Bies08 As 10 Preocupações Comuns Da Vida

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AS DEZ PREOCUPAÇÕES DA VIDA COMUM Budismo passo a passo

BLIA

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AS DEZ PREOCUPAÇÕES COMUNS DA VIDA

BLIA

2 Venerável Mestre Hsing Yun

3

CONTEÚDOS

Copyright Fo Guang Shan International Translation Center

Título Original em Língua Inglesa: Ten of Life’s Common Concern

Escrito pelo Venerável Mestre Hsing Yun Tradução portuguesa por Ruben Frazão Revisão e design: João Magalhães Publicado por: Buddha’s Light International Association Lisboa

As Dez Preocupações Comuns da Vida

6

1. Enfrentar a Pobreza e a Riqueza

6

2. Lidar com os ganhos e as perdas

10

3. Arrepender e Eliminar o Karma Nocivo

13

4. Diminuir as Aflições Mentais

18

5. Lidar com as Exigências da Vida

21

6. Construir uma base Espiritual

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7. Saber deixar ir os nossos Entes Queridos

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8. Ser Caridoso

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9. Enfrentar a Velhice e a Doença

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10. Transcender a Vida e a Morte

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O Ghata da transferência de Mérito

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Atividades da BLIA Portugal

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Contactos34

Rua Centieira, nº 35 1800-056 Lisboa Portugal Tel: 218599286 Email: [email protected] www.ibps.pt

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AS DEZ PREOCUPAÇÕES COMUNS DA VIDA Este livro destina-se a abordar algumas das preocupações mais comuns da vida à luz do pensamento Budista.

1. Enfrentar a Pobreza e a Riqueza Todos nós somos seres humanos, mas porque será que alguns de nós são ricos e outros pobres? Mais ainda, como é que se determina o que é a pobreza e o que é a riqueza? Alguns vivem em belas mansões com o melhor dos confortos materiais. Outros trabalham toda a sua vida e ainda assim mal conseguem ter o suficiente para alimentar as suas famílias. Porquê? Em suma, tudo isto é derivado do karma que foi acumulado das nossas vidas passadas. No que toca ao rico e ao pobre, o rico poderá não ter que se preocupar com o facto de saber de onde vem a sua próxima refeição, mas pode ser igualmente incomodado por problemas de relacionamento humano. Para aqueles que são pobres, apesar de cada dia ser difícil, eles ainda conseguem ultrapassá-lo; sem dinheiro ainda conseguem andar de cabeça erguida e ter paz de espírito. Isto recorda o ditado chinês: “ser pobre sem ser pobre de aspirações”. Ou por 6

outras palavras, pobreza e riqueza não constituem a condição absoluta para a felicidade durante a nossa vida. Visto da perspetiva Budista, riqueza e pobreza não determinam a nobreza do nosso carácter. Encaremos o exemplo de lavar um objeto sujo com água. Antes e depois de lavar é sempre o mesmo objeto. Isto implica que as décadas das nossas vidas são como um sonho ilusório, um reflexo numa bolha de água; a definição de pobreza, riqueza, miséria e felicidade depende unicamente da nossa experiência interna e da nossa perceção. Por isso, alguns encontram contentamento nas comidas mais simples, enquanto que outros com uma riqueza equivalente a uma nação, podem estar cheios de preocupações, inquietações e problemas mentais. A um nível mais profundo, se pensarmos que o nosso coração contem o universo inteiro, mesmo que não tenhamos um sítio para estar, ainda conseguiremos experienciar a maior sensação de riqueza e de contentamento. A vida do Buda é a melhor ilustração deste pensamento. Ele era igualmente feliz ora possuindo um simples robe ora possuindo um manto real. Ele saboreava de igual maneira a comida que ele colecionava das suas rondas como daquela que lhe era oferecida quando era um convidado de honra. Ele podia dormir debaixo de uma árvore ou dormir no palácio real e sentir-se-ia igualmente relaxado em ambas as situações. Às vezes vivia na solidão e outras vezes vivia na companhia dos seus seguidores e bhiksus. O Buda estava sempre relaxado perante as suas situações. A distinção entre rico e pobre, vulgar e fino, a fama 7

e a rejeição, não tinham efeito nenhum na sua paz interior. Isto era a maior riqueza do Buda.

pode ser pobre, mas ele e a sua mulher parecem tão felizes. Qual será o seu segredo?”

O grande monge contemporâneo, Hongyi, também viveu uma vida de equilíbrio. Ele nunca se queixava de nada. Viveu uma vida simples com pouco querer e muito contentamento. Quer fosse um lenço velho e gasto, um simples prato de vegetais cortados ou uma cama espartana, ele apreciava-as de igual forma. Muitos pensaram que ele seria miserável dado a sua fraca subsistência, mas o Venerável Hongyi verdadeiramente desfrutava daquilo que tinha. Um dia o famoso escolástico Xia Mianzum visitou-o enquanto este acabava o seu almoço de arroz e vegetais cortados. O Venerável mostrava tanta satisfação que Xia Mianzum exclamou, “Só alguém tão sábio como o Venerável poderia verdadeiramente apreciar esta simplicidade.”

Um dia, alguém lhe disse, “Queres vender-lhes a tua miséria? Dá-lhes só duzentos milhões de dólares. Ficarão miseráveis num instante.” Ele foi atiçado pela sugestão e decidiu dar ao seu amigo os duzentos milhões de dólares, uma pequena fração do que possuíra. O casal pobre ficou em êxtase. Eles pensaram que esse dinheiro era a melhor coisa que lhes podia acontecer. Quando a noite chegou, começaram a pensar preocupados como poderiam guardar a sua nova fortuna. Alguém podia roubá-la. Que tal, debaixo do colchão? Não parecia um bom local para a esconder. Depois de alguns dias começaram a discutir sobre como empregar melhor o dinheiro. A mulher queria fazer uma coisa e o marido queria fazer outra. As discussões quase que destruíram o seu casamento. Após uma reflexão, eles perceberam que todos os problemas começaram quando receberam o dinheiro, então, decidiram devolver o dinheiro ao seu amigo abastecido.

Fala-se de uma certa vez em que um mercador abastado vivia numa casa de luxo. Ele tinha um amigo que apesar de trabalhar muito, tinha pouco dinheiro. No entanto, ele era bastante feliz pois tinha uma mulher que o adorava e que valorizava os seus esforços para sustentar a sua família. Apesar do homem rico ser muito mais bem-sucedido, ele encontrava-se sempre ansioso por estar constantemente a ser obrigado a socializar em prole dos negócios que efetuara. Também por ter que lutar constantemente para manter o seu poder e fama. Tinha bastantes ciúmes do seu amigo pela sua vida simplista e a relação amorosa que levava. Ele pensou, “Porque será que sendo eu tão rico serei tão infeliz? O meu amigo 8

É claro que isto é uma parábola, mas está aqui contida uma lição valiosa. Fama e riqueza podem às vezes aumentar os problemas mentais e colocar em perigo a própria vida. Historicamente é dito que um dos discípulos de Confúcio, Yab Hui, viveu a vida com uma tigela de arroz, uma concha para beber, tudo numa casa humilde. Muitos não conseguiram tolerar tal subsistência, mas Yan Hui nunca quis mudar essa vida de felicidade, nem por um instante. Um dos discípulos de Buda, Mahakasyapa, praticou uma vida 9

de pobreza e passava maior o seu tempo ao pé de túmulos, sem pensar muito nisso. Todos estes exemplos servem para ilustrar que a nossa riqueza não consegue ser medida pela quantidade de dinheiro que temos. Uma coisa é ser pobre no sentido monetário; outra coisa, que é bem diferente, é ser pobre a nível espiritual. O espaço para o tesouro dentro das nossas mentes e corações é incalculável; a questão que se coloca é se estamos dispostos a descobri-lo. Se tivermos dispostos a faze-lo então seremos, no verdadeiro sentido da palavra, as pessoas mais ricas deste mundo.

2. Lidar com os ganhos e as perdas Durante a nossa vida somos continuadamente expostos a muitos ganhos e perdas. Quando recebemos uma promoção sentimo-nos imediatamente jubilosos. Quando alguém se aproveita de nós sentimo-nos rejeitados e miseráveis. Devido a vários fatores que não estão sobre o nosso controlo, muitos de nós tendemos a viver de uma forma um pouco apreensiva no que toca aos ganhos e às perdas. De uma certa maneira, a vida é como uma montanha russa que anda para cima e para baixo. Apesar de se dizer que não devemos ficar demasiadamente felizes com os ganhos e igualmente tristes com as perdas, quantos de nós conseguem realmente viver assim? O sexto patriarca da escola Chan do Budismo uma vez disse, “Nenhum fenómeno será obtido. Assim poderemos perceber todos os fenómenos.” Se refletirmos sobre os altos e baixos da nossa carreira, 10

serão eles assim tão importantes quanto isso? As nossas vidas alongam-se por umas décadas. O que ganhámos realmente nesse tempo todo? O que foi realmente perdido? A fama e a fortuna são tão permanentes como um sonho fugaz ou as folhas de Outono. Costuma-se dizer, “Nascemos neste mundo de mãos vazias e partiremos de igual forma” O que podemos ganhar? Sobre as perdas e ganhos da vida, o Sutra do Coração exemplifica bem: Não há olhos, ouvidos, nariz, boca, corpo ou mente. Não há forma, som, cheiro, sabor, toque ou dharma. Não há objeto da visão, e não há consciência. Não há ignorância nem a sua extinção

Quando conseguirmos ultrapassar a forma, o som, o cheiro, o toque e o dharma, aí conseguiremos ver dentro do vazio e perceber que não há realmente nada para ser “ganho”. No mundo do vazio não há nada para ser ganho nem nada para ser perdido. Quando percebermos isto, estaremos melhor equipados para lidar com os altos e baixos da vida. Isto ilustra como a nossa vida pode ser caracterizada como uma busca daquilo que não tem forma nem feitio, a dualidade do eu e do outro, certo e errado; estas coisas não são ganhos no verdadeiro sentido do termo. “Bodhi não pode ser alcançado fisicamente nem alcançado mentalmente, só através da eliminação de todas as formas.” Ganhos e perdas só podem existir dentro da premissa da substancialidade. Sob a premissa do vazio não há ganhos nem perdas. Devemos refletir o assunto dos ganhos e perdas à luz deste pensamento.

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Mas se percebermos a filosofia do vazio, de que modo isso vai influenciar a nossa vida? Vamos supor que somos enganados a entregar o nosso dinheiro ou então somos assaltados. Normalmente ficaríamos chateados. Mas uma vez que se entenda a filosofia do vazio percebemos que, sem exceção alguma, todos os fenómenos existem baseados na causa e no efeito; todos os fenómenos provêm de causas e de condições; estão dependentes de uma origem e não têm existência por si. Apesar de termos sido roubados, se pensarmos que tivemos uma dívida não saldada da nossa outra vida passada, podemos pensar o nosso assalto como uma forma de compensação. Se conseguirmos pensar desta forma podemos estar livres da mentalidade que nos leva a sentir-nos apreensivos com os ganhos e as perdas. Suponhamos que fomos uma pessoa muito famosa e que tivemos uma alta posição na sociedade, mas devido à difamação a nossa representação arruinou-se num instante. Nestas alturas nós podemos pensar: “Sem uma alta posição na sociedade ao menos estou aliviado de todas as pressões que esta obriga. Vamos voltar à simplicidade depois deste luxo todo.” Desta forma, fama e posição social podem ser descartadas. Esta é a aplicação da filosofia do vazio. Se conseguirmos ver todas as coisas através desta objetiva então conseguiremos manter uma postura serena mesmo quando a velhice e a doença chegarem. Eu gostava mesmo de ouvir musica monástica quando era uma criança. Quando me juntei à ordem monástica fiquei bastante desapontado por saber que 12

não tinha a habilidade natural para cantar. Cantar era uma parte muito importante de todos os meus deveres monásticos da altura. Muitos dos meus colegas foram reconhecidos por causa das suas habilidades musicais. Senti que não estava a viver o meu potencial máximo como monge. Após refletir um pouco sobre o assunto, percebi que podia contribuir de outras formas. Podia ajudar os outros através da minha escrita. E comecei a escrever artigos e a publicar livros. Este processo ajudou-me a comprar a terra onde o templo Fo Guang Shan está agora erguido. Por isso, nada neste mundo é absolutamente “mau”. Será que a minha falta de habilidade foi uma coisa má para mim na minha vida? Se tivesse a habilidade para cantar bem, ao menos poderia ter sido um monge que cantava. Porque não podia cantar tive de empregar a minha energia noutra direção. E o resultado final foi que, por causa de uma “desgraça”, consegui ganhar uma grande “fortuna”. Quando encontramos certas perdas não há necessidade para desesperar porque podemos ganhar outra coisa em retorno. O que é importante é saber e perceber como nos devemos aplicar.

3. Arrepender e Eliminar o Karma Nocivo Quando eu falo com homens reformados que serviram no exército, consigo sentir muitas das vezes um sentimento de conflito dentro deles. Alguns dizem-me, “Quando estive no exército matei os meus 13

inimigos sem misericórdia. Agora, quando penso nas coisas que fiz no passado, pergunto-me se não as poderia ter feito de uma forma diferente.” Nós somos humanos e estamos sempre sujeitos a cometer erros. O importante é arrependermo-nos deles. Há um provérbio Budista que capta a essência do poder de redenção: “Baixa a faca assassina; torna-te Buda imediatamente.” Através do arrependimento ficamos “limpos” dos nossos erros passados. Quando as nossas roupas estão sujas, nós as lavamos a fim de tirar a terra que está nelas. Quando o nosso corpo está sujo, um banho pode ajudar-nos a limpá-lo outra vez. Quando uma criança fez algo de errado queremos que ela seja honesta acerca dos seus erros e que os compense. Da mesma forma, quando nós cometemos um erro, temos de sentir remorsos. O gatha seguinte é recitado muitas vezes em orações que se focam no arrependimento: Todo o meu karma nocivo do passado, É o resultado da cobiça, ódio e ignorância desde o início dos tempos; Empenhando o meu corpo, palavra, e mente Por todos estes, eu agora procuro a redenção.

Alguns postulam que o karma nocivo é criado pela tentação existente no nosso ambiente, por uma falta de conhecimento e princípios morais, ou circunstâncias de vida que nos são opressivas. Em contraste, o Buda ensinou que as fontes de karma nocivo são a nossa cobiça, o nosso ódio e a nossa ignorância, 14

desde o início dos tempos; e esses são gerados pelo nosso corpo, discurso e mente. Viver nestes dias e nestes tempos também não ajuda nada. As sociedades modernas estão cheias de uma atmosfera de tensão, de competição, e de conflito, tornando muito mais difícil ter uma experiência feliz de paz e harmonia interior. Daí que não é de estranhar que haja tantos incidentes relacionados com homicídios, roubo, condutas sexuais impróprias, dissimulações, palavras fortes e testemunhos falsos que continuam a decorrer sem fim. Como poderemos nós eliminar este karma nocivo? Os sutras Budistas dão-nos algumas pistas. Os humanos não podem existir sem defeitos. O karma é criado até pela intensão e pelo pensamento. O que devemos fazer assim que cometemos algo de errado? Em primeiro lugar, devemos expor abertamente o nosso karma nocivo e decidir não repeti-lo. Não é suficiente admitir os nossos erros na nossa privacidade; precisamos de nos confessar abertamente ao Buda ou a alguém que nos consiga guiar. Depois de atravessar este processo de arrependimento sincero e pungente e receber o castigo correspondente às nossas consciências, a pureza da nossa natureza poderá voltar. Em segundo lugar, devemos acreditar, receber a força e apoio dos Budas e bodhisattvas, para evocar a nossa pureza que se encontra dentro de nós, para que não repitamos os nossos erros anteriores. O sutra de Avalokitesvara Bodhisattva diz “Se alguém estiver preso e acorrentado, independentemente da sua culpa ou da sua inocência, ao recitar o nome de Avalokitesvara, será imediatamente 15

liberto e livre”. Isto incide na grande capacidade do Bodhisattva eliminar o karma nocivo de todos os seres sencientes. Um campo que não foi cultivado nunca poderá ter uma boa colheita. Se o campo for frequentemente trabalhado e fertilizado (consciência dos Budas e do bodhisattva), as colheitas irão crescer e amadurecer e aí as ervas daninhas (aflições mentais) não poderão surtir um efeito nocivo prolongado. Semelhantemente, alguém que tenha uma grande fé e mérito próprio, mesmo que traga karma nocivo da sua vida passada, poderá temporariamente mitigar a sua retribuição. Amitabha Buda providencia-nos com meios para renascermos na sua Terra Pura mesmo que carreguemos connosco o nosso karma. Quando morremos, não conseguiremos levar nada connosco, exceto o nosso karma. Amitabha age como um recetáculo de todos as nossas orações que comportam a compaixão. O nosso karma nocivo é como se fosse uma pedra, que normalmente se afundaria até ao fundo do mar. Mas quando é colocada no recetáculo, podemos ser levados a desembarcar noutra costa. Por isso, se tivermos fé no poder das orações Amitabha, poderemos ser salvos. Isto é algo em que poderemos confiar. Num nível de compreensão podemos entender que o nosso corpo, discurso e mente criam o nosso karma nocivo. Se investigarmos isto a um nível mais profundo, podemos notar que o karma nocivo é vazio e 16

sem nenhuma natureza intrínseca a si. Se a mente se arrepender, o karma pode ser eliminado. Num instante de iluminação, o karma nocivo pode-se tornar em impermanência. Está dito nos sutras: Quando as impurezas surgirem, apaguemo-las Na nossa mente Quando a mente cessa, as impurezas Também cessarão O apagamento da mente e das impurezas são Ambas o vazio A isto se chama o verdadeiro arrependimento.

Como poderemos adquirir uma nova vida através do arrependimento? Como poderemos transformar o inferno no céu, as aflições mentais em Bodhi, as impurezas em purezas, o saha em terra pura? Isto é determinado através da maneira como conseguimos ver para além das nossas conceções falsas, e saber se poderemos arrepender-nos genuinamente das coisas. Depois do arrependimento também precisamos de gerar aspirações, aprender com os espíritos dos santos e dos sábios, e fazer os Quatro Votos Universais: Os seres sencientes são infinitos; Eu juro libertá-los As aflições são infinitas; Eu juro erradicá-las Os dharmas são inextinguíveis; Eu juro estudá-los O caminho do Buda é supremo; Eu juro alcançá-lo 17

As quatro promessas universais são a materialização do espírito do bodhisattva Mahayana. Através delas, não só conseguiremos diminuir o nosso karma nocivo, como também se irão tornar a nossa maior fonte de força durante o caminho do Bodhi até chegar a Buda.

4. Diminuir as Aflições Mentais Todos nós já recebemos a nossa dose de dores de cabeça e de coração. Fisicamente, teremos de lidar com o nosso envelhecimento, doença e morte. Mentalmente, teremos que lidar com os problemas que brotam da ganância, do ódio e da ignorância. Os chineses têm um ditado que se encaixa perfeitamente nos nossos problemas: “O paraíso e o inferno às vezes terminam; as tristezas continuam para sempre.” As nossas aflições são tão profundas como o azul mais escuro do oceano e mais denso que as próprias árvores da floresta. As nossas aflições são a fonte das nossas ilusões e do nosso karma nocivo, empurrando-nos para o ciclo da vida e da morte. As aflições mentais, por muito numerosas e variadas que sejam, provêm todas de uma causa - o apego a nós mesmos. As inúmeras aflições mentais que temos surgem das visões inapropriadas que são causadas pelo nosso apego. Para cultivar o Dharma, primeiro temos que aprender a ultrapassar estas aflições. A maior fonte delas são a ganância, o ódio e a ignorância. Para eliminar a primeira temos que eliminar as segundas. 18

Wang Yangming, um confucionista famoso do tempo da Dinastia Ming, uma vez disse, “Apanhar o bandido que está nas montanhas é fácil; para apanhar o bandido que está em nós é que é difícil.” Felizmente, o Buda ensina que devemos praticar afincadamente os preceitos, a meditação e a sabedoria; tudo para extinguir o fogo da ganância, do ódio e da ignorância. Devido ao hábito da nossa mente, tencionamos pensar mais em nós que nos outros. Mas se usarmos o nosso poder para seguir os preceitos, iremos parar de magoar os outros, mesmo à custa do nosso sacrifício pessoal. Assim, poderemos ver que ao seguir os preceitos, este podem ser um remédio para a ganância. Quanto às dúvidas e ressentimentos do nosso dia-a-dia, precisamos de nos aplicar na prática da meditação, mantendo assim uma mente objetiva e pura, livre das rasteiras das aflições. No que respeita à ignorância, o remédio é a sabedoria. A sabedoria que falamos não equivale ao conhecimento sobre o mundo porque ele nunca é inteiro. Quando não permitimos que a nossa sabedoria prajna interior se manifeste, quando os nossos estados no dia-a-dia estão em discórdia com o Dharma, e todas as nossas ações são dirigidas através das emoções e de um entendimento egoísta acerca do mundo, isso é chamado a ignorância. No Budismo, a sabedoria é cultivada através da escuta, contemplação e a experiência que ganhamos da prática. É o método de reflexão e observação da realidade. Apenas através deste método poderemos extinguir os grandes males da ganância, ódio e ignorância. Muitos de nós já ouviram o ditado, “Não faças o mal, 19

não escutes o mal, não fales o mal.” Isto é um bom começo. Os nossos órgãos sensoriais - olhos, boca, nariz, língua, corpo, e mente - estão constantemente a fazer contacto com o exterior e a fazer discriminações; consequentemente, desenvolvemos aflições mentais. Quando vigiamos as três portas do karma (corpo, voz, discurso), estamos a remover as condições para que os três venenos surjam. Desta maneira, as nossas ações podem ser mais positivas e as aflições mentais podem começar a diminuir. A minha avó materna era uma mulher muito religiosa. Ela começou a sua prática de vegetarianismo para toda a vida quando tinha 17 anos - nesse mesmo tempo também começou a praticar a recitação do nome de Amitabha. Ela foi uma mulher com muita compaixão e teve muita influência na minha decisão de seguir o sangha. Teve três filhos, cada um com as suas famílias, mas infelizmente os filhos dos últimos morreram muito cedo. A minha avó nunca ficou ressentida com esta perda. Ela era uma Budista no sentido mais puro do termo. Ela percebia que onde há vida também tem de haver morte e que nós colhemos o que semeamos. O nascimento dos seus netos era o culminar das causas e condições; as suas partidas também eram o resultado dessa condicionalidade. A esperança de vida de um humano também não é assim tanta e por isso não devemos lamentar-nos excessivamente com a perda dos nossos entes queridos. Muitos de nós escolhemos acreditar na lei da condicionalidade quando as coisas nos correm bem, mas questionamos a sua validade quando as tragédias se abatem. A minha avó conseguia real20

mente meter as suas tristezas em perspetiva. Ela foi uma inspiração para mim.

5. Lidar com as Exigências da Vida Nestes tempos do telemóvel e dos bips costumamos ver pessoas que falam ao telefone enquanto estão ocupadas a fazer outra coisa. A vida está tão cheia de prazos e de agendas que fazem todos os segundos contar. É fácil esquecer-nos porque ficamos tão ocupados. Há pessoas que dizem que é uma bênção estar ocupado e sentir-se necessitado, mas temos noção que estamos preocupados pelas razões certas. Algumas pessoas só conseguem focar-se em si mesmas e não conseguem dar tempo aos outros. Outros dão tudo pelo seu trabalho e negligenciam as suas próprias famílias. Saber aproveitar o tempo é uma arte. Temos que aproveitar o nosso tempo de forma a balançar as nossas necessidades materiais e espirituais. Temos que saber olhar por nós mesmos, mas também temos de ter o bem-estar dos outros em consideração. Devemos trabalhar no nosso presente, mas também para o nosso futuro. Se conseguirmos alcançar um equilíbrio em todas estas áreas então estamos a administrar bem o nosso tempo. Os Estados Unidos da América é um país para jovens. A sociedade move-se a um passo rápido, e as pessoas idosas, que muitas das vezes não conseguem acompanhá-la, retiram-se. Que tipo de vida podemos nós esperar quando ficarmos velhos? Da mesma forma 21

que não há quase tempo nenhum para fazer tudo quando somos jovens, o oposto também é verdade quando ficamos velhos. A minha sugestão é que devemos todos desenvolver o hábito da leitura quando somos mais novos. Assim quando estivermos menos mexidos, podemos sempre aproveitar para relaxar e ler um bom livro. Temos que manter a mente jovem ao exercitá-la constantemente, mantendo-a ocupada. Quando os nossos olhos estiverem cansados, podemos recitar o nome do Amitabha. Quando somos conscientes de Amitabha, ele estará sempre no nosso coração.

1. Prestar homenagem a todos os Budas

Na verdade, não temos que esperar até ficarmos velhos para começar a recitar o nome de Amitabha. É uma prática aplicável tanto aos mais velhos como aos mais novos. Quando estamos ocupados podemos recitar o nome de Amitabha para acalmar a nossa mente. Amitabha significa “luz infinita” e “vida infinita”, um bom apoio durante os altos e baixos da vida.

8. Escutar sempre o Dharma

6. Construir uma base Espiritual Mais tarde ou mais cedo, todos nós teremos que lidar com mais problemas complicados durante a vida. Aquilo que nos faz mover nestes momentos é a esperança que as coisas poderão melhorar no futuro. No Budismo, a esperança é fomentada por duas forças. A primeira força é gerada pelo vínculo das promessas. Um bom exemplo são as 10 promessas de Samantabhadra Bodhisattva: 22

2. Admirar os Tathagatas 3. Prática extensiva de oferendas 4. Arrepender de todo o nosso karma nocivo 5. Ser feliz com outros 6. Implorar a viragem da Roda do Dharma 7. Implorar a presença de Budas no nosso mundo

9. Cuidar sempre das necessidades dos seres sencientes 10. Transferir méritos e virtudes a todos os seres sencientes

As promessas têm uma força imensurável porque elas cristalizam a esperança, não só daqueles que fazem a promessa, mas também para todos os seres sencientes. O mérito dos votos também facilita as boas causas e condições para os cumprir. A segunda força é gerada pelo suporte e encaminhamento dos três tesouros: O Buda, o Dharma e a Sangha. Quando somos jovens, dependemos dos nossos pais para todas as nossas necessidades. Quando crescemos e vivemos por nossa conta, expandimos o nosso apoio para incluir um circulo de amigos em quem confiamos mais. Algumas pessoas 23

também gostam de receber ajuda de outros deuses mas eles não se apercebem que o plano divino ainda está dentro dos seis planos da existência, e que esses deuses ainda estão sujeitos ao ciclo da vida e da morte. Quando a sua vida se esgota, esses deuses envelhecem e ficam carentes também. Neste mundo de impermanência, o Buda ensina-nos a procurar apoio, ou a encontrar refugio, nestes três tesouros. O Buda, o iluminado, brilha em luz a sua luz, ajudando-nos no nosso caminho. Os seus ensinamentos, o Dharma, são como umas lentes corretivas que nos ajudam a ver através das ilusões e a perceber a verdade acerca da vida e do universo. São o carril de um caminho de ferro, mantendo-nos no nosso curso para que cheguemos bem ao nosso destino. O Sangha é o corpo dos indivíduos que renunciaram à vida secular e estão empenhados em praticar o Dharma. Mesmo que eles ainda não tenham atingido a iluminação, eles são os nossos professores. É dito nos sutras que nós somos os doentes, o Buda é o nosso doutor. o Dharma representa o nosso remédio e o Sangha as nossas enfermeiras. O Caminho para o Budismo do Venerável Yinshun contem o verso apropriado: Pessoas buscam refúgio por todo o lado Buscam o refúgio em todas as 10 direções Finalmente percebem que o melhor sítio de refugio É encontrado nos Três Tesouros auspiciosos.

Amigos podem ir e vir, mas os três tesouros estão sempre prontos para nos estender uma mão amiga. A compaixão dos três tesouros mais a força que ga24

nhamos com os nossos juramentos formam o fundamento do nosso bem-estar mental.

7. Saber deixar ir os nossos Entes Queridos A separação dos nossos entes queridos é um dos oito sofrimentos que todos teremos de suportar. N’O Caminho para o Budismo está dito que “Aqueles que tem fama e alto estatuto irão cair” Aqueles que estão juntos poderão ser separados” Não há nada mais reconfortante que ter uma família feliz, que sabe aproveitar a companhia de cada um, partilhando tanto os bons como os maus momentos. Mas as crianças crescem e eventualmente sairão da guarda dos seus pais. Doença e morte também podem roubar-nos os nossos entes queridos. Ainda para mais, nestes dias e tempos de relações descartáveis, parece que a estrutura da família é também tratada como se fosse descartável. Conjugues viram-se um contra o outro; irmãos tratam-se como estranhos. Devemos todos apreciar as nossas relações com a família e com os amigos. Sem as causas e condições necessárias, nós nunca nos tínhamos juntado. No entanto, mesmo que saibamos dar valor às nossas relações, não devemos ficar apegados a elas. Temos de saber largar quando as nossas crianças crescerem e nos deixarem. Há algumas coisas que podemos fazer para aprender a lidar com a separação quando esta se tornar uma 25

realidade. Devemos ter uma variedade de interesses para que nos mantenhamos ocupados, de modo que não medimos a nossa felicidade quando os nossos filhos nos vierem visitar. Quando as nossas relações com os filhos mudarem, podemos também criar novas relações. Se tivermos o nosso circulo individual de apoio então estaremos menos inclinados a ser exigentes com a atenção dos nossos filhos. Por último, devemos encontrar a felicidade em nós mesmos e não em elementos exteriores.

natureza. Não deves ficar magoada pela morte do teu filho.” A senhora idosa ficou iluminada.

O que acontece quando os nossos entes queridos morrem e nos deixam para sempre? Durante o tempo do Buda, houve uma senhora idosa que tinha só um filho. Ela amava muito o seu filho e sempre esperou que ele fosse cuidar dela quando ficasse mais velha e dependente. Mas infelizmente o seu filho ficou doente e um dia morreu. A mulher ficou angustiada. Cheia de mágoa, transportou o corpo do filho até onde o Buda estava na esperança que este o pudesse ressuscitar. O Abençoado teve pena da mulher e disse, “Se queres que eu traga de volta o teu filho, há uma maneira. Primeiro tens de trazer uma pequena semente de mostarda, mas não uma qualquer. Esta semente tem de vir de uma casa que nunca se conheceu a morte” A mãe pensou que ela podia voltar atrás no tempo. Esperançosa, ela foi de casa em casa, tentando encontrar aquela onde nunca ninguém tivesse morrido. Ela procurou em vão e, finalmente, após bater a todas as portas, voltou para junto do Buda e disse-lhe o que tinha acontecido. Buda explicou-lhe gentilmente, “Desde os tempos imemoriais, o homem viveu e morreu. Tal é a lei da

Algumas pessoas consideram a riqueza como a melhor maneira de medir o sucesso e solucionar os problemas. A nossa riqueza vai para além do nosso tamanho e não nos durará para sempre. Na verdade, uma vez o Buda disse que a nossa riqueza não nos pertence, mas sim aos cinco mestres. Os cinco mestres são as cheias, os fogos, os ladrões, o governo corrupto e os filhos pródigos. As cheias e os fogos podem destruir num instante tudo aquilo que demorou uma vida a construir. Lemos também quando sai no jornal, casos onde idosos são enganados para que entreguem todas as poupanças de uma vida inteira. As políticas do governo e a guerra podem mudar toda uma economia e os jovens podem gastar inutilmente uma fortuna, por mais grande que seja. Enquanto dissermos, “Isto é meu” ou “Eu possuo isto”, a nossa relação com a riqueza será muito mais supérflua.

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Quando há vida, também tem de haver morte; quando há união também tem de haver separação. Devemos dar valor às nossas relações enquanto elas duram e saber deixar largar quando a separação se torna inevitável.

8. Ser Caridoso

Viemos para este mundo de mãos vazias e será assim que sairemos dele. Os sutras dizem, “Não podemos levar nada connosco, só o karma nos segue para 27

toda a parte.” Apesar de tal parecer óbvio, muitos de nós não o encara a sério. Pensamos que mesmo que não possamos levar connosco a nossa riqueza, ela poderá ficar para os nossos filhos. Infelizmente, o processo de divisão de heranças é um traço comum de discórdia que acaba por afastar até os irmãos mais chegados. Na verdade, quanto maior a herança, maior e mais amarga será a disputa. Pensamos que podemos planear para o futuro dos nossos filhos, mas a vida pode mandar-nos para muitas curvas. Não devemos ser consumidos pelo facto que devemos dar tudo às nossas gerações futuras; a melhor coisa que podemos fazer para as nossas crianças é dar-lhes uma boa educação e ensinar-lhes a diferença entre o que é correto e o que é errado. A questão mais importante no que diz respeito à riqueza não é a quantidade que temos, mas aquilo que fazemos com o que temos. A riqueza em si não tem nenhum valor ético. É da nossa responsabilidade empregá-la da melhor maneira, como por exemplo, ajudando os pobres e a espalhar o Dharma. Muitos filantropos criam bolsas de estudo para ajudar crianças necessitadas durante a faculdade. É a sua maneira de dar ao mundo o pouco que eles receberam em troca.

9. Enfrentar a Velhice e a Doença Quer sejamos ricos ou pobres, jovens ou velhos, todos nós ficamos doentes. Mesmo a doença mais simples como a constipação pode deixar-nos na cama durante alguns dias. Apesar de ser um incon28

veniente, conseguimos lidar com isso. O verdadeiro teste para a nossa força interior será quando enfrentarmos uma doença degenerativa. Eu lembro-me de quando tinha vinte anos, tive um caso grave de reumatismo. Eu estava tão doente que não conseguia andar. Mesmo deitado na minha cama, qualquer movimento pequeno que fosse, causava uma tremenda dor no meu corpo. Quando finalmente fui ver um médico, ele disse-me que o reumatismo era muito severo e provavelmente teriam que amputar-me as pernas. Quando ouvi o prognostico não fiquei a sentir pena de mim mesmo. Pensei, “Eu já dediquei a minha vida a seguir o Dharma. Mesmo que perca as minhas pernas e já não possa viajar, terei mais tempo para escrever e para ler. Conseguia continuar o meu trabalho através da escrita.” Não tinha medo de como eu me poderia ver ou o que os outros poderiam achar de mim, e por isso eu não estava preocupado com a possibilidade de poder perder as minhas pernas. Quando Norman Cousins foi diagnosticado com uma doença paralisante em 1964, ele não perdeu a esperança. Em vez disso, ele olhou para a vida com uma nova perspetiva e tratou-se com uma “terapia do riso”. Conseguiu viver uma vida saudável até ao fim das décadas de 90. Helen Keller era uma senhora cega e surda. Mas ela não foi impedida pelas suas deficiências e tornou-se uma inspiração dos nossos tempos. Muitas das vezes nós não nos tornamos incapacitados devido aos problemas físicos, mas sim por causa dos nossos problemas mentais.

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Como é que podemos evitar o sentimento de nos sentir inúteis, quando enfrentamos uma doença que seja capaz de alterar as nossas vidas? Deixem-me oferecer três sugestões. Primeiro, temos que nos manter positivos, mesmo em doença. Podemos lidar com todo o stress de maneira diferente. Algumas pessoas queixam-se de quase tudo e outras pessoas conseguem aguentar muito mais. É importante que nós não deixemos o nosso corpo ditar como a nossa mente se deve sentir. Quando a mente não está focada na dor, o corpo vai começar a sentir-se melhor. Em segundo lugar, devemos abordar a saúde de um ponto de vista holístico e não nos tornarmos totalmente dependentes de remédios. Apesar da medicina moderna ter feito muitos avanços, continua a ter os seus limites. Algumas pessoas, ao menor sinal de doença, vão a correr para os médicos para lhes pedirem um novo remédio. Como resultado, alguns antibióticos que são muito administrados começam a perder a sua eficácia. Para além das intervenções médicas, também temos de examinar a nossa própria maneira de viver e ver se estamos a comer em condições e a fazer exercício suficiente. Finalmente em terceiro lugar, temos que estar relaxados com os nossos problemas. Apesar de fazermos o melhor para combater a nossa doença, também devemos cuidar de encará-la calmamente. Afinal de contas, estar doente é uma parte inevitável da vida. Todos nós temos que enfrentar a doença, mas não precisamos de sucumbir perante o desespero.

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10. Transcender a Vida e a Morte Apesar de nós humanos termos vida, o nosso corpo não dura para sempre, e a morte física do corpo é inevitável. Morte e Vida são relativos. Apesar de sabermos que a morte segue a vida, queria acrescentar também que a vida segue a morte. A morte marca o fim de uma vida e o começo de outra. Muitos de nós não temos sequer ideia da resposta quanto à pergunta milenar: “De onde vem a vida? E para onde nos leva?”. Enquanto estamos vivos, tendemos a encarar a vida como um dado adquirido. Muitos de nós estão tão preocupados em fazer algo com a sua vida que não pensam muito acerca da mesma. Do pouco que conhecemos da vida, da morte ainda percebemos menos. Como devemos encarar a vida e a morte? O Buda ensina-nos que não pode haver existência sem um princípio e um fim. Aquilo a que chamamos “Vida” é o ponto culminante das causas e condições e, por isso, é sempre alternada. Como a água que corre velozmente pelo mesmo rio, não é a mesma água. Assim que a água passa, mais virá para tomar o seu lugar. Esta impermanência é a causa intrínseca do mundo fenomenológico. Olhemos à nossa volta. Passamos pelo nascimento, envelhecimento e a morte. Da mesma forma, o mundo não animado é marcado pela geração, existência e corrupção. Os sutras dizem: “O monte Sumeru pode ser alto, mesmo assim um dia irá desaparecer. Apesar do oceano ter grandes profundezas, quando o seu tempo terminar, irá ficar seco. Apesar do Sol e da lua brilharem, mais 31

tarde ou mais cedo irão deixar de existir. A grande terra pode ser forte e segurar tudo quanto exista mas quando os fogos do karma irromperem do kalpa, ela também, não poderá escapar à impermanência.” Quando entendermos esta verdade, já não teremos medo da morte e da reencarnação. Perceberemos que a morte e reencarnação são como mudar-nos de uma casa para outra. O Buda mostrou-nos várias formas de lidar com a vida e a morte. A prática da Terra Pura do Amitabha Buda é um método direto e adequado para muitos de nós, mas não é o único. Quando o grande mestre Cihang estava vivo, teve um discípulo cujo nome de Dharma era Luhang. Era um veterano reformado e gostava da simplicidade da prática Terra Pura. Ele pedia várias vezes ao seu mestre para recitar o nome de Amitabha para poder renascer na sua Terra Pura. Um dia ele voltou a abordar o mestre sobre o mesmo assunto, e ele respondeu, “Queres mesmo renascer na Terra Pura de Amitabha? Bom, então vamos lá.” Ele depois sentou-se e faleceu. Quando os outros estudantes perceberam que o seu mestre não estava a respirar culparam todos Luhang pelo sucedido. Depois de meia hora de agitação, o venerável mestre voltou a respirar. Ele depois retorquiu, “Somos livres de escolher a escola onde queremos praticar.” Não é importante qual escola de Budismo que escolhemos, desde que pratiquemos. Esta história mostra que aquilo que é verdadeiramente importante para os nossos dias é a maneira como colocamos o nosso conhecimento em prática 32

e não a quantidade de ensinamentos do Buda que adquirimos.

O GHATA DA TRANSFERÊNCIA DE MÉRITO Que a generosidade, a compaixão, a alegria e a equanimidade permeiem todo o universo;

Que valorizem as bençãos, criem vínculos, beneficiem o céu e a terra. Pratiquemos o Ch´an com pureza, sigamos os preceitos, aceitemos tudo com serenidade; Façamos os Grandes Votos com humildade e gratidão.

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ATIVIDADES DA BLIA PORTUGAL A BLIA desenvolver uma série de atividades no Templo, para o desenvolvimento pessoal, esclarecimento e estudos sobre Budismo.

• Estudos de Budismo em horário pós-laboral e aos sábados; • Meditação Ch’an; • Cerimónia do Chá; • Aulas de Tai Chi; • Prática de Caligrafia; • Cerimónias budistas ao domingo.

BLIA

BLIA Associação Internacional Buddha´s Light de Lisboa Rua Centieira, nº 35 1800-056 Lisboa Portugal Tel: 218599286 email: [email protected] www.facebook.com/bliaportugal

• Retiros Torne-se associado, ajude a prática do budismo em Portugal.

CONTACTOS BLIA – Associação Internacional Buddha´s Light de Lisboa Rua Centieira, nº 35 1800-056 Lisboa Portugal Tel: 218599286 email: [email protected] www.facebook.com/bliaportugal 34

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