As Alternativas De Investimento - Uma Análise Comparativa

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Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa 10/10/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa Na matéria anterior vimos que desde 01/10/06, todos os recursos resgatados das aplicações que foram feitas antes da criação da conta de investimento – em 10/2004 –, da mesma forma que os posteriores àquela data já estão sendo diretamente creditados na conta de investimento e não mais na conta de depósito ou conta corrente e, portanto, todo o dinheiro já aplicado está livre do pagamento da CPMF de 0,38% quando for transferido entre instituições financeiras para nova aplicação ou reinvestido na mesma instituição. Entretanto, não devemos esquecer que os recursos que estiverem depositados em conta corrente, quando forem transferidos para a conta de investimento, de forma a serem aplicados pela primeira vez, continuarão pagando a CPMF de 0,38%. Posto isso vamos fazer uma breve análise comparativa de prós e contras dos diferentes tipos de aplicações disponíveis aos investidores, sem analisar as suas características técnicas. Os Títulos de Capitalização Entre todas as alternativas de investimento, se pudermos considera-lo como tal, esta é certamente a pior delas. Ao escolhe-lo o investidor deve ter em mente que o seu objetivo não é o de ter um retorno nem mesmo maior do que o oferecido pela caderneta de poupança, mas, sim, a possibilidade de ser sorteado para receber os prêmios dos sorteios prometidos nas datas estabelecidas, tudo conforme previamente definido em contrato. Além disso, é bom lembrar que, contrariamente a todas as demais aplicações, no título de capitalização o investidor pagará uma multa, na forma de um desconto, caso queira resgata-lo antecipadamente. Entretanto, para quem aprecia o lado lúdico da vida, gosta de jogar na Sena ou comprar bilhetes de Loteria e acredita na teoria das probabilidades a favor de sua própria sorte em sorteios, então, certamente esse produto, por devolver o valor aplicado com algum rendimento que pelo menos cubra a inflação no período é, sem dúvida, uma alternativa bem mais interessante do que um simples jogo. A conclusão óbvia é que sendo o título de capitalização um mistura de muito jogo e algum investimento – por ser uma aplicação de recursos que têm as características de um jogo de azar, mas que garante a devolução atualizada, em algum grau, do principal aplicado – só deve ser adquirido pelos aplicadores que não têm nem o hábito nem a disciplina de poupar e precisam que alguém faça isso por eles. Ao gerente das instituições que os oferecem e/ou comercializam recomenda-se o cuidado de mostrar os seus corretos aspectos sem enfatiza-lo como uma alternativa de investimento, que ele realmente não o é, e , dessa forma evitar problemas, junto aos órgãos de defesa do consumidor, para as instituições que representam .

Em resumo, depois de entendido que ele não pode ser comparados com nenhuma alternativa de investimento existente, suas vantagens são a possibilidade de ser sorteado e ganhar um valor muito maior do que o valor aplicado e ter um motivo para poupar uma parte dos recursos disponíveis protegendo-o, pelo menos, da inflação. Suas desvantagens são o prazo de carência e o valor de resgate inferior a qualquer outra alternativa de aplicação. Uma proposta interessante para melhorar o entendimento das regras e a avaliação dos títulos de capitalização e dessa forma aumentar a sua transparência para que os aplicadores saibam claramente o que estão adquirindo, foi feita pela Federação Nacional das Companhias de Seguros, Previdência e Capitalização – Fenaseg – que propôs, no ano passado, um projeto de reclassificação dos títulos de capitalização, reformulação de seus contratos e de seus materiais promocionais, para a Superintendência de Seguros Privados – Susep. O projeto propôs a reclassificação dos títulos em quatro modalidades: ƒ

Clássico – inclui os títulos em que o aplicador faz aportes mensais para capitalização, e no final do período de aplicação tem direito ao ressarcimento integral dos valores pagos acrescido de correção monetária que cubra a inflação ocorrida no período. No ano passado, os títulos que correspondem a essa categoria – normalmente distribuída em agências bancárias – responderam por cerca de 65% do mercado;

ƒ

Compra Programada – inclui os títulos destinados à poupança para aquisição de bens, sendo referenciados à entrega de bens no final do contrato. Esse é um dos segmentos que mais tem registrado queixas de clientes. Nem sempre os contratos contêm cláusulas que os protejam os clientes contra a alta dos preços dos bens, e não raro os clientes recebem um valor insuficiente para adquiri-los. No ano passado, os títulos que correspondem a essa categoria responderam por cerca de 20% do mercado;

ƒ

Popular – inclui os títulos de menor valor - provavelmente até cerca de R$ 30 -, que têm como seu principal atrativo o aspecto lúdico dos sorteios. Neles, o cliente não recebe necessariamente, ao final do contrato, a correção monetária sobre o valor aplicado. No ano passado, os títulos que correspondem a essa categoria responderam por cerca de 10% do mercado; e

ƒ

Promocional – inclui os títulos vinculados a promoção de bens e serviços. Neste caso, o aplicador não os adquire diretamente, pois quem o faz é a empresa que está interessada em promover seus produtos vinculando-os a sorteios e premiações, e dessa forma, como o nome do título já diz, incentivar a sua comercialização No ano passado, os títulos que correspondem a essa categoria responderam por menos de 10% do mercado.

Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema, começando pela análise da caderneta de poupança.

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa II 17/10/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa II Na matéria anterior iniciamos uma análise comparativa de prós e contras dos diferentes tipos de aplicações disponíveis aos investidores, analisando as suas características técnicas que as diferenciam de forma competitiva, começando pelos títulos de capitalização. Nessa matéria vamos dar continuidade ao tema iniciando pela análise da caderneta de poupança. A Caderneta de Poupança Entre todas as alternativas de investimento existentes a caderneta de poupança – ou simplesmente poupança – , criada juntamente com o instituto da correção monetária no ano de 1964, é a de mais fácil entendimento e movimentação, e, por essa razão, a preferida pela população de menor poder aquisitivo e/ou de menor escolaridade. O direcionamento atual dos recursos aplicados na poupança é obrigatoriamente orientado pelo governo para os segmentos de atividade habitacional e rural. Tal fato faz da poupança um produto de investimento cujos volumes e características operacionais sejam permanentemente monitoradas pelo governo No momento da aplicação, ou depósito, na poupança, não é estabelecido um prazo específico para o resgate, ou seja, o prazo de aplicação é indeterminado, da mesma forma como ocorre com os recursos depositados em conta corrente ou aplicados na maioria dos fundos de investimento. Entretanto, diferentemente desses, os resgates, ou saques da poupança, só garantem o rendimento se feitos na data de aniversário, como é chamada a data do dia útil do mês de resgate que corresponde a data do mês da aplicação. O rendimento da poupança é padronizado para todas as instituições que a comercializam em Taxa de Referência – TR – acrescido de uma taxa de juros de 0,5% ao mês – o que equivale a uma remuneração efetiva de juros de 6,17% ao ano –, sendo que os juros são calculados sobre o valor da aplicação depois de reajustado pela TR. O crédito dos rendimentos pode ser feito mensal ou trimestralmente para os aplicadores pessoa física e, apenas, trimestralmente quando os aplicadores forem pessoa jurídica. Os valores resgatados antes da data de aniversário só perdem o direito ao rendimento que o aplicador teria, quando contados a partir da última data de aniversário, mas não perdem os rendimentos já acumulados até essa última data de aniversário. Assim uma aplicação, com rendimento mensal, feita na data de 13/06/06 e resgatada na data de 09/10/06, perde o rendimento que deveria receber entre as datas de aniversário de 13/09/06 e de 13/10/06, mas recebe os rendimentos acumulados desde a data de aplicação até a data de aniversário de 13/09/06.

Se a data de aniversário, em um determinado mês, não for um dia útil, o resgate é automaticamente transferido para o dia útil seguinte no mesmo mês. Assim uma aplicação feita na data de 12/09/06 só poderia ter sido resgatada na data de 13/10/06 já que a data de 12/10/06, não foi um dia útil. Tal fato foi determinante para estabelecer que, como o mês de fevereiro normalmente termina no dia 28, então, os dias 29, 30 e 31 de todos os meses do ano não seriam admitidos como data de aniversário para a caderneta de poupança. Assim as aplicações feitas nesses dias de todos os meses do ano seriam automaticamente transferidas e assumidas como aplicações no primeiro dia do mês seguinte. Para aumentar a competitividade do produto caderneta de poupança e facilitar a vida de seus aplicadores, estendendo a liquidez diária da caderneta de poupança no que concerne a data de aniversário das aplicações, as instituições que oferecem a caderneta de poupança, criaram a possibilidade de uma conta de poupança ter até vinte oito subcontas – uma para cada dia do mês. A poupança, diferentemente das demais aplicações em renda fixa, não está sujeita a tabela regressiva de IOF para os primeiros trinta dias corridos de aplicação, fato esse que não representa nenhum diferencial de vantagem já que qualquer resgate da poupança nesse período, como vimos anteriormente, pelas regras de saques apenas da data de aniversário, não receberia nenhum rendimento. Entretanto, a poupança tem a vantagem fiscal da isenção total do imposto de renda sobre os ganhos de capital, seja na fonte ou na declaração anual de ajuste, para as pessoas físicas. Por sua vez, as pessoas jurídicas não imunes são tributadas normalmente pelo imposto de renda sobre os ganhos de capital da mesma forma que as outras aplicações de renda fixa, ou seja, pela alíquota de 20%. Os recursos aplicados na poupança não circulam pela conta de investimento, pois a maioria das instituições financeiras que a comercializam gerencia seus investimentos e resgates em uma conta própria de poupança que se confunde, na prática, embora não caracterizada, como a própria conta corrente dos depósitos à vista. Por essa razão, nas aplicações da poupança é aplicável a CPMF de 0,38%, embora, para manter sua competitividade com as demais aplicações, seja da práxis do mercado que as contas com rendimento trimestral, ou com rendimento mensal mas que permaneçam com os recursos aplicados por três meses ou mais, recebam, oficialmente, um crédito extra pela CPMF que seria devida. Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema..

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa III 24/10/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa III Nessa matéria vamos dar continuidade ao tema complementando a análise desse produto. A Caderneta de Poupança (continuação) Ao se aplicar na poupança tomamos conhecimento, no dia seguinte ao dia da aplicação, do valor percentual mensal da TR, que será utilizado, juntamente com a remuneração fixa de 0,5% ao mês, para o cálculo e o crédito da sua rentabilidade em sua próxima data de aniversário. O valor da TR é calculado pelo BC, através de uma fórmula específica* definida pela Resolução 3.354, de 31/03/06, a partir do cálculo da Taxa Básica Financeira – TBF** – e de um Redutor – R ***. Assim, para cada dia do mês – o dia de referência – o BC calcula e divulga, no dia útil seguinte, através de Comunicado, os valores da TBF, do R e da TR, para o período de um mês, com início no próprio dia de referência e término no dia correspondente ao dia de referência no mês seguinte. *

A fórmula do cálculo da TR em % ao mês é: TR = 100 x {[(1+TBF/100) / R] - 1}. A taxa assim calculada, da mesma forma que a TBF, considera, em sua aplicação, o número de dias úteis do período de referência em relação ao ano de 252 úteis. ** Para o cálculo da TBF, calcula-se inicialmente a remuneração mensal media, ponderada em valor, dos CDB / RDB de cada uma das 30 principais instituições financeiras que compõe a amostra, emitidos a taxas de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35 dias corridos. A partir dessas 30 médias, faz-se um ajuste na amostra eliminando as duas maiores e as duas menores médias obtidas. A partir das 26 médias resultantes calcula-se a TBF, como a média dessas médias. *** O cálculo do R é dado pela fórmula R = (a + b x TBF/100), onde a = 1,005 e b = é um valor determinado de acordo com o valor anual da TBF anteriormente calculada e que varia decrescentemente de 0,48 quando a TBF anual for igual ou superior a 16% a 0,24 quando a TBF anual for igual a 11%.

Esses valores são calculados inclusive para os dias não úteis, pois, como a remuneração da poupança se faz na data de aniversário da aplicação, o dia de referência não útil de um mês pode ser um dia útil no mês seguinte. Assim, por exemplo, no dia 20/10/06, o Comunicado 14.986, do Departamento Econômico do BC, divulgou os valores da TBF, do R e da TR calculados para o dia imediatamente anterior, ou seja, 19/10/06, e cuja TR irá remunerar as aplicações relativas ao período de 19/10/06 a 19/11/06. Os valores são respectivamente: TBF = 0,9933% (nove mil, novecentos e trinta e três décimos de milésimo por cento); R = 1,0086 (um inteiro e oitenta e seis décimos de milésimo); e TR = 0,1322% (um mil, trezentos e vinte e dois décimos de milésimo por cento). Como o rendimento da poupança é dado pela TR, diariamente calculada e fornecida pelo governo através do BC, acrescida dos juros de 0,5% ao mês, então, para o período acima de 19/10/06 a 19/11/06 o rendimento da poupança será: {{[(1 + (0,1322 / 100)] x [(1 + (0,5 / 100)] – 1} x 100} = 0,6328% Os rendimentos são aplicados sobre o menor saldo existente no período de referência.

Do ponto de vista competitivo em relação às demais aplicações, a caderneta poupança têm as vantagens diretas da facilidade de depósito e da possibilidade da aplicação de pequenos valores sem mudança de sua rentabilidade, mas, com a desvantagem direta do saque que, embora, mais simples do que as demais aplicações, só poder ser feito nas datas de aniversário – mensal ou trimestral. Desde que mantida a tendência atual, de redução da taxa Selic, em direção aos níveis de juros de primeiro mundo, e, dependendo da manutenção das políticas governamentais de habitação, de crédito rural e da poupança em geral – não alterando o cálculo da TR nem reduzindo a taxa de juros mensal adicional da poupança –, então, as cadernetas de poupança quanto maior for a queda da taxa Selic mais serão competitivas com as demais aplicações, principalmente, em relação aos fundos de investimento e aos CDB / RDB, quando as aplicações forem de pequeno valor e orientadas ao curto prazo. Nesses casos específicos a vantagem competitiva da poupança será tanto maior quanto menor for o valor aplicado nos CDB / RDB (para valor muito pequeno alguns bancos chegam a oferecer 75% da taxa Selic), quanto mais as aplicações nos fundos e nos CDB / RDB forem orientadas ao curto prazo (nas aplicações inferiores a 180 dias o imposto de renda sobre ganhos de capital é de 22,5%) e quanto maior forem as taxas de administração dos fundos (em alguns casos ela pode chegar a 5% nos fundos que aceitam pequenas aplicações), sendo certamente imbatível quando todo esses fatores ocorrerem em conjunto. Os risco da aplicação em caderneta de poupança – além de uma eventual mudança em suas regras pelo fato dela ser um instrumento de poupança atualmente orientado para políticas credítícias de governo –, é o da quebra da instituição financeira onde a aplicação tiver sido realizada. Entretanto as aplicações em poupança, da mesma forma que as demais aplicações em renda fixa à exceção dos fundos de investimento, está protegida pelo Fundo Garantidor de Crédito – FGC –, até o valor-limite de R$ 60 mil, por CPF/CGC (veja a importância da conta-conjunta). O valor aplicado, para efeito de ressarcimento pelo FGC, é considerado em conjunto com os valores depositados em conta corrente e aplicados em títulos de renda fixa aplicados dentro da mesma instituição. Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema.

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa IV 31/10/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa IV Nessa matéria vamos dar continuidade ao tema iniciando a análise dos títulos de renda fixa emitidos: pelo Governo Federal, através da Secretaria do Tesouro Nacional – STN –; pelas instituições financeiras; e pelas empresas. O investidor que quiser adquirir títulos de renda fixa de forma independente, ou seja, sem a utilização de um investimento em condomínio como é o caso dos fundos de investimento, tem a sua disposição alternativas de investimento tanto por emissor – governo, instituições financeiras ou empresas –, como por tipo remuneração – prefixada, pósfixada ou indexada a um índice de preços. Entende-se por remuneração: Os Títulos Públicos Atualmente, os investidores podem adquirir títulos públicos federais, através de seu banco, diretamente junto a STN, graças à criação em dezembro de 2001 do Tesouro Direto. A aplicação mínima por investidor é de 0,2 título, cerca de R$ 200, e a aplicação máxima é de R$ 200 mil, ambas contabilizadas mensalmente, e não incluídos no valor máximo os juros a serem recebidos. Os preços de aquisição e logicamente as taxas de remuneração são os praticados pelo mercado. A liquidez dos títulos é garantida pela STN através de recompras semanais que ocorrem entre as 9 horas das quartas feiras e as 5 horas das quintas feiras Os títulos são adquiridos através da instituição financeira autorizada onde o investidor estiver cadastrado, que cobra uma taxa de corretagem pela intermediação, e são custodiados pela CBLC, que cobra uma pequena taxa anual sobre o valor do título pelo serviço de custódia prestado. Sobre os ganhos da capital incide a tabela regressiva de imposto de renda sobre os ganhos de capital em função do prazo de aplicação em títulos de renda fixa e a tabela regressiva de IOF pelos primeiro 30 dias, da mesma forma que nas demais aplicações em renda fixa. Os preços e as rentabilidades dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto são marcados a mercado e podem ser acompanhados diariamente, com informações sobre: as características do título (nome e tipo de remuneração); sua data de vencimento; suas taxas de compra e de venda; seus preços unitários de negociação de compra e venda – PU; e a sua rentabilidade bruta acumulada em trinta dias, no ano até a data, e nos últimos doze meses. Vamos, agora, analisar cada um dos títulos públicos, emitidos pela STN e disponíveis para aquisição via Tesouro Direto, lembrando que esses títulos são os mesmos que normalmente compõem as carteiras dos diferentes fundos de investimento em aplicações de renda fixa disponíveis em mercado. A Letra do Tesouro Nacional – LTN – é um título prefixado com valor nominal múltiplo de R$ 1.000,00 sem fator de remuneração, pois os juros a serem pagos estão implícitos no deságio do título quando de sua emissão e são pagos quando de seu resgate pelo valor nominal ou de face. É emitido na modalidade escritural, nominativa e

negociável, sendo o seu prazo de emissão definido pelo Ministério da Fazenda, quando da emissão do título. A taxa de juros praticada a cada instante pelo mercado vai influenciar diretamente o seu preço unitário – PU – de negociação em mercado que, por esta razão (conceito de marcação a mercado), irá subir quando a taxa de juros de mercado cair, e cair quando a taxa de juros de mercado subir. O valor de uma LTN é dado pela expressão: PU = 1.000 / [(Taxa / 100) + 1] (n /252) Onde: PU = Preço Unitário de emissão, ou de negociação em mercado, expresso com seis casas decimais; Taxa = Taxa anual de juros de emissão, ou de negociação em mercado, na base de 252 dias úteis anuais; e n = Número de dias úteis a decorrer entre a data liquidação financeira da emissão do título, ou de negociação em mercado, e a data de vencimento. Exemplo: Calcular o PU de negociação de uma LTN negociada com 63 dias úteis a decorrer até a data de vencimento cotada a uma taxa de juros de mercado de 21% ao ano: PU = 1.000 / [(21/100) + 1](63/252) PU = 953,462589 Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema.

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa V 07/11/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa V

Títulos Públicos Federais (continuação) A aparente continuidade da tendência da queda da taxa Selic, vem sendo um fator de estímulo para a venda de LTN, por parte do Tesouro, pois quando a taxa Selic cai os títulos de renda fixa pré-fixados, como é o caso das LTN se beneficiam no longo prazo. Por essa razão nos leilões de LTN, dessa semana que se encerrou, esses títulos já apresentaram um aumento no seu prazo de vencimento, que se caracterizaram com mais aplicações a vencer entre seis meses e dois anos. Os outros títulos pré-fixados emitidos pelo Tesouro – as NTN-F que pagam juros intermediários – os cupons –, e que analisaremos em uma futura matéria – tiveram seus prazos de resgate estendido para três, cinco e dez anos. Entretanto, o investidor não deve esquecer jamais que todos os títulos de renda fixa são marcados a mercado, ou seja, durante a vida do título que ele adquiriu para sua carteira, em função das tendências momentâneas de mercado, as taxas de juros praticadas podem subir ou cair, e, assim o preço do seu título vai variar inversamente a esse fato, ou seja, se as taxas de juros praticadas em mercado subirem o preço do título cai e se elas caírem o preço do título sobe. No primeiro caso (as taxas de juros de mercado subiram), se ele tiver que vender o título, nesse momento, receberá um valor de retorno menor do que esperava no momento da aquisição – o que lhe frustrará. No segundo caso (as taxas de juros de mercado caíram), ocorrendo a mesma situação de venda, ele receberá um valor de retorno maior do que esperava no momento da aquisição – o que lhe agradará. Assim, para que o investidor não fique sujeito a essa incerteza de uma venda eventual no decorrer da vida do título, em um momento em que as taxas de juros de mercado tiverem subido e o preço de venda lhe for desfavorável, o ideal será que a aplicação seja feita para o resgate na data de vencimento, ou seja, o investidor saiba a priori o tempo que pretende manter os recursos aplicados e, dessa forma, tenha a garantia do recebimento do valor de retorno contratado, quando da aquisição do título. A outra análise importante que o investidor pode e deve fazer quando da aplicação em um título pré-fixado, desde que a priori, como já vimos, ele já tenha estabelecido o prazo pelo qual pretende manter os recursos aplicados, é a estimativa da taxa de juro real que ele deve receber pela sua aplicação. A taxa de juro real é a taxa de juro nominal a ser recebido pela aplicação, e já conhecida por ser pré-fixada, no momento em que a aplicação foi feita, e depois de descontada a estimativa da taxa esperada de inflação durante o período da aplicação. Ela

vai permitir calcular o ganho real obtido pelo investidor, quando ele considera a perda estimada do valor aquisitivo do dinheiro durante o período de sua aplicação. O cálculo da taxa de juro real não é um cálculo trivial, pois há várias formas de faze-lo (por essa razão e para tornar o exemplo mais rico e didático, vamos utilizar o cálculo com as expectativas das taxas pós-fixadas, pois com taxas pré-fixadas, essa parte do cálculo seria simplificada), dependendo das variáveis a serem estimadas e utilizadas em seu cálculo, e que são ligeiramente diferentes a cada dia, em função das expectativas de mercado, tais como:. : o índice de inflação a ser utilizado para a estimativa do cálculo da taxa esperada de inflação, se por exemplo o IGP-M ou o IPCA; a forma de sua estimativa, se por exemplo, a assunção de que o índice do mês da aplicação deve se repetir para os próximos meses da aplicação ou que o se deverá repetir é uma média dos últimos doze meses anteriores, ou, ainda, um outro critério mais específico; e a forma de estimativa da taxa de juro pós-fixada, se por exemplo a taxa de juro do swap de 360 dias no mercado futuro ou a taxa Selic em vigor no dia da aplicação. Por exemplo, na sexta feira passada, dia 03/11/2006, as estimativas da taxa de juro real para os próximos doze meses eram as seguintes: pelo critério da taxa de juro real projetada, ou ex-ante, o mais utilizado pelo mercado financeiro e para as decisões na captação de recursos para investimento pelas empresas, e como índice de inflação a estimativa do IPCA, dada pela mediana das projeções de expectativas do Boletim Focus do BC, no valor de 4,05%, e considerando que no mercado futuro a taxa de juro do swap de 360 dias estava em 12,95%, então, a taxa de juro real esperada para as aplicações pós-fixadas pela taxa Selic era de 8,55% {[(1,1295 / 1,0405) –1] x 100} . pelo critério da taxa de juro real e efetiva, ou expost ⌧

⌧ ⌧ ⌧ pelo critério da taxa de juro real atual, utilizando-se a taxa Selic atual de 13,75%, e como índice de inflação o mesmo cálculo do IPCA, ou seja 4,05%, a taxa de juro real esperada para as aplicações pós-fixadas pela taxa Selic era de 9,32% {[(1,1375 / 1,0405) –1] x 100} .

Nos três casos, a maior taxa de juro real do mundo. Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema.

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa VI 14/11/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa VI Nas duas matérias anteriores demos continuidade a análise comparativa de prós e contras dos diferentes tipos de aplicações disponíveis aos investidores, analisando as suas características técnicas que as diferenciam de forma competitiva, examinando as aplicações diretas em títulos públicos federais emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN –, através do Tesouro Direto. Nessa matéria vamos dar continuidade ao tema. Títulos Públicos Federais (continuação) Depois de analisar o título pré-fixado do Tesouro que não paga cupons de juros intermediários, a LTN, e que no cenário de tendência firme de queda da taxa de juros Selic é, certamente, uma boa alternativa atual entre as aplicações de curto prazo, vamos iniciar, agora, a análise do título pós-fixado do Tesouro que, também, não paga cupons de juros intermediários, a Letra Financeira do Tesouro – LFT –, a qual, por ser a alternativa mais conservadora, surge como uma boa alternativa caso suspeite-se de uma desaceleração ou inversão no processo de tendência de queda da taxa de juros Selic. As LFT são emitidas com o objetivo de prover os recursos necessários à cobertura dos déficits orçamentários ou à realização de operações de crédito por antecipação de receitas para atendimento de determinações legais. Ela é emitida na modalidade escritural, nominativa e negociável, com valor nominal na data-base de referência (01/07/2000) de R$ 1.000,00, sendo o seu prazo de emissão definido pelo Ministério da Fazenda, quando da emissão do título. Ela não paga juros, pois o seu rendimento já é a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic – para títulos públicos federais, calculados sobre o valor nominal. O seu resgate é feito pelo valor nominal acrescido do respectivo rendimento, desde a data-base do título. São oferecidas em oferta pública, com a realização de leilões, ou, então, diretamente por valor não inferior ao de face em operações com autarquia, fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista, integrantes da Administração Pública Federal, mediante expressa autorização do Ministério da Fazenda. As condições de oferta e procura das LFT a cada instante pelo mercado vão influenciar diretamente o seu preço unitário – PU – de negociação em mercado que, por esta razão (conceito de marcação a mercado), irá subir quando ela for negociada com ágio (aumento de procura), pagando intrinsecamente uma taxa de juros menor do que a taxa Selic, e cair quando ela for negociada com deságio (diminuição de procura), pagando intrinsecamente uma taxa de juros maior do que a taxa Selic. Assim, a taxa da LFT observada no ambiente de compra do Tesouro Direto reflete o deságio ou ágio sobre o valor nominal atualizado do título na data de liquidação da compra, e dessa forma, a rentabilidade proporcionada pelo título será a taxa Selic, no

período em consideração, acrescida pelo deságio ou ágio da LFT. O procedimento para o cálculo do PU de uma LFT é o seguinte: Inicialmente, calcula-se a Cotação do título, que reflete o efeito da taxa de deságio ou ágio, pelo qual ele está sendo negociado em mercado no momento da aquisição, através da fórmula. Cotação = 100 / (1 + Taxa) (DU / 252) (resultado truncado na quarta casa decimal), onde: Taxa = taxa de deságio ou ágio de negociação sobre a taxa Selic, em pontos de taxa de juros de mercado (taxa percentual /100) anualizada, na base de 252 dias úteis anuais e que representa a rentabilidade do título acima ou abaixo da taxa Selic; e DU = número de dias úteis a decorrer entre a data da liquidação financeira da emissão ou da negociação do título em mercado (inclusive) e sua data de vencimento (exclusive). Em seguida, calcula-se o PU do título, através da fórmula: PU = VNA x (Cotação / 100) (resultado truncado na segunda casa decimal), onde: PU = preço unitário de emissão, ou de negociação do título em mercado, expresso com seis casas decimais; e VNA = valor nominal atualizado pelo fator Selic, expresso com seis casas decimais, (disponível em sites de indicadores econômicos) desde a data base (01/07/2000) até a data da liquidação financeira da emissão ou da negociação do título em mercado. Exemplo: Uma LFT, com data de vencimento em 21/01/2004, é negociada em mercado, no dia 20/03/2003, com liquidação financeira, em 21/03/2003, pela taxa de deságio de 0,31% ao ano. Deseja-se calcular o PU de compra, sabendo-se que o VNA atualizado pelo fator Selic para 21/03/2003 é de R$ 1.583,804863 e que o DU é de 212 dias. Cotação = 100 / (1 + 0,0031) (212 / 252) = 99,7399 PU = 1.583,804863 x (99,7399 / 100) = 1.579,68 O PU do título (1.579,68), sendo menor do que o seu VNA (1.583,80), indica que, se o investidor que o adquiriu, em 20/03/2003, o mantiver em carteira até a data de vencimento, em 21/01/2004, receberá a rentabilidade acumulada bruta (antes do imposto de renda sobre ganhos de capital) da taxa Selic, no período, acrescida da taxa anualizada do deságio no preço de 0,31% ao ano. Entretanto se ele vender o título antes da data de vencimento estará sujeito às circunstâncias do preço de mercado, que poderá ser maior ou menor (conceito de marcação a mercado), respectivamente, aumentando ou diminuindo a sua rentabilidade. Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema.

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa VII 21/11/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa VII Nas duas matérias anteriores demos continuidade a análise comparativa de prós e contras dos diferentes tipos de aplicações disponíveis aos investidores, analisando as suas características técnicas que as diferenciam de forma competitiva, examinando as aplicações diretas em títulos públicos federais emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN –, através do Tesouro Direto. Nessa matéria vamos dar continuidade ao tema. Títulos Públicos Federais (continuação) Até agora, analisamos os títulos do Tesouro que não pagam cupons de juros intermediários, quais sejam: o título pré-fixado representado pela LTN, talvez a melhor alternativa de aplicações de curto prazo no cenário de tendência firme de queda da taxa de juros Selic, e, em seguida, o título pós-fixado a LFT, que pode ser a alternativa mais conservadora, caso suspeite-se de uma desaceleração ou inversão no processo de tendência de queda da taxa de juros Selic. Vamos iniciar, agora, a análise dos títulos do Tesouro que pagam cupons de juros intermediários e que surgem como alternativas interessantes, no longo prazo, como complementos periódicos de renda para o investidor, as Notas do Tesouro Nacional – NTN. As NTN foram o instrumento criado pelo governo, pela Lei 8.177, de 01/03/91, com o objetivo de alongar o prazo de financiamento da dívida do Tesouro. São títulos com valor nominal de emissão, em geral, denominados em múltiplos de R$ 1.000,00 e com as características específicas de acordo com a sua série de emissão. São títulos nominativos e negociáveis com prazo definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando de sua emissão, da mesma forma que as taxas de juros pagas semestralmente, em porcentagem ao ano, calculadas sobre o valor nominal, quando for o caso. A forma de colocação pode ser direta ou por oferta pública, com a realização de leilões pelo BC. Por exemplo, as NTN da série A – as NTN-A – que incluem dez sub-séries diferentes de A1 até A10, foram emitidas com a finalidade de serem utilizadas na troca pelo Brasil Investment Bond – BIB – e por todos os tipos de títulos bradies que foram criados quando do acordo de reestruturação da dívida em 1994 e os que o antecederam. Ao investidor, o governo garante a mesma correção do papel externo. A vantagem para o governo foi a de eliminar parte da dívida externa estruturada que ligava o País a um passado de imagem negativa, e que contaminava as expectativas dos investidores, aumentando a sua rejeição pelas agências internacionais de rating (avaliação do risco de crédito). Elas, em resumo, serviram para internalizar a dívida externa. Entretanto, da mesma forma que as NTN de outras séries, tais como, as NTN-I, NTN-P, NTN-M e NTN-R2, elas têm funções específicas e não estão disponíveis para negociação em mercado. Para negociação em mercado, embora não necessariamente através do Tesouro Direto, estão disponíveis as NTN das séries B, C, D, F e H. Elas têm a finalidade específica de prover os recursos necessários à cobertura dos déficits orçamentários ou à realização de operações de crédito por antecipação de receita e para o atendimento de determinações legais.

As NTN-B com atualização de seu valor nominal pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA –, as NTN-C com atualização de seu valor nominal pela variação do Índice Geral de Preços Mercado – IGP-M –, as NTN-D com atualização de seu valor nominal pela variação da cotação de venda do dólar americano, e as NTN-H com atualização de seu valor nominal pela variação da Taxa Referencial – TR –, são títulos que se caracterizam como sendo de rentabilidade pósfixada. Todos eles pagam cupom de juros semestralmente, os quais são definidos quando de sua emissão, à exceção das NTN-H que não pagam cupom de juros intermediários, da mesma forma como as LTN e LFT, vistas nas matérias anteriores. As NTN-F são títulos que se caracterizam como sendo de rentabilidade préfixada definida pelo ágio ou deságio sobre o seu preço de emissão, que não tem atualização do valor nominal, e que pagam cupom de juros semestralmente, definidos quando de sua emissão e com ajuste do prazo no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contempla a taxa integral definida para seis meses, independentemente do prazo de emissão do título. O seu resgate é feito pelo valor nominal, na data de seu vencimento. A metodologia para o cálculo do seu PU é feita trazendo a soma dos fluxos de caixa dos pagamentos dos cupons de juros intermediários – Ci – e do valor nominal de resgate no vencimento – VN –, aos seus valores presentes líquidos – VPL –, que é conhecido em mercado como cotação do título – Cotação –, com uma taxa interna de retorno – TIR – representada pela taxa que está sendo praticada em mercado. VPL = ΣCi / ((TIR / 100) + 1)(Ni / 252) + VN100 / ((TIR / 100) + 1)( Ni / 252) PU = VN × VPL Onde: PU = Preço Unitário de emissão, ou de negociação em mercado, expresso com seis (6) casas decimais; VN = Valor Nominal no momento da emissão do título, normalmente utiliza-se o valor de 1.000; VPL ou Cotação = Valor Presente Líquido do somatório dos fluxos futuros de juros pagos periodicamente – os cupons, e do principal pago no vencimento; Ci = Cupons ainda não pagos, referenciados na forma decimal, ou seja valor percentual do cupom dividido por 100; TIR = Taxa efetiva anual de juros de emissão, ou praticada em mercado, na base de 252 dias úteis anuais; Ni = Número de dias úteis a decorrer entre a data liquidação financeira da emissão do título, ou de negociação em mercado, e a data de pagamento de cada cupom; e VN100 = Valor Nominal referenciado na forma decimal, ou seja, 1; Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema, apresentando um exemplo do cálculo do PU de uma NTN-F e, iniciando a análise das NTN com características de rentabilidade pós-fixadas.

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa VIII 28/11/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa VIII Na matéria anterior demos continuidade a análise comparativa de prós e contras dos diferentes tipos de aplicações disponíveis aos investidores, analisando as suas características técnicas que as diferenciam de forma competitiva, examinando as aplicações diretas em títulos públicos federais emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN –, através do Tesouro Direto. Nela começamos a analisar de forma mais específica a NTN-F. Nessa matéria vamos complementar a análise desse título, com um exemplo do cálculo de seu preço e, em seguida, dar continuidade ao tema. Títulos Públicos Federais (continuação) Calcular o PU de negociação, em 24/11/06, de uma NTN-F (valor nominal de R$ 1.000,00) com vencimento em 01/01/2008, emitida com juros de 10% ao ano (cupom), pagos semestralmente, e cotado a uma taxa efetiva anual de juros de mercado de 13,00% ao ano, na data do cálculo. Estão faltando, portanto, 24 dias úteis (conta-se a data do cálculo e exclui-se a data do vencimento, e, no caso da data de vencimento não ser um dia útil, o pagamento irá ocorrer no dia útil subseqüente) para o pagamento de juros do antepenúltimo cupom que vai ser pago em 01/01/07, e, após o pagamento desse próximo cupom, restarão apenas os dois últimos cupons de juros a serem pagos, ou sejam, o penúltimo cupom em 01/08/07, e o último cupom em 01/01/08, que é, também, a data de vencimento final ou de resgate da NTN-F, e, data em que também será pago o principal do título pelo valor nominal de R$ 1.000,00. Assim: Data do Evento Dias Úteis a decorrer - Ni Ni / 252 Data do Cálculo 24/11/06 - Antepenúltimo Cupom 01/01/07 24 0,095238 Penúltimo Cupom 01/08/07 148 0,587302 Último Cupom 01/01/08 274 1,087302 Resgate do Título 01/01/08 274 1,087302 Primeiramente, temos que calcular o valor do cupom de juros pago semestralmente – Ci – (considerando 126 dias úteis no semestre) que é igual ao valor equivalente (regime de capitalização de juros compostos) no semestre da taxa efetiva anual do cupom de juros do título de 10%, ou seja: Ci = ((1 + 10/100)(126/252) – 1) × 100 = 4,8809% ou 0,048809 Em seguida vamos calcular a Cotação ou o VPL do fluxo de caixa desses pagamentos, de acordo com a fórmula já mostrada na matéria anterior VPL = ΣCi / ((TIR / 100) + 1)(Ni / 252) + VN100 / ((TIR / 100) + 1) (Ni / 252) VPL = [0,048809 / ((13,0/100) + 1)(24/252)] + [0,048809 / ((13,0/100) + 1)(148/252)]

+ [0,048809 / ((13,0/100) + 1)(274/252)] + [1 /((13,0/100) + 1) (274/252)] VPL = [0,048244] + [0,045428] + [0,042735] + [0,875564] VPL = 1,011971 Finalmente calculamos o preço unitário do título, de acordo com a fórmula já mostrada na matéria anterior PU = VN × VPL PU = 1.000 × 1,011971 = 1.011,97 Portanto, na sexta feira 24/11/06, o preço de compra negociado em mercado dessa NTN-F com vencimento em 01/01/08, era de R$ 1.011,97. A NTN-F é um título interessante para quem acredita na tendência de queda das taxas de juros e também dos índices inflacionários e, ao mesmo tempo, deseja receber uma renda periódica como complemento de sua renda atual. O primeiro título pós-fixado e que paga cupons a ser analisado é a NTN-B, cuja atualização de seu valor nominal é feito pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA –, periodicamente divulgado pelo IBGE. Assim, o valor nominal desse título na data-base é atualizado pela variação do IPCA, desde a data-base de emissão, e paga juros semestralmente com ajuste no primeiro período de fluência quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis meses, independente da data de emissão do título. A taxa de juros é definida quando da emissão do título, em porcentagem ao ano, e é aplicada sobre o valor nominal atualizado. O prazo de resgate do título é definido pelo Ministério da Fazenda quando da emissão do título por oferta pública ou colocação direta em favor do interessado. O valor do principal aplicado, atualizado pela variação do IPCA desde a data de emissão até a data do resgate, é pago em parcela única na data de vencimento do título. Um outro tipo de NTN-B, também disponível para negociação em mercado, é a NTN-B Principal, que é um título com a rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra, mas no qual não há o pagamento de cupom de juros semestral e o resgate do valor nominal atualizado ocorre na data de vencimento do título. Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema detalhando a formação do preço das NTN-B.

Eduardo Fortuna As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa IX 05/12/2006

As Alternativas de Investimento – Uma análise comparativa IX Na matéria anterior demos continuidade a análise comparativa de prós e contras dos diferentes tipos de aplicações disponíveis aos investidores, analisando as suas características técnicas que as diferenciam de forma competitiva, continuando a examinar as aplicações diretas em títulos públicos federais emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN –, através do Tesouro Direto. Nela encerramos a análise da NTN-F e iniciamos a análise da NTN-B. Nessa matéria vamos continuar a análise desse título, com um exemplo do cálculo de seu preço e, em seguida, vamos dar continuidade ao tema. Títulos Públicos Federais (continuação) O processo de formação de preço da NTN-B que remunera o seu investidor com o pagamento de juros intermediários, como não poderia deixar de ser é, em muito, semelhante ao da NTN-F, que vimos na matéria 340, com a diferença fundamental de que esses juros são calculados sobre o valor nominal atualizado do título pela variação do IPCA no período do cálculo, ou seja: PU = VNA × VPL VNA = VN × (IPCAT / IPCATo) VPL = ΣCi / ((TIR / 100) + 1)(Ni / 252) + VN100 / ((TIR / 100) + 1)( Ni / 252) Onde: PU = Preço Unitário de emissão, ou de negociação em mercado, expresso com seis (6) casas decimais; VNA = Valor Nominal Atualizado do título, pela variação do IPCA no período; VPL ou Cotação = Valor Presente Líquido do somatório dos fluxos futuros de juros pagos periodicamente – Cupons, e do principal pago no vencimento; VN = Valor Nominal na data base de referência dos títulos públicos (15/07/2000), estabelecido, como sendo de R$ 1.000,00; (IPCAT / IPCATo) = fator de variação do IPCA entre a data base de referência dos títulos públicos (15/07/2000) e o dia 15 do mês de negociação do título; Ci = Cupons não pagos, referenciados como um percentual do Valor Nominal, que nessa fórmula assume o valor de 100;

TIR = Taxa efetiva anual de juros de emissão, ou praticada em mercado, na base de 252 dias úteis anuais; Ni = Número de dias úteis a decorrer entre a data liquidação financeira da emissão do título, ou de negociação em mercado, e a data de pagamento de cada cupom; e VN100 = Valor Nominal referenciado na forma decimal, ou seja 1. Exemplo: Calcular o PU de negociação, em 15/12/06, de uma NTN-B (valor nominal de R$ 1.000,00 na data base de 15/07/00) com vencimento em 15/01/08, emitida com juros de 6,00% ao ano (cupom), pagos semestralmente, e cotado a uma taxa efetiva anual de juros de mercado de 13,00% ao ano, na data do cálculo. Estariam faltando, portanto, 19 dias úteis (conta-se a data do cálculo e exclui-se a data do vencimento, e, no caso da data de vencimento não ser um dia útil, o pagamento irá ocorrer no dia útil subseqüente) para o pagamento de juros do antepenúltimo cupom que vai ser pago em 15/01/07, e, após o pagamento desse próximo cupom, restarão apenas os dois últimos cupons de juros a serem pagos, ou sejam, o penúltimo cupom em 15/07/07, e o último cupom em 15/01/08, que é, também, a data de vencimento final ou de resgate da NTN-B, e, data em que também será pago o principal do título pelo valor nominal R$ 1.000,00 atualizado pelo fator de variação do IPCA. Primeiramente, temos que calcular o valor do cupom de juros pago semestralmente – Ci – (considerando 126 dias úteis no semestre) que é igual ao valor equivalente (regime de capitalização de juros compostos) no semestre da taxa efetiva anual do cupom de juros do título de 10%, ou seja: Ci = ((1 + 6/100)(126/252) – 1) × 100 = 2,9563% ou 0,029563 Em seguida vamos calcular a Cotação ou o VPL do fluxo de caixa desses pagamentos, já mostrada anteriormente. VPL = ΣCi / ((TIR / 100) + 1)(Ni / 252) + VN100 / ((TIR / 100) + 1) (Ni / 252) VPL = [0,029563 / ((13,0/100) + 1)(19/252)] + [0,029563 / ((13,0/100) + 1)(144/252)] + [0,029563 / ((13,0/100) + 1)(269/252)] + [1 /((13,0/100) + 1) (269/252)] VPL = [0,029292] + [0,027569] + [0,025947] + [0,877689] VPL = 0,960497 Supondo, para simplificação, que o a variação oficial do IPCA entre a data base de referência dos títulos públicos, 15/07/00, e a data de cálculo 15/12/06, tenha sido de 50%, o que representa um fator de variação oficial do IPCA no período de 1,50 – ((50 / 100) + 1) –, então, calculamos o valor nominal atualizado do título VNA = 1.000,00 x 1,50 = 1.500,00 Finalmente podemos calcular o PU de negociação em mercado do título como sendo de: PU = 1.500,00 × 0,960497 = 1.440,745500

Observe-se que, no exemplo do cálculo, utilizamos a data de 15/12/06 com o objetivo de facilita-lo pelo fato da data base de referência ser, também, um dia 15. O dia 15/07/00. Entretanto, se a data de cálculo for diferente do dia 15 a metodologia oficial de cálculo da rentabilidade exige que o VNA seja corrigido por um fator de variação projetado do IPCA, e ajustado de acordo com a relação entre: o número de dias corridos entre a data do cálculo e o dia 15 do mês do cálculo, e, o número de dias corridos entre o dia 15 do mês seguinte ao do cálculo e o dia 15 do mês do cálculo. Assim: VNAajustado = VNA (fator de variação do IPCAprojetado)relação de ajuste A NTN-B é um título interessante para quem quer se proteger da inflação medida pelo IPCA e, ao mesmo tempo, deseja receber uma renda real periódica como complemento de sua renda atual. Na próxima matéria vamos dar continuidade ao tema, encerrando a análise dos títulos públicos negociados através do Tesouro Direto.

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