipam o comportamento futuro do preço. O importante é aprendermos a utilizar indicadores e preço de uma forma sinérgica, respeitando as vantagens e os limite de cada um, usando a intuição e a tecnologia para expandir a sua performance.

Médias Móveis Médias móveis são o que o próprio nome indica: médias de preço que se deslocam no tempo. Esse deslocamento acontece devido à entrada de novos preços e consequentemente à saída de preços mais antigos. Os tipos mais comuns de médias móveis são: Simples, Ponderada e Exponencial. Inicialmente, utilizaremos a média simples; a média móvel simples é uma média aritmética, ou seja, a soma dos preços é dividida pela quantidade de preços. A principal vantagem da média móvel é o alisamento dos ruídos do gráfico de preços, facilitando assim a determinação da tendência.

Observe na figura a seguir o comportamento da média (de 10 dias) em relação ao preço. A média é uma curva bem comportada; muda de direção poucas vezes. A curva do preço oscila o tempo todo. Figura 5.1 Gráfico preço x média móvel (VALE5 PNA diário).

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Médias Móveis – Períodos A média móvel também possui desvantagens, pois acompanha o gráfico do preço com um certo atraso. Muitas vezes, o preço já reverteu, mas a média não. Esse atraso pode ser minimizado se reduzirmos o período da média. Note que, no período de 10 dias, a média segue o preço mais de perto, sendo assim, ela é uma média mais rápida. No período de 20 dias, a média segue o preço mais lentamente.

Figura 5.2 Médias móveis de 10 e 20 dias (VALE5 PNA diário).

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Tipos de médias – simples x exponencial A média móvel simples, como já vimos, não atribui peso aos preços, é uma média aritmética. Mas existem outros tipos de médias que atribuem pesos diferentes para cada preço. A média móvel ponderada dá maior peso aos preços mais recentes e menores aos preços mais antigos. A média móvel exponencial atribui um peso que cresce exponencialmente do preço mais antigo ao mais recente. A escolha do tipo da média depende do comportamento de cada ativo. Para um ativo de baixa volatilidade, pode-se utilizar a média simples. Já para um ativo de alta volatilidade, é recomendado usar a média ponderada ou exponencial.

Figura 5.3 Média simples x média exponencial (VALE5 PNA diário).

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Cruzamento – média x preço Observe na Figura 5.4, a seguir, o comportamento da curva de preços em relação a sua média móvel: quando o preço está acima da média móvel, observamos uma Tendência de Alta; quando o preço está abaixo da média móvel, observamos uma Tendência de Baixa. Podemos concluir que deveríamos estar posicionados na Compra, quando o preço estivesse acima da média e, na Venda, quando o preço estivesse abaixo da média. O melhor momento para se posicionar é no cruzamento das duas curvas: compre quando o preço cruzar a média de baixo para cima; venda quando o preço cruzar a média de cima para baixo. Entretanto, ocorrem, com certa frequência, cruzamentos que não dão origem a tendências consistentes; nestes casos, a tomada de uma nova posição pode nos levar ao prejuízo. Veja, no nosso exemplo, que estas situações ocorrem com mais frequência quando a média móvel apresenta um comportamento horizontal, significando que o mercado não tem uma tendência definida. Quando o mercado apresenta uma tendência definida, o gráfico do preço e da média tende a se orientar na mesma direção, muitas vezes, com um distanciamento crescente entre as curvas, que diminui a chance de cruzamentos esparsos e demonstra a força da tendência. Mesmo quando a média apresenta uma tendência definida, podem ocorrer pequenas penetrações da curva do preço; nestes casos, deve-se avaliar com cautela uma possível mudança de posição, mas relevar sempre a direção da curva da média em relação à curva do preço. Se a curva da média não mudou de direção, é aconselhável esperar mais um pouco para se confirmar ou não uma real mudança do comportamento da tendência.

Figura 5.4 Cruzamento preço x média (Petrobras PN diário).

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Cruzamento – média x média Vimos no tópico anterior que o cruzamento das curvas do preço e da média sinaliza possíveis reversões de tendência; mas a curva do preço por ter um comportamento bastante irregular pode acabar gerando “falsos” cruzamentos induzindo a decisões que acabam em prejuízo. Uma forma de contornar esse problema é incluir mais uma média móvel e utilizar a regra de cruzamento entre as duas médias móveis, desprezando o gráfico do preço. Esta ideia parece ter muita lógica, pois sabemos que as médias, ao mesmo tempo que acompanham a tendência do preço, são curvas mais bem comportadas, o que diminui a chance de cruzamentos “falsos”. O cruzamento de duas médias de períodos diferentes pode ser utilizado como uma regra de compra ou venda, similar à regra de cruzamento do preço com a sua média. Quando a média de menor período cruzar de baixo para cima a média de maior período é um sinal de compra. O sinal de venda aparece quando a média de menor período cruzar de cima para baixo a média de maior período. Observe que, em relação ao exemplo anterior, o número de cruzamentos reduziu-se substancialmente, quase eliminando totalmente os “falsos” cruzamentos. Ele ocorre apenas uma vez neste exemplo. A regra de cruzamento de duas médias, apesar de minimizar o problema de “falsos” cruzamentos, apresenta uma grande desvantagem que é o atraso dos próprios cruzamentos. A média “anda” mais devagar que o preço e, portanto, sinalizará a compra ou a venda com atraso, diminuindo a chance de “embarcar” no início da tendência. Veja que, em relação ao exemplo anterior, o cruzamento de cima para baixo, das médias de 10 e 30 períodos, ocorre vários dias após o cruzamento do preço com a média de 10 períodos.

Figura 5.5 Cruzamento média x média (Petrobras PN diário).

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Moving Average Convergence Divergence – MACD A utilização de médias móveis exponenciais é muito popular entre os analistas gráficos, em especial a utilização conjunta de duas médias de períodos diferentes para aplicação da regra do cruzamento entre elas. Quando as duas médias se movimentam de forma convergente, elas tendem a se cruzar, gerando os sinais de compra ou venda. Neste movimento de convergência, a diferença de valor entre as duas médias vai se reduzindo até que, no cruzamento, a diferença é zero. Após o cruzamento, caso os preços se movimentem em uma tendência definida, as duas médias apresentam um comportamento divergente, isto é, a diferença de valor entre as duas médias vai aumentando até que o movimento de tendência comece a perder força, quando então as médias começam a convergir novamente. Baseado nesse raciocínio, Gerald Appel inventou um indicador que é o resultado da diferença de duas médias móveis exponenciais. Ele a nomeou Moving Average Convergence Divergence (MACD) que siginifica a convergência e divergência de médias exponenciais. Após diversos experimentos com períodos diferentes, Appel concluiu que a combinação das médias de 12 e 26 períodos apresentou o melhor resultado. A curva MACD indica compra, quando passa de negativo para positivo (significa que a média de 12 períodos cruza a média de 26 períodos, de baixo para cima), e venda, quando passa de positivo para negativo (a média de 12 períodos cruza a média de 26 períodos, de cima para baixo). No gráfico do exemplo, há uma linha horizontal indicando o valor de zero; o cruzamento desta linha sinalizará compra ou venda.

Figura 5.6 MACD (MRV ON diário).

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Sabemos que o cruzamento de médias muitas vezes não indica uma verdadeira reversão de tendência; o MACD pode então estar gerando “falsos” sinais. Para minimizar esse problema, Appel aplicou uma média móvel (originalmente de nove períodos) sobre o próprio MACD, gerando a linha de Sinal. Agora que temos duas médias (MACD e SINAL), podemos aplicar a regra de cruzamento de médias. Comprar quando a linha MACD cruzar de baixo para cima a linha de Sinal e vender quando a linha MACD cruzar de cima para baixo a linha de Sinal. Figura 5.7 MACD (MRV ON diário).

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Indicadores: rastreadores de tendência x osciladores Sabemos que as médias móveis são aplicadas sobre o gráfico de preços e têm, como principal objetivo, determinar a real tendência do gráfico de preços. Sabemos também que este instrumento produz melhores resultados quando o movimento do preço segue uma tendência definida. O MACD é o resultado da diferença de duas médias, ele é, na verdade, uma forma de visualizar melhor, em um único gráfico (MACD), o que podemos ver por meio de dois gráficos de médias exponenciais. Deste ponto de vista, podemos classificá-lo como um indicador rastreador de tendência, em oposição a outra classe de indicadores, que denominamos osciladores. Veremos adiante, que os osciladores são indicadores que devem ser utilizados quando o mercado “está de lado”, ou seja, não apresenta uma tendência definida. É muito importante saber utilizar os diversos indicadores de forma apropriada. Aplicar indicadores rastreadores de tendência em mercados sem tendência pode resultar em interpretações totalmente equivocadas. Veja na Figura 5.8, a seguir, onde o gráfico de preços apresenta inicialmente um movimento de alta, uma reversão para um movimento de baixa e, em seguida, um movimento lateral (sem tendência). O MACD acaba emitindo sinalizações falsas de reversão de tendência. Figura 5.8 MACD: mercado sem tendência definida (MRV ON diário).

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Histograma MACD Há uma outra forma de representação do MACD que talvez seja mais eficaz; ela foi popularizada por Alexander Elder e se chama Histograma MACD, que é o resultado da subtração da linha MACD pela linha de SINAL. Na verdade, o processo é análogo ao cálculo do próprio MACD, que é o resultado da subtração de uma média exponencial rápida por uma média exponencial lenta. Quando o MACD está acima da linha de SINAL, o histograma é positivo; quando está abaixo, o

histograma é negativo. Quando o histograma está positivo, mas com tendência descendente, significa que os compradores estão perdendo força e, portanto, é uma oportunidade para vender. Quando o histograma está negativo, mas com tendência ascendente, significa que os vendedores estão perdendo força e, portanto, é uma oportunidade para comprar. Observe no exemplo a seguir, as oportunidades de compra quando o histograma está negativo, mas ascendente; e as oportunidades de venda, quando o histograma está positivo, mas descendente. Figura 5.9 Histograma MACD (MRV ON diário).

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Bandas de Bollinger As Bandas de Bollinger (John Bollinger) são formadas por três linhas. A linha central é uma média móvel simples; a linha ou banda Superior é a linha central mais duas vezes o seu desvio padrão; a linha ou Banda Inferior é igual a linha central menos duas vezes o seu desvio padrão. O desvio padrão representa o nível de volatilidade (variação dos retornos) do ativo. A ideia é que a volatilidade sempre reverte para o seu ponto médio. O momento de reversão de tendência acontece quando o preço se afasta da banda superior ou da inferior. Quando a barra de preço se afasta da banda superior, os compradores estão perdendo força – é hora de vender. Quando a barra de preço se afasta da banda inferior, os vendedores estão perdendo força – é hora de comprar. Quando ocorre um estreitamento da banda, é forte sinalização de rompimento para cima ou para baixo.

Figura 5.10 Bandas de Bollinger (VALE5 PNA diário).

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Osciladores Os indicadores técnicos podem ser divididos em dois grupos: os indicadores de acompanhamento de tendência (elaborados nos tópicos anteriores), e os osciladores que sinalizam pontos de reversão da tendência.

SobreCompra e SobreVenda São níveis próximos às extremidades dos osciladores, que representam a saturação das compras (SobreCompra) ou das vendas (SobreVenda). Esses níveis podem ser determinados por retas e variam de acordo com a volatilidade do ativo. Na SobreCompra, os compradores perdem a força, gerando a oportunidade para vender, mas nunca para comprar. Na SobreVenda, os vendedores perdem a força, gerando a oportunidade para comprar, mas nunca para vender. Para um seguidor de tendência, o oscilador é um indicador secundário; ele deve estar sempre subordinado ao conceito de tendência. Nesse sentido, o oscilador pode sinalizar o enfraquecimento

de uma tendência, indicando o final da tendência, mas a confirmação deve ser feita por meio da análise do gráfico de preços. Figura 5.11 SobreCompra e SobreVenda (Vale PNA diário).

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Divergência preço x oscilador Outra característica importante dos osciladores é o seu possível comportamento divergente em relação ao gráfico de preço. Em geral, devido à natureza de indicadores antecedentes, a divergência antecipa uma reversão do gráfico de preço.

Divergência Negativa (de Baixa) A divergência negativa ocorre quando o preço forma topos sucessivamente mais altos, enquanto o oscilador forma topos correspondentes sucessivamente mais baixos. O oscilador que mede a força do movimento demonstra que o preço está perdendo força, e que é iminente o fim ou reversão da tendência alta.

A seguir, veja como a divergência negativa antecipa a reversão da Tendência de Alta da Vale.

Figura 5.12 Divergência negativa (Vale PNA diário).

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Divergência Positiva (de Alta) A divergência positiva acontece quando o preço forma fundos sucessivamente mais baixos, enquanto o oscilador forma fundos correspondentes sucessivamente mais altos. O oscilador que mede a força do movimento está demonstrando que o preço está ganhando força, e que é iminente o fim ou reversão da Tendência de Baixa.

Veja no gráfico a seguir como a divergência negativa antecipa a reversão da Tendência de Baixa da Vale.

Figura 5.13 Divergência Positiva (Vale PNA diário).

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Índice de Força Relativa – IFR O Índice de Força Relativa (Relative Strenght Index – RSI) é um oscilador desenvolvido por Welles Wilder. O IFR monitora a força de compradores e vendedores, medindo o comportamento dos preços de Fechamento. IFR = 100 – (100/(1+FR))

Como podemos deduzir pela fórmula acima, o que se mede é a força relativa dos compradores (fechamentos em Alta) em relação aos vendedores (fechamentos em Baixa). Quanto maior for a força relativa dos compradores, mais o IFR se aproxima de 100; quanto maior for a força relativa dos vendedores, mais o IFR se aproxima de zero. Veja no gráfico diário de PETR4 Petrobras PN, a seguir, como os valores máximos do IFR se aproximam de 70; os valores mínimos estão próximos de 30.

Figura 5.14 Índice de Força Relativa (Petrobras PN diário).

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Divergências de Alta e de Baixa – IFR A divergência entre o gráfico de preço e o IFR sinaliza a oportunidade de compra ou de venda; ela mostra que a tendência está perdendo força, aumentando a probabilidade de reversão ou final da tendência. Figura 5.15 Divergência preço x IFR (Gerdau PN diário).

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Níveis de SobreComprado e SobreVendido – IFR Quando o IFR estiver abaixo de sua linha de referência inferior e retornar acima dela, surgirá uma oportunidade de COMPRA. Quando o IFR estiver acima de sua linha de referência superior e retornar abaixo dela, surgirá uma oportunidade de VENDA. Figura 5.16 SobreCompra e SobreVenda (Petrobras PN diário).

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Momento O Momento mede a velocidade do movimento do preço. Esse indicador mede se uma tendência está acelerando ou desacelerando, ou se os preços estão se movendo rápido ou devagar. O Momento é representado na forma gráfica por uma linha flutuante que oscila de um extremo a outro. Todos os indicadores de Momento oscilam, por isso, são conhecidos como osciladores. O indicador “Momento”, dá uma medida da velocidade do mercado. Ele é baseado na diferença entre o preço de fechamento atual e o fechamento de N períodos anteriores. Momento = Preço Atual – (Preço N períodos anteriores).

Figura 5.17 Momento (Gerdau PN diário).

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Estocástico O estudo conhecido como Estocástico enfatiza a relação do preço de fechamento com os máximos e mínimos mais recentes, criando assim regiões de SobreCompra e SobreVenda. Esse estudo observou que, enquanto os preços sobem, o fechamento tende a se aproximar da máxima do dia. Já na Tendência de Baixa, o preço de fechamento tende a se aproximar da mínima do dia. O Estocástico é representado por duas linhas, conhecidas como:

Quando o Fechamento se aproxima do maior Máximo, o %K se aproxima de 100. Quando o Fechamento se aproxima do menor Mínimo, o %K se aproxima de 0. %D é uma média móvel do %K. A regra de Compra e Venda pode ser baseada no cruzamento da linha %K com a linha %D: Compre quando o %K cruzar o %D de baixo para cima. Venda quando o %K cruzar o %D de cima para baixo. Essa regra funciona melhor em mercado sem tendência. Nos mercados de forte tendência, os cruzamentos geram sinais falsos; a melhor leitura é a divergência com o preço e a identificação de níveis de SobreCompra e SobreVenda.

Figura 5.18 Estocástico (Gerdau PN diário).

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De acordo com o criador do Estocástico, George Lane, a sinalização mais importante é a divergência do %D em relação ao gráfico do preço. Veja o exemplo a seguir. Figura 5.19 Estocástico divergência %D x preço (Gerdau PN diário).

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Outra leitura importante é a situação em que o %K atinge um extremo, seja um nível de SobreCompra ou SobreVenda. Observe que a regra de SobreCompra e SobreVenda prevalece sobre a regra de cruzamento (%K x %D).

Figura 5.20 Estocástico SobreCompra e SobreVenda (Gerdau PN diário).

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On Balance Volume – OBV O On Balance Volume (OBV) é um indicador que associa a evolução dos preços com os volumes negociados a cada dia. Ele foi inventado e difundido por Joseph Granville. O OBV, tenta medir níveis de acumulação ou distribuição, por meio da comparação do volume com o movimento do preço.

O volume é adicionado ao indicador se o fechamento for de alta e subtraído se o fechamento for de baixa. Nenhum ajuste ocorre se o preço de fechamento não variar. Se o mercado está sem tendência definida, observe se o OBV está subindo ou caindo. Se o OBV estiver subindo, é sinal de um rompimento de alta; se o OBV estiver caindo, é sinal de um rompimento de baixa.

Figura 5.21 OBV sinalizando alta (Usiminas PNA diário).

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CAPÍTULO 6 Gerenciamento de Risco Gráfico Ajuda a Definir o Risco e Retorno de Cada Operação Quanto maior for o retorno esperado, maior será o risco; essa máxima é excepcionalmente verdadeira para o investidor ou operador do mercado de ações e futuros. É muito importante avaliar o risco de uma operação em relação ao retorno esperado, que deve ser sempre muito maior que o risco de uma possível perda. Estatisticamente, a recuperação das perdas exige ganhos muito maiores; por exemplo, para recuperar a perda de 50% do seu patrimônio, é necessário um ganho de 100% sobre o patrimônio restante. Perder faz parte do processo de investir em ações, pois sabemos que não podemos acertar sempre; o fundamental é que o lucro médio das operações ganhadoras seja significativamente maior que o prejuízo médio das operações perdedoras. Para que isso aconteça, é necessário planejar cada operação, estimando um objetivo de lucro bastante superior ao valor do STOP, ou seja, o valor em que a operação deve ser abortada com a realização do prejuízo. A Análise Técnica disponibiliza diversos instrumentos para a definição de OBJETIVOS de lucro, assim como pontos de STOP, que definem o prejuízo possível de ser absorvido. A determinação de objetivos de lucro e, por outro lado, das perdas possíveis surge naturalmente no processo de análise dos gráficos. Embora o objetivo de lucro/perda possa ser previamente definido como um percentual do valor da operação, este tipo de procedimento não leva em conta o contexto de risco/retorno de cada situação do mercado. Este procedimento tem a virtude de ser mais simples, mas pode acabar reduzindo ganhos potenciais ou abortando operações de forma prematura. Cada ação tem o seu nível de risco e retorno, e, portanto, neste aspecto, a análise específica do gráfico da ação é mais precisa. Outro fator importante, a ser destacado em termos de gerenciamento de risco, é a diversificação da sua carteira de investimentos. Investir em apenas uma ação ou um contrato futuro significa colocar todos os ovos na mesma cesta. A Análise Gráfica pode e deve ser aplicada sobre uma variedade de ativos; as oportunidades de operação com esses ativos surgirão em função dos padrões gráficos encontrados, que acabam resultando em uma diversificação natural do seu portfólio.

Stop de Lucro ou Objetivo O Stop de Lucro ou o Objetivo pode ser definido por uma condição muito simples. Conforme mostra o exemplo da figura a seguir, podemos determinar o objetivo, como um ganho percentual sobre o valor investido, por exemplo, 10% do valor de compra de uma ação. Uma questão mais complexa é determinar o valor deste percentual; a decisão é subjetiva, pois depende da expectativa de retorno do investidor. O investidor que opera no longo prazo tem naturalmente expectativas superiores de retorno em

relação ao investidor de curto prazo.

Por outro lado, há ações cujos preços variam muito pouco, e outras, denominadas voláteis, cujos preços têm uma variação muito grande, em pouco espaço de tempo. A volatilidade da ação também deve ser considerada na determinação do preço objetivo. A variação do preço depende ainda do contexto atual: se o preço tem uma tendência definida ou está “andando de lado”. Observe no exemplo, a seguir, o comportamento da USIM5 Usiminas PNA. Nos movimentos de tendência definida, o preço subiu ou desceu rapidamente; quando o mercado esteve “de lado”, os preços ficaram oscilando dentro de um limite. A definição do objetivo de lucro deve contemplar o histórico de variações de preço (volatilidade) e o contexto atual de tendência, ou não. Figura 6.1 Qual deve ser o objetivo de lucro? (Usiminas PNA diário).

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Stop Loss (Stop de Perda) O Stop mais importante é o Stop Loss, ou Stop de Perda. Deve-se priorizar o risco em relação ao retorno, pois trata-se de um fator fundamental para a sobrevivência do investidor de ações. Perder faz parte do negócio, mas apesar de estarmos conscientes desta condição, a emoção da perda nos torna mais irracionais do que conseguimos aceitar. Temos a tendência de não admitir a perda, não realizar o prejuízo e alimentar a esperança de que o mercado reverterá o prejuízo.

O Stopé um valor pré-definido que corresponde ao nível máximo de perda para cada operação. Ele deve ser definido ANTES do início de cada operação. Deixar a definição do Stop para depois que o prejuízo já está ocorrendo é dar margem para prejuízos maiores, pois o fator emocional prevalecerá sobre o racional em momentos de pressão psicológica muito grande. A definição do Stop, como um percentual do valor da operação ou até mesmo como um percentual do patrimônio, é válida, pois é uma estratégia que pode assegurar a preservação do patrimônio por um período considerável. Teoricamente, um Stop de 5% assegura até 20 operações consecutivas no prejuízo, o que parece ser bastante razoável. A execução do Stopé fundamental para que, no longo prazo, a relação ganho médio/perda média seja lucrativa. Figura 6.2 Qual deve ser o valor do Stop? (Usiminas PNA diário).

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Stop Móvel O Stop não precisa ser necessariamente um valor fixo, como um percentual sobre o preço de compra. Imagine que o preço se movimente a favor da tendência e, portanto, se distancie do nível pré-determinado de Stop. Neste caso, é mais eficaz reconsiderar o nível de Stop, ou seja, movê-lo para cima, assegurando desta forma, uma parte do lucro já obtido. Um critério para a atualização do Stop pode ser sempre que o mercado atingir um novo preço máximo (veja figura ilustrativa do processo).

A aplicação do Stop Móvel pode ser feita automaticamente, utilizando-se um software gráfico. Como todo processo automático, a desvantagem é que, definindo um valor padrão de Stop, o processo, muitas vezes, torna-se bastante ineficiente, caso o valor definido não seja o mais apropriado. Em geral, este recurso apresenta melhor resultado quando a ação se movimenta em tendências bem comportadas e de longa duração. Figura 6.3 Stop Móvel é eficiente nas tendências (Usiminas PNA diário).

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Suporte e Resistência O conceito de Suporte e Resistência é o instrumento da Análise Técnica mais utilizada para avaliar o risco e o retorno de uma operação. A Reta de Suporte ou Resistência determina níveis de preço em que a tendência pode acabar ou ganhar um novo impulso na sua direção. Portanto, os níveis de preço geram oportunidades para se entrar ou sair do mercado. Vamos ilustrar este conceito por meio do gráfico da ação BRFS3 – BRF Foods ON. A operação de compra foi feita em 16/08 (apontada no círculo), com base na seguinte avaliação de risco/retorno: rompimento da Resistência no nível de R$ 30,40; o Stop foi definido como R$ 28,40 e o objetivo de lucro, como R$ 33,40; a relação risco/retorno é de 1:1,5. Para a definição do Stop, utilizamos o nível da Reta de Suporte, próxima ao fundo mais recente; a definição do objetivo é baseada na Reta de Resistência que passa pelo topo anterior. Podemos concluir, por este exemplo, que, ao contrário do método baseado em um valor percentual de ganho e perda, a definição de objetivo e Stop por meio do conceito de Suporte e Resistência é um método mais objetivo e que privilegia o contexto do movimento de preço de cada ação. Veremos, nos próximos tópicos, como outros instrumentos, já abordados neste livro, podem ser utilizados para identificar objetivos e Stops de cada operação. Figura 6.4 Objetivo e Stop (BRF Foods ON diário).

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Ondas de Elliott A Teoria das Ondas de Elliott, diferentemente da Teoria de Dow, oferece instrumentos para medir o tamanho ou a extensão do movimento do preço. Elliott definiu uma estrutura de movimento baseada em cinco Ondas de Impulso e três Ondas Corretivas, e associou regras que ajudam a definir o comprimento de cada uma.

Podemos destacar algumas regras importantes: a Onda 2, que corrige a Onda 1, não deve ultrapassar o início da Onda 1; a Onda 3 geralmente é a maior das Ondas; a Onda 4 corrige a Onda 3, mas não deve ultrapassar o topo da Onda 1; a Onda 5 tem o comprimento aproximado ao da Onda 1. Com base nestas regras, é possível avaliar a amplitude de um movimento a favor e contra a tendência; definindo respectivamente o objetivo e o Stop de cada operação. Elliott introduziu também as razões matemáticas de Fibonacci na mensuração do comprimento das Ondas, como veremos no próximo tópico. Figura 6.5 Objetivo e Stop na Onda 3 (Ibovespa diário).

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Fibonacci – Retrações ou Correções As razões de Fibonacci foram abordadas no Capítulo 2 para medir a amplitude das Ondas de Elliott, mas podemos generalizar sua aplicação em qualquer tendência, especialmente nos movimentos de retração. O movimento de retração ou de onda corretiva (na denominação de Elliott) encontra níveis de Suporte e Resistência que podem ser determinados pelos números de Fibonacci. Uma vez determinados os níveis de Suporte e Resistência, podemos definir objetivos e Stops, conforme vimos em tópicos anteriores. No exemplo a seguir, podemos observar a aplicação de Fibonacci sobre todo o movimento de baixa anterior; a correção do movimento de baixa ocorreu respeitando-se a primeira Resistência de Fibo (38,20) por três vezes (a terceira como suporte) e, atualmente, está em teste a segunda Resistência de Fibo (61,80). O preço atual é de R$ 13,35 e, caso esta Resistência seja vencida, o objetivo é de R$ 15,09; o Stopé o Suporte no nível de R$ 12,68 (retração de 50%) e a relação risco/retorno é próxima de 1:2,5.

Figura 6.6 Suporte e Resistência no Fibonacci (Vale R. Doce PNA diário).

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Figuras Vimos, no Capítulo 3, padrões gráficos que lembram figuras, como retângulos, triângulos, bandeiras, ombro-cabeça-ombro etc. Essas figuras são padrões que sugerem a continuidade ou a reversão da tendência, e, ao serem identificadas, também sinalizam a amplitude do movimento que ocorre após a formação da figura – podemos utilizar esta medida para definir o objetivo e o Stop da operação. No exemplo a seguir, formou-se a figura da Bandeira, que é uma figura de continuidade. A confirmação desta figura ocorreu com o rompimento de uma das retas paralelas no nível de preço de R$ 14,00; o objetivo, medido pelo mastro da Bandeira, é de R$ 16,83 e o Stop, definido pelo fundo anterior, é de R$ 13,47, o que resulta na relação risco/retorno de 1:5.

Figura 6.7 Bandeira de alta (ItauUnibanco PN diário).

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Candlestick As figuras mais conhecidas do Candlestick sinalizam padrões de reversão, o que proporciona excelente oportunidade para se entrar no mercado, mas como medir o objetivo e o STOP? Não é possível definir o Objetivo ou STOP apenas com as figuras do Candlestick; é necessário recorrer a outros instrumentos, como Retas de Suporte e Resistência, e figuras, por exemplo, retângulo, triângulo etc. A questão de risco nos padrões do Candlestick deve ser focada na avaliação da probabilidade de reversão, que, na maioria das vezes, depende de confirmação de um ou mais candles, após a formação da figura. Não se deve confiar apenas no candle ou na dupla de candles que formam a figura de reversão, é necessário aguardar o candle seguinte para confirmar, ou não, a reversão da tendência. Veja no exemplo a seguir, a confirmação dos padrões Envolvente, Estrela Cadente e, finalmente, uma sequência de Martelos que termina com um candle de alta. A confirmação acaba retardando a entrada, o que significa comprar mais caro (reversão de baixa), mas diminui sensivelmente o risco de perda. Observe que operar apenas com as figuras de reversão do Candlestick significa frequentemente operar contra a tendência – isso aumenta consideravelmente o risco da operação.

Figura 6.8 Candlestick: confirmação do padrão (Bradesco PN diário).

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Indicadores Os indicadores, de maneira geral, – sejam eles rastreadores de tendência ou osciladores – não permitem projetar objetivos ou Stops. Da mesma forma que as figuras do Candlestick, os indicadores sinalizam a entrada e saída das operações, mas não fornecem informações sobre a amplitude ou extensão de um movimento. Eles podem minimizar o risco das operações, quando utilizados de forma sinérgica, ou seja, quando indicadores, com diferentes abordagens, confirmam uma reversão de tendência. Veja na região central do gráfico a seguir, a reversão da tendência de alta, indicada pelo cruzamento do preço abaixo da média móvel, e simultaneamente o IFR na região de SobreCompra, que apresenta divergência de baixa. Quanto mais indicadores (não correlacionados) apontarem para uma mesma direção, maior a probabilidade de acerto e menor o risco de perda.

Figura 6.9 Convergência de indicadores (Petrobras PN diário).

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CAPÍTULO 7 Estratégias de Operação Não Ter uma Estratégia É a Pior das Estratégias A Análise Técnica deve ser aplicada de uma forma consistente, ou seja, deve fazer parte de um planejamento estratégico de operações. O planejamento deve contemplar uma estratégia que esteja de acordo com o seu perfil de risco e com a sua disponibilidade de tempo para acompanhar as suas operações. Veremos, neste capítulo, algumas das estratégias mais utilizadas. “A tendência é a sua melhor amiga!”, esse é o refrão utilizado pelos seguidores de tendência, que é uma estratégia baseada nos princípios de Dow: só entrar no mercado a favor da tendência e sair dele somente depois da reversão. Desta forma, a entrada é atrasada, pois a tendência já está em curso; a saída também é atrasada, pois a tendência já reverteu. Apesar da perda de lucratividade na entrada e saída da operação, essa é uma estratégia de baixo risco, que produz bons resultados no longo prazo. Tentar acertar o início e final de uma tendência é a estratégia dos “contra” a tendência, que acreditam na reversão do mercado nos níveis de Suporte e Resistência. Esta estratégia é muito mais arriscada e utilizada em operações de curto prazo, que pode ser um Day trade (compra e venda no mesmo dia) ou Swing trade (prazo de operação de alguns dias). Há uma infinidade de instrumentos de Análise Técnica, e todos têm a sua razão de ser. O importante é saber combinar técnicas que são complementares e evitar indicadores altamente correlacionados, ou seja, que se comportam de maneira muito semelhante. Um exemplo interessante de estratégias mais sofisticadas é a utilização do gráfico Candlestick com indicadores computadorizados. A utilização simultânea de diversas técnicas implica eleger qual delas é a prioritária. Por exemplo, é o indicador que confirma o preço ou o contrário? Não existe um consenso entre os especialistas, vai depender do enfoque mais intuitivo ou mais técnico do analista, que favorece o preço ou o indicador, respectivamente. Nos mercados com muita liquidez, como os derivativos, é possível utilizar estratégias que contemplam análises simultâneas em três períodos: semanal, diário e intradiário. Esta é a estratégia do Triple Screen, popularizada pelo analista Alexander Elder.

Seguidor de Tendência A estratégia mais utilizada, e provavelmente a mais segura, é a do seguidor de tendência. Esta estratégia, baseada na Teoria de Dow, pressupõe o posicionamento do investidor sempre a favor da tendência principal. Para entrar no mercado, é necessário que ele identifique uma tendência em curso, e só sairá dele quando existirem fortes evidências de que a tendência acabou. Os adeptos desta estratégia têm mais chance de sucesso quando a tendência é consistente e

duradoura, pois ocorrem “perdas” no início e no final da tendência. Perde-se parte do lucro pela entrada “tardia”, pois a tendência já está em curso, e parte dele é devolvido pela saída “tardia”, depois que a tendência reverteu. Apesar do fator negativo associado a esta “perda dupla”, ela tem a vantagem de ser uma estratégia de menor risco, pois o posicionamento é a favor de uma tendência tecnicamente identificada. A necessidade de seguir tendências com uma duração maior torna esta estratégia mais adequada para investidores de médio e longo prazo – ela é pouco utilizada no curto prazo. Normalmente, o gráfico analisado é o diário, e a análise é focada na identificação de tendências mais consistentes. A seguir, veja uma operação de compra, após o rompimento de uma importante Resistência, e a saída que ocorre somente no rompimento da linha de tendência. Figura 7.1 Seguidor de tendência (PDG Realty ON diário).

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Swing Trader Uma estratégia para quem prefere operar no curto prazo é o Swing Trading. A ideia é operar com tendências de curto prazo (alguns dias), portanto, ela exige uma precisão maior na entrada e na saída das operações. Há mais risco não só pela necessidade de uma maior precisão, mas também porque, muitas vezes, o posicionamento é contra a tendência principal. O fator positivo é que proporciona um número maior de operações, e, neste sentido, o risco é minimizado. Observe na Figura 7.2, a seguir, a mesma situação do exemplo anterior, só que, desta vez, assinalada com operações de curto prazo. Neste caso, o instrumento técnico utilizado é o conceito de Suporte e Resistência: compra-se no Suporte, vende-se na Resistência. Essa mesma estratégia pode ser utilizada pelo Day trader (compra e venda no mesmo dia), mas aqui deve-se utilizar um gráfico com preços intradiários.

Figura 7.2 Swing trader (PDG Realty ON diário).

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Preço ou Indicador? Quando temos a opção de observar o gráfico de preços e, ao mesmo tempo, o gráfico de indicadores, a qual deles devemos dar prioridade? Alguns analistas gráficos argumentam que o preço deve ter preferência, pois se negocia o preço e não o indicador. Também se pode argumentar que o indicador, sendo uma fórmula baseada no preço e que geralmente inclui algum tipo de média, não é tão preciso quanto o próprio gráfico de preço. Por outro lado, os indicadores, muitas vezes, estão mais adiantados que o preço e, nesse sentido, sinalizam a reversão antes do gráfico de preço. Neste caso, é o gráfico de preço que confirma a reversão e, portanto, a prioridade deve ser o indicador. No exemplo a seguir, podemos observar que, quando o preço rompeu a linha de tendência de alta, o indicador IFR já havia entrado e saído da zona de SobreCompra, indicando a reversão da tendência. A definição da prioridade, preço ou indicador, depende frequentemente do perfil do operador: o mais intuitivo valoriza mais o gráfico de preço, enquanto o mais técnico prioriza os indicadores. Quem utiliza modelos mecânicos de negociação (veja o Capítulo 8), vai ter mais facilidade para definir as regras de compra e venda se utilizar preferencialmente os indicadores.

Figura 7.3 Preço ou indicador? (Vale R. Doce PNA diário).

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Candle e Indicadores Steve Nison introduziu o Gráfico Candlestick no ocidente, no início dos anos 1990. O candle ganhou uma popularidade surpreendente, e atualmente talvez ele seja mais popular que o gráfico original de Barras. É possível montar estratégias de negociação utilizando apenas o Candlestick; muitos operadores de curto prazo, principalmente os Day traders, operam apenas observando os padrões de reversão do Candlestick. Mas como já tivemos a oportunidade de observar, é recomendável utilizar vários instrumentos para fortalecer uma análise, pois quanto mais evidências justificarem uma decisão, maior a probabilidade de sucesso. Neste sentido, o próprio Nison recomenda a utilização conjunta do Candlestick com indicadores popularizados no ocidente, como momento, IFR, Estocástico etc. Podemos dizer que, somando uma técnica relativamente rudimentar oriunda do oriente com técnicas computadorizadas produzidas no ocidente, o resultado é a soma da intuição com a tecnologia, produzindo análises mais eficazes. No exemplo a seguir, o aparecimento da figura do Martelo, associado a uma divergência de alta do Momento, fortalece a sinalização da reversão da tendência de baixa.

Figura 7.4 Candlestick e indicadores (BRF Foods ON diário).

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Triple Screen Uma estratégia mais sofisticada combina a utilização simultânea de gráficos em diferentes períodos de tempo. A estratégia denominada Triple Screen foi popularizada por Alexander Elder e pode ser aplicada, utilizando-se o gráfico semanal, diário e intradiário. Observe o exemplo a seguir, com a ação BRFS3 (BRF Foods ON): Vamos operar na tendência observada no gráfico semanal, que é de alta, pois o preço vem se movimentando acima da média móvel. No gráfico diário, vamos utilizar um oscilador e sinalizar uma operação de compra, quando ela estiver na região de SobreVenda. A operação de compra será compatível com a tendência do gráfico semanal; a compra na região de SobreVenda busca obter o preço mais barato. Uma vez que o oscilador aponte uma situação de SobreVenda, a operação de compra é disparada no intradiário, quando, por exemplo, o preço superar o máximo anterior, indicando a busca de um novo preço máximo.

Figura 7.5 Triple screen (BRF Foods ON semanal, diário e intradiário).

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Opções de Vale PNA (VALE5) O operador de opções encontrará algumas dificuldades operacionais para acompanhar o gráfico da opção ao longo do tempo. Um contrato de opção tem vencimento mensal e, portanto, a série histórica de preços é limitada há aproximadamente um mês. O Day trader que opera utilizando gráfico intradiário – e, portanto, com acesso a uma série histórica maior – não enfrenta esse inconveniente; mas, por outro lado, a liquidez da opção pode variar muito dentro do período de negociação, tornando a série inconsistente em função de eventual perda de negociabilidade. Para resolver este problema operacional, uma estratégia é acompanhar o gráfico do papel, ou seja, da ação à qual está vinculado o contrato de opção. Se a opção negociada é de Vale PNA, então deve-se acompanhar e analisar o gráfico da ação VALE5. Sabemos por meio de alguns modelos de precificação que existe uma forte correlação entre o comportamento da ação e de suas opções. No exemplo a seguir, observe no gráfico diário a forte correlação entre a ação VALE5 e a opção de compra VALEK36.

Figura 7.6 Correlação entre ação e opção – (Vale PNA diário).

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Ibovespa Futuro A negociação de contratos futuros da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) está disponível ao pequeno investidor na Internet por meio do Homebroker. Uma das características de negociação de contrato futuro é a possibilidade de operar na tendência de baixa, vendendo o contrato na alta e o recomprando na baixa. Como existe muita liquidez, é possível fazer operações de Day trade e Swing trade, ou seja, especular no curto prazo. O contrato futuro do Ibovespa vence a cada dois meses, portanto, há uma limitação na sua série histórica. Entretanto, diferentemente do contrato de opções, é possível fazer uma junção dos vários vencimentos e criar uma série “perpétua”. Observe na Figura 7.7, a seguir, o gráfico de uma série perpétua. A negociação de contratos futuros possibilita ao operador estar permanentemente posicionado no mercado; ele pode ganhar na Tendência de Alta ou de Baixa.

Figura 7.7 Série perpétua (Ibovespa futuro intradiário).

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CAPÍTULO 8 Trading System O Futuro da Análise Técnica O processo de desenvolvimento de uma estratégia começa pela definição de objetivos, escolha de Técnicas de Análise, formulação de regras de compra e venda, aplicação e verificação de resultados. O aprendizado de todo esse processo pode ser feito por meio de simulações no computador, em tempo reduzido e sem o risco de perda real. Ao desenvolver um Trading System, o operador passa por testes exaustivos para verificar a consistência dos resultados e a adequação com o seu perfil de risco. Depois de validado, o sistema começa a operar, sinalizando ordens de compra e venda, que devem ser seguidas mecanicamente, de forma a manter a coerência com o modelo previamente testado. Um sistema mecânico de negociação elimina o principal fator de fracasso na atividade de operar nas Bolsas: a falta de disciplina e de controle emocional. A tecnologia de Tradings Systems não só facilita o desenvolvimento de estratégias consistentes, como permite que a execução das ordens seja totalmente automática. A BM&F Bovespa disponibiliza o sistema de negociação eletrônica denominado Homebroker que viabiliza a automação completa de um Trading System. A crescente complexidade dos instrumentos de negociação no mercado financeiro, assim como o acesso a novas tecnologias de processamento da informação, estimula o desenvolvimento de novos sistemas de análise e operação; a tendência é uma análise computadorizada cada vez mais automática e inteligente, inclusive com técnicas de Inteligência Artificial. Uma das técnicas mais utilizadas, as Redes Neurais, simula o processo humano de reconhecimento de padrões, para fazer previsões de comportamento da Bolsa.

Definição Todas as decisões que tomamos hoje são fruto das expectativas sobre o futuro, que evidentemente desconhecemos. Quem investe em Bolsa tem acesso a muitas informações e especula sobre possíveis cenários futuros. Muitas vezes, somos tentados a fazer previsões sobre o futuro, chegamos a acreditar até que descobrimos uma fórmula mágica. Não é possível prever o comportamento da Bolsa! É possível construir cenários e avaliar a PROBABILIDADE de cada um. Mais importante ainda é planejar antecipadamente como reagir a cada cenário. O planejamento antecipado evita a tomada de decisão sem a pressão emocional do momento. Todo investidor deve ter as suas próprias ideias sobre como investir no mercado. É importante desenvolvê-las de forma que se adquira a necessária confiança para utilizá-las em suas operações. Para que possamos testar as nossas ideias de uma forma consistente, podemos codificá-las em

computador, que vai simular a sua aplicação no passado. A codificação utiliza uma estrutura de regras (tipo SE… ENTÃO…) de Compra e de Venda. Veremos adiante que essa codificação não exige conhecimento de programação de computador; ela pode ser codificada de uma forma muito simples e prática. A ideia básica de um Trading System (Sistema de Operação) é a sistematização das operações, isto é, o desenvolvimento e o processamento de um sistema mecânico de operação. Após a definição das regras de compra e venda, o sistema é capaz de monitorar o mercado e aplicar as regras. Cada vez que uma regra é disparada (o preço atende às condições definidas na regra), o sistema alerta o investidor e pode inclusive executar ordens automaticamente.

Metodologia A construção de uma estratégia de sucesso requer uma metodologia, pois o processo é composto por uma série de etapas. Especificamente para a construção das regras, podemos dividir o processo em quatro etapas: escolha de um Time Frame (Período de Negociação); regras de Entrada e Filtros; regras de Saída; backtesting. Figura 8.1 Metodologia.

Escolha de um Time Frame Caso o investidor opere no curto prazo (Day trader ou Swing trader), deve-se utilizar séries de preço diário e intradiário (geralmente 15 minutos). Para prazos maiores, utiliza-se apenas séries diárias. É importante que os ativos negociados sejam bastante líquidos, principalmente no caso das séries intradiárias.

Regras de Entrada e Filtros Para a definição das regras, é comum a utilização de indicadores técnicos, que podem ser codificados no computador com muita facilidade. Particularmente nas regras de entrada, podemos incluir os padrões de início de tendência, identificados por diversos indicadores e também pelas figuras do Candlestick.

Regras de Saída Tão importante quanto as Regras de Entrada são as Regras de Saída, que podem ser o cumprimento de um objetivo ou a realização de um prejuízo, após atingir uma condição de Stop. Pode-se utilizar os indicadores que sinalizam o final ou o enfraquecimento da tendência, mas também recursos especiais de gerenciamento de risco, como uma série de tipos de Stop.

Backtesting Depois de definidas as regras de Entrada e Saída de uma posição, deve-se testá-las por um período do passado e verificar qual foi a sua performance em termos de lucro e perda. São criados relatórios que detalham as operações efetuadas e indicadores que permitem analisar a lucratividade do sistema e também o gerenciamento de risco. Caso o relatório não apresente bons resultados, o investidor deve rever as etapas anteriores, fazer as mudanças que achar necessárias e proceder novamente ao backtesting; o processo se perpetua até que o modelo lhe pareça consistente. Neste caso, ele poderá ser aplicado em tempo real. Quando as condições das regras forem satisfeitas, o sistema alertará o investidor.

Trading System, Aliado ou Substituto? Muitas estratégias de negociação de ações podem ser programadas em um computador. O programa é basicamente a codificação de regras muito objetivas (senão o computador não entende) para comprar e vender. O computador monitora o “sobe e desce” da Bolsa. Quando a condição estabelecida ocorre, a ordem é executada automaticamente. Não há “estresse” nem dúvidas; não há sentimento. Mas há lucro? Durante o desenvolvimento de um modelo mecânico, as regras são testadas e “otimizadas” com base nas cotações históricas de cada papel. Se a simulação resultar em lucro excepcional, desconfie. Você provavelmente “ajustou” as variáveis de uma forma muito particular, totalmente dependente dos dados passados. No futuro, o resultado vai ser bem diferente. Para que a performance passada tenha grande probabilidade de se repetir no futuro, as regras de compra e venda precisam ser “robustas”. As regras devem ser simples e bem fundamentadas (deve ter uma lógica), e quanto menos regras, melhor. Você desenvolveu um sistema “robusto”, mas terá a disciplina para segui-lo? Todo sistema tem um período de “vacas magras”. Não dá para ganhar todo dia, deve-se respeitar uma lei básica das finanças: maior o retorno, maior o risco. Quanto maior a rentabilidade do sistema (no longo prazo), maior é a ocorrência de perdas maiores no curto prazo. Também é comum a ocorrência de muitas perdas sucessivas. Seguir um Trading System é um verdadeiro teste de crença ou fé absoluta no

sistema.

Aliado, e não substituto No cenário descrito anteriormente, as dificuldades parecem imensas, mas existe um “caminho do meio”. Pense no Trading System como um aliado, e não como um substituto para o processo de decisão humano. Utilizadas de forma adequada, a máquina ou a tecnologia podem estender a capacidade e a produtividade da mente humana. Mas, como? As regras de um Trading System podem ser aplicadas de forma rápida e consistente a um grande número de ações. O resultado é a detecção de um número maior de oportunidades, mas não de operações automáticas. A tomada de decisão final é discricionária, em que prevalece a capacidade de julgamento e intuição humanos. Figura 8.2 CandleCode e Bandas de Bollinger.

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Utilizo um método de análise com foco nos padrões Candlestick. Recentemente, incorporei como uma ferramenta auxiliar o indicador CandleCode (veja mais detalhes no Capítulo 9), baseado em uma fórmula de quantificação da força de cada candle. O indicador é contextualizado por duas bandas de Bollinger que são referências de máximos e mínimos (veja o gráfico anterior). Uma regra de interpretação básica sinaliza compra quando o CandleCode cruzar a banda inferior de baixo para cima; se o indicador cruzar para baixo, a banda superior é uma indicação de venda. Também é possível traçar linhas de tendência e buscar divergências entre o indicador e o preço. Visualmente, é difícil verificar a eficiência do indicador. Precisamos simular operações e quantificar os resultados, ou seja, desenvolver um Trading System.

Além das Regras de Entrada (compra e venda), devemos definir as Regras de Saída (zerar a posição) e, nesse caso, usei uma única Regra de Saída, simplesmente a ocorrência de uma inversão de direção do indicador. Por exemplo, se estou comprado (a direção do indicador é para cima), a saída da compra ocorre quando o indicador apontar para baixo. A VALE5 apresentou, nos últimos 24 meses (veja o gráfico anterior), uma amostragem equilibrada, com fases de alta, baixa e mercado lateral. A aplicação mecânica das regras resultou em 53 operações e uma perda acumulada de -5,39% (incluso as despesas de corretagem). Teria sido melhor comprar e ficar “sentado no papel”, a valorização seria de +3,17% (“Buy and Hold”). Desanimador, hein? Talvez as regras sejam simples demais! Que tal tentar replicar mecanicamente um método discricionário (subjetivo)? Defini regras de entrada para identificar seis padrões Candlestick de compra (martelo, martelo invertido, grávida de alta, linha penetrante, envolvente de alta, estrela da manhã) e os respectivos simétricos de venda. Uma média exponencial de dez dias foi usada para definir uma tendência e contextualizar as figuras encontradas. A Regra de Saída (da compra e da venda) foi mantida (inversão da direção do indicador CandleCode). Este sistema resultou em 56 operações e um ganho acumulado de 34,53%! Mas será consistente? Serei capaz de segui-lo cegamente? Uma rentabilidade de 34,5% nos últimos 24 meses é muito superior à valorização do papel nesse período (+3,2%). Esse ganho foi obtido após 56 operações (pouco mais de duas operações por mês) de compra ou venda, mas surpreendentemente o percentual de operações ganhadoras foi de 46,40%! Resultou em um lucro significativo porque o ganho médio das operações vencedoras (+2,67%) foi bem superior à perda média das operações perdedoras (-1,21%). Este é um exemplo claro de que é possível obter estratégias vencedoras, mesmo que o percentual de acertos seja inferior a 50%! A perda média reduzida pode ser explicada pela Regra de Saída da operação, a simples inversão de direção do indicador CandleCode. O tempo médio das operações perdedoras é de um pregão, contra três pregões na média das operações ganhadoras. É uma máxima da Análise Técnica: “sair rapidamente das operações perdedoras e procurar manter as operações ganhadoras”. No caso de PETR4, o resultado também foi bem positivo. Após 62 operações, a rentabilidade acumulada somou 20% (contra uma perda de -29% no mesmo período!). O percentual de acerto de “apenas” 42% foi compensado por um ganho médio de 2,56% contra uma perda média de -1,22%. Porém, os números da PETR4 mostram um risco maior em relação à VALE5. Ocorreu um número maior de perdas consecutivas (7 contra 5), e o “DrawDown” (pior período de perdas) registrou uma perda temporária de -12,0% do investimento inicial. Apesar do risco mais elevado, a estratégia para PETR4 revelou-se bastante rentável e com potencial para um sistema mecânico. Em ambos os papéis, VALE5 e PETR4, obtivemos estatísticas que sinalizam um Trading System ganhador. Será? Infelizmente, os resultados obtidos para outros papéis como GGBR4, ITUB4 e CMIG4 foram decepcionantes (veja tabela a seguir). As perdas obtidas com ITUB4 (-26,2%) e CMIG4 (-22,12%) são surpreendentes, especialmente essa última que valorizou +114,4% no mesmo período! Essa valorização é atribuída a uma longa Tendência de Alta, quando a estratégia correta é procurar manter a posição. O sistema fez justamente o contrário, gerou 76 operações, o maior número entre os papéis analisados. Baseadas em figuras Candlesticks de reversão de tendência, as regras de entrada não funcionam em tendências prolongadas. A Regra de Saída também precisa ser melhorada, pois é muito sensível a pequenas oscilações, frequentes, mesmo em um movimento de forte tendência.

Figura 8.3 Estatísticas do Trading System.

Essa pequena introdução ao universo Trading Systems revela algumas características importantes e também as dificuldades de se obter um sistema que funcione de maneira consistente, e que inspire a confiança necessária para um modus operandi totalmente mecânico. Talvez a ênfase deva ser na “jornada em si” e não no objetivo final. O processo de desenvolver um Trading System ajuda a compreender melhor os indicadores convencionais, e também a testar e validar novas ideias. Para mim, um Trading System é mais um aliado que um substituto.

“Turtles” – O Sistema Mais Famoso “Ou você já nasce trader, ou nunca o será”. William Eckhardt é um matemático que largou a carreira acadêmica para se tornar um trader de sucesso. Para William, não é possível ensinar uma pessoa a ser um bom trader. As qualidades necessárias não podem ser aprendidas, elas são inatas. É uma questão da natureza humana de cada indivíduo. A educação, nesse caso, é limitada e não garante o sucesso. Será? Seu amigo e parceiro nos negócios, Richard Dennis, discorda. Também um trader de sucesso (no início dos anos 1980, foi o “rei” nas bolsas de commodities de Chicago), Dennis acredita que pode ensinar “qualquer um” a se tornar um trader de sucesso. Ele tem um método sistemático (um Trading System não computadorizado) de operar e acredita que qualquer pessoa possa aprender e atingir os mesmos resultados. O método é razoavelmente simples, mas exige muita disciplina. Para provar que estava certo, Dennis resolveu fazer uma experiência prática. Publicou um pequeno anúncio no Wall Strret Journal: O Sr. Richard Dennis (C&D Commodities) está expandindo seu grupo de traders e aceita candidatos para a posição de trader de futuros. Após um treinamento (um método proprietário de operação), os melhores passarão a operar para o Sr. Dennis. Não será permitido operar para si ou para outros. Os traders receberão um percentual de seus lucros, e será permitida uma perda controlada. Experiência anterior em trading será considerada, mas não é necessária. Os candidatos devem enviar um currículo resumido e uma frase para justificar seu interesse. O recrutamento termina em 1° de outubro de 1984. Não atendemos por telefone. “Vamos criar traders, assim como criam tartarugas em Cingapura” (Dennis se inspirou em uma

recente viagem à Ásia). O treinamento ocorreu durante duas semanas, no final de dezembro de 1983. Em fevereiro, cada um dos treze integrantes começou a operar com um capital inicial entre US$ 500 mil e US$ 2 milhões. Nos primeiros quatro anos, o retorno médio anualizado foi de 80%! O Turtles é um sistema mecânico. Todas as decisões são baseadas em regras bem-definidas. A estratégia básica é seguir uma tendência (trend following). Mas quais são os principais componentes do sistema? A diversidade de ativos é o primeiro componente importante do sistema. A carteira é composta por contratos futuros de índices de Bolsa, títulos públicos (bonds), commodities e moedas. O tamanho da posição (quantos contratos negociar?) para cada ativo depende do nível de volatilidade (medido pelo indicador ATR, disponível no ProfitChart). Quanto maior a volatilidade (maior o risco), menor a exposição no ativo. Também há regras para evitar a concentração de posição em determinada direção do mercado (comprado ou vendido), ou em ativos muito correlacionados. A estratégia de entrada é baseada no conceito bastante simples de “breakout”. Nessa estratégia, o rompimento da máxima ou da mínima de determinado período sinaliza, respectivamente, um sinal de compra ou um sinal de venda. Após um período de consolidação, quando o preço oscila dentro de um intervalo limitado pela maior máxima e menor mínima, a volatilidade é reduzida. A eventual saída desse intervalo libera a “energia e a força” que ficou “represada”. A consequência é maior volatilidade e forte tendência no movimento do preço. Os Turtles tinham a opção de um breakout de vinte dias (curto prazo) e/ou um breakout de 55 dias (longo prazo). O trader podia, a seu critério, alocar qualquer percentual em cada uma dessas opções. Aqui, observamos a oportunidade de uma nova diversificação (estratégias simultâneas de curto e longo prazos). Há regras de saída, StopGain e StopLoss? Sim, em um Trading System existem regras para todas as situações possíveis. Os Turtles utilizam um Stop financeiro. Para cada trade (posição) o StopLoss não pode ultrapassar 2% do total da carteira. Caso o tamanho da posição seja acima da média, então o valor do StopLoss é menor. Quando o ativo tem volatilidade acentuada (a expectativa é de oscilações maiores), o StopLoss financeiro é maior, mas a posição (número de contratos) é menor. Existe uma tendência de sair precipitadamente de uma posição ganhadora. É o receio (medo!?) de devolver o lucro ou até tomar um prejuízo. É grande a tentação de sair antes da hora. A maioria das operações dos Turtles resulta em prejuízo (característica da estratégia de seguir a tendência). A operação vencedora tem de compensar as pequenas mas numerosas perdas. No sistema 1 (entrada com breakout de vinte dias), a saída é a mínima de dez dias (na compra) e a máxima de dez dias (na venda). A posição sempre é zerada se ocorrer um breakout (na direção contrária) de dez dias. No sistema 2 (breakout 55 dias), a Regra de Saída é a mesma, mas o número de dias sobe para vinte. É uma Regra de Saída difícil de ser seguida. Esperar dez ou vinte dias pode resultar na devolução de lucros significativos e, às vezes, todo o lucro. Requer muita disciplina. Mas é justamente essas situações que fazem a diferença. É a “marca” das operações de maior lucro. Talvez seja esta, a principal regra do trading system. O segredo dos Turtles. Acho muito difícil reproduzir o sistema dos Turtles, negociando apenas os ativos disponíveis na

Bolsa brasileira. É fundamental a diversificação de ativos e muita liquidez. No entanto, temos um modelo de Trading System de sucesso, com todos os componentes muito bem-definidos.

CAPÍTULO 9 Um Novo Olhar Sobre os Candlesticks Agora que já conhece os fundamentos da Análise Técnica, você precisa desenvolver um sistema ou método que melhor se adapte à sua personalidade. Não necessita e talvez não deva ser totalmente mecânico (veja o Capítulo 8). O importante é estabelecer uma rotina e utilizar um conjunto específico de ferramentas da Análise Técnica. É essencial “incorporar” as técnicas escolhidas, ganhar intimidade e confiança, desenvolver o que chamamos de conhecimento heurístico (obtido por meio da prática repetida). Com o decorrer do tempo, a análise começa a ficar naturalmente automática, você é capaz de decidir sem pensar. Vai sentir que muitas vezes parece ser guiado pela intuição. Esta é nada mais que o fruto de uma prática constante e intensiva de um método ou sistema. A primeira edição do Comprar ou Vender? já tem mais de cinco anos. Nesse período, dei continuidade ao processo permanente de aprendizado. Pesquisei e pratiquei diversas técnicas, das mais simples às mais sofisticadas. Algumas foram descartadas rapidamente, outras permaneceram. É como o processo natural da evolução genética. Após diversos cruzamentos e mutações, só os genes mais fortes sobrevivem e passam suas principais características para as próximas gerações. É o caso dos padrões Candlesticks (veja o Capítulo 4). Sou um apaixonado por essa representação básica do preço. Sei “de cor” identificar e nomear as principais figuras de reversão e continuidade do Candlestick. Os Candlesticks precisam de uma referência ou contexto, e, nesse caso, minha preferência sempre foi as bandas de Bollinger (veja a definição no Capítulo 5). O Candlestick parece simples na teoria, mas pode ser bastante complexo na prática. As diversas figuras do Candlestick frequentemente ocorrem diferentes do padrão ideal. O prognóstico dos movimentos futuros também não ocorre na forma e no tempo esperados. A busca pela “automação” do processo de decisão (por meio da prática diária) pode se tornar uma tarefa penosa e sem fim. Há muitas contradições no caminho. Na prática, a lógica comportamental, na análise dos padrões Candlesticks, é muito mais complexa do que se pode imaginar. Mas existem ferramentas interessantes para ajudar a interpretar os Candlesticks. E também formas alternativas e talvez mais simples de representação, descritas a seguir. As curvas do Ichimoku Clouds ou nuvens Ichimoku definem um contexto ideal para os Candlesticks. Enfatizam sobremaneira o nível de importância de cada Candlestick. Não só no presente, mas também na perspectiva futura. Candles de Reversão ou Continuidade ganham importância especial nas situações de defesa ou de rompimento de Suportes e Resistências. O Ichimoku Clouds define “automaticamente” os principais níveis de Suporte e Resistência. O CandleCode é uma forma alternativa de representar o preço no padrão Candlesticks. De uma forma incrivelmente objetiva, o CandleCode atribui um valor único a cada candle – um valor numérico. É o resultado matemático da medição de um candle. A cor, o tamanho do corpo e das sombras, resulta em um valor específico para cada candle. A curva resultante é “alisada” por uma média móvel e representa o comportamento dos Candlesticks ao longo do tempo. A essa curva podemos aplicar os diversos instrumentos da Análise Técnica apresentados neste livro. Retas de

Tendência, Retas de Suporte e Resistência, figuras clássicas como OCO (ombro-cabeça-ombro), médias móveis e também as Bandas de Bollinger. O Heikin-Ashi é outra forma de representar o preço no padrão Candlesticks. Visualmente, você vai observar maior regularidade no comportamento dos candles de alta e de baixa. Fica bem mais fácil identificar a direção e a força da tendência. Os preços que definem o Heikin-Ashi são preços médios, não são os preços reais. Se perdermos o detalhe da movimentação do preço, talvez ganhemos uma visão mais consistente do comportamento da tendência. É possível utilizar os três estudos, Heikin-Ashi, CandleCode e Ichimoku Clouds de uma forma sinérgica e harmoniosa? Sim, e esta é a base para meu método de análise. São os “Três Mosqueteiros” da Análise Técnica! “Um por todos, todos por um!”. Vejam, nas páginas seguintes, a definição e as regras básicas de utilização de cada estudo. Pode parecer complicado à primeira vista (especialmente o Ichimoku Clouds), mas a prática diária vai mostrar que pode ser mais simples que a teoria. Aqui, a situação se inverte. Se for persistente, vai perceber depois de algum tempo de prática que conseguiu “automatizar” o processo de análise; que toma as decisões “sem pensar”. Naturalmente, “sem estresse”. É claro que nem todos se adaptam a esse método, mas, se você já utiliza os Candlesticks, tem uma chance de dar um “grande salto” no processo de análise e na performance de suas operações.

Ichimoku Clouds Ainda antes da Segunda Guerra Mundial, um jornalista japonês com o pseudônimo “Ichimoku Sanjin” (um olhar por meio da montanha) desenvolveu o indicador que se tornou conhecido como “Ichimoku Clouds”. Apesar de ser composto por várias curvas (cinco, no total), são as “nuvens” que chamam a atenção. Se no Candlestick os preços de abertura e de fechamento são os mais importantes, no Ichimoku a ênfase é dada nos preços Máximo e Mínimo; na verdade, nos pontos médios entre esses dois extremos. As duas primeiras curvas do Ichimoku têm um comportamento semelhante às duas médias móveis, uma de curto e outra de longo prazo. Porém, não é uma média do preço de fechamento. Cada ponto da curva é obtido pelo cálculo da média entre o maior Máximo e o menor Mínimo dos últimos nove dias, e, no caso da segunda curva, 26 dias. A terceira curva é um gráfico de linha do preço de fechamento, mas “retardado” em 26 dias. A quarta e quinta curvas definem as “nuvens”. A quarta curva é simplesmente a média das duas primeiras (nove e 26 dias), mas “adiantada” em 26 dias. A quinta curva é igual à primeira, porém, com período de 52 dias, e também é graficada “adiantada”, com deslocamento de 26 dias para frente. Identifique as curvas no gráfico a seguir.

Figura 9.1 As cinco curvas do Ichimoku (Ibovespa diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Estratégias Comece pelas “nuvens”, ou seja, a curva 4 (denominada Senkou Span A) e a curva 5 (denominada Senkou Span B). Elas determinam uma “região” de Suporte ou Resistência. Diferentemente do convencional, o rompimento do Suporte ou da Resistência não depende de um único preço; tem de ultrapassar um intervalo de preços. Esse intervalo pode ser mais largo ou estreito e, consequentemente, mais difícil ou mais fácil de ser rompido. Lembra do fundamento de que níveis de Suporte e Resistência passados tendem a se repetir no futuro? Pois bem, no Ichimoku isso ocorre de fato. O deslocamento das curvas (26 períodos para frente) permite uma visualização real dos níveis futuros de Suporte e Resistência. Outra característica importante das “nuvens” é que elas permitem verificar rapidamente (Ichimoku quer dizer “um único olhar”) qual é a tendência do preço. Se o preço estiver acima da “nuvem” (nesse caso, uma referência de Suporte), a tendência é de alta. Se estiver abaixo da nuvem (nesse caso, uma Resistência), a tendência é de baixa. As curvas 1 (Tenkan Sen) e 2 (Kijun Sen) são bem mais rápidas e definem o “timing” de entrada ou de saída de uma operação. O cruzamento dessas curvas determina pontos de entrada e de saída. Também é válido considerar o cruzamento entre o preço e a curva 2 (mais longa). O fundamento é o mesmo do cruzamento convencional entre uma média móvel curta e uma média móvel longa. O cruzamento indica ganho de “momentum”, a sinalização da força necessária para iniciar uma tendência. Porém é muito importante que o cruzamento ocorra na direção da tendência definida pelas “nuvens”. Todas as curvas do Ichimoku precisam estar alinhadas.

Para finalizar, observe a curva 3 (Chikou Span). Se as curvas anteriores sinalizarem uma alta, a posição atual da curva Chikou (curva do preço atual deslocada 26 períodos para trás) precisa estar acima da curva real do preço. É uma forma visual de comparar o preço atual com um período passado. Se o preço atual está acima desse preço anterior, então há potencial de alta, pois o preço tende a manter a sua direção. A incursão ao passado (Chikou Span) e ao futuro (“nuvens”) permite melhor compreensão do gráfico atual. Se puder “vivenciar, de fato, o passado e o futuro” (como na antiga série de TV O Túnel do Tempo), terá informações “privilegiadas” para decidir o que fazer no momento presente. Esta é uma das características mais marcantes do Ichimoku. A outra é a integração dos conceitos de tendência, “momentum” e Suporte e Resistência. O Ichimoku representa a integração completa dos fundamentos da Análise Técnica. Com um “único olhar” você vê tudo. É a vista a partir do topo da montanha (Ichimoku Sanjin).

Seguidor de tendência O método Ichimoku utiliza a estratégia de seguir uma tendência. O objetivo não é “descobrir” topos e fundos, muito pelo contrário, a estratégia é “pegar” a tendência já iniciada (perde-se o lucro inicial) e sair depois que ela já “virou” (devolve parte dos lucros). Portanto, é preciso saber escolher as ondas; tem de pegar uma onda grande, senão não vai valer a pena surfar. A utilização da média de máximos e mínimos (em contraponto ao uso convencional da média dos fechamentos) permite avaliar melhor a força de uma tendência. Afinal, esses preços (máximo e mínimo) representam melhor a volatilidade, necessária para ocorrer um movimento do preço. Lembre-se de que uma Tendência de Alta é formada por fundos (mínimos) ascendentes e uma Tendência de Baixa por uma sucessão de topos (máximos) descendentes. Ao utilizar essencialmente os valores médios dos máximos e mínimos, Ichimoku Sanjin encontrou uma forma diferente, e talvez melhor, para avaliar a força de uma tendência, principal fundamento da Análise Técnica.

CandleCode Medir em vez de explicar A combinação de diversos Candlesticks forma padrões que contêm informações relevantes sobre o comportamento atual e (quem sabe) futuro dos mercados. Também há um considerável grupo de padrões compostos por um único candle (“DOJI”, Homem Enforcado, Martelo etc.) que sinaliza o sentimento predominante do mercado. Em geral, os padrões Candlesticks são interpretados de forma subjetiva, baseada na lógica comportamental do mercado. A análise quantitativa dos Candlesticks é uma alternativa para obter informação adicional e relevante dessa forma bastante popular de representação do preço.

A estrutura do CandleCode O CandleCode é baseado em uma fórmula desenvolvida por Viktor Likhovidov e foi publicado originalmente na revista Stocks & Commodities, de novembro de 1999. Para quantificar um candle, Viktor utilizou os princípios básicos de interpretação:

1. A cor do Candlestick é a característica mais importante; define se é um candle de alta ou de baixa. 2. O preço de abertura e de fechamento é o mais importante; e define o corpo do Candlestick. Com relação às sombras, a superior normalmente significa viés altista em comparação à sombra inferior, daí a sua precedência. 3. Por fim, o peso de cada elemento (corpo, sombra superior e sombra inferior) depende do seu tamanho. Com base nesses três princípios, Viktor definiu uma estrutura de codificação baseada na aritmética binária (0 ou 1). Cada posição é definida por uma potência de 2; a mais importante (cor) é 26 (=64), ou seja, basta o candle ser de alta para obter no mínimo o valor de 64 (veja o diagrama). Figura 9.2 Quantificação dos elementos de um Candlestick.

Em que condições o corpo ou a sombra podem ser considerados pequeno, médio ou grande? Viktor decidiu adotar um padrão estatístico e utilizou as bandas de Bollinger com um desvio-padrão de 0,5 e uma média de 55 dias. Acima da banda superior é grande, abaixo é pequeno, entre as bandas é médio. Veja como ficou a codificação binária dessa classificação na figura a seguir.

Figura 9.3 Quantificação do tamanho de cada elemento.

Então, para cada candle, temos um valor (o CandleCode) que quantifica a força do candle. Quanto maior o valor, maior a força compradora, e vice-versa. Dessa forma, podemos construir uma curva que reflete a variação da força no tempo. Essa curva não tem “atraso”, mas parece difícil utilizá-la sem um “alisamento”. O indicador CandleCode utilizado nas minhas análises sofreu um alisamento de duas médias exponenciais (3 e 21). Entretanto, veja no exemplo a seguir, que, mesmo na “forma pura”, o CandleCode pode antecipar movimentos importantes. Figura 9.4 Gráfico do CandleCode “puro”.

Regras de Utilização Likhovidov sugere a aplicação do indicador no contexto das Bandas de Bollinger, em que o cruzamento do indicador com as bandas sinaliza pontos de compra (cruzamento acima da banda inferior) e venda (cruzamento abaixo da banda superior). Também é aplicável o padrão de contração e expansão das bandas (volatilidade). De forma similar a outros indicadores, é possível aplicar retas de Suporte e Resistência, e padrões de divergência entre o preço e o indicador. Veja a seguir o gráfico diário de Petrobras PN (PETR4). Figura 9.5 Gráfico do CandleCode “alisado” e Bandas de Bollinger (Petrobras PN).

Fonte: www.nelogica.com.br

Heikin-Ashi Uma das virtudes do Candlestick como indicador é que ele não tem atraso em relação ao preço (é o próprio). O atraso ou lag é uma característica presente na maioria dos indicadores baseados em médias. Por outro lado, por se tratar do próprio gráfico do preço, existe muito ruído. A consequência imediata é que o gráfico do Candlestick, por si só, não define uma tendência. O método Heikin-Ashi (Heikin significa médio ou equilíbrio, e Ashi quer dizer perna, ou a barra do preço) é uma técnica que elimina grande parte das irregularidades do Candlestick. Permite visualizar melhor uma tendência ou um movimento de consolidação. Em vez de utilizar médias móveis, os preços que formam o candle é que são alterados. Confira as fórmulas a seguir (prefixoha = preço Heinkin-Ashi): haFec = (Abe + Max + Min + Fec)/4

haAbe = ((haAbe (barra anterior) + haFec (barra anterior))/2 haMax = Máximo (Max, haAbe, haFec) haMin = Mínimo (Min, haAbe, haFec) Ou seja, O preço de fechamento (haFec) é a média dos 4 preços de um candle normal. O preço de abertura (haAbe) é a média dos preços anteriores de abertura (haAbe) e fechamento (haFec). O preço de máximo (haMax) é o maior entre o preço máximo (normal), haAbe e haFec. O preço de mínimo (haMin) é o menor entre o preço mínimo (normal), haAbe e haFec. Figura 9.6 Gráfico Candlestick convencional (Ibovespa diário).

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Compare os gráficos do Ibovespa diário. Agora você visualiza melhor a tendência?

Figura 9.7 Gráfico Candlestick Heikin-Ashi (Ibovespa diário).

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A interpretação dos candles Heikin-Ashi não segue necessariamente as regras tradicionais (embora elas continuem válidas). Talvez, em função do “alisamento”, seja adequado utilizar padrões mais genéricos. A figura a seguir (Dan Valcu – Stocks & Commodities) resume as fases de uma tendência e os respectivos padrões Heikin-Ashi. Figura 9.8 O Heikin-Ashi e a tendência.

Fonte: Dan Valcu - Stocks & Commodities

Observe o viés em relação às sombras do Candlestick; altista para a sombra superior e baixista para sombra inferior. Também na quantificação do indicador, a sombra superior tem maior valor, ou seja, viés de alta em relação à sombra inferior. A identificação de uma forte tendência associada a corpos maiores e sem sombra assemelha-se aos padrões Marubozu do Candlestick tradicional. Corpos reduzidos em relação às suas sombras identificam situações de equilíbrio e indecisão (dojis, spinning tops, high-wave); no Heikin-Ashi sinaliza consolidação e mudança de tendência. Talvez haja mais semelhanças do que diferenças entre o Candlestick e o Heikin-Ashi. Se o último perde em detalhes (que pode ser muito importante taticamente, no curto prazo), ganha em profundidade estratégica (longo prazo).

Contra a Tendência O Heikin-Ashi e o CandleCode sinalizam estratégias contra a tendência no contexto do Ichimoku. Veja o exemplo a seguir. A Sabesp ON (SBSP3) atingiu a sua máxima histórica no mês de agosto. Logo em seguida, um forte processo corretivo devolveu boa parte dos ganhos. Mas o papel não tardou a reagir. No final de setembro presenciamos o início de uma nova “perna” de alta, que apenas agora parece estar chegando ao fim. Esses dois movimentos, primeiro uma “perna de baixa” e, em seguida, “uma perna de alta”, são ótimos exemplos para aprendermos que com o Heikin-Ashi e o CandleCode, é possível operar contra a tendência principal determinada pelas nuvens do Ichimoku. Agora temos a chance de “vender acima da nuvem” e “comprar abaixo da nuvem”. As oportunidades se multiplicaram. Figura 9.9 Contra a tendência acima da “nuvem” (Sabesp ON diário).

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O movimento de alta, que culminou com a máxima histórica, “balançou” no início de agosto (observe o candle de baixa isolado em um “mar” de candles de alta), mas não rompeu o Suporte representado pela média de nove dias (linha Tenkan). Os candles de baixa só voltam a aparecer após a máxima histórica. Observe que, quando o candle fechou abaixo da média, o CandleCode rompeu abaixo da banda inferior de Bollinger, em um movimento de abertura das bandas (que caracteriza um novo movimento direcional). A próxima sinalização de venda foi um candle de baixa com corpo acima da média e sem sombra inferior (padrão Heikin-Ashi de forte viés baixista). Só depois de alguns pregões é que a média curta cruzou a média longa para baixo e a linha de momento (Chikou) rompeu abaixo do preço (referência de Suporte). Apenas na proximidade do final da “perna de baixa” é que observamos o candle entrar na nuvem Ichimoku e depois fechar abaixo desta. Este é um exemplo de que há oportunidade de operar contra a Tendência de Alta, ou seja, com o preço acima da nuvem Ichimoku. Esperar pelo rompimento abaixo da nuvem para uma possível operação de venda (ou para a saída de uma posição comprada) é uma estratégia com pouca flexibilidade e também de risco elevado (suscetível a grandes perdas). O preço estar acima da nuvem é uma premissa para assumir uma posição de compra? Para um seguidor de tendência é uma regra básica. Mas não precisamos ser tão rígidos. Às vezes, uma posição extremista pode deixar muitas oportunidades de lado. Acho que vale a pena operar tanto a favor como contra a tendência. O importante é estar consciente do risco de cada estratégia. Operar contra a tendência geralmente incorre em um risco maior. Mas, muitas vezes, o retorno é rápido e acima da média. Assim como um verdadeiro campeão de xadrez domina tanto o jogo estratégico como o tático, um operador de Bolsa também deveria saber operar a favor (estratégico) e contra (tático) a tendência. Com essa postura mais flexível, você fica “exposto” a um número bem maior de oportunidades. A Sabesp ON (SBSP3) rompeu abaixo da nuvem Ichimoku em meados de setembro. Em seguida, os candles Heikin-Ashi já apresentam corpos de baixa menores e em alguns casos uma sombra superior. É uma sinalização de enfraquecimento da tendência de baixa. Surge, então, o primeiro candle de alta, ainda de tamanho reduzido e com sombras inferior e superior. Ainda é cedo para apostar em uma reversão para a alta. O preço está abaixo da nuvem Ichimoku, a média curta abaixo da longa e a linha Chikou (momento) abaixo do preço (momento negativo). As curvas Ichimoku sinalizam baixa, e só revertem muitos (mas muitos mesmo!) pregões adiante. Você perderia esta oportunidade se operasse só a favor da tendência.

Figura 9.10 Contra a tendência abaixo da “nuvem” (Sabesp ON diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Ao surgir um novo candle de alta, verificamos que o tamanho do corpo é bem mais significativo, e observamos também a ausência da sombra inferior. O candle Heikin-Ashi está sinalizando alta. Ao mesmo tempo o indicador CandleCode forma o padrão OCOI (ombro-cabeça-ombro invertido), sinalizando uma reversão para a alta. Embora as curvas Ichimoku ainda apontem para uma baixa (a estratégia-padrão do Ichimoku é seguir a tendência), o Heikin-Ashi e o CandleCode já autorizam uma compra. Nesse caso, a estratégia é contra a tendência. Estamos apostando na reversão da tendência e “adiantando” a operação de compra. O risco é maior, mas o ganho potencial também é maior. O CandleCode acaba rompendo acima da banda superior de Bollinger, com forte movimento direcional do preço, característico do processo cíclico de compressão e, nesse caso, expansão da volatilidade.

Opere a Favor e Também Contra a Tendência Existe um fundamento no xadrez que diz que você só deve atacar se estiver em vantagem. Do contrário, deve se resignar à defesa. A maioria dos jogadores prefere atacar, mas muitas vezes a defesa é a melhor estratégia. Quem ataca se expõe (ao avançar os peões, a retaguarda fica desguarnecida) e cria debilidades. Em um momento oportuno, aquele que defende encontra a oportunidade para contra-atacar, agora que o atacante deixou muitas debilidades para serem exploradas. É uma questão de paciência e resistência. Aguardar o ataque inimigo perder a sua força. Identificar o momento certo para contra-atacar. As operações contra a tendência podem ser comparadas à estratégia de contra-ataque no xadrez. Observar a perda de força da tendência e ter também a paciência para não se precipitar. A “defesa de

um Suporte” (ou de uma Resistência) pode ser comparada aos movimentos de defesa de uma posição no xadrez. Após uma defesa bem-sucedida, o jogo vira, e é o momento para contra-atacar. Ataque e defesa, a favor da tendência e contra a tendência. No xadrez ou na Bolsa, essas situações se alternam e o jogo tem de ser bem jogado dos dois lados. Assim como no xadrez, o mercado também alterna oportunidades para operar a favor ou contra a tendência. Em situações de muita incerteza (como é de fato o comportamento do mercado), devemos nos expor mais. Temos de diversificar. Operar a favor e contra a tendência!

Concluindo Agora que já conhecemos com certo detalhe o Heikin-Ashi, o Ichimoku e o CandleCode, que tal juntá-los? Cada um tem um diferencial importante. A união faz a força. “Um por todos, todos por um!” O Heikin-Ashi se destaca pela maior regularidade dos padrões Candlesticks, o que permite visualizar com maior objetividade e simplicidade a direção e a força de uma tendência. O grande destaque do Ichimoku são as nuvens, que determinam níveis ou zonas de Suporte e Resistência, atuais e futuras. O CandleCode se comporta como um oscilador, e assim define (antecipadamente?) níveis de máximos (SobreCompra) e mínimos (SobreVenda). Também é um importante indicador de volatilidade (medida pelas bandas de Bollinger), com movimentos cíclicos de compressão e expansão. Figura 9.11 “Os três mosqueteiros” (Ibovespa diário).

Fonte: www.nelogica.com.br

Conclusão A mera contemplação de uma coisa não pode nos incitar, Cada contemplação se transforma em consideração Cada consideração em pensamento, Cada pensamento em ligação. Goethe

Os Gráficos Não Mentem Estrela da Manhã, Estrela da Noite, Tempestade à Vista, Estrela Cadente… Martelo, Homem Enforcado, Mulher Grávida, Bebê Abandonado… O que há em um nome? São apenas nomes? Lembranças do passado, expectativas sobre o futuro? Tendência, Suporte, Resistência, Canais… Ideia de movimento, direção e força? Dow, Elliott, Fibonacci, Bollinger, Candlestick… Nomes estranhos, difíceis de pronunciar? Triângulos, Retângulos, Bandeiras, Flâmulas, Ombro-Cabeça-Ombro… Formas geométricas ou humanas? Oportunidades para comprar ou vender ações? O gráfico da Bolsa já não é o mesmo; adquiriu formas e nomes estranhos, e deixou mais transparente, a disputa entre compradores e vendedores. Análise Técnica é arte e ciência ao mesmo tempo; a análise é subjetiva mas é possível construir modelos mecânicos de operação. Dominar uma arte ou uma técnica demanda tempo; o tempo vai dar sentido a todos os nomes, vai fazer todas as ligações se concretizarem. O analista técnico ou grafista precisa praticar a arte e a ciência de interpretar os gráficos diariamente; durante meses, anos… quem sabe? Um dia ele vai observar o gráfico, e constatar que sabe separar os sinais falsos dos verdadeiros; então vai concluir que os gráficos não mentem, jamais…

Referências Tão importante quanto praticar a Análise Técnica, é estudar mais profundamente as ideias apresentadas neste livro. Gostaria de fazer algumas recomendações de leitura dentro de cada tópico abordado:

Fundamentos ELDER, Alexander. Como se transformar em um operador e investidor de sucesso. Rio de Janeiro: Campus, 2004. MURPHY, John J. Technical analysis of the financial markets. New York: Institute of Finance, 1999. PRING, Martin J. Technical analysis explained. New York: McGraw Hill, 1985.

Ondas de Elliott PRECHTER, Robert R.; FROST, A. J. Elliot wave principle: key to market behavior. New Jersey: Wiley, 2000.

Figuras BULKOWSKI, Thomas N. Encyclopedia of charts patterns. New Jersey: Wiley, 2000.

Candlestick MORRIS, Gregory L. Candlestick charting explained. New York: McGraw-Hill, 1995. NISON, Steve. Japanese candlestick charting techniques: a contemporary guide to the ancient investment techniques of the far east. New York: Institute of Finance, 1991.

Indicadores BOLLINGER, John. Bollinger on Bollinger bands. New York: McGraw Hill, 2001. ENG, William F. The day traders manual. New Jersey: Wiley, 1993. FARLEY, Alan S. The master swing trader. New York: McGraw-Hill, 1995. PRING, Martin. Martin Pring on market momentum. New York: McGraw-Hill, 1993. WILDER, J. Welles. Nuevos conceptos sobre sistemas técnicos de operación en la Bolsa. Madrid: Gesmovasa, 1988. WILLIAMS, Bill. Trading chaos. New Jersey: Wiley, 1995.

Trading Systems COVEL, Michael. Trend following. New Jersey: Prentice Hall, 2004. RUGGIERO, Murray A. Cybernetic trading strategies: developing a profitable trading system with state-of-the-art technologies. New Jersey: Wiley, 1997.

Um novo olhar sobre os Candlesticks ELLIOTT, Nicole. Ichimoku Charts: An Introduction to Ichimoku Kinko Clouds. London: Harriman House, 2007. LIKHOVIDOV, Viktor. Coding Candlesticks. Stocks & Commodities, November 1999. LIKHOVIDOV, Viktor. Light Up Your Trading System With CandleCode. Seattle, Thechnical Analysis of Stocks & Commodities, September 2001. PATEL, Manesh. Trading with Ichimou Clouds: The Essential Guide to Ichimoku Kinko Hyo Technical Analysis. New Jersey: Wiley Trading, 2010. VALCU, Dan. Heikin-Ashi: How To Trade Without Candlestick Patterns. London: Educofin, 2011. VALCU, Dan. Using The Heikin-Ashi Technique. Seattle, Thechnical Analysis of Stocks & Commodities, February 2004. Para se manter informado sobre as últimas novidades da Análise Técnica, recomendo a revista Technical Analysis of Stocks and Commodities. No site www.traders.com, é possível solicitar a assinatura da revista e acessar outros links sobre Análise Técnica. Para os investidores iniciantes, recomendo acessar o site da Bovespa (www.bovespa.com.br), no qual pode obter informações sobre como iniciar o investimento em ações pela internet (Homebroker).

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