Apostila De Alvenaria

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PROF. MÁRCIO SANTANA DE CARVALHO RECIFE, JULHO DE 2013

2

SUMÁRIO

1

EXECUÇÃO DE ALVENARIA............................................................................................... 3 1.1

Processo .............................................................................................................................................. 3

1.1.1 1.1.2 1.1.3 1.1.4

1.2

Marcação ............................................................................................................................................ 5

1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.2.4

1.3

Transferência de eixos ................................................................................................................................ 5 Procedimentos Básicos ............................................................................................................................... 5 Conferência................................................................................................................................................. 6 Detalhes específicos.................................................................................................................................... 6

Elevação.............................................................................................................................................. 7

1.3.1 1.3.2 1.3.3 1.3.4 1.3.5 1.3.6

1.4

Condições da estrutura................................................................................................................................ 3 Preparo da estrutura .................................................................................................................................... 4 Galgas ......................................................................................................................................................... 4 Fixações ...................................................................................................................................................... 4

Modulação .................................................................................................................................................. 7 Junta vertical ............................................................................................................................................... 8 Face de Desempeno .................................................................................................................................... 9 Execução..................................................................................................................................................... 9 Aberturas..................................................................................................................................................... 9 Instalações................................................................................................................................................. 11

Fixação.............................................................................................................................................. 11

1.4.1 1.4.2 1.4.3

Pouco deformáveis.................................................................................................................................... 12 Deformáveis.............................................................................................................................................. 12 Travamento ............................................................................................................................................... 13

1.5

Platibandas....................................................................................................................................... 13

1.6

Ferramentas para a produção de alvenaria .................................................................................. 14

1.7

PATOLOGIAS ................................................................................................................................ 14

1.7.1 1.7.2 1.7.3

Bolor/Emboloramento .............................................................................................................................. 15 Eflorescências ........................................................................................................................................... 15 Fissuras e Trincas...................................................................................................................................... 17

3 1

1.1 1.1.1

EXECUÇÃO DE ALVENARIA

PROCESSO Condições da estrutura

A correta técnica de execução da alvenaria de vedação está vinculada principalmente à qualidade de execução da estrutura que a envolve, pois a vedação deverá completar o vão por ela delimitado. As características de regularidade desse vão irão determinar o posicionamento, a planeza e até mesmo o nivelamento da alvenaria de vedação. Uma estrutura mal executada, sem controle de qualidade pode implicar muitas vezes em conseqüências danosas para a execução da alvenaria. Recomenda-se, portanto, todo o cuidado nesta etapa de trabalho, para que as conseqüências de uma má construção inicial não sejam estendidas até o término da edificação. Para uma melhor compreensão das atividades envolvidas na execução da alvenaria de vedação, elas serão agrupadas em cinco etapas básicas: a) Levantamento das características de execução da estrutura b) Locação da primeira fiada c) Elevação e obtenção do desempeno, prumo e nivelamento d) Obtenção de juntas regulares e amarradas e) Fixação da alvenaria à estrutura. Devido às características atuais de execução das estruturas de concreto armado, esta etapa torna-se essencial para que se proceda a revisão do projeto da alvenaria. A velocidade de produção da estrutura e a imposição de um elevado rendimento das fôrmas têm resultado na execução de elementos onde ocorrem desvios no que se refere ao seu correto posicionamento, alinhamento e planeza. Não é raro encontrarem-se, por exemplo, pilares desalinhados e vigas parcialmente fora do plano determinado pelos pilares. Esses desvios grosseiros, porém comuns, trazem sérias conseqüências à execução das alvenarias de vedação, uma vez que é difícil prever seu posicionamento, suas características de prumo e nivelamento. Assim, esse levantamento inicial tem como objetivo detectar grandes falhas que possam determinar alterações não só na alvenaria a ser executada como na própria estrutura. Os dados coletados fornecerão subsídios para que se projete novamente a alvenaria, ou mesmo que se corrijam erros estruturais. Esse levantamento deve ser feito para 100% da estrutura, através de planilhas que poderão ser criadas pela própria empresa, segundo critérios específicos. Essas planilhas deverão contemplar a observação de: • Alinhamento • Prumo • Planeza dos elementos estruturais. Essas planilhas deverão também propor tolerâncias para os desvios observados, bem como a forma de atuação para o caso dos desvios serem superiores aos estabelecidos. A definição dessas tolerâncias deverá levar em conta as características específicas de cada empresa. Essa atividade é de total responsabilidade da gerência da obra, a qual poderá atribuí-la a um técnico devidamente treinado. Esse técnico poderá ser um técnico em edificações, propriamente dito, ou mesmo um mestre ou um encarregado, devidamente treinado para essa atividade. Observa-se, ainda, que para dar início à produção da alvenaria deve-se respeitar os prazos mínimos de produção da estrutura aqui recomendados: • Concretagem do pavimento executada há pelo menos 45 dias • Retirada total do escoramento da laje do pavimento há pelo menos 15 dias • Ter sido retirado completamente o escoramento da laje do pavimento superior. Esses prazos mínimos estabelecidos têm por objetivo permitir que tenha ocorrido uma parcela significativa das deformações da estrutura, minimizando o seu efeito na alvenaria (projetada apenas como vedação). Uma regra fundamental que se pode seguir é que quanto maior o intervalo entre a produção da estrutura e da vedação, melhor é o comportamento final do edifício.

4 1.1.2

Preparo da estrutura

Liberada a estrutura, tem início o seu preparo para o recebimento da alvenaria. Este preparo deve ter início pela limpeza cuidadosa do local em que será executada a alvenaria. Com o local devidamente limpo, deve-se dar início ao preparo para o recebimento da alvenaria. Esse preparo consiste em promover, na estrutura, uma superfície mais propícia à aderência da alvenaria à estrutura. Como a superfície dos elementos estruturais é pouco porosa, deve-se procurar mecanismos que aumentem a porosidade dos mesmos. Uma das técnicas largamente empregadas consiste no chapiscamento de todas as partes de vigas, pilares e lajes às quais a alvenaria estará em contato. O chapisco poderá ser obtido utilizando-se argamassa de cimento e areia com traço 1:4, em volume, sendo aplicado convencionalmente (atirado energicamente contra a estrutura). No entanto, esse procedimento implica em elevado desperdício em função da reflexão da argamassa; propõe-se, então, que o chapisco seja aplicado com rolo de pintura texturizada , empregando-se, neste caso, a argamassa com traço 1:4 em volume de cimento e areia, aditivada com resina P.V.A, na proporção de uma parte de P.V.A para oito a dez partes da água de amassamento. Este é o denominado "chapisco rolado", cuja aplicação deverá ser feita em duas a três demãos, de maneira que o aspecto final seja de uma camada com espessura em torno de 5mm e altamente rugosa. Uma outra alternativa para o preparo das peças estruturais é o emprego de argamassa industrializada para chapisco, aplicada com desempenadeira dentada. Esse procedimento também tem sido um avanço no que se refere à racionalização dessa atividade. Os resultados obtidos até o momento têm demonstrado um aumento na produtividade da mão-de-obra e um reduzido desperdício de materiais, compensando, na maioria dos casos, o custo mais elevado da argamassa industrializada. Recomenda-se que o chapisco seja aplicado pelo menos três dias antes do início da produção da alvenaria, a fim de que apresente maior resistência de aderência na ocasião do assentamento dos componentes, bem como, possibilite a realização do controle de produção, isto é, ao se passar a mão com energia sobre o chapisco aplicado, o mesmo não deverá soltar-se. O chapisco, quando do tipo rolado, ou industrializado, aplicado com desempenadeira dentada, poderá ser produzido inclusive por um servente, devidamente treinado para isso; no caso do chapisco convencional, é recomendável um oficial pedreiro. 1.1.3

Galgas

Preparada a superfície da alvenaria, recomenda-se que seja definida a galga para auxiliar no assentamento dos componentes. A galga, entendida como a determinação da altura das fiadas de alvenaria, poderá ser definida nos próprios pilares da estrutura, com o auxílio de uma mangueira de nível. Opcionalmente, e para a maior racionalização desta atividade, poderá ser empregado o aparelho de nível em substituição à mangueira. Este aparelho de nível é um equipamento simples de ser produzido em obra ou mesmo adquirido. A galga definida nos pilares da estrutura é um procedimento que não auxilia completamente a execução da alvenaria, uma vez que permite a definição do nivelamento, mas não auxilia na obtenção do prumo da alvenaria, caso os pilares não estejam rigorosamente prumados. Assim, uma alternativa à galga nos pilares é a sua execução fora deles. Isto pode ser feito de maneira rudimentar, com o auxílio de um caibro que deve ser devidamente posicionado junto ao vão em que será executada a alvenaria, de maneira que possa ser corretamente prumado; ou com o auxílio de um escantilhão, que, assim como o caibro, possibilita a obtenção de fiadas devidamente alinhadas, niveladas e prumadas, com a diferença que o seu emprego proporciona maior produtividade pela facilidade de posicionamento. Este escantilhão pode ser construído das mais diversas maneiras. 1.1.4

Fixações

Nos casos em que os elementos de ligação alvenaria-estrutura estiverem previstos em projeto, poderão ser executados de duas maneiras distintas: • Com um fio de aço liso na forma de "U", de diâmetro 4,2 ou 5,0mm, comumente denominado "ferro-cabelo" ou • Através de tela metálica eletrossoldada de malha 15x15mm e fio de 1,0mm. Essas amarrações deverão ser posicionadas na altura das juntas ímpares, a partir da terceira junta, considerando-se que a primeira seja a de assentamento da fiada de demarcação. A fixação destas amarrações nos pilares, nos casos do ferro cabelo, é normalmente feita por ancoragem à base de epoxi, empregando-se, por exemplo, "Compound Adesivo" ou "Sikadur", em furos feitos nos pilares com broca de vídia (dois

5 furos por amarração). Observa-se que a fixação do "ferro cabelo" à alvenaria é feita por ancoragem mecânica e não por aderência, daí a necessidade de ter o formato de "U". No caso de se empregar a tela, tem-se que a mesma é fixada através de um pino aplicado pelo tiro de uma pistola adequada. Este procedimento resulta em maior produtividade e melhor qualidade do produto final.

1.2

MARCAÇÃO

A demarcação da alvenaria tem como referência o seu projeto revisado e principalmente a estrutura que contorna o vão a ser demarcado. A locação deverá ser feita tendo em vista posicionar as paredes de alvenaria de maneira a otimizar o consumo de revestimento, corrigindo racionalmente os possíveis defeitos da estrutura. Uma eficiente demarcação pode levar a grandes economias nas atividades da execução dos revestimentos. Alguns procedimentos para a locação da alvenaria podem se diferenciar quando se trata da alvenaria executada com os diferentes tipos de blocos disponíveis, outros são semelhantes para qualquer um deles. Assim, serão dados os procedimentos básicos a serem adotados, salientando-se posteriormente as diferenças significativas entre os diversos tipos de componentes. A demarcação da alvenaria é uma operação crítica para a qualidade do serviço. Além disto é a operação para a qual é necessária a consulta aos projetos (de arquitetura ou de alvenaria), a fim de realizá-la corretamente. Desta maneira, para executar a demarcação, deverá ser designado um oficial pedreiro, devidamente qualificado e treinado, isto é, deve ser habilidoso, motivado, de grande responsabilidade profissional e deve saber ler e interpretar o projeto. Recomenda-se que este profissional seja o único a executar a demarcação de todos os pavimentos, para que se possa ganhar em produtividade devido aos efeitos da repetição e do aprendizado do projeto e, para garantir a uniformidade e qualidade do serviço. Os operários responsáveis pela demarcação deverão ter capacidade e autonomia para efetuarem as compensações e ou correções necessárias na posição da alvenaria, quando as estruturas apresentam-se desalinhadas, como deslocamento no plano horizontal, por exemplo. 1.2.1

Transferência de eixos

A primeira atividade de demarcação da alvenaria consiste, na verdade, na materialização dos eixos de referência, os quais, preferencialmente, devem ser os mesmos que foram utilizados para a demarcação da estrutura. De modo geral, são deixados ganchos na estrutura, através dos quais é possível passar uma linha que materialize o eixo a ser utilizado na demarcação da alvenaria. No entanto, além da linha, pode-se materializar o eixo através de uma camada de argamassa aplicada na laje do pavimento ou ainda, através da pintura da laje. O importante é que a materialização seja feita de modo que se garanta o não deslocamento desses eixos ao longo do tempo, evitando-se erros ao se fazer as medições das paredes. 1.2.2

Procedimentos Básicos

Como regra, a demarcação da alvenaria deve ser feita com o próprio bloco que será empregado na elevação, não sendo necessário o emprego de componentes distintos, mesmo para os componentes de maiores dimensões, como é o caso dos blocos de concreto e blocos de concreto celular autoclavados. Inicialmente, deve-se demarcar as faces das paredes, a partir dos eixos ortogonais de referência, usando-se sempre os valores das cotas acumuladas, materializando-os pelo posicionamento dos blocos de extremidade. Antes da demarcação deverá ser verificado o nivelamento da laje (com o nível de mangueira ou, preferencialmente, com o aparelho de nível). Se forem identificados pontos com desnivelamento superior a 2cm, em relação ao projeto, estes locais deverão ser previamente corrigidos. Se for uma depressão, deverá ser feita a aplicação de uma camada de argamassa, um dia antes do assentamento dos blocos, se for uma saliência, a mesma deverá ser removida. A demarcação deve ser iniciada pelas paredes de fachada, considerando-se o prumo do conjunto de pavimentos que estejam executados. O prumo da alvenaria deverá ser otimizado de maneira que se tenha o menor consumo possível de material de revestimento, tanto na fachada, como internamente. Além disso, o posicionamento horizontal da alvenaria deverá garantir sua fixação às peças estruturais. Para tanto, devem ser posicionados os dois primeiros tijolos, um em cada extremidade do vão, buscando otimizar sua posição em relação ao alinhamento dos pilares, da viga superior e da laje que serve como base, e em relação à distorção da borda da

6 viga e da borda da laje. Deve-se levar em conta ainda a posição relativa das alvenarias nos andares contíguos, quando estas tiverem sido executadas. Antes do início do assentamento da fiada de demarcação é recomendado que se faça a verificação da distribuição dos blocos nesta fiada, definindo-se a necessidade de cortes. Após a definição do espaçamento entre os blocos, os da extremidade deverão ser fixados. Com os dois blocos externos devidamente posicionados, passa-se uma linha unindo suas faces externas, determinando o alinhamento da primeira fiada, que deverá ser completada. Ao ser preenchido o espaço entre os blocos ou tijolos da extremidade, deve-se garantir o nível e o alinhamento dos componentes, que deverá ser feito com nível, prumo e linha. O correto posicionamento da primeira fiada facilita a execução de todo o pano de alvenaria. Preferencialmente, deverá ser obedecido um mesmo nível entre as fiadas de blocos, a fim de se possibilitar a amarração entre paredes perpendiculares entre si e manter a galga constante e correta. A argamassa de assentamento da primeira fiada deve ser a mesma definida para a elevação da alvenaria. A espessura da camada de argamassa, nesta fiada de demarcação, poderá ser de 10 a 30mm, a fim de que se possa absorver irregularidades da laje, menores que 2 cm. Os blocos da fiada de demarcação deverão ser assentados com a junta vertical preenchida, para se garantir maior resistência a choques e permitir melhor distribuição de esforços entre a estrutura e a alvenaria. Quando o revestimento previsto para a alvenaria for gesso ou revestimentos de argamassa de pequena espessura, a primeira fiada deverá ser assentada com duas linhas, para garantir o perfeito alinhamento e o prumo dos blocos da primeira fiada. A demarcação deverá ser realizada em todas as paredes da fachada, respeitando-se sempre os princípios anteriormente colocados. As paredes internas deverão ser demarcadas em seguida, sendo seu posicionamento dado em função da locação das paredes de fachada e das características geométricas das peças estruturais que as contornam. Ao se demarcar uma parede interna deve-se ter como referência uma externa ortogonal a ela. Os procedimentos a serem adotados são semelhantes aos da parede externa. Deve-se procurar otimizar o posicionamento da alvenaria em relação ao das peças estruturais, visando sempre obter o menor consumo de revestimento, acrescentando-se a necessidade de estarem o mais ortogonais possíveis com relação às paredes externas adjacentes. 1.2.3

Conferência

Uma vez demarcadas todas as alvenarias, esta atividade deverá ser conferida por pessoal devidamente capacitado. O controle desta fase de trabalho pode impedir que erros mais grosseiros venham a prejudicar etapas posteriores. A verificação da ortogonalidade (esquadro) entre as paredes deverá ser efetuada preferencialmente por meio de esquadro metálico, cujas dimensões garantam medidas precisas. Nesta verificação, deverão ser conferidos por amostragem, o alinhamento, o prumo e o esquadro das demarcações, visando principalmente detectar a eficácia da equipe de demarcação. O alinhamento das faces das paredes deverá ser conferido com o alinhamento das faces das vigas e o posicionamento dos pilares. A tolerância admitida é de no máximo 5mm para o deslocamento relativo entre os eixos da alvenaria e das vigas internas e 10mm para o mesmo deslocamento em relação às vigas externas. Para as paredes nas quais o erro de posicionamento seja superior a estes limites, as condições para sua correção deverão ser adotadas pelo engenheiro responsável pela obra. Cabe observar que uma eficiente demarcação da alvenaria, na qual se procure minimizar as discordâncias alvenaria/estrutura, pode resultar em significativa economia na execução dos revestimentos. 1.2.4

Detalhes específicos

Quando a alvenaria é executada com blocos cerâmicos a demarcação pode ser realizada com o mesmo bloco ou utilizando-se o tijolo cerâmico maciço na primeira ou nas duas primeiras fiadas. A utilização do tijolo cerâmico para a locação da alvenaria é uma prática antiga, justificando-se seu emprego principalmente por suas características dimensionais. A sua regularidade dimensional, bem como, a textura bastante uniforme permitem um nivelamento e alinhamento com boa precisão. Entretanto, em função das características da obra e da disponibilidade local de materiais, nem sempre é conveniente ou mesmo possível a utilização desses componentes. A locação deverá então ser realizada empregando-se os mesmos blocos da elevação da alvenaria.

7 Um inconveniente que pode ocorrer ao se utilizar os blocos cerâmicos para a demarcação é a baixa resistência mecânica apresentada por muitos dos componentes disponíveis no mercado, o que resulta em quebras de canto durante o transporte e o manuseio, levando o operário a ter que escolher os componentes de melhor qualidade, diminuindo sua produtividade. Porém, quando esses blocos são de qualidade comprovada, ou seja, apresentam resistências mecânicas e características dimensionais adequadas ao projeto, os inconvenientes de utilizá-los na demarcação inexistem. Tanto quando se utiliza o bloco como tijolo cerâmico para a locação deve-se cuidar da aderência entre eles e a base. Quando os componentes apresentam uma elevada capacidade de absorção inicial ou ainda nos casos de execução se dar em tempo quente e seco, é recomendado que os blocos e tijolos cerâmicos sejam levemente molhados antes da sua utilização, para que não succionem de maneira exagerada a água presente na argamassa, prejudicando dessa maneira a aderência. A locação da alvenaria de blocos de concreto, concreto celular autoclavados ou sílico calcáreos, de maneira geral, é realizada utilizando-se o mesmo componente. Nesse caso, o tijolo maciço raramente é utilizado devido às suas dimensões nem sempre compatíveis com as dos blocos, às características de deformabilidade muito diferentes entre si, e também devido às próprias características dimensionais daqueles tipos de componentes, pois sua regularidade dimensional possibilita a execução da locação dentro das tolerâncias de projeto, exigindo apenas alguns cuidados nas operações de alinhamento e nivelamento em função de suas grandes dimensões. Todos os cuidados observados com relação à aderência devem ser tomados. Acrescenta-se que devido ao comportamento dimensional desses três tipos de blocos, frente às variações de umidade, não se recomenda seu umedecimento quando de seu assentamento. Os procedimentos para que a argamassa não perca água em excesso prejudicando sua cura, e conseqüentemente a aderência, devem ser tomados em relação à própria argamassa, fazendo com que possua maior capacidade de retenção de água ou ainda, proporcionando melhores condições de cura da alvenaria, como por exemplo, evitando a insolação direta e a incidência de ventos fortes.

1.3

ELEVAÇÃO

Tendo sido executada a demarcação da alvenaria, pode-se iniciar a sua elevação, desde que sejam observados os seguintes requisitos, relacionados a prazos mínimos ideais: • Estarem concretadas pelo menos três lajes acima do pavimento; • Estar totalmente desformada duas lajes acima do pavimento. A técnica utilizada para a elevação da alvenaria é constituída por uma série de procedimentos básicos e alguns específicos em função do tipo de parede que se está executando (com aberturas, panos "cegos", com ou sem instalações, etc.) e também em função do tipo de bloco utilizado. Com o objetivo de facilitar o entendimento desses procedimentos, eles serão abordados isoladamente segundo as características específicas das alvenarias a serem construídas. Esses procedimentos são inerentes à elevação de qualquer tipo de parede. Quando o tipo de componente interferir na técnica de elevação, as diferenças serão salientadas. A elevação da parede deve se dar a prumo , exceto em casos especiais, relacionados à distorção apresentada pelas peças estruturais. Sempre com o objetivo de otimizar o desempenho do revestimento, muitas vezes é necessário que a parede seja executada fora do prumo , para que, havendo compensações, não resulte em espessuras excessivas ou mesmo diferenciadas no revestimento a ser executado. O desvio do prumo , entretanto, deverá atender aos limites fixados em projeto, pois, caso os extrapole, poderá ocorrer sérios problemas de estabilidade na parede, devido à introdução de tensões de tração. 1.3.1

Modulação

A elevação da alvenaria segundo um aparelho em amarração é preferível devido ao seu superior desempenho mecânico frente ao desempenho do componente com junta a prumo. No entanto, a junta em amarração para alvenarias de vedação traz alguns inconvenientes quanto à otimização no emprego dos componentes, pois exigirá cortes dos mesmos, nos casos em que a modulação não for prevista nos projetos de arquitetura e estrutura.

8 A ausência de modulação do vão da estrutura pode acarretar na necessidade de diferentes tamanhos de componentes para que se dê o arremate. Pode ser necessário ¼ do bloco ou ¾ do mesmo. Essa variação dimensional dificulta a tentativa de racionalizar o processo de execução da alvenaria. Mesmo que se disponha desses submódulos, a diversidade de componentes e a ausência de projeto específico podem impedir a utilização dos mesmos. A produção desses submódulos em uma central na obra é inviabilizada não apenas pela dificuldade em se prever, o consumo de cada um, como também pelo manuseio excessivo dos componentes, que em função de suas características de resistência mecânica acabariam por ser danificados. Existem três práticas de canteiro, expostas a seguir. Alternativa com componentes fornecidos pelo mercado No caso dos blocos de concreto é sempre possível a utilização do meio bloco uma vez que, comumente, está disponível no mercado. Com o bloco inteiro e meio bloco tenta-se uma modulação local ajustando-se as juntas verticais. Salientando-se, porém, que estas juntas não poderão ser demasiadamente estreitas ou largas. Seus limites, entretanto, variam em função do processo de execução adotado para elas. Esse mesmo procedimento pode ser adotado para o bloco cerâmico, quando existe o meio componente (geralmente nos casos de componentes de comprimento nominal 30.0 cm é fornecido o meio bloco). Alternativa com uso de serra Blocos previstos no projeto, com dimensões diferentes das de fabricação, deverão ser obtidos por corte prévio com equipamento adequado a cada tipo de componente. Ou seja, no caso do bloco de concreto celular autoclavado, pode-se empregar o serrote; para os componentes cerâmicos, o corte deverá ser feito, preferencialmente, em uma central provida de um disco de corte refrigerado, a fim de se ter maior durabilidade da lâmina. O corte do bloco cerâmico no próprio local de trabalho é uma atividade possível; no entanto, esse procedimento diminui muito a produtividade do pedreiro, além de contribuir para a elevação do desperdício de materiais. Nos casos dos blocos de concreto e sílico-calcáreos, deve-se evitar o seu corte em canteiro, procurando-se trabalhar com a modulação dos componentes disponíveis, pois o seu corte tem custo muito elevado pela dureza dos materiais constituintes. Alternativa com uso de tijolo maciço Uma terceira solução ainda viável seria a adoção do tijolo maciço para a execução dos arremates, tanto para alvenarias de blocos cerâmicos como para as de concreto. As características de resistência mecânica deste componente, quando de boa qualidade, permitem seu corte em várias posições através de pequenas pancadas com a colher de pedreiro, sem causar grandes perdas. A adoção do tijolo cerâmico torna-se assim uma solução não muito traumática ao desempenho da alvenaria, exceto pela sua textura superficial que resulta em não homogênea em determinados pontos. 1.3.2

Junta vertical

Alguns estudos realizados até o momento afirmam que o preenchimento da junta vertical é desnecessário para alguns tipos de alvenaria. Uma série de ensaios comprovou que as juntas verticais preenchidas, da maneira como são executadas atualmente, pouco interferem na resistência mecânica da parede e que, além disso, por não ser possível o seu aperto efetivo, dado às dimensões dos componentes, transformam-se num excelente veículo para as infiltrações de águas de chuva. Entretanto, os ensaios até então realizados comprovam que o procedimento de não utilização de juntas verticais só é possível quando se executam juntas amarradas. Este fato é devido ao comportamento global da parede no que se refere à sua estabilidade. A ausência de juntas verticais preenchidas com argamassa parece trazer uma vantagem a mais no desempenho da alvenaria frente às deformações oriundas das solicitações intrínsecas e extrínsecas: o vazio entre os componentes permite um aumento da capacidade da alvenaria em absorver deformações. No momento, considerando-se o estágio de desenvolvimento das pesquisas em nível internacional recomenda-se a eliminação da junta vertical argamassada nos casos comuns de alvenaria de vedação. Esses casos referem-se às alvenarias de pequenos vãos (panos menores que 8 metros) executadas em edifícios de deformabilidade normal. Para casos mais específicos de paredes de grandes dimensões, potencialmente capazes de perder a rigidez do conjunto ao não se preencher a junta, um estudo mais específico deverá ser realizado, principalmente para os casos de alvenarias de fachada. Este estudo deverá considerar as características de deformabilidade da estrutura, as características do

9 componente que está sendo utilizado, bem como da própria argamassa de assentamento e ainda as solicitações a que a parede estará exposta: cargas de vento, cargas suspensas, etc. Ainda em função do conhecimento até aqui acumulado, recomenda-se a execução da junta vertical preenchida com argamassa nas paredes que contenham instalações hidráulicas. Nestas paredes, a grande concentração de cortes poderia levar a alvenaria a perder a estabilidade caso não estivesse com as juntas verticais preenchidas. Outras paredes, tais como platibandas, bordas livres e paredes sujeitas a vibração também tem a junta vertical preenchida. A definição de quais juntas devem ou não ser preenchidas passa necessariamente por uma análise e execução de projeto de produção de alvenaria. 1.3.3

Face de Desempeno

Na direção horizontal o alinhamento é dado pela fiada de demarcação. Para a execução das próximas fiadas são assentados os componentes das extremidades, pelos quais deve-se facear a linha. A face da alvenaria pela qual seguiu-se o alinhamento é chamada desempenada, pois todas as possíveis variações dimensionais dos componentes são deixadas na face oposta. Este procedimento permite que pelo menos um dos planos possa ter uma regularidade superficial adequada. A face mais irregular exigirá cuidados especiais quando da execução do revestimento. A escolha da face da alvenaria a ser alinhada é função do seu posicionamento na edificação, bem como do tipo de componente utilizado e do revestimento que irá receber. Considerando-se uma alvenaria executada com componentes de dimensões mais uniformes, a face de alinhamento poderá ser qualquer uma delas. De modo geral, para esses componentes, recomenda-se que o alinhamento das alvenarias de fachada se dê pelo seu lado interno, por facilitar a operação de assentamento e também, por permitir o emprego de revestimentos de reduzidas espessuras na face interna. Nos casos em que se empreguem componentes muito desuniformes (com elevada variação dimensional), recomenda-se que a face desempenada seja a exterior, mesmo que se aumente a dificuldade de produção, pois esse procedimento possibilita a utilização de espessuras de revestimento externo mais uniformes, resultando num melhor desempenho da parede frente às solicitações exteriores (variação higrotérmica, ventos, etc.). É ainda recomendado, para o caso das alvenarias internas que irão receber revestimento cerâmico, que se deixe a face não desempenada para o recebimento da cerâmica. Como para a aplicação desse tipo de revestimento será necessária a aplicação de uma camada de emboço, as pequenas irregularidades dos blocos poderão ser absorvidas por essa camada. 1.3.4

Execução

1.3.5

Aberturas

As aberturas existentes na alvenaria deverão estar providas de vergas e/ou contravergas, conforme suas características e dimensões, sendo que as mesmas devem estar completamente definidas no projeto de alvenaria. Como regra geral, as vergas e contravergas devem ter o tamanho correspondente ao vão, acrescido de um transpasse, que deverá ser compatível com as solicitações previstas (função das dimensões do vão e da parede em que o vão está inserido). No caso das paredes que contém janelas, o primeiro elemento a ser executado é a contraverga, que deve ser posicionada imediatamente abaixo da esquadria. Assim, nesses casos, a elevação da parede deverá ser interrompida uma fiada antes de se completar a altura dos peitoris, para que possam ser executadas ou posicionadas as contravergas. A parte superior do vão da janela, assim como dos vãos de portas ou outras aberturas que estiverem submetidas a algum tipo de carregamento, também deverá ser provida de um elemento que permita a distribuição das cargas localizadas acima dessas aberturas. Esses elementos são denominados vergas. As técnicas de execução das vergas e contravergas são diversas. A adoção de uma ou outra dependerá de uma série de circunstâncias que envolvem todo o processo de execução da alvenaria, devendo-se considerar os componentes que se está utilizando para a elevação da alvenaria, os equipamentos e mão-de-obra disponíveis no canteiro, o planejamento das atividades, entre outros. In loco A forma mais tradicional de produção desses componentes é a moldagem no local, com o emprego de fôrmas de madeira.

10 Entretanto, considerando-se a necessidade de racionalização do processo de produção de edifícios, essa situação é completamente indesejável, pois interrompe o processo de elevação da alvenaria, implicando em acentuada queda da produtividade. A técnica para a execução desses componentes no local exige a montagem de fôrmas laterais devidamente travadas, para que não haja abaulamento das peças, e conseqüente comprometimento da planeza do pano de alvenaria e posteriormente do revestimento. Deve-se lembrar que no caso da moldagem com fôrmas de madeira, as dimensões tanto da verga como da contraverga devem ser compatíveis com as dos componentes de alvenaria, evitando-se com isso a perda da modulação. A prática de moldagem da contraverga (e às vezes até da verga) após o término da alvenaria, muitas vezes empregada, deve ser eliminada do canteiro, pois não apenas acarreta em péssima qualidade do produto executado, mas principalmente num desempenho inadequado, pois não é possível a execução do transpasse necessário e, ainda, resulta em desperdícios significativos de material e de mão-de-obra. Uma outra prática adotada que não aumenta a eficiência é a distribuição de barras de aço na argamassa quando da execução de pequenos vãos. Para que o aço ali colocado efetivamente trabalhe absorvendo as tensões existentes, é necessário que haja aderência entre ele e a argamassa. Entretanto, a argamassa normalmente empregada no assentamento de componentes de alvenaria é inadequada para promover a aderência com o aço. Assim, para que essa prática seja adotada trazendo os resultados esperados é necessário que a argamassa de assentamento utilizada nessas fiadas seja devidamente dosada. Essa mudança de material acaba implicando em conseqüências mais danosas à produtividade da elevação da alvenaria, do que a própria execução das vergas e contravergas no local. Essa prática é, portanto, desaconselhada. Com Blocos O emprego de blocos do tipo canaleta, quando disponíveis, facilita a realização desta atividade. Nesse caso, ao se chegar com a elevação na altura do peitoril, os blocos tipo canaleta devem ser assentados na última fiada, utilizando-se os mesmos procedimentos adotados para a elevação. Esta fiada de blocos canaleta constituirá a contraverga. A fiada de bloco deverá ultrapassar o vão da janela seguindo as recomendações dadas em projeto. Uma vez assentados os blocos, poderá ser posicionada a armadura. Para casos comuns de aberturas de janelas, pode-se dispor duas barras de aço CA-50 de diâmetro 6,3 mm, soltas no fundo da canaleta. Com a armadura colocada, as canaletas deverão ser preenchidas com concreto de resistência mínima à compressão aos 28 dias de 15 Mpa. Tendo sido executada a contraverga, a elevação da alvenaria ao redor do vão deve prosseguir até a altura do topo da abertura utilizando-se as técnicas de elevação já descritas, quando então ocorrerá a execução da verga. Caso o projeto determine que a altura do vão atinja a estrutura (laje ou viga), a verga não será necessária, o que no caso das janelas é uma situação possível e altamente desejável, com vistas à racionalização do processo de produção. Para a execução da verga nos casos de vãos comuns (abaixo de 2,40 m), poderão ser adotados os mesmos procedimentos prescritos para a contraverga, com a diferença de que será necessário um escoramento dos blocos para o assentamento e moldagem no local. Para vãos superiores a 2,40 m a armadura deverá ser dimensionada considerando-se a verga trabalhando como viga, adotando-se como seção resistente de concreto, aquela formada internamente à canaleta. A necessidade de escoramento para a execução da verga no local, é um fator condicionante dessa técnica, e traz alguns inconvenientes, principalmente a baixa produtividade e o desperdício de materiais. Pré-moldados Tanto a moldagem no local através do emprego de fôrmas, quanto a moldagem no local com o emprego de canaletas, são procedimentos que interrompem o processo de elevação da alvenaria e implicam em queda da produtividade (a primeira mais que a segunda). Assim, uma possibilidade mais racional de execução desses componentes é a sua pré-fabricação em canteiro ou fora dele. A pré-fabricação dos componentes pressupõe uma certa padronização dos vãos de um mesmo edifício a fim de minimizar os diferentes tamanhos. Entretanto, mesmo para vãos diferentes é correto pensar na pré-fabricação como uma forma de promover maior produtividade à elevação da alvenaria. A pré-fabricação pode se dar em canteiro, a partir da utilização dos blocos canaleta, quando disponíveis, utilizados como fôrma, permitindo dessa maneira uma textura superficial mais homogênea para alvenaria. No caso dos blocos de concreto celular autoclavados, além de se poder utilizar os blocos canaletas, pode-se encomendar ao fabricante as vergas e contravergas nas dimensões exigidas pelo projeto. Por serem constituídos de concreto celular, esses elementos pré-moldados são mais leves, facilitando o manuseio.

11 Uma outra alternativa para a pré-moldagem dos elementos de vergas e contravergas é o emprego de fôrmas de madeira ou mesmo metálicas (em função da padronização dos componentes e do próprio porte da obra), empregando-se o concreto armado A condição de pré-fabricação tanto das vergas como das contravergas acelera a elevação da alvenaria, garantindo, em muitos casos, uma melhor qualidade do produto final. O aumento de produtividade ocorre à medida que não é necessário interromper a atividade de elevação para que esses elementos sejam executados. A peça pré-fabricada é simplesmente assentada como se fosse um componente de alvenaria devendo-se tomar os mesmos cuidados dedicados à elevação desta, ou seja: verificação de prumo , nível e alinhamento. A pré-fabricação traz ainda a vantagem nos casos em que se utilizam esquadrias presas por grapas, de se poder deixar na contraverga os furos necessários para o posicionamento das grapas e seu posterior chumbamento, facilitando assim as operações de fixação dos elementos da esquadria. 1.3.6

Instalações

As instalações hidráulicas, elétricas, gás, sanitárias, entre outras, muitas vezes, são executadas posteriormente à elevação da alvenaria. Esse procedimento traz sérios danos à superfície da mesma, principalmente quando os rasgos são feitos de maneira inadequada. As instalações hidro-sanitárias trazem maiores problemas que as demais, pois além de possuírem maiores diâmetros são mais concentradas, resultando muitas vezes em alvenarias totalmente destruídas devido à sua execução. A condição ideal para a execução das instalações hidráulicas e sanitárias é a construção de "shafts" localizados em regiões de maior concentração dessas instalações em que a alvenaria serviria de envoltória das mesmas, não acarretando nenhum dano, nem mesmo em necessidade de cortes. Nos casos em que as instalações hidráulicas estão distribuídas por uma superfície, é recomendada a construção de paredes duplas, utilizando-se componentes de pequena espessura. Para a adoção deste procedimento, a primeira alvenaria seria elevada adotando-se os procedimentos básicos. Em seguida a "árvore" hidráulica seria inteiramente fixada a esta alvenaria, executando-se a segunda onde seriam apenas deixados os furos para os pontos de água. Uma outra alternativa seria a utilização de fechamentos de fibra, atualmente disponíveis no mercado. Cortes Nem sempre as características da obra permitem a adoção de "shafts" ou paredes duplas, dada a dispersão das instalações. Nestes casos a solução possível é a execução do corte da alvenaria, que não deve ser feita sem uma programação adequada. De posse do projeto de instalações é possível prever todos os rasgos necessários. Quando possível é interessante que toda a tubulação a ser embutida em uma parede venha montada. Esse procedimento evita possíveis erros locais e a conseqüente necessidade de cortes em lugares não previstos. Para a maioria dos tipos de blocos, como os de concreto, cerâmicos e sílico calcários, recomenda-se que o corte seja executado com o auxílio de uma serra provida de disco de corte para materiais pétreos. Não é recomendado o uso de talhadeiras. No caso do BCCA, existe uma ferramenta específica que permite "rasgar" os componentes sem que os mesmos sejam danificados. Esses mesmos procedimentos podem ser adotados para as instalações elétricas, sendo que no caso das elétricas , para alguns tipos de componentes, tais como os de concreto, cerâmicos e sílico-calcários, é possível a passagem dos eletrodutos por dentro dos furos dos próprios componentes.. Para as instalações de água quente alguns cuidados a mais deverão ser observados no que se refere ao seu isolamento, pois caso não haja um correto isolamento de tubulação de água quente, poderá ocorrer um gradiente de temperatura muito elevado que certamente levará ao comprometimento do revestimento nesta região, além da perda de calor. O isolamento da tubulação poderá ser feito utilizando-se materiais apropriados como as argamassas de amianto, argamassas pré-dosadas e específicas para este uso, ou ainda, tubos de espuma rígida, hoje disponíveis no mercado para este fim.

1.4

FIXAÇÃO

A fixação de uma alvenaria tem por objetivo prendê-la à estrutura de maneira que não venha a ter sua estabilidade comprometida, nem o seu desempenho prejudicado quando solicitada pelas ações previstas em projeto. O grau de fixação é, portanto, função dessas solicitações e da própria concepção do projeto.

12 Para as alvenarias cuja função é simplesmente de vedação e que estejam restringidas por estruturas pouco deformáveis, o grau de fixação deverá ser pequeno, ou seja, não é necessário e nem mesmo conveniente que a alvenaria seja rigidamente apertada contra a estrutura. Um aperto excessivo no caso das alvenarias de vedação tenderia a trazer mais problemas que benefícios. A alvenaria apertada sofreria de antemão uma solicitação razoável na sua estrutura que em nada contribuiria para o seu desempenho, pelo contrário, qualquer acréscimo de solicitações poderia levar a um estado de tensões insuportável pela alvenaria. A fixação da alvenaria é, portanto, uma operação crítica para a qualidade do serviço. Para execução da fixação deverão ser respeitadas as seguintes limitações: • •

O último dos quatro pavimentos de alvenaria deverá ter sido executado há pelo menos 30 dias Estarem executadas as alvenarias dos três pavimentos acima do pavimento mais alto do lote que se está fixando.

Para a fixação do último lote de pavimentos as limitações são as seguintes: • •

A elevação da alvenaria do último pavimento deverá ter sido executada há pelo menos 30 dias Estar pronto o telhado (se houver) ou o isolamento térmico da laje de cobertura (quando o projeto previr laje impermeabilizada). Quando não for possível nenhuma das duas alternativas, deve ser executado um isolamento térmico provisório, a ser mantido até a execução definitiva da solução de cobertura.

Entre o término da fixação de uma parede no pavimento superior e a fixação da parede correspondente no pavimento inferior deverá ser observado um intervalo de pelo menos 24 horas. Recomenda-se que a fixação das paredes do primeiro pavimento em edifícios sobre pilotis seja postergada ao máximo para permitir a máxima deformação da estrutura antes da fixação. 1.4.1

Pouco deformáveis

Em estruturas pouco deformáveis, para que se evite um estado prévio de tensões sobre a alvenaria, esta deverá ser fixada à estrutura com um simples rejunte de argamassa (poderá ser a mesma do assentamento ou, preferencialmente uma de menor rigidez e maior potencial de aderência) de 20 a 30mm de espessura. A resiliência dessa junta de argamassa deverá ser tal que tenha capacidade de absorver as pequenas deformações da estrutura sem introduzir grandes esforços na alvenaria. A aderência entre a argamassa e os dois substratos (alvenaria e estrutura) proporciona a ligação necessária, de forma que a alvenaria possa absorver as ações perpendiculares ao seu plano. A fixação deverá ser feita apenas pelo preenchimento do vão deixado entre a alvenaria e a estrutura com uma argamassa especialmente dosada. O preenchimento deverá ser completo na altura do vão e de pelo menos 70% na largura da parede (em qualquer ponto). Nas paredes internas, o preenchimento pode ser feito em duas etapas, cada uma a partir de uma das faces da parede. Nas paredes externas o preenchimento da junta também poderá ser feito em etapas, sendo que o preenchimento pela face externa deverá ser feito com pelo menos três dias de antecedência à execução do respectivo revestimento externo, o que poderá ocorrer, por exemplo, concomitantemente com o taliscamento ou o chapiscamento das paredes externas. Para o preenchimento do vão, preferencialmente, deve ser empregada a bisnaga, que adequadamente utilizada garante qualidade e produtividade ao serviço. 1.4.2

Deformáveis

Para os casos em que a alvenaria esteja confinada por uma estrutura altamente deformável é conveniente que alguns cuidados sejam tomados ao se executar a fixação para que não sejam introduzidas na alvenaria solicitações que possam comprometer o seu desempenho. Nestes casos a fixação deverá se dar com um material que tenha elevada capacidade de absorver deformações como, por exemplo, a espuma de poliuretano, de maneira que os esforços devido à deformação da estrutura sejam transmitidos o mínimo possível para a alvenaria. As juntas que se formam entre o componente estrutural e a alvenaria nestes casos, sofrem intensa solicitação. O uso de um material bastante deformável, entretanto, garante a trabalhabilidade da junta sem que sofra danos, porém como se trata de paredes revestidas também o revestimento será intensamente solicitado. Para que nesse encontro não ocorra uma fissura no revestimento, deve-se prever a continuidade da junta até o revestimento.

13 1.4.3

Travamento

Existem alguns casos em que a alvenaria além de ter função de vedação, funciona também como travamento da estrutura. Nesta situação a alvenaria deverá ter um grau de fixação muito superior ao descrito anteriormente. É necessário que a alvenaria esteja efetivamente apertada contra a estrutura e para isso, ela deverá ser devidamente projetada, caso contrário não suportará os esforços a ela impostos. Para o efetivo aperto da alvenaria à estrutura na sua parte superior, existem três técnicas básicas, devendo cada caso ser analisado isoladamente para que proceda a escolha. Essas técnicas serão apresentadas segundo um grau decrescente de fixação. Cunhas de concreto O maior aperto é dado através de cunhas de concreto pré-moldadas em obra. Este procedimento permite um aperto efetivo na alvenaria fazendo com que trabalhe rigidamente ligada à estrutura. Neste caso a alvenaria estará sempre sujeita a um estado de tensões elevadas. Tijolos cerâmicos Outra alternativa é a execução do encunhamento por meio de tijolos cerâmicos inclinados. Seu efeito sobre a alvenaria é bastante semelhante ao das cunhas pré-fabricadas de concreto. A preferência pelas cunhas de concreto reside no fato de propiciarem uma elevada produtividade e também melhores condições de acabamento do vão. Entretanto, em função do tipo de componente que se estiver utilizando (blocos de concreto ou tijolos cerâmicos) um procedimento é melhor que outro devido à compatibilidade entre os materiais, ou seja, para a alvenaria de blocos de concreto é mais conveniente utilização de cunhas de concreto, enquanto para o tijolo cerâmico é recomendado que o encunhamento se efetue com próprio tijolo. Nos casos de alvenaria em bloco cerâmico, para utilização destas técnicas de fixação, é necessário que se garantam resistências mecânicas do componente adequadas às solicitações. Em todos os casos, é necessário que a distância entre o término da elevação e a face inferior do componente estrutural seja de pelo menos 15 cm. Argamassa expansiva A última alternativa, também viável, mas que proporciona uma ligação mais frágil, trata-se do preenchimento do vão (20 a 30mm) com argamassa expansiva. A utilização deste recurso é mais crítica pois nem sempre toda a junta é preenchida corretamente podendo existir pontos com solicitações diferenciadas e, portanto, concentrações de tensões que podem trazer problemas à alvenaria. Cabe salientar, porém, que estes procedimentos são recomendados apenas para os casos em que a alvenaria é considerada para o travamento da estrutura, não se recomendando sua aplicação a nenhuma outra situação.

1.5

PLATIBANDAS

Quando se dispõem de componentes adequados, a execução da platibanda poderá seguir os princípios da alvenaria armada, ou seja, pilares espaçados embutidos nos blocos rigidamente ligados à base e ao topo, sendo que a ligação no topo deve ser feita através de cintas de amarração executada com os blocos tipo canaleta. Durante a execução da laje deverão ser deixadas, em sua borda, barras de aço de espera para a confecção dos pilaretes. Estas barras deverão, preferencialmente, ter a altura da platibanda, para que sejam evitadas emendas. As características das armações deverão estar especificadas em projeto, considerando-se o tipo de componente de alvenaria empregado e as características de solicitação a que o edifício estiver submetido, sobretudo os esforços de vento. Entretanto, apenas como um referencial, para os casos em que o projeto de alvenaria não tenha sido elaborado, pode-se adotar as seguintes diretrizes: •

• •

Para os casos das platibandas com altura máxima de 1,00m e considerando-se a edificação submetida a solicitações comuns de esforços de vento, as barras de aço para os pilaretes embutidos, deixados na laje poderão ter um espaçamento máximo de 3,00m. As barras deverão ser de aço CA-50 com 8,0mm de diâmetro, posicionadas na face interna dos blocos (solicitação de tração). O aparelho adotado para a elevação desta alvenaria deverá ser do tipo amarrado, garantindo assim um melhor travamento do conjunto.

14 •



Após o término da elevação, os pilaretes deverão ser preenchidos com concreto tipo "grout". A armadura dos pilaretes deverá atingir a cinta de amarração sendo a esta incorporados. A execução da cinta de amarração é semelhante à execução das vergas e contravergas com blocos tipo canaleta, diferindo apenas na sua extensão que neste caso contorna toda a alvenaria da platibanda. Na cinta de amarração devem ser utilizadas duas barras de aço CA-50 de 6,3mm de diâmetro, dispostas no fundo dos blocos canaletas. Quando necessário emenda nas barras, o transpasse deverá ser de 30cm.

A não existência de blocos tipo canaleta e a disposição de furos de determinados blocos fazem com que seja necessário o uso de fôrmas para a construção dos pilaretes e da cinta de amarração. Neste caso, a alvenaria deve ser construída anteriormente aos pilaretes, interrompendo-a na posição de cada um. Uma vez executados os panos de alvenaria, (máximo de 3,00 m) os pilaretes devem ser concretados. A concretagem, nesse caso, deve ser realizada com o auxílio de duas faces de fôrmas devidamente posicionadas e travadas, para que não ocorram abaulamentos. É necessário observar o posicionamento das armaduras pelo lado interno do pilarete (solicitação de tração), bem como sua chegada até a cinta de amarração. A execução da cinta de travamento é semelhante à moldagem "in loco" da contraverga moldada in-loco.

1.6

FERRAMENTAS PARA A PRODUÇÃO DE ALVENARIA

As principais ferramentas empregadas para a produção da alvenaria, de modo racionalizado, independentemente do tipo de bloco são: . linha . esquadro . escantilhão . régua metálica com nível de bolha acoplado ou régua metálica e prumo de face . aparelho de nível . colher de pedreiro . bisnaga ou meia cana para aplicação da argamassa . broxa . caixas para argamassa . escova de aço (para limpeza da estrutura ou equivalente) . vassoura . andaimes e cavaletes metálicos . rolo para aplicação de chapisco rolado (quando for especificado) . serra elétrica para corte de blocos . serrote, martelo de borracha, rasgador (para BCCA) . carrinhos para transporte de blocos. O martelo é utilizado para auxiliar no posicionamento dos blocos ao serem assentados na fiada. O serrote é utilizado para os cortes dos blocos nas dimensões necessárias ao preenchimento do vão da parede. O rasgador é uma ferramenta empregada especificamente para a realização de rasgos na alvenaria, para embutimento de tubulações de água ou elétrica. Os misturadores de argamassa permitem o preparo da argamassa no próprio local de assentamento, a partir do emprego de argamassas industrializadas.

1.7

PATOLOGIAS

Por analogia à medicina, define-se a patologia das construções como o campo da engenharia que estuda as causas, os sintomas (formas de ocorrência) e a natureza das doenças que afetam as construções. Estas doenças são denominadas problemas patológicos.

15 Também por analogia, definem-se os problemas patológicos como sendo todos os fatores que comprometem o desempenho esperado do edifício, dos seus subsistemas, de seus componentes, elementos e materiais. Por sua vez, o desempenho esperado é aquele que atende às exigências do usuário no que se refere à segurança, habitabilidade, economia, durabilidade, entre outras. A simples mancha de bolor é, por exemplo, um problema patológico que em certas condições pode, por si só, ser classificado como de gravidade quando, por exemplo, não atender a exigências fundamentais como as de higiene e durabilidade; além do não atendimento de outras exigências secundárias (no caso) como as de estética e conforto ambiental. Pode também ser um sintoma de um problema mais grave, como o da infiltração de umidade exterior ou da existência de vazamentos em tubulações. Para o elemento parede de alvenaria, pode-se reunir os problemas patológicos em dois grupos: •

Os que causam degradação e afetam a durabilidade dos componentes e das juntas de argamassa



Os que afetam a parede e compromete o seu desempenho como elemento de vedação.

Quanto ao primeiro grupo, apresentam baixa freqüência para os componentes de comprovada qualidade e também para os casos de alvenarias revestidas, uma vez que o revestimento protege os componentes e as juntas de argamassa contra os agentes agressivos. Os problemas decorrentes desse primeiro grupo estão relacionados, sobretudo, às alterações químicas dos materiais constituintes da alvenaria que ocorrem principalmente em função da presença de umidade constante. Com relação aos problemas que afetam a alvenaria de vedação, ocorre um desbalanceamento entre a ocorrência de fissuras, com grande intensidade, e outros tipos de problemas menos freqüentes, sendo que estes últimos problemas referem-se principalmente às manchas decorrentes de eflorescências, umidade e bolor que podem ocorrer principalmente em alvenarias aparentes. 1.7.1

Bolor/Emboloramento

O termo bolor ou mofo pode ser entendido como a colonização, por diversas populações de fungos filamentosos, sobre vários tipos de substrato. O emboloramento, por sua vez, resulta numa alteração macroscopicamente visível na superfície de diferentes materiais, como conseqüência do desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao grupo dos fungos. Assim, uma alvenaria exposta a intensa umidade, com baixa ventilação, pode apresentar emboloramento, resultando em um problema estético, formando manchas em tonalidades escuras ou, ocasionalmente, manchas claras esbranquiçadas ou amareladas. Além do problema estético, o bolor também irá afetar a salubridade do ambiente, interferindo com a saúde das pessoas, gerando problemas respiratórios. As principais causas do aparecimento do bolor na superfície da alvenaria decorrem da sua porosidade, pois a água absorvida nesses poros serve para o desenvolvimento dos fungos. A água poderá estar presente na alvenaria proveniente de diversas fontes, tais como: umidade ascendente por capilaridade; umidade de infiltração por fachada ou telhado; umidade acidental (vazamento de águas potáveis e servidas); umidade relativa do ar em torno de 80%, ou superior a esse valor; umidade de condensação de vapores em ambientes fechados. Uma superfície afetada por bolor pode ser recuperada. De um modo geral, para a sua retirada recomenda-se: limpeza com escova de piaçaba, aplicando-se uma solução de fosfato trissódico, detergente, hipoclorito de sódio e água nas partes afetadas. Em seguida, a superfície deve ser enxaguada com água limpa e seca com pano. 1.7.2

Eflorescências

As eflorescências constituem um tipo de mancha que pode afetar as alvenarias de vedação, quando não revestidas. Pode ser entendida como a formação de um depósito salino na superfície de alvenarias, resultante da exposição a intempéries. Esse depósito salino é composto principalmente por sais de metais alcalinos e alcalinos-terrosos, que podem ser solúveis ou parcialmente solúveis em água; daí a importância da presença de poros e de água para que haja a formação da eflorescência. No interior da alvenaria pode ocorrer o fluxo da água por capilaridade ou por pressão, podendo introduzir substâncias agressivas do solo na rede capilar ou dissolver e transportar sais solúveis presentes no material. Esse fluxo está intimamente relacionado às propriedades absorção e permeabilidade das alvenarias. Assim, pode-se dizer que a eflorescência é causada por três fatores: •

Teor de sais solúveis presentes nos materiais ou componentes



A presença de água

16 •

A pressão hidrostática para propiciar a migração da solução para a superfície.

Todas essas três condições devem existir e, se uma delas for eliminada, não haverá a ocorrência de eflorescência. As eflorescências podem alterar a aparência da superfície sobre a qual se depositam, e em determinados casos seus sais constituintes podem ser agressivos, causando desagregação profunda, como no caso de compostos expansivos. Para se evitar a ocorrência de eflorescência, deve-se tomar alguns cuidados fundamentais, tais como os citados a seguir: •

Não utilizar materiais com elevado teor de sais solúveis, sendo que a presença de sais pode ser detectada através de ensaios realizados em laboratório.



Não utilizar componentes com elevado teor de sulfatos.



Utilizar-se de pintura impermeável resistente à exposição em solução salina, para os casos de alvenaria aparente, reduzindo com isso a absorção da água da chuva.



Proteger da chuva a alvenaria recém terminada.



Reduzir ao máximo a penetração de água na alvenaria.



Reduzir a lixiviação da cal através da utilização de cimento que liberem menor teor de cal na sua hidratação, como é o caso do cimento pozolânico ou de alto forno.

O tipo de eflorescência mais comum em alvenarias aparentes é caracterizado por um depósito de sal branco, pulverulento, muito solúvel em água. Há um segundo tipo que aparece com certa freqüência em alvenarias aparentes caracterizada pelo aparecimento de um depósito de sal branco entre as juntas da alvenaria, que se apresentam fissuradas devido à expansão decorrente da hidratação do sulfato de cálcio existente no componente de alvenaria ou resultante da reação dos constituintes da alvenaria com os constituintes da junta. Há um terceiro tipo de eflorescência, menos comum, mas que também afeta as alvenarias, que se caracteriza pela aparição de um depósito de cor branca com aspecto de escorrimento, muito aderente e pouco solúvel em água. Esse depósito, quando em contato com o ácido clorídrico, apresenta efervescência. Nos dois primeiros tipos de eflorescência citados, os sais podem ser provenientes de blocos, de cimentos, da reação química entre os compostos do bloco com o cimento, da água utilizada no amassamento, dos agregados, e de substâncias contidas em solos adensados ou contaminados por produtos químicos e da poluição atmosférica. No último tipo de eflorescência, o sal resultante é basicamente o carbonato de cálcio, formado com a reação da cal, liberado na hidratação do cimento, com a água proveniente da chuva ou de infiltração. A cal dissolve-se e deposita na superfície. Na evaporação da água, esta cal se transforma em carbonato de cálcio, reagindo com o anidrido carbônico do ar. As eflorescências constituem-se num problema que, na maioria das vezes, pode ser eliminado. Para o primeiro e o segundo tipo, comum em edifícios recém construídos, o melhor é que se deixe as manchas desaparecerem por si mesmas, pois como os sais são solúveis em água, a eflorescência desaparece após um período prolongado, pela ação da chuva. Pode-se também eliminar mais rapidamente tal patologia removendo os sais depositados na superfície com escova de aço, seguida de lavagem com água abundante. A eflorescência do tipo escorrimento, além de apresentar um efeito estético negativo, são difíceis de serem eliminadas. Em casos de depósito abundante, o problema pode ser solucionado removendo os sais com escovação mecânica e, em seguida, deve-se lavar a superfície com solução de ácido muriático, saturando-se anteriormente a parede, para preencher os vazios existentes com água e evitar a impregnação do ácido através dos poros. Porém, há casos em que a eliminação dos sais é muito difícil, e a aplicação freqüente de solução ácida pode comprometer a durabilidade do componente.

17

1.7.3

Fissuras e Trincas

As fissuras são uma manifestação macroscópica do alívio das tensões que se desenvolvem internamente na parede. Estas tensões, ao sobrepujarem a capacidade resistente dos materiais, levam a uma ruptura localizada, ou seja, à fissura, cuja abertura raramente ultrapassa 1 mm.

18 As trincas, que se diferenciam das fissuras pela sua maior abertura, ocorrem por desequilíbrios de grande amplitude tais como recalques diferenciais exagerados das fundações. As fissuras podem ser classificadas em função de suas causas imediatas:

a) movimentos das fundações b) deformações estruturais excessivas c) variações de temperatura

As fissuras devidas a movimentos relativos entre a parede e outros elementos (inclusive outras paredes) do edifício (a, b e em alguns casos c)

d) variações de umidade

Fissuras devidas intrínsecas (c e d)

a

deformações

e) defeitos de execução f) outros (acidentes, reações químicas, vibrações).

Não computando os defeitos de execução, cuja freqüência de ocorrência é muito variável com a qualidade dos serviços, as quatro primeiras causas respondem pela quase totalidade das fissuras na parede, estando intimamente relacionadas com as deformações das alvenarias. As fissuras originadas em deformações intrínsecas da parede apresentam uma sintomatologia bastante semelhante, quer sejam devidas às variações de temperatura ou de umidade. Isto porque são conseqüências de deformações volumétricas (dilatação e retração) restringidas (ou por outros elementos ou pela própria parede em função de sua dimensão exagerada). Tanto as fissuras decorrentes da variação de temperatura quanto da variação de umidade são pulsantes, apesar de que a freqüência das deformações térmicas é superior as devidas às variações de umidade, pois a fissura decorrente da variação de umidade pode se estabilizar após a retração na secagem, se não houver remolhagem dos componentes. No entanto, para alguns componentes de alvenaria tais como o bloco de concreto, o sílico-calcário e o de concreto celular autoclavado, as deformações volumétricas devidas à variação do conteúdo de umidade são geralmente de maior amplitude que as deformações térmicas. Movimentação intrínseca Retração na secagem A retração na secagem é a mais freqüente causa de fissuras nas alvenarias de blocos de concreto, concreto celular e sílico-calcários. No entanto, a tradicional alvenaria de blocos cerâmicos não apresenta este tipo de fissura, sendo os principais motivos que explicam o não fissuramento da alvenaria cerâmica: •

O componente cerâmico apresenta uma retração muito pequena (inferior a 0,1mm/m)



O módulo de deformação da alvenaria cerâmica é muito inferior ao das demais, o que implica em uma capacidade de acomodar deformações bem maior.

Quando a deformação por variação no conteúdo de umidade for livre, isto é, não restringida, as tensões induzidas são de pequena magnitude e se diluem quando a alvenaria alcança o volume final após a deformação. Porém, se a variação volumétrica for restringida, por exemplo, pelo comprimento excessivo da parede ou, pela rigidez nas fixações limítrofes, desenvolve-se um estado de tensões tal que a ruptura tende a ser inevitável. As retrações hidráulicas do bloco e da argamassa ocorrem em todas as direções. Inicialmente as interfaces mais solicitadas por tensões (de tração) são as das juntas verticais porque, na direção ortogonal a elas, a influência da retração do bloco é mais sentida (nesta direção existe 95% de "massa" de bloco). Aliada a esta solicitação inicial mais intensa, tem-se que a aderência da argamassa ao bloco nestas juntas é muito pobre, principalmente pelas dificuldades de execução. Estas duas características, somadas, fazem com que as juntas verticais, quando preenchidas, sejam geralmente as primeiras a se fissurarem por perda de aderência em uma das interfaces. Nas interfaces das juntas horizontais agem principalmente tensões tangenciais originadas no deslocamento relativo entre o bloco e a argamassa (a amplitude das retrações dos materiais são muito diversas) em todos os sentidos no plano horizontal da interface. Ao mesmo tempo, os blocos estão submetidos à ação de tensões de tração nos sentidos do comprimento e da largura devido ao carregamento vertical e à restrição à sua livre deformação proporcionada pelas juntas de argamassa. Além disso, ao se romper uma junta vertical ocorre um acréscimo de tensões nas faces dos blocos acima e abaixo da junta que rompeu (no centro do bloco).

19 Nessa situação são possíveis três tipos de ocorrência de falha: a) se a argamassa de assentamento for mais resistente que o bloco, a resistência de aderência ao cisalhamento da junta horizontal for adequada e se as tensões concentradas na região central dos blocos contíguos à junta excederem a resistência à tração dos blocos, estes serão seccionados no meio, bem como a argamassa entre as duas fiadas. Assim a fissura na alvenaria tomará a forma de uma fissura vertical contínua; b) se a argamassa for mais resistente que o bloco, mas apresentar um alto módulo de elasticidade e/ou a interface apresentar uma fraca resistência de aderência (no cisalhamento), as tensões tangenciais irão na interface seccionando-a até a próxima junta vertical também rompida, ficando então o desenvolvimento da fissura com o aspecto de uma "escada"; c) se a argamassa for menos resistente que o bloco, possuir um baixo módulo de elasticidade e uma capacidade de aderência adequada, as tensões de tração fissuração a argamassa sob a forma de fissuras distribuídas por toda a massa da junta horizontal. Se considerarmos o aspecto estético e psicológico, a pior situação é a descrita no primeiro item. Mas quanto ao aspecto de estanqueidade às águas pluviais a pior situação ocorre quando as juntas horizontais são seccionadas na interface horizontal pois é por aí que penetra a umidade. Se acontecer a situação descrita em c) não teremos prejuízos com retração por secagem da alvenaria. É a situação desejada. Os principais cuidados de adequação da argamassa de assentamento e com a não molhagem dos componentes devem recair sobre os blocos de concreto, concreto celular autoclavados e sílico-calcários, pois os componentes cerâmicos apresentam melhor comportamento frente à retração na secagem. A secagem da alvenaria prolonga-se por um extenso período. Dependendo das condições climáticas a maior parte das fissuras de retração ocorrem nos 3 primeiros meses; mas, uma pequena parcela pode ocorrer até cerca de 2 anos após a proteção da vedação através de revestimentos. Para aqueles componentes de comportamento mais crítico quanto à retração na secagem, se ocorrer uma reumidificação da alvenaria de vedação, devido ao fenômeno cíclico retração-expansão sofrido por esses blocos, ocorrerá um inchamento que pode originar fissuras em uma junta íntegra, ou poderá fazer "trabalhar" as fissuras de retração já existentes. No Brasil, onde geralmente tem-se movimentos de origem térmica expansivos, o inchamento pela absorção de água soma-se à dilatação térmica da alvenaria, agravando as condições que provocam fissuras. Para se reduzir a amplitude da retração na secagem, principalmente das alvenarias de blocos de concreto, concreto celular autoclavado e sílico-calcário, deve-se minimizar a introdução de água na fabricação da parede, além de se evitar que a água excedente da alvenaria passe para os componentes que apresentam um maior potencial de retração. De modo geral, as medidas para isto devem ser as seguintes: a) os componentes devem estar secos, ou seja, em equilíbrio higroscópico com o meio ambiente. Com isso, além de não se introduzir água excedente, tem-se também a garantia de que toda a retração irreversível já ocorreu. Para estarem secos há a necessidade de que sejam estocados abrigados da chuva. b) os componentes, exceto os cerâmicos, não devem ser molhados antes do assentamento. A técnica correta é o emprego de argamassa de alta capacidade de retenção de água. Em condições especialíssimas, quando a molhagem for inevitável, deve-se aspergir apenas a mínima quantidade de água que reduza a sucção inicial a um nível adequado. c) os componentes devem absorver da argamassa a água estritamente necessária para promover a aderência adequada. Isto implica no emprego de uma argamassa com capacidade de retenção de água adequada a cada tipo de componente. A perda excessiva de água pela argamassa, além de aumentar a retração aumenta o módulo de elasticidade e a retração da argamassa, devido às condições aceleradas de secagem. d) A alvenaria deve ser protegida contra a penetração de água de chuva durante e após a construção. Pelo menos a alvenaria construída no mesmo dia (argamassa não endurecida) deve ser protegida, por exemplo, com a utilização em épocas de chuva, de um filme plástico impermeável que recubra a alvenaria lateralmente em pelo menos 50cm. Além da redução da retração, deve-se também procurar reduzir ou dissipar as tensões internas que surgem ou são agravadas com a retração. Isto é possível com a diminuição da intensidade das restrições e com a dissipação das tensões induzidas. As medidas a seguir recomendadas possibilitam também a redução da probabilidade de ocorrências de fissuras com outras causas, como as originadas em deformações térmicas, por agentes químicos ou por cargas horizontais no plano de parede: a) observação das juntas de trabalho ou de movimentação previstas em projeto, pois as restrições à livre deformação das paredes de alvenaria crescem com o comprimento desta. Conseqüentemente as tensões internas de tração e

20 cisalhamento variam diretamente com a extensão da placa. Isto obriga à limitação no comprimento das paredes através de juntas de movimentação b) emprego de argamassas que dissipem tensões, pois as fissuras na alvenaria são influenciadas pelo tipo de argamassa. Blocos que têm uma apreciável retração na secagem devem ser assentados com argamassas fracas para reduzir as tensões originadas na retração da alvenaria e ter maior potencial de acomodar as deformações c) a alvenaria deve curar em condições adequadas. Além da dosagem e preparo apropriados, para que a argamassa tenha a capacidade potencial de dissipar tensões, a alvenaria deve curar em condições adequadas. Isto porque a argamassa só irá adquirir um baixo módulo de elasticidade se a sua resistência a esforços se desenvolver progressivamente, ou seja, a cura deve ser lenta e constante d) emprego de reforços metálicos. O emprego de materiais resistentes à tração em pontos de concentração de tensões ou em pontos onde haja um enfraquecimento da parede tem o intuito de distribuir as fissuras por grande extensão, limitando a sua abertura a ponto de torná-las microscópicas e não danosas. Neste caso, o procedimento mais simples é o de distribuir pelas juntas horizontais barras ou telas de fios de aço soldados nas juntas ou mesmo o emprego de reforços do tipo verga e contraverga. Movimentação extrínseca Uma das principais causas de ocorrência de fissuras nas alvenarias de vedação decorre do movimento diferencial de diferentes elementos do edifício, pois os elementos, componentes e materiais que compõem o edifício estão em um estado de constante movimentação. As fissuras devidas a movimentos extrínsecos à alvenaria são causadas sobretudo pelas variações nas condições de carregamento e recalques de fundações. Na verdade, as causas podem operar isoladamente ou em combinação, suplementando-se ou opondo-se e, freqüentemente, é muito difícil prever para o edifício como um todo as situações críticas que induzem a um estado de fissuração. O destaque é dado às fissuras (e trincas) que pelas suas características prejudicam as exigências de segurança, durabilidade e habitabilidade do usuário do edifício. Dentre as que comprometem a segurança (além de, em conseqüência, poder comprometer também as outras exigências) as principais são as causadas por recalques diferenciais das fundações e por deformações estruturais excessivas, que impõem à alvenaria de vedação um esforço para o qual ela não está projetada a resistir. Nos edifícios atuais, com estrutura aporticada de concreto armado, ocorre com certa freqüência a deformação dos componentes estruturais. Essa deformação associada à ligação, às vezes rígida, da estrutura com a alvenaria acaba levando a parede de vedação a sofrer um carregamento excessivo, para o qual não foi projetada a suportar. Em função disso ocorrem as fissuras nessas alvenarias, como uma forma de alívio das tensões provocadas pela deformação estrutural. Deformação excessiva das vigas: Caso a: quando ocorrem níveis de deformações muito próximos entre a viga superior e inferior, a parede fica submetida a elevados esforços de cisalhamento, aparecendo, então, fissuras inclinadas nas proximidades dos cantos inferiores. Caso b: nos casos em que a deformação do elemento de sustentação da parede for mais intensa que do elemento superior da parede, há uma tendência de aparecimento do "efeito arco", comum nas alvenarias. Com isso, ocorrem fissuras inclinadas no canto superior, indo em direção aos cantos inferiores. Nos casos em que o comprimento da parede for inferior à sua altura, o efeito arco pode não se manifestar completamente e então, aparece uma fissura horizontal nas fiadas inferiores da alvenaria. Caso c: caso em que a deformação da viga suporte é inferior à da viga superior. Nesse caso, a parede trabalha como uma grande viga que está tracionada na parte inferior, sofrendo uma certa compressão na parte superior. Quando as paredes são providas de aberturas e há deformação dos elementos estruturais, o comportamento acima não se mantém, pela interferência das aberturas. As paredes em balanço também estão sujeitas a esforços, sobretudo de cisalhamento, o que pode provocar o aparecimento de fissuras inclinadas nas alvenarias e pelo destacamento entre a alvenaria e a estrutura.

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