Eutonia E Relaxamento

  • Uploaded by: Pedro Henrique
  • 0
  • 0
  • January 2021
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Eutonia E Relaxamento as PDF for free.

More details

  • Words: 51,760
  • Pages: 110
Loading documents preview...
. .Gunna Brieghel-Müller

.

.

,

.

'

.

AMENTO '

. - . ,.-

...

/ "

' -,

. ... . . ". : :" . : ... '''. :.

.

,"

:.

'."

-

,

.

.

... .

.

· ·~, ' ;,

,.:

.

.

"

-.

'.

.. .

~ '.

".

<

I.· ······· · · · ·

.'

"

;,'

. . .~

: súmJ1'ius editorial , . . '

-

.

':' . ,'

. .

,,: < ,

~.~ ' ,

, :, ' ,

,",,: .: .

..

,

"

-

.. .

.

:,"" '0

. , . . '"

' , .~

.

.- .

.

' -'

. -.

," .

~' : ~ .:.' ..'.~'":.~. . .:

. . . :... -. -:.... . :..., :

.;...< >

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• ••

•...

•• •

'

.'.' .'

EUTONIAE ., •• RELAMENT0 • e ,



e

e ·

•.'

..

:

:

. ::

~" , '

-, .,' ~ ,

e, e ·'

e' '

•e-,.'; • ~" ,

.'

. ... . . :

.

:. ~: ' •

rÓ,

. ... .

:. '

-

• •••• • • • • • . '. -,

~ ~ A;' :·': "~" ":~·"~ ;~ . ••

-Ó,

. ". : ,:..,,: ;

.

•,

..

~



Do original em língua francesa

EUTOlVlE ET RELAXATION

.

Copyright © Delachaux et Niestlé S.A., Y. et D. Perret, éditeurs, Neuchâtel (Switzerland) 1972, 1979 et 1986. Desenhos de Jacques Savary Tradução:

Cíntia Ávila de Carvalho Superv isão técnic~: Eugênia Thereza de Andrade - Jogo Estúdio

Capa: Silvio Dworecki Wilson Jorge Filho Projeto gráfico:

Acqua Estúdio Gráfico 1! reimpressão

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Brieghel-Müller, Gunna Eutonia e Relaxamento / Gunna Brieghel-MüIler ; Itradução Cíntia Ávila de Carvalho!. - São Paulo Summus, 1998.

Título original: Eutonie et relaxation. Bibliografia. ISBN 85-323-0585-7

1. Alexander, Gerda, 1908-19942. Eutonia 3. Educação física 4. Expressão corporal 5. Relaxamento 6. Técnica de Alexander L Título. 98-1105

CDD-613.7

Índices para catálogo sistemático: 1. Eutonia : Educação psicofísica 2. Técnica de Alexander : Educação psicofísica

Este livro não pretende substituir orientação ou tratamento médico. Se você tem algum problema de saúde, recomendamos uma opinião especializada antes de iniciar os exercícios .

ATENÇÃO:

Proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por qualquer meio e sistema, sem o prévio consentimento da Editora.

Dire~s para.a língua portuguesa adquírídos por SlJMh1US EDITORIAL LIDA. que J~~serva a propriedade desta tradução. ~CUru, 613 -72 andar ~. '" ~,. " - São Paulo, SP

'K.' . .

',3872-3322

.3~72-7476 :summus.com.br ) [email protected] "\

613.7 613.7

•• •••

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •

-

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• ••tt

SUMÁRIO

Apresentação Prefácio Introdução

7

9 :.................................................................................................

11

Capítulo 1. O Repouso. A Passividade Observações gerais. Passividade global. Imobilidade. Movimentos interiores. Exercício de base para o relaxamento global. As sensações corporais. Quando e quanto tempo é preciso para relaxar? Movimentos ativo-passivos. Passividade parcial. Dissociação entre diferentes partes do corpo. Aprendizado de uma nova técnica. Treinamento para a técnica de relaxamento. Exercícios a dois.

13

Capítulo 2. As Posições de Controle As dez principais posições de controle. Estudo progressivo das posições de controle. Estudo direto das posições de controle. Posições preliminares. Como exercitar essas posições? Séries de posições.

27

Capítulo 3. Técnicas de Concentração. "Contato" e "Corrente" ~.... Princípios gerais. A concentração aplicada ao relaxamento. Em caso de doença ou de acidente. Métodos de concentração para a eutonização geral e local. Investigaç.ão objetiva das sensações de diversos tipos. O peso. A consistência. A temperatura. Atividade - passividade (contração - descontração). Outras sensações. Forma (linhas) e volume (espaços). "Contato" e "corrente". Exercícios de "contato". Exercícios de "corrente". Resumo.

50

Capítulo 4. A Eutonia no Movimento O movimento orgânico (eutônico). O estiramento instintivo. O bocejo. O estiramento voluntário. O bocejo voluntário. O estiramento contínuo. Movimentos livres. Movimentos de controle. Os principais movimentos de controle. Movimentos leves. Exercícios de movimentos leves. Movimentos de força-resistência. Exercícios com força-resistência. Movimentos de balanço. Exercícios de balanço dos braços. Lista de exercícios de movimentos de balanço. Algumas observações referentes à força muscular.

62

Capítulo 5. A Postura, O Caminhar. Movimentos Cotidianos. Gestos no Trabalho A postura. Princípios gerais. Localização do peso. Endireitamento do corpo. Leveza de postura. Relação entre a cabeça e a coluna vertebral. Correção da postura por movimentos livres. Exercícios de postura. O caminhar. Movimentos no trabalho. Resumo.

77

Capítulo 6. A Respiração Primeira regra. Segunda regra. Exercícios de respiração passiva. Observação da respiração durante o repouso. Observação da respiração durante a atividade. Observação da respiração passando da passividade para a atividade e vice-versa. Observação da respiração nas posições de controle. Exercícios de respiração ativa ou voluntária. Movimentos livres com respiração livre. Respiração alternadamente ativa e passiva. A voz falada e cantada. Barulhos e sons articulados.

89

Capítulo 7. Causas Psíquicas das Tensões. Possibilidades e Técnicas para uma Busca Interior Por que somos tensos? Pesquisa interior. A origem das tensões: o medo. A disponibilidade necessária. Procedimento prático. O medo de sufocar. O sentimento de vergonha. A ausência de sensações. A consciência corporal. Fatores sensoriais despercebidos. Desenvolvimento da consciência corporal no plano afetivo. Segundo procedimento de introspecção. Terceiro procedimento de introspecção.

97

Conclusão Informações práticas Bibliografia

105 106 107

_

e

• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• e •• •• •e •• •• •• •• •• e

IMr-' - -

.-

iiiiiiiiiO______J-

iiiiiiiiiiiiiiiiíiiiiiiiiiiiiiiiiiiiíiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiilí.....IIIIIiIIIiiíiii_......._ _

iii

e

•e •• •• •• •• •• •• •• e •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• ••1

APRESENTAÇAO

A criadora da eutonia, Gerda Alexander, era filha de uma família da culta burguesia alemã de antes da Segunda Guerra, teve uma educação refinada ouvindo Mozart tocado por seu pai, pianista. Desejou ser dançarina, a doença não permitiu. Os médicos a desenganaram, o sofrimento não a impediu de lutar. Na solidão exerceu sua sensível criatividade e consciência, e dividiu o produto de sua criação . Sublimou sua frustração e dela fez cura para si e para os outros, principalmente para os que podem dançar. Numa época de tantos gurus que prometem cura, Gerda Alexander nunca usou sua enfermidade para criar uma aura mistificadora em tomo de si e do sucesso que obteve com os resultados de seu trabalho, apesar de algumas curas parecerem milagres . A ciência, só muito mais tarde, veio a justificar. Ao longo de sua vida, resistiu muito a escrever um livro sobre sua terapia pedagógica. Sempre teve receio de que seu trabalho , fruto de constante recriação, se publicado, virasse um manual de receita, destituído de sua filosofia original. Suas investigações vêm desde 1930, no entanto seu livro Eutonia - um caminho para a percepção corporal (Martins Fontes) é de 1976. O famoso psiquiatra italiano Franco Basaglia, num de seus livros, escreveu que existem criadores e aqueles que transformam a criação em técnica. É verdade que Basaglia, naquele contexto de feroz crítica aos tratamentos aplicados aos enfermos mentais, estava criticando a segunda categoria: a dos meros aplicadores da técnica. Entretanto, há necessidade de criadores e daqueles que conseguem transformar a criação em técnica. Gunna Brieghel-Müller, autora deste livro, cumpre perfeitamente esse papel. Uma das mais antigas eutonistas formadas por Gerda Alexander, revelou especial talento para o texto didático quando publicou Eutonie et relaxation, em 1974. Transformou conceitos bastante complexos em algo especialmente agradável: a prática da eutonia.

Para a compreensão da história da eutonia na América Latina, é preciso também considerar o papel significativo desempenhado pelas arte-educadoras , amigas de Gerda Alexander, Violeta de Gainza, autora de Conversas com Gerda Alexander (Summus), e Patricia Stokoe, a primeira a perceber o quanto a eutonia seria valiosa para a expressão corporal, empenhando-se na criação de grupos de investigação em Buenos Aires e São Paulo, no Jogo Estúdio , em 1974. Naquele momento, praticávamos princípios básicos da eutonia num grupo interdisciplinar, ao mesmo tempo em que tínhamos outro, de estudos, com o grande Doutor Pedro Dantas, médico psiquiatra, discípulo de Henri Wallon em Paris. Por meio das obras de Wallon, estudadas durante três anos consecutivos, fomos entender, dentre valiosas coisas, o papel da emoção no tônus muscular. É necessário salientar que as idéias de Wallon foram fundamentais para Gerda Alexander. Este livro nos foi valiosíssimo. Ajudou a trazer a eutonia para o contexto da expressão corporal que , juntamente com os conceitos do movimento segundo Rudolf, veio a dar corpo ao trabalho a que Patricia Stokoe deu o nome de Sensopercepção. Hoje, no Brasil, dificilmente faz-se educação física, esporte, terapia, fisioterapia, teatro e dança sem se falar de pontos de apoio, isquios, tônus, contato, estrutura óssea e consciência corporal. Eufonia e Relaxamento será de extraordinária utilidade a todos os profissionais que buscam, em sua prática, procedimentos sensíveis, diferentes daqueles meramente mecânicos e condicionadores. É urgente e imprescindível que a comunidade médica brasileira, ortopedistas, pediatras, neurologistas, psiquiatras, endocrinologistas, fisiatras, psicanalistas e todos os profissionais de saúde acerquem-se da eutonia para se informar das suas descobertas e imensas possibilidades. A percepção correta de que o corpo é um aparato psicofísico dotado de sofisticada sensibilidade benificiaria a todos nós. Ignorar o que não conhecemos não significa que o objeto do conhecimento não exista. 7

_

e

Apesar dos desvios que a eutonia possa estar sofrendo e vir a sofrer, continuo empenhada na pesquisa, estudo e divulgação desse conhecimento, por ter comprovado, durante todos esses anos, seus enormes benefícios terapêuticos. É grande a importância de procedimentos eutônicos como recurso básico ou auxiliar nas linguagens: dança, música, teatro e artes plásticas. É fato que, diante dos modismos corporais, a eutonia sofreu distorções várias, dentre elas o desmembramento do trabalho em meros exercícios. Desvincular a eutonia de seu suporte teórico e de sua filosofia, pode servir, exatamente, às práticas antagônicas aos princípios humanísticos elaborados por Gerda Alexander, sua criadora. No entanto, somente a divulgação e a prática criteriosamente realizadas poderão contribuir para que mais pessoas

possam usufruir do bem-estar psicofísico que esse fazer pode nos proporcionar. Eutonia e Relaxamento, de Gunna BrieghelMüller, pela simplicidade com que foi elaborado, traz, pela primeira vez, a oportunidade de o leitor aproximar-se desse trabalho e dele poder fazer uso obtendo resultados muito animadores. Sensibilizou-me descobrir, ao longo deste trabalho de supervisão do texto, a significativa coincidência: nossa maioridade. Há exatamente vinte e quatro anos, a mestra Patricia Stokoe deu as primeiras aulas no Jogo Estúdio, trazendo aí a eutonia. Nesse mesmo 1974, Raul Wassermann criava a Summus Editorial. Comemoremos, então. Eugênia Thereza de Andrade novembro de 1975

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •e •• ••

-

--• • -• e

e

•• •• •• •• ••

-

8

t

-

•• e •• •• •• •• •• •• •• •• e ••

e e

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •

PREFÁCIO

É com alegria que felicito o lançamento deste livro. Espero que ele chame a atenção para as ricas possibilidades que se abrem para aqueles .que adquirem um conhecimento mais profundo de seu corpo . A eutonia aplica-se a diversos domínios pedagógicos e terapêuticos. Na pedagogia, é empregada em jardins-de-infância e em escolas para crianças normais ou para deficientes físicos e pessoas com distúrbios comportamentais, ainda como técnica de formação de esportistas, de professores de educação física , e também em rítmica, música e dança ; é empregada nas escolas de arte dramática e como método psicoprofilático do parto. Com finalidade terapêutica, a eutonia pode ser aplicada na medicina psicossomática e em certas afecções psiquiátricas. Seu papel é considerável no campo da reeducação de afecções traumáticas, ortopédicas e neurológicas. A formação profissional dos eutonistas, compreendendo todos os aspectos da eutonia, é bem menos conhecida. Em sua essência, ela tende à experiência e ao conhecimento da unidade psicossomática individual por meio da tomada de consciência de regiões ou funções corporais que permaneceram parcial ou completamente inconscientes. O trabalho consciente de equilíbrio das ten-

sões - um equilíbrio que será constantemente renovado em contato consigo mesmo e com o ambiente leva à liberação e maturação da personalidade de cada aluno. Assim, apesar do caráter inteiramente objetivo da eutonia, seu ensino e sua realização levarão sempre a marca da personalidade do próprio eutonista e de suas aptidões particulares. Depois da formação, as experiências do eutonista serão desenvolvidas, sobretudo em função do campo no qual atua. O presente livro é o resultado de muitos anos de prática e de experiência em diversos âmbitos. Com seu conjunto completo de exercícios práticos, eJe será de grande ajuda para todos os alunos, amadores ou profissionais, assim como para aqueles que não têm a possibilidade de trabalhar com um eutonista. Ele será ainda uma contribuição preciosa para os pedagogos que utilizam aspectos particulares da eutonia e, finalmente , para os eutonistas pro fissionais.

Cerda Alexander Diretora da Escola Gerda Alexander, Copenhague, Dinamarca

9

, e e

•• •• •• •• •• •• •• •• ••

e

e

»>

_~~iiiiiiiiiíiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiliiiiiiiiiiõiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii"""""

•• • •• •• •e •• •• •• •• •• •

-

-=



e

•e •• •• •• •• •• •• •• ••" •• • e e ••

-•• e

e

e

•• •e •• •• • •• •• •

INTRODUÇAO

A palavra relaxamento entrou na língua francesa há alguns anos e designa, sem distinção, todos os métodos de descanso físico e psíquico. 'Para evitar qualquer mal-entendido, o termo relaxamento será empregado aqui no sentido preciso de uma descontração muscular. O termo eutonia foi inventado por Gerda Alexander para sublinhar que somente o relaxamento não é suficiente para dar ao ser humano um domínio satisfatório de seu corpo: é necessário adquirir um equilíbrio tônico, quer dizer, a capacidade de influenciar o tônus para se adaptar harmoniosamente às circunstâncias variadas da vida. Assim, o que chamamos eutonia (literalmente, o bom tônus*), é um estado no qual todo movimento é realizado com um mínimo de energia e um máximo de eficácia, deixando as funções vitais prosseguirem normalmente. Os movimentos não devem atrapalhar a circulação do sangue, a respiração, nem as outras funções dependentes do sistema nervoso vegetativo. Os movimentos realizados na eutonia são chamados, por vezes , de movimentos orgânicos. De acordo com essa terminologia, a palavra orgânico indica, precisamente, que todos os órgãos trabalham harmoniosamente e todo o organismo trabalha como uma unidade. A eutonia e o relaxamento são técnicas úteis nas mais diversas condições de vida. Tornam disponíveis as forças físicas e mentais e permitem preservar ou restabelecer rapidamente a saúde se o equilíbrio for momentaneamente rompido. Essas técnicas são eficazes para prevenir e curar o estado de tensão geral excessiva, tão freqüente nestes tem-

pos em que a mecanização e o ritmo acelerado das máquinas parecem se impor à vida humana de um modo cada vez mais nefasto. Numerosas causas de cansaço, de mal-estar e de doença podem ser eliminadas pela eutonia. O estudo sistemático de uma descontração profunda conduz, além disso, a uma tomada de consciência de si mesmo que desenvolve a personalidade por inteiro. Este livro foi concebido para ajudar aqueles que desejam obter um melhor domínio de suas faculdades físicas e psíquicas. As pessoas que já estudaram com um professor o utilizarão como fonte de consulta e encontrarão inspiração para continuar os exercícios em casa. Aqueles que ainda não praticaram o relaxamento poderão basear seus estudos, com toda a segurança, neste manual. Cada capítulo trata de um aspecto particular do trabalho corporal, mas todos os princípios podem ser utilizados para um único e mesmo exercício. Por esse motivo é recomendada a leitura do texto explicativo de todos os capítulos, antes de começar os exercícios práticos. Como antiga aluna de Gerda Alexander, faço questão de exprimir minha profunda gratidão por seus ensinamentos, sobre os quais fundam-se as minhas próprias experiências no assunto. Espero que este livro sirva também para todos aqueles cuja vocação é ensinar o relaxamento e a eutonia. Agradeço cordialmente aos amigos que, com seu encorajamento, ajudaram-me a terminar este livro e, especialmente, a madame Marguerite Müller por sua preciosa ajuda no que diz respeito à redação em francês.

~

* Tônus : ligeira tensão v ital de base, sempre presente em um organismo vivo. 1I

1e •• e

ta

•• •• •• •• •• • "• ••

e

e



(I

e

•• •e •e

•••• -•• e

••

.' e

-

tt

4t

é

• (

1

~

tp

-•• e f

o REPOUSO. A PASSIVIDADE.

~

•e ti

e



-

• e

e

e

• ••

e

ti

ê

~

e

e

e

•• ••-•• • •• •

.

OBSERVAÇÕES GERAIS

o relaxamento, compreendido no sentido de descontração muscular, precisa do aprendizado da passividade. A passividade, o estado de não-ação, é indispensável ao organismo. O repouso regenera os tecidos cansados e gastos pela ação. Sem repouso, o corpo esgota rapidamente suas forças . Para ter um domínio completo do corpo é necessário, além disso, saber ser voluntariamente ativo e passivo. Não se pode, portanto, confundir passividade com falta de vontade; a passividade é um estado de inatividade escolhido e mantido voluntariamente. A descontração muscular bem-compreendida reforça a vontade ao invés de enfraquecê-la. O relaxamento é uma técnica de descontração muscular voluntária. Se a passividade é obtida pelo enfraquecimento da vontade, por sugestão, pela hipnose, por medicamentos ou, simplesmente, pelo sono, não se trata de relaxamento, mas de relaxamento involuntário. Existem casos em que esse relaxamento é perfeitamente desejável (como o relaxamento no sono); mas é indispensável, para o estudo do relaxamento, aprender a distinguir dois estados passivos diferentes: a passividade inconsciente e involuntária e a passividade consciente e voluntária. Nos exercícios que se seguem, a finalidade é, sem exceção, a passividade consciente e voluntária. I A passividade, quer dizer, o repouso muscular, é o remédio natural contra o cansaço e podemos empregá-lo em todos os casos de fraqueza ou de dores provocadas pelo cansaço ou pela estafa: esgoL Podemos enumerar quatro estados diferentes de passividade: I. estado passivo inconsciente, involuntário - a inconsciência total durante o sono, durante um desmaio , em casos de narcose ou hipnose . O estado passivo de certos músculos desocupados na vigília, músculos hipotônicos, "flácidos". 2. estado passivo consciente, involuntário : cansaço extremo, paralisias parciais. 3. estado passivo inconsciente , voluntário ou livremente consentido - sono, hipnose , narcose, anestesia. 4. estado passivo consciente, voluntário .- relaxamento . Essa subdivisão não tem, entretanto, grande valor prático, e não a utilizaremos mais.

tamentos, contraturas, mioses, câimbras, tendinites , neurites, lombalgias etc. Além disso, a passividade assegura uma cura mais rápida em todos os estados patológicos em que a circulação do sangue é mais lenta devid.a ~ tensões inúteis. Isso é válido para a grande maiona das doenças e seria desnecessário enumerar todos os casos de aplicação da passividade. Vejamos, entretanto, alguns exemplos: dores de cabeça provocadas por contrações musculares da fronte, dos olhos e da nuca, dores de garganta acompanhadas de contrações da faringe e da laringe, entorses leves, contusões, ferimentos, queimaduras, pós-fraturas, anquiloses, ciática, reumatismo, asma, angina de peito, dores de estômago ou intestino, discopatia etc. A passividade deve ser alternada com a atividade. Essa regra assegura um ótimo funcionamento do organismo e toma os movimentos desenvoltos. Todo trabalho, se for realizado em um ritmo natural , por músculos treinados na alternância entre a atividade e a passividade, atingirá o máximo de eficácia em um tempo mínimo e com um mínimo de esforço. Evita-se, assim, diversos estados doentios. O relaxamento é, portanto, uma excelente profilaxia . Para aprender uma nova técnica em qualquer área , o recurso consciente à passividade permite avançar mais rapidamente e adquirir uma maior habilidade. Ela deve ser praticada antes de começar um movimento e imediatamente depois, ao terminálo. (Trata-se aqui da passividade de um membro ou de uma única parte do corpo, a pessoa se encontrando em posição ativa.) Desse modo, o movimento justo é repetido corretamente desde o início do exercício, o que permite a sua rápida automatização. Reduzindo-se o número de movimentos supérfluos, evita-se a formação dos temíveis obstáculos apresentados pelos automatismos parasitas. Por essas mesmas razões, a passividade é um grande recurso quando se trata de assumir um novo hábito ou de mudá-lo. A aquisição rápida de novas técnicas e a facilidade de modificar os hábitossão sinais de inteligência. O relaxamento aumenta essas faculdades e nos

;

:L

13

e

e

autoriza a pensar que ele é um fator de desenvolvimento da inteligência. Muitos alunos têm podido constatar que o trabalho assim controlado lhes é mais fácil, tanto do ponto de vista físico como mental. Uma tomada de consciência mais rápida do que é importante torna-se possível e daí decorre uma melhor organização do trabalho. Ainda que um aumento da inteligência propriamente dita seja pouco provável , podemos constatar que o relaxamento permite um emprego mais pertinente dos recursos físicos e mentais do indivíduo. Se é fácil demonstrar as vantagens do estado passivo, não podemos dizer o mesmo quanto a chegar a esse estado. Parece curioso que n~o fazer ~ada possa ser tão difícil; mas o estado pa.sslvo consc~en­ te é geralmente muito pouco conhecido e quase Inexistente na vida moderna. A descoberta do estado passivo toma-se assim uma verdadeira aventura e a primeira vez que o experimentamos - uma experiência extraordinária. Em seguida, adquirimos a possibilidade de suscitar esse estado com facilidade; ele se toma familiar, sem por isso perder seu caráter benéfico. A experiência primeira, entretanto, permanece freqüentemente gravada na memória como um acontecimento decisivo. Concluindo, é preciso admitir que é uma tarefa séria e de longo fôlego alcançar o estado de passividade consciente e voluntária. Todavia, as etapas preliminares constituem em si mesmas um relaxamento progressivo,' o que assegura resultados apreciáveis muito antes que o estado ideal seja atingido. Nos parágrafos seguintes será dada uma explicação detalhada dos exercícios de aproximação da passividade.

PASSIVIDADE GLOBAL

Em primeiro lugar, é preciso escolher uma posição na qual todas as partes do corpo estejam bem apoiadas e sustentadas, de modo que um abandono real do peso seja possível. Para as pessoas com saúde e constituição normais, a posição deitada sobre as costas é certamente a melhor. Em um local onde a tranqüilidade está assegurada e a temperatura é agradável, deitamos em um cobertor estendido sobre o chão e com os braços ao longo do corpo (Fig. 1). Para esse exercício não é preciso estar vestido de maneira especial; basta tirar os sapatos, eventualmente afrouxar o cinto ou a gravata, e cuidar para não sentir frio. 2. Essa expressão é empregada em um sentido ligeiramente diferente por E. Jacobson para designar seu método de relaxamento. Ver bibliografia.

14

e

c::::/,

Os antebraços estarão normalmente pousados sobre a borda cubital, com as mãos semi-abertas, as pernas ligeiramente afastadas, os pés soltos em direção ao exterior. Não é preciso, entretanto, querer colocar-se nessa posição a qualquer preço. Pequenas modificações podem ser necessárias, pois o que importa não é a posição, mas a sensação de repouso e abandono que ela dá. Assim , muitas pessoas preferem posicionar os braços mais perto do corpo, as palmas voltadas para o chão. Outras, ao contrário, colocam os braços mais longe do corpo , as palmas voltadas para cima. Se não podemos encontrar repouso numa dessas posições, é possível ainda posicionar os antebraços sobre uma almofada ou sobre o próprio corpo. Para as pernas, pode ser preferível pôr os joelhos sobre duas almofadas ou sobre um rolo, para diminuir a curvatura das costas (Fig.- 2). Os indivíduos que têm a parte superior das costas um pouco arredondadas poderão evitar que a cabeça fique voltada para trás colocando um livro de uma espessura adequada, um cobertor dobrado ou ainda uma almofada plana e dura (Fig. 2). Outros , por fim, que têm as costas muito curvas, poderão se posicionar perto de uma poltrona ou de um divã para apoiar as pernas. A altura do apoio deve permitir um repouso agradável da barriga das pernas e dos pés. Nessa posição as costas ficam retas e a curvatura é reduzida sem esforço (Fig. 3). Obtemos o mesmo efeito apoiando os calcanhares em uma parede, as pernas estendidas formando um ângulo de 45 a 65° em relação ao solo (Fig . 4). O relaxamento é geralmente mais fácil e mais profundo sobre uma superficie dura. Por esse motivo recomendamos o chão ou uma cama dura. Uma

2

• e e •• •• •• •• • •

.~

-• --• • --• e

e

tt

e e

e

•e

-••• • -••

• ------_J

·,lItiii ' iiiiiii~~iiiiiliiiiiiiiiiiiiliiii~~............

3

~

e e

e

•• e •e •• •• •• •e •tl •

• ••• -• -• ••e

e

. IMOBILIDADE

4

cama muito macia não é favorável -ao repouso, sendo melhor pôr uma tábua sob um colchão, para proporcionar uma sustentação resistente e horizontal para a coiuna vertebral. No caso de indivíduos em que a situação particular exige, é possível relaxar sobre um leito ou em uma poltrona. Existem assentos especiais para o relaxamento, mas uma poltrona comum pode ser suficiente, com a condição de que a cabeça seja sustentada por trás ou ainda seja mantida relaxada para a frente. Recomenda-se elevar as pernas apoiando-as no assento de outra poltrona (Fig. 5).

e

e

e

5

e

~

~

:..

regra para ser passivo é não fazer nada. Isso parece simples, mas é interessante observar quanto tempo cada pessoa pode ficar verdadeiramente imóvel. Uma pessoa equilibrada, com boa saúde e sem preocupações, não demorará muito para ficar tranqüila e dormirá, provavelmente muito rápido, para acordar em seguida fresca e disposta. Ao contrário, se existem tensões, várias reações são possíveis: 1. Sentimos as tensões e as eliminamos pouco a pouco por meio de um abandono consciente. 2. Temos consciência das tensões mas, ao mesmo tempo, a impressão de que não podemos eliminá-las pela força de vontade. Nesse caso, fica-se imóvel pens~ndo no peso do corpo e no chão que o sustenta. E preciso sentir a relação do corpo com o solo (ou qualquer outro objeto que o sustenta), é preciso sentir a sustentação que o solo nos oferece (ou o leito ou a cadeira). Isso leva, pouco a pouco, ao relaxamento.

11

•e • ••

QU,ando .escolhemos a posição e fechamos os olhos, e preciso avaliar se todos os músculos estão bem relaxados. O que é preciso fazer para avaliar os músculos? Não há nada a fazer. É aí que reside a primeira dificuldade para aquele que quer relaxar. Para controlar o relaxamento temos freqüentemente a tendência de mexer um membro ou a cabeça. É evide,nte que tal movimento traz uma ação, um estado ativo e não o estado passivo procurado. Não podemos controlar a passividade por meio de um movimento, mas somente pela sensação interior que, observada em detalhe, informa perfeitamente sobre o estado dos músculos. Então, a primeira

As posições de bruços e de lado são igualmente válidas para o repouso, desde que se esteja à vontade. Uma pessoa em boa saúde relaxa facilmente em todas as posições. Certas tensões e encurtamentos ~usculares podem, entretanto, impedir o repouso . E preciso, então, procurar a posição em que a pessoa sente-se melhor. (As posições difíceis ficarão cada vez mais fáceis à medida que se relaxa).'

3, Ver Capítulo 2.

3. Sentimos as tensões e tentamos eliminá-las nos movimentando. Isso é uma reação errada, pois todo movimento deve ser evitado. É preciso compreender a necessidade absoluta de imobilidade; é uma regra fundamental. Se, apesar da vontade de nos mexer, permanecermos imóveis, podemos perceber uma sensação desagradável. Era ela que nos incitava e que produzia o movimento contra nossa vontade. Ao nos dar conta disso podemos eliminar os movimentos e alcançar a imobilidade e a passividade. Aceitamos a sensação desagradável da qual havíamos, inconscientemente, procurado fugir ao nos mexer.' Se não conseguimos 4. A imobilidade é necessária para o relaxamento profundo, mas há a possibilidade de relaxamento parcial pelo movimento. Ver Capítulo 4.

15

e

realmente aceitar a sensação desagradável, quer dizer, se ela continua a incomodar, é preferível mudar de posição.

Se um exercício se torna muito difícil, por um motivo qualquer, é indicado interrompê-lo e substituí-lo por um estiramento natural ou, então, modificar a posição. Evidentemente não é a imobilidade em si que é o objetivo; e seria um exercício inútil querer, a qualquer preço, manter-se imóvel como uma estátua durante um tempo prolongado. Tal imobilidade forçada engendra, devido às tensões que cria, um enrijecimento que vai contra a passividade que procuramos. A passividade consciente é um estado de "inatividade de todos os músculos voluntários do corpo. Esse estado dá aos músculos e aos nervos o repouso e a tranqüilidade que os regeneram. Consciente ou inconscientemente, o relaxamento é com freqüência associado à idéia de morte. Entretanto, o estado de passividade voluntária não tem a menor semelhança com a morte. O estado de passividade consciente é um estado vivo e quanto mais relaxamos mais percebemos a vida interior do corpo: a respiração, a circulação do sangue, os movimentos peristálticos etc.'

MOVIMENTOS INTERIORES

É de importância primordial habituar-se, desde o início, a observar e a sentir todos os movimentos interiores sem intervir em seu mecanismo. As funções vitais são perfeitamente reguladas pelo sistema nervoso vegetativo, que assegura o melhor estado possível dos órgãos. Por exemplo, é totalmente inútil, e algumas vezes perigoso, querer "corrigir" a respiração por meio de uma ação muscular voluntária, seja inspirando mais profundamente seja respirando em outro local, seja segurando o fôlego etc. É preciso desaconselhar todos esses exercícios respiratórios aos iniciantes. Trata-se de eliminar de seu espírito o desejo por mais natural e legítimo que seja - de uma respiração profunda e regular. É preciso compreender que a cada indivíduo e a cada situação corresponde uma respiração particular, que somente o sistema nervoso vegetativo (autônomo) consegue definir. Nossa faculdade intelectual não pode regular de modo suficientemente preciso a função respiratória. Mesmo ~. A autora não pode aceitar o termo "posição de cadáver", utilizado pela yoga: essa expressão que dá, desde o início uma falsa idéia do relaxamento. '

16

se conhecêssemos a quantidade de ar exata necessária e a maneira correta de respirar, não poderíamos obter essa respiração ideal por um ato dirigido pela vontade. A intervenção intelectual, comparada ao ato espontâneo que obedece tão sutilmente às necessida des variadas do organismo, seria grosseira." . O primeiro exercício de relaxamento consiste, então, em ficar numa posição de repouso agradável, sem mexer, durante um tempo que vai de um minuto a meia-hora ou mais . Para alcançar um repouso verdadeiro, é preferível dirigir pensamentos e observações a uma direção precisa. Podemos executar o primeiro exercício de relaxamento de três maneiras diferentes, de acordo com o método de observação escolhido.

EXERCÍCIO DE BASE PARA O RELAXAMENTO GLOBAL 1. Escolher uma posição de relaxamento e adotá-la (ver Figs. 1-5, passividade global). Dirigir a atenção para todos os pontos do corpo que se apóiam e se sustentam no solo (ou outro ponto de sustentação). Precisar, em detalhe, a forma e o tamanho dessas superfícies. Em cada lugar, observamos se abandonamos verdadeiramente o peso e se sentimos realmente que ele é sustentado. Proceder sistematicamente, começando pelos calcanhares para terminar na cabeça. O exercício deve levar a uma consciência clara de toda forma do corpo sobre o solo, assim como à sensação positiva de repouso. 2. O "inventário": escolher a posição de relaxamento e adotá-la. Tomar consciência de cada parte do corpo e também de sua totalidade, cuidando para relaxar todas elas. Dar-se o tempo de sentir interiormente cada parte e dirigir a atenção sucessivamente para: os dedos dos pés, as plantas, o calcanhar, a articulação do pé, o tornozelo, a barriga da perna, a tíbia, o joelho, a coxa, a articulação do quadril, o conjunto da perna; as nádegas, a parte inferior das costas, o ventre, a cintura, a parte superior das costas, o diafragma, o peito, o conjunto do tronco; as clavículas, as omoplatas, os ombros, a parte superior do braço, o cotovelo, o antebraço, o pulso, a mão, os dedos , o conjunto do braço; o pescoço, a cabeça, o corpo inteiro. Acrescentar, even6. Quando conseguimos observar a respiração sem influenciála, coisa muito difícil, podemos passar, sem perigo, para os exercícios de respiração propriamente ditos. Ver Capítulo 6.

.-e ••

ta

•e • •• • tia

4t

e e

•ft •

e e

• ••" • ti

e

e

e e

-•• ••• • -• e ~

e

e

ti

--------

e

•e

•• e •• •



-•

e e e

.,

•• e•

e a e e e



.ft

-

e e e ta e

• •• e• • • e -. •e__

-ti

tualmente , os traços do rosto , as orelhas, o couro cabeludo etc . Se dispomos de pouco tempo , reduzimos o inventário às partes essenciais ou observamos uma só parte do corpo em detalhe. Se dispomos de mais tempo , é melhor nos ocuparmos das grandes partes do corpo para , em seguida, retomar com mais minúcia o lugar que tem uma necessidade especial. 3. Última maneira: deixar vir à consciência todas as sensações corporais presentes no corpo. Uma vez tomada a decisão de não se mexer mais , trata-se de estar consciente, a cada instante, da ou das sensações atuais. Se há várias, devemos nos ocupar da mais forte, daquela que dominá as outras, e tentar descrevê-la para nós mesmos com exatidão. Quando a sensação dominante muda de natureza ou de lugar, a consciência segue esse processo, observando a sensação dominante seguinte. A atenção vaga muito livremente pelo corpo inteiro. O relaxamento se tomará cada vez mais profundo.

As

SENSAÇÕES CORPORAIS

A imobilidade pode ter diferentes efeitos. No começo do relaxamento é muito freqüente o desaparecimento das sensações corporais. Por exemplo, não é raro que o principiante não sinta seu corpo. Na vida cotidiana, as sensações corporais são provenientes, em sua grande maioria, dos movimentos exteriores. Eliminados esses movimentos exteriores, a pessoa corre o risco de não sentir mais nada, pois não tem o hábito de dirigir sua atenção para o interior do corpo. Com efeito, a diferença entre as sensações de superfície ~ as das camadas profundas é grande."

E, portanto, perfeitamente normal passar por um estado de ausência de sensações, o que não deve ser motivo para inquietação.' Se perseveramos no exercício, as sensações afloram à consciência. Essas percepções são, nesse caso, de grande importância e formam a base de nosso domínio neuromuscular e psíquico. Pode haver três categorias de sensações: agradáveis. desagradáveis e neutras. É claro que as sensações agradáveis ou neutras não apresentam à primeira vista nenhum obstáculo para o relaxamento." Mas a uma sensação desagradável reagimos, ge7. A propó sito das angústias que podem surgir devido a essa ausência de sensações, ver Capítulo 7. 8. Para as exceções, ver Capítulo 7.

ralmente, por uma crispação ou por um movimento. E preciso, então, eliminar essas reações, primeiramente tomando consciência delas para , em seguida, relaxar os músculos de onde elas provêm. Para compreender bem isso é preciso ter em mente que a reação habitual a uma sensação desagradável é fa zer um movimento (ou uma crispação) ime?iato, irrefletido e, freqüentemente, inconsciente. E uma reação instintiva e normal. (Quando tocamos um objeto quente, por exemplo, retiramos imediatamente a mão.) Essa reação é também a explicação para os movimentos inconscientes durante o sono. Essas "respostas" ativas são normais e benéficas na vida cotidiana. Nós as eliminamos apenas d~'~ante o relaxamento consciente, quando o corpo ja se encontra em uma posição confortável. Para relaxar completamente é preciso acolher todas as sensações presentes, sem reagir. 9

QUANDO E QUANTO TEMPO É PRECISO PARA RELAXAR? As três maneiras indicadas permitem obter um geral. O tempo preciso para alcançá-lo vana de acordo com as aptidões individuais e com o grau de treinamento. Quanto maior a concentração, mais rápido o relaxamento que, freqüentemente, atinge o sono. Se dispomos de tempo suficiente, o melhor é continuar o sono até despertar espontaneamente. Se o tempo é limitado, é preferível que alguém nos acorde ou colocar um despertador. (Os relóg~os de. cozinha pode~ ser utilizados para isso, mas e preCISO tomar o CUIdado de atenuar a sonoridade. Deve-se evitar acordar bruscamente, com um barulho muito forte.) Assegurar o despertar desse modo pode parecer bobagem, mas é impossível um relaxamento profundo se estamos com medo de dormir e perder a hora ou se devemos olhar o relógio a cada instante; ao mesmo tempo, um só minuto pode ser bem aproveitado desde que se possa concentrar totalmente no relaxamento. rel~xamento

Não se deve levantar bruscamente após o relaxamento - é preciso espreguiçar-se antes. O estiramento é o intermediário natural entre o repouso e a atividade. 10 Podemos, em primeiro lugar, estirar as mãos e os pés, os braços e as pernas, em seguida todo o corpo, indo dos pequenos e leves movimentos aos mais amplos e enérgicos, bocejando e respirando livremente. Se o exercício de relaxamento

9. Ver também Capítulo 7. 10. Ver Capítulo 4.

17

é feito na cama, antes do sono, o espreguiçamento é desnecessário. Ele diz respeito, então, à manhã seguinte. As pessoas muito nervosas e estafadas devem relaxar não mais do que três a cinco minutos de cada vez, de hora em hora , ou tão freqüentemente quanto possível. O método permite evitar uma depressão nervosa .e ajuda a enfrentar um período de estafa pois, mesmo se não conseguimos uma sensação de relaxamento, esses três minutos de repouso podem ser suficientes para afastar o perigo de um excesso de fadiga. Quando o estado geral melhora, podemos passar para períodos de relaxamento mais longos e mais espaçados. Um indivíduo em boa saúde pode mergulhar em um sono profundo durante cinco minutos e acordar instantaneamente, fresco e disposto. Ele poderá também permanecer relaxado durante uma hora sem se mexer, se for necessário, após um trabalho particularmente penoso ou antes de uma performance. Podemos dizer que , em geral, os iniciantes precisam de muito mais tempo para alcançar o relaxamento profundo e para sair dele, enquanto que as pessoas mais adiantadas relaxam rápida e profundamente e voltam igualmente rápido ao estado de atividade normal. Para pessoas muito cansadas, em geral é melhor relaxar menos profundamente, porém com mais freqüência. O primeiro exercício de relaxamento, o repouso total, permanece como exercício de base; Ele será repetido, de uma forma ou de outra, tão freqüentemente quanto seja necessário para uma regeneração profunda. É recomendado na cama, antes do sono da noite, mas também em qualquer momento do dia, breve ou prolongado.

MOVIMENTOS ATIVO-PASSIVOS

A passividade também pode ser exercida em alternância com a atividade. É preciso saber ser ativo ou passivo voluntariamente e, em conseqüência, dominar a passagem do estado passivo para o ativo e vice-versa. É para esse domínio que se dirigem os exercícios seguintes. No início do treinamento, a posição mais adequada é estar deitado de costas; mas todas as posições enumeradas para a passividade completa servem também para os exercícios ativo-passivos.

uma altura intermediária ou apenas quando os dedos se afastarem do chão , mantendo o pulso imóvel; c) relaxar o antebraço e a mão , que caem passivamente sobre o chão ; ou d) os deixamos repousar durante alguns instantes (ver Fig. 6). Posição inicial: a mão repousa sobre o lado do dedo mínimo, o cotovelo apoiado sobre o chão . Essa posição permite o movimento mais simples e é portanto aconselhada, mas todas as posições são possíveis. O momento mais importante é a passagem do estado ativo ao estado passivo e vice-versa. (Se a mão cai em uma posição diferente da inicial, não é preciso corrigir a posição, mas elevar o pulso diretamente a partir dessa nova atitude. )

ti ~

-• •-• ~

6

6

O exercício de elevar e deixar cair pode ser feito, em seguida, com todas as partes do corpo, por ordem de dificuldade, escolhendo-se primeiramente as zonas periféricas e depois as partes centrais do corpo, ou podemos concentrar o exercício em um ponto doente ou doloroso que gostaríamos de aliviar. Enumeramos aqui os principais exercícios ativo-passivos. 2. Elevar e deixar cair o joelho (Fig. 7). Deitar-se de costas, as pernas sobre uma superfície dura e lisa. É preciso que o calcanhar possa escorregar livremente. Enviar a energia apenas até o joelho. A parte inferior da perna deve permanecer passiva, o calcanhar permanecerá apoiado no chão. Elevar tranqüilamente o joelho até que ele esteja ligeiramente flexionado; mantê-lo nessa altura, em seguida relaxar. Ele cairá devido ao seu próprio peso, o pé escorregando para a frente. Em seguida, repousar alguns instantes, observando a passividade de toda a perna a partir do quadril. Durante o movimento, não enrijecer a outra

1. Elevar e deixar cair o antebraço. O exerc ício contém quatro fases: a) elevar o pulso em um movimento lento e contínuo, deixando a mão pender suavemente; b) parar o movimento em

7

18

a-n_iiiiiiiiiiiiiiiiii

-

e• •• .•• e e •4t

•e e •.

e ta e e

--

•• ta ti

e e

•• •e •e

-

ti

liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

JIe



e e

e

•• e e •• •e •,. e •e •• • •e e•

-

perna, nem outra parte do corpo. ~e.a exercício é feito ao mesmo tempo com os dOISJoelhos, observar para não contrair o ventre nem as costas. O peso das pernas eleva a bacia, inclinando-a para a frente , o que curva um pouco as co.stas. A curvatura é normal e provém de um movimento passivo . As costas voltam à posição inicial no momento em que relaxamos os joelhos. A queda provoca uma sacudidela fraca no co:ro inteir~. Não enrijecer para evitá-la, mas sentir a sacudidela e as pequenas vibrações que se seguem. Prestar particular atenção à nuca, para não enrijecê-la. Esperar que as vibrações cessem antes de levantar os joelhos novamente. (Uma imagem pode ajudar a relaxar: quando deixamos cair um pedregulho em uma tina cheia de água, formamse círculos sobre a superfície da água. Esperar que a superfície volte a ficar calma antes de recomeçar.) 3. Em vez de elevar o pulso ou o joelho, podemos elevar e deixar cair o cotovelo, movimento que aciona o braço inteiro (Fig. 8); o tornozelo, movimento que faz elevar a perna inteira (Fig. 9); os ombros (Fig. 10); e o quadril (Fig. 11). Elevar apenas a uma altura suficiente para afastar o membro do assoalho.

e ti

• "e

-

8

e e

e

ta

.-ta e •• e •• •• •e • ~

9

10

4 , Ao invés de elevar, podemos fazer o movimento inverso, quer dizer, apoiar para baixo e em seguida relaxar. Isso é psicologicamente interessante , pois observamos também que a passividade e o abandono não são sinônimos de queda , mas podem levar a uma maior leveza . 11 5. Exercícios ativo-passivos com a cabeça. Deitado sobre as costas, girar a cabeça tranqüilamente de um lado para o outro, observando a quantidade de energia necessária (é indispensável uma superfície dura sob a cabeça). Intercalar a passividade, deixando a cabeça alguns instantes nos lugares em que ela repousa naturalmente. As posições de repouso da cabeça são individuais e correspondem à forma do crânio e dos músculos do pescoço. É preciso encontrá-las verificando o peso da cabeça e a direção em que ela tem tendência a cair. 6. Mesmo exercício, mas executado com maior habilidade, observando as quatro fases: movimento ativo, postura ativa, relaxamento e repouso. Partindo do centro, fazemos um movimento ativo muito pequeno para o lado. Mantemos ativamente a cabeça na posição obtida, em seguida, a abandonamos ao repouso. É preciso prestar particular atenção ao momento de abandono, pois - dependendo da forma do crânio - a cabeça pode cair para a direita ou para a esquerda, ou permanecer imóvel. Nesse último caso, não há movimento passivo, mas somente relaxamento imóvel. O exercício é corretamente executado quando o indivíduo sente nitidamente as quatro fases , mesmo na ausência do movimento passivo. A postura ativa e o abandono desejado devem ser claramente decididos e experimentados. 7. Em vez de fazer o movimento da cabeça para o lado, podemos fazê-lo no sentido sagital, ou seja, flexionar a cabeça para a frente e para trás, mas sem levantá-la do assoalho (Figs. 12 e 13). A parte posterior da cabeça deve permanecer constantemente encostada no solo, e o ponto de contato deve ser verificado com exatidão. Os três últimos exercícios (5, 6 e 7) são particularmente indicados para liberar a nuca de tensões dolorosas, e são muito úteis e~ c.as~, · de insânia. Podem parecer simples, mas peden~.·:~ma . " . muito . evo IUlída para serem executados conSClenCIa . ". " . :d rJ : :' . , e, a d qu irir O domíni corretamente. O objetivo . õ' .:aos , músculos em todas as fases: movimento atIvo Jele: -~ ,. ; :-,•••' o,X

lI. Ver também Capítulo 7.

ti ta

Particularmente, é preciso observar o início da elevação , que deve ser feita sem sacudidelas (ver item seguinte).

13

vado ou não), postura ativa (manter-se no lugar), movimento passivo (relaxamento no lugar) e posição passiva (repouso depois do relaxamento). Os erros correntes são os seguintes: a) Em vez de deixar cair o braço, 12 o imobilizamos, e não alcançamos o estado passivo por haver um comando direto dos músculos. O braço não obedece às ordens do cérebro - a recusa demonstra que a passividade não foi atingida, mas também que a atividade foi alcançada de uma maneira inconsciente. Uma ação efetuada sem consciência não pode ser eliminada conscientemente. Para corrigir o erro é preciso recomeçar o movimento ativo, levantar o braço lentamente para ter tempo de detalhar o trabalho que é feito. É preciso sentir quanto pesa o braço, qual a energia necessária para levantá-lo e onde essa energia está localizada. Quando a percepção é clara e precisa, conseguimos por fim suprimir essa energia e deixar cair o braço. b) Em vez de deixar cair o braço, o jogamos para baixo - Esse erro provém de uma reação inconsciente: diante da impossibilidade de relaxar, o indivíduo tenta deixar cair o braço artificialmente, dando-lhe um impulso. Se estudamos em detalhe o momento de passagem do estado ativo para a passividade, percebemos que ele se faz em um instante de inconsciência. E preciso, então, procurar primeiramente estar plenamente consciente no momento do início da queda. Reconhecemos que aí se esconde uma impossibilídade de relaxamento. Para corrigir ISSO e preCISO proceder como o indicado acima. 12._o exemplo do braço foi escolhido para facilitar a explicaçao, Os erros e suas correções são típicos e dizem respeito a qualquer parte do corpo. .

20

c) O movimento ativo não é contínuo, mas realizado por meio de pequenos movimentos - O movimento ativo consciente deve ser feito do início ao fim sem sacudidelas, sem choques. Para atingir o objetivo é preciso realizá-lo devagar, tão lentamente quanto possível (com a velocidade de um caramujo ou a do ponteiro de um relógio). A altura do movimento será reduzida a um ou dois centímetros ou somente a alguns milímetros. É preciso, sobretudo, conseguir começar o movimento tão sutilmente que o pulso não descole bruscamente do solo. Devemos ter a impressão de enviar uma quantidade muito pequena de energia até os ossos do pulso , não mais adiante, e, em seguida, aumentar o influxo gradualmente, o suficiente apenas para realizar o elevamento de forma suave. Isso representa uma dificuldade que, para muitos, parece intransponível. Entretanto, por meio de uma observação minuciosa, constataremos que urna sacudidela provém de um mau uso na dosagem de energia. Em seguida, aprenderemos a prevenir essas sacudidelas, antes que elas se produzam. Enfim, perceberemos a mínima resistência de outros músculos. Relaxando-os , o movimento sem sacudidelas será finalmente possível. d) É muito provável que, trabalhando o exercício em detalhe, percebamos que , mesmo com o braço relaxado ao máximo, ainda subsistem tensões. Nesse caso, não elevamos mais o pulso, mas seguimos mentalmente as tensões ainda perceptíveis até suas origens. Nesse ponto retornamos ao primeiro exercício de relaxamento.':' Feito dessa maneira, o exercício ativo-passivo traz um relaxamento muito profundo; mas ele exige também uma faculdade de atenção, muito rara entre os iniciantes. Devemos por isso nos prevenir contra o perfeccionismo no começo. Se o exercício não dá tão certo quanto desejaríamos, não é por isso inútil ou inócuo. O relaxamento pode ser realizado por meio de estágios sucessivos, e é por isso que empregamos séries de movimentos ativo-passivos que , pela ordem sistemática que seguem, facilitam consideravelmente a concentração. Nessas séries, não perderemos tempo com detalhes. Em vez de fazer as quatro fases indicadas a seguir, podemos fazer ape13. Ver pp. 15-17 e Capítulo 3.

e



-• e

•• e• •• e e• •• •

• ••e

e

e e

e

e e

ta

e

e

-.ta

-.• •• • -• e e

• •



• •e e •• •• •• e e •• • e •e ,•. e e

e e e

ti



e e

e

•e

e e

nas duas: elevar e deixar cair. Poderemos fazer o movimento em um ritmo mais ou menos lento , de acordo com nosso temperamento, com alturas variáveis etc.

Primeira série de movimentos ativo-passivos Levantar e deixar cair os membros na seguinte ordem (por exemplo, três vezes cada parte): o pulso direito, o pulso esquerdo, o joelho direito, o joelho esquerdo, os dois pulsos, os dois joelhos, os quatro membros. Segunda série de movimentos ativo-passivos Levantar e deixar cair (por exemplo, três vezes cada parte): o pulso direito, o pulso esquerdo, o joelho direito, o joelho esquerdo, os dois pulsos, os dois joelhos, o pulso e o joelho direitos, o pulso e o joelho esquerdos, o pulso direito e o joelho esquerdo, o pulso esquerdo e o joelho direito, os dois pulsos e o joelho direito, os dois pulsos e o joelho esquerdo, os dois joelhos e o pulso direito, os dois joelhos e o pulso esquerdo, os quatro membros de uma só vez. Em vez de realizar essas séries com o pulso e o joelho, podemos fazê-las com: a mão e o pé (Fig. 14), o cotovelo e o tornozelo (Figs. 8 e 9), os ombros e o quadril (Figs. 10 e 11).

Em vez de erguer e deixar cair, podemos apoiar e em seguida relaxar cada parte. É útil manter sempre o mesmo encadeamento. Essa ordem facilita a concentração, aumenta a coordenação entre a esquerda e a direita e entre as partes superior e inferior do corpo, equilibrando o sistema nervoso. O tronco deve permanecer passivo durante todos esses exercícios. Permaneceremos conscientes do contato com o solo e perceberemos como movimentos diferentes modificam a localização do peso.

Terceira série de movimentos ativo-passivos Girar a cabeça: uma vez para a esquerda, em seguida relaxar ; voltar ao centro, uma vez para a direita, em seguida relaxar; voltar ao centro, flexionar a cabeça uma vez para trás, em seguida relaxar, uma vez para a frente, em seguida relaxar. Repetir tudo de duas a três vezes. Quarta série de movimentos ativo-passivos Apoiar as vértebras lombares no solo, em seguida relaxar (Fig. 13), apoiar as vértebras cervicais em direção ao solo (elas não podem tocá-lo; o movimento aplaina somente a curva da nuca), em seguida relaxar (Fig. 12), não impedir os movimentos complementares da nuca (Figs. 12-13), da coluna lombar e dos membros. (Exercícios de Rosalia Chladek, ver Bibliografia.)

É evidente que cada um poderá encontrar outras séries, escolhendo locais de seu corpo que têm necessidade de repouso e regeneração. O princípio permanece sempre o mesmo, ou seja, é preciso sempre respeitar conscientemente a seguinte ordem: contração, postura ativa, relaxamento e repouso.

ti

•--

•e •• • e •• e

-

PASSIVIDADE PARCIAL DISSOCIAÇÃO ENTRE DIFERENTES PARTES DO CORPO

Ao invés de deitar de costas podemos ficar de bruços e executar os movimentos ativo-passivos similares com os cotovelos, os ombros, as mãos, os joelhos, os tornozelos, os quadris.

Trata-se de conseguir relaxar uma parte do corpo mantendo a atividade em outra. É preciso enviar a energia ao lugar desejado sem levar outros músculos a uma atividade supérflua. É evidente que isso é da maior importância. Em primeiro lugar, economizamos nossas forças. Em se21

J4I ~'e

gundo , trabalhamo s de maneira mais desenvolta, pois não estamos incomodados por tensões parasitas que engendram urna rigidez paralisante. Aumentamos, então , a eficácia e a velocidade do movimento reduzindo ao mínimo a dose de energia. Aumentamos nossas possibilidades de dissociação e nos tomamos mais hábeis. Exemplos: concentrar-se sem crispar a fronte, escovar os dentes sem levantar os ombros, usar tesouras sem mexer os maxilares, trabalhar com o braço direito sem crispar o esquerdo, telefonar sem desenhar na lista telefônica etc. Na maior parte das profissões, a dissociação entre os olhos e as mãos e entre a mão direita e a esquerda é significativa; muitas vezes, ela ocorre entre um dedo e outro (datilógrafos e pianistas) ou entre pés e mãos (organistas, motoristas). Aqui está uma lista de exercícios desse gênero. Como o número é quase infinito, escolhemos aqueles que oferecem um interesse mais geral. O princípio é fácil de compreender, e cada um poderá inventar exercícios adaptados a seus objetivos particulares.

b) Sentado em uma cadeira, costas apoiadas, levan. tar e deixar cair a parte inferior da perna (Fig. 16). c) Em pé, apoiar o peso do corpo numa perna , levantar e deixar cair o joelho oposto, sem dobrar nem inclinar (Fig. 17). Eventualmente, apoiar as mãos na parede. d) Em pé, manter na mão uma bola de tênis, um pano ou qualquer outro objeto pequeno . Levantar e deixar cair o pulso e o braço, sem deixar cair o objeto (Fig. 18). Durante a queda: atividade da mão, passividade do ombro e do cotovelo.

Muito importante para todas as técnicas manuais.

e

-• e

41

•• •• •.e •• • •

-.e.

a) Em pé, levantar e deixar cair os braços (Fig. 15). Passividade nos membros superiores, mantendo a atividade das pernas, do tronco e do pescoço (atividade normal para se manter de pé). Observar para não abaixar as costas, deixando cair os braços. Deixar os braços balançarem até pararem naturalmente. Observação: subdividir sempre os exercícios em quatro partes : contração, postura ativa, abandono e repouso.

e

e e e

ti

•e

16

e

e e e

--

e

ti ti

•e 15

.

\ .....

2 - .2_.. . .

ii

17

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiliiiiiiii

18

•• •e •

-

.Ii i:



e

e

•• e •• e •• e • •• •ta •e

e) Em pé, pernas ligeiramente afastadas, balançar de um pé para outro, deixando os braço s balançar livre e passivamente (Fig. 19).

g) Manipular os dedos dos pés e os tornozelos com as mãos. Sentado, puxar cada dedo para frente e para trás, virar o pé mantendo o tornozelo com uma mão e fazendo o trabalho com a outra (Figs. 22 e 23). Esses exercícios eliminam o cansaço, fazem desaparecer câibras , tendinites, fortificam as mãos e os pés.

-

--• -• e

e

e

22 19

Esses exercícios podem ter inúmeras variações e são de importância capital para todos os trabalhos cotidianos, pois asseguram a independência dos membros, especialmente das mãos em relação ao corpo. É preciso, portanto, que nos habituemos a aplicá-los em nossas ocupações cotidianas.

e

Os movimentos passivos de uma parte do corpo, guiados por uma mão ativa , pertencem à mesma categoria de exercícios. São poucos, mas muito eficazes:

e e e

f) Manipular uma mão , ou os dedos de uma mão, com a outra mão. Pousar uma mão passiva sobre uma mesa e puxar 'para trás cada um dos dedos com a outra mão; em seguida, relaxar o dedo para que ele caia. Ou então todos os dedos de uma vez , ievando a mão inteira até o pulso (Figs . 20 e 21) .

e e

.

•• e

ta

e

•• e

h) Manipular as orelhas, o couro cabeludo, os cabelos, os músculos da face. (Útil nos casos de resfriado, sinusite ou de dor de cabeça decorrente de crispações musculares.) i) Manipular os joelhos, os cotovelos, os ombros, os músculos da barriga , das pernas, das coxas, dos braços, do ventre, dos flancos etc. Mover as articulações com a ajuda das mãos, puxar a pele e os músculos pegando-os entre os dedos (Figs. 24 e 25) .

la

•• e

23

20

21

É evidente que sendo o objetivo a passividade das partes manipuladas, toda a atenção deve ser dirigida para essas regiões e não para a mão que dirige o movimento. Fazendo o movimento, é natural pensarmos no membro que está ativo. Entretanto, os 23

--ta

24

2. Depois do gesto é preciso recriar o relaxamento. É preciso habituar-se a alternar a ação com o relaxamento até que essa alternância seja obtida rapidamente. Uma excelente maneira de atingi-la é trabalhar contando: movimento 1-2-3-4, relaxamento 1-2-3-4. Quando isso for atingido, diminuímos o tempo : movimento 1-2-3, relaxamento 1-2-3 ; em seguida, movimento 1-2, relaxamento 1-2; finalmente, aceleramos a velocidade da contagem para obrigar os músculos a se relaxarem mesmo em uma fração de segundo. A técnica de relaxamento assegura rapidez e leveza e, portanto, habilidade. 3. Não agir antes de prever o final do movimento. (Muitas das falhas quando se datilografa, por exemplo, provêm de uma energia empregada às cegas.)"

4. Diante de uma dificuldade particularmente árdua jamais se jogar na ação: antes de empreendê-la, relaxar-se e, em seguida, relaxar todos os músculos envolvidos. Isso nos dá, também o tempo necessário para prever o trajeto do movimento. S. Não trabalhar com uma sensação de cansaço, mesmo localizado. Relaxar imediatamente as partes em questão, eventualmente por meio de movimentos passivos. Assim serão evitados os esgotamentos, a estafa, as dores de tendinite etc . 25

exercicios enumerados acima não terão efeito se não alcançarmos uma percepção clara e nítida da parte manipulada e de sua passividade. Temos aqui um exemplo da necessidade da passividade consciente. Para alcançá-la é recomendado fazer os movimentos lentamente, interrompendo-os às vezes para melhor situar o membro.

APRENDIZADO DE UMA NOVA TÉCNICA O aprendizado de uma nova técnica qualquer (praticar um esporte, tocar um instrumento, utilizar uma máquina etc.) exige a aplicação da passividade parcial. O que são a leveza e a habilidade senão a capacidade de alternar a ação e o relaxamento com perfeito conhecimento? O propósito deste manual não nos permite entrar nos detalhes de uma técnica particular. Podemos apenas dar as seguintes regras gerais: 1. Antes de fazer um gesto é preciso relaxar os músculos que devem executá-lo.

~~'::à: •

;~.4

•...

-------

6. Observar para que somente os músculos necessários à ação trabalhem. O resto do corpo deve, entretanto, estar em boa postura. Não é necessário abaixar-se (relaxamento malcompreendido)." 7. Os gestos ativos devem ser feitos, em eutonia, com "contato" e "corrente". (Ver Capítulos 3 e 4.)

TREINAMENTO PARA A TÉCNICA DE RELAXAMENTO Desenvolvendo a faculdade de ficar passivo, percebemos pouco a pouco que as sensações de abandono e de repouso que caracterizam a passividade não se limitam aos músculos, mas se localizam também nos ossos. Quando levantamos o pulso, percebemos o esforço nele (onde não há massa muscular) e não somente nos bíceps; o mesmo pode ser observado na passividade, quando o deixamos cair. Com efeito, o comando voluntário localiza -se nos ossos, tanto para a passividade como para o movimento, pois, definitivamente, o movimento desloca os ossos, e é (entre outras coisas) pela localização 14. Ver também o princípio dos movimentos leves, Capítulo 4. 15. Ver Capítulo 5.

iiiiiiiiiiiiiii~

e

.e •• e • e e •e •• • ti

e

-.•e

e

ta

e ta e e

e

,• ta

e

ti

e

.-e

e e

•e e

ta

•e e

J..

~

.,-.

e e e e

. e

e

•e •• •

e e e e

e

•• ta e •• e• •e

-

e e e e

•• e

ti

e ta

•• •• e

tI.. . . .

.

dos ossos no espaço que percebemos a posição dos membros e do corpo inteiro . A. idéia de " relaxar" um osso pode parecer estranha, mas se consideramos o relaxamento como sendo o fato de deixar de manter o osso , ela se toma compreensível e passível de ser realizada. 16 Portanto é indispensável, tanto para o relaxamento como para o movimento, desenvolver a consciência dos ossos. O mesmo fenômeno ocorre nos tecidos conjuntivos (tendões, cartilagens etc. ). Por exemplo, ao puxar a cartilagem da orelha devemos conseguir discernir um abandono, um repouso , não somente nos músculos das orelhas , situados sobre o crânio, mas também na aurícula, mais precisamente na parte do lóbulo que estamos puxando. Dá-se o mesmo com os tecidos da pele , até para as unhas, dentes e cabelos. Aqui , de novo , a coisa parece impossível: como posso "relaxar" uma unha? Entretanto, a sensação subjetiva de repouso é certamente possível e deve mesmo ser realizada se queremos atingir uma plena eficácia. Não há, em princípio, nenhum limite para a sensação de relaxamento. Deve ser possível experimentá-la mesmo no nível das glândulas e dos órgãos digestivos e outras vísceras, assim como nos órgãos dos sentidos. I? A explicação fisiológica desse fenômeno é simples: querendo relaxar uma determinada parte do corpo, relaxamos obrigatoriamente todos os músculos a ela ligados , pequenos ou grandes. Esse fato é suficientemente importante para explicar grosso modo os efeitos obtidos: aumento da circulação do sangue (sentida como calor, pulsações, formigamentos), por meio da qual ocorre melhor irrigação dos tecidos , melhor nutrição das células e eliminação mais completa dos dejetos: portanto, regeneração profunda, recuperação acelerada, resistência maior às influências exteriores. 18

26

27

28

EXERCÍCIOS A DOIS Os exercícios de passividade a dois são exercícios nos quais uma das pessoas controla a passividade da outra fazendo-a executar movimentos passivos com os membros superiores e inferiores, com a cabeça e com o tronco, assim como em cada seção particular em detalhe (Figs. 26-29, 67-76). 16. A importância desse fato aparece de modo particular nos exercícios de corrente e de contato. Ver Capítulo 3. 17. Conforme L'art de voir, de Aldous Huxley. Ver Bibliografia. 18. Para uma explicação detalhada, consultar as obras especializadas de fisiologia, sobretudo as que dizem respeito à influência do relaxamento e da eutonia sobre o sistema nervoso vegetativo e, mais especificamente, sobre o sistema gama e a vasomotricidade.

29

A regra geral para aquele que controla é jamais fazer movimentos que poderão despertar no outro o medo de sentir dor ou mesmo uma leve apreensão. É preciso fazer os movimentos tranqüilamente e parar com freqüência, dando ao outro o tempo de tomar consciência da posição e dos pontos de apoio, sem o que ele não poderá relaxar. Jamais deixar cair bruscamente a cabeça ou mesmo um braço. Jamais

25

_

•e sacudir violentamente um membro. Não fazer gestos mecanicamente repetidos, mas renovar sem cessar a maneira de mexer, para que o outro não possa prever a direção do movimento. Fazer os movimentos várias vezes, muito lentamente, sem sacudidelas, com paradas freqüentes. Os movimentos passivos a dois são um meio excelente de descobrir as tensões que não haviam sido reveladas. Além disso, eles desenvolvem consideravelmente a consciência corporal. 19 Também é necessário, para aqueles que empreendem uma formação profissional em eutonia, estudar a dois a passividade de todas as partes do corpo. Durante o treinamento, cuidaremos de observar um detalhe importante: enquanto nos sentirmos obrigados a mexer o membro para nos assegurarmos de que ele está bem-relaxado, a sensibilidade ainda não está suficientemente desenvolvida. O companheiro ativo, como seu companheiro passivo, deve adquirir uma sensibilidade muito sutil para poder julgar sobre o abandono durante as paradas e durante o movimento. A sensação de passividade ou de atividade não deve ser sinônimo,

respectivamente, de imobilidade e de movimento. Um movimento pode ser ativo ou passivo ; a imobilidade, do mesmo modo, pode ser ativa ou passiva. A sensação de passividade deve tomar-se muito clara. É uma sensação positiva de abandono e de repouso que pode ser experimentada durante o movimento e durante aparada. 20 Bem mais que um controle, esses movimentos passivos são um meio muito eficaz de eliminar as tensões, e o trabalho a dois pode servir para curar as dores provenientes de uma estafa, de um movimento errado ou mesmo dores de cabeça ocasionais. Praticado em detalhe, esse trabalho constitui uma terapia muito importante; é uma parte essencial do tratamento da eutonia, executado pelos eutonistas." Sem ir tão longe, entretanto, seria natural que a mãe aliviasse assim seus filhos, em caso de pequenas dores. Seria normal que, em uma classe, o professor mostrasse às crianças como relaxar os braços e como utilizar o lápis sem esforço. Seria bom que um artesão soubesse mostrar a seus aprendizes como trabalhar sem gestos inúteis. Perda de energia, estafa e nervosismo poderiam assim ser evitados.

ti ti ti ti

e

•• •• •• e e ••

e e

e e

e

•• e •• e •e •e

e

e

e e

• •• • •e •• ta ti

19. A consciência corporal: imagem corporal ou esquema corporal, ver Capítulo 7. 20. Ver também Capítulo 7. 2 I. Ver Conclusão.

ti

:r e l e t

e e e

2

~

AS POSIÇOES DE CONTROLE

•er

-I

· e e e

f l t t

.: :- ,I e!

e e

••

ti ti

e

e

• e• •e e

ti

e

•e •• • •• • e •• e ti

1

As posições de controle permitem saber se o comprimento dos músculos é suficiente e normal. Como o comprimento de um músculo depende de seu estado de tensão, essas posições são um controle do relaxamento muscular. Um músculo tenso encurta. Um músculo relaxado se alonga. Uma articulação é rígida quando está envolta por músculos tensos e curtos , e é flexível quando os músculos estão relaxados e alongados. O controle é feito da seguinte maneira: colocamo-nos na posição escolhida ou tentamos nos colocar, de forma lenta, sem forçar. Se as articulações estão livres , sentimo-nos agradavelmente instalados, sem dores nem tensões e sem o menor desconforto. Dor, tensão ou um incômodo qualquer indicam a presença de uma tensão ou de uma contratura' no lugar preciso da sensação. Nesse caso, não insistimos na posição, mas voltamos lenta e prudentemente ao ponto de partida. Assim, essas posições representam um bom controle para a pessoa que as executa. É um controle subjetivo, no sentido de que ele é feito pelo próprio indivíduo; mas, ao mesmo tempo, esse controle subjetivo é real, exato e detalhado. Ele revela a presença de tensões e também seu grau e localização. As posições permitem também um controle visual do exterior. Podemos ver se a pessoa está tensa ou não, pois as posições não podem ser realizadas ou mantidas corretamente se há crispações, tensões ou contraturas.

1.

Controle dos dedos dos pés De joelhos, sentado sobre os calcanhares, dedos dobrados, corpo reto (Fig. 30). Variações: a) calcanhares juntos, o peso se encontra principalmente na direção do dedão (Fig. 31) ; b) calcanhares afastados, os dedos dobrados recebem igualmente uma parte do peso (Fig. 32).

30

As

DEZ PRINCIPAIS POSIÇÕES DE CONTROLE

Observação: experimentá-las somente após ter lido o capítulo inteiro. Ao praticar essas posições, nunca forçar, e parar à primeira sensação de incômodo ou dor. 1. Uma contratura é uma modificação patológica dos tecidos , causada por uma irrigação insuficiente devido a uma hipertensão neuromuscular prolongada.

31

32

27

e

2. Controle dos torno zelos e dos dedos De joelhos, sentado sobre os calcanhares, corpo reto, tornozelos estirados (Fig. 33). Variações: a) calcanhares juntos (Fig. 34); b) calcanhares normalmente afastados, corpo reto, elevar os joelhos (Fig. 35).

Variações: a) pés dobrados em direção ao exterior (Fig, 37); b) inclinar-se para a frente flexionando o tronco a partir da articulação do quadril (Fig. 38); c) inclinar-se para trás , deitar-se (Fig. 39).

e e

e

ti

ta

e

•e •• • e

e

ti

37 33

•• e e e e e

38

34

35 39

3. Controle dos joelhos, dos dedos, dos tornozelos, das coxas e dos quadris De joelhos.sentado no chão entre os pés estirados, o corpo reto (Fig. 36).

4. Controle dos quadris, das coxas, dos joelhos e da cintura Sentar-se entre os pés, joelhos cruzados. Os joelhos permanecem um sobre o outro (Fig. 40).

•• e e •• e •e •e e e

e

e ta

e

L. ;~~~ ..

-~~ . .

28

36

..

.Fiir.·- - - - - - - -

40

•• •• •e ••

,e

ÃII

•e e

Variaçõe s: . a) inclinar-se para a frente (Fig. 41); b) virar-se e segurar o pé oposto com a mão; controle da coluna vertebral e da cintura (Fig.42).

e

e e e

•• •ta •e

Variações: a) os dois pés no chão , um na frente do outro (Fig.44); b) os dois pés sobre a coxa oposta (Fig. 45 ); c) inclinar-se para a frente , costas retas , terminar pousando a fronte no chão (Fig. 46); d) deitar-se para trás (Fig. 47); e) inclinar-se para o lado (Fig. 9) ; f) inclinar-se para a frente, para os lados e para trás, em todas as posições variadas dos pés.

e

ta

•• e •e

41

44

e e e

•• •• • e e• •e ti

e

•e •• • e •• • e

e e

42

5.

Controle dos quadris, dos joelhos, dos tornozelos, dos pés e da cintura

45

Sentado, joelhos dobrados, o pé esquerdo sobre a coxa direita, o pé direito sob a coxa esquerda, o corpo reto (Fig. 43).

46

43

47 .,

' ,-

~

6. Controle dos músculos posteriores , da nuca, das costas, das coxas , das pernas

7.

Controle dos músculos posteriores, da nuca e das costas Deitado de costas, levar as pernas para trás da cabeça. Os joelhos dobrados tocam o assoalho de cada lado da cabeça ou mais longe, seguindo o comprimento das coxas (Fig. 52). Voltar lentamente da posição e repousar sobre as costas com os joelhos sobre o ventre, mantidos pelas mãos. Variações: a) empurrar as pernas estendidas tão longe quanto possível atrás da cabeça (Fig. 53). b) manter os braços na frente do corpo , palmas no solo.

Sentado, pernas esticadas para a frente, prender os pés com as mãos e deixar o corpo repousar para a frente, a cabeça sobre as pernas (Fig. 48). Variações; a) sentado, joelhos dobrados e mantidos pelos braços, cabeça inclinada sobre os joelhos (Fig.49) ;

48

e e ti

ta

•• e ••



---• !

ei

•e

52 49

•• •• •• e

b) sentado, joelhos dobrados, passar os braços sob os joelhos e segurar os cotovelos, deixar os pés escorregar para a frente sem soltar os cotovelos; o movimento pára quando os cotovelos tocam o solo (Fig. 50); c) afastar as pernas o máximo possível, repousar o corpo para a frente, a cabeça no chão entre as pernas (Fig. 51).

53

8.

50

e e

Controle da cintura, dos ombros e dos quadris Deitado de costas, mãos unidas sob a cabeça, pés apoiados, joelhos flexionados. Cruzar um joelho sobre o outro e descer as duas pernas do mesmo lado até que o joelho toque o assoalho. Os ombros e os cotovelos devem ficar no chão (Fig.54).

•e •e

e e

e e e

•• •• •e •e ti

54

-

-' ti

e

•e e •• •• •• •e e •• e •e e

e

e

•• •• • e •e •e

Variação: deitado de costas, braços .em ângulo reto em relação ao corpo, pernas estiradas para a frente , levar um pé até a mão oposta (joelho flexionado). Os ombros e os braços devem permanecer no chão (Fig . 55).

9.

Controle do ombro , da cintura , do tórax e do pescoço Deitado de lado, os joelhos dobrados. O joelho da perna de cima toca o chão na frente do outro. Levar a parte superior do corpo para trás e estender os braços na diagonal. Como conseqüência do peso , o ombro e o braço chegam ao solo sem que o joelho se eleve (Fig. 56). Variação: deitado de lado , as pernas dobradas como acima, o braço de baixo em ângulo reto em relação ao corpo, pousar a cabeça diante do braço. Levar o braço superior para trás (Fig. 57).

58

59

e

e

•• e •e •• e e •ez e

Deitado de costas , os braços em ângulo reto em relação ao corpo , os cotovelos também dobrados em ângulo reto (braços "em castiçal"). Levar os antebraços para a frente e para trás. Os antebraços e as mãos abaixam em direção ao solo sem que os ombros se elevem (Figs. 58 e 59). Estender os dedos, primeiro ativamente, relaxando-os em seguida. Os dedos se encurvam mais ou menos devido ao encurtamento de seus músculos.

55

. ta

10. Controle dos músculos do hraço e dos dedos

56

57

Essas posições são fáceis de realizar e de manter para uma pessoa cujos músculos tenham o comprimento e a elasticidade normais. Ela se sentirá em repouso e, em certas posições, poderá até dormir, É importante observar que a idade não é um fator decisivo, mas é o estado de tensão que conta. Assim, uma criança nervosa e tensa terá dificuldades para executar esses exercícios, enquanto que uma pessoa idosa , relaxada e equilibrada, os fará naturalmente e sem esforço. Se as posições são impraticáveis devido às tensões, é lógico que podemos realizá-las se descontrairmos os músculos tensos. Os parágrafos seguintes indicam como agir nesse caso. As posições cessam então de ser apenas posições de controle e tomam-se também exercícios para atingir o relaxamento dos músculos e a flexibilidade das articulações . Esta não 31

_

e

é adquirida por meio de um treinamento penoso, mas, por assim dizer, pelo repouso. (Isso distingue claramente a eutonia da ginástica comum.) De tudo isso podemos tirar algumas conclusões simples, mas essenciais: a flexibilidade não é uma tarefa de força muscular, nem de repetições fastidiosas de trações mecânicas para alongar os músculos. A flexibilidade depende do grau das tensões musculares e trata-se de relaxar para alcançá-la.' Toma-se claro que a flexibilidade não é um dom próprio de alguns indivíduos privilegiados, mas é natural no corpo humano em boa saúde. Exercer a flexibilidade toma-se, desse modo, tão natural quanto se lavar pela manhã e à noite, e muito importante, pois se as tensões subsistem . além de seu tempo -útil (quer dizer, após o trabalho), se acumulam, criam encurtamentos progressivos, impedem a circulação do sangue e predispõem a diversos estados doentios como a estafa, o cansaço, câibras, tendinite etc. Além disso, é certo que o enrijecimento' das articulações predispõe aos acidentes. Há, então, múltiplas razões para querer adquirir maior flexibilidade, mesmo para aqueles que não pretendem alcançar performances físicas particulares.

Movimentos passivos para a primeira posição (sentado sobre os dedos dos pés)

a) Pegar os dedos dos pés um após o outro e puxálos o mais possível em direção ao peito do pé. Endireitar o dedo corrigindo ao mesmo tempo sua forma e sua posição. Procurar sentir a passividade de cada dedo (Fig. 22). b) O mesmo com todos os dedos ao mesmo tempo. c) Introduzir os dedos das mãos entre os dedos dos pés fazendo-os chegar até o fim. Flexionar e esticar os dedos alternadamente com um movimento da mão (Fig. 60). Isso às vezes é doloroso no começo. É suficiente repetir o exercício durante uma semana ou duas para melhorar a posição de controle e a circulação do sangue nos pés. Uma pessoa que tem tendência a ter frio nos pés terá benefícios com esse exercício. Ele impede também a deformação dos dedos e diminui os calos. Andar toma-se mais agradável. (É preciso, entretanto, cuidar para usar apenas sapatos adequados.)

2. Os estados patológicos dos ossos, das cartilagens dos liga' Ias articulares . dmentos ou . das capsu podem impedir a 'amplitude os movlme.ntos, mas mesmo nesses casos podemos obter uma melhora muito apreciável.

•• e •• •• e e •e e

•• e e e e

DE CONTROLE

Observação: todos esses movimentos serão executados com o maior cuidado. É preciso observar a passividade do membro e evitar qualquer sacudidela nos movimentos, que devem ser realizados conscientemente e jamais de uma maneira mecânica. Se o exercício é repetido inconsciente e mecanicamente, perde todo o seu valor e não traz nenhum benefício.

e e

e

ESTUDO PROGRESSIVO DAS POSIÇÕES

Uma primeira maneira de exercitar as posições de controle é preparar o corpo para essas posições fazendo os movimentos passivos com os membros envolvidos. Isso é simples e muito eficaz. Primeiro realizamos a posição para ver o nível das tensões e, em seguida, fazemos os movimentos passivos. Depois, retomamos a posição; constatamos, geralmente, uma melhora, quer dizer, menos dores, menos tensões e uma posição mais correta. Veja em detalhe os movimentos passivos que devem ser executados para cada uma das dez posições.

ti ti

• •e e •e •e • e ti

60

Movimentos passivos para a segunda posição (sentado sobre os tornozelos)

a) Fazer movimentos passivos com os dedos dos pés puxando-os em direção às plantas dos pés, um depois do outro, depois juntos (Fig. 23). b) Fazer movimentos passivos com a articulação do pé pegando o pé com uma mão e virando-o num círculo, o maior possível, nos dois sentidos (sustentar o tornozelo com a outra mão). c) Sacudir o pé passivo com a mão segurando a perna mais acima do tornozelo (Fig. 61). Movimentos passivos para a terceira posição (sentado entre os pés) Começar os movimentos passivos com os dedos indicados para a segunda posição; é preciso fazer movimentos passivos com os joelhos.

ti

e

••

•-•e •e •• •• e •e e •e ti

ti

e e e e



e e

-

e e e

Observação: A maior parte desses movimentos passivos pode ser também executada a dois (Figs. 27 e 29) . Movimentos passivos para a quarta posição (sentado entre as pernas, joelhos cruzados)

61

a) Sentado no chão, costas apoiadas na parede, levantar cada joelho com as mãos e deixá-los cair. O calcanhar escorrega no chão e não se eleva -(Fig-. 24). -- -- -b) Passar o braço por debaixo de um joelho e sustentá-lo acima da coxa. A outra perna cai solta para a frente. Com a outra mão, levantar a referida perna e deixar cair (Fig. 62). c) Sentado com uma perna estendida, o outro joelho flexionado apoiado no chão, o tornozelo elevado em direção ao lado exterior, alto o suficiente para que os dedos não toquem -o chão. Sacudir o tornozelo (Fig. 63). Descer o pé lentamente abaixando a mão. Os dedos e o pé não devem reagir; não deve haver um só movimento ativo no momento em que os dedos tocam o solo. Deixar o pé tomar sua posição natural; em seguida, levá-lo passivamente à sua posição final.

a) Deitado de costas, um joelho mantido pelos braços, mãos entrelaçadas sobre o joelho. Puxar o joelho passivo com os braços em direção ao corpo e retomar à posição inicial relaxando as articulações do quadril e todos os músculos da coxa (Fig . 64). b) Início na mesma posição, depois puxar o joelho passivo longe o suficiente para que o quadril também se vire; em seguida retomar (Fig. 65).

64

• •e e

e e

--

e

•• •• e •• •

-

e e Ih

Movimentos passivos para a quinta posição (sentado com as pernas cruzadas) 62

a) Refazer os movimentos passivos com os dedos do pé, o pé, o tornozelo e o joelho, mencionados para as posições 1, 2a, b e c e 3a e b. b) Sentado contra uma parede , joelho dobrado, calcanhar em direção ao púbis; elevar e abaixar o joelho dobrado com a mão (Fig. 66).

Movimentos passivos para a sexta posição (sentado, pernas estendidas para a frente, cabeça sobre os joelhos) Para essa posição não é muito conveniente executar sozinho os movimentos passivos. Em compensação, a dois é excelente. 33

_

,

Movimentos passivos para a sétima posição (deitado de costas, levar as pernas para trás da cabeça) Aqui, do mesmo modo, não é muito conveniente executar sozinho os movimentos passivos. Veja alguns exercícios a dois.

a) Uma pessoa está deitada, a outra levanta as pernas pelos calcanhares, lentamente, até chegar à posição vertical (apenas uma perna, em seguida as duas) e as mantém um momento antes de repousá-las no chão (Figs. 67 e 68). b) Eleva-se as pernas longe o bastante para que elas ultrapassem a posição vertical. Os joelhos caem passivamente, dobram-se e afastam-se. Leva-se, em seguida, as pernas para a frente até que os - joelhos 'caiam, levados por seu próprio peso (Figs. 67, 68, 69).

a) Fazer, primeiramente, os mesmos movimentos mencionados para a sexta posição. b) Uma pessoa eleva as pernas da outra e a faz ultrapassar a posição vertical. Quando os joelhos caírem, ela puxa os pés para trás da cabeça, de modo que as costas se elevem e os joelhos se aproximem do chão (Figs. 70 e 71). c) Uma pessoa eleva a cabeça e a parte superior das costas da outra (Figs. 28, 72, 73).

•• e •• •ta •• e •e •e •• ti

ti

ta

e e

70

71

•• e

e

e

67

e

72

•e •• e ti

e

e

•• •• •

68

73

ta

•e ta

e e

•• •• •

Movimentos passivos para a oitava posição (deitado de costas, as duas pernas fle xionadas e cruzadas, abaixadas no chão para o lado Y a) Os mesmos movimentos da quarta posição. b) Movimentos passivos a dois. Uma pessoa deitada, a outra puxa uma perna num grande círculo até fazer girar a bacia e tocar o pé no chão (Figs . 74 e 75).

-• e

76

e

'Movimentos passivos para a décima posição

•• e

e e e

74

-

e• e e•

ESTUDO DIRETO DAS POSIÇÕES DE CONTROLE

e e e

• • ti ti

e e

e

•• •• e .e•-

-

e e

a) Movimentos passivos com os dedos e com toda a mão. Sentado, com o antebraço pousado sobre uma mesa ou sobre as coxas , puxar cada dedo para trás, mantendo a palma da mão plana; o mesmo para todos os dedos ao mesmo tempo. Puxar cada dedo para trás levando a mão até o pulso; o mesmo para todos os dedos ao mesmo tempo (Figs. 20 e 21). b) Movimentos passivos a dois com os dedos, a mão, o antebraço e os ombros.

Movimentos passivos para a nona posição (deitado de lado, a parte superior do corpo virada para trás) a) Movimentos passivos a dois. Uma pessoa deitada sobre as costas, a outra puxa primeiro um braço , depois o outro, em todas as direções, levando o ombro e a parte superior do corpo (Fig. 76). Variação: Movimentos passivos com um braço e com a caixa torácica, a pessoa estando deitada de lado.

Podemos estudar as posições de controle adotando diretamente a posição escolhida e procurando o relaxamento dos músculos dolorosos ou contraídos. Assim ficamos concentrados no lugar tenso o tempo necessário para eliminar, uma a uma, com precisão, as tensões. Quando esse relaxamento é atingido, a posição toma-se fácil, correta, confortável. Esse é um procedimento simples e eficaz, mas em muitos casos impraticável. As tensões podem ser muito fortes e tornam as posições tão penosas que elas excluem qualquer possibilidade de relaxamento. Não adianta nada querer manter uma postu- . ra muito dolorosa , pois assim apenas puxamos mecanicamente tecidos já tensos. É inútil e até mesmo perigoso, pois certos tecidos, muito frágeis, correm o risco de se distenderem, o que é contrário ao objetivo. Assim, a extensão mecânica de um músculo só é admitida à medida que podemos nos soltar e, por meio da consciência, levar o local desejado a relaxar o músculo interno.' Pela mesma 3. Para fortificar e treinar músculos muito fracos é preciso uma ginástica apropriada. Trata-se então da força muscular, não da flexibilidade das articulações. Ver Capítulo 4.

razão , não aconselhamos a ginástica para adquirir flexibilidade. Na ginástica comum , puxamos um músculo tenso para alongá-lo por meio de um movimento mecânico repetido. A flexibilidade que decorre no momento é freqüentemente enganosa e provisória, com uma perda de energia inútil."

POSIÇÕES PRELIMINARES

c) Agachado, apoiar-se para a frente sobre as mãos. Levar gradualmente os joelhos para a frente sobre o solo, de modo que os dedos dos pés se dobrem cada vez mais. Parar na posição em que a primeira dificuldade é sentida e relaxar esse local (Fig. 78). d) Deitado de costas, as plantas dos pés juntas, os dedos flexionados e apoiados a uma parede (Fig. 79). Esta posição exercita também o relaxamento das coxas. Ver a quinta posição.

Se as posições de controle se mostram muito difíceis, podemos trabalhar de maneira mais útil e progressiva com a ajuda das posições preparatórias. Ficaremos em cada posição relaxando o local em que a sensação é mais intensa até obter Uma melhora. Nunca continuar se a dificuldade aumenta a ponto de impedir o relaxamento. (Ver também p. 43 para exercitar essas posições.)

Preliminares para a primeira posição a) Qualquer uma em que os dedos dos pés são mantidos flexionados para permitir uma descontração e um estiramento dos músculos pela observação e relaxamento conscientes. Por exemplo, manter, com os dedos da mão, um dedo do pé flexionado e relaxar a parte onde sentimos a tensão. Este exercício relaciona-se com o mencionado na p. 23 (Fig.22). b) Sentado, uma perna para a frente, a outra flexionada no joelho e nos dedos dos pés, esses últimos apoiados no chão (Fig. 77).

-• e e

.•• •e •• ta

•e ti

•e ti

•e 78

e e e e e e

ti

•• e --.--79

77

4'. É possível relaxar um músculo por meio de um movimento ativo, mas esse movimento deve ser uma atividade do músculo antagonista, não daquele que queremos relaxar. Nesse caso trata-se de uma ginástica de flexibilização bem compreendida' Ver Capítulo 4. . . .

36

Preliminares para a segunda posição Sentado, uma perna estendida para a frente , a outra flexionada, com o pé para fora , ao lado da nádega. Apoiar-se primeiramente sobre o braço oposto; em seguida, quando o relaxamento permitir, abaixar-se o mais possível sobre a perna flexionada. A cabeça pende em direção ao solo, como para encontrar o chão do lado exterior do joelho flexionado (Figs. 80 e 81).

e e

e e

e

• •e e

83

e

e

e

80

e e

84

•e

e e e e e e e e e e -.e

e e e

e e e

c) Começar de quatro, com os joelhos e os pés afastados. Descer ao mesmo tempo a cabeça, a parte superior do corpo e a bacia (Fig. 85). Deixar o corpo descer gradualmente devido ao seu próprio peso. Quando o quadril está relaxado, os músculos retomam seu comprimento normal, as nádegas tocam o assoalho entre os pés (Fig. 38). 81

Preliminares para a quarta posição ' Preliminares para a terceira posição a) A mesma posição preliminar da segunda posição. Há duas variações possíveis: 1ª) com o tornozelo estendido; 2i!) com o tornozelo flexionado. A posição deve ser exercitada também curvando-se para trás até a posição deitada, sem que o joelho se eleve (Figs. 82 e 83). b) Deitado, colocar o pé ao lado do quadril, deixando cair o joelho para a frente. O tornozelo está, primeiramente, flexionado, o pé em direção ao exterior (Fig. 84), em seguida, exercitamos-o tornozelo estendido, o pé estirado ao longo do corpo (Fig. 83). O joelho pode permanecer suspenso.

e

a) Deitado de costas, passar um pé sobre a coxa oposta até encostá-lo no chão. Manter este pé com a mão. Abandonar o peso do joelho para a frente (Fig. 86).

85

•• •• e •e

•• •• e

th~

82

86

37

_

b) Sentado , uma perna flexionada, o pé em direção à outra coxa . Deitar o corpo por cima da perna dobrada, a outra perna confortavelmente relaxada (Fig. 87). c) Sentado, uma perna flexionada, o joelho no chão, o pé sob a outra nádega, passar gradualmente o outro pé para o exterior, por cima do joelho flexionado e puxar o pé cada vez mais em direção à coxa; exercitar a posição também em flexão para a frente (Figs. 88 e 41).

b) Mesma posição com o pé soh o outro joelho, em seguida sob a coxa , em seguida sob a nádega oposta (Figs. 90 e 91).

-

e e ti

e

e e e

e

90

e e e

e e

e e

91

c) Mesma posição, mas com o pé sobre a outra coxa. Segurar com a mão oposta (Fig. 92). d) Deitado de costas , as plantas dos pés juntas (Fig. 93).

e e e

e e e

e e e

88

Preliminares para a quinta posição a) Deitado de costas, uma perna flexionada, o joelho cai para o exterior, o lado externo do pé repousa sobre o chão ao lado da outra perna (Fig. 89).

e e e e e

92

e e e e e

e

•• e • 89

~

93

••

•• •• •• •• •• •• ••

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• ••

e) Deitado de costas, um pé na frente do outro , os joelhos caem para o exterior (Fig. 94). f) Deitado de costas , um pé na virilha oposta, o outro embaixo, manter os pés com as mãos (Fig. 95 ).

i) As mesmas posições das pernas (de a a g ), mas , em vez de deitar, sentar, primeiramente com as costas retas e, em seguida, pendidas para a frente (Fig. 98). Exercitar a quinta posição deitado , sentado e flexionado para a frente e para o lado (Fig. 99) .

98

95

g) Deitado de costas, os dois pés sobre as coxas , pernas cruzadas (Fig. 96). h) Deitado, as nádegas contra a parede, as pernas relaxadas (Fig. 97). 99

Preliminares para a sexta posição

96

a) Sentado, costas apoiadas contra a parede, de modo que sua parte inferior fique bem encostada. Com as pernas estendidas, deixar cair a cabe ça e as costas para a frente (Fig. 100).

100

39

b) Mesma posição, com as pernas afastadas (Fig. 101). c) Pernas contra a parede, costas no chão. As nádegas tocam a parede. Manter as pernas para cima (Fig. 102).

f) Deitado , nádegas contra a parede, afastar as pernas estendidas e relaxá-las (Fig. 104). g) Deitado, pernas no chão e afastadas, pés contra a

parede (Fig. 105).

Preliminares para a sétima posição a) Deitado, a parte de trás da cabeça apoiada na parede, os ombros próximos dela (Fig. 106). b) Deitado, nádegas contra a parede, pernas retas, pressionar os calcanhares contra a parede e elevar as costas até a nuca (Figs. 102 e 107).

102

103

• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• e

104

d) Calcanhares apoiados na parede, o corpo afastado mais ou menos trinta centímetros. Joelhos estendidos, mas relaxados (Fig. 4). e) Sentado, manter a parte de cima do pé com uma mão, calcanhar no chão, deixar o calcanhar escorregar para a frente, relaxar o joelho estendendo-o. A outra perna fica numa posição confortável (Fig. 103).

•• ••

106

lO?

•• •• •• •• •• •• •

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •

c) Passar, em seguida, as pernas para trás da cabeça mantendo os quadris com a.s mãos. Voltar lentamente no sentido inverso (Figs. 108, 109 e 110).

Preliminares para a oitava posição a) Deitado no chão, manter entre as mãos o joelho passivo; levá-lo para o lado de dentro , contra o corpo, de modo que os músculos de fora da coxa e do quadril sejam estirados (Figs. 64 e 65). b) Deitado, nádegas contra a parede, pernas relaxadas, mãos cruzadas sob a cabeça. Descer as duas pernas de lado sem levantar os ombros (Fig. 111 ).

111

108

Preliminares para a nona posição Estes exercícios preliminares podem ser exercitados desde o início, por etapas. Começamos pela posição em que o braço cai naturalmente atrás das costas (Fig. 112). Em seguida, puxamos o braço mais para trás, abrindo a palma da mão em direção ao teto. Ou então começamos com o braço acima da cabeça para trazê-lo pouco a pouco à diagonal. Finalmente, podemos começar com o braço estendido verticalmente e o abaixamos para trás na direção diagonal. Preliminares para a décima posição Todos os exercícios são feitos na posição deita' da de costas. a) Braços estendidos por cima da cabeça. Relaxar o braço e ficar na posição relaxada (Fig. 113). b) Braços para cima, mãos juntas, cotovelos relaxados (Fig. 114).

109

112

110

113

114

41

te :. c) Braços para cima, punhos cruzados, palma contra palma , dedos entrelaç~dos . Mudar de braço (Fig. 115). d) Braços para cima, mãos entrelaçadas na parte traseira da cabeça (Fig . 116).

115

116

e) Braços para cima, mãos entrelaçadas sob a curva da nuca (Fig. 117). f) Braços para cima, mãos espalmadas e apoiadas sob as omoplatas (Fig. 118).

117

i) Braços para baixo , mãos espalmadas sob a parte inferior das costas (Fig. 121).

121

j) Braços para baixo, mãos espalmadas sob a cintura (Fig. 122). k) Braços para baixo, mãos espalmadas acima da cintura, sob o tórax (Fig. 123).

118

g) Braços para cima, cruzar os cotovelos, mãos sob as omoplatas (Fig. 119). h) Braços para baixo, mãos espalmadas sob as nádegas (Fig. 120).

122

119

120

123

•• e •• •• •• •• • •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •

-

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •

•• •• •

1) Braços para baixo, uma mão entre as omoplatas, a outra um pouco abaixo (Fig. 124).

124

m) Braços para baixo, mãos espalmadas, uma sobre a outra, entre as omoplatas (Fig. 125). n) Um braço por cima das omoplatas, o outro por baixo, entre as omoplatas, uma mão sobre a outra (Fig. 126).

125

126

COMO EXERCITAR ESSAS POSIÇÕES? Para alcançar o relaxamento, e por meio dele a flexibilidade, o que importa é a concentração, ou seja, a maneira como dirigimos nossa atenção. O melhor é escolher uma posição em que uma única dificuldade (dor ou tensão) .se manifesta. Assim, a atenção pode ser dirigida sem distrair-se com sensações dolorosas em outros lugares. Em uma mesma posição, variações milimétricas são, algumas vezes, suficientes para tomar a posição suportável ou insuportável. Se logo após o início do exercício aparecem outras dores, é hora de voltar à posição mais

fácil, para ter novamente apenas uma única dificuldade a tratar. Apesar de esse procedimento parecer um recuo, ele é recompensado, em seguida, por um avanço mais rápido. É sempre preferível resolver as dificuldades uma a uma. Se for impossível reduzir o número de dificuldades a uma, dirigimos nossa atenção para a maior, a que incomoda mais. Examinando objetivamente um ponto doloroso e, particularmente, procurando o seu centro, obtemos um relaxamento exatamente pelo fato de ser essa uma observação objetiva. Isso se explica pela mudança de atitude interior que tal observação exige. Na vida cotidiana, a consciência se retira instintivamente da dor e procura se esquivar dela por uma crispação muscular, o que cria uma certa insensibilidade. Durante um exercício de relaxamento, quando fazem.os uma observação detalhada da dor, essa atitude de fuga é substituída por uma atitude de interesse. De inimiga, a dor toma-se um objeto de interesse do qual não procuramos mais nos esquivar, e a camada de tensão que geralmente a envolve desaparece. A circulação do sangue se faz mais facilmente. Em seguida, procurando por meio de uma observação precisa o centro da dor ou da tensão, podemos penetrá-la com o relaxamento, obtendo um grande alívio. É verdade que para obter esse resultado é preciso renovar várias vezes a concentração. Não é exagerado dizer que ela deve se tomar tão precisa e afiada quanto um instrumento cirúrgico, mas a imagem do microscópio é melhor: a concentração reforçada age como uma lente pela qual a consciência observa o menor detalhe. Quando a consciência penetra no recanto mais escondido, quando nos sentimos presentes na sensação de incômodo (dor, tensão ou outra), a crispação diminui e desaparece , a circulação sangüínea efetua-se sem obstáculo. Mais que a circulação sangüínea, a troca humoral inteira funciona mais livremente. Tudo que é líquido põe-se em movimento, circula e movimenta o metabolismo necessário. Toda a vida interior é estimulada. Esse efeito de observação consciente é o que chamamos de eutonização, pois trata-se de uma regulação do tônus vital. Observando de uma maneira profunda e objetiva, não apenas a circulação do sangue é estimulada, mas também todas as funções vegetativas são influenciadas e regularizadas. É esse o efeito terapêutico da eutonização.' Um exemplo tomará o procedimento mais claro. Tomemos a posição sentada com as pernas cruzadas (quinta posição de controle). Nessa posição podem ocorrer dores nos quadris, nas costas, na viri5. Para mais detalhes ver Capítulo 3.

, lha, nos joelhos, nos pés. As dores mais freqüentes manifestam-se no interior e no exterior das coxas, nos joelhos, no osso do pé apoiado no chão. Se todas essas dores estão presentes na primeira vez; a posição é difícil e é preciso não dobrar uma perna. A posição toma-se suportável, mas duas dores ainda persistem, no joelho e no osso. Quanto a esta última, é fácil eliminá-la colocando-se uma pequena almofada por baixo ou simplesmente dobrando duas vezes a coberta sobre a qual estamos sentados. A dor .é causada pela pressão muito forte do pé contra o solo, devido a uma posição muito elevada do joelho. Quando o joelho e o quadril se flexibilizam, a posição da perna se aproxima da horizontal e a pressão do osso sobre o chão diminui e desaparece. Dor ou sensibilidade no osso são, freqüentemente, sinais de má circulação do sangue e podemos eliminá-las per~ feitamente por meio do relaxamento consciente." Eliminada a dor do pé, sentimos apenas a do joelho. Concentrados, relaxamos no interior da sensação dolorosa e observamos as mudanças acarretadas. Na maior parte do tempo haverá um vai-e-vem dessa dor, correspondendo a uma flutuação da atenção. Pode haver mesmo um período em que a dor parece aumentar. Se ela aumenta até atingir um grau insuportável, não se deve hesitar em mudar de posição, apenas o suficiente para permitir um novo relaxamento. Por meio desse relaxamento sempre renovado, a dor pode diminuir pouco a pouco e em seguida desaparecer. Ao mesmo tempo o joelho desce (é o efeito exterior do relaxamento), pois os músculos relaxados se estiram. Nesse momento, é provável que uma outra dor apareça, pois outras fibras musculares encurtadas são estiradas pela posição mais baixa do joelho. Observamos essa nova dor analisando-a em detalhe e relaxando até o seu desaparecimento. Repetimos o trabalho de consciência tão freqüentemente quanto necessário; até atingir a posição desejada. É indispensável permanecer consciente do corpo inteiro, de sua posição e de seu contato com o solo. É preciso também verificar o relaxamento pela tomada de consciência dos pontos de apoio. Na posição da Figura 103, por exemplo, a observação deve, de um lado, se dirigir para a tensão (atrás do joelho, na barriga da perna, na coxar.de outro, devemos nos assegurar de que a perna está verdadeiramente apoiada no solo, à altura do calcanhar e dos ísquios.'

6. Ver Capítulo 3. 7. Essa verificação do relaxamento obriga o pensamento a se mover entre dois pontos de apoio. Isso pode ser desenvolvido em uma técnica especial de concentração chamada "corrente". Ver Capítulo 3.

44

O tempo dedicado a exercitar uma posição de controle varia enormemente, de acordo com os indivíduos. Tudo depende essencialmente da capacidade de atenção. Como regra geral perseveramos até observar uma mudança. Isso dura em média de três a cinco minutos. Não é preciso dizer que podemos prolongar muito esse tempo para aprofundar o relaxamento. Como mencionado anteriormente, as posições de controle são posições perfeitas de repouso.

SÉRIES DE POSIÇÕES As posições de controle, com suas preliminares, podem ser agrupadas em séries. Uma série representa um programa de exercícios de mais ou menos uma hora; mas não é necessário forçar-se para conseguir realizar as posições muito difíceis na intenção de fazer um verdadeiro relaxamento. Cada posição escolhida deve permitir uma concentração tranqüila e prolongada. Podemos também constituir uma série, de acordo com nossas próprias necessidades.

Observação: Mudar de lado em todas as posições assimétricas. Todos os exercícios deste capítulo devem ser executados com as técnicas de concentração descritas no Capítulo 3. Eles ganham em eficácia e o resultado é atingido mais rapidamente. Além disso , todos os princípios da eutonia, referentes à postura e ao movimento, podem ser aplicados nas posições de controle. É assim que eles se tornarão mais fáceis e trarão todos os benefícios. Primeira série (flexibilidade das pernas) Toda a série é feita na posição deitada de costas. 1. Um joelho dobrado e virado para fora, o pé posicionado ao lado da perna oposta (Fig. 89). 2. Um joelho dobrado, o pé para fora, o tornozelo flexionado . O joelho cai para dentro e para a frente, mas pode ficar suspenso (Fig. 84). Escolher a posição do pé que permite um bom relaxamento, deixando-o baixo o suficiente ou mais próximo da outra perna. 3. Um joelho dobrado, o pé sob a coxa oposta (Fig.90). 4. Um joelho dobrado, o pé para fora mais para cima, o tornozelo flexionado. Eventualmente, prender o tornozelo com a mão (Fig. 84). 5. Um joelho dobrado, o pé sob a coxa oposta. Pegar o pé com a mão (Fig. 91).

•-•• e e

•e •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• • •• •• •• •• •• •• •• •

-

-

-

•• •• •• •• •• e •• •• ••• •• e •• •• •• •• •• •• .••• •• •• •• •• ••

-

6. Um joelho flexionado , o pé para fora , o torno-

7.

8. 9. 10.

zelo estendido. O joelho .pode ficar suspenso (Fig. 83). Um joelho fle xionado, o pé ultrapassando a coxa oposta, por cima; segurá-lo com a mão (Fig . 86). Um joelho flexionado, o pé na virilha oposta; segurá-lo com a mão (Fig. 92). Plantas dos pés juntas (Fig. 93). Joelhos juntos, pés para fora, tornozelos flexionados, bem longe do corpo, para que os joelhos não se toquem, mas caiam para a frente (Fig. 127).

127

11. Joelhos flexionados , um pé na frente do outro, joelhos para fora (Fig. 94). 12. Joelhos flexionados, pés para fora, tornozelos estendidos (Fig. 39). 13. Joelhos flexionados, um pé sobre a coxa oposta, o outro pé sob a outra coxa. Manter os pés com as mãos (Fig. 95). 14. Joelhos flexionados, pernas cruzadas, pés nas virilhas; mantê-los com as mãos (Fig. 128).

Segunda série (flexibilidade dos braços e dos ombros) Toda a série deve ser feita na posição deitada de costas. 1. Braços estendidos acima da cabeça. Relaxá-los e permanecer na posição relaxada, as mãos e os braços suficientemente afastados para permitir um repouso completo (Fig. 113).

2. Braços estendidos ao lado do corpo, palmas das mãos contra o solo . Relaxar os braços e permanecer na posição relaxada. 3. Braços acima da cabeça, as mãos entrelaçadas (Fig. 114). 4. Braços para baixo, as mãos abertas sob as coxas (Fig. 120). 5. Braços para cima, pulsos cruzados e dedos entrelaçados (Fig. 115). 6. Braços para baixo, mãos abertas sob a parte inferior das costas (Fig. 121). 7. Braços para cima, mãos unidas na cabeça (Fig. 116). 8. Braços para baixo, as mãos abertas uma sobre a outra ou dedos entrelaçados sob a cintura (Fig. 122). 9. Braços para cima, mãos entrelaçadas sob a nuca (Fig. 117). 10. Braços para baixo, mãos espalmadas sob as costas, acima da cintura, sob as costelas (Fig. 123). 11. Braços para cima, mãos abertas sob as omoplatas (Fig. 118). 12. Braços para baixo, as mãos abertas entre as omoplatas (Fig. 125). 13. Braços cruzados para cima, a mão espalmada sob a omoplata oposta (Fig. 119). 14. Um braço para cima, o outro para baixo, mãos planas uma sobre a outra entre as omoplatas (Fíg. 126).

Terceira série (flexibilidade das pernas, sentado) A. 1. a) Sentado, uma perna flexionada, o calcanhar em direção ao púbis, a outra perna estirada. As costas eventualmente apoiadas em uma parede. Relaxar o joelho (Fig. 66). b) Abaixar-se sobre-a perna dobrada sem dobrar o outro joelho (Fig. 98). c) Abaixar-se sobre a perna estirada (Fig. 129) .

128

45

-••

li 2. a) Sentado, as plantas dos pés juntas. As costas apoiadas na parede (Fig, 130). b) Abaixar-se para a frente (Fig, 131).

5. a) Sentado, cada pé sobre a coxa oposta (Fig. 45). b) Abaixar-se para a frente (Fig. 46). c) Abaixar-se para o lado. B. 1.

2.

3.

Sentado, um joelho dobrado, um pé sob a coxa da outra perna , estando estirada (Fig. 90). Sentado, um joelho dobrado, o pé sob a outra coxa, o outro joelho também dobrado, o pé ultrapassa o outro joelho por cima (Fig. 88). Sentado, pernas cruzadas, um joelho sobre o outro, as mãos sobre os pés, abaixar-se para a frente (Figs. 40 e 41). Esta posição é assim: estando de quatro, cruzar um joelho atrás do outro, afastar os pés e sentarse entre eles.

Quarta série (flexibilidade das pernas, deitado e sentado) A. 1. Sobre o ventre. Prender um pé com a mão oposta (Fig. 133). 2. Sobre o ventre. Prender ao mesmo tempo os dois pés com as mãos, os tornozelos cruzados (Fig. 134). 3. Prender um pé com a mão do mesmo lado (Fig. 135).

3. a) Sentado, joelhos dobrados, um pé na frente do outro, costas apoiadas (Fig. 44). b) Abaixar-se para a frente, eventualmente apoiar-se sobre as mãos (Fig. 132). c) Abaixar-se para o lado. 4. a) Sentado, os joelhos flexionados, um pé embaixo, o outro sobre a coxa oposta (Fig. 43). b) Abaixar-se para a frente. c) Abaixar-se para o lado.

133

134

132

135

e

•• •• e •• •• •• •• • •• •• •• •• •• •• e •.•• .•: •• •• •• •

-

-

•• •• •• •• •• •• •• •• •• e• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •

4.

-

Prender os dois joelhos ao mesmo tempo com as mãos do mesmo lado (Fig. 136).

136

B. 1.

Sentado, uma perna flexionada, o pé para fora, o tornozelo flexionado. A outra perna estirada sem enrijecer: a) Apoiar-se sobre o braço do lado da perna estirada (Fig. 80). b) Abaixar-se sobre a perna dobrada, a cabeça tomando a direção do exterior do joelho (Fig. 82). c) Abaixar para trás, sem levantar o joelho, apoiando-se sobre as mãos , eventualmente deitar-se, mas sem se curvar. 2. Sentado sobre os calcanhares (Fig. 33). 3. Sentado entre os pés, tornozelos estendidos (Fig. 36). 4. Sentado entre os pés, tornozelos flexionados (Fig. 37). 5. "De quatro", apoiado nos cotovelos e com as pernas ligeiramente flexionadas, joelhos afastados, cotovelos apoiados no chão, descer lentamente até encostar-se no chão entre os pés. A parte de cima do corpo permanece apoiada sobre os braços (Figs. 85 e 38).

Quinta série (flexibilidade das costas e das pernas, contra a parede) 1. Sentado, costas contra a parede, apoiar a parte inferior das costas, as pernas estiradas sem enrijecer. Deixar a cabeça cair lentamente e as costas se arredondarem. Relaxar completamente (Fig. 100). 2. Sentado, costas contra a parede, pernas afastadas. Deixar a nuca e as costas se arredondarem (Fig. 101). 3. Deitado de costas, nádegas tocando a parede, pernas em ângulo reto, mantidas ativamente. Relaxar as costas (Fig. 102). 4. Mesma posição contra a parede, pernas relaxadas, joelhos afastados (Fig. 97). 5. Mesma posição contra a parede, pernas retas-e afastadas. Relaxar os joelhos (Fig. 104).

6.

Deitado de costas , com o corpo a mais ou . menos 20 ou 30 em afastado da parede , as pernas retas e elevadas, calcanhares apoiados na parede (Fig. 4) . 7. Deitado de costas, pernas afastadas e estendidas no chão, pés contra a parede (Fig. 105). 8. Deitado de costas na mesma distância da parede, plantas dos pés juntas, dedos dos pés dobrados em direção ao exterior contra a parede (Fig. 79). 9. Deitado de costas na mesma distância da parede. Joelhos dobrados, plantas dos pés contra a parede (Fig. 137). A posição é mantida ativamente. 10. Da posição 9, empurrar os calcanhares contra a parede e escorregá-los para longe dela. Posição final estirada de costas no chão, os calcanhares contra a parede, os pés paralelos. Relaxar completamente. (Pode ser que os calcanhares não toquem a parede.)

137

Sexta série (flexibilidade dos ombros e da nuca) 1. Deitado de costas, apoiar a parte de trás da cabeça em ângulo reto em relação à parede (estiramento da nuca, Fig. 106). 2. Deitado de costas, em ângulo reto em relação à parede, a cabeça de lado contra a parede, a orelha em direção ao ombro , a face virada em direção ao teto (estiramento do pescoço, Fig. 139). 3. Deitado de costas em ângulo reto em relação à parede, cabeça no chão, parte superior tocando a parede levemente (para repousar depois da posição número 2). Empregar a técnica de contato. Ver Capítulo 3.

47

.-..........----......_---_.----...

1t 7.

De costas , apoiado nos cotovelos. Relaxar a cabeça para trás, entre os ombros (Fig. 142). Levantar a cabeça, estirar-se e repousar. Variação: em vez de deixar a cabeça ir diretamente para trás, deixá-la escorregar lentamente, de lado, ao longo dos músculos dos ombros.

139

4.

5.

Deitado de costas, nádegas contra a parede, pernas retas. Apoiar os calcanhares na parede até as costas se levantarem. Apoiar as mãos sobre os quadris e retirar, um depois do outro, os pés da parede. Descer as pernas.atrás da cabeça, os joelhos ao lado das orelhas, relaxar. Voltar lentamente no sentido inverso (Figs. 102, 107, 108, 109 e 110). Deitado sobre os joelhos afastados, um braço estirado no chão entre as pernas, cabeça apoiada sobre o lado em direção a um joelho, o outro braço atrás da cabeça. Elevar a bacia até encontrar o equilíbrio entre os apoios nos joelhos, cabeça e ombros (Fig. 140).

140

6.

Deitado sobre os joelhos afastados, estender os braços para aJrente. Empurrar a parte superior do corpo para a frente, de modo que o peito se aproxime do chão e a bacia se eleve (como um cachorro que se espreguiça). Encontrar o equilíbrio e ficar relaxando na posição. A cabeça repousa sobre o lado (Fig. 141). Voltar lentamente e repousar de joelhos, a fronte no chão.



e e e

•• •• • •• •• •• e

-

142

Sétima série (torção, flexibilidade do tronco) A. 1. Deitado de lado, a perna de cima flexionada na frente da outra, deixar o braço de cima atrás das costas, para baixo (Fig. 112). 2. Deitado de lado, a cabeça diante do braço que está embaixo formando um ângulo reto em relação ao corpo (Fig. 57). 3. Deitado de lado, um joelho no chão diante do outro (como acima). A cabeça no chão acima do braço inferior. O joelho não deve deixar o solo. O braço superior atrás das costas, mais alto (Fig. 112). 4. Deitado de lado, um joelho na frente do outro, o braço para cima ao lado da orelha. 5. Deitado de lado, um joelho no chão diante do outro, um braço atrás das costas, em diagonal (Fig. 56). Se o braço não tocar o chão, não forçar, mas deixá-lo permanecer em sua altura natural. B. 1. Deitado de costas, pernas flexionadas e apoiadas sobre a planta dos pés. Descer as duas pernas do mesmo lado e relaxá-las (Fig. 143).

•• •• •• ~

•• •

•e •e •e ••

--• •

~

I

141

48

143

•• •• •• •

.-e •• •• e •• • •• •• •• ••

-

2.

Mesma posição, mãos cruzadas sob a cabeça (Fig. 144).

144

3.

Deitado de costas, laterais dos pés apoiadas , mãos sob a cabeça. Cruzar um joelho sobre o outro , descer os dois joelhos no sentido do pé que está livre , sem levantar o ombro oposto (Fig. 145).

4.

Deitado de costas , os dois braços em ângulo reto em relação ao corpo; os ombros devem permanecer no chão. Levar um pé em direção à mão oposta e prender com a mão. Soltar o joelho sem largar o pé (Fig . 55) . Deitado de costas, nádegas contra a parede, pernas relaxadas. Descer as duas pernas para o mesmo lado. Deitado de costas, nádegas contra a parede , pernas relaxadas, mãos entrelaçadas sob a cabeça. Descer as duas pernas para o mesmo lado sem levantar o ombro oposto (Fig. 111).

e e

•• •• •• •• •e • •e ~

-

,, , ;• e

~

i

5.

6.

Série contra a parede. Varia ções. a) Sentado, pernas alongadas para a frente , relaxar progressivamente a cabeça e as costas (Fig, 100). b) O mesmo, com as pernas afastadas (Fig. 101 ). c) Deitado de costas, a parte de trás da cabeça apoiada na parede. Relaxar a nuca, virar a cabeça para o lado (Fig. 106). d) Nádegas contra a parede, pernas estendidas ativamente para o alto (Fig . 102). e) O mesmo, relaxar os joelhos. Alternar as posições d e e tão freqüentemente quanto for necessário . f) Nádegas contra a parede, pernas estendidas, afastadas, relaxadas. Se é muito difícil, não afastar muito as pernas e deixar os joelhos flexionar-se para encontrar uma posição suportável na passividade (Fig . 104). g) Deitado de costas, nádegas contra a parede, pernas para cima; apoiar os calcanhares, elevar as costas e descer. Fazer várias vezes (Figs. 102 e 107). h) Na mesma posição de início, apoiar os calcanhares até elevar as costas, sustentar os rins com as mãos, afastar as pernas da parede uma após a outra e pôr os pés no chão atrás da cabeça. Voltar no sentido inverso, lentamente (Figs. 109 e 110). i) Nádegas contra a parede, mãos cruzadas sob a cabeça, pernas relaxadas. Deixar as duas pernas descer para o mesmo lado, virando a bacia. Os ombros não devem deixar o chão (Fig. 111). j) Bacia afastada da parede mais ou menos 25 em, pernas estendidas, calcanhares apoiados na parede. Relaxar (Fig. 4). k) Empurrar os calcanhares, escorregar no chão, deixar as duas pernas descer até que os calcanhares toquem o piso e a parede. Relaxar os pés , os tornozelos e todo o corpo (Fig. 138).

11 e



3

e

TÉCNICAS DE CONCENTRAÇÃO "CONTATO" E "CORRENTE"

PRINCÍPIOS GERAIS Em todos os exercícios descritos anteriormente, a maneira como dirigimos nossa atenção é muito importante. Nenhum exercício deve ser feito sem que se observe atentamente o corpo em seu conjunto, e também, em detalhe , as sensações experimentadas. O resultado do exercício depende inteiramente da atenção que dirigimos a ele, assim como das conclusões às quais as observações podem nos levar. Existem diferentes maneiras de dirigir a atenção, cada uma com efeitos específicos, e é preciso saber exatamente qual escolher. A eutonia compreende várias formas particulares, mas antes de descrevê-las separadamente , devemos considerar o problema da concentração em seus aspectos gerais. A palavra "concentração" é empregada aqui em seu sentido habitual, ou seja, indicando um estado mental em que a consciência está ocupada essencialmente por um só tema. Podemos falar de uma boa concentração quando nenhum - ou poucos pensamento que distrai intervem, enquanto que uma má concentração é perturbada por pensamentos supérfluos. A má qualidade de concentração caracteriza-se por um dispêndio inútil de energia (o franzir dos supercílios, a crispação dos olhos etc.) , que cansa e pode causar dores de cabeça; ela compromete as chances de sucesso. Uma boa concentração é isenta de crispação. Uma primeira condição para se concentrar bem é determinar cuidadosamente o objeto de que vamos nos ocupar. Dessa escolha depende , definitivamente, a qualidade da concentração. Se a escolha é malfeita ou, o que é freqüente, se nenhuma escolha é feita"a concentração toma-se difícil, senão impossível. E preciso decidir com plena consciência a que desejamos dirigir nossa atenção. Aqui fica claro que a concentração tem como base natural o interesse. Quanto mais vivo o interesse, mais a concentração é fácil. Se desejamos nos concentrar em um tema pelo qual não nos interessamos espontaneamente, é preciso estimular esse interesse refletindo sobre o objetivo a ser atingido e 50

apresentando o maior número possível de questões sobre ele. É inútil, com efeito , querer se concentrar em uma coisa pela qual não nos interessamos. Se, mesmo assim, desejamos refletir sobre esse tema, apenas por simples exercício, a primeira condição deverá ser a de despertar o interesse e encontrar motivação. Escolha feita, e com a consciência por conseguinte já ocupada por seu objeto, toma-se necessário evitar todas as distrações ou, se por acaso elas ocorrerem, eliminá-las. Isso é muito difícil; muitas pessoas se exercitam e vêem seus esforços alcançarem um resultado irrisório. Como e por que há fracasso apesar da boa vontade e do esforço despendidos? Para isso há múltiplas causas. Uma delas é de ordem prática e poderia ser chamada de má técnica de concentração. Com efeito, acreditando concentrar-se bem, muitas pessoas procuram restringir-se a um só pensamento e se "agarram" a ele mentalmente. Infelizmente, a concentração rígida cansa rapidamente. As associações de idéias nascem espontaneamente, e nos encontramos subitamente pensando em outra coisa. Após essa descoberta desencorajante, o principiante estará inclinado a se dizer: "Então, azar, não tento mais, pois não consigo' apesar da minha boa vontade". Essa reação é muito compreensível e não poderíamos censurar qualquer um que, tentando várias vezes em vão, resolva parar esse esforço que lhe parece inútil. Entretanto, não se trata de uma impossibilidade real de concentração, mas simplesmente de um erro de técnica. Uma. concentração bem-sucedida ou adequada não é fixa, ao contrário, é móvel,Jlexfvel, quase em constante movimento. Uma imagem permitirá compreender facilmente do que se trata. Se olhamos um quadro, o olho jamais permanece imóvel, mas passeia da esquerda para a direita, para cima e para baixo, seguindo as linhas e percorrendo as superfícies coloridas. Não seria natural fixar o olhar sobre um só ponto , pois fazendo isso distinguiremos mal a imagem representada. No caso da concentração é exatamente o mesmo fenômeno que se produz. Se

e e

• •• • •e •• e •• •• e •• •• •• •• •e •.•e e •• •• •• e e ••

-

-

----e

•e ••

• •• • • e •• •• e e•

-

e

•• •

• •• •• e •• e •• e •• •• •• ••

-

-l_: e

queremos reduzi-la a um só pensamento, ela torn ase rígida, fixa , e o assunto que escolhemos não é nem apreendido nem compreendido. Veja porque é absolutamente necessário encontrar uma forma de concentração móvel e dinâmica, em uma palavra, viva. Quando a concentração se toma viva? Quando compreendemos que é preciso considerar o objeto de escolha sob todos os ângulos , como faríamos com uma estátua. A concentração torna-se eficaz quando o objeto de estudo sugere perguntas e respostas. É preciso, então, procurar, em relação ao objeto, uma observação detalhada, uma investigação que poderíamos chamar científica. Nesse nível , é preciso nos perguntar sobre o aspecto particular que queremos estudar, pois a cada fase da concentração corresponde uma escolha sempre mais clara e minuciosa de nosso objeto. Um exemplo prático mostrará claramente o procedimento. Vamos tomá-lo no domínio que interessa aqui: o relaxamento.

A CONCENTRAÇÃO APLICADA AO RELAXAMENTO Suponhamos estarmos em uma posição de controle que nos causa algum incômodo. Em primeiro lugar, modificamos a posição para sentir apenas uma dificuldade. Em seguida, passamos a uma investigação detalhada desse obstáculo. Em que consiste ele? Qual é a sua origem? Qual é a reação interior a seu respeito? Procuramos responder a essas questões e constatamos , por exemplo: "Isso puxa e dói em tal lugar". Há uma sensação de tração nos tecidos muito curtos, há dor aguda. A tração provém do peso de uma determinada parte, que estira os músculos de outra parte específica. Essas duas partes são freqüentemente dos ossos, nos quais tais partes se inserem. É preciso, então, realizar também o relaxamento desses ossos (ver p. 24, Treinamento para a técnica de relaxamento). Os feixes musculares entre os dois ossos são muito curtos porque o músculo está contraído. A tração mecânica revela a contração muscular e está localizada em um campo de uma certa dimensão, no interior do qual se encontra um nódulo de contração (contratura), e onde, além disso, a dor se manifesta. A contração pode ser definida como a tendência de duas partes a se aproximar ativamente. Temos sempre a vontade de escapar da tensão e da dor, mudando de posição; verifiquemos se não é possível evitar isso, apesar do incômodo, e levar o

relaxamento mai s precisamente ao nódulo central da dor ou da tensão. Se cons eguirm os situar de f orma verdadeira a nossa consciência no nódulo central , lima mudança se produ: imediatamente. sem nenhum outro esforço da vontade. É verdade que no início pode haver um aumento da sensação de tensão ou de dor, devido à atenção mais aguçada; mas se continuarmos o relaxamento e a observação objetiva, esse aumento dá lugar à diminuição e ao desaparecimento da sensação desagradável. Esta pode voltar em seguida, mas mais fraca, e termina por parar. Outra tensão ou dor pode então aparecer. Submetendo-a ao mesmo tratamento, continuamos dessa maneira até o desaparecimento de qualquer incômodo. Se não conseguirmos isso, é porque a sensação é insuportável e inconscientemente evitada. A consciência, ainda que se encontre no lugar da sensação, nega-se a penetrá-la. É preciso, então, tomar a posição mais cômoda, para que possamos 'viver a sensação sem desejar nenhuma mudança. É nesse momento que o relaxamento se realiza. Esse trabalho toma um certo tempo, mas quanto mais tivermos experimentado a exatidão desse processo, mais rapidamente conseguiremos reproduzi-lo. Podemos dizer que o relaxamento, no início tosco e superficial, aprofunda-se e atinge cada vez mais e com exatidão as partes e os centros tensos. Temos a impressão de um trabalho progressivo que começa no plano macroscópico para atingir um nível microscópico. Quando conseguimos encontrar o ponto central, temos a impressão de ter chegado com nossa consciência ao seio da fibra muscular. Não sabemos a que função fisiológica corresponde essa impressão sensorial. A pesquisa científica do problema precisa ainda ser feita . A explicação fisiológica não é, entretanto, necessária no âmbito prático. Alcançamos oresultado unicamente por meio do treinamento individual e interior.

EM CASO DE DOENÇA OU DE ACIDENTE Esta técnica pode ser utilizada igualmente em caso de doença ou de acidente, paralelamente ao tratamento médico. Obtemos, em numerosos casos, uma regressão da dor e um restabelecimento mais rápido. As dores extremamente violentas das doenças ou as provocadas por acidentes graves são tais que não podemos suportar tomar plenamente consciência delas. Aceitamos, então, com gratidão, o alívio bem-vindo dos anestésicos. Não esqueçamos, entretanto, que para toda uma série de pequenos males, o relaxamento representa um meio terapêuti51

_

co mais sadio e eficaz que o habitual abuso de medicamentos. Por outro lado, um treinamento regular permite empregar essa técnica com maior facilidade, um recurso pessoal sempre à disposição. O método pode ser desenvolvido posteriormente por meio de exercícios de concentração que têm por finalidade uma eutonizaçâo das partes tratadas, quer dizer, uma ' regularização do tônus vital. É um procedimento terapêutico que estimula os tecidos hipotônicos e acalma os tecidos hipertônicos, leva seu tônus a um estado ótimo, à eutonia.

,observada, para facilitar o exercício. No início e durante um longo tempo, podemos executá-lo na posição de repouso mais confortável. Podemos estar deitados no chão - o que é preferível - ou numa cama, se o estado físico o exige (impossibilidade de suportar a dureza do solo ou alguma doença). Relaxamos tudo e evitamos qualquer movimento voluntário. Em seguida, dirigimos a atenção para as percepções: peso, consistência, temperatura, atividade, fadiga, repouso, formigamentos etc., fazendo as observações em detalhe e sistematicamente.

MÉTODOS DE CONCENTRAÇÃO PARA

o PESO

A EUTONIZAÇÃO GERAL E LOCAL 1. Tomada de consciência da relação entre o corpo e o solo. Sensação do peso e do abandono do peso na sustentação, seguida da sensação de ser sustentado (ver p. 16). 2. O "inventário" (ver p. 16). 3. Observação passiva e neutra dos movimentos da respiração (ver p. 16 e Capítulos 6 e 7). 4. Percepção indistinta de todas as sensações, deixando a atenção seguir a sensação dominante (ver p. 16). 5. Investigação objetiva e sistemática das sensações de diversos tipos. 6. Exercícios de "contato". 7. Exercícios de "corrente". Os quatro primeiros pontos foram elaborados no primeiro capítulo. Explicaremos em seguida os pontos 5 a 7. O papel desempenhado pela concentração é muito importante, sob todos os aspectos. Uma ajuda poderosa para reforçá-la consiste em formular o mais precisamente possível o objetivo do exercício, assim como as diferentes sensações observadas. Se as frases pensadas não são suficien. tes, podemos perfeitamente pronunciá-las em voz baixa. A consciência é assim mais facilmente guiada em direção ao objeto do exercício.

INVESTIGAÇÃO OBJETIVA DAS SENSAÇÕES

Para observar o peso do corpo é preciso pesquisar todas as sensações relacionadas a ele. Primeiro procuramos o lugar mais pesado e tentamos abandonar esse peso. Procuramos também as sensações dos pontos menos pesados - podemos até mesmo encontrar sensações de muita leveza - e verificamos se realmente abandonamos esse peso mínimo ou, apesar da nossa intenção, o retemos, ou ainda se nos apoiamos ativamente naquilo que nos sustenta. A observação deve ser totalmente objetiva, de forma que, se nenhum peso tiver sido percebido, não faremos mais que constatar que é assim. Podem ocorrer diversas impressões de ausência de peso e de leveza, chegando, até mesmo, a uma impressão de planar sobre o solo. Muitas vezes, a impressão de peso muda em função do exercício, do leve para o pesado ou do pesado para o leve. Tudo deve serfielmente registrado, sem julgamento nem reação. Deve-se advertir que a sensação de um peso leve pode suscitar o medo de ver esta 'ou aquela parte do corpo "voar" se ela não for retida. O medo é, na maior parte das vezes, inconsciente, mas não por isso menos real. A impressão que se segue ao abandono pode ser de uma elevação no espaço ou de uma descida ou queda. A reação emocional pode ser positiva tanto quanto negativa.' A sensação de peso é freqüentemente associada à da massa. São no entanto duas coisas bem distintas e não devemos confundi-las. Freqüentemente, uma grande massa dá pouca sensação de peso e o inverso também (ver forma e volume mais adiante).

DE DIVERSOS TIPOS A descrição verbal pode ser útil na investigação objetiva das sensações. Ela pode ter lugar, em princípio, em qualquer posição e mesmo durante o movímenro.' Há, entretanto, uma progressão a ser

A

.1. Para a euroni» no movimento, ver Capítulo 4.

2. Ver também Capítulo 7.

52

CONSISTÊNCIA

Tomamos consciência das percepções de rigidez ou de flexibilidade dos tecidos e passamos em revis-

---

:

••.-•-=.•• ~

~

~

~

= • •e

-•• e

•• e

-• ta ~

e

•• •• •• •• •li

ta todos os graus intermediários. Freqüentemente, uma rigidez extrema indica -a presença de uma tensão. Há então oportunidade de controlar o relaxamento e de observar as eventuais tensões residuais. A sensação de consistência, como de peso, é também associada à da massa. É preciso considerar que observando a consistência, tomamos consciência respectivamente 'dos ossos, músculos (tensos ou relaxados), tendões etc. - em suma, dos diferentes tecidos constitutivos do corpo humano.

A TEMPERATURA Observamos todas as sensações que se relacionam com a temperatura registrando todos os graus do calor e do frio, assim como as nossas reações individuais a eles. Para relaxar é preciso procurar não reagir negativamente. A sensação de frio é freqüentemente desagradável e somos tentados a evitá-la retirando a consciência da região fria, o que diminui ainda mais a circulação e reforça o círculo vicioso. Para reencontrar a unidade do corpo e permitir ao sangue circular melhor, é preciso reintegrar o frio e a região fria. (Cuide, entretanto, para estar suficientemente agasalhado, quarto bem-aquecido, roupas e cobertores suficientes.)

ATIVIDADE - PASSIVIDADE (CONTRAÇÃO - DESCONTRAÇÃO) Observamos as sensações que anunciam a presença da maior tensão ou do maior relaxamento (repouso). Constatamos que elas podem ser voluntárias ou involuntárias. Isso dá lugar a uma observação muito particular. Quando procuramos o relaxamento, cada tensão é sentida como um obstáculo. A própria sensação de tensão é freqüentemente evitada ou afastada instintivamente. Não percebendo mais a tensão, acreditamos estar livres dela, mas isso é apenas uma ilusão. Para relaxar verdadeiramente é necessário observar e ultrapassar dois patamares de relaxamento, correspondentes a duas camadas de tensões diferentes. O primeiro estágio de relaxamento é a descontração voluntária de todos os músculos que obedecem diretamente ao comando do cérebro. Esse é o relaxamento da primeira camada de tensões e não apresenta dificuldade especial; essa atitude deve ser renovada sem cessar e guardada durante todo o tempo do exercício, inclusive no segundo estágio.

No segundo estágio de relaxamento, tomamos consciência das contrações residuais. quer dizer, daquelas que não se resolvem por um simples comando da vontade. Essa camada de tensões é mais profunda que a primeira e tem conseqüências mais graves do que as das tensões superficiais. É, portanto, fundamental nos darmos conta da existência de tais tensões e encontrar uma maneira de reduzi-las.' Esses dois últimos pontos representam duas fases bem-determinadas. A primeira, a tomada de consciência das tensões profundas , é difícil pelo próprio fato de que elas são muito desagradáveis e, algumas vezes, mais do que as dores. A tentação de não senti-las é tão grande que, inconscientemente, as evitamos. A sensação desagradável é dissimulada por uma crispação que cria certa insensibilidade. Nesse caso, há duas tensões superpostas e é preciso eliminar primeiramente a mais superficial. A segunda fase, a do repouso na contração profunda (tensão residual), parece ser impossível, já que a referida tensão não obedece à vontade. No entanto é possível, mas somente por meio de um desvio da consciência e da vontade imediata. É uma mudança de atitude interior que deve se produzir nessa situação. A vontade direta é ineficaz e é preciso, em face das tensões residuais, abandonar - provisoriamente - a vontade de relaxá-las. Isso quer dizer que, em vez de combater, vamos aceitar o que é dado. Enquanto isso, o relaxamento direto das tensões superficiais continua. Permanecemos no estado de passividade voluntária e prosseguimos a pesquisa. Vamos admitir as tensões como se as tivéssemos provocado voluntariamente. Como provêm de uma motivação profunda, ao aceitá-las, estaremos nos colocando, por assim dizer, de acordo com o nosso inconsciente. Uma vez conseguido isso, sentimos que penetramos no interior dessas tensões e que estabelecemos um contato com elas. O contato assegurado, percebemos que o estado muda, que as sensações se modificam e que um relaxamento se realiza sem esforço. É exatamente o mesmo processo que tem lugar quando vamos ao encontro de uma dor para vê-la desaparecer (ver pp. 43 e ss.). Podemos dizer que, enquanto o consciente combate o inconsciente (forçando-o a relaxar), há uma dualidade em luta e, portanto, tensão. Quando aceitamos a tensão a ponto de a integrar, desaparece a dualidade, a luta, e aí alcançamos um relaxamento global. Pode acontecer que esse procedimento não dê resultado; nesse caso, uma investigação psicológica - por meio da qual encontramos as causas da con3. Ver também Capítulo 7.

te "~e

e

•e

tração, e com isso, os meios de fazê-la desaparecer - torna-se necessária."

tituem uma parte essencial e característica do método Cerda Alexander.

OUTRAS SENSAÇÕES

EXERCÍCIOS DE "CONTATO"

Continuando nossa observação de diversas sensações corporais, percebemos, por exemplo, cansaço, repouso, enrijecimento, flexibilidade, formigamentos, pulsações, queimações, coceiras, náuseas, congestão, sufocamento, falta de fôlego etc. É preciso observar, uma por uma, todas as sensações elementares. As que são agradáveis ou neutras não oferecem problemas. Para todas as sensações desagradáveis, ao contrário, é preciso adotar a atitude descrita acima. Se o relaxamento obtido dessa maneira não é suficiente para impedir a sensação desagradável, ao menos ele facilita as forças de restabelecimento inerentes ao organismo, dando a impressão de um incômodo suportável.

Primeiramente, é preciso analisar com atenção a relação entre o corpo e o que está ao seu redor. No primeiro exercício de relaxamento, o contato com o solo é determinante." O contato com o que nos sustenta deve se tornar um hábito. Estejamos deitados, sentados ou em pé, o princípio é o mesmo: somos sempre sustentados e, experimentando conscientemente, relaxamos e evitamos assim as tensões inúteis que poderiam monopolizar a energia disponível. (É evidente que o relaxamento acontece aqui como conseqüência de uma tranqüilidade física e psíquica.) É preciso estabelecer, também, o contato com instrumentos úteis ou outros objetos. Estudamos esse contato, primeiramente, com um bastão de mais ou menos 2 em de diâmetro e 60 em de comprimento (a metade de um cabo de vassoura, por exemplo). Veja as quatro etapas desse exercício:

•• •• •• e •e ••

1. Sentar-se agradavelmente, o bastão nas mãos que repousam sobre as coxas (Fig. 146). 2. Observar todas as sensações provenientes do bastão. Descrevê-las à medida que forem sendo experimentadas. Por exemplo: liso, redondo, longo etc. É preciso observar as sensações reais e desconfiar de qualquer impressão que seja somente "pensada" ou imaginada. (Duração da observação: um a dois minutos.) 3. Durante esse lapso de tempo é provável que um certo número de sensações provenientes das mãos não estejam presentes. É preciso também descrevê-las em termos precisos.

e

e

FORMA (LINHAS) E VOLUME (ESPAÇO) A forma e o volume são sensações mais complexas, mas muito importantes. A imagem que fazemos do corpo e de seu espaço interior é a síntese de todas as sensações elementares. Estudando a forma e o volume do corpo, desenvolvemos a consciência corporal.' Isso tem como efeito físico uma melhora considerável em várias áreas. O movimento exterior no conjunto e em detalhe é facilitado. A circulação do sangue é estimulada e regularizada no corpo inteiro. Movemo-nos mais facilmente e sentimos menos frio. Tomamo-nos mais aptos para julgar a forma e o volume dos objetos que nos rodeiam e mais hábeis para nos servir deles. Ficamos mais flexíveis e nos sentimos mais à vontade na vida diária. Essa tomada de consciência do espaço corporal clareia os conceitos de "alto" e "baixo", "frente" e "atrás", "esquerda" e "direita" etc. Uma estruturação do espaço real permite o emprego mais organizado da inteligência, facilitando o trabalho intelectual.

ta

e

-

-• • -• ti

e

•• •e e

e

e

•e e e

"CONTATO" E "CORRENTE"

• •e e •• 41)

"Contato" e "corrente" são também fenômenos complexos importantes que devem ser objeto de um estudo à parte. Os exercícios que se seguirão cons4. Ver Capítulo 7. 5. Idem.

54

Iiws.--~

6. Ver p. 14.

ti

J

-•*• • -•

4. Manter o bastão na vertical, apoiado sobre a cadeira ou o chão. Observar e descrever todas as sensações provenientes da cadeira (chão), do bastão e das mãos (Fig. 147).

ti

•• • e e •e •e •e •• •e •e

147

Observação: esse exercício deve ser feito antes de continuar a leitura, para não falsear o efeito e para evitar as sugestões. Pegue um objeto que você possa manter facilmente na mão, como uma bengala, um guarda-chuva, uma régua ou outro, e faça a experiência. As sensações são em parte individuais ou se apresentam em uma ordem individual.

ef

As sensações percebidas são, em geral, as seguintes:

et

1. Sensações provenientes do objeto que permitem registrar forma, material, temperatura, consistência, superfície, peso etc. 2. Sensações provenientes da mão que permitem registrar sua posição, forma, peso, temperatura e estado de tensão ou relaxamento (fadiga ou repouso), a presença de formigamentos, pulsações etc. 3. Sensações provenientes do apoio do objeto que permitem constatar a superfície do apoio, consistência até certa profundidade etc.

e~f

e~

.1el

el

.; ~

.~

e:

.:

•• •e e •• e: .-

Geralmente nota-se um aumento do calor na mão, o que permite estabelecer um fato de capital importância: a circulação do sangue é estimulada pelo contato consciente. Constatamos também que é possível projetar a consciência para fora de nosso próprio COlpO. Observando o objeto, temos a impressão de estar com nossa consciência e de que ela tem o poder de atravessar o objeto e atingir o local do apoio e mesmo de se localizar nele. Inversamente, pode-

mos ter a impressão de que o objeto faz parte de nosso corpo. Se não conseguimos pôr a consciência no objeto ou ao menos na superfície do objeto, não temos realmente consciência do contato, não verificamos uma estimulação da circulação do sangue. A relação consciente com o objeto não foi estabelecida. Nesse caso, as sensações não são numerosas, apenas vagas. Isso pode se produzir no início. É preciso, então, fazer novamente o exercício, até que as sensações apareçam. É preciso "fazer contato", ou seja, criar o contato dirigindo a consciência. voluntariamente, das mãos para o objeto, várias vezes seguidas. A atenção se move do interior para o exterior. Executado em detalhe, o exercício consiste em pensar, primeiramente, nos ossos, em seguida nos músculos e carnes que envolvem os ossos, depois na pele, na superfície do objeto, em sua consistência, forma e, através do objeto, no que ele toca. Representamos para nós a parte em questão e, paralelamente a essa imagem, obser.. . a mos diretamente quais sensações afloram na consciência. Depois desse inventário detalhado, o pensamento (a atenção) pode se mover mais rapidamente do interior para o exterior. Vemos aqui, distintamente, a que ponto o exercício pode contribuir para pôr o indivíduo em relação com o que está ao seu redor. O efeito psíquico é freqüentemente o de fazer cessar o isolamento afetivo. A experiência do contato restabelece a relação da pessoa com o mundo. É preciso admitir que, para "fazer contato", empregamos, primeiramente, a imaginação para representar e encontrar o local. Porém, o exercício simultâneo da observação direta nos dá condições de distinguir a diferença enorme entre uma impressão imaginada e uma verdadeira sensação experimentada. Se existe alguma dúvida, de fato não está ocorrendo a sensação de contato. Chamamos mais uma vez a atenção dos leitores para a importância fundamental dessa distinção, graças à qual evitamos os perigos da ilusão, da sugestão e da autosugestão. Quando conseguimos estabelecer contato e pôr a consciência no objeto, obtemos percepçõ~§i;mais numerosas e claras. A circulação do san~1t,gfJugar do contato se faz melhor. É justament~e~§~$-t.~B"':l~~: permite empregá-la com um objeti':, . ·""·~·~"- ·e. profilático. Juntamente com a s.~.,,~,; interior, o contato assegura nervos e dos músculos, tam~. dejetos. Disso resulta um aitm trabalho e de resistência- q§Aç; to, estudado no repouso",f\J ,.

urnfl

cansados se realiza melhor e mais rapidamente. Esse último ponto dá origem a toda uma série de exercícios regeneradores. 1. Deitado de costas, posicionar um bastão sob as costas, debaixo das omoplatas (Fig. 148). Relaxar e fazer contato como descrito acima. Observamos as sensações das costas, em seguida, as provenientes do bastão e do solo sob o bastão. Levamos o pensamento das costas até o solo, através do bastão. Se os tecidos das costas estão em bom estado, isso será fácil e não doloroso. Se a circulação é má devido a tensões , nos sentimos rígidos , temos dor. Com o relaxamento e o contato consciente, a dor desaparece, a circulação se ativa, o que geralmente é traduzido por uma sensação de calor. Se não há melhora depois de dois a três minutos, isso mostra que não conseguimos fazer contato. Se a dor for muito forte, recomenda-se não insistir e escolher um ponto mais fácil primeiro e só voltar ao mais difícil progressivamente. É muito importante não "contornar" a dor, mas relaxar e criar contato dentro da dor e através dela.

o resultado, com o bastão ou com outros obje tos, depende essencialmente da qualidade da concentração; não é efeito especial do objeto. Portanto, é totalmente inútil e mesmo formal mente desaconselhável colocar-se sobre um bastão, pegar um livro e acreditar que o bastão fará o resto!

149

150

148

2. Podemos posicionar o bastão em todos os póntos sob o corpo. Sua função é, essencialmente, chamar a atenção para um local preciso e permitir que a consciência aí se fixe. Disso resulta uma eutonização local, difícil de ser obtida sem essa pressão exterior, pois temos apenas um conhecimento sumário das partes detalhadas das nossas costas. Podemos também posicionar o bastão sob as pernas, .a cabeça, os quadris, o ventre, sobre a fronte etc . (Figs . 149-153). 3. Em vez de um bastão, podemos empregar uma bola ou ainda um outro pequeno objeto duro. É questão de prática e depende do local que queremos atingir. Uma bola, por exemplo, entra mais profundamente na musculatura que um bastão. De todo modo, a função do objeto é unicamente facilitar a tomada de consciência. 56

152

"• ta

•e • e •• •• e e •• •e

-

•e •• e •e • e

•• •e • e •e •• •

*~ ~

153



.-e •e •• ta •• •e •• •e •e •• •• e

li

e e e e

e

e

•• e ••

e

e

•• •• e e e

•• •etn

4. Fazer contato entre as duas mãos ou entre as mãos e uma outra parte ' do corpo é especialmente indicado para aliviar e curar mais rapidamente diferentes estados de dor ou de cansaço. Instintivamente, temos vontade, nesses casos , de pôr a mão no lugar doente . O efeito desse gesto instintivo é aumentado se acrescentamos o contato consciente. Massagem, toques , suaves beliscões, tapotagem* etc. são também muito eficazes quando executados com o contato (Figs. 154 e 155).

154

outro, de um cotovelo para o outro através dos antebraços, pulsos e mãos - de um ombro a outro através dos braços - e, finalmente , através da parte superior do corpo, entre os dois ombros, fechando assim o "circuito dos braços". A consciência percorre esse circuito cada vez mais rapidamente. Segue-se uma sensação de corrente, acompanhada de formigamentos, de pulsação ou de calor. Podemos dirigir o pensamento num sentido ou em outro, ou nos dois ao mesmo tempo. O exercício é, ao mesmo tempo, um verdadei~o repouso e permite uma rápida regeneração. E, também , calmante e estimulante (Fig . 156).

155

EXERCÍCIOS DE "CORRENTE" A "corrente" é o conjunto de sensações percebidas num trajeto percorrido pela consciência. Trata-se de formigamentos, de calor, de "corrente", que seguem o caminho efetuado pela consciência a uma certa velocidade. A sensação de corrente é essencialmente criada pela estimulação da circulação sangüínea, da qual falamos freqüentemente. Esse fato é cientificamente estabelecido. Produzem-se também outros fenômenos, tais como a eletricidade, o eletromagnetismo ou bioeletricidade, mas esse domínio é ainda pouco explorado. Entretanto, o fenômeno em si existe e os resultados imediatos são suficientemente satisfatórios para que empreguemos correntemente essa técnica. O exercício mais fácil para estabelecer uma "corrente" é o primeiro da série de exercícios enumerados abaixo. . : »:

[56

2. O mesmo exercício será feito com as pernas, as plantas dos pés juntas, sentado no chão ou deitado (Fig. 157). Dirigimos a consciência de um pé para o outro, de um tornozelo para o outro etc., e fechamos o circuito das pernas atravessando o baixo ventre. Cada trajeto desse circuito relaxa através da passagem da consciência. Se a posição é muito dolorosa devido a tensões nas coxas ou na virilha, abandonamos por um momento a posição para repousar, ou então elevamos um pouco os joelhos. O exercício de corrente ajuda muito a eliminar tensões e dores.

1. Sentado ou deitado, juntar as mãos entrelaçando os dedos. Cuidar para relaxar os ombros, os cotovelos, as mãos e os dedos , que devem permanecer juntos sem que haja necessidade de atividade muscular (se necessário pôr almofadas sob os braços). Sentir o contato entre as duas mãos. Relaxar cada dedo e cada parte dos braços deixando a consciência se mover de uma mão para a outra, de um pulso para o '" A autora refere-se a procedimentos também usados por fisioterapeutas e massagistas. (N. do R. T.)

157

57

_

~

e 3. Veja um exercicio particularmente calmante: deitado de costas, as mãos sobre o ventre, cruzadas ou simplesmente apoiadas uma sobre a outra ou uma ao lado da outra (não é necessário que se toquem). Deixar a consciência atravessar o circuito dos braços, em seguida, ir das mãos ao corpo, passar da parte superior do corpo até os ombros, atravessar de novo os braços até as mãos e assim por diante (Fig. 158). A "corrente" pode ser dirigida também no outro sentido. Escolher o sentido que é mais benéfico.

6. Deitado de costas, mãos juntas acima da cabeça, plantas dos pés juntas. A consciência percorre os circuitos e os une através do corpo (Fig. 160). Variação: fazer o percurso como um "8" alongado, atravessando o tronco em diagonal (Fig. 161).

160

158

4. Deitado, plantas dos pés juntas, mãos juntas sobre o ventre. A consciência parte das mãos, passa verticalmente pelo corpo, atravessa a parte inferior do corpo e das pernas. Fazendo contato entre os pés, a consciência volta a subir pelas pernas até a bacia, atravessa a bacia e alcança as mãos. Fazer várias vezes o circuito (Fig. 159). 5. Deitado ou sentado, plantas dos pés juntas, joelhos afastados, mãos juntas. A consciência percorre os circuitos dos braços e das pernas e os une através do tronco.

11..;..11-·--11-

•e •• •• •• •• •e •e •• •• -..

-

-.--•• -~ ~

l

I

161

159

ti

7. Sentado no chão, plantas dos pés juntas, mãos juntas em tomo dos pés. Relaxar as costas e a cabeça para a frente. Os pés são posicionados um pouco para a frente do corpo, de modo que a cabeça caia em direção aos pés (Fig. 162). A consciência percorre os dois circuitos, unindoos através do tronco e entre os pés e as mãos. Se a flexibilidade das articulações permitir, pôr a cabeça sobre os pés, e acrescentar o percurso indo do cóccix até a cabeça através da coluna vertebral. Continuar a linha seguindo a coluna vertebral até que ela encontre as mãos.

~

~e

••

-e e

e

,j

e

•e •• •• •• •• e •• •e •e •• •• •e e

e

•e •• e •• •• •e •• •• e • •e •• ti

162

163

8. Deitado de costas, joelhos sobre o peito, tornozelos cruzados, manter os pés com as mãos, passando os braços por fora das pernas (Fig. 164). Fazer o contato pé-mão e percorrer o circuito braço-perna-tronco atravessando o tronco na diagonal. Há, portanto, dois circuitos. Fazê-los , primeiro separadamente e em seguida juntos.

165

10. Sentado, pernas flexionadas e mantidas pelos braços. Os braços envolvem os joelhos e as mãos mantêm os cotovelos (Fig. 166). Contato braços-pernas e circuito pernas-corpo-braços. Se a cabeça pode repousar sobre os joelhos, o circuito passa então pela cabeça, cabeça-(braços)-joelhos-tronco etc. Corrente dos ísquios através das pernas até a planta dos pés . 11. Sentado, pernas flexionadas. Os braços se juntam sobre os joelhos, as mãos mantêm os cotovelos (Fig. 167). Circuito dos braços, corrente dos ísquios aos calcanhares, que escorregam para a frente até que os antebraços repousem no chão. Corrente do cóccix até o alto da cabeça.

166 164

9. Deitado de costas, pernas dobradas; as mãos entrelaçadas mantêm os pés juntos, planta do pé contra planta do pé, joelhos afastados e relaxados (Fig. 165). A consciência segue os circuitos dos braços e das pernas e os une entre si através do tronco.

167

59

fi 12. Sentado, pernas estiradas, as mãos mantêm os tornozelos ou os pés. Circuito braços-pernastronco. Relaxar as costas e a cabeça para a frente; corrente do cóccix ao alto da cabeça (Fig. 168). O mesmo com as pernas afastadas. 13. Sentado ou deitado, um joelho flexionado, o pé para fora. Manter o pé com a mão do mesmo lado. Contato pé-mão e circuito perna-braçolado do tronco. O mesmo com os dois joelhos ao mesmo tempo (Fig. 169).

168

169

14. Sentado ou deitado, um joelho flexionado, o pé para dentro, sob a outra coxa. Mantê-lo com a mão oposta. Contato pé-mão e circuito braçoperna-tronco (em diagonal) (Fig . 170). 15. Sentado ou deitado, um joelho cruzado sobre o outro. Prender os pés com as mãos. Contato mãos-pés e circuito pernas-braças-tronco (Fig. 171).

170

t~;:i~:: .

IL:

171

16. Um exercício particularmente estimulante é a corrente através da coluna vertebral de baixo para cima (deitado, sentado ou em pé). Ele é, ao mesmo tempo, fácil e difícil de executar. É fácil porque o simples fato de percorrer a coluna vertebral de baixo para cima produz um efeito benéfico. É difícil porque a consciência que temos da coluna vertebral é muito pouco desenvolvida. As sensações, não numerosas e muito vagas, tomam a concentração árdua. Para ajudar, po. demos trabalhar com uma ilustração anatômica da coluna vertebral. Dirigimos a nossa consciência para cada parte da coluna representada na ilustração e observamos se as sensações se manifestam. A esse respeito, é bom lembrar que os ossos não são tecidos mortos, como temos tendência a pensar. Eles são abundantemente irrigados por vasos sangüíneos e os glóbulos vermelhos são produzidos por eles. É, portanto, perfeitamente lógico empregar a técnica do contato e da corrente com e através dos ossos . O efeito é real e a sensibilidade dolorosa do periósteo, tão freqüente, eliminada.' O exercício ajuda poderosamente a adotar uma boa postura e a reduzir as dores dorsais. 17. É especialmente útil criar uma corrente entre as . duas mãos através de uma outra parte do corpo. As duas mãos podem envolver o pé ou o tornozelo (em caso de entorse, é o primeiro gesto a ser feito), a barriga da perna, o joelho, o quadril, a bacia, a cabeça etc. (Figs. 154 e 155). O exercício apresenta uma ajuda muito apreciável em todas as dores que afetam essas regiões." Cada pessoa pode encontrar aplicações numerosas e freqüentes dos métodos de corrente e contato. Podemos criar correntes em todos os locais do corpo, dirigindo a consciência no sentido desejado. Lembramos a importância do contato com o solo, a cadeira, as ferramentas e os materiais utilizados. 9 Podem ser acrescentados os exercícios feitos a dois, em que o contato ou a corrente passam de um para o outro. Empregamos o mesmo princípio no tratamento de eutonia. O eutonista cria o contato com a parte dolorosa e estabelece uma corrente através desse local. Se a pessoa tratada acrescenta seu próprio contato e corrente, o efeito é bastante reforçado.

7. Ver também pp. 24-25.43 e ss. 8. Ver Your hands can help to heal you, de Gennaine Berder (cf. Bibliografia). 9. Ver os Capítulos 4 e 5.

• •e •• •e •• •• •• e •• •• •• ,•• e • •• •• •• • e •e •• •• e •e ti

ti

-

• ~.oo______________________r4 •

.-. _,:7 e

•• e e •e •• •• •• e •e •• ta •e •• -. •e •• e e •• •• e

•e •• e • ti

•e ••

RESUMO L

lI.

Para atin gir o relaxamento é preciso percorrer as seguintes etapas: a) Relaxamento das tensões que obedecem diretamente à vontade. Continuar esse relaxamento durante os dois estados seguintes. b) Tomada de consciência das tensões residuais e da reação afetiva do "eu" diante dessas tensões. c) Entrada em contato com essas tensões residuais por um desvio da vontade, aceitandoas e levando a consciência para o centro da sensação (portanto, uma mudança consciente da atitude afetiva). Resulta daí um relaxamento, uma calma e uma regeneração profunda. A sensação de repouso será percebida não como ausência de tensões, mas terá uma qualidade sensorial positiva. Para atingir o contato é preciso: a) Observar as sensações provenientes do objeto com o qual trabalhamos. b) Observar as sensações provenientes de nosso próprio corpo no local do contato. c) Observar a relação entre ,o corpo e o objeto, estudando as sensações provenientes dessa relação. Acrescentar a tomada de consciência das reações afetivas de contato. d) Deixar a consciência se mover do interior para o exterior de maneira repetida e contínua.

Resulta daí um sentimento específico de contato e uma estimulação da circulação sangüínea. O contato faz desaparecer o sentimento de isolamento físico e psíquico. 10 Nesse movimento ou durante o trabalho, ele assegura uma função ótima do organismo; permite assim um trabalho prolongado, sem fadiga. I I III. Para atingir a corrente é preciso: a) Tomar consciência, sucessivamente, de todas as seções de um percurso escolhido: o circuito dos braços, por exemplo. Essa tomada de consciência é acompanhada de um relaxamento voluntário. b) Tendo efetuado a tomada de consciência de todas as partes, aumentamos a velocidade com a qual o pensamento percorre o circuito escolhido. c) Se a sensação de corrente não vem, revisar de novo, lentamente, todas as seções, deixando a consciência em cada seção até que uma percepção clara seja alcançada. Não se contentar em "pensar" sobre o lugar e representá-lo mentalmente, mas procurar sentilo. Somente então aumentar a velocidade do caminho da consciência. I :! Uma sensação de formigamento leve e prazerosa é suficiente como resultado, mas o exercício deve , finalmente, chegar a uma sensação de "corrente vital" acompanhada de um calor agradável. O efeito é ao mesmo tempo calmante, repousante e estimulante.

10. Ver Capítulo 7. 1I. Ver Capítulo 4. 12. Em caso de ausência de sensações, ver p. 17 e Capítulo 7.

61

.....- - - - - -

em-----~~IIIIIIIIIIIIIII~

_

1t e ta

4 A EUTONIA NO MOVIMENTO

o MOVIMENTO ORGÂNICO (EUTÔNICO) Nos três primeiros capítulos expuseTI?-0s, sobretudo, a passividade, o relaxamento durante o repouso. Existe um relaxamento durante o movimento? Podemos falar em um relaxamento dinâmico, em um movimento relaxado? Chegamos às questões sobre as leis naturais do movimento, os critérios de uma atividade muscular de boa qualidade. O objetivo é encontrar uma maneira de se mover que esteja em harmonia com as leis da natureza, que não entrave nem a circulação do sangue, nem a respiração, nem as outras funções orgânicas, e que assegure um máximo de eficácia com um mínimo de energia. Procuramos o movimento natura] que por si só é benéfico para o corpo. É o que chamamos de movimento eutônico (orgânico). O movimento natural pode ser encontrado, primeiramente, nos gestos instintivos e inatos, tais como o espreguiçar-se, o bocejo, o suspiro, os movimentos espontâneos de felicidade ou de defesa, de proteção instantânea, fricções enérgicas para se esquentar etc.

o ESTIRAMENTO INSTINTIVO Entre os movimentos, o estiramento e o bocejo merecem ser estudados à parte (Fig. 172). O primeiro segue naturalmente o repouso e prepara o corpo para a ação. Ele elimina a linfa acumulada nos tecidos durante a imobilidade do sono. A linfa retira os dejetos do metabolismo, assegurando a limpeza dos tecidos e dá lugar ao sangue fresco que traz matérias nutritivas. O estiramento de um músculo estimula e aumenta seu tônus de base por meio de reflexo fisiológico. I O estiramento oferece uma outra vantagem: a de flexibilizar as articulações.

I. Ver obras de fisiologia .

62

•• e •• e •• •• ta

• ti

•e •• e

172

o BOCEJO O bocejo que acompanha todo estiramento natural é, ele também, um estiramento dos músculos das vias respiratórias, com todos os efeitos mencionados acima. Sob a ação do bocejo, as vias respiratórias, consideradas como um sistema de tubos, se abrem mais amplamente e o ar fresco entra em ondas. A expiração que se segue é, freqüentemente, amplificada pelo suspiro, que libera os pulmões, expulsando com vigor o ar viciado. Como o estiramento, o bocejo constitui uma preparação para a atividade, pondo em forma os órgãos respiratórios. O estiramento e o bocejo asseguram então um "colocar em funcionamento" perfeito, mas têm também um papel regenerador durante o dia ou no relaxamento após o trabalho. A descontração operada pelo estiramento pode ser explicada da seguinte maneira. Quando o gesto faz os músculos extensores trabalhar, os músculos flexores se relaxam automaticamente e vice-versa.' Como a maior parte das hipertensões provêm de uma sobrecarga dos flexores, com a hipotensão si-

2. É a lei dos antagonistas. Ver obras de fisiologia.

•• • e

e

•e e

•e e •• •• e • •• •• e •e •• ti

-• .'• e e e

•e •• •• •• e •• •• e •• •• •• e •• e

e e

• •• e •e •• •• e •e

-

mult ânea dos extensores, o relaxamento pela ação dos antagonistas é benéfica e representa o ideal de um relaxamento ativo. No bocejo, a garganta e as vias respiratórias são intensamente abertas, relaxando automaticamente todos os músculos constritores, com freqüência hiperestendidos. É por isso que é bom espreguiçar-se e bocejar depois do repouso noturno , depois do 'trabalho, antes do sono, cada vez que temos necessidade de um relaxamento e de uma regeneração instantâneos. É nefasto para a saúde que preconceitos de educação tendam a reprimir o estiramento e o bocejo, quando seria preciso permitir às crianças que sigam seu instinto. O estiramento facilita o que chamamos comumente de uma boa postura, saudável precisamente porque exige o emprego dos extensores, o que previne a sobrecarga dos flexores.

o ESTIRAMENTO VOLUNTÁRIO Partindo do princípio do relaxamento por meio do trabalho dos antagonistas , podemos deduzir que deve ser possível, obedecendo a essa lei, nos mover sem nenhum sinal de cansaço. Se fazemos nossos músculos trabalhar de modo que o esforço de um grupo muscular seja eliminado pelo dos antagonistas , a fadiga não poderá se acumular nem se instalar. Mas como conseguir isso? Basearse em um conhecimento anatômico dos músculos seria um trabalho intelectual considerável e, no entanto , de uma utilidade muito limitada. É por essa razão que é mais uma vez indispensável confiarmos em nossas sensações, no que " diz" nosso própno corpo. De fato , é o que se passa no estiramento instintivo; é uma necessidadeimperiosa, uma vontade irresistível que nos move. Esses movimentos são seguidos de uma intensa sensação de alívio, de bem-estar, de regeneração. Depois de ter observado as sensações que acompanham o estiramento e o bocejo, percebemos que nada nos impede de provocá-los voluntariamente. Podemos imitar o estiramento instintivo e chegar assim ao estiramento voluntário, que produz o mesmo bem-estar. Constatamos então que, no fundo, havíamos recusado numerosas sensações que, se tivessem sido reconhecidas, teriam produzido o estiramento instintivo. Bocejando e nos espreguiçando freqüentemente, reencontramos nossos instintos mais vivos e naturais. Os gatos, por exemplo , estiram-se e bocejam muito. Não há nenhuma dúvida de que eles devem uma grande parte de sua flexibilidade e de sua agilidade a esse fato.

o BOCEJO VOLUNTÁRIO A quem não sabe mais bocejar (o que é um sinal de excesso de tensão), podemos aconselhar que se estire longamente e abra a boca ao máximo. Isso é suficiente, quase sempre, para produzir um bocejo.

o ESTIRAMENTO CONTÍNUO Por meio do estiramento podemos aprender a sensação de esforço muscular no que ele tem de benéfico; é um exemplo de atividade muscular ideal (da eutonia no movimento). Se nos lembrarmos dessa sensação de bem-estar na energia, podemos fazer um exercício especial: o estiramento contínuo. Para esse exercício é preferível começar com uma pequena parte do corpo, porque a observação deve ser muito minuciosa. Faça o exercício com a mão direita, por exemplo (mão esquerda para os canhotos) . Ponha toda a sua atenção na mão. Observe as sensações. Não há uma pequena necessidade de mexer este dedo ou de flexionar aquele? Se você percebe a menor vontade de mexer, execute o gesto observando as sensações que o acompanham ou seguem. Se não há nenhum impulso natural, substitua-o por uma revisão sistemática da mobilidade de cada articulação, como um mecânico verificando o funcionamento das engrenagens de um motor. A cada movimento, observe e registre as sensações concomitantes, pois são elas que devem ditar o gesto seguinte. O objetivo é encontrar uma qualidade de movimento agradável em si mesmo e gerador de um bem-estar global. Deve-se atingir uma qualidade de trabalho muscular própria para fazer nascer uma sensação agradável no local do esforço e à sua volta. É, portanto, uma verdadeira pesquisa, e é preciso não cair jamais em um automatismo inconsciente e totalmente ineficaz. Como o objetivo é o bem-estar, toda sensação desagradável indica que a finalidade não foi atingida e que, conseqüentemente, é preciso prosseguir por uma outra via, seja realizar um movimento em outro lugar, seja modificar a maneira de se mover (mais rápido ou mais lentamente, com mais ou menos energia). Se o exercício tem sucesso, ocorre então um movimento quase contínuo, acompanhado de uma sensação de bem-estar crescente. Sem experimentar nenhum cansaço temos o sentimento de estar em plena forma, na posse de todos os nossos meios. Se o movimento é correto, podemos continuar o exercício sem nunca parar. 63

e e

o exercício

deve ser feito com cada parte do corpo separadamente e, em seguida, com o corpo inteiro. (Progressão recomendada: mão direita, braço direito, mão esquerda, braço esquerdo, os dois braços juntos com a parte superior do corpo; pé direito, perna direita, pé esquerdo, perna esquerda, as duas pernas juntas com a bacia; a cabeça e, em seguida, o corpo inteiro.) Quando trabalhamos uma parte separada do corpo, observamos em detalhe essa parte, mas não é necessário manter o resto do corpo imóvel; ao contrário, ele pode se mover livremente, à medida que isso contribua para o bemestar da parte com a qual nos ocupamos. Mexendo o abdômen e a caixa torácica, observamos as sensações interiores próprias das vísceras e da respiração.' Mexendo a coluna vertebral observamos o funcionamento de cada uma de suas partes etc. Para um estudo sistemático, começamos deitados de costas e fazemos toda a série nessa posição, em seguida sobre o ventre e de lado, sentado, e, enfim, em pé.

MOVIMENTOS LIVRES Depois de termos experimentado o estiramento contínuo nas posições enumeradas, vamos desenvolvê-lo em movimentos completamente livres, passando de uma posição a outra, ao sabor dos impulsos, permanecendo sempre conscientes de todo o corpo. O exercício só pode ser feito quando a consciência corporal estiver suficientemente desenvolvida. Com efeito, é necessária uma grande lucidez e mobilidade de espírito para não cair nos gestos habituais, automáticos e superficiais. Se este é o caso, o exercício perde todo o seu valor; é preciso, então, parar imediatamente e recomeçar com mais consciência. Se ele é bem-feito, esse trabalho permite variedade infinita de movimentos; desenvolve a faculdade de improvisação corporal e, além disso, leva ao conhecimento mais amplo de si próprio ao mesmo tempo em que permite uma desinibição psíquica." Durante o movimento, é importante perceber as fadigas, as dores' ou outras sensações que podem aparecer e que causam incômodo. Devemos eliminá-las, uma a uma, por meio de movimentos ativos e procurar os meios que possibilitam diminuir, 3. Ver Capítulo 6. 4. Ver Capítulo 7. 5. Referimo-nos ao cansaço ou pequenas dores num indivíduo Com saúde relativamente boa. As dores mais intensas ou persiste~t~s devem-se a um estado doentio , e pertencem ao campo

médico,

mudar e fazê-las desaparecer. É uma pesquisa muito lúcida e detalhada: realizamos os movimentos com circunspecção, observando constantemente se trazem o resultado desejado. É essencial não realizar até o fim o movimento iniciado se percebermos, no meio do trajeto, que ele contém aspectos desagradáveis. É preciso parar ou mudá-lo. Pode acontecer também que não saibamos o que fazer ou que os movimentos pareçam chatos, sem sentido. Há então, uma falta de impulsos espontâneos. Não sentimos a necessidade daquele movimento. Não há sensações para guiá-lo. É preciso então fazer surgir novas percepções. Para conseguirmos isso é suficiente nos imobilizar em posição ativa (imobilidade completa) até que uma sensação se manifeste (geralmente a de cansaço). Ao primeiro sinal desta devemos reagir e encontrar o movimento que a eliminará. Isso obtido, paramos até a aparição de uma nova fadiga, que procuraremos eliminar, também por meio de um outro gesto, e assim por diante. Pouco a pouco aparecerão as sensações mais variadas que guiarão ainda melhor o movimento (sensações proprioceptivas, tais como estiramento, tração, compressões, dilatação, contração etc.). Tomemos cuidado para não ceder ao cansaço, voltando à passividade; não atingiremos assim nossa finalidade, que é o movimento eutônico. Devemos nos esforçar e trocar de movimento até eliminar toda sensação desagradável. É preciso recomeçar a pesquisa, sem cessar, para melhorar cada parte do corpo. Bem feito, esse trabalho muscular é de uma tal qualidade que aumenta constantemente o bem-estar e não somente facilita as grandes funções vitais do organismo (a circulação, a respiração etc.), mas melhora o estado dos tecidos, das células e promove uma satisfação única. A ausência de sensações pode decorrer de uma observação insuficiente. Nesse caso, fazemos os movimentos lentamente, para ter tempo de tomar consciência com clareza e precisão. Quando procuramos fazer movimentos lentos e contínuos, percebemos muito mais as sensações. Freqüentemente, nos damos conta de que seria incômodo querer prosseguir o movimento até o fim. É preciso, então, saber mudar imediatamente, obedecendo às percepções presentes. Trata-se de escutar a necessidade interior do corpo, de observar com lucidez nossas sensações e não nossas idéias e pensamentos abstratos. Não é preciso crer antecipadamente que tal ou qual movimento seja bom, mas garantir que cada região e o organismo inteiro experimentem o movimento como benéfico. Observemos em particular se há irregula-

e

•• ta •• e •• •• •• e •• e •e •• e •• e •• e •• •• •

-1 I

ti

e e

•• •• •e •• •• •e •• e •e •• •e •• ~

e

~

•e •• •• •e •• •• •e •• e e In

ridade s no mo vimento, se é realizado de forma brusca ou se há momentos em que escapa ao controle consciente. Essas irregularidades têm um caráter desagradável. Trata-se, então, de remediá-las procurando encontrar a maneira certa de se mexer para conseguir a regularidade perfeita, sem can saço. Somos obrigados a diminuir ainda mais a velocidade dos movimentos; então, as imperfeições aparecem, em todos os seus detalhes , o que facilita a sua eliminação. Fazendo esses exercícios, é normal sentir vontade de bocejar. É preciso, evidentemente, seguir essa necessidade com muita liberdade. O bocejo assegura uma renovação completa do ar dos pulmões. Por meio de movimentos mutáveis, os tecidos do corpo são alternadamente comprimidos e relaxados e a bomba venosa é posta continuamente em ação. Todos os líquidos do corpo estão em movimento, os tecidos abundantemente irrigados. Os resíduos acu-mulados são levados pelo sangue, dissolvidos e eliminados, seja pelos rins , seja pelos pulmões, seja pelos intestinos. É uma limpeza a fundo do organis- mo, um verdadeiro banho interior. O bocejo intensi.fica, freqüentemente, a secreção das mucosas do nariz e das glândulas lacrimais: nos assoamos, lacrimejamos. Todas as impurezas saem. Além disso, o movimento livre aumenta a força muscular. Não há .exerc ício mais propiciador de bem-estar e mais curativo que este, uma fonte de prazer comparável a nenhuma outra.

uma regularidade na iner vação muscul ar. Em terceiro, para atingir o final do movimento, os músculos devem atingir seu comprimento normal, O trabalho lento de um grupo muscular assegura também um relaxamento gradual dos antagonistas, pelo reflexo fisiológico . Uma posição anteriormente dolorosa, intolerável , torna-se fácil, porque os músculos estão relaxados . É também um bom modo de chegar às posições de controle, por meio da escolha da posição exata, nem muito fácil nem muito difícil." Se praticamos esses movimentos, aumentamos a força dos músculos e a flexibilidade das articulações ao mesmo tempo em que aperfeiçoamos o domínio neuromuscular.

OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS DE CONTROLE 1. Deitado de costas, braços na vertical. Abaixar lentamente os braços acima da cabeça, sem sacudidelas. Relaxar no fim do movimento (Fig. 173) . Variações: abaixar os braços para o lado e para a frente.

173

MOVIMENTOS DE CONTROLE Os movimentos de controle, em velocidade lenta e contínua, constituem uma variante dos movimentos eutônicos. Damo-lhes esse nome porque eles controlam ao mesmo tempo a inervação dos músculos, sua força, seu comprimento, assim como a flexibilidade das articulações. Esses movimentos são não apenas um meio de controle, mas também um treinamento. Todos os movimentos devem ser feitos muito lentamente, o mais lentamente possível. É essa lentidão que permite o controle mencionado. O movimento deve ser feito muito regularmente, sem ser brusco, sem sacudidelas e sem que tenhamos em nenhum momento a impressão de que ele escapa do controle cerebral voluntário. Não se deve também transformar em queda os movimentos descendentes. É preciso, primeiro, um domínio absoluto no que se refere ao envio de energia para o local desejado e na quantidade desejada. Em segundo lugar,

2. Deitado de costas, joelhos dobrados, plantas dos pés apoiadas. Elevar um joelho em direção ao peito, em seguida, abaixá-lo lentamente, sem sacudidelas, deixando o pé encontrar gradualmente o chão. Depois da descida, relaxar completamente (Fig. 174). Fazer também com os dois joelhos.

,_ • • •_-_._ • • • __ . _ .... .,..

.,.--~.' .#

I

r

'

\\,

I

\ \

174

6. Ver p. 43.

65

e

3. Deitado de costas, mãos juntas sob a parte posterior da cabeça . Cotovelos em direção ao teto, abaixá-los lentamente ao lado. Um só cotovelo, os dois juntos (Fig. 175).

175

4. Deitado de costas, joelhos flexionados, cruzados um sobre o outro, um pé apoiado, o outro no ar (Fig. 176). Girar o pé livremente sem deslocar a perna. 5. Deitado de lado, braços alongados em ângulo reto com o corpo, mãos abertas pousadas uma sobre a outra. Fazer o braço superior executar um semicírculo vertical girando a parte superior do corpo. O joelho deve permanecer no chão (Fig. 177). Variação: girar o braço em um semicírculo horizontal em tomo da cabeça.

6. Deitado de costas, mãos atrás da cabeça, cotovelos no chão, joelhos flexionados e cruzados . Descer as duas pernas do lado do pé livre, sem que o ombro oposto se eleve. O joelho deverá tocar o solo (Fig. 145). 7. Deitado de costas, pés planos , mãos sob a cabeça, cotovelos em direção ao teto. a) Elevar os cotovelos em direção aos joelhos levando a cabeça. b) Cotovelos no chão, elevar os joelhos lentamente até o peito e abaixá-los. c) Elevar juntos joelhos e cotovelos até que se encontrem. Retomar e chegar ao solo com os pés e as mãos ao mesmo tempo. d) Mãos sob a cabeça, cotovelos no chão, plantas dos pés juntas, joelhos afastados (posição em "8"); elevar ao mesmo tempo joelhos e cotovelos até a vertical, aproximálos, em seguida voltar no sentido inverso (Figs. 178 e 179).

178

•• •• •• •• •• •• •• e •• •• •• e •• e •• •• •• •e •e •• •e •• •

-

176

179

.177

e

8. Deitado de costas, um joelho nas duas mãos juntas. Sentar-se empurrando o joelho para a frente; em seguida, deitar retendo-se com o joelho contra as mãos. Os músculos do ventre não devem trabalhar, nem os cotovelos se dobrar. O corpo se eleva graças ao contrapeso da perna empurrada para a frente. Variações: a) com as duas pernas

-

-• e

•e •• e •• •• e •• e e e

ao mesmo tempo, joelhos separados, b) joelhos juntos (Figs. 180, 181 e 182). 9. Sentado, costas contra a parede, pernas estiradas para a frente, abaixar a cabeça e as costas para a frente, sem forçar, até que o movimento pare por si mesmo. Voltar lentamente, vértebra após vértebra. Se não há nenhum encurtamento muscular, a cabeça chega aos joelhos (Fig. 100).

180

183

11. De costas, nádegas contra a parede, pernas retas. Apoiar os calcanhares contra a parede e elevar a coluna vertebral, vértebra por vértebra. Voltar lentamente. Apoiar primeiramente o calcanhar; em seguida, o pé pousa naturalmente sobre a parede, com toda a planta (Figs. 102 e 107). 12. De costas, elevar as pernas, prender os pés com as mãos e puxar os dedos para trás da cabeça. Voltar lentamente (Figs. 184 e 185).

•• •ta e

e

•• e •e •e •• •e •• •• •e •e

181

~

-Itr e

184

185 182

10. De costas, joelhos flexionados, plantas dos pés no chão, apoiar os pés, elevar as costas e abaixá-las, vértebra por vértebra. Cuidar para que as vértebras lombares toquem o solo antes da bacia, durante a descida (Fig. 183).

13. De costas, mãos abertas ao lado do corpo. Elevar as pernas flexionando os joelhos. Apoiando-se sobre as mãos, empurrar o corpo o mais longe possível, até que os joelhos toquem o chão atrás da cabeça ou ao lado das orelhas. Pôr as mãos planas na altura dos ombros, apoiar mais para tirar o peso da nuca, passar o corpo em uma cambalhota lenta e pôr o

67

:e

-.-

peso sobre os joelhos. Terminar sentado sobre os joelhos. Voltar pondo a cabeça no chão e girar para a frente apoiando-se sobre as mãos. Terminar deitado sobre as costas (Figs. 186, 187 e 188).

e ~

189

186

16. Em pé, flexão dos joelhos. a) Abaixar-se e levantar-se mantendo os calcanhares no chão e as costas na vertical. b) Continuar o movimento elevando os calcanhares, até que os quadris os toquem; elevar-se sem sacudidelas e sem impulso. Manter-se com uma cadeira caso seja necessário (Figs. 190e 191).

.~=

-= e

e

•• •e

187

e e

•• ta

188

190

14. Sentado, costas retas, girar a cabeça. Movimento da cabeça: para frente, para trás, de lado e girando. Lentamente e sem sacudidelas. Manter os ombros horizontais. 15. De joelhos, escorregar de um lado para o outro com os quadris: a) ajudando-se com os braços, apoiando-os no chão; b) sem a ajuda dos braços (Fig. 189); c) a parte superior do corpo abaixada para a frente, os braços estendidos à frente da cabeça, girar para o lado e em seguida sobre as costas; continuar no mesmo sentido e se posicionar de joelhos.

191

•• •• •• e •e •• e •• e

ti

e

~

ti

e

•• •• •e •• e •e

17. Em pé, elevar-se sobre a ponta dos· pés e voltar lentamente. Abai xar-se flexionando os joelhos, ficando sobre a ponta dos pés e mantendo as costas retas. 18. Sentado, as mãos mantêm os pés, estender os joelhos no ar, um depois do outro; em seguida, os dois ao mesmo tempo, sem perder o equilíbrio (Fig. 192).

194

e

-.e

e

•• •• •• •• e •e •e

-

~

192

19. Em pé , flexionar a coluna vertebral para a frente, começando com a cabeça, vértebra após vértebra, até que a flexão atinja os quadris; manter os joelhos retos e os braços relaxados. Voltar lentamente, vértebra após vértebra, começando por baixo (Fig. 193). O mesmo para trás. 20. Em pé, pernas afastadas, corpo pendendo passivamente para a frente no nível dos quadris. Girar o busto lentamente para o lado e para trás, descrevendo um círculo completo (Fig. 194)

e

.e •• ti

•• •• •

e

e

4:

Ir.

r93

21. Em pé, deitar-se e, em seguida, levantar-se sem preparação. Lentamente e sem sacudidelas. Não é preciso apoiar-se sobre os braços nem levantá-los. Sem prever o trajeto, deixar o peso ir, pouco a pouco. Partindo da posição em pé , escolhida no início, o corpo irá se dobrando gradualmente sobre si mesmo como se fosse um pano. Se as articulações estiverem livres, a posição final é agradável sem ser voluntariamente escolhida, arranjada . Retornar no sentido inverso, empurrando o assoalho .' Na execução desses exercícios, encontramos freqüentemente certas dificuldades que devem ser mencionadas. Como exemplo prático, tomemos o primeiro exercício. Deitado de costas, os braços estendidos na vertical, a ponta dos dedos apontando em direção ao teto , a palma das mãos viradas para a frente. Mantemos por alguns instantes essa posição de início para eliminar todo movimento ou tremor incontrolado. Dirigimos a atenção para a ponta dos dedos e olhamos aí para reforçar o controle. É preciso então, primeiramente, manter os braços completamente tranqüilos nessa posição vertical. Somente em seguida começar o movimento para trás, de uma maneira totalmente controlada. O início deve ser feito sem sacudidelas; o primeiro milímetro percorrido pelos dedos já deve ser consciente e desejado, e assim por diante. O peso dos braços não deve levá-los mais rápido ou fazêlos cair. Retemos o movimento descendente mantendo em todos os momentos a mesma lentidão, mesmo se os braços parecerem mais pesados. É fisicamente natural que os braços se tornem mais pesados perto do solo (lei da alavanca), mas se o {ônus

7. Ver movimento de força-resistênci a, p. 73.

69

do braço está adaptado ao movimento, o peso será leve em todos os lugares. .Uma sensação de peso provém de um tônus muito baixo ou de uma fraqueza dos músculos . Efetuando o movimento lentamente e sem sacudidelas, obtemos um aumento do tônus e um ganho de força pelas partes fracas dos músculos. Se há fadiga, repousamos imediatamente, dobrando os cotovelos para pousá-los no chão. O movimento termina quando os braços não podem descer mais, os músculos estirados ao máximo. (Seguir com os olhos a ponta dos dedos, evitando qualquer esforço ocular e sem virar a cabeça; fechar os olhos quando os braços saem do campo visual.) Normalmente, os braços deveriam tocar o solo acima da cabeça. Vamos mantê-los estendidos um momento, depois relaxamos. Os cotovelos agora flexionam um pouco. Se há músculos encurtados, o movimento descendente pára antes que os braços tenham atingido o chão. Não procurar levá-los mais abaixo, mas simplesmente permanecer no lugar durante um certo lapso de tempo para permitir que os músculos se estirem. Deixamos o peso agir nos concentrando sobre os pontos tensos ou dolorosos.' Em seguida, deixar cair os braços em relação ao exterior até que eles encontrem uma posição confortável no chão. Esse movimento também deve ser praticado no sentido contrário, levantando os braços. Podemos dizer, sem dúvida que, em geral, é vanta-

joso efetuar primeiro o movimento descendente . As seguintes regras são válidas para todos esses tipos de movimentos: a) Se há uma sensação de cansaço, repousamos. Continuando o movimento, apesar do cansaço, provocaríamos uma acumulação de ácido láctico e, conseqüentemente, esgotamentos inúteis e um trabalho de qualidade medíocre (peso, tremores). Pode ser necessário fazer pausas mais freqüentes e rápidas , para repouso. b) Se há dores, voltamos atrás, para constatar exatamente em qual passagem a dor inicia e refazemos essa passagem para descontrair o local da dor. Trata-se de evitar as contrações inúteis e encontrar o tônus adequado. c) Se uma articulação se encontra em má posição (superfícies articulares mal-encaixadas ou tendões presos), fazemos alguns movimentos livres para recolocá-la no lugar. d) Se há um bloqueio da respiração, recomeçamos prestando atenção para deixar a respiração livre. Diminuir ou inibir a respiração é um falso reflexo, que dá a ilusão de dominar melhor o 8. Encontramos aqui as posições de controle. Ver p. 43.

70

movimento; mas é nefasto para o organismo. Deixemos então ao corpo a liberdade de respirar a seu modo ." (Em certas posições, a respiração, e mesmo a pulsação, provoca um ligeiro balanço que podemos aceitar bem.) Todo movimento que pretendemos dominar pode ser submetido a esse trabalho de controle. Quer se trate de aprender escrever a máquina, guiar um carro, amarrar uma gravata ou tocar violino, é proveitoso se restringir a estudar em detalhe um determinado movimento difícil. Ao diminuir a velocidade, vemos onde se encontram os obstáculos e em que eles consistem. Eles são mais bem superados por esse treino inteligente do que por repetições mecânicas. 10

MOVIMENTOS LEVES (MOVIMENTOS "DE DESENHO") Se os movimentos de controle são feitos com uma lentidão extrema, os movimentos de desenho, ao contrário, exercem a rapidez e a leveza, assegurando um funcionamento muscular ótimo. Trata-se

de uma técnica de movimento particular do método da eutonia. Ela desenvolve e aumenta sensivelmente a consciência corporal, melhora a circulação sangüínea e limita o desgaste muscular, permitindo que nos movimentemos com desenvoltura. O princípio básico de todos os exercícios desse gênero consiste em dirigir a atenção para fora do corpo, como se a energia empregada se encontrasse mais adiante. Por exemplo, para levantar os braços para a frente, procedemos como se segue: em pé, mãos abertas para a frente, fixar mentalmente um ponto em cima e diante do corpo, na parede da frente ou no ar; unir, em pensamento, esse ponto com a ponta dos dedos, como se eles fossem longos o suficiente para tocar a parede. Ao fim de alguns minutos eles estarão como que atraídos pela parede; elevaremos os braços como se a energia viesse de lá, ou como se pudéssemos desenhar na parede com a ponta dos dedos. Com outra imagem, poderíamos dizer que os dedos são puxados por fios, como os de uma marionete e os braços parecem voar. (O que caracteriza as marionetes, com efeito, é justamente a leveza de seus gestos. A figura 195 mostra o movimento partindo da posição deitada. As pontas dos dedos são atraídas em direção ao teto.)

'.• ti

•e •• •e •• •• •

-• e e e

•• e •e •• •e e •• -. •e

~

e

ta

•• • •• e ti

9. Ver Capítulo 6. 10. Ver também "Aprendizado de uma nova técnica", p. 24.

-

....

-• ~.

ti

•• •e e •• •• e ••

e e e e

• •• e e

• •e

--• -• e

e

e

~

tt:\

,•

,

t



~

nando atrás da cabeça (Fig. 196). Variação: braço em ângulo reto com o corpo, uma mão vai encontrar a outra pela vertical levando a parte superior do corpo. (Flexibilização da caixa torácica e da cintura escapular.) #>

#..

195

Outra imagem tornará mais compreensível ainda esse gênero de movimento. Se alguém estende um objeto que você deseja, uma bela maçã, por exemplo, seu braço se estende e sua mão encontra a maçã com um movimento tão rápido e leve que você nem o percebe. Se nós analisarmos o que se passou, vemos que a mente parece estar fixa na maçã e o braço efetua seu movimento como se a energia viesse dela - o que é, além disso, psicologicamente verdadeiro. Nos movimentos sem fins utilitários, temos tendência a fixar a consciência no nosso próprio corpo, e ressentimos o esforço despendido. Se projetarmos o pensamento para o ponto que nosso movimento quer alcançar, ele será realizado com a mesma rapidez e facilidade que no exemplo da maçã. A leveza ocorre, fisiologicamente falando, devido a um tônus neuromuscular mais elevado, por meio do qual os músculos são preparados para a ação. Nossa maneira de pensar pode influenciar o tônus vital. Um pensamento estático e imóvel baixa o tônus (ver a passividade e o relaxamento completo) e um pensamento dinâmico e móvel eleva-o. O essencial é, pois, imaginar o trajeto, pensar "fora" de seu corpo. É por isso que nós empregamos a palavra "desenho". Quando alguém desenha, presta toda sua atenção no traço e não nos dedos. II Se, no início, os movimentos leves são feitos com os braços, as outras partes do corpo, como, por exemplo, a cabeça, os cotovelos, os dedos dos pés, os joelhos etc., podem também entrar no jogo. Todas essas partes, as extremidades, são especial-

/ ..-....... <

-

...,

~

~~ ... 196

2. Deitado no chão, os dedos dos pés desenham um arco de círculo subindo acima do corpo. Exercitar primeiro com uma perna depois com as duas juntas. Com um certo grau de leveza, a parte inferior do corpo é elevada pelo movimento. Esses exercícios flexibilizam os quadris e a coluna vertebral, tonificam os músculos abdominais e descarregam as veias das pernas (Fig. 197).

197

3. Deitado de costas, mãos cruzadas sob a cabeça, desenhar com os cotovelos, primeiro deixando a cabeça embaixo, em seguida levando-a com as mãos. (Flexibilização da caixa torácica e da nuca. Fortalecimento dos músculos abdominais, Fig. 198.)

mente aptas a esse tipo de movimento.

EXERCÍCIOS DE MOVIMENTOS LEVES

~

I

1. Deitado no chão, braços ao longo do corpo; os

dedos desenham um semicírculo vertical termi11. À exceção de casos de doenças como a câibra de escritores. Aliás, essa doença é curada, justamente, pelo relaxamento e pela aquisição dessa técnica: dirigir a consciência através do lápis até o papel.

l' ,i

I

198

71

4. Deitado de costas, plantas dos pés apoiadas no chão; desenhar com os. joelhos, primeiro sem tirar os pés do chão , em seguida mais livremente levando os pés e a bacia. (Flexibilização da b~cia, trabalho dos músculos abdominais, Fig. 199.)

8. Deitado de costas , formar arabescos em todas as direções com os dedos das mãos e dos pés, os cotovelos e os joelhos. "Desenhar" com a parte superior da cabeça. Em todos esses movimentos, deixar o corpo seguir livremente. 9. De costas , "desenhar" com a parte superior da cabeça um semicírculo para a frente que permita sentar-se sem a ajuda dos braços. Deitar seguindo a mesma linha (Fig. 20 1). 10. De costas, desenhar com a parte superior da cabeça, para frente, obliquamente, levantando-se; as pernas se flexionam para ajudar a cabeça a seguir a linha imaginária até ficar em pé. Deitar novamente, retendo a queda pela parte superior da cabeça. Se ajudar, pode-se , eventualmente, acrescentar os braços ao movimento descendente, atraídos pela ponta dos dedos (Figs. 201, 202 e 203). o

199

5. Desenhar (sentado ou de pé) com a parte superior da cabeça, com o nariz (também em posição deitada), com a parte de trás da cabeça. (Especialmente indicado contra a rigidez da nuca.) 6. De lado, cruzar os joelhos no chão, um na frente do outro; juntar os dois braços estendidos juntos em ângulo reto em relação ao corpo; em seguida, com um braço desenhar um semicírculo vertical com a ponta dos dedos de uma mão. A parte superior do corpo vira-se para trás, mas o joelho deve permanecer em contato com o solo. (Flexibilização dos ombros, da caixa torácica e da cintura, Fig. 177.) 7. De costas, desenhar com a ponta dos dedos para conseguir se sentar (Fig. 200). Os dedos procuram atingir um ponto situado oblíquamente em frente aos pés. (Flexibilização da coluna vertebral. Treinamento dos músculos abdominais. )

<::g 20\

•I

l

l

l'

•ee • •• e e e e e

•• e

ti

e e e e

e

•e •e

-•• ---•• •• -• •.e

e

202

e e

I"!"··~·/""········

\ ......,-:>!:-J:

~.;...----.--

- ..

0200

72

a. o

203

e

st1

-• ~.

e

•• •• •• •• •• •• •• •• •• ••• •• e •• •• •• •• •• •• •• •• • ~

L e

11. Deitado sobre o ventre, brincar com a ponta dos pés, as pontas dos dedos.a parte superior da cabeça etc. (Figs. 204, 205 e 206).

204

205

206

Esta lista não está completa, pois a quantidade de exercícios possíveis é quase ilimitada. Cada um poderá inventar de acordo com as suas necessidades. Acrescentamos apenas alguns exercícios que preparam para a improvisação corporal. a) Em pé, desenhar linhas no espaço com uma mão (pela ponta dos dedos). Todo o corpo segue a mão e se desloca livremente. Desenhar assim com os cotovelos, os pés, os joelhos, os quadris, a cabeça etc. b) A dois, um segura uma bola e desenha no espaço com ela. O outro põe seus dedos sobre a bola e segue os movimentos dela. O exercício pode ser feito com outros objetos, como bastões, cordas, arcos etc., ou sem objeto, com o contato direto e com outras partes do corpo.

o princípio da leveza é de importância fundamental para a postura e para o caminhar (consultar o Capítulo 5).

MOVIMENTOS DE FORÇA-RESISTÊNCIA (EXERCÍCIOS DE "EMPURRAR" E DE "TRANSPORTE") Um movimento pode ser obtido por atração, como descrevemos para os movimentos leves. Pode também ser produto de uma força que empurra um objeto. Um exemplo da vida cotidiana demonstra perfeitamente o procedimento: para se levantar de uma poltrona a pessoa se apóia no móvel e empurra com suas mãos e braços. Nesse gênero de exercícios, os ossos do corpo desempenham um grande papel. Por sua resistência e solidez, eles permitem à energia passar através do corpo pelo caminho mais direto. Assim se obtém uma grande economia de força, ao mesmo tempo em que se consegue uma maior precisão do gesto. Chamamos essa transmissão pelos ossos de "transporte". Praticamos esse gênero de movimento primeiramente deitados de costas, tomando contato com o solo nos pontos que suportam o corpo. Avaliamos seu peso em cada ponto de contato, em seguida, escolhemos um e nos apoiamos nele, contra o solo, ativamente. Aumentamos o peso como para empurrar o solo. Com o contato e a idéia de empurrar, o movimento se realiza como se a energia se encontrasse no solo. Essa é a impressão subjetiva que resulta do exercício bem-feito. (Note aqui o mesmo fenômeno dos movimentos leves. A energia parece situadafora do corpo.) Um empurrão feito com uma parte do corpo leva, forçosamente, a uma reação simultânea e muito precisa de outra parte do corpo, o que permite o controle exterior do exercício.

EXERCÍCIOS COM FORÇA-RESISTÊNCIA 1.

2.

3.

Deitado de costas, empurrar o solo com: a) a cabeça - o tórax se eleva; b) o tórax - a cabeça se eleva; c) a bacia - os calcanhares se elevam com a perna inteira; d) os calcanhares - a bacia se eleva. Deitado de bruços, empurrar o solo com: a) os pés - os joelhos se elevam; b) os joelhos - os quadris se elevam; c) o púbis - as pernas se elevam; d) as costelas - a cabeça se eleva. Deitado de costas, empurrar o solo com: a) um calcanhar - o quadril se eleva; b) o quadril- toda uma perna se eleva; c) um cotovelo - o ombro se eleva; d) a omoplata - o cotovelo se eleva.

........

73

_

~

4.

Deitado de bruços, empurrar o chão com: a) um pé - o joelho se ~leva; b) um joelho - o quadnl se eleva; c) o quadril - toda uma perna se eleva; d) um ombro - um lado do tórax se eleva etc.

b) Idem, cabeça e mãos no chão, apoiar sucessivamente as mãos, os joelhos, os pés (dedos dobrados), e voltar no sentido inverso (Fig. 210).

Observação: As variações podem se produzir a partir do local "exato e ~a direç~~ vertical ou oblíqua do apoio. E por meio da pratica que completamos nossa própria experiência. - O número de exercícios é quase ilimitado. Enumeraremos ainda alguns, particularmente importantes. 5.

Deitado de costas, joelhos ligeiramente flexionados. Empurrar o corpo contra o solo por recuos partindo do quadril e do ombro (Figs. 207 e 208).

a

b

c

d

210

c) Agachado, empurrar o solo com os pés, levantar-se assim e voltar (Fig, 211).

207

a

b

211

208

6.

Endireitamento, total ou parcial, por resistência: a) Sentado sobre os calcanhares, dedos dos pés dobrados, colocar as mãos na frente dos joelhos e empurrar o solo com as mesmas, em seguida, com os pés; voltar no sentido inverso (Fig. 209).

a

b

209

74

c

d) Reerguimento completo por empurrões sucessivos. Deitado sobre os joelhos, empurrar o solo com as mãos, em seguida com os joelhos, as mãos, os pés. Voltar no sentido inverso (Fig. 212).

~~'

~J c

d

212

e

•• •• •• •

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• ••

e

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• t..

7.

A dois. Um deitado e o outro sentado ao lado, apoiando a mão sobre o primeiro em vários locais do corpo. O primeiro empurra a mão por um pequeno movimento brusco. O exercício desenvolve a consciência corporal e a capacidade de dirigir a energia com precisão.

Como a energia passa através do osso, a consciência dos ossos é importante e deverá ser desenvolvida juntamente com esses exercícios. (Sobre a importância dos ossos, ver também p. 24, Treinamento para o relaxamento.) Os movimentos leves e os movimentos por meio de empurrões se completam mutuamente e são utilizados juntos no estudo da postura (ver Capo 5).

MOVIMENTOS DE BALANÇO Algumas vezes, o peso e sua inércia podem ter um papel positivo para o movimento. Nos movimentos repetidos ritmicamente com um elemento descendente (movimentos de balanço) temos interesse em utilizar o peso para dar o impulso. Seguese uma alternância entre passividade e atividade musculares que permite continuar esses movimentos durante muito tempo sem cansaço. (Balanço dos braços, das pernas, do corpo.) Trabalhamos o balanço dos braços da seguinte maneira.

EXERCÍCIO DE BALANÇO DOS BRAÇOS Em pé, levante os braços paralelamente para a frente, até a altura dos ombros, mantenha-os um instante, em seguida, deixe-os cair. Os braços balançarão passivamente em movimentos decrescentes, de modo semelhante a uma corda grossa, até pararem completamente, o que esperaremos sem nenhuma impaciência (Fig. 213). Os braços balançam por si mesmos um certo número de vezes (entre dez e vinte vezes, aproximadamente, contando com frente e trás). Repetir o mesmo exercício mas, dessa vez, antes que o balanço passivo chegue ao final, daremos um impulso, um só, para a frente, para manter o movimento. De novo, deixamos o movimento passivo diminuir, mas antes da parada completa damos um novo impulso, e assim por diante. É preciso sentir claramente que a passividade domina e que os impulsos sucessivos só intervêm para impedir a parada. A duração do movimento ativo, isto é, de impulso, não dura mais que um pequeno momento do balanço passivo e é por isso que os músculos têm largo tempo de repouso e a fadiga não se acumula.

\

213

Para que o movimento ativo seja exato, o impulso deve partir da ponta dos dedos. O pensamento descreve de antemão o trajeto projetado. É o mesmo princípio dos movimentos leves explicado acima. Se damos o impulso com os ombros ou com a parte superior do braço, o movimento fica pesado e falso. Somente a consciência da ponta dos dedos e do seu trajeto produz o movimento correto e desenvolto. Em vez de dar o impulso para a frente, podemos realizá-lo para trás e assim recuar ainda mais o momento de cansaço, pois fazendo isso repartimos o trabalho entre os diferentes grupos musculares. Dessa maneira, a altura e a velocidade do balanço variam, constantemente. Não é em nenhum momento um movimento automático, pois permaneceremos conscientes de nossos atos, justamente para evitar as tensões. Se obtivermos um bom controle da alternância entre a passividade e a atividade, ou seja, quando conseguirmos evitar todo cansaço, podemos modificar a força dos impulsos. Isso dá a impressão de uma brincadeira agradável sem enrijecimento. Ora jogamos os braços mais para a frente, ora menos. Se o impulso para a frente for suficiente, os braços se elevam até acima da cabeça. Se o impulso para trás é mais forte, as mãos se abrirão e os braços se elevarão para o lado (não para trás) e continuarão até acima da cabeça. Um impulso ainda mais poderoso fará o braço descrever um círculo completo, seja para a frente, seja para o lado (não para trás). Quando os braços realizam um círculo completo, é bom guiar um pouco o movimento para que as mãos se cruzem em vez de entrarem em choque. A combinação entre o jogo de peso no balanço e o movimento ascendente de desenho dos dedos se revela aqui muito feliz; consegue-se um movimento gracioso, bem desenhado, pleno, agradável. 75

__

Esses movimentos provocam uma circulação abundante na articulação dos .ombros e se o exercício é feito corretamente não haverá cansaço no momento nem estafa muscular em seguida, pois evitamos a sobrecarga dos músculos. Eles e~tarão treinados e as articulações flexibilizadas. E um exemplo de ginástica bem-compreendida. Tendo estudado o princípio do movimento de balanço, poderemos desenvolver e variar o exercício empregando as pernas e levando o tronco.

LISTA DE EXERCÍCIOS DE MOVIMENTOS DE BALANÇO Em todos esses exercícios variamos os impulsos até obter um jogo de movimentos agradáveis e variados e não um gesto repetido mecanicamente.

a) Balançar os braços separadamente (a parte superior do corpo girará, mas os pé permanecerão apoiados, os joelhos retos). b) Balançar os braços juntos, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, paralelamente à frente do corpo. Pés separados, joelhos retos. c) Balançar os braços para a frente e para trás, deixar o corpo acompanhar, flexionando para a frente e para trás. (Flexibilização da coluna vertebral.) Os braços permanecerão acima da cabeça ou descreverão um círculo. Pés apoiados, joelhos retos. d) Balançaros braços para o lado e para cima, em seguida flexionar o tronco do lado oposto, mantendo os braços no alto. (Flexibilização da cintura.) e) Balançar uma perna para frente e para trás; de um lado para o outro, cruzando na frente. f) Giro da perna com impulso: balançar a perna de frente para trás por um movimento arredondado para o lado. g) Balançar o peso do corpo de uma perna para a outra. Os braços balançam de uma maneira passiva. (Mesmo movimento do exercício e, p. 23, Fig. 19). h) Balançar os braços com flexão dos joelhos e dos quadris, o corpo reto ou flexionando para a frente e para trás. i) Balançar os braços paralelamente de lado e em cima, ampliar gradualmente o movimento levan-

s:« :

l,~~'dk-,

76 .. . ..

do o corpo para a frente, para o lado e para trás. Toda a parte superior do corpo descreverá um . grande círculo. (Como nos movimentos de controle, exercício 20, p. 69 (Fig. 194),mas mais rápido, com impulso.) Os princípios de movimento explicados nesse capítulo se encontram em graus variados em cada movimento cotidiano. Aquele que se interessar encontrará por si mesmo muitas ocasiões de estudo. No Capítulo 5 explicaremos como esses princípios podem ser aplicados à postura e aos gestos no trabalho.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES REFERENTES À FORÇA MUSCULAR Enquanto tratávamos do tema "movimento", deixamos de lado a questão da força muscular. A experiência nos mostrou que a força muscular depende, antes de tudo, da conduta consciente do esforço fornecido e da precisão de sua inervação, como descrevemos no Capítulo 2. Não é útil, sendo até mesmo nocivo, contrair músculos isolados sob pretexto de fortalecê-los; isso pode destruir a unidade funcional do organismo, causar uma má irrigação dos tecidos e criar crispações localizadas. Mover-se na eutonia é manter a harmonia entre as diferentes partes do corpo e manter o contato com o ambiente (espaço, objetos); ou seja, desenvolver automaticamente a força muscular necessária para um dado trabalho (nem muita, nem pouca). Entretanto, na nossa civilização, a vida sedentária que levamos faz com que deixemos inativas diversas regiões do corpo. Trata-se, então, de remediar essa lacuna. Mesmo nas profissões em que o corpo é mais ativo, ele não o é sempre em sua totalidade, e certos grupos musculares se desenvolvem em detrimento de outros, que são negligenciados. Qualquer um que queira gozar de um organismo bem-equilibrado deverá encontrar lazeres apropriados e compensadores, que permitirão ao corpo inteiro divertir-se harmoniosamente. Devemos tomar cuidado com a estafa, com o cansaço e com as toxinas que eles engendram, certamente mais prejudiciais para a saúde do que um subdesenvolvimento muscular parcial.

•• e

••

•• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• •• • •



11 ·

...

• ..

•• e •• •• •• •• •• •• •• •• •e •• •• •• •• •• •e •• •• •• •• •• •• ,•

L

5 A POSTURA. O CAMINHAR. MOVIMENTOS COTIDIANOS. GESTOS NO TRABALHO.

A

POSTURA. PRINCÍPIOS GERAIS

Pela palavra postura entendemos a atitude global do corpo, esteja ele em pé , sentado, em movimento ou no trabalho. A melhor postura é aquela que facilita a função muscular ao mesmo tempo que permite uma respiração e circulação livres. Para modificar uma má postura não é suficiente dizer: "Mantenha-sereto!" Cada um, com efeito, lembra de ter escutado em sua infância essa ordem reiterada, e teve a experiência de se endireitar, o que, freqüentemente, não durava muito. Trata-se, então, de procurar as causas profundas das alterações de postura e de atacá-las com lucidez. Essas causas são de duas ordens : fisiológicas e psicológicas. Cansaço ou problemas gástricos, por exemplo, podem curvar a cabeça e a parte superior das costas.' A depressão nervosa, a angústia ou um sentimento de inferioridade podem "produzir os mesmos efeitos. É preciso, então, procurar eliminar essas causas por meio de um tratamento apropriado, físico ou psíquico." Paralelamente, encontraremos uma preciosa contribuição nos exercícios que levam em conta certos dados funcionais, como a localização do peso (centros de gravidade), a relação entre a cabeça e a coluna vertebral, o endireitamente e o alívio do corpo etc., os quais iremos tratar em detalhe a seguir.

mente possível para a superficie de sustentação. Se abandonamos o peso do corpo fora do eixo de sustentação, obtemos uma postura relax , muito relaxada mesmo, na qual os órgãos interiores sofrem de uma falta de espaço (pulmões) ou, ao contrário, de uma falta de sustentação (intestinos). Tal postura pode criar, momentaneamente, um repouso para certos músculos, mas sobrecarrega de modo inevitável outros, em seu lugar, e é causa freqüente de dores dorsais. A má postura é muito pesada ou muito rígida para servir de ponto de partida para o movimento (Figs. 214 e 216). A boa postura, ao contrário, é caracterizada pela facilidade com a qual é mantida, e também pelas múltiplas possibilidades de realizar o movimento a partir dela mesma (para a frente, para trás, de lado, em flexão etc.). Não estamos nem rígidos, nem imóveis. Sentimos que "levamos" o peso até o lugar onde ele pode ser abandonado. Segue-se uma sensação de alívio, de leveza, que aumenta o bemestar geral (Figs . 215 e 217).

LOCALIZAÇÃO DO PESO Observaremos primeiramente onde se encontra o peso do corpo e se ele é sustentado. Tentaremos sentir como o peso é sustentado para que possamos abandoná-lo. Em seguida, modificaremos (se isso for necessário) a postura por meio de pequenos movimentos corretivos para levar o peso o mais direta1. Ver na bibliografia as obras do dr. Xavier Mayr e de seus discípulos. 2. Ver também Capítulo 7.

214

215

77

__

Quando o corpo está sadio, o peso, na posição em pé, segue o eixo central do .corpo que atravessa sucessivamente os maléolos do tornozelo, o joelho, a articulação do quadril, a articulação lombossacral, a articulação entre a primeira vértebra cervical (o atlas) e a parte superior da cabeça. A parte superior dos ombros , as orelhas e os cotovelos encontram-se igualmente na linha desse eixo (Figs. 215 e 217).

o exercício

exige uma constante readaptação do corpo em relação à linha vertical e é bom lembrar que a postura deve ser considerada como uma

ação, dinâmica, não como uma posição, estática. Ou seja, não se deve esperar adquirir de uma vez por todas uma boa posição, na qual permaneceremos sempre (perigo de crispação); o equilíbrio deve ser criado a cada instante. Trata-se de descarregar o corpo do peso mediante sua condução para o eixo central e, por meio deste, até o solo.

ENDIREITAMENTO DO CORPO ("O TRANSPORTE")

216

Para dar mais tônus à postura, empurramos levemente as superfícies de suporte, fazendo o contato com elas. Estas superfícies resistem ao empurrão e o corpo inteiro se endireita. Se o contato com a superfície é bom, conseguimos sentir o esforço, não no corpo, mas no solo ou no assento, temos um melhor trabalho muscular e um esforço reduzido. (Cadeiras e poltronas muito moles não permitem esse endireitamento natural, elas são desaconselháveis.) Trata-se de encontrar o "transporte" justo de energia através dos ossos do esqueleto (ver a importância da consciência dos ossos pp. 24 e 73.)

LEVEZA DE POSTURA Para tomar a postura mais leve pensaremos em uma linha que vai além da parte superior da cabeça.

A postura ideal é o equilíbrio entre as forças descendentese ascendentes. A força da gravidade e a força oposta (a "força da leveza'") equilibram-se 217

A postura pode então ser corrigida construindo esse eixo desde baixo. Repartir primeiramente o peso do corpo, de modo igual, entre a parte anterior do pé e o calcanhar. Verificar, em seguida, se o joelho se encontra verticalmente acima dos maléolos. Corrigir a localização da articulação do quadril, da coluna vertebral e da cabeça. Cada detalhe deve ser observado. Ao corrigir uma parte é possível que o peso se desloque sob os pés, seja muito para a frente, seja muito para trás. Será preciso, então, repartir no~amente o peso,. de modo igual, entre a parte antenor e posterior do pé sem mudar as outras articulações já corrigidas.

em uma pessoa sadia, de modo que a impressão subjetiva é a ausência de peso (Fig. 218). O estado geral do organismo se expressa, além disso, de uma maneira precisa na impressão subjetiva. Se o tônus está num nível elevado, nos sentimos leves; se ele está baixo, nos sentimos pesados; se ele está médio, nos sentimos equilibrados, nem leves nem pesados (estado de eutonia). Isso vai de acordo com o estado psíquico, no sentido de que o peso corresponde à depressão, e a leveza, à euforia. Provocamos uma leveza da postura prolongando o pensamento para além da parte superior da cabeça.' Quando estamos em pé, sentados, sem outra 3. Sob o termo "força de leveza" estão compreendidas todas as forças que se opõem à força da gravidade, como a energia muscular, o tônus vital, a consistência dura dos ossos etc. 4. Ver os movimentos leves p. 70.

'=e

•• •• •• • •• •

; ~



;.

•," •,• •• •• •• •• •• •• •• •• •e • •• •• •• • 4t

~

•e •• •• •• •• •• •• •• •• e •• •• •• •• •• •e •• •• •• •• •• •• •e L

-

atividade, é a linha vertical que é a po sição de repouso. Se desejamos nos abaixar para a frente para trabalhar, é a linha oblíqua. Para andar, é a linha ligeiramente oblíqua (Figs. 219 e 220 ).

Se empurramos a sustentação (solo ou assento) ou pensamos para além da cabeça, nos dois casos conseguimos não sentir o esforço no corpo, mas fora dele. O melhor é fazer os dois ao mesmo tempo. A posição sentada, por exemplo, toma-se assim tão confortável que pode ser prolongada por muitas horas, sem inconvenientes.

RELAÇÃO ENTRE A CABEÇA E A COLUNA VERTEBRAL

218

4

Uma boa postura é caracterizada pela posição da cabeça em relação ao resto do corpo, e em particular, à coluna vertebral.' As crispações no nível da nuca incomodam os nervos muito importantes que saem do crânio nesse lugar; tudo deve ser feito para que a cabeça mantenha sua liberdade de movimento e para que a conexão com a coluna vertebral assegure a passagem do influxo nervoso entre o cérebro e o corpo. Para obter uma boa relação cabeça-coluna, em qualquer posição, a técnica mais eficaz consiste em tomar consciência da parte superior da cabeça e em pensá-la como o prolongamento direto da coluna vertebral (Figs. 221 e 222).

Â

t

219

221

222

CORREÇÃO DA POSTURA POR MOVIMENTOS LIVRES Para corrigir a postura empregamos também o estiramento e os movimentos livres." Tomamos como guia uma sensação global de bem-estar. Desconfiamos das sensações agradáveis, mas parciais. Contentando-nos com um bem-estar localizado em um só local corremos o risco de esquecer uma outra parte do corpo que sofre. Um bem-estar ~

220

5. Ver as obras de EM. Alexander e de seus alunos. 6. Ver pp. 63, 64 e ss.

79

_

~

e e



parcial pode resultar de uma má postura; mas é preciso que o corpo , em sua totalidade, esteja à vontade. Faremos os estiramentos e os movimentos livres para obter melhores sensações em todos os locais. Podemos fazê-los em pé, sentados e no trabalho. Comecemos por movimentos amplos; conforme o progresso poderemos diminuí-los até tomá-los imperceptíveis do 'exterior.



I

EXERCÍCIOS DE POSTURA

1. Em pé, pernas e pés paralelos. Sentir a linha reta entre os pés e a parte superior da cabeça. Levar o peso do corpo por esse eixo até o solo (força da gravidade). Empurrar o solo prolongando, na imaginação, o eixo do corpo verticalmente no solo. Sentir a força agindo no sentido inverso, dos pés à parte superior da cabeça e mais além ("força de leveza") (Fig. 218). 2. Sentado sobre um tamborete ou em uma cadeira dura e plana. Encontrar a sensação dos ossos de suporte (ísquios) e levar o peso do corpo para esse local. Empurrar o suporte verticalmente e endireitar assim a coluna vertebral em uma linha reta acima dos ísquios. Pensar na linha que atravessa a parte superior da cabeça na direção vertical (Fig. 217). 3. Em pé, pernas e pés paralelos , manter-se apoiado numa barra (a maçaneta de uma porta aberta pode servir de barra). Inclinar o corpo para trás, deixando o peso levá-lo e manter-se com as mãos. O eixo direito através do corpo pode ser mantido dos pés até a parte superior do corpo . Pensar na linha reta que atravessa o corpo e prolongá-la mentalmente acima da cabeça e abaixo dos pés. Voltar ao eixo vertical puxando com as mãos. A linha vertical é encontrada no momento de equilíbrio e sentida como ausência de peso. Repetir o movimento que se realiza unicamente no nível dos tornozelos (Fig. 223). 4. Em pé, pernas e pés paralelos, mãos apoiadas na parede. Inclinar o corpo para a frente, mantendo o eixo reto através do corpo, dos pés, da parte superior da cabeça. As mãos e os braços impedem o corpo de cair e o empurram de novo até a linha vertical. Repetir o movimento várias vezes (Fig. 224). 5. Sentado sobre um tamborete ou em uma cadeira dura. Estabelecer uma linha vertical dos ísquios à parte superior da cabeça. Inclinar essa linha para a frente e para trás, balançando no início com um movimento amplo, em seguida menor, para enfim encontrar o meio e a linha 80

~

•• •• •• • e •• e •• e •• •• •• • e (. ./... e J _.--c.. •• 1

223

224

vertical. O movimento tem lugar unicamente na articulação dos quadris, não na cintura. No meio, a linha vertical é sentida pela ausência de peso e esforço. O trajeto para trás é normalmente mais curto; não é preciso forçar nada , apenas regular o esforço, que deve ser o mesmo para a frente e para trás (Fig. ' ~25). 6. Em pé, pernas e pés paralelos, segurar uma barra ou uma maçaneta de porta aberta. Inclinar-se para trás em linha reta, dobrar os joelhos e os quadris como para se sentar, descer até embaixo e voltar empurrando o solo com os pés, até a linha oblíqua, em seguida passar à linha vertical com os braços. Repetir várias vezes (Fig. 226).

4

,

;) i·

I' .'

' _ ' \ o"

........._ ....._-.J.j.,.(

o

f /)

_ •• ••

I

!

-• e

e

225

226

7. Levantar-se de uma cadeira e sentar-se novamente. Da posição vertical, inclinar o corpo reto para a frente. Deslocar o peso do corpo do assento para o solo e endireitar-se, empurrando-o. Abaixar de novo e tocar o assento sem curvar as costas, mas flexionando os joelhos e

•• •• ~

•.;• ~

I

--

~

r

•e •• •• •• •• •• •• •• •• •e •• •• •• •e •e e •• •• •• •e •• •• e 1. ta

-

os quadris . Cuide para prolongar a linha da coluna vertebral através do pescoço e da cabeça , sem flexionar a nuca, tanto ao se levantar como ao se sentar. Os braços e os ombros devem permanecer relaxados. O exercício deve ser feito primeiro lenta e, em seguida, mais rapidamente (Figs. 227 e 228).

,/

~ 230

b) O parceiro faz o exercício simultaneamente. Os dois devem adaptar-se cuidadosamente um ao outro para equilibrar o peso (Figs. 231 e 232).

, I I

228

227

8. Exercícios 3,4 e 6 executados com uma segunda pessoa. a) Uma segura a outra pelas mãos e pelos ombros (Figs. 229 e 230). 231

229

232

&1

_

.~~

t

c) Os exercícios 3 e 4 podem ser somados e executados entre três pessoas. A que está no centro é balançada 'para a frente e para trás pelas duas outras (Fig. 233). O movimento será lento , com paradas freqüentes. A pessoa do meio não deverá elevar nem os calcanhares nem os dedos. O deslocamento do corpo ~ menor para a frente do que para trás.

I"

\1__ I 1 lf I I

\ I

234

235

I, I h ! \

1\\ \ \

.

\

I ~\

\1 \ 1

'r

\

I

Y

I I

\ I

!

233

9. Em pé, pernas e pés paralelos, deslocar o peso alternadamente para os calcanhares e I para a parte da frente do pé, sem elevar os calcanhares (Fig. 234). Pensar também no trajeto descrito pela parte superior da cabeça. O movimento se faz unicamente na articulação do pé. O corpo inteiro, reto, balança para a frente e para trás. Observe o jogo muscular das pernas tanto na parte anterior como posterior. Encontrar o ritmo natural e individual. (Observar que a amplitude do movimento é maior para a frente do que para trás devido à anatomia do pé .) Para terminar, diminuir a amplitude do movimento e encontrar o meio, onde o peso se divide igualmente entre a parte da frente e de trás do pé. Isso dá a sensação de um equilíbrio solto, leve. Ia. Em pé, pernas e pés paralelos, deslocar o peso de um pé para o outro sem elevar o calcanhar. Balanço do corpo inteiro em linha reta. Pensar também no desenho feito com a parte superior da cabeça. Observar o jogo muscular e encontrar o ritmo natural. Para terminar, diminuir a amplitude do movimento e parar no meio (Fig. 235). 82

11. Em pé, pernas e pés paralelos, deslocar o peso na seguinte ordem: calcanhar direito, calcanhar esquerdo, parte da frente do pé esquerdo, parte da frente do pé direito etc. Os calcanhares permanecem no chão. O corpo realiza um balanço em círculo. Pensar igualmente no círculo desenhado com a parte superior da cabeça. Para terminar, diminuir a amplitude e encontrar o meio. O corpo realiza um balanço em espiral. Pensar também na espiral feita com a parte superior da cabeça. Exercitar também no sentido inverso (Fig.236). 12. Os exercícios de equilíbrio são aptos para controlar e melhorar a postura, com a condição de serem corretamente executados.

e e

••

•• •• •• •• •e •• •• •e •• •• •.,e e e

•e e

~

• ..236

-••-, ~

; _______________________J

e

•• •• •e •• •• e •• •• •• e •• •• •• •• e •e e •• •• •• .,e

a) A consciência da parte superior da cabeça é

fortemente reforçada pelo objeto posto sobre a cabeça e mantido ao' caminhar. Mas é indispensável que esse objeto seja posto em posição exata, ou seja, em equilíbrio sobre a parte superior da cabeça , que já deve estar em boa posição, caso contrário o exercício só serve p~ra manter uma má postura. É importante, além disso, que o aluno permaneça relaxado e consciente executando o exercício (Fig. 237).

ti

-

, •4 :.(

238

da gravidade, isso só é possível apoiando-se sobre alguma coisa (o solo), e empurrando-o em seguida para avançar. a estudo do caminhar pode ser dividido em três etapas: o controle dos músculos, o controle do peso e a síntese com o princípio da leveza.

I. 237

b),

a equilíbrio sobre um objeto (prancha, meio cilindro, bastão etc.) é um exercício excelente , mas nas mesmas condições. Ele desenvolve a consciência da planta dos pés e da transferência do peso através do corpo. Mas ainda é preciso prestar atenção no contato consciente com o objeto, na linha reta que continua através da parte superior da cabeça, na calma e no relaxamento. a aluno que agita braços e corpo, faz caretas ou morde os lábios, não poderá progredir (Fig. 238) .

Controle dos músculos das pernas (princípios da passividadeparcial, ver p. 21) a) Pôr todo o peso do corpo sobre uma perna, relaxar a outra. Exercitar-se com as mãos apoiadas no espaldar de uma cadeira ou na parede. Elevar e relaxar uma perna (Fig. 239). Em todos esses exercícios, manter a' bacia bem reta, sem deslocá-la (Fig. 17).

o CAMINHAR a caminhar é um deslocamento do corpo causado pelo desejo de obter uma outra localização no espaço, para se aproximar ou se afastar de um objeto. Esse desejo é como uma força que atrai ou empurra o corpo, globalmente, de um lugar para o outro. a corpo responde a esse desejo de deslocamento, reage a essa força global pondo seus músculos em ação para impelir seu peso. Devido à força

239

83

ti.

b) Apoiar as costas contra a parede , prender um joelho nas mãos, avançar a perna e o pé, manter-se nessa posição, em seguida relaxar a perna. Deixá-la balançar até a parada natural. Relaxar as mãos e deixar cair a perna inteira (Fig. 240). c) Mesmos exercícios sem apoio. d) A dois; um se apóia na parede, o outro, sentado ao lado, controla a passividade da perna liberada do peso, imprimindo-lhe movimentos leves ao joelho e ao calcanhar (Fig.241). e) Caminhar passivo a dois. Uma pessoa, ao lado da parede, apóia-se com uma mão a ela. A outra avança o pé livre, controlando a passividade da perna. A pessoa em pé, com a perna avançada, transfere o peso do corpo para ela e relaxa a perna de trás, que é controlada e avançada, por sua vez, pelo parceiro etc. (Figs. 241 e 242).

240

f) Mesmo exercício a dois , mas sem o apoio da parede. g) Caminhar lento e detalhado. Posição em pé sobre os dois pés e, em seguida, transferência do peso para um só. Levantar o joelho livre, com o pé e a parte de baixo da perna relaxados . Relaxamento da perna inteira , que cai por terra diante da outra. Transferência do peso para essa perna e relaxamento da perna traseira, avanço do joelho livre, pé relaxado etc.

lI. Controle do peso e do equilíbrio (segundo o princípio da força-resistência, ver p. 73) a) Em pé, pés paralelos mas afastados mais ou menos 20 em . Deslocamento lento e contínuo do peso de um pé para o outro. O movimento é feito no nível dos tornozelos, o corpo permanece em linha reta, sem deslocamento dos quadris. Aqui, sentimos muito bem a necessidade de empurrar o solo com a parte anterior do pé, deixando o calcanhar se elevar (Fig. 243). b) Em pé, pés paralelos mas separados, em posição de passo. Deslocamento lento do peso de um pé para o outro. Empurrar o solo e elevar o calcanhar (pé de trás). Observar sobretudo o desenrolar do peso ao longo da borda exterior do pé. O corpo reto e nenhum movimento no nível dos quadris (Fig. 244). c) Ande de forma lenta, mas sem detalhar. Os movimentos encadeiam-se sem interrupção.

241

•• •• •e •• •e

-• •• ••e

e

•• •• • e e e e

---= ~

242

84

243

244

e

• •• e

-•• •-•• -,• • e

e

e

e

'!.~.•'-.

~.

11l. Síntese de todos esses dados com o princípio da le ve za (ver p. 70) Se desejamos ir para a frente, é preciso pensar, para cima e para diante, em uma linha reta ligeiramente oblíqua que o corpo segue inclinando-se (Fig. 220) . O peso do corpo é posto sobre a parte da frente do pé. O movimento de inclinação é feito na articulação do pé, sem que os calcanhares se elevem. Se esse movimento não fosse retido, cairíamos sobre nossos narizes. (O andar é uma série de quedas interrompidas.) É preciso, portanto, liberar uma perna do peso do corpo, relaxá-la, o que faz com que o joelho flexione . Se o solo é muito liso, o pé avançará por si mesmo, escorregando. Mas como geralmente esse não é o caso, é preciso elevar um pouco o joelho, para permitir que o pé avance. Essa perna está, então, pronta para receber o peso do corpo que a outra perna abandona. Esta se relaxa, o joelho avança, eleva-se, o pé segue o movimento, o peso do corpo é transferido, e assim por diante; o andar é estabelecido. A velocidade do andar depende do grau de inclinação para a frente, ou seja, do ângulo formado pela inclinação do corpo. Se inclinamos muito, é a corrida; se a inclinação é pequena, o caminhar é lento. Para ir para o lado e para trás, o princípio permanece o mesmo, somente a ação da parte inferior da perna no avanço é mais pronunciada. Além disso, a atividade é regulada por reflexo , de acordo com as características do solo, da velocidade e da direção. No andar lento para afrente a ponta do pé toca primeiro o solo, mas a transferência do peso é feita simultaneamente para o calcanhar, a borda exterior e a frente do pé. Em um caminhar de velocidade média, o peso é recebido primeiro pelo calcanhar, em seguida pela borda e, finalmente , pela parte da frente do pé. Com a aceleração do andar até a corrida, o peso é posto cada vez mais na frente. Na corrida, / apenas a frente do pé toca o chão. '~ . No andar para o lado ou para trás, a elevação ' li; Inevitável do joelho fará sempre com que a ponta do 1pé seja posta em primeiro lugar. .;~~ . No andar lento , podemos voluntariamente pôr nmeiro o calcanhar, mas isso seria um ato conscien~ e um dispêndio de atividade inútil no tornozelo. .' No andar em velocidade média, o deslocameno da parte inferior da perna é mais importante do u~ no andar lento, pelo próprio impulso do movi.~nto do corpo inteiro. É por isso que o calcanhar ~ga sempre em primeiro lugar. Aqui a atividade .,tornozelo para levantar a frente do pé é instinti-

va e compensada pela ausência de elevação do joelho . A velocidade seria freada se colocássemos voluntariamente a frente do pé no chão antes do calcanhar. Quando a velocidade varia freqüentemente , como na dança ou na rítmica, o mais vantajoso é manter a técnica de elevar o joelho e pousar a frente do pé em primeiro lugar, pois essa técnica pode se adaptar sem inconveniente ao andar. (Na velocidade, é impossível, ou ao menos desajeitado, colocar o calcanhar no chão.) A utilização de calçados de saltos baixos ou altos desloca artificialmente o peso do corpo e, conseqüentemente, modifica o andar. A tendência geral de pôr o calcanhar em primeiro lugar é reforçada. Se o solo está cheio de obstáculos que forçam os joelhos a se levantar, a ponta é colocada em primeiro lugar. Finalmente, o temperamento de uma pessoa fará com que ela coloque o peso do corpo sobre o calcanhar ou na frente do pé, de acordo com a sua atitude psíquica. As energias agindo sobre o corpo vão, então, nas seguintes direções: de cima para baixo (força da gravidade) de baixo para cima ("força de leveza") horizontalmente, para a frente, para trás, para o lado (desejo de deslocamento) Essas energias, bem musculares, parecem vir do exterior (reação psíquica). Uma pessoa sadia, bem-equilibrada, tem a sensação subjetiva (mas tão importante) de que a energia se encontra, respectivamente, no solo (terra), no alto (ar) e no objetivo desejado. Segue-se então um caminhar cuja sensação de esforço está ausente. Os músculos trabalham bem. O cansaço, normal em todo o trabalho muscular prolongado, manifesta-se no último momento. Visto do exterior, esse caminhar dá a impressão de leveza e graça.

MOVIMENTOS NO TRABALHO Como o trabalho ocupa a maior parte do dia, é fundamental que nossos movimentos no trabalho sejam tão econômicos quanto possível para o organismo humano, sobretudo se nós os executamos oito horas por dia. Se não for assim, um cansaço progressivo se instalará e, na maior parte dos casos, levará a um estado doentio: inflamações dos nervos e músculos assim como dos tecidos que ficam em tomo (tendinites, nevrites, mioses, câibras de escritores , lombalgias, discopatias, cansaço dos olhos, 85

It

certas dores de cabeça etc.). Se sabemos fazer os movimentos do trabalho na eutonia, diminuiremos o cansaço. Um bom relaxamento durante o repouso será suficiente para eliminar o cansaço e suas conseqüências incômodas. Para fazer um movimento de trabalho na eutonia há diferentes regras a ser observadas. Elas se aplicam a todos os trabalhos; tanto é verdade que as dificuldades mais diversas levam sempre aos mesmos princípios de base.

Primeira regra: a passividade deve sempre seguir a atividade, como a noite sucede o dia, trazendo o repouso depois das atividades diárias. Assim, cuidar para ter as horas de sono indispensáveis. É preciso também prever as pausas durante a duração do trabalho. O ritmo é individual e depende, evidentemente, do tipo de trabalho. É preciso tomar o cuidado de parar antes que o cansaço torne-se extremo. A incapacidade de parar indica, certamente, que deveríamos ter feito uma pausa muito antes. Está cientificamente comprovado que com paradas curtas e freqüentes obtemos um maior grau de eficiência. Em uma escala ainda menor, constatamos que depois de cada gesto importante, os músculos implicados devem ter um instante de repouso para poder executar bem o gesto seguinte. Um exemplo gritante é o ritmo do coração que depois de cada contração apresenta um tempo de pausa. Daí provém a aptidão do coração para funcionar sem parar durante toda a vida. Essa regra diz respeito, especificamente e em detalhe, à técnica de trabalho. Toda técnica manual ou corporal necessita de um tempo de aprendizado, todo trabalho apresenta problemas técnicos, mesmo o mais simples. Certos trabalhos são julgados simplórios e fáceis porque eles podem ser executados por qualquer um, mas esquecemos de prestar atenção à sua técnica que, se for apropriada, dá ao operário a satisfação do trabalho fácil, rápido e limpo ao mesmo tempo. Todo trabalho pode ser feito melhor; primeiro pelo domínio do relaxamento entre os gestos,' em seguida, pelo domínio do influxo nervoso, ou seja, da aptidão para dirigir a energia para o lugar onde ela é útil e na quantidade justa. A segunda regra de trabalho nos prepara para isso. Segunda regra: é preciso ter contato com aferramenta, com o material e com a matéria com a qual trabalhamos. 8 O contato é tão essencial e ne7. Ver p. 24, "Aprendizado de uma nova técnica". 8. Ver Capítulo 3, "Contato".

86

cessário para o trabalho como para o relaxamento. Ele assegura, em grande parte, a habilidade manual (Fig. 245). É pelo contato que o escultor domina sua arte, que um artesão fabrica os seus móveis. É o contato mãos-volante-estrada que caracteriza um bom motorista." É o contato mão-pincel-parede que distingue o bom pintor. Ele é bom operário porque tem o contato com suas ferramentas, com o material e com a matéria-prima. (Esse contato é natural nos casos em que há um interesse espontâneo. Aquele que ama o seu trabalho, trabalha bem.) É preciso, além disso, ter sempre o contato com o que nos sustenta: solo, assoalho, cadeira, cama etc., e uma corrente natural deve existir entre todas as partes do corpo. 10

Terceira regra: uma boa postura. I1 A boa postura desempenha um papel particularmente importante nos movimentos de levantar, segurar, puxar, empurrar. A força das costas é essencial, pois a energia deve ser transmitida livremente dos pés às mãos através da coluna vertebral e dos outros ossos do corpo. A coluna não deve, em nenhum caso, sofrer alguma deformação, nem para a frente, nem para trás, nem para o lado. Exercitaremos, então, primeiramente, a consciência da energia nos ossos.

245

1.

Empurrar com as costas. Posicionar-se com as costas na parede, os pés para a frente para poder levar as costas retas até a parede. Empurrar a parede oferecendo-lhe a resistência dos pés contra o solo. Devemos ter a impressão de dois centros de energia, um sob os pés e outro na parede. A força deve percorrer livremente o caminho entre esses dois centros através das pernas. Empurrar do mesmo modo com um só pé e mudar de pé sem que a energia da parede sofra alteração (Fig. 246).

9. Na realidade: olhos-mãos-volante-estrada e olhos-pernaspedais-estrada. 10. Ver Capítulo 3, "Corrente ". 11. Ver a postura, p~ 77, Capítulo 5.

• •• e e

ta

e

•• e •• • ta

e

• •e •• •• •• •• • •e • e e • •• ••

e e e

ti

•• •• e

3.

e

e

•• e ••

•-

246

e

•e •• •• e •• •• • 11

Empurrar com as mãos. De frente para a parede, empurrar com as mãos na altura dos ombros. As costas devem permanecer retas e não ceder no meio (perda da força no nível dos rins). Os cotovelos devem estar estendidos mas não enrijecidos. Se os cotovelos estiverem muito flexionados, há perda de força. O corpo inteiro deve permitir a transferência direta e o fluxo livre de energia entre os pés que empurram o solo e as mãos que empurram a parede (Fig. 248). Mesmo exercício a dois, no local, andando sem resistência (Fig. 249), se ajoelhando.

2.

o mesmo princípio para o trabalho a dois, costas a costas, as duas pessoas empurram simultanea e alternadamente. Quando um empurra, o outro resiste, sempre andando. A resistência às costas deve ser contínua e não deve ceder quando o passo já está engatilhado nem quando a direção é mudada. (Transferência da força de um pé para o outro sem interrupção.) Os dois companheiros também devem poder se sentar e levantar, flexionando e estendendo os joelhos e empurrando o solo. Se sentimos qualquer cansaço é porque a energia está maldividida. Refazer, então, o contato costas a costas antes de recomeçar os movimentos. Para elevar-se, os dois empurram o solo com os pés e empurram as costas para trás, um contra o outro, nã« para cima (Fig. 247).

248

e e--

ta

• •• •• • e •e ta

249

4.

li

e

247

Puxar. O princípio permanece o mesmo , a energia atravessa o corpo entre as mãos e os pés. As costas permanecem retas e puxam para trás, como se empurrassem um obstáculo. O exercício deve ser feito só, segurando a maçaneta de uma porta. Pode ser feito a dois, no lugar, andando, se sentando. Para se levantar, 87

--d

~e

•• •• e i

5.

os dois empurram o solo com os pés e com as costas, não para cima, mas para trás (Fig. 232). Levantar. Os pés devem "estar posicionados tão perto quanto possível, ou ~esmo sob o o?stáculo a ser levantado. E aSSIm que conseguimos melhor levar o peso aos pés, ao solo, através do braço, das costas e das pernas. É preciso procurar empregar os quadris e os joelhos mais do que a parte superior das costas, de modo que o esforço se localize nos lugares fortes e resistentes: bacia, coxas, não na cintura (Fig. 250).

250

6.

Segurar. O mesmo princípio é válido. Levar o peso do objeto tão perto quanto possível do corpo. Procurar levar todo o peso que é sentido em direção ao solo, sob os pés que empurram o solo.

RESUMO Todo movimento, todo trabalho, pode ser feito de modo eficaz ou ineficaz. Para que ele seja bem executado é preciso ter consciência do corpo inteiro, criar e manter o contato com o ambiente (solo, assento, ferramentas , materiais), deixar a passagem livre para a circulação do sangue e para a respiração, ter consciência da corrente que passa pela coluna vertebral até além da cabeça, que deve permanecer perfeitamente livre; estabelecer a relação através do ar com os pontos para os quais tendem os movimentos. Tudo isso pode estar instintivamente presente nas pessoas dotadas, equilibradas, harmoniosas por natureza. Para outros, é preciso exercitar com cuidado todos esses pontos e dirigir uma atenção lúcida durante todo o exercício. Com o treinamento, a maneira justa de fazer é sentida espontaneamente como a mais salutar e, pouco a pouco, a passagem pelo cérebro não será mais necessária; agiremos cada vez mais corretamente por reação sensorial espontânea, ou seja, sem pensar.

-•• e

e

e e

• e •e •e e • •e •• •• •

11

e

ti



e e

•e

88

.~ , li i. .1IIII. . 1IIir-1i

•• •• •• •

-

ae

ta

•e •• e •• • • •

--.-• •• -e e

•e •• •--



e e e

•• e e •• •• •.•• • l

-

6 A RESPIRAÇÃO

A função respiratória suscita um interesse particularmente vivo. Isso é justificado, pois , sem nenhuma dúvida, o papel que ela desempenha, ao mesmo tempo físico e psíquico, lhe confere uma- importância fundamental para a aquisição do domínio de si mesmo. O que procuramos aqui não é um domínio violento (com recalcamento inconsciente), mas uma conduta dirigida pela compreensão das leis físicas e psíquicas. É um domínio, não no sentido de ditadura, mas no sentido de um governo esclarecido que conhece as necessidades reais do ser humano. No que diz respeito à respiração, podemos dizer, primeiramente, que não é o caso de dominála. Se deixamos ao sistema vegetativo (autônomo) o cuidado de regulá-la, podemos estar certos de estarmos protegidos pela própria natureza contra os perigos que uma experimentação muito voluntária ou muito intelectual nos fariam incorrer. Para que a respiração esteja em ordem não temos necessidade de "fazê-la". I Apresentamos isso, portanto, como a base de nosso trabalho.

Primeira regra: NÃO INTERVIR NA FUNÇÃO AUTOMÁTICA DA RESPIRAÇÃO Parece-me, numa primeira abordagem, que para obedecer a essa regra é suficiente não se ocupar com a respiração. É parcialmente verdadeiro e é, com efeito, aconselhado ao principiante. Ele executará, no início, todos os exercícios de passividade geral ou localizada sem procurar obedecer à respiração nem fazê-la corresponder a tal ou qual fase do exercício. Na maior parte dos casos resultará numa clara melhora dessa função provocada pelo relaxamento global. (É preciso naturalmente cuidar para I. Ver "Movimentos interiores" p. 16. Para os mecanismos de regulação respiratória, ver obras de fisiologia.

que as roupas não incomodem o movimento de respiração. Portanto, soltar ou tirar a gravata, colarinho, sutiã, cinto, luva etc.) Entretanto, para muitos , a respiração apresenta de imediato um problema. Eles a observam, sentem-se incomodados pela atividade inerente a essa função, ou ainda a bloqueiam acreditando se concentrar melhor. Nesse caso é aconselhado, em primeiro lugar, retomar a confiança na respiração natural e não temer mais as diferentes sensações nos músculos e órgãos respiratórios que trabalham. A respiração comporta alternadamente contrações e relaxamentos musculares. Durante um relaxamento global do corpo esses movimentos continuam de maneira natural e não se constituem em obstáculo para o repouso. É preciso deixar que eles se produzam quando o corpo tem vontade, não impor um ritmo voluntário e permitir qualquer mudança espontânea, inclusive bocejos e suspiros.

Segunda regra: NÃO BLOQUEAR A RESPIRAÇÃO Diminuindo a entrada de oxigênio, o bloqueio da função respiratória é maléfico para todo o organismo: ao sistema nervoso , à circulação, à musculatura, ao sistema glandular. A insuficiência passageira de oxigênio diminui as aptidões corporais e mentais e aumenta o nervosismo. Podemos mesmo dizer que este último é essencialmente caracterizado pelos bloqueios freqüentes da respiração, enquanto a calma implica uma respiração livre de qualquer entrave. A calma, tanto física como psíquica, pode ser encontrada liberando conscientemente a respiração. Enfatizamos a palavra livre, pois muitas pessoas procuram o domínio de si mesmo impondo-se uma respiração lenta e profunda. É fácil compreender que a calma eventual que pode se produzir assim é fictícia, que dissimula muitas crispações e tensões recalcadas. Se, ao contrário, liberamos a 89

~~~

~

respiração permitindo-lhe tomar o ritmo e a amplitude que a situação requer, ~ deixando espaço livre para a regulação automática, obtemos uma diminuição natural do nervosismo e maior facilidade para reagir de modo mais adaptado às circunstâncias. Nosso objetivo mais premente para adquirir o domínio e a compreensão dessa função é, portanto, saber observai sem intervir muscularmente, ativamente. Para impedir o bloqueio, que é inconsciente, não basta apenas ignorar a respiração mas, ao contrário, é preciso tomar consciência desses fatos. Exercitamos durante o relaxamento ou a atividade. Por meio de uma observação objetiva, percebemos as numerosas situações cotidianas que provocam bloqueios , e a tomada de consciência .ser á seguida naturalmente de um relaxamento natural. É preciso "tomar o tempo de respirar". Assim adquirimos, pouco a pouco, o hábito salutar de respirar livremente. O controle permite, além disso, encontrar a causa do bloqueio: terror, medo , angústia, apreensão, pressa, precipitação, impaciência etc.

EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO PASSIVA

Nossa intenção é reduzir as tensões e crispações que incomodam a respiração normal. Para atingir essa finalidade com sutileza e exatidão podemos recorrer primeiro à eutonização em detalhe dos órgãos da respiração. Ela é obtida no repouso, por meio de inventários tão detalhados quanto possível das regiões torácicas e abdominais e, em seguida, por meio dos métodos de contato e corrente aplicados a essas regiões (ver Capítulo 3). Em seguida passamos para os exercícios de respiração passiva, que não devem ser confundidos com os exercícios respiratórios propriamente ditos. Dado que a respiração permanece livre e sem nenhuma atividade muscular voluntária, nem para inspirar nem para expirar, esses exercícios consistem essencialmente em uma observação sistemática da respiração: a) em estado de passividade global (no repouso); b) em estado de atividade; c) nos momentos de passagem da atividade para a passividade e vice-versa; d) nas posições de controle.

OBSERVAÇÃO DA RESPIRAÇÃO DURANTE O REPOUSO

Deitado de costas, relaxamo-nos ao máximo e ,

90

em seguida dirigimos a atenção para a respiração, sem querer influenciá-la, mas com a intenção de estudá-la tal como ela é. Lembremo-nos de que a respiração natural é regulada automaticamente pelo sistema vegetativo a partir das necessidades do corpo. Podemos, então, abandonar todo o medo de não ter ar suficiente, mesmo se a respiração diminuir sob o efeito do relaxamento. Não devemos ceder à tentação de diminuí-la voluntariamente se ela parecer superficial ou muito rápida . Uma respiração curta pode ser normal para um organismo em um certo estado. Assim , não aumentar ou diminuir, acelerar ou desacelerar o trabalho instinti vo da respiração. Isso também implica a necessidade de não impedir uma mudança natural na forma como o corpo respira. Querer manter o ritmo observado seria falso e sinal de uma tensão escondida (causada principalmente pelo medo de influenciar a respiração). Observamos a respiração com um afastamento completo da vontade, sem idéia preconcebida, para permitir que ela seja tal como é, que mude ou não mude de acordo com sua vontade. Devemos permanecer como observadores, com toda a objetividade do pesquisador científico que registra fielmente e sem intervir nas pequenas e grandes variações de amplitude e ritmo, assim como nos períodos de regularidade e estabilidade. Observamos a respiração como alguém que passeia e, andando ao lado da costa, olha as vagas se abaterem sobre a areia. No repouso, deitado de costas, é conveniente observar primeiro o movimento ascendente e descendente do corpo no lugar em que ele atinge a sua maior amplitude. Em seguida, observamos até onde vai o movimento, em direção à parte inferior do ventre, à parte superior, finalmente, dentro e até o fundo do abdome. Como o movimento é produzido por músculos que alternadamente se contraem e se descontraem, é natural sentir essas funções . A pas.sividade referente à respiração consiste, não numa inércia muscular, mas numa não-intervenção por parte da vontade cerebral numa função vegetativa. A respiração passiva é uma respiração livre. Observamos particularmente os -momentos de passagem entre a inspiração e a expiração e vice-versa. Como podemos avaliar se obtemos ou não a respiração passiva, essa liberdade de respiração? A possibilidade de controle encontra-se na observação de nossas próprias sensações. Se o relaxamento é verdadeiro, experimentamos uma respiração fácil. Há ausência de crispação ou de cansaço, ausência de dureza ou de rigidez nos músculos respiratórios e em todo o interior do corpo. Uma sensação harmoniosa de leveza, equilíbrio, de euto-

• •• •• e e• e

~

-••ta

e

•• e

-.e e

•• •• •e

-•

e

• ta ti

e

•• •• e •• •: e I I

e

• • e e e e

•• •e ••• e •• •• e •e

-

e e e e

• •• •

-• e

e

• -ta •• •• .•e

-t

nia nos invade. Com muita freqüênc ia segue-se o sono. Este é um do s exercícios a ser praticado contra a insônia. Entretanto, antes de obter esse resultado, é freqüentemente necessário percorrer outras etapas, praticar outros exercícios. Observando a respiração em estado de passividade, observamos as tensões parasitas que convém eliminar, não por um esforço muscular, o que seria contraditório, mas tomando consciência do centro da tensão e de sua origem física (algumas vezes psíquica). Procedemos aqui da mesma maneira que para as tensões musculares em outros locais." É um processo que exige atenção concentrada e muita paciência. Algumas vezes é salutar respirar ativamente, seja inspirando, seja expirando. Nesse caso , é essencial não forçar a respiração, não querer que ela seja isso ou aquilo, mas adaptar a sua atividade à necessidade do corpo de expirar e inspirar a tal ou qual momento. Podemos assim respirar voluntariamente, ou seja, as contrações musculares são desejadas em sua atividade, mas livres em seu ritmo e amplitude. É recomendado fazer, no mesmo período (semana ou mês), outros exercícios referentes à respiração. Em primeiro lugar, o seguinte exercício.

fluência nefa sta sobre o psiqui smo, reforçando a emotividade e o nervosi smo da pessoa. Podemos eliminar a crispação habitual do abdome e deixar o movimento da respiração se prolongar naturalmente para o interior, até o fundo da bacia. Se essa observação da respiração se toma habitual, ela não tardará a dar frutos , ou seja , a melhorar o estado geral. O efeito é calmante para as pessoas de temperamento nervoso. O exercício desenvolve um aumento da consciência de si mesmo, base do domínio corporal e mental. Observação importante: A observação da respiração não deve ser feita de maneira contínua. Isso seria impossível e inútil. Reservaremos para esse estudo apenas curtos momentos, como os que foram descritos acima. Quando sentimos os benefícios de uma respiração liberada, ela se toma um hábito sem que tenhamos necessidade de pensar a cada vez que respiramos.

OBSERVAÇÃO DA RESPIRAÇÃO PASSANDO DA PASSIVIDADE PARA A ATIVIDADE E VICE-VERSA

É preciso observar a respiração durante os atos cotidianos, como pegar um objeto sobre a mesa , deslocar uma cadeira, sentar-se, levantar-se, escrever, telefonar, pegar um lenço perdido, comer etc. Observamos uma tendência a bloquear a respiração em certas situações então a liberamos imediatamente permitindo-lhe seguir o seu curso normal. Escolhemos por meio dessa observação, primeiro os momentos em que a mente está suficientemente disponível. Descobrimos, assim, com mais facilidade, os bloqueios e suas causas. Depois podemos abordar essa observação em situações mais difíceis, durante o trabalho, durante uma discussão animada etc. Uma crispação freqüente, sobretudo entre as mulheres, consiste em endurecer e encolher o ventre. O esforço, provocado por um desejo de parecer magra, tem como resultado uma respiração realizada muito alto , muito breve e sem amplitude. O indivíduo perde o fôlego por nada. Além disso, a respiração com dominância torácica tem uma in-

O exercício aprofunda e estabiliza os resultados obtidos, permitindo novas experiências psicossomáticas. Trata-se de executar o exercício de levantar e deixar cair o pulso ' ao mesmo tempo que observamos a respiração. Exercício aparentemente simples que toma possível, todavia, uma tomada de consciência da mais alta importância: a consciência do estado mental e das reações psíquicas durante uma ação voluntária. Deitado de costas observamos, primeiro, a respiração durante mais ou menos um minuto e, em seguida, começamos o movimento de levantar e deixar cair o pulso, continuando a observação da respiração. Uma constatação se impõe rapidamente: é a tendência instintiva de coordenar movimento e respiração. Assim, a aspiração do ar e a elevação do pulso coincidem, assim como o relaxamento e a expiração. Isso se explica pelo fato de que elevar o pulso e inspirar são atividades musculares, enquanto relaxar o pulso e expirar são movimentos passivos (na posição deitado de costas). A tendência a generalizar a tensão e o relaxamento é comum. Nós sofremos o lado negativo e o lado positivo. Uma só crispação, quantitativamente ínfima, é suficiente

2. Ver pp. 15 e 43.

3. Ver p. 18, Movimentos ativo-passivos.

OBSERVAÇÃO DA RESPIRAÇÃO DURANTE A ATIVIDADE

91

para comunicar ao corpo uma tensão geral. De modo inverso, se conseguimos relaxar de forma verdadeira uma parte mínima do corpo, então o corpo inteiro se relaxará. ". É, então, perfeitamente natural, no exercIclo, em ques ta- o , que as duas ações,. com o mesmo carater, . . coincidam; mas não é preCISO pr?cu~~ essa co~n.cldência modifican.do o ritmo respiratono .a utomatIco ou impondo esse ritmo ao próprio movunento. Ao contrário, uma vez feita essa constatação, podemos passar para o exercício seguinte, que ~ a d:'ssociação entre o movimento do braço e a resptraçao. Isso pode parecer surpreendente, já que elas são tão naturalmente ligadas, mas observamos, na vida cotidiana, que a dissociação existe, e é mesmo necessária pois, senão, em um trabalho qualquer, o gesto de levantar e abaixar o braço somente poderia ser feito com a lentidão da respiração ou , inversamente, a respiração deveria acelerar-se grotescamente para seguir o ritmo normal dos movimentos. Se a dissociação entre a respiração e a ação exterior é insuficiente, produz-se, inevitavelmente, uma perturbação. Se, ao contrário, ela é bem-feita, ela no~ permite utilizar a energia nos lugares desejados. E isso que caracteriza todo domínio corporal. (Parece mesmo que a dissociação é uma das condições para que a inteligência possa se manifestar. Ela permite à inteligência desabrochar mais livremente.) Para estudar essa dissociação, podemos retomar o exercício de levantar e deixar cair o braço. Poderíamos escolher outras partes do corpo, isso não tem importância, pois o princípio é o mesmo. Entretanto, a escolha dos braços permite fazer o .e xercício deitado e em repouso, o que favorece a observação detalhada. Além disso, os braços estão, em geral , mais conscientes do que o resto do corpo e isso facilita também a constatação de certas reações. Para observar corretamente a relação entre o movimento e a respiração, façamos o movimento ativo de elevar o pulso muito lentamente para que várias respirações se produzam durante esse lapso de tempo. Do mesmo modo, é preciso manter o pulso no alto o tempo suficiente para inspirar e expirar várias vezes. A queda não pode ser prolongada, senão ela não será mais passiva; ao contrário, a posição de repouso que se segue deve permitir, ela também, a observação de várias respirações consecutivas. (Uma respiração inteira comporta todo o ciclo de inspiração e expiração até a inspiração seguinte.) Além disso, é preciso prolongar o tempo de transição entre essas quatro fases (levantar-manterrelaxar-repousar) ou, melhor, preparar essas mudanças durante um certo tempo para poder avaliar as reações da respiração nesses momentos precisos. 92

Prolongando dessa maneira, percebemos melhor os detalhes. (É mais ou menos como se estudássemos ou olhássemos esses fatos por um microscópio; o aumento - aqui a diminuição - permite distinguir uma variedade imensa de detalhes invisíveis a olho nu .4) O exercício se divide, assim, em várias fases: a) Relaxamento completo. b) Preparação mental do ato de levantar o braço continuando a observar o braço passivo. c) Execução do ato , isto é, o momento mesmo de influxo de energia. d) Movimento muito lento e sem sacudidelas. e) Preparação mental para a parada, continuando o movimento. O Parada do movimento e postura ativa. g) Preparação mental do relaxamento continuando a manter o pulso. h) Relaxamento, isto é, o momento mesmo de afrouxar. i) Queda passiva com plena consciência durante a queda. j) Chegada ao chão da mão e do pulso. k) O repouso depois da chegada. Essa fase se confunde, em seguida, com a primeira. O exercício é repetido várias vezes em seguida. Prestemos atenção concentrada ao mesmo tempo no braço e no tronco do corpo, e é por causa dessa dupla atenção que as diferentes fases devem ser igualmente prolongadas. A primeira fase não apresenta novidade. A segunda, ao contrário, é interessante porque se trata de preparar a atividade sem que a tensão no braço aumente. Preparamos a atividade para podermos estar conscientes da transição de passividade para atividade, e não para que o braço se prepare. O braço deve permanecer totalmente passivo. Isso é essencial pois, normalmente, um gesto é preparado pela imaginação desse mesmo gesto, de seu trajeto e finalidade , e essa imaginação age de tal maneira que o braço esboça interiormente o movimento. Os músculos são preparados para trabalhar, porque o tônus do braço se elevou durante a imaginação." No presente exercício, trata-se de outra coisa. Trata-se de controlar a passagem da passividade para a atividade, portanto, de estar consciente dessa passagem. Conseqüentemente, a passividade deve ser mantida de uma maneira rigorosa até o momento em que executamos a decisão de levantar o pulso. 4. O mesmo "efeito de microscópio" se produz no trabalho de concentração sobre as tensões residuais na passividade. Ver p. 43. 5. É também o princípio dos movimentos leves, p. 70 e ss.

---•• e

e

•• e •• e• ••

--

• e •e e e

ti

•e •• e

.,ee

•• e •• •• •e e• ti

li

~

ti

e

e



-•

--e

•• e •• •e •• e •• e •e e

e e e

• •• e e

e

e

•• e •• •• •e • •e

-

A execução da decisão de levantar está ligada à escolha do momento preciso para realizar o movimento. É muito importante notar as circunstâncias e todas as reações referentes a essa escolha, sem perder de vista a respiração. Cuidaremos para escolher esse momento em relação à respiração de maneira que a observação total das duas funções, ao mesmo tempo, seja possível. O movimento deve ser absolutamente controlado, ou seja, é preciso saber onde e quando enviamos a energia e em que quantidade. Ele é controlado pela sensação subjetiva (mas fiel!) e pela ausência de sacudidelas. Em seguida, preparamos a parada continuando a observar o pulso de uma maneira muito regular. A execução da decisão de parar está ligada à escolha da altura. Não importa a altura escolhida, mas a escolha deve ser feita conscientemente. Depois, mantendo o pulso, preparamos para relaxar. De novo é a escolha do momento que é importante, e a observação da respiração durante a transição da atividade para a passividade deve ser minuciosamente contínua. Quanto tempo desejamos manter esse pulso, e quando exatamente decidimos afrouxá-lo é deixado totalmente ao livrearbítrio mas, para que a consciência permaneça, não podemos permitir a menor distração. Trata-se de viver o todo sem descontinuidade. Deixando cair o pulso também devemos estar atentos à sensação experimentada durante a queda, à chegada, e ao momento depois da chegada. Psicologicamente, temos a tendência a afastar a consciência do objeto que deixamos cair, mesmo se o objeto é o próprio braço. É preciso, então, aplicar-se para impedir a "perda de consciência" do braço durante a passividade. . .A sensação subjetiva deve ser tal que o corpo inteiro, e especialmente o interior do tronco, esteja "de acordo" com o braço, esteja em harmonia com o movimento do braço. Assim, percebemos que o momento mais natural para passar da passividade para a atividade se encontra imediatamente antes da inspiração ou simultânea a ela. Para passar da ativida?e para a passividade, o instante mais propício c01~cIde com a expiração ou a segue imediatamente. E preciso, entretanto, pelas razões mencionadas acima, aprender a fazer as passagens em outros momentos. Há outras observações ainda mais importantes. Como cada fase está ligada a uma decisão, observamos, freqüentemente, um nervosismo ligado a essa escolha, ou, ainda, uma hesitação, ou precipitação que se manifestam claramente por um desarranjo na respiração (diminuição, 'bloqueio ou aceleração).

Compreendendo o desarranjo, conseguimos evitá-lo. O exercício se refere, na realidade, à aptidão para refletir, para tomar uma decisão, para executar essa decisão, em plena consciência e sem nervosismo. Ao mesmo tempo, ele é a prova de que a passividade não é um abandono da vontade mas, ao contrário, uma afirmação e uma ampliação conscientes da vontade englobando também a passividade.

OBSERVAÇÃO DA RESPIRAÇÃO NAS POSIÇÕES DE CONTROLE

O principiante trabalhará as posições de controle sem se ocupar da respiração. Mas quando ele a tiver estudado na passividade e na atividade cotidiana, terá a vantagem de introduzi-la no campo da consciência também durante essas posições. A respiração é um bom meio de saber se uma posição de controle é muito difícil, pois uma dor muito forte ou qualquer outra sensação de incômodo a perturba. E~colhe~os, ~ntão, primeiro u~a posição que perrruta respirar a vontade. (Depois podemos nos ajudar no sentido inverso. Se já temos a capacidade de deixar a respiração livre, podemos então nos servir desse domínio mesmo durante uma forte dor, contribuindo para que ela se tome suportável.) Uma vez a posição bem escolhida, como podemos saber se a respiração é boa ou não? Aqui temos de novo o recurso às sensações que ela provoca. Se há o menor incômodo, é porque ela não está em ordem. Nessas posições que permitem a passividade global, a respiração deve ser deixada para uma regulação automática. Cuidaremos unicamente de eliminar as tensões que se encontram nos músculos respiratórios nos concentrando nas zonas de incômodo para analisá-las. Nessas posições em que a atividade estática não é necessária, podemos relaxar pela concentração ou agir voluntariamente sobre a respiração no sentido do movimento livre. É importante perceber que a expiração pode parecer passiva na posição deitada de costas, mas que os músculos respiratórios, em particular os músculos abdominais, estão ativos na posição sentada ou em pé.

EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO ATIVA OU VOLUNTÁRIA

Quando a função da respiração é liberada pelos exercícios precedentes, podemos proceder aos exer93

e •

. . . . . . . . .IIÍIIÍIiIIIIII-

- - - . , ; ; .______

.J

--ti ""'!

cíeio s respiratórios propriamente ditos , ou seja, de respiração ativa ou volunt ária, Propomos três tipos: A. Movimentos livres com respiração ativa e livre. B. Respiração alternadamente ativa e passiva. . C. Escolha falada e cantada. Barulhos e sons articulados.

MOVlMENTOS LIVRES COM RESPIRAÇÃO LIVRE

Retomamos o exercício de movimentos livres" e acrescentamos a observação da respiração. Reagimos às sensações respirando a cada instante de maneira ativa ou passiva, que nos dá maior bemestar, ao mesmo tempo que executamos os movimentos corporais que nos ajudam a respirar mais facilmente. Esse não é um exercício respiratório clássico com a finalidade de mudar a maneira de respirar ou para adquirir maior capacidade pulmonar. Trata-se de ser livre para respirar à sua vontade em todas as situações possíveis, e também de despertar a consciência corporal das vias respiratórias. Essa consciência aumentada nos protege contra as tensões e bloqueios nefastos; nossas reações naturais vão, então , no sentido de um instinto bem-desenvolvido, não no sentido dos maus hábitos. Lembramos que uma boa respiração proporciona uma sensação de bem-estar geral. Preste atenção às sensações que são apenas parciais! Um bem-estar limitado a uma sensação local é freqüentemente caracterizado por amplas zonas inconscientes, em que a falta de bem-estar permanece despercebida, escondendo tensões nefastas. Em todos os exercícios de movimento ou de respiração livres, a consciência deve permanecer lúcida e vigilante, inspecionando sem cessar o corpo inteiro. Se uma sensação de incômodo aparece, devemos imediatamente procurar o remédio modificando a respiração ou o movimento. Com freqüência, apresenta-se uma sensação desconfortável nas narinas que podem estar mais ou menos fechadas. É o caso de se assoar, uma narina de cada vez, tão freqüentemente quanto for necessário. É preciso que cada narina esteja limpa o suficiente para deixar livre as inspirações e expirações rápidas. Essa única indicação permite dar um passo em direção à saúde, pois apenas esse hábito permite constatar que nos resfriados, muito menos freqüentes, não se sofre de nariz congestionado ou de 6. Ver p. 64.

94

respiração difícil. Outra observação: é evidente que 'não devemos jamais, durante o exercício, reprimir a vontade de tossir, espirrar ou escarrar. Observando o interior do corpo, geralmente percebemos sensações que dão ao indivíduo vontade de desencolher-se ou encolher-se, de puxar o ar ou de expulsá-lo. É conveniente seguir a indicação dessas sensações e, conseqüentemente, modificar, de forma natural e sem violência, com leveza e circunspecção, controlando as sensações daí advindas , a maneira de respirar. Isso não significa que seja preciso excluir ou evitar como um perigo as mudan ças rápidas que poderiam se produzir. Ao contrário, é bom seguir seu instinto , que pode também ditar movimentos respiratórios breves, vigorosos, variados. O que não deve ocorrer é perder a consciência lúcida e descuidar da observação das sensações. É preciso estarmos interior, psíquica e fisicamente prontos para mudar desde que o organismo peça. Não devemos jamais ficar ligados a uma maneira única de respirar, mas constantemente livres e disponíveis para permitir as mudanças que o corpo reclama. Podemos fazer esse exercício deitado, sentado ou em pé. O importante é que não permaneçamos fixos em uma mesma posição, mas que deixemos o corpo com liberdade para se mover de modo que a respiração seja ajudada, e não dificultada, pelos movimentos. Temos a sensação de que o ar chega a cada recanto do corpo e que cada célula respira. É sempre bom proceder sistematicamente. O exercício pode ser feito primeiro de costas, em seguida de bruços, depois sentado ou em pé. Somente a posição inicial é indicada; em seguida podemos modificar ou mudar completamente se for necessário.

RESPIRAÇÃO ALTERNADAMENTE ATIVA E PASSIVA

O exercício seguinte consiste em passar da passividade para a atividade respiratória e vice-versa. Estamos na presença de um exercício que ,poderia lembrar os exercícios de respiração praticados na ioga como a retenção da respiração. A semelhança é aparente e completamente enganosa. Trata-se, aqui, de um treinamento para a passividade respiratória. Ele deve permitir diferenciar uma respiração dirigida, desejada, de uma respiração livre (respectivamente respiração ativa e passiva). É a base indispensável de qualquer exercício posterior, pois a respiração natural, não-dirigida, desempenha o papel de válvula de segurança no caso em que um exercício voluntário tenha ido muito longe.

---• e

•• e .-e



-• •• ti

e

•e e

e ti

• •• e

e

e

•• • •e •• • •e •

ti

e

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _A

e e e

•• e •• •• •e •• e •• e e

•e e e

-• -• e

e

e

e

e

e

•• •e •• e •• • • l til

--

Esse exercício é estudado primeiramente deitado de costas e, em seguida, em qualquer outra posição de repouso possível. Depois de ter escolhido a posição, relaxamos e deixamos a respiração encontrar seu ritmo de repouso. Em seguida, procedemos como segue: a) Fazer uma inspiração um pouco mais profunda do que a inspiração habitual. b) Parar o movimento mantendo ativamente no lugar a posição dos músculos e órgãos respiratórios. A parada durará apenas alguns segundos. c) Relaxar, o que leva a uma expiração passiva. d) Repousar, ou seja, continuar a relaxar e deixar a respiração livre até que o ritmo normal, instintivo , esteja de volta. . Realizamos a atividade desejada uma só vez. Em seguida, voltamos imediatamente à respiração passiva e permanecemos enquanto durar o seu efeito. Procedemos da mesma maneira para a expiração: a) Fazer uma expiração desejada um pouco mais profunda do que a comum. b) Parar o movimento deixando imóveis os órgãos respiratórios. c) Relaxar, o que leva a uma inspiração livre (com relaxamento dos músculos que acabam de trabalhar). d) Repousar, ou seja, continuar a relaxar e deixar a respiração livre até o retomo do ritmo normal. Nesse momento podemos de novo retomar uma inspiração ativa, manter, relaxar etc. A finalidade desse exercício não é pegar mais ar do que de hábito ou tentar aproveitá-lo ao máximo retendo a respiração, mas tomar consciência da respiração ativa, desejada, e da respiração livre, natural, não desejada. A finalidade é a respiração instintiva, natural; e a faculdade de observar sem intervir. Se estamos deitados, obteremos finalmente uma respiração semelhante à do sono.

A voz

FALADA E CANTADA. BARULHOS E SONS ARTICULADOS

Podemos talvez nos surpreender ao encontrar exercícios vocais nesse contexto. É preciso, entretanto, lembrar que as vibrações das cordas vocais e o trabalho dos músculos respiratórios e articulatórios não se distinguem em nada em seus princípios dos outros movimentos musculares, e que podemos adquirir o domínio sobre eles, assim como sobre o restante do corpo. Por outro lado , as vibrações da

voz e os diferentes sons articulados exercem uma massagem profunda nos órgãos vitais. Um método de domínio corporal não seria completo sem um estudo da voz. O aparelho vocal, a laringe e os órgãos de articulação devem ser exercitados de acordo com as mesmas leis em vigor para os outros movimentos corporais: A. Todo bom uso do aparelho vocal provocará sensações agradáveis gerais, no aparelho vocal e no restante do corpo . . B. Se o emprego da voz é livre (não submetido a exigências exteriores e utilitárias), nenhuma fadiga nem deterioração deveria se manifestar, pois a liberdade permite mudanças constantes e uma alternância regeneradora entre trabalho e repouso das fibras musculares. C. Se fazemos uso correto da voz, temos a impressão de que o corpo está sem barreiras interiores e que o som do barulho que produzimos repercute, não apenas fora, no ambiente, mas também no espaço interior do corpo, e que enche ou penetra o volume do corpo inteiro: Os principais obstáculos para o emprego livre da voz são a timidez, a inibição, o incômodo, o medo de se descobrir, o medo do ridículo. Com efeito, a voz reflete muito diretamente a vida interior. Para adquirir o domínio da voz é melhor fazer os exercícios sozinho ou na presença de um professor qualificado, ou ainda com companheiros de estudo. A experimentação livre da voz pode ter efeitos surpreendentes; devemos observá-los objetivamente e perseverar. Começamos o estudo da voz pelo exercício dos movimentos livres com respiração livre; acrescentamos a experimentação dos barulhos e dos sons produzidos pelo aparelho da articulação (lábios, dentes, língua etc.). Experimentamos as sensações causadas por um f, um s, um sch, ou um p, repetidos e prolongados (exercitar sistematicamente todas as consoantes) . Deixamo-nos guiar pelas sensações e encontramos assim o caminho de um maior bemestar, adquirindo um domínio natural dos órgãos da articulação. Para o estudo da voz, a melhor maneira de começar é encontrar o som que exprime, nele mesmo, um bem-estar: mmmm-mmmm. A propriedade benéfica desse som particular é então utilizada para conseguir um zumbido semelhante ao das abelhas. Em seguida, cantarolamos de boca fechada. (Durante todo o estudo da voz continuamos a mexer o corpo livremente.) Procuramos a altura e a intensidade da voz que permitem a sensação vocal e corporal mais desenvolta. Temos a impressão de trabalhar de modo 95

_

ti

agradável os músculos. Quase não estamos conscientes do trabalho das cordas vocais, mas a voz parece surgir do fundo do ventre. Como com os movimentos exteriores, a fonte de energia não será sentida localizada nos músculos que trabalham, mas no lugar de onde parte e onde termina o movimento. Assim, a energia para falar e cantar é sentida no fundo do ventre e no lugar para onde desejamos enviar o som para ser escutado. Se sentimos a energia especialmente na garganta, isso é sinal certo de uma má técnica da voz, de uma "colocação de voz" errada, e isso não tardará a provocar cansaço, estafa ou mesmo a extinção da voz. Tendo encontrado uma boa maneira de zumbir, cantamos em seguida com a boca aberta. Experimentamos diretamente, ou por meio de deslizamentos, diferentes alturas de voz e diferentes graus de intensidade. A posição da boca e da língua é ainda sem importância já que ela não incomoda em nada a sensação de bem-estar. A duração da emissão da voz é, evidentemente, tão livre quanto a escolha da altura e da força. É inútil procurar prolongar a duração do som ou encurtála. Deixemo-nos guiar somente pelas sensações interiores. À menor sensação de falta de ar, é preciso parar de cantar ou de zumbir, sem por isso deixarmos de nos mover. Deixamos a respiração livre para as necessidades do corpo e recomeçamos a cantar ou a zumbir no momento em que todo o organismo estiver pronto para isso. Quando houver

. necessidade de bocejar é preciso obedecer imediatamente, e fundo. Mesma regra para a necessidade de suspirar, tossir, espirrar etc. No estágio seguinte, treinaremos as diferentes vogais, depois as consoantes e vogais juntas. A expiração é naturalmente ativada pela emissão de barulhos e de sons. A inspiração, por sua vez, é estimulada e as trocas favorecidas . Com efeito, o exercício de movimentos livres com sons ou barulhos livres constitui uma eliminação inegável de toxinas. É uma limpeza interior muito grande, de um lado pela implementação da circulação do sangue, portanto, pelas trocas de líquidos, e, de outro, pelo trabalho intensivo da respiração, portanto, pelas trocas de ar e gás. Este é um procedimento terapêutico muito eficaz no plano físico, mas também no plano psíquico pela liberação de numerosos atos recalcados. 7 Não pretendemos ter tratado a fundo o problema da respiração; nosso objetivo era demonstrar os princípios fundamentais sobre os quais esse estudo pode ser estabelecido. Os exercícios escolhidos são amplos o suficiente para aqueles que desejam um domínio sadio de seu corpo. Aqueles que querem ir mais longe - seja devido à profissão (cantores, oradores, dançarinos, atletas etc.), seja porque desejam estudar certos sistemas de respiração (como, a ioga) - poderão por meio desses exercícios evitar certos exageros, pois terão à sua disposição um método de regeneração natural pelo relaxamento e pela respiração livre.

e e fi

• •• •• e e •• e •• e

e e

• •

-• -• e

ti

e

e

•e

•• •e •e •• e • e• ti

7. Ver Capítulo 7.

96

-

e

ti ti

e

•• e •• •• •e •• e ••

-• e

e



e

e e e

• e • e

-

e

e

•ta •e •• e •• • • la

-l

7 CAUSAS PSÍQUICAS DAS TENSÕES POSSIBILIDADES E TÉCNICAS PARA UMA BUSCA INTERIOR

POR QUE SOMOS TENSOS? Aqui está uma questão que deveria ter sido apresentada no início deste livro. Se nós 'a guardamos para o fim, é porque são raros os que poderiam formulá-la logo de início. A prática nos ensinou que é preciso ter vivido certas experiências antes de compreender a importância deste problema, constatada a existência de contraturas que resistem à vontade (tensões residuais). É necessário ter-se encontrado diante de um muro intransponível de rigidez , dureza e tensão. Descobrir que não podemos sempre nos relaxar, mesmo nas melhores condições exteriores e apesar de todos os exercícios. Certas pessoas, buscando relaxar-se, experimentam sensações angustiantes, ocasionadas pela existência de outras forças que não apenas as físicas. Infelizmente, depois de tais experiências, muitas delas concluíram que o relaxamento é impossível e mesmo perigoso. Entretanto, esta conclusão é equivocada e um pouco de perse verança teria revelado as verdadeiras razões desses fracassos. Ao longo deste livro chamamos a atenção para a ilusão de se acreditar relaxado quando, na realidade' estamos muito crispados. Muitos não estão conscientes de estar tensos; e, se eles fazem exercícios, é de uma maneira muito superficial para que o resultado seja válido. Outros procuram relaxar por auto-sugestão e é aí que o mesmo perigo os espreita: o de acreditar, erroneamente, que estão relaxados.' Imaginar-se capaz de relaxar ou, ao contrário, estimar que um relaxamento verdadeiro é impossível, são duas atitudes que se constituem em obstáculo para um progresso. É nesse momento que devemos nos perguntar: "Por que estou tenso?" 1. Lembramos aqui a utilidade das posições de controle. Enquanto sentirmos incômodo para realizá-Ias ou para mantêIas, podemos estar certos de que as tensões subsistem; estas são , geralmente, percebidas com clareza. Alguns raros indivíduos, que têm uma flacidez de ligamentos, escapam à regra. Neles, as tensões revelam-se de outra maneira, por uma certa instabilidade, um nervosismo, ou aindapela ausência de sensações.

A resposta, confessemos, não é fácil de ser encontrada; muito rápida, ela não teria nenhum valor, mesmo se, por acaso, estivesse correta. Uma senhora me diz: "Sim, eu sei que sou tensa porque sou nervosa, é meu temperamento". Ou um senhor: "Tenho uma sensibilidade de artista. Como você quer que eu não seja tenso?" - ambos têm razão, mas visto de um~ maneira muito geral e superficial. Isso não ajuda. E preciso encontrar a causa profunda e individual. Podemos freqüentemente descobrir a relação direta entre tal tensão e a situação afetiva. No conjunto, o método da eutonia representa uma tranqüilização psíquica que, em si, permite vencer um~ parte da angústia, qualquer que seja a origem, sem tomada de consciência de detalhes psicológicos. Tendo à sua disposição uma técnica terapêutica pessoal, o indivíduo se toma mais autônomo, mais independente, e se libera do sentimento de fraqueza, de inferioridade. Ele evolui com mais leveza, mais segurança, e poderá, em seguida, abordar os conflitos que até o momento eram muito graves para ser apreendidos.

PESQUISA INTERIOR Para abordar esses conflitos mais profundos, é 'preciso empreender uma pesquisa interior. Existem diferentes técnicas de introspecção. A que é descrita aqui é recomendada para os indivíduos normais. É evidente que uma pessoa doente, física ou psiquicamente, terá necessidade de um tratamento médico ou psicológico. Então a eutonia complementa esse tratamento de uma maneira ideal. Em um contexto de eutonia elaboramos uma abordagem que parte dos sintomas corporais. Começamos por um relaxamento tão completo quanto possível. Depois de haver suprimido todas as tensões que obedecem à vontade, localizamos a tensão residual mais importante. EJa não obedece a vontade e não procuramos eliminá-la diretamente, mas imaginamos o que poderia acontecer se ela desaparecesse. Ou, ao contrário, representamos para 97

_

nós o que aconteceria se a tensão tivesse oportunidade de se manifestar livre ~ plenamente. Trata-se de uma espécie de imaginação dirigida. A condição prática dessa imaginação reside na manutenção do estado passivo adquirido, ou seja, que durante o exercício é preciso não mudar a atitude exterior. Isso dá uma segurança de que a imaginação não se . realizará concretamente e torna possível o seu livre desenvolvimento. Quanto mais estivermos certos de que a situação real não muda, e que o que imaginamos não pode realmente acontecer, mais estamos livres para imaginar plenamente e sem medo o que poderia acontecer se...2

A ORIGEM DAS TENSÕES: O MEDO É preciso sublinhar que toda tensão é causada por uma forma de medo. Se o medo e sua origem afloram à consciência, a tensão pode desaparecer. Em conseqüência, a via mais direta para conseguir resolver essas tensões é aberta por questões referentes ao medo, por exemplo: "De que tenho medo?" ou "O que mais temo?", "Que sensação me parece mais incômoda, mais temida, mais perigosa?" etc. Se a pergunta apresentada é clara e detalhada, a resposta surgirá, por exemplo, sob a forma de uma imagem espontânea e muito viva que informa sobre a origem da tensão e revela inclusive a necessidade psíquica dela. Procedendo assim reconhecemos que a crispação em questão tem sua razão de ser. Admitimos que se o organismo escolheu reagir por uma tensão, ela representa, naquele momento, a solução que preferimos dar a um problema. Mais exatamente , a tensão não é uma crispação inútil, mas uma atividade particular devida a uma situação de conflito inconsciente. Se o estado psíquico se torna consciente, a tensão correspondente é eliminada na maioria das vezes; a crispação torna-se inútil já que sua função era recalcar o conflito no inconsciente. (Se conseguimos diminuir ou evitar a tensão de modo físico, isso pode nos levar a uma crise de choro. Desde que o problema seja resíduo do conflito anterior, um relaxamento durável pode resultar, mesmo sem tomada de consciência do problema subjacente.) Para maior clareza daremos alguns exemplos práticos. Entretanto, o leitor não deverá se deixar sugestionar por esses exemplos; ele deverá permanecer vigilante, pois, para que uma pesquisa atinja 2. Ver exemplos mais à frente. Essa imaginação dirigida aparece como muito próxima do método do sonho acordado de Robert Desoilles. Ver Bibliografia.



98

~.;:~;~ :, < ..~. .... . .: .r ..c.' --

- - -" -0:... ,

:uma compreensão mais profunda, devemos eliminar as idéias preconcebidas e os preconceitos. Mergulharemos em um estado de disponibilidade total em direção a imagens e pensamentos que poderiam surgir, sem esperar nem descartar nenhum a.

A DISPONIBILIDADE NECESSÁRIA Para adquirir o estado de disponibilidade é preciso interditar qualquer julgamento moral. Em nossa vida cotidiana a nossa mente emite inumeráveis julgamentos que correm o risco de se transformar em obstáculos à compreensão e dos quais devemos nos abster quando estamos conscientes. Quanto aos valores morais inconscientes, é mais difícil, mas não impossível, descobri-los e deles se defender. Julgamos a maior parte dos acontecimentos, grandes ou pequenos, a partir de critérios de bem e.de mal. Se estimamos que uma tal ou qual coisa é má, um sentimento de medo ou de vergonha a acompanha necessariamente. Temos medo do que é mau ou temos vergonha. O medo ou a vergonha (essa última é uma forma particular do medo) podem ser tão fortes que a pessoa não ousa pensar ou imaginar o que os inspira. Há uma parada no jogo de associações livres ou no de associações dirigidas, há o que chamamos de resistência interior. A resistência pode atingir um tal grau de intensidade que mesmo o medo e a vergonha não podem ser reconhecidos como tais. Advertido da existência possível de tais resistências, poderemos nos desencorajar e considerar o problema insolúvel. Há, entretanto, uma solução, pois podemos encontrar a causa de nossas tensões seguindo um processo às avessas. Questionandonos interiormente podemos levar a consciência a esses sentimentos de medo ou de vergonha e, em seguida, chegar à sua causa, afastar o julgamento moral que está ligado a ele, e assim reestruturar nossas próprias reações sobre uma base de consciência lúcida. É raro conseguir fazer esse trabalho de uma só vez; mas se nos prepararmos antecipadamente, o processo em si mesmo pode se desenvolver em um ritmo suficientemente rápido. A preparação consiste, primeiramente, em uma reflexão pessoal para compreender o fenômeno do medo e o processo de recalcamento descrito acima.' Em seguida, na prática, é preciso nos assegurar de uma solidão durante o espaço de tempo que se fizer necessário. Esse tra3. Alguns livros tratam da auto-análise e oferecem urna ajuda apreciável. Ver Bibliografia.

~

.-.-

~



,e

ta

e

ti

• e •• •e • e •ta

la ta

•• e

ti



-

e•

de

ti

e e

•• •• •• e •• e e •• e •ta e e• e •e •

-

e

e

•e e e

•• e •. e •e •e •e ti

ti

balho exige o aprofundamento da con sciência e não permite interrupção , sob pena de ter de ser começado de no vo, do princípio. A apreensão de ser interrompido , somente ela, pode impedir o desenvolvimento do processo.

PROCEDIMENTO PRÁTICO Dispondo do tempo e da tranqüilidade requerida, nos relaxamos ao máximo, deitados de costas, de preferência sobre o assoalho. Uma superfície resistente, suficientemente dura, é necessária para uma tomada de consciência precisa das tensões residuais. Uma superfície muito mole ou muito elástica mascara as tensões. A maneira de proceder para obter o relaxamento inicial não é importante. Podemos pensar, no início , nos locais que tocam o solo e, em seguida, fazer um inventário completo. Podemos também observar todas as sensações que se apresentam, ou ainda nos concentrar sobre uma só parte do corpo, o que propagará o relaxamento para outros lugares. Esses diferentes métodos se equivalem, mas somente a passividade é importante para que o nível geral de tensão, o tônus, desça o mais possível. Nesse momento, a consciência se dirige para a tensão residual que desejamos particularmente examinar. Se o indivíduo tem tendência a dormir, ele pode se deixar dormir. Seus sonhos poderão esclarecer sobre a origem dessas tensões. Se o sono sempre intervém, ele pode fazer o exercício em um outro momento do dia ou dormirá antes para depois continua~ o exercício assim que acordar naturalmente. Suponhamos que uma tensão num braço se manifeste claramente, recusando-se a obedecer a nossa vontade; quando a percebemos devemos abandonar a vontade de relaxar. Temos de ficar no estado de passividade já adquirido. Deixamos de considerar a tensão residual como um inimigo a ser eliminado e a aceitamos como um fenômeno necessário para a ação física ou por seu papel psíquico. Toda nossa função é descobrir a sua razão de ser. Tentamos compreender exatamente no que consiste essa tensão e depois imaginamos o que aconteceria se ela desaparecesse. Como sabemos que a situação atual (tranqüilidade exterior, sustentação do corpo pelo solo etc.) nos protege de qualquer perigo, a imaginação pode se desenvolver livremente. Apresentamos para nós, então, a seguinte questão: "Se eu deixasse essa tensão, o que aconteceria?". A resposta, vivida, poderia ser: "Eu teria medo". Continuamos o interrogatório assim: "Teria medo de quê?". Resposta sentida: "Da sensação de

fraqueza. " - "Que fraqueza é essa. por que ela engendra o medo ?" - "Porque quando estou fraco, um perigo me ameaça." - "Que perigo é esse? ". Uma situação perigosa que foi vivida pelo indivíduo vem à sua mente. "Tinha medo dessa pessoa que , em minha infância, fazia tudo para me prejudicar. Eu queria me proteger." Ou "Estava com raiva dela; tive vontade de pegá-la". Ou ainda: "Gostaria de acariciá-la, mas não ousava". - A pessoa sente claramente que a tensão residual em seu braço provém de uma reação à situação vivida. O fato de ter podido reviver a situação e ter tomado consciência da origem da tensão provoca um relaxamento instantâneo e preciso. Ao mesmo tempo percebemos que a passividade muscular não é um estado de fraqueza , mas um estado normal de controle de si mesmo. Podemos passar, imediatamente , dessa passividade para qualquer atividade que queiramos realizar. Isso demonstra a grande diferença entre o estado de passividade voluntário, controlado, e o estado de passividade não voluntário, suportado, no qual os membros parecem cravados no solo, resultado de auto-sugestão sem contato com a realidade, estado no qual se esconde rigidez e tensão inconscientes. Citemos outros exemplos de respostas à questão: "O que aconteceria se essa tensão viesse a desaparecer? ". Se se trata das pernas, a resposta poderia ser: "Eu teria medo, medo de uma paralisia, medo que ocorreu na ocasião de uma queda brutal". Se se trata do pescoço, a resposta poderia ser: "Eu teria medo de me sufocar" etc.

o MEDO DE SUFOCAR o medo

de sufocar é muito freqüente e parece uma barreira intransponível. Podemos, entretanto, vencer esse obstáculo lembrando da garantia absoluta que nos oferece a situação. Não há nenhum perigo real de sufocar, pois as funções vegetativas autônomas asseguram a respiração." Portanto, podemos imaginar sem medo que sufocamos. Se ousamos fazer essa experiência, admitimos, de início, medo , em seguida nos encontramos não sufocados, evidentemente, mas talvez em lágrimas! Esse desenvolvimento demonstra que sufocamento era devido às lagrimas retidas, lágrimas provenientes de uma tristeza inexprimiveJ, que es-

°

°

4. Mesmo entre crianças atingidas por crises de apnéia, depois de crises prolongadas o sufocamento momentâneo pode provocar no máximo um desfalecimento que permite o restabelecimento imediato e normal dos reflexos respiratórios.

99

tavam até o momento recalcadas no inconsciente. A crispação na garganta erao meio físico de repri mir essas lágrimas. A tomada de consciência libera as l ázrimas e a tensão, tão tenaz, desaparece ao mesmo ~empo'. Toda a personalidade, física e psíquica , é transformada desde este instante. Uma energia, até então retida pela tensão no pescoço, está agora à disposição da vontade e pode ser empregada livremente. A crispação na garganta pode naturalmente ser devida a outras causas além da tristeza. Cada indivíduo tem sua própria reação e sua história pessoal. A questão: ao que aconteceria se tal tensão desaparecesse?" é apresentada em primeiro lugar por ser a mais direta. A resposta demonstra que a crispação veio inconscientemente para cobrir um fato muito difícil de suportar conscientemente. O inconsciente preferiu a tensão como o menor mal, pois a sensação de tensão é melhor suportada que o sentimento de medo ou de vergonha, além de permanecer a maior parte do tempo inconsciente. A tensão física é mais suportável do que o sentimento de medo, por representar uma ação de autodefesa numa situação de perigo ou sentida como tal. A ação parece oferecer uma segurança, mesmo que seja cega (inconsciente). É evidente que se tomamos consciência do medo, podemos reagir de forma mais apropriada.

o SENTIMENTO DE VERGONHA Nos exemplos citados, a imaginação dirigida levava ao sentimento de medo. A vergonha também pode se manifestar. É o caso particular das tensões nas zonas corporais sujeitas à excitação erótica ou sexual. Essas sensações, julgadas vergonhosas, são ..reprimidas de uma maneira totalmente inconsciente e recobertas - poderíamos dizer, veladas - pelas tensões musculares estáticas. Apesar da influência considerável da psicologia moderna, o medo e a . vergonha continuam ligados ao que se refere ao sexo; às vezes são fáceis de discernir, outras vezes estão sutilmente escondidos sob uma aparência de liberdade sexual, não havendo uma compreensão verdadeira do problema. A vergonha e o medo também podem se manifestar quando tocamos nas tensões que encobrem a agressividade. Julgada imoral, é freqüentemente recalcada por fortes ' crispações. O mesmo processo existe, sob formas variadas, cada vez que a pessoa se encontra diante de um sentimento ou situação insuportáveis. Nestes casos a consciência fica eliminada pelas tensões musculares. 100 .

--

.

; -~\ ~

.A AUSÊNCIA

DE SENSAÇÕES

Um obstáculo importante para a tomada de consciência de todos esses fatos consiste na falta aparente de tensões. Se não sentimos as tensões, acreditamos estar relaxados. Nesse caso, é preciso demonstrar uma lucidez particular. A ausência de sensações garante a ausência de tensões? Para responder a esta questão é preciso provar que o relaxamento foi realmente obtido. É preciso poder constatá-lo. Isso pode ser feito apenas por meio de sensações. É preciso levar a consciência ao lugar escolhido para sentir a ausência ou presença de tensões. A prova do relaxamento exige percepções sensoriais. Não podemos estar seguros de estarmos relaxados antes de ter a sensação positiva e precisa de abandono e repouso. Não procuramos aqui provas exteriores, seja por meio de aparelhos científicos ou por meio de posições de controle. Trata-se da prova interior, feita e constatada pelo próprio indivíduo pelas sensações que ele observa. É a prova direta, aquela que tem mais valor para o indivíduo, e que é aplicável a qualquer instante. Muitos métodos de educação corporal duvidam do valor das sensações. Tendo constatado casos em que as sensações parecem induzir a erro quanto ao estado corporal real, esses métodos as rejeitam a princípio como falaciosas. Desse modo, eles tiram do indivíduo toda e qualquer possibilidade de se controlar e impedem assim um trabalho verdadeiramente pessoal e profundo. É preciso se render à evidência de que não podemos agir de outro modo que não considerando nossas sensações de uma maneira ou de outra. Cada ato, queiramos ou não, estejamos nós conscientes ou não, é realizado com base em sensações corporais. O caminho do domínio só pode ser aquele da tomada de consciência de si mesmo e de suas próprias sensações. Sem confiar cegamente, há maneiras de determinar as sensações com exatidão e de observar com clareza nossa maneira de reagir. Isto nos permite fazer a distinção entre uma auto-sugestão (representação imaginada) e uma sensação real (percepção). A ausência de sensações não prova , portanto, a ausência de tensões. É um estado negativo, sinal de tensões físicas e psíquicas. 5

5. Não se trata aqui do estado de insensibilidade que pode existir entre os principiantes, e que é um fenômeno transitório, no momento em que passamos de sensações poderosas para sensações mais fracas . Ver p. 17.

e e

• e •• •• •• e •• •• •• e •• e •e •e e

e e

e e

e

•e e

e e

• •• e •e ••e •e

-

A CONSCIÊNCIA CORPORAL Tendo experimentado que a ausência de sensações não garante o relaxamento e que somente a sua presença permite constatar por si mesmo a atividade e a passividade musculares, procuramos levar a consciência para os lugares insensíveis. A consciência do corpo, a imagem corporal, é um fato psicológico ainda insuficientemente explorado e a terminologia é vaga. Antes de entrar no tema é, portanto, indispensável precisar o sentido dos termos empregados. A representação que fazemos de nosso corpo provém, principalmente, do sentido da visão. A imagem é esquemática. É também uma representação da idéia de corpo, do conceito "corpo humano". Chamaremos essa representação de "esquema corporal". Seu caráter pode ser avaliado pelo desenho ou pela modelagem . Desenhar ou modelar um corpo humano é, portanto, um teste sobre o esquema corporal. Uma avaliação precisa desse teste seria de grande interesse, mas ultrapassa de longe o objetivo deste trabalho. Podemos aqui nos contentar com a observação segundo a qual uma representação normal do corpo é necessária para a sua boa utilização. As lacunas nos desenhos do esquema corporal correspondem, geralmente, a um emprego defeituoso ou desajeitado das zonas que faltam . Há uma diferença essencial entre a noção de representação formal do corpo (esquema corporal) e a noção de corpo que atua: a consciência do corpo em ação." De novo , sem entrar em detalhes do problema, constatamos que muitas pessoas só percebem seu corpo na atividade e que a consciência corporal tende a desaparecer totalmente durante a inatividade. Este estado pode corresponder a um nervosismo, a uma instabilidade, atrás dos quais se oculta o temor da morte. 7 Essas pessoas identificam, no fundo delas mesmas, a inatividade com a morte e aí está a causa do medo que têm de relaxar. A inação pode ser também sentida como preguiça, julgada imoral e, conseqüentemente, recusada pelo indivíduo. Podemos encontrar muitas outras causas para a instabilidade. Se a pessoa consegue compreender suas reações interiores, seu medo desaparece e um relaxamento toma-se possível. A consciência corporal pode ainda ser aquela do "corpo vivido" ." Entendemos por isso uma sen-

6. Terminologia do professor de Ajuriaguerra, da Universidade de Genebra. 7. Ver p. 16. 8. Terminologia do professor de Ajuriaguerra, da Universidade de Genebra.

sação global , constituída por todas as sensaçõe s elementares , percebidas mais ou menos conscientemente pelo indivíduo. Essa percepção sensorial, sustentada pela representação esquemática do corpo , permite a cada um agir ou relaxar com um máximo de eficácia; os dois juntos autorizam o máximo de autodomínio. Para aumentar o domínio do corpo , é preciso, portanto, desenvolver a consciência corporal por meio de uma percepção sempre mais nuançada, preenchendo as lacunas inconscientes. Mas como chegar a esses "vazios" de consciência? Como conseguir sentir qualquer coisa lá onde não sentimos nada? É paradoxal, mas não é impossível. Entretanto, é preciso, em primeiro lugar, constatar objetivamente a ausência de sensações e não imaginar sensações onde elas não existem. No exercício do inventário," podemos ver com clareza o esquema corporal e o corpo vivido , respectivamente, a representação imaginada do corpo e as sensações corporais. Representamos para nós uma parte do corpo e ao mesmo tempo observamos as sensações que provêm dessa região. Se esquecemos certas partes, é porque o esquema está incompleto. Se, na representação de uma parte, não se tem a constatação das sensações que dali provêm, então há um "vazio" no corpo vivido. Para preencher o vazio mantemos a consciência nele até que as~ sensações apareçam. Isso exige muita paciência. E claro que as sensações provenientes de outros setores chamam mais atenção por serem mais fortes. É preciso então levar, sem cessar, a consciência para o lugar escolhido. É preciso "pensar" no lugar vazio e perceber mesmo a sensação de vácuo perseverando na observação atenta. Os primeiros indícios de vida percebidos nessa região serão naturalmente fracos e vagos no início. Quanto mais continuarmos a observar, mais a percepção se afinará e as sensações se tomarão precisas. Constataremos, no fim das contas, que a insensibilidade era devida a uma crispação que, em seguida, se revelará como um meio de velar uma sensação desagradável (medo, vergonha, fraqueza, dor, sensação de caráter erótico etc.). Não é preciso dizer que existem zonas insensíveis simplesmente porque não temos o hábito de observá-las. Essas regiões se revelarão mais rapidamente do que outras. (Os exercícios descritos nos outros capítulos desenvolvem a consciência corporal e ajudam a desvendar as zonas e tensões inconscientes.)

9. Ver p. 16.

101

~

ti

FATORES SENSORIAIS DESPERCEBIDOS (SENSAÇÕES INCONSCIENTES) Constatamos, então, que estamos freqüentemente crispados sem saber; e que a crispação inconsciente esconde um a sensação desagradável. Podemos desvendar alguns desses fatores sensoriais mantendo a imobilidade no momento exato em que uma vontade de mexer se faz presente. O impulso para o movimento é, freqüentemente, causado por uma sensação despercebida (portanto, que permaneceu inconsciente até o momento). Se nos recusamos a mexer, o incômodo aparece de modo mais preciso, é uma sensação desagradável que a consciência agora pode analisar. A vontade de mexer é sempre indício de tensões importantes no membro ou na parte do corpo que se desloca irresistivelmente. A crispação mais forte se manifesta forçosamente primeiro; é raro que consigamos detectar de imediato a sua origem, mas conseguiremos analisando a sensação que dissimula a vontade de mover-se. Aqui, um exemplo se impõe novamente. Depois de um tempo de relaxamento, estendida sobre as costas, a pessoa sente, por exemplo, uma vontade muito grande de mexer a cabeça. Imóvel, ela procura a sensação que a incita a se mexer. O incômodo encontrase no lugar onde a cabeça toca o solo. Analisando essa sensação, ela a descreve como um esmagamento ligeiramente doloroso dos tecidos cranianos. Ela tem a impressão de apoiar a cabeça muito fortemente no solo. Com efeito, esse apoio não é apenas devido ao peso da cabeça, mas também a uma pressão ativa. Procurando a causa dessa pressão involuntária, mas ativa, ela descobre que se ela não estivesse presente, a pessoa teria medo de que a cabeça descolasse do solo. Sabendo que isso é materialmente impossível, sem nenhum esforço, ela se aventura a relaxar a pressão. Isso alcançado, a sensação dolorosa da cabeça desaparece. (Muitas vezes a causa da hipersensibilidade é devida a uma má circulação local. O relaxamento melhora a circulação e faz desaparecer a dor, particularmente se empregamos a técnica do contato.) O mesmo fenômeno é freqüentemente constatado nos pontos de contato com o solo. A sensação desagradável de esmagamento, indo até a dor, provoca a vontade de mexer. O esmagamento é devido à pressão ativa. Acreditando que a sensação de peso é si~al de relaxamento, o indivíduo toma-se pesado deVIdo à pressão inconsciente contra o solo. A pressão também pode ser causada pela ap.reens~o de voar. A ausência de peso é então assimilada Inconscientemente como uma sensação de

102

'.·~liliiiii;;~~~

__.;. . _. . .

vôo que provoca angústia. Para se defender, o organismo prefere criar sensações de peso apoiando-se no solo. Podemos também não experimentar o medo e, ainda, aproveitar de uma sensação de leveza. Os leitores Iernbrar-se-ão da necessidade de observar sempre objetivamente suas próprias reações. Uma leve dor, inclusive quando inconsciente (por exemplo, no ventre) também pode incitar a mexer. Se o indivíduo se recusa, ele tomará consciência da dor que aliviará por um relaxamento direto desse lugar. A tomada de consciência permite a ele, além disso, reagir racionalmente em uma situação dada; ele evocará, por exemplo, o que comeu e causou a dor, ou ainda sua maneira de comer que deveria ser corrigida, ou, ainda, a discussão viva que teve lugar à mesa etc. A descoberta precoce de um sintoma é sempre favorável. A dor é um aviso, não um inimigo. É por isso que é tão perigoso suprimila com medicamentos sem ter procurado a sua causa. 10 Notemos, também, que uma dor fraca pode engendrar uma angústia tão grande que a sensação de' dor é recalcada antes mesmo de atingir a consciência. A angústia também pode permanecer despercebida assim como a tensão que a recobre. É somente por uma observação muito lúcida que podemos descobrir toda essa cadeia causal.

DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA CORPORAL NO PLANO AFETIVO O desenvolvimento da consciência corporal deveria acontecer harmoniosamente ao longo do crescimento. A criança aprende a se conhecer, a dirigir seu corpo por meio das sensações percebidas, mas a educação recebida dificulta, na maior parte do tempo, esse processo natural. Os educadores têm uma escala de valores sobre as diferentes partes do corpo humano e a transmitem à criança, conscientemente ou não. Há partes "nobres" do corpo (cabeça, braço, por exemplo) e há partes "vergonhosas" sobre as quais não se fala (ventre, nádegas, por exemplo). Há partes desprezadas e recusadas pelo desgosto ou pelo medo (reto, ânus, órgãos sexuais). Os exemplos são dados para mostrar o princípio. Cada um deve descobrir suas próprias reações em relação às diferentes partes do corpo. As circunstâncias individuais decidem a hierarquia de valores. A 10. Em casos de dores paralisantes é preciso, evidentemente, recorrer ao médico . Por outro lado , não se deve jamais manter uma imobilidade rígida, crispada.

•e e •• •• •• •• •• •• e •• •

• •• e •• e •ta

ti

e e e e

• ti ti

•• •e •e • ~

J

.-e e •• •• •• •• •• •• • ti

e

e

• •• e ti

--. -• e

e

e e e

ti

•• e •• •• •e e

•• t,

civilização e as tradições seculares estabeleceram uma hierarquia geral , mas os detalhes podem variar ao infinito, de modo que as diferenças individuais podem ser consideráveis. É evidente que para progredir na compreensão de si mesmo , e assim chegar ao domínio corporal, é preciso ultrapassar esta hierarquia de valores, abandonar a tradição recebida sem dela ter tomado consciência e revalori zar o corpo a partir de critérios pessoais. Como as partes do corpo, as sensações são classificadas de acordo com uma escala de valores. Agradáveis ou desagradáveis, elas são desejadas ou recalcadas. Mas essa hierarquia não é simples. Aí também cada um reage individualmente. O que uma pessoa acha agradável, a outra pode não suportar. Além disso, há reações invertidas, perversas: podemos perfeitamente encontrar prazer em sensações desagradáveis ou detestar uma situação agradável. As reações , na aparência paradoxais, revelam-se, entretanto, perfeitamente compreensíveis quando as analisamos a fundo. Trata-se, sem exceção, de uma escolha inconsciente entre duas sensações e preferimos, invariavelmente, a que incomoda menos. Ela pode mesmo ser muito desagradável, desde que mascare uma outra mais intolerável ainda. É indispensável, para um relaxamento verdadeiro, reconhecer em si mesmo essa categoria de sensações e observar o jogo entre sensações e sentimentos. Uma sensa ção pode esconder um sentimento inconsciente; um sentimento pode ser decorrente de uma sensação não reconhecida. Uma sensação dolorosa, por exemplo, pode ser mais bem aceita que um sentimento de angústia. De uma sensação de incômodo, mas inconsciente, pode ocorrer um estado de medo.

SEGUNDO PROCEDIMENTO DE INTROSPECÇÃO Em vez de apresentar a questão: "O que aconteceria se essa tensão desaparecesse?", podemos ir no sentido oposto e perguntar: " O que aconteceria se essa tensão pudesse se realizar plenamente em um movimento?". Uma tensão residual pode, com efeito, ser um esboço de uma ação recalcada, sufocada ao nascer por razões de ambiente, tradição, medo etc. A maneira de proceder permanece a mesma, ou seja, a questão deve ser apresentada enquanto o indivíduo se encontra em estado de relaxamento. O relaxamento deve ser mantido, a pessoa não deve fazer nenhum movimento exterior. É justamente essa imobilidade que garante o livre desenvolvimento da imaginação e permite responder à questão formulada.

1.-.

Para um caso de tensão residual nas pernas, a questão será, por exemplo: "Qual movimento fariam minhas pernas se essa tensão encontrada pudesse se desenvolver livremente?". À guisa de resposta surgiria, por exemplo, a imagem do indiv íduo nadando , andando a cavalo ou ainda dando violentos chutes em um rival. Assim , a consciência é imediatamente esclarecida sobre a natureza da tensão e de seu contexto psicológico. Se o conflito pertence ao passado, a tensão desaparece de imediato. Se o conflito é atual, a tensão física perde a sua virulência e não representa, conseqüentemente, nenhuma ameaça para a saúde; por outro lado , o problema psicológico correspondente poderá ser resolvido por meio de uma compreensão aprofundada da situação real. Poderíamos objetar que a pesquisa interior só é possível para quem é dotado de imaginação. A isso respondemos, em primeiro lugar, que a imaginação dirigida que está em questão não é criadora no sentido de que criaria imagens totalmente novas e desconhecidas. Nos exercícios descritos, ela procura suas imagens na memória do indivíduo. Ela não inventa nada, apenas ajuda a consciência a lembrarse. Em segundo lugar, a imaginação é uma faculdade da qual ninguém é totalmente desprovido. Se as circunstâncias da vida a deixaram de lado, nada impede que a desenvolvamos e a utilizemos. O essencial é fazer cair as barreiras para lhe dar liberdade de expressão. Não apliquemos mais o julgamento sobre o que a imaginação nos oferece e nós a veremos jorrar como uma fonte inesgotável. De outro lado as imagens e as lembranças ressurgem espontaneamente, às vezes durante breves momentos de distração ou de sonolência. Pensamentos fugidios ou imagens sonhadas têm geralmente uma conexão com a origem das tensões e é importante realçá-los (p. 99).

TERCEIRO PROCEDIMENTO DE INTROSPECÇÃO Em vez de relaxar e permanecer imóvel para desvendar o conteúdo psíquico de uma tensão , podemos também recorrer aos movimentos ativos livres. No exercício dos movimentos livres, como são explicados na página 64, ocupamo-nos apenas das sensações corporais. Mas se nos interessamos também pelos sentimentos que poderiam acompanhar os movimentos e atitudes, então o exercício se torna uma investigação psicológica. O método consiste em permitir a expressão dos sentimentos por meio de movimentos abstratos, em 103

_

ti ta

realizá-los tomando consciência deles. Por meio de uma imaginação dirigida, procuramos evocar a pessoa ou a situação que suscitou os sentimentos. Esse estudo precisa, como os outros, de tempo e tranqüilidade. O único inconveniente é que requer também condições ideais de espaço e liberdade para que possamos utilizar todos os nossos sentidos sem bater na mobília ou fazer cair um vaso, devemos estar seguros de não incomodar ninguém em tomo, de poder bater os pés sem fazer cair o lustre do vizinho debaixo, de poder gritar sem assustar a família! Quando abordamos esse exercício pela primeira vez, é provável que nos sintamos invadidos por um sentimento de curiosidade e de embaraço extremos. Agora que podemos dar livre curso a nossos sentimentos, o que vai acontecer? O embaraço pode ser tão grande que não sabemos o que fazer. A liberdade total para executar qualquer movimento parece quase um incômodo. Qual escolher? Não sabemos. É o momento de nos lembrarmos de que não se trata de saber, mas de sentir. Se não percebemos nenhum impulso espontâneo, iniciaremos um diálogo com nosso corpo perguntando, por exemplo, ao braço: "O que você quer fazer?". Às pernas: "Onde vocês querem ir?". "Para a frente. Em direção a quem? Para trás? Para fugir de quê?". Ao corpo inteiro: "Essa posição te convém? Gostaria de virar assim, de se inclinar para lá?" etc. Lembrando-nos de que somos o único espectador e testemunha do que vai se passar, permitimos aos braços, às pernas, ao corpo se mexerem, abstendo-nos de julgar o movimento de alguma maneira. Obedecemos a cada impulso e começamos logo a descobrir qual sentimento se exprime em tal movimento do braço, suave ou forte, em tal torção do corpo ou na vontade de

olhar para trás de si mesmo, para o alto etc. Havendo necessidade, repetindo o movimento, nos apercebemos de seu significado psicológico: compreendemos que ele é dirigido para tal objeto ou pessoa que exprime tal ou qual desejo etc. É evidente que a revelação de sentimentos, até então recalcados , pode provocar sensações inesperadas (crises de choro , lágrimas, por exemplo). Não se deve criar obstáculos, nem se assustar. Os exercicios descritos nessas páginas não apresentam nenhum perigo. A pessoa permanece consciente de seus atos, testemunha objetiva de seus próprios sentimentos. Não deve haver nem perda de consciência nem perda do domínio de si mesmo. O exercício dos movimentos livres executados somente no plano corporal regenera o corpo inteiro e tonifica os músculos. Aumenta a consciência corporal e o domínio dos movimentos. Permite reencontrar e despertar o instinto do movimento apropriado, também durante as atividades cotidianas. O exercício dos movimentos livres executados no plano afetivo aumenta a consciência corporal e o conhecimento dos sentimentos, assegurando um maior domínio de si mesmo. Libera as energias afetivas recalcadas e as põe à disposição do indivíduo que poderá utilizar-se delas em vez de sofrê-las. Sob a condução de um professor competente esses exercícios podem ser feitos também em grupo, aumentando consideravelmente seu efeito físico e psíquico (o efeito é comparável àquele do psicodrama mimé). Entretanto, em muitos casos, o trabalho individual e pessoal é preferível pois as resistências psicológicas são mais respeitadas. O progresso pode ser mais lento, mas a personalidade se desenvolve melhor em sua intrincada autenticidade.

e

•• •• •• •• •• •• •• e

•• •• •• •e e

e

e

•• • •• ta

e

ta

e

e

•• •e ti

e e

104



e e:

e e e

-•• •• e •• •• •• •• e •• e ••

-

CONCLUSAO

Apesar de esse manual se pretender bastante completo, e a autora ter procurado aprofundar o tema , podemos encontrar lacunas e problemas insuficientemente esclarecidos. O leitor encontrará nas obras da Bibliografia um complemento útil para suas pesquisas. Um só tema foi omitido voluntariamente: o tratamento individual realizado por um eutonista, ao qual podemos recorrer quando queremos obter um resultado mais rápido nos casos de perturbações ou de tensão nervosa excessiva. O professor qualificado pode, por meio de procedimentos apropriados, levar a um aprofundamento do relaxamento e do desenvol-

vimento da consciência corporal que permite ao aluno adquirir um melhor estado físico e psíquico. A terapia pela eutonia é ao mesmo tempo uma ciência, uma arte, uma pedagogia. Seu ensino permanecerá reservado às escolas profissionais de eutonia nas quais ela é uma das disciplinas mais importantes. Uma das finalidades desta obra é difundir a eutonia, pois é uma profissão de futuro . Responde, com efeito, à necessidade de relaxamento que a vida moderna exacerbou e está longe de ser resolvida pelos meios tradicionais. É um meio eficaz de equilíbrio da personalidade, no plano físico e psíquico, assim como no plano afetivo e mental.

e e

•e e •e e •

-, • ; e

;,

, 105

e ti

e

.-

INFORMAÇÕES PRÁTICAS

Na data de impressão deste livro, os eutonistas diplomados se encontravam nos seguintes países: Alemanha, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Suécia -e Suíça.

A formação profissional dura quatro anos e termina com a obtenção do diploma em eutonia Gerda Alexander.

Para obter seus endereços escreva para:

Para obter informações detalhadas escreva para a seguinte escola de formação:

AlEGA Associação Internacional de Eutonia Gerda Alexander Sede social: CH - 1207 Genebra, 2 place des EauxVives.

ESEGA, Escola Suíça de Eutonia Gerda Alexander, CH - 1207 Genebra, 2 place des EauxVives.

•• •• •• • •e •., ta

.' • ei e1

.1

e.

e:

--

-, ~ ~

e! ~

.!

•e e;

e

•_I ei I

= e\ -I .1 !

ei ~:'

. ' . , . II.: ~.,~. .~.~.'.•J.,' '~~;~~ ~ .106

•• • i

e ~

le

•e •• •• •• ta •• • e e

•e e •• e

e

e

•• •• e e e

e e

;e = •

i : ~

l

BIBLIOGRAFIA

DE AJURIAGUERRA, J. e GARCIA-BADARACCO, J. "Les thérapeutiques de relaxation en médecine psychosomatique". In: Presse médicale, 4 de março de 1963; 61, nº 15, Paris, Masson, "L'entrainement psycho-physiologique par la relaxation. Considérations techniques et indications". In: Relaxation. Expansion scientifique Française, Paris, 1959. ALEXANDER E Mathias. The use of the self Londres, Chaterson Ltda., 1946. ALEXANDER, Gerda. "Die Lehre von der Entspannung U. Eutonie". In: Eutonie. Ulm, Haug Verlag, 1964. BARTUSSEK, Alfred. Darm , Erndhrung und Gesundheit. Munique, Drei Eichen Verlag. BERDER, Germaine. four hands can help to heal YOU. Londres , Rider and Co., W. 1, 1955. DE BOUSINGEN, Durand. La relaxation. Presses Universitaires de France, 1961. CHLADEK, Rosalia. Gesetzmãssigkeit kõrperlicher Bewegung als Grundlage tãnzerischer Erziehung. CHOISY, Maryse. fogas et psychoanalyse. Genebra, Éditions de Mont-Blanc, 1949. DESOILLE, Robert. Théorie et pratique du rêve éveillé dirige. Genebra, Éditions du Mont-Blanc, 1961. DIGELMANN, Denise. L' eutonie de Gerda Alexander. Paris, Éditions du Scarabée, 1971. DÜROKHEIM, Karl von. Hara , centre vital de l' homme . La Colombe, Paris, Éditions du Vieux Colombier, 1964. FINK DAvID, Harold. D.M. Release form Nervous _ _ _ o

Tension. Nova York, Pocket Book Speciale,

1966. GEISMANN, Pierre e BOUSINGEN, Robert D. Les méthodes de relaxation . Bruxelas, Charles Dessart, 1968. HERRIEGEL. Zen in der Kunst des Bogenschiessens. Munique, Wilhelm Barth Verlag, 1955. HUXLEY, Aldous. L' art de voir. Paris, Payot, 1959. JACOBS, Dore. Die menschliche Bewegung. A. Rattingen, Henn Verlag, 1962. JACOBSON, E. Progresive relaxation. University of Chicago Press, 1948. LEMAIRE, J.-G. La relaxation. Paris, Petite Bibliotheque Payot, 1964. MAYR, EX. Fundamente zur Diagnostik des Yerdauungskrankheíten. Verlag Neues Leben Goisem (Oberõsterreich), 1921. Wann ist unser Verdauungsapparat in Ordnung? Viena, Verlag Neues Leben, 1951. RAUCH, Erich. Die Dormreinigung , Ulm, Haug

_ _ _ o

Verlag, 1965. REICH, Wilhelm. V égétothérapie. Nova York. Privatdruck. SCHILDER, Paul. The image of the human hody. Nova York, Intemational Universities Press. SCHMIEDECKER, Karl. Untriigliche Zeichen des Gesundheit. Verlag Neues Leben, Goisern (Oberõsterreich), 1955. SCHULTZ, J.H. Das Autogene Trainning . Sttutgart, Thieme Verlag, 1956. VITTOZ, Roger. Traitement des psychonévroses par la réeducation du contrôle cérébral. Paris, Baillere, 1954.

..........-...........-.

_

107

-

--.

ti

e

•• •• • e e

•• e •e ti

-• -• e

e e e

~

= = = •

---• ti I

e

I.-----

•• e • •• J

-

e

e

••-e •e e •• •• e •e

-

-•;

••

•:

LEIA TAMBÉM CONVERSAS COM GERDA ALEXANDER Vida e pensamento da criadora da eutonia Violeta Hemzy de Gainza São entrevistas realizad as na Argentina e na Dinamarca com Gerda Alexander, a criadora da eutonia. A autora desenvolve os principais conceitos do método , explicados por sua própria criadora. A obra contém relato de fatos pessoais de uma vida emocionante e atribulada. Importante leitura para os estudiosos da área, bem como para pessoas que queiram travar contato com o tema. REF. 560

ESTUDOS DE PSICOPEDAGOGIA MUSICAL Violeta Hemsy de Gainza Em linguagem bastante simples e acessível , este texto demonstra uma excelente fundamentação teórica no nível da pedagogia, da psicologia e da música, fazendo-nos refletir e conhecer o alcance da pedagogia musical. REF. 318

LINGUAGEM DO SILÊNCIO Expressão corporal Claude Pujade-Renaud Trata-se de um texto inteligente, não tecnicista, aberto, fazendo pensar e refletir sobre o espaço educacional do corpo. Relata exercícios, reúne depoimentos , critica o atraso e o preconceito na área da expressão corporal na educação. REF. 320

EUTONIA Educação do corpo para o ser Berta Vishnivetz A autora apresenta os princípios básicos deste sistema de educação psicofísica. Para a eutonia, as experiências psicológicas e físicas ficam impresssas na estrutura e memória do corpo. São também visíveis nas posturas, gestos e movimentos. A partir desta compreensão, busca a tomada de consciência corporal, o que resulta em regularização muscular e melhor aproveitamento da energia envolvida nos movimentos. Permite desenvolver o processo de observar-se sem julgar, aumentando o respeito pelos processos individuais. REF. 498

TOQUE SUTIS Uma experiência de vida com os ensinamentos de Pethõ Sándor Suzana Delmanto Um livro inédito que apresenta uma síntese da experiência e da vida do dr. Pethõ Sándor. Médico e psicólogo, foi o criador da Calatonia, um método de toques sutis que proporciona saúde, equilíbrio e bem-estar. O livro inclui um histórico da vida do dr. Sándor, bem como seus ensinamentos, comentários e reflexões sobre o trabalho e a vida. Em formato 21 x 28 em, contém 240 fotos de toques, acompanhadas da descrição e das condições para aplicação. A obra é fundamental para profissionais de saúde e toda pessoa interessada em enriquecer o seu campo de conhecimentos. REF. 598

e e ti

e e

•• •e e •• •• e e e

-• e

•• •• e e e e e e

•e e e

e e

e e

IMPRESSO NA sumagográfica editorialltda

ruaitauna, 789 vila maria são paulo sp telefax 11 6955 5636 sumagocterra.com.br

02111-031

G R

A F I C A

SUYYlQfJO ~ "...

ta

•• •• e • -. •• ~

Related Documents

Eutonia E Relaxamento
January 2021 1
Eutonia
January 2021 2
La Eutonia
January 2021 1
Eutonia Articulo
January 2021 2
Eutonia 1
January 2021 1
Eutonia Y Relajacion.pdf
January 2021 1

More Documents from "viviana losa"