Apostila - Tipos De Investimentos - Renda Fixa

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SUMÁRIO 1. TÍTULOS PÚBLICOS

7

1.1 Introdução

7

1.2 Dívida Pública

7

1.2.1 Renda Fixa

8

1.2.2 O Tesouro Direto

8

1.2.2.1 Canais de aplicação

9

1.2.2.2 Valores e horários

9

1.2.2.3 Vantagens do Tesouro Direto

10

1.3 Características dos principais Títulos Públicos

10

1.3.1 Marcação a mercado (MtM)

11

1.3.2 Medidas dos Títulos Públicos

11

1.4 Precificação de Títulos Públicos

12

1.4.1 Precificação de Letra do Tesouro Nacional (LTN) - Tesouro Prefixado

12

1.4.1.1 Preço na Curva

15

1.4.1.2 PU a mercado menor que PU na curva

17

1.4.1.3 PU a mercado menor que PU inicial e na curva

21

1.4.1.4 PU a mercado maior que o PU na curva

23

1.4.1.5 Estratégias para especular

26

1.4.1.6 Impostos e taxas no Tesouro Direto

27

1.4.2 Precificação de Nota do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) - Tesouro Prefixado com Juros Semestrais

28

1.4.3 Precificação da Nota do Tesouro Nacional Série B Principal (NTN-B Principal) - Tesouro IPCA+ 33 1.4.3.1 Características da NTN-B Principal

34

1.4.3.2 Cálculo da Cotação

35

1.4.3.3 Cálculo do VNA

36

1.4.3.4 Cálculo do PU do título

38

1.4.3.5 Venda antecipada da NTN-B 1.4.4 Precificação da Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) - Tesouro IPCA+ Com Juros Semestrais

39 40

1.4.4.1 Cálculo do VNA

42

1.4.4.2 Cálculo da Cotação

43

1.4.4.3 Cálculo do PU

43

1.4.5 Precificação da Letra Financeira do Tesouro (LFT) ou Tesouro Selic

44

1.4.5.1. Taxa Selic

44

1.4.5.2. Precificação

45

1.5 Fatores que influenciam as taxas de juros

48

1.5.1 Prazo

48

1.5.2 Expectativas em relação à política monetária (Copom)

49

1.5.3 Risco

50

1.6 Projeção da taxa de juros e curva de juros 1.6.1 Projeção da taxa de juros no Excel

51 52

1.7 Estratégia para especular (vender antes do vencimento)

53

1.8 Perfil de investimento

54

1.9 Renda Fixa e Riscos

55

1.9.1 Risco de crédito

55

1.9.2 Risco de taxa de juros

55

1.9.3 Risco de reinvestimento

56

1.9.4 Risco da inflação

56

1.9.5 Risco cambial

57

1.10 Índices de Mercado na Renda Fixa

57

1.10.1 CDI

57

1.10.2 Selic

57

1.10.3 Índices Anbima

58

1.11 Duration

58

1.11.1 Duration de Macaulay

59

1.11.2 Duration Modificada

62

1.11.3 Convexidade

63

1.12 Visão de Carteiras

64

2 CRÉDITO PRIVADO

66

2.1 Introdução

66

2.1.1 Investindo em títulos privados de renda fixa

66

2.1.2 Relação risco-retorno

66

2.1.3 Indexador

67

2.1.4 Fundo Garantidor de Créditos

67

2.1.5 Riscos da Renda Fixa

69

2.1.6 Securitização

69

2.1.7 Processo de securitização

70

2.2 Principais títulos de crédito privado 2.2.1 CDB

71 72

2.2.1.1 Comparativo de rentabilidades

72

2.2.1.2 Vantagens:

74

2.2.1.3 Desvantagens:

75

2.2.1.4 Como investir em CDB

75

2.2.1.5 Riscos

75

2.2.1.6 Aplicações mínimas

76

2.2.1.7 Prazo

76

2.2.1.8 Certificação

76

2.2.1.9 Liquidez

76

2.2.2 LCI e LCA

76

2.2.2.1 Rentabilidade

77

2.2.2.2 Vantagens

78

2.2.2.3 Desvantagens

78

2.2.2.4 Como investir em LCIs ou LCAs?

78

2.2.2.5 Risco

79

2.2.2.6 Prazo

79

2.2.3 CRI e CRA

79

2.2.3.1 Vantagens

79

2.2.3.2 Desvantagens

80

2.2.3.3 Como investir em CRIs ou CRAs?

80

2.2.3.4 Risco

80

2.2.3.5 Aplicações mínimas

80

2.2.3.6 Prazo

81

2.2.3.7 Exemplo de prospecto de um CRI

81

2.2.3.8 Exemplos de CRIs e CRAs

82

2.2.4 Debêntures

83

2.2.4.1 Tipos de debêntures

83

2.2.4.2 Mercados primário e secundário

84

2.2.4.3 Taxas de emissão

84

2.2.4.4 Fluxo de pagamento

84

2.2.4.5 Vantagens

85

2.2.4.6 Desvantagens

85

2.2.4.7 Como investir

85

2.2.4.8 Risco

85

2.2.4.9 Aplicações mínimas

86

2.2.4.10 Prazo

86

2.2.4.11 Tipos de garantia

86

2.2.4.12 Garantias acessórias

88

2.2.4.13 Debêntures Incentivadas

88

2.3 Outras aplicações de crédito privado: LC, LF, Poupança, DPGE 2.3.1 Letra de Câmbio (LC)

89 89

2.3.1.1 Vantagens

89

2.3.1.2 Desvantagens

89

2.3.1.3 Como investir

89

2.3.1.4 Risco

89

2.3.1.5 Aplicações mínimas

90

2.3.1.6 Prazo

90

2.3.2 Letras Financeiras (LF)

90

2.3.2.1 Vantagens

90

2.3.2.2 Desvantagens

91

2.3.2.3 Como investir

91

2.3.2.4 Risco

91

2.3.2.5 Aplicações mínimas

91

2.3.3 Poupança 2.3.3.1 Vantagens

91 92

2.3.3.2 Desvantagens

92

2.3.3.3 Como investir

92

2.3.3.4 Risco

92

2.3.3.5 Aplicações mínimas

92

2.3.3.6 Prazo mínimo

93

2.3.4 DPGE

93

2.3.4.1. Características

93

2.3.4.2 Risco

93

2.4 Outras aplicações: CCB, LH, Compromissadas e Notas Promissórias

94

2.4.1. Cédula de Crédito Bancário (CCB)

94

2.4.2 CCCB

94

2.4.3 Letra Hipotecária (LH)

95

2.4.4 Operações Compromissadas

95

2.4.5 Nota Promissória

96

GLOSSÁRIO 97

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

1. TÍTULOS PÚBLICOS 1.1 Introdução O conteúdo de títulos públicos será focado na apresentação dos conceitos relacionados aos títulos negociados pela plataforma do governo chamada de Tesouro Direto. Ao final desse tema, você conhecerá as diferenças entre os títulos públicos, os métodos de cálculo do valor de mercado desses ativos e será capaz de orientar clientes e assessorados a tomar decisões de investimento a partir da combinação de conhecimentos sobre os títulos públicos com a análise das condições macroeconômicas vigentes. A progressão do conteúdo se dará da seguinte forma: inicialmente, apresentaremos a plataforma Tesouro Direito e os requisitos para começar a investir em títulos públicos. Veremos também qual é o procedimento para compras de títulos públicos na plataforma do Tesouro. A seguir, entenderemos a diferença entre preço na curva de juros e preço a mercado. Dando continuidade, aprenderemos a precificar os diferentes títulos públicos e a projetar taxas de juros para especular na renda fixa. Finalmente, veremos algumas estratégias com títulos públicos e os importantes conceitos de duration e riscos.

1.2 Dívida Pública Antes de entrar propriamente no estudo dos títulos públicos, precisamos considerar a razão pela qual esses ativos são negociados. Quando um investidor aplica seus recursos no Tesouro Direto, está comprando títulos da dívida pública federal, diretamente do governo. O governo brasileiro, assim como o de praticamente qualquer país, enfrenta uma situação constante de déficit orçamentário. Isso significa que as contas não fecham, porque a arrecadação por meio de tributos é insuficiente para cobrir os gastos com infraestrutura, saúde, educação, pagamento de salários e benefícios, dentre outras despesas. Para conseguir honrar seus compromissos, o governo emite títulos de dívida, ou seja, toma dinheiro emprestado da sociedade (bancos, demais empresas, fundos de pensão, investidores pessoa física, etc.) e se compromete a devolver esse dinheiro acrescido de juros no futuro. Os títulos da dívida do governo (títulos públicos) são oferecidos aos investidores na plataforma Tesouro Direto.

7

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

1.2.1 Renda Fixa

Os títulos públicos fazem parte de uma classe maior de aplicações chamadas de ativos de renda fixa. As operações de renda fixa têm como característica principal o fato de que seu fluxo de pagamentos é certo e a rentabilidade é pactuada entre as partes. Isso não acontece nos investimentos de renda variável, como por exemplo em ações. Nesse caso, o fluxo de pagamentos é incerto e a rentabilidade não é pactuada e será conhecida de fato pelo investidor apenas quando ele encerrar sua posição naquele ativo. As operações de renda fixa podem ser prefixadas, quando já se conhece o valor futuro da operação. Exemplo: um investidor pode aplicar em um CDB ou título público cuja taxa de juros que remunera o capital investido é de 7,05% ao ano. Há também operações de renda fixa pós-fixadas, aquelas em que o investidor sabe qual é o indexador que determinará o valor futuro do investimento, nas não sabe qual será de fato a taxa de juros. Exemplo: um título público que paga a taxa básica de juros Selic acumulada. Outro tipo de operação de renda fixa é a híbrida, ou seja, a que possui uma parte prefixada e outra pós-fixada. Um exemplo bem conhecido são os títulos públicos chamados de Tesouro IPCA (ou NTN-B), que podem oferecer ao investidor uma remuneração real de, digamos, 4%, mais a variação do índice de inflação IPCA durante o período de investimento. Vale lembrar que nem todo título de renda fixa é um título público (emitido pelo governo). Há ainda títulos privados, emitidos por bancos ou empresas não-financeiras, como os CDBs, as debêntures, dentre outros.

1.2.2 O Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a antiga BM&F Bovespa, hoje [B]3, para venda de títulos públicos federais a pessoas físicas por meio da internet. Antes do lançamento dessa plataforma, as pessoas físicas só conseguiam aplicar em títulos públicos de forma indireta, por meio de fundos de renda fixa. Para que um investidor possa comprar títulos públicos pela plataforma Tesouro Direto, é necessário que ele tenha CPF, conta bancária e conta em uma corretora. A corretora será a instituição que intermediará as transações do investidor com o Tesouro Direto. Na página da plataforma do governo, há uma lista de todas as instituições habilitadas a operar com títulos públicos federais. Também são apresentadas as taxas de custódia cobradas por elas. Muitas corretoras não cobram essa taxa. 8

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

É importante que o investidor examine com atenção a lista de corretoras para escolher uma instituição que cobre uma taxa de custódia competitiva e que tenha credibilidade perante o mercado.

1.2.2.1 Canais de aplicação Os canais de aplicação em títulos públicos são três: • o site do Tesouro Direto: o investidor recebe uma senha para acessar a área restrita do site e realiza a compra, a venda, a programação de investimentos, a consulta de extrato, dentre outras transações; • o site da Instituição Financeira escolhida: algumas instituições habilitadas integraram seus sites ao do Tesouro Direto, tornando-se um agente integrado. Isso significa que o investidor pode comprar e vender títulos públicos no site da própria instituição financeira, a qualquer momento, com os mesmos preços e taxas do site do Tesouro Direto. • por meio da Instituição Financeira escolhida, o investidor também pode autorizar a negociação de títulos públicos em seu nome.

1.2.2.2 Valores e horários O valor mínimo de investimento é de R$ 30. O preço de um título público é bem maior do que esse valor. Isso significa que o investidor pode negociar frações de um título público, conforme a disponibilidade. O site do Tesouro Direto fica disponível para consultas 24 horas por dia, 7 dias por semana. Nos dias úteis, das 9h30 às 18h, é possível investir e resgatar com os preços e taxas disponíveis no momento da transação. Das 18h às 5h e ao longo de todo o fim de semana ou feriado, os preços e taxas exibidos no site do Tesouro Direto são apenas para referência. Nesses dias e horários, é possível realizar investimentos e resgates, mas serão considerados os preços e taxas de abertura do mercado do próximo dia útil. Nos dias úteis, das 5h às 9h30, o sistema fica em manutenção.

9

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

1.2.2.3 Vantagens do Tesouro Direto

A primeira vantagem de se investir em títulos públicos via Tesouro Direto é que o risco de crédito desses títulos é consideravelmente baixo, menor do que o risco de um título emitido por um banco. Além disso, há uma variedade de títulos que atende a diferentes perfis de risco dos investidores. A liquidez dos títulos também é uma vantagem. Títulos privados, muitas vezes, costumam ter liquidez menor, permitindo resgates em prazos não inferiores a dois anos, ou mais. Já os títulos públicos têm liquidez diária. É possível vender um título antes do prazo de vencimento a preço de mercado. Cabe aqui uma consideração sobre a relação entre liquidez e rentabilidade. Via de regra, para se ter uma liquidez maior, abre-se mão da rentabilidade. Títulos com baixa liquidez têm taxas de retorno mais atrativas do que títulos que podem ser vendidos a qualquer momento. Considerando títulos com liquidez semelhante, os títulos públicos geralmente têm taxas de retorno mais atrativas do que, por exemplo, os CDBs dos grandes bancos. Além disso, as taxas de administração que os investidores pagam ao aplicar em títulos públicos são mais atrativas do que as taxas cobradas pelos fundos de investimentos. Alguns bancos menores podem oferecer investimentos de renda fixa (LCI, LCA, CDBs, etc...) com rentabilidade maior que a dos títulos públicos, mas essas aplicações serão de maior risco e menor liquidez.

1.3 Características dos principais títulos públicos Os principais títulos públicos de responsabilidade do Tesouro Nacional são: • Letras do Tesouro Nacional (LTN) - na plataforma do Tesouro Direto, esses títulos recebem o nome de Tesouro Prefixado • Notas do Tesouro Nacional (NTN) - de três séries diferentes, B, C, D e F. Nesse curso, concentraremos nossos estudos nas NTNs de séries B e F. • Letras Financeiras do Tesouro (LFT) - na plataforma do Tesouro Direto, esses títulos recebem o nome de Tesouro Selic.

Veja no quadro a seguir as principais características dos títulos públicos que estudaremos:

10

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Tesouro Prefixado (LTN)

Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F)

Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B)

Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal)

Tesouro Selic (LFT)

Tipo de Tìtulo

Prefixado

Prefixado

Pós-fixado

Pós-fixado

Pós-fixado

Taxa

Nominal

Nominal

Real

Real

Nominal + Prêmio

Indexador

Não tem

Não tem

IPCA

IPCA

Selic

Taxa de Cupom

Não tem

10% a.a.

6% a.a.

Não tem

Não tem

1.3.1 Marcação a mercado (MtM)

Apesar de os títulos públicos serem ativos de renda fixa, isso não significa que seu valor não oscilará ao longo do tempo. Caso um investidor compre um título público híbrido, como a NTN-B, por exemplo, se ele vender o papel antes do vencimento, pode ser que receba uma rentabilidade maior ou menor do que a contratada na ocasião do investimento. Caso deseje obter exatamente a rentabilidade contratada, o investidor deve permanecer com o título até o vencimento. O conceito de marcação a mercado (MaM ou MtM, em inglês, mark-to-market) é essencial para entendermos essa oscilação no preço dos títulos públicos. Marcação a mercado é a atualização diária no preço de um título ao seu valor de mercado, para que o valor de um título, ou de uma carteira de títulos, reflita quanto o investidor efetivamente receberia caso os papéis fossem vendidos naquela data. A marcação a mercado é obrigatória no Brasil por determinação do Banco Central. O objetivo é dar ao investidor maior transparência com relação à evolução do preço de seus títulos.

1.3.2 Medidas dos títulos públicos

Existem alguns termos relacionados a medidas dos títulos públicos que serão frequentemente usados nessa disciplina e devem ser definidos: • Valor de Mercado ou Preço Unitário (PU) - é o valor de negociação do título no mercado. Em outras palavras, é o valor que o investidor pagará pelo título caso queira comprá-lo em 11

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

determinada data. • Valor de Face ou Valor Nominal - é o valor de resgate do título em sua data de vencimentos. • Data de vencimento - momento previsto para resgate do título, quando o investidor receberá seu valor de face contratado na ocasião do investimento. Esse valor de face inclui o principal (valor pago pelo título) mais os juros. Caso o investidor permaneça com o título até o vencimento, o valor que ele receberá será o valor de face. Se vender o título antes do vencimento, ele receberá o valor de mercado (que poderá ser maior ou menor que o valor de face). • Cupom - há títulos públicos como o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) que pagam juros periódico ao investidor. Nesse caso, o cupom representa o valor dos juros. O valor do cupom é definido a partir de uma porcentagem calculada sobre o valor de face do título. Essa porcentagem é denominada taxa de cupom. • Yield to maturity (YTM) - a taxa de juros que remunera o investimento em determinado título público. IMPORTANTE: Essa taxa não deve ser confundida com a taxa de cupom, que é a taxa que define o valor de juros periódicos pagos por títulos que tenham essa característica de fluxo de caixa.

1.4 Precificação de Títulos Públicos A partir dessa seção, consideraremos os detalhes dos principais títulos do Tesouro, bem como aprenderemos a calcular o valor de mercado ou preço unitário (PU) de tais títulos, além de fazer projeções de taxas de juros para especular na renda fixa.

1.4.1 Precificação de Letra do Tesouro Nacional (LTN) - Tesouro Prefixado

A LTN ou Tesouro Prefixado é, como seu nome indica, um título prefixado sem pagamento de cupons periódicos. O valor desse título no vencimento (valor de face) é sempre de R$ 1.000. Isso significa que esse título é sempre negociado com deságio, ou seja, por um valor de mercado sempre menor do que o valor de face, para, no vencimento, receber R$ 1.000. A marcação a mercado (ajuste para cálculo do valor de mercado ou preço unitário) é feita pela taxa de juro nominal esperada para determinado período. A fórmula para o cálculo do valor de mercado (ou preço unitário) de uma LTN é a mesma 12

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

fórmula usada para cálculo do Valor Presente de um fluxo de caixa, com algumas diferenças de nomenclatura: Fórmula do Valor Presente:

Onde: VP = Valor Presente VF = Valor Futuro du = prazo da operação em dias úteis i = taxa de juros

Fórmula do PU (Valor de Mercado) de uma LTN:

Onde: PU = Preço Unitário (ou Valor de Mercado) - o preço que será pago pelo título no momento do investimento VN = Valor Nominal (ou Valor de Face) - o valor que será resgatado pelo investidor no vencimento do título. No caso da LTN, esse valor será sempre de R$ 1.000. i = taxa de juros do papel (yield to maturity) du = dias úteis entre a data de liquidação (inclusive) e a data de vencimento de cada fluxo (exclusive) No Excel, podemos calcular o PU da LTN usando a fórmula do “Valor Presente”. Basta digitar =VP 13

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

em uma das células e inserir cada um dos parâmetros solicitados, a saber:

Taxa: a taxa de juros da LTN (também chamada de yield to maturity) Per: o número de dias úteis da operação dividido por 252 (du/252) Pgto: podemos deixar em branco, já que a LTN não paga fluxos intermediários VF: valor futuro. É o valor de face do título. No caso da LTN, será sempre R$ 1.000 Tipo: selecionamos a opção “0”, já que se trata de uma série postecipada de pagamentos

Exemplo 1: Um investidor comprou em 22/03/16 uma LTN a 13,39% com vencimento em 01/01/2018. Qual é o preço do papel? O fluxo dessa operação pode ser representado graficamente da seguinte maneira:

IMPORTANTE: Note que, apesar de a compra da LTN ter sido em 22 de março de 2016, consideraremos como a data presente, para a qual traremos o valor futuro de R$ 1.000, o dia 23 de março. Isso acontece porque a liquidação da operação no Tesouro Direto é em D+1. A compra é feita em D0 (no nosso caso, dia 22), mas o dinheiro só sai da conta do investidor no dia seguinte (D+1), por questões operacionais. Então, para calcular o PU de um título público, tenho que considerar o dia útil seguinte ao da compra. Apesar disso, o preço será válido para o próprio dia da compra (D0). O cálculo será feito da seguinte forma:

14

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

1.4.1.1 Preço na Curva

Uma das noções essenciais no estudo dos títulos públicos é a de que o investidor só receberá a rentabilidade contratada na compra se permanecer com o papel até o vencimento. O preço na curva é um conceito fundamental para entendermos a oscilação de preço de um título ao longo do tempo até o fim da aplicação. Não é raro aplicar, por exemplo, R$ 800 no título Tesouro Prefixado (LTN), na expectativa de receber os R$ 1.000 (valor de face) no vencimento e, alguns dias depois, consultar o saldo da aplicação e notar que o valor do título está menor do que o inicialmente pago. Trata-se de um movimento comum e, para entendermos por que isso acontece, é preciso conhecer o conceito de preço na curva. Quando lidamos com investimentos em títulos públicos, é preciso considerar dois preços diferentes. Um deles é o preço a mercado, que é o valor pago pelo título quando o investidor o compra, ou o valor recebido pelo investidor quando ele vende esse papel antes do vencimento. O outro preço que deve ser considerado é justamente o preço na curva. Esses dois preços estão interligados, e entenderemos como.

Exemplo Para entender o conceito de preço na curva, vamos retomar o exemplo da a compra de uma LTN no dia 22 de março de 2016, pelo preço a mercado de R$ 800,99. Para chegar a esse valor de compra, o cálculo feito foi trazer os R$ 1.000 (valor de face) a valor presente para o dia 23 de março, porque a liquidação da operação financeira acontece em D+1. Qual será o preço na curva no dia 30/03/2016, cinco dias úteis depois da data da compra (22/03/16)? A operação pode ser representada graficamente da seguinte forma:

15

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Para encontrarmos o preço no dia 30, novamente vale a regra da liquidação em D+1. Então, o referencial vai ser o dia 31 de março, que é quando efetivamente o dinheiro sai de caixa. Na verdade, o que calculamos é o preço de compra para o dia 22, montando a conta pensando no dia 23, e o preço de venda para o dia 30, mas montando a conta para o dia 31. Do dia 23 até o dia 31 de março, passaram-se cinco dias úteis. O preço do meu papel, que era R$ 800,99, mudará, pois serão incorporados 13,39% de juros. Note que temos a taxa ao ano, mas será necessário calcular a taxa equivalente para cinco dias. Acumularemos cinco dias de juros para achar o valor de venda no dia 31.

Valor Presente = 800,99 Valor Futuro = ? Taxa = 13,39% a.a. nper = 5/252 (cinco dias úteis, expressos em base ano, porque a taxa de juros está em base ano)

Calculando no Excel:

VF = R$ 802,99 Usando a fórmula de Valor Presente:

16

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Chegamos, então, a R$ 802,99, que é o preço na curva. O que ele significa? É o preço do título no dia 31 de março, incorporando os juros desde a data de compra do papel até cinco dias úteis depois. IMPORTANTE: É necessário destacar que esse preço na curva pressupõe que o investidor vai ficar com o papel até o vencimento. Não é o preço pelo qual ele conseguiria vender o título no mercado. É um preço para o investidor, uma referência, dado que ele permanecerá com o título até o vencimento. Se o investidor não vender o papel, então, no dia 31 de março, o preço na curva do título será de R$ 802,99. Conhecer o preço na curva é importante porque, se o investidor conferir o extrato de sua aplicação no título, não verá a informação do preço na curva, mas apenas o preço a mercado, que é o quanto estaria valendo o papel se o investidor o vendesse naquela data. Contudo, o investidor não consegue vender seu título antes do vencimento conseguindo por ele o preço na curva. Entenderemos adiante por que isso acontece.

Qual foi a rentabilidade acumulada nessa operação de cinco dias?

Note que a rentabilidade ao ano calculada a partir da rentabilidade ao período é exatamente os 13,39% contratados na compra do título público. O investidor só obterá efetivamente essa rentabilidade, contudo, se ficar com o título até seu vencimento.

1.4.1.2 PU a mercado menor que PU na curva

Inicialmente, vamos entender o conceito de preço a mercado. Em nosso exemplo, calculamos até agora o preço de uma LTN (Tesouro Prefixado) comprada no dia 22 de março, trazendo R$ 1.000 (valor de face) a valor presente pela taxa de 13,39% ao ano, chegando a R$ 800,99, o preço pago

17

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

pelo investidor no momento da compra. Vimos também que o preço na curva é calculado incorporando a taxa de juros contratada por um determinado período em dias úteis. Incorporando juros por cinco dias úteis, chegamos ao valor de R$ 802,99. O preço na curva não indica o que o investidor obterá se vender seu título ao mercado naquele dia. Ele mostra a progressão de preço esperada se o investidor ficar com o papel até o vencimento. Contudo, o investidor pode querer vender o título antes do vencimento. Nesse caso, ele não necessariamente vai conseguir vender o papel na taxa contratada, 13,39%, no nosso exemplo. Essas taxas de juros oscilam diariamente, assim como no mercado acionário o preço da ação também oscila. É importante, então, aprendermos a calcular o preço de mercado na data desejada. Assim, entenderemos o porquê de, muitas vezes, aplicarmos um valor no Tesouro Direto e, passado tempo, aparecer um valor menor no extrato. Poderemos comparar o preço de mercado, aquele obtido efetivamente se vendêssemos o papel, com o preço na curva, que mostra o que acontece com o título se ele não for vendido. O preço na curva pode ser encarado como o custo de oportunidade do investidor. Se ele não tomar a decisão de vender, ele terá o preço na curva. Se decidir vender, obterá o preço de mercado.

Exemplo: Um investidor comprou em 22/03/16 uma LTN (Tesouro Prefixado) a uma taxa de 13,39% a.a. com vencimento em 01/01/2018. Em 30/03/16, 5 dias úteis depois, precisou de caixa e teve que vender o papel à taxa de mercado de 13,45 %a.a. Qual foi a rentabilidade da operação no período ao ano? Nós calculamos o preço de uma LTN comprada no dia 22 de maio de 2016. Lembrando que a data considerada para fins operacionais é 23 de março, porque a liquidação da operação ocorre em D+1. Trazemos o preço a valor presente considerando o dia 23, mas ele vale para dia 22. Chegamos ao valor de R$ 800,99. Passaram-se cinco dias úteis, chegando a 30 de março de 2016. Nessa data, temos dois preços possíveis, o preço na curva e o preço a mercado. Já calculamos o preço na curva, de R$ 802,99. Trata-se do preço do título incorporando os juros por cinco dias úteis. A evolução desse preço só se concretizará se o investidor mantiver o papel até o vencimento. Mas esse não é o preço de mercado, que é o valor que será obtido pelo investidor se, no dia 30, ele decidir vender o título a mercado. Calcularemos agora o preço de mercado, que é o que será obtido no caso da venda do título. Para 18

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chegarmos ao preço de mercado nessa data, precisamos trazer os R$ 1.000 prometidos para o vencimento a valor presente para o dia 31 de março (o preço é para o dia 30, mas, traremos a valor presente para o dia 31, porque a liquidação da operação é em D+1). Mas qual será a taxa usada para trazer os R$ 1.000 a valor presente dessa vez? Não será a taxa contratada de 13,39%, porque, no dia da venda, a taxa de mercado oferecida é de 13,45%. É essa taxa que usaremos para calcular o valor de mercado do título. O número de períodos que usaremos para o cálculo será de 440 dias úteis (5 dias úteis depois da data da compra, quando faltavam 445 dias úteis para o vencimento do título).

Valor Futuro = R$ 1.000 Valor Presente = ? Taxa = 13,45% ao ano nper = 440/252 (dividiremos 440 por 252 para ajustar o número de períodos para base ano, mesma base da taxa de juros)

Cálculo no Excel, usando a fórmula VP (Valor Presente):

VP = 802,24 Usando a fórmula:

Cálculo da rentabilidade (ao período e ao ano):

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Chegamos, portanto, ao preço de mercado de R$ 802,24. Ou seja, o investidor que for comprar uma LTN por R$ 802,24 para ganhar R$ 1.000 no vencimento, estará contratando uma taxa de 13,45% ao ano. Se calculássemos o preço desse título trazendo os R$ 1.000 a valor presente pela taxa de 13,39%, teríamos o preço de R$ 802,99 (o preço na curva). Mas o investidor detentor desse título não conseguiria vender o papel a mercado por R$ 802,99, já que, à taxa de 13,45% ao ano (no dia 30 de março), o preço de mercado é R$ 802,24. Logo, se optar por vender o título, o investidor receberá um valor menor do que o preço na curva. Esses cálculos evidenciam um movimento conhecido, mas nem sempre bem compreendido no mercado de títulos públicos: quando a taxa de juros sobe no mercado, o preço do título do investidor cai. Quando a taxa de juros do mercado sobe em relação à taxa de juros do título que o investidor tem em carteira, esse título vai se desvalorizar. No exemplo que consideramos, o mercado está oferecendo a LTN com uma taxa de 13,45% ao ano, e o papel do investidor paga 13,39% ao ano. Para conseguir vender seu título a mercado, o investidor terá de oferecê-lo por um preço mais barato, ou com deságio. É por isso que quando a taxa do mercado sobe, o preço do título detido pelo investidor cai em relação ao preço na curva, não em relação ao preço inicial, de R$ 800,99. Se o investidor permanecesse com o título, em 30 de março, o preço na curva do papel seria de R$ 802,99. Mas, ao vender seu título a mercado, o valor que ele recebe é de R$ 802,24 (preço a mercado). Essa desvalorização do título faz todo sentido do ponto de vista da operação financeira. Nenhum investidor compraria o título por R$ 802,99 (preço na curva) para ganhar R$ 1.000 no resgate, sendo que, pela taxa do dia 30 de março, é possível comprar o título por R$ 802,24 para ganhar os mesmos R$ 1.000 no vencimento. A operação do exemplo pode ser representada graficamente da seguinte forma:

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1.4.1.3 PU a mercado menor que PU inicial e na curva

Na seção anterior, consideramos o que aconteceu com o preço a mercado de um título prefixado (LTN) em relação ao preço na curva quando a taxa de juros subiu. No exemplo, o preço a mercado caiu em relação ao preço na curva, mas continuou maior do que o preço pago pelo investidor na ocasião da compra. Agora, veremos uma situação em que o preço a mercado cai não apenas em relação ao preço na curva, mas também se torna menor do que o preço pago pelo investidor na compra do papel.

Exemplo: Um investidor comprou em 22/03/16 uma LTN (prefixado) a 13,39% a.a. com vencimento em 01/01/2018. Em 30/03/16, 5 dias úteis depois, precisou de caixa e teve que vender o papel a 13,65 %a.a. Qual foi a rentabilidade da operação no período ao ano?

O raciocínio de resolução é o mesmo do exemplo anterior. O número de períodos que usaremos para o cálculo será de 440 dias úteis (5 dias úteis depois da data da compra, quando faltavam 445 dias úteis para o vencimento do título).

Valor Futuro = R$ 1.000 Valor Presente = ? Taxa = 13,65% ao ano nper = 440/252 (dividiremos 440 por 252 para ajustar o número de períodos para base ano, mesma base da taxa de juros) 21

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Cálculo no Excel, usando a fórmula VP (Valor Presente):

VP = R$ 799,98 Cálculo usando a fórmula:

Cálculo da rentabilidade (ao período e ao ano) da operação:

A operação pode ser representada graficamente da seguinte forma:

Ao comprar o título por R$ 1.000 em 22 de março de 2016, o investidor contratou a rentabilidade de 13,39% ao ano. Cinco dias úteis depois, conforme já calculamos, o preço na curva dessa aplicação seria de R$ 802,99. O preço na curva mostra a evolução do preço do título ao longo do tempo caso o investidor fique com o papel até o vencimento. No dia 30 de março, o investidor decide vender o título. Naquele dia, a rentabilidade oferecida pelo

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

mercado para a LTN com vencimento em 2018 é de 13,65%. Com essa alta maior da taxa de juros, ao vender seu título no mercado, o investidor obtém um preço a mercado de R$ 799,78, menor do que o preço na curva (R$ 802,99) e menor também que o preço pago por ele na ocasião da compra (R$ 800,99). Nesse caso, ao vender seu título antes do investimento, esse investidor tem prejuízo financeiro, causado por causa do aumento da taxa de juros. A rentabilidade ao período que ele obteve nessa operação foi negativa, de -0,15%. A rentabilidade ao ano foi de -7,31%. Quando um investidor abre seu extrato do Tesouro Direto para verificar a rentabilidade de seus investimentos, o preço que ele visualiza não é o preço na curva, e sim, o preço a mercado. Por isso, em determinado momento, pode ser que o investidor veja que o preço atual dos títulos que comprou está menor do que o valor que ele pagou quando aplicou. É importante destacar que esse prejuízo só vai se concretizar se o investidor de fato vender seus títulos naquele momento, antes do vencimento. Se a aplicação for mantida até o vencimento, o investidor receberá exatamente a rentabilidade contratada, sem surpresas. Por meio desse exemplo, novamente observamos que, quando a taxa de juros sobe, o preço a mercado do título prefixado cai. Essa queda de preço pode levar o valor a mercado do título a ser menor do que o preço na curva, ou até mesmo menor do que o preço pago pelo investidor na ocasião da aplicação inicial. A seguir, veremos o que acontece com o preço a mercado de um título prefixado (LTN) quando a taxa de juros cai.

1.4.1.4 PU a mercado maior que o PU na curva

Veremos agora o que acontece com o preço a mercado de um título quando a taxa de juros cai. Considere o seguinte exemplo:

Exemplo: Um investidor comprou em 22/03/16 uma LTN (prefixado) a 13,39% a.a. com vencimento em 01/01/2018. Em 30/03/16, 5 dias úteis depois, precisou de caixa e teve que vender o papel a 13,22% a.a. Qual foi a rentabilidade da operação no período ao ano? Os procedimentos para o cálculo seguem a mesma lógica dos exemplos anteriores. O número de períodos que usaremos para o cálculo será de 440 dias úteis (5 dias úteis depois da data da compra, quando faltavam 445 dias úteis para o vencimento do título). 23

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Valor Futuro = R$ 1.000 Valor Presente = ? Taxa = 13,22% ao ano nper = 440/252 (dividiremos 440 por 252 para ajustar o número de períodos para base ano, mesma base da taxa de juros) Cálculo no Excel, usando a fórmula VP (Valor Presente):

VP = R$ 805,09

Cálculo usando a fórmula de Valor Presente:

Cálculo das rentabilidades (ao período e ao ano):

A operação pode ser representada graficamente da seguinte forma:

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Nessa nova situação, com o aumento da taxa de juros, a situação é a inversa da anterior. O investidor compra a LTN de vencimento em 2018 no dia 22 de março de 2016, por R$ 800,99. Cinco dias úteis depois, em 30 de março, o preço na curva do papel é de R$ 802,99, como já calculamos. Lembre-se de que esse preço vale caso o investidor fique com o título até o vencimento. O investidor decide, então, vender o papel. No dia 30 de março, a taxa de juros que o mercado está oferecendo para a LTN de vencimento em 2018 é de 13,22%. Ao trazermos os R$ 1.000 a valor presente para o dia 30, usando a taxa de 13,22%, chegamos a um preço de mercado de R$ 805,09. Esse preço é razoavelmente superior tanto ao preço na curva quanto ao preço que o investidor pagou inicialmente pelo papel. O título que o investidor detém tem uma rentabilidade superior à oferecida pelo mercado. Portanto, se ele for vender, é natural que consiga obter um valor maior pelo papel. Nesse caso, dizemos que ele fará uma venda com ágio, ou seja, por um preço a mercado superior ao preço na curva. Note que, se o investidor de fato vender seu papel no dia 30, obterá uma rentabilidade de 29,39% ao ano, muito superior à rentabilidade de 13,39% que ele havia contratado na compra do título, cinco dias úteis antes. Esse efeito é consequência do movimento de queda da taxa de juros. Quando a taxa de juros do mercado cai, o preço a mercado (PU) do título sobe em relação ao preço na curva. Quando os investidores conseguem se antecipar a movimentos de queda da taxa de juros, há boas oportunidades de ganhos bem altos no Tesouro Direto. É possível especular na renda fixa para ter rendimentos bem superiores àqueles contratados na compra dos títulos. É importante lembrar, contudo, que se a taxa voltar a subir e o investidor ainda estiver com o título em sua posse, ele poderá perder dinheiro, porque, quando a taxa sobe, o preço a mercado cai em relação ao preço na curva (e pode chegar a cair também em relação ao preço de compra do título).

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Recapitulando:

• Preço na curva: precificar o papel na taxa de juros contratada (na ocasião da compra do título), acumulando os juros sobre o preço inicial até a data de interesse. • Preço a mercado (marcação a mercado): precificar o papel na taxa de juros do mercado, do momento da negociação, trazendo o(s) fluxo(s) futuros a valor presente. • Se a taxa de juros do mercado estiver maior que a taxa de juros que comprei o papel, o preço do papel cairá em relação ao seu preço na curva • Se a taxa de juros do mercado estiver menor que a taxa de juros que comprei o papel, o preço do papel subirá em relação ao seu preço na curva

1.4.1.5 Estratégias para especular

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1.4.1.6 Impostos e taxas no Tesouro Direto

Imposto de Renda

Há incidência de Imposto de Renda sobre as operações com títulos públicos via Tesouro Direto. O imposto incidirá sobre o ganho de capital, ou seja, a diferença entre o preço de venda e o preço de compra, sempre que houver lucro. A tributação segue a tabela regressiva do IR, em que as alíquotas decrescem à medida que o prazo de permanência do investidor com a aplicação aumenta. Alíquota

Prazo

22,5%

aplicações com prazo de até 180 dias;

20%

aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;

17,5%

aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias;

15%

aplicações com prazo acima de 720 dias;

Vejamos de quando seria o imposto no último exemplo que consideramos, em que o investidor comprou a LTN por R$ 800,99, a uma taxa de 13,39% ao ano. Cinco dias úteis depois, ele decidiu vender o título. Naquele dia, a taxa de juros de mercado era de 13,22% e, portanto, o preço a mercado do título passou a R$ 805,09. O ganho de capital do investidor foi de R$ 4,10 (805,09 - 800,99). A alíquota de IR nesse caso é a de 22,5%, já que a operação durou menos de 180 dias úteis. Alíquota de 22,5% sobre ganho de capital de R$ 4,10. IR = 22,5% x 4,10 = R$ 0,9225 por título (imposto retido na fonte). Portanto, o resultado líquido do investidor (o dinheiro que entrará na conta dele na corretora) será de R$804,17 (805,09 –0,9225).

Taxas da [B]3 Além do Imposto de Renda, há ainda uma cobrança de taxa por parte da [B]3 (a bolsa de valores), de 0,30% sobre o valor da transação.

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Exemplo: Suponha que compramos 10 LTNs a R$800,99, ou seja, desembolsamos no total R$8.009,91. A taxa a ser paga para a bolsa é de R$8009,90 x 0,30%= R$24,03 por ano. Se vendermos antes do vencimento de 1 ano, teremos que pagar os R$24,03. Se vendermos o papel antes do vencimento, mas após 1 ano da compra, a taxa do segundo ano será cobrada proporcionalmente ao tempo que ficamos com o papel no segundo ano. Exemplo: ficamos 1 ano e 6 meses com o papel Pagaremos R$24,03 (1° ano) mais R$12,015 no segundo ano (metade de R$24,03, pois ficamos meio ano), totalizando R$36,04.

Taxas das corretoras Geralmente, as corretoras cobram uma taxa de custódia. Essas taxas variam conforme a instituição (veja no site do Tesouro Direto). A forma de pagamento desta taxa varia de corretora para corretora. Exemplo: Suponha que uma corretora cobre uma taxa de custódia de 0,10% por ano e que compramos 10 LTNs a R$800,99, ou seja, desembolsamos no total R$8.009,90. Custódia a ser paga: R$ 8009,90 x 0,10%,= R$ 8,01 por ano. 1.4.2 Precificação de Nota do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) - Tesouro Prefixado com Juros Semestrais

A NTN-F (Título Prefixado com Juros Semestrais) é um título semelhante à LTN nos seguintes aspectos: • Também é um título prefixado - no momento da aplicação, o investidor já sabe qual é a rentabilidade contratada; • Também tem valor de face (valor de vencimento) sempre de R$ 1.000 • A marcação a mercado é feita pela taxa de juro nominal esperada para determinado prazo

A diferença é que a NTN-F paga cupom (juros) semestrais até o vencimento, antecipando,

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

portanto, parte da rentabilidade do investidor. O valor dos juros pagos semestralmente é definido por uma taxa de juros chamada taxa de cupom, que sempre é de 10% ao ano (4,88% ao semestre), e que incide sobre o valor de face (R$ 1.000). Isso significa que o investidor receberá R$ 48,8088, aproximadamente, todo semestre, até o vencimento do título. Os cupons são pagos sempre no dia 1º de janeiro e 1º de julho de cada ano. Essa taxa de cupom é sempre de 10% e não tem relação com a taxa de rendimento do próprio título. Veremos a seguir a forma de precificação da NTN-F, mas já podemos adiantar que valerá a mesma regra da LTN: se eu comprar o título e a taxa de juros subir, o preço a mercado cairá (podendo ficar menor que o preço na curva e que o preço de compra). Se a taxa de juros cair, o preço a mercado subirá. O fluxo de caixa de uma NTN-F até o seu vencimento pode ser representado pelo diagrama a seguir:

O cálculo do PU (valor presente) do título será feito usando a seguinte equação:

Essa equação mostra que, para calcular o PU da NTN-F, eu tenho que trazer a valor presente cada um dos fluxos de caixa do título: todos os pagamentos de cupom, mais o valor do resgate no

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vencimento (somado a um último cupom, que também é pago no vencimento). No Excel, podemos calcular o PU da NTN-F usando a fórmula do Valor Presente (VP). Basta digitar “=VP” em uma das células e inserir as variáveis solicitadas. Terei de usar a fórmula VP para cada um dos pagamentos de cupom do título, e também para o valor de resgate. É importante lembrar que, no resgate, recebo os R$ 1.000 mais o pagamento do último cupom, de R$ 48,8088, totalizando R$ 1.048,8088.

Taxa: a taxa de juros da NTN-F (também chamada de “yield to maturity”) Per: o número de dias úteis entre o fluxo e a data presente, dividido por 252 (du/252) Pgto: podemos deixar em branco VF: o valor do fluxo Tipo: podemos selecionar a opção “0”

Exemplo: Comprei uma NTN-F em 21 de dezembro de 2015, com taxa de 15,87% ao ano. O título vence em 01/01/2017. Calcule o PU dessa NTN-F. A primeira informação relevante para nossos cálculos é o valor do cupom, ou seja, dos juros que serão pagos semestralmente. A taxa de cupom é sempre de 10% ao ano. Calculamos a taxa equivalente ao semestre usando a fórmula abaixo:

Assim, temos: 30

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iq = (1+10%)(½) -1 = 4,88% Portanto, sabemos que os cupons pagos semestralmente serão 4,88% sobre os R$ 1.000 de valor de face do título. Logo, a NTN-F pagará R$ 48,808 por semestre. Já o último fluxo, o do vencimento será de R$ 1.000 (o valor de face) mais um último pagamento de cupom de R$ 48,808, portanto, R$ 1.048,808.

O primeiro cupom da operação será pago em 1º de janeiro de 2016. O segundo cupom, em 1º de julho de 2016, o terceiro em 1º de janeiro de 2017, que é quando vence o título. Traremos todos esses fluxos a valor presente usando a taxa de juros do título (não confundir com a taxa de cupom, que é de 10% ao ano ou 4,88% ao semestre). A operação pode ser representada pelo diagrama a seguir:

Lembre-se de que estamos considerando o dia 22/12 porque a liquidação da operação acontece em D+1. O preço, contudo, vale para o dia 21. O cálculo do PU, portanto, usando a equação já apresentada, será:

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No Excel, traremos cada um dos fluxos a valor presente:

Fluxo 1: Cupom de R$ 48,808, pago 7 dias úteis após a compra

VP = R$ 48,61

Fluxo 2: Cupom de R$ 48,808, pago 131 dias úteis após a compra

VP = R$ 45,21

Fluxo 3: Cupom de R$ 48,808 + Valor de Face de R$ 1.000, pagos 258 dias úteis após a compra

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VP = 901,99 Tendo calculado o valor presente de todos os fluxos, basta somá-los, e chegamos ao PU do título:

PU = 48,61 + 45,21 + 901,99 = R$ 995,81

1.4.3 Precificação da Nota do Tesouro Nacional Série B Principal (NTN-B Principal) - Tesouro IPCA+

Veremos a partir dessa seção a precificação dos títulos pós-fixados, sendo que o primeiro título que estudaremos será a Nota do Tesouro Nacional Série B Principal (NTN-B Principal), também chamada de Tesouro IPCA+. A NTN-B é um título que paga uma taxa real de juros mais uma correção da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o índice de preços oficial usado pelo governo brasileiro para definir as metas de inflação. A composição dessa taxa real mais a correção da inflação nos dá a rentabilidade nominal do título. Note que a rentabilidade nominal só será conhecida do investidor quando o título vencer, ou na venda do papel a mercado antes do vencimento. Isso porque a taxa real é prefixada, contratada no ato da compra. A correção da inflação é pós-fixada, e será conhecida depois. Digamos que o investidor compre, por exemplo, uma NTN-B (ou Tesouro IPCA) que paga uma taxa de 5,85% ao ano. Se ele ficar com o papel até o vencimento, ganhará a inflação medida pelo IPCA no período - que é desconhecida - mais a taxa de 5,85% acima da inflação (rentabilidade real). Esse título, portanto, é indicado para investidores que querem proteger seu patrimônio dos efeitos da inflação. Note a diferença entre esse título e a NTN-F (Tesouro Prefixado com Juros Semestrais), que é um título prefixado. Ao investir na NTN-F, sabemos exatamente quanto resgataremos no vencimento: R$ 1.000, mais o pagamento semestral de cupons de R$ 48,808. Ao investir em uma NTN-B, sabemos apenas que ganharemos uma taxa real acima da inflação, mas não conhecemos o valor que resgataremos ao fim do período de aplicação. A precificação de uma NTN-F, ou de uma LTN, consiste em trazer o valor de face (valor futuro, de R$ 1.000) a valor presente e, no caso de haver pagamento de cupons semestrais (NTN-F), trazemos cada um desses fluxos também a valor presente. O processo de precificação da NTN-B é semelhante, já que também envolve trazer fluxos futuros a valor presente. Porém, como esses fluxos não são inteiramente conhecidos, já que temos apenas

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

a rentabilidade real, mas não conhecemos a inflação futura, usaremos alguns artifícios para calcular o PU da NTN-B.

1.4.3.1 Características da NTN-B Principal

• Título Pós Fixado sem pagamento de Cupom • Paga juros reais + variação do IPCA • Sua marcação a mercado é feita pela taxa de juros real pela qual o título está sendo negociado mais a variação passada do IPCA

O PU da NTN-B Principal será calculado da seguinte forma:

• du: dias úteis entre a data de liquidação e a data de vencimento de cada fluxo • i (ou ytm): taxa de negociação do papel (yield to maturity) • VNA (Valor Nominal Atualizado): é o valor do título na data-base (data de emissão). Esse valor, por definição, é de R$ 1.000, e vai sendo atualizado todo dia 15 de cada mês pelo IPCA • VNA = VNAultimo disponível x (1+ IPCA projetado do mesmo mês do últ. VNA)x

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

A fim de entendermos o cálculo do PU (valor de mercado) da NTN-B Principal, consideraremos o seguinte exemplo:

Um investidor comprou uma NTN-B Principal em 04/01/2016. A rentabilidade desse título é de 7,35% ao ano. A projeção do IPCA para dezembro é de 1,02% e o último VNA disponível (15 de dezembro) é de 2.756,34. O título vence em 15/08/2024, ou seja, daqui a 2161 dias úteis. Qual é o PU desse título?

1.4.3.2 Cálculo da Cotação

A precificação de uma NTN-B Principal (Tesouro IPCA+) é feita em três etapas. Primeiro, calculamos a cotação e o VNA e depois usamos esses valores para calcular o PU. Quando precificamos um título prefixado, como a LTN ou a NTN-F, sabemos que o Valor Nominal, também chamado de Valor de Face, ou ainda de Valor Futuro, sempre será de R$ 1.000. Basta trazer os R$ 1.000 a valor presente, e temos o PU (ou Valor de Mercado) do título. Não é assim no caso da NTN-B Principal. Não sabemos qual será o Valor Nominal. Para calcular a cotação, que será base para o cálculo do PU, consideraremos para fins de cálculos que o Valor Nominal será sempre 100. Isso não significa que o valor será de R$ 100. O número 100 significa “100% do principal atualizado pela inflação”. Ou seja, o investidor não sabe exatamente o valor, em Reais, que receberá ao fim da aplicação, mas sabe com certeza que receberá 100% do Valor Nominal atualizado pela inflação. Assim, o artifício usado no cálculo da cotação é trazer o número 100 a valor presente usando como taxa de desconto a taxa real de juros da NTN-B Principal. Considerando nosso exemplo, temos:

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

O dia da compra do título é 04/01/2016. Como as operações com títulos públicos têm liquidação em D+1, nos cálculos, consideraremos o dia útil seguinte, 05/01/2016. O título vence dia 15/08/2024. O número de dias úteis entre a data de vencimento e o dia 05/01/2016 é de 2161 dias. A taxa de juros da NTN-B é de 7,35% ao ano, ou 0,0735. Assim, o cálculo da Cotação será:

1.4.3.3 Cálculo do VNA

Tendo calculado a Cotação, passamos agora ao cálculo do Valor Nominal Atualizado (VNA). Note que, ao precificarmos uma LTN ou NTN-F, conhecemos o Valor Nominal (Valor Futuro, ou Valor de Face), que é sempre de R$ 1.000 no vencimento do título. No caso da NTN-B principal, não sabemos qual será o Valor Nominal. Apenas sabemos que ele será atualizado (corrigido) mensalmente pelo IPCA.

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O Valor Nominal Atualizado, por definição, começa sempre em R$ 1.000 na data-base, ou seja, na emissão do título público. Esse valor é, então, corrigido mensalmente pelo IPCA, sempre no dia 15 de cada mês, até o vencimento do papel. A NTN-B do nosso exemplo, no dia 15/07/2000, tinha um Valor Nominal de R$ 1.000. No dia 15/08/2000, os R$ 1.000 foram corrigidos tendo como base a inflação do mês de julho de 2000. No dia 15/09/2000, nova correção, baseada na inflação do mês de agosto de 2000. Esse processo continuou ao longo do tempo, até chegar ao dia 15/12/2015, quando houve nova atualização, baseada na inflação de novembro de 2015. No dia 15/12/2015, a atualização do Valor Nominal Atualizado chegou a R$ 2.756,34. Esse valor, portanto, é nosso último Valor Nominal Atualizado disponível. Na fórmula para cálculo do VNA, ele é representado por VNAúltimo disponível. Esse valor pode ser obtido no site do Tesouro Direto, em “Balanço e Estatísticas”, na seção “Valor Nominal Atualizado (VNA)”. Contudo, não basta saber o VNAúltimo disponível, porque a compra do título público é feita em 04/01/2016, com liquidação em D+1. Logo, o VNAúltimo disponível não corresponde à realidade. É preciso atualizar esse VNA, que vale para o dia 15/12/2015, até o dia 05/01/2016. Essa atualização não pode ser feita, porque ainda não conhecemos qual será a inflação medida pelo IPCA entre o dia 15/12/2015 e o dia 05/01/2016. A informação disponível é a projeção do IPCA para o mês de dezembro, informação que pode ser obtida no site da Anbima. Essa projeção será usada no cálculo do VNA. A projeção usada sempre será do mesmo mês da última atualização do VNA. Como o último VNA disponível é o de dezembro, usaremos a projeção de inflação para dezembro. É preciso fazer ainda um ajuste proporcional da projeção de inflação. A projeção do IPCA para dezembro considera, na verdade, a inflação entre 15/12/2015 e 15/01/2016. Mas os cálculos são para o dia 05/01/2016, dia da liquidação da operação de compra da NTN-B. Exclusivamente para esse ajuste, trabalharemos com períodos de dias corridos. Para todos os demais cálculos, usaremos dias úteis. De 15/12/2015 a 15/01/2016, período para o qual vale a projeção do IPCA, temos 31 dias corridos. E de 15/12/2015 a 05/01/2016, período para o qual nós desejamos calcular a projeção do IPCA proporcional, consideraremos 21 dias corridos. A projeção do IPCA para dezembro (de 15/12 a 15/01) é de 1,02%, como vimos no exemplo proposto.

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Dessa forma, o cálculo do VNA será feito da seguinte forma:

Esse ainda não é o PU do título. A seguir, usaremos o valor do VNA e da Cotação, calculados anteriormente, para calcular o PU.

1.4.3.4 Cálculo do PU do título

Sabendo que: Cotação = 54,43 VNA = 2775,35 O cálculo do PU será feito da seguinte forma:

O PU calculado significa que o investidor está pagando R$ 1.510,70 pelo direito de ter o VNA de 2.775,35 atualizado pelo IPCA até o vencimento do título, em 15/08/2024. Então, apesar de não conhecer o valor de resgate no vencimento do título, o investidor tem a garantia de que receberá 7,35% ao ano de juros acima da inflação. Suponhamos que a inflação acumulada entre o dia 05/01/2016 (data da liquidação da operação de compra do título) e o dia 15/08/2024 (data de vencimento do título) tenha sido de 90%. Isso significa que VNA do dia da compra, que é de 2.775,35, será atualizado em 90%. Portanto, o investidor terá, no resgate:

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VNA = 2.775,35 x (1+0,90) = 5.273,16 Portanto, esse investidor aplicou R$ 1.510,70 e resgatou, no vencimento do título, R$ 5.273,16. Vejamos qual foi a rentabilidade nominal do investidor: Rentabilidade nominal = (Preço de compra/valor de resgate) -1 Rentabilidade nominal = (5.273,16/1.510,70) -1 = 2,49, ou 249% no período.

Agora vamos calcular a rentabilidade real, ou seja, descontada a inflação de 90%: Rentabilidade real = (1+ rentnominal)/(1+inflação) -1 Rentabilidade real = (1+2,49)/(1+0,90) -1 = 0,8371 ou 83,71% no período.

A rentabilidade real de 83,71% no período equivale, ao ano, a: Taxa ao ano = (1+ taxa ao período)(252/período da operação) -1 Taxa ao ano = (1+83,71%)252/2161 -1 = 0,0735, ou 7,35% ao ano.

Portanto, não importa o que aconteça com a inflação (vimos, por exemplo, um caso de 90% de inflação acumulada), se ficar com o título até o vencimento, o investidor terá ganho 7,35% ao ano acima da inflação.

1.4.3.5 Venda antecipada da NTN-B

Assim como acontece com os outros títulos que já consideramos, LTN e NTN-F, no caso da NTN-B Principal, se o investidor vender o papel antes do vencimento, o valor que receberá pode oscilar fortemente, dependendo do movimento da taxa de juros. Se a taxa de juros do mercado subir, o valor a mercado da NTN-B Principal cairá em relação ao preço na curva. Se a taxa de juros do mercado cair, o valor a mercado da NTN-B principal subirá em relação ao preço na curva.

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1.4.4 Precificação da Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) - Tesouro IPCA+ Com Juros Semestrais

Passaremos a considerar agora a precificação da Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B), chamada no Tesouro Direto de Tesouro IPCA+ Com Juros Semestrais. Esse título é bastante semelhante à NTN-B Principal. A única diferença é que NTN-B paga juros (cupom) semestral, enquanto a NTN-B Principal paga os rendimentos apenas no resgate da aplicação.

Características da NTN-B: • Título Pós Fixado com pagamento de Cupom • A NTN-B paga juros reais + variação do IPCA • A sua marcação a mercado é feita pela taxa de juros real pela qual o título está sendo negociado mais a variação passada do IPCA

O fluxo da NTN-B pode ser graficamente representado pela figura a seguir:

Assim como no caso da NTN-B Principal, para calcular o PU do título, teremos de calcular a Cotação e o VNA. O cálculo da Cotação consiste em trazer a valor presente, pela taxa de rentabilidade do próprio título (não confundir com a taxa de cupom do título), cada um dos fluxos de pagamentos, inclusive o último (cupom + 100). 40

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• CJ1, CJ2 e CJ3 são os cupons pagos semestralmente pelo título. Assim como no caso da NTN-F, esses cupons antecipam parte da rentabilidade total que o investidor terá caso mantenha o título até o vencimento. • CJn é o último pagamento de cupom, que acontece no vencimento do título. Nessa data, o investidor receberá um fluxo de 100, como acontece com a NTN-B Principal. Lembre-se de que esse número não representa R$ 100, e sim, 100% do Valor Nominal Atualizado pela inflação. • A taxa de cupom sempre será de 2,9563%. Portanto, o valor de cada cupom será de 100 x 2,9563%, ou seja, 2,9563. • d = dias úteis entre a data de compra do título e a data de vencimento de cada fluxo • i = taxa de rentabilidade do título (yield to maturity)

Tendo calculado a Cotação, passamos ao cálculo do VNA: • VNA: atualizado todo de 15 de cada mês • VNA =VNAúltimo disponível x (1+ IPCA projetado do mesmo mês do último VNA)x

E uma vez calculado o VNA, podemos calcular o PU do título:

Detalharemos, a seguir, o cálculo do PU da NTN-B, a partir do seguinte exemplo:

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Um investidor comprou uma NTN-B em 05/01/2016. A rentabilidade desse título é de 6,62% ao ano. A projeção do IPCA para dezembro é de 1,02% e o último VNA disponível (15 de dezembro) é de 2.756,34. O título vence em 15/05/2017, ou seja, daqui a 339 dias úteis. Qual é o PU desse título? A representação gráfica do fluxo da operação descrita é:

1.4.4.1 Cálculo do VNA

Já vimos que o cálculo do VNA é feito a partir da seguinte equação:

Sabemos que: • último VNA disponível é de 2756,34 • IPCAprojetado para dezembro (mesmo mês do último VNA disponível) é 1,02% • Dias corridos entre o último dia 15 até a data de compra do título= 22 • Dias corridos entre o último dia 15 e o próximo dia 15 = 31

Assim, temos:

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1.4.4.2 Cálculo da Cotação

Como vimos, o cálculo da Cotação requer que tragamos a valor presente, pela taxa do título, cada um dos fluxos financeiros da operação, usando a seguinte fórmula:

Sabemos que: • Taxa de cupom é sempre 2,9563% • Valor do cupom: 100 x taxa de cupom = 100 x 2,9563% = 2,9563 • Dias úteis entre a data de compra do título e o pagamento de CJ1: 89 • Dias úteis entre a data de compra do título e o pagamento de CJ2: 216 • Dias úteis entre a data de compra do título e o pagamento de CJn: 339 • Valor de CJ1: 2,9563 • Valor de CJ2: 2,9563 • Valor de CJn= 2,9563 + 100

Assim, temos:

1.4.4.3 Cálculo do PU

Finalmente, podemos calcular o valor do PU do título:

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1.4.5 Precificação da Letra Financeira do Tesouro (LFT) ou Tesouro Selic

Passaremos agora à precificação do último título público que estudaremos em nossa disciplina, que é a Letra Financeira do Tesouro (LFT), também chamada de Tesouro Selic na plataforma do Tesouro Direto.

A LFT tem as seguintes características: • É um Título Pós-Fixado, sem pagamento de cupom • Pagamento bullet, ou seja, o principal mais os juros são pagos no vencimento • Sua rentabilidade segue a variação acumulada da taxa Selic efetiva diária acrescida, se houver, de ágio ou deságio no momento da compra 1.4.5.1. Taxa Selic

A Taxa Selic é a taxa de juros de financiamento diário do governo por 1 dia útil. Ela remunera as operações compromissadas entre bancos. Essas operações compromissadas são empréstimos que bancos concedem uns aos outros, pelo prazo de 1 dia, com garantias em títulos públicos. Assim, se o banco que tomou o empréstimo quebrar, os títulos públicos que haviam sido dados como garantias do empréstimo passam a ser propriedade do banco que concedeu o empréstimo. Há, contudo, uma diferença entre a Taxa Selic Meta e a Taxa Selic Efetiva: • Taxa Selic Meta - é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida como meta pelo Banco Central, através do Comitê de Política Monetária (Copom). O Banco Central, por meio de instrumentos de política monetária, age para fazer com que a Taxa Selic Efetiva convirja para a Taxa Selic Meta que ele considera ideal.

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• Taxa Selic Efetiva (ou Selic Over) - cada operação compromissada entre bancos tem uma taxa Selic específica. Diariamente, o Banco Central calcula a média das taxas de todas as operações compromissadas executadas. Essa média é a Taxa Selic Efetiva. IMPORTANTE: Lembre-se de que a LFT é indexada à taxa Selic efetiva, e não à taxa Selic Meta, que é a definida pelo Banco Central nas reuniões do Copom.

1.4.5.2. Precificação

Assim como acontece com a NTN-B e a NTN-B Principal, a LFT parte do Valor Nominal de R$1.000 em sua emissão, e vai sendo atualizada pela taxa Selic até o vencimento.

O fluxo de uma LFT pode ser representado graficamente por:

Sendo que: • Data Base é a data de emissão da LFT • Valor Nominal (VN) é o valor de emissão da LFT, que é sempre de de R$.1000. • “d” é o número de dias úteis da operação • Valor Nominal Atualizado (VNA) é o valor recebido pelo investidor no vencimento do título, ou na venda antecipada. O cálculo do Preço Unitário (PU) da LFT guarda semelhanças com o cálculo do PU das NTN-B. É necessário calcular, inicialmente, uma Cotação e o VNA, para, a partir desses valores, chegar ao PU.

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Cálculo da Cotação:

Cálculo do PU

• I = taxa (ágio ou deságio) = Taxa de Negociação do Papel • Não tem Cupom • d: dias úteis entre a data de liquidação da compra (inclusive) e data de vencimento de cada fluxo (exclusive).

Cálculo do VNA Para calcular o VNA, devemos partir do Valor Nominal da data de emissão da LFT (sempre de R$ 1.000, em 03/07/2000) e atualizar esse valor com a Taxa Selic efetiva até a data da compra. Como a liquidação é feita um dia útil depois da compra, precisaremos fazer um ajuste usando a taxa Selic meta, conforme mostra a equação abaixo:

VNA = 1.000 x (Fator Selic efetiva acumulado de 03/07/2000 até a data compra) x (1 + Selic Meta dia da compra)1/252 Para entendermos melhor o cálculo do PU da LFT, vamos considerar o exemplo a seguir:

Um investidor comprou uma LFT no dia 07/01/2016. A taxa do papel no dia era de 0%. O vencimento do título é dia 01/03/2021. A taxa Selic meta na ocasião da compra estava em 14,25% e o fator Selic acumulado era de 7,419596451126.

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Primeiro, faremos o cálculo do VNA: O Fator Selic efetiva acumulado é disponibilizado no site do Banco Central, em uma ferramenta específica para esse cálculo.

No campo data inicial, sempre preencheremos com 03/07/2000, data da primeira emissão de LFT. No campo data final, inserimos a data da operação de compra da LFT. No nosso exemplo, a data é 07/01/2016. Na sequência, clicamos no botão Consultar, acima dos campos de inserção das datas. O resultado exibido pela calculadora do Banco Central já efetua automaticamente a operação (1+ taxa Selicacumulada até 07/01/2016). A taxa Selic acumulada de 03/07/2000 a 07/01/2016 é de 641,959645112565%, ou 6,41959645112565. Somando 1 + 6,419596, chegamos a 7,41959645112565, que é o resultado da calculadora (e também o valor fornecido pelo enunciado do exemplo como sendo da taxa Selic efetiva acumulada).

Assim, calculamos: VNA = 1.000 x (1 + taxa Selicacumulada até 07/01/2016) x (1 + taxa Selic meta)1/252 VNA = 1.000 x (7,419596451126) x (1 + 0,1425)1/252 = 7.423,51

Na sequência, calculamos a Cotação: Cotação = 100/(1+0)1/252 Cotação = 100/1 = 100 47

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E por fim, calculamos o PU PU = (Cotação/100) x VNA PU = (100/100) x 7.423,51 = 7.423,51.

Note que sempre que a LFT for negociada com taxa 0,0%, o VNA será o próprio PU.

1.5 Fatores que influenciam as taxas de juros Ao longo dos nossos estudos dos títulos públicos, temos visto que, em caso de venda do papel antes do vencimento, o preço a mercado que será obtido pelo investidor pode sofrer oscilações, em função do movimento das taxas de juros dos títulos. Por isso, se um investidor considera negociar títulos públicos antes do vencimento para maximizar seus resultados, é importante que ele conheça os principais fatores que influenciam as taxas de juros. Desse modo, ao observar cada um desses fatores, será possível estimar a tendência das taxas e, portanto, a tendência dos preços dos títulos, para tomar a melhor decisão com relação à negociação dos títulos.

Os fatores que influenciam as taxas de juros são: • Prazo • Expectativas em relação à política monetária (Copom) • Risco Analisaremos detalhadamente cada um desses fatores:

1.5.1 Prazo

O primeiro fator que afeta a taxa de juros é o prazo. Quanto maior ele for, maior será a taxa de juros do título, mantendo tudo o mais constante. Podemos considerar o seguinte exemplo: considere que você emprestou dinheiro para uma pessoa que seja uma boa pagadora, pelo prazo de um ano, a uma certa taxa de juros.

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Agora imagine o mesmo empréstimo, para a mesma pessoa, mas agora pelo prazo de 10 anos. Você estará abrindo mão desse dinheiro por mais tempo. O sacrifício financeiro que você terá de fazer será maior, pois você só receberá seu dinheiro de volta daqui a 10 anos e, nesse tempo, você poderia ter consumido ou investido o valor para receber juros. Então, nada mais natural do que a taxa de juros ser maior. No caso do Tesouro, vale o mesmo raciocínio. Se o prazo para vencimento do título for mais longo (ou seja, seu empréstimo para o governo será por um tempo maior), a taxa de juros que você vai receber será maior. O título que vence daqui a 5 anos provavelmente terá uma taxa de juros maior do que o título que vence daqui a 1 ano. Há, porém, outros fatores que influenciam a taxa de juros.

1.5.2 Expectativas em relação à política monetária (Copom)

Outra variável que influencia o movimento das taxas de juros são as expectativas macroeconômicas, ou mais especificamente, as expectativas em relação à política monetária. A ideia é a seguinte: quanto maior a inflação, mais juros o investidor vai exigir para aplicar seus recursos em títulos públicos. Imagine a seguinte situação de inflação de 20% ao ano. Seria difícil para o governo tentar obter recursos junto aos investidores oferecendo uma taxa de juros de 15% ao ano. Nesse caso, o investidor vai ganhar 15% ao ano em termos nominais, mas a inflação vai tirar parte desse ganho. A tendência é que o investidor exija pelo menos uma taxa que recupere as perdas de poder de compra causadas pela inflação. Assim, quanto maior a inflação, maior a taxa de juros dos títulos. Essa expectativa inflacionária estará embutida nas expectativas em relação à taxa Selic. Já vimos que o Banco Central usa a taxa Selic meta como instrumento de política monetária, para manter a inflação sob controle. Se a intenção do Banco Central é fazer com que a inflação caia, ele aumenta progressivamente a taxa Selic meta e usa as operações de open market (além de outros recursos) para fazer com que a taxa Selic efetiva convirja para a meta. Se a inflação está em um patamar considerado adequado, ou até mesmo mais baixo do que o ideal, o Banco Central reduz progressivamente a taxa Selic meta e usa as operações de open market para fazer com que a taxa Selic efetiva convirja para a meta. As taxas de juros dos títulos públicos - lembre-se de que cada título tem suas características e sua taxa de juros - tendem, de modo geral, a sofrer forte influência da taxa Selic. Contudo, elas não são influenciadas pela taxa Selic do momento, e sim, pelas expectativas do mercado com relação ao comportamento das taxas de juros.

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Se os analistas e investidores do mercado avaliam que a inflação está saindo do controle, suas projeções passam a considerar que o Banco Central aumentará progressivamente os juros. Essas projeções influenciam as expectativas do mercado, e essas expectativas vão impactando as taxas de juros dos títulos, antes mesmo que as altas na taxa Selic aconteçam efetivamente. Portanto, é importante que os investidores em títulos públicos que desejam obter ganhos negociando os papéis antes do vencimento observem os sinais e tendências de movimentos da inflação e da taxa Selic, para aproveitarem os movimentos de alta ou de queda. O mercado financeiro, de modo geral, está sempre atento às divulgações de índices e projeções de inflação, que dão uma ideia da tendência dos preços. Outra fonte importante de informação são as atas de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Nessas reuniões, o Copom decide aumentar, manter ou reduzir a taxa Selic meta. Na terça-feira seguinte a última reunião do Copom, o comitê divulga a ata da reunião em que aquela decisão foi tomada. Esse documento mostra detalhes da decisão e aponta também qual deve ser a tendência do Banco Central nas próximas reuniões. O comunicado do Copom sobre a decisão quanto à taxa Selic, divulgado no dia da reunião, também é observado com atenção pelo mercado, pois a autoridade monetária geralmente dá sinais de qual deve ser o movimento da taxa Selic nas próximas reuniões. O único caso em que o movimento das taxas de juros influencia pouco na negociação antes do vencimento é o da LFT (Tesouro Selic), já que esse título é corrigido diariamente pela taxa Selic efetiva, podendo apresentar um pequeno ágio ou deságio na venda antes do vencimento, mas nada que se compare ao que pode acontecer com o preço a mercado das NTN-Bs, da LTN e da NTN-F.

1.5.3 Risco

A taxa de juros exigida pelos investidores em títulos públicos tende a aumentar quanto maior for o risco do ambiente econômico. As agências internacionais de classificação de risco, como Fitch, Moody’s e Standard&Poor’s emitem avaliações sobre o nível de risco de crédito dos governos de vários países, inclusive o Brasil. Essas avaliações resultam em uma nota, o chamado rating, que identifica o nível de risco de aquele país não pagar a dívida que tem com os investidores detentores de títulos públicos. Se uma dessas agências (ou todas elas) reduz o rating do Brasil, isso significa que o risco de crédito aumentou. Não significa que irá necessariamente acontecer, mas a probabilidade se tornou um pouco maior. Logo, os investidores exigirão uma taxa de juros maior para aceitarem o risco de aplicarem seus recursos nos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. 50

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Esse risco de calote por parte do governo é, em geral, muito baixo, considerando o caso do Brasil. Nas maiores economias do mundo, como Estados Unidos, Alemanha, dentre outras, o risco de inadimplência do governo é praticamente nulo. No mercado brasileiro, os títulos públicos são considerados como referência de aplicações livres de risco e, portanto, ao investir em ativos de renda variável (com risco bem maior), os investidores exigirão que o retorno supere o dos títulos públicos, no mínimo. Assim, um aumento do risco no ambiente econômico eleva as chances de uma alta na taxa de juros, influenciando também as expectativas do mercado quanto ao movimento da taxa, com impacto na rentabilidade dos títulos públicos.

1.6 Projeção da taxa de juros e curva de juros Como já vimos, cada título público tem a sua taxa de juros para cada prazo de vencimento. A LTN (Tesouro Prefixado), por exemplo, tem uma taxa de juros diferente da taxa da NTN-B Principal (Tesouro IPCA+). E uma LTN que vence em determinada data tem taxa diferente de outra LTN com vencimento distinto. As diferentes taxas de juros de um título público relacionadas aos diferentes vencimentos dos títulos ao longo do tempo podem ser expressas graficamente por uma curva de retorno que chamamos de estrutura a termo da taxa de juros (ETTJ). Temos, portanto, várias estruturas a termo de taxa de juros no Brasil, já que cada tipo de título tem sua própria curva. A referência padrão para as ETTJs de cada título prefixado é a ETTJ do contrato futuro de DI. Trata-se de um contrato futuro negociado na B3, a bolsa brasileira, em que as partes montam posições compradas ou vendidas para expectativas do movimento das taxas de juros. (Veremos mais detalhes sobre esse contrato futuro em módulos posteriores). A ETTJ de cada título mostra em dado instante a taxa de juros para cada prazo de vencimento. O gráfico da ETTJ pode assumir várias formas. Uma delas está representada na figura a seguir:

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O gráfico acima representa a ETTJ para títulos prefixados, como a LTN e a NTN-F.

A ETTJ é um indicativo da expectativa do mercado quanto ao movimento das taxas de juros no futuro. Portanto, observá-la pode dar ao investidor uma melhor perspectiva na hora de escolher qual título comprar e, se for o caso, qual o melhor momento para vender antes do vencimento.

1.6.1 Projeção da taxa de juros no Excel

Saber projetar a taxa de juros é fundamental para o investidor que deseja obter ganhos negociando títulos públicos (comprando e vendendo antes do vencimento).

Projeção de LTN e NTN-F: Para fazermos projeções de taxa de juros dos títulos prefixados (LTN e NTN-F), usaremos como referência a “Taxa PRÉ”. Ela é uma taxa balizadora dos títulos públicos prefixados e do contrato futuro de DI. Ela poderá ser calculada da seguinte forma: Taxa Pré = E(DI) + prêmio pelo risco

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Projetamos o CDI diário (taxa de juros do empréstimo interbancário) até a data para a qual desejamos estimar a taxa e adicionamos um prêmio pelo risco (cada investidor estima seu próprio prêmio pelo risco). Historicamente, a taxa do CDI é ligeiramente menor do que a taxa Selic. A partir de 01/10/2018, a metodologia para apuração da Taxa DI se baseia na observação ou não das duas condições abaixo: I. O número de operações elegíveis para o cálculo da Taxa DI for igual ou superior a 100 (cem); e II. O somatório dos volumes das operações elegíveis para o cálculo da Taxa DI for igual ou superior a R$ 30 (trinta) bilhões; Se no dia de apuração da Taxa DI, ao menos uma das duas condições relacionadas nos itens I e II acima não for observada, a Taxa DI será igual à Taxa Selic Over divulgada no dia*. * Fonte: Site B3

Taxa DI = Taxa Selic Over* Projeção de NTN-B Princ. e NTN-B: Para projetar a taxa de juros dos títulos indexados ao IPCA (NTN-B e NTN-B Principal), teremos de usar a projeção de Taxa PRE (taxa nominal) para o prazo desejado e descontar a expectativa da inflação medida pelo IPCA para o mesmo prazo.

Taxa de NTN-B = Taxa PRE – E(IPCA)

A planilha para projeção das taxas de juros pode ser baixada junto com os demais materiais das aulas de títulos públicos.

1.7 Estratégia para especular (vender antes do vencimento) Conforme a expectativa em relação ao movimento das taxas de juros, a estratégia para especular investindo em títulos públicos pode variar:

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Expectativas de inflação mais alta tendem a puxar as taxas dos títulos para cima, porque o mercado passa a esperar aumentos de taxa Selic meta pelo Banco Central. Expectativas de piora de risco (como por exemplo piora do rating emitido pelas agências de classificação) puxas as taxas dos títulos públicos para cima. Quanto mais longo o vencimento do título, mais oscilação de preço ele sofrerá. IMPORTANTE: Se ficar com o título público até o vencimento, o investidor ganhará a taxa contratada no momento da compra. Se resgatar o título antes do prazo (vender para o Tesouro), corro o risco de mercado, podendo conseguir um preço a mercado maior do que o preço na curva e até mesmo do que o preço pago (lucrando, portanto), ou um preço a mercado menor que o preço na curva e até mesmo do que o preço pago (tendo prejuízo).

1.8 Perfil de investimento Quanto ao prazo: • Prazo curto (até 2 anos): menos risco • Prazos mais longos: mais risco

Quanto à existência de juros intermediários (cupom) • Com cupom: menos risco • Sem cupom: mais risco

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Quanto às taxas para um mesmo prazo : • Pós fixadas (selic): menos risco: indexado à taxa Selic. Exemplo: Tesouro selic (LFT) • Pós fixado (IPCA): risco moderado. Exemplo: Tesouro IPCA (NTNB principal), Tesouro IPCA com juros semestrais (NTN-B) • Taxas prefixadas: mais risco. Exemplo: Tesouro prefixado (LTN), Tesouro prefixado com juros semestrais (NTN-F) Conclusão: vou definir o quanto de risco quero correr pela combinação taxa, prazo e cupom

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1.9 Renda Fixa e Riscos Apesar de a ideia de risco ser comumente associada a ativos de renda variável, o investidor em renda fixa, o que inclui os títulos públicos, também está exposto a riscos. Veremos a seguir os principais.

1.9.1 Risco de crédito Um dos riscos aos quais o investidor em renda fixa está exposto é o de crédito. O risco de crédito tem relação com a incerteza quanto ao recebimento dos fluxos “prometidos” por um título. Tanto títulos públicos como privados (como CDBs, debêntures, dentre outros), expõem o investidor a determinado nível de incerteza quanto ao recebimento. As já mencionadas agências de classificação de risco de crédito (rating) fazem avaliações detalhadas dos títulos e também das instituições emissoras (governo, empresas, etc) para determinar qual é a probabilidade de um calote no pagamento de juros aos investidores. Quanto maior for a probabilidade de inadimplência do emissor do título, maior será o risco do papel, e ele receberá uma nota baixa na escala das agências de ratings. E quanto menor for a chance de calote, menor será o risco do papel e melhor será a nota recebida. No caso de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, por exemplo, quanto melhor for a situação fiscal do governo brasileiro, menor será o risco dos títulos e melhor a nota que eles receberão das agências. Se a situação fiscal piorar, o risco aumentará, com impacto sobre os títulos. Tìtulos com maior risco de crédito tendem a pagar maiores taxas de juros, o que é natural, já que os investidores exigirão um retorno maior para serem recompensados por correrem aquele risco mais elevado.

1.9.2 Risco de taxa de juros

Vimos ao longo do nosso estudo sobre os títulos públicos que esses papéis têm marcação a mercado, ou seja, o preço a mercado deles é ajustado diariamente de acordo com o movimento das taxas de juros. Ao comprar títulos públicos, os investidores que desejam especular (negociar os títulos a mercado antes do vencimento) estão expostos ao risco de taxa de juros. Vale aqui recapitularmos o que vimos ao longo do curso:

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Portanto, ao vender um título antes de seu vencimento, o investidor poderá ganhar dinheiro se a taxa de juros cair, fazendo com que o preço a mercado do título suba, podendo superar o preço na curva e o preço que o investidor pagou inicialmente pelo papel. Mas o investidor poderá perder dinheiro se a taxa de juros subir, fazendo com que o preço a mercado do título caia, podendo ficar menor do que o preço na curva e o preço que o investidor pagou inicialmente pelo papel.

1.9.3 Risco de reinvestimento

Esse risco afeta investidores que detêm títulos de renda fixa (inclusive títulos públicos) que pagam cupons periódicos. Vimos que os títulos públicos NTN-F e NTN-B têm essa característica. Quando o investidor recebe o pagamento de cupons periódicos em sua conta, ele corre o risco de não encontrar no mercado um título com características semelhantes e com a mesma taxa de juros do título que originou o pagamento dos cupons. Essa dificuldade pode afetar especialmente investidores que têm foco no longo prazo, por exemplo, os que estão investindo em títulos públicos como forma de poupança para a aposentadoria. Abrir mão da rentabilidade original por não encontrar títulos com rentabilidade semelhante para reinvestir os cupons que recebeu pode afetar o planejamento como um todo. Esse risco, portanto, e as formas de mitigá-lo devem ser considerados pelo investidor em caso de planejamentos de longo prazo.

1.9.4 Risco da inflação

O investidor que aplica seus recursos em títulos prefixados, como a LTN (Tesouro Prefixado) correm o risco de terem sua rentabilidade real corroída em caso de uma alta brusca da inflação.

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Considere, por exemplo, o caso de um investidor que aplicou seus recursos em uma LTN que, na época da compra, estava oferecendo uma taxa de 12% ao ano. Imagine ainda que a inflação, na época, era de 4% ao ano. Nesse caso, a rentabilidade real (ganhos acima da inflação) do investidor seria de aproximadamente 8% ao ano. Contudo, se a inflação aumentar para 8% ao ano, por exemplo, a rentabilidade real do investidor passa a ser de aproximadamente 4% ao ano, bem menor do que na situação inicial. O investidor que deseja aplicar em um título prefixado, portanto, deve ficar atento às expectativas e projeções de inflação para os próximos meses e anos antes de tomar sua decisão.

1.9.5 Risco cambial

Movimentações bruscas do câmbio podem ter impacto na inflação ou na procura dos investidores estrangeiros por títulos públicos, com reflexo sobre as taxas de juros dos títulos públicos.

1.10 Índices de Mercado na Renda Fixa Assim como no mercado de ações os investidores consideram o Índice Bovespa como uma referência para avaliar o desempenho das ações, ou de carteiras de ações, na renda fixa também há os chamados benchmarks, ou índices de referência.

1.10.1 CDI

A taxa do CDI é uma taxa de juros que remunera operações de empréstimos por um dia entre bancos quando não há garantias de títulos públicos. Essa taxa é uma referência (benchmark) para as aplicações em renda fixa. É comum encontrar no mercado aplicações que oferecem rentabilidades atreladas ao CDI, por exemplo, 85% do CDI, ou CDI + 5%, etc.

1.10.2 Selic

As operações de empréstimos por um dia entre bancos que têm como garantia títulos públicos são as chamadas operações compromissadas. Cada uma dessas operações dá origem a uma taxa de juros. A média dessas taxas de juros, calculada pelo Banco Central, é chamada de Selic 58

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

efetiva. Embora não seja comum ver aplicações no mercado pagando um percentual da Selic, a taxa Selic efetiva é referência para um importante título público, a LFT ou Tesouro Selic. Esse título é corrigido diariamente e seu valor está atrelado ao movimento da taxa Selic efetiva diária.

1.10.3 Índices Anbima

IMA Geral: índice que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos públicos. Esse índice pode ser usado por investidores que montem carteiras com vários tipos de títulos públicos para comparar sua rentabilidade com a da carteira-referência do IMA. Do IMA Geral se originam outros subíndices mais específicos: IRF-M: índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos prefixados (LTN e NTN-F). IMA-B: índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos indexados à inflação (NTN-B). IMA-C: índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos indexados ao índice de inflação IGP-M (NTN-C). As NTN-C são títulos que não existem mais para serem comprados diretamente via Tesouro Direto. Elas são negociadas apenas no mercado secundário, ou seja, entre instituições e investidores que detém títulos que ainda não venceram. IMA-S: índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos indexados à taxa Selic (LFT).

1.11 Duration A duration de uma carteira ou de um título é uma medida de risco. Ela pode ser definida como o prazo médio de vencimento dos pagamentos dessa carteira ou desse título. Considere o seguinte exemplo: você investiu em um título público prefixado, uma LTN, que vencerá daqui a 5 anos. Hoje você compra esse título por um valor menor do que R$ 1.000, para receber exatamente R$ 1.000 no vencimento. Qual o prazo médio de recebimento desse título? A resposta é óbvia: como receberei um único fluxo de R$ 1.000 daqui a 5 anos, o prazo médio de recebimento desse título é de 5 anos.

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Agora imagine que você investiu em um título público prefixado que paga cupons (juros) semestrais (NTN-F), e que vencerá daqui a 5 anos. Você receberá cupons semestrais de aproximadamente R$ 48,80 e, no vencimento, receberá R$ 1.000 mais um cupom de R$ 48,80. Qual o prazo médio dos pagamentos desse título? A resposta não é exatamente 5 anos, porque, ao receber os pagamentos de cupom semestrais, você terá antecipado parte da rentabilidade. Por antecipar o recebimento de parte dos juros, o prazo médio desse título será menor do que 5 anos. Para calcular a duration de um título com pagamento de cupom, ou mesmo a duration de uma carteira com vários títulos, será preciso calcular uma média ponderada dos prazos de vencimento de todos os cupons de um título ou de todos os títulos de uma carteira. Essa média ponderada considerará os prazos de vencimento e também o valor presente de cada cupom ou de cada título. A Duration é considerada uma medida de risco dos títulos públicos (e privados também) porque, como já vimos, títulos com prazo mais longo são mais arriscados do que títulos que vencem em um prazo menor. A ideia vale também para o prazo médio (duration) do título ou da carteira.

1.11.1 Duration de Macaulay

A Duration de Macaulay será, então, o prazo médio de recebimento dos fluxos de um título público ou de uma carteira de títulos públicos. Essa medida será calculada a partir da média ponderada dos prazos. Para entendermos o cálculo da Duration de Macaulay, vamos considerar o seguinte exemplo: Imagine que você comprou um título público hipotético, prefixado, com as seguintes características: • Taxa de cupom: 10% • Taxa de juros do título (YTM): 12% a.a. • Valor de face: 1.000 • Vencimento: 10 anos • Pagamento de cupom anual

1-) Calcule a Duration de Macaulay do título

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Como o título tem um valor de face de 1.000 e uma taxa de cupom de 10%, os cupons anuais serão de: 10% x 1.000 = 100. No vencimento, o investidor recebe os 1.000 de valor de face, mais o último fluxo de 100, totalizando 1.100. O primeiro passo é calcularmos o valor presente do título. Para isso, é preciso trazer a valor presente cada um dos fluxos, pela taxa do título, que é de 12% ao ano. Usaremos a fórmula de valor presente, ou a função VP do Excel para cada um dos fluxos e seus respectivos prazos. Assim, chegamos aos valores presentes:

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O Valor Presente (PU) do título é, portanto, 886,9955. O segundo passo é atribuir pesos a cada um dos prazos de pagamento. Faremos isso dividindo cada um dos valores presentes dos fluxos pelo valor presente (PU) do título. Por exemplo, no ano 1, recebo um fluxo de 100, que, trazido a valor presente pela taxa de 12% dá 89,28571. Para calcular o peso do primeiro fluxo, então, divido 89,28571 por 886,9955, que é o PU do título. O resultado dessa divisão é 0,100661, e será esse o peso do meu fluxo do ano 1. Fazendo isso com cada um dos fluxos, chegamos aos pesos atribuídos a cada um deles:

O terceiro passo é multiplicar o peso de cada fluxo pelo período em que ele ocorre. Por exemplo: no ano 5, o peso atribuído ao fluxo é de 0,063972. Nesse caso, multiplico 0,063972 por 5, chegando a 0,319859. Faremos isso com cada fluxo, chegando a:

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O último passo é somar todas essas multiplicações. No caso do nosso exemplo, o somatório das multiplicações wt x t = 6,550386. Essa é a Duration de Macaulay. Assim, o prazo médio dos recebimentos desse título é de 6,55 anos. Embora o papel vença em 10 anos, e eu só vá receber tudo no vencimento, na média, eu vou receber o dinheiro em 6,55 anos. Esse título é menos arriscado do que outro que também tenha taxa de 12%, valor de face de 1.000 e vencimento em 10 anos, mas sem pagamento de cupom. Nesse caso, a Duration será de 10 anos, portanto, receberei meus pagamentos em um prazo médio maior (logo, há mais risco).

1.11.2 Duration Modificada

Voltando ao nosso exemplo do título com as seguintes características: • Taxa de cupom: 10% • Taxa de juros do título (YTM): 12% a.a. • Valor de face: 1.000 • Vencimento: 10 anos • Pagamento de cupom anual

Pede-se:

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2-) Calcule a Duration Modificada

A Duration Modificada pode ser calculada dividindo-se a Duration de Macaulay por (1+YTM). Duration de Macaulay: 6,550386 YTM: 12% Duration Modificada = 6,550386/(1+12%) = 5,848559322 A Duration Modificada indica a sensibilidade do preço de um título ao movimento da taxa de juros. Digamos que um título tenha uma Duration Modificada de 2. A interpretação desse dado é a seguinte: a cada 1% de variação na taxa de juros, o preço do título terá variação de 2%. No nosso exemplo, portanto, a cada 1% de variação na taxa de juros, o preço do título terá variação de 5,85%, aproximadamente. Se a taxa de juros subir 1%, por exemplo, o PU do título irá cair 5,85%. Se a taxa de juros cair 1%, o PU do título irá subir 5,85%. Assim, quanto maior a Duration Modificada, maior o risco do título, porque maior será a oscilação do preço a cada movimento de 1% na taxa de juros. Além disso, quanto maiores e mais frequentes forem os cupons, menor será a Duration (maior antecipação dos pagamentos) e menos arriscado será o título. E quanto menor for a YTM (a taxa do título), mais efeito terá a Duration sobre o preço do título.

1.11.3 Convexidade

A Convexidade é uma medida particularmente importante quando o investidor está avaliando dois títulos com Duration muito próxima ou igual. Nesse caso, pode-se calcular a Convexidade dos dois títulos e escolher aquele que tiver a maior. Quanto maior for a Convexidade, menor será a queda do preço do papel no caso de uma alta da taxa de juros e maior será a alta do preço do papel no caso de uma queda da taxa de juros. Mas lembre-se: isso só se aplica à análise de títulos com Duration muito próxima. O cálculo da Convexidade é feito através da seguinte equação:

Convexidade = 1/(1+y)2 x[∑ (wt x (t + t2)]

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Sendo que: • y = YYM (a taxa de juros do título) • wt = o peso atribuído a cada fluxo de pagamento do título • t = o prazo em que acontece o fluxo • ∑ (wt x (t + t2) = o somatório da multiplicação de cada wt pelo respectivo (t+t2)

Completando a tabela, então, temos:

1.12 Visão de Carteiras A partir do conhecimento do conceito de Duration, podemos pensar na montagem de carteiras de títulos públicos. Carteiras mais agressivas, para investidores com maior propensão ao risco, podem ser montadas com títulos de Duration maior e carteiras mais conservadoras devem focar em papéis com menor Duration. Além disso, quanto maior a quantidade de títulos como a LFT, indexada à taxa Selic e títulos privados como um CDB, menor tende a ser o risco da carteira. Isso porque esses títulos, em caso de resgate antecipado, pagarão o que foi acumulado de juros até aquele momento. Não é preciso 65

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calcular VNA desses títulos, trazendo o valor nominal (valor de face) do título a valor presente, e portanto, o impacto de alterações na taxa de juros sobre eles é mínimo. Já papéis como a LTN, NTN-F e NTN-B tornam a carteira mais arriscada caso o investidor considere a venda dos títulos antes do vencimento. Considere a carteira de títulos abaixo, que mostra o valor de mercado, a Duration e o peso de cada título na carteira.

A Duration da carteira é calculada como a média ponderada da Duration de cada título. Os pesos podem ser obtidos dividindo o valor de mercado do título pelo valor de mercado total da carteira. O título 1, por exemplo, tem valor de mercado de 10.000. Como o valor de mercado total da carteira é de 100.000 (10.000 + 40.000 + 50.000), o peso desse título será de 10.000/100.000 = 0,10 ou 10%. Os cálculos acima valem tanto para a Duration de Macaulay quanto para a Duration Modificada.

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2 CRÉDITO PRIVADO 2.1 Introdução Neste capítulo, abordaremos os detalhes sobre os principais títulos privados de renda fixa: suas características, a que tipos de investidores são indicados, os riscos de cada aplicação, etc. Os títulos de crédito privado que serão abordados serão: CDB, CRI e CRA, Debêntures, LCI e LCA, LC, Letras Financeiras, Poupança (que não é um título, mas será considerado também), DPGE, Cédula de Crédito Bancário, Operações Compromissadas e Notas Promissórias. Além disso, entenderemos um tópico fundamental para a disciplina, que é o conceito de securitização.

2.1.1 Investindo em títulos privados de renda fixa

Quando um investidor aplica seus recursos em títulos privados de renda fixa, na prática, está emprestando dinheiro para um banco ou uma empresa. Os bancos, por exemplo, captam recursos dos investidores para emprestar a outros clientes. As empresas usam os recursos captados para investir em projetos. Ao fim da aplicação (ou ao vender seu título ao mercado), o investidor recebe de volta o valor que havia emprestado, acrescido de juros. A lógica é a mesma dos títulos públicos, que são estudados em outra disciplina, com a diferença que, nesse caso, o investidor empresta seus recursos ao governo. A emissão de títulos é uma forma comum e importante de captar recursos e financiar projetos ou negócios para quem emite esse título. Na maioria das vezes, essas aplicações de renda fixa atraem os investidores pela previsibilidade, uma vez que as condições de rentabilidade são determinadas no momento da aplicação. Assim como no caso dos títulos públicos, o investimento em títulos privados pode ser prefixado, quando a taxa de juros da aplicação é contratada no momento em que o investimento é feito, ou pós-fixado, quando o retorno depende do indexador a que o título estiver atrelado.

2.1.2 Relação risco-retorno No geral, há uma regra clara quando pensamos em investimentos: quanto maior o risco e o tempo que o dinheiro ficar investido, maior deverá ser o retorno para o investidor. Quando o investidor empresta seus recursos, seja a um banco, a uma empresa, ou ao governo, está abrindo mão de ter aquele dinheiro em seu poder. Além disso, durante o tempo em que os recursos permanecerem aplicados, haverá inflação. Finalmente, há também o risco de não receber seu dinheiro de volta 67

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(no caso dos títulos públicos, esse risco é considerado baixíssimo, praticamente inexistente). Por conta do risco, da inflação e do sacrifício financeiro que o investidor faz ao aplicar seus recursos, ele tende a exigir um retorno maior quanto maior for o risco e maior o prazo da aplicação. Ativos de renda fixa de longo prazo, por exemplo, tendem a ter uma taxa de retorno maior. É importante lembrar que investir em renda fixa não garante exatamente que o investidor estará livre de oscilações na rentabilidade, pois podem ocorrer, por exemplo, variações na taxa de juros do país. 2.1.3 Indexador Muitos títulos de renda fixa têm sua rentabilidade atrelada a indexadores. Esse termo deriva da palavra “index”, que significa “índice”. O indexador serve de base para nortear a correção de valores nas aplicações financeiras. O mercado financeiro utiliza uma série de índices para atualizar e projetar os resultados dos investimentos, sendo os mais utilizados: DI (taxa de juros interbancária), IPCA (índice de preços ou inflação oficial do governo), IGP-M (índice de inflação) e Selic (taxa básica de juros).

2.1.4 Fundo Garantidor de Créditos

Quando um investidor aplica seus recursos em títulos de crédito privado, geralmente, está assumindo o risco de crédito da instituição que emitiu o título. Se a instituição quebrar, o prejuízo será do investidor, portanto. Nesse contexto, veremos agora detalhes sobre uma instituição de extrema importância para o bom funcionamento do mercado de crédito privado. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, responsável pelo socorro a correntistas, poupadores e investidores em caso de falência da instituição financeira que emitiu o título em que esses investidores aplicaram. A atuação do FGC é essencial para manter a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e contribuir para prevenção de crise bancária sistêmica. Há uma série de instituições associadas ao FGC, e que contribuem para a composição do fundo. As instituições associadas são: • bancos múltiplos • bancos comerciais • bancos de investimento 68

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• bancos de desenvolvimento • Caixa Econômica Federal • sociedades de crédito, financiamento e investimento • sociedades de crédito imobiliário • companhias hipotecárias • associações de poupança e empréstimo, em funcionamento no Brasil.

Até o final de 2017, caso uma instituição financeira quebrasse, era possível que os investidores recuperassem os depósitos ou créditos (em títulos garantidos, evidentemente) até o limite de R$250 mil por CPF/CNPJ e por instituição financeira de um mesmo conglomerado. Não havia, contudo, teto para garantia paga pelo FGC por CPF/CNPJ em qualquer período. Imagine, por exemplo, que um investidor tivesse R$ 5 milhões aplicados em 5 instituições financeiras diferentes, igualmente distribuídos entre elas (R$ 1 milhão aplicado em cada instituição). Se as 5 instituições quebrassem no mesmo ano, e as aplicações desse investidor fossem garantidas pelo FGC, ele teria direito a receber R$ 250 mil de cada, totalizando R$ 1,250 milhão. No entanto, essa regra foi modificada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim de 2017. O limite de R$ 250 mil por CPF/CNPJ e conglomerado financeiro, permaneceu inalterado. Contudo, o teto de recebimento de garantias passou a ser de R$ 1 milhão por CPF ou CNPJ, a cada período de 4 anos. Voltando exemplo do investidor, sob a nova regra, ele teria direito a receber R$ 250 mil por instituição, mas limitado ao teto de R$ 1 milhão. Se apenas uma das 5 instituições quebrasse, ele receberia R$ 250 mil em garantias e, pelos próximos 4 anos, poderia receber até R$ 750 mil adicionais do FGC. A contagem de 4 anos só começa a partir do primeiro evento de liquidação ou intervenção em instituição onde o investidor tenha valor garantido pelo FGC, e o teto é restabelecido após o período de 4 anos. A regra só se aplica a investimentos contratados ou repactuados a partir do dia 22 de dezembro de 2017. Produtos de renda fixa, como CDB, LCI, LCA e Letras de Câmbio, contam com a proteção do FGC.

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2.1.5 Riscos da Renda Fixa

Risco de crédito: risco de o emissor do título não honrar o compromisso que assumiu com os investidores (o famoso “calote”). Risco de mercado (ou de oscilação de taxa de juros): o preço a mercado de títulos prefixados e indexados à inflação cai quando os juros sobem, como efeito da marcação a mercado desses títulos. Dependendo da intensidade do movimento de alta dos juros, o preço a mercado dos títulos pode ficar menor do que o preço pago pelo investidor na compra. Risco de liquidez: muitos títulos não permitem resgate a qualquer momento, ou então, obrigam o investidor a aceitar um deságio para o resgate. Na maioria dos casos, para conseguir se desfazer do título, o investidor tem de vendê-lo no mercado secundário (para outros investidores), recebendo um valor menor (deságio). Risco operacional: risco ligado à operação de investimento (ou venda, ou resgate) em si. Exemplo: solicitar à corretora ou ao banco a compra de um título e receber outro; investir em um papel mas não ter a titularidade transferida para o seu CPF.

2.1.6 Securitização

O conceito de securitização será essencial para entendermos melhor alguns títulos de crédito privado, como os Certificados de Recebíveis, sejam Imobiliários (CRI) ou do Agronegócio (CRA). Securitizar significa “transformar em securities”, ou seja, converter ativos que normalmente têm pouca liquidez (como ativos imobiliários) em valores mobiliários líquidos (securities). O processo de securitização ganhou força na década de 1970 nos Estados Unidos, sobretudo com recebíveis imobiliários. Atualmente, é um conceito amplamente difundido. Praticamente qualquer ativo pode ser securitizado. Por meio da securitização, qualquer empresa de qualquer porte ou constituição jurídica pode levantar recursos cedendo recebíveis no mercado de capitais. Hoje, no mercado brasileiro, temos os seguintes instrumentos financeiros que são veículos de securitização: • CRI – Securitiza recebíveis com lastro imobiliário • CRA – Securitiza recebíveis com lastro no agronegócio • FIDC – Securitiza qualquer tipo de recebível

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Ampliando o conceito:

Fundo de Investimento Imobiliário (FII) – Securitiza imóveis Fundo de Investimento em Participações (FIP) – Securitiza empresas e companhias não listadas em Bolsa

2.1.7 Processo de securitização

Imagine que um credor vendeu para o devedor um produto ou serviço que será pago em 36 parcelas. O credor pode optar por passar os três anos seguintes recebendo os pagamentos mensais, ou então, securitizar essa dívida e receber antecipadamente.

O credor pode, então, procurar uma companhia securitizadora para vender a ela seu direito de recebimento contra o devedor. Ele receberá, naturalmente, um valor menor do que o que teria direito se recebesse a prazo, justamente por estar antecipando o recebimento. A securitizadora recebe os direitos sobre aquele crédito e emite títulos de dívida. Se o lastro da dívida for, por exemplo, o mercado imobiliário, esses títulos serão os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Os títulos são oferecidos aos investidores por meio de ofertas públicas, e também podem ser negociados entre investidores no mercado secundário.

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A securitização não muda o fato de que o devedor continua sendo obrigado a pagar as 36 parcelas da dívida. O pagamento, contudo, agora é feito à securitizadora, que é quem detém os direitos sobre aquele crédito. Quando a securitizadora recebe as parcelas do pagamento da dívida, distribui parte delas conforme determinado na emissão do título, como remuneração aos investidores.

2.2 Principais títulos de crédito privado Antes de passarmos ao estudo dos principais títulos privados que podem ser encontrados pelos investidores no mercado brasileiro, vejamos as principais formas de remuneração desses ativos:

1. Títulos Prefixados: possuem a remuneração atrelada a um percentual da taxa do CDI (taxa de juros dos empréstimos feitos entre bancos, pelo período de um dia, sem garantias em títulos públicos), e por isso é possível estimar o valor que será resgatado no vencimento. Essa rentabilidade, contudo, só será obtida se o investidor permanecer com o título até o vencimento. Em caso de resgate antecipado, dependendo do movimento da curva de juros, o investidor pode resgatar um valor menor do que aquele que teria se permanecesse com o título (preço na curva) ou até mesmo menor do que o valor investido inicialmente. 2. Pós-fixados: acompanham a variação no período de aplicação da taxa de juros do país (Selic) e costuma ser o mais comum entre os investidores. Os títulos pós-fixados praticamente não apresentam oscilações no preço em caso de resgate antecipado, já que são remunerados dia a dia de acordo com o movimento de um índice de referência

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(pode ser o CDI, a taxa Selic, etc). Esse tipo de título geralmente é mais indicado para investidores conservadores. 3. Indexados à inflação: pagam uma rentabilidade (prefixada) acrescida da variação de algum índice de inflação, como IPCA ou IGP-M (pós-fixada).

2.2.1 CDB

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título privado emitido por bancos, com o objetivo de captar recursos para financiar atividades como, por exemplo, de crédito. Uma explicação mais simplista é a de que o cliente empresta seus recursos ao banco por um prazo acordado, e o banco devolve o valor emprestado acrescido de uma taxa de juros no período. O CDB pós-fixado é mais indicado quando os juros estão em tendência de alta, porque a rentabilidade acompanha a elevação da taxa. É necessário que o investidor fique atento ao percentual do CDI que está sendo oferecido pela instituição financeira, que pode variar de cerca de 80% a 120% do CDI.

2.2.1.1 Comparativo de rentabilidades

No gráfico a seguir, há um comparativo de investimento em três tipos de CDB. Um paga 100% do CDI, outro paga 90% do CDI e o terceiro, 80% do CDI.

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O gráfico simula um investimento inicial de R$ 10.000, feito em dezembro de 2014 e resgatado em janeiro de 2017. O resgate do CDB de 100% do CDI seria de R$ 13.155 no período (desconsiderando impostos). Os resgates dos CDBs de 90% e 80% do CDI teriam sido de R$ 12.801 e 12.456, respectivamente (desconsiderando impostos). O próximo gráfico mostra um comparativo ano a ano entre as rentabilidades de um CDB que pagava 110% do CDI, da Poupança e do FGTS:

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TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

E a seguir, a curva de simulação de uma aplicação de R$ 5.000 entre dezembro de 2012 e janeiro de 2017 feita no CDB de 110% do CDI, na Poupança e rendendo à mesma taxa do FGTS:

2.2.1.2 Vantagens:

• É coberto pelo FGC; • Recomendável para diversificar carteiras de investidores que priorizam segurança pela garantia do FGC.

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2.2.1.3 Desvantagens:

• Há a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em caso de resgate de uma aplicação em período inferior a 30 dias; • Em caso de aplicações maiores do que R$250 mil, o investidor poderá perder o que ultrapassar esse valor em caso de falência da instituição emissora do CDB ou de intervenção do Banco Central nessa instituição.

2.2.1.4 Como investir em CDB

O investidor deve pesquisar qual prazo e taxa deseja obter no período de aplicação. Esses títulos são emitidos e distribuídos por diversas instituições financeiras, então podem ter diferenças significativas entre eles. Sendo assim, o investidor poderá considerar qual CDB se adequa mais ao seu perfil e necessidade.

2.2.1.5 Riscos

Ao aplicar seus recursos em um CDB, o investidor está sujeito a alguns tipos de risco. O primeiro é o de mercado. Alguns CDBs têm sua rentabilidade atrelada à taxa do CDI. Essa taxa pode oscilar de acordo com o cenário econômico, afetando, portanto, a rentabilidade do CDB caso o investidor deseje liquidar o investimento antes do vencimento do título. Esse risco é semelhante ao que corre o investidor que aplica seus recursos em títulos públicos prefixados, como a LTN (Tesouro Prefixado). Outro risco que o investidor corre é o de crédito. Quando um investidor aplica em um CDB, ele está correndo o risco de crédito da instituição emissora. Se o banco que emitiu o CDB quebrar, o investidor receberá apenas o valor garantido pelo FGC. Por isso, o recomendável é que se estabeleça o limite de R$250 mil aplicado em CDB de uma instituição. Caso o investidor queira aplicar um valor maior nesses títulos, o ideal é diversificar, procurando CDBs de outras instituições. Fazendo isso, ele minimizará o risco de crédito. O terceiro risco é o de liquidez. Se o CDB escolhido pelo investidor não permitir o resgate antecipado, ele terá de avaliar com cautela a opção. Se precisar dos recursos aplicados nesse CDB antes do vencimento, não poderá acessá-los. É possível vender o CDB a outros investidores (mercado secundário), mas trata-se de um mercado ainda pouco movimentado no Brasil e pode ser difícil vender o título nesse mercado por um valor satisfatório ao investidor. 76

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2.2.1.6 Aplicações mínimas

O valor mínimo de aplicação em um CDB é estabelecido pela instituição financeira emissora do ativo e pode variar. Há, por exemplo, CDBs com aplicação mínima de R$1.000, R$ 10.000, R$ 50.000, dentre outros valores.

2.2.1.7 Prazo

O prazo para resgate da aplicação também varia conforme o CDB e a instituição emissora. Pode oscilar desde a liquidez diária até à data de vencimento proposta pelo emissor do ativo, que pode chegar a até 5 anos.

2.2.1.8 Certificação

O investidor deve se certificar, no momento da aplicação, de que a corretora ou banco emissor possui o selo B3 Certifica. Essa é mais uma garantia de segurança e transparência ao investir em renda fixa, visto que sua aplicação estará registrada em seu CPF na B3 (ex-Cetip).

2.2.1.9 Liquidez

Há a possibilidade de optar por um CDB que possui liquidez diária. Há outros que estabelecem datas prefixadas para resgate. Quanto menor a liquidez, maior deve ser o retorno do CDB.

2.2.2 LCI e LCA

As LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio) são títulos de renda fixa, emitidos por instituições financeiras, com objetivo de financiar o setor imobiliário e agrícola, respectivamente. As LCI são títulos de crédito cujo lastro são créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou por alienação fiduciária de um imóvel. O total de LCIs que um banco emite não pode ultrapassar o valor dos créditos imobiliários em poder da instituição. Além disso, o prazo da LCI nunca pode ser maior do que o prazo de qualquer crédito que a lastreie. 77

TIPOS DE INVESTIMENTO – RENDA FIXA

Os emissores de uma LCI podem ser a Caixa Econômica Federal, bancos comerciais e múltiplos com carteira de crédito imobiliário, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimos, e companhias hipotecárias. Já as LCA são títulos cujo lastro são operações de crédito rural. Os limites mínimos de prazo são de 12 meses quando a LCA é atualizada anualmente por índices de preço e 90 dias, quando não é atualizada por índice de preços. Os emissores da LCA são instituições financeiras que têm carteira de crédito rural. Esses limites também valem para a LCI Do ponto de vista do investidor, não faz diferença escolher uma LCA ou uma LCI. Ele deve optar pelo título que oferecer a melhor taxa dentro das características procuradas.

2.2.2.1 Rentabilidade

Tanto a LCI quanto a LCA podem ter rentabilidade prefixada ou pós-fixada. No caso da prefixada, o investidor saberá exatamente quanto terá de rentabilidade no momento da aplicação. Já na pósfixada, o investidor terá a rentabilidade de sua aplicação indexada à taxa de juros básica do País (Selic) ou ao CDI (mais comum). O gráfico a seguir compara o investimento em uma LCI ou LCA a 95% do CDI em relação a um CDB que paga 100% do CDI.

Em função da isenção de Imposto de Renda sobre o ganho de capital da LCI/LCA, a aplicação tem 78

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uma rentabilidade líquida melhor do que a do CDB. É bem verdade que, há alguns anos, quando as LCI/LCA estavam no auge de popularidade entre os investidores, era possível encontrar esses títulos com altas rentabilidades, próximas a 100% do CDI. Ao longo do tempo, as taxas foram caindo e, atualmente, é possível encontrar títulos que pagam algo em torno de 95% do CDI (geralmente com um prazo de aplicação mais longo).

2.2.2.2 Vantagens

• O investimento em LCI e LCA é isento de Imposto de Renda (Pessoa Física); • Garantia de até R$ 250.000 por CPF e por instituição financeira dada pelo FGC, caso o Banco Central venha a decretar falência ou intervenção na respectiva instituição, o que caracterizaria como um seguro ao investidor contra perdas; • Investimento de baixo risco, se considerar a garantia do FGC (até R$250 mil); • Rentabilidade superior à da maioria das aplicações em renda fixa em função da isenção de imposto de renda sobre os ganhos na aplicação;

2.2.2.3 Desvantagens

• Em caso de alocação acima de R$250 mil, o investidor poderá perder o valor aplicado acima deste em caso de falência da instituição emissora do ativo • Liquidez, pois em geral os recursos podem ser resgatados apenas na data de vencimento do ativo. Atualmente, contudo, cada vez mais LCIs e LCAs com liquidez maior. Alguns títulos têm liquidez diária depois de 90 dias.

2.2.2.4 Como investir em LCIs ou LCAs?

O investidor deve pesquisar em uma corretora ou banco que ofereça esse tipo de título qual o prazo e a taxa que deseja obter no período de aplicação, em função da distribuição destes ativos serem realizadas por diversas instituições financeiras. Uma boa pesquisa fará com que o investidor possa considerar qual se adequa mais a sua necessidade e perfil.

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2.2.2.5 Risco

O investidor corre risco de crédito da instituição emissora. É recomendável que o investidor estabeleça o limite de R$250 mil por aplicação. No caso de investir valor superior, a sugestão é que se faça uma diversificação a partir de R$250 mil por instituição, minimizando os riscos. Aplicações mínimas Em geral, as aplicações mínimas partem de R$5 mil.

2.2.2.6 Prazo

Em geral, as LCI/LCA disponibilizadas possuem prazo mínimo de 3 meses e máximo de 2 anos, mas a data de vencimento pode ser mais extensa.

2.2.3 CRI e CRA

O CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e o CRA (Certificado de Recebíveis Agrícolas) são títulos de renda fixa emitidos por instituições securitizadoras, com objetivo de financiar projetos dos setores imobiliário e agrícola, respectivamente. Existem várias possibilidades de remuneração dos CRIs e CRAs. O mais comum é o pagamento de uma taxa prefixada, mais a variação da inflação (medida pelo IPCA). Também é possível que o rendimento seja vinculado ao DI, ou apenas prefixado. Geralmente, o pagamento de juros é feito de maneira periódica (cupons semestrais ou anuais) com pagamento do principal (investimento inicial) mais o último cupom de juros na data de vencimento. Diferentemente de outros títulos privados, os CRIs e CRAs não possuem a garantia do FGC. Portanto, é recomendável que o investidor avalie a nota de crédito concedida por uma agência de classificação de risco (rating) à emissora dos ativos, bem como a razão da emissão, para ter uma melhor noção dos riscos. De modo geral, CRIs e CRAs são produtos de diversificação mais indicados a investidores com objetivos de médio/longo prazo e agressivos quanto ao risco. 2.2.3.1 Vantagens

• Esses investimentos eram destinados apenas a investidores qualificados (com mais de 80

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R$ 1 milhão em investimentos). No entanto, as emissões recentes estão cada vez mais acessíveis a todos os investidores; • Há a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas; • Em geral, há previsibilidade no fluxo de caixa das remunerações e amortizações do ativo aos investidores; • Regime fiduciário garante segregação do risco do emissor. Isso quer dizer que caso a securitizadora tenha dificuldades financeiras o fluxo de pagamento para os investidores não será afetado, uma vez que os recebíveis estão separados do patrimônio da companhia emissora.

2.2.3.2 Desvantagens

• CRI e CRA não possuem garantia do FGC; • Liquidez reduzida. A recomendação seria resgatar os recursos apenas na data de vencimento do ativo, para evitar um grande deságio na venda antecipada.

2.2.3.3 Como investir em CRIs ou CRAs?

Geralmente, essas aplicações são oferecidas por corretoras. O investidor deve pesquisar, dentre as opções disponíveis, prazo e taxa que deseja obter no período de aplicação das emissões. Desta forma, poderá considerar qual se adequa mais ao seu perfil e necessidade.

2.2.3.4 Risco

Por não possuir a garantia do FGC, os riscos e as garantias dos CRIs e CRAs estão de acordo com a emissão do ativo e descritos no prospecto. No entanto, podem ser modificadas ao longo do período.

2.2.3.5 Aplicações mínimas

Em geral, as aplicações mínimas partem de R$1 mil.

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2.2.3.6 Prazo

O prazo depende da emissão de cada título. A maioria dos títulos têm prazos mais longos, se comparados aos de LCIs e LCAs, por exemplo.

2.2.3.7 Exemplo de prospecto de um CRI

A figura mostra o exemplo de um prospecto de emissão de CRI, detalhado abaixo.

• Securitizadora ou Emissora : RB Capital Cia de Securitização • Coordenador Líder: Banco Itaú BBA S.A. • Valor total da emissão: R$550 milhões, na Data de Emissão dos CRI, sendo que o valor total de emissão dos CRI DI, dos CRI IPCA Curta e dos CRI IPCA Longa será definido no Procedimento de Bookbuilding. • Devedora: BR Properties. • Valor Nominal Unitário dos CRI: O Valor Nominal Unitário dos CRI é de R$1.000,00, na Data de Emissão dos CRI.

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• Data de Emissão dos CRI: 28 de março de 2017; • A data de vencimento dos CRI DI será 17 de março de 2021. A data de vencimento dos CRI IPCA Curta será 19 de março de 2024 e a data de vencimento dos CRI IPCA Longa será 19 de março de 2030; • Remuneração dos CRI’s: O percentual máximo de (I) 0,90% para os CRI DI; (II) 1,20 para os CRI IPCA curto; (III) 1,75% para os CRI IPCA longo; • Valor do Imóvel: R$1.098.900.000,00 (um bilhão, noventa e oito milhões e novecentos mil reais)

2.2.3.8 Exemplos de CRIs e CRAs

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2.2.4 Debêntures

Debêntures são títulos de dívida de médio e longo prazo emitidos pelas companhias (seja de capital aberto ou fechado) para captar empréstimos diretamente no mercado de capitais. Elas conferem a seu detentor um direito de crédito contra a companhia emissora. Quem investe em debêntures se torna credor dessas companhias. No Brasil, as debêntures constituem uma das formas mais antigas de captação de recursos pelas empresas. A captação não é feita diretamente junto às instituições financeiras, mas junto ao investidor final, é necessário que o veículo para a captação seja a emissão de títulos. Todas as características desse investimento, como prazo, remuneração e outros, são definidas na escritura de emissão. As debêntures podem ser ou não conversíveis em ações da própria companhia emissora.

2.2.4.1 Tipos de debêntures

As debêntures podem ser: Simples - debêntures que são emitidas e permanecem com suas características até o vencimento (não são conversíveis); Conversíveis em ações - títulos de renda fixa que podem ser convertidos em ações (renda variável) da companhia emissora. Essa conversão funciona como um tipo de garantia para o

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investidor. Caso a empresa tenha dificuldades para pagar o credor, os títulos são convertidos em ações, que são uma fração do patrimônio da companhia. Debêntures conversíveis não são comuns no mercado brasileiro. Permutáveis - títulos de renda fixa que podem ser permutados por ações ou títulos de outras companhias. Nesse caso, a garantia oferecida pela possibilidade de permuta pode ser mais interessante para o investidor do que a das debêntures conversíveis em ações.

2.2.4.2 Mercados primário e secundário

Quando as debêntures são emitidas por uma companhia e vendidas a investidores e outras empresas pela primeira vez, essas operações são feitas no chamado mercado primário. A emissão primária é o processo de colocação, junto ao público, de um certo número de títulos e valores mobiliários para venda. Envolve desde o levantamento das intenções do mercado em relação aos valores mobiliários ofertados até a efetiva colocação junto ao público, incluindo a divulgação de informações, entre outras etapas. As debêntures adquiridas por um investidor podem ser vendidas antes do vencimento no mercado secundário, ou seja, debêntures já existentes, negociadas entre investidores.

2.2.4.3 Taxas de emissão As Debêntures podem ser tanto pré ou pós-fixadas. A decisão cabe exclusivamente à empresa no momento da emissão do ativo. Inclusive, as taxas podem estar atreladas a indicadores de inflação ou juros, como a Taxa Referencial (TR), ou a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), o IPCA, dentre outros. Geralmente, as debêntures pagam uma remuneração superior àquela dos títulos públicos, por causa do risco de crédito existente nesses títulos, o qual está ligado à capacidade de pagamento da companhia emissora.

2.2.4.4 Fluxo de pagamento

Pode haver pagamentos intermediários (cupons) ou pagamento de principal mais juros somente no vencimento do título. Existem ainda as chamadas debêntures conversíveis, as quais podem ser transformadas em ações da empresa.

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2.2.4.5 Vantagens

• Por serem negociadas no mercado secundário, algumas debêntures possuem liquidez razoável, e portanto há a possibilidade de venda antecipada; • As Debêntures de infraestrutura possuem isenção de Imposto de Renda sobre os ganhos para pessoas físicas, o que confere maior potencial de ganho a estes investidores em relação a outros ativos de renda fixa; • Por se tratar de um investimento em renda fixa, o investidor tem a previsão do fluxo de caixa dos pagamentos de remuneração e amortizações do título. • Rentabilidade atrativa quando comparada a outros produtos de renda fixa

2.2.4.6 Desvantagens

• Não possuem garantia do FGC; • Por ser emissão de empresas, podem ter risco superior aos demais ativos de renda fixa.

2.2.4.7 Como investir

O investidor deve pesquisar quais debêntures estão disponíveis no mercado secundário para aquisição ou entrar no mercado primário em caso de nova emissão.

2.2.4.8 Risco

Risco de crédito: se a empresa quebrar, o investidor perde parte do capital

a) Avalie o rating e a capacidade de pagamento da empresa;



b) Verifique as garantias reais das debêntures caso a empresa não pague sua dívida;



c) Debêntures de prazos mais curtos oferecem menos risco;



d) Diversifique sua carteira de debêntures. 86

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Risco de mercado: se a remuneração da debênture for prefixada, caso o juro real suba, o título perde valor, e vice-versa. Sem garantias do FGC: as debêntures não contam com o “seguro” do FGC. Logo, só são interessantes se pagarem um prêmio em relação à rentabilidade de investimentos com proteção do FGC. Todos os riscos e, por conseguinte, as garantias das Debêntures variam de acordo com a emissão do ativo, mas podem ser modificados ao longo do período tanto do ponto de vista positivo como negativo para o investidor.

2.2.4.9 Aplicações mínimas

Qualquer investidor pode aplicar em debêntures, mas o valor inicial varia de uma oferta para outra. Algumas empresas exigem aplicação mínima de R$ 1.000, enquanto outras podem fixar o valor inicial em R$ 100 mil, R$ 300 mil ou até mais.

2.2.4.10 Prazo

Varia de acordo com a emissão. Contudo, as debêntures devem possuir prazo de vencimento superior a um ano. Assim, normalmente, para projetos de longo prazo, as empresas podem emitir debêntures e financiar tais projetos.

2.2.4.11 Tipos de garantia

Quirografária: Não oferece privilégio ou preferência sobre o ativo do emissor. O debenturista concorre em igualdade de condições com outros credores não preferenciais, em caso de falência da companhia. O valor de emissão limitado ao capital social integralizado da companhia emissora. Subordinada: Em caso de liquidação da companhia emissora, oferece preferência de pagamento apenas em relação ao crédito dos acionistas. Pertence a uma categoria inferior à quirografária e não tem limite de emissão. Flutuante: A garantia flutuante assegura à debênture privilégio geral sobre o ativo da companhia, mas não impede a negociação dos bens que compõem esse ativo. O valor de emissão é limitado 87

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a 70% do valor contábil do ativo da companhia, diminuído do montante de suas dívidas garantidas por direitos reais. Garantia Real: Garantida por bens do ativo da companhia, especificados nos documentos de emissão. O valor de emissão é limitado a 80% dos bens dados em garantia, da companhia emissora ou de terceiros, quando o valor da emissão superar o capital social da companhia emissora. É essencial que o investidor conheça os tipos de garantias das debêntures e identifique, ao investir em uma, qual o tipo de garantia envolvida. Em caso de falência da empresa emissora da debênture, dependendo do tipo de garantia do título, há maior ou menor chance de que aquele investidor receba o que tem direito. Juridicamente, há uma ordem de prioridade no pagamento de créditos em caso de falência.

Prioridade de créditos (falência): 1. Dívidas trabalhistas (até 150 salários mínimos) 2. Dívidas com garantias reais (até o limite do valor do bem) 3. Dívidas tributárias (exceto multas tributárias) 4. Dívidas quirografárias (não subordinadas) 5. Multas contratuais e multas tributárias 6. Dívidas subordinadas (sócios/adm. s/ vínculo emprego) 7. Acionistas As debêntures quirografárias, por exemplo, deixam seus detentores em quarto lugar na ordem de recebimento caso a empresa emissora quebre. Quanto mais distante nessa “fila” a garantia de recebimento estiver, maior o risco da debênture. Consequentemente, maior deverá ser a taxa de retorno oferecida por esse título para o investidor. Há ainda outros credores que têm prioridade no recebimento em caso de falência. Créditos não sujeitos à recuperação judicial ou falência 1. Propriedade fiduciária

2. Alienação fiduciária

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3. Cessão fiduciária



4. Arrendamento mercantil



5. Adiantamento de contrato de câmbio

2.2.4.12 Garantias acessórias

Garantia fidejussória: É uma fiança prestada geralmente pelos acionistas controladores ou por empresa ligada ao grupo. Covenants: Conjunto de obrigações assumidas pela companhia para assegurar o cumprimento da quitação da dívida com o debenturista. Tem função de determinar parâmetros que devem ser seguidos, na relação de negócios estabelecidos em seus contratos por todo o tempo de vigência da debênture. Exemplo: não deixar que seu endividamento ultrapasse 50% durante o prazo da debênture.

2.2.4.13 Debêntures Incentivadas

As debêntures incentivadas, também conhecidas como debêntures de infraestrutura, são semelhantes às debêntures comuns, mas contam com uma grande vantagem: a isenção de IR para pessoas físicas. Por lei, esses títulos podem ser emitidos para financiar obras de logística, transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações e saneamento. Quase sempre, os papéis pagam uma taxa real (IPCA + juros). A aplicação mínima, em geral, é a partir de R$ 1.000. Assim como o investidor precisa encontrar a taxa líquida de remuneração de um CDB para compará-lo a uma LCI, por exemplo, o investidor também precisa descontar o IR de uma debênture comum ou de Tesouro IPCA para compará-los a uma debênture incentivada.

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2.3 Outras aplicações de crédito privado: LC, LF, Poupança, DPGE 2.3.1 Letra de Câmbio (LC)

A LC (Letra de Câmbio), apesar de não possuir relação com o investimento em moedas, é utilizada pela instituição financeira como forma de captação de recursos financeiros para empréstimos às pessoas físicas ou jurídicas que firmaram algum contrato de financiamento. As LC não são emitidas por bancos, sendo geradas por instituições financeiras que trabalham, em geral, com crédito consignado ou pessoal. O termo câmbio vem da forma de cobrança destes créditos, que podem ser via ação cambial. A rentabilidade deste tipo de investimento costuma ser mais expressiva que os demais ativos de renda fixa.

2.3.1.1 Vantagens

• É coberta pelo FGC; • É indicada para diversificação na carteira de investimentos daqueles que priorizam segurança e rentabilidade.

2.3.1.2 Desvantagens

• Geralmente possui prazos mais extensos de aplicação;

2.3.1.3 Como investir

O investidor deve na corretora ou banco que oferece esse título qual prazo e taxa deseja obter no período de aplicação, em função da distribuição destes ativos serem realizadas por diversas instituições financeiras. Sendo assim, o investidor poderá considerar qual se adequa mais a sua necessidade e perfil.

2.3.1.4 Risco

O recomendável é que o investidor estabeleça o limite de R$250 mil por aplicação, já que 90

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corre o risco de crédito da instituição emissora. No caso de aplicar valor acima, a sugestão é a diversificação a partir de R$250 mil por instituição, minimizando seu risco e contando com a cobertura do FGC.

2.3.1.5 Aplicações mínimas

Em geral, as aplicações mínimas partem de R$ 5 mil.

2.3.1.6 Prazo

Em geral, as Letras de Crédito são disponibilizadas com vencimentos a partir de 1 ano, mas o mais comum é encontrar com vencimentos e carência de 2 ou 3 anos.

2.3.2 Letras Financeiras (LF)

Letras Financeiras são títulos emitidos por instituições financeiras com a finalidade de captar recursos de longo prazo. Tem vencimento superior a dois anos e valor de emissão elevado. Em contrapartida, oferece aos investidores melhor rentabilidade do que outras aplicações financeiras com liquidez diária ou com prazo inferior de vencimento.

Dessa forma, a LF beneficia tanto as instituições financeiras que necessitam captar recursos quanto os investidores que possuem montante relevante para aplicações de longo prazo. A remuneração pode ser por meio de taxas de juros prefixadas, combinadas ou não com taxas flutuantes ou índices de preços. Elas podem ser recompradas pelas instituições financeiras emissoras em montante que não ultrapasse 5% do total emitido. Devem ter valor nominal unitário igual ou superior a R$150 mil.

2.3.2.1 Vantagens

• Diversificação de investimento, além de ser uma alternativa de aplicação de longo prazo que oferece condições de remuneração diferenciadas. • Sendo um investimento em renda fixa, o investidor tem previsão do fluxo de caixa gerado

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pelas remunerações (juros) e amortizações.

2.3.2.2 Desvantagens

• Valor unitário mínimo de R$150 mil pode ser um empecilho para pessoas físicas. • Prazo mínimo para vencimento de 24 meses, sem possibilidade de recompra ou resgate antes desse prazo, e prazo mínimo para pagamento de rendimentos de 180 dias. • Liquidez baixa: pode não haver interessados em comprar as LFs no mercado secundário caso o detentor precise sair do investimento antes do vencimento do título.

2.3.2.3 Como investir

É recomendável que o investidor consulte na instituição financeira a disponibilidade dos ativos, taxas e prazos de vencimento.

2.3.2.4 Risco

Não há garantia do FGC e, portanto, há o risco de crédito do emissor, ou seja, o risco de a instituição emissora do título não honrar os pagamentos previstos.

2.3.2.5 Aplicações mínimas

A partir de R$150 mil. Prazo mínimo 24 meses, vedado o resgate total ou parcial antes do vencimento.

2.3.3 Poupança

A Poupança é uma das aplicações financeiras de renda fixa mais tradicionais do mercado. Não se trata de um título de crédito privado, mas, por ter algumas características similares, será considerada também nessa disciplina. De acordo com a legislação atual, a remuneração dos depósitos de poupança é composta de duas parcelas:

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I - a remuneração básica, dada pela Taxa Referencial (TR) II - a remuneração adicional, correspondente a: a) 0,5% ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%; ou b) 70% da meta da taxa Selic ao ano, mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for igual ou inferior a 8,5%. A data de aniversário da conta de depósito de poupança é o dia do mês de sua abertura. Considera-se a data de aniversário das contas abertas nos dias 29, 30 e 31 como o dia 1° do mês seguinte.

2.3.3.1 Vantagens

Liquidez diária, facilidade na aplicação e garantia do FGC.

2.3.3.2 Desvantagens

Possui um dos menores rendimentos dentre todas as aplicações de renda fixa.

2.3.3.3 Como investir

Todas as instituições financeiras comerciais, ou seja, os principais bancos do país, disponibilizam aplicações em poupança.

2.3.3.4 Risco

O risco neste caso seria governamental, portanto pode ser considerado extremamente baixo, ainda mais se levar em consideração que o último confisco da poupança ocorreu em 1990.

2.3.3.5 Aplicações mínimas

Não há um valor mínimo a investir.

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2.3.3.6 Prazo mínimo

Não há prazo para resgate.

2.3.4 DPGE

Falaremos agora do Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE). Abordamos anteriormente outros títulos que contavam com garantias do FGC para valores até R$ 250 mil. O DPGE é um tipo de aplicação que conta com uma garantia especial, que vai até R$ 20 milhões. O DPGE foi criado em 2009, em um período de dificuldades no sistema financeiro brasileiro. Os bancos pequenos e médios enfrentavam dificuldades de liquidez e muitos corriam o risco de quebrar. Foi nesse contexto que o Banco Central criou o DPGE, para facilitar a captação de recursos para os bancos com dificuldades. Para essas aplicações, foi concedida a cobertura de até R$ 20 milhões, com a garantia de pagamento do valor (em caso de quebra da instituição) em até três dias úteis.

2.3.4.1. Características

O DPGE é um título que apresenta algumas restrições ao investidor. A principal é a de liquidez. O prazo dos depósitos fica entre 06 e 36 meses, sem a possibilidade de resgate antecipado (o que vai ao encontro do propósito de criação do DPGE, que era de ajudar bancos com problemas de liquidez). As primeiras emissões de DPGE foram feitas em 2009 e houve ainda uma segunda fase em 2012. Desde então, não foram autorizadas novas emissões. Portanto, a tendência é que, com o vencimento dos títulos emitidos, não haja mais disponibilidade no mercado. Apesar de não haver novas emissões, é possível que investidores comprem esses títulos no mercado secundário (de outros investidores). A tributação do DPGE segue a tabela regressiva do Imposto de Renda para a renda fixa.

2.3.4.2 Risco

O principal risco de investimento em DPGE é o de crédito, já que o investidor depende da 94

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capacidade de pagamento da instituição financeira para receber de volta o valor aplicado acrescido de juros.

2.4 Outras aplicações: CCB, LH, Compromissadas e Notas Promissórias 2.4.1. Cédula de Crédito Bancário (CCB)

A CCB é um título muito comum no cotidiano de instituições bancárias. Toda vez que um banco concede ou oferece crédito a um cliente, ele faz isso via CCB. Operações com cartões de crédito, empréstimos pessoais, limite de cheque especial, dentre outras linhas de crédito bancário são feitas via CCB. Uma das razões pelas quais os bancos recorrem comumente à CCB é o fato desse título ser executivo. Ou seja, em caso de inadimplência do tomador de crédito, o credor (banco) não precisa discutir a existência ou não da dívida, mas pode executar o título contra o devedor. O emissor da CCB é sempre uma pessoa física ou pessoa jurídica (cliente) tendo a instituição bancária (credor) como contraparte. Na prática, o próprio banco emite a CCB declarando como emissor o cliente. Essas condições geralmente são inseridas nos termos da prestação de serviços do banco aos clientes. A CCB é um título de dívida que pode ser transferido e negociado, e de fato essa negociação ocorre com frequência. Os bancos geralmente vendem CCB para fundos de renda fixa de crédito privado, fundos de pensão, outros bancos, etc.

2.4.2 CCCB

Uma variação da CCB é o Certificado da Cédula de Crédito Bancário (CCCB), que pode ser descrito de forma simplificada como um conjunto de CCB que é “empacotado” na forma do Certificado e posteriormente negociado entre instituições. Quem emite as CCCB são as próprias instituições financeiras emissoras de CCB. Os Certificados são frequentemente comprados por fundos de pensão e fundos de crédito privado. A negociação de CCCB é mais comum do que a das Cédulas que originaram o Certificado. As CCCB têm lastro nas CCB emitidas e custodiadas pelo emissor. Elas podem ser negociadas no mercado nacional ou internacional, com pessoas ou instituições, sejam elas integrantes do Sistema Financeiro Nacional ou não.

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O emissor das Cédulas é o responsável pela origem, a autenticidade e a adequação jurídica das CCB. Além disso, o emissor também se responsabiliza pela cobrança dos clientes cujas operações de crédito deram origem às CCB. Porém, caso haja calote em alguma operação de crédito, quem assume a perda não é o emissor, e sim o comprador das Cédulas. Outra característica importante da CCCB é que os valores recebidos não podem ser alcançados por credores do emissor. Isso significa que, se a instituição emissora do CCCB quebrar, os credores dessa instituição não podem requerer quaisquer direitos sobre as Cédulas vendidas para outras instituições.

2.4.3 Letra Hipotecária (LH) A Letra Hipotecária foi criada em 1988 como um título lastreado em créditos imobiliários concedidos por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e garantidos por hipoteca. A hipoteca é um instrumento por meio do qual um cliente de instituição financeira obtém uma linha de crédito (financiamento imobiliário, inclusive) dando seu imóvel como garantia. Portanto, em caso de inadimplência, a instituição financeira pode exigir em juízo que o imóvel seja leiloado para saldar a dívida. Se a instituição financeira conceder crédito a um cliente tendo como garantia a hipoteca, ela pode emitir a LH. Esse título é semelhante à LCI, que já estudamos. A diferença é que o banco pode emitir uma LCI caso tenha um crédito imobiliário lastreado em hipoteca ou em alienação fiduciária. A alienação fiduciária é um instrumento de garantia que dá mais agilidade jurídica para que a instituição credora recupere o imóvel financiado em caso de inadimplência do tomador. Já a LH pode ser emitida exclusivamente a partir de créditos lastreados em hipoteca. A LH é isenta de Imposto de Renda para pessoas físicas e tem garantia do FGC até R$ 250 mil. O prazo mínimo desse título é de 6 meses e não há um prazo máximo.

2.4.4 Operações Compromissadas As operações compromissadas não são exatamente títulos de renda fixa, mas uma forma de operar esses títulos. Uma operação compromissada envolve a compra ou venda de títulos de renda fixa (públicos e privados) com compromisso de revenda (reversão) da operação. Em uma operação desse tipo, uma das partes compra títulos da outra, com o compromisso de, em um determinado período, revender os títulos à parte que originalmente os detinha.

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Considerando as operações compromissadas com títulos de crédito privado, não há uma exigência legal quanto ao prazo de duração, que é definido entre as partes. A recompra/revenda pode ser no dia do vencimento, a qualquer momento até o dia do vencimento ou no dia seguinte ao do vencimento (over). Essa última opção é a mais comum nas operações compromissadas. A maioria das operações acontece entre bancos, ou então entre um banco e o Banco Central, com vencimento em um dia (over). Os bancos podem emitir operações compromissadas tendo pessoa física ou jurídica (não financeira) como contraparte. As operações compromissadas não contam com cobertura do FGC. A tributação sobre essas operações segue a tabela regressiva de Imposto de Renda e pode haver também cobrança de IOF, dependendo do prazo (menos de 30 dias).

2.4.5 Nota Promissória

As notas promissórias (também chamadas de nota comercial ou commercial papers) são títulos antigos no mercado financeiro e de capitais. Elas podem ser emitidas por empresas de qualquer forma jurídica e tem como característica o prazo de vencimento, que pode ser de, no máximo, um ano. Portanto, geralmente, esses títulos são emitidos por empresas com objetivos de curto prazo, como financiamento de fluxo de caixa, por exemplo. A única exceção ao prazo de 1 ano para vencimento são as notas emitidas com esforços restritos, ou seja, oferecidas a um número limitado de investidores qualificados (fundos de investimento, por exemplo, ou pessoas físicas com mais de R$ 1 milhão em investimentos). Nesse caso, a oferta deve contar com um agente fiduciário para coordenar o processo.

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GLOSSÁRIO Benchmark No universo das finanças, Benchmark é um termo comumente associado a um índice, ou uma taxa de juros, que será usada como referência para a meta de rentabilidade de outra aplicação. Por exemplo, um fundo de renda fixa pode ter como “benchmark”, ou seja, tem como referência a taxa do CDI, tendo como meta, então, superar essa taxa. CDB O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título privado emitido por bancos, com o objetivo de captar recursos para financiar atividades como, por exemplo, de crédito. Uma explicação mais simplista é a de que o cliente empresta seus recursos ao banco por um prazo acordado, e o banco devolve o valor emprestado acrescido de uma taxa de juros no período. CDI A taxa do CDI é uma taxa de juros que remunera operações de empréstimos por um dia entre bancos quando não há garantias de títulos públicos. Essa taxa é uma referência (benchmark) para as aplicações em renda fixa. É comum encontrar no mercado aplicações que oferecem rentabilidades atreladas ao CDI, por exemplo, 85% do CDI, ou CDI + 5%, etc. Cédula de Crédito Bancário A CCB é um título muito comum no cotidiano de instituições bancárias. Toda vez que um banco concede ou oferece crédito a um cliente, ele faz isso via CCB. Operações com cartões de crédito, empréstimos pessoais, limite de cheque especial, dentre outras linhas de crédito bancário são feitas via CCB. Certificado de Cédula de Crédito Bancário Uma variação da CCB é o Certificado da Cédula de Crédito Bancário (CCCB), que pode ser descrito de forma simplificada como um conjunto de CCB que é “empacotado” na forma do Certificado e posteriormente negociado entre instituições. Quem emite as CCCB são as próprias instituições financeiras emissoras de CCB. Os Certificados são frequentemente comprados por fundos de pensão e fundos de crédito privado. A negociação de CCCB é mais comum do que a das Cédulas que originaram o Certificado. Convexidade A Convexidade é uma medida particularmente importante quando o investidor está avaliando dois títulos com Duration muito próxima ou igual. Nesse caso, pode-se calcular a Convexidade dos dois títulos e escolher aquele que tiver a maior. 98

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CRI e CRA CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e o CRA (Certificado de Recebíveis Agrícolas) são títulos de renda fixa emitidos por instituições securitizadoras, com objetivo de financiar projetos dos setores imobiliário e agrícola, respectivamente. Cupom Há títulos públicos como o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) que pagam juros periódico ao investidor. Nesse caso, o cupom representa o valor dos juros. O valor do cupom é definido a partir de uma porcentagem calculada sobre o valor de face do título. Essa porcentagem é denominada taxa de cupom. Data de vencimento Momento previsto para resgate do título, quando o investidor receberá seu valor de face contratado na ocasião do investimento. Esse valor de face inclui o principal (valor pago pelo título) mais os juros. Caso o investidor permaneça com o título até o vencimento, o valor que ele receberá será o valor de face. Se vender o título antes do vencimento, ele receberá o valor de mercado (que poderá ser maior ou menor que o valor de face). Debêntures Debêntures são títulos de dívida de médio e longo prazo emitidos pelas companhias (seja de capital aberto ou fechado) para captar empréstimos diretamente no mercado de capitais. Elas conferem a seu detentor um direito de crédito contra a companhia emissora. Quem investe em debêntures se torna credor dessas companhias. Debêntures conversíveis Títulos de renda fixa que podem ser convertidos em ações (renda variável) da companhia emissora. Essa conversão funciona como um tipo de garantia para o investidor. Caso a empresa tenha dificuldades para pagar o credor, os títulos são convertidos em ações, que são uma fração do patrimônio da companhia. Debêntures conversíveis não são comuns no mercado brasileiro. Debêntures Incentivadas,as debêntures incentivadas, também conhecidas como debêntures de infraestrutura, são semelhantes às debêntures comuns, mas contam com uma grande vantagem: a isenção de IR para pessoas físicas. Debêntures Permutáveis Títulos de renda fixa que podem ser permutados por ações ou títulos de outras companhias. Nesse caso, a garantia oferecida pela possibilidade de permuta pode ser mais interessante para o investidor do que a das debêntures conversíveis em ações.

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Debêntures Simples Debêntures que são emitidas e permanecem com suas características até o vencimento (não são conversíveis); Dívida Pública É a dívida que o governo tem junto aos investidores em títulos públicos. DPGE É um tipo de aplicação que conta com uma garantia especial, que vai até R$ 20 milhões. O DPGE foi criado em 2009, em um período de dificuldades no sistema financeiro brasileiro. Os bancos pequenos e médios enfrentavam dificuldades de liquidez e muitos corriam o risco de quebrar. Foi nesse contexto que o Banco Central criou o DPGE, para facilitar a captação de recursos para os bancos com dificuldades. Para essas aplicações, foi concedida a cobertura de até R$ 20 milhões, com a garantia de pagamento do valor (em caso de quebra da instituição) em até três dias úteis. Duration A duration de uma carteira ou de um título é uma medida de risco. Ela pode ser definida como o prazo médio de vencimento dos pagamentos dessa carteira ou desse título. Duration de Macaulay A Duration de Macaulay será o prazo médio de recebimento dos fluxos de um título público ou de uma carteira de títulos públicos. Essa medida será calculada a partir da média ponderada dos prazos. Duration Modificada A Duration Modificada indica a sensibilidade do preço de um título ao movimento da taxa de juros. A Duration Modificada pode ser calculada dividindo-se a Duration de Macaulay por (1+YTM). Ebitda O acrônimo EBITDA significa Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, que é a tradução da expressão em inglês Earnings before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. Ele mede o potencial que uma empresa tem de gerar caixa a partir de sua operação, não levando em conta o resultado financeiro e a depreciação. Emissão Primária (Mercado Primário) Emissão primária é o processo de colocação, junto ao público, de um certo número de títulos e valores mobiliários para venda. Envolve desde o levantamento das intenções do mercado em relação aos valores mobiliários ofertados até a efetiva colocação junto ao público, incluindo a divulgação de informações, entre outras etapas. 100

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Fundo Garantidor de Créditos Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, responsável pelo socorro a correntistas, poupadores e investidores em caso de falência da instituição financeira que emitiu o título em que esses investidores aplicaram. A atuação do FGC é essencial para manter a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e contribuir para prevenção de crise bancária sistêmica. Letra de Câmbio A LC (Letra de Câmbio), apesar de não possuir relação com o investimento em moedas, é utilizada pela instituição financeira como forma de captação de recursos financeiros para empréstimos às pessoas físicas ou jurídicas que firmaram algum contrato de financiamento. As LC não são emitidas por bancos, sendo geradas por instituições financeiras que trabalham, em geral, com crédito consignado ou pessoal. O termo câmbio vem da forma de cobrança destes créditos, que podem ser via ação cambial. A rentabilidade deste tipo de investimento costuma ser mais expressiva que os demais ativos de renda fixa. LCI As LCI são títulos de crédito cujo lastro são créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou por alienação fiduciária de um imóvel. O total de LCIs que um banco emite não pode ultrapassar o valor dos créditos imobiliários em poder da instituição. Além disso, o prazo da LCI nunca pode ser maior do que o prazo de qualquer crédito que a lastreie. LCA LCA são títulos cujo lastro são operações de crédito rural. Os limites mínimos de prazo são de 12 meses quando a LCA é atualizada anualmente por índices de preço e 90 dias, quando não é atualizada por índice de preços. Os emissores da LCA são instituições financeiras que têm carteira de crédito rural. Esses limites também valem para a LCI. Letra do Tesouro Nacional A LTN ou Tesouro Prefixado é, como seu nome indica, um título prefixado sem pagamento de cupons periódicos. O valor desse título no vencimento (valor de face) é sempre de R$ 1.000. Isso significa que esse título é sempre negociado com deságio, ou seja, por um valor de mercado sempre menor do que o valor de face, para, no vencimento, receber R$ 1.000. Letra Financeira Letras Financeiras são títulos emitidos por instituições financeiras com a finalidade de captar recursos de longo prazo. Tem vencimento superior a dois anos e valor de emissão elevado. Em contrapartida, oferece aos investidores melhor rentabilidade do que outras aplicações financeiras

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com liquidez diária ou com prazo inferior de vencimento. Letra Financeira do Tesouro A LFT (Tesouro Selic) tem as seguintes características: é um Título Pós-Fixado, sem pagamento de cupom; pagamento bullet, ou seja, o principal mais os juros são pagos no vencimento; sua rentabilidade segue a variação acumulada da taxa Selic efetiva diária acrescida, se houver, de ágio ou deságio no momento da compra. Letra Hipotecária A Letra Hipotecária foi criada em 1988 como um título lastreado em créditos imobiliários concedidos por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e garantidos por hipoteca. IMA-B,índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos indexados à inflação (NTN-B). IMA-C Índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos indexados ao índice de inflação IGP-M (NTN-C). As NTN-C são títulos que não existem mais para serem comprados diretamente via Tesouro Direto. Elas são negociadas apenas no mercado secundário, ou seja, entre instituições e investidores que detém títulos que ainda não venceram. IMA Geral Índice que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos públicos. Esse índice pode ser usado por investidores que montem carteiras com vários tipos de títulos públicos para comparar sua rentabilidade com a da carteira-referência do IMA. IMA-S Índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos indexados à taxa Selic (LFT). Indexadores Esse termo deriva da palavra “index”, que significa “índice”. O indexador serve de base para nortear a correção de valores nas aplicações financeiras. O mercado financeiro utiliza uma série de índices para atualizar e projetar os resultados dos investimentos, sendo os mais utilizados: DI (taxa de juros interbancária), IPCA (índice de preços ou inflação oficial do governo), IGP-M (índice de inflação) e Selic (taxa básica de juros). IRF-M Índice de referência que mede a rentabilidade de uma carteira teórica de títulos prefixados (LTN e NTN-F). 102

Marcação a Mercado

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Marcação a mercado é a atualização diária no preço de um título ao seu valor de mercado, para que o valor de um título, ou de uma carteira de títulos, reflita quanto o investidor efetivamente receberia caso os papéis fossem vendidos naquela data. Mercado secundário Mercado de negociação, entre investidores, de títulos e valores mobiliários já emitidos. Nota do Tesouro Nacional Série B Principal,a NTN-B Principal (também conhecida como Tesouro IPCA+) é um título que paga uma taxa real de juros mais uma correção da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o índice de preços oficial usado pelo governo brasileiro para definir as metas de inflação. A composição dessa taxa real mais a correção da inflação nos dá a rentabilidade nominal do título. Nota do Tesouro Nacional Série B A NTN-B (Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais) tem as mesmas características da NTN-B Principal, com uma única diferença: ela paga cupons semestrais. Nota do Tesouro Nacional Série F A NTN-F (Título Prefixado com Juros Semestrais) é um título semelhante à LTN nos seguintes aspectos: também é um título prefixado - no momento da aplicação, o investidor já sabe qual é a rentabilidade contratada; também tem valor de face (valor de vencimento) sempre de R$ 1.000; a marcação a mercado é feita pela taxa de juro nominal esperada para determinado prazo. A diferença é que a NTN-F paga cupom (juros) semestrais até o vencimento, antecipando, portanto, parte da rentabilidade do investidor. O valor dos juros pagos semestralmente é definido por uma taxa de juros chamada taxa de cupom, que sempre é de 10% ao ano (4,88% ao semestre), e que incide sobre o valor de face (R$ 1.000).

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