Szondi

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"Esta vida não é um estado de devoção, mas a conquista da devoção; não é ter saúde, porém conquistar a saúde, não é ser, mas vir a ser, não é repouso e, sim, atividade. Nós ainda não somos, seremos. A vida não está pronta e acabada, mas em elaboração, não é meta, mas é o caminho."

Lutero

GÊNESE E HISTÓRICO DA CARACTEROLOGIA DE SZONDI Lipot Szondi foi um psiquiatra húngaro que nasceu em 1893 e morreu aos 92 anos, em plena atividade criativa. Depois de formado em medicina, ao mesmo tempo em que aprofundava seus estudos sobre Freud, passou a exercer um cargo no instituto de genealogia de Budapeste. Estudava as árvores genealógicas das famílias mais importantes desta cidade. Um dia, ao atender a esposa de um homem que o acompanhava, achou que as queixas desta já lhe eram familiares, a ponto de levantar imediatamente o seu diagnóstico. Lembrou-se então, ao conversar com este homem, que ele, quando criança, havia acompanhado a própria mãe na ida ao consultório e que manifestara as mesmas queixas. Num outro momento de sua vida, aos 20 e poucos anos, quando estava noivo, teve um sonho. No sonho via-se casando com a mesma moça que fora noiva e, posteriormente, esposa do seu irmão. Este irmão fora muito infeliz no casamento e Szondi percebeu então que a moça de quem estava noivo era igual a esposa do irmão, e que estava prestes a repetir destino idêntico. Esta compreensão o fez romper o noivado. A partir daí, relacionando suas pesquisas com a prática médica, começou a estabelecer certos elos na continuidade dos sintomas das doenças mentais ao longo das gerações. Verificou-se que não só parecia existir uma recorrência de sintomas psicopatológicos dentro de uma mesma família mas que também havia recorrência das mesmas profissões. Aos poucos, todo este imenso material foi se transformando numa espécie de quadro das figuras do destino humano, o que se consolidou após ter tido um sonho onde um certo número de rostos humanos apareciam representando as principais modalidades que o destino individual humano pode tomar. Daí começou a procurar nos hospitais psiquiátricos pessoas que correspondiam àqueles rostos, e curiosamente as achou, quase que exatamente como havia sonhado. Desta forma, constatou que as principais doenças mentais catalogadas pela psiquiatria se relacionavam com as figuras do destino que começavam a se delinear, ou seja: constatou que, nas doenças mentais, um certo tipo de destino aparecia de uma maneira mais nítida ao passo que nas pessoas sadias as várias figuras do destino se confundiam. Chegou a conclusão de que em certas vidas humanas as forças que determinam o destino aparecem de forma pura, não misturadas com outras forças. Por isso, na sua visão, o destino humano possui figuras ou modelos, e as biografias das pessoas poderiam ser resumidas em um certo número destes modelos. Algumas destas forças ou impulsos tomam a dianteira e chegam a ser plenamente determinantes do destino, excluindo as outras. Nas pessoas sadias estas mesmas forças ou impulsos são contrabalançadas por outras e se anulam mutuamente, aparecendo misturadas e não em forma pura como nos casos patológicos. Desse modo, Szondi se viu estudando 80 mil fotografias de doentes mentais, de onde selecionou 48 fotos, que comporiam as "faces do destino", e que seriam redutíveis a 8 tipos principais, que refletiam as oito doenças mentais catalogadas pela psiquiatria da época. A escola de Szondi é conhecida como a terceira escola, por intermediar Freud e Adler. Todo o estudo de Freud centraliza-se no indivíduo e numa unidade familiar mínima e abstrata não encarada em si mesma como unidade social mas sim encarada no seu reflexo dentro da estrutura psíquica do indivíduo. Já Adler, por sua vez, encara o indivíduo levando em consideração unicamente o meio social; portanto, ao contrário de Freud que vê concretude no indivíduo. Para Adler o concreto é a sociedade. Sendo o indivíduo apenas uma unidade abstrata que só se determina por sua luta pelo poder, isto é, pelo seu confronto com a sociedade. Szondi, intermediando ambas posições, admite tanto o inconsciente pessoal de Freud como o inconsciente social de Adler, além de definir um inconsciente familiar, quando procura compreender todas as histórias dos antepassados do indivíduo, não raciocinando apenas sobre uma família abstrata. Este inconsciente familiar se traduz em padrões e figuras de comportamentos, configurando certos destinos, que tendem a se repetir ao longo das gerações. Além do que, devemos salientar que a caracterologia de Szondi é uma caracterologia médica. Tem uma finalidade não puramente descritiva e, sim, dinâmica, ou seja: orientar o terapeuta a interferir na vida do paciente de maneira que o seu destino não se estanque e tenha continuidade. A perspectiva de Szondi não é filosófica, é científica, em grande parte descritiva; ele não estava interessado na definição das categorias que usava - instinto, pulsão etc. - mas somente na sua descrição. Por isso mesmo que muitos dos elementos que entram em jogo nesta psicologia não tem um conceito claro, visto que são dados empíricos. Durante sua vida, Szondi apenas desenvolveu diversas teorias genéticas e psicológicas, chegando a uma espécie de determinismo genético, que é uma variedade da teoria filosófica, comum da predestinação. Ele próprio afirmou, no entanto, que seu trabalho não é filosófico mas biológico e biopsicológico, o que pode ser atestado

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através de um trecho de seu primeiro livro, onde apresenta os principais dogmas de sua teoria biológica: "Os fatores latentes da hereditariedade nos seres humanos, os genes recessivos, não permanecem dormentes ou inativos no organismo mas manifestam uma influência muito importante e até mesmo decisiva no comportamento. Essa teoria dos genes latentes ou recessivos afirma que esses fatores hereditários não dominantes determinam a seleção objetiva, voluntária ou não, do indivíduo. Os impulsos resultantes dirigem a seleção do indivíduo em relação ao objeto do amor, às amizades, ocupações, doenças e formas de morte. Então, desde o início da vida humana, existe um plano vital oculto, orientado por esses impulsos".

Apesar do volumoso material genealógico exposto por Szondi, é duvidoso que a genética moderna apoie sua teoria. Pode-se, pelo menos, dizer que os efeitos dos genes latentes recessivos sobre o comportamento da espécie humana em particular constituem uma questão aberta, principalmente quanto à determinação da dominância e do caráter recessivo de certas particularidades psicológicas. Dentro da própria escola Szondiana surge, mais tarde, com o Dr. Claude Van Reeth, a hipótese de que, mesmo não sendo hereditárias, as doenças mentais poderiam ser recorrentes dentro de uma mesma família, dada a repetição de uma espécie de "discurso familiar", ou seja, independente da transmissão pelos genes, poderia haver alguma outra forma de transmissão familiar que não a biológica. No entanto, Szondi, pessoalmente, sempre insistiu na questão da hereditariedade. O tema hereditariedade, considerado tabu na época de Szondi, sempre esteve relacionado principalmente em nosso século, as correntes de direita, conservadoras e defensoras da hierarquia e do domínio das classes ditas inferiores pelas superiores. Com isto a questão da hereditariedade confundia-se com disputas entre autoritarismo e democracia, razão pela qual podemos entender porque a psicologia de Szondi não obteve, em sua época, a devida repercussão. ANTROPOLOGIA SZONDIANA: Fatores do destino e quadro pulsional A configuração que a sua "psicologia do destino" assumiu depois de várias décadas pode ser resumida por duas figuras; a primeira delas é a figura dos fatores do destino, que acaba formando uma antropologia, uma grandiosa concepção do homem face a seu destino e a seu desenvolvimento, a ponto de se admitir que na vida do indivíduo há um plano definido. Este plano compreende seis forças ou é elaborado por seis camadas de causas, que são designados como fatores do destino e que podemos representar como um cone de várias seções:

O Espírito, suprema instância do destino

Ego Ambiente Cultural Ambiente Social Natureza Pulsional Hereditariedade Estes seis fatores que se superpõe são as forças que fazem o destino, que é o plano vital oculto do homem. Os antigos gregos chamavam o destino de daímon, que tem dois significados: 1. compulsão, limitação da vontade através da força externa; 2. relacionamento consangüíneo. Portanto, destino é a compulsão exercida pela hereditariedade e pelo ambiente. A filosofia existencialista acolhe o ponto de vista de que o destino é aquele controle exercido sobre o curso da vida desde a concepção

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até a morte. A possibilidade da transformação do destino ao longo do tempo baseia-se no fato de que dessas seis forças determinantes do destino, o indivíduo coloca em primeiro plano ora o poder compulsivo da hereditariedade, o seu quadro pulsional pessoal, o ambiente social e cultural e ora a liberdade do ego e do espírito. Por isso, o destino de um indivíduo nem é pré-determinado compulsiva e integralmente por fatores internos e externos e nem totalmente livre, em cada instância envolvendo a ação do destino há uma porção diferenciada de compulsão e uma porção de liberdade que relacionam-se mutuamente. Sendo estes os seis fatores do destino é fácil entender que a quantidade da influência que cada um terá não está pré-determinada; se estivesse não haveria liberdade alguma. Ao longo dessas seis camadas nós caminhamos da necessidade natural para a liberdade espiritual; portanto existe uma gradação de valores. O destino humano vai se decidir entre uma esfera que é puramente biológica e outra que diríamos espiritual. Ambas escapam da psicologia - mas são seus limites. Szondi baliza estes dois pontos como qualquer psicologia o faz, só que lhes dá o status devido. Quando Szondi fala do espírito, ele não está falando no contexto de uma especulação teológica: está querendo se referir apenas a uma certa dimensão que todo homem tem, que lhe permite às vezes superar-se e moldar o seu destino em função de valores que o superam. Isto é um dado histórico. É fácil verificar que o homem pode fazer isto, como de fato tem feito. AS DUAS FORMAS DO DESTINO: COMPULSÃO E ESCOLHA As pedras para a edificação do destino de um indivíduo são fornecidas por seus pais. Cada ancestral com sua exigência vital específica e sua forma vital especial, constituem para a prole "uma estrutura e uma figura". Denominamos este campo de exigências ancestrais ocultas de inconsciente familiar. Cada ancestral surge aí como uma probabilidade específica de destino. Assim o homem possui não apenas um destino mas muitas possibilidades inerentes de destino, implantadas através da hereditariedade no inconsciente familiar. Neste sentido repousa a compulsão ancestral com relação à escolha amorosa, das amizades, do trabalho, da doença e da morte. Por esta razão aquela porção do destino condicionada pelos pais e impingida sobre nós é chamada de destino compulsivo. Mas quem em nosso interior escolhe dentre as inúmeras possibilidades de destino herdadas, dentre aquele destino pulsional, que irá dominar a vida do indivíduo? É o ego que rejeita todos os outros planos de destino ou integra os elementos ancestrais hereditariamente transmitidos em uma nova e única personalidade que até agora nunca existira. Denominamos destino seletivo aquela porção do destino que foi voluntariamente escolhida ou integrada pelo ego. Sendo assim, o destino não é imóvel, estático; pelo contrário, ele é constituído por antíteses que são dialéticamente ativadas. Os seis fatores determinantes do destino são continua e mutuamente estimulados, transformando-o. Esta possibilidade transformadora da estrutura do destino é um requisito para a saúde psicológica. Se o destino se torna enrijecido em um ponto específico da dinâmica da vida, trata-se de uma doença do destino. Doente em seu destino é o indivíduo que se tornou incapaz de resolver as antíteses e contradições de suas compulsões de destino por meio do destino seletivo, geralmente é o indivíduo que possui um ego doente, em que o acesso para o espírito e a fé se tornou bloqueado. É óbvio que o animado regente do dinamismo do destino é o ego. Este, que escolhe o destino, deve se ocupar continuamente entre a hereditariedade, a natureza pulsional e o ambiente social e cultural por uma lado, e a mente ou espírito por outro. O ego é a ponte pela qual o hiato entre corpo e psique, inconsciência e consciência, onipotência e impotência, hereditariedade e espírito, homem e Deus é ativado. Por essa razão o ego é a instância transcedental. Este ego engajado continua e ativamente no processo de seleção arrasta o destino bem como aquela porção de vida selecionada com ele. O destino, bem como o ego que o escolheu, está sempre em movimento; se o ego se torna enrijecido, o mesmo ocorre com o destino. Por causa disso o progresso do indivíduo ao longo da extensa trilha para a dignidade humana, a humanização, é interrompida. E isto é real, pois o destino é a aceitação voluntária da tarefa e a promessa da obrigação de se tornar um indivíduo. A escolha faz o destino mas as primeiras escolhas são ditadas pela própria natureza pulsional instintiva que vem da hereditariedade, ou seja: do repertório do inconsciente familiar cristaliza-se uma fórmula pessoal, que é uma combinação peculiar que passa a vigorar. Movido por essa fórmula pessoal é que se farão as primeiras escolhas; movido, não ainda pelo ego mas por certo repertório cristalizado do total das exigências latentes dos antepassados. Aos poucos, através tanto do ambiente social quanto cultural, o indivíduo

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assumirá outras figuras de vida possíveis, outras posturas, que ele descobre não em si mas fora, observando como outras pessoas vivem. E isto é um dado que só surge com o meio social e a cultura a medida que essa possibilidade de escolha vai se consolidando, ela encontra apoio num dos impulsos existentes definido como impulsos do ego. E aí, aos poucos vai se consolidando o ego propriamente dito que bem desenvolvido, se tornará o ego pontifex, que faz suas escolhas e constrói seu destino. Mesmo a escolha mais livre estará predeterminada, ao menos do ponto de vista material e não formal. A forma lógica do destino é o ego quem vai dar (é o que o diagnóstico astrológico ilustra?), inventando-a de acordo com os valores e ideais aprendidos da cultura e do espírito. Porém, a matéria, o de que ele fará o seu destino já terá sido oferecido pela sua hereditariedade, pelo próprio quadro pulsional e pelo meio social. Por isso o homem não é livre e nem escravo: ele é um jogo, uma dialética, uma luta para ser livre. Nesta luta, ele depende sobretudo do elemento cultural. Neste mesmo esforço para ser livre os primeiros passos são determinados apenas pelos tais impulsos do ego e não pelo ego propriamente dito. EGO PONTIFEX A existência do indivíduo tem por base uma estrutura oponencial, ou seja, formada por pólos opostos que podem se relacionar de duas maneiras distintas. A primeira é a relação de oposição dita complementar e a segunda é a contraditória, em que reciprocamente se processa a exclusão dos antípodas. As oposições psíquicas são quase todas de natureza complementar e complementam-se alternadamente. Já os pares de opostos contraditórios excluem-se reciprocamente; por isso, nunca podem integrar-se num só. Entre pares de opostos contraditórios, é correta a escolha de um dos antípodas; temos de "escolher" um só dos componentes do par. Para a psicologia porém, estão em primeiro lugar os pares opostos complementares, que não são desorientadamente independentes, nem estão propriamente separados, mas vivem numa coexistência recíproca movendo-se dialeticamente, havendo por isso uma constante colaboração, uma coordenação recíproca alternada entre eles, através da qual se completam. Se assim é, devemos admitir uma instância superior, uma administração central da psiquê, funcionando como árbitro do acordo entre as partes em litígio. Isto quer dizer o seguinte: devemos instituir uma instância conciliadora acima dos pares de oposição que, por assim dizer, unificasse a cooperação recíproca e complementar dos oponentes. Uma tal instância deve ser ainda distribuidora de poder, organizadora, assumindo o encargo de controlar os antagonismos. Definimos essa instância como ego, o pontifex oppositorum, conciliador de todos os antagonismos psíquicos. O ego socializa e sublima, individualiza e humaniza todos os antagonismos da natureza instintiva. O ego é a ponte que pode ligar todos os pólos no interior da psique. O ego é o eixo complexo da roda do destino, de cujos pólos pendem os pares de oposição psíquicos. Isto quer dizer, o ego não é propriamente divindade onipotente nem criatura impotente; é uma combinação do divino e do humano; não é mente nem natureza; é a ponte entre mente e natureza pulsional; não é objeto nem sujeito, é o mediador entre estes; não é um feixe de funções nem uma função especial independente, é a mão que coliga num feixe as funções isoladas; não é homem nem mulher, é a combinação em nós destes; não é o centro da consciência nem uma parte do inconsciente, é um eixo interligando-os; não é somente vigília nem somente sonho, é a ponte entre vigília e sonho; não está próximo nem distante, é a ligação entre estes. O ego pontifex opositorum deve ser definido como instância transcedental, integralizadora e participante. Só deste modo pode atuar como instância vivificadora. Porém, como é possível que uma única influência diretiva possa conciliar e integrar todos os antagonismos? As condições preliminares da atividade do ego pontifex são: 1) A transcendência, logo a faculdade de sobrepor-se a todos os setores; 2) A integração, isto é, a capacidade de, partindo de suas partes, reestabelecer o todo; 3) A participação, ou seja, o poder de unificar, de associar-se a tudo, aos homens e as coisas no mundo e no universo. Entretanto, Szondi distingue entre o que é um impulso do ego e o ego propriamente dito. O impulso de ego é o impulso para preservar a si mesmo e expandir-se. E o ego propriamente dito é o autor das escolhas. Existe

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um impulso de ego que está colocado já na natureza pulsional do indivíduo; e existirá ou poderá existir o ego propriamente dito, que Szondi chamará de ego pontifex, o ego construtor de pontes. Trata-se do ego que, fazendo as escolhas, harmoniza como pode as suas várias necessidades. Este outro ego pode atrofiar-se, sumir e deixar lugar somente ao impulso de ego. Quando todas as suas escolhas são determinadas pelos fatores inferiores da pirâmide não temos mais aquele ego pontifex - temos apenas o impulso de ego, que é uma espécie de raiz do ego, um ego que ainda não está formado. Sem o ego verdadeiro não é possível a formação de valores. Por isso, só existirá saúde enquanto todos os fatores mantiverem certo dinamismo entre si, e isto convocado pelo eu, sendo que os impulsos fornecerão, então, o tipo de energia necessária para uma determinada ação mas sempre obedecendo ao chamamento do eu. Para que isto aconteça é necessário conhecer o próprio repertório de impulsos, os personagens que existem dentro de si e que forçam uma manifestação. Em função de valores livremente aceitos, a pessoa tem que optar por este ou aquele comportamento e chamar os personagens - os impulsos - para que dêem apoio aos mesmos o que só ocorre através das decisões do eu. Essas decisões passam a ser livres a partir do momento em que não vêem prontas, mas são elaboradas no próprio eu com conhecimento de causa. SOCIALIZAÇÃO E HUMANIZAÇÃO O caminho do homem é a passagem de um destino compulsivo a um destino de livre arbítrio, isto é, quando os motivos que determinam as escolhas passam a ser livremente escolhidos pelo ego dentro do repertório de valores dado pelo espírito ou pela inteligência. Os nossos impulsos caminham para ser, em primeira instância, socializados, ou seja, tem de encontrar canais de expressão compatíveis com o meio social onde estamos, e só então são humanizados, isto é, tomam forma humana. Isto ocorre quando chegamos ao último fator do destino, o espírito, que é aquele que transformará os impulsos em valores. Um instinto é dito socializado quando encontra um meio de expressão considerado legítimo no ambiente em que se vive. Uma vez socializado, o impulso deixa de ser uma importante força de destruição social, requisito mínimo indispensável à formação de valores humanos numa sociedade. Valores que, surgindo no seio de cada atividade social, transformar-se-ão em sólidos princípios daquele meio. Valores que, em escala individual, libertam as pessoas, fazendo-as transcender o próprio código ético do meio em que vivem. Toda atividade humanizada torna-se um bem comum. Não sendo exclusivos de qualquer sociedade em particular, os valores humanos estendem-se a toda a humanidade. Por isso, dentro da psicologia szondiana, socializar, e humanizar são duas faces do desenvolvimento do indivíduo. Na primeira, o indivíduo usa seus instintos como apoio para uma atividade socialmente útil, ou inofensiva; ou seja, é a fase que torna os instintos do sujeito compatíveis com a sua sobrevivência num determinado meio social. Já humanizar consiste em colocar estes mesmos instintos a serviço de valores universalmente consagrados e livremente escolhidos pelo indivíduo. Lembre-se que é a razão - que é representada como uma cruz que você carrega - que vai conferir dignidade ao ser humano pois é através dela que ele vai descobrindo a consciência da necessidade da busca incessante da verdade e é esta busca que vai humanizá-lo cada vez mais. Sendo assim, o primeiro tipo de doença seria a doença de socialização, quando a tendência hereditária e a natureza pulsional do indivíduo não encontraram canais socialmente válidos, socialmente inofensivos, ou onde a expressão dos seus instintos não chegasse a lesá-lo, onde ele não fosse portanto rejeitado pelo meio social e nem ineficiente neste mesmo meio. Esta incompatibilidade com o meio e esta incapacidade de agir em benefício próprio em seu meio social são sofrimentos horríveis e que tirarão o indivíduo do seu meio social. Além do quê, a medida que a sociedade se complexifica, este tipo de socialização simples e mais ou menos automática vai tornando-se cada vez mais difícil não sendo possível nem mesmo a socialização automática, o sujeito tem que subir para a faixa seguinte, ou seja, obter um conhecimento que o habilite a saber mais ou menos o que está se passando e quais são as alternativas de comportamento existentes. Szondi usa aí o termo "cultura", no sentido de cultura letrada, cultura superior. Mas toda a cultura que o sujeito tem pode não lhe ser suficiente para resolver os problemas com os quais defronta-se, o que o obrigará a individualizar as soluções, a inventá-las - o que compete ao ego. E este poderá vir a não encontrar apoio para suas escolhas em no ambiente cultural nem no ambiente social, terá então de se apoiar em valores

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universais, valores consagrados em toda a história da humana conhecidos pelo menos na história da sua civilização. Por isso, ao integrar valores do espírito, o homem se integra na comunidade social "por cima" e não "por baixo", isto é, pelas exigências e ditames do próprio meio social. AS TRÊS LINGUAGENS DO SUBCONSCIENTE As formas de escolha do destino são inconscientes, ou seja, tornamo-nos conscientes apenas dos resultados do ato de escolha inconsciente quando completado. O destino é, pois, o resultado de ato de escolha parcialmente inconsciente. As três linguagens do subconsciente são: 1. SINTOMA A linguagem sintomática: o inconsciente individual A celebridade da descoberta de Freud está no fato de que ele foi o primeiro investigador a demonstrar que "experiências individualmente reprimidas são capazes de criar sintomas neuróticos e psicóticos". Tais experiências individualmente reprimidas se expressam em uma linguagem sintomática. A psicanálise baseiase na teoria da oposição e da atividade repressiva por parte do ego e dirigida contra as pulsões rejeitadas. Segundo esta teoria, o desenvolvimento da consciência desses conflitos reprimidos pode curar os sintomas psíquicos mórbidos. Freud estava plenamente consciente do fato de que conflitos individualmente reprimidos representam apenas a parte menor do inconsciente. Além dessas repressões existe um "núcleo inconsciente que compreende a estrutura psíquica herdada, inerente", núcleo este investigado por Jung e por Szondi. 2. O SÍMBOLO A linguagem simbólica: o inconsciente coletivo Aquele segmento no inconsciente que é revelado na "configuração coletiva" da força pulsional e da vida mental e afetiva, bem como no condicionamento dos valores sensoriais, Jung denominou "inconsciente coletivo". Esses componentes são estruturas e reguladores atemporais, eternamente presentes, da natureza primitiva e do espírito do homem. Representam o princípio configurativo, coletivo da existência humana e se manifestam no simbolismo. 3. A ESCOLHA A linguagem da escolha: o inconsciente familiar O novo fator a ser considerado é nossa hipótese de que as predisposições hereditárias latentes, relativas aos atos de escolha exercidos pelo indivíduo, podem ser dirigidas inconscientemente. Esta, pode se dizer, é uma das mais importantes funções do inconsciente familiar, já que este efeito das predisposições ocultas familiares se estende à área daquela porção inconsciente da psique. O inconsciente familiar é a esfera inconsciente de ação das predisposições familiares ocultas. E à função inconsciente do inconsciente familiar nós denominamos genotropismo. GENOTROPISMO A primeira e mais importante ação genotropística do inconsciente familiar é manifesta na escolha amorosa, que designamos libidotropismo, que condiciona todos os relacionamentos íntimos do indivíduo logo, ele é o princípio configurativo inconsciente de toda união da raça humana e, consequentemente, o princípio pelo qual a família é mantida. Mas esta ação é também manifesta na escolha dos ideais. Denominamos esta ação do inconsciente familiar de idealotropismo ou sociotropismo. Por causa deste ocorrem contatos e ligações intelectuais entre os indivíduos. No caso desse fenômeno, a força que envolve e atrai os indivíduos está profundamente enraizada na identidade ou relacionamento existente entre as tendências hereditárias das pessoas envolvidas. A mais tênue unidade de apelo idealotropístico é a amizade. O aspecto social da escolha da profissão, que designamos ergotropismo, é o efeito mais comum do genotropismo inconsciente e, por isso, do inconsciente familiar. A análise do destino é capaz de demonstrar que o homem inconscientemente escolhe para si mesmo uma ocupação que possa desenvolver dando

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expressão aos seus impulsos. A preferência inconsciente da pessoa para um objeto ocupacional muito específico é o efeito de seu inconsciente familiar particular. A análise do destino encontra a quarta área operacional do inconsciente familiar na manifestação da chamada escolha da doença. Esta função do inconsciente nós chamamos de morbotropismo. Investigações sobre este fenômeno irão responder à questão: por que, como resultado de uma injúria corporal externa, uma pessoa contrai uma forma específica de doença e não outra? Isto envolve a questão da escolha sintomática. Inúmeras pesquisas nos demonstram que as síndromes de certas doenças infecciosas não são totalmente dependentes da presença do agente infeccioso mas da predisposição hereditária latente. A predisposição particular é que determina a forma clínica, ou seja, a escolha dos sintomas pela qual dada doença infecciosa se manifestará. A ação dos genes latentes do inconsciente familiar pode ser manifestada na escolha da morte, particularmente com relação à forma pela qual uma morte violenta ocorre. A esta ação denominamos de tanatotropismo. COMPLEXO DE CAIM E DE MOISÉS De acordo com o cristianismo, o ser humano tem um mal inerente, porém este não lhe é essencial e sim histórico, adquirido num determinado momento do tempo, mitologicamente chamado de "queda". Portanto, um mal que não é contemporâneo à criação do homem. Entretanto, este mal, obtido num tempo tão remoto e antigo, tornou-se uma "segunda natureza", ou seja, inexiste quem não padeça deste mal, a despeito do que já disseram certos autores, como Rosseau, atualmente responsáveis por inocularem os germes da ignorância, os quais originaram o mito da atual mentalidade democrática: "todos os homens são bons". É óbvio que tal afirmação é um erro crasso, como também é óbvio que o ser humano pode ser ou pode não ser bom, conforme a sua escolha, mesmo o indivíduo bom tem a raiz do mal, pois ele é bom justamente por lutar contra o seu mal interior. O mal intrínseco é algo do qual o ser humano não pode livrar-se apenas rejeitando-o pois ele continuará tão mal quanto antes. O mal não deve ser rejeitado: deve ser subjugado, transformado e dominado. Szondi intitula este mal originário de Complexo de Caim, e para ele, este é o grande fator de paralisia do destino. Ele nos explica isto através do estudo de dois personagens bíblicos que o interessavam particularmente: CAIM - é o homem que se torna assassino quando sente-se rejeitado. Ele vê em si mesmo uma feiura, um mal, um defeito que não consegue definir. É aquele indivíduo que está, por algum motivo, sujo e que deveria esconder-se. Caim é o homem do subsolo, cheio de pensamentos tenebrosos, que está contra todos e, principalmente, contra si mesmo. Consolo e paz só encontraria na extinção de tudo, no assassínio universal. Por isso que Caim só manifesta-se como tal na hora de matar - até então é um lobo em pele de cordeiro. Para Szondi, a história universal é a exposição universal do cainismo. no sue livro "Caim e o cainismo na história universal", diz que o destino do homem é passar do estado cainita a um outro estado, o mosaíta. MOISÉS - este começa a vida como um assassino. Era um homem violento que, após o assassinato, começa a pensar. Quando ele se oferece, pela primeira vez, como libertador do seu povo, este o rejeita e o deixa no exílio por 40 anos. Daí ele fica cuidando de seus carneiros (como Abel, que era pastor, sendo Caim agricultor), precisando cuidar dos seus animais - o que quer dizer que precisou colocar em ordem os seus impulsos. É assim que ele age após ter sido rejeitado: quer fazer algo de bom e se recolhe até que surja a oportunidade de ser feita a libertação do povo. Depois do esforço de 40 anos, Moisés é premiado com o conhecimento da lei, da justiça universal, e recebe não por ouvir falar mas por manifestação direta da própria natureza das coisas. Torna-se, a partir daí, um legislador, não apenas o homem que faz o certo e o errado, mas que impõe o certo e castiga o errado - é portanto o educador do seu povo. Ou seja: os impulsos cainíticos - com o passar do tempo e com a experiência, havendo interferência do elemento reflexivo, cultural, onde o indivíduo pode pensar, conhecer e cuidar do seu rebanho - evoluem forçosamente para um sentido moral interno do próprio indivíduo. Szondi diz que a vida humana transcorre entre Caim e Moisés numa caminhada do estado cainítico para o mosaítico, mas que nem sempre esta história se completa. A afirmação do impulso cainita implica ou numa violência ou já na adesão à linha mosaítica. Para que Caim se manifeste de maneira evoluída é preciso que passe pela crise e tal passagem

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não se realiza de imediato. Além do quê, nós não podemos nos livrar dele, só podemos transformá-lo. Essa transformação leva tempo, dá trabalho e não pode acontecer automaticamente. A transformação de Caim em Moisés é um ato livre, portanto um ato de vontade, no qual o homem persevera somente se quiser. Há de fato a possibilidade de haver uma interferência da cultura, do ego e do espírito. Mas a maioria não chega nem mesmo ao estado de Caim: não manifesta o Caim, reprime o mal. O cainismo não é uma doença psicológica - é ontológica. O mal estaria na raiz do homem. É por isso preciso espremer o mal que há dentro de você e tirar de lá o bem - a gente sabe o quanto de mal agüenta fazer sem destruir as bases morais da própria existência, as pessoas que gostamos e a sociedade humana. A grande preocupação de Szondi era essa: como partir de uma raiz má e ir trabalhando, espremendo o mal até que dele saia o bem. O homem deve ter a coragem de ser diferente daqueles que o circundam, quando necessário. Deve ter a coragem de ser bom, ainda que os outros ajam mal com ele ou em torno dele. O que é o mal? A análise do destino ensina que ser mau significa não ter encontrado ainda a saída apropriada, adequada para a emergência dos impulsos negativos - o que pode mudar num futuro próximo. A imensa profundidade psicológica dos pensadores judeus vem da profundidade da experiência do seu povo: experiência de confronto com a maldade - alheia e própria, e isto acrescido de culpa. Mas a culpa, boa parte das vezes, é no sentido de má interpretação, ou seja: o indivíduo não entende a linha do próprio destino, não entende o que a vida ou Deus está lhe propondo - e erra, peca, faz um mal mas não é que tenha feito o mal. Houve apenas um erro de inteligência. Volta-e-meia somos castigados pela vida por não ter entendido uma situação e não porque queria fazer o mal. Foi justamente por isso, pela experiência da guerra, do nazismo, das perseguições dos campos de concentração que persuadiu-o de que o homem é mau, de que deve haver algo na ordem da nossa espécie humana que faz com que o homem tenha uma espécie de gosto perverso, um instinto de matar o seu semelhante na contemplação do panorama da história universal, ele constatou que nada do que o homem fez ficou de pé, mas que existem algumas coisas não-materiais que no entanto perseveram: valores, símbolos, conhecimentos, leis e princípios morais. Isto o fez conceber que, além deste instinto originário, o homem teria um outro impulso compensatório, parente deste. Este princípio ético do homem não seria nada mais do que uma evolução lógica do princípio da maldade original: o homem não pensaria em ter lei e ordem se ele não tivesse uma inclinação para o assassinato, a violência, a maldade, a desordem - e vice-versa. Ora, se o ser humano não tendesse naturalmente a praticar o mal, já não mais haveria a necessidade de quaisquer leis, e viveríamos então numa harmonia pré-estabelecida - fato que não ocorre. Por isso mesmo é que o mal deve ser posto sob o domínio da lei, da regra, ou da moral. Porém não basta simplesmente adotar-se um código moral: o mais importante é que este domínio seja voluntário e sobretudo sincero. Esta transformação, esta dialética do mal que, tomando consciência das conseqüências de seus atos, começa a aspirar por um bem é, para ele, o princípio fundamental de uma psicoterapia possível. A TERAPIA SZONDIANA Vimos a psicologia de Szondi como uma teoria do destino individual humano, mas ela é também uma psicoterapia. Seu preceito básico determina que, em função da existência de seis fatores que presidem a elaboração do destino em certos momentos este pode ser transcendido, ou seja, o destino hereditário ou compulsivo ou ainda coercitivo coexiste com uma potencialidade de destino de livre arbítrio, destino livre, numa dosagem que incessantemente se modifica. Szondi compara o destino humano a um palco giratório, como se fosse um teatro com vários cenários onde a peça se desenrola em ambientes diferentes. o que faz girar este palco são as escolhas, porém em certo momento o mecanismo, a engrenagem que gira o palco, emperra e a escolha torna-se coercitiva. Quando este emperramento é dado não por circunstâncias exteriores mas em função de um fator instintivo, instala-se a patologia. O homem sadio é aquele que é dosadamente sádico, masoquista, epiléptico, histérico, paranóico, catatônico, depressivo e homossexual rotativamente. Atualiza, efetiva uma tendência e retrai a outra, tornando-a potencial. O equilíbrio total das escolhas dá então a figura do destino. Porém os fatores hereditários, a ação do próprio indivíduo, ou ainda os fatores externos podem inibir demasiadamente umas tendências e realçar outras, criando uma compulsividade que emperra o palco. Não é que o indivíduo esteja impedido

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exteriormente de fazer outras escolhas, mas é que, estando livre, ele de fato não as faz, ele repete sempre as mesmas, quando o seu interesse óbvio seria mudar este padrão de escolha. Szondi assim procurou descobrir o que faz o indivíduo cristalizar a escolha coercitiva, e se ele tem a liberdade de mudar. Havendo pois equilíbrio dos oito fatores, o indivíduo fica na normalidade embora haja diferenças de acentuação, por um quadro familiar, a tendência é para que este quadro se mantenha estável. O problema para Szondi não está na acentuação de um, mas na exclusão dos outros. A somatória final, o equilíbrio total das escolhas é que vai determinar o destino. Para ele, o fundamento da saúde mental é o esforço de perseverar no bem apesar do mal que se padece. Esta transformação, esta dialética do mal que tomando consciência das conseqüências de seus atos, começa a aspirar por um bem, é para ele o princípio fundamental da sua psicoterapia também. Esta é a mensagem final de Szondi. Ele diz que o homem deve ter a coragem de ser bom ainda que lhe façam insistentemente o mal. Esta é a ética que preside toda a sua psicologia e psicoterapia. Vemos, por tudo isso, que a psicologia de Szondi representa um mundo completo e ordenado, para eticamente, melhorar os indivíduos. Enfim, a terapia de Szondi pretende repor, como se diz, o palco em movimento. Com base na constatação de que o destino do neurótico e do psicótico é um destino compulsivo, caracterizado pelo emperramento do palco giratório, Szondi inventa o tratamento do psicochoque, que consiste em induzir um trauma no indivíduo, de maneira que este trauma obrigue a uma mudança de estado. Nesse sentido, ele retoma Hipócrates, que curava epilépticos, amarrando-os pelos pés e jogando-os dentro de um poço cheio de cobras. Após 10 minutos os retirava; o medo era tanto que a epilepsia se extinguia. Muitas pessoas passam por situações análogas: um susto brutal que muda a direção do destino, mas muitos não tem esta sorte. Sendo assim, o psicochoque consiste numa notícia que é dada ao indivíduo num determinado momento do tratamento, visando repor em circulação certas tendências que estavam guardadas muito fundo e esta "notícia" solicita uma resposta que estava guardada. Por outro lado, Szondi percebeu que as profissões - e todos os trabalhos a que o ser humano se dedica alimentam-se e mantém-se as custas das diferentes energias pulsionais. Não basta portanto, só a inteligência específica - isto é, o talento - para o indivíduo se dedicar a alguma profissão; é preciso, também, um quadro pulsional adequado e harmônico com a ocupação escolhida. Por isso, o impulso não é a causa da profissão mas o meio energético que condiciona a sua realização. O impulso fornece a energia específica que é necessária para a profissão. Se o trabalho executado dia após dia não der vazão ao impulso predominante do indivíduo, exigindo que ele produza artificialmente um outro impulso, estará com isso criando um sério problema. Provavelmente, isto resultaria numa detenção da roda do destino em algum ponto. Foi a partir desta constatação que Szondi criou a ergoterapia. Muito mais que uma terapia ocupacional ou uma simples orientação vocacional, a ergoterapia é um poderoso recurso psicoterápico onde procura-se encontrar um trabalho que atue decisivamente sobre o quadro pulsional do indivíduo enfermo para o restabelecimento, a curto prazo, das mais diferentes patologias mentais conforme a situação momentânea do indivíduo, a adoção temporária deste ou daquele trabalho, que não seja vocacional a longo prazo, pode ajudar a recolocar a roda do destino girando, particularmente quando as exigências da situação social tornam-se superiores as possibilidades da natureza pulsional, ou seja, quando o indivíduo não está agüentando seu nível social próprio assim, a execução de uma atividade bem indicada ao caso, além de "socializar" os impulsos desarmônicos, nos permite, posteriormente, conhecê-los com mais profundidade e clareza através da expressão habitual, quotidiana e repetitiva daqueles instintos, agora socializados. De qualquer modo, devemos nos lembrar que, sendo Szondi também um psicoterapeuta, fica evidente que sua psicologia não pode aceitar nenhuma orientação coercitiva como terminal, senão não teria sentido a psicoterapia. O QUADRO PULSIONAL: AS PULSÕES SZONDIANAS Sabemos que uma das duas figuras com que a psicologia do destino pode ser representada é a do "cone", onde se vêem superpostos os vários fatores do destino. Entretanto, se deitarmos este cone, de forma que a base fique voltada para nós, teremos a segunda figura, que é a divisão em quatro grupos de instintos ou impulsos; impulsos estes, que definem a natureza pulsional do homem:

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S

P

Sch

C

S - Impulso de Sexo = sentir e provocar sensações corporais. P - Impulso de Paroxismalidade = acumular e descarregar energia. Sch - Impulso de Ego = perseverar em si mesmo e expandir-se. C - Impulso de Contato = aproximar-se e afastar-se dos outros.

Cada um desses quatro vetores tem dois extremos chamados de fatores de pulsão, e que nem sempre representam contrariedades lógicas pois estes formam um esquema de representação de forças reais, que existem biologicamente, e não um mero esquema de relações lógicas, onde seria admissível uma perfeita simetria dos contrários. Cada uma dessas quatro pulsões fundamentais, em cada um de seus extremos (os fatores) pode ser, a cada momento afirmado ou negado, e isto de acordo com a natureza da situação em que o indivíduo se encontra, resultando portanto numa galeria de 16 forças em ação. O jogo de afirmação ou negação dessas 16 forças cria um quadro a cada momento, havendo entretanto uma repetição compulsiva de certas forças por determinadas pessoas, mais freqüentemente do que por outras. O quadro pulsional propriamente dito dará o repertório de exigências a cujo atendimento o indivíduo se dedicará ao longo de sua vida pois este expressa necessidades que ele sente não poder deixar de buscar. Por isso os oito fatores de pulsão representam todo o esforço das forças impulsionadoras existentes na personalidade humana, normal ou anormal. Os fatores são designados por nomes de doenças mentais mas, para Szondi, não significam doenças apenas e sim impulsos presentes em todos os seres humanos que sem possibilidade de expressão, levariam o indivíduo a manifestar determinada psicopatologia específica. Além do que, pode-se notar que cada par de fatores, em cada vetor, está relacionado com o outro; num certo sentido, um fator no par, é o recíproco do outro. O vetor S, portanto, contém ternura e agressão; o vetor P, controle e expressividade emocional; o vetor SCH, contração e expansão do ego; o vetor C, mudança (troca) e manutenção do objeto de apego. Isto ocorre porque faz parte da essência desses impulsos humanos uma natureza alternante - pulsão vem de pulsar - ou seja, nenhum impulso é contínuo. Todo impulso tem um ritmo, isto é, cada um desses impulsos se rege por uma alternância. Todo impulso por sua própria natureza é dual. Ele refere-se a uma força, numa quantidade que pode ser maior ou menor bem como negada ou alternada. No idioma alemão há uma só palavra, a qual se refere Szondi em sua obra original, para expressar as idéias de instinto e impulso "trieb", que é a força natural que impele o indivíduo a fazer ou a evitar algo. A falta de palavra equivalente em outras línguas obrigou os tradutores a utilizarem-se da palavra pulsão. Uma pulsão é vivenciada através do desejo, que pode ser experienciado de diversas formas diferentes para cada indivíduo. O instinto é uma abstração genérica, o desejo é uma concreção particular. É um erro dizer que se pode sentir um instinto, pode-se sentir, isto sim, sensações, estados e desejos, os quais, pela sua própria natureza específica e particular podem ser redutíveis a alguns modelos, isto é, a instintos. Os instintos são uma espécie de distinção terminal onde um não pode ser reduzido a outro. Eis um quadro resumo dos oito fatores de pulsão descritos por Szondi: PULSÕES DO SEXO h - homossexual (Amor à Humanidade)

s - sádico (Poder, Interferência)

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Valores: Servir ao outro, ter as mais diversas sensações, desejo de sentir, tornar-se objeto de estados sensitivos, expressão da necessidade de passividade, subjetividade, influenciabilidade. O tocar é característica dominante.

Valores: Desejo de fazer o outro sentir, de alterar o outro, de ser sujeito ativo e insensível sobre um objeto passivo, desejo de provocar alteração sem ser alterado, expressão da necessidade de exercer um domínio sobre o outro. A característica dominante é a sensibilidade muscular, necessidade de atividade, objetividade e sentido de orientação do essencial. Grupos: Grupos: .Serviços pessoais tais como massagistas, Barbeiros, açougueiros, cirurgiões, dentistas, pugilistas, cabeleireiros, camareiros etc. adestrador de animais. . Artísticos tais como moda, música etc. . Ginecologistas. Sintomas e Doenças: Sintomas e Doenças: Prostituição, homossexualismo, travestismo, Sadismo, sado-masoquismo, sodomia, fetichismo espionagem, negócios fraudulentos.

PULSÕES PAROXÍSTICAS e - epilépticos (Bem e Mal)

hy – histéricos (A Expressividade; a Demonstração)

Valores: Desejo de esconder a própria maldade ou de fazer frente a ela; impulso de prejudicar e fazer o mal a instalar o bem; suprimir o outro; eliminar o observador. Necessidade de suprimir emoções violentas ou a descarga delas em momentos inesperados. Sentido de equilíbrio, sensibilidade para a verdade; tolerância; compaixão. Corresponde a moral do indivíduo para consigo mesmo ou para com Deus.

Valores: Desejo de ser visto ou notado, de exibir-se, mostrar-se ao outro; necessidade de expressão; necessidade de surpreender; acumulação de sentimentos finos e descargas destes em momentos inesperados; exibicionismo afetivo; sensibilidade para a farsa. Corresponde à moral social.

Grupos: Grupos: De significado moral (advogados, padres...) Que criam algo e manifestam; jornalismo; teatro; política etc. De tráfego (marinheiro, aviador, cocheiro...) De destruição (bombeiro, pedreiro, pessoas que trabalham com explosivos...) Sintomas e Doenças: Sintomas e Doenças: Auto-irritantes (asma, bronquite, enxaqueca, Tiques; fobias; psicomatias; doenças pulmonares. alergias...); gagueira; crime passional; cleptomania, piromania.

PULSÕES DO EGO k - catatônicos (Coerência, Explicação, Lógica) Valores:

p - paranóicos (Sentido da Vida e o Mistério) Valores:

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Necessidade de estabilidade do ego; impulso de conservação do ego (egosístole); desejo de obter segurança; firmeza; ordem; de confirmar sua identidade; de demarcar os limites de si próprio; ter domínio sobre si; ter uma visão racional e organizada sobre si mesmo o que implica numa estabilidade do eu. É a necessidade de se limitar para obter algum poder sobre si mesmo. Necessidade de auto-compreensão e auto-limitação; fechar-se hermeticamente e despender a vida na clausura do ego. Afirmação e reconhecimento de si feito para si mesmo. Sobriedade; monotonia; meticulosidade.

Impulso de expansão do ego (egodiástole); desejo de expandir-se; de ampliar sua identidade; de quebrar os próprios limites; necessidade de transformação do ego; apostar em alguns mistérios que qualquer existência possui, o que implica numa instabilidade do eu. É a necessidade de lançar-se em grandes universos para ter a medida do próprio mistério de si. Necessidade nascida do desejo insatisfeito de auto-expansão e autorealização. Abrir-se infinitamente e despender a vida em grandes realizações. Promoção de si próprio; reconhecimento de talentos desconhecidos se está possuído: páthos.

Grupos: Grupos: Grupos de atividade de ordenação do mundo como Especulações por mundos imensos e mágicos filosofia, informática, crítico, vigia (guarda), como a psicologia, poesia, astrologia etc. telegrafia, contabilidade, manequins etc. Sintomas e Doenças: Sintomas e Doenças: Narcisismo; despersonalização; reações Megalomania; perseguição; sentir e ouvir coisas; esquizóides (altista e esquizofrênico); eliminação estados alucinatórios (provocados ou não por dos órgãos sensoriais, vagabundagem. drogas).

PULSÕES DE CONTATO d - depressivos (Busca, Renovação, Manutenção)

m - manias (Satisfação, Diversão ou Isolamento, Renúncia)

Valores: Procura inconstante de objetos ou sua possível retenção e posse. É o impulso de adquirir coisas, valores. O indivíduo os retém e conserva. Tendência à troca; impulso aquisitivo; curiosidade; imoderação ou conservadorismo.

Valores: Procura constantemente manter-se apegado aos objetos ou sua possível renúncia. É o apego que se tem a coisas, pessoas, valores, apoiando-se nelas, passando a criar uma dependência que anula o indivíduo e que o dissolve. Tendência a manter-se apegado a uma situação ou a segregarse, isolar-se. Bom humor; necessidade de conforto. Grupos: Grupos: Atividades que isolam o sujeito como arqueologia, Grupos que buscam contato social (relações museólogo, arquivista, antiquário, banqueiro, públicas, balconistas); grupos da arte da oratória varredor, gastroenterologista etc. (professores de idiomas, políticos); grupos de comércio; culinária. Sintomas e Doenças: Sintomas e Doenças: Depressão; melancolia; rivalidade; cobiça; Alcoolismo; fidelidade; toxicomania; gagueira;

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infidelidade; complexo de analidade.

posse; medo de perder o objeto; complexo de oralidade.

O PSICODIAGNÓSTICO DE SZONDI Ao longo de sua pesquisa, Szondi foi concluindo que as fotografias coletadas refletiam as simpatias e antipatias das pessoas pelas tendências que estes rostos expressavam. Com isto, acabou inventando o seu teste, onde o testando é convidado a escolher duas fotos simpáticas e antipáticas. Entre os indivíduos diagnosticados como pertencentes a este ou aquele grupo psicopatológico, as escolhas eram geralmente as mesmas. Segundo Szondi, o perfil das pulsões, no curso de uma vida, poderia mudar espontaneamente, por psicoterapia ou evento traumático ou qualquer outra causa adventícia. Porém, quando mudava, mudava dentro das mesmas linhas, isto é, os fatores acentuados continuavam mais ou menos acentuados; apenas a sua polaridade mudava, de forma que o que era antes afirmado passava a ser negado e assim por diante. Por isso, onde veremos o predomínio do são e do doentio é na pirâmide dos fatores do destino e não no quadro dos fatores pulsionais, que é apenas uma parte da peça. É claro que nada impede que o indivíduo, cujas escolhas sejam determinadas apenas pelo meio social, seja um indivíduo são - contanto que isto seja suficiente para a própria situação no meio em que está. Para muitas pessoas ocorre o fato do quadro pulsional não entrar em conflito com as necessidades externas. Sendo assim, o indivíduo - mesmo tendo um ego rudimentar - pode estar suficientemente socializado e, neste caso, não é ou não está doente. lembrem-se de que cada um que tem um desses impulsos prevalecentes não é doente justamente porque pode integrar esse impulso numa profissão. Com relação a tabulação que determina o quadro pulsional individual, quando o número total de retratos selecionados como rejeitados em determinada categoria ultrapassa de três, diz-se que o fator correspondente àquele diagnóstico está carregado, e é indicativo de tensão na personalidade - uma necessidade de satisfação nesta área específica. Este registro é dito negativo, e é indicativo de uma rejeição ou alienação desses impulsos. Quando os fatores que recebem um registro ambivalente estão carregados, é indicativo de uma tensão sentida subjetivamente na área correspondente: é a experiência de impulsos opostos em contra ação. Já o registro na categoria dita aberta, ao contrário, indica uma falta de tensão na área específica, e é sinal de que os impulsos correspondentes àquele fator são capazes de encontrar um caminho para se descarregarem. Por outro lado, o registro dito positivo, que representa a dominância dos retratos que agradam de um fator específico, indica uma identificação com os impulsos representados pelos retratos naquele fator. E por isso, indicam uma aceitação de tais impulsos em geral, as duas primeiras colunas (S e P) enunciam determinado problema que as duas últimas (Sch e C) resolvem: no vetor Sch, notaríamos o desejo de uma solução intelectual; no C, comportamental. O teste é o diagnóstico de Szondi incidem somente sobre a faixa da natureza pulsional instintiva, e esta, embora seja uma determinada combinação relativamente estável de impulsos, se expressa de maneiras diferentes em épocas diferentes e em face a circunstancias diferentes. A relação existente entre os vetores e, particularmente, entre os fatores de cada vetor, é uma relação íntima na interpretação e na descrição da personalidade baseada no teste de Szondi, é necessário acentuar a interdependência dos vários fatores. Isto indica prontamente a complexidade que a interpretação do teste encerra. Sua administração é relativamente simples mas a interpretação, em que a interdependência ou relações dinâmicas entre os diversos fatores deve ser levada em conta, constitui uma tarefa por demais complexa. TRANSFUNDO Entretanto, se o predomínio do doentio pudesse ser detectado somente através do teste, isto é, somente na faixa dos fatores pulsionais, essa possibilidade se daria no confronto do diagnóstico do fundo com o transfundo. O que Szondi chama de fundo corresponde a eleição das primeiras fotos simpáticas e antipáticas da série de oito o transfundo é a eleição feita sobre as quatro fotos restantes escolhendo o que também é simpático e antipático. Esta segunda eleição de uma mesma série é, contudo, feita num dia posterior. Para Szondi, a psique tem também uma capacidade de auto-regulação de modo que ela mesma projeta uma imagem que considera a mais adequada para o próprio equilíbrio; imagem esta, que procura atender. Essa imagem projetada pela psique é exatamente o resultado encontrado no transfundo enquanto que o retrato da

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psique em sua dinâmica atual corresponde aquele resultado que foi encontrado no fundo. Confrontando o fundo com o transfundo final das séries de aplicações, obtemos as seguintes informações sobre o indivíduo: a) ele é suscetível à mudança já que a imagem que projeta é exatamente aquela que é oposta ao estado em que se encontra, aceitando por isso qualquer transformação que lhe seja sugerido; b) ele não é suscetível à mudanças já que a imagem que projeta é igual ao estado em que se encontra., não concebendo por isso nenhuma necessidade de transformação, que só se processaria no caso do psicoterapeuta forçá-la (psicochoque); c) ele é criativo pois a imagem que projeta é completamente diversa do seu estado atual, indicando que há uma proposta autônoma e deliberada para realizar a própria transformação, ou seja, que o indivíduo considera que estes são os melhores meios para reequilibrar-se. Informações estas, que são de sobremaneira úteis para o psicoterapeuta saber como intervir a favor da tal "rotatividade de palco" e que jamais aludem diretamente a uma psicopatologia, por mais que o transfundo acuse o caso do indivíduo não ser suscetível à mudanças. Por isso, precisaremos sempre comparar o resultado do teste às queixas e às circunstâncias em que o mesmo se encontra. As diversas administrações do teste o projetam, praticamente numa série contínua temporária. Como resultado, obtemos não somente uma seção-cruzada da constelação dos sistemas de necessidades do indivíduo mas também uma vista longitudinal das alterações ocorridas na constelação. Por isso que as extremas mudanças dos vetores carregados para os abertos ou do altamente positivo para o negativo (indicadores possíveis de uma psicopatologia) não poderiam ser obtidas em uma única administração do teste. Além do quê, uma interpretação isolada do teste de Szondi pode nos dar uma falsa imagem da problemática individual total. A divulgação exclusiva do teste de Szondi, ignorando-se por completo toda a sua psicologia, estruturada sobretudo em bases antropológicas e sociológicas, contribui em muito para a nãoconsideração de todos os fatores do destino, privilegiando somente a natureza pulsional, facilmente definida pelo teste - o que pode levar a sérios e graves equívocos. É importante verificar, então, se o que o teste expressa vai no mesmo sentido ou em sentido contrário ao discurso do paciente. E isto porque a persistência na escolha de um determinado fator não significa, por si só, que necessariamente algo "emperrou" na sua vida; pode ser um sintoma de uma tendência permanente que já foi socializada, ou equilibrada de algum modo constante. Por isso que o teste não se completa a si mesmo. Deve ser conferido com a situação de vida do sujeito. Por isso, o quadro pulsional, por mais exagerado que seja, não é patológico em si: depende, em primeiro lugar, do equilíbrio das várias colunas; em segundo lugar, da situação real da vida do paciente que o psicoterapeuta precisa conhecer. Devemos ainda notar que os atuais psiquiatras e psicólogos - pessoas inescrupulosamente práticas e idealmente teóricas - ao invés de afastarem o que é mau e avaliarem o sofrimento humano, perdem-se em vãs, ineficazes e até mesmo criminosas especulações neurotizantes. Será no confronto com o caso particular e concreto que poderemos julgar a veracidade e a seriedade da prática clínica, ainda mais porque a validez é a primeira questão concernente a qualquer método ou técnica nova de diagnóstico da personalidade, que o crítico estudioso procura resolver. Por isso, algumas questões impostas pelo estudante crítico são: a) serão as descrições da personalidade e as dinâmicas que resultam da aplicação do teste verdadeiramente distintas, e consistentes com as manifestações do comportamento da pessoa testada? b) são os quatro vetores e seus oito fatores bem escolhidos e em número suficiente para avaliar os principais aspectos das dinâmicas da personalidade? De qualquer modo, o que podemos afirmar é que o teste de Szondi é mais um procedimento empírico. O uso clínico dessa técnica diagnóstica precedeu aos estudos críticos e às investigações de suas hipóteses e fundamentos teóricos mas o teste de Szondi acaba fazendo carreira em ambas direções. Entretanto, até agora não houve nenhuma investigação de importância que servisse para validar o teste, suas análises de personalidade, ou sua capacidade prognósticativa a presente "evidência" é da natureza das provas empíricas particulares. A avaliação tem sido uma validação clínica, efetuada pelos que empregavam o método. As futuras pesquisas indicarão a capacidade do teste de se manter firme após um escrutínio cuidadoso da experimentação psicológica.

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