Renda Fixa E Tesouro Direto

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renda fixa e Tesouro direto

índice

INTRODUÇÃO O mercado financeiro oferece várias opções de investimentos para quem, como você, está formando poupança, ou seja, gastando menos do que recebe em renda. As principais são os mercados de ações, juros, câmbio e, mais recentemente, imobiliário. É verdade que o mercado imobiliário sempre foi uma alternativa de investimento, só não fazia parte do mercado financeiro. Com a criação dos Fundos de Investimento Imobiliário no Brasil (FII), o ramo imobiliário entrou para o mercado financeiro, ganhando características de liquidez, publicidade e generalidade. Insistimos que o bom investidor é aquele que domina todos esses mercados, porque ele:

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→→ diversifica os riscos a que se expõe; →→ investe de maneira eficiente em cada mercado. Temos certeza de que a diversificação é uma necessidade, pois os diferentes mercados reagem de maneira distinta a fatores conjunturais 3

INTRODUÇÃO sobre os quais o investidor não tem, nem de longe, controle (dinâmica econômica, crises políticas, guerras, etc.). O objetivo aqui não é, todavia, justificar a necessidade de diversificação. Se você não tem certeza de que uma estratégia de diversificação seja obrigatória, recomendo a leitura do excelente livro Alocação de Ativos, do Henrique Carvalho, educador financeiro bastante conhecido. Ebook Alocação de Ativos

O método Carteira RICA parte do pressuposto de que você entende a necessidade de diversificar, mas encontra alguns dos seguintes proble-

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mas: →→ Não tem tempo, nem vontade, de passar o dia inteiro na frente de um home-broker esperando a oportunidade da vez; →→ Além disso, não se sente confortável em adquirir ETF, pois há várias 4

INTRODUÇÃO “laranjas podres no saco”, e sabe que pode investir melhor do que isso escolhendo bons ativos; →→ Já descobriu que a Bolsa de Valores nem sempre é o investimento mais rentável; →→ Descobriu, por conta própria, que a análise técnica de ações toma todo o seu tempo e, pior, é ineficaz, mas não conhece cursos mais

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profundos sobre fundamentos.

→→ Não sabe com certeza ainda, mas já desconfia, que o Tesouro Direto pode deixá-lo rico, e que a taxa de contratação raramente será sua rentabilidade efetiva; 5

INTRODUÇÃO →→ Não sabe dizer se o câmbio está caro ou está barato, nem acredita no dólar como forma de investimento, pois o que viu é um dólar desvalorizando-se frente ao real na última década (isso tem mudado de uns tempos para cá); →→ Crê que os Fundos imobiliários têm que ser avaliados pelo lastro, mais do que pelo simples rendimento do último mês, mas não tem ideia de como fazer isso ou calcular um preço justo para eles. Com relação especificamente à renda fixa e ao Tesouro Direto, objeto específico deste material, já ouvi de vários investidores que o rendimento lhes parece baixo se comparado às ações. Estão enganados. O histórico, os gráficos, mostram que o rendimento do Tesouro há muitos anos é superior ao IBOV. Isso eu falo para o

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Tesouro como investimento de longo prazo (buy and hold – comprar e permanecer com o título). Para o especulador em juros, então, o rendimento foi infinitamente maior. Mas especular com Tesouro é arriscado como especular na Bolsa de 6

INTRODUÇÃO Valores? Não. O investimento no Tesouro tem ainda a válvula de escape: se a pessoa compra no momento errado e seu título perde valor, ela pode guardá-lo para manter a rentabilidade contratada. Basta carregá-lo até o vencimento. Em que hipótese isso aconteceria? Bom, aconteceu, por exemplo, com o “louco” que comprou títulos pré-fixados quando a Selic estava em 7,25% no início de 2013. Era nitidamente um piso da Selic (como veremos adiante). Para esse “louco”, que fez tudo ao contrário, às vezes a saída encontrada é baixar a cabeça e ficar com o título até o vencimento. Claro, isso se ele não conhece as técnicas que ensinaremos aqui, com

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as quais ele pode manobrar de maneira a recuperar o valor perdido nessa má compra. É verdade que certo feeling você aprenderá com tempo e experiência, mas aqui vai um consolo: com as noções práticas iniciais de especula7

INTRODUÇÃO ção e com nossa poderosa área de debates, você já poderá de imediato fazer ótimos investimentos. Para facilitar um pouco as coisas, a mídia irá ajudar-te, embora não tenha a menor noção de especulação com juros. Ocorre que os jornalistas dão um jeito de se informar com o mercado se a tendência dos juros é de subida ou de queda e acabam noticiando isso a “torto e a direito” (muitas vezes de maneira equivocada, mas você sempre será informado de que algo está ocorrendo). Tendo uma noção do movimento de juros, ainda que “de segunda mão” (no começo, depois você será capaz de tirar suas próprias antecipações sobre o movimento da curva), você poderá elaborar sua estra-

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tégia e ser capaz de obter um retorno seguramente inimaginável para aqueles que desdenham as taxas de contratação anunciadas pelo BC. Outra questão muito importante: essas análises tomarão todo o meu tempo? Claro que não. Após ler e entender o material, o que você terá 8

INTRODUÇÃO de fazer é traçar o seu roteiro e fazer a atualização trimestral (ou mensal, para quem preferir) das planilhas até que elas apontem um novo movimento. O curso começará com o básico: a apresentação do mercado de títulos públicos. Em seguida, iremos direto à parte prática e, por último, à parte teórica. Isso para agilizar o processo e te deixar logo com as ferramentas em mãos. A parte teórica contém o significado real dos juros, as forças que sobre ele atuam. Quanto aos conceitos econômicos (Lei da Oferta e Procura, Contas Nacionais, Balanço de Pagamentos e Modelo IS-LM) daremos uma explicação geral, pois esse é um curso de investimentos, não uma faculda-

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de de economia. A internet possui bastante informação para aprofundar tais conceitos. Além disso, apresentamos no material alguma bibliografia (o material do Paulo Viceconti e Silvério das Neves é muito didático, muito bom 9

INTRODUÇÃO para o iniciante). Ao final, o objetivo é que você esteja preparado para compreender os gráficos, compreender a dinâmica da conjuntura econômica e elaborar suas próprias estratégias com base em nosso roteiro.

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Desejo a você bons estudos e bons investimentos!

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índice INTRODUÇÃO índice

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parte prática conhecendo os títulos do tesouro

13 13

Prefixados (títulos de taxa nominal) Títulos mistos (títulos de taxa real) Títulos posfixados Perguntas comuns tributação por que o td não é renda fixa? os juros compostos Quais os mais especulativos: prefixados ou mistos? princípio da atualização diária Conclusão

renda fixa: títulos privados o segredo da renda fixa

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3

Cetip Certifica O que está coberto? Mais informações Qual tipo de remuneração escolher? Desvantagens e vantagens

14 16 19 20 21 23 24 30 32 38

39

41 44 45 46 47 47

Quanto aplicar em renda fixa?

estratégias em tesouro direto básicas

48

50

Cuidado com o IOF Em geral, não indicamos o Tselic. intermediárias compre na alta, venda na baixa aproveite as ocasiões conturbadas Juros externos um erro muito comum avançadas títulos mistos

50 50 50 53 53 54 57 58 66 68

estratégias por título

68

estratégias de curva de juros

94

Estratégias O segredo do Tipca curto Potencial especulativo títulos prefixados Estratégias Mistos versus prefixados Uso dos Tpre Alavancando ganhos com DI futuro

69 73 75 77 78 82 83 90

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índice Fontes de informações Mídia Bacen Fipe Ibge Análise fundamentalista Principais variáveis econômicas

como as taxas são determinadas?

Comportamento econômico em gráficos Análise Grafista

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parte teórica O que são juros?

Determinação da taxa de juros Fator Risco Fator compensação pelo uso Força de queda no longo prazo Forças de alta Dinâmica no curto e médio prazo Preço e lei da oferta e procura Contas Nacionais Balanço de Pagamentos Políticas fiscal, monetária e modelo IS/LM

98 98 99 100 100 101 101 111 115 125

Mercado de emprego e Trade-off com inflação Tábua de variáveis e movimentos

Livros sobre Macroeconomia

193 197

200

142 142

143 143 144 145 149 164 164 165 171 177

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parte prática conhecendo os títulos do tesouro Com a nomenclatura atual do T.D. (Tesouro Direto), adotaremos certas siglas para nos referirmos aos títulos ofertados, que são:

Tipca: Tesouro Ipca (antiga NTNB Principal) Tipcaj: Tesouro Ipca com juros semestrais (antiga NTNB) Tigpm: Tesouro Igpm (antiga NTNC Principal, não mais ofertado) Tigpmj: Tesouro Igpm com juros semestrais (antiga NTNC)

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Tpre: Tesouro Prefixado (antiga LTN) Tprej: Tesouro Prefixado com juros semestrais (antiga NTNF) Tselic: Tesouro Selic (antiga LFT)

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parte prática Conforme nossa nomenclatura, os títulos do Tesouro serão considerados prefixados, mistos e posfixados.

Prefixados (títulos de taxa nominal)

Os títulos totalmente prefixados são o Tpre e o Tprej. Ambos possuem a taxa totalmente estipulada na data da contratação, com a diferença que os Tprej pagam cupons de juros semestrais. O valor nominal desses títulos, no vencimento, é de R$ 1.000,00 cada um. Isso significa o valor que por eles será pago quando da data do vencimento e, por ser definido em termos nominais (e não em termos reais, como nos títulos mistos), toda a rentabilidade nominal do título no período está predeterminada.

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Quanto vale o cupom do Tprej? O cupom equivale a R$ 48,81 por título (http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/metodologia/ntnf.pdf), o equivalente a 10% aa. Datas dos pagamentos: Tprej: 01/07 e 01/01. 14

parte prática É possível ganhar comprando o título logo antes do pagamento e vendendo logo após? Não, pois o valor do cupom é abatido do valor do título.

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Qual a diferença entre real e nominal? A diferença está em levar em consideração, ou não, a inflação em seus cálculos. Um quilo de arroz custa 1 real no ano 1. No ano seguinte, ano 2, com a inflação de 5%, esse arroz custa R$1,05. Em termos nominais (desconsiderada a inflação), houve um aumento de 5% no quilo de arroz, que passou de 1,00 para 1,05. Em termos reais (levada em conta a inflação),não houve aumento no preço do arroz, pois R$1,05 no ano 2 equivale exatamente a R$1,00 no ano 1.

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parte prática Assim, a rentabilidade real de um título distingue-se da nominal. No caso dos títulos totalmente prefixados, a rentabilidade real será tão maior quanto menor for a inflação entre a compra e a data do vencimento e, portanto, não é previamente conhecida. Já a rentabilidade nominal está totalmente predeterminada e, por isso, é chamado de Tesouro Prefixado, Tpre.

Títulos mistos (títulos de taxa real)

Os títulos mistos são os Tipca, Tipcaj, Tigpm e Tigpmj. Esses títulos são considerados mistos porque sua rentabilidade nominal é variável, conforme a inflação até o vencimento. Por outro lado, a rentabilidade real até o vencimento é totalmente predeterminada,

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sendo equivalente à taxa contratada. As diferenças entre os títulos se dão pelo índice de reajuste de seu valor nominal atualizado (o chamado VNA), que pode ser o IPCA (oficial), ou o IGPM (da FGV) e pelo fato de haver, ou não, pagamento semestral de juros (o “j” ao final). 16

parte prática Quanto vale o cupom do Tipcaj e do Tigpmj? Esse cupom equivale a 6% aa sobre o Valor Nominal Atualizado, ou seja, cada cupom vale 2,9563% do chamado VNA. (http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/metodologia/ntnb.pdf)

Quanto é o VNA? O Valor Nominal Atualizado significa que os títulos valem sempre R$1.000,00, mas não no vencimento, mas na data-base (início da venda) e, portanto, seguirá sempre em atualização inflacionária. Entre um mês e outro, o VNA seguirá o índice oficial publicado (em geral, IPCA,

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pois não são mais vendidos Tigpm), mas, como os títulos são negociados diariamente, entre esses períodos, o valor é atualizado por uma taxa pro rata da expectativa de inflação até a próxima medição. Isso garante que a rentabilidade real será totalmente predeterminada, 17

parte prática mas a rentabilidade nominal desses títulos variará conforme a inflação. Por isso, são chamados títulos mistos, pois sua rentabilidade (nominal) depende da inflação do período e de uma taxa de contratação, essa sim, predeterminada.

Datas dos pagamentos: Tipcaj e Tigpm: 15/02 e 15/08.

É possível ganhar comprando o título logo antes do pagamento e vendendo logo após? Não, pois o valor do cupom é abatido do valor do título.

Por que 2,956% e não 3%, por que 4,88% e não 5%? Porque em matemática financeira as contas não são de adição e subíndice

tração, mas de multiplicação e divisão. Assim, ( 1 + 2,9563% ) * (1 + 2,9563% ) = ( 1 + 6% ). Equivalendo a um juros anual de 6%.

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parte prática Títulos posfixados

Esses títulos, os Tselic, não possuem, na data da contratação, qualquer promessa ou garantia de rentabilidade futura, seja em termos reais, seja em termos nominais. Tais títulos estão atrelados à Selic e aumentarão de valor diariamente, à taxa pro rata dessa medida. Ao contrário dos demais títulos, os Tselic nunca diminuem de valor e, por isso, são considerados mais seguros que os demais. (http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/metodo-

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logia/lft.pdf)

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parte prática {{Perguntas comuns • Vendi o título, ou adquiri o título no meio do período entre um pagamento de cupom e outro. Receberei algo proporcional? Não. O pagamento será integral para aquele que detiver o título no último dia de negociação “com juros”. • Quero fazer simulações, posso? Fique à vontade: http://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/calculadora/calculadora.aspx • Gostaria de um título indexado ao IGPM, existe? Sim, há debêntures e até LCI, às vezes, ofertadas atreladas a esse índice. Já vi o Banco Máxima, por exemplo, oferecer LCI assim. Cuidado porque nem sempre o IGPM será maior que o IPCA, mais à frente nesse material você aprenderá quando ele é mais alto e quando é mais baixo. índice

• O cupom interfere na rentabilidade do título? Indiretamente, um pouco. Por serem pagos periodicamente, sobre os primeiros cupons incidirá um I.R. maior do que os futuros. Assim, a TIR (taxa interna de retorno) real e líquida de um Tprej e um Tpre, ainda que as taxas 20

parte prática de contratação sejam as mesmas (e haja reinvestimento automático dos cupons), não será igual. Além disso, nos títulos mistos, o cupom reduz consideravelmente o potencial especulativo do título, considerando prazos de vencimento iguais.

tributação

Os impostos incidentes sobre operações no Tesouro Direto são os mesmos da Renda Fixa: • IOF, com alíquota regressiva, para aplicações inferiores a 30 dias. • IR, também regressivo, para vendas ou recebimentos de cupons conforme prazos da tabela abaixo. Atentar para o fato de que as alíquotas incidem somente sobre o lucro,

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não sobre o valor total da venda do título. Lembre-se, também, que a alíquota de aplicações de 181 dias, por exemplo, é a de 20% (e assim por diante).

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Fonte: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/detalhes-da-tributacao-do-tesouro-direto

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parte prática por que o td não é renda fixa?

Basicamente, porque os títulos são negociados a valor de mercado e têm um outro valor, o de face, que representa o valor que será pago por cada título na data de seu vencimento (Valor Nominal no Vencimento para os títulos prefixados e Valor Real no Vencimento – valor na data-base – para os títulos mistos). Isso é tão importante assim? É, pois, dado que no vencimento eles serão resgatados por um valor já predeterminado (real ou nominal), qualquer alteração na taxa de venda daquele título resultará em alteração do seu valor de mercado no presente. Suponhamos que o valor de face (no vencimento) de um título é R$1.000 e ele será resgatado daqui a um ano.

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Se você o compra por R$800, ele renderá 25% ao ano. Porém, se você comprá-lo por R$909,09, ele terá rendido apenas 10% ao ano. Veja que de R$800 para R$909 houve um aumento de 13,6% no valor de mercado do título e, por isso, sua remuneração caiu 60% com relação à 23

parte prática remuneração anterior. Afinal, quanto mais caro você pagar pelo título, menos ele irá render. Tudo funciona em uma fórmula de juros compostos, mas de “cabeça para baixo”, pois você não tem que encontrar o valor futuro, mas o valor presente de um título que valerá um valor futuro já predeterminado.

os juros compostos

Essa fórmula nós aprenderemos por exemplos. Vejamos: Você aplica hoje 1.000,00 reais a 10% ao ano. No ano que vem, você tem 1.100,00. No outro você terá 1.200,00?

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Não, errado. Esses seriam os juros simples. Nos juros compostos, no ano que vem você receberá os 10% não sobre 1.000,00 inicial, mas sobre os 1.100,00 que será o que você terá acumulado ao início do novo período. 24

parte prática Assim, você terá após dois anos 1.210,00. Mas para quê complicar a conta por causa de dez reais? Esses dez reais, após muitos anos são capazes de comprar casas, carros, etc. A maioria das fortunas está baseada nesses dez reais da diferença, pois este valor aumenta exponencialmente com o tempo. Então, qual a fórmula para os juros compostos?

(Valor final) = (Valor inicial) x ( 1 + taxa) ^ elevado ao número de períodos (sejam meses, anos, etc.)

Apoiados no exemplo anterior, obtemos:

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Vi = 1.000,00 Taxa = 10% = 10/100 = 0,1 Tempo = 2 anos 25

parte prática Vf = 1.000,00 x (1 + 0,1) ^ 2 = 1.210,00 Repare que: 0,1 = 10% e o acento circunflexo (^) é o sinal para potenciação nas planilhas eletrônicas (Excel, BROffice, etc.).

Ok. Mas como saber o valor hoje do título? Então, no caso do Tesouro, tudo funciona ao revés. Você tem: O valor final: 1.000,00. A taxa: 12% a.a.

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Os períodos de hoje até o vencimento: suponhamos que sejam 10 anos.

Basta substituirmos os dados que temos na fórmula acima. Porém, a diferença é que temos o valor final e não temos o valor inicial, por isso é um cálculo “de cabeça para baixo”: 26

parte prática (Valor de hoje) x (1+ 0,12) ^ 10 = 1.000,00

Logo: (Valor de hoje) = 1.000,00 / 1,12^10 (Valor de hoje) = 321,97

Suponhamos que você comprou o título hoje, mas amanhã o BC altera a taxa para 11% a.a. (queda de 1 ponto percentual), por algum motivo: (Valor de amanhã) = 1.000/1,11^10 (Valor de amanhã) = 352,18 Nota: Arredondamos o número de períodos para 10 anos, mas, como

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se passou 1 dia, o valor deveria ter sido elevado a 9,99726, aproximadamente. Assim, seu “título” rendeu mágicos 9,38% em um dia. É muita rentabilidade! Mas é só um exemplo matemático. As variações 27

parte prática das taxas de contratação não são bruscas nem frequentes o suficiente para você manter uma média diária de 10%.

Essa fórmula é para os Tpre e Tprej. Mas e no caso dos títulos mistos Tipca e Tigpm? Funciona da mesma forma, mais ou menos. Nesse caso a fórmula matemática é muito mais complexa, para uma ideia que é, no fundo, a mesma. Cálculo: http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/divida/decretos/

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Bonds_Versao_portugues_atualizado_Revisado.pdf

Se houvesse um valor final nominal (valor de face), como nos prefixados e se aplicasse o cálculo do valor presente sobre esse valor, quando 28

parte prática a inflação aumentasse o investidor perderia rentabilidade. Mas isso não ocorre. Esses títulos aumentam de valor nominal conforme a inflação ou, em outras palavras, preservam seu valor real. Tudo isso, sem alterar a sistemática da parte prefixada (remuneração), correspondente aos juros que são pagos além da inflação. Nesses títulos, há o VNA (valor nominal atualizado) que aumenta com o tempo (pela inflação), sobre o qual é a aplicado o cálculo do Valor Presente. Por isso o chamamos de misto (terminologia nossa). Abaixo segue uma explicação da metodologia de cálculo com exemplos:

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http://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/metodologia.asp

O importante é você entender que: →→ Há a parte do “rendimento” referente à atualização. Esta parte não 29

parte prática está sujeita a especulação; →→ Há a parte referente à remuneração, sujeita a “ágio”, esta sim, sujeita a especulação.

Quais os mais especulativos: prefixados ou mistos?

Os mistos. Você aprenderá, ao longo do curso, que os títulos mistos – Tipca e Tipcaj – são os mais especulativos e, portanto, melhores para as técnicas que ensinaremos aqui. Em primeiro lugar, os títulos mistos têm, em média, prazos mais longos para o vencimento e, por isso, o chamado fator de acumulação, ou fator de atualização, é altamente potencializado.

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O chamado fator de acumulação refere-se à fórmula “( 1 + taxa) ^ tempo”. E esse fator está explícita ou implicitamente embutido em qualquer cálculo de juros compostos, mesmo que de maneira disfarçada. Assim, se o tempo é de 10 períodos ou de 20 períodos, a diferença em 30

parte prática um resultado final não é de 2 vezes o primeiro resultado, pois estamos falando de uma potenciação. Imagine uma taxa de 10% aa, o fator de acumulação em 10 anos seria de 2,59 (159%), ao passo que, em 20 anos, representaria uma acumulação de 6,73 (573%). Em outras palavras, o dobro do tempo equivale a uma acumulação exponencialmente maior do que a primeira. Se a acumulação (valor presente levado a valor futuro) é exponencialmente maior, o chamado “desconto” (valor futuro trazido a valor presente) também é potencializado quanto maior for o tempo até o vencimento. Resumo de toda essa complicação matemática: para especular, use somente os títulos de longo vencimento. O mais longo vencimento, sempre? Nem sempre, pois o fato de haver pagamento de cupons de juros também interfere na especulação. Títuíndice

los que não pagam juros os carregam “embutidos” em seu preço e, por isso, são mais especulativos. Os títulos que pagam cupons, metaforicamente dizendo, é como se tivessem uma parte sujeita a “juros simples”, ou, em outra metáfora, é 31

parte prática como se sofressem “amortizações” periódicas e, por isso, têm sua especulação reduzida. Obviamente, são duas analogias, pois esses termos que empregamos têm outro significado matemático-financeiro.

princípio da atualização diária

Praticamente todos os dias recebemos a seguinte pergunta de nossos alunos:

“Comprei um Tipca à taxa de 5%, hoje ele está sendo vendido a 6%, vale a pena eu vender meu título e recomprar agora, a essa taxa maior? Meu medo é carregar o título até o vencimento e ter um rendimento de apenas 5% aa. Se eu vendê-lo agora e recomprar a 6%, apesar do meu pre-

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juízo passado, nessa nova operação garantirei 6% aa até o vencimento, uma situação muito melhor!”

Não fique com vergonha se você já teve essa ideia. Como eu disse, a 32

parte prática grande maioria dos alunos tem a impressão de que essa estratégia é possível e, pior, quem nunca fez o nosso curso pode, inclusive, ter concretizado a ideia. Mas, nossa função aqui é, justamente, ensinar-lhes o correto: infelizmente, essa ideia acima não faz, matematicamente, o menor sentido.

O princípio da atualização diária prega o seguinte: →→ Todos os títulos são iguais, não importa a taxa que você pagou por ele. O seu Tipca 2050 é igual ao meu Tipca 2050; →→ Assim, os títulos renderão, de hoje até o vencimento, a taxa de contratação hoje oferecida. O meu Tipca comprado a 5% e o seu comprado a 6%, renderão 6,2% até o vencimento se 6,2% for a taxa hoje

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ofertada; →→ Então tanto faz comprar a uma taxa ou a outra? Claro que não, mas a diferença entre taxas já está refletida, sempre, na rentabilidade passada, não na futura. 33

parte prática Dito isso, vender hoje um título comprado no passado a 4,5% para comprar o mesmo título oferecido hoje a 6% só vai levar a uma perda, a saber, a perda pelo spread praticado pelo Bacen na recompra antecipada (spread é a diferença de taxa entre os títulos que o TD vende e a taxa que ele paga quando compra de você).

Vamos usar um exemplo matemático? Cortesia de um aluno, que o elaborou justamente para compreendê-lo melhor. Valor nominal do título no vencimento: 1.000,00 Prazo para o vencimento: 2 anos. Taxa de contratação: 9% aa. Valor de mercado do título na compra: 1.000/(1+9%)^2 = 841,68 índice

Após um ano, o comprador esperava que seu título valesse 841,68 * (1 + 9%) = 917,43. Realmente, se se tratasse de uma renda fixa, é isso que ele valeria. Porém, para a surpresa do investidor, eis que, nesse momento (após 1 34

parte prática ano), a taxa é alterada pelo Tesouro para 11%. Quanto é o novo valor de mercado do título? 1.000/(1+9%) = 900,90 O investidor, que esperava uma rentabilidade de 9% aa, teve, em seu primeiro ano, uma rentabilidade de (valor de venda)/(valor de compra) = 900,90/841,68 = 7,03%. Chateado, o investidor vende o seu título comprado à taxa de 9% aa e o recompra, pelo mesmo valor, à taxa de 11% aa, uma taxa melhor, querendo aumentar sua rentabilidade. Para isso, suponhamos que não houvesse o spread, ou seja, que ele conseguisse vender para o TD seu título pelos 900,90 (na verdade o TD o comprará por 890,00, por exemplo).

índice

Esse título, agora, renderá 11% ao ano, conforme a taxa agora de contratação, sendo resgatado no vencimento, um ano depois, por 1.000,00. Assim, no primeiro ano, o título rendeu 7% e, no segundo, 11%. Se ele 35

parte prática tivesse mantido o título, ele teria rendido 9% aa por dois anos. Calculemos o fator de acumulação: (1+7%)*(1+11%) = 1,19

Porém, incrivelmente (ou não), se ele tivesse ficado “quieto”, o título teria rendido exatamente o mesmo: (1+9%)*(1+9%) = 1,19

O que isso tudo significa? Significa que, após um ano, quando a taxa se elevou para 11%aa, essa passou a ser a nova taxa de rentabilidade futura para todos que detinham o título, independente da taxa de compra! índice

Mas qual a diferença que a taxa de compra faz? A taxa de contratação baixa se refletiu, no caso, em uma rentabilidade passada mais baixa, que será compensada por uma rentabilidade futura maior.

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parte prática Guarde isso: a rentabilidade insuficiente de um título mal comprado, com relação a uma taxa atual, ficou no passado. Vendê-lo, para recomprar à mesma taxa, somente trará o prejuízo do spread.

Como você verá mais à frente, somente venda um título se houver uma expectativa de elevação futura da taxa, ou seja, se a taxa está a 10% e há a expectativa de subir a 11%, por exemplo. No exemplo dado, o investidor achava que estava vendendo um título de 9% de rentabilidade futura até o vencimento para comprar um de 11%. Na verdade, ele estava vendendo um título de 11% para comprar o mesmo título de 11% logo depois. Qual o erro do investidor, no caso? O erro foi manter o título durante a

índice

subida da taxa de 9% para 11%. Nesse período, ele experimentou uma rentabilidade inferior, ou, se a elevação da taxa tivesse sido mais rápida, poderia ter, inclusive, experimentado uma rentabilidade negativa.

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parte prática {{Conclusão A única pergunta que você deve fazer antes de vender um título prefixado ou misto é: a taxa continuará subindo? Ou, tem potencial de ainda subir consideravelmente? Se houver expectativa de elevação da taxa, venda o título prefixado ou misto, principalmente os longos, e evite um prejuízo, decorrente do princípio da atualização diária dos títulos. Por outro lado, se o título for misto e curto (três ou quatro anos até o vencimento, por exemplo), as variações de taxa influenciarão bem pouco a rentabilidade até o vencimento, não havendo muito com que se preocupar nesse caso. Lembre-se do que já dissemos: quando se diz que o título carregado índice

até o vencimento renderá a taxa contratada, isso não comporta exceções. Mas, visto de outro ângulo, o que temos é que a taxa contratada somente será a taxa efetiva se levado o título até o vencimento. Antes disso, esqueça a taxa contratada, ela interfere no quanto você já 38

parte prática ganhou, mas não no que você ainda ganhará. Nisso, só interfere a taxa atual do título, se você pretender levar ao vencimento. E, no caso de especulação e venda antecipada, também as taxas futuras.

renda fixa: títulos privados No mercado de títulos privados, há diversas opções de investimento. Resumidamente, esses títulos são:

• CDB e RDB: títulos emitidos pelas instituições financeiras para se financiarem. Emite-se um certificado ou um recibo de que determi-

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nado banco recebeu um depósito seu. São protegidos pelo FGC; • LC (letras de câmbio): são emitidas por Financeiras (e não por bancos) e têm lastro em uma transação comercial. São protegidas pelo FGC; 39

parte prática • LCA (letra de crédito agropecuário), LCI (letras de crédito imobiliário): são títulos emitidos por instituições financeiras e que possuem lastro em uma operação de crédito agropecuário ou em financiamento imobiliário, respectivamente. Recebem a proteção do FGC e têm a vantagem de serem isentas de Imposto de Renda; • CRI, LH, Notas Promissórias, etc. • Debêntures: São títulos de dívida emitidos por sociedades anônimas (não são instituições financeiras, são empresas como a Petrobrás, a Vale, por exemplo). A remuneração desses títulos é livremente pactuada e pode envolver cláusulas complexas, como a conversão em ações, caso se deseje. As principais características das debêntures que devem ser guardadas são: 1) não possuem cobertura pelo FGC,

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o adquirente deve ler atentamente as garantias oferecidas pelo emissor, e se são suficientes e 2) Se tiverem o status de debêntures incentivadas (por serem voltadas para a construção de projetos considerados de infraestrutura), serão isentas de imposto de renda. 40

parte prática o segredo da renda fixa

Sim, existe segredo no investimento em renda fixa. Ocorre que, como os bancos pequenos e médios quebram frequentemente, há um medo injustificado de se adquirir os títulos de renda fixa dessas instituições. Esse medo é ótimo para os grandes bancos! Pois os permite ofertar títulos com taxas medíocres e, mesmo assim, encontrar muitos investidores para adquiri-los. Enquanto os maiores bancos do país ofertam CDB de 90% do DI, bancos pequenos oferecem taxas como 120% do DI. Vejamos em que importa essa “pequena” diferença: DI: 12%, período: 10 anos, valor aplicado: R$ 20.000,00 Resultado banco grande: R$ 55.773,46.

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Resultado banco pequeno: R$ 76.787,45 (rendimento 59% maior). A grande pergunta é: “Eduardinho, se os bancos pequenos quebram a todo momento, por que você indica investir neles? Você é louco? Meu dinheiro é muito suado para eu fazer investimentos arriscados...” 41

parte prática Não tenha um “piripaque” com o que direi agora, mas a verdade é que investir nos pequenos bancos é mais seguro que investir nos grandes. Por que? Porque existe uma instituição chamada Fundo Garantidor de Créditos (FGC), formada obrigatoriamente por contribuições de todos os bancos do país, e que se responsabiliza por garantir os títulos (CDB, RDB, LCA, LCI, LC) emitidos pelos bancos em caso de intervenção pelo Bacen ou liquidação compulsória. Se, por um acaso, o pior acontecer enquanto você detém títulos de alguma instituição financeira devidamente registrada no Sistema Financeiro Nacional (tanto os bancos, quanto as financeiras), o ressarcimento pelo FGC é realizado em 3 (três) dias após a decretação da

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intervenção pelo Bacen. O limite da garantia é de 250 mil reais por CPF por instituição. Assim, caso você deseje aplicar um volume maior de recursos, recomendamos dividir a aplicação em mais de um banco, evitando ficar desaco42

parte prática bertado em algum deles. Diga-me: você acha mais fácil o FGC arcar com seu compromisso (de ressarcir os credores e, com isso, manter a confiança no mercado financeiro) se um banco pequeno quebrar (com passivo relativamente pequeno), ou se quebrar um banco gigante? Se o Itaú ou o Bradesco quebrassem, o FGC teria alguma condição de honrar sua promessa? Ou, mesmo que o governo intervisse, você acha que o pagamento seria integral e em três dias? Banco pequeno, rombo pequeno e resolução rápida pelo FGC. Então, quer segurança, invista em banco pequeno. Assim, todos aqueles ratings das instituições só servem para empresas ou para quem tem milhões para investir. Você, como eu, ignore os

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ratings e se preocupe tão somente em se manter dentro do limite da cobertura. Porém, na primeira edição desse curso, sugerimos não adquirir a renda fixa de bancos pequenos por intermédio de corretoras, somente 43

parte prática diretamente dos bancos. Isso porque algumas corretoras adquiriam grandes lotes dos bancos em nome próprio e mantinham por conta própria um controle dos beneficiários finais. Quando o banco quebrava, quem detinha a LCI, o CDB, por exemplo, era a corretora, que, em tese, não estava acobertada pelo FGC. Resolver essa “questão cadastral” e comprovar a sua titularidade no investimento, era um transtorno pelo qual ninguém queria passar (enquanto quem havia adquirido diretamente do banco já havia recebido há muito tempo).

{{Cetip Certifica Ocorre que uma solução para esse problema surgiu ao longo de 2014:

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a Cetip lançou o selo “Cetip Certifica”, que garante o registro correto da transação e tranquiliza os investidores quanto a esse problema. Agora ficou mais fácil: se tiver “Cetip Certifica”, você não precisa mais de se preocupar com o registro e pode adquirir o título tranquilamente por meio da sua corretora. 44

parte prática {{O que está coberto? A garantia do FGC cobre só o principal ou também os juros até o pagamento? Uma dúvida que aparece muito é quanto ao valor que o FGC deve reembolsar, se inclui os juros contratados, ou apenas o valor original da aplicação. Não tenho experiência pessoal no assunto, mas, em tese, devem ser pagos os juros contratados. Isso porque o pagamento será realizado com base no balanço atualizado da instituição financeira em liquidação. Para essas instituições, há obrigação de manutenção dos valores do ativo e do passivo atualizados a valor de mercado (o que inclui a contabilização de variações no preço de ações, por exemplo, e o cômputo frequente dos juros já incorridos em depósitos e títulos

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emitidos). Assim, caso o FGC não ressarça também os juros contratados, a nosso ver, caberia ação judicial perante o Fundo.

45

parte prática {{Mais informações Voltando à questão da rentabilidade, quanto menor o banco, ou pior o seu rating, maior o seu custo de captação (as pessoas em geral preferem aplicar em bancos grandes e os grandes investidores não estarão cobertos pelo FGC), ou seja, melhor para o investidor, pois maiores os juros pagos. Enfim, para conhecer os bancos médios com as melhores taxas, sugeríamos que você entrasse no site do Bacen e buscasse a lista das 50 maiores instituições financeiras do país por ordem de ativo (atualmente no seguinte link: http://www.bcb.gov.br/?TOP50 dentro de http://www. bcb.gov.br/?INFCONT). Começasse a procurar pelo meio da lista (não, de cima para baixo) e índice

buscasse essas instituições na internet para entrar e contato e saber quanto pagam pelo CDB e LCI. Porém, com o sucesso da área de debates de nosso curso, o que ocorre hoje é que, detectada uma grande oportunidade em qualquer parte do país, ela é imediatamente com46

parte prática partilhada e todos têm a oportunidade de aproveitá-la. Em outubro/2013, havia bancos pagando 12,5% a.a. pré-fixado em CDB, ao passo que a Selic era de um dígito. Em abril de 2015, com Selic a 12,75%, há financeiras oferecendo LC de 16,11%.

{{Qual tipo de remuneração escolher? Para escolher entre títulos prefixados ou títulos posfixados, em percentual do DI, você deve analisar o momento da curva de juros (conforme ensinaremos nos próximos capítulos). Se a curva estiver em ascendente, com juros aumentando, opte pelos títulos posfixados. Se a curva for descendente, opte pelos prefixados.

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{{Desvantagens e vantagens As desvantagens (ou vantagens, depende da estratégia) desses instrumentos são: →→ Em geral, são investimentos de longo prazo e com resgate somente 47

parte prática ao final do período; →→ Não permitem especulação como os títulos do Tesouro. Porém, em certos momentos da curva de juros, como iremos demonstrar, são títulos essenciais para compor a carteira de renda fixa, isoladamente ou em conjunto com o Tesouro.

{{Quanto aplicar em renda fixa? Em qualquer momento econômico, sugerimos que você tenha uma posição em renda fixa de alto desempenho (dos bancos e financeiras pequenas), para fins de diversificação. Alguns métodos de diversificação pregam que você determine um percentual fixo de sua carteira e faça o rebalanceamento constante,

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visando a manter esse percentual determinado. Por exemplo, sempre ter 30% de sua carteira em renda fixa. Só que nossa estratégia pode ser considerada a chamada alocação tática de ativos. Nessa modalidade, você pode aumentar consideravel48

parte prática mente a exposição a determinados ativos que você julga (após análise fundamentada) que renderão bem no futuro próximo, bem como reduzir consideravelmente outras posições. Como você aprenderá em nossa estratégia, a renda fixa (posfixada em DI) poderá corresponder até a 100% de nosso investimento nessa classe (TD + renda fixa) na fase de alta dos juros, caso seja mais vantajosa que o Tselic e possua uma liquidez que não impeça a reversão da estratégia. Já na fase de baixa dos juros, recomendamos não eliminar totalmente a renda fixa, mantendo pelo menos cerca de 15% dos investimentos destinados à classe (TD + renda fixa) em renda fixa prefixada de alto

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desempenho.

49

parte prática estratégias em tesouro direto básicas

{{Cuidado com o IOF Não venda seu título no primeiro mês, a menos que haja expectativa de forte alta de juros (houve erro de avaliação na hora da compra). Nos primeiros 30 dias da aplicação, há incidência de IOF regressivo que, praticamente, toma todo o ganho do investidor. Claro, vendas circunstanciais podem ser realizadas no primeiro mês,

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mas não com o objetivo de ganho, mas de evitar perdas.

{{Em geral, não indicamos o Tselic. Até a reforma do TD no início de 2015, o Tselic, como os outros títulos, só podia ser vendido antecipadamente pelo investidor às quartas-fei50

parte prática ras (hoje, a liquidez é diária). A alta liquidez é importante na fase de alta dos juros porque, apesar de os juros permanecerem em altos níveis por um tempo, os chamados “picos” costumam ser pontuais, durante dois ou três dias, provocados por alguma turbulência política que ocorre justamente naqueles momentos em que as taxas já estão altas. Para aproveitar esses picos é necessária grande liquidez, embora isso não seja fundamental para nossa estratégia e as compras sejam lucrativas durante todo aquele período em que as taxas estão altas. Assim, nos momentos em que o investidor deveria se proteger de uma variação negativa em sua carteira (durante a fase de alta dos juros), adquirindo títulos posfixados, indicávamos o mercado de títulos privados (como LC, LCA, CDB, etc.), que paga mais e tem opções com liquidez índice

diária. Indicávamos o Tselic para os alunos com carteira muito significativa e que não conseguissem distribuir toda sua carteira em aplicações inferiores a 250 mil reais nos posfixados dos bancos médios e não 51

parte prática tivessem conta corrente no Banco do Brasil, que, dentre os bancos grandes, tradicionalmente oferecia uma LCA a 84% do DI, com liquidez diária e rentabilidade ainda levemente superior ao Tselic. Além disso, o Tselic é indicado para quem não alcançasse o limite mínimo para a aquisição dos títulos privados de liquidez diária e rendimento superior ao Tselic. Muitas vezes, a aplicação mínima é na faixa de 30 mil reais, ao passo que o Tselic pode ser adquirido a valores muito baixos, a partir de dezenas de reais, já que após a reforma do TD, estão sendo ofertadas frações de até um centésimo dos títulos. Lembre-se que a principal característica do Tselic é não estar sujeito aos princípios de especulação aqui apresentados, pois possui apenas variações positivas, rendendo a Selic diária.

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Sobre ele, incide IR e você tem que pagar as taxas da Bovespa e da Corretora, se for o caso.

52

parte prática intermediárias

{{compre na alta, venda na baixa Soa estranho, porque na Bolsa a estratégia é comprar a ação na baixa e vender na alta. No Tesouro Direto, como se operam títulos, em geral, prefixados ou mistos, a regra é comprar o título na alta dos juros (pois o valor do título estará em baixa) e vendê-los na baixa dos juros (pois o título terá alto valor). Lembre-se que a taxa de juros está no denominador do cálculo do preço do título, ou seja, é inversamente proporcional ao valor deste. Muita gente compra os títulos na alta, mas se esquece ou não dá importância de vendê-los na baixa.

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Pense bem: se no vencimento a taxa de remuneração será a contratada, isso funciona para o bem (salvar-te de um prejuízo agora), mas também funciona para o mal, de maneira que, ao longo do tempo você devolverá seu ganho especulativo caso não o realize. 53

parte prática Para o investidor não devolver o sobreganho da queda da taxa de juros, é fundamental vender os títulos na baixa da Selic, antes que esta comece a subir novamente. O momento exato dependerá de cada título e das condições econômicas, como se verá nas dicas avançadas.

{{aproveite as ocasiões conturbadas Momentos de crise levam a um aumento temporário na taxa de juros de contratação pelo Tesouro, com aumentos de juros em pontos fora da curva de normalidade.

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Isso ocorre, dentre outros fatores, porque o aumento de risco leva a uma necessidade de maior remuneração. Exemplos:

54

parte prática Crise política: →→ As manifestações durante a Copa das Confederações/2013; →→ Operação Lava-jato da Petrobrás; →→ Ameaças de pedidos de impeachment.

Crise econômica: →→ Crise de 2008;

Enfim, “infelizmente”, para o investidor em títulos públicos, quanto pior a situação, maior o risco visto pelo mercado e maiores os juros exigidos para a compra do título.

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Com o aumento repentino dos juros de contratação, os títulos prefixados são temporariamente desvalorizados. No momento conturbado, mas certamente temporário, que irrompe imprevisível, não se deve vender os títulos antigos (que provavelmen55

parte prática te terão desvalorizado), pelo contrário, deve-se aproveitar e comprar mais, pois, assim que afastada a situação crítica, os juros automaticamente retornam ao seu valor “normal”, gerando um ganho rápido, fácil, em questão de meses. Quando os juros retornam ao normal, vendem-se os títulos adquiridos durante o momento crítico e segue-se a estratégia normal quanto aos títulos que já se detinha antes. São vários os relatos em nossa área de debates de alunos que compartilharam a informação e aproveitaram o momento (como uma repentina alta de juros na Rússia) para obter rendimentos próximos a 10% em períodos curtos como um ou dois meses. O aproveitamento de distúrbios pode ser realizado mesmo nos mo-

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mentos de curva ascendente de juros, mas se deve vender o título em seguida, para evitar que os juros “normais” alcancem o do momento conturbado.

56

parte prática {{Juros externos Em um mundo globalizado, existe a teoria, usada para avaliar a taxa de câmbio, chamada de paridade das taxas de juros. Segundo esse postulado, todas as taxas de juros no mundo seriam iguais (ou deveriam ser) em termos reais, após expurgados os efeitos da inflação e da taxa de câmbio. Assim, se uma economia central (como EUA, Alemanha, Japão) eleva sua taxa de juros, todos os demais países do mundo tendem a elevar também, na mesma proporção. Porém, esse aumento das taxas nem sempre ocorre na mesma proporção, pois a diferença de taxas de juros nominal pode acabar gerando uma variação no câmbio. Além disso, a mudança externa tende a índice

ser pontual, a tendência tende a depender da economia local. Anúncio de aumento de juros pelo FED faz pressão para aumento de taxas no Brasil. Diminuição, o contrário. 57

parte prática {{um erro muito comum Comprar títulos longos, como de 2050 para carregar cegamente ao vencimento O TD é o investimento mais seguro do mercado? É. Para aposentadoria, posso comprar, como os especialistas indicam, um título para daqui a 30 anos e esquecer-me dele? Não. O Brasil já esteve muito pior. Hoje está melhor (o que não significa que esteja bem), mas pode voltar a piorar novamente. Quem conhece o cenário brasileiro 15 anos após o momento em que você lê esse ebook? Por isso nossa estratégia, como você verá adiante, é de realizar movimentos a cada um ano e meio ou dois anos, reavaliando o cenário e

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realocando os recursos. Para saber se um país está tranquilo com relação à sua dívida, você tem que analisar diversos gráficos. Em um primeiro momento, o gráfico do saldo da dívida brasileira assusta: 58

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Fonte: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/

59

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Fonte: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/

60

parte prática Mas é levemente aliviado se pensarmos que, em percentual do PIB, a dívida tem diminuído ao longo dos anos, como demonstra o segundo gráfico. Isso facilita o pagamento de juros pelo Tesouro, já que as receitas públicas são um percentual do PIB. Os otimistas ficam demasiadamente tranquilos, afirmando que o Brasil tem uma dívida baixa em percentual do PIB, comparado a outros países. Esse argumento é falacioso, já que devemos levar em conta o serviço da dívida (os juros). Para os EUA ou Japão, é fácil ter uma dívida superior a 100% do PIB, já que pagam juros bem próximos de 0%. Porém, o patamar de juros brasileiros, ainda com a redução nos últimos anos, faz com que o pagamento do serviço comprometa quase a metade da arrecadação.

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Nem a perspectiva de redução dos juros ao longo das próximas décadas, como se verá na parte teórica, é capaz de aliviar a dívida brasileira, uma vez que apenas cerca de 20% do estoque interno é em títulos posfixados Tselic. Assim, uma redução na taxa de contratação gera, sobre 80% do estoque (os títulos prefixados) um aumento no valor de 61

parte prática mercado destes, que anula os efeitos da redução dos juros (em outras palavras, como a taxa contratada será honrada no vencimento, alterações de taxa ao longo do tempo não os comprometem). {{Por que tanta teoria na parte prática? Suponhamos que o Brasil no futuro passe pelo que a Grécia vivencia no presente, suponha que a dívida cresça fortemente e o PIB simplesmente caia ou fique estagnado por vários anos. Para facilitar o exemplo, desconsideremos a inflação e o câmbio, já que a Grécia tem moeda heterônoma (Euro) e o Brasil autônoma (Real), e a desvalorização do Real poderia aquecer a economia. Em um primeiro momento, o governo reduz os juros reais oferecidos, nesse exemplo, suponhamos de 6% para 3%, para aquecer a economia índice

(o Brasil, que tem os maiores juros do mundo, tem muita margem para isso). Mas lembre-se de toda a teoria que adiantamos aqui: essa redução só influencia as novas dívidas, pois as antigas e prefixadas (80% do estoque) valorizam-se na mesma proporção da redução dos juros. 62

parte prática Se a atividade econômica (o PIB) não responde à redução de juros, os investidores começam a questionar a capacidade do país de honrar seus compromissos, o que faz os juros se elevarem novamente. Suponhamos que de 3% para 4, 5 e, na medida em que a especulação sobre a capacidade de honrar seus compromissos aumenta, os juros finalmente sobem para 8 ou 10% ao ano (como são juros reais, seriam 10% + inflação). Aqueles que detêm os títulos em mãos, comprados a 6% e que não os venderam quando chegaram a 3% (alta valorização), agora, a 10%, têm uma enorme desvalorização acumulada. Mas se tranquilizam, “pensando” que a taxa será mantida até o vencimento. Nesse ambiente, pelo qual nunca passei e pelo qual não pretendo passar, mas ninguém pode prever, a grande dúvida é: comprar a 10% índice

acreditando que o país sairá do poço e você terá um ganho extraordinário, ou não? Trata-se de um ambiente não de especuladores, mas de apostadores. Pois a dúvida sobre o país pode aumentar, os juros prometidos, cada 63

parte prática vez maiores, tornarem-se impagáveis e o governo ter que declarar moratória e ainda oferecer um acordo de redução geral de 50% da dívida, para todos os credores. {{Conclusão Nesse cenário, quem detinha títulos “para a aposentadoria”, com vencimento para 20 anos à frente e não fez nada, apenas comprava títulos para acumular, viu sua tranquilidade na aposentadoria comprometida, pois perdeu, efetivamente, 50% do seu dinheiro. E se ele seguisse nossa estratégia de compras e vendas? Nesse caso, o investidor teria vendido o título prefixado quando a taxa caiu e se posicionado em títulos não especulativos durante toda a fase de alta, de maneira que ele teria tranquilidade para realizar seu investimento sem índice

perdas a qualquer momento antes da moratória. Quem tem títulos prefixados comprados a 6% reais e vê os juros subirem a 10%, não tem como fazer a venda antecipada sem realizar prejuízo. 64

parte prática Esse exemplo é radical e traça um cenário pelo qual o Brasil não passará, pelo menos nos próximos cinco a dez anos, mas demonstra a necessidade, não apenas por vontade de elevar a rentabilidade, mas até mesmo por motivos de segurança, de se adotar as técnicas ensinadas nesse material.

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Com relação às oportunidades geradas no dia a dia, por um escândalo político ou de corrupção aqui ou ali: isso não interfere no índice de solvência geral de um país e, portanto, geram grandes oportunidades para tranquilamente os investidores aproveitarem boas taxas (essas oportunidades sempre são compartilhadas na área de debates do curso).

65

parte prática avançadas

De agora em diante passaremos a abordar técnicas inéditas do Método Carteira RICA. Contudo, é importante lembrar que uma compreensão mais completa dos fatores que influenciam a curva de juros e outras variáveis macroeconômicas depende da leitura da parte teórica deste curso. O roteiro “passo a passo” que aqui expomos é simplificado em vários pontos, a fim de possibilitar a elaboração rápida de gráficos que pautem a tomada de decisões pelo investidor. Temos certeza que esse modelo funciona na imensa maioria das situações, por isso nos demos a liberdade de realizar tais simplificações. Do contrário, se tentássemos incluir todas as condicionantes em nosso

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modelo, o intuito de fornecer um método “prático” seria sacrificado em favor de um método “científico”. Isso está fora de cogitação. Recomendamos, àqueles que tiverem a paciência necessária, que leiam a parte teórica antes de continuar a leitura das técnicas avança66

parte prática das (ou que a releia, após o final da leitura). Porém, achamos que não há prejuízo significativo para os “ansiosos em colocar a mão na massa” que leiam as dicas avançadas e posteriormente leiam com calma a parte teórica. No final do material há indicação dos sítios da internet de onde se extraem dados econômicos atualizados. Basicamente BACEN, IBGE e site do Tesouro. Em anexo ao curso, seguem as planilhas que criamos para que você siga atualizando na elaboração de suas estratégias (muitas vezes o fó-

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rum as tem, já atualizadas).

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parte prática estratégias por título títulos mistos

Os Tipca são títulos que chamamos de mistos pois possuem duas componentes: →→ Um valor que é atualizado constantemente pela inflação. Refere-se ao passado e não está sujeito a especulação. →→ Uma taxa estipulada no momento da contratação. Sobre essa parte incide a ideia da fórmula que apresentamos, de cálculo de valor atual, ou valor presente. As diferenças entre os Tipca é que eles podem ser Tipcaj (pagando

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cupons semestrais de juros) ou, simplesmente, Tipca (pagamento somente ao final) e ambos são compostos por parte pré + ipca.

68

parte prática {{Estratégias O Gráfico a seguir compara Selic com rendimentos acumulados em 12 meses da antiga NTNB-2024 (Tipca). Como dissemos, em todo Prefixado podemos ver que a queda da Selic (área amarela) impulsiona o rendimento do título, pois aumenta seu valor de venda (taxa de juros fica no denominador da fórmula do preço de mercado). Por outro lado, um aumento na Selic produz o efeito contrário.

Assim, recomendamos comprar Tipca durante o platô de alta, logo no momento que antecede ou, inclusive, durante a queda da Selic (azul). Vendendo-as no platô de baixa (se a inflação estiver

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baixa), e, com certeza, vendendo antes do início do novo ciclo de alta dos juros.

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Selic x Rendimento Tipca 50,00%

Selic Rend Ano NTNB 2024

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

se t-1 3

ma i-1 3

jan -13

se t-1 2

ma i-1 2

jan -12

se t-1 1

-10,00%

ma i-1 1

jan -11

0,00%

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-20,00%

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parte prática Na primeira versão do ebook, abordávamos também o Tigpm, sob a justificativa de que ele poderia, no futuro, voltar a ser ofertado. Para manter o material conciso e direto à prática, optamos por retirar essa parte. Se o TD voltar a oferecê-lo, inseriremos novamente o conteúdo. Acontece que o IPCA e IGPM são indicadores de inflação com velocidades distintas, como você pode ver no gráfico a seguir. Assim, havia uma possibilidade de troca entre de Tigpm para Tipca quando a linha do IGPM cruzasse o IPCA para baixo e a troca reversa, quando ocorria o

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movimento contrário. Mas isso é história.

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Selic x Rendimento Tipca x Inflação 40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

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igpm -20,00%

ipca

Selic

se t-1 3

ma i-1 3

jan -13

se t-1 2

ma i-1 2

jan -12

se t-1 1

ma i-1 1

jan -11

se t-1 0

-10,00%

ma i-1 0

jan -10

0,00%

Rend Ano NTNB 2024

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parte prática {{O segredo do Tipca curto

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Repare este gráfico do IPCA:

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parte prática Esse gráfico mostra a chamada sazonalidade do IPCA, ou seja, como a inflação varia conforme o mês do ano. Pode-se facilmente perceber que o período de maior inflação ocorre entre setembro de um ano e abril do ano seguinte, correspondente a um período de aproximadamente 7 meses de alta inflação, contra cerca de 5 meses de baixa inflação, principalmente no meio de cada ano. Uma estratégia que recentemente passamos a recomendar, naqueles anos em que a inflação estiver relativamente alta, é a compra de Tipca de curto vencimento (pois são menos especulativas, tendem a não variar significativamente o valor a despeito das variações da taxa de contratação) por volta de setembro, em substituição ou complementação da parte da carteira de investimentos que estiver destinada a títulos posfixados. Em 2015, por exemplo, indicamos o Tipca 2019 para esse índice

intuito. Suponha um IPCA mensal de 1% em determinado janeiro. Se a taxa de contratação não estiver variando significativamente, e se estiver por volta de 6% aa (~0,5% am), isso significa uma rentabilidade mensal de 74

parte prática 1,5% (IPCA+juros). Por volta de abril, vendem-se esses títulos e retorna-se aos posfixados, se for o caso. Se o momento, por outro lado, for de manutenção de títulos prefixados (platô de juros altos, ou durante a fase de queda de juros), só faça isso com uma pequena parte da carteira, pois a maior parte deve ser separada para a especulação, nos títulos de longo vencimento.

{{Potencial especulativo Façamos um teste de sensibilidade aos juros, para saber quais títulos são mais indicados para especulação. Supondo uma inflação de 6% e uma queda de 0,5% na taxa de contratação de cada título, para ver o

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potencial de valorização, usemos nossa fórmula simplificada de valor presente de um valor futuro (valor final) / (1+taxa) ^ prazo: 1. Título misto curto (5 anos), taxa cai de 6% para 5,5%: aumento em um dia de 2,4%. 75

parte prática 2. Título prefixado médio prazo (10 anos). Taxa de 12% cai, em um dia, a 11,5%: aumento do valor do título é de 4,6%. 3. Título misto longo (20 anos), taxa cai de 6% para 5,5%: aumento em um dia de 9,9%.

No início de 2015, o Tesouro passou a ofertar Tipca curtos com taxas até 0,5% maiores do que os Tipca longos, algo que raramente acontecia (a última vez havia sido em 2011). Muito investidor que não realiza esses cálculos foi seduzido pelos Tipca curtos. Ressalvamos, porém, que, para fins de especulação, a quantidade de anos até o vencimento é mais importante do que uma diferença entre taxas oferecidas. Assim, para nossa estratégia, permanecemos comprando títulos lon-

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gos nesse período, ainda que as taxas fossem até 10% inferiores às dos Tipca curtos.

76

parte prática títulos prefixados

Os Tpre e Tprej são títulos com rentabilidade nominal totalmente estipulada no ato da contratação. Sua rentabilidade real, por outro lado, dependerá da inflação acumulada até o seu vencimento. Sendo assim, se houver um combate inflacionário efetivo, e a inflação for reduzida a patamares como 3% aa, os títulos adquiridos a uma taxa de contratação de 13%, por exemplo, renderão aproximadamente 10% aa em termos reais. Por outro lado, títulos vinculados à inflação, Tipca, renderão em termos nominais, os 3% da inflação, somados à taxa de contratação, supondo 6%, em um total de apenas 9%. Essa é a conta fácil e direta de se fazer.

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Mas, como sempre, existem os “poréns”. São, basicamente, três fatores que restringem o potencial especulativo desses títulos:

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parte prática →→ Em primeiro lugar, os títulos prefixados mais longos possuem vencimento de apenas dez anos; →→ Em segundo lugar, os títulos prefixados mais longos são os que pagam juros – Tprej – o que reduz consideravelmente sua variação diante das mudanças de taxa. Os Tpre, estruturalmente mais especulativos, possuem apenas vencimentos curtos; →→ Em terceiro lugar, uma variação de 0,5%, por exemplo, em uma taxa de 12% é proporcionalmente menor do que uma variação de mesma magnitude em uma taxa de 6%, típica dos títulos mistos (embora os primeiros tendam a demonstrar uma variação nominal realmente mais ampla que os últimos em suas taxa de contratação, diminuindo esse efeito);

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{{Estratégias O gráfico “Selic x Tprej (NTNF) x IGPM” compara a Selic com os rendimentos mensais do Tprej 2017 e com a inflação do IGPM. 78

parte prática Selic x Taxa Contratação Tprej x Inflação igpm

16,00% igpm

14,00%

Selic

12,00%

Taxa contratação NTNF 2017

10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00%

se t-1 3

ma i-1 3

jan -13

se t-1 2

ma i-1 2

jan -12

se t-1 1

ma i-1 1

jan -11

se t-1 0

-2,00%

ma i-1 0

jan -10

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0,00%

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parte prática Como já vimos, em todo prefixado a queda da Selic impulsiona o rendimento do título, pois aumenta seu valor de venda. Por outro lado, um aumento na Selic produz o efeito contrário. Às vezes vemos pequenas variações nos gráficos que fogem a essas explicações. Tais pontos fora da curva se devem a vários fatores, como instabilidades políticas, etc. Não alteram a lógica geral dos títulos.

Assim, a recomendação é comprar Tpre ou Tprej nos momentos de pré-queda e na fase de queda da Selic (amarelo) e vendê-los nos momentos de pré-alta (alta em azul). É importante que seja

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antes da alta para evitar rentabilidades negativas.

80

parte prática Veremos mais adiante como a Selic tende a refletir o IGPM, mas com certa defasagem (pois tende a seguir mais o IPCA, mais lento e embora haja outros fatores de influência, como o PIB). O gráfico “Selic x Tprej (NTNF) x IGPM” mostrou como as altas do IGPM causam posteriores altas de Selic e as baixas provocam efeito similar. Isso (somado a outros fatores) nos ajudará a prever tendências da curva de juros. Note, também, que a curva da taxa de contratação tende a seguir a Selic, embora possa ser mais rápida às vezes (quando a inflação já estiver muito alta e a expectativa seja de elevação forte de Selic). Às vezes vemos variações nos gráficos que fogem a essas explicações. Tais pontos fora da curva se devem a vários fatores, como instabilida-

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des políticas, etc. Não alteram a lógica geral dos títulos. A dica aqui é a padrão: comprar no período Amarelo e vender no Azul.

81

parte prática Aumento na taxa de contratação leva a uma diminuição do valor de mercado do título e, por consequência, perda de rendimento. O interessante para o detentor do título é a queda na taxa de contratação!

Mistos versus prefixados

Uma dúvida que se tem na hora de adquirir os títulos é: comprar os totalmente pré-fixados ou os mistos? Em geral, os títulos mistos possuem vencimentos mais longos, o que os tornam mais atrativos para fins especulativos. Porém, como o objetivo aqui não é que você tenha que acessar o site do Tesouro todos os dias para ficar atrás da melhor taxa possível, indicamos, normalmente, montar uma carteira 3:1 ou 4:1 em Tipca:Tpre. Já os Tprej são um meio termo entre os Tpre e o Tipca, podendo ser

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evitados, pois, ou você quer especular e deve adquirir os Tipca longos, ou você não quer, e preferirá os posfixados ou algum Tpre bem curto.

82

parte prática {{Uso dos Tpre Uma utilidade para os títulos prefixados é a seguinte: quando você achar que a taxa Selic já está bem alta (mas sem a certeza de pico) e a inflação não se elevará mais, comece comprando Tpre curtas, pois estarão sujeitas a menor prejuízo (pois o prazo mais curto) caso o governo tenha que apertar ainda mais os juros (os títulos posfixados, inclusive privados, também cumprem esse papel da mesma maneira, a escolha por um ou outro será uma escolha pela melhor taxa no momento). Depois, com uma certeza mais clara de topo da Selic, você migra para os Tipca especulativos. Uma vantagem teórica dos Tpre sobre os Tipca, seria em caso de recuo da inflação medida pelo IPCA além do projetado e esperado pelo

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governo e pelo mercado. Nesse caso, as taxas de contratação teriam permanecido praticamente inalteradas, enquanto a componente IPCA da remuneração dos Tipca cairia substancialmente. Porém, essa vantagem é apenas teórica, pois são pagos os menores juros possíveis, de maneira que, havendo forte recuo inflacionário, o Tesouro aproveita83

parte prática ria o momento e reduziria as taxas de contratação. Então, nesse caso, o fator especulativo dos Tipca voltaria a se sobrepor à valorização do Tpre. No Gráfico a seguir, “Taxa de contratação”, temos a comparação da Selic e dos indicadores de inflação com a taxa de contratação Tprej 2017 (não com o rendimento, mas com a taxa de contratação!) e podemos ver que, com a queda da Selic, realiza-se toda a queda na taxa de contratação do Tprej e, portanto, todo o seu ganho especulativo. Devido ao Princípio da Atualização Diária, a partir desse momento, seu título passa a render a nova taxa de contratação (perto da nova Selic), ou seja, um valor baixo (pois se encontra no piso). Por outro lado, essa queda de Selic fará com que a inflação tenda a

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elevar-se, o que se reflete em atualização dos valores dos Tipca (na sua componente não especulativa). Tal aumento na remuneração (ainda que nominal) dos Tipca permanecerá até que o COPOM tome uma atitude. 84

parte prática Taxa de Contratação

igpm

ipca

jul11

14,00%

jan -11

16,00% Selic

Taxa contratação NTNF 2017

12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00%

-4,00%

Tipca

Tipca

POSFIX

Tipca

Tipca

jul13

Tpre, Tprej,

jan -13

jul12

jan -12

jul10

Tpre, Tprej,

jan -10

índice

-2,00%

jul9

jan -9

0,00%

POSFIX

85

parte prática Logo, nossas últimas dicas de comparação entre Mistos e Prefixados são: Quando a taxa Selic cair ao seu fundo, realize imediatamente o ganho especulativo com Tpre e Tprej, se os tiver, mas mantenha os Tipca até o momento logo antes de as suas novas taxas de contratação começarem a subir (início do ciclo de aperto monetário). Pois o aumento da inflação decorrente da baixa geral dos juros aumenta a rentabilidade nominal dos Tipca (e não dos Tpre).

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Lembre-se: Com o Princípio da Atualização Diária, os Tpre e Tprej passam a render a nova taxa de contratação a cada momento, sendo que a diferença entre a taxa contratada e a atual se reflete em um ganho ou prejuízo especulativo passado e não deve influir em sua tomada de decisão futura.

86

parte prática Os títulos privados não se prestam a especulação, embora sejam uma ótima fonte de rendimento, principalmente se você seguir as orientações que expusemos na apresentação dos Títulos. Mas quanto deles comprar? Em que momento da Curva de Juros? O percentual de sua carteira que você alocará a cada ativo ou classe de ativo é uma discussão que envolve muitos fatores. O curso completo do método carteira rica deverá incluir questionários para você responder e descobrir como distribuir as aplicações de sua carteira, conforme seu perfil, tornando-a uma carteira única, com as qualidades que todos desejamos: segura, balanceada e muito rentável. Partimos do princípio que você não alocará 100% de seus investimentos do “R” de RICA em títulos públicos para fins de especulação, por

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diversos motivos: →→ Podemos cometer equívocos de avaliações. Aquilo que parecia um fundo de Selic mostra depois que não era (as pessoas podem achar que determinado nível é o máximo, mas ainda haver elevações); 87

parte prática →→ Imprevisibilidades de conjuntura: crises econômicas, guerras, escândalos de corrupção, os quais podem levar a um aumento repentino de taxas de contratação e perdas para investidores posicionados em títulos públicos. Nesses momentos, é bom ter reserva em títulos privados, não sujeitas a especulação, para sacar, se for o caso, e em parte, para investir no Tesouro. →→ Imprevisibilidades da vida. Como os títulos do Tesouro estão sujeitos a variações, pode coincidir de por um caso fortuito você precise de dinheiro, mas não seja um bom momento para sacá-lo de aplicações especulativas. →→ Grandes oportunidades. A qualquer momento podem surgir grandes oportunidades de negócio. Para aproveitá-las, é necessário liquidez.

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Enfim, por mil motivos que aqui pudéssemos elencar, é aconselhável equilibrar as carteiras e diversificar os riscos. Quanto aos títulos privados, lembramos que existem LC, LCI, LCA e CDB totalmente prefixados, ainda que o seu banco não os ofereça 88

parte prática (outros bancos oferecem) para períodos anteriores a quedas de juros e posfixados para períodos anteriores a elevações. No início de um ciclo de aperto monetário (alta de Selic), posicione-se 100% em títulos privados com remuneração percentual do DI (ou Tselic, dependendo do volume de sua carteira, se muito baixo ou muito alto) e evite as fortes desvalorizações dos Tipca, que ocorrem nesses momentos. Como veremos adiante, em uma estratégia ainda mais avançada, é possível adquirir DI1 futuro para ampliar os ganhos nessas ocasiões. Com relativamente baixo risco. No início de um ciclo de afrouxamento monetário, posicione a parte com a qual não desejar especular (cerca de 20% do alocado em renda

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fixa e Tesouro) em papéis privados totalmente prefixados (X% ao ano) para períodos de cerca de 3 anos.

89

parte prática {{Alavancando ganhos com DI futuro Você deve estar se perguntando: tudo bem, a estratégia alavanca meus ganhos na queda das taxas de contratação. Mas e na fase em que as taxas de juros estiverem subindo, ganharei somente a rentabilidade de um posfixado? Em princípio, sim. Porém, se você quiser alavancar seus ganhos no movimento de alta, basta adquirir (de preferência um lote mínimo) de DI1 para alavancar os ganhos. {{O que é e como negociá-lo Não precisamos repetir aqui a definição do DI de 1 dia já que está disponível em qualquer site da internet. Não temos como reinventar seu índice

significado. Resumidamente, compra-se ou vende-se a TAXA MÉDIA do DI até um determinado vencimento. Informações completas sobre o que é esse contrato: http://www.bmf.com.br/bmfbovespa/pages/contratos1/Financeiros/PDF/ 90

parte prática DIfuturo.pdf http://br.advfn.com/investimentos/futuros/di-depositos-interfinanceiros http://ynvestimentos.com.br/2013/11/contrato-futuro-de-di/ O que é importante saber: →→ A maioria das corretoras pede um aditivo de contrato para você negociar na BMF. Os ativos serão negociados por seu home broker. →→ Após enviar o aditivo, para negociar, disponibilize os valores na conta corrente da corretora e solicite a chamada “inclusão de margem”. →→ Adicione os códigos do DI ao seu HB: O código é formado pelo prefixo do DI de um dia “DI1” + mês do vencimento (letra) + ano (2 dígitos).

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Exemplo: DI1F25, DI1G17, etc. Mês Jan Fev Mar Abr

Letra F G H J

Mês Mai Jun Jul Ago

Letra K M N Q

Mês Set Out Nov Dez

Letra U V X Z 91

parte prática →→ Todos os dias será lançado o chamado Ajuste Diário de posição, seu ganho ou perda será decorrente do somatório desses ao longo do tempo. Não há uma liquidação física do contrato no vencimento (como em outros contratos futuros). Se você levar o papel até lá, sua posição será automaticamente zerada no último dia. Em resumo, é muito simples operá-lo. →→ Se você acha que as taxas subirão, deve comprar o DI futuro (pois quem compra taxa fica vendido em PU) e quem acha que as taxas cairão deve vender o DI futuro (pois ficará comprado em PU). PU é o valor do contrato descontado pela taxa, assim, quanto maior a taxa, menor o PU (lembra-se de nossa fórmula de matemática financeira, com o fator de acumulação, ou fator de atualização?). →→ Lote mínimo: 5 contratos de R$ 100.000,00. Não se assuste, com uma índice

margem de 2 ou 3 mil reais você pode negociar o contrato (opera-se alavancado). Porém, ao contrário das opções de ações, não há risco de os R$ 100.000,00 virarem pó (embora sua margem possa ser toda corroída ao longo do tempo, se o mercado for contra sua expectati92

parte prática va). {{Como operar o DI futuro? Minha indicação principal é fazer a análise fundamentalista. Ela te dirá, de verdade, se estamos próximos do topo ou do fundo e isso te dará tranquilidade para fazer a análise técnica subsidiária, se quiser. Sugerimos que você monte uma posição sempre de 1 lote apenas, menor risco possível, e que tente mantê-la por todo o movimento de alta ou baixa (evitando a negociação de day-trades).

Porém, como se trata de um papel alavancado, é obrigatório que você

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estabeleça o chamado STOP LOSS. STOP LOSS é obrigatório para quem trabalha com ativos alavancados, como Dólar e DI futuro!

93

parte prática estratégias de curva de juros Conforme você verá também na parte teórica deste curso, a curva de juros é determinada por diversos fatores. Os mais importante, sem dúvida, são os fatores econômicos internos. Porém, a eles são somados: →→ Fatores políticos; →→ Fatores econômicos internacionais; →→ Nível da taxa de juros no exterior (se elevada lá fora, deve haver elevação interna, para evitar a fuga de capital); Se, por um lado, não é possível dizer que o governo estipula as taxas a índice

seu bel prazer (pois as taxas são negociadas com os chamados primary dealers), por outro lado, dizer que o mercado estabelece as taxas é, da mesma forma, ingenuidade. As taxas são estipuladas em um embate entre esses dois agentes (go94

parte prática verno e mercado), levando-se em consideração que o governo tem, sim, uma grande força nesse ato da determinação. Não dizemos isso somente porque o governo, por meio do COPOM, estabelece a Selic Meta (que o DI futuro e as taxas de contratação dos títulos tendem a seguir), mas também por outros fatores, como a possibilidade de o governo controlar a oferta de títulos. O coordenador da dívida pública, certa vez, foi aos jornais e anunciou que, no mês seguinte, o Tesouro reduziria a oferta de títulos. Esse tipo de atitude tem reflexo nas taxas de contratação (no caso, leva a uma queda, pois há a mesma quantidade de agentes querendo adquirir e menos títulos para serem vendidos). Citaremos aqui diversas variáveis econômicas para que delas se tenha conhecimento, mas elaboraremos um gráfico simplificado, para subsiíndice

diar rápidas tomadas de decisões. Lembramos que esse gráfico é um gráfico dos fundamentos econômicos. É com base nesses mesmos dados que levantaremos aqui que o chamado “mercado” (somatório de todos os agentes financeiros) traça 95

parte prática suas estratégias para juros e renda fixa. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), é negociado o chamado DI1 (DI de um dia), que é o contrato de juros em que “se prevê“ a taxa de juros até certo dia, no futuro. Os agentes que pactuam essas taxas têm, como base as informações que aqui exporemos, bem como as sinalizações que o governo dá sobre o nível de taxa de juros que pretende executar. Por isso, o que faremos é uma análise de fundamentos. Há aqueles que operam nesse mercado apenas por meio de análises gráficas do DI1. Porém, como insetos atraídos pelas lâmpadas, esses “especialistas” muitas vezes prevêem quedas ou altas de juros que nunca aconteceram. A análise gráfica serve, tão somente, como instrumento de confirma-

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ção do cenário conjuntural que você previamente traçou, com base nos dados fundamentalistas. Não tome suas decisões somente pelo gráfico, mas você pode usá-lo como um confirmador de sua estratégia. Afinal, é essencial saber o que os outros também estão pensando (os outros, no caso, refere-se ao mercado e aos próprios colegas, na área de debates). 96

parte prática É verdade que, se as análises se confirmam (fundamentalista e grafista), o investidor se sentirá mais confiante para executar sua estratégia. Apresentamos agora links para fontes oficiais de dados econômicos, de onde você poderá rapidamente extrair informações importantes. Recomendamos que você crie uma Pasta de Favoritos em seu navegador especificamente para monitoramento da economia. A essa pasta de favoritos você poderá adicionar, por exemplo, links que citamos em outros módulos e recomendamos acesso periódico a essas páginas, para que você reavalie seus investimentos. Lembre-se também que no site do Tesouro você poderá sempre baixar as planilhas com os históricos de preços e taxas dos títulos, bem como

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diversas estatísticas interessantes. Vamos a algumas fontes:

97

parte prática Fontes de informações

{{Mídia Já dissemos, mas não cansamos de repetir: use a mídia a seu favor. Os jornalistas (mesmo os especializados) têm alguma ideia de especulação com títulos públicos? Não, mas não importa. Toda véspera de reunião do Copom há uma tagarelice na mídia. Repórteres buscam economistas para saber se a Selic permanece, sobe, ou desce. Assista ao jornal ou navegue na internet na véspera e no dia da reunião do Copom e saberá as previsões. Ainda que a decisão surpreenda o mercado, os títulos não costumam cair 10% em um dia só (mas em poucos dias, sim), ao contrário do que ocorre em mercado de ações, por exemplo, de maneira que há tempo

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para refazer as posições.

98

parte prática {{Bacen Tudo que falta de transparência nas obras públicas e no Congresso, sobra nos dados econômicos. Desde os acordos com o FMI o governo brasileiro se obrigou a publicar indicadores no padrão FMI. Aproveite-se disso. A página do Bacen para o PEDD é atualizada diariamente: http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/sddsp.htm Achou pouco? Quer dados de desemprego, inflação, PIB e outros tabelados para você baixar e usar em planilhas? Quer montar gráficos comparativos online? Quer tudo isso de graça? Acesse: Sites que mais usamos para extrair dados, sempre:

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https://www3.bcb.gov.br/sgspub http://www.bcb.gov.br/?ATACOPOM http://www.bcb.gov.br/?RI http://www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG 99

parte prática {{Fipe Nem só de veículos vive a Fipe. O site da fundação tem boletins econômicos mensais e muita informação. Quer uma dica? Troque a leitura diária de cadernos econômicos de jornais mal escritos pela leitura mensal ou trimestral de publicações relevantes. Você vai ganhar tempo, qualidade de vida e informações mais importantes. http://www2.fipe.org.br/pt-br/home

{{Ibge Facilidade na navegação não é o forte do IBGE. O Instituto tem muiíndice

ta informação e até quer passá-las a nós. Porém, cria sites mal feitos, sem mapas. É necessário paciência para encontrar alguma coisa lá. http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/ 100

parte prática Análise fundamentalista

{{Principais variáveis econômicas Há algumas informações econômicas que são fundamentais para se seguir, elas são: • Selic: A Meta Selic é o indicador básico dos juros na economia. A Selic serve de referência para os agentes financeiros contratarem operações entre si e formarem o DI, tanto presente, como futuro. Como veremos adiante, os movimentos das taxas de contratação dos títulos mistos (Tipca) são muito similares aos do DI futuro; • Inflação: O IGPM e o IPCA, separados e em conjunto, dão o retrato da inflação no país. A inflação é uma das duas grandes variáveis que

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levam à determinação da taxa Selic; • PIB: O nível de atividade econômica é o grande contraponto da inflação na determinação da taxa de juros. Afinal, ninguém quer inflação alta, mas também ninguém quer recessão o tempo todo. 101

parte prática As três variáveis que citamos são os fundamentos econômicos da análise do cenário dos títulos públicos. Na verdade, há um relacionamento intrínseco entre PIB e inflação (com certa defasagem), pois a elevação do PIB costuma puxar a alta da inflação (principalmente quando a “indústria” - as máquinas - ou a mão-de-obra atingem sua capacidade máxima de produção) e a baixa no PIB reduz a inflação, pois os agentes não conseguem repassar para seu preço a pressão inflacionária que sentem nos insumos, reduzindo sua própria margem. A variável gráfica que também pode ser analisada, por quem assim o desejar é o DI1, o DI futuro. A curva do DI futuro reflete, justamente, a expectativa do mercado para a trajetória da Selic. Embora a Selic possa não seguir essa expectativa, o DI futuro reflete o

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somatório das opiniões dos agentes econômicos a respeito da Selic e pode servir como uma referência gráfica para quem estiver inseguro de sua análise econômica. Vejamos, um por um, cada fundamento econômico. 102

parte prática {{Meta Selic O gráfico da Meta Selic é um um bom indicador das tendências de curto e de longo prazo da taxa no país. Pelo gráfico a seguir, podemos ver a tendência de longo prazo da redução da taxa, devido a vários fatores, como o crescimento do país, o avanço na infraestrutura, a diminuição da percepção de risco, etc. Como o Brasil é um grande exportador de commodities, o crescimento da exportação de minério, soja, açúcar e carnes levou o país a um outro patamar durante os anos 2000. Essas questões serão abordadas na parte teórica e a influência delas não é vista no curto prazo (não interferindo em nossas estratégias), mas so-

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mente no longo prazo. http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS A selic que usamos em nossos gráficos, vem daqui: http://portaldefinancas.com/selic1415.htm

103

Ma r-1 2 Ab r-1 3

Fe v -0 9 Fe v -1 0 Ma r-1 1

Ja n-0 8

Ja n-0 7

De z -0 4 De z -0 5

No v -0 2 No v -0 3

Ou t-0 1

Ou t-0 0

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parte prática Meta Selic

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

-

104

parte prática {{Ipca e Igpm Junto com as informações do PIB, os indicadores de inflação são as variáveis mais importantes a influenciar a curva de juros. Os governantes brasileiros, atuais e futuros, não terão condições políticas de governar com hiperinflação, como ocorreu no passado brasileiro. A estabilidade econômica é um “bem” que o brasileiro adquiriu, com muito custo, e do qual não abrirá mão. Dessa maneira, pressupomos que o governo agirá para combater a inflação. A tempo, ou mesmo a destempo (como ocorreu recentemente), mas agirá. Além disso, a política monetária é um instrumentos de controle da inflação mais rápido de ser usado do que a política fiscal, que muitas

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vezes depende de negociações e votações no Congresso, confronto com setores da sociedade, etc. A política monetária, com a elevação dos juros, por exemplo, executa-se muito mais rápido.

105

parte prática http://www.sidra.ibge.gov.br/snipc/tabelaIPCA.asp?o=3&i=P http://www.portalbrasil.net/igpm.htm

30

25

20

15

10

ipca x Igpm

03 /08 10 /08 05 /09 12 /09 07 /10 02 /11 09 /11 04 /12 11 /12 06 /13

0

12 /02 07 /03 02 /04 09 /04 04 /05 11 /05 06 /06 01 /07 08 /07

índice

5

-5

106

parte prática {{Pib No site do IBGE você pode acessar trimestralmente as Contas Nacionais. Baixe as tabelas completas no formato .zip e abra. Há várias informações, de vários setores em bases acumuladas ou com diversas referências. O dado que mais nos interessa é a seqüência do PIB no “Acumulado em 4 trimestres” (12 meses). Elaborado o gráfico com apenas esse valor, teremos uma idéia da força atual da economia e do futuro da selic. P.S.: as demais informações, inclusive por setores, são importantes

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para análise de câmbio e ações, mas esses são outros assuntos.

107

20 12 .IV

20 11 .IV

20 10 .IV

20 09 .IV

20 08 .IV

20 07 .IV

20 06 .IV

20 05 .IV

20 04 .IV

20 03 .IV

20 02 .IV

20 01 .IV

20 00 .IV

19 99 .IV

19 98 .IV

19 97 .IV

19 96 .IV

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parte prática http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/defaultcnt.shtm

PIB

10,0

8,0

6,0

4,0

2,0

0,0

-2,0

-4,0

108

parte prática {{Anomalias: Brasil no final de 2014 No final de 2014 e durante 2015, o Brasil presenciou retração econômica com elevação da inflação. É possível? Sim. A inflação é medida em vários produtos, alguns sob o regime de preços livres e outros, sob preços estipulados pelo governo, preços administrados. Dentre os administrados estão: energia elétrica, combustíveis. Além disso, se o governo mantém uma taxa de câmbio artificialmente valorizada ou desvalorizada, reduz a inflação ou eleva o PIB, respectivamente, também artificialmente. Quando o câmbio se ajusta, a inflação é afetada. O Brasil havia congelado os preços administrados por vários anos, segurando a inflação. Ao chegar a um nível insustentável, teve que

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reajustar tais preços, liberando um tsunami de inflação, que, no caso, independe da força da atividade econômica. Tais preços afetam toda a cadeia produtiva, que busca repassá-los à frente, levando a uma persistência temporal da inflação. 109

parte prática {{Fatores indiretos Fatores como o desemprego, afetam as variáveis aqui mencionadas e, por consequência, afetam indiretamente as taxas de contratação. O desemprego caiu de 12% em 2002 em “linha reta” para 5,5% em 2013 (o que já pode ser considerado pleno emprego), significando uma pressão muito forte sobre salários (escassez de mão de obra), principalmente no setor de serviços. Essa é uma das pressões inflacionárias que pode ser acompanhada por sites como o IBGE ou SGS do Bacen.

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Agora que já temos os dados fundamentalistas, é hora de analisá-los.

110

parte prática {{como as taxas são determinadas? Chegou a hora de descobrirmos como as taxas de contratação do Tesouro são determinadas, pois, entendendo esse mecanismo, dominaremos o segredo da alta rentabilidade no Tesouro Direto. Na primeira vesão do ebook, após quase dez anos de uma equipe econômica de linha desenvolvimentista, e julgando que haveria mais quatro anos dessa política, para simplificar, decidimos não apresentar a diferença de conduta da autoridade monetária, caso uma equipe de linha liberal monetarista sucedesse a anterior. Na área de debates, ressalvamos que, caso a então oposição chegasse ao poder, deveríamos haver uma mudança na política econômica. Não foi pelas urnas, mas a política econômica mudou. A partir de eníndice

tão, esse ebook passa a incorporar o entendimento das duas linhas econômicas para que, qualquer que seja o governo, você possa “prever o futuro”. Prever? Sim, prever. Entenda que, quanto mais previsível um mercado, 111

parte prática maior a segurança para nele se ganhar dinheiro. Se o dólar estiver próximo a uma taxa balanceada, fica difícil de prever seu futuro movimento. Quanto mais afastado do necessário para um equilíbrio econômico, maior será a pressão para que ele s ajuste e maior será a previsibilidade de que esse ajuste ocorra. Por isso o mercado de câmbio é, em geral, considerado “perigoso”. Porque, em tempos sem desajustes, não se sabe bem que rumo ele pode tomar. Isso também ocorre no mercado de ações. Porém, o mercado de juros leva uma enorme vantagem sobre os demais: ele é relativamente previsível e essa previsibilidade é a nossa chance de gerar altos lucros com baixo risco. Mesmo assim há risco? Claro que há. Quem já nos acompanha há mais

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tempo sabe que uma mudança nas taxas de juros da Rússia, dos EUA, ou de qualquer grande potência, bem como instabilidades políticas nacionais (uma denúncia de corrupção) podem, do dia para a noite, alterar drasticamente a direção dos juros no curto prazo. 112

parte prática O alento é que, mantidas as condições econômicas (inflação e PIB, basicamente), os juros retomarão sua tragetória. {{As duas visões: questão de prioridade Resumidamente, e direto ao ponto, tudo se resume a uma questão de prioridade. Para a equipe econômica desenvolvimentista, a prioridade é o nível de atividade econômica. Essa equipe aumentará os juros para conter a inflação, mas reduzirá tão logo o PIB comece a cair, já prevendo que, a queda do PIB, por si só (como você verá na parte teórica), será capaz de trazer a inflação para um patamar inferior. Para a equipe econômica liberal, a prioridade é a inflação, a estabilidade econômica. Essa equipe ignorará o PIB, ou tentará incentivá-lo com índice

medidas que não sejam pela redução dos juros. Assim, essa equipe tende a seguir a inflação, sendo que os juros serão os menores possíveis desde que a inflação esteja dentro da meta. 113

parte prática Como diferença clara, podemos ver que a linha desenvolvimentista tolera uma certa inflação, desde que o PIB esteja crescendo. Percebeu a diferença no contexto dos dois “desde que”?

Pontos positivos (metas): • Desenvolvimentistas: crescimento do PIB • Liberais: controle da inflação

Pontos negativos (efeitos colaterais): • Desenvolvimentistas: Tolerantes com a inflação

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• Liberais: Tolerantes com a recessão.

O lado bom é que ninguém quer ser tachado de incoerente. Uma equipe de uma linha, o será até que seja trocada por outra equipe. Um ministro, um presidente do Bacen não muda de postura durante um 114

parte prática mandato (geralmente, não mudam por toda a vida!).

Como saberei o posicionamento da atual equipe econômica? Fácil, estará na mídia, estará em nossa área de debates. Em geral, a menos que sejam um completo desconhecido, assim que nomeado, e antes de assumir o cargo, todos já sabem a postura do Ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central. Expressões como combate à inflação mostrarão uma propensão ao aumento dos juros, expressões como alavancar o desenvolvimento, mostrarão uma propensão a uma redução dos juros.

{{Comportamento econômico em gráficos índice

Acompanhando os gráficos que elaboramos, você verá como havia certa previsão das taxas de juros durante os desenvolvimentistas e, posteriormente, mostraremos como esse comportamento se alterou (peloa troca de prioridades), com uma equipe liberal. O importante é 115

parte prática que, em ambos os casos, há grande previsibilidade das atitudes. Os gráficos fundamentalistas que traçamos em nossa estratégia são, basicamente, dois. Podendo ser reunidos em apenas um, caso a pessoa não ache visualmente complicado lidar com um gráfico com várias curvas.

Os gráficos são:

índice

PIB x Selic

Inflação x Selic

116

parte prática A diferença está na análise dos gráficos: Os desenvolvimentistas olharão prioritariamente o gráfico PIB x Selic e, secundariamente, o gráfico Inflação x Selic. x Os liberais olharão prioritariamente o gráfico Inflação x Selic e, secundariamente, o gráfico PIB x Selic.

Tenha isso em mente e você estará preparado para qualquer governo. Incluindo a abordagem de das duas linhas de pensamento, acabamos índice

aumentando um pouco a complexidade do material, porém esse material se tornou uma fonte válida para qualquer cenário. Vejamos então os tão falados gráficos:

117

NF

IDE

C

T E R SEC

parte prática

C

P O T

ENTIAL

O

O

ID NF

{{PIB X Selic

NTIAL

16,00% 14,00% 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00%

-4,00%

Selic

08 /13

04 /13

12 /12

08 /12

04 /12

12 /11

08 /11

04 /11

12 /10

08 /10

04 /10

12 /09

08 /09

-2,00%

04 /09

12 /08

índice

0,00%

PIB

118

parte prática Falar para comprar os prefixados antes da queda da Selic é fácil, difícil é saber quando se dá esse momento na prática. Então veja como o gráfico PIB x Selic foi uma sensacional fonte de informação (e ainda é!) , ou melhor, a mais potente arma na elaboração de uma estratégia de Tesouro Direto durante os desenvolvimentistas: A curva da Selic é uma curva similar à do PIB, mas defasada! O que isso significa? Significa que, ao traçar a curva do PIB, você saberá de antemão o destino da Selic! Se a curva do PIB fizer uma inversão (estava subindo e passou a descer, ou o contrário), você estará um passo à frente do mercado para saber que a Selic também inverterá a sua tendência. Tudo bem que, como você verá, as informações do PIB são publicadas

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com certo atraso, mas todo o mercado tem acesso a elas na mesma época e, além disso, você verá que o acompanhamento do PIB é um forte indicador dos movimentos da Selic.

119

parte prática Como traçar o gráfico? Se o PIB é trimestral e a Selic é diária, como traço o gráfico com ambos? Minha solução é consolidar os gráficos em uma base mensal: →→ Selic: Copiar a Selic mensal do Portal de Finanças (http://www.portaldefinancas.com/selic1415.htm). →→ Quanto ao PIB, na tabela do IBGE, procure pelo “Acumulado 4 trimestres” e copie a coluna. Agora, para fazer a variação mensal, faça uma “interpolação linear” dos dados trimestrais. Basicamente consiste em calcular o nível do trimestre atual menos o do trimestre anterior e dividir essa diferença por 3 (3 meses). Esse valor é multiplicado por 1 se for o 1º mês do trimestre, ou 2, se for o 2º mês (no terceiro, não precisa, é o dado do IBGE) e somado ao valor do trimestre anterior.

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Em anexo segue a planilha com a interpolação linear. PS.: A planilha do curso tem esse gráfico e, além disso, sabemos da existência de um tópico no fórum onde alunos compartilham a planilha atualizada, evitando a necessidade de retrabalho por cada um. 120

NF

IDE

C

T E R SEC

parte prática

C

P O T

ENTIAL

O

O

ID NF

{{Inflação x Selic

NTIAL

16,00% 14,00% 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00%

índice

-4,00%

IPCA

Selic

08 /13

04 /13

12 /12

08 /12

04 /12

12 /11

08 /11

04 /11

12 /10

08 /10

04 /10

12 /09

08 /09

-2,00%

04 /09

12 /08

0,00%

IGPM

121

parte prática Considere que a medida da inflação pelo IGPM é uma medida rápida e a medida pelo IPCA é uma medida lenta. A amplitude do IGPM é maior e ele é mais adiantado, ao passo que o IPCA é de menor amplitude e retardado. Dito isso, veja como, no gráfico, quando a linha vermelha do IGPM acelera de baixo para cima, em direção à linha azul do IPCA, é necessário elevar a Selic para conter a inflação. Por outro lado, quando a linha

14,00%

vermelha “embica” para baixo, segue-se um movimen-

12,00%

to de redução da Selic.

10,00%

Lembre-se que tudo isso ocorreu durante a época dos

8,00%

desenvolvimentistas. Ou seja, ambos os gráficos, PIB x

6,00%

Selic e Inflação x Selic, são úteis para qualquer que seja

4,00%

a equipe econômica. A diferença é de prioridades.

2,00%

Veja, então, como, após a linha amarela que traçamos,

índice

16,00%

a Selic deveria ser imediatamente elevada para con-

-4,00%

IPCA

Selic

IGPM

08 /13

04 /13

12 /12

08 /12

04 /12

12 /11

08 /11

04 /11

12 /10

08 /10

04 /10

12 /09

08 /09

-2,00%

04 /09

12 /08

0,00%

ter a inflação, mas não o foi. Essa é a tolerância com a inflação que os desenvolvimentistas têm, mas os libe122

parte prática rais, não. Agora veja o que ocorreu depois da troca de mentalidade (veja que, com a chegada das eleições de 2014, a equipe econômica anterior teve que adotar um comportamento contraditório com suas opiniões, o que tornou impossível sua continuidade). Perceba que após a linha cinza vertical, o PIB cai, ao passo que a Selic se eleva, demonstrando uma mudança de postura da autoridade monetária. Por que? Por causa do movimento inflacionário que veremos no gráfico a seguir. Após ler a parte teórica, você perguntará:

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mas a queda do PIB não puxa uma queda da inflação? Sim. O problema, no caso, foi uma anomalia, causada por uma inflação artificialmente retida nos preços adminis123

parte prática trados por vários anos. O governo “liberou” toda essa inflação de uma só vez após a eleição de 2014. Depois do ajuste dessa inflação, o mercado retornará à sua normalidade. Veja, nesse gráfico, que o momento em que a Selic começou a subir ao passo que o PIB caía não foi uma “obra do acaso”, ou algo despropositado. A elevaçã da Selic foi uma medida de combate da inflação, medida pelo IPCA, conforme a linha verde do gráfico. Conclusão: com os liberais, a prioridade é o combate à inflação. A índice

Selic cairá, mas passará a seguir o gráfico do IPCA, não o do PIB, prioritariamente. O PIB sim, mas em segundo lugar. 124

parte prática Análise Grafista Acabamos de ver o núcleo de nossa estratégia de curva de juros: detectar quando a Selic subirá e quando cairá. Isso é importante porque devemos comprar títulos prefixados/mistos com taxas de contratação estiverem altas e devemos vendê-los quando estiverem baixas. A pergunta que se faz é: mas as taxas de contratação dos títulos sempre seguem a Selic? A resposta é sim, mas não de uma maneira exata. Em uma análise de ambiente econômico, o que veremos é que as taxas de contratação altas ocorrem concomitantemente com as taxas altas de Selic. Porém, as curvas não coincidem plenamente, podendo o pico das taxas de contratação ocorrer um pouco antes do pico da Selic. índice

Mas isso não é um problema, pois se você comprar os prefixados/mistos durante o “platô” de alta da Selic, você terá ótimos ganhos com a queda. Realizando o lucro com a venda no “platô” de baixa. As técnicas que abordaremos de agora em diante visam a elevar ainda 125

parte prática mais a nossa rentabilidade, mas são opcionais, já que o acompanhamento somente com base nos gráficos já passados é suficiente para se conseguir uma elevada rentabilidade no Tesouro Direto. Nesse fluxograma a seguir, mostramos como as taxas dos títulos do Tesouro são influenciadas. De uma maneira indireta, as taxas são influenciadas por, praticamente, toda variável macroeconômica, como as taxas de desemprego. Taxas de desemprego (fator indireto) muito baixas levam a uma pressão inflacionária (fator direto), que, por sua vez, determina a taxa Selic. Títulos como o Tselic são o espelho direto da Selic e, portanto, sua aná-

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lise finda por aí.

fatores

fatores

Selic, títulos

(DI e DI

Mistos e

indiretos

diretos

pós e pré

futuro)*

prefixados

126

parte prática Porém, a Selic estipulada pelo COPOM influencia a expectativa de juros futuros (negociado na BMF), os quais, por sua vez, refletem nas taxas de contratação dos títulos mistos e prefixados. Assim, as taxas dos títulos mistos e prefixados são formadas por um “jogo” entre o governo e o mercado, em que o governo sinaliza com frequência o que pretende executar e o mercado digere esses sinais, tornando as curvas de DI futuro essa interpretação feita pelo mercado. O mercado determina as taxas de juros? Claro que não, os agentes do mercado não querem correr o risco de atuar fora de sincronia com o governo, pois quem o fizer terá prejuízo. O mercado quer “adivinhar” o que está na mente do governo e, com isso, obter lucros (lembre-se que a previsibilidade é o nosso trunfo).

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Por outro lado, o governo também não age sozinho, pois tem que ofertar seus títulos em leilões para os chamados primary dealers e esses têm que adquiri-los. Essa aquisição não se dá sem a vontade desses. Assim, o governo “estipula” as taxas de juros, mas não trancados em 127

parte prática uma torre e isolados do resto do mundo. Há muitos estudos sobre uma inversão de lógica no Brasil, pois aqui o DI futuro influi os títulos do Tesouro, em vez de o contrário. (http://www.anpec.org.br/encontro/2013/files_I/i8-4006919ee1fb740fc02e92acdf7c7737.doc) Questionados se o DI futuro serviria para a previsão das taxas de contratação dos títulos públicos, na primeira versão desse ebook, dizíamos que não, pois os movimentos das taxas de contratação dos títulos mistos e os movimentos do DI futuro tendiam a ser coincidentes, não havendo razão maior para acompanhar a curva do DI futuro, em vez de acompanhar as taxas de contratação dos títulos públicos. Mudamos de ideia por alguns fatores:

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→→ Os gráficos de DI1 estão disponíveis em vários sites, como o ADVFN, na ferramenta APLIGRAF, no DOTSTOCK. Inclusive com a funcionalidade de análise gráfica, para quem quiser. Já os gráficos dos títulos do Tesouro têm de ser traçados pelo usuário ou estão disponíveis em 128

parte prática menos sites, como o DOTSTOCK e o TDIRETO. Nenhum desses dois permite a análise gráfica, pelo interessado. →→ Colegas do curso perceberam que, em um mesmo dia, se os juros futuros estiverem em alta, a segunda taxa ofertada pelo Tesouro (o Tesouro apresenta uma taxa de manhã, altera na hora do almoço e tem outra no fim da tarde) vem melhor que a primeira da manhã. Se estiverem em baixa, a segunda virá menor. Assim, dentro de um dia, pode ser vantajoso aguardar a próxima taxa ou comprar logo, sabendo-se qual o comportamento do DI futuro naquele dia. Desse modo, passamos a ver utilidade no uso do DI futuro, pois ele dá mais agilidade para o acompanhamento das taxas praticadas no Tesouro.

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Porém, lembre-se sempre que: as taxas de DI Futuro (o chamado DI de um dia) refletem a opinião geral dos agentes econômicos privados (empresas exportadoras, importadoras, investidores e bancos) sobre a taxa futura do DI, que seguirá a Selic, que, por sua vez, é determinada pela autoridade monetária com um olho na inflação e o outro no PIB. 129

parte prática O mercado dispõe das mesmas informações de que dispomos. Ao contrário da Bolsa de Valores, o mercado não sabe o IPCA, o IGPM ou o PIB por informação privilegiada (embora haja as chamadas expectativas do mercado). Enfim, o DI futuro reflete a soma das opiniões sobre os mesmos indicadores que utilizamos em nossa estratégia. Assim, tome muito cuidado ao interpretar os gráficos de DI futuro, pois quem analisa somente “gráficos” pode ter a impressão de que os juros chegarão a 20%, por exemplo, quando, na verdade, é quase impossível que os juros cheguem a tanto. Dicas para quem quiser usar gráficos: →→ Use o gráfico somente para confirmar uma análise fundamentalista já realizada. Nunca tome suas decisões somente pelo gráfico.

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→→ Evite fazer trades curtos, aproveitando oscilações de curtíssimo prazo. O Tesouro Direto não foi feito para isso, você perderá toda a rentabilidade no IOF, no spread de compra e venda e no IR regressivo na maior alíquota. Se quiser fazer trades, faça no DI1. 130

parte prática

índice

Façamos uma análise de exemplo do DI futuro (dados do Dotstock):

131

parte prática Veja na tabela que há uma previsão do mercado, elaborada no início de maio de 2015, de que os juros Selic/DI subirão até o primeiro trimestre de 2016 e, a partir daí, começarão a cair. Essa é a primeira análise que se pode fazer dos números do DI futuro. Não significa que isso se concretizará, pois a cada divulgação de PIB e de dados inflacionários (IPCA e IGPM), as expectativas do mercado são refeitas. De qualquer forma, a primeira conclusão dos dados do DI futuro de 09 de maio de 2015 é que havia um ambiente de compra de títulos durante todo o ano de 2015.* * Lembrando que, apesar de essa análise ser “datada”, você pode fazê-la a qualquer momento por conta própria, com os dados do momento em

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que analisa. Não é necessário enviar um email para nosso contato informando que o ebook está desatualizado porque os dados aqui apresentados já se alteraram há vários meses, ou anos. Eles se alteram a cada minuto! 132

parte prática

índice

DI1F17

133

parte prática No início de 2014, indicamos a compra de títulos mistos, veja no gráfico anterior como o DI caiu daí em diante, aumentando nossa rentabilidade. No dia 19/09/2014, todos os alunos do nosso curso receberam por email nosso aviso de venda dos títulos mistos e mudança para posição em títulos posfixados (só lembrando: não somos obrigados a fazer isso, o curso não promete esses avisos. Mesmo assim, comunicamos o quê estamos fazendo e comentamos na área de debates, para auxiliar os alunos). No final de janeiro começamos a indicar compra moderada dos títulos mistos e, entre os dias 11 e 13 de março de 2015, indicamos comprar toda a carteira de Tipca 2035. Veja, no gráfico anterior, que a data cor-

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responde ao pico relativo das taxas de DI futuro. Veja, também, que, conforme a análise técnica, ainda não seria o momento adequado de compra de títulos mistos (ou, a venda de longo prazo do DI1F25), já que o ativo continua em seu canal de alta. A queda do DI1F25 a partir da data que informamos, é uma correção dentro 134

parte prática do canal de alta e o analista técnico somente venderia o DI1F25 com a intenção de recomprá-lo quando estivesse chegando na parte inferior do canal de alta, o que ocorreu em meados de abril (um mês depois do ponto que informamos). Porém, nossa posição é de longo prazo e somente deveríamos adquiri-los no “ponto máximo” da curva. Por que, então, adquirimos títulos “precocemente”, antes que a análise técnica apontasse uma reversão de tendência? Porque nosso curso é baseado em análise fundamentalista, mais do que em análise técnica. A segunda poderá servir somente, e tão somente, para confirmar o que já interpretamos dos fundamentos. Além disso, ao contrário do que todos imaginam, no gráfico do Tip-

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ca 2035 (abaixo), percebe-se que, apesar de o DI1F25 em meados de maio estar levemente superior aos picos do final de dez/14 e de fev/15 (antes do grande pico de março) (retas horizontais no gráfico abaixo), o Tipca 2035 não avançou da mesma maneira, fez um topo relativo em 135

parte prática 6,10%, em níveis bem menores que naqueles meses, quando o DI1F25 estava no mesmo nível (gráfico do DI acim) que o de fins de abr/15, demonstrando que os títulos não seguem 100% o DI e demonstrando falta de força na alta dos títulos especulativos e do próprio DI futuro (que o mercado estima com base nos movimentos do próprio governo).

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Ou seja, o gráfico do DI futuro, assim como o gráfico da Selic são apenas indicadores. 136

parte prática Quando lançamos esse curso e afirmamos que a estratégia gerava uma média de 24% em 4 anos anteriores a 2014, muita gente nos questionou para que apresentássemos “provas”. Porém, com o curso publicado e com avisos de compra e venda enviados para nossos alunos, eles perceberam o teor da estratégia e vários, assim como nós, obtiveram em 2014 rentabilidade na faixa de 30% (pergunte na área de debates ou no fórum!).

Sabemos que aqui apresentamos vários termos técnicos, difíceis para aqueles não tão chegados a economia. Mas: 1. A prática não é tão complicada assim;

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2. Nós e vários alunos (aos quais agradeço publicamente, verdadeiros gênios!) atuantes em nossa área de debates, avisamos sempre o que estamos fazendo, para que o iniciante possa dar seus primeiros passos. 137

resumo da estratégia 1. Atualize as planilhas (caso não as encontre atualizadas em nosso fórum) e avalie em que ponto da curva é o presente (se fase de alta da Selic, baixa ou platô alto/platô baixo). 2. Veja, em nossa área de debates/fórum se a atual equipe econômica tem como prioridade o PIB (desenvolvimentistas) ou a inflação (liberais). Isso determinará a prioridade entre nossos dois gráficos principais, o “PIB x Selic” e o “Inflação x Selic”. 3. Diante da situação, determine seus percentuais de alocação inicial. Sugestões: • Selic no pico ou platô de alta: 20% renda fixa prefixada para 2 ou 3 anos (para vencer no próximo pico dos juros - entre um pico de alta e outro, em condições normais, leva-se entre 2 e 3 anos, segundo

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levantamos para os últimos 15 anos), 15% em renda fixa de alta liquidez (para ser usada na aquisição de ativos “I”, “C” ou “A”, se surgir oportunidade - pode ser o Tselic) e 65% em Tipca 2035 ou o mais especulativo do momento. 138

resumo da estratégia • Início do platô de alta e início do platô de baixa: adquirir parte da carteira em títulos mistos não especulativos (os mais curtos), para se aproveitar da alta da inflação na componente não especulativa do título (eventuais aumentos da taxa de contratação não afetarão significativamente a rentabilidade, já que o título é curto!). Essa estratégia é ainda mais interessante no período de setembro a abril, quando o IPCA tem suas maiores altas sazonais. Quando o platô de baixa estiver acabando, migre para posfixados. Quando o platô de alta estiver acabando, migre para os mistos especulativos. • Selic no fundo ou platô de baixa: prioridade em títulos posfixados e Tselic, para garantirmos que não teremos uma rentabilidade negativa na fase de alta, mas positiva. Para alavancar a rentabilidade, você pode adquirir DI1 para um período futuro (quanto mais longe, mais índice

especulativo também), de até dois anos, o que elevará exponencialmente seu ganho na fase de alta. 4. Relaxe! Vemos que alguns alunos em nossa área de debates que simplesmente não relaxam, buscando todos os dias uma movimen139

resumo da estratégia tação, adrenalina, a maior taxa possível do movimento de alta. Isso é inútil e gerará um stress enorme para obter uma rentabilidade apenas um pouco maior. Não é esse o núcleo da estratégia! As dicas de acompanhamento do DI futuro são somente para aqueles que querem se debruçar mais sobre o assunto, não são obrigatórias (lembre-se que esse curso é lido por centenas de pessoas e cada uma tem seu perfil). É possível, inclusive, obter alta rentabilidade “sem olhar as taxas de contratação”, basta fazer o que exporemos agora. 5. ESTRATÉGIA PARA QUEM INVESTE TODO MÊS UM POUQUINHO: Se você investe todo mês uma quantia, não dá para fazer cálculos mirabolantes a todo momento, isso tomaria o seu precioso tempo. Em vez disso, faça a a análise de 5 minutos (que é mais a essência desse curso): veja se estamos em uma fase de juros altos (platô) ou juros índice

caindo, se sim, adquira prefixados, se estivermos em uma fase de juros baixos (platô) venda os prefixados para garantir a rentabilidade especulativa. Se a fase de elevação de Selic, adquiria posfixados. Voilá! Você garantiu alta rentabilidade e baixo empenho! 140

resumo da estratégia Topo Selic = (topo inflação ou topo PIB) 65% 20% 15% Fase de Selic baixando Selic atinge fundo ou próximo dele Início platô de juros Aplicação com inflação subindo 55% Renda fixa posfixada ou Tselic

índice

25% 20%

Título misto curto (aproveitar inflação) Renda Fixa prefixada 2/3 anos máx.rent. Fase de Selic subindo 78% 20% 2%

Aplicação Tipca 2035 ou o mais especulativo Renda Fixa prefixada 2 ou 3 anos máx. rent. Renda Fixa alta liquidez para oportunidades Continua comprando títulos especulativos Importante: vender os títulos especulativos Início platô de juros com inflação caindo 65% 20% 15%

Aplicação Renda fixa posfixada ou Tselic Renda Fixa prefixada 2/3 anos máx.rent. Renda Fixa alta liquidez p/ oportunidade

Aplicação Renda fixa posfixada ou Tselic RF pré 2/3 anos (contratada pico anterior) Compra DI Futuro (opcional, alavancagem!)

141

parte teórica O que são juros? Juros representam a remuneração pelo uso de um bem de terceiro (moeda) por um período. Sua existência parte do pressuposto de que é mais vantajoso deter dinheiro agora do que no futuro e que abrir mão da moeda no presente gera um aborrecimento, uma limitação à liberdade do proprietário da moeda, que deve ser compensada. Retirando a variável tempo (derivada da função montante de juros), temos a taxa de juros, que, basicamente, é composta por duas parcelas: →→ A compensação acima mencionada; →→ Um acréscimo referente ao risco do inadimplemento do tomador.

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Quando o risco é próximo de zero, a taxa de juros se aproxima da compensação pela cessão do uso imediato da moeda. Sendo maior o risco, acresce-se um valor a título de “seguro” contra a quebra do tomador. 142

parte Teórica Determinação da taxa de juros

{{Fator Risco A variável “risco” é medida por fatores como a capacidade financeira do tomador e sua disposição a pagar suas dívidas, voluntária ou compulsoriamente. No caso de Estados Nacionais, a disposição em pagar dívidas é representada pelo histórico do país (moratórias, v.g., contam negativamente) e a capacidade financeira é dada pela relação entre o estoque de dívida daquele país e seu PIB, ou melhor, e a receita total do governo (que é percentual do PIB). O nível de gastos do governo influencia esse risco, pois haverá superávit capaz de servir à dívida se as receitas menos os gastos governamentais forem bastante positivos, ou haverá

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déficit se as receitas menos os gastos forem pouco positivos, insuficientes para o pagamento do serviço da dívida (serviço da dívida é o montante de juros a ser pago em determinado ano).

143

parte Teórica * A explicação de superavit e deficit foi simplificada, porém, a fórmula completa para esse cálculo consta das Contas Nacionais publicadas pelo IBGE, como se verá no devido momento.

{{Fator compensação pelo uso A variável “compensação pelo uso imediato da moeda” quase nunca é abordada em livros de economia, pelo menos nos tradicionais, pois é considerada auto-explicativa. Pois bem, não é auto-explicativa e uma boa compreensão desse fator tanto matemática quanto financeiramente pode ajudar na identificação de tendências de longo prazo da economia, sejam elas visíveis no curto/médio prazo, ou não.

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Uma correlação fácil de perceber, de antemão, emerge da comparação da taxa de juros praticada em países de alto PIB/per capita (PIB dividido por número de habitantes) com a taxa de juros em países menos integrados: em geral, as taxas de juros de países como EUA, Alemanha, 144

parte Teórica são muito inferiores às taxas de países como Brasil, Peru, China. Erra quem atribui essa diferença somente à componente risco da taxa de juros. A compensação pelo uso imediato da moeda embute uma crença, que pode se concretizar, ou não, no crescimento de um país (se a expectativa de crescimento de um país é grande, os atores econômicos preferirão alocar seu dinheiro em ativos de risco atrelados ao nível econômico (ações de companhias, por exemplo) a alocá-lo em títulos públicos. Porém, e isso não é dito nos livros, o pressuposto de expansão econômicas a taxas constantes é bastante irracional, como veremos agora.

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{{Força de queda no longo prazo Você já parou para pensar por que a Índia, a China, o Peru conseguem crescer a 10% a.a.? Isso se dá porque a base comparativa anterior é baixa, ou seja, se um 145

parte Teórica país tem renda per capita de 1.000 e cresce para 2.000, houve um aumento percentual de 100%, ao passo que se um país que possui renda per capita de 20.000 tiver o mesmo aumento, este será de 5%. Assim, a base comparativa anterior do PIB dos EUA, em termos per capita, é muito superior à da Índia, de maneira que o crescimento percentual da economia que se pode esperar dos EUA é infinitamente inferior. Quanto maior for o estoque de capital de um país (estoque de capital é o capital que esse país acumulou ao longo de sua história, está expresso em infra-estrutura em geral, rodovias, pontes, bem como prédios, etc.), maior a dificuldade física (limitações de volume de matérias-prima, de mão-de-obra, etc.) em se manter um incremento percentual no

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patamar anterior. Muitos podem alegar que um incremento no PIB de países como os EUA ainda é possível de ser visto. Correto, em parte. Primeiro, é impossível ver os EUA crescendo a taxas de países em desenvolvimento. 146

parte Teórica Ocorre que um dos fatores que sustenta um incremento no PIB dos EUA é a transferência de rendas (adiante veremos o Balanço de Pagamentos de um país), por meio da qual os países onde se localizam as filiais remetem o lucro por elas auferido aos países das matrizes das corporações multinacionais. Em outras palavras, o crescimento de países como EUA e Alemanha é totalmente dependente de suas relações com o exterior, e não mais de produção local. Enfim, a menos que haja uma guerra interna, ou que as máquinas, rodovias e prédios sejam considerados obsoletos e necessitem ser reconstruídos, a tendência é que a remuneração do capital empregado na produção seja cada vez menor em termos percentuais (ROI - return on investment). Lembramos que a guerra ou os fatores acima não são benéficos, pois causam primeiro o prejuízo, a destruição, para depois índice

causarem o crescimento. E o que o juros tem a ver com o crescimento de uma economia? Explicamos: quanto menor o ROI potencial em uma economia, menor a compensação a ser paga ao detentor de riquezas para que ele a em147

parte Teórica preste a alguém no presente. Se a pessoa não tem como investir o seu dinheiro e multiplicar seu capital, ela terá de aceitar um juro menor para abrir mão desse capital no presente. Assim, há uma tendência de queda da taxa de juros no longo prazo, o que torna interessantes os títulos pré-fixados, total ou parcialmente. Embora, como veremos adiante, haja tendências em sentido contrário. Títulos totalmente prefixados são os Tpre e Tprej e títulos mistos são os Tipca e Tipcaj, por exemplo. A base desta teoria é antes física e matemática do que histórica, se bem que a história recente do Brasil a tem comprovado. No caso brasileiro, tal tendência de queda da taxa será ainda mais forte do que nos demais países, uma vez que nossa taxa de juros real

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sempre figura entre as maiores do mundo. A alta taxa de juros relativa no Brasil não tem suporte em falta de estoque de capital, mas antes em um histórico de inflação, levando a inflação inercial, e em uma incrível propensão à inflação por questões de 148

parte Teórica demanda (incluindo maus hábitos de consumidores e governantes). No longo prazo, porém, a taxa de juros brasileira deve, compulsoriamente, cair, tanto pela falta em geral de motivo, quanto pelo aumento crônico do estoque de dívida, o que tornaria impraticável ao governo, dentro do orçamento (ou seja, sem deficit e, por conseqüência, novos financiamentos) continuar pagando taxas exorbitantes.

{{Forças de alta Apesar do que já falamos até agora, lembramos que existem outras forças atuantes em sentido contrário ao acima mencionado.

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{{Oscilações Em primeiro lugar, a taxa de juros oscila, ou seja, ela não se movimenta na forma de uma reta, mas na forma de uma senoide. Dessa maneira, é importante procurar adquirir os títulos nos pontos superiores da 149

parte Teórica curva, e não, em seus fundos. {{Aumento de risco Além disso, não podemos incorrer no mesmo erro que a maioria (aqueles que consideram a taxa de juros apenas em função do risco) e ver apenas uma componente da taxa. Como dissemos acima, a taxa de juros é a soma do risco de inadimplemento mais a remuneração da compensação. Logo, temos que analisar a tendência do risco Brasil, pois esse também influenciará a remuneração dos juros reais. Para monitorar o risco, deve-se acompanhar a evolução da dívida bruta e da dívida líquida em relação ao PIB do país ao longo do tempo. O mercado também costuma basear-se nas agências de ratings (ainda índice

que as classificações destas empresas sejam totalmente enviesadas). Se o percentual dívida/PIB estiver aumentando, estará havendo um aumento de risco; se estiver diminuindo, o risco estará diminuindo. Se 150

parte Teórica o próprio PIB cair, como ocorreu na Grécia, isso também eleva o risco, já que a receita dos governos é um percentual do PIB. Esse risco de crédito de que tratamos leva a um consequente risco para os títulos prefixados, total ou parcialmente, uma vez que a tendência dos juros é aumentar quando o tomador tem sua capacidade financeira comprometida. Esse risco aos títulos pré-fixados também pode ser expresso em termos de inflação possível acima da imaginável agora. Isso se explica porque, atualmente, a dívida brasileira é basicamente interna, ou seja, mensurada em reais, o que praticamente torna impossível a moratória, mas, por outro lado, torna possível uma inflação galopante diante de impressão de moeda pelo Tesouro para pagar as

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dívidas. Essa é uma diferença fundamental entre os países com dívida interna e os países com dívida externa (há também, claro, países credores internacionais, como a China): o fato de o país deter, ou não, o controle 151

parte Teórica sobre a emissão da moeda em que está expressa sua dívida. Assim, nações como Grécia, Espanha, Itália, Portugal, têm dívida externa e correm risco de default, pois podem não ser capazes de angariar Euros suficientes para o pagamento de suas obrigações. Por outro lado, países como EUA e Brasil têm débitos em moeda local, podendo ordenar a impressão de moeda para pagar a dívida, de maneira que o risco de calote é praticamente zero (no caso dos EUA, como o teto da dívida tem que ser aprovado pelo Congresso, há um certo risco político de moratória). Por isso a celeuma de calote pelos EUA não tem fundo financeiro, é questão meramente política (só darão o calote se quiserem). Os EUA tem aumentado a quantidade de moeda em circulação, imprimindo

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novos dólares para pagar suas dívidas e levando uma enxurrada de dinheiro barato com o QE3 (Quantitative Easing 3) ao redor do mundo. Tal fato tem levado um impulso inflacionário outros países, inclusive ao Brasil. 152

parte Teórica A impressão de moeda, todavia, tem seu efeito colateral, a saber, a inflação (pois o produto, medido pela quantidade de bens e serviços produzidos pelo país, é o mesmo, mas passa a ser adquirido por um mercado com maior quantidade de moeda em circulação, o que apenas fará os preços se equilibrarem para um patamar superior). Assim, os títulos pré-fixados correm maior risco que os pós-fixados se o ambiente tender a super-inflação. Os títulos totalmente prefixados correm o grande risco, obviamente, podendo ter rendimento real negativo pois a inflação pode, em tese ser, inclusive, superior ao rendimento nominal. Ao passo que os títulos mistos (parcialmente prefixados) correm um risco pequeno, muito difícil de seu rendimento se tornar negativo,

índice

embora, quanto maior a inflação, maior o percentual de incidência do imposto de renda sobre a remuneração extra pré-fixada e, conseqüentemente, menor a rentabilidade real.

153

parte Teórica Exemplificando: Inflação zero + 6% de remuneração pré-fixada = 6%. Menos 15% de I.R. longo prazo leva a rentabilidade real e nominal de 5,1%. Inflação 14% + 6% de remuneração pré-fixada = 20%. Menos 15% de I.R. longo prazo leva a rentabilidade nominal de 17%, mas rentabilidade real de apenas 3% (metade da rentabilidade nominal pré-fixada). Cenário de rendimento real negativo em NTN-B: 6% remuneração pré-fixada + inflação de 50% = 56% Menos 15% de I.R. longo prazo leva a rentabilidade nominal a 47,6%, de maneira que a rentabilidade real seria negativa em 2,4% (se deduzida a índice

inflação). Assim, as inferências do tópico anterior a respeito de serem vantajosos títulos prefixados devem ser reavaliadas diante do cenário econômico e da disposição política dos diversos governos. 154

parte Teórica Logo, ainda que tendamos a crer que os títulos parcialmente pré-fixados sejam, no longo prazo, a melhor alternativa de investimento (para quem não desejar operar a volatilidade dos juros no curto/médio prazo), por conciliarem baixo risco e retorno acima da média da economia, ainda assim, temos que ressalvar a existência de risco. Não vemos, todavia, o risco como algo ruim. Pelo contrário, o objetivo deste curso é justamente preparar o investidor para detectar movimentos esperados no curto/médio prazo na curva de juros de maneira a obter retornos no longo prazo muito superiores. {{Força dos serviços inúteis A economia moderna gira em torno de algumas premissas básicas. Uma delas é a de que a moeda é o meio universal de troca e mensuraíndice

ção de valor. Ou seja, praticamente qualquer bem pode ter seu valor expresso em moeda (e todo bem no mercado o tem) e considera-se que, uma vez expresso o valor em moeda, o valor de tal bem é imediatamente comparável a todos os demais bens disponíveis no mercado). 155

parte Teórica Assim, suponhamos um país de fronteiras fechadas em que oitenta porcento da população gaste boa parte de seus ganhos comprando sabão, água e canudos exclusivamente para fazer bolhas de sabão. Suponhamos que houvesse campeonatos de bolhas de sabão, locutores, mídia enviando repórteres para todos os lados a cobrir as novidades da bolha de sabão. Possivelmente, como boa parte dos esforços (energia consumida) deste país são voltados para algo em que não vemos utilidade, se um de nós fizesse uma viagem a tal país, certamente acharia o povo atrasado em áreas que julgamos essenciais, considerando que o estado da técnica fosse o mesmo entre todos os países. Porém, se tal país existisse com fronteiras abertas, toda essa inutilida-

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de teria valores expressos em moeda intercambiável. Nesse segundo contexto, a obsessão por bolhas de sabão influenciará diretamente o câmbio deste país, tornando-o mais desvalorizado. Porém, suponhamos que os demais países do mundo descubram a 156

parte Teórica alegria de fazer bolhas de sabão e, por todo o lado, as pessoas saiam lançando suas borbolhas ao ar. E mais, para aprender a fazer a bolha perfeita, os demais países do mundo pagam consultorias milionárias aos experts do país inventor da moda, além de pagar mais caro pelo sabão vindo daquele país, por suas qualidades excepcionais na produção de bolha. Nesse último caso, tudo inverte de figura. Na economia capitalista, o valor de qualquer bem ou serviço é dado pela disposição do mercado de absorvê-lo, ou seja, pela demanda. Assim, deixa de existir qualquer valor intrínseco às coisas. Se a produção de bolhas de sabão está totalmente integrada à economia mundial, sua produção e consumo interferem diretamente tanto

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no PIB dos países, quanto nos saldos do balanço comercial e de serviços (diferença entre o que o país exporta e o que importa). Assim, novas escolas de bolhas de sabão, consultorias e demais serviços movimentam a economia e geram riqueza, financeiramente falan157

parte Teórica do. Lembrando que, mesmo no primeiro exemplo, da economia fechada, a produção de bolhas de sabão já interferia no PIB do país, já que era trocada por moeda no mercado local. Em resumo, queremos demonstrar que a invenção de serviços inúteis, quaisquer que sejam, principalmente se passíveis de importação/exportação, é capaz de influenciar as variáveis agregadas das economias nacionais, podendo, inclusive, interferir na taxa de crescimento e, por conseqüência, na taxa de juros de equilíbrio em um país. Dessa forma, o fator inovação inútil (cada um que substitua a expressão pelo que bem entender: vídeo-games, campeonatos desportivos, mídias sociais, etc.) pode e é capaz de manter um nível crescente de

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demanda agregada (demanda agregada é o conjunto de toda a procura por bens em uma economia, trataremos disso melhor no capítulo sobre Contas Nacionais), o que pressiona a taxa de juros de equilíbrio a níveis superiores (deslocando a chamada curva IS para a direita, conforme também veremos adiante). 158

parte Teórica Concluindo, a capacidade de “inovar” é um fator capaz de manter a taxa de crescimento e, portanto, a taxa de juros (artificialmente?) a níveis elevados, contrariando a tendência que mencionamos, de queda. Há que se pesar todas as forças e ver quais as mais fortes em determinado momento. Ressaltamos que, por se tratarem de setores econômicos que “giram no ar”, em um ambiente de crise crônica, com restrições orçamentárias persistentes do ponto de vista das famílias, tais setores tendem a ser comprimidos ou até eliminados em alguns casos. Porém, a tendência dos serviços inúteis (ou, em outras palavras, de necessidades artificialmente criadas) segue forte e “segurando” o nível de crescimento de economias e o nível das taxas de juros. {{Integração de novos mercados índice

A tendência à redução da rentabilidade percentual do capital também é reversível momentaneamente com a integração econômica de novos mercados à economia globalizada mundial. 159

parte Teórica Recentemente foram integrados à economia capitalista mundial os países do leste europeu, Rússia e China. Com o processo de integração dessas enormes populações ao sistema, foi gerada uma enorme demanda por novos bens e serviços, o que levou a economias exportadoras de commodities (como o Brasil) a crescerem a reboque de tais países. Esse tipo de expansão por descobertas de novas fronteiras é capaz de inverter (enquanto durarem) a tendência de queda da rentabilidade. Já pensou em investir na África? As grandes multis brasileiras já estão lá. Marcopolo no Egito e várias empreiteiras por todo o continente.

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Porém, à medida que essas grandes economias vão se tornando cada vez mais niveladas ao conjunto do sistema, diminui a capacidade marginal de expansão. No caso interno brasileiro, ainda se poderá buscar a integração das 160

parte Teórica populações amazônicas (quanto aos grandes bolsões de miséria do sul e sudeste, isso não ocorre na mesma proporção), buscando-se manter a taxa de crescimento (e, por conseguinte, a taxa de juros). No nível mundial, os países centrais, inclusive os Brics já voltam seus olhos para o mercado africano, a última grande fronteira do mundo para a globalização total. Esse fenômeno da integração leva, necessariamente a uma alta do produto por diversos fatores. Entre eles, destaca-se o fator de que, em economias tradicionais e fechadas, as famílias produzem, em casa, grande percentual dos bens e serviços que são necessários à manutenção da vida. As famílias têm suas hortas, lavam roupas em casa, produzem móveis

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artesanalmente, reparam as roupas danificadas. À medida que ocorre a integração capitalista da economia, tais serviços passam a ser oferecidos e demandados no mercado. Assim, a comida é comprada no supermercado, os móveis são comprados e são 161

parte Teórica contratadas faxineiras e costureiras. Enquanto fora do mercado (entre família e vizinhos), tais bens e produtos não são levados em conta no cálculo do PIB, são irrelevantes para a economia. Já no segundo caso, há circulação de moeda e os mesmos bens e serviços passam a integrar o PIB. Esse processo de substituição, ainda que não leve imediatamente a um patamar superior de qualidade de vida, gera, por si, uma expansão econômica, trazendo tais bens e serviços a serem geridos pelas leis do mercado. Inclusive, gera-se oportunidade de agentes econômicos (inclusive estrangeiros) de se inserirem nessas esferas da manutenção da vida antes controladas de maneira familiar e no círculo local. Somando essa apropriação pelo mercado de novas esferas da vida à

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mencionada pequena base de comparação (pois o estoque de capital é baixo em tais comunidades), temos altas taxas de crescimento nessas regiões. De maneira que, embora esse material seja dedicado a uma análise do 162

parte Teórica mercado de juros, fica a dica àqueles que têm interesse de investimento em imóveis: investir em imóveis de menor valor e em locais mais remotos é investimento mais seguro que nos grandes centros. Lembramos que, assim como no nível internacional, no nível interno também ocorrem transferências de renda, de maneira que as empresas que lucram nas regiões mais remotas possuem sede, muitas vezes, nas regiões centrais, ocasionando um envio de recursos que pode sustentar a expansão econômica (mais frágil) dos grandes centros por um determinado tempo. De qualquer forma, reiteramos que as melhores oportunidades de investimento estarão sempre em regiões ainda em processo de inte-

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gração.

163

parte Teórica Dinâmica no curto e médio prazo

Na primeira parte do curso, abordamos os grandes fatores que influenciam as taxas de juros. Começamos pela grande tendência econômica de longo prazo, seguida pelas outras fortes tendências contrárias. A partir desse ponto, passaremos a abordar os instrumentos necessários à compreensão de curso prazo dos movimentos nas taxas de juros. Serão abordados conceitos e relações que o investidor deve compreender para poder movimentar-se com a flexibilidade necessária para garantir os retornos mais elevados do que o simples comprador de títulos públicos.

{{Preço e lei da oferta e procura

índice

Em economia, é pressuposto que em um mercado aberto, o preço de um bem será determinado em razão direta da sua procura (ou demanda) e indireta de sua oferta. O ponto de encontro entre a curva da demanda e a da oferta dá o ponto de equilíbrio, que é o preço de mer164

parte Teórica cado de determinado bem. Aumentos na demanda e aumentos na oferta fazem com que o preço de determinado bem se mova e se ajuste novamente voltando ao equilíbrio em outro ponto da curva. Além disso, o pressuposto da eficiência do mercado leva a que o preço desse determinado produto, como é expresso em moeda (meio universal de troca) demonstra a sua utilidade em comparação a todos os demais produtos existentes no mercado.

{{Contas Nacionais A contabilidade nacional analisa volumes agregados da economia (agregado significa a soma geral, de todos os setores) e gira em torno

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de conceitos básicos, a saber: produto, consumo, renda, poupança, investimento, absorção e despesa. As relações e os conceitos aqui apresentados serão essenciais para o entendimento das políticas fiscais e monetárias adotadas pelos governos. 165

parte Teórica PRODUTO é a soma de tudo que é produzido (bens e serviços) no país em um determinado tempo. CONSUMO são todos os bens e serviços absorvidos pelos indivíduos e pelo governo. RENDA é a remuneração dos fatores de produção (capital e trabalho) e compreendem os salários, os lucros, bem como juros e aluguéis. POUPANÇA é a renda não consumida (lucros não distribuídos das empresas também são poupança). INVESTIMENTO é o acréscimo no estoque de capital, dada pela formação bruta de capital fixo (FBCF) e a variação nos estoques das empresas menos a obsolescência. DESPESA são os possíveis destinos do produto, sendo o consumo mais índice

o investimento (mais o saldo da balança comercial, considerando-se as transações com o exterior). GASTOS do governo são os gastos com salários de funcionários públicos e com compras (não inclui os gastos de capital, que são investi166

parte Teórica mentos). PIB = { Consumo + Investimentos + Consumo do Governo + (Exportações – Importações) }

As equações que aqui expomos são simplificadas ao máximo, considerando às vezes sim, às vezes não, a existência dos agentes governo e exterior.

A chamada Conta Corrente do governo é composta por: Seus créditos: { Impostos diretos + indiretos + Outras Receitas (lucros em empresas, por exemplo) }

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Seus débitos: { Consumo do Governo, Subsídios, Transferências, Poupança do Governo }

167

parte Teórica Seremos bastante sintéticos nesse tópico. Caso o investidor tenha interesse de se aprofundar no tema, pode buscar bibliografia sobre o tema “Macroeconomia” (citaremos alguma ao final) ou fazer uma busca sobre Contas Nacionais na internet. É um tema importantíssimo para a compreensão mais abrangente da situação econômica do país.

Identidades Fundamentais das Contas Nacionais { PRODUTO = RENDA = DESPESA } { POUPANÇA = INVESTIMENTO } Poupanças (privada + do governo + externa) = investimento (do governo + privado).* * A parte que toca ao exterior é mais visível no chamado Balanço de índice

Pagamentos, que abaixo apresentaremos. De uma maneira menos explícita, ela também encontra-se nos agregados nacionais. Como todo produto sofre alguma destinação, PRODUTO é igual à DESPESA por definição direta. A igualdade do PRODUTO com a RENDA 168

parte Teórica deriva do fato de que, em cada etapa da produção, o valor adicionado é remuneração de algum fator de produção (lembrando que são incluídos os impostos e as rendas do exterior). A igualdade POUPANÇA e INVESTIMENTO decorre da definição de POUPANÇA = RENDA - CONSUMO e de que RENDA = DESPESA = CONSUMO + INVESTIMENTO. P = R - C => R = P + C e R = C + I => R = I + C,

logo, I = P

Isso na economia fechada, pois na aberta o investimento é a soma da poupança interna à externa (consideram-se poupança externa os empréstimos de estrangeiros). O PIB pode ser medido de três maneiras diferentes, mas com mesmo resultado: sob a ótica do produto, da renda ou da despesa.

índice

O Deficit Público será o total de investimentos do governo menos o seu saldo em conta corrente (suas receitas menos seus gastos). Ao analisar as Contas Nacionais de um país e, principalmente, a sua evolução no tempo, o investidor deve ser capaz de perceber as rela169

parte Teórica ções entre as diversas variáveis, estimando como alterações pontuais causam impacto nos demais agrega-

350000

dos.

300000

PIB

250000

Consumo das Famílias

agregados são as famílias e as em-

Consumo da APU

presas (em seu conjunto), o governo

Os agentes capazes de alterar os

200000

isoladamente, e os clientes e forne-

150000 Formação Bruta de Capital Fixo

100000

Exportação 50

0

40 Importação

1996.IV 1997.IV 1998.IV 1999.IV 2000.IV 2001.IV 2002.IV 2003.IV 2004.IV 2005.IV 2006.IV 2007.IV 2008.IV 2009.IV 2010.IV 2011.IV 2012.IV

50000

(Acima) Gráfico Contas nacionais a valores de 1995 (retirada a inflação).

cedores estrangeiros. PIB Consumo das Famílias

30

Consumo da APU

20

Formação Bruta de Capital Fixo

10

Exportação 2013.I

2012.III

2012.I

2011.III

2011.I

2010.III

2010.I

2009.III

2009.I

2008.III

2008.I

2007.III

(Direita) Gráfico Variação de volume % em relação ao trimestre do ano anterior

-10

2007.I

índice

0

Importação

-20

170

parte Teórica {{Balanço de Pagamentos O balanço de pagamentos aponta as relações do país com o exterior. É formado por: 1 - Transações correntes 1.1- BALANÇA COMERCIAL 1.2 - BALANÇO DE SERVIÇOS E RENDAS 1.3 - TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES = (1.1+1.2+1.3) 2 - Conta Capital e Financeira 2.1 - CONTA CAPITAL

índice

2.2 - CONTA FINANCEIRA 2.3 - DERIVATIVOS 2.4 - OUTROS INVESTIMENTOS BALANÇO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS (2) 171

parte Teórica 3 - ERROS E OMISSÕES 4 - RESULTADO DA BALANÇA = (SOMA DOS ANTERIORES) 5 - CONTA DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS

CÁLCULOS: 1.1- BALANÇA COMERCIAL { EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES DE BENS } 1.2 - BALANÇO DE SERVIÇOS e rendas { (EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES DE SERVIÇOS) + (SALDO DO TURISMO) + (RENDAS DE CAPITAL RECEBIDAS - ENVIADAS. EX.: LUCROS) + SERV. GOV. + DIVERSOS }

índice

1.3 - TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS { DONATIVOS SEM CONTRAPRESTAÇÃO }

BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES = { 1.1+1.2+1.3 } = SOMA DOS 172

parte Teórica ANTERIORES, SE POSITIVO, O PAÍS VENDEU MAIS DO QUE COMPROU

2.1 - CONTA CAPITAL { INVESTIMENTOS DIRETOS LÍQUIDOS (OS QUE ENTRAM - OS QUE SAEM) } 2.2 - CONTA FINANCEIRA { CRÉDITOS EXTERNOS LÍQUIDOS RECEBIDOS } 2.3 - DERIVATIVOS {ATIVOS X PASSIVOS} 2.4 - OUTROS INVESTIMENTOS 3 - ERROS E OMISSÕES

índice

4 - SALDO BALANÇO DE PAGAMENTOS { SOMA DOS ANTERIORES } = SE POSITIVO AS ENTRADAS DE DIVISAS FORAM MAIORES QUE AS SAÍDAS NO MERCADO OFICIAL DE CÂMBIO

173

parte Teórica 5 - BALANÇO CAPITAIS COMPENSATÓRIOS { EMPRÉSTIMOS DE REGULARIZAÇÃO PELO FMI + VARIAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS. } O balanço de capitais compensatórios anulará o saldo do Balanço de Pagamentos. Se o saldo do balanço de pagamentos for positivo, haverá pagamento de empréstimos ou aumento das reservas. Por que o Balanço de Pagamentos é importante? Em primeiro lugar, para se detectar movimentos insustentáveis na economia que terão de ser regularizados no futuro mediante, dentre outras coisas, variações no câmbio e/ou na taxa de juros, influenciando o nosso assunto aqui abordado. Considerando que a soma final do BP sempre será zero (em um re-

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gime de câmbio flutuante), se um país vive em deficit na balança das transações correntes (4) ou se o superavit está diminuindo em tendência firme, uma das situações abaixo estará ocorrendo: →→ Primeira opção: Ou está recebendo muito investimento estrangeiro 174

parte Teórica (5), →→ Segunda opção: Ou suas reservas internacionais estão se exaurindo (8). →→ Terceira opção: Está todos os dias no FMI pedindo recursos e caminhará para a quebra se não tomar atitudes. O Balanço de Pagamentos (BP) deve ser usado em complemento às informações das Contas Nacionais (CN). O item (5), balanço de capitais autônomos, inclui a poupança estrangeira que está complementando a poupança insuficiente nacional para financiar os investimentos que são feitos (pelo governo e pelo setor privado). Desta maneira, como o PIB é uma função de diversos agregados que levam em conta as transações com o exterior, as CN devem ser anali-

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sadas em conjunto com o BP. Um rápido olhar sobre o BP brasileiro demonstra que a balança comercial, que era muito positiva e com resultado crescente até 2006, inverteu de sinal e tem decaído desde então, demonstrando uma pos175

parte Teórica sível sobrevalorização do câmbio brasileiro. As linhas de “Importações” e “Serviços e Rendas” são negativas porque representam saídas de divisas. A Balança comercial é a soma das exportações com as importações (que têm sinal negativo). Percebe-se que os serviços e rendas são desfavoráveis ao país, o que 50000

Gráfico tendências no BP Brasileiro (US$ milhões)

indica que o Brasil importa serviços especializados (muito mais do que exporta), o mesmo ocorrendo com as

40000

remessas de lucros de filiais para ma-

30000

trizes, sendo que há mais filiais no Bra-

20000

sil do que matrizes (de multinacionais).

10000

Para recompor o superavit na balança comercial, é provável que haja uma

índice

20 13 *_I

20 12 *_I

20 11 *_I

20 10 *_I

20 09 *_I

20 08 *_I

20 07 *_I

20 06 _I

20 05 _I

20 04 _I

20 03 _I

20 02 _I

-10000

20 01 _I

20 00 _I

0

desvalorização cambial, mas esse é assunto para o “C” da Carteira RICA. Adi-

-20000

ção: houve a desvalorização cambial

-30000 Balança comercial (FOB)

Serviços e Rendas

Conta Financeira

RESULTADO DO BALANÇO

que prevíamos e lucramos muito! 176

parte Teórica {{Políticas fiscal, monetária e modelo IS/LM Agora veremos a importância das Contas Nacionais e outros conceitos para a compreensão dos movimentos da taxa de juros. Basicamente, a variação na taxa de juros influenciará diversos agregados da economia (e vice-versa), e, por consequência, o chamado Produto (PIB ou PNB, dependendo do movimento das rendas líquidas com o exterior). Assim, as tendências dos agregados, em conjunto com outras informações, são boas referências para o investidor desse ponto em diante. Basicamente, há o chamado PIB potencial de um país para um determinado momento, e um chamado PIB real, um pouco diferente do primeiro. Essas diferenças levam a desemprego (superior ao natural), índice

inflação e outros custos sociais que, embora afirmem os economistas clássicos serem tais distúrbios rapidamente equacionados pelo mercado (retornando-se ao equilíbrio), a prática demonstra o contrário, com pesados períodos de recessão e longo e penoso desemprego durante 177

parte Teórica as correções. De maneira que os governos se utilizam de políticas fiscais e políticas monetárias para tentar aproximar o PIB real do potencial e manter o nível de atividade econômica em constante aumento (ou com arrefecimentos mais suaves nos períodos de ajuste). O modelo mais aceito e utilizado para o equacionamento de toda a complexidade envolvida nessas questões é o chamado IS-LM, no qual: →→ o eixo das ordenadas (eixo vertical) representa a taxa de juros; →→ o eixo das abscissas o Produto (eixo horizontal), ou Demanda Agregada (procura total por bens em um país); →→ a curva IS representa os pontos de equilíbrio entre taxa de juros e Produto (=Demanda) no mercado de produtos; e →→ a curva LM os pontos de equilíbrio entre taxa de juros e Produto no

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mercado monetário. O cruzamento entre as curvas IS e LM dá o ponto de equilíbrio entre a taxa de juros e o Produto de uma determinada economia. Vamos explicar melhor cada curva. 178

parte Teórica {{Curva IS A chamada curva IS (investimento-poupança) demonstra a relação, já intuitiva para os investidores, de que uma redução na taxa de juros corresponde a um aumento na Demanda Agregada de um país (por via de maiores investimentos e consumo). Ao passo que o movimento contrário incentiva os poupadores e refreia o movimento de expansão econômica. Fazendo uma relação com as Contas Nacionais, e adiantando o tópico de Política Fiscal, temos que um aumento nos gastos do governo será capaz de deslocar a curva IS para a direita. Com a chamada política fiscal, o governo pode, por exemplo, aumentar ou retrair seus gastos e investimentos. Como Produto = Consumo +

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Investimentos, haverá um impulso para o aumento do produto (mesmo que isso gere endividamento do governo, no caso de ele ser deficitário). Diz-se que esse tipo de política “desloca” a curva IS para a direita (repa179

parte Teórica re que, portanto, a nova taxa de juros de equilíbrio será em um ponto mais alto tanto de juros, quanto de Produto). Fatores capazes de deslocar a curva IS para a direita: →→ Aumento dos gastos do governo; →→ Redução de tributos; →→ Aumento da renda disponível futura; →→ Aumento da produtividade Marginal esperada do Capital; →→ O aumento de tributos, redução de gastos, etc. têm o efeito inverso, reduzindo a demanda agregada e movendo a curva IS para a esquer-

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da. Demonstrações matemáticas da Curva IS no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=pkouyvR5n78 http://www.youtube.com/watch?v=GdVq_l174D8 http://www.youtube.com/watch?v=o-nml9p0dCU http://www.youtube.com/watch?v=MPgmK3FN3nE

180

parte Teórica Taxa de Juros

6 5 4 3 2

IS´

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1

IS

0 .

. _ Produto Demanda Agregada

181

parte Teórica {{Mercado monetário e curva LM Os atores econômicos têm interesse em deter moeda, basicamente, por três motivos: →→ Para uso em suas transações cotidianas (como pagamentos de obrigações); →→ Por precaução; →→ Por especulação (ou seja, preferem a liquidez para aplicarem no investimento mais rentável quando surgir uma oportunidade). Um maior nível econômico (maior PIB = maior renda = maior despesa) exige uma quantidade maior de moeda disponível para transações correntes (ocorrem mais pagamentos na economia, há mais “giro”). Assim, a demanda por moeda aumenta conforme o aumento do PIB. índice

Ressaltamos que, em economia, considerando a existência de agentes bancários e não bancários, há vários conceitos de moeda, normalmente denominadas M1, M2, M3, etc., de acordo com seu grau de disponibilidade/liquidez do ativo monetário. Diz-se que um agente do sistema 182

parte Teórica financeiro está “criando” ou “destruindo” moeda quando a recolhe do mercado, ou a injeta em circulação. A moeda em circulação e os depósitos à vista são denominados comumente como M1, também chamado de “oferta monetária”. A “oferta monetária” se diferencia da “base monetária”, uma vez que esta inclui as reservas bancárias. Já M2, M3 são ativos menos líquidos, como depósitos a prazo, títulos com vencimento diferido. Também é conceito importante o chamado multiplicador monetário. Muitas pessoas não sabem, mas se todos os correntistas se dirigirem ao mesmo tempo aos bancos e tentarem sacar o dinheiro que tem depositado, não haverá suficiente. Isso ocorre porque o Banco Central exige que o banco mantenha guardado somente um pequeno percen-

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tual dos valores depositados. A maior parte ele pode re-emprestar. Considerando que os recursos tomados provavelmente serão depositados novamente (por quem os tomou ou por outrem), o mesmo dinheiro (lastro) existirá, na forma virtual, multiplicado diversas vezes em circulação. 183

parte Teórica Se fosse provável esse saque sincronizado de todos os correntistas, o chamado depósito compulsório seria de 100%, para evitar essa falta de lastro. Na prática, porém, é apenas um percentual muito baixo, que é alterado pelo BC quando quer aumentar a oferta monetária (diminui o compulsório) ou reduzi-la (aumenta o compulsório). Isso é política monetária.

POLÍTICA MONETÁRIA Com a política monetária, o governo altera a taxa de juros ou a quantidade de moeda em circulação para buscar atingir seus objetivos de aumento ou redução da demanda agregada. Em geral, o governo atua da seguinte maneira:

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→→ Operações de open market: comprando e vendendo instrumentos financeiros (aqui estão as compras e vendas do Tesouro Direto); →→ Alteração da taxa de redesconto (quando a autoridade monetária empresta diretamente a bancos privados – o banco “desconta” um 184

parte Teórica título); →→ Operações de câmbio;

A ideia da política monetária é a de influenciar o nível da demanda agregada por meio dessas operações que expandem ou comprimem a 6 quantidade de moeda em circulação.

4 3

LM’

Taxa de Juros

5

LM

índice

2 1 IS

0 .

Demanda Agregada . _ Produto 185

parte Teórica No gráfico vemos uma política monetária de aumento de juros, o que leva a um Produto menor e pode aliviar pressões inflacionárias caso haja inflação de excesso de demanda. Se o juros maior está associado a um Produto menor, por que a LM possui inclinação ascendente? De maneira simplificada, mas mais intuitiva, uma taxa maior de juros reduz a demanda por moeda, ao passo que uma Demanda Agregada maior aumenta a demanda de moeda (lembrar que é necessário deter moeda para os cumprimentos das obrigações). Como a reta LM demonstra a taxa de equilíbrio entre oferta e demanda no mercado monetário, a redução de demanda por moeda dada pelo aumento da taxa de juros terá de ser compensada por um aumento de demanda agregada (que tende a aumentar a demanda de moeda). índice

Caso Prático: análise de políticas monetária e fiscal. Suponhamos que o nível de desemprego esteja subindo e a atividade econômica esteja decaindo (crescimento do PIB próximo a zero ou negativo). 186

parte Teórica O governo poderá se utilizar de diversas políticas para tentar manter a atividade econômica, pode exercer política fiscal, monetária, ou, o mais comum, ambas. O governo pode aumentar seus investimentos, por exemplo, construindo mais infra-estrutura (estradas), tentando gerar empregos e mais demanda agregada. Essa é Política fiscal. O governo também pode reduzir o compulsório (“quantidade de lastro que os bancos devem ter para os empréstimos que oferecem”), na expectativa de que os bancos emprestem mais dinheiro às pessoas e elas invistam ou gastem, aumentando a demanda agregada. Essa é Política Monetária. (Lembrar que esta política não deu certo em vários países em 2008, quando o medo do calote fez os bancos não emprestassem o dinheiro extra que tinham à disposição, invalidando, nesses índice

contextos específicos a tentativa de política monetária pelos governos). Retornando ao exemplo, para elevar a atividade, é bem provável que a taxa Selic sofra uma queda, que persistirá até que o nível de emprego e de crescimento do PIB retornem ao aceitável. 187

parte Teórica Se o nível de emprego retornar ao equilíbrio e a política fiscal de gastos excessivos continuar, o efeito mais provável será o de inflação por excesso de demanda. Na proposta de Keynes, a ideia era de que o governo gastasse mais nos momentos de retração econômica e poupasse nos momentos de prosperidade, reduzindo a força dos ciclos. Ocorre que a maioria dos países não conhece mais esse momento de poupança, sendo deficitários em todos os momentos dos ciclos econômicos. Os casos reais, portanto, são sempre mais complexos do que a simples teoria. ANÁLISE DO FIM DE 2013, CASO VOCÊ LEIA ESSE MATERIAL APÓS ESSE PERÍODO, TOMAR APENAS COMO “ANÁLISE HISTÓRICA”:

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Em meados de 2012, o governo brasileiro detectou um desaquecimento iminente e brusco da economia nacional. Como política monetária, o governo reduziu a Selic de 12% a 7,5% em questão de meses, o ritmo mais rápido de mudança dos últimos tempos, trazendo surpresa ao 188

parte Teórica mercado, que ainda não tinha dados suficientes (como o governo) para saber que esse desaquecimento estava em curso. Além disso, o Bacen aumentou o número de meses para concessão de financiamentos pelos bancos a consumidores. O governo também reduziu tributos (diversas desonerações), o que representa política fiscal expansionista. Porém, ocorreu uma situação em que o nível de desemprego da economia ainda continuava em um patamar muito baixo, perto de pisos históricos, de maneira que praticamente não havia reajuste no mercado de empregos a ser feito (aumento da demanda agregada para aumentar o nível de emprego). Esse baixíssimo desemprego tem levado, inclusive, a uma inflação crô-

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nica (persistente), embora não a níveis escandalosos, dada a dificuldade das empresas de controlarem o aumento do custo de mão-de-obra. Por razões que ele próprio deixou de monitorar, o governo viu-se diante de diversos dilemas. 189

parte Teórica O aumento real e inflacionário do custo da mão-de-obra tem levado a queda nas exportações (perda da competitividade por aumento de custo) e um aumento das importações (devido ao maior poder de compra dos brasileiros no exterior). Como o Brasil atua no mercado internacional como um grande exportador de bens (pois precisa do saldo positivo na Balança comercial para compensar o deficit no movimento das rendas, v.g.) a queda das exportações causou uma diminuição na demanda agregada que só podia ser revertida com uma desvalorização cambial. Assim, o governo, em um cenário já inflacionário, teve que desvalorizar o câmbio (ou deixar que ele se desvalorizasse) para tentar manter o nível de demanda agregada da economia (e evitar o delta PIB negativo), mesmo pagando o preço de aumentar a pressão inflacionária com índice

o aumento do dólar. No fim de 2013, o governo encontra-se nesse ciclo de elevação da taxa Selic, na tentativa de conter a inflação, embora a economia não tenha ainda dado sinais de recuperação persistente. Este cenário pode, na 190

parte Teórica pior das hipóteses, levar a uma brusca e forte queda no PIB, fazendo o ajuste que o governo tem postergado. Na mais provável das opções, o governo tentará deixar tudo como está até as eleições de 2014. Na melhor das hipóteses, o resultado do 2TRI já aponta uma pequena retomada na FBCF e os índices de inflação têm caído. Para domar a inflação de verdade, seriam necessárias medidas recessivas (preferencialmente de política fiscal), corte de obras supérfluas, por exemplo, ainda que levassem a um desemprego temporário e a um reajustamento do equilíbrio das forças de produção. Porém, isso, por impopular, não deve se concretizar, de maneira que o cenário deverá permanecer inflacionário até aquele horizonte, pelo menos. Assim, nos parece que o governo aumenta a taxa de juros “a contra

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gosto” e conviverá com um nível elevado de inflação no curto prazo. Se elevar demais os juros para conter a inflação, corre o risco de brecar de vez o PIB, que ainda não deu sinal de força. Nesse momento, o investidor não tem à sua disposição ainda dados 191

parte Teórica consistentes para prever no médio prazo o movimento das taxas de juros. Os resultados do 3TRI devem mostrar se há, ou não, uma reversão do quadro ruim para um quadro de melhora temporária. Isso não significa que não seja possível operar juros no curto prazo, mas aumenta consideravelmente o risco. Dessa maneira, é aconselhável, até pelo menos o resultado do PIB 3TRI de 2013 a manutenção, a par dos títulos do tesouro, de títulos de dívida privada (como LCI, CDB, etc.) que, por não estarem sujeitos a especulação, não correm o risco de rápida desvalorização. Uma carteira de renda fixa nesse momento pode se dividir em três partes, sendo metade de NTN-B (pois o pior momento já passou para esse titulo, Tipca 2035) e metade dividida entre um quarto de LTN (ou NTN-F, atuais Tpre e Tprej), e outro quarto de títulos privados (há LCI´s índice

pré-fixadas acima de 13% aa.). Descrição da posição: Caso, a Selic volte a cair ao longo de 2014 (se o PIB vier fraco e a inflação ceder, isso é possível), as posições em LTN e NTN-B ofereceriam retornos especulativos. Quanto à possibilidade 192

parte Teórica de rendimento negativo em NTN-B e LTN nos próximos meses, essa é baixa, uma vez que a fase forte do ajuste da Selic já passou. Comentário em 2015: A análise estava correta e a posição montada foi vencedora, como vimos na parte prática! Parabéns para nós!

{{Mercado de emprego e Trade-off com inflação Como o mercado funciona sob a lei da oferta e da procura, à medida que os fatores conjunturais (crescimento econômico) levam ao pleno emprego da força de trabalho (população economicamente ativa), devido à escassez crônica de trabalhadores, começa a haver inflação índice

gerada justamente pela falta de novos trabalhadores. Enfim, os empregadores entram em um sistema de leilão pela força de trabalho, o que leva ao aumento da renda apenas em termos nominais (não real, pois a produção não pode aumentar por falta de mais trabalhadores, a 193

parte Teórica menos que haja ganhos de produtividade), uma vez que o trabalhador com mais moeda gastará mais dinheiro, mas para comprar os mesmos produtos, já que o aumento na oferta de produtos não consegue acompanhar o ritmo. É algo parecido com o que acontece quando a capacidade produtiva da indústria está em 100%. Não há como produzir mais, logo, mais demanda levaria somente a aumento de preço. Da mesma forma, mais demanda por trabalhadores em situação de pleno emprego não tem como empregar mais, levando somente a inflação. Lembramos que o chamado pleno emprego corresponde a uma taxa de desemprego diferente de zero e que varia conforme a situação econômica de cada país.

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A taxa de desemprego será sempre diferente de zero por causa de fatores como a chamada fricção (empresas fecham em algum lugar, empresas abrem em outro, levando tempo para os trabalhadores se realocarem) e por causa do nível cada vez maior de instrução requerido para os novos postos de trabalho (e a educação em nenhum país 194

parte Teórica do mundo consegue acompanhar o ritmo desse aumento de exigência, muito menos a brasileira). Em 2013, com taxa de desemprego perto de seu mínimo histórico, o Brasil viveu uma situação de pleno emprego, o que leva a inflação estrutural do setor de serviços e a uma inflação menos do que proporcional no setor de bens, uma vez que há a concorrência de produtos estrangeiros (substituição do produto nacional pelo importado) e, conseqüentemente, um achatamento nas margens das empresas do setor de produção de bens em geral (de consumo, de capital, etc.). Essa pressão inflacionária causada pelo pleno emprego pode ser reduzida tanto mediante política fiscal (redução de gastos ou investimentos públicos, redução das desonerações tributárias), quanto por política monetária (aumento na taxa básica de juros, aumento do depósito índice

compulsório dos bancos, estabelecimento de limites mais curtos para os prazos de financiamentos). Assim, no médio prazo, isso impulsiona a taxa básica de juros para cima, reduzindo a atratividade dos títulos pré-fixados. 195

parte Teórica Há que se considerar, também, o cenário oposto, a possibilidade de um reajustamento brusco das forças produtivas (recessão), gerando desemprego, o que levaria a uma redução da taxa básica (aumentando a atratividade dos prefixados) com o intuito de reaquecer a economia em um primeiro momento, e depois um movimento progressivo de aumento. Essa é a chamada teoria do Trade-off entre inflação e desemprego, que significa que um país não consegue se livrar dos dois males ao mesmo tempo (tem que conviver com uma dessas duas situações). 14 12

Desemprego

10

8

4

2

10 /12 05 /13

08 /11 03 /12

11 /09 06 /10 01 /11

09 /08 04 /09

12 /06 07 /07 02 /08

10 /05 05 /06

01 /04 08 /04 03 /05

11 /02 06 /03

0

Da ta 04 /02

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6

196

parte Teórica {{Tábua de variáveis e movimentos Política fiscal antirecessiva Exemplos de medidas: * Aumento no consumo do governo; * Desonerações tributárias; Resultado direto: Desloca Curva IS para cima e para a direita. Política deve ser usada somente até eliminar o desemprego (embora o governo brasileiro esteja mantendo-a mesmo em época de pleno emprego). Resultado indireto: Pode levar governo a déficit em conta corrente,

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fazendo-o aumentar sua dívida.

Política monetária antirecessiva Exemplos de medidas: * Compra títulos no mercado aberto; * Diminuição de taxa de redesconto; * Diminuição do compulsório; Resultado: Desloca a curva LM para baixo e para a direita. 197

parte Teórica Aumento em Nível de preço

Determinantes da demanda por moeda Faz demanda por moeda Motivo Aumentar proporcional- Dobrar nível de preço duplica necessidade de dinheiro para

Renda

mente Aumentar menos que

transações Mais renda, maior necessidade de liquidez para transações

proporcionalmente Taxa de juros Cair Inflação esperada Cair Risco de investiAumentar

Aplicações mais atrativas fazem M1 (moeda em circulação) cair As pessoas não querem manter M1 em mãos Função especulativa da moeda toma papel principal nessa situa-

mentos Liquidez de ativos Cair

ção Moeda fica menos atraente se aplicações podem ser resgatadas

alternativos

de imediato Expansão Fiscal

Efeito da inflação esperada na cuva LM Se a população espera uma maior infla-

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ção, a demanda por moeda (M1) diminui, pois as pessoas não pretenderão manter moeda em mãos.

Câmbio fixo

Renda Reservas Saldo Balança

+ + -

Câmbio flutuante

= = -

Expansão Monetária Câmbio fixo

Câmbio flutuante

= =

+ = +

Comercial Legenda (+ aumento)(- retração)(= não muda) 198

parte Teórica

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Comportamento cíclico das variáveis macro Variável Direção Momento Produção industrial Pró-cíclica Coincidente Consumo das famílias Pró-cíclica Coincidente Investimento das empresas Pró-cíclica Coincidente Invest. residencial Pró-cíclica Antecedente Invest. em mercadorias Pró-cíclica Antecedente Compras do governo Pró-cíclica Emprego Pró-cíclica Coincidente Desemprego Contra-cíclico Coincidente Oferta de moeda Pró-cíclica Antecedente Inflação Pró-cíclica Retardado Preços das ações Pró-cíclica Antecedente Taxas de juros (nominais) Pró-cíclica Retardado

Melhora na Balança comercial (exportações - importações) Vias: Desvalorização cambial ou aumento da produtividade do país. Desloca a curva IS para direita, pois aumenta a demanda de produtos por parte do exterior. 199

parte Teórica Livros sobre Macroeconomia VICECONTI, Paulo E. V; NEVES, Silverio das. Introdução à economia. 8.ed. São Paulo: Frase, 2007. 622 p. (mais didático).

SACHS, Jeffrey; LARRAIN B., Felipe. Macroeconomia. Sao Paulo: Makron, c2000 904p.

ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S; CROUSHORE, Dean. Macroecono-

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mia. 6.ed. São Paulo: Pearson, 2008. 457 p. (livro do ex-pres. do FED. Mas realidade americana diferente da nossa).

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