Horaria-por-john-frawley.pdf

  • Uploaded by: Sergio Souza
  • 0
  • 0
  • February 2021
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Horaria-por-john-frawley.pdf as PDF for free.

More details

  • Words: 2,374
  • Pages: 6
Loading documents preview...
 

Introdução à Horária por John Frawley         A  Horária  é  a  arte  de  extrair  respostas  para  perguntas  específicas  a  partir  de  um  mapa astrológico montado para o momento em que a pergunta é feita. É rápida, simples e eficiente, fornecendo respostas concretas e verificáveis. “Quão rápida? Quão simples?” Acompanhe  este  exemplo.  Pode  ainda  não  entender  muito  bem  os  termos  técnicos  que  eu utilizo,  mas  o  princípio  do  julgamento  deve  ser  claro.  O  gato  do  meu  vizinho  começou  a mudar­se aos poucos  para  a  minha  casa.  Quando  se  passaram  dois  dias  e  ele  não  apareceu, eu fiquei preocupado com a sua segurança, então perguntei: ‘Onde está o gato?’ Montei  um  mapa  astrológico  para  o  momento  em  que  eu  fiz  a  pergunta  e  para  o  meu  local. Imprimi  o  mapa  aqui  [abaixo],  e  deixei  de  parte  tudo  o  que  não  era  necessário  para  o julgamento. Estou  a  perguntar  sobre  um  gato.  Este  é  um  pequeno  animal,  e  assim  é  representado  pela sexta casa do mapa. O planeta que rege o signo da cúspide desta casa significa o gato. Peixes está na cúspide da sexta, então o seu regente, Júpiter, significa o gato. Onde  está  Júpiter?  Na  sexta  casa:  a  casa  do  gato.  Então  onde  está  o  gato?  Na  sua  própria casa: no seu lar. Ele  está  bem?  Júpiter,  o  mais  benéfico  dos  planetas  está  em  seu  próprio  signo,  então  tem muita  dignidade  essencial.  Significado  por  um  benéfico  fortemente  dignificado,  o  gato  está muito bem. Júpiter (o gato) está num signo de água, então ele pode, de algum modo, estar molhado. Mas os  signos  de  água  também  mostram  lugares  que  são  confortáveis,  e  assim,  considerando  a natureza  do  animal  e  que  ele  está  claramente  feliz  onde  está  (benéfico  fortemente dignificado), deve ser a escolha mais provável. Então ele está provavelmente enroscado num sofá ou numa cama.  Ele vai voltar? Júpiter está retrógrado: ele está a voltar para onde já esteve antes. Então sim, ele vai voltar. O mapa deu uma resposta específica, verificável, para a pergunta. E fê­lo usando apenas um planeta! A horária é rápida; a horária é simples.

   

  Onde está o gato? 30 de Agosto de 1998, 9:20 AM, BST, Londres     Podemos refinar esta resposta prevendo o momento em que o gato vai voltar. Para isso, deve haver  uma  conexão  entre  o  significador  do  gato  e  alguma  coisa  que  me  represente  ou represente a minha casa. Júpiter não está a fazer um contacto deste tipo neste mapa, assim, precisamos  introduzir  um  segundo  planeta.  A  Lua  é  regente  natural  de  todos  os  objectos perdidos, especialmente os animados. A pessoa que faz a pergunta é representada pelo Ascendente e pelo seu regente. A Lua aplica­ se a um sextil ao Ascendente. Assim como a sexta casa pode ser literalmente tomada como a casa  do  gato,  a  primeira  é  literalmente  a  minha  casa.  A  Lua  deve  percorrer  quase exactamente  um  grau  para  completar  este  aspecto.  Então,  o  gato  vai  voltar  em  quase exactamente  1  unidade  de  tempo.  O  signo  e  a  casa  no  qual  a  Lua  está  enquanto  faz  este aspecto  diz­nos  que  unidade  de  tempo  é  esta.  Com  a  Lua  num  signo  mutável  e  numa  casa cadente,  a  unidade  deve  ser  um  dia.  Assim  o  gato  vai  voltar  quase  exactamente  24  horas depois do momento para o qual o mapa foi montado. E assim aconteceu. Mesmo agora, nós temos só dois planetas no mapa. Apesar disso temos uma previsão precisa,

exacta, com tempo determinado. A horária é simples. Nem  todo  o  mapa,  como  poderia  ser  esperado,  é  tão  simples  quanto  este  aqui.  Mas  muitos são.  Uma  boa  proporção  de  mapas  horários  pode,  com  conhecimento  e  prática,  ser  julgado com  um  rápido  olhar.  A  horária  era  a  principal  técnica  utilizada  pela  maioria  dos  astrólogos durante o Século dezassete, e é de consenso geral que uma consulta astrológica que utilizava a  horária  podia  ser  realizada  em  mais  ou  menos  quinze  minutos.[1]  Nestes  quinze  minutos estavam incluídas as habituais gentilezas sociais dos cumprimentos; o cliente explicava o que ele  desejava  saber  e  dava  qualquer  detalhe  relevante  –  ou,  quase  sempre  irrelevante  –  da situação;  a  negociação  de  um  pagamento  aceitável;  o  astrólogo  ajustava  o  mapa  que  havia montado no começo do seu dia de trabalho para reproduzir a hora a que a pergunta foi feita; julgava o mapa e dizia ao cliente qual era o seu julgamento; se a resposta dada não era o que ele  estava  à  espera,  o  cliente  possivelmente  reagia  com  alguma  descrença:  ‘Huh!  E  o  que  é que você sabe?’; o astrólogo então olhava de novo o mapa e respondia, ‘Eu sei que você tem uma  grande  mancha  vermelha  de  nascença  na  sua  coxa  esquerda’,  para  convencê­lo.  Tudo isto em quinze minutos. Até os mapas mais complexos são julgados não por algum arcano ou truque complicado do método, mas fazendo algumas operações simples inúmeras vezes. E não foi apenas a rapidez e a economia de esforço que fizeram da horária o suporte principal da prática astrológica: para muitas questões, ela era e ainda é a ferramenta mais apropriada. Qualquer que seja a situação, se o cliente quiser saber alguma coisa específica, use a horária. A  maioria  das  respostas  podem  ser  encontradas  mais  rapidamente  e  mais  fiáveis  através  de um  mapa  horário  do  que  do  estudo  de  um  mapa  natal;  muitas  respostas  não  podem  ser encontradas  de  todo  no  mapa  natal,  não  importa  quão  detalhada  ou  demorada  seja  a investigação, ou quão competente seja o astrólogo. O mapa natal não irá revelar se vai chover no dia em que planeou um churrasco, se deve vender os seus  dólares  para  comprar  prata,  o que  o  seu  amado  realmente  sente  por  você  –  ou  onde  o  gato  pode  estar.  Embora  estes  e outros assuntos parecidos, todos entrelaçados, componham o tecido da nossa vida.

Muitos  daqueles  que  procuram  um  astrólogo  para  uma  consulta  têm uma pergunta particular em mente. É claro que é muito mais simples procurar  num  mapa  apenas  aquilo  que  interessa  a  esta  pergunta,  do que  tentar  roer  a  carne  dos  ossos  daquela  pergunta  no  mapa  natal, que  mostra  o  valor  de  uma  vida  de  perguntas  complicadas  em conjunto. A  horária  era  tradicionalmente  considerada  como  sendo  o  ponto  de  entrada  do  estudante  no estudo  da  astrologia.  Uma  razão  para  isto  é  que  ela  é  muito  mais  simples  do  que  os  outros ramos  da  astrologia,  tal  como  a  natal  ou  a  mundana.  Assim,  permite  ao  estudante  adquirir com comparativa facilidade o domínio das técnicas que formam a maioria daquelas utilizadas, com maior elaboração, nestes outros ramos. Pode ser vista como equivalente ao domínio das escalas  para  uma  pessoa  que  esteja  a  aprender  um  instrumento  musical;  como  tal  ela  é  um prelúdio  necessário  a  um  estudo  mais  avançado.  Mas  ao  contrário  do  domínio  das  escalas musicais, a horária é de uso prático imediato. “A horária é apenas preditiva?” De modo algum, ela é mais conhecida pela sua habilidade de fornecer previsões exactas, mas também pode ser usada para investigar o passado (‘O pedreiro roubou o meu anel?’). Seu uso mais  interessante,  no  entanto,  é  o  de  analisar  uma  situação.  Bem  mais  valioso  do  que  fazer perguntas  preditivas:  ‘O  meu  casamento  vai  terminar  em  divórcio?’  é  fazer  a  pergunta analítica: ‘O que está  errado  com  o  meu  casamento  e  o  que  eu  posso  fazer  sobre  isso?’  Isto também pode ser feito com a horária. William Lilly e os primeiros princípios O grande mestre da horária é William Lilly, um astrólogo inglês que viveu de 1602 a 1681. A sua  Astrologia  Cristã,  publicada  em  1647,  é,  e  permanecerá,  como  o  manual  modelo  da horária.[2]  O  livro  que  tem  nas  suas  mãos  apoia­se  grandemente  nesta  obra.  A  diferença, além  de  ter  sido  escrito  em  Inglês  moderno  para  leitores  modernos,  está  na  sua  grande ênfase  sobre  os  primeiros  princípios.  A  clareza  sobre  os  primeiros  princípios  evita  a

necessidade  de  longas  listas  de  testemunhos  menores,  muitas  vezes  com  base  empírica,  que são uma grande característica da obra de Lilly. Os  testemunhos  menores  não  fazem  um  julgamento  e  podem  em  geral  ser  ignorados. Considere: se perguntamos ‘Quem venceu aquele jogo de futebol?’ tudo o que nos preocupa é o  testemunho  principal  de  quem  marcou  o  maior  número  de  golos.  Quem  teve  o  maior domínio  da  bola;  quem  fez  mais  cantos;  quais  os  jogadores  que  mais  emocionaram  a multidão:  são  testemunhos  menores,  que  não  afectam  directamente  o  resultado.  No  método horário  como  o  explico  aqui,  estou  a  enfatizar  apenas  os  golos  que  foram  marcados.  Este  é um exemplo da Regra das Regras: Mantenha a coisa Simples! Os  leitores  que  já  conhecem  horária  perdoar­me­ão  estas  passagens  onde  eu  discuto, esclareço  ou  refuto  os  pontos  de  Lilly.  Isto  é  necessário  para  aqueles  leitores  que  estão familiarizados com a sua obra. Preliminares Em primeiro lugar, grave estas palavras de Jerome Cardan no seu coração: Aquele que tem um conceito demasiado grande de si mesmo estará propenso a cair em muitos erros no seu julgamento; contudo por outro lado, aquele que não tem confiança em si próprio, não é adequado para esta Ciência.[3] Este  estudo  exige  humildade.  Você  não  pode  refazer  a  astrologia  à  sua  imagem.  Pode encontrar  muitas  coisas  aqui  que  diferem  do  que  aprendeu  anteriormente,  ideias  que  pode prezar. Em vez de impor essas ideias sobre o que está a ser ensinado, coloque­as de lado por um momento, experimentando o que está a ser dado aqui, até ver que isto funciona. Este  estudo  exige  uma  certa  coragem.  A  horária  capacita­nos  a  dar  respostas  claras  e detalhadas.  Não  há  nuvens  de  ambivalência  que  nos  auxiliem  a  escondermo­nos  quando  as respostas  forem  erradas.  Lemos  o  mapa;  damos  o  julgamento;  erramos  ou  acertamos  – algumas  vezes  bem  rapidamente.  As  regras  dadas  aqui  são  o  seu  suporte  básico.  Nenhum astrólogo  alguma  vez  foi  infalível,  mas  seguindo  estas  regras  poderá  adquirir  uma  firme  e crescente segurança no julgamento.  O leitor que tem algum conhecimento de astrologia pode sentir­se tentado a saltar os capítulos iniciais.  Não  faça  isso!  Ensinando,  verifiquei  que  mesmo  os  estudantes  com  qualificações provenientes  das  mais  importantes  escolas  astrológicas,  frequentemente  tinham  lacunas surpreendentes no seu conhecimento dos pontos básicos. Ser claro nestes pontos é essencial. Se você não entender os blocos básicos de construção, qualquer coisa que construa com eles não será sólida. Este é um livro para se trabalhar com ele, não para ler. As margens são amplas para permitir anotações. Estude os exemplos até ter a certeza de que entendeu o porquê de eu dizer o que eu  disse.  Pergunte  a  si  mesmo:  ‘Porque  é  que  ele  disse  isto?’  e  ‘Porque  é  que  ele  não considerou  aquilo?’  Depois  pratique,  pratique  e  pratique.  Faça  as  suas  próprias  perguntas horárias.  Embora,  uma  vez  dominada,  a  horária  seja  melhor  utilizada  de  forma  moderada, enquanto  está  a  aprender  pode  perguntar  sobre  todos  os  assuntos  triviais  que  cruzam  a  sua mente.  Perguntas  com  as  quais  não  iria,  em  geral,  perder  tempo,  como:  ‘Quando  é  que  o carteiro  vai  chegar?’,  ou  ‘A  minha  mãe  vai  telefonar  hoje?’,  mas  tudo  o  que  vem  à  rede  é peixe.  Depois  volte  aos  seus  julgamentos.  Se  algum  estiver  errado,  estude  o  mapa  de  novo até que tenha descoberto o porquê. Esforce­se  sempre  para  alcançar  um  julgamento  e  tome  nota  deste  julgamento.  Guarde  os mapas  para  que  possa  examiná­los  logo  que  seja  conhecido  o  resultado.  Quando  estiver  a responder  às  suas  próprias  perguntas,  é  fácil  de  fugir  ao  assunto,  tornando  o  julgamento ambíguo.  Também  é  fácil  desistir,  pensando  que  o  mapa  está  além  da  sua  compreensão. Dessa maneira não irá aprender nada. Não importa o quão experiente se torne, a horária irá continuamente  pedir­lhe  que  vá  além  do  que  você  pensa  que  sabe.  Para  um  astrólogo  assim como  para  um  atleta,  é  o  esforço,  acima  de  tudo,  que  traz  a  excelência.  Force­se  a  ir  mais além no seu conhecimento, e ficará maravilhado com o que vai conquistar. Lembre­se que até William Lilly se descreveu a si mesmo como um ‘estudante’ de astrologia. 

Não é preciso ter uma pergunta para se julgar um mapa horário. Pegue qualquer mapa, tanto um  seu  ou  um  de  um  livro,  e  faça­lhe  novas  perguntas.  Tenha  algumas  destas  perguntas focadas nas pessoas além do ‘Eu’; (e.g. ‘O casamento do meu irmão vai sobreviver?’, ‘O meu chefe  vai  assumir  aquele  novo  cargo?’,  ‘Quando  irá  o  meu  cão  encontrar  uma  namorada?’). Apenas  não  leve  com  muita  seriedade  os  seus  julgamentos  para  estas  perguntas  inventadas! Isto  é  uma  excelente  prática:  você  está  a  aprender  uma  linguagem;  você  não  vai  tornar­se fluente sem tentar repetidamente falar esta linguagem. Antes de montar um mapa, pergunte a si mesmo o que espera ver nele. Como a situação será mostrada?  Muitas  vezes  você  estará  errado,  mas  fazer  isto  irá  gradualmente  alinhar  o  seu pensamento com o processo de funcionamento do mapa. Quando  estou  a  julgar  um  mapa,  considero  útil  pensar  nos  termos  mais  simples,  como  já demonstrei nos exemplos aqui. ‘Ele é um bom rapaz ou é um mau rapaz?’, ‘Bom, indiferente ou  horrível?’.  Pode  por  vezes  parecer  com  Aprenda  a  Ler,  Livro  nº  1,  mas  fazendo  isto  irá impedi­lo de se confundir em conceitos abstractos. O mapa irá guiá­lo a toda a complexidade que  precisa;  manter  cada  passo  tão  simples  quanto  isto  vai  permitir­lhe  entender  a complexidade quando você chegar lá. Mantenha tudo simples. Acima de tudo, não se culpe demais se fizer julgamentos errados. O melhor dos jogadores de futebol pode falhar uma grande penalidade. Isto não significa que ele de repente se tornou um mau jogador. Isto não significa que marcar penalidades seja impossível. Isto não significa que o futebol é uma tolice. Tudo o que significa é que ele falhou aquele pontapé.

   

    [1] Keith Thomas, Religion and the Decline of Magic, Londres, 1971. Rep. Londres, 1991, pág. 364. [2] A melhor edição moderna é a edição da Astrology Classics, do Astrology Center of America, Abingdon, 2004. Astrologia Cristã será citada daqui em diante como Lilly.

[3] Em Guido Bonatus, The Astrolger´s Guide, Londres, 1676; seção Cardan, aforismo 2. Livro de agora em diante referido como Bonatus.

   

Tradução da versão inglesa por: Paulo Alexandre Silva, DMA

Tradução integral do 1º Capítulo do livro: The Horary Textbook por John Frawley  

 

Texto gentilmente cedido por John Frawley www.johnfrawley.com     Copyright © Paulo Alexandre Silva. Todos os direitos reservados.

Home | Consultas | Estudos | Utilitários | e­Books | Livros | Links | Bio | Contacto  

More Documents from "Sergio Souza"