Karatê O Verdadeiro Caminho

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O VERDADEIRO CAMINHO DO KARATÊ

Scans by xguimaraesx

Sempre que leio um livro, ou vejo algo que transmite ô amor por uma Pátria, ou ouço falar do amor e da obra de alguém pela sua, sinto então meu corpo inteiro fremir de emoção e> enquanto domino as lágrimas, penso com ciúmes e tristeza no nada que fiz pela minha. O AUTOR

AUTOR: A. C. GOTUZZO TAGNIN

O VERDADEIRO C A D I N H O

DO KARATÊ

São

Paulo

RODOLIVROS = com. editorial de livros e distribuidora, Itda. 1S75

V

ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO 1 — Algo a Respeito do Karatê 2 — Entre a Técnica e a Alma 3 — Um Pouco de História

1 3 4

CAPITULO I As 1 2 3 4 5 6 7 8

Origens — As Lutas Gregas? — Bodhidharma — As Escolas e Estilos Chineses — No Japão o Lar do Karatê? — G. Funakoshi — Comparando Com Outras Lutas — São Muitas as Escolas e Estilos? — E Sobre as Escolas Chinesas e Coreanas?

6 6 7 8 10 16 21 26

CAPITULO II »

1

LI

Método Caminhando para o método certo 1 — A Prática do Karatê "é um Bem Para Todos? 2 — Onde Praticar 3 — Somente cm Clubes Podemos Praticar o Karatê?

30 30 33 36 38

4 5 6 7 8

— Sua Prática é Perigosa? — O Aproveitamento e o Aluno . . . . — Somente a Escola Importa? — As Obrigações Morais e a Cortesia — Os Graus

40 41 45 47 51

CAPÍTULO III O Material 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Usado Para Treinamento

56

— As Armas de Q u e m Pratica — O Seiken — As Derivações — A Mão — 0 Punho — O Cotovelo — O Antebraço — Os Pés — O Joelho

62 63 65 66 68 69 69 70 72

#.

CAPÍTULO IV Princípios

Que Formam a Base

1 — A Energia que Todos nós Possuímos e que Poucos Sabem Aproveitar 2 — Reunindo Nossa Força 3 — Força de Reação 4 — A Ação do Abdomem e dos Quadris . . . . 5 — Contração e Descontração 6 — A Respiração 7 — Algo Sobre a Respiração 8 — Algo a Respeito dos Reflexos

LU

73 74 75 76 77 78 79 80 86

CAPITULO V A temi Concentração e Espirito 1 — A Batida Poderosa 2 — A Concentração Mental e o seu Próprio Domínio 3 — Deve o Espírito Adormecer? 4 — Vontade e Ação 5 — 0 Valor da Técnica e do Espírito 6 — Onde Está o Absoluto? 7 — Zen e Karatê 9 — A Parte Teórica

88 88 88 90 91 93 93 100 108 109

CAPÍTULO VI A Prática 1 — Como Praticar 2 — 0 T r e i n a m e n t o Necessário Para as Armas Naturais 3 — 0 T r e i n o no Hakiwara Pelos Membros Superiores , 4 — O T r e i n o Para os Membros Inferiores no Saco de Areia 5 — Preparo Físico 6 — As Mãos Deformadas são uma Necessidade? 7 — 0 Equilíbrio 8 — Exercícios de Elasticidade 9 — Tensão 10 — Exercícios com os pés 11 — Controle 12 — Coordenação 13 — Tornozelos 14 — Tendões

114 114 120 123 125 128 129 130 132 135 139 142 143 144 145

15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27 28

— Joelhos — Quadris — Articulando os Artelhos — Para a Bacia — Outros Tipos de Flexões — Punhos — T o r n a n d o Flexível o Pescoço — Para o Tronco — T o r n a n d o Flexível os Joelhos — A Flexibilidade dos Braços — Músculos e Resistência - Pernas — A Técnica do Bastão

146 147 148 148 149 150 150 151 151 152 152 154 155

CAPÍTULO IX I — Os Bloqueios — Uke-Waza

178

CAPÍTULO X (Esquivas) Kawashi 1 — Os Quadris 2 — Poupando Energia 3 — Ainda a Defesa 4 — A Decisão no Contra-Ataque

195 197 197 198 199

CAPÍTULO XI CAPÍTULO VII Onde Atingir

156

1 — Os Pontos Vitais Frente 2 — Costas 2 — Zonas na Competição

156 158 159

Tsuki-Waza 1 — Técnicas de Ataque e Contra-Ataque . . . 2 — As Derivações

202 202 205

CAPÍTULO XII CAPÍTULO VÍII Técnicas 1 2 3 4 5 6 7

— — — — — — -

As Técnicas Conselhos Defesas Posições e Deslocamentos As Posições de Combate Os Deslocamentos Defesa

Uchi-Waza 1 — Técnica de Golpes Indiretos

215 215

160 160 161 164 166 169 173 176

2 — O Cotovelo e a s Técnicas

219

CAPÍTULO XIII Keri-Waza 1 — Ataque e Contra-Ataque

222 222

CAPÍTULO XIV 1 — As Projeções e as Competições 2 — As Técnicas 3 — Barreira

236 237 238

5 7 8 9

Renzoku-Waza 1 — Encadeamentos CAPÍTULO XVI

242 242

Técnicas de Base 1 — Kumite 2 — Conselhos 3 — Assaltos Livres 4 — O Ippon 5 — T r e i n a n d o Para Competir 6 — Conselhos 7 — Competições e Regras 8 — Convenções 9 — Proibições 10 — Pontos Vitais e os Limites Permitidos . . . 11 — A Projeção 12 — Ferimentos e Insultos 13 — O Julgamento

2 IS '-48 251 268 278 282 284 286 287 289 291 29-1 294 294

CAPÍTULO XVII — — — —

A O O A

Defesa Pessoal Agredido Agressor Resposta

Lembretes e Conselhos Desconfiemos das Fintas Defesa Pessoal Feminina Defesas

'

308 309 309 31

CAPITULO x v m

CAPITULO XV

1 2 3 4

— — — —

297 Soo 30U 301

1 2 3 4 5 6 7

- Os Katas — Combate Real — Exercícios de Estilo — História e Diversificações — Um Quadro dos Katas — Conselhos . — Convenções

......

323 323 325 326 330 332 338

CAPÍTULO XIX 1 — Katas Básicos 2 — Taikyoku-no-Kata 3 — Taikyoku-shodan 4 — Ten-no-Kata 5 — Heian-no-Kata 6 — Heian-Shodan 7 — Heian-Sandan 9 — Heian-Yodan 10 — Heian-Godan 11 — Katas Avançados 12 — Tekki-Shodan 13 — Kanku-Dai

..

340 340 340 345 348 348 356 361 366 370 370 375

14 15 16 17

— — — —

Bassai Estilo Goju-Ryu Sanchin-no-Kata Saipa-no-Kata

..

382 388 388 392

CAPÍTULO XX 1 — Preparo Físico

399

EPÍLOGO Pequeno Dicionário d e T e r m o s Técnicos . . . . . . T e r m o s Usados na Arbitragem Bibliografia

455 459 461

Este livro foi impresso pela SÍMBOLO S. A. INDUSTRIAS GRÁFICAS Rua General Flores, 518, 525 Fone: 221-5833 Com filmes fornecidos pela editora

r~

A MINGO JACY

IANACONE CAR1DÃ

e CARLOS

STOCCHI

meus bons amigos

'

A meu tio ROMEU pela sua imensa dedicação no transe de meu pai

 ALICE Pela sua colaboração sem a qual seria impossível a produção desta obra

I

PREFÁCIO Tivemos ensejo, tempos atrás, de ler com carinho, o livro do Professor Gotuzzo Tagnin sobre Karatê. Desnecessário se torna dizer o quanto nos deleitamos com tal leitura. Sim, porque, este livro não é apenas mais um livro sobre Karatê. É, isto sim, um dos mais completos livros já escritos sobre o assunto. A sua profundidade, a visão cosmogónica do autor, sua policromia dialética, fazem com que ele explore o mais recôndito da alma humana, quando palmilha a trilha poética do Zen. Não vamos falar aqui, dessa filosofia. O autor o faz muito bem, e sem deixar margem a quaisquer dúvidas; entretanto, ao compararmos a filosofia dessa arte marcial com outras filosofias, sejam ocidentais, sejam orientais, damo-nos conta da profunda introspecção que nos revela. O autor, em seu diálogo simples e singelo com o leitor, quase que o conduz pela mão, através das sendas da vida, passo a passo, etapa por etapa, ao triunfo final, do espírito sobre o corpo. Muitas pessoas procurarão este livro, na ânsia de "aprender a brigar". Se o seu intuito é esse, amigo leitor, não o faça. Pare de ler; não siga adiante, pois de nada lhe adiantaria. Este livro foi feito para aqueles que querem atingir aquela comunhão total da alma com o físico, do espírito com a matéria. Para estes sim, a presente obra surtirá efeito, e um efeito benéfico, com frutos duradouros.

Não queremos ser prolixos, não queremos nos delongar mais do que o necessário. O que o leitor precisa saber, sabe-lo-á durante a leitura da presente obra. Leitor, avante, vire a página e adentre no mundo divino e maravilhoso do Karatê. São Paulo, 16 de setembro de 1973. Gabriel Cesar Zaccarias de Inellas Príncipe de Sirenzio

HOMENAGEM A UM HOMEM

MEU V E L H O PAI

Faz algum tempo que te fostes para não mais voltar. Descansastes por méritos e por justiça. Como quando meu irmão partiu, não pude segurar tua mão e beijar teu rosto. A situação assim o quis. Foi melhor, pois guardei comigo tua imagem viva, alegre e operante. Não segurei tua mão, mas lembro-me quando seguravas a minha, guiando meus primeiros passos, e dando segurança à minha juventude. Foi aquela mão k.rte e aquela palavra amiga que a mocidade fingiu ignorar e a madurez aceitou como conselho, que orientaram meus passos na procura dos significados da vida. Foi a lembrança da casa e a vontade de te retribuir que me orientaram pelos caminhos de obstáculos, fazendo-me aprender a ver em cada precipício um desafio a vencer, e a fazer das tristezas passadas, conselhos para o presente e uma base para o futuro. E desta procura pela melhora geral, surgiram teus "netos" que são meus livros. Não são netos que trazem nossos traços humanos, netos que nos encantam na infância, nos preocupam na mocidade e nos abandonam pelos anos. Não. São netos especiais. Netos que nos perpetuam o nome para sempre. Netos que não nos causam dissabores ou alegrias passageiras. São seres especiais que trazem em si, não as linhas do rosto que envelhecem e morrem, mas aquelas da alma que exprimem a sensibilidade do "espírito". Não tivestes netos, matéria operante. Matéria passiva de trair, de mal querer e de enganar. Pelo contrário, tivestes netos

que perpetuam nossa passagem pela T e r r a e dão eternidade à personalidade, coisa que nos outros é efêmera ilusão, relativa à duração do ciclo da vida. Portanto, velho pai, aquele neto que desejastes não foi possível conceber. Mas tens a compensação. Desejavas um. Quem sabe vou dar-te uma dúzia ou mais? E como te falo, "seres especiais". Quanto à nossa saudade, deixo-a vingar, pois após as lágrimas há a certeza do conforto verdadeiro, onde o desespero não viceja e a dor não opera. E além disto tudo, há nossa esperança que nos diz da esperança em nos encontrarmos algum dia. É como uma infinidade de torres apontando para o céu como a implorar a verdade. E quem sabe, estas torres que apontam para o céu na esperança da eternidade possam nos levar a ver-nos de novo. E se isto suceder, estaremos então num lugar onde não haverá marcação de tempo, sofrimentos, incertezas e dores: estaremos "vivendo" para a felicidade e poderei viver em tua companhia, pois a necessidade da vida não mais existirá para obrigar filhos partirem de seus lares à procura do lado material da vida. Penso que a morte leva vidas, mas não a Vida. T e n h o esperanças como a esperança daquelas torres que apontam para os céus. Amavas a vida, e certa vez, soube que dissestes de um moço que achava ser o suficiente viver até aos 65 anos, que ele não sabia o que dizia, que a vida quando amada não havia idades nem épocas. Por isso meu pai, sei que em teu leito de transe, estavas calmo e sereno, como sempre enfrentastes as vicissitudes. Só contigo. Sei que diferente de outros que estampam no rosto o medo e a angústia pelo imprevisto, tu ao contrário parecias que só dormias. Tivestes o sono dos justos. Daqueles que na passagem de suas vidas distribuíram alegrias, sabedoria e

amizades. Tivestes quem chorasse por ti, mas não gostavas disto, pois, achavas que a morte é algo inevitável e que pelas gerações não morremos. T u d o deixamos nos filhos que com todas as ingratidões da mocidade, portam o frescor das primaveras que de muito suplantam as tristezas dos outonos. Achavas que a velhice não eram folhas mortas que se amontoavam formando obstáculos. E nisto tinhas razão, mais por tua pessoa do que pelo comum das coisas. Nunca ouvi ninguém dizer mal de ti, e se na vida de lá houver prêmio aos méritos pela passagem desta, tenho a certeza de que onde estiveres, estarás rodeado de música, de artes, flores, dos teus e de meu irmão. As necessidades da vida nos separaram, mas não conseguiram desamarrar as cadeias do coração e muito menos suplantarem as saudades que ficam a nos amadurecer os sentimentos e envenenar a nossa alegria. Chorei só, por meu irmão e também por ti; mas hoje quando a saudade não é mais a lágrima que nada diz, posso pensar e falar de ti. E vivo mais próximo de ti pela lembrança das coisas especiais que fazem da vida um significado e não uma tola inconseqüência. Como é fugaz a glória e ilusória a conquista. Não há razão alguma na fama se não podemos desfrutá-la com aqueles que são parte de nós. Mas por ti e pelo que pensavas estou lutando. Estou tentando fazer de minha vida a continuação da tua. Séria, honesta e viva. Sei que amavas a vida e que não vias razão no desespero pela chegada da morte. Ela veio e pensou vencer. Sim, pensou, pois sei que não ficastes como o comum dos seres, que depois dos tormentos e trabalhos, chega ao quadro triste da morte. Seria este o fim da sabedoria colhida pelos anos? Seria o fim da bondade que floriu em teu coração pelas lutas e pelas desilusões? De

que valeria então a passagem de simples células animais para o complexo do h o m e m que aprendeu a verdade e amar o belo? Não, ela não te venceu. No dia de teu transe estavas sereno e como disseram todos, com a expressão calma e tranqüila de* quem não morreu, mas apenas adormeceu, para acordar onde tranqüilas vagueiam as esferas. No dia de teu último sono, aqui na T e r r a as chuvas pararam. O dia foi de sol e daquele colorido que tanto amavas. O céu estava claro e limpo. Os pássaros continuavam chilreando n u m a algazarra de agradecimentos à vida. Podia-se sentir o frescor das flores e a seiva que perambulava pelo lenho das árvores. Lá fora. nas ruas, podia-se ouvir o r u m o r das crianças que despreocupadas brincavam esbanjando suas energias. Importam-se pela morte? Não, porque vão crescer; vão aprender a amar e a querer, para assim, levarem a vida para mais longe. Em certa época dormirão como tu, mas, como tu enganarão a morte pelos filhos que deixarem. E foram os filhos dos outros, que também no dia de teu sono, como namorados namoravam, depositando em suas mãos dadas, suas esperanças. De seus sussurros nada ouvi, mas confundiam-se com os murmúrios da natureza. A velha história se repete, como dizias, meu pai: nos olhos que se olham, nas mãos que se entrelaçam na procura do calor e nos lábios que se acasalam pelo beijo. Vence a vida como sempre dissestes. É pois, pensando como tu, q u e desejo colocar nesta vida os frutos que possam dignificar nosso passado, pois o presente como o f u t u r o são conseqüências imediatas que amanhã serão passado também. Que floreça para sempre em m e u coração teus sentimentos, que a muito tempo já fizeram florir o lugar no qual tua boa alma se encontra. Até breve m e u pai, pois fico como as torres na esperança que não haja adeusl

INTRODUÇÃO ALGO A RESPEITO DO KARATÊ O karatê é sobretudo uma arte marcial q u e põe à prova o caráter, a personalidade, a alma e o organismo de quem o pratica fazendo com que uma luta interna exista com o praticante levando-o a desafiar e vencer a si mesmo. A maneira curiosa do leigo olhar ou pretender ver as mãos ou os pés de um praticante procurando anomalias que denotem a prática, é por sinal eirônea, pois o karatê além de prover seus adeptos de força em golpes poderosos, traz em sua essência um lado mais interessante e provavelmente mais verdadeiro. T o d o aquele que se interessa por esportes sabe que o karatê é a arte de lutar sem armas e sua prática faz com q u e o praticante possa defender-se de mais de um inimigo. Como diz seu nome: Kara — (vazio) te — (mãos), esta arte marcial é um meio de luta sem armas. Nela utilizamos os pés, as mãos, os joelhos, os cotovelos, os punhos e a própria cabeça. Não vamos dizer q u e seja a melhor arte marcial, mas tentaremos, ao longo deste livro, mostrar as diferenças entre outras artes de mãos vazias, como o judô, Aikido, etc. Vamos tentar mostrar o lado maravilhoso desta arte em detrimento de confrontos pouco elegantes e que fogem ao ideal do verdadeiro atleta. Bastaria lembrarmos a sincera amizade q u e existiu ao longo de suas vidas entre

Jiro Kano e Gichin Funakoshi. No karatê usamos todo o nosso corpo e o utilizamos como se fosse uma verdadeira máquina de combate, sabiamente dirigida. Cada golpe vigoroso tem seu endereço n u m ponto vital. E para isto basta lembrar que a sua origem nasceu da vontade de unir saúde física e mental, assim como da necessidade de defender seu próprio corpo, já que as armas lhes eram negadas. Com golpes vigorosos e devastadores, sobrepujavam o adversário armado, causando não menos do que rupturas, contusões, etc. É tanto um método de ataque como de defesa pessoal, sendo esta um pouco difícil, uma vez que seus golpes são muito vigorosos, podendo machucar um colega por vezes. É uma maneira excelente de conservarmos a saúde geral, pois na parte física fazemos trabalhar nossos músculos, todas as articulações, nossa coluna vertebral é obrigada a movimentar-se e por efeito das posturas obrigatórias toma u m a forma vertical. Nossa resistência é aumentada assim como nosso fôlego, pois o preparo físico é intenso e o aumento da capacidade cardiopulmonar é enorme. Sem que muitos o saibam no karatê corre-se muito, chegando-se à mesma suficiência preconizada por Cooper (salvo as tabelas) a corrida como meio de condição física. E isto data de milênios! Sendo sua base um trabalho rigoroso de concentração e orientação espiritual, é certo q u e uma grande força física e poder mental é obtido, e desta forma rápidos resultados são conquistados em curto espaço de tempo. De outro modo, achamos conveniente que o praticante não leve jamais para o lado errado seu aprendizado, baseando sua vida em aparecer como o "primeiro". Sabemos que os torneios e as disputas concorrem para a difusão desta arte, mas da maneira como- são feitos, desvirtuam o verdadeiro caminho do karatê. É claro que a competição leva à procura do aprimora-

mento, mas só q u a n d o porta o cunho da honra é q u e trará méritos à pessoa e ao esporte. É válido que façamos torneios entre organizações e universitários, mas que exista um regulamento codificado para todos de comum acordo. Achamos q u e é u m a maneira também de fazer competir pela vida, aqueles menos dotados fisicamente, e aqueles desproporcionais em relação a outros. Como nesta arte não visamos o corpo a corpo, tanto pode competir o magro como o gordo, o alto ou o baixo. Pensamos mesmo que somente por meio da comunicação adquirida pelos torneios ou campeonatos é que poderemos chegar ao congraçamento total independente de escolas e estilos. Será uma quimera? Somente o tempo o dirá! ENTRE A TÉCNICA E A ALMA

Sabemos que entre a técnica do karatê existe o "caminho" que nada mais é do que a ligação mental superior tão decantada em nosso dias. Nesta arte buscamos o aprimoramento físico, unido ao mental, conseguido através de duras provas físicas muiats vezes penosas. É uma estrada aberta à perfeição h u m a n a que tenta devolver ao homem a calma do espírito, e fazê-lo voltar ao seu estado puro primitivo, tirando-o das algemas que lhe aprisionam às diretrizes do m u n d o exterior. É esta paz interior, ou melhor aquele "vazio" do qual nos fala o Budismo Zen. Sentirmo-nos "vazios", ou melhor livres, tanto da cobiça, ambição, ódio e mesmo d e . . . a r m a s . . . ! É um engano pensarmos q u e as artes marciais ensinem a luta, a briga ou os maus caminhos. M u i t o pelo contrário, nelas aprendemos o bom -

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-

caminho, a humildade e o amor à própria vida. Jamais poderemos pensar em dissolução de mente e técnica. Na perfeição ambas são uma em um estado indissolúvel! Não há uma ação perfeita ou um movimento equilibrado sem existir mente e gesto. A mente educada dá-nos descontração, quietude, "vazio" e ao mesmo tempo concentração e força. Fatores indispensáveis para tudo o mais na vida. Nada somos sem o espírito. E é naquele "vazio" que encontramos tudo, q u e vai preencher nossas vidas e nossos atos. É somente lutando pela união do espírito que chegaremos à perfeição total. Em lugar de tentarmos colher as glórias nas disputas, começaremos a procurá-las em nós mesmos. Em nossas lutas contra o orgulho; contra a mesquinhez; contra a intolerância e a maldade. Seria então a luta contra "nós mesmos". Em muito o Karatê de hoje perde para o dos velhos mestres que se impôs através das épocas, com exemplos dignificantes, e tão mesquinhamente hoje imitados.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Não é muito agradável destruirmos um mito tão latente e na verdade elegante como a fantasia de que o karatê foi a criação de uma pessoa ou mesmo de um só povo. Para as mentes mais abertas e observadoras é ilógico e por que não dizer irracional que esta magnifica, elegante e equilibrada cadeia de movimentos harmoniosos, pudesse ser obra de um ser único, dotado de uma capacidade criadora genial, tendo possibilidades de reunir movimentos e técnica definitiva que pela sua perfeição, nada mais exigem em seu aprimoramentd. Como se tudo q u e fazemos não fosse passivo de me-

lhora. É válido pois dizermos que esta arte milenar, não pode parar nas épocas, mas sim aperfeiçoar-se pelas épocas ou melhor, não houve nem haverá perfeição total, porque tudo na vida tende a pesquisas e parte do resultado das mesmas para maiores aprimoramentos. É lógico que certos homens tiveram seu justo valor na pregação e propagação desta arte, mas é notório q u e valendo-se de seus méritos pedagógicos e culturais ensinaram e aperfeiçoaram esta técnica já então milenar. Então, podemos dizer, que os princípios básicos desta arte de dois milênios, advém de anos ininterruptos de combates e pesquisas de várias gerações de apaixonados. Chegaremos assim a nossos dias no atual estado de coisas mostrando que não estamos nem perto do perfeito, pois como sabemos ainda não conseguimos u n i r os vários estilos do karatê. E tão curiosa como esta afirmação é o caso de sua origem. É difícil e mesmo impossível chegarmos à sua história embrionária. São várias as regiões q u e reclamam sua paternidade (índia, China e Japão). Mas na verdade quem programou, propagou, deu força e poder de penetração e foi responsável pelo atual karatê através do m u n d o , foi o mestre japonês Funakoshi. A ele devemos o atual karatê. Dos mestres do m u n d o guardamos alguns estilos mais tarde acurados. Por mais pesquisas que se façam a dificuldade é imensa para falarmos da época de 2.000 anos atrás, q u a n d o sabemos que a literatura e os meios de informação a respeito do karatê, são tão escassas, em razão de haver sido uma arte militar ensinada de professor para aluno em "circulo fechado".

BODHZDHARMA

CAPÍTULO I

AS O R I G E N S

AS LUTAS GREGAS? Já H o m e r o em seus poemas épicos decantava as lutas gregas. Sabemos que o boxe grego no qual se usavam somente as mãos e o pancracio no qual fazia-se uso dos pés e mãos (mais semelhantes ao karatê) datam de épocas pré-olímpicas. De fato eram usados os membros como armas. Não seria lógico querermos ter as lutas gregas como pilares das lutas sem armas, e muito menos tê-las como raizes das artes militares orientais. Foi no Oriente, outrora misterioso e romântico, onde apareceram da mesclagem de estilos de luta dos Persas, Indianos, Chineses etc., as lutas de combate sem armas. Surgiu daí sem dúvida alguma o karatê de nossos dias. — Conta a história, tanto I n d ú como Chinesa, q u e foi da observação dos movimentos dos animais que surgiu esta arte militar. Ambas as histórias são iguais no sentido da pesquisa. Diferem nos princípios filosóficos. E n q u a n t o a I n d ú procura um meio de lutar, a chinesa preocupa-se com os caminhos q u e levam à saúde geral. N u m a melhoravase a saúde pelos movimentos lentos, ao passo q u e na outra dava-se especial atenção aos reflexos para a defesa e ataque. -

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Alguns citam Bodhidharma como f u n d a d o r do karatê. Este monge I n d ú , conhecido mais como Da.utna em japonês, foi o f u n d a d o r do Dhyana ou budismo de contemplação, mais tarde chamado Zen (japonês). Habitou — W e i — no monasterio de Shao-lin-su na província de Honan, pregou a doutrina do grande veículo. Dizem q u e neste período nasceu o Zen, e q u e durante anos meditou ajoelhado defronte a um m u r o sem movimentar-se, perdendo assim, totalmente o uso dos membros. Este monge foi o criador do Shao-LinSu-Kempo, no qual pregava a união do corpo com o espírito. Ensinava o q u e pensava ser o ideal para a saúde, e dizia ser a união do corpo com a alma algo indivisível para chegarmos a verdade e a paz interior. — Através de exercícios penosos, deveríamos chegar à fortaleza do corpo para darmos morada a u m a paz de espírito e a u m a verdade religiosa. Foi ele sem dúvida que deu campo para q u e as artes militares servissem de caminho para um estado de espírito. — Ora, convenhamos q u e u m a série de certos exercícios físicos q u e procuravam a saúde, aliados a movimentos e a exercícios respiratórios e mentais, não poderiam ser tidos como método de combate muito eficaz. M u i t o antes na China, já se praticava o boxe chinês, e não resta dúvida que o método do monge indú, foi u m a síntese das lutas de seu país. — Nos livros I Hu Ching e Hsien-Sui-Ching, conhecemos algo mais sobre assunto tão especial. É certo q u e existiu e existe u m a ligação indestrutível entre o Budismo Zen, com as artes militares, mesmo aquela na qual se usa um bastão. — Com a morte do monge e a divisão da China em vários reinos o monasteiro foi incendiado e os monges partiram para várias direções, levando seus conheci-

mentos. Nesta época tomou maior vulto o boxe chinês que tinha sofrido influência de Bodhidharma; mas já sem seus princípios, mais primando para uma arte de combate. A parte espiritual foi esquecida. Mais tarde a encontramos em quase todas as artes militares japonesas. AS ESCOLAS E ESTILOS CHINESES As técnicas de combate chineses dado a variedade e aos diversos estilos, tomaram nomes diversos em razão deste estado de coisas. O Chiao-ti-shu q u e era uma arLe de combate, foi mais tarde tronhecido como esporte, na dinastia de H a n 206 A.C. — 220 D.C. Este tipo de luta mais tarde chamada kaiko, dada a invasão mongol e a influencia recebida, enriqueceu-se de elementos novos tirados das lutas bárbaras. Desta ramificação aparecia o Kenyu também conhecido como Gigeki, aparecendo mais tarde o Kempo. Nome japonês dado ao boxe chinês, onde a preocupaão foi a pesquisa da velocidade c técnica. Após a traumatização da China pela invasão Mongol e a volta de uma dinastia chinesa ao poder, aprimoraram-se as técnicas de lutas de combate. (D. Ming — 1.368-1.644). Na dinastia Ming e T s i n g 1.644-1.911, surgiram, dada a criação dos chineses, inúmeros métodos de luta com as mãos, derivadas de antigas lutas já influenciadas pelos estilos dos invasores, tais como o Kang-fa e o Tai-chi-chuan, parte essencial do karatê atual. — Com o passar do tempo advieram o Hung, o Lui, o Ts'ai etc., todas reclamam a coexistência com o método do velho Monge. Mas é certo que houve com o passar do tempo empréstimos mútuos nas técnicas diversas mas q u e também a ligação com o Shao-Lin-Su-Kempo estava difícil de se estabelecer. -

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Em verdade as técnicas mesmo chinesas, são o L u n g H u a C h u a n (em japonês Ryuka-Ken) uma espécie de lutas corpo a corpo, e o Tai-Chi-Chuan (fim japonês Taikyoku-Ken) uma espécie de esgrima pugilista e pedestre e do fruto do resultado das assimilações de escolas e estilos, sempre houve uma mudança para melhor. Com a aparição das armas de fogo, adveio o TaiChi cuja técnica mais visava a saúde que propriamente o combate pela vitória. O Jiu-Jitsu foi o originário do Tai-Chi. Ch'en Yuan. Yun visitando o Japão, ensinou estas técnicas, surgindo daí as escolas japonesas de Shintoryu-Wajitsu e Kitoryu. Do Japão foram inúmeras as pessoas q u e viajaram para a China e dentre estas, podemos lembrar a do médico Akyama de Nagasaki. Ele foi à China para estudar as técnicas em geral de medicina. Estuda a reanimação e aprende o boxe. Responsável pela criação da escola japonesa do Yoshin-Ryu. — É sabido que através das artes militares como de outros aspectos, os japoneses conservam traços da civilização chinesa. O j u d ô de Jigoro Kano nasceu nas escolas Kitoriu e Yoshin-Ryu. NO JAPÃO O LAR DO KARATÊ? Sim, mais precisamente em Okinawa. Foi nesta ilha que se elaborou defintivamente a luta a mãos livres ou melhor, sem armas. A história conta q u e o Rei Hasshi, para evitar as revoltas, ele q u e u n i u cm torno de si os Ryu-Kyu, proibiu o uso de armas. Este fator fez com q u e o povo retornasse com ardor para o aprendizado das técnicas de combate sem armas. Nesta fase houve uma renovação nas escolas de combate, dado q u e a

ilha pertencia à China, sob a dinastia Ming. Com a vinda crescente de imigração e emissários da corte, eles sem notar, introduziram as técnicas do Kempo na ilha. Mais tarde Shimazu conquista os Ryu-Kyu e proibe também as armas desta nova intervenção; nasce Okinawa-te uma escola do Kempo e de estilos locais. Nestes tempos os treinos são secretos e os alunos escolhidos. Treina-se firmemente e como as armas eram proibidas faz-se das mãos e pés, armas capazes de substituí-las. Aprimora-se o uso dos joelhos e cotovelos assim como a técnica e a velocidade. Após o ano de 1.900 o Okinawa-Te foi reconhecido como um meio eficiente de preparo físico c educação sendo, então ensinado nas escolas. Aparecem aí os mestres Ankoh Itosu e Kanruo Higaonna como os primeiros, advindo posteriormente Gichin Funakoshi, Mabuni, Kyan, Motobu, Yahiku, Ogusuku, Chogún e Miyagi. É lógico que também o Okinawate sofreu quebra de estilo. G. FUNAKOSHI

Foi em 1.916 que Funakoshi depois de estudar os métodos de combate da ilha, fez sua primeira demonstração em Kyoto e posteriormente em 1922 cm Tokyo na presença de apaixonados das artes militares e do judô. Houve encontros entre Kano e Funakoshi. O próprio pai do judô, convidou Funakoshi para apresentar-se na sede do Kodokan na presença dos mais notáveis mestres da época. O próprio Kano pediu que lhe ensinasse algumas técnicas do karatê. Entre os dois homens, nasceu uma forte simpatia e amizade, ainda hoje desconhecida entre os adeptos das diferentes escolas. — Mais tarde foi convidado pelo governo para administrar aulas .e difundir sua arte. Ensinava nas universidades e em 1.936 fundou o Shotokan em -

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Tókyo. Nomes como OTSUKA, OH AT A, MATSUM O T O e TAKAGI vieram depois. Da época na qual se inicia o conflito chino-japonês ele dá urna origem toda pessoal em sua arte, mudando inclusive o nome dos Katas para fugir à origem chinesa. Do " T O D E " — (mão chinesa) — passa para o " T E " — Karatê (mãos vazias). O vazio conservado pelo mestre parece ser a alma do Budo que sempre procura uma vacuidade do espírito, razão de toda perfeição. Foi ainda acrescentada a palavra karatê, a sílaba DO (caminho, estrada). — A razão disto é que para Funakoshi, esta arte era algo mais do que simples arte de combate. Através suas palavras podemos tirar esta conclusão. — "Como sobre a face polida de um espelho, se reflete tudo que está diante dele e como um vale calmo transmite os sons mais doces, assim o estudante de karatê, deve ter seu espírito livre de egoísmo e das coisas materiais, num esforço por reagir a tudo que pode parecer adverso a ele". Funakoshi era um homem de letras, culto que conseguiu impor a uma simples técnica, uma estrada espiritual então desconhecida, semelhante ao do Monge Indu. Assim a encontramos no Budismo Zen, como no Budo — caminho da perfeição humana através uma arte marcial — Funakoshi dava ênfase ao fato de que seu método dava oportunidade de chegarmos à verdade filosófica. Não sómente por seus atos, mas pelo que diziam seus alunos, era dotado de uma tremenda força interior. Seus golpes e seu bloqueio, eram tão fortes e violentos, que poucos treinaram com ele. — Até uma idade avançada, fazia seus Katas com perfeição de estilo. Foi quem primeiro aplicou estilo de treinamento moderno. Sua técnica era avançada, bem mais que a da ilha de origem, baseando seu método na arte da defesa. Seus movimentos em posição alta e seus -

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ataques, eram fortes e longos. Seu trabalho de síntese, classificação, racionalização das técnicas c estilos, foi sem precedentes na história. Como dissemos antes, tudo evolui para melhox: As próprias técnicas e estilos tiverajn que ser revisadas em vista dos estilos das lutas do Ocidente. Com o desaparecimento de Funakoshi, ficou seu filho Yoshitaka, responsável pelo karatê moderno. Dono de uma técnica sem precedentes, foi o criador do Yoko-Geri, Mawashi-Geri — Fumi-Komi e o Ura Mawashi, todos golpes de pés. Certas técnicas foram aperfeiçoadas. Sabemos que no karatê Shotokan, os ataques eram longos e iniciados de posições baixas o muito fundas. Ele mudou este estado de posições: Cada ataque e cada defesa deviam advir de posições extremamente fundas para que surgissem com maior impacto e força. Todas estas inovações, foram aceitas pelo mestre, mesmo que algumas divergissem das de seu filho. Os treinamentos ministrados pelos alunos de G. Funakoshi eram duros e coletivos (Kokan-Geiko) — A evolução como tudo na vida foi feita, mas a essência ficou imaculada. Movidos pelos êxitos de Funakoshi na década de 1.930 e 1.940, deixam Okinawa, outros mestres com a finalidade de demonstrar seus estilos. Assim foi o caso :le Asamoto Motobu, que fez demonstrações em 1.933 em Osaka. — Em 1.930 Kenwa Mabuni ficou em Kyoto ensinando a técnica Shito-Ryu. Mais tarde Chojun Miyagi, ensina o Goju-Ryu de mestre Higaonna, e em 1.934 segue para o Hawai. — Faleceu em Okinawa em 1.953 aos 65 anos de idade. — Depois destes, outros vieram da ilha para o Japão ensinando suas técnicas que unidas ao espírito japonês, resultou em um estilo diferente. Assim vimos, como todas as técnicas foram importadas da ilha pelos alunos dos mestres Itosu e Higaouna, antes do último conflito universal.

Surgiram então, crês estilos: Shotokan, Shito-Ryu e Goju-Ryu. — Apareceu também um estilo criado por um japonês o Wado-Ryu que apareceu em 1.935 com Horonori Otsuka. Com o advento da guerra, as coisas se modificaram. Mestres morreram em combate. Outros ficaram no interior, ensinando duramente a população, para fazer frente a um desembarque aliado. Então o karatê ensinado era um tanto selvagem, estando muito distante daquele karatê espiritual de outrora. É indubitável que a guerra deixou raizes profundas, e o karatê ensinado naquela ocasião diferiu um poüco de seu sentido primordial. É certo que, todos os que foram submetidos naquela época àquele tipo de treinamento, ficaram mais acurados, pois como sabemos esta é uma arte de guerra. . .! Houve transformações em geral independentes dos estilos, servindo para que a unidade desta arte fosse quebrada. Este período trouxe o desenvolvimento do karatê mas também um grande número de estilos. A juventude via-se impelida para a emancipação, dadas as distorções das hierarquias, daqueles que fizeram a guerra. As tropas de ocupação tão interessadas estavam nas artes marciais, que o próprio comando não as proibiu no tempo de ocupação. — Aos americanos devemos a importação, ainda que rudimentar do karatê. Após a morte de Funakoshi, seus alunos abriram seus próprios ginásios. Não tardou que, disputas mesquinhas surgissem, tentando cada um fazer prevalecer seu estilo. Este estado de coisas foi até 1.964 nas Olímpiadas. — Funakoshi fundou a primeira Federação de Karatê em 1.948, mas em seguida vieram outros rivais e até hoje existe um sério atrito. As que praticam o karatê Universitário estão filiadas ao Kakusei Renraey, que sob a direção de OBATA, congregou 164 Universidades; e as que praticam o karatê Civil dentre tantos, pode-

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mos citar o Nippon Karatê Kyokai Tec. Shotokan dirig. por Takagi a Wado Kai, tec. Wado Ryu — dirig. por Otsuka, a Shotokai dirig. por Eganu e o Chidokan que com os universitários é obra dos alunos de Funakoshi. O Shitokai, a Shukokai, Itosukai e o Kenjukai antigos alunos de Mabuni. Finalmente temos o que restou de Miyagi o Gojukai, Taishukai etc. As de origem coreana, Okinawa e chinesa, apareceram também como Vechi-Ryu, Kobayashi-Ryu, Shoreyi Ryu, todas do Okinawa estilo, e outras tantas, como Nihon Karatê Renínei, e a Kyokushinkay. — Todo o esportista aficcionado, sabe que no Japão existe um grande salão para demonstrações das artes marciais. (BUDO-KAN). Pois bem: foi preciso que um pedido geral das organizações de karatc fosse feito, para se apresentarem nesta sala, e assim o governo aproveitar a ocasião para exigir a união de todos os grupos numa só filiação. Condição esta, para que lhes fosse dada a autorização. — Parece que o surgimento da Zen Nippon Karatê Renmei, não foi suficiente para um congraçamento total. Existem certas dificuldades, ainda não sanadas, derivadas de desacordos das diversas direções de agrupamentos. Todos desejam a união, mas o caso parece complexo demais para ser resolvido tão facilmente. — Para sustentarmos nossas palavras, basta dizer que cada associação continua a promover seus próprios torneios, independente de qualquer compromisso maior. Independente disto, existe e continuarão existindo os casos de direção. Cada qual desejando ter no topo, seu representante como líder máximo!... Até mesmo na organização dos graus e das faixas, houve e há controvérsias, se pensarmos que o mais alto grau dado pouco antes da guerra foi o 4.° Dan. c que Funakoshi jamais promoveu aluno seu a grau superior ao õ.° Dan. Ainda mais, mesmo que certos mestres demonstrem tender para -

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uma união, há o caso daqueles que ensinam e para fazer valer seus estilos, denigrem os de seus colegas, portadores de outros estilos. Seria preciso que todos se voltassem para a razão, e que dela partissem para uma caminhada em direção do sol nascente, visando seu esporte como uma arte de verdade cm pról do seu país. — O karatê emigrou para o Ocidente como vimos, pelas mãos dos americanos. Esta emigração data do período após guerra. Como tudo que tem valor, não tardou que esta arte surgisse em outros recantos do inundo. A Federação Europea de Karatê, data de 1.965, tentando congregar sob sua tutela as diversas organizações de toda a Europa, tentando evitar as divergêncais que houve no Japão e ainda há! A U.E.K. (União Europea de Karatê) congrega um sem número de paises e oficializa as organizações que a requerem. Mas lá, houve séria divergência pois havia as federações que unicamente aceitavam a filiação japonesa, impedindo com isto a estruturação do esporte nacional. Os dois estilos predominantes na Europa são o Shotokan que tem como conselheiro M. M. Taiji Kase e o WadoRyu com Hiro Mochizuki. A U.E.K. não reconhece nenhuma escola particular, mas devido aos dois estilos usados na Europa nomeou os citados conselheiros. Desde 1.966 que os Campeonatos Europeus são organizados pela U.E.K. O montante de praticantes pertencentes as diversas organizações filiadas a U.E.K. está na casa dos 55.000 adeptos. Nos EUA, pensa-se desde já numa união total das diversas agremiações de todos os estilos, e pergunto por que não no Brasil — como início — e em toda América como inalidade de uma aliança total, que mais visaria enobrecer a arte terminando com disputas mesquinhas? — Por que as federações têm de ficar sob a orientação deste ou daquele "expert" dono de tal estilo? Quantas organi-

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zações se filiam a entidades particulares relegando aquelas alicerçadas no governo? — Desta maneira dificilmente esta arte sobreviverá como um princípio filosófico ou melhor "um caminho filosófico" que adveio desde o monge indú até o grande mestre Funakoshi. — Como poderemos falar de obrigações morais quando nos falta uma direção exata? Não seria mais importante pura todos, uma organização internacional que tivesse plenos poderes de jurisdição total? Pensamos que somente assim, teremos respeito próprio e apareceremos como uma arte Olímpica. — Não falando em matar ou quebrar mais telhas ou melões, mas refletindo aquela mesma imagem do espelho e aquele mesmo som dp vale do qual falava Funakoshi. Terá falado em vão? COMPARANDO COM OUTRAS LUTAS

Aqui entramos numa fase de comparações profissionais, primando pela conduta de não fazermos referências no sentido de menosprezar esta ou aquela escola de defesa pessoal. Nossa intenção é elucidar, dando desta forma cooperação pedagógica que na sua pura inocência poderá esclarecer o praticante sobre assuntos que na verdade lhes poderia interessar. De inicio falaremos do Jiu-Jitsu, que como sabemos é natural do Japão, ao contrário do karatê que tem sua origem na China. O jiu-jitsu nasceu no Japão entre os séculos XVI e XVII, sendo mais tarde transformado por Jigoro Kano no atual judô, No jiu-jitsu todos nós sabemos que o essencial são as projeções existindo os golpes, estarngulamentos, etc. — Como podemos ver, difere bem do karatê que se fixa nos golpes -

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vigorosos e movimentos de extrema profundidade. Do jiu-jitsu os melhores mestres tiraram seus ensinamentos para o judô, que como sabemos é a arte de flexibilidade. No judô o fundamento é aproveitarmos e utilizarmos a força do adversário em nosso benefício, jamais opondo resistência à sua força mas na verdade usando-a. Ao arremessar o adversário ao solo, o imobilizamos com técnicas, estrangulamentos, etc. As técnicas estudadas no judô atual, são duas que conhecemos como projeção e solo (Nage-Waza e Ne Waza). Existe o Ate-Waza onde se utilizavam os punhos, mas foi abandonado. O próprio Kano deixou de lado muitos golpes do jiu-jitsu, por achá-los perigosos demais. Eram usados golpes de mãos em alguns Katas muito em particular (Kime-no-Kata). O judô foi criado como um meio de educação e não como um meio de combate. Nele existe a defesa e não o ataque. Na defesa está a obrigação de não combater e a arma de vencer. Quem pratica o judô sabe bem das normas morais que são incluídas durante as aulas. No judô foram acrescentadas algumas técnicas do jiu-jitsu que poucos hoje conhecem. Existe uma grande diferença nas aulas, ou melhor, no treino do judp e do karatê. No judô, na prática, fazemos uma luta convencional regrada nunca começando antes do "Keikogi" do companheiro. Em uma luta real existe o "handicap" do judoka ser obrigado a conservar-se junto do adversário e ter que lutar corpo a corpo. — Há o caso de um ataque rápido e poderoso, onde não haverá tanto tempo para o desequilíbrio e a projeção do adversário, a menos que seja inexperiente. No karatê não há o corpo a corpo. Mesmo nos treinos, não existe o combate "Real" dada a violência dos golpes. Foi depois de muitos anos que o karatê obteve seu verdadeiro lugar no seio do povo. -

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Antes o círculo era fechado demais a outras técnicas que por meio de inúmeras demonstrações tentavam provar que eram de fato as melhores. Rivalidades existem entre praticantes de judô e karatê. Para cada um sua arma é a melhor, sendo que para os praticantes do karatê não há melhor método de defesa e ataque. Nisto há certa razão se pensarmos que o karatê não teve, nem foi criado à maneira e mentalidade do judô. É na verdade um meio de ataque a golpes vigorosos, feitos para colocar o inimigo fora de combate de qualquer maneira. Não foi criado para demonstrações, sendo impossível uma perfeita exibição em caso de aparições em campeonatos. Nele é quase tudo — ataque e bloqueios. — Usamos no karatê 94% de golpes de pés, mãos, punhos, cotovelos, joelhos e cabeça. Nos restantes 6% foram incluidas certas técnicas como luxação, estrangulamento, pinçamento de tendões a centros nervosos e projeções. A projeção que muitos pensam ser uma volta ao judô, difere muito da projeção do mesmo. Podemos começar dizendo que a projeção e as técnicas restantes não perfazem o núcleo desta arte em si. A projeção serve simplesmente para tirar a atenção do adversário, colocá-lo em estado de choque nervoso pondo-o fora de combate por uma cadeia sucessiva de "Atemi" (golpes violentos). E principalmente a projeção, não aparece antes de um ataque bloqueado e um contra-ataque. Não usamos as projeções de espádua, por serem vagarosas para encaixar, pois é perigosa em caso de ataques rápidos. Somente em caso de choque de corpo, barreiras ou ameaça de luxação, é que usamos a projeção. Esta é ideal quando não agarramos o adversário (diferente do judô) mas quando o derrubamos por meio dos pés antes do ataque. Como sabemos a técnica principal no karatê é defender bloqueando com o antebraço e usando a esquiva do corpo -

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antes de contra atacar com golpes violentos, visando sempre um ponto vital. — São pois diferenças que existem entre métodos diversos que servem para definir uma característica peculiar a cada arte marcial. Assim é o caso do Aikido em relação ao karatê. Num ponto são quase iguais todas as artes marciais japonesas: a concentração da energia corporal na zona sub-umbelical (hara ou tanden) descontração espiritual, olhar e atenção marcial, equilíbrio para o rebaixamento do centro de gravidade. Sabendo isto, passamos para as diferenças, esclarecendo que ao contrário das outras artes, no Aikido não existe a competição e por ser um método estritamente defensivo, tem lutado com certa dificuldade para ser aceito nas Universidades Japonesas: — Para esclarecermos melhor vamos lembrar que o Aikido mais do que uma arte marcial, e além de ser um método de combate, é o caminho da concórdia e harmonia para a união do espírito. É um estado de "ser" todo espiritual, uma filosofia religiosa. — No Aikido provamos o seu todo religioso e humanitário, quando lembramos que ao primeiro ataque adverso vem a esquiva e não o bloqueio, enquanto aproveitando a própria força do adversário ele é desorientado e projetado num movimento sempre em giro. No inicio o uso da força do adversário é racionalizada, somente mais tarde surge a intuição, em um grau mais desenvolvido. Assim vemos que o essencial ao ser atacado é não atacar, mas chamar o inimigo à razão e deixá-lo fora de combate sem magoá-lo. O movimento correto é executado tocandose o mínimo possível no adversário. No entanto pode-se levar o inimigo ao solo, imobilizando-o por uma flexão forçada, como a torção da articulação da mão, cotovelo, etc. Sob vários pontos o karatê é aquele que mais perto chega da verdade do ataque. Seria necessário um gran-

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de mestre em Aikido para que pudesse ou tivesse a coragem de ficar parado, imóvel, na frente de um adversário preparado e disposto a atacar seriamente. De outro modo esta mesma técnica de esquiva é possível de ser adquirida também no karâtê. Por esta razão são poucos os jovens que se dedicam ao Aikido. — Notando estes lados negativos foi quando depois que Morihei Ueshiba apresentou o Aikido neste século, seus alunos entre eles Mochizuki, (diretor do YoseiKon) e Tomiki (que dirige um Dep. de Aikido no Kodo-Kan) acrescentaram, partindo da origem do Aikido e dos métodos de jiu-jitsu e karatê, inovações, tais como: ataques diretos e violentos; golpes de pés e as respostas que antigamente eram projeções e chaves de braço passaram a ser feitas em sucessões de golpes violentos. O ponto a ser atingido, foi promover esta arte de mais ataque em combate, relegando a um ponto bem menor o cunho religioso. — Cremos que, por ser um método menos violento que o karatê, ele deveria ser aconselhado aos bem mais velhos, às crianças e as mulheres. — Ao falarmos das lutas sem armas em comparação ao karatê, não poderíamos deixar de lado um estilo de luta muito popular, senão o mais popular no Ocidente: O Boxe — Em uma luta de um boxer e um praticante de karatê a curta distância, o praticante de karatê poderia ter alguma dificuldade. Mas como o "boxeur" é notadamente vulnerável da cintura para baixo, seria ilógico e pouco racional, aceitar uma luta a curta distância. Como no karatê, temos os golpes para serem dados a longa distância (pés), seria fácil atingir o boxer num ponto vital, pois como sabemos no boxe não se usam as pernas como armas. Unicamente são auxiliares das esquivas e do fôlego, -

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Em um segundo plano o ' boxeur" tem um sério fator desfavorável. Ele luta sempre de luvas, e quando as usa, suas mãos não se podem fechar totalmente. Além do mais, as mãos não fortalecidas podem ser magoadas ao encontrarem ou Se chocarem com um elemento mais duro. Poucos sabem que o boxe teve inúmeras inovações. Seria o caso do boxe francês, uma mistura de boxe com a SAVATE, tipo de luta onde se usam só os pés. Mas esta fusão foi logo abandonada. Na Europa nos idos de 1.900 e 1.914 foi tentada a fusão do judô e do Savate, falhando também a tentativa. Mas voltando ao boxe, lembramos que o uso dos calções e das luvas, priva o boxer de usar suas armas naturais com liberdade. Não resta dúvida que o boxe é elegante mas falho como método de defesa. Mais ainda, os golpes não são mortais; ponto dado com ênfase no karatê. Daí nasce uma grande diferença entre os dois, principiando pelo espírito demonstrado. No karatê o essencial é a vitória à todo custo, visto que várias vezes o combate é fatal. Não existe o lado esportivo e gentil do boxe. No boxe francês, mesmo no caso do pontapé o boxer tem um braço no sentido oposto, para dar equilíbrio. Difere em muito do Yoko-Geri de execução semelhante, mas onde o praticante lança o máximo de sua força em direção do golpe, conservando os braços junto do corpo e mantendo o busto o mais vertical possível, afim de coordenar mais rápido com uma outra técnica na mesma direção. É a decisão mais do que a técnica que dá estes resultados. SAO MUITAS AS ESCOLAS E ESTILOS?

Não estaríamos auxiliando na verdade o praticante ou o leitor, se nos furtássemos de enumerar as -

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escolas e os estilos que existem neste tipo de luta sem armas. Como em outras lutas há uma série de fatores e caracteres essenciais que devem ser conhecidos. Um dia unindo as escolas, teremos, quem sabe, um único karatê, mas vemos nisto uma grande dificuldade. E o fator primordial é que hoje não como ontem, as escolas e os estilos emigraram enormemente, aumentando com eles o número de praticantes. Daí, quem sabe o grande "handicap" para reunir em um só núcleo o karatê. Para Jigoro Kano foi fácil em certo modo criar o judô. A época na qual viveu não existia a procura e o inteersse que hoje existe por estas lutas marciais. Pelo caráter quase particular dado ao aprendizado, ele pôde fazer seus alunos a seu modo. Universalizou o judô através uma propaganda bem dirigida e na verdade única para a época. Tudo isto feito 50 anos antes de aparecer o karatê no Japão. Logo Jigoro Kano teve uma influência marcante na luta de sua criação. Podemos chamar escola a um método que se diferencia de outro pela técnica, espírito, sistema de ensinar, movimentação e Katas. A variedade destas escolas vem da variação de estilos ou seja da maneira pessoal de executar um movimento básico já codificado, dependendo do grau de estudo e da constituição do praticante. Muitas vezes por razões ambiciosas e pessoais, são desmembrados certos estilos e dado como pessoais, ficando um pouco diferentes da escola de origem. Aqui vamos unicamente falar das escolas e estilos mais conhecidos e sérios, mesmo porque não haveria lugar para falarmos de mais de 55 estilos existentes no Japão, incluindo aqueles que fazem da vida um mundo irreal e não sincero, vivendo mesmo, da ilusão peculiar à falta de dignidade. — Citarmos a melhor é difícil, pois os combates até o extremo não podem ser conseguidos. Para nós, tudo depende da habilidade e de técnica, -

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assim como do " Caminho'' usado naquilo para o qual nos propomos. Para começarmos, nos referiremos ao Shotokan, nome que surgiu do primeiro edifício em madeira para a primeira escola de Gichin Funakoshi. Este estilo foi mais tarde aperfeiçoado pelo seu filho Yoshitaka com algumas restrições do velho Funakoshi mas com seu consentimento. É o estilo ideal para longa distância, por ser uma técnica rápida e ao mesmo tempo longa. Entre os mestres principais desta escola (Oshima, Harada, Egami, Okeiyama) existe uma certa divergência sobre certos pontos do Katas, contra as opiniões de Nakayama, Nishiyama, Takagi e Kase. Os Katas deste estilo são: Heian, Tekki, Kanku, Bassai, etc. Todos nomes japoneses, dados por Funakoshi. No Japão, este estilo é usado pelas Universidades de Waseda, Keio, Senshu e, principalmente, a de Takushoku, onde é praticado quatro horas por dia! O mestre Egami dirige uma escola muito fiél ao aspecto mental do karatê. O centro desta escola no Japão é a Japan Karatê Association 13,1 Chome, Yotsuya, Shinjuku-Ku-Tokyo. É a escola mais conhecida na Europa e de onde sairam muitos professores famosos. Nos Estados Unidos, principalmente em Los Angeles, fica o grande núcleo do Shotokan. No Brasil esta escola é numerosa. Seguindo nossa viagem pelos caminhos das escolas e estilos nos deparamos com o Shito-Ryu. Este estilo é uma fusão do estilo lento e contraído de Oknawa e o Shotokan. É o método de Kenwa Mabuni, praticado perto de Kyoto com mais intensidade, agrupando adeptos de vários pontos do Japão. Nela usam-se os Katas de Heian, sob os nomes originais de Pin-An e as Katas especiais: Saipa, Saifa, Seeshin, Kosuku, Shihozuki e outros mais. As posições são mais altas um pouco e os movimentos mais tempo executados no sentido da força -

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ou poder. Desta técnica surgiu o Shukokai de Tani, levado para a Europa por Y. Mambu. Esta técnica visa as competições e os combates com um único adversário. Toma uma posição única da qual os ataques em "perseguição" e os bloqueios com esquivo são mais fáceis de executar. Principalmente Shukokai está se firmando na Europa . Há uma organização central na França, cujo endereço é Centre Européen Shukokai, 18 Allée André Louis 92 Chatenay-Malabry, France. Passamos, agora, para o Goju-Ryu, cujo nome advém de Go = (força), Ju = (flexibilidade). De fato, esta técnica prima pelo bloqueio no lugar para dar mais rapidez ao ataque. Muitas vezes não se dá muita atenção ao bloqueio, quando o ataque não é muito sério, para passar logo ao ataque. Nesta escola usa-se Kokyu que é uma respiração abdominal sonora. É um sistema muito duro, penoso e verdadeiro. Ainda como fator principal: quando se é atacado pela flexibilidade se responde com a força e vice-versa; nada mais é do que o estilo de Higaonna, aperfeiçoado por Miyagi. Desta escola não podemos deixar de falar no pequeno Yamaguchi ou o "Gato", como é chamado, devido aos seus deslocamentos impressionantes. Yamaguchi tem um filho no Brasil que ensina este estilo e é por nós bem conhecido. — Em Tokyo, o Shimbukan que acolhe 3.000 alunos, sendo o centro do Goju-Ryu, tem como diretor Yamaguchi, e como auxiliar Urakawa. — Mais dois filhos de Yamaguchi emigraram. Um para os Estados Unidos e outro para a Austrália. Está crescendo na Europa e Brasil esta escola. Aqui, devemos seu sucesso ao fabuloso Yamaguchi, filho do "Gato". Até aqui falamos de escolas e estilos originários de Okinawa, mas penetremos agora em um estilo japonês. -

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criado por Otsuka, o Wadu-Ryu, que liberou-se de certas concepções para criar seu próprio estilo japonês, sendo que muita coisa veio do jiu-jitsu. É a forma que mais se aproxima do ideal de competição. Reúne no Japão, em torno de si, mais universitários do que civis. Esta diferença é enorme cm relação às outras escolas. Por isto o Ali Japan Karatê-Do Association Wado-Ryu tem a primazia universitária nas mãos. Difere das demais por ser eficaz e usar-se o mínimo de esforço, ao contrário de outras escolas, onde o dispêndio de energia é enorme, e por vezes sem necessidade alguma. É baseado em princípios físicos e fisiológicos, procurando por meio da pesquisa, movimentos mais naturais e menos sincopados, sendo também menos penosos que os outros. Para sabermos se é melhor que os outro realmente, aparece a dificuldade de não existirem os combates reais. — As posições de combate são mais altas e as técnicas frequentemente baseadas nas esquivas. — Otsuka, modernizou os Katas, mas conservam os nomes de origem: Pin-An, Naihanchi, Kushanku, Seishan, etc. Ele próprio veio do Jiu-Jitsu e passou por Funakoshi. Falam as reportagens da época de 1965, que na Europa estiveram fazendo demonstrações: Susuki, Kono, Mochisuki, Toyama, Yamashita, etc. Foi tal a impressão, que o Shotokan esteve na iminência de cair. Na própria Federação U . E . K . foram escolhdios conselheiros do Wado-Ryu. Hoje as tendências são divididas. Em 1967 criou-se uma Associação Internacional para congregar os aficcionados do Wado-Ryu, Aikido, Karatê, Kendo, Judô. Associação Mochizuki Plage 50,50 Rue du Fanburg — St. Denis 75 Paris 10.° France: — Mochizuki foi praticamente o responsável depois de 1963 pelo incremento da prática do Wado-Ryu na Europa. -

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Seguindo nossos caminhos pelo reino das escolas chegamos ao Kyokushinkai ou Oyama-Ryu. E ao falarmos deste método não poderíamos deixar de começar falando em seu criador, o lendário coreano Young-ichoi, mais conhecido como Masutatsu Oyama. Este personagem tornou-se célebre desde a época na qual se retirou para as montanhas, sozinho, lá ficando um ano e meio, estudando os "caminhos" do karatê. Na América fez demonstrações (Shiwari); habilidade em quebrar madeira, telhas, tijolos, seixos etc. Em 1953 luta com um touro de 700 quilos; é ferido, mas vence a batalha com um golpe de mão fechada. — Fato semelhante a este foi realizado por Sasagawa Shigero, filho de um mestre de Jiu-Jitsu. — Oyama é famoso cin todo o inundo, pelos seus notáveis feitos de força e poder. Seu método vem de outros tantos coletados. Foi aluno de Yamaguchi, e disto surgiu a influência do Goju-Ryu no seu Kyokushinkai sendo que ele próprio no período do Goju-Ryu sempre fez considerações pessoais. Hoje Oyama está na América onde é conhecidíssimo c famoso. Seus livros são parte da literatura mundial em pauta. As agremiações que mais têm apoiado este método são: France-Karatê-Kyoku^hinkaikan 84 Rue Lebnitz 75 Paris 18.° France, e a Kyokushinkaikan Budokai Bluning Amsterdam Pays-Bas) todas patrocinadas pelo Kenji Kurosaki japonês. E SOBRE AS ESCOLAS CHINESAS E COREANAS?

É lógico que existem e muitas emigram para o Ocidente, sob o nome de Ch'van-Shu, Kung-Fu, Pakua, Tai-Chi, Kempo e outras mais. Mas também é certo que as técnicas são muito diferentes entre os que habitam -

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o norte e o sul do país. Elas ligam-se profundamente ao tipo de vida e meio ambiente. Como sabemos, os habitantes do norte têm seu meio de vida relacionados coin a caça, a criação de animais, andam à cavalo, e por causa deste tipo de vida desenvolvem mais os membros inferiores, enquanto no sul, são mais usados os membros superiores, pela pesca e plantação de arroz. As técnicas diferem no seguinte: Os nortistas usam por fundamento os pés e procuram aprimorar a precisão e velocidade do golpe, ao passo que no sul usam-se as mãos fechadas, dá-se ênfase à fortificação do corpo e concentração de força. — Iniciando pelo Tai-Chi que é o método mais usado na China, diremos que serviu de base para todos os outros. E baseado na flexibilidade e descontração, seus movimentos são circulares e executados com lentidão. Não se pode alterar a velocidade da execução no decorrer do exercício e nem fazer movimentos bruscos, para que a luta prime pelo menor esforço e menor ação. Usam-se pouco as pernas e estas estão sempre cm relaxamento. É praticado sob uma forma encadeada de exercícios codificados. Pelos seus movimentos circulares, difere também do karatê que os tem diretos. A palavra Tai-Chi encontra-se num clássico chinês o "Yi-King" e quer dizer a união original do Universo. Daí porque esta escola é tida para que encontremos uma paz de espírito unida ao corpo através de um perfeito equilíbrio psicológico. Na verdade o Tai-Chi é uma sucessão de movimentos calistenicos que fazem trabalhar e estimulam os orgãos, dando saúde. — O Tai-Chi faz parte do segundo estado ou categoria das escolas chinesas sendo a categoria para aquele que já passou pela dura ou primeira. O Shao-Lin-Su-Kempo acumulando força e energia as usava para manter o equilíbrio perfeito do corpo e do espírito. Na China este esporte é praticado -

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por todos e em qualquer lugar. É tremendamente repousante. Em Tokyo existe no Bodokan um especialista chinês cm Tai-Chi. Seria quem sabe o método ideal para a vida intensa das grandes cidades. Todas as formas de 4 'punho fechado" são meios de exercícios para a saúde geral. Já um dos ramos do boxe chinês, o Pakua, é um tipo de luta. Nesta escola usam-se pouco os pés e a maioria de suas técnicas são utilizadas com a palma da mão acompanhada de um movimento muito flexível do punho. Nele concentra-se a energia sobre a zona do umbigo, usa-se a respiração abdominal, espáduas baixas e a cabeça vertical. Orienta todo o relaxamento do espírito e corpo, antes do impacto do golpe. Também existe um tipo de luta c defesa de mão (Shuto-Uke) em circular, conhecida como Tan Huan Chang. Citamos ainda o boxe da Tailândia, muito violento, o Penchac de Java e o Sikaran Filipino, onde as técnicas de pés são muitas e as mãos são usadas unicamente para o bloqueio e defesa. Finalizando temos o karatê coreano que dia a dia aumenta em prestígio e adeptos, assiiv. como o Hapkido, uma mistura coreana de Judô, Aikido e Karatê. Antigamente a Coréia que era dividida cm Reinos Rivais, possuia já naquele tempo suas próprias lutas de "mãos livres". Houve até um Reino que conseguiu sobrepujar os outros pela sua técnica de brigar sem armas. O nome deste método era o Farando que tinha codificação especial. Os golpes eram dados com os membros superiores (Sonchiki); com os pés (Baruchiki); com os joelhos (Murupuchiki); com as espáduas (Okechiki) e finalmente com a cabeça (Bacchihi). Mais tarde surgiu o Shao Lin Su Kempo (chinês) do qual também tiraram o Taiken, que era uma combinação do Kempo e outros estilos coreanos, tornando-se a raiz dos métodos que surgiram nos séculos XI e XIV. -

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^ Posteriormente, longo tempo passou, diminuindo o interesse pelas lutas sem armas. Com a ocupação japonesa da Coréia, surgiram vários estilos derivados da união de certas técnicas coreanas, sobretudo as de pés com o karatê japonês. Apareceu o Tae-Kyon, o TangSu, o Kong-Su, o Kwon-Pop, o Tae-Su e outros. Somente mais tarde pela unificação, surgiu o TaeKwon-Do obra do general coreano Choi-Hon-Li, sendo também da mesma ocasião o Tang-Su-Do karatê. O Tae-Kwon-Do é praticado por obrigação nas forças armadas coreanas, havendo portanto 10 milhões de praticantes. Ele muito se parece ao karatê japonês, difere cm certos pontos técnicos. No Tae-Kwon-Do usam-se muito os golpes de pés, possuindo seus Katas (hyong). A utilização dos graus ou Dans vai até o 9.°. Hoje nos Estados Unidos um terço dos 160.000 praticantes do karatê, seguem o estilo coreano. Já na Europa quem predomina é o karatê japonês. O estilo coreano já penetrou na Holanda. Alemanha Federal e Brasil.

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CAPÍTULO II MÉTODO CAMINHANDO PARA O MÉTODO CERTO

A primeira dificuldade com a qual o pretendente se encontra é justamente na escolha do método a pôr em prática. Dada a pouca difusão de livros técnicos, são poucos os que conhecem algum elemento básico na história do karatê que os pudesse orientar a respeito. Quem, senão aqueles que já o praticam, sabem da existência numerosa de escolas e estilos? Quem poderá analisar sem meios "razoáveis" se a honestidade e a boa direção fazem parte deste ou daquele clube que ensina tal método? ÀS vezes, uma aparência suntuosa engana e esconde uma orientação pouco elogiável. Muitas vezes o primeiro contato com um "expert" pode nos levar a caminhos escusos pelos "caminhos" do karatê. Então sabemos o quanto importa uma boa escolha da escola e do método para que possamos usufruir de todos os benefícios, tanto físicos como mentais, que se adquirem na prática bem "oirentada" daquela arte marcial. É evidente, se não seguirmos um caminho bem traçado, jamais alcançaremos aquele estado espiritual e nos depararemos então com o simples significado de podermos nos defender e fazer exercícios. Na procura, devemos estar atentos para certos pontos essen-

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ciais que nos indicarão na verdade qual escola é a conveniente. Existem aquelas que olham para o lado competitivo, ou para o lado das demonstrações. Aquelas que primam pelo luxo e pelo lado material das coisas, mas, no entanto há as que apesar da simplicidade, alheias aos lados banais da vida, continuam procurando e ensinando os verdadeiros caminhos daquele estado supremo que é a verdadeira senda do karatê. Somente alguns por conhecimento de causa vão certos para a direção escolhida. Para estes não haverá enganos nem obstáculos no decorrer do curso, onde horizontes coloridos e uma progressão benéfica os conduzirá à felicidade geral. Haverá as "tormentas", mas elas servirão de estímulo às pesquisas que fazem parte de um aprimoramento para uma condução melhor nas coisas da vida. Insistimos nestes pontos com veemência porque ao escolher o caminho "errado" o candidato se deparará com incógnitas sem respostas que o satisfaçam, fazendo com que muitos sonhos se transformem em pesadelos. Poucos nesta fase têm a força de vontade de largar tudo e iniciarem do ponto "zero" novamente. Os que insistem, páram, não vão além daquele estado. Enganam-se, e tristemente não podem jamais atingir o cume da perfeição técnica e psíquica. Cuidado com certos métodos muitos fáceis que os podem levar para uma apatia generalizada. Somente num curso sério, o praticante, não importa qual "lado" escolhido, poderá conseguir satisfações. A escola digna é aquela aberta ao debate e que resiste a um exame bem profundo, podendo resistir ao diálogo com raciocínios diversos sobre um mesmo tema e abertas as conjunturas sobre todos os "temas". Dizemos ainda que muitos são os métodos e sabemos que no fundo todos são bons quando neles existe o principio básico do todo e quando no seu todo há uma resposta científica, física e moral. Eles quando são "sérios" -

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e bons, diferem entre si nesta ou naquela parte, mas no seu núcleo são iguais. As maneiras diferem mas o significado permanece. Assim sendo, seguindo estas considerações aqui preconizadas, qualquer um poderá chegai- independente do método, a um caminho certo, pois todas estas considerações feitas quando fazem parte de uma escola, possuirão na verdade as colunas de base do bom karatê. Os bons métodos são iguais em um ponto; todos exigem esforços desusados, uma força de vontade inquebrantável, dificuldades penosas e sérias. Um método simples satisfaz ao ridículo, ao hipócrita, ou simplesmente àquele que não teve orientação para a escolha. Na prática do verdadeiro karatê, a dificuldade é uma constante e não será com pouco esforço que se dissipará. Aqueles poucos dispostos para o sacrifício que eleva e dignifica, terão problemas maiores se pensarem que com pouco esforço ultrapassarão certos caminhos. É através das dificuldades que aparece o verdadeiro homem. Enfrentando e não ignorando é que testamos nosso caráter e criamos nossa personalidade. As dificuldades são feitas para que as vençamos e não para que a suportemos como fardos da vida. Isto fica bem para os fracos, os covardes e os pessimistas. Forjar o caráter é um dos pontos fixos das artes marciais. Aqueles que balançam nas asas dos sonhos frágeis, jamais poderão chegar à realidade. É lógico que estas dificuldades não serão sobre-humanas, nem serão pequeno embuste. As escolas que vivem da fantasia e do irreal não são dignas de crédito. Aquelas que requerem e exigem um esforço sobre-humano daquele que principia, também não são dignas de respeito. A verdadeira escola é aquela que de uma carga ou esforço ideal parte gradativamente paia esforços maiores. — A facilidade gradativa do exercício não é mais do que a aquisição de capacidade proveniente de uma técnica

comedida e dosificada, baseada na prática, na resistência geral, na coordenação e na alimentação correta, condições indispensáveis para um treino viril. Deve-se dar especial atenção àqueles métodos que esforçam demais, que são violentos e fazem cansar em demasia, àquele que inicia. Tais métodos desvirtuam pela ignorância os ideais nobres que existem no Karatê-Do. Quando as escolas são dignas, podem divergir em pequenos pontos mas sua unidade é um bloco em prol da arte. E esta unidade de critério, fala-nos de mentalidades esclarecidas, condições sine-qua-non, para uma sólida base. Assim sendo, nosso pensamento primeiro foi na direção de orientar, seja qual for o método escolhido. Na leitura deste livro, o candidato obterá conselhos advindos da sinceridade e de pesquisa de 25 anos dedicados às artes marciais. Os aficcionados e os que lutam pelo caminho do karatê, terão mais um amigo de "cabeceira" ou das horas de lazer, que se conseguir ser útil, um passo mais terá dado pela estrada que nos leva ao Karatê-Do. A PRATICA DO KARATÊ É UM BEM PARA TODOS?

T u d o dependerá da finalidade à qual nos propomos. Sabemos que todos devem de uma maneira ou outra, fazer exercícios físicos, e quando estes são bem dosados e orientados com perfeição, a saúde geral sofre uma melhora. Pensamos que na prática de qualquer esporte é necessário atentarmos para fatores como: idade, atividade, alimentakão e ainda as características morfológicas. Sendo que no caso desta arte militar, a atenção especial deverá estar voltada para o "caso" idade. Achamos que, após os 40 anos (podem haver casos especiais) a prática intensiva e apaixonada deve ser abandonada e dirigida para o aprimoramento dos Katas -

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e de todo o lado científico da arte. Por estes cuidados e pelo bom senso, o esportista maduro poderá atingir uma idade avançada, treinando com regularidade e ainda obtendo benefícios er.i geral. Também seria um erro levar as crianças para os extremos da arte, privando-as da verdadeira orientação sadia para sua idade. Para estas devemos levar a prática do karatê para o lado responsável pela saúde, fazendo desta etapa um degrau para anos futuros. O ideal seria evitar os assaltos e fixarmos o estado geral. Para as mulheres a prática é permitida desde que a orientação se baseie na flexibi lidade e no aprendizado de técnicas de pés e nas esquivas. Não esquecermos que em lugar da força as esquivas. Não esquecermos que em lugar da força, as esquicidade. Jamais orientá-las para a competição mas para o lado da saúde e da defesa. Desta maneira a mulher poderá obter todos os benefícios desta arte se observar aquilo que foi dito antes. Se treinar com um companheiro homem não deverá ter receios pois os golpes nos assaltos convencionais, são retidos antes do impacto. — É notório que para atingirmos um alvo é necessário firmeza e vontade. Assim também o é no aprendizado do karatê. E esta parte é importante pois a vontade e a objetividade é que trariam os resultados diversos. Aqueles que demonstrarem e desejarem de fato chegar àquele estado espiritual, já sabem de antemão que a sua trilha será de penas, sacrifícios e pesquisas ininterruptas em busca da perfeição. Estes então devem recorrer aos limites de suas condições físicas. Os demais que se entregarem às doces asas do sonho e do irreal que existe num treinamento sem finalidade, não poderão conseguir nem em técnica e muito menos em espírito, nada mais do que uma triste ilusão ou uma pequena euforia na melhora de seus complexos inferiores. O grande mal é que muitos

destes julgam-se aptos para se defenderem na v i d a ! . . . Os restantes que se impregnam de amadorismo nada mais terão do que certa melhora física, e o triste quadro de não possuírem muito mais do que aquilo que tinham no começo. A vontade e o poder de direção devem estar naquele que inicia. A perfeição é derivada da constância e do sacrifício. Nunca deixar que pequenos ou grandes obstáculos os façam voltar as costas para seu inicio. Este deve ser forjado numa vontade sem limites e numa procura sem tréguas pela perfeição. E somente assim poderão conseguir algo de verdadeiro nesta arte. Não são necessários caracteres especiais ou qualidades físicas de berço, mas sim um estado físico normal. E quem nos pode orientar melhor do que c médico? Logo, um exame médico de início é preciso. Digo mais, obrigatório. Por ser um esporte violento, é lógico que para os portadores de lesões cardíacas, sua prática é vedada. Muitos poderão dizer que este esporte não tem esforços musculares prolongados, mas em compensação suas contrações são curtas e na maioria das vezes, intensas. Para o demais portadores de anomalias menores, o karatê tem diversas formas que podem produzir benefícios. Aos idosos fazemos recomendações justas à idade, não no sentido de os colocar do lado da vida em si, mas recomendações criteriosas com apoio logístico na ciência. Nestes casos quando falta já o fôlego e as articulações se endurecem havendo perda de força física, não recomendamos esta prática, pois além de sua violência, não seria justo iludir-se com fatos incontestes. Quando muito um Ki-hon simples, mas estarem libertos de ambições somente promissoras para a juventude ou para aqueles habituados a esforços rotineiros. Como vimos, não são precisos condições especiais para a sua prática. É claro que pessoas que já fazem um determinado esporte, terão certo auxílio no -

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que diz respeito à condição física, mas as dificuldades surgem porque é o início de algo "novo". Por conseguinte, tanto aquele já especializado em esportes como o principiante terão seus "handicaps", porém, as vantagens defendem daquela força "interior". ONDE PRATICAR?

Quando queremos aprender um idioma ou por exemplo, uma qualquer especialidade, procuramos sempre o lugar especializado no assunto. Assim deve ser no caso da procura da escola, ou Dojo (sala de aula). Hoje em dia são inúmeras as escolas e diversos os clubes que entre outras especialidades possuem suas salas de karatê e judô, visto serem sem dúvida alguma as artes mais populares ora em voga. A grande maioria destes clubes têm sempre na direção destes departamentos, homens especializados nestas artes. É, pois, sem dúvida alguma, mais fácil escolher uma escola em uma cidade grande do que numa pequena, onde a concorrência é menor. Nestes casos, quando não há possibilidade de escolha, melhor seria para aqueles que desejam resultados sérios, em cada temporada fazerem um estágio num clube de sua capital para especializarem-se e testarem aquilo que aprenderam. Não que isto importe em diminuir os clubes do interior. Nãol Pelo contrário, há muitos que suplantam pelas pesquisas e seriedade os grandes clubes das grandes cidades. O bom clube, como dissemos em capítulo passado, não é aquele que prima pelo luxo ou pela ostentação, mas sim aquele que denota organização e todos os princípios fundamentais da arte. Nestes dias são poucas as pessoas que não conhecem um tatami, pois a difusão pelos filmes e TV, inúmeras vezes mostraram e mostram as salas onde se praticam karatê e judô. A sala ou Dojo é a mesma para -

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ambos, e para outras artec. O Tatamis onde se praticam as técnicas é feito de palha tratada e prensada até um espessura de 6 cm. Com 1 metro por 2 de medida é coberto de toldo. Ele é assim feito para amortecer os chutes e as projeções possíveis, sendo que nos clubes de karatê em especial se praticam os exercícios em salas aparquetadas sem estarem enceradas. As salas de prática são simples e todas têm uma decoração semelhante. Aqui, guarda-se o respeito, não se eleva a voz e as "piadas" não existem. Este respeito estende-se também à maneira de vestir e não somente à maneira de portarse. Após o término da aula a sala é esvaziada e os diálogos necessários entre amigos são feitos nos vestiários ou na rua. O silêncio é condição fundamental para quem treina e assim sendo mesmo nos vestiários a conversa sem alteração de voz e apropriada é uma demonstração de educação e seriedade. Mesmo nos casos em que seja aconselhado a um aluno fazer sozinho o KiHon ou um Kata, este deve não desviar a atenção dos outros que ainda treinam. As visitas quando têm permissão de assistir a um treino, não fumam, não elevam a voz e portam-se educadamente, devido ao ambiente de respeito que há no Dojo. Assim esta impressão de austeridade é aumentada a cada passo ou a cada instante entre uma explicação do professor e uma prática dos alunos. São nestes instantes onde podemos notar a concentração e a serenidade que existem nestes lugares de prática. O Dojo tem em cada um de seus cantos, um significado diferente. SHIMOSEKI (lado inferior) JOSEKI (lado superior) (lugar inferior) SHIMOZA KAMIZA (lugar de honra)

No Shimoza e Snimoseki é onde ficam os alunos. Já o Kamiza e no Joseki são reservados para o professor e o assistente. O Kamiza é o lugar de honra onde além do professor e assistente, estão os convidados de honra, e onde está colocado o retrato de M. Gichin Funakoshi reverenciado por todos em memória de sua obra pela arte em foco. Neste local se faz a saudação de início e final de cada sessão. Somente um aluno pode se aproximar do Kamiza quando for permitido, e o Shimoza é reservado àqueles que desejam ser atendidos pelo instrutor. Pensamos que dando esta orientação para os novikos e para os candidatos, estamos contribuindo para que o alto grau de disciplina e hierarquia vistos em todo Dojo, sirva de motivações futuras para transformação da personalidade. SOMENTE EM CLUBES PODEMOS PRATICAR O KARATÊ?

Pensamos que nada pode sobrepujar um boin professor e que um livro profundo e bem feito, também é indispensácel para quem se inicia na prática do karatê. É evidente que ao tentar fazer um gesto sem o auxílio da presença do companheiro, esta ação não passará de uma simples imitação sem o valor do combate a dois. Neste estado a própria imagem refletida no espelho, faz o aprendiz esquecer a luta e pensar no gesto. Logo, não mais do que exercícios estará fazendo. Portanto, frequentar um bom clube é condição fundamental paia quem se inicia nesta arte, pois é nesta oca sião que ele pode conhecer as técnicas de base existentes em todas as técnicas superiores. Assim sendo, cm treino a dois, pode cada um pôr em evidência sua técnica e aprender algo mais, em razão dos diversos biotipos com quem treinam. Somente através da realidade po-

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demos chegar à perfeição, pois com esta perdemos nossos defeitos e corrigimos hábitos errados. De outro modo é perfeitamente aconselhado e necessário o treino feito sozinho defronte de um espelho. O uso deste sistema faz com que o candidato e o bom aluno assimilem as técnicas aprendidas e tenham melhor concentração em um só movimento. Nestas ocasiões torna-se necessário empenhar-se totalmente como se enfrentasse um adversário real. Não esquecendo de colocar toda a velocidade, energia e força possíveis em cada execução. A perfeição do (Ki-hon), deve ser tal que os movimentos feitos levam a uma maior exaustão que em treino a dois. A imaginação deve funcionar em alto grau para que o praticante possa sentir em cada movimento feito um bloqueio de resposta. Pela constância nesta maneira de treinar, advém uma coordenação notável e um incremento na força para a execução de cada movimento. Desta maneira um estudante ou um praticante graduado, poderá treinar mesmo sem frequentar um clube e aprofundar-se em técnicas e estudos mais acurados. É lógico que pelo visto esta é uma maneira necessária de treinar, mas que sem dúvida para a sua prática é preciso uma certa experiência. É notório que somente pelo treino solitário e avançando poderá chegar a pesquisas e à perfeição verdadeira. O que não seria o caso do noviço que inicia e portanto ainda não tem os conhecimentos necessários que serão a base para o futuro. E isto somente conseguimos pela condução do "professor" e pela leitura de bons "livros". Ainda insistimos que todo aquele que inicia, deve de qualquer modo esforçar-se para mesmo não treinando, assistir aqueles que treinam e os mais avançados. Jamais perca dias de aulas pelos pretextos de moléstias, "compromissos" e passeios. Treinar com afinco e assiduidade é a meta primeira para chegarmos -

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ao ápice. Pelos treinos seguidos podemos avaliar novos estilos e novas escolas, sendo na verdade o único meio de vencermos. Não devemos parar nunca. As pesquisas pela perfeição devem continuar ininterruptas, se na verdade nos propomos a alcançar o verdadeiro significado do karatê. É preciso estarmos atualizados e nada melhor que a companhia de bons livros didáticos e a procura de novas direções pelos novos contatos de nível superior e pelos filmes que existem desta arte. Jamais nos devemos levar pela euforia estúpida de sermos os melhores e de sabermos mais do que os professores. Não sermos ridículos pela exibição ostensiva e idiota de certos golpes por mais perfeitos que eles sejam executados. Não deixemos que o escárnio e o ridículo tomem conta de nossos nomes em detrimento da verdade e do nobre que existe nas artes militares. Por meio delas adquirimos a condição de nos vermos por dentro e seria penoso que em vez da simplicidade e da sinceridade que são características comuns ao praticante, encontrássemos uma conduta de sentimentos não afeita ao verdadeiro praticante. SUA PRATICA É PERIGOSA?

Podemos afirmar com ênfase e conhecimento de causa que não! Como sabemos, os bloqueios são feitos com os braços e com as pernas e é certo que existe a exposição à contusão, mas que pela violência do bloqueio chegasse à fratura, achamos praticamente impossível. Desta forma os riscos são mínimos, visto que em treinos normais as próprias projeções são mínimas ou nenhuma. Os próprios golpes páram antes do alvo, motivo pelo qual é possivel o treino em dupla. E isto é uma norma exigida. O maior perigo seria em competições. nas quais os juízes permitissem certos golpes fora -

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de posições e não estivessem atentos às normas pré-estabelecidas e as regras oficiais. Na sala de aula sob a vigilância do profesor "competente" são impossíveis os casos traumáticos por golpes violentos. Quanto às mãos, dedos, pés e artelhos, podem sofrer um pouco por causa do esquecimento das técnicas recomendadas. Quando as mãos estão bem fechadas e os artelhos se elevam é praticamente nulo o perigo de acidente. Além do mais os pequenos acidentes e as pequenas dores servem para fortalecer o praticante contra as mesmas. Não esqueçamos que dores menores são princípios ativos no bom esportista. O APROVEITAMENTO E O ALUNO

A progressão do praticante vem logicamente com a frequência e a assiduidade nos treinos. Outros fatores têm influência decisiva no grau de aproveitamento, tais como: dedicação, facilidade em aprender, vontade férrea, decisão, etc. Sabemos da importância da assiduidade, mas também convém lembrar que a duração das aulas tem um grande significado. Para esclarecermos este ponto, basta-nos lembrar que na sua média geral, a duração de cada sessão no Japão é de 3 horas, isto para não lembrarmos que há uma dezena de escolas nas quais as sessões vão ao tempo de 4 horas. Daí a perfeição da técnica do japonês. Trabalho é o segredo. Dedicação e persistência é o caminho para chegarmos ao ponto ideal. O início do curso, dado à novidade traz ao noviço inúmeras alegrias, pelas inúmeras facetas que se lhe apresentam. São posições e movimentos jamais imaginados que aliados aos desejos, criam um estado justo de euforia. O primeiro contato com a vestimenta de uso e a alegria de usar a primeira faixa, faz novos sentimentos florescerem. Ao término das primeiras se-

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manas, novas técnicas que são seguimentos mais especiais tias aprendidas antes, tornará maior a significação das coisas para o aluno. A familiarização com nomes estranhos para ele (nome japonês dos movimentos) é mais do que novidade além de sentir-se íntimo com a arte e saber fazer parte de um inundo novo para o qual ele voltou seus impulsos à procura de segurança, felicidade e bem estar geral. Geralmente é nesta lase de conhecimentos mais profundos e técnicas mais difíceis que é posto a prova o caráter e a personalidade do aluno. Aqueles fáceis de se iludirem e portanto fracos, abandonam tudo às primeiras dificuldades. Mas no entanto, resta o conforto de que as dificuldades e as "dores" para aqueles decididos e ávidos de maiores conhecimentos servem dc incentivo para maiores conquistas. No movimento difícil está o campo para a disputa e o caminho para a vitória. É portanto uma disputa, ou melhor, um desafio que porá à prova sua capacidade de vencer os obstáculos, cada vez mais os preparando para ultrapassarem as incertezas da vida. Pela procura constante e pela dedicação cada vez mais crescente, o bom aluno se interessa em dialogar e perguntar tentando aprofundar-se cada vez mais nas técnicas dos movimentos como nas razões dos princípios filosóficos que os poderá conduzir àquele estado dc espírito, razão principal das artes marciais. Esta eterna pesquisa não pode limitar-se somente à pergunta aos amigos e ao professor, mas ser uma frequente na vida do praticante. Melhor ainda, ele deverá chegar à pesquisa por si mesmo, e esta procura particular ser ininterrupta durante toda sua vicia. Insistimos neste ponto por sabermos que o karatê sofre modificações constantes para quem o pratica. Isto advém das posições e outros pontos em particular que não tomam a -

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mesma perfeição no novato e que sempre requerem mais aprimoramento no avançado. Na utilização dos bloqueios e das esquivas. Se usados após o ataque adverso; se usados após o ataque; se usar mais a esquiva ou se contra atacar sem bloquear. Avançar ou recuar, também é uma questão. Estes, pois, são problemas de como aplicar e quando as técnicas deverão ser utilizadas. Não bastasse isto, •há o caso de quando atacar e da mema forma a existênciai e a necessidade de recuar, sendo especialidades inerentes ao espírito, e somente a intuição adquirida levará à decisão certa e exata. São todos estes pontos conquistados que fazem do avançado, algo especial para c noviço, e muitos afoitos pelo ideal, ultrapassam sem razão certos pontos mais difíceis ou mesmo relegam pensando chegar mais rápido à meta, ou achando impossível sequer tocá4a. Este quem sabe é o maior erro. T u d o na vida depende de um seguimento, dc um curso de etapas sucessivas e fielmente ligadas entre si, não admitindo pois desligamentos espontâneos, sem lógica nem razão. Nesta situação é que a determinação deve se fazer sentir cada vez mais. Nada de pressa, pois a mesma é inimiga do perfeito. Neste ponto deve entrar a paixão pela cópia perfeita e a confiança nas palavras do professor. Nada os deverá fazer abandonar sua primeira meta traçada. Procurar levar uma vida aberta e alegre paia que se dissipem as preocupações nas horas dos treinos. Trabalhar com direção esquecendo as coisas banais, para que rápidos progressos sejam adquiridos. Para os mais fracos que ao primeiro impccilho viram a costas, recomendamos que procurem uma certa uindição física, que os faça levar adiante, apesar do esgotamento. Já para aqueles portadores de grande massa muscular, lembramos a pesquisa e o aprimoramento do movimento, esquecendo sua força que por si só, não ~

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levará a nada. São estas as causas que conduzem ao desânimo e à não progressão ao longo do curso. São pois, as dificuldades "sempre" encontradas e "sempre" ultrapassadas que fazem do karatê um caminho verdadeiro para o aprimoramento do espírito e para a perfeição. Aqui o noviço aprende que uma pequena vitória não é nada em relação à vida e que não deve jamais sentir-se feliz ao vencer uma batalha. Nunca um verdadeiro praticante deixa de lutar contra si, e quando as satisfações existem, logo passam, pois procura maiores, quem sabe a maior delas quando sentirse senhor de si. Mas para chegar a este estado, é preciso sacrifício, e muito mais que bonanças, advirão tempestades. E muitas vezes o praticante avançado e graduado encontrar-se-á como um pequeno barco numa tempestade prestes a naufragar. Nestes momentos, várias vezes pensa em desistir. São nestes momentos que esta arte põe à prova a transformação do caráter e lança o desafio da eterna pesquisa. E quantos correspondem ao desafio aceito? Somente aqueles que pelos caminhos do karatê aceitarem que só pelo tempo e pela procura da perfeição, pode-se chegar à suficiência. Por isto o karatê é uma arte de formação para indivíduos de intenções fracas e direção duvidosa. Por causa de seus exercícios de base cada vez mais penosos e difíceis, e pela dificuldade do iniciante em juntá-los a outras técnicas ensinadas depois (movimentos e assaltos com companheiro) é que a dedicação e a vontade imbatível, faz com que ele possa ultrapassar este período de dificuldades. E são nestes momentos que se inicia a luta contra a "intenção fraca e a direçíio duvidosa Por causa destas dificuldades todas, o tempo de progressão no início c demorado, pois a perfeição é exigida e não há a novidade que aparece mais tarde, como o treino a dois. Dissemos antes, ou melhor, no início -

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do capítulo que a progressão depende muito da escola escolhida e do individualismo em si. É certo que aqueles mais dispostos e pela constância mais fáceis de assimilar terão o seu tempo de progressão mais rápido. Agora, aqueles que pela orientação comercial da escola adquiriram progressos rápidos e inconsequentes, aceitando-os pela falsa utopia do engano, não terão mais do que desilusões posteriores. SOMENTE A ESCOLA IMPORTA?

Nunca. A escola é o todo, pois é um conjunto de fatores que se propõem a uma unidade. O que seria uma boa escola, ambiente, colegas, etc., se não encontrássemos um professor com as qualidades indispensáveis ao ensino? O professor na verdade é o âmago do todo, pois ele é o responsável direto pelo início do aprendizado. Ele deve ser portador de uma técnica perfeita e saber transmiti-la. Logo, são necessários conhecimentos profundos da arte para a qual se propôs e de senso pedagógico para poder ensinar e conquistar a confiança de seus alunos. Por outro lado, somente pelos laços estreitos entre professor e aluno é que poderão existir frutos na árvore do saber. Pelo contato sincero e simples entre os dois, um pode se aprofundar nos ensinamentos recebidos. As admoestações devem ser recebidas, como incentivo para a perfeição, pois não há professor que não deseje ser bem representado. Por isto torna-se necessário que o aluno esteja disposto a aprender e a aceitar a crítica construtiva; £ certo que quando não somos mentalmente abertos a nada, difícil se torna aceitarmos algo contra nossa vontade. E são estas coisas ou estados pré-concebidos que dificultam o ensino e levam ao "nada" o aprendizado. Em toda a arte marcial há o treinamento duro e visto -

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pelo iniciante como de pouco proveito, pois são penosos. São fáceis de recusar. Nestes casos não deve existir a desculpa para o não tão fácil dc aparecer. São nestas ocasiões que pode aparecer o "recuo" do professor para com o aluno. Na insistência do professor deve estar o respeito do aluno, e é pelo respeito aos conselhos que o aluno cria seu próprio respeito. Assim sendo, o professor sente-se livre para empregar seus conhecimentos e nota frutificar os mesmos em função do seu próximo. Este respeito, não é o respeito serviçal, hipócrita, não. Mas aquela simpatia séria por uma finalidade altruísta e sincera. E este estado deve se alongar até aos demais alunos avançados, pois é do contato constante com os mesmos que advém a perfeição. Pois são eles que por afeição ao noviço, podem transmitir seus conhecimentos e técnicas. É pois, por estes meios c aliados a uma forte confiança 110 professor que os degraus do curso são galgados em busca do ápice tão desejado. Aqueles orgulhosos do saber (porque na verdade nunca sabemos tudo) e dotados de uma forte convicção por vezes fazem ruir qualquer colóquio com o professor, pois é ponto indiscutível a separação que isto causa. Na verdade estes idolatras do saber, pouco sabem a respeito de um professor que foi zeloso demais e que somente aprofundou-se com amor ao lidar com sua arte. Em contrário há também os casos nos quais se encontra de fato um grau de cultura e personalidade avançado em certos alunos, condição nem sempre peculiar a alguns professores que mais primaram pelo lado técnico do esporte. Outros há que não têm o mínimo gabarito necessário, nem conhecimento suficientes para tal trabalho — tão especial — e assim mesmo além de sua petulância encontram adeptos e alunos. Nunca há comparação entre mestre e professor. Este enveredou por um caminho singular levando consigo -

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a lealdade e confiança na certeza de sua direção em perseguição do título de Mestre. No caso do Mestre não há duvidas. La está a perfeição. Os princípios sólidos da moral o seguem em seus caminhos particulares como em toda a sua conduta. É pois o exemplo do homem que chegando à perfeição, nela não repousa, mas tenta distribuí-la. Aqui, contamos todas as incertezas, os infortúnios, os sonhos e as frustrações em busca da técnica e dos "segredos'' do espírito. Nele sempre existiu a procura e a vontade pela perfeição, sendo que esta o acompanhará sempre em busca de algo mais, além dos poderes normais do homem comum. É um estado de espírito e compreensão que derivam da intuição do todo, levando-o a um estado que ao primeiro contato inspira respeito e afeição. São raros os Mestres, e quando os encontramos não precisam de apresentação, pois seus méritos de longa data já ultrapassaram as barreiras do mundo. Para alguém chegar a este ponto necessita de algo especial. Existem poucos e raros Mestres, ao contrário muitos bons professores e técnicos em busca deste estado de espírito e conhecimentos. Ao professor devemos tratar respeitosamente de Serxsei e ao Mestre com respeito e admiração de Shihan. Jamais confundir um com o outro pois o próprio professor sabe que ainda muito lhe falta para ser Shihan, razão dc sua luta tenaz, de sua fé e vontade imbatíveis. AS OBRIGAÇÕES MORAIS E A CORTESIA

A cortesia e a educação do povo japonês são por demais conhecidas e faladas. Esta educação, particularidade de seus ancestrais, existe ainda hoje na índole do povo. Por este motivo pode parecer para o estrangeiro um tanto irreal esta peculiaridade do povo. Nas -

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artes marciais esta cortesia está presente como que lembrando a mesma etiqueta usada nos Samurais no seu código de honra (Bushido). Neste código está a beleza do princípio Zen onde mesmo aquele que deve morrer ou vive perto da morte, tem obrigações em dar ao receber, e aconselhar sempre o lado belo e sóbrio. Mesmo ao defrontar-se cm batalha tinha que haver a sobriedade e a calma frente ao momento adverso. Os gestos lentos e aparente calma para um ataque preciso ou uma resposta única e rápida. Diz o provérbio que somente se deve receber algo com a mão esquerda para que com a direita se possa revidar em caso de ataque. Portanto, nunca se sabe demais para se saber tudo. Muito menos a adversidade. A atenção, respeito e desconfiança pelo adversário são fatores atuais que outrora também foram essência. Esta calma que para muitos pode parecer um estado de abandono faz com que o praticante passe em fração de segundo de um gesto simples para um ataque fulminante. A atenção é permanente pois o "espírito" jamais repousa. A cordialidade faz parte como vimos das artes marciais e não é justo pois que o releguemos ou o façamos mal em detrimento da beleza que nela existe. No momento da saudação devemos afastar de nossos espíritos todas as preocupações. Mesmo aquelas mais diretas ao momento ou seja: vencer ou perder, em caso de combate. Nos instantes da saudação devemos estar certos de nos encontrarmos sinceramente libertos de tudo aquilo que nos possa prejudicar. Estes momentos são feitos para encontrarmos uma pausa que nos possa levar à serenidade. A saudação faz parte do espírito Zen e da própria finalidade da arte. A saudação ao entrarmos na sala de aula denota o respeito do praticante pela raiz do enriquecimento de sua personalidade. Esta saudação é praticada como obri-

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gação no início e no ti^al de cada Rata, quando depa-rainos no 44Dojo" com o professor que dará a aula ou um mestre avançado que por ventura o substitua no momento, ou dirija o curso. Para o visitante é magnifico ver a saudação coletiva em caso de curso coletivo. A mesma é feita no início e ao final da aula. Os alunos mais avançados ficam perto do "Joseki" ao passo que os de grau inferior ficam perto do "Shimoseki". Todos se alinham em frente do professor e de seus assistentes ao longo do "Shimoza". Este ritual não é só interessante para quem o vê pela primeira vez mas é sempre magnifico para os mais acostumados. Na cortesia em grupo a orientação è dada pelo aluno mais velho que cuida do alinhamento e dá a voz de comando "rei" — para o início da saudação. Na verdade são duas. Uma é feita ao lugar de honra e acompanhada pelo professor. A segunda é para o professor razão pela qual a etiqueta manda que os alunos não se apressem para que nunca vejam o professor fazer a reverência. No final saudamos primeiro o professor e por fim o "Kamiza". Como podemos notar a saudação além do significado cordial é uma prova de respeito pelo colega assiin como um testemunho de gratidão pelo professor que ensina e conduz. Outra parte digna de nota é a dignidade que deve sempre existir. Como exemplo podemos lembrar a postura de meditação tão peculiar ao Oriente e difícil para o Ocidental. Nas ocasiões em que o professor convida alguém para assistir ou reposar a postura "Zazen" é exigida. É lógico que para aqueles que não» têm prática é difícil e doloroso principalmente se praticado em chão duro. É necessário tempo e tentar o contrário não leva senão a momentos dolorosos. Estas saudações nós a conhecemos com;os nomes de "Ritsurei" e "Zarei". A primeira que é a Ritsurei, Des. 1 e 2, que -

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é uma reverência humilde e uma demonstração de respeito inicia pela posição em pé normal. Os calcanhares conservamos unidos, os artelhos ligeiramente voltados para fora e as mãos abertas ao longo do corpo. Este se inclina ligeiramente enquanto os braços juntos e estendidos não se. separam do corpo. Os dedos, conservamos firmes pelo longo das coxas até a altura das rótulas. A esta altura não devemos olhar para o solo, mas conservarmos o olhar à altura do peito do oponente. Na saudação os pés devem - estar juntos em sinal de humildade e jamais separados. Na segunda saudação, Des. 3 e 4 (Zare.^ ficamos em pé como na primeira. Recuamos o pé esquerdo e dobramos o joelho direito até que o esquerdo à altura do calcanhar direito toque o solo, artelhos e peito do pé na vertical. O tórax fica na vertical enquanto a mão esquerda pende sobre o lado e a direita repousa sobre o joelho esquerdo. Dobre outra vez a perna direita conservando o peito do pé na vertical para manter os dois joelhos no mesmo nível. Vagarosamente sentamos sobre os calcanhares. Neste instante o peito dos pés são estirados e os calcanhares se voltam para o lado de fora. Deste modo o lado mais delgado da parte exterior do pé se mantém em contacto com o solo. O artelho maior do pé direito se sobrepõe ao esquerdo. É necessário manter uma separação entre os joelhos de 20 cm. As mulheres os devem conservar juntos. As mãos ficam sobre as coxas em sentido horizontal e os cotovelos um pouco dobrados e juntos do corpo. O tronco sem rigidez fica um pouco arquaedo, apoiando-se nos músculos do abdomem, para que exista uma tensão constante em caso de ataque. Sem forças, as nádegas repousam sobre os calcanhares. Para saudar, as mãos são colocadas sobre o chão de modo que os polegares afastados dos outros dedos

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possam formar um triângulo. Sem afastar as nádegas dos calcanhares, nos inclinamos fazendo com que o nariz venha por cima deste triângulo. Logo após voltamos o tronco mantendo as mãos sobre as coxas voltamos à posição inicial em um só movimento rápido apoiando os pés sobre os artelhos e erguendo o joelho direito ao nível do esquerdo prestando atenção em trazer a perna esquerda ao longo da direita. Há outras cerimônias diferentes e dentre estas temos aquela pela qual saudamos 'o professor pela voz de comando Sen Sei Ni Rei ao mesmo tempo em que somos saudados. Há outra saudação entre alunos-não tomando parte o professor, é a Otogai Ni Rei após então há o Kiritzu, comandado também pelo "sênior". Estas pois são as considerações mínimas dos rituais nas artes marciais. OS GRAUS Os graus são na verdade os degraus pelos quais um principiante chega ao ponto de avançado. Na verdade são o reconhecimento pela aplicação na técnica e pelo nível mental e espiritual conseguido pelo . praticante ao longo do curso. Uma faixa é na verdade o reconhecimento oficial de tudo que o praticante conseguiu aprender. São pois, estes conhecimentos unidos que fazem um verdadeiro praticante. Jamais um verdadeiro adepto disputa uma faixa pela pobre intenção de se fazer superior perante os outros. Na distribuição dos graus deve existir a seriedade e jamais a simpatia particular de certos professores pelos alunos ou a humilhante farsa de um juri despreparado. Os graus estão para o japonês como um hábito comum. Logo a progressão em uma das artes é conhecida pelo número de "Dans" acumulados. Aquele mais familiarizado com alguma das artes mar-

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ciais noiou o cinto ou faixa usada para fechar o Kirnono. Aquela faixa é o sinal do grau. A faixa do karatê difere das outras faixas pelo filete vermelho que segue ao longo. Em média o tempo necessário para o debutante aprender os novos primeiros Kyus é de três anos. Como tudo o mais na vida existem os casos especiais de alunos mais aplicados que progridem mais rapidamente. Nesta ocasião o debutante pode aspirar ao 1.° Dan. Para isto terá que passar por um exame feito por uma comissão de faixas pretas. E como todos os exames dos Kyus, estes serão mais difíceis e o praticante não deverá se desesperar pelas dificuldades que encontrará nos exames do 1.° Dan, pois estes não foram criados como impecilho para sua conquista, mas como arguição sobre as técnicas aprendidas. É nestas ocasiões que aparecem certas desilusões. E geralmente elas advém daquelas que sempre passaram sem dificuldade pelas etapas do curso com o apoio "beneplácito" do engano. Ao se depararem com uma banca examinadora intransigente desaba o castelo. Já outros ao primeiro impecilho recuam. Mas se aqueles reprovados voltarem à luta com tenacidade e vontade conseguirão êxito pois pela constância adquirirão a perfeição e obterão a certeza de que somente pela luta chegarão aos graus superiores mostrando então que não recuam ante as dificuldades. Mas aqueles que de qualquer forma procuram desculpas para sua deficiência jamais conseguirão algo de aproveitável. O verdadeiro homem abandona em silêncio, sem demonstrações grosseiras, para um verdadeiro esportista. A vitória não dá valor ao homem mas sim o homem o valor à vitória. E esta não se obtém por acaso mas por lutas constantes e esforços reais e frequentes. Há casos em contrário como aqueles que se dão imenso valor pela obtenção de um grau enquanto que

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GRAUS EUROPA Graus

Tempo

9.° Kyu Kyu Kyu 8.° Kyu HachiKyu 7.° Kyu SichiKyu 6.° Kyu RokKyu 5.° Kyu GoKyu 4.° Kyu YonKyu 3.° Kyu San Kyu 2.° Kyu Ni Kyu 1.° Kyu IkKyu

1 mês

Branca

1 mês

Branca

1 mês

Branca

2 meses

Branca

2 meses

Amarela

6 meses

Laranja

6 meses

Verde

6 meses apto a fazer exame para 1.° Dan

1.° Dan Shodan 2.° Dan Nidan 3.° Dan Sandan 4.° Dan Yodan 5.° Dan Godan

Azul Marron

2 a

5 anos

Preta

3 a

7 anos

Preta

6 a 12 anos

Preta

10 a 20 anos Notável

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Faixa

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Preta Preta ou Vermelha

JAPÃO Além daquele quadro feito para a Europa, no Japão vão mais além: 6.° Dan Rokkudan 7.° Dan Schichidan 8.° Dan Hachidan 9.° Dan Kyudan 10.° Dan fudan

Preta ou vermelha Preta ou vermelha Preta ou vermelha Preta ou vermelha Preta ou vermelha

outros possuidores de reais méritos não demonstram mais que sua simplicidade. Os graus nada mais são do que a afirmação dos conhecimentos obtidos através de uma prática constante. Eles são o caminho pelo qual passa o conhecimento do debutante à procura do "espirito". Através do 1.° Dan o debutante consegue a base pela qual construirá o edifício de seu progresso. Com o 2.° Dan tornará sólida esta base. Ao obter o S.° Dan provará que conhece todas as técnicas e Katas inerentes ao seu curso. Com o 4.° Dan aperfeiçoará sua técnica e estilo. Até esta fase muitos anos se passaram, anos de estudo, lutas e vicissitudes. Mas também anos de certeza e de meditação, anos de sinceridade e modéstia em prol de uma direção traçada. Nesta fase chega então a tentar galgar os degraus que levam ao verdadeiro significado da arte marcial ou seja a união do corpo e do espírito. A estes homens excepcionais em tudo é que são dados os graus mais elevados. O 5.°

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Dan representou até pouco tempo o mais alto grau. Funakoshi jamais deu grau superior ao 5.° Dan para seus alunos e assim fizeram também seus seguidores. Hoje no Japão já existe o 8.° Dan para algumas escolas ao passo que outras não passam do 5.° Dan. Existe no entanto uma tendência para se elevar os graus até 10.° Dan como no judô. Há uma diferença nas cores para as faixas entre o Japão e o Ocidente. Lá não existem mais do que duas cores além da preta. Nós, mais ou menos seguimos o princípio introduzido pelo mestre Kawaishi no judô. Esta mudança se deve em razão de diferenciar os degraus subsequentes trazendo satisfação imediata ao debutante e para dar maior e justo valor ao 1.° e 2.° Kyus. No karatê não há uma programação para cada grau e cada clube em particular tem sua própria programação. O principal é que o 1.° Kyu deve conhecer todas as técnicas de base e os primeiros Katas podendo então lutar pelo 1.° Dan. É aqui levado a dois testes. Um de competição e um técnico. Aos maiores de 30 não é necessário a competição mas a parte técnica exigida e os assaltos convencionais são dificílimos.

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CAPÍTULO III

O MATERIAL O MATERIAL USADO PARA TREINAMENTO

Varia muito de escola para escola e de estilo para estilo, não se falando também das tendências e dos objetivos que tem cada praticante. Além do mais, pensamos que o certo deve ser o mínimo de material possível para que o praticante possa de fato se acostumar a um tipo de luta na qual se usa exclusivamente as mãos e os pés n ú s ! . . . Lembramos ainda, para aqueles que praticam em casa, não haver necessidade do vestuário tradicional. Um simples "short" é o suficiente, assim como o espaço requerido se limitará àquele que o praticante puder conseguir. — Mas como nossa intenção é esclarecer, vamos começar falando do vestuário tradicional, como se fossemos praticar em um clube. O Keikogi, mais conhecido pelos ocidentais como Kimono palavra não correta, é branco, feito de um tecido leve, bem mais leve do que aquele empregado no judô, visto que não há o corpo a corpo. No entanto é bem mais rijo, pois quando o movimenot é bem feito e com a força dosada, escuta-se um barulho significativo.

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— Divide-se em duas partes: casaco curto e calças. O primeiro e bem mais curto que o do judô e é trespassado na frente na altura do abdómen. As calças são em forma de fole, para facilitar os movimentos e os golpes dos pés. As mangas da jaqueta deixam a metade inferior do antebraço nús, assim como as calças não ultrapassam no sentido longitudinal a metade da altura da tíbia. Notamos então que é uma veste especial, feita para que jamais saia do lugar no transcorrer da aula. A jaqueta é fechada na cintura por um cinto de 2 metros de comprimento e 4 centímetros de largura. As cores diferem de acordo com o grau do praticante. Um fator muito importante é a maneira pela qual usamos as vestes. Na colocação do cinto por exemplo ou na maneira pela qual guardamos o Keikogi, demonstramos nosso grau de dedicação e adiantamento. Um cinto mal colocado dificulta os movimentos e atrapalha, pois ao se abrir nos obriga a parar o treino. Em razão disto vamos orientar no uso de um, e na manutenção do outro. Para atarmos bem o cinto é preciso o seguinte: 1)

Passarmos o pano do lado esquerdo da jaqueta sobre o direito e colocarmos o centro do cinto contra o umbigo, deixando os lados penderem.

2)

a)

Pegarmos as duas pontas e passarmos em torno do dorso cruzando uma sobre a outra.

2)

b)

Apertarmos o cinto, trazendo as pontas para a frente, conservando nas mesmas um comprimento igual.

3)

Atarmos então, não muito apertado o cinto colocado inicialmente na frente do abdómen.

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Com uma laçada chata fazer o nó, posteriormente notando que as pontas devem conservar o mesmo comprimento.

Visto este ponto, passemos para aqueles que se observa no final do treinamento, ou seja, a maneira de guardar o Keikogi ou melhor o Karategi, (vestimenta para a prática do karatê) Keikogi (vestimenta para o treinamento). 1) Dobrarmos a jaqueta e a calça. 2)

Dobrarmos a calça ao comprido para diminuir as costuras da entreperna para dentro. O mesmo fazer com a jaqueta para diminuir as mangas pela metade.

3)

Agora dobrarmos a calça em dois colocando-a sobre a jaqueta.

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4)

Finalmente, enrolarmos e prendermos atado pelo

Nosso equipamento deve estar sempre limpo e costurado. O desleixo mostra quem somos e a finalidade que nos dirige e nos impulsiona, se é forte ou fraca. Se somos firmes ou meras ilusões em prol do nada. Devemos ter o cuidado de não treinarmos usando anéis, relógios ou mesmo estes adornos tão peculiares aos jovens de hoje. Isto poderia causar sérias injurias a um colega de treino. Da mesma forma a higiene é fundamental. As unhas das mãos e dos pés, devem sempre estar cortadas curtas para se evitarem acidentes. Visto esta parte, passaremos para o material, necessário como complemento ao condicionamento especial de mãos, pés, etc.

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Estes são: 1) Tecido ou tela não rugosa. 2) Makiwara. Esteira feita de palha de arroz, enrolada e finamente trançada. — Serve para treinar com vigor os membros superiores e por esta razão é forrada por um tecido rugoso para evitar que se esfolem as mãos. 3) Makiwara em suspensão. O Makiwara é enrolado e suspenso num cilindro de madeira no qual se praticam os golpes com as quinas das mãos e golpes de pés. O cilindro é pendurado pelos lados por cordas. Ele balança antes de receber o golpe. 4) Feixes de varas de bambú, feitos com o intuito de bater nos antebraços para fortificá-los. 5) Sandálias pesadas para tonificar as pernas. 6) Blocos pesados para tonificar os braços. 7) Halteres de 1 a 4 kilos. 8) Barra e discos num total de 60 k. 9) Bastão de madeira quadrado para o treino muscular dos antebraços e abdómen. 10) Garrafão cheio de água ou areia feito para ser seguro pelo gargalo pelos dedos, na intenção de fortificar a força do punho. 11) Recipiente contendo areia para treinar o pique de mão e os golpes de mão fechada na vertical. 12) Para imaginar dois olhos usamos um pedaço de papelão ou madeira. Penduramos o mesmo à altura da cabeça, visando os olhos com piques de mão e outras técnicas, fazendo o aparelho oscilar antes do golpe. 13) Mourão — Usamos para fixar o Makinawa na extremidade de uma ripa flexível. Este Mourão é fixado ao solo do Dojo. Quando batemos na

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14) 15) 16)

esteira no sentido da flecha, esta deve chocar-se com o Mourão, produzindo um ruído sêco, antes de voltar para frente. Cilindro de ferro que é seguro pelo cabo para fazer movimentos que fortifiquem os braços. Saco de Bater cheio de grãos de areia. Serve para golpes de pés diretos e passadas ascendentes. Saco de bater cilíndrico, pendurado para golpes de pés e saltos para as técnicas coordenadas de mão fechada e pés.

Todo este material é necessário para aquele que deseja especializar-se de "fato". É certo que o material é dispendioso, mas com certa imaginação, podemos "criar" semelhantes, a preços irrisórios. Isto depende da fantasia de cada um, e da vontade que o impulsiona. Mas, o que não deve faltar, e o que achamos primordial é o Makiwara. Nele o noviço e o avançado deve praticar diariamente e corrigir no espelho os movimentos. — O único material que na verdade não é tão

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indispensável é aquele usado para proteger o praticante nas possíveis quedas consequentes dos assaltos livres. Quanto ao fator espaço, não há necessidade de uma grande sala. Pelo contrário, para quem treina só, um pequeno espaço é o suficiente, melhor mesmo seria ao ar livre em terreno comum, logicamente mais perto da realidade de um verdadeiro combate. Como sabemos, nas salas não há o desnível comum existente nos terrenos comuns. Ao treinarmos nestes terrenos, somos obrigados a usarmos com mais insistência nosso senso de equilíbrio e mesmo coordenação, fatores que nos auxiliarão a produzirmos uma técnica mais apurada. — Aos que puderem treinar ao ar livre", recomendamos com insistência os "campos" onde poderão — além de treinar com liberdade — aumentar a resistência orgânica. (Não esquecer de proteger os pés com alpargatas). AS ARMAS DE QUEM PRATICA, OS MEIOS DE USA-LAS E OS PONTOS QUE CONSIDERAMOS VITAIS Ao sermos atacados, devemos usar todos os meios ao nosso alcance principalmente a infinidade de golpes que podemos usar derivados de toda superfície dura que temos e não nos fixarmos unicamente nos golpes de mão fechada ou de pés, visto que de outras superfícies também duras, podemos desferir golpes decisivos, pois sabemos que por intermédio de técnica, podemos liberar grande energia concentrada de qualquer parte de nosso corpo. Sabemos que, se desferirmos golpes com as mãos, pés e mãos fechadas, estamos ganhando em velocidade, ao passo que ao utilizarmos as articulações dos joelhos e cotovelos que estão mais próximos do abdômen, ganhamos em força. Na utilização

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do ataque como veremos na continuação deste livro deve estar a técnica e o grau de aproveitamento do aluno. Dizemos isto em vista de que num corpo a corpo, podemos usar a cabeça, as costas e a tíbia, mas para isto devemos estar certos em fração de segundo de que estas superfícies também duras, não sairão feridas no ataque. Como vemos as armas são múltiplas e as aplicações também, principalmente se não nos esquecermos de que são insuspeitas como suficientes para o leigo. O SEIKEN Esta é a palavra certa para "mão fechada" de onde deriva o meio mais eficiente e eficaz que podemos dar em resposta a um ataque. Conseguimos um verdadeiro Seiken, enrolando os dedos um por um, comprimindo a massa contra a palma da mão. Todas são apertadas fortemente pelo dedo polegar dobrado contra as segundas falanges do indicador e do médio. — Desta forma não devemos deixar nem um vazio dentro da mão fechada, fazendo com que ela forme um sólido e completo bloco, não esquecendo de apertar bem o dedo mínimo, pois que é o meio fácil de ser ferido, quando não prestamos a atenção devida nesta técnica. Devemos prestar atenção para a posição do punho para que esta seja correta. Quando esta é certa o osso da articulação ocupa uma posição exata podendo suportar choques violentos sem perigo, pois que o dorso da mão fechada, produz um ângulo com o dorso do antebraço e o eixo do mesmo passa entre as duas elevações do indicador e do médio. É lógico que nesta posição podemos bater sobre faces duras sem correr o risco de fraturas.

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Para chegarmos a este arduamente e diariamente no assim podemos chegar a uma Existem cinco modos de

ponto devemos treinar Makiwara, pois somente verdadeira mão fechada. bater:

Golpe Direto: É notadamente o mais utilizado pois é executado com a mão fechada, batendo no alvo escolhido, somente as cabeças do segundo e terceiro metacarpo, (Kentos) bases do indicador e médio, e nunca com a totalidade da superfície (des. 1 e 4). Quando treinarmos regularmente no "Mourão" ou Makiwara, desenvolvemos suavemente duas protuberâncias ou bolas, sobre a base dos citados metacarpos. Com estas saliências duras é que usamos com mais insistência, ataques com as mãos fechadas. Notadamente no Tsuki! O golpe do Martelo de ferro. Nada mais é do que um golpe desferido com a mão fechada, batendo com o lado do pequeno dedo ou mínimo de cima par abaixo, (des. 2 = Tettsui). O interessante é que se conservarmos a mão hermeticamente fechada, poderemos fazer desta um martelo real, pois atacamos desta maneira a cabeça, os flancos, os laterais, de cima para baixo e vice-versa, assim como nos servirá de bloqueador contra as tíbias e os braços que forem adversários nossos. Golpe dado com a totalidade e poder das falanges. Podemos bater no queixo à altura do maxilar, assim como nas orelhas, usando a superfície interna da mão fechada (Des. 3) heiken. O martelo feito com o polegar. Batemos com o lado do polegar. Usamos este golpe, visando às têmporas ou o baixo ventre do adversário de baixo para cima. (Des. 5 URA-Tettsui).

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Golpe Reverso: Neste golpe usamos o dorso da mão fechada (uraken ou riken) e notadamente os Kentos para desferir golpes no rosto e no plexo. Para maior perfeição e impacto, devemos dobrar bem o punho para fazer sobressair os Kentos. Devemos ter cuidado para não atacarmos com a totalidade do dorso da mão para não a ferirmos em caso de elementos muito sólidos. (Des. 6).

AS DERIVAÇÕES 1)

O golpe dado com uma falange. Neste golpe deixamos sobressair uma falange enquanto a mão se conserva fechada. Neste golpe podemos deixar sair o indicador ou o médio, (ippon ken e nakadaka ken). Des. 7 e 8.

Também conhecemos um mesmo golpe dado com duas falanges o Nihon Ken. Pelo Tsuki podemos atacar o nariz, os lados e o plexo. Estas técnicas também são usadas para os pinçamentos e os esmagamentos por torção em razão dos centros nervosos. Ao dobrarmos as primeiras falanges e os dedos contra a palma da mão, estaremos formando o golpe das quatro falanges ou hiraken (Des. 9). — Se aumentarmos a articulação do polegar com a mesma superfície, passaremos do hiraken para uma variação na qual as articulações falangeanas, ou melhor do metacarpo das mesmas estão dobradas (Ryuto Ken). Des. 10. A orientação dada sobre a forma do punho, ou melhor sobre a posição do mesmo, é válida para todas as formas advindas da mão fechada. A MAO O golpe dado com a quina da mão, ou melhor o golpe que corta ou cortante para os leigos "cutelada" é a mais conhecida resposta desta nobre arte. Só que há uma técnica especial, para que possamos usar a mão como uma verdadeira arma. Esta técnica consiste em manter em contato os dedos alongados sem muita pressão e fechar o dedo polegar dobrado contra o bordo interno da mão. A mão fica sobre o eixo do antebraço e o punho conserva-se firme e não dobrado. Notamos então que a mão aberta (Kaisho) poderá resultar numa grande arma de ataque e defesa. As 5 maneiras de bater desta forma. a i. ) O sabre de mão. Neste golpe com o bordo externo da mão (Shuto), (Des. 11) atacamos os flancos, o pescoço do inimigo e também bloqueamos certos ataques. Feitas ressalvas nos ataques de pernas. Ao usarmos a mão em sabre, devemos

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usar somente a parte carnuda da mesma. A parte que vai do punho até a base do dedo mínimo. Se usarmos a outra parte em razão dos ossos, poderemos sofrer fraturas ou entorses. Já o golpe de sabre dado com o auxílio do polegar, é um sabre reverso, ou interno que visa à face, os flancos ou a região hipogástrica em um movimento vertical de baixo para cima. O polegar fortemente dobrado contra a palma, não deixa meios para insultos nas articulações. Batemos, usando a superfície obtida entre a base do polegar e a articulação da primeira falange do indicador. (Haito — Ura Shuto des. 12) O golpe reverso da mão (haishu). Este é dado com o dorso da mão, visando ao plexo, o rosto, e serve de bloqueio a certo golpe de mão fechada. Há o golpe dado com a parte chata da mão, tanto serve para ataque como para defesa. Neste golpe (hirate) visamos àorelha ou o rosto. Daí partimos para uma variante na qual os dedos são redobrados e a mão forma um (Kumade) Des. 14. Usamos esta variante nos golpes circulares (Uchi) e com o punho bem dobrado nos diretos (Tsuki). Nesta última forma os amantes da briga de rua têm sua "escala". O Nukite ou pique de mãos, é um golpe dado com as pontas dos dedos reunidos em suas extremidades. Recuamos um pouco o dedo médio para trazê-lo ao nível dos outros e tornar o golpe mais perfeito. A mão deve estar à altura do prolongamento do antebraço ou ligeiramente dobrada na altura das articulações metacarpo falangeanas. Podemos em golpe direto (Yohon-Nukite) atingir os olhos, plexo e garganta (des. 15). Também existem mais duas formas usadas para atacar os olhos, e o plexo: são o (ippon-

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Nukite) com um dedo (des. 16), e o Nihon-Nukite (des. 17). Neste kltimo a forqueta é formada pelo indicador-médio e anular auricular. Estas técnicas para terem valor são necessárias perícia e destreza. Podemos também atacar ou contra-atacar com a mão em forma de goela de tigre, conservando os dedos juntos e dando à mão uma forma côncava (des. 18). Desta maneira, visamos os flancos o pescoço, atacando com a forquilha formada pelo ângulo do polegar e do indicador (hirabasami, Koko ou Toho, des. 18). Há também a forma de ataque conhecida como bico de águia. Neste, a mão forma aquela figura (Washide ou Keiko), des. 19, reunindo os dedos pelas pontas. O golpe não é muito amplo pois visa a pontos minuciosos como a carótida, os olhos e as orelhas. O PUNHO Ao usarmos o punho o utilizamos em golpes secos e fortes, procurando pelos movimentos em golpe de chicotada, à velocidade precisa para movimentos de pequena amplitude. Fazendo o movimento correto a velocidade necessária é obtida. £ preciso que se dê ao punho, mobilidade e flexibilidade para que o mesmo se possa dobrar fortemente e de modo fácil em cada direção exigida. O impulso para o impacto forte é formado pela articulação pronunciada em todas as direções, disto resultando o fortalecimento do golpe que é obtido pela sequidão da flexão do punho, na direção do golpe. São quatro as flexões: 1) o golpe dado com a parte baixa da palma ou melhor a parte carnosa (Teisho ou Shotei). (Des. 20) dobrando o punho até um ângulo para direita. Podemos usar esta arma em ataque e defesa.

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Atacamos visando ao nariz, hipogastro, queixo e defendemos bloqueando, etc. 2) O golpe com a parte de cima do punho, conhecido como (Kakuto ou Koken, des. 21) é utilizado nos ataques reversos contra o queixo, maxilar e axilas. 3) O golpe com a base do gume ou parte cortante da mão, é dado com o punho fortemente dobrado e a mão conservando o mesmo nível do antebraço. A mão forma a queixada do boi e nós atacamos nesta forma (Seiryuto, des. 22) em golpes diretos, visando à face e o externo, enquanto de cima para baixo, visando à clavícula em golpes indiretos como também em defesa. A crista do galo (Keito, des. 23) nada mais é do que o punho dobrado na direção contrária do Seiryuto e os ataques são em reverso ao rosto. A utilização é a mesma que no Kakuto. O COTOVELO Se os golpes são dados com perfeição, pouca força é necessária para tirarmos proveito do cotovelo. Os golpes dados com o mesmo são mais aconselhados no corpo-a-corpo. Com a ponta do mesmo (apófise do "Cubitus") podemos bater no rosto ,nos flancos, abdômen, plexo, e nos próprios ossos. Nos serve nos bloqueios contra os golpes de pés. Podemos bloquear atingindo a tíbia do adversário, produzindo-lhe grande dor (des. 24). Forma também um bloco sólido com as partes musculares do braço de ambos os lados de si mesmo, vindo de um movimento circular do exterior para dentro. O ANTE-BRAÇO Esta é uma

parte usada principalmente para

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parar", e a mais usada numa luta no sentido de defender. Por esta razão, recomendamos que todo o candidato treine fortemente seus antebraços no sentido de lhe dar força e musculatura. Como o bloqueio não é somente a interposição do antebraço ao ataque, mas joga em ato contínuo uma trajetória direta em si, serve também como superfície de bater. Podemos bater com a porção anterior do punho firmemente contra o braço ou o pé do adversário. Três das süas faces são usadas: a parte cortante interna do lado do polegar, a parte cortante externa do lado do auricular (Nai-Wan, des. 26, e Gai-Wan, des. 27) e a parte chata que compreende o osso do punho que não tem "gume" (hai-wan) é mais usada para desviar golpes do que bloquear ou

Com o pé (ashi) podemos atacar e contra-atacar,

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em vista de suas numerosas superfícies. De outo modo o ataque contra o adversário pode ser sempre vigoroso, pois sua força advém do conjunto muscular da perna, que sem dúvida é maior que o do braço. Também serve para bloquear. É preciso que em vista da grande massa muscular usada, treinemos com insistência a velocidade necessária para as técnicas empregadas. Podemos usar as seguintes superfícies: a

l. )

Des. 28. A parte carnosa do pé em forma de bola (Koshi, Josokutei, Chusoko) levantando firmemente os artelhos, formamos um bloco sólido de onde lançamos ataques vigorosos diretos (Mae-Geri) e (Mawashi-Geri). A esta forma demos o nome de dente-de-tigre. Usamos também a planta do pé, fig. 29 (Teisoku). Para golpes circulares fortes (Mikazuki-Geri). Na defesa Teisoku ou Sokuto os usamos como bloqueio contra golpes de pé '(Mikazuki-Geri-Uke) e Soutei-OsaeUke). O calcanhar, fig. 30 (Kakato). Para o usarmos dobramos firmemente o tornozelo e batemos, ou nos golpes de pé para trás (Ushiro-Geri) e nas batidas para trás (Ura-Mawashi). O peito do pé ou (haisoku ou ashikubi), des. 31, é utilizado da altura do tornozelo aos dedos, num conjunto estendido na intenção de bater em golpe direto na altura da região hipogástrica (Kin-Geri) e em golpe circular, os flancos e a cabeça (Kubi-Mawashi-Geri). A ponta dos artelhos, des. 32, (Tsumasaki) ou (ashi-Nukite). Há uma técnica especial para juntar ou reunir firmemente os três primeiros artelhos, fortificando-os para esta técnica. Este golpe é indicado para bater no baixo ventre e o plexo em pique. Sendo assim, quando este golpe é mal dirigido e sua técnica

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imperfeita, causa problemas dolorosos e entorses para quem o executa. Já a parte cortante do pé, em gumes ou melhor o lado exterior (Sokuto, des. 33) é conhecida como o "Sabre do pé". Usamos nos golpes cadenciados ou "dançados" diretos (Yoko-Geri) e nos golpes de pé "esmagador" (Fumikomi) ou para fazer saltar a guarda do inimigo. Devemos bater com a parte próxima do calcanhar e não dos artelhos para não sofrermos fraturas. O JOELHO É uma arma extraordinária num corpo-a-corpo. Fig. 34, hitsui ou hiza). Aqui devemos obter o máximo no sentido de dobrar o mais possível a articulação, fazendo com que o calcanhar chegue o mais próximo possível da coxa. Se o adversário está inclinado, podemos atingí-lo em golpes diretos no baixo-ventre ou cabeça. E em golpes

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CAPÍTULO IV

PRINCÍPIOS OS PRINCÍPIOS QUE FORMAM A BASE Há uma irrealidade no aprendizado do karatê em certos clubes ou academias nos dias de hoje. A luta pela subsistência e o lado material do "negócio", desvirtuou o verdadeiro caminho do karatê. Em nossos dias o interesse primordial é aprender a imitar o gesto e rudimentos da técnica em detrimento daquela parte mais profunda, e de fato difícil, que leva todo aquele que se propõe a segui-la ao verdadeiro âmago deste esporte marcial. Nosso interesse é tão construtivo que voltamos a insistir em certas partes "primordiais" em prejuízo da parte técnica, tendo a certeza de que assim procedendo, estamos obrigando ao aficcionado que nos lê, a tomar conhecimento de verdades incontestes, mas desde há muito abandonadas. Procedendo desta forma vamos nos obrigar a, além de executarmos tal técnica, sabermos o porque de seus mecanismos. Somente deste modo, analisando os princípios de base é que poderemos nos assenhorear de todas as técnicas possíveis. Assim o karatê, apareceu em toda a sua plenitude e não como uma mera ilusão, no caminho de cada apaixonado. É certo, pois, que sob esta orientação, poderemos progredir nesta arte, conhecendo algumas poucas técnicas, pois as outras serão assimiladas mais tarde. Nos guiarmos por caminhos contrários, ou melhor aprendermos as técnicas sem conhecermos os seus

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mecanismos é soprarmos contra o vento. Será como imitarmos certos gestos e mais tarde cairmos na triste oralidade de nada havermos feito. Muitas vezes nas aulas somente aprendemos por imitação um movimento que nos parece fácil, mas sobre sua base pouco sabemos, pois mesmo com alguma explicação dada dificilmente o professor torna ao mesmo assunto. São nestas ocasiões que podemos avaliar um bom professor. Foi, pois, pensando nestas dificuldades dos alunos que nos propusemos a insistir na parte teórica para que qualquer noviço possa dedicar-se com mais interesse ao âmago do assunto. A ENERGIA QUE TODOS NÓS POSSUÍMOS E QUE POUCO SABEMOS APROVEITAR A natureza nos legou uma reserva impressionante de energia. Sendo que esta, com muitos desaparece ao fim de suas vidas, sem que seus portadores jamais tenham dado conta de sua existência. A grande maioria não usa mais do que a metade de sua energia disponível por não saber usá-la, e outros partidários dos caminhos mais fáceis nem pensam sequer em usufruir de seus benefícios. A idéia que podemos dar da liberação desta energia, é chegarmos a situações aflitivas como em certos casos de perigo. Sempre que alguém se encontra em situações críticas, é capaz de ações e atitudes que colocam perplexos a qualquer um. Poderíamos citar vários casos de brigas, quando um ser fraco e pequeno vence adversários maiores e mais robustos. As maneiras impressionantes como certas pessoas têm feito ações heróicas expondo as próprias vidas. São demonstrações de energia liberada que deve sempre estar à disposição de todo aquele que se dedica a esta arte marcial. De-

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vemos poder lançar em jogo toda esta energia para que possamos em tempo fulminante vencermos nosso adversário. Ao conseguirmos isto, e sempre mantendo em nosso espírito esta atitude, surpreenderemos por vezes, adversários mais fortes que pela ignorância destes fatos, subestimam nossas condições. Sabemos ser difícil para o noviço desprender energia, visto que, em momentos especiais ou em combate real, ela poderia vir à tona. É por esta razão que nas "verdadeiras" salas de aula, se imprime sempre uma atmosfera de combatç até a morte, coisa que para muitos pode parecer grosseria. É através de uma forma para muitos feroz, que executamos as técnicas para deste modo criarmos no aluno um estado especial, pelo qual, a explosão da energia seja possível através do conhecimento de uma força latente. Sem reunirmos a totalidade destes agrupamentos, em cada técnica temos a certeza de que falharão todas as tentativas, ainda que "sinceras". Visto esta parte, podemos compreender que sem um aumento cónsiderável do volume muscular e da resistência geral não será possível chegarmos a tudo aquilo que foi dito. Se treinarmos pelo lado correto, não somente conseguiremos liberar nossa energia de reserva, como também criaremos um meio de nos pormos aptos pela resistência geral aumentada. REUNINDO NOSSA FORÇA Ela é necessária para a energia que liberamos e para que não haja ineficácia. Do mesmo modo não terá proveito algum se utilizarmos nossa força ao preço de um esforço especial, se não a sabemos utilizar convenientemente. Para isto, pois, precisamos da técnica. É por esta razão que inúmeras vezes, uma força

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menor, mas bem utilizada, supera uma maior sem orientação. São nestas ocasiões que podemos notar o valor da técnica. Exemplo disto, são os mestres que apesar dos anos de idade avançada, superam em combate pessoas no vigor da juventude. Sabemos que sempre existem técnicas que podem evitar o choque direto de força. É preciso que saibamos que é humanamente impossível a concentração da energia, sem a técnica perfeita. Ao aprendermos quais os músculos utilizados e sua ordem em cada movimento feito, aprenderemos também a golpear nas zonas onde a concentração é máxima, insistindo, pois, na precisão necessária à ação. FORÇA DE REAÇAO Ao produzirmos uma ação, sabemos que advirá uma reação. No caso dos golpes também, sendo sobre este ponto que trataremos agora por demonstrações simples, para que todos possamos analisar o assunto sem grande dificuldade. No momento do impacto do golpe, o corpo deve formar um bloco completo para devolver na mesma direção o movimento feito pelo choque e não somente encaixá-lo. Haverá um efeito primordial e o movimento para frente, unir-se-á ao golpe, fortalecendo-o mais ainda. Desta forma a onda produzida não atingirá o cérebro do praticante. A utilização destas forças são realizadas da seguinte forma: 1.a) A retirada veloz e sincronizada da mão fechada que não bate na direção contrária do golpe. Chamamos de (hikite). E não devemos esquecer que este movimento deve ser feito com a mesma força do golpe, e o corpo deve estar imóvel no momento do impacto. 2. a ) A solidez das posições de apoio que foram obtidas, são fatores fundamentais. Os casos em con-

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trário nas posições, fazem perder o valor da força de reação. Ao darmos um golpe de pé, a perna de apoio deve estar sólida c o calcanhar bem chato conservando a base plantada firmemente no solo. Nos golpes de pé onde existe o salto e os pontos de apoio falham, é possível por ação sincronizada do outro pé e braço a onda de choque. A AÇAO DO ABDOMEM E DOS QUADRIS Todas as artes orientais insistem em afirmar que no abdómen está o centro vital do homem. No ponto logo abaixo do umbigo toda a força tem a sua origem, e nós a conhecemos sob o nome de " T a n d e n " ou "Saika-Tanden". E para obtermos eficácia é necessário termos consciência deste ponto. É forçoso, pois, construirmos uma cintura forte, pois um abdômen forte é o centro de gravidade (da) parte (inferior) do corpo de onde se desenvolve a estabilidade. Inclusive lega ao praticante uma reserva de força bem maior do que aquela que os músculos do peito e dos braços podem dar. Devemos dar atenção para antes de cada movimento, contrairmos os músculos do abdómen que na verdade são lentos neste aspecto. Tanto os golpes de mão fechada e de pés serão mais poderosos. Neste caso os quadris participarão do movimento, seja por translação retilínea ou por rotação sobre o lugar. Para nós é mais importante dar o golpe com o "ventre" e com o auxílio dos braços ou das pernas. Isto para que vejamos a importância da questão: batermos sem o auxílio do abdómen será desperdiçarmos uma das nossas mais verdadeiras possibilidades. No bom professor de karatê, notamos que seu abdómen é forte,

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formando a união perfeita da parte superior e inferior do corpo, fazendo com que uma participe do movimento da outra com facilidade. Desta forma, ele tem a solidez necessária e quando se desloca, dá a impressão de se deslocar ao nível do solo tão solidamente se encontra plantado. Devemos manter a parte inferior do abdômen (hara) em constante tensão e praticar a respiração abdominal, forçando a mesma para baixo. As dificuldades possíveis no início tendem a desaparecer com a prática. Além do mais, uma cintura abdominal bem desenvolvida, nos auxilia a manter a saúde geral, e não deixa as vísceras saírem do lugar, fazendo com que os órgãos não desçam. CONTRAÇAO E DESCONTRAÇAO Assim que o impacto tem fim, um certo relaxamento advém, pois o corpo não pode estar sempre tenso. Certos músculos ficam sob ligeira tensão prestes a agir a mínima solicitação do espírito. No momento de aplicarmos um golpe, devemos concentrar os músculos totalmente, mas com brevidade, pois quanto mais curto o tempo de contração, mais poderoso será o choque. Caso a tensão continue, será difícil dispormos da mesma para outra ação qualquer, visto que o corpo se torna cansado, sendo difícil manter o equilíbrio necessário para encadear outro movimento subseqüente. Deve, pois, sempre existir uma total, mas breve contração anerente ao golpe, que ao mesmo tempo faz o papel de "freio" imobilizando o corpo. Apesar de tudo que foi dito até aqui, haverá casos em que ao não compreenderem tudo aqui explicado, falharão as intenções e o praticante não poderá usar sua força nos golpes, guardando-a para si mesmo.

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A. duração de tempo de contração, depende do senti do dado ao Kime. Nas nossas dúvidas, nos guiará o professor, mas convém que saibamos que melhor se aprende na prática do "pele a pele" feito com um companheiro. Ao se alternarem os tempos, estes dão ao karatê sua maneira sincopada de ser, produzindo o cansaço muscular e nervoso. Há também dois pontos importantes a serem esclarecidos: aqueles nos quais a descontração é feita antes e naquela feita tardiamente. Logo ao ser feita a descontração no início do movimento, este e freiado. De outro modo se e feito muito tarde, o impacto se produz antes da mão fechada ou pé, estarem em posição de força. Ao ser feito muito depressa o golpe não é apoiado e a força não penetra o corpo do adversário. Aos poucos vamos tendo mais direção e antevemos "sinais" o que pretende ser o verdadeiro domínio do corpo nesta arte. A RESPIRAÇAO Todos nós sabemos que, quando inspiramos não podemos fazer uma ação forte de ataque ou defesa, pois os músculos se descontraem, ao passo que, parando a inspiração ou ao expirarmos, os músculos podem se contrair. Os músculos passam então pela força, e pela fraqueza, dependendo do tempo respiratório. Para darmos uma idéia, diremos que se deve atacar quando os pulmões estiverem cheios; a respiração e a contração devem ser curtas. No momento do impacto do golpe há uma curta parada da respiração para facilitar a contração abdominal seguindo então a respiração total, lenta. Sendo possível, poderemos respirar

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curta ou longamente, dependendo da situação. Caso contrário devemos fazê-lo em seguida para podermos passar para outro movimento. Aos poucos vamos ganhando sincronização entre ação e respiração, sendo que no momento que isto for conseguido, cansaremos menos e treinaremos mais. . . Os mais velhos na arte, não ficam sem respirar. Varia a energia de indivíduo para indivíduo, mas nunca termina de um todo. Logo a onda escoada não é total. Não devemos, jamais, deixar nosso adversário saber cm que ato respiratório estamos para não sofrermos ataques inconvenientes em caso de estarmos a demonstrar a respiração. Não devemos, pois, ofegar. Respiremos com o ventre, assim as espáduas não se moverão e nosso adversário nada notará. De outro modo o ato respiratório deve ser seguido de um breve grito, coin o qual perturbaremos o estado de espírito do adversário, sendo também, necessário para facilitar a explosão de energia. Podendo ser o Kiai, que também pode ser silencioso, é mais um estado psicológico. Na realidade é o esiado interno enorme que preside a execução deste, ou o Kcnsci, que nada mais é que uma expressão violenta de uma tensão mental. O grito deve intervir em cada impacto, para facilitar a concentração, saindo vigorosamente do Tanden, e das cordas vocais. Um grito breve, não um urro cômico que em lugar de impor respeito faz rir. Quando bem feito, canaliza e dosa o fluxo de energia vital de todo o corpo. ALGO SOBRE A RESPIRAÇAO A maneira de respirarmos é importante no Karatê, devido a fatores psicológicos e fisiológicos, isto para -

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não voltarmos a lembrar da importância dada ao abdomem nas artes marciais. A meta que visamos na respiração especial é podermos contar sempre com uma reserva de oxigênio nos pulmões o que conseguiremos se aprendermos a utilizar 2 / 3 de nossa capacidade. O que conseguiremos com isto no sentido de benefícios especiais? É óbvio, que ao conseguirmos alcançar este objetivo fundamental, poderemos nos esforçar mais por um período maior de tempo, havendo menor cansaço. A tensão diminui e a nossa produção mental é incrementada. Finalmente o nosso corpo depois de ter sido submetido a um esforço, pode se recuperar mais rapidamente. Como praticar? Fiquemos de pé tendo a nossa musculatura oem descontraída. Nossos braços ficam em frente do corpo. Des. a-1. Ao tempo que estiramos nossos braços para cima e para trás, levando também nossa cabeça no mesmo sentido, devemos inspirar profundamente pelo nariz, alargando assim nossa caixa (Des. a-2 e a-3). Após, prendendo a respiração, dobramo-nos para frente, tendo as mãos sobre o abdomem, forçando de maneira figurada o ar dos pulmões para baixo. É preciso que a tensão seja sentida pelos musculos do abdomem. Para que compreendamos melhor esta parte, vamos nos socorrer na fisiologia. Quando inspiramos, o ar retido nos pulmões, força o diafragma para baixo que por sua vez força o estômago. Resulta daí uma pressão nos músculos do abdómen, que se libertados de tensão se expandem. Isto não deve suceder. Ao se contraírem produzem o auxílio de pressão no ato expiratório. Iniciando daí, podemos soltar o ar pela boca e expirar por completo ou reter aqueles 2/3. Após, voltemos ao ponto de partida. Este tipo de respiração que poremos em prática no Kiai, deve ser treinado em todas as po-

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sições. A maneira de controlar: Ex. de 1/3. Inspire e solte 1/3. Após inspire contando até 10, inspire e expire com rapidez não permitindo que saia mais de 1/3. Após dominar esta técnica, faça o mesmo com 1/2 e 2/3 de ar. Cuidado, não pratique demais para não cansar.

O porque do Kiai: Há casos de seres especiais, que pelo poder do seu Kiai, chegam a matar até insetos. O Kiai, por incrível que possa parecer, é usado mesmo por rudimentos em certas ocasiões sem que nos apercebamos. Isto veremos no decorrer deste livro. O Kiai nada mais é do que um meio de nos prepararmos para a ação, usando duas fases distintas que são o retesamento e o impulso. Na primeira contraímos os musculos abdominais e inspi-

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ramos profundamente. Logo, nos preparamos para um estado de ganho energético. Pela inspiração alimentamos melhor nosso sangue pelo oxigênio o que nos facultará um acréscimo. De outro modo, certas glândulas são acionadas, em princípio àquelas que estimulam o coração, predispondo de imediato nosso sistema nervoso central para um trabalho específico. Na fase do impulso, a ação é posta em evidência, enquanto expiramos com força. Nesta fase podemos acompanhar este ato, por um grito, pelo silencio, etc. Todo o controle que pomos neste ato, favorece uma força maior; a ação. Se nos utilizamos do grito, poderemos desconcertar e desorientar o nosso oponente, assim como ganhamos mais coragem. Pelo treino podemos concentrar a energia onde desejamos. Logo, pela interação física e mental que leve a energia para pontos especiais de nosso corpo chegaremos lá. Mais tarde nós veremos as incríveis reservas de energia que possuímos sem nos apercebermos de sua existência. Pelo poder do grito, podemos aumentar nossa auto-confiança. Lembramos que qualquer tipo de grito pode ser usado. Podemas usar a sílaba Ki sonorizada com leveza e projetar poder na sílaba Ai. Outros sons podem ser usados. (TA, IÁÁ, etc.). Ambos os Kiai (sonoro e mudo) devem ser utilizados durante o treino. O mudo é aquele no qual usamos o "huh" e deve ser utilizado para Forma e Rotinas. O Kiai sonoro deve ser utilizado em golpes de mão, pés e em competições. Devemos praticar o nosso Kiai, e isto podemos fazer das seguintes maneiras.

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1 — Fiquemos de pé. Subitamente damos um grito. Isto nos fará notar e sentir a tensão dos musculos do abdomem. Após, façamos isto com socos e ponta-pés, e veremos a diferença que há entre um soco ou ponta-pé sem o Kiai. Quantos de nós, não vimos por vezes alguém se assustar com um grito? O medo a ruídos é um instinto normal no homem. Sendo assim, podemos levar certa vantagem se conseguirmos desgovernar totalmente o conjunto de reações físicas e mentais normais. Finalizando, vamos esclarecer uma maneira de avaliarmos o nosso uso do Kiai.

3 — Posição Des. a-5. Ao primeiro sinal nosso, o colega dá um soco de leve em nosso abdomem. Em seguida soltamos o

2 — Fiquemos na posição. Des. a-3. Logo damos um passo para trás e ficamos em guarda como no Des. a-4. Inspiramos com profundidade e contraímos os músculos do abdómen. Parando por segundos, desferimos um soco, soltando um grito a um só tempo.

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Kiai. No dia que suportarmos socos mais fortes, podemos nos valer dos ponta pés que do mesmo modo começarão de maneira fraca ou leve. ALGO A RESPEITO DOS REFLEXOS Um exemplo digno de menção e que pode dai uma idéia de reflexos, será a maneira pela qual nos defendemos de um ataque ao erguermos o braço ou colocarmos a perna na frente. Logo os reflexos são reações inconscientes a um estímulo visual ou mesmo auditivo. A lógica seria conseguirmos não deixai atrasar a defesa na hora do ataque recebido. E são aqueles reflexos que devem ser aprimorados e posios em prática para que nunca chegue uma defesa atrasada. Pelo treino consecutivo e perfeito podemos chegar a automatização necessária, para fazermos do reflexo uma verdadeira arma de dupla função. Um ser com pouco reflexo pode ser facilmente enganado Por isto o espírito deve tomar parte na resposta. Sabemos que ele domina e comanda os reflexos e por esta razão devemos ter em inente a união da ação do corpo e do espírito, sem o que não haverá a verdadeira arte. Deste modo devemos treinar os reflexos primários e tentar ultrapassá-los. Esta, pois, será uma das metas principais que nos levará ao domínio total de uma técnica e de um estado de espírito superior. Por meio de combates não reais, portanto mais a tempo e precisos, fazemos com que nos delendamos nos limites do "perigo". Deste modo são mais precisos, e, mais limitados ficamos, à medida que estes ataques se tornem de maior precisão e adversos. Aqui, pois, não há mais a preparação c tudo é feito direto e tão rápido como o pensamento. Mas nada disto se faz sem uma seriedade total nos treinos e um sentido

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muito agudo de combate. É preciso, pois, treinos longos e árduos para que possamos conseguir aquele sentido. Sabemos também que qualquer erro pode ser definitivo, e em vista disto, necessitamos de participação mental intensa, e por este motivo, o espírito pode se conservar com mais vivacidade por mais tempo que um simples reflexo.

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CAPÍTULO V

ATEMI CONCENTRAÇÃO E ESPÍRITO A BATIDA PODEROSA Todos nós sabemos que a meta primordial no ataque do karatê é vencer o adversário. Mas vencer rapidamente. Logo o golpe deve ser certo e não mais do que um. É esta a diferença entre o golpe do karatê (atemi) e o de outras- lutas. E nesta situação procuramos causar uma lesão interna. Sabemos que muitos nos chamarão de vários significados pelas exteriorizações acima ditas, mas se não o fizessemos, estaríamos enganando quem nos lê, pois antes de tudo esta é uma arte de guerra. Somente desta maneira, ou melhor, com esta mentalidade de combater pela vida é que alguns conseguirão aquele estado de espírito pacífico, pois terão ultrapassado o estado primário comum ao noviço e trilharão o caminho do karatê verdadeiro, onde o amor pelo adversário, a bondade e a compreensão, tomam o lugar da vontade de ferir ou matar. Nada disso conseguiremos se não tivermos passado pelas provas físicas cruéis do início, que nos fizeram (por nós mesmos) ver, sentir e julgar nossas atitudes subseqüentes e nossos caminhos a trilhar. Esta arte não é o final de tudo, mas, um meio para melhorar. E como para tudo é necessário aprendizado e técnica, para o Atemi, ou melhor, para o alvo ao qual se pro-

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põe o Atemi (ate: golpe — mi: corpo), que é de tirar fora de combate o adversário, fazem parte inúmeras condições na técnica de bater: 1.°) Como vimos anteriormente em capítulo especial, podemos utilizar ura verdadeiro arsenal que é o nosso corpo humano. Sendo que estas armas são naturais! 2.°) Batermos com qualquer superfície pequena para concentrarmos a energia liberada pelo corpo no sentido de um ponto por nós atacado, sendo o efeito maior no impacto. 3.°) Sabemos que a velocidade da massa em movimento aumenta, proporcionalmente, a força desenvolvida na hora do choque e por isto aprendemos a bater com velocidade máxima. I)a mesma forma aprendemos que a massa é bem menos importante do que a velocidade. 4.°) Aprendemos a visualizar com precisão e possibilidade os pontos vitais do adversário que nos parecem vulneráveis ao menos que isto seja impossível, o impacto será rápido. Mesmo com a adversidade, podemos bater em qualquer parte obtendo os mesmos resultados em vista de um treinamento profundo e bem organizado. 5.°) Batemos com o todo de nosso corpo, participando do ato e não somente os membros em especial. Rejeitamos a onda de volta, provocada pelo impacto, forçando-a de volta para o adversário. Mais poderíamos falar se quiséssemos nos fixar em outros atemis que existem e variam, seja na maneira de bater ou no ponto visado. Aquele que é percuciante, salta após o impacto. Ou aquele outro que penetra e desequilibra. Em cada golpe do corpo devemos ter a impressão de ser a única

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maneira de vencermos e nele devemos pôr toda a nossa reserva de energia. Devemos, mesmo, criar aquela imagem, à qual é a última chance que temos para vencer. Procedendo assim, chegaremos a produzir aquela energia física e mental peculiar aos que praticam a "verdadeira arte" Concluímos, pois, que sem nossa dedicação e, antes de tudo, o espírito em função desta arte somente sofreremos sérias desilusões e o karatê, por nós praticado, não passará de meros movimentos feitos no sentido do nada. A CONCENTRAÇÃO MENTAL E O SEU PRÓPRIO DOMÍNIO A calma e a serenidade devem ser conservadas por todos, em qualquer momento. Devemos ser na verdade os verdadeiros mestres de nós mesmos, sem o que não possuiremos aquela atitude de frieza tão necessária em combate. Nossos sentimentos, assim como nossas reações, devem ser por nós dominados para não nos traírem em momentos delicados demais. Ao conservarmos nossa serenidade não devemos deixar que nenhuma atitude ou gesto especial nos desvie a atenção do momento, para que nosso oponente não tenha chance alguma de nos estudar ou adivinhar nossa intenção. O nervosismo, a ansiedade, e, quem sabe, a exitação e a falta de consciência para o momento certo do ataque, faz com que transpareça um estado de ansiedade e nervosismo, podendo, assim, antes mesmo da luta, perdermos grande parte de nossas verdadeiras chances. A cólera aumenta a força do indivíduo, mas este perde a coordenação, tornando-se presa fácil para o adversário calmo e confiante. Também sabemos que a cólera não leva a nada e quase -

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todos os atos brutais partem de seres encolerizados, devido a grandes estados de excitação. Esta arte bem praticada faz com que a calma necessária tome seu lugar, para que a confiança possa nos dar aquele controle indispensável. Nossa atitude será sempre calma, sem demonstrar a mínima intenção. Assim agindo, faremos com que nosso adversário passe a refletir suas próprias intenções. O nervosismo tolhe nossa instintividade e percepção. Logo, isto não é recomendável. Devemos, pois, estarmos sempre preparados, mas, sempre conscientes de que não estamos preparados de todo para que possamos, não esperando nada, esperarmos tudo e reagirmos no instante exato e de modo preciso. Será, pois, este estado de espírito que devemos treinar em todos os Katas e assaltos, principalmente, naqueles de ação pura e não refletida. Nossa intenção jamais se deve fixar em qualquer ponto de nesso oponente Dara que não ofereçamo nossos pensamentos. Não devemos também fixar seus olhos, pois, ele também poderia ler os nossos. O melhor será olharmos fixo a base do nariz, mas olharmos naturalmente, tentando penetrarmos fundo em seu espírito, como se estivéssemos lendo suas intenções com olhos internos. Somente assim, poderemos uni dia ler os pensamentos de nossos adversários antes mesmo de ter começado o combate. Dizem os japoneses que devemos ter o espírito como a Lua (Tsuki-NoKokoro), que tudo clareia igualmente e com difusão. DEVE O ESPIRITO ADORMECER? Não! Mas pelo contrário deve sempre estar alerta com toda a sua faculdade receptiva apesar da passividade. Esta vigilância deve aparecer mesmo nas -

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horas em que não exista um perigo aparente, conservando sua lucidez nas horas de ação. Lembramos mais uma vez que um segundo de falha pode nos levar à derrota. Quando o espírito está agitado, estes momentos podem servir ao adversário para responder com precisão. Sendo assim, o espírito deve estar sempre em estado de alerta, sem mesmo nada esperar. Desta forma, mesmo que estejamos sendo atacados, ele guarda a iniciativa, e no momento oportuno, poderemos aproveitar a guarda adversa para atacar. 1)

A aparente defesa nada passa de exteriorização, pois a iniciativa o espírito a guarda e conserva. Explicaremos três formas de iniciativas. A primeira forma ou Sen, seria executarmos uma técnica antes de sermos atacados no intuito de vencermos logo. Poderia dar resultados numa briga real onde o adversário fosse portador daqueias fraquezas das quais falamos. Mas como esta arte é defensiva e não ofensiva, não seria de grande proveito em competições esportivas.

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O oposto de uma iniciativa: (Go-No-Sen ou AtoNo-Sen) ou melhor, a iniciativa cm defesa. Esta seria possível ao engajarmos um ataque adverso, respondendo por técnicas especiais.

E finalmente a terceira técnica de iniciativa dc ataque que seria a Iniciativa sobre Iniciativa (SenNo-Sen). Esta de todas é a melhor e a superior, porque demonstra o alto grau mental do praticante. Para alguém perceber o momento exato da intenção do ataque e a forma do mesmo é necessário um estado de espírito superior. E para os incrédulos, afirmamos -

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ser possível desde que o espírito se mantenha calino, alerta e as reações nervosas sejam ideais. Nesta técnica, então, atacamos assim que o ataque do adversário toma forma e também no limite do qual ele possa atacar. VONTADE E AÇAO

A vontade deve intervir sempre que possível. Não deve resignar-se a captar um ataque ou contra-ataque. Mas deve estar pronta para reagir em segundos, seguindo aquela percepção falada, para atacar mesmo sem que o adversário possa reagir. Deve haver um meio comum entre a vontade de ação e a própria ação. Ê, pois, no Kime que podemos notar esta unidade de ação entre corpo e espírito. Toda a técnica do Kime deve estar presente em cada ação. No Kime cada parte de nós mesmos deve tomar parte, e por causa disto ele é breve, mas intenso. O Kime é por toda a explosão de energia física e mental coroada no Kensei. Ele participa de todo final de cada movimento. É, pois, esta ação final que não é mais do que a união das ações físicas e mentais que intervêm conjuntamente no momento do impacto que penetra no corpo do adversário.

O VALOR DA TÉCNICA E DO ESPIRITO

Pelo que vimos daquilo que foi dito até aqui, podemos com sinceridade dizer que não sabemos precisamente qual o mais importante. Podemos isto sim, -

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deixar bem claro que se nos dedicarmos em razão única da técnica nada mais teremos que um karatê de restritas possibilidades, ao passo que se nos fixarmos na parte mental, estaremos nos afastando da outra parte importante também, cm vista desta arte não ser um meio para aperfeiçoarmos unicamente nosso espirito e aumentarmos nosso nível intelectual. É claio que o certo será a união insolúvel de ambas as partes em função do equilíbrio necessário. Este equilíbrio dependerá, outrossim, da pedagogia do professor cm não deixar que uma parte seja esquecida em função da outra. Logo, isto será uma questão dc dosagem e
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les que "tudo dá ccrio" e cheios de suficiência. Para estes, as coisas que para um homem sincero e conhecedor parecem difíceis, se tornam fáceis e simples. São os conhecidos como realizados e perfeitos na arte. É este egocentrismo superior infelizmente e aumentado pela irradiação natural que existe no karatê. É triste citarmos tais exemplos, mas somente assim, podemos chegar àqueles "poucos" que podemos citar como realizados e possuidores daquela paz espiritual e equilíbrio. São, pois, alguns que chegam à esta fase suprema e saem mais enriquecidos espiritualmente. É destes que desejamos falar com sinceridade e afeição. Destes que pelo estudo profundo conseguem enxergar um mundo a seu próprio modo, visto de um lado mais profundo e humano, mais sincero e dignificante. Não nos fixaremos, jamais, naqueles que se dizendo possuidores do seu próprio domínio, se aproveitam de certas técnicas para enganar os leigos, pois não conseguem melhorar a si próprios sobre aqueles que são reais e que pela paixão procuram penetrar no âmago da arte à procura daquele segredo que exisic além do ataque e da defesa. São pois, a estes homens reservados os domínios da arte, para eles cheios de pureza e animados por uma vontade inquebrantável e uma convicção grandiosa. Para estes que chegam ao fim pensando ser o princípio voltando ao "saber tudo, sem nada saber". E aquele domínio a que nos referimos acima e que tantos chamam de segredo, nada mais é que nos conhecermos à nós mesmos profundamente, sermos humildes e sinceros para alcançarmos a verdadeira união do corpo e espírito, caminho para todas as coisas dignas. Muitos se enganam quando pensam possuir este "estado especial". Muitas vezes uma técnica -

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perfeita leva muitos a este raciocínio ilógico de haverem chegado àquela união tão procurada. Seria o caso daqueles que vivem demonstrando sua arte de quebrar coisas sem existir outra meta senão aquela da vaidade pessoal. Estes testes são necessários e pensamos que todos devem fazer o possível para treinar e procurar a perfeição, pois eles demonstram, não resta dúvida, uma técnica perfeita na força conseguida no Atemi. Os mestres japoneses faziam estas demonstrações para demonstrarem a força conseguida, pois lhes era impossível (como o c) fazerem demonstrações com um parceiro. Hoje, chegamos ao ridículo de assistirmos por qualquer motivo, a grande maioria viver quebrando elementos em detrimento do verdadeiro karatê. Nos tempos do karatê de Funakoshi o Shiwari (Kake-Dameshi) faziam parte da rotina, pois não havia nada além do Kihon c dos Katas, como forma de treinamento. Como prática o Shiwari é ótimo e como teste é de uma eficácia indispensável. Todos devemos praticá-lo buscando aprimoramento, pois ele faz com que não sejamos tão convencidos na aparência e nos faz sentir o quanto devemos ser sinceros com nós mesmos. Todos devemos praticar a técnica de quebrar, principalmente, quando chegamos ao ponto de quebrar tábuas suspensas e não seguras pelos colegas. É mais difícil. Dizendo isto queremos mostrar que o Shiwari não deve subir as culminâncias do ridículo, mas ser o cunho de mais uma técnica conseguida na procura daquilo que na verdade é a essência da arte. Aqueles que pensam o contrario, longe estão do caminho que leva ao karatê. É necessário lembrar àqueles que pobremente e sem técnica precisa, fazem a triste figura, quebrando coisas em pról de um orgulho doentio e hipócrita. -

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Dizemos que um elemento dotado de certa força, pode em Shuto-Uchi, de cima para baixo quebrar certas coisas. Já em Tsuki onde as mãos fechadas e punhos, devem ser sólidos, a dificuldade aparece. Mas não são destes que desejamos falar, mas sim daqueles que sabem que o adversário não é um corpo inerte e fixo, mas que se agita, se esquiva, se move. Naqueles que praticam a arte de quebrar cm Gyaku-Zuki, MaeGeri, Yoko-Geri, etc. Desejamos lembrar àqueles que forçam contra as adversidades em busca da perfeição. Que fariam os farsantes ao encontrarem a madeira úmida, nodosa e fibrosa? E se estas se movessem? São estes fatores que nos levam a crer que a eficácia é relativa a tudo. Quando um praticante de pequeno porte e não corpulento, faz o mesmo que outro de igual conhecimento, mas de maior corpo, demonstra que algo mais aconteceu. Não somente a técnica que é a base para este caso, é perfeita e está presente, como também o espírito, assim formando um só estado, melhorando a técnica e provendo-a de melhores efeitos. Houve a tensão física e mental dirigida num mesmo sentido, mais a explosão da energia, fruto da concentração, todos fatores resultantes da união do corpo e espírito. Isto é tão certo e impressionante que uma "minoria" pode quebrar grandes elementos e fazer demonstrações incríveis sem que suas mãos sejam deformadas. Aí pois. está a verdade do espírito nesta arte. E a verdade emerge mais tonificante quando vemos tais mestres dizerem que isto "não é um fim mas um meio". É notável observarmos a serenidade que os circunda, tornar vitalidade em combate. Possuidores daquele "estado" tão procurado, esquivam e contra-atacam de uma maneira tão impressionante, como impressionante é a maneira pela qual -

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sabem o momento do ataque antes mesmo de ser iniciado. Isto desconcerta qualquer adversário, pois o fazem de uma maneira "única". São dotados de uma foiça mental tremenda que os torna de uma eficácia notável. Logo o karatê por cies praticado é diferente daquele no qual outros buscam a fama e a vaidade. Falando assim, estamos tentando alertar. Mostrando que o verdadeiro karatê, somente se alcança fixado na paciência e pelas mãos de verdadeiro professor, que oriente e esclareça. Ao verdadeiro mestre, devemos entregar nossas aspirações sem restrição alguma e ouvir seus conselhos sem admoestações, mas tornando-os como direção na estrada pura e maravilhosa desta arte. Ao pormos nossa alma e nossa vontade sem nos preocuparmos com o tempo, e do fundo de nossos sentimentos nos tornamos humildes, chegaremos lá! No Japão há três "estados" pelos quais o verdadeiro aluno chega ao cume do "estado" principal. O primeiro ou "Chii", onde o aluno deve aprender tudo. O segundo ou "Ha", no qual o aluno obteve tudo do mestre e por causa deste, chegou a seu nível, surgindo daí uma união indelevel. A terceira e última o "li" na qual o aluno se separa do mestre e parte para ensinar sua própria concepção, assim chegando a ser um Mestre! A verdade c não querer pular de uma para outra, tentando chegar onde chegou unia minoria absoluta de homens. Homens que passaram anos de suas vidas para compreenderem que o espírito que os anima não existe para lhes dar outra coisa que vãs satisfações, mas sim, aquelas pelas quais lutaram a longo de suas vidas. Para chegarmos a compreender isto, não é preciso praticarmos o karatê; seria ridículo pretendermos isto. Ele seria um dos meios, entre tantos outros. Mas, quando há a vontade, podemos tentar, mesmo sabendo que nas -

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condições de vida atual será puro engano, pensarmos chegar a um estado de elevação. Isto seria possível se dispuséssemos de tempo integral para nos entregarmos de corpo e alma a esta conquista. Mas mesmo que não sejamos aquele em mil, poderemos nos consolar se o fizermos bem feito, de chegarmos a uma idade avançada gozando da mais perfeita saúde, força e vivacidade, somente conseguida pela pratica desta arte. Pratiquemos pois, mas sem tentar ultrapassar os obstáculos com pressa pois as decepções virão. Devemo nos guiar na direção do certo que será juntarmos os elementos corporais, os aspectos técnicos, unindo aos mesmos a parte espiritual. Ao corpo devemos dar musculatura, pois sem a mesma o gesto não terá significação. Logo visaremos nesta preparação, desenvolver a velocidade, o descanso, a resistência e a força. Darmos ao nosso corpo educação física apropriada, corrigindo os defeitos. Estudarmos com amor todos os elementos que dizem respeito a técnica. Ver no Kihon e no Katas a formação e a iniciação, primando pela perfeição. No decorrer dos exercícios, lutemos contra a fadiga e conheçamos o sofrimento para orientar nosso espírito a uma força de disciplina. Observemos, para que conheçamos nossas reações a estas nossas observações deverão ir até ao limite de nossas vidas normais e não somente na sala de aula. Aprendamos a concentrar aos poucos nossas forças físicas e mentais na direção de uma nova e verdadeira disciplina de vida. Lembremos sempre que para alcançarmos àquele estado especial é necessário que nossos corações sejam limpos e puros e não tenhamos preocupações que nos atormentam, sabedores certos de que nada disto pode ser modificado. — Jamais devemos em detrimento de outra parte, dedicarmo-nos a uma em especial. Logo, corpo, técnica e espírito são indissolúveis, para quem almeja -

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o verdadeiro karatê. É certo que uina das partes em detrimento de outra não pode levar ao todo. Se não fizermos a união sincera destas partes, estaremos roubando de nós mesmos o prazer de conhecermos uma verdadeira arte marcial. ONDE ESTA O ABSOLUTO?

Nos preocupamos em falar sobre o domínio do espírito, para auxiliarmos na pesquisa e para responder àqueles que nos acompanham e desejam de coração ultrapassar a fase do karatê somente técnica, cm busca do karatê verdade. Não resta a menor dúvida para nós, que esta arte é mais do que uma simples técnica em função do combate ou uma arte modernizada, transformada em esporte. E para isto conhecemos e temos o testemunho dos grandes mestres, sobre a natureza da procura espiritual e a verdade da união do corpo c espírito. — Poderíamos então perguntar onde se encontra este caminho tão procurado nas artes militares? Para muitos que se fixam na técnica pode não parecer que exista uma relação entre a procura de um mundo mais elevado e a nobreza desta arte. Por esta e outras razões, somos obrigados a esclarecer, para não nos afastarmos do essencial. Sabemos que a raça humana, na sua maioria, procura uma forma religiosa ao longo de suas vidas, por crerem que somente após a morte é que irão para o Paraiso. Seria uma forma de compensar por "direções" aqui na terra, compensações após a morte. Uma forma de preparar caminho para depois da vida, enquanto aqui na terra nada mais há que fazer. — Há também a crença de que o corpo é inferior ao espírito, porque é perecível -

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germina na concepção de tantos outros, pois são firmes em dizei que o espírito, e só ele, participa da "realidade" superior a todas as coisas. Mas o que diremos das doutrinas que se baseiam sobre o sentimento e a intuição? No homem há a pesquisa e procura pela beatiLude, mas esta é freiada pela sua própria ignorância, derivada das imposições ao longo de sua vida. É por esta razão que fica impossibilitado de conhecer sua própria alma. Em nossos próprios corações existe uma centelha divina com a qual podemos conviver e nos comunicar, realizando assim uma identidade tal, que chamaríamos Deus ou Realidade Suprema. No mundo a diferença não é aquela que aparenta mas além desta aparência, podemos realizar a união com o Princípio, pois este é o lado digno da vida. Conseguiremos o absoluto alcançando aquele "estado" além da consciência, derivado de uma intensa procura na escala evolutiva da vida. E nesta tentativa espiritiual, por vezes há o desprendimento deste mundo, num impulso em direção à verdadeira Realidade. — Por esta razão devemos lutar para unirmos nosso corpo a nosso espírito, onde na verdade habita este dualismo de base para que possamos nos libertar e chegarmos à Deus. Logo, o corpo não é uma barreira para o espírito mas uma ajuda para a vida espiritual. Temos então o estado do homem universal ou trascendente? — Por que então a união do corpo e espírito interessaria ao homem? Porque na verdade, somente assim veria um mundo diferente em todo seu esplendor. Sem dúvidas e suspeitas onde finalmente ele É e vive com plenitude, pois encontrou dentro de si a parcela ínfima do sopro que anima o Universo, obtendo para si aquele estado tão procurado de equilíbrio e bondade. — "Eu passeava só em meu jardim, quando subitamente to-

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inei consciência que a terra e o céu entravam em vibração. Da terra surgia um vapor dourado que ao me tocar fazia meu corpo ficar leve e ligeiro. Podia compreender os pássaros e contemplativo pus-me a sondar os desígnios da Divindade Criadora do Cosmos. Foi nesta ocasião que tive a revelação que na fonte das artes marciais está o amor da Divindade". (Mestre Ueshiba) criador do Aikido, hoje com 97 anos, dos quais, inúmeros dedicados a uma vida mística. E apesar do que para muitos possa parecer, ainda hoje naquela idade demonstra o ' ser" excepcional que é. Por esta experiência mística podemos chegar ao "Portal estreito", pelo "Caminho de retorno a pátria celeste". É certo (jue não há um só caminho, mas diversos que ao final se reunirão. Assim sendo o karatê, demonstra ser um dos caminhos, quem sabe um dos melhores, mas não o único. E se nos voltarmos para o misticismo veremos que a "procura" da Verdade não pertence a uma só religião ou a uma só prática especial. É sabido que as religiões separam o exoterismo da verdade interior reservada a seus iniciados. A religião hebraica, conhece a união com a Divindade (DEVEKUTH) através do êxtase. AL-HALLAJ um grande místico, foi executado por haver pronunciado a frase "Eu sou a verdade". E isto a séculos passados. Exprimiria com esta frase a sua união ao ALLAH. O Islamismo procura na grande Paz (ES-SAK.1NAH) um estado de pureza infantil e simplicidade que conduz a um estado de extinção do "meu" sob a forma dc uma revelação de essência divina. Deus pois, está em nós mesmos. Etas são palavras de Cristo, e se chegarmos ao Alcorão veremos também que em certo trecho está escrito que "Deus está mais próximo do homem que sua veia no pescoço". Nos velhos poemas Upanishads, podemos saber, como, pelo estado de espí-

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rito o homem pode conseguir sua liberação das contingências terrestres e da cadeia de transmigração (MOKSHA e SAMSARA). Identificando-se com ATMAN, (o Seu pelo Meu superficial) e com BRAHMAN (o Absoluto). "No mundo não há diversidade, quem a possue vai de morte em morte". E isto se resume numa frase só: T A T TAM ASI: (Tu És Isso). Desta maneira libera-se definitivamente. No hinduísmo há diversas escolas para conseguirmos a liberação; as Asanas da yoga não passam de uma. Pela concentração e pela ascese, pela retração dos sentidos e pela atenção, toda a atividade mental é dirigida sobre um objeto exterior, fazendo esquecer tudo mais. Em seguida a atenção tende para objetos cada vez menores, até que o objeto desaparece do campo da consciência, deixando-a finalmente só e pura. O Yoga pode ser um liberto vivo por conseguir a união e o êxtase (Samadhi), pois encontrou o meio de sc libertar das ilusões (Maya) da ignorância que lhe tolhiam a Realidade Absoluta. No Budismo o Meu não é mais ilusão, e estradas diversas provisórias de influências possíveis de se trocarem. Não há mais que um ser (BRAHMAN). Assim sendo, "Tu és Isso" e respeitares a ilusão de seres uma pessoa distinta, certo da realidade de um amanhã, ainda que escondido. Todos os monges Budistas aquiecem os ditames do Nirvana, mas podem eles mesmos se tornarem iluminados (Bouddhas) preocupando-se unicamente com sua saúde. Podem ficar também no estado de antes iluminação Boddisattuas, renunciando por tempo o Nirvana (Paraíso) dedicando-se a saúde alheia. Para atingir o Nirvana devem reprccurar a extinção total das paixões e desejos fonte de todos os males. — Também chegamos ao mesmo estado de coisas na China -

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onde o nome dado para o Princípio é Tao; uma fonte se manifestou irreconhecível e oculta, bem antes do conhecimento do Céu e da Terra. Logo o Tao é a ordem do mundo. O homem, por nosso mundo não ser Real, deve realizar a união com o Princípio pela intuição, ultrapassando as ilusões. No Taiki, o Tao é representado por um círculo rodeando a força negativa Yin e a força positiva Yang, cada qual contendo algo da outra, pois ambas não são fundamentalmente distintas entre si. Desta forma advém uma harmonia perfeita entre o iniciante e o mundo. Mas a estrada para chegar ao "transcendente" é cheia de espinhos. Para tanto é necessário se libertar de todas as convenções e seguir o "Caminho da Natureza" e o princípio do Wu-Wei. — Para nós ocidentais, torna-se difícil o Taoismo, pois para sermos perfeitos deveríamos ser eremitas, viver nas montanhas. Depois de nos referirmos superficialmente sobre a parte espiritual daquele lado do mundo, vamos penetrar na filosofia Zen, parte esta tão peculiar às artes marciais e ao próprio espírito do povo japonês, que até hoje sofre a influência do Bushido, código de honra dos Samurais, no qual se encontra o princípio Zen. Quando dissemos filosofia, quisemos dizer que por não acreditarem em Deus e na imortalidade da alma se torna difícil pensarmos em religião. Quando muito poderia ser uma "religião não religiosa". Apesar de tudo, a finalidade é a mesma das outras, ou seja a libertação do homem de tudo que o impede de ver "claro" dentro de si mesmo, pelo avanço do dualismo aparente corpo — espírito. O Budismo Zen como dissemos anteriormente, tomou vulto no Japão (Sec. XII), e em todas as mínimas coisas podemos hotar sua influência. Nas artes marciais, no chá, no teatro " N O " -

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etc.. A palavra Zenna, é uma tradução japonesa da palavra sanscrita Dhyana que significa concentração e meditação sem um objeto intelectual. Este princípio de inicio sedutor, não ganhou vulto no Ocidente em vista do caminho a ser seguido, estar afastado da lógica e da parte intelectual. Logo é uma maneira ou uma arte de nos vermos em Natura claramente, conseguindo nos libertar de todas as entraves que nos impedem a união corpo-espírito. Libera pois, as energias que em nós estão acumuladas e desviadas de seus propósitos normais. Por este princípio coneguiremos o "terceiro olho" do Budismo, aquele que nos auxiliará a descobrir o domínio que encobre nossa própria ignorância. Quando a isto chegarmos, sem dúvida as nuvens que cobriam nossa ignorância se dissiparão, e um céu infinito aparecerá, nos fazendo ver pela primeira vez aquilo que somos. Aprenderemos que a vida é uma graça infinita e que a devemos suportar com sinceridade, sem lamentações e sem pessimismo, chegaremos lá, se conseguirmos aquela iluminação intuitiva obtida principalmente pela meditação tendente a nos libertar de todos os desejos e ao lim do qual não teremos necessidade de meditar. Chegaremos quem sabe à contemplação, às peregrinações difíceis e aos atos mais correntes da vida nos entregando inteiramente. Como notamos é complexo chegarmos a uma explicação do Zen pelos raciocínios e pelas palavras. Ele indica o caminho da verdade e nega todo o diálogo de intermeio, restando pois a experiência direta e intuitiva. Se pensarmos em palavras, nada mais teremos que uma imagem abstrata da realidade. Elas por vezes nos levam a erros, pois são insuficientes e de certo modo podem nos desviai o espírito. São simbolos que exprimem a criação subjetiva de nosso espírito, pois -

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toda a imagem não passa de ilusão. Jamais nos devemos colocar à procura da última realidade para fora da qual nada existe. Nada há com as possibilidades dc nossa mente. Ela deve nos colocar em condição de conseguirmos um estado receptivo de consciência eterna, capaz de estabelecer contacto direto e intuitivo com a realidade. Logo, este estado de alerta permanente aparece na maioria das vezes após uma longa prática por vezes penosa. Este estado de iluminação é conseguido após uma disciplina entre corpo e espírito, resultando a almejada paz interior junto ao equilíbrio espiritual. Poderemos então ver um mundo diferente, sem na verdade sermos santos. Àquele que chegar a este estado, poderá ver o verdadeiro lugar do homem neste mundo, e, é esta condição que íaz com que cada ato deste ser através dos tempos, seja marcado pelo cunho prodigioso. Para chegarmos ao mais íntimo de nosso ser, devemos esquecer a noção de nosso "Meu" pessoal, devendo ultrapassar o estado do pensamento ordinário e dualista, rejeitando a lógica e a discussão para podermos reencontrar nosso espírito na sua perfeição de origem, que nos permitirá tocar a Realidade. A contradição entre a Razão e o irracional é abolida e no momento de estabelecermos este ponto, as palavras são insuficientes para sua descrição. Como seria possível chegarmos àquele estado? Por dois caminhos: o primeiro seria um estado de grande receptividade do espírito = não agitar. E a segunda àquela do vazio. Com a primeira queremos dizer não agitar o corpo ou o espírito para que não seja impossível captar qualquer impressão por mínima que seja que nos possa levar a Revelação; sendo que por "vazio" entendemos a maneira pela qual devemos nos libertar de tudo que -

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possa perturbar o espirito e não deixá-lo perceber qualquer coisa que dele se aproxime. Ou melhor, todas as impressões diferentes e próprias à vida. Logo o alvo do Zen é dar ao espírito a Mental Superficial e a Mental Original (USHIN e MUSHIN). Ó vazio, não aparece como algo estéril mas positivo em si; pois o espírito livre de tudo que o prejudica, está pronto para perceber a mínima percepção. Deste modo pode receber uma revelação rapidamente e não conseguida em tempo normal. Tudo então, torna-se "claro". Assim o bem e o mal são distinções sem importância, como o sagrado e profano além de desviarem o espírito. Somente importa o vazio Absoluto, e nele tudo é Um! Este estado especial de iluminação pode ser provocada por certas técnicas que mesmo não sendo indispensáveis são necessárias. Temos então os diálogos entre mestre e discípulo (Mondos) e são nestas perguntas e respostas que se modificam os modos tradicionais de pensar pelo alteramento até chegarmos a ruptura onde se produz a "tomada de consciência". Produzimos aqui um meio dele se agitar e o levamos até o Koan. As duas são técnicas dirigidas para provocar no espírito a faísca — que está pronta — que podem fazer manifestar-se o pensamento e libertar o dualismo aparente que o paralisa. O espírito é colocado num estado de atenção sem alvo determinado e deste modo o som emitido no devido tempo é suficiente para fazê-lo vibrar. Algo interior aumenta o mínimo som percebido, pois para o espírito tem uma ressonância insuspeita. Isto pode parecer simples para quem não participa da percepção. Mas tudo na vida é assim. E assim é a verdade que está diante de nós e não a vemos por não estarmos em estado de receptividade. Logo é impossível para o -

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professor ensinar. O máximo que pode é orientar para que descubramos por nós mesmos, já que a Verdade é inacessível e inexprimível ao profano, e que dela não podemos falar a não ser por símbolos. Desta forma o mestre não ensina o segredo, mas tenta pelos símbolos e pelo meio espiritual, abrir caminho para a compreensão. O Zen chega ao âmago de todos os místicos. E por não ser original e não ter mais que palavras mutantes ele não se propõe a ser o único caminho para a liberação ou uma só religião. ZEN E KARATÊ Logo, vemos onde uma realidade também sutil, pode ser aprisionada pelas palavras e isso procuram todos os interessados por caminhos paralelos e propõem a seus adeptos as artes do Budo. Visam por outros caminhos o mesmo que os místicos e teólogos. É lógico que o karatê é na essência um meio de combater que pode nos levar àquela "Porta Estreita". Ela não nos chega como um meio sem fim, que abandonamos assim que a intenção é obtida. Esta poderia ser a razão, se estivessemos à procura só do absoluto. Quem sabe seria a melhor forma de conseguirmos pelos padrões de hoje. Então o alvo só, teria importância. E pelo caminho melhorariam a saúde e nos enriqueceríamos pela saúde e pelas demais qualidades que uin treino duro é capaz de proporcionar, pois é sabido que um praticante jamais deixa de utilizar por toda sua vida a força física e mental adquirida com tanta perseverança e vontade. Mais tarde, isto, quem sabe se esquece e a volta à procura estará em tensão novamente, e aquilo conseguido na época da luta pelo "caminho" não será mais que instantes passados e apreciados no seu justo valor. -

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A PARTE TEÓRICA O karatê não é mais do que um dos caminhos entre tantos existentes no Budo, e além deste. Desde logo somos contrários às disputas tão mesquinhas que não levam a nada. A maneira de certos mestres responderem que Zen e karatê é a mesma coisa não leva a esclarecer a dúvida dos alunos. É claro que eles não podem exprimir melhor aquilo que sentem com tanta precisão. São seres que chegaram ao Domínio estabelecendo o ponto preciso. E desta necessidade veemente de esclarecer, nos vamos valer das palavras como meio. E partindo daí, tentaremos esclerecer a respeito do vazio do espírito; como conciliar o não mental com a vontade de bater com a vontade sem mais nada? Onde encontrar a serenidade de alma, se todo o espírito volta-se concentrado para o alvo? E se temos que reunir nossa energia onde pode ficar a calma? Dentre esias dúvidas, precisamos identificar o karatê e o Zen. Para àqueles que se iniciam, o karatê pode ser uma direção para àquele estado especial pregado pelo Zen. Sendo que os métodos propostos pelo Zen, entre eles o karatê, são meios diferentes de encontrarmos o "Ser Verdadeiro". O Karatê vem a ser uma manifestação deste estado interior pelo domínio que chega pelos caminhos da pesquisa ou procura. Nesta forma é então parte do Zen e este é do Karatê somente no momento preciso no qual o ato espiritual toma parte. — Sendo o Karatê um veículo pelo qual podemos, chegar a preparação da união corpo-espírito, condição única para chegarmos a uma verdade tão próxima de nós mas que não percebemos, falha por utilizar uma outra imagem sobre o mesmo comprimento da onda. O corpo pois, -

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deve conseguir a perfeição técnica e entregar-se ao domínio total em cada célula e fibra. Assim poderá correr ao chamado. Esta é a parte mais visada na aula em detrimento de posição em condição do espírito. Aqui há um "double" aspecto. Faz com que toda a energia mental entre na ação. Consegue a mobilização do corpo, e a reunião em fração de segundo de suas faculdades mentais etc. É um dos mais notáveis métodos para chegarmos à concentração mental, deixando fundir-se um elemento natural saído do inconsciente, o instinto da conservação. Somente em caso de perigo de morte o espírito como o corpo se concentram ao extremo reunindo todos os recursos possíveis. — Nada além disso nos parece mais importante para que usemos todos os nossos meios. O alvo para esse treino do espírito é dominar o influxo nervoso, domesticar seu espírito, e usá-lo quando quiser, lançando-o todo num momento preciso, não deixando para além desta tensão uma fração sequer de nosso ser. E esta tensão é total, pois nos faz pensar no resultado "certo" com uma tremenda confiança. Mas só esta vontade não chega, esta força mental deve fundir-se d velocidade do relâmpago, sair com ímpeto no instante da concepção do estímulo. Nada deve deter, nem a inibição e nem a reflexão. São precisos pois dois estados de espírito, adquiridos paralelamente e treinados com intensidade para que possamos usar um e outro na medida do exigido. Este outro fator é a vacuidade mental, onde o espírito deve estar livre e não deve se concentrar para avançar sobre a ação. Nem se fixar em pontos precisos, pois pode se confundir se este ponto se move. Só um mental liberto fica disponível a qualquer momento e nos permite perceber a impulsão física e mental mais débil do adversário. (MIZU-NO-KOKORO). Aos poucos o espírito e o -

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corpo são dominados ficando disponíveis. Deve então chegar a um estado superior. O Karatê pois, não é unicamente um meio de treinar mas uma tomada de consciência visando nosso âmago. Ele faz tudo esquecer e deixar fundir aquilo que é natural. Nesta fase não pensamos mais na técnica e nem podemos querer, pois a própria vontade se torna obstáculo neste último estado. É como se fosse um ser prestes a tudo e a nada. É uma eterna atenção sem um ponto certo, mas de perpétua tensão. Neste ponto, corpo e espírito estão unidos pela perfeição e a onda do elemento espiritual está prestes a escoar com graça a primeira solicitação. Isto durante o combate é posto a prova, pois a centelha pode jorrar e dar ao homem uma eficácia inconcebível. T u d o isto se realiza na ação e sua perfeição é uma consequência perfeita. O mestre pode por sua atividade mental inconsciente antever os movimentos do adversário, tornando-o fácil presa. As respostas partem precisas e os golpes sem hesitação alguma, pois nada os detém. São mais rápidos do que deveriam ser e partem naturais e eficazes, sendo que o espírito não precisa ditar a ordem, porque esta impulsão parte dele mesmo, do Saika-Tanden. Também o motor do homem não é mais seu cérebro, mas sim seu ventre; e aqui fica a sua grande densidade e onde o dualismo fundamental pode transformar. Conseguiram os Orientais redescobrir a possibilidade de uma existência mais equilibrada na sua plenitude, colocando a intuição além da razão. Para eles toda a arte para ser exata deve partir do ventre. O homem então alcança o domínio, chegando a ser um ser completo, não sendo só um ser pensante, mas sim união corpo e espírito. O mestre é certo e perfeito, pois nele não há a perturbação e não "pensa antes de agir". Seu espírito é livre, mo-

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ve-se, não se fixando em pontos preciso algum ; e por estas razões que é diferente do aluno. Ele vem da mesma tensão, só que mais forte, portando, um andar ligeiro e flexível, sem no entanto denotar cansaço. Por este estado de coisas especiais, ou melhor, por este "estado" especial, a técnica como o espírito, diferem daquelas dos principiantes que são tolhidas de suas funções "especiais", pela apreensão. Entretanto este estado pode levar a fatores perigosos, pois a apreensão física e mental pode interferir por fatores diversos no escoamento da energia vital. Sendo que um deles, seria pela consequência, ter que ultrapassar um estado de inércia. Pelo que vimos até aqui, este seria o grande segredo das artes marciais. Segredo este que bem poucos conseguem obter, a não ser aqueles dotados de uma tremenda força de vontade e renúncia, que por estes fatores, ficam bem do outro lado daqueles de pouca vontade e dos simples espectadores. Lembramos que tudo aquilo que for aprendido neste livro, tornará realidade, pois tanto a aquisição da técnica como o domínio do espírito subsistem e criam raízes no inconsciente. Mas então se chegarmos lá, poderemos encontrar nossa verdadeira natureza, ou melhor, a primeira, e nossa simplicidade de origem. Tornaremos a sinceridade da infância, conservando no entanto, nossa força, técnica e inteligência que agrupados produzirão frutos para uma direção de conduta melhor. E quando então poderemos abandonar uma arte militar? A velhice não seria um obstáculo? Sobre o segundo ponto não precisamos dialogar, pois, são inúmeros os casos de nonagenários que ainda praticam as artes no Japão. Mas quanto à primeira, podemos dizer que desde o momento que alguém chegue àquele "estado especial", pode abandonar a arte! Esta não é mais que um meio pela ação -

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para chegarmos àquele "estado especial". Foi o veículo pelo qual 2queles seres especiais chegaram a se conhecer a si mesmos? conhecendo pois, um mundo melhor e verdadeiro tão incompreendido para o homem comum. Podemos ainda, dizer que toda a tentativa que faz o homein para se elevar, merece respeito e admiração se lembrarmos que a meta do caminho desemboca sobre o mesmo mundo. Tudo então é uma função de seu estado e nesta situação ele é obrigado a compor. Como vemos, podem os caminhos serem opostos, como o são os do karatê e do budismo na busca daquele estado superior. Em um. vemos a violência e no outro a calma, mas na realidade convergem. Resta, 110 exato e 110 sentido comum, o "vazio do espírito". As técnicas podem variar e como sabemos, podem ser pelo combate, pela meditação e até por qualquer acontecimento comum da vida humana, que levaria a provocar o "deslumbramento final". Concluindo, poderíamos dizer, filosoficamente, que desde que a meta foi atingida, poderíamos até esquecer o nome do meio pelo qual chegamos ao alvo. E como diz Xakashima Ton, o último estado da atividade é a inatividade, e o da palavra é o silêncio, e se a obra pela qual nos propomos chegou ao fim, podemos descansar em paz e deste momento em diante não mais seremos o homem comum, mas aquele "transcendental".

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CAPÍTULO VI A PRÁTICA COMO PRATICAR Seria de nossa parte uma grande presunção se acreditássemos poder ditar todas as orientações e ensinar todos os meios para que alguém pudesse chegar àquele ponto especial, de despertar seu inconsciente. É preciso que se saiba que este estado especial, apesar de todos os aspectos das artes marciais, depende no seu todo, do grande estorço que pusermos na procura sincera daquele "caminho tão especial", sabedores dique àquela procura na verdade é coisa toda pessoal. E mais íntima e particular se torna do momento no qual um de seus domínios for por nós conseguido. É evidente que o nosso propósito não é outro senão aquele de esclarecer e interceder em favor deste ou daquele ponto, quem sabe deixado ao abandono por aqueles que "ensinam". Em especial iremos insistir naquela parte "espiritual" que na verdade é o "caminho" do karatê arte. Seria necessário que nos dedicássemos por vezes a aulas de meditação, de retiro, não só pensando na educação do corpo e naquilo que lhe concerne. É preciso, pois que se faça justamente com a preparação do corpo, àquela do espírito. Ele se agita de seu não-mental, de onde partirá para questões mais intrínsecas. Sabemos que a vontade na ação -

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é conseguida pelo seu desenvolvimento no decorrt* <je aulas sucessivas e prática intensa. Treinando desta maneira, podemos, assim que quisermos, reunir todas as nossas forças físicas e psíquicas, não deixando que nada se dissipe, pois pela "inação" ou inércia total, procuraremos a paz interior. Assim sendo, aprenderemos a usar todas as nossas forças mentais por nós dispersadas, sem que nos apercebamos. Canalizaremos estas forças pela atenção, transformando-as numa unidade energética de poder impressionante, usando-a onde melhor nos aprouver. Por isto recomendamos o repouso na posição "ZAZEM", na qual nos concentramos procurando evitar a dispersão mental tão peculiar à nossa vida diária. Aos poucos vamos passando pelas etapas que se sucedem nesta arte, e na medida que vamos assimilando elementos que nos ensinam a direção da meta, esta arte, se tornará cada vez mais emocionante ao longo de nossos dias, tornando-se um modo de vida. Isto não quer dizer que devemos praticá-la durante todo o dia, nos esquecendo daqueles fatores imperativos a nossas vidas. Não! Mas queremos dizer que tornar-se-á tão "fiel seu caminho", que sempre estaremos lembrando de sua direção nos mínimos atos de nossas vidas. Os desígnios estarão presentes em nossas vidas sem no entanto, nos levarem à obsessão. Pois, ela nos impediria de sermos livres, para sermos disponíveis a todo o instante. Nem sermos obsessivos pelo desejo do triunfo a todo custo ou pelo medo de encontrarmos a derrota. Não devemos jamais perder o caminho, mas possuí-lo tranqüilamente, sem obsessões que perturbam e nada mais. Devemos, no entanto, começar por educarmos nosso espírito a uma disciplina e procurarmos nos sentir bem, deixando de lado as dúvidas dos "porquês" e qual o alvo que atingimos. É preciso -

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que compreendamos que esta iluminação do Zen nà é coisa que se obtém por dádiva, mas sim, um crato de fidelidade que só o tempo da constância nos levará a ela. Ao tempo devemos unir todas as nossas forças sem desânimo nem tristezas. Pela respiração devemos dar nosso passo na primeira etapa da vida. Fazer de nossa respiração um ato consciente para que tenhamos, sempre vivo, de que nosso corpo vive, não está morto, devendo portanto, unir-se ao espírito. Outrossim, devemos nos concentrar também, nas coisas mais banais para que possamos refrear nosso espírito fugitivo. Aprenderemos a nos concentrar em nossos mínimos movimentos. Na cinesiologia de nossos músculos, cm cada gesto que façamos., nas nossas sensações e reações instintivas. Assim, como em cada ato respiratório. Assim fazendo, estaremos mais vivos e aprenderemos a nos conhecer profundamente, dando mais um passo para a chegada ao alvo. Podemos iniciar também em uma prática fascinante e difícil, que seria a de treinarmos nossos movimentos. Deveríamos conseguir fazer todo o movimento desejado, sem o mínimo ruído. Deste modo estaríamos conseguindo aquelas faculdades peculiares aos antigos praticantes do Nin-Jtsu, que primavam pelos movimentos sem rumor e pelos desaparecimentos impossíveis; "Viam sem serem vistos". Jamais esqueçamos da humildade e não desejemos pelas palavras impormos nossas razões. Para que discutir? Um homem senhor de seus domínios jamais se abala e as palavras para ele não têm grande importância, sua presença por si mesma se impõe. A cólera devemos refrear imediatamente para não perdermos nosso espírito de controle e aos poucos tomarmos consciência de nosso estado de exaltação, para aos poucos, eliminarmos as razões que nos levam àquele estado. -

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De início será difícl conseguirmos isto, mas com insistência chegaremos ao ponto, pois a paz é um dos alvos que devemos conseguir atingir em nosso caminho. Deste modo nos tornaremos mais densos em nossas vidas e alcançaremos a calma e a serenidade necessárias para que se produza uma força interior enorme que nos facultará o trabalho e nos dará uma melhor resistência nervosa. Ao passo que conseguirmos certos domínios do corpo e espírito, poderemos obter aquele estado receptivo, em vista do qual, nada de importante poderá nos comover. Devemos em cada ato nosso, dedicarmos atenção para aquela força que se encontra perto do umbigo (Saika-Tanden). Devemos, por outro lado, movimentar nosso corpo em torno deste centro de gravidade, nos agitando em ordem para que possamos chegar a (ara-no-aruhito) pleno de (Kiai), podendo desta forma, concentrarmos toda a nossa energia com vontade de a dominarmos e sem que ninguém disto se aperceba. E aquele grito não será tão simples como um breve acionar de vísceras musculares, mas será como um sinal do espírito (Ki-No-Nagare) saído de dentro de nós mesmos. Para a sua perfeição sem necessário usarmos a força da concentração interna que permitirá em instantes libertarmos uma energia mental e a usarmos corretamente. É claro que a perfeição depende também da tonalidade do grito, porém mais ainda da concentração do pensamento. Conseguimos assim, que vibrações invisíveis se agitem e perturbem o espírito do adversário não tão bem concentrado mentalmente. Também se quisermos, podemos abandonar o grito, que não faz mais do que sugestionar o adversário e dar sinal da presença do espírito. O importante é a diferença de densidade entre dois antagonistas. A projeção do grito -

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é indispensável, mas não suficiente por uma razão do "tining" na projeção do Kiai em direção do adversário. Somente deve intervir quando o adversário está no momento de fraqueza. Da respiração depende a concentração e a utilização do fluido mental. (Kokyu-Ibuki-Nogare). Os iogas se servem de uma imagem pela qual exprimem a realização do equilíbrio das forças do corpo positivas e negativas. A respiração pela narina direita é positiva e pela esquerda é negativa. É pela Hatha, (Ha = Sol, positivo; Tha = Lua, negativo) que regularizam o sopro o qual dirige a vontade à circulação do fluido vital (PRANA). Pela respiração e pela prática das posturas conseguem agregar forças que dão saúde ao corpo. Aqui pois, falaremos da respiração, lembrando que sua prática deve ser constante. Os japoneses usam um cinto largo cm torno do ventre para formar obstáculo à respiração e sempre estarem atentos para forçar o diafragma para baixo. Esta é a arte do Haragei. Portanto, a respiração deve ser abdominal (HARA) e não com o tórax. Pelo domínio da respiração mantemos nossa calma e sangue frio; por isto, seu domínio faz parte das artes marciais e para chegarmos à concentração correta da força do corpo e a força espiritual, ainda dela dependemos. Quando atacados de súbito, nosso espírito e nosso corpo são paralisados pelo reflexo natural da surpresa, que deixaria de existir, se mantivéssemos o domínio da respiração. A calma é obtida pelo domínio da respiração e em casos de necessidade, bastariam algumas respirações para chegarmos até a mesma. Quanto mais nos concentrarmos no ato respiratório, menos excitações teremos e um estado de calma nos acompanhará sempre. Mas é bom lembrarmos -

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que o estado de "acordar" ou vigília deve sempre estar presente. Neste estado poderemos praticar o zazen. Como é uma posição dolorosa para quem inicia, tentaremos facilitar em algo. Mantenha a coluna corretamente em posição c o queixo recolhido. As mãos repousam com as palmas para cima, sobre as coxas. Mantenha-nos distendidos e a única ligeira tensão é feita no abdômen para permitir uma postura correta. Pense em um ponto no solo a um metro' de nós. Comecemos a descontrair os músculos, um por um, sem deixar que alguma contração intervenha. Neste caso, voltemos ao princípio. Este estado de descanso físico completo, sendo conseguido, devemos procurar aquele, do espírito e o faremos se nos cqncentrarmos sobre o movimento do diafragma. Na sua ascensão ao inspirar e na sua volta ao estado primitivo na respiração. Aqui não devemos pensar em mais nada. A respiração c feita pelas narinas, e a boca conservamos fechada, sem esforço algum. Já em combate, respiramos pelas narinas e pela boca entreaberta. Não devemos forçar o olhar e piscar naturalmente. Devemos, então, fixar nossa atenção em alguém ou objeto particular e encontrarmo-nos nela. A etapa superior é esquecermos tudo, não pensarmos em nada, chegarmos à meditação e ao "vazio mental". Este exercício deve ser feito todos os dias e de preferência às primeiras horas da manhã, onde tudo é puro e as aflições ainda estão longe. O lugar deve ser calmo, sem ruídos e longe de tudo que possa interromper a sua sessão. Daqui, também, podemos dizer que está vivo o karatê. Aquele que mais perto da verdade está, não sendo, pois, um simples método de combate, mas um meio para nos livrarmos dos -

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complexos e termos saúde. É certo que hoje as adaptações deformaram um pouco esta arte. Quem sabe os aspectos físicos estão sobrepujando aqueles psíquicos. Mesmo que isto aconteça, não devemos deixar de lembrar que ele ainda nos coloca à frente de uma profunda filosofia, podendo nos levar à mística e, ainda, ser um trampolim para uma única experiência pessoal. O TREINAMENTO NECESSÁRIO PARA AS ARMAS NATURAIS Em capítulo passado, vimos quais os elementos necessários para treinarmos. Vimos que uns são necessários para o treinamento especial das mãos, dos pés, dos cotovelos, etc., no sentido de endurecer certas regiões. Do mesmo modo ficamos inteirados daqueles materiais que são usados no sentido de formarmos uma musculatura essencial. Em vista disto começaremos pela parte que visa ao condicionamento das partes que precisam de endurecimento. A meta visada é conseguir "armas" que possam desempenhar seu papel no momento necessário, sem o perigo de na ocasião do choque com algum objeto duro, aparecerem ferimentos. Isto se torna necessário se pensarmos na energia imensa que deverá ser liberada, quando visarmos um alvo. É claro que não desejamos que certa parte de nosso corpo fique com a solidez da pedra ou do ferro, mas sim, que o golpe seja forte e que tenha poder de penetração. E se torna evidente que se não induzirmos vontade sobre este ponto, poderemos encontrar dificuldades, quando enconti-armos um adversário chèio
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que o treino arauo poue razer aparecer uma certa calosidade nas partes submissas ao choque, mas isto seria, uma causa e uma meta ou alvo a ser atingido. Seria desmerecermos esta arte se quiséssemos impregnar nas mentes dos leigos que nós disformes ou portadores de calosidades espessas, são apanágio do verdadeiro mestre de karatê. Estas tolices deixamos para profissionais e para filmes, que mais interessados estão em vender sensação do que propagar um meio de beneficiarmos a alma. Dizemos mais ainda que, jamais a deformidade de uma parte importante de nosso corpo serviu, ou servirá, como uma demonstração de alto nível técnico ou mental de uma arte marcial, e em especial o karatê. Afirmamos, ainda em especial, que os maiores expoentes do karatê, principalmente os japoneses não são portadores de deformidade alguma, e isto se estende aos estudantes universitários japoneses que chegam a treinar horas a fio. Há casos ainda, em que as próprias protuberâncias que se formam nas mãos pelo trabalho no Makiwara, por vezes dificultam. Se dissermos que devemos aprender a bater com as ancas e o abdômen, para muitos podemos estar blefando, mas esta é a realidade. Dizendo isto, queremos esclarecer que devemos primeiro aprender a usar estas partes em função do Atémi, e que as mãos fechadas e os pés significam acessórios para as mesmas. É preciso que pratiquemos os Atémis em elementos sólidos para que possamos aprender a usar nos mesmos, as ancas e o abdómen. Alertamos que o endurecimento e não a calosidade, deve ser conseguida aos poucos e com critério, para que o entusiasmo do início não nos prive de termos que ficar por semanas parados pelas injúrias adquiridas e pela avidez do sucesso imediato. O treino contínuo, fortalece o golpe, assim como as repetições feitas dependem da resistência da superfície -

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usada para tal treino. É lógico que para isto é preciso treino. De outra forma sabemos que o iniciante não tem pés e mãos ainda apropriados para este tipo de treino, da mesma forma que a energia que ele pode liberar não é de todo suficiente. Logo no início recomendamos moderação e alertamos para que paremos ao sinal doloroso ou quando a pele inicia a ficar rala ou rugosa. Estes são acidentes normais para quem principia. A falta de técnica e a tola insistência são as causas. Precisamos treinar todos os dias para que aquelas repetições faladas antes, nos dêem a condição para que possamos passar sem as dores. Este tem que ser um trabalho nosso, pessoal; nele demontraremos a nossa constante procura pela perfeição. É pela constância nestes exercícios que iremos de encontro a ela. Aqui aprenderemos a suportar a força de reação do impacto, e a compreendermos o sentido da força de penetração, fatores essenciais para chegarmos ao verdadeiro karatê. É certo que este tipo de treinamento, com o tempo tornar-se-á mais espassado, porém jamais abandonado. As partes mais duras com o tempo desaparecem, mas não a técnica de bater que aprendemos. Não queremos dizer que a arte de bater, resuma-sc somente nisto. Não, esta técnica é um caminho, mas existem outros que também devemos aprender. E quando dizemos aprender, pensamos no termo próprio para que depois não encontremos desilusões. Sempre que a dúvida existir, devemos voltar atrás, lermos novamente e partirmos para melhor. Se assim não for, o tempo será perdido e as esperanças que antes eram tantas, começarão a desaparecer. -

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O TREINO NO MAKIWARA PELOS MEMBROS SUPERIORES 1.°)

Antes de dizermos algo sobre a técnica deste treinamento, vamos falar de algo que diz respeito sobre o Makiwara e que começa a destruir as lendas das "mãos deformadas". Sabemos que no Japão o tradicional Makiwara, está sofrendo sérias modificações na sua estrutura onde materiais menos duros são usados e mais suportáveis pelas articulações. Logo, isto põe em sérias dificuldades os adeptos das mãos e pés nodosos . . . ! Em primeiro plano vamos falar da perfeiçãô do golpe. Este para ser perfeito deve ser seco e é necessário que certos músculos se contraiam no momento preciso. Acontecendo no momento do impacto o recuo ligeiro do mourão onde fixa o Makiwara.

A esteira deve ser colocada na altura do plexo e coberta com um feltro, para não nos esfolarmos nos golpes de mão fechada quando estes resvalarem pela pouca prática e técnica imperfeitas. Ao nos colocarmos defronte do Makiwara devemos fixar os olhos no mesmo, pondo toda a nossa concentração antes de bater. Fazendó o possível para que haja método em cada movimento, fazendo-os em vários ritmos e trabalhando dos dois lados. É recomendável não executarmos mais do que os movimentos simples no início, deixando os outros para quando a técnica for mais apurada. -

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Eis pois as maneiras: 1.°)

GYAKU-ZUKI. £ x . A

Fiquemos em Zen-Kutsu. Após em GEDAN BARAI da direita e HIKXTE da esquerda. Fazemos girar a perna de trás para a frente, continuando em posição baixa, batendo com a mão de trás. Então expiramos rapidamente ao impacto, contraindo com força os abdominais. Voltamos à posição primeira lentamente inspirando. No momento que a fadiga impedir a concentração, normalmente os pulsos vão dobrar no choque. Os avançados diferem, pois podem treinar mais tempo e inclusive em fudodachi ou em kokutsu — passando para ZEN-KUTSU.

rotação de quadris e o cotovelo move-se horizontalmente. Nesta posição devemos manter o busto na vertical, o abdômen contraído e as espáduas baixas, enquanto a mão fechada oposta produz um vigoroso H I K I T E . Posição ZEN-KTSU. Esta técnica é tremendamente forte.

S H U T O - U C H I Ex. B, C, D ou 2, 3 e 4. Aqui podemos treinar aquela parte da mão que chamamos "cortante". Fazemos isto com uma rotação forte dos quadris na mesma direção e um forte H I K I T E da outra mão. Posição Zen-Kutsu. Desenho 2 ou C. A mesma rotação do quadril no outro sentido do golpe. É o movimento dos quadris que dá força ao golpe. Podemos treinar em KO-KUTSU e KIBA-DACHI. Exemplo E ou 5 (URAKEN-UCHI). Este movimento provoca o esmagamento dos nervos e veias que ficam sobre o metacarpo, sendo pois, doloroso no princípio. Na figura vemos um golpe dado de mão fechada, oposto à perna da frente (Zen-KUTSU). Exemplo F ou 6 - EMPI-UCHI. Batemos igualmente ao processo GYAKU-ZUKI, dando uma forte -

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NO SACO DE AREIA Muitos podem ficar na dúvida do porque não treinarem os membros inferiores no Makiwara. Este ponto é interessante, pois para inúmeras pessoas o Makiwara teria a mesma serventia. E de fato há casos em que se coloca uma esteira mais baixo para o treino -

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dos golpes de pé, Nós no entanto não aconselhamos em razão de se tornar difícil para o noviço dar certos golpes em pequenas superfícies e em razão dos insultos que podem surgir pela falta de precisão. Recomendamos, pois, o treino feito no saco, que podemos encontrar de diversos modelos: usemos de início o tipo redondo que pede ser de serragem, grãos de areia e serve para os golpes de pé ascendentes (KEAGE) e joelhos. Já os sacos longos são mais recomendamos para os golpes penetrantes diretos (KEKOMI). Podemos também treinar no saco os golpes de braços e o encaedamento mais avançado de golpes de pé e braço: achamos que todos nós devemos começar treinando em saco leve, passando depois para o saco de areia. Desta forma as técnicas de pé adquirirão eficácia e estabilidade, pois a reação após o impacto é mais forte que o saco movendo-se pouco. O corpo é rejeitado para trás se o pé de apoio não estiver sólido. Seria bom treinarmos golpes para trás em saco estável e depois em saco movendo-se como pêndulo. O fundo do saco redondo deve estar um pouco acima do baixo ventre, enquanto o longo na altura deste, logo, um "Punchingball" seria mais recomendável que um saco de areia para os golpes de pé mais agitados e golpes de mão fechada. Se conseguirmos pelo auxílio de outra pessoa que o mesmo se movimente em vai-e-vem, obteremos uma reação mais perfeita e uma melhor precisão. Os "Punchingball" podem ser: pendurados, ou pendurados e presos ao solo. Ex.: G ou 7. MAE-GERI-KEAGE. Como vemos pelo desenho, aqui batemos de baixo para cima, fazendo com -

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que as ancas- -participem fortemente para que possamos projetar o saco para cima com força total. A perna de apoio flexiona e o corpo conserva-se na vertical. Também podemos bater em KIN-GERI. Exemplo H. — Mawashi-Geri. Para esta posição o Punchingball deve estar colocado na altura do plexo. Avançamos para ele em ZENKTSU. Bateremos fazendo um grande movimento em círculo. O pé fica em Zen-Ktsu. YOKO-GERI- KEKOMI Ex. 1 Batemos com passo lateral em linha reta o saco longo empurrando-o com força. Para conseguirmos um melhor impulso das cadeiras, fazemos o nosso corpo inclinar-se um pouco na direção oposta.

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TRABALHO COMPLEMENTAR Este é o tipo do trabalho que serve como acessório, não sendo, portanto, indispensável. Mas produz variações do trabalho natural. Exemplo 1 Makiwara Suspenso. Podemos balançá-lo à altura do plexo e treinar de cima para baixo o famoso "sabre de mão" e os golpes de pé em Keage são também praticados de cima para baixo. De outra forma podemos treinar os golpes de mão fechada secos e rápidos. Mas digamos de passagtm que jamais este treinamento supera o anterior. O Pique de Mão: Não recomendamos por achar que além de deformar os dedos, alia um trabalho doloroso feito na base de "piques", em uma tina cheia de areia ou cascalho. Há casos de indivíduos que insistiram nestes exercícios, sendo mais tarde, portadores de distúrbios fisiológicos por estarem nas extremidades dos dedos algumas ramificações nervosas. Para chegarmos a um pique de dedos aproveitável, não precisamos chegar àquelas deformações e muito menos para fazermos um bom karatê. Podemos treinar pela velocidade e precisão, usando inclusive, uma máscara balançante para que com piques de um e dois dedos, tentemos atingir os seus olhos como se fossem os do adversário. PREPARO FÍSICO É evidente que se torna necessário certos movimentos preparatórios para que alguém inicie um treinamento qualquer. Prepare sua musculatura a ser -

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usada no karatê; principalmente por ser uma arte dura há uma ginástica especial chamada Jumbi-Undo, que se torna indispensável, para que exista uma condição no corpo que o torne capaz de suportar um treino árduo. Sua meta portanto é preparar os músculos e as articulações, assim como acelerar progressivamente o ritmo do sistema cardiovascular. Estes exercícios são usados também no final do treinamento, visando a dar calma ao organismo e descontraçSo total. Alertamos que os exercícios aqui descritos não são especiais para o karatê, mas exercícios que visam a um caminho pré-concebido. São portanto exercícios conhecidos que foram selecionados por nós. Esta preparação deve levar quinze minutos. É o tempo ideal para aquecer os músculos e tornar flexível as articulações. AS MAOS DEFORMADAS SAO UMA NECESSIDADE? Na época do Japão feudal, quando sucessivas guerras de ocupação proibiram o uso das armas, o treino duro das mãos foi adotado como meio de defesa dos camponeses contra os opressores e os samurais. Tornavam suas mãos em armas poderosas para a sua defesa. Hoje, o condicionamento das mãos, não merece a mínima atenção por não existir uma finalidade ou objetivo. O condicionamento exagerado praticado por muitos, produz a diminuição da destreza e a impossibilidade da execução de trabalhos que exigem perícia e delicadeza. Por que insistirmos neste condicionamento, se no Karatê esporte o contato não é permitido? De outro modo, se pensarmos na sua validade sobre o aspecto do Karatê defesa pessoal, também lembramos que é total a sua inutilidade. Isco para não lembrarmos as injúrias que na maioria dos casos so-

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frem as mãos! Por que pensarmos em obtermos um soco possível de quebrar dez telhas ou mais, se sabemos que uma só técnica bem aplicada pode colocar fora de ação o adversário? Aconselhamos o condicionamento das mãos, e isto não com exagero, para aqueles que são possuidores de mãos frágeis e delicadas demais. Este condicionamento pode ser metódico e não levado ao extremo. Quando começamos a sentir certas dores nas mãos, estamos correndo demais na execução do plano traçado. No caso dos mais "fanáticos" que pensam mais na exibição do que na finalidade moral, lembremos que o únicò conseguido será um estragar de mãos sem qualquer fundamento senão àquele de "quebrar demais". As mãos podem e devem ser treinadas e para isto aconselhamos o seguinte para que percamos uma sensibilidade exagerada: Coloquemos um pano espesso sobre um plano duro (uma mesa). Sobre este plano, devemos ficar batendo vários minutos por dia com a parte das mãos que ficam os nós dos dedos e o punho, sem deixarmos bater os ossos dos dedos mínimos. Após inúmeros dias usando esta técnica, podemos remover o pano e batermos diretamente na superfície dura. Devemos iniciar com golpes moderados, aumentando a intensidade assim que sintamos que podemos bater com certa força sem prejuízo algum ou desconforto. O EQUILÍBRIO Todos sabemos da falta de equilíbrio que existe em todos nós, mais ainda se pensarmos que somos bípedes! Diferimos e suplantamos nosso menor equilíbrio ante o quadrupede pela nosa maior flexibilidade e inteligência. Devemos pois nos fixarmos e obtermos -

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uma estabilidade relativa para compensarmos nossas deficiências supra citadas. Observemos pois, três fatores fundamentais como princípio. A = Uma natural posição (Des. B-l). Se ficarmos na posição da fig. 1) com as pernas afastadas, ou mesmo com os joelhos um pouco dobrados, nossa resistência será fraca, pois somente poderemos suportar empurrões para ambos os lados mas nunca para frente ou para trás. Logo, somos f r a c o s . . . B =

Postura de equilíbrio: (Des. B-2). Esta posição é a mais débil, pois nos equilibramos em um só pé e deste modo não podemos resistir ao mais simples empurrão, ainda mais se lembrarmos que todo o peso de nosso corpo se fixa sobre um pé.

C =

Posição de luta (Des. B-3). Esta posição é melhor do que as anteriores porque nota-se que um pé está à frente, aumentando a base contra empurrões para qualquer lado.

D =

Posição em T. Nesta posição é onde encontramos maior equilíbrio, pois pela posição do pé de trás quase adquirimos equilíbrio em três fases. Um pé fica apontando para frente enquanto o outro fica de lado.

Exercícios: 1.°) Estando em pé, flexione o corpo para frente erguendo ao mesmo tempo os braços lateralmente e uma perna para trás. Após, traga a perna para frente e dobre o corpo para trás. Alterne as pernas e repita o exercício. (Des. B-5 e B-6). -

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2.°) Estando em pé, coloque as mãos nos quadris. Traga um pé até o joelho e pare por instantes. Sem colocar o pé no chão, leve-o até a frente estendendo a perna. Vire a perna para o lado e também para melhorar o equilíbrio deve ser feito devagar e várias vezes. (Des. B-7 — B-S — B-9 e B-10).

2.°) Sentemos no chão, tendo as pernas bem afastadas. Seguremos firmemente nossas tíbias e façamos a flexão do tronso até tocarmos o chão com a testa.

1.°) De pé, tendo as pernas esticadas, afastadas e as mãos colocadas atrás do tronco, flexione o mesmo para a frente, tentando encostar a cabeça nos joelhos alternadamente. (Des. C-l e C-2). Quando estes movimentos estiverem automatizados e bem feitos, podemos tentar tocar o solo com a cabeça segurando firmemente os tornozelos. (Des, C-3). -

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3.°) Elasticidade descontraída. Aqui usamos o auxílio do colega. Um, senta-se no chão mantendo as pernas bèm afastadas enquanto o outro ajoelhado atrás, coloca as mãos sobre as costas do parceiro. Em seguida com leves movimentos de empurrar, empurra o tronco do colega na direção de cada joelho e no centro no sentido do chão. Aquele que está sentado deve ficar completamente relaxado, expirando cada vez que é empurrado. Não devemos forçar. O mesmo é feito com as pernas unidas. (Des. C-4 e C-5).

TENSÃO 1.°) Um deita-se em decúbito dorsal, enquanto o parceiro ajoelhado segura seus tornozelos.

Os dois

inspiram contraindo os musculos do abdomem. Aí, aquele q u e está deitado tenta erguer as pernas esticadas enquanto sofre oposição do colega que força os tornozelos para o chão. Aquele q u e tenta elevar as pernas, em cada tentativa conta até seis antes de abandonar cada esforço. Após cada exercício relaxam e expiram. Repetir 6 vezes. 4.°) Este exercício é uma variação dos anteriores, feito com uma perna dobrada, tendo a outra esticada. (Des. C-6). -

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(Des.

D-l). 2.°) Um deitado em decúbito dorsal, deixa seu colega -

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colocar as mãos sobre seu tórax.

Inspiram com

profundidade, contraindo a região hipogástrica. Aquele que está deitado ergue a cabeça e os ombros, enquanto conta até 6, mantendo a respiração presa, enquanto o outro o empurra para bai-

os pulsos por baixo. Inspiram profundamente contraindo o abdomem. Aquele dos punhos cerrados conta até 6 e puxa para a direita, enquanto o outro resiste, puxando no sentido oposto. Relaxam e expiram. Rep. 6. (Des. D-3).

xo. Relaxam e expiram. Rep. = 6 v . (Des. D-2).

3.°) Um estudante fica em decúbito ventral, enquanto é seguro pelos tornozelos. Simultaneamente inspiram profundamente contraindo o abdomem. Aquele que está deitado tenta erguer a cabeça e os ombros enquanto tem seus tornozelos forçados para o chão. Relaxam e expiram. (Rep. 6 v.).

5.°) Ambos estão de pé lado a lado. O da esquerda estende os braços, tendo os punhos fechados. O outro encosta as palmas das mãos nos lados dos pulsos do colega. Inspiram como nos exercícios anteriores. Aquele da esquerda faz força contra o outro enquanto conta até 6. Sofre oposição do colega que faz força no sentido contrário. Rep. 6.

4.°) Ambos estáo de pé. Um estende seus braços, tendo os punhos cerrados, enquanto o outro segura -

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6.°) Aquele que está à direita coloca um pé nas mãos -

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do colega na altura do plexo solar. O pe que fica no solo deve estar plantado e virado na lateral para o colega, tendo a perna um pouco dobrada. Inspiram como nas outras vezes. Aquele da direita empurra o outro contando até 6, enquanto o outro faz oposição empurrando noutro sentido.

8.°) Ambos estão de pé frente a frente. O da esquerda coloca o lado cortante (sabre) de sua mão na palma da mão do outro. Inspiram, etc. Aquele da esquerda empurra com força contando até 6; o outro resiste e empurra na direção oposta. Rei. e Esp. Rep. 6. (Des. D-5).

Relaxam e expiram. Rep. 6. (Des. D-4).

EXERCÍCIOS COM OS PÊS °) Idêntica posição: O colega da esquerda segura com

Aqui vamos aprender a desenvolver a habilidade

disposição o tornozelo do amigo. Inspiram, idên-

de nos locomovermos com agilidade e rapidez, não per-

tico aos anteriores.

dendo o equilíbrio enquanto mudamos de posição.

O colega da direita puxa o

tornozelo preso enquanto conta até 5. O outro puxa na direção contrária. Relaxar e expirar. Repetir 6 vezes. -

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1.°) Fiquemos na posição T, tendo a mão esquerda fechada em guarda. O peso deve estar distribuído -

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em proporções idênticas em ambos os pés. Logo, devemos dar um passo atrás com o pé direito, dando-lhe a maior parte de nosso peso. Aí, devemos erguer com leveza o pé esquerdo, deixando-o tocar de leve o chão, trazendo-o "deslizando" para trás. (Des. E-l).

3.°) Com o aperfeiçoamento da técnica, devemos praticar estes exercícios dando golpes com ambas as mãos, sem esquecer de deslizar e atacar em todos os sentidos. (Des. E-3).

) Se quisermos avançar, devemos dar um passo para frente com o pé esquerdo. O outro pé deve levantar, mas repousando com leveza no chão. O pé direito desliza para frente. Esta maneira de trocar de posição é útil para adquirirmos rapidez e leveza. Devemos praticar sem levantar os pés do chão e fazê-lo em todos os sentidos. (Des. E-2). -

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CONTROLE

2.°) Para os controles de ponta-pés, usamos o mesmo critério, sendo que o colega que é o alvo, coloca

1.°) O colega da esquerda ergue a mão aberta ao lado

a mão na altura do plexo. Ao passo que melhora

do rosto. O outro se aproxima e dá um golpe com

a técnica, a mão sobe dificultando a posição a ser

a mão fechada, mas deve parar uns 5 cms. do alvo,

atingida.

(Des. F-3).

tendo o braço esticado. (Des. F-l e F-2).

COORDENAÇAO A q u i trabalhamos a desenvoltura das respostas e sua coordenação. 1 — Sentados ficam os colegas, tendo as pernas entrelaçadas, golpeando ambos com a mão esquerda fechada, estirando-as por completo. A um só tempo a mão direita é afastada para trás. Alternar e repetir uns 30 golpes. -

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(Des. G-l). -

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Lancemos para frente os artelhos tensionando-os brevemente. TENDÕES

Tendão: Agachemo-nos nas pontas dos pés deixando o calcanhar levantado. Após, nos fixando sobre os calcanhares, ergamo-nos sobre as pernas mas levantando os artelhos.

TORNOZELOS 1 — (Des. H-l e H-2). Erguendo um pé, giremos o tornozelo diversas vezes formando pequenos círculos.

DES. M2

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Lancemos para frente os artelhos tensionando-os brevemente. TENDÕES

Tendão: Agachemo-nos nas pontas dos pés deixando o calcanhar levantado. Após, nos fixando sobre os calcanhares, ergamo-nos sobre as pernas mas levantando os artelhos.

TORNOZELOS 1 — (Des. H-I e H-2). Erguendo um pé, giremos o tornozelo diversas vezes formando pequenos círculos.

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•'f

JOELHOS Joelhos: Agachemo-nos de maneira profunda, fazendo círculos com os joelhos. Façamos isto em duplo sentido. (Des. J-l — J-2 e J-3).

QUADRIS 1 — T e n d o as mãos sobre a nuca, afastemos as pernas quase ao máximo. Após, flexionemos o tronco para frente e em seguida dobremos a coluna para trás; gradualmente ao fazer o exercício, os pés vão se unindo Estender as pernas.

(Des. K-l — K-2 e K-3).

Mesmo sendo um exercício difícil, devemos procurar fazê-lo para que possamos desenvolver uma perna ideal. Devemos tentar com a máxima cautela para não

até ficarem juntos. 2 — Estamos em pé, tendo as pernas esticadas; flexionemo-nos, colocando as mãos espalmadas no chão na frente dos pés. Após erguendo as mãos as giramos e

sofrermos injúrias, uma abertura de 180°. Ao obter-

as colocamos atrás dos pés.

mos esta meta, flexionemos o tronco sobre o pé esquer-

Para as articulações das coxas:

do agarrando o tornozelo com ambas as mãos e tocando o joelho com a testa. Repetir no sentido oposto. -

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Coloquemos a sola do pé fixa no chão, igual ao -

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des. 1. Em

seguida levantemos a mesma, virando os

artelhos para cima e baixando o corpo, trazendo a perna próxima do chão. Repetir. (Des. L-l e L-2).

vice-versa, flexionando nosso tronco para frente e girando-o de um para outro lado, acompanhando o movimento dos braços que fazem um movimento de hélice. (Des. M-l e 2).

DES_t_.2

ARTICULANDO OS ARTELHOS /

Coloquemos as mãos na cintura mantendo uma atitude, tendo as pernas um pouco afastadas. Deve-

OUTROS TIPOS DE FLEXÕES

mos elevar em modo contínuo o dedo grande do pé

Pernas afastadas. A posição é a mesma da flexão

e após os outros artelhos, jogando o peso do corpo de

de braços no solo. As pernas sim é que se afastam o

um para outro lado.

máximo. As mãos devem estar cerradas. Abaixar e le-

PARA A BACIA Fiquemos de pé, tendo as pernas afastadas ao má-

vantar o corpo com os braços. A mesma flexão tendo as pernas unidas.

ximo. Elevemos os braços até o nível dos ombros. Em

Flexão com três dedos.

seguida toquemos o pé esquerdo com a mão direita e

Flexão com dois dedos.

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PUNHOS Erguer os braços estendidos até a altura dos ombros. A seguir abrimos e fechamos as mãos. T a m b é m fazemos a rotação para direita e esquerda. Após, abrimos e estendemos os dedos um por um.

O MESMO PARA O TRONCO 1 — Fiquemos numa posição firme e sólida, mantendo as pernas afastadas, jogue os braços para o alto e se incline para trás levando a cabeça para baixo. Flexione então o tronco para frente, lançando as mãos entre as pernas para trás. 2 — Mantenhamos a mesma posição anterior de pernas e coloquemos as mãos na nuca. Inclinemos o busto para a direita e para a esquerda alternativamente, conservando um plano vertical, até que as costelas flutuantes toquem o osso do quadril. 3 — Coloquemos as mãos nos quadris. Efetuemos rotações do tronco em torno do peito, mantendo a coluna vertebral na vertical. TORNANDO FLEXÍVEIS OS JOELHOS 1 — Coloquemos as mãos nos quadris e agachemos, mantendo o busto no vertical, voltando em seguida à forma primeira.

TORNANDO FLEXÍVEL O PESCOÇO 1 — Levante o queixo, levando a cabeça para trás o máximo e depois traga-o conrta o peito. 2 — Volte a cabeça para a esquerda e para a direita mantendo o queixo no mesmo nível. 3 — Penda a cabeça para ambos os lados n u m plano vertical, continente ao peito até tocar o ombro. 4 — Deixando pender molemente a cabeça descontraída sobre o peito, faça rotações completas. -

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2 — Afastemos as pernas e dobremos um joelho ao máximo, conservando o pé em plano chato. Mantenhamos a outra perna alongada, joelho rijo e artelhos levantados. 3 — Efetuemos a grande abertura lateral e facial. 4 — Sentemo-nos no chão e trazendo os calcanhares contra o púbis mantendo as plantas dos pés juntas. Agarremos os tornozelos e mantenhamos os pés nesta posição, fazendo pressão dos cotovelos sobre os joelhos, abaixando-os ao máximo até que toquem o chão. -

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A FLEXIBILIDADE DOS BRAÇOS 1 — Estendamos as mãos para a frente, as palmas para o solo. Afastemos os braços com força, n u m ângulo reto em relação à posição inicial, a fim de os manter no plano do peito. Em seguida voltemos as mãos para o alto e flexionemos ligeiramente os cotovelos. 2 — Estendamos as mãos para frente, juntando seus dorsos apontando os polegares para baixo. Façamos um movimento vigoroso, trazendo os braços para trás, fazendo ao mesmo tempo, uma rotação das mãos fechando-as, conservando os cotovelos juntos do tronco e as mãos fechadas na altura das costelas móveis. Estes exercícios descritos são feitos de acordo com a aptidão de cada um. Devemos iniciá-los com cautela e aumentar a rapidez, depois que houver um certo aquecimento. O ritmo pode ser mudado progressivamente, desde que haja equilíbrio entre o estado de repouso e o estado ativo. Estes, pois, são os movimentos que servem de aquecimento para esta arte e q u e devemos fazer depois da aula para que nos sirvam de descontração. MÜSCULOS E RESISTÊNCIA Esta é uma parte delicada, pois vamos nos separar muito dos tradicionais exercícios prescritos e aconselhados para entrarmos n u m campo mais "moderno" de condição física, fator base para a prática de qualquer esporte ou arte. Primeiro daremos uma idéia geral do assunto para mais adiante entrarmos em pormenores mais significativos e objetivos no que diz respeito à aptidão -

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física. É sabido que para tudo na vida é preciso uma condição mínima de aptidão sem a qual não conseguiríamos quase nada. Em razão disto, notamos q u e para o karatê, em especial, vamos necessitar de músculos resistentes e fortes sem os quais as técnicas por mais perfeitas, não tomam a força necessária. Deve* ríamos de acordo com nosso treinamento, treinar nossos músculos após os treinos do karatê ou em dias alternados. As variações possíveis são imensas em vista do tempo disponível de cada uin. Se os treinarmos nos mesmos dias da aula de karatê, devemos treiná-los após a aula. Se o fizermos antes, é certo q u e nossos músculos ficarão cansados e perderão a velocidade de reação. Jamais nos esqueçamos, para não exagerarmos, que o KI-HON em si já forma um bom tecido muscular. Visaremos, nesse treinamento, não aos músculos enormes, mas aos agrupamentos musculares rápidos e fortes ao impacto. Logo, os movimentos devem ser feitos rápidos e repetidos várias vezes cada u m . Vamos enumerar alguns exercícios feitos sem material e com material. Estes exercícios q u e vamos ensinar fazem parte do treinamento alé então usado-. Nós achamos que os mesmos devem ser usados, ihas acrescidos da parte que vamos depois sugerir. Ex. n.° 1 — Para desenvolver os abdominais: Deitemo-nos em decúbito dorsal, conservando as pernas estendidas e colocando as mãos na nuca. Erga o busto e sem dobrar os joelhos tente tocá-los. Aí, com as pernas estendidas erga um pouquinho os calcanhares do solo e fique nesta posição o mais tempo possível. Eleve os pés juntos e separe-os fazendo então pequenos círculos cada um. Jamais dobre os joelhos. Ex. n.° 2 — Braços: flexão dos braços. Coloquemos as mãos no solo, conservando os braços e as pernas esticadas e partindo daí, façamos flexões -

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descendo o peito até o solo, dobrando os cotovelos. Este movimento pode ser feito de mãos fechadas e na ponta dos dedos, como também fazendo movimentos circulares de trás para frente e vice-versa. PERNAS Nos agachemos e nos acocoremos. Coloquemos as mãos nas costas e mantendo uma posição vertical, caminhemos. Outro exercício recomendável c o saltitamento na ponta dos pés. Para desenvolver o fôlego: Cooper. Estes exercícios são feitos sem material algum, sendo que a seguir daremos alguns feitos com material. Em primeiro lugar voltamos a falar nos movimentos feitos no Makiwara ou no saco de areia, dizendo serem ótimos para coordenação. 1.°)

A TÉCNICA DO BASTAO Usemos um bastão pesado e mais grosso numa extremidade. Sem afastar os cotovelos do corpo, mantenhamos o bastão seguro pela extremidade mais fina. Elevemos o mesmo até a altura da cabeça e n u m movimento rápido, forte e vertical o desçamos parando-o subitamente na altura do abdômen. Os movimentos são breves e podem para variação ser feitos na horizontal. Este exercício fortalece os braços, o abdômen e nos dá uma idéia do K.ime. Garrafão de boca larga cheio d'água com areia. Seguremos o mesmo pelo gargalo e o elevamos na horizontal com uma só mão. Adicionemos um pouco mais de material e façamos flexões de punho.

Halteres pequenos de 2,5. Segurando-os firmemente, devemos fazer dezenas de vezes os movimentos de ataque e bloqueio. Usamos nestes movimentos o máximo de velocidade e potência no impacto.

Os chashi servem para a mesma utilidade. Assim fazendo melhoraremos as técnicas de braços, fortificando-os. Exercícios de desenvolvimento, arranco e arremesso feitos com barra e anilhas. Aqui é preciso salientar que não visamos usar grandes pesos, mas pesos médios. Nosso cansaço não será produzido pelo acúmulo de anilhas, mas pelo número das repetições feitas e pela velocidade empregada. Movimentos feitos com sandálias de ferro: Com estas devemos fazer todos os golpes de pés. Estes devem ser feitos em altas repetições. Após repetimos os movimentos sem as sandálias. -

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CAPITULO VII

se possível sempre responder ao ataque fugindo de atacar com "brutalidade animal". Quando treinamos com amigos, jamais devemos usar golpes profundos para que mais tarde não nos atormentemos por culpa da falta de senso. A maioria destes pontos do Kuatsu nos quais são possíveis de empregar certas técnicas para reanimar em caso de síncope.

ONDE ATINGIR OS PONTOS VITAIS Kyusho ou pontos do atémi, são pontos nos quais uma técnica bem aplicada pode causar até a morte. É lógico que para isto suceder, inúmeros são os fatores. Em primeiro lugar o ponto visado é de suma importância. Como se isto não bastasse é de vital importância o estado de descontração ou contração do adversário. Influi também a resistência do mesmo, assim como a velocidade e precisão do golpe empregado. É notório que há golpes que dados em alvos diferentes, fazem advir resultados diversos. Há pontos que um simples golpe, faz um grande efeito e outros nos quais devemos dar com toda força para encontrarmos vulnerabilidade. Torna-se necessário dizermos que é indispensável um bom caminho e um ótimo professor para que não façamos uso indevido daquilo que aqui vamos aprender. Por outro lado devemos salientar que o bom praticante em combate visa a três ou quatro zonas, onde desfere um golpe preciso que porá fora de ação o adversário. Quando em combate real não devemos ter em mente injuriarmos a saúde do adversário roubando-lhe este dom tão precioso. Devemos procurar pontos ósseos ou pontos desprovidos de músculos. E -

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1 — Ryomo = têmpora 2 — Mimi sa orelha 3 — Dokko = cavidade matoideana atrás do lobo da orelha 4 — Mikazuki = ângulo da mandíbula 5 — Keichu = nuca 6 — Sakotsu = clavícula 7 — Danchu e Kyototsu = externo 8 — Ganka = peitoral 9 — Kyoei = axila -

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10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

— — — — — — — — — — — — — — — — — — — — —

Ganchu = plexo cardíaco Kyosen = plexo solar Denko = flanco Suigetsu = cavidade do estômago Myojo = hipogastro Kinteki = testículos Hizakansetsu = rótula Kokotsu = tíbia Ushikurobushi = parte de dentro do tornozelo Kori = parte superior do pé So-In =. base dos artelhos T e n t o = fontanela anterior Cho-To = parte superior ou cume do nariz Cansei = lobo ocular Seidon = maçã do rosto Jinchu = base do nariz Gekon = lábio inferior San-Ming = queixo Murasame = carótida Hichu = pomo de adão Sonu = base do pescoço COSTAS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

— T e n d o = fontanela posterior — Kochu = l . a vértebra cervical — Soda = 7. a vértebra cervical — Katsusatsu = 5. a vértebra dorsal — Tche-Lang = 7. a vértebra dorsal — Hizo = cavidade dos rins — Tsie-Tsri = 12. a vértebra dorsal — Kodenko = vértebras lombares — Bitei = cocxi — Ko-inazuma = grande nervo ciático — Shitsu-Kansetsu = cavidade vazia do joelho -

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12 — Sobi = base da barriga da perna 13 — Akiresuken = tendão de Aquiles

AS ZONAS NA COMPETIÇÃO Esta é uma das partes mais difíceis visto que n u m combate diante da autoridade de um juiz, e portanto irreal, se torna difícil endereçar certos golpes. A razão disto é que as zonas são delimitadas e outras são proibidas. No momento em que o golpe é endereçado é dada a vitória. É necessário que o golpe leve uma boa velocidade e que jamais toque o adversário. Mais adiante veremos estas zonas e a maneira de atacá-las. Podemos citar em especial. No nível alto: rosto, pescoço e nuca (jodan). Nível médio: peito, região do coração, ventre, dorso, rins, axilas, costelas flutuantes (chudan). Nível baixo: baixo ventre, virilhas (gedan). Qualquer ataque na direção dos olhos é proibido em virtude do perigo de danos que pode resultar. -

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CAPITULO VIII

TÉCNICAS AS TFICNICAS Estas são no todo a base para que possamos mais tarde atingirmos um ponto superior. Os conhecedores podem constatar que a orientação difere daquela feita em certos cursos, mas reafirmamos que tudo sempre depende da orientação do professor. É necessário que ajudemos com força de vontade nosso estudo, pois sem este "estado", dificilmente chegaremos "lá". Aqui, nós indicaremos quais as técnicas que devemos usar se treinarmos sozinhos, e alertamos àqueles que desejam fazer um estudo profundo, que devem se fixar com carinho na OI-ZUK.I, MAE-GERI, GYAKUZUK.I, notando depois, que as outras técnicas se tornarão fáceis. A este tipo de estudo feito sozinho, damos o nome de Ki-Hon. Neste tipo de treino, nosso professor, pode corrigir as falhas, ao passo que aprimoramos nossa técnica. Sempre o professor faz antes a demonstração do movimento para que depois nós repitamos o movimento avançando ou recuando. Por vezes cada movimento é repetido centenas de vezes, usando-se ritmos diferentes, de acordo com aquilo que procuramos obter. A preguiça e ao fastio devemos impor nossa vontade sem recuo algum. Mais adiante vamos explicar algo a respeito do Ki-Hon, para que todos nós possamos trabalhar com interesse e amor, por notarmos q u e neste tipo de treinar está o fundamento de nossa -

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técnica. Aqui, pois, está a nossa base, e esta deve ser sólida. CONSELHOS: 1.°) Dividamos em treze partes este primeiro conselho: 1 — O movimento deve ser executado lentamente e um de cada vez. Após cada tempo ser bem feito, devemos encadear a seqüência, ainda devagar e flexível, para mais tarde, então, usarmos a força e a velocidade. 2 — Cada técnica deve ser acompanhada cie uma respiração breve e de uma contração máxima, sendo que cada movimento deve estar de acordo com a respiração. Após cada impacto devemos nos descontrair ,e inspirarmos. >•' — Devemos sempre nos conservarmos estáveis e em posição baixa. Para batermos, nosso corpo deve tomar porte como se fora um todo, e para isto devemos nos concentrar ao máximo em cada repetição, conseguindo então, bater ou bloquear fundo. 4 — Jamais devemos colocar nossa força nas costas, pois perdiríamos nossa velocidade e equilíbrio. Não devemos esquecer que a ação deve sempre surgir do abdômen. 5 — Quando formos fazer um deslocamento, ou mesmo, uma técnica parada, jamais devemos pôr movimentos secundários, dão a perceber que vamos fazer algo. Nosso ataque deve ser como o relâmpago. Por isto o K.i-Hon é tido como ideal, pois nele aprendemos a nos livrar da tensão nervosa inicial e usamos ataques diretos e puros. 6 — Devemos ter todas as técnicas aprendidas como apoio para melhorar em perfeição e aprendermos a reunir nossa energia em cada "arma natural". -

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7 — Devemos sempre ter nosso adversário diante de nós, mas jamais o devemos olhar dentro de seus olhos. Não devemos também olhar para o chão. Nosso olhar deve estar longe e ser n u m plano horizontal. 8 — Procuremos com calma fazer movimentos diretos e relachemos pouco, apoiando por mais tempo o golpe, desde o impacto simulado. Façamos tudo com certa rapidez. 9 — Quando treinamos com parceiro, nossos golpes não devem ser estendidos ou estirados, visto que poderíamos atingi-lo. Mas quando treinamos só, devemos fazê-los com a máxima profundidade e todos esticados ao máximo. 10 — No Ki-Hon, devemos nos preocupar com a máxima técnica e imprimirmos um ambiente d? combate real em cada movimento. 11 — Conseguimos o estilo pelo sentido de combate e pelas técnicas repetidas energicamente, e, pelas repetições arrebatadas damos ao espírito aquele estado especial que nos animara da verdade do combate real. 12 — Jamais devemos guardar qualquer reserva de energia, mas pô-la em cada golpe como se este fosse o nosso último meio de nos salvarmos. Em nossos trabalhos sozinhos, nosso amigo deverá ser o espelho. Ele servirá para que nos critiquemos e nos corrijamos. 13 — Em razão do que aqui já foi dito, devemos dizer que jamais devemos deixar de lado o Ki-Hon em função de treino com parceiro na triste concepção que este último será o treino verdadeiro. Alertamos que nada se compara ao Ki-Hon quando somos sinceros e temos uma meta precisa e um caminho certo a ser trilhado. -

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Estas são as técnicas vistas neste iivro: Ataque e contra ataque Tsuki-Waza (golpes diretos — m. superiores) 1 2 3 4 5 7 6 7 8 9 10 11 12 13 14

— Choku-zuki = golpe direto — Tate-zuki = golpe vertical — Ura-zuki = golpe aproximado — Age-zuki = golpe ascendente — Mawashi-zuki = golpe circular Jun-zuki-jun-zuki-no-tsukkomi — Oi-zuki = golpe perseguição — Jun-zuki, jun, zuki-no-tsukkomi — Seiken-ago-uchi = golpe que salta — Tobikonde-oi-zuki = saltitante — Mai-te = golpe de mão fechada para frente — Tobikomi-zuki = — Kizami-zuki = golpe de mão fechada de perfil — Nagashi-zuki = golpe com esquiva — Gyaka-zuki = golpe contrário — Gyaku-zukino-tsukkomi — Kagi-zuki = golpe em croché — Morote-zuki = golpe duplo Heiko-zuki-awase-zuki-yama-zuki Ushi-Waza = golpes ind. membros superiores

1 — Uraken-uchi = golpe de mão fechada em reverso 2 — Tettsui-uchi =• golpe martelo de ferro 4 — Haito-uchi = golpe sabre interno 3 — Shuto-uchi = sabre de mão 5 — Teisho-uchi = palma da mão 6 — Empi-uchi =• golpe de cotovelo Mae, empi-uchi, yoko-empi-uchi, tate-empi-uchi, ushiro-empi-uchi, otoshi-empi-uchi. KERI-WAZA - Golpes pé

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1 — Mae-geri = golpe direto Mae-geri-keagç, mae-geri-kekomi, tobikonde-mae geri, kingeri 2 — Yoko-geri = de lado Yoko-geri-keage, yoko-geri-kekomi, kansetsu-geri, fumikomi, sokuto 3 — Mawashi-geri = agitado circular Kubi-Mawashi-geri 4 — Ushiro-geri = para trás Ushiro-geri-keage, Ushiro-geri-kekomi, Ushirokake-geri 5 — Mikazuki-geri = crescente 6 — Tobi-geri = saltado Tobi-mae-geri, sankaku-tobi, nidan-geri, tobigeri, tobi-yoko-geri. 7 — Ura-Mawashi = agitado em reverso 8 — Hittsui-geri = golpe de joelho DEFESAS UKE-WAZA =

Bloqueios

1 — Gedan-Uke = defesa baixa 2 — Age-Uke = bloqueio ascendente Chudan-barai, Gedan-barai, tettsui-uke 3 — Ude-Uke = bloqueio de antebraço Soto-Uke, Uchikomi, Morote-Uke, Uchi-Uke 4 — Shuto-Uke = defesa de sabre-mão 5 — Shuto-Barai — expulsão de sabre de mão 7 — Otoshi-Uke = bloqueio feito para baixo 6 — Haishu-Uke = defesa de reverso de mão 8 — Teisho-Uke = bloqueio de palma 9 — J u j i - U k e = bloqueio em cruz 10 — Maeude-deai-osae-uke = bloqueio feito para baixo -

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KAWASHI- WAZA = esquivas Nage-Waza = projeções Renzoku-Waza = combinação de técnicas Para q u e m treina só, estas são as técnicas q u e devem ser estudadas antes de passar para as variações e derivações: POSIÇÕES 1 2 3 4

— Hachiji-dachi — Zen-Kutsu — Ko-Kutsu — Kiba-Dachi ATAQUES

1 2 3 4 5 7 6 8

— — — — — — —

DE MÃOS

Choku-Zuki Oi-Zuki Gyaku-Zuki Uraken Shuto-Uchi Tobikomi-Zuki Kizami-Zuki Nagashi-Zuki ATAQUES

DE PÉ

Mae-Geri Yoko-Geri Mawashi-Geri Ushiro-Geri DEFESAS 1 2 3 4 5

— Gedan-Barai — Age-Uke - Ude-Uke — Shuto-Uke — Juji-Uke -

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POSIÇÕES E DESLOCAMENTOS

Sabemos que o estilo desta arte tem sua base na posição das pernas e que esta posição, de fato não é mais do que uma parcela da técnica executada. Jamais devemos negligenciar o trabalho das pernas para não cairmos no erro de uma técnica falível. Há pessoas que erroneamente em detrimento das pernas, trabalham somente a parte superior do corpo, não deixando que as pernas façam o papel intermediário preciso, entre os braços e o solo. Isto para não falarmos do papel importante que as mesmas têm na rejeição da força de reação de onde vier. Seria ilógico pensarmos em detrimento do treino da parte superior do corpo, teríamos também um fator bem adverso, o desiquilíb r i o . . . Portanto, se nossos joelhos forem móveis e libertos, o centro de gravidade pode abaixar e a estabilidade ser melhorada. Logo mantermos uma posição certa é fator fundamental. Por conseguinte cremos nós que a negligência aparente do debutante em preocupar-se unicamente com os braços advenha do cansaço das pernas, obrigadas a posições baixas, tão incomuns ao noviço. Sabemos também quanto doloroso é o iníçio, e quanto são sacrificadas aquelas articulações, principalmente a dos joelhos e tornozelos. São aí, que aparecem as "posições" fixas impostas para que as pernas se tonifiquem. Estas posições variam, pois cada uma pode ser estudada, visando ao ataque, a defesa ou ambas. Não devemos esquecer que cada posição imóvel tem sua invulnerabilidade e, é nesta ocasião que podemos tentar um ataque tentando o desiquilíbrio do adversário. É certo que o nosso ponto de apoio advém de configuração dos lados de nossa sustentação. -

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É preciso que fique esclarecido que não há uma posição definida, isto porque, quando estamos em combate, por força imperativa do mesmo, somos obrigados a tomar diversas posições, sem o que, por nossa fixação normal, damos oportunidade a que nosso adversário estude e aplique uma técnica que nos vença sem contestação. As posições aqui encontradas pensamos serem as mais importantes.

As posições de espera ou guarda. (Des. P-l). São posições que tomamos antes de empregar uma técnica qualquer. Nelas devemos ficar em completo abandono de tensão muscular, deixando somente que exista ao nível do abdômen uma ligeira tensão. Aqui devemos nos descontrair, mas mantendo a concentração total. 1.°) Heisoku-Dachi = aos artelhos. -

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Pés juntos do calcanhar

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Masubi-Dachi = Calcanhares juntos. Aqui, os grandes artelhos são afastados, mas a posição é a mesma. Nós a usamos principalmente para saudar no início (Ritsurei). Heiko-Dachi = Pés paralelos. Nesta posição há afastamento dos pés — que são paralelos — deve se basear pela largura dos quadris. Nesta posição estamos estáveis e não há desiquilíbrio fundamental. Uchi-Hachiji-Dachi = Pés para dentro. Nesta posição os artelhos se voltam para dentro, provocando um ligeiro desiquilíbrio para frente. Para chegarmos à esta posição devemos primeiro tomar a posição Heiko-Dachi, e fazer girar os calcanhares para fora. O tronco deve ficar na vertical e os joelhos um pouco dobrados. Hachiji-Dachi = Pés afastados. Em posição Heiko-Dachi, voltemos os artelhos para fora girando sobre os calcanhares o que nos produz um pequeno desiquilíbrio para trás. Desta posição podemos reagir para qualquer lado, não importando a técnica, mas devemos estar atentos para não afastarmos os pés demasiado para que não haja uma contração máxima, que nos iniba a velocidade para o ataque ou a defesa. Esta postura adotamos no início de um exercício no Ki-Hon, no início do Ki-Hon Kumite, e no Kata. Hidari-Shizentai = Posição natural para a esquerda. Nesta posição devemos avançar o pé esquerdo para a frente, sem que o mesmo se apóie no calcanhar, sendo que a linha dos pés formem um T em Teiji-Dachi,

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e formem um L em Renoji-Dachi, permitindo que possamos saltar para frente em qualquer uma destas posições para bater com a mão fechada. P. S. Nos croquis as barrai negras indicam a posição dos pés. As pequenas ondas, o eixo longitudinal da posição. E o pontilhado horizontal, a orientação do peito. Nos estilos chineses e coreanos encontramos posições idênticas com outros nomes, ou seja, na variação das formas de base que permitem o desenvolvimento de grupos musculares diferentes. AS POSIÇÕES DE COMBATE Aqui precisamos aliar à técnica, execuções perleitas se quisermos chegar a uma verdadeira posição. Devemos fazer o possível para ficarmos em posição bem baixa, conservando os calcanhares em plano bem chato com o solo e mantendo o busto na vertical. Não devemos contrair os artelhos para que não diminua a aderência da planta do pé ao solo. Zen-Kutsu = Posição para frente. Dobremos a perna da frente e conservamos a detrás esticada. A tíbia da perna da frente fica na vertical. Nesta posição por haver um deslocamento de 60% do peso do corpo para frente, é ideal para ataques ou contra-ataques para diante e que torna possível aparar uma força vinda em direção oposta. É preciso que mantenhamos os quadris de frente e o joelho de trás sempre estirado. Existem as variantes do Zen-Kutsu, visto que nem sempre o mesmo é executado igualmente. Estas variações são da escola Wado-Ryu e são as mais importantes:

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Jun-Zuki-No-Ashi = Aqui o afastamento dos pés. está cie acordo com a largura do quadril o que dá aos noviços o sentido do equilíbrio. O pé da frente indica puramente a frente e o pé de trás é voltado ao máximo para a frente. O calcanhar não deve erguer-se, forçando-se para isto, a flexibilidade do tronozelo. No estilo Shotokan, o artelho maior é apontado ligeiramente para o interior, menos o joelho. Gyaku-Zuki-N o-Ashi. Nesta posição o pé e o joelho da frente são voltados para dentro. É a posição para o golpe de mão fechada contrário, dado no mesmo lugar. Os pés conservam-se bem afastados, e o quadril ou a anca, de trás pode passar para frente, corti facilidade. Fudo-Dachi = Posição para trás. Por causa do centro de gravidade não ter sido deslocado para frente, esta é uma posição estável e ideai para o combate. Mais parece um Kiba-Dachi em diagonal ou um meio termo entre o Zen-Kutsu e o K.oKutsu. Os dois joelhos são igualmente esticados e os pés ficam 45° para frente. Nesta posição podemos atacar com força por causa da flexibilidade da perna de trás e convém à defesa por não serem expostos os pontos vitais ao adversário. Ko-Kutsu = Nesta posição de 70 a 80% do peso do corpo é suportado pela perna de trás. facilitando a mobilidade da perna da frente para golpes de pé. O pé da frente indica, indubitavelmente, a frente e se encontra na linha do calcanhar do pé de trás. Dobramos o joelho de trás com vontade, conservando na vertical os quadris, o joelho, o pé e o ombro que fica atrás. A perna da frente dobra um pouco, mas deve conservar a flexibilidade. O calcanhar não toca o solo e o joelho da frente não fica na direção de interior. Devemos conservar o peito na posição de perfil. Na escola Wado-Ryu, temos duas posições distintas o Ma-

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hami-No-Nekoashi, e o Hanni-No-Nekoashi, de certo modo o significado da posição é o mesmo. Numa o peito se conserva de perfil e na outra, três quartos da face. Nesta, posição nos defendemos, pòis, podemos recuar e nos plantar solidamente sobre a perna de trás e partir para uma resposta com o pé da frente. Nekoashi-Dachi = Posição do gato. Aqui o afastamento longitudinal dos pés não é tão importante. Isto deixa o pé da frente livre de qualquer peso, fazendo a perna de trás suportar quase todo o peso do corpo. Em razão do equilíbrio mantemos este pé voltado para frente, assim como o joelho, num ângulo de 45°. O pé da frente deve se sustentar, suavemente, sobre os artelhos e o calcanhar se conservar bem elevado. Logo deve ficar sobre a linha do pé de trás, apontando para a frente e um pouco para o interior. A distância entre ambos deve ser mínima. A perna de trás devemos dobrar, marcaaamente, para facilitar o ataque do pé da frente, assim como de saltar para trás em caso de ataque e nos defendermos, levantando o joelho para a frente. Não devemos alterar a posição do centro de gravidade. Conhecemos uma posição variante, onde os pés são cruzados. Kuke-Dashi. Kiba-Dachi = Posição do cavaleiro. Nesta posição pomos a ação para os lados, servindo tanto no ataque como na defesa. Nela, não podemos atacar para a frente por não existir estabilidade, mas a usamos para os golpes de pés, Yoko-Geri, Uraken, etc. Nesta posição conservamos o busto direito e as nádegas quase na vertical. Os pés ficam paralelos e bem afastados. Os artelhos maiores apontam para o

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interior com discreção. Dobramos os joelhos com von tade e os estendemos para fora. As tíbias se conservam quase na vertical. Para fortificarmos as pernas devemos traze-las a uma posição, mais baixa possível, até que as coxas fiquem num plano horizontal. Shiko-Dachi = a mesma posição com os pés voltados para fora. As finalidades são as mesmas, só que os pés são voltados para fora o que torna fácil executar uma menor tensão ao nível dos artelhos ou tornozelos. Esta posição é característica do sumo.

frente. Encontra-se esta posição na escola Wado-Ryu. O Tate-Seischan da escola Wado-Ryu, é uma variação como o Fudo-Dachi do Shotokan. Os fins são os mesmos, notando-se que podemos passar destas posições com facilidade para todas as outras. Devemos estudar todas estas posições de todos os lados para que não fiquemos restringidos a uma vulnerabilidade inadmissível.

Sanchin-Dachi = Posição do areiro. Esta é uma posição na qual podemos bloquear com energia, sendo a posiçãç de base do estilo Goju-Ryu, Em razão da grande energia estática, nesta posição podemos dar um golpe forte, sem sairmos do lugar, sendo no entanto, menos rápida para atacar. Nesta posição os artelhos do pé de trás ficam na linha do calcanhar do pé da frente. O pé da frente toma a direção de dentro, enquanto o pé de trás aponta para frente. Daqui podemos passar para Uchi-Hachiji-Dachi, deslocando um pé em relação ao outro. A distância ao nível dos artelhos deve ser igual à largura dos quadris. Os joelhos devçm estar dobrados e a tensão ser exercida para dentro. Seichan-Dachi. Esta posição serve para as técnicas usadas no mesmo lugar. Aqui, os pés, devemos conservar bem afastados, devendo os artelhos do pé de trás se encontrarem na linha do calcanhar do pé da frente. Os joelhos são dobrados uniformes e os pés se conservam na paralela. Nesta posição podçmos dar combate para

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OS DESLOCAMENTOS Para quem faz uma deslocação de posição é sempre iminente o perigo, pois o inimigo pode aproveitar-se de uma falha para atacar. Neste: casos a rapidez e a perfeição devem tomar seu devido lugar, para que possamos ser senhores de qualquer situação que se apresente adversa. Jamais, de modo algum, devemos perder nosso centro de gravidade e para tanto, seja qual for o movimento, nossos quadris devem estar sempre

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ao mesmo nível e a coluna sempre na vertical. A impulsão deve partir do ventre e não do alto do corpo para não perdermos o equilíbrio. Os pés devem se deslocar do chão o mínimo possível, sem arrastá-los. Jamais devemos saltitar. As nádegas devem estar contraídas e o abdômen firme. Devemos nos deslocar por meio das entre-pernas o mais baixo possível o que nos proporcionará força nas pernas, no ventre, e nos dará senso de equilíbrio. Os diagramas mostram as posições dos pés para avançar e voltar de 180° nas posturas de base estudadas altas. Zen-Kutsu (Diagrama A (dois passos e giro). Avancemos o pé de trás. Reaproximemos este pé do dianteiro, se o afastamento for grande, afastando-o para frente de novo. Quando os pés se cruzam, os artelhos do pé de apoio voltam para fora. Esta deslocação crescente protege o baixo ventre contra certos ataques. Volta em Zen-Kutsu à direita: Primeiro desloquemos o pé de trás, da esquerda para a direita, conservando uma distância igual do afastamento inicial. Os quadris ficam baixos. Aí, giremos os dois pés na mesma direção. Estiquemos a perna direita para voltarmos a Zen-Kutsu esquerdo. Ko-Kutsu (Diagrama B) = Dois passos. Com os joelhos, um de encontro ao outro, aproximemos o pé de trás do pé da frente. O pé da frente abre-se para fora, num ângulo de 90°, enquanto o outro se coloca para frente, deslocando-se numa linha à direita. O importante aqui, é não nos desiquilibrarmos. Ao estarem os pés juntos o centro de gravidade não se desloca muito para diante.

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Volta: o pé da frente deve girar sobre o calcanhar a 90°, colocando-se na linha do pé de trás. Este último gira sobre o mesmo sentido. Kiba-Dachi (Diagrama C) = Dois passos. Aqui, o pé da frente faz um giro de 180° sobre o calcanhar. O círculo descrito passa perto da perna de apoio. Devemos estar equilibrados, conservando o busto reto e projetado para frente. T o d o o peso do corpo deve estar igualmente distribuído durante todo o deslocamento sobre as duas pernas. A volta: como no Ko-Kutsu, a troca de orientação se faz no mesmo lugar e na mesma linha, sem alguma ação dos pés. A posição não muda, é suficiente voltar a cabeça. Sanchi-Dachi (Diagrama D) = D = D = Dois passos. Nesta deslocação o pé de trás passa próximo do da frente. Os joelhos se unem para proteger o baixo ventre, afastando-se depois para fora. A deslocação é curta e deve ser rápida. Volta: Sanchin-Dachi à esquerda. Cruzemos bem, o pé esquerdo do direito, e o posemos. A parte alta do corpo não deve se mover Após, num só movimento, giremos sobre os dois pés para a direita; ficamos em Sanchin-Dachi à direita. Voltamos mudando o eixo do movimento. O que vimos até aqui, não é tudo no que diz respeito a deslocamentos. Outras maneiras existem como avançar deslisando uin pé atrás do outro, e também por outro meio atacar com o pé anterior, sem mudar de lado. T u d o isto auxilia na hora do combate. Logo a seguir, vamos mostrar uma forma de se deslocar em linha à direita, na posição Kiba-Dachi, onde apresentamos sempre o

mesmo lado para o inimigo. Ex.: os bordos externos dos pés ficam um contra o outro, porque nós cruzamos o pé de trás diante do pé da frente. O busto deve ficar bem posto e os joelhos dobrados. Aí, o pé que estava antes para frente desliza na mesma direção. Os pés ficam paralelos em toda a deslocação. Estamos, pois, em novo Kiba-Dachi. Achamos, que todos nós devemos estudar, seriamente, estes deslocamentos, por serem base e fundamento, conservando outrossim, as mãos nos quadris, para não deixarmos os braços interferirem; o que importa aqui, são as pernas e o abdômen, devendo, sempre que possível, mudarmos os deslocamentos. Devemos prestar atenção, também, na maneira de recuar, imprimindo, à mesma, uma velocidade real. Jamais passemos a outro estado sem estarmos certos de que a posição de partida é ideal. Devemos conservar a posição mais baixa possível e na volta, fazermos uma rotação horizontal dos quadris bem acentuada. Devemos, pois, com método e perseverança, procurarmos aprimorar a pesquisa cada vez mais, para não nos defrontarmos, mais tarde, com certos desalentos, tão peculiares aos feitos na fragilidade de "certas bases". (Diagrama E). DEFESA Aqui vamos reunir todas as técnicas possíveis para nos defendermos do ataque adverso, antes de contraatacar. Poderíamos perguntar onde se inicia o ataque, e onde principia a defesa, isto se nos recordarmos da intuição e de seu papel fundamental. T a m b é m seria admissível dizermos que dependendo de nossa veloci-

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dade na reação a defesa poderia aparecer ao mesmo tempo do ataque, e que dado a rapidez, esta seqüência bem pode ser "invisível". Como vimos em capítulos anteriores, nossa defesa pode começar no início do ataque adverso, pois, nosso espírito está atento, pressentindo no espírito do inimigo, a sua real intenção. São nestas ocasiões que, ao pressentirmos que o ataque está a ponto de se desfechar, devemos reagir, rapidamente, e parar nosso adversário, antes que o mesmo possa tomar impulso. Baseados em nossa velocidade, não nos devemos preocupar pela forma do ataque do adversário, pois, nosso contra-ataque é fulminante. A técnica usada será do ataque, usando a mão fechada ou o pé. Resumimos a ação defensiva e passamos em tempo de partirmos para o contra-ataque. Podemos, também, proceder de outra forma ou seja: deixarmos o adversário tomar todo o seu impulso e se lançar no ataque, reagimos então, no último segundo. A defesa não é antecipada, mas freada ao máximo para que o adversário não possa recuar em seu golpe. Aí então, bloqueamos, esquivamos, ou paramos, para então, desferirmos em golpe parado. São técnicas conhecidas de ataque. Não devemos esquecer que são inúmeros os meios de defesa e que aquela que usamos está sujeita a inúmeros fatores que nos são particulares. Entre estes podemos citar o nível do adversário, a nossa técnica e a velocidade da execução, as possibilidades da deslocação e o tipo do solo, o alvo procurado e o grau de nossa fadiga nervosa nesses instantes cruciais. Temos, pois, que aguardar sempre na mente, que no combate se agita e que não devemos dispensar nenhuma força naquele momento. T u d o faz falta. Como vimos, os bloqueios são em si a base, vindo em seguida, as esquivas e as projeções que dão domínio ao bloqueio em força.

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CAPITULO IX

OS BLOQUEIOS São técnicas usadas para a defesa e nelas usamos como defensor o antebraço ou a perna. Destas técnicas, algumas devem ser executadas com toda a força, enquanto outras devem, unicamente, desviar o ataque e não pará-lo. Na escola Goju-Ryu usa-se toda força para que cada bloqueio tenha o efeito de um golpe no adversário, enquanto o Shotokan prima pela noção de orientar e desviar os golpes. Dizemos nós, que todas as escolas neste ponto, usam técnicas que se parecem. Aos debutantes aconselhamos fazerem cada movimento do bloqueio com contração máxima ao impacto, como se quisessem quebrar o membro adverso. Insistirem, sempre, nas técnicas simples para só mais tarde, após longo e sério trabalho, passarem às técnicas mais ligeiras. Com deslocação do corpo, ou melhor, a esquiva. Adquirirmos força nos bloqueios é importante, pois há casos nos quais o espaço é pequeno para nos deslocarmos e o ataque pode vir de frente. O ideal será adquirirmos estabilidade, concentração e um antebraço forte, não esquecendo que somente a procura da força não será nada lógico. As precauções que teremos nos bloqueios, não esquecidas, serão de valia maior do que imaginamos.

para dar um golpe vigoroso. O ideal seria, fazermos cada movimento separado para depois fazê-los com brevidade, passando sempre, pela posição de preparação. Não deve existir tempo de parada no bloqueio e sim a fração mínima, pois em caso contrário o bloqueio não teria força e sim, somente, a interposição do antebraço. Não devemos movimentar os ombros. Em caso de treino, a dois, devemos treinar nossa rapidez e fazermos o bloqueio ao último extremo, isto é, deixar que o adversário chegue ao máximo de nós. Mesmo que nossas chances estejam em jogo, aprenderemos mais ainda, em razão de que o adversário pode, naquele instante, mudar a técnica. Não devemos esquecer que a força não deve existir, que é no momento do impacto e nunca antes do mçsmo. No karatê a força intervém na fração do segundo. Os bloqueios podem ser executados em Gyaku-Ashi e

(Atenção) O peito, tê-lo uns três quartos da face em relação ao adversário, enquanto o quadril pode ter mais participação no ato. De perfil para o bloqueio, devemos estar de fàce para o contra-ataque, para que possamos usar os peitorais e contrair os abdominais ao extremo

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G ED AN • UK E-OU GEDAN BAR Al (Defesa Baixa) Com esta técnica bloqueamos o golpe do adversário usando a parte externa do antebraço em forma de gume, o punho ou o martelo de ferro. Assim, rejeitamos os membros que nos são adversos para o lado de fora. Da posição Yoi, recuemos a perna direita ficando em Zen-Kutsu à esquerda. Estendamos a mão direita, conservando o punho fechado à nossa frente, conduzindo o punho esquerdo ao ombro direito. O cotovelo esquerdo descansa sobre o direito. Varremos com o punho esquerdo para baixo e para fora, desdobrando nosso antebraço em torno do cotovelo, enquanto tiramos nosso punho direito com energia, ficando em hikite. Paremos, então, a mão fechada esquerda a uma distância de 25 cm acima do joelho da frente. É necessário não movimentarmos os ombros e não levarmos muito distante nossa mão fechada para a esquerda. Conservando a posição da mão fechada na vertical do joelho, faz com que o braço proteja o flanco anterior. Aqui, podemos lembrar dois estilos, e portanto, duas maneiras possíveis de execução. No estilo Shotokan, feito três quartos de frente fazemos a rotação dos quadris para a direita, enquanto que o bloqueio se efetua à esquerda. No estilo Wado-Ryu, o peito fica ao contrário da frente, o que não deixa os flancos expostos aos ataques circulares. Como descrevemos, este movimento pode ir mais longe com ou sem esquiva do corpo. Esta, pois, é uma forma de defesa onde o braço deve guardar todo o resultado do choque com o mera-

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bro oponente, podendo então, realizar um bloqueio de força. No Chudan-hurai, que é uma variante, a execução é a mesma, sendo que o braço fica mais perto da horizontal. É uma técnica usada para deter um golpe enviado ao nível médio do corpo. Nesta técnica precisamos usar mais força em razão do ângulo mais aberto entre o braço e o tronco. Recomendamos o uso destas técnicas, mais nas posições Zen-Kutsu para avançar e Ko-Kutsu para recuar. (Des. 89 e 58). AGE-XJKE = bloqueio ascendente Esta técnica conhecida, também como Jodan-Uke, serve para nos defender de um golpe contra o rosto. O ataque nós devemos desviar para o alto, até um ponto onde não haja perigo, pois, sua ação continua. Conhecemos três direções distintas: 1.a)

Para cima: (Wado-Ryu) a mão fechada que bloqueia deve ficar num plano vertical, como se estivesse elevando o braço adverso. Este modo serve para bloquear um golpe vindo do alto para baixo. Des. 104.

2. a )

Para trás: (Shotakan) enviamos nosso ante-braço de encontro ao braço adverso, sendo que no contato o lançamos para trás e para o alto. A mão fechada fica acima de nossa fronte.

3. a )

Para frente: (Shotokan) aqui devemos lançar nosso antebraço sobre o braço adverso, levando-o para a frente, após o contato, e na mesma direção.

Disto resulta uma direção de golpe de 45° de ângulo com a trajetória inicial. Mas, representa esta

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técnica, uma grande vantagem de nos deixar mantei um contato firme com o braço do adversário, pois, usamos mais força, penetrando em seu ataque e con tendo-o. Des. 83. Execução: Des. 59 e 60. Da atitude yoi, recuemos o pé direito e fiquemos em Zen-Kutsu, à esquerda. O braço direito é estendido, mão aberta e palma para o solo. Aqui preparamos a ação do hikite. A mão fechada esquerda sob o braço direito, falanges para o alto, tudo contra o peito. Cruzemos as braços diante do rosto, elevando o antebraço esquerdo e tirando a mão direita. Os cotovelos devem se colar lio corpo e os antebraços ficarem a 45° em relação à vertical. Dai lancemos o antebraço esquerdo para cima, numa breve rotação, levando as falanges da mão fechada para fora, enquanto fazemos hikite da mão direita fechada. No final, a mão fechada deve estar mais alta que o cotovelo, e este mais alto que o ombro. Logo a direção fica a 45° em relação à vertical. Para resistirmos a um ataque violento, a parte carnosa do braço deve ser dirigida para frente. O cotovelo fica mais perto da cabeça, enquanto o braço guarda de qualquer maneira o rosto. Se contrairmos firmemente as axilas, não deixaremos os ombros se elevarem, da mesma forma que os cotovelos. Conservando a inclinação do início, o antebraço deve passar diante do queixo a fronte. A mão fechada para diante da fronte. Bloqueando, não recuemos a cabeça e tiremos o quadril direito para trás. UDE-UKE = defesa de ante-braço Nesta defesa paramos e tiramos o golpe pela lateral no decurso de seu trajeto de partida. Vamos estu-

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dá-lo ao nível médio, que em virtude do ângulo fechado do braço e tronco, é mais fácil de executá-lo. Conhecemos dois tipos de bloqueios e suas variações. I o ) Sotto-Uke: de fora para dentro. De yoi, recuemos o pé direito e fiquemos em ZenKutsu à esquerda. O peito conservamos normal e de frente, enquanto o braço direito é estendido para o adversário, mão fechada, falanges para baixo, des. 61. Elevemos a mão fechada esquerda acima do ombro, falanges para frente, des. 61. Ao contrário dos outros bloqueios, neste, os braços não se cruzam na posição de início, e por isto, devemos reduzir ao máximo a trajetória do punho, em vista de termos o peito descoberto. Pela forte rotação dos quadris para trás, a direita se faz o bloqueio, fazendo a mão fechada esquerda, uma trajetória curta e pouco descendente, que a traz diante de nosso peito, enquanto as falanges se voltam para o alto. O punho direito fica em hikite. É importante alertarmos que, se não houver uma perfeita harmonia entre os movimentos dos braços, todas as tentativas serão inúteis. Da maneira que bloquearmos, é importante não mexermos com os ombros e não levarmos o bloqueio muito longe para a frente. Ao fazermos um ângulo muito grande, com o cotovelo estaremos produzindo um golpe de falhas. Convém deixarmos o cotovelo perto do corpo para formarmos uma alavanca de nosso braço, o que lhe dava mais força e mais proteção a nosso flanco. Seria ideal que o antebraço ficasse ligeiramente inclinado, permitindo que o cotovelo fique perto do flanco. O cotovelo não deve andar demais para dentro sob o efeito da rotação do corpo, des. 62. Este é um boqueio duro e doloroso para o adversário e não para quem o executa! Conservemos o peito de três quartos da frente. Um golpe seco e firme é o suficiente para conseguirmos

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aquele algo para partirmos para o contra-ataque. Jamais pensemos em tomar uma grande distância para batermos com mais dureza. De outro modo, bloqueando, também podemos desiquilibrar o adversarío, puxando-o para frente pela manga, Tsukami-Uke. Por outro lado podemos, usando as técnicas aqui descritas, bloquear um Sokuto, um Yoko-Geri — e uin Ushiro-Geri. Uchi-Komi = movimento do exterior para o interior, com isto, reentrando no ataque. Aqui o antebraço é levado diante do peitoral direito (des. 63) t o cotovelo fica na mesma posição. Este é um movimento precedente, sendo que no Sotto-Uke tanto o cotovelo como a mão fechada, descrevem uma trajetó ria curva para se postar diante do peito. Ele faz um papel de eixo no Uchi-Komi, em torne do qual, se desloca o antebraço. Como sabemos UchiKomi é um movimento do braço que permite dirigir o membro adverso, enquanto o Sotto-Uke é somente um bloqueio. Logo o primeiro nos interessa num corpo-a-corpo, onde se avança sobre o ataque. Nesta execução é preciso uma perfeita ação da rotação dos quadris, levando o peito totalmente de perfil, sendo que, a força usada, é pouca em relação. T a m b é m podemos contra-atacar em Uraken usando a mesma mão fechada, por ser mais rápido que se atacássemos em Gyaku-Zuki com a mão de trás. Uchi-Komi — estando noutra posição. Aqui não é preciso uma chamada do p u n h o tão ampla, como para o Sotto-Uke. Ao começar o movimento levamos o punho, braço dobrado, as falanges para frente e para o adversário. Ficamos de frente até o momento final, quando com uma rotação firme de punho, bloqueamos.

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UCHI-UKE (do interior para o exterior) Este é um movimento onde bloqueamos o antebraço adverso batendo com a parte interna de nosso antebraço, logo acima do punho, fazendo com que o membro adverso seja rejeitado para o exterior. Logo devemos estar em yoi, e recuando o pé direito, fiquemos em Zen-Kutsu. Estendemos a mão direita para frente, com as palmas para baixo. Conduzindo a mão esquerda fechada contra o quadril direito, conservando as falanges para baixo. O cotovelo esquerdo fica diante dú abdómen, ccm a ponta para o adversário, enquanto o antebraço esquerdo resta sob o braço direito. Para bloqueio devemos tirar a mão direita em hikite, enquanto movemos o cotovelo esquerdo um pouco para a esquerda, e levamos o antebraço para a mesma direção. Logo executamos uma rotação do punho esquerdo, para que a mão fechada tenha as falanges voltadas para o alto no impacto, e paia que a parte interna do braço tenha contato com o membro do adversário. Des. 64, mostra a posição final. Esta difere de SottoUke, pois o cotovelo fica diante do flanco e dobrado a um ângulo direito. Os ombros se conservam n u m mesmo nível e a mão fechada à altura do ombro, sendo que, o antebraço não está oblíquo, mas sim n u m plano vertical. Como vemos a articulação do ombro é importante nesta técnica; é preciso que esteja na vertical todo o braço para que possa bloquear e não deixar que o adversário toque nosso biceps, o que sucederia se o cotovelo ficasse para o exterior. Ai, a mão fechada adversária passaria por cima do antebraço, tocandonos. T a m b é m aqui, tiramos o quadril direito para trás para ficarmos três quartos de frente e armarmos o contra-ataque. No estilo Wado-Ryu. giramos ao contrário os quadris no mesmo sentido do bloqueio, ga-

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nhando mais força e ficando de frente ao final do movimento. Uchi-Uke — nesta técnica usamos com força o antebraço ao encontro do membro adverso, conservando-o sólido. Mesmo aqui a atenção deve estar em conservarmos o braço flexível na ação contraindo-o vigorosamente e de modo rápido, somente no impacto. MOROTE-UKE (bloqueio duplo) Nada mais é que um Uchi-Uke, onde a mão fechada, oposta cm lugar de hikite, é dirigida na mesma direção do bloqueio para aumentar sua força. As falanges para o alto de encontro ao cotovelo que bloqueia e o antebraço vem contra o peito. Des. 65. T a m b é m podemos variar, colocando a mão aberta e os dedos apontando para fora sob o cotovelo. Algo mais sobre o L'de-L'ke: Se quisermos fazer os bloqueios com perfeição, ao nível do rosto, devemos ficar sempre em posição Cliudan perfeita, sem modificar o ângulo do cotovelo, levemos o braço até que o húmero chegue a um plano horizontal. Sabemos que no Japão tedas estas técnicas são conhecidas como Ude-Uke e por isto dizemos q u e para nós podemos chamar de Sotto-Ude-Uke todas as técnicas que se executam sobre o exterior do braço adverso e por Uchi-Ude-Uke todas as que são sobre o interior do seu braço. Igualmente podemos ter: UchiUchi-Uke: do interior para o exterior, levados sobre o interior do braço adverso ou Sotto-Sotto-Uke: do exterior para o interior feitos sobre o exterior do braço adverso. T a m b é m Soito-L'chi-Uke: interior para exterior no exterior do braço adverso e Uchi-Sotto-Uke: exterior para interior no interior do braço adverso.

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SHUTO-UKE = bloqueio de sabre de mão Fiquemos em yoi, em seguida, assim que formos atacados, recuemos bastante o pé direito e fiquemos num estável Ko-Kutsu para um bloqueio à esquerda, conservando o pé esquerdo para frente. Devemos prestar atenção ao equilíbrio prestando cuidado quando recuamos. Estendamos a mão direita para o adversário com a palma para o solo e nível do plexo e levemos a mão esquerda contra a orelha direita, com a palma para a cabeça. Des. 30 e 31. O cotovelo esquerdo fica sobre o direito diante do peito protegendo-o, logo tiremos as mãos em sentido contrário, sendo que a mão faz um percurso próximo da linha direita e um pouco descendente para esquerda, parando logo que chega ao aprumo da perna da frente. Pela breve rotação do punho que trás no impacto a palma para baixo o braço ganha força em seu movimento. Por outro lado a mão direita é tirada para trás em hikite completo, parando diante do plexo com a palma para o alto e dedos apontando para o adversário. Des. 66. Pela manutenção do ângulo do cotovelo e pela concordância da secura e amplitude do movimento do braço "limpando", com profundidade, a zona a proteger, esta técnica se torna difícil. Por isto aquele ângulo é mantido perto da axila e no mesmo plano que a perna da frente. Des. 67. Se é para o exterior o ataque passa. O Shuto é no prolongamento do antebraço. dedos à altura do ombro e apontados para o adversário. Torna-se fácil contra-atacar por um Nukite no rosto, por qualquer das mãos. É preciso conservarmos os ombros no mesmo nível, o abdômen forte e fazermos um correto Ko-Kutsu. No movimento feito ao nível Jodan o cotovelo fica mais alto, conservando seu ângulo, enquanto o

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antebraço fica perto da vertical e a palma do Shuto voltada para o adversário. Nesta posição torna-se difícil manter o braço no plano da perna da frente. Dizemos ainda, que jamais devemos esquecer de enrijecer o braço e o corpo no momento do impacto. Este também é um bloqueio duro, pois o antebraço sofre um choque forte em razão da sua superfície de bloqueio estar indo contra a força de ataque. Mas com treino sério e fiel, ele poderá, inclusive, danificar a força oponente. Também, mais tarde, pelas técnicas de força e flexibilidade unidas, poderemos no movimento feito ao nível Jodan, o cotovelo fica mais alto. conservando seu ângulo. O antebraço fica perto da vertical e a palma do Shuto voltada para o adversário. Nesta posição torna-se difícil manter o braço no plano da perna da frente. Jamais devemos esquecer de enrijecei o corpo e o braço no momento do impacto. SHUTO*BARAI « Varrida de sabre de mão Neste movimento a mão não pára de se movimentar bruscamente no impacto, mas continua na intenção de expulsar o membro adverso, e se possível, agarra o punho para desiquiJibrar o inimigo, puxando-o para frente, usando o polegar estendido e afastado da mão, o que forma uma forquilha pelo sabre do index e o polegar. Nesta técnica não há a parada entre o bloqueio e o contra-ataque, assim sendo, o contra-ataque pode partir com o adversário ainda em movimento. HAISHU-UKE Nesta técnica ,a mão ' limpa" a área num movimento circular do interior para o exterior do lugar pe-

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rigoso. O Haishu serve para bloquear um ataque (Des. 54) e se parece na execução ao Shuto UKe. Bloqueamos em dois níveis. Nível médio: Estendamos uma das mãos para o adversário, trazendo a outra por baixo ao nível do quadril de trás. Posteriormente, bloqueamos com esta mão, desdobrando o antebraço em torno do cotovelo, e tirando a outra mão para trás. A rotação do punho durante a sua trajetória não é importante. A mão para com o dedo polegar para o reto e os dedos dirigidos para o inimigo. Isto se faz como Uchi-Uke e Haito-Uchi na posição Ko-Kutsu e Kiba-Duchi de perfil em relação ao inimigo. Des. 54. Ao nível alto: • Faremos como em Shuto-Uke com uma menor rotação do punho. No impacto a palma da mão se encontra ao plano da parte carnosa do antebraço, enquanto é lançada para o adversário a sua parte cortante. Des. 68. Se fizermos haishu-uke veremos que é mais fácil que shuto-uke. Para este movimento, trazer a parte cortante da mão para trás, contra o plexo, e não fazer um bloqueio muito para frente. Não deixemos o ângulo do cotovelo muito aberto para nosso adversário não furar nosso bloqueio. OTOSHI-UKE = bloqueio impelido para baixo Aqui, levemos a mão fechada acima da cabeça, conservando as falanges para frente, batendo com toda a força num movimento direto. O melhor seria usarmos uma posição frontal para que pudéssemos abaixar o máximo os quadris durante o bloqueio. Esta é uma

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forma tettsui-uke onde batemos na vertical do alto par« baixo sobre um ataque, visando ao abdômen. Pegarmos a posição fudo-dachi, des. 69. Vemos que a posição do antebraço em razão do solo e do peito é paralela, e o cotovelo fica no plano vertical da perna. Aí, é preciso termos cuidado para não pendermos para frente na busca de uma posição baixa se bloquearmos sobre um Mae-Geri, estando em Otoshi-Uke. Abrimos, assim, a guarda do abdômen, pois o pé, subindo de baixo para cima, pode tocá-lo, sobretudo, se o bloqueio é feito muito alto. Este é um grande bloqueio, pois. não é necessária uma grande força e o braço do inimigo é trazido para baixo. O ideal seria fazermos um Otoshi-Uke verdadeiramente seco. TAISHO-UKÈ == bloqueio da palma Vamos aqui. apresentar um bloqueio feito com uma superfície grande (Teisho) ou melhor o TeishoUke, dado verticalmente de cima para baixo, movimento que se encontra na base de todas as variações aqui vistas. É lógico que não podemos nos aprofundar em todos os pontos, e portanto, ficaremos no essencial. Elevemos a mão diante da testa, tendo o braço um pouco dobrado, conservando o punho bem flexível. Devemos conservar o dorso da mão orientado para frente e pender os dedos para o solo. Sem alguma contração do braço, abaixemos com vigor, num plano vertical a mão, voltando antes do impacto, severamente, a mesma para cima (des. 70), ficando a palma para baixo, batendo o braço inimigo para cima. Aqui, o que vale é a flexibilidade e não a força, o punho não volta antes do impacto e o corpo se enrijece, sofrendo uma impulsão do abdômen antes da descontração rápida, Esta técnica pode ser utilizada para deter um Mae-

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Geri, sendo que sua utilização neSte caso c perigosa, em razão do movimento forte para cima da tíbia, o que poderia causar dano à articulação do punho e dos dedos. Poderíamos, também, usar o Koken-Ushi para atacar o rosto, fazendo uma flexão do punho e batendo diretamente. JUJI-UKE = bloqueio em cruz Este é um excelente bloqueio contra o Mae-Geri. Sendo que executado em qualquer nível o movimento é o mesmo. A sua utilização e variada e seu bloqueio duplo, é feito pelo cruzamento dos punhos. As mãos podem estar abertas ou fechadas. No primeiro caso, é mais fácil pegar o membro adverso, e no segundo as injúrias das mãos quase não existem por ataques dos pé. Estes são os níveis principais: Gedan-juji-uke = bloqueio baixo. Fiquemos em yoi, com as mãos fechadas em hikite aos quadris, tendo as falanges para cima e os cotovelos apontados para trás. Para ficarmos em Zen-Kutsu à esquerda, avancemos o pé esquerdo, batendo as mãos fechadas para a frente e para baixo, como que fazendo um duplo Gedan-Choku-Zuki, cruzando os antebraços e tendo o direito por cima (des. 71). Os punhos para bloquear com a parte externa do antebraço fazem uma rotação de 180° e conservam um ângulo reto. Os cotovelos devem estar fechados e juntos do tronco, ficando no entanto, um pouco dobrados. As mãos devem estar bem fechadas para que não haja luxações nos dedos. Os ombros devem estar baixos e o abdômen projetar-se na direção do bloqueio, dando-lhe força. Em

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caso de recuo, ele deve dominar o reflexo que dá a maior distância entre o ataque e nossos quadris, fazendo repousar o todo da defesa, unicamente nos braços; é preciso, pois, que reentremos as nádegas, fiquemos arqueados e coloquemos os quadris para frente. Principalmente se formos atacados a mão armada (desenho 106). Sob um ataque de pé, é melhor avançar para deter, antes que o golpe tome velocidade, ou melhor, quando a tíbia estiver na vertical. Devemos, pois, bloquear a altura do tornozelo, podendo, pois, controlarmos a extremidade da perna. Se fizermos Otoshi-Uke de braço esquerdo e Tate-Zuki de direito por cima, faremos uma variante ou um bloqueio continuado com contra-ataque. Bloqueamos com a esquerda e batemos de direita diretamente (Tsuki). Para maior força no golpe, desçamos à posição mais baixa possível. O braço que corresponde a perna da frente, deve sempre, estar por cima do outro. Este é um bloqueio de força, pelo qual, tentamos colocar fora de ação o nosso adversário, ou injuriá-lo seriamente. JODAN - JUJI-UKE = bloqueio alto A ação é diretamente para frente e para cima, sendo a execução idêntica. Temos, pois, um Choku-Zuki duplo para cima. Varia, unicamente, a rotação de punho, segundo os estilos. Bloquear quando as falanges se voltam para baixo, martelo de ferro para frente (des. 72). Devemos manter uma posição baixa e sólida com o tronco na vertical, estando o abdômen contraído e de frente. Os ombros baixos e os cotovelos jamais apontando para o exterior para que os braços não se dobrem sob um ataque forte, falhando o bloqueio. Portanto os cotovelos devem apontar para

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baixo, e a bissetriz do ângulo formado pelos punhos devem, pela lógica, ser mantidos no mesmo plano do corpo. Somente assim, o bloqueio é sólido para conter um golpe de bastão vindo do alto. Desta técnica podemos tirar uma defesa para golpes no rosto, dados de mão fechada, se abrirmos as mãos em — Shuto — e conseguirmos puxar o braço adverso para frente desiquilibrando o oponente. Podemos utilizá-lo como meio de defesa contra o Jodan-Zuki, sendo os princípios os mesmos de AgeUke. Não recuamos a cabeça bloqueando. Devemos fazer o ataque ir para cima, desviá-lo de seu curso e não pará-lo bruscamente. MAENDE-DEAI-OSOE-UKE = bloqueio prolongado para frente É uma maneira de bloquearmos antes de que o membro adverso tenha obtido plena extensão. É, pois. um golpe dado com o antebraço (des. 73). Para isto conseguirmos, avançar bem sobre o adversário para conter seu princípio, ou melhor, antes que consiga força pela posição e velocidade de deslocamento. Parte, pois, para um bloqueio "sério" no qual o antebraço recebe a carga. E para fazer deste algo mais forte, devemos ligar ao movimento o prolongamento dos quadris na mesma direção abaixo bem do centro de gravidade. Jamais devemos usar esta técnica como defesa para golpes de pé, por serem estes mais fortes que o antebraço. Mais correto seria o emprego do Gedan-Juji-Uke, pois, o choque é recebido pelos dois braços ^ por ser um golpe poderoso. Podemos usar, também, com ou sem esquiva, se não quisermos nos defrontar com a força aparente, o Gedan-Barai. Para a execução do

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Maende-Deai-Usae-Uke, tomemos a posiçáo hachijidachi. Estendamos a mão fechada direita para frente, tendo as falanges para baixo e portemos a mão esquerda fechada, com as falanges para o alto, ao quadril direito, sendo que o antebraço esquerdo fica colado ao corpo. Ao percebermos o movimento do inimigo, avancemos o pé esquerdo bastante, ao mesmo tempo que enviamos um golpe seco, o antebraço esquerdo para frente com uma completa rotação do punho. No impacto o lado externo do antebraço está para frente, ficando o mesmo paralelo ao solo e ao peito. O cotovelo fica diante do corpo e não sobre o lado. Bloqueando com o braço esquerdo faremos, com vontade, hikite com a mão direita fechada para que haja efeito, força e precisa sincronia nos dois movimentos. O peito deve ficar três quartos da frente; o abdômen lançado para frente, enquanto as nádegas são contraídas e a mão fechada de trás está pronta para um Gyaku-Zuki. O golpe é doloroso, podendo paralisar o membro do adversário. O próprio contra-ataque não é necessário se o golpe é bem dado. Para um efeito certo é preciso que haja força e velocidade no antebraço que parte para o adversário. A perfeição do golpe é acentuada pela rotação do punho, enquanto o braço "ataca", e não como para muitos, que faz somente o papel de escudo.

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CAPÍTULO X (ESQUIVAS) KAWASHI Por meio dos bloqueios bem estudados e praticados com insistência, é que podemos chegar às esquivas, que na verdade são uma maneira mais apurada de defesa. Logo, para conseguirmos atingi-las é preciso que consigamos perfeição e domínio em certos fatores essenciais. Dentre estes, podemos citar a estabilidade, o Kiine, a velocidade, a noção de distância, etc. Para muitos praticantes ainda germina a idéia que a esquiva é parte fundamental do gesto no Aikido e que pouco dela existe no karatê. Todos nós sabemos que a esquiva é diferente do bloqueio. Nela procuramos guiar o ataque adverso e não bloqueado pela força. Uma esquiva bem feita e bem aplicada coloca fora de irajetória o membro adverso. As esquivas bem feitas chegam a deixar passar o membro adverso bem perto do defensor. Nela, não é necessária a força exi gida pelo bloqueio. Mas uma certa perícia e perfeição, que por simples afastamento fazem um trabalho superior. Um fator interessante é que a pouca força usada na esquiva não advém somente dos braços, mas também dos quadris que são fatores importantes nos bloqueios, como vimos anteriormente, somente que nas esquivas seus movimentos são mais ângulos, em razão de que seu movimento se faz junto com o deslocamento dos pés. As regras: Velocidade = Devemos ter sempre em mente que

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a exatidão da esquiva é tator de sucesso. Não devemos antecipá-la para que o adversário não mude a direção do ataque e muito menos retardá-la, pois desta forma de nada valeria sua execução. Na última fase do ataque deve iniciar a esquiva e deve terminar ao mesmo tempo ou segundos antes do mesmo. Se o ataque findou e não houve nada de anormal, ou melhor, se não fomos atingidos, não devemos fazer uma esquiva, mas sim, tentar bater antes que haja tempo para um contra-ataque. Sendo já difícil bloquear um movimento circular do braço num ataque rápido, mais ainda o é para a esquiva, pois aqui, existe o movimento no momento de outro movimento, acompanhado da agitação normal e da deslocação do corpo, ou parte dele. Esquivar. É a arte de sair de um golpe de perto, usando um notável golpe de vista e muita coragem. Devemos vencer o receio que nos faz afastar demais c chegarmos à perfeição de lograrmos um afastamento de centímetros, chegando a mantermos um contato estreito com o adversário. Da mesma forma o recuo deve ser o mínimo possível para que possamos bater quando findar seu ataque. Flexibilidade no lugar da força. A velocidade de deslocação obtida pelo total relaxamento do corpo é o fundamento para a perfeição da esquiva. Devemos, pois, estarmos flexíveis e não tensos e retesados, o que dificultaria a esquiva. É difícil, pois, há a rapidez do ataque real e o receio de sermos tocados, nos produz aqueles efeitos. A força jamais intervém senão no momento do contato e na fração do raio, assim como a batida deve ser seca. Aqueles que são mestres na esquiva, ficam sempre perto do adversário, podendo usarmos a expressão "sempre colados"

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OS QUADRIS Quando o corpo perdeu a estabilidade pela deslocação dos pés ou pela modificação da posição do peito, produzido no mesmo lugar, não há a segurança normal advinda de uma posição ortodoxa. Pode existir o apoio e ainda a força dos braços, mas para que um deles chegue ao adversário, pela modificação da posição, é necessário preencher aquela falha pela rotação vigorosa e seca dos quadris, no mesmo sentido, ou em sentido contrário ao movimento do braço. Os quadris, pois, esquivam, e não os braços que são apenas o veículo. Ainda esquivar: Esquivando pata o exterior do ataque, evitamos ser contra-atacados pelo membro oposto, ganhando chances para contra-atacar. Uma esquiva feita na zona frontal do adversário não o deixa atacar sem fazei modificação no seu ângulo de ataque, não podendo intervir sem que tenhamos tempo de colocar nosso contra-ataque. Todas estas recomendações devem ser observadas no Ki-hon-kumite, sem o que, todos os esforços ruirão e não faremos esquivas, mas só bloqueios acompanhados da deslocação do corpo. POUPANDO ENERGIA Menor contato com o membro adverso. Eis aí, uma qualidade específica da esquiva. Por não haver absorção do choque, não há o receio das injúrias e dores e quando de ataque a mão armada, somente a esquiva funciona com eficácia. Somente assim, protegemos o corpo.

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Oesiquilibrando o adversário: Seria o meio pelo qual bateríamos secamente de lado em seu braço, aproveitando o seu total empenho ein atacar-nos. Sabemos que na esquiva aproveitamos o último momento do ataque e que não nos interessa parar o golpe secamente, mas sim, deixar a força do adversário levá-lo pela esquiva à direção da partida, sabendo-se que ao partir, ele de nada suspeitou, lançando-se fundamente no ataque. Se portanto procedermos como foi dito acima, poderemos desiquilibrar o adversário de maneira eficaz. Contato direto. Bloquear não deve ser o todo para aquele que inicia, mas uma parte para chegar à esquiva. O bloqueio é fundamental nos assaltos de estudo, onde a técnica empregada é uma, mas não nos assaltos ou ataques livres, quando o adversário pode usar aquilo que bem aprendeu, ou sabe. Aí sim, deve valer aquilo que até aqui foi dito sobre esquivas, em principal a parte da esquiva para o exterior, mantendo um contato estreito com o inimigo. Ele não poderá, de modo algum, sem perder tempo, voltar a se estabilizar ou procurar uma nova técnica. Logo para quem se defende, a zona de melhor perigo é aquela perto do adversário, onde podemos, por vezes, ter seu braço ou pé para usá-los. Atacados, desviamos atacando! AINDA A DEFESA Aqui vamos fazer paralelos entre força e técnica, e mostrar vantagens c desvantagens entre ambas, quanto aos bloqueios para que vejamos o valor da esquiva. Dois praticantes de força e técnica iguais; vence aquele que ataca, pois, pode furar o ataque ou pisar aquele

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que bloqueia pela força do golpe. Se aquele que bloqueia possua mais força e as teorias são idênticas, possivelmente leve a melhor. De outro modo, se a força é menor para o que bloqueia, facilmente ele pode ser abatido. A DECISÃO NO CONTRA-ATAQUE Estando próximo do adversário o contra-ataque será mais eficaz se for acompanhado de esquiva, aproveitando a antecipação do seu Kime e em descontração. Não devemos reforçar o contra-ataque ein detrimento do poder da esquiva. Ficando próximos, podemos bater de joelho, de cotovelo, etc. Logo, o contraataque imediato, a esquiva e antes do ataque adverso chegar ao fim desorienta o adversário. Esquivas principais: A esquiva em si, é um movimento da parte superior do corpo, seguida de um deslocamento dos pés, e maneira pela qual nos colocamos em relação à linha de ataque. A maior parte dos bloqueios podem se adaptar para acompanhar a esquiva, sendo que o gesto do braço deve ser vigoroso e ter harmonia com o movimento da p.erna. O abdômen deve sempre estar sólido e pronto para a ação formando um elo entre ambos. Esquiva Sotto-Uke = Diagrama A. A direção do ataque está indicada pela flecha 1 e o sentido do bloqueio pela 2, ficando as partes negras marcando a posição dos pés. Giramos sobre o pé da frente, forçando-o para a volta, para o interior, enquanto o pé de trás desloca-se para o exterior. O peito e a bacia voltam para o mesmo sentido, enquanto o bloqueio leva uma nova d i r e ç ã o . . .

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O eixo da posição forma um ângulo agudo com a direção do ataque, sendo que ao tempo do bloqueio no mesmo lugar fica paralela. Não devemos girar com amplidão, e o deslocamento do pé deve ser fraco para que haja rapidez de movimento. Podemos nos esquivar no mesmo lugar, passando de Zen-Kutsu a KibaDachi. Esquiva = Gedan-Barai =

Diagrama B

A esquiva é feita pelo giro do pé de trás e pelo bloqueio (Zen-Kutsu). A flecha 1 dá a orientação do ataque e o sentido do bloqueio pela 2. Desde o bloqueio a rotação dos quadris e o movimento do braço vão ao mesmo sentido. A esquiva é feita pelo giro do pé e de trás e pelo deslocamento do pé da frente, além da linha de ataque. Executamos Gedan-Barai — para a direita, voltando com força a bacia e o peito para a esquerda. A posição é um Zen-Kutsu para trás ou um Kiba-Dachi. Isto não levará muito tempo, pois giraremos as cadeiras de imediato em sentido inverso para batermos. O deslocamento do pé da frente deve ser fraco , enquanto os quadris fazem a rotação com energia, sem jamais dar as costas para o adversário. O ataque deve passar por trás e a posição do peito deve ser de perfil. A coluna deve estar na vertical, não mudando a posição dos quadris durante a esquiva. Esquiva com Nagashi-Zuki (D. 74 e 75). Para esquivarmos sem bloqueio é preciso uma técnica dominante e precisa, pois acjui o adversário está próximo de tocar. Devemos conservar um braço defronte da zona ameaçada. Logo este braço pode nada fazer se a esquiva for boa, desviar o golpe em caso

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contrário ou mudar de ação caso precise, mas para isto é necessário ter flexibilidade desde a ação. No des. 74. Vemos que grande esforço faz para afastar uni Mae-Geri, principalmente, na linha mediana vertical do corpo. Sendo forte, a perna do nosso adversário pode passar à defesa e inflingir-nos danos. No des. 75, temos uma defesa para o exterior. Aqui há uma técnica especial, pois, no instante onde o pé está mais pronto de fazer sua ação, podendo mudar seu trajeto, voltamos com vigor os quadris e batemos com a mão fechada da frente, tendo a bacia de frente, c o braço de trás ao longo do abdômen para bloquear se preciso. £ necessário que principiemos a estudar as esquivas simples, pois, as esquivas em si são numerosas. Penso que. aquilo que axé aqui foi narrado, serviu para base e compreensão. De nada valera começarmos pelas difíceis, por serem as mais bonitas ou as mais eficazes. Há casos nos quais podemos girar até 180° sobre nós mesmos, ou lançando-nos com as duas mãos ao solo para o contra-ataque com os pés, etc. Então por serem perigosos e difíceis, indicamos ris aqui descritas para início, por serem base. Pratiquemos, seriamente, com um companheiro e a façamos bem perto da mão fechada e bem lentamente. Nada de usar a força, e sim. a flexibilidade, o certo é pensarmos no adversário como um objeto de ferro e estático, com o qual, podemos unir nosso corpo. Afastamos o máximo a mão fechada do adversário, sem quase nos deslocarmos. Com paciência e constância, coloquemos velocidade e força nos movimentos e não esqueçamos que a esquiva é uma arma de dois lados. Devemos trabalhar com a flexibilidade e a descontração total para que não paremos nos erros onde a precipitação e contração tolhem os movimentos.

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ouvimos afirmações que demonstram o quanto surtiu efeito aquele aparato tão bem organizado. Se na televisão, o herói ataca e vence, para o público ele pratica judô, mas executa técnicas de K a r a t ê ! . . . Pensamos nós, que somente através do conhecimento e do aparecimento das artes marciais no seu total, é que este estado de coisas poderá mudar, fazendo com que o judô torne a seu lugar de origem, salientando que, de maneira alguma, existe desmerecimento, mas pelo contrário, muitos méritos a seu valor educativo e esportivo. A defesa pessoal é comumente vista de um lado mais fácil, por sempre aparecer como uma parte contínua das técnicas de combate. Podemos afirmar que, por várias razões, a defesa pessoal não é estudada e levada a sério como merecia ser. Para isto, podemos anexar a pressa, e o pavor que tem o público pelas coisas demoradas e difíceis de aprender. É sabido que o povo clama por métodos fáceis, eficazes e prontos a dar-lhes em poucos meses o que as "outras séries", dar-lhes-iam em vários a n o s ! . . . Ora, devemos ser sérios e ponderáveis, com a defesa pessoal. Nela há técnicas de precisão, estudadas a fundo, para serem postas na prática em ocasiões "especiais". £ preciso, além do intelecto, esforço físico para que a dominemos, logo, não ficaria bem, tentarmos somente pelo meio da leitura chegarmos a uma meta que diz inais do que "lutar". É preciso que saibamos que, dificilmente com o intelecto, poremos fora de combate um ignorante disposto a tudo. E dizendo isto, pensamos lembrar aos mais incautos, que na defesa pessoal é preciso além do intelecto, a técnica, pois, já o nome diz tudo: algo nos defende de uma agressão Dos livros fáceis, e dos cursos mágicos, devemos ter pena, pois, além de roubarem minutos preciosos dos a'lunos, inculcam nas pessoas um estado de segurança falso, que a

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muitos levou à desilusão. Quantos ávidos pela propaganda desordenada, desabilitados pela tapeação, não tiveram seus sonhos desfeitos? É sabido que todo o praticante, mal orientado, deseja, logo que possa, provar seus conhecimentos. E quantos não ficaram desiludidos? E o que dizemos daqueles outros que dotados de força, vitalidade c capacidade, não "dormem", enquanto não põem à prova suas qualidades de brigantes, qualidades estas, adquiridas de modo tão pouco recomendável. Mas o que fazer? De momento tentarmos abrir os olhos dos iniciantes e não nos esquecermos daqueles já "viciados". A verdade é que a defesa pessoal como é hoje caracterizada, nada mais é que um sumário cheio de técnicas complicadas diversas. Estas deixaremos de lado, pois, pensamos não levarem a nada de objetivo. Nos fixaremos naquelas de base mais fáceis de fixar e assimilar, e mais úteis do que aquelas confusas, que nos tentam impingir os amantes dos espetáculos, tão desviados estão do alvo verdadeiro do Karatê. Aqui não nos fixaremos, e muito menos apresentaremos trabalhos exaustivos, mas pelo contrário, um número de conselhos que nos auxiliará cm caso de confronto "Real". Todos nós estamos predispostos, a um dia qualquer, nos defrontarmos com uma vicissitude. E esta pode ser aquela da agressão! Portanto, a defesa pessoal deve fazer parte de nossas vidas, mas estudada com vagar e seriedade. As variações: Não há um só método de defesa pesscal e pensamos que seria absurdo nos aprofundarmos em todas as artes marciais, na intenção de unificarmos todas as virtudes em um só d e s e j o ! . . . O lógico será escolhermos entre tantos, aqueles que mais nos convém.

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depois de longos meses de prática é que iremos sentir a torça q u e existe nesta técnica. No Wado-Ryu, toma o nome de Kaia-Zuki (des. 5, 6 e 7), Chodan-Choku-Zuki de mão direita. Fiquemos etn hachiji-dachi estendendo a mão esquerda fechada para diante e de unhas para o solo. ao nível do plexo. A mão fechada oposta é tirada para trás, na altura das costelas flutuantes, com as unhas para cima. O ombro esquerdo fica baixo. O cotovelo aponta para trás (des. 5). Os ombros aí, têm o mesmo nível e ficamos descontraídos, menos na aluna do abdômen. £ preciso trazer o cotovelo esquerdo contra o tronco, iniciando a rotação da mão fechada esquerda no sentido oposto. Ao mesmo tempo a mão fechada direita vai para a frente, fazendo a rotação no mesmo sentido. Conserve firme o cotovelo ao longo do tronco (des. (5). Ao final da rotação da mão esquerda, is unhas estão para cima, ao flanco esquerdo, assim que estiramos o braço direito. Aí, a mão direita finda de voltar, parando na altura do plexo no plano vertical médio de nosso corpo (des. 7) onde no des. 7 está a esquerda. As recomendações que fazemos são as seguintes: não devemos movimentar o peiio durante o movimento, mas conservá-lo de frente. Devemos, no entanto, bater forte c perto, não deixando os ombros se elevarem, O nosso abdômen deve estar sempre forte para que não nos desiquilibremos para frente. É importante nos sentirmos bem postados sobre as pernas. Devemos fazer um Rime breve e amplo, parando-o ao final do curso, contraindo a cinta abdominal ao máximo. Após, expiremos rapidamente, nos relaxando, imediatamente. A mão fechada que volta, o faz com a mesma força da outra que bate. Não devemos sacudi)' os cotovelos ao bater, mas deixá-los lotar o longo

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de nosso tronco. O golpe é sempre dado com a lorça do ventre, não deixando outra qualquer interferir. No impacto devemos contrair a axila e não o ombro, para que o golpe seja poderoso. Treinamento: devemos nos exercitar, sempre que possível, usando um espelho para ultrapassar nossos defeitos. A flexibilidade sempre deve estar presente, e não devemos unir força e velocidade antes que haja forma perfeita de movimento. Somente devemos colocar certo ritmo na medida do progresso real, podendo inclusive, ter um tempo de parada entre cada golpe para que haja concentração para batermos novamente. Devemos treinar com posições bem baixas para que exista tensão sobre as pernas, facilitando assim, a contração do abdômen. As posições que devemos variar são: Uchi-Hachiji-Dachi, Heiko-Dachi, San-Chin-Dachi, Kiba-Dachi, Shiko-Dachi e Seishan-Dachi, fazendo-as sempre de frente. T a m b é m devemos treinar as paradas a poucos centímetros do alvo pré-estabelecido, usando neste tipo de treino, todas as forças na mesma direção. Esta maneira de treinar dar-nos-á após alguns meses, capacidade para desfechar sucessivos golpes, sem que haja falta de fôlego. Não esqueçamos que todos estes golpes deverão ter a mesma força e movimento para que consigamos êxito. Para que exista a naturalidade é bom que variemos os níveis e as formas, fazendo inúmeras repetições com velocidade, força e descontração. Por ex.: duas vezes Jodan e duas Chudan. AS DERIVAÇÕES Sabemos que a base e o fundamento dos golpes de mão fechada no Karatê, é o Choku-Zuki. Foi por esta razão, que tentamos exemplificar a trajetória retilínea e a rotação da mão fechada sobre a mesma. Va3

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mos, pois. csiudar outros gulpt^ que são loniuiv di-rívadas do Choku-Zuki e o faremos 110 mesmo luu.ir, numa posição natural. Tate-Zuki — golpe vertical (des. 8) Aqui, a mão fechada não faz uma rotação completa. No impacto o martelo de ferro está voltado para baixo. Este é um golpe de meia distância. Nele o braço pode ficar estendido ou ligeiramente dobrado. Por ser uma técnica muito forte, serve para ataque e contra-ataque. Ura-Zuki = golpe aproximado (des. 9) No impacto, as falanges estão voltadas para cima e o braço fica dobrado com o cotovelo perto do corpo. O golpe deve ser seco e com plena força do ventre. Podemos bater 110 abdômen, e 110 queixo, havendo unia áção de levantamento que vem do quadril. Age-Zuki =r golpe subindo (des. 10 e 11). Nesta técnica há uma trajetória de arco, pois. o golpe parte de uma posição baixa, na direção da mandíbula por baixo. Aqui não fazemos uma trajetória reta, mas em arco. Se elevarmos os ombros e não contrairmos as axilas esta será falha. Mawashi-Zuki — golpe circular (des. 12). Neste golpe há uma trajetória curva. A ação da mão fechada é a mesma, partindo do quadril e tocando o adversário sobre o lado, a têmpora ou o queixo. O movimento do quadril é feito no mesmo sentido da ação. Devemos fazer Kimc assim que os Kentos chegarem ao plano vertical médio, passando por nosso corpo. Não devemos deslocar os cotovelos e não movimentar os ombros.

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Seiken-ago-Uüii: golpe que salta /des. 13 e 14). Na prática, este golpe devemos desferir de qualquer posição, com igual força e direto, o que não acontece quando a técnica é de base, quando então, batemos a partir do quadril. Nesta técnica o golpe parte para o queixo do adversário e volta à posição de início por um movimento muito elástico. O golpe não pára ao impacto. Elevemos as mãos fechadas até a altura do rosto, conservando as falanges para o interior. Sem reconduzir a outra mão para o quadril, batemos com uma breve rotação do quadril. I odas estas técnicas foram estudadas no mesmo lugar, mas há aquelas que se fazem com deslocação, e nestes casos toda a força de translação faz parte do golpe, como faz parte das técnicas, no mesmo lugar, a rotação do quadril. Vimos também, as técnicas ligadas a u m a posição básica e as aplicações fundamentais da mão fechada em combate. Não nos prolongamos mais por acharmos que 11a base o fundamento é o mesmo, e que para chegarmos a níveis mais altos, depois de longa prática, podemos variar as armas naturais. Onde aplicar o Choku-Zuki. Oi-Zuki = golpe de mão fechada em perseguição. Este golpe é dado avançando para o adversário, amplamente, em Zen-Kutsu desferindo-lhe o mesmo em perseguição. Batemos 'do mesmo lado do pé que avança. Iniciemos batendo na altura do plexo para mais tarde, com mais técnica, tentarmos o rosto. Iniciemos em Zen-Kutsu a esquerda, tendo a mão direita fechada em hikite, assim que a esquerda é estendida diante de nós, ao nível Chudan. Avancemos o pé de

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trás, sem nos inclinarmos para frente, conservando o peito de frente e o abdômen forte (des. 15). Somente comecemos nosso golpe no momento que os pés se cruzam, fazendo o pé se imobilizar antes do momento preciso, onde a mão bate. Sc houver movimento após o impacto do pé falharão os pontos de apoio, sendo que, imobilizando-se muito depressa a força de translação do corpo para frente, não pode se juntar ao golpe. Tenhamos o peito c a bacia sempre de frente no impacto e fiquemos sempre em Zen-Kutsu estável (des. 16). Nunca elevemos os calcanhares e cuidemos para que haja um ângulo agudo entre o braço e a clavícula, sendo uma resposta certa de quem bate em correto Choku-Zuki, em plano vertical médio do corpo. Não devemos balançar os braços antes e durante o movimento, avançando o mais direto possível e não elevar os quadris no transcurso da deslocação. Somente após estarmos senhores desta situação, é que poderemos pensar em velocidade. Nesta posição, pouco comum, podemos atacar de longe. Para evitarmos o golpe parado ou a defesa adversa, é preciso avançar o mais rápido possível. Este avanço deveria ter a mesma velocidade dos golpes de mão fechada 110 mesmo lugar.. Esta técnica será usada nos ataques para estudo. No dia em que dominarmos esta técnica com perfeição estaremos dominando uma das partes mais preciosas do Karaté. Podemos avançar também em Tate-Zuki e UraZuki. No Jun-Zuki-no-Tsukkomi, ataque mais penetrante para frente, difere a técnica. A postura do pé da frente, peito de frente, sendo que o golpe não parte senão, um segundo tempo, com rotação dos quadris no

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mesmo sentido: Ao impacto, o peito se inclina para diante, ficando a três quartos de frente, e o joelho da frente dobra mais que em Zen-Kutsu normal. T obikonde-Oi-Zuki Nesta técnica cuja execução é idêntica à do OiZuki, para obtermos um alongamento maior no golpe, sem perdermos o equilíbrio, nos inclinando para frente, partimos para o adversário, no sentido de comprimento e não de altura. Não devemos voltar o peito no impacto. No momento em que os pés se cruzam, aquele que faz o apoio propulsa o corpo para frente e desliza 11a mesma direção; fazemos mais um Sanchim-Dachi largo, pela posição da perna, do que um ZenKutsu (des. 17). Para que todo o peso do corpo participe do Tsuki e que seja lançado para frente e freiado brevemente, é preciso que haja sincronia do golpe de mão fechada, com a retomada do contato dos pés com o solo. O calcanhar de trás pode levantar. No momento do Kime não deve haver balanço algum do corpo, mas este deve se tornar num bloco rijo. A descontração total no instante após, não é mais indispensável para manter o equilíbrio. O movimento finda com freqüência por um empurrão do adversário, no mesmo sentido que o golpe de mão fechada. Devemos fazer o possível para saltarmos cada vez mais longe e velozmente. Esta técnica é mais empregada na competição, por requerer uma técnica perfeita. Mae-te-Zuki = golpe de mão fechada para frente. O golpe de mão fechada muito rápido e incerto, assim como todas as técnicas de mão e de pé dadas com um membro para frente, sendo, no entanto, menos forte que aquelas dadas com o membro de trás. Podemos encadear um mae-te e um tsuki de mão fechada

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(U: u .is, cm outro nível. Eis um n ú m e r o de golpes, do <|iic em si. ura golpe distinto. O Mae-te é toda a técnica executada com a mão da frente fechada. Mesmo q u a n d o a diferença entre ambas as mãos é pouco sensível. Este golpe é possível sobre o mesmo lugar, após ter avançado do lado correspondente. Sc após batermos em Oi-Zuki, batermos de novo no mesmo lugar, com a mesma mão, após tê-la levado contra o quadril, é um Mae-te. Podemos, pois, bater vezes seguidas a níveis diferentes. Tobikomi-Zuki = chada.

golpe para frente de mão fe-

Fiquemos em hidari-shizentai com os braços ocilantes ao longo das coxas, e as mãos fechadas. Esta técnica é Wado-Ryu. "Deslizemos" para frente do pé anterior, tendo o tronco vertical e as mãos não deixando seu lugar. Logo devemos bater com a mão fechada direto cm correspondência com a perna da frente, dando o impulso preciso com o quadril. A mão fechada não precisa partir de um hikite clássico. Ao batermos, o peso do corpo vai um pouco para frente, fazendo com q u e o joelho da frente dobre mais do q u e em ZenKutsu normal. O busto tende para frente e fica ds frente ou aos três quartos de frente (des. 18). O golpe é saltante, não existindo balanço do resto do corpo e devemos trazer de novo a mão fechada de frente dobrando o cotovelo, trazendo-o a alguns centímetros do tronco. É preciso trazer novamente o pé esquerdo para trás para que fiquemos em hidari — Shizentai. No Ki-hon, devemos avançar do mesmo lado por "deslizes sucessivos. Avançarmos pouco, mas o pé de trás desliza quaisquer centímetros na mesma direção, sendo então, lançado para frente o peso do corpo. Pode-

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mós Usar esta técnica, tendo o pé direito na frente (Migi-Shizentai). Kizami-Zuki = golpe de perfil. Após termos feito um gyaku-zuki conservando o peito de frente, fiquemos em Zen-Kutsu (des. 19). Dizemos antes que esta técnica não é mais do q u e um Mae-te, feito com uma forte rotação dos quadris. Devemos bater de mão fechada esquerda ao nível Jodan, sem m u d a r a posição; mas com um vigoroso impulso do quadril esquerdo, no mesmo sentido. A mão fechada direita fica em hikite clássico, ao passo que a coluna vertebral fica na vertical (des. 20). Refaçamos gyaku-zuki direito ao nível Chudan. É preciso contrair o cinto abdominal ao máximo e cuidar da estabilidade. Nagashi-Zuki esquiva.

=

golpe

de

mão

fechada

com

Podemos atacar esquivando com uma forte ação dos quadris. Esta técnica tem dois tempos, como o tobikomi-zuki. Deslizemos o pé esquerdo para frente, tendo os braços ocilantes (des. 21). Batemos com a mão fechada da frente no rosto, trazendo a outra ao plexo como para tobikomi-zuki. Batemos com uma rotação dos quadris. O joelho e o pé dianteiro giram na mesma direçã, sob o efeito da rotação, sendo que o pé de trás volta-se para o exterior. O busto pende um pouco e o peito resta de perfil. Podemos nos encontrar sob um novo eixo em relação ao adversário, se o pé de trás por força da forte rotação ficar livre do peso do corpo e acompanhar o movimento desligando para trás à esquerda. Des. 22. Reconduzamos a mão fechada de trás, à altura do oinbro. Fazemos o mesmo à direita, partindo de

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Migi-Shizentai. É preciso que tenhamos uma grande velocidade na execução e conheçamos bem as esquivas. Gyaku-Zuki = golpe de mão contrária. Aqui podemos bater com a mão contrária a perna da frente. Des. 23. A execução deste golpe difere de acordo com a importância que damos à ação dos quadris. O golpe se inicia assim que o pé passa à frente, e este golpe se pode dar no mesmo lugar. Aquela ação faz recolar a força de translação do corpo para frente, por outra força, feito do qual a força do golpe é dada com a força do braço. Batemos também, com uma deslocação dos quadris para frente durante o Tsuki, ou com a forte rotação das mesmas. Nestes casos a perna anterior modifica sua posição para suportar um aumento de peso ou para facilitar a volta dos quadris. A fim de alargar o políguo de sustentação, a posição deve ser baixa, funda e bem afastada do que Zen-Kutsu e mais para Oi-Zuki. Jamais elevemos o calcanhar de trás, mantenhamos a estabilidade e a posição vertical do busto e não avancemos o ombro do braço que bate. Nos deslocando, executamos o Oi-Zuki em um tempo c o Gyaku-Zuki em dois. Esta técnica é ótima para contra-atacar após um bloqueio ou esquiva de um ataque. Em Wado-Ryu temos três tipos de golpes contrários: Gyaku-Zuki normal avançado o Gyaku-Zuki dado no mesmo lugar (ippon-tate-gyaku-zuki ou sonobade-ippon-toru) o Gyaku-Zuki dado no mesmo lugar com o balanceio dos quadris na lateral (Gyaku-ZukiNo-Tsukomi) e Zen-Kutsu pouco fundo, mas muito afastado e o peito inclinado para frente. Kaji-Zuki Neste golpe utilizamos a posição Kiba-Dachi na qual ficamos de perfil em relação ao adversário. Nós

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o aplicamos em contra-ataques corpo-a-corpo. Des. 24. A mão fechada sai de um hikite clássico, batendo sobre o lado e conservamos paralelo ao peito e ao solo nosso antebraço. Não devemos bater além do nível do plexo. Não devemos movimentar o ombro e o cotovelo ao bater, mas por outro lado não devemos esquecer de contrair a axila. O braço fica como que descendente, o ombro mais alto que o cotovelo e este, mais alto que a mão fechada. A outra mão fechada deve ser trazida com força até o quadril. O cotovelo dobra até um ângulo reto, podendo bater com a mão fechada na posição vertical (tate-zuki) ou com a mão (nukite) devemos evitar o ataque, procurando ficar o mais perto possível do adversário como em Soto-Uke para o exterior de seu braço para, então, contra-atacar ou seu plexo, se o tivermos de frente. Morote-Zuki =

golpes duplos de mão.

Há técnicas com as quais podemos desferir golpes de mão fechada ao mesmo tempo. Seria o caso de RenZuki ou Dan-Zuki. São golpes e maneiras difíceis, pois podemos falhar em um, ou no que diz respeito à força dos dois Tsuki. Por suas dificuldades, e em especial, a necessidade de concentrar energia em ambas as mãos fechadas, não é aconselhado para aqueles que debutam. Mas para aqueles que já têm certa prática, nós aconselhamos em razão de ser um golpe difícil de bloquear. Temos então os: Heiko-Zuki = golpe paralelo. Dispare as duas mãos fechadas dos quadris e bata Chudan; as falanges estão para cima. Este é um golpe duplo, dado com as duas mãos ao mesmo nível.

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Awase-Zuki = goipe ci;í 1/ O mesmo início do golpe de cima, só q u e a mão do lado da perna da frente bate Gcdan, falanges para cima, e n q u a n t o que a outra bate em Gyaku-Zuki ao nível C h u d a n ou Jodan, falanges para baixo (des. 25). N ã o elevemos os ombros. Yama-Zuki =

CAPÍTULO XII

golpe em U largo.

Nesta técnica saímos em heisoku-dachi, mãos fechadas ao quadril direito; o direito em hikite, o esquerdo em Tate-Zuki, repousando por cima. Em ZenKutsu, avancemos o pé esquerdo, abrindo o antebraço esquerdo para o exterior esquerdo, e o cotovelo perto do corpo, ao passo que nos inclinamos para frente. Devemos bater ao mesmo tempo de mão direita fechada, cm Mawashi-Zuki, mais que cm Choku-Zuki. O peito fica de perfil. Este golpe é uma variação da técnica anterior. Batemos com a rotação do corpo e pendendo o busto, mas visamos os mesmos níveis (des. 26). Podemos bater com a mão de trás. ao nível Jodan, por baixo de um ataque adverso.

UCHI-WAZA

TÉCNICAS DE GOLPES INDIRETOS MEMBROS SUPERIORES Nesta técnica a força não é- usada diretamente para frente devido ao movimento de pistão do braço, quase lateralmente, devido ao movimento seco do cotovelo. O trajeto que faz a superfície de bater é curva e mais longa e não retilínea. Estas técnicas são mais lentas frações de segundo, do que as outras, fator importante nos combates avançados, onde impera a velocidade. Mas se há esta desvantagem, de outro lado há a vantagem destas técnicas serem devastadoras em conj u n t o com as outras. O que aqui vamos estudar também se encontra em defesa com sufixo Uke e não Uchi. Podemos atacar e bloquear com golpes circulares, e q u a l q u e r deles pode servir de ataque como de bloqueio. As técnicas: Uraken-Uchi =

com o reverso da mão.

Neste golpe batemos com o dorso da mão fechada, especialmente com os Kentos, fazendo um movi-

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mento em círculo, usando o cotovelo como eixo. O golpe é forte e dois movimentos sâo conhecidos: Na vertical de cima para baixo (des. 27). Elevamos a mão fechada acima da cabeça, falanges para frente e o cotovelo indicando o exterior. É preciso trazer novamente o cotovelo contra o peito e bater ao tempo com a mão fechada, fazendo u m a rápida rotação. No impacto as falanges voltam para cirna, ficando o braço dobrado. Devemos forçar o ombro para baixo. Se o adversário se inclina podemos bater no rosto, etc. Do interior para o exterior na horizontal (des. (28). Conduzir a mão fechada contra a orelha oposta com o dorso voltado para o exterior c o cotovelo indicando o adversário. Ao batermos lancemos o cotovelo na direção do objetivo, desdobrando o antebraço em torno do cotovelo, até o limite possível para articulação. A mão fechada não volta, batendo na vertical com a palma para cima. Em todas as posições podemos usar esta técnica visando bater o pescoko, os flancos, a cabeka ou o plexo. Tetsui-Uchi = martelo de ferro. Dois movimentos são possíveis. Nestes é essencial fecharmos bem a mão para que o pequeno dedo não sofra injúrias. Isto porque batemos: Com a parte carnosa da, mão. Na vertical de cima para baixo. O movimento de início é como o primeiro do Uraken-Uchi. Batemos igual sem fazer a rotação total da mão fechada. Ao impacto volta-se para baixo o martelo de ferro, ficando o braço dobrado. Podemos bater na fronte, clavícula e dorso. Na horizontal do interior para o exterior, o mesmo que o segundo movimento em Uraken-Uchi, vol-

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tando a mão fechada sobre a sua trajetória para bater. As falanges ficam para baixo. Esta técnica usa-se muito em Kiba-Dachi, após a esquiva para o exterior do ataque. Batemos por baixo do braço adverso no abdômen (des. 29), usando os outros lados das mãos, também podemos bater semelhantemente, sendo que são possíveis de injúria pela fraca resistência que possuem. As técnicas de mão: Shuto-Uchi = golpe de sabre de mão. N u m ataque em linha reta podemos usar cinco maneiras especiais. Dentre estas escolhemos as três que achamos fundamentais. Na vertical de cima para baixo. T e n d o a mão aberta procedemos como em Tettsui-Achi, vertical, visando à clavícula. Do interior para o exterior na horizontal: Com o dorso voltado para o exterior, trazemos a mão para a orelha oposta, tendo o cotovelo para o adversário. A outra mão está estendida por baixo, com a palma para o solo, na mesma direção do cotovelo (des. 31). Batemos com uma ação contrária dos braços, tirando a mão da frente do quadril, formando a mão fechada. ao passo que desdobramos o outro antebraço em torno do cotovelo com uma rotação do punho. No impacto o braço fica estendido indicando o adversário com a palma para baixo. Notemos a ação do quadril. Usamos esta técnica no bloqueio do sabre de mão. Na horizontal do exterior para o interior. Aqui não cruzamos os braços quando nos preparamos. Levemos a mão à altura da orelha do mesmo lado, tendo a palma para frente e o cotovelo indicando o exterior. Na altura de nosso plexo estendamos a mão oposta para

diante do adversário, tendo a palma para o solo (desenho 31). Efetuemos uma rotação do quadril na direção do golpe, ao passo que tiramos a mão estendida para junto do quadril. Daí enviamos a mão oposta para frente, batendo com uma breve rotação de p u n h o o objetivo desejado. Ao impacto a palma volta para cima e o braço dobra um pouco. Não devemos contrair a mão e o braço durante o movimento, mas somente no impacto. Haito-Uchi = golpe de sabre de palma. Este é um golpe rápido, mas produtivo. Nele mais vale a velocidade da rotação do p u n h o q u e a força. Com o lado cortante da mão podemos bater na têmpora, no rosto, etc. Trazemos a mão ao quadril oposto, tendo a palma para baixo e o cotovelo indicando o adversário. Com a palma para baixo estendemos a outra m ã o para ele na altura do plexo. Fazendo uma ação contrária dos braços batemos. Continuando. tiramos a mão da frente, levando-a ao quadril e formando a mão fechada, a passo que desdobramos o outro antebraço em torno do cotovelo, com uma rotação do punho. Fazendo uma trajetória curva do interior para o exterior, a mão é levada para frente. A palma volta para cima no impacto (des. 34) e o braço fica um pouco dobrado. Teisho-Uchi = golpe de palma. Afastemos as mãos ao máximo do corpo, tendo os braços estendidos sobre os lados. Dobramos o punho, tendo os dedos dirigidos para o adversário com o polegar no alto. Jogamos a mão para frente fazendo rle nosso ombro um eixo e antes do impacto retornamos o p u n h o

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q u e estava dobrado no sentido oposto. A q u i o que interessa é o vigor e flexão da mão. A parte carnuda da mão é pois uma arma de grande poder. Podemos usá-la em T s u k i como golpe de mão fechada; em Uchi como vimos, pela flexão do p u n h o fazendo partir a palma na direção do golpe. Portanto a articulação do p u n h o deve ser flexível. Podemos usar outras formas como de baixo para cima, de cima para baixo, do interior para o exterior, basta q u e aprendamos o que foi explicado acima. No bloqueio Teisho-Uke encontramos o mesmo movimento do p u n h o . A mesma flexão é üsada no Koken-Uchi, KeitoUchi e Seryuto-Uchi. Podemos bater da mesma forma coin o dorso da mão Henshu-Uchi, Uraken-Uchi e Kumade-Uchi.

O COTOVELO E AS TÉCNICAS

Mae-Empi-Uchi — golpe para frente No Des. 36 temos um golpe na horizontal. A mão fechada ao quadril em Hikite, levemo-a para frente fazendo-a descrever um arco de circunferência até a altura de nosso plexo, tendo as falanges para baixo. Aí, o cotovelo passa para frente parando no plano vertical mediado de nosso corpo. Jamais elevemos o ombro do lado do cotovelo que está em ação, mas devemos contrair a axila. O cotovelo deve bater direto e a articulação é dobrada ao extremo. Usamos esta técnica com mais frequência no mesmo lugar n u m contra-ataque e em ZenKutsu em posição de pé contrária.

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Yoko-empi-uchi — golpe de cotovelo de lado. Fiquemos em Kiba-Dachi e olhemos para o lado trazendo a mão fechada ao quadril oposto, e as falanges para cima tendo o antebraço colado ao abdômen. Estendamos a outra mão por cima com a palma para baixo na direção que aponta o cotovelo q u e vai bater. Logo teremos a mão defronte do quadril e façamos Kikite e n q u a n t o ficamos com o cotovelo sobre o lado até que o h u m e r o chegue ao plano do omoplata. A mão fechada desliza ao longo do corpo voltando, e tendo as falanges para baixo. Ao impacto fica perto das costelas flutuantes. Comparada com outras técnicas de cotovelo, esta falha pela amplidão sem deixar de ser eficaz. O ataque é mais direto q u e rctilineo c batemos sobre o lado assim que estamos de perfil em relação ao adversário, mais a m i ú d o cm Kiba-Dachi. Des. 37. Ushiro-empi-uchi — golpe de cotovelo para trás. Cada vez que batermos em Choku-Zuki de mão oposta executamos esta técnica com um cotovelo. O Hikite deve ser enérgico. Partimos de Gyaku-Zuki olhando por cima de nosso ombro e disparamos a mão do quadril em Hikite clássico, cotovelo raspando o longo do tronco. Logo fazemos um disparo de cotovelo para trás que nos libertará de um ataque pelas costas. Des. 38. Tate-empi-uchi — golpe vertical ascendente. Neste golpe o ponto visado é o queixo do adversário e por isto batemos de baixo para cima. Des. 39. T r a zemos a mão fechada ao quadril em hikite e estendemos a outra mão para frente com a palma para baixo.

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Fazendo u m a rotação forte do quadril conduzimos a mão contra a orelha e falanges para a cabeça fazendo no momento um movimento vertical. Nosso cotovelo. O ombro não se eleva e o movimento é feito somente pela rotação do quadril. Otoshi-empi-uchi — golpe vertical descendente. Fiquemos em judo-dachi ou kiba-dachi e levantemos a mão fechada na vertical e falanges para frente, tendo o biceps colado à cabeça. Batamos o cotovelo para baixo tendo o ante braço na vertical e fazendo uma rotação do punho. No impacto as falanges se voltam para a cabeça. Façamos j u n t o com o golpe, um movimento baixando os quadris e dobrando um pouco os joelhos. Batemos pois, n u m plano vertical assim que nosso adversário se desiquilibrar. Des. 40. AVISO: Estas técnicas são usadas no corpo a corpo e não executadas a distância em razão de nosso virtual desiquilibrio. Usamos estas técnicas q u a n d o somos seguros e nosos braços tem liberdade. O golpe deve ser seco. Não mexamos os ombros e devemos contrair a axila que corresponde, batendo numa rotação dos quadris. Devemos também contrair rapidamente o peitoral e os abdominais a cada impacto.

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CAPÍTULO XIII

KERI-WAZA ATAQUE E CONTRA-ATAQUE MEMBROS INFERIORES TÉCNICA Esta parte se torna interessante em razão de entrarmos n u m campo especial e na verdade importante no karatê que é o uso dás pernas para atacar, bloquear, defender e contra-atacar. Fator importante é q u e vamos aprender a usar as pernas, esquecendo um pouco as mãos q u e sempre foram os meios ''nobres" usados como defesa, em vista do uso das pernas não ser tão "cavalheiro". O certo é q u e n u m combate pela vida todos devemos poder usar todos os meios de q u e dispomos para nos defendermos e vencermos. É lógico que as técnicas de pés são mais poderosas que as de mãos em razão do maior volume muscular das mesmas e das distâncias que se pode alcançar pelas deslocações. Ao passo que existem estes estados prós, há também aqueles que fazem d i m i n u i r certas virtudes. A redução do poligno de sustentação pode levar a uma perda de equilíbrio se o golpe encadeado for por meio de saltos e não haverá apoio algum, sendo que em outros casos o apoio far-se-á somente em uma planta do pé. De outro lado, para batermos alto precisamos da flexibilidade da perna e não de nossa elevação pelos artelhos. Para q u e haja amortecimento nas quedas é preciso q u e

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a perna de apoio fique um pôuco dobrada, pois no caso de deixarmos o joelho r i j o não haverá o amortecimento do choque de retorno do impacto e nos desiquilibraremos. É preciso que a projeção vertical de nosso centro de gravidade fique para o interior do poligno de sustentação, para que nosso equlíbrio seja mantido. Devemos bater com o pé e com o " a b d ô m e n " pondo também os quadris em movimento. Os golpes podem ser executados de duas maneiras: Kekomi = A q u i o golpe de pé é direto, penetra e lançamos os quadris na mesma direção m a n t e n d o durante um segundo a contração desde o impacto. A superfície com a qual batemos segue u m a trajetória direta. Esta técnica é válida sobretudo se nosso adversário está longe.

um trajeto curvo como Uchi-Waza. Não é direto mas ascendente. Usamos esta técnica se o adversário estiver perto e se o vemos rapidamente tentar a nova técnica.

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Estas técnicas podem ser executadas com o pé da frente como o de trás. Com o pé da frente (Mae-Ashi-Geri) a técnica é mais rápida e por vezes falha, e com o pé de trás (Ushiro-Ashi-Geri) é mais lent^ Mae-Geri = golpe direto para frente Batemos com a bola carnosa do pé que se realça ao levantarmos os artelhos com força. Mae-Geri-Kekomi = Golpe penetrante. Fiquemos em Zen-Kutsu, tendo o peito de frente, mãos fechadas e estendidas pelos lados. Daí, é preciso trazer o pé de trás contra o joelho da perna de apoio, isto sem mexer o pé da frente e sem elevar o joelho, ficando de frente sem que haja espaço entre as pernas. Ficando estáveis, devemos poder ficar assim sem nos desiquilibrarmos para frente Des. 41. Seguindo, estiremos a perna e batamos ao nível chudan não muito alto para não perdermos o equilíbrio e façamos acompanhar o golpe com um breve impulso dos quadris na mesma direção. Podemos dar compensação a esta segunda parte se recuarmos ligeiramente os ombros. Des. 42. Somente mais tarde após longo treino é que poderemos bater com a deslocação do peso do corpo no mcstno sentido sem voltar à posição de início sendo que a inclinação do corpo não é mais necessária. Devemos treinar várias vezes sem posar o pé no chão, isto é, aquele que produz a ação. Quando dominarmos esta técnica toda ela será feita em um só tempo. Os artelhos do pé de apoio, devem sempre estar para frente. A cada impacto o joelho deve estar esticado. Mae-Geri-Keage = Golpe percuciante. Nesta preparação igual a outro, o joelho deve ficar um pouco mais alto. A coxa deve restar na horizontal pois que é a posição do joelho que dá a altura do golpe do pé. Devemos bater no plano médio de nosso corpo fazendo-o para cima. Des. 43. Conduzimos a» perna à

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posição preparatória antes de apressá-la. Ao batermos o busto não se inclina procurando alertar o queixo ou o corpo se estiver pendido. Nestes casos, sem perder o equilíbrio devemos lançar encadeando outro golpe de mão ou de pé. T a m b é m aqui, não devemos contrair as pernas antes do impacto. Devemos ter uma boa posição de tornozelo em todo o prolongamento até a tíbia e lado interno do pé, no plano continente à face interna da perna. Kin Geri = Golpe ao baixo-ventre. Neste golpe os artelhos são estendidos e lançados ao baixo ventre sendo este o único golpe no qual os artelhos ficam nesta posição. Damos este golpe na entre-perna de baixo para cima Des. 44. A perna de apoio continua em tensão contínua por causa de seu papel de mola. Para termos mais estabilidade podemos abrir o pé de apoio a 90° para o exterior e repousamos o da frente em Ko-Kutsu. Kakato-Geri = Golpe de calcanhar A execução é a mesma do Kekomi. O tornozelo é dobrado para um ângulo reto e os artelhos para cima. Podemos bater em Mae-Geri-Kekomi no abdómen ou no plexo. Tobikonde-Mae-Geri = Golpe saltitante. Este é um ataque rápido que permite entrarmos no adversário. Atacamos com o pé da frente em Kekomi ou Keage depois de cruzarmos o pé de trás pela parte anterior. Neste golpe há um importante deslocamento dos quadris para frente na intenção da velocidade. Há uma variante o Surikonde-Mae-Geri, neste caso o pé de trás persegue o da frente tocando o seu calcanhar sem no entanto ultrapassá-lo. Esta técnica permite que cubramos pequenas distâncias. Nestas duas técnicas os joelhos ficam dobrados e os quadris não se levantam durante o pulo para frente.

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Yoko-Geri = Lateral. Devemos nesta técnica manter o sabre do pé paralelo ao solo pois se os atrelhos apontarem para cima podemos feri-los no golpe, ao passo que se a perna estiver mal voltada na articulação do quadril não poderá dar um pleno apoio ao movimento. Devemos bater com a intenção de tocar de calcanhar tendo que mantê-lo a um nível mais elevado que os artelhos. Batemos pois com a parte mais fina do pé. (Sokuto). Yoko-Geri-K.ek.omi (penetrante) Fiquemos de perfil em relação ao adversário em Kiba-Dachi. Coloquemos o centro de gravidade' sobre um lado e soergamos a perna oposta. Levantemos o joelho o mais alto possível de encontro ao ombro, mesmo para bater mais baixo, tendo o tornozelo dobrado num ângulo reto. Des. 45. Se quisermos podemos sair de Zen-Kutsu erguendo a perna de trás girando de 90° sobre o pé de apoio. Devemos passar para esta posição de perfil em relação ao adversário. N u m golpe seco disparemos a perna impulsionando os quadris na mesma direção. Des. 46. Ergamos o joelho após repormos o pé na posição inicial. É um movimento difícil em razão do inabitual movimento do quadril e não devemos pender para frente para não perdermos a força. Devemos pois, bater no plano vertical continente ao busto. O busto no entanto se inclina opostamente ao alvo desejado para facilitar o trabalho do quadril no sentido do golpe. As nádegas se contraem enquanto o dorso fica arqueado. T a m b é m não nos devemos afastar muito da vertical, para este golpe não perder a força e nem ficar muito perto para que não interfira no quadril. Em Kekomi jamais atingimos o rosto, pois teriamos que pender o busto pela ação ascendente do qua-

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dril o que devemos evitar. Agora pela técnica avançada chegamos lá se apoiarmos uma mão no solo! O pé de apoio deve apontar a 9. a da direção do ataque, ficando a perna ligeiramente dobrada e firme. Os braços dão certo equilíbrio às técnicas de pé dando contração no impacto. As mãos devem ficar fechadas e perto do corpo, indicando o solo enquanto os ombros não se erguem. Não afetando o equilíbrio. De inicio devemos levar o joelho o mais alto possível e bater baixo. O que nos dará um poder enorme, tanto que, a trajetória do Sokuto descende. Lembremos de não nos arriscarmos batendo alto, se este golpe bem dirigido ao nível baixo é de grande poder. No final do impacto, é preciso trazer o joelho e manter o busto erguido para que haja uma postura estável. Yoko-Geri-Keage = Fiquemos de perfil em relação ao » adversário e o mesmo inicio que em Kekomi. Só que aqui, o joelho aponta para nós na direção do peito. Des. 41-45, sendo que a parte fina do pé fica contra a parte interna da perna de apoio. Se desejarmos bater bem alto, o joelho tem que ser levado o mais alto possível, pois o pé vai descrever uma trajetória curva dirijida para cima a partir de seu eixo. Des. 47. O tronco fica na vertical e o golpe é saltante. Podemos atacar o queixo ou o corpo se pendido. T a m b é m podemos furar a guarda por baixo mandando-a para cima antes de encadear uma outra técnica. Para isto é preciso mantermos equilíbrio, tendo o cuidado de não voltarmos o pé de apoio mais de 90° em relação à direção do ataque c mantermos o peito nesta direção. Não devemos ter os artelhos mais altos que o calcanhar e cuidar a posição dos braços para que nos auxiliem a estabilizar o corpo. Fumikomi — Neste, visamos em Yoko-Geri-Kekomi o

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tornozelo. Levantamos o joelho ao máximo para batermos baixo. Batemos na vertical e daquele modo adquirimos poder no (Sokuto). Ao treinarmos no vazio devemos pôr todo o peso do corpo no pé que bate saindo da posição Kiba-Dachi. Achatamos com força nosso calcanhar contra o solo em Kiba-Dachi, não voltando mais à posição de preparo. Podemos variar com o Fumikiri, idêntico, variando na parte que toca ao calcanhar. Nele não achatamos o mesmo contra o solo, mas ficamos equilibrados sobre a perna de apoio, voltando à posição preparatória antes do pé repousar. No Fumikomi batemos com o calcanhar e no Fumikiri com o sabre do pé. Kansetsu-Geri = articulação do joelho. Com este golpe o joelho do adversário para ferí-lo ou desiquilibrá-lo, é u m a técnica Fumikomi ou Fumikiri. Usamos esta técnica quando saimos da linha de ataque esperando que o adversário avance para batermos no joelho de lado. Des. 86. Sokuto — É uma técnica Wado-Ryu que difere do YokoGeri sendo um meio termo entre Yoko-Geri e UshiroGeri. Batemos como cm Yoko-Geri, mas antes do impacto voltamos mais os quadris para ficarmos mais de perfil em relação ao adversário. O quadril participa mais do que o dorso no golpe. No impacto os artelhos são voltados para baixo e o busto pende em oposto do alvo. Des. 90. A rotação do corpo é feita cm Kekomi e é fortíssima o que torna difícil encadear outros golpes em razão do corpo estar totalmente entregue ao golpe. A T E N Ç Ã O . Todas as técnicas de Yoko-Geri, podem ser trabalhadas se dermos um pulo lateral para o adversário saindo de Kiba-Dachi, Diagroma. E para deslocação, o que daria um campo excepcional. Mawashi-Geri — circular agitado.

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Fiquemos em Zen-Kutsu à esquerda tendo peso sobre a perna da frente levando o joelho de trás à posição do Des. 48, dobrando a articulação ao máximo tendo o calcanhar contra a nádega, tornozelo dobrado a um ângulo reto e os artelhos levantados. A perna fica num plano horizontal perpendicular à perna de apoio, e o pé aponta para o adversário. Para que a perna possa ficar naquela posição especial, o busto se inclina um pouco. O corpo fica no plano da coxa levantada. Logo giramos a 90° sobre nosso pé de apoio, fazendo o joelho levantado apontar o adversário e desdobrar a perna ^m torno do mesmo. No impacto a perna é estirada e o sabre do pé está paralelo ao solo. Há uma pequena inclinação do busto e uma posição do peito para o adversário, facilitada pela ação inversa dos braços anulando a ação da rotação do corpo. Des. 49. Devemos interromper a rotação no momento do impacto simulado. Deve-se isto, à sincronia entre o equilíbrio dos braços e o movimento da perna. Devemos trazer a perna à posição preparatória antes de repousar o pé. Como notamos, só podemos bater de acordo c o m ^ flexibilidade do quadril e da perna. Este é um golpe fácil de abandonarmos pela dificuldade na sua execução. Seria recomendável o executarmos em três tempos: posição preparatória — gclpe — e volta à posição. Sempre elevando o joelho ao máximo na partida. Isto porque a sua posição é que comanda a altura do golpe. É claro que mais tarde não serão precisos aqueles três tempos e com a técnica perfeita poderemos encadear outro golpe em seguida sem quebrarmos o impulso do corpo. Como vemos a posição de preparo é difícil e pode ser perigosa n u m combate por deixarmos o baixoventre descoberto e possível, pois, de ser atacado. Logo, nos treinos devemos acostumar a não elevar a perna mais do que a um ângulo de 45° com a vertical. Des.

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87. Dai, podemos girar com vigor sobre a perna de apoio e estaremos numa atitude final certa. Não devemos nos fixar no ângulo de 45° se o de 90° não nos apresenta dificuldades. Pois só desta maneira podemos saber como dar o golpe com uma rotação dos quadris. T a m b é m é útil lembrar que o busto não fica bem na vertical para facilitar o trabalho do quadril. O grau de inclinação condiz com a meta procurada. Se batermos com força, será um. Podemos bater com mais força se desejarmos bater esquivando em um tempo o ataque. Des. 50. Somente que neste caso, devemos lançar os braços no sentido contrário e parando a rotação do corpo, bloquear um braço sobre a perna de apoio. Para que com isto evitemos a tendência de voltarmos mais ainda. Jamais devemos voltar as costas para o adversário. Batemos em heisoku e também n u m Kubi-mawashi-geri. No primeiro caso, com o tornozelo esticado batemos no baixo-ventre ou no rosto. Da segunda maneira batemos em torneios, pois este golpe dado com os artelhos levantados ao nível dos rins ou do lado das costelas flutuantes é perigoso se mal lançado e controlado. l)e outro lado podemos bater saindo de Ro-Rutsu com o pé da frente no mesmo lugar, ou elevando bem o joelho antes de bater podemos fazer era Tobikonde— Mawasi-geri. Ushiro-geri — golpe de pé para trás. Da posição de preparo voltamos o dorso para o adversário, batendo com o calcanhar diretamente de trás. Logo o faremos assim que este fique por detrás ou voltando dc 180°. Logo que fiquemos de frente. Ushiro-geri — Kekomi — golpe penetrante. De frente para o adversário fiquemos em Zen-Kutsu à esquerda e giremos sobre os dois pés para a direita na mesma linha e o dorso para o adversário. Voltemos a cabeça 360° para olharmos nesta direção por baixo o ombro direito, ficando bem estáveis. A partir de um só tempo

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e desta posição faremos a execução do golpe de pé. De início paremos na posição dc preparo e não elevemos demais os quadris conduzindo o pé da frente contra a perna de apoio. Não elevemos demais o joelho. Aí, disparamos a perna n u m golpe sêco sem perdermos o equilíbrio. Des. 52. A perna de apoio .fica ligeiramente dobrada enquanto os artelhos do pé que bate são dirigidos para baixo. Não devemos bater para fora, mas sim, diretamente para trás, no plano vertical mediano de nosso corpo e não dobremos muito rápido o joelho da perna de ataque. Devemos nos impulsionar com os quadris na direção do golpe conservando o equilíbrio entre o eixo dos quadris com o solo. O dorso fica arqueado. No impacto, erguendo o busto pelo movimento inverso dos quadris, trazemos o pé, girando logo para a direita sobre a perna de apoio para repousar o pé em ZenKutsu à direita. Encontramo-nos na posição inversa daquela da saída. Devemos visar o nível chudan para que desenvolvamos uma grande força e possamos aprender com perfeição a técnica do golpe. Mais tarde com a técnica já dominada, se quisermos bater mais alto devemos compensar o movimento por uma inclinação maior do tronco, o que no início seria perigoso. Devemos também pela técnica poder parar por "segundo" após o giro que procede a partida do pé, para que o golpe saia numa retilinea e rião circular. Esta é outra técnica muito usada nas disputas esportivas por motivo de surpresas. Podemos executá-la com o pé da frente e de qualquer posição. Devemos perseguir a velocidade neste golpe para que aquela "parada" não seja uma "parada" que favoreça ao adversário para nos atingir o dorso. Ushiro-geri Keage = Neste golpe o calcanhar descreve um arco de circunferência para cima e não uma linha reta. Este é um golpe curto. Batemos, se

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estivermos perto, o baixo-ventre, mesmo após a tentativa de agarrar do adversário ou depois de um bloqueio para o interior conduzido muito perto dele. Des. 53. Batemos secamente tendo o corpo na vertical. O Ushiro-Kake-geri, é uma variação onde procuramos o baixo-ventre batendo para cima com uma ação de retorno do calcanhar para frente. Esta é uma técnica de defesa. Mikazuki-Geri = Este golpe é mais poderoso que o Mawashi-geri e mais direto. N u m plano próximo da vertical e não horizontal a trajetória da superfície que bate é circular. Este golpe é dado com a planta do pé ao peito do adversario. Fiquemos de perfil Kiba-Dachi em relação ao adversário bloqueando seu ataque de mão fechada em haishu-uke. Des. 54. Fazemos o contra-ataque balançando o pé de baixo para cima com um movimento forte do quadril sem mexer a parte superior do corpo. O pé de apoio gira um quarto de volta. Batemos na mão que indica o alvo. Des. 55. Devemos tocar do bordo interno do arco plantar, artelhos para cima. Repousemos o pé para frente fazendo uin giro de quarto de volta sobre o pé de apoio ficando em Kiba-Dachi sempre de perfil em relação ao adversário mudando de lado. Ao batermos voltamos de 180° sobre a perna de apoio e avança um passo. Este pois é um golpe poderoso. É preciso cuidado ao treinar com um companheiro. Líra-Mawashi = Fazendo um movimento circular contrário do Mawashi-Geri batemos de calcanhar. Este golpe é também conhecido como Ushiro-MawashiGeri. Seguindo a direção de partida do pé, a superfície de bater faz um trajeto curvo num plano dentro de um ângulo de 0 o a 45° com a horizontal. Após o adversário

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haver voltado o dorso como em Ushiro-Geri, podemos bater o maxilar ou o dorso. Podemos fazer os dois primeiros tempos como para esta técnica. Após girarmos, ficamos em Zen-Kutsu a direita, dorso para o adversário, olhando por baixo o ombro direito. Batemos levantando o calcanhar e afastando-o para a direita. Os quadris imprimem à perna direita um movimento do exterior para o interior. O impacto deve ser feito no momento que o calcanhar chegue no plano vertical mediano de nosso corpo. Des. 56. Daí trazemos um pouco o calcanhar para nós, girando sobre nossa perna de apoio para o adversário pousando o pé contra ela. Podemos, aproveitando o mesmo movimento da rotação dos quadris, encadear uma técnica de um Uraken-Uchi de baixo a direita. Esta técnica é também perigosa. Tobi-Geri = Estes são golpes feitos ou executados sem ponto de apoio. Sendo, pois, golpes perigosos de dar, em razão desta falta de apoio e ainda mais pelo perigo do adversário se esquivar e atacar no momento em que nos encontramos falíveis. Servem no entanto para quebrar a moral do adversário dado o seu grande efeito. Encontramos mais variedade nestas técnicas nos estilos vietnamitas e coreanos do que nos estilos japoneses. São famosos os golpes encadeados de pé sem tocar no solo dado pelos coreanos e vietnamitas. Isto é, conseguir pela ciência do "andar" onde o peso do corpo é inteligentemente deslocado, um estado conseguido pelo trabalho assíduo e por uma técnica de respiração. Devemos estudar a f u n d o todas as técnicas com apoio e ao mesmo tempo desenvolver nossa aptidão de liberdade total, por meio de saltos em altura, agachados e nas cordas o que nos levará a uma flexibilidade inimaginada facilitando-nos a chegar a esta técnica sem a necessidade de um aprendizado especial. Há dois modos

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dc executarmos estas técnicas: Saltando primeiro para cima para desferir o golpe quando chegarmos ao ponto máximo do salto, ou batendo rápido no salto, sendo este na intenção de comprimento e deslocando a perna do apoio no impacto. No primeiro podemos esquivar e reagir em função de nossa posição em relação ao adversário. No outro caso podemos saltar sobre a guarda do adversário tomando apoio sobre este para nos soerguermos. No primeiro caso fazemos a execução em dois tempos e no segundo em um. Em ambos os casos é preciso haver velocidade lançando ao máximo o joelho da perna que vai bater para o alto pois o ponto máximo do salto está ligado pela altura conseguida pelo joelho. Antes de voltarmos à posição estável, devemos trazer o joelho contra o corpo, ficando prestes a executar outra técnica dada a reação do adversário. Tobi-Mae-Geri = De frente para o adversário ficamos cm Zen-Kutsu. Lancemos o joelho de trás para frente e para cima contra o peito, e o pé de apoio desloca numa forte impulsão ascencional. Fazemos movimentar o joelho da perna da frente batendo em Mae-Geri. Podemos também saltar mais para frente mas perderemos altura. Devemos sempre escolher a direção pela qual podemos conseguir melhor ascensão. Ao impacto, a perna de trás não deve estar recaída ao solo. Podemos bater com o pé de trás nos lançando para frente. E ainda variar pelo Midan-Geri. Aí batemos em Mae-Geri baixando a guarda do adversário no lugar de levantar o joelho contra o peito no primeiro tempo. No segundo tempo executamos como o que precede, fazendo Mae-Geri sobre o adversário. Logo damos dois golpes de pé diretos no mesmo salto. Tobi-Yoko-Geri — Fiquemos em Zen-Kutsu de frente para o adversário. Para frente e para cima lancemos o

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joelho girando um quarto de volta sobre a perna cr frente nos colocando de perfil. Neste tempo o pé de apoio decola e o joelho de trás se eleva o mais alto possível, dispondo a perna em Yoko-Geri e trazendo a perna de apoio sob o corpo, joelho dobrado. Isto deve ser feito com rapidez para que possamos voltar em posição estável em relação ao adversário. Há u m a técnica mais difícil: é o Sankaku-Tobi no mesmo salto. Aqui temos que reunir reação nervosa e flexibilidade total. Ainda podemos bater em Tobi-Mawashi-Geri e TobiSokuto. Hitsui-Geri = Estando o adversário numa posição que possa ser tocado pelo golpe de pé, podemos fazê-lo também com o joelho. O golpe é forte se for feito com uma ação dos quadris no mesmo sentido. Estiremos o tornozelo como para Kin-Geri dobrando o joelho ao máximo. Estes são os golpes: Direto para frente = Elevemos o joelho de trás ao máximo saindo de Zen-Kutsu como na posição de reparo em Mae-Gcri-Keage. Ao impacto contraímos a cintura-abdominal. É um golpe excelente para nos livrarmos de quem nos segura. Desequilibramos o nosso adversário para frente, se inclinarmos o busto um pouco para trás. Permitindo com isto uma forte impulsão dos quadris na sua direção. Des. 57. É preciso que estejamos sólidos em nossa perna de apoio. Circular lateral = Do Mawashi-Geri batemos no flanco do adversário. O golpe será forte se mantivermos o dorso arqueado e o abdômen projetado para o exterior. Estes golpes de joelho não são muito usados em técnica de base e sim defesa pessoal. São golpes que não precisam de treino muito especializado.

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CAPÍTULO XIV

AS PROJEÇÕES N ã o são um todo mas apenas uma resposta e jamais devemos pensar q u e somente por si pode terminar um combate. Para que isto suceda são necessários fatores especiais. E, entre estes fatores há um em especial q u e é a capacidade de receber e amortecer pancadas q u e existe em cada adversário, e a própria maneira ou a "sorte" dele cair no chão. Elas pois, são um meio de defesa pouco usadas e menos ainda por aquele q u e inicia na prática do Karatê. O n d e aplicamos as projeções? Usamos as projeções somente em caso de não haver meio dc resposta por outra técnica, pois em caso de falha estaremos dando a oportunidade de nosso adversário ficar cm corpo a corpo conosco. O melhor será sempre responder por um contra-ataque direto e conguirmos a posição fora de combate do adversário. Há casos no entanto onde as projeções se fazem necessárias. Q u a n d o o adversário é forte ou m u i t o contraído. Nestes casos, ela faz razão, nas brigas de rua q u a n d o há pontos a serem protegidos e suas localizações parecem delicadas. Sendo o adversário enorme, a projeção resolve partindo para q u a l q u e r ponto visado. No m o m e n t o de dosar a resposta. Se alguém bem treinado der um golpe de fundo, poderá trazer consequências graves, o q u e poderá ser

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tarde demais. Sucederá o contrário se nós quisermos p o u p a r o adversário não ofendendo a sua integridade física. Aí, entram os golpes ligeiros deixando sempre o adversário em estado de força para partir para o contra-ataque portando mais energia. Assim sendo, se projetarmos o adversário, o poremos fora de um estado perigoso nos reservando sempre o meio de respondermos em caso de necessidade por meio de golpe, luxação, etc. Competição: É aqui onde são mais procurados, pois, são onde os pontos são menos discutíveis pelo árbitro, público e adversário, sendo conseguidos por um golpe após, ou durante u m a projeção. Insistimos ainda, q u e a projeção não é necessária se o golpe for bem dado e o adversário não p u d e r parar. Estamos no solo e o adversário em pé. É uma posição desfavorável se estivermos no solo, e ali demorarmos, pois estamos dando tempo para q u e nosso adversário escolha o ângulo e as distâncias para o ataque. Mas se a reação advir rápida, podemos m u d a r esta desvantagem em vantagem, se o adversário em nada desconfiar. Podemos fazê-lo para o chão aplicando-lhe um golpe na perna da frente ou batendo com o pé sobrt sua perna de apoio. AS TÉCNICAS Para q u e a projeção surta efeito, é preciso q u e não nos demoremos ao aplicá-la, pois estaríamos dando chances para que o nosso adversário entrasse n u m corpo a corpo conosco, nos batesse novamente e ainda

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nos projetasse. Logo, na projeção precisamos de velocidade na execução não dando tempo para que o nosso adversário faça conosco qualquer prova de força em resposta a u m a tentativa. Assim o nosso contato deve sei breve, seco e brutal, o q u e raz das projeções do Karatê algo particular e peculiar. De q u e modo projetamos? Sempre usamos as técnicas de pernas por haver campo maior como feito para a necessidade de lançar n u m plano mais alto (ashi-waza). Com estas técnicas não precisamos ficar em contato próximo do adversário e podemos usar o desequilíbrio existente entre ele, tentando a projeção seu desiquilíbrio inicial. Varredura da perna da frente. Varremos n u m grande movimento de perna batendo com a planta do pé contra a parte externa da tíbia (de-ashi-barai). A q u i os quadris fazem u m a forte ação elevadora. T a m b é m podemos aniquilar o ponto de apoio se ficarmos em contacto mais direto e o desequilibramos para trás (o-soto-geri). Se, de outro modo fazemos um bloqueio para o exterior e em Kiba-Dachi podemos desiquilibrar a perna da frente lançando-o para frente. Des. 84. BARBEJBA Após o bloqueio do ataque, ficamos através da sua direção de inicio ou sobre o lado, m a n t e n d o uma posição mais baixa fazendo-o cair por tirar por cima o obstáculo criado por- suas pernas. Esta técnica é perigosa por ficarmos m u i t o próximos ao adversário. Luxação do ombro ou do cotovelo. Bloqueamos a articulação do cotovelo apoiando o braço adverso do p u n h o ao

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cotovelo, fazendo pressão para frente e para baixo o q u e faz com q u e o adversário perca o equilíbrio na mesma direção com o intuito de d i m i n u i r a dor, fazendo com q u e o mesmo caia de joelho. T a m b é m podemos segurar o p u n h o e voltá-lo com violência para cima fazendo-o produzir uma rotação no mesmo lugar e na mesma direção, o q u e produz no adversário uma dor tremenda no ombro fazendo voltar-se. Lembremos q u e ao usarmos estas técnicas devemos sempre ter o braço bem estirado. Golpe na articulação do joelho. Atacamos em Yoko-Geri ou Sokuto o lado exterior da articulação, tentando fazer cair o oponente. Esta execução é perigosa, pois pode provocar a fratura do joelho. Ameaça de golpe. Somente em combates convencionais, pois faz parte desta os estrangulamentos e os pinçamentos de centros nervosos que são usados com raridade, mesmo, em combates de estudo. Nestes casos o adversário pode entrar em desequilíbrio voluntarioso para amortecer o golpe ou mesmo evitá-lo. Pensamos nós, que a melhor maneira de proteger é um golpe poderoso que vise a acabar com o adversário, não dando chance de restar em posição de contra-atacar. Logo, pensamos q u e aqueles que m u i t o fazem projeções difíceis, estão sempre, dando alguma oportunidade ao oponente de estar em posição de força. Em que tempo projetamos? É claro q u e há ocasião, nas quais, elas são precisas. Mas, para u m a projeção ter real valor, é preciso q u e a mesma possa r o m p e r a concentração oponente,

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tirá-lo da posição de força e que a projeção em si, seja produzida com técnica, energia e "certeza". Em várias ocasiões elas são possíveis de entrar: a)

Quando ocultamos o verdadeiro ataque por meio da força e por meio de certa cadeia de golpes, dados na intenção de desorientar o oponente.

b)

Após um golpe poderoso ao corpo que em contraataque, ao provocar uma reação no oponente, lhe faz perder o equilíbrio.

c)

Após uma projeção podemos encadear outra técnica. Durante ou após uma esquiva de um ataque no qual o oponente empenhou-se a fundo. Devemos, sempre, bater depois que o oponente chegue ao solo. Devemos projetar com todo o nosso corpo e não somente com o pé, nos lembrando sempre, de jamais deixarmos de observar o oponente em sua queda, segurando-lhe sempre as vestes. Na expulsão devemos colocar toda a nossa força e jamais procurarmos erguer o adversário. A melhor projeção é aquela'seca. Como princípio, devemos projetar nosso oponente ao solo, menos na sala de aula, quando devemos reter nosso colega, e, em competições esportivas, em razão destas nem sempre serem feitas sobre tatamis, mas sim, em terreno duro.

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oposição para aprendermos onde colocar nossa força. Finalmente, após um bom estágio preparatório e técnico, comecemos nos combates convencionais a projetar um colega que se deixe projetar no momento que perceba que o movimento foi perfeito. Finalizando, lembremos que não é delicado de nossa ^arte, recusarmos sermos projetados, e se para isto, lançarmos mão de nossa força ou de certas técnicas. Todos nós devemos cooperai-, sabendo que a compreensão também é uma meta de uma arte marcial.

Como aprendermos? Com o auxíliõ inidspensável do colega que ficará imóvel e sem posição alguma, para facilitar o aprendizado das direções dos movimentos. Logo após, para nos familiarizarmos com a "força", faremos somente as "entradas", sendo que o nosso colega fará força de

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CAPITULO XV

RENZOKU-WAZA ENCADEAMENTO Quando estudarmos a combinação de inúmeras técnicas, feitas no mesmo lugar ou no curso de um deslocamento, chamamos encadeamento, e o estudo de técnicas simples, aquelas que fazemos uma vez, no mesmo lugar ou nos deslocando. Toda esta parte compreende o Ki-hon. Ambas são estudadas na sala de aula de diversos modos: nos deslocando na reta, recuando, avançando ou voltando a 180°, sendo que cada passo corresponde a um ou mais movimentos "encadeados". No Renzoku-Waza executamos várias técnicas ligadas entre elas, sem haver tempo perdido entre si. No final de cada série, há uma rápida descontração para o início de outra série. Se fizemos valer os conselhos para o Ki-hon e se aprendemos com perfeição toda as técnicas simples, podendo executar a direita, esquerda ou em linha, não teremos dificuldade nesta parte que agora iniciamos. Jamais devemos imaginar iniciar esta parte, se as anteriores não estiverem bem dominadas. É nesta parte que os sonhos não são realidade, mas sim, os defeitos que surgem e nos fazem sentir a necessidade, dura e cruel, de precisarmos voltar atrás e pormos ao léu todo

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0 tempo que inutilmente perdemos. Devemos, pois, nos apurarmos na base que ainda repetimos ser o "caminho mais curto". A presença de um bom professor, nos momentos que nos dispusermos a subir os degraus da arte, se faz preciso, para que tenhamos uma opinião sábia, para nos mostrar os defeitos e sem sabermos aqueles "ocultos". Caso estivermos aptos, comecemos devagar e pacientes, pelos encadeamentos simples, sem ultrapassarmos com "falsidade", as dificuldades encontradas pelo caminho. Convém lembrar que, se as técnicas simples já são difíceis de memorizar, o que diremos das grandes combinações? O certo será colocarmos toda a nossa alma n u m movimento, para que possamos entrar com seriedade e honestidade, no Renzoku-Waza, a parte que nos preparará para os combates livres. Estudando as combinações. Lembrando: 1 — Para sentirmos os deslocamentos sucessivos do centro de gravidade e a forma geral da combinação, devemos repetir o encadeamento com lentidão e flexibilidade. 2 — Sempre deve existir uma pequena pausa entre cada movimento. Devemos executar a série seguida de movimentos, um por um, com toda a força disponível e velocidade. 3 — Após, podemos executar a série toda como se fosse um só movimento e não existisse tempo de espera. Devemos nos descontrair no final de cada série e nos concentrarmos antes do início de um movimento.

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4 — Não devemos ter preferência por qualquer lado, mas trabalharmos os dois com igualdade. 5 — Cada movimento deve ser feito com força igual, sendo este profundo e portador de um Kime breve. Não devenios de outro lado, cortar o movimento, impedindo a sua penetração na fase final. Não devemos pender para frente, nosso corpo, como um todo, restando Jamais elevemos nossa posição e quadril baixo, sempre atentos a seu cial".

mas deslocarmos estáveis. tenhamos nosso trabalho "espe-

Exemplos: Não devemos passar de um para outro, sem aprendermos o anterior, com precisão e técnica. No mesmo lugar. 1 — Estamos em hachiji-dachi, façamos dois Jodanchoku-zuki c após um chudan-choku-zuki. 2 — Estamos em hachiji-dachi, façamos chudan-chokuzuki trazendo a mão fechada à orelha oposta, batendo com este em Jodan-Uraken. 3 — Como o anterior, só que batendo na lateral com uraken. O choku-zuki está voltado para frente e o uraken para o lado (o peito está de perfil a impacto, como o precedente). 4 — Estamos em hadari-hanmi-kamae. A mão da frente está à altura do ombro e a de trás ao plexo. Batemos com jodan-kizami-zuki da mão da frente, tendo o corpo de perfil, após, encadeamos chudan-gyaku-zuki da mão dc trás, com uma rotação poderosa dos quadris.

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5 — Estamos ein hidari-haumi-kamae, fazemos maegeri-keage do pé da frente e encadeamos com jodan-gyaku-zuki com mão de trás. 6 — Igual ao de cima, recolocando em lugar mae-geri o mawashi-geri do pé da frente. 7 — Estamos em hidari-haumi-kamae. Batemos em mae-geri kekomi do pé de trás encadeando com uchiro-geri do mesmo pé para trás, sem haver reposo anterior. Reconduzimos o pé e o pousamos, executando sokuto do pé da frente para frente. 8 — Fiquemos em hachiji-dachi, recuemos o pé esquerdo ficando em Zen-Kutsu à direita, fazendo uchi-komi do braço direito. Encadeemos de mão direita com jodan-uraken e após a reconduzamos contra a orelha oposta, antes de fazermos gedanbarai. Enfim, façamos gyaku-zuki de mão esquerda. 9 — Ficando em hachiji-dachi, afastemos o pé direito para a direita e fiquemos em ko-kutsu à direita. Ao mesmo tempo façamos chudan-shuto-uke da mão esquerda. Contra-ataquemos por mae-gerikeage do pé da frente e depois de mão direita gyaku-zuki. Fiquemos em hachiji-dachi, antes de repetir o movimento afastando-nos para a esquerda. Deslocamento. 1 — Estamos em Yoi, avançamos com gedan-barai à esquerda na posição Zen-Kutsu encadeado em Gyaku-Zuki à direita. Avancemos o pé direito com geran-barai da mesma mão depois gyaku-zuki à esquerda.

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Igual ao anterior, mas recoloquemos gedan-barai para age-uke. Estamos em Yoi, recuemos o pé direito e fiquemos em Ko-Kutsu à direita, bloqueando com UchiUke à esquerda. Encadeamos com Kizami-Zuki de mão esquerda, passando para Zen-Kutsu, no mesmo lugar. Recuemos o pé esquerdo, fazendo Uchi-Uke de braço direito em Ko-Kutsu. Estamos em Yoi. Avancemos com gedan-barai esquerdo em posição Zen-Kutsu. Não mexamos a parte superior do corpo. Façamos mae-geri de pé direito e oi-zuki de mão direita. Sigamos com mae-geri de pé esquerdo e após o-izuki de mão esquerda.

Partindo desta posição, fazemos ãokuro do pé direito para a frente, girando sobre a perna de apoio. Pousando o pé e completando a rotação para a esquerda, fazemos ushiro-geri do pé esquerdo na mesma direção. Reposcmos o pé em frente, encadeando com uraken de mão esquerda em Kiba-Dachi, com Gyaku-Zuki de direita, passando para Zen-Kutsu. No sentido da esquerda há um movimento de rotação perpétuo. T i r a n d o a mão direita do quadril direito, estamos em hidari-haumi-kamae. Cada técnica deve ser executada para frente.

Movimente em Yoi, avancemos em gedan-barai à esquerda, em Zen-Kutsu. Façamos gyaku-zuki no lugar de mão direita. Encadeemos com mae-geri de pé direito, pousemos o pé ein frente, completando com gyaku-zuki de esquerda. Depois do mae-geri de pé esquerdo façamos gyaku-zuki de mão direita. Estamos em Yoi, avancemos o pé esquerdo em Zen-Kutsu, bloqueando com Sotto-Uke esquerdo. Façamos um mae-geri rápido, com o pé da frente, encadeando um gyaku-zuki de mão direita. Avance o pé direito e faça sotto-uke de braço direito. Ficamos em hidari-hanmi-kumae, fazendos tobikonde-mae-geri do pé da frente e após mae-geri com o pé de trás. Após, reposamos o pé direito e fazemos mawashi-geri de esquerda. Reposamos este pé e completamos por gyaku-zuki de mão direita. Retiramos a mão direita do quadril direito, ficando de novo em hidari-hamni-kamae.

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CAPÍTULO XVI

T É C N I C A S DE BASE APLICAÇÕES KUMITE O combate desenvolve a energia vital e faz com que nos sobrepujemos, nos mostrando aquilo que na verdade queremos. O Kumite é o âmago de duas vontades, sendo pois, mais do que uma troca de técnicas, fazendo-o então, algo mais especial. É a união de dois espíritos que lutam por encontrar as suas falhas, ou melhor, o ponto falível do outro, quebrando sua concentração e aproveitar-se por uma técnica especial. Aqui, desenvolveremos os reflexos e o espírito da iniciativa. É no decorrer dos assaltos que criamos algo q u e partiu das técnicas de base, que nos foram impostas. Aquele que se familiarizou com os assaltos, sabe até que ponto é dono de seu corpo e mestre de seu espírito. E desta parte para a frente, podemos chegar ao princípio filosófico das artes marciais: conhecermonos durante a ação nas "asas do imprevisto". O COMBATE Se tirarmos o assalto do Karatê, esta arte deixa de ser uma arte de combate, para ser um meio de educação física. Assim, faltará a verdade em seu teste real e também, o sentido em especial. Não haverá razão para a velocidade para a nossa confiança se de encontro a estas, não pusermos algo que as ponha à prova. -

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Logo, o assalto nos faz tornai à realidade e nos coloca de encontro à nossa certeza! Devemos lembrar que por vezes, os assaltos trazem conseqüências técnicas e espirituais penosas, sendo que na parte física não há conseqüência danosa possível, pois, as regras são dosadas em razão das funções do nível dos combatentes. Precisamos ser autocríticos parcimoniosos daquilo que pensamos saber e dominar. Dentre estas coisas, lemos: a velocidade de reação, esquiva, respiração, posição, etc. Ao primeiro impecilho, não devemos desanimar, mas pelo contrário, lutar com mais amor no próximo, Ki-Hon, cuidando principalmente, daquelas partes que nos parecem mais difíceis e imperfeitas. E como sabemos, se tirarmos proveito da lição do fracasso, este não é mais fracasso, mas sim, um ponto de estudo que nos levará a algo melhor. O fracasso passageiro não é pois, um fracasso, é algo que nos desafia para pôr à prova nossa personalidade e nosso caráter, fazendo-nos procurar a solução do problema. São nestes momentos que pomos à prova nossa vontade e nosso querer, pois, se ultrapassarmos o fracasso sem auxílio do professor, podemos crer que fizemos certos progressos em direção do caminho que nos levará ao Karatê. Somente devemos procurar o auxílio do professor em casos extremos, onde toda a nossa vontade falhou, depois de nos fazer evitar as coisas fáceis. Jamais nos guiemos pelos conselhos dos fracos que acham que pelo professor estar na aula é obrigação nos atender, e que se procedemos assim, ao primeiro obstáculo ganharemos tempo. Esta é a razão dos fracos e daqueles para os quais a vida nada dará do que ilusões. Uma das razões básicas de uma arte marcial, é a eterna procura, sem a qual não haveria nada de pessoal, ou melhor, aquela experiência fundamental própria a toda arte, -

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a possibilidade de uma série de revelações chocantes, mas no entanto, pessoais, que na verdade, nos acompan h a d o para sempre. Daí, outros pontos se revelarão da prática por eles mesmos, e nós teremos dado um grande impulso na. direção da técnica e do espírito. Com ânimo e vontade, jamais precisaremos pedir a outro o que pudermos conseguir por nós mesmos, estando assim, bem próximos de "encontrarmos a resposta por nós mesmos". É preciso que saibamos que os problemas aparecerão sempre cm razão de em treino apropriado c sempre proporcionais à nossa possibilidade de responder. O iniciante deve da dificuldade esclarecida pelo professor, partir daí, para a procura própria. Já o avançado pode se defrontar com outros problemas como, tempo de esquiva, contração involuntária do rosto antes do ataque e disposição do espírito no instante, sendo que ele será suficiente para saber que tudo está na arte de colocar a respiração e liberar o espírito de tudo que o segura, e cada próximo treino porá toda a sua vontade naquela direção. É certo que o professor nos guiará, mas nos proporá formas de treinar q u e nos colocará sempre em problemas, por isto o espírito "jamais dorme n u m estado de eficicia total". Certas pessoas podem se contentar com o mínimo, mas jamais serão dignas como aqueles que aceitam o sentido desta espécie dc enigmas. Pelo visto, o Komite nada mais é, que o fruto magnífico dc um treino de base de seriedade e quase sempre duro. É um degrau decisivo na procura ininterrupta pelo domínio total. O passo certo neste sentido, seria não nos iniciarmos tão de imprevisto nesta parte, antes de darmos tempo ao tempo, a lógica seqüência de aulas breves, na intenção dc estimular e conservar o nosso espírito de combate, sem que nos lancemos a excessos -

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que podem nos prejudicar em lugar de prover o benefício e o bom resultado. De outro modo, não devemos começar nos assaltos cedo demais, pois, as dificuldades aparecerão mais depressa do que suspeitamos. Se nossas técnicas falham por falta de precisão, e se não temos noção de estarmos "fechados", e se nos falta o equilíbrio, é claro que sentiremos a deficiência maior por termos, isto tudo, aliado a nosso espírito monopolizado e portanto, fácil de esquecer qualquer técnica de base, por mais simples que seja. De nossa pouca técnica, podemos nos machucar por falharmos nas defesas e também magoar nossos companheiros de assaltos por não sabermos nos controlar. Fujamos, pois, das alegrias fáceis, para não sucumbirmos ante pequenos impecilhos. Satisfações fáceis são apanágio daqueles que a muito tempo perderam a direção do verdadeiro sentido do Karatê. Se pelo contrário, começarmos muito tarde, nos defrontaremos com dificuldades também sérias. Uma delas seria, perdermos o sentido do combate. Podemos nos esforçar mais profundamente nos movimentos, mas perdemos a muito tempo sua utilidade de aplicação e suas diversas formas, em função de situações várias que podem aparecer na realidade. Jamais estaremos preparados, pois, ao passo que treinamos nosso corpo, nosso espírito ficou abandonado. Entre estas duas situações, há o lado intermediário, onde poderíamos notar aquele que atua na função do grau do treinamento, há existência de uma progressão nos assaltos: do assalto simples e regrado ao livre com batida real, é este caminho que vamos seguir. Os assaltos com parceiro podem se dividir em: Combates convencionais =

Ki-Hon-Kumite

1 — Gohon-Kumite = assalto sobre cinco passos

2 — Sambon-Kumite = assalto sobre três passos 3 — Ippon-Kumite = assalto sobre um passo 4 — Jiyu-Ippon-Kumite = assalto real sobre um passo. Assaltos livres: Jiyu-Kumite = assalto ílexível Shiai = competição esportiva EsLa é a orclcm que indicamos como ideal c lógica; mudár, poderia, quem sabe, dar alguma luz para mais, mas desde que não exageremos nos lestes, que não devem ser longos, guardando, isto sim, o sentido do combate anerente ao cômputo de nossa técnica rudimentar. Logo, a ordem pode ser invertida como colocarmos o Ippon-Kumite em primeiro plano, sendo que a orientação nos é dada pelo caminho piocurado e o espírito que colocamos na execução das técnicas. Os assaltos convencionais: Não são mais do que a prática daquilo que aprendemos no Ki-Hon, sendo que este trabalho, feito por nós, deve ser confrontado com aquele de nosso parceiro, para que sejam reajustadas em função do mesmo, sabendo-se que os assaltos introduzem noções diversas. É evidente que não nos podemos valer de nossa força e de nossa técnica em razão de nosso adversário, se lembrarmos que a dele não pode ser prevista por nós. Logo o assalto está em função da morfologia e da técnica de cada um, sendo criados para desfazer as dificuldades que, por ventura, possam aparecer. É a única maneira de entendermos que alguns detalhes de movimentos são cm si, secundários, ao passo que outros, -

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antes negligenciados no Ki-Hon, têm importância fundamental em combate e que a negligência, em razão dos mesmos, nos podem fazer regressar no assalto. Dizemos que o assalto deve conduzir o noviço para que seu espírito não se detenha a questões banais. Além do mais, o assalto treina o nosso golpe de vista c a precisão dos movimentos, fazendo com que sigamos para melhor, depois de ultrapassarmos nossos defeitos: retardos, etc., sendo que os golpes, bloqueios c esquivas, se tornam mais rápidos, pois, não treinamos mais a sós, e nossa velocidade não pode ser mais aquela, mas a que esteja à altura da velocidade da ação do nosso adversário. Desta forma, desenvolvemos os reflexos, aprendemos a parar e a partir para o contraataque sem q u e haja ação do pensamento, conseguindo. então, reunirmos todas as qualidades indispensáveis, para o combate livre: precisão, coordenação, força e velocidade. Devemos deixar nosso espírito livre de toda a excitação para que possa nos auxiliar, sendo que isto alcançamos no Ki-Hon-Kumite. O nível e o modo do ataque são definidos ao avanço. Podemos deixar funcionar os reflexos e reagirmos, inconscientemente, ao ataque. Há outro modo diverso daquele citado acima, e que não permite que nos toquemos, devendo frearmos nosso golpe poucos centímetros do alvo do impacto, ressalvos feitos aos bloqueios. A dificuldade é enorme, em razão de que os golpes devem portar força e velocidade. Somente após longa técnica de controle é que chegaremos à perfeição. Devemos treinar a velocidade, batendo em alvos suspensos e ter, aproximando ao máximo do .alvo, nossas "armas", sem jamais tocá-lo. Devemos bater realmente, no transcorrer do ataque e nos controlarmos ao máximo no contra-ataque. Se tivermos uma boa técnica para o bloqueie de um ataque, é bom que -

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verifiquemos se aquela é, realmente, correta e exata. Desta forma, progrediremos, principalmente, se conseguirmos um colega que tenha um bom "espírito", digno de um praticante e que bata a fundo, sem nos t o c a r ! . . . Assim, o assalto é convencional, mas diferente de algo simulado, pois, c viril, poderoso e os bloqueios fortes. Aquele que ataca deve fazê-lo com todo o espírito e força. Com velocidade e a firme vontade dc tocar o colega "sem tocá-lo". Sem o que não haverá razão nem resultado no treino. Tocamo-nos ligeiramente nos contra-ataques para que aquele que for tocado jamais se relaxe após o ataque, mas sim, se contraia sob o impacto. Atacamos, pois, «somente ao corpo, evitando o rosto e o baixo ventre. Treinaremos deste modo, após obtermos o 2.° Kyu. Tomemos, pois, dois companheiros para a parte seguinte: João

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aquele que ataca

Mário = aquele que defende CONSELHOS: Se somos João: ataquemos diretamente, sem fingir e com franqueza. Tiremos do pensamento aquilo que vai fazer nosso adversário nos fixando em nossa ação, tendo confiança e não temendo a resposta. Façamos nosso ataque como de hábito no Ki-hon, atacando com firmeza para não dar chance de nosso companheiro bloquear. Façamos isto com conecção e decisão, e fiquemos em posição final, assim que fizermos Ippon-Kumite para que nosso colega possa contra-atacar. Em sanbon e gohon-kumite façamos um tempo de -

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um segundo, antes de prosseguir, exceto quando o parceiro se movimenta para atacar sem parar. Se somos Mário: Devemos esperar o ataque com calma, não nos contraindo, e fazendo o bloqueio e contra-ataque o mais depressa que pudermos, a não ser em casos especiais. Os contra-ataques usados por nós, devem ser, sempre que possível, únicos, nos quais, podemos colocar toda a nossa energia, fazendo o mesmo nas defesas, que devem ser as mais simples. O bloqueio deve ser feito com toda a força, não nos esquecendo que aquele, juntamente com a esquiva, devem ser feitos antes que o membro adverso tenha conseguido a extensão total, caso contrário, a defesa seria inútil. Sabemos que necessitamos de mais força para bater num pe estirado, pois, nosso bloqueio corresponde ao momento do Kiine adverso. Ao contrário, se paramos um pouco antes, o membro adverso estará em pleno movimento, em plena descontração... Isto pede de nossa parte, influxos nervosos, rápidos e boas reações. Fiquemos em posição baixa e sólida, fazendo o possível para não perdermos o equilíbrio no contra-ataque, esperando um segundo, antes de ficar em posição natural. Devemos nos descontrair e ficarmos à boa distância do adversário na partida, para que ele nos possa tocar e possamos bloqueá-lo. A tomada de atitude no Ki-Ho-Kumite. Esta deve ser frente a frente, e devemos nos saudar, lentamente, e com perfeição, tendo calma ao comando "Rei". Após, nos coloquemos em Yoi ao comando Yoi. Enfim, João recua o pé direito para ficar em Zen-Kutsu à esquerda, com Gedan-Barai do braço esquerdo pronto para atacar de mão direita fechada. Mário fica em Yoi ao comando Kamae. O ataque pode ser feito pela ação de João. ou pelo comando "hajime". Depois do contraataque João e Mário obedecem ao comando de Yamae, -

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ficam em Yoi e se cumprimentam. Fazem isto no início e no fim do exercício, pois, que o mesmo é pleno de assaltos. Após a saudação do início, os dois fixam seus olhares, um no rosto do outro, e jamais~abandonam esta atitude, até o final, sendo que, João não. olha nunca ao ponto visado para batei, o mesíno fazendo Mário em relação ao pé òu à mão fechada que vai bater. Ambos devem poder ver um ao outro na sua totalidade, em todo o instante, mesmo na esquiva. Não devem contrair o rosto antes do movimento e não fazer notar o pé. Gohon-Kumite. Atacamos cinco vezes, avançando cinco passos, correspondendo cada passo, a um ataque. Aquele que ataca, o faz com cinco oi-zuki ao nível alto ou médio, e avança em linha reta. No entanto, aquele que recua, também o faz no mesmo ritmo e utiliza cinco vezes as mesmas paradas, antes de fazer o contra-ataque no lugar, em um sexto tempo. Para quebrar o equilíbrio do adversário, cada bloqueio e cada ataque deve ser feito com vigor, sendo cada ataque distinto. No transcorrer do exercício, os quadris daquele que ataca e do outro que defende devem ficar ao mesmo nível. O que defende deve recuar o suficiente, para que a sua distância não seja progressivamente destruída pelo avanço do outro, sem esquecer que a mesma não deve ser muita, para que exista aquele contato estreito, com aquele que ataca, isto que lhe dá a possibilidade de contra-atacar a qualquer momento. Ele não dá esboço de contra-atacar antes do sexto-tempo. Vejamos, aquele que ataca não avança mais, mas ele pensa e pressente este gesto, pronto para partir. Logo o bloqueio deve ser executado na

distância precisa, com foiça e precisão, para que os quatro seguintes possam ser iguais, dando oportunidade de sempre poder ' m e d i r " aquele que ataca. Em caso contrário, se aquplç que ataca toma a dianteira do primeiro tempo, desviando, ou impedindo a execução do bloqueio correto, ele corre o risco de o guardar ao curso dos movimentos seguintes. Após o sexto tempo, que é o contra-ataque daquele que defende, sem que o outro modifique a posição, os parceiros ficam em Yoi, invertindo os quadros para a série seguinte que é executada em direção oposta. Aquele que ataca fica como o que defende, em Yoi, ao passo que o que defendia toma a atitude Gedan-Kamae, recuando o pé direito. Estes exercícios, desenvolvem a flexibilidade, a resistência, dão sincronia aos movimentos e fazem manter o equilíbrio nos deslocamentos rápidos, nos quais é quase impossível voltar atrás para reparar uma falta cometida no início. É notória a harmonia do desenvolvimento do corpo, em todas as partes. Podemos praticar, se houver espaço, uma série de dez ataques idênticos. Nesta parte, como o ritmo e a dificuldade variam de acordo com o nível do aluno, o professor pode impor o tempo para quem inicia, e acelerar o ritmo para o avançado. O Gohon-Kumite é muito enérgico, mas muito útil, mesmo para aqueles avançados. Sambom-Kuniite = Reduzimos aqui o número de passos conservando, mas adotamos os mesmos princípios e metas visados pelo anterior. Neste exercício, aquele que defende contra-ataca num quarto tempo, sendo que, recomendamos este tipo de exercício para os mais avançados, por estar mais próximos dos combates reais. Neste exercício chegamos ao ideal, tão desejado pelos ávidos da perfeição e obtido pelos "experts", pois neste, atacamos com mais velocidade e di-

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minuimos ao quase nada as paradas ent~e cada ataque, e quando o fazemos, damos ato contínuo ao mesmo. Aquele que ataca pode fazê-lo três vezes a fundo, e ainda, reforçar o último, estendendo o Kiai. O outrò deve decalcar os passos sobre os do adversário e jamais recuar antes que o mesmo avance. O que defende não deve se mexer para não se descobrir e não hesitar, deixando o ataque adverso passar. Sempre o primeiro ataque é feito de mão direita fechada, sendo que podemos mudar o exercício recolocando o ataque em Oi-Zuki por Mae-Geri-Kekomi ou Yoko-Geri-Kekomi e podemos .tomar a decisão, antes do início que aquele que ataca a fundo. Neste exercício treinamos a nossa coordenação nos movimentos e a respiração que é fator essencial. T a m b é m somos obrigados a nos movermos de uma posição baixa, dada sem elevarmos os quadris. Podemos, por outro lado, recuar em completo a perna de trás, o que pode se tornar difícil pelo recuo contínuo. Desta parte, tiramos a conclusão que o papel daquele que defende não é o de escapar para mais longe, mas o de fazer uma retirada inteligente a seu avanço e permitir, sempre que o momento permitir, a mudança da direção do combate. Aquele que defende, sempre o faz sem demonstrar qualquer claudicação, e executa os bloqueios eficazmente e faz com que haja sempre, tempo para contraatacar entre cada ataque. Devemos sempre procurar os movimentos diretos e simples, e não aqueles complexos. Abaixo damos as mais comuns, convenções adotadas no estudo do Gohon e Sambon-Kumite: í — Aquele que ataca avança com chudan-oi-zuki, enquanto o outro recua com soto-uke para o exterior do braço oponente contra por gyakuzuki. -

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O atacante avança com chudan-oi-zuki e o defensor recua com soto-uke para o inteiror do braço do atacante (posição Zen-Kutsu) e contra por Gyaku-Zuki. O atacante o faz com Chudan-Oi-Zuki e o defensor recua com Uchi-Uke para o interior do braço do atacante (posição Zen-Kutsu) e contra por Jodan-Kizami-Zuki, da mesma mão fechada. Aquele que ataca o faz com chudan-Oi-zuki e o outro recua com shuto-.uke para o interior do braço do atacante (posição Ko-Kutsu) e contra por Mae-Geri do pé da frente c após Nukite da mão de trás (des. 76 a 80). Não esqueçamos de ver o recuo em ho-kutsu a 45°, em relação ao eixo do ataque, e não para trás diretamente, a fim de manter contato com o oponente, e o contra-ataque com uma poderosa rotação dos quadris. O que defende rica estável, recuando, tendo uma grande parte do peso do corpo sobre a perna da frente. O atacante avança com jodan-oi-zuki e o oponente recua com jodan-uke para o interior do braço do oponente (zen-kutsu) e contra por gyaku-zuki. o que avança o faz com jodan-oi-zuki e o outro com jodan-uke para o exterior do braço daquele que ataca (posição Zen-Kutsu) e contra por MaeGeri do pé de trás. - O atacante avança com jodan-oi-zuki e o oponente recua com jodan-uchi-uke sobre o interior do bra-

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ço do oponente (posição Ko-Kutsu) e contra por chudan-uraken, de mão da frente, passando em Kiba-Dachi. 8 — 0 que ataca, avança com jodan-oi-zuki, e o defensor com jodan-haishu-uke, tendo a mão de trás na frente, sobre o exterior do braço do atacante (posição Ko-Kutsu) e contra por ShutoUchi da mão de trás ao flanco, passando em ZenKutsu. 9 — O que avança o faz com mae-geri-kekomi e o oponente recua com gedan-barai sobre o interior do pé do atacante (posição Zen-Kutsu) e contra por Gayaku-Zuki de pé de trás 10 — O atacante faz com Mae-Geri-Kokomi o outro defende com o recuo em Gedan-barai sobre o exterior do pé do atacante. Contra atacando com Mawashi-Geri do pé de trás. 11 — Ataca com Mae-Geri-Kekomi e o que defende o faz recuando com Gedan-Barai sobre o exterior do pé daquele que avança (posição KibaDachi) e contra por Sokuto do pé de trás. 12 — 0 atacante vem com Jodan-Mawashi-Geri e o que defende recua com Jodan-Uchi-Uke (posição Ko-Kutsu) e contra por Gyaku-Zuki. Ippon-Kumite. Outras variações existem e podemos estudá-las -

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mais adiante. Ataquemos sempre a f u n d o e defendamos também, e, em cada tempo, menos no contra-ataque» que devemos inverter a posição.

ippon-kumite =

Aquele q u e ataca toma a posição ou atitude Gedan-Kamae, o pé esquerdo avança para um ataque à direita. O que ataca o faz uma só vez, fazendo um passo com a perna de trás, enquanto o defensor está em Yoi. Ele pode bater com a mão ou com o pé de trás, devendo concordar com o avanço e ao nível do ataque. O que ataca pode lançar em ataque de mão da frente no mesmo lugar (Kizami-Zuki) ou encadear um MaeGeri do pé de trás e após um oi-zuki da mão que corresponde. T a m b é m aquele que ataca pode voltar à posição inicial, o que faz com que aquele que ataca tem que dar mais velocidade no contra-ataque. Há uma variação, na qual, aquele que ataca, bloqueia o contra-ataque do oponente, e contra-ataca com resolução definitiva. Neste ponto o combate pára, depois deste último tempo. Aquele que defende treina a controlar estreitamente o braço que ataca, desiquilibrando-o, etc. Este exercício é muito diversificado e muito atraente, por dar uma só chance a ambos os combatentes, não aceitando retardos ou imperfeições no gesto. Aqui estudaremos os ataques portados pelo que ataca e anulados pelo oponente, não esquecendo que muitas vezes o contra-ataque não deve tocar o parceiro. Aquele que defende não deve, jamais, esquecer de contra-atacar, mesmo estando sua defesa defeituosa. -

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As fornias de defesa. 1 — Recuar — Bloquear — Contra-atacar. Aqui você sai da zona perigosa pelo reflexo natural, não correndo o risco de ser tocado, mesmo se o bloqueio for imperfeito. O oponente pode encadear um novo movimento na mesma direção, antes que o defensor possa se mexer. Assim, o que defende está deportado muito longe para contra-atacar com proveito de mão de trás em Gyaku-Zuki. 2 — Avançar — Bloquear — Contra-atacar. Esta é mais eficaz, mas é necessário coragem para pô-la em prática. Desta maneira as duas forças oponentes se chocam e aquele que defende, se bloquear antes do kimc, poderá desiquilibrar o adversário. Logo pegará o oponente cm desvantagem, e usando o corpo como apoio ao golpe, na mesma direção, este poderá ser definitivo. Nesta defesa há o "handicap" do fraco contra o forte, logo é preciso que aquele que defende, bata no momento que puder usar a força do adversário. 3 — Esquivar, bloqueando para o interior do ataque — Contra-atacar. — É preciso velocidade, e aqui o que defende, fica perto do oponente apurando seu golpe sem quase força. Assim, estão a seu dispor de frente o rosto, o baixo-ventre, etc. É necessário contra-atacar em seguida, para não dar oportunidade do adversário avançar e tocar seus pontos vitais, agora descobertos. 4 — Esquivar bloqueando para o exterior do ataque. — Contra-atacar. — As mesmas vantagens do precedente, podendo também, aquele que defende, sair da zona de perigo. Controlando o membro adverso, poderá deixá-lo inofensivo. -

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5 — Esquiva — sem bloqueio e contra-ataque. Nesta defesa o adversário é batido em pleno impulso, o que é ótimo, pois aquele que defende não perde a força nem tempo para contra-atacar, pois há razão de sobra para fazê-lo. O contra-ataque inicia durante a esquiva. O importante é dar velocidade para que não haja oportunidade para o oponente seguir. 6 — Bloqueando tudo, contra-atacando. T u d o aqui é feito a um só tempo, com um Kime forte, havendo um certo tempo perdido entre a defesa e a resposta. Uma das duas ações pode ser prejudicada em razão da outra. 7 — Antecipando o ataque. Esta forma sai do sen-nosen. Assim que o movimento do oponente é percebido, ataque com vigor. Isto deve ser feito antes que o ataque tome forma. Nesta forma de defesa é preciso superioridade, sendo que o caminho para a vitória é certo, em razão de que as duas forças agem como na fórmula 2 e contrário a esta última, toda a energia daquele que defende é posta no contra-ataque. 8 — Executar um golpe de embargo e contra-atacar. Aqui o ataque toma forma, mas o que defende, pára antes que ele chegue a termo, batendo naquele que ataca no corpo, sobre a perna que avança ou sobre o membro que ataca. O atacante é detido com violência em seu impulso, e aquele que defende pede contra-ataque se o golpe não foi suficiente. As fórmulas 7 e 8 são difíceis de execução se o -

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parceiro não é orientado a respeito das intenções do outro. Ao determos o parceiro cm seu impulso, nós o podemos magoar, e se não o detivermos, fazendo somente o esboço da intenção, podemos levar a pior por nos expormos ao adversário. O ideal será estudarmos primeiro as formas dominadas, para depois passarmos para o estudo livre, no qual podemos trabalhar qualquer forma. Devemos executar as defesas de acordo com aquilo que conhecemos em técnica, e com a nossa capacidade física e psíquica atual. Devemos estar atentos aos erros e procurar corrigi-los, pois, uma coisa é errar na Dójo, e outra é "errar num combate real". As formas de defesa que devemos estudar são aquelas que nos devem levar à maneira simples e única de chegarmos ao golpe final, sem nos preocuparmos com o lado espetacular. Procedendo assim, estaremos no caminho certo da aquisição de um estado mental e técnico, que nos levará à morada do domínio. Por causa do número incontável de defesas e respostas, elas devem ser ensaiadas no início, nos preocupando para que os movimentos sejam perfeitos e poderosos. Sejamos honestos com nós mesmos, e não passemos a uma variação, senão quando pudermos executar o encadeamento precedente com perfeição e domínio. Logo a seguir daremos os exemplos simples, com todas as bases para as combinações futuras que abordaremos sob o comando do professor. Exemplos dados por gohon e sainbon-kumite: 1 — Aquele que avança o faz com chudan-oi-zuki, enquanto o que defende, recua com chudan-haishu-uke em kiba-dachi e contra com mikazukigeri do pé de trás, depois mae-empi-uchi do cotovelo que corresponde. -

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2 — 0 que ataca, o faz com chudan-oi-zuld, enquanto o outro esquiva para o exterior do ataque (posição Ko-Kutsu), bloqueando com shuto-uke e contra por mae-geri-keage do pé da frente ou mawashi-geri. 3 — O atacante vem com chudan-oi-zuki esquiva para o exterior do ataque Kutsu) bloqueando com uchi-uke, mawashi-geri do pé da frente, sob o cante (des. 81 e 82).

e o oponente (posição Koe contra por braço do ata-

4 — O que ataca o faz com jodan-oi-zuki, enquanto o que defende, avança sobre o ataque, bloqueando com jodan-uke, passando em kiba-dachi (des. 83), após um primeiro contra-ataque em kagi-zuki da mão de trás e numa ação no pé do atacante na dreção inicial do ataque desiquilibra-o para o lado (des. 84). 5 — Novo ataque em jodan-oi-zuki pelo atacante, enquanto o que defende recua e bloqueia com ageuke em posição gyaku-ashi (des. 85). Contra-ataca por hansetsu-geri do pé de trás. Desiquilibrando a um só tempo o braço, com aquele e vem de atacar (des. 86). 6 — Outro ataque com jodan-oi-zuki e um recuo e bloqueio com age-uke na posição gyaku-ashi (des. 85), traz o pé da frente contra o pé de trás, para ficar em boa distância, em caso de contra-ataque. Mawashi-geri do pé de trás (des. 87 e 88). 7 — Mais um avanço com gedan-mae-geri e um recuo e bloqueio co mgedan-juji-uke (posição Zen-

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Kutsu) e responde com haito-ushi da mão da frente, depois nukite da mão de trás. 8 — 0 atacante avança com gedan-mae-geri e o oponente esquiva para o exterior com gedan-barai contra-atacando com uraken da mesma mão ao flanco. 9 — Outro avanço com Gedan-Mae-Geri é bloqueado com Gedan-barai sobre o exterior da perna do atacante (des. 89), depois contra-ataca com sokuto da perna da frente (des. 90), o pé de trás pode ser trazido contra o pé da frente se a distância for grande demais. Os dois parceiros voltam sempre à posição de início após cada resposta e fazem um tempo antes de tomar novo assalto.

A guarda no assalto flexível.

J iy u-ippon-kumite. Neste exercício o atacante procura tocar o adversário realmente, não saindo de uma atitude básica que convenha ao avanço. As últimas convenções feitas, são quanto aos papéis e aos níveis e gêneros do ataque. Logo a sensação está que, qualquer dos dois pode tomar a posição que deseja. Um pode antes do ataque findar, procurar uma falha na defesa do oponente e se colocar à boa distância. As devem conseguir fazer com que o oponente esboce um gesto de defesa. O atacante deve saltar n u m ataque longo, a fim de fazer o oponente perder a guarda se não recuar o suficiente. O que defende deve ficar na posição que lhe convir melhor, podendo voltar, trocar de posição e guarda, avançar, recuar no intuito de enganar o adversário. -

Logo que é atacado, aquele que defende deve bloquear, esquivar e contra-atacar, sendo que após o assalto,' invertem os papéis. Aquele que defende ataca e vice-versa. Nos assaltos de estudo, o que importa é o tempo e a tensão que antecipa o ataque. Aqui um deve reagir em função do outro. O que ataca deve procurar a falha na defesa do outro. No fundo é u m a luta de espíritos, e o jiyu-ippon-kumite, sendo menos rigoroso que os precedentes é decisivo para o combate livre e a competição. Se aquele que defende não possuir no mínimo o 2.° Kyu, aquele que ataca deve fazê-lo com oi-zuki e posteriormente de pé. Aquele que ataca, se estiver com o cinturão preto, deve atacar com encadeamentos de ataques dire-.os de golpe de pé de trás, seguidos de mão e cotovelo. Há inúmeras outras variações que pelo significado simples deste livro deixamos de exemplificar.

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Cada um tem a atitude conveniente, ou melhor aquela que deixe reagir a todos os ataques, dando facilidade de partir para o contra-ataque. Estas atitudes devem ser sóbrias e prudentes, flexíveis e naturais, tendo os joelhos um pouco flexionados e o resto do corpo distribuído entre as duas pernas, com igualdade. As atitudes fudo-dachi e hidari-hanmi-kamae permitem que nos movimentemos com rapidez, para qualquer direção, nos dando ainda, a oportuuidade de tomarmos qualquer outra posição mais difícil. Somente em tempo de bloquear é que podemos ficar mais baixos, caso contrário, jamais, para que nossas pernas não se enrijeçam e percamos a mobilidade. As mãos devem ficar perto do tronco, enquanto este deve ficar na vertical. Não devemos contrair os ombros. O melhor seria colo-

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carmos uma mão na frente, à altura do ombro, tendo o braço dobrado e o cotovelo perto do flanco, ficando a mão de trás ao nível do plexo. A descontração dos braços deve ser total, para que possamos partir para o ataque ou para a defesa. Não fiquemos nas pontas dos pés, como se bailássemos, e se necessitamos nos mexer, devemos mudar de posição, pois estamos vulfreráveis. ASSALTOS LIVRES Jiyu-Kumite — Livre flexível. Combate completo: Neste exercício os bloqueios são virogosos, pois os golpes são reais e os adversários podem atacar quando bem quiserem. Nesta fase há necessidade de haver ataque "Mão-pé-Mão" para que consiga passar pela defesa, sendo bom salientarmos que o estudo do RenzokuWaza, bem feito, muito pode auxiliar esta parte. Aqui todas as técnicas podem ser utilizadas e todas as vontades testadas, sendo este tipo de exercício um meio, no qual o praticante pode usar todos os seus recursos. É claro que devemos por honra,, jamais magoar nosso adversário, e sim respeitado pelo apoio que nos dá para que nos aprimoremos na técnica. Devemos primar pela cortesia e não deixar que os maus atos enegreçam nossas primeiras intenções. Os golpes não devem ser dados a f u n d o e para que possamos realçar mais as intenções da arte, devemos ficar em haisoku-dachi após cada engajamento, saudando o parceiro antes de recomeçar. Deste modo, podemos encurtar os assaltos e acalmar os espíritos. Nestes tipos de assaltos a vitória não interessa, o que faz com que não -

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exista a vergonha da derrota, mas a perseguição pelo aperfeiçoamento. Livre do fantasma da derrota, nós podemos nos enganjar a f u n d o com o adversário, o que resulta em benefício para que nos acostumemos ao combate real. Logo, não devemos temer, e sim, pro curarmos nos livrar de toda a carga psicológica, para que possamos procurar a vitória de outro modo singular. Se não conseguirmos, devemos estar prontos para sorrir e agradecermos a oportunidade de havermos aprendido algo mais, para vitórias futuras. A contestação não fica bem para o praticante, pois a mesma faz parte dos espírtos fracos. Outros tomam as decisões e dão a sentença, pois para isto, há os professores. Nada engrandece mais do que saber perder e muitas vezes, por sabermos perder, estamos ganhando, pois, nem sempre aquele que vence obtém a vitória. Praticamos estes assaltos por alguns minutos, mudando de parceiro várias vezes para que possamos confrontar nossa técnica com várias técnicas diferentes. Assim, treinamos nosso espírito para o combate real. E também treinamos nossa velocidade que nos dará condições para não pararmos antes da vitória. Este tipo de assalto, pode ser feito contra dois, três e mais elementos que podem atacar de qualquer modo, nos treinando para um tipo de luta mais próxima às tradições antigas do Karatê: "a batalha". Conselhos: Não devemos esperar para que nosso adversário ataque, pois aquele que inicia e orienta as operações, dirige as outras, tendo vantagem sobre o outro, pois este, não pode saber no tempo rápido do ataque, à natureza* e alvo visado. Logo a esquiva e o bloqueio se -

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tornam difíceis em função do ataque. Não podemos ficar estáticos para não darmos oportunidade ao adversário de conseguir furar nossa defesa. Devemos variar a nossa atitude e nos mexermos o necessário. Sempre, e sobre qualquer aspecto, devemos ter plena confiança em nossas possibilidades. Os assaltos devem ser rápidos e a vitória procurada no primeiro enganjamento, fazendo com que nos esqueçamos das técnicas confusas e dos longos corpo-acorpo, que não levam a nada. Saltemos ao ataque ou à defesa em Kensei, tentando terminar com a concentração do oponente, sendo possível que aquela fração de segundo que dará hesitação, nos seja proveitosa. Quando somos tomados por uma quantidade de ataques, não devemos recuar, e sim, nos voltarmos para o exterior, saindo do eixo de perigo. Fazendo isto, obrigamos ao nosso adversário a mudar seu ângulo de ataque, o que nos dará um tempo de demora que aproveitaremos para contra-atacar. Bloqueando, devemos conti a-atacar, retomar a iniciativa. Jamais nos devemos deixar levar pelos artifícios do oponente, assim como não nos devemos fixar em suas mãos ou pés. Fiquemos calmos e não demonstremos medo ou nervosismo, não esquecendo de controlar a nossa respiração para que nosso oponente não nos ataque quando inspiramos. A boa distância é essencial e para isto, devemos mantê-la, nem muito perto nem muito longe, ficando cada vez, mais vigilantes à maneira que nos aproximemos dó adversário. Não devem fugir e nem recuar mais do que o necessário ao primeiro ataque adverso. Sempre que possível, devemos modificar nosso ritmo, imobilizando-nos, saltando para os lados, avançando e lançando uma finta, encadeando golpes para que tomemos, sempre que possível, a iniciativa e dirijamos o combate. Não devemos executar -

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encadeamentos longos, uma ou até duas são suficientes antes do ataque real, como disfarce da intenção precisa. Devemos executá-los com precisão, força e velocidade para que o oponente se descubra por receio de não poder anulá-los. Nesta ocasião, devemos atacar sem claudicar, na direção do alvo descoberto. Se estivermos bem concentrados e de boa distância lançarmos o golpe, este, mesmo único, pode trazer a vitória. Longos encadeamentos atrapalham e facilitam o meio pelo qual o oponente vai nos parar. A guarda deve sempre estar flexível e não nos devemos agitar e nem fazer nada, sem estarmos bem certos de nossas intenções. Sempre que possível, devemos mexer com as reações do oponente, dando a impressão de estarmos com alguma parte descoberta de nossa guarda, mas sempre, tendo a certeza de estarmos seguros de podermos bloquear em caso de ataque. Atenção total, pois esta é uma ocasião que pode ser a última, pois o adversário já está esclarecido. Ao projetarmos o oponente façamos num tsuki ao solo, e em caso contrário, nos defendamos com os pés, trazendo os braços diante do corpo. O tronco deve estar vertical, os ombros baixos, o ventre forte, as nádegas reentradas e os calcanhares no solo. As mãos nunca devem estar abertas no transcorrer de um assalto para que não injuriemos os dedos, ao bloquearmos golpes de pés. De outro modo, não devemos contrair eternamente a mão fechada para que não percamos a flexibilidade dos braços. O ideal seria dobrarmos as primeiras e segundas falanges, o polegar, ficando deste modo, prestes a contrairmos a mão fechada ao primeiro sinal. Devemos treinar este assalto em todos os terrenos para que criemos verdadeiras possibilidades. Estes são os conselhos que damos na intenção de esclarecer. Sabemos que falta muito, que a lisia não está completa, pois para que aprendamos -

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tudo, é preciso que saiamos do papel e vivamos na prática as dificuldades. Logo, somente através do combate com o parceiro é que podemos descobrir os "segredos" da eficácia. Sliiai (competição esportiva). Praticamente devemos as competições esportivas aos estudantes japoneses, apaixonados pela arte do Karatê. Esta paixão transformada em ardor e fogo, mudou, progressivamente, a antiga característica do JiyuKumite, qüe era de assaltos convencionais e Katas, para combates rijos com freqüentes injúrias e ferimentos, graças à falta das convenções. Estes desregramentos eram possíveis, ainda pela ânsia de cada aluno em provar que seu estilo era superior, e assim sendo, também a sua escola. Daí, surgiram as primeiras regras das convenções de base que tornaram possíveis os combates viris, ou sejam, de jamais bater, realmente, no adversário e controlar sempre os golpes, mas devemos lembrar, que apesar de tudo, sempre há a evolução na técnica e no espírito em relação à competição. Se observarmos, podemos notar que hoje há uma tendência de transformar as características básicas do Karatê, como aquelas que transformaram o Jiu-Jitsu que era arte de guerra, no judô esporte. Somente que no Karatê as tendências são para selecionar e para transformar velhas técnicas adaptando-as a uma forma esportiva, não condizente com o espírito de uma arte marcial. Melhor esclarecidos ficamos, se lembrarmos que certas técnicas eficazes no combate real, foram abandonadas nas competições, devido ao perigo freqüente, ao qual se expunham os participantes. Desta forma, eles são abandonados aos poucos pelos praticantes, em razão das técnicas mais condizentes com as competições e menos efi-

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cazes em combates de verdade. Devido aos efeitos destas modificações, é lógico que o espírito muda irrevogavelmente. E este estado dc coisas deixa estupefatos, praticantes como nós, que tivemos o privilégio de praticar com velhos mestres do "verdadeiro Karatê". Para nós não há razão na afirmativa de que o Karatê é um esporte. As desavenças são freqüentes entre uma corrente e a outra, sendo que a resistência a esta transformação por aqueles fiéis ao "absoluto", parece irredutível. Mas, sobre este problema, já falamos em capítulo passado, e pensamos que o raciocínio peculiar a cada um, é passível de avaliar a questão. A diferença entre o Shiai e o Jiyu-Kumite, é que, além do primeiro ser obrigado a regras especiais, o alvo entre ambos, difere. No Shiai a meta visada é a vitória constatada pelo árbitro que arbitra as condições do combate. No JiyuKumite, as vitórias e as derrotas não contam, podendo o combate seguir o tempo desejado pelos praticantes. Esta é uma forma de estudo flexível, onde pomos toda a técnica aprendida em prática, sem nos importarmos com a derrota, mas sim, com o aprimoramento, logo, diferindo do Shiai, no qual, a razão primordial é a vitória, sendo pois, um combate total. Sendo assim, este se torna menos flexível em virtude dos adversários procurarem, o menos possível, os riscos de se injuriarem. No Jiyu-Kumite, o alvo principal é o aprimoramento, pois o mesmo, nada mais é do que uma escola de combate, diferindo do primeiro, que visa a uma eficácia de momento, tendo em vista a vitória a todo custo. É evidente que o certo é o Jiyu-Kumite ter sempre seu lugar como condutor, ultrapassando a idéia errônea e sem significado algum, dc que somente a vitória alimentará o nosso orgulho. Chegará o tempo, no qual, o Jiyu-Kumite terá seu lugar no Shiai, pois na realidade, não haveria razão, nem progressão real, -

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se isto não sucedesse. No dia em que o primeiro conduzir o segundo, poderemos ter uma verdadeira confrontação real, onde toda a técnica poderá ser posta à prova. Duas escolas poderão se defrontar pela necessidade de demonstrar seu real valor, podendo desta forma, os participantes chegarem aos limites de suas capacidades e recursos físicos e mentais. Somente sobre este lado a competição pode ser positiva, sendo válido este aspecto para aquele q u e debuta. Ao debutante serão dosados os minutos que servirão para que seu espírito seja estimulado e para que não perca a sua vitalidade por efeito de exercícios monótonos. Logo, servirá de alerta para que se acostumem aos combates reais. A única ressalva feita é que os debutantes se acostumam a vitórias fáceis e negligenciam seu verdadeiro trabalho de base. Devemos lembrar que nesta parte cabe ao bom professor, dosar e vigiar os exercícios, fazendo com que exista aquela sensação de combate, mas que a mesma não disvirtue as normas básicas da arte. Devemos nos fixar primeiro no gesto clássico, não permitindo a aplicaão prática em seguida, pois, é menos perigoso para o parceiro que na verdade é mais tocado, "realmente". Os golpes devem ser controlados, e para isto se torna necessário o aprendizado do gesto preciso. Depois do 3.° Kyu, devemos praticar na competição. Não devemos esquecer que o Shiai faz com que o espírito trabalhe e passa, além de um teste de eficácia, como uma prova de coragem e vontade. É claro que há os riscos nos combates, e mesmo aqueles mais seguros de suas técnicas, estão predispostos a sofrerem conseqüências mais ou menos graves. E estas conseqüências, podem ser fraturas, hematomas, etc. O choque sonoro de dois membros produzem dores sérias. Dado a velocidade dos combates derivada de suas técnicas, é possí-

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vel passar pelo árbitro o impacto de um golpe simulado, assim como, saber quem tocou primeiro. Daí, ele pode perder a direção do combate, aparecendo então, os golpes "reais", quem sabe, pela sua esitação no julgar. Pelo nervosismo reconhecido de certos participantes, pode ocorrer a injúria, pois, ao crerem que seus golpes estão bem colocados e controlados terminam por apoiar, mais ainda, o golpe seguinte, dando-se aí, o "desastre". Como apreciar o golpe antes de sua fase final? Por esta razão os assaltos esportivos são impossíveis, pois, um golpe não pode ser dado que virtualmente. Além disto tudo, há a dúvida se o golpe foi bem sucedido no alvo, se foi retido ou se causou "algo" que possa suspender o combate. Estas são algumas das agruras do árbitro, muitas vezes, incompreendidas. Além disto tudo, há que distinguir e diferenciar o chi-mei de um simples golpe comum, pois, no auge do combate, muitas vezes, o fogo da disputa nos faz suportar certos golpes. De outro lado, temos ainda que lembrar, que o juiz tem que observar isto em fração de segundo. E o que dizermos das observações neces sárias ao "bloqueio, a esquiva se foi eficaz, se houve o amortecimento do golpe, se o disputante ficou sem reação diante do golpe, etc. T u d o isto seria fácil de observar, se as técnicas fossem perfeitas e os golpes pre cisos levassem à vitória indiscutível. Mas, nem sempre é assim, devido a pouca qualidade dos participantes, para não falarmos em julgamentos que nos deixam em dúvidas, se houve batida funda, ou no caso de julgamentos, muito duros ou indulgentes. Por vezes vemos técnicas eficazes não apreciadas no cômputo geral, ao passo que, outras de pouca importância, n u m combate real, são computadas. Desta forma muitas vezes é vencedor aquele que efn combate -

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total ficaria esmagado. Logo, esta é uma parte delicada sujeita a apreciações mai ssérias, pois vários são os casos de desapontamento da parte de disputantes que treinaram com paixão e o árbitro "nada viu de real". Mas estas são as falhas da competição; aqueles que aceitam competir, já de antemão, devem se curvar. Se não soubermos suportar a derrota, melhor será não participarmos, pois as escusas posteriores fazem parte dos fracos. Nem sempre é vitorioso quem vence. Podemos vencer na derrota, se dela fizermos uma "prova" de imposição com nós mesmos, sabendo de princípio, que apesar de tudo sabermos, lutamos em terreno estreito e dominado pelas convenções e por definições "especiais". Assim sendo, mais uma oportunidade teremos de dominar nosso espírito e nos lembrarmos que nem sempre aquele que tudo sabe, pode saber tudo, e que na vida, a meta principal, ainda é o domínio do espírito. Se nos lançarmos aos combates, devemos preferir parceiros mais técnicos do que aqueles, não muitos chegados aos combales. Isto se quisermos sofrer menos, pois nestes casos, aqueles não sabem controlar os golpes, podendo causar injúrias. Lembramos também, que mesmo os de nível técnico superior, podem sofrer injúrias, cm razão de seu aprimoramento e do desenvolvimento dos campeonatos! Nós pensamos que, o certo seria elegermos o "grau" permitido, para os disputantes, para que desta forma, pudéssemos tirar das competições aqueles que são "perigosos" em combate, mas ineficazes, em combate real. Achamos que, somente deveriam competir aqueles que já tivessem uma técnica de base aprimorada e o B.° Kyu. Isto no entanto, nos parece impossível, pois há a desculpa cabível de que desta forma, poucos poderiam competir, sendo que há casos de professores ávidos de promoverem sua escola e subirem para o 3.° Kyu, alu-

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nos ainda sem capacidade básica. Parece que hoje a idéia aceita é aquela citada acima, sendo que para campeonatos por equipes, todos são aceitos. Mesmo assim, há os problemas anerentes a este último caso, no qual não há restrição alguma. Quando um debutante se mostra eficaz nestes campeonatos, outro, ao contrário, não faz mais do que número na equipe, e sua falta de condição faz com que para muitos que assistem, a decepção desponte, pois sempre pensam ser o Karatê, um meio de dominarmos a nós mesmos. Sabemos que poucos podem aceitar o risco e se comprometerem nestas provas pelo afã de ganhar um título, ou um campeonato. São pessoas especiais que jamais se afastam da verdadeira meta da arte marcial. Para que consigamos o apreço do povo, não é necessário a evolução esportiva que sabemos ser inevitável, somente achamos que esta pressa está produzindo uma degradação tal, que já notamos estar se transformando o Karatê em "esporte de massa", mas perdendo a sua verdadeira finalidade de origem. Será que no f u t u r o este estado de coisas dará lugar à procura espiritual? Isto são dúvidas, e pensamos que mesmo na hipótese daquilo suceder, muitos perderão a coragem e abandonarão os ideais antes daquilo acontecer. Achamos pela lógica, que o Karatê não reúne condições para ser um esporte de massas, há outros, benéficos, mas menos duros! .. O certo, seria não fazermos vulgares competições, recusando confrontos, sem razão e nos satisfazendo com o verdadeiro caminho, o único que não nos desencaminhará do real alvo da arte marcial. Mas de outro modo se não pudermos competir por razões especiais esportivamente, devemos praticar o Jiyu-Kumite e o Shiai, sem os quais não demonstraremos ter alcançado nada de significativo no que diz respeito à existência da arte marcial. Pensamos que -

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acima de 16 anos não deveria haver limite para estas práticas, em principal o Jiyu-Kumite. Já para a prática do Shiai deveria ser exigido um certificado médico antes da competição como prova de saúde geral. Para a obtenção de graus (tsukinami-shiai) há a competição obrigatória, com ressalvas para os que chegaram aos trinta anos. Para a obtenção de 1.° e 2.° Dan, cada candidato reencontra outros, devendo perfazer um certo número de pontos. Acima do 2.° Dan o critério para atingir graus superiores são o Jiyu-Kumite, ipponkumite e especialmente os Katas. Após comprovarmos nossa eficácia, em competições, devemos após o 2.° Dan, apresentarmos uma técnica sem defeitos e um grande progresso no plano mental. O IPPON: Muitas vezes o julgamento do árbitro pode parecer falho para o leigo desconhecedor das regras para qualificação de uma técnica. Difere muito a eficácia procurada no Karatê, daquela de outros esportes de defesa. O golpe não deve tocar o adversário, mas ser tal, que se o fizesse, poria fora de combate, a colocação do oponente. Logo, o golpe deve ser dado n u m ponto vulnerável. O golpe deve parar antes do impacto: A técnica deve ser limpa e forte, executada com firmeza, para que demonstre não chegar ao alvo por mero acaso. O membro que lança o golpe não deve estar completamente estirado para não "penetrar" o adversário. O golpe que pára alguns centímetros do impacto, chegando o membro estirado não é eficaz, -

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além daquele ponto mesmo, tocando na realidade. A atitude deve ser correta e o golpe não deve ser proibido pelas regras. O oponente não deve poder amortecer ou evitar o golpe. A distância é fator primordial. Os desenhos 91 e 92 nos mostram a execução correta e conveniente de um Jodan-Gyaku-Zuki em controle e distância. Atenção: Os braços não estão estendidos e os quadris tomam parte no golpe pela sua forte rotação. Já o desenho 93, um Chudan-Mae-Geri mostra a boa distância e a manutenção do equilíbrio do corpo. Como vimos, os golpes não vão longe. Podemos utilizar várias técnicas, tais como: Oi-Zuki, Mawashi-Geri, etc. Mas a maior parte do sucesso é obtido por Tsuki (Jodan ou Chudan) Mawashi-Geri e Mae-Geri. Quando fazemos acompanhar de projeções limpas um golpe, em principal Gyaku-Zuki, é dado o ponto sem discussões. Somente as técnicas executadas dentro destes padrões conseguem pontos, quando a arbitragem é exigente e honesta. Hoje, temos árbitros que dignificam a arte, sendo que alguns sentem mesmo, partir o golpe final, tendo seu veredicto no momento no qual, a técnica é executada. É claro que a inquietação subsiste pela dificuldade em arbitrar com perfeição, em virtude da velocidade das técnicas e pelo receio dos golpes violentos incontrolados, pois sabemos que em várias ocasiões a realidade está longe das convenções. Seria melhor encontrarmos uma nova solução para o caso da proteção em si? Apesar dela existir, com falhas, os velhos praticantes olham com desdém esta meta, e acham que esta faz parte do Karatê esportivo! . . . Mas, nós achamos que se esquecem de que a proteção já vem de longa data, na qual eram protegidas as tíbias, os peitilhos, as máscaras do Kendo, e a concha que protegia os testículos. T a m b é m sabemos -

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que elas não são eficazes paia quem as usa e que são um impecilho para aquele que bate, pois pode magoar as mãos e os pés ao encontrar uma máscara de ferro ou um peitilho duro. E assim, ficamos somente com a concha que hoje faz parte única no Shiai. Logo a resposta para a interrogação inicial parece vir do Japão. Parece que após anos de pesquisas os japoneses criaram um complexo de peças que transformam o praticante n u m astronauta e esta metamorfose é composta de: 1 — Meu = máscara — lembra aquela do Kento, tendo como proteção para a face, uma grade convexa, não muito fechada, composta de lâminas flexíveis de aço e acolchoadas para amortecer os choques, e cobre o conjunto cla cabeça, compreendendo também, o pescoço e os lados. 2 — Doh = Peitilho — Serve para cobrir o corpo das clavículas ao baixo ventre. É feito de tecido acolchoado e armado de lâminas de bambu, muito flexíveis e um quadrado de couro protege o plexo e o abdômen. Os flancos também são protegidos pelo doh. 3 — Kote = luvas — protetor do antebraço. Acolchoada. Compõe-se de duas partes. A luva é de algodão, permitindo utilizar a mão aberta para ataques em Shuto. O protetor do antebraço amortece os golpes nos bloqueios vigorosos. A proteção nas luvas é suficiente para que possamos bater no peitilho ou na máscara, sem receio de nos ferirmos. 4 — Ate = Protetor das tíbias. — Aquele que treina de verdade, não pode evitar totalmente os golpes na tíbia. Mas são familiares outros protetores de tíbias usados noutros esportes, mas pensamos que o mais eficaz é o ate. Com este, a tíbia é coberta por um acolchoamento -

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de algodão e lâminas de aço, e a parte de cima do pé é protegida por certas lingüetas acolchoadas e fixadas sobre o pé, permitindo elevar os artelhos. Isto permite que batamos com força e velocidade com os pés, sem medo de nos ferirmos. Todos sabemos do receio e hesitação daquele que lança um golpe de pé. O receio não é somente daquele que recebe o golpe, mas também, daquele que dá, o que causa sempre um retardo no golpe lançado. Como podemos analisar, este aparato trás algumas vantagens. De um lado, a proteção nos tira o medo, o que nos permite combater com liberdade total. Facilita a arbitragem por permitir o impacto real, fazendo com que a parte tocada pare ou recue. É sabido que já usamos como proteção, aquelas apaatas mais tradicionais, como o protetor das tíbias e aquele dos antebraços. Nas competições oficiais, somente é permitido o uso da concha protetora dos testículos. Dizem os produtores e aqueles que usam o protetor, que além de solucionar o problema dos assaltos, seu uso aumenta a perfeição de tal modo, que no futuro o praticante poderá treinar sem usá-lo, obtendo o mesmo resultado compensador. Poderemos então, reter a tempo, golpes dados a fundo? Os combates não tornarão violentos provenientes da liberdade adquirida com o uso do protetor? Será que seu uso sobrepujará o Shiai, sem proteção, no qual, duas técnicas elevadas se defrontam, sem o perigo de se magoarem? Pensamos que quando o trabalho é árduo e sério, dificilmente alguém se machuca, e a afirmação é válida, se lembrarmos os campeonatos mundiais, onde apesar de competirem vários participantes, não se tem notícia de injúrias sérias. Pela técnica perfeita podemos chegar aos combates viris, sem chegarmos à brutalidade. -

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Treinando

para competir.

O treino deve ser sério e as técnicas apropriadas à meta desejada. Não devem ser dirigidos sem escrúpulos à competição, aqueles noviços que jamais trabalharam, além de técnicas de base, pois, além do desencanto natural poderiam advir contusões e ferimentos graves. Primeiro devemos abordar o lado técnico, ensinando alguns encadeamentos simples e eficazes, para que o debutante, possa com naturalidade, colocar a técnica que mais lhes aprás. Desenvolveremos a velocidade dos golpes no estudo no "vazio", no mesmo lugar usando a posição Judo-Dachi. A endurance não poderá ser esquecida, sob pena de nos faltar para um simples assalto. Mas a poderemos desenvolver, se fizermos execuções mais longas, de evoluções ligeiras, com esboços de golpes de pé e mão fechada em torno de certo adversário que fica -

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sem reação, mas móvel. Também poderemos fazer uma combinação mais natural de alguns golpes sobre o parceiro, procurando esquivar e bloquear, sem no entan to, atacar. Por último, podemos atacar sem tréguas um parceiro que procurará anular nossos ataques e contra-atacar sem atacar, para que não haja riscos. De início os Jiyu-Kumite serão praticados em sessões ininterruptas de 10 a 15 minutos, trocando o parceiro cada 2 minutos. Durante estes assaltos, devemos estar flexíveis e procurar, com avidez, as falhas na defesa do oponente, e sentir os encadeamentos. Devemos nos abster dos golpes violentos para que não tenhamos como resultados negativos, ematomas nas tíbias, o que nos prejudicará no dia das competições oficiais, nos tirando a velocidade precisa nos golpes de pé, nos momentos decisivos. Isto, quando treinamos alguns dias antes das competições. Não podemos esquecer dos exercícios de musculação e de bater no Makiwara, com combinação de golpes, assim como devemos evitar o esgotamento físico, dias antes da competição. Para treinarmos o controle, devemos usar um adversário imóvel em posição de combate e praticarmos a execução das técnicas, visando aquele. Não nos devemos esquecer que uma técnica, não sustentada pelo completo domínio mental, é falha. Assim, devemos procurar nos treinos gerais, obter a confiança em nós mesmos e a "certeza" na vitória. Os exercícios de preparação devem ser de uma dificuldade crescente, na medida que são apresentados. Da mesma forma que devemos ser preparados para a vitória devemos estar preparados para a derrota, para que a recebamos como um fator peculiar à vida e um estímulo para a "vitória". A vida regrada é fator primordial, não somente antes dos combates oficiais, mas sempre I O sono deve ser reparador e os excessos da -

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juventude esquecidos nas épocas dos campeonatos. Ao se aproximar o dia da competição òs treinos serão ligeiros e completamente esquecidos na véspera. No aia especial nos absteremos de toda a fadiga e das alimentações copiosas.

não contestemos, nunca, as decisões do árbitro, para que não mostremos um espírito maldoso e façamos ver ao público que não conseguimos nos dominar. As injustiças revoltam, mas devemos olhá-las com indiferença, o que nos torna mais perto do alvo. Exemplo de encadeamentos:

CONSELHOS Encadeamentos Sabemos que desde o começo da competição devemos ser ofensivos nos esforçando para termos a primeira vitória, o que desorientara c oponente. Não devemos restar no mesmo lugar, nos balançando de um lado para outro, isto nos tolherá o avanço e nos tornará passivos. Devemos estar flexíveis, sempre que não estivermos em contato com o oponente. Aqui. não elevemos ficar em posição muito baixa para que não fiquemos imobilizados e vulneráveis em caso de ataque-súbitc. Nos esqueçamos de gestos inúteis que não trarão resultados, senão crue isolados. A distância não *

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deve ser jamais esquecida para que estejamos sempre prontos para a reação. Ao nos lançarmos no staoue. devemos ser decisivos e encadearmos vários golpes endereçados a diversas alturas, para que consigamos desorganizar a defesa do opositor. Somente pararemos ante o sinal do árbitro, pois, somente ele, deverá caber se este ou aquele golpe deve ser parado. Caso contrário, estaremos dando chances para que o oponente contra-ataque, e talvez com sucesso!!! O Kinsei deve acompanhar o nosso esforço, mas somente quando houver razão para tai, o que poderá fazer com que entremos na guarda do adversário se juntarmos uma técnica complementar. Jamais batamos à distância longa e -

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Se em hidari-hanni-kamae ou fudo-dachi a esquerda, as mãos fechadas em guarda, como no estudo do Jiyu-ippon-Kumite. Jodan-Kizami-Zuki de mão esquerda no mesmo lugar, depois chudan-gyaku-zuki de direita, descendo baixo e deslizando o pé esquerdo para a frente um pouco. Tobikonde-mae-geri do pé da frente, seguido de mawashi-geri do pé de trás e gyaku-zuki da mão fechada esquerda. Sokuto do pé de trás, seguido de uraken da mão direita deslizando para o adversário em kiba-dachi. Sokuto do pé de trás seguido de ushiro-geri do pé esquerdo, após rotação de 180° da bacia. Após, uraken da esquerda. Uma vez ou outra gyaku-zuki de direita. Chudan-mae-geri do pé de trás, seguido de Jodanren-zuki. Ceifa do pé da frente do oponente por um golpe do pé de trás, seguido de gyaku-zuki direito. Mawashi-geri do pé da frente, com perna de apoio ao exterior do pé da frente do adversário, seguido de "varredura" daquela perna sobre a perna da frente. Mawashi-geri do pé de trás, seguido de mae-geri esquerdo e depois ren-zuki. -

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Competições

e Regras

Estas regras devem ser conhecidas totalmente pelos praticantes, pois regem todas as competições internacionais. A parte material. O lugar para a competição deve ter 8 metros de mínimo por 8 metros de máximo e ter uma superfície plana, sendo esta chata, feita de assoalho polido ou pintado, de tattamis-omote, etc. Deverá ter uma linha demarcatória branca ou vermelha, diferenciar o lado da competição e a superfície em redor do perímetro. Não haverá distinção entre os adversários. A vestimenta será branca e por cima dfesta a faixa que distinguirá, permitindo a identificação. A faixa que fortemente atada por um nó plano, impedirá a veste de abrir. A faixa deverá ser suficientemente longa, para fazer duas voltas em torno, e após o nó, devem pender 15 cm. O cinto deverá ter a cor do grau, com um filete vermelho visível, no sentido longitudinal. Os oponentes devem ter uma concha de proteção forte. Os protetores dos antebraços e tíbias são interditados, salvo em caso de recomendação médica. As unhas devem estar aparadas e os artelhos também. Oficiais e árbitros: Os oficiais são: um diretor de competição que ficará n u m plano, onde possa ver a totalidade do lugar. Ele organiza e supervisiona o total da competição. Um árbitro central — que faz respeitar as regras e comanda o combate. -

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Quatro juízes que ficam nos cantos da superfície c dão melhores condições ao árbitro e usam uma palheta branca e vermelha. Cronômetros e um secretário de competição, que toma a si os resultados e o cômputo completo da competição, assim como, tudo que acontecer na mesma. T u d o pois, é escrito pelo mesmo, como se fosse uma ata geral. O que o árbitro decidir é final, não havendo apelação alguma. O árbitro central conduz o combate, e se atém ao perímetro de combate, administrando o decorrer da disputa e o julgamento do combate. De outro lado, os quatro juízes assistem ao árbitro, tomando u m a posição boa, sentado sobre cadeiras, para melhor verem o combate, nos quatro cantos opostos e ao exterior do lugar de combate. Uma opinião diferente daquela do árbitro pode ser dada por um destes juízes, e se o árbitro quiser a adota. A sentença dada pelo juiz é definitiva. Convenções e o desenrolar O tempo do combate é combinado antes da competição, sendo possível, sem prolongamento em casos especiais. Os oponentes ficam na posição de iniciar, distanciados três metros no centro do lugar da competição, de frente, um ao outro, trocando a saudação sobre a injunção do árbitro (Rei!). Os oponentes iniciam o combate na posição Yoi ao anúncio de início dado pelo árbitro (hajime). Este também, fica numa distância de 3 metros daquele. Somente na base de uma vitória, certa e definitiva, por um golpe mortal (chi-mei), é que é julgado -

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o resultado do combate, assim, a obtenção de um ponto (ippon) dá a vitória. No final do combate, os oponentes voltam ao lugar de início, e frente a frente a segui^, o que comanda o árbitro (Rei!), fazendo então, a saudação simultaneamente. A maneira de indicar ao árbitro que o tempo expira, é o soar de uma sirena ou sino. Se algum golpe é aplicado no momento que o sinal foi dado, é tido como válido. Quando saímos do lugar da competição, o árbitro suspende o combate e dá nova ordem para iniciar, mas antes faz com que voltemos ao ponto inicial (centro). Qualquer técnica praticada quando um ou os dois combatentes estão fora da superfície de combate, é julgada nula. Os juízes devem avisar o árbitro, toda a não visível, por um movimento do braço ou suas palhetas. O combate termina quando um golpe mortal é dado. Aí o árbitro pára o combate, faz voltar os oponentes à suas posições de início e diz ippon. Designa o vencedor levantando a mão para ele. Já quando um consegue 80 a 90% do ponto, o combate é suspenso pelo árbitro. Este faz com que os dois voltem a suas posições iniciais e anuncia Waza-Ari, estendendo a mão para aquele que obteve aquela taxa. Recomeça o combate. No momento que o mesmo combatente obtém outro Waza-Ari o árbitro suspende o combate, e faz voltar os oponentes ao lugar de início e anuncia o vencedor, dizendo: Waza-Ari-Awasete-Ippon (ponto por dois Waza-Ari consecutivos), o combate, então, é encerrado. Após um Waza-Ari, se o outro oponente faz um ippon por um golpe mortal, ele ganha, anulando o Waza-Ari do outro.

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Ao expirar o tempo, se nenhum obteve a vitória pelo ippon ou por dois Waza-Ari, o árbitro pára o combate, faz com que os dois voltem às posições de início e levantando a mão, diz: hantei — julgamento intenção dos quatro juízes. Estes se pronunciam, rapidamente, por este ou por aquele oponente, erguendo as palhetas brancas ou vermelhas. Vence aquele do cordão branco ou aquele do vermelho. Em caso de combate nulo (hikiwake) as palhetas são erguidas a um só tempo. Na soma das opiniões dos quatro, mais a sua, o árbitro anuncia a decisão, vencedor por superioridade ou combate nulo (Yusei-Gashi) ou (Hikiwake). Em caso de opiniões diferentes, prevalece a do árbitro. Em certos casos, o árbitro não vai de encontro à opinião dos três juízes. Há casos nos quais, o árbitro pode anunciar: Yame, e parar o combate temporariamente. Estes são: Quando um oponente sai fora do lugar do combate. Quando um delés comete um ato proibido. Ao ser ferido um combatente ou acometido de mal-estar. Quando um tem necessidade de arrumar suas vestes. E quando ele julgar necessário. Se o árbitro disser, hajime, o combate inicia, e se ele disser, T i m e (descontar tempo), o tempo deverá ser descontado do tempo do combate. Em cada hajime, o árbitro deve voltar à sua posição de origem, no início do combate. O que é proibido. Na verdade bater nos pontos vitais do adversário é proibido, pois os golpes devem ser controlados.

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Executar uma técnica com intenção de injuriar o adversário. Simular ou atacar com a mão aberta e estendida aos olhos em pique. Morder ou arranhar. Fazer gestos irreverentes ou gritar sem razão alguma na intenção de fazer o oponente perder o controle. Perder o controle e causar perigo ao oponente não dando atenção aos atos proibidos. Não seguir as instruções do árbitro. Emitir opiniões ou não concordar com as decisões do árbitro. Não assumir uma atitude correta, pondo em risco a competição e prejudicando o espírito do Karatê. Agarrar, importunar e manter o oponente sem tomar uma ação de imediato. Voltar as costas ao adversário. Evitar o combate sincero, esperando chegar o limite de tempo. Sair de livre e expontânea vontade do lugar do combate. Manter uma atitude displicente para evitar a derrota, fazendo obstrução. Atar ou desatar o cinturão, os cordões da calça do Karategi sem permissão. Falar durante o combate. Os golpes parados poderão ser dados com força controlada sobre as regiões sem pontos vitais. Ao infrator destas regras, o árbitro pode advertir oficialmente, e em caso de reincidência, consultando os juízes, poderá declarar perdedor o infrator. Não precisará consultar os juízes em caso de infrações graves.

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PONTOS VITAIS E OS LIMITES PERMITIDOS:

Jodan = rosto, nuca, pescoço. Chudan = plexo solar e cardíaco, abdômen, axilas, costelas e região lombar. Gedan =

baixo-ventre.

Ao nível Jodan: O golpe de cabeça ou cabeçada no rosto, é interditada. Os golpes endereçados ao rosto devem parar 10 e 5 cm do alvo. Este controle deve continuar, mesmo quando o oponente avança ou fica na defesa. Em caso de descontrole o árbitro adverte o faltoso, e o desqualifica, se incidir na falta durante o mesmo combate. De outro modo, se houver ferimento grave, a desqua-

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lificação é imediata. É (ippon), ponto, quando o golpe é rápido e o adversário resta sem reação. É Waza-Ari, meio ponto, quando o ataque é limpo, não apoiado pelos quadris, e se o oponente não reage, de algum modo ao ataque. Se a5 técnicas de ataque shuto ou uraken, são controladas, rápidas e bem executadas. Em um ataque de cotovelo, sem defesa e reação do oponente. É "vantagem", quando um golpe ao rosto é dado com controle, sem força e nem velocidade, mas sem que o oponente o possa anular por uma reação qualquer. O árbitro nada dá, se os dois oponentes atacam ao mesmo tempo. Um ao rosto e outro ao corpo. Nivel

O árbitro cede o Waza-Uri, igualmente como acima foi esclarecido, só que as mesmas técnicas são menos "limpas". 1 — Quando o adversário mostra sentir o golpe 2 — Nos golpes que chegam às costelas, às axilas e ao coração. 3 — Não dá nada, quando o golpe não passa de um simples toque, e o oponente não parece sentir nada. NIVEL GEDAN:

Chudan

Já neste nível o que vale é o grau de resistência do oponente, onde os ataques são mais vigorosos, os golpes fortes e podem tocar ligeiramente, na intenção de fazer o oponente acusar o recebimento dos mesmos. O controle continua, pois, em caso de ferimento o transgressor é desclassificado. Há casos nos quais não há desclassificação. Estes são os casos de oponentes flexíveis, que restam assim, não se contraindo no ataque. No dorso, só contam os endereçados aos rins. Podemos bater, ligeiramente, com Kubi-Mawashi-Geri, mas nos controlarmos, com extremo rigor, se o fizermos com Koshi ou mãos fechadas. É dado o ippon — ponto — quando o ataque corta a flexibilidade, é rápido e forte. Em caso de ataque direto de joelho ao plexo. No caso do ataque visar ao dorso, quando o oponente está desiquílibrado.

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Somente são contados os ataques que chegam ao baixo-ventre. Em caso de um combatente tocar o oponente, e este estiver sem a concha protetora, o árbitro não desqualifica aquele, pelo contrário, dar-lhe-á Waza-Ari ou Ippon. Logo, o uso da concha é obrigatório. Os golpes nos joelhos não contam, como também aqueles de pé baixo, sobre as coxas, ou as tíbias nos bloqueios. Logo o que é válido como ponto são aqueles endereçados e que tocam a concha protetora. É . d a d o Ippon, quando o golpe bem dado, com técnica, toca a concha sem reação de defesa do adversário. Quando é agarrada a perna adversária e atacamos, limpamente e com precisão, o baixo ventre, sem realmente, tocá-lo. É dado o Waza-Ari, quando o golpe toca a concha, mesmo com imperfeição. Quando o golpe é violento na concha, e o oponente desmaia, a decisão da penalidade fica com o árbitro.

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A PROJEÇÃO: Ao cair mal, e ficar desacordado ou abandonar a luta, a vitória é dada ao outro. Mas, se ele volta, pela autorização médica, nada é computado, se não houve ataque no solo. Aquele que projetar o oponente, com deliberação e sem moderação, é desqualificado. FERIMENTOS OU INSULTOS: Um combatente não poderá continuar o combate em caso de algum incidente, ferimento, ou mal-estar. Nestes casos, o árbitro consulta os juízes e poderá opinar por vitória, derrota ou anulação. Para isto, servirse-á dos seguintes: se a responsabilidade do ferimento é imputável, este perderá; se é imputável ao adversário, este será perdedor; quando não pode atribuir a ninguém, o ferido será declarado perdedor por abandono. Em caso de suspensão do combate por mal-estar, aquele que causou a suspensão será considerado, em princípio, perdedor. O JULGAMENTO O ippon — ponto. É dado em caso de golpe mortal — chi-mei — de mão aberta ou de pé, dado n u m ponto vital. Neste caso, importa tanto a correção, a atitude, a distância e a força. Após parar o combate, o árbitro analisa estes aspectos e julga. Não julgando suficiente a técnica, pode fazer voltar os adversários às suas posições e reiniciar o combate. Quando um dos

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combatentes diz que foi batido (Maitta). Qualquer um pode erguer o braço em sinal de derrota ou ferimento. O árbitro, estende o braço para o combate e a 30° da vertical, para o alto. Julgamento Waza-Ari (80 a 99% do ponto) Em caso de uma técnica de Chi-mei em bom estilo e forma. Em três saídas ininterruptas e voluntárias de um combatente. Na saída no curso de uma esquiva ou bloqueio, ainda que na intenção de empurrar o oponente fora dos limites, não são moderados. O árbitro estende o braço na horizontal e lateralmente pára o combatente e diz Waza-Ari. WAZA-ARI-AWASETTE-IPPON

Quando um combatente consegue dois Waza-Ari consecutivos. Estendendo o braço para o combatente, num plano horizontal e lateral, diz Waza-Ari, logo após, o estende para a frente e para cima, anunciando: Awasette ippon. Julgamento Yosei-gashi — vencer por superioridade. Quando obtém um Waza-Ari e combate de acordo com o espírito do Karaté. Julgamento hantei-gashi =

decisão.

Quando não há pontos. Aqui, entra em julgamento a técnica, o acatamento às regras, etc. A comparação é q u e dará a vitória.

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Julgamento Kiken-Gashi = vencedor por abandono. No caso de um abandonar o combate, sem que o outro seja a causa. Julgamento hansoku-nake = perdedor no caso de violação das regras. N u m a nova violação de algum artigo já advertido pelo árbitro, ou em caso de alguma infração grave. Julgamento Fusen-sho = vencedor por falta. Não comparecendo ao combate por qualquer razão. Esta é a atribuição dos pontos: Ippon =

10

Waza-Ari = 7 Hantei = 5 Hikiwake = 0 Qualquer situação imprevista, não estudada nestas regras, será julgada e decidida pelo árbitro e pelos juízes.

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CAPITULO XVII

A DEFESA PESSOAL Apesar de ser uma arte marcial e de ter como meta o aperfeiçoamento da personalidade, o Karaté possui, por definição e por origem, um alvo mais simples: o de dar proteção àquele que é atacado. Esse primeiro estado, na realidade, veio mais tarde a possuir um "caminho", mesmo que no Ocidente tenha sido desenvolvido como um termo "ridículo" de defesa pessoal. Mesmo assim, e auxiliado pelas competições e demonstrações "grosseiras", ele tomou conta do interesse do público que infelizmente, ainda o tem como apanágio de brutalidade. É preciso que lembremos que de longa data, o meio de defesa pessoal mais em moda, era o Judô, e um pouco menos o Jiu-Jitsu, sendo que, no estado de alma do público as deferências e alvos fossem os mesmos. Podemos ir mais além, se lembrarmos que R a bem pouco tempo eram ensinados a "alunos reservados, reservadas técnicas de Judô", tidas como secretas e criadas para aqueles eleitos que as usariam para derrotar qualquer inimigo. Só que estas técnicas, somente eram demonstradas ao público, depois que eram dominadas e executadas com extrema velocidade. Isto dava ao Judoka, uma auréola de imbatível, e para o público ele passava a ser uma coisa especial. Daí, foi fácil passar ao domínio neste campo da defesa pessoal. E tal foi a impressão causada, que ainda hoje.

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ouvimos afirmações que demonstram o quanto surtiu efeito aquele aparato tão bem organizado. Se na televisão, o herói ataca e vence, para o público ele pratica judô, mas executa técnicas de K a r a t ê ! . . . Pensamos nós, que somente através do conhecimento e do aparecimento das artes marciais no seu total, é que este estado de coisas poderá mudar, fazendo com que o judô torne a seu lugar de origem, salientando que, de maneira alguma, existe desmerecimento, mas pelo contrário, muitos méritos a seu valor educativo e esportivo. A defesa pessoal é comumente vista de um lado mais fácil, por sempre aparecer como uma parte contínua das técnicas de combate. Podemos afirmar que, por várias razões, a defesa pessoal não é estudada e levada a sério como merecia ser. Para isto, podemos anexar a pressa, e o pavor que tem o público pelas coisas demoradas e difíceis de aprender. É sabido que o povo clama por métodos fáceis, eficazes e prontos a dar-lhes em poucos meses o que as "outras séries", dar-lhes-iam em vários anos!. . . Ora, devemos ser sérios e ponderáveis, com a defesa pessoal. Nela há técnicas de precisão, estudadas a fundo, para serem postas na prática em ocasiões "especiais". Ê preciso, além do intelecto, esforço físico para que a dominemos, logo, não ficaria bem, tentarmos somente pelo meio da leitura chegarmos a uma meta que diz mais do que "lutar". É preciso que saibamos que, dificilmente com o intelecto, poremos fora de combate um ignorante disposto a tudo. E dizendo isto, pensamos lembrar aos mais incautos, que na defesa pessoal é preciso além do intelecto, a técnica, pois, já o nome diz tudo: algo nos defende de uma agressão Dos livros fáceis, e dos cursos mágicos, devemos ter pena, pois, além de roubarem minutos preciosos dos alunos, inculcam nas pessoas um estado de segurança falso, que a

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muitos levou à desilusão. Quantos ávidos pela propaganda desordenada, desabilitados pela tapeação, não tiveram seus sonhos desfeitos? É sabido que todo o praticante, mal orientado, deseja, logo que possa, provar seus conhecimentos. E quantos não ficaram desiludidos? E o que dizemos daqueles outros que dotados de força, vitalidade e capacidade, não "dormem", enquanto não põem à prova suas qualidades de brigantes, qualidades estas, adquiridas de modo tão pouco recomendável. Mas o que fazer? De momento tentarmc-s abrir os olhos dos iniciantes e não nos esquecermos daqueles já "viciados". A verdade é que a defesa pessoal como é hoje caracterizada, nada mais é que um sumário cheio de técnicas complicadas diversas. Estas deixaremos de lado, pois, pensamos não levarem a nada de objetivo. Nos fixaremos naquelas de base mais fáceis de fixar e assimilar, e mais úteis do que aquelas confusas, que nos tentam impingir os amantes dos espetáculos, tão desviados estão do alvo verdadeiro do Karatê. Aqui não nos fixaremos, e muito menos apresentaremos trabalhos exaustivos, mas pelo contrário, um número de conselhos que nos auxiliará em caso de confronto "Real". Todos nós estamos predispostos, a um dia qualquer, nos defrontarmos com uma vicissitude. E esta pode ser aquela da agressão! Portanto, a defesa pessoal deve fazer parte de nossas vidas, mas estudada com vagar e seriedade. As variações: Não há um só método de defesa pessoal e pensamos que seria absurdo nos aprofundarmos em todas as artes marciais, na intenção de unificarmos todas as virtudes em um só d e s e j o ! . . . O lógico será escolhermos entre tantos, aqueles que mais nos convém.

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O agredido A escolha difere da intenção e do gosto por alguma técnica especial. Mas não fica somente na questão gosto. Vai mais além. É fator primordial q u e faça parte no ato da escolha, a análise de nossa capacidade física, que congrega a nossa força, velocidade, peso, flexibilidade, resistência, repouso, e estado geral no momento da agressão. De outra forma faz-se mister analisarmos, também, nossas faculdades físicas, isto é, nosso estado nervoso, grau de concentração e excitação, sem deixarmos de falar 110 aspecto dos conhecimentos técnicos q u e incorporam movimentos simples, complicados, bloqueios, esquivas, etc. O AGRESSOR Já neste caso, a reação da defesa é função de nossa morfologia, de nossa força, de nossa distância do ataque, sem que deixemos de lembrar um fator de extrema importância, para aquele que inicia na arte: o grau de gravidade do ataque. Deixando os métodos complicados e aqueles de vitrina, dizemos q u e há u m a forma de defesa simples e de aplicação bem fácil. Ex.: o agressor agride com totalidade, pois não sabe se o agredido pode se defender, nestes casos, é fácil para o agredido, desiquilibrar o agressor e projetá-lo. Já não será fácil o caso seguinte em razão do ataque. Aqui, o agressor antes de se engajar no ataque a fundo, finta, engana várias vezes o agredido. Lego, este ataque é difícil de parar, pois, foi antecedido de certas técnicas q u e deixaram o gredido atônito. Nesta ocasião, não há razão para espera, pois aqui não cabe um maior retardo. São pois, estas situações que encontramos com freqüência nos combates de rua, muito diversos daqueles do Jiyu-Kumite, onde os ataques se fazem cm con-

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dições idênticas. Foge pois, a briga de rua aos ensinamentos da defesa pessoal formal, ensinada por muitos. É preciso salientarmos que ninguém, em q u a l q u e r época, está livre de ser agredido, e por esta razão, dizemos q ü e as técnicas tão abordadas em "certos" livros, não dizem nada nestes casos. E por isto, estas são por nós abandonadas e recusadas no seguir deste capítulo. Mas continuando, vamos nos deparar com uma terceira faceta peculiar à briga de rua. Seria o caso da agressão derivada de inúmeros atacantes. Nestas situações, não podemos perder tempo algum, e em nossa resposta devemos procurar uma técnica rápida e eficaz, para que tenhamos mais velocidade e tempo para o adversário seguinte. Então, a resposta, q u e nos era comum, e aí quem sabe, até a projeção ou ao controle do m e m b r o adversário, deve ser mudada em favor de algo mais rápido e real. Nestas situações devemos usar mais a esquiva do que o bloqueio, tazendo com q u e o adversário se desoriente. Um ataque a mão nua, permite q u e nos distendamos, se conhecemos bem aquilo q u e devemos fazer. Em caso de ataque prolongado por u m a arma qualquer, um pedaço de pau, então a coisa m u d a de aspecto. Neste caso, a resposta deve ser direta, o mais direto possível, deixando de lado a fantasia para que, em lugar desta, lute pela vida. A sua vida! A RESPOSTA: Para a escolha da resposta fiquemos com os três métodos japoneses de defesa a mão nua. Estes são os nossos conhecidos: Judô, Aikido e Karatê. Pensamos nós que se escolhessemos o J u d ô da forma como hoje é praticado — como esporte — e cheio de convenções, não seria um meio muito seguro de defesa pessoal. Sabemos, por experiência, q u e seus movimentos teriam que ser adaptados antes de serem uti-

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lizados com defesa pessoal. Temos ainda, o problema de termos que agarrar o adversário e de penetrarmos na sua defesa, para o projetarmos, tendo ainda, que bloquearmos ou esquivarmos o golpe advindo. Estes percalços não são estudados nas salas de aula, pois sabemos que o combate inicia após um oponente agarrar o outro, convencionalmente! Assim sendo, é preciso que de um golpe dado, possamos quebrar a concentração física do oponente para que possamos projetá-lo! Pensamos que os atémis não são mais estudados no Judô, que sob forma de katas. Por outro lado, lembramos que no J u d ô há, no Kime-no-Kata, o Seikyo Kuzengo — Seiryo Kuzengo — Kokumim — Taiku-noKata ou o ippon-yogoshin-no-kata, movimentos vários e bons para defesa pessoal. Aqueles que ensinam a sair de ameaça com revólver, bastão, pau, faça, matraca, etc., mas somente estão sob o domínio do Judoka, quando este possuir o 4.° Dan. Deste modo, somente se houver uma grande desproporção de força, podemos pôr nosso agressor fora de combate, basta que para isso, lembremos que ele está lutando para não se deixar vencer. O Jiu-Jitsu, pensamos nós, está quase ao lado da verdade se consagrarmos a seu estudo, seriedade e regularidade. Suas técnicas são boas, mas o tempo para a prática é mais curto, sem falarmos em seus complicados movimentes, que são dificilmente assimilados ao nível dos reflexos. O mesmo dizemos do Aikido, sendo que este está mais orientado para a defesa do que o Judô. As suas evoluções são bem mais complexas para serem repro duzidas, em caso de ataque real. Nos ataques convencionais, estes são lançados de mais distância, e o acaso dos golpes lançados de pés são, nesta arte um tanto negligenciados! . . . Devemos salientar que não estamos

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criticando uma arte marcial, das mais sérias, como o Aikido. Não! Pelo contrário, achamos que sua prática não condiz com a média de nossos praticantes. Em primeiro lugar, o fator tempo, cria um sério obstáculo, se pensarmos que os nossos aficcionados não dispõem mais do que algumas horas por semana. T a m b é m desejamos falar com respeito do verdadeiro Aikido, mas não aquele criado pela ambição do lado material, adaptado com golpes de pé do Jiu-Jitsu, e denominado Aiki-Jitsu. Pobre Mestre Ueshiba! Como podemos notar, nos resta então, o Karatê, e não pensem, que vamos defendê-lo pelo fato de pertencermos a suas fileiras. Não, vamos demonstrar pelos fatos, onde estão as suas virtudes como arte de defesa pessoal. Fator primeiro, as técnicas que são executadas no Jiyu-Kumite, podem ser utilizadas e ainda a isto, juntamos o uso dos pés que nos permitem conter inúmeros ataques simultâneos. Os nossos movimentos são breves, fáceis de aprender, e igualmente, fáceis de automatizar, sendo que na parada há um reflexo inato. Logo, o Karatê repousa em bases sólidas, às quais computamos em caso de ataque. Nossos golpes são parte de nosso espírito, são movimentos complicados e muito precisos que são parte anerente a uma situação muito bem delineada, sendo que nossas técnicas são suficientes para nos defrontarmos com vários adversários. Dizemos ainda, que possuímos uma vantagem especial, aquela de podermos usar tudo que aprendemos do início em caso de ataque real. A partir de um reflexo simples de base, um praticante pode dar sua resposta o grau de gravidade que impõe à situação, sem que seja preciso perturbar a ordem dos movimentos. Assim sendo, o Karatê é um meio de resposta seguro, mas não o mais ideal por mais implacável que

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seja. O Karatê, nos parece como aquele que mais convém como base para todas as formas de defesa pessoal. T e n d o como princípio seus elementos técnicos de base e fundamento, e seu aspecto mental, é possível construirmos um método de defesa pessoal eficaz onde cada gTau na gravidade da resposta se enxerta no grau precedente. Este método deve ter em vista e em fundamentei, a criação de um método sobre bases racionais, deixando que cada um responda em função de seu primeiro reflexo e de suas possibilidades, pois, o que vale é a posição física e mental que tomamos — sendo esta, mais involuntária que voluntária — desde o primeiro instante da luta. A perfeição do movimento vem daí, caso contrário, não passará de algo artificial. É lógico que não será questão de severidade, nem na nomenclatura adotada por estes movimentos, nem na maneira de sua execução ou seu término. Isto se atentarmes que jamais um ataque se repete duas vezes da mesma maneira. Não seria, pois, lógico adotarmos formas rígidas e definidas. Como vemos obtemos um novo método, mas não como aqueles que tentaram tantas vezes fazer um Milk-Shake do Jiu-Jitsu-Aikido, J u d ô e Karatê. Imaginem só, unindo movimentos estranhos e difíceis, fazendo com que a memória sofra, e que dá junção de movimentos complicados percamos a união de nosso reflexo verdadeiro. O certo seria, de início, adquirirmos reflexos elementares e dali aprendermos um certo número de respostas de complexidade crescente. Logo estaremos a ponto de fazer desaparecer este aspecto esclerosantc a uma defesa pessoal. Este, pois, é o melhor modo de deixar um lugar bom a efeito da surpresa provocada por um ataque não afeito aos padrões comuns. Deixamos assim, a cada um, a possibilidade de dissolver a "entrada" e o final do movimento em fun-

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ção de variações artificialmente eliminadas ao treino convencional. A defesa pessoal vem a ser uma parte vivente do treino na sala, onde todos podem, ao prazer de sua iniciativa, amalgamar as partes das técnicas, lidas como fundamentais. Disto resulta para o agredido as possibilidades de defesa, sem que tenha havido idéias preconcebidas, que mais tolhem do que auxiliam. Este é o princípio aplicado no Karatê, onde com poucas técnicas, mas pacientemente estudadas, o praticante, pode no curso do assalto, criar sua própria resposta. Difere de outras artes que precisam estudar uma a uma as técnicas diferentes das outras armas, nada mais fazendo que confusão na mente do praticante. Mas seria bom se conseguíssemos um métedo tal de defesa pessoal. Ele está por se fazer! É difícil conseguirmos a síntese de técnicas entre elas diferentes e mantermos o mesmo reflexo ou o mesmo encadeamento que os possa unir. Devemos acabar com a idéia de que é a eficácia obtida pelo conhecimento na ordem de todas as séries de movimentos. Devemos querer um método que seja unir real educação do instinto de conservação no qual aprenderemos em caso de combate real a usarmos aquilo que for estritamente necessário, para pormos o inimigo fora de ação. Uma tentativa foi feita para encontrar um tal método, pelo 7.° Dan de Judô e 7.° Dan de Aikido Kenji Tomiki no Kodokan. Seria uma maneira de tirar fora de combate o agressor sem magoá-lo, nem empregar a violência e nem pôr em perigo a vida do adversário. Este método é oficial de Kodokan; consiste de 21 ataques, onde prccuramos anular o efeito projetando e controlando o oponente, sem bater duramente. Para nós, ele conserva aquela rigidez, aquele aspecto imperativo das técnicas por nós enumeradas acima. Para finalizar, é tão complexo o caso da defesa pessoal que

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basta lembrar que influi também para este caso, o tipo de terreno no qual sornos atacados, se é plano, acidentado, etc. Se formos atacados num corredor a coisa muda de figura, e assim por diante. OS MEIOS DE DEFESA E DE RESPOSTA: Em primeiro plano, precisamos estudar e praticar seriamente, se nos tornarmos para um método de defesa pessoal, não anexado a padrões rígidos. Nesta ocasião entra a aptidão do professor, que nos ensinará as diferentes técnicas de que dispõe para defesa e resposta. O bom professor, guia seu aluno na escolha em relação à sua aptidão e daquilo que dispõe para o ataque, sem que haja pressão alguma de sua parte na escolha dos encadeamentos. Descreveremos com brevidade os elementos possíveis para uma resposta; e os aficcionados de outras artes marciais notarão algo que lhes é familiar, ccmpreendendo que as artes que não praticam podem ajudá-los a variar suas formas de defesa. A DEFESA: Nos fixamos aqui, em ações que têm a intenção de parar logo o ataque, sem que suceda mal algum, preparando para responder ao ataque. Esta ação (Tsukuri) pode alienar um bloqueio, uma esquiva, um deslocamento de pés. Esta atitude, é útil para seguir, pois, condiciona a resposta, dando limites ao campo das possibilidades. Ela será uma ação reflexa. A RESPOSTA: Ela vem desde o tsukuri em conjunto com a esquiva ou também apóia esta, com um encadeamento. A execução da técnica é como no Judô. A resposta pode variar:

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Projeção: Nage-Waza. T e m ação após colocarmos o adversário em desiquilíbrio (Kuzushi) o que podemos obter logo que cie se lança no ataque. Da mesma forma pcdemos projetar um adversário estático, após um atémi bem colocado que o tenha por segundo, feito perder a resistência permitindo o ataque. Jamais devemos querer projetar um adversário mais forte, pois, c mesmo pode não pôr fim ao combate. Devemos então, encadear com uma técnica seguinte: Atéini-Waza — Se batermos de maneira a produzir um choque violento com um ponto vital, pede este golpe se tornar completo. Este é um golpe que devemos dar em último lugar para dosar a força do golpe. Nestes casos pode ser utilizado para quebrar a resistência do adversário ou fazê-lo cair pela utilização de um golpe ligeiro, mais preciso, que poderá desiquilibrar. Kansçtsu-Waza — chave de braço. Aqui atacamos as articulações do braço pondo-as em flexões forçadas e indo até a ameaça de rompimento de ligamentos e fratura. A dor é tal, que o adversário cai na direção que nós queremos. A chave de braço é ótima para projetar e controlar o oponente em pé ou deitado. No solo pcdemos causar danos à articulação do joelho e do tornozelo. Shime-Waza — Estrangulação. Devemos estar bem próximos do adversário. Osae-Waza — Imobilização. Após a projeção é possível imobilizarmos no solo com chave de braço. Mas nestes casos e situações, somente a chave de braço interessa e vale, pois pode haver resistência. 1 — O agredido deve sempre ter em mente que deve controlar as ações, desencorajar e fazer o inimigo

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inofensivo, sem ter que tocar na sua integridade física, logo que o ataque não é grave, e quando o golpe não foi bem golpe, mas um simples agarrão. 2 — Se desembaraçar do agressor, ferindo-o sem deixar que sua vida corra perigo. 3 — Desvencilhar-se do agresscr, ferindo-o gravemente, sem sofrer conseqüências .. LEMBRETES E CONSELHOS 1 — Apesar de nossa força, não sejamos muito confiantes fazendo certas delongas na resposta. Jamais menosprezemos o adversário, seja quem for, pois as aparências pedem enganar. Em caso de adversário mais f o n e devemos manter nosso sangue frio. 2 — Não usemos a força contra a força, mas façamos como no estilo Goju-Ryu, se nes atacam com força, usemos a flexibilidade, em caso contrário, usemos a força. 3 — Proporcionemos sempre a defesa ao ataque. 4 — Mantenhamos sempre nosso sangue frio, seja em que situação for, isto desorientará o adversário. Se tivermos tempo, devemos manter uma posição natural, a posição Yoi. Jamais nos devemos contrair, nem adotarmos uma posição mais baixa, através da quai nos será difícil evoluir. Nossos olhos jamais deverão fixar o "endereço" preciso do adversário. Jamais preconcebamos qualquer resposta para que não tolhamos nosso espírito. Apliquemos os movimentes simples, adquiridos ao estado dos reflexos. Quando batermos, procuremos os pontos vitais mais táceis e certos de serem alcançados. Nunca devemos perder de vista o adversário e após a resposta nosso espírito deve estar alerta para em caso

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de necessidade, partir para nova resposta. O oponente nos não conhecemos e ele pode ter qualidades por nós insuspeitas e nos enganar se menos alertas estivermos. DESCONFIEMOS DAS FINTAS: Devemos treinar com afinco, no princípio com um adversário que defina seus ataques, para que o próximo adversário- ataque como o homem da rua, com iodas as suas particularidades e por vezes covardia. Em princípio o agressor ataca sem fintas. Após, deve atacar assim que os movimentos forem rejeitados várias vezes< O atacante deve atacar após ter fintado, mas dando apoio ao ataque principal, e ficando nesta posição até que o agredido possa encadear sua resposta. Devemos praticar em todos os terrenos possíveis, e vestindo todos os costumes possíveis e usáveis. Além disto, não devemos deixar de treinar nossa arte marcial básica. Continuamos repetindo, devemos evitar toda a confrontação real. Isto não leva a nada, e em vez de aprimorarmos o nosso espírito, estaremos fugindo como rapinas do caminho das artes marciais na procura dc domínio espiritual. A defesa pessoal, já o diz, é o meio de nos defendermos e não de agredirmos ninguém. Aqueles de espírito inquieto aconselhamos que pratiquem quando em "crise", com parceiros da mesma técnica, para que nada haja de anormal. Uma aTte marcial quando bem praticada, leva o homem à modéstia e ao equilíbrio de todo seu ser, mas a defesa pessoal abre naqueles incomplexados, uma válvula de escape para seus complexos de superioridade. A DEFESA PESSOAL FEMININA: Não encontramos razão de utilidade, a não ser nos casos de polícia feminina, o enganjamento da mulher

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na defesa pessoal.. Pensamos que dificilmente um homem ataca uma mulher com um pau ou u m a faca. Achamos que dificilmente o homem parte para a agressão, quando ele vê debilidade e feminilidade, a grande arma de fintar que dispõe a m u l h e r . .. Logo, é raríssimo a mulher ser atacada pelo homem, a não ser em casos anormais. Seriam os casos de atentado à honra e certas agressões por descontroles emocionais. Mas convenhamos que a mulher dispõe de meios de respostas eficazes, aos quais por vezes, deixam perplexos o agressor. É preciso que aja com decisão, velocidade e precisão. Devemos lembrar que um golpe de cotovelo no estômago ou uma joelhada no baixoventre, um ponta-pé na tíbia ou uma pinçada de dedos nos olhos, põem fora de ação qualquer conquistador menos avisados. Isto para não falarmos nas diversas maneiras de serem atingidos os órgãos g e n i t a i s ! . . . Nos casos nos quais haja interesse pelas artes marciais e defesa pessoal, não vemos impecilho algum, para que sua prática seja proibida às mulheres. Dizemos, pois, que a escolha está ao critério da mulher, hcje tão preocupada na disputa pelas conquistas socio-econômicas com o homem. DEFESAS Quando somos seguros, em regra geral, não há perigo eminente. O que devemos fazer é tomarmos a iniciativa antes que nosso adversário tenha se firmado em sua ação. Logo, devemos manter contato com ele nos desvencilhando pela ação da parte de nosso, corpo que está livre sobre um ponto acessível do corpo do adversário. Nas ocasiões em que estamos mesmo seguros, não devemos inutilmente colocarmos forças contra força para tentar nos soltarmos. Pelo contrário devemos tentar a separação batendo rapidamente noutra

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direção. Quando seguros pela frente, podemos bater com à fronte no rosto do oponente, ou mesmo dar um pontapé na tíbia do mesmo. Nestas situações o adversário abandona sua ação pela dor da pancada, nos dando oportunidade de nos desvencilharmos de vez. A nossa resposta deve ser prudente e não dura, mas para isto, devemos conservar nosso sangue-frio. Para nos auxiliar nesta fase, devemos usar as fintas para distrair a atenção do inimigo. Devemos fingir um ataque diverso daquele que pretendemos. Se pensamos desferir um golpe de esquerda ameaçamos com a direita e vice-versa. Ex. l.° — O praticante da direita tem em mente um golpe de pé à altura do plexo. Então finge que dá um golpe com a mão'direita enquanto o outro abre a guarda defendendo-se. Neste momento o ponta-pé ao plexo é dado. (Des. W de a-b-c).

Ex. 2.° — O colega da direita pensa dar um soco na mandíbula do parceiro. Então dá um ponta-pé que é logo bloqueado. Estando a guarda aberta desfere o soco. (Des. W d-e).

Nos desvencilhando de uma pegada de punho. Exemplo: .Nosso adversário segura nosso p u n h o direito com sua mão direita, tentando uma tração. Avancemos nosso pé esquerdo e elevemos a mão fechada esquerda como se fôssemos fazer Soto-Uke (des. 94), em segundo tempo. Aí, giramos para a direita, passando em Kiba-Dachi. Efetuamos uma rotação de nosso punho, do interior para o exterior, em torno do braço do advedsário, expulsando este para a direita, e batemos com tetsui esquerdo (des. 95) no tricepes ou cotovelo. A partir da primeira ação, desiquilibramos nosso adversário para frente juntando isto à ação de nossa mão esquerda fechada, o obrigamos a nos soltar. Em

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ação contínua a nossa primeira batida, podemos enca dear uma segunda de mão direita, teisho-zuki (des. 96), se nosso adversário ainda não tiver solto nosso punho. Ainda como última instância, podemos bater com o pé sobre a tíbia inimiga. Nos desvencilhando de um estrangulamento de frente. Quando somos estrangulados de frente, devemos de qualquer maneira, contrairmos ao máximo nossa musculatura do pescoço e procurarmos reentrar ao máximo nossa cabeça nos ombros. Em um só tempo devemos bater nos flancos do adversário em ShuttoUchi das duas mãos, fazendo com que ele perca sua ação no momento e relache seu aperto (des. 97). Em seguida, passamos nossa mão direita por cima e agarramos a mão direita do adversário, enfiando nossos dedos entre sua mão e nosso pescoço. Apoiamos a tomada de nossa mão esquerda e trazemos a mão adversa para a frente, fazendo uma enérgica rotação para a direita, avançando o pé esquerdo. Nesta situação, temos o adversário à nossa disposição e seu braço faz uma flexão forçada (des. 98). Em caso de resistência podemos bater com um rápido golpe de pé direito. Defesa sobre golpe dado após segurar. Estas situações são por demais difíceis e nas quais devemos pôr velocidade e precisão. O adversário nos pega com a mão esquerda e tenta nos atingir o queixo com a mão direita. Bloqueamos o gclpe, colocando nosso antebraço direito na ação de interpor e giramos para a esquerda, tendo a mão fechada esquerda cm Hikite (des. 99) e batemos por Yoko-Empi-Uchi de cotovelo direito (des. 100). Nesta situação não nos interessa segurar. O golpe de cotovelo fará o adversário afrouxar sua prisão. Contra golpes de mão fechada dados à distância.

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Regras: Estes são golpes perigosos se são desferidos por uma técnica perfeita. Se o golpe é dado com força, precisão e velocidade, é difícil segurarmos o punho. Aí, nos resta o bloqueio ou a esquiva. Aqui devem entrar as fintas rápidas executadas com as mãos fechadas. Se nos defrontarmos com um adversário que parece saber tudo sobre as técnicas pugilísticas, seria tolice nos defrontarmos com ele numa técnica que lhe é conhecida. O ideal será o termos à certa distância de nossos pés, para que possamos usá-los. Nestes casos não devemos nos preocupar de bater no corpo, pois está visto que o mesmo possui uma guarda excelente. Logo o certo será darmos um golpe de pé nas suas pernas, o que o pegará de surpresa, nos dando chances para entrarmos n u m corpo a corpo, projetarmos, etc. Jamais devemos esquecer que os sccos daqueles que brigam na rua não são como as nossas diretas, mas sim circulares. Defesa contra golpes no rosto. Por incrível que possa parecer, esta defesa só deve intervir quando o golpe estiver bem próximo para que nos dê a certeza de que não se trata de uma finta. Logo deve ser uma defesa rápida. No instante do ataque, caímos um pouco para trás elevando o cotovelo direito diante do rosto, e a mão fechada para baixo (des. 101), parando do lado mais fino e externo do antebraço ou do cotovelo. Avançamos o» pé esquerdo para bater no flanco, desdobrando o antebraço direito em torno do cotovelo para cima (des. 102). Com uma forte rotação sobre os dois pés para a direita trazemos o braço adverso em posição de luxação com o auxílio da mão esquerda e desiquilibramos o adversário para frente e para baixo. Nos defendendo de ataques a mão armada. Nestas situações, qualquer falta cometida é havida

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como perigo mortal, pois nos defrontamos com um inimigo armado e disposto a tudo. Nestes casos não deve existir o excesso de confiança nem a certeza nas técnicas. A defesa é possível, mas muito difícil. Os ataques mais conhecidos são aqueles feitos com bastão curto, faca e a ameaça de revólver. Logo, devemos desviar a atenção do adversário. Isto ajuda tanto no sentido físico, como no psicológico. Ao distrairmos a atenção do adversário, estamos obtendo segundos preciosos que pesarão na balança para a ação. A maneira de usarmos o jogo da distração, varia de acordo com as situações que se apresentam.. É óbvio que não usaremos a mesma técnica quando somos ameaçados por um revólver — que usamos em luta sem armas. Deste modo, podemos distinguir duas técnicas eficazes: a rápida e a ousada. Na primeira devemos contar com a sutileza, enquanto que na segunda, tudo depende da situação. Qualquer movimento que façamos, deve sempre ter como meta desviar a atenção do adversário da nossa verdadeira intenção. A distração pode ser feita com qualquer movimento de qualquer membro de nosso corpo. O objetivo será sempre não deixar nosso oponente perceber com qual membro vamos atacá-lo. O m u r m u r a r certas palavras pode desorientar o adversário, pela atenção que porá nas palavras incompreendidas que ouve. Um outro fator importante é o grito ou berro bem dado no justo momento, salvo quando somos atacados por revólver, razão pela qual o grito seria prejudicial. Fora isto, o grito bem emitido, desorienta e descoordena, sendo que em certas pessoas aqueles fatores duram por vários momentos. Mas devemos lembrar que na briga de rua, tudo é válido em função de preservarmos a nossa integridade física. Se estamos perto de objetos ou de areia que vemos possibilidade de usar, devemos usá-los, arremeçando-os.

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É bom alertarmos que na frente de um revólver as coisas mudam de figura. O certo seria usarmos cautela e persuadirmos o nosso oponente a não fazer uso do mesmo. Aqui deve valer o sangue frio e as palavras calmas e serenas. Nada de ofensa. Devemos nos lembrar que o portador da arma está sempre em vantagem. Jamais devemos tentar colocar as mãos nos bolsos ou fazer gestos bruscos. Mesmo em caso de roubo, o certo será entregar tudo ao ladrão, demonstrando com calma que a nossa intenção é preservarmos a nossa vida a todo o custo. O ladrão jamais pensa em usar a sua arma. As situações é que o obrigam a tais extremos. Somente nos casos em que a pessoa está afim de matar-nos, é que devemos tomar uma atitude que chegue a ação. Nos casos de sermos assaltados por arma branca, devemos usar a mesma técnica. Se possível até fugirmos da luta. Se .isto não for possível, devemos então, entrar em ação fulminante. — Com a finalidade de orientar, transcrevemos aqui alguma técnica contra revólver. 1.°)

Somos atacados de perto e de frente.

2.°)

Devemos distrair a sua atenção.

3.°)

Ao ser distraído, peguemos a sua mão armada, empurando-a com a finalidade de afastarmos de nós o revólver.

4.°)

Sem soltarmos a mão armada, desfiramos com a outra mão um golpe no rosto.

5.°)

Segurando a mão, do revolver com a nossa direita, desfiramos um ponta-pé na perna.

6.°)

Após, girando o tronco, coloquemos o antebraço esquerdo sobre o do adversário. Não soltemos a pião.

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8.?)

Baixando o nosso corpo, levamos o oponente ao chão. Jamais devemos soltá-lo, sem antes fazer com qüe largue a arma Des. X de 1 a 8. .

Ex. dois: 1 — Somos ameaçados por um assaltante que segura o revólver do lado do corpo: 2 — Distraímos a sua atenção e agarrando a mão que empunha a arma afastamo-la para longe do alcance de nosso corpo. 3 — De imediato em ação sincronizada, desferimos uma cutelada na garganta. Encadeamos esta ação com um ponta-pé na tíbia do agressor, segurando de imediato a mão que segura o revólver com nossass duas mãos não deixando que dispare. 4 — Logo torcemos o seu pulso e desferimos uma cotovelada nas costelas. Aí, segurando sua mão armada

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com a nossa esquerda, devemos nos colocar atrás dele, torcendo-lhe então o braço (Des. X de 9 a 12).

Bastão. O adversário pode atacar de lcngc em grande velocidade e quase nunca de ponta de bastão, mas em movimentos variados. Devemos saltar para frente para bloquear o braço ou esquivar para o interior ou o exterior do ataque, tratando-se de um ataque vertical. Devemos sair do plano vertical sem recuar, para que possamos apreciar à distância a qual se abaterá a extremidade do bastão. É sabido que levamos uma vantagem se formos rápidos. Sabemos que todo aquele que usa um bastão para atacar, precisa fazer um movimento contrário para bater. São nestas ocasiões que devemos saltar com precisão sem pensar no ataque. Facas:

1 — Somos ameaçados pelas costas com um revólver. De início tentamos distrair a atenção do assaltante, para que possamos nos cientificar de suas intenções e percebermos com qual mão ele segura a arma. Certo disto, giramos o corpo na direção da mão que segura a arma, desferindo um golpe com o antebraço. Feito isto, sem interrupção, finalizamos o giro aplicando-lhe um golpe no rosto tendo a mão aberta e aprisionandolhe o braço. Nesta fase colocamo-nos atrás do agressor, aplicando-lhe um golpe na cabeça com nosso braço esquerdo. Puxemos para trás com nosso braço direito e desfiramos um golpe de joelho atrás do seu joelho. Não o soltemos antes do mesmo largar a arma.

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Eis aqui uma parte delicada por tratar-se de um combate de tudo ou nada. Tratando-se de um especialista em armas brancas a situação é mais difícil ainda. Seria preciso que estivéssemos familiarizados com estes combates. Nestes combates, quase sempre, aquele que é ferido em primeiro lugar pela faca, fica em estado de inibição, o que pode dar chance a novo ataque, e desta vez fatal. Aqui, pois, não cabem àqueles que principiam. Em ocasiões de extrema necessidade devemos reunir todos os nossos esforços e nos esquivarmos largamente e bloquearmos mais longe do corpo, que para um golpe de mão fechada, pois a lâmina da faca alonga o golpe. Há golpes que são fáceis de parar, pois, há necessidade de haver no preâmbulo um "chamado", durante o qual podemos agir. Seria o caso do Talho. Mas, em oposição temos aqueles de espada que partem de qualquer posição. Não devemos nos separar muito do adversário, nem fugirmos, o que lhe daria nova oportunidade de atacar. Fiquemos de perfil em relação a ele. Não procuremos bloquear e mexamos cs

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pés para tê-lo à distância. Numa ação rápida podemos abatê-lo, sem possibilidades do corpo a corpo. Para nos desviarmos de um golpe de espada não devemos fazer força, mas sim, grande velocidade e oportunidade. Devemos recuar os quadris nas paradas, para afastarmes o abdômen do lugar de perigo. Nestas fases devemos enganar o adversário, e se tivermos chance, jogar nele aquilo que estiver a nosso alcance e que possa magoá-lo ou distraí-lo antes do ataque. T a m b é m é de real importância que ofereçamos um braço ao ataque para que possamos salvar nossos pontos vitais e termos chances de contra-atacar. Nos treinos aquele que ataca deve fazê-lo lentamente e a fundo, com arma de pau ou plástico, somente mais tarde se deve usar uma arma real. Revólver: Apesar de quase nenhuma chance, vamos lembrar de novo os deslocamentos para fora da linha de tiro, e alguma maneira de desviar a mão que empunha o revólver. A rapidez tem que ser espantosa, senão todas as intenções não serão válidas. Teremos mais chances se a mão do adversário estiver estendida para nós, e se nós soubermos nos aproveitar de uma sua distração ou de uma falha na sua concentração. Sc neste momento estivermos com as mãos para o alto, podemos bater severamente no p u n h o do adversário, esquivando no mesmo instante, sem que cm seguida, o atinjamos nos olhos, no baixo-ventre, etc. Defesa contra golpe de bastão dado de cima para baixo. Aqui, devemos saltar no opositor no momento no qual ele ergue o bastão para cima, bloqueando então seu braço com age-uke direto. Mantemos, pois, con-

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talo com o bastão antes que ele possuísse grande velocidade c antes de qualquer posição de força (des. 104). Devemos, pois, reentrar sob ataque com vigor, para tirarmos a cabeça do perigo. Contra-atacamos em gyaku-zuki de mão esquerda de trás, cu de joelho ou cotovelo. Se atacamos de cotovelo é melhor bloquearmos com jodan-juji-uke para impedirmos que o punho que possui o bastão, faça o mesmo passar ao longo do braço c nos atinja no onibro. É certo que seria melhor, se pudéssemos, dar um atémi antes de controlar ou de projetar, mas para isto, seria preciso que tivéssemos a certeza de que não correríamos o risco de sermos atingidos pelo bastão. Defesa contra golpe de bastão reverso. Somos atacados em um movimento horizontal da esquerda para a direita, tendo o nosso adversário o bastão na mão direita. Avançamos para ele de pé esquerdo, caindo sobre o lado esquerdo para bater em Mawashi-Geri de pé direito, no baixo ventre (desenho 105). Defesa contra golpe de faca dado de baixo para cima. Avançamos e bloqueamos em gedan-juji-uke, tendo os braços esticados, abdômen reentrado, antes que o braço adverso não tenha chegado ao alvo de seu curso (des. 106). Damos em seguida, um uraken no rosto, seguido de tsuki da outra mão fechada antes de pegar o punho oponente para dar-lhe uma chave. Defesa contra golpe de faca direto. Somos atacados de espada visando ao nosso abdômen. Devemos manter a calma para que o adversário se ponha a f u n d o no ataque. O defrontamos em shizentai, tendo os braços oscilantes. No momento que a espada vai nos tocar nos esquivamos, com uma forte

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rotação para a direita no mesmo lugar, pondo todo o nosso peso sobre a perna esquerda. Desviamos O' golpe pelo movimento para a direita, seja de cotovelo ou antebraço (des. 107). A mão direita sc coloca diante da fronte e se lança sobre o p u n h o do oponente, que afastamos para a direita e voltamos os quadris para a esquerda para fazer Kin-Geri de pé direito. Defesa contra muitos adversários. Nos devemos valer de nosso sangue frio e jamais nos lançarmos à procura de sairmos do cerco ao primeiro ataque. Devemos atacar o adversário mais próximo nos deslocando largamente ou nos voltando para jamais sermos um alvo fácil. Jamais devemos perder de vista nossos inimigos, e se possível, nos devemos encostar em algum lugar. Podemos bater no primeiro o ultrapassando e ficando nas suas costas girando a 180°, fazemos face aos outros adversários que ficam em linha. Não deve haver oscilações para que não haja tempo deles fecharem de novo o círculo, e nos batam todos de uma vez. Nesta fase devemos atacar com as mãos e os pés, para desorientar os adversários, fazendo melhor, se impusermos o nosso ritmo. Devemos bater duramente para que cada pernada, coloque fora de ação um adversário, não dando chances para que ele volte à carga. Todas estas técnicas são apenas um apanágio simples das possibilidades do praticante. As próprias técnica de base, e as combinações numerosas e abundantes do Karatê, fazem destas técnicas aplicadas a todo o tipo de ataques e defesas, o ideal. A variedade destas técnicas fazem do Karatê, uma base sólida para um método de defesa pessoal, sem confrontos.

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CAPÍTULO XVIII OS KATAS Os Katas, são o início e o fim desta arte marcial, e é por esta razão que pedimos que o leitor se dedique a fundo nesta parte tão importante ao karatê, sendo sem dúvidas a sua essência. Um Kata nada mais é do que um seguimento de movimentos de karatê codificados com esmero, executados na mesma maneira e nas mesmas direções. Na duração do Kata o praticante executa uma série importante de técnicas. E um Ki-hon encadeado em várias direções com vários graus de diferença na dificuldade dos movimentos. As velhas técnicas ensinadas pelos velhos mestres da arte estão contidas nos Katas. Ao estudarmos a f u n d o estas técnicas que pertenceram ao passado c vivem npresente, podemos descobrir uma interminável fonte de recursos que nos dão progresso físico e mental. Dentre todas as artes os Katas do karatê são as únicas que se executam só e sem acessórios especiais. É na execução- do Kata que podemos notar o progresso que obtivemos. Para a obtenção de graus e faixas é necessário o seu teste. Nesta fase é incrível para quem assiste, ver um só homem n u m combate desesperado contra vários adversários. Esta é a impressão... 1 C O M B A T E REAL. É no Kata que o praticante deve colocar toda a sua força e energia ligadas à vontade. O plano é enfrentarmos entre 8 e 10 adversários. É a única maneira de adquirirmos a sensação de combate real e

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total, no qual poderá adquirir o domínio do corpo e do espírito. Até bem pouco tempo, os Katas, eram com os assaltos convencionais, as únicas formas de treinar e o suficiente para chegarmos à progressão para o> domínio manancial de eficácia absoluta. Foi o antagonismo dos universitários japoneses que deu origem à adjunção de uma forma nova, o combate livre, fazendo o sistema moderno de competições. Os Katas contêm todas as técnicas do karatê moderno e diferem do Jiyu-Kumitc que desenvolve o sentido da defesa numa só direção. Eles nos fazem descobrir em si mesmos uma fonte de possibilidades incríveis. Pelas obrigações que nos impõem em bloquear, esquivar, mudando a direção, bater de mãos fechadas e pés encadeadas, saltar por cima dos ataques, etc., nos dão a idéia de um ataque real no qual somos atacados de todo lado e por todos os modos. Muitas vezes certas passagens dos Katas, parecem dc pouco efeito se aplicadas n u m combate real, e que certos bloqueios são lentos. Sabemos que tudo isto pode encher de suspeitas o espírito daquele que inicia. Jamais um Kata é entendido a fundo, a não ser por um mestre. O belo, está em procurarmos os limites do incompreensível, a razão de nosso progresso, c somente mais tarde vemos que certas evoluções para nós estranhas tem um sentido pré-estabelecido. O combate exige uma enorme tensão mental pois nos movimentam pouco. Sabemos que, ao passo q u e conhecemos mais a f u n d o um Kata, uma nova possibilidade e compreensão se abre diante de nós. O Kata inicia por uma defesa, sendo que o karatê deve ser utilizado para salvarmos nossa integridade física e computa um ou dois movimentos onde fazemos Kensei no intuito de acabar com um adversário atencioso. Aos poucos, vamos nos aproximando — através de várias

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repetições — do Kaia verdadeiro distante de ser aquele incompreendido. Praticados e executados com sinceridade, ritmo, espírito, força e velocidade, é magnificante, belo e admirável para quem olha. Mesmo se este for aquele que não crê. . . ! EXERCÍCIO DE ESTILO. Pelo Kata aprendemos que a eficácia vem da perfeição técnica. Por ele devemos chegar a uma forma exterior perfeita, igual àquela pregada pelos mestres do passado. Daqui podemos chegar à compreensão do que vem a ser a eficácia para o domínio total físico e mental. Seria ilógico pensarmos que pela perfeição conseguida na execução de um Kata chegássemos a atingir a felicidade. Não é isto. Mas aquele, é um caminho pelo qual podemos começar nossa jornada cm razão daquela. Logo c> Kata é a forma pela qual podemos unir corpo e espírito para atingirmos o ideal. Sempre que executarmos um Kata, devemos fazê-lo de modo a estarmos próximos do estilo de base. Semente assim poderemos entender o valor daquilo que consideramos uma mensagem ineritosa. Não devemos pois inovar, mas sermos humildes, pois para as inovações existem outros mais qualificados c com mais opinião construtiva. O principiante deve atender às indicações do professor que lhe fará ver o aspecto tradicional da arte sem transformações. No Kata todos os músculos trabalham com perfeição harmoniosa sendo um excelente meio de exercício físico. Nele o equilíbrio, a força e velocidade são desenvolvidos, a respiração é sincronizada com os movimentos e as combinações técnicas se tornam naturais. Não há dúvida de que a compreensão virá com o tempo na medida que vier o progresso'. Da maneira pela qual se encadeiam os movimentos, isto é, pela sua lógica, sabemos

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que o Kata é na verdade uni exercício que vive. Para que cheguemos ao ideal do combate se faz mister que combinemos a concentração e atenção no estilo com uma forte sensação interior. É claro que o iniciante, deve de início, por toda a atenção no sentido e praticar movimento por movimento. Em certas ocasiões, o professor fará com que o praticante execute o Kata na velocidade do combate, sem que haja preocupações nos detalhes e fazendo a encadeação mais rápida possível dos movimentos. E assim sucessivamente. Isto serve para que jamais esqueçamos que o Kata é um combate antes de tudo, e que se perdermos esta meta, não faremos mais do que exercícios de estilo, sem função de combate alguma. Nestas ocasiões o praticante deverá pôr toda a sua energia e combater dentro de suas possibilidades. Isto fará com que jamais se esqueça do alvo do Kata, e o porá sempre em choque com esta meta, pois em caso de combate o espírito não deve pensar no que faz o corpo. Devemos pois aprender pelo corpo e não pelo espírito, que deve durante o combate se ocupar do adversário. Mas não devemos exagerar o número de aulas dedicadas a velocidade do combate, sob pena de perdermos a pesquisa da forma correta não progredindo como deveríamos. O aprendizado paciente é o caminho certo para resultados satisfatórios. Professores japoneses como Nakayama e Takagi fazem os alunos executar os Katas de base um por um, separando bloqueio e ataque ao nível do praticante, e outros como Okuyama Oshima etc., preferem a prática na velocidade do combate. História e Diversificação. Há uma infinidade de Katas, mas somente uns 40 são originais, as outras não são mais do que variantes

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e Katas derivados. As nuances entre alguns Katas são tão mínimas que às vezes nos inquirimos perguntando onde está o sentido exato, a razão de ser. Se estas diferenças esquecidas entre dois estilos que afirmam um e outro ser, na verdade não são a prova que resta de uma certa relatividade na noção que damos da perfeição. A situação é delicada pois dependemos deles, ou melhor, nossas certezas que são a mola de nosso querer e nossas suspeitas que interferem no progresso. Podemos afirmar sem dúvida alguma, que todos os Katas de hoje, remontam de fontes chinesas, sendo que alguns, pelas vicissitudes, sofreram transformações que a certos "olhos", podem dar a impressão de originais. Muitos deles foram tirados de velhos Katas chineses e o próprio ten-no-Kata criado no Japão por mestres de real valor, sofreu influência dos Katas tradicionais. A introdução dos Katas antigos foi feita separando-se os dois estilos de Okinawa. Esta introdução se deve a Funakoshi. No estilo Shorin temos os Katas de movimentos longos, rápidos e eficazes para o combate à distância, e o estilo Shorei dá aos Katas movimentos lentos, contraídos, para que haja um desenvolvimento muscular, e são executados com respirações sonoras recomendadas nos combates aproximados. As diversas escolas têm seus Katas de acordo com seus estilos de base, com suas formas um pouco diferentes. Estas pequenas nuances se deve aos mestres que imigraram para o Japão levados pelo sucesso de Funakoshi. Mas, as escolas, mesmo com suas tradições especiais possuem os dois estilos de base que se completam. As alterações mais acentuadas foram feitas pelo mestre japonês Funakoshi. Foi a forte influência do nacionalismo universitário japonês, que obrigou o mestre àquela pesquisa para resultados imediatos. Este, simplificou os Katas tradicionais por aqueles mais fáceis de assi-

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milar, já que o fator tempo era de suma importância coisa que no passado não importava. Naquela época a paciência era a mola que impulsionava a perfeição. Como podemos notar, a causa que originou aquelas derivações foi aquela citada acima. Para que tenhamos uma idéia bem formada, basta lembrar que de certos Katas antigos e complicados foram condensadas técnicas que servem para educar o corpo e o espírito. Estes nós os conhecemos pelo nome de Pin-An (paz c tranquilidade) dado pelo mestre Funakoshi, que foi o condensador daqueles que surgiram como estes cinco. O espírito dos Katas antigos foi magnificamente resumido por Funakoshi, que os idealizou fáceis e curtos contendo os encadeamentos básicos. Para a aquisição do ] D a n são eles o requisito primeiro. No Ki-Hon, reaprendemos e repetimos um certo movimento extraído de um Kata para que possamos formar o corpo por uma técnica bem assimilada e fácil. É lógico que há transformações e estas continuarão na medida que os japeneses desenvolvem sua técnica. Estas advieram e advirão da pesquisa sincera que modernizou e vai continuar a transformar certas passagens dos Katas. Sabendo que certas transformações foram marcantes e a maior parte delas se deve a Funakoshi, tanto que por sua interferência os Katas mudaram seus nomes de origem. Estas transformações vêm também com os Katas para a formação do corpo (Tai) com duas técnicas ou três que se desenvolvem segundo o plano heian. Isto faz com que obtenhamos um melhor progresso e consigamos pela simplificação uma fácil passagem do Ki-hon para os Katas de tradição. Esta parte devemos ao filho de Funakoshi, Yoshitaka. Este criou também, o ten-no-kata que podemos executar sós, ou a deis, no mesmo lugar. Há escolas que continuam com as formas antigas,

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este seria o caso do estilo Wado-Ryu do mestre Otsuka. Mesmo este mestre faz certas vezes algumas transformações ein certas passagens. Algumas vezes as alterações são válidas, dado o valor de quem as produz. O que não seria justo é que houvesse mudanças em prol da vaidade de cada um. Já foi pensado em 1967 no Japão, ou melhor, decidido que deveria haver uma simplificação para que houvesse uma maior expressão da arte. Pensavam eliminar cs estilos derivados, e para isto houve uma planificação que pensamos na época ser incompleta. Nosso pensamento foi válido, pois houve como imaginamos os cases daqueles acostumados a uma maneira de executar os Katas, que se opuseram a aprender por simples imposição formas mais ortodoxas. Desta forma o problema não fei resolvido, e, ao lado dos Katas japoneses, figuram as de Okinawa e Chineses de origem. O Taek-won-do possue alguns Katas da escola CIVang-Hon, sendo estudados paralelamente aos Katas japoneses. Em Okinawa ainda se estuda os Katas antigos, nos quais o praticante é armado de um bastão ou de duas adagas sem fio (sais) com os quais se defendiam dos sabres dos samurais. Os sais foram proibidos na ilha, quando da ocupação japonesa. A técnica faz com que consigamos agarrar a lâmina entre a proteção e a mesma, quebrando-a por uma forte torsão do punho. Bem, em vista de toda esta situação que para nós não nos parece tão grave, dizemos que todos os Katas, mesmo com as transformações, são excelentes, se pusermos sinceridade nc seu estudo c dedicação. O caminho certo para aquele que pratica, é seguir com rigor e dedicação a linha adotada pela escola na qual ele pratica. Deve mesmo colocar em sua alma a certeza de que aquele será o seu caminho para a perfeição dc« corpo e do espírito. Nós, por nós mesmos, não achamos possível que certas trans-

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formações possam originar em desvio do verdadeiro alvo da arte. Não devemos jamais dispensar csforçcs, e porque a nossa escola ensina um certo> estilo, criarmos C' nosso! Pela paciência colocada no aprendizado dos Katas chegaremos à sua alma. E por ela, poderemos conhecer os admiráveis homens que criaram os Katas. Sentir sua personalidade e as termos como ideal a ser atingido. Por incrível que pareça, pelos Katas, seguimos seus ensinamentos apesar daquilo que nos ensinam os outros. Em cada Kata temos uma verdade, um caminho para a união do corpo e do espírito sendo pois, cada um deles um interesse vivente. Seria ignorância pretendermos qüe tal escola fosse superior a outra. Passaríamos por, e com razão, por pessoas despreparadas e longe daquilo que prega na verdade o Budo. UM QUADRO DOS KATAS. Depois de tudo que vimos a respeito dos Katas quer sobre sua origem e sua história nos preocuparemos na coexistência dos Katas atuais e nos antigos, desde os mais simples acs mais difíceis, colocando mais ênfase na velocidade, agilidade, força e controle respiratório. Notaremos que há um fator especial no que se refere aos nossos Katas. Uns, levam o nome de velhos mestres, outros têm o nome de animais etc., sendo de grande utilidade para o praticante conhecer esta parte, para enriquecer ainda mais seu espírito com este lado tão peculiar à arte. Assim temos o Kushanku, nome de um velho mestre chinês; o heian, período feudal japonês; aqueles des movimentos dos animais Wanshu — andorinha; shinto-gron — sobre um rqchedo; aqueles que evocam as posições, Tekki — cavaleiro de ferro; hangetsu — meia lua; aqueles dos temas ~cõmo: hanku — saudação ao sol; ni-sei-shi — 24 passos;

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hassai — atravessar a fcrtaleza; jitte — dez mãos; ro-hai — espelho claro, etc. Num Kata combatemos seguindo direções certas e os deslocamentos são precisamente codificados. A estrutura de um Kata pode por vezes representar uma planta complicada em forma de letras: T ou H etc., como pode ser simples igual a linha reta! A seguir daremos a enumeração dos Katas mais importantes segundo as escolas japonesas e coreanas. Antes da sua enumeração, daremos a progressão feita num quadro do estudo dos Katas Shotokan. Katas de Base — Taikyoku (Shodan, Nidan, Sandan, Yodan, Godan, Rokkudan).

Avançados Superiores

— ten-nc-Kata — heian (Shodan, Nidan, Sandan, Yodan, Godan) Rokkudan — Tekki (Shodan, Nidan, Sandan) — Bassai (dai, sho) — Kanku (dai, sho) — Hangetsu — Gangaku — En-pi — Jitte Jiou — Chinte — Sochin — Nijyu-Shiho — Unsu

P.S.

Os superiores são com raridade praticados por nós ocidentais. Estilo japonês: Shotokan e wado ryu: nós indicamos entre-parcutes o nome dos Katas Wado-Ryu que correspondem aos Katas Shotokan. Sabemos que as primeiras são as formas passadas das segundas que sofreram breves alterações segundo a criação de Otsuka.

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Ten-no-Kata, Taikyoku-no-Kata, Heian, (pin-an) Tekki (Naihanchi) k a n k u (Kushanku) bassai (passai) gangaku (chinto) en-pi (wanshu) nijyu-shiho (ni-sei-shi) hangetsu (seishan) meikyo (to-hai) jitte, jion, chinte, sochin, unsu. P.S. — Há cinco heian, três tekki, dois kanku e dois bassai. Estilos japoneses shito-ryu e goju-ryu: Pin-an, shihazuki, sanchin, tensho, saipa, saifa, seesan, sanseru, surapumpe, hosoku. P. S. — Há cinco pin-an c seis shihozuki. Estilo Coreano Ch'ang-hon. Ch'on-ji, tan-gun, to-san, won-kyo, yul-kok, chung-gun, T'oi-gye, hwa-rang, ch'ung-mu, kwanggae, p'o-un, kae-bak, yu-sin ch'ung-jang, ul-ji, sam-il, choi-yong, ko-dang, se-jong, t'ong-il. Esclarecendo melhor, dizemos que neste livro abordaremos sobretudo o estilo shotokan. CONSELHOS Nos Katas temos que lutar com nós mesmos e se quisermos nos aprofundar nesta arte temos que nos aprofundar nos Katas. Eles são a alma do Karatê e se não os tivemos como isto, após passarem os anos do fogo da nossa juventude, "nada ficará", além de recordações efêmeras pendentes de nossas frustrações. Sempre devemos executar os Katas independentemente das situações. Devemos executá-los sós, mais de um ou nas competições dos mesmos. Seu estudo deve progredir, paralelamente no Kunite para que não esqueçamos o contato com a realidade. Portanto não esqueçamos que os Katas são

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o estado último na progressão p?n*a aqueles que são grandes experts. Não seria lógico nos basearmos só nos Katas e ficarmos nisto. Pois deste modo não poderíamos ter presentes ao espírito as necessidades de combate real e sentirmos as suas variações. Estaríamos então competindo com a velocidade e a força de novo adversário. Para aqueles que vão até o 1.° Kyu pensamos que os Katas de base são suficientes. Para os que possuem a faixa preta e vão até o 1.° Dan, indicamos ainda o Tekki, Shodan, Bassai-dai e hanku-dai, deixando os outros katas para os graus superiores. Senão nos apressarmos e não tentarmos ultrapassar etapas pela vaidade, estudando superficialmente os katas, os que estudarmos posteriormente nos serão familiares, pois suas técnicas se encontram combinadas novamente. Precisamos sempre progredir nos Katas de base! Àqueles mais avançados, como faixas pretas, seria válido o conhecimento de maior número de Katas, mas sempre da mesma escola, pois facilitaria seu esclarecimento por se completarem. Não devemos sobretudo, trabalhar igualmente todos os Katas, é bom conhecermos as técnicas c seu desenrolar, mas devemos nos aprofundar mais naqueles que nos dão prazer e que nos fazem sentir algo mais especial. No dia que conhecermos profundamente bem um só Kata, obteremos progresso nos outros. Cada movimento de um Kata deve ser executado com toda a energia e velocidade, portando Kimc a cada impacto. Não devemos esquecer de executar cada movimento com estilo perfeito enchendo-o de sinceridade, lembrando de que nossa alma deve estar presente nesta hora de estudos. Sabermos mentalmente a cadeia de técnicas de um kata, não é mais do que um princípio vago e não um conhecimento profundo. Cada

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kata tem ritmo e tempo que não podemos negligenciar, desde o início de seu estudo. Somente após longo tempo de estudos é que poderemos pensar em "personalização" e variarmos seu ritmo. Mesmo assim, jamais devemos nos afastar da origem! É bom, após cada kiai, fazermos um tempo de parada antes de recomeçar. Jamais pensemos que ao terminarmos primeiro o Kata quando estudamos em grupo, seremos o melhor. Não! Se pensarmos bem, ao fazermos Kime em cada movimento, não é possível que consigamos chegar primeiro. Logo. . . Na prática do Kata, devemos "sentir" o nosso adversário, viver o combate como se lutássemos pela vida, e nunca deixar de "ver" o nosso oponente. Para isto serve o Kata, e somente assim, podemos ter aquele ambiente que nos levará aos segredos do Kata. É pois, preciso que assimilemos as suas passagens, a sua compreensão interna e o domínio de sua forma externa, isto é, a sua interação. Um kata está dominado por nós quando pela perfeição da execução e sua harmonia, podemos fazer com que aquele que nos assiste visualize o combate. O Kata é um vazio vivente no qual, cada parada e cada gesto têm a sua explicaçã.o e chegam no momento preciso. Assim sendo, o Kata não é uma seqüência de técnicas rápidas, sem significação alguma. Pelo contrário!... Na sua execução não nos devemos descontrair de todo em qualquer situação. O espírito fica sempre zanshim! Jamais nos esqueçamos que uma simples falha nos levará à derrota. Devemos manter o hora sempre sob tensão, seguindo o movimento e os quadiis baixos. Nossos olhos devem ficar num plano horizontal para termos o campo visual bem amplo, sem nos fixarmos em pontos especiais.

A boca deve ficar fechada, salvo no momento do kiai c não devemos contrair o rosto. Ocultemos nossa respiração, reentremos nosso queixo e não movimentemos os ombros. Fiquemos estáveis e quando nos deslocarmos, façamos com que nosso corpo- se desloque como uma unidade feita de uma só peça. Nossas preocupações não devem existir mais. Mas somente nosso adversário. Se trabalharmos a sós, devemos fazê-lo diante de um espelho, e termos um espírito de autocrítica impiedoso. Somente assim, podemos nos corrigir. Quando pensarmos estarmos certos, devemos procurar a análise de alguém mais avançado. Quando o executarmos para o professor, ele não esquecerá jamais de nos lembrar de termos sempre o espírito presente. Tenhamos sempre em mente que as partes que nos parecem sem importância, estão lá, para nos esclarecer indiretamente sobre pontos mais ccmplexos e importantes. Pelas explicações do professor devemos disciplinar nosço corpo no sentido daquilo que nos orienta. Os movimentos são perfeitos, quando os podemes executar com técnica perfeita, sem o auxílio da memória. Cada Kata possui duas técnicas que são executadas com Kensei. Devemos estar plenos de Kiai, sempre e possuirmos o Kiai, exteriorizando-o a dois lugares dados! O grito é breve, deve ser forte e explcdir com violência, sem que abaixemos os olhos neste momento. Exceto em certas passagens, não devemos reiniciar após o Kiai, mas sim, ficarmos um segundo no lugar para apoiar, mentalmente o golpe. É praticável para o "expert" juniar com Kensei no lugar da ação, mas não para o treinamento que não deve esquecer os dois Kensei impostos. Podemos executar um Kata rapidamente e em descontração. Nos concentrando sobre os deslocamentos dos pés e dos quadris para conseguirmos posições corretas e evoluir-

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mos na velocidade, chegando a um estado superior na aceleração do ritmo cardiovascular. Esta parte pode fazer parte do dia a dia, pois, é a única maneira de assimilar um Kata pelo corpo. — Lentamente c cm descontração para aprendermos o Kata ou nos aquecermos antes da aula. — Rapidamente com Kime "um por um" desde que estejamos aquecidos. Cada movimento deve ser executado isoladamente. Os ataques devem ser secos, os bloqueios vivos, tendo um Kime justo a cada impacto. Não nos esqueçamos da concentração física e mental em toda a execução. — Rapidamente com Kime portando velocidade de combate, o que quer dizer que, às formas anteriores, juntamos a sensação do combate. De início liguemos as técnicas de um só grupo, encadeando posteriormente os movimentos de um extremo ao outro do Kata. O ritmo deve ser plausível para que não percamos a forma. — Lenta e em contração — todas as técnicas são executadas com a respiração visível e barulhenta, sendo que para dar musculatura ao corpo e fortificar o músculo cardíaco, todos os katas podem ser executados assim. — Lentamente com forte concentração mental c usando somente a força no ventre. — Usando material para desenvolver músculos no corpo, criar endurame e obrigá-los a atitudes corretas, podemos executar um Kata na velocidade de combate, tendo nas mães dois halteres de 2,5 kg fazendo kime para cada movimento. Da mesma forma podemos usar sandálias especiais pesadas, executando os deslocamentos com um parceiro sobre os ombros, com um bastão seguro pelas mãos. Após um treino destes, devemos

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executar os mesmos Kata, sem aqueles aparatos e não fazendo Kime, mas na velocidade máxima. Devemos praticar sessões inteiras de repetições de katas dando força e velocidade aos mesmos. Esta seria a seqüência: 6 repetições em flexibilidade lentamente e descontração total. 6 repetições no tempo de combate. 2 katas executados com lentidão e contração total 2 katas com halteres. 1 kata em flexibilidade. Uma vez por ano devemos fazer katas cm grupo, separando cada um por urna quinzena de minutos de repouso. Devemos executar cada kata por inteiro e não as partes para que não esqueçamos certos encadeamentos e não privemos o corpo de um aprendizado harmonioso. Só os avançados é que podem estudá-los aos pedaços! O cerimonial nos katas é muito importante, pois a não observação do mesmo, conta menos pontos nas disputas pelas faixas e graus. Devemos executar estes movimentos mesmo quando praticamos sós. Vejamos: Estamos em posição (shizentai) tendo os braços pendentes, a cabeça direita e descontraída. Saudemos com lentidão (ritsurei em posição heisoku-da chi) na direção que no momento é a principal no Kata. Após (des. 108), passemos, sem pressa, em hachiji-dachi, mãos fechadas serradas diante do corpo (des. 109, yoi). Fiquemos calmos c descontraídos, aprumados sobre as pernas, mantendo o ventre sempre forte feito para o combate. Tomemos o tempo de concentração antes de iniciarmos a execução do kata para que não o façamos numa execução superficial. Sempre olhemos ao longe

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na direção da saudação. Tentemos "ver" o adversário, "senti-lo", notarmos o primeiro ataque, e partirmos para os outros adversários! . . Após o término do kata, restemos um segundo antes de voltarmos, isto no liltimo tempo, mantendo sempre o espírito zanshiu como atenção em caso de ourto ataque. Voltemos a yoi com calma e lentos, saudando na mesma direção, (Ritsurei) somente após é que podemos descontrair o espírito e retificar as vestes, antes de deixarmos o lugar do combate.

mos, feitos, quando falamos dos deslocamentos em capítulo passado. A marca feita dos pés representa o lugar que corresponde ao início da explicação. Posteriormente temos as impressões sombreadas, em claro, e pontilhadas, e aqueles cujos contornos são partilhados que correspondem aos lugares seguintes. A deslocação dos pés está representada por flechas, sua ordem por algarismos e a seta dupla indica o eixo base do Kata. O externo negro desta seta se dirige para a frente do eixo independente do sentido do movimento.

CONVENÇÕES 1 — As convenções que adotam são aquelas usadas para os Kumites. 2 — 0 plano de cada Kata acompanha a descrição e está contido num circulo. As ramificações deste plano são sinalizadas por letras para facilitar a consulta, etc. 3 — Os movimentos da cabeça e dos quadris daquele que defende são sinalizados nos Katas por uma fita seguida. O início do yoi é sinalizado por um guarão, sendo que o sentido do primeiro movimento é simbolizado por uma flecha.. 4 — Com um algarismo indicamos o tempo de cada Kata e o yoi da partida e da chegada se faz no tempo 0. 5 — Nas passagens difíceis cada deslocamento dos pés daquele que defende, são esclarecidas para facilitar o texto. Os princípios adotados são os mes-

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CAPÍTULO XIX

KATAS BÁSICOS Taikyoku-no-Kata São Katas que dão o domínio dos bloqueios, ataques e deslocamentos de base de onde provêm todas as demais técnicas. Estes Katas são de formação do corpo e foram criados pelo Mestre Funakoshi. Pela firme determinação de nos aprofundarmos nos Katas simples, para depois passarmos para os superiores, estaremos dando ao nosso epírito, liberdade total dos problemas de memorização dos movimentos. Então o corpo repete sem interrupção os mesmos movimentos, permitindo que possamos dar maior velocidade a particularidades anerentes a esta fase. O golpe é formado no tempo mais curto. Há 6 Taikyoku que seguem o plano H, e que nos preparam para o estudo dos Katas heian, tendo todos, 20 movimentos. Taikyoku-Shodan = 1.°. Este, nós estudaremos nos mínimos detalhes, pois os outros cinco, obedecem todas as normas deste. O

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desenrolar do exercício possui duas fases: ida e volta. O defensor está simbolizado pelo negro, assim que volta o derso ao lugar, de onde o leitor supostamente olha. Os deslocamentos são sinalizados pelo pontilhado. Sobrepondo os dos pontilhados de ambas as fases, obtemos o desenho da fita A que indica o lugar dos movimentos. O plano B representa a maneira de tradição na execução, e no diagrama A, de 1 a 4 damos os giros do Taikyoku, que diferem da maneira seguida, para voltar ao lugar de 180°, encontrando-se todes nos heian. Mas longe aparecerá sob a forma D. A. seguido de número exato que corresponderá ao mapa para esclarecer o texto. — Fiquemos em Yoi. — Somos atacados à esquerda por Gedan-MaeGeri. Viremos com vigor os quadris para a esquerda, girando sobre o pé direito. Já em Zen-Kutsu à esquerda (DAI), bloqueamos o golpe de pé adverso, com Gedan-Barai (Cclocar des. pág. 291) à esquerda, tendo a mão fechada direita em hikite. Partindo daí, devemos manter ao longo do Kata os quadris no mesmo nível. — 2 Ataquemos com chudan-oi-zuki de mão direita fechada, avançando bem o pé direito, tendo os quadris e os ombros de frente. — 3 Pelas costas somos atacados como antes. Giremos sobre o pé esquerdo para a direita, trazendo o pé direito, tendo-o no mesmo eixo AC em direção oposta (DA 2). Devemos bloquear com Gedan-Barai em Zen-Kutsu à direita. — 4 Aquele que defende, avança de pé esquerdo e bate em chudan-oi-zuki de mão esquerda fechada.

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— 5 O atacante o faz à esquerda com gedan-maegeri a 90° em relação ao eixo que precedeu. Giremos para a esquerda sobre o pé direito, passando para ZenKutsu esquerdo, sobre o eixo central BE (DA 3). Bloqueamos com gedan-barai esquerdo. — 6 Devemos, logo depois, contra-atacar com chudan-oi-zuki de direita avançando o mesmo pé. — 7 Aquele que ataca, bloqueia recuando. Aí, devemos atacar de novo, com chudan-oi-zuki esquerdo na mesma direção. — 8 Mas, ele bloqueia novamente. Faz uma encadeação com chudan-oi-zuki direito na mesma direção. Prolonguemos o Kiai a este último movimento. — 9 Chegamos ao ponto do eixo central BE, mais uma vez somos atacados sobre nossa direita. Giremos sobre o pé direito para nossa esquerda parado, para que fiquemos em Zen-Kutsu esquerdo sobre o eixo ED (DA-4). Bloqueamos seu ataque com gedan-barai esquerdo. — 10 Com chudan-oi-zuki avançando sobre o mesmo eixo.

direito,

ataquemos

— 11 O mesmo do tempo (3) para voltarmos com gedan-barai direito em zen-kutsu à direita sobre o eixo EF (DA 2). — 12 Avançando sobre o mesmo eixo devemos atacar com chudan-oi-zuki esquerdo. — 13 Começamos a fase de retorno pela réplica

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m

do tempo 5. Aquele que ataca o faz por gedan-maegeri a 90° sobre nossa esquerda. F -tão, giremos para cie sobre o pé direito bloqueando com gedan-barai esquerdo (DA 3). -

14-15-16

Devemos avançar três vezes sobre o eixo central EB com três chudan-oi-zuki com kcnsci no último. — 17 a 20 — Réplica dos tempos 1 a 4, e os movimentos sobre o eixo AC se executam duas vezes no mesmo sentido do início ao fim. Logo depois façamos um pequeno intervalo, voltando a yoi com lentidão. Saudemos e nos descontraiamos. O tema deste Kata é simples. Os ataques são sempre em gedan-mae-geri, enquanto a flefesa é sempre gedan-barai, antes de ir contra em oi-zuki, e a posição é sempre zen-kutsu. Ela deve sempre, ter o mesmo aspecto durante o Kata, os quadris não ascendendo, etc. Assim, sendo, obrigamos o nosso corpo a reagir com perfeição. Este Kata nos prepara para os subseqüentes, onde vamos girar de modo semelhante. Nele aprendemos a nos deslocar sem voltar o derso para o centro da superfície do combate. Os dois seguintes Katas, não têm grandes novidades para àqueles que possuem alguma técnica de base. Já o 4 e 5 possuem um pequeno Zen-Kutsu, seguido de um Zen-Kutsu de classe longa, que penetra para contra-atacar. O de número 6, o fazemos em Kiba-dachi, e o único movimento que e gedanbarai, mas o executamos 20 vezes. Os giros, os deslocamentos, e os planos são os mesmos e nós cs juntamos sob forma de um quadro.

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Recapituiação: Taikyoku-Nidan (2) Sandan (3) Yodan (4)

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Rokkudan (6) OZCD = Chudan-oi-Zuki D. OZCG = Chudan-oi-Zuki E. OZJD = Jodan-oi-Zuki D. OZJG = Jodan-oi-Zuki E. GBD = Gedan-barai D. GBG = Gedan-barai E.

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AUD = Age-Uke D. AUG = Age-Uke E. UUD UUG ZK = ZKP= KK = KD =

= Uchi-Ake D. = Uchi-Ake E. Zen-Kutsu — Pequeno Zen-Kutsu Ku-Kutsu Kiba-Dachi.

TEN-NO-KATA = KATA DO CÉU i/->

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Há 6 séries dc movimentos que se executam no mesmo lugar, tendo entre cada série, uma volta à posição yci. São todas técnicas de mão e este Kata se executa com um parceiro, mas podemos executá-lo a sós, se fizermos o rolo dos dois em cada série.

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Devemos nos concentrar em cada série e fazer os movimentos corretos c puros para que possamos nos iprofundar na pesquisa. Desenvolvimento das séries é igual (des. Y). Des. Y. Temos dois oponentes: Paulo e João. Paulo de cabelos e João sem cabelos. A distância entre ambos é tal que se poderiam tocar se fizessem certo movimento de pé. Após a saudação, tomam a posição yoi. Paulo ataca sempre em tsuki, de início à esquerda, avançando o pé esquerdo em Zen-Kutsu. O ataque deve ser claro e fundo, não portando movimento subseqüente. A mão fechada bate na posição de origem, sem que passe para a posição hikite. João deve atacar com kime no impacto. Paulo recuando o pé esquerdo, bloqueia à direita para o interior do ataque de João na posição Ko-Kutsu tendo o peito de perfil. Seu pé dianteiro deve estar colocado ao exterior do pé dianteiro de João. Paulo deve contra-atacar sob a forma de Gyaku-Zuki à esquerda, mudando no mesmo lugar para Zen-Kutsu. João não se mexe. Os "experts" podem bloquear e contra-atacar de outras posições, mas isto fica para depois, em virtude de que os debutantes devem se fixar na execução dos Zen-Kutsu e Ko-Kutsu, na forma certa, dando forte rotação aos quadris e tensão na perna de trás. João, recuando a perna esquerda volta, lentamente, à posição Yoi. Paulo avançando a perna esquerda, produz a mesma Fase D. Paulo, se quiser pode bater em Gyaku-Zuki que salta, ou melhor, voltar em Ku-Kutsu, tirando a mão fechada em Hikite e colocando o braço anterior em Gedan-Kamae. Os quadris são trazidos em sentido inverso. Por João procurar tocar no ataque, este é um boin meio de treinar a rapidez do golpe de mão fechada e seu controle. João ataca

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á direita, igualmente, e Paulo bloqueia, igualmente, à esquerda. Daí, voltam a Yoi e finalizam a l. a Série. Posteriormente, João executará as 6 séries, atacando cada vez, em princípio à esquerda, e depois à direita e ao finalizar a sexta série, João toma o lugar de Paulo. Ao final de cada Kata, os dois devem manter as posições que tinham antes de iniciar. Avançam c recuam sempre sobre eixo igual. A seguir, indicamos coin certa minúcia, os detalhes dos movimentos: João

Paulo

l. a Série Gedan-Zuki

= Gedan-Barai para o interior Chudan-Gyaku-Zuki

2. a Série Chudan-Zuki = Uchi-Uke para o interior Chudan-Gyaku-Zuki 3. a Série Chudan-Zuki = Shuto-Uke para o interior Chudan-Gyaku-N ukite tendo a mão vertical 4. a Série Jodan-Zuki

= Jodan-Shuto-Barai para o interior Jodan-Gyaku-Zuki após desequilibrar João agarrando seu punho

5. a Série Jodan-Zuki

= Age-Uke para o interior Chudan-Gvaku-Zuki

6. a Série Chudan-Zuki = Uchi-Komi para o exterior Chudan-Gyaku-Zuki

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Heian-no-Kata São cinco Katas de Heian modificados em alguns pontos de suas formas antigas (pin-an). Os dois primeiros Katas serão mais facilmente assimilados, se praticamos bastante o Taikyoku-Shodan em razão de seus planos serem os mesmos. Faremos pcnto de referência no diagrama A, utilizado no estudo deste último. O ponto inicial será sempre aquele da chegada em cada Kata. Heian-Shodan = 1.° Hein Somente sobre o eixo BA e os quatro últimos movimentos não é igual ao Taikyoku-Shodan. Estamos em Yoi. 1 — Um adversário ataca à esquerda por gedan-maegeri, giremos um 1 /4 em torno sobre o pé direito, bloqueando com gedan-barai (des. 110 e DAI). 2 — Faremos o contra-ataque por chudan-oi-zuki de direita (des. 111).

mão esquerda fechada, traz com força a direita para trás, o que fará João perder a "tomada", fazendo-o produzir um circulo que passará pelo quadril e têmpora esquerda. Paulo bate de cima para baixo cm Tettsui (des. 113). 5 — Paulo contra-ataca por chudan-oi-zuki esquerdo (des. 114), fazendo apoio sobre o pé avançado. 6 — Outro adversário aparece sobre o eixo EB e ataca Paulo, dando um golpe de pé direito lio flanco. Paulo gira sobre o pé direito e volta num quarto para a esquerda em gedan-barai esquerdo (desenho 115 DA 3). 7 — João trouxe seu pé para trás e ataca Paulo com um golpe de bastão, de cima para baixo. Paulo pára-o, erguendo o braço esquerdo, tendo a mão aberta em shuto, igual para age-ukc. O bloqueio é feito enquanto o pé direito avança para o movimento seguinte, e, é encadeado, após o tempo 6.

3 — A nossas costas um outro adversário ataca igualmente. Aí, devemos executar uma ligeira meiavolta para o oponente, tendo o pé esquerdo de giro, o corpo reto, e usando uma posição bem baixa. O bloqueio é feito com gedan-barai do braço direito (des. 112 e DA 2).

D 116. 8 — Paulo avança sobre João com age-uke do braço direito (des. 117), isto é como uma parada sebre um ataque alto, dado por João, recuando. Também depois do tempo 7, Paulo pode segurar a manga de João com a mão aberta, desiquilibrando-o e não o deixando executar age-uke ao nível do cotovelo. Isto, possivelmente, o luxará.

4 — Sc Jcão segurar o punho de Paulo, este traz com vigor a perna da frente para a perna esquerda, até a posição hidari-shizentai. Conseguindo pelo movimento libertar-se. Ern seguida, sem mexer a

9 — Paulo avança sobre o mesmo eixo BE, com um novo age-uke à esquerda, abrindo a mão direita fechada, como para o tempo 7, e estirando o braço para a frente.

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10 —Avança igualmente com age-uke à direita. Estes tempos são dois bloqueies sobre o terceiro adversário, que recua atacando. Pode ser também um bloqueio de início sobre outro adversário que ataca no mesmo eixo, seguido de age-uke, dado na intenção de um tate-empi-uchi, executado com kensei. 11 — Paulo gira de 270°, após uma imobilização rápida sobre o pé direito, paia trás, à esquerda, ficando em zen-kutsu esquerdo e gedan-barai esquerdo, sobre ED (DA 4). 12 —Após o bloqueio do mae-geri, põe fora de ação o adversário com um chudan-oi-zuki. 13 —As costas de Paulo 5 adversários atacam ao nível gedan. Paulo gira 180° sobre sua perna esquerda (DA 2), bloqueando com com geran-barai em Zen-Kutsu sobre a ramificação EF do Kata. 14 —Paulo avançando na mesma direção porá João sem ação, com chudan-oi-zuki esquerdo. 15 —Começa a fase da volta, igual no Taikyoku-Shodan. Gira 90° para a esquerda (DA 3) para bloquear com gedan-barai esquerdo em zen-kutsu a investida do 6.° adversário, que chega sobre o eixo do centro BE. 16 — Contra-ataca por um chudan-oi-zuki. 17 — Recuando e bloqueando, João o faz como no Sambom-Kumite. Paulo ataca de novo com chudanoi-zuki.

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IH — Paulo avança com vigor com chudan-oi-zuki de direita, passando o Kiai (des. ) 18), sem dar tempo de João bloquear de novo. A partir daqui, um novo diagrama B é preciso, pois o Kata vai diferir do Taikyoku. I í) — Paulo é atacado no flanco direito por um Tsuki cie um 7.° adversário. Então, gira de 270° sobre o pé direito para trás à esquerda, para que fique em Ko-Kutsu sobre o eixo BC. Faz o bloqueio com shuto-uke (des. 119). 20 — Após avançar o pé para João a 45° em relação ao eixo que precede faz o contra por um shutouchi na carótida (des. 120). A este movimento é representado no Kata para um shuto-uke ao nível médio. 21 — Paulo gira 135° sobre o pé esquerdo (3) e faz o bloqueio do Tsuki do 8.° adversário, com um shuto-uke à direita (des. 121). Está no eixo AC. 22 — Paulo avança o pé esquerdo (4) para João a 45° em relação ao eixo que precede e faz o contraataque por shuto-uchi (des. 122). Pára a respiração um segundo. Traz, devagar, o pé esquerdo, girando-o sobre o outro. Volta, então, à posição Yoi do início. Inspira e saúda. Na velocidade do combate o corpo está em movimento, sendo que, todas as técnicas quando intervêm, <> fazem na rapidez da fração de segundo. Uma sucede a outra nesta velocidade. Os giros são, também, rápi-

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dos. As novas formas dos Katas que advirão são mais difíceis, sendo que o objetivo é o mesmo. Heian Nidan — 2.° Heian Neste Kata, as técnicas são variáveis. O plano, no entanto, é heian-shudan. O Kata se prende sobre o shuto-uke e contém técnicas de pés. Este Kata era ensinado primeiro. Paulo está em Yoi 1 — É atacado por um adversário, à esquerda, por um tsuki no rosto. Como no des. 124, Paulo avança o pé esquerdo sobre o eixo BC e fica em Ko-Kutsu erguendo os dois braços. O braço direito fica em guarda defronte da fronte, enquanto o esquerdo bloqueia o golpe. O braço direito fica como que preparando o tempo seguinte ou para um segundo bloqueio em caso de outro ataque de mais um adversário. 2 — Paulo traz, com vigor, a mão esquerda fechada ao ombro direito, tendo o dorso para o exterior. Assim que lança a mão direita fechada, dorso para baixo, na direção de João (des. 125). O braço esquerdo pode fazer um uchi-komi sobre um segundo ataque de João e a mão direita fechada pode fazer um contra-ataque por um Ura-zuki. Também pode o braço direito fazer um soto-uke sobre outro ataque de João, enquanto o cotovelo é trazido para diante do plexo, protegendo-o. De outro modo, o movimento dos dois braços pode ser dado no mesmo braço de João. 3 — Paulo contra-ataca o mesmo adversário, sem que saia do lugar, por chudan-tettsui de mão esquerda

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fechada, fazendo hikite, com vigor, da mão direila fechada (des. 126). Podemos executar chudanzuki. No Kata antigo se faz o movimento em ko-kutsu típico. I — Paulo gira de 180° no lugar bloqueado como no tempo (1) ao ataque do 2.° adversário, que se apresenta sobre o eixo AB (des. 127). 5 — Igual ao tempo 2 (des. 128). li — Igual ao tempo 3- (des. 129). 7 — Paulo é atacado por um terceiro adversário e volta a cabeça para ele, trazendo o pé esquerdo de um meio passo para a direi taf Colcca as mãos fechadas no quadril esquerdo. A esquerda em hikite típico e a direita vertical (des. 130). De cima para baixo, Martelo de Ferro. 8 — Paulo produz Yoko-geri-Keage de pé direito, após ter elevado o joelho, e ao mesmo tempo, urakenuchi da mão fechada direita, visando a ambos os movimentos o nível jodan. Ambos os membros estão paralelos. Desvia o braço de João e bate por cima. O Yoko-Geri é um contra-ataque à axila, enquanto o golpe de mão fechada é que desviou o ataque para a lateral. 9 — Gira sobre o pé esquerdo para a esquerda, voltando a cabeça no mesmo sentido e desloca o peso do corpo de um lado para o cutro, passando em Ko-Kutsu sobre o eixo BE. Na passagem em Ko-Kutsu coloca um Shuto-Uke esquerdo para bloquear o ataque que surgiu sobre o eixo central do Kata (des. 132).

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10 — Paulo avança sobre o eixo BE com shuto-uke. 11 — Sobre o mesmo eixo avança com shuto-uke à esquerda. 12 — Faz o contra-ataque a João ao plexo por um chudan-nukite. Ele o faz avançando o pé direito em zen-kutsu (des. 133). A mão direita fica na vertical, braço estendido, enquanto a mão esquerda tem a palma para baixo e se coloca sob o cotovelo direito. Kiai. 13 a 16 — Aqui o des. 134 ilustrara o tempo 16. São quatro Shuto-Uke do final do heian-shudan. Voltemos aos tempos 19 a 22 do Kata e o DB. 17 — Paulo pára à esquerda, desloca o pé esquerdo sobre o eixo central (ils. DC F-2). Após, passa para Zen-Kutsu esquerdo, executando de pronto Chudan-Uchi-Uke de braço direito, depois de ter trazido a mão direita fechada ao quadril esquerdo (des. 135 e 136). No bloqueio, o peito se volta ao máximo para a esquerda, para ficar de perfil para João. As entrepernas de Paulo se fecham, prevendo algum golpe de João de pé. Paulo também pode bloquear em Uchi-Ukc para a direita, fazendo uma rotação dos quadris para a esquerda. 18 —Paulo contra-ataca João sem mexer a parte alta de seu corpo por um chudan-mae-geri, seguindo a direção EB (des. 137 — DC e F-3). 19

Paulo tem o pé em zen-kutsu no mesmo eixo, contra-atacando de novo por chudan-gyaku-zuki de mão esquerda fechada (des. 138).

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'.'II • Produz de braço esquerdo um chudan-uchi-uke no mesmo lugar, voltando com vigor o peito para a direita. É igual ao tempo 17. Após trazer a mão esquerda fechada contra o ombro direito é que bloqueia. A mão direita fica em Hikite. '1 ambém pode recuar cruzando o braço esquerdo sob o direito estendido para a frente. 21 — Igual ao tempo 18, sem mexer o busto e os braços, chudan-mae-geri esquerdo. 22 —Igual ao tempo 19 — Pousa o pé em zen-kutsu e executa chudan-gyaku-zuki. 23 — Paulo avançando bem o pé direito em zen-kutsu, salta a última vez na direção EB. As mãos fechadas vão ao quadril esquerdo para a execução de um chodan-morote-uke (des. 139). A mão esquerda vai à altura do cotovelo direito. Kiai. 21 — Paulo gira sobre o pé direito 270° para trás, à esquerda, ficando em zen-kutsu esquerdo sobre o eixo BC, e bloqueia com gedan-barai esquerdo uin ataque baixo. Este deslocamento, se fazem como os que se seguem, nas mesmas direções que sobre o diagrama B. A posição é sempre zen-kutsu. 25 — Mais um adversário aparece a 45° em relação ao eixo que precede Paulo, secamente, volta a cabeça para ele, e ergue o braço esquerdo, mão aberta em shuto, palma para a frente (des. 140). Paulo pára seu ataque igual ao tempo 7 do heian-shodan. Sem perder o tempo de atacar avança nesta direção (ponto H) com age-uke direito (des. 141), com encadeação ligeira.

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26 — Igual ao tempo 24. Gira sobre o pé esquerdo para direita e trás o pé direito sobre o eixo AB, em zen-kutsu e faz gedan-barai direto. 27 — Aqui, volta com vigor a cabeça a 45° para a esquerda, erguendo a mão direita para João e avança o pé esquerdo com age-uke à esquerda. Pára um instante, com a respiração bloqueada. Traz, com vagar, o pé esquerdo girando sobre o outro. Fica em Yoi. Inspira com calma e faz a saudação. Heian-Sandan — 3.° heian Este se executa sobre um único eixo BE. Os dependentes AB e BC são menores. Aqui temos um bloqueio de pé feito três vezes e dois modos de nos desvencilharmos de pegada. Estudaremos, também, uma nova postura, o Kiba-Dachi. Paulo está em Yoi

estender a mão direita para baixo traz o cotovelo direito para baixo, contra o esquerdo. Logo, faz chudan-uchi-uke direito, no mesmo lugar, girando antebraço da esquerda para a direita, em torno do cotovelo. A mão esquerda passa perto do cotovelo direito, pois está decendente, fazendo um movimento circular (des. 143). Este é um duplo bloqueio contra dois ataques de João que visava aos níveis chudan e gedan. Paulo pode manter o bloqueio de um tsuki com uchi-uke direito com contra-ataque de gedan-Tetsui esquerdo. Aprendemos neste tempo a bloquear um duplo ataque no mesmo lugar. 3 — No mesmo lugar, do interior para o exterior, a mão esquerda descreve um arco de círculo e para cima com uchi-uke. A mão direita produz o mesmo que a outra, mas para baixo, por gedan-barai (des. 144). Os cotovelos se deslocam o menos possível, pois, devem fazer o papel de giro e não devem se afastar do corpo mais do que o mínimo possível. No bloqueio Paulo contrai os abdominais e não mexe cem os ombros.

1 — Paulo é atacado no flanco esquerdo por um Tsuki. Em seguida sobre o eixo BC, afasta seu pé esquerdo para a esquerda, ficando em KoKutsu. Faz o bloqueio do golpe por um chudanuchi-uke esquerdo, tendo peito de perfil (desenho 142).

4 — Paulo faz o mesmo que o tempo 1. Faz o giro de 180° sobre o pé esquerdo para trás e pousa o pé direito sobre o eixo BA em Kc-Kutsu. A um só tempo bloqueia outro ataque com chudan-uchiuke, tendo a mão esquerda em hikite.

2 — Paulo fica de pé, de frente à esquerda do eixo central do Kata, fazendo o seguinte: coloca o pé direito contra o esquerdo em heisoku-dachi. Estende a mão direita para baixo, assim que o braço esquerdo fica na posição que, precede. Ao

5 — 0 mesmo que o tempo 2. Leva para a frente o pé esquerdo, contra o direito em heisoku-dachi, para a direita do eixo central do Kata e executa, ao mesino tempo, chudan-uchi-uke à esquerda e gedan-barai à direita (des. 145).

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6 — Igual ao tempo 3. Intervertendo o bloqueio 110 mesmo lugar, Paulo faz chudan-uchi-uke a direita e gedan barai a esquerda. (Des. 146). 7 — Paulo é atacado pelo flanco esquerdo em tsuki, gira sobre o pé direito e desloca o esquerdo para ele, pousando-o em Ko-Kutsu sobre o eixo BE e faz o bloqueio por um morote-uke (des. 147). 8 — Na intenção de atacar Jcão no plexo em nukite direito, Paulo, avança com firmeza o pé direito em Zen-Kutsu. A mão esquerda coloca sob o cotovelo do braço oposto, tendo a palma para baixo (des. 133). Proteção de ataques por baixo. O peito, Paulo conserva de frente como para OiZuki. 9 — João desiquilibra Paulo, pegando sua mão e puxando-o para ele. Paulo opõe resistência, mas girando sobre si mesmo avança para contra-atacar (des. 148, 149 e 150) — Diagrama D. Desloca o peso do corpo para a frente e tende a mão direita para baixo. Aí, o pé esquerdo que está livre faz um arco de círculo para a frente, enquanto o direito gira sobre ele mesmo. Girando para trás, à direita, volta a mão direita, tendo a palma para cima e o polegar para baixo. Isto deixa dobrar o braço no dorso, enquanto Paulo se enrola em torno de João. O pé esquerdo passa contra o pé direito e pousa na frente sobre o eixo BE em Kiba-Dachi. Paulo bate, simultaneamente, com chudan-tettsui esquerdo, enquanto a outra mão livre se coloca em hikite no flanco direito. 10 — Encadeando, Paulo vai na mesma direção com chudan-oi-zuki de direita, apoiado por um Kensei. É pois, um contra-ataque com apoio.

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I 1 — Paulo gira sobre o pé direito para trás e traz o pé esquerdo contra o direito. Fica, pois, em heisokudachi voltado para trás do eixo-central. As mãos estão sobre os quadris repousando pelos Kentos. Os ombros ficam estáveis e os cotovelos e o peito restam num plano idêntico. Aí, pode Paulo observar com atenção seus inimigos (des. 151). Paulo deve fazer os deslocamentos com precisão, mas sem grande velocidade para não sair muito para a direita do eixo BE (Diagrama D). 12 —João ataca o plexo de Paulo com um oi-zuki. Paulo desvia este golpe de pé direito por um mikazuki-geri-uke, girando com força sobre o pé esquerdo (des. 152). As mãos fechadas não se separam dos quadris, enquanto que, o calcanhar da perna de apoio não se eleva do solo. Paulo faz um primeiro contra-ataque sobre o pé dianteiro de João, usando com força seu pé direito em fumikomi sobre o eixo EB, passando em kibadachi. Em um tempo bloqueia de tsuki, num rápido movimento do cctovelo do exterior para o interior (des. 153). As mãos não deixam as posições que tinham depois do tempo 11. 13 — Paulo, mais uma, vez responde com uraken-uchi da mão direita (des. 154). Este golpe salta. É dado num plano vertical de cima para baixo. O braço não deve ficar estendido, a mão volta ao quadril e a mão esquerda não se move. 14

e

15 — Os dois tempos precedentes são executados por Paulo, do lado oposto. Fora, sobre o pé direito para a direita, com mikazuki-geri-uke esquerdo e após fumikomi do mesmo pé. Então

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excuta empi-uke esquerdo, acompanhado de uraken-uchi da mão que corresponde. Leva a mão fechada ao quadril. 16 a 17 — Paulo executa os movimentos 12 e 13, avançando sobre o eixo BE novamente. A mão direita fechada volta ao quadril. 18 —Paulo está diante de João, estende sua mão para ele na intenção de pará-lo ou segurá-lo. A mão esquerda fechada toma a posição hikite (des. 155). Paulo avança o pé esquerdo para João, tendo o pé direito de apoio. Bale em chudan-oi-zuki esquerdo. Daqui para diante, devemos nos basear no Diagrama E. 19 — Paulo não mexe a parte superior do corpo e traz seu pé direito sobre a linha do pé esquerdo. A distância não é maior que a largura dos ombros e os joelhos ficam dobrados (des. 156). 20 — Paulo não pára e gira sobre o pé direito de 180° para trás, ficando em Kiba-Dachi, sobre o eixo BC. Em igual tempo de braço esquerdo, em um forte hikite, executa ushiro-empi-uchi. Bate com a mão direita para trás, por cima do ombro esquerdo (des. 157). 21 — Paulo desliza o pé direito para a direita, tendo os quadris em um só nível. Após os movimentos de braço do tempo 20, são invertidas no mesmo tempo, sendo pois, oushiro-empi-uchi à direita e o golpe de mão à esquerda, Kiai. Logo após, traz com vagar o pé direito para ficar em yoi ao tempo de início. Inspira e saúda.

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Heian-yodan — 4.° heian. Neste Kata encontraremos técnicas que podemos ter como preciosas e as situações se apresentam novas aos nossos olhos. É aqui que entram, pela primeira vez, os gelpes de mão fechada alternadas (renzuki). Neste Kata entra também uma nova maneira de nos desven< ilharmos quando somos seguros (kakiwake-uke). Paulo está em yoi. 1 — Paulo é atacado ao rosto pela esquerda. Virando a cabeça para a esquerda, Paulo avança o pé esquerdo para o oponente enquanto que o outro pé fica no lugar. Paulo bloqueia em jodan-hanshuuke, antes passando para ko-kutsu. O bloqueio é feito com a mão esquerda, enquanto a mão direita fica diante da fronte, tendo a palma para frente (desenho 158). Lembremos que as mãos se abrem durante a parada, enquanto cs movimentos são bem mais lentos. A lentidão é como se fora o espelho da tensão nervosa em ascensão da parte de Paulo. Este pode contra-atacar por shuto-uchi, de direita na carótida de João, fazendo uma vigorosa rotação dos quadris. 2 — Paulo para executar um jodan-haishu-uke (des. 159), gira sem sair do lugar de 180° para a direita. A execução é lenta. A concentração é necessária e a atenção impecável. Como podemos notar Paulo executou estes tempos porque não teve resposta! 3 — Paulo é atacado à esquerda em gedari-mae-geri. Logo, traz o pé esquerdo para a direita (des. 160), -

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pousando-o sobre o eixo EB cm zew-kutsu à esquerda. Para parar o pé de João faz um gedanjuji-uke (des. 161), e descendo em zen-kutsu mais baixo após marcar as mãos que passam ao flanco direito antes de bloquear para a frente e para baixo.

7 — Paulo é atacado por alguém que segue a direção HL Este o faz pelas costas. Paulo gira sobre o pé da frente para a direita, ao tempo que traz as duas mãos ao flanco esquerdo. Volta a cabeça para trás pela direita e produz um yoko-geri-keage de pé direito junto com uraken-uchi de mão direita sobre o eixo IH.

Paulo faz morote-uke à direita, cm ko-kutsu avançando o pé direito na mesma direção. É o inverso do (des. 172). Paulo detém outro ataque de João por um uraken-uchi ao plexo.

S — Igual ao tempo 6. Para a direita do eixo central do Kata, Paulo pousa o pé direito em zen-kutsu, batendo em mac-empi-uchi esqueido na mão direita. Os antebraços ficam paralelos ao peito e não juntos ao corpo. Os ombros não se erguem.

Enquanto as mãos passam ao quadril direito, tendo a mão direita em hikite e
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9 — Paulo volta a cabeça para esquerda e bloqueia sem sair do lugar um mae-geri com um gedanshuto-barai. A mão direita fica em guarda diante da fionte, Des. 165. 10 — Para os demais movimentos c preciso consultar o diagrama F. Num zen-kutsu bem grande Paulo, gira de 90° sem sair do lugar para esquerda. O pé esquerdo avança sobre o eixo IE e o peso do corpo é lançado da direita para a esquerda. Isto é feito com uma vigorosa rotação dos quadris. Neste instante Paulo traz a mão esquerda diante da fronte tendo a palma para frente. Bate em jodanshuto-uchi da mão direita. Os braços estão ligeiramente dobrados. Des. 166. Alertamos que estes movimentos devem partir do cinto abdominal. Após o bloqueio que fez Paulo do golpe do pé adverso, recebe outro, pois o adversário posou seu pé e encadeou um jodan-oi-zuki. Paulo desvia com a mão esquerda, e contra-ataca por shuto a carótida de João.

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11 — Paulo continua e contra-ataca de novo por jodammae-geri direito sob o queixo dc João. Ai, não mexe a parte superior dc seu corpo, Des. 167. O golpe é dado num arco de círculo na direção IE. Fl. 2. 12 — Paulo traz o pé, tendo o joelho elevado, e continua sua ação para frente, saltando com o pé em frente ao tempo que estende a mão esquerda para Jcão. A palma na direção do solo. A mão direita tendo as falanges para baixo é levada até o nível do ombro esquerdo. Des. 168. Assim que o pé direito toma contacto com o solo, o esquerdo /ai na mesma direção e fica em kake-dachi. Nesta fase, os braços executam um movimento contrário. A mão esquerda vem em hikite já fechada, e a outra bate João no plexo em uraken-uchi, de cima para baixo. Des. 169. Kiai. Paulo fica com o peito aos três quartos de frente ou de frente para João. Paulo tem duas opções: agarrar a manga de João puxando-o para frente e batendo com uraken, ou desviando o golpe de mão de João para baixo. 13 — Para passar em Ko-kotsu esquerdo sobre o eixo EG, Flecha 3 Paulo volta de 225° sobre o pé direito para trás à esquerda. Num igual tempo afasta as mãos do adversário que tenta segurá-lo. Paulo introduz seus dois antebraços com as falanges das mãos para si, entre os braços de João, afastando-os a 45° para o exterior. Voltando as falanges para frente. Este bloqueio é feito com kakiwege-uke. Des. 170. A rotação das mãos se faz no nível dos cotovelos de Jcão. 14 —Paulo sem deixar mexer a parte superior de seu corpo faz mae-geri do pé de trás na mesma dire-

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ção. Fica dobrado sobre, des. 171, a perna de apoio. 15 —Sem que a mão passe pela posição hikite, Paulo posando o pé direito em zen-kutsu (Flecha 4) bate João com chudan-oi-zuki de direita. 16 — A seguir encadeia um gyaku-zuki de esquerda. Adiantamos que estes dois movimentos de mão é um ren-zuki ou bari-bari-zuki, 17 —Igual o 13. Kaknvake-uke em ko-kutsu direito. Isto é executado a 90° para a direita sobre o eixo FJ. Flecha 5. 18 — Igual ao 14 — mae-geri — esquerdo. 19 — 20 — Bari-hari. Final gyaku-zuki direito. 21 — Paulo gira de 45° para esquerda sobre o pé direito e coloca o pé esquerdo sobre o eixo E.B. em kokutsu esquerdo. Faz morote-uke. Des. 173. 22 — Em ko-kutsu direito, Paulo avança e produz morote-uke do lado que corresponde. 23 — Em ko-kutsu esquerdo avança e faz morote-uke do lado correspondente. 24 — Paulo afasta o pé esquerdo para a esquerda sem sair do lugar para ficar em zen-kutsu e estica as mãos para cima para segurar a cabeça dejoão. Des. 173. 95 — Paulo lança o joelho de trás para cima na intenção dc bater na cabeça de João, que ele puxou

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para baixo. Des. 174 — Kiai. Gira de 180° para esquerda sobre o pé esquerdo e posa o pé direito atrás em ko-kutsu fazendo shuto-uke esquerdo para frente do eixo central do kata. 26 — Com um shuto-uke direito avança na mesma direção, pára um instante traz de novo com vagar o pé primeiro e fica em yoi. Inspira e saúda. HEIAN - GODAN - 5.° HEIAN Neste kata Paulo se desloca sobre uma linha e volta várias vezes sobre si mesmo. Paulo encontra um salto e muitos encadeamentos de origem. Os deslocamentos dos sete tempos iniciais são ilustrados pelo DG. Paulo está em yoi. 1 — Paulo é atacado ao flanco esquerdo pelo adversário. Vira a cabeça para esquerda e avança o pé esquerdo para ele. Fica em ko-kutsu e bloqueia em chudan-uchi-uke enquanto a mão direita fechada faz hikite. Des. 175. 2 — Sem sair do lugar Paulo contra-ataca em seguida por chudan-gyaku-zuki ficando cm ko-kutsu. Des. 176. Também pode passar para um fudodachi. 3 — Paulo reconduz com vagar o pé direito contra o esquerdo em heisoku-dachi F-2 virando a cabeça para a direita. A mão direita em hikite, assim que a esquerda faz kagi-zuki diante do

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abdômen. Des. 177. É um tempo de antecipação para observar antes do 2.° ataque. 4 — Igual ao 1.° — Paulo sobre o eixo B.A. Avança o pé direito é passa para ko-kutsu direito para bloquear em chüdan-uchi-uke do braço direito. F. n.o 3. 5 — Igual ao tempo 2.° faz gyaku-zuki sem sair do lugar Des. 178. 6 — Igual ao tempo 3 — Paulo com vagar, traz o pé esquerdo contra o direito em heisoku-da chi F. n.° 4 enquanto faz de mão direita kagi-zuki. Des. 179. 7 — Sobre o eixo BE.F-5, Paulo avança o pé direito e fica em ko-kutsu direito para fazer chudanmerote-uke oposto do Des. 172. 8 — Paulo faz idêntico movimento com o pé esquerdo, mas bloqueia em geden-juji-uke cm zenKUtsu Des. 180. 9 — Em seguida ergue os braços em Jodan-juji-uke sem sair do lugar, tendo as mãos abertas e os polegares para si, Des. 181. 10 — Paulo segura o braço de João, após haver bloqueado o ataque ao posto para que puxando-o para si, o desequilibre. Des. 182 e 183. Paulo traz as mãos até o flanco direito sem sair do lugar, mantendo cs punhos em contacto voltados um sobre o outro. A mão direita tem a palma para o exterior e se acha sobre a direita, palma para diante e dedos para baixo. Paulo faz o con-

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tra-ataque atirando a mão esquerda para Jcão em chudan-tettsui enquanto a mão direita se fecha ao flanco direito. 11 — Mais uma vez Paulo ataca João batendo em chuclan-oi-zuki direito com Kiai.

17 — Paulo se desvencilha para a esquerda fazendo uma rotação seca. Ergue a mão direita para lançar um "upper cut" sob o queixo de João Des. 188. Enquanto houve a relação e o golpe para cima, o pé esquerdo deslocou-se sobre o eixo. E.B. 1\S.

12 — Outro adversário ataca Paulo per detrás. Este, gira de 180°, sobre o pé esquerdo para trás a esquerda. Ergue o joelho bem alto para proteção Des. 184. Paulo posa o pé direito sobre o eixo E,B. cm Kiba-dachi, faz Fumikomi sobre o pé de João e gedan-barai do braço direito naquela direção Des. 185. 13 — Paulo vira a cebeça à esquerda sem sair do lugar e faz chudan-haishu-uke para o pesto E enquanto a mão direita faz hikite. 14 — Simbolizando o alvo, faz mikazuki-geri de pé direito na mão esquerda, girando de 180° sobre o pé esquerdo. O encadeamento 13 e 14 tem ilustração nos Des. 54 e 55. 15 — Posa o pé direito sobre o eixo B.E. em Kibadachi, no mesmo movimento dos quadris, batendo em mal-empi-uchi direito na mão esquerda, Des. 186 — Nos tempos 14 c 15 os antebraços e as mãos desviam o menos possível suas direções de origem. 16 — Delizando o pé esquerdo por detrás do direito encadeia Kake-dachi com ura-ken-uchi de mão direita Des. 187. A mão esquerda bem ao plexo e o corpo resta de perfil.

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F - n.° 1 Sobre o D — H ilustra o encadeamento que segue.

18 — Paulo mantém a perna esquerda e salta após ter girado um quarto para a esquerda. F-2 Paulo desce frente à esquerda do eixo principal do Kata tendo o pé esquerdo cruzado para trás do direito. O dorso fica na vertical, os quadris baixos, com um gedan-juji-uke, polegares para cima Des. 189. O golpe de João é bloqueado com Kiai. Des. pg. 327. 19 — Paulo salta para trás do eixo central e desloca o pé direito cm Zen-Kutsu sobre este eixo F-3. Faz morote-uke Des. 139. 20 — Passa em Zen-Kutsu esquerdo após girar de 180° para trás a esquerda F-4. Num tempo tira um bloqueio de João da esquerda para a direita, com a palma da mão esquerda. Contra-ataca com gedan-nukite ou teisho-uchi da mão direita. Des. 190. 21 — Paulo para passar a Ko-Kutsu esquerdo reconduz o pé esquerdo para o interior F-5 podendo então executar em gedan-barai esquerdo e um jodan-uchi-uke direito para trás. Des. 194. Este bloqueio é duplo, e, é usado quando somos atacados pela frente e por trás.

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22 — Estes deslocamentos são ilustrados pelo D.I. Paulo reconduz o pé direito contra o esquerdo em heikosu-dachi (F-l) enquanto a parte superior do corpo não se move. Des. 192. 23 — Paulo avança o pé direito em Zen-Kutsu para diante do eixo do Kata, após girar sobre o pé esquerdo para a esquerda, o movimento é o inverso do tempo 20. Gedan-nukite ou teishouchi esquerdo e tirada de mão direita ao nível do ombro. Os dedos giram para cima. 24 — Paulo passa em Ko-Kutsu direito sem sair do lugar com os duplos bloqueios incertos do tempo 21. Gedan-barai direito e jodan-uchi-uke esquerdo. Volta novamente a Yoi. Inspira e saúda. KATAS AVANÇADOS. Nesta parte nós fixaremos em três Katas especiais Tekki-Kanku e bassai. Notaremos que passagens totais dos cinco Katas de base se apresentam nestes. Podemos dizer que as técnicas não trazem novidades para nós que já estamos nesta parte do livro. Deixaremos de explicar detalhes minuciosos no que diz respeito a interpretação dos movimentos por acharmos que os Des. e os Diagramas fazem bem esta parte. TEKKI-SHODAN 1.° TEKKI Os Katas do Tekki são também chamados de cavaleiro de feiro. São três, e se praticam na posição Kibadachi. Eles são chamados de cavaleiro de ferro, poique

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I posição é sempre muito forte. Não deve haver fraqueza ao nível do joelho, dos quadris, etc. Os ombros devem estar sempre descontraídos, enquanto o hara, sempre sob tensão, liga com solidez as duas partes do ( orpo. Os quadris devem estar sempre baixos e fortes. Nos deslocamentos, golpes de pés, ou quando vira o busto. Assim podemos manter um execelente kibadachi. Não podemos esquecer de que o centro de gravidade, deve ocupar uma posição central. Os movimentos são por vezes bruscos e irregulares, em virtude da amplitude fraca e os deslocamentos são ligados sobre a mesma linha e reduzidos. O Kiba-dachi fica num só plano nestes Katas. A frente para diante, sendo que o busto e a cabeça viram com frequência. Nos tekkis o combate é travado com vários adversários que atacam dos três lados. Paulo fica encostado a um muro. O ritmo é rápido. Os giras de cabeça têm significada importância o que nos da consciência do significado da atenção. Um tekki tem duas partes, sendo que os movimentos da segunda parte apesar de serem os mesmos da primeira se fazem cm sentido contrário. Neles encontramos os fumikomis que alguns fazem bem alto, enquanto outros não. Dizemos que seria melhor para quem inicia, elevar bem o joelho para que crie uma força de esmagamento boa que consiga fazer um movimento não tão amplo. Paulo fica cm Yoi 1 — Paulo coloca a mão esquerda sobre a direita tendo os dedos para baixo diante do baixo ventre assim que junta os pés em keisoku-dachi Des. 193. Ele está em descontração. 2 — Dobra com vagar o joelho direito após ter virado a cabeça para a direita. O pé esquerdo passa

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diante o direito e posa no chão. /\s mãos estão cruzadas. Pára um pouco concentrado.

momento no qual o pé se "esmaga" no solo. Bloqueia para diante em chudan-uchi-uke. Des. 202.

3 — Paulo faz fumikomi do pé direito Des. 195 e após, faz posando o pé em Hiba-dachi faz chudan-haishu-uke da mão direita. Des. 196 enquanto a mão esquerda faz um hikite.

10 — Após cruzar o ante-braço esquerdo diante do peito, sem sair do lugar, faz jodan-uchi-uke parando o antebraço diante do rosto e virando as falanges da mão para o exterior. Logo faz gedanbarai para diante do braço direito Des. 203. A mão inicia o movimento da posição uchi-uke.

4 — Na mão direita faz mae-empi-uchi sem sair do lugar virando o busto Des. 197. O joelho esquerdo fica contraído e Paulo fica na vertical. 5 — Paulo ficando no mesmo lugar coloca as mãos no quadril direito enquanto vira a cabeça para a esquerda. Des. 198. A mão direita em hikite e esquerda posada para cima. 6 — Faz gedan-barai à esquerda sem sair do lugar Des. 199. 7 — Em seguida faz kagi-zuki de direita e a mão esquerda faz hikite. Isto sem sair do lugar. Os ombros não devem se elevar quando se faz Kagizuki ao nível do abdomem. Atenção para os ombros no Kiba-dachi. Des. 200. 8 — Após Paulo cruzar o pé direito diante do outro e o posa como no tempo 2. Os joelhos ficam dobrados. Des. 201. 9 — Fazendo fumikomi do pé esquerdo, Paulo avança lateralmente para a esquerda. Vira a cabeça para diante, e o braço direito fica em Kagi-Zuki durante o deslocamento. Faz toda esta parte no

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11 — Paulo rebaixa com vigor as mãos erguidas para diante em uraken-uchi virando-o ao impacto, falanges para cima. Des. 204 a um só tempo reconduz o braço direito para si na posição do Kagi-zuki. O cotovelo do braço esquerdo repousa sobre o dorso da mão direita, palma para o solo. 12 — Vira a cabeça para a esquerda sem sair do lugar. 13 — Paulo após faz nami-ashi, sem sair do lugar, de pé esquerdo não afetando o centro de gravidade pela deslocação. Des. 205. Faz o movimento bem rápido para ficar equilibrado. Contra a coxa direita vem o pé esquerdo. Diante o baixo ventre num movimento em circulo de baixo para cima tendo o joelho esquerdo como eixo. Esquiva-se assim contra um golpe de pé baixo e protege seu baixo ventre. 14 — Paulo em Kiba-dachi, repousa seu pé sem sair do lugar. Em seguida vira o busto para a esquerda e bloqueia de braço esquerdo. A posição dos braços é o mesmo tempo (11), sendo que a mão esquerda vira e a palma fica para o solo. Isto dá mais força ao movimento de separar. (206) Des.

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15 — Vira a cabeça sem sair do lugar para trás à direita. 16 — Sem sair do lúgar e sem mexer a parte superior do corpo faz nami-ashi do pé direito. i 17 — No mesmo lugar, Paulo repousa o pé em Kibadachi. Depois vira o busto para a direita tendo os braços na mesma posição. A mão esquerda vira para fazer shudan-soto-uke. Des. 208. 18 — Como no tempo (5) Paulo sem sair do lugar reconduz as mãos ao lado e gira a cabeça à esquerda. Des. 198. 19 — Em seguida sem sair do lugar fez um duplo tuski para a esquerda, com Kiai tendo o braço esquerdo estendido e a mão direita fazendo Kagi-Zuki. Os próximos movimentos se efetuam do lado oposto. São iguais aos precedentes.

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20 — No mesmo lugar faz com vagar chudan-haishuuke da mão esquerda para a esquerda. 21 22 23 24

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mãos em triângulo igual ao Des. 210. As palmas afastadas se tocam assim como a extremidade dos indicadores. As mãos se elevam em linha reta com vagar e a atenção as segue a partir da horizontal Des. 211. No cume afasta bruscamente as mãos dobrando os polegares Des. 212 e as faz descrever dois meio-circulos ao fim dos quais as extremidades dos dedos se reajuntam ao nível do baixo ventre. Des. 213. É um movimento que se faz com cerimonia por ser simbólico.

8 — Faz chudan-uchi-uke esquerdo para diante do eixo do Kata afastando o pé direito para a direita. Des. 220 — Fl. n.o 6. 9 — Atenção tempo 7 do heian-nidan Fl. 7. Diag. K. 10 — Atenção tempo 8 heian-nidan Fl. 8 e 9. 11 — Atenção tempo 9 heian-nidan.

2 — Paulo faz jodan-haishu-uke para a esquerda em Ko-Keitsu. A mão direita ao plexo. Des. 214 — Diag. J Fl. n.o 1.

12 — Atenção tempo 10 heian-nidan

3 — Paulo faz jodan-haishu-uke para a direita em KoKutsu direito. Des. 215. Faz isto girando no mesmo lugar.

14 — Atenção tempo 12 heian-nidan Paulo faz chudan-nukite (des. 221)

4 — Em seguida traz a perna esquerda e passa em ha-chiji-dachi enquanto a mão esquerda é estendida para adiante em Kake-shuto-uke enquanto a mão direita faz hikite Des. 216 e 217 Diag. K. Fl. n.o 3. Este momento Paulo faz lento e para diante do eixo central do Kata. 5 — No mesmo lugar faz chudan-choku-zuki de mão direita Des. 218. A partir deste, como os demais tempos, são encadeados mais rápidos. 6 — Afastando o pé esquerdo para a esquerda Paulo faz chudan-uchi-uke para diante do Kata Des. 219 e Fl. n.o 4. 7 — Reconduz o pé esquerdo em hachiji-dachi Fl. n.o 5 batendo em chudan-choku-zuki esquerdo.

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13 — Atenção tempo 11 heian-nidan

15 — Girando de 180° para traz à esquerda sobre o pé direito fl. n.° 1 executa o duplo movimento de braço do tempo 10 do heian-yodan (des. 222 diagrama L). 16 — Como no tempo 11 do heian-yodan (fl. 2) faz jodan-me-geri do pé direito. 17 — Para passar em Ko-Kutsu esquerdo, pousa o pé sobre o eixo central do Kata e gira a 180° para trás, à esquerda (fl. 3). Do heian-godan executa o bloqueio duplo do tempo 21 (des. 223). 18 — Para passar cm Zen-Kutsu, à esquerda, e executar o duplo movimento do tempo 20 do heiangedan (des. 224), afasta a perna esquerda (fl. n.° 4).

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19 — Fl. n.° 5. Faz gedan-barai à. esquerda, tirando o pé esquerdo para a direita, assim que a mão direita faz hikite (des. 225). Fica em teiji-dachi. 20 — Afasta novamente o pé esquerdo para a esquerda e adianrc em Zen-Kutsu, para refazer o movimento do rempo 15 (des. 222). 21 — Como no tempo 16, faz jodan-mal-geri de pé direito.

32 — Shuto-uke esquerdo sobre o eixo EI. Reveja diagrama B para estes três shuto-uke. 33 — Deslocando o pé esquerdo sobre o eixo EB passa em Zen Kutsu (diagrama C), refazendo de novo o tempo 15. 34 — Paulo encadeia mais uma vez (3) com jodanmal-geri direito (des. 226).

22 — Refaz o tempo 17.

35 — Saltando faz uraken de mão direita e Kake-dachi, igual, ao tempo 12 do heian-yodan. Kiai (des. 227).

23 — Refaz o tempo 18.

36 — Recua o pé esquerdo, enquanto o direito fica no

24 — Refaz o tempo 19, fica sobre o eixo EB e cuida para o ponto B. 25 — Fixando a atenção a 90° para a esquerda, faz Yoko-Geri-Keage à esquerda, com uraken-uchi sobre o eixo ED. Heian-Yodan tempo 5. 26 — Tempo 6 heian-yodan. 27 — Tempo 7 heian-yodan. 28 — Tempo 8 heian-yodan. 29 — Sobre o eixo ED, Paulo girando a 180° no mesmo lugar, faz shuto-uke esquerdo e Ko-Kutsu. 30 — Shuto-uke direito sobre o eixo EJ.

lugar e faz chudan-uchi-uke direito (des. 228). 37 — No mesmo lugar Jaz gyaku-zuki esquerdo. 38 — Com chudan-zuki direito faz o encadeamento. Fica em posição chuclan-oi-zuki direito (desenho 229). 39 — Dá um golpe de joelho direito e um uraken-zuki ao rosto de mão direita, girando sobre o pé de trás a 180°. Diagrama MA, mão esquerda se coloca sobre o antebraço direito (des. 230). 40 — Após, tomba ao solo com o pé direito, deixando o outro no lugar e colocando as mãos adiante (des. 231). Esta é a esquiva para um golpe de bastão, dado na horizontal, na direção da cabeça. 41 — Sem levantar, Paulo no mesmo lugar, gira a

31 — Shuto-uke direito sobre o eixo DE.

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180° para trás, à esquerda, fazendo, então, gedan-chute-uke em ko-kutsu afastado (des. 232). Bloqueia, pois, um golpe de pé baixo. 42 — Com shuto-uke direito, em ko-kutsu clássico, avança sobre o mesmo eixo EB.

heian-sandan, vai se desvencilhar. Paulo gira no mesmo sentido, passando em kiba-dachi (diagrama D) e vira o braço em sentido inverso do heian-sandan. Paulo bate João em jodan-uraken (des. 234 e 235).

43 — Gira a 270° sobre o pé, em frente, para trás, ò esquerda. Fica em zen-kutsu esquerdo. Logo faz chudan-uke esquerdo a 90° para à esquerda, do eixo central do kata.

53 — Paulo desliza o pé direito na mesma direção e segue de pé direito. Isto o faz em kiba-dachi, fazendo chudan-tetsui da mão esquerda, sem que a direita abandone o quadril (des. 236).

44 — Faz no mesmo lugar gyaku-zuki direito.

54 — Do tekki-shodan, ver tempo 4 (des. 237).

45 — Gira a 180° no mesmo, para trás, à direita. Faz. então, uchi-uke direito em zen-kutsu, a 90° para a direita, do eixo de Kata.

55 — Do tekki-shodan, ver tempo 5, mas coloque as

46 — No mesmo lugar, faz gyaku-zuki, à esquerda. 47 — Encadeia com chudan-zuki. Fica então cm posição oi-zuki direito. 48 — Aproxima o pé esquerdo do pc direito, refazendo o tempo 9. 49 — Refaz o tempo 10. 50 — Refaz o tempo 11. 51 — Refaz o tempo 14. Passa, pois, do 1.° shuto-uke à nukite (des. 233). 52 — A mão direita de Paulo, é agarrada por João. Paulo num movimento "virando", como no

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mãos ao flanco esquerdo, em atenção para a direita. Para trás do eixo central. 56 — No mesmo lugar, Paulo faz gedan-barai direito, naquela direção. 57 — Diagrama N. Vira a 180° sobre o pé direito (fl. n.° 1) e se coloca em kiba-dachi sobre o eixo EB, com um gedan-seto-uke do braço esquerdo. Eleva o braço direito igual ao (des. 238). 58 — Sem mexer a mão esquerda, e no mesmo lugar, bate de direita para baixo, em tsuki, contra o bordo externo do punho esquerdo (des. 239). Após o bloqueio, Paulo contra-ataca a tíbia adversa. 59 — Reconduz os dois pés em hachiji-dachi (fl. 2) e ergue os punhos cruzados, fazendo jodan-jujiuke, tendo as mãos abertas (des. 240). Mão direita na frente.

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60 — Paulo se coloca em pequeno zen-kutsu direito . sobre o eixo EB (fl. 3), depois de haver girado, lentamente, sobre o pé direito. Voltou, pois, para o ponto B. Fecha as mãos com vagar e conduz os punhos cruzados diante do peito (desenho 241). 61 — Do pé, primeiro faz tobi-mae-geri, após lançar o joelho esquerdo (des. 242). Retomba sobre o eixo EB em zen-kutsu direito (fl. 4), fazendo jodan-uraken-uchi da mão direita, enquanto a outra faz hikite. Kiai (des. 243). 62 — Faz gedan-barai do braço direito, girando sobre o pé, primeiro para direita (fl. 5). O movimento é baixo. Volta a hachiji-dachi e toma a atitude yoi (des. 244 e 245). Saúda. BASSAI - dai - 1.° bassai Este é o kata "atravessar a fortaleza" que é um combate, conduzido ao interior de um círculo estreito, pleno de adversários. Paulo está em yoi. 1 — Paulo em heisoku-dachi, junta os pés e coloca a mão direita na pai ma de outra mão, dedos estendidos para baixo (des. 246). Nível do baixo-ventre. 2 — Diagrama O. Contra o ombro direito Paulo eleva o joelho, saltando para diante, em kake-dachi e ao mesmo tempo chudan-uraken direito. Tendo os dedos para diante, a mão esquerda descansa sobre o antebraço direito (des. 247 e 248).

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3 — Para trás à esquerda, gira sobre o pé direito a 180° (fl. 2). Passa para zen-kutsu esquerdo, para trás do eixo central do kata, com chudan-uchiuke esquerdo (dec. 249). I — No mesmo lugar faz uchi-uke direito com uma vigorosa rotação dos quadris, tendo o peito de perfil (des. 250). 5 — Sobre o pé primeiro, gira a 180° para trás, à direita (fl. 3), fazendo soto-uke esquerdo (desenho 251). 6 — Faz, no mesmo lugar, uchi-uke direito nho 252).

(dese-

7 — Um ataque de João é "varrido" pelo lado "cortante" interno do braçc direito. Este ataque era feito pela perna, vindo pela direita. Paulo reconduz o pé direito contra o esquerdo (fl. 4). Na direção da direita gira a 45°, lançando o braço num grande movimento circular. A mão passa perto do solo. Joelhos dobrados (des. 253). 8 — Arremata o movimento de "varredura" do braço por um chudan-soto-uke (des. 254 e 255). Só que para isto, avançou o pé direito sobre o eixo BA. 9 — Faz, uchi-uke esquerdo no mesmo lugar, cem uma rotação dos quadris afastando o peito (desenho 256). 10 — Reconduz devagar o pé esquerdo em hachijidachi enquanto gira na direção primeira do eixo

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do kata. As mãos são levadas ao flanco direito. O esquerdo na vertical por cima do direito que fica em hikite (des. 257). Movimentos que seguem: Kanku. 11 — Para fazer shuto-kake-uke a mão esquerda é estendida com vagar antes. O polegar afastado para pegar melhor. Tempo 4 do kanku. 12 — Tempo 5 — kanku. 13 — Tempo 6 — kanku.

20 — Elevando o joelho direito bem alto, Paulo faz gedan-fumikomi, tirando com vigor as duas mãos para si (des. 260, fl. 2). Kiai. Pousa o pé direito primeiro, e gira sobre a pe.na de apoio, passando para ko-kutsu à esquerda (fl. 3), fazendo shuto-uke. Paulo sempre está sobre o eixo EB, frente ao ponto B. 21 — Com shuto-uke direito, avança! 22 — Em heisoku-dachi, traz o pé direito contra o esquerdo e faz num só tempo um duplo age-uke (des. 261).

14 — Tempo 7 — kanku. 15 — Tempo 8 — kanku. 16 — Sobre o eixo BE, passa o pé direito para primeiro, isto, num movimento circular conduzindo perto do pé esquerdo que faz o papel de eixo. Faz shuto-uke cíireito. 17 — Com shuto-uke esquerdo avança. 18 —- Recua com shuto-uke esquerdo sobre o mesmo eixo (des. 258). 19 — Diagrama P — passa em zen-kutsu à esquerda depois de afastar o pé direito na direção da direita (fl. 1). De cima para baixo a mão direita faz um movimento circular e do exterior para o interior. Chega à posição do (des. 259). Sobre o punho direito e pousa a mão esquerda. Os dedos de ambas as mãos apontam na mesma direção. É uma pegada de João.

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23 — Como proteção eleva o joelho direito e salta sobre o mesmo eixo com um duplo ura-zuki (des. 262). Arremata com um mai-te de mão direita. Fica agora na posição oi-zuki direito na direção de trás do eixo do Kata (des. 263). 24 — Tempo 21 do heian-godan, girando de 180° na direção de trás, à esquerda. 25 — Tira o pé esquerdo contra o direito em heisokudachi, perpendicular ao eixo principal do Kata. Faz gedan-barai esquerdo e jodan-uchi-uke direito (des. 264). 26 — Sobre o pé esquerdo gira 180° na direção da esquerda. Faz fumikomi direito e gedan-barai do mesmo lado. Está sobre o eixo BE, em kiba-dachi. A cabeça na direção do ombro direito. A mão esquerda faz hikite.

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27 — Chudan-haishu-uke, no mesmo lugar. Esquerdo na direção da esquerda (des. 54). 28 — Da mão esquerda faz mikazuki-geri (des. 55). 29 — Na mesma direção aumenta a rotação com um mae-empi-uchi (des. 265). 30 — Para fazer gedan-barai, dobra o antebraço direito, em torno do cotovelo. Isto no mesmo lugar. No momento que a mão se fecha o antebraço fica na posição do tempo 29, ou se abre até trazer a mão na cavidade do ombro esquerdo (des. 266). 31 — Sem kiba-dachi, no mesmo lugar, interverte o movimento: gedan-barai esquerdo (des. 267).

36 — Em proteção eleva o joelho esquerdo antes de o pousar em zen-kutsu sobre o eixo EB (des. 271). Yama-zuki à esquerda (des. 272). 37 — Em heisaku-dachi reconduz o pé esquerdo contra o direito, enquanto que gira a 45° na direção do eixo precedente. (Des. 273). As mãos são levadas ao lado esquerdo. 38 — Diagrama Q. Antes de colocar o joelho direito em zen-kutsu (fl. 1), para yama-zuki à direita (des. 269), Paulo o eleva. 39 — Gira sobre o pé direito de 270° na direção de trás, à esquerda (fl. 2). Passa em zen-kutsu esquerdo sobre o eixo BC. Ao mesmo tempo faz sukui-uke do braço direito, num movimento circular (des. 274).

32 — Interveste, no mesmo lugar, o movimento: gedan-barai direito (des. 266).

40 — Na direção da direita para ficar em zen-kutsu, no mesmo lugar gira de 180° e executa sukai-uke à esquerda (des. 275).

33 — Traz ao flanco esquerdo com rapidez as mãos. Passa para zen-kutsu direito na direção de trás do eixo principal do desenho 268.

41 — Vira a cabeça a 45° na direção da direita leva o pé esquerdo para a frente naquela direção após a direita, fazendo shuto-uke direito (fl. 4 e 5).

34 — Yama-zuki à direita (des. 269).

42 — Na direção esquerda, vira a cabeça a 90° e gira sobre o pé esquerdo na direção de trás à direita. O pé direito é levado num movimento circular na direção de trás e se coloca sobre o eixo EB (fl. 6). Paulo fica na posição shuto-uke direito (des. 276).

35 — Reconduz o pé direito contra o esquerdo em heisoku-dachi, assim que gira 45° na direção da direita do eixo precedente de 270°. As mãos leva ao flanco, tendo a direita em hikite e a outra por cima.

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43 — Traz o pé direito contra o outro (fl. 7) e após

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avança o esquerdo a 45° na direção esquerda (fl. 8). Faz shuto-uke esquerdo. Reconduz o pé primeiro contra o direito e retoma a posição tempo 1, antes de passar para yoi, e depois saúda. GOJU-RYU. O Primeiro líata deste estilo se faz cm total contração. Este primeiro Kata se chama sanchin. A inspiração sonora acompanha-o de um lado a outro. Não é um combate rápido como os que precederem. Vamos nesta escola estudar seu segundo Kata, o saipa. Este é feito de partes lentas e de passagens rápidas. As partes se fazem em contração e as passagens são rápidas, dando a presição de combate Estes dois Katas se fazem com forte respiração abdominal. O dorso deve estar sem veste alguma. Certos experts executam cantando as estâncias graves e lentas de acordo com o ritmo da contração e descontração. SANCHIN-NO-KATA. Neste Kata, o mesmo movimento reaparece várias vezes. Aparece avançando sobre a mesma linha três vezes e recuando após girar, duas vezes. O Kata se pratica no mesmo lugar, c os deslocamentos são bem curtos. Para orientação nas deslocações e nos giros voltemos ao Diagrama D das técnicas de Base. Este é o Kata da contração e da força. Para comprovarmos sua utilidade dizemos que todas as escolas as estudam pelos benefícios reconhecidos. Outro fator de interesse é que todas as escolas as executam sem modificações. Certos profissionais fazem um "chamado" do pé anterior, visando-o na direção do exterior, antes de passar o pé atrás.

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As duas técnicas de base são: chudan-uchi-uke e chudan-Jyaku-zuki. Paulo está em Yoi. 1 — Avança o pé direito e faz uchi-uke do braço direito após haver cruzado por cima o esquerdo (des. 277). O braço esquerdo não é reconduzido para trás. Mas faz ao mesmo tempo uchi-uke (des. 278). A posição é sanchin, quer dizer sólida e o hara sempre sob tensão. Os ombros são forçados para baixo. A expiração é suave. 2 — Traz a mão esquerda em hikite no mesmo lugar, espirando (des. 279). 3 — No mesmo lugar espirando, faz gyaku-zuki esquerdo (des. 280). 4 — Encadeia, no mesmo lugar com uchi-uke esquerdo o braço, cruzando para diante do direito (des. 281). Fica em niorote-uchi-uke. 5 — Des. 283. Espirando, brevemente, Paulo ívança o pé esquerdo, cruzando o braço esquerdo por cima do direito para fazer de novo moroteuchi-uke. O pé esquerdo adiante. Espira ao movimento de contração. 6 — No mesmo lugar, inspirando, traz a mão direita em hikite. 7 — Espirando, no mesmo lugar, faz gyaku-zuki direito.

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8 — Encadeia, no mesmo lagar, com uchi-uke direito, cruzando o braço esquerdo para adiante. Está em inorote-uchi-uke de novo, pé esquerdo adiante.

21 — Igual ao tempo 7. 22 — Igual ao tempo 8. 23 — Igual ao tempo 1.

9 — Igual ao tempo 1. 10 — Igual ao tempo 2.

24 — Igual ao tempo 2.

11 — Igual ao tempo 8.

25 — Igual ao tempo 3.

12 — Igual ao tempo 4. Todas na mesma direção.

26 — Igual ao tempo 4.

13 — Na direção da esquerda, gira sobre o pé esquerdo de 180°, ficando em sentido inverso, pé esquerdo adiante. Ao mesmo tempo faz uchi-uke do braço direito, trazendo a mão direita em nikite (des. 284 e 285).

27 — No mesmo lugar, trás a mão direita em hikite, tendo o pé direito adiante. A mão esquerda não se move.

14 — Igual ao tempo 7.

28 — Faz Tsuki de direito no mesmo lugar do mesmo lado que da perna dianteira.

15 — Igual ao tempo 8.

29 — Faz, no mesmo lugar, uchi-uke do direito e fica em morote-uchi-uke.

16 — Igual ao tempo 1.

30 — Dá, no mesmo lugar, o último gyaken-zuki. Traz

17 — Igual ao tempo 2.

a mão esquerda em hikite, e a outra não se move.

18 — Igual ao tempo 3.

31 — Faz gyaku-zuki esquerdo no mesmo lugar.

19 — Igual ao tempo 4.

32 — Igual ao tempo 29, refaz uchi-uke do direito. 33 — Inspirando eleva as mãos, tendo as palmas para cima ao peito. Os cotovelos ficam ao corpo (des. 286). Os lados dos dedos se tocam.

20 — Na direção da esquerda, gira sobre o pé esquerdo a 180°, cruzando o pé direito diante do outro, ficando em sentido inverso. Pé esquerdo adiante. Igual ao tempo 13, do braço esquerdo faz uchiuke, trazendo a mão direita rápido em hikite.

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34 — Fortemente, respira, forçando as mãos em direção de baixo, em gedan-Taisho-uke, tendo as

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palmas na direção baixa (des. 287). As mãos viram uma sobre a outra.

gidos a 45° em relação ao eixo chave AB., com retorno sobre este eixo em principal pelos Kiai. A seguir os diagramas essenciais RSTU.

35 — Igual ao tempo 33. 36 — Igual ao tempo 34. 37 — Igual ao tempo 33. 38 — Igual ao tempo 34. O pé direito está adiante. 39 — Executa um morote-nodan-taisho-barai recuando o pé direito. As mãos fazem um movimento circular (des. 288 a 290). Estão sempre em força para diante (des. 291) durante a espiração. 40 — Interverte o movimento que procede, recuando o pé esquerdo. 41 — Em heisoku-dachi traz o pé direito contra o esquerdo. Cruza as mãos, palmas para cima. Cotovelos ao corpo. As mãos, uma sobre a outra. Espira forçando as duas mãos na direção baixa. Isto, no mesmo lugar. No momento descendente, as mãos liram uma sobre a outra, ficando com as pernas na direção inversa. Saudação. SAIPA-NO-KATA. Também chamado sein-chin possui técnicas mais variadas que o outro. Sua base está nas posições shikodachi e nekoashi-dachi. Este Kata tem seu esquema bem difícil e possui formas técnicas muito velhas. O principal, são os movimentos feitos sobre os eixos diri-

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Paulo está em Yoi. 1 — Diag. R. Paulo avança o pé direito a 45° para frente (fl. n.° 1) em shiko-dachi enquanto inspira, trazendo as mãos cm hikite (des. 292). 2 — Abre as mãos em contração, no mesmo lugar, fazendo nukite para baixo. Palmas altas. Espira (des. 293). 3 — Espirando no mesmo lugar ergue as mãos igual ao (des. 294). 4 — Em contração, e no mesmo lugar, descendo as mãos num duplo gedan-barai falanges para trás. Espira (des. 295).

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5 — Rapidamente faz uchi-uke do braço direito, tendo a mão aberta, para que a mão esquerda faça hikite (des. 296). 6 — Vira, no mesmo lugar, a mão direita de maneira a colocar a palma embaixo (des. 297). Após faz em contração e com vagar, um chudan-nukite da mão esquerda na direção da direita, enquanto que a mão direita vem ao quadril, tendo os dedos para cima (des. 298). 7 — Avançando o pé esquerdo gira de 90° sobre o direito (fl. 2). Fica em shico-dachi e traz as mãos em hikite. Inspira. 8 — Em contração e no mesmo lugar faz um duplo nukite na direção baixa. Espira. 9 — Eleva as mãos, inspirando no mesmo lugar. 10 — Em contração no mesmo lugar descende os braços num duplo gedan-barai, falanges das mãos para trás. Espira. 11 — Faz com rapidez e no mesmo lugar, uchi-uke de braço esquerdo e com vagar e contração um chudan-nukite da outra mão na direção da esquerda enquanto a mão esquerda vem ao quadril. Espira. 12 — igual ao tempo 1. Fl. 3 — Diagr. R.

15 — Igual ao tempo 4. 16 — Igual ao tempo 5. 17 — Igual ao tempo 6. 18 — Eleva o joelho direito, trazendo o pé contra a perna esquerda. Coloca a mão diante do rosto, falanges para si e a mão esquerda sobre o dorso da mão fechada (des. 299, fl. 4). 19 — Após, avança o pé direito, em Zen-Kutsu sobre o eixo AB, fazendo chudan-oi-zuki direito. A mão descansa sobre a mão fechada. As superfícies giram uma sobre a outra. Os dedos da mão esquerda indicam na direção adiante (des. 300 fl. 5). 20 — Sobre o mesmo eixo recua o pé direito em ZenKutsu esquerdo. Bate em tate-empi-uchi na mão esquerda (des. 301, fl. 6). 21 — Diagrama S. Em relação ao eixo AB, avança o pé direito a 45°, fazendo morote-chudan-uchiuke direito na direção direita na posição san chin. A mão esquerda descansa sobre o lado mais delgado externo do punho direito. (Des. 302 fl. 1). 22 — Sobre o pé direito na direção, gire de 180° e fica em Shiko-dachi sobre o eixo precedente, com gedan-barai esquerdo (des. 303 fl. 2).

13 — Igual ao tempo 2. 23 — Sobre o mesmo pé, mas para trás, à esquerda, gira de 180° e fica em Shiko-dachi sobre idênti-

14 — Igual ao tempo 3.

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co eixo, só que em gedan-barai direito (desenho 304, fl. 3). 24 — Sobre o pé direito gira 90° e avança o esquerdo em Sanchin-dachi a 45° em relação AB. Faz morote-uchi-uke esquerdo. A mão direita sobre a mão esquerda fechada (fl. 4). 25 — Sobre o pé esquerdo na direção à esquerda gira 180° e fica em Shiko-dachi sobre o mesmo eixo com gedan-barai direito (fl. 5). Inverso do tempo 22. 26 — Inverso do 23. Recuando sobre o mesmo eixo faz gedan-barai esquerdo. Fl. n.° 6. 27 — Diagrama T. Passa a Shiko-dachi, depois de, sobre o pé direito girar de 135°, na direção de trás, à esquerda. Fl. 1. Parou sobre o eixo AB. Ergue a mão esguerda diante da fronte, tendo a palma para o exterior e faz gedan-barai, mão aberta e palma para trás do braço direito (des. 305). Colocar des. fig. 368. 28 — Sobre o eixo AB rccua o pé direito fazendo do pé esquerdo eixo. Interverte a posição das mãos (des. 306, fl. 2). 29 — Salta de pé direito para diante em sanchin-dachi direito sobre o eixo AB. Bate em Uraken de mão direita. A mão esquerda sobre o punho (des.. 307, fl. 3), Kiai. 30 — Vira a cabeça à esquerda — no mesmo lugar —

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faz Kakete da mão esquerda. A direita faz hikite (des. 308). 31 — Diagrama U. Sobre o pé esquerdo gira de 180° para diante, à esquerda. Passa para um chikodachi a 45° em relação AB. Após, faz jodan-urazuki da mâo direita e de frente, jodan-uraken da mesma mão (des. 309, fl. 1). 32 — No mesmo lugar encadeia gedan-barai do mesmo braço (des. 310). 33 — Na direção de trás à direita, gira sobre o mesmo pé a 180° para recuar sobre o mesmo eixo, com gedan-barai esquerdo na mesma direção (desenho 311, fl. 2). 35 — Sobre o mesmo eixo, recua o pé direito girando sobre o outro. Passa a Nekoashi esquerdo e faz mae-empi-uchi esquerdo (des. 313). 36 — Na direção da direita, gira a 45° em sanchindachi. Faz kakete da mão direita e hikite da mâo esquerda fechada. Inverso do tempo 30. 37 — Sobre um eixe de 45°, avança o pé esquerdo em relação a AB. Faz jodan-ura-zuki da mão esquerda em shiko-dachi. Encadeia — no mesmo lugar — com jodan-uraken. Inverso do tempo 31. 38 — Encadeia com gedon-barai esquerdo no mesmo lugar. 39 — Sobre o mesmo eixo, recua o pé esquerdo girando de 180° sobre o outro, na direção esquerda de trás. Faz gedan-barai direito em shiko-dachi.

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40 — Sobre o eixo AB, avança o pé esquerdo em nekoashi-dachi esquerdo. Faz mae-empi-uchi do cotovelo esquerdo. A mão direita em hikite. 41 — Sobre o mesmo eixo, recua o pé esquerdo girando sobre o outro. Passa a nekoashi-dachi direito, e faz mae-empi-dachi do cotovelo direito. 42 — Ergue com vagar a mão fechada esquerda — no mesmo lugar — palma para diante (des. 314). 43 — Salta para diante de pé direito e continua de pé esquerdo para bater em jodan-uraken da mão direita fechada. O antebraço se desdobra em torno do cotovelo. Arremata o movimento de círculo da mão esquerda que pára ao nível do cotovelo direito. Fica em kake-dachi. Kiai (des. 315). 44 — Sobre o mesmo eixo, recua o pé direito em nekoashi esquerdo. Com os dois braços faz um movimento circular amplo, tendo as mães abertas (des. 316 a 319), enquanto traz o pé dianteiro contra o pé direito em heisoku-dachi. Espira amplamente. Elevando as mãos ao rosto, inspira de novo (des. 320). A mão esquerda fica sob a direita. Espira e força as mãos para baixo (des. 319). Saúda.

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CAPÍTULO XX P. FÍSICO Este capítulo desejamos que faça parte em especial da vida de cada praticante, pois sabemos por pesquisas feitas através de longos anos de professorado, que sem condição física pouco ou nada se consegue cm qualquer especialidade esportiva. Estamos longe dos dias do empirismo sem direção alguma e sem significação, senão aquele de triste exibição em detrimento da verdade esportiva e do caminho para algo melhor c mais sério. Não resta dúvida que naqueles anos passados não havia a pesquisa no campo da medicina esportiva, pois como sabemos esta ainda está na primavera de sua vida. Não só nos referimos ao fator especialidade, mas ao fator do raciocínio lógico que para nós se antepassa sem critério algum. Víamos esportes que deveriam se basear na resistência, nem próximo a esta chegaram Notávamos que as qualidades (endurance, velocidade, flexibilidade, etc.) especiais a cada tipo de esporte — sendo que alguns abrangem todas — deveriam ser peculiares a cada atleta sem que este soubesse como melhorar cada uma delas ou todas agrupadas. Seria por sinal naquelas épocas, ridículo falarmos em "força" como base para adquirirmos potência e velocidade, ou em treinos específicos ou generalizados. T u d o era improvisação e a par desta, quanto sonho ficou em ilusão e quanta carreira ficou frustrada? Cansamos de insistir junto às entidades de congraçamento no campo do Judo e Karatê para que partissem para um campo de preparo físico, que visasse de fato a melhora

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por etapas, e o aprimoramento de todas as qualidades essenciais à prática do mesmo. Ora, se para a prática do Karatê necessitamos de resistência, endurance, força, velocidade, agilidade, flexibilidade, etc., como podemos adquiri-los parando de simples exercícios localizados? Como adquirirmos resistência geral praticando abdominais? De que modo conseguimos capacidade cardiopulmonar sem praticarmos exercícios especiais para que consigamos a mesma? Podemos obter força através de movimentos que estejam longe do caráter explosivo? Sabemos que a condição física subdivide-se em geral e específica. Por geral entendemos quando a mesma se atém ao desenvolvimento das qualidades físicas que temos como essenciais: força, velocidade, resistência orgânica, elasticidade muscular, resistência, endurance, relamento, mobilidade articular. Dele dependem todos os resultados para melhor, da técnica, tática, aprendizagem motora e a condição específica em si, pois para todos estes aspectos, ela é a base, sobre a qual se apoiam. A condição física específica se fixa mais nos aspectos de coordenação neuromuscular que são exigidas por determinado desporto, e está mais perto da técnica, quando da execução do gesto gimnico ou desportivo. Logo, é específica, por ter como meta principal o preparo do atleta para que preencha as necessidades de competição de uma modalidade esportiva em especial. Desejamos de todos os modos possíveis induzir aos responsáveis pelos clubes nos quais se praticam as artes marciais que obriguem todos os adeptos a um exame de avaliação especial antes de iniciarem seus treinos. Somente assim um professor pode chegar a uma programação ideal sem que a mesma coloque em risco a integridade física do candidato. Para chegarmos àquele planejamento ideal, fez-se mister conhecermos

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ih princípios esptcíficos de investigação; o experimento • mitifico no campc de fisiologia, cinesiologia, psicologia c didática. Além disso tudo, como bem diz meu .nnigo Hélio Maffia, é preciso a prática e a vivência no ramo sem os quais pouco se pode fazer. Seria fácil, »<• nos bastasse conhecer os meios para chegarmos à determinada meta. Os problemas que cercam a condição física são complexos demais para que somente o (onhccimento de treinamentos modernos nos levasse .10 ponto desejado. As variações são intensas e precisam ser dirigidas para que sigam uma ordem geral. Como nos orientar para os períodos de fraca, média e forte intensidade? O que interferiu na intensidade do treino? Como controlar a intensidade naquele? Qual o tempo que necessita tal atleta atingir ao máximo de aperfeiçoamento físico? Que qualidade física deve ser desenvolvida primeiro? Para que cheguemos a um estado pelo qual possamos responder ao questionário, é preciso que toda a planificação haja sido feita sobre as asas da ciência. Não é lógico um candidato à prática do judô, se iniciar no mesmo, sem primeiro avaliarmos por testes a sua suficiência física. Por estes testes estaremos informados sobre o estado geral do candidato. Assim, partiremos para sanar as debilidades que existam, aprimorar as boas e manter as ótimas. O que não é justo, é que um candidato sem resistência orgânica, endurance, força, agilidade, etc., se inicie na prática de uma arte que tudo isto requer. Como irá o mesmo conseguir tais qualidades. Pelo movimento copiado? Bem o sabemos a que ponto isto leva! O que temos visto através dos anos, é a triste figura que fazem certos candidatos sem qualidade alguma. Seria ridículo pensarmos em adquirir fôlego através de movimentos onde não há esforço de intensidade média e longa duração. Sabemos que no Japão, berço destas artes, a

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condição física tem papel primordial. Basta citar que os universitários japoneses treinam 4 horas por dia! Sem aquelas qualidades citadas anteriormente ninguém seria capaz de tal façanha, tendo-se em conta que além de toda esta parte dedicada à arte, ainda estudam! Lembramos ainda, que não bastam os métodos modernos se não nos orientarmos pelo planejamento integrado. Toda a condição física deve preceder o aprendizado, de movimentos gímnicos e desportivos. Ela é pois, a base de Lodo o preparo técnico. O iniciante terá um aprendizado motor melhor quando aumentar sua força, resistência, etc. Melhorará mais ainda quando houver melhor contração muscular e quando possuir um melhor deslocamento dos seguimentos do corpo. Pela repetição dominada do movimento, o atleta pode chegar à perfeição. Logo, para que possamos repetir algo, é preciso além de um certo estado psicológico voluntário, um alto grau de condição física; são várias as escolas que têm por razão principal assinalar o rendimento físico condicionado ao potencial orgânico do homem. Tais escolas levam por sua vez o esportista a nível de produção elevado, levando em consideração o complexo técnico e biológico. E se as possuímos com variedade porque não escolhermos a mais justa e a aplicarmos nos ambientes relativos ao judô? É acima de tudo de importância vital incrementarmos a saúde como fator precedente à defesa pessoal. De que nos valeria nos sabermos defender se nossa saúde fosse precária? Aliás, estas artes foram criadas e baseadas num fundamento principal, aquele de aliar num plano só, o espírito liberto e a saúde geral. Hoje pela negligência, ou seja lá o que for, esquecem os responsáveis mais afeitos a procura material, do lado mais significativo das artes marciais, que vai mais além do simples fato de bater

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nu defender. Sem planejar, bem pouco se consegue cm condição física. Um dos bons planejadores que conheci em minha vida chama-se Hélio Maffia. Da vivência que tive com ele na S. E. Palmeiras frutificou uma amizade sincera que vai além da parte profissional. O que sempre me causou admiração na pessoa do I lélio é sua grande humildade. Foi de grande valia nossa vivência diária. Quis o trabalho bem planejado e bem organizado que chegássemos a ser campeões no ano do Scsquicentenário com a equipe juvenil da S. E. Palmeiras. Narro este episódio de minha vida, para mostrar o quanto é importante a organização e o planejamento. Não basta sermos professores de Educação Física para nos lançarmos ao preparo físico deste ou daquele setor. É preciso vivência no ramo a que nos propomos e planejamento de trabalho perfeito. Para planejarmos, além da vivência no setor, são necessárias: formação científica, didática, tempo e ambiente. Logo, para que possamos manter a integridade física do candidato — e porque não mental — é necessário o planejamento. Por seu intermédio, visamos aos objetivos a serem alcançados e as bases para atingi-los. Temos como meta da condição física geral ou específica, a resistência — orgânica ou localizada — endurance. Força, velocidade, coordenação neuromuscular, elasticidade, mobilidade, relaxamento. Apesar de todas as pesquisas feitas, até hoje lutamos para saber o quanto é necessário de cada um daqueles objetivos para que um atleta, consiga o ideal de produção técnica, etc. É aqui que voltamos a falar de Hélio Maffia novamente. Ele pensa como nós também, que planejar a curva em evolução da intensidade, tendo como meta o desenvolvimento máximo das qualidades especiais, depende em principal, da vivência, sensibilidade e experiência que tenhamos no ramo.

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É conclusivo que assim sendo, o próprio planejamento é variável. É lógico que além disto tudo, temos que aliar uma grande percepção para podermos dosar ccm sabedoria o quanto de atividade precisa um atleta se submeter para conseguir êxito. Pensamos nós, que todas as qualidades físicas que conhecemos como essenciais devem ser bem desenvolvidas, notando-se que umas mais do que as outras. Logo, partindo deste ponto, notamos que, se devemos desenvolver certas qualidades, e algumas mais do que as outras, como podemos chegar a saber quais as que devemos trabalhar mais? Aqui, entra então, uma parte vital que faz parte de planificação: a analise. O primeiro passo é analisarmos a modalidade a que nos propomos. Somente assim podemos calcular e dosar as sessões de treino para obtermos um rendimento melhor. Para tanto devemos chegar à pesquisa, onde vamos avaliar o atleta que inicia por meio de testes especiais*, indo esta pesquisa até o campo psicológico para que cheguemos a fatores que possam interferir na produção. De posse destes dados, programamos o trabalho a ser feito e seguido pelo candidato. Nunca devemos esquecer o fator tempo disponível para orientarmos o trabalho. Após algum tempo de trabalho profícuo e sério, devemos então, avaliar o grau de produção do atleta, por meio de nossos testes que de confronto com os anteriores dar-nos-ão uma orientação segura a respeito. Continuamos insistindo nesta parte para que fique bem esclarecido da importância da condição física. Mas, não devemos nos referir somente aos que se iniciam na arte, mas também aqueles já avançados, e os "especiais" que tentam a disputa de títulos. Quantos sem o saberem estão longe de uma condição especial? Não são poucos os casos de atletas mal condicionados que tiveram que abandonar a vida helê-

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nica por distúrbios de diversas ordens. Isto para não falarmos nos casos mais sériosl... Como pode chegar alguém a diputar um título mundial sendo portador de fatores inibidores? Assim sendo, devemos pesquisar de início. É de suma importância, principalmente se tratando de competições que analisamos: 1.° 2.° 3.° 4.° 5.° 6.° 7.° 8.° 9.°

— a altitude do lugar — a umidade do ar — a temperatura — os ventos — quando em campo aberto — os raios solares — quando em campo aberto — a alimentação — o lugar onde ficar — os locais de treino e o material — fazer um relato do atleta, tendo como base especial: início do treino, distensões, fraturas, etc. 10.° — em caso de grupos participantes, estudar a parte "social" 11.° — relacionamento familiar 12.° — motivação do participante 13.° — laços afetivos entre participante e professor 14.° — aspiração e interesse pela disputa 15.° — ordem dos treinos e datas de disputas 16.° — condições do atleta no início 17.° — tempo para treinar 18.° — treino nas férias 19.° — exames: clínico, biométrico, radiológico, cardiológico, dentário, sangue, fezes e urina. Ao possuirmos estas "respostas" significativas partimos para o programa de trabalho a ser feito, iniciando pelos testes de suficiência. Não vamos exem-

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plificar os testes em si, mas lembrar aqueles essenciais. Pensamos nós, que todo aquele praticante dedicado exigirá de seu professor uma resposta de significado em relação a estes. Qualquer professor está a par destes testes que aqui serão enumerados. De início lembramos um teste para medir a força muscular. 1.° — Seria o salto em distância sem impulso, onde ficaríamos com a melhor distância saltada em 3 tentativas. O candidato inicia em pé, tendo as pernas semiflexionadas e os braços estendidos para trás. 2.° — Agachado com barra e discos de 50 a 90 quilos. Avaliação: 12 10 7 menos de 7

vezes vezes vezes vezes

— ótimo — bom — médio — mau

3.° — Podemos usar a mesma avaliação para o teste feito com os braços. Levantamento. Barra e anilhos de 50 a 80 quilos. Testes para medir a potência, que é igual ao resultado da força pela velocidade. Os testes são idênticos aos precedentes, aliando-se mais o fator velocidade na execução. Testes de flexibilidade: 1.° — Abertura lateral das pernas. 2.° — Abertura anterior — posterior das pernas. Avaliação: O máximo de abertura. 3.° — Podemos adaptar numa cadeira uma régua com 30 centímetros para cima e 30 centímetros para baixo do ponto zero. Esta marca fica pregada no nível

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superior do assento. Os números aumentam para cima e partem para baixo, do zero. O testado iica em pé sobre a cadeira, tendo os pés unidos, braços e pernas estendidos, tendo os pontos dos artelhos ao lado da régua. Avaliação: o atleta flexiona o tronco com vagar, tendo as mãos unidas e tentando tocar o mais baixo possível. O quanto mais baixo alcançar melhor será o teste. As pernas devem se manter estendidas na execução. Testes para Velocidade Deslocada. Tiro de 50 metros, partir de posição em pé. Avaliação: tempo. Tiro de 50 metros, partir de saída lançada. Avaliação: tempo. Partir da posição em pé e correr 100 metros. Avaliação: tempo. Tiro de 25 metros — parada brusca, mudar a direção e voltar ao ponto de partida. Avaliação: tempo. Teste Resist. Localizada. Flexão de solo: flexão e extensão dos braços, tendo o corpo estendido e se apoiando de frente no solo. Avaliação: acima de 60 é muito bom. Pernas: canguru. Salto com afastamento das pernas, 60 — muito bom. Abdômen: deitado em decúbito dorsal, ter os braços flexionados e as mãos atrás da nuca. Flexionar o tronco sobre as pernas, estando estas sempre estendidas. Avaliação: acima de 100 é muito bom. Testes de Coordenação. Se as fintas, as esquivas, bloqueios, e as deslocações possuem uma velocidade tal que desoriente o adversário é sinal de boa coordenação. Estes são movimentos básicos do esporte aqui tratado.

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Teste para Medir Resistência orgânica. Temos predileção por dois: o de Ruffier e o de Harvard. No teste de Harvard, devemos subir e descer um banco de 51 cm de altura durante 5 m, no mesmo tempo, devemos perfazer um total de 150 repetições. Logo, devemos subir e descer 4 tempos no lapso de 2 segundos. Após o esforço, esperamos 1 minuto e tomamos o pulso 3 vezes durante 1/2 minuto. Ex. P-l P-2 P-3

1-1 2-2 4-4

Avaliação:

1/2 minuto após esforço 1/2 minuto após esforço 1/2 minuto após esforço

15.000 P-l + P-2 + P-3

Classificação Índice Excelente mais de 110 95 a 110 Ótimo Muito Bom 88 a 94 Bom 81 a 87 Regular para bom 75 a 80 Ruim 71 a 74 Péssimo menos de 71 Teste de Ruffier: 1.° — Devemos tomar o pulso do atleta antes de levantar pela manhã, estando o mesmo de costas. Toma-se durante 10" e multiplica-se por 6. Temos o P-l. 2.° — Fazê-lo realizar 30 flexões de pernas encostando os glúteos nos tendões-de-aquiles durante 45". 3.° — Tomamos o pulso outra vez, tendo o atleta -

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deitado de costas, utilizando a mesma maneira precedente. Temos então o P-2. 4.° — Após 1 minuto deste pulso, tiramos o pulso uma terceira vez, usando o mesmo modo das outras vezes. Temos o P-3. O índice será: P-l + P-2 +

P-3 — 200

10 Avaliação: Negativo De 1 a 5 6 a 10 11 a 15 15 a 20

Excelente Muito Bom Bom Regular para Bom Mau

Teste de Lartigue: 1.° — Após levantar, tomar o pulso durante 1 minuto, em pé. 2.° — Realizar 30 flexões de pernas em 30". 3.° — Após 1 minuto, as flexões, em pé, tomar o pulso de novo durante 10" e multiplicar por 6. 4.° — índice: diferença entre os dois pulsos. 0 7 14 21 28

a 6 a 13 a 20 a 27 acima

õtimo Bom Ruim para Bom Mais ou Menos Mau -

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K. Cooper: O Dr. Cooper, médico da Força Aérea dos Estados Unidos, é por nós admirado e conhecido através de seus livros e pesquisas, assim como de contato pessoal no simpósio de Medicina Esportiva levado a efeito no Brasil. Atualmente o Dr. Cooper é a maior autoridade em fisiologia aplicada à atividade física. Somos possuidores de vários trabalhos seus, publicados em revistas norte-americanas ligadas à ciência em geral. De igual modo, faz parte de nossa modesta estante literária científica seu livro " T h e New-Aerobicos", assim como aqueles editados no Brasil com os títulos "Aptidão Técnica em qualquer Idade" e "Capacidade Aeróbica' e "Método Cooper Perc Mulleras". De acordo com seus princípios pregados, e aliados a "pesquisas particulares" no campo da Educação Física, chegamos a resultados surpreendentes na recuperação de lesados cardíacos por afecções graves. Testemunho de nossa afirmação é nosso aluno, Sr. José Colamarino, que inclusive estava proibido por seu médico de erguer apenas 4 quilos de peso e qualquer outro esforço que o pudesse levar a cargais maiores em seu coração. Após 1 ano e meio de paciente trabalho, seguido e observado por nós, chegamos ao resultado surpreendente da transformação inclusive no quadro clínico daquele senhor. Pela comparação dos eletros pudemos constatar que seu coração procurou novos caminhos, recuperando-se por completo daquele estado primitivo. Todos os exames foram feitos no Instituto de Cardiologia de São Paulo. Estamos insistindo nesta parte como deferência especial àquele eminente professor a quem tanto a pesquisa fisiológica deve. Desejamos fazer uma pequena ressalva para explicar que as nossas pesquisas não se ativeram a pesquisas -

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moderadas, mas sim, fomos às mais graves. De nosso trabalho, acrescentamos ao do Professor Cooper, a inovação da ação periférica do coração associada a algum exercício especial como fundamento psicológico. Os resultados foram surpreendentes. Estamos unindo nossos esforços para que após mais algum tempo de testes e avaliações, cheguemos a resultados que nos possam colocar aptos a levá-los a público. Pelo Dr. Cooper chegamos a conclusões especiais da capacidade do organismo em receber e levar o oxigênio vital a todas as partes do corpo. Ficamos mais convencidos do que nunca, da importância do desenvolvimento do coração e da rede capilar, como sinal de resistência e vida. Todo o esquema do Dr. Cooper no que se refere aos exercícios indicados, foram dosados cientificamente, tendo caráter individual. Diz-nos o eminente fisiológico que somente obteremos saúde se fizermos um esforço intenso, tal que possa naquela fase levar nosso coração a produzir uma freqüência de 150 para cima. Pensamos ser o método ideal para a aquisição de resistência e endurance, pois tal sistema visa à eficiência do aparelho cardiopulmonar. Chegou o Dr. Cooper após vários anos de pesquisas, a saber matematicamente, o quanto de exercício ou atividade física era preciso para que alguém obtivesse saúde ou a preservasse. Nas suas pesquisas foram utilizados os mais refinados aparelhos ligados ao campo da fisiologia aplicada à atividade física. Basta-nos lembrar que o eminente fisiologista faz parte da equipe de médicos da NASA, cuja verba anual ascende a bilhões de dólares! Criou uma tabela de pontos "sui generis", na qual diz que o mínimo de pontos para a manutenção da saúde é igual a 30. Enfatiza que o atleta deve somar semanalmente a ordem de 100 pontos. Aí, devemos fazer uma pequena -

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ressalva lembrando que o próprio Cooper ainda não determinou cientificamente o "quantum" para um atleta especializado cm razão do qual expomos toda aquela parte inicial. Não há desmérito nisto, pois a preocupação final do eminente professor foi a pessoa comum. Logo o ideal ainda não foi detenninado. Para tanto criou seu teste, que em razão do resultado se estabelece um programa de treino especial. O teste consiste em correr 12" sem tréguas, dando-se o máximo dentro de nossas possibilidades. As distâncias percorridas por mínimas que sejam, são convertidas em milímetros de oxigênio o que dará o seu consumo máximo do mesmo. TABELAS HOMENS C. de aptidão

Idades M. de 30

M. Franca Fraca Razoável Boa Excelente

30 a 39

40 a 49

50 p/ cima

1.600 1.500 1.350 1.300 1.600 a 2.000 l.õCCa 1.800 1.350 a 1.650 1.300 a 1.600 2.C00 a 2.400 1.800 a 2.200 1.650 a 2.100 1.600 a 2.000 2.4C0 a 2.800 2.200 a 2.650 2.100 a 2.500 2.000 a 2.400 2.800 a mais 2.650 a mais 2.500 a mais 2.400 a mais

MULHERES 30 a 39

M. de 30 M. Fraca Fraca Razoável Boa Excelente

40 a 49

1.350 1.200 1.500 1.500 a 1.800 1.350 a 1.650 1.200 a 1.500 1.800 a 2.150 1.650 a 2.000 1.500 a 1.800 2.150 a 2.650 2.000 a 2.500 1.800 a 2.350 2.650 a mais 2.500 a mais 2.350 a mais

50 p/ cima

1.000 1.000 a 1.250 1.350 a 1.650 1.650 a 2.150 2.150 a mais

Como podemos notar, são tabelas anerentes à idade. Aqui não transcrevemos na intenção de ensinar, -

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m;is de esclarecer. É lógico que esta tabela não serviria para um atleta de hoje. Eles foram modificados para mais. T u d o em função do esporte que se pratique e de acordo com a idade. Para termos uma idéia conforme palavras da direção técnica de Seleção a meta a ser atingida pelos testes de avaliação da seleção é de 3.500 cm 12 minutos. Daí para cima. Tentando esclarecer, pensamos que no caso do judô e karatê, como são esportes que requerem grande resistência e endurance, as tabelas deveriam sofrer o seguinte acréscimo: Acima de de de de menos de

3.000 2.800 2.600 2.400 2.400

m a 3.000 a 2.800 a 2.600

Ótimo Muito Bom Bom Regular para Bom Ruim

P. S. — De acordo com as modalidades esportivas e com o preparo físico e a condição desejada, as tabelas sofrem modificações. Aconselhamos este teste, como o mais importante deles por estar próximo a duas qualidades essenciais à vida: resistência e endurance. Preconizamos que os exercícios aeróbicos são o único meio de conseguirmos aquelas duas qualidades sem atentarmos contra a saúde em geral. Pelo contrário, a aumentamos. Por intermédio destes exercícios, preconizados pelo Dr. Cooper, fazemos com que nosso organismo processe em certo tempo, uma capacidade maior de oxigênio. Praticando-os, nos prevenimos contra doenças do coração e das coronárias, pois, fortalecemos e abrimos mais vasos sanguíneos. É aumentada a capacidade de entrada e de -

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saída do ar, fazendo com que haja uma maior distribuição de oxigênio pelo corpo e uma grande extração de oxigênio dos tecidos. Podemos depois de algum tempo, fazermos com relativa facilidade, um esforço de longa duração e de certa intensidade. A única ressalva que há é no que diz respeito aos testes de campo e as tabelas para as mulheres. Nos livros Aptidão Física e Capacidade, Acróbica, • o Dr. Cooper não havia ainda calculado tabelas e avalisado testes para mulheres de atividade comum. É lógico pois que estas exigências no que se refere a testes não se destina as mulheres. É sabido que a capacidade acróbica é menor na mulher em relação ao homem. Como sabemos na grande maioria das mulheres o físico é menor. Assim sendo os órgãos nobres são menores também e principalmente aqueles que se ligam ao trabalho de metabolização do oxigênio. Em razão disto as mulheres tem menos sangue circulante e por conseguinte menos teor de hemoglobina e glóbulos vermelhos. Deduzimos daí que não é uma obrigação a mulher alcançar os índices dos trinta pontos semanais. Achamos que um pouco menos dará a mulher uma condição orgânica boa para que obtenha os mesmos efeitos obtidos pelo homem. Mas, como tudo na vida é passivo de reformas e estas se fazem também na vontade haverá casos de mulheres que desejam fazer o teste de aptidão de campo. O que fazer? Haverá inconveniência alguma? Não! A liberdade de escolha é total. Nestes casos o teste de Cooper é válido. Somos sabedores que o Dr. Cooper idealizou 4 testes optativos para mulheres e para maior esclarecimento vamos transcrevê-los: -

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Teste de Corrida 12' (Caminhar e Correr). Neste teste a mulher deve correr zíé cansar. Chegando neste ponto deve andar para recuperar o fôlego e correr novamente. Por tratar-se de teste deve dar o seu máximo. Caltoorla d« A p l i d l o

1 2 3 4 5

— — — — —

MA Fraca Média M. Boa õllma

— 30 1.500 1500-1800 1800-2150 2150-2650 2650 +

30-39 1.250 1350-1650 1650-2000 2000-2500 2500+

40-49

50-59

60 +

1.200

1.000

1200-1500 1500-1800 1800-2350 2350

1000-1350 1350-1650 1650-2150 2150

Nôo é bom fazer

— significa m e n o a q u o + — eignilica mais qua — menoa + mala

Teste do ciclismo Deve ser feito onde não haja trânsito e em terreno sem aclives ou declives. As velocidades da máquina não importa (1 ou 3). Seria por outro lado ótimo se a mesma tivesse um odômetro para marcar a distância percorrida: Pedalar o máximo em 12'. Testes: Catseorla da Aptldio

1 2 3 4 5

— — — — —

MA Fraca Média M. Boa ótima

30-39 2.000 2000-3600 3600-5200 5200-6800 •j- 6800

— 30 2.400 2400-4000 4000-6000 6000-7000 .1- 7000

-

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40-49 1.800 1800-3200 3200-4800 4800-6400 -l- 6400

-

50-59

1.200 1200-2400 2400-4000 4000-5600 -|- 5600

60 + 1.200

1200-2000 2000-3200 3200-4800 + 4800

Teste Natação É preciso nadar o máximo que puder em 12 minutos. Os estilos não importam. Pode-se descansar de acordo com o necessário, sendo que o bom seria esforçarmo-nos o máximo. O tempo se controla com um relógio. Testes: Categoria de Aptidão 1 2 3 4 5

— — — — —

Má Fraca Média M. B o a ótima

— 30 280 280-370 371-460 461-530

40-49 120 181-280 281-370 371-480

30-39 230 231-320 321-410 411-500 501

551 +

481 +

50-59 — 140 140-230 230-320 321-410 411

60+ 140-180 181-280 281-350 351

Teste de andar 4.800 em menor tempo possível. Deve se feito numa pista ou num terreno plano. Teste: Categoria de Aptidão

1 2 3 4 5

— — — — —

Má Fraca Média M. Boa ótima

— 30 — 48' 48:00-44:01 44:00-40:31 40:30-36:00 36:0C

30-39 — 51:00 51:00-43:31 46:30-42:01 42:00-37:30 37:30

40-49 54:00 54:00-49:01 49:00-44:01 44:00-39:00 39:00

50-59 — 57:00 57:00*52:01 52:00-47:01 47:00-42:00 42:00

60 + — 63:00 63:00-57:01 57:00-51:01 51:00-45:00 45:00

Como podemos constatar, a parte de condição física é por sinal complexa. Passadas estas linhas, nas quais tratamos das partes mais estritamente ligadas com a programação, vamos continuar por nossa meta principal, que é aquela de esclarecer para melhor. E -

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novamente partindo daí, seguiremos o plano traçado de início. Feitos estes testes que em si, nos darão uma idéia das qualidades do atleta, podemos então fixar as metas a serem alcançadas. É lógico que daremos mais acento ao trabalho que deve ser feito naquelas qualidades deficitárias. Dentro do condicionamento físico, nos deparamos com três moldes de programação: o curto, o médio e o longo prazo. E dentro deste esquema devemos visar aos campeonatos, às disputas comuns, e à manutenção ideal para fora das competições. Numa programação a curto prazo podemos fazer previsões para meses ao passo que a longo prazo para 4 ou 5 anos. É claro que a programação deve variar de acordo com o candidato. Se for um atleta avançado o programa será um; como modificará, se for o caso de um candidato em evolução. O que não dizermos então do iniciante? Para chegarmos aos pontos ideais para cada caso em particular, temos que utilizar conhecimentos científicos relativos ao ser humano. As experiências têm provado que ao expormos as últimas reservas do organismo é que obtemos resultados satisfatórios. Mas como chegarmos a isto? Pelo empirismo? £ evidente que não. Com dois treinos por semana não podemos chegar a nada. Com dois por dia, subdivididos, somente teremos um obstáculo: o tempo. Chegaremos ao supertreinamento? Penso que não, se nos utilizamos dos testes como fazem os universitários do Japão. Pensamos que em cada dez dias, podemos aumentar a carga por. um treino de intensidade máxima. Para casos de competição podemos nos fixar nos ciclos mensais, isto é, para cada período de 6 meses antes da competição na última semana de cada mês, ,diminui-se a intensidade do treino. Estamos então, nos recupe417

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rando. Também podemos variar se fizermos um treino forte num dia, médio no segundo e fraco no terceiro, o que para nós é mais viável. Ao compreendermos isto, passamos a determinar os objetivos do programa: Condição Orgânica 1 — Resistência — l. a fase 2 — Endurance — 2. a fase Condição Neuromuscular 1 2 3 4 5 6

— Força — 3. a fase — Potência — R. Muscular — Velocidade — 4. a fase — Flexibilidade — Coordenação

Os números 3, 5 e 6, e a elasticidade, devem ser treinadas sempre independentes das fases. É necessário o professor estar próximo para acompanhar e dosar o exercício na sua intensidade. É evidente que precisamos de material para treinar e não somente aquele que colocamos no início do livro, junto a exercícios simples que exemplificamos com o propósito de demonstrar o pouco que se faz em razão da condição física. Aquilo que precisamos: 1.° — Pistas para correr, ginásio coberto. 2.° — Puley, cabos, extensões, barras flexores, medicine-ball, espaldar, leg-press, plinto, aparelhos de haheres, anilhas, barras e local para treinos naturais. Coletes com bolsos para colocarmos chumbo, botas especiais para colocarmos chumbo, etc. 418

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Hoje é mais do que sabido que podemos incrementar nossas qlualidades se treinarmos os exercícios que são peculiares para seu condicionamento usando pesos. São inúmeras as faixas pretas japonesas que fazem impulsão com coletes pesados ou sapatos. Praticam o salto em altura usando idênticos acessórios. Correm para aumentar a resistência usando aparelhos pesados, assim como praticam seus Katas usando sapatos pesados e pesos nas mãos. Isto não terá um fira imediato? É lógico que sim. Para tudo há um limite. E neste limite é individual. Não haverá receio de estarmos mal treinados ou supertreinados? Há, mas de outro modo há os testes de avaliação para as comparações necessárias e certos sintomas que nos indicarão o grau do condicionamento. Avaliando, vemos o seguinte: 1.° — Se houve progresso, isto conseguiremos constatar avaliando os testes antes e depois, e pelos resultados nas competições. 2.° — Avaliamos o progresso, a regressão e o estacionamento. 3.° — Prevenimos a estafa. 4.° — Encontramos os fatores que podem agir negativamente no progresso. Por conseguinte, pela comparação dos testes iniciais e posteriores podemos aquilatar o índice do candidato. Nesta fase os testes de resistência, força e velocidade nos porão a par dos alvos atingidos. Afirmamos que para nós a condição principal para qualquer atleta é a resistência orgânica. E esta varia com o tipo de .esporte que se pratique. No Judô, principalmente no Karatê ela é de enorme valia. Para conseguirmos esta qualidade devemos considerar a didática da Educação Física e a fisiologia que se aplien à atividade física. No primeiro caso tornamos racionáveis fatores didáticos conseguindo adaptações fisiológicas que permitem -

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aquela qualidade. Na segunda parte sabemos quais as adaptações fisiológicas que ocorrem no organismo para que fique mais forte e como conseguir esta meta. Separamos de outro modo pela diferença a resistência orgânica da localizada. A primeira está mais ligada ao tamanho da morfologia do coração e do trabalho pulmonar. A segunda liga-se à capilarização que cobre a sinergia dos músculos e as reservas alcalinas do sangue. A obtenção da resistência está bem ligada a aspectos psicológicos, pois a base para sua obtenção está na superação do stress, na autodeterminação, no ser voluntário, etc. É inútil tentarmos algo sem estes fatores tomarem parte. Sabemos também que a resistência mais depende de treinos especiais do que de fatores hereditários. Para chegarmos até a resistência orgânica o que seria preciso? Muito simples, enumerar os fatores didáticos e estendê-los com atenção. E quais são estes fatores. São pela ordem: 1.° — Natureza e intensidade. Natureza: correr e nadar na submáxima a representam. Intensidade: média. Exemplo: se nosso melhor tempo para os 100 metros for de 11', percorrendo-os em 16 ou 18 e estamos fazendo em submáxima, isto é, em intensidade média. É claro que esta natureza e intensidade média do esforço variam de atleta para atleta. Para isto há os testes, e quando treinamos em grupos há as médias dos testes! 2.° — Repetição do esforço. O número vai acima de 20. 3.° — Ritmo. -

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É a velocidade pela qual o esforço é repetido. Neste caso é médio. 4.° — Descanso. É a parte intermediária entre dois esforços. O descanso nos restabelece em sensação como mantém a disposição psicológica para o esforço. Pela fisiologia sabemos que após um descanso o coração e o sistema circulatório estão aptos para novo esforço. Dar estímulo adequado a um grupo é tarefa difícil em razão da individualidade. Para isto existem as médias. É sabido por todos que o aumento do volume do coração é resultado em especial dò descanso. 5.° — Duração do descanso. É a duração do intervalo entre dois esforços. Nunca deve ultrapassar os 90" quando a meta é a resistência. A não ser em casos extremos de temperatura elevada. Por termos o descanso como ponto de referência essencial é preciso que o cronometremos. 6 — Ação no descanso. São os movimentos a serem realizados no descanso. Aqui, a ação psicológica influi com evidência. T E M P O PARCIAL É o tempo que dura um exercício. Os esforços variam de 16" a 90", como também de 3'. Para resistência o recomendado é esforços de 90" até 3'. Devemos cronometrar o tempo, pois também é ponto de referência. TEMPO TOTAL É a soma dos tempos parciais e aqueles de descanso. Se visamos à resistência orgânica o tempo total vai de 50 a 2 horas. -

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As adaptações fisiológicas principais no que se refere à resistência orgânica são: 1.° — Aumento do peso e tamanho do coração. 2.° — A freqüência do pulso é baixa. Há atletas que possuem uma bradicardia abaixo de 50 por minuto quando em repouso. Isto é uma denúncia de ótimo estado orgânico. Houve atletas que possuíam uma bradicardia abaixo de 32! Pela tomada do pulso cm repouso, podemos ter uma idéia clara da condição física do candidato. Métodos para adquirirmos resistência orgânica. Nesta parte não nos alongaremos ensinando as diversas formas, visto que qualquer clube ou associação idônea tem professores capazes de orientar seus alunos nas diversas fases de seu aprendizado. Estes são os meios pelos quais podemos chegar à resistência orgânica: 1.° 2.° B.° 4.° 5.° 6.° 7.° 8.°

— Interval-Training — Corridas longas em natureza — Corridas com intervalos — Corridas com respiração metódica - Fartlek — Corrida polonesa — Circuito-training — Método Cooper

Achamos que é de nossa responsabilidade citarmos os meios mais importantes e mais eficazes para que se possa atingir aos ideais visados. Afirmamos que por pesquisas feitas por nós, em 22 anos de profissão, chegamos à conclusão de que pela ordem podemos enumerar os sequintes métodos: Cooper, Interval, Circuito, etc. Não nos fixaremos no método preconizado pelo Dr. K. Cooper em razão de existir na praça, -

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ao alcance de todos, as duas obras do eminente professor. De posse destas obras, qualquer pessoa estará apta a testar, manter ou incrementar a sua resistência. Fazemos ressalvas aos cardíacos e aqueles com problemas de coronárias para que antes de qualquer tentativa com este método, procurem seu médico particular ou pessoa especializada que estará habilitada a dar-lhes as informações e recomendações precisas. Temos para nós que o Dr. Cooper vem em primeiro lugar! A seguir falaremos sobre o Interval-Training. Este método tem sua origem na Finlândia. Foi idealizado para melhorar as condições dos corredores de fundo e meio fundo. Sua grande diferença está em não propor um esforço contínuo percorrendo grandes distâncias. Esforços físicos, fortes e fracos se sucedem em distâncias curtas. Estas distâncias são bem menores que as que temos por objetivo vencer. Praticaram com sucesso o Interval-Training os grandes corredores Nurmi, Harbig, Zatopek, etc. Este método tem por finalidade obter modificações morfológicas e de função dos sistemas cardiopulmonar e muscular pela ação da velocidade repetida e das pausas com ação. Pelo emprego de todos os fundamentos do Interval-Training. podemos obter um elevado ponto de resistência orgânica. Codificando estes princípios iniciamos pela: 1.° — Distâncias. As distâncias mais recomendadas para o caráter individual são 100, 200, 300, 400 metros, tendo as mesmas particular importância para a ação de estímulo do intervalo. 2.° — Tempo usado para percorrer a distância. Os mais comuns como estímulo carga são: -

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1 — Corrida de fundo 100 200 300 400

metros: metros: metros: metros:

16"-15" 30"-32" 49"-48" 70"-69"

e e e e

2 — Meio fundo 15"-14" 31"-30" 47"-46" 65"-64"

100 200 300 400

metros: metros: metros: metros:

15-14 30-29 48-47 69-64

O ideal seria ajustarmos a corrida a um tempo X, que elevasse a freqüência do coração entre 180 e 190 após o esforço. De outro lado, que o intervalo baixasse a mesma entre 120 e 130. Repetição da distância. A repetição do esforço deve ser aumentada aos poucos, tendo-se por base sempre o caráter individual do candidato. Exemplo: 15 10 8 8

x x x x

100 200 300 400 etc.

Intervalos: não maiores do que 30" a 90" para que se obtenha melhor adaptação das funções de circulação e da respiração. Ação no intervalo. A ação pode ser andar, respirar, etc., o que serve para preparar o candidato para outros esforços. O que não devemos é ficar imóveis. Sempre antes de uma sessão de Interval-Training, devemos nos aquecer. A duração do esforço não deve ir além de 60". A pulsação deve sempre ser tomada estando o atleta na posição de decúbito dorsal. As pulsações durante o intervalo não devem ultrapassar os 140 e nem serem inferiores a 100. A primeira denota excesso de esforço, enquanto a segunda indica uma intensidade fraca. Após uma sessão de Interval-Training, devemos idealizar a seguinte, com trabalho menos -

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intenso. Em caso de a freqüência cardíaca não baixai depois de muito tempo, devemos consultar o médico ou diminuir a intensidade do treino. O circuit-training Devemos a Adamson e Morgan as pesquisas sobre o assunto que causou tanto impacto nos meios ligados à educação física na Inglaterra. Estes dois professores da Univerdidade de Leeds, na Inglaterra, publicaram um trabalho a respeito em 1957. Mais tarde, em 1961 os professores Maxwell L. Howell e R. Morford, ambos da Universidade de Colúmbia, publicaram um sério artigo sobre o mesmo tema. Quando estivemos nos Estados Unidos, em curso de aperfeiçoamento, tivemos a felicidade de observar o emprego do CircuitTraining em diversas universidades. Pelo uso do CircuitTraining, podemos conseguir em breve tempo, uma distensão muscular, força e resistência de acordo com o caráter biológico individual. Os exercícios são escolhidos sempre na intenção de aumentar a musculatura, e usados de maneira alternada. A intensidade é graduada de acordo e pela intenção. Não é necessário o uso de aparelhagem especial e tanto podemos praticá-lo em ambiente fechado ou ao ar livre. Não há restrição alguma quanto ao sexo frágil. Por seu intermédio devemos nos orientar para que o atleta obtenha uma progressão que o deixe adaptar-se a maiores cargas de tenção da ordem. Logo, o Circunt-Training é a sucessão de exercícios que se dispõem em circuito, tendo períodos de esforço e pausa "ativa". Os exercícios devem ser intensos, causando cansaço e de fácil execução. A duração para cada estação varia entre 30" a i ' , sendo o mesmo para a pausa.

A intensidade é fixada do seguinte modo: exemplo — o candidato faz durante 1 minuto o máximo que puder de flexão de braços, tendo entre cada exercício 1 minuto de descanso. Estes máximos são divididos por 2 obtendo-se a dose de início. Calculamos o tempo total do circuito e o atleta luta para diminuí-lo. O progresso é notado pela capacidade de fazermos mais exercício no igual tempo, ou o mesmo trabalho em tempo menor. Mas, até aqui, não explicamos como podemos chegar à resistência orgânica pelo CircuitTraining. Explicaremos agora, igual as outras maneiras de treinar, no Circuit-Training, podemos dar maior atenção às qualidades que nos interessarem no momento. Depende isto, da parte didática aplicada. Por acentuações conseguimos aquilo a que nos propomos. Exemplo: Circuit-Training — Tendência maior para hipertrofia do músculo. 1.° — O esforço deve ser feito 80% da potência. 2.° — Poucas repetições 5 a 10 3.° — Deve haver rapidez no ritmo 4.° — Descanso longo 5.° — Duração do descanso 2" a 5" 6.° — A ação no descanso deve ser relaxante e elástica 7.° — Tempo do esforço 30" a 60" 8.° — Tempo total 30' a 60' Os exercícios serão aqueles que produzem a hipertrofia do músculo. Circuit para resistência orgânica: 1.° — O esforço deve ser de intensidade média, usando-se 30% do potencial do praticante 2.° — As repetições devem oscilar entre 30 e 50 -

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3.° 4.° 5.° 6.°

— Devemos usar um ritmo médio — A duração do descanso pode ir até 90" — O descanso deve ser de média duração — A ação no descanso deve consistir de exercícios respiratórios? 7.° — Tempo do esforço até 90" 8.° — Tempo total 30' a 90' Circuit — Acentuação para obter resistência localizada: 1.° — Intensidade do esforço entre 20 e 30% 2.° — As repetições vão de 50 a 600 3.° — O ritmo deve ser médio 4.° — O descanso também 5.° — A ação no descanso consiste de relaxamento 6.° — A duração do descanso é o tempo para a repetição do exercício 7.° — Tempo em parte do esforço 8.° — Tempo total 30' a 60' Circuito para endurance com ponto principal 1.° — Intensidade de esforço entre 10 e 15% 2.° — Várias repetições 3.° — T e r um ritmo lento 4.° — Descanso 5.° — Ação no descanso: respiração e relaxar 6.° — Duração descanso pode variar 7.° — Esforço parcial também varia 8.° — Esforço total acima de 50' Circuit tendo ênfase para melhorar a técnica da velocidade: 1.° — A intensidade do esforço deve ser fortíssima 2.° — As repetições são poucas, devendo ficar entre 4 e 6 3.° — O ritmo deve ser explosivo -

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4.° — O descanso é prolongado 5.° — Duração 2' a 5' 6.° — Ação descanso deve ficar na descontração muscular 7.° — T e m p o parcial 18" a 30" 8.° — T e m p o total 30' Circuit visando à flexibilidade das articulações: a — Exercícios que tenham por meta a mobilidade da articulação b — Fazer entre 15 e 50 repetições c — Ritmo lento e rápido d — Descanso longo e — Duração 60" f — A ação no descanso visa à descontração muscular g — T e m p o parcial 60" a 90" h — T e m p o total 30* a 60' Circuit dando ênfase à descontração muscular: a b c d e f g h

— Intensidade fraca — 5 a 10 repetições — o ritmo é bem lento — prolongar o descanso — duração 30" a 2' — Ação respiratória mentalizada 10 a 15 — T e m p o parcial 30" a 60" — T e m p o total 60'

Teste para sabermos a condição física Entre todas as maneiras achamos a mais singular e prática a que vamos exemplificar: fixamos o número de repetições que o candidato deve executar de um exercício no menor tempo que possa. Após, passamos para o seguinte com rapidez. Logo, mede-se o tempo -

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do circuito todo. Quando se passar um mês toma-se de novo o tempo e se faz o confronto. A diferença é a avaliação ideal. A aplicação do Circuit-Training pode ser usada em crianças a partir dos 7 anos, sem risco algum. Unicamente devemos levar em conta o fator lúdico e darmos maior caráter recreativo ao mesmo. Pensamos que com o esclarecimento de todos estes fatores peculiares à verdadeira condição física, qualquer pessoa com um pouco de raciocínio pode chegar a um padrão alto de condição para se dedicar ao esporte predileto. A seguir, vamos dar uma vaga idéia de como podemos melhorar nossa endurance, força muscular e velocidade. Iniciando pela endurance dizemos que a mesma é a maneira pela qual o organismo cria uma capacidade de reação em resposta ao empenho especial do sistema cardiopulmonar a uma pequena intensidade. A intensidade do esforço, como podemos notar, deve ser fraca, enquanto a repetição do mesmo, se houver, não deve ultrapassar a uma. O ritmo é lento, o descanso é prolongado, variando entre 10' e 60*. A ação deve ser aquela de andar. O tempo parcial e total varia entre 30' e 120'. Os meios: As corridas de longa distância estimulam a produção da estamina e para que a consigamos, devemos percorrer por semana perto de 150 km. Isto não seria o caso do praticante do judô e karatê. Para estes, uns 20 km por semana seriam suficiente. Além destes tipos de cuidados, podemos usar os de esforço contínuo e ritmo lento. Força muscular. Há dois tipos de força, a explosiva e a lenta. A primeira temos como alicerce ideal para a condição. Dizemos que o uso dos pesos e halteres deve ser empre-

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gado com ênfase para a obtenção dc força muscular em todas as modalidades esportivas. O seu uso sistemático nos liberta das distensões, luxações, etc. e incrementa o resultado técnico. Não há restrições quanto à idade e sexo, desde que seja orientado por um critério científico. A intensidade do esforço deve ser forte e devemos utilizar tanto os isométricos, isotômicos e mistos (60%, 30% e 10%). As repetições devem oscilar entre 4 e 6, com períodos de descanso, se visarmos à força. Em caso dc hipertrofia do músculo, as repetições variam de 10 a 15. O ritmo deve ser rápido e explosivo, havendo descanso prolongado de 5' a 10' eiitre as séries de repetições. Nestes momentos devemips praticar a descontração em movimentos rápidos. O \ tempo do esforço deverá ser aquele que dura para fazermos as repetições e o tempo total deve oscilar entre 30' e 60'. Devemos visar o fortalecimento geral dos músculos e de início, fazer os movimentos lentos para melhor coordenação. Baseamos a intensidade pela potência do candidato. Os movimentos devem ser perfeitamente executados para que não causem problemas à coluna vertebral. A intensidade deve ser progressiva para que obtenhamos resultados. O trabalho com peso se pode fazer usando o peso do colega, se não quisermos dispender dinheiro em aparatos. Também podemos utilizar nossa própria força. São de outro modo inúmeros os aparelhos que podemos usar para melhorar nossa musculatura (não confundir com modelagem física). Em seguida, vamos falar de um tipo de treino que achamos o ideal para a conquista da força. Esta maneirade treinar é o Power-training. Este método foi criado pelo comandante da aviação e secretário-geral do Departamento Militar da Bélgica Raoul Mollete. O Power-

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ii.iining é um circuito especial idealizado para a aquim^.ío da potência muscular. O objetivo principal é: a b c d

— Desenvolver a potência muscular — Dar melhor rendimento à produção técnica — Facilitar a. execução de movimentos difíceis — Criar maior autoconfiança no atleta MATERIAL

1 — Três cordas 2 - Um banco sueco 3 — Colchões para solo •1 - Um plinto 5 — Duas barras com anilhas (160 quilos) 6 — Dois pares de halteres com 15 quilos 7 — Quatro M. B. de 2, 4, 5 e 7 quilos. 8 — Um par de sapatos de ferro. EXERCÍCIOS 1 — Desenvolvimento 2 — Arremesso 3 — Arranco A — Rósea inversa 5 — Rósea direta 3 — Agachados 4 — Variar

localizados

M. B. 1 — Arremessar ao amigo 2 — Arremessar a um alvo fixo 3 — Várias AGILIDADE a — Parada de cabeça -

gerais

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b c d e f g

— Parada de mão — Ponta — Roda — Saltos plinto — Cambalhotas — Várias

Não devemos esquecer de corrigir todos os movimentos básicos e não irmos além de 50% da carga nos primeiros exercícios. Daí deve fazer 6 repetições até atingir as 12. Ficando fácil, aumenta-se a carga até o dia no qual possa fazer as 12 repetições com 90% da carga. A distribuição dos exercícios deve ser a seguinte para melhores resultados: 1 — Exercício de carga pesada 2 — Exercício de carga média 3 — Exercício de ginástica Os treinos devem atingir a três por semana. Em época de campeonatos diminuímos a freqüência, e a carga cai para 2/3. O ideal seria utilizar o P. T. em período diferente ao do treino especial. Os primeiros sintomas são por vezes alarmantes, pois trazem dores, perda de coordenação, e de movimentos. A inspiração deve ser aquela normal, inspirar e expirar antes e após a execução. As repetições do circuito do Power-Training vão a três. Não devemos ter receios infundados na aplicação do Power-Training e muito menos irmos atrás de concepções tolas da "Idade da Pedra". Velocidade Vamos aqui tratar de uma parte que muito diz respeito ao J e K. É palavra citada, mas bem poucos -

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dentro do ramo podem falar a respeito. De princípio podemos afiançar que a velocidade é hereditária. Logo, o velocista nasce. O que podemos fazer é melhorar a velocidade comum ao indivíduo (deslocamento). Estaremos melhorando a mesma se procurarmos melhorar a execução das saídas e chegadas. O movimento das pernas e braços, a posição do tronco, etc. Melhoremos a técnica, mas não a rapidez do reflexo. No nosso caso nos interessa a velocidade de reação. 0 tempo da reação tem uma afinidade para mais com a quantidade de êxitos nos combates. Por velocidade de reação temos o intervalo entre um estímulo e o início de uma resposta voluntária. Já o tempo de reflexo, para esclarecer, é o tempo que transcorre de intervalo entre o estímulo e a resposta involuntária. Tentamos então, deste modo, criar o caráter da velocidade em si. Temos para nós que o praticante de judô e de karatê deve treinar a sua velocidade "qual" e atentarmos para aquela de explosão. Deve o professor ter sempre em mente as seguintes três fases: 1 — A concepção que dá vida à imagem matriz do movimento que se vai executar. Aqui deve entrar a perfeição para que a imagem seja a melhor possível. 2 — A ação do sistema nervoso que dá o impulso aos músculos que recebe do cérebro e produz a ação. 3 — A execução muscular que vai ao movimento contractil. A intensidade do esforço deve ser total e "psicológico" deve influir sem o qual pouco se As repetições são poucas (5) e o ritmo o mais possível. O descanso é longo entre 5 e 15' e neste varia entre, andar, trocar, etc. O tempo é de 3" a 30" e o total vai até 50". -

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o fator obterá. rápido a ação parcial

Finalizando esta parte anerente à condição física, queremos esclarecer que não produzimos nenhum tipo de treino especial, em razão de que a individualidade existe e para tanto seria preciso avaliar cada praticante em "particular". Pensamos com esta exemplificação abrirmos certas mentes e chegarmos ao ideal. Seria irracional pensarmos em escrever um livro que se liga à condição física, sem ao menos falarmos nela. Por outro lado, lembramos também a displicência que há em torno da alimentação, razão pela qual nos mantemos vivos e operantes. Gostaríamos de falar sobre este aspecto com detalhes e minúcias, mas não é possível em virtude do encarecimento da obra que já está longa demais. Lembramos àqueles que são mais corretos consigo mesmo e que não se contentam com meias medidas a procurarem na editora o nosso livro Modelagem Física e Saúde ao Alcance de Todos, que traz capítulos inteiros dedicados à nutrição. Insistimos por estarmos certos de que todos os esforços ruirão se não soubermos nos alimentar. Prestes vamos lançar nosso livro "Ultrapasse os 100 vivendo como aos 50", que nada mais é do que um livro dedicado a hábitos helénicos e nutricionais. Deixamos para o final a parte que achamos mais interessante e necessária ao atleta. Aquela que o pode impulsionar para melhores feitos: a Motivação: Mesmo que para muitos nós agimos por inflexão, podemos afirmar que para cada uma de nossas intenções há uma motivação. A motivação impressiona as nossas ações e é por causa desta que agimos. Dizemos que pela motivação podemos levar nossas intenções à meta idealizada. Devemos por conseguinte termos autodeterminação, voluntariedade, e persistir naquilo a que nos propomos. Sabemos pois, que todos estes fatores psicológi-

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cos estão ligados à motivação; logo devemos motivar para obter sucesso. E uma das melhores maneiras de motivar é competir. Criar competições que nos façam usar todas as reservas orgânicas. Temos como certo que a repetição do movimento em competição é o caminho ideal para chegarmos à perfeição. Como podemos motivar o praticante de Karatê? 1 — Elaborar seu programa de acordo com certos desejos seus. 2 — Lembrar-lhe das possibilidades de poder chegar ao título máximo. 3 — Ir de encontro à necessidade do praticante. 4 — Pondo-o ao par daquilo que está fazendo e o porquê das coisas. 5 — Criando competições. Até com a sombra 1 6 — Ultrapassando os obstáculos aos poucos. 7 — Indicando o que foi programado e o início do programa. 8 — Mostrar-lhe o lado do sucesso em relação ao treino. 9 — Dar-lhe a sua confiança estendendo-lhe a mão da amizade. 10 — Fazendo-o interessar-se por filmes sobre Cultura Física. 11 — Criando a necessidade de produzir algo. 12 — Sermos seu amigo e confidente. 13 — Vivendo seus problemas e dos seus. Sendo mais do que um professor. Seu amigo. 14 — Usar palavras elogiosas e saber o momento exato de brincar. 15 — Criar líderes na sala de aula para que estes o auxiliem. 16 — Fazer com que o praticante crie aquela vontade que o fará apto a treinos árduos. -

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17 — Participar dos treinos. 18 — Não ordene. Ordene sendo amigo para melhores frutos. 19 — Usar treinos recreativos. 20 — Generalizar o trabalho. 21 — Não esquecer o treino total. 22 — Criar competições. 23 — Usar bons locais para treinar 24 — Utilizar treinos em plena natureza. 25 — Lembrar que o tempo de juventude é pequeno e que devemos usá-lo ao máximo. 26 — Palestrar sobre hipóteses de viagens, vitórias, etc. 27 — Fazer com que o atleta entenda o que está fazendo para que o faça bem.

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CAPÍTULO XXI E N I S T O T U D O ONDE ESTÁ A FELICIDADE? As maneiras pela qual o mundo a procura são diversas e quase sempre há desenganos pelos caminhos e amarguras nas almas. Alexandre o Macedónio, fez de suas façanhas e de suas glórias, a sua felicidade. Escravizou povos, humilhou vencidos, deixando lendas sobre sua pessoa. Os filósofos a procuravam na sabedoria e na bondade. Sabiam que a grandeza era utopia e que o sofrimento era apanágio do homem. Amavam a simplicidade e a paz entre os homens, fazendo da guerra uma quimera e do poder uma falsa base. Seus amigos eram os simples e os puros. Aqueles que trabalhavam com a paciência dos milênios e que tudo suportavam com resignação e calma. O judeu, a procurava na disciplina, na restrição do orgulho e nas regras sérias de suas zelosas vidas. No fim da vontade e no abandono dos desejos, a índia após a ascensão, desceu a estrada apoiada no Nirvana. A própria Grécia foi ao seu encalço quando abandonou seus templos e desviou o ouro feito para as lutas na direção das artes. Péricles ensinou aos seus como criar a beleza, em vez da dor e do orgulho marciano. Com a aparição do Paternon, as linhas duras das guerras deram lugar àquelas que demonstraram a harmonia. Surgiu Dionísio. E os versos de Eurípedes mesmo na sua tragédia emanavam beleza. Beleza esta que fez sucumbir Sócrates. Apesar disto tudo e dos filósofos da época, pugnarem as linhas de condução certas, os homens não fizeram ouvidos. Entregaram-se aos prazeres sem regras, -

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no louco afã de conhecerem todos os deleites que os levassem aos prazeres. A moderação e as medidas pregadas de Sólon a Aristóteles foram abandonadas e esquecidas. Tomou conta desses tempos o prazer total como base para tudo. Se lembrarmos Epicuro, veremos que na sua filosofia está o culto da época. Advieram os tempos e com eles as mudanças. Na Grécia, abandonados os pensamentos de Epicuro, voltou-se o povo para o abandono dos desejos, cientes de que são vícios, e que como tais, não passam de um círculo permanente e igual. Logo a filosofia grega, não era mais do que oriental. Criou bases na índia, tanto que o criador do estoicismo foi um semita e não um grego. A hereditariedade militar juntou-se à fatalidade oriental, tendo como sobras a fusão um tanto "especial" destas duas qualidades. Fixou-se na Grécia o Estoicismo desde o dia em que a mesma viu-se escrava e vencida. Negaram-se a si próprios os homens e pela apatia geral procuravam dar conforto à alma e vida a suas ilusões. Escravos, não lhes eram permitidos os desejos, e assim sendo, o estoicismo era a perfeição para aqueles povos escravizados pelos romanos. Estes dominavam todo o Mediterrâneo vingando naquela parte como satisfação espiritual o estoicismo. Para poder manter seu jugo desvencilham-se de seus sentimentos. Para os conquistadores a felicidade era a força. Repeliam os prazeres ou os tinham quando em intervalos entre as conquistas. Deste domínio, como herança ficou o sensualismo natural que empobreceu o mundo, aniquilou a estirpe e uma nova forma de estoicismo apareceu fazendo com que o mundo por vários séculos pensasse mal de si. Foi então que apareceu a Renascença, fazendo com que o homem voltasse seus pensamentos para o significado da Terra. Voltou o prazer e a beleza a tomarem seus lugares de direito, perpetuando pelas artes — 458

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aqueles que por méritos mereciam. O dinheiro era canalizado para o culto às artes, e portanto à beleza. Papas, mercadores, banqueiros e fidalgos competiam entre si pela posse de obras de Miguel Ângelo, etc. Nunca um povo fez tanto pela beleza como os italianos daquela época. Foram três séculos dedicados à pintura e escultura que fizeram daquela parte do mundo o berço das artes. Mas, como tudo na vida, obedece ao ciclo de constante evolução, o mundo não parou. Surgiu Colombo e com ele as descobertas. A Alemanha corre atrás da felicidade pela ciência, enquanto a Inglaterra a procura nos sonhos de um império e a França no requinte do prazer. Aparece a América e com ela a ambição da aventura faz morada em todas as partes, trazendo a enxurrada humana que a povoa. Também aqui o homem lembra-se da felicidade e a procura. Procura-a nos atos e na vitória, pois seu povo jovem pouca atenção dava aos bens do espírito. Lança por intuição toda a sua energia no crescimento como se soubesse que o corpo sucumbe antes da alma, que a solidez deve vir antes da brandura e a potência antes das artes. Honrou antes destas, seus homens que fariam de sua terra uma potência universal. Era pois, uma América, feliz na sua saúde e jubilosa de seus atos. Hoje a temos modificada e rica. Riquezá esta que está próxima a nossos olhos se visualizarmos a opulência de suas mansões, todas de traçado alienígena, como uma prova de amor pela beleza. Esforça-se por atingi-la e a compreender, e por isto não conseguiu criar suas dúvidas com respeito à felicidade. A par de toda aquela riqueza, sente em si mesma um certo vazio. O ideal atlético e construtivo, não mais acende a chama das impulsões passadas. Não estará por conseguinte no início de uma pesquisa maior na trilha da felicidade? Apesar das formas da procura e do número daqueles -

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que a pesquisaram, quantos a encontraram? Se nos recordarmos podemos chegar à conclusão de que tudo está estático. As pirâmides estão lá circundadas pelas areias seculares, tendo no seu bojo os espectros das lembranças dos "faraós imortais". Escravizavam artistas a seus desejos. Foram felizes? E os artistas que até hòje são desconhecidos? Aqui ficamos em dúvidas que deixamos aos que nos seguem. Será que ao aumentarmos nossos conhecimentos, aumentamos nosso sofrimento? Estará a felicidade nas rugas dos rostos e nos olhos sem brilho que parecem tudo ver? É o saber uma renúncia à esperança, uma ironia triste que lembra com saudade a fé da juventude? Será pois, o saber uma desilusão? Não há homem sábio e elegre a um só tempo. Por vezes nos inquirimos, quem é mais feliz, o sábio ou a criança? A alegria não é companheira da sabedoria a um só tempo! Assim é o mesmo com todo aquele que não nutre em seus segredos esperança alguma que o leve a felicidade. No entanto há os que enganam. Seria o caso do piedoso que a par de suas tristezas, cintila em seu ser a recompensa de outra vida. Seria lógico trocar as realidades que a vida oferece pela incerteza daquilo que desconhecem? Pensamos que tudo deve fazer parte da medida. É sabido que o piedoso, o faquir, etc., tolhem de si os desejos por mais simples que sejam. Achamos que aquele que procura a felicidade na beleza é mais sábio do que aquele que destrói os desejos. É certo que a beleza tem um fim e que o tempo é implacável. Num sopro somos jovens e num acordar somos velhos. E o que dizermos então da morte? Quando a flor murcha não há perda, mas sim um transe de beleza que desaparece com a maternidade. Numa coisa os sábios suplantam a natureza: na conservação da permanência da beleza. São menos pródigos na sua criação, mas na permanência -

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a suplantam. Através das primaveras, a natureza reconstrói aquilo que foi destruído, mas não sente o fugaz que há naquele verdor, tal qual sente cada alma que viveu sob os ventos tristes ao inverno. Foi para estes seres especiais que surgiram as artes, pois, somente eles podem sentir novas primaveras ou as tristezas que afagam os outonos. E isto sentem em qualquer obra de arte. Existe algo de mais belo que a escultura? Podemos inclusive pensar na eternidade do mármore, e daí na imortalidade das linhas graciosas... Mas em compensação há a dureza que não transmite a vida e muito menos a imita. A beleza que vive no mármore não nos pode amar como aquela mortal. As flores que vivem num quadro qualquer não exalam seu perfume natural. Mais uma vez temos o tempo que destruirá a pedra e corroirá a pintura para não falarmos na própria mão do homem que pela guerra destrói. Notamos então, que a beleza apesar dos sacrifícios, para ter "vida" é fácil de ser destruída. Destruída até pelo egoísmo dos homens. Somente os puros podem ver e notar a beleza. Aqueles duros e rudes a procuram na conquista, no poder ou no domínio das forças naturais pela sua vontade. São poucos que sabem que o poder mal dirigido corrompe tudo que cerca. São poucos aqueles que chegam a possuir o poder sem destruir a própria consciência. A política não tem consciência. E poucos são aqueles que na grandeza são bons. Não há dúvida que seres especiais encontram a felicidade nas conquistas ou em certos ideais. Poderíamos citar Osório na guerra do Paraguai ou Bento Gonçalves na Epopéia dos Farrapos. Mas podemos julgar a felicidade pelas rugas de tristeza dos últimos dias- de Bento Gonçalves? Ou pela amargura que passou Caxias vendo irmãos em armas? Sabemos que a felicidade é diversa da glória porque em cada ato glorioso subsiste a dor -

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e a tristeza. É mais serena a alma do cientista do que a do empresário industrial. No sossego dos laboratórios existe a aproximação da verdade o que faz com que exista uma relação entre o momento supremo daquele que ama ou do artista diante da beleza. Admiramos a persistência do cientista ante sua obra, a paciência que impregna seu ser e a felicidade que transborda quando chega à meta seu trabalho. Este êxtase é normal e o devemos levar até o ponto onde não haja o desvio das verdadeiras proposições. Devemos abandoná-lo quando houver desvirtuações nos êxtases das ciências em benefícios das guerras e das riquezas. Dizem os filósofos que "nem todas as riquezas são limpas". Aí entra também a felicidade. Para tais casos foi criada a filantropia. Quando certo ser dá, pode fazer-nos olvidar a maneira pela qual chegou à fortuna. Mas ele esquecerá? Se foi com a exploração que acumulou ouro, sem dúvida sua alma se tornará metal. Ê difícil alguém surgir da pobreza para a riqueza. levando ao mesmo tempo consigo a sabedoria e esquecendo a ignorância. A riqueza é válida quando há sabedoria. Hoje a maior parte do mundo, sem distinção de classes e idade, volta-se para as delícias da carne. Não são as coisas agradáveis, inocentes? Até o dia em que se consiga contestar com provas, a balança pende a favor. Tão mesquinha tem se mostrado a felicidade que todos os caminhos que a indicam devem estar livres. Não é muito lógico as proibições aos deleites se nos fixarmos no seu egoísmo. A carne envelhece como a precocidade de sua vida. E logo nossos olhos mirarão com tristeza os prazeres do passado. As alegrias então, perderão seu viço, e a velhice nos deixará perplexos fazendo-nos ver que aquelas alegrias não contavam nada. É como o amor quando atinge seu -

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fim' imediato. Logo, não devemos ser ascetas, mas reservá-lo para quando a velhice chegar. Como tudo na vida, o próprio prazer tem seu "Waterloo". O amor fenece quanto mais retribuído, e aquelas coisas que nos eram agradáveis podem nos amargar. As flores não murcham quando as colhemos? Para muitos o passado pode lembrar felicidades, pois sabiamente tiramos as amarguras e os tropeços da lembrança, ficando somente com aquilo que nos interessa. O presente é nada comparado ao passado quando esquecidos os espinhos, e ao futuro que ainda dorme nas asas dos sonhos. Nada nos serve, pensarmos no passado olhando para o futuro, sem querermos parar no presente. O que está ali não nos comove. Logo, somos egoístas para querermos o presente como idolatramos o passado e sonhamos com o futuro. Na verdade, não vamos amá-lo quando for passado? Quando vivemos um prazer de momento, nossos pensamentos vivem no passado. A felicidade para nós, ainda não foi atingida, apesar de sem o sabermos a termos bem perto de nós. Não provém a felicidade do prazer? A diferença é que a felicidade engloba o todo e o prazer representa uma parte. Para a conhecermos profundamente, precisamos nos aprofundar nas pesquisas das origens do prazer e a sua natureza. Sabemos que também o prazer como tudo o mais é passivo de transformações como todas as nossas emoções. E isto traz sinais subseqüentes em nossos epíritos. Logo é uma dependência de fatores, passivos de modificações. É certo que o prazer tem influência sobre a dilatação das artérias e acelera o ritmo cardíaco. Tanto aqueles sensuais como aqueles estéticos. Logo, o sangue circulando com maior rapidez, produz transformações para melhor. Os olhos brilham, a pele cintila e o cérebro produz mais. 443

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Podemos ir além e falarmos dos benefícios causados à respiração e ao sistema glandular. Então, as glândulas quando ativadas, produzem com mais intensidade seus harmónios, produzindo mais "bem-estar". E não são risos e cantos este bem-estar? Toda esta euforia resultante, produz uma maior força física o que assinala um incremento da saúde. Para as coisas mais simples, como o mais simples dos sentimentos felizes, estamos ligados a sensações cinéticas ou orgânicas de nossos músculos e órgãos. Em cada partícula de nosso ser há campo para a expansão benéfica do amor, bondade e esperança. E isto devia ser fator principal em razão de nossa felicidade, pois sabedores somos de que o ódio, o medo e a dúvida nos consomem e nos causam o bloqueamento do espírito e graves moléstias físicas. Resulta então que, o prazer é o produto deste andar maravilhoso que gera saúde ao organismo e calma ao espírito. O sangue flui, caminha, e na sua singular caminhada leva o alimento a cada célula que "poeticamente" transmite euforia a cada parte de nós mesmos. Logo, se nossas sensações alegres dependem de nossos cérebros, são as manifestações fisiológicas transformadas, que enviam ao cérebro suas mensagens de bemestar. E isto constitui, sem dúvida alguma, a base de nossas alegrias. O desejo é um instinto e portanto intrinsecamente ligado a nossas necessidades em geral. Para muitos o prazer segue as ações agradáveis. Mas dizemos que não são a sua causa. Nós não queremos algo porque este algo nos agrada. Mas sim, porque se nos agrada é porque nós o desejamos. A psicologia pode negar a relação para melhor que há entre o prazer e a conduta humana e sua determinação. Mas sobre certos exageros não nos cumpre dialogar, pois nossa meta é outra e não a da polêmica. Dizemos isto sim. que aquilo que conseguimos assimilar e -

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aprender fazem parte de nossa conduta na medida que o lempo passa, pois o instinto breve se confunde com .i memória. Logo um prazer que foi uma conseqüência <• não uma causa no ser, lembrando como recordação pode motivar o desejo. Não há prazeres que por acaso tivemos, que após longo tempo não nos incitam pela lembrança fixada na memória? Para nós é mais importante o prazer biológico, apesar das correntes contrárias. Somos cientes de que a dor nada mais é do que a soma de más ações para o organismo. Por outro lado, o prazer é o resultado de certas ações que produzem o bem-estar orgânico e da espécie. Haverá excessões? É lógico se pensarmos nas ações más que causam prazer. Mas há a resposta de que estas são recentes para que produzam em nosso corpo o repúdio. Também podemos lembrar como exceção, o prazer obtido pela morte. Assim sendo, o prazer seria de princípio a reverberação do instinto satisfeito. Por conseguinte se a felicidade é uma seqüência de primaveras de prazer, podemos correr à sua procura pelas ações mais naturais e pela harmonia dos resultados de nossos instintos fundamentais. A mais simples dc nossas felicidades está ligada ao nosso primeiro impulso, ou seja: comer. Sc pensarmos bem, somos como o provérbio antigo que diz: "Na juventude esbanjamos com o amor, na madurez dos anos com a mesa, e, na velhice dos anos, com os remédios." Pela fome adquirimos o impulso que nos levará a obter tudo que resulta em um bem material. Mas o desejo do alimento é bem mais natural do que o apetite sem limites. Cada aquisição é portadora de uma desilusão. E quando mostra no rosto dos homens a expressão de prazer de quem comeu bem? O desejo como citei antes é um, ou- melhor, forma um círculo. Sabemos que aquilo que ingerimos tem um fim ime-

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diato, mas o que dizermos das coisas que cobiçamos? Pela condição sábia lá chegamos. É pois pela sabedoria que chegamos à medida exata. E a inteligência só emana virtudes, desde que consiga coordenar o caráter individual do desejo. É claro pois, que somente pela harmonia das coisas, podemos semear por nossas vidas a doce sinfonia do espaço sideral. Não corresponde a harmonia à mais alta filosofia? Dos instintos principais de comer e da união sexual, surge aquele da luta que pode gerar enorme deleite pela sua expansão. Podemos obter um gozo pela cólera, se a cada violenta palavra ou a cada agressão, encontrarmos uma razão suficiente para convencermos. Até que somos impedidos pelo revide. O orgulho enche o indivíduo, apesar de ser uma ostentação de luta. Pode ser um bem e um mal que regem sempre uma ação de continuidade. Aumenta a força e a confiança. Poderá, o gênio subsistir ao orgulho? Duvidamos! E quando a luta traz um resultado favorável, traz consigo o domínio que pode gerar alegria aos fortes. A felicidade não está afeita aos momentos de cautela defensiva ou negativos, mas pelo contrário vive nas ações positivas espontâneas. O prazer é maior no orgulho do que na humildade. Mais na curiosidade do que na segurança, maior quando avançamos do que na retirada; maior quando ainda lutamos pelo ideal do que quando fugimos à luta; maior quando dominamos. São pois, os instintos da ação os responsáveis pela proteção da felicidade. Muitos hoje vivem pela afirmação de "La Rochefoucaued" que diz ser o mais forte instinto humano o impulso de sentar. Mas, não passa de uma negativa que não produz nada. Nos mais simples gestos do homem e que denotam seu poder ou sejam: Mover-se, caminhar, subir, correr, saltar, nadar, voar ou ir à Lua, existem os deleites. Somos pois, contrários ao ilustre -

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«iiado acima. A poltrona aquieta, mas se pensarmos cm nos expandirmos, temos que abandoná-la. Lembremo-nos da criança que no seio materno obtém sua primeira felicidade, sem imaginar a segunda que advém com a arte de brincar. De onde provém todo aquele viço e aquele movimentar incessante? Da simplicidade. A criança brinca, porque o brinquedo em si é uma recompensa. A felicidade que existe em cada criança, provém de seus fins imediatos a ação em si. Seus movimentos não esperam alcançar finalidades distantes. T u d o está fixo no presente ou melhor no momento exato. Naquilo que está fazendo e não naquilo que a hipótese promete ou o sonho faz ilusão. Não é de agora que a felicidade rodeia as crianças. E porque não chegarmos a elas para a encontrarmos também? No riso da criança está a sinceridade expontânea do ser e não o riso doentio do adulto. O verdadeiro riso, é aquele que movimenta todos os nossos músculos, mas desde que surgiram as etiquetas o homem se ateve às mesmas e programou uma maneira "distinta" de rir. Meu velho pai, sabia rir como ninguém. Era o rir da < riança. Expontâneo e sincero. Eram famosas as gargalhadas de meu velho. Meu pai era simples, amigo, sincero e humano. A vida não é como as religiões e a filosofia as definem em importância. Não. A "sério" mesmo só devemos levar as crianças, sem esquecermos que para elas mais vale o senso de humor do que outra coisa qualquer. E nelas há muito da filosofia se nos lembrarmos que o humor é a essência da mesma. A mocidade pois, já não é um período tão feliz como o
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que na passividade os prazeres logo acabam? Porque é pela harmonia dos movimentos que chegamos à outra parte da felicidade. Movimentando-nos, fazemos algo que nos defina e nos absorva. Aqui aliamos a saúde a estas partes essenciais, pois, sem a mesma não há movimentos e nem harmonia perfeita. Nosso corpo doente não pode influir na felicidade. Se- somos sadios, todos os infortúnios da vida são sempre um terço em relação aos mesmos. As infelicidades amorosas doem, mas logo são esquecidas, assim como as notícias tristes não serão tristes por muito tempo. Há vida! Vida sã! Os sentidos têm uma razão de ser. Todas as sensações não destrutivas são de prazer. A felicidade está mais próxima da ação que do pensamento. Aquilo que não é natural não nos contenta de um todo, assim o pensamento é uma arma falha. Ar livre, sol, mar, campo, são elementos-chaves para espantar a tristeza. Quantas inteligências ilustres poderiam passar da tristeza de suas vidas enclausuradas para as alegrias? Inúmeras. Vida ao ar livre a eles! O pessimismo é uma doença e não um meio filosófico. Algo vai mal com o corpo que enegrece a alma. A vida é algo superior à filosofia. Amamos alguém quando é sábio na bondade e resignado no sofrimento, porque notamos grandeza no seu espírito e não pela grandeza de sua obra. Dizemos pois, que a melhor vida é aquela que nos leva à aventura, à variação, à motivação, à responsabilidade e ao perigo. Mais valem as amarguras de César do que as notas daquele que soube seus atos escrever. Logo, devemos morrer mais vezes para termos mais vidas. Termos grandes planos e fazermos muitas coisas. A vida deve ser plena e cheia! A companhia também é válida. T u d o a dois tem mais prazer. O próprio sofrimento é mais suportável quando o repartimos. Na companhia temos a atenção daqueles

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que nos ouvem e a segurança que nos inspiram. O amigo nos anima e eleva a moral. Na palestra fazemos amigos. Se ouvimos, nos fazemos ouvir. Então, sermos sociáveis e bons, pode causar influxos em nossa felicidade para melhor. Podemos afirmar que mais vale dar do que receber. Ao darmos, dominamos, ao passo que se recebemos, somos submissos. No amor encontramos maior prazer que no ódio e no aliviar uma dor, temos mais respostas significativas do que no lazer sofrer. O maior dos instintos é aquele do amor, é este que nos causa a maior das paixões e por vezes melancolias. O que é uma certa consideração dolorosa! Iodas as artes e virtudes são produtos do amor e porque não pensarmos no belo da natureza? Somente uma alma artista ou amante pode perceber a candura do mar; o sussurro da cachoeira; a carícia da aurora que desponta ou a placidez melancólica do entardecer. O amor e suas dúvidas, são pois, fatores essenciais para que se encontre a felicidade. Por que falarmos entristecidos das queixas do amor ou do fogo que se extingue? Não seria anormalidade desejarmos a eternidade dentro de nossa ignorância? Afinal quem somos nós para falarmos dela? É certo que as queixas surgirão pela brevidade do amor, mas são fatores que também fazem parte deste ciclo. É necessário o esvanecer e pelo êxtase do fogo saberemos se compartilhamos nas dores do amor. Se acompanhamos e soubemos viver com as dores; se junto a um berço acompanhamos as nossas vidas e nosso amor que renasce, então aquela chama não extingue como a solidão e a bruma densa, que tenta afagar o mar. Para nós maduros, a criança é uma fonte de vida, e portanto de saúde. Assim sendo, gera felicidade. É algo que nos leva à verdade. Na pureza da criança e na ação fervilhante da mocidade. A criança é pois a nossa única e sincera realização. É na verdade

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nossa meta, pois nela vemos a continuação de nossas vidas e o significado que ela encerra. Não somos uma árvore isolada e velha que consegue fenecer sem mais nada deixar. Pela criança vencemos a morte e damos o primeiro passo para a imortalidade do ser e não só da alma. É então o nosso manancial de felicidades, apesar de ser uma antevisão de nosso fim que se aproxima. Nos ocupamos de nossos filhos, vivemos de suas emoções e sabemos que algo de nós mesmos é jovem de novo, faz-nos juntos da felicidade e pouco ligamos à importância de nossas próprias vidas. Nossa felicidade está numas perninhas viçosas; num par de bochechas ou em dois olhinhos vivos e cintilantes. O resto faz parte do ciclo da vida e não é aquela parcela importante de uma vida interna. Não é filosofando, mas sim em nossas vidas aue devemos procurar as nossas satisfações. Nas satisfações, que damos a nossos instintos mais velhos. A felicidade vem com o sermos naturais e expontâneos, pois ela é inconsciente. Se tentarmos estudá-la, nos abandona pela imprudência de sermos antinaturais ao tentarmos analisar certa coisa. A cultura pode contribuir com um elemento que harmoniza os desejos, dando-lhes certa coordenação. A sua parcela de contribuição, nunca é primária como muitos podem pensar. Mas, como foi citado acima, faz uma parte de valor, pois sem a mesma nossos desejos cancelados dariam um resultado ridículo. É preciso sempre aprendermos, mesmo que os pensamentos sejam penosos. Daí poderemos partir para a ordem para que possamos crescer com harmonia como as sociedades. Pela vivência dos problemas, notamos e aprendemos que necessitamos dominar nossos desejos, dar-lhes disciplina, para que jamais um fraco e fútil possa inibir aquele de valor significativo. Resulta então, que ao conseguir isto, chega a ter uma A

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visão especial que lhe será a base de seu discernimento em razão do bom e do belo. Poderá ser um árbitro significado das forças que tudo orientam. O saber ao Certa grandeza lhe invadirá o ser qüando souber que seu caminho é aquele, que não poderá mudar porque os desejo/ não são mais que simples impulsos no grande significado das forças que tudo orientar. O saber ao contrário do fogo não queima, mas ilumina. Não pode pois, impulsionar a alma a uma ação. É por razão negativa em função da felicidade, pois da forma que nos consola no sofrer, jamais nps leva ao êxtase. "A sabedoria pode servir de freio, mas por outro lado, não serve de comando. E se nos impede as quedas jamais nos fará voar" (Sócrates). O viço da juventude triunfa, mas a velhice mestra da luz, treme por falta de fogo. Podemos notar uma criança chorar pela desatenção da sala de adultos. Mas é uma conseqüência da vida. Seria xiciieulo termos tudo a um só tempo, ou melhor, sermos sábios e jovens. A criança que hoje chora, amanhã fará parte da sala de adultos. Seria o mesmo para o jovem desditoso no amor e portanto, sofredor. Mais tarde quando se lembrar do passado achará ridículo o papel de então! Quando os cabelos nos prateiam as têmporas, os tempos nos parecem mais reais e significativos. Somos pois, levados com ordem pela corrente da vida. As picadas do amor e o desafeto do mundo já não nos importa porque sabemos que o topo do monte não é o alto. Podemos então notar as coisas pela significação do eterno deixando o grandioso unicamente para o todo. T u d o começa a nos parecer pequeno e passageiro tirando-nos a inspiração e a nobreza. Para nos cientificarmos das coisas do presente por vezes temos de não levar nossos olhos muito longe. Se possuirmos os conhecimentos não teríamos desejos e a felicidade seria como solidão do deserto. Qual felici-

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dade que a velhice não apaga? Nesta parte quando já marchamos pelas estradas que nos levam ao esvanecer, a sabedoria se torna um amigo incomparável. Algo que nos afastará das estradas poeirentas e das dores do mundo. Até nas dores a sabedoria nos ensina a procurarmos algo de bom, para que este algo, nos sirva de alimento que cause um consolo inteligente. Não são pelos percalços que aprendemos alguma coisa que nos dará o diploma da vivência. Felizes são os filósofos que para cada queda têm o consolo da lição e do aprendizado. O hipócrita, somente nota o que de mau lhe acontece, tendo as dádivas que lhe aparecem como algo de mérito previsto. Quando as boas coisas acontecem devemos sempre relembrá-las, enchermos nossas mentes de recordações para que tenhamos alegrias em nós mesmos. Se cada qual, na hora da sorte pensasse em seus defeitos, veria a recompensa de outro prisma. Nada de exigências, pois como todos somos uma parte do todo. Pedir demais e nos impacientarmos com tudo, de nada nos valerá. Não adianta esbravejarmos pelos desígnios que tenham, se não forem os almejados; mais importante do que nossas pequenas vidas são o equilíbrio das esferas. O sofrimento é uma condição própria do mundo para nossa evolução. Contentemo-nos a sofrer em paz, e assim melhor faríamos se não fizermos de nossas dores as dores do universo. Jamais devemos deixar a nossa imaginação exagerar em seus planos, para que a felicidade não fique distante de tocá-la. Plantemos nossas flores para que seus botões possam de pequenos surgir como prendas. São vários os hipócritas que ao infeliz aconselham descanso e férias, como se a infelicidade a pudéssemos fechar em casa e partirmos sem ela. A alma inquieta nunca está conforme com nada. Sempre vê em outras formas algo de melhor para si. É triste o despertar das ilusões

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porque mesmo neste suposto romantismo há o reverso que é o despertar das falsas imagens. No plantio de nossas flores devemos nos lançar à procura da seara de nosso espírito. Não devemos nos preocupar com nossa educação em função de nosso professor. Devemos seguir nossas sinceras inclinações, dando expressão a nós mesmos. Seguir nossas curiosidades e no todo criar a nossa própria harmonia. Os mestres educam a si próprios à custa dos erros na educação dos outros, jamais devemos nos conformar se tivermos verdadeiro valor para que não tentemos esconder as nossas heresias. A felicidade não está no imitar e muito menos na conformação. A educação pois, tem que vir da própria vida, assim como a felicidade de nós mesmos. Fórmulas não há, cada qual faz seu próprio caminho. Tentemos achar a felicidade em nós mesmos, pois é menos difícil que procurarmos nos outros. Cada um de nós como em cada idade temos um embrião especial. Assim, porque não procurarmos em cada tempo especial as alegrias anerentes àquele tempo? A criança seria o símbolo do viço da ebulição, deixando o amor como a bebida da mocidade, e a compreensão, o descanso da velhice. Não devemos nos contentar com o que sabemos. Devemos procurar aprender mais, pois a educação não é uma tarefa que se resume ao colégio e à universidade. Não. É uma felicidade para toda a nossa vida que nos fará passear na intimidade com a beleza e o saber. Paixão e amizade? Sim, duas chaves especiais. Na mocidade nos apaixonamos pela beleza e porque não nos afeiçoamos pela amizade na velhice aos gênios? Para isto, temos a companhia dos espíritos para uma certa época. Naquele país, filósofos e poetas falam e rimam; escultores esculpem; grandes cantores cantam; homens santos pregam o amor, enquanto mulheres formosas não sofrem em sua beleza. Lá estarão

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os estadistas, os grandes professores e todos aqueles que neste tema e naquelas quiméricas mereceram a lembrança. Como chegaremos até este país? A este magnífico estado de coisas que o tema oferece? Poderemos penetrar seus portais e dispor de seus tesouros? Sim. Devemos sobretudo, darmos luz a nosso epírito e limparmos nosso coração para que todo aquele cortejo de saber e beleza nos ensine o seu saber e nos oriente em nossas vidas. A medida que varremos a mesquinhez de nossos corações e estivermos conscientes de que aceitamos a verdade custe o que custar, então seremos dignos de usufruir da companhia daquele País especial que tão perto de todos está, e por tão poucos é conhecido. Apesar do fogo da mocidade nos haver abandonado, nos sentiremos cônscios de havermos conhecido a doce facilidade que os tempos não conseguem destruir. Sejamos complacentes com as crianças. Deixemo-las em seus folguedos que nos lembram a felicidade mais simples, e os fará sons da eternidade. Os moços que amem o quanto for possível e a nossa tolerância maior. Afinal, ali está algo de nós também. Ou haverá vida especial? Pelo bem entender as coisas, poderemos viver todas as idades e sentir todas as alegrias. Chegará o dia que também veremos a criança cansada e a juventude entristecida. O que fazer então? Abracemo-los com amor e compreensão, façamo-os nossos companheiros neste País Especial onde não mais importa a carne destrutível mas o espirito imortal.

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PEQUENO DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS Age — levantar, erguer Ago — queixo Ashi — pé, perna A temi — golpe sobre o corpo Ale — golpe II u — guerreiro, combate liarai — varrer, expulsar Chu — médio Choku — direto Daclii — posição I)an — nível dado em função do gráu das faixas pretas I)u — caminho Empi — cotovelo Fumikomi — esmagar o pé Ge — baixo (rci]\.0 — treinamento, exercício Geri — golpe de pé Go — força Gyaku — oposto, contrário Haishu — dorso da mão Ilaisoka — Tornozelo Haito — sabre da palma Hora — ventre Heiko — paralelo Hidari — esquerdo Hiji — cotovelo Hiza — joelho Mon — fundamental íppon — um Jitsu — técnica Jo — alto

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Ju - flexibilidade Juji — cruz Kokato — calcanhar Kake — execução Kamae — guarda Kara — vazio, vácuo Kata — forma Kawashy — esquiva Keage — ascendente Keiko — exercício Keito — crista do galo Kekomi — penetrante Ken — mão fechada Kento — raiz das falanges da mão Kentsui — martelo de mão fechada Keri — golpe de pé Ki — espírito Ki-Hon — treino de base Kon — região hipogástrica Kiri — cortante Kiritsu — ter início Ko pequeno, para trás KOIÍO — guela do tigre Kokoro — espírito Komi — dentro Koshi — dente de tigre Kote — punho Kubi — pescoço Kumade — pata de urso Kumi — reencontro Kumite — assalto Kutsu — postura Kyn — classe Ma — distância no combate Mae — diante, na frente

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Miiki — enrolar Mawashi — circular Mi — corpo Migi — direita Mikazuki — crescente Mizu — água Morote — a duas mãos Nage — projetar Nagashi — varrer Neko — plano Ni — dois Nnkite — pique de mão O — grande Obi — cinta Osae — mantido Otoshi — cair Rei — saudação Ren — muitos Riken — o outro lado da mão fechada Ryu — escola Sabaki — esquivar San — três Sayu — a direita e a esquerda Sen — iniciativa Shiai — combate com arbitro Shita — para baixo Shizei — posição Shuto — sabre de mão Sokuto — sabre de pé Soto — exterior Snkui — colher Taclii — posição Tai — corpo Take — bambú Tate — vertical

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Te — mão Teisho — base da palma Teisoku — planta do pé Ten — céu Tobi — saltar Tokui — movimento favorito Tsui — martelo Tsuki — ataque direto Tsukkomi — golpe levado para dentro U eh i — interior Ude — ante-braço Ura — oposto UraJeen — oposto da mão fechada Ushiro — atrás Wan — ante-braço Wara — palha Washide — bico de águia IVaza — técnica Yatna — montanha Yoi — preparado, pronto Yoko — lado Zen — para frente ZuJii — ataque direto

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T E R M O S USADOS NA ARBITRAGEM Chui — advertir Fusen-Sho — erro, multa liajime — começar Hansolcu-Gashi — vencedor por desqualificação Hansoku-MaJce — perdedor por violar as regras Iíantei — decisão Haiitei-Gashi — vencedor por decisão IIikiwake — prélio anulado Ijipon — ponto Jikan — tempo Jogai — saida do tapete Kiken-Gashi — vencedor por abandono Rei — saudação l Vaza-A ri — vantagens Waza-Ari-Awasete-Ippon — vitória por dois Waza-Ari Waza-Ari-Ynsei-Gashi — vencedor por Waza-Ari Y ame — parar Yassme — descontraia-se Yoi — prepare-se

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r BIBLIOGRAFIA HLUMING e KUROSAKI Kyokiishinkai Karaíe Farncês e Italiano IlASILE — Karate — 5 livros I1ENOIT — La doctrine supreme secon la pensée Zen HENOIT — Lache prise 1JENOIT — L'esotérisme (ÍHASSAGNY — Karate defense contre ataque (1IIOI-HONG-HI — Tueknoxu-do thc art o f self defense DELCOUR — Tecnique u.. Kuíütií DOMINY — Teach yourself Karate IIABERSETZER — Apprenez-Vous mème le Karatè IIABERSETZER — le Karatè technique Wado-Ryu 11ABERSETZER — Le Karatè — do — techniques de base IIARISSON — The Manuel of Karate IIASEMEIER — Karate Technik MARA-NARAKI e KOZUKI — Kempo self defense HERRIGEL — Le Zen dan l'art chevalesque du Tir À l'arc INTERNACIONALES J U D O UND KARATE J O U R N A L - Revista [AZARIN — L'espirit du Judo 1 .ASSERE — Les secret du Karate — do LASSERRE — Premier manuel pratique du Karatè-do LOWE — Mas Oyamas Karate MOCHIZUKI — Le Karaté-do techniques foundamentales

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MOYSET — Initialion au Karaté MATTSON — The u>ay of Karate MOCHIZUKI - Le Karate - füme NAKAYAMA — Draeger PRACTIAL KARATE - (6 volumes) NAKAYAMA — Dynamic Karate NISHIYAMÁ — Brown — Karate, the art of empty hand fighting NAKAYAMA — Draejer — Praktishes Karate NAMBRU — E infuhrung in modernem Karate Kampf NAKAYAMA — Techniques du Karate NAKAYAMA - Tout le Karate OYAMA - What is Karate? OYAMA — Tliis is Karate? OYAMA — Vital Karate OZAWA — Le entrainement au Karate — (tilme) PARKER — Secrets du Karate Chinois PLEE — Vaincre au moru PLEE — ABC du Karatê-do PLEE — Karate par 1'image P O R T N O I R - Le Karate PFLUGER — Karate basic principies PAUVELZ — Karate, mit blossem Handem SUZUKI - Karate-do S M I T H — secrets of Shaolin Temple boxing S M I T H — Pakua chinese boxing for fitness and self-defense S M I T H — man — ch'ing — Tai — chi SUZUKI — Essais sur le bondhisme Zen

-

462 -

VAN BAARENS - Les religions d'Asie WIDMEIR — Karate die Welt des Taekwon-do WILSON ROSS — Le monde du Zen YAMAGUCHI — Le Karate-do traditional japonais KM PORTUGUÊS: OYAMA - Karate Vital I .ASSERRE — Karate-Do-Manual — Prático Manual do Karate MINAMI — Karate Manual Prático

diagramas de KKDkS em geral

IEii-IIO-KllTi i

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indice geral

Í N D I C E GERAL

INTRODUÇÃO 1 — Algo a Respeito do Karatê 2 — Entre a Técnica e a Alma 3 — Um Pouco de História

1 3 4

CAPÍTULO I As 1 2 3 4 5 6 7 8

Origens — As Lutas Gregas? — Bodhidharma — As Escolas e Estilos Chineses — No Japão o Lar do Karatê? — G. Funakoshi ;.... — Comparando Com Outras Lutas — São Muitas as Escolas e Estilos? — E Sobre as Escolas Chinesas e Coreanas?

6 6 7 8 10 21 26

CAPITULO II Método Caminhando para o método certo 1 — A Prática do Karatê "é um Bem Para Todos? 2 — Onde Praticar 3 — Somente em Clubes Podemos Praticar o Karatê?

LL

30 30 33 36 38

4 5 6 7 8

— Sua Prática é Perigosa? — O Aproveitamento e o Aluno . . . » — Somente a Escola Importa? — As Obrigações Morais e a Cortesia — Os Graus

40 41 45 47 51

CAPITULO III O Material 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Usado Para Treinamento

— As Armas de Quem Pratica — O Seiken — As Derivações — A Mão — O Punho — O Cotovelo — 0 Antebraço — Os Pés — 0 Joelho

56

.

62 qjj 55 66 68 69 69 70 72

CAPÍTULO IV Princípios Que Formam a Base 1 — A Energia que Todos nós Possuímos e que Poucos Sabem Aproveitar 2 — Reunindo Nossa Força 3 — Força de Reação 4 — A Ação do Abdomem e dos Quadris . . . . 5 — Contração e Descontração 6 — A Respiração 7 — Algo Sobre a Respiração 8 — Algo a Respeito dos Reflexos

'73 74 75 76 77 78 79 80 86

CAPITULO V Atemi Concentração e Espírito 1 — A Batida Poderosa 2 — A Concentração Mental e o seu Próprio Domínio 3 — Deve o Espírito Adormecer? 4 — Vontade e Ação 5 — 0 Valor da Técnica e do Espírito 6 — Onde Está o Absoluto? 7 — Zen e Karatê 9 — A Parte Teórica

88 88 88 90 91 93 93 100 108 109

CAPITULO VI A Prática 114 1 — Como Praticar 114 2 — 0 Treinamento Necessário Para as Armas Naturais 120 3 — 0 T r e i n o no Hakiwara Pelos Membros Superiores 123 t 4 — O Treino Para os Membros Inferiores no Saco de Areia 125 5 — Preparo Físico 128 6 — As Mãos Deformadas são uma Necessidade? 129 7 — 0 Equilíbrio 130 8 — Exercícios de Elasticidade 132 9 — Tensão 135 10 — Exercícios com os pés 139 11 — Controle 142 143 12 — Coordenação — 13 — TornozeL Tornozelos ^1^ 14 — Tendões

15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27 28

— Joelhos — Quadris — Articulando os Artelhos — Para a Bacia — Outros Tipos de Flexões — Punhos — Tornando Flexível o Pescoço — Para o Tronco — Tornando Flexível os Joelhos — A Flexibilidade dos Braços — Músculos e Resistência — Pernas — A Técnica do Bastão

146 147 148 148 149 150 150 151 151 152 152 154 155

1 — Os Bloqueios — Uke-Waza .

178

CAPÍTULO X (Esquivas) Kawashi 1 — Os Quadris 2 — Poupando Energia 3 — Ainda a Defesa 4 — A Decisão no Contra-Ataque

195 197 197 198 199

CAPÍTULO XI

CAPITULO VII Onde Atingir 1 — Os Pontos Vitais Frente 2 — Costas 2 — Zonas na Competição

CAPÍTULO IX

156 156 158 159

Tsuki-Waza 1 — Técnicas de Ataque e Contra-Ataque . . . 2 — As Derivações

202 202 205

CAPÍTULO XII CAPÍTULO VIII Técnicas 1 — As Técnicas 2 — Conselhos 3 — Defesas 4 — Posições e Deslocamentos 5 — As Posições de Combate 6 — Os Deslocamentos 7 — Defesa

160 160 161 164 166 169 173 176

Uchi-Waza 1 — Técnica de Golpes Indiretos 2 — O Cotovelo e as Técnicas

215 215 215 219

CAPÍTULO XIII Keri-Waza 1 — Ataque e Contra-Ataque

222 222

CAPITULO XIV 1 — As Projeções e as Competições 2 — As Técnicas 3 — Barreira

236 237 238

5 7 8 9

Técnicas de Base 1 — Kumite 2 — Conselhos 3 — Assaltos Livres 4 — O Ippon 5 — Treinando Para Competir 6 — Conselhos 7 — Competições e Regras 8 — Convenções 9 — Proibições 10 — Pontos Vitais e os Limites Permitidos . . . 11 — A Projeção 12 — Ferimentos e Insultos 13 — O Julgamento

242 242 2 IS 'J48 251 268 278 28° 284 286 287 289 291 294 294 294

CAPÍTULO XVII 1 2 3 4

—A —O —O —A

Defesa Pessoal Agredido Agressor Resposta

Lembretes e Conselhos Desconfiemos das Fintas Defesa Pessoal Feminina Defesas

308 309 309 31

CAPITULO x v m

CAPITULO XV Renzoku-Waza 1 — Encadeamentos CAPÍTULO XVI

— — — —

297 :
1 2 3 4 5 6 7

— Os Katas — Combate Real — Exercícios de Estilo — História e Diversificações — Um Quadro dos Katas — Conselhos — Convenções

323 323 325 326 330 332 338

CAPÍTULO XIX 1 2 3 4 5 6 7 9 10 11 12 13

— Katas Básicos — Taikyoku-no-Kata — Taikyoku-shodan — Ten-no-Kata — Heian-no-Kata — Heian-Shodan — Heian-Sandan — Heian-Yodan — Heian-Godan — Katas Avançados — Tekki-Shodan — Kanku-Dai

-

340 340 340 345 348 348 356 361 366 37^ 370 375

14 15 16 17

— Bassai — Estilo Goju-Ryu — Sanchin-no-Kata — Saipa-no-Kata CAPITULO XX

1 — Preparo Físico EPÍLOGO Pequeno Dicionário de Termos Técnicos . . , . Termos Usados na Arbitragem Bibliografia

Este livro foi impresso pela SÍMBOLO S. A. I N D U S T R I A S GRÁFICAS Rua General Flores, 518, 525 Fone: 221-5833 Com filmes fornecidos pela editora

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