Salvem A Liturgia Ed 02

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Salvem a Liturgia número 02 junho 2009

“A Missa é o Sol da igreja.” (São Francisco de Salles, doutor da Igreja)

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Objetivos 1. Favorecer o aumento da piedade eucarística, para que os fiéis creiam na Missa como renovação e atualização do sacrifício da Cruz, pela qual se tornam presentes, de modo real e substancial, o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda que sob a aparência de pão e de vinho; fomentar a frutuosa, “plena, consciente e ativa participação” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, 14) de todos os batizados na Santa Missa, na Exposição do Santíssimo, na celebração dos sacramentos, no Ofício Divino, e nas demais cerimônias litúrgicas. 2. Promover a correta celebração da Santa Missa e dos demais ritos, por: a) uma estrita observância das rubricas dispostas nos livros litúrgicos; b) por um mais generoso aproveitamento dos recursos previstos para a solenização do culto; c) pela consciência, por parte dos clérigos e dos fiéis, do rico significado de cada cerimônia, fortalecendo o devido, profundo e sacro respeito para com toda a nossa tradição litúrgica. 3. Popularizar, conforme pedido insistentemente pelos Papas, as cerimônias em língua latina, no rito romano moderno (forma ordinária, Missal de Paulo VI, pós-conciliar): que todas as igrejas e oratórios tenham a Missa em latim, ao menos semanalmente. 4. Colaborar com a implementação da “reforma da reforma”, mediante: a) o uso freqüente do rito romano tradicional (forma extraordinária, Missal de São Pio V, pré-conciliar, “tridentina”), na esteira do Motu Proprio Summorum Pontificum; b) o debate sadio e respeitoso acerca de como facilitar o desenvolvimento harmônico e orgânico da liturgia; c) a pesquisa histórica e teológica sobre os diversos aspectos do rito romano em suas duas formas. 5. Incentivar a ampla utilização do canto polifônico e, principalmente, do canto gregoriano, “canto próprio da liturgia romana”, o qual “ocupa o primeiro lugar entre seus similares.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, 116)

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expediente

Colaboradores

Conheça a equipe que colaborou para esta edição do Salvem a Liturgia

Kairo Neves,

____Solteiro, é estudante em SP e acólito nãoinstituído. Colabora com o “Salvem a Liturgia”, comentando sobre os paramentos litúrgicos e dando dicas para solenizar a celebração, em estrita obediência às rubricas.

Maite Tosta,

____Casada, é Bacharel em Letras - Português/ Inglês e Bacharel em Direito, é Servidora Pública Federal no Rio de Janeiro, RJ, editora do Blog Vida Espiritual e coeditora do Blog Velatam ad Dei Gloriam, além de membro do Veritatis Splendor.

Rafael Vitola Brodbeck,

____Casado, é Delegado de Polícia no RS, atua na direção do site Veritatis Splendor, e coordena o “Salvem a Liturgia”, sendo responsável, também, pelos textos sobre erros litúrgicos, incentivo ao latim, e comentários sobre rubricas e normas. É membro do Regnum Christi.

Francisco Dockhorn,

Aline Rocha Taddei Brodbeck,

Luís Guilherme Fernandes Pereira,

Lucas Cardoso da Silveira Santos,

Diego Ferracini,

Wescley Luís de Andrade

Roger Cadena Assunpção,

Rodrigo Oliveira da Silva,

____Solteiro, é pregador e membro do Apostolado Reino da Virgem Mãe de Deus. Escreve artigos principalmente sobre piedade litúrgica.

____Seminarista da Arquidiocese de São Paulo, aluno do curso de Filosofia no Centro Universitário Assunção, atua pastoralmente junto ao Dr. Cônego Celso Pedro no Santuário de Santa Rita do Pari em São Paulo - SP e no Hospital e Asilo Dom Pedro II, estudante de latim e música sacra nos momentos disponíveis. Editor do Blog Silentio et Spes.

____Casada, é advogada e professora, dona do Blog “Femina”, e atua no Veritatis Splendor. É membro do Regnum Christi.

____É seminarista e mestre de cerimônias episcopal da Diocese de Frederico Westphalen, RS, cursando o primeiro ano de filosofia. Fundador e responsável pelo grupo de Mestres de Cerimônias “Mysterium Fidei” da Catedral Diocesana de Santo Antonio.

____Solteiro, é engenheiro da computação em Campinas, SP, e membro do Veritatis Splendor. No “Salvem a Liturgia”, traz notícias nacionais e internacionais sobre Missas bem celebradas, além de escrever artigos.

____Solteiro, é estudante de Filosofia na PUCRS e mestre de cerimônias da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Porto Alegre, RS. Usa sua experiência para a colaboração com textos e estudos no “Salvem a Liturgia”.

____Solteiro, é estudante universitário em SP, e acólito e colaborador no Mosteiro de São Bento de Vinhedo, SP. Coordena uma equipe de acólitos na Comunidade Luz da Essência, de Campinas, SP. Colabora com o “Salvem a Liturgia” traduzindo textos em inglês, apontando sugestões de leituras com a temática litúrgica e comentando alguns aspectos dos documentos litúrgicos da Igreja.

____Solteiro, é designer gráfico, e missionário da comunidade Luz de Fátima (Associação Missionária Nossa Senhora de Fátima) no Rio de Janeiro. Editora a Revista Eletrônica do “Salvem a Liturgia”.

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missas pelo brasil

Missa celebrada pelo Mons. Henrique Soares da Costa, Bispo-Eleito Auxiliar de Aracaju, SE

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missas pelo brasil

Dedicação da Igreja de São Francisco, na Diocese de Campo Limpo

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artigo

Coram Deo, versus populum e arranjo beneditino.

Por: Luís Guilherme Fernandes Pereira

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urante a maior parte dos últimos dois milênios, na Igreja Latina, a Santa Missa foi celebrada estando o sacerdote voltado para o oriente, seja o oriente real ou litúrgico. É a chamada celebração ad orientem.

O oriente é, para nós da Igreja Latina, a direção em que se localiza Jerusalém, a cidade que é modelo do paraíso (chamado de Nova Jerusalém) e onde Nosso Salvador foi morto no madeiro da cruz. Também no oriente nasce o Sol e Jesus Cristo é o verdadeiro Sol pois é a luz do mundo. As igrejas, no passado, eram construídas voltadas para o oriente. As basílicas romanas, contudo, eram voltadas para o ocidente. Nelas, e em algumas outras, o sacerdote voltava-se para a congregação (versus populum) para celebrar. Na foto a seguir, vemos o Papa Pio XII celebrando a missa tradicional voltado para a congregação.

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O oriente passou a ser antes o oriente litúrgico que o oriente real. Estando o sacrário, em geral, no fundo dos presbitérios, o sacerdote celebrava voltado para ele, volvendo-se para a congregação nas admonições e para a homilia, independentemente da arquitetura da igreja. Desde então, a maior parte das igrejas foi construída tendo o altar grudado a um retábulo, ambos no fundo da nave ou no fim do presbitério, como o belíssimo abaixo.

Depois do Concílio Vaticano II, essa forma de construção passou a ser proibida. Os novos altares deveriam estar no centro do presbitério e não mais grudados à parede. Não se sabe muito bem a razão, isso foi mal entendido. Belíssimos retábulos foram destruídos, tornados pó. Missas e mais missas passaram a ser celebradas com o padre voltado para a congregação, muitas vezes ficando de costas para o sacrário, onde se encontra Nosso Senhor sob as espécies consagradas. É importante ressaltar que houve uma mudança na norma de construção das novas igrejas, e jamais uma ordem para mudar o que já estava construído e, muito menos, uma indicação que os sacerdotes deveriam celebrar “voltados para o povo”. Um pseudo-progressismo quer fazer entender que é mais adequado ao povo que o padre a eles esteja voltado. Ora, me parece muito mais igualitário que todos estejam voltados para o mesmo lado, que é o que geralmente ocorre na celebração ad orientem (ao oriente), também chamada coram Deo (na frente de Deus) ou versus Deum (voltado para Deus), em contraposição ao versus populum (voltado para o povo).

Infelizmente essa mudança se disseminou, e não há coisa mais difícil de se achar que missas segundo o missal de Paulo VI com orientação coram Deo. Essa tradição plena de significado (a união dos orantes voltados para o seu Deus, entre os outros já citados) se perdeu, remanescendo apenas nas celebrações da missa segundo o missal tridentino, o que concorre para grande confusão. Tanto a forma ordinária quanto a extraordinária

do rito romano aceitam ambas as configurações -- versus Deum ou versus populum. O Papa Bento XVI celebra coram Deo quando na Capela Sistina, a última missa de São Pio de Pietrelcina foi celebrada versus populum. O Papa, para tentar retomar o sentido do oriente litúrgico, sem causar grandes reboliços, aventou uma forma nova de preparar o altar, chamada, em sua homenagem, de “arranjo beneditino”, que consiste em colocar, na frente do altar, quando da celebração versus populum, seis candelabros com velas (sete, quando é o ordinário local) e uma cruz no centro, voltada para o celebrante. O celebrante, então, volta-se para o Crucificado enquanto oficia a Missa, sendo assim versus Deum. Ao mesmo tempo o povo o vê por trás da cruz, sendo assim também versus populum. Esse arranjo é possível em todas as paróquias, e é recomendável que o adotem.

Papa celebrando coram Deo na Capela Sistina.

Raríssimo altar pós-conciliar preparado para celebração ad orientem.

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tradições

É amor ou nostalgia? Por: Francisco Dockhorn

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véu jamais foi abolido da Sagrada Liturgia. Mas, havendo sido suprimida a sua obrigatoriedade canônica, acabou por cair em desuso. Vários sacerdotes e leigos nos anos 70 e 80 sepultaram o véu. Foi considerado ultrapassado, antiquado, retrógrado e símbolo de um contexto litúrgico que queriam apagar da história. A ideologia feminista fez o véu ser visto de uma forma que a Santa Igreja nunca o fez: um símbolo da opressão machista, denegrindo a dignidade da mulher. Algumas senhoras continuavam usando o véu e muitos respiravam aliviados, pensando que essa “mera nostalgia” se extinguiria junto com elas. Agora, sob a sombra do gigante Bento XVI, parte do mundo católico olha perplexo ao ver jovens, por livre e espontânea vontade, restaurando o uso do véu. São meninos e meninas que amam, e são apaixonados por Jesus Eucarístico e pela Santa Igreja. São meninas que usam véu, e meninos que apóiam o uso e são para elas suporte para enfrentar os “olhares tortos” – olhares estes que são compensados por muitos olhares comovidos de gente de mais idade, que se surpreende e vê nelas a presença de uma sacralidade que ainda existe em nossas igrejas. São jovens adoradores, que não vivem isso por mera “nostalgia”, pois não chegaram a conhecer o tempo em que isso era comum. Vivem porque sabem que fazem parte de uma Igreja que tem uma tradição de 2000 anos, tradição que mantém o seu sentido em meio à falta de sentido do século 21.

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Uma geração suprime; a outra, restaura. Uma geração acaba por deixar a lacuna; a outra, a sente. O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, comentou sobre como jovens sentem a distorção litúrgica dos dias de hoje e sobre a revalorização do próprio latim: “É preciso que volte a ser claro que a ciência da liturgia não existe para produzir constantemente novos modelos, como é próprio da indústria automobilística (...) A Liturgia é algo diferente da manipulação de textos e ritos, porque vive, precisamente, do que não é manipulável. A juventude sente isso intensamente. Os centros onde a Liturgia é celebrada sem fantasias e com reverência atraem, mesmo que não se compreendam todas as palavras.” (livro “O sal da terra”, 1996) Bento XVI comenta, ainda, na Carta aos Bispos que acompanhou o Motu Pró-

prio Summorum Pontificum, em 2007, sobre jovens que se identificam com a Missa Tridentina, a forma tradicional do Rito Romano. Diz o Santo Padre: “Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entretanto vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia.” Muito se rezou pelos jovens, e aí estão muitos dos quais o Espírito Santo tem levantado! Será que se está preparado para o que eles podem mostrar?

tradições

Véu: onde começar? Por: Francisco Dockhorn

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escobre-se o tesouro chamado véu e deseja-se usá-lo! Mas por onde começar? Penso que a resposta é muito pessoal. Creio que o melhor caminho é começar nas paróquias em que os párocos apóiam. Do contrário, o uso do véu poderá provocar um efeito contra-producente, gerando resistência nas pessoas em relação a ele e ao esplendor da tradição litúrgica católica. Explico: em geral, o povo que vai às igrejas tem em alta conta a palavra dos sacerdotes - e isso a crise de fé e moral em

que vivemos não conseguiu apagar. Mesmo quando os sacerdotes se equivocam em suas posições, muitos os seguem. Por isso, sabendo que há uma grande parte do clero que é avessa ao uso do véu, talvez não seja uma boa idéia “comprar briga” nas paróquias nas quais estes estão à frente. Agora, nas paróquias onde os párocos apóiam o véu, os frutos rapidamente vão começar a aparecer. E estas paróquias - que em geral são as mesmas onde a Sagrada Liturgia é respeitada, onde há adoração eucarística, onde se ajoelha na Consagração, onde há gente que comunga de joelhos – tendem a ir se tornando

referências litúrgicas dentro das dioceses, e com o tempo as demais paróquias poderão aprender muito com estas. É uma sugestão, um caminho.

Canto gregoriano: pequeno relato Por: Aline Rocha Taddei Brodbeck Um pequeno relato do Pe. Rinaldo Roberto de Rezende:

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canto gregoriano é uma riqueza para a Igreja de Cristo. É sinônimo de espiritualidade, de mística, de contemplação e busca de profundidade no permanecer em Deus. De fato, como já ouvi de muitas pessoas, “é um canto que eleva a alma”. Hoje poderíamos dizer, em meio ao mundo barulhento em que vivemos, o canto gregoriano eleva todo o nosso ser. Tira-nos da agitação e remete-nos à vida no Espírito, onde a paz encontra lugar! Cria espaço para a meditação e o autoconhecimento. Gera espaço para o Transcendente em nós! É uma experiência rica que deve ser conservada pelas gerações afora! Um louvor que sobe aos céus e deixa seu rastro aqui na terra! Cura da Catedral de São Dimas São José dos Campos - SP

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tradições

Como se vestir para ir à Santa Missa? Por: Francisco Dockhorn

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uitos hoje se perguntam qual é a melhor forma de se vestirem para participar do Santo Sacrifício da Missa. Alguns procuram responder a estes afirmando que “tanto faz, pois o que importa é o coração”. Mas o que dizem os documentos oficiais da nossa Santa Mãe Igreja a respeito disso? O Catecismo da Igreja Católica (n. 1387) afirma, sobre o momento da Sagrada Comunhão: “A atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede.” Para compreender o porquê o Catecismo afirma isto à respeito das vestes, é importante compreender o que é a Santa Missa: ela é a renovação do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pagou pelos nossos pecados na cruz. Tal Sacrifício se torna presente na Santa Missa no momento em que o pão e vinho tornam-se verdadeiramente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor (Catecismo da Igreja Católica, 1373-1381). O Santo Sacrifício da Missa é incruento (ou seja, sem sofrimento nem derramamento de sangue), ou seja, é o mesmo e único Sacrifício do Calvário, tornando-se verdadeiramente presente na Santa Missa para que possamos receber os seus frutos e nos alimentar da Carne e do Sangue de Nosso Senhor. Por isso o Sagrado Magistério nos ensina que “o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício.” (Catecismo da Igreja Católica, 1367) É preciso evitar, então, primeiramente as roupas que expõem o corpo de forma escandalosa, como decotes profundos, shorts curtos ou blusas que mostrem a barriga. Mas convém que se evite também tudo o que contraria, como afirma o Catecismo, a alegria, a solenidade e o respeito - isto é, banaliza o momento sagrado. O bom senso nos mostra, por exemplo, que partindo do princípio da solenidade, é melhor que se use uma calça do que uma bermuda. Ora, na nossa cultura,

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não se vai a um encontro social solene usando uma bermuda! O bom senso nos mostra também que, partindo do princípio do respeito e da não-banalização do sagrado, é melhor que se evite roupas que chamam atenção para o corpo ou para elementos não relacionados com a Sagrada Liturgia. É melhor que uma mulher, por exemplo, utilize uma blusa com mangas do que uma blusa de alcinha; é melhor que utilize uma calça discreta, saia ou vestido do que uma calça estilo “mulher-gato” (isto é, apertadíssima); também é melhor que se utilize, por exemplo, uma camisa ou camiseta discreta do que uma camiseta do Internacional ou do Grêmio. A questão se reveste de uma seriedade ainda maior quando se trata daqueles que exercem funções litúrgicas, tais como os leitores e músicos. Pois estes, além de normalmente estarem mais expostos ao público que os demais, acabam por serem também modelos. É de acordo com este senso que até a pouco tempo atrás era comum se utilizar a expressão popular “roupa de Missa” ou “roupa de Domingo” como sinônimo da melhor roupa que se tinha. Quanto bem faria aos católicos se esta expressão fos-

se restaurada! Quanto aos que afirmam que “o que importa é o coração”, vale lembrar que aqui não cabe a aplicação deste princípio, pois isso implicaria colocar-se em contraposição com grandes parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, incenso, gestos do corpo, etc), que partem da necessidade de se manifestar com sinais externos a fé católica a respeito que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus. A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro. A este respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: “De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo. (...) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo.” (Mane Nobiscum Domine, 18) Concluímos com as palavras de São Josemaria Escrivá em uma de suas fantásticas homilias, recordando seus tempos de infância: “Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor.” Afirma ainda: “Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos prepararnos?” (Homilias sobre a Eucaristia, Ed. Quadrante) Fonte:http://www.reinodavirgem. com.br/liturgia/comovestir.html

Oração de Santo Tomás para antes da Missa

Ó Deus Eterno e Todo-Poderoso, eis que me aproximo do sacramento do Vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo. Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna claridade; pobre e indigente, ao Senhor do céu e da terra. Imploro, pois, a abundância da Vossa liberalidade, para que Vos digneis curar minha fraqueza, lavar minhas manchas, iluminar minha cegueira, enriquecer minha pobreza, vestir minha nudez. Que eu receba o Pão dos anjos, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, com o respeito e humildade, com a contrição e devoção, com a pureza da fé, com o propósito e intenção que convém à salvação de minha alma. Dai-me que receba não só o Sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus Cristo, mas também seu efeito e sua força. Ó Deus de mansidão, fazei-me acolher com tais disposições o Corpo que Vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu da Virgem Maria. Que eu seja incorporado ao Seu Corpo Místico e contado entre Seus membros. Ó Pai cheio de amor, fazei que, recebendo agora Vosso Filho sob o véu do sacramento, possa eternamente contemplá-lo face a face. Amém.

Omnipotens sempiterne Deus, ecce accedo ad sacramentum unigeniti Filii tui, Domini nostri, Iesu Christi; accedo tamquam infirmus ad medicum vitae, immundus ad fontem misericordiae, caecus ad lumen claritatis aeternae, pauper et egenus ad Dominum caeli et terrae. Rogo ergo immensae largitatis tuae abundantiam, quatenus meam curare digneris infirmitatem, lavare foeditatem, illuminare caecitatem, ditare paupertatem, vestire nuditatem; ut panem Angelorum, Regem regum et Dominum dominantium, tanta suscipiam reverentia et humilitate, tanta contritione et devotione, tanta puritate et fide, tali proposito et intentione, sicut expedit saluti animae meae. Da mihi, quaeso, Dominici Corporis et Sanguinis non solum suscipere sacramentum, sed etiam rem et virtutem sacramenti. O mitissime Deus, da mihi Corpus unigeniti Filii tui, Domini nostri, Iesu Christi, quod traxit de Virgine Maria, sic suscipere, ut corpori suo mystico merear incorporari, et inter eius membra connumerari. O amantissime Pater, concede mihi dilectum Filium tuum, quem nunc velatum in via suscipere propono, revelata tandem facie perpetuo contemplari: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti, Deus, per omnia saecula saeculorum. Amen.

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entrevista

Missa antiga: paz litúrgica e benefício para ambos ritos Por: Alexandre Ribeiro

S

ÃO PAULO, terça-feira, 19 de maio de 2009 (ZENIT.org).- O bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney (Campos, Brasil), Dom Fernando Arêas Rifan, considera que a permissão universal de Bento XVI para se celebrar a missa antiga (chamada também de missa tridentina) promove a paz litúrgica e beneficia tanto tradicionalistas como progressistas. A Adminstração Apostólica São João Maria Vianney foi criada por João Paulo II em 2002. É uma diocese de caráter pessoal, não territorial, fundada após diálogo com fiéis tradicionalistas que eram numerosos na região. Nesta entrevista a Zenit, Dom Fernando Rifan fala sobre o caráter sagrado da liturgia. –Poderia explicar a diferença entre os termos “sagrado” e “profano”? –Dom Fernando Arêas Rifan: Um dos motivos pelos quais nós conservamos e amamos a liturgia romana na sua forma antiga –que é chamada atualmente de forma extraordinária do rito romano–, é exatamente porque ela expressa bem o caráter sagrado da liturgia. Não que a outra não expresse, mas esta expressa de modo mais claro. Como, aliás, acontece com a diferença entre os vários ritos.

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Participei recentemente, ao lado de outros bispos, da Missa no rito maronita. O que os bispos mais admiraram foi o respeito e o caráter sagrado que se expressa naquele rito oriental. São modos de expressar a sacralidade, podemos dizer, o caráter vertical da liturgia, de nós para Deus, e não apenas o horizontal, que seria de homem para homem. A liturgia é algo sagrado. Portanto, algo que nos fala de Deus. É interessante que qualquer pessoa sabe disso. Uma das coisas mais tocantes da história do Brasil foi aquela passagem da carta de Pero Vaz de Caminha, quando ele narra a primeira missa no Brasil. Ele conta que os portugueses chegaram, os padres formaram o altar, prepararam o órgão e começou a missa. Os índios foram chegando e começaram a imitar os gestos dos portugueses. Um

dizer, está-se passando a comunicação da terra com o céu. Está-se fazendo uma coisa sagrada. Esse caráter sagrado é que a gente não pode deixar perder na liturgia.

detalhe interessante é que durante a missa chegou um outro grupo de índios. Um índio do primeiro grupo, que já estava ali, quando certamente interrogado por um índio do segundo grupo sobre o que estava acontecendo, apontou para a missa e apontou para o céu. Para mim este é o melhor comentário sobre a missa. Apontou para a missa e apontou para o céu: quer

fala. Até em outras religiões há uma língua sagrada. Não é a língua comum. Então a liturgia nessas religiões tem uma outra língua. Mesmo o Hino Nacional brasileiro não é no linguajar que se usa a cada dia. Mostra que ali há algo sagrado, é o hino da pátria. Não se precisa entender cada palavra. Precisa entender que é algo sagrado que acontece.

–Poderia dar exemplos de como se expressa o caráter sagrado? –Dom Fernando Arêas Rifan: O latim, por exemplo, que nós conservamos na liturgia, mas não em tudo, já que as leituras e os cânticos são em português. O latim que se conserva na liturgia é exatamente para preservar o caráter sagrado, para que todo mundo sinta que ali se passa algo que não é comum no dia-a-dia. É algo diferente. Por isso que a língua é sagrada. Aliás, nas grandes religiões também se usa uma língua diferente. No rito maronita, por exemplo, a consagração é em aramaico. Não é a mesma língua que você

A língua, os gestos, as inclinações, as genuflexões, os símbolos, os panos, as toalhas, tudo tem de exprimir um caráter sagrado. Você não usa uma toalha qualquer. É uma toalha diferente. O espaço celebrativo é diferente. Os cânticos são diferentes. Então não se pode usar aquilo que é comum, profano. A não ser que seja santificado, digamos. O pão, por exemplo, você come; mas o pão eucarístico é diferente. É por isso, por exemplo, que existe o ofertório: a retirada de algo do uso comum que se coloca para uso litúrgico. Assim também com a bênção. Você consagra algo para uso mais sagrado. As vestes sacerdotais, o modo de falar. Outro exemplo: o sermão não é um discurso político, não é para ficar contando piada, não é algo reles. Você está ali para ouvir a palavra de Deus. O “terra a terra” você já ouve toda hora. Para que você precisa disso na Igreja? –O que o senhor chama de “terra a terra” tem a ver com o termo “profano”? –Dom Fernando Arêas Rifan: “Profano” vem do latim “pro fanum”, em frente ao templo, fora do templo, não sagrado. Por exemplo, a Igreja diz que o instrumento por excelência a ser usado na liturgia é o órgão de tubos. Ele tem um som que o nosso subconsciente já se acostumou como algo sagrado. A Igreja põe como modelo do canto religioso o canto gregoriano. Porque é um canto em que predomina a oração cantada. A oração de melodia com pouca coisa de harmonia e quase nada de ritmo. Nas músicas modernas, por exemplo, bem profanas, tem-se a predominância do ritmo sobre a melodia e sobre a harmonia. Isso já mostra o caráter profano da música. Ela pode ser boa em outro lugar. É como dizia o próprio cardeal Ratzinger: há muita gente que confunde a igreja com o salão paroquial. Há coisas que você pode fazer no salão paroquial, mas não na igreja. Eu, por exemplo, toco acordeão. Toco música popular. Mas não na igreja. Eu toco no salão paroquial, com as crianças, na quermesse, onde as crianças tocam pandeiro,

tamborim. Na igreja é o órgão. É preciso que se ressalte bem o caráter religioso, sagrado, ou seja, a sacralidade na Igreja. Na liturgia há os tempos de silêncio, porque o silêncio é algo bem respeitoso. Na Igreja não se aplaude, como se aplaude em um comício. O silêncio é tão respeitoso que já diz tudo. Não precisa ficar aplaudindo. Nós preferimos a liturgia tradicional por tudo isso. Mas em qualquer liturgia há que se guardar o caráter religioso, sagrado, e não cair na coisa profana. O próprio Papa João Paulo II lamenta isso na Encíclica Ecclesia de Eucharistia: “às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa” (n. 10). Ou, como disse Bento XVI na carta aos bispos apresentando o Motu Próprio Summorum Pontificum, em muitos lugares, não se atendo às prescrições litúrgicas, consideram-se “autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia ao limite do suportável”. Palavra infelizmente verdadeira: liturgia levada ao limite do suportável! E o Papa acrescenta: “Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja”. –Há um renovado interesse pela liturgia tradicional? –Dom Fernando Arêas Rifan: Muitos padres novos querem aprender a liturgia

na forma antiga. Há dois anos eu participei de um congresso em Oxford, na Inglaterra, promovido por grupos locais, para ensinar aos padres a liturgia tradicional. Foi aberto pelo arcebispo de Birminghan. Na missa, ele falou: ‘vocês todos estão aqui para aprender a forma antiga do rito romano. Vocês vão voltar para suas paróquias e celebrar o rito normal, de Paulo VI, mas vão celebrar melhor, porque, aprendendo o rito tradicional, aprenderão mais sacralidade, a rezar com mais devoção, e isso vai ajudá-los’. O Papa quis isso. Quando ele permitiu a missa tradicional para o mundo todo, na forma extraordinária do rito romano, ele quis exatamente isso: a paz litúrgica, que um beneficiasse o outro. O rito tradicional pode se beneficiar do rito novo na maior participação que este traz; por outro lado, o rito novo vai aprender com o rito antigo a característica de mais sacralidade. Depois dessa paz litúrgica que o Papa quis entre os dois ritos, para que um beneficie o outro, tem havido muita procura por sacerdotes. Nós mesmos fizemos um DVD para ensinar o rito tradicional. Muitos padres têm aprendido, muitos bispos têm incentivado nas suas dioceses. Acho que isso é muito importante. Conservar a liturgia tradicional como forma de riqueza da Igreja, uma forma litúrgica de expressar os dogmas eucarísticos e o respeito. Não se trata de confronto, de briga, nada disso. É um modo da Igreja, legítimo, aprovado pela Igreja, sem causar nenhum detrimento à comunhão. Evita divisões. O Bispo local patrocinando a Missa no rito tradicional, colocando-a em suas igrejas com sacerdotes regulares e sob sua jurisdição, evita que alguns católicos caiam na tentação de querer ir buscá-la em grupos separados ou cismáticos. O Bispo poderá dizer: “Nós temos aqui, porque ir buscar a Missa no rito romano antigo em outro lugar?”

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livros

Livro “Dominus Est - É o Senhor!” lançado no Brasil! Por: Francisco Dockhorn

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á um fenômeno no Oceano Atlântico (será o Triângulo das Bermudas?) que faz bons escritos sobre Liturgia sumirem no meio do caminho e não chegarem ao Brasil. Porém, graças a Deus, o “efeito Bento XVI” e sua “reforma da reforma” é cada mais forte, e talvez isso esteja começando a mudar! Após estar sendo vendido no Brasil já o fantástico livro “Introdução ao Espírito da Liturgia”, de autoria do Cardeal Ratzinger (hoje Papa Bento XVI), a grande notícia é: a Editora Católica “Raboni” publicou, em português, o livro “Dominus Ets - É o Senhor!”, do Bispo Dom Athanasius Schneider. Este livro é incrível, e nele, o autor faz uma defesa firme da importância de se restaurar o gesto de receber o Corpo de Deus na Comunhão Eucarística diretamente na boca e estando de joelhos (como o Santo Padre Bento XVI tem ministrado em suas Missas em Roma desde o ano passado). Dom Athanasius trás de forma clara e objetiva argumentos teológicos, litúrgicos, pastorais e espirituais para isso. E o que dá mais crédito ainda para a obra é que ela é prefaciada por Mons. Ranjith, secretário da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, e portanto, uma das maiores autoridades litúrgicas de Roma. A própria capa está maravilhosa, com o Santo Padre Bento XVI depositando o Corpo de Deus na boca de uma menina de joelhos e usando grinalda de flores na cabeça. Vale muita a pena adquirir e divulgar! Maiores informações sobre o livro, no próprio site da Raboni: http://www.raboni.com.br/detalhes. asp?lang=port&d=44&s=216&p=310

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livros

Manual da Santa Missa

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com imensa satisfação que anunciamos o pré-lançamento do novo e-book das Edições Eletrônicas Veritatis Splendor, desta vez da autoria de Rafael Vitola Brodbeck. Trata-se do Manual da Santa Missa. Bem simples, em estilo rápido, em forma de perguntas e respostas, trata de várias questões litúrgicas, sempre em fidelidade com o que manda a Igreja. O livro vem na esteira de múltiplos artigos que o Rafael vem escrevendo sobre o tema no VS e também nas comunidades do Orkut, além de sua experiência em palestras Brasil afora abordando o assunto. O prefácio é do Prof. Felipe Aquino e a apresentação do Pe. Tiago Roney Sanxo (que quase todos conhecem do Orkut). Esse e-book, no entanto, diferentemente dos anteriores do VS, é pago. É nossa primeira incursão nesse tipo de livro. Todavia, o valor é bem baixo: R$ 12,00. Sim, DOZE REAIS! E TODO O VALOR será revertido para o apostolado de promoção litúrgica: compra de alfaias, paramentos, livros litúrgicos em latim e vernáculo, obras sobre teologia litúrgica e sobre rubricas, para incrementar os artigos do VS na área. Para adquirir, acesse o site: http://www.salvemaliturgia. com/2009/04/manual-da-santa-missa.html Após o pagamento, mediante transferência ou boleto bancário pelo PagSeguro, envie um e-mail para [email protected] com o assunto “E-BOOK MANUAL DA SANTA MISSA” , com o comprovante de pagamento em anexo. Depois de confirmado, o e-book é enviado por e-mail.

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testemunhos

I mpr e ssõ e s s o b r e Por: Thiago Amorim Carvalho

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ngraçado como as pessoas tendem ao novo, atribuindo ao que é tradicional a alcunha de ultrapassado, antiquado. Erro capital ter como princípio o fato de que aquilo que inova deva sempre e invariavelmente substituir o que já existe ao invés de se tornar mais uma parte do conjunto. Em um exemplo prático, já faz algum tempo que a invenção do transistor revolucionou a indústria eletrônica. Eles “substituíram” as antigas válvulas, comumente encontradas em aparelhos de TV bem antigos. Muita gente boa, contudo, ainda prefere, para determinados fins, a utilização de amplificadores de som baseados em válvulas aos transistorizados. Adeptos de ambas as vertentes, não raramente, dão azo a discussões apaixonadas. A maioria da população católica em nosso país, o qual faz parte da América Latina, integra a Igreja também Latina. Creio que somente o uso desses adjetivos já seria suficiente, ao menos, a uma reflexão. A origem latina está na essência de nossa cultura. Quantos “habeas corpus” foram concedidos pelos tribunais brasileiros nos últimos anos e noticiados pela mídia? Fico me perguntando se todos sabem o que é isso... Com justiça, os alunos de ontem estudavam o latim, uma língua morta na opinião de alguns. Hitler, Dom Pedro, Pedro Álvares Cabral, Machado de Assis também estão sepultados, o que não significa levar ao túmulo a sua importância. Já não se estuda o latim na maior parte das escolas regulares em nossos dias. Mas é difícil fazer sumir os radicais, prefixos e sufixos que insistem em aparecer nos vocábulos de nosso idioma. Resignado, constato que nosso povo já não é mais dotado de uma curiosidade sadia sobre a origem das coisas. De onde surgiram termos como “domingo”, “segunda, terça, quarta, quinta e sexta-

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feira”, “hortifrúti” etc? Ninguém pergunta. Todos se contentam em usar. Dias negros esses em que as pessoas aprendem a ler, mas lêem da mesma maneira que meu computador. Pronunciam os fonemas, porém não os compreendem. Adicionam, multiplicam e até dividem expressões algébricas, mas o fazem de maneira mecânica; quase como uma máquina de calcular rebuscada. Vivemos uma crise de confiança na capacidade do intelecto humano. Uma espécie de paralisia. Nas missas em vernáculo, aqui no Brasil, vejo essa falta de confiança presente em réplicas a parágrafos das orações eucarísticas. Para que servem? Não acrescentam nada e ainda ocasionam o trabalho adicional do fiel em decorar aquelas fórmulas para responder. Por que responder “fazei de nós um só corpo e um só Espírito” depois de o sacerdote suplicar que sejamos um só corpo e um só espírito? Papagaios podem fazer isso com eficiência. Se nossos fiéis precisam mesmo disso para compreender o que se passa, então estamos em maus lençóis. No século passado, a Santa Sé resolveu permitir o uso do vernáculo e missais em língua local foram surgindo ao redor do globo. Todos eles têm o latim como modelo fundamental; edição típica. Contudo, parece que à concessão para usar o vernáculo, interpretamos como proibição do uso do latim. A rapidez com que a língua foi substituída quase que completamente após séculos de convívio pacífico entre cristãos foi impressionante. Mais interessante ainda foi constatar como se propagou essa espécie de “hoax” antilatim, de maneira que as gerações anteriores, devidamente acostumadas ao recitar das mais tradicionais orações católicas no idioma, notavelmente deixaram de repassar esse tesouro aos seus

filhos. Fenômeno estranho: sinto como se alguns dos mais velhos tivessem medo de transmitir tal ciência; como se aquele fosse um conhecimento vergonhoso que merecesse ser escondido dos outros. Quem os fez pensar assim? Por que tanta aversão ao latim? O que ele lembra ou desperta nos homens de hoje? São perguntas que me faço e cuja resposta remete à discussão entre transistores e válvulas. Por que a existência de um deve necessariamente implicar a inexistência de outro? O português não precisa sair para a chegada do latim. Muito menos o latim deve ser suprimido. Tampouco ainda da forma como foi. Deveríamos continuar entoando “Gloria in excelsis Deo”, o “Sanctus”, o “Pater Noster”. Poderiam perfeitamente conviver com as orações eucarísticas em português. Serviriam para manter a sobriedade da celebração, qualidade atacada por adaptações cada vez mais criativas do que não poderia, em tese, ser adaptado, mas que, auxiliado pela “vivacidade” da língua portuguesa acaba por servir ao ensejo de todo tipo de imaginação. Nesse sentido, o latim tem uma vantagem: ele não é muito tolerante a barbarismos; nem a barbaridades litúrgicas. Não acho que a população esteja preparada para uma nova “ruptura” agora. Mas poderíamos começar aos poucos, reinserindo as orações latinas no cotidiano cristão, desmantelando uma resistência inútil e sem razão; até que possamos, se as circunstâncias o pedirem, ter, uma vez mais, as missas celebradas segundo a edição típica do Missal que não deixou até hoje de ser latina. E que está uma edição à frente! Há espaço para todos. Cultuemos nossas origens. E nos orgulhemos dela. Pax.

o la tim na Missa Por: Wagner Marchiori

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enho 48 anos e nunca participei de uma Missa que não fosse no rito ordinário. Há uns 25/30 anos atrás assisti inúmeras vezes a Missa nesse rito celebrada em latim em centros do Opus Dei e nos últimos 20 anos apenas duas vezes: uma no Vaticano e outra em Londres no ano passado. Reconheço que sei muito pouco sobre liturgia e, talvez, se assistisse à Missa no rito extraordinário não conseguisse - ao menos inicialmente - apreender as “vantagens” que muitos alegam ter em relação à percepção do caráter sacrificial da Santa Missa. Atualmente costumo frequentar com minha família,quando posso, uma Missa no convento beneditino de Vinhedo, SP, que tem muitas vezes partes da Missa (Confiteor, Kyrie,

Gloria, Credo e Agnus Dei) dominical cantada ou falada em latim (também no rito ordinário). Com o tempo, minha esposa e minhas filhas (de 15 e 11 anos) que nada sabem de latim passaram a acompanhar e, vamos dizer, balbuciar e entender essas orações em latim. Nos últimos anos estive viajando para países de língua alemã e lembro, com emoção, de um fato que me fez ainda mais admirar o uso do latim na liturgia. Recordo que estava na cidade suíça de Luzerna e fomos à Missa. Nem eu e nem minha família conseguimos entender ou acompanhar nem uma palavra da Missa - o que evidentemente não nos inibiu a participar dela com devoção. No domingo seguinte, já em Munich, na Alemanha, fomos à catedral assistir

à Missa solene. E que alegria que vi minhas filhas e esposa entoando e cantando partes do Ordinário em latim! A sensação - sei que isso nem de longe é o importante - de estar de alguma forma unidos àqueles que nos rodeavam e que não falavam ou entendiam absolutamente nada de português, a milhares de quilômetros de casa, mas que naquele momento falavamos e nos entendíamos no louvor a Deus, dava mostra singular da catolicidade da Santa Igreja! Abraços.

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especial parte 02

Erros litúrgicos e sugestões para coibi-los - II Visão teológica da Missa e conseqüências práticas

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obre a Missa, a lei da Igreja é clara em defini-la:

“Cân. 897 – Augustíssimo sacramento é a santíssima Eucaristia, na qual se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e cresce a Igreja. O sacrifício eucarístico, memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua pelos séculos o Sacrifício da cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas obras de apostolado da Igreja se relacionam intimamente com a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam.” (Código de Direito Canônico) Por ter o homem pecado em Adão e Eva, a consciência do erro que o afastou de Deus foi passada de geração a geração por toda a humanidade. O homem sabe que, no fundo, está afastado da divindade e que precisa fazer algo para suprir a lacuna entre eles. A própria Lei Natural, inscrita no coração de todas as pessoas, e que não foi afetada pelo pecado original praticado por nossos primeiros pais, afirma a necessidade de ser construída uma ponte entre Deus e o homem. É preciso, sabe o homem, um meio de unir o divino ao humano, de recuperar a amizade entre os dois! Nesse sentido, procurou o homem oferecer sacrifícios que o unisse novamente a Deus. Muitas vezes, cego pelo pecado que lhe confundiu a razão, ofereceu sacrifícios totalmente contrários à vontade do Criador, como holocaustos humanos. Entretanto, não podemos deixar de ver nessa atitude ilícita e totalmente imoral um desejo humano de reconciliar-se com Deus ou, ao menos, aplacar a (justa) ira divina em virtude de seus pecados. Para preparar a vinda de Cristo, o Pai formou, em determinado momento da História, um povo, e o elegeu. Esse povo, Israel, foi iniciado em Abraão, e consolidouse nos patriarcas, Isaac e Jacó, com seus filhos, fundadores das doze tribos da nova nação, libertada, anos mais tarde, do jugo dos senhores egípcios que a escravizavam.

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Por: Rafael Vitola Brodbeck Moisés, o líder dessa libertação, prefigurava o próprio Jesus, preparando-O! Já na primeira fase de Israel enquanto nação ofereciam-se sacrifícios pelos pecados, procurando agradar a Deus. Ele mesmo os exigia, já ensinando o povo que a ponte precisava ser reconstruída, e o pecado desfeito! Mais tarde, com Moisés, um rito foi instituído pelo próprio Deus, de forma a incutir ainda mais na mente dos israelitas toda a pedagogia do sacrifício, e os preparando para o sacrifício definitivo oferecido por Cristo, séculos depois. O cordeiro sacrificado no rito mosaico simbolizava, antecipadamente, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O ritual da primeira ceia mosaica (cf. Ex 12,1-8.11-14) já se mostra um grandioso símbolo da Paixão do Salvador. Sacrifica-se um cordeiro macho e sem defeito, no lugar dos pecados do povo de Israel; Cristo, mais tarde, será identificado por São João Batista como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1,29), o Agnus Dei, e morrerá, também sem “defeito” (ou seja, sem pecado, puro, santo, agradável ao Pai) pelas faltas do Novo Israel, a Igreja de Deus, santa e católica. O sangue do cordeiro untado nas casas os assinalaria perante o anjo da morte como os escolhidos para a vida; o Sangue de Nosso Senhor e Salvador, derramado na Cruz e aspergido em nós pela fé e pelos sacramentos, nos assinala como os eleitos para a vida eterna. A Páscoa judaica foi dada como instituição perpétua; essa perpetuidade foi dada por excelência quando Cristo morreu e instituiu a Eucaristia como Nova Páscoa, sinal vivo e presente de Sua Morte e Ressurreição, como um holocausto permanente, conforme já previra o profeta Daniel (cf. Dn 8,11;9,27). Quando Cristo veio ao mundo, antes de oferecer-Se em sacrifício na Sexta-feira Santa, celebrou uma ceia com Seus Apóstolos, na noite anterior. Essa ceia foi uma antecipação mística e real do sacrifício oferecido no dia seguinte. Na Última Ceia, Jesus antecipou Seu sacrifício, instituindo-o como perpétuo através do oferecimento de Seu Corpo e Seu Sangue. O mesmo Corpo morto na Cruz e o mesmo Sangue derramado foram distribuídos aos Seus Apóstolos, numa verdadeira

antecipação do sacrifício. Além de antecipar o sacrifício, vimos, Jesus Cristo tornou-o perpétuo, quando mandou: “fazei isto em memória de mim.” (Lc 22,19) Assim, os Apóstolos e seus sucessores devem obedecer ao mandamento de Jesus e fazer o que Ele ordenou: realizar o sacrifício! Se o sacrifício pôde ser antecipado, pode também, por ter-se tornado perpétuo, ser oferecido continuamente. Não se trata de um novo sacrifício, eis que o de Cristo foi definitivo e suficiente, mas do mesmo novamente tornado presente pelos Apóstolos, seus sucessores e os colaboradores destes. O sacrifício de Jesus Cristo foi oferecido na Cruz, e é tornado novamente presente em cada Missa celebrada. Missa, portanto, é um dos nomes que nós damos ao sacrifício da Cruz tornado novamente presente diante de nós. A Santa Missa é o mesmo, único e suficiente sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvário, pelo perdão de nossos pecados, tornado real e novamente presente, ainda que de outro modo, incruento, no altar da igreja pelas mãos do sacerdote validamente ordenado. Mesmo, único e suficiente: a Missa não é um novo sacrifício para saldar nossa dívida para com Deus. Oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvário: a Missa é o mesmo sacrifício da Cruz, não um outro. Pelo perdão de nossos pecados: como a Cruz foi a causa de nosso perdão, merecendo-nos a graça de Deus, assim também é a Missa. Tornado real e novamente presente: a mesma Cruz é tornada presente diante de nós, pois para Deus não há limite de espaço ou tempo. Ainda que de outro modo, incruento: na Cruz, Cristo derramou Seu Preciosíssimo Sangue; na Santa Missa, a Cruz é tornada novamente presente, mas de outro modo, sem derramamento de Sangue – não é, repetimos, uma nova morte de Cristo, mas a mesma e única, porém de modo incruento. No altar da igreja: todo sacrifício precisa de um altar; a Cruz foi o altar onde Cristo ofereceu o sacrifício de Seu Corpo Santíssimo; na Missa não há uma Cruz física onde Cristo deva morrer, mas um altar onde é celebra-

do o sacrifício e os dons são oferecidos. Pelas mãos do sacerdote: num sacrifício, além do altar, é preciso uma vítima e um sacerdote, i.e., um sacrificador; quando o altar foi a Cruz, Jesus Cristo foi a Vítima, mas também o Sacerdote, pois ninguém O matou, antes Ele mesmo Se entregou à morte por nós; na Santa Missa, se o altar é o da igreja, e a vítima é Cristo, eis que o sacrifício é o mesmo, também há identidade quanto ao sacerdote, o sacrificador. Validamente ordenado: Jesus mandou que os Apóstolos realizassem o sacrifício feito na Cruz e antecipado na última Ceia, e eles passaram o mandato a seus sucessores e aos colaboradores destes; os sucessores dos Apóstolos são os Bispos, e os colaboradores os padres, unidos a Cristo pelo sacramento da Ordem. “Este aspecto de caridade universal do sacramento eucarístico está fundado nas próprias palavras do Salvador. Ao instituílo, não Se limitou a dizer ‘isto é o meu corpo’, ‘isto é o meu sangue’, mas acrescenta: ‘entregue por vós (...) derramado por vós’ (Lc 22, 19-20). Não se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e a beber era o seu corpo e o seu sangue, mas exprimiu também o seu valor sacrifical, tornando sacramentalmente presente o seu sacrifício, que algumas horas depois realizaria na cruz pela salvação de todos. ‘A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrifical em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor’. A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor, e tem acesso a ele não só através duma lembrança cheia de fé, mas também com um contacto atual, porque este sacrifício volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para humanidade de todos os tempos. Com efeito, ‘o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício’. Já o afirmava em palavras expressivas S. João Crisóstomo: ‘Nós oferecemos sempre o mesmo Cordeiro, e não um hoje e amanhã outro, mas sempre o mesmo. Por este motivo, o sacrifício é sempre um só. [...] Também agora estamos a oferecer a mesma vítima que então foi oferecida e que jamais se exaurirá’. A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multi-

plica. O que se repete é a celebração memorial, a ‘exposição memorial’ (memorialis demonstratio), de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se atualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrifical do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indireta ao sacrifício do Calvário.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 12) “O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima. ‘Uma... e idêntica é a vítima: aquele mesmo, que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes, se ofereceu então sobre a cruz; é diferente apenas, o modo de fazer a oferta.’” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei, 61) “O sacerdote que celebra o Santo Sacrifício da Missa deve participar como sacrificador. E nessa função ministerial, a mais sagrada e a mais excelsa que possa existir, o sacerdote deve ter consciência de que faz as vezes de Jesus Cristo, Nosso Senhor; melhor, o próprio Salvador age através do padre. Portanto, deve o celebrante estar revestido das disposições próprias do Coração de Cristo, e unir-se a Ele mediante uma sincera devoção e uma piedade verdadeira e desinteressada. Deve desejar, de toda a sua alma, emprestar seus gestos e sua fala a Jesus para que assim, agindo in Persona Christi, melhor celebre tão santos mistérios. É nesse sentido que há uma oração no Ordinário na Missa em rito romano que o sacerdote reza durante o Ofertório, silenciosamente, e que resume bem essa intenção do celebrante de estar arrependido de seus pecados e de oferecer um sacrifício agradável a Deus: “De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus.” (Missal Romano; Ordinário da Missa; Preparação das Oferendas) O fiel, por sua vez, participa da Santa Missa assistindo-a com toda a vontade de unir-se aos sentimentos de Cristo. Se não pode, como o padre, ser o próprio Jesus oferecendo-Se na Cruz, deve, então, assistir o maravilhoso espetáculo do sacrifício de um Deus-homem que morre por nossos pe-

cados com a disposição de alma de quem aspira imitar aqueles santos que estiveram aos pés do Calvário. A Cruz torna-se presente na Missa, e porquanto naquela estavam presentes a Santíssima Virgem e o discípulo amado, São João, o Apóstolo e Evangelista, quando estamos assistindo o Santo Sacrifício devemos ter as mesmas atitudes de ambos. Certamente, não estavam Nossa Senhora nem São João batendo palmas: sua alegria pela salvação que se operava era interna, e se misturava com uma viva dor pelos pecados da humanidade, cometidos de tal forma que fizeram Deus sofrer e derramar Seu Sangue por nós. Imitando os sentimentos e atitudes de São João e da Virgem Maria aos pés da Cruz, estamos participando da Missa de um modo santo e salutar. Praticamente, isso consiste em ficar atento em cada detalhe, acompanhar as orações do sacerdote com o coração ao menos – pois que nem sempre, pela diferente cultura teológica de cada um do povo, podemos entender perfeitamente as precisões litúrgicas –, e cumprir os ritos prescritos pela sabedoria multissecular da Santa Igreja. Mais do que tudo deve o fiel oferecer durante a Missa todo o seu ser para que, unido a Cristo, seja também ofertado ao Pai na hora do sacrifício. São Leonardo de Porto Maurício, ardoroso apóstolo da Santa Missa, nos dá seu ensino, ainda bastante atual: “Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.” (São Leonardo de Porto Maurício. Tesouro Oculto) O sacerdote, antes de celebrar a Santa Missa, deve dizer algumas orações, como as previstas pela liturgia da Igreja. Elas ajudam-no a melhor se preparar para oferecer tão augusto sacrifício a Deus, Nosso Senhor. Entre elas, contam-se aquela na qual o celebrante pede a graça de bem celebrar e dispõe-se a oferecer a Missa segundo o rito e a intenção da Santa Igreja. Outras, ajudam-no a dispor sua alma para penetrar no tremendo mistério da Santa Missa. O fiel participante da Missa é convidado

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especial parte 02 a também rezar algumas orações, antes de começar a celebração, preparando sua alma para receber os efeitos do sacrifício e do sacramento. “Cân. 898 – Os fiéis tenham na máxima honra a santíssima Eucaristia, participando ativamento do augustíssimo Sacrifício, recebendo devotíssima e freqüentemente esse sacramento e prestando-lhe culto com suprema adoração (...).” (Código de Direito Canônico)

Na prática 1. Institua-se, na paróquia, uma Escola de Liturgia, na qual se estudarão os documentos da Igreja sobre o assunto, não a opinião de teólogos modernistas e liturgistas que não se preocupam com a tradição da Igreja. Menos Ir. Ione Buyst, OSB, Fr. Alberto Beckhauer, OFM, D. Clemente Isnard, OSB, e Ir. Miriam Kolling, FSP... Mais Bento XVI, Mons. Peter Elliot, Romano Guardini, Denis Crouan, D. Alcuin Reid, OSB, Pe. Micha-

el Lang, Mons. Klaus Gamber, D. Prosper Guerangér, OSB e Pe. Adrian Fortescue. 2. Promovam-se “Semanas da Liturgia”, com palestras de pessoas preparadas, e afinadas com o Magistério e a Tradição, com respeito pelas normas. 3. Nas aulas de catequese, e em todos os grupos, insista-se no caráter sacrifical da Santa Missa. Assista-se, em grupo, ao filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, fazendo a ligação entre a Cruz e a Missa.

Erros litúrgicos e sugestões para coibi-los - III Entrada, Sinal-da-Cruz e Saudação

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sacerdote e os ministros – concelebrantes, diáconos, acólitos, cerimoniários – se dirigem ao presbitério, diretamente da sacristia ou em procissão do fundo da igreja. Durante esse tempo, é cantado um canto de entrada, ou a Antífona da Entrada, que, aliás, pode ser simplesmente dita. Chegando ao presbitério, o celebrante e seus auxiliares genufletem, se houver tabernáculo, ou fazem vênia ao altar, se não houver ou se aquele estiver deslocado para uma capela lateral. Após a genuflexão ou a vênia, conforme o caso, deve o celebrante beijar o altar. Na falta de canto de entrada, o sacerdote canta ou diz a Antífona da Entrada após a Saudação. Nas Missas sem povo, a Antífona da Entrada é dita após o Ato Penitencial e antes do Kyrie. Do contrário, segue diretamente para esta, após uma breve monição introdutória à Missa do dia. Está proibido o uso de elementos, na procissão de entrada, que não apontem para a essência do ato sagrado, i.e., para o caráter sacrifical da Santa Missa, e que, por isso mesmo, não estão descritos nas rubricas. Dessa forma, os acólitos e demais ministros podem carregar, na entrada, o Missal ou o Evangeliário, o turíbulo com o incenso, e a cruz processional. Outros símbolos, como cartazes explicativos, por exemplo, mesmo que tenham significado religioso, não podem ser usados: primeiro por não estarem previstos nas normas litúrgicas; segundo por não apontarem para o caráter sacrifical da Missa. Já vi em uma procissão de entrada, ministros levando pombas na Missa de Pentecostes, e ramos de árvores em uma na qual o Evangelho do

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dia falava da videira que é Cristo. Ora, tais são exemplos do que é totalmente inadmissível na celebração do Santo Sacrifício da Missa. A Saudação é dirigida pelo sacerdote. O sinal-da-cruz é feito por todos os fiéis, mas sua fórmula é dita somente pelo padre! Ele é quem oferece o sacrifício e preside os atos dos fiéis; só ele é essencial para que haja Missa válida, ainda que seja preciso ao menos um assistente para que ela seja lícita, exceto por alguma razão que justifique essa ausência. Só o padre diz a fórmula do sinal-da-cruz porque é ele quem está se apresentando diante do santuário sagrado de Deus, Nosso Senhor. Não se pode substituir a fórmula própria e tradicional por outra, ainda que pouca diferença ou com meros acréscimos àquela. Não se inventem “musiquetas” com a letra do sinalda-cruz para uso na Missa! Os fiéis, à fórmula do sinal-da-cruz, respondem “Amém”, expressando sua adesão à intenção do celebrante. Após, o sacerdote dirige a Saudação propriamente dita, segundo uma das fórmulas previstas no Missal Romano, a qual é respondida apropriadamente pelos fiéis, segundo as mesmas disposições das rubricas. A Santa Missa é um sacrifício de Deus Filho a Deus Pai, na unidade de Deus Espírito Santo. Ainda que a humanidade, representada pelo povo que está na igreja, seja a beneficiária do sacrifício, Deus é o destinatário. É a Ele que a Missa é dirigida, e não aos fiéis, não à assembléia. Não está o sacerdote na Missa para dirigir um espetáculo ao povo. Tampouco é a Missa uma palestra do padre à assembléia em oração, ou uma exposição sua acerca do mistério da Cruz: ela é o próprio mistério da Cruz tornado novamente presente! Dessa maneira, não é conveniente que o sacerdote cumprimente os fiéis, no início da Missa, como se fosse um mestre-de-cerimônias, ou como se a eles fosse a celebração

dirigida. O padre está na Missa para oferecer um sacrifício ao Pai: é um diálogo do sacerdote com Deus, e não do primeiro com o povo. Aliás, as intervenções dialogadas entre o padre e os fiéis são uma motivação a estes para que, junto com o sacerdote, apresentem-se unidos a Cristo no sacrifício oferecido ao Pai. Os pólos da Missa não são o padre, de um lado, e o povo de outro, e sim esses dois – padre e povo – de um, e Deus de outro. É Deus quem deve ser “cumprimentado”. A única saudação é a própria do início da Missa, que serve como uma bênção de Deus, através do sacerdote, para os fiéis que a Ele vieram oferecer Seu Filho. O uso de outra saudação, como “bom dia”, “boa tarde”, além de sua falta de senso em face do destinatário da adoração prestada na Missa, faz com que a saudação litúrgica fique sem sentido. Na prática 1. Não dê o sacerdote nem o comentarista um “bom dia”, nem “boa tarde”, “boa noite” ou qualquer outro cumprimento similar. A saudação é a do Missal. O culto é para Deus, não para o homem. 2. Faça-se o sinal-da-cruz conforme as rubricas: rezado ou cantado. Se cantado, com a letra milenar inalterada e sem acréscimo algum de qualquer ordem. Em todos os casos, apenas o sacerdote recita, enquanto o povo o acompanha somente no gesto. 3. A entrada é acompanhada por um canto, quer do Gradual, quer do Missal, ou ainda qualquer outro que seja coerente com a dignidade da liturgia. Dê-se preferência à antífona do Gradual, que pode ser traduzida ao vernáculo. Se nenhum canto houver, o sacerdote deve recitar a antífona proposta no Missal, e só ela.

testemunhos

Iniciativas de uma liturgia mais seriamente celebrada na Diocese de São José dos Campos Relato de Emerson Sarmento Gonçalves Na Diocese de São José dos Campos, há pelo menos quatro iniciativas de uma liturgia mais seriamente celebrada, três delas surgidas dentre os leigos: 1) há alguns anos o Pe. Fernando Cardoso, da Arquidiocese de São Paulo, implantou uma liturgia sempre solene na Igreja Nossa Senhora de Fátima, o que não é costume na diocese. Formou a comunidade desde o coral até a sacristia, passando inclusive pelo ministério dos acólitos. Trata-se da igreja que celebra a Missa com maior solenidade. Hoje, mesmo tendo o Rev. Padre se afastado pelos seus inúmeros compromissos em São Paulo, o Rev. Cura da Catedral, Pe. Rinaldo, continua procurando preservar o caráter solene e digno dessas missas; 2) na mesma paróquia, no início de 2008, um grupo de leigos, onde me incluo, iniciou o estudo e a oração com o Canto Gregoriano. Era a Schola Cantorum São Gregório Magno. Foi necessário conquistar a confiança da paróquia e do Rev. Cura e até mesmo nos submeter às agendas da Pastoral Litúrgica, de orientação um tanto diferente. Em seguida, vendo o Rev. Padre que o coral e a Pastoral Litúrgica não conseguiam avançar de tal modo a aumentar a freqüência das Missas com Canto Gregoriano (em Novus Ordo, sempre), o Rev. Pe. decidiu implantar um novo horário, independente da Pastoral Litúrgica, na Igreja citada no item 1, pertencente à paróquia Catedral, dessa vez com Missas Cantadas, por enquanto mensalmente, com previsão para avançar em 2010 para a escala quinzenal ou semanal; 3) na cidade vizinha, de Jacareí, outro grupo, um ano antes, fundou a Schola Bento XVI, que inicialmente contou com muitos óbices por parte do pároco. Uma paróquia vizinha teve a iniciativa de implantar em uma de suas capelas (também dedicada NSFátima) a Missa no Rito de São Pio V. Isso aconteceu no último mês de abril, por inciativa do Rev. Pe. Wendell. Esse coral ficou responsável por cantar essas missas, mas alterna com o côro da Igreja de Santa Luzia de São Paulo e com a Schola São Gregório Magno, de São José dos Campos, citada no item 2. 4) também surgiu ano passado a Schola Tagaste, na paróquia S. Agostinho, que canta mensalmente. Somente com humildade, oração e com a confiança do pároco é possível implantar algo assim, a menos que a iniciativa já surja dele próprio. Nossa cultura não está acostumada com uma liturgia sóbria e solene. Sempre correremos o risco de sermos confundidos com certos grupos sectários. No que tange ao canto gregoriano, procuramos seguir a Escola de Solèsmes, fazer uso rigoroso do Graduale Romanum e fundamentar-nos nas idéias de D. Prosper Gueranguér, OSB, e D. Eugène Cardine, OSB. Além disso, cantamos sempre as I Vésperas de Domingo em latim na Capela do Ossuário, que fica no subsolo da Catedral São Dimas, iniciando nossos ensaios. Nunca esquecemos da Lectio Divina e dos escritos dos Santos Padres, para que “respiremos” o clima que a Tradição nos transmite. Nossa formação procura se integrar a uma cultura que outrora foi completamente cristã. Nosso propósito é recuperar, na medida do possível, essa cultura, vivendo, é claro, encarnados nos problemas da atualidade, inclusive das próprias comunidades. Em nosso caso, primeiro tivemos de pedir ao pároco, que recebeu bem a idéia, mas teríamos de nos condicionar às agendas da Pastoral Litúrgica, que tem autonomia para marcar as missas. No início, foi um pouco difícil, alguns membros entraram por diversos motivos, mas só perseveraram os que viram no canto gregoriano a seriedade do Mistério Pascal celebrado na Liturgia, além da dignidade, beleza e ascese que nele são envolvidas, tomando, além de toda uma comunhão com aquilo que nossos Pais cantavam (penso em São Bernardo, Santo Anselmo, Santo Tomás, São Bruno, São Domingos, etc.), mas aceitamos os desafios das provações, perseverando na oração, na disciplina e no estudo do canto nas peças. Esse grupo de 6 pessoas que hoje se empenha nessa missão abraçou todo esse processo com espírito de serviço e sacrifício. E mais, começaram dizendo que não sabiam cantar; hoje já conseguimos até mesmo segurança e uníssono. A divulgação foi (e continua sendo) feita nos folhetos de Missa da Paróquia. Cantamos à Capella. Depois de praticamente um ano cantando esporadicamente, nosso pároco resolveu dar um pouco mais de autonomia à Schola, responsabilizando-nos por marcar horários diferenciados de Missa para ser cantada solenemente por um celebrante que o faça, de nossa diocese ou não, desde que seja pelo Novus Ordo. Nesse caso, mesmo ainda cantando as Missas marcadas pela Pastoral Litúrgica na Catedral, as Missas Cantadas têm um horário próprio, numa das capelas da paróquia, com arquitetura e acústica muito próprias, independente da Pastoral Litúrgica, sob responsabilidade da Schola (é claro que contamos com o apoio da secretaria, da Pastoral de Comunicação para divulgar, das sacristãs e do grupo de acólitos). OU SEJA, RESUMINDO, a idéia é amadurecer com humildade, estudando bastante, conquistando a confiança da Paróquia (infelizmente o gregoriano é associado erroneamente à imagem de sectários que bem conhecemos), e submetendo todo o trabalho diretamente ao pároco, ficando um pouco mais livre de certas “preferências” de alguns setores pastorais. Em paralelo, mantemos contato com padres que também inspirem confiança ao pároco e ao mesmo tempo prezem pela beleza do culto divino e pelo zelo litúrgico, bem como nos articulamos, de vez em quando, com a Schola Cantorum Bento XVI, da vizinha cidade de Jacareí, na mesma Diocese. Permaneçamos na paz, do Xto Senhor!

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missas pelo mundo

Ordenações de Legionários de Cristo Por: Aline Rocha Taddei Brodbeck

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s Legionários de Cristo costumam ordenar seus sacerdotes em Roma, por um Cardeal amigo. No aniversário de 50 anos da Legião, o próprio Papa João Paulo II foi o Bispo ordenante, demonstrando seu afeto e amizade para com essa obra realmente de Deus. Como em todas as Missas celebradas pelos legionários - sejam em latim (no rito novo que todos celebram, ou no tridentino de alguns), sejam em vernáculo -, as rubricas são rigorosamente observadas, e um senso de estética e de progressiva solenização é posto em prática. Abaixo, flagrantes de algumas ordenações legionárias em vários anos: 2004, 2007, 2008... Uma delas, celebrada pelo Papa Bento XVI, não foi exclusivamente legionária. Prestem atenção à mãe de um legionário de véu preto, na beleza das casulas e mitras, na solenidade dos acólitos de sobrepeliz e batina, nos sacerdotes que ajudaram a distribuir a Comunhão com sobrepeliz e estola por cima da batina, nos Bispos de veste coral assistindo a Missa, na humildade do Cardeal Norberto Rivera - que se ajoelha para receber a bênção dos neosacerdotes. Algumas ordenações foram em basílicas vaticanas, outras no Centro de Estudos Superiores da Legião em Roma.

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tesouros litúrgicos

Incensação Por: Kairo Neves

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queimar incenso ou a incensação exprime reverência e oração, como vem significado na Sagrada Escritura. No rito de Paulo VI permite-se o uso de incenso em todas as missas, sempre que convier pastoralmente. Em algumas circunstâncias seu uso é obrigatório: • Missa Estacional do Bispo • Dedicação de Igreja e Altar • Confecção do Santo Crisma • Quando se transportam os santos óleos • No transporte dos Santos Óleos • Na exposição solene do Santíssimo Sacramento Via de regra, deve-se usar também o incenso: • Apresentação do Senhor • Domingo de Ramos • Missa da Ceia do Senhor • Vigília Pascal • Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo • Solene Transladação das relíquias • Em geral, procissões que se fazem com solenidade

“Suba a minha prece como incenso à tua presença, minhas mãos erguidas como oferta vespertina” Sl 140,2

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tesouros litúrgicos Preparação Para o uso de incenso prepare-se turíbulo, naveta e incenso. O turíbulo tem quatro correntes, três que sustentam onde estão as brasas e uma a tampa. Deve ser segurado da com a mão esquerda na parte superior (para maior comodidade pode-se usar o médio na argola superior e o mínimo na inferior) e com a mão direita as correntes todas juntas próximas à parte inferior.

A naveta deve conter uma pequena colher e incenso suficiente para a celebração, este deve ser puro, de suave odor, ou se com outra substância, cuidese que seja muito superior sua parcela.

Bênção do Incenso

Maneiras de Incensar

No rito romano, a maneira da incensação possui algumas regras práticas e poucas, mas que merecem ser respeitadas. Primeiramente, quando se incensa faz-se reverência antes e depois da incensação, menos ao altar e às oblatas. Quem é incensado também faz reverência profunda. Com três ductos do turíbulo incensase: “o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas à veneração pública, as oblatas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo. Com dois ductos incensam-se as relíquias e imagens dos Santos expostas à veneração pública, e só no início da celebração, quando se incensa o altar.” Lembremo-nos que as imagens de Nossa Senhora e outro Santo que contenham a imagem de Jesus Menino são incensadas com três ductos. Um uso comum, mormente quando se usa casula gótica (com mangas amplas) é que o diácono, o cerimoniário ou um acólito segure a casula, evitando que ela se queime. A maneira mais prática e funcional é segurar a parte da frente puxando-a levemente para trás. De modo que não deforme a casula. O santíssimo sacramento é incensado de joelhos.

Uso dentro da Missa

O turiferário e o naveteiro se aproximam do sacerdote. Este se estiver junto do assento, senta-se, se não põe de pé. Ele lança por três vezes incenso no turíbulo pegando-o com a colher da naveta. Em seguida, abençoa-o com o sinal da cruz sem nada dizer.

Usa-se nas seguintes partes da Missa: • a) durante a procissão de entrada; • b) no princípio da Missa, para incensar a cruz e o altar; • c) na procissão e proclamação do Evangelho; • d) depois de colocados o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as oblatas, a cruz, o altar, o sacerdote e o

povo; • e) à ostentação da hóstia e do cálice, depois da consagração. Além das demais procissões e ocasiões que as rubricas próprias do rito exijam. Não se deve usar incenso em apenas uma destas partes, salvo rito especial como dedicação de igrejas. a,b)Antes da missa, o sacerdote impõe incenso no turíbulo e o abençoa. Em seguida, na procissão de entrada o turiferário vai acompanhado do naveteiro à frente da cruz. O naveteiro sempre à direita e um pouco atrás. Chegando ao altar, sobem sem fazer reverência profunda e esperam que o sacerdote revencie o altar e o beije. Coloca-se incenso novamente, se for necessário. Incensa-se o altar, a cruz, as imagens dos santos expostos à veneração pública e as relíquias.

c)Durante a Aclamação os acólitos se aproximam do sacerdote que permanece sentado. Ajoelham-se para a bênção do incenso. Levantando-se afastam-se dele e aguardam até que o sacerdote ou o diácono peça a bênção para proclamar o evangelho. Dirigem-se processionalmente até o ambão. Chegando, lê-se o evangelho; após dizer “O senhor esteja convosco” e “Proclamação...” o sacerdote (ou o diácono) incensa o livro ao centro, à esquerda e à direita. Devolve o turíbulo para o turiferário, que aguarda a leitura do evangelho (a menos que a fumaça atrapalhe aquele que lê o evangelho) Então saem turiferário, ceroferários e naveiteiro pelo caminho mais curto após a leitura do evangelho. O diácono, se for o caso, leva o livro ao celebrante só ou acompanhado pelo cerimoniário. d)Após o sacerdote rezar “De coração contrito e humilde...”. Os acólitos aproximam-se dele, este abençoa o incenso. Em seguida incensa as oblatas, a cruz, o altar; não porém relíquias ou imagens.

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tesouros litúrgicos Uma das principais mudanças do Concílio Vaticano II foi a exigência, sempre que possível, do altar separado da pa-

rece para permitir, entre outras coisas a incensação completa do mesmo. Assim a incensação do altar faz-se com simples ictus do seguinte modo: “a) se o altar está separado da parede, o sacerdote incensa-o em toda a volta; b) se o altar não está separado da parede, o sacerdote incensa-o primeiro do lado direito e depois do lado esquerdo.” Durante o ofertório, na Missa, junta-se à incensação do altar, à das oblatas e da cruz da seguinte forma: “Se a cruz está sobre o altar ou junto dele, é incensada antes da incensação do altar; aliás, é incensada quando o sacerdote passa diante dela. O sacerdote incensa as oblatas com três ductos do turíbulo, antes de incensar a cruz e o altar, ou fazendo, com o turíbulo, o sinal da cruz sobre as oblatas.” A forma acima dita, o sinal da cruz sobre as oblatas ,é feito da seguinte forma em duas partes. Tal rito constava no cerimonial tridentino, sendo reintroduzido no missal de 2002 pelo Papa João Paulo II: a) Em forma de cruz, com 3 cruzes, dizendo as respectivas fórmula: “ 1. INCENSUM 2. ISTUD 3. A TE 4. BENEDICTUM 5. ASCENDAT 6. AD TE, DOMINE “ b) Em forma de círculo com 3 círculos,

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com as fórmulas: “7. ET DESCENDAT SUPER NOS 8. MISERICORDIA 9. TUA”

e) Após a incensação no ofertório, turiferário, naveteiro, um diácono (se existirem vários) e ceroferários se dirigem para a porta da igreja. Ao entoar do Sanctus, entram na igreja em direção ao altar na seguinte ordem: cerimoniário, naveteiro e turiferário, ceroferários dois a dois, diácono. Chegando ao presbitério ficam de pé, sem subir nele ficando na seguinte ordem, da esquerda pra direita: cerimoniário, ceroferário(s), turiferário, diácono, naveteiro, ceroferário(s). Ajoelham-se na epíclese e ficam ajoelhados até o fim da oração eucarística. Saindo enquanto se canta “Amém”. Saem na mesma ordem que entraram . Os ceroferários podem ser 6, 4 ou apenas 2. Podem ainda ausentar-se. Caso o diácono não possa incensar, o turiferário toma o seu lugar ao centro.

Liturgia das Horas

“Na liturgia das horas pode-se usar incenso nas Laudes e Vésperas, quando celebradas solenemente. Durante o canto evangélico incensa-se o sacerdote, o altar e o povo.” Na falta do diácono para incensar o sacerdote, ao altar e o povo, fá-lO um acólito. A incensação na exposição do Santíssimo Sacramento e em sua bênção será tratado em postagem própria sobre esses ritos. Esse texto foi feito com base no Cerimonial dos Bispos, números de 84 a 98; Introdução Geral do sobre o Missal Romano, números 276 e 277, 173 e 178.

carta

Modelo de carta ao pároco ou reitor de Igreja, pedindo Missas em latim nas duas formas Por: Rafael Vitola Brodbeck “O Latim exprime de maneira palmar e sensível a unidade e a universalidade da Igreja.”(Sua Santidade, o Papa João Paulo I. Discurso ao Clero Romano) Reverendo Padre, Rogamos a sua bênção! A Missa no rito romano conforme o Missal de São Pio V (dita “Missa tridentina” ou “forma extraordinária do rito romano”) começa a ser celebrada de modo mais generoso Brasil afora. Todavia, não é só a “Missa tridentina” que é celebrada em latim. Muitos não se dão conta, mas o rito reformado por Paulo VI e João Paulo II, que atualmente é o normativo na Igreja Latina, a Missa que normalmente temos nas nossas paróquias, também é em latim. Sim, pode-se celebrar a chamada “Missa nova” em latim. E o Papa vem pedindo que se o faça! “A fim de exprimir melhor a unidade e a universalidade da Igreja, quero recomendar o que foi sugerido pelo Sínodo dos Bispos, em sintonia com as directrizes do Concílio Vaticano II: exceptuando as leituras, a homilia e a oração dos fiéis, é bom que tais celebrações sejam em língua latina; sejam igualmente recitadas em latim as orações mais conhecidas da tradição da Igreja e, eventualmente, entoadas algumas partes em canto gregoriano.” (Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 62) Nesse sentido, peçamos aos Bispos a “Missa tridentina” em uma igreja da Diocese, mas também tenhamos a “Missa nova” celebrada, em cada igreja, ao menos uma vez por semana em latim. O idioma da Igreja Ocidental não deve ficar restrito à forma tradicional da Missa romana: o rito reformado, pós-Vaticano II, também deve valorizá-

lo, conforme pede o Santo Padre. Essa “Missa nova” em latim não precisa de autorização formal do Bispo, eis que é a Missa normativa no rito romano, é o mesmo rito romano reformado, atual, em uso, apenas com mudança da língua. “A Missa se celebre quer em língua latina ou quer noutra língua, contanto que se usem textos litúrgicos que têm sido aprovados, de acordo com as normas do direito. Excetuadas as Celebrações da Missa que, de acordo com as horas e os momentos, a autoridade eclesiástica estabelece que se façam na língua do povo, sempre e em qualquer lugar é lícito aos sacerdotes celebrar o santo Sacrifício em latim.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Redemptionis Sacramentum, 112) Basta que o senhor, Reverendo Padre, queira celebrá-la. A língua oficial para a celebração da Santa Missa e de todos os atos litúrgicos, no rito romano, em ambas as formas, tradicional (tridentina) e moderna (renovada), é o latim. O Concílio Vaticano II, ao contrário do que muitos pensam, não aboliu o uso do idioma latino, antes o incentivou. “Salvo o direito particular, seja conservado o uso da Língua Latina nos Ritos latinos.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Sacrosanctum Concilium, 36, § 1) Há, isso sim, uma permissão para que a Missa seja oferecida em vernáculo, i.e., nas línguas nacionais dos vários países. Pode-se, além disso, dizer determinadas partes da Missa em latim e outras em vernáculo. “A Língua Latina é a língua própria da Igreja Romana.” (Sua Santidade, o Papa São Pio X. Encíclica Inter Pastoralis Officii) “O uso da Língua Latina é um claro e nobre indício de unidade e um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina.” (Sua Santidade, o

Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei) “Que o antigo uso da Língua Latina seja mantido, e onde houver caído quase em abandono, seja absolutamente restabelecido. – Ninguém por afã de novidade escreva contra o uso da Língua Latina nos sagrados ritos da Liturgia.” (Sua Santidade, o Papa Beato João XXIII. Encíclica Veterum Sapientia) “Providencie-se que os fiéis possam juntamente rezar ou cantar em Língua Latina as partes do Ordinário que lhes competem.” (Concílio Vaticano II. Constituição Sacrosanctum Concilium, 54) Em face do exposto, pedimos: a) que V. Revma. celebre, em sua igreja, ao menos semanalmente, a Missa em latim segundo a forma ordinária (rito romano moderno, de 1970, de Paulo VI e João Paulo II, pós-conciliar); b) que V. Revma. celebre, em sua igreja, se houver procura dos fiéis, ao menos quinzenalmente, a Missa em latim segundo a forma extraordinária (rito romano tradicional, tridentino, de 1962, de São Pio V e Beato João XXIII, pré-conciliar); c) que, em certas solenidades e em alguns Domingos, algumas dessas Missas em latim, quer na forma ordinária, quer na extraordinária, sejam cantadas, para maior enlevo espiritual dos fiéis. Estamos à disposição para indicar onde conseguir Missais para o altar e também para o povo, tanto na forma ordinária, quanto na extraordinária. Novamente, suplicando a sua bênção,

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missas pelo brasil

Semana Santa na Paróquia Verbo Divino, na Diocese de Santo Amaro, SP

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missas pelo brasil

Solenidade de Santo Antonio de Pádua Imagem de Santo Antonio de Pádua

Por: Wescley Luís de Andrade

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o último dia 13 de junho de 2009, A Igreja celebrou a festa de Santo Antonio de Pádua, Presbítero e Doutor, no Brasil, Santo Antonio é o titular de diversas catedrais diocesanas, assim tal festa nestas dioceses passa a ser celebrada como solenidade. Na diocese de Frederico Westphalen RS, Sua Excelência Reverendissima Dom Antonio Carlos Rossi Keller, presidiu três missas, todas celebradas como solenidade, conforme indica o ritual para este dia.

Procissão de Entrada e Incensação do Altar.

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Incensação da Imagem e Reliquia Ex Cute de Santo Antonio

Proclamação do Evangelho

Homilia Apresentação das Oferendas.

Benção Solene com a Reliquia Ex Cute de Santo Antonio

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eventos

Convite para Santa Missa cantada (forma ordinária), em São José dos Campos

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s que não moram tão perto terão oportunamente a ocasião de ver algumas imagens pela TV Aparecida.

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eventos

Missa na forma extraordinária no Rio de Janeiro, dia 11 de julho de 2009

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o próximo dia 11 de julho, ao meio dia e meia hora, com a benção de seu Arcebispo, será celebrada no Rio de Janeiro a Santa Missa na forma extraordi-

nária do Rito Romano. A Missa será uma primeira reunião dos católicos daquela cidade interessados no Rito Tridentino. Compareça para dar seu apoio a essa importante iniciativa.

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artigo

Método de Assistir ao Santo Sacrifício da Missa Explicação dos Mistérios da Missa Por: Diego Ferracini Segundo as “Novas Horas Marianas” pelo Pe. J.J. Roquete Winterberg, Tchecoslovaquia Casa Editora Catholica J.STEINBRENER Imprimatur de S.S. Pio X

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uando o sacerdote sai revestido da sacristia, representa o Cristo, quando saiu do ventre virginal de Nossa Senhora ao mundo, ou quando subiu ao monte Calvário para cumprir os mistérios de nossa redenção. O barrete representa a coroa de espinhos que por zombaria colocaram no Senhor. O amito significa o véu com o qual os soldados lhe vendaram os olhos. A alva representa a veste branca que por escárnio Herodes mandou que o vestissem. O cíngulo significa a corda com que ataram o Senhor, quando o prenderam e levaram preso para Jerusalém, ou também, a corda com o qual o amarram a coluna para açoitálo. A estola significa a corda que lançaram ao seu santo pescoço, quando lhe impuseram a cruz às costas. A casula significa a túnica que retiraram de Cristo para crucificá-lo, e o manto que os soldados colocaram para zombar D’Ele. O galão da casula representa a própria Cruz. O Altar e a Pedra D’Ara significam a Cruz onde Nosso Senhor foi pregado. A Cruz colocada sobre o altar lembra

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ao sacerdote que ele deve assemelharse ao Cristo Crucificado. As santas alfaias significam o sudário em que o Senhor foi envolto. O cálice representa o sepulcro. A patena significa a pedra com que se fechou o sepulcro. A hóstia e o vinho significam o Corpo e o Sangue de Cristo, no qual se hão de converter; e a água que se deita no cálice significa a que saiu de seu Divino

lado. As velas acessas significam a fé viva que deve animar os fiéis que assistem ao incruento sacrifício da Missa.

ORAÇÃO PARA ANTES DA MISSA Meu Senhor Jesus Cristo, Criador e Redentor nosso, vosso amor é tão abrasado pelos homens, que não satisfeito de terdes descido do céu a terra, e vestido a nossa mortalidade, para que unida com ela vossa divindade satisfizesse a justiça de vosso eterno Pai ofendida, cujo mistério inefável se consumou no Calvário, em que sofrestes morte de Cruz para nos dar a vida da glória; quisestes ainda deixar uma perpétua memória deste sanguinolento Sacrifício, consagrando vosso Santíssimo Corpo e Sangue antes da hora de vossa dolorosa paixão e trânsito da morte, que agora significa o santo sacrifício da Missa, e consagração do Santíssimo Sacramento, que o Sacerdote cada dia oferece pelos fiéis vivos e defuntos. Fazei-me, pois digno, ó Senhor meu Jesus Cristo, por vosso divino amor, de que eu possa ouvir e ver celebrar o santo sacrifício da Missa com atenta devoção e coração agradecido, e ter presente em minha memória vossa santíssima vida, paixão e morte, que nesta hora se apresenta pelo Sacerdote; e para que eu possa reverenciar e louvar os divinos Mistérios do incruento Sacrifício, com o Sacerdote e todos os circunstantes, gozando do seu fruto em minha alma, e oferecer minhas orações e obras devotamente em honra e glória de vossa divina e soberana Majestade. Recebei em satisfação de minhas culpas, e em ação de graças por tantos benefícios que de vossas mãos

maior de todos os pecadores e pedindovos perdão de minhas grandes culpas as quais tomastes sobre vossos ombros para pagar por mim. Lavai-as, Senhor, com a água de vossa divina graça, para que devotamente vos contemple nesta Santa Missa, e por todos sempre vos louve. Amém.

continuamente recebo. Oferecei ó meu amantíssimo Salvador, a vosso santíssimo Pai celestial vossa inocente vida, dolorosa paixão, e cruel morte, com a qual haveis satisfeito por todos nossos pecados. Recebei, pois, ó Deus Pai misericordioso este santíssimo Sacrifício de vosso Unigênito Filho em satisfação de meus pecados e dos de todo o mundo, e salvai-nos pelos merecimentos de tão preciosa Vítima, recebeinos com todos os santos escolhidos e bem-aventurados na glória do Paraíso Celestial, onde viveis e reinais com vosso Filho, em unidade com o mesmo Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém. AO SAIR O SACERDOTE DA SACRISTIA E CAMINHAR PARA O ALTAR, EM QUE REPRESENTA CRISTO QUANDO SAIU DO CLAUSTRO VIRGINAL DE NOSSA SENHORA, E APARECEU AO MUNDO FEITO HOMEM. Eu vos adoro, divino Salvador, descendo ao seio do eterno Pai, nascendo de uma Virgem e aparecendo no mundo feito homem, para nos instruirdes com o vosso exemplo, ensinardes vossa doutrina, e resgatardes com o vossa Sangue; fazei Senhor, que vosso exemplo me confunda, vossa doutrina me guie sempre, e vosso Sangue não seja para mim inútil, aproveitando-me para a vida eterna. Amém. AO COMEÇAR O SACERDOTE DIRÁ A CONFISSÃO, AO DIZER REPRESENTA COMO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO TOMOU SOBRE SI NOSSOS PECADOS E PAGOU POR ELES. Deus e Senhor meu, eu me apresento diante de vossa divina Majestade, como o Publicano, confessando-me como o

AO GLÓRIA QUE REPRESENTA O CÂNTICO DOS ANJOS E SERAFINS NO NASCIMENTO DO FILHO DE DEUS. Glória a vós, Senhor, no céu e paz na terra aos homens: glória a vós, dulcíssimo Jesus, pois quisestes fazer-vos homem, e nascer das puríssimas entranhas da Virgem Maria, para me remir da culpa. Os anjos vos louvem; os Querubins e os Serafins e todos os espíritos celestes vos bendigam. Fazei, Senhor, que eu com eles sempre cante a vossa glória. Amém AO DOMINUS VOBISCUM QUE SE FIGURA A BONDADE DE DEUS EM SE COMUNICAR AOS HOMENS E A ADORAÇÃO DOS REIS MAGOS. Senhor meu Jesus Cristo, que para salvar o gênero humano viestes ao mundo, e com uma nova estrela guiastes os três reis magos até o lugar do vosso nascimento, onde eles vos encontraram reclinado em pobre presépio; guiai-me com a luz de vossa graça, para que, adorando-vos, e confessando-vos na terra por meu Criador e Salvador, Deus e Homem verdadeiro, vá depois gozar da luz celeste que iluminas os escolhidos por toda a eternidade. Amém.

co que me deis um verdadeiro arrependimento e emenda, e me olheis com olhos de piedade, para que de ora em diante nunca mais vos ofenda, e sempre vos louve. Amém. AO EVANGELHO QUE SIGNIFICA A DOUTRINA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO ANUNCIADA AO MUNDO. Ó divino Mestre e Redentor nosso, que tanto aos judeus como aos gentios anunciastes vossa lei santíssima, abri outra vez vossa sacrossanta boca e falai, Senhor, para que vosso servo ouça; iluminai-me para que eu guarde vossa sagrada doutrina e faça com que por ela nos ensinais, e como discípulo vosso vos bendiga e louve. Amém. AO CREDO QUE REPRESENTA OS FRUTOS DO ANÚNCIO EVANGÉLICO. Ó Redentor nosso, que para salvação das almas, andastes pelo mundo com imensos trabalhos, pregando a lei da graça; concedei-me , Senhor, por vossa misericórdia, valor para guardar vossa santa lei e confessá-la diante de vossos inimigos; e que vos louve por todo sempre vosso santo nome. Amém. AO OFERTÓRIO QUE SIGNIFICA QUE A DOUTRINA DE CRISTO É ORIGEM DA FÉ E TESTEMUNHO DAS OBRAS. Ó eterna sabedoria do Pai, cuja doutrina vossos santos creram de todo o coração, confessaram com a boca, e testemunharam com as obras; eu vos rogo, Senhor, me deis uma fé viva, para que

AS PRIMEIRAS ORAÇÕES (COLETA) REPRESENTAM A APRESENTAÇÃO DO SENHOR AO TEMPLO. Pai Eterno, que em vossa santo templo recebestes ao vosso Unigênito Filho com sua santíssima Mãe, para que cumprissem com a cerimônia da lei de purificação; fazei, Senhor, que minha alma, como filha vossa seja digna oferta em vosso templo, imitando a Jesus, Maria e José, na sua santíssima vida. Amém. A EPÍSTOLA LEMBRA A PREGAÇÃO DOS APÓSTOLOS. Ó dulcíssimo Jesus, que enviastes os vossos Apóstolos para pregarem o perdão dos pecados, compadecei-vos de mim grande pecador; todas as minhas culpas lanço no mar imenso de vossa misericórdia, e humildemente vos supli-

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firmemente creia em tudo que vós ensinastes, e confessando-o com a boca, o confirme com as obras para honra e glória vossa. Amém. AO LAVABO QUE SIGNIFICA A CONDENAÇÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO POR PÔNCIO PILATOS. Recebei, Senhor, este sacrifício, que vos oferecemos por nossas culpas, lavai todas as minhas manchas; dai limpeza de coração, tirai-me a afeição desordenada das criaturas, para que ponha toda em vós, que sois meu Criador, vos ame, obedeça e imite, e no fim da vida vos goze por toda a eternidade. Amém. AO ORATE FRATRES QUE INDICA COMO OS FIÉIS POSSUEM PARTE NO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA. Ofereço-vos, Deus meu, este sacrifício por todos os fins e motivos que vós quereis que eu ofereça, rogando por mim pecador, por meus pais, irmãos, parentes e defuntos, e por todos os que estão em agonia de morte, para que acabem em vossa graça. Amém. AO PREFÁCIO QUE SIGNIFICA A ENTRADA DE CRISTO EM JERUSALÉM, QUANDO OS JUDEUS CANTARAM HOSANA. Ó piedosissimo Rei de Israel, em cuja entrada triunfante em Jerusalém lançavam suas capas e vestes vistosas pelas ruas cantando: “Hosana nas alturas! Bendito seja o que vem em nome do Senhor!”. Eu vos suplico, Senhor, que triunfeis em minha alma, para que possa um dia cantar com os vossos escolhidos: Hosana nas alturas! Bendito seja o Senhor Deus Onipotente! Amém.

AO CANON QUE REPRESENTA O INÍCIO DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, NOSSO BEM. Ó fidelíssimo Pastor de nossas almas, que amastes vossas ovelhas até o ponto de morrer para remi-las, padecendo primeiro inumeráveis injúrias e afrontas; eu vos rogo, Senhor, que me deis graça para sofrer por vosso amor todas as adversidades e calúnias que contra mim se levantarem, para que depois da morte descanse no seio de vossa glória, e vos bendiga por toda a eternidade. Amém. ENQUANTO O SACERDOTE DIZ O MEMENTO PELOS VIVOS. Aceitai, Senhor, este santo Sacrifício pela intenção que suplico, enquanto a parte satisfatória. E pelo que respeita a parte meritória e impetratória, rogo-vos, Senhor, que atendendo ao mesmo Sacrifício, vos lembreis de mim, de meus pais, irmãos, irmãs, parentes, amigos e benfeitores...de todos a quem fui molesto, ou servi de escândalo, e ocasião de pecado, tanto em comum como em particular...de todos os sacerdotes e ministros da Santa Igreja...de todos os meus inimigos, aos quais perdôo de todo meu coração...de todos os hereges e infiéis, para que se convertam...e de todos os mais por quem vós quereis e sabeis que eu devo orar. ANTES DA CONSAGRAÇÃO, FIGURASE O CORDEIRO PASCAL AINDA NÃO IMOLADO. Bendito sejais, suavíssimo Jesus, pois em sua última ceia cumpristes a figura do cordeiro pascal, e destes aos apóstolos vossa carne e sangue; eu vos rogo que me façais participante deste santo Sacramento e assim possais viver em mim, e eu em vós, louvando-vos eternamente. Amém. NA ELEVAÇÃO DA HÓSTIA, LEMBRASE O CRISTO LEVANTADO NA CRUZ. Eu vos adoro, sagrado Corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, que na ara da Cruz fostes digna Hóstia para redenção do mundo. NO INTERVALO DA ELEVAÇÃO DA HÓSTIA E DO CÁLICE. Alma de Cristo...por todos os séculos dos séculos. Amém. A ELEVAÇÃO DO CÁLICE LEMBRA-SE O SANGUE JORRADO POR CRISTO NA

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CRUZ ATRAVÉS DE SUAS CHAGAS. Eu vos adoro, preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo que, derramado na ara da Cruz, lavastes nossos pecados. Amém. ENQUANTO DIZ O SACERDOTE O MEMENTO PELOS MORTOS. Aceitai, Senhor, este Sacrifício pela intenção a que o aplico, em quanto à parte satisfatória. E pelo que respeita a sua parte imprecatória, rogo-vos, Senhor, que vos lembreis das almas de meus pais, irmãos, irmãs, parentes, amigos e benfeitores...das almas que por ocasião de alguma culpa minha, padecem no Purgatório...das almas que me estivessem recomendadas, tanto em comum como em particular...das almas dos sacerdotes e ministros da Santa Igreja...das almas que saíram de seus corpos com mortes repentinas. Das almas esquecidas, ou de que não há particular memória...em suma, de todas as almas que padecem no Purgatório, e particularmente daquelas pelas quais quereis e sabeis que eu devo rezar. Amém. QUANDO O SACERDOTE ESTENDE AS MÃOS SOBRE A HÓSTIA E SOBRE O CÁLICE, O QUE REPRESENTA A CONTINUAÇÃO DA PAIXÃO DE CRISTO E SUA MORTE. Ó amantíssimo Jesus, graças vos dou pela extensão de todos os vossos membros na Cruz, pela abertura das mãos e dos pés, e costado, pela efusão de sangue e água; pela Cruz e morte dolorosa. Isto vos ofereço por meus pecados, e pelos de todo o mundo, e vos rogo que me deis paciência nas adversidades até a morte por vosso amor. Amém. NA SEGUNDA ELEVAÇÃO DA HÓSTIA E DO CÁLICE LEMBRAMOS COMO JOSÉ E NICODEMOS DESCERAM NOSSO SENHOR DA CRUZ. Obedientíssimo Jesus, eu vos rogo que me deis a graça de ajudar-vos a descer da Cruz para emenda de minhas culpas, e para que mereça depositar-vos no sepulcro de meu coração, para que nunca me separe de vós. Amém. AO PATER NOSTER, QUE SIGNIFICA AS SETE PALAVRAS DE CRISTO NA CRUZ. Ó bom Jesus, pelas sete palavras que na Cruz dissestes, dai a graça de que eu

PECADOS. Ó paciente Jesus, que apareceu no meio de vossos Discípulos, dando-lhes a paz, e o poder de absolver os pecados; dai poder de vencer e aniquilar todos os vícios e como bom pastor, conduzi-me ao vosso celestial rebanho. Amém.

perdoe aos que me ofendem; dai, como ao bom ladrão, o paraíso e a vida eterna; guardai-me como Filho adotivo de vossa Mãe Maria Santíssima; livrai-me de todo o mal, e levai-me à vida eterna. Amém. APÓS O PATER NOSTER LEMBRAMOS COMO CRISTO DESCEU A MORADA DOS MORTOS E TIROU DE LÁ OS SANTOS PATRIARCAS. Ó doce Jesus, cuja alma santíssima unida coma a divindade, desceu aos infernos para tirar as almas dos santos pais, eu vos rogo, Senhor, que tireis também a minha do abismo de suas culpas; livrai-me do inferno e das penas do purgatório, para que quantos antes com os santos Patriarcas, e com todos os escolhidos vos louve na glória eterna. Amém. QUANDO O SACERDOTE PARTE A SAGRADA HÓSTIA; QUE SIGNIFICA COMO JESUS CRISTO DIVIDIU O PÃO PARA OS DISCÍPULOS EM EMAÚS. Deus meu, pois sois guia para encaminhar aos que se apartarão do verdadeiro caminho; eu vos rogo que, assim como guiastes a vossos Discípulos, assim sejais meu guia em tudo, e por meio de santas inspirações vos conheça e louve. Amém. QUANDO O SACERDOTE DIZ PAX DOMINI QUE SIGNIFICA A APARIÇÃO DE JESUS CRISTO RESSUSCITADO AOS SEUS AMIGOS, DANDO-LHES A PAZ. Ó glorioso Jesus, que abristes a porta da vida eterna com a vossa gloriosa ressurreição, a qual anunciastes aos vossos Apóstolos, dando-lhes a paz; eu vos suplico, Senhor, façais que minha alma ressuscite convosco para uma vida plena da graça, e nunca vos ofenda. Amém. AO AGNUS DEI, QUE SIGNIFICA COMO JESUS CRISTO DEU PODER A SEUS APÓSTOLOS PARA PERDOAR OS

QUANDO O SACERDOTE COMUNGA, MEDITAMOS CRISTO COMENDO COM SEUS APÓSTOLOS, ANTES DA ASCENÇÃO GLORIOSA. Ó dulcíssimo convite de nosso Senhor Jesus Cristo, eu vos adoro, e vos rogo, bom Jesus, retireis de minha alma tudo o que vos for contrário, para que com vossos Discípulos goze das infinitas graças deste sacrossanto Sacramento, e de vós goste, Viático de minha peregrinação. Amém. NA PURIFICAÇÃO LEMBRA-SE COMO JESUS CRISTO SUBIU AO CÉU POR SUA PRÓPRIA VIRTUDE. Ó dulcíssimo Jesus, que depois de vossa Ressurreição, com a vossa própria virtude, levantadas às mãos ao Céu, quisestes subir para o vosso Eterno Pai, eu vos rogo, Senhor, levai convosco minha alma, para que, apartada das coisas terrenas só contemple as celestes, para que sempre vos louve. Amém.

vos sirva e louve. Amém. AO EVANGELHO DE SÃO JOÃO, NO QUAL É ANUNCIADO OS MISTÉRIOS DA DIVINDADE E HUMANIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Ó Jesus, zelador ardente das almas, que mediante a pregação dos vossos Apóstolos anunciastes as nações os mistérios de vossa divindade e humanidade cuja comemoração se acaba de fazer neste santo sacrifício da Missa; por eles vos rogamos, Senhor, que nunca nos desampareis, antes nos leveis a vossa glória, onde sem o véu da fé vos vejamos face a face e com os anjos e santos cantemos os vossos louvores por toda eternidade. Amém. OFERECIMENTO DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA. Ó Clementísismo e Soberano Criador do Céu e da Terra, eu, o mais vil de todos os pecadores, vos ofereço, juntamente com a Igreja, este precioso Sacrifício, que é vosso Unigênito Filho, por todos os pecados que tenho cometido e por todos os do mundo; e seja por modo de sufrágio pelas almas do purgatório.Amém.

AS ÚLTIMAS ORAÇÕES, REPRESENTAM CRISTO INTERCENDENDO POR NÓS, JUNTO AO ETERNO PAI, COMO NOSSO INTERCESSOR. Ó divino Salvador e Redentor nosso, vós que, segundo nos anunciou vosso Apóstolo, sois o nosso Medianeiro e Advogado perante o trono de vosso eterno Pai, suspendei, Senhor, a sua justiça, que tantas vezes provocamos com as nossas iniqüidades, e alcançai-nos, do tesouro de sua misericórdia, perdão para os nossos pecados, graça para perseveramos na observância de vossa divina lei, e a recompensa que, como justo Juiz destinais aos que a observarem. Amém. QUANDO O SACERDOTE DÁ A BENÇÃO, ELE REPRESENTA CRISTO QUE ENVIA O ESPIRÍTO SANTO. Ó mediador nosso, Senhor meu Jesus Cristo, que de vosso eterno Pai alcançastes que enviasse a vossos Apóstolos o divino Consolador em línguas de fogo; eu vos rogo, Senhor, me façais participante deste santo amor, para que dignamente

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artigo

O Silêncio na Liturgia Por: Maite Tosta

V

ivemos num mundo que não suporta o silêncio. E esse mundanismo penetrou no universo de nossas liturgias. Passamos de uma liturgia excessivamente silenciosa, no aspecto da passividade das assembléias, para uma liturgia falante e, muitas vezes, barulhenta demais. Confunde–se facilmente a liturgia da palavra com tagarelice e palavrório. Acha–se que participar consiste em estar falando ou cantando o tempo todo. Muitos agentes de celebração não acreditam na força comunicadora do silêncio. Pensa-se muito freqüentemente e em muitas igrejas que “ouvir em silêncio, ver em silêncio, meditar em silêncio, gesticular em silêncio, andar em silêncio’, não é participar. Introduz-se, então, a poluição sonora do mundo para o interior de nossas celebrações. Se ainda fossem ruídos e sons artísticos bem-feitos, imersos no mistério de celebrar... mas nem sempre é assim. Não se trata, evidentemente, de voltar ao silêncio passivo e de pessoas ausentes na celebração. Muito menos de pensar que o silêncio deva ser mais eficaz instrumento numa festa. Trata-se de descobrir e vivenciar seu valor de comunicação e vida na festa de celebrar o mistério pascal em comunidade. Trata-se de reconhecer que sem ele não há profundidade no que se fala, no que se canta, no que se faz. Ser e silêncio “É no silêncio que a alma encontra a plenitude de Deus”. Tudo o que decorre da natureza divina do ser brota do silêncio do ser. Assim, tudo o que busca o ser humano para tocar o coração do outro (arte de se relacionar), decorre da profundidade do silêncio de ser. Nisso atingimos a natureza de sermos “imagem e semelhança” do criador. O caminho da perfeição humana leva ao silêncio de ser, ao silêncio de só ser. Nosso interior é silencioso. A própria dor é silenciosa, como é marcadamente silenciosa a alegria interior. Dor e alegria que, num segundo estágio, se tornam

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e a assembléia para a resposta pessoal e comunitária, cria condições e tempos para aprofundar conteúdos, assimilar símbolos, curtir o que se ouve. Escuta: sem silêncio não se escuta, não se acolhe a palavra. Ouvir é tão participativo quanto falar. Mas só os simples, despojados, humildes sabem ouvir. Enriquecimento da comunicação falada: os momentos de pausa, até mesmo de descanso da palavra falada, proclamada ou cantada, enriquecem o que se ouviu e preparam para o que se vai ouvir. A ruptura causada pelo silêncio tem uma força expressiva de comunicação. Maneiras de fazer silêncio

gritos, sussurros, exclamações, lamentos, aplausos. A consciência do silêncio como genuína expressão do ser é que pode levar à experiência de entender e tornar viva a voz do silêncio, a fala do silêncio, a comunicação silenciosa. Se for verdade que todo canto que não promove o silêncio é inútil, também é verdade que a liturgia que não é perpassada de silêncio é estéril. Mistério não faz barulho, e menos ainda mistério de fé; apesar de precisar romper o silêncio para ser celebrado, partilhado, comunicado, festejado, é sempre acompanhado dele. A força comunicativa do silêncio O silêncio integra a linguagem simbólica humana. É muito mais símbolo que razão. O homem marcadamente racional precisa muito mais falar do que calar. A poesia, por sua vez, é antes de tudo e depois de tudo silêncio,e não fala. Trata-se, pois, do silêncio que também é sinal, forma de participação, “forma difícil e pouco entendida e praticada. Além de ser em si mesmo uma forma de comunicação, o silêncio exerce uma tríplice função na comunicação. Interiorização: predispõe as pessoas

Há uma variedade em relação ao silêncio da vida cotidiana e na festa, e por isso mesmo, na própria liturgia. A linguagem própria de rádio é uma aprendizagem para o uso da voz, pois em rádio, o silêncio absoluto é ruído, imperfeição, não pode existir. Podemos pensar numa escala ascendente ao usar o silêncio: - O uso equilibrado dessa variedade de silêncios, com a competência da voz e do gesto, constitui o segredo mais profundo da arte de declamar, de cantar e de comunicar integralmente. - No decorrer de uma ação litúrgica, a prática dos silêncios pode ser eficazmente comunicativa. Momentos de silêncio na liturgia Há momentos na ação celebrativa em que o silêncio pode e deve ser aproveitado para se chegar a uma participação mais interior, piedosa, serena e enriquecedora da vida espiritual da assembléia e das pessoas. Vejamos os momentos importantes da celebração em que o silêncio deve fazer-se presente: a) Sempre iniciar a celebração com um instante de silêncio para criar o clima de espaço interior, deixar de lado o barulho do cotidiano e da rua, predispondose a celebrar o mistério. Nada impede que esse momento seja enriquecido com uma música suave, dependendo da comunidade e das pessoas.

b) Recorrer ao silêncio nos momentos de reflexão e oração pessoal da ação celebrativa: revisão de vida no rito penitencial, antes das orações presidenciais em resposta aos “oremos”; nos momentos das preces eucarísticas; na ação de graças final. c) Antes e depois das leituras, seja para preparar a acolhida da palavra a ser ouvida, seja para deixar no coração da assembléia a mesma palavra. Se enquanto acontece o silêncio as pessoas não se colocarem realmente em silêncio interior enriquecido pelo silêncio exterior, realizando de fato e verdadeiramente a função do silêncio, os momentos silenciosos dificilmente serão fecundos, podendo até tornar mais vazias certas celebrações. O silêncio não é fuga e menos ainda alienação, a não ser que seja sem conteúdo e sem a dimensão que nasce de dentro. O silêncio orante, celebrante e participativo só se alcança à medida que se vai amadurecendo na fé e na própria dimen-

são humana da vida. É fruto de exercício. Só assim ele comunica. Desafios do silêncio na liturgia Apontamos aqui alguns desses desafios, mas certamente há muitos outros: 1, A qualidade de vida interior daqueles que celebram, a qual se revela à medida que se é capaz de rezar, e rezar em comunhão com a Trindade e com os irmãos. 2. A inconsciência ou desconhecimento da força da linguagem do silêncio, sempre se achando que ao se falar se comunica mais, ao movimentar-se se diz mais e que silêncio é não-participação. 3. A pressa em acabar logo a celebração, pressa essa revelada por meio do olho no relógio, na ansiedade em estar a postos para outros compromissos posteriores à celebração. 4. A influência deste mundo consumista e pragmatista que afeta tanto as celebrações litúrgicas, a começar muitas vezes pelos que presidem, pelos que

exercem o ministério na liturgia. 5. A desconfiança de que o povo não gosta do silêncio, sobretudo o “povo jovem e o povo criança”, e que todo silêncio tem de ser preenchido com alguma coisa a mais. 6. A ilusão de que se festeja mais e melhor quanto mais se fala, se canta, se faz barulho, se movimenta, se aplaude, se ri, se dança. 7. A falta de atmosfera e clima de oração comunitária, muitíssimas vezes descurada pelos próprios responsáveis da ação litúrgica. 8. A ausência de iniciação ao silêncio na catequese, na vida de oração e na própria evangelização, e que acaba repercutindo na expressão litúrgica. 9. O ativismo e agitação de tantos responsáveis pela ação evangelizadora e celebrativa da Igreja, que não vêem muita razão de ser na ação contemplativa, como se fosse perda de tempo. Fonte: http://www.psleo.com.br/ lit_sil_lit.htm

Por que eu devo zelar pela Liturgia? Por: Maite Tosta

A

leitura da Constituição Sacrosanctum Concilium nos dá a resposta para essa indagação. - Porque pela Liturgia, especialmente no sacrifício eucarístico, “se exerce a obra de nossa redenção”; - Porque a Liturgia contribui para que os fiéis exprimam em suas vidas e aos outros manifestem o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja, da qual é próprio ser, a um só tempo, humana e divina; - Porque a obra da salvação, prenunciada por Deus, é realizada em Cristo, e esta obra continua na Igreja e se coroa em sua liturgia, por causa da presença de Cristo na Liturgia, que é o antegozo da liturgia celeste. - Os apóstolos foram enviados a anunciar a obra da salvação através do sacrifício e dos sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica. Nunca, desde então a Igreja deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal. - Porque Cristo está presente: na pessoa do ministro, nas espécies eucarísticas, nos sacramentos, na sua palavra e na oração da Igreja. A liturgia é, pois, o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, realizando

a santificação do homem mediante sinais sensíveis. Dessa forma, toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de seu corpo, a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau. - A Liturgia não esgota a ação da Igreja, que envolve também a evangelização e o apostolado; todavia, a liturgia é o ponto para o qual converge a ação da Igreja e de onde esta retira sua força; da eucaristia, principalmente, deriva a graça para nós, obtendo-nos a santificação. Para que se obtenha plena eficácia, no entanto, os fiéis devem aproximar-se da Sagrada Liturgia com boa disposição, cooperando com a graça do alto. Ademais, é dever dos sagrados pastores vigiar que, na ação litúrgica, não só se observem as leis para a válida e lícita celebração, mas que os fiéis participem dela com conhecimento de causa, ativa e frutuosamente. - A participação plena e ativa do povo deve ser conseguida mediante instrução devida. Não há, no entanto, esperança de que tal possa ocorrer, se os próprios pastores de almas não estiverem antes imbuídos do espírito e força da Liturgia, e dela se tornarem mestres.

Com empenho e paciência procurem dar os pastores de almas a instrução litúrgica e também promovam a ativa participação interna e externa dos fiéis, [...] cumprindo assim um dos principais deveres do fiel dispensador dos mistérios de Deus; e nesse particular conduzam seu rebanho não só pela palavra, mas também pelo exemplo. As transmissões pelo rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e decoro, sob a direção e responsabilidade de pessoa idônea, escolhida para tal ofício pelos bispos. A ordenação da Sagrada Liturgia depende unicamente da autoridade da Igreja. Esta autoridade cabe à Santa Sé Apostólica, e, segundo as normas do Direito, ao Bispo. [...] Portanto, jamais algum outro, ainda que sacerdote, tire ou mude por conta própria qualquer coisa à Liturgia. Constituição Sacrosanctum Concilum na íntegra: h t t p : / / w w w. v e r i t a t i s . c o m . b r / article/3784

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artigo

Suspiro Por: Diego Ferracini

A

Sagrada Liturgia, mantida e amada, pela Santa Igreja desde o seu início foi fonte constante de força mística para homens e mulheres das mais diferentes idades e épocas. Os movimentos modernos atestam energicamente serem possuidores de uma autêntica espiritualidade, espiritualidade litúrgica, mas o que se analisa é diferente realidade; distorções macabras assolam almas e destroem a santidade presente nelas. O que diriam os místicos cristãos, que beberam da Liturgia como fonte borbulhante de vida espiritual, das atuais “modernizações” ou “inculturações”? O que Santa Teresa do Menino Jesus, enquanto sacristã do Carmelo de Lisieux, diria da falta grotesca de zelo para com os santos paramentos? Túnicas sujas, casulas mal cortadas, ministros leigos paramentados tal qual sacerdotes! A Santa Comunhão ministrada de forma irreverente e sacrílega, ela que ansiava dia a dia pela união com o Amado, aceitaria recebê-lo de qualquer forma? Qual a impressão de Santa Teresa de Jesus ao adentrar uma “igreja” e ter que procurar o Sacrário que para melhor acomodação do “espaço litúrgico”, foi colocado de lado junto a algumas imagens que incomoda-

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vam o sacerdote? Ou ainda perceber que ela é mais uma “concelebrante”! Com toda certeza ela desistira de Reformar o Carmelo e reformaria o citado templo. Quando ainda não são somente os espaços que não transmitem mais a fé, mas o discurso religioso que admite vertentes estranhas ao corpo doutrinal da Igreja. Santa Catarina de Sena, ouvindo uma homilia é admoestada a não lutar pelo papado, instituição humana e que provocou as maiores barbáries vistas pela humanidade, mas quem sabe lutar pela ordenação de mulheres, ela poderia ser a primeira! São Bento entenderia a

Santa Missa como verdadeiro martírio, como é difícil encontrar Deus em meio a tanto barulho e agitação! Correria desesperadamente para o deserto. A Beata Elisabete da Trindade ao ver o fiéis participando da Santo Sacrifício com tal histeria, como em um jogo de futebol, faria muitas outras penitências e talvez não suportasse chegar aos vinte e seis anos; ou ainda, ao ver as grades do Carmelo arrancadas e os véus cortados, talvez preferisse ficar no mundo a tocar seu belo piano. São Domingos Sávio, o que pensaria das Cristo-Baladas onde o som que é to-

artigo cados nas Missas ganha um remix juvenil? E a única diferença é a ausência de bebida alcoólica, a “pegação rola solta”, mas antes se faz o sinal da cruz claro! Ainda são católicos... O que une as duas baladas é definitivamente a ausência de Deus. Dom Bosco em sua juvenil alegria, choraria de tristeza ao ver a Santa Missa tornar-se um palco de espetáculos horrendos aclamado por almas aflitas que adoram a um Deus-Sentimento, São Francisco teria grande trabalho em demonstrar que o fim último da caridade não é o pobre, e que colocá-lo sob o altar e adorá-lo, não manifesta o verdadeiro amor cristão. Quantos caminhos não teria que percorrer São Domingos para converter almas que se servem de Beatíssima Virgem como amuleto ou slogan de “mulher libertadora”; São Pedro Julião Eymard teria que ser duplamente inflamado de amor para com a Santa Eucaristia, para poder proclamar os abusos e indiferenças que claramente, ultrajam o Sacramento do Amor. São Tomás de Aquino outra Suma teria que escrever para demonstrar as belezas da Fé Cristã tão soterradas por inescrupulosos pastores. São Pio de Pieltrecina aceitaria de bom grado ser totalmente chagado para revelar novamente a verdade da Cruz que é velada por promessas milagrosas e barganhas espirituais; não ficaria desolada Santa Joana D’Arc em ter que lutar contra, com ou sem espada, almas que desistiram da Verdade e levam os outros ao claro erro?

Não desistiria o Beato José de Anchieta de converter os índios? Haja visto eles estarem muito melhor assim! Santa Edith Stein não permaneceria judia? Os judeus alcançarão à salvação final, onde estaria ela com a cabeça ao aceitar o Cristianismo e ainda por cima morrer por esta fé que definitivamente, matou tantos judeus como ela? Chesterton provavelmente aceitaria o Islamismo, pois afinal, adoramos o mesmo deus e o que importa é fazer o bem (relativo)! Muito provavelmente Santa Clara, desistiria da vida contemplativa que é sinal visível da opressão machista que confina mulheres sábias em conventos e grades, seria ela mais uma freira descaracterizada militante de algum partido. São Vicente de Paulo, poderia facilmente trabalhar pelos pobres sem precisar de oração e vida sacramental, o que está na moda é a Ong com fachada cristã. Que concorrência desleal teria São Bernardo de Claraval em suas homilias diante dos padres “favos de mel” que promulgam o “deus-aceita-tudo” ou ainda “a igreja chata que nós vamos mudar” e assim agradam a grande assembleéa, desprovida de catequese e espiritualidade. Para quem seriam dirigidas as Apologéticas de Santo Agostinho? Para os pagãos? Provavelmente não. São João Crisóstomo não teria a mesma atitude de Nosso Senhor no templo? Altares profanados, sacerdotes indignos... Poderia ele afirmar que os cristãos se diferem dos pagãos em suas atitudes? Quão triste não ficaria São Lourenço, quando

interrogado, tivesse que entregar como bem da comunidade algumas casas na praia ou televisores de última geração. O Santo Cura D’Ars passaria dias sem confessar um fiel, visto que a “confissão é direta com Deus e o padre deixou fazer isso”. São Luís Gonzaga teria muita dificuldade na vida religiosa, percebendo que castidade, obediência e pobreza são votos impositivos, negativos e cumpremse somente no nível legal. As mártires de Compiègne pensariam duas vezes antes de colocar a cabeça na forca: “Morremos pela opressão da Revolução ou pela opressão da Igreja?” São Thomas Moore não desejaria antes de morrer pedir perdão pelos protestantismos que alcançaram cumes altíssimos na Santa Igreja de Cristo? São Pio X não desejaria viver eternamente para proclamar os erros que tentam derrubar as portas da Igreja e começam por envergá-las? Estes exemplos por mais que estejam fisicamente mortos, nos atestam que suas atitudes podem ser mais que atuais, o grande problema é quando questionamos os personagens e não as situações.

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Defesa e promoção da liturgia romana, de acordo com as rubricas, em estrita fidelidade ao Magistério! Forma ordinária (em latim ou vernáculo) e forma extraordinária bem celebradas. Sobriedade, solenidade e sacralidade!

Acesse www.salvemaliturgia.com 44

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