1. A árvore Da Vida - Z'ev Ben Shimon Halevi

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A Arvore da Vida

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A Arvore da Vida

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D.1dos lntcmadonais de Catalogaçao lia Publicaçao (ClI') (Câmara Brasileira do Uvro. sr, Brasil)

Xenton, Warren, 1933. A Árvore da Vida/ Z'ev ben 5hlmon Hale\'i; traduçlo Danllo D. Neg6cio.- 510 Pilulo: SklllanO,I99-:1

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ISBN85-267-Q654-3

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CDO-296.16 Índices para catálogo $lstem4tico: 1. Cabala: Judal$mo 296.16

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Título original: Tree of Llfe @1972, 1991 by Warren Kenton

Direitos exclusivos para a llngua portuguesa cedidos à Agência Siciliano de Livros, Jornais e Revistas Lida . Av. Raim.undo Pereira de Magalhães, 3305 CEP 05145~200 - São Paulo - Brasil Coord. editorial: Ana EmOia de Oliveira

Preparação; Sheila T. Fahre Revisão: Jônatas

J. Mello

c Kelen G. Amaro

Capa: Lya de Paula Editoração: Unha Editorial EdHora Siciliano, 1994

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Agradecimentos

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Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, consciente ou inconscienteu1ente, vivas ou mortas, contribuíram

para a realização des-

te trabalho. Sou particularmente grato aos meus antepassados e aos diversos mentores pessoais, 'especialmente àqueles que fazem pane da tradição da Society of the Common Life(Sociedade da Vida Cotidiana) .

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Sumário

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Prefácio, 11 l.Introdução, 13 2. História, 16 3. Existência Negativa, 24 4. O Relâmpago, 29 5.A Árvore e o Homem, 33 6.A Árvore e os Deuses, 45 7. Os Quatro Mundos, 63 8. Tríade e Oitava, 69 9. Caminhos, 81 10.Prática, 91 11.Exercício, 93 12.Parlamento, 95 13.Deus e Mammon, 105 14.Um Caso de Amor, 119 15.Nascimento-Vida-Mone, 127 16.O Tempo, 139 17.0 Planeta Terra: Uma Especulação, 147 18.0 Homem, 157 19.Objetivo, 164 Apêndice, 169



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Prefácio

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A Árvore kabbalística da Vida já existe entre nós há cerca de dois mil anos, Cada geração a trata através dos seus próprios pontos de vista, e este livro constitui unIa tentativa de enquaclrá-la no século XX, para que os seus brotos possnlll florescer

em uma

outra esmçào .

A Árvore da Vicia é uma analogia cio Absoluto, do Universo e cio Homem. Suas raízes penetram profundamente na terra e os seus ramos mais elevados alcançam o mais alto dos céus, O homem, ponto de encontro entre o Céu e a Terra, é lima imagem do seu Criador. Por ser lima ÁIvore em miniatura, completa mas irrealizada, e siruada em um grau inferior ao dos anjos, o homem tem a escolha de elevar-se galgando os próprios f311105, até atingir o dCITa-

deiro flUto. LOlldres, 5731



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Introdução

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A Árvore da Vida é uma i,magem da Criação, É um diagrama objeti, vo dos princípios que operam em todo o Universo, Moldada sob a forma de uma árvore analógica, revela o fluxo de forças que descem do Divino para o Mundo inferior e que retornam novamente a ele, Nela

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estão contidas todas as leis e sua interação. Constimi t3lnbém uma vi-

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são integrada do homem, O Universo Relativo paira entre dois pólos. O Tudo e o Nada. Cada extremidade desse eixo flutuante pode ser vista como Nada ou Tudo, enquanto ambos tornam-se os pontos de entrada e saída para o Absoluto, que permanece separado da Criação, Esta é a realidade plena. Para o observador atento, tudo o mais é ilusão - um drama cósmico composto e decomposto em uma ciranda cíclica de trant.ls dentro de tramas, que vão desde as reverberações mais sutis nos Mundos superiores até os 111ovimentos e alterações mais lentos ocorridos na l11ais grosseira Materialidade,

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O Absoluto não mantém contato direto

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a Criação, ainda que o

Ser penneie o núcleo do Universo, amparanc!,,-o como o silêncio por trás de cada som, Sem esta realidade negativa nada poderia existir, assinl como não há sombra sem luz. Neste Mundo relativo movemo-nos por entre partículas e ondas sem suspeitar, na maior palte das vezes, j

que o vislumbrado sempre desaparece e que o que vemos não se encontra realmente ali. A solidez é um enigma, um estado fugaz do nada congelado A Árvore d;{ Vida

momentaneamente

em uma forma familiar para nós, que

somos apenas viajantes de um cenário em constante mutaçJo denominado Terra . 13

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A Criação está separada do seu Criador, mais ainda que uma produção moderna de HCllIllet está de Shakespearc. Ainda assim se faz sentir a mão do Autor, e mesmo considerando

que os atores possam

interpretá-Ia a seu modo, a obra mantém-se essencialmente como o Mestre a concebeu.

O Universo

Reiarívo, assim como nossa análoga

peça teatral, é constmído seguindo o mesmo projeto, com protagonistas e coadjuvantes diante de diversos cenários desempenhando diferemes papéis,

buscando

encontrar

o equilíbrio,

criando ,e operando

acontecimentos dramáticos conhecidos como evolução. O relacionamento entre os diversos atores ou forças é muito preciso, embora elcs possam assumir diferentes atitudes sob condições específicas. Esta variedade de combinações está disposta na Árvore da Vida, de maneira que uma dada situação pode ser examinada e os participantes com as suas verdadeiras posições podem ser revelados . A Árvorc é um modelo do Universo Relativo. É o padrão do mundo inteiro, levando dentro de si um sistema recorrente de ordem. Além disso, qualquer suborganismo ou organização é uma imitação do seu

esquema. O homem é O principal exemplo, sendo um microcosmo do macrocosmo. O ser humano é uma réplica exata em cada detalhe miniaturizado dos cosmos situados acima dele. Na verdade o homem movimenra-se no mundo físico, que é constituído de átomos, moléculas e células, panicipa ainda do reino sutil das formas, pode auxiliar na criação consciente e tem acesso ao Divino . Assim como o homem é Ullla imagem da Criação, esta, por sua vez, não é mais que um reflexo do Criador. Utilizando esta comparação, habilitamo-nos a estudar o que está abaixo olhando para o que se encontra acima, c o que não podemos obselvar acima, examinamos no que está abaixo. Através da Árvore da Vida, obtemos uma conexão objetiva que nos traz discernimento e conhecimento - utili-

zando o princípio do paralelismo -



dos Universos superiores e infe-

riores, intcrnos e externos .

Em nossa. exposiçiio delinearemos em primeiro lugar a origem da Árvore da Vida, e depois o poder da sua iluminação e formulação. Acompanhando o desenvolvimento da sua concepção, veremos que princípios cósmicos aplicam-se a qualquer entidade completa. Observando seu funcionamento

notaremos de que maneira a Árvore reúne

todos os aspectos cios fenõmenos em uma ordcm inteligível, demonstrando-os em um quadro reflectivo, um Universo dentro do qual o Criador está presente, mesmo na mais densa matéria.

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Anteriormente a esses acontecimentos, Abraão ch~gara à conclusão, após uma investigação profunda nas religiões contemporâneas, de que existia apenas um Deus, invisível e vivo. Logo depois da inicia-

2 História

A verdadeira origem da Árvore da Vida é desconhecida. Tradicionalmente ela tem as suas raízes na Kabbalah, o ensinamento secreto do judaísmo. Todas as religiões perfeitamente estruturadas dispõem de duas faces. A faceta exterior assume a forma de palavras e rimais públicos, enquanto

o aspecto interior ê o intrínseco -.

freqüentemente

uma instrução oral que passa do mestre ao discípulo, estabelecendo entre eles um contato pessoal, no qual o Mestre sabe o que e quando deverá ensinar para promover o desenvolvimento do discípulo. Quando o discípulo torna-se um mestre pelo próprio direito, ele, por sua vez, partilha a própria sabedoria e entendimento com a geração seguinte; é desta forma que uma Tradição pode continuar sem intcrmp-

ções através dos milênios, mesmo não existindo qualquer vestígio da sua aparência externa. . Esse método oral é comum a todas as principais religiões. Contudo, igualmente a muitas outras instimições humanas, está sujeito à decadência e à corrupção, fazendo com que, de tempos em tempos na história, ocorra uma reformulação dos antigos princípios objetivos, adaptando-os à linguagem e aos cosmmes atuais . Diz-se que Abraão, pai da nação hebraica, recebeu o Ensinamento original das mãos de Melquisedec, rei de Salém, que era também sacerdote do Deus Supremo. O nome Melquisedec significa 'rei dos homens justos', ou 'meu rei ê a retidão', e Salém, o antigo nome de jerusalém, quer dizer 'paz'. Isso tanto pode-se interpretar como um fato histórico quanto uma alegoria, pois a Bíblia pode ser lída como uma versão eÀ1erna ou interna dos acontecimentos, tomando a falma de parábolas vivas.

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çâo recebida de Melquisedcc, implementou a sua crença com Oconhecimento objetivo, uma compreensão de que do lado de fora da vertente criativa de Deus surgiam muitas manifestações que nâo deveriam ser confundidas com o próprio Criador. Ao saber que fora reconhecido por Deus, Abraâo firmou com Ele um pacto para transmitir o conhecimento. Estava feita a Aliança. Os hebreus mantiveram esse entendimento com o Criador durante muitas gerações, apesar de que ocasionalmente sua tradição foi adulterada devido a cosmmes e crenças dos povos vizinhos. A essência, conmdo, era revivida periodicamente, como no episódio em que Moisés arrancou um povo relutante e escravizado da simbólica e texmal terra do Egito para um renascimento espirimal. No deserto do Sinai teve de mOrrer toda uma geraçâo de cosmmes servis antes que um novo Israel pudesse surgir em seu desígnio original. Indubitavelmente o cOl)hecimento objetivo acerca do Universo remonta ao tempo de Salomâo, pois constava do texto bíblico sobre esse penodo, sendo ~ construção do Templo e o candelabro de sete braços fonnulações da Arvore da Vida, assim como as colunas deJ;lchin e Boaz, que se er:contravam em ambos os lados do véu do Templo. O diagrama físico da Arvore ali construído desapareceu com a destruição do primeiro Templo e os judeus foram levados para o exilio na Babilônia. Na Babilônia ocorreram fatos estranhos. Além da ressurreição da tradição religiosa de Israel, levada a efeito por Ezequiel, que instava os judeus a regressarem a Jerusalém, os responsáveis pelo ensinamento secreto da religião entenderam que aquela era uma possibilidade única para um segundo renascimento da Nação. O hebrai~o, suplantado pela presença do vernáculo utilizado na Babilônia, deixara de ser a Iingua principal. Dessa forma, apresentava-se uma oportunidade para implantar muitas idéias ao hebraico, antes que viesse a se estabelecer novamente Como o idioma nacional- fazendo-o tornar-se uma língua que contivesse mais que um simples vocabulário de significados comuns. Sabemos que àquela ocasião as amais 22 letras do alfabeto foram reconstruídas, transformando-se os antigos pictogramas em um alfabeto mais consistente, conhecido como a escrita síria.

Posteriormente, muito após o estabelecimento desse novo hebraico (embora sem jamais conseguir suplantar o aramaico como a língua dominante do Oriente Médio), ele chcgou a ser considerado um idioma sagrado, passando, como o sânscrito, a ser utilizado em assuntos sacros . 17

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Uma obra em particular revela a construção filosófica do alfabeto hebraico. Trata-se do SeJer Yezirab, atribuído a Abraão, maS que provavelmente foi escrito nos primeiros séculos da era comum. Nesse livro, a cada letra estavam relacionados

um planeta e um signo do zo-

díaco. Aí se encontra uma chave para a solução do problema da data, pois o signo de Libra foi inserido no círculo zodiacal muito depois da molte de Abraão. Ainda outras qualidades foram agregadas a cada letra, sendo o conjunto centralizado

em um sistema dos três princípios

criativos corporificados no Ar, na Água e no Fogo. As diversas combinações dessas três forças faziam funcionar o Universo, e numerosos arranjos de letras com seus valores numéricos correspondentes descreviam as posições e os relacionamentos

evidentes entre o macrocosmo

do mundo e o microcosmo do homem. Provindo possivelmente de fontes gregas, foram também utilizados os conceitos pitagóricos de um triãngulo ou trindade contendo as dez letras relacionadas ao nome de Deus. Os especialistas discordam acerca de quem, primeiramenre, mulou esse diagrama. .

O intercâmbio do conhecimento

for-

objetivo entre os sábios de dife-

rentes nações e tradições, poucos séculos antes de Crisro, era mais fre-

qüente do que geralmente se supõe. Cel1amente homens inteligentes encontravam-se e trocavam idéias, enquanto os seus companheiros cuidavam ele negócios e política. Os judeus, embora fossem considerados freqüentemente um grupo patticularmente isolado, não eram ex-

ceção, encontrando-se

entre eles pensadores sagazes. Enquanto Pitá•

goras percorria o Mediterrâneo oriental em busca de conhecimento, sem dúvida alguns rabinos - e cntre eles não se encontravam apenas

os eruditos - também procuravam a companhia de sábios, mesmo os de culturas diferentes. No pOItOde Alexandria foi fundada pelos gregos lima grande biblioteca dedicada ãs nove musas. Nesse primeiro museu reuniram-se idéias originárias de todo o mundo então conhecido. A esse centro memorável, um dos primeiros ptolomenses convi-

dou 70 judeus para que os livros hebraicos, de que ouvira referências maravilhosas, pudessem ser traduzidos para O grego. Em companhia desses estudiosos,

certamente

encontravam-se

rabinos versados em

Kabbalah, a explicação oculta da Bíblia. Esses homens prpvavelmente eswbeleceram conexões com os ensinamentos secretos da filosofia e da religião gregas e egípcias, e dessa polinização cruzada foram acres-

cidas outras descobeltas para as diferentes tradições. Existem muitas evidênc1as de idéias pa
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A Árvore de Torn:'is de Aquino

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tram maior afinidade com os pensamentos grego e hebreu do que com o simbolismo egípcio. _ O acréscimo de novas idéias e a reformulação de antigas era uma característica das Escolas de Kabbalah, e os rabinos, durante séculos, comprovaram e testaram cada aquisição antes de incluí-la no corpo literário kabbalístico. As provas do argumento, somadas ao lampejO da, inspiração,

mantiveram

um equilíbrio

necessário ~o estrei[Q camio??

da visão através da floresta da ilusão. Por esse motivo, não era permltldo aos homens estudar a Kabbalah antes de atingir a plena maturidade, pois o vinho do misticismo poderia desequilibrá-los, assim como o fazem as viagens com drogas dos jovens de hoje. :Umhomem devia ter experiência de vida, possuir estabilidade suficiente para manejar e do- / minar as coisas terrenas, antes de tentar alcançar os porrões celestiais.1

_ Alguns especialistas afirmam que os primeiros escritos sobre Kabbalah foram elaborados no século 11da nossa era por pessoas presentes às discussões do rabino Simeon ben Yohai. Outros, contudo, atestam que muitos, senão tod;)sosUvros aõSCômentãrios do Zohar, foram cscritos ou compilados por um judeu-espanhol do século XIII chamado Moses de Leon, cuja viúva alegava que ele os escrevia com fins lucrativos, disfarçando-os sob uma forma arcaica, porque as pessoas de então, igualmente às de agora, apreciavam e valorizavam as antiguidades. Isso, porém, não tem importància. Mais ~ignificativo foi a Kabbalah ter emergido da obscuridade na Espanha medieval,. tomando da autoridade decadente da escola rabínica da Babilônia o diagy ma completo da Árvore da Vida. Além dos seus efeitos sobre o período áureo árabe-judeu na Espanha, a Kabbalah e suas idéias exercemm uma poderosa influência no cristianismo. A Igreja passava àquela época por uma necessidade de reafirmação, identificada pelos representantes mais inteligentes do seu clero, que sentiram-se perturbados pela qualidade das idéias provenientes das universidades

muçulmanas e judaicas e,

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conseqüência,

concluíram que a Fé não era o bastante.'Com a ajuda de outros, O sábio católico Tomás de A~uino encontrou a solução nos seus estudos acerca do judaísmo, cõffibinàílcío o trabalho kabbalístico de)liony.sios breopagita com o pensamento de Aristóteles. Em decorrência põde ele formular uma teoria completa, que foi depois incorporada aos ensinamentos da Igreja. Em oposição aos cristãos platónicos, Toniás de Aquino trouxe o Universo abstrato para o mundano ao relacionar Deus e as influências angélicas através da Árvore da Vida ao mundo dos elemeutos, dos vegetais, dos animais e do homem. Baseando-se nesse conceito kabbalísrico, surgiram as nove ordens da hierarquia / eclesiástica. Até mesmo os grandes constmtores de cateqrais sofreram

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tal influência. Erigida pelos pedreiros que fundamentavam as suas /' idéias no Templo de Salomão, a fachada ocidental de cada igreja possuía duas torres, representando as colunas gêmeas existentes em ca;Ja lado.do véu do Templo. Estavam ali as duas colunas exteriores da Arvore da Vida, caracterizando os aspectos masculino e feminino e as forças ativa e passiva que descem do Céu. Denominadas torres do Sol e da Lua na catedral de Chartres, essa idéia repetiu-se nos séculos pos- / teriores, embora a fonte originária tenha sido esquecida. Um outró' _ conceito é O da Santíssima Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo -, com a Noiva kabbalística representada pela janela elevada da submissão. Observando-se com um olhar atento, muitas plantas de catedrais assumem um significado diferente. /' Durante o Renascimento, a Kabbalah e a Árvore da Vida eram conhecidas de muitos estudiosos. O Zohar, com seu complexo conjunto de estudos sobre a Bíblia, numerologia, anjos, natureza humana e muitos outros assuntos correlatos já haviam sido impressos, despertando o interesse de estudiosos não-judeus, pois em parte estavam relacionados aos conhecimentos oriúndos do mundo bizantino e em pane devido às suas ligações com a magia. Essa utilização da Kobbalah provocou-lhe um considerável descrédito, inclusive entre os próprios judeus, dando motivo a ocasionais

_

psicoses coletivas e a n10vimenros

exóricos em determinadas comunidades judaicas no norte da Europa, as quais necessitavam desesperadamente de uma tábua de salvação /' mística a sc apegarem durante as repetidas ondas de perseguição. / Esse aspecto mágico, comumente mal-entendido ou parcialmente digerido, tanto fascinava quanto afugentava as pessoas que entravam em contato com a Kabbalah. Para os verdadeiros estudiosos e filósofos, ela era uma Escada de Jacó com ligação direta para tl Céu, um método de estudo, a base de um código de retidão e um ponto de referência para as artes e a ciência contemporâneas.

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Para o charlatão e o

aspirante profissional a messias, era uma arma prodigiosa para aprisionar, amedrontar e fascinar indivíduos e gmpos. Igualmente à tecnologia do século XX, ela poderia ser utilizada a favor ou contm o homem, libertando-o da servidão ou destlUindo-lhe a alma e o corpo. Se, por / um lado, os kabbalistas discutiam a natureza do Universo com Pico della Mirandola, brilhante luminar da corte dos Medici, por outro amuletos kabbalísticos eram vendidos para afastar os maus espíritos ou livrar os inimigos. O kabbalismo popular atingiu o auge nos séculos XVII e XVIII com uma fartura de messias e místicos que decepciona.mm os seus seguidores, à exceção de um, o santo incomparável Israel Baal-Shem, um místico namral que foi o foco do movimento de renascimento judeu, chamado hassidismo, florescente até os nossos dias ..

20 21

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Entreranto, muito desse kabbalismo estava baseado em visões e milagres, e enquanto o judaísmo recebia o tão necessário impulso, o movimento mais se relacionava ã paralela revigoração do cristianiSmo do que ã filosofia. O hassidismo amadureceu, mesmo enfrentando a oposição dos rabinos ortodoxos, chegando ao pontO da excomunhão de Baal 5hem. Com o passar do tempo, esse grande impulso de energia foi perdendo a força, formalizou-se e institucionalizou-se, mais pelo costume do que pela convicção espontânea. Contudo, as chamadas práticas kabbalísticas continuaram, de modo que, mesmo entre os judeus que emigrarám do Leste Europeu para o Oeste no século XIX, era possível enCOntrar kabbalistas capazes de fazer magias para tirar o mau olhado . Essa degeneração do kabbalismo externo não impediu, contudo, as investigações de pensadores judeus e gentios. O trabalho prosseguia onde quer que a Kabbalah e a Árvore da Vida fossem inteligentemente consideradas. Grande parte desse esforço tinha fins culturais, uma mistura de investigação inteleetual com uma centelha de esperança de que alguma chave fosse capaz de solucionar o mistério. Muitos livros foram escritos e idéias desenvolvidas, mas nada alcançou' a qualidade atingida na Idade Média e nos períodos anteriores. O século XVII produziu muitas contribuições especulativas, mas por volta do sé-

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pertcncem grupos csotéricos, estuda?do numer?s~s Sist?ma~ c métodos. Muitas dessas organizaçôcs baseiam-se em IdéiaS onent~ls, sendo ãs vezes completamente estranhas ao temperamento OCIdental. Embora possa-se argumcntar que elas trazcm um panorama .n?~o, os efeitos dessa adulteração provocam freqüentementc lIm~ diVisa0 n? homem, gerando lIm conflito espiritua~. Nâo sc pode mIsturar (radlçôcs e temperamento espiritual tão. faCilmente. Cada filosofi~ e .cada religiâo são peculiares ao seu própno lugar; mlllras vezes o hlPPI.e Inglês em K:1tmandu está na metade do caminho não apenas do Onentc e do Ocidente, mas dos tempos antigos e modernos. Encontra-se. aquI um limbo perigoso, no qual penetram muita~ pessoas bem-1I1ten~lonadas. No Ocidente possuímos as nossas própnas tradições, tão an,lIgas C experimentadas quanto as orientais. A Ka,?balah é uma delas, é e parte integrante da tradição judaico-greco-cnsta da Europa.. . ' . Em resumo

a Árvore da Vida, como o seu norne Implica, diZ. I~S.

peito ã palavra'viva. Existe agora, no sécul? XX, assim con~o cXlslIrá na eternidade.

Nossa tarefa ê transcrever a Arvore em

UIl''1a

linguagem

moderna, para qlle assim,ela se torne manifcsta para nós e para os demais. A menos que o 5efirah mais el~vado de Kerer estcJa concctado ao 5efirah mais baixo ele Malkhut, a Alvore da Vida permancccl-:i Incomplcta - e o Céu não podCI-:ialcançar a Terra.

culo XlX as ciências narurais começaram a interessar mais aos pensa-

dores que o misticismo. No século XIX desenvolveram-se divcrsos movimentos semi-religiosos compostos por pessoas decepcionadas com O materialismo e com as suas próprias religiões formais. Esses grupos incluíam também judcus que sentiam que o judaísmo ortodoxo não preenchia as suas necessidades filosóficas. As discussôcs rabínicas converteram-se em meros argumentos eruditos. Já há muito não existia sabedoria e compreensão espontâneas ou um interesse verdadeiro pelo significado interior do judaísmo, especialmente quando a inteligência judaica dcixou-se envolvcr pelo conceito do sionismo. Gradualmentc o objetivo de Jerusalém mudou do espiritual para O prático, e a. política tomou conta de todas as polêmicas. 5ion, O lar sonhado do exílio, deLxou de significar a busca do homem para rcconquistar o Éden, passando a representar a reinsralação de uma nação na Palestina . Atualmente o judaísmo, como todas as religiões formais, está perdendo o scu apelo para as gerações mais jovens. Entretanto, isso nâo quer dizer que a nossa era não seja religiosa. Longe disso, muitos jovens procuram seriamente uma resposta em uma situação mundial complexa e conflitiva. Muiras pessoas encontram-se presentemente interessadas na busca da verdade através das drogas, enquanto outras 22



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3 Existência Negativa

EN SOF AUA: Luz ilimitada

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Primeira Coroa

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Há um Universo Absoluto e um Universo Relativo. No meio deles situam-sc os véus da existência negativa. O Absoluto encontra-se além da erernidade. É atemporal, não possui forma nem substância _ além da exisrência. É Nada e é Tudo. É imlJlável e ao mesmo tcmpo não permanece sem mudanças - simplesmente é. O Universo Relativo é a manifestação ela Criação, o desenvolvimento de um impulso divino, um imenso leito de selllcntes que se transformarão em flores e depois em frutos, quc após o amadurecimento decairão e morrerão até regressarem à fonte, prontos para renascerem outra vez.

Dentro desse granele complexo tudo tem o seu tempo e lugar, e ainda que algumas características e funções surjam em escalas vastamentc diferentes dc tamanho e duração, cada coisa se encaixa precisamente dentro de um todo, assim como o nosso Sol se ajusta ao esque-

ma da via Láctea c a célula hepática está relacionada ao nosso organismo. Superficialmente as substãncias do Universo parecem ser iguais, mas a água do mar, por cxemplo, não é igual à dc um rcservatório, nem pode abrigar as mesmas formas de vida. É a posição relativa que

altcra sua função. Seguindo COIllo exemplo, uma molécula de água pode passar por diferentes estados. Em primeiro lugar, como vapor, compõe

uma nuvem, Depois condensa-se em uma gota, cai entre um

núcleo de poeira e transforma-se em uma entre milhões que formam uma poça que pcnetra no solo antes dc ser absorvida por uma planta . Durante algum rempo, ela pode fDtar-se na estrutura orgânica, palticipar da seiva que, por sua vez, é sugada das fibras vegetais por algum

animal. Então flui pela corrente sangüínea da criatura, até. que aquele animal seja talvez malta e comido pelo homem. Ainda aqui, a molécula atravessa nlúltiplas experiências no corpo humano até a sua eliminação. Havendo seguido um percurso tão longo, ela sllPmete-se a v,,rios processos mecânicos, químicos e orgânicos de transformação antes de ser lançada em um rio, onde circula junto a uma miríade de

outras moléculas de água, cada Ullla COllluma história diferente, até retornar ao mar. Talvez sejam necessários vários séculos nas profundezas antes de ser trazida ã superficie e evaporar-se na atmosfera, tornando-se nuvem outra vez. Assim é o mundo relativo, cm miniarura. No Univcrso Relativo, tudo é uma qucstão de tcmpo e lugar. O Sol é Um adulto jovem em comparação ã maioria das estrelas, e a Terra é ainda adolescentc com os primeiros pêlos verdes apenas comcçando a cobrir o seu rosto. A humanidade, considerando O seu compoltamcnto, esrá provavelmentc na sua infância -sc a julgarmos pelos seus periódicos arrufos e quebra de brinquedos! Tudo é relativo, COmcada nível contido no de cima e contendo O de baixo, e o conjunto ajustado a . um grande projeto, que vai desde a cnergia mais elcvada e mais podc-

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l rosa até o mais inferior e mais denso dos elementos. lemos aqui o cume da Árvore da Vida, Keter - a Coroa -, e a base, Malkhut - o

Esse ponto que a tudo inclui é chamado de Primeira Coroa, a primeira indicação do Absoluto, talvez melhor conhecido corno Eu Sou, o

Reino.

primeiro dos muitos nomes de Deus .

A Árvore da Vida define o Universo Relativo em todos os níveis. É o padrão arquetípico. Todavia, acima dela, além de Keter - a Coroa Oca através da qual o Criador se manifesta - jaz o imanifesto da existência negativa.

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A existência negativa é a zona intermediária entre a Divindade e a sua criação. É a pausa que precede a música, o siléncio por trás de cada nota, a tela em branco sob cada pinrura e o espaço vazio pronto para ser preenchido. Sem esta Existência inexistente, nada chegaria a ser. É um vazio, mas, apesar disso, sem ele e o seu potencial o Universo Relativo jamais poderia se manifestar . A existência negativa está sempre presente em todos os níveis da Criação. Está por trãs do espaço e do tempo. Sem ela não haveria galáxias ou homens. Contém, da mesma forma que o recanto vago de um aposento, o vazio em que vivemos. O vazio é o fundo fixo contra o qual se movimenta o tempo. A existência negativa capacita o homem a ser O que é. Espelho dos Espelhos, a não-interferência da existência negativa possibilita o reflexo mais perfeito da Criação . O véu mais próximo do Universo Relativo é EnSof Aur-a Luz Ili-

Partindo dessa Coroa suprema, fluem todos os seres que foram, são e serão. A existência negativa contém miríades de possibilidades. O homem vê apenas urna ínfima parcela dessa dimensão sempre presente. Nele estão todos os seus filhos e os filhos dos seus filhos. De Adão originaram-se todos os homens. Teria Abraão compreendido a total implicação da sua semente transfol111ando-se em uma nação' Talvez somente os mais sábios sejam capazes de perceber o que se encontra dentro deles, o que neles está presente de uma forma negativa, pronlo a se manifestar amanhã ou daqui a um milhão de anos . Essa é a existência negativa, que parece estar logo aí, mas não está, que pela sua verdadeira natureza é a mais próxima, mesmo sendo a mais dificil de perceber. Aqui o Absoluto está separado da sua criação, ainda que sempre presente dentro dela .

mitada, ou seja, a que se encontra em qualquer lugar e penetra até

mesmo na matéria mais densa, como O fazem alguns raios cósnlicos tão finos que podem atravessar perfeitamente o nosso planeta, assim como a luz física atravessa uma vidraça.

O segundo véu, do qual sabemos menos ainda, é En Sof - o Ilimitado -, que é o primeiro degrau em direção ã manifestação do Criadol'. É o ponto em que En, o Vazio Final, focaliza do Nada ao Ilimitado, ou Infinito, onde exis~ealguma coisa que é, no mínimo, senl fim. Adiante disso está o Nada', e mais além o Absoluto. Esses três estágios formam uma condensaçào,

uma cristalização



do Ser, permeando

a completitude do Tudo a partir de um ponto situado no centro de uma esfera sem circunferência. Essa destilação, esse ponto, não tem dimensão descendo

de tempo ou espaço, embora contenha todos os mundos, a escada da criação desde o reino mais elevado até o mais

inferior, e possuindo em sua composiç,10 espaço, gás, formações galácticas, galáxias, estrelas, planetas, vida orgânica, homens, órgãos, cé-

lulas, moléculas, átomos e reinos subarômicos, até atingir aquela zona em que a matéria deixa de ser sólida, transformando-se primeiramente em energia e depois, novaOlente, em um nada ilusório . • Em inglês, NO-fbing significa 'coisa algum,l' (N. do T.),

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o Relâmpago

A estrutura da Árvore ~a Vida baseia-se nas emanações que fluem do alto, a partir da Primeira Coroa. Cess,ado o primeiro impulso da criação, desenvolve-se uma seqüência desde o primeiro Sefirah (ou recipiente), passando por oito estágios até se dissolver no décimo Sefi'rah, chamado Malkhut, ou o Reino, na parte inferior da coluna central. Esse desenvolvimento primário poderia ser comparado a uma oitava musical de dó a dó, com cada nota desempenhando uma função particular, enquanto as emanações interagem entre a energia e a forma, tal como o expressam os pilares esquerdo e direito da ÁIVore da Vida . Essa progressão é chamada de Relâmpago pela sua movimentação característica, em forma de ziguezague, ÁIVore abaixtJ. Principiando em Keter - a Coroa -, flui para Hokhmah - a Sabedoria -, onde se manifesta como uma poderosa dinâmica no alto da coluna ativa encimada por Abba, o pai cósmico ou o princípio masculino. Atravessa então até Binah - a Compreensão -, que no seu papel de Aima, a mãe cósmica, encabeça a coluna feminina. As colunas ativa e passiva são também conhecidas como os pilares da Severidade e da Misericórdia, sendo a última a masculina. Aqui começa a funcionar a Trindade da Criação, quando a energia divina, partindo do 'equilíbrio perfeito, procura enCOntrar o seu nível e dissolver-se novamente. O fluxo das emanações - não diminuído em sua natureza essencial, apesar de passar a uma outra ordem - cruza então a coluna central do equilibrio e passa para o Sefirah Hesed, ou Misericórdia. Nesse ponto, o poder sendo novamente recebido na coluna ativa assume a qualidade expansiva di- ,

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Relâmpago

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nâmica desse estágio, antes de atravessar até Gevurah, ou Julgamento, na quinta estação. Aqui a força é testada, equilibrada e aju5tada antes de prosseguir até Tiferet, o Sefirah vital do pilar central da Árvore. Nessa conexão há um ponto critico de equilíbrio. Tiferet, ou Beleza, mantém uma relação especial com Keter, a Coroa, pela ligação através do eixo da coluna central. A única coisa que separa Tiferet de Keter é um Sefirah invisível chamado Daat, ou Conhecimento, que somente ciona em condições especiais. Em Tiferet mantém-se uma imagem, um espelho de Keter que opera em uma escala menor. As emanações passam em seguida para o Sefirah ativo Nezah, ou Eternidade. Nesse ponto as funções ativas repetem-se continuamente para manter O nível de

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energia. A partir desse transformador, as emanações atravessam atê

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Hod, ou Esplendor, que também pode ser traduzido da raiz hebraica como Reverberação, sendo esta, talvez, uma descrição mais apropriada à função de Hod, cuja tarefa é colher e transmitir infomlação. Daqui as emanações atingem novamente a coluna central e focalizam-se s0bre Yesod, ou Fundação. Nesse ponto elas são reOetidas outra vez, mas de uma forma mais opaca por se tratar do reOexo de um reOexo, ainda bastante poderoso para produzir uma forte projeção - mas apenas uma projeção. Diretamente abaixo encontra-se o último Sefirah, Malkhut, o Reino. Nele acumulam-se todas as energias, ativas e passivas, bem como todos os processos recebidos dos Sefirot superiores . Ali está o dó, complementando a oitava. Os Sefirot da Arvore podem ser considerados como 11msistema de , funções em um circuito, através do qual Oui uma corrente divina. Cada função gera não apenas fenômenos, mas transforma todos os subcircuitos adjacentes. Qualquer um dos Sefirot é capaz de alterar a direção do Ouxo, ~riando campos e ações variáveis. A energia pode ser dirigida para cima e para baixo em todos os Sefirot, modificando assim os acontecimentos, enquanto a corrente regreSsa à Fonte, passando pela Terra de Malkhut . Um exemplo do Relãmpago passando através da Árvore pode ser visto no processo de escrita de um livro. Keter é a Coroa, o princípio criativo. A idéia é concebida em Hokhmah. Como uma visão, ela pode ser muito poderosa, a semente de um grande romance, mas em Hokhmah é apenas uma idéia, potente mas informe. Depois de muito tempo ela começa a ser formulada em Binah. Seria talvez melhor como uma peça teatral ou um roteiro de filme? Poderia ser como um conto, breve e objetivo? O tempo e o princípio do Sefirah receptivo superior de Binah lhe darão a forma de um livro de, digamos, tamanho médio, centrado em uma situação específica, na qual estarão presentes determinados personagens. Esse estágio poderá permanecer durante anos 30

na nlente de um escritor, para, talvez, nunca ser escrita~Masum dia ele a focaliza como uma entidade definida, com um projeto grandioso. 1sso é Daat o Conhecimento. A partir deste momento, inicia-se um processo co'mpletamente novo, chamado por alguns escritores de 'elaboração'. Ao periodo de incubação segue-se o Hesédico ou de gestação, caracterizado por um grande crescimento e expans~? S!tuações vão surgindo, trechos de diálogos intrometem-se na conSClenClado escritor, os personagens começam a desenvolver-se e~pontaneamente, e toda a história passa a desenrolar-se e a ter sentido. É justamente nesse lugar Hesédico da operação que o escritor deve mergulhar no trabalho a fim de perder, por pura dissipação mental, as idéias que brotam em seu íntimo. Começa escrevendo um esboço, concatenando as forças criativas nele presentes. É necessário, no entanto, julgar e retificar continuamente (funções de Gevurah) tudo o que é recebido de Hesed, pois isso freqüentemente excede o que ele de fato carece, leva'ndo a uma constante reedição do material. Lentamente o livro toma forma; a essência, ou Tiferet, começa a aparecer. Talvez seja essa a obra do século, a destilação da experiência de toda uma vida ou, provavelmente, um relato despretensioso sobre assuntos econômicos que terá, mesmo assim, sua própria marca, sua qualidade inteiramente distinta. Isso é o que diferencia um Tolstoi de um Hemingway. Em Tiferet, a síntese da forma e da energia está centralizada na coluna do meio, sendo esta a ra~ zão pela qual esse Sefirah é conhecido como Beleza. Entretanto, ate aqui O livro ainda não pode ser visto, permanecendo em quase sua totalidade na mente do escritor; este que precisará compô-lo integralmente, ou ele se transfomará em mais uma obra-prima não escrita. Nezah, ou Eternidade, encarrega-se desta tarefa. As forças vitais do corpo: controladas por Hod, ou os processos voluntários, farão a pena movlmentarse sobre o papel. Nezah conhece instintivamente ~u trabalho, enquanto Hod, treinado nos reOexos mentais e fisicos, dirige o conhecimento adquirido ou a linguagem para aquilo que se tornará frases , inteligíveis. Yesod, ou Fundação, que é um amálgama de tudo o que aconteceu anteriormente, organiza a operação em U111 estIlo pessoat reOetindo o que foi escrito enquanto retém uma imagem na memória para referência. Malkhut é o corpo e o livro em si, a verdadeira manifestação fisica no mundo. O Céu alcançou a Terra . Nesse exemplo) temos uma noção sumária do Relámpago,. t~1 como é descrito na Arvore Humana da Vida. Todos os processos Criativos do Universo seguem o mesmo padrão, levando em conta, porém, seus próprios níveis.

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A Árvore e o Homem

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Diz-se que a Árvore é $ubjacente a todos os seres ou ofl~anizações completas. Como, porém, ela está relacion'ada ao homem? E da maior importância que cada pessoa observe com clareza O conhecimento advindo 'da própria experiência, ou ela se tornará uma mera aprendizagem. Gravuras antigas colocam uma figura humana masculina, com os braços levantados, sobre a Árvore da Vida, estando a coluna passiva à sua direita. Isso diferencia o microcosmo da Árvore macrocósmica da Vida, na qual os Sefirot encontram-se da esquerda para a direira. Desse modo, o microcosmo forma uma relação espelho-imagem com O Universo.

A Árvore e o Homem



Nesses diagramas, os Sefirot são às vezes relacionados diretamente a cel1as pal1es do corpo: Tiferet ao coração ou plexo solar, Hesed ao braço esquerdo, Gevurah ao fOl1ebraço direito, Yesod aos órgãos genitais, Nezah e Hod às pernas, apoiadas no Reino de Malkhut, ou os Elementos. Binah e Hokhmah são freqüentemente colocados em cada um dos lados da cabeça e, em outros diagramas, nas palmas das mãos levantadas, com o Keter, a Coroa, no alto, sobre a cabeça . Minha própria simpatia recai, contudo, na escola que coloca todo o corpo físico em Malkhut, com os seus processos vitais circulando na tríade Nezah-Hod-Malkhut, com o Sefirah Yesod agindo como uma tela refletora' da consciência no seu centro . Pal1indo de Keter, Como o potencial humano pleno c desconhecido, acompanhamos o caminho ziguezagueante do Relâmpago descendo através do ser humano . 33

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Em Hokhmah, Sabedoria, encontramos a função do Inteléetointe: rior. Essa é a parte mais profunda da mente, o centro intelectual mais elevado, do qual emana o pensamento silencioso. Dessa poderosa área provêm as idéias e as observações mais intensas. Esse centro vê com o olho interior da iluminação e fala sem palavras, Como Sabedoria. Possui uma qualidade quase divina e mantém, de fato, uma conexão direta com o Mundo Divino. A originalidade é a sua característica c, na maioria dos homens, s6 ê ouvida conscientemente

algumas ve-

zes durante a vida. Diz-se que a epilepsia, a doença divina, é o estado produzido quando um homem subitamente apresenta um excesso de Hokhmah e bloqueia o restante do seu organismo, privando-o da réstia de luz. Em raras oportunidades pode-se manifestar como um lampejo de gênio, ou como os degraus finais da Iluminação. Para contrabalançar, na coluna passiva está Binah - o intelecto externo ou a Compreensão. Como o nome implica, esse Sefirah suporta e recebe. É feminino e age como uma formulação ao estímulo ativo vindo de Hokhmah, do outro lado da Árvore, e originado acima, em Keter. Transforma, através da inteligência receptiva, as comunicações em princípios compreensiveis. Esse é um procedimento demorado, podendo durar muitos anos. Einstein dizia que visualizava certas idéias por um instante, mas precisava gastar um longo período elaborandoas, até voltar à concepção original. O fator tempo é uma qualidade de Binal1. Além de receber do alto, Binah reage também ao fluxo vindo de baixo. A experiência do mundo exterior se acumula em Binah sob a forma de compreensão,

e um acontecimemo

observado

muitas vezes

é visto em termos de uma visão global. "Sempre acontece assim", diz o Intelecto exterior. Se tomarmos de modo consrnttivo, servação do grande propósitoj mas, se o utilizarmos

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constitui-se em uma concepção muito generalizada e conservadora. Vemos aqui como a ênfase ocorrida em um dos lados da Árvore resulta em um enfoque reacionário, se na coluna passiva, volucionária,

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se no lado ativo. Nenhuma

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está balanceada,

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necessitan-

do centralizar-se na coluna mediana do equilíbrio. Binah atua neste e vice-versa. Isso acontece ao longo de toda a Árvore, com cada lado testando o outro constantemente. Binah é o pensamenro reflexivo, para contrabalançar a inspira • ção. É o método, a estruturação de princípios, a visão a longo prazo e a apreciação dos processos e padrões cósmicos. Encontramos esses dois Sefirot superiores trabalhando no velho sábio e, algumas vezes, nas partes recõnditas de nós mesmos. Em termos cósmicos, eles são o nosso pai e a nossa mãe, físicos, psicológicos e até mesmo espirituais. caso como o conrrapeso de Íiokhmah,

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isso é útil na obirrefletidamente,

Hesed é a emoção interna, a qualidade de devoção observada no trabalho de toda uma vida, a profundidade experimentada talvez em um caso de amor, ou a sensação de ser tocado em um profundo

ins-

tante de religiosidade: Esse Sefirah representa no homem uma poderosa necessidade criativa, o tipo de força capaz de fazer um povo desenvolver um continente, dedicar tempo e dinheiro às boas obras, proporcionar cuidados a uma família carente ou dispender uma atenção consciente à prática de uma atividade artística. É o manancial emocional, a corrente de águas profundas drenada pelo homem à procura de recursos quando as emoções ordinárias se tornam inadequadas. Esse é o lugar onde se origina a magnanimidade, e do qual afloram os sentimentos sublimes. No ser humano, Hesed é a outra voz interior. Não é o valioso julgamento de Gevurah - seu complemento emocional na Árvore. Hesed possui as características da misericórdia e da generosidade; entretanto, se for superdimensionado, pode transformar-se em um dilúvio de sentimentos, um amor asfixiante, um déspota benigno que vê a sua licenciosidade como um direitCl,a rudo tolerando. Nesse estado de desequilíbrio, um homem dissipa sua força e sua saúde na indulgência, sua falta de Gevurah ou Julgamento dando ensejo a um laissezjaire absoluto. Um exemplo menos extremado é o do intelectual centrado em Hesed que assume uma postura ultraliberal. Ele citará, partindo usualmente de uma segura situação material Hesédica, ideais acerca da liberdade universal e da fraternidade entre os homens, enquanto os seus companheiros menos afortunados são oprimidos por criminosos que se aproveitam da sua falta de vigilãncia . Gevurah - a emoção externa - é o contrapeso no par de opostos emocionais. Sua função, eventualmente definida com~ Severidade, é julgar, a cada momento, os atos que praticamos na nossa rotina diária . Idealmente, Gevurah deveria ser imparcial, mas nenhum homem é concebido nesse padrão. Ele çeve ser criado PSlo equilibrio e pela interação entre os lados pOSitivOe negativo da Arvore. Essa aspiração pelo equilíbrio é buscada por toda a Criação, em todos os mundos. É também expressada no nome tradicional do pilar do meio, Clemência, que fica entre as colunas da Severidade e da Misericórdia . Com Gevurah chegaria-se à avaliação passiva. Ele recebe as emanações superiores de Binah e, juntamente com a sua própria compreensão, fom1a um julgamento, o qual, de acordo com a filosofia adotada ou aceita por Binah, pode variar do ortodoxo ao excêntrico. Até mesmo um anarquista possui O seu Binah e faz dele o ponto de refe.rência para os seus próprios julgamentos. É preciso observar uma acalorada discussão política para ver Binah e Gevurah em ação. .

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Tiferet, a Beleza, ou a Natureza Essencial de um h~metl1 é a consciência de si mesmo. Ele conhece a si próprio, embora poss~ esquecer disso durante a mai()r parte do tempo, tão envolvido que se encontra em suas atividades. E o vigia nos momentos de grande perigo. É o observador que vê sem olhos, cuja lucidez destaca momentos com uma estranha clareza. Aqui está o que você é, um reflexo do Eu Sou. ~ão. é sem motiv? que Tifferet .é chal1)ado de Beleza. É o ponto de eqUlhbno, o centro s,métnco perfeIto da Arvore da Vida. Se você deseja examinar qualquer organismo completo, coloque-o na lámina do Tiferet, e a árvore atua rã como um microscópio. Utilizando esse cristal essencial, todos os aspectos encontrarão seus lugares na Árvore, com cada Sefirah d.emonstrando, através de seu princípio e função, a estru- .--tura e a orgamzação daqutlo que você está examinando. --No homem, sua natureza essencial é a chave. "Conhece-t~ a ti me~mo", dizem todos os filósofos. Em Tiferet encontr:Í-se este Self a-;,cio "cãininho entre o Céu e a Terra. Encerrado no corpo durante algum tempo, ele participa dos Mundos superiores e inferiores, trazendo a Di~indade até a matéria ~ elevando-a em direção ao espírito. Tiferet esta no ponto de conexão entre o visível.e o invisível. Quando você encontra uma pessoa que não vê há 20 anos, é bem provável que sua ap~rência física tenha mudado profundamente desde a última vez que

No seu relacionamento com Hesed, Gevutah funciona corretamente como o aspecto feminino. Igualmente a Binah, Gevurah reage também ao mundo externo. Preste atenção quando conhecer alguém e ouvirá o seu próprio Gevurah apresentar uma crítica silenciosa acerca de tudo relacionado ãquela pessoa ..Por trãs disso talvez esteja o seu misericordioso

Heséd, enquanto

acima um Binah convencional

estaw

belece o pano de fundo para as opiniões. Certamente são reações excessivamente mundanas, mas para a maioria de nós essas são as únicas que podemos identificar facilmente como partes distintas da nossa psique. Um Gevurah incontido, ou seja, sem o elemento compensador da magnanimidade proveniente de Hesed, torna-se ativamente. agressivo, . em vez de receptivamente perspicaz. Descontrolado, ele pode transformar o homem em um fanático, um tirano ou um militante cruel. Esse é o Sefirah do sim e do não. Como um servidor, é excelente; como um patrão, rabugento e perigoso. Em termos de assuntos humanos mais amplos, é a instituição que decide, subordinada ã lei - Binah -, o que esta certo ou errado. Nas reformas sociais é ele que afasta a hipocrisia e a corrupção. No nível individual, Gevurah destrói as mentiras e a doença - uma função vital em qualquer mente ou organismo. Um Gevurah superativo está presente na inquisição e no macarthismo, enquanto o passivo Hesed defende a licenciosidade em qualquer campo, seja ele econômico,

ético, social ou artístico. Novamente

a VIU, na escola, mas ainda assim você a reconhece, sêm dúvida. Será a fisionomia? Serão os olhos? Não. É algo mais, alguma coisa muito pes-

surge aqui ,o necessá-

soal que, e,!,bora decorridos 80 anos, continuará sendo uma peculiaridade dela. E a Nature~w=ciaLresplandecendo na pessoa. ...--' . Esse Seflrah ocupa um lugar especial. É um ponto para o qual as cOIsas fluem de todas as direções e de onde se projetam novamente' mas, ma.is.importante que isso, é onde fixa-se a criatura, pois Kete; pode eXIstir sem os demais Sefirot. Sem Tiferet ou a Matureza Essencial do homem, o corpo de Malkhut seria ape~as um autômato sem alma, um mero peso morto divino; sem qualquer possibilidade de evolução. Tiferet é, portanto, o ponto central do crescimento' cada lição aprendida nutre-se no Trono do Julgamento, elevando le~tamente o seu nível de um ser adormecido até o de um atuante completamente de~en~olvido, participante consciente dentro da pessoa. Esse é, talvez, o slgOlficado da história da Bela Adormecida e toda a sua corte de dorminhocos. Como uma Árvore da Vida, somos o palácio, a princesa e os cortesãos. Mas onde estará o príricipe? Acima de Tiferet, no eixo da consciência, está o Sefirah invisível de Daat, ou Conhecimento. Colocado abaixo da Coroa, representa no ho?Jem O ponto em que ele não somente sabe, mas é. É justamente nesse IOstante que se dissolve sua individualidade e ele pode experimentar.

rio princípio da reconciliação, corporificado no pilar do meio, por vezes chamado de coluna da suavidade. Tiferet - Beleza - é o foco da natureza essencial de um homem . Está situado na coluna central, o eixo da consciência, que circula para cima e para baixo, desde Keter até Malkhut. No homem, a altura em que ele se sim a nessa coluna determina o nível do seu ser e, enquanto os dois pilares laterais executam funções, a coluna do equilíbrio mostra quem ele é. A Na,tureza Essencial da pessoa é aquela com a qual um homem nasceu. E somente sua, mesmo que participando dos reinos superiores e inferiores. Tiferet foi descrito como Keter em um nível mais baixo ou

é

em termos bíblicos, como um homem ã imagem de Deus. Tiferet aquilo que ê mais real em um indivíduo. Aqui, no ponto para onde convergem oito caminhos, está a síntese corporificada em Tiferet. Conhecida tradicionalmente como o Trono do Julgamento, tem acesso a todos. os Sefirot, exceto Malkhut - o Reino - ou, no homem, seu corpo. EISporque a natureza essencial de um homem não pode ser vista no mun.do físico, apesar de ser possível delinear seu carãter através de suas açoes. /

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ditação, temos ciência da ocorrência de tais fenômenos. se desaparece

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a união com o Keter Divino. Em raros momentos

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mas no Nada - ou Coisa Alguma. O homem que alcançasse esse estado poderia muito bem descrevê-lo como um vazio, um abismo no qual O ego morre. A partir daí ouvimos muitos comentários mal-entendidos acerca da anulação do self. Talvez o paralelismo mais aproximado na vida cotidiana seja o do amor, em que o amante esquece totalmente de/, si mesmo na pessoa do ser amado. Apenas nesse caso a 'dama escura' citada por Shakespeare nos seus sonetos não requerirá por partilhas prometidas ao terminar o romance. Esse amor é de uma ordem cósmica, o primeiro passo na corte entre o noivo celestial Keter e a sua pro-/ metida na terrena Malkhut. Daat é O véu, atrás do qual jaz o conhecimento e a existência do Universo Objetivo. ' Nezah - a Eternidade ou o Sefirah da repetição - representa no homem todos os processos involuntários, inclusive o sistema autônomo. É o primeiro Sefirah que pode ser visto vel'dadeiramente atuando no reino físico. Nezah, na raiz da coluna ativa da Árvore, provê a força para todas as funçôes vitais, desde os batimentos cardíacos até O processo digestivo. Esse Sefirah não somente se manifesta nos diversos / processos cíclicos internos, mas também nos externos - como por exemplo

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no instinto de atração e repulsão entre os sexos, o fluxo e re~

fluxo dos desejos. Aqui está a Natureza em funcionamento, criativa, sempre construindo e desintegrando, circulando em uma midade de. pequenas mOdificaçôes diárias ligadas às mudanças ocorridas no Mun- /' do exterior. Em Nezah mora o amor, mas de uma espécie diferente do de Hesed, acima. Esse amor instintivo surge a cada primavera, quando milhares e milhares de rapazes sentem-se subitamente atraídos por outro tanto de moças, sendo cada relação, evidentemente, única para os envolvidos. Tal fenômeno tem sido observado com deleite ao longo ,/ dos séculos, e os amadurecidos entendem que faz parte de um ciclo, / um festival primaveril eternamente repetido no corpo da humanidade, Nezah, no organismo humano, é o abastecedor da casa de força instintiva. Mantém não apenas a saúde corporal, mas provê a energia para / !;Iod, os processos voluntários, e o seu contrapeso no lado receptivo da Arvore. Hod, como dissemos, pode ser traduzido do hebraico como J'splmd.9.r', mas a sua raiz está também na palavra 'l!.everberaçã.g', Segundo dizem, os kabbalistas utilizavam uma técnica tradicional para afastar os eventuais curiosos, provocando uma confusão proposital. A raiz etimológica da palavra Hod ajusta-se, com muita precisão, aos processos voluntários que incluem todos os sentidos possíveis de serem dirigidos e respondem, ou reverberam, aos estímulos fornecidos. Além 38

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em sonhos, como acontece na maior parte das vezes,

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,,~ dos cinco sentidos aparentes, O homem não somente é sensível ao caIar, ao odor, ao som e às demais impressões físicas, mas é também aberto ao significado contido dentro do som das palavras, à musica, aos caracteres conhecidos como matemática, aos símbolos e às formas. Um homem pode receber estímulos físicos, emocionais e intelectuais, e todos precisam ser comunicados ao mundo interior do organismo. Assim, um notável conceito abstrato ou a visão de uma.Q}Qç.'l.J11,!.:t podem provocar um grande impacto em um homem e, ainda assim, não serem recebidos pelos mesmos Sefírot dentro dele. A excitação gerada nesses dois exemplos poderia ser de Hod e N~~,h, respectivamente, sem que venha ocorrer necessariamente em outras situaçôes. Além de reagir ao mundo exterior, como o faz toda a coluna passiva da qual Hod é o degrau inferior, esse Sefirah também testa Nezah. Um homem pode achar certa mulher:.Jr.resistivelmente atraente, mas !:!9s.J2~!!'.9~ O s_':!ll!e~io. Ele é o Sefirah da informação mental, bem como da ,~ê1ucaç!!o.As boas maneiras convencionais são aqui assimiladas, da mesma forma como acontece a todas as habilidades adquiridas, que são então annaze.nadas no cérebro até se tornarem memórias condicionadas e reflexos, quer se trate de conhecimentos gerais, quer de respostas físicas. O treinamento militar de um soldado pode ser a sua segunda natureza em combate, mas o aprendizado ainda pertence a Hod, ainda que o desejo de sobrevivência do soldado seja Nezah. Esses dois Sefirot inferiores proporcionam a manifestação dos erincípios ativo e passivo no reino físico, começando nesse ponto da Arvore. O nível Nezah-Hod e seus inferiores é o que normalmente podemos ver do mundo. Observe uma cena do trãnsito na hora do rl/sh em uma grande cidade: os olhos das pessoas estão vazios, perdidos em devaneios, enquanto os seus sistemas Hod-Nezah os conduzem infalivelmente ao longo dos caminhos rotineiros. No tra~aiho e no descanso, Hod e Nezah desempenham inúmeras tarefas,operando máquinas, lendo, escrevendo,

arrumando

a casa, cuidando

de crianças,

nas atividades sociais, nos jogos fiiicos e intelectuais ou fazendo amor. Entre esses dois Sefirot funcionais inferiores e abaixo deles encontrase o Universo da nossa percepção mundana. Yesod..é.Q.J2W...wenlaldo mundo da materialidade e da ação. A consciência do ego, ,ao pilar do meio, tem o nome hebraico também traduzido para 'FundJção', indi.cador da sua impottãncia na percepção do Universo que nos cerca. Yesod, no homem, está relacionado àquela estranha pa'1e na qual são formadas as imagens. Situado na coluna central, em uma escala inferior à de Tiferet, é como uma tela espelhada, refletindo e proje'ando continuamente para a consciência comum tudo o que lhe é apresentado, proveniente dos caminhos que para ali se dirigem. Esses caminhos/'

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., mantêm-no suspenso entre os quatro pontos de Tiferet, Nezah, Hod e Malkhut, e através dele o homem percebe os Mundos interior e exterior. Yesod é abastecido pelos dados vindos de Hod, pela energia procedente de Nezah, e por Malkhut, o veículo físico da vida. De uma forma ideal, ele é o servo de Tiferet, a Natureza Essencial, que por sua vez é um administrador a serviço do homem, para quem Keter, a Coroa, é o Rei. Contudo, como ocorre freqüentemente, o homem esquece ainda cedo, na infãncia, o observador lúcido da sua Natureza Essencial e começa a confiar apenas em Yesod, a sempre acumuladora persolla do .J;ga. que o seu mundo e aqueles que o habitam desejam que adquira. Se ele é oriundo de determinada camada social, assume a forma concernente a ela; se procede de outra, modela-se como aquela. Quase sempre a família exige que ele se comporte deste modo, seus' colegas daquele. Esses e outros hábitos e atitudes são assimilados no seu Yesod fonnando, assim, um auto-retrato, um ego construído artificialmente. Enquanto Hod supre o material na sua resposta ao mundo exterior e Nezah ao interior, a imitação e as comparações Yes6dicas da- ~ quilo que percebe elaboram um quadro do seu relacionamento com a vida que o rodeia. Suas atrações e repulsões criam uma Outra forma que se armazena na amladura psicológia de Yesod e vai se acumulando, lentamente, na sua Natureza Essencial, em parte para protegê-Ia, em parte para'aprisioná-Ia. Essa é a persolla, palavra latina que significa máscara, uma descrição perfeita para O que se chama personalidade. Aqui está o que o mundo vê e - como às vezes acontece. com o homem que perdeu o contato consigo mesmo - o que ele próprio pensa da sua verdadeira natureza. Um rosto pode ser meigo e as maneiras encantadoras, mas, para o olho capaz de discernir, podem ser •••.•.,.. os de um homem prisioneiro de uma máscara de ferro psicológica. Yesod é um colaborador insuperável, desde que esteja na sua posição correta. Recolhe todas as informações provenientes dos reinos fíSico e psicológico, transformando-as em imagens legíveis. Assim, tornase possível recordar cenas com"sons e odores, lembrar de números telefõnicos, apresentar os elementos de um problema a resolver, repetir ou ensaiar uma situação que esteja na iminência de ser executada. É um refletor do que não pode ser visto diretamente pela psique ou pelo . corpo. É uma tela mental, abrangente e pessoal para um cientista, e uma sala secreta de projeção para um artista. Yesod paira como uma,; estrutura frágil e efêmera, mantendo-se em equilíbrio no degrau mais baixo da consciência. Durante o sono, ele projeta um filme com O noticiário do dia e um resumo dos problemas atuais, utilizando freqüente~ mente atores e cenários fornecidos por outros Sefirot. Em caso de l2!!:-cura Yesod aparece como o mundo real, porque a sua ligaçãO.fom

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M.alkh!,l.t.inferjO!:.e~l,Q.q,\!S!ada o>, (pmpida. No instante da morte, diz-se que Yesod projeta diante da pessoa o filme de toda a sua vida. Mesmo sem comprovação alguma, trata-se de uma especulação muito interessante . Assim, Yesod é uma máscara fixa para o mundo externo e um espelho carnaleônico para O interno, com a configuração mascarada distorcendo ou elucidando o quadro mostrado à consciência interior. Retémse, aqui, uma imagem física do homem, a percepção do comprimento dos seus braços, o conhecimento do quanto deve elevar a voz para obter um efeito desejado. Essa é uma arena de referência aglutinante para tudo o que ele aprendeu, de modo que, se é selvagem ou sofisticado, é capaz de, pelo menos, reconhecer a vestimenta física ou intelectual que está usando. Contudo, como a roupa nova do imperador, esta nem sempre é tão substancial como ele gostaria de acreditar, pois embora pareça sólida, não é mais que uma útil miragem emprestada por uma vida para lidar com contextos familiares e, quando confrontada com uma decisão importante (ora do seu campo de referência, mostra-se completamente inadequada. Observe a si mesmo quando encontra dois amigos de esferas completamente diferentes, longe de casa. Acontece uma ligeira esquizofrenia - isso é a persona, ou um ou dois dos seus aspectos -, pois um homem em contato com sua Natureza Essencial é o mesmo em qualquer circunstância. Yesod tanto pode ser uma ponte como uma barreira. Pode ser o veículo que conduzirá à imaginação criativa ou um recuo para a ilusão. É a visão principal que temos de nós mesmos e do mundo. Dependendo do estado de obscurecimento ou de transparência do espelho-tela, do estado passivo ou ativo da nossa máscara, estaremos no degrau mais baixo da consci~ncia. Optam~ entre despertar ou nos manter meio adormecidos. A segunda e quase tão importante característica de Yesod, a Fundação, na sua relação com o homem, é a sua correspondência com o ato sexual. Esse Sefiral1 situado no eixo principal da Árvore recebe a energia diretamente de Keter e Daat, via Tiferet. Focalizada em ~, com influxo proveniente dos lados masculino e feminino da Árvore, compõe a tóade sexual. Isso acontece porque as forças ativa e passiva são trazidas para o reladonamento criativo através do pilar do equilíbrio. De fato, os três pares de Sefirot exteriores estão acima, na Árvore, mas são, em primeiro lugar, opostos funcionais. Apenas os Sefirot centrais podem assumir o papel exclusivo da transformação. Yesod é capaz de~.o na união sexual, e essa é também a base consciente, ou fundação, do .~ci~mº~e~Qj.tiI;u,íd. Tiferet relaciona-se à descoberta do Self, enquanto Daat é o ponto em que aquela iden/ 41

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dade se desvanece

no vazio da consciência

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antes da união ..,/

com Keter. ./ Na vida e':terior, Yesod é a grande forÇêmotriz. O sexo é mais que o .~in)pl~ª'tq.~1,!;!j, e g~l'l\iii:iiS.do qpéfilhos: o'corrÍêrdóê'ãs~ãrtes-sii:'oem que os_homensimam as mulherês e'às mulheres adoram os homens. Publicidade, filmes, peças teatrais, restaurantes, roupas e inumeráveis atividades são dedicados a essa dinâmica recíproca que dá o seu tempero ao drama da vida. A era das máquinas jamais será capaz de substituir a interação entre os sexos e a enorme quantidade de tempo e energia gastos com ela. A força motora de Yesod encontra-se tanto na política quanto no salão de baile. Homens tentam convencer a si mesmos chegando ao alIOdo monte, e até a sofisticadíssima operação técnica para atingir a Lua tem um forte apelo e uma fálica - Yes6dica - qualidade. Essa usina de força é essencial para a vida. Sem ela, um homem não tem disposição para ir adiante. A energia pode vir de cima para baixo, mas existe a possibilidade de escolher a direção. Por meio da conversão dessa. força abundante, um homem pode galgarumaegraú 'na'escada dâ auto-realização; começando seu"iegrésso. Aginãoãssim, estará se movimentando no sentido oposto ao da oitava descendente da Criação e retomando O caminho da fonte criadora, Talvez seja po~/ ,sso que esse Sefirah é chamado de Fundação . ...<.. Malkhut, no ser humano, é o seu corpo fisico. A tradução da palavra como Reino refere.se aos elementos terrestres. O corpo comp.õe-se, literalmente, de terra, sendo todos os ossos, tecidos e células constituídos de minerais e partículas de metais; ferro suficiente para obtermos um prego de bom tamanho, segundo nos afirmavam na escola. Esses elementos da terra formam a maior parte da estrutura do corpo, sendo mantidos na posição de uma onda constante, enquanto retêm a forma e

os sistemas corporais, embora mudando constantemente de substância./ O principio contido no elemento água passa também continuamente através da constante onda orgânica, chamada corpo. No sangue

e em todos os líquidos corporais a água circula por todas as pa,tes, atravessando não apenas os vasos capilares mais finos, can10 também as paredes celulares. Sem o elemento água o corpo d~ri3"paraiisando as trocas vitais que ocorrem no metabolismo. Essas marés internas talllo mantêm a fácil circulação do material entrand~e saindo do corpo quanto auxiliam no processo de crescimento. ,,/ O ar, o terceiro estado elementar, manifesta-se como o maior,contribuinte do ciclo energético-gerador do corpo, mas é também eneontrado nos diversos gases existentes

no organismo. Eles penneiam

o san-

gue e os tecidos, e a carênéia de um elemento gasoso pode causar um sério desequilíbrio,

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e até mesmo a mOlte. O homem, antes de nascer, é

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uma c~.ra-a~ca, vivendo nos líquidos uterinos. Na ocasião do nascimento as porrasorgânicas fecham e abrem, e com a primeira respiração sobrevém um salto preciso em direção ã vida mamífera, mesmo que nenhum outro desenvolvimento suceda o anterior. No ar, além dos gases já conhecidos, existem diversos outros, alguns dos quais muito dificeis de idemificar. Diz-se que, em um estado espiritual pal1icularmente elevac!0' o corpo é capaz de extrair esses eleffiêntos' raros, _' dandõlugar.,. uífI outro nascimento, dessa vez da consciência, __ ~ __ O,.fogo, o elememo mais leve, é um símbolo da energia radianre, a chama que emite calor, luz e muitas outras freqüências. No homem, isso poderia ser visto como a propriedade que permeia todo o organismo, e que é tão obviamente ausente em um cadáver. Pode ser o calor, em determinado estado ou em outro O envoltório bioelétrico que circunda os seres vivos. Pode ser o pensamemo, a iluminação psicológica, ou mesmo UU) espírito primitivo nos animais. É, contudo, conside- / rado a materialidade mais sutil presente no corpo físico. Os campos elétricos dentro das células vivas podem ser apenas a descrição mais grosseira de um processo vibratório emanado das moléculas de ADN que os compõem e governapl. Essas moléculas, por sua vez, podem ser somente os circuitos impressos destinados a receber aquele curio, so influxo de energia chamado Vida, pois é evidente que, quando separado da Natureza ou da radiação vital do Sol, qualquer organismo definha pela falta do impulso estimulante e, com a completa privação de quaisquer manifestações do fogo existentes na terra, morre. ./ Para o homem, Malkhut é também o Universo físico. Ao observar através de um telescópio ou de um microscópio, ele vê Malkhut, o nível mais denso da matéria. Mesmo seu radiotelescópio s6 detecta Malkhut - os campos físicos radiames que envolvem os co'pos etçmentares. As delicadas fotografias da galáxia Andrômeda nada mais são que fiagrantes de um corpo completamente sólido em estado difuso. E as foros de estruturas atômicas obtidas por microscópios eletrônicos registram apenas a sua aparência física, ainda que nos questionemos quanto aos modelos entrelaçados fornlados por elas. O reino seguinte, o do Universo da Formação, permanece fora da visão física, mais próximo daquilo que vemos ~,,, no estúdio de um artista do que em um laboratório cien(úko. ..--Malkhut é o mundo com que estamos mais familiarizados, pois o homem tende mais a ver os resulrados do que as causas. Ao preferirmos o produto acabado tal como se apresema, freqüentemente esquecemos as ações que o criaram. Os Rembrandrs exibidos nas galerias de ~rte do mundo nada mais são do que um resíduo do seu processo

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tivo, pálido esboço fisico do que realmente viu. Em Malkhut, no entanto, encontra~se' tudo que possuiu prévia .existência, e contém todas

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r as qualidades dos Sefirot concentradas na matéria. A totalidade da evolução narural está presente no corpo de um homem. Cada estãgio orgânico, desde a concepção, deve ser atravessado antes do nascimento . Com a maruridade, quando a narureza houver terminado o seu trabalho de preparação, o processo evolucionário seguinte, da consciência, / será cumprido pelo próprio homem. / Os kabbalistas têm um ditado: "Keter está em Malkhut e Malkhut está em Keter". Isso pode ter diversas interpretações, mas neste caso deve ser comparado com uma semente. Dentro da casca dura de uma noz existe não apenas uma nova árvore em potencial, mas uma floresta completa de gerações. Outro significado é que dentro da mais densa matéria encontra-se o espírito; aprisionado, sem dúvida, mas presente e sempre pronto a reascender em direção ao Absoluto. Esse é Malkhut, o mais inferior dos Sefirot, embora o mais rico em potencial.. No homem, dentro do veículo do seu corpo físico, está a probabilidade do./ mpido desenvolvimento. Nas árduas condições da vida na Terra, a resisténcia máxima gera um grande potencial e, portanto, vastas possibilidades. Tal fato encontra respaldo em todos os recursos encerrados dentro do homem. Um organismo delicado mas ,resistente - O corpo, a alma e o espírito - é uma usina de força fantástica, repleta de diversas espécies de combustíveis, cada qual com uma função e uma qualidade peculiares. Os milhões de peças e de sistemas sofisticados do primeiro foguete lançado ã Lua parecem rústicos quando comparados/ simplesmente à parte mecânica de um homem, que está destinado a voar mais alto, até mesmo além do Sol. Reexaminando a Árvore da Vida em termos do ser humano, nós a

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venl0S como um organislll0 vivo, com cada Sefirah equilibrando o seu

complemento e contribuindo para um sistema geral integrado. Através./ ,do esrudo de nós mesmos, podemos reconhecer as diversas partes e até observar ocasionalmente a partir de qual Sefirah iniciamos um pensamento, um sentimento ou uma açào. Isso sem esrudado mais tarde detalhadamente, à medida que nos tornemos ;nais familiarizados com. O cosmograma. Uma palavra final. Quando a Arvore é superimposta ai um homem, revela apenas uma fração da sua narureza. Além do seu corpo e da sua personalidade, o restante é invisível ao mundo físico. Com ajuda da Árvore da Vida, podemos ter a percepção da sua alma. O tempo permi(e~nos somente um relance; mas o bebê, a criança e o adolescente que ele foi já passaram; e o que ele poderá ser aind~nàO /' chegou. A Árvore é o único traço permanente em um homem, pOis ele está modelado em um desenho universal eterno. Esse é o homem p no, contendo toda a Criação, e à imagem d'Ele, que o fez. ,

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A Árvore e os Deuses /'

Tendo relacionado os Sefirot ao homem, aplicaremos agora a ar:tiga máxima "tanto em cima como embaixo" para apresentarmos a Ar-

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VOreda Vida em outra dimensão. Considerando O Céu como um Mundo maior, e utilizando o argumento de que aquilo que foi denOminad? livremente de macrocosmo está modelado sobre o mesmo plano Untversal os kabbalistas conceberam a Árvore em temIaS dos deuses greco-ro~anos e dos seus planetas correspondentes. Isso permitiu que a Árvore fosse vista através de uma perspectiva mais ampla, utilizando os mitos acerca dos deuses para descrever os Sefiror. Além disso, o sistema solar foi disposto como um organismo, mas visto a partir da Terra, apropriadamente centrada em Malkhut, o Sefirah mai~ inferior. Esse arranjo coincidia COma concepção ptolomaica do mundo, a qual, contrariamente ã crença científica nloderna

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não era um quadro ingênuo

do sistema solar mas uma estrurura relativa (a única referência 'básica de que dispomo~ em um universo vasto) observada com base n~ siruação do homem. Esse esquema geocêntrico, combinado com a Alvo~e, foi uma das primeiras teorias da relatividade, levando em conta nao apenas as posições físicas dos corpos celestes, mas também o seu relacionamento funcional dentro do sistema solar . Começamos agora com Malkhut, a Mãe-Terra; ou, em termos kab, balísticos, a Noiva. Localizado na parte infenor da Arvore, é (} remo dos elementos;

na física concreta, trata-se de uma bola rochosa forma-

da de minerais e metais, coberta com uma pele de água, circundada por uma atmosfera de ar e rodeada no espaço sideral por uma esfera eletromagnética .

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Esse envoltório estratificado de radiação é o primeiro elemento da Terra. Juntos, esses vários estados da matéria - sólido, líquido, gasoso e radiação - formam o corpo do planeta. Dentro de suas profundezas, acima ou próximo ã superfície sólida, existe uma tênue película denominada Natureza, que contém não somente a flora e a fauna de Pan, mas essa estranha criatura chamada homem, o organismo mais sensível da evolução natural. Malkhut é o nosso meio-ambiente físico. Encerrados nele, nós o perdemos de vista. Como os nossos corpos são compostos dele, esquecemos de que é uma forma transitória, através da qual passam os quatro estados elementares. Com a morte, rompe-se o molde físico e os elementos se dispersam, cada um buscando o seu nível no planeta. Malkhut é a Noiva, a grande Mãe Terrestre reconhecida por todas as civilizações, sejam elas agrícolas ou industriais .•Gaia,.a Mãe-Terra dos gregos, era a grande provedora e nutridora. Sem ela, homens, animais e plantas não sobreviveriam, devendo por isso ser cortejada e preservada em virtude da matéria-prima e dos alimentos que fornecia. Feminino por sua própria natureza, esse Sefirah adapta-se e adota o caráter das influências que para ele convergem e, ainda que pareça passivo e imóvel, esse reino elementar, maternal, é a matriz do espírito que renasce. Malkhut é o que a ciência chama de 'física', embora sendo grosseiro em relação ã metafísica, é o fim elementar de um vasto espectro" cósmico. Na mitologia grega, gerado por paia, a grande ~eJra" nasceu Urano,

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céu estrelado, e de sua união originaram-se os gigan-

tes Titãs, um dos quais era Crono, conhecido

entre nós como Sarurno

- o Deus do Tempo. ~---Girando em torno da Terra está o seu satélite Luna, a Lua. 'Contida no campo gravitacional e magnético do planeta, a Lua, por sua vez, tanto influi no movimento das marés terrestres quanto nos líquidos dentro dos seres vivos, de modo que a Natureza

responde

em um rit-

mo diário e mensal de fluxo e refluxo. As plantas crescem em ciclos mensais enquanto expa';;denlê'con"fraem os seus ramos, com a umidade contida na seiva aumentando e diminuindo nos seus tecidos. Os

animais terrestres e aquáticos são afetados por essas flutuações lunares; seus hábitos de caça e reprodução coincidem com as fases da Lua. / Os homens também são influenciados; os ciclos de criminalidade registrados nos arquivos policiais das grandes cidades mostram uma oscilação mensal. O sangue coagula mais facilmente em deternlinadas fases lunares, e todos os que já trabalharam em um asilo de loucos sa-/ bem distinguir a agitação que ocorre na Lua cheia. Há uma fábula segundo a qual SeIene, Deusa da Lua, regente do reino de Pan, amava Endymioo1

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o pastor que representava

a humanida-

Deuses e Plnnetas

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de. Contudo, ela só podia amá-lo enquanto ele dormia, alcançando-o por meio dos seus sonhos - ou O Sefirah de Yesod. Também aqui en- /' contra-se o pêndulo do mecanismo natural: na humanidade, a regulamentação dos ciclos das massas; nos indivíduos, os humores pessoais. I Em Diana, a caçadora, e em Artemísia, a deusa de muitos seios, são

igualmente mostrados os aspectos nascimento-morte da Lua, com cada uma das deidades descrevendo respectivamente os pontos fundamentais,

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lunático,

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novo c cheio, da aparência lunar. Essa modificação

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tante de forma e tamanho deve-se ao movimento da Lua ao longo do zodíaco na sua trajetória diária de elevar-se e pôr-se no horizonte. r' Além desses movimentos, ela vagueia para frente e para trãs através do equador celestial, acercando-se ocasionalmente da terra e completando, assim, a impressão de uma variação infinita, uma mutação constante dentro de um sistema de revoluções. Do ponto de vista kabbalístico, vemos o princípio da eterna mudança: a posição da Lua em rela-; ção à Terra e ao Sol, alterando constantemente a máscara do reflexo. Na psique humana observamos a mesma coisa - a imagem-tela nunca é a mesma, ainda que se repita incessantemente nas Suas variações. Sob determinadas condições, a Lua evoca romance e toda a fascinação. contada nas canções e histórias de amor; mas, vistos ã luz do dia e com os pés no chão, os falOSdesmentem a ilusão quando surgem a realidade da concepção de um filho e as suas conseqüentes complicações. O, assim corretanlcnte

chamado,

vive exclusivamente

dentrV

desse reino imaginário, o Sefirah de Yesod. Nesse caso, ele está desligado de Malkhut, o Mundo exterior. • Yesod, aqui representado pela Lua, é também o sexo, e governa, dizem, o ciclo menstrual feminino. Um outro aspecto - a feitiçaria ou a aplicação da energia e da capacidade imaginativa Yesódicas /'é . simbolizado em Hécate, a deusa lunar dos encantamentos. /' Nesse nível existem muitas facetas em Yesod. Para a Terra, nessa o tempo é diferente. Se tomarmos um ano ou uma" rotação completa das estações como uma medida para a respiração do nosso planeta, a órbita lunar poderia assemelhar-se a uma pedra que passa com grande velocidade, tecendo uma concha entrelaçada de rocha e luz, girando ao redor da Terra. / Comparadas ao resto do sistema solar, a Terra e a.sua grande Lua são gêmeas - de fato, uma só organização, ou um único ser, Para os demais planetas, a Terra poderia aparentar uma face lunar (comparável, em uma versão mais grosseira, ao modo como vemos os anéis de Saturno), ainda que para a própria Terra não passasse de um véu transparente. Verdadeiramente uma gêmea cefestial, a Lua, o corpo mais próximo da Terra, está tão peIto que age como uma tela refletora dimensão

entre nós e o espaço exterior. É através dessa máscara tremulante e rodopiante que toda influência que chega ou sai precisa passar. Ela se enCOntra na mesma posição da persona em relação ao homem, estando no lugar correspondente entre o Sol da SUaNatureza Essencial e a Terra do seu corpo. Ponte e barreira, a Lua tanto une como separa, com a Sua pálida tela refletindo o que a Terra não pode ver diretamente. Em termos kabbalísticos, Yesod - a Lua - jaz no eixo da consciência, mas encontra-se também, na Árvore, no mais baixo ponto de encontro do / influxo das influências ativa e passiva dos planetas combinadas. ~ Mercúrio, no Sefirah Hod, é OMensageiro dos Deuses. Em termos astronômicos, é o planeta mais próximo de Apolo, o Sol. Os raios solares devem passar através da sua órbita antes de alcançarem qualquer outro planeta. Sua esfera é a da transmissão, não possuindo força própria em virtude do seu pequeno tamanho. Havia também uma crença de que Mercúrio aumentava e assumia as qualidades dos outros planetas com os quais entrava em conjunção. Seu talento residia, segundo afirmavam, na flexibilidade - sua natureza mercurial- que o capacitava a adaptar, modificar, USare desperdiçar tudo o que aparecesse em/ seu campo. Era o deus dos ladrões e dos mercadores, das habilidades manuais, das trocas e do comércio. Consideravam-no, também, a deidade responsável pela aquisição e distribuição do conhecimento. ~ genho, malícia, perspicácia, velocidade nos pés, todas. essas qualidades peculiares são a essência de ~ - Reverberação e Esplendor . Como nos processos voluntários no homem, com todos os seus sentidos, Mercúrio representa a inteligência versátil que investiga os dados, seleciona-os, passa-os adiante e investiga-os outra vez. Considere a habilidade e o mecanismo do olho e do ouvido humanos. Eles estão sempre em movimento, reverberando e transmitindo in~rmação. Com os deuses, Mercúrio exercia a mesma função, mantendo-os informados e deles recebendo informações em um ciclo contínuo de mensagens, enquanto divertia-se com jogos intermináveis e casos amorosos,_ Entre essas deidades, as três mais importantes eram Perséfone, um aspecto da Mãe-Terra - ou Malkhut,~e".a Deusa àa Lua, da feitiçaria e dos nascimentos -, Yesod e Mrodite, Vênus, a deusa da Natu';: / Za - ou Nezah. Todas elas fazem Pãitêdã tnade inferior da Árvore ~ Vida, com Mercúrio agindo como sensor ou inteligência externa. Mercúrio, além de ser o Mensageiro dos Deuses, era também considerado o receptáculo do conhecimento ordinário e extraordinário. Devido ã sua habilidade de Voar para qualquer lugar com grande velocidade, ele sabia de tudo. Isso incluía geografia, história, ciência e todas as matérias relacionadas ao aprendizado - o reino de Hod. Além . ,disso, pelo fato de conduzir o caduceu, o bastão enroscado por dua~

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serpentes, o símbolo do seu oficio, ele tinha acesso ao conhecimento acerca - repito - 'acerca' da metafisica. Q9'9~eu é uma outra versão da Árvore da Vida. O bastão é o pilar do equilíbrio, e cada .serpente significa os princípios ativo e passivo, descendo desde a cabeça alada do bastão até a sua base. Contudo, este é um livro para ser lido e estudado como uma introdução, como o são todos os tratados sobre as ciéncias herméticas (de Hermes, ou Mercúrio). Aqui é examinado o campo teórico, o pOnto de partida necessário antes da prãtica. Mercúrio possuía muitas habilidades, variando desde as artes manuais até a manipulação das idéias - todas adquiridas. Ele era também um grande mentiroso e farsante, e no homem sabe-se como os sentidos podem se equivocar quando, por exemplo, um problema mercurial, como uma ilusão de ótica, se apresenta. Talvez por esse motivo Mercúrio e o Sefirah Hod - seja o deus e o âmbito dos mágicos, dos cientistas ~. dos charlatões. . Astronomicamente, Mercúrio raramente ê visto, pois o seu movimento é demasiado rãpido e encontra-se muito próximo do Sol. Apesar disso, sem a sua presença bem ao lado da coroa do Sol, q,;em sabe o que aconteceria com o equilíbrio interno do sistema solar? E como o mecanismo de um relógio, no qual uma simples mola da espessura de um fio de cabelo é capaz de comandar, tendo em vista a sua posição e função, a delicada regulagem de todo o conjunto. No corpo humano é a mesma coisa. Um pequeno grão a mais dessa ou daquela substância pode significar a diferença entre a loucura e a sanidade, e o Sefi~ Hod mantém esse equilibrio juntamente com Nezah. Nezah é Vênus, nessa visão da Árvore da Vida. Vênus é a Deusa da Beleza, do amor e do instinto. É representada por uma mulher nua, de formas encantadoras. Nela está corpOrificado o poder de incitar o desejo. Ela é a Deusa da Natureza, da primavera e do crescimento. Seu p<>: der de excitação está parcialmente centrado na sua graça - sua preocupação é com a beleza, talvez devido ao casamento com Vulcano, o deus mais feio do Olimpo. As histórias dos seus casos amorosos são / intermináveis, um ciclo contínuo de atração e rejeiçâo. Essa poderia ser uma chave para a denominação kabbalística 'Eternidade'. Outra, poderia ser o eterno retorno da primavera, que é o seu domínio especiaL Tudo aqui é renovado depois do nadir do inverno. Esse é o impul-; so vital na interminável cadeia necessária à manutenção da Natureza.

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ta e a deusa do Sefirah Ne~h; seu aparecimento como a estrela matutina e vespertinamãrca a sístole e a diástole de um suave ciclo que pulsa eternamente através da Natureza e do sistema solar. No homem, ela representa os processos involuntários, tais como o digestivo e o cardíaco. Mas Nezah também define aquilo que consideramos atraente ou repulsivo. As aventuras amorosas de Vênus têm essa qualidade de sedução seguida de rejeição. Jamais existe a consumação estável de uma situação. Sua essência relacionava-se com as coisas fáceis e a falta de esforço. O trabalho pesado e esforço excessivo não faziam parte da sua experiência. O coração pulsa sem a intervenção do pensamento e o estômago digere sem precisar de estímulo, e quando algum dos dois tem problemas o organismo fica doente. ~ Encanto e graça são os atributos de Vênus. Dela provêm as artes da música e da pintura, bem como as da poesia. Nezah é para as artes o que Hod é para as ciências. Contudo, enquanto Hod observa, estando no lado receptivo da Árvore, Nezah coloca-se no criativo, e isso porque, embora a ciência preqomine no século XX, ela não pode rejeItar completamente o poder das artes, o que é.um indicador da sua força/ impulsionadora em uma comunidade. Os maiores livros, quadros e músicas do mundo, revelam mais claramente a tendência de uma de- ~., terminada época do que qualquer máquina ou desco~erta nova. ~ Vênus é o contrapeso de Mercúrio e vice-versa. E o desejo de um padrão de vida mais confortável que impulsiona a ciência. Diz-se que Vênus, ou o poder do amor, faz o mundo girar. Esse clichê é mais verdadeiro do que se imagina. Sem Nezah um homem não desejaria trabalhar, nem para conseguir um novo carro, uma bonita casa ou uma bela mulher. Essa força é completamente diferente da energia Yesódica. É biológica, natural, baseada na necessidade de dar t, receber - o arranjo recíproco observado na célula, no homem e na natureza como um todo. Vênus sempre almeja aquilo que é desejável, afastando-se do que é doloroso, seja a fome ou o desconforto procura as coisas agradáveis, quer apresente-se sob a forma de um novo amor, quer de um pra-

Sem namoro não haveria casamento, e sem a união não haveria filhos

para repetir o ciclo das gerações. A primavera é a época da beleza, com a Terra cobrindo-se de flores e as criaturas cantando e dançando em um grande jogo de amor. O homem está sujeito a esse impulso vital, e muitas das suas artes são dedicadas ao assunto. Vênus é o plane- / .f

zer familiar, em uma ronda eterna e graciosa. ./' A posição de Tiferet nesse esquema cósmico está ocupada pelo Sol. No ser humano, Tiferet define-se como a Natureza Essencial, ou o self individual. É Apolo, na localização central de um homem e do sistema solar. Quase lodos os caminhos levam ao Sol, onde se recebe energia antes de ser novamente irradiado. Esse mesmo Sefirah poderia ser chamado, no homem, de 'Observador', já que percebe diretamente todos os Sefirot, à exceção de Malkhut. Apolo era conhecido pelos gregos como o Deus da Verdade, além de ser reconhecido pela sua estonteante beleza - que é uma das traduçàes de Tiferet. Seu oráculo

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em Delfos era famoso pelas respostas penetrantes, muito apropriadas para O Deus da Luz. / Tiferet é o Sol, quase impossível de ser fitado diretamente.' Assim era o rosto de Apolo, bastando uma rápida olhada nele para cegar, para sempre, os desprevenidos. Do ponto de vista de um homem, isso bem poderia corresponder a ver mais do que seria capaz de compreender acerca de si mesmOj eis porque a n1aioria dos seres humanos/ vive em Yesod - a lua deles próprios -, preferindo olhar apenas atra_ vés do reflexo a luz da sua verdadeira natureza. ------Astronomicamente, o Sol encontra-se no centrado sistema solar. É o pivô em torno do qual giram os planetas. Cientistas modernos afirmam que apenas ele irradia calor, luz e uma série enOrme de radiações

e partículas, mas que também absorve, suga, em grandes quantidades,/ gases interestelares, enquanto se movimenta ao longo da Via Láctea . Isso poderia ser interpretado como energia positiva e matéria negativa provenientes das colunas esquerda e direita da Árvore para alimentar /' o ser corporificado no Sol astronômíco e psícolôgico. / O Sol não apenas ilumina todos os planetas como também emite luz sobre as menores partículas capazes de serem detectadas pelo olho humano, tão refinado é o comprimento das suas ondas. Psicologic:J.mentc, igual fenômeno

ocorre dentro de um homem

que se en-

.

contra em contato com o próprio ser, focalizado em Tiferec. Isso é ele. ( Na verdade, é apenas um ser em miniatura qU30do comparado a Ketcr, assim como o Sol em relação ã galáxia, mas é, apesar disso, a sua

própria individualidade. Esse é Apolo, o deus que somente podia fabr a verdade, cujo arco de prata era capaz de alcançar qualquer distáncia e cuja lira de ouro servia para deliciar os outros deuses. Apolo possui um aspecto aterrador. Nele há brilho, qualidade freqüentemente atribuída aos grandes homens. Iluminação não é um termo para ser empregado futilmente ou apenas por razões poéticas. É uma descrição precisa da natureza de Tiferet, pois é o Sol de um homem, situado exatamente

no meio do caminho entre o Céu e a Terra, Keter

e Malkhut, dentro dele. Aqui, o espírito enCOntra-se parcialmente aprisionado na forma. Palticipa das Faces superior e inferior da Árvore, excetuando-se o lugar em que é resguardado do incêndio da Terra, por Ycsod, e da perda de sua temporária individualidade, pelo/ portão invisível de Daae

Apolo era considerado uma ligação direta entre os deuses e os hornens. Sua posição na Álvore da Vida c no sistema solar confirma essa

afirmativa. Através do Deus-Sol, todos os Sefirot podem ser alcançados, Em um homem centrado na sua Natureza Essencial qualquer par-; te do seu ser pode ser conhecida. Aqui é o Oráculo de Delfos de uma

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pessoa. Faça uma pergunta crucial e ele responderá - a simples Verdade. Essa é a voz q.ue ocasionalmente fala pelas profundezas do nosso próprio espaço. E o Sol interior - o Apolo que na maior palte das vezes não Ousan10S encarar,

por temermos

o seu penetrante

olhar.

Mercúrio, diz a lenda, roubou Apolo; mas, por adivinhação, ou seja, pela percepção direta, O ladrão foi descoberto. Hod pode ser astuto, Nezah distrair com os seus prazeres, tanto quanto Yesod com os seus sonhos, mas por fim irrompe Tiferet, mesmo que somente no momen:.---. to precedente ã morte. / Tiferet - Apolo -, o Sol, encontra-se no eixo da consciência. Por seu intermédio transita a maior parte das forças que descem pela Árvore e que atravessam o sisrema solar. Mais atrás fica o Sol do sol _ Keter, a Coroa -, através do qual fluem as emanaçôes Divinas. /"' Gevurah é simbolizado por Marte, o tradicional deus e planeta da guerra. Tais símbolos, conforme parece, eram escolhidos com muito cuidado no mundo antigo, provavelmente com a mesma atenção que hoje dedicamos a um moçerno computador ou a uma aeronave. Se exan1inarmos cada símbolo e as suas partes componentes, veremos que eles não foram construídos por um grupo supersticioso qualquer de sábios feiticeiros gregos, mas eram o resultado de pensamentos ai. tamente sofi"sticados, em que cada imagem caberia em um livro pelo

seu próprio direito. A difel'ença fundamental entre a maneira antiga e a moderna de observar o Universo é a escala e a linguagem. Enquanto nós sabemos muito acerca de tamanho, grande e pequeno, eles entendiam de profundidade e dimensão. Isso é visto muiro claramente na .---

metafísica do século XX e nas confusões que ela gera. ,..Há muitas idéias no simbolismo de Malte. Superficialmente, ele poderia parecer apenas discórdia, mas uma olhada mai~ atenta revela que isso sempre leva duas pessoas a uma disputa. A contenção não pode existir por si mesma, Tal constatação aponta para o aspecto dual de Deus, o sim e o não, o favorável e o desfavorável,

o pró e o contra.

Eis a qualidade primordial de Gevurah. Nesse pOnto da Álvore, as decisões sempre estão sendo tomadas, as comparaçôes feitas e as escolhas efetuadas. Na sua forma mais dramática, um campo de batalha é o local decisivo de onde um dos lados sairá vencedor. No homem, sua faculdade emocional do dia a dia está sempre presente, seja para gostar ou para desgostar de pessoas, idéias ou coisas. Sua característica é o julgamento categórico. Esse é Gevurah, ou a espada de Marte, separando uma metade da outr? com um golpe rápido, enquanto o scu csrcudo defende e equilibra. E O aspecto passivo da sua natureza. Marte é às vezes considerado implacável, embora também tenha sido visto fugindo do campo de batalha, lamentando-se como um co-

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varde. Isso acontecia sempre que ele defrontava-se com Palas Atena, a / deusa guerreira cuja frieza, coragem e inteligência sempre a fizeram levar vantagem sobre Mane, pois quando ele se deixava envolver pelo ódio, tinha reduzida a sua capacidade de julgamento, tão imponante em uma batalha. Temos aqui alguns paralelos interessantes na psique /' humana. / Marte tem também

um relacionamento

especial com Vênus, que,

casada com o feio Vulcano, mantinha relações adúlteras com o Deus da Guerra. Essa combinação foi deliciosa por algum tempo, mas provocou humilhação em Mane diante de seus colegas deuses quando Vulcano prendeu os dois descuidados amantes em uma rede quase invisível, expondo-os aos olhos do Olimpo. Isso foi uma lição para Mane, que tivera a sua aguda visão e a agilidade de movimentos atenuadas e obscurecidas por Vênus. Nezah havia absorvido Gevurah. A paixão tinha ofuscado o julgamento, e essa tentação já promoveu a execução de mais um par de amantes ilícitos, A armadura de Malte é muito interessante. A função das placas de metal e couro é evitar e reduzir ferimentos e proteger o corpo. Contudo, ela também constrange quem a usa, criando uma evidente barreira entre a dureza exterior e a maciez interior do corpo. Dizem os kabbalistas que Gevurah não apenas emite severos julgamentos quando não. equilibrado pelo misericordioso Hesed, como também confina a poderosa energia proveniente do lado positivo da Á,vore. Aqúi, o símbolo de Mane age como uma espécie de controle, tal qual uma força para, militar amando em uma comunidade regida pela lei - Binah. Na sua melhor característica, Marte é uma eficiente força policial e, na pior, uma Gestapo. No organismo humano, representa todos aqueles processos que selecionam as diversas substãncias e energias, encamy' nhando-as para onde são necessárias . M;;l1te, como o nome indica, é marcial, uma força submetida à disciplina, cumprindo ordens precisas sem discussão, mas que para agir eficientemente necessita estar subordinado a algo superior. ~~do inteligente ~ramente usa a~_ia~, nlesma que as suas ações pos~

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sam ser decisivas.

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Pouco sabemos do planeta Marte, exceto que seus movimentos aparentes são bruscos e eventualmente xinlando-se

muito

errãticos, algumas vezes apro-

da Terra, outras afastando-se

COl den13sia,

com a

sua face vermelha detectaoa como um ponto opaco. Isso tem muito a ver com as emoções cotidianas, e embora não se deva ir muito longe em comparações, é interessante o fato de que, depois de Vênus ou zah, Mane é o planeta mais próximo da Terra. .

NY

54

Júpiter ocupa a posição de Hesed na Árvore da Vida. Esse é o ponto de expansão, de grande energia, antes de ser controlada por Gevurah. São tambêm atribuídas a esse Sefirah as qualidades da magnificência, magnanimidade, misericórdia, todas características de Júpiter, o Deus Generoso - apesar de, quando descontrolado, constituir-se um perigo, motivado pela sua grandiosidade sem fim. Isso pode ser claramente percebido nos vários mitos relacionados aos seus amores. Neles, Júpiter persegue mulheres mortais e deusas com o intuito de espalhar seu vasto reservatório da semente mais potente, produzindo assim numerosos semideuses e heróis. Aí está o poder panicular de Hesed. Uma história ilustra bem o efeito de sua inesgotável magnificência. Semele, filha do.rei Cadmo, pediu para ver o seu divino amado em toda a sua glória. Júpiter tentou dissuadi-la, mas finalmente pem)itiu e ela foi então fulminada pelo Seu esplendor, como um floco de neve em um~ fornalha. Júpiter era rei no Olímpo, com os outros deuses circulando ao seu redor. Do ponto de vista do sistema solar, isso poderia ser interpretado de diversos modos. Enquanto o Sol aparenta ser o pivô da organização planetária, poderia, de fato, ser apenas um pólo terminal. com o planeta Plutão situado no outro extremo. Além disso, Júpiter não apenas fica aproximadamente no centro da cadeia planetária iniciada no Sol, como tambêm é o maior dos planetas. Isso é muito significativo, porque o tamanho de Júpiter ê o maior que pode atingir um corpo mole- , cular antes do início da geração espontânea de um processo atômico. / O Sol está diminuindo pouco a pouco, enquanto existem motivos para acreditar que Júpiter está aumentando. Ele tambêm emite freqüências de rádio assemelhadas às do Sol. Ademais, o gigantesco planeta possui um completo séquito de 12 satélites, alguns dos quais Illaiores que a/, nossa Lua. É como uma miniamra do sistema solar, embora isso nào passe de uma interessante especulação. Sendo um Deus, Júpiter ger<Ju diversos cultos menores, além dos muitos filhos. Um dos seus descendentes, Dioniso, era conhecido não somente em virtude dos seus exuberantes festivais de vinho, mas pela sua loucura. Eis um outro exemplo da utilização excessiva do poder , abundante. / A posição de Hesed na Árvore bem poderia demonstrar o aspecto negativo de JÚpiter. Ao receber de Binah o relânipago da energia divina, Júpiter encontra-se, da mesma forma, situado logo abaixo de Hokhmah e recebe diretamente do alto o influxo vertical da energia masculina. Esse Sefirah, seja ele um planeta ou uma pessoa, estando bloqueado, ficará carregado de uma dinâmica tão poderosa que precisará de uma liberação ou de uma explosão - daí a prodigalidade jllPi-l/

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teriana -, ou, em termos humanos, de genialidade e produtividade. O / pintor Van Gogh é um bom exemplo. Impulsionado pela energia positiva desequilibrada proveniente de Hokhmah e Hesed, ele tinha de pintar ou enlouqueceria, o que realmente aconteceu, quando considerou impossível controlar as forças que o percorriam. Dostoievski, o escritor, como epiléJ?tico enfrentava o mesmo problema: uma visão frenética e prolífica. A primeira vista, Júpiter pode parecer totalmente benevolente, mas o Deus não era sempre um déspota agradãvel. Ele conduzia um raio com o qual atacava os mortais desprevenidos, e a sua pontaria nem sempre era das mais certeiras. Essa dispersão é ca- / racterística tanto de Júpiter quanto de Gedulah, ou Grandiosidade, um outro iióme hebraico para Hesed. Quando se fazem necessãrias ~ proliferação dinâmica, a criação e a magnanimidade, elas devem ser disciplinadas - por Gevurah. Talvez seja por isso que Júpiter jamais foi ca- / paz de dominar a s,:,a esposa Hera, apesar de todo o seu poder. / Retornando à Arvore, subimos juntamente com o Relâmpago e atravessamos o Sefirah invisível chamado Daat - Conhecimento antes de alcançarmos Binah, ou Saturno, nesse esquema planetãrio. . Alguns kabbalistas modernos, além de descreverem esse jlontO..de./ transição como a entrada no que é conhecido como a Tríade Suprema de Keter, Hokhmah e Binah, atribuem tal posição ao planeta Plutão, recentemente descoberto. Conquanto sejam hipotéticos quaisquer . pensamentos acerca dessa idéia, eles são muito úteis na busca de um / caminho que leve a considerações sobre esse Sefirah intermediãrio. O deus Plutão era o irmão de Netuno eJúpiter. Era o rei do mundo inferior ou, falando em termos cristãos, das Trevas Exteriores - em . um sentido astronômico,

cie, provenient~ dos Mundos interiores, como a primavera.

Sem dúvida, Plutão é desconhecido tanto como um planeta quanto como um princípio kabbalístico, mas nós sabemos que Daat é um ponto de transformação profunda enquanto viajamos, acima e abaixo,/'/ pela Árvore da Vida. / O deus e planeta Satumó ocupa o lugar do Sefirah Binah. Segundo a lenda, Saturno, ou Crono (seu nome grego), era um dos deuses ou titãs mais antigos, sendo o pai de Júpiter, que mais tarde o substituiu como rei. Isso parece indicar uma clara diferenciação entre a tríade superior - Binah, Hokhmah e Keter - e a tríade intermediária de Hesed, Gevurah e Jiferer. Saturno, o Deus da Forma, encontra-se na posiJ

caracteriza sua remota posição no sistema 50-/

lar. De mais a mais, possuía um famoso capacete que o tornava invisí-' vel. Isso poderia ser interpretado de dois modos: que ele era o monarca da morte, daqueles que haviam ultrapassado os limites da nossa di. / mensão visual; ou que os seus processos são tão lentos (o planeta tenv o período orbital de 247 anos) que uma vida não é suficiente para acompanhar o seu ciclo completo. Plutão é o rei da morte, o planeta/ das transformações mais profundas que o homem pode testemunhar fisicamente. Esse aconrecinlento venl e vai, sem que nada possa evitálo; subitamente, uma pessoa que se tornara uma peça do mobiliãrio humano em uma sociedade ou família foi banida, desapareceu em um outro mundo, o reino das sombras. O Portão de Hades poderra, de

,

fato, ser o conhecimento, pois diz-se que na ocasião da morte tudo o

que se aprendeu é revisto com a vida passada desdobrando-se em um relance, como um flash extãtico, ali estando compreendidos todos os prazeres, dores, ignorância e entendimento experimentados. Naquela /

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porta invisível são adicionalmente destiladas a experiência e a essência de um homem, ao mesmo tempo em que as limitações do ego são evaporadas para sempre no vazio do Pai e da Mãe divinos, antes da......----união final com o Criador. ~ A órbita de Plutão está no limite do sistema solar. Mais adiante encontra-se o reino dos grupos estelares, pertencentes, por sua vez, ao vasto braço galáctico da Via Láctea. A estranha órbita excêntrica de Plutào é a margem e a fronteira do mundo planetário - e quem co. nhece quais as barreiras ou pontes descritas por esse escuro e invisí- /' vel planeia? ~ O deus Plutão era muito temido na Terra, mas é bom lembrar que a sua esposa Perséfone, uma filha da Terra, aflora a cada ano à superfí-

.

ção correta na AIVore, pois ê o primeiro

princípio



passivo, a Mãe Cós-

mica, que transforma a energia de Hokhmah em formulação, Diz-se que Saturno é o antigo Pai-Tempo. O tempo é o primeiro limite, sendo que a partir dele desenvolvem-se as mudanças, e mudança significa o inter-relacionamento de energia e forma. Saturno está tkmbém asso- / ciado àquelas coisas que são antigas e comprovadas. É o elemento conservador, na sua pior faceta, e a percepção dos princípios eternos, no que tem de melhor. No homem, Binah representa a compreensão, ou seja, o reconhecimento do que é. Essa realização leva, talvez, três q'iartos de uma vida. A velhice é chamada de período de Saturno. Observada positivamente, essa fase é a época da contemplação no fechamento do círculo vital. Vêem-se os padrões repetitivos, o entrelaçamento dos fatos, o trabalho do destino e o fluxo e refluxo das forças da vida e da morte. Tais coisas só podem ser reveladas de uma grande distância, em elevação ou profundidade. Saturno é reconhecido por possuir justamente esse ponto de vista. Provavelmente ele é o mais filosófico dos deuses, havendo experimentado tudo isso por muitas vezes na sua posição de pai do rei do Olimpo. Para ele, na sua órbita muito mais longínqua que a de Júpiter e dos planetas interiores, tod~

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os acontecimentos cocont.ram-se encerrados no seu ano mais vagaro- /"

so. Ele já presenciou tudo isso antes. . (' Representado sob a forma de um ancião magro e barbudo levando uma foice, Saturno é freqüentemente associado com a severidade e a melancolia. Essa imagem mais vulgar encobre uma gravidade inteligente, uma mente que vê em um plano global. Nessa longa visão, ele é/ insuperável. Pode conceber uma idéia e criar um projeto primoroso, conhecendo os seus resultados bem adiante do horizonte temporal dos outros deuses. De Binah ou Saturno provêm não apenas o impulso divino recebido ou transmitido, mas uma forma, um conjunto de princípios através dos quais o Relâmpago pode-se manifesta.r nos mundos

inferiores.

Em termos arquitetônicos,

A

seria como o projeto de

uma nova cidade. Os edifícios poderão aparecer e desaparecer, mas os tipos de desenvolvimento, urbano, comercial ou industrial, pern1anecerão os mesmos por um longo tempo, antes de se alterar seu esque- /' ma básico. Esse é Saturno, Deus da Conservação e da Forma. -..---/" Binah é algumas vezes conhecido como a Mãe, porque o seu papel passivo está corporificado em Saturno, que é resistente a mudanças. Os demais planetas alteram rapidamente as suas posições em relação ao Sol, enquanto ele caminha lentamente, carregando consigo os seus anéis limitadores. Esses anéis, que podem ser o resultado de um evento ocorrido na Terra antes do aparecin1cnro da vida orgânica, indican1 cer-

tamente uma modificação importante no equilíbrio do sistema solartal como já foi mencionado em diversos mitos mundiais acerca das origens do Universo. Do ponto de vista do homem, Saturno é o planeta mais distante que pode ser visto a olho nu. Ali tenl1ina o sistema solar para o ser humano comum. Os telescópios poderão aproximar a imagem do planeta, e nada mais. Para os antigos, esse era o limite, além do qual pouco mais se sabia ou percebia, a não ser por pura especulação

,

ou através da iluminação. Em Binah isso pareceria con"cto, uma vez que

Hokhmah é quase tão indefinível quanto Keter, enquanto Binah tem pelo níenos a primeira impressão reconhecível de um esboço. Eis a es- ./ sência de Saturno, o princípio de Crono - tempo e forma. .....--O Sefirah Hokhmah é ocupado tradicionalmente pelo zodíaco, que é a faixa circundante do céu, com seu centro no caminho do Sol. Além de envolver as órbitas de todos os planetas, O zodíaco estabelece 12 fases de um processo cósmico contínuo. A idéia é antiga e, no nível humano, está personificada nas 12 tribos de Israel e nos discípulos de Cristo. Nesse número, estavam expressados todos os tipos humanos, formando assim O ciclo completo da Humanidade. No reino da natureza é possível notar um processo semelhante nas 12 fases do ano natural. Por exemplo, quando o Sol está no signo de Touro, manifesta-se 58

,

no hemisfério nOIte do globo terrestre como a primavera, a época da corte, do acasalamento, da construção de ninhos, do crescimento e do nascimento. Em posição diametralmente oposta, no ano natural, encontra-se Escorpião, o signo atravessado pelo Sol durante o outono. Presenciamos aqui a queda das folhas e.o apodrecimento das frutas rejeitadas. Os campos ficam pardos e as aves de verão já partiram. É unV tempo de decadência, o princípio do fim do ciclo natural, quando encontram-se esgotadas as energias vitais. Por toda parte há um odor d podridão e morte - e, mesmo assim, dentro de cada fruto caído há uma nová semente, na raiz de cada folha ressecada existe um novo broto. Touro e Escorpião são opostos cósmicos: um é a entrada na xida / física e o outro é a partida para a morte. Apesar disso, cada um detém/ / dentro do coração o conteúdo interior do outro, sendo ambos um es- / pelho natural da lei arquetípica - aí está a essência de Hokhmah. / . O zodíaco em Hokhmah contém todas as possibilidades. O potenc' cial jorrando desse Sefirah é enorme. Antes de ser recebido e contido por Binah, qualquer combinação é possível. O zodíaco descreve 12 amplas definições, sendo ca"dauma delas cheia de variações pelo seu próprio direito. Assim, a potencialidade acuillUlada no signo de SP..!i-córnio é imensa. Existe aqui estabilidade e força, ordem, hierarquia, paciência e tempo. Em Áries encontramos a dinâmica da iniciativa, originalidade, coragem, habilidade, sacrifício e visão; e essas são apenas manifestações humanas daqueles princípios fundamentais! Multiplicadas por 12, mais os diversos níveis em que operam essses arquétipos, temos então a série completa, a paltir da qual uma determinada Álvore da Vida pode se desenvolver, seja ela a de um homem, seja a dos 12 do Olimpo. ~ .. Neste ponto podemos ver de que modo as emanações que brotam de Keter são modificadas ao passar através de cada Sefirah até adquirirem a sua forma final, em Malkhut. Partindo da conversão no verdadeiro potencial pela açâo de Hokhmah, as emanações são formuladas em princípios maiores por Binah, desenvolvidas e. expandidas dentro do seu contexto por Hesed, sendo então refinadas pela discriminação de Gevurah, até penetl'arem na entidade reconhecível de Tiferet. Depois, Nezah faz as coisas funcionarem, enquanto Hod as relaciona ao mundo exterior. Yesod m~tntém :seu equilíbrio e lhes dá UI11a visão de si mes~ mas. Malkhut é o que vemos na sua forma física quando a Árvore estã ,__ completa, tendo trazido para baLxo, na Terra, o processo criativo. ""/ Alguns kabbalistas modernos incluem o planeta Urano no Sefirah Hokhmah. Apesar de nem todos concordarem, a hipótese contém algumas idéias interessantes. Urano era o pai de Saturno, que o destronou no período inicial da criação do Universo. Era filho de Gaia, a prio

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mitiva Deusa-Mãe surgida depois do Caos, no princípio da Criação. Urano foi o seu primeiro filho. Do seu relacionamento nasceu Saturno, o caçula, que o deixou impotente e foi, por sua vez, destronado tem.:' pos depois por Júpiter, seu próprio filho. _ Além de um vago paralelismo com a Bíblia, talvez maisinteressante seja o fato de Urano ser o Deus do cosmo estelar - a sementeira do zodíaco; ele era também considerado pelos gregos uma divindade primordial,

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e juntamente

com sua mãe, Caia

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eram considerados

os avós

do mundo. Embora não corresponàim1:Ío exatamente à Árvore da / Vida, esse é um material muito interessante que merece reflexão - e como em qualquer estudo de Kabbalah, o processo nunca termina. As-/ sim como acontece com a vida, cristalização significa atrofia e morte . Kabbalistas dos tempos modernos, a exemplo dos casos de Hokh . mah e Daat, atribuem a Keter, com fins didáticos, um deus e um planeta. Trata-se de Netuno, irmão de Júpiter e Deus do Mar. Tão poderoso quanto Júpiter, ele assumiu o governo do mundo intermediário da água, com Júpiter acima, no Céu, e Plutão abaixo, no submundo. Como um símbolo do seu poder, conduzia um tridente, que era provavelmente uma chave para as três-forças divinas, ou trindade, criadoras

do Universo. Outra qualidade de Netuno é que, igualmente ao mar, ele_ é onipotente - uma presença semelhante à água sobre toda a Terra. ~ Alguns kabbalistas vêem nisso um grande significado e especulam sobre a natureza fluídica do seu ser, no que se refere ao fato de ser ele o irmão mais velho de Júpiter. Tais idéias, contudo, são apenas fragmen-' tos de um padrão maior que se perdeu e foi provavelmente distorcido/' com o tempo. Tradicionalmente, o Sefirah Keter é descrito nessa escala como o Prinlum Mobile, o Primeiro Motor. Esse nOOlC é olais ou menos auto~ ~as O que se move e quem move é uma Outra questão; por isso é mais que uma esfera invisível que canta enquanto gira pelos ~te céus. Corporificado na idéia do ~.m.Mobil~está o mesmo conceito existente em Keter ~ a Coroa. Aquilo que jorra do alto através da Coroa é idêntico ao que vive além do Primum Mobile. Talvez seja oportuno afirmar neste momento que acima do sistema planetário e acima até mesmo (

.

serva dos no céu são os minúsculos núcleos físicos de enor~.j)~9niza~s ~te9J1,js. Vemos o Sol como uma bola brilhante, mas na realiCíade \>!Vemos dentro do seu corpo radiante, do mesmo modo que habitamos na parte interior dos cinturões de radiação de Van Allen e da atmosfera terrestre. Nosso planeta não cessa de exiStIr, mesmo bem adiantç' da Lua; e se nós pudéssemos observá-lo com um olhar cósmico, ele tomaria a forma de um enorme embrião pulsante, com a sua cauda diáfana abanando ao sabor dos ventos solares, em vez de uma pequena esfera, azul e verde. Esse é o Mundo de Asiyyah - os elementos e a ação, O estágio final de Keter quando, âO lermmar O processo criativo, transforn1a-se em Malkhut. .••••••. Aqui está, portanto, a Árvore da Vida apresentada nos termos dos antigos deuses e das idéias que eles simbolizavam. Através da combinação disso com o conhecimento e a experiência correspondentes aos Sefirot presentes em nós mesmos, poderemos obter um vislumbre ainda mais profundo da sua natureza. Essa é a aplicação prática do princípio "9!Dto em cima como embaixo", tantas vezes citado na antiga filosofia. ' , -

do Primeiro

Motor, nessa ordem,



existem Qutros....

J1n~s; três, ao todo. Isso coincide com a idéia kabbaHstica que ~erá analIsada no próximo capítulo: a de que existem quatro grandes Arvores da Vida, cada uma delas fazendo parte de uma enonne cadeia que se estende desde o Universo Divino, passando pelos Mundos da Criação e da Formação, até alcançar O Reino dos Elementos e da Ação - este em que vivemos. Nessa escala, o esquema que estivemos examinando é, de falO, O Universo mais baixo e denso; e os planetas ob-

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. f~69 7 Os Quatro Mundos

AC. Havendo delineado a natureza dos Sefirot, façamos uma pausa antes de exploramlos suas conexões, a fim de observarmos de que modo eles se enquadram em um projeto ainda maior. Assim como existem quatro estados da matéria no mundo físico _ fogo, ar, água e terra -, também existem quatro níveis correspondentes dentro do Universo Relativo. Esses níveis são tradicionalmente conhecidos como Azilut, ou o Mundo das Emanações, Beriah, o Mundo das Criações, Yezirah, o Mundo das Formações, e Asiyyah, O Mundo da Substância e da Ação. Os quatro reinos acima referidos fomlam uma cadeia de densidade e número de leis que cresce à medida que se vão distanciando do Mundo Azilútico. Cada nível é um espelho mais opaco que o imediatamente acima, até chegar ao Mundo Asiyyático - aquele em que vivemos -, onde a materialidade é tão densa que freqüentemente enxergamos apenas a superfície daquilo que nos cerca. ./ Na grande Árvore da Vida que compõe toda a Criação, esses quatro Mundos estão dispostos dentro das maiores divisões gerais: da tríade formada por Keter, Hokhmah e Binah (Azilut); do retângulo superior composto por Hokhmah, Binah, Gevurah e Hesed (Beriah); do retângulo inferior construído com Hesed, Gevurah, Nezah e Hod, tendo Tiferet no centro (Yezirah); e da triade inferior constituída por Nezah, Hod e Malkhut, com Yesod na posição central (Asiyyal1). Começando pela Tríade Suprema, essas divisões horizontais correspondem aproximadamente aos quatro Muridos. Digo aproximadamente, porque também está na natureza desses Mundos a interpenetração; não somente na Álvore, mas literalmente, como O calor atua no ar, o ar na água e a água na terr'd.

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Os kabbalistas percebem as relações entre Os Mundos na Árvore de diversas maneiras; alguns vêem a demarcação no plano horizontal, enquanto

outros a vêem nos triângulos centrais. Alguns, por exemplo,

consideram Tiferet como O ponto mais baixo do Mundo Beriãtico, com Yesod desempenhando idêntico papel no Mundo Yezirãtico, quando este penetra o triângulo Asiyyãtico . Essa idéia dos quatro Universos é levada mais adiante na noção de que cada mundo contém a sua própria Árvore, com o Malkhut da Árvore do Mundo Azilútico sendo o Tiferet do Mundo Beriãtico e intercalando-se na descida até o Malkhut mais inferior, onde concentra-se o resíduo de todos os mundos. Tal idéia segue O princípio de que cada unidade completa no Universo estã baseada na Árvore. Além disso, diz-se que dentro dessas Árvores em miniatura repetem-se os quatro Mundos, e assim sucessivamente, até alcançarem a parte inferior do cosmo completo. Isso é completamente diferente do fato de que dentro de cada Sefirah em palticular existe uma outra sub-Árvore inteira. Esses quatro Mundos correspondem no homem aos diferentes níveis do seu ser. A trÍade mais baixa é o corpo físico, o retângulo inferior é o reino da emoção, enquanto o retângulo superior aplica-se ao intelecto e a Tríade Suprema relaciona-se ao espírito, Vãrias tradições atribuem denominações

diversas a eles, como corpos carnal, sutil, ra-.

cional e divino, mas o seu significado é sempre o mesmo. . /' É de grande utilidade identificar esses níveis dentro de si mesmo, sendo possível observã-Ios facilmente em qualquer processo criativo ou em qualquer relação humana plena. Exemplificando, em um caso_/ de amor torna-se às vezes rapidamente aparente o que existe ou não em espírito, cabeça, coração e vísceras. A predominância de um ou a ausência de outro revela-se insranraneamenre, Quando os quatro estão /.'

equilibrados, O miraculoso então acontece, ./ Tomando em primeiro lugar o Muildo Azilútico, pode-se em suma descrevê-lo como o reino em que a Árvore da Vida encontra-se no seu estado mais puro. Seu funcionamento se dã, verdadeiramente, no Reino das Emanações. Aqui, próximo da Luz Infinita, todos os Sefirot são /

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radiações ou ressonâncias

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Tradicionalmente os Sefirot são chamados pelos diferentes nomes de Deus, sendo cada um o aspecto mais puro do Absoluto, do modo como se manifesta no Universo Relativo, A partir do nosso distante ponto de vista, muito pouco deles se conhece, e aparentar possuir esse conhecimento seria tolice. Sabe-se bem que experiências místicas são indescritíveis, não devido à falta de articulação imputada aos paltici-/ pantes, mas porque inexiste linguagem ou símbolos adequados para

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diretamente

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contato com a Divindade .

ilustrã-Ias. Seria o mesmo que explicar a equação einsteiniana de massa-energia a uma ovelha. .-/ Para aqueles profundamente interessados nessas denominações de poder, como elas são chamadas, existe uma literatura abundante. Mas este estudo não requer livros, e estabelecer contato com um mestre nessa arte é difícil para quem não se submeteu a uma disciplina prática durante algum tempo. Por conseguinte, nesta situação, !,ugiro ('" que acompanhemos as instruções deste livro, e observemos a Arvore " da Vida em primeiro lugar no nível Asiyyãtico e, possivelmente, no YV zirático. . . ./: O Mundo Beriãtico, o Reino das Criações, é conhecido como o Universo dos Arcanjos, que poderiam ser definidos como inteligências concernentes ao cumprimento das instruções Divinas e que acionam os processos designados. Nesse nível nada pode ser visto, como a idéia de um edifício, antes de seu esboço ser registrado no papel. Aqui podem existir milhares de possibilidades intrínsecas. A partir de uma única idéia pode surgir um tipo completamente novo de arquitetura . Esse é o momento da atividáde criadora, antes do estabelecimento da fase formulativa. A Árvore da Vida no Universo Beriãtico poderia descrever as mesmas operações que nos Mundos inferiores, mas o nível de energia e materialidade seriam de uma potência maior; o Malkhut de Beriah co~tém q.ualidades elementar~s cap.azes ~e fazer nossos trabalh~;.....---~ maIS cnatlvos parecerem grosseiros e mfantls . /""" O Mundo Yezirãtico está mais próximo da nossa compreensão. É o ( jleino das Formas. Nele o processo criativo é fluido e está em fase de d~ciíVin1eilto, como ocorre na elaboração de um vaso de cerãmica. / Nesse ponto manifesta-se a sutileza, sendo possíveis a v:¥'iação e a va-( riedade infinitas, mas dentro do contexto apresentado no Mundo Beriã-

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rico. Assim, formas são feitas e preenchidas, trocadas e reorganizadas.

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Aqui ocorre um fluxo e refluxo, as configurações aparecem c desvanecem, até preencherem sucessivamente as exigências de detemlinadas condições. Ainda assim, tudo está relacionado ao conceito original. /' Muitas das artes do homem são portas de entrada para o Mundo Yez~ )~ e a sua utilização, por exemplo, no simbolismo, constitui uma tentativa para fIXaresse estranho reino em temlOSAsiyyãticos. /' O Reino Asiyyátíco compõe-se dos elementos. É, literalmente, o mundo em que vivemos. Todavia, não é tâo simples como a física pura, por onde os Mundos superiores o penetram. Um gato origina-se de um pensamento na mente da Natureza com a finalidade de preencher uma necessidade cósmica, como aconteceu com os dinossauros e ocorre agora com os homens. Partindo desse ponto de vista, um gato

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todos os gatos, e todos os gatos não são mais do que cópias <;Ieum só/. gato. Temos então um impulso criativo originário no Mundo Beriático que se manifesta sob a forma variável de filhote, gato adulto e cadáver no Mundo Asiyyático. Se perguntamos o que é um gato no Mundo Asiyyático, a resposta será o remanejamento de algumas centenas de latas de ração felina, mais ar, água e luz. Tão firme como parece um gatinho, ele não é o que aparenta ser; nem qualquer um de nós n~ Mundo Asiyyático. Estamos tão familiarizados com os fenômenos desse reino que nos inclinamos a considerá-lo o único. O Universo físico, conquanto possa ter uma aparência cósmica, é apenas o visual dos mundos superiores, / embora e~e.de fato os contenha a todos, pois M".~khuté K~~r, o Espí~ to na Matena. No reino da Natureza encontramos as formas em permanente mutação da flora e da fauna. Aqui os elementos se movimentam através de um <;icloinfinito, congelado apenas por um instante nesta ou naquela p~n~.a!ljmãl. Consideremos, no entanto, a construção de milhões de folhas em um pomar, e o circuito original impresso para o intercâmbio das energias requeridas, com as lentas modificaçôes ocorrendo ã medida que o clima do planeta se altera, desde a idade do geio até a era tropical. Tudo isso acontece enquanto os homens carregam a atmosfera com ondas radiofônicas, com pensamentos e sentimentos, para no/ mencionamlos o acúmulo do resíduo de gerações de vidas. . Acima do Mundo da Natureza encontra-se o planeta e, mais além, os outrOS planetas, o Sol e os grupos estelares locais. Todos eles, inclu-. sive a Via Láctea que vemos estendida através dos céus nas noites claras, fazenl pane 00 Mundo de Asiyyah. Quando olhamos para cima ou para baixo vemos a matéria, e por mais vagarosamente que se mova uma -galáxia em comparação ã nossa referência temporal, é ainda o reino dos elementos. Até mesmo o menor dos átomos pertence ao Reino Asiyyático, ain9a que o seu aspecto energético possa esmaecer n~ parte superior da Arvore da Vida Asiyyática. r" O homem vive no Mundo de Asiyyah. Ele tem, contudo, acesso aos Universos superiores, desde que evolua e refine seu ser, habilitando-se, dessa maneira, a tornar-se consciente daqueles reinos. Para consegui.lo, precisa adquirir mais do que o corpo físico que lhe foi
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tencendo a uma bierarquia eo:' princípio superior de i~t~li¥ência, per- . manecem fixos nos seus papéIS e funçõês no Padráo Cosmlcç. ~enJlS~' .,Q..~!l1",~~ ultra~ar 0lEdo~ireito e e~~erdo_d{l~rvore
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nomes diferentes. Contudo, o fato importante para lembrarmos é que esse esquema do Universo baseava-se nos mesmos princípios da Árvore. Para alguns era uma especulação, para outros, uma hipótese de . trabalho, e ainda para outros, talvez um mundo, seja na imaginação ou na realidade. Os mesmos argumentos aplicam-se ã física atômica e as-/ tron0011a atualS.

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Uma questão fmal. Os kabbalistas também apresentam um arranjo semelhante, ao qual dão o nome de Kellipor. Esse era o reino dos demônios / ou o mundo das cascas. Causadas pela distorção, pelo desequilíbrio e, pela atrofia, elas eram as forças correspondentes em todos os níveis do / Universo, mas desalinhadas da evolução geral. Estão presentes em qualquer organização, e manifestam-se quando se chega ao excesso, quer através da superatividade, quer da super-resistência. O simbolisnlo das cascas, ou das conchas, como também é traduzido, indica sua estabilida- / de, sua paralisação do fluxo, sua separação do organismo vivo. Por conseguinte, em termos humanos, um homem que tenha perdido contato com a sua humanidade pode tomar-se um oficial em um campo de con- ~. centração nazista - um verdadeiro demônio! Da mesma fomla, um país em guen
evitando o crescimento econômico ou cerceando.----

os direitos humanos, enquanto a conupção é tolerada. Em um homem, tal dura casca psicológica de letargia ou de supe'
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assim, até mesmo de ver o mun-~'

do fora da sua própria imagem fixa. Todos os fenômenos Kellipóticos significam a pemubação do funcionamento natural dos Sefiror. A falta ou o excesso de estímulos do processo ativo ou passivo é capaz de criar uma sim ação desequilibrada, e'!l um grau maior ou menor. Qualquer distorção permanente eni uma Alvore gel'arã uma circunstância desast~"Osa; em uma escala mais / ampla, uma guerra mundial. No nível individual, a loucura - na verdade, a possessão demoníaca . Temos, então, aqui os quatro Mundos, e as quatro divisões horizontais da Álvore da Vida. Como afirmamos,

para este estudo nos.con-

centraremos principalmente no Mundo Asiyyático, observando seu funcionamento a partir do nosso próprio nivel para que possamos, talvez, obter um vislumbre



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dos Mundos superiores .

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8 Tríade e Oitava ~

Já foi dito que o Universo Relativo veio a existir graças à il}l.cração de duas grandes leis. A primeira é a lei da Tnade ou Trindadc, que provoca um acontecimento, e a segunda é a lei das Oitavas, que mostra o desenvolvimento daquele acontecimento através de uma seqüência definida. Ambas as leis encontram-se presentes em todos os lugares, desde o princípio da Criação Divina até o simples ato de riscar um fósforo. Nada pode existir fora dessas duas leis . O conceito da Trindade é comum à maior parte 'das principais re-. ligiôes e filosofias, e a Kabbalah não é uma exceção. Na Árvore da Vida ele é visto muito precisamente na tIiade .JS.eter-H01<:i1.nEh.,.l.3[nah . Aqui são mostrados os fatores positivo e negativo nos jlilares da força e da forma, com o terceiro elemento de equilibrio conectando-os na coluna central. Nada poderá acontecer desde que os três estejam ligados, da mesma forma que um [i1ho não pode ser concebido sem o estabelecimento de certas condiçôes entre um homem e uma mulher. Assim sucede em todo o Universo, onde quer quc ocorra um aconte • cimento verdadeiro. .-/' Olhando para a Árvore, é possível notar que todos os Sefirot agrupam-se sob a forma de tríadcs. Além disso, cada uma dessas tríades está ligada à coluna central da consciência. Isso é vital, pois enquanto . as colunas da esquerda e da direita desempenham funções fixas (do mesmo modo que um homem é um homem e nada mais), a coluna central complementa qualquer tríade, habilitando assim o fluxo das ocorrências. Também será notado que existem "naÁlvore rríades gran-

des e pequenas, bem como triângulos particulares que se relacionam'



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" lugar espeprincipalmente com o eixo central. Todos possuem o seu cial no esquema cósmico da Árvore, e a sua maioria pode comportarse dentro de uma das seis permutações possíveis: _cr~cimento,
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saçào mais flexíveis, descrevem com muita precisão a verdadeira situa-

ção da materialidade, na qual a vibração é tão compacta que na'da parece mover~se. Parece, repito, pois aquilo que normalmente Tríade e Oitava

considera-

mos alta vibração é o que na verdade é mais poderoso e livre. Como se diz repetidamente, as ~arências enganam, e no Universo verdadeiro" 71

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muitas vezes acontece o çontmrio dÇLque vemp.s. Não é sem motivos que o homem é visto simbolicamente contemplando o Mundo de cabeça para baixo, vendo o transitório como eterno e o eterno como

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transitório. Esse é o rimeiro véu de ilusão ue cobre nossas vidas. ~ Se considerarmos a Arvore da Vida sob esse ponto e vista, deveremos observar que o dó inferior da nossa visão comum principia de fato na parte superior, em Keter, e atinge sua vibração e cOlllpressão máximas em Malkhut. Para nos confundir ainda mais, a Oitava flui de duas maneiras, desembaraçando-se de sua intensidade no grande monocórdio de Keter, após haver atravessado os trastos dos Sefirot. Ambos os fluxos ocorrem simultaneamente, como um relãmpago que ilumina o Céu e a Terra ao mesmo tempoJ com

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tendo por sua vez todos os impulsos de cada nível, altos ou baixos, até os mínimos movimentos dos átomos do metal mais denso. É a ascensão do Reinoã Coroa, e a descida da Coroa até o Reinõ,pàra que assim o Céu possa manifestar-se na Terra:-ileTéIa ÕitãvãS, além de ser vista em uma grande progressão deKCter a Malkhut, pode ser observada em qualquer escala, inclusive nos fenômenos mais mundanos"tais como no espectro luminoso, na tabela periódica dos elementos e, evidentemente, na música. Utilizando a conhecida escala tonal, sem esquecermos, porém, de inverter o crcscimento c a diminuição de freqüência aparentes, podemos d~linear a n'tureza do descnvolvimento"""---da Oitava no seu relacionamento com a Árvore da Vida. / Atingindo o dó aparenter.le.lte mais baixo, mas, na realidade, o maior de Ketcr, a Oitava desce pelo caminho do Relâmpago até Hokhmah. Aqui, na sua primeira manifestação, penetra no mundo vibratório, na sua parada ou trasto inicial. A energia agora esrã presente: Cru-

za então para Binah, a segunda nota, onde, no primeiro Sefirah passi- /' vo, é desacelerada e formatizada, por mais rarefeita que possa nos parecer. Essa é a primeira tríade. A partir daí, após um interValo que veremos em seguida, continua o fluxo descendente através dos Sefirot da Árvore. Ela não aparenta, contudo, atingir diretamente a coluna central outra vez até alcançar o dó de Malkhut. A razão é a lei peculiar /' que determina as Oitavas. . " Após a Tríade Suprema Keter-Hokhmah-Binah haver iniciado o movimento

da criação, ocorre uma pausa momentânea,

uma desacele-

ração que precisa ser superada. Esse fenômeno é visível em qualquer trabalho criativo na vida cotidiana, quando ocorre uma hesitação iniciai após uma partida vigorosa. Caso essa lacuna não seja preenchida, a ação sem suspensa. Muitos livros e quadros bem começados mOrreram nesse ponto crítico. O que se requer é um impulso vindo de para o movimento prosseguir. Em tarefas menõres;CUil\r~a

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~ basta uma caminhada, l!...maconversa ou u'!!!yíca,ª-de.café para agir como estímulo neccssário. Es5e-impulso leva o fluxo adiante até a nota fá, ou o Sefirah Hesed, com o fosso vital sendo preenchido pelo Sefirah invisívc;l.Qê.at, o qual proporciona O contato com a coluna c~trai da energia consciênte. r A Oitava prossegue sua descida pelo Relâmpago, seguindo o desenvolvimento dos diversos Sefirot, através do fá-Hesed, sol-Gevurah, até o lá-Nezah. Novamente a coluna central do Equilíbrio foi atravessada. Nesse momento tornou-se aparente O caráter da Oitava, estando essa natureza corporificada em Tiferct. Qualquer pessoa praticando uma tarefa criativa sabe que, umá vez alcançado esse POntO, não pode mais haver mudança. A essência do livro ou do quadro já se fIXOU.Somente começando novamente é que se pode corrigir alguma discrepância. Ainda aqui a terceira força.=-a da consciência -se manifesta, mas agora como a imagem de todos os passos Jã percorridos pela Oitava ou que venham a ser percorridos por ela posteriormente; o caminho agora está traçado c O resultado, salvo por pequenos detalhes, cristalizado. Isso se deve ao .fato de que todos os caminhos convergin- ~ do para Tiferet estão firmemente focalizados. ~ Depois de estar bem determinada a natureza da Oitava, a seqüência prossegue, passando por lá-Nezah (ciclos) para si-I-!od (reverberação). Chega-se, então, ao último intervalo antes di complementação. Podese observar outra vez aqui essa pausa, tida freqüentemente conio um intenso cansaço, igual ao observado nas ações mais COmuns. Um esforço maior, final, é requerido para concluir a seqüência. Durante a Segunda Guerra Mundial os ingleses reconheceram o funcionamento dessa lei no seu esforço de guerra, quando a emissora B.B.C. pôs no ar dois programas de música estimulante nos horários em que s," sabia que os operários começavam a esmorecer. Esse pode ser um exemplo demasiado rude, mas fornece uma compreensão prática da Oitava na jornada de trabalho. No caso da Árvore esse intervalo é preenchido por Yesod, () poderoso Sefirah situado na coluna do equilíbrio. Esse centro vital complementa três subtríades na grande tríade inferior do Mundo Asiyyático (ação e matéria), trazendo a Oitava inteira para a total manifestação física. Em um livro, esse sel'ia o trabalho final da escrimra do texto, mantendo o fluxo durante várias semanas (o que não ê um esforço medíocre, uma vez que seria bem mais fácil apenas pensar ou falar do mesmo). Em Malkhut completa-se o Dó final; e agora Keter encon- /' tra-se verdadeiramente em Malkhut, e Malkhut em Keter. / Seria oportuno repetir que entre cada nota de uma Oitava há uma Girava em llliniatura ou, em reml0S kabbalísÚcos, que existe uma Ár-

vore completa entre e dentro de cada Sefirah. Isso normalmente expli-

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ca porque não somos capazes de ver a lei com clareza, pois observamos na maior pane das vezes apenas notas ou Sefirot paniculares. Poderia ser, talvez, porque apenas temos acesso a uma pane de um processo integral, como um editor que executa as tarefas de Gevurah-Hod/ na seqüência publicitária; um outro exemplo seria encontrado nos tribunais judiciários, onde vemos tão somente a função Gevurah-Binah/ do sistema legal. A interação das duas grandes leis da Oitava e da Trindade é polifacetada, originando os diversos aspectos do Universo. No homem, essa. interação é bem demonstrada, e um olho experiente pode detectá-Ia em operação. Contudo, antes de passarmos ao exame das ttiades em / rehção ao homem, devemos tomar nota de algumas leis subsidiárias. "/ Enquanto, de um modo geral, a Coluna Masculina pode ser vista como o princípio ativo fluindo para baixo até Yesod e Malkhut, e a Coluna Feminina como O princípio passivo chegando da mesma forma àqueles pontos, é opoltUno lembrar que eis Sefirot individuais estão sujeitos ao travestismo, ou seja, às mudanças do negativo para o positivo e vice-versa. Deve-se isso ao fato de que, enquanto o Relâmpago desce, o Sefiral1 superior atua sempre como o Princípio Ativo para o recipiente inferior no fluxo das emanações. Por exemplo: Hesed é passivo em relação a Binah; e Gevurah, nonna'lmente passivo, é ativo nessa circunstãncia em relação a Tiferet. Além disso, em cada ttiade qualquer Sefirah pode assumir um status ativo, passivo ou neutro de~tro de/, uma situação limitada, ou seja, ao desempenhar um papel de !mportância menor. Isso pode ou não resultar no equilíbrio de toda a Alvore. Tal disfunção no homem, exemplificando, acontece quando um Sefirah que deveria ser ativo é passivo, ou atua como conector. Um bom exemplo de um Sefirah passivo usurpando um papel ativa é o do homem incapaz de dbrmir porque o seu Hod não pode resolver um problema fora de sua alçada. A mente lógica e comum, assumindo O princípio ativo da triade Hod-Yesod-Malkhut, dá voltas e mais voltas em torno da questão, em um círculo sem fim, colhendo dados armazenados no cél'ebro, o que é visto pela tela Yesódica como antiquado e inútil, não oferecendo qualquer solução. Enquanto isso, na sua inquietude, o nível de vitalidade da triade Nezah-Yesod-Malkhut está diminuído e impotente para aliviar o homem porque o seu Nezah tornou-se passivo. Como resultado, não existe impulso energético suficiente vin-

do da coluna ativa da Árvore para arrancá-lo dessa situação aflitiva. Finalmente ele cai no sono, por pura exaustão. Entretanto, talvez duran!' te a noite, quando a Árvore estiver funcionando normalmente, seu julgamento proveniente de Gevurah entre em ação. Caso isso não ocorra, O repouso noturno, com a atividade natural de Nezah, provavelmente

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produzi rã força suficiente para que o organismo capacite o homem a enfrentar O problema de modo equilibrado na manhã seguinte. Ocasionalmente, como todos nós já iivemos opoltUnidade de experimentar, as soluções são geradas pelos Sefirot superiores durante o sono, enquanto as ttiades inferiores recompõem o corpo e excretam os materiais mentais excedentes Eor meio dos sonhos. Quase sempre todas ~ as tdades funcionam dentro ae um ãmbito nom1al de permutas, experimentando-se e contrabalançando-se por toda a Árvore, assunto qu~ serã discutido posteriormente em detalhes, após dada uma visão geray do assunto. " Toma-se em primeiro lugar as ttiades laterais"que pelo seu relacionamento com"as colunas da força e da forma da Arvore são menos flexíveis do que aquelas dispostas na coluna do meio. O fato se dá porque as colunas ativa e passiva estão mais ligadas a funções que ã consciência e possuem, portanto, menos liberdade de ação. Isso verifica-se facilmente em uma pessoa que emite sempre julgamentos de valor (Gevurah excessivo) ou em alguém que não dispõe de autodisciplina (falta de Gevurah). Todavia, essas triades têm efetivamente importantes tarefas a realizar. Exemplificando: no honlem, a tríade Hod-YesodMalkhut define os processos de identificação, a memória e o corpo. Aqui encontramos uma seqüência contínua de comparações. Uma história podeci ilustrar algumas das tríades inferiores em funcionamento: enquanto um homem caminha pela rua, seu Hod classifica incessantemente as impressões recebidas. Desvia-se de um poste de luz, lê um

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anúncio, atravessa a rua transpondo três carros em movinlento,

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do-se dos reflexos condicionados que a experiência armazenou na sua triade Hod-Yesod-Malkhut. Sabe muito bem para onde está indo, porque ao longo dos anos desenhou mentalmente um mat'a do bairro nessa meSma tríade, o qual é capaz de retirar do banco cerebral da me(nória e projetá-lo sobre a tela Yesódica quando assim o desejar. Contudo, vê uma ruela desconhecida, e sua mente Hodiana, sempre "curiosa, encaminha seu sistema voluntário para apontar os pés naquela direção. No outro lado da Álvore, a sua nóade Nezah-Yesoa-Malkhut advene-o de que ele está com fome, que deveria ir para casa e comer . Sua nlente Hodiana, inrrigada pelas novas visões, odores e sons, igno~

ra a fome e incita-o a prosseguir. Na ruela pouco iluminada, o terreno desconhecido faz com que a sua tríade Nezah-Yesod-Malkhut lance um pouco de adrenalina à corrente sanguínea. Já nervoso, recebe mais estímulos da imaginação Yesódica, enquanto assume papel fantasioso de um agente secreto. Corajoso, garboso e determinado, ele avança sentindo o volume de uma pistola imaginária junto ao peito palpitante. Dobrando uma esquina, seus olhos Hodianamente informados dila-

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tam-se, enquanto vislumbra o perfil de uma moça parada nas sombras. / Totalmente imerso em sua ilusão, seu Yesod preenche com traços idealizados o rosto que não consegue ver, ao mesmo tempo em que o seu Nezah lança uma corrente de desejo através do organismo. Com a tnade Hod-Nezah-Yesod subitamente excitada, as faculdades sensuais

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são postas em alerta, e os instintos e01 expectativa; ele aproxima-se da moça, quase acreditando que beijará realmente a sua boca bonita

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carnuda. Ela volta-se abnJptamente e a luz ilumina seu rosto. É umal mulher .velha,desgraciosa, com lábiOS.finos e ressecados. A imagem Yesódica desaparece, o Nezah é reprimido e o Hod dirige rapidamente o Malkhut para longe dela. Todo o sonho se evapora na realidade. Concluindo que cometera uma loucura, ele se apressa em tomar um caminho conhecido, onde, depois de uma momentânea autoconsciência, volta a mergulhar no sonho Yesódico, desta vez referepte ao seu almoço, já que sua fome Nezáica pede a Hod para guiar os pés Malkthutianos, com ajuda Yes6dica, de volta para casa. / Tomando uma linha provavelmente mais séria, abandonemos essas tríades inferiores e examinemos aquelas situadas mais acima da cQ-( luna central. Valendo-nos, ainda aqui, do exemplo do homem, consideremos as tríades tradicionais ascendentes do pilar da consciência. O homem é uma meia criatura da Terra. Ainda que vivendo no planeta, está apenas parcialmente sujeito às suas leis. Lemos na Bíblia que

após a queda o homem foi lançado do Jardim do Éden ao Mundo inferior. Aqui, revestiu-se na pele animal e, com a I11olte, deveria voltar a~ pó de que foi feito . Essas são afirmações muito interessantes acerca da origem e composição do ser humano, especialmente quando disposto na Árvore da Vida, sobre a qual foi modelado segundo a imagem do seu Criador. Em primeiro lugar, seu corpo é literalmente constituído de poeira ou terra._ Contém

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os líquidos vitais, utiliza o ar, e nãÇ.l pode viver sem calor ou

luz. Esses são os elementos conforme definidos em Malkhut. Também ..... está vivo em uma forma orgânica. Nele encontram-se

rodos os proces-

sos do mundo vegetal. Come, bebe e respira. Também cresce e se reproduz igualmente às plantas. Entretanto, é também um animal, possuindo as qualidades daquele reino. Isso faz dele um ser móvel, social, agressivo e amoroso, bem como possuidor de muitos outros atributos de natureza puramente animal. O ideal familiar, C0l11 cada atividade,,....

.)

começando com o berço, passando pela infância, a corte, o casamento, a constinlição

do lar, a carreira profissional,

a velhice e o túmulo, fa-

zem parre do reino animal no homem. Nem bonl nem mau, isso é visto freqüentemente como o aspecto humano da vida, quando não O é. O

elemento

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humano de um homem é o fato de estar consciente -de si

Tríades interiores

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mesmo, e saber que está consciente. Dessa forma, ele pertence a ~ reino muito diferente daquele dos animais. , A Árvore define o nível mineral em Malkhut, e a parte vegetal do ser humano na grande tríade Hod-Nezah-Malkhut. Acham-se aqui todos os processos e circulações corporais, estando a inteligência vegetal centrada na tríade Hod-Nezah-Yesod. Nessa pequena trindade são governados os processos cíclicos, desde as respostas ao Mundo exterior através de Hod até os mecanismos repetitivos de Nezah. Yesod é o ato sexual ou polinização. A triade Hod-Nezah-Yesod também pode ,ser chamada de 'Carne', ou seja, contém vida, o que a distingue de uo/ cadáver . A triade Hod-Nezah- Tiferet é a da alma animal, ou Nefesh no hebraico tradicional, referente ao sangue ou à vida. Essa anima o corpo, dá-lhe um nível mais elevado de consciência, inclusive ao ponto de saber que existe; mas não o suficiente para saber que sabe. Um gato é um animal muito inteligente, mas é cego e surdo para tudo o que se encontra fora do seu próprio sentido de vida. Pode ser curioso acerca de objetos ou criaturas estranhas, mas elas não fazem parte do seu universo felino. Logo perde o interesse, até mesmo para o próprio reflexo, e jamais volta a olhá-lo. Os gatos sonham, sem dúvida, e qualquer pessoa que possua um poderá atestá-lo. Um gato certamente possui um Yesod, rosnando e gemendo para as imagens que a triade Hod-NezahYesod fazem circular depois de uma má noite em companhia da máfia/ felina local. O Nefesh, ou alma animal, não é de forma alguma tão inferior como o termo implica. Tem contato direto com Tiferet, e é o estágio superior seguinte no eixo vertical da consciência. O complexo formado por Tiferet, Hod, Nezah, Yesod e Malkhut é um organismo altamente sofisticado, com uma identidade clara, ainda que não necessariamente para si próprio. Um tigre é uma espécie distinta, como também / O é uma vaca. São exemplos individualizados dessa configuração. Todavia, um ser humano é mais do que uma espécie, porque contém a capacidade de desenvolver toda a Arvore. Isso é possível graças à triade segúinte, Tiferet-Gevurah-Hesed, que define a autopercepção do homem. Em hebraico isso é conhecido pela maioria dos kabbalistas como Ruahc que significa 'respiração' ou 'vento'. Sem qualquer dúvida isso refere-se a Deus soprando a vida nas narinas de Adão. Contudo, o estudo do Texto mais antigo, a Bíblia em hebraico (Gênese 2, 7), revela que o termo Neshamah, ou alma humana vivente, é utilizado, não sendo porém da mesma ordem dos reinos Animal e Vegetal. Já se disse que desde a concepção de uma criança até O seu nascimento o embrião percorre todos os estágios da evolução natural. Isso de fato acon-I 78

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~ tece, pois a partir dos elementos componentes do corpo materno forma-se um organismo em crescimento, semelhante a uma planta. Depois transforma-se em um animal aquático nadando nos líquidos uterinos, antes de respirar pela primeira vez -como mamífero . .9 exato 010J!l.."nto em que a alma humana Renetra aind
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ponto único de referência e influxo de energia. Qualquer homem verdadeiramente em contato e centrado em Tiferet estará de fato autoconsciente, pois quase todos os caminhos lá convergem, mesmo que para O ser humano comum as vias superiores possam ser apenas linhas potenciais de comunicação. ~ A Bíblia assinala, em Gênese 1, 2, que a tríade formada por Hokh- , mah-Binah-Tiferet é o Ruah, o Sopro ou o Espírito. Conectado à Tríade Divina, esse triângulo inferior, com eixo na Essência, pode ser chamado de consciência objetiva, ou seja, a atenção para algo mais que o relacionado ao self individual. Encontra-se aqui o vislumbre para a nanlreza do Universo. As coisas são vistas não de uma forma orientada para O indivíduo, mas em termos cósmicos, mais abrangentes que o self da pessoa, por mais nobre e puro que ele seja. Arraigado em Binah-Compreensão e em Hokhmah-Sabedoria, de que outra forma a '

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Criação poderia ser concebida? Além disso, apresenta uma interface com a Tríade Divina de Binah, Hokhmah e Keter, Isso lhe confere um relacionamento direto com o Mundo Divino, o Universo Azilútico das emanações, Afirmam os kabbalistas que, COma morte, o corpo Malkhutiano regressa aos elementos e que Yesod logo se desvanece ao cessarem os processos vegetais. O Nefesh, por sua vez, permanece enquanto as tnades de energia vital desintegram-se lentamente ã medida que o corpo Se decompõe, o Neshamah ou a Alma encontra sua morada em uma região superior, e o Espírito, quando os processos purificadores estão completos, volta através de Keter para o Absoluto. A tríade mais elevada é a da Trindade Suprema. Esse é o Mundo Divino no Homem e na Criação, Daí emanam as três forças da Trindade e as seqüências fiuentes das Oitavas e dos Sefirot. Os kabbalistas foram adiante definindo as tríades centrais em dois complexos principais. O superior era conhecido como a grande ou longa Face, e se compunha de Keter, Hokhmah, Binah e Tiferet. Nesse ponto, a face a barba de Deus atingem todo o Universo, sendo cada fio portador da. instrução e da existência divinas. A Face inferior era composta de Tiferet, Hod, Nezah e Malkhut. Essa era chamada de Face ou Assembléia menor, Aqui se encontra Adão ou a Humanidade. Entre as Faces superior e inferior estão os Sefirot Gevurah e Hesed, os Quenlbins que se postam com suas espadas flamejantes diante dos Portões do Jardim do Éden, onde passeia o Senhor Deus. /

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rito sentimental, mas o reconhecimento de uma constante necessária, situada acima das flutuações do tempo e dos governos. Os Sefirot são sempre imutáveis no exercício das suas funções. Se assim não O fossem, o Universo Relativo entraria em colapso. Podemos encontrar uma / analogia paralela nos elementos constantes que formam um povoado.!" em quaisquer lugar e época. Existem sempre os~, os ~omens e as mulheres, oS~~llles e as crianças. Cada pessoa atravessa diferentes ~s ou iniciações, sejam elasJna selva ou na esquina da rua de uma cidade, de modo que, ao alcançar a maturidade, ela tenha sido o garoto, o jovem, o recém-easado, o pai etc. Quase todos preenchem um desses estágios em algum ponto das suas vidas, seja negativa, seja positivamente . Os caminhos não são constantes como os Sefirot. Por sua natureza estão sujeitos aos dois pólos dos Sefirot a que estão conectados. Tam, bém levam carga negativa, positiva ou neutra, e adquirem o caráter requerido pelas tríades de que participam. São iguais aos camaleões, mas com uma coloração definida, capazes apenas de assumir um determinado leque de variações. Isso se deve, Como a palavra 'subjetivo' implica, ao fato de que eles não são os donos de uma situação. ~ Muitas tentativas foram feitas para sintetizar as variedades cobertas por cada caminho, e o sistema que veremos a seguir pode ser o mais antigo. Suponhamos, deixando fluir a especulação, que a língua hebraica foi reformulada enquanto os judeus estiveram prisioneiros na Babilõnia, no século VI a.C. Isso foi possível porque o hebraico há muito já não era um idioma principal, mas poderia voltar a sê-lo, segundo se esperava, quando os exilados retornassem à Palestina. Muito . trabalho foi feito, semelhante aos esforços realizados pelos sionistas dos séculos XIX e XX, que trouxeram o hebraico para o mundo moderno, depois de haverem acrescido novas palavras absorvidas de ou- ./ tros idiomas contemporâneos. Na Babilônia o problema era outro. A solução que se buscava (independentemente de quem estivesse por trás desse movimento) era mais do que redesenhar os pictogramas hebraicos, transformando-os em letras sírias., Ao que parece, tentavam reestrumrar a raiz vigente da língua, para que ela pudesse agir como um sistema dentro de um sistema, como o faz a álgebra dentro do corpo da matemática, mas de fornla a aplicá-la aos cinco livros de Moisés .J â Torá e à Árvore da Vida. A partir daí, aconteceram muitas descober~ tas, algumas das quais baseadas na numerologia:, que se constimía em uma chave muito profunda para a filosofia e a estrutura verbal do Antigo Testamento,.levando n,1Uitosi~ve~tigadores a se tornarem tão ena-; morados dos numeros e do seu slgmficado que terminaram enganando a si mesmos e a muitos outros. Esse também é um fenômeno co-

mum na ciência moderna, podendo-se aceitá-lo como uma experiência fracassada, ao lado de muitas máquinas 'voadoras' que não saíram do solo antes das projetadas pelos irmãos Wright. Contudo, essas jornadas sem fumro à fantasia numérica não prejudicam o trabalho genuíno efemado pelos antigos rabinos, que obtiveram o máximo valendo-se de uma oportunidade única. O que se segue é um vislumbre sobre a pesquisa acerca desse,sistema desenvolvido nos nossos dias. Como acontece com a arqueologia, somente algumas das fundações foram descobertas, e enquanto apenas podemos conjecmrar acerca da magnificência do palácio que permanece enterrado, resta-nos no m:; mento nada mais que uma ala ou um pátio para podermos trabalhar . O alfabeto hebraico possui valores mais que fonéticos. Tem ta bém designações numéricas, bem como significados simbólicos e cósmicos. Os valores numéricos são simples e comuns a muitos idiomas antigos que careciam de um sistema numérico separado. O hebraico é muito mais penetrante, dispondo de uma metafisica inteira de números associados e famílias de palavras. Todavia, essa não é a nossa área ~ de esmdo, e devemos deixá-la para aqueles que estão familiarizados com esse vasto labirinto de significados que pode-se e.'(trair de uma série de códigos tão versátil. Se observarmos a Árvore, notaremos que além da numeração seqüencial apresentada anteriormente, cada caminho tem uma letra do alfabeto hebraico a ele assinalada, perfazendo 22. Cada uma dessas letras tem uma correspondência numérica, q~: / aumenta à medida que se aproximan de Malkhut. Aqui situa-se un~ outra área pe esmdo, por seu próprio direito. ' De maior interesse inteligível para nós são os significados das raízes ou das imagens formadas pelas letras. Até por volta do século VIII da era cristã, o hebraico não possuía vogais escritas, tle modo que , muitos significados poderiam estar relacionados a uma simples palavra de três letras. O nome Hod é um bom exemplo, como uma rápida consulta em um dicionário bilíngüe que inclua o hebraico pode mostrar. A partir dessa palavra-raiz comum, obtemos 'esplendor' e 'reverberar'. Uma pequena observação prática revelará que o tímlo desse se/' firah não é uma descrição va~a, mas uma definiçâo precisa sobre os níveis elementar e de ação da Arvore da Vida. Examinando as letras e a raiz de seus significados, percebemos que há outra maneira de visualizar os caminhos, Assim, Aleph, no caminho Kercr-Hokhmah, quer dizer 'criar milhares', ou ldomesticar e ci~

-"i!~~; por sua vez, Beth, segundo um outro siStema 'seqüencial no caminho Hokhmah-Binah, significa 'uma casa, uma tribo, um instrumento'. Através desse método os carófnhõSdà'Ái:Yõ~e se desenvolvem ainda mais, o que o difere dos outros, visto que completa as tríades en.I

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tência. Esse é um caminho duro, sombrio, mas que dese7lVolve força e resistência. Aqui encontramos ainda uma outra chave para a natureza do caminho, embora a linguagem dos planetas e do zodíaco possa não ser das mais atuais. Isso provoca muitas dificuldades para aqueles que estudam a Árvore da Vida, pois os séculos de trabalho, à sua época vivo e palpitante, hoje servem apenas para obscurecer a visãQ.. As idéias e os símbolos muitas vezes fazem sobreviver sua utilidade. Se eles forem verdadeíros arquétipos, reaparecem então sob uma outra forma, como a eterna Vênus de cada geração, revelando-se com toda a / clareza, apesar das eventuais mudanças de aspecto. ,.../' Um terceiro sistema relacionado à Árvore e aos caminhos, e que merece ser examinado (apesar de obscurecido não tanto pelo tempo, mas pela superstição), é o do baralho de tarô. Trata-se de uma coleção de cartas surgida pela primeira vez na !dade @a. Hoje resta apenas o pacote anêmico dos arca nos menores, sob a forma de cartas comuns e diversas outras versões, muito bonitas mas provavelmente incomply tas, dos arca nos maiores. O tempo, a remodelação dos esquemas, os modismos e homens que incorporaram suas próprias idéias às cartas contribuiram para legar-nos tão somente uma imagem fragmentada do que as figuras repre-

quanto o Relãmpago-.?e desenvolve, em vez de preenchê-las posteriormente. As imagens das letras descem pela Árvore, e cada símbolo é uma chave para um caminho específico.

Dessa forma, AyinJ no carnt-

n~o entre Hpd e_Liferet, significa ',?l~q~ ou 'e~, ~Q:!r', apropnado a Hod olhando para Tiferet, no sentido da mente lógica comum conferindo com a sua Natureza Essencial; ou seja, o representante de Mercúrio, o Deus da Informação e da Comunicação, dirigindo-se a Apolo, o Deus da Verdade e da Iluminação. Essa maneira de definir os diferentes caminhos é muito valiosa, .e existem motivos para acreditar, de acordo com investigações atuais, que toda uma cidade filosófica está prestes a ser desenterrada a partir das raízes da Árvore e da base proporcionada pelo idioma hebraico. Por exemplo, uma maneira de ler os caminhos baseando-nos nesse sistema de Iiteração tem provocado alguns Insights interessantes. A tríade Nezah-Malkhut-Hod e suas letras respectivas Shin, Nun e Tov formam raiz de 'ciclos dia ano e J0110' etc. A tríade Hod-Nezah-Yesod forma, com suasletrã; Nu~,Koof e Peh, a raiz das palavras 'andar em círculo', Hod-Nezah- Tiferet e as letras dos seus caminhos formam a raiz de 'fechar na posição', 'estar calcado'. As letras da tríade Gevurah-Hesed-Tiferet compõem Zayin, Caph e Heh, que são as raízes de 'purificação', ou 'limpar', em todos os sentidos. Binah-Hokhmah-Tiferet e suas letras Yod, Tet e Beth, dão a raiz para 'tornar fértil, aperfeiçoar'. A última tríade Keter-Hokhmah-Binah, que nos dá as letras Gimel, Beth e Aleph, significa 'reservatório de água', ou 'sistema subterrãneo'.-4 propósito, Adão deriva de Keter Hokhmah e Hesed, cujas letras querem dizer 'sangue yjyo', 'vermelho: e 'homem'. As letras da tríade Nezah-MalkhufeMàlkhut:Hod, formanl Seth, o filho de Adão - que também significa 'a base' ou 'o fundo'. Finalmente, as "letras dos caminhos de Hod-Gevurah, Gevurah-Binah e Binah-Keter, dão forma a Samech, Vav e Gimel, cujo significado é 'retornar à fonte', completando assim todo o círculo. Além de serem de grande interesse acadêmico avançado, essas palavras e letras radiculares proporcionam um illSlght da infra-estrutura detalhada da Árvore a ser explorada. /' Uma outra faceta do alfabeto hebraico são as designações planetá-

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rias, zodiacais

e elementares

encontradas

no antigo Livro da Forma-

ção. Nessa primitiva obra kabbalística, as letras, quando dispostas na segunda seqüência, também descrevem, de acordo com a letra e sua correspondência, a natureza dos caminhos. Assim, O caminho'entre Malkhut e Yesod, cuja letra é Resh, é o caminho de Saturno, uma subi •. da longa e árdua, em tennos humanos, através do mundo material das formas. Temos aqui uma inteligência terrena, a experiência criadora de paciência, vendo o Universo por trãs da superflcie e:Kteriorda exis-

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sentavam.

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Como um sistema, o

taro ê impressionante

pclo seu simbo-

lismo grãfico, mas falta alguma coisa. Entretanto, temos razões para especular que a Árvore da Vida é o ponto de referencia necessário à sua/ complementação. A seguir enumeramos algumas possíveis chaves. / . Os arca nos menores compõem-se de quatro séries ou naipes, cada um fOffilado de dez números, começando com o Ás. Se entendermos os quatro naipes como diagramas dos quatro Mundos ou Universos, temos o Ouros ou Pentáculos para Asiyyah, Corações ~u Copas para Yezirah, Espadas ou Lanças para Beriah, e Paus ou Bastões para O Mundo Azilútico. Temos aqui outra vez Terra, Água, Ar e J:9gQ. Além disso, nas quatro/cartas reais existentes em cada naipe, encontramos os quatro níveis compreendidos dentro de cada série-mundo da Árvore. Desse modo, o Pajem de Paus é o nível Asiyyático no Mundo Azilútico, e assim sucessivamente, enquanto o Cavaleiro de Espadas representa o nível Yezirático no mundo da Criação. Assim também acontece com a Rainha e o Rei, ambos indicando os níveis Beriático e Azilútico em seus respectivos naipes. A analogia com a Álvore kabbaIística é indicada ainda mais se considerarnlos a série de dez cal1as. Algumas escolas vêem cada número como correspondente a um Sefirah/ de maneira que o Ás de Copas é O Keter do Mundo Yezirãtico - efetivamente um reino aquoso de fOffilas cambiantes - e o Seis de Paus o Tiferet do Reino Azilútico. Outros, indo mais além, asseguram que a . 87

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correspondência é ainda mais sutil, mesmo que os Sefirot não se fixem tão facilmente. Afinnam que cada carta representa uma tríade naquele naipe ou mundo particular. Assim, o Seis de Ouros é a tríade fonnada por Tiferet, Gevurah e Hesed do Mundo Asiyyático, enquanto o Dez de Paus é o pivô da tríade Malkhut-Yesod-Hod no Mundo Azilútico . Essa é uma r:>atriz complexa, mas fornece uma configuração mai~ completa da Arvore. Os arcanos maiores compõem-se de 22 cartas desenhadas, também especificamente numeradas, tendo letras hebràicas nelas inscri. tas; todavia isso pode ter ocorrido antes ou depois da Idade Média. As Imagens são muito estranhas e evocativas, e qualquer um que as manuseie pode ver o quão fácil seria introduzir-se uma ilusão intencional ou deliberada. Olhando as cartas mais atentamente, torna-se aparente que cada uma descreve uma condição ou uma série de leis em ação, um princípio ou uma afirmação direta. Seja no que se refere ao problema das mentiras, como o define o arcano 15 - o Demônio ou o Mago / Negro -, ou ao assunto das leis do destino, como mostrado no arcano 10 - a Roda da Fortuna -, nunca poderemos estar seguros, por causa da narurezasubjetiva das nossas próprias mentes Hodianas. Esse exercício deve ser deixado de lado até que tenhamos encontrado a chave para seguir esse método particular - que para os extremamente imaginativos e crédulos espirituais somente leva a intrigantes e fascinantes

becos sem saida. Aqui veremos as cartas em termos da Árvore para ilustrar o quanto é preciso ser cuidadoso quando se especula um 'material antigo. /

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Existem vários sistemas através dos quais os ~ arcanos maiores do

tarq podem ser colocados sobre os caminhos da Arvore. Embora seja possível obter um certo ganho com um esrudo desse tipo, o simples fato de que versões independentes e extremamente inteligentes tenham sido postas sobre os caminhos faz com que toda a operação pareça suspeita. Isso, conrudo, não invalida os efeitos dos dois exemplos ilustrados, mostrando apenas o quão subjetivos são os caminhos, ra• zão pela qual aconselho ao estudante de Kabbalah que examine e aprenda da Álvore em si e nos seus próprios termos, bem como em / palavras e imagens do seu próprio tempo. -..--/ Já se disse que o baralho de tarô era um instrumento filosófico que, uma vez disposto em celtas formas, poderia responder a todas as perguntas acerca da narureza do mundo, do homem ou mesmo de Deus . Chegamos agora a um ponto de nosso esrudo em que podemos notar que a Álvore da Vida é possivelmente um instrumento similar. Temos aqui um soberbo marco de referência, cósmico em sua escala, divino / em sua argumentação. Podemos usá-lo, como o têm feito os homens 88

Tarô: pois sistemas

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através dos tempos, para obseIVar os nossos próprios tempos, ver em termos do eterno o mundo efêmero. A Árvore da Vida é talvez uma das invenções mais sutis do nosso mundo moderno, apesar da sua idade avançada, e chego a pensar que aqueles que a projetaram sentiriam-se honrados se o título 'Máquina Filosófica' fosse substituído por 'Computador Cósmico'. /

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(Até aqui completamos'nosso breve ~tudo teórico sobre a Árvore . da Vida. Há muito mais a aprender acerca da sua natureza e mecanismo, mas' isso somente poderá ocorrer com o tempo e a experiência. A aplicação prática da Arvore é de suma importância, pois enquanto aprendemos por meio de Hod, devemos equilibrá-lo com Nezah. Dessa forma, ambas as colunas da Árvore são acionadas, centraliz.1das e observadas pelo pilar central. A Árvore da Vi~a é uma ferramenta e uma técnica que pode ser utilizada de diversas maneiras, variando da obtençâo de um completo desenvolvimento pessoal até o exame de um corpo relativamente mundano, como o Parlamento. A partir desse esquema podem ser planejadas diversas disciplinas psicológicas e fisicas. Obtendo-se conhecimento e domínio dos diferentes aspectos da Árvore, ê possível a aquisição de poderes extraordinários, bem como a abertura de.percepções para novos mundos. Tais práticas, contudo, exigem o acompanhamento de um mestre hábil e confiável que, mesmo possuindo \Im calibre espiritual incomum, seja também completamente normal nos

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seus relacionamentos mundanos. Um instrutor talentoso mas pouco

prático é não somente inútil como também perigoso. Não se escalan; / montanhas com um guia que seja apenas parcialmente equilibrado. / Em um livro como este, qualquer tentativa de mostrar a Árvore em operação deve ser modesta. Aqui podemos tão-somente valer-nos do pálido reflexo das palavras para ilustrar seu potencial. Portanto, nessa seção final, observaremos os vários organismos e fenômenos comple-.

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tos para ver como o nosso microscópio cósmico é capaz de lançar luz/ sobre qualquer coisa colocada na lâmina de Tiferet . Em primeiro lugar devemos estabelecer as regras do que se pode examinar. O pré-requisito é que seja completo, isto é, uma entidade inteira e não parte de uma unidade. O coração, por exemplo, não é um objeto dessa natureza, mesmo sendo grande e importante, mas apenas um ponto central em um dos muitos ciclos do corpo. Nem o corpo é completo. Com a morte, as forças vitais desaparecem e o corpo pára de funcionar, desintegrando-se rapidamente de volta aos seus elementos. Só um homem vivo é completo. ~,yrecisamos lembrar que ~ ~quilo que enxergamos caminhando pelas ruase~part1~a-visível e mOmentânea-a~'!'!..Y!.,!a. P_regQ. exist5_todo o seJ!.ea~sall~l5em Como suas experiências, estãàãli presenteS, ROrém./ Ii1viSíVeJS,além,de],:!;I.1Rliut._ -. - ---/ Para examinar qualquer assunto devemos definir primeiramente de que se trata, identificar a sua essência. Assim, se consideramos um homem, ele é o que existe de peculiarmente seu, que o acompanha desde o ventre materno até a sepultura. Uma vez identificado esse núcleo, podemos colocá-lo sobre o Sefirah Tiferet, que é o foco principal do nosso instrumento cósmico. A partir dessa imagem clara, podemos determinar os demais aspectos nos seus respectivos Sefirot. Tendo apresentado o campo visual, tornam-se aparentes os relacionamentos entre as diversas partes do todo. O Relâmpago descreve de que modo

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Exercício

Qualquer pessoa que tl:nha lido este livro até aqui e deseje saber mais deve compreender que a palavra Kabbalah significa 'receber'. Entretanto, .existem quatro maneiras distintas de entender a mesma comunicação. Trata-se da mística, da metafísica, da alegórica e da IJteral. Encontramos aqui os quatro mundos e suas respectivas chaves. Para que se possa efemar a abertura de portas, sugiro um exercicio que é simultaneamente uma iniciação. Talvez com ele se possa colocar as COI-/ sas em um contexto pessoal. Encontre um lugar tranqüilo e sente-se confortavelmente, com a coluna reta .

se forma o objeto; as tríades centrais, os vários níveis internosj e as tría-

des laterais revelam as diferentes funções interagentes. Já os caminhos mostram detalhadamente O intercâmbio COmas alterações de équilíbrio. Esse estudo evenmalmente indicará uma falha e a forma de remediá-la. As conclusões resultantes de uma sessão com a lente dessa extraordinária ferramenta cósmica deverão mudar definitivamente a visão do observador acerca do objeto, tendo em vista o fato curioso de / que, uma vez tendo visto coisas mundanas de forma tão profunda nada volta a parecer trivial como antes. Começaremos a série de exames observando o sistema parlamentar, por se tratar de um padrão humano facilmente identificável. Acompanhando cada Árvore haverá um comentário, breve mas suficiente para mostrar um método de trabalho. Esmdos posteriores tratarão do exame de aco!,tecimentos e de fenômenos destinados a demonstrar aplicação da Arvore em Outras áreas. Finalmente consideraremos no-

Isso é Malkhut. Ponha as mãos sobre os joelhos e feche os olhos. Sinta o pulso e a respiração . Isso é Nezah . Observe as imagens que passam incessantemente olho mental.

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T~mos aqui a Face inferior do homem Natural. Acima, na sua própria Arvore da Vida, está a Face superior, ou o homem Sobrenatural. Quando estiver tranqüilo e descansado, com a alma voltada para o espírito, poderá tornar'se uno consigo mesmo. Nesse momento, você /' estará pronto para 'receber'. ,/

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Pratique isso pelo menos uma vez por dia .

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A idéia de um parlame~1O é muito antiga. Cada tribo primitiva, em qualquer lugar e época do planeta, teve seu chefe, seus anciões e leis destinadas ao bem geral daquela comunidade. Examinando nossos modernos sistemas parlamemares, desde que não sejam completamente totalitários - e até mesmo esses possuem uma oposição Gevúrica oculta -, vemos como a Árvore governamental funciona de acordo com os principios cósmicos, mesmo que ãs vezes de forma inconsciente . Keter, a Coroa, pode ser muitas coisas nesse estudo. Além de ocupar a posição suprema, pode ser a própria civilização - da qual uma nação é uma subcultura -, com o seu ideal cristão ou ~udista, ou até uma utopia fisica de comunismo. Tanto o céu espiritual quanto o material indicam uma direção, um reino superior para aquela nação. Keter pode ser a própria Húmanidade, a Unidade de todos os homens mediante os quais a nação estará ligada por um laço comum. Tal traço de união poderia estar confinado aos atuais habitantes da Terra, aOS seus ancestrais ou à sua descendência futura. De qualquer modo, Keter é de grande importãncia, com as emanações criativas fluindo de ge. ração a geração até se tornarem manifestas, como uma dinãmica em Hokhmah . Em Hokhmah encontra-se o espíritO de um povo. Vemos, através de longos períodos da História, como as comunidades nacionais con, . tam com características distintas, assim como as pessoas. Um povo, por exemplo, é formado de inventores, outro de guerreiros, enquanto. ainda outro possui tendências religiosas. Todas as nações contêm as

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mesmas qualidades humanas, mas um ou diversos traços são dominantes na sua história, embora de tempos em tempos essas tendências se acenruem ou esmaeçam. Qs ingleses, exemplificando, dispõem de uma aptidão marcante para a invenção e os descobriméntos. Não é sem motivo que a Revolução Industrial teve a sua origem na Ii1glaterra, onde os elementos Malkhutianos do carvão e do ferro foram explorados por esse povo prático. Çh..judeus, por exemplo, provavelmente devido ã sua antiga literatura, são possuidores de certas ~des i[lfeIectuais, utilizadas não somente no comércio, mas nas universidades, iiã"i1iàllcína e no governo. Uma nação de errantes, eles foram e ainda são encontrados freqüentemente exercendo funções de conselheiros, porém ll\1Ilc:LComolíderes nos países que os acolhem. Os escoceses, outro povo disperso, são imeligentes, inflexíveis e sérios, com um talento particular para o pioneirismo, enquanto os seus companheiros celtas, os irlandeses, igualmente rudes, são mais brigões e faladores . A imagem nacional de um povo, apesar de às vezes constituir uma caricatura distorcida, encontra suas raízes no espírito da nação. Esse espírito é mais poderoso do que geralmente se pensa, fazendo com que um inglês não apenas se torne mais inglês quando se enconrra no exterior, mas que qualquer um possa reconhecer a força de sua cultura onde quer que ele se encontre, seja na Índia ou na América do Norte./ . Rei Arthur, Sir Francis Drake, Wellington; todos incorporaram o espírito da Inglaterra em suas épocas, e Churchill valeu-se desse mesmo espírito em 1940, utilizando o seu poder para reforçar a imagem do britânico valente. Isso atualmente pode ser considerado um pensamento fora de moda, mas coloque qualquer povo sob pressão e o HOkhmah/' daquela nação falará com uma voz poderosa. <' O Binah nessa Árvore é a formulação do caráter e «as necessidades tribais em uma série de regras sociais ou costumes. Em uma sociedade sofisticada transfonna-se em Constituição. No caso da Inglaterra, que tem mil anos de desenvolvimento contínuo iniciado coma invasão relativamente primitiva liderada por Guilherme, o Conquistador (1066), o processo nunca chegou a ser estabclecido, enquanto cm um momento histórico e cm époC'" comparativamente mais recente ãquela a Constituição americana foi redigida, embora ainda continue sendo alterada. Tanto a Constituição escrita quanto a não-escrita executam a mesma função. Situadas no topo do lado passivo da Árvorc, elas dão forma às poderosas energias nacionais. Sem a lei, a anarquia se instalaria e a comunidade como um todo sofreria. Por conseguinte, a opera-.....----ção de Binah é vital para o bem comum. / Em uma tribo primitiva, esse Sefirah pode ser a fOl1namais incipiente c supersticiosa de repressão, mas servirá para rcsguardá-Ia e guiá-la

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através das dificuldades internas e externas, embora possa ser aprimorada sempre que a comunidade progredir. Os homens lutarão e morrerão para defender Binah, ainda que nada saibam acerca dos propósi/ tos existentes por trás de um princípio geral. A Carta Magna inglesa, mesmo sem qualquer beneficio particular para os membros da Comunidade Britânica, vem sendo mantida pelos ingleses como um símbolo dos seus direitos há 700 anos, Nela, eles reconhecem a declaração escrita de que os cidadãos encontram-se sob a proteção da lei. Eis aqui a qualidade repressiva, porém benéfica, de Binah, pois ao mesmo tempo que estabelece deveres, assegura privilégios, como vemos em uma/ frase da Declaração de Independência americana: "Afirmamos essas verdades por serem autQ-evidentes, que todos os homens foram criados iguais", Aqui está o sonho - e o pesadelo - americano. Essa é a escala de Binah. Colocada em oposição a Hokhmah, diz respeito ao~/ grandes princípios, não a regras menores . Seguindo o Relâmpago Cruzamos o invisível Sefirah de Daat. Essa posição cstá ocupada pelo chefe de Estado, situado teoricamente acima da lei ordinária. Na Inglaterra o soberano detém a posição de monarca constitucional, semelhante a um presidente coroado, Sendo baseado em costumes antigos, sua raiz é evidcntc. A monarquia posiciona-se no eixo principal da Árvore, estando ligada vertical e diretamente com o parlamento e, conseqüentemente, com o povo: Na sua qualidade de governante, Daat em princípio é o proprietário do solo (representado por Malkhut) dado por Deus (manifestado por Keter) ao povo Cidentjficado por Yesod). Sendo Tiferetliteralmente o ponto de encontro da Ar-/ vore, é também o parlamento. O Trono possui, de fato, direitos divinos, mas não do modo preconizado por Charles Stuart. Seu dever consistia em proteger o povo dos maus governantes, mas não tomar o poder e a riqueza nacionais para si próprio, como o fez Luís XIV.Ambos os ~ narcas geraram revoluçàcs . Na Inglaterra um projeto s6 se transforma em lei após consentimento real, estando a Coroa teoricamente em contato direto com Ke-/

ter, relacionado à Vontade Divina. Eis porque na Inglaterra os governos caem e o Parlamento continua. A Coroa, corporificada neste ou naquele soberano, estava, como na China e no Japão de antigamente,

conectada ao Céu. Isso lhe dava a prerrogativa real da misericórdia e muitos outros privilégios tradicionalmente outorgados aos chefes de Estado. Um pálido resíduo do que afirmamos ainda se pode observar nas cerimônias de coroação, inaugurações ou grandes acontecimentos oficiais. Qualquer pessoa que tenha assistido aos funcrais do presidente Kennedy estava presenciando mais do que o simples sepultamen~ do bisneto de um imigrante irlandês. .

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Daat é a mística da realeza, a aura peculiar que cerca um presidente, As pessoas sabem que ali existe um ser humano, mas sentem a presença de algo mais próximo do Divino do que elas próprias. O presidente e a rainha ocupam uma posição possuidora de magia. Quem / quer que use o manto de chefe de Estado tem de parecer perfeito, mesmo que não o seja de fato. O invisível toma-se visível na corporificação de tal pessoa. Eles desaparecem, enquanto indivíduos da mesma forma que um homem em desenvolvimento espirilUal atinge esse ponto em si mesmo, dissolvendo-se em Keter. Essa é a característica de Daa!. Hesedestá presente na Câmara alta de qualquer parlamento. Na Inglaterra é a Câmara dos Lordes, nos Estados Unidos, o Senado. Mesmo naqueles países que adotam o sistema unicameral, existe uma corte superior, através da qual os projetos devem tramitar antes de se transformarem em leis. São os anciões da tribo, os conselheiros que, por serem homens de valor e experiência comprovados, precisam testarpara ver se a Câmara baixa está agindo de acordo com o interess~ da comunidade. Devido à'sua posição na Árvore, eles têm acesso a Hokhmah, o espírito da nação, e embora não redijam as leis, deles es.pera-se que incorporem o caráter do seu país como vigilantes e modifiquem a Icgislação injusta ou apoiem a oportuna. Trata-se freqüentemcnte de homens mais velhos, que já terão ultrapassado os zênites das suas ambiçàcs políticas, tornando-se, por conseguinte, menos tendcnciosos e mais generosos. Na Inglaterra essa é a cOlte mais elevada do país, embora esteja simada ainda sob a autoridade do Trono. Encontram-se ali homens e mulheres provenientes de diversos tipos de vida. Originariamente existiam apenas os Lordes Espirituais e Temporais . Depois as categorias foram-se ampliando, existindo hoft, sindicalistas, juízes, magnatas industriais e até mesmo atores e escritores. Nesse país, que é talvez o mais politicamente amadurecido do mundo, arcebispos discutcm questões morais com jornalistas em pé de igualdade, estando ambos conscientes de que na Câmara dos Lordes cles são os L prudentes guardiões da Constimição inglesa nâo-escrita. A característi, ! ca da Câmara alta é a grandeza e todos os atributos de Hesed. Até na , Uniâo Soviética esse Sefirah era reconhecido, c o povo sente ,instinn,'va- / mente a necessidade da existência de uma corte superior, mesmo em/ um Estado de partido único. ' A Câmara baixa no sistema britânico é a Câmara dos Comuns. Isso demonstra bem claramante a natureza de Gevurah. É um lugar de con, tenção - o que mais poderia scr, em um sistema que abriga dois ou mais partidos? Com efeito, os ingleses pagam a um membro do Parla- . mento para ser o líder da oposição, e a função consiste em testar a po-

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lítica governamental, procurar qualquer brecha na sua armadura, eliminar as partes inúteis de um projeto de lei e esmagar q~alquer cOlsa( considerada injusta pela oposição, enquanto que ao partido eventualmente no poder compete defender as suas propostas. Esse é,o Sefirah de Marte, Encontra-se aqui a emoção comum exteriorizada de um homem. É o Sim e o Não, os julgamentos mundanos, as tributações, o ponto de decisão com o qual cada cláusula discutida cruza os umbrais,/ da Câmara. Existe inclusive um protocolo semimilitar na maioria dos Parlamentos, regras de debates, para que assim os conflitos verbais / não se transformem em tumulto. Discussões mais acaloradas são noticiadas pela imprensa, tendo o governo vencido ou sido derrotado. atmosfera torna'se ãs vezes extremamente exaltada, e em alguns palses mais imaturos voam mesas e cadeiras através do plenário. Na Inglaterra existe até mesmo um bedel com poderes para expulsar do re-/, cinto qualquer pessoa mais exaltada, seja ela.um parlamentar ou me,?..! bro do público. Isso é Gevurah, mas mantIdo sob controle; ou sela, submetido à influência direta de Binah, acima. Quando está subordinada a regulamentos, a Câmara baixa funciona bem, sempre atendo-se à Constituição e controlada pela Câmara alta, situada no lado oposto, em Hesed. É aqui que as leis são esmiuça das e detalhadas, tanto no plenário Como nas comissões técnicas. Contudo, enquanto os comuns ou os congressistas podem determinar qu~1a política a ser seguida, esy tão, mesmo assim, sujeitos ao restante da Arvore. Tiferet é o Parlamento. É toda a pompa e aparato, a autoridade e o poder do país vistos no seu edifício parlamentar, situado rio centro. da capital. Aqui reside o foco do poder político para governar a máquma

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estatal. Com a sua arquitetura

freqüentemente

impressionante,

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deve

ser visto em funcionamento. Além dos costumes cotidianos reveladores da sua autoridade - tais como o da Câmara dos Comuns, cujos trabalhos só podem ser iniciados após a introdução da Clava, <5símbolo do parlamento, no recinto do plenário, ensejando o soberano a inaugurar cada sessão legislativa -, há a viagem da rainha em uma carruagem, rodeada pela cavalaria de honra, que não se trata de uma parada destinada aos turistas. Seu curto trajeto do Palácio de Buckingham até Westminster é parte da atividade Tiferética da Beleza~ Situada no meio da coluna central, no ponto de muitas intersecções, a abertura do Parlamento encontra o edifício repleto de lordes e parlamentares, visitantes ilustres e muitas outras pessoas, honradas pelo privilégio de alí se / encontrarenl,

Tais ocasiões reúnem ,toda a Árvore do governo

britâni-

co, com o Soberano sentado ao trono representativo da presença da li- / nha histól'ica contínua, manifestada naquele momento. Tiferçt é, no Relâmpago ou na Oitava, a Coisa em si. Sob o nosso microscópIO cós100

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mico o Parlamento é um objeto que não se constitui aPenas do Palácio d'e Westminster ou das pessoas ali presentes. Nem é formado dos costumes tradicionais ou dos uniformes; nem mesmo é o livro da Constituição ou os partidos políticos. É tudo isso, isolada e conjuntamente. Sua qualidade caminha em paralelo com o significado própno do governo para que ele brilhe como o Sol - reluzente ou opac,? sobre todo o país, trazendo benefícios ou prejuízos, dependendo da Inte~' Iigência do seu eleitorado. ~ _ Nezah constitui todos os órgãos do governo. Na Inglaterra eles são os departamentos e ministérios, bem como os serviços e todas aquelas organizações destinadas a pôr o país em funcionamento. Geraln;el:te, como no caso dos arrecadadores de impostos, a sua função é clcllca, coincidindo freqüentemente com as estações do ano. A Cãmara de co-/' mércio e os Ministérios da Agricultura e da Pesca são bens exemplos. Alguns departamentos podem estar relacionados ao poder, enqu~nto outros administram as indústrias estatais de carvão e aço. Outros amda dirigem o sistema ferroviário nacional, havendo um ministério enca~regado de cuidar do meio ambiente e da poluição. Todas essas são allvidades Nezáicas, o processo involuntário -requerido para manter um corpo vivo ou uma economia saudável. Aí estão incluídos os servlç~s de defesa, os quais, igualmente aos glÓbulos brancos do sang~e, destinam-se a proteger o organismo nacional de qualquer mvasao. Todo país que permite o enfraquecimento das suas defesas, a menos que possua um poderoso aliado, logo será desintegrado e abSOlVido por outro. A História está cheia desses casos: o Impéno Romano entrou realmente em colapso por causa da corrupção interna - ou doença ..A vitalidade de um país depende da sua riqueza e do seu vIgor, ou sela, de uma sub-Árvore da Vida que supra a sua carência ~e recursos. O . poder acima da riqueza e das pessoas outorga ao Ministério das Relações Exteriores Ou ao Departamepto de Estado,sua ~utondade e_su~ força militar em relação ao mu.n~o exterior. NI~guem dá atençao :.----' causa de um país pobre, por maIs Justa que ela sela. /' Nezah é a máquina governamental, as operações interdepartamentais. A Previdência Social efetua os seus pagamentos, não importando o partido que esteja no governo. Os Correios, a não ser que esteja.m em greve, mantêm - igualmente à rádio estatal - funcionando,? SIStema nervoso da nação. A entrega diária das contas de luz e gás, licenças e outras dúzias de serviços públicos são como os elos d~ uma ca/ deia nacional Nezáica de ciclos, vitais para o bem-estar do PaIs . Hod, na Árvore governamental, é o serviço civil. São os coletores mercuriais de dados, uma miríade de formas emitidas e recolhIdas para acumular uma grande quantidade de informações, variando des- . 101

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de os rendimentos de uma pessoa até um recenseamento completo abrangendo toda a comunidade. O material colhido nessa ampla rede/ é armazenado, pelo menos durante um ano, até que se desatualize. Aqui estão os grandes bancos de arquivos da previdência social, como também os assuntos sanitários, legais e financeiros. Com o computa- / dor governamental, o elemento Hodiano está completo . Outras atividades Hodianas são as comunicações oficiais. Isso compreende desde folhetos explicativos acerca da cobrança de impostos até uma simples propaganda política. A campanha publicitãria sobre a decimalização da libra britânica é um bom exemplo. ~ Alguns departamentos destinados a lidar com problemas específicos encontram-se sob a influência de Hod. Eles podem aconselhar empresas que desejam cometcializar com O exterior, ou fornecer informações acerca do planejamento de novas cidades, ou ainda a respeito de novas áreas a serem urbanizadas. Escritórios prestadores de assessoria, em todos os níveis da administração, encontram-se incluídos nesse Sefirah, assim como os sistemas de indexação e o acesso a fatos que somente um organismo gigantesco como um governo seria ca paz de. prover. Poderiam ser setores que cuidam de novas invenções, como a/ Real Força Aérea ou a N.A.S.A. e muitas outras entidades investigatórias. Várias delas estariam ligadas a universidades, que certamente / também estão inclusas nas atividades Hodianas do país. V Funções óbvias como as das telecomunicações nacionais relacionam-se a esse Sefirah, bem COmo os elos com o mundo exterior, inclu- . sive os serviços secretos, como a CIA. Aqui estão compreendidos a alfãndega e os setores de emigração, assim como as missões comerciais e as feiras e exposições de responsabilidade do governo. A grãfica de sua majestade é o mais puro Hod, sendo-o também qualquer papel timbrado oficial. Cada carta contendo a legenda "A serviço de sua majestade" pertence a essa atividade, da mesma forma que a caixa de despachos enviada à rainha, levando documentos destinados à sua chan: cela. Pois como afirmei, antes que a assinatura seja feita e o selo real e&tampado, eles não se transformam em lei, permanecendo, pOltanto, /' emHod. /' Servidores civis freqüentemente redigem projetos muito antes da sua aprovaçào. Isso porque, através das suas análises informativas, eles podem antecipar qual ministério poderia deles necessitar. Tais projetos são às vezes elaborados nos mínimos detalhes, para serem modificados apenas no plenário da Câmara dos Comuns. Eis Hod em serviço, subordinado a Gevurah, ainda que a sua lealdade esteja dedicada em primeiro lugar ao incorruptível ideal parlamentar de Tiferel./ 102

Yesod é o povo. Semelhante à sua contra parte planetária, ele é como a Lua. De natureza forte, ele muda de tempos em tempos, às vezes refletindo, às vezes reagindo a circunstâncias, sejam elas locais ou internacionais. O povo, nessa escala, é igual ao mar, que com as suas marés instala ou derruba governos, deixando atrás de si a terra seca, ~. na metade do caminho que se pensava ter um bom termo. ~ Yesod é o reino dos sonhos e das miragens, e o político sabe que a sua imagem pública farã crescer ou desaparecer a sua carreira, pois cada entrevista na televisão e cada discurso pronunciado na tribuna afetarão suas possibilidades de se tornar primeiro-ministro ou presidente. Qualquer aspirante a candidato toma um grande cuidado na construção de uma boa imagem Yes6dica de si próprio, inclinando-a a mostrar que ele estã preocupado com o homem das ruas e ciente dos seus problemas, embora, uma vez assumido o poder, seus olhos possam se voltar para outras questões. Todos os políticos do mundo sabem que é preciso haver um estímulo para fazer com que as massas exerçam o seu direito de VOtO,a menos que a lei as obrigue a fazê-lo. Bandas, comícios e até mesmo debates e disputas deverão ao menos gerar uma onda motivadora na população. O povo, como um todo, é .-/ de índole passiva, levando a sua vida diária sempre da mesma forma,../' salvo em ocasiões excepcionais, em que é sacudido por eventos de força maior, como uma guerra ou depressão econômica. Para a maioria das pessoas, a vida se resume em ler os jornais, assistir televisão, ouvir os noticiários nos rádios dos automóveis, impassivelmente, exceto quando sentem-se diretamente envolvidas e alguma catástrofe acontece em qualquer outro lugar. Tudo desaparece então rapidamente da tela Yes6dica da nação, esmaecendo-se no constante ciclo mutável de trabalho, diversão e sono. O povo é ~a~ d.• uma façãg. Suas gerações intermináveis suprefu a energi az de fazer uncionar a riqueza natural. Partindo desse ponto gerador, vêm os homens e as mulheres que, por diferentes motivos, sejam eles idealísticos ou buscando vantagens pessoais, ingressam na Arvore do Parlamento. É esse Sefirah que dá suporte ao Parlamento, que deve ser regido por ele para não se deixar levar pela anarquia. As leis são feitas com a finalidade de reprimir, mas também de proteger o povo, fazendo com que o indivíduo mais humilde obtenha justiça até mesmo contra a Coroa, /' tanto no mais baixo quanto no mais elevado dos tribunais. /" Malkhut é o território. É a terra propriamente dita, os rios, lagos e os mares adjacentes. É o ar que a envolve, e o direito ao céu. Antes da vinda do homem, a Inglaterra era uma ilha selvagem. Aqui as leis naturais da selva estavam em pleno vigor. Com a chegada do ser humano, o equilíbrio foi alterado, as florestas e os pãntanos foram devastados e 103

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as riquezas minerais exploradas. Se isso é bom ou mau, não nos compete julgar, visto que precisamos enxergar a contribuição do homem a partir de um nível planetário para assim a visualizanmos de fonna inte- / gral. Tudo o que pode ser dito é que o homem é a ponta de lança da / evolução, e o retrocesso por ele provocado na natureza faz parte de / / um projeto cósmico - a poluição, quando neutralizada, está incluída. / A partir do nosso pOnto de vista da Árvore Parlamentar, podemos ver como ela se encontra literalmente enraizada no solo. Os homens não podem viver sem terra. Comida pode ser trazida de fora, mas necessitamos de espaço para morar e trabalhar. Vemos aqui como na Inglaterra a Coroa mantém o território, uma dádiva de Deus para o povo. Com o passar dos anos, isso transformou-se

13 Deus e Mammon/

em mero símbolo, mas na reali-

dade notamos, com a evolução da consciência social, que tanto a sociedade capitalista quanto a comunista reconhecem que o dever do' Parlamento não é o favorecimento da aristocracia política ou milio~á- / ria, mas do povo, como um todo. Urna vez mais se evidencia aqui a Ar-' / vare inerente de um organisIllo completo

afirmando-se

em si mesma.,/'

Se isso não ocorre - e testemunhamos novamente através dos exemplos históricos, quando os governos não permitem o fluxo narural da Álvore -, irrompe-se as revoluções e surge outra vez uma tentativa de, implantar uma ordem equilibrada. Isso de forma alguma significa uma pregação revolucionária, pois nas tempestades violentas a Árvore da Vida balança como qualquer outra, perturbando o equilíbt'io. Por . exemplo: algumas vezes o povo se levanta e derruba o governo, como no pesadelo Yesódico do Reino do Terror em Paris, e assume o poder._ Ocasionalmente um homem na posição de chefe de Estado chega a acreditar que é Deus, em vez de Seu servidor perante a nação. Mais de um ditador já caiu por causa disso. Na maior parte dos casos de crise politica, um dos lados da Árvore Parlamentar está pesado demais; temos, assim, um governo ou uma ação super-Hesédica, igual ã existente no período pré-revolucionário francês, sobre a coluna da Força, ou um estado govemado por puritanos Gevúricos, semelhante ã Inglater ra do tempo de Crolllwell, no lado da Forma. _ ( Aqui está, pois, como nosso primeiro exercício, a Arvore da Vida Parlamentar. A mesma técnica pode-se

aplicar a uma empresa comer-

ciaI, a uma universidade ou a qualquer organização completa .

Neste exercício utiliz31'Ílossimultaneamente duas Árvores para estudar princípios paralelos. Acompanhamos aqui também como a Árvore se desenvolve e se estabelece a cada nível. Tomando os dois pólos da riqueza celestial e terrestre estabelecemos um contraste, mostrando ./ que até Mammon deve obedecer à lei cósmica. " Começando pela Árvore financeira, temos I-Iokhmah como a sua primeira manifestação. Aqui nasceu o conceito de uma relação de troca. Essa é uma idéia global, encontrada em todas as comunidades, excetuando-se as mais primitivas. A noção de dinheiro é uma abstração poderosa, exigindo uma apreciação a partir de um nível bem acima da simples troca e da barganha. É a criação de um símbolO\ seja ele metal, concha, pedra ou papel, que torna possível uma flexibilidade nas tran- / sações. Através da aceitação mútua da moeda, muitas coisas novas tor-/ nam-se possíveis para uma economia tribal. Uma grande comunidade, com pessoas diferentes trocando diversos bens e habilidades, poderá se tornar ainda maior. Os homens podem pagar pela prestação de serviços que eles próprios não são capazes de realizar com a moeda que obtêm como produto dos seus talentos particulares. Sem o dinheiro, / . esse valor vital, neutro nlas comum, a civilização moderna não teria/

evoluído. O dinheiro é uma das três forças presentes na tríade econômica da atividade. Situa-se em primeiro lugar como o intermediário, embora possa ser também o ativador ou o resultado. De qualquer modo, os primeiros homens primitivos a notar que uma espécie de moeda seria a solução para o problema da troca de bens e serviços descortinaram um novo campo, imenso, que afetaria enomlemente 104

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humanidade. Essa percepção de um princípio originou-se talvez de um vislumbre profundo da lei cósmica do trabalho e do pagamento, / que rege a Criação. /' Tomando o mesmo Sefirah, agora sobre a Árvore da Filosofia, Hokhmah seria a iluminação de um Mestre. Aqui, o Relâmpago da iluminação descendo de Keter revela a intenção do Divino. O Mestre; pode ter recebido esse vislumbre em um brilhante momento de iluminação ou através de uma sucessão de tais acontecimentos ao longo de / toda uma vida. Consciente no nível da Sabedoria, ou do intelecto interno, ele percebe em tudo a Vontade do Criador e vê o Universo e os ho-mens impregnados de emanações. Para a humanidade, O Mestre surge / como um manancial, a radiação humana através da qual flui a glória _ de Deus. O Mestre, situado na posição de Hokhmah, envia através dos três caminhos subseqüentes a força motriz de uma filoSOJl:4'fQfunda ou de uma religião mundial. Os homens o vêem comoo representant.: / de Deus na Terra ou como O expoente da Sabedoria Divina. Ele é ideal, o Profeta, o Buda, o Messias, a fonte de inspiração. . A tradição baseada nesse ensinamento é fOffi1Uladaem Binah. Aí,., / com compreensão, as palavras do Mestre são ordenadas em preceitos./ ~ão Paulo dedicou toda a sua vida a essa tarefa em favor de Cristo. Baseada na vida do Mestre, desenvolve-se toda uma série de perspectivas.,.. .../ A visão universal do Mestre é racionalizada, sendo fixada a sua posição na hie~arq~~a cósmica, mesmo que não exista uma escada óbvia de,.... evoluçao. E Justamente nesse ponto que se estabelecem os diversos caminhos octogonais, 13 princípios da fé e 10 mandamentos. É aqui que, principia a organização das religiões e a elaboração dos rituàis, costumes e práticas de uma tradição, que levaráo talvez séculos para se consumar. Binah, sendo o Sefirah mãe e passivo, impregna a tradição com todas as qualidades conservadoras e submissas presentes em qualquer . religião ou filosofia. Nada deve muda!:.'ocasionalmente, quando o pilar, /da forma está demasiado ativado, a ortodoxia torna-se tão poderosa. ( quanto a palavra do Mestre, e às vezes ainda mais, fazendo com que os homens que pretendem reviver o caminho original do Mestre sejam destruídos pela sua própria Igreja. Js~contece quando a letra da Lei

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quando o Pí!1'.sjyQl!.inahse tor~iyo. Tal fato acontece muito tempo depois de o Mestre haver abat.donado o seu corpo físico; seus seguidores, temendo a perda de contato, preservam a forma e"terior em vez da essência do seu ensinamento . Na Árvore da Economia, Binah é a formulaçào dos princípios financeiros. Aqui devem-se estabelecer regras bem respeitadas, fazendo com que as transações se tornem possíveis em uma escala maior que 106

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" as locais. Precisa-se estabelecer um elevado nível de confiança, além de meios que viabilizem os empréstimos e as captações de recursos (reduzindo os prazos entre a inversão e o lucro). Isso requer organização - o estabelecimento de um sistema bancário, com os seus numerosos pontos de atendimento e centros de recebimento e distribuição. São fundamentais comunicações eficientes e confiáveis, e os homens envolvidos no funcionamento de um tal sistema devem desfrutar de uma reputação impecável. Os diversos níveis de comércio, variando desde o local até o nacional,'precisam ser identificados, além do reconhecimento das várias espéêies de atividades existentes' na escala econômica. Deve-se ter acesso a um panorama geral da situação industrial e da estabilidade comunitária para ensejar O patrocínio do desenvolvi- ~. mento econômico baseado em um risco calculado. O efeito desse sistema precisa ser levado em conta, pois ele é essencialmente conservador para que possa manter a sua confiabilidade, ainda que suficientemente especulativo para poder expandir-se. As tradições bancárias crescem, e espera-se que os gestores das instituições se adaptem à imagem da casa financeira: Nenhum empreendimento bancário, nacional ou internacional, pode tolerar grandes erros, e existem obriga- / ções recíprocas com as demais organizações congêneres, todas elas participando de um sistema financeiro global. _.__~--~ Em termos financeiros, Hesed representa a riqueza, sob a forma de moeda, ouro, petróleo, bens ou serviços nacionais. A Inglaterra, por exemplo, é uma nação comerciante e manufatureira. Sua riqueza não está apenas no Ouro depositado no Banco da Inglaterra. Ela produz certamente grandes quantidades de material industrial, nlas tambêm vende tecnologia e muitos outros serviços intangíveis, rios seguros e / investimentos internacionais. Tais recursos, visíveis e inv~íveis,constituem a sua riqueza, e o valor da libra esterlina está condicionado à saúyde da sua economia. Isso é Hesed, que precisa se expandir para que o Relâmpago desça pela Árvore da prosperidade britãnica. Caso ocorra uma falha no seu funcionamento, provocado pela incapacidade nacional de preencher o Sefirah Hesed ativamente, ocorrerá uma depressão, ao ':!lesmo tempo em que diminuirá o fluxo descendente para o resto da Arvore. Uma rápida olhada nos caminhos mostrará as partes mais afetadas. Hesed, por razões kabba]ísticas evidentes, necessita sempre expandir-se, e observamos aqui a Arvore maior do comércio mundial. / Com os noticiários financeiros falando repetidamente em crescimento do produto nacional bruto, sentimos claramente o impulso de uma vasta rede econômica, com o Hesed de cada país contribuindo para a riqueza mundial, seja por meio de recursos namrais - o petróleo, por exemplo - seja através da alta tecnologia da indústria espacial. / 107

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Nos termos Hesédicos da Árvore espiritual, esse Sefirah significa a. qualidade do Ser ou a vitalidade espiritual presente em uma religião ou filosofia. Isso pode assumir a forma de um corpo expansivo de pessoas em evolução: santos, pensadores e homens de ação que trilhem esse Caminho. Tal fenômeno pode ser observado no período kabbalís- ctico do aparecimento do Zohar, na Igreja do escolasticismo ao tempo de santo Tomás de Aquini:>;"eiõ islã, durante a grande era dos derviches Mevlevi. Movimentos iguais a esses são poderosos na sua influência, pois reforçam o lado enérgico da Árvore, contrabalançando o aspecto doutrinário da Coluna da Forma. Essas atividades Hesédicas também são importantes porque contém Õ impulso expansivo do ensinamento original, cuja tendência é a de extravasar seus limites no tem- ( po e no espaço. Qualquer religiã-2-ou filosofia que não se mOY1IDenta 2u cresce,Jªt~!..m~~ morreráJ!;so OCOrrecom freqüência, devido à constrição provocada por um Binah superativo, criando instituições conservadoras que insistem em preservar o ensinamento como um . dogma. Isso inevitavelmente desencorajará o princípio Hesédico de obter novos e genuinos adeptos, que é um processo absolutamente necessário para uma Tradição que deseja sobreviver. (O zoroastrismo . está enfrentando esse problema). Membros desse organismo espiritual retêm a alma de uma Igreja ou de uma escoJa,ao passo que,

se esses

indivíduos desenvolvidos não estiverem presentes, os seus participantes podem aumentar em termos numéricos, mas o crescimento real, Hesédico, estará paralisado, embora o organismo fisico da instituição......_ possa perdurar durante anos. A história está cheia de movimentos esotéricos mortos e agonizantes, cujos líderes não compreenderam que o ponto de crescimento de suas Tradições não se encontrava no centro fom"l dos seus companheiros escolhidos, mas ocorria com maior fre~' qüência nas assembléias improvisadas, quando a quinta-essência pro-( vinha diretamente de Hokhmah ou Daat. Tais encontros virtuosos, muitas vezes desconhecidos pela hierarquia oficial, estavam ligados, naquele exato momento, ao círculo interior daquela Tradição. Como acontece com freqüência, esse fenômeno desagrada à instituiçào, que acredita ser a única possuidora da Verdade. A história da Igreja teste-/ munha essa afirmativa na sua rejeição inicial a muitos dos seus visionários, como Teilhard de Chardin e santa Tereza. O judalsmo ortodoxo ( teve os mesmos problemas com Baal Shem Tov e Spinoza. O islamismo convencional precisou de fato destruir AI Hallaj. Hesed é a dinãmica de uma Tradição espiritual. Situado abaixo da Sabedoria, e sendo um receptáculo da Compreensão e do Conhecimento, Hesed, por sua vez, alimenta Nezah e Tiferet, que se encontram abaixo, e Gevurah, ao 108

Religião

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., lado. Hesed é o reselVatório emocional profundo de uma Tradição, o / gerador vital da sua longevidade e crescimento. / Em termos espirituais, Gevurah é a disciplina, ou seja, a focalização da expansão Hesédica. Selll (l.i~cieIin_a ~n.ergia$IRda. em Hesed .se perderia. Essa aplicação do aspecto-marcial do Sefirah está muito caraclerlzãda na tradição monástica, com as suas regras e obediência estritas, sendo esta diretamente relacionada aos efeitos superiores de Binah, a grande Mãe-Igreja. Disciplina significa seguir, embora muitas vezes uma interpretação exagerada possa considerá-la um método de submissão dos adeptos. Embora seja indispensável que o amor e O poder vindos de Hesed estejam sob controle (ou teriamos o que se costuma chamar de um santo estúpido), esse confinamento e essa canalização da emoção religiosa não devem ser convertidos em fanatismo. Em termos extremos, quando Gevurah é o mestre e não b's~émos tanto o fa,;ático quanto o puritano agindo sob a jurisdição autoritária / de Binah. E o que aconteceu durante a Inquisição espanhola. O equilí. brio cor~eto reside em uma disciplina que não se encerra emsl mesmy mas na AlVore como um todo . Nas escolas filosóficas, Gevurah não é apenas uma regra de conduta, mas também a disciplina intelectual. Aqui encontramos o bom argumento, a discussão inteligente e a discriminação. As visões inspiradas são ótimas, entretanto

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da

é necessário que elas sejam precisamente

enfocadas, porque senão o seu significado se dispersará e ficará perdi- . do. O poder de discernimento pertence ao âmbito de Gevurah, e é facilmente reconhecido nos diálogos de Platão. É o imight, bem controlado e lúcido, em articulação com um agudo sentido do verdadeiro ~ do falso colocado a serviço de uma causa superior. .. Nas finanças, Gevurah é o nível da prática bancária. É aqui que se fazem os ajustes cotidianos: no Ocidente, isso ocorre em Wall Street, na bolsa de Londres ou na de Paris. Em cada uma dessas cidades os bancos atuam (debntçados sobre pilhas de telex e índices diversos) mantendo o frágil equilíbrio de um castelo de cartas. Essas cartas são os relacionamentos delicados de inúmeras transações, envolvendo milhões em um vai-e-vem constante. De um lado floresce uma indústria, do outro decai um empreendimento. Sobe o preço do aço, cai o preço dos grãos. O dólar permanece estável, a libra se eleva, enquanto o franco pode ser desvalorizado e o marco aumenta o seu valor. Cada momento está cheio de novas possibilidades. Um país detentor de enormes reselVas petrolíferas pode sofrer uma revolução ca paz de ameaçar o fluxo de energia e riqueza provenientes daquela áreá. Rápi~ dos ajustes precisam ser feitos, decisões instantâneas devem ser toma-' das para estabilizá-lo. Os preços aumentam. O capital, público ou pri-

vado, é liberado ou confiscado para segurar o mercado. Talvez, devido ã crise, suba o preço do ouro; dessa forma esse barômetro metálico, inútil, mas de inegável valor financeiro, é transferido de um baú para outro. A compra e venda se processa célere e furiosamente. Em um mercado em curva descendente a atmosfera é frenética, quando apenas uma disciplina férrea e um aglomerado de interesses são capazes de deter o agravamento da perigosa situação. Até mesmo os governos podem sentir-se acuados devido a uma série de decisões errôneas, instalando-se o pânico. Somente o governante máximo do tesouro nacional (no càso britânico, o Banco da Inglaterra) terá a capacidade de refrear o ímpeto da corrida, através da alteração das taxas bancárias. Isso é Gevurah atuando na economia. Temos aqui decisões ful':linantes, baseadas em fatos graves, e as flutuações de um mercado. E preciso existir um certo tipo de temperamento militar para enfrentar a situação cotidiana e empreender ações que poderão se reverter no dia seguinte. A aparente inconstância do mundo financeiro é absolutamente necessâria. Os m~lhores soldados são os que jamais perdem a calma. Tiferet, na AlVore financeira, é o sistema particular de determinada área ou país. Temos, assim, a área da libra esterlina centrada em Londres, a ela estando ligados diversos países, não apenas membros da Comunidade Britânica. Seu valor facial é a libra, e o que se vê em cada cédula é a efígie da rainha da Inglaterra. Aqui se encontra o símbolo estabilidade e da tradição, representando toda uma história de confia- . bilidade que se estende sobre aquilo que uma vez foi o império britâ. nico. A expressão 'seguro como O Banco da Inglaterra' não era apenas uma jactância inútil. Significava literalmente que cada um que levasse consigo uma nota do papel-moeda inglês, durante a hegemonia britânica, poderia trocá.la por dinheiro local em qualquer pane do mundo civilizado. Isso se devia ao respaldo fornecido pela indústria e pelo poderio militar britânicos. Havia ali uma economia imperial, capitalista em sua aparência (a bandeira e o comércio sempre andaram juntos), poderosa e lucrativa. A maior parte das guerras em que o império to. / mou parte foram causadas por questões comerciais. O confronto anglo-francês no século XVIJIem disputa da supremacia sobre a Índia e a América do Norte é um bom exemplo. Por outro lado, Tiferet pode também ser uma economia comunista. Nesse caso, o partido, representando teoricamente o povo, encarrega-se das finanças do país. A indústria e os bancos são nacionalizados, mas as mesmas leis econômicas se aplicam em Binah, embora os lucros sejam canalizados para o Estado em vez de irem para o investidor privado. No bloco.comunista . a imagem da moeda é praticamente a mesma do mundo capitalista. As taxas do rublo para a vida dos russos têm quase idêntico interesse que

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as do dólar para os americanos. Na verdade, o intercâmbio entre os dois sistemas nâo é muito expressivo, mas isso ilustra bem a posiçâo de Tiferet, sendo que esse Sefirah representa a moeda de cada país, e qualquer cidadão que a possuir poderá trocá-Ia por bens de igual valorj naquela comunidade. Na religião ou na filosofia, Tiferet é a face através da qual é conhecida. Seja ela igreja, mesquita ou sinagoga, o mundo a vê como a sua própria imagem. Para Tiferet fluem os caminhos do Mestre, da tradição, do poder gerador e da disciplina, para não citarmos o fluxo direto que parte da Coroa de Keter e passa por Daat. Nesse lugar encontra-se o foco de uma crença, Como se vê nos rituais, sejam eles a missa, a lei= tura da Lei, a meditação ou a dança derviche - todos expressam aquela tradição. Enormes edifícios servem de testemunho ao corpo dai seita em particular, com cada parede, teto e piso falando de sua teologia através das pedras, enquanto os ritos proclamam a sua persuasão . O Grande Templo, em]erusalém, a Basílica de São Pedro, em Roma, o Santuário da Kaaba, em Meca, significam mais do que simples localizações físicas para suas religiões. O Templo hebreu, duas vezes destruído, atraiu os judeus de volta à Palestina mesmo depois de dois milê/' nios de exílio. A partir do pomo de vista da filosofia, uma série de escrituras como o Zohar kabbalístico age tal qual o Tiferet. A Árvore da Vida é, em si mesma, um símbolo, assim como um diagrama de trabalho. As obras de Platão têm atraído pensadores de todas as épocas, e mesmo que alguns deles jamais tenham lido sequer uma de suas palavras, ainda assim põem em prática as idéias platõnicas. Os sutis islâmicos possuem uma coleção de histórias através das quais se focaliza todo um ensinamento. Nenhuma dessas coisas, sejam edifícios ou parábolas zen, representa a si mesl11o, ainda que todos se relacionem a UrilSiste-/ ma filosófico particular . O Sefirah invisível Daat, nos contextos filosófico e religioso, poderia ser equiparado

ao espírito que paira acima de um tal movimento.

É

aqui que a emanação Divina chega diretamente ao contexto. Talvéz . isso aconteça durante a missa católica, durante a benção de Cohen nas grandes celebrações do povo judeu ou durante o êxtase dos volteios derviches - ninguém além dos próprios fieis poderá dizê-lo. Esse é de fato o ponto de transformação, quando o Mundo Objetivo penetra no / Universo Relativo. " No reino do comércio Daar é o conhecimento. Enquanto. (j santo ou o filósofo podem vir a conhecer O sublime, o gênio financeiro conhece enl seu canlpo os assuntos econômicos. Um homeol dessa espécie, ainda qu.c possua uma aparência mundana, poderia ser um ban~ 112

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queiro ou até mesmo um primeiro-minislro, a exemplo de Benjamim Disraeli, que comprou as ações preferenciais da companhia do canal de Suez. Isso requeria uma qualidade visionária para antever O canal como um elo crucial nas relações comerciais britânicas com o Extremo! Oriente, bem como um golpe de mestre, movimentando-se rápida e secretamente para antecipar-se aos outros possíveis compradores. Tal açâo demonstrou ser uma tacada de gênio em favor da Inglaterra, que se baseava no poder imperial e considerava que'aquela via de comunicaçâo era de importância capital para os seus interesses. Outro visionário do mesmo nível foi o príncipe português D. Henrique, o Navegante, que viveu na Idade Média. Ele previu não somente as novas rotas marítimas que se abririam, mas também o enorme significado provocado pela riqueza oriental e africana no continente europeu./ Daat é um Sefirah invisível- nâo pode ser alcançado conscientemente, a menos que sejam preenchidos determinados pré-requisitos na Árvore econômica. Eis porque as crises financeiras sâo tâo freqüentes em / todo o mundo. O verdadeiro conhecimento é abrangente e objetivo, e nenhum ministro da Fazenda ou outro governante poderá ignorá-lo, para que possamos obter uma mudança contínua de um Sefirah para OUlroem ambos os lados dos pilares externos. ~. Na prática econômica, Nezah é a circulação da riqueza. É também a indústria. Aqui, as matérias-primas são convertidas em bens ou esforço em serviços. Essa é a parte mais evidente da Árvore econômica. Em todos os países as fábricas e suas máquinas constituem os vastos mús- ' culos da indústria, consumindo enormes quantidades de cOmQUstível./ Forma-se assim o ciclo produrivo, a cadeia interminável de produção e consumo. Esse é o sistema autônomo de um país beneficiando lenta-' mente metais, minerais e matérias brutas e reciclando lixo, que serão, transformados em produtos, destinados ao consumo local ou à exportação. Nesse ciclo o fluxo da produção é de suma importância; alguns bens circulam sem qualquer beneficiamento, enquanto outros sofrem( um processo de refinamento. Esse fluxo inclui materiais sofisticados, ferramentas e artigos de luxo, tudo facilitado pelo livre intercâmbio da moeda. A cédula de uma libra possivelmente nunca deixará os cofres bancários, mas durante as transações diárias pode colaborar na compra de um carregamento de grâos e, em seguida, ser utilizada como' parte do pagamento de um débito de uma atividade mineradora, Com a matéria bruta ainda no subsolo. A mesma nota poderia trocar de mãos e de .~!gibeira~centenas de vezes nos seus ap'roximadamente seis meses de VJaã;"Comomeio circulante de um país. E como a COrrente sanguínea de um homem, as moedas sendo os glóbulos, em uma ca- ( deia cíclica constante de salários e preços. '

Nezah é a prática em uma filosofia ou religião. Um homem pode ser de origem judaica ou cristã, mas isso .OCorrepor motivos meramente nominais. O muçulmano praticante executa as obrigações diárias como parte da sua vida. O judeu devoto amarra seus filaClérios sem qualquer questionamento, e nenhum cristão dedicado poderia se omitir nas suas ./ preces. É claro que existem gradações em tudo isso. Um homem pode simplesmente passar por todos OS movimentos da prática religiosa. Esse era o problema dos fariseus; ser visto em ação não é o mesmo que agir ativamente, e um devoto precisa estar ligado a Hesed, O Sefirah ativo superior, se deseja um envolvimento verdadeiro. Um homem pode certamente pertencer a uma religião (o seu Tiferet), mas isso seria motivado apenas pelo seu orgulho racial ou tradicional. Essa não é uma qualificação real. Ele tem de praticar sua religiào comõ uma parte integrante de seu ciclo diário, como a alimentação e o sono, cumprindo todos os processos Nezáicos antes de ser considerado um verdadeiro cre.0e. O filósofo também precisa de prática. Ele deve testar tudo o qu" vê através do seu conhecimento. Observar apenas não é suficiente. E preciso relacionar constantemente. sua vida a todas as coisas conhecidas. Nâo ,,/ há lugar para a esquizofrenia intelectual. Deve agir de acordo com os princípios que defende. Se ele segue o pensamento grego, deve estar apto à análise. Se é um sufi, tem de ser capaz de quebrar constantem"nte os seus hábitos. Como um judeu, deve relacionar tudo à Torá e à Arvore. Como reza uma das principais orações judaicas: "Não importa se ele está deitado ou em pé, andando ou comendo". Essa é aplicação ~ Nezah. Hod é a teoria da filosofia. É também o reino da palavra escrita através dos séculos em assuntos religiosos. Na Idade Média, e até o século XVII, foi produzido um grande número de livros \oersando sobre teologia, sendo até mesmo travadas muitas guerras por motivos doutrinários. Esse é o Pilar Passivo da Forma desempenhando um papel ativo, com Gevurah e Binah respaldando os precedentes teológicos de Hod. Na filosofia, Hod é O Sefirah no qual Oassunto é referido. Como a palavra 'referido' sugere, ele realmente nunca lida diretameme com a experiência, apenas a comenta. Nezah ensina, o reino interior responde, mas Hod, embora conhecendo tal experiência, somente é capaz (como este livro) de descrevê-Ia em segunda ou terceira mâo. Do lador<;' positivo, Hod capacita o homem a ser introduzido no campo de poderosas idéias. Com a sua orientação apontando para fora, ele pode identificar, provar e cheirar o eco da realidade, ainda que sempre pense, por representar os sentidos, que mantém o contato mais direto COmo mundo real. A mente lógica ordinária e o seu banco de memórias sã~. / úteis, mas não constinlen1 autoridade em assuntos invisíveis, tais COO1/

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a filosofia e a religião. Ela conhece a linha, o versículo e o capítulo, / mas não o significado do seu conteúdo, embora possa proclamá-lo. Irá lembrá-lo do volume em que está contida determinada citação, ou o instigará a meditar na hora costumeira. Até mesmo lhe informará de que alguma coisa profunda aconteceu dentro do seu ser, ainda que ~sem saber do que se trata, embora esteja sempre tentando descobri-Io.;v Hod é o comércio na Arvore econômica. Assim como a mente mer-

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curiana comum e os sentidos agem como intermediários entre os mun-

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ou o dólar no bolso é OTiferet da sua Árvore econômica, e ele se coloca diretamente sob a sua proteçào. Também pode-se observar que Yesod participa de uma tríade com Hod e Nezah, a qual descreve o ciclo da manufatura, compra e venda, desempenhando ali uma função vital./ A grande depressão econômica de 1929 deveu-se, pelo menos em parte, ao fato de que as massas não podiam comprar os bens produzidos. Se houver instabilidade, como distúrbios civis, em uma comunidade, isso afetará a produção, o comércio e, em último caso, O próprio povo (a Irlanda do Norte é um exemplo típico), logo aparecendo uma Arvore reverberante. Se o estímulo que perturba o povo é bastante forte, como a injusta distríbuição de terras, irromperá uma revolução capaz de provocar uma completa modificação d9 sistema econômico. Yesod é o povo e a riqueza pessoal de cada um. E a idéia de valores daquelas / pessoas, seja ela um Rolls-Royce ou um rebanho de cabras. ,/" Em assuntos espirituais, Yesod é o nível individual. A massa com-

dos interior e exterior, da mesma forma Hod é o processo de transação /' comercial. Na cédula de libra do Banco da Inglaterra está escrito: "Prometo pagar ao portador". Esse é um compromisso verbal, no qual todos confiam. A cada dia, nas caixas das lojas e em inúmeros outros lugares onde o dinheiro é trocado de mãos, essa promessa é honrada. / Tanto é assim que até mesmo os criminosos manifestam a sua confiança nela, desejando roubar grandes quantias desses pedaços de pap,~ em uma verdadeira ação mercuriana . Hod é o pOnto de interação comunal, a raiz da economia. Uma grande indústria pode fundamentar o seu capital em milhões, mas é mantida pelo cidadão comum que paga a sua conta de luz, compra um carro ou vai ao cinema. Todo esforço industrial é dirigido ãquele cida-' dão. O imenso número de consumidores perde de vista o fato de que . cada um deles possui no bolso os meios para financiar não apenas toda. a indústria, mas a riqueza e a estabilidade de um país. Uma naçào pode ser grande, mas a menos que o seu comércio seja ágil e volumoso, ela não poderá suprir os bens básicos da vida. Esses são financiados pelos' salários e pelos impostos, com cada centavo ou pêni contribuindo para. um imenso rio de dinheiro que flui através do sistema. O talão de cheques coloca-se ã pane da moeda e da cédula, mas ainda assim é Hod. O cheque em branco só é válido quando assinado. Com todos os atributos de Mercúrio, a base monetária nesse nível é uma promessa verbal. Essa! é a única maneira capaz de fazer funcionar o sistema financeiro, pois' um produtor, a exemplo de um mecânico de automóvel, não pode Utlli- . zar um volante como meio de pagamento, ou um prestador de serviços, como um vendedor de seguros, comer as suas próprias apólices, por ) mais importantes e viLais que elas lhe pareçanl. .../ Yesod, na Árvore financeira, é a massa da população e seu protótipo físico de vida. É a riqueza particular de cada pessoa e o quanto ela pode ganhar naquele sistema econômico específico. Não é somente o produtor, mas o comprador do produto daquela Árvore, recebendo dos diversos caminhos os benefícios de sua indústria e organização: / Pode também assumir os prejuízos advindos dela, de modo que, no caso de uma recessão, ele sofre o desequilíbrio de cada Sefirah. A libra / )

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põe-se de indivíduos, mas, ao contrário do que acontece na econolnia,

cada homem é mais do que uma simples unidade de produção e consumo. Contém toda a Árvore dentro de si. Em Yesod ele refletirá a aparência exterior de um judeu ou muçulmano. Interiormente, poderá de / fato ser um grande homem ou um homem grande. Essa é a sua escolha. Pode optar pela mera imitação do pai, ou de um mestre, agindo como um reflexo de suas palavras e atitlldes. O modo como O seu mestre fuma um cigarro pode ãs vezes impressionar tanto quanto as palavras por ele proferidas. Sua maneira de questionar as coisas pode ser copiada sem nenhuma compreensão. Aqui encontra-se a persolla, a ponte para o aprendizado, a barreira para O aprisionamento. O homem honesto que não preenche todas as suas devoçõcs obrigatórias pode possuir mais sabedoria que o guardião dos rol~s sagrados. O simples devoto, sem qualquer sinal exteríor de conhecimento, pode, algumas vezes, saber mais que o sábio mais espeno com a sua personalidade tremeluzente e recheada de frases alheias. Yesod é ci reflexo de tudo o que aconteceu antes. Os caminhos inferiores aqui se focalizam. É tudo aquilo que o homem adquiriu, ainda que leve algum tempo para tornar-se efetivamente seu. Yesod é a imagem refletida de sua filosofia ou religião através da luz que permite brilhar, vinda de Tiferet, acima. Em Yesod a pessoa vê a si mesma como se estivesse diante de um espelho, até que algum dia percebe que pode observar diretamente sua própria Natureza Essencial a partir de Tiferet. Yesod é a Lua e o seu metal é a prata. Tiferet é o Sol e o seu metal é o Ouro. Aqui repousa / a riqueza de um homem. ./ Malkhut, tanto para as finanças quanto para a filosofia, é o Reino' dos Elementos. Para o financista é o Mundo da Substância e Energia, 117

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fora do qual constrói seu reino artificial. Construindo e destruindo, ele ( molda a superfície do planeta, às vezes de forma correta, às vezes incorreta. Trabalha, embora nem sempre o percebamos, sob a supervisão de uma inteligência superior. Pode domar a Natureza, mas jamais será o seu senhor. O homem é capaz de alcançar o espaço sideral e até mesmo a Lua, contudo ainda é um filho do planeta Terra e precisa obedecer às suas leis. Pode dar a qualquer bastão ou pedra uma nova forma, mas nunca poderá aumentar o volume da terra. Pode liberar tanta energia quanto desejar, mas ela em nenhuma hipótese será maio~ do que antes. Aqui está Malkhul. A riqueza da Terra espera ser refinada, e ainda que o financista, o industrial eo trabalhador não notem, cada qual contribui, a seu modo, mais para a evolução do que para a / poluição mundial. Um milhão de anos da presença humana mudaram -' de fato a fisionomia do planeta - isso é parte do seu desenvolvimento natural - com a finalidade de torná-lo um membro mais inteligente do sistema solar. Através da indústria e da tecnologia o homem pisou / na Lua. Dentro em breve as sementes biológicas da vida estarão ali permanentemente depositadas. Uma segunda terra teve início; o Divino manifesta-se através d... o homem para criar um novo reino -

14 Um Caso de

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raiz Malkhutiana de uma Arvore da Vida Lunar. / Para o filósofo, Malkhur é o seu corpo terrestre. É a sua terra, sua água, seu ar e seu fogo. É o seu veículo, sua carruagem puxada pelas forças vegetais vitais, tendo a si mesmo como cocheiro e, às vezes, auxiliar. Para o homem religioso, Malkhut é a sua morada temporária no mundo físico. Nessa concha terrena ele precisa viver, aprendendo quaisquer Iiçôes capazes de refinar sua alma, até que possa se libertar e voltar para a terra, onde será reciclado pelos vermes para um novo / crescimento. O kabbalista considera Malkhut o resíduo da Criação - a mais densa, ainda que mais rica, das materialidades. Nesse mundo aparentemente sólido, ele sabe que todos os Mundos superiores estão ocultos. Eles estão na verdade totalmente presentes, cada um entrelaçado com os outros e permeando todo o Reino. Divida um átomo e Keter estará ali. Disseque uma célula a ali estará Keter. Olhe para um homem vivo, para dentro do osso mais denso e para o centro mais complexo do cérebro; Keter estará ali. E ainda mais. O Absoluto é oni::; potente.

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A raça humana é uma Árvore da Vida completa, com os pilares masculino e feminino demonstrando o relacionamento entre os sexos. / Todavia, cada pessoa contém uma Árvore inteira em miniatura, com os elementos ativo e passivo presentes tanto no homem quanto na mulher. Na ação de cortejar, o entrelaçamento das duas grandes leis cósmicas faz-se presente ao se desenrolar uma oitava mútua entre duas pessoas atraídas por uma terceira força. Assim, estudaremos aqui uma das fábulas favoritas da humanidade e observaremos, com nossa teoriY e prática, o fenômeno do Amor. Estabelecendo a cena com o romantismo de uma antiga canção que serve para descrever precisamente o acontecimentJ inicial, um rapaz e uma moça se olham no meio de um salão cheio de gente. Começando em Malkhut, a penumbra tépida e enfumaçada era preenchida pelos corpos que se divertiam e dançavam. Ouviam-se conversas e risos por toda parte, enquanto o ambiente era invadido pelo suor e pelo perfume. Nosso casal se descobriu logo no início da noite; o homem, inicialmente, sentiu-se atraído pelos belos cabelos da jovem, que, por sua vez, deixou-se enlevar pela expressão de inteligência notada no semblante do moço. Eles observaram-se de modo discreto a princípio, com os seus Hods buscando informações não apenas com os próprios sentidos, mas interrogando os anfitriões acerca um do Outro. O rapaz . descobriu o nome da moça, o que ela fazia e que não tinha compromisso, enquanto o seu Nezah, despertado pelo modo com que ela se trajava, provocou uma imagem Yesódica do que poderia existir por. baixo de 'sua roupa. Ela provocava no rapaz a lembrança de um antigo 119

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amor, e ele não pôde evitar a superimposição da memória na moça, especia lmente quando descobriu que o nome dela era igual ao da outra. A garota, nas suas perguntas, soube que ele era solteiro e 'que era arquiteto. Estava impressionada porque ele não somente era charmoso, como também possuía um status respeitável. Surpreendeu.se com a estúpida idéia de que seus pais aprovariam o relacionamento, no instante em que Yesod o colocou no seu contexto familiar. Intrigada, esperou que ele se aproximasse ao mesmo tempo em que notava os sinais de interesse focalizados na sua direção. As grandes trlades inferiores de ambas as Arvores estavam, então, sintonizadas e prontas para a ação. A anfitriã, percebendo rapidamente a situação, apresentou-os e em seguida os deixou a sós. Com a presença da deusa Vênus pairando sobre os dois, eles ocultaram a atração recíproca com um diálogo nervoso, cada um escondendo-se atrás da respectiva persolla de festa. Pelo sotaque, ela descobriu que ele era americano. Ele, por sua vez, constatou que ela pertencia a uma família inglesa de classe média. Enquanto seus Hods discutiam relacionamentos e amizades mútuas, eles sondavam um ao outro. Ela gostou da nuca e da voz dele, e ele não tirava os olhos do corpo dela. A moça também era inteligente e culta. Exatamente o tipo dele. Ela fez perguntas sobre o seu trabalho, e ele respondeu que trabalhava com mais três jovens arquitetos e que estavam progredindo em seu primeiro projeto importante, o de uma escola, A garota escutava atentamente, obServando as mãos e a vivacidade dos olhos do parceiro. Estava realmente atraída por ele, achando:o com- . pletamente diferente dos rapazes pedantes e bem-educados com os / quais estava acostumada. Seus olhares negligentemente demolidores/ despertaram-na completamente. Subitamente ele disse que o barulho da festa estava insuportável. Será que ela não gostaria de sair para tomar um pouco de ar puro' Para sua própria surpresa, ela consentiu sem a costumeira reação àquele tipo de proposta. A festa tornara-se aborrecida, racionalizou, enquant~/ passavam entre os pares que dançavam. ' Caminhando pela rua, os dois ficaram estranhamente silenciosos em razão da tensão interior. Ele estava reconsiderando a tática que utilizava quando queria levar garotas para a cama. Isso lhe pareceu de certo modo ioa plicável,

pois havia um elemento

enervante,

no sentido

de que, embora sabendo que o método poderia funcionar, ele não entendia porque pensava dessa maneira. Ela estava confusa. Normalmente não permitia ser retirada tão facilmente de uma festa em' que se achava em segurança ao lado de suas amigas. De mais a mais, encon-; trava-se em companhia de um homem completamente desconhecido. ,

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. Ou será que não era? A pergunta pareceu-lhe estranha pois tinha a impressão de tê-lo conhecido antes, embora não fosse capaz de dizeV onde. Ele começou a falar, à moda dos ingleses, de como estava o tempo, e logo estavam trocando impressões acerca das condiçôes climáticas e das estações nas cidades de Nova York e Londres. Através desse diálogo sem maiores conseqüências, processava-se um outro, um diálogo entre Hod, Nezah, Yesod e Malkhul. Foi um leve toque da mão dele no braço que provocou nela uma reação no jogo de perguntas e respostas praticado entre os sexos. A tensão crescia à medida em que se aproximavam do pequeno aparta menta da moça. Ela queria convidá-lo a entrar, mas seu julgamento (Gevurah) lhe dizia que não. A noite estava apenas começando e era cedo demais para tais intimidades. Sua educação e auto-imagem não permitiriam isso, dizia consigo mesma. Natando a hesitação da garota, ele não a pressionou e sugeriu uma caminhada. Ela ficou aliviada e comovida com essa sensível resposta à sua resistência. Talvez não tivesse reagido se fosse seduzida, pensou ela ao passar diante da porta do edifício. Subitamente, uma energia que vinha sem que ela soubesse de onde percorreu os seus membros e, tomando as mãos que lhe eram oferecidas, trocaram o primeiro beijo. Daquele momento em diante eles se encontravam em outro reino (a tnade Animal). A escuridão repentinamente deixou de existir. A Lua apareceu inesperadamente e as estrelas surgiram com um brilho muito mais intenso do que antes na profunda imensidão do céu. Tudo O que os rodeava,

atê mesmo os edifícios, parecia vivo e cheio de COres. En-

quanto caminhavam abraçados, percebiam com uma clareza impressionante os ruídos e os perfumes da noite, fazendo cOT que cada rua se enchesse de uma magia extraordinária. Com ambos os lados funcionais da Árvore cia.

excitados, estava estimulada

a tríade da autoconsciên-

Caminharam incontáveis quilômetros e conversaram horas a fio. Por volta das duas da madrugada eles haviam contado toda a história de suas vidas pessoais e sabiam de tudo o que poderia ser contado através das palavras. Chegando diante da residência do rapaz, ela aceitou o convite para tomar uma xícara de café antes de voltar para casa. Enquanto subiam as escadas, envolvidos em uma neblina de sonho, a / atmosfera se encheu de paixão. :,/ O café fói feito, mas não bebido. Uma fome mais intensa assumiu o comando. Foram se despindo lentamente, cada um explorando o corpo do outro, movidos não somente pelo prazer mas por uma inconsciência instintiva que levava a comprovar que cada coisa estava' no seu devido lugar. Nus, eles usufruíram de todos os sentidos, com

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cada toque, cada cheiro e cada gosto se juntando ã elevação interior das sensações e dos sentimentos corporais, Na cama, envolvidos em um abraço apertado, suas mentes flutuaram entre os pensamentos passageiros e o completo silêncio: Hod, Nezah e Malkhut. Quase não falaram. A única comunicação era por meio das carícias, do olhar e dos sons. Sonhos Yesódicos toldavam continuamente os seus cérebros, separando-os, enquanto imagens românticas eram projeradas na realidade física. Os olhos do rapaz viram alguns defeitos na beleza da moça, mas isso não tinha a menor importância. Ela, por sua vez, atinava para falhas na confiabilidade dele, mas tal constatação era insignificante diante da suave paixão que experimentava dentro do corpo. Na noite anterior estivera sozinha e frustrada. Agora sentia-se entusiasmada, quase no auge da liberação. Lentamente O rapaz se chegou a ela, até que os seus ritmos' coincidiram. Uniram-se fortemente, misturando em um só os seus movimentos. De repente, os dois se transformaram em um, e no clímax do êxtase se encontraram e se dissolveram no Nada, como se subissem pela coluna do equilíbrio desde Tiferet até Daat. Adão conheceu Eva. / Vagarosamente eles abandonaram o vazio extãtico e emergiram, separados, tornando-se novamente indivíduos, enquanto voltavam suavemente aos seus corpos físicos. Encheram-se de pensamentos e sentimentos sombrios, que foram, contudo, incapazes de abafar a profunda união que haviam experimentado. ,Nada poderia apagar nem (" mesmo o reverberante cansaço corporal, aquele contato momentâneo, embora infinito. Só aquilo parecia real. Olharam-se na penumbra, vendo apenas uma face risonha de pele e ossos. Em verdade, os olhos retinham ainda a consciência, mas onde estava a pessoa que cada um havia conhecido frente a frente? Ele acariciou o rosto da garota, e isso foi reconfortador para ambos. Daquele ponto em diante, de instante a instante, eles desceram novamente ao mundo cotidiano,.,Nela, pens'!mentos de ordem prática começaram a questionar o seu romantismo./ Lembrou que jã fora anteriormente envolvida pela paixão, mas agora não era a mesma coisa. Havia desta vez um misto de uma curiosa sensação de familiaridade e de reconhecimento. Ela suspirou, exaurida na sua agradável fadiga. Jamais havia se sentido tão segura, nem mesmo / no aconchego da própria casa. / Ele na baixa-mar de sua paixão, estava pensando. Essa experiência só se comparava ã do seu primeiro amor de muito tempo atrás, na fazenda do seu tio na Nova Inglaterra. Sem o cheiro do feno ou as cotovias voando no céu de verão, ele relembrou uma das experiências mais fascinantes de sua vida. Isso era marcante porque tivera diversas aventuras amOrosas e todas elas, comparadas ã desta noite, não passa-

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vam de meros exercícios físicos. Era um choque para ele, que não havia conhecido realmente nenhuma daquelas moças. Esta era a prim~ ra vez que ele via em alguém mais do que uma mulher . Ficaram em silêncio por um longo tempo, conjecturando sobre O que acontecera. Não se tratava de apenas uma aventura passageira. Algo de importante acontecera. Eles se haviam unido por um breve momento e nada jamais seria capaz de fazê-los esquecer aquele instante. Tudo o que viesse a acontecer daí por diante no seu relacionamento es- /. taria marcado por aquela conexão. Tiferet encontrara Tiferet. / Apesar disso, pela manhã o encantamento diminuíra. A luz clara da alvorada e as obrigações cotidianas despertaram os seus sentimentos, e eles construíram um idílio romântico para resguardar o encantamento da noite. Logo se perdeu O contato original, enquanto mergulhavam nos jogos de mútua atração a que se dedicam os amantes. Ye- / sod instalava-se outra vez. / Nas semanas seguintes o idílio levou-os nas suas asas exóticas, transformando todas as horfls e lugares em uma terra encantada. O afeto cresceu como uma experiência compartilhada e, enquanto passava a fase de lua-de-mel, um amor verdadeiro ia se instalando gra9Ujllmente e_rltreosdols. Mas algo de novo começou a surgir com o aparecimento 'óeGevuráh. Vieram as críticas recíprocas. No início, si'lenciosamente, elas desenvolveram-se em irritações ocãSionais, a partir do instante em que o casal passou a questionar a imagem que cada / um havia feito do outro. Isso gerou comentários seguidos de discussões, quando descobriram que os ídolos constmídos desintegravam-se nas fraquezas humanas. Eventualmente entravam em luta abetta quando um se recusava a aceitar os sonhos do outro. Ele a achava possessiva e exigente, e ela descobriu que ele era excessivame"te temperamental. Ocasionalmente as trocas de acusações eram ásperas e grosseiras para serem somente dissolvidas na cama de Vênus, onde era aplacada a ira de Marte. ~ Por volta do sexto mês de relacionamento, chegaram a um ponto crítico. A novidade vistosa se fora, mas concluíram que os laços que os uniam eram fortes o bastante para viverem juntos. Isso havia precipitado uma crise inesperada. Ao mesmo tempo em que concordavam que manter dois apartamentos e um caso de amor era inconveniente, ambos estavam de acordo que era importante permanecerem independentes. Aí estava o problema. Tais casamentos experimentais não ~ramraros no seu círculo de relacionamentos, mas existia também a

questão do local e da propriedade a serem escolhidos, o que se revelava um assunto cmcial. Quando chegou a hora da decisão acerca do apartamento a alugar, qual localização seria a mais indicada? Ambos 123

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possuíam um ego forte. Nenhum dos dois Yesods concordava em ce, der e tornar-se o sócio secundário. Ambos desejavam ser o senhor proprietário para O caso de uma.eventual separação. Cada qual se via sacrificando a própria integridade pela conveniência do outro. Uma áspera discussão chegou até a acontecer diante do escritório do agente imobiliário, Ele achou que a sua masculinidade fora insultada, e ela que sua segurança estava ameaçada, Concluíram que talvez fosse melhor separarem-se imediatamente, Obviamente os dois eram completamente egoístas e totalmente incompatíveis, ;// Naquela noite, na cama, após uma tarde infeliz na casa dela, o milagre aconteceu Outra vez. No clímax do amor, agora uma agradável rotina, a conexão Tiferética atingida na primeira noite foi restabelecida. Subitamente eles se tomaram novamente um. Provavelmente apenas por um segundo, mas foi o tempo suficiente para constatarem que existia um laço profundo unindo-os. Neste instante Hesed foi atingido. Rapidamente, todos os conllitos tornaram-se banais diante da radiaçãó de sua emoção expansiva interior. Tudo foi imediatamente perdoado, e todas as feridas, reais ou imaginárias, esquecidas. Seus egos retraíram,se, fizeCom cada um penllitindo

a existência do outro iow .

dividualmente. Concluíram que o relacionamento poderia ir adiante, / mas desde que cada um se desenvolvesse separadamente. í' O tempo se encarregou de testar o relacionamento dos dois, e eles aprenderam a se respeitar e compreender quando as qualidades de Einah lentamente se fizeram presentes. Tiveram os seus períodos difíceis, é verdade, particularmente quando ela via que as amigas tinham filhos, ou o trabalho dele atravessava um momento ruim. Ocasionalmente a intimidade dos dois chegava até mesmo a estagnar, e eles discutiam como se estivessem càsados, já agora conhecendo melhor os hábitos e as atitudes um do outro. Sua segunda grande crise aconteceu quando concluíram que as coisas não poderiam continuar daquele modo. Ou mudariam o relacionamento parcial, ou se separariam definitivamente. Nen~,~m dos dois desejava mudar, e dessa forma mergu-/ lharam em uma sene desastrosa de aventuras amorosas por toda' parte. Após dois meses voltaram

a viver juntos, reconhecendo

a dor pro-

,:ocada pelas eXI?eriências passadas e declarando que a tudo era prefenvel a companhia um do outro. Isso foi vislumbrado repentinamente,

za extraordinária,

e eles decidiram que não havia outra alternativa a

não ser o casamento.

A Árvore do seu relacionamento

estava quase

completa. /' Durante a cerimônia nupcial aconteceu um fato curioso. No instante em que O padre realizava a cerimônia, tanto o rapaz quanto a moça perceberam que uma união sutil se processava dentro deles. Era como se alguma coisa vinda do alto confirmasse a ligação dos dois. Além disso, quando a noiva voltou-se para o noivo, concluiu imediatamenrte que desde o primeiro encontro reconhecera inconscientemente o seu marido . Nossa história retrata provavelmente uma situação clássica pois contém o princípio do crescimento mútuo e o equilíbrio das Árvores de cada parceiro. Também demonstra a tradição kabbalística nas relações entre um homem e uma mulher, nas quais a conexão íntima tem uma analogia direta com a Árvore e o encontro do Céu com a Terra. O I

casamento,

uma união verdadeira

c não simplesmente

um arranjo le-

gal, é raro porque na maiorijl das pessoas um ou mais Sefitot não estão . funcionando corretamente. Um Gevurah ativo é uma causa freqüente do mal-humor de esposas, e um relacionamento Nezah-Hod desequilibrado já provocou a n1prura de muitos casamentos, enquanto um Yesod niascarado por mentiras evitou externamente mais de um desastI;5---' n13trimonial.

O sexo, ao contrário dos pontos de vista puritanos ou excessivamente permissivos, não deve de modo algum ser mal utilizado, mas precisa estar ligado a uma situação cósmica e não corriqueira. No clímax do ato sexual, em um relacionamento harmonioso e pleno, muitas coisas tornam-se possíveis, e não é sem razão que '\sse instante é chamado de 'a meditação dos pobres'. Aqui se dá o encontro de duas Árvores: a emergência de identidades gemeas que desatam por alguns monlentos, através dos seus corpos, os laços da existência terrena.

Sendo a coisa mais próxima da experiência mística para a maioi-ia dos homens, o sexo lhes possibilita uma visão, em companhia de suas Evas, dos pOltões do Eden no Paraíso. Nesse contexto os casamentos são realmente feitos no Céu, com a Noiva de Malkhur prometida ao Noivo de Keter, com Jacó em Tiferet e Raquel em Yesod, contidos entre o Céu e a Terra.

quando em uma certa noite sentiram que a sua união não apenas os le-

vava a tudo o que haviam compartilhado, mas lhes mostrava, pela exp~riência vivida, todas a~ coisas que seriam possíveis no futuro. Aqui Bmah entrou em conexao com Hokhmah, iluminando a constatação óbvia de que foram feitos um para O outro, com todos os seus capri-I chos. Daat completou o acontecimento auro-evidente com a sua certe124

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Nascimento-Vida.Morte

Continuando a história do capítulo anterior, examinaremos duas ÁIVores resultantes da concepção de uma criança. A primeira diz respeito à sua gestação e nascimento; a segunda ao processo subseqüente do seu ingresso ao mundo fora do útero, seu crescimento e sua morte. Estudaremos aqui as Oitavas descendente e ascendente . Nossos jovens, agora casados, resolvem ter um filho; ou o Destino, não importando qual seja esse estranho elemento, coloca-os em U')la situação na qual uma criança é concebida. Sob o ponto de vista da Arvore, Hokhmah é o Pai e Binah é a Mãe, e quando eles se encontram, unidos em Yesod, desde que as condições sejam favoráveis, isto é, quando a Coluna do Equilibrio estã encarregada da cria~o, a concepção acontece em Daat. O princípio ativo vem do pai, bem como todos os seus atributos masculinos, de sua família e raça. As mesmas contribuições provêm de Binah, com a adição dos elementos femininos . Aqui formula-se a dinâmica, a história de duas linhas de gerações tecida na dança dos cromossomos. O sexo da pessoa é determinado provavelmente em Binah, bem como se ela teri cabelos escuros ou claros, se tende a ser alta ou baixa ou se fisicamente será fraca ou forte. Se presumirmos que o pai é judeu e a mãe inglesa, obteremos uma mistllra de características étnicas que darão à criança um illSight e uma compreensão de duas perspectivas distintas. Ela poderã ser volátil e prática, ou fleumática e astuta. Inúmeras combinações são possíveis nesse nível. Em Binah também encontra-se a provável programação de [0_ dos os relógios, O biológico e o espiritllal, assim como o temperamento em geral. 127

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Depois da concepção o Relãmpago prossegue para Hesed. Aqui tem início o processo da expansão orgânica e do crescimento. Decorridos alguns dias o óvulo fertilizado divide-se em um detemlinado número de células, formando uma bola oca. Essa massa continua a expandirse COm uma velocidade extraordinária, até que, alimentada pelos nutrientes retirados da parede do útero materno, transforma-se em um disco embrionário. Nesse ponto o princípio Gevúrico que funciona na gestação começa a estabelecer a diferenciação das células em diversas funções, sendo que a principal delas é a formaçâo de papéis especializados de três tipos de células: o endoderma, que se transfomlará nos sistemas internos da digestâo e suas funções associadas; o mesoderma, que produzirá a zona inrcmlediãria dos músculos, ossos e teciqa:s con-

juntivos; e o ectodeOlla, que dará lugar ã derme, ao cérebro e à medula espinhal. A diferenciação Gevúrica toma seu lugar quando o disco e~ brionário ainda não atingiu um oitavo de polegada de diâmetro. A partir desse momento Hesed e Gevurah trabalham juntos, o primeiro produzindo o crescimento e o segundo definindo e determinando órgãos e funções. No ectoderma a cabeça começa a se formar, Osistema nervoso é projetado e as lentes oculares são acabadas. No mesoderma focalizam-se os diversos músculos e ossos, com uma rápida evolução experimemada pelos pulmões, tubo digestivo, órgãos seÀ"Uaise corrente sangüíneaj

ao mesmo tempo, o endoderma

recobre o

sistema respiratório, O tubo digestivo e a bexiga. Esse trabalho interbalanceado prossegue em uma seqüência exata, dirigida pelo plano d~ Einah e gerado pelo impulso criativo iniciado em Hokhmah. Tiferet anuncia a presença da Natureza Essencial. Pela sua posição no Relâmpago, isso poderia significar que, simultaneamente ã. formação do embrião, ocorre também a inteligência particular, imbuída pela \Coluna Central da Consciência, encimada por Keter e focalizada pelos / quatro Sefirot subseqüentes. Nesse ponto ocorre uma pausa, que se / prolonga por todo o período de gestação até o instame do nascimento; embora nos casos de aborto, voluntário ou não, poderia acontecer o

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que está escrito no livro judeu de orações: "Passa pelo mundo sem en-

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O processo gestatório continua

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com Nezah por.do em movimento

não apenas os ritmos biológicos e os ciclos songuíneos, digestivos etc., / mas instalando o princípio de conservação, para ensejar uma comínua renovação, seja ela de células, do instinto de autopreselvação ou de regeneração das espécies no desejo se,,'ual. Esse princípio Nezáico se aplica sempre, não somente no organismo,~mas também na psique da pessoa, procurando permanememente hábitos de comportamento ca- / pazes de conservar a sua sensação de bem-estar. Enquanto o embriâo 128

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ainda está ligado ã mâe e participa da sua circulação, seu 'desejo de sobreviver encontra-se verdadeiramente presente, comumcando-se atra. vés do Nezah materno, cujo estado letárgico foi projetado para evitar qualquer comportamento pessoal errõneo. Ela se acha sob o comand~. de Vênus e da Lua, as madrinhas gêmeas da Natureza. Hod poderia aqui ser chamado de princípio haOllonizador. IS,SOdevido tanto aos diversos órgãos sensoriais complementados ~Io SIstema nervoso Hodiano quanto ao organismo como um todo, smtomzado com os limites definidos por Gevurah em um instrumento altamente sensível. Hod peOlleia o embrião, levando e trazendo i.nfor,:,ações para que os processos precedentes sejam levados a um fmo aJustame~to./ Para ilustrar a sua função de modo negativo: quando um g!"p.o de celu.las nâo está afin-'!90com a sintonia do organis~ como um todo,. ggQe sobrevir um cãnce'f;CíJnlNezah em desequilíbrio as supnrá de ahmentos mantendo assim o seu crescimento maligno. A menos que Gevurah sej~ informado e todos os dados passem por sua vez aos Sefir?t envol-; vidos, o tumor se expandirá e destruirá o corpo que o benefiCIa, e conseqüentemente a si mesmo, tâo egoísta é a sua orientação .•Hod tor~a isso possível para que o corpo perceba o que está acontecendo. Pur meio de sua habilidade rastreadora, ele é capaz de dar-se conta da mais insignificante aberração, passando depois a informação, dl~!mos, a Nezah, que enviará glóbulos brancos para combater a l.nfecç'lo no sistema. Agindo como equilibrador de Nezah, Hod tam.bem olha para fora, por meio dos sentidos, para monItorar o mero ambIente. Is~o acontece até mesmo no útero, quando o feto se debate até encontl a/ uma posição mais confortáveL

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No caso presenre, Yesod é a personalidade de todo O organrs~,o, mesmo que ainda nâo tenha recebido estímulos do murdo extenor. Está situado no meio da tríade Hod-Nezah-Malkhur, a cera modelada mas suave do cérebro, corpo e psique da criança. Igual a um espelho, ele é feito de um certo modo, ãs vezes claro, outras opaco, podendo até mesmo ser distorcido, dependendo do que acontec~u. durante a gestação. Não traZ memórias, apenas incorpora caractensncas, defeitos e fobias. Um dom familiar para a música provavelmente está latente ou uma tendência para a violência; talvez ainda uma aptidão para a nl~cânica ou uma aversão inerente Pela altitude. Não ativas, essas características criadas por uma combinação do equilíbrio particular dos Sefirot, pod~rão permanecer latentes por toda a vida, vindo ã t~na somente em uma situação de stress ou na ocorrência de al~lIma cl~cuns~ táncia propícia. Assim, um Mozart viven~o ~m uma a!dela de nunera- / dores talvez nunca houvesse utilizado O orgao da rgreJa local, enquan.to que um gênio mecãnico muito provavelmente estaria perdendo seu 129

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tempo tocando na Orquestra Filarmônica de Londres, não dispondo nunca de tempo livre na sua agenda de músico profissional para assumir seu hobby de inventor de engenhocas. Yesod poderia ser superficialmente chamado de mente, a mente comum, a qual exploraremos mais adiante, quando considerarmos a Árvore na direção oposta, do / nascimento ã morte. Malkhut, o Reino dos Elementos, é o corpo físico. Todos os outros Sefirot suprem a energia e a fonna criadoras do organismo físico que vemos surgindo do útero. De Yesod para cima existem os princípios, tais como o desejo de sobrevivência, os quais se manifestalU através . do corpo, que por sua vez é apenas um veículo - um aglomerado sempre mutante de células, do qual somente o tecido cerebral pode se aproximar da duração da vida da própria pessoa, considerando que muitas células não vivem mais que um dia, enquanto outras mal ultra' / passam algumas semanas. Somos uma onda estática em contínua mutação, segundo a descrição científica do fenômeno, Os únicos elementos aparentemente permanentes são as funções dos Sefirot, que mantêm a nossa consciência, forma e energia, enquanto proporcionam o crescimento físico até atingir a maturidade, antes que O organismo / exaurido, já há muito incapaz de manter a vida celular, entre em colapso e morra. Vale a pena repetir a idéia contida no Gênese de que caímos ou desceolos à Terravestido~em casacos de pele, e que estamos atados pelas leis da vida orgânica, sendo-nos negados por algum tempo os jardins superiores do Éden. Durante a concepçâo somos aprisionados em uma forma física e depois ejetados do útero de Eva parar reino natural, de onde começamos

sando pela morte.

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sarrem do êxtase. Sendo assim •. nos resta tão-somente

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a subida da Oitava de retorno, pas-

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Ao nascer respiramos pela primeira vez. Com essa repentina sacudida, a criança é extraída de sua mãe, ao fim de uma Oitava criativa, tornando-se um ser independente. Qualquer pessoa que tenha presenciado um parto reconhece o sentido do profundo impacto causado não apenas aos dois, mas particularmente ao bebê, q~rma cl~ao seu ingresso em nossa dimensâo. ÃÍgÜnU1~uerem e'!!(Rreender a via em e nascem mortos e'!9'!.:'~to outros prefer~r ~em arranca os a fót~_~, ou estinlula os c~:m}uma Q~lmadano. traseJrCl.DUtros reagem ao choque provocado ao serem removidos do -útero materno protetor, e ainda outros simplesmente concorda,m em fi( car aqui, ao menos por algum tempo, Esse período inicial é às vezes chamado de '4 IdM,e da Sabedori.a: - uma denominação curiosa, mais apropriada ao iiiãl aa existência, ainda que de acordo com um outro pOnto de vista o nascimento e a morte sâo a mesma coisa. Por-

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tanto, essa designação pode ser perfeitamente válida. Conrudo, nenhum bebê possui ainda O vocabulário que lhe permitiria expressar a experiência passada, O que também é verdadeiro para os místicos ao

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a maravilhosa

impressâo de um novo ser despertando para o nosso Mundo, seguido do seu grito saído de Hod-Nezah reclamando calor e alimento, ao mesmo tempo em que os dois pilares laterais começam a funcionar de ma/, neira completamente independente. Malkhut é o corpo enrugado, úmido e vivo do recém-nascido. A partir désse,momento começa a sua jornada de volta a Keter, conten;Jo em si uma Arvore completa, pois Keter está em Malkhut. Mas essa Arvore provavelmente não será notada externamente, excero com o passar dos anos, quando a pessoa cresce e a percorre outra vez. O primeiro estágio é o caminho da infância, entre Malkhut e Yesod. Nesse período o corpo não apenas aumenta rapidamente de tamanho como também é sarurado de informações internas e externas. De Hod ele absorve, através dos sentidos, os aromas, sons, gostos e visões da mâe. O tato é possivelmente o sentido mais importante, com a temperarura e o conforto desempenhando um papel fundámental ao contribuir para a formaçâo de sua imagem Yesódica do mundo. Nezah contribui com sua participação, com a criança reconhecendo lentamente o ritmo diário e a resposta dos pais, que respondem rapidamente ao seu menor chamado. Mais tarde, a panir do instante em que Yesod estende a sua imagem para além da exploração íntima do corpo e da reação aos ciclos internos, o 'bebê passa a ampliar o seu campo sensorial, arremessando objetos do berço como pane do programa de reconhecimento de alrura e distância. No início da infãncia (com cada estágio sefiróticyo mesclando-se com o seguinte) a criança começa a codtrolar suas funções, a andar e a falar - todas as faculdades do Hod físico. O período de Hod é aquele em que a criança aprende acerca de tudo a seu redor. Sempre curiosa, ela pergunta e explora incessantemente a geografia local da sua casa, tendo o mundo intelecrual escancarado pelas leituras e pelos meios de comunicação. A infância é ocupada com a experimentaçâo, variando da avaliação do peso de ,um galho de árvore à simples química. Os museus sâo o seu lugar favorito, bem como quaisquer buracos ou cavernas, Tudo serve de pretexto / para acumular inutilidades fascinan,tes, enquanto realizam-se questionamentos infindâveis sobre as maiores, mais fones, mais compridas e mais pesadas coisas e criaruras da face da Terra. Esse cena mente é o Sefirah de Mercúrio, com sua variedade camaleônica de interesses, in- / cluindo truques, decepções e até mesmo pequenos furtos - como, bem o sabe qualquer dono de pomar. Velocidade e alegria são muito

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importan~es, e a agilidade apresentada no pátio escolar é eVidente,/ como o sao a cacofonia e a tonalidade aguda das jovens vozes mermriais. Quando a adolescência se aproxima, a criança já dispõe de um quadro bastante definido do mundo. Sua persona está bem formada e/ a educação abrange a sua Natureza Essencial, algumas vezes fazendo' com que a luz fique bloqueada. Isso pode ser muito bem demonstrado . "" no sistema inglês de educação pública, capaz de obscurecer a verdadeira natureza de uma criança através de uma máscara social fortement.e convencional, aprisionando-a freqüentemente por toda a vid~ Adnlllável como uma ferramenta a serviço do self real de um homem " a persona é u'm mau professor quando se"trata de um desenvolviment~ -:erdadeiro. Como observa-se freqüentemente, muitas pessoas não se lJbertam de Yesod e Hod, preferindo comer, beber e repetir velhos clichês e hábitos adquiridos na escola. Durante a vida, seus valores são gover~ados pela gratificação e pelas"impressões, sendo seus desejos, n~ malona das vezes, dirigidos por aqueles que possuem a determinay çao de Gevurah, o poder de Tiferet ou o desejo de Nezah. Isso pode parecer de certo modo contundente, mas o mundo ocidental, em particular, pratica os seus relacionamentos baseado na evocação de tais fra'l quezas e dominações. / A juventude é a época de Nezah. Com ela, vem o despertar.da beleza e do amor. As moças tornam-se conscientes de seus fisicos e os rapazes do despertar da sua paixão. É a idade de Vênus uma ocasião para vestir-se na última moda, conhecer os sucessos m;,sicais do momento e atravessar IOdas as doces intrigas do romance, em um mundo agradável e poético. Esse é o tempo do despertar da se",ualidade e da incidênci~ da gravidez inesperada. Aqui sitva-se o reino do sonhador, /' reconheclvel em Romeu ejuliela e em Wesl side SI01Y.Energia e descanso, cheia e v~zante;a corte atravessa o ciclo de sedução, orgasnlo e relaxamento. EIS Nezah, ou Eternidade, com sua ronda contínua de' amor, p~ssando de par ~m par em uma longa cadeia de abraços. O mundo e cor-de-rosa. A Juventude não tem outras dores além das do / afeto recusado - e eXiste sempre um outro parceiro disponível para curar aquele,co.ração ferido. Aqui não há lugar para a dor, a doença e a morte; ~,do e Vital e belo, sem nenhum vestígio de lágrimas. Dormir ao relento e engraçado,

Tiferet é a plenilUde da vida. Nesse ponto a NalUreza atingiu seu zênite, portanto está dotada de lUdo o que a vida orgãnica pode oferecer, com a Natureza Essencial tendo à sua disposição todo o equipamento físico de que venha a necessitar. Muitas das maiores obras de arte são criadas durante essa época (Tolstoi estava com aproximadamente 30 anos quando escreveu Guerra e paz), e os homens freqüentemente enCOntram-se a si mesmos nessa ocasião, desde que tenham progredido para além de Nezah. Aqueles que não alcançaram tal de-/ senvolvimento, continuam divertindo-se com os romances passageiros, inadequados à sua idade, ansiando em reter uma juventude que há muito já se foi. A publicidade moderna explora esse fator, convencendo os mais velhos de que as qualidades físicas da mocidade têm mais a oferecer do que a inteligência advinda da própria experiência./ Homens e mulheres fisicamente orientados esquecem as possibilidades das suas almas e teimam em permanecer sempre jovens, até que o mais poderoso e caro dos cosméticos seja incapaz de mantê-los na ilusão da beleza e da vitalid'lde eternas. O tempo orgãnico não pode ser // congelado. . . ./" A idade de Tiferet é única porque, situando-se no eixo central da consciência,

abre o acesso para o desenvolvimento

interior. Enquanto

Yesod provê a conscientização do mundo exterior, e Hod e Nezah desempenham os seus papéis, Tiferet abre os pOltões da imortalidade. Através de sua verdadeira

autoconsciência,

com um organismo

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mente operativo e eficiente, um homem pode ver, a paltir do seu ápice físico, a natureza de IOda a sua vida. Nesse ponto pode julgar sua condição profissional, sendo capaz de prever a direçào que esta deverá 10- / mar. Chamado tradicionalmente de 'Trono do Julgamento', Tiferet capacita-o a decidir, nesse instante crucial da sua vida, ~e fará pessoalmente a escolha ou se será levado a fazê-la. Aqui um homem tem o poder de ser ele próprio. Até sendo funcionário de uma grande empresa, é capaz de ser ele mesmo, possuir a própria integridade, a própria individualidade. A tentação do ego certamente estará presente, mas isso pelo menos indicará que amadureceu e tem em si o remédio para esse mal. Um verdadeiro demônio tem mais possibilidades de desenvolvimenro que a sombra de um homem que vive apenas em Yesod, qual muitas vezes é nada mais que uma coleção de imitações adquiridas, emprestadas e roubadas de outras pessoas. Gevurah é o período da determinação. Poderia ser chamado de idade madura, ou seja, quando O poder da eswnlra máxima é encaminhado para uma só direçào. Tomando o símbolo de M"lte, podemos notar a marca de um homem que alcançou esse nível e ess" idade. Po-'

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camar a noite imeira ao som de uma guitarra não

provoca o menor cansaçu físico; este quando ocorre, é varrido rapida~,ente pelo amor, ao mesmo tempo em que a força crescente do corpo e capaz de suportar qualquer castigo. Essa é a idade na qual rapazes e moças saem de casa, com a intimidade amorosa levando-os às primeiras ~,anifestações de independência. É a primavera antes do pleno fio) rescunento do homem ou da mulher. .)

deria ser um diretor de empresa ou .um artista que encontrou o prÓPrio __ /

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estilo. Ali estão presentes a coragem e o discernimento. Ele não se desvia da sua rota, a não ser para se ajustara situações que são possivelmente devidas mais a problemas de aprendizagem do que obstáculos . a serem saltados no percurso da ambição pessoal. Existe um elemento/ emocional no seu trabalho. Ele continua a sua tarefa apenas porque lhe interessa, enquanto os homens inferiores trabalham apenas por dinheiro. Alguma coisa o impulsiona. É possível que lhe mova o desejo de ter uma casa melhor ou propiciar uma educação mais aprimorada,./ aos filhos. Seja o que for, isso lhe fornece a segurança e certeza que o caracterizam. Encarado sob um aspecto negativo, isso poderia torná-I~ agressivo, um carreirista impiedoso capaz de atropelar qualquer um que atravesse seu caminho. Tal motivação pode provir do ego, quando a tríade Hod-Tiferet-Gevurah, desprovida de um forte equilíbrio da / tríade Hesed-Nezah-Tiferet, passa a impulsioná-lo. Por outro lado, esse nível de julgamento poderá levá-lo a discriminar as coisas com propriedade, habilitá-lo a observar as situações, a qualidade dos produtos e os patrões que desejam fazer dele um servo. Um homem com tais características é de inegável valor como perito em uma equipe d< negociadores, o que também o diferencia como possuidor de habilidades e conhecimentos exclusivamente seus. Poucos homens atingem a/ idade adulta Como verdadeiros mestres, embora alguns sejam forçados / a desempenhar esse papel com a finalidade de competir e dominar . Isso é devido a uma pressão externa e não inerente à natureza interior da pessoa. Com o passar do tempo, quando os mais jovens o substituí-/ rem, tal homem se perguntará se valeu a pena o esforço. Chega a ocasião em que o nosso personagem atinge o ponto para onde marcha sozinho, toma unla decisão, provavelnlente contrariando os conselhos ou mesmo o senso comum para seguir a sua própria estrela. Podem0..s/" então dizer que ele alcançou a iniciação de Gevurah. ,./ O período de Hesed é o da meia-idade. Acontece talvez após o longo esforço dispendido na constiruição de uma família, ou naquela . etapa de uma carreira que distingue um profissional de um amador.; Por essa época um homem adquiriu a riqueza da experiência, e muitas vezes também de bens materiais. Possui quase tudo o que mais desejou, seja o sucesso, a satisfação pessoal, e até mesmo alguli,a ilusão antiga. Atingiu um ponto em que as pressões podem ser aliviadas. É mais tolerante, mais benigno. Certamente ainda trabalha com afinco, mas não com a mesma garra. Isso acontece não somente porque suas forças começam a declinar, mas porque adquiriu uma visão ampla que o capacita a detectar o melhor método de desincumbir-se de uma mis-,' / são. Observa que uma ação fulminante e a determinação têm o seu IU-) gar, e que os mais jovens podem fazê-lo de forma mais apropriada,

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mas também capta os excessos de um projeto, as ramificações que não seria capaz de perceber quando era um homem com visão menos

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abrangente. A vida torna-se mais agradável, o trabalho é importante, ,./ mas ele pode se dar ao luxo de relaxar e de ser generoso. Caso deseje continuar trabalhando, ainda é forte o suficiente para isso, e está mais inclinado a ver o seu empreendimento a partir de uma escala amplia- / da. O dinheiro e o starus há muito deixaram de ser fundamentais. Há um certo prazer em rudo o que faz. Pode até tornar-se repentinamente benevolente e dotado de uma forte consciência social, pretendendo . ajudar os menos afortunados, como o fez o milionário americano Pea/ body; ou mesmo criar fundações filantrópicas, a exemplo de Forde Rockefeller. Se for solitário, talvez um artista, e tiver amadurecido verdadeiramente para além da fase competitiva de Gevurah, pode querer ajudar jovens pintores ou escritores, como fez T.S. Eliol. Essa é a idaY jupiteriana, assim como foi a era marcial no período de Gevurah . Entre Hesed e Binah encontra-se o Sefirah invisívelJ2aat Esse é o ponto na vida de um homem em que ele'tem rea~te conhecimento de rudo o que aconteceu a seu redor. Caso tenha evoluído até aqui e a maioria das pessoas não o consegue porque prefere permanecer na ilusão de suas épocas mais agradáveis, freqüentemente a juventude -, ele relacionará rudo o que aprendeu ao padrão da sua vida. A partir dessa posição situada diretamente acima de Tiferet, ele estará . apto a olhar para trás e ver com olhos conscientes todos os sinuosos/ caminhos que percorreu. Isso o levará a uma profunda constatação de que a vida é um jogo, cuja arte é participar sem se deixar apanhar. Literalmente, o mundo é um palco e a vida do homem é um papel.a ser desempenhado. Ele reconhecerá isso, observando com cinismo ou humor, dependendo de como tenha atingido a visão de qu~ existe um segundo nascimento pelo qual terá de passar antes da mOlte. Para muitos que chegaram a essa conclusão, o vazio de Daat, ou o desaparecimento do ego, pode ser demasiado. Sabem que juntamente com a morte há a renúncia de todos os ganhos terrenos, mas tentam segurálos, aferrando-se a lembranças e a riquezas, achando que assim evitarão o segundo grande choque e o renascimento potencial desde que vieram ao mundo. Aqueles que encaram esse ponto como uma opor- / runidade, retiram-se voluntariamente do mundo antes de serem forçados a deixá-lo pela mOlte. Podem continuar Oseu trabalho no mundo, mas suas atitudes não são deste mundo. Na tradição indiana, um chefe de família transmite para os filhos todos os seus deveres mundanos e retira-se. No Ocidente, um homem pode fazer a mesma coisa, mas fi. lia-se a um clube de golfe. Entretanto, mesmo nas sociedades tecnoló-. / gicas européia e nOIte-americana, existem alguns que seguem a icléiV 135

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., do retiro espiritual, e é importante lembrar que uma pessoa p~e chegar a esse ponto em qualquer momento da vida, Muitos homens notáveis fizeram suas fortunas antes dos 40 anos e devotaram o resto das suas vidas ã evolução pessoal, seja ingressando em um mosteiro ou, como o milionário alemão Schliemann, dedicando-se ã arqueologia. Essa mudança decisiva nos leva a Binah, ~ Binah é a velhice, Contrariamente ã crença geral de que esse é o período terminal de decadência, na verdade é a preparação para a dinâmica da chegada da morte. É certo que o corpo decai e os processos vitais se entorpecem, mas a parte invisível do homem que habita seu envoltório físico está, ou deveria estar, cheia de experiência de vida/ Enquanto o corpo há muito já não consegue correr um quilõmetro, o que, convenhamos, é desnecessário na velhice, a alma pode analisar o material coletado ao longo dos anos. O silêncio e a quietude são tudo o que se precisa. Uma boa cabeça e um bom coração, respaldados por Uma memória que recorde lemameme os tempos amigos, tão característicos da velhice, podem renovar a vida e levar a uma compreensão impossíveis em Uma existência atarefada e voltada para o mundo exte- . riar. O tempo é a qualidade de Binah, cujo planeta tradicional é Saturno. Encontra-se aqui a :,abilidade de sondar as décadas, observar os ( vínculos e os nós dos anos, utilizar o conhecimento de Daat para desvendar

mistérios do destino através da percepção,

trás da cortina de Hokhmah a existência de um mundo brilhante. No pensamento silencioso e profundo do intelecto interior, a i1uminação/ chega não para amedromar, como faz a morte com os despreparados, mas para clarear o caminho de volta ã Keter - a Coroa. Em Hokhmah encontra-se a sabedoria de toda uma vida lampejando pelos anos através de todos os Sefirot, até alcançar Malkhur. Como a morte separa a alma de um homem de seu casaco de pele, Jevando-o para O mundo posterior, aqueles que assistem a um falecimento reconhecerão a ocorrência de um acontecimento cósmico. Isso é de fato tão poderoso que o seu impacto freqüentemente se faz sentir a uma grande distância e repercute por muitos anos. Esse é o poder de Hokhmah, um ill$igbt tão profundo na morte quanto o presenciado ao se testemunhar um nascimento.

Em Keter está o fim e O princípio. É a Coroa aberta através da qual O espírito entra e sai, algumas vezes para vir e outras para vOlta:~

notar Como CCltos

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encontros e separações fora,:l fatais, perceber que determinadas situações ensinaram precisamente a necessária lição. Toda uma filmoteca de cenas íntimas pode ser repassada sem a pressão dos desejos, dos julgamentos de valor ou da complacência aura-indulgente. Fatos pc- . dem ser revividos com maior clareza, sendo a verdade a respeito de determinadas situações obselvada anos mais tarde, reunindo as peças de um quebra-cabeça antes insolúvel. Aqui em Binah, no inverno da vida física, está a possibilidade de visualizar a próxima primavera. De- / senha-se todo Um ano-vida COm suas estações. No fechamento dos sentidos, o mundo

interior



torna-se mais real e o reino invisível mais

próximo. Voltam as lembranças da infância, recordando-se os aromas e as visões há muito esquecidos. Antigos rostos, até dos que já morreram, visitam constantemente

o contemplativo,

e por trás deles notam.

se insinuações do paraíso. Para os desatentos isso parece ser o ponto de partida; Fara os conscientes, uma aproximação. Temos aqui o salto através da Arvore até Hokhmah. Aqueles que chegaram ã velhice sem se desenvolverem espiritualmente vêem esse salto inverso do Relânlpago como a luz cegante da morte obscurecedora. Para aqueles que compreenderam o significado das suas vidas através de Binah e Daat, . a morte é vista de um modo completamente diferente. Vislumbram por /

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16 o Tempo

o Tempo

Após havermos considerado o nascimento e a morte, vamos utilizar a Árvore de um modo completamente diferente, a fim de examinarmos o Tempo. Em primeiro lugar precisamos entender que existem diferentes tipos de Tempo. O método de usar um relógio, seja ele um medidor horário ou de microsegundos, é mais conveniente que exato. /' O Sol, por exemplo, durante a maior parte do ano chega ao meridiano do meio-dia mais cedo ou mais tarde, e o Tempo, de acordo com as estrelas, deve ser ajustado continuamente para manter uma constante científica. Dessa forma, deixaremos de Jado a nossa compreensão co- / mum a respeito do Tempo. ,~ A forma mais familiar de Tempo que conhecemos - para os seres humanos, pois cada crialllra possui fi sua própria medida - é a que se chama Tempo Passageiro. É vista na tela de Yesod, que representa o mundo de Malkhut como um espetáculo que passa, uma corrente contínua de imagens que se focalizam e se dissolvem por entre os sonhos interiores durante a vigília. À noite, quando o caminho entre Yesod e Malkhut está fechado, os sonhos diurnos passam para o primeiro pla-/ no como as estrelas nOlllrnas, e o Tempo parece fazer coisas estranhas. Esse Tempo Passageiro é aquele que consideramos geralmente como verdadeiro e relacionamos ao relógio. Isso é uma ilusão, não merecendo, portanto, a menor confiança, bastando apenas estabelecermos o contraste entre um dia abOrrecido e um interessante para constatarmos a diferença, pela lentidão ou rapidez com que passam as horas em um , ou no outro caso. Basta um pouco de atenção e obsezvação para per- / cebermos que o relógio não mede nada em nossa vida pessoal, embo139

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ra seja útil na marcação de compronlisso~ e em outros assunto:' exterM nos de ordem prática. Relativamente, porem, ao nosso verdadeiro sen-

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tido de Tempo, o relógio é inútil. O jovem que ~,spera a nan~orada acha dez minutos insuportavelmente longos e o beiJOde despedida tncrivelmente curt~,por razõ:s ~ifer~ntes e_subjetivas. Isso é result~ da interação de diferentes mvelS e dlmensoes do Tempo, , , O homem é uma Árvore da Vida e cada Sefirah pOSSUIa sua propria escala Temporal. Se tomarmos Tiferet como um dia e uma noite, a essência do Tempo, observaremos ,!m ciclo completo ao redor do qual funcionam os diversos relógios da Arvore, Em Tlferet encontra-se uma medida consciente, Um homem pode abranger todo um dia, com o seu ser percebendo-o como uma peça integral. O Ten\po nos demais Sefirot ou é demasiado longo ou demasiado curto para ser apreendIdo inteiramente, ainda que um dia seja compreensível pelo seu corpo /' pela sua alma. " .

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Hodiana é a nossa impressão mais curta, ou com o comprimento de uma fina centelha elétrica. Olhando através da escala temporal de Hod, um minuto é composto de milhares de tais descargas. Se não fosse assim, o olho humano não poderia fi.mcionar, ainda que para a nossa sensibilidade normal essas imagens em constante mudança mist~ .

um homem vê o mundo atraves do Tempo Yesódlco.

Observa a passagem dos acontecimentos imaginando que ele~ são reais, mas quando repentinamente desperta, talvez ,durante ~m aClde~te de carro, tudo muda. Freqüentemente

a carnCtenstlca mais memora.

vel de tais eventos é que o Tempo parece mais lento. Digamos 9ue, en: quanto dirige, um pedestre surge ã sua frente. Ele percebe ~ pengo e ve toda a ação com uma clareza impreSSionante em uma fraçao d.e segundo, embora para ele aquele breve instante aparente ter a duraçao de um dia inteiro do tempo Yesódico. Ele desvia, freia e olha o carro dmglf-se lentamente de encomro a um poste. Seu corpo, no emanto, trabalhand ... o uma outra escala temporal, é. incapaz de responder com a neceSS3-

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ria rapidez para evitar a derrapagem. Tudo lhe parece .extraordinariamente vagaroso, mesmo sabendo que os seus reflexos sao tncnvelmente rápidos. Nota a situação desenrolar-se gradualmente dlan.te dos seus olhos, enquanto o observador imparcial que tem dentro de SIpõe-se su- / bitamente em estado de alerta. Acompanha a ação como se estivesse assistindo ã projeção de um filme, quadro a quadro, em cãmera lenta. Alguns desportistas conhecem

muito bem esse fenômeno!

rem-se ao fluxo contínuo chamado visão.

É possível ampliar a nossa sensibilidade de modo que pareça desacelerar voluntariamente o tempo Hodiano. Isso pode ser obtido de forma artificial por meio de drogas como o LSD, mas tal comportamento não é aperias ilegal no sentido espirirual, como tão perigoso quanto injetar combustível de foguete em um pequeno carro. Ele andará rapidamente por um breve instante, mas logo explodirá - para sempre. A via legal para adquirir essa conscientização é através do cultivo inteligente e diligente. As artes podem ser um dos meios de obtê-Ia, como muitos pintores o demonstram ao congelarem momentos sobre as telas e inúmeros compositores ao tentarem evocar tais estados agudos com as suas músicas. O cinema reconhece o dramático impacto de encurtar o Tempo. Para aqueles que praticam uma disciplina espirirual, esse fenômeno é bem conhecido. Encontra-se aqui um dos pOltões da consciência superior. No estado de alerta que acompanha, por exemplo, uma meditação, um gesto ou uma simples palavra pode transformar toda uma afirmação em um instante. Somente um Hod perspicaz e 'bem sintonizado seria capaz de captar essa conversão. Talvez uma história possa ilustrar bem esta dimensão: um anjo apareceu certa noite a um homem, que naturalmente ficou surpreso, chegando a derrubar um jarro d'água. Mas essa impressão desapareceu instantaneamente quando o homem foi elevado através de toelos os níveis ao Rei"o dos Céus, até encontrar-se aos Pés de Deus, em Pessoa. Depois de ter tido todas as visões celestiais, retornou finalmente

à sua cama, bem a Tempo de

observar o jarro que dermbara cair ao chão. Nezah é uma respiração, ou seja, um ciclo completo relativo aos mundos interno e externo.

O corpo humano está repleto de relógios,

cada qual com o seu próprio ritmo, liderado pelo batimento cardíaco,

ao Verenl a

bola de críquete ou de beisebol aproximando-se deles mais como um~

embora

lenta esfera do que como um trem expresso acercando-se a uma velOCI-

ção, sim, pois seu ritmo participa tanto do exterior quanto do interior . Isso lhe dá uma visão única, porque revela um relacionamento de cor-

dade veltiginosa. Essa é a visão Hodiana do Tempo, que o caracteriza através ele impressões ou reverberações

infinitesimais

que podem ser

tão rápidas quanto um décimo-milésimo de segundo. Uma dessas in~pressões pode congelar um acontecimento mínimo em um quadro leglvel peJa mente. Nossas lembranças estão cheias ele fatos des~a nanlreza, o que nfio é raro, pois os nossos sistemas nelYOSO e sensoJ'lal baselamse em respostas de alta freqüência. A ordem mais elevada de freqüência 140

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não o conecte diretamente

respondência.

Um mamemo

ao mundo

exterior. Uma respira-

de medo demonstra essa reação recípro-

ca. Durante uma respiração, em tais ocasiões, toda a siruação é captada pelas milhares de impressões que inundam a faculdade HOdianv,. Ao final da mesma respiração, todas essas impressões foram analisadas e o sistema autônomo Nezáicc já ajustou o organismo para a fi.lga ou luta. 141

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Qualquer pessoa que tenha experimentado o encanto do amor conhece muito b~m as mudan_ças que ocorrem a todo momento no hu- /' mor e met.a!:,olismo. A relaçao mede-se pela respiração, longa ou curta, e a sequencla estende-se como uma cadeia extática até a respiração culmmante do orgasmo. Esse vínculo com a mente instintiva se conecta com a Natureza, e ãs vezes uma bela paisagem nos deixa, literalmente, sem.fôlego: Aqui.há uma resposta inerente que pode ser notada numa autude slmpáuca durante o anoitecer, ou ao alvorecer em u?Ja flor~sta, quando o mundo vegetal reverte a sua respiração oxigênlO-
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nOI:e a nossa retirada, com o sono, meio-irmão da nlOI1e. completando

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o circulo. Em verdade, nem todas as nossas alvoradas coincidem com o.relógio na parede, pois alguns de nós começam a despettar ao meiodia e outros depois da meia-noite. Cada um tem seu próprio ajustamento ou cronologia pessoal para o dia, mas sem exceção todos devem obedecer aos fluxos e refluxos do ciclo. As forças vitais podem ser retesadas para estender o seu período, mas drenar esses reservatórios de e~lerg~ncia pode sig~ificar a procura da morte, por ir em sentido / COntlano a Corrente da Vida que comanda o nosso relógio pessoal. <' G~vurah é uma vlda,mdlvldual. No homem, está ligado ao aspecto emOCIOnai do seu ser. E o sentimento de uma vida. Algumas vezes grandes retratistas utiliza~l ~ssa faculdade para captar em seus quadros a totalidade da eXIStenClade um homem. Um Rembrandt é mais

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do que uma semelhança notável. São camadas e mais ca~ladas de im/ pressões, momentos e Narureza Essencial. É a soma total de comportamentos, atitudes e proezas. Nos auto-retratos ele fixa a própria existên-

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cia, sua amargura, curiosidade e amor. EncontrarlbSe..agui os elen~n~ue diferenciam ris seres humanos. Úm homem pode ser parecido em diversos aspecros; com sel:l imlão gêmeo, mas no decorrer da vida estará ã mostra sua peculiaridade. Gevurah é uma vida. Para a maioria de nós é O limite máximo de uma apreciação tempatál. Na morte de um ser amado, a dor verdadeira é de menor duração do 'que se imagina. Logo esquecemos a presença daquela pessoa, não por falta de respeito, mas porque nessa vida a nossa própria segue adiante. Mesmo para o cônjuge sobrevivente, a menos que se afaste e passe a'viver de lembranças, são grandes as possibilidades de ele considerar um novo casan;ento p~ra compartilhar os seus últimos anos com outra pessoa./ Esse e o sentido de uma vida, com a primeira e a última respirações delineadas por impressões e vistas através da tela de Yesod. Os últimos anos passam voando, enquanto o organismo antes vicejante

entregando, conscientemente,

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na-se cada vez mais lento e a mecanismo do envelhecimento corporal parece entorpecer os sentidos e embotar os ritmos interiores. Contudo, Gevurah pertence ã companhia de Tiferet e Hesed, formanéÍO com eles .a tríade da autoconsciência, e com O acúmulo dos anos deveriam~se acumular também a J?~.Ção do ~llo~ão:f~~ico e do seu Temeo, q~_enão pertencem a ~ste m~õaü.(;"e'Wrilll~}leseçl~o_Q~anjos guardY:~.~portº"s_d~ E possível penetrar no Paraíso mesmo durante a pennanência no mundo da ação e da matéria. Dessa forma, o ~lonlemé o único ser entre os animais que, alcançando essa primazia, e capaz de ultrapassar a lei corporal e continuar crescendo. Aqui ele se desliga das leis físicas da acidentalidade e ingressa nai do destino: Caso se capacite a ascender ainda mais pela coluna central, estará se/ às mãos do Destino.

Hesed é a expansão do Tempo, contrastando com a diferenciação e a contração do Tempo de Gevurah. Nesse Sefirah situa-se o poder que se estende para além da vida de um indivíduo. Em rermos físicos, é a duração de vida de uma espécie. Encontram-se nesse ponto todos os homens, de qualquer idade e época. Aqui está a dinãmica por trás de uma explosão, com milhões e milhões de mortos, bem como a pequena minoria daqueles seres vivos que herdaram a Terra. Hesed é o grande impuls~ da raça human!, que se espalhou sobre o planeta desde as suas primitivas origens. E uma enorme escala de Tempo estendendo-se por um milhão de anos. Para nós, trata-se de vidas das gerações que nos precederam, com todo o seu acúmulo de experiências e trabalho, falando do caráter da humanidade. Qualquer pessoa que 143

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participe desse nível temporal é, pelo menos, um historiador e, quando muito, um grande mestre fundador de uma civilização. Essa é a dimensão que vislumbramos vagamente ao observarmos a Acrópole ou as pirâmides; é também o sentido de inúmeras vidas, todas elas for",..' mando um único ser chamado Homem ou, em termos kabbalístic0Y Adão. . Daat, como se 20de deduzir, é Único. OcuIJa um lugar especial no eixomedian~º-ª consciência. Enquanto 'os Sefirot das colunas extef'nas definem funções, os do pilar central pertencem aos da percepçãu da criatura. Em Yesod está a imagem refletida do Tempo passado, composto do que foi alimentado pelos demais Sefirot. Esse é um qua~ dro variável de Malkhut, ao olharmos pará baixo. Quando Tiferet é o foco, na qualidade de vigia ou observador (algumas vezes manifestado, como afirmamos, em ocasiões de crises ou acidentes), Yesod transforma-se no servo obediente. O Tempo, entâo, deixa de simplesmente passar e se torna, segundo as necessidades de Tiferet, atento ao nível mais útil - no caso de um acidente -, em Nezah e HÓd. Com as habilidades adicionais e cultivadas de Gevurah e Hesed, tem-se acesso. a uma Outra dimensâo do Tempo. Esse é Daat, a porta para a intel1)jlQr.lJlé!il~,permitindo o fluxo para o alto, em direção a Ketg. Esse fenômeno nâo é o mesmo daquelas lembranças de períodos 'fora do tempo' ocorridas freqüentemente nos casos de amár, mas esfá mais próximo da experiência religiosa profunda, que não se pode traduzir em termos Temporais}

nem no 'agora', de Hod, neni. no ciclo Nezáico.

Nem

mesmo o vislunlbre da duraÇâÕClê uma vida ou a pálida re<:ardaçâo de uma época remota pode-se incluir em uma tal'classe. Daat é a fronteira a Qartir da qual ~Te~o não existe. . .~ Em termosfisiCüs', Binah é a Natureza. Nessa escala de Tempo est,10 incluídos todos os componentes da vida orgânica, C6meça com o nascimento da primeira célula molecular e termina com o alento final da úhima criatura a mOrrer sobre a face da Terra. Para n6s, esse é o lado da eternidade. Ainda no terreno da c?mpreensâo, podemos lidar /" C0111 os problemas da sobrevivência, comuns a todos os seres vivos. /" Nossos museus estão cheios de ossos e de f6sseis tão 'ántigos e tão primitivos que sentimos revolta pela violência

com que viveram e OlOrre-

ram, mas podemos, ao menos, apreciar os desejos primevos dos trilo: bites e dos djOQsse')ros pr.é;:.históricos. Podemos olhar através de um grande lapso de Tempo e constatar as diversas experiências orgânicas;'-ver a evoluçâo das plantas, dos insetos e animais. Ainda agora podemos reconhecer uma pegada feita na pedra há 20 milhões de anos e identificar (etos incfllstados em c1rvão, mas se chegarmos a uma pedra que não contenha sinais de vida, então teremos atingido um outro as-

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pecto de tempo. Binah é a Mãe-~rureza, o recipiente do impulso criativo. É a construtora de protótipo;;eq-uem projeta as criaturas e plantas necessárias para cobrir a Terra durante um determinado período. No princípio havia apenas organismos simples, capazes de converter O fluxo da energia cósmica recebida. Depois
conhecimento do reino microscópico, que parece estar molto e rígido,;..---. mas, na verdade mantém um elevado estado de fluxo et1té mesmo um intercâmbio osmótico com o espaço. A Terra, se estiver viva, não é muito antiga, e o homem sabe por ded'ução e especuiação que em relação à Via Láctea o sistema solar 'ainda não atingiu a maruridaci~. Em todas essas escalas temporais, nenhuma tem qualquer significado pessoal para o homem, ainda mais considerando O fato de que a longínqua galáxia de Andrômeda, como é vista em nossos dias, pode não ter, verdadeiramente;amesma forma de milhões de anos atrás. Essas distâncias e esses tempos de dimensões vastas sorneme podem ser medidos em seus próprios termos. O Sol pode ser eterno para um homem, mas para a Via Láctea não é mais que uma centelha fugaz. O planeta é para O homem O Hokhmah do seu Tempo, o progenitor da Natureza e das suas espécies. Sua imensa vida não é, contudo, a Eternidade, ainda que possa tomar essa denominação no Universo Relativo para um ho-, / mem não-desenvolvido. Aí repousa a singularidade do Tempo. Um...----/ .

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homem muito desenvolvido espiritualmente pode transferir-se para rrHindo seguinte, ultrapa~sando, desse modõ';""ri hierarquia-êOffiU'me:tã" / iCIade. Ele pode, como se tem dito em muitas religiões, ser visto até t mesmo após a morte física e, em alguns casos, retornar ã Terr~..eJ11 ( ~algu,=E.época e em qualquer lugarã. sua es~c9Il.}!i~ Isso apenaS será possível se' ele houver gaIgltdcr.rcoltínãâ3Consdênçia, um feito único..-J e raro entre milhões de e"istências humanas,.. . . JS*Lê.-a-Ço~ sua ~sfera oca está a jntemporalidaçl", Além e acima, isso nem sequer existe. A partir desse' S'efirál, surge o que se manifesta como Tempo, Tempo é movimento. Além do movimento está a quietude. Além da quietude, O Nada. Keter é a çoroa, portal cJe./ saída da prisão até mesmo da J1ternidad~. . '. . / Em relação aos quatro Mundos, cada. Árvore e cada Sefirah têfl1 o seu próprio Tempo, ainda que para os' Mundos inferiores de pareça incolllensur:ável, com o ¥undo superior sendç> nãq mai~q~e uma presença, uma possibilidade, semelhante ã nossa visão da vida iUltes do . nascimento ou clepois da morte. É impossível expli~ií;9 Tempo do n~sso mundo em termos de outro, ma-sJSS9:~ão_presSupõe a-sua ine-

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17 .O.Planeta Terra: Uma EmeculaçãQ._, '-

Mudando a nossa escal~, tran~portamo-nos agora do homem para o Çosmo da Terra e, utilizando a Af\'ore como se fosse um telescópio, examinaremo~eespeçularerno~ ~obre uma ordem de seres maior qu(,/ a nossa. Em um antigo sistema filosófico conheCido como a Doutrina,.......dos çosrnos, os diversos níveis de um Universo são diviçlidos em oro dem hieclrquica. Nele, rimndos diferentes posicionaI11.se de tal modo ........-que passa a el'istir um relacionamento definido. Dessa forma, o ho . mem enqúadfa:sc n9 Cosi11o(a palavra significa Ordem) da Natureza, que por sua vez está envolvido pelo Cosmo terrestre çlo corpo planetá. rio, A Terra, por sua vez,' €o parte de um siste,ila 1,Ianetário que está contido no nível universal seguinte, o solar. Todas as eslrelas, da mes . ma forma, estão compreendidas no Cosmo das Nebulosas, naquele a que pertencemos e que se denomina Via Láctea. Além do Cosmo de todas as galáxias, podemos apenas especular. ./ Após havermos definido uma hierarquia dos cosmos, colocando a Terra na lente objetiva ou Tiferet do nosso telescópio kabbalístico, pOr demos observar os componentes do ser do nosso planeta, pois ele é mais do que uma simples bola sólida envolvida por esferas ele água,/ gás, radiação e vida. ' . Começando por Malkhut, vemos o solo básico material ela Terra com seus quatro elementos ou estados da matéria com todos os com. ponentes conhecidos e ainda por descobrir pela ciência. Esse é o muno do que estudamos na geografia e geologia, mas não se tmta ela Terra verdadeira, assim como o corpo de Cristo descido da cruz não se cons. timía no próprio homem. Isso é a essência, o mais denso ponto nodal

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visível para os nossos olhos físicos, que permite ver apenas a superfí- r" cie. Nesse estudo, Malkhut é talvez o aspecto mais indefinível, pois estando nós próprios imersos nele, não podemos sempre enxergar os caminhos exteriores à sua circunscrição. É bom lembrar que, ao olharmos para o céu e vermos o Sol, a Lua, os planetas e até mesmo a Via Láctea, estamos de fato vendo o Malkhut daqueles mundos. Isso tem de estar presente em nossas mentes sempre que viermos a galgar essa particular Árvore da Vida. Cada Sefirah é um nível operativo, nào apenas um objeto astronômico. Um homem meditando pode parecer, à primeira vista, não estar fazendo nada. Mas, a exemplo de Buda sentado sob a sua Árvore Bodhi, essa aparente ociosidade física esconde a ~ atividade cósmica da iluminaçào interior. ~ . A Lua nesse esquema é Yesod e, como afirmamos anteriormente, o satélite é um pêndulo gigantesco, criador de marés rítmicas não apenas nos mares terrestres, mas em todas as substâncias líquidas existen-

tes sobre a face da Terra. Além de afetar a pulsação do crescimento, ela atrai todas as grandes massas fluídicas, incluindo as pessoas. Na sua conexão com Hod ou, nesse' contexto, a própria humanidade, Yesod é para a Terra a mobilidade regular, seja ela a ronda diária da alimentação ou os altos e baLxos dos horários de pico em uma grande cidade. Na moderna terminologia, Yesod é a base da estática das massas. Regula os ciclos fixos do homem, como palte da massa, através do caminho Yesod-Hod. O caminho Yesod-Nezah é mais fácil de observaI', com o pulso da Natureza determinado ao longo do ano pela conjunção de Hesed ou Sol, do Tiferet da Term, e Nezah, formando a rríade

Receptores e transmissores orgânicos

da Natureza.

o Planeta Terra (notas

especulativas)

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Dentro dessa tríade, a Lua e os elementos são nluiros dos

rirmos orgànicos menores necessários à manutenção dos vegetais, animais e seres humanos. O caminho Natureza-Malkhut ~Iaciona-se à constI'Ução de blocos de elementos terresrres e à bioquímica necessária pam fazer funcionar as células e os órgãos constI'Uídos. Os projetos do caminho Malkhur-Yesod referem-se aos diversos planos corporais, com o caminho Yesod-Nezah governando-lhe a vitalidade. Por outro lado, a tnade Hod-Yesod-Malkhut descreve as atividades do homem, por meio do aspecto fisico do planeta. O caminho Hod-Malkhut é o estudo e a utilização de matérias-primas, tanto pela ciência quanto pela indústria. Aqui estão compreendidas a física e a economia, com o poder Yesódico humano suprindo a máquina em funcionamento . Hod para a Terra é a humanidade. Os seres humanos são os processos voluntários do planera, esrando divididos, como os nossos sentidos e as nossas faculdades, em diversas funçôes. São várias divisôes teóricas, mas consideraremos apenas três. Tomando por base os tipos corporais, os homens pertencem, grosso modo, às categorias instimiva, 149

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nos tempos de guerra, ou amar como guias enlocionais

nos períodos

de paz. Nessa categoria estão os poetas, os artistas de um modo geral, ' e todos aqueles capazes de revelar a beleza existente no meio da vul./ garidade, assim como os apresentadores, humoristas ou os que transformam uma disputa em uma gargalhada. A emoção é vital para a hu- ' manidade, e se ela não estivesse presentc,'o homem seria desuina"n'o"c

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a Terra sofreria a devastação de uma guerra sem fim. Se não exiStisse O / amor ao belo, ao bom e ao verdadeiro, não haveria civilização. " / A seção intelectual da humanidade é ainda menor. Essa caíegoria não inclui o filósofo de botequim ou de universidade, que disputa com seus colegas a supremacia em vez de buscar a obtenção da sabedoria./ Há aqui um círculo muito raro de pessoas, composto de verdadeiros pensadores, que lenra oias conscientemente elevam e modificaOi os rumos da humanidade. Do ponto de vista do planeta, cada umconllibui: para a sua evolução e compreensão. Com o seu trabalho, os homens refinam a Terra, Malkhut; e através do seu estudo adicionam ao planeta unla olaior parcela de c'onhecimento acerca.de si mesmo. Isso alimentase ao longo do caminho Hod- Tiferet. Quanto mais sensíveis as pessoas. se tornam, mais aumenta a percepção do planeta, de mooo que,ao 'des, pedaçar O átomo ou ao examinar a Via Láctea, estão fazendo mais do que simplesmente acumular a sua própria soma de informações. com o ' crescimento da população mundial, amplia-se essa sensibilidade, e por meio da comunicação Oe massas multiplica-se a rapioez do intercâmbio ./ das idéias. Tal fato gera l!m quadro niuito interessante, especialn\ente quando a soma total da Alvore da Vida da humanidade (uma,Árvore completa em cada Sefirah) vai-se preenchendo e lentamente se desenvolvendo. Para o planeta, a evolução da humanidade é vital. A sobrevivência do homem tambéol está na sua linha de interesses. Ternos aqui a aparelhagem orgânica mais sensível que a Terra possui, e o planeta,

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emocional ou intelectual. Essas definições são extremamente amplas, // mas servem para ilustrar os três sensores que o planeta requer. O grupo instintivo da humanidade está ligado à 'ação, à realização do trabalho, Compreendendo a maioria, as pessoas a ele pertencentes exeru-' tam as tarefas práticas, que podem variar desde o desmatamento de' uma floresta, passando pelas atividades agrícolas ou industriais, até planejamento urbano, a' economia é o governo. O setor emocional é mais raro, e os que nele estão incluídos espalhanl-se por toda a comunidade mundial, 'constituindo o coração da humanidade. São os receptores e criadores do estado de ãnimo coletivo. Tais pessoas surgem nas./', religiões e nas artes, embora também possam aparecer como' Ilderes

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Igualmenre

ao homem,


Ou surdez sem tentar ao menos impedi-lo'. A inteligência da Terra é 150

maior do que a do homem e, sem dúvida, as grandes migrações do século XIX faziam parte de uma fase preciosa de crescimento da evoluÇãO"planetária. Com o advento de uma tênue conscientização glObav, desde que o homem pousou na Lua teve início uma nova era para o conhecimento da autoconsciência da Terra.' , ' Nezah é a vida orgânica. Para a Terra é toda a ronda vital do fluxo das estaçõcscruzando o equador. Ao longo da pirâmide ecológica, os elos da cadeia de predadores e vítimas transformam o Sol, aqui representado em Hesed, e os quatro elementos em matéria orgânica, que ali, menta e rerina a superfície do planeta. Milênios de gerações de plantas e animais vêm cobrindo a superfície rochosa e o fundo oceânico do globo com húmus e lama. Esse éum tipo de pele completamente diferente da simples essência mineral que, se permanecesse descoberta, poderia fazer a Terra assemelhar-se ao mundo embrionário que é a Lua. A Natureza absorve o fluxo da energia ativa circulando a partir do He-' sed solar e cria, com o Tiferet terrestre, a tríade da evolução orgânica . Em resposta a Hod, no outro extremo da Árvore, eSSa energia é controlada pelo ho'mem que, em virtUde do seu crescente conhecimento das leis naturais; pratica a aI1eda agricultura, desenvolvendo assim algumas espécies de plantas e animais e eliminando outras. Isso poderia ser comparado a uma pessoa provocando um melhor e9uilíbrio ao seu me/ tabolismo pela aplicação de uma dieta inteligente. E bem verdade que, r igualmente ã vida, os excessos acontecem e poluímos nosso sistema em virtude da má administração - até mesmo pelo uso excessivo de antibióticos. Contudo isso é corrigido, embora possa não ser notado durante várias gerações. Um homem que planta um pomar para o desfrute do seu neto faz parte desse caminho Hod-Nezah. A tríade Hod-NezahYesod é também a ronda diária, mas, diferentemente da. duas tríades laterais centradas em Yesod. é um relacionamento entre os lados ativo e passivo da Árvore. Aqui o homem entra em sintonia com a natureza e

produz um meio ambiente sadiamentecontl'Olado. Nessa tríade concentra-se a maioria dos seres humanos. Quando equilibrada, há um ambienteagrad~v~1 e fértil; em desequilíbrio, amiséria urbana, onde o ali- / mento conSlltul-se apenas de ervas danmhas e enlatados.' / 'A deusa de Nezah é Vênus, e para a Terra 'ela exibe os mais belos espetáculos de graça e entretenimento, mudando continuamente de estilo a cada estação, com os vegetais, animais e homens apresentando os seus encantos durante a corte. Em Nezah encontra-se o amor natural, e como diz a ,;elha canção, isso faz o mundo girar. Tão exata como qualquer clichê, essa é a definição de Nezah-Eternidade, ou seja, a repetição intenilinável.

A primavera

sempre vem depois do inverno,

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aves vêm e vão ã mesma época todos os anos, as chuvas chegam na

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., estação certa e os frutos maduros caem a cada outono. Para a Terra es- / ses são os inúmeros processos, repetitivos e confiáveis. É em viItude desses milhões de vidas entrelaçadas, florescendo e murchando, nascendo e morrendo, que se cria a pele celular do planeta. Através dessa película, com cerca de ~6..9uilõme!!:Q:Ldeespessura, desde o fundo do oceano até o pico mais e1evãâõ,Circulam os eIernentos, que no entanto são elevados pela vida a uma condição superior à de simples sÓlido, / liquido, gás e radiação. Assim como Hod é a extensão da sensibilidade planetária, Nezah não somente dá ao nosso planeta a sua estranha e exótica beleza, mas torna-o vibrante c0IT!a vida natural da biosfera. / Tifetet é a Terra propriamente dita. E o ser, foco de todos os Seflrot, exceto Malkhut. Essa criatura é muito maior do que a bola de pe_ . dra sobre a qual estamos situados, e é formada pelos nutrientes recebi-' . dos dos demais Sefirot. Contém o Hesed-Sol na sua natureza radiante, ( apesar de não sermos capazes de conhecer exatamente que radiação é . essa até que a observemos desde o espaço profundo. Possui a maquilagem molecular, comum a todos os planetas, e participa, sem dúvida, / da substância e energia dos astros mais distantes. Nada no Universo fisico existe no vazio. O espaço está cheio de gases sutis, partículas móveis, ventos radiativos e até de fragmentos de ferro sólido. A Terra,' como O homem, não é uma ilha; é parte do sisten13 solar e, como tal, desempenha uma função Sefirótica dentro da Árvore da Vida daquela organização cósmica; essa função deixaremos para uma outra investigação. O Tiferet do nosso planeta particular é a beleza da sua Árvore. / Como sabemos através de fotografias tiradas do espaço, a imagem terrestre é completamente diferente de Marte ou Júpiter, por exemplo, / chegando a tirar O nosso fólego. Para nós, criaturas terrenas, isso tem de ser assim, embora não pairem dúvidas de que, para os seres de Marte - se é que lá existe alguma forma de vida -, o seu próprio Ti; feret planetário deva ser igualmente belo . Tiferet conecta-se diretamente com Gevl.lrah e Hod, e nessa tríade vê-se a história do homem. Em termos humanos, aqui acham-se as emoções e os julgamentos exteriores, estimulados pela influência.de.: Gevurah, ou os planetas, sobre Hod, ou a humanidade. Em uma determinada ocasião, o equilibrio dos estímulos pode estar tenso, e em outra, relaxado, levando-nos a suspeitar de que certas combinações planetárias, semelhantes aos sentimentos humarios, poderiam ensejar a erupção de guerras ou períodos depressivos, como aconteceu nas' épocas obscuras da humanidade. Inversamente, a influência Gevúrica pode provocar um renascimento e, junto de Outras condições, um / grande movimento ou uma revolução industrial ou política. A interação de Hod, Gevurah e Tiferet (dependendo de ser ela mais ativa, pas-

siva ou condicionante) produzirá uma era com características particulares. É a humanidade respondendo aos julgamentos terrestres e, da mesma forma que com os individuas, seus reflexos exteriores revelam seu humor. É fácil reconhecer que as duas guerras mundiais ocorrera.mm ..-/ em ocasiões de estado de ânimo sombrio. ~ No outro lado da Árvore da Terra temos a tlÍade Hesed-Tiferet-Nezah. No ser humano, representa os processos vitais. O Sol-Hesed brilha sobre a Terra, mas não pode absorver facilmente uma força tão poderosa. Uma parte dessa energia de alta freqüência precisa ser transformada pela Natureza em uma forma aceitável, e essa tlÍade particular é concernente à extensão do espectro da Natureza para acomodar as mudanças vibratórias, dando-nos

assim miríades. de espécies

animais e vegetais,

cada uma delas projetada para absorver uma faixa de onda. Aqui estão também o nascimento e a morte, o processo cíclico necessário para alimentar à Terra. Enquanto a Natureza vive dos elementos, ela própria é alimentada ou àbsorvida pelo planeta em uma verdadeira osmose, em .,..-/ virtude da qual podemos encontrar depósitos de carvão ou de petróleo bem abaixo da superficie terrestre. É sabido que os cupins são capazes de provocar o desabamento de edificios abandonados, levando-os a desaparecer no chão, não para afundarem simplesmente, mas pelo fato de que em todo o globo um novo solo está sendo criado pela matéria orgânica morta; os cupins, milhões por hectare, completam a agitação. Todo Omundo, desde a pedra mais dura à folha que cai, está em um estado de circulação. A tlÍade Tiferet-Hesed-Nezah constitui esse processo altamente complexo. A ronda das estações, além de dar à Terra uma / nova cobertura a cada ano, enxerta-lhe uma nova pele, sempre em ex- / pansào, cuja camada superior é denominada vida. _ Gevurah representa os demais planetas. Do ponto cIt, vista da Terra, os planetas formam uma série disposta de órbitas, com cada uma assumindo um caráter completamente distinto. Na escala espacial, são os vizinhos maiores do cosmo e contêm a Terra. Em uma medida planetária do Tempo, que é como os planetas vêem a si próprios, as órbitas são tubos espirais, um dentro do outro, envolvendo a espinha luminosa descrita pelo movimento do SoL Isso faz o sistema solar parecer um vaga-lume encouraçado circulando em torno da galáxia. Essas couraças planetárias formam um arranjo de limitações para o nosso planeta, que se confina dentro de um estreito cinturão orbitaL O significado disso é Gevúrico, já que os outros planetas atuam sobre a Terra, determinando as suas influências adquiridas. Tal fato poderia implicar que, antes de alcançar a Terra, a radiação estelar Bináica e solar Hesédica deve passar, em primeiro lugar, através dos campos planetários. Cada planeta tem uma diferente função no sistema solar, igualmente 30S or-

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ganisnlos humanos que seleCionam e rejeitam a energia e a nlatéria / que os perpassam; assim também acontece com a Terra em Tiferel. '50br,e essa Árvore, os planet'i's agem como o 'julgamento emocional externo'da Terra. Um conceito estranhó para nós, mas, como afirmei, a história da humanidade nos traz algumas pistas acerca dos humores terreno$~assim, se nos referirmos à raça humana como Sendo os traço~ do'rosto Hódiano do planeta, veremos qui, ela; de fato; torna-se por;' vezes raivosa: e até ~hega a sor~r em deternlÍl1ados momenlOs,qu~ndo alguma bnncadetra maluca C1fcunda o globo. ,' , , Nesse esquema de Terra viva poderia-se assegurar que os campos interaluantes'dos planetas, não as essências sólidas observadas pelos telescópios, produzem efeitos reais sobre a Terra, Além d07xemplo óbvio da atração gravitacional, existe' muito mais passando 'entre os planetas do que os nossos cientistas já detectaram, Da mesma forma que as pessoas têm o poder de afetar umas às outras, os mitos que envolvem às deuses descrevem fortes simpatias e antipatiás entre')s planetas. 'Tais intercânlbios e "relaCionamentos influenciadores da humanidade provocam também alleraç<>esno equilibrio do corpo invisível da Terra; doqual aatrúosfera e o magnetismo não sào mais que os ní- ' veis físiCos inferiores de um manto sutilíssimo e 'tênue. Gevurah é parceiro no triângulo formado com Hesed e Tiferet, compondo a triarle da' aUloconsciência. Para a Terra esse estado é de uma ordem muito superior à das cruas respostas da Natureza, confinadas à estreita lei celular. Peli mesma' lei do "tanto em cima "ómo embaixo", os planetas estão agregados ao mundo molecular e o Sol ao atômico. Tais mundos operam à uma velocidade muito mais rápida e sutil que o processo orgânico. Nesses reinos os ciclos são ao"mesmo T~mpo rilaiores e menores que os experimentados pelo homem em geral. Contudo, o ser humano encontt..-se em uma posição única, na qual, em sua qualidade de Mi"_ crocosnlo,

está simado exatamente

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nó meio do ca.minho entre os Mu.n- .,/'

dos superior' inferior, podendo participar de ambos; 'além de ter sido composto da mesma substância e energia, foi também modelado Se" gundo o mesrbo pádrâo, As extraordinárias experiências do a<1IOCOnhecimento e da 'iluminação verdadeiros no nível humano 'dão um insight desses reinos, A conscientiz'ação da Terra é indubitavelmebte muito sutil. No homem, esse é o nível dà inteligência emocional através da 'qual, COrllOse dizia antigamente, era possível falar com os deuses. Talvez os deuses ainda conversem; e no diálogo planetário recebam aquela radiação ou nécrar emitido pelo Sol ea circule entre eles próprios, Gevurah constitui aqui todós os planetas e, encontrando-se abaixo de Binah, as estrelas, podemos observar através da triade forma-/ da com Tiferet que ele estabelece a ligação entre a Terra e 'as constela-

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çôes. Nessa triade está a experiência constante, Objeti~~, das eSlrcla~ mais próximas. Relacionada ao Pilar da Forma, a conexão terrestre com essa tríade é o destino, como na Árvore humana, pois enquanto está sendo alimentada pela Coluna da Energia, confina-se em um tipo particular de vida planetária através'da sua posição dentro dos mundos planetário e estelar. Esse éo efeito de Binah, quando a constitu~., ção do sistema soladoi originariamente formada. ' ' ,.---O Sol situa-se no Sefirah Hesed. Recebendo a energia diretamente da galáxia-Hokhmah, absorve também as emanaçôes do Relâmpago, procedentes de Daat, que, por sua vez, pode ser entendido Ceaí entramos no terreno puramente especulativo) como o conhecimento de todo o sistema solar. O Sol é simple$mente o foco da organização, sendo q seu çorpo radiante o pivô aquecicjo, assim como o núcleo ígneo do nosso planeta é o centro fisico da Terra acima, .(I. energia vinda do campo galâctico flui para o Sol, O qual também coleta, juntamente com e$sa força, o gás e a poeira cÓ$micos, transformando-os em radiação, porém em uma freqüência .mais baixa que a recebida da emissão galá~tica. Essaradjação é, por sua vez, depositada no espaço pelo corpo visívd do Sol, através da sua coroa, para ser captada pelos planeta~; este$, com suas órbitas blindadas, extraem energia e substância necessárias para satisfazer as próprias exigências. Temos aqui Hesed e Gevurah em operação na expansão solar e na constrição planetária. Nossa Terra, ou Tiferet nessa Árvore particular, circulando milhôes de vezes em redor do Sol enqualllo eSte gira, em torno dá galáxia, seleciona o que pode'alcançar; com a Natureza ou Nezah logo abaixo de Hesed, fixando no seu estômago vegetal ou animal os nutrientes solares. Isso pode variar ao longo dos milênios, e a Natureza se adapta de acordo com as ciicunstâ'ncias, projetando' novas espécies ou m~ificando as já , existent~'" com a finalidade de aceitar as alteraçôes de qualidade e quantidade. Esse ponto é bem i1ustra'do no ciclo anual, pois cada flor ten\ a sua própria época no, ano para florescer; isso não acontece fora da ocasião, a menos que ocorra indução artificialmente. Cada flor tem a sua própria cor, e sabemos cieniificàmente que a coloração que ve: mos; seja da vemlelha, amarelá ou' de qualquer oútra ton'alidade, nào é senào uma cor rejeitada, tendo as demais sido absorvidas pela planta. Isso indica que certos vegetais retêm determinadas freqüências de ondas da radiaçâo solar, e que estas se fizeram necessárias naquele mesmo lugar e' naquela mesma época. Durante um longo período essa é lima função da triade Tiferet-Nezah-Hesed, que criou plantas, peixes, insetos, dinossauros e depois os mamíferos para se capacitar a absorver mais radiação Hesédica. O homem encontra-se em uma posi- ' ção singular. Parte animal e paIte vegetal, ele pode relacionar-se com a //

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coluna central da consciência e, desse modo, passar ao largo da evolué uma escolha individual. .---Sobre a tríade Hesed-Tiferet-Hokhmah apenas podemos fazer suposições. De Hokhmah, a Via Láctea, provêm as mais sutis radiações cósmicas. Essas finas partículas energéticas penetram a Terra exterior e' interior, e a sua vinda é vital para a existência planetária, ensejando as' mutações atômicas, químicas e orgânicas. Sem dúvida, o calJlpo de forças altamente rarefeito da Galáxia também está presente, como o seu equivalente Hokhmah no homem, capaz de alterar os rumos de / uma vida. Para a Terra, Hokhmah é talvez a onipotência profunda da Via Láctea, a progenitora da sua existência. Na tríade formada pela Terra, pelo Sol e pela Galáxia existe um grande poder, com Hokhmah alimentando Hesed e Tiferet com o nível criativo do Universo fisico. / O Sol é um ponto de intercâmbio entre a força e a forma. É a evidência mais palpável da açâo cósmica para o homem comum. Aqui'r em Hesed encontram-se em abundáncia energia e matéria incãndescentes deslocando-se em todas as direções. O Sol, mais imponente do que pode alcançar a imaginaçâo humana, não pode ser olhado diretamente, sem a proteção de lentes escuras, talo seu poder. Sem o impulção geral. Isso, no entanto,

18 OHome~

so vital do Sol, a vida orgânica, a Terra e até mesmo os planetas nl0rre-

rePre5Cntãtivodo mundo estelar de Binah, ~I é3 nlilpifes.raç,ãodinâmica de Hes~ diretamente'abaixo do superpoder da Via Lácte~nmah. ,/ Daat, aquele misterioso Sefirah do Conhecimento, pode não passar de uma suposição casual nessa especulação. Situando-se no eixo da consciência, está alinhada com a Vontade do Criador. Isso nos dá um indício da sua natureza. Colocado no centro da tríade HokhmahBinah-Tiferet, parece ser a consgêIlcia cósmica do sistema solar. Aqui talvez esteja o conhecimento inerente à Terra sobre suas próprias origens. Situado imediatamente abaixo da Mãe e do Pai Supremos, poderia ser o ponto de concepção do sistema solar, sendo a Terra um órgão vital naquele organismo cósmico. Em Daat, sob a Vontade do Absoluto, as forças Ativa e Passiva, funcionando através do Universo da Ação e dos Elementos, geram o movimento ou o Tempo e a quietude receptiva do Espaço, de onde emergem os diversos mundos que examina-

Ji~ Nosso exemplo mais próximo e

mos. Acima de rudo isso, no ápice da Tríade Divina, mora Keter, a Co-

roa, que, estendendo-se para baixo através dos Sefirot, chega finalmente a Malkhut. a Noiva, oculta entre os elementos virgens do Universo. Aqui ela aguarda a chegada do seu Noivo para regressa', seja pelo caminho da lenta evolução, s~ja diretamente, através da/ consciente Coluna do Equilíbrio. / 156

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Até agora nosso estudo sobre a Árvore da Vida trouxe-nos, ao menos, uma familiarização com os seus termos e, através dos exemplos utilizados, obtivemos uma idéia do seu funcionamento. Tal conheci. mento poderia ser considerado satisfatório do ponto de vista acadêmico, e prosseguiríamos examinando indefinidamente tudo O que existe abaixo do Sol sem, contudo, cheflarmos a uma verdadeira compreensão. Esse não é o propósito da Arvore. Como seu nome implica, ela precisa estar enraizada

na Vida. Nenhuma

Árvore

está completa

sem

que Keter chegue até Malkhut. Se o.Relâmpago não atingir o chão, não haverá Árvore, nem O Céu se manifestará na Terra. É função do homem colaborar para que isso aconteça. ' O Homem é Uma Álvore da Vida completa. Nele encontra-se o potencial para a sua plena realização. Embora no seu estado normal ele meramente

exista, os Sefirot estão presentes, juntamente

com a maio-

ria dos caminhos e rríades. Essa é a nossa posição. Assim, vamos reexaminar brevemente a siruação, antes de vermos o que podemos fazev para que a Coroa enCOntre o Reino. Dmante o nosso estudo temos observado que, no caso do homem, a coluna passiva é o receptor não apenas para os Sefil'Ot interiores, mas também para o aspecto exterior de um homem, Através de Binah,. Gevurah e Hod, ele percebe o Mundo da forma, enquanto os Sefirot interiores -

Hokhmah,

Hesed e Nczah -

definem uma essência dinâ-

mica, a qual, mesmo sendo raramente visível, é a impulsionadora do nosso ser. Esses aspectos interior e exrerior são os pólos ativo e passivo, mantidos

em harmonia

pela coluna do equilíbrio

que, além disso,

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nos dá a consciência. O processo acontece por intermédio das quatro / divisões de um holJ1em, representadas nos níveis Asiyyático, Yezirático, Beriático e Azilú'rico da Árvore; ou, em termos mais humanos, nos .aspectos físico; emocional, intelectual e espiritual da sua natureza. J ',' 'Tomando em primeiroh.Jgar o nível físico, definimos essa zona pela gra'lde tnade Nezah~Hod-Malkhm, tendo Yesod no seu centro. !,odemos i1qui descrever resumidamente as subtnades da seguinte forma: Hod-Yésod~~alkhut lidando Com as impressões externas, com o camiriho eritreliod e Yesqdarquivando e projetando informações; O caminhei HQd-Malkhut relacionadoao~ sentidos e controles físicos, através do sistemà nervoso periférico; já o' caminho intermediáÍio YesodMàlkhiJi reladqria-se à imagem que o homem tem do próprio,corpo, que inciuiria todas as atitudes :idc:juiri~asda sua personalidade. Essa tríade tamb~m pode ser chamada de 'Comparações' ; , ,A tríade Yesod-Nczaq-Malkhmpoderia denominar-se 'Impressões Internas'. Aqui o caminho' enire Vesod e Nezah está relacionado 'ao nível de vitalidade expressado 'nos estados cotidianos, bem como nos hábitos pessoais. O caminho Nezah,Malkhm descreve o mecanismo corporal e 'a sua manutenção. 'Esses ,são'OS elementos em Utll sistema 'bioquímica. O qminhq Ye~od;Ma!khut: l1l comunhão 'com o fator Hod, fornece ao' corpo a energia necessária para as expre~sões c os movimentos efetuados, pelo rosto e 'pelos membros. Acima dessas duas tríades laterais 'ericClntra;se o triângulo Hod-Nezah-Yesod. É a zona deiiiteraçào eiúrc os pro~essoS voluntários e involuntários, O canlinho HOd-Nezah denlonstra isso muito bem, ceim sua mistura de reflexos instintivos e trdnidos que são armazenados no cérebro e podem, quando rieces~ário, circular em qualquer direção por essa tríade do princípio ,vegetaC at,'avés de Yesod. D\Jrante o sonq os sonhos _ freqüentemente uma des,carga de tensão em algum dos Sefirot - são projetados na tela Yesódica. No'caso de loucura, as tnades inferiores, da mesma fqrma que no sono, mantêm apenas, apertas as linhas, enquanto as aÍívidades in1aginárias tOmam lugar na tríade quase desconexa desse iriãngulq físico. A configuração Hod-Nezah-Yesod é, como dissemos, vçgetal em sua natureza, estando n;lacionada prinçipalmentecoma manmenção da vida. Isso, ao contrário da crença comum, não inClui os'i~gredientes básicos, huinanos e verdadeiros, do intelecto e-" da emoçã,? A vida pode continuarsem essas faculdades superiores. /i O~h'el seguinte'? ser revisto é o da tríade Hoq-Nezah-Tiferet, que pode ser chamada de alma animal ou inteligência, o Nefesh na terminofogia k'abbalística. Com o grande triárigulo abaixO. ela completa a parte trabalhadora de Adão, ou a, humanidade. Essa tríade é pa'tc do / mundo emocional e permite ao homem o acesso ao Universo YeZirát'i

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co das formas.1a' topo da pirâmide animal é Tiferet, constituindo-se no self individual de um homem, ou o Vigia, reconhecido ãs vezes como o observador imparcial dos acontecimentos. Isso ocorre quando.a consciéncia se desloca do seu habitual foco no ego, no mundo imaginativo de Yesod, para o olho lúcido de Apolo, que com a sua visão so-/ lar enxerga o recanto mais sombrio. Esse self central de um homem é o seu ,trono do julgamento, ou o ponto de acesso direto a qualquer parte da Arvore, excetuando-se Malkhut e Keter. A Face inferiot, ou o homem natural, formada por Tiferet, Hod, Nezah e Malkhut, está escudada pela máscara da persona Yesódica, de uma confrontação indesejável com o mundo como ele verdadeiramente é, até se tornar capaz de enfrentá-lo, já assumindo a condição de homem Superior. Este é formado por Tiferet, Binah, Hokmah e Keter, tendo o seu ponto central) _em Daat, como o portão do Vazio, ou Conhecimento, para receber O selo Divino ou estabelecer um confronto direto com Deus, a Quem,,,! segundo a Bíblia, ninguém jamais poderá encarar e continuar vivo. Em um tal contexto, convenientemente resguardado, a Essência Natural é uma semente plantada no corpo e na alma de um homem, até que esteja pronta para frutificar. Enquanto isso, ele tem de viver e movimentar-se entre seus companheiros. A parte inferior da Árvore permite-lhe fazê-lo eficientemente, capacitando-o a executar as suas tarefas natu-/ ralS sem despertar muüo rapidamente

Gc:vurah-Hesed-Tiferet,

das suas ilusões .

A triade formada por Gevurah-Hod-Tiferet, sendo de natureza emocional externa, pode ser chamada de 'julgamentos pessoais'. Uma simples olhada nos caminhos de ligação nos dará uma fácil explicação sobre isso, ao vermos como as informações coletadas por Hod, emoCIonalmente relacionadas a Tiferet através de Gevurah,. não poderão ser orientadas senão para o self. As subdivisões são a auto-análise os julgamentos de valor e até mesmo a raiva, dependendo de qual c;minho tomou o fluxo da tnade. / No lado oposto dessa caLxa emocional formada por Gevurah, Hesed, Nezah e Hod encontra-se a tríade Tiferet-Hesed-Nezah com os similares hun1anos da emoção interior, self e instintos. Essa

ê uma

série

verdadeiramente criativa de processos, variando do ato amOroso à prática da alte maior. Existe aqui um poderoso sistema despejando energIa para baLxo, no corpo e no ego. Isso também pode ter suas boas ou más manifestações, caso ~eja ou não corrigido pelas constrições originadas no outro lado da Alvore. O caminho Nezah-Tiferet poderia se tornar promíscuo

sem o contrQle de Hod. Em termos gerais, o caminho

Hesed-Tiferet carrega um profundo sentimento de bem-estar, e isso tempera o sentido do ego com uma sensação de algo maior do que ele próprio. Esse é um estado alcançado freqüentemente na experiência 160

religiosa. O caminho Hesed-Nezah está relacionado à vi~a à malte e ã geração biológica. ' ...-----A tríade superior desse aspecto emocional do homem, composta por Gevurah, Hesed e Tiferet, define a parte evoluída de um ser humano. Encontra-se aqui o princípio da autoconsciência, o que é diferente de ser simplesmente consciente, como qualquer animal o é. Com o respaldo das tríades abaixo, essa é capaz de ter um julgamento equilibrado acerca de si mesma. Centrada na Natureza Essencial, pode convocar tanto as emoções interiores quanto exteriores, bem como o Julgamento'; a Misericórdia, para observarem as suas ações. Algumas vezes ISSOe chamado de consciência. Aqui, no Mundo YeziráticQ, o "1'!:shamah é uma cristalização da alma humana. Afirma-se que é possível-fófi1!'lràqui um corpo Yezirático de uma substância mais suril que a materIalIdade elementar, o qual provavelmente é o que mais se aproxima da aparência verdadeira de um homem. Na vida encontramos pessoas cuja personalidade egocêntrica mascara sua natureza interior, tanto para nós como para si próprias. Algumas vezes, por exemplo, temos a sensação de que uma mulher muito bonita não é tão bela por / dentro, ou que uma aparente futilidade exterior esconde no homem uma grande profundidade. Esse é um fll51gbt do Mundo Yezirático ou. /'. psicológico. (Pintores e escritores perceptivos utilizam-se dessa tríade ' com a sua sensibilidade

incomum,

para nos

bnndarem com penetrantes obras de arte). Contudo, embora exista esse aspecto invisível da nossa natureza, ele pode crescer ou diminuir inclinar-se para o bem ou para o mal, pender para o lado esquerdo o~ direito da Alvore e desequilibrar-se, aparentando tendências demasiado julgadoras e rudes, ou atitudes exageradamente tolerantes e indulgentes. No trabalho espiritual, isso se manifesta no lad'i esquerdo da----Arvore pelo fanático..purit'!Q9, e no direito pelo santo' que não discri- , fuina. Essa tríade, como se vê, é o início da evolução para o ser l~umano. Com os seus caminhos podemos ser determinados e caridosos, jul!lar l?,parcJalmente e. receber encorajamento de uma profunda fonte Intenor. Com sua Natureza Essencial sendo o pivô de tantos caminhos e situando-se

no eLxo da consciência,

3 sua compreensão

do reino in-

visível da emoção é cultivada, ao mesmo Tempo em que se abre um!?-porta para o mundo superior do verdadeiro intelecto . O que consideramos normalmente como intelecto é, de fato, Hod . Na vida, o uso das palavras, nosso banco de memórias e a imagem do mundo

armazenados

em Yesod compõem

O que geralmente

ch3ma-

'mos de mente. A clínica psicológica mais moderna lida com essa área, que é essencialmente mecânica. A estatística, os testes psicológicos e a vasta coleção de resultados laboratoriais demostram a mecanicidade da 161

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mente inferior, centF.!da em Yesod. Qualquer tentativa feita através da- / quelas técnicas para analisar a arte, o pensamento real OH "O êxtase' místico falha n1iseravelmente, sobretudo quando conduzida por obser-

vadores que não aceitam as experiências não-racionais, exceto como / uma aberração. Experiências com F.!tos e amostras populacionais podem comprovar

a proximidade

'" Keter é o ponto de entrada no Universo Relativo da Vontade do Absoluto, o qual, passando na sua descida através do espírito, e depois através da alma, penetra no organismo físico composto dos qua eleme~tos de Malkhut. Essa criaurra extraordinária é o homem, - ou seja voce.

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dos animais aos padrões sociais, mas

quando se trata da análise individual torna-se necessário um psicólogo experiente e innIitivo ou, melhor ainda, um artista como Rembrandt ou um escritor do porte de Tolstoi paF.!descrever com precisão a natu- / reza interior de uma outra pessoa.

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O verdadeiro intelecto é raro. Certamente milhares de livros foram escritos e conferências proferidas com um sabor intelectual] que pertence a Hod, o Sefirah do aprendizado, mas escolaridade nã? significa ./ intelecto. O intelecto exterior é Binah - Compreensão. E a conseqüência de uma ponderação profunda e longa, embora seus resultados possam manifestar-se em uma conclusão instantânea com a ajudª-..-de Hokhmah - Sabedoria. A triade formada pelo Intelecto Exterior, pela Emoção Exterior e pela Natureza Essencial nos dará julgamentos impessoais, enquanto no outro lado da Árvore a tríade composta pelo Intelecto Interior, pela Emoção Interior e pela Natureza Essencial criará uma visão conferida a poucos homens. Os caminhos dessas duas uíades laterais, com um pouco de estudo, poderão explicar-se perfeitamente, A tl'Íade exterior é a definição, de forma emocional, das conclusões obtidas por Binah para Tiferet;'e a interior, a inspiração percebida por Tiferet e derivada ela iluminação ele Hokhmah, em conjunção con:....-, Heseel . Da tl'Íade central formada pelos Intelectos interior e exterior e pela Natureza Essencial, pouco pode-se dizer com base em experiência pessoal. Essa é a tríade da Consciência Cósmica, ou seja, uma visão objetiva do Universo, da forma como ele realmente é. No caminho descendente de Binah para Tiferet estão a Lei e a Virtude, e no outro, encabeçado por Hokhmah, encontram-se a Iluminação e o Reconheci-/ menta. Acima está o caminho Binah-Hokhmah,

com os princípios

7



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ciador e receptor. O conhecimento e a perda do 'Eu' na imensidão do, vazio Cósmico manifestam-se no centro desse triângulo do Espírito .

Esse é o Mundo elas Criações. Se um homem obtém acesso a esse rei-o no, ele está quase pronto para atravessar Daat e chegar no Reino Su/ premo das Emanações . Acima do nível intelectual do ser humano situa-se a Tríade Divina . Aqui encontra-se o Mundo Causal, sempre em existência, apesar de

oculto. Também aqui está a presença do Absoluto, na Coroa da coluna ela consciência. Situado do topo da tríade formada com a Mãe e o Pai, 162

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para aqueles que não a aproveitam, O que resta é somente a especulação acerca das diversas visões tradicionais de que eles retornarão indefinidamente. Para os demais, o pequeno número dos que preferemv crescimento, O ensinamento e o aprendizado da situação apresentados pela vida tornam-se fascinantes. Qualquer pessoa que se dê conta de que tudo o que se aprende não está necessariamente relacionado ao ego, ao status ou às posses reconhece rapidamente que a própria posição é um reflexo exato do seu estado interior. Observa também que tudo o que lhe acontece, seja à primeira vista bom ou mau, é projetado especificamente para seu beneficio. Após a sua própria remoção da lei da acidentalidade, poderia-se pensar nisso como sendo obra do destino, ou seja, algo que se relacione àquela pessoa; mas não é assim. Uma vez que um homem começa a entender a sua situação, isto é, que alcança a tnade da autoconsciência, passa a modificar a natureza mecânica de sua vida e o padrão fatal da sua existência. A partir daí, tem a possibilidade do Destino, através do / qual o homem desliga-se das leis gerais que governam os seres humanos. Através do autodesenvolvimento e da aceitação da Vontade do Absoluto pode iniciar a movimentação na vida, enxergar,do-a como um drama imenso, do qual participa literalmente na qualidade de ator. A diferença principal é que ele conhece o seu papel, e pode ver, quando de Tempos em Tempos desperta no seu Tiferet, o que deve fazer ou deixar de fazer em qualquer circunstância. Nesse ponto ele provoca o aumento de freqüência dos contatos com o seu Espírito. Desta forma ele pode ser escolhido para a realização de alguma tarefa em palticular. Isso é o Destino. Enquanto realiza esse trabalho cósmico sob o domínio da Vontade, que pode ser a de outras pessoas ou mesmo do próprio planeta, ele será guiado, igualmente à história de Aladim, para s:t.r das câmaras de cobre e prata e penetrar na de ouro, que é aquela do intelecto cósmico radiante. Pode aqui observar o processo criativo por trás das formas modeladoras do Universo Físico. Além desse ponto fica o último aposento de si mesmo, dentro do qual encontra-se a lâmpada maravilhosa; / e quem de nós não deseja, desde criança, encontrar tal tesouro? ~ Essa é a forma mais prática de utilização da Árvore. Além de estudar outros organismos e organizações, deveríamos refletir acerca das suas relações conosco e de suas aplicações às nossas vidas. Todos os homens ao nascerem começam no grande triãngulo infe. rior formado por Hod, Nezah e Malkhut, com Yesod no meio. Contudo, há três tríades nlcnores centradas em Yesod, e estas, dependendo da ênfase particular em um homem - que se manifesta através da atividade predominante cio cérebro anterior, médio ou posterior -, situam-no em uma das três maiores divisões da raça hum:1ll3, as dos ri-

19 Objetivo

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Alguém poderia perguntar qual o objetivo de todo esse ensinamento. Qual é, de fato, a razão da existência? Para qualquer pessoa ca- / . paz de refletir, é evidente que a Vida é uma siniação de aprgndizagem. Os sábios aceitam rapidamente essa condusão e não reincidem em transgressões óbvias das leis, sejam elas humanas ou naturais. A maioria das pessoas entra em contato com a lei espiritual por internlédio da educação ou dos costumes sociais, mas isso freqüentemente não passa de mera imitação de uma prática exterior, a superfície de algo mais profundo que há muito já se esqueceu. Pode-se dizer isso de todas as I religiões que preselvam apenas as palavras da lei. Para qualquer um/ que deseje progredir além do simples acompanhanlento das práticas exteriores de seus pais, é possível olhar para sua tradição particular e ver, desde que ela seja completa, que existe um conteúdo interior comum a todas as religiões. Geralmente isso aponta direções muito p~' cisas para trilhar O caminho da vida. Poderia parecer que da concepção ao nascimento descemos ao reino físico e, com a passagem do tempo, regressamos pela morte a outro reino. Emretanto, isso não quer dizer que nos desenvolvenlos

como indivíduos; embora os nossos corpos estejam aptos a atingir o . maior grau de Il13turidade que a .Natureza oferece, esta se interessa somente pelos propósitos planetários. Para nós, enquanto indivíduos, existe escolha. Podemos viajar pelo caminho biológico, cumprindo o nosso compromisso orgãnico de garantir a geração seguinte, para depois morrer, como a efemérida após a procriação; ou podemos crescer como almas. Cada homem e cada mulher têm essa possibilidade, e./ )

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pos corporais orientados pela cabeça, coração ou vísceras. Como afirmamos no capítulo dedicado ã Terra, a grande maioria das pessoas é instintiva, e é bom que se esclareça que os termos intelectual, emocional e instintivo são usados na vida cotidiana, relacionando-se principalmente a essa tríade física maior. Dessa forma, um homem com a predominãncia do triãngulo Hod-Yesod-Malkhut é o que se chama comumente de intelectual, ou possuidor de um bom cérebro pensante. A ênfase na tríade Nezah-Yesod-Malkhut significa O homem físico-orienrado, ou instintivo, por razões óbvias, e a pessoa voltada para a tríade Hod-Nezah-Yesod é vista freqüentemente como emocional, pelo fato de tender a responder em princípio através dos sentimentos. Nenhuma dessas divisões é superior às demais. Elas se encontram em um estado de circulação mecânica em relação ao restante da Árvore. Um homem pode possuir O potencial de um grande pensador, poeta ou explorador, mas se não despertar torna-se igual a todos os outros sonhadores. / Esses tipos sãó definidos como 'sonâmbulos', ou homens números 1, 2 / e 3. São completamente iguais nesse nível. I No instante em que um homem começa a se conscientizar de si mesmo, penetra na tnade superior de Hod-Nezah-Tiferet. A partir daí ele pode, e freqüentemente o faz, recuar para a rotina da vida e para o mundo Yes6dico da mente física do ego. Se, no entanto, sustenta o esforço, é capaz de, com o passar do tempo, obter acesso àquela tríade / ainda mais elevada, cuja existência já se insinua nele, de Gevurah-Hesed-Tiferet, ou seja, da Autoconsciência. Isso torna possíveis novos poderes que alimentam a sua alma desperta. O despertar dessas duas tríades, da Consciência e da Autoconsciência Despeltas, centradas na sua Natureza Essencial, são catactensticas dos homens evoluídos, numerados respectivamente como 4 e 5. Para O homem que atingiu esse ponto na Árvore, abrem-se muitas possibilidades. Ele está de pé na posição zênite da sua existência terrena e pode olhar para fora e para baixo -'- para o Mundo Natural- Com discriminação e caridade, ou para o alto e para dentro - para o Sobrenatural - sem a necessidade de/ abandonar o Universo Físico .

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Se, por meio da Graça, ele se tornar um homem número 6, terá

atingido uma situação na qual será capaz de realizar milagres. Em termos cristãos, tal homem estará na posição do Filho, em Tiferet, com o Pai em Keter e o Espírito Santo entre os dois, em Daat. Abençoado pelo Espírito Santo do Conhecimento, ele pode alcançar o nível mais alto de um homem e ser absorvido pelo Divino, regressando assim à fonte de onde se originou. Esses são os grandes da Humanidade, ajudando Eva, a alma, e Adão, o Espírito corporificado, a recuperarem a ../ posse do Paraíso e do Céu .

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Esse é o nosso objetivo, pois a Árvore da Vida é uma escada consciente através da qual o homem pode alcançar o seu Criador, Pode galgar pela coluna da esquerda, em total submissão, ou da direita, em completa liberdade. Ambos os caminhos exigem grande esforço e disciplina, A via mais simples é a da çoruna.!:entral do e,guilíbrio, que não requer uma obediéncia cega ou uma total licenciosidade, e cujos caminhos e métodos são semeados de suas próprias espécies de tentações e dificuldades. A coluna central é um assunto ã parte, Estando mais ligado ã consciência que ã função, um homem pode receber o auxílio diretamente do Céu. Tudo o que se requer é a prática e um aguçado sentido de equilíbrio, Sem olhar para a esquerda ne~, para a direita, tal pessoa pode aproximar-se de ambos os lados da Arvore e subir, degrau a degrau, através das tnades centrais, utilizando a própria vida para realizar as suas experiências interior~s e exreriC?res, superiores e / inferiores, até que, alcançando a plenitude do seu Tempo, possa regressar ao lar, ' . A Árvore da Vida é uma analogia do Absoluto, do Universo e do Homem, Suas raízes penetram profundamente na terra abaixo, e os seus famos mais altos tocam os céus. O homem, ponto de encontro entre o Céu e a Terra, é uma imagem do seu Criador. Uma completa mas irrealizad3 Árvore em miniatu-/ C3, inferior aos anjos é sua escolha elevar-se ainda mais através dos galhos de si mesmo, a fim de alcançar o Fnrto Derradeiro,

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Apêndice

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A Árvore da Vida foi pub)icado pela primeira vez há 16 anos, e durante esse tempo prossegui estudando o assunto. Muitas das minhas novas descobertas têm sido relatadas em livros subseqüentes, mas creio ser oportuno o acréscimo de um apêndice a esta 'Inu'odução', com a finalidade de ampliar o seu âmbito e apontar as profundidades maiores da Kabbalah. Por exemplo, a anatomia da psique é apresentada relacionando a moderna psicologia ao antigo sistema kabbalístico. (Veja a ilustração 22.) Nesta comparação, observaremos o desenvolvimento do estudo. Tomando Malkhut como o corpo composto dos quatro estados da matéria, podemos notar de que forma ele percebe o Mundo Físico por meio do sistema nervoso central, através dos cinco sentidos. Ainda do corpo provêm os impulsos instintivos do Id ou Nefesh, a alma vital. Tais impulsos dividenl-se, por sua vez, em libido e monie/o, princípios de vida e morte, cfilciais para a sobrevivência no nível físico. Hod e Nezah, os Sefirot passivo e ativo, são os processos biopsíquicos de receptividade e iniciação, na fronteira liminar entre o corpo e a . psique. Eles formam, juntamente com Malkhm, a grande tríade da Ação, do Pensamento e da Sensação, com a mente do ego comum posicionando-se no centro. Esse é o pivó da esfera da consciência pessoal, que capta impressões do mundo exterior e ajuda na manutenção do equilíbrio da pré-consciência, ou seja, daquilo que chamamos de memória, Aqui também está a identidade da personalidade - a máscara adotada como O p3pe! social do indivíduo. A Sombra, ou o inaceitável aspecto mais obscuro, capaz de separar o indivíduo do Self de Tiferet, também pode ser encontrada neste ponto. . 169

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o Self é

coordenador central da psique e o lugar do que real- / mente é, seja a Bela ou a Fera. Logo abaixo do SeIf encontra-se a tríade do Despertar, onde são experimentados momentos de insigtJt e clareza. As duas triades laterais contidas por Tiferet, Yesod, Hod e Nezah são introvertidas por sua própria natureza, enquanto as triades inferiores, do Pensamento e da Ação, são predominantemente extrovertidas. Acham-se aqui as quatro funções de ]ung, influenciadoras do Ego. A totalidade da Face inferior, como é conhecida, é tudo com O que a maior parte das pessoas está consciente. O que está situado acima e além da consciência comum faz parte do Inconsciente. As tríades laterais associadas a Gevurah-Hod, Hesed-Nezah, Binah-Gevurah e Hokhmah-Hesed, centradas em Tiferet, relacionam-se aos complexos emocionais e intelectuais. Aquelas do lado direito estimulam ações como o enrusiasmo e a criatividade, ao passo que as do lado esquerdo são concernentes à manutenção de um equilíbrio estável, com o seu conteúdo de restrições e regras de vida. Essas triades laterais são formadas pelas experiências tanto individuais como coletivas, de modo que existe uma misrura do que não se deveria fazer, à esquerda, em contraste com a direita, que permite e até mesmo encoraja a ações. A psicologia moderna chama o lado esquerdo de Superego e o direito de Ideal do Ego. Eles punem e recompensam, de acordo com os valores da sociedade e do inconsciente individual, governado pelo caráter estrurural e dinámico da psique. A voz interior de um pai ausente é freqüentemente uma expressão do Superego e do Ideal dOI Ego, advertindo ou apoiando algum pensamento, sensação ou ação. Quando a formação da individualidade inicia, isto é, quando uma pessoa começa a ser ela própria em Tiferer, inve'1e-se o papel que ele ou ela desempenha em relação ao Ego ou Yesod. Trava-se, então, uma batalha entre o nível tribal do Superego-Ideal e a alma (ou a tríade Tiferet-Gevurah-Hesed). Aqui é o lugar do livre-arbítrio contrasrando com os reflexos do inconsciente individuaL A consciência do Self, ou de Tiferet, habilita o indivíduo a perceber a vida como um todo, capacitando-o ainda a trabalhar O destino conscientemente, em vez de ser empurrado

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Pilar da Consciênela J

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Animada

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Ideal do Ego Rooompensa

Superego Punição

Ubldo

Mortido

pelas opiniões fanliliares e costumes tribais.

Assim, o filho de um mineiro deixará a sua aldeia e se tornará um artista, e a filha de um corrcror viverá em uma remOta floresta, tentando se /

encontrar. Isso só se torna possível quando a alma é mais poderosa que as forças inconscientes do Superego-IdeaL A grande tríade do Espírito formada por Binah-Tiferet-Hokhmah representa o nível transpessoaL Esse é o lugar em que a consciência cósmica reside profundamente na psique. Estabelece-se a conexão do indivíduo 170

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e com toda a humani-

Id-Nelesh Subcoosdenle

A Árvore da Vida

Nela, a psique é apresentada sobre a Árvore, que é o diagrama-chave da Kabb:liah. As anotações situam diversos aspectos da psique em diferentes níveis demro de, suas [unções. As interações e penetrações desses f:-Horcs geram estrutura e dinâmica, bem como os graus de consciência e inconsciência .

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dade. POltanto, uma pessoa pode trazer consigo os valores de um muçulmano c, ainda assim, ter muita coisa em comum com um hindu ou um judeu, no nível básico de participante da raça hUI11ana. Aqui, os

grandes arquétipos da Mãe e do Pai e da anima e do animus são paro, tilhados por todos. Eles são universais, que é a qualidade e a dimensão dessa triade. Na maioria das pessoas, esse nível é totalmente inconsciente, unIa vez que o indivíduo vive cotidianamente sob os seus dicames. Por exemplo, em tempos de guerra uma nação se une em torno da bandeira em defesa da liberdade, do partido ou da fé, e milhões se reúnem para combater outro tanto, igualmente sujeitos às mesmas pressões. As marés efêmeras da moda - assim como as mais duradouras formas de religião - operam através da mente coletiva para dirigir a maior parte da humanidade. Também é preciso afirmar que esse é o lugar em que os grandes santos e sábios recebem a sua experiência mística, através do não-Sefirah de Daat, ou o Conhecimento Superior . Isso lhes assegura o dom da profecia e da iluminação, bem como uma / visão objetiva e universal do mundo.

A Tríade Suprema, formada por Binah-Keter-Hokhmah, é a conexão da psique com o Divino. O indivíduo pode aqui experimentar, em meditação profunda ou por intermédio de um ato de Graça descendo pela coluna central, a presença do 'Self', ou o Santo. Tais momentos não sào tão raros como se imagina, quando a Álvore psicológica é projetada de tal forma que se torna possível o contato com o supremo Mundo de Azilut. Isso permite acesso ã Eternidade, de que falam muitos místicos e pessoas comuns enl um instante de iluminação c, talvez, durante um acontecimento totahnente mundano. Enl tal m0I11cnto, o /

Tempo torna-se único, com a pessoa percebendo tudo no passado, presente e futuro através da realização do Eterno Agora . Os quatro Mundos de Azilut (Emanação), Beriah (Criaçào), Yezirah (Formaçào) e Asiyyah (Ação) estão presentes dentro da simples Árvore da psique, que é de nanIreza basicamente Yezirárica. O que isso sugere, e é confirmado em investigação posterior, tanto na experiência quanto na Tradição, é que existem quatro Álvares interpeneirantes formando a Escada de Jacó de toda a Existência. Essas Árvores unemse em superposição, de modo que o Keter de Beriah sai do Tiferet de Azilut, ~nquanto o Keter de Yezirah emerge do Tiferet de Beriah. A Coroa da Alvore Asiyyática surge do Tiferet Yezirático, formando uma cadeia de ~nundos interligados que alguns kabbalistas denominam de Gmnde Alvore. Os dez Sefirot e o não-Sefimh Daat, quando colocados sobre a coluna central, compõem um eixo veltical de consciência, percorrendo todos os níveis da Existência. Isso é discutido detalhadamente em livros posteriores .

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Olhando para a psique como um todo, conclui-se qu~ ela é um sis./ tema de controles e equilíbrios, de cima a baixo e de lado a lado. No ./ caso de loucura ou de pressão extrema, um dos lados pode ser o predominante, produzindo depressão no esquerdo ou obsessão no direito. Da mesma forma, uma ênfase excessivamente materialista na área inferior pode cercear o crescimento da alma e do espírito, enquanto o contrãrio deverá induzir ao erro, fazendo crer que o mundo interior é mais importante que a realidade exterior. A função do Yesod-Ego é facilitar a interação entre o consciente e o inconsciente, e isso ele também faz através dos sonhos, nas elaborações da mente. Alguns sonhos ou expressões inconscientes, como os movimentos freudianos da língua ou outros gestos peculiares, podem indicar, por exemplo, impulsos reprimidos nas tríades laterais da Emoção e do Intelecto. Podem também ser manifestações do Superego-Ideal, reveladores de culpa oul aprovação, por meio de humores estranhos ou da oferta de presentes a alguém que pode não ser capaz de diferenciar se esses presentes são um insulto ou um elogio. Existem muitos proces.os sutis e complexos na psique, tanto na vida cotidiana quanto na progressào do desenvolvimento. Assim sendo, uma pessoa pode deslocar-se da identificação com o corpo para uma inOação do Ego Yesódico, quando ele ou ela ganha um emprego muito bom. Da mesma forma, Hod ou Nezah podem ser sub ou superativos, e Gevurah e Hesed finamente equilibrados, se o indivíduo conhece suas capacidades e limites. Um Hokhmah excessivo é capaz de gerar um gênio, mas a ausência de um Binah controlador pode levar à insanidade, que é o deslocamento da Árvore quando Tiferet não é mais capaz de coordená-la. Normalmente as pequenas ou grandes variações de crescimento e crise são enfrentadas pelo Si"', que a tudo monitora através dos caminhos e tríades que nele se focalizam; assim, um recuo ou um avanço acontece controladamente, não ocorrendo . nenhuma ruptura. Igualmenteao corpo, a psique funciona bem, de um modo geral. Torna-se doente apenas quando acontece um desequilíbrio crõnico ou uma situação crucial. Na maior palte das vezes, a psique dispõe das suas próprias soluções. Caso não seja possível, O conselheiro

ou o analista anla como o Tiferet, até que se alcance outra

vez o equilíbl'io mental. A Árvore da Vida possui muito mais dimensões do que parece à primeira vista. Os caminhos, tríades e Sefirot compõem um sistema simples mas altamente diversificado, através do qual pode-se analisar qualquer organismo. Contemplando a Árvore e conhecendo bem seus componentes, é possível obter acesso a cada um dos níveis e funções de um determinado assunto. Isso nos fornece insigbtsde qual a forma' 173

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indicada para utilizar este ou aquele método, para poder penetrar mais profundamente no objeto em contemplação, bem como no Grande Projeto, sobre o qual se baseia toda a Existência. Os rabinos têm afirmado "Iue a razão da Existência é que ela age como um imenso espelho de contemplação, através do qual Deus pode observar a Deus . Nosso esforço consiste na compreensão de que o significado e o propósito de nós mesmos e do mundo não passa de parte de um vasto plano que se desenrola através das nossas vidas individuais, assim como na vida do Universo. O Self que se encontra dentro de nós é aquele mesmo 'Self' interior de tudo. Nosso reflexo é a resposta ao mais elevado e primeiro Nome de Deus, EUSOUAQUELEQUESOU.Nesse Trabalho de aura-realização, o Sagrado contempla o Sagrado através de nossa experiência.

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Impresso nas oficInas da EDITORA PARMA LTOA Telefone: (011) 912.7822 Av. Antonio Bordallo, 280 Guorulhos . SOa fbul0' Brasil Com filmes fornecidos pelo editor

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