Apostila Arteterapia

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia

iPED – Instituto Politécnico de Ensino à Distância. Todos os Direitos Reservados. iPED é marca registrada pela Empresa Brasileira de Comunicação LTDA.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Sumário

Introdução ............................................................................................................ Pág. 7 O que é Arte? ....................................................................................................... Pág. 8 A arte através dos tempos ................................................................................... Pág. 9 A arte como objeto de estudo .............................................................................. Pág. 25 O que é terapia? .................................................................................................. Pág. 26 Arteterapia: filosofia e conceito ............................................................................ Pág. 27 Arteterapia no Brasil ............................................................................................. Pág. 29 A Gestalt Terapia ................................................................................................. Pág. 30 O idoso ................................................................................................................. Pág. 32 A criança .............................................................................................................. Pág. 35 Adolescência ........................................................................................................ Pág. 40 A família ............................................................................................................... Pág. 42 O dependente de drogas...................................................................................... Pág. 45 O depressivo ........................................................................................................ Pág. 48 O Terapeuta profissional ...................................................................................... Pág. 52 O Arteterapeuta .................................................................................................... Pág. 55 Oficinas de Arteterapia: teatro, artesanato e desenho ......................................... Pág. 56 Trabalhando em duplas........................................................................................ Pág. 79

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Institucional O iPED, Instituto Politécnico de Ensino a Distância, é um centro de educação on-line que oferece informação, conhecimento e treinamento para profissionais, educadores e qualquer um que queira evoluir profissionalmente e culturalmente. Nosso objetivo é torná-lo uma base forte de conhecimento e expandir cada vez mais o seu nível intelectual e cultural. Oferecemos uma quantidade enorme de informação, além de diversos cursos on-line, onde você se mantém atualizado em qualquer lugar e a qualquer hora.

Educação à Distância Aulas online ou a prática de aprendizagem à distância, através de ambientes virtuais e redes de computadores interligadas para fins educacionais e culturais, nada mais é do que o meio mais prático e inteligente de proliferação de conhecimento. Através de ambientes virtuais e sistemas inteligentes, é possível adquirir conhecimento de forma total ou gradativa. Esse é nosso conceito de educação, em tempo real, total ou gradativo, quando quiser e onde quiser e acima de tudo, da forma que quiser!

Nossa Missão O Grupo iPED foi lançado com o intuito de aprimorar e disseminar o conceito de ensino a distância. Com a implantação do ensino a distância, pesquisas recentes registram que as pessoas alavancam os resultados dos módulos de treinamento em até 70%, eliminando as distâncias geográficas e proporcionando a melhoria da gestão do conhecimento e dos recursos humanos por competências. Pensando nisso o iPED presta esse serviço a todos, para que a exclusão digital seja cada vez menor e com o passar do tempo ela desapareça completamente. Esse é nosso objetivo, essa é nossa missão, e esteja certo que vamos conseguir! Fabio Neves de Sousa Diretor Geral - Grupo iPED

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Certificação O conceito de reconhecimento virtual é concedido através de avaliação feita pelo sistema inteligente, que do inicio até o fim do curso está avaliando cada aluno em suas atitudes individuais e em comparação as atitudes do coletivo. Ao termino do conteúdo avaliado o aluno é submetido a uma avaliação final que nada mais serve do que comprovar a avaliação do desempenho dele ao longo de toda a trajetória do curso.   

Nosso sistema garante 100% de segurança. Empresas poderão confirmar a autenticidade do certificado, pois temos o que existe de melhor em tecnologia disponível no mercado. Confira o grande diferencial de nosso certificado:

Certificado Especial - Tramas em linhas personalizadas - Tarja de Segurança - Tinta Luminescente - Selo de Segurança - Numeração Intransferível

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Ao término do curso solicite o seu!

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Introdução

A arte sempre esteve presente em nossas vidas e é utilizada desde o princípio da humanidade cumprindo as mais diferentes funções. Em um primeiro momento, a arte significava divertimento. Com o tempo, passou a representar crenças religiosas e a ser instrumento de cura para diversos males. Na Grécia antiga, por exemplo, os doentes se reuniam nos templos de cura e, além de receberem tratamento através de chás e intervenções divinas, assistiam às representações musicais, teatrais e outras manifestações artísticas como parte de tratamento medicinal. Este curso está dividido em três unidades, na primeira unidade, você vai estudar sobre o que é arte, como seu conceito se transformou através dos tempos e como ela se uniu à terapia, surgindo assim, a Arteterapia. Nesta unidade ainda, você vai conhecer como surgiu a Arteterapia no Brasil e no mundo, sua formação histórica e filosófica e, por fim, conhecerá a Gestalt Terapia, um tipo de terapia que usa muito os recursos artísticos como forma de tratamento. Na segunda unidade, você conhecerá o perfil da “clientela” da Arteterapia, ou seja, os pacientes que podem usar a Arteterapia como forma de tratamento: o idoso, a criança, a família, o dependente de drogas, o depressivo maníaco. Na terceira unidade você conhecerá a atividade de um “Terapeuta Profissional”, sua formação necessária e seu perfil profissional. Além disso, terá noções básicas dos procedimentos no atendimento nas sessões de arteterapia. Nesta unidade, também, você conhecerá dois tipos de atividades que utiliza a arte como forma de terapia: o teatro e o artesanato.

Bom curso!

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Unidade 1 – Arte e Terapia

Olá, Nesta unidade, você aprenderá sobre o conceito de arte, acompanhará sua trajetória na história da humanidade e perceberá como ela é importante para o desenvolvimento da sociedade. Verá, também, como os estudos científicos relacionaram as manifestações artísticas ao comportamento humano, com destaque para pessoas excepcionais, mais especificamente em deficientes mentais. Por fim, iremos tratar da Arteterapia, o surgimento no mundo e no Brasil, além de refletirmos sobre a Gestalt Terapia.

Bom estudo!

1.1 – O que é Arte? A palavra “arte” vem do latim ars, e significa técnica ou habilidade. De um modo geral, é entendida como atividade humana ligada a manifestações de ordem estética. A definição do termo “estética” varia de acordo com a cultura de cada época, principalmente devido às considerações do que é belo e o que não é belo. Portanto, aqui, vamos defini-la apenas como uma “harmonia das formas e coloridos”, de acordo com o registro no dicionário Michaelis. Da mesma forma, o conceito do que é arte também varia de acordo com a cultura de cada época. Para os nossos estudos, vamos definir arte como a técnica/habilidade de desenvolver um conjunto de ações criativas usando a percepção, a emoção e as ideias, tudo ligado à imaginação. O objetivo da arte é estimular os vários níveis da mente humana, chamando a atenção de um ou mais espectadores. Em todas as suas manifestações, a arte é uma demonstração de saberes, emoções, ideias e fatos transformados em símbolos. Sentir uma obra de arte é, muitas vezes, mais importante do que entendê-la. Se por um lado a arte transmite emoção, por outro, ela pode causar estranhamento, porque a atividade artística é individual e variável, marcada pela sensibilidade, a personalidade e os interesses de cada ser, podendo revelar uma relação com a sociedade e o mundo.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Para enriquecer nossos estudos, a seguir, vamos fazer um passeio por alguns dos principais momentos da história da humanidade e saber como a “arte” se modificou através dos tempos. Costuma-se separar a História da Arte em cinco momentos: 1) Pré-história; 2) Idade Antiga; 3) Idade Média; 4) Idade Moderna; 5) Idade Contemporânea.

1.2 – A arte através dos tempos Como dissemos, vamos separar a história da arte em cinco momentos:

1) Pré-História Esse é um período encantador da História da Arte, pois não foi registrado por nenhum documento escrito. Tudo o que se sabe dos homens desse tempo é resultado de pesquisas da Arqueologia, a ciência responsável por estudar as culturas e modos de vida do passado a partir da análise de restos materiais. A Pré-História é dividida em três períodos: paleolítico, neolítico e idade dos metais

Período Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) O artista pintava os seres, os animais, ou seja, a natureza em geral, do modo como a via. Considera-se que a arte era realizada por caçadores e que fazia parte de uma tarefa de magia: o pintor-caçador acreditava ganhar poderes ao matar um animal e representá-lo ferido em um desenho. Utilizavam as pinturas rupestres, isto é, feitas em rochedos e paredes de cavernas. O homem deste período era nômade, ou seja, sem moradia fixa.

Período Neolítico (Idade da Pedra Polida) Neste período o homem deixa de ser nômade, surgindo com isso a agricultura, a cerâmica e arquitetura. Surge também o comércio e o dinheiro, que era representado por sementes. A arte assume tons exagerados e as imagens não reproduzem mais a natureza tão fielmente. Começa, aqui, as representações da vida em grupo.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Idade dos Metais A descoberta do cobre, do estanho, do bronze e a formação de rotas comerciais marcam este período. A arte torna-se decorativa e com formas mais definidas. Aqui surge a metalurgia e, consequentemente, o ferro. É o período em que nascem as primeiras cidades e a escrita. Stonehenge No sul da Inglaterra encontra-se o Santuário de Stonehenge, considerado o primeiro grande registro arquitetônico da história. É formado por colunas de pedras organizadas em círculo, no centro há um bloco parecido com um altar. Acredita-se que a construção do monumento servia às práticas de rituais de culto ao sol. Curioso é que as pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de nenhuma massa de concreto ou algo parecido.

http://zappadalata.blogspot.com/2010/10/stonehenge.html

2) Idade Antiga Da Idade Antiga, destacaremos as três sociedades mais importantes desse período, quais sejam: a egípcia, grega e romana.

Arte Egípcia No Egito se desenvolveu uma das principais civilizações da Antiguidade, com uma organização social complicada, mas de uma rica produção cultural. A religião é característica marcante do povo egípcio, pois acreditavam em deuses que poderiam interferir na história humana e achavam que a vida após a morte era mais importante do que a que viviam no presente. Em homenagem aos mortos, erguiam templos funerários e túmulos grandiosos. 10

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Arquitetura As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais famosas e foram construídas por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos.

http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com/

Ao longo do tempo, a ação destruidora do vento e das areias do deserto deu às pirâmides um aspecto misterioso. As características gerais da arquitetura egípcia são: - solidez e durabilidade; - sentimento de eternidade; - aspecto misterioso e impenetrável. As pirâmides tinham base quadrangular e eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte toneladas. Incrivelmente lapidadas, as pirâmides mediam dez metros de altura com uma porta que mirava para a estrela polar, a intenção era seu brilho bater sobre a múmia. Por dentro, um verdadeiro labirinto levava em direção à câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences. As esfinges, outra marca da cultura egípcia, são uma espécie de estátua, formadas pelo corpo de um leão (que representa força) e por uma cabeça humana (que representa sabedoria). Eram colocadas nos corredores de entrada do templo para afastar os maus espíritos. A mais famosa é a Esfinge de Gizé. Os Obeliscos são colunas de pedras colocadas em frente aos templos para materializar a luz solar, geralmente formadas de granito vermelho.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Escultura Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em posições serenas e sem demonstrar emoção, quase sempre de frente. Feitas de pedras, as esculturas pretendiam traduzir uma ilusão de imortalidade, por isso exageravam as proporções do corpo humano, dando às figuras uma impressão de força e de majestade.

Pintura A decoração colorida era um poderoso elemento das atitudes religiosas. Suas características gerais são: - Ausência de três dimensões; - Colorido a tinta lisa, sem claro-escuro. -Frontalidade: o tronco da pessoa era representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil. Quanto maior era a importância na sociedade, maior era a pintura que a representava, seguindo esta ordem: o rei, a mulher do rei, o sacerdote, os soldados e o povo. As figuras femininas eram pintadas em ocre, uma argila amarela. As masculinas eram pintadas de vermelho. Os egípcios escreviam usando desenhos, não utilizavam letras como se conhece hoje. Desenvolveram três formas de escrita: - Hieróglifos - considerados a escrita sagrada; -Hierática- uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e pelos sacerdotes; - Demótica - a escrita popular. Um costume marcante da arte grega é que junto ao sarcófago do faraó morto ia também o “Livro dos Mortos”, que descrevia rituais funerários. O livro era formado por fibras do tronco de papiro, uma espécie de planta. Ao serem batidas e prensadas, as fibras transformavam em folhas. O “Livro dos Mortos” era ilustrado com cenas vivas e uma escrita que chamava atenção.

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Página Livro dos Mortos de Hunefer

Arte Grega Se a arte egípcia é uma arte do espírito, a arte grega é da inteligência. Seus reis não eram deuses, mas seres inteligentes e justos que se dedicavam ao bem-estar do povo. O artista grego se empolga com a vida e tenta, por meio da arte, demonstrar suas manifestações. Na constante busca da perfeição, ele cria uma arte intelectual marcada pelo ritmo e equilíbrio. Características: - O racionalismo; ou seja, a razão. - O amor pela beleza; - O homem como centro do universo, “a medida de todas as coisas”; - A democracia. Arquitetura O que chama mais atenção nos templos gregos é a medida proporcional entre a entrada e os fundos. O templo era construído sobre uma base de três degraus. No degrau mais elevado eram erguidas as colunas que sustentavam um entablamento horizontal, que é uma espécie de laje. As colunas e o entablamento eram construídos segundo os modelos da ordem dórica, jônica e coríntia. - Ordem Dórica - expressava o pensamento. Sendo a mais antiga das ordens arquitetônicas gregas, a ordem dórica, por sua simplicidade e severidade, empresta uma ideia de solidez e imponência. Representa a forma do homem. - Ordem Jônica - Representava a graça e o feminino. - Ordem Coríntia - Sugere luxo e vaidade.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Os principais monumentos da arquitetura grega: - Templos: o mais importante é o Partenon de Atenas. -Teatros: construídos em lugares abertos divididos em três partes: -

a skene ou cena, para os atores; a konistra ou orquestra, para o coro; o koilon ou arquibancada, para os espectadores.

Alguns espectadores.

teatros

tinham

capacidade

para

cerca

de

14.000

- Ginásios: edifícios destinados à atividade física. - Praça – Ágora, onde os gregos se reuniam para discutir os mais variados assuntos, entre eles a filosofia. Pintura A pintura grega era arte cerâmica. Os vasos gregos são também conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas também pela harmonia, ou seja, a combinação, entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para uso de enfeites. Além de servir para rituais religiosos, esses vasos eram usados para armazenar água, vinho, azeite e mantimentos. - Ânfora - vasilha em forma de coração, com o gargalo largo enfeitado com duas asas;

www.novahelade.com

- Hidra - tinha três asas, uma vertical para segurar enquanto corria a água e duas para levantar; - Cratera - tinha a boca muito larga, com o corpo em forma de um sino invertido, servia para misturar água com o vinho.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia As pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades diárias e cenas da mitologia grega. O maior pintor de figuras gregas foi Exéquias.

Escultura Em relação às estátuas, os gregos representaram os mais altos padrões já atingidos pelo homem. As estátuas adquiriram, além do equilíbrio e perfeição das formas, o movimento. As esculturas de formas humanas foram insuperáveis. No Período Clássico procurou-se construir estátuas que representassem movimentos humanos, para isto, usava-se o bronze, porque era mais resistente do que o mármore, e fixava o movimento sem se quebrar. Surge o nu feminino, pois antes desse período, as figuras de mulher eram esculpidas sempre vestidas. No período Helenístico os seres humanos não eram representados apenas de acordo com a idade e a personalidade, mas conforme as emoções e o estado de espírito do momento. O grande desafio foi a representação não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras, dando a impressão de movimento, além de extremamente bonitos. Os principais mestres da escultura clássica grega são: - Praxíteles - o primeiro artista que esculpiu o nu feminino. - Policleto - criou padrões de beleza e equilíbrio. As estátuas tinham sete vezes e meia o tamanho da cabeça. - Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus (Deus grego), sua obra-prima é Ateneia. - Lisipo, introduziu a proporção ideal do corpo humano com a medida de oito vezes as cabeças. - Miron, autor do Discóbolo - homem arremessando o disco.

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www.umolharsobreomundodasartes.blogspot.com

Arte Romana A arte romana procurava expressar a realidade vivida e um ideal de beleza. Umas das principais características da arquitetura romana era o uso do arco e da abóbada, uma espécie de teto arredondado.

Arquitetura As características gerais da arquitetura romana são: - senso de realismo; - grandeza material: a ideia de força; - energia e sentimento; - urbanismo, vias de comunicação, anfiteatro, termas. As construções eram de cinco espécies e cada uma tinha suas funções: 1 – Religião: Templos Os mais conhecidos são o templo de Júpiter, o de Saturno, o da Concórdia e o de César. O Panteão, construído em Roma durante o reinado do Imperador Adriano, foi planejado para reunir a grande variedade de deuses existentes em todo o Império, esse templo romano tinha um ambiente isolado onde o povo se reunia para o culto. 2 – Comércio e civismo: Basílica. No inicio era usada para operações comerciais e a atos judiciários. Mais tarde, passou a servir a igreja.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 3 – Higiene: Termas. Tinham ginásio, piscina e jardins. O centro social de Roma. As mais famosas são as termas de Caracala, que eram casas de banho e centro de reuniões sociais. 4 – Divertimentos: a) Circos. Exclusivamente montados para divertimento. Foi em Roma que se originou o circo. Dos jogos praticados temos: - corridas de carros; - pugilato, o atual boxe; - jogos de Tróia, torneio a cavalo;

b) Teatros. Imitação do teatro grego. O principal teatro é o de Marcelus. Tinha cenários versáteis, giratórios e retiráveis.

c) Anfiteatros. O povo romano delirava nas lutas dos gladiadores. Essas lutas eram um espetáculo que podia ser visto de qualquer lugar da arquibancada. O anfiteatro mais famoso é o Coliseu. 5 – Monumentos decorativos: a) Arco de Triunfo: Monumento feito em homenagem aos imperadores e aos generais vitoriosos. O mais famoso deles é o arco de Tito, todo em mármore, construído no Fórum Romano para comemorar a tomada de Jerusalém. b) Coluna Triunfal: a mais famosa é a coluna de Trajano. Foi erguida por ordem do Senado para comemorar a vitória de Trajano sobre os dácios e os partos. 6 – Moradia: Casa - Era construída ao redor de um pátio chamado Átrio.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Pintura O Mosaico, desenho feito com pequenas pedras, foi muito utilizado na decoração dos muros e pisos da arquitetura em geral. Muitas pinturas romanas que conhecemos é parte das cidades de Pompéia e Herculano, que foram soterradas pela erupção do Vulcão Vesúvio em 79 a.C. Podemos destacar quatro estilos de mosaicos: 1º estilo: cobrir as paredes de uma sala com uma camada de gesso, dando a impressão de placas de mármore. 2º estilo: painéis coloridos que criavam a ilusão de janelas abertas, com paisagens como animais, aves e pessoas, formando um grande mural. 3º estilo: representações fiéis da realidade e delicadeza dos pequenos detalhes. 4º estilo: um painel de fundo vermelho com uma pintura no centro, geralmente imitando obra grega, um cenário teatral.

Escultura Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, porém muito diferentes deles. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos. Retratavam os imperadores e os homens da sociedade. O retrato é o maior êxito da escultura romana.

3) Idade Média Durante a Idade Média, é possível observar duas categorias de artes. São elas: a arte românica e arte gótica, como veremos em detalhes a seguir.

Arte Românica Em 476 da era cristã, com o povo Bárbaro conquistando Roma, tem início o período histórico conhecido por Idade Média, ocorrendo uma transformação do comportamento humano, principalmente em razão do Cristianismo. A arte voltou a valorizar o espírito. Deus passou a ser o centro do universo e “a medida de todas as coisas”, conferindo a igreja, poderes ilimitados.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Arquitetura A arte românica surge no final do século XI e início do século XII na Europa. Sua estrutura era parecida com as construções dos antigos romanos. As características mais significativas da arquitetura românica são: - abóbadas (teto arredondado) em substituição aos telhados das basílicas; - pilares e paredes grossas; - aberturas raras e estreitas usadas como janelas; - grandes torres. - arcos que são formados por 180 graus. A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o seu tamanho. Elas são grandes e sólidas, por isso, chamadas de “fortalezas de Deus”. A explicação mais aceita para as formas grandes é o fato da arte românica não ser fruto do gosto refinado da nobreza nem das ideias desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo fundamentalmente Clerical. A arte desse período passa a ser encarada como uma extensão do serviço divino e uma oferta à divindade. A mais famosa é a Catedral de Pisa, construída em 1.174. Hoje mais conhecida como A Torre de Pisa que se inclinou porque, com o passar do tempo, o terreno cedeu. Pintura e Escultura Numa época em que poucas pessoas sabiam ler e escrever, a Igreja usava a pintura e a escultura para narrar histórias bíblicas ou ensinar religião aos fiéis. Neste período, pintura e escultura, não podem ser estudas separadamente. A pintura românica desenvolveu a técnica do afresco, que é pintar sobre a parede úmida. As características principais da pintura românica são a deformação e o colorido. A deformação das obras representava os sentimentos religiosos e a interpretação misteriosa que os artistas faziam da realidade. A imagem de Cristo era sempre maior do que as demais. O emprego de cores chapadas, ou seja, sem a preocupação com tons medianos ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza. O Mosaico, a técnica de usar pequenas pedras coloridas, teve grande importância na época do românico.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Arte Gótica No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia baseada no comércio. Isso faz com que a vida social mude do campo para a cidade, surgindo, assim, a burguesia urbana. Características gerais: - Edifícios verticais substituem os horizontais do Românico; - Paredes mais leves e finas; - Maior quantidade de janelas; - Torres enfeitadas por rosas; - Arcos feitos por abóbadas de arcos cruzados; - Os telhados de algumas torres em forma de pirâmide. As catedrais góticas mais conhecidas são: - Catedral de Notre Dame de Paris; - Catedral de Notre Dame de Chartres.

4) Idade moderna Podemos destacar nesse período o renascimento e a arte barroca, como veremos a seguir.

Renascimento O termo Renascimento refere-se à civilização europeia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Um período de muito progresso e inúmeras realizações no campo das artes, da literatura e das ciências. Neste momento, valoriza-se o homem e a natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural. Características gerais: - Racionalidade; - Dignidade do Ser Humano; - Rigidez Científica; - Reutilização das artes greco-romana;

Arquitetura Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em relações matemáticas. Principais características: 20

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia - Arcos de Volta-Perfeita; - Simplicidade na construção; - A escultura e a pintura se desligam da arquitetura. - Construções; palácios, igrejas, vilas (casa de descanso fora da cidade), fortalezas (funções militares).

Pintura Principais características: - Arte de figura: desenho ou pintura usando a matemática e a geometria. - Uso do claro-escuro, o contraste reforça a ideia de volume dos corpos. - O homem é a expressão mais grandiosa de Deus - Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo. - Surgimento de artistas com um estilo pessoal. Os principais pintores foram: - Michelangelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano maravilhosamente bem, pois abriu e estudou cadáveres por muito tempo. - Leonardo da Vinci, foi grande pintor e inventor. Dentre as suas invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primeira versão do helicóptero, o “Escafandro”, um modelo de asa-delta. Também estudou cadáveres. A personagem “Monalisa”, do famoso quadro pintado por Leonardo da Vinci, tem um olhar que parece perseguir quem a observa. Ao pintar uma pessoa olhando para frente, tem-se a impressão de que o personagem do quadro fixa seu olhar sobre todos que a observa. Isso acontece porque os quadros são lisos. Esse é o truque que Leonardo Da Vince usou em seu quadro que é famoso até hoje.

Monalisa

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Escultura Em meados do século XV, protetores das artes, os papas deixaram o palácio de Latrão e passaram a residir no Vaticano. Ali, grandes escultores se revelaram, o maior deles é Michelangelo. Outro grande escultor desse período foi Andrea Del Verrochio. Trabalhou em ourivesaria, uma espécie de oficina de joias. Esse fato acabou influenciando sua escultura.

- Representação do o homem tal como ele é na realidade; - Imagem mantendo a sua relação com a realidade; - Estudo do corpo e do caráter humano.

A arte Barroca A arte barroca teve inicio na Itália, no século XVII. Logo este modelo de arte se espalhou por toda Europa, chegando também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. As obras barrocas desfizeram o equilíbrio entre o sentimento e a razão, entre a arte e a ciência. Agora, o que mandava era a emoção e não o racionalismo da arte renascentista. É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco é tentativa angustiante de unir forças contrárias: - bem e mal; - Deus e Diabo; - céu e terra; - pureza e pecado; - alegria e tristeza; - paganismo e cristianismo; - espírito e matéria. Suas características gerais são: - O objetivo é impressionar o observador: a fé deveria ser atingida por meio da emoção e não apenas pelo raciocínio. - Usa efeitos decorativos e visuais, por meio das curvas e colunas retorcidas; - Maior relacionamento entre a arquitetura e escultura; - Maior contraste de luz e sombra;

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia -Pintura com maiores efeitos de ilusão.

Pintura Características da pintura barroca: - O contraste de claro-escuro: maior a sensação de profundidade. - Realista, envolvendo todas as camadas sociais. - Cenas contendo maior intensidade dramática, ou seja, emoção. Dentre os pintores barrocos italianos, destaca-se: Caravaggio - o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo revolucionário como ele usa os efeitos de luz. Obra destacada: Vocação de São Mateus.

5) Idade contemporânea Neste período podemos destacar o romantismo.

O Romantismo O século XIX foi marcado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais graças aos acontecimentos do final do século XVIII como: - A Revolução Industrial, que provocou a divisão do trabalho e o início da especialização da mão-de-obra; - A Revolução Francesa, que lutava por uma sociedade em que os direitos individuais fossem respeitados. Os artistas românticos procuraram se libertar das tradições acadêmicas defendendo a livre expressão da personalidade do artista. Características gerais: - a valorização dos sentimentos e da imaginação; -o nacionalismo; -a valorização da natureza como inspiração para criação artística; - os sentimentos do presente tais como: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Arquitetura e Escultura A escultura e a arquitetura registram poucas novidades. Observa-se a permanência do estilo anterior e, algumas vezes, o estilo gótico da época medieval, gerando o neogótico. Obra em destaque: Edifício do Parlamento Inglês.

Pintura Características da pintura: - Aproximação das formas barrocas; - Valorização das cores e do claro-escuro; -Dramaticidade, ou seja, emoção. Temas da pintura: - Fatos reais e atuais da história nacional na vida dos artistas; - Natureza revelando as emoções humanas; - Mitologia Grega como referência.

Principais artistas: Goya - suas características eram os sonhos e pesadelos, seres deformados, tons violentos, além de retratos de personalidades da corte espanhola e de pessoas do povo, os horrores da guerra, a ação incompreensível de monstros, cenas históricas e as lutas pela liberdade. Obra destacada: Os Fuzilamentos de 3 de maio de 1808. Romantismo significa uma maneira de se comportar, de agir, de interpretar a realidade. O comportamento romântico é guiado pelo sonho, por uma atitude emotiva diante das coisas. Um comportamento que pode ocorrer em qualquer tempo da história.

Escultura A maior característica são as linhas curvas e o uso do dourado. Os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento. Até aqui, podemos perceber como a arte se modificou na história da humanidade, ganhando cores, formas e significados que representam cada época. A arte auxilia o desenvolvimento da sociedade desde a pré-história. Neste curso, estudar a trajetória das atividades artísticas é muito importante, pois ela é rica em informação, fonte de cultura, além de 24

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia proporcionar o desenvolvimento da sensibilidade. Atributos essenciais para a formação de um arterapeuta.

1.3 – A arte como objeto de estudo A arte como “meio de expressão do ser humano” sempre despertou interesse de estudo e teve diversos momentos na história da humanidade. Neste tópico, vamos acompanhar a trajetória desses estudos e saber um pouco sobre a evolução das pesquisas que unem arte e psiquiatria. Em 1876, o francês Paul-Max Simon, o pai da “arte e psiquiatria”, foi o primeiro médico psiquiatra a publicar uma série de estudos sobre as manifestações artísticas de doentes mentais, uma coleção de desenhos e pinturas que ele acreditava representar as perturbações de seus pacientes. Max-Simon fez uma classificação de doenças relacionadas a essas produções artísticas. Neste mesmo ano, a arte começou a ser utilizada por criminalistas e psiquiatras para apontar possíveis doenças mentais em criminosos. Em 1888, Cesare Lombroso, advogado criminalista, também fez análises dos desenhos de doentes mentais para classificar doenças. Outros autores europeus, como Morselli em 1894, Julio Dantas em 1900 e Fursac em 1906, fizeram estudos sobre as produções e trabalhos artísticos de doentes psiquiátricos. No final do século XX, Ferri, aluno de Lombroso, Charcot e Richet também estudaram e se interessaram pela arte das pessoas com problemas mentais. Em 1906, Fritz Mohr comparou trabalhos produzidos por doentes mentais, pessoas normais e grandes artistas. Mohr percebeu, nestes trabalhos, manifestações sobre a história de vida e conflitos pessoais dos pacientes. As ideias de Mohr inspiraram vários outros autores, abrindo uma possibilidade de os desenhos serem usados como testes para estudar aspectos da personalidade. Por volta de 1918. Hanz Prinzhorn estudou e publicou o primeiro trabalho de comparação de desenhos de doentes mentais. Ele acreditava que os trabalhos realizados pelos doentes eram manifestação de sentimentos escondidos no interior da mente. Concluiu que o poder criador estava presente em todos os indivíduos. Em 1922 Prinzhorn escreveu o livro “Expressões da Loucura”. Sigmund Freud, pai da Psicanálise, se dedicava a escrever sobre as obras produzidas por diversos artistas. Observou, assim, que a mente se manifesta por meio de imagens, sendo uma comunicação simbólica com Proibida a reprodução por qualquer meio eletrônico ou impresso. Grupo iPED - Todos os direitos reservados - www.iped.com.br

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia função catártica, ou seja, um processo de limpeza da alma. Para Freud a criação artística é resultado de um processo de sublimação, ou purificação, dos desejos sexuais não possíveis de serem realizados na realidade.

Sigmund Freud, o pai da psicanálise.

Na década de 1920, Carl Gustav Jung começou a usar a linguagem artística como parte do tratamento psicoterápico. Para ele a criatividade é uma função natural da mente humana, nada tendo a ver com os desejos sexuais como havia dito Freud. Até aqui, podemos perceber que vários psiquiatras contribuíram com estudos científicos para confirmar a relação entre as manifestações artísticas e os doentes mentais. Mas pouco, ou quase nada, se falava sobre a atividade artística como tratamento médico, essa ideia surge com a Arteterapia, o que veremos na unidade mais à frente, por enquanto vamos dar uma breve pausa e refletir um pouco sobre o que é terapia.

1.4 – O que é terapia? O termo “terapia” vem do grego e significa "servir a deus". Também conhecida como “terapêutica”, a terapia é o tratamento para uma determinada doença por meio da medicina tradicional ou alternativa, e seu efeito deve ser benéfico. A Terapia deve se preocupar com a saúde do seu paciente, nada mais lhe interessa, desta forma, o terapeuta deve estar munido de recursos, ou seja, devidamente preparado para fazer seu trabalho de maneira eficaz. Há vários modos de se conduzir uma terapia, ela pode ser: - Tradicional: aquela em que o terapeuta primeiro ouve seu cliente e depois estabelece metas para alcançar a cura; - Estratégica: em que paciente e terapeuta conversam e a solução dos problemas é encontrada pelos dois.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Mas, em ambos os casos, o terapeuta precisa ser extremamente sensível e estar aberto para receber seu paciente. Existem diversos conhecidas, são:

tipos

de

terapia,

algumas

terapias

mais

 Acupuntura - aplicação de agulhas, em pontos definidos do corpo, chamados de "Pontos de Acupuntura" ou "Acupontos", para obter efeito terapêutico em diversas condições.  Cristalterapia (pedra curativa) – pedras de origem inorgânicas ou fósseis são colocadas na parte do corpo problemático. Seu efeito não é cientificamente provado.  Shiatsu - é um método terapêutico japonês criado em 1868, a partir de massagens com a ponta dos dedos. É indicado para quem tem problemas de rim, depressão e baixa autoestima.  Terapia Ocupacional - seu interesse está relacionado ao desenvolvimento, educação, emoções, desejos, habilidades e organização de tempo. As atividades vão desde as mais simples, como escovar os dentes ou levar alimentos à boca, às mais complexas, como dirigir um automóvel ou dirigir uma empresa.  Tai Chi Chuan - uma arte marcial chinesa marcada pela meditação em movimento. Tem sua origem na China, mas atualmente é praticada no mundo todo. É admirado no ocidente principalmente por buscar a boa saúde por meio da meditação, oferecendo aos que vivem no ritmo veloz das grandes cidades uma referência de tranquilidade e equilíbrio.

1.5 – Arteterapia: filosofia e conceito Até agora, vimos que canto, dança, desenho, pintura, poesia, teatro são, desde sempre, atividades vitais e naturais do ser humano. Vimos também como a medicina explica as manifestações artísticas em pessoas com problemas mentais. Neste tópico, vamos verificar como arte e terapia se juntaram para auxiliar o tratamento médico. A Antroposofia, também chamada de ciência espiritual, é uma filosofia criada pelo austríaco Rudolf Steiner, entre 1889 e 1896. Para o filósofo e educador, a ciência espiritual é o caminho para se trilhar em busca da verdade, preenchendo, assim, o vazio existente entre a fé e a ciência. Stainer defende que ao refletir sobre o ato de pensar o individuo passa a ter uma visão diferente do cotidiano. Mas para isso é necessário aumentar a capacidade da mente humana, desta forma o filósofo afirma que

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia deve haver atividades que auxiliem o exercício do pensamento, procurando tornar o indivíduo “mais humano” e um ser “espiritualmente livre”. A Arteterapia nasce baseada nas ideias de Rudolf Steiner, acreditando que o homem é um ser espiritual composto de alma e corpo vivo. Surge, então, um processo terapêutico que utiliza a expressão artística como instrumento de autoconhecimento, uma maneira alternativa que o paciente tem para externar seus sentimentos de forma divertida e espontânea. De acordo com o Family Guide to Alternative Medicine, ou Dicionário de Medicina Natural, a Arteterapia recebe qualquer pessoa que tenha problemas emocionais, psicológicos ou apenas queira saber mais sobre si próprio. Há pessoas que sentem dificuldades de expressar-se por palavras. Outras sentem dificuldades em relacionar-se. Há também os indivíduos que sofrem com o alcoolismo, anorexia, bulimia, dependência de drogas, deficiências físicas ou mentais que atrapalham e intimidam a capacidade de comunicação. Esses problemas, porém, estão tão profundamente escondidos que a pessoa normalmente não tem conhecimento deles. Dar uma forma visual a esses problemas, com tintas, barro ou qualquer outro meio artístico, pode ser a primeira fase no processo de cura, pois ajuda o indivíduo a reconhecer seus problemas e a redescobrir sua capacidade criativa. Não é preciso ser artista para fazer terapia com arte, a Arteterapia está ao alcance de todos, nas sessões não se busca o belo, o certo, mas a livre expressão das emoções, o afloramento das ideias, a tomada de consciência do comportamento inconsciente, procurando a transformação. Além disso, os pacientes têm a possibilidade de resgatar as brincadeiras da infância, muitas vezes esquecidas e abandonadas à medida que crescem e se tornam adultos. Na busca de auxiliar o processo terapêutico, a Arteterapia atua como um catalisador, ou seja, promove um caminho para o indivíduo entrar em contato com seus dilemas internos, muitas vezes escondidos dentro de si, sentimemos estes bloqueados por diversas razões. A Arteterapia desenvolve o potencial criativo do paciente, procurando aquecer a alma e estimular uma vida saudável e autônoma, ou seja, independente e capaz de tomar suas próprias decisões. Promove uma reestruturação das emoções e, consequentemente, a transformação do ser. Muitas vezes, as pessoas não conseguem falar sobre seus conflitos pessoais. Então a Arteterapia se apresenta como ferramenta motivadora, propondo uma reflexão através dos processos no desenvolvimento dos trabalhos artisticos, aumentando a autoestima, diminuindo o stress e buscando entender as experiências traumáticas vividas pelo paciente.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia A utilização de instrumentos como pincéis, tintas, papéis, argila, cola, figuras, desenhos, recortes tem como finalidade auxiliar a exposição dos sentimentos que se encontram perdidos na escuridão da alma. Tanto as técnicas quanto a utililização desses materiais não objetivam à profissionalização ou à comercialização dos trabalhos realizados, mas sim o desenvolvimento da atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e, principalmente, a linguagem. Por meio de uma obra de arte é possível perceber sentimentos como alegria, desespero, angústia e felicidade, de maneira única e pessoal, relacionadas ao estado espiritual em que se encontra o autor no momento da criação. Por volta de 1940, a educadora norte-americana, Margareth Naumburg, baseada na teoria da psicanálise, organizou em um sistema os recursos artísticos no tratamento terapêutico. Para muitos, ela é a primeira a trabalhar com Arteterapia. Em 1950, o psiquiatra francês, Roberto Volmat, organizou em Paris o Primeiro Congresso Internacional de Arte Psicopatológica, uma mostra de obras artísticas de doentes mentais. Ele utilizava a arte não só como diagnóstico, mas também propunha a atividade artística como um método de tratamento. Muitos autores classificam como Arteterapia somente as atividades terapêuticas que fazem uso das artes plásticas, ou seja, do desenho, pintura, fotografia. Desta forma, as demais linguagens como dança, teatro, música, poesia são consideradas Terapias Expressivas. Em nossos estudos, vamos considerar como Arteterapia o conjunto de comunicações simbólicas, sejam elas ocorridas através da música, da dança, risos, teatro, artes plásticas ou do simples fato de rir.

1.6 – Arteterapia no Brasil No Brasil, a Arteterapia teve o seguinte histórico: Em 1923, ainda como estudante, Osório Cesar desenvolveu no Hospital Psiquiátrico do Juqueri, em São Paulo, estudos sobre a arte dos doentes mentais. Dois anos depois, criou a Escola Livre de Artes Plásticas do Juqueri, e publicou seu primeiro livro “A Arte Primitiva dos Alienados”.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia

Drª Nise da Silveira, fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente.

Em 1944, a psiquiatra Nise da Silveira começou a trabalhar no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro. Como já dedicava seus estudos entre arte e loucura, a doutora Nise se uniu a Almir Mavignier, no ano de 1946, e montou oficinas de criação artística. O objetivo era incentivar seus clientes a encontrar a cura por meio da pintura, modelagem e teatro. Ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, em 1952. Ainda na década de 50, em 1956, com três amigas, fundou a Casa das Palmeiras, uma espécie de ponte entre o hospital e a vida em sociedade. A intenção era dar apoio a pacientes que saíam de hospitais psiquiátricos e, portanto, evitar a reinternação. A Associação Brasileira de Arteterapia, com sede em São Paulo, foi fundada no ano de 2000, tendo como presidente a psicóloga Joya Eliezer. Posteriormente, outras teorias psicológicas uniram-se a Arteterapia como, por exemplo, a Gestalt Terapia de Friedrich Salomon Perls e Lore Posner Perls.

1.7 – A Gestalt Terapia Nesta unidade, vamos saber um pouco sobre a Gestalt Terapia, um importante tipo de tratamento que usa a arteterapia como ferramenta de análise e autoconhecimento. Gestalt Terapia foi criada pelos judeus alemães Friedrich Salomon Perls e Lore Posner Perls. É uma terapia que busca refletir sobre a existência e foi planejada na Alemanha na década de 20, mas nascida em 1951 em Nova York. Nesta década, surgia nos Estados Unidos um movimento dentro da psicologia chamado “terceira força”, entregando ao homem a condição de “sujeito” e não de “objeto de estudo”, ou seja, o homem sendo responsável pelas suas escolhas. No Brasil, mais precisamente em São Paulo, a Gestalt Terapia chegou na década de 70, sendo hoje desenvolvida por instituições em quase 30

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia todos os estados do Brasil. Além de constar como disciplina nos currículos de graduação e pós-graduação do curso de Psicologia em diversas universidades. Sendo o homem responsável pelas suas próprias escolhas, a Gestalt Terapia destaca o autoconhecimento, a satisfação e crescimento pessoal. O ser humano passa de “personagem” a “autor” da sua própria história, sendo livre a cada momento para trilhar outro caminho. Mas esse homem não é um ser individual e só pode ser compreendido na relação com o outro, dentro de um ambiente, em que tudo é contato, mesmo que seja dele com ele mesmo. O Objetivo da Gestalt Terapia é ampliar a sensibilidade, defendendo a teoria de que “eu só posso mudar quando me torno aquilo que sou, e não quando tento ser algo que não faz parte de mim”. A Gestalt Terapia trabalha com experiências imediatas, o aqui e agora, que estabelece a porta de entrada para a realidade. A existência só se dá no presente, mas este momento presente carrega as lembranças do passado, as fantasias e as expectativas para o futuro. Uma terapia que busca entender o significado das situações vivenciadas no dia a dia. O gestalt terapeuta descreve, não interpreta o que está acontecendo. Ele procura destacar o que acontece e como acontece, ajudando o paciente a compreender a intenção do seu comportamento. Para o gestalt terapeuta, cada paciente é único e cada momento é único, portanto o trabalho terapêutico é organizado para que a sensibilidade do paciente ocorra em um crescente, no seu próprio ritmo. Nas sessões de terapia, o gestalt terapeuta utiliza diversos experimentos, um convite para o paciente se autoconhecer, usando técnicas como “cadeira vazia e inversão de papéis”, em que o paciente senta em uma cadeira e, de olhos vendados, conversa com uma cadeira vazia colocada na sua frente, imaginando ser uma pessoa ou um órgão do seu corpo que o incomoda. Depois o paciente troca de cadeira e muda de papel, se pondo no lugar da pessoa ou do órgão imaginado. Na verdade, o gestalt terapeuta trabalha com todas as linguagens, buscando o que pode facilitar a expressão do paciente a cada momento. Praticar a getsalt terapia é muito mais uma questão de postura do que uma técnica. Um terapeuta deve, antes de qualquer coisa, ser uma pessoa disponível para o outro como ser humano, para então capacitar-se na abordagem.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Unidade 2 – A clientela

Olá, Nesta unidade, você conhecerá o perfil da “clientela” da Arteterapia, ou seja, os pacientes que podem usar a Arteterapia como forma de tratamento. Irá, também, estudar a questão do idoso e seu processo de envelhecimento, além de conhecer as etapas de desenvolvimento da criança, desde o nascimento até as transformações pelas quais passa um adolescente no caminho à fase adulta. Por fim, você saberá como a Arteterapia pode agir dentro da família e auxiliar o tratamento de dois tipos de doenças muito atuais: o dependente de drogas e a depressão.

Bom estudo!

2.1 – O idoso Neste tópico vamos refletir sobre a questão do idoso e seu processo de envelhecimento. Saber como o envelhecimento é encarado no Brasil e no mundo, tentar compreender os sentimentos que acompanham quem está a caminho da chamada “Terceira Idade” e, por fim, perceber como a Arteterapia pode auxiliar o Idoso a se autoconhecer e entender esta nova fase da vida. Cada vez mais, o idoso vem sendo tema de pesquisa e pauta de debate em vários segmentos da sociedade, isso graças à Gerontologia, que é a ciência responsável por estudar as experiências da velhice e do envelhecimento. No entanto, a Gerontologia é uma invenção do século XX, antigamente não se tinha a ideia de velhice como temos atualmente. No ano 1000 a.C. , por exemplo, a esperança de vida girava em torno dos 18 anos de idade. Nos Estados Unidos, em 1900, a média era 45 anos e, em 1965, alcançava aos 70 anos. De acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, a expectativa de vida registrada no ano de 2010, entre brasileiros, é de 77 anos, para as mulheres, e 69 anos para os homens. Não é difícil perceber que o mundo mudou. Hoje, os casais têm menos filhos do que antigamente e a mortalidade infantil é bem menor do 32

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia que nos séculos passados, a consequência disso é um aumento da expectativa de vida, ou seja, no mundo moderno vive-se mais tempo, fazendo crescer o número de idosos em todo mundo. No Brasil, de acordo com o IBGE, em 2009 havia 21 milhões de idosos em todo território nacional, assim, novos desafios aparecem no que diz respeito aos cuidados e às responsabilidades que o governo tem sobre a sociedade e a família brasileira. Conforme o Estatuto do Idoso, no Brasil, considera-se idoso a pessoa de idade cronológica igual ou superior a 60 anos. Preocupado com número de idosos que cresce em todo mundo nas últimas décadas, a “Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas” convocou a “Primeira Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento”, realizada em Viena (Áustria), no ano de1982. Participaram do encontro 125 países de todos os continentes, demonstrando claramente o interesse internacional sobre a questão. Foram discutidos projetos com o objetivo de garantir direitos ao idoso, além de sua participação em sociedade. O envelhecimento não acontece da mesma forma em todos os países, pois as condições sociais, culturais, pessoais e genéticas, ou seja, natural de cada ser, determinam o processo de envelhecimento em cada sociedade. Considerando as diferenças socioeconômicas entre os países, a ONU – Organização das Nações Unidas – estabelece como inicio da velhice a idade de 60 anos para os países “em desenvolvimento” e de 65 anos para os “desenvolvidos”. Em relação ao Brasil, se compararmos com países mais desenvolvidos, perceberemos diferenças no processo do envelhecimento. A Europa levou 100 anos para envelhecer, enquanto no Brasil, a partir de 1970, esse processo levou apenas 30 anos. Esse acelerado crescimento da velhice no Brasil dificultou um melhor preparo da sociedade para proporcionar aos idosos uma forma digna de viver. Devido a fatores psicológicos e sociais, é muito difícil compreender a velhice, apresentar seu início e defini-la com uma única explicação. Desta forma, a ciência desenvolveu várias teorias como o objetivo de entender e explicar o envelhecimento. Muitos conceitos de velhice foram formulados por estudiosos e teóricos, muitas vezes conceitos que não são aceitos por todos de maneira geral. Mesmo assim, é preciso entender a velhice sob alguns importantes aspectos: - O homem é um ser multidimensional: fatores biológicos, sociológicos, psicológicos, culturais e espirituais interferem no seu Proibida a reprodução por qualquer meio eletrônico ou impresso. Grupo iPED - Todos os direitos reservados - www.iped.com.br

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia envelhecimento. Seu modo de vida e sua relação com a sociedade são extremamente modificados. - A velhice deve ser pensada e planejada de forma coletiva para atender às necessidades que são individuais, ou seja, a sociedade em geral deve pensar como auxiliar cada idoso em separado. Para alguns idosos, incluídos na categoria “Terceira Idade”, a vida é levada sem grandes transtornos, significando integração e serenidade, para muitos outros, ela representa angústia e frustração. Não é difícil perceber em muitos idosos, ou a caminho do envelhecimento, um desânimo frente à nova etapa da vida: um silêncio perturbador, a vontade de explicar sentimentos, desejos, sonhos e insatisfações. Atualmente, a maior preocupação que se tem com o idoso é propiciar melhores condições de vida a ele. Mas, ao encarar a realidade, verificamos que são poucas as pessoas que encontram na velhice condições de vida digna, seja no campo econômico, saúde ou nas relações sociais. Tudo indica que apenas uma pequena parcela da população idosa de brasileiros vive a velhice de maneira honrada. Para a grande maioria, a velhice é uma etapa da vida cercada por impedimentos e constrangimentos de todos os tipos. O desejo de ter voz, e de ser ouvido, significa para o idoso estar presente e poder mostrar-se vivo perante a família e a sociedade, além de desenvolver uma vida responsável e afinada com seus próprios desejos. Infelizmente nossa sociedade conduz a velhice de forma cruel, fazendo acreditar que ela é o fim, enxergando o velho como uma pessoa franzina, cabelos brancos, coluna envergada, olhar baixo, mãos trêmulas, pele enrugada. Mas é preciso mudar este pensamento. A Arteterapia vem auxiliando muitos profissionais da área da saúde e da educação nas tarefas de compreender as emoções que cercam o ser humano. Emoções e sentimentos que estão presentes em todas as fases da vida e que se intensificam na velhice. Como já dissemos no capítulo anterior, a Arterapia contribui para que os clientes desenvolvam, durante a terapia, novas atitudes com novos significados para a vida, dedicando-se à construção de uma existência mais gratificante. Vale lembrar que, dentre várias possibilidades, a atividade artística pode levar o idoso a se perceber com mais qualidade no “aqui e agora”, ou seja, no momento presente. É nesse sentido que a arte tem um valor maior: a possibilidade de admirar a vida por meio de uma obra.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Em um ateliê terapêutico é muito importante que o primeiro encontro aconteça de maneira alegre e suave, para que desse encontro surja uma relação de respeito e confiança entre o idoso e o Arterapeuta. Muitos são os motivos que fazem um idoso procurar a Arteterapia. Pode ser por simples curiosidade, pela necessidade que o paciente idoso sente em encontrar respostas ou para não se sentir só. Depressão, timidez ou nervosismo também levam o paciente idoso a procurar um ateliê terapêutico. Quando o paciente declara-se “tímido” ou “sentir-se só”, isso pode significar que o processo de envelhecimento provoca uma onda de tristeza, amargura e desesperança. Grupos de “terceira idade” ou programas em universidades aberta levam o idoso a repensar a vida, encher seu dia-a-dia de movimento e a valorizar sua saúde. Aliás, não é só a saúde física que conta, um idoso de bem consigo é aquele que tira o maior proveito de sua situação. O paciente idoso precisa aprender a envelhecer com prazer. O idoso precisa aprender a lidar com a velhice e combater as dificuldades que surgem com força e cuidado. É preciso lutar como se luta contra uma doença: conservar a saúde, praticar exercícios apropriados, comer e beber somente para recompor as energias, sem arruinar a saúde. Além disso, mais que cuidar do corpo é preciso cuidar do espírito e da alma também. No processo de envelhecimento o idoso deve ser autor da sua própria ação. Como já sabemos, no ateliê terapêutico não se aprende técnicas de arte. O participante escolhe e organiza sua própria ação de maneira que faça algum sentido para ele. Cabe ao terapeuta encorajar o idoso a fazer e a viver intensamente seu processo, de modo a tornar-se responsável por suas escolhas, partindo do antigo para instalar o novo. Nesse espaço, cada um é livre para experimentar, perceber e sentir.

2.2 – A criança Neste tópico iremos conhecer as etapas de transformação da criança, desde o nascimento até à adolescência, e saber como o desenvolvimento da escrita e da fala acompanham a sua formação psicológica. A infância é o período de vida que vai do nascimento até a adolescência. É nessa etapa que a criança desenvolve habilidades motoras e emocionais. Habilidades motoras são, por exemplo, ficar em pé, andar, desenhar. As habilidades emocionais são padrões de relacionamento e afetos que a criança estabelece com seu meio social. Proibida a reprodução por qualquer meio eletrônico ou impresso. Grupo iPED - Todos os direitos reservados - www.iped.com.br

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia A infância é, portanto, o período das primeiras descobertas e conquistas por meio da interação entre indivíduos e ambiente. O desenvolvimento infantil é um processo complicado, e cada fase tem características específicas de comportamento e de possibilidades. Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento que as diferenciam umas das outras. De início, a criança sente uma total dependência, devido ao seu nascimento, mas logo vai incorporando habilidades que lhe permitam alcançar a autonomia, esse processo é resultado das necessidades que vão surgindo por meio de suas experiências. Portanto, a criança explora o ambiente e vai aprendendo mais sobre si mesma e sobre o mundo. Como já dissemos, uma criança é diferente da outra, mas, mesmo assim é possível classificar os períodos de cada fase infantil da seguinte forma: 0 - 18 meses Neste estágio, o bebê é totalmente dependente, ele aprende atos básicos de locomoção como sentar, engatinhar, andar. O bebê deve alimentar-se somente com leite materno até o sexto mês de vida. Após essa idade, a dieta de um bebê pode mudar lentamente com a introdução de novos alimentos. Nesta fase da vida, a criança se desenvolve muito rápido, o cabelo cresce e surgem os primeiros dentes. Este período é marcado pelo egocentrismo, ou seja, o bebê não compreende que faz parte de uma sociedade, pensa que o mundo é somente ele. 18 meses - 3 anos Este é o período em que a criança cresce menos do que durante os primeiros 18 meses de vida. Por outro lado, ele começa a comer sem a ajuda de outras pessoas. O mais marcante desta faixa etária é o desenvolvimento da fala e da linguagem. Aos três anos de idade, a criança já pode formar algumas frases completas usando palavras já aprendidas, seu vocabulário pode conter aproximadamente entre 800 e 1000 palavras. Lentamente a criança começa a compreender melhor o mundo à sua volta. Começa a perceber que existem regras e elas precisam ser obedecidas. Nesta fase a criança continua bastante egocêntrica, vendo as outras pessoas como objetos. É um período em que a criança prefere brincar sozinha, evitando contato com outras crianças da mesma faixa etária. No final desta fase, uma 36

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia criança já sabe diferenciar pessoas do sexo masculino e do sexo feminino, e começa a ter suas próprias preferências, como roupas e brinquedos, por exemplo, além de querer se vestir sem a ajuda de outras pessoas. 3 - 4 anos Esta é a fase da independência. Neste período a criança começa a desenvolver ideias básicas de responsabilidade e de independência, uma espécie de preparação para o próximo estágio: os anos iniciais de escola. As crianças tornam-se extremamente ativas, explorando o mundo à sua volta, aprendendo o que pode e o que não pode fazer. Assim, o egocentrismo da criança diminui e ela passa a compreender que outras pessoas também possuem sentimentos próprios. O principal modelo para as crianças nesta fase são os pais, principalmente porque a criança percebe que são os pais que vão determinar se uma ação foi boa ou má, associando à recompensa ou ao castigo. A partir dos três anos de idade, as crianças passam a se identificar com outra pessoa por causa de vários motivos: - amizade - um amigo ou uma pessoa próxima, como outro parente ou uma babá. - semelhanças físicas e psicológicas - passam a perceber diferenças entre pessoas do sexo masculino e feminino, tanto nos aspectos físicos quanto nos aspectos psicológicos. Começa a reconhecer os padrões impostos pela sociedade como, por exemplo: menino brinca com bola, menina brinca com boneca. A grande maioria das crianças abandona as fraldas nesta faixa etária. A partir dos três anos de idade, a criança cresce lentamente, no entanto meninos e meninas têm o peso e altura parecidos. 5 - 9 anos A amizade passa a ter valor para a criança a partir dos cinco anos de vida. O período entre cinco a nove anos de idade é marcado pelo desenvolvimento psicológico da criança, em que ela se desenvolve e amadurece socialmente, emocionalmente e mentalmente. Na maioria das sociedades, nesta fase, a criança já aprendeu regras e padrões de comportamento básicos Ela aprende a separar o “certo” do “errado”. A vida social da criança passa a ser cada vez mais importante, surge então “o melhor amigo (a)”.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Na maioria dos países, crianças precisam ir à escola a partir do sexto ou do sétimo ano de vida. Atualmente, no Brasil, a lei obriga aos pais a atitude de levar as crianças para a escola a partir dos seis anos de idade. Nesta faixa etária, regras básicas da sociedade são mais bem compreendidas. Neste período também, a criança já tem desenvolvida a capacidade de resolver problemas, mais uma habilidade que é aperfeiçoada com o passar do tempo. Até o quinto ou sexto ano de vida, as crianças resolvem problemas escolhendo a primeira solução que vem à sua mente. Após o quinto ou o sexto ano de vida, a criança passa a procurar outras opções de solução e reconhece a correta ou aquela que melhor se aplica à resolução do problema. Por volta dos sete ou oito anos de idade, as crianças passam a procurar as razões, os “porquês” que se escondem por traz de problema ou de um fato. Assim, as próprias crianças passam a analisar os padrões de comportamento ensinados pela família e sociedade. É também a partir dos seis anos de idade, que as crianças passam a se comparar com outras crianças da mesma faixa etária. É neste período, marcado pelo crescimento da vida social da criança, que diminui a importância dos pais e da família como modelos de comportamento, assim aumenta a importância dos amigos e dos professores. As comparações que as crianças fazem uma das outras, entre si, afetam a autoimagem e a autoestima da criança. O tipo de autoimagem, formada durante a infância, pode influenciar seu comportamento na adolescência e na vida adulta. As crianças passam a desenvolver a autoimagem após os três anos de idade, à medida que as crianças se identificam com seus pais, parentes, e posteriormente, pessoas próximas. Esta autoimagem pode ser positiva ou negativa, dependendo das atitudes e das emoções das pessoas com as quais a criança se identifica. Crianças com autoimagens positivas geralmente possuem boas impressões de seus pais e uma ativa vida social. Por outro lado, autoimagens negativas costumam ser fruto de famílias problemáticas. Além disso, vários outros fatores podem influenciar a autoimagem de uma criança, como abuso infantil, agressão na escola, perda de um parente ou amigo, por exemplo.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Os dentes de leite começam a cair no sexto ano de vida, um por um, até a adolescência. O crescimento de peso e altura é pequeno e semelhante entre meninos e meninas, que continuam a ter peso e altura semelhantes. Quanto à força física, em teoria, meninos e meninas desta faixa etária têm força física semelhante, mas meninos, por geralmente serem mais incentivados pela sociedade a participar de atividades físico-esportistas, tendem a ter um pouco mais de força física do que as meninas. Pré-adolescência A partir dos 10 anos de idade, crianças passam a dar mais importância aos amigos que possuem gostos semelhantes, é época de intensas mudanças físicas e psicológicas. Nesse período da vida, as crianças passam a ter mais responsabilidades, ao mesmo tempo em que passam a exigir mais respeito de outras pessoas, principalmente, dos adultos. A criança nesta faixa etária passa a compreender melhor a sociedade, ordens sociais e grupos, portanto uma faixa etária de instável desenvolvimento psicológico. Como já dissemos, nesta fase os amigos passam a ser mais importantes que os pais, então começam as preocupações em ser aceito por um grupo que o pré-adolescente se identifica. Muitas vezes, o pré-adolescente sente-se rejeitado pela sociedade, podendo desenvolver problemas psicológicos tais como depressão ou anorexia, por exemplo. A pré-adolescência é marcada pelo início das intensas transformações físicas que transformam a criança em um adulto; é o início da puberdade, marcada principalmente pelo aumento do ritmo de crescimento corporal e pelo amadurecimento dos órgãos sexuais. A puberdade para as meninas chega entre 10 e 12 anos de idade, em que aparecem os primeiros pêlos no púbis e nas axilas, além da primeira menstruação e os seios que começam a crescer. Neste período, as meninas passam, em média, a ser mais altas e mais pesadas que os meninos, onde a puberdade ainda não começou. A maturidade dos órgãos sexuais inicia-se geralmente entre 11 e 14 anos de idade. Nos meninos a puberdade começa somente entre 11 e 14 anos de vida: altura, peso e força muscular transformam-se, além do crescimento de pêlos pubianos, nas axilas e o engrossamento do timbre de voz. Os meninos passam à frente das meninas, definitivamente, em peso, altura e força muscular. A maturidade dos órgãos sexuais acontece, geralmente entre 14º e 15 anos de idade.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Alguns grupos de pessoas não aceitam essa classificação, colocando os pré-adolescentes já como adolescentes.

2.3 – Adolescência O uso dos termos “infância”, “adolescência” e “juventude” em diversos momentos da história, tais como a Antiguidade, a Idade Média ou Modernidade, não tem o mesmo significado. Adolescência é um termo de origem latina, do verbo “adolescere” que significa “desenvolver-se”, “crescer”; por outro lado o termo é próximo do verbo “addolescere”, que significa adoecer. A proximidade entre os dois sentidos anuncia o tamanho da crise de entendimento sobre o que é adolescência, desde a modernidade. O grande filósofo grego Platão definiu a adolescência como uma “embriaguez espiritual”. Já Aristóteles batizou essa fase de “ideia cheia de desejos”, sendo capaz de se fazer tudo o que lhe der vontade. Portanto, temos a impressão de ser a fase mais crítica de todas e a mais sujeita a desvios de comportamento, uma verdadeira embriaguez de emoções. O grande filosófico francês Jean-Jacques Rousseau dizia que na fase da adolescência é que o homem nasce de verdade para vida. Para ele, a adolescência é uma espécie de formação do individuo, uma verdadeira recriação. Em seu clássico livro “Psicologia de La Edad Juvenil”, (Psicologia da Idade Adulta), Eduardo Spranger considera a adolescência o período de transformação da mentalidade infantil em mentalidade adulta, porém numa estrutura física ainda não finalizada. A adolescência é uma fase de crescimento tanto do exterior quanto do interior do ser humano. É uma fase de crescimento biológico acompanhado de alterações funcionais, crescimento psicológico e social, ou seja, é uma fase de crescimento material, social e espiritual, criando desajustes em todas as direções. A formação do homem é resultado do tratamento, da experiência e da orientação que a criança tenha recebido nas fases anteriores, que se completa de forma lenta ou rápida dependendo de cada individuo. O inicio da adolescência é diferente em diversos países, de acordo a cada cultura e as tradições. A ONU – Organização das Nações Unidades define a fase entre 15 e 24 anos de idade, mas deixa aberta a possibilidade de diferentes nações definirem o termo de outra maneira. A OMS Organização Mundial da Saúde – define adolescente como o indivíduo que se encontra entre os 10 e 20 anos de idade.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia No Brasil, o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente – estabelece ainda outra faixa etária - dos 12 aos 18 anos. De acordo com a pedagogia de Waldorf, a adolescência está entre 14 a 21 anos. O pedagogo defende que nesse período o jovem começa a desenvolver a sua ação no mundo, a mãe e o professor cedem lugar para a turma. O jovem abraça modismos e grifes para se sentir seguro externamente. Ele só aceita autoridades que lhe pareçam verdadeiras. É quando acontece a “queda do paraíso”, isto é, a separação dos sexos e a estreita relação com o corpo, sendo sua aparência grande importância. Nasce uma forte crise existencial e a busca por uma profissão, que é cercada por um pensamento lógico e cheio de sonhos. A crise existencial que passa um adolescente pode ser considerada mais ou menos intensas, dependendo de uma série de fatores: - estranhamento com o corpo - as questões estéticas e o padrão de beleza impostos pela sociedade, divulgados pelos meios de comunicação, podem contribuir para as crises psicológicas do individuo e modo de agir na vida. - O aumento dos conflitos interiores - o desenvolvimento do espírito crítico, em que os valores estabelecidos, tidos como certos, passam a ser questionados. - O crescimento social - havendo a descoberta das possibilidades de contato e relações com o mundo externo, o adolescente realiza uma libertação dos laços restritos da família e da escola. Desenvolve conflitos de ordem moral, política e econômica. Surgem preocupações com as desigualdades sociais; as injustiças; a hipocrisia das relações sociais; a miséria que reduz a dignidade dos homens. Todos estes questionamentos fazem o adolescente sentir que carrega o mundo nas costas. Uma observação importante a ser feita, é que uma das possíveis causas das crises existenciais na adolescência explica-se pelo fato de o jovem ter que passar muito tempo preparando-se para ingressar na vida adulta. Podemos considerar que a adolescência desenvolve-se em dois planos: - ruptura do equilíbrio - o desequilíbrio e do desassossego. - tentativa de reequilíbrio – a recuperação, a tentativa de fazer as pazes consigo mesmo e com o mundo. É extremamente importante dizer que as fases de cada adolescente não são marcadas pela idade, e sim pelas atitudes e comportamentos apresentados por ele. Da mesma forma é com as crises, já que uma pessoa é diferente da outra, pois se desenvolvem em espaços e tempos diferentes.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia A intensidade das crises pode variar de adolescente para adolescente, dependendo do estado de saúde, do amparo ou desamparo que venha a ter antes e durante este difícil período da vida. Mas, é fato que, havendo uma boa infância é quase certo existirem crises menos acentuadas e prolongadas. É sempre bom lembrar que a vida em um ambiente sadio e organizado diminui os conflitos da adolescência, possibilitando uma rápida superação de suas dificuldades. Neste sentido, a Arteterapia pode vir a criar este lugar sadio, de transformações. O ateliê terapêutico transforma-se em um espaço sagrado de criação e de diálogos que entendam e reflitam sobre as questões simbólicas da adolescência. Este traçado biológico, psicológico e social da criança e do adolescente se faz importante em nosso curso. O fato é que um bom arteterapeuta deve conhecer as estruturas que formam um ser humano, seja no plano interno ou externo de cada ser, só assim as atividades artísticas dentro de um ateliê terapêutico trarão um resultado satisfatório, tanto para o paciente quanto para o terapeuta.

2.4 - A família A Arteterapia também atua de forma valiosa dentro das questões que envolvem o ambiente familiar. No entanto a reflexão sobre a formação da família, e o que ela representa no mundo atual, é importante para enriquecer os conhecimentos do arteterapeuta e auxiliá-lo nas sessões de Arteterapia familiar. Como estamos vendo durante o curso, as definições do que é “arte”, “estética”, “adolescente” sofreram mudanças ao longo da história da humanidade. Assim, a definição de “família” segue a mesma linha de pensamento, pois seu significado tem se alterado ao longo do tempo por causa, principalmente, das alterações na própria constituição familiar. Para a Sociologia, a família tem sido objeto de diferentes visões, entre elas: - Visão institucional - a família é base de toda a sociedade e cumpre as funções sociais, políticas, econômicas e educativas. Esta ideia dominou a sociologia clássica do século XIX e início do século XX. Mas, hoje está ultrapassada, após receber duras críticas por assumir como modelo único a “familiar nuclear”, aquela com pai, mãe e filhos. - Visão estrutural-funcionalista - ao contrário da anterior, esta visão afirma que a família não deve ser encarada como uma "microssociedade" responsável pelas principais funções sociais. Aqui, a família tem função especializada, que seriam basicamente:

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia a) a socialização dos filhos - ensinar hábitos que capacitem os filhos a viver em sociedade;

b) a estabilização psicológica do adulto - firmar as relações do adulto com o meio físico e social.

Ambas as funções são indispensáveis para continuar as gerações da família. - Visão marxista - a família é sempre produto histórico de cada formação socioeconômica. A forma de solidariedade interna é resultado dos tipos de divisão social do trabalho. Assim, a família da sociedade capitalista seria um pequeno retrato da sociedade de classes: de um lado, a classe dos homens oprimindo a outra classe, as mulheres. - Visão interacionista - A família como uma unidade de pessoas procurando construir continuamente as suas relações. Mesmo com todas as mudanças culturais do mundo atual, a visão mais tradicional que se tem de família é aquela que aponta para uma unidade social e econômica organizada em torno de um par heterossexual, ou seja, a união de um casal capaz de produzir filhos e, consequentemente, garantir a produção das próximas gerações. Mas, esta definição vem sendo questionada tendo em vista os modelos da família atual, pois além do crescente número de casais sem filhos por opção, existem famílias formadas com filhos de diferentes relacionamentos: - monoparentais - constituídas por meio da inseminação artificial, - homoparentais - com permissão de adoção de filhos por casais homossexuais. O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, no livro “Amor Líquido”, de 2004, discute a tendência do mundo atual em que os relacionamentos são estabelecidos em “rede”, iniciando e terminando facilmente, sem nenhum contato além do virtual. De acordo com o autor, este tipo de relação faz com que as pessoas não saibam mais manter laços a longo prazo. O sociólogo faz um alerta para o novo rumo das relações amorosas em que os vínculos familiares são afetados. Na sociedade atual, a maioria das pessoas ainda tem uma ideia do “ser família” cercada de sonhos e romantismos, é a chamada “família nuclear”, aquela com um núcleo, constituída por um pai, uma mãe e seus filhos, biológicos ou adotivos.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia A maior esperança criada em torno da família é que ela seja capaz de produzir cuidados, proteção, aprendizado dos afetos, construção de identidade, sempre com o objetivo de promover melhor qualidade de vida a seus participantes e uma verdadeira inclusão social na comunidade e sociedade em que vivem. Mas, estas esperanças são possibilidades e não garantias. É importante que a família seja observada no seu movimento, um movimento de organização e reorganização, que desenvolvem pontos de fragilidade na busca de respostas possíveis para o seu grupo, dentro de sua cultura e de suas necessidades de projetos. Ou seja, a família não é perfeita. Em seu livro, “A família em desordem”, de 2003, a historiadora e psicanalítica francesa, Élizabeth Roudinesco, debate como tema central a crise da família moderna e a perda do poder do pai. A autora afirma que a família ocidental foi desafiada, no século XVIII, pela invasão feminina. Desta forma houve uma transformação da família com o aparecimento da burguesia, que concedeu lugar à maternidade. Esse processo de transformação familiar permitiu à mulher estabelecer sua condição e a criança passou a ser olhada como pessoa. Estes motivos geraram muitas angústias em relação às normas tradicionais, pois se pensava que a família estava a caminho do fim. Tais condições de reestruturação familiar levaram a sociedade a levantar questões sobre as funções do “pai”. Para os conservadores, o pai deveria deixar de ser uma mera função simbólica e assumir as rédeas da família, como antigamente. Para os mais modernos, o pai deveria adaptar-se ao papel de educador bondoso. Nos caminhos dessas transformações, o papel feminino seguiu como uma ameaça de aniquilação definitiva do poder masculino na sociedade. No mundo moderno surge outra questão que a ciência, de um modo geral, ainda não tinha imaginado: o desejo dos homossexuais, homens e mulheres, do direito ao casamento, à adoção e a procriação medicalmente assistida, ou seja, filhos por inseminação artificial. Isto demonstra como os vínculos familiares e o modelo familiar ainda são muito fortes. Assim os homossexuais querem a todo custo construir, também, sua família e se aproximar do modelo mais próximo da família ocidental. Uma prova de que a família não está tão fraca e prestes a morrer, como dizem os antropólogos e sociólogos, pois continuam sendo copiada e adaptada.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 2.5 - O dependente de drogas Neste tópico vamos procurar entender a personalidade do dependente de drogas e sua relação com a família. Inicialmente é importante dizer que é extremamente normal os pais se sentirem culpados por seus filhos se envolverem com drogas. Mas é importante esclarecer também que nesta tragédia não há culpados, nem o dependente, nem a família. O que existem são seres humanos que estão sofrendo e que precisam de ajuda. Diz o velho ditado que “errar é humano”. Desta forma, o melhor a fazer é encarar o problema e tratar o dependente e sua família também, dando-lhes espaço para expressar todos os sentimentos com sinceridade, sem acusações e agressividade. O objetivo é buscar caminhos, sem jogar a responsabilidade para outro. Só assim a família poderá ficar mais unida e se ajudar. É preciso compreender que a dependência de drogas tem várias causas. O mais importante é procurar saber quem é este dependente, essa pessoa única, com seus problemas próprios e sua família. É muito normal também que, em um primeiro momento, os pais ou a família, busquem os “porquês”, ou seja, os motivos, as razões que levam uma pessoa a se drogar. Mas, ficar procurando os “porquês” transforma-se em mais um motivo de dor. O melhor a fazer é manter a calma e buscar tratamento e métodos de prevenção. Não existe um dependente de drogas com um único perfil, uma única característica, mas várias pessoas diferentes. Cada um com suas dificuldades e facilidades, e tanto a família quanto o profissional que vai auxiliar no tratamento devem estar atentos a isso. O dependente de droga é uma pessoa como qualquer outra, só que tem uma dificuldade crônica, ou seja, estacionada, que ele não consegue vencer. Mas pode aprender a lidar com ela sem que cause tantos problemas e sofrimento, assim como quem tem diabetes, asma, hipertensão. Nenhum dependente é menos humano do que os demais. Apenas precisa de cuidados específicos e tem limitações maiores do que a maioria. Na dependência de álcool e drogas existe muito preconceito e isso atrapalha. É mais fácil compreender que o diabético tenha uma recaída e coma e um doce do que o dependente de droga ter uma recaída e usar entorpecentes novamente. A dependência deve ser vista como uma compulsão, isto é, um desejo incontrolável para o qual a pessoa precisa de tratamento que lhe ajude a controlar e superar essa dificuldade.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia A pessoa que sofre de dependência de drogas não deve ser vista com olhar de pena. Ela não é menos do que ninguém e tem condições de levar uma vida normal: trabalhar, estudar, amar, ficar triste, ficar feliz. O que não pode é ceder à compulsão de se drogar novamente. Sentimento de dó ou pena para com o dependente só atrapalha o tratamento, porque ele se torna superprotegido e infantil. O que ele precisa é aprender a desenvolver sua autonomia, ou seja, a capacidade de tomar suas próprias decisões, e cuidar de si mesmo. Somente assim ele vai poder contabilizar os prejuízos e crescer diante das dificuldades. Mas, é importante saber que “não superproteger” não significa maltratar, desrespeitar ou bater em um dependente. É preciso estabelecer limites ao dependente, mas com amor. É muito comum, pais e mães não compreenderem que os filhos usam drogas por serem pessoas inteligentes e bonitas, como se dependentes fossem burros e feios. Os dependentes são pessoas comuns: bonitas, feias, gordas, magras, professores, médicos, engenheiros, advogados, industriais. Mas se a família não conseguir ajudar o dependente, superprotegido, é sinal que a família também necessita de ajuda. Mudar de atitude não é fácil e a Arteterapia pode ajudar bastante. Por estar desesperado para usar drogas, o dependente pode se tornar agressivo e, muitas vezes, começar a roubar a própria família. Pode também querer agredir as pessoas por se sentir envergonhado e com raiva da sua situação. A pessoa sob o efeito de drogas pode ter também uma “bad trip”, ou má viagem, isso acontece porque a droga aumenta os medos, deixando o usuário com a sensação de estar sendo perseguido. Nos casos de over dose, ou seja, um consumo exagerado de drogas, o dependente pode desmaiar, ter convulsões ou até mesmo entrar em coma. Nesses casos, deve-se levá-lo ao pronto socorro imediatamente. O profissional de saúde não irá denunciar esse dependente, porque ele é protegido pelo sigilo profissional. Ele só terá problemas com a polícia caso esteja portando drogas. É importante que a família deixe seus limites claros para o dependente, procurando não responder da mesma forma hostil que ele, para não criar ou aumentar o círculo vicioso de agressões e incompreensões. Muitas vezes o dependente se torna violento por ter sofrido violência, virando o modelo de relação que ele conhece. Porque ele sempre teve tudo o que queria e não aceita ser contrariado. A família deve ter pulso firme e saber enfrentar as diversas situações, é importante não ceder e não demonstrar medo. Caso contrário, o dependente se sentirá mais poderoso e ninguém terá coragem de contrariá46

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia lo. De modo geral, é importante falar “não” e manter as regras da casa. Se a família não consegue sozinha, pode pedir ajuda a um profissional, para os amigos, vizinhos, grupos de autoajuda e até para a polícia. Se uma pessoa da família estiver fortalecida, ela poderá ajudar os demais a lidar com o dependente. É sempre bom lembrar que uma família é diferente da outra, e deve ser respeitada nas suas particularidades e também nas suas semelhanças, descritas a seguir: - familiares têm dificuldade de reconhecer que tem conflitos. - familiares atribuem ao outro a responsabilidade por seus problemas. - em geral, há dificuldade de falar “não”. - parentes podem apresentar depressão ou outras dificuldade que precisem de tratamento. - a família, às vezes, não percebe que seus comportamentos podem ser prejudiciais. Muitos familiares e dependentes querem soluções rápidas e perfeitas, vivem no “agora ou nunca”, assim é normal abandonarem o tratamento, pensando que seu caso não tem solução. É preciso compreender que não existe solução mágica, mas sim tratamento demorado, tortuoso, longo e incerto. Não existe receita para o tratamento e, se alguém disser que tem, é mentira. É importante ressaltar, mais uma vez, que cada indivíduo é diferente do outro e que as manifestações da doença e da dependência não aparecem da mesma maneira para todos. Vários órgãos têm se preocupado em fazer pesquisas e reconhecer quem é esse usuário de drogas, embora seja muito difícil, pois, como já dissemos, ele é uma pessoa comum. No entanto, parece haver um perfil do dependente. A FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - e o CEAD - Conselho Estadual Antidrogas, baseados nos prontuários médicos entre os anos de 1999 a 2004, chegaram a algumas conclusões: - pouco mais 3500 pacientes foram entrevistados, 66% admitiram usar algum tipo de entorpecente diariamente. - o álcool é o preferido entre os 55% dos homens e 47,8% das mulheres. - 79,5% dos homens começaram a utilizar droga em casa. - 83%. das mulheres começaram a utilizar droga em casa. Proibida a reprodução por qualquer meio eletrônico ou impresso. Grupo iPED - Todos os direitos reservados - www.iped.com.br

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia - 63% das pessoas pesquisadas fizeram o uso de álcool, maconha, cocaína ou outras drogas pela primeira vez quando tinham entre 10 e 17 anos. Participaram do estudo, pesquisadores da FIOCRUZ - Fundação Osvaldo Cruz, assistentes sociais e psicólogos do Conselho.

2.6 – O depressivo Neste tópico, vamos tratar da depressão, também conhecida como a doença da alma. Saber suas causas, suas consequências e até em que ponto a Arteterapia pode ajudar no tratamento. Em 1600 a.C a doença da alma levava o nome de melancolia. Os antigos egípcios combatiam esse mal usando remédios feitos à base de plantas. A dança, a música ou mesmo um sono tranquilo nos templos também eram receitados para combater a melancolia. Tempos depois, os médicos gregos e romanos passaram a usar misturas medicinais de papoula e mandrágora, alimentos como mingau de cevada e leite de asno, assim como ginástica, massagem e banhos, tudo para lutar contra a tristeza da alma. Nos séculos IX e X, os médicos árabes recorriam ao entretenimento, ao álcool, cafeína e ao ópio. Na Idade média, na Europa, o tratamento de distúrbios mentais era carregado de superstição, com separação e confinamento. Foi apenas na segunda metade do século XX que os novos remédios se desenvolveram. Hoje, há um interesse crescente em fitoterapia, que é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças, e em exercícios e massagem. Podemos perceber que continuamos usando os métodos dos antigos gregos. A depressão afeta muitas pessoas, mas nem sempre um médico clínico geral consegue identificar. Também há muitos pacientes que não buscam ajuda, o preconceito ainda é muito grande com quem tem problemas mentais, além das despesas com tratamento que é fator considerável. Pesquisas sobre depressão indicam que, no mínimo, um terço da população provavelmente já tenha sofrido de depressão pelo menos uma vez durante a vida. A depressão é uma experiência assustadora que faz com que as pessoas se sintam isoladas e sem esperança. No entanto, cada pessoa manifesta a depressão de um jeito, sendo difícil explicar seus sentimentos. A doença pode aparecer e ir embora diversas vezes.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia É comum, ao procurar um médico, as pessoas não dizerem, ou não perceberem, que estão deprimidas. Elas apresentam um problema insignificante, que pode chamar a atenção do médico para a depressão. Característica de um paciente com depressão: - baixo astral, ou uma perda geral de interesse e alegria por coisas que antes atraíam e agradavam; - dificuldade de concentração; - sensações de cansaço e falta de energia para fazer até as menores tarefas; - sono perturbado, problemas para dormir, pela manhã ou durante a noite; - perda de apetite e a falta de prazer com alimento; - pessimista quanto ao futuro, a autoconfiança em geral diminui; - sentimento de culpa; - vontade de cometer suicídio, em casos graves. Mesmo estes sintomas sendo típicos, ou seja, comuns a quem está com depressão, cada caso é um caso. Mesmo porque, a "depressão mascarada”, aquela que nem sempre é possível detectar, dificulta ainda mais o diagnóstico da depressão. Para detectar a depressão, os médicos desenvolveram um método de entrevista e exames para aplicar em pacientes e assim poder descrever suas características. A avaliação do grau de depressão é feita, muitas vezes, por intermédio de um questionário. Para diagnosticar a grande depressão, o médico procura alguns sintomas persistentes nas duas últimas semanas. Para isso ele observa e conversa com paciente. À vezes, é preciso obter informações de amigos e parentes, que podem ter notado mudanças que a pessoa deprimida não notou. É comum as pessoas apresentarem alguns desses sintomas, como tristeza, por exemplo, que pode persistir por muito tempo, mas não significa necessariamente depressão. Exemplo de tabela para diagnosticar a grande depressão. Sintomas desta lista: - mau humor, perda de interesse ou satisfação. - perturbação de sono ou excesso de sono. - mudança de apetite ou ganho de peso. - calmaria ou agitação mental. - má concentração ou indecisão. - culpa excessiva. - pensamento de morte ou suicídio. Existem alguns casos clássicos de depressão:

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 1-Distúrbio Bipolar; 2-Depressão Pós-Parto. 1 - O Distúrbio Bipolar É uma doença marcada por etapas repetidas, ou alternadas, de mania (extrema alegria) e depressão (mau humor e desespero). No entanto durante as crise é comum ter períodos de normalidade. É importante que se entenda que “altos e baixos” de humor fazem parte da vida do ser humano, não podendo ser considerado distúrbio. As mudanças de humor consideradas doença são as fora da normalidade em comparação à maioria das pessoas. O doente de distúrbio bipolar é popularmente conhecido como "maníaco-depressivo". Mas este uso não é mais aceito entre os psiquiatras atuais que agora usam o termo “depressão maníaca”. As crises de bipolaridade variam de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em duração. No caso grave, pode haver risco pessoal e material. A doença pode se manifestar também em crianças, sendo muito difícil identificá-la, normalmente ela é notada somente quando a criança se torna adulta, por volta dos 15 a 25 anos. O paciente bipolar pode chegar a dois extremos: por um lado a depressão pode causar suicídio; por outro, a euforia pode estimular a escrever um livro num só dia. O bipolar quase nunca percebe quando está em crise, quando percebe, recusa-se a aceitar o fato, e resiste firmemente a tomar medicamentos. Abusa de drogas e álcool, torna-se impulsivo e inconsequente, perdendo totalmente o senso crítico, ou seja, a capacidade de avaliar suas atitudes. Nem sempre os sintomas de euforia ou mau humor exagerados são bem claros. Até quem convive com um bipolar sente dificuldades em diferenciar uma aflição comum de uma depressão, ou uma alegria de uma euforia. 2 - Depressão Pós-Parto Esta é uma forma de depressão que afeta mulheres após terem dado a luz. Acredita-se que cerca de 60% das novas mães passam por uma forte melancolia após o parto. No Brasil cerca de 40% desenvolvem depressão sendo que 10% apresentam a sua forma mais severa.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia É comum que pais também tenham sintomas de depressão em 25 % dos casos. A depressão pós-parto, assim como a maioria dos transtornos psicológicos, tem como causas fatores biológicos, psicológicos e sociais. Há casos em que a mãe já apresenta depressão antes do parto, assim seu agravamento é provável que ocorra. A oscilação hormonal, ou seja, o aumento e a diminuição da quantidade de hormônio, durante a gravidez é o um dos principais responsáveis para o desenvolvimento da depressão pós-parto. No entanto a relação social, principalmente com o parceiro e com a família, o planejamento da gravidez, a dificuldade em voltar ao trabalho e o estado civil também são fatores que podem ocasionar o surgimento da doença. Alguns dos sintomas mais comuns depressão pós-parto são: -Tristeza -Desesperança -Baixa autoestima -Culpa -Distúrbios de sono -Distúrbios na alimentação -Cansaço e falta de energia -Desinteresse sexual -Aumento na ansiedade -Irritabilidade -Sentimento de incompetência -Isolamento social Durante toda esta unidade procuramos traçar alguns conceitos sobre a questão do idoso, da criança, do adolescente, da família, do dependente de drogas e do depressivo maníaco. O objetivo foi o de delinear o perfil do cliente da arteterapia, de uma forma mais profunda. Mas, é importante que você saiba também que a Arteterapia não é uma receita mágica que resolverá todos os problemas. Em qualquer dos casos que envolva questões psicológicas e psiquiátricas, haverá sempre a necessidade de intervenção médica. A Arteterapia atua como uma ferramenta auxiliar para o paciente se autoconhecer e expressar suas angústias e desabafos por meio da atividade artística.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Unidade 3 – As Oficinas de Arteterapia

Olá, Nesta terceira unidade você conhecerá a atividade de um “Terapeuta Profissional”, sua formação necessária e seu perfil profissional. Verá, também, o que é ser um arteterapeuta e terá noções básicas de atendimento e procedimento numa sessão dentro do ateliê terapêutico. Por fim, no último tópico, você conhecerá três tipos de atividades que utiliza a arte como forma de terapia: o teatro, o artesanato e o desenho.

Bom estudo!

3.1 – O Terapeuta profissional Terapeuta é o profissional que usa técnicas terapêuticas reconhecidas pelo Ministério da Saúde, procurando estabelecer a qualidade de vida de uma pessoa. Esse profissional é reconhecido pela Constituição Federal do Brasil e classificado pela CBO - Classificação Brasileira de Ocupações - conforme o Ministério do Trabalho. Existem muitos cursos livres de Arteterapia oferecidos por várias instituições por todo Brasil. Mas, para a pessoa que deseja aperfeiçoar-se nesta área fascinante, aconselha-se a procurar um curso de formação de nível superior, para um desenvolvimento profissional mais aprofundado. O problema é que quase não existe graduação em Arteterapia, ela aparece como disciplina em cursos de pós-graduação em Psicologia, Arte ou Educação. O que existe em graduação é o curso superior de Terapia Ocupacional, que tem em seu currículo a disciplinas voltadas para terapia e arte criativa. A Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde que promove o desenvolvimento, tratamento e a reabilitação de indivíduos ou grupos que necessitam de cuidados físicos, emocionais e sociais. Essa terapia procura ampliar o desempenho e participação social de seus pacientes através de procedimentos que envolvem a atividade humana, por meio da interação entre o terapeuta e seu cliente.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia A Terapia Ocupacional utiliza recursos terapêuticos diferentes como, por exemplo, atividades autoexpressivas, lúdicas e artesanais. Além de utilizar também a tecnologia assistiva, ou seja, instrumentos que auxiliam a capacidade funcional das pessoas com deficiência, uma simples bengala ou um sistema complexo de informática podem servir a este tipo de terapia. Um profissional de Terapia Ocupacional deve ter formação universitária, estar inscrito no CREFITO - Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. O Curso dura cerca de 9 semestres, ou seja, 4 anos e meio. Segue abaixo a grade curricular de um Curso de Terapia Ocupacional. Disciplina

Carga Horária

1º Semestre Anatomia e Histologia Desenvolvimento Humano I Fisiologia Básica Habilidades Profissionais Introdução à Terapia Ocupacional Saúde e Ambiente Sociologia e Saúde

102 h 34 h 68 h 34 h 34 h 51 h 34 h

2º Semestre Anatomia Palpatória Musculoesquelética Biofísica Bioquímica Geral Criatividade e Processos de Criação Ética e Cidadania Genética Humana Psicomotricidade Terapia Ocupacional em Educação e Saúde

85 h 34 h 34 h 34 h 68 h 34 h 34 h 51 h

3º Semestre Atividades e Recursos Terapêuticos I Cinesiologia em Terapia Ocupacional Desenvolvimento Humano II Fundamentos em Farmacologia Metodologia Científica Microbiologia e Imunologia Patologia Geral Terapia Ocupacional e Saúde Comunitária I

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68 h 85 h 34 h 68 h 34 h 34 h 51 h 34 h

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia

4º Semestre Atividades e Recursos Terapêutico II Desenvolvimento Humano III Optativa I Semiologia em Terapia Ocupacional Terapia Ocupacional e Saúde Comunitária II Terapia Ocupacional e Saúde Mental

102 h 34 h 34 h 119 h 51 h 51 h

5º Semestre Desenvolv.e Aprendiz. em Educação Especial Recursos Tecnológicos e Adaptações Terapia Ocupacional e Saúde Coletiva I Terapia Ocupacional na Saúde Materno-Infantil Terapia Ocupacional nas Disfunções Sensoriais

34 h 68 h 51 h 170 h 68 h

6º Semestre Antropologia e Cosmovisão Franciscana Atividades e Recursos Terapêuticos III Optativa II Terapia Ocupacional e Saúde Coletiva II Terapia Ocupacional na Saúde da Adolescência

68 h 102 h 34 h 51 h 119 h

7º Semestre Saúde e Trabalho Seminários em Terapia Ocupacional Terapia Ocupacional e Saúde Coletiva III Terapia Ocupacional na Saúde do Adulto Terapia Ocupacional no Envelhecimento

51 h 34 h 51 h 136 h 136 h

8º Semestre Estágio Supervisionado em Terapia Ocupacional I Trabalho Final de Graduação I

340 h 68 h

9º Semestre Estágio Supervisionado em Terapia Ocupacional II Trabalho Final de Graduação II

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357 h 68 h

Grupo iPED – Curso de Arteterapia 3.2 – O Arteterapeuta Neste tópico você saberá um pouco mais sobre o trabalho do arteterapeuta, sua área de atuação e os procedimentos básicos de atendimento no ateliê de autoterapia. A Arteterapia pode atuar em instituições de reabilitação física e mental, nos hospitais psiquiátricos e em clínica geral. Auxilia doenças degenerativas como câncer, esclerose múltipla, Alzheimer, AIDS e pacientes que passam por hemodiálise. Geralmente a sala de atendimento é chamada de “Ateliê de Arteterapia”, onde o cliente tem contato com tinta, cola, papéis, revistas, argila e tudo o que for necessário para a expressão criativa. As atividades podem ser realizadas individualmente, em grupo ou até mesmo com a família. A Arteterapia pode atuar também nos treinamentos empresariais, e na educação de modo geral, proporcionando uma melhoria das relações interpessoais e no desenvolvimento do potencial inventivo das pessoas. Normalmente o trabalho é iniciado com entrevistas para estabelecer uma interação com o cliente. É feito também um contrato em que se define: dia e horário de atendimento, honorários, faltas, atrasos, e tudo o que for importante para uma boa relação entre paciente e arteterapeuta. Além, é claro, do compromisso de sigilo profissional no que diz respeito a todo o processo. No caso de crianças, adolescentes, ou pessoas que não se responsabilizam pelo tratamento, as entrevistas iniciais deverão ser feitas com os responsáveis. O material a ser usado pode ser escolhido pelo paciente, ou sugerido pelo arterapeuta, dependendo da necessidade ou do objetivo do tratamento, pois cada material cumpre uma finalidade no processo terapêutico. Após e durante a produção da atividade, o paciente pode e deve realizar comentários sobre a criação. O arteterapeuta também pode fazer intervenções, mas sempre encorajando ou descrevendo o que percebe, mas nunca apresentando soluções ao paciente. O arteterapeuta pode trabalhar com artes plásticas ou pode incentivar o paciente a desenvolver qualquer outra forma de expressão artística utilizando o corpo, a voz, a dramatização ou a literatura. O trabalho de corpo é mais uma via de acesso às profundezas da mente humana, principalmente por meio da respiração.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia O arteterapeuta não é crítico de arte, é um profissional capaz de interpretar os trabalhos e associa-los aos transtornos sofridos pelo paciente. O arteterapeuta deve estar atento durante todo o processo de criação, pois o paciente se expressará por meio da escolha da técnica, da forma que constrói, das expressões do corpo enquanto constrói, da fala e dos sentimentos expressos durante e depois da criação.

3.3 – Oficinas de Arteterapia: teatro, artesanato e desenho Nesta unidade, você conhecerá algumas oficinas que podem ser aplicadas nas sessões de arteterapia. Contudo é importante esclarecer que esta unidade não transforma principiantes em terapeutas ou coordenadores de grupo. A experiência, tanto como paciente, quanto como terapeuta, é fundamental para o sucesso na aplicação das atividades. Antes de você estudar as oficinas, porém, é bom que você tenha em mente: a)

Nem todos os temas servem para todos os pacientes.

b) Nunca use exercício ou tema se você se sentir insatisfeito ao experimentá-lo. c) Esse curso não é um planejamento para o trabalho terapêutico de longo prazo. d) Esse curso é uma tentativa de fornecer referências de um processo que une arte e terapia, mas guiado pela intuição. Ou seja, numa comparação figurada: você pode ler um livro que forneça todas as informações sobre automóvel, mas guiar, você só estará apto quando tirar carteira de motorista. Outro fato a ser esclarecido é o trabalho em grupo. Há algumas razões que favorecem o trabalho em grupo: a) O trabalho grupal fornece um conjunto facilitador para a pratica do aprendizado. b) Pessoas com necessidade semelhantes podem ajudar umas às outras, sugerindo soluções para problemas comuns. c) Os integrantes de um grupo podem aprender com a opinião dos outros. d) Os integrantes de um grupo podem experimentar novos papéis ao verem a reação do outro. e) Os grupos podem ser mais democráticos, permitindo que um especialista auxilie diversas pessoas ao mesmo tempo. 56

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Porém o trabalho em grupo apresenta desvantagens: a) É muito difícil manter sigilo próprio do grupo porque há mais pessoas envolvidas. b)

Os grupos precisam de recurso, e podem ser difíceis de organizar.

c)

Os membros de um grupo recebem menos atenção individual.

d)

Um grupo pode ser “rotulado” ou condenado.

Vamos agora estudar dois exemplos de atividades terapêuticas que usa a arte como recurso expressivo: 1 – Técnica da “cadeira vazia e inversão de papéis” – reflexão por meio da representação teatral. 2 – Biscuit de gatinho – trabalho de escultura e artesanato. 1- A Técnica da “Cadeira Vazia e Inversão de Papel”

Aposto que você nunca conversou com seu corpo. Nunca procurou entender por que alguns órgãos adoecem ou simplesmente provocam dor. A proposta desta atividade é que você possa conhecer melhor o funcionamento do seu organismo, possa olhar com carinho para o seu Órgão que incomoda. Possa escutá-lo e decifrar quais são as suas necessidades, desta forma gerar uma integração entre você e seu órgão que recebe o impacto do stress. As atividades a seguir (A e B) foram elaboradas pela psicóloga Silvia Ivancko.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia a) Visualização de Funcionamento do Organismo

Coloque-se em uma posição confortável... respire... Sinta o ar entrando por suas narinas e deixe-o sair suavemente pela boca... Sinta-o entrar e sinta-o sair... Agora, veja o caminho que esse oxigênio percorre no seu corpo, entrando pelas narinas, boca, descendo por dentro da laringe e traqueia, sinta o ar nos seus pulmões... prenda um pouco a respiração com os pulmões cheios de ar ... e solte o ar pela boca. Mais uma vez... inspirando... prendendo o ar... e soltando... Focalize a sua atenção nos seus pulmões, olhe para as pequenas bolsinhas nas paredes dos pulmões... os alvéolos. Imagine que através deles o oxigênio passa para a corrente sanguínea e o seu sangue leva o oxigênio para cada célula do seu corpo ... Agora, sinta o seu coração... coloque a mão no seu coração e sintao bater... compassadamente... naturalmente... sinta-o bombeando o sangue por todo seu corpo através de uma grande rede de vasos... e assim levando oxigênio e substâncias essenciais para todos os tecidos... o sangue também remove substâncias residuais destes tecidos...

Sinta o fluir do seu sangue por todo seu corpo. Agora, pegue essa bala que está ao lado da sua mão direita e leve-a até a sua boca mastigando-a lentamente, observando a secreção das glândulas salivares, a trituração do alimento feita pelos dentes, o movimento de sua língua, sinta o sabor... Ao engolir essa bala, ela descerá pela sua garganta, escorrendo para o esôfago... Esse tubo que leva o alimento até o estômago. No seu estômago a bala sofrerá a ação dos ácidos e enzimas comprimindo o bolo alimentar que será enviado para o intestino delgado. Coloque a sua atenção no seu lado direito abaixo das costelas. Perceba o seu fígado, o maior órgão interno do corpo humano. O fígado armazena açúcares para depois liberá-los, forma as proteínas livra o organismo das substâncias tóxicas e produz a bile (líquido digestivo da vesícula biliar). Com toda a sua atividade ajuda manter o calor do corpo... sinta a sua maciez... Abaixo do seu estômago, está o seu pâncreas que contribui no seu processo digestivo liberando enzimas que liberadas pelo canal pancreático que liberadas no intestino delgado auxiliam a digestão. 58

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia O seu pâncreas também produz hormônios como o glucagon e a insulina que mantém o nível saudável de açúcar no sangue Depois de processada a bala no seu organismo, é enviada para o intestino delgado que fará mais uma absorção do alimento através de seus sete metros e meio, finalmente o intestino grosso vai retirar água e sais e encaminhar os restos pastosos para o reto que sob o comando voluntário é expelido pelo ânus para fora do seu corpo com o material que não lhe serve mais. Outro caminho de eliminar aquilo que não lhe serve, está localizado no sistema urinário. O sangue é transportado aos rins pelas artérias. Nos rins as substâncias indesejáveis ao corpo junto com sais e água, são removidas do sangue e se transformam em urina e o sangue purificado retorna à circulação. A urina é levada pelo ureter até a bexiga. A bexiga é uma bolsa muscular situada no abdome inferior, menor que uma mão fechada, mas pode dilatar-se até conter meio litro de urina. Ao se encher, o cérebro dá o comando de abertura de esfíncter enviando a urina através da uretra que se contrai e mais uma vez o corpo realiza sua limpeza eliminando o que não lhe serve. Diferente do sistema urinário de excreção, vamos sentir nosso sistema reprodutor, aquele que gera a vida. Para as mulheres, visualizem seus ovários, um de cada lado na parte inferior do abdome e sintam essas pequenas fábricas de óvulos que alternam seu funcionamento mês a mês, encaminham o óvulo através das trompas até o útero (localizado no centro da pélvis) que já se preparou para receber esse óvulo, engrossou seu endométrio, pensando na possibilidade de acolher um ovo. Quando não há a formação do ovo, elimina tudo o que preparou inclusive o óvulo que recebeu, através da menstruação e reinicia seu trabalho. Para os homens, concentre-se nos seus testículos, a fábrica de espermatozoides que quando maduros são levados através dos canais deferentes até a próstata que é uma glândula que secreta um fluido, que junto com os espermatozoides formarão o sêmen. O sêmen ao percorrer o canal da uretra, dentro do pênis, é expulso de sua origem na esperança de encontrar um óvulo e formarem juntos o ovo ou embrião. Vamos focalizar nossa atenção nos nossos ossos... desde o crânio, coluna vertebral, costelas, braços, mãos, bacia, pernas , pés... eles nos dão nossa estrutura, resistência, sustentação e formam uma armação flexível para os movimentos, pontos de fixação para seus músculos além de proteger as partes delicadas do seu corpo como o cérebro, o coração e os pulmões... sinta cada parte de seus ossos...

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Os seus músculos estão ligados aos ossos por tendões e permitem a sua movimentação dê atenção aos seus músculos ... sinta a contração dos músculos das suas pernas... relaxe... Sinta os músculos de seu abdome... contraia... relaxe... Contraia os músculos de seus braços e mãos.... relaxe... Sinta os músculos de seu pescoço e face se contraírem.... relaxe... Outro sistema muito importante é o nosso sistema de defesas, vemos o baço, um órgão localizado do lado esquerdo superior do abdome abaixo das costelas inferiores... ele filtra o sangue removendo resíduos, bactérias e glóbulos vermelhos mortos além disso produz glóbulos brancos (os linfócitos) que perseguem e destroem organismos invasores. Muitos outros órgãos fabricam células que fazem parte do sistema imunológico, assim como a medula óssea, tecido nervoso, fígado, pulmões, etc. Os linfócitos, produzidos por essas várias partes do corpo e presentes na corrente sanguínea fazem a vigilância do nosso organismo. Algumas destas células identificam o agressor que pode ser um vírus, uma bactéria ou mesmo alguma célula mal formada que possa se transformar em algo maligno, outras células destroem o agressor. Essa ronda é ininterrupta 24 horas por dia, mesmo enquanto você dorme. Imagine o seu sistema imunológico, veja-o trabalhando nesse minuto. Outro órgão com múltiplas funções é o seu cérebro, sinta os seus sulcos, esse grande labirinto extremamente organizado onde cada área é responsável por uma função, uma sensação, um pensamento... um órgão complexo e tão delicado que precisa ser protegido pelo crânio que o resguarda dos perigos externos.. Focalize sua atenção agora nos órgãos do sentido... lembre-se dos seus olhos, o órgão que lhe permite enxergar o mundo. Perceba que para fazer esse exercício, você está usando seus ouvidos, escutando as instruções que te fazem viajar por dentro de você. Pense na sua boca, nas cordas vocais que permitem a comunicação, a sua expressão,. Sinta o seu próprio tato, toque o seu rosto, sinta como é importante perceber o calor, a maciez do toque. Sinta a sua pele, o maior órgão do corpo humano que envolve todo o corpo, permitindo-lhe o contato com o mundo e, protegendo-lhe dele. Além do contato, a pele respira, transpira, expressa o medo e a vergonha mudando de coloração... Para terminar, experimente uma visão panorâmica do seu organismo funcionando... o coração batendo, o sangue circulando, os pulmões respirando, os rins filtrando, o fígado processando, o estômago digerindo a bala, o sistema imunológico fazendo a ronda, o ouvido me escutando, o cérebro processando as informações, o intestino fino selecionando o bolo 60

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia alimentar, tudo funcionando em conjunto, perfeitamente e alheio à sua vontade ou ao seu comando. Cada um cumpre a sua função e juntos mantém a sua vida e a sua saúde. Sinta o bem estar de estar vivo! Agora escolha um órgão sensível do seu corpo, que sente e sofre nos momentos difíceis, aquele que necessita de mais cuidado e atenção. Focalize nesse órgão, sinta-o, entenda o seu funcionamento, seja compreensivo com ele, olhe-o com carinho de alguém que precisa de sua atenção... Neste momento você vai eleger um órgão que funciona perfeitamente, mesmo quando você não está tão bem. Veja-o forte, cumprindo sua função, sem se abalar com o que possa estar acontecendo. Admire-o, veja como ele é forte! Assim, com essas sensações, você retoma o contato com a respiração, começa a movimentar os pés, as mãos, se espreguiçar, bocejar e assim que se sentir à vontade vá abrindo os olhos calmamente e retornando à sala.

b) A técnica da Cadeira Vazia: O procedimento da "cadeira vazia" tem a finalidade de investigar se o funcionamento psíquico da pessoa tem semelhanças com o funcionamento do órgão de choque (o que incomoda) e do órgão forte. Neste momento o sujeito se mantém sentado, em uma cadeira, de olhos vendados, para facilitar o seu contato com a situação. Outra cadeira (vazia) é colocada na frente da pessoa onde imaginariamente ela colocará o órgão a ser trabalhado.

a - pessoa x órgão de choque: A pessoa senta-se em uma cadeira com os olhos vendados e conversa com seu órgão de choque, que supostamente ocupa a cadeira à sua frente, explicando ao órgão como se sente tendo-o como órgão de choque. Num segundo momento, troca de cadeira assumindo assim o papel do órgão de choque que responde à pessoa como ele funciona fisiologicamente e o que se passa com ele. Ocorre uma segunda troca de papéis onde a pessoa responde ao órgão. Novamente a pessoa assume a posição de órgão e dialoga com a pessoa, fazendo pedidos para que ele, enquanto órgão de choque funcione melhor. A troca de papéis ocorre quantas vezes for necessária, até que haja uma conclusão nos diálogos.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia b - pessoa x órgão forte: O sujeito senta-se em uma cadeira continuando com os olhos vendados e conversa com seu órgão forte, que supostamente ocupa a poltrona à sua frente, explicando ao órgão como se sente tendo-o como órgão forte. Num segundo momento, troca de cadeira assumindo assim o papel do órgão forte que responde ao sujeito como ele funciona fisiologicamente e o que se passa com ele. Ocorre uma segunda troca de papéis onde a pessoa responde ao órgão forte. Novamente a pessoa assume a posição de órgão e dialoga com a pessoa. A troca de papéis ocorre quantas vezes for necessária, até que haja uma conclusão nos diálogos. Nas duas etapas da "cadeira vazia", o facilitador orienta quando ocorre a troca de papéis. Ele também pode assumir um dos papéis para interagir com o outro papel (onde estava sentada a pessoa) repetindo frases que foram ditas ou complementando informações sobre o órgão em questão. As mudanças são feitas nos momentos em que se percebe que nada mais há a ser dito em determinado papel sinalizadas pela pessoa ou por um período de silêncio.

c- encerramento do procedimento: Após o procedimento da "cadeira vazia", o facilitador faz uma devolutiva à pessoa focando o principal problema envolvido. O órgão forte é utilizado na técnica para contrapor a polaridade órgão de choque e tem o intuito de encerrar a técnica no momento em que o sujeito esteja percebendo seus aspectos positivos restaurando o seu equilíbrio. Descrição de alguns órgãos: Coração

Eu sou como uma bomba pequena, que está no seu peito. Eu sou um músculo, um único músculo, as minhas fibras se entrecruzam e são absolutamente solidárias entre elas. Devem trabalhar todas juntas. Eu sou dividido em um coração esquerdo e em um direito. 62

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Eu sou bastante independente, e tenho um sistema de transmissão de energia próprio. Minha função é receber e dar o sangue às artérias para que ele seja distribuído por todo seu corpo; o músculo que eu sou recebe os impulsos que vêm por meus feixes fibrosos e fazem com que eu me contraia e depois relaxe. Quando me contraio deixo sair o sangue e quando relaxo deixe-o entrar. São as batidas que eu transmito para as minhas artérias, que tiram o sangue que contenho, depois me encho de sangue novamente trazidas pelas minhas veias (que não tem batidas) elas são mais macias e passivas que as artérias. Eu dou o que recebo, entrego o sangue para que ele vá a todas as partes e te alimente, assim como ele vem. Descanso ao mesmo tempo em que trabalho. Eu não posso dar se não recebo. Eu sou muito sensível às exigências dos outros órgãos Dizem de mim que eu trabalho segundo "a lei de tudo ou nada", porque não podem remover uma parte de mim ou exigir que algumas fibras trabalhem e outras não. Se você se assusta e acredita que terá que fugir de algo, me acelero porque tenho que mandar mais sangue para os lugares importantes e especialmente aos músculos que se preparam para uma possível fuga. Eu tenho um limite muito claro. Eu dou tudo o que tenho que dar e o que eu recebi, com um ritmo próprio, que posso apressar um pouco conforme a necessidade ou se me pedirem. Eu sei que minha função é vital, mas nem por isso sou orgulhoso, sou feito para minha função e o que é vital é o sangue que transporto, mas não fabrico, nem limpo. Entrego como ele chega dos pulmões e o mando aos rins para se limpar. Eu sou bastante independente como bomba, desde se por alguma razão eu parar, quando não ainda for meu tempo de parar de bater, podem me fazer baer de novo com um golpe forte. Também posso manter minhas batidas fora do corpo do qual nasci se não for minha hora de morrer e ainda posso servir a outra pessoa. Eu comecei a bater em seu corpo quando você estava dentro da barriga de sua mãe e aos 4 ou 5 meses já poderiam me sentir e eu continuarei batendo até a minha hora de partir. O essencial em mim é que trabalho ao mesmo tempo em que descanso, e dou tudo que recebo para os outros e também para mim mesmo; as artérias que me alimentam se enchem mais nos meus momentos repouso.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Embora não seja maior do que seu punho, Eu sou uma bombinha eficiente e bem feita para os trabalhos que tenho como função desempenhar. E você, no que se parece comigo? A Pele

Eu sou formada por três camadas celulares: epiderme, derme e hipoderme. Sou o maior órgão e peso aproximadamente 4 kilos, minha superfície é de 1,9 a 2 metros. Cubro todo o corpo exceto nas cavidades que são cobertas por mucosas. Sou um órgão de contato assim como os pulmões. Sou o limite entre a pessoa e o meio externo, sou quase impermeável a alguns agentes externos como aos germes, entretanto permito a saída das substâncias próprias do metabolismo que devem ser eliminadas no suor o que também me faz um órgão excretor. Tenho uma grande quantidade de terminações nervosas que me permite sentir o que acontece ao meu redor, por isso também sou considerada como um órgão de sentido. Sinto o tato, pressão, dor, temperatura e a sexualidade. Funciono como termostato mantendo estável a temperatura corporal, sou elástica na derme, que é a minha parte mais grossa com grande quantidade de fibra elástica: colágeno e elastina que mantém minha forma. Sei colocar limites e estabelecer contato, sou elástica, flexível e adaptável. Você não poderia viver sem mim, quando me machuco, você pode ter infecções porque podem entrar organismos estranhos, te protejo do sol, sou frágil e forte, suave, firme, sou sensível e reajo a tudo e demonstro as suas emoções. Retenho o que é útil, e elimino o que não serve. Sou íntegra, adaptável, sensual e protetora. Sou sua pele. E você, no que se parece comigo?

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia

O Pulmão

Sou parte essencial do aparelho respiratório. Sou feito de uma massa esponjosa e elástica de cor cinza e fico protegido pela caixa torácica e pelo diafragma. Também tenho uma proteção de uma membrana fina e reluzente chamada pleura que tem muita mobilidade. O pulmão direito é um pouco maior do que o esquerdo (que tem um lóbulo a menos) e deixa um espaço para ficar o coração. Meus brônquios vão se ramificando como uma árvore em ramos que fica cada vez mais fina e se dilatam nas extremidades formando umas bolsinhas chamadas alvéolos pulmonares. Nestes alvéolos é onde produzo a troca gasosa entre o ar e o sangue. O sangue retira o oxigênio do ar e devolve o gás carbônico com vapor d’água. Eu sou o principal órgão de contato do exterior com o interior. A superfície dos meus alvéolos é maior do que da pele, mede aproximadamente 70 m². Movo-me passivamente. Ao inspirar o ar entra e me distende, o diafragma abaixa e a caixa torácica se expande. Enquanto o coração estiver me mandando sangue eu funciono. Sou passivo, receptivo, flexível, dependente e comunicativo. Deixo passar tudo o que possa vir com o ar, não discrimino muito as coisas, posso até envenenar o sangue se pelo ar vier algum gás tóxico e não absorvo nada só o que o sangue me trás como alimento. E você, no que se parece comigo?

O Sistema Imunológico

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Sou seu sistema imune, sempre me associaram ao combate como se a vida fosse uma guerra; sou parte do intercâmbio vital entre você e o que está a sua volta nas trocas da dinâmica do seu organismo. Formo uma rede inteligente, trago conhecimentos desde que nascemos e vou aprendendo na medida em que você se desenvolve. Nunca deixo de aprender e aplico o que aprendo eu não posso ser localizado em nenhum centro, sou como um cérebro móvel. Sou capaz de discriminar o que é do organismo do que é invasor, assim como o que é normal do que é patológico, como células cancerosas por exemplo. Conservo na minha memória os conhecimentos e os meus encontros, seleciono as informações que recebo, as memorizo e decido as ações que devem ser realizadas em todos os pontos do seu organismo. Estas ações diferenciam a presença ou ausência de perigo. Minha função principal é assegurar a integridade do seu corpo. Tenho a capacidade de eliminar o que é diferente do biológico e tolerar substâncias que são suas. Sou composto de células. Uma parte delas são os glóbulos brancos, chamados de linfócitos que se originam da medula óssea e circulam por todo o organismo. Essa produção de linfócitos é contínua por toda a sua vida. Como já disse não tenho nenhum órgão central, mas vários órgãos produzem os linfócitos, como o baço, os gânglios linfáticos, as tonsilas (antiga amídala), na medula óssea e nas placas de Peyer do intestino. Os linfócitos circulam através do sangue e da linfa e estão presentes em todos os órgãos. Portanto, sou difuso, móvel, e me encontro em renovação constante. Os linfócitos se dividem em 3 categorias: linfócitos B, linfócitos T e linfócitos NK (natural killer). Cada um desses tipos tem funções e sistemas de reconhecimento diferentes. Os linfócitos B migram diretamente da medula óssea para a circulação sanguínea e produzem as proteínas chamadas anticorpos. Os linfócitos T, depois de produzidos na medula óssea, passam por uma etapa de maturação no timo. Suas funções são diversas: alguns destroem células estranhas ou modificadas (cancerosas, por exemplo), outros ajudam os linfócitos B a produzir anticorpos e outros têm a propriedade de suprimir as reações imunes. Os linfócitos NK formam uma população que não se mistura e pouco definidas, e podem desempenhar o importante papel como células assassinas de células tumorais. 66

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Os linfócitos B e T participam das reações imunes; toda substância que induz uma reação imune se denomina antígeno. A reação imune está dirigida contra esse antígeno. O sistema imunológico é trabalhador, organizado, não descansa nunca, divide tarefas, setoriza, decide o que é bom ou mal, preserva o bem e ataca e destrói o mal, elege prioridades em casos de emergência e defende o que é seu. E você, no que se parece comigo?

Os Rins

Somos um órgão em par (somos dois), situados na sua cavidade abdominal dos dois lados, junto à parede posterior, debaixo do estômago, por trás do peritônio. Temos formato de feijão com tamanho de um punho, pesamos por volta de 160 gramas. Estamos cobertos por uma cápsula fibrosa e somos ocupados por quase um milhão de neurônios, que são as células do nosso tecido, que atuam como filtros depuradores. Também temos uma medula renal, ocupada por pequenos tubos que canalizam a urina e se reúnem na pélvis renal (que está no nosso centro, ao lado das artérias e veias renais). As veias renais recolhem a urina excretada por nós, gota a gota e a conduz para os ureteres que desembocam na bexiga onde é armazenada. Temos uma superfície filtrante de aproximadamente 1,5 m². Somos macios, de consistência forte, de cor avermelhada e muito vascularizado. Uma de nossas funções é eliminar os resíduos, conservando os componentes úteis ao sangue; para isso filtramos, reabsorvemos e excretamos. Filtramos o sangue de um modo muito especial: deixamos que ele passe todo primeiro (5 litros por minuto) e depois o reabsorvemos, deixando fora os elementos tóxicos para serem eliminados pela urina. Filtramos 180 litros por dia! Decidimos o que eliminar e o que reabsorver. O que será eliminado se forma a urina concentrada (de um litro a 1,5 litro diário) e para filtrar e reabsorver, precisamos de uma grande irrigação sanguínea.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Produzimos o hormônio: renina, que regula a pressão arterial, mantendo o volume sanguíneo; mantemos o equilíbrio de todo o líquido que circula no organismo, assim como a sua composição adequada. Esta composição vai depender mais do que você ingere do que do nosso trabalho propriamente dito. Adaptamos essa função a cada necessidade do seu corpo. Se beber muito líquido, nós expelimos o excesso de água; se você passar sede, diminuímos a eliminação de água e a urina fica mais densa. Nós não eliminamos somente as substâncias estranhas que você pode ingerir, mas também substâncias residuais originadas durante o trabalho celular. Somos essenciais à sua vida, mas se necessário poderá ficar sem um de nós. Somos imprescindíveis, trabalhadores, não descansamos nunca, discriminamos o bom do ruim, depuramos, filtramos, regulamos eliminamos excessos, administramos as faltas, buscamos sempre um equilíbrio, somos produtivos, quando filtramos somos ativos e passivos. Nós somos autônomos e eficazes, silenciosos, multifacetados funcionalmente, analistas, críticos e adaptáveis e sempre colocamos para fora aquilo que não nos faz bem, o que não nos serve. E você, no que se parece comigo?

2- Biscuit de Gatinhos Uma outra atividade muito desenvolvida em arteterapia é o Biscuit. Para demonstrar um modelo de trabalho, utilizamos um exemplo retirado do portal Artesanato na Rede (http://www.artesanatonarede.com.br).

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Material:      

Massa de Biscuit nas cores opcionais. Tintas para artesanato. Cola. Arame galvanizado. Alicate para corte. Pincel

1-O corpinho do gato malhado é feito a partir de uma mistura de massas.

2 - Faça uma coxinha e achate a parte inferior pressionando-a sobre uma superfície plana.

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3 - Faça um ovinho para a cabeça.

4- Puxe as duas orelhas, dando leves “biliscadinhas” nas laterais da cabeça do gato.

5- Introduza o arame no tronco do gato.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 6- Cole a cabeça

7- Repita as operações para o outro gato.

8- Para as pernas, faça duas bolinhas e dê um formato de coxinhas alongadas

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 9- Dobre com a parte mais larga para cima.

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10- Cole na parte de baixo do gato

11- Faça as pernas inferiores do outro gato da mesma maneira.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 12- Achate a ponta da pata do gato e risque com o estilete.

13- Faça igual com o outro gato.

14- Cole-os um ao lado do outro (pela perna e pela carinha).

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 15- Enquanto eles secam, faça o coração. Faça uma coxinha e modele. Achatando levemente.

16- Com o boleador, faça o acabamento do coração.

17- Faça uma cobrinha em cada cor para fazer os rabinhos.

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18- Enrole as pontas. (deixe secar)

19- Cole o coração na frente deles.

20- Faça 2 cobrinhas em cada cor! Achate, e risque as pontas para formar as patinhas.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 21- Ficarão assim!

22- Cole-os segurando o coração.

23- Abrace-os e cole-os amorosamente.

24- Os narizes são pequenos triângulos.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 25- Marque o meio do nariz.

26- Vamos pintar, pinte de branco todo o desenho dos olhos.

27- Pinte por cima de azul o dele

29- E rosa o dela.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia 30- Contorne de preto, e faça um risco no meio. Faça um U invertido em baixo do nariz

31-Cole os rabinhos. E seus gatinhos estarão prontos

Podemos observar neste último tópico, a descrição de dois tipos de abordagens terapêuticas diferentes: A técnica da “Cadeira Vazia e Inversão de Papel” procura trabalhar o lado psicológico do paciente por meio da reflexão usando uma “viagem” ao corpo humano como forma de autoconhecimento, portanto uma atividade de introspecção, ou seja, em que os sentimentos são provocados de dentro para fora. A técnica artesanal “Biscuit de Gatinhos” procura trabalhar as habilidades manuais em que o paciente constrói uma escultura de biscuit, nessa atividade o paciente, caso adulto, desperta o lado lúdico em que ele pode voltar a ser criança. Durante a atividade ele pode lembrar-se de passagens marcante da sua vida e analisar o que aprendeu com elas. Nosso exemplo é a construção de um casal de gatinhos, mas o ideal é que ele aprenda a técnica e monte sua própria escultura, o resultado pode dizer muita coisa. A seguir, daremos exemplo da utilização de diversos jogos que podem ser trabalhados “em dupla” ou “em grupo”.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Nesses jogos há variações nas chamadas “regras do jogo”, a fim de proporcionar o desenvolvimento no relacionamento dos jogadores. Para uma melhor eficácia das “brincadeiras”, é aconselhável trabalhar em silêncio na maioria dos exercícios, deixando que o desenho tome o lugar das palavras.

Trabalhando em duplas Jogo 1 - Desenhando e pintando em duplas Faça um desenho, trabalhando em dupla na mesma folha de papel. Se a ausência de regras tornar a atividade monótona, experimente incluir no exercício: a) Uma pessoa desenha curvas, a outra traça reta; b) Cada pessoa se atém a uma cor ou a um conjunto delas; c) Cada um, ao mesmo tempo, espelha o que o outro faz. Jogo 2 – Conversas Escolha uma cor que expresse um aspecto de si, e, em silêncio, faça dupla com alguém que tenha uma cor diferente. Então dialogue em tinta ou lápis no mesmo papel, cada um com uma cor e de forma alternada, expressando-se do seu jeito. Variações: a) Use cores e formas, ou qualquer tipo de sinal gráfico e responda a elas. b) Estipule o tipo de diálogo, por exemplo, aborrecimento. c) Alternadamente, uma pessoa desenha enquanto a outra observa; a que estava observando deve continuar o desenho a partir de onde a outra parou. d) Ambos trabalham ao mesmo tempo, fazendo linhas a seu próprio modo. e) Siga um ao outro. f) Troquem cores entre si depois de algum tempo. g) Desenhem no mesmo desenho. h) Usem a mão oposta a que usa normalmente. Proibida a reprodução por qualquer meio eletrônico ou impresso. Grupo iPED - Todos os direitos reservados - www.iped.com.br

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia i) Cada um da dupla se senta em lados opostos de uma folha de papel comprida; comece a dialogar com seu par e depois desenvolva uma conversa com os vizinhos dos lados. Jogo 3 – desenhando com um observador Uma pessoa da dupla diz o que lhe vem à mente enquanto observa outra desenhando. O autor do desenho responde á medida que achar oportuno. Variação: O observador espelha o ritmo e a forma de trabalho do artista. Pode haver uma terceira pessoa observando ambos. Troquem de papel. Jogo 4 – Partilhando o espaço. Comecem revezando-se no mesmo papel e, depois, continuem o exercício desenhando ao mesmo tempo. Vejam a maneira como estruturam o espaço. Variações: a) Escolham três cores e desenhem a experiência da relação, principalmente o modo como estão partilhando o espaço. b) Troquem as cores entre si depois de algum tempo. c) Utilizem métodos de colagem: cada um deve ter um papel colante de cor diferente para criar padrões em uma grande folha de papel. Jogo 5 – Desenhos conjunto Faça um desenho com um parceiro, de preferência em silêncio. Respondam ao desenho do outro e mantenham a relação enquanto desenham. Bom exercício para pessoas que ainda não se conhecem e para assumir os riscos envolvidos. Variações: a) Apenas desenhem em duplas, em silêncio. b) Crie um meio ambiente para ambos. c) Comecem com cor própria e com os olhos fechados durante dois minutos, e depois trabalhem juntos no que resultar dessa atividade. d) Combinem um tema antecipadamente.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia e) Trabalhe com parceiro, desenhando algo que forme um todo coerente. f) Cada parceiro faz associações com rabiscos resultantes e decidem trabalhar apenas com um deles, desenvolvendo-o em um desenho. Quando o desenho estiver acabado, criar uma história sobre ele. Jogo 6 – Garatuja de Winnicott. Faça uma garatuja (uma letra com garranchos), depois troque-a com o parceiro, que tentará fazer um desenho a partir dela. Boa atividade para o “aquecimento” ou soltar a imaginação quando um grupo estiver travado ou vacilante. Variações: a) Desenhe um símbolo ou uma representação de algo do momento atual, ou de ume preocupação atual. Em silêncio, troque o desenho com o parceiro e continue o desenho dele sem eliminar nada. Discutam a influência das interpretações e fantasias. b) Desenhe algo e troque-o com o parceiro. Trabalhe no desenho dele. Os desenhos podem ter um tema único ou serem criados a partir de qualquer coisa que venha à mente. Desenhos em grupo Todos os itens dessa seção são desenhos grupais nos quais várias pessoas trabalham em conjunto em uma mesma folha de papel para chegarem a um resultado final comum. As diferenças entre os desenhos grupais estão nas “regras básicas” estabelecidas e, cada uma das ideias a seguir selecionou um grupo diferente de regras. Assim como mostram as percepções individuais, com frequência os desenhos grupais revelam com muita intensidade algumas questões que estão ocorrendo dentro do grupo. Para isso, algumas perguntas devem ser feitas para a interação grupal. - Como a forma artística inicia? - Quem toma a iniciativa? - São utilizadas as sugestões de quem?E as que são ignoradas?

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia - As pessoas se revezam, formam equipes ou trabalham todas ao mesmo tempo? - Alguém é excluído? - Onde fica o trabalho de cada pessoa e quanto espaço ele ocupa? - As pessoas acrescentam algo ao trabalho do outro? - Que é o líder ou participante mais ativo? - O desenho grupal é uma experiência agradável ou uma experiência ameaçadora? Jogo 1 – pontos de partida individuais. Cada pessoa pega uma cor e, com os olhos fechados, faz uma linha continua. Após alguns momentos, todos abrem os olhos e desenvolvem sua própria área com todas as cores, fundindo seu trabalho com os vizinhos das fronteiras; Variações: a) O estágio inicial pode incluir alguma movimentação em torno do papel. b) Os estágios mais avançados incluem o trabalho sobre a pintura como um todo. c) A discussão posterior pode ser com o grupo todo, ou incluir conversas entre vizinhos. d) Versão de infância: escolha uma idade entre os cinco e os dezoito anos antes de começar a sua linha e o seu tempo. Jogo 2 – histórias em grupo Cada pessoa começa a desenhar uma história em qualquer lugar no papel, ou a partir do próprio espaço. À medida que todos ampliam suas histórias e deparam com as de outras pessoas, permita que as histórias individuais se desenvolvam e ganhem outras facetas. As pessoas devem se mover em torno do papel. Variações: a) Vá se movendo ao redor do papel fazendo acréscimos a cada história até completar a volta toda e chegar à sua história outra vez. b) Desenhe uma história ou um fato comum a todos. 82

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia c) Comece desenhando o “local onde sente que está” no momento, desenhando nas margens do papel, depois troque de lugar para continuar as histórias dos outros. Jogo 3 – Conto de fadas em sequência temporal Cada pessoa desenha seu próprio conto de fadas em sequência temporal, em folha de papel comprida (o grupo combina onde será o topo, embaixo, o começo e o fim da folha) Qualquer um pode começar em qualquer lugar, sem conversar. a) Todos escrevem uma história ou um poema sobre o desenho acabado e o leem em voz alta para o grupo. b) Poemas, histórias ou desenhos posteriores inspirados pelo desenho grupal. Jogo 4 – história com uma palavra por vez. Cada pessoa diz uma palavra na sua vez, para fazer uma história, que então é anotada. Essa história será ilustrada com desenhos individuais ou com desenho grupal. Variações: a) Desenhe uma história usando as imagens das pessoas. b) Passe um desenho de mão em mão, contando uma história à medida que as pessoas do grupo acrescentam coisas a ele. Essas atividades têm como fonte de pesquisa o livro “Exercícios de Arte para Grupos”, de Marian Liebmann. No entanto, é sempre bom lembrar que tais atividades serão melhores aplicadas e avaliadas por terapeutas profissionais. Para o nosso curso, conhecer essas atividades é importante, pois são jogos e métodos que enriquecem os contatos grupais, atuam positivamente sobre a inibição, concentração e percepção, além de desenvolver a memória. É essencial que você faça todas as atividades aqui exemplificadas e procure refletir sobre elas com o objetivo de saber o que sente um paciente durante o tratamento, pois, como dissemos anteriormente, a experiência é fundamental para o sucesso na aplicação das atividades.

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Grupo iPED – Curso de Arteterapia Encerramento Caro estudante, Estamos encerrando nosso curso Arteterapia com a certeza de que conseguimos cumprir com o nosso objetivo, transmitindo a você conhecimentos sobre os conceitos e técnicas para atuar nesta profissão encantadora. Torcemos para que este curso lhe ajude a desenvolver um ótimo trabalho e, o auxilie em seu futuro profissional. Boa sorte e sucesso!

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